O Planejamento em Educação
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O PLANEJAMENTO EM EDUCAÇÃO:
REVISANDO CONCEITOS PARA MUDAR
CONCEPÇÕES E PRÁTICAS
Pedagoga - PUC-RJ.
Mestre em Educação - UFRJ
Doutoranda em Pedagogia Social - UNED
Profª Titular - FE/UCP
O ato de planejar faz parte da história do ser humano, pois o desejo de transformar sonhos em
realidade objetiva é uma preocupação marcante de toda pessoa. Em nosso dia-a-dia, sempre
estamos enfrentando situações que necessitam de planejamento, mas nem sempre as nossas
atividades diárias são delineadas em etapas concretas da ação, uma vez que já pertencem ao
contexto de nossa rotina. Entretanto, para a realização de atividades que não estão inseridas em
nosso cotidiano, usamos os processos racionais para alcançar o que desejamos.
As idéias que envolvem o planejamento são amplamente discutidas nos dias atuais, mas um
dos complicadores para o exercício da prática de planejar parece ser a compreensão de conceitos
e o uso adequado dos mesmos. Assim sendo, o objetivo deste texto é procurar explicitar o
significado básico de termos, tais como planejamento, plano, programa, projeto, plano
estratégico plano operacional, e outros, visando a dar espaço para que o leitor possa estabelecer
as relações entre
eles, a partir de
experiências é impossível enumerar todos tipos e níveis de planejamento necessários
pessoais e à atividade humana. Sobretudo porque, sendo a pessoa humana condenada,
profissionais. por sua racionalidade, a realizar algum tipo de planejamento, está sempre
Cabe ressaltar ensaiando processos de transformar suas idéias em realidade. Embora não o
que, neste breve faça de maneira consciente e eficaz, a pessoa humana possui uma estrutura
texto, não se básica que a leva a divisar o futuro, a analisar a realidade a propor ações e
pretende abordar atitudes para transformá-la.
todos os níveis de
planejamento, mesmo porque, como aponta Gandin (2001, p. 83),
PLANEJAMENTO É
1. Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e
objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, instituições, setores de trabalho,
organizações grupais e outras atividades humanas. O ato de planejar é sempre processo de
reflexão, de tomada de decisão sobre a ação; processo de previsão de necessidades e
racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à
concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados
das avaliações (PADILHA, 2001, p. 30).
2. Planejar, em sentido amplo, é um processo que "visa a dar respostas a um problema,
estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de modo a atingir objetivos antes
previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro", mas considerando as condições do
presente, as experiências do passado, os aspectos contextuais e os pressupostos filosófico,
cultural, econômico e político de quem planeja e com quem se planeja. (idem, 2001, p. 63).
Planejar é uma atividade que está dentro da educação, visto que esta tem como características
básicas: evitar a improvisação, prever o futuro, estabelecer caminhos que possam nortear mais
apropriadamente a execução da ação educativa, prever o acompanhamento e a avaliação da
própria ação. Planejar e avaliar andam de mãos dadas.
3. Planejamento Educacional é "processo contínuo que se preocupa com o 'para onde ir' e
'quais as maneiras adequadas para chegar lá', tendo em vista a situação presente e possibilidades
futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades da sociedade,
quanto as do indivíduo" (PARRA apud SANT'ANNA et al, 1995, p. 14).
Para Vasconcellos (1995, p. 53), "o planejamento do Sistema de Educação é o de maior
abrangência (entre os níveis do planejamento na educação escolar), correspondendo ao
planejamento que é feito em nível nacional, estadual e municipal", incorporando as políticas
educacionais.
5. Planejamento de Ensino é o processo de decisão sobre atuação concreta dos professores, no
cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo as ações e situações, em constante interações
entre professor e alunos e entre os próprios alunos (PADILHA, 2001, p. 33). Na opinião de
Sant'Anna et al (1995, p. 19), esse nível de planejamento trata do "processo de tomada de
decisões bem informadas que visem à racionalização das atividades do professor e do aluno, na
situação de ensino-aprendizagem".
PLANO É
1. Plano é um documento utilizado para o registro de decisões do tipo: o que se pensa fazer,
como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer. Para existir plano é necessária a
discussão sobre fins e objetivos, culminando com a definição dos mesmos, pois somente desse
modo é que se pode responder as questões indicadas acima.
O plano é a "apresentação sistematizada e justificada das decisões tomadas relativas à ação a
realizar" (FERREIRA apud PADILHA, 2001, p. 36). Plano tem a conotação de produto do
planejamento.
Plano é um guia e tem a função de orientar a prática, partindo da própria prática e, portanto,
não pode ser um documento rígido e absoluto. Ele é a formalização dos diferentes momentos do
processo de planejar que, por sua vez, envolve desafios e contradições (FUSARI, op. cit.).
2. Plano Nacional de Educação é "onde se reflete toda a política educacional de um povo,
inserido no contexto histórico, que é desenvolvida a longo, médio ou curto prazo"
(MEEGOLLA; SANT'ANNA, 1993, p. 48).
3. Plano Escolar é onde são registrados os resultados do planejamento da educação escolar. "É
o documento mais global; expressa orientações gerais que sintetizam, de um lado, as ligações do
projeto pedagógico da escola com os planos de ensino propriamente ditos" (LIBÂNEO, 1993, p.
225).
4. Plano de Curso é a organização de um conjunto de matérias que vão ser ensinadas e
desenvolvidas em uma instituição educacional, durante o período de duração de um curso.
Segundo Vasconcellos (1995, p. 117), esse tipo de plano é a "sistematização da proposta geral de
trabalho do professor naquela determinada disciplina ou área de estudo, numa dada realidade".
5. Plano de Ensino "é o plano de disciplinas, de unidades e experiências propostas pela escola,
professores, alunos ou pela comunidade". Situa-se no nível bem mais específico e concreto em
relação aos outros planos, pois define e operacionaliza toda a ação escolar existente no plano
curricular da escola. (SANT'ANNA, 1993, p. 49).
PROJETO É
1. Projeto é também um documento produto do planejamento porque nele são registradas as
decisões mais concretas de propostas futuristas. Trata-se de uma tendência natural e intencional
do ser humano. Como o próprio nome indica, projetar é lançar para a frente, dando sempre a
idéia de mudança, de movimento. Projeto representa o laço entre o presente e o futuro, sendo ele
a marca da passagem do presente para o futuro. Na opinião de Gadotti (apud Veiga, 2001, p. 18),
Todo projeto supõe ruptura com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar
quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar
uma estabilidade em função de promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o
presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente determinadas rupturas.
As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores.
Para Veiga (2001, p. 11) o projeto pedagógico deve apresentar as seguintes características:
3. Projeto Político-Pedagógico da escola precisa ser entendido como uma maneira de situar-se
num horizonte de possibilidades, a partir de respostas a perguntas tais como: "que educação se
quer, que tipo de cidadão se deseja e para que projeto de sociedade?" (GADOTTI, 1994, P. 42).
Dissociar a tarefa pedagógica do aspecto político é difícil, visto que o "educador é político
enquanto educador, e o político é educador pelo próprio fato de ser político" (GADOTTI,
FREIRE, GUIMARÃES, 2000, pp. 25-26).
PROGRAMA É
REFERÊNCIAS
GADOTTI, M.; FREIRE, P.; GUIMARÃES, S. Pedagogia: diálogo e conflito. 5. ed. São Paulo:
Cortez, 2000.
_________ . Planejamento como prática educativa. 7.ed. São Paulo: Loyola, 1994.
PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. Trad. Marco Aurélio Fernandes. 4. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 1991.
VEIGA, I. P. (Org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 13. ed.
Campinas: Papirus, 2001.