Ibama - Planejamento Sistemático Da Conservação PDF
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M M A
Planejamento
sistemático
da conservação
PLANEJAMENTO SISTEMÁTICO DA CONSERVAÇÃO
Ministério do Meio Ambiente
Izabella Teixeira
BRASÍLIA
2010
EQUIPE RESPONSÁVEL
Analistas Ambientais:
Edição
Catalogação na Fonte
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
I59p Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Planejamento sistemático da conservação: material didático / Coordenação de Zoneamento Ambiental. –
Brasília: Ibama, 2010.
64 p. ; 29cm
ISBN 978-85-7300-306-2
1. Área protegida. 2. Planejamento ambiental. 3. Material didático. I. Schittini, Ana Elisa de F. Bacellar. II. Bottura,
Giovana. III. Déstro, Guilherme Fernando Gomes. IV. Dias, Jailton. V. Amboni, Mayra Pereira de Melo. VI. Instituto Bra-
sileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. VII. Diretoria de Proteção Ambiental – Coordenação de
Zoneamento Ambiental – Dipro/CGZAM. VIII. Título.
CDU(2.ed.)502.3
Sumário
1. Introdução................................................................................................................................... 7
2. Divisão da área de interesse em Unidades de Planejamento..................................................... 9
2.1 Como escolher o tamanho das UPs?........................................................................................ 9
2.2.Como construir UPs artificiais e regulares?...............................................................................12
6. Desenho das Áreas - Marxan Marine Reserve Design using Spatially Explicit Annealing...........47
6.1 Conceitos fundamentais e aplicações.......................................................................................47
6.2 Marxan – Uso do Software.......................................................................................................48
7. Pós-seleção.................................................................................................................................53
7.1 Entre as áreas eleitas como importantes, o que priorizar?........................................................54
7.2 Resultados da pós-seleção e etapas futuras.............................................................................55
8. Referências ................................................................................................................................57
1. Introdução
1- O C-PLAN foi desenvolvido por Bob Pressey e Matthew Watts do New South Wales National Parks and Wildlife Service da Austrália.
Trata-se de um sistema interativo de suporte à decisão para o planejamento da conservação, usado como ferramenta de negociação
durante o planejamento do uso da terra, na identificação de sistemas alternativos de áreas de reservas, na educação, demonstrando os
princípios do planejamento da conservação a estudantes e, ainda, na pesquisa para análises de lacunas de proteção, planejamento da
conservação e simulação de alternativas futuras para determinada área. Ele tem sido usado em diversos processos de negociação sobre
o uso da terra em New South Wales, resultando em centenas de milhares de hectares de novas áreas de reservas. Além disso, tem sido
utilizado em outras experiências em diversos países do mundo, como Africa do Sul e China, sendo descrito na Science como um software
Gold Standard em sua área de uso.
(Fonte: http://www.uq.edu.au/ecology/index.html?page=101951)
2 - O Marxan é um software que fornece suporte à decisão para a concepção de um sistema de áreas prioritárias, buscando soluções
eficazes para o problema da seleção de um sistema de áreas espacialmente coeso, com vistas a cumprir uma série de metas de conser-
vação da biodiversidade, tendo por base uma minimização dos custos e dos efeitos de borda. Ele integra dados produzidos pelo C-PLAN
a um SIG, apresentando resultados na forma de um mapa. (Fonte: http://www.uq.edu.au/marxan/)
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2. Divisão da área de interesse em unidades
de planejamento
trabalho, ou seja, unidade territorial de análise e ção integral, unidades de conservação de uso
de ação. sustentável, terras indígenas etc.
Independente do tipo, tamanho e forma
2.2 Como criar UPs artificiais e regulares? das UPs escolhidas, as áreas protegidas devem
compor, cada uma delas, uma única UP. Des-
sa forma, todas as UPs eventualmente cria-
Unidades de Planejamento hexagonais das dentro de uma UC devem ser dissolvidas,
têm sido muito usadas em exercícios de prio- de forma que cada área protegida represente
rização. O hexágono é uma forma interessante apenas uma UP (Figura 3). Quando se trabalha
para uma UP, pois (1) aproxima-se do formato com hexágonos, como resultado dessa opera-
circular, ideal para a criação de reservas por ção, algumas UPs adjacentes às UCs dissolvi-
apresentar a menor razão perímetro/área possí- das ficam com tamanho muito reduzido. Para
vel; e (2) porque mantém a mesma extensão de eliminar essa imperfeição, sugere-se que as
contato (borda) com seis unidades vizinhas. Um vizinhas dessas UPs sejam dissolvidas. A defi-
quadrado apresenta quatro vizinhos, cujo conta- nição do tamanho mínimo permitido para cada
to é o seu lado, e mais quatro vizinhos, cujos UP fica a critério do usuário. Para realizar essa
contatos são apenas seus vértices. função de forma rápida e automática, pode ser
Na elaboração do conjunto de UPs, he- usada a extensão Dissolve Adjacent Polygons,
xagonais ou não, é importante considerar as áre- no softwares ArcView 3.x. No entanto, a disso-
as já protegidas, especialmente as unidades de lução manual, apesar de ser uma tarefa moro-
conservação. Assim, cabe ao usuário identificar, sa, é a forma mais segura de se evitar qualquer
de acordo com o objetivo do trabalho, quais áre- dissolução não desejada. As setas vermelhas
as deverão ser consideradas como realmente na Figura 3 mostram exemplos de UPs que fo-
protegidas: unidades de conservação de prote- ram dissolvidas às adjacentes.
Figura 3. Exemplos de UP dissolvidas dentro dos limites de uma unidade de conservação (polígono de nome
“UC”) e as UPs adjacentes (setas vermelhas).
Para criar UPs hexagonais, é preciso do para qualquer projeção métrica (Albers, Lam-
que o shapefile da área de interesse esteja bert, UTM). Depois disso, os hexágonos podem
em projeção cartográfica expressa em metros. ser criados no ArcView 3.x, conforme os passos
Caso esteja em coordenadas geográficas (lati- descritos a seguir:
tude e longitude), o arquivo deverá ser projeta-
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Passo 1. Habilite a extensão Patch Analyst em File > Extensions > Patch Analyst 3.x.
Uma grade de hexágonos será criada de selecione aqueles que intersectam a área de
forma a preencher todo o retângulo envolvente interesse e crie um shapefile apenas com es-
à área de interesse. Dessa forma, muitos he- ses hexágonos (Figura 4). Como próximo passo,
xágonos excedentes são criados. Para manter deve-se dissolver as UPs dentro de UCs.
apenas os hexágonos que interessam de fato,
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Planejamento Sistemático da Conservação - Material Didático
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3. Alvos e metas para conservação da biodiversidade
1 - Adaptado de apresentação proferida por Ricardo Bonfim Machado, em abril de 2006, na Reunião Técnica para a Definição de Alvos
e Metas para a Conservação da Biodiversidade na BHSF, intitulada “Parâmetros associados com o Planejamento Sistemático para Con-
servação”.
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)) Mais de três pontos disponíveis: (i) dos dados foi considerar cada grupo de pontos
para as espécies criticamente amea- (população) como um alvo diferenciado, lem-
çadas a meta foi de seis pontos ou brando de adequar as metas que foram atribuí-
todos os pontos (no caso de haver das para todo o conjunto de pontos e de popu-
menos de seis pontos disponíveis); lações disjuntas.
(ii) para as espécies em perigo, meta
de cinco pontos ou todos (no caso de
3.3. Compilação de dados sobre a distribui-
só haver quatro pontos disponíveis);
ção dos objetos
e (iii) para as espécies vulneráveis,
meta de quatro pontos de ocorrência.
Durante ou depois da seleção de objetos
e metas de conservação, deve-se fazer o levan-
Exemplos hipotéticos:
tamento de dados sobre a distribuição espacial
dos objetos (Etapa 3). É ideal que o levantamen-
)) Sp1: criticamente ameaçada;dez to seja feito após a seleção dos objetos e antes
pontos disponíveis / meta = rema- da atribuição de metas, porque, como citado
nescentes no raio de 5 km de seis anteriormente, as metas devem se basear na
pontos de ocorrência. vulnerabilidade intrínseca do objeto e na quanti-
)) Sp2: criticamente ameaçada; três dade de informação espacial disponível.
pontos disponíveis / meta = rema- A forma mais comum de apresentação
nescentes no raio de 5 km de três dos dados de biodiversidade é através de pla-
pontos de ocorrência. nilhas ou tabelas eletrônicas organizadas em
)) Sp3: em perigo; cinco pontos dispo- softwares, como o Microsoft Excel ou Micro-
níveis / meta = remanescentes no soft Access. Vale ressaltar que bancos de dados
raio de 5 km de cinco pontos de ocor- robustos podem ser formados a partir da sim-
rência. ples compilação de listas de espécies publica-
das nas mais diferentes formas, como artigos
)) Sp4: em perigo; 20 pontos disponí-
científicos, relatórios ambientais, zoneamentos
veis / meta = remanescentes no raio
e sistemas de autorizações ambientais. Todavia,
de 5 km de cinco cincopontos de
para que essa informação possa ser utilizada em
ocorrência.
políticas públicas e em ações voltadas à conser-
)) Sp5: vulnerável; 12 pontos disponí- vação, a base de dados deve ser representativa
veis / meta = remanescentes no raio e oriunda de fontes confiáveis.
de 5 km de quatro pontos de ocor-
A Figura 6 mostra uma proposta de apre-
rência.
sentação básica dos dados de biodiversidade
)) Sp6: vulnerável; quatropontos dis- numa planilha-base Excel, já formatada confor-
poníveis / meta = remanescentes me exigência dos Sistemas de Informações Ge-
no raio de 5 km de quatro pontos de ográficas (SIG) e do próprio PSC, ou seja, com
ocorrência. coordenadas geográficas em graus decimais.
Repare que cada linha da planilha representa um
Sempre que possível, foi garantido, registro único da ocorrência de uma determina-
ainda, que os pontos escolhidos mantivessem da espécie, uma vez que é única sua informação
uma distância mínima de 50 km entre si, com geográfica (latitude e longitude). Quando trans-
o objetivo de assegurar a manutenção da va- formada em arquivo no formato shapefile, cada
riabilidade genética entre as populações. Um linha representará 1 (um) ponto de localização
procedimento que possibilitou esse tratamento no mapa.
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2 - http://www.baixaja.com.br/downloads/Windows/Education/Geography/GEOPosCalc_2867.html
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)) NYBG – New York Botanical Garden melhor método deve considerar o objetivo do
(http://sciweb.nybg.org/science2/ estudo e ficará a critério do grupo técnico envol-
vii2.asp); vido e de consultas aos especialistas dos grupos
)) CONABIO (www.conabio.gov.mx/); taxonômicos eleitos.
)) Nature Server (http://www.nature-
serve.org/); 3.4 Montagem das tabelas de abundância e
)) Species 2000 (www.sp2000.org/); de metas
)) IABIN – Rede Interamericana de In-
formação sobre Biodiversidade (old. Uma vez definidos os alvos de conser-
iabin.net/portuguese/index.shtml); vação e suas metas, iniciaremos a elaboração
)) Fish Base (http://www.fishbase.org/); do mapa de importância biológica. Como dito
anteriormente, a geração deste mapa começa a
)) Avian Knowledge Network (http://
partir do uso de softwares específicos, como o
www.avianknowledge.net/); e,
C-PLAN que exigem a entrada de dados em pla-
)) OBIS – Ocean Biogeographic Informa- nilhas-padrão. Aqui, a montagem das tabelas de
tion System (http://www.iobis.org/). alvos e de metas, e a de abundância, serão fei-
tas com o auxílio de uma extensão do ArcView
No entanto, vale lembrar que a informa-
3.x, chamada CLUZ4.
ção sobre biodiversidade pode conter inúmeras
falhas como erros na identificação/nomenclatu- A tabela de metas (target) traz informa-
ra das espécies, imprecisões no georreferencia- ções sobre as metas de conservação e a vul-
mento dos dados ou falta de correspondência nerabilidade de cada objeto. Essa tabela deve
temporal entre as coletas, problemas estes que conter os seguintes campos com as respectivas
devem considerados durante as análises. propriedades:
Por fim, outros campos podem ser adi-
cionados em sua tabela de modo a complemen- )) Featcode (textual): Código de oito
tar as informações sobre os registros, como caracteres que pode ser gerado, por
demais dados taxonômicos (família, ordem, exemplo, a partir dos quatro caracte-
classe), nome popular, dados sobre o estado de res iniciais do gênero e quatro do epí-
conservação da espécie e informações mais de- toto específico (Bokealva, Bokenanu,
talhadas sobre a coleta (nome do coletor, data Bokesaxi,...);
de coleta), ou ainda, se possível, características )) Featdesc (textual): nome científico váli-
sobre a distribuição da espécie, número de in- do para a espécie-alvo (e.g. Bokerman-
divíduos registrados e método de amostragem. nohyla alvarengai, Bokermannohyla
De posse dos pontos de localização nanuzae, Bokermannohyla saxicola,...);
das espécies-alvo, deve-se, agora, transformar )) Target_PC (numérico): meta de con-
a planilha de dados em um arquivo de pontos servação expressa em valores per-
no formato shapefile. Todavia, para se calcular a centuais (70, 100, 70,...);
área de distribuição das espécies, é preciso que )) Taxon (textual): Grande grupo taxo-
esSes pontos sejam transformados em polígo- nômico no qual a espécie está conti-
nos. No projeto Estabelecimento de prioridades da (amphibia, aves, plantae,...);
para a conservação da biodiversidade na BHSF”,
decidiu-se gerar buffers de 5 km, ao redor de )) Vulnera (numérico): Valor atribuído à
cada ponto de distribuição, com o objetivo de vulnerabilidade da espécie, incluindo
minimizar possíveis erros de amostragem e in- riscos de extinção. Esse valor pode
cluir pontos adjacentes à área amostrada, que receber diferentes escalonamentos
não seriam utilizados por extrapolarem o limite dependendo do objetivo do traba-
da bacia. Outra forma de inferir a distribuição lho. No caso do trabalho na BHSF,
potencial das espécies é a partir de técnicas de os valores de Vulnera variaram entre
modelagem utilizando algoritmos específicos 1 (maior vulnerabilidade) e 5 (menor
como o Maxent3 e Garp4. Todavia, a escolha do vulnerabilidade);
3 - http://www.cs.princeton.edu/~schapire/maxent/
4 - http://openmodeller.cria.org.br/
5 - http://www.kent.ac.uk/dice/cluz/
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Passo 2. Em seguida, ative a função “Create Passo 3. Será aberta automaticamente a janela
new setup file” e clique em “OK”. Abrirá uma “File settings”, em que serão selecionados os ar-
janela para selecionar o diretório em que será quivos para a análise. O primeiro deles é o arquivo
salvo o arquivo. Manteremos o nome oferecido executável do software Marxan (“Marxan.exe”),
pelo default. seguido do diretório de entrada (“Input directory”)
e saída de dados (“Output directory”), podendo
ser a mesma pasta. Em seguida, você deve se-
lecionar a área de interesse do projeto, ou seja, o
shapefile de Unidades de Planejamento (“Planning
unit theme”), criado anteriormente (Capítulo 2.2).
Como as tabelas de abundância e de metas ainda
precisam ser elaboradas, deixaremos os campos
“Abundance table” e “Target table” em branco.
Recomenda-se colocar todos os arquivos em um
único diretório, para facilitar a busca.
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em “Create blank target table” presente na guia poníveis, uma letra inicial com a numeração das
do CLUZ. Para o nome manteremos a opção UPs. Ex: F_1; F_2,...), além de outros campos
dada pelo default, da mesma forma como fei- numéricos, como o “Unit_id”, que enumera to-
to anteriormente. Em seguida, defina o número das as UPs.
de casas decimais (recomenda-se utilizar zero) e
clique em “OK”. A tabela de metas em branco
B - Inserindo os alvos de conservação
também foi construída!
na tabela de abundância
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Para construir a tabela de metas usare- Passo 19. Abra para edição a tabela de metas,
mos a tabela target.dbf, construída pelo CLUZ, e adicionando uma coluna textual (String) com o
a tabela de metas, elaborada no item 3.4. Nes- nome FEATKEY.
ta etapa, trabalharemos com algumas funções
específicas do ArcView, deixando o CLUZ um
pouco de lado.
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4. Cálculo de insubstituibilidade – Conservation
Planning (C-PLAN)
Instalação:
1. Instalar Borland;
2. Instalar C-PLAN_BDE_Install_DISK1.zip;
3. Instalar C-PLAN_BDE_Install_DISK2.zip;
4. Instalar o C-PLAN;
5. Instalar C-PLAN – Patch: arrastar os
arquivos geralmente enviados pelos
autores após a permissão de uso
para o diretório do C-PLAN. Esses
arquivos são a chave e substituirão
os já existentes; e,
6. Arrastar C-PLAN.AVX para “C:\
ESRI\AV_GIS30\ARCVIEW\
EXT32\”. Passo 3. Abra os três arquivos construí-
dos nos passos anteriores: tabelas das unidades
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Passo 6. Em seguida, adicione a tabela Abun- Passo 10. Selecione primeiro a tabela de UPs,
dance em “Add Table”. A matriz de abundância depois o campo-chave e em seguida o campo
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que contém a disponibilidade (status) das UPs. acentos ou nomes longos). Pressione Next.
Pressione Next. Pressione OK e aguarde.
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Passo 18. Clique OK nas três janelas seguintes. 4.3 Exercícios de manipulação de dados no
C-PLAN
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Passo único. Abra a janela do C-PLAN, selecio- As UP podem ser selecionadas tam-
ne algumas UPs dentre as listadas em Available bém pelo ArcView. Para isso, é preciso acessar
Sites e clique no botão Accept. Não esqueça o C-PLAN por meio da extensão do ArcView.
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Passo 1. Selecione todas as UPs importantes Passo 3. Selecione as UPs (clique na primeira
para a proteção dos objetos-lacuna (ou seja, com e aperte a seta para baixo). Verifique se estão
proteção inicial menor que 100%) e as áreas in- marcadas como mandatárias.
substituíveis. Posteriormente, no ArcView, sele-
cione todas as UPs com Ir1 (insubstituibilidade
máxima) e as indique como mandatárias.
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Passo 5. Vamos agora eliminar as UPs redundantes por desempenho. Clique no menu
show > map redundant sites > OK. Visualize o resultado no ArcView.
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5. Análise de ameaças e oportunidades para a conservação
Figura 8. Seleção de unidades de conservação de proteção integral para o estado de Minas Gerais.
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Figura 11. Mapa de distâncias do tema unidades de conservação Figura 13. Mapa de distâncias recortado para a área de estudo
de proteção integral e o estado de Minas Gerais. efetivamente trabalhada.
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Para inverter os valores dos pixels do Com os resultados finais, deve-se fazer
mapa de distâncias, como ocorre com temas novamente uma reclassificação dos valores dos
em que os valores mais próximos dos objetos pixels para o intervalo desejado. Para isso, uti-
deverão ser maiores que aqueles distantes, de- liza-se os passos descritos nas figuras 14 e 15.
ve-se utilizar a função “Reverse New Values” na
janela “Reclassify”, demonstrada na Figura 15. 5.4 Utilização do software Idrisi para a cons-
trução do mapa de custos (opcional)
Feita a reclassificação e normalização
dos valores de todos os temas, passa-se para a
Um passo opcional, mas de grande im-
operação final, em que todos os temas serão so-
portância e que depende do interesse do trabalho
brepostos, através da operação matemática de
realizado, é a utilização da opção de se manipular
soma. Para tanto, utiliza-se a seguinte operação
matematicamente os valores das superfícies de
do ArcGIS 9.x: Spatial Analyst Tool Overlay
distância de cada um dos temas, considerando a
Weighted Sum, conforme demonstrado na diferença das influências reais nas proximidades
Figura 16.
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das feições, em detrimento das áreas situadas a Após importar para o ambiente Idrisi (for-
uma distância maior. Para o caso de um centro mato RST), deve-se efetuar a operação de ma-
urbano, por exemplo, considera-se que a sua área nipulação dos valores com a função GIS Analy-
de influência direta e com intensidade maior cor- sis Decision Support FUZZY, conforme
responde àquelas de suas imediações, ao passo demonstrado na Figura 20. Para o objetivo do
que, a partir de determinada distância, estas in- trabalho usado como exemplo, a opção de agru-
fluências tendem a diminuir progressivamente pamento dos valores utilizada foi a “Sigmoidal”,
até desaparecer. Para tanto, uma técnica relati- que produz valores conforme demonstrado na
vamente simples é executada através do softwa- Figura 21.
re Idrisi, com a utilização da função “Fuzzy”, que
permite executar uma operação que concentra
os maiores valores nas proximidades da feição
considerada e um declínio exponencial, à medida
que se distancia.
Primeiramente, cada uma das superfí-
cies de distância deverá ser exportada do forma-
to ArcGIS 9.x (GRID) para o formato TIFF (Menu:
DATA Export Data escolher o formato
TIF), para ser importado pelo Idrisi (Menu: File
Import Desktop Publishing Formats
GEOTIFF/TIFF), conforme mostrado nas Figu-
ras 16 e 17, respectivamente.
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Idrisi (opcional)
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6. Desenho das Áreas - Marxan Marine Reserve Design
using Spatially Explicit Annealing
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1 - Arrefecimento simulado ou simulated annealing é uma meta-heurística para otimização que consiste numa técnica de busca local
probabilística, e se fundamenta numa analogia com a termodinâmica O Algoritmo de arrefecimento simulado substitui a solução actual
por uma solução próxima (i.e., na sua vizinhança no espaço de soluções), escolhida de acordo com uma função objectivo e com uma
variável T (dita Temperatura, por analogia). Quanto maior for T, maior a componente aleatória que será incluída na próxima solução es-
colhida. À medida que o algoritmo progride, o valor de T é decrementado, começando o algoritmo a converter para uma solução óptima,
necessariamente local. Uma das principais vantagens deste algoritmo é permitir testar soluções mais distantes da solução actual e dar
mais independência do ponto inicial da pesquisa.
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Passo 12. Na opção Input estarão locali- tory (subdiretório Input, diretório Marxan). Sele-
zados os arquivos de entrada (Alvos (SPEC); uni- cione os arquivos como na figura acima, todos os
dade de planejamento (PU); matriz (PUVSPR2) e arquivos .DAT estão no subdiretório Input.
borda (Bound)). Primeiro, selecione o Input Direc-
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Passo 13. Arquivos de saída: selecione o nome do arquivo de saída e o diretório (subdi-
as opções de processamento que serão salvas. retório Output, diretório Marxan).
Não se esqueça de selecionar ArcView Format,
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7. Pós-seleção
Após passar por todas as etapas descri- possuam conhecimentos relevantes para deci-
tas anteriormente e selecionar os cenários que sões de planejamento e que compreendam o
representam as melhores combinações espa- contexto social, econômico e político para o pla-
ciais das áreas de grande relevância biológica, nejamento da conservação, bem como os res-
onde foram considerados os efeitos de borda, ponsáveis pela implementação das estratégias a
oportunidades e ameaças para a conservação, serem propostas.
chega o momento de validar as áreas selecio- Para subsidiar a validação, é importan-
nadas. É importante reunir, nesta etapa, atores te que outras informações geográficas sejam
que tenham profundo conhecimento da região compiladas, como meio de facilitar o processo
estudada. de decisão do grupo. Imagens de satélite, infor-
Nesta última etapa, chamada de pós- mações sobre remanescentes de vegetação,
seleção, é possível redefinir limites, criar novas localização de cavernas, unidades de conserva-
áreas ou mesmo excluir áreas que não são re- ção, populações tradicionais e aptidão agrícola
presentativas (Figura 31). Além da provável al- são alguns exemplos de informações relevantes
teração de limites, esta última etapa tem como que auxiliam no processo de validação e de ca-
objetivo reunir informações sobre característi- racterização das áreas.
cas relevantes das áreas, estratégias de conser- A etapa de pós-seleção é de suma impor-
vação, principais ameaças, entre outras informa- tância, pois possibilita alcançar equilíbrio entre a
ções. Assim, é interessante que se reúna não só imparcialidade dos softwares e a tendenciosida-
especialistas em biodiversidade, como também de dos especialistas na análise dos dados.
pessoas que conheçam as ameaças locais, que
7.1 Entre as áreas eleitas como importantes, partir da média dos valores de insubstituibilida-
o que priorizar? de presentes nas unidades de planejamento de
cada uma das áreas. Como resultado, obteve-
se diferentes classes de importância biológica
Tendo em vista a escassez dos recur-
(extremamente alta, muito alta e alta) e, conse-
sos financeiros voltados para a conservação da
quentemente, com classes de prioridades dife-
biodiversidade, mesmo após termos obtido um
rentes (Figura 32).
cenário das áreas importantes, muitas vezes é
necessário priorizar áreas e ações. Nesse caso, Além disso, puderam ser feitos outros
leva-se em consideração não apenas sua impor- tipos de análises para a classificação das áre-
tância biológica relativa, mas o nível de ameaça as, levando em consideração outros elementos
sofrida e o custo de implementação para a con- da paisagem, como o índice de fragmentação,
servação da biodiversidade. o custo econômico, o grau de erosão etc. Por
exemplo, a partir do cruzamento de informações
Para o projeto de Áreas Importantes
sobre o grau de insubstituibilidade e o índice de
para a Conservação da Biodiversidade na Bacia
fragmentação (Figura 33) pôde-se obter diferen-
Hidrográfica do Rio São Francisco, foi feita uma
tes classes de priorização.
classificação de graus de importância biológica a
Figura 32. Classificação das áreas quanto ao grau de importância biológica, levando em conside-
ração a insubstituibilidade média de cada área.
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Ao final da etapa de pós-seleção é esperado que cada uma das áreas possua uma ficha
técnica com informações adquiridas por meio dos softwares e também por consulta a especialistas
(Tabela 3).
Tabela 3. Exemplo de ficha técnica de áreas importantes para a conservação. As informações ad-
quiridas pelos softwares estão representadas em cinza e as adquiridas por consulta a especialistas
estão em branco.
Áreas Importantes para a Conservação da Biodiversidade na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
ID – Código da área 01
Área (ha) 122.419,2
Nome da área Catimbau
Justificativa 117,44% Caatinga 16b; 33,55% Caatinga 15e
Principais rios Rio Pau-a-pique; Riachos Pioté e Brejo
Principais municípios Ibimirim; Tupanatinga; Buíque; Sertânia
Principais vias de acesso BR 232; PE 270; PE 345; PE 290
Biomas 100,00% Caatinga
Área com remanescente de Caatinga; presença de ave Carduelis yarrellii; entorno
Características relevantes
do Parque Nacional do Catimbau.
Ameaças Tráfico de Animais Silvestres (Carduelis yarrellii).
Plano de ação para a conservação de Carduelis yarrellii; fortalecimento do Parque
Estratégias de conservação
Nacional do Catimbau.
Dada a dinâmica dos sistemas naturais, alização periódica e sistemática das áreas priori-
assim como o conhecimento acerca dos ele- tárias. Para isso, é importante, por exemplo, re-
mentos da biodiversidade, padrões e processos ver o estado de conservação das espécies-alvo,
ecológicos, é interessante que se faça uma atu- avaliar se estas continuam sendo bons repre-
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Planejamento Sistemático da Conservação - Material Didático
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8. Referências
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