Pscanalise Depressão

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 19

 

    

Serviços Personalizados

artigo

 Português (pdf)

 Artigo em XML

 Referências do artigo

  Como citar este artigo

 Tradução automática

Indicadores

 Acessos

Compartilhar

 Mais
 Mais

 Permalink

Cadernos de psicanálise (Rio de Janeiro)


versão  On-line ISSN 1413-6295
Cad. psicanal. vol.39 no.37 Rio de
Jeneiro jul../dez. 2017
 
ARTIGOS

 
Depressão na atualidade: estrutura
psíquica ou metáfora do psiquismo? Um diálogo entre
Maria Rita Kehl e Pierre Fédida

 
Depression in current times: psychic structure or metaphor of
the psyche? A dialogue between Maria Rita Kehl and Pierre
Fédida

 
 
Carolina Villanova HegueduschI*; José Sterza JustoI**; José Artur MolinaII***

I
Universidade Estadual Paulista - UNESP Assis - Brasil
II
Universidade Estadual de Maringá - UEM - Brasil

Endereço para correspondência

 
 

RESUMO

Da loucura genial dos filósofos antigos à ação da bílis negra, da influência astral de
Saturno à acédia cristã, da criação à inibição, a melancolia sempre foi um tema que
instigou a curiosidade investigativa do homem. Assim, acontece com sua
sucedânea, a depressão, hoje bastante presente nos mais diferentes discursos. Este
artigo, longe da pretensão de definir um significado à depressão, busca manter vivo
o debate, ao pensá-la como um fenômeno complexo e desvelador das subjetivações
contemporâneas. Dessa forma, pretende-se costurar um diálogo entre os autores:
Maria Rita Kehl e Pierre Fédida, que dedicaram seus estudos à depressão,
movimentando o pensamento psicanalítico.

Palavras-chave: Depressão, Atualidade, Psicanálise.

ABSTRACT

From the brilliant madness of the ancient philosophers to the action of black bile,
from the astral influence of Saturn to the Christian acedia, from the creation to the
inhibition, melancholy has been a subject which, since antiquity, instigated man's
investigative curiosity. The same happens now with its successor, depression, very
present nowadays in the most different discourses. This paper, far from the
pretension of defining a meaning to depression, seeks to keep the debate alive by
thinking it as a complex phenomenon that reveals the contemporary
subjectivations. So, it is intended here to sew a dialogue between the authors Maria
Rita Kehl and Pierre Fédida, who dedicated their studies to depression, agitating the
psychoanalytic thought.
Keywords: Depression, Current times, Psychoanalysis.

 
 
O quadro Melancolia, de Edvard Munch, pintado em 1894, reflete bem a imagem
que comumente se tem da melancolia: o sujeito com um olhar distante, cabeça
baixa, indiferente ao horizonte borrado, tão submerso, que está em seus
pensamentos e seu sofrer. Munch foi um artista conhecido por sua tristeza profunda
e pelo seu gosto em expressar os estados da alma em suas pinturas.

A melancolia, enquanto a dor de existir, foi associada à origem da genialidade e da


loucura, à essência dos excêntricos, àqueles que não se encaixavam aos padrões e
às normas, àqueles espíritos virtuosos que a tinham como fonte de sua criação
artística, como impulso que os levava a rechear de sentido aquilo que os bem
adaptados mal conseguiam enxergar. Essa ideia de melancolia, associada à
elevação espiritual data de muitos séculos. Os artistas, os poetas, os filósofos, os
espiritualistas eram vistos como melancólicos em sua natureza, como se sua
existência estivesse mais próxima de uma verdade maior e, por isso, pudessem
dizer das dores, dos sofreres, dos sentimentos, de modo a captar as entranhas da
criatura humana. Peres (2010) lança uma interrogação crucial: em que momento a
dor de existir se transformou em doença?

Melancolia é um termo que tem origem na Grécia Antiga se referindo à tristeza,


mas associada, como já foi dito, à ideia de introspecção, loucura, genialidade e
elevação espiritual. No entanto, comumente, o termo é atribuído a Hipócrates, que
associava esse estado à atuação de uma substância, a "bílis negra", de onde
também deriva seu nome (do grego: melas negro e cholé bílis). Hipócrates
descrevia o humor humano com base na atuação de quatro substâncias diferentes,
dentre as quais constava essa responsável pelo humor triste. Mas, anteriormente a
ele, afirma-se que Aristóteles já usava o termo melancólico para se referir àquele
dotado de genialidade e loucura, como era a própria natureza do filósofo. Como
podemos ver, as ambiguidades de sentido dados à melancolia já data de muito
tempo: um estado natural, um humor próprio que torna o ser humano mais
profundo, sábio e criativo, ou uma disfunção interna, um humor patogênico que o
desvia da normalidade (PERES, 2010; TEIXEIRA, 2012).

Pinel, no século XVIII, foi o primeiro a empreender uma tentativa de definir a


melancolia em termos médico-psiquiátricos, estabelecendo uma nosografia a partir
de alguns sintomas específicos, que comporiam seu quadro. No século seguinte,
XIX, a psiquiatria fecha o debate com Kraepelin, que a delimita, na qualidade de
uma psicose maníaco-depressiva, descrevendo um quadro clínico completo. A partir
daí, já temos a associação do termo depressão à melancolia (MONTEIRO; LAGE,
2007; PERES, 2010).

Questões como unidade ou heterogeneidade do fenômeno depressivo, fundamentos


psíquicos e/ou neuroquímicos, neurose ou psicose, estrutura unitária particular ou
afeto básico, definições etiológicas e distinções dos quadros, definições dos termos,
epidemia atual, doença da alma ou da natureza humana etc., são temas que
envolvem os pesquisadores da área da saúde em problemas com os quais a
humanidade se debate há muitos séculos. O debate em torno dos estados
depressivos acompanha a humanidade pelo menos há dois mil e quinhentos anos,
como se pode observar nas obras dos filósofos, escritores trágicos e médicos da
Grécia antiga. Desde essa época longínqua se debate sobre as suas causas e
definições, e os termos melancolia e depressão, usualmente os mais associados ao
campo dos estados depressivos, são portadores de problemas para os quais até
hoje se permanece sem respostas e consenso (TEIXEIRA, 2012, p. 11).

Do fim do século XIX ao começo do XXI, os debates acerca da depressão vão se


intensificando, principalmente, em torno de dois grandes paradigmas: a psicanálise
e a psiquiatria biológica, encabeçadas, respectivamente, por Sigmund Freud e
Pierre Janet (PERES, 2010).

A primeira, muito embora colocando ênfase na idéia de conflito, não deixa de


apontar para o seu caráter estruturante, e a segunda, para uma noção de
insuficiência, uma deficiência inata. Freud abre o caminho da intervenção
psicanalítica e psicoterapêutica e Janet fortalece a visão psiquiátrica
do déficit orgânico e biológico. O esforço diagnóstico e terapêutico acaba por
estabelecer dois grandes grupos, um liderado pelos psicanalistas e psiquiatras de
orientação psicanalítica, como são denominados, e outro agrupando os psiquiatras
que, seguindo uma tradição kraepeliana, procuram enfatizar menos as causas
etiológicas e mais a sintomatologia, através de modelos padronizados, descrições
de síndromes e enumeração de sintomas (PERES, 2010, p. 27).

Colocando de modo geral, no sentido de traçarmos algumas delimitações


preliminares, o termo melancolia foi usado, de forma mais específica por Freud,
para se referir a uma incapacidade psicótica de substituir o que se perdeu.
Enquanto que a depressão é o termo atual para se referir a algo mais amplo, ou
seja, uma impossibilidade de lidar com o vazio. Essa é a diferença. A similitude está
em que, nas duas situações, o simbólico está em jogo, em plena insuficiência.

A questão que se coloca é que, a partir daí, o termo depressão passa a ser utilizado
amplamente e com uma variada significação. É empregado para designar um
estado afetivo comum, assim sendo uma tristeza profunda que nos arrebata,
quando vivemos algum acontecimento doloroso, alguma frustração no trabalho ou
na vida amorosa ou quando perdemos alguém a quem tínhamos muita estima. É
usado, também, para nomear um sintoma associado a diferentes quadros clínicos,
como esquizofrenia, alcoolismo, neurose. Assim como para indicar uma síndrome,
ou seja, uma patologia associada a sintomas específicos, que definem um quadro
clínico, ou mesmo indicar uma doença, podendo daí derivar diversas definições a
depender da corrente científica que lhe toma como objeto (TEIXEIRA, 2012).1

O fato é que, da antiguidade aos dias de hoje, a depressão permanece refém da


impossibilidade de um discurso unívoco, apesar da pretensa unicidade científica da
psiquiatria biológica nas suas incansáveis empreitadas, em confeccionar manuais
com seus critérios de classificação.

 
Dois grandes paradigmas

Como vimos, a depressão é exemplar quando se trata de problemas e questões


relacionados a diagnósticos, dada a multiplicidade de abordagens no seu
entendimento e nas propostas terapêuticas, além de imprecisões no interior delas
próprias (ASKOFARÉ; ALBERTI, 2011).

No entanto, no decorrer da história, foram dois grandes paradigmas que se


dedicaram, e ainda se dedicam, mais intensivamente, no trato das questões que
envolvem o tema da depressão. Ao tratarmos desses dois paradigmas, teremos aí
um dos principais desacordos que rodeiam esse debate. Estamos a falar,
evidentemente, da psicanálise e da psiquiatria. Grosso modo, a primeira pretende
argumentação diagnóstica em torno do conflito psíquico, enquanto que a segunda
tende a explicá-la a partir de funcionamentos neuroquímicos. A primeira, de modo
geral, prevê sua ação por meio da psicoterapia e a segunda aposta na
administração de psicofármacos. O que acontece, também, é que essa dissonância
envolvendo a depressão, como, de certo modo já indicamos anteriormente, não se
dá somente entre paradigmas diferentes, mas as discordâncias acontecem até
mesmo no interior de um mesmo paradigma, como é o caso da psicanálise.

Diferentemente do que parece ocorrer na psiquiatria, a psicanálise não apresenta,


em si, um consenso em torno da depressão. Isso se expressa entre perspectivas
que dialogam entre si, ou, ainda, entre perspectivas que se opõem totalmente,
mesmo que um grande número de autores situados numa ou noutra perspectiva
tenha partido de um interlocutor comum: Sigmund Freud. Alguns autores vão usar
o termo estados depressivos, justamente por conta das variadas definições e
caracterizações, em torno desse tema e das aproximações que ainda mantém com
outros, como luto, melancolia, tristeza, entre outros. Grande parte dos autores
psicanalistas se detém mais na melancolia e considera a depressão um sintoma no
interior da neurose (TEIXEIRA, 2012).

No entanto, apesar da grande relevância dos estudos psicanalíticos, podemos


afirmar que a psicopatologia, hoje, está sob o primado da psiquiatria biológica.
Diferentemente do que acontece com a psicanálise, a psiquiatria busca uma
unicidade no seu discurso, regida sob os ideais de verdade geral e cientificidade.
Assim, ela apresenta uma definição um tanto quanto rígida do diagnóstico da
depressão, baseada numa disfunção orgânica de origem hereditária, com seus
critérios diagnósticos, todos listados em manuais de classificação de doenças
(CAPONI, 2009; MONTEIRO; LAGE, 2007; PERES, 2010; RODRIGUES, 2000).

No caso da depressão, isso se torna ainda mais curioso. A depressão, um termo


que tem origem na psiquiatria, é quase considerada um conceito exclusivamente
médico. A psiquiatria biológica busca extinguir de seu contexto as disciplinas que
derivam das ciências psicológicas, antropológicas, históricas e sociais (MONTEIRO;
LAGE, 2007).

A questão é que nem sempre a psicopatologia, sob o comando da psiquiatria, levou


em consideração diferentes aspectos envolvidos numa forma de sofrimento ou
mesmo de uma doença, como por exemplo, a história de vida do sujeito ou os
ideais de cultura a que ele pertence. O que se tem percebido é uma inversão do
fazer diagnóstico, na qual o diagnóstico etiológico foi perdendo espaço para
diagnósticos com base nos sintomas (PERES, 2010). A ampliação dos mercados de
antidepressivos está bastante atrelada a tal guinada das construções diagnósticas e
prescrições terapêuticas.

A questão central é que a construção de diagnósticos por essa psiquiatria, com


base em manuais, não se orienta mais pelos quesitos descritivos, mas, antes e
principalmente, pelos seus aspectos biológicos, centrados no corpo orgânico, mais
especificamente no cérebro, como por exemplo, a ausência de serotonina como
causa da depressão. Por essa via, as explicações etiológicas de "doenças", como a
depressão, emprestam modelos de outras "doenças" como as infecciosas que estão,
claramente, em outro estatuto epistemológico. Ainda no caso da depressão, o tal
"marcador biológico" encontra-se ausente e a estratégia então utilizada se inverte.
Parte-se da terapêutica, que, no caso aqui, é quimioterápica, para encontrar as
causas biológicas, ou seja, parte-se dos efeitos dos antidepressivos para se
encontrar as fontes cerebrais do adoecimento (CAPONI, 2009).

Essa explicação circular permitiu "transladar os sofrimentos humanos ao mundo


controlado do laboratório" (CAPONI, 2009, p. 3). Os efeitos dos psicotrópicos é que
cumprem essa função de "marcador biológico" nesses tipos de sofrer, que não
funcionam como simples infecções. Dessa forma, puderam entrar nas explicações
com base nos estudos orgânicos. "Criou-se assim uma frutífera e milionária linha de
pesquisa e financiamento com características próprias" (CAPONI, 2009, p. 3).

A questão mais complicada que se coloca é que, por aí, dilui-se ainda mais a frágil
barreira que separa os sofrimentos normais dos patológicos, já que esse
mecanismo maquínico de produção de saber diagnóstico extingue de vez essa
preocupação. Alarga-se o universo de comportamentos e emoções passíveis de
serem medicalizadas.

Emprestamos da autora uma comparação que, de certo modo, nos revela a lógica
insensata (porém, rentosa) que rege esse mecanismo de construção diagnóstica:

A explicação etiológica "a posteriori" da depressão se assemelha à tentativa de


identificação dos mecanismos neurológicos afetados por certas drogas que alteram
comportamentos. Sabemos que em determinados eventos sociais, o consumo de
bebida alcoólica pode-nos transformar em sujeitos mais sociáveis e com menos
inibições, podemos supor que essa mudança de comportamento se deve à ação do
álcool no sistema nervoso central. Entretanto, essa certeza não nos autoriza nem a
patologizar a inibição, nem a considerar o consumo de bebidas alcoólicas como
terapêutico, nem a considerar que a inibição é o resultado do déficit de álcool no
sistema nervoso. Pelo contrário, uma reação favorável a um ISRS, permite afirmar
que um sentimento de tristeza é patológico, que a terapêutica apropriada é o
ISRS2 e, em conseqüência, que a depressão é o resultado do déficit de serotonina
no Sistema nervoso (CAPONI, 2009, p. 6).

Esse mecanismo diagnóstico mostra seus limites epistemológicos e, mais ainda,


não alcança os efeitos que deveria pretender, já que o aumento do uso de
antidepressivos, nas últimas décadas, não mostra resultados de diminuição de
casos de depressão, muito pelo contrário. Entramos, assim, num território com
outros limites, ainda mais graves, diríamos.

A pretensão de cientificidade das disciplinas que formam a psicopatologia


hegemônica, seja a psiquiatria biológica ou mesmo algumas psicologias, esbarra
num problema que, antes mesmo de ser epistemológico, é político. O problema
ético que se coloca é que esse mecanismo experimental apaga a "dimensão
humana, em suas condições psicológicas, históricas e sociais" (MONTEIRO; LAGE,
2007, p. 110).

Essa ânsia classificatória antecipa um lugar para o sujeito, ou seja, além de


desprezar os inúmeros vetores de sua existência, sempre em transformação, a
categorização pode enterrá-lo numa definição estreita e opressora.

Sendo assim, a classificação contemporânea inscreve-se, por mais que queira


passar despercebida, cada vez mais dentro da conjuntura social em que atua,
implicando a incorporação de novas descrições a sua taxonomia. Urge que, além
dos psicóticos e dos depressivos, classifiquem-se também os pobres, os marginais
e os fracassados. Existe até a classificação que inclui a não classificação, ou seja,
uma categoria para quem não tem distúrbio mental: classifica-se com a
terminologia sem transtorno mental, quando, depois do exame psiquiátrico, não se
acha nenhum dos transtornos disponíveis no DSM- IV (MONTEIRO; LAGE, 2009, p.
110).

Uma prática clínica, que realmente esteja comprometida com a dimensão do sujeito
e com as implicações éticas, que daí derivam, não se encerra numa classificação
diagnóstica estática: é um processo incessante. Nas classificações diagnósticas, o
sujeito se torna dispensável e o trabalho terapêutico pode ser realizado à revelia
dele. Um diagnóstico, uma classificação, uma tipificação age no sujeito,
capturando-o, submetendo-o a uma alegoria de comportamento, a uma forma
típica de expressão de sentimento, dominando, por vezes, grande parte do que
ele é no encontro com o outro social. Por vezes, também, apossando-se de sua
reinvenção de si mesmo. Quando falamos do diagnóstico de depressão, podemos
pensar que essa condição se complica, já que essa se destaca nos discursos sociais
atuais. A depressão se coloca muito mais, hoje em dia, como um estado de ser, ou
uma produção identitária, do que um estar deprimido como um estado passageiro.

 
É Transtorno de humor ou tristeza?

Somos feitos de modo a só podermos derivar prazer intenso de um contraste


(FREUD, 1930/1996, p. 84).

A felicidade não é um estado iminentemente estável e constante, ela é sempre


contraste! Trata-se, basicamente, de não estar sofrendo e de alguns autênticos
momentos de bem-estar. Podemos, assim, interpretar a explicação de Freud
em Mal-estar na civilização (1930/1996). Isso porque estamos sujeitos a,
principalmente, três fontes maiores de sofrimento. A primeira advinda do nosso
corpo, enquanto seres frágeis, passíveis de dores e doenças, no tato com nossa
existência breve, sempre a caminhar a uma direção: a morte. A segunda fonte de
sofrimento tem origem no que sentimos diante da magnitude da natureza, nossa
vulnerabilidade diante de sua potência imprevisível. A terceira, mais desastrosa de
todas, que nos faz entender o título de sua obra, é a relação com outros seres
humanos. Ilusões, insatisfações, frustrações, subalternidades, opressões, ideais
inalcançáveis... permeiam, insistentemente, nossas relações com o laço social.

O fato é que a hegemonia conquistada pela psicopatologia psiquiátrica não se


baseia somente nos avanços de seus estudos, mas se legitima a partir de uma
participação publicitária de grandes laboratórios da indústria farmacêutica que,
inclusive, patrocinam grande parte de pesquisas nas áreas. Bem como da grande
mídia que, em sua maioria, transmite a definição de depressão,
predominantemente, por esse viés (PERES, 2010; RODRIGUES, 2000).

Não nos faltam também matérias em sites e revistas incitando o autodiagnóstico e


afirmando que, detectada precocemente, a depressão tem cura e perde grande
parte de seu poder de levar à morte. A questão é que os critérios de diagnóstico
presentes nessas matérias não se distinguem tanto dos critérios presentes nos
manuais. Logicamente, que não estamos a perder de vista que esses diagnósticos
são feitos por profissionais que detêm um conhecimento outro desses critérios.
Mas, de qualquer modo, diante desses dados que nos mostram o aumento do uso
de psicotrópicos, nos últimos anos, não podemos deixar de nos perguntar o que se
está sendo medicado. A dor de existir pode ter se transformado em déficit, não
somente por características dela em si, mas por não combinar mais com os ideais
de nossa cultura do desempenho e do bem-estar. Os limites entre o que seja uma
tristeza decorrente dos descaminhos, que são próprios da vida e uma depressão
passível de ser medicamentada são muito frágeis.

É notável que o fato de que não se conheça a causa da depressão não impede que
se faça o diagnóstico e que se aplique uma terapêutica. A droga funciona, mostra
seus efeitos sobre a sintomatologia, é o que finalmente importa. E qualquer que
seja a causa, a conduta diante da uma determinada manifestação sintomática é
sempre a mesma: quimioterapia. Não seria a clínica dos medicamentos que viria,
em última instância, "justificar" o conceito diagnóstico de Distúrbios do Humor, que
reúne quadros que em outras épocas se diferenciavam ou que sequer eram
incluídos na classificação das doenças mentais? (RODRIGUES, 2000, p. 8).

 
Depressão na atualidade

Por esses motivos expostos anteriormente, partimos do entendimento de que a


depressão em si é um tema inesgotável. No entanto, isso não impede que
possamos buscar compreendê-la como um fenômeno extremamente complexo e
que nos anuncia particularidades das subjetivações na atualidade.

Assim, buscamos, a partir de então, apresentar, sucintamente, aspectos centrais


das teorias de dois autores que investigaram o fenômeno da depressão na
atualidade: Maria Rita Kehl, psicanalista brasileira contemporânea, que deriva da
psicanálise Freud-Lacan na sua leitura clínica e social e Pierre Fédida, psicanalista
francês, também contemporâneo, de formação filosófica, que fez uma articulação
entre fenomenologia e psicanálise para pensar as questões da clínica atual. Ambos
os autores dedicaram grande parte de seus estudos à depressão, em suas
especificidades e particularidades. São considerados autores contemporâneos e não
perdem de vista as relações entre os fenômenos da depressão e a atualidade.
Sendo assim, permitimo-nos uma tentativa de traçar conversas possíveis entre eles
e, longe de buscar fechar um entendimento único do que seja a depressão,
lançaremos hipóteses das expressões e dos mecanismos presentes nesse tipo de
viver e/ou sofrer.

 
A hipótese da depressão como estrutura

Em meio a esse emaranhado de discursos, Maria Rita Kehl é uma representante,


entre poucos de uma tendência atual, a atribuir maior importância na investigação
da especificidade da depressão (PEREIRA, 2010). Em sua definição, a autora
distingue depressão de melancolia e de estados depressivos, conferindo-lhe um
estatuto especial como estrutura neurótica, junto à neurose obsessiva e à histeria,
diferentemente do que fazem outros estudos psicanalíticos sobre o tema. Suas
pesquisas têm origem nas demandas surgidas na clínica que, como ela mesma
afirma, recebe, a cada dia, um maior número do que ela vem a chamar
de depressivos crônicos e, como sabemos, nesse âmbito, trata-se da singularidade
de cada sujeito. Contudo, a exemplo de Freud (e seguida por Lacan), ela extrapola
os muros da clínica - como diria Lacan - e busca ouvir o que esses sujeitos nos
dizem sobre o mal-estar contemporâneo. Ela está entre os autores atuais, que
entendem a depressão como um dos grandes sintomas sociais contemporâneos.

O diagnóstico estrutural da psicanálise gera algumas discussões. Sidi Askofaré e


Sonia Alberti (2011), no artigo intitulado Estrutura e discurso: problema e questões
do diagnóstico, trazem-nos interessantes reflexões acerca do diagnóstico estrutural,
principalmente, relacionado à depressão. Partem de algumas considerações a
respeito dessa classificação estrutural, modo como o sujeito se assujeita à
estrutura de linguagem. Para eles, esse modo de classificação deriva do Freud da
primeira tópica e do que é conhecido, entre os psicanalistas, de primeiro Lacan, em
suas aproximações com teses estruturalistas e antes de desenvolver sua teoria do
campo da linguagem para o campo do gozo, sem que, com isso, logicamente, tenha
abandonado os avanços anteriores. A partir daí, questionam se esse tipo de
emprego da psicanálise funciona inclinado mais a ser doutrina ou a ser um campo
de conhecimento em aberto.

Pois bem, consideramos importante enfatizar o que Kehl (2009) chama de


"armadilhas dos desejos identitários dos neuróticos comuns", ou seja, as
autodenominações daqueles que chegam se apresentando enquanto depressivos,
na ânsia de ocupar um lugar nomeado e de poder falar de si através do discurso do
outro (p. 213). Segundo ela, há, cada vez com maior frequência, a procura pela
sua clínica por aqueles que ela chamou de depressivos crônicos, que dizem "não
conhecer outro modo de estar no mundo além da depressão" (KEHL, 2009, p. 213).
Essa incidência crescente e a desconfiança de que, caso a psicanálise não passe a
dispensar um trabalho maior, em torno das especificidades da depressão, estará
legitimando a terapêutica medicamentosa como única saída de fato, fizeram com
que ela se dedicasse a compreender as exclusividades desse fenômeno depressivo.
Por isso mesmo que, contrariando quase toda a produção em psicanálise sobre o
tema, ela passou a atribuir à depressão, como dissemos, uma estrutura e, assim,
diferenciou-a da melancolia, de estados depressivos ocasionais ou mesmo de lutos
intermináveis.

As semelhanças entre luto e depressão consistem, antes de tudo, nos modos de


sofrer com que ambas as condições se expressam. A tristeza, no luto, decorre da
perda de um ser de amor e, mais do que isso, do lugar que se ocupava junto a ele,
um lugar junto ao desejo do Outro. O abatimento corporal do enlutado também
pode se assemelhar muito ao do depressivo, mas as causas se diferenciam. No
enlutado, há uma desorganização corporal por conta de uma deserotização, já que
as pulsões libidinais não encontram mais o objeto que as orientava. Há a
possibilidade, também, do enlutado sucumbir em autoacusações, parecidas com as
dos melancólicos, principalmente, se junto ao luto somar-se um sentimento de
culpa, típico das ambivalências amorosas. A todas essas correspondências,
acrescenta-se, ainda, a noção de que o luto também não é um processo linear,
tampouco, breve. Ele tem seus altos e baixos, dependendo das inclinações de
apego ou não do enlutado à memória do objeto perdido, dificultando ainda mais as
diferenciações (KEHL, 2009, p. 204).

Em relação à diferença entre depressão e estados depressivos no interior das


neuroses, tem-se que, nestas, além da depressão como resultado de um luto não
concluído, há também, poderia se dizer, propensões específicas à depressão já
esperadas devido a suas particularidades e seus mecanismos de defesa próprios.
Na neurose obsessiva, há as inibições e a falta de coragem em relação aos desafios
a que, de uma maneira ou de outra, o sujeito sempre se predispõe, reeditando as
rivalidades paternas ao mesmo tempo em que não ousa empreender uma vitória.
Isso porque a vitória o colocaria presa dos excessos maternos e da concretização
da fantasia incestuosa. Esses mecanismos da neurose obsessiva ocasionam
possíveis estados depressivos em seu interior imerso no mar de insegurança e
desânimo, no qual, por vezes, mergulham os neuróticos. Já na histeria, a tendência
depressiva conta com a possível rejeição do outro, a que o sujeito se colocou como
todo objeto de amor, passando de ser tudo para o outro a nada ser (KEHL, 2009, p.
210).

Muito diferente do que se costuma ler, em diversos trabalhos psicanalíticos, que


associam a depressão ao narcisismo, o que ocorre na origem da estrutura do
depressivo não é um Outro materno ausente, mas sim o contrário. No entanto,
esse Outro, excessivamente presente, é também bastante nocivo, porque acaba
impossibilitando que o bebê crie, a partir de seus próprios recursos, meios de lidar
com o vazio. Esse Outro materno ansioso, numa atitude, exageradamente
prestativa, acaba por subestimar o filho, não permitindo que ele tenha seu tempo
de espera pela satisfação, momento inaugural de sua atividade psíquica. Essa
configuração desencadeará algumas particularidades dos deprimidos, como seu
sentimento de impotência, sua saída da vida pública, sua tendência em não
enfrentar alguns desafios mais cotidianos, sua dificuldade em criar representações,
aspectos que abordaremos mais adiante (KEHL, 2009).

No entanto, segundo Kehl (2009), somente uma mãe, ansiosa e excessivamente


cuidadosa em sua origem, não é suficiente para a formação da estrutura
depressiva. O momento decisivo se dá, então, no segundo momento do Édipo,
momento da escolha da neurose, nos termos de Freud, em que se delineia a
estrutura neurótica. No primeiro momento, a criança ainda está identificada como o
objeto simbólico que falta à mãe e, por isso, sujeita a suas demandas. No segundo
momento, o pai entra em cena como mediador do desejo da mãe, pois é ele quem
possui o objeto capaz de satisfazê-la. A criança, então, passa a ver o pai também
como um rival, já que o desejo da mãe, obedecendo à lei daquele, a priva
"de ser (o falo) junto à mãe" (p. 247). É nesse momento em que se inaugura o
fantasma para a teoria lacaniana, que pode ser entendido como a fantasia
inconsciente em que o sujeito passa toda a vida à procura de reocupar esse lugar
perdido de ser o objeto do gozo do Outro. Lugar perdido de objeto do gozo que
Freud, colocando de outro modo, entende como uma tentativa eterna de nos
tornarmos novamente nosso próprio ideal, uma vez que perdemos tal identificação
com o eu ideal. "Tornar a ser seu próprio ideal, como na infância, [...] isso é o que
as pessoas se esforçam por atingir como sendo sua felicidade" (FREUD, 1914/1996,
p. 107).

A particularidade da depressão, em relação às outras neuroses, é que a escolha do


depressivo é de recuo frente à rivalidade com esse pai, posto que ele não entra na
dimensão conflitiva, que marca toda a vida do neurótico. Porém, ao tentar resolver
um problema, o depressivo se coloca em outro muito maior. Segundo Kehl (2009),
Lacan afirma ser essa dimensão conflitiva da angústia frente à castração o
momento inaugural da condição desejante. O que lhe retira da posição opressiva de
ser objeto do gozo do Outro.

O depressivo constitui o fantasma oferecendo-se ao outro como castrado. A


depressão é o preço que ele paga por essa escolha. A saída pela depressão seria
uma solução fantasmática, por meio da qual, o sujeito tenta conservar sua posição
junto ao desejo da mãe, sem ter que se haver com a instância paterna. O
deprimido não é um psicótico. Ele passou pela castração, mas não a simbolizou;
assim como os neuróticos, sua dor moral é de outro tipo, como veremos adiante
(KEHL, 2009).
A outra consequência importante dessa escolha subjetiva é que, para o depressivo,
o pai será sempre representado como insuficiente para barrar a onipotência da mãe
e, ao mesmo tempo, como pouco interessado no(a) filho(a). O pai, imaginário do
depressivo, é um pai inconsistente - o que mantém o sujeito perigosamente à
mercê do gozo materno (KEHL, 2009).

A questão do depressivo, justamente por isso, coloca-se como mais delicada. Esse
outro não é o pai imaginário, como nos outros neuróticos, mas a mãe. Essa posição
do fantasma se dá no ápice do complexo paterno (segundo tempo), nesse
momento em que a criança se coloca à mercê daquele que é a lei do desejo da
mãe, é com ele que ela rivaliza e no qual se espelha. Mas, o depressivo recuou
antes disso - mesmo assim não o considera boderline, porque não se situa entre a
neurose, a psicose e a perversão. A histérica e o obsessivo rivalizam, o depressivo
recua. Assim, ele também se mantém aquém dos ideais, não investe neles e nos
benefícios do narcisismo secundário. Ele se oferece como castrado à demanda do
Outro materno, não se seduz pelo falo, ou melhor, não disputa por ele; por isso,
também, tudo lhe parece tão desencantado (KEHL, 2009).

 
A hipótese da depressão como metáfora do psiquismo

A depressão seria, então, um estado durando o tempo necessário para que o vazio
inanimado do vivo se constitua como organização narcísica e retorna toda vez que
o psiquismo solicita uma restauração de seu narcisismo. Como este está
constantemente ameaçado, tanto por forças externas como internas, a depressão
está invariavelmente presente (BERLINCK; FÉDIDA, 2000, p. 15).

Fédida dedicou-se ao estudo da depressão por mais de trinta anos, sempre a


acrescentar novas questões, principalmente, à própria psicanálise (DELOUYA,
1999). Entre essas, está a convocação que a depressão faz à fenomenologia, em
especial, em torno da correspondência entre a temporalidade da depressão e o
tempo que é próprio ao psiquismo. "A depressão solicita a fenomenologia em seus
atos de compreensão do fundamento temporal da subjetividade" (FÉDIDA, 1999, p.
29).

A tarefa de definir com exatidão significados e aspectos que Fédida poderia nos
trazer sobre a depressão em si, além de complicada, poderia também resultar em
prejuízos. Isso porque, além de ele não se preocupar em estabelecer barreiras
muito bem marcadas entre fenômenos próximos, como luto, depressão e
melancolia, sua escrita, quase poética, não se coloca refém de psicologismos. Em
seu estilo, teoria, manifestações clínicas, imagens vivas se misturam na criação de
um potente e vivo saber, da ordem do incapturável. Além também, de ele lidar com
o psíquico e, para ele, o aparelho psíquico da elaboração freudiana é
"metapsicológico, ou seja, obra de ficção". Se fosse "psicologizado", descrito e
dissecado, ele perderia esse seu "poder de ficção, de se oferecer como conceito de
funções" (FÉDIDA, 1999, p. 105). Portanto, ensaiaremos trabalhar, inspirados por
ele, buscando não aprisionar seus conceitos em definições puras para que sigam
operando como funções.

Impressos em seu estilo, esses traços impõem um certo esforço por parte do leitor
porque este gênero de pensamento jamais cede à coerência articulada de um
raciocínio, mas se abre constantemente para as imagens e para as figuras do vivido
das palavras que utiliza. Eis o modo da poesia e da fenomenologia entremearem o
tecido metapsicológico temperando o rigor com que o autor se fia às buscas e aos
questionamentos da feitiçaria freudiana (DELOUYA, 1999, p. 10).

Diferentemente de Kehl, Fédida parece se deter mais nas suas manifestações


clínicas do que num trabalho de encontrar as origens da depressão na história do
sujeito, ou numa possível estrutura. Muitas vezes, parecem-nos nebulosas, ou
mesmo imprecisas, as diferenciações entre depressividade e estados depressivos. A
depressão "não é uma estrutura psíquica porque é o estado próprio à estruturação
do aparelho psíquico, permitindo dizer que não há estado humano a-depressivo"
(BERLINCK, FÉDIDA, 2000, p. 15).

O ponto de partida é que essa imobilidade da vivência depressiva, seja no corpo,


seja nas funções psíquicas, do desejar, projetar, representar, fantasiar, sonhar,
brincar e assim por diante, sugere-nos a hipótese de se tratar de um estado
anterior ao próprio psiquismo. "Uma situação primitiva revivida", ou melhor
dizendo, há aí uma compatibilidade dessa vivência com a natureza primitiva do
próprio psiquismo. "[...] a depressão talvez seja o sintoma - preferimos dizer, o
fenômeno - paradigmático da psique em sua totalidade" (DELOUYA, 1999, p. 9). O
que daí ressalta é a temporalidade, é em torno dela que essa hipótese é lançada.
Esse tempo da psique, Fédida o entende como a dimensão fenomenológica da ideia
de tópica para a psicanálise (DELOUYA, 1999).

Por tópica se entende a metáfora do lugar no aparelho psíquico. "Representação


figurada espacialmente", como se cada um desses lugares tivesse funções
diferentes e localizações diferentes no psiquismo (LAPLANCHE; PONTALIS, 2004, p.
505). Comumente, os leitores da psicanálise freudiana a dividem em duas tópicas:
a primeira do consciente, pré-consciente e inconsciente; a segunda do ego, id e
superego. Ainda sob a influência dos avanços científicos nos estudos neurológicos
da segunda metade do século XIX, que definiam "suportes neurológicos
rigorosamente localizados", Freud tendia, no início de sua teoria, a essas
localizações materiais, mas já fazia críticas, afirmando que, além dessas
localizações anatômicas, era preciso completá-las com explicações funcionais
(LAPLANCHE; PONTALIS, 2004, p. 505). Bem, a primeira concepção tópica, ainda
sob a influência da neurologia, foi apresentada em Interpretação dos
sonhos (1900), quando ele atribui, a cada espaço da psique determinados
processos, funções e energias de investimento diferentes. E, entre cada um deles,
atribui uma forma específica de censura, que funciona como fronteiras e controla
passagens de um para outro, acentuando esse aspecto espacial, na definição do
aparelho psíquico por Freud. No entanto, se ele alerta para evitarmos
"cuidadosamente a tentação de determinar anatomicamente de qualquer maneira a
localização do aparelho psíquico", acaba usando essa espacialidade, se não por
correspondências exatas, pelo menos como metáforas (LAPLANCHE; PONTALIS,
2004, p. 507). Depois, argumenta que essas localizações são mais virtuais do que
anatômicas; são espacialidades do aparelho psíquico, e não cerebrais, utilizadas
como forma de entender processos que se dão numa sucessão temporal. Há, de
certa maneira, duas tendências nas explicações tópicas de Freud: um genetismo
(inconsciente com biológico) e inconsciente por meio do recalque. A nova tópica de
1920 (id, ego e superego) traz consequências para a ideia de localização psíquica.
"O modelo aqui já não é mais emprestado às ciências físicas" (LAPLANCHE;
PONTALIS, 2004, p. 508):

O campo intrassubjetivo tende a ser concebido segundo o modelo de relações


intersubjetivas, os sistemas são representados como pessoas relativamente
autônomas na pessoa. Nesta medida, a teoria científica do aparelho psíquico tende
a aproximar-se da forma fantástica como o sujeito se concebe e até, talvez, se
constrói (p. 508).
Pois bem, voltemos ao pensamento de Fédida (1999) a colher algumas
diferenciações e aproximações que ele faz, ao longo de seu livro, de forma não
uniformemente exposta, quanto à depressão, ao luto e à melancolia. A depressão,
para ele, é da ordem de um vazio, como se fosse uma existência em suspenso à
espera de um sentido. Um estado de preservação de si, frente a um perigo. Um
vazio anterior a qualquer sentido, assim como o psiquismo - por esse motivo ele
refere-se ao psiquismo como metáfora primitiva da depressão. O luto,
diferentemente, é preenchimento, "faz crescer o espaço de dentro", luto é projeto,
tem tempo, ele fornece um limite para a espera (FÉDIDA, 1999, p. 73). Ele nos traz
a fala de uma paciente que se encontra nesse estado depressivo, em que ela diz
que "se sente interiormente privada de imagens e afetos [...] tampouco sofre [...]
estava seca" (FÉDIDA, 1999, p. 73). Nesse sentido, esse vazio - diferentemente do
vazio latente, ou melhor, daquele espaço de espera pela satisfação que inaugura o
psiquismo e que nos move a criar - existe num sem tempo, atrás ainda das
projeções. Uma espera de nada, mas que se mantém protegido pela manutenção
dessa espera de nada. Tanto o desmoronamento melancólico quanto o luto
despontam no horizonte do depressivo como possibilidades da saída, como se
pudessem retirá-lo dessa suspensão e trazer, novamente, o espaço de significação:

Depressão sem culpabilidade nem objeto, também poder-se-ia dizer, para indicar o
vazio da tonalidade psíquica - somática - de uma morte psíquica aparente. [...] O
vazio não alimenta qualquer queixa, não se autodeprecia: ele é simplesmente nada.
[...]. Pelo vazio, estar protegido da efração traumática. Pelo trauma, sair do vazio.
São estas as primeiras violências do paradoxo (FÉDIDA, 1999, p. 74).

Assim também, o vazio depressivo se diferencia da melancolia: "a diferença do que


se passa na melancolia e na doença somática, esse desinvestimento,
aparentemente, não é acompanhado de um investimento do corpo ou de objetos
interiores de pensamento. Vazia é a vida, vazio é o pensamento" (FÉDIDA, 1999, p.
96).

Sendo assim, a depressão é da ordem de um luto por uma morte impossível.


Acontece que essa imobilidade depressiva - psíquica, somática -, fruto da "presença
invasora e envolvente da ausência" (ou seria melhor dizer, do ausente), pressupõe
um agir (FÉDIDA, 1999, p. 22). Entramos, então, no campo da mania-depressão,
da posição isomórfica depressão-mania, dos estados cíclicos e/ou intermitentes,
aparentemente contrários, mas que, como poderemos ver, apresentam o mesmo
fundo. De modo simplificado, a mania seria a repetição do ausente para não sentir
a perda. Como exemplo, aponta-nos o caso de uma paciente jovem e sedutora que
se dispõe a agir na impulsividade e na impaciência que "confirmam
fenomenologicamente sua incapacidade de dar lugar em si própria a um vazio que
seja tempo e silêncio" (FÉDIDA, 1999, p. 80). Na sua interpretação, essa
hiperatividade é o vazio sustentando "a pulsionalidade ativa da projeção" (FÉDIDA,
1999, p. 84). Essa atividade funciona como que, a partir de uma clivagem, que
possibilita agir sem entrar em conflito, por meio de projeções e introjeções na
criação de um duplo narcísico.

Esse agir é como que despregado de si. Num outro caso, ele diz que "o paciente irá
se lembrar de ter vivido a impressão senão de um desdobramento interno pelo
menos alguém, nele mesmo, silencioso, olhando-o agir freneticamente" (FÉDIDA,
1999, p. 21). Quem age aí é o ausente, que está demasiadamente presente. A
atividade depressiva comporta uma espécie de interioridade atenta, de terror
subjetivo, como se ela própria "ocupasse o lugar silencioso do ausente" (FÉDIDA,
1999, p. 21). Ainda sobre esse paciente, relata que "agia e se agitava numa forma
- corpo da ausência - que o 'carregava', enquanto uma vigilante imobilidade interior
o 'aterrorizava'" (FÉDIDA, 1999, p. 17).
Não há ausência, há uma presença excessiva do ausente. O agir maníaco é um agir
desse duplo, um agir alucinatório desse ausente, por isso alienado do sujeito, por
isso repetição.

Depois dessa fase atinada, esse paciente, por um golpe do destino, passa a sentir
essa forma esvaziada e vai perdendo ainda mais o interesse por tudo. Não sente
angústia, mas também não tem pensamentos, só vontade de dormir, "impressão
cotidiana sobre o tédio, onde aquilo que ele vê não lhe diz nada. [...] Espero, mas
não sei o que" (FÉDIDA, 1999, p. 19).

A impossibilidade de fazer o menor gesto, de agir o menor ato, o peso com que o
cotidiano é aqui sentido, a pesada lentidão de uma representação corporal
desenhando o limite de um recinto em sentinela [...] a sentinela imediatamente
impressionável de tudo o que se passa (FÉDIDA, 1999, p. 24).

A partir daí, a elaboração está relacionada com a capacidade de ficar só e com a


simbolização da ausência, que se mantém impossível diante da insistência do
ausente. Fédida (1999) nos indica como pequenos gestos que esse paciente passa
a empreender, gestos simples, do cotidiano, são importantes, por representarem
um passo de elaboração, gestos seus, que fogem à repetição. Um projeto em que o
agir toma sentido:

Atos que marcam, a cada vez, a evolução de uma liberação - o que se encontra em
projeto numa elaboração consciente do agir no desejo de se libertar dessa ausência
que se tornou corpo invasor - imóvel - do outro excessivamente presente por ter
partido. Como se o ato - por mais banal que seja, como "lavar as meias",
"preencher um formulário", deslocar um objeto sobre a mesa, etc. - só se tornasse
possível no momento em que o homem reencontra a temporalidade de um projeto,
desde que nele silencie o interminável solilóquio com o ausente (FÉDIDA, 1999, p.
20).

Esses limites do que seja depressão e depressividade não se apresentam tão


definidos. O que nos parece, ao fim de tudo, é que a depressão é como um retorno
a esse estado primeiro de vazio, anterior às representações, por conta de uma
medida defensiva, dada uma necessidade que se apresenta na relação com as
demandas internas e externas. Por isso, uma organização narcísica. Como uma
retomada em si, um fechar para balanço. Um estado de fechamento, de pouso
diante da velocidade que irrompe no sujeito. Um transbordamento que o faz
recolher-se. Esse vazio não é ausência, pelo contrário, porque ausência já é
simbolizada, ela já é a retirada desse lugar de nada a caminho de ser. Aí falta essa
ausência. Ela é pretendida, é a saída desse estado. Simbolizar a ausência é o que
falta ao deprimido (BERLINCK; FÉDIDA, 2000; FÉDIDA, 1999).

"A depressão pressupõe, então, uma depressividade fundamental da psique. [...]


depressividade enquanto metáfora primitiva da psique que seria o vazio criativo do
intervalo, do tempo, da linguagem e do brincar" (DELOUYA, 1999, p. 13).

 
Ausência, inibição e dor moral: diálogos possíveis

A experiência comum do estado deprimido poderia caber numa única sensação:


aquela, quase física, de aniquilamento. Essa sensação quase nem chega a ser um
afeto que se experimenta e parece muito distante da percepção de um sofrimento
vivido pelo sujeito. Ela se aparenta mais a uma imobilização, a um impedimento de
se sentir os menores movimentos da vida interna e externa, à abolição de qualquer
devaneio ou desejo. O pensamento, a ação e a linguagem parecem ter sido
totalmente dominados por uma violência do vazio. Além disso, a queixa do
deprimido é pobre e repetitiva: ainda é fala, mas como que afastada da fala. A vida
está vazia: não existe gosto ou interesse por nada, e predomina a incapacidade de
se fazer o que quer que seja. Essa queixa é triste, mas de uma tristeza quase
desapegada, sem afeto. Não é um lamento que manifeste ou anime uma
interioridade: é uma voz que constata um processo de desaparecimento (FÉDIDA,
2002, p. 9).

As leituras de Kehl e Fédida conversam em alguns pontos bastante elucidativos


acerca da depressão na atualidade. Este tópico conclusivo se destina a tecer esse
diálogo.

Uma das principais questões norteadoras da depressão é sua relação com a


ausência. Ambos vão concordar que, no cerne da depressão, existe uma dificuldade
em simbolizá-la e, por isso, o sujeito se encontra mergulhado no vazio. Não o vazio
vivo da espera da satisfação, que faz nascer o funcionamento psíquico, mas o vazio
anterior a isso, o vazio onde o tempo não passa, o vazio do nada, anterior a
qualquer representação. Esse tempo, que não passa, seria a própria natureza do
psíquico, por esse motivo, Fédida considera a depressão uma metáfora deste.

Fédida (1999) nos lembra da ânsia de atividade, que nos desperta diante da
imobilidade do deprimido, como se ele mobilizasse uma angústia no outro, seja na
prática clínica, na tentação de interpretação ativa, ou na ideia geral, que se tem de
tentar animar a pessoa no cotidiano comum. Para o autor, isso deriva da
dificuldade primordial que o analista (e não só ele) tem de lidar com o vazio. "O
vazio seria o protótipo da psique - órgão psíquico plenamente investido sem
representação. [...] caracteriza-se por um estado de conservação sem espera, de
equilíbrio inerte anulador das tensões, de suspensão psíquica" (FÉDIDA, 1999, p.
86). Portanto, mais uma vez, o vazio não é ausência, é a falta dela. A análise
acontece "não para substituir o ausente, nem para preencher o vazio de seu lugar,
mas para fundar a relação que ele desconhece: a da ausência" (FÉDIDA, 1999, p.
107). Daí, deriva a dificuldade do analista. Ele não poderá representar um
continente, nem atropelar (mais uma vez) o sujeito com sua atividade
interpretativa. O que importa aí é seu silêncio, "silêncio de fundo" (FÉDIDA, 1999,
p. 86). Esse silêncio que possibilitará o tempo necessário para a criação de um
tempo de projeto. "O vazio é reconhecido pelo analista em seu próprio silêncio: ele
é solicitado, a partir desse silêncio, a ser para o analisando o silêncio de sua fala. E
assim ela pode ser ouvida" (FÉDIDA, 1999, p. 77).

Kehl (2009), a seu modo, também nos fala do desafio da prática clínica diante da
lentidão do deprimido e do seu silêncio, da sua necessidade de reencontrar "modos
de dizer". Para ela, o saber do Outro que fala por ele, além de emudecê-lo mais
ainda, "atropela seu tempo psíquico", justamente o que não deveria ocorrer (KEHL,
2009, p. 222). "Para os depressivos, trata-se de buscar a duração de um tempo
necessário para que o sofrimento se converta em experiência [...] (que) confere
valor ao vivido" (KEHL, 2009, p. 224).

A depressão se trata de uma "desarticulação subjetiva do tempo" (DELOUYA, 1999,


p. 12). Isso está presente nas ideias de ambos os autores. Na interpretação de
Delouya (1999) sobre as origens dos estados depressivos na teoria de Fédida:
O fracasso do ambiente de origem em fornecer o suporte e o meio de perlaboração
da violência psíquica primordial, oriunda da pulsão e das fontes sensoriais, permite
compreender por que a depressão acarreta deficiências na função principal da vida
psíquica, que é a da simbolização da ausência. Como se a depressão acenasse e
apelasse, através de sua imóvel e fixada absorção, para uma falta neste fundo de
origem, necessário à continência da violência para transformá-la em tempo, em
intervalos e pausas silenciosas da linguagem (p. 12).

Para Kehl (2009), a questão que se soma é que essa dificuldade de simbolizar a
ausência, própria do deprimido, encontra-se na origem da depressão ou, podemos
até dizer, na origem da vida do deprimido. Como já vimos, diferentemente do que
mais comumente se lê nas teorias psicanalíticas, a violência ocorrida na vida do
deprimido não foi abandono ou falta, o que ocorreu foi a precipitação do Outro,
antes mesmo que o demandasse. O que há aqui é um "atropelamento do sujeito
pelo Outro", ou podemos dizer, pelo tempo do Outro (KEHL, 2009, p. 229).

Assim, num caminho inverso, na mesma medida em que o sujeito não pode viver
seu tempo próprio para lhe ativar um funcionamento psíquico suficiente, ele não
mais consegue usar desse funcionamento para atribuir sentido ao seu tempo, que
passa a ser vivido como uma eternidade insuportavelmente vazia. Um tempo que
não passa.

Outro traço peculiar do deprimido é a inibição, que está totalmente relacionada com
essa não simbolização da ausência. Kehl (1999) nos revela que o deprimido,
diferentemente dos outros neuróticos, defende-se mais pela inibição do que pela
produção de sintomas. Grande parte de seu sofrimento vem daí. A dificuldade em
representar, em narrar seu sofrimento ou mesmo suas histórias é bem aparente,
perto da novela toda com que se defendem os outros neuróticos. "Nos depressivos
a rede imaginária, invenção subjetiva que visa proteger o psiquismo do vazio
instaurado pela falta do objeto, é pouco consistente" (KEHL, 1999, p. 228). A
antecipação do Outro, antes que ele tivesse o tempo de espera para testar sua
potência e criatividade em lidar com o vazio, fê-lo desacreditar de si.

O outro germe da inibição é o recuo frente ao conflito. Entramos, assim, no nosso


terceiro ponto, também trazido pelos dois autores: depressão como dor moral. O
deprimido não é aquele que se confina em seu quarto, fugindo da vida partilhada
no fora. Ele é aquele que se deprimiu ao fazer essa escolha; a partir daí, clausura e
depressão vão se permutar na manutenção dessa condição. A dor moral do
depressivo é de ordem narcísica. Ele passou pela castração, mas recuou da
rivalidade com o pai, antes mesmo de tentar. Essa é sua dor moral, ele foge dessa
rivalidade e de todos seus substitutos, durante a vida. Sua dor é de impotência, por
isso, dificilmente se arrisca. Vive numa espécie de inércia protetora que o mantém
em sua condição (KEHL, 2009).

O deprimido, para Kehl (2009), faz o movimento que Lacan chama de ceder em
seu desejo. Assim como os outros neuróticos, ele também constrói seu fantasma,
ou seja, ele também procura tornar a ser, novamente, o objeto do gozo do Outro. A
diferença está em que o Outro, aqui, não é o pai, e sim a mãe. Esse recuo, frente à
rivalidade com o pai, faz com que ele tenha uma relação diferente com o Ideal de
eu, que, apesar de constituído, desperta uma reação de desistência, e não de
embate, como se ele já se aceitasse castrado porque sabe que a mãe o quer assim.
"Ele se faz indiferente ao falo para não perder a proteção materna" (KEHL, 2009, p.
255).

Fédida (1999), em certo ponto do seu livro, refere-se ao vazio como "aquilo de que
a metáfora é travessia" (p. 93). Sua ideia de metáfora é algo bastante complexo,
mas pode-se dizer que ela funciona como uma forma existencial que pode se
revelar na fala, para além da vida psíquica, mas carregando mesmo algo de uma
verdade maior. Por isso, ele diz que o vazio convoca uma estranha lucidez, como
uma verdade radical.

A proximidade do deprimido com o vazio e sua correspondência com a


temporalidade do psíquico em si, é algo que ambos os autores vão tratar em algum
momento. Se o deprimido se defende mal e produz pouco psiquicamente, por outro
lado, ele está mais próximo a entrar na depressividade, porque ele conhece e
suporta o vazio melhor do que ninguém. Ele está mais perto de saber de sua
castração, mesmo porque sua angústia é de outra ordem.

O sofrimento da depressão associado a não representação, a dificuldade de tramar


sentidos, de sonhar, de fantasiar, de brincar, como correlato desse tempo vazio,
pelo qual ele está absorvido, é ponto em comum não só nos entendimentos desses
autores, como de outros que partem da investigação desses fenômenos, na
atualidade.

Ao destacarem a experiência do tempo e do vazio na depressão, esses autores


contribuem de maneira importante para a compreensão das subjetivações na
atualidade. Vimos que, tanto Kehl (2009) quanto Fédida (1999; 2002) irão ressaltar
a relação da depressão e sua temporalidade própria - seu tempo parado - com o
ritmo de vida a que a maioria de nós está sujeito, na contemporaneidade. Ou seja,
há uma condição, um choque entre o tempo subjetivo, o tempo do psiquismo, o
tempo das possibilidades de criação e representação, com o tempo social, o tempo
produtivo de nossa cultura. Dessa forma, podemos entender a depressão para além
de um fenômeno estritamente clínico. Esse vazio de sentidos de subjetivações
atropeladas pela pressa, ao qual estamos sujeitos, associado aos mandamentos de
bem-estar e desempenho, pode nos indicar que a depressão, talvez, diga-nos mais
sobre nossa condição atual do que de uma patologia individualizada.

 
 
Referências

ASKOFARÉ, Sidi; ALBERTI, Sonia. Estrutura e Discurso: problema e questões do


diagnóstico. Revista Affectio Societatis, Medellín, v. 8, n. 15, p. 1-21, 2011.
[ Links ]

BERLINCK, Manoel Tosta; FÉDIDA, Pierre. A clínica da depressão: questões


atuais. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, v. 8, n. 2, p. 9-25,
2000.         [ Links ]

CAPONI, Sonia. Uma análise epistemológica do diagnóstico de depressão. Caderno


Brasileiro de Saúde Mental. v. 1, n. 1, p. 1-8, 2009.         [ Links ]

DELOUYA, Daniel. Introdução: depressão, metáfora primitiva da psique. In:


FÉDIDA, Pierre. Depressão. São Paulo: Editora Escuta, 1999.         [ Links ]

FÉDIDA, Pierre. Depressão. Trad. Martha Gambini. São Paulo: Editora Escuta, 1999.


[ Links ]
FÉDIDA, Pierre. Dos benefícios da depressão: elogio da psicoterapia. Trad. Marta
Gambini. São Paulo: Escuta, 2002.         [ Links ]

FREUD, Sigmund (1930[1996]). Mal-estar na civilização. Rio de Janeiro: Imago,


1996. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund
Freud, 21).         [ Links ]

FREUD, Sigmund. (1914). Sobre o narcisismo: uma introdução. Rio de Janeiro:


Imago, 1996. (ESB, 14).         [ Links ]

KEHL, Maria Rita. O tempo e o cão: a atualidade das depressões. São Paulo:
Boitempo, 2009.         [ Links ]

LAPLANCHE; PONTALIS. Vocabulário de psicanálise. São Paulo: Martins Fontes,


2004.         [ Links ]

MONTEIRO, Ana Cristina Cavalcante; LAGE, Ana Maria Vieira. Depressão - uma
"psicopatologia" classificada nos manuais de psiquiatria. Psicologia Ciência e
Profissão. v. 27, n. 1, p. 106-119, 2007.         [ Links ]

PERES, Urania Tourinho. Depressão e melancolia. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge


Zahar Ed., 2010.         [ Links ]

RODRIGUES, Maria J. S. Fuentes. O diagnóstico de depressão. Psicologia USP. São


Paulo, v. 11, n. 1, p. 155-187, 2000.         [ Links ]

TEIXEIRA, Marco Antônio Rotta. Das neuroses de transferência às neuroses


narcísicas: contribuições aos fundamentos da teoria freudiana da melancolia. 2012.
Tese (Doutorado em Psicologia). Universidade Estadual Paulista, UNESP/Assis,
2012.         [ Links ]

 
Artigo recebido em: 21/04/2017
Aprovado para publicação em: 14/08/2017

Endereço para correspondência


Carolina Villanova Heguedusch
E-mail: [email protected]
José Sterza Justo
E-mail: [email protected]
José Artur Molina
E-mail: [email protected]

 
 
*
Psicóloga/Universidade Estadual de Maringá (UEM), doutoranda no Programa de
Pós-Graduação da Faculdade de Ciências e Letras/Universidade Estadual Paulista
(UNESP-Assis).
**
Doutorado em Psicologia Social/Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP), docente do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências e
Letras/Universidade Estadual Paulista (UNESP-Assis).
***
Doutorado em Psicologia e Sociedade/Universidade Estadual Paulista (UNESP-
Assis), pós-doutorado em Psicologia Social/Universitat Autonoma de Barcelona
(UAB), docente do Departamento de Psicologia/Universidade Estadual de Maringá
(UEM).
1
Sugiro a leitura da tese de doutorado de Teixeira (2012), intitulada Das neuroses
de transferência às neuroses narcísicas: contribuições aos fundamentos da teoria
freudiana da melancolia, em que este se dedica primorosamente nessa tarefa de
remontar toda a história dos termos melancolia e depressão. Faz ainda um amplo
apanhado das definições diagnósticas acerca da depressão.
2
ISRS ou Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina é o nome da classe de
antidepressivos mais usada em todo o mundo: a fluoxetina. Age, como o nome
indica, inibindo a recaptação de serotonina permitindo um aumento dessa
substância no cérebro. Está entre os medicamentos considerados mais importantes
pela OMS. Sua primeira versão foi desenvolvida, na década de 70, sob o nome de
Prozac.

Círculo Psicanalítico do Rio de


Janeiro-CPRJ
Rua David Campista, 170
Humaitá
22261-010 - Rio De Janeiro
Tel: +55 21 2286-5747

[email protected]

Você também pode gostar