Guia Do Catecismo 3º Ano PDF

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QUEREMOS SEGUIR JESUS

GUIA - 3º ANO

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Coordenação geral e Edição

da Fundação Secretariado Nacional da Educação Cristã

Capa: Zonadesign

ISBN: 978-972-8690-47-2

Depósito Legal:

1ª Edição – Setembro 2009

© Todos os direitos reservados para a Fundação SNEC

FUNDAÇÃO SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ


Quinta do Cabeço, Porta D – 1885-076 MOSCAVIDE
Telef.: 21 885 12 85 Fax: 21 885 13 55 E-mail: [email protected]

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SIGLAS

AG Ad gentes, Decreto sobre a Actividade Missionária da Igreja


ATV CONFERÊNCIA EPISCOPAL PORTUGUESA - Para que acreditem e te-
nham vida. Orientações para a catequese actual (2005)
CIC Catecismo da Igreja Católica (1992)
CT Catechesi Tradendae, Exortação Apostólica de João Paulo II, 1979
DCE Deus Caritas Est, Carta encíclica de Bento XVI, Natal do Senhor, 2005
DD Dies Domini, Carta Apostólica de João Paulo II, 1998
DGC CONGREGAÇÃO PARA O CLERO – Directório Geral da Catequese (1997)
DV Dei Verbum, Constituição conciliar, Concílio Ecuménico Vaticano II
EN Evangelii Nuntiandi, Exortação apostólica de Paulo VI ,1975
GS CONC. ECUM. VATICANO II – Gaudium et spes, Constituição pastoral
sobre a Igreja no mundo contemporâneo (1965)
LG CONC. ECUM. VATICANO II – Constituição dogmática sobre a Igreja
(1964)
NA Nostra Aetate, Declaração sobre as relações da Igreja com as religiões
não cristãs, Paulo VI, 1965
Sa Ca Sacramentum Caritatis, Exortação Apostólica de Bento XVI
SC Sacrosanctum Concilium, Constituição sobre a Sagrada Liturgia
SS Spe Salvi, Carta Encíclica de Bento XVI, 2007

Assim, a catequese, como consequência da fidelidade a Deus,


deve manter também uma atenção constante ao ser humano,
auscultando “as suas experiências mais profundas” (DGC 78);
deve respeitar a mensagem e a pessoa concreta “por uma diligente
adaptação” (DGC 112) e, num esforço constante de inculturação
que respeite a integridade da fé, deve tornar o Evangelho
“acontecimento verdadeiramente
significativo para a pessoa humana” (DGC 97).
(ATV – Orientações 6)

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APRESENTAÇÃO

Caros amigos Catequistas / Caras amigas Catequistas,

Todos temos consciência de como as mudanças no mundo actual são rápidas


e constantes. Inserida na comunidade humana, a Igreja tem, necessariamente,
de acolher os novos desafios e lançar propostas que ajudem os homens e as
mulheres a responder, em cada tempo, às realidades e problemas com a luz e o
impulso do Evangelho de Jesus Cristo.
A catequese da infância e adolescência, dirigindo-se a pessoas em crescimento
e inseridas em ambientes que se transformam, está também sujeita a dinamismos
de mudança, os quais implicam que, periodicamente, se aprofunde a natureza da
catequese, se avaliem resultados obtidos e se apontem novos caminhos. Neste
sentido, as novas circunstâncias sugerem que, na fidelidade à identidade e aos
conteúdos essenciais da catequese, se dê maior ênfase a aspectos doutrinais
mais esquecidos, para os quais os documentos do Magistério da Igreja alertam,
ou a experiência da prática catequética requer, se renovem métodos e se
apresentem novas propostas de acção que favoreçam o crescimento humano e
cristão dos catequizandos.
Toda esta tarefa renovadora se consubstancia na publicação de novos
catecismos para um itinerário de 10 anos e de guias, correspondentes, destinados
aos catequistas. São instrumentos de trabalho, a utilizar em estreita relação com
as famílias e com as comunidades cristãs de referência dos catequizandos.
Com o 3º ano de catequese, terminamos a etapa I do referido itinerário,
intitulada “Adesão a Jesus Cristo, em comunidade”.
O guia do catequista e o manual do catequizando, com o título “Queremos
seguir Jesus”, são instrumentos de apoio e orientação para os encontros de
catequese. Para enquadrar estes textos, torna-se indispensável ter sempre como
referência o documento da Conferência Episcopal Portuguesa Para que acreditem
e tenham a vida. Orientações para a catequese actual (Fátima, 23 de Junho de
2005), dedicado sobretudo aos catequistas, “como manifestação do apoio pela
nobre e bela missão da educação da fé que lhes foi confiada” (n. 7). Nele se

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apresenta uma visão global sobre a catequese no contexto das transformações
culturais que marcam a actualidade, do pensamento do Magistério da Igreja e da
relação da catequese com a comunidade cristã, e se sistematizam os principais
critérios a ter em conta na revisão dos catecismos.
“Os catecismos são textos escritos de apoio que precisam de vida. É a
comunidade cristã e o catequista quem dá vida ao catecismo” (Para que acreditem
e tenham a vida, n. 7). Os catequistas constituem o primeiro dos meios para a
catequese em cada Diocese e, com a ajuda de uma adequada “formação tanto
de base como permanente”, devem ser “eles mesmos uma catequese viva”
(Congregação para os Bispos, Directório para o Ministério Pastoral dos Bispos,
n. 128).
Neste sentido, é imprescindível que o catequista se assuma como testemunha
da fé e que a catequese se desenvolva na globalidade e complementaridade das
suas dimensões. Valorizar a pedagogia em detrimento da transmissão fiel e clara
dos conteúdos do mistério cristão, ou transformar a catequese em ensino,
desprezando a experiência de vida cristã dos catequizandos, expressa e alimentada
na oração, na participação na Eucaristia, no compromisso na comunidade cristã e
no testemunho do amor, seria uma grave deturpação e uma ameaça aos bons
resultados da acção catequética.
Por outro lado, a missão do catequista não pode prescindir da responsabilidade
da família do catequizando, particularmente na fase da infância. Com efeito, a
família é a primeira responsável pela educação dos filhos, e a educação, entendida
na sua globalidade, inclui a dimensão religiosa. Quer a família seja cristã quer não,
o catequista há-de sempre procurar estabelecer a relação mais adequada, que
conjugue a sua acção com a da família do catequizando.

Bom trabalho!
Lisboa, Agosto de 2009

D. Tomaz Pedro Barbosa Silva Nunes


Bispo Auxiliar de Lisboa
Presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã

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ITINERÁRIO DE CATEQUESE DE INICIAÇÃO
DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
(6-16 ANOS)

INFÂNCIA

I ETAPA – Inserção na comunidade

1º Ano JESUS GOSTA DE MIM Festa do Acolhimento


2º Ano ENSINA-NOS A REZAR Festa do Pai-Nosso
3º Ano QUEREMOS SEGUIR JESUS Festa da Eucaristia

II ETAPA – A vida da fé

4º Ano AO ENCONTRO… de JESUS Entrega da Bíblia


5º Ano À DESCOBERTA… do PAI Entrega do Credo
6º Ano NA FORÇA… do ESPÍRITO Festa da Fé

ADOLESCÊNCIA

III ETAPA – Sentido cristão da vida

7º Ano PROJECTO MAIS Bem-aventuranças


8º Ano SOMOS MAIS Festa da Vida

IV ETAPA – Compromisso cristão

9º Ano O DESAFIO DE VIVER Celebração de Compromisso


10º Ano A ALEGRIA DE CRER Festa do Envio

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DEZ ANOS DE CATEQUESE – QUATRO ETAPAS

O Programa de Catequese da Infância e Adolescência foi aprovado pela


Conferência Episcopal Portuguesa, em Abril de 1988. A mesma Conferência
Episcopal aprovou a renovação deste Programa, que procura ter como grande
referência o Catecismo da Igreja Católica, em Abril de 2005. Em Junho do
mesmo ano, publica o documento com o título: “Para que acreditem e tenham
vida. Orientações para a catequese actual”, que apresenta a fundamentação
teológica, catequética e pastoral do itinerário de 10 anos, tal como é apresen-
tado nos catecismos publicados no ano de 2005 e seguintes.
Assim, pode-se dizer dos 10 Catecismos (e respectivos guias) que apresentam
“a fé da Igreja que nos gloriamos de professar”. A docilidade a este programa
é, pois, um concreto sinal de autêntica comunhão eclesial.

1ª Etapa – Inserção na Comunidade

É uma fase de acolhimento por parte de toda a Comunidade Cristã, que visa
a progressiva inserção na vida da fé da Igreja.

2ª Etapa – A vida da fé

Esta etapa é dedicada à primeira síntese da fé cristã. Ser cristão é seguir


Jesus e viver à maneira da comunhão trinitária.

3ª Etapa – O sentido cristão da vida

É uma fase de descoberta de Jesus Cristo como o amigo, a grande referência


para o sentido da vida e para a resolução das grandes questões existenciais.

4ª Etapa – O Compromisso cristão

Esta última etapa do itinerário de dez anos quer ajudar os adolescentes a


realizarem o seu compromisso comunitário e eclesial. Tem ainda em conta a
necessidade de uma nova síntese da fé, agora no horizonte adolescente e
juvenil.

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INTRODUÇÃO

INSERÇÃO NA COMUNIDADE

I. O QUE É A CATEQUESE

A catequese é uma acção eclesial. É a Igreja, no seu todo, que faz a catequese, cumprindo
a sua missão de ser continuadora da missão de Jesus Cristo: levar a Boa Nova a todos os
povos. A Igreja, animada pelo Espírito Santo, conserva no seu coração, anuncia, celebra,
vive e transmite o Evangelho através da catequese (cf. DV 8).

A comunidade eclesial é a origem, porque o catequista não actua em nome próprio, mas em
nome da comunidade cristã e, por isso, em nome de toda a Igreja (cf. EN 60). O catequista
pode, e deve, dizer como São Paulo: “Transmiti-vos, em primeiro lugar, o que eu próprio
recebi” (1Cor 15,3).

Este anúncio não pode prescindir da família, do ambiente em que o catequizando vive.
Quando falamos em família – como principal transmissora da fé – referimo-nos à família
cristã que “tem uma função primária, porque nela se pode realizar o anúncio da fé num clima
de acolhimento e de amor, que, melhor do que qualquer outro, confirma a autenticidade da
Palavra” (DGC 188). Contudo, é preciso ter em conta que muitas famílias, mesmo quando
procuram a catequese para os seus filhos e netos, não são, ainda, maduramente cristãs,
no sentido de que são incapazes de transmitir a fé ou porque se encontram numa fase de
questionamento e, eventualmente, dúvida ou falta de convicção.

Assim, cada catequizando há-de ser acolhido, de acordo com a sua situação, por uma
comunidade cristã onde encontre um clima fraterno e hospitaleiro, que lhe permita observar
e sentir a alegria de ser cristão, capaz de lhe suscitar o desejo de seguir Jesus Cristo. O
grupo de catequese, como grupo primário, é uma boa porta de entrada na família paroquial.

A comunidade é o âmbito ou lugar normal da catequese. É como o seio materno onde se


gera o homem novo, por meio da Palavra e dos Sacramentos de Iniciação Cristã. O
testemunho da comunidade é fundamental: a catequese transmite com mais facilidade
aquelas realidades e vivências que realmente existem na comunidade.

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A meta da catequese é também a comunidade, pois é esta que acolhe os que são iniciados
na fé. A catequese correria o risco de se tornar estéril, se não houvesse uma comunidade
viva que acolhesse cada catequizando. Assim, a comunidade tem uma dupla responsabilidade:
de catequizar cada um dos seus membros e de os acolher, de modo que possam viver tão
plenamente unidos Àquele a quem aderiram quanto a sua maturidade humana e religiosa
lhes vai permitindo (cf. CT 24).

Por último, a catequese renova a comunidade. Através da Iniciação Cristã, a Igreja gera
filhos no Filho e conduz à maturidade da fé as comunidades e cada fiel (cf. DGC 21). Assim,
torna-se claro que a catequese, se quer cumprir os seus objectivos, tem de introduzir o
catequizando na vida da comunidade.

Finalidade da catequese
O objectivo da catequese é levar cada catequizando não só a um contacto, mas a uma
comunhão íntima com Jesus Cristo (cf. CT 5). Pela sua própria natureza, “a comunhão com
Jesus Cristo impulsiona o discípulo a unir-se a tudo aquilo a que o mesmo Jesus Cristo se
sentiu profundamente unido: a Deus, seu Pai, que o enviara ao mundo; ao Espírito Santo,
que lhe dava força para a missão; à Igreja, Seu corpo, pela qual Se entregou; e a toda a
humanidade, Seus irmãos e irmãs, de cuja sorte quis partilhar” (DGC 81).
A comunidade, família de famílias, tem um lugar de destaque. São precisas comunidades
catequizadas e maduras, que mostrem a fé em que acreditam e acolham aqueles que
querem aderir a Cristo. A vida litúrgica e de comunhão, o testemunho alegre e o acolhimento
caloroso, são expressões de comunidades missionárias que convocam à fé e geram espaços
de recepção para aqueles que querem aderir ao Reino de Deus.

Tarefas da Catequese

Para que a pessoa se realize, precisa de encontrar, no contexto da sua existência e


experiência de vida, um horizonte de sentido. Trata-se de descobrir a dimensão mais profunda
da pessoa, aí onde se descobre como que uma abertura ao infinito. Dizer que a pessoa sai
de si, é dizer que a pessoa é um ser de relações: ser que se questiona; que reflecte; e que
procura a sua origem e o seu fim, para se realizar como pessoa. Nós, crentes, sabemos
que só em Cristo se pode encontrar a realização plena.

Para conseguir este objectivo, a catequese deve seguir o modo como Jesus formava os
seus discípulos, realizando estas tarefas fundamentais: conhecer as dimensões do Reino,
ensinar a orar, transmitir atitudes evangélicas e iniciar na missão (cf. DGC 82-87).

É dever da catequese educar nas diversas dimensões da fé: a fé professada; a fé celebrada;


a fé vivida; e a fé rezada. Tudo inserido numa comunidade e com sentido missionário. Neste
processo de educação da fé, há intervenientes que têm um lugar de destaque. São eles a
família e a comunidade cristã.

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O conhecimento da fé: a catequese deve conduzir à apreensão de toda a verdade do desígnio
salvífico de Cristo. A compreensão da Sagrada Escritura, do Credo e demais documentos
da fé da Igreja expressa e realiza esta tarefa.

A educação litúrgica: a comunhão com Jesus Cristo leva à celebração da Sua presença nos
sacramentos, pelo que a catequese “além de favorecer o conhecimento do significado da
liturgia e dos sacramentos, deve educar os discípulos de Jesus Cristo «para a oração, para
a gratidão, para a penitência, para as preces confiantes, para o sentido comunitário, para a
percepção justa do significado dos símbolos…», uma vez que tudo é necessário, para que
exista uma verdadeira vida litúrgica” (DGC 85).

A formação moral: a conversão a Jesus Cristo tem como consequência que o discípulo siga
o caminho do Mestre. A catequese deve favorecer uma educação que propicie ao
catequizando atitudes próprias do cristão, que lhe transmita a vida em Cristo, concretizada
em atitudes e opções morais.

Ensinar a rezar: a comunhão com Jesus Cristo leva a que os seus discípulos assumam a
atitude orante e contemplativa do Mestre, conseguindo, deste modo, que a vida cristã seja
vivida em profundidade. Aprender de Jesus a sua atitude orante “é rezar com os mesmos
sentimentos com os quais Ele se dirigia ao Pai: a adoração, o louvor, o agradecimento, a
confiança filial, a súplica e a contemplação da Sua glória” (DGC 85).

Educar para a vida comunitária: a educação para a vida comunitária implica que o catequizando
tenha condições para se ir envolvendo de uma forma progressiva na vida da comunidade,
assumindo responsabilidades e comprometendo-se com ela. Para isso, a catequese deve
fomentar atitudes próprias (cf. DGC 86).

A iniciação para a missão: só se adquire a maturidade da fé quando se tem capacidade e


necessidade de testemunhar essa mesma fé, nas diversas circunstâncias da vida. A
catequese, ao educar para o sentido missionário, capacita os discípulos para a sua missão
na sociedade, na vida profissional, cultural e social.

II. ADESÃO A JESUS CRISTO E À SUA IGREJA,


NA INFÂNCIA

De acordo com o documento da Conferência Episcopal Portuguesa, Para que acreditem e


tenham vida - Orientações para a catequese actual, a primeira etapa do itinerário da catequese
da infância e adolescência está centrada na “adesão a Jesus Cristo, na comunidade”
que culminará com a primeira Comunhão (cf. ATV, Orientações 6). No entanto, a catequese
é um dos momentos que integram um processo mais vasto, “o processo de Evangelização”.
Neste processo, a catequese é precedida por uma etapa anterior e precisa de ter continuação.
Segundo a Evangelii Nuntiandi, a catequese é precedida pela presença e acolhimento, que
aqui é entendido como despertar religioso, e do primeiro anúncio (cf. ATV, Orientações 3 b).
De acordo com estas orientações, o 1º, o 2º e o 3º ano deste itinerário catequético visam o

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despertar religioso, a iniciação à fé cristã da criança, o desencadear da sua adesão a Jesus
Cristo e à sua inserção na comunidade.

O despertar religioso
O despertar religioso da criança deveria ser preferencialmente feito no seio da sua família.
Contudo, o modo de viver na sociedade actual leva a que muitas crianças tomem contacto
com o ambiente religioso, apenas quando entram para o 1º ano de catequese.

O despertar religioso, sobretudo nas famílias cristãs, é uma forma eminente de convocação
e chamamento à fé em Jesus Cristo. Faz-se essencialmente pelo acolhimento, o testemunho
e o contacto informal com o religioso. Os destinatários só escutam verdadeiramente a Boa
Nova, se tiverem o coração bem-disposto, atento e acolhedor e é essa postura e atitude que
o despertar religioso promove. Nesse sentido, o primeiro passo e a atitude constante para
evangelizar consiste em despertar a fé, isto é, “captar a benevolência” dos destinatários,
tornando-se, no meio deles, uma presença amiga, acolhedora e solidária. À semelhança de
Jesus que, pela Sua Encarnação, se situou no meio de nós, para nos anunciar o Evangelho
(cf. EN 21; AG 10; ATV, Orientações 3 b1).

Esta é a dimensão que mais imediatamente se deduz do mandato missionário de Jesus.


Realiza-se através do “primeiro anúncio”, dirigido aos não crentes: aqueles que ainda não
fizeram uma opção de fé por Cristo, aos baptizados que, vivem à margem da vida cristã, aos
seguidores de outras religiões, etc. (cf. AG 14; DGC 51).

Não podemos permanecer na presença solidária e no acolhimento. É indispensável o anúncio


explícito de Jesus como Salvador do homem, que conduza ao despertar da conversão da fé.

A iniciação à fé cristã
Esta etapa destina-se às crianças que já fizeram o seu despertar religioso no seio familiar
e na comunidade e que, movidas pela graça, decidem seguir Jesus, iniciando uma caminhada
que tem como objectivo introduzi-las na vivência da fé, na vida litúrgica e caritativa do Povo
de Deus (cf. EN 51-53; DGC 51). A Igreja realiza esta tarefa essencialmente por meio da
catequese de infância, para os já baptizados, e pelo catecumenado, para aqueles que ainda
o não foram, e sempre em estreita relação com os sacramentos da iniciação cristã,
nomeadamente o Baptismo e a Eucaristia.

A adesão a Jesus Cristo, na comunidade eclesial


“Ao anunciar ao mundo a Boa Nova da Revelação, a evangelização convida homens e
mulheres à conversão e à fé. O apelo de Jesus «arrependei-vos e acreditai no Evangelho»
(Mc 1, 15) continua a ressoar hoje, através da evangelização da Igreja. A fé cristã é, sobretudo,
conversão a Jesus Cristo, adesão plena e sincera à Sua Pessoa e decisão de O seguir. A fé
é um encontro pessoal com Jesus Cristo, é tornar-se Seu discípulo. Isso exige o empenho
permanente de pensar como Ele, de julgar como Ele e de viver como Ele viveu. Desse

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modo, o crente une-se à comunidade dos discípulos e assume como sua a fé da Igreja”
(DCG 53).

“Este «sim» a Jesus Cristo, plenitude da revelação do Pai, encerra em si uma dupla dimensão:
a entrega confiante a Deus e a adesão amorosa a tudo aquilo que Ele nos revelou. Isto só é
possível através da acção do Espírito Santo” (DCG 53).

Em síntese, a adesão a Jesus Cristo origina uma transformação no modo de viver e dá início
a um processo de conversão permanente que durará toda a vida.

III. DESTINATÁRIOS

A primeira fase do Programa Nacional de Catequese de Infância e Adolescência destina-se


às crianças de 6-9 anos, o que corresponde aos três primeiros anos do ensino básico. É
a primeira vez que entram em contacto com a escolaridade formal e, provavelmente, com a
catequese paroquial.

A linguagem da Bíblia, a mais utilizada na catequese, é uma linguagem religiosa,


fundamentalmente simbólica, na qual se tenta unir o Transcendente à vida humana. É por
ela que se procura ajudar a criança a entender a Boa Nova e a aprender a comunicar com o
Deus que Jesus nos revelou.

Assim, o despertar religioso e a iniciação à fé cristã passam pela aprendizagem da linguagem


simbólica, uma vez que, se esta não for utilizada na catequese, a criança fica incapacitada
de aceder ao Mistério de Deus e de poder expressar a sua fé. Mas a aprendizagem da
linguagem simbólica apresenta dificuldades pedagógicas, nomeadamente de natureza
cultural, pois vivemos num ambiente de positivismo na sociedade actual e temos de contar
com o realismo psicológico da infância que, geralmente, acompanha os primeiros anos de
contacto com escolaridade.

De entre as características desenvolvimentais da criança desta idade, sublinhamos alguns


dos aspectos mais relevantes de um processo em que a criança está a crescer em todas
as dimensões da sua personalidade e experiência: física, intelectual, emocional e espiritual.

a) Desenvolvimento fisiológico
Dos seis aos oito anos – O rápido crescimento ponderal, o fortalecimento de ossos e
músculos e o amadurecimento do sistema nervoso permitem que a criança realize uma
intensa e cada vez mais sofisticada e controlada actividade física: correr, saltar, mexer,
construir, desenhar. Este crescimento, saudável, favorece as exigências de actividade
da criança que, de um ponto de vista cognitivo e afectivo, tem necessidade de um contacto
directo com o mundo e as coisas que a rodeiam: explora, questiona activamente, “aprende
a fazer, fazendo”.

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Ao aproximar-se dos 9 anos – Entra numa fase de certa estabilidade que antecede as
grandes mudanças fisiológicas que irá sofrer com a puberdade. O controlo motor, grosso e
fino, está muito aperfeiçoado.
Para os rapazes é a idade da força, em que o jogo físico continua a dominar a sua forma de
se relacionar com o mundo à sua volta.
As meninas procuram brincadeiras mais calmas: conversam entre si e começam a partilhar
os primeiros segredos.

b) Mudanças psicológicas
Dos seis aos oito anos – Aos seis anos, gosta muito de ouvir histórias, por vezes não
conseguindo distinguir o real do imaginário, uma vez que capta a realidade de modo
indistinto e global, segundo um mesmo plano: a realidade concreta (pessoas à sua
volta) e a realidade invisível (personagens religiosos e dos contos). Só perto dos sete
anos começa a distinguir o real do imaginário, o concreto e o invisível. O concreto é
verdadeiro e real. O que não se pode ver ou tocar é falso.
Começa a desenvolver a sua capacidade de raciocínio objectivo - idade de razão - mas
perde em sensibilidade e criatividade, o que, por vezes, dificulta a educação artística,
emocional e religiosa. Compreende ideias simples, mas não de natureza ou modo
abstracto e apercebe-se de alguns dos problemas que a envolvem. Vai desenvolvendo
progressivamente a capacidade de se exprimir de acordo com a realidade que vive,
aprendendo a rotular não só objectos e acontecimentos que estejam a ter lugar, mas
ideias, sentimentos e experiências registadas na memória.

Ao aproximar-se dos 9 anos – Continua a gostar de ouvir histórias e, até, de as ilustrar


e escrever, mas já distingue o real do imaginário, sobretudo em situações correntes.
É já capaz de pensar, de raciocinar, pois o seu pensamento é lógico-concreto, isto é,
raciocina com base em dados concretos de um problema, dados que pode manusear
directamente. A sua inteligência permanecerá ligada à realidade concreta até à
puberdade.
– Esta forma de pensar limita a aplicação de um raciocínio lógico apenas a realidades
estritamente concretas.
– No entanto, o seu desenvolvimento emocional e estético – quando devidamente
estimulado - permite que a criança admita que a realidade pode ser percebida a
partir de duas dimensões, uma concreta, prática, útil, e outra simbólica, aberta a
sentimentos humanos, às experiências e à transcendência.
Tem já uma certa consciência de si e das suas capacidades.

c) Transformações emocionais
A criança precisa de um clima de confiança, de ternura e alegria, para que se sinta bem
e o seu crescimento seja harmonioso e feliz. O afecto e o carinho, dispensados pelos
adultos (pais, catequistas e professores), exercem uma enorme influência no seu

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desenvolvimento e permitem que estes possam educar pela modelagem, isto é, servindo
de modelos que a criança – porque os aprecia e respeita – observa atentamente e imita
com gosto. Este tipo de aprendizagem está presente em todo o processo de socialização,
de aquisição de padrões culturais de uma sociedade, de que é a base, isto é, o processo
pelo qual aprendemos os comportamentos pelos quais nos integramos no nosso grupo
social.

Dos seis aos oito anos – A criança encontra o clima amoroso, receptivo, aceitante e
educador de que necessita, sobretudo e de um modo particular nos pais. Esta situação
manter-se-á quase inalterável até ao início da adolescência, em que muda de forma,
mas não de substância, e a sua falta ou constrangimento tem um penoso e negativo
efeito em todo o processo desenvolvimental da criança. Porque os pais são as pessoas
que mais ama, em quem mais confia e aquelas que melhor conhece e compreende,
constituem para ela um convite ao desenvolvimento de sentimentos amorosos intensos,
constituindo-se como principais modelos e pontos de referência. A imagem de Deus
como Pai e Amigo deve apoiar-se nesta ligação afectiva e na concepção positiva que,
regra geral, a criança tem dos pais, pois há uma estreita relação entre o comportamento
dos pais e a construção cognitiva e afectiva que as crianças fazem da ideia de Deus.
A sua independência afectiva dos pais só terá lugar nas etapas finais da adolescência,
quando termina o processo de construção da identidade e quando a personalidade está
praticamente estruturada, o que em nada limita a influência dos pais na formação dos
filhos e nas suas características de personalidade e que é a mais duradoura e profunda
influência que sofre o ser humano.

Aos nove anos – Se bem educada e fortalecida nas suas relações sociais, a criança
reage às pessoas e situações de forma bastante estável, mas muito global e ainda com
base, sobretudo, na componente afectiva, o que sublinha o encanto que tem o trato com
as crianças desta idade, não só capazes de estabelecer laços fortes e duradouros com
os educadores, como de experimentar e exprimir muitos sentimentos novos e de um
modo produtivo. É muito sensível à qualidade de relação que os educadores estabelecem
com ela: precisa de se sentir aceite e reconhecida por eles, estimulada a crescer, progredir
e realizar as tarefas com gosto e autonomia. A confiança em si própria e nos seus
recursos pessoais deve ser estimulada, evitando-se – pelo apoio dado pelo educador,
pelo bom uso das regras e do seu treino – que as crianças sofram situações de insucesso,
sob pena de desenvolverem sentimentos de inferioridade que conduzem à adopção de
mecanismos de defesa como a preguiça, a falta de entusiasmo pelo trabalho, a apatia e
o desinteresse.

d) Processo de socialização
Dos seis aos oito anos – O egocentrismo, característico da etapa anterior, entra em
regressão, conforme se alarga a sua inteligência e experiência vital. A escola desempenha

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um papel muito relevante, pois se o Jardim de Infância é percebido como uma segunda
família, a escola é, verdadeiramente, uma pequena sociedade, em que cada turma é
uma unidade social com um líder, e as diferenças de comportamento e atitude podem
ser observadas e experimentadas, tanto na relação com os adultos como com as crianças
que estão a ser sujeitas a padrões educativos que não lhe são familiares. O seu interesse
e capacidade de se relacionar com os outros aumentam, e a criança encontra-se num
processo de desenvolvimento e integração social muito rico, em que fazer amigos e
realizar “coisas” em conjunto – jogos, actividades escolares, passeios... – é muito intenso
e divertido, sobretudo quando proporcionam algumas oportunidades de competição
saudável e mitigada. Assim, começa a alargar o seu círculo social com os amigos e
vizinhos, à medida que vai contactando com novas realidades: a escola, a catequese, o
bairro... A relação que estabelece com os companheiros de escola e brincadeira é
homogénea e de igual para igual. Vai formando um grupo de iguais em que as lideranças
são instáveis e brandas.

Aos nove anos – A vida na escola e nos espaços educativos fora de casa deve estar
estabilizada e ser confortável e interessante, pelo que a criança deseja a companhia dos
outros, gosta de estar e de brincar com amigos e colegas, de participar e colaborar,
começando a aceitar as regras do jogo, quer no convívio em geral quer nas actividades
lúdicas, considerando-as quase sagradas é capaz de assumir, com interesse e gosto,
responsabilidades perante os outros, de os respeitar e aceita as pessoas de forma
generosa e sem grande distinção.
Entregando-se com generosidade ao trabalho – que realiza com brio e entusiasmo,
embora os resultados possam ser irregulares – como aprecia a integração em actividades
de grupo. A convivência comunitária é muito do seu agrado.

e) Desenvolvimento moral
Dos seis aos nove anos – A moralidade nesta idade parece surgir espontaneamente,
pela facilidade e motivação para imitar alguém de quem gosta e com quem se identifica,
mas a moralidade das crianças e adolescentes, realmente, desenvolve-se na relação
entre pares e na administração das experiências quotidianas, já que durante toda a
infância tem uma orientação heterónoma de evitação do castigo e de tentativa de agradar
à autoridade do adulto. De facto, a qualidade particular do desenvolvimento moral das
crianças é formada pela natureza das relações que as crianças estabelecem entre si.
As crianças têm amigos, uma família e alguns objectos da sua posse, assim como
obrigações em casa, tais como obedecer e ajudar. E entre os pares, há trabalho e
padrões de conduta a respeitar, nomeadamente na escola. Também são expostas aos
padrões da sua sociedade e lidam habitualmente com figuras de autoridade. Assim que
a criança está em condições de comunicar com as outras pessoas, tem acesso a
valores e crenças.

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À medida que os anos passam, desperta para o sentido da responsabilidade e da justiça,
começa a distinguir o bem do mal e a consciencializar a opção das suas acções – inicia
o desenvolvimento da sua consciência moral através da percepção que vai tendo das
emoções morais – empatia, culpa, vergonha – que determinados actos seus geram, e de
um modo bastante físico, como a ansiedade provocada pela culpa e o mal-estar que esta
provoca. Por outro lado, se as crianças experimentam muitos dos sentimentos morais
dos adultos, também são capazes de ter vontade própria, usando-a para fazer escolhas
morais: partilhar, ser generoso, ter cuidado com alguém, ser honesto perante as pressões
dos outros, ser leal e muitas outras, percebendo, cada vez melhor, o valor moral das
acções e fortalecendo um crescente sentido de responsabilidade e justiça na relação
com os outros.

f) A nível religioso
Dos seis aos oito anos – Nascimento do sentimento religioso: pelo seu desenvolvimento
cognitivo da comunicação e da representação da realidade, a criança articula o conceito
de Deus, e porque a estruturação da relação com a mãe (comunicação e estruturação
emocional) e com o pai (segurança e interiorização das normas) a amadureceram
consideravelmente, a criança pode entrar em relação com Deus a partir da sua identidade
e autonomia crescentes. A perda da omnipotência parental, que se inicia por volta dos 9
anos, abre passo a Deus no seu coração. A socialização e educação religiosas têm
grande importância, pois não proporcionar o despertar religioso e não educar a dimensão
religiosa da personalidade, não permite a abertura ao transcendente, ao mistério que
explica as razões e as dúvidas profundas do ser humano e que a criança, de algum
modo, já vai vivendo. A oração e os relatos sagrados provocam interesse e prazer,
evidenciando a importância da imaginação nos processos educativos da fé. Aceita os
ensinamentos, sem contestar, e traduz as ideias mais complexas ou abstractas naquilo
que lhe é familiar, o que dificulta a formação de ideias correctas em torno de algumas
questões teológicas mais difíceis.
A experiência religiosa deve ser vivida como natural, no mesmo plano da vida humana,
através do desenvolvimento das virtudes teologais e da experiência social e afectiva,
sempre num clima afectuoso que evite o temor. O educador deve considerar a
hipersensibilidade à observação dos adultos, mostrando-se como um exemplo de
experiência religiosa e tendo em conta a importância da coerência e sintonia do
comportamento adulto. A aquisição de hábitos de piedade é relevante, compreendendo o
seu sentido, assim como o treino da aquisição das virtudes morais e hábitos de convivência,
educando com firmeza e tolerância.
A criança tem uma relação com Deus muito dominada pela emoção e o sentimento. Daí
a oportunidade de se usar o símbolo como meio para aprofundar essa relação, assim
como a relação no grupo da catequese. A religião, descobre-a a partir de “coisas”
concretas: A oração está ligada a um lugar (igreja); a Palavra de Deus é um livro; a
cruz um objecto religioso. Não consegue libertar-se do concreto nem compreender o

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sentido simbólico da realidade, mas sim de o “perceber” como condição imanente das
coisas e situações. Assim, se o sentido da oração, da Palavra, da cruz se pode limitar
só ao que vê, também pode adquirir o seu sentido pleno através da sensibilidade, da
intuição, do trabalho dos sentidos e dos sentimentos.
Acontece algo semelhante quanto às implicações morais da Religião. A criança limita-
se a fazer coisas (obedecer, não mentir, ajudar, rezar), se corrermos o risco de propor a
fé como uma lista de obrigações comportamentais. Mas se soubermos introduzir a noção
de compromisso cristão como uma acto de amor, lho demonstrarmos e o centrarmos,
não em generalidades, mas na sua vida quotidiana de relações interpessoais próximas e
fortes, a criança aprende a iluminar a sua vida e a formar a sua consciência a partir da
sua quase ilimitada capacidade de amar os pais e a família, os educadores, os colegas
e Deus.

Aos nove anos – Na vivência da sua fé, ultrapassa o círculo familiar e integra-se com
gosto na comunidade cristã. Tem gosto em vivenciar a sua fé de um modo activo,
particularmente em celebrações em que se integre na comunidade e em que desempenhe
um papel concreto.

Estando na fase do realismo religioso infantil, gosta de saber muitas “coisas” sobre a fé
e a religião, mas demorará muito até ter capacidade de abstracção, embora esta seja
importante para a espiritualização de Deus que está na base da personalização da fé
que ocorre na adolescência. Como as competências linguísticas – escritas e orais –
estão numa fase de expansão, pode aprender a expressar-se com uma linguagem mais
adequada ao sentido das coisas, se para isso for ensinada. Tem facilidade em captar os
valores cristãos na vida dos adultos, se eles forem vividos e testemunhados com coerência.

Até aos 10 anos deve ser adequadamente ensinada sobre as verdades centrais da fé,
proporcionando-se uma bem adaptada aprendizagem que conduza a uma verdadeira
iniciação cristã, mas feita de modo a respeitar as suas características psicológicas e
sociais: a preocupação dos educadores deverá centrar-se nas linguagens utilizadas,
pois quase tudo pode ser ensinado, desde que adequadamente traduzido. Esta
preocupação é muito importante, pois, quando começar a rejeitar a religiosidade infantil,
no início da puberdade e adolescência, e a entrar no processo de profunda reestruturação
e revisão crítica da atitude religiosa recebida por tradição, principalmente na família,
convém que as suas ideias sejam correctas, claras e justificadas, e que a sua inserção
eclesial tenha sido conseguida, sob pena de optar pela indiferença religiosa.

IV. OBJECTIVOS

A catequese eclesial tem como objectivos a transmissão do conteúdo integral da fé e a


inserção na vida da comunidade. Tendo em conta a progressividade da catequese, propõe-

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se nesta primeira fase a inserção e o acolhimento na comunidade, pelo despertar religioso,
a iniciação à vida cristã e à celebração dos sacramentos, principalmente do Baptismo,
sobretudo para quem é catecúmeno, da Reconciliação e da Eucaristia, para os já baptizados.

Na definição destes objectivos, devem ter-se em conta os seguintes aspectos fundamentais:


– Partindo da situação específica de cada criança, é nesta fase que ela desperta para a fé
e a adesão a Jesus Cristo.
– Importa ajudá-la a descobrir Deus Pai e Jesus Cristo à luz do Evangelho.
– Partindo das experiências quotidianas, procure-se facultar a possibilidade de iluminar a
sua vida com os valores do Reino.
– Trata-se de propor uma catequese activa, que permita à criança fazer uma caminhada na
descoberta da presença do Outro (Deus) e dos outros, em comunidade.

OBJECTIVOS GERAIS DA PRIMEIRA FASE

– Aderir a Jesus Cristo, pelo conhecimento e a vivência do Mistério Cristão (cf. CT 20).
– Inserir-se gradualmente na vida litúrgica da Igreja: oração, descoberta do significado dos
sacramentos, principalmente do Baptismo, da Eucaristia e da Reconciliação (cf. CT 23
e 37).
– Desenvolver atitudes de fé, como resposta ao amor de Deus.
– Aprender a ser cristão ou discípulo de Jesus e a integrar-se progressivamente na
comunidade cristã.

OBJECTIVOS GERAIS DE CADA ANO

1º ANO – “JESUS GOSTA DE MIM”


– Proporcionar às crianças um bom acolhimento eclesial, pelos catequistas e por toda a
comunidade cristã (cf. CT 16 e 24).
– Ajudá-las a conhecer, de modo vivencial e de acordo com as suas capacidades, alguns
dos principais mistérios da fé cristã: Deus, Criador e Amigo que cuida de nós; Jesus, na
sua relação única com o Pai e o Espírito Santo; a Igreja, como família de Deus.
– Motivá-las para a adesão a Jesus e a celebração da fé na comunidade cristã, levando-as
a participar na sua vida litúrgica e experiência de oração.
– Ajudá-las a assumir atitudes de louvor, de gratidão e de amor a Deus e aos irmãos.

2º ANO – “ENSINA-NOS A REZAR”


– Proporcionar às crianças um maior conhecimento de Jesus, como Filho de Deus, em
ordem a um encontro mais pessoal e íntimo com Ele (cf. CT 5).
– Levá-las a descobrir que o Pai de Jesus é também nosso Pai e que, por isso, em união
com Jesus todos somos irmãos.

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– Aprofundar a sua adesão a Jesus e a sua experiência de fé, na comunidade cristã a que
pertence, continuando a integrá-las na vida litúrgica e de oração.
– Ajudá-las a assumir atitudes de escuta, obediência, respeito, verdade e amor a Deus e
aos irmãos.

3º ANO – “QUEREMOS SEGUIR JESUS”


– Motivar as crianças para o seguimento de Jesus e a consequente inserção na Igreja.
– Aprofundar o seu conhecimento vivencial do mistério cristão.
– Despertá-las para a conversão e adesão a Deus, em ordem à educação moral da
consciência.
– Levá-las a participar activamente na vida litúrgica, a fazerem experiências de oração e a
prepararem-se para a celebração dos sacramentos (do Baptismo, se ainda o não
receberam) da Eucaristia e da Reconciliação.

V. CONTEÚDOS

No centro do itinerário catequético da primeira etapa da infância, está a descoberta da


pessoa de Jesus Cristo e o encontro com Ele. Ele é “o Caminho, a Verdade e a Vida; e a
vida cristã consiste em seguir a Cristo” (CT 5).

1º ANO – “JESUS GOSTA DE MIM”

“Jesus chama-nos” – 1º bloco


No primeiro bloco, os catequizandos são levados a descobrir que são chamados por Jesus
para a catequese e, se for o caso, a fazerem o seu despertar religioso.
Assim as primeiras catequeses são essencialmente de descoberta:

– da existência de Jesus como Amigo e, por meio d’Ele, de Deus Amigo e Criador, que
cuida de nós e nos faz crescer, nos fala através de sacerdotes, leitores e catequistas;

– dos vários espaços da Sua casa e do grupo dos Seus amigos, a comunidade cristã que
os acolhe e na qual são convidados a integrar-se.

Nas últimas catequeses, as crianças descobrem Maria como a escolhida por Deus para ser
Mãe de Jesus. Ela acolhe, na anunciação, o dom de Deus: ser Mãe do Seu Filho Jesus. No
seguimento disto, as crianças são iniciadas na descoberta do verdadeiro sentido do Natal.

“Um Menino chamado Jesus” – 2º bloco


No segundo bloco, Jesus é apresentado, em primeiro lugar, como um Menino que cresce
em estatura, em sabedoria e graça: que ama e é obediente aos seus pais, de modo especial
ao seu Pai do Céu. Após este contacto com Jesus, as crianças são levadas a vê-lo como o
grande Amigo que nos ama, até dar a vida por nós, e nos revela o modo de comunicar com
Ele e O amar.

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Na parte final, são convidadas a ver e a viver em comunidade a Páscoa, como a festa que
celebra a ressurreição de Jesus.

“Nós somos do grupo de Jesus” – 3º bloco


Os últimos encontros realizam-se no contexto do tempo pascal. As crianças, como os
discípulos de então, são convidadas a anunciarem a Boa Nova de que Jesus ressuscitou e
actuou no meio de nós, nomeadamente através da presença do Espírito Santo. Deste modo
a própria criança entra no mistério: é o Espírito Santo que faz crescer o número dos cristãos
e que Jesus esteja para sempre connosco.

No decorrer deste primeiro ano, as crianças são convidadas a assimilar e memorizar as


seguintes fórmulas, para exprimirem a sua fé: Ave-Maria, orações da manhã e da noite,
sinal da cruz, Glória ao Pai e outras orações simples de louvor e ainda breves textos bíblicos.

2º ANO – “ENSINA-NOS A REZAR”

No 2º ano, procura-se aprofundar o conhecimento de Jesus e de outros conteúdos introduzidos


no 1º ano. Nesta continuidade temática, respeitem-se as características psicológicas dos
destinatários.

“Queremos conhecer Jesus” – 1º bloco


Nos primeiros encontros, aprofunda-se o conhecimento de Jesus, retomando-se temas
apenas introduzidos no ano anterior. Assim, Jesus é apresentado como uma pessoa que,
sendo em parte como nós, gostamos de escutar e de seguir como modelo. Com Ele, as
crianças são motivadas para amar, respeitar, obedecer e dizer a verdade, na catequese, em
família, na escola e na comunidade a que pertencem.

Nas catequeses antes do Natal, Jesus é apresentado como o Filho de Deus, o Deus connosco.
Pela sua encarnação, Deus dá-nos Jesus; e Maria, sua Mãe é, por isso, a bendita entre as
mulheres.

“Aprendo a dizer «Pai Nosso»” – 2º bloco


Após o Natal, o Baptismo de Jesus é visto como manifestação do amor de Deus Pai e
arranque da sua actividade messiânica de anunciar o Reino de Deus.

É dele que, nos encontros seguintes, Jesus nos fala: como seu Pai e nosso Pai. Com isso,
e ao mesmo tempo, as crianças vão sendo progressivamente introduzidas na oração que
Jesus nos deixou como modelo. À medida que a vão aprendendo e compreendendo o sentido
das suas palavras, serão motivadas para fazerem dela a expressão da sua fé e serão iniciadas
na oração, nomeadamente, na oração em Igreja.

Termina-se com uma referência vivencial ao Mistério Pascal: Jesus, entregando-se ao Pai
pela oração, deu a vida por nós e, pela ressurreição, venceu a morte.

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“Em Jesus somos irmãos” – 3º bloco
Nestes encontros, as crianças são levadas a redescobrir e a celebrar, em comunidade, que
Jesus Cristo está vivo e vive connosco, pelo Espírito Santo que faz de nós Filhos de Deus,
irmãos em Cristo e membros da Igreja, principalmente pelo Baptismo.

Tema dos últimos encontros é o mandamento do amor a Deus e ao próximo, ensinado por
Jesus durante a sua vida pública e realizado por Ele sobretudo na sua morte e ressurreição.
Encerra-se o ano com a entrega solene da oração do Pai-Nosso, no seio da comunidade.

Ao longo deste ano, as crianças são convidadas a assimilar e memorizar as seguintes


fórmulas com que exprimem a sua fé: Pai-Nosso, orações antes e depois das refeições,
algumas fórmulas litúrgicas, breves textos bíblicos e pequenos extractos de salmos de
louvor.

3º ANO – “QUEREMOS SEGUIR JESUS”

No 3º ano continua a aprofundar-se a fé e a adesão a Cristo e a incentivar-se a uma maior


inserção na comunidade, no respeito pela evolução das características psicológicas das
crianças.

“Eu creio!” – 1º bloco


Até ao Natal procura-se que as crianças, ao aprofundar a sua fé em Deus e em Jesus, se
disponham a segui-l’O, possam confessar de modo convicto: “Eu creio que sois Cristo!” e
celebrar, na comunidade cristã a que pertencem, o Amor de Deus por todos os seus filhos,
experimentado e assumido sobretudo no Baptismo.

No tempo do Advento são preparadas para a vinda do Senhor, na perspectiva do seguimento


de Jesus: respondendo ao convite de João Baptista, olhando para José, pai adoptivo de
Jesus, como um homem justo e associando-se a Maria no acolhimento do Filho de Deus.

No Natal é acentuada a sua dimensão familiar e eclesial, relacionando-a com o Baptismo e


a felicidade de pertencer a Cristo.

“A vida nova” – 2º bloco


As crianças, após uma síntese sobre o Baptismo, são introduzidas nos restantes
sacramentos da iniciação cristã, com especial relevo para o da Eucaristia; são ainda
preparadas para o sacramento da Penitência, até à sua celebração. Havendo tempo, aprendem
também a conhecer e viver o outro sacramento de cura, a Unção dos Enfermos. Em todos
eles, são motivadas para acolher a vida nova que Deus, por meio deles, lhes oferece, sempre
na perspectiva do seguimento de Jesus e como membros activos da comunidade cristã,
vista primariamente como corpo de Cristo.

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Para a celebração da Penitência, são confrontadas, primeiro, com o pecado – como rejeição
livre e destrutiva do amor de Deus, proposto por Jesus e vivido em Igreja – segundo, com a
oferta do perdão – também ela expressão do amor paciente e paterno de Deus – em ordem
a acolhê-lo, pelo reconhecimento da culpa e pela conversão, principalmente na festa do
perdão.

Na vivência do Mistério Pascal, é realçado significado da última Ceia de Jesus, como memorial
eucarístico da sua morte e ressurreição.

“A comunhão com Cristo e os irmãos” – 3º bloco


Depois da preparação no bloco anterior, este começa com a celebração da Primeira
Comunhão, dada a relação íntima entre a Eucaristia e o acontecimento pascal. Segue-se
um aprofundamento do mistério eucarístico, de carácter mistagógico, isto é, a partir da
vivência eucarística das crianças, no qual é inserido também o Domingo, como dia especial
da Eucaristia, vivida em Igreja.
Os sacramentos do serviço de comunhão (Ordem e Matrimónio) aparecem enraizados no
mesmo dom da vida por parte de Jesus e como contributo imprescindível para a construção
da Igreja.
Depois de uma visão de conjunto de todos os sacramentos, na sua relação com as principais
etapas da vida cristã, as crianças são motivadas para se manterem no seguimento fiel de
Jesus, designadamente pela participação comunitária na Eucaristia.

Ao longo deste ano, as crianças são levadas a assimilar e memorizar breves e variadas
sínteses dos conteúdos de cada encontro catequético, com relevo para as orações e
fórmulas expressivas da sua fé, usadas principalmente nas celebrações da Eucaristia e
da Penitência.

VI. ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS

1. Como diz o Directório Geral da Catequese, “a tarefa do catequista é proporcionar o


verdadeiro encontro da pessoa com Deus, o que significa proporcionar-lhe que ela faça
da sua relação com Deus uma relação central e pessoal, para se deixar guiar por Ele”
(DGC 139). Assim, todo o método empregado na catequese está ao serviço da conversão
entendida como adesão afectiva e efectiva à pessoa de Jesus Cristo.

É para esse encontro que se orienta a pedagogia catequética, inspirada e modelada


pela pedagogia de Deus e que procura essencialmente situar o homem na história do
povo de Deus e educá-lo no seguimento de Cristo. A pedagogia divina – do dom, da
encarnação e do sinal - é fonte inspiradora da pedagogia da fé (cf. DGC 143).

A metodologia proposta vai ter em conta, por um lado, as características psicológicas da


criança e a sua situação familiar, social e eclesial; por outro, os conteúdos doutrinais,
apresentados de uma forma orgânica e progressiva.

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Pretende-se, assim, respeitar a lei fundamental da catequese: fidelidade a Deus e ao
homem. Podem encontrar-se sinais da revelação divina na experiência de cada um. O
importante é saber captá-los e aprofundá-los.

A forma de concretizar esta dupla fidelidade varia consoante as acentuações de cada


catequese e a situação do grupo dos catequizandos.

Por exemplo, para as crianças provenientes de um ambiente descristianizado, a


abordagem aos sinais e às palavras eclesiais tem de ser mais lenta e simples, porque
em nada estão familiarizadas com estes. Também a vivência num ambiente centrado,
apenas, nas dimensões cientifico-técnicas da realidade tende a fechar a pessoa ao
transcendente. Por outro lado, as crianças de meios rurais convivem mais com os
elementos da natureza e talvez estejam mais dispostas para os interpretar à luz da fé.
As crianças de meios urbanos talvez estejam mais familiarizadas com os meios
audiovisuais e tenham uma maior riqueza de linguagem icónica. Para todos, geralmente
se verifica que apresentam algumas dificuldades ao nível da linguagem verbal oral, com
um vocabulário empobrecido pelo detrimento a que o uso da imagem o vota e,
consequentemente, apresentam, nestes três anos, menos progressos na leitura e na
escrita do que seria de esperar.

Outra realidade que condiciona as crianças e se deve ter em conta na catequese, é o


ambiente familiar: estrutura familiar, vivência do amor, situação económica, participação
na vida da comunidade cristã, etc. Particular cuidado merecem as crianças em situação
de institucionalização ou, por qualquer motivo, afastadas do seu núcleo familiar de origem.
Muitas haverá que vivem apenas com um dos membros do par parental e, até, entregues
aos avós. Todas estas situações merecem um cuidado extremo e muita delicadeza no
trato.

Para responder a esta diversidade de situações propõem-se, habitualmente, duas


alternativas em cada catequese, podendo ser mais. Estas alternativas organizam-se
em função da sua riqueza e potencial educativo, sendo que, geralmente, a primeira
alternativa é a ideal. Só o catequista que conhece o contexto sócio-religioso do seu
grupo e os recursos pessoais e materiais em que actua, está em condições de fazer a
opção acertada, consciente de que a mais produtiva também é, geralmente, a mais
trabalhosa. Haverá casos em que nenhuma das propostas apresentadas possa ser
seguida. Para essas situações são ainda mais necessárias a sensibilidade e a criatividade
do catequista que, a partir da introdução e dos objectivos, procurará planificar a catequese
de modo a permanecer fiel ao programa de cada catecismo.

Outra preocupação pedagógica importante é a de estabelecer uma ligação entre a vida


dos catequizandos e a mensagem que vai sendo proclamada, em ordem à sua
compreensão e aceitação. Sob este ponto de vista, o catequista deve ter presente tanto
a importância da vida familiar – pelo que procurará conhecer as famílias e, tanto quanto
possível, interagir com elas – como da vida na escola, espaço de relação com os pares,

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de descoberta da diversidade social e ocupação quotidiana de larga duração. É nestes
espaços, também, que as crianças vão poder colocar em prática os seus propósitos de
nova vida em Cristo, pelo que a catequese deve reconhecê-los e acarinhá-los.

Para tudo isto, exige-se de cada catequese uma dinâmica activa que proporcione a
participação constante e gere unidade entre a fé e a vida. Igualmente relevante é a
capacidade do catequista para avaliar a evolução de cada criança e as ensinar a avaliar
a sua própria vivência. É reconhecendo os seus esforços e verificando os seus resultados
que caminham no aperfeiçoamento da mente e do coração.

2. Sem pretender que cada catequese seja rigidamente compartimentada, mas apenas
para uma maior facilidade didáctica, os encontros apresentam-se organizados em três
momentos:

Experiência humana
A experiência humana é o caminho para chegar ao conhecimento de si mesmo, ao
encontro com Deus e à verdade das coisas. São as experiências que já vivemos que nos
convidam a entrar mais profundamente na realidade e a vincular-nos com o que ela
suponha e signifique. O sentido da vida – e também da vida na fé – vai-se construindo
com a adaptação à realidade, a auto-descoberta das nossas possibilidades e a
comprovação do que é possível fazer para mudar e melhorar a realidade.

Como o humano é o lugar idóneo, imediato e universal em que cada pessoa define o
sentido da sua vida, do ponto de vista da pedagogia catequética compreende a vida
humana e cristã das crianças e a sua capacidade de reflexão sobre ela numa matriz
espiritual e religiosa de natureza existencial.

Todo o ser humano, como imagem de Deus, está aberto ao mistério. Precisamente por
isso, quando reflecte de um modo mais profundo sobre a sua experiência, sente que tem
sede de algo mais do que aquilo com que, imediatamente, se depara. É para saciar essa
sede que é oferecida a vida que jorra do mistério de Cristo; é nas interrogações que se
nos levantam que Deus aparece como resposta à procura da parte da pessoa. O que
está em causa é a “atenção constante ao ser humano” (ATV, Orientações 6) e a noção
de que, como a fé, de que forma parte, a experiência religiosa tem a sua origem na
presença do mistério e na iniciativa que esta presença origina. Deus está presente no
ser e na vida quotidiana da pessoa. Esta presença, por ser pessoal, reclama a liberdade
do sujeito, requer o seu reconhecimento; e a experiência humana de cada um pode
potenciar ou dificultar esse reconhecimento e aceitação. Para que a voz de Deus possa
ser ouvida, a pessoa, deste a infância, deve aprender a olhar e olhar-se para além da sua
superfície, a exercitar o seu espírito e a capacitar-se para, por si mesma, descobrir a
presença de Deus e lhe dar uma resposta adequada.

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Neste quadro, a experiência humana, como aqui a invocamos, deve proporcionar reflexão,
gerar desejo de Deus e deixar transparecer os signos de transcendência presentes na
vida das crianças enquanto percebidos por estas, isto é, oportunidades estruturadas de
iluminar e interpretar a experiência à luz da fé.

Palavra
A palavra tem três funções: nomear a realidade, expressar a realidade interior do ser
humano e interpelar. Por sua vez, a Palavra de Deus consiste na comunicação – nomeação,
expressão e interpelação – da mensagem cristã, para dar sentido à existência humana
e abrir ao mistério da salvação. A semente da Palavra frutifica na mente e no coração
humanos por acção do Espírito e, embora a fé tenha um importante papel que escapa ao
catequista, é necessário trabalhá-la quanto às condições humanas da pessoa ou a sua
situação.
Neste sentido, o trabalho pedagógico em torno da Palavra deve educar para a admiração,
desenvolver o sentido do profundo e despertar para ver para além das aparências. É
também essencial que se criem condições para o compromisso da criança com o mundo,
facultando-lhe um vocabulário que lhe permita compreender e expressar o seu mundo
interior e a sua percepção do mundo exterior, desenvolver a capacidade de escuta e de
comunicação e educar o sentido da responsabilidade perante o mundo concreto em que
vive, adoptando compromissos de acordo com as suas descobertas.
A palavra de Deus – que devido à dimensão cristocêntrica da revelação bíblica (Cristo
como chave de tudo e eixo da história da salvação) é, nestes catecismos, sobretudo do
Novo Testamento – vem iluminar a experiência humana. A catequese “deve estar
totalmente impregnada pelo pensamento, o espírito e as atitudes bíblicas e evangélicas,
através de um contacto assíduo com os próprios textos” (CT 27).

Expressão de Fé
Trata-se da manifestação de fé nas suas diferentes formas: proclamação de verdades
reveladas, oração em sentido mais restrito, celebração e compromisso cristão na vida.
Quando o catequizando for capaz de confessar a fé, na sua vida, em Igreja, com a sua
memória, inteligência e coração, o processo catequético chegou ao seu cume. Porquê?
Na confissão de fé, que une a catequese ao Baptismo, dá-se o encontro de comunhão
com Jesus Cristo.
A finalidade da acção catequética é precisamente a de proporcionar a viva, explícita e
operante profissão/expressão da fé, pelo que a catequese é sempre uma iniciação
sistemática e ordenada à revelação de Deus, feito homem em Jesus Cristo, conservada
na memória da Igreja e comunicada pela tradição viva e activa (cf. DGC 66).
É neste âmbito que se situa a relação entre a catequese e a liturgia que, no entanto,
se tem fragilizado, talvez pelo facto de os catequistas se preocuparem, sobretudo, com
acentuar a dimensão antropológica da catequese e o compromisso com a transformação
da realidade mundana. Mas a liturgia, considerada na sua globalidade, tem uma clara

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dimensão educativa. Catequese e liturgia são duas dimensões de uma mesma realidade.
Por um lado, toda a celebração tem uma dimensão catequética: proclama-se a Palavra
de Deus e esta é explicitada e vivida, através da homilia e dos ritos, para que o crente
capte a actualização da salvação de Deus, aqui e agora, para a comunidade celebrante.
Por outro lado, a catequese tem de iniciar à celebração litúrgica, já que ela “é uma
formação cristã integral, aberta a todas as esferas da vida cristã. Em virtude da sua
mesma dinâmica interna, a fé pede para ser conhecida, celebrada, vivida e feita oração.
A catequese deve cultivar cada uma destas dimensões” (DGC 84).
Esta questão é ainda mais relevante numa fase do itinerário catequético, como esta,
cujo objectivo é a educação e iniciação sacramental dos crentes, a partir da riqueza e
beleza dos ritos, gestos, símbolos, atitudes, calendário litúrgico, etc, constitutivos das
celebrações. Com a vantagem de ser a mais activa das pedagogias: experimenta a
presença e acção de Cristo na Sua Igreja.
Por isso, os momentos de expressão de fé semanais devem ser bem preparados e
sentidos pelo catequista. Apesar de, na maioria dos casos, ser um dos momentos finais
de cada catequese, não devem ser vividos com pressa e dispersão. É sobretudo nessas
alturas que as crianças começam a preparar-se para as Celebrações propostas pelo
itinerário, vivendo-as já durante a sua preparação.
Um dos seus maiores resultados está em levar a entender e viver toda a vida como
celebração: como oferenda espiritual do crente no seu dia-a-dia (cf. DGC 87), vivido na
presença de Deus, que chama continuamente a sair da morte para a vida, como Cristo e
com Ele. Toda a vida se converte, assim, numa expressão de fé que actua pela caridade.

3. Para a preparação de cada encontro são apresentadas algumas observações


pedagógicas. Com elas se pretende despertar o catequista para a necessidade de
uma pedagogia activa, participativa e dinâmica, em que se desenvolvam as competências
de interpretação, de descoberta, de raciocínio, de leitura simbólica, em que pode entrar
o trabalho de grupo, o uso do audiovisual, actividades artísticas (como a pintura, o desenho,
o jogo, a dança e a música).

As crianças desta fase precisam de um ambiente rico de símbolos litúrgicos e de sinais


que manifestem os valores fundamentais do Evangelho e sustentem uma verdadeira
experiência religiosa. Elas apreendem mais por imitação e pelo ambiente de fé que as
rodeia, do que pelas palavras que ouvem. Daí se conclui que o instrumento pedagógico
mais importante do acto de desenvolver e educar a fé é o testemunho do catequista, a
força emocional e intelectual que coloca na transmissão das verdades da fé e da sua
experiência de descoberta e relação com Deus. Portanto, a primeira medida pedagógica
ao serviço da catequese é o esforço de aprofundamento e vivência da fé que faz o
catequista, na qual a assiduidade aos sacramentos tem um papel fulcral.

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Além disto, nesta etapa de crescimento, fazer e construir é mais eficaz do que ver ou
assistir, uma vez que os catequizandos se encontram numa etapa caracterizada pela
transição do pensamento pré-operatório, pré-lógico, para o raciocínio concreto, em que
a capacidade de abstracção e a competência para compreender conceitos de natureza
teológica é reduzido. No entanto, essa limitação é bastante compensada pela crescente
vontade de aprender, pelo aumento progressivo da capacidade de concentração, pelo
gosto que proporciona a descoberta baseada na iniciativa própria e pela disponibilidade
e importância do jogo, como treino essencial das competências simbólicas e experiência
de criar relação entre o mundo interno da criança e a realidade externa. Por exemplo,
participar numa dramatização é mais eficaz do que assistir ou ouvir, apenas, a narração
do episódio. Mas a participação activa e criativa dos catequizandos não é só pedida pela
sua psicologia ou as leis da comunicação, mas, essencialmente pela dinâmica interna
da revelação cristã, pela necessidade de exercitar a actividade da fé, da esperança e
da caridade (cf. DGC 157).

Além disso, a importância do grupo e o interesse em trabalhar e brincar em conjunto é


muito propícia à criação de uma pequena comunidade de fé em que se faz, em conjunto,
tanto o que é ordinário como o que é extraordinário. No entanto, deve o catequista ter em
consideração que a pedagogia activa e centrada no catequizando – embora seja a mais
adequada para lançar e cimentar uma fé viva e consequente e aquela que mais cria na
catequese um ambiente de experiência religiosa, e não de aulas – é morosa e exigente.
Para que esse clima pedagógico possa ser vivido com o grupo, o bom ambiente no
grupo, a relação entre as crianças e de cada uma delas com o catequista – a relação
pedagógica e humana – constituem os primeiros objectivos a trabalhar, condição
indispensável para que o trabalho flua com empenho, participação, concentração e
abundante fruto, como se deseja. Caso contrário, a ênfase acaba por ser colocada na
manutenção da disciplina e na dificuldade em levar a cabo as estratégias planeadas, e a
actividade solicitada às crianças, em vez de concentrar, dispersa.

Nos primeiros anos do itinerário da catequese, isto é, durante esta etapa, para que a
criança se vá integrando e amadurecendo as suas atitudes, convém que nos diversos
encontros seja ajudada a assumir o ritmo da catequese, através do domínio corporal (ter
controlo nas mãos, na boca, nos pés, e em geral, sobre as suas atitudes), da descoberta
do valor do silêncio, do gosto pela ordem (entrada e saída ordenada, disposição na sala),
da capacidade de escuta, do conhecimento mútuo, do pensamento crítico... Para tal, o
catequista recorrerá a jogos, cânticos ou exercícios práticos, sempre que for necessário
recordar ou treinar estas aprendizagens atitudinais.

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VII. PERFIL DO CATEQUISTA

O catequista é um cristão chamado por Deus para a missão de anunciar Jesus Cristo
Ressuscitado e o projecto de Deus para todos os homens. É sob a acção do Espírito Santo
que se torna porta-voz duma mensagem de Deus, testemunha do Seu Reino, para as crianças
que lhe são confiadas.

O catequista é portador de um convite a cada criança, para que, a partir da sua situação
pessoal, inicie o desabrochar da sua fé, a sua adesão a Jesus Cristo e a sua inserção na
comunidade cristã, aperfeiçoando progressivamente uma vida teologal alicerçada na razão,
nos sentimentos, na actividade e na dimensão comunitária da fé e em que conhecimento
teológico, iniciação sacramental, educação moral e introdução na comunidade de crentes
se adaptam às crianças e promovem a sua maturidade.

Estas tarefas não são fáceis e, ainda que nenhum catequista, como qualquer educador,
seja perfeito, há características que deve ter, procurando desenvolvê-las e aperfeiçoá-las de
modo activo e intencional.

a) Fidelidade a Deus e atenção ao grupo


O catequista deve apresentar a mensagem de Deus de um modo, ao mesmo tempo, fiel
às mensagens e adaptado ao grupo. Na adaptação, na comunicação da Palavra
revelada,”deve permanecer a lei de toda evangelização” (DGC 169).

O catequista partilha a sua fé, que nasce e se alimenta do Evangelho que anuncia. Esta
fidelidade exige o respeito pelo sentido original e mais profundo da Palavra, tal qual é
entendida pela Igreja. A Palavra não pode ser manipulada por interpretações particulares,
modas passageiras ou preferências subjectivas. Esta fidelidade implica também que o
catequista não seleccione os aspectos mais fáceis de comunicar, deixando os outros,
porventura muito mais importantes, no esquecimento. Implica uma grande humildade
diante da Palavra, deixar-se julgar por ela, transformar-se por ela, e não o contrário.
Aquilo que deve procurar adaptar é, tão-somente, as escolhas pedagógicas, seleccionando
o melhor veículo como aquele que mantém a integridade da mensagem enquanto a torna
acessível e aceitável para os destinatários, tal como o próprio Cristo o fez, enquanto
pregava.

O catequista tem também de ser fiel ao grupo a que se dirige. Um grupo cristão não é só
um lugar de aprendizagem, mas um grupo chamado a viver uma experiência de comunidade
cristã que conduz, activamente, à participação na vida eclesial e que tem como fonte e
cume a celebração da eucaristia. Neste sentido, o catequista é, também, um construtor
de comunidades, através de uma permanente atitude de acolhimento e de escuta de
cada um dos catequizandos que lhe está confiado, e do exemplo humano e cristão que

29
proporciona. É um amigo que valoriza as descobertas e atitudes de cada um, ainda que
por vezes sejam incompletas e ambíguas, mas é, igualmente, um adulto maduro que
sabe proteger, corrigir e orientar.

Ser fiel ao grupo exige levar a sério as suas experiências de vida, esforçar-se por chegar
à criança em concreto, com as suas interrogações, recusas e anseios. Ser fiel supõe
respeitar a liberdade da criança e as etapas por que passam a sua vida e a sua fé. Ser
fiel ao grupo supõe o respeito por todas as opiniões dos elementos do grupo e a capacidade
de não fazer juízos de valor. Falhas, cansaços e desilusões hão-de ser vistas como
passos necessários, dentro do longo processo de amadurecimento dos catequizandos.
Desta forma, a maturidade do catequista ajudá-lo-á a lidar com os erros dos catequizandos
e a integrar, adequada e sensatamente, as suas opiniões e experiências, guiando-os na
procura da verdade.

O catequista é sobretudo alguém que testemunha a sua fé com clareza, convicção e


alegria. Atitudes que são, já por si próprias, expressão de fé, uma vez que fazem parte
da mensagem em que acredita, pois têm a sua origem em Deus.

b) A atitude do catequista
A forma de actuar do catequista – a sua atitude no grupo, a sua maneira de estar e de se
relacionar, o modo como apresenta a mensagem – é fundamental para a educação da fé.

Em catequese, a atitude pedagógica correcta é aquela que leva a criar um ambiente de


amizade, confiança e liberdade; faz com que cada membro do grupo se sinta amado,
reconhecido e aceite, para que possa participar livremente, de acordo com as suas
capacidades. Há que desenvolver um clima que convide à criatividade e à participação
empenhada. Mas não se esqueça de que a educação da fé, tal como qualquer outro
processo educativo, exige um rumo definido e objectivos claros.

O catequista deve conservar a sua autoridade, como um amigo mais velho, de forma
discreta, mas activa e dinâmica, orientada em favor do grupo. Essa autoridade, baseada
nos valores do Evangelho e no exercício da caridade, deve ser exercida como parte da
responsabilidade do catequista e como parte das necessidades educativas das crianças.
A educação exige condições para aprender, interesse na aprendizagem, curiosidade e
atenção. Só pelo devido exercício de uma autoridade que se baseia no saber e na
capacidade moral do educador tomar decisões, se criam essas condições e assim se
está em condições de propor, com clareza, os objectivos a alcançar, apresentar os
temas a desenvolver, procurar as dinâmicas de trabalho mais adequadas. Essa
autoridade deve exercer-se no sentido não de dirigir – dar ordens, controlar, emitir leis
ou ideais que não se discutirão – aplicar um padrão imutável e único, mas de formar –
colocar perante uma novidade, envolver, transformar; integrar a diferença, “caminhar
com”, respeitar ritmos diferentes, ajudar a crescer na fé.

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c) Um novo estilo de relação
O catequista, liberto das tentações do “deixar fazer” e do “dirigismo”, tem que ensaiar
um estilo de relação, que seja criador de comunidade, que suscite, em todos os membros
do grupo, a vontade de participação, em ordem ao trabalho comum e a uma sadia
convivência, ciente de que a pessoa se constrói na relação e a fé amadurece num autêntico
clima comunitário.

Para tal, é necessário:

– Ajudar a amadurecer. Os membros do grupo movem-se entre formas de relação


infantis e outras mais maduras. O catequista saberá distingui-las e ajudar a superar
as que não levam ao crescimento. É dependência infantil a excessiva identificação da
criança com o catequista, que se converte em ídolo, sabe tudo, decide tudo e
concretiza tudo. Neste caso, a criança vem à catequese pelo catequista e não por
querer descobrir mais sobre Deus, Jesus …

O catequista realiza verdadeiramente a sua missão, se aprende a “desaparecer”,


continuando presente e próximo do grupo e de cada um. Fá-lo, quando procura que,
no grupo, cada um construa a sua própria personalidade. A pedagogia de Deus,
revelada em Jesus, é a do dom, da proposta, do respeito pela pessoa e seus
dinamismos.

– Criar uma relação libertadora. O catequista procure um estilo de relação que


permita aos membros do grupo ser actores principais da sua própria educação. Trata-
se duma educação libertadora na fé, de promoção humana dentro do plano de Deus
(cf. EN 30-39). Para isso, o catequista deve:

• Convidar à acção, motivando os catequizandos para descobrirem as coisas por


eles mesmos, desenvolverem atitudes e capacidades, criarem formas originais de
expressão de fé, sem medo de se relacionar e comunicar. Mas a acção perde-se,
se não é interiorizada pela reflexão. Para isso, necessitam também de aprender a
fazer silêncio, deixando-se interpelar pela Palavra.
• Estar atento a cada catequizando, disponível para partilhar a sua vida e animá-lo a
superar as dificuldades. E isto, não só no encontro, mas durante a semana, numa
profunda amizade.
• Ser autêntico, como um adulto na fé, que cumpre a sua missão com convicções,
entusiasmo e em nome da Igreja. A autenticidade da vida na fé que encontra a sua
raiz e inspiração na aproximação aos sacramentos.
• Ter, como atitudes construtivas de um relacionamento libertador, amor,
disponibilidade, alegria de viver; exigência e, simultaneamente, compreensão;
justiça para com todos; aceitação de si próprio e ajuda aos outros.

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No campo da fé, deve, ao mesmo tempo, aceitar-se no nível de maturidade cristã
e deixar-se interpelar pelo grupo, como voz do Espírito. Quando se fala do grupo
na catequese, o catequista também faz parte desse grupo e, embora seja
determinante a sua vida de fé, já amadurecida, a vida do grupo, embora não seja o
espaço adequado para experiências e mecanismos de compensação, é mais uma
oportunidade de o catequista crescer humana e espiritualmente.

d) Atitudes básicas do catequista


O catequista deve:

* Confiar
Reconhece os valores pessoais da criança, ainda que frágeis ou confusos. As crianças
intuem com facilidade esta confiança. A confiança não se diz, manifesta-se. O
catequista saberá dar-lhes um apoio especial nos momentos críticos e valorizar o
seu desejo de descobrir, de jogar, a sua capacidade de iniciativa, de desenvolver o
sentido crítico.

* Respeitar
Não pode cair na tentação de manipular as pessoas, impor saberes, maneiras de ver,
critérios de actuar, mesmo que lhe pareçam os mais adequados. Deve, sim, propor
os critérios que brotam da Palavra, suscitando a liberdade na escolha do bem. Nesse
sentido, deve esforçar-se activamente por aceitar cada catequizando como é,
acreditando no poder salvador de Cristo. E, como Ele, opta por uma atenção
personalizada e sabe ter imensa paciência.

* Criar um clima propício à comunicação:


O grupo avança, quando os membros se sentem bem e livres para expressar as suas
ideias, sentimentos, projectos, dúvidas e interrogações, o que são e o que vivem. Por
isso, é necessário desenvolver nos catequizandos competências de escuta, de silêncio,
respeito pelo outro, de auto-controlo, de esperar pela sua vez para intervir.
Isto exige que o catequista seja um bom comunicador e seja, simultaneamente,
capaz de criar um clima de sinceridade e atenção. Cultiva a serenidade e tem um
coração aberto a todos os catequizandos.

* Ser testemunha da fé:


O catequista é uma pessoa de fé, capaz de a comunicar e partilhar com o grupo.
Educa pela presença. Contagia pelo testemunho alegre de vida. Vive em comunidade
e educa para a dimensão comunitária da fé e da vida. É rosto e porta-voz da Igreja e
testemunha da vivência de fé da comunidade (ATV, Orientações 5).

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* Adulto nas suas responsabilidades e compromissos:
Educar é sempre uma tarefa muito complexa que exige competências sociais e mo-
rais diversas – como as acabadas de descrever – e um compromisso para com as
tarefas a levar a cabo. Neste sentido, o catequista deve aderir à tarefa que a Comuni-
dade de Fé lhe propõe, determinando-se a trabalhar com afinco e profundidade: em
primeiro lugar, vivendo maduramente a sua fé, com particular atenção e assiduidade à
escuta da Palavra, aos sacramentos e à oração pessoal; em segundo lugar, reservan-
do, nas suas actividades quotidianas, tempo para se preparar e preparar cada encon-
tro de catequese, nomeadamente através de uma leitura atenta do Guia do Catequista.

e) Em síntese...
O catequista aceita o papel de educador, consciente, por um lado, do risco, do desafio
e do esforço e, por outro, da realização cristã e da felicidade que isso traz. Por isso,
procura continuamente aprofundar os seus conhecimentos e a sua vivência de fé e é
capaz de a partilhar, como algo imprescindível e valioso para o cristão, preparando-se
devidamente e aplicando-se com entusiasmo na implementação.

VIII. O CATECISMO E OS MATERIAIS DE APOIO

1. O catecismo é o livro do catequizando.

É indispensável para o encontro catequético, pelas seguintes razões:


– Contém imagens, que servem para o motivar, dinamizar a aprendizagem e ilustrar os
conceitos principais;

– Apresenta os textos da Palavra a utilizar em momentos de reflexão individual ou de


grupo;

– Oferece sínteses «Para guardar na memória e no coração» (a partir do 3º ano), que,


sem qualquer desvantagem educativa, as crianças devem memorizar;
– Propõe, pelo menos, um «Compromisso» semanal, com pequenas tarefas que a
criança deve realizar durante a semana, centradas no seu quotidiano e que exprimem
o modo de viver cristão anteriormente trabalhado, assim como o espaço para a criança
avaliar o seu cumprimento (a partir do 3º ano), pois o hábito favorece a virtude;

– Apresenta orações, cânticos, passagens de salmos e outros meios para a expressão


de fé (desenho, pintura, fotografia, texto…);

– Contém, juntamente com sugestões de trabalho individual ou em família, uma


mensagem em que se procura envolver a família da criança na catequese - «Em
família» - nalguns casos com convites às famílias para participarem, nomeadamente
em diversas celebrações.

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O catecismo tem, assim, duas funções muito importantes:
– Ajudar a criança a fazer memória, registando o fundamental de cada catequese – e,
mesmo, das diversas Celebrações – apelando à actividade da criança, com desenhos,
fotos, textos que relatem a experiência do seu crescimento na fé;

– Mostrar às famílias o que as crianças estão a aprender, contribuindo para a sua


evangelização através dos filhos e netos, razão pela qual o «Em Família» foi colocado
no próprio catecismo, procurando que se torne, também, o resumo da sua fé.

Com tudo isto, procura-se corresponder à orientação dos nossos Bispos: “A função do
catecismo é servir de apoio a uma experiência de fé que nasce e cresce, proporcionando-
lhe desenvolvimento e expressão. Não substitui uma experiência de iniciação. Deve,
antes, apoiá-la enquanto ela exige inteligência e conteúdo. Por isso, deve ser de estilo
«mistagógico», no sentido de conduzir ao encontro vivo com Cristo” (ATV, Orientações 7).

Por todas estas razões, o catequista deve ler – antes de começar o ano catequético –
todo o Catecismo das crianças, para o conhecer bem e manusear sem hesitações. A
resolução das tarefas incluídas e as instruções necessárias para as realizar encontram-
se no final deste mesmo volume.

2. Os materiais de apoio deverão ser abundantes e adequados:

– As músicas, nomeadamente em CD, têm especial atractivo, sublinhando, sobretudo,


a dimensão estética do crer e mostrando, sensorial e sensivelmente, a dinâmica da
fé e da conversão. Além disso, o cântico educa pela aprendizagem das palavras, pela
exploração do sentido da mensagem. Os cânticos devem ser, por um lado, adequados,
em estilo, à idade dos catequizandos e, por outro, ao conteúdo da catequese ritmo e
letra, e foram esses os critérios usados na sua selecção. Alguns, pelo seu habitual
uso litúrgico, facilitam a integração da catequese na vida da comunidade.

– As imagens e os dísticos favorecem a interiorização do essencial da mensagem,


envolvendo o olhar com a escuta e motivando pela exploração das extraordinárias
competências icónicas das crianças.

3. Este Guia do Catequista completa os materiais essenciais do catequista.


O Guia do Catequista é um instrumento pedagógico insubstituível, pois contém todas as
indicações práticas necessárias à preparação e implementação da catequese, logo a
partir da Introdução a cada catequese e começando pelo «Aprofundamento do tema».
Numa perspectiva de verdadeira auto-formação, este é o instrumento que lhe permitirá
compreender o sentido teológico e espiritual da catequese a desenvolver, pelo que deve
ser abordado com generosidade – pois, inicialmente, pode parecer longo – e com
verdadeira atitude de escuta, pois o que, eventualmente, seja de mais difícil compreensão
pela via da razão – foi escrito para adultos com alguma preparação doutrinal, como é

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devido a um catequista – pode ser explorado e entendido com o coração, humilde e bom,
de quem ama a Deus e ao próximo.

Depois, o catequista deve analisar os «Objectivos», para ficar a saber, bem, para que
metas se dirige, pois a educação ao acaso, sem rumo definido, é sempre improdutiva.
De seguida, e para se situar melhor perante as suas exigências, recorre ao contributo
das «Observações Pedagógicas». Depois, necessita de preparar os «Materiais» e as
«Músicas», podendo recorrer aos materiais de apoio que para isso foram preparados na
paróquia e/ou editados. Finalmente, abordará os textos do «Desenvolvimento da
Catequese», procurando visualizar e imaginar as actividades, o modo como as crianças
reagirão e as explicações que deverá dar, elaborando umas fichas com as etapas e
conteúdos essenciais, que terá junto de si durante a catequese, pois não é adequado,
nem nada prático, que oriente a catequese directamente a partir do Guia1. De todo este
trabalho de planificação destaque-se, ainda, a preparação da «Palavra»: o catequista
deve lê-la, atentamente, atempadamente, procurando-lhe o sentido e preparando,
conscientemente, a forma como a sua leitura será feita com as crianças.

Uma boa preparação, cuidada e atenta, é a melhor garantia de que a catequese vai
correr bem, as crianças vão participar com interesse e as aprendizagens vão ter lugar.
Uma preparação bem feita também favorece a espontaneidade do catequista que, mais
organizado, se sente confiante e à-vontade no uso dos materiais e na interacção com as
crianças.

Introduziu-se, nas páginas que se seguem deste Guia do Catecismo 3, um Plano


Pedagógico do Catecismo que ajuda o catequista a ter a visão global das actividades
a desenvolver, qual o calendário que deve estabelecer para as poder planificar
atempadamente, nomeadamente as catequeses em que contará com algum convidado-
participante, as Celebrações, as informações a enviar, com antecedência, aos pais,
assim como a preparação ou aquisição de algum material especial.

1 No volume «Psicologia» do Curso Geral de Catequistas, editado pelo SNEC, encontra o


catequista o Tema 10 dedicado a estas tarefas de Planificação, assim como outros Temas
sobre como lidar com os catequizandos e conseguir um bom clima de trabalho, como melhorar
e tornar mais activas as pedagogias, como trabalhar com os pais e avaliar as actividades da
catequese. Estes temas podem ser lidos com proveito mesmo quando não integrados num
Curso.

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Plano Pedagógico do Catecismo 3

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Eu creio!
1º BLOCO

Até ao Natal procura-se que as crianças, ao aprofundar a sua fé em Deus


e em Jesus, se disponham a segui-l’O, possam confessar de modo convicto:
“Eu creio que sois Cristo!” e celebrar, na comunidade cristã a que pertencem,
o Amor de Deus por todos os seus filhos, experimentado e assumido
sobretudo no Baptismo.

No tempo do Advento são preparadas para a vinda do Senhor, na perspectiva


do seguimento de Jesus: respondendo ao convite de João Baptista, olhando
para José, pai adoptivo de Jesus, como um homem justo e associando-se
a Maria no acolhimento do Filho de Deus.

No Natal é acentuada a sua dimensão familiar e eclesial, relacionando-a


com o Baptismo e a felicidade de pertencer a Cristo.

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CATEQUESE 1

ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS

I – INTRODUÇÃO

APROFUNDAMENTO DO TEMA

1. A importância do primeiro encontro


O primeiro encontro com uma pessoa pode ser decisivo. Pode despertar para uma relação
de simpatia mútua que, em tantos casos, culmina na amizade e, até, na comunhão da
vida. Com o andar do tempo e o conhecimento mútuo, pode levar a uma união de vidas,
como num namoro que evolui para o matrimónio. Qualquer ser humano é, por natureza,
social: vivemos em relação, ligados uns aos outros por mil laços invisíveis.
Nalguns casos, porém, o primeiro encontro resulta num tal “encontrão”, que ambas as
partes só desejam evitar-se. Dessa penosa e difícil experiência não estão isentos os
diversos tipos de relação pedagógica que se estabelecem entre adultos e crianças. No
entanto, por se tratar de uma relação pedagógica de cuidado, orientação, ensino,
oferecidos por um adulto a alguém que ainda não sabe nem pode cuidar de si, a principal
responsabilidade cabe, naturalmente, ao adulto.
Há crianças mais simpáticas e mais dóceis, como as há mais rebeldes e menos
atraentes. Mas todas precisam de ser bem acolhidas pelos adultos que se propõem
contribuir para a sua educação. As crianças não têm, ainda, a capacidade de gerir
adequadamente a sua relação com os adultos e, necessariamente, nem sempre são
bem sucedidas na relação com as outras crianças. Por isso precisam de entrar em
contacto com uns e outros num ambiente positivo, ordenado e disciplinado, mas agradável,
caloroso e compreensivo. Muitas vezes este indispensável trabalho de acolhimento deve
prolongar-se, garantindo que as crianças se sintam bem, vençam o medo ou a aversão
que até se possa ter criado noutras experiências menos bem sucedidas que geraram
ressentimento e não afecto.
Tratando-se da vida em grupo, como é o caso da catequese, o relacionamento entre os
seus membros depende fundamentalmente da sua relação pessoal com o catequista e
da forma como este lida com todo o grupo. É primariamente a ele que cabe estabelecer,
desde o primeiro encontro, a união entre os catequizandos. Maior sensibilidade será
necessária, quando estes últimos ainda se não conhecem. Tratando-se de crianças, é

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da maior importância que estas conheçam e compreendam bem as regras de vida no
grupo, apresentadas pelo catequista, aprendendo, como bons cristãos, a viver uma “vida
com” os outros, saudável e fraterna, apetecível e atraente, geradora de nova vida, pelo
afecto, a partilha, o dom da vida entre eles.
O catequista é exemplo e testemunha de tudo o que tem lugar na catequese. Como tal,
usando de gentileza e de uma simpática firmeza, o catequista deve, desde o primeiro
encontro, usar de maneira amorosa da sua autoridade, também aqui no sentido
etimológico do termo: a sua condição de “autor”, de causa primária e agente principal
daquilo que transmite. O catequista será aceite, respeitado e amado, na medida em que
se dá ao respeito e ama, pelo respeito e o amor com que acolhe as crianças que lhe são
confiadas e a ele, pelo mesmo respeito e amor, se confiam…tornando-se, ele próprio,
desde o primeiro encontro, uma criança, como Jesus o desafia a ser.

2. “Se não vos converterdes e vos tornardes como criancinhas”…


É assim que Jesus, em Mt 18, 1-52, responde à pergunta dos discípulos: Quem é o
maior no Reino dos Céus? (v.1). É uma pergunta – e um desejo–de todos os tempos e,
até certo ponto, compreensível. Ser bem sucedido, ser respeitado pelos outros, obter
autoridade sobre eles, é das aspirações mais humanas. Faz parte do ser pessoa. Quem
se vê ignorado e desprezado sente-se, naturalmente, infeliz. Mas, afinal, o que é que
conduz à felicidade a que aspiramos?
A pergunta dos discípulos refere-se ao lugar no Reino dos Céus, que o mesmo é dizer no
Reino de Deus: aquele género de relações inter-humanas em que Deus, e só Ele, é Rei.
Todos aqueles que procuram impor-se, só o alcançarão na medida em que totalmente se
sujeitarem ao único que tem verdadeiramente poder para reinar, como único Senhor da
vida.
E como exerce Ele o seu poder de reinar? - Fazendo-se criança em Jesus Cristo, seu
Filho que, respondendo à questão dos discípulos, começou por chamar um menino,
colocou-o no meio deles e disse: “Em verdade vos digo: se não vos converterdes e vos
tornardes como criancinhas, não podereis entrar no Reino dos Céus. Quem, pois, se
fizer humilde como este menino será o maior no Reino dos Céus. Quem receber um
menino como este, em meu nome, é a mim que recebe” (vv. 2-5).
Portanto, o maior no Reino de Deus é, antes de mais, a criança que Jesus coloca no
meio dos discípulos. É ela o centro das atenções. Quem a rejeitar, é a Jesus que rejeita
e, com Ele, o próprio Deus… e não tem lugar no seu Reino.
Deus impõe-se, na medida em que se dá; e dá-se tanto mais, quanto menores, mais
dependentes e carentes da vida são aqueles a quem se dá. Nesse sentido, Ele próprio
se humilha, desce ao mais baixo, ao mais próximo da “terra”. Faz-se dependente daqueles

2 Para se compreender o comentário deste texto bíblico, é fundamental que se conheça bem
o texto comentado. Para tal, recomenda-se que a explicação seja lida com o texto bíblico que
está a ser explicado. O que vale para este texto e catequese, aplica-se a todas as restantes.

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a quem se dá, para lhes dar aquilo que não têm – e que é, afinal, tudo. Dá-se, dando-se
todo: no seu Filho Único, parte integrante do seu Ser. E assim, só assim, Ele é o
maior… e quem nos abre o caminho para sermos o que desejamos: os maiores no Seu
Reino.
Trata-se, antes de mais, de uma proposta de conversão: a Ele e àqueles a quem Ele
mais se dá. Aqueles que, por isso, formam uma unidade com Ele. São as crianças que,
pela sua dependência e carência de vida, nos ensinam e, se acolhidas, nos colocam no
caminho da fé e da vida, que Deus, pela sua graça, nos oferece.
Por isso as crianças são, não apenas o objecto primário da nossa entrega, mas também
modelo de conversão e de fé. Pois quem se converte a uma criança, descendo ao nível
humilde da sua existência, converte-se a Deus. E vice-versa: quem se entrega totalmente
a Deus, recebe dele a força e o poder para se entregar totalmente àqueles que Ele tanto
ama. E, quando isso acontece, realiza-se a promessa de Jesus:

3. ”Eu estou no meio deles”.


A promessa do Senhor é esta: Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu
estou no meio deles (Mt 18, 20). É feita ainda na sequência da resposta à pergunta dos
discípulos sobre o maior no Reino dos Céus. Depois de apresentar as crianças como
caminho para esse Reino, chama a atenção para outros seres tão ou mais débeis do
que as crianças: os membros da comunidade cristã socialmente mais carenciados ou
religiosamente menos seguros (18, 6-9) e aqueles que, pelo pecado, se tresmalharam
do seu rebanho. São estes últimos os que mais necessitam de atenção e de solidariedade,
para que, acolhidos, cheguem a aceitar a oferta de perdão e, assim, possam ser
reintegrados na comunhão da comunidade de que se afastaram (18,10-18). Um caminho
difícil, para eles e para os restantes membros da comunidade. Humanamente tão difícil,
que só com uma ajuda especial de Deus é possível. Como obtê-la?
Pela oração: Digo-vos ainda: se dois de entre vós se unirem na terra, para pedir qualquer
coisa, hão-de obtê-la de meu Pai que está nos Céus (18, 19). Uma oração que é tanto
mais eficaz, quanto for feita em comunidade de dois, ou mais, dos seus membros. Uma
oração que, assim, reforça os laços de comunhão entre as pessoas e, nessa comunhão,
lhes transmite a necessária persistência na procura da “ovelha perdida”. Uma comunhão
que é tanto mais forte, quanto no seu fundamento está a união total com Deus,
permanentemente renovada pela oração: aquela entrega da fé a Ele que, deste modo, se
torna mais presente e actuante naqueles que a Ele se confiam.
Assim foi com o próprio Jesus. A oração fez parte integrante da sua vida e actividade
messiânica, até ao seu auge na entrega da vida na cruz. Deu-a, entregando-se totalmente
a Deus. Por isso, o que humanamente era impossível, aconteceu realmente: pela
ressurreição Ele ficou connosco até ao fim dos tempos (Mt 28, 20). Está connosco,
particularmente quando em seu nome, de “Deus - connosco”, nos reunimos para, por
Ele, com Ele e n’Ele, rezarmos ao Pai que está nos Céus.

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É uma oração que nos capacita para aquilo que, humanamente, parece impossível: por
exemplo, acolher as crianças com aquela atenção, aquele amor de que elas necessitam
para sentirem, através do catequista, que Jesus realmente as ama… Assim, a preparação
para cada encontro de catequese deve começar, para o catequista, com a oração e a
preparação da oração que fará com as crianças. Esse cuidado é especialmente importante,
quando o catequista se prepara para aquele primeiro encontro em que a experiência de
estarmos juntos pode significar tanto para todos os encontros que se seguirão.

OBJECTIVOS
– Rever/reviver o ponto alto da iniciação à oração, proposta no 2º volume do catecismo
(“Ensina-nos a rezar”);
– Compreender a catequese como “lugar” de encontro com Jesus e com Deus;
– Despertar para o desejo e a alegria de seguir Jesus.

OBSERVAÇÕES PEDAGÓGICAS
1. No auge desta primeira catequese está a resposta de fé, da parte das crianças e dos
catequistas, ao chamamento de Jesus. É Ele quem as convoca, é em volta dele que
elas se reúnem. Um chamamento pelo seu nome: no acolhimento inicial e na Expressão
de Fé conclusiva; aí, pelo menos, duas vezes. Um chamamento para o qual Jesus se
serve, não apenas dos catequistas, mas dos próprios colegas. Uma vez chamada, cada
criança torna-se mediadora do chamamento divino. Responde a Jesus: “Estou aqui” e
desafia os outros a dizer-lhe o que ela própria diz: “Quero seguir-te”.

2. Esta resposta de fé e o compromisso que nela se inclui dependem da consciência de


que é Jesus que está no centro do grupo: “Ele está no meio de nós” é a primeira reacção
à sua palavra, completada pela junção dos nomes (das crianças e catequistas) em volta
do nome de Jesus, quais raios luminosos que prolongam a luz em que está envolvido o
seu nome. E é assim, em união com Jesus, que rezam ao Pai a oração que Jesus lhes
ensinou.

3. Nesse sentido, o encontro começa pela recordação e vivência da experiência em que


culminou a caminhada catequética do ano anterior: a festa do Pai Nosso. Para isso, o
catequista procure, tanto quanto possível, visualizar esse momento, através de uma
fotografia alusiva.

4. Mesmo que os catecismos já tenham sido entregues, nomeadamente num encontro


comunitário, tem todo o significado repetir a entrega que, tal como é sugerido no
desenvolvimento da catequese, é feita em ligação com o título: “Queremos seguir Jesus”.

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MATERIAIS
– Bíblia;
– Velas;
– Fotografia ampliada do grupo, tirada na celebração da festa do Pai Nosso, no ano anterior
(1ª alternativa da Experiência Humana);
– Dístico “Festa do Pai Nosso”, se necessário (1ª alternativa da Experiência Humana);
– Uma bola pequena que se possa abrir em duas partes e com o dístico “Jesus” dentro
dela (2ª alternativa da Experiência Humana);
– Dístico “Jesus” em cartolina, recortada e adornada de modo a fazer lembrar o Sol (ver
Catecismo, p. …);
– Cartolinas de cor idêntica à do dístico e em forma de “raios solares”, uma para cada
criança e catequista (ver documento 1);
– Dísticos: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles”
e “Ele está no meio de nós”;
– Lápis/esferográficas;
– Catecismos das crianças (que, se necessário, devem ser recolhidos pelos catequistas,
fora da sala e antes de começar a catequese).

MÚSICAS
– “Cristo Jesus, tu me chamaste”;
– “A bola vai passando”, com a melodia de “As pombinhas da Catrina” (2ª alternativa da
Experiência Humana).

II – DESENVOLVIMENTO DA CATEQUESE

Preparação da sala:
– O placar está vazio.
– Na mesa: é colocada a Bíblia, fechada, e junto dela as velas (apagadas); dentro da
Bíblia, na página de Mt 18, 19-20, é colocado o dístico “Jesus” (1ª alternativa da
Experiência Humana); sobre a mesa, dispostos de forma agradável, os catecismos das
crianças.

I. EXPERIÊNCIA HUMANA

1. Depois do acolhimento pessoal das crianças (e seus pais e/ou outros acompanhantes)
feito pelo(s) catequista(s) fora da sala, entram nela, ordenadamente e em silêncio. Uma
vez todas acomodadas nos seus lugares, o catequista deve explicar – brevemente e
com clareza – as regras de funcionamento do grupo. Para reforçar a aprendizagem das
regras, pode dar a cada criança uma folha A5 com as regras escritas (não mais de 5 ou
6) que, depois, guardarão junto do catecismo.

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Segue-se uma das seguintes alternativas:


Alternativa

(Para grupos com o mesmo catequista do ano anterior)

O catequista afixe ao centro do placar uma fotografia ampliada do grupo na festa do Pai
Nosso (tamanho A3 ou A2, impresso como fotocópia, permitindo o reconhecimento dos
fotografados e a ocasião). Se não for possível uma boa ampliação, use duas ou três
fotografias (conforme o número de crianças) que, neste caso serão observadas pelas
crianças em pequenos grupos. Em último caso, afixe apenas algumas fotografias alusivas
a essa festa, ou, simplesmente, o dístico “Festa do Pai Nosso”.

Uma vez afixada a fotografia/dístico, o catequista estabelece um breve diálogo com as


crianças (adaptando-se à modalidade seguida):
Gostam desta fotografia?... Claro, sois vós que lá estais … (Identifique cada criança e
diga o respectivo nome).
Quando é que a fotografia foi tirada?... Na Festa do Pai Nosso. Por isso é que a fotografia,
além de ser bonita, é importante. Foi uma festa que não mais vão esquecer.

E por falar do Pai Nosso, cada um de vós vai contar se o tem rezado e quando… (Deixar
que as crianças se exprimam e, no final, comentar:)
Muito bem. Estou muito contente por rezarem tantas vezes o Pai Nosso: sozinhos e
com outras pessoas. Eu também o rezo muitas vezes.


Alternativa

(Para grupos com um novo catequista e/ou com muitas crianças novas)

Como é a primeira vez que (ou, muitos de vós) estamos juntos na catequese, proponho
que comecemos por nos apresentar, aprendendo os nomes uns dos outros. Mas ninguém
diga nada, antes de eu explicar como se faz: imaginem, com um jogo.
É assim: temos esta bola (mostre-a), que vai passar de mão em mão, enquanto cantamos
uma canção. A canção é esta:
(Com a melodia de “As pombinhas da Catrina”)
“A bola vai passando,
Vai indo de mão em mão;
Mas, quando ela parar,
Faço a apresentação.”

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Quem tiver a bola na mão, quando pararmos de cantar, diz o seu nome. Depois, cantamos
outra e outra vez, até sabermos os nomes de todos.
Vamos levantar-nos… fazer uma roda… e cantar…

Convém que o jogo seja breve (10 minutos, no máximo). No final, e com todas as
crianças sentadas, o catequista continue:
Ainda não nos conhecíamos todos uns aos outros, mas não é a primeira vez que vimos
à catequese. Este já é o terceiro ano.
Lembram-se do que aprenderam no ano passado?...
Exacto: a oração do Pai Nosso. E fizeram uma festa, no fim do ano. (Nome) como se
chamou essa festa?... De certeza que gostaram muito da festa do Pai Nosso.

Agora cada um vai dizer se tem rezado esta oração e se o tem feito sozinho ou também
com outras pessoas…
(Deixar que se exprimam e, no final, comentar:)
Estou muito contente convosco: já vi que no ano passado estiveram muito atentos; e
depois continuaram a rezar esta linda oração: sozinhos e com outros.

2. Para as duas alternativas:


Agora – um de cada vez - gostava de saber quem vos ensinou a rezar o Pai Nosso:
(Nome)…
Ouvir as crianças e, sem comentar as respostas, convidar uma delas a vir à frente e a
tirar da Bíblia (1ª alternativa) ou de dentro da bola (2ª alternativa) o dístico “Jesus” e a
mostrá-lo às outras. Afixar o dístico no centro do placar e comentar:
Jesus! Foi Ele quem vos ensinou o Pai Nosso, porque foi Ele quem o ensinou pela
primeira vez. Depois, nós aprendemos com o catequista (ou os pais e/ou avós…).

(Nome) lembras-te como foi que Jesus ensinou o Pai Nosso?...


Quando os discípulos viram Jesus a rezar. Ficaram tão admirados por Ele estar a rezar
tão bem, que lhe pediram para Ele os ensinar também a rezar.
E desde então nunca mais se deixou de rezar esta oração tão especial e tão importante,
por vir de Jesus.

II. PALAVRA

1. E qual será o melhor lugar para rezarmos o Pai Nosso (nome)?


(Deixar que as crianças se exprimam e, no final, continuar:)
O próprio Jesus vai-nos dizer qual é.
Pomo-nos de pé, para ouvirmos com muita atenção e respeito as palavras de Jesus…
Como é a primeira vez, este ano, que as crianças vão ouvir a Palavra de Deus, o catequista
deve sensibilizá-las para a atitude correcta que devem adoptar e explicar que, sendo

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possível, acenderão a vela para mostrar a importância e a beleza do momento em que
se escuta Jesus.

Mt 18,19-20:

Catequista:
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo São Mateus:

Ajuda as crianças a responder:


Glória a vós, Senhor.

Catequista:
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
“Se dois de entre vós se unirem, na terra,
para pedir qualquer coisa,
hão-de obtê-la do meu Pai que está nos Céus.
Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome,
Eu estou no meio deles.”

Palavra da Salvação.

Crianças:
Glória a vós, Senhor.

2. Com as crianças sentadas, o catequista afixe, na parte superior do placar, a envolver o


dístico “Jesus”, o dístico: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, eu
estou no meio deles”. Deixe contemplar e comente:
Já conheciam estas palavras de Jesus. Vamos leia-las juntos, para as aprendermos
bem: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, eu estou no meio deles”.
Onde estivermos dois ou três ou mais reunidos em nome de Jesus, é aí o melhor lugar
para rezar o Pai Nosso. Mas onde e quando é que nos reunimos em nome de Jesus?
Nós já estamos reunidos em nome de Jesus, (Nome)? – Claro que sim, na catequese!
E quando tivemos a nossa festa, onde foi (Nome)? – Na igreja! Que é um lugar ainda
melhor: primeiro porque é bonita a nossa igreja (o catequista pode fazer referência a
alguns aspectos da arquitectura ou arte da igreja que o grupo frequenta e que possam
ser significativos para as crianças). Mas o mais importante não é isso. A igreja é o
melhor lugar para rezarmos o Pai Nosso, porque é lá a casa de Deus, onde nos
encontramos com Ele e com os amigos de Jesus, de quem tanto gostamos. E é assim
que, todos juntos, rezamos ou cantamos a oração que Jesus nos ensinou.

3. E é também na igreja, quando estamos na Missa, que nós costumamos dizer umas palavras
que significam isso: que Jesus e Deus, seu Pai, estão no meio de nós. Lembram-se?

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Quando o sr. Padre (ou Diácono) nos diz: “O Senhor esteja convosco”, que respondemos
nós?...
(O catequista afixe, na parte inferior do placar, o dístico “Ele está no meio de nós” e
comente:)
´É Jesus que está no meio de nós. Leiam comigo: “Ele está no meio de nós”.

4. Mas, quando nos reunirmos na catequese, também aqui Ele quer estar connosco. E na
nossa casa, na nossa família (ter em atenção as situações familiares das crianças). Foi
na catequese que rezámos muitas vezes o Pai Nosso. E é também em nossa casa,
com os pais e irmãos (e avós) que o rezamos muitas vezes.
Mas, mesmo quando estamos a rezar sozinhos, é com outras pessoas que rezamos
esta oração: com todos aqueles que gostam de a rezar. Estão a ver porquê? É que não
dizemos “meu Pai”, mas… “Pai Nosso”. Deus é meu Pai, teu Pai (Nome), teu Pai (Nome)…
É Pai de todos e por isso dizemos: Pai Nosso.
De qualquer maneira, sempre que pudermos juntar-nos para rezar juntos, Jesus fica
muito mais contente connosco. Ele disse-o há pouco. Querem que eu leia outra vez?...
Então ouçam. (Leia Mt 18, 19:)

“Se dois de entre vós se unirem, na terra,


para pedir qualquer coisa,
hão-de obtê-la de meu Pai que está nos Céus” (pode repetir).

Estão a ver? Unidos uns aos outros, é como Deus mais gosta de escutar a nossa
oração. Não é só por sermos mais a pedir. É também porque, quando rezamos, juntos,
a Deus, mostramos como somos amigos uns dos outros. E é isso que Ele nos pede:
que sejamos grandes amigos, tão amigos como os melhores irmãos.
Ora bem, é isso que nós queremos ser aqui na catequese: amigos de Jesus e de Deus
e, assim, também amigos uns dos outros.
E, agora, podemos rezar!

III. EXPRESSÃO DE FÉ

1. Mas, antes disso, temos de nos preparar bem. Eu explico como. Primeiro, vou distribuir
uma folha especial: esta aqui (mostre uma das cartolinas). Depois, escrevem o vosso
nome, como fazem na escola, e seguram a folha por algum tempo.
O catequista distribua as cartolinas, em forma de raios de luz, uma por cada criança.
Depois de todas, incluindo os catequistas, escreverem o seu nome:

2. Agora vamos cantar um cântico a Jesus que já aprendemos no ano passado: “Cristo
Jesus Tu me chamaste”. Lembram-se? (Ensaiar uma vez, mas só o refrão).

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Jesus é quem nos chama para a catequese. E nós, como já gostamos tanto dele,
respondemos: “Estou aqui”.
E como nós queremos mostrar que somos amigos de Jesus e uns dos outros, iremos, a
seu tempo, colocar o nosso nome em volta do nome de Jesus. Queremos estar bem
pertinho dele, como bons amigos.
Para isso, Jesus vai chamar pelo nome de cada um de nós. Como é que isso vai ser?
– Primeiro chamo eu por um de vós. E quando eu disser o nome, o menino ou menina
põe-se de pé e diz: “Estou aqui”.
– Depois, vem aqui à frente e coloca a cartolina com o seu nome no placar, em volta do
nome de Jesus.
– Mas, antes de ir para o seu lugar, esse menino ou menina chama por outro e ele ou
ela faz o mesmo: levanta-se, diz “Estou aqui”, põe o seu nome junto de Jesus e
chama por outro, até todos termos os nossos nomes em volta de Jesus.
– O último chama pelo meu nome.
Assim teremos Jesus a servir-se de cada um de nós para nos chamar para junto dele.
Vão ver como vai ser bonito. Mas só se o fizermos com muito respeito. Não se esqueçam
de que é Jesus que se vai servir de nós para nos chamar pelo nosso nome.

3. (Depois da entrega:)
Que lindo está o placar!. ... Todos nós em volta de Jesus. Ele é como o sol que nos
ilumina. E nós ajudamos: Ele pede a cada um de nós para sermos e prolongarmos a sua
luz para os outros.
E não é só hoje. Durante todo este ano, aqui na catequese, vamos aprender a ser umas
luzinhas de Jesus. Para isso, cantemos, com alegria:
“Cristo Jesus, Tu me chamaste” (só o refrão).

4. Agora, sim, estamos preparados para rezar, todos juntos, a oração que Jesus nos ensinou.
Ele está no meio de nós, e todos estamos reunidos em seu nome (aponta os respectivos
dísticos).
Juntamente com Ele vamos pedir a Deus nosso Pai que esteja sempre connosco neste
ano de catequese e nos ensine, no nosso coração, a estarmos sempre prontos para
fazer a sua vontade.
Para isso, levantemo-nos… demo-nos as mãos… e rezemos juntos:
“Pai Nosso, que estais nos céus…”

No final, pode cantar-se de novo:


“Cristo Jesus, Tu me chamaste” (só o refrão).

5. Agora, vamos receber o catecismo: o livro que, durante este ano, vos vai ajudar a estar
com Jesus, ou melhor, a seguir Jesus para onde Ele nos chamar. E que bom será segui-
Lo sempre, para estar sempre com Ele e Ele connosco.

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Para isso, vou chamar por cada um de vós. E antes de entregar o catecismo, pergunto:
– (Nome) queres seguir Jesus?
Cada um deve responder:
– Sim, quero.
E eu direi:
– Graças a Deus!

Se houver vários catequistas, a entrega deve ser feita, ao mesmo tempo, por todos eles.
Sendo muitas as crianças e o tempo curto, o compromisso pode ser feito por todas ao
mesmo tempo, do seguinte modo:
Catequista:
– Quereis seguir Jesus?
Crianças:
– Sim, quero.
Catequistas:
– Graças a Deus!

No final, pode cantar-se de novo o cântico, mas com os catecismos nas palmas das
mãos:
– “Cristo Jesus, Tu me chamaste” (refrão).

Para guardar na memória e no coração

Jesus disse:
“Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles.”

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III – DOCUMENTOS

DOCUMENTO 1

Painel a construir durante a catequese:

– Ao centro, a imagem do sol, com o nome JESUS.


– Os “raios solares” são recortados em tantos, quantas as crianças e catequistas.

JESUS

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CATEQUESE 2

“DEIXARAM TUDO E SEGUIRAM JESUS”

I – INTRODUÇÃO

APROFUNDAMENTO DO TEMA

1. O poder do Evangelho de Deus


Dificilmente haverá uma pessoa que não tenha experimentado já os efeitos vivificantes
de boas notícias. Pelo seu conteúdo positivo, podem modificar radicalmente as nossas
vidas. Por isso se chamam boas: pelo bem que comunicam e fazem. Um bem tanto
maior, quanto melhor for a notícia.
Em grego “Boa Notícia” diz-se “Evangelho”, transmitido por um “Bom Anjo” ou
“Mensageiro”. Na origem, e muito antes da era cristã, o termo era aplicado, sobretudo, à
notícia da vitória obtida numa batalha contra exércitos inimigos que ameaçavam seriamente
a tranquilidade e a vida de um povo. Quando a vitória era alcançada longe do lugar em
que o povo vivia, era fundamental que este dela tivesse conhecimento, e o mais
rapidamente possível. Só então a paz, necessária e desejada, se restabelecia plenamente.
De tal modo que, na prática, era a notícia que causava a paz naqueles que a recebiam.
Enquanto dela não soubessem, continuariam, no mínimo, intranquilos e ansiosos.
Compreende-se assim a exclamação do Profeta que fala em Is 52, 7: Que formosos
sobre os montes são os pés do mensageiro que anuncia a paz, que anuncia coisas
boas, que proclama a salvação! Neste caso, eram destinatários da boa nova os judeus
que haviam sido exilados para a Babilónia em 587 a.C.. A boa notícia consistia no fim da
opressão e na possibilidade do regresso à terra onde poderiam gozar daquela autonomia
e liberdade que tinha a sua origem última no Deus em que acreditavam. Daí a última
exclamação do mensageiro: O rei é o teu Deus.
S. Paulo aplica as palavras de Isaías a uma outra mensagem, à boa nova de uma vitória
com uma dimensão infinitamente maior e com efeitos infinitamente mais radicais: o
Evangelho do triunfo obtido para sempre sobre a morte e tudo o que a ele conduz, por
Jesus, através da sua ressurreição. Aqui, não se trata apenas de uma batalha, mais ou
menos pontual e respeitante a um grupo mais ou menos limitado de pessoas. Não, a
luta contra a morte é comum a todo o ser vivo e dura enquanto este tem vida. Tanto, que
a nossa vida consiste em procurar, com todos os meios, não apenas adiar a morte, mas

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vencê-la, em todas as suas manifestações: a derradeira, quando deixemos esta vida, e
aquelas que, directa ou indirectamente lá conduzem, como podem ser a doença, a
miséria, o fracasso, a solidão, a falta de sentido de vida. Em tudo isso sentimos como a
morte já está em acção.
Daí o poder infinitamente vivificante do “Evangelho da morte e ressurreição de Cristo”.
Um Evangelho que é de Deus, porque só Ele dá vida aos mortos e chama à existência o
que não existe (Rm 4, 17). E a vida que concede a Cristo, seu Filho, vai para além de
todas as limitações, incluindo as do tempo e do espaço, como é próprio de Deus.
É deste Evangelho que Paulo escreve: Ele é poder de Deus para a salvação de todo o
crente, primeiro o judeu e depois o grego. É que nele é revelada a justiça de Deus que
vem da fé e conduz à fé, conforme está escrito: “o que é justo pela fé, esse viverá” (Rm
1, 16-17). Trata-se, portanto, de um Evangelho em que Deus revela quem Ele é realmente
(a sua justiça), o que só Ele pode (uma salvação em todos os sentidos)… mas naqueles
que nele acreditam. Será que este último aspecto limita o seu poder?

2. ”Faz-te ao largo”…
A cena da pesca milagrosa narrada em Lc 5, 1-11 é muito semelhante à de Jo 21, 1-11,
esta situada depois da ressurreição de Cristo. Isto quer dizer, pelo menos, que o poder
divino que se manifesta plenamente em Cristo ressuscitado já estava em acção na
actividade messiânica anterior à sua morte e ressurreição. Por isso, S. Lucas apresenta
o milagre na sequência imediata do anúncio da Palavra de Deus, junto e dentro do lago
de Genesaré. Um anúncio do Reino de Deus feito por palavras e acções. O poder do
Evangelho que Jesus anunciava adquiria uma das suas manifestações mais visíveis nos
milagres que realizava. Estes “manifestam que o Reino de Deus está presente n’Ele.
Comprovam que Ele é o Messias anunciado” (CIC 547).
Por isso, o efeito salvífico dos milagres vai muito para além do seu resultado material e
humano. Como sinais do Reino de Deus, são um desafio a deixar que Deus reine
plenamente naqueles que usufruem do seu poder e naqueles que dele são testemunhas
oculares: “Convida-os a crer n’Ele. Aos que se Lhe dirigem com fé, concede-lhes o que
pedem” (Ibidem 548).
É nesse sentido que Jesus diz a Pedro, depois de uma noite sem nada pescar: Faz-te
ao largo. E vós, lançai as redes para a pesca (Lc 5, 4). Pressente-se já que este largo é
infinitamente mais largo que o lago de Genesaré e que a pesca se não irá reduzir à dos
peixes que as redes mal conseguirão conter. E, se dúvidas houvesse, a reacção de
Pedro desfá-las: À tua palavra lançarei as redes. É a mesma Palavra de Deus que Jesus
anunciava da barca de Pedro: a Palavra que tudo pode, porque vem de Deus. A Palavra
que, se acolhida pela fé, pode levar o crente muito para além das suas limitações humanas.
Uma vez possuído por Deus, é n’Ele e por Ele que passa a actuar.
Se Pedro teve qualquer dúvida ou hesitação na resposta ao primeiro desafio de Jesus,
depois do sucedido, tudo se desfez. Ao ver isto, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus,

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dizendo: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador” (v. 8). A prostração
é o sinal externo da adoração, da sujeição a quem infinitamente se impôs. E o pedido
que Pedro faz a Jesus para que dele se afaste é apenas a expressão da distância que o
separa, como ser frágil e sujeito ao pecado, de Alguém em quem Deus se manifesta
como nunca o havia feito. É, portanto, uma expressão de fé, de disponibilidade para tudo
o que o Senhor dele quiser… e lhe vai pedir.

3. ”Deixaram tudo”…
…E seguiram-no (v.11). É o resultado, ou melhor, a concretização da fé. O verdadeiro
acto de fé prolonga-se, sempre, para além do momento em que é feito. S. Paulo fala da
fé que actua pelo amor (Gl 5, 6). É que a fé é um dom que nasce do amor, um amor que
parte daquele em quem se acredita. E o amor de Deus manifestou-se desta forma no
meio de nós: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que, por Ele, tenhamos
a vida. É nisto que está o amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele
mesmo que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos
pecados (1 Jo 4, 9-10). A fé é a entrega a quem primeiro se entregou a nós e por nós. É
na sua entrega que está a origem da nossa entrega.
Uma entrega à dimensão daquele que se entregou por nós: todo, até à total doação da
vida na cruz. Por isso, Pedro, Tiago e João e tantos, tantos outros que se lhe seguiram
até aos nossos dias, deixaram tudo. Não para ficarem sem nada, mas para terem tudo.
De futuro, serás pescador de homens (Lc 5, 10) A vida de Pedro, e de todos os que
aceitam o chamamento de Jesus, deixe de estar limitada ao mundo material da pesca e
dos peixes do lago da Genesaré, para ganhar a dimensão universal da humanidade, de
toda a humanidade por quem Cristo deu a vida. A sua família passa a ser a Igreja,
constituída por todos os homens e mulheres que Pedro e todos os outros conquistam
para Cristo.
Por isso, deixar tudo para seguir Jesus não é um desafio, um chamamento dirigido a
uma elite de cristãos e por eles aceite. É, sim, a vocação de qualquer cristão. Mesmo
aqueles que não deixem, nem devem deixar, o seu trabalho, os seus haveres, a sua
família; mesmo esses têm de se libertar de tudo isso para seguir Jesus. Não apenas
uma vez ou outra, para, por exemplo, tomar parte num acto de culto ou prestar um
serviço à comunidade a que pertencem. Também no seu dia-a-dia, todos os cristãos têm
de deixar tudo: na medida em que, em tudo o que fazem e adquirem, não vivem mais
para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou (2 Cor 5, 15); na
medida em que, como Ele e levados por Ele, repartem e partilham os seus bens e as
suas qualidades. Fazem-no, não apenas pelos amigos e familiares, mas, conforme as
suas possibilidades e capacidades, por aqueles que Deus ama: todas as pessoas.
Com esta certeza, que a experiência confirma: quanto mais se dão, mais adquirem e
mais têm – aquela vida ilimitada que Cristo adquiriu no dom total da vida e para a qual
desafia cada um de nós, com o poder vivificante do Evangelho que o anuncia.

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Desta experiência são testemunhas os catequistas que agem com generosidade e
seriedade, entregando-se às crianças que lhes são confiadas e que, por sua acção e
testemunho, passam a fazer parte da sua família, a família de Deus em Cristo Jesus.

OBJECTIVOS
– Reconhecer que há muitas pessoas que seguem Jesus;
– Descobrir quais foram os primeiros discípulos de Jesus;
– Entregar-se a Jesus pela oração, em união com todos os que o seguem.

OBSERVAÇÕES PEDAGÓGICAS
1. Esta é a primeira de cinco catequeses em que as crianças são chamadas a consolidar
a sua adesão de fé a Jesus e a segui-lo. Para isso, são convidadas a apoiar-se em
pessoas pelas quais nutrem especial admiração: em primeiro lugar, pessoas que sejam
do círculo dos seus amigos ou conhecidos, das quais, eventualmente, até tenham
recebido a luz da fé; depois, os três primeiros discípulos de Jesus que já conhecem do
ano anterior, a partir da cena da transfiguração. Pedro, Tiago e João são agora testemunhas
e beneficiários duma intervenção de Jesus em que Ele manifesta o seu poder messiânico
no anúncio do Reino de Deus.

2. Para que também as crianças se deixem conquistar por Ele, apela-se à capacidade
narrativa e, sobretudo, à convicção do catequista na exposição da cena da pesca milagrosa
(Lc 5, 1-11). Para a tornar mais viva, os diálogos ou são lidos da Bíblia ou, de preferência
e se possível, são proclamados por outros dois catequistas.

3. Para a expressão de fé, propõe-se o lugar onde Jesus mais se manifesta hoje: uma
igreja, se possível diante do sacrário, se este ficar perto do local da catequese e se
nesse espaço não estiverem outras pessoas. É importante que as crianças aprendam a
fazer silêncio e a apreciá-lo, e progridam, pouco a pouco, na capacidade de encontrar o
recolhimento necessário para um verdadeiro acto de adoração e de fé, embora,
naturalmente, o tempo de concentração possa, pela idade e falta de hábito, ser curto.
De qualquer modo, mesmo que haja algum movimento, o catequista procurará que este
seja um momento significativo e feliz para as crianças.

MATERIAIS
– Dístico “Jesus” e as cartolinas com os nomes das crianças e catequistas (catequese
anterior);
– Cartolinas idênticas, mas sem nomes, a não ser os de “Pedro”, “Tiago” e “João” (ver
Documento 1 da catequese anterior);
– Bíblia;
– Vela grossa e com cerca de 15 cm. de altura, se possível decorada com uma pequena
rede de pesca, que pode ser desenhada em papel, recortada e colada;

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– Marcadores para o catecismo, com a inscrição “Farei de vós pescadores de homens”,
um para cada criança (ver Documento 1).

MÚSICAS:
– “Cristo Jesus, Tu me chamaste”;
– “Jesus, eu amo-te”;
– “Jesus Cristo és meu amigo”.

II – DESENVOLVIMENTO DA CATEQUESE

Preparação da sala:
– No placar: ao centro, o dístico “Jesus” da catequese anterior.
– Na mesa: a Bíblia, aberta em Lc 5, 1-11, e a vela, ainda apagada.

I. EXPERIÊNCIA HUMANA

1. O catequista chame por cada criança, pelo seu nome, a partir das cartolinas em que o
escreveram na catequese anterior, convidando cada uma a ir-se pondo de pé e a responder,
como então: “Estou aqui”.
Depois de ter chamado por todas, diga-lhes:

Muito bem. Estou muito contente convosco. Vejo que não estão a faltar àquilo que
prometeram na semana passada. Quando vos entreguei o catecismo e perguntei se
querem seguir Jesus, que responderam? – “Sim quero”. E hoje cá estão, na catequese.

A propósito: ainda se lembram do que respondemos quando o sr. Padre (ou Diácono)
nos diz, na Missa: “O Senhor esteja convosco”?... – “Ele está no meio de nós”.
De facto, Jesus está no meio de nós, também aqui na catequese.

E é Ele quem nos chama. E nós vamos responder-lhe: “Estou aqui”, mas agora cantando
e até acompanhando com gestos (o catequista explique, exemplificando):
“Cristo Jesus” – elevamos as mãos para o alto;
“Tu me chamaste” – cruzamos as mãos no peito;
“Estou aqui” – estendemos as mãos e os braços à altura do peito, como quem se
oferece;
“Tu me chamaste” – mãos para o alto;
“Pelo meu nome” – mãos cruzadas no peito;
“Estou aqui” – mãos abertas e estendidas.

“Cristo Jesus, Tu me chamaste” (refrão e 1ª estrofe).

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2. Agora, sentamo-nos.
Já repararam que, hoje, no placar os nossos nomes não estão onde os pusemos na
catequese anterior: em volta do nome de Jesus, como um grande sol, que nos dá a luz...
Não é que nós não mereçamos estar lá. Pelo contrário: depois de lhe voltarmos a dizer
que o queremos seguir, devíamos mesmo estar em volta de Jesus, porque Ele está «no
meio de nós». Mas agora, por um bocadinho, vamos dar a vez a outras pessoas.

É que não somos só nós que queremos seguir Jesus. Há muitas pessoas que são
amigas d’Ele e o seguem. Vamos descobrir algumas delas e lembrá-las.
Queria, por isso, que dissessem, de entre as pessoas que conhecem, quais são aquelas
que merecem estar em volta de Jesus, por quererem segui-lo, como nós. Cada um vai
escolher uma pessoa – nós, aqui na catequese, não contamos – e explicar a todos
porque é que escolheu essa pessoa como exemplo de quem segue Jesus.

Vamos pensar em silêncio e com calma, cada um para si: qual é a pessoa que nós
escolhemos, por ser alguém que segue Jesus, e explicar porque a escolhemos.

Enquanto as crianças reflectem, o catequista afixe no placar, em volta do dístico “Jesus”,


cartolinas idênticas às da catequese anterior. Mas deixe, ao alto, o espaço livre para
três, que serão para os nomes dos três Apóstolos, a apresentar a seguir à leitura da
Palavra de Deus.
Para a recolha dos nomes, siga uma das seguintes alternativas:


Alternativa

Grupo pequeno
Cada criança e, no final, o catequista dizem os nomes das pessoas e as razões da sua
escolha. À medida que o fazem, o catequista regista os nomes sugeridos nas diferentes
cartolinas.


Alternativa

Grupo grande
O grupo pode ser dividido em pares. As duas crianças devem procurar chegar a acordo
quanto ao nome e às razões da escolha: uma criança escreve o nome na cartolina e a
outra escreve numa folha as razões da escolha e será o porta-voz para a comunicação
ao grupo das suas razões.

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3. Para as duas alternativas:
Se o grupo for organizado, o catequista peça às crianças para, elas próprias, depois de
escreverem os nomes, irem colocar a cartolina com o nome sugerido – indicando qual a
disposição, conforme o documento 1 – em torno do nome de Jesus, e explicarem ao
grupo, rapidamente, as razões da sua escolha.
Se o grupo tiver mais dificuldade em se organizar, seja o catequista a escrever os
nomes e a colocar as cartolinas, uma a uma, partilhando as crianças, do seu lugar, as
razões da sua escolha.
No final, o catequista coloque a sua cartolina e explique a sua escolha.
Sendo o grupo numeroso, é possível que em cada cartolina, ou nalgumas, tenha de
constar mais do que um nome.

Que lindo! Colocámos tantos nomes em torno do nome de Jesus!


Gostava que dessem bastante atenção a isto: há tantas pessoas que vós apreciais e de
quem até gostais muito (o catequista pode referir algumas delas); pessoas que partilham
connosco alguma coisa que é verdadeiramente importante: ser amigas de Jesus e querer
segui-lo. Os amigos de Jesus vivem a sua vida da maneira que Jesus lhes pede, por isso
podemos dizer que seguem os seus passos.
E isto dá-nos uma grande alegria. Por isso, cantamos, unidos a essas pessoas, quase
como se elas estivessem aqui connosco:
“Cristo Jesus, Tu me chamaste” (só o refrão, com os gestos aprendidos).

II. PALAVRA

1. Já devem ter reparado que colocámos os cartões, como luzes que vêm do sol, em torno
da luz brilhante que é Jesus. Mas ainda há lugar para mais. Que outros nomes poderíamos
colocar lá, para ficar completo?...
Eu vou explicar: aqueles lugares estão guardados para as primeiras três pessoas que
seguiram Jesus. São pessoas da terra de Jesus e que viveram na mesma altura em que
Ele andou a anunciar o Reino de Deus neste mundo.
Vamos ouvir a história que mostra o que se passou.

2. O catequista acenda a vela e chame a atenção das crianças para a decoração com a
rede:
Aqui está uma rede de pesca! Vão estar com muita atenção e descobrir porque a
colocámos aqui.

Pega na Bíblia, aberta em Lc 5, 1-11 e pede às crianças para se porem de pé. Depois,
conta o episódio por palavras suas, lendo apenas as palavras ditas pelos personagens
que entram nele: Jesus e Simão Pedro. Se houver mais de um catequista, pode ser lido
em jogral.

61
Jesus andava a falar de Deus junto a um grande lago: chama-se “lago de Genesaré”. E
como as pessoas que chegavam para o ouvir, eram muitas, Jesus teve de subir para um
barco, para que todos o vissem e ouvissem bem. O barco era de um pescador chamado
Simão Pedro. Quando acabou de falar para as pessoas que ali se tinham juntado, Jesus
disse a Simão Pedro:
– Faz-te ao largo.

E disse aos outros pescadores:


– E vós, lançai as redes para a pesca.

Respondeu Simão:
– Mestre, trabalhámos durante toda a noite
e não apanhámos nada.
Mas, porque Tu o dizes,
lançarei as redes.

E eles assim fizeram. Lançaram as redes, e sabem o que aconteceu?...


Apanharam tanto peixe que as redes quase se rompiam e tiveram de chamar outro
barco. E, mesmo os dois, quase se afundavam.
Quando chegaram a terra, Pedro estava tão admirado, que, ao aproximar-se de Jesus,
se ajoelhou e disse-lhe:
– Senhor, afasta-te de mim,
porque sou um homem pecador.

Simão Pedro percebeu que alguma coisa especial tinha acontecido, para ter sido possível
uma tão grande pesca.
E, tão admirados como ele, estavam outros dois companheiros de pesca. Um chamava-
se Tiago e o outro João, e eram irmãos.

Jesus percebeu a confusão deles. E sabem o que disse a Simão?


– Não tenhas medo.
De futuro, serás pescador de homens.

Pescador de homens! Que ideia extraordinária!


E que fizeram Pedro, Tiago e João?

Depois de terem levado os barcos para terra,


Deixaram tudo e seguiram Jesus.

(Repetir a frase final:)


Deixaram tudo e seguiram Jesus.

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Palavra da salvação.

Crianças:
Glória a vós, Senhor.

3. Depois de as crianças se sentarem:


Agora já compreendem porque temos aqui esta rede nesta linda vela? - Porque os
pescadores usam as redes para pescar e nós estivemos a ouvir Jesus dizer aos seus
amigos: “Farei de vós pescadores de homens”. A rede representa esta promessa tão
espantosa, que até vós estais admirados. Até dissestes: “Glória a vós, Senhor”.
E com razão. O que aconteceu é mesmo para nós darmos glória ao Senhor: Jesus,
naquele lago, mostrou mesmo que é o Senhor. Depois de uma noite sem pescarem
nada, agora os pescadores mal conseguiam carregar tanto peixe nos barcos.
Mas Jesus, embora se preocupasse com as dificuldades das pessoas, não queria que
eles continuassem a pescar peixe. Queria o trabalho deles para uma pescaria especial,
extraordinária, que deixou aqueles homens admirados.
E a nós também. Como é que se vai agora pescar homens e mulheres?
Mas, quando às vezes nós não conseguimos perceber alguma coisa, o nosso coração
percebe. Assim aconteceu com eles: Pedro, Tiago e João.
Eles perceberam, com o seu coração, que a sua vida ia mudar, que eles deviam deixar
para trás a sua vida de pescadores e seguir Jesus. Sim, Jesus convidava-os para o
seguirem.

Agora, que escutámos e percebemos esta história extraordinária, podemos colocar os


nomes de (afixe, na parte superior do nome de Jesus, as cartolinas com os dísticos, ao
mesmo tempo que vai dizendo:) Pedro, Tiago e João.

(Depois, deixe que as crianças contemplem e diga:)


Pedro, Tiago e João estão na parte de cima, por duas razões:

– A principal razão: porque foram eles os primeiros a seguir Jesus, e fizeram-no com
uma coragem tão grande, que deixaram tudo: as redes, o barco, a vida que tinham
como pescadores de peixes.
Mas, valeu bem a pena. Nós até já sabíamos isso! Lembram-se do que aconteceu
com Pedro, Tiago e João, quando um dia Jesus os levou para um alto monte?...
Foi nesse monte muito alto que Jesus se tornou todo luminoso. Por isso é que o
nome dele, no placar, também está envolvido em luz. Uma luz que se estende para
os nomes das pessoas que o seguem: entre elas Pedro, Tiago e João. Porquê?

– É a segunda razão. Lembram-se do que Jesus disse a Pedro para ele o seguir? – “De
futuro serás pescador de homens”.

63
O que terá sido isso de pescador de homens? Como se trata de algo muito especial,
temos de pensar bem.
Vamos combinar assim: para começar, cada um vai desenhar o seu retrato na página
13 do catecismo, mostrando que sabe que Jesus chama pelo seu nome! Depois, na
página 14 está esta imagem de Jesus com Pedro, Tiago e João (mostrar): vamos
escrever “Eu, nome, quero seguir Jesus”, porque esta é a ideia mais importante deste
nosso ano de catequese: até temos um catecismo que se chama precisamente...
“Queremos seguir Jesus”.
E aqui, na página 16 (indicar) diz: «Pescadores de homens». Neste espaço, em
casa, a lápis, cada um vai escrever duas ideias sobre o que Jesus lhe pede, pede a
cada um de nós, quando nos convida a segui-lo (o catequista analisa as imagens
com as crianças, ajudando-as a reflectir). Também podem desenhar, se preferirem.
Seria uma grande ajuda se conversassem também com os pais, os irmãos mais
velhos, alguém que vos ajude a pensar e a escrever. E na próxima catequese vamos
escutar a história que nos explica como é que Pedro, Tiago e João e outros, depois
deles, também deixaram tudo para seguirem Jesus: vamos descobrir como é que
todos eles se tornaram pescadores de homens.
E, depois, ainda têm a página 15: para pintar e rezar com o coração, recordando o
que nós vamos fazer de seguida.

III. EXPRESSÃO DE FÉ

1. Sim, sim, porque não podemos ir-nos embora sem termos uma palavra para com Jesus.
É que nós também queremos segui-lo. Estamos a aprender e a descobrir, com o nosso
coração e o nosso pensamento, que vale a pena vir à catequese conhecer Jesus e aquilo
que Ele pede a cada um de nós.
E hoje, em que guardamos no coração esta promessa espantosa «Farei de vós pescadores
de homens», vamos compreender como, às vezes, é bom deixemos tudo para encontrar
Jesus num sítio especial: na igreja. Por isso, hoje também vamos à igreja agradecer a
Jesus por Ele querer chamar por nós.

Antes de o grupo entrar na igreja, o catequista explique que devem fazer silêncio e
caminhar em ordem, fazendo espaço no coração para esse encontro com Jesus, na
casa dele.
Uma vez lá, vão para junto do sacrário, se o houver, ou do altar. Se for junto do sacrário,
a oração sugerida a seguir deve ser feita de joelhos, desde que haja condições para
manter a ordem.

2. Agora, vamos rezar a Jesus com um cântico que já conhecem do ano passado. Aquele
em que lhe dizemos que o amamos e que Ele é o Senhor de cada um de nós. De nós e
de todos os que o seguem, a começar por Pedro, Tiago e João.

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De pé (ou ajoelhados – se for diante do sacrário)… Olhemos todos para o nome de
Jesus (ou para o sacrário ou a cruz), rezando:

Catequista:
Ó Jesus, és tu que nos chamas para te seguirmos,
como fizeram Pedro, Tiago e João.
Unidos a eles, também nós te amamos e te cantamos:

Todos:
“Jesus eu amo-te”…

Catequista:
Ó Jesus, nós queremos seguir-te,
como fazem outros teus amigos,
cujos nomes hoje recordamos
(o catequista mencione alguns dos nomes indicados pelas crianças).
Com todos estes teus amigos,
reconhecemos que és tu o único Senhor.
Por isso, te cantamos, estendendo as mãos para Ti:
(o catequista estende as mãos, dando o exemplo):

Todos:
“Tu és o meu Senhor”…

3. Se houver tempo, o catequista pode ainda ensaiar, pelo menos, o refrão do cântico:

“Jesus Cristo és meu amigo”.

Depois de um breve ensaio, convide as crianças a cantá-lo como oração conclusiva.


Antes de deixarem a igreja, ou o espaço onde estiveram a rezar, entregue a cada criança
um pequeno marcador para o catecismo e que tem a inscrição «Farei de vós pescadores
de homens e de mulheres», pedindo às crianças para não esquecerem o seu compromisso
de trabalho no catecismo, relativo a esta expressão.

4. Compromisso
Realizar a tarefa indicada no catecismo, página 16, e sugerida no final do ponto 3 da
Palavra: Onde diz «Pescadores de homens»; neste espaço, em casa, a lápis, cada um
vai escrever a sua ideia sobre o que Jesus pede a cada um de nós. Também podem
desenhar, se preferirem. Na página 15, preencher o texto e pintar, recordando a visita
feita a Jesus na igreja.

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Para guardar na memória e no coração
Jesus chama cada um de nós e diz-lhe: «Farei de ti um pescador de homens e de
mulheres».

III – DOCUMENTOS

DOCUMENTO 1

Modelo do marcador para o catecismo, para ser fotocopiado ou servir de modelo.


As crianças podem pintá-lo a seu gosto.

Farei de
vós
pescadores
de
homens
e de
mulheres.

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CATEQUESE 3

OS APÓSTOLOS ANUNCIAM-NOS
O REINO DE DEUS

I – INTRODUÇÃO

APROFUNDAMENTO DO TEMA

1. É urgente uma nova evangelização


O alarme e o desafio foram lançados, de um modo explícito e insistente, pelo Papa João
Paulo II, a partir dos anos oitenta do século passado, e mantêm toda a sua actualidade.
É urgente, antes de mais, para aqueles que dela necessitam: no dizer do Directório
Geral da Catequese (n. 26), “cristãos baptizados que, infelizmente, escondem a sua
identidade cristã, ou por causa de uma concepção errada do diálogo inter-religioso ou
por uma certa reticência em testemunhar a própria fé em Jesus Cristo, na sociedade
contemporânea.”
Não estão suficiente e convictamente esclarecidos do que S. Pedro proclama diante do
Sinédrio de Jerusalém acerca de Jesus Cristo ressuscitado: Não há debaixo do céu
outro nome, dado aos homens, que nos possa salvar (Act 4, 12). Ou do que S. Paulo
escreve, a propósito das preces, orações, súplicas e acções de graças por todos os
homens, por ele recomendadas: Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os
homens, um homem: Cristo Jesus, que se entregou a si mesmo como resgate por todos
(1 Tim 2, 1.5-6). Ou ainda do que o próprio Jesus transmite aos Apóstolos na última ceia:
Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém pode ir ao Pai senão por mim (Jo 14, 6).
Isto não significa que em religiões não cristãs não existam “sementes do verbo”: “têm
também um único fim último, Deus, cuja providência, testemunhos de bondade e desígnio
de salvação se estendem a todos, até que os eleitos sejam reunidos na cidade santa”
(NA 1). Mas que, no diálogo com elas, cristão algum perca de vista a originalidade e o
poder único do Deus de Jesus Cristo, manifestado sobretudo na sua morte redentora e
ressurreição gloriosa, o núcleo central do Evangelho.
No entanto, é sobretudo na sua presença no mundo que esses cristãos – e são tantos –
deveriam mostrar este Evangelho ao vivo nas suas vidas: não se envergonhando de falar
dele e, principalmente, procurando assumi-lo nas suas atitudes e opções práticas, de
modo que estas não sejam uma negação do Deus em que dizem acreditar… e não

67
levem outros a rejeitá-lo, falhando uns e outros o fim último e a aspiração profunda das
suas vidas: uma felicidade plena, a salvação eterna.
Mas, que esses cristãos, ainda incapazes de viver segundo Cristo, O (re)descubram e
dele verdadeiramente se apaixonem, é uma tarefa urgente também para a Igreja: para
que ela, em todas as suas comunidades, deixe de ser apenas mais uma instituição a
que muitos dos seus membros recorrem de vez em quando, não se sentindo, na prática,
a ela pertencentes; para que ela mantenha aquela vitalidade que lhe vem do Espírito que
a anima e se manifesta no testemunho vivo e convincente daquele de quem vive, Jesus
Cristo. De tal modo que ela, a sua Igreja e cada um dos seus membros, possa dizer,
com Paulo: Ai de mim, se não evangelizar (1 Cor 9, 16).

2. A exemplo e com o incentivo dos Apóstolos


A cena do envio dos doze, narrada em Lc 9, 1-6, é o complemento de duas outras
intervenções de Jesus expostas anteriormente: o seu chamamento para deixarem tudo
e, no seu seguimento, se tornarem pescadores de homens (5,1-11); e a escolha de
doze, aos quais deu o nome de Apóstolos (6,13).
São doze, porque doze eram, na origem, as tribos do povo de Deus. São doze, também,
para que, consequentemente, toda a Igreja, que representam, neles se reveja,
nomeadamente na missão de transmitir o que recebe de Cristo, seu fundador: o anúncio
do Reino de Deus, libertando os homens de tudo o que os oprime, no corpo e na alma;
acima de tudo, do pecado que está na origem da totalidade dos males, já que em Deus
até os males podem ser transformados em bens, como tão claramente se pode ver em
Jesus Cristo, sobretudo na sua morte de crucificado.
É depois deste tempo de seguimento e aprendizagem de Jesus (6, 17ss) que os doze
são por Ele enviados, para realizarem a missão que nele tinham visto e dele recebem:
Deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demónios e para curarem doenças. Depois,
enviou-os a proclamar o Reinado de Deus e a curar os doentes (9,1-2). A ordem das
tarefas a cumprir é significativa: é o acolhimento do Evangelho do Reinado de Deus, pela
entrega de fé, que dá sentido à libertação dos poderes do mal e dos sofrimentos e
doenças físicas e psíquicas. A saúde que é oferecida é para ser usada e vivida na doação,
na prática do amor, o mesmo de que se usufruiu na libertação e cura recebida.
Para isso contribui também o modo como devem fazer o anúncio por palavras e acções:
Nada leveis para o caminho: nem cajado, nem alforge, nem pão, nem dinheiro. Nem
tenhais duas túnicas (9, 3). Um desprendimento que é uma expressão viva, sem dúvida
a mais convincente, da mensagem anunciada. Se esta consiste num amor total e
incondicional da parte de Deus, em Cristo seu Filho, haverá outro modo de a proclamar
que não seja pela prática do amor? Um amor que exige desprendimento, hábitos de vida
reduzidos ao mais simples, exclusão de qualquer intenção de recompensa pelos serviços
prestados – a não ser a do mesmo amor que se recebe e se vive com a mesma
universalidade e a mesma gratuidade.

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A missão dos Doze em plena vida pública de Jesus é vista como uma espécie de ensaio
geral para a grande missão que irão receber depois da morte e ressurreição de Cristo, o
acontecimento pascal, aquele em que Deus se manifestou mais claramente como Senhor
da vida, aquele em que o seu Reino teve e tem a sua expressão máxima.
Um acontecimento que definitivamente conquistou os doze e outras testemunhas do
ressuscitado para o anúncio do Evangelho e a sua expansão e extensão até aos nossos
dias: a Boa Nova já não apenas realizada por Jesus, mas acerca de Jesus, presente e
actuante nas palavras que o anunciam e naqueles que, pelo testemunho de vida, as
anunciam (cf. Lc 24, 46-48; Act 1, 8). Só assim o anúncio adquire a sua força de
“querigma”: de “grito” expressivo da energia sobre-humana que sai dos arautos que o
proclamam, a energia do Ressuscitado de quem vivem.

3. Uma catequese querigmática


O Directório Geral da Catequese distingue entre “primeiro anúncio e catequese”. “O
primeiro anúncio é dirigido aos não crentes e àqueles que vivem de facto na indiferença
religiosa. Ele tem a função de anunciar o Evangelho e de chamar à conversão. A catequese,
«distinta do primeiro anúncio do Evangelho» (CT 19), promove e faz amadurecer esta
conversão inicial, educando a fé do convertido e inserindo-o na comunidade cristã. A
relação entre estas duas formas do ministério da Palavra é, portanto, uma relação de
distinção na complementaridade” (DGC 61). A catequese pressupõe o anúncio e este
exige o aprofundamento catequético.
“Todavia, na prática pastoral, as fronteiras entre as duas acções não são facilmente
delimitáveis. Acontece frequentemente que as pessoas que acedem à catequese,
necessitam, de facto, de uma verdadeira conversão. Por isso, a Igreja deseja que,
ordinariamente, uma primeira etapa do processo catequético seja dedicada a assegurar
a conversão. Na «missão ad gentes», esta tarefa realiza-se através do «pré-
catecumenado». Na situação requerida pela «nova evangelização», esta tarefa realiza-
se por meio da «catequese querigmática» que alguns chamam «pré-catequese», porque,
inspirada no pré-catecumenado, é uma proposta da Boa Nova em ordem a uma sólida
opção de fé. Somente a partir da conversão, isto é, apostando na atitude interior «daquele
que crê», a catequese propriamente dita poderá desenvolver a sua tarefa específica de
educação da fé” (Ibidem 62).
É, genericamente, esta “catequese querigmática” que se está a realizar nos anos da
catequese infantil de que este é o terceiro. Algumas das crianças, cada vez mais, são
inscritas na catequese sem serem baptizadas. Muitas outras, depois do Baptismo em
tenra idade, não tiveram qualquer “despertar religioso”. E mesmo aquelas que tiveram a
dita de crescer em família de reconhecida prática cristã, mesmo para essas, o
aprofundamento da fé precisa de, pelo menos, ser fortalecida por uma renovada adesão
a Cristo. De resto a fé não consiste apenas em conhecer os seus conteúdos, mas tem
de levar à entrega confiante Àquele em quem se acredita.

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Que o catequista, nesta “catequese querigmática”, como aliás em todas as outras, tem
um papel fundamental, está fora de qualquer dúvida. Espera-se dele sobretudo um
testemunho de fé vivida, designadamente e sobretudo no acto catequético, que se estende
por todos os dias. Com este efeito gratificante: quanto maior for o testemunho, mais se
fortalece a fé naquele que tem a felicidade de a ter. É como o amor: cresce pela prática.

OBJECTIVOS
– Acolher e admirar os cristãos que seguem Jesus;
– Reconhecer o lugar dos primeiros Apóstolos no seguimento de Jesus e no anúncio do
Reinado de Deus;
– Fortalecer a adesão a Cristo, em ordem ao seu anúncio.

OBSERVAÇÕES PEDAGÓGICAS
1. Esta catequese começa e baseia-se num dos contributos dados pelas crianças na
catequese anterior: serão agradavelmente surpreendidas pela presença de uma das
pessoas que apontaram e admiram pela prática cristã e, assim, incentivadas, pelo seu
testemunho, a seguir Jesus com maior convicção. Só se, de todo, for impossível o
testemunho presencial dessa pessoa, se opte por uma das outras duas alternativas da
Experiência Humana.

2. Quer para 1ª quer para a 2ª alternativa procure-se uma pessoa que tenha uma experiência
de vida cristã significativa para as crianças. Além disso, deve ser convidada com
antecedência e preparar a sessão com o catequista: compreender um pouco as
características do grupo, definir os objectivos do relato que vai fazer, adaptar o seu
comportamento e discurso às capacidades das crianças

3. Para que as crianças, não apenas acolham o testemunho que lhes é oferecido, mas
sejam conquistadas para se tornarem, também elas, testemunhas do Evangelho, é
sugerido que, a seu modo, assumam o papel de Jesus no chamamento dos primeiros
Apóstolos, aqueles que garantiram o anúncio do Evangelho que se estende até aos
nossos dias, incluindo a presente catequese. Espera-se que, no final da Expressão de
Fé, as crianças, depois de se unirem aos doze na oração do Pai Nosso, aceitem bem o
convite para, sobretudo nas suas famílias, transmitirem a mensagem recebida e a
experiência vivida.

4. O catequista use todos os meios ao seu alcance para que as crianças cumpram a tarefa
que lhes é pedida: informar-se junto de outras pessoas sobre a sua opinião acerca de
Jesus. A próxima catequese terá essas respostas como ponto de arranque e de apoio.

MATERIAIS
– O dístico “Jesus” (catequeses anteriores);

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– 12 cartolinas, no formato usado nas catequeses anteriores (cf. Documento 1 da 1ª
catequese) cada uma com o nome de um dos Doze Apóstolos: “Pedro”, “Tiago (Zebedeu)”,
“João”, “André”, “Filipe”, “Bartolomeu”, “Mateus”, Tomé”, “Tiago (Alfeu)”, “Tadeu”, “Simão”
e “Judas” (cf. Mc 3, 16-19 ou Mt 10, 2-4);
– Fotografias ou outras imagens ilustrativas da experiência humana (conforme a alternativa
adoptada);
– Dísticos: “Pescadores de homens”; “Proclamar o Reino de Deus”; “Curar os doentes” e
“Apóstolos”.
– Folhas A5, uma para cada criança, com a pergunta “Para ti quem é Jesus” (se o catequista
achar necessário);
– Bíblia;
– Velas, se possível, decoradas com uma pequena rede de pesca.

MÚSICAS
– “Jesus Cristo és meu amigo”;
– “Jesus Cristo é Senhor”.

II – DESENVOLVIMENTO DA CATEQUESE

Preparação da sala:
– No placar, ao centro, o dístico “Jesus”, usado nas duas catequeses anteriores.
– Na mesa, a Bíblia, um ou dois castiçais, apagados, e 12 cartolinas, do formato das
usadas nas catequeses anteriores, mas cada uma com um nome dos doze Apóstolos,
voltados do avesso e em volta da Bíblia.

I. EXPERIÊNCIA HUMANA

1. Se o grupo não for grande, o catequista pode começar, como na catequese anterior, por
chamar cada criança, pelo seu nome, pedindo-lhe que se ponha de pé e que responda
“Estou aqui”. Se forem muitas as crianças, a chamada pode ser feita do mesmo modo,
mas nos pequenos grupos e imediatamente antes de ser dirigida a palavra a todas.
Quando estiverem todas de pé, diga-lhes o catequista:
Mais uma vez responderam prontamente: “Estou aqui”. E responderam a quem? – Claro
que não foi só a mim (ou aos vossos catequistas), mas Àquele que vos chama através
de nós. Quem é Ele? – Jesus.
Então cantemos-lhe o cântico que aprendemos no final da catequese anterior. (Se não
foi ensaiado, o catequista ensaie rapidamente o refrão:)

“Jesus Cristo és meu amigo” (1ª estrofe e refrão).


Pode, em vez deste cântico, cantar-se: “Cristo Jesus, Tu me chamaste”.

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2. Podem sentar-se…
Jesus é muito importante para nós. Dizemos que Ele é “caminho e luz”.
Já alguma vez repararam no que acontece quando, nas noites de Verão, temos a janela
aberta e uma luz acesa? Pois é, facilmente uma borboleta se aproxima da luz. Sente-se
atraída pela luz.
Assim é Jesus para nós, uma luz que nos atrai. Ele propõe-nos um caminho, o caminho
de ser cristão. E como Ele nos atrai – como a luz – nós queremos seguir esse caminho.

Foi por isso que nós colocámos os nossos nomes em redor do nome de Jesus, mostrando
como a sua luz nos chama.
Mas, depois colocámos lá outros nomes. Lembram-se? Muitas outras pessoas seguiram,
e seguem, Jesus. Lembram-se de algumas daquelas que já tiveram os nomes escritos
em volta do nome de Jesus? (Deixar que as crianças se exprimam e, no final, seguir uma
das seguintes alternativas, por ordem de prioridade:)


Alternativa

Tomem muita atenção, pois uma pessoa que gosta muito de Jesus e segue o seu
caminho vai agora estar connosco. Vai-nos mostrar como procura seguir Jesus.

O catequista faça entrar a pessoa convidada e peça às crianças uma saudação, por
exemplo, uma salva de palmas.
Depois, apresente-a e peça-lhe que conte às crianças como é que, na sua vida, procura
seguir Jesus: na família (se for o caso), no trabalho, na Igreja.
O testemunho pode ser ilustrado com fotografias ou imagens projectadas em ecrã, mas
ser simples (uma atitude ou acção para cada área da sua vida, mostrando harmonia
entre estas), directo e não muito longo.
O catequista pode colocar algumas perguntas ou, se tiver tempo, deixar que as crianças,
uma vez terminado o testemunho, interroguem o convidado sobre o que acabou de lhes
explicar. No fim, o catequista refira as ideias principais, para ajudar as crianças a reter
o essencial.


Alternativa

O catequista afixe no placar a fotografia de uma ou duas das pessoas já mencionadas


pelas crianças na catequese anterior. Pergunte-lhes se a(s) reconhecem e exponha-lhes
brevemente as actividades desenvolvidas por ela(s), como cristãos que assim procuram
seguir Jesus.

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Também aqui podem ser usados equipamentos de projecção, com fotografias ou filmes.
Nesse caso, é possível acompanhar as imagens de uma legenda breve e expressiva,
que contenha o essencial da mensagem…


Alternativa

O catequista afixe no placar a imagem de uma pessoa, venerada como santo, que ainda
seja relativamente desconhecida das crianças.
Depois de a identificar, ou desafiar as crianças a fazê-lo, exponha brevemente o que fez
essa pessoa no seguimento de Jesus. Seja, quanto possível, um santo venerado na
paróquia ou que, pela sua idade ou outro género de proximidade, permita às crianças
admirar as suas virtudes e modos de viver cristãos.
Também aqui podem ser usados equipamentos de projecção, com fotografias ou filmes.
Nesse caso, é possível acompanhar as imagens de uma legenda breve e expressiva,
que contenha o essencial da mensagem.

3. Para todas as alternativas:


Agora que já ouvimos como é possível seguirmos o caminho de Jesus na nossa vida e
tivemos o testemunho de (indicar o nome da pessoa que deu o testemunho ou daqueles
que o catequista referiu), acho que podíamos cantar com ele/ela (ou unidos a ele/ela) o
cântico que há pouco cantámos a Jesus.
Para mostrarmos a nossa alegria, batemos as palmas, enquanto cantamos:

“És para mim Jesus” (refrão e 2ª estrofe).

II. PALAVRA

1. Depois de as crianças se sentarem:


Como vemos, afinal há muitas pessoas que querem seguir Jesus.
Hoje vamos pôr, em volta do nome luminoso de Jesus, os nomes de todas as primeiras
pessoas que o seguiram. Na última catequese já lá estiveram três. Mas, depois dessas
três, houve outras que também deixaram tudo e seguiram Jesus. Vamos ver como se
chamavam.
E olhem: para dizer o seu nome, podeis ser vós. Ireis fazer como Jesus fez, quando Ele
andou na terra a anunciar o Reino de Deus.

Fazemos assim: vou chamando por (alguns de) vós. E quando um de vós ouvir o seu
nome, aproxima-se de mim. Entrego-lhe uma cartolina com o nome do amigo de Jesus,
e depois de o receber, leia o nome para todos ouvirmos e vai colocá-lo no placar, em volta
do nome de Jesus. Depois, volta para o seu lugar e eu chamo outro menino ou menina.

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Vamos começar pelos três amigos de Jesus que já conhecemos da última catequese.

Se não perturbar a concentração, as crianças podem acolher cada nome com uma salva
de palmas: para agradecer o exemplo que este amigo de Jesus nos dá.

No final pode cantar-se de novo o cântico anterior, neste caso em união com os nomes
dos doze Apóstolos em volta de Jesus:

“És para mim Jesus” (refrão e 1ª ou 2ª estrofe).

2. Para que terá Jesus chamado todas estas pessoas? (Pode dizer os seus nomes e, se é
conhecido, o que faziam antes de seguirem Jesus).
Imaginem, deixaram tudo o que faziam e seguiram Jesus. Mas, para quê?
Em primeiro lugar, foi para ouvir o que Jesus ensinava às pessoas acerca de Deus.
Depois, para ver como Ele vivia e o bem que fazia, em nome de Deus: como Ele curava
os doentes, acolhia os que faziam pecados, recebia e abençoava as crianças; como
ensinava a todos a amar a Deus e a amarem-se uns aos outros.
E houve uma coisa que Ele lhes ensinou e nós aprendemos no ano passado. O que foi?
– O Pai Nosso, aquela oração tão bela que também nós aprendemos e rezamos tantas
vezes.
Mas, terá sido só para isso, para ouvir e ver Jesus, que eles o seguiam?...
Quem se lembra do que Ele disse a Pedro e nós ouvimos aqui na última catequese?...
O catequista mostra a vela decorada com a pequena rede de pesca.
Depois de as crianças tentarem responder, o catequista afixe, na parte inferior do placar,
o dístico “pescadores de homens”. E comente:
Isto foi o que Ele disse a Pedro e seu irmão André e ainda a Tiago e João, os filhos de
Zebedeu, que já eram pescadores: doravante “sereis pescadores de homens”.
Mas também os outros oito (pode apontar) foram chamados para o mesmo: para serem
“pescadores de homens”. Não é uma ideia extraordinária?
Mas, como podemos ser pescadores de homens? Pescar homens e mulheres como e
para quê?

3. Vamos ouvir Jesus. É Ele quem nos vai explicar como é que podemos ser pescadores
de homens e mulheres. Explicou pela primeira vez àqueles amigos de então (apontar o
placar) e agora explica-nos a nós que também o queremos seguir, para fazermos o que
Ele lhes mandou fazer. Ouçamos então o que Ele lhes disse.

A leitura de Lc 9, 2.6 pode ser feita pelo catequista ou pela pessoa convidada na 1ª
alternativa da experiência humana, depois de acesas as velas decoradas com as redes
de pesca e de as crianças se levantarem:

74
Catequista/leitor:
O Senhor esteja connosco.

Crianças:
Ele está no meio de nós.

Catequista/leitor:
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Lucas:

Crianças:
Glória a vós, Senhor.

Catequista/leitor:
Naquele tempo,
Jesus chamou os doze Apóstolos
e depois enviou-os
a proclamar o Reino de Deus
e a curar os doentes.
Eles partiram
e foram de terra em terra,
a anunciar a Boa Nova
e a realizar curas por toda a parte.

Palavra da salvação.

Crianças:
Glória a vós, Senhor.

4. Depois de as crianças se sentarem:


Então, como é que os doze amigos de Jesus se tornaram “pescadores de homens”?...
O catequista vai afixando, de um lado e outro do placar, os seguintes dísticos e
comentando:

– Proclamar o Reino de Deus”. Jesus e, depois dele, os seus doze amigos


comunicavam às pessoas que Deus, seu Pai e nosso Pai, era mesmo amigo delas:
Dizia aos pobres, aos que passavam fome, aos que andavam tristes, a todos os que
sofriam, a esses dizia que se alegrassem, porque Deus ia acabar com os seus
males. Ia fazer com que as pessoas fossem mais amigas umas das outras.
Para isso, Jesus e, depois, os seus amigos convidavam as pessoas que faziam
coisas erradas – por exemplo, mentiam, desprezavam os outros, não queriam saber
de Deus – a essas dizia para se arrependerem do mal que faziam e deixassem de o
praticar. Só assim poderiam ser felizes, fazendo felizes as outras pessoas.

75
– “Curar os doentes”. Jesus e, depois dele, também os doze amigos tinham um
cuidado e um carinho especial pelos doentes. Até porque muitos desses doentes
não tinham quem se interessasse por eles. Outros, como os que sofriam de uma
doença da pele, isto é, os leprosos, tinham de viver sozinhos. Ora bem: Jesus e os
seus discípulos curaram muitos desses doentes dos seus males. Por isso, ficavam
a ser mais amigos de Deus e de Jesus.
E aos que faziam o mal? Também esses muitas vezes só eram desprezados pelas
outras pessoas. Jesus, ao contrário, tornava-se amigo deles, para que eles se
convertessem e fizessem o bem. E era isso que também os doze amigos deviam
fazer: curar as pessoas das doenças do corpo e da alma, isto é, das maldades e dos
pecados.

Todas estas coisas maravilhosas aconteciam por causa de Jesus (apontar para o seu
nome). A luz do bem, do amor e da paz que dele saía, passava para os seus amigos
(apontar para os nomes deles). E assim é que estes seus amigos eram enviados a fazer
o mesmo.

Às vezes, não conseguimos ter saúde no corpo. Mas, se amarmos a Deus e formos
boas pessoas, temos saúde na alma e somos felizes. O Reino de Deus significa, nas
nossas vidas, que somos bons, que somos capazes de amar muito as outras pessoas,
de lhes perdoar os seus erros, de as ajudar, de viver com paz. Quando vivemos assim,
vivemos no Reino de Deus.

Percebem agora como é que os doze Apóstolos se tornavam “pescadores de homens”


(apontar o dístico)?.. Exacto! “Pescavam” as pessoas do mal em que viviam e de uma
vida triste e infeliz, para uma vida nova em que cada um se tornava amigo de Jesus e de
Deus e aprendia a ser bom. Quando somos mesmo amigos de Deus e de Jesus, tornamo-
nos bons e somos felizes.
Por isso, hoje, Jesus está aqui, na catequese, a chamar por cada um de nós e a dizer-
nos: vamos pescar as pessoas para as ajudarmos a viver a vida boa dos amigos de
Jesus.

III. EXPRESSÃO DE FÉ

1. O catequista afixe, ao alto do placar, o dístico “Apóstolos” e explique:


Sabem por que chamamos “apóstolos” àqueles primeiros amigos de Jesus? “Apóstolos”
quer dizer “enviados”. Como vimos, eles foram os primeiros enviados por Jesus a proclamar
o Reino de Deus.
Por isso, eu acho que lhes devemos estar muito agradecidos. Se não tivessem sido
eles, nós hoje não conhecíamos Jesus. Eles foram os primeiros a dizer a todas as
pessoas: “Tenho uma novidade! Jesus quer que sejas bom e vivas feliz”. Muitas pessoas

76
escutaram-nos, mudaram a sua vida e falam de Jesus a mais pessoas… assim, até
chegar ao nosso grupo!
Foi assim que, por exemplo, chegou até nós a oração do Pai-Nosso que Jesus nos
ensinou e em que rezamos também pelo Reino de Deus. Com que palavras?... Exacto:
“Venha a nós o vosso reino”. Não é maravilhoso?!
E se nós fossemos rezar esta bela oração, em sinal de gratidão aos doze Apóstolos e a
Jesus que os enviou?
Podemos fazer assim:

Primeiro cantamos o cântico sobre o Reino de Deus que aprendemos no ano passado e
que podemos acompanhar de gestos.
O catequista exemplifica:
“Jesus Cristo é Senhor: mãos erguidas e corpo inclinado;
Que de seu Pai nos traz: mãos e braços abertos e a cabeça voltada para o alto;
Um Reino só de amor: mãos pousadas no coração;
Um Reino só de paz”: todos de mãos dadas.

Depois rezaremos o Pai Nosso: todos de mãos dadas e elevadas para Deus.

No final cantamos outra vez e com os mesmos gestos. De acordo?


Então ponham-se de pé…guardemos silêncio…e cantemos:
– “Jesus Cristo é Senhor”…
– Pai Nosso …
– “Jesus Cristo é Senhor”…

2. Compromisso
Podem sentar-se.
Ainda tenho uma proposta. Se nós aprendemos a seguir Jesus porque outras pessoas
nos mostraram quem é Jesus e o que Ele fez, não vos parece que nós temos de fazer o
mesmo. Já são capazes, não são? Então, vamos ver do que são capazes:

– Primeiro, gostava muito que contassem lá em vossa casa, aos pais ou avós, o que
hoje aprenderam sobre Jesus e os Doze Apóstolos. E rezem o Pai-Nosso juntos.
Depois, não se esqueçam de lhes dar um grande abraço, para lhes agradecer: a
muitos de vós, foram os pais, os avós, os padrinhos, as primeiras pessoas que vos
falaram de Jesus.

– Segunda coisa: vão ter com duas pessoas, fora da nossa catequese e da nossa
casa, e façam-lhe uma pequena entrevista. Só com uma pergunta: “Para ti, quem é
Jesus?” Depois escrevam as respostas na página 20 do catecismo (mostrar) e tragam-
nas para a próxima catequese. Não se esquecem?

77
– Por fim, na página 17 do catecismo (mostrar) têm aqui um quadro do pintor Duccio,
em que vemos Jesus chamando os Apóstolos, e imagens de pessoas, como nós,
que ensinam ou curam, como Jesus lhes pediu: aos apóstolos e a eles. E nos pede
a nós! Por isso, também vão escrever ou desenhar uma ou duas situações em que
vós também agis como “pescadores de homens e de mulheres”. Pensam muito bem
e registam aqui.

Se o catequista, achar oportuno e eficaz, pode distribuir por cada criança uma folha A/
5 com a pergunta e com espaço para, pelo menos, duas respostas, e que servirá como
rascunho, pois as respostas devem ser transcritas para o catecismo. Entretanto, durante
a semana, pode ir lembrando as crianças a realização da tarefa, pelos meios de contacto
que tiver à disposição.

Para que não se esqueçam, vamos cantar outra vez:

“És para mim Jesus” (refrão e 4ª estrofe).

Para guardar na memória e no coração

Como Jesus enviou os doze Apóstolos, também hoje envia os cristãos a anunciar o
Reino de Deus.

78
CATEQUESE 4

EU CREIO QUE SOIS CRISTO

I – INTRODUÇÃO

APROFUNDAMENTO DO TEMA

1. Jesus – o “Cristo”
Hoje estamos habituados a chamar-lhe simplesmente “Jesus Cristo.” Isto é, “Cristo”
passou, ainda no tempo em que se formou o Novo Testamento, de um título para um
nome, que se juntou ao nome originário “Jesus”, dado pelos seus pais, embora por
revelação divina (Mt 1, 21).
Tendo apenas um nome, como era normal entre os Judeus, Jesus distinguia-se de outras
pessoas com o mesmo nome pela indicação da terra (“de Nazaré”) ou dos pais (“filho de
Maria e/ou José”) ou da profissão (“o carpinteiro” – Mc 6, 3). Portanto, os pais de Jesus
não lhe chamaram “Cristo” nem, provavelmente, alguma vez se atreveriam a fazê-lo. Pois
“Cristo” era um título reservado a pessoas que – e só elas – podiam exercer o cargo
expresso em hebraico por “Messias”, em grego por “Cristo” e em português por “Ungido”.
Na origem, esse título era dado ao rei que, ao ser constituído na missão e dignidade real
era, de facto, “ungido” com azeite por um profeta ou sacerdote, representante de Deus.
Com o azeite, devido ao seu poder fortificante e, em casos de doença, curativo, era
transmitido, em forma de sinal, a energia de que o novo rei necessitava: as qualidades
físicas e psíquicas, sapienciais e religiosas, necessárias para bem governar o povo que
lhe era confiado.
Sendo uma energia vinda de Deus, o rei era conhecido pelo “Ungido (Cristo ou Messias)
do Senhor”. Com o andar dos tempos a mesma unção passou a ser feita também a
sacerdotes e, mais tarde, a profetas (cf. CIC 436). Todos eles precisavam de uma especial
intimidade e comunhão com Deus. Uma relação que, no caso dos reis, era também
expressa pelo título de “Filho de Deus”. Mas, para o povo de Deus do Antigo Testamento,
não passava de uma simples filiação adoptiva (cf. 2 Sam 7, 14; Sl 81/82, 6; CIC 441).
Não sendo Cristo o nome original de Jesus, pergunta-se: quando e por que razões lhe foi
atribuído esse título e com tal intensidade e frequência, que acabou por se tornar nome
próprio, até ao ponto de ser exclusivo dele? É mesmo um nome que, juntamente com
outros títulos, como “Filho de Deus”, “Senhor”, “Salvador do Mundo”, é, desde que lhe é

79
aplicado, objecto da fé dos cristãos. No Símbolo dos Apóstolos proclamamos: “Creio em
Jesus Cristo, seu (de Deus) único Filho, Nosso Senhor”. Porquê e em que sentido?

2. “Tu és o Cristo”
É assim que Pedro, em nome dos restantes discípulos que seguiam Jesus, responde à
pergunta: E vós, quem dizeis que Eu sou? Uma pergunta feita em contraste com as
opiniões expressas por outros acerca dele: uns dizem ser João Baptista; outros, Elias;
e outros que és um dos profetas. Quer dizer que, nem para Jesus nem para os discípulos,
alguma dessas figuras, das mais famosas da história do povo de Deus e dentro das
expectativas de então, correspondia à grandeza, ao poder e à dignidade de Jesus. Só
Ele merecia verdadeiramente ser chamado “Messias” ou “Cristo”. Porquê?
A cena é narrada em Mc 8, 27-29 (cf. Mt 16,13-20; Lc 9, 18-21), isto é, no auge da
actividade messiânica, solenemente introduzida em 1, 1-15 e narrada a partir de 1, 16: o
anúncio, por palavras e acções, do Reinado de Deus. Um anúncio que ia crescendo em
intensidade: no poder repetidamente manifestado sobre os espíritos impuros; nas curas
de toda a espécie de doenças; no domínio de forças da natureza, como era o mar em
tempestade (4, 35-41; 6, 45-52); na restituição da vida a uma criança defunta (5, 21-43);
na multiplicação de alguns pães e alguns peixes para uma multidão imensa (6, 34-44; 8,
1-10); na autoridade com que enfrentava e infringia interpretações da Lei (2, 1-3, 6); nas
parábolas que dirigia às multidões (4, 1-34). Razões mais do que suficientes para uma
crescente admiração por parte de quem a tudo assistia ou até disso usufruía.
Daí as perguntas, expressivas dessa admiração: Que é isto? Eis um novo ensinamento,
e feito com tal autoridade, que até manda aos espíritos impuros e eles obedecem-lhe!”
(1, 27);”Nunca vimos coisa assim! (2,12); Quem é este, a quem até o vento e o mar
obedecem? (4, 41); De onde é que isto lhe vem e que sabedoria é esta que lhe foi dada?
Como se operam tão grandes milagres por suas mãos? (6, 2). E, enquanto os Doze, por
Ele enviados, se encontram na mesma missão de anúncio do Reinado de Deus, a sua
fama chega aos ouvidos do próprio rei Herodes Antipas, que se atreve a formular uma
primeira resposta: Este é João Baptista, que ressuscitou dos mortos; e por isso manifesta-
se nele o poder de fazer milagres (6, 14).
É dessa opinião e das outras referidas que os discípulos são portadores em 8, 28. Para
eles, porém, Jesus é o Cristo. É a primeira vez que o título volta a aparecer no relato de
Marcos, depois de, no início, ser intitulado de Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus
(Mc 1, 1). Quer dizer que o livro poderia terminar com a confissão de Pedro. Isto é, o
leitor sabe, finalmente, porquê e como é que Jesus é o Messias e Filho de Deus.
Mas não, o relato não termina aqui. Mais: à confissão de Pedro, Jesus reage do modo
talvez mais inesperado: Ordenou-lhes então que não falassem dele a ninguém (8, 30).
Não será então verdade o que Pedro acaba, solene e convictamente, de proclamar?

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3. Cristo – pela cruz
Se Jesus proibiu os discípulos de divulgarem a sua condição messiânica, era porque
ainda não chegara a hora de a revelar naquela verdade e plenitude só acessível à fé e, ao
mesmo tempo, geradora da autêntica fé.
E isso só acontece depois de Ele, atraiçoado por um dos Doze, ser levado ao supremo
tribunal judaico, o Sinédrio. É aí que o supremo juiz, o Sumo Sacerdote, pergunta
solenemente a Jesus: És Tu o Messias, o Filho do Deus Bendito? A resposta de Jesus:
Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poder de Deus e vir sobre as
nuvens do Céu (14, 61-62).
Uma blasfémia – aos olhos do Sumo Sacerdote e dos restantes juízes. De facto, Jesus
acaba de reivindicar para si um poder divino: Eu sou, só Deus o poderia afirmar de si
próprio (cf. Ex 3, 14); estar sentado à direita do Poder e vir sobre as nuvens do Céu,
significa ter uma dignidade que leva a participar do poder, que só Deus tem, de julgar a
humanidade (Sl 109/110, 1; Dn 7, 13). Daí a sentença unânime: é réu de morte (Mc 14,
64).
A verdade, porém, é que foi mesmo na cruz que Jesus adquiriu, definitivamente, a condição
e o direito de ser reconhecido e proclamado Cristo e Filho de Deus. E o centurião romano,
um pagão que assistiu à execução da sentença até à consumação final, foi o primeiro a
declará-lo: Verdadeiramente este homem era Filho de Deus! (15, 39). Porque Ele, até na
mais radical solidão da morte, totalmente se entregou a Deus, nomeadamente pela
oração que lhe dirigiu, por isso na sua morte adquiriu para sempre aquela energia, aquela
vitalidade que só Deus tem. No dizer dum conhecido hino, transmitido por S. Paulo,
rebaixou-se a si mesmo, feito obediente até à morte e morte de cruz. Por isso mesmo,
Deus o super-exaltou acima de tudo e lhe concedeu o nome que está acima de todo o
nome: o de Senhor, até então e de um modo absoluto, atribuído exclusivamente a Deus
(Fil 2, 8-9).
Feito deste modo “Cristo”, no sentido mais completo do termo, Jesus é, ao mesmo
tempo, fonte e modelo de fé. Pela sua entrega a Deus e aos homens, como é próprio de
quem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos
(Mc 10, 45), Ele conquista-nos para O seguirmos, designadamente pela libertação do
pecado, pois é o pecado que nos impede de o fazermos. Um seguimento pelo mesmo
caminho por Ele andado: Se alguém quiser seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a
sua cruz e siga-me (8, 34) … para, como Ele e com Ele, ganhar aquela vida que Ele tem
em plenitude – como Cristo.
Disso são testemunhas os catequistas que o fazem, designadamente em relação aos
catequizandos com os quais confessam a sua fé: “Senhor, eu creio que sois Cristo!”

OBJECTIVOS
– Descobrir quem é Jesus para os cristãos;
– Aprender o significado do título “Cristo” ou “Messias”;
– Professar a fé em Jesus Cristo.

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OBSERVAÇÕES PEDAGÓGICAS
1. Quem é Jesus? É a pergunta central nesta catequese, como na vida cristã. Como o foi
durante e depois da vida pública de Jesus. Uma pergunta que começam por fazer, para
depois lhes ter sido feita a elas próprias. Tal como entre os Apóstolos e Jesus. De tal
modo que as crianças são levadas a identificar-se com eles: na pergunta e na resposta.

2. Para que a afirmação: “Tu és o Cristo!” seja uma autêntica confissão de fé, uma entrega
Àquele que merece mais do que ninguém este título pleno de história e significado, a
experiência humana decorre já num clima de fé, e, na Expressão de Fé propriamente
dita, a explicação do significado de “Messias” é inserida no cântico que faz do título
messiânico objecto do acto de fé.

3. Atenda-se à tradução de Mc 8, 29: não deve ler-se “Messias” na resposta de Pedro, mas
“Cristo”, fundamentalmente por ser o título que acabou, ao longo da história do cristianismo,
por se tornar um nome próprio.

MATERIAIS
– Dístico “Jesus” (catequese anterior);
– Dístico “Cristo”, do formato e, pelo menos, do mesmo tamanho do anterior;
– Dísticos “Ungido”, “Rei” e “Sacerdote”;
– Letras recortadas do dístico “Messias” que, depois de juntas, são afixadas no placar (ver
Expressão de Fé) e formam, juntamente com os dísticos anteriores, uma cruz (ver
Documento 1);
– Uma série de cartões, de diferentes cores, recortados em forma de estrelas: três com os
dísticos “João Baptista”, “Elias” e “Profeta”, e os restantes para neles serem escritas as
respostas trazidas pelas crianças (ver Experiência Humana);
– Clipes (2ª alternativa da Experiência Humana);
– Lápis;
– Bíblia;
Quem dizes
– Uma vela, que pode ser decorada com o pequeno dístico:
que Eu sou?

MÚSICAS
– “Jesus Cristo é Senhor”;
– “Senhor, eu creio que sois Cristo”;
– “Sou de Cristo, sou feliz”.

II – DESENVOLVIMENTO DA CATEQUESE

Preparação da sala
– No placar: ao centro, o dístico “Jesus” das catequeses anteriores.
– Sobre a mesa: a Bíblia e a vela apagada.

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I. EXPERIÊNCIA HUMANA

1. Como ligação com a catequese anterior, pode começar-se com o cântico, acompanhado
dos gestos sugeridos então:

“Jesus Cristo é Senhor” (Refrão)

Depois de sentadas as crianças:


Então digam lá quem é que fez o que combinámos aqui na última catequese. Lembram-
se? Eram duas coisas.
A primeira era contar lá em casa, a alguém da família, o que aprenderam sobre Jesus e
os Doze Apóstolos e, depois, rezarem o Pai Nosso juntos. Vamos ouvir aquilo que
conseguiram fazer.
Num grupo pequeno é estimulante todas as crianças serem chamadas a contar a sua
experiência; num grupo maior o catequista interpelará duas ou três).

Não sei se repararam, mas quando contaram o que tinham aprendido e, depois, rezaram
e deram um abraço a quem vos ensinou a amar Jesus, em tudo isso estiveram a fazer o
trabalho de pequenos Apóstolos: foram, à vossa maneira, anunciar o Reino de Deus. Por
isso, vamos agradecer, com alegria, cantando outra vez, e com os mesmos gestos, o
cântico:

“Jesus Cristo é Senhor”

2. Mas havia ainda mais alguma coisa. (Nome) lembras-te do que combinámos?...
Exacto: combinámos fazer, a outras duas pessoas, esta pergunta: “Para ti quem é
Jesus?”
Vamos lá ler o que escreveram na página 20 do catecismo.
Para apresentar as respostas, vamos fazer assim:


Alternativa

Grupo pequeno
Vós ides lendo as respostas, um de cada vez, e eu escrevo-as nuns cartões coloridos
que preparei e depois vamos afixando no placar, em volta do nome de Jesus. Se quiserem,
podem dizer quem foram as pessoas que vos responderam. De acordo?

À medida que cada criança vai respondendo, o catequista escreva, em várias cartolinas
em forma de estrela o resumo das respostas das crianças: com um título ou uma
qualidade. E vá pedindo, a cada criança, para as afixar no placar, em volta do dístico
“Jesus”, de tal modo que, no fim, se pareça com um céu estrelado.

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Alternativa

Grupo grande
Numa primeira etapa, cada criança copie, para uma das cartolinas em forma de estrela,
a resposta que, em casa, registou na página 20 do catecismo.
Uma vez feito isto, e como é natural que haja respostas parecidas, reúnam-se as crianças
em grupos de quatro, para verificar se há respostas iguais ou parecidas e, nesse caso,
prenderem umas às outras as “estrelas” com um clipe. O catequista deve circular entre
os grupos, para ajudar.
No final do trabalho de grupos, a apresentação das respostas pode ser feita por uma
criança de cada grupo, que leia as respostas registadas e entregue as “estrelas” a outra
criança, para esta as afixar no placar.


Alternativa

Para o caso de poucas, ou nenhumas, das crianças ter recolhido as respostas


O catequista comece por perguntar, pessoalmente, a cada criança: “Quem é Jesus para
ti?”, e vá registando um resumo de cada resposta – sob a forma de um título ou qualidade
de Jesus – numa cartolina grande ou quadro, não esquecendo a sua própria resposta.
Depois, entregue uma das cartolinas em forma de estrela a cada criança – e guarde
uma para si – pedindo-lhes que copiem o que ficou registado da sua própria resposta.
Por fim, chame cada criança e peça-lhe para afixar a sua “estrela” em torno do dístico
“Jesus”. A concluir, afixe a sua e leia todas as demais.

3. Para qualquer das alternativas:


Que bela composição fizemos! Parece mesmo um céu estrelado, em volta do nome de
Jesus. Tanta estrela, de tantas cores e com tantas respostas (o catequista pode ler, até
com as crianças, uma ou outra das mais repetidas).
Não há dúvida de que as pessoas têm ideias muito boas sobre Jesus.

Para a 1ª e 2ª alternativa:

E vós? Que dizeis vós acerca de Jesus?... (respostas) Muito bem.

Para qualquer das alternativas:


Gostava, agora, de vos contar o que se passou com os Apóstolos que, como vós, foram
anunciar Jesus e o seu Reino, fazendo o mesmo que Jesus fazia. Lembram-se do que
eles faziam?...

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– Proclamavam o Reino de Deus;
– Curavam as pessoas.
Anunciavam assim a Boa Nova, isto é, davam uma notícia muito boa às pessoas: que
elas, se quisessem, podiam mudar a sua vida e viver felizes. Para isso, deviam aprender
a fazer o que Jesus lhes pedia.

II. PALAVRA

1. Pois bem, sabem qual foi o resultado desta actividade dos Apóstolos?... – Jesus tornou-
se muito mais conhecido. Já não era só Ele a anunciar o Reino de Deus, mas também
os seus Apóstolos, que o faziam em seu nome.
E, naturalmente, cada vez mais pessoas começaram a ouvir falar de Jesus e de todas as
coisas maravilhosas que Ele fazia e, ainda, de como as pessoas que o seguiam se
sentiam felizes na sua nova vida.
E sabem o que se perguntava, cada vez mais, acerca de Jesus? Era isto: “Que homem
será este que é capaz de dizer e fazer coisas tão maravilhosas? Quem será Ele?”
E é claro, tal como entre nós, as pessoas tinham muitas opiniões. Mas a maior parte só
dizia bem de Jesus.
Até que chegou um dia em que o próprio Jesus quis saber o que se dizia acerca dele,
para ver se todos sabiam quem Ele era realmente e o que fazia. E foi assim que Ele
perguntou aos seus discípulos o que, por lá, se dizia dele. Querem saber quais foram as
respostas?...
Vamos ver se são parecidas com aquelas que nós trouxemos e já estão no placar, em
volta do nome de Jesus.

2. Então, para ouvirem, ponham-se de pé.


O catequista acenda a vela, pegue na Bíblia em Mc 8, 27-29 e leia, num primeiro
tempo, só os vv. 27-28.
A leitura pode ser feita de modo dialogado, com a intervenção de duas crianças, que
leiam bem. Neste caso, entregue-lhes o texto numa folha, em que estejam devidamente
assinaladas as palavras que cada uma deve ler..

Catequista:
O Senhor esteja connosco.

Crianças:
Ele está no meio de nós.

Catequista:
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos:

Crianças:
Glória a vós, Senhor.

85
Catequista:
Naquele tempo,
Jesus partiu com os seus discípulos
para as povoações de Cesareia de Filipe.
No caminho, fez-lhes esta pergunta:

Leitor:
“Quem dizem os homens que eu sou?”

Catequista:
Eles responderam:

Leitor:
“Uns dizem João Baptista;
outros, Elias;
e outros, um dos profetas.”

O Catequista interrompe a leitura, para afixar no placar mais três cartolinas, no mesmo
formato de estrelas, mas com os dísticos: “João Baptista”; “Elias”; “Profeta”. Depois
explica brevemente:

João Baptista – já conhecem: foi Ele que baptizou Jesus. Ainda se lembram? Só que,
entretanto, ele foi morto. Mas algumas pessoas pensavam que teria ressuscitado, isto
é, voltado a viver e, agora, aparecia como Jesus.
Elias foi um grande, grande amigo de Deus, que vivera havia muitos anos. Tão grande
amigo, que as pessoas pensavam que Deus o havia de mandar outra vez à terra.
Os profetas eram também grandes amigos de Deus. Tão amigos que falavam muito de
Deus às pessoas, para as ajudarem a ser boas.
Portanto, as pessoas do tempo de Jesus, ao dizerem que Ele era João Baptista, Elias
ou outro profeta, tinham grande admiração, respeito, por Ele. Do mesmo modo que
aqueles a quem perguntámos sobre Jesus: os amigos de Jesus sentem admiração por
Ele, respeito, amor, e nós sabemos isso porque colocámos/escrevemos aqui as suas
respostas (apontar para o placar).

3. Mas, o que pensariam os Apóstolos? Vamos ouvir:

Catequista:
Jesus então perguntou-lhes:

Leitor:
“E vós,
quem dizeis que eu sou?”

86
Catequista:
Pedro tomou a palavra e respondeu:

Leitor:
“Tu és o Cristo.”
Catequista:
Ouviram bem o que eles responderam? (Lentamente) – “Tu és o Cristo”.

Palavra da Salvação.

Crianças:
Glória a vós, Senhor.

4. Depois de as crianças estarem sentadas, o catequista, em silêncio, afixe o dístico


“Cristo” sobre o dístico “Jesus”, deixe contemplar e comente:

Cá está o que pensavam e disseram os discípulos: “Tu és o Cristo”.


Com certeza que era um nome, um título, muito especial. Um título que mostrava que
Jesus é alguém muito mais importante do que “João Baptista”, “Elias”ou um “profeta”,
como as pessoas diziam.

Mas então o que quererá dizer a palavra “Cristo”?


Eu explico: Cristo é uma palavra grega, a língua em que está escrita uma parte da Bíblia.
Uma língua que, no tempo de Jesus, era muito conhecida.
E em português, o que quererá dizer Cristo?
Vamos estar muito atentos, para percebermos bem. Trata-se de um título especial que
damos a Jesus, que todos nós tanto amamos.

O catequista pega no dístico “Ungido”, escrito na vertical, mostra-o às crianças, e


ajuda-as a lê-lo. Depois afixe-o no placar, a seguir a “Cristo” e na parte superior.

“Cristo”, em português significa “ungido”. Digam todos comigo, outra vez: Ungido.
Mas “ungido”, porquê? Eu explico:
Acontecia que, no tempo de Jesus, se ungiam as pessoas que estavam doentes, para
as curar. Olhem, até era assim que faziam os Apóstolos que Jesus enviara, também
para curar os doentes: a alguns, untavam-nos com azeite.
Mas, muito tempo antes de Jesus, também se untavam outras pessoas, para as ajudar
a serem fortes: fortes não só no corpo, mas também na sua amizade com Deus e com
os outros. Eram pessoas que tinham tarefas, trabalhos muito importantes, para o bem
dos outros. Pessoas com grandes responsabilidades.
Uma dessas pessoas era...

87
O catequista afixe de um lado do dístico “Cristo” o dístico “Rei” e diz:
O Rei era ungido (aponta) porque, para ser um bom rei, tinha de ser forte e corajoso. Por
isso, ao ser coroado rei, era ungido com azeite.
Imaginem, até se ficava a chamar “o ungido” ou “o Cristo” (aponta).
E haveria mais alguém, além do rei, que era ungido com azeite?

Afixe, do outro lado do dístico “Cristo”, o dístico “Sacerdote” e comente:


Também o sacerdote mais importante era ungido com azeite. Para quê? – Para fazer
bem as coisas de Deus. Ainda hoje os sacerdotes, isto é, os senhores Padres, são
ungidos quando são feitos ou ordenados sacerdotes, para poderem celebrar a Missa e
fazer outras coisas que só eles podem fazer.
Percebem agora por que razão Pedro e os outros Apóstolos chamaram a Jesus o “Cristo”
ou o “Ungido”?
Chamavam-lhe assim, por causa de tudo aquilo que Ele dizia e fazia pelo Reino de
Deus: curava os doentes, acolhia os pobres e as crianças e convidava as pessoas a
converterem-se, isto é, a mudarem a sua vida, para viverem como Deus nos pede: no
amor e na paz.
Nunca até então, tinha havido alguém melhor do que Jesus; nunca tinha havido um Rei
ou Sacerdote que tivesse sido tão bom e feito tanto bem como Ele.
Por tudo isto, este é um dos melhores nomes ou títulos que podemos dar a Jesus:
Cristo. Como Cristo, ou Ungido, Ele é mesmo Filho de Deus.
Pedro tinha razão, quando lhe chamou assim. Que bom nós sabermos a resposta de
Pedro e de todos os outros Apóstolos.

III. EXPRESSÃO DE FÉ

1. Eu conheço um cântico em que dizemos exactamente o que disse Pedro e está ali no
centro do placar. Se calhar, já ouviram este cântico. Às vezes é cantado na Igreja.
Vamos aprendê-lo, porque dizer a Jesus quem Ele é, a cantar, é muito mais bonito.
O catequista ensaie o refrão do cântico:

“Senhor, eu creio que sois Cristo”

2. Mas, ainda gostava que descobrissem como é que se diz “Cristo” ou “Ungido”, usando
uma outra palavra. Sim, sim: ainda temos mais uma palavra que significa o mesmo que
Cristo ou Ungido. Tão importante é este título.
Neste caso, é uma palavra – imaginem – que vem de uma língua que era falada na terra
de Jesus. E é também a língua em que está escrita uma parte da Bíblia: o hebraico.
Querem saber como é que se diz “Ungido” ou “Cristo” numa palavra que vem do hebraico?

88
Proponho que façamos assim: que sejais vós a mostrar as letras desta palavra. Assim
podeis descobri-la aos poucos. De acordo?
E, enquanto a vamos descobrindo, podemos cantar a cântico que acabámos de aprender:
“Senhor, eu creio que sois Cristo”.

O catequista convide as crianças necessárias a deslocarem-se para a frente, onde lhes


entrega as letras, para as mostrarem às restantes.
Se estiverem sentadas em círculo (ou semicírculo), pode não ser necessário deixarem
os seus lugares.
De qualquer modo, proceda-se na seguinte ordem:

– Às três crianças, e pela ordem em que se leiam, as letras “M”, “E” e “S”. Depois de
as mostrarem aos colegas, cantem todos:

“Senhor, eu creio que sois Cristo” (Refrão)

– Chame mais quatro, às quais entrega as letras “S” “I” “A” e “S”.
Peça depois, a todas as crianças para lerem a palavra MESSIAS e cantarem de
novo:

“Senhor, eu creio que sois Cristo” (Refrão)

– Finalmente, afixe as letras do dístico, acabado de formar, na parte inferior do placar,


de modo que, juntamente com os dísticos “Ungido”, “Rei” e “Sacerdote”, se forme
uma cruz, como está indicado no Documento 1.

Se o tempo for escasso, a apresentação pode ser feita de uma só vez ou pode apenas
afixar-se o dístico “Messias” no placar.

3. Que bem vós cantastes: “Senhor, eu creio que sois Cristo”.


Vê-se que sois da mesma opinião de Pedro e dos Apóstolos: também para nós, Jesus é
o Cristo, o Ungido, o Messias. Nenhum rei nem profeta, nem Elias, tiveram tanta coragem
e tanto poder para fazer o bem e transformar a vida das pessoas, como Jesus.

E sabem o que acontece às pessoas que, como nós, dizem – até a cantar e com toda
a convicção – que Jesus é Cristo?... Pois bem, quem crê ou tem fé em Jesus Cristo,
sente-se muito feliz, como se diz num cântico, chamado:

“Sou de Cristo, sou feliz.”

Sou feliz, porque sou de Cristo; e sou dele porque lhe disse: “Senhor, eu creio que sois
Cristo”. Quem crê em Jesus Cristo passa a ser dele. Querem aprender o cântico?

89
O catequista, depois de ensaiar o refrão, convide as crianças a cantá-lo de pé e, depois,
a ensiná-lo em casa, nomeadamente aos pais e mesmo, se tal for possível, às pessoas
a quem perguntaram: “Para ti, quem é Jesus”.

4. Compromisso
Antes de terminarmos, queria propor-vos mais uma coisa:
Se somos felizes, por sermos de Cristo, temos, de certeza, um grande desejo de ajudar
as outras pessoas a serem felizes como nós. É verdade, não é?
Então, esta semana, vamos, todos os dias, esforçar-nos por fazer alguma coisa que
ajude outra pessoa a ser feliz. Cada um escolhe a pessoa que quer ajudar a ser feliz e o
que vai fazer por ela, para também ela ser feliz.

Aqui no vosso catecismo, na página 24 (mostrar), vão escrever o nome da pessoa onde
está:
Quero ajudar a ser feliz

E, na outra linha, escrevem o que vão fazer.


Por exemplo, eu (o catequista) vou ajudar os meus filhos com os trabalhos de casa, para
eles aprenderem mais depressa.
Depois, cada dia, se fizerem o que decidiram fazer, pintam uma carinha:

     
Quando voltarmos para a catequese, na próxima semana, vamos ver quanta felicidade
foram capazes de dar!
E porquê? – “Porque somos de Cristo!” (Repetir, em coro, um pouco mais alto:) “Porque
somos de Cristo!”.

Para guardar na memória e no coração


Senhor, eu creio que sois Cristo, e quero ser vosso amigo.

Nota: Tendo em vista a preparação da Celebração da Luz (catequese 6), o catequista


envie aos pais das crianças uma mensagem no lugar indicado no catecismo (página
24), a informá-los do dia e da hora da celebração e a convidá-los para nela participarem,
juntamente com os padrinhos. Avise-os também de que devem levar a vela do
Baptismo do seu filho ou, caso não as tenham, uma vela branca e bonita em sua
substituição.

90
III – DOCUMENTOS

DOCUMENTO 1

U
N
G
I
D
O

REI C RIST O SACERDOTE

M
E
S
S
I
A
S

91
92
CATEQUESE 5

“ESTA É A NOSSA FÉ”

I – INTRODUÇÃO

APROFUNDAMENTO DO TEMA

1. Catequista – um transmissor de fé
Esta é uma das melhores definições de catequista: transmissor da fé. Segundo o Directório
Geral da Catequese, nº 39, é sua tarefa “proporcionar o verdadeiro encontro da pessoa
com Deus, o que significa proporcionar-lhe que ela faça da sua relação com Deus uma
relação central e pessoal, para se deixar guiar por Ele”. É nesta relação que consiste e
se vive a fé.
Mas como chegar lá? É que, como escrevem os nossos Bispos, “em boa verdade, a fé
não se transmite. É dom de Deus àquele que O acolhe. Brota do diálogo misterioso
entre
Deus que se revela e o acolhimento do homem que procura a luz e a salvação. A inicia-
tiva vem de Deus que espera uma resposta livre e comprometida do homem. Deste
modo, a fé tem uma dimensão transcendente que está para além das nossas possibili-
dades.”3 Será, então, desnecessária a mediação humana, nomeadamente do catequista?
De modo algum. A fé, ainda segundo os nossos Bispos, “não nasce do nada. Ela supõe
o anúncio: «Com efeito, quem invocar o nome do Senhor, será salvo. Mas como invocarão
sem terem acreditado n’Ele? E como acreditarão n’Ele, sem O terem ouvido? E como O
ouvirão, se ninguém O proclama? E como proclamá-l’O, sem ser enviado?... Assim a fé
vem da pregação e a pregação é o anúncio da Palavra de Cristo» (Rom 10, 13-17)”.4
Daí a conclusão: “O veículo habitual de que o Senhor se serve para chamar alguém à fé
é, portanto, a transmissão da revelação, sobretudo o anúncio e o testemunho vivo,
entusiasmante do Evangelho. Por isso, comunicar a revelação de modo a despertar e
solidificar a fé é a tarefa fundamental das comunidades cristãs. Dentro desta tarefa tem
um lugar relevante a catequese. Utilizamos, portanto, a expressão «transmissão da fé»

3 Conferência Episcopal Portuguesa, Para que acreditem e tenham vida. Orientações para a
catequese actual, Edição do Secretariado Geral da Conferência Episcopal Portuguesa, Lisboa
2005, p. 7-8.
4 Ibid.

93
com o sentido da comunicação da revelação de Deus, alicerçada no testemunho vivo
dos crentes e conjugada com a adesão à fé por parte dos destinatários.” 5
Neste sentido, também o catequista é verdadeiramente um transmissor da fé. Vejamos
de que modo deve actuar e de que fé se trata.

2. “A fé da Igreja”
É assim que o ministro do Baptismo, na sua celebração, reage à renúncia e profissão de
fé da parte dos catecúmenos, ou no caso das crianças, dos pais e padrinhos: “Esta é a
nossa fé. Esta é a fé da Igreja que nos gloriamos de professar, em Jesus Cristo, Nosso
Senhor”. Trata-se da fé “em Deus, Pai todo-poderoso”…, “em Jesus Cristo, seu único
Filho, Nosso Senhor”… e “no Espírito Santo”… como resposta à leitura da Palavra de Deus.
O seu anúncio “ilumina com a verdade revelada os candidatos e a assembleia e suscita a
resposta da fé, inseparável do Baptismo. Na verdade, o Baptismo é, de modo particular, o
«sacramento da fé», uma vez que é a entrada sacramental na vida da fé” (CIC 1236).
Nesse sentido, “a primeira «profissão de fé» faz-se por ocasião do Baptismo. O «símbolo
da fé» (o sumário das principais verdades da fé) é, antes de mais, o símbolo baptismal.
E uma vez que o Baptismo é conferido «em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»
(Mt 28, 19), as verdades da fé professadas por ocasião do Baptismo articulam-se segundo
a sua referência às três pessoas da Santíssima Trindade” (CIC 189).
Este esquema celebrativo remonta aos primórdios da Igreja. Encontramo-lo já em Act 2,
14-42, na manhã do Pentecostes. À multidão reunida em Jerusalém Pedro, “embriagado”
do Espírito Santo, explica a origem do milagre das línguas que todos presenciaram: Foi
este Jesus que Deus ressuscitou, e disto nós somos testemunhas. Tendo sido elevado
pelo poder de Deus, recebeu o Espírito Santo prometido e derramou-o como vedes e
ouvis (vv. 32-33). E termina o seu discurso com o anúncio: Saiba toda a casa de Israel,
com absoluta certeza, que Deus estabeleceu como Senhor e Messias a esse Jesus por
vós crucificado (v. 36). Isto é, com a vitória sobre a própria morte, Jesus adquiriu, para
sempre e para com todos, o poder de Senhor e Messias de Deus, já manifestado durante
a sua vida pública.
Os primeiros sinais da fé nos ouvintes manifestam-se na emoção até ao fundo do coração
e na pergunta a Pedro e aos outros Apóstolos: “Que havemos de fazer, irmãos? Pedro
respondeu-lhes: “Convertei-vos e peça cada um o Baptismo em nome de Jesus Cristo,
para o perdão dos pecados; recebereis, então, o dom do Espírito Santo.” (…) Os que
aceitaram a sua palavra receberam o Baptismo e, naquele dia, juntaram-se a eles cerca
de três mil pessoas (vv. 37-38.41).
Nascia assim a primeira Igreja, cujos membros eram assíduos ao ensino dos Apóstolos,
à união fraterna, à fracção do pão e às orações (v. 42). Nascia da fé no Evangelho
escutado que, por isso mesmo, se chama “a fé da Igreja”: é dela que a Igreja vive, ou
melhor, daquele em quem acredita e que, pela purificação dos pecados e a acção do

5 Ibid.

94
Espírito, une os seus membros naquela comunhão fraterna e com Deus que é já princí-
pio de vida eterna. Uma fé que eles passam a transmitir:

3. Pelo testemunho
“Este «sim» a Jesus Cristo, plenitude da revelação do Pai, encerra em si uma dupla
dimensão: a entrega confiante a Deus e a adesão amorosa a tudo aquilo que Ele nos
revela. Isto só é possível através da acção do Espírito Santo.
Pela fé:
– a pessoa entrega-se livre e totalmente a Deus,
– oferecendo a Deus revelador o obséquio pleno de inteligência e de vontade,
– e prestando voluntário assentimento à sua revelação.
«Crer» tem, pois, uma dupla referência: à pessoa e à verdade; à verdade, pela confiança
na pessoa que a testemunha” (DGC 54).
Por outras palavras, crer em Deus, significa, não apenas aceitar como verdadeiro tudo o
que Ele diz e faz, mas entregar-se, confiar-se a Ele, levado por aquilo que Ele diz e faz:
pelo seu amor inexcedível, manifestado de tantos modos, particularmente no dom do
seu Filho único, Jesus Cristo. Assim, é Ele quem está na origem da nossa entrega de fé,
pelo que nos diz e pelo que nos faz. E esta entrega atinge tais dimensões, que Ele é
quem passa a viver e a amar em nós, que d’Ele, n’Ele e para Ele, vivemos. Deste modo,
podemos exclamar com Paulo: Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.
E a vida que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a si
mesmo se entregou por mim (Gal 2, 20).
Deste modo, “a fé leva a uma transformação de vida, a uma «metanóia», ou seja, a uma
profunda metamorfose da mente e do coração” que “se manifesta em todos os níveis da
existência do cristão: na vida espiritual de adoração e de acolhimento da vontade divina;
na participação activa na missão da Igreja; na vida matrimonial e familiar; no exercício da
vida profissional; na realização das actividades económicas e sociais” (DGC 55). Se
Deus está realmente em nós, nada do que somos e fazemos escapa ao poder do seu
amor.
E é assim que dele damos testemunho: na medida em que Ele aparece, se revela, actua
ao vivo, em nós. De tal modo que o que dele dizemos por palavras é apenas uma
confirmação do que Ele mostra e oferece pelas nossas acções. E, deste modo, é
realmente possível transmitir a fé… e conquistar o outro para ela. Não eu – diria Paulo –
mas a graça de Deus que está comigo. E que bom seria também podermos dizer como
ele: E a graça que me foi concedida não foi estéril (1 Cor 15, 10). Talvez o possam dizer
os catequizandos a quem transmitimos a nossa fé, a fé da Igreja. Deus queira!

OBJECTIVOS
– Preparar-se para a celebração da luz (próxima catequese);
– Acolher o anúncio de Cristo pela conversão e a fé;
– Renovar a fé professada no Baptismo.

95
OBSERVAÇÕES PEDAGÓGICAS
1. Depois de, na catequese anterior, as crianças terem sido despertadas e conduzidas
para a adesão da fé a Cristo, há que situar essa fé no início da sua caminhada cristã: o
Baptismo, em que, pela sua idade (na maioria dos casos) foram “substituídas” pelos
pais e padrinhos ou outros familiares. Por isso, o auge desta catequese está na expressão
de fé, com a renovação da confissão da fé baptismal.

2. É uma confissão de fé que, partindo de Cristo e nele centralizada, se dirige também ao


Pai e ao Espírito Santo. Nesse sentido, já na experiência humana as crianças, a partir
de uma das saudações usadas no início das celebrações litúrgicas, são levadas a
saborear o amor de Deus e a comunhão que Ele cria entre os crentes através do seu
Espírito.

3. Na Palavra de Deus, é importante que as crianças se apercebam de que o anúncio do


Evangelho, feito por Pedro, se dirige também a elas. Entre os primeiros cristãos e elas
está a mesma alegria e felicidade de serem de Cristo.

4. A preparação que, nesta catequese, se faz da próxima celebração da luz é fundamental-


mente interior. Sem esta, as crianças facilmente se irão distrair e dispersar, devido ao
lugar em que irá decorrer a celebração e à variedade de pessoas que nela irão participar.

MATERIAIS
– Dísticos: “Cristo”, “Ungido”, “Messias”, “Rei”, “Sacerdote” (catequese anterior);
– Círio Pascal ou uma vela de formato grande;
– Dísticos: “Deus Pai” e “Espírito Santo”;
– Cartolinas com os nomes de cada criança e catequista, usadas na 1ª catequese;
– Bíblia;
– Lápis.

MÚSICAS
– “Senhor, eu creio que sois Cristo”;
– “Sou de Cristo, sou feliz”;
– “Senhor Jesus, Tu és a luz”.

I – INTRODUÇÃO

Preparação da sala
– No placar, colocam-se os dísticos do final da catequese anterior, dispostos da mesma
maneira: ao centro “Cristo” por cima “Ungido”, por baixo “Messias, de um lado e do outro
“Rei” e “Sacerdote”, de modo a formarem uma cruz, com “Cristo” no centro.

96
– Na mesa: a Bíblia ao centro e, por detrás dela, o círio pascal (apagado), de modo a
formarem uma unidade com a cruz representada no placar.

I. EXPERIÊNCIA HUMANA

1. O catequista começa por lembrar a “celebração da luz” da próxima catequese, indicando


o lugar, a hora, os participantes (sobretudo familiares e padrinhos), adaptando as seguintes
palavras:

Já sabem que a próxima catequese não vai ser nesta sala? (Indicar o lugar e a hora). E
connosco vão estar os vossos pais, irmãos, família …e os vossos padrinhos, se for
possível (mesmo dos meninos e meninas que não estão ainda baptizados). Vai ser uma
catequese muito especial; e, certamente, gostarão muito.
Para isso, temos de nos preparar bem: aprender a estar com muita atenção e respeito,
saber como devemos responder, quando for a nossa vez.
Algumas coisas que já conhecem:

– Por exemplo, quando o senhor Padre (ou Diácono) nos diz:


O Senhor esteja convosco.
Que respondemos nós?...
Ele está no meio de nós”.

E quando a pessoa que leia da Bíblia diz, no fim:


Palavra do Senhor.
Nós respondemos…
Graças a Deus.

Mas hoje vamos aprender algumas respostas que, se calhar, ainda não conhecem bem.
Abram o catecismo na página 26.
Depois de todos as crianças a terem encontrado:
O sr. Padre, logo no princípio da celebração, e depois de nos benzermos, diz-nos:
A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito
Santo estejam convosco.
A resposta está aí, mas ainda faltam algumas letras (ver documento 1).
Pois bem, são essas letras que vão tentar escrever. Se algum tiver muita dificuldade,
pode perguntar ao colega do lado ou a mim.

Depois de as crianças preencherem:


Então, o que temos escrito no nosso catecismo?
Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de Cristo.

97
Repetir para ajudar as crianças a memorizar a expressão e verificar se todos escreve-
ram correctamente.

2. O catequista afixe no placar os dísticos: “Deus Pai”, ao alto, e “Espírito Santo”, ao


fundo. Depois, siga uma das seguintes alternativas:


Alternativa

Grupo pequeno e/ou onde as instalações o permitam


Vamos todos repetir ao mesmo tempo a resposta que escrevemos no catecismo:
Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de Cristo.
Agora que já sabem de cor, podemos fazer como se faz na igreja. Isto é, vamos todos lá
fora e entramos na sala, tal como entramos na igreja. Mas, em ordem e com muito
respeito. Levemos os catecismos, para respondermos certinhos.

Uma vez fora da sala, o catequista organiza o cortejo da entrada, com ele atrás:

Cântico de entrada:
“Senhor, eu creio que sois Cristo”.

Catequista: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Crianças: Amen.

Catequista: A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão


do Espírito Santo estejam convosco.

Crianças: Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de Cristo.

Catequista:
Mas não é só na Igreja que nos reunimos no amor de Cristo. Também aqui na catequese,
Ele está… no meio de nós!
Olhem para o placar…Quem está no centro?...E por cima?...E em baixo?...
Estamos aqui, porque Deus nos ama e nos dá o seu Espírito, que fez de nós irmãos e
irmãs uns dos outros. É o que significa “comunhão”.
E estamos unidos a quem?... – A Jesus Cristo, que está no centro. Por isso lhe cantámos:
“Senhor, eu creio que sois Cristo”.
E agora digam-me: quem acredita, tem muita fé em Cristo, que lhe acontece? Fica a
pertencer a quem?... A Jesus Cristo.
Então, cantemos a alegria, a felicidade de cada um de nós ser de Cristo:

98
“Sou de Cristo, sou feliz” (refrão e 1ª estrofe)


Alternativa

Grupo grande e/ou onde as instalações não permitem a alternativa anterior


Decorre como na 1ª alternativa, com a diferença de que, em vez de saírem da sala, o
cortejo é feito dentro dela ou as crianças simplesmente se põem de pé.

3. Para as duas alternativas e após as crianças se sentarem:


Que alegria sermos de Cristo, o Ungido, o Messias!
Digam-me cá: somos de Cristo desde quando? Quando e como é que começamos a
pertencer a Cristo?...
(Deixar que as crianças tentem adivinhar e, sem comentar as respostas, dizer:

Daqui a pouco iremos saber se responderam certo ou errado.


Antes disso, olhemos outra vez para o placar. Aquelas palavras em volta do nome de
Cristo, o que é que formam? Parecem o quê?... Uma cruz.
E porque será que hoje temos em cima da mesa aquela vela tão grande?...

II. PALAVRA

1. A forma da cruz e esta vela grande mostram porque somos de Cristo. Vou explicar-vos.
A cruz mostra como Jesus nos ama. Tanto, que nós lhe chamamos “Cristo.
E como é que Ele mostrou quanto nos ama, a nós e a todas as pessoas? – Quando deu
a vida por nós, na cruz. Ninguém ama tanto, como quem dá a vida pelos seus amigos.
Porque a nossa vida é preciosa, dá-la assim é uma oferta extraordinária. Foi o que fez
Jesus, na cruz.
Mas, todos sabemos que algo de extraordinário aconteceu depois da sua morte. O que
foi? – Jesus ressuscitou! Deus Pai quis que Ele ficasse connosco, para nos dar o Espírito
Santo e ser a nossa luz.

Mas tudo isto aconteceu há imenso tempo, quando não havia jornais, nem televisão,
nem internet. E então como é que nós sabemos que Jesus, o Cristo, deu a vida por nós
e ressuscitou?
Foram os Apóstolos, que tinham andado com Jesus e o tinham ajudado a anunciar o
Reino de Deus. Depois de Jesus ter sido morto e ressuscitar, apareceu, mostrou-se vivo
a eles. Foi então que eles começaram a contar a toda a gente a Boa Nova da morte e
ressurreição de Cristo. E as suas palavras nunca mais foram esquecidas: passaram de
pais para filhos, de geração em geração, até hoje.

99
2. Mas não foi fácil. É que podia acontecer-lhes o mesmo que tinha acontecido a Jesus:
podiam fazer-lhes mal e até matá-los.
E então como é que eles encontraram coragem para anunciar a morte e a ressurreição
de Jesus? – Foi Jesus que enviou o Espírito Santo, a Pedro e aos Apóstolos, para os
consolar e lhes dar coragem. Com a força do Espírito Santo é que eles vieram para a rua,
a começar por Jerusalém, a cidade onde Jesus tinha sido morto.
Vamos ouvir as últimas palavras de Pedro e como reagiram as pessoas que o ouviam e
pertenciam à “casa de Israel”, o nome que se dava ao povo judeu, a que também pertencia
Jesus.

O catequista acenda o círio pascal, pegue na Bíblia, aberta em Act 2, 36-38.41, e leia,
se possível, com a ajuda de outros catequistas ou, até, de crianças que pronunciem as
palavras de Pedro e dos habitantes de Jerusalém:

Catequista:
Leitura do livro dos Actos dos Apóstolos:
Naquele tempo, disse Pedro:

Leitor:
Saiba, com absoluta certeza,
toda a casa de Israel
que Deus fez Senhor e Messias
esse Jesus que vós crucificastes.

Catequista:
Ouvindo isto,
ficaram emocionados até ao fundo do coração
e perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos:

Leitor:
Que havemos de fazer, irmãos?

Catequista:
Pedro respondeu-lhes:

Leitor:
Convertei-vos
e peça cada um de vós o Baptismo em nome de Jesus Cristo,
para vos serem perdoados os pecados.
Recebereis então o dom do Espírito Santo.

100
Catequista:
Os que aceitaram as palavra de Pedro
receberam o Baptismo
e naquele dia juntaram-se aos discípulos
cerca de três mil pessoas.

Palavra do Senhor.

Crianças:
Graças a Deus.

3. O catequista, ainda com a Bíblia na mão, pergunta:


Ouviram bem? Então digam lá:
– O que é que Pedro disse àquelas pessoas?...
Pedro disse que Deus (aponta para o dístico “Deus”) ressuscitou Jesus dos mortos.
– Assim Jesus tornou-se para sempre (aponta para os dísticos “Messias”, “Cristo” e
“Ungido”) “Cristo”, isto é, “Messias” ou “Ungido”. Ficou com um poder ainda maior.
Um poder tão grande, que pode dar uma força, uma coragem muito, muito grande, às
pessoas.
– E o que é que as pessoas perguntaram a Pedro?...
“Que havemos de fazer?”. Isto é, como podemos ter Jesus como Messias e sermos
mesmo dele? Como fazer para ser de Cristo?
– E qual foi a resposta de Pedro?...
“Convertei-vos e peça cada um de vós o Baptismo em nome de Jesus”.
“Converter-se” significa deixar o mal, as maldades, os pecados e, com um coração
bom, voltar para Deus. O Baptismo – com a água – é para nos lavar dessas maldades.
Só com um coração limpo e bom, nós podemos ser de Cristo. Porque quando somos
dele, Jesus ensina-nos a não pecar, a fazer paz e a vivermos com amor pelas outras
pessoas.
– Mas, nem sempre é fácil viver como Jesus quer. Por isso Ele ajuda-nos, dá-nos força
e motivação para viver o bem. Por isso, as pessoas que se convertem, recebem
(aponta para o dístico “Espírito Santo”) o Espírito Santo. É Ele que nos une a Jesus
e aos outros. É Ele que cria a comunhão, a união entre nós. Que bom!

Como também nós ficamos contentes por Jesus Cristo nos ajudar a ser bons, com um
coração capaz de amar e fazer o bem, cantemos, unidos a todos os amigos de Jesus:

“Sou de Cristo, sou feliz” (refrão e 1ª estrofe).

101
III. EXPRESSÃO DE FÉ

1. Que bem cantámos! Foi uma canção do fundo do coração. Um coração convertido a
Cristo, como o daquelas pessoas que se juntaram aos Apóstolos. E como no nosso
Baptismo.
Mas com uma pequena diferença: quando fomos baptizados, ainda éramos bebés. Por
isso, não podíamos ser nós a dizer: “Quero ser de Jesus.” Será então que ninguém
respondeu, quando o senhor Padre perguntou se cremos em Jesus, em Deus Pai e no
Espírito Santo?... Então, quem respondeu foram os pais, os padrinhos e as outras pessoas
que lá estavam.
O catequista adapte-se à situação do seu grupo: havendo crianças a preparar-se para o
Baptismo, sublinhe, para elas, a importância do processo de conversão que estão a
viver.
Mas agora, já são crescidos e cada um pode responder por si. Cada um já é capaz de
dizer que crê em Deus Pai, em Jesus Cristo e no Espírito Santo.
Eu acho que o podíamos fazer agora.

2. Pode ser assim:


– Primeiro, cantaremos a Jesus um cântico em que dizemos que Ele é a nossa luz.
Está aqui esta vela grande, para nos lembrarmos disso: de que Jesus ressuscitado,
o Cristo e Senhor, é a nossa luz. (O catequista ensaie o refrão do cântico:)

“Senhor Jesus, Tu és a luz.”

– A seguir, irei distribuir por cada um de vós uma luz que nos liga a Jesus. Não é uma
vela. Na próxima catequese, que vai ser a celebração da luz, aí sim: vai ser até uma
luz especial – a vela do nosso Baptismo (para os meninos e meninas que já foram
baptizados). Hoje, só para nos lembramos dessa luz que é Jesus, vamos ter aqueles
raios de luz com o nosso nome que usámos no primeiro dia em que viemos à catequese.

– Depois de cada um receber o seu símbolo da luz, cantaremos: “Senhor Jesus Tu és


a luz” e responderemos às mesmas perguntas que o senhor Padre fez no dia do
nosso Baptismo: se cremos em Jesus, em Deus e no Espírito Santo. Agora que já
são grandinhos, vão responder com atenção e respeito e, sobretudo, do fundo do
coração, aquele coração que recebe o amor de Jesus e o oferece às outras pessoas.
Para mostrarem isso, depois de eu colocar uma pergunta, cada um de vós levanta a
sua cartolina da luz e responde: “Sim, creio.” Digam comigo: “Sim, creio”.

O catequista, a partir das cartolinas, chama cada criança, que se levanta, e entrega-lhe
a respectiva cartolina. Depois convida-as:
Então, voltados para a vela que representa a luz que é Jesus, cantemos:

102
“Senhor Jesus, Tu és a luz” (só o refrão).

Catequista:
E agora pergunto-vos, como no dia do vosso Baptismo6:

Credes em Deus, Pai todo-poderoso,


criador do céu e da terra?

Crianças:
Sim, creio.

Catequista:
Credes em Jesus Cristo,
seu único Filho, Nosso Senhor,
que nasceu da Virgem Maria,
padeceu e foi sepultado,
ressuscitou dos mortos
e está sentado à direita do Pai?

Crianças:
Sim, creio.

Catequista:
Credes no Espírito Santo,
na santa Igreja católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna?

Crianças:
Sim, creio.

Catequista:
Esta é a nossa fé.
Esta é a fé da Igreja,
que nos gloriamos de professar,
em Jesus Cristo, Nosso Senhor.

Crianças:
Amen.

6 Registado na página 28 do catecismo.

103
3. Uma vez que acabamos de dizer que cremos em Deus Pai, em Jesus Cristo e no Espí-
rito Santo, vamos colocar as nossas cartolinas da luz em volta do nome de Cristo.
Assim, mostramos mais uma vez a nossa fé e que queremos mesmo ser de Cristo e ser
felizes.

Cada criança, ordenadamente, afixe o seu cartão em volta do dístico “Cristo”. Durante a
entrega, cantam:

“Sou de Cristo, sou feliz”.

4. Compromisso
Para não nos esquecermos do que acabámos de dizer e fazer, tenho uma proposta para
esta semana: que todos os dias cantemos, pelo menos uma vez, o cântico: “Sou de
Cristo, sou feliz”. Jesus pode contar convosco?...
Então, ofereçam-lhe o cântico, em agradecimento pela alegria que nos dá, por sermos
cristãos.
E na página 28 do catecismo vamos encontrar aqui estes “sinais” (mostrar): sabem o
que são? Muito bem, são umas claves de sol, para pintar: cada dia, depois de cantarem,
pintam uma, usando uma cor muito bonita!

5. No final o catequista recorde às crianças o lugar e a hora da próxima celebração e peça-


lhes para levarem a vela do Baptismo, as que já o receberam. Verifique ainda se todos
os pais assinaram, no catecismo, a mensagem sobre a Celebração da Luz.

Para guardar na memória e no coração


Creio em Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra.
Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor.
Creio no Espírito Santo.
Creio na santa Igreja católica.
Esta é a nossa fé, a fé da Igreja.

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III – DOCUMENTOS

DOCUMENTO 1

BEND_TO S_JA D_U_

QU_ NO_ R_UN_U

N_ _MO_ D_ C_IS_O.

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CATEQUESE 6

CELEBRAÇÃO DA LUZ

I – INTRODUÇÃO

APROFUNDAMENTO DO TEMA

1. A vida da luz
Sem luz é praticamente impossível viver: para os seres humanos, os animais, as plantas.
Repare-se como, na natureza, quase tudo definha, quando chegam as estações do
Outono e do Inverno, e como, ao contrário, a vida rebenta por todos os lados com a vinda
da Primavera. E ainda como, ligada às trevas da noite, surgem tantas vezes em nós a
melancolia e a tristeza. Até as doenças se manifestam com mais intensidade, quando
chega o anoitecer. E quantas vezes, para nós, a escuridão é também sinónimo de medo,
de perigo, de desgosto.
Daí a luta, de todos os tempos e lugares, contra as trevas da noite, que o mesmo é dizer,
contra a morte. Desde há muito que não há praticamente casa ou povoação sem, pelo
menos, a possibilidade de ser iluminada. E não é apenas pela produção da luz, através
dos meios que a natureza nos oferece e a arte e o engenho do homem tanto têm
desenvolvido. É também através da organização de serões e vigílias que se estendem
pela noite dentro, para o trabalho, a diversão e a oração. Se são procurados sobretudo
pelos jovens, é porque a vitalidade, própria dessa idade, é mais eficaz na luta contra o
sono, aliada ao gosto da juventude por experiências fortes.
E que bem nos sentimos, quando rompe a aurora e podemos contemplar como os seres
vivos retomam os afazeres com que contribuem para a vida, iluminados pelo sol que
desponta, mesmo que timidamente. Apetece-nos cantar com o salmista: Ao cair da
noite vêm as lágrimas e ao amanhecer volta a alegria (Sl 29/30, 6).
As lágrimas devem-se ao vazio, ao mal, ao nada de que a noite é símbolo e, por vezes,
ocasião. A alegria nasce da plenitude, da vida, da criação, que o amanhecer tanto favorece.
E se há pessoas que ao princípio da manhã se sentem rejuvenescidas é também por
isso, e não apenas por uma noite bem dormida.
É tão imprescindível a luz para a vida, que o próprio Criador inverte a ordem, lógica e
natural, nas obras da sua criação: a primeira criatura a ser feita é a luz (Gn 1, 3-5), muito
antes do sol, a lua e a estrelas, criadas apenas no quarto dia, apesar de serem elas as
fontes naturais para presidir ao dia e presidir à noite (1, 14-19).

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Será que também Deus precisa da luz para o “trabalho” da sua criação? Ou não seremos
nós quem, no auge das obras que saem das mãos e do coração de Deus, como sua
imagem e semelhança (1, 26-31), precisamos imprescindivelmente dessa luz para
podermos contemplar, com olhos divinos, as obras por Ele criadas e as usarmos para o
fim com que Ele as criou? Vejamos como o salmista a Ele se dirige: Em vós está a fonte
da vida, e é na vossa luz que vemos a luz (Sl 35/36, 10). Que luz?

2. “A luz da vida”
Há pessoas que, embora vendo, de facto andam nas trevas: as que se servem da luz,
para arruinar a vida, dos outros e a própria. Vagueiam errante pelas trevas do egoísmo e
do erro, do pecado e da morte. Como libertá-las da escuridão em que definham?
O binómio “trevas e luz” é o símbolo cósmico do “ódio e amor”. Por isso a luz que o
salmista procura em Deus, é a sua bondade: Como é admirável, ó Deus, a vossa bondade;
à sombra das vossas asas se refugiam os homens. Podem saciar-se da abundância da
vossa casa e vós os inebriais com a torrente das vossas delícias” (Sl 35/36, 8-9). Que
delícias? – A sua sabedoria, como reflexo da luz eterna, … mais radiante do que a luz do
sol (Sb 7,26.29); os preceitos da sua Lei, que iluminam os olhos (Sl 18/19, 9); a sua
Palavra, como luz para os meus caminhos (Sl 118/119,105).
Sobretudo quando essa Palavra, que desde toda a eternidade estava em Deus e pela
qual Ele tudo criou e, com a vida que transmitiu, se tornou a luz dos homens, ao fazer-
se carne, para habitar entre nós. E nós vimos a sua glória, a glória que possui como
Filho unigénito do Pai (Jo 1, 1-4.14).
É Ele, Jesus Cristo, quem, mais do que ninguém, faz as nossas delícias – Ele, que
solenemente assim se apresentou: Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não anda
nas trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8, 12). A proclamação foi feita na última noite da
festa judaica dos Tabernáculos, a maior festa do ano e que durava uma semana. Nessa
noite, toda a cidade de Jerusalém era iluminada por quatro gigantescos candelabros de
ouro, colocados sobre os muros que cercavam o templo. Era sobretudo então que o
povo, contagiado pela luz que irradiava da casa do Senhor, toda a noite dava expressão
à sua alegria, ao som da música e ao ritmo da dança.
Uma delícia que passa a ser oferecida por Cristo, mas num grau inexcedível e inextinguível.
Ao dizer Eu sou, Cristo situa-se, qual Palavra encarnada, ao nível de Deus, cujo ser é
estar com os seus (cf. Ex 3,14). Como luz da vida, oferece o que só Deus verdadeiramente
pode dar: uma vida que irradia para além dos muros de Jerusalém e Israel, a luz do
mundo, porque proveniente de um amor ilimitado, aquele com que deu a vida até à última
gota de sangue e triunfou para sempre das trevas do pecado e da morte. Como participar
desta luz da vida?
Correspondendo ao apelo que Ele nos fez, pouco tempo antes da sua morte: Enquanto
tendes a luz, crede na luz, para vos tornardes filhos da luz (Jo 12, 36).

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3. “Sois luz em Cristo”
Dos chamados “ritos explicativos” que, na celebração do Baptismo, se seguem à profissão
de fé e à lavagem pela água, faz parte a entrega da vela acesa, acompanhada de palavras
que, no Baptismo de adultos, são estas: “Agora sois luz em Cristo. Vivei como filhos da
luz. Perseverai na fé”… É praticamente o último rito propriamente baptismal e tem,
também por isso, um especial significado.
Antes de mais, porque a vela recebida é o meio mais visível para ajudar a prolongar, por
toda a vida, a regeneração baptismal. A vela pode e deve voltar a ser acendida, quase
sempre a partir do círio pascal, noutros momentos marcantes: na celebração de outros
sacramentos ou ainda, anualmente, na Vigília Pascal, a noite mais apropriada para a
celebração do Baptismo. Há mesmo cristãos que manifestam o desejo de terem junto
de si a vela baptismal depois de morrerem. Um sinal de que, uma vez baptizados em
Cristo, esperam e acreditam poder ressuscitar com Ele para a vida de uma luz sem fim.
É nesta luz da fé que são exortados a perseverar: a fé que neles cresce durante a
preparação para o Baptismo e que professam solenemente na sua celebração. Sobre a
sua importância, diz-nos o RICA, no nº 30: “Efectivamente, os adultos não se salvam, a
não ser que venham de livre vontade, acreditem e queiram receber o dom de Deus. A fé,
cujo sacramento recebem (o Baptismo é, por excelência, o sacramento da fé), não é
própria só da Igreja, mas deles também, a fé que se espera venha a tornar-se neles
activa. Ao serem baptizados, longe de receberem o sacramento de maneira somente
passiva, estabelecem, por um acto da sua vontade, aliança com Cristo, renunciando aos
erros e aderindo ao verdadeiro Deus.”
Passam assim a ser guiados e animados por Ele, a olhar o mundo e, sobretudo, os
homens, com os olhos ou, se preferirmos, com a luz de Deus, a luz da vida. São uns
“iluminados”, um dos nomes que se dá já aos catecúmenos, depois de receberem o
“símbolo (da fé), em que se proclamam as maravilhas de Deus para salvação dos homens”
e pelo qual os seus olhos “são inundados de fé e de alegria” (Ibidem 25, 2).
É esta luz que eles devem irradiar durante o resto da sua vida: a “luz em Cristo”, isto é,
a luz que Ele é, não só para aqueles que, pelo Baptismo (chamado também “iluminação”),
dele vivem, mas também para quem eles vivem, no mesmo amor com que são amados
por Cristo.
Neste sentido, todo o catequista é um “iluminando” dos seus catequizandos. Transmite-
lhes a luz da fé, pela palavra e pela vida, na certeza de que, quanto mais ajudar a
acender e a manter a chama da fé dos catequizandos, mais viva será a chama da sua
própria fé…e mais feliz será, como é próprio de quem é verdadeiramente “luz em Cristo”.

OBJECTIVOS
– Reviver o próprio Baptismo na comunidade cristã;
– Reconhecer que Cristo é a luz da vida;
– Saborear e celebrar a alegria de ser de Cristo pela luz da fé;

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OBSERVAÇÕES PEDAGÓGICAS
1. Esta celebração é um dos auges das catequeses anteriores: depois da adesão de fé a
Cristo, a exemplo e pelo testemunho dos Apóstolos, as crianças são levadas a reviver a
sua fé, na comunhão da comunidade cristã a que pertencem desde o Baptismo e que
vive da mesma fé. Daí a importância da dimensão comunitária da celebração.

2. Não se pense que as crianças são demasiado novas, para entender tudo o que fazem e
dizem. O seu processo da fé nunca está acabado, e Aquele em quem acreditam ultrapassa
sempre as capacidades humanas de compreensão conceptual, seja qual for a idade em
que o crente se encontre.

3. Por isso se privilegia o símbolo. No caso presente, é o das trevas e da luz a que as
crianças são particularmente sensíveis. A seu modo, apercebem-se já de que, sem
Deus, não conseguem viver na luz e no calor do amor, fundamentais para a vida e que o
símbolo em causa tão bem pode transmitir.

4. A participação dos pais e padrinhos do Baptismo acaba por reverter em favor deles
próprios. Não será por acaso que agora os papéis se vão inverter: tendo transmitido a fé
aos filhos e afilhados, será destes que, nesta celebração, recebem a chama da fé. Este
é, de resto, um fenómeno cada vez mais frequente: pelos filhos é que muitos pais
(re)encontram o caminho para Deus e a sua Igreja.

MATERIAIS
– Os necessários para a habitual celebração da Eucaristia;
– Círio pascal;
– Velas baptismais das crianças;
– Velas para os restantes participantes na celebração;

MÚSICAS
– “Cristo Jesus, Tu me chamaste”;
– “Glória ao Senhor” (Frei Fabretti);
– “A vossa Palavra, Senhor” (M. Simões);
– “Aleluia, Glória ao Senhor”;
– “Senhor Jesus, Tu és a luz” (estrofes próprias);
– “Sou de Cristo, sou feliz”;
– Jesus Cristo é Senhor”;
– “Jesus Cristo és meu amigo”.

LUGAR DA CELEBRAÇÃO
– 1ª opção: A igreja paroquial, onde existe pia baptismal e habitualmente se celebra o
Baptismo. Mesmo que na paróquia haja catequese noutros lugares, todos os grupos
deste terceiro ano se devem concentrar na igreja mãe, se possível, na mesma celebração.

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– 2ª Opção: No caso de a igreja paroquial ser de todo impossível, escolha-se uma igreja
onde habitualmente haja culto, nomeadamente ao Domingo, a igreja frequentada pelas
crianças.
– Só, como 3ª opção, se escolha outro lugar, que pode ser a sala da catequese, se nela
couberem pelo menos os pais, familiares e padrinhos das crianças, isto é, onde se
possa reunir parte da Igreja a que as crianças pertencem pelo Baptismo. Se for esta a
opção tomada, adapte-se o esquema e as palavras sugeridas no desenvolvimento da
celebração e prepare-se devidamente o espaço para se conseguir alguma solenidade e
beleza.

DIA E HORA DA CELEBRAÇÃO


– Se possível, seja integrada na missa dominical (ou celebração da Palavra) de Sábado ou
Domingo à noite, isto é, a uma hora em que seja fácil fazer escuridão e passar dela para
a luz, conforme se indica no esquema da celebração.
– Se esta se realizar a outra hora, procure-se pelo menos que, na altura indicada, haja o
máximo de escuridão. Para isso, fechem-se as janelas, se possível, e realizem-se os
ritos iniciais apenas com as luzes do lugar acesas.

PARTICIPANTES NA CELEBRAÇÃO
– Além das crianças, pais, familiares e padrinhos, é importante a presença da restante
comunidade cristã, da qual, como se disse, as crianças fazem parte desde o seu
Baptismo.
– Se o grupo tiver crianças não baptizadas, também elas devem participar, mas, natural-
mente, sem vela baptismal. Receberão apenas uma vela, na mesma altura e do mesmo
modo que os restantes participantes.
– Na igreja, reservam-se os lugares da frente para as crianças do grupo já baptizadas, a
seguir para as não baptizadas e, depois, para os pais e padrinhos.

ESQUEMA DA CELEBRAÇÃO
– As crianças que fazem a renovação da fé baptismal, podem incorporar-se no cortejo da
entrada. Se não forem muitas, podem ser chamadas pelo seu nome, a seguir à saudação
inicial do Presidente. De qualquer modo, serão apresentadas à assembleia. Como acto
penitencial, sugere-se a aspersão da assembleia, em memória do Baptismo, que pode
também ser feita depois da profissão de fé (como na Vigília Pascal).
– No final dos ritos iniciais (com a oração-colecta) e imediatamente depois de todos se
sentarem, a igreja deve entrar repentinamente numa escuridão total. Para isso, nem
sequer as velas do altar (e outras) devem ter sido acendidas. Sê-lo-ão a seu tempo. A
escuridão deverá ser feita de modo inesperado. Só assim terá o desejado impacto nas
crianças. Para isso, a pessoa encarregada das luzes da igreja, faça-o com muita discrição.
Só depois da profissão de fé, a igreja terá o máximo da sua iluminação.

111
– Depois de introduzida pelo Presidente da celebração, a 1ª leitura deve ser feita ainda
com a igreja às escuras. Apenas o leccionário com a leitura, é iluminado e apenas o
suficiente para se poder ler, tal como o salmo responsorial que se lhe segue.
– Na 3ª estrofe do salmo responsorial, surge, ou do fundo da igreja ou da capela baptismal,
o círio aceso seguido do Evangeliário (ou leccionário) em procissão até à frente do altar.
Aí, os seus portadores voltam-se para a assembleia que, de pé, aclama o Evangelho
com o canto do Aleluia. O Evangelho é lido do ambão, mas só (tanto quanto possível) à
luz do círio. No final, pode cantar-se de novo o Aleluia, enquanto o círio é colocado no
seu pedestal, situado num lugar de relevo.
– Como é aconselhável nas missas com crianças, faça-se apenas uma leitura e o Evangelho.
De acordo com o tema da celebração, propõe-se, como leitura, a de 1 Jo 2, 9-11 e, como
Evangelho, o de Jo 8, 12; 12, 35-36. Pode também ler-se o Evangelho do dia que, porém,
deverá ser adaptado ao tema. Por isso, pelo menos na homilia, faça-se uma alusão ao
texto proposto como evangelho. Este, se se proporcionar, pode ser proclamado por mais
do que um leitor.
– Depois de uma brevíssima homilia, o Presidente pega no círio, levanta-o e canta: “Eis a
luz de Cristo” (melodia da vigília Pascal). Depois coloca-o à altura das crianças para que
nele possam acender as suas velas baptismais. Depois da última, o círio é colocado de
novo no seu lugar e o celebrante convida as crianças a acender as velas dos pais e
padrinhos e, depois, da restante assembleia.
– Segue-se a profissão de fé. Nas respostas: “sim, creio” as pessoas podem levantar as
velas. Só no final da profissão de fé são acendidas as velas do altar e todas as luzes da
igreja. Pode também fazer-se, nesta altura, a aspersão da assembleia. As velas das
pessoas serão apagadas a seguir à oração dos fiéis.

II – DESENVOLVIMENTO DA CATEQUESE

I. RITOS INICIAIS

1. Cortejo de entrada
Como o habitual, mas, se possível, com as crianças que fazem a profissão de fé nele
integradas.

2. Cântico de entrada
“Cristo Jesus, Tu me chamaste” ou
“Senhor, Tu nos chamaste”

3. Saudação e acolhimento
Presidente:
Em nome do Pai…

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A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito
Santo estejam convosco.

Assembleia:
Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de Cristo.

Presidente:
Meninos e meninas, repararam bem no que acabaram de cantar?...
Jesus chamou por nós e cada um respondeu como?... Estou aqui.
Sabem quando é que Jesus chamou pela primeira vez pelo nosso nome?... No dia do
nosso Baptismo (aqueles que já foram baptizados).
Na altura quem respondeu foram os vossos pais. Hoje sois vós. Querem voltar a dizê-lo?
(Se não forem muitas as crianças, o Presidente pode chamar cada uma pelo seu nome,
a que cada uma responde: “Estou aqui”. Se forem muitas, a resposta é dada por todas,
ao mesmo tempo)
Responderam muito bem. Porque hoje, juntamente com todas estas pessoas, vão reviver
o vosso Baptismo: o dia em que ficaram a ser de Jesus Cristo e a pertencer à Igreja, aqui
presente. Vai ser, de certeza, uma celebração muito bela.

4. Rito penitencial - Aspersão da água benta, Formulário II-b

Presidente:
Para isso, e para nos lembrarmos melhor do Baptismo em que fomos purificados dos
nossos pecados, iremos ser aspergidos com água, que vou benzer. No final de cada
pequena oração todos devem responder: “Glória a vós, Senhor”. Não se esquecem?

Presidente:
Deus, Pai Santo, que do Cordeiro imolado na cruz
fizestes brotar as fontes da água viva,

Assembleia:
Glória a vós, Senhor,

Presidente:
Cristo, que renovais a juventude da Igreja
no Baptismo da água e na palavra da vida,

Assembleia:
Glória a vós, Senhor.

Presidente:
Espírito Santo, que das águas do Baptismo
nos fazeis surgir como primícias da nova humanidade

113
Assembleia:
Glória a vós, Senhor.

Presidente:
Deus omnipotente,
que nos sinais sagrados da nossa fé
renovais os prodígios da criação e da redenção
abençoai (…) esta água
e dai a todos os que renasceram no Baptismo
a graça de serem anunciadores e testemunhas da Páscoa
que se renova na vossa Igreja.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Assembleia:
Amen.

Cântico (durante a aspersão)

“Cristo Jesus, Tu me chamaste” (refrão e 4ª estrofe) ou


“Cantai, o Senhor é bom” (refrão e 2ª estrofe)

Presidente (no final da aspersão):


Deus omnipotente nos purifique do pecado
e, pela participação na Eucaristia,
nos torne dignos de participar na mesa do seu Reino.

5. Glória
Recitado ou
“Glória ao Senhor” (Frei Fabretti) (Pode acompanhar-se com palmas ritmadas)

6. Oração – Colecta (do dia)

Depois de a assembleia se sentar, apagam-se repentinamente todas as luzes

II. LITURGIA DA PALAVRA

1. Introdução à 1ª leitura

Presidente:
Não tenham medo. Fiquem calmos. Não, esta falta de luz não foi por avaria.
Eu sei que muitos meninos, e até pessoas crescidas, não são capazes de estar com a
luz apagada. Têm medo do escuro. Porque será?

114
É que no escuro não nos podemos ver uns aos outros, como nos víamos há pouco. Nem
podemos ver as coisas. Nem vemos para onde vamos…
Ir, por exemplo, numa estrada, sem saber por onde se vai, sem luz… é muito perigoso,
não acham? Se não vemos os outros, podemos prejudicá-los ou magoá-los.
E, sem os ver, poderemos mesmo gostar deles?
E quem não ama os outros, não será como andar na escuridão?
Senão, ouçam bem o que agora, mesmo às escuras, vai ser lido para nós.

2. Leitura (1Jo 2, 9-11)

Leitura da primeira Epistola de São João

Caríssimos:
Quem diz que está na luz e odeia o seu irmão,
ainda se encontra nas trevas.
Quem ama o seu irmão,
permanece na luz
e não há nele ocasião de pecado.
Mas quem odeia o seu irmão, encontra-se nas trevas,
caminha nas trevas e não sabe para onde vai,
porque as trevas lhe cegaram os olhos.

Palavra do Senhor.

3. Salmo responsorial

“A vossa Palavra, Senhor” (1ª, 2ª e 3ª estrofes)

No início da 3ª estrofe, parte, do fundo da igreja ou da capela baptismal, o cortejo com


o Círio Pascal aceso e o Evangeliário, até junto do altar-mor. Voltados para a Assembleia,
faz-se a:

4. Aclamação do Evangelho

“Aleluia. Glória ao Senhor” (Refrão e estrofe: “Glória ao Senhor, nossa luz”)

5. Evangelho (do dia, sobretudo se se adaptar ao tema, ou Jo 8, 12; 12, 35-36)

Sacerdote (ou diácono):


O Senhor esteja convosco…
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João.

115
Leitor:
Naquele tempo,
Disse Jesus:

Sacerdote(ou diácono):
Eu sou a luz do mundo.
Quem me segue
não anda nas trevas,
mas terá a luz da vida.

Leitor:
E Jesus disse ainda:

Sacerdote (ou diácono):


A luz ainda estará no meio de vós, por pouco tempo.
Caminhai enquanto tendes luz,
para que as trevas não vos surpreendam.
Quem caminha nas trevas não sabe para onde vai.
Enquanto tendes luz, acreditai na luz,
para que sejais filhos da luz.

Palavra da salvação.

6. Homilia (a adaptar às circunstâncias)

Digam-me: já conseguem ver-se uns aos outros?... Eu consigo vê-los muito bem!
E de onde vem a luz para isso?
Desta vela grande. Pelo menos, é uma boa ajuda.
E como se chama esta vela acesa? – o círio pascal.
Chama-se assim, porque foi benzida e acendida pela primeira vez na noite de Páscoa.
E que celebramos nós nessa noite? - A ressurreição de Cristo. Jesus venceu a morte,
porque deu a vida por nós.
Digam-me cá: haverá maior prova de amor do que dar a vida pelos amigos?
Ninguém nos ama tanto como Jesus. Por isso é que Ele nos disse … Lembram-se? –
Eu sou a luz do mundo. Porque vos amo e amo todas as pessoas do mundo, consigo vê-
las com os olhos do coração.
E que acontece a quem ama como Ele? – Vê os outros com um amor como o dele, com
os olhos do coração.
Por isso Jesus nos convidou: “Acreditai na luz, para que sejais filhos da luz”.
Estais dispostos a acreditar em Jesus?...
Então, vinde acender as vossas velas: as mesmas que foram acendidas pela primeira
vez no dia do vosso Baptismo. E também, então, num círio pascal como este.

116
Ao acenderdes as velas estais a receber a luz do amor de Jesus… para todos nos
vermos melhor uns aos outros e nos amarmos como Ele nos ama.

7. Acendimento das velas

Presidente (depois de pegar no círio, com ele levantado, proclama ou canta:)


Eis a luz de Cristo.

Assembleia (cantando:)
Graças a Deus.

Enquanto as crianças se aproximam e acendem as suas velas no círio pascal, cante-se


o cântico:
“Senhor Jesus, Tu és a luz” (estrofes – Documento 1)

Presidente (depois de todas as crianças acenderem as velas:)


Quando fostes baptizados, foram os vossos pais e padrinhos que acenderam as velas
que tendes na mão. Hoje sois vós que acendeis as deles.

Enquanto as crianças acendem as velas, primeiro dos pais e padrinhos e, depois, da


restante assembleia, cante-se o mesmo cântico:
“Senhor Jesus, Tu és a luz” (estrofes - Documento 1)

8. Profissão de fé

Presidente:
Com a luz de Cristo a iluminar o nosso coração e a iluminar-nos uns aos outros, manifestai
a vossa fé, como fizeram os vossos pais e padrinhos no vosso Baptismo. Não vos
esqueçais de levantar as velas quando disserdes: “sim, renuncio” ou “sim, creio”.
Respondei então:

Renunciais às tentações do mal,


para que o pecado não vos escravize?

Assembleia:
Sim, renuncio.

Presidente:
Credes em Deus,
Pai todo poderoso,
criador do céu e da terra?

Assembleia:
Sim, creio.

117
Presidente:
Credes em Jesus Cristo,
Seu único Filho, nosso Senhor,
que nasceu da Virgem Maria,
padeceu e foi sepultado,
ressuscitou dos mortos
e está à direita do Pai?

Assembleia:
Sim, creio.

Presidente:
Credes no Espírito Santo,
na Santa Igreja Católica,
na comunhão dos Santos,
na remissão dos pecados
na ressurreição da carne
e na vida eterna?

Assembleia:
Sim, creio.

Presidente:
Esta é a nossa fé.
Esta é a fé da Igreja
que nos gloriamos de professar
em Jesus Cristo Nosso Senhor.

Assembleia:
Amen.

Presidente:
Que alegria, que felicidade sermos de Cristo, que nos ilumina pela fé que professámos!
Cantemos com alegria:

“Sou de Cristo, sou feliz” (estrofes 1-4).

Acendem-se todas as luzes da Igreja e as velas do altar.


Se achar oportuno, o Presidente asperge a Assembleia com água benta.

118
9. Oração dos fiéis

Presidente:
Irmãos e irmãs, invoquemos a misericórdia e a graça de Deus para estas crianças
e para todos nós que, hoje, aqui revivemos o grande dia do nosso Baptismo. E
digamos:

“Senhor, dai-nos a vossa luz.”

Leitor(es):
– Para que estas crianças
se deixem cativar por Jesus Cristo
e vivam como seus discípulos
à semelhança dos primeiros Apóstolos,
oremos ao Deus da luz e da vida.

– Para que estas crianças


vivam cada vez mais como filhos da luz
e assim testemunhem o Evangelho
pela palavra e pela vida,
oremos ao Deus da luz e da vida.

– Para que os pais e padrinhos destas crianças


vivam sempre como filhos de Deus
e possam ser para elas
exemplo de fé e de amor,
oremos ao Deus do amor e da vida.

– Para que todos nós aqui presentes


nos deixemos guiar, cada vez mais,
pela luz e o amor de Cristo,
para ajudarmos os outros a caminhar para Deus,
oremos ao Deus do amor e da vida.

Presidente:
Senhor, nosso Deus e nosso Pai,
concedei-nos os dons que vos pedimos
para podermos levar ao mundo a luz
de Jesus Cristo, Nosso Senhor.

Se houver crianças capazes de ler bem, as preces da oração dos fiéis podem ser
proferidas por elas. Neste caso, façam-se as devidas adaptações no texto.

119
III. LITURGIA EUCARISTICA

1. Cântico da apresentação dos dons

“Jesus Cristo é Senhor”

2. Oração Eucarística

Uma das missas com crianças

3. Ritos da comunhão

– Pai Nosso (de mãos dadas e levantadas)

– Cântico da comunhão:

“Jesus Cristo, és meu amigo”

IV. RITOS FINAIS

Cântico final

“Sou de Cristo, sou feliz” (estrofes 1-2 e 7-8)

No catecismo,
para recordar a celebração da Festa da Luz:

Na página 30 do catecismo, reler a Leitura da Primeira Carta de S. João.

Na página 31 do catecismo, completar os textos relativos ao cântico “Sou de Cristo,


sou feliz”.

Na página 32 do catecismo, observar as imagens que ilustram as palavras de Jesus


escutadas durante a leitura do Evangelho de S. João e que resumem a mensagem
central da Celebração da Luz: “Eu sou a luz do mundo”.

120
III – DOCUMENTOS

DOCUMENTO 1

Estrofes para o cântico:

Senhor Jesus, Tu és a luz,


És quem nos traz o amor e a paz.

1. Para vivermos na luz


queremos seguir Jesus.

2. Jesus nos fala de Deus


que fez a terra e os céus.

3. És a Palavra divina
que a todos nos ilumina.

4.Tu és o Cristo Senhor


de todos o Salvador.

5. Na dor és o nosso alento


na fome o nosso alimento.

6. Na luta contra o pecado


tenho Jesus a meu lado.

7. Com Cristo amo o irmão


de todo o meu coração.

121
122
CATEQUESE 7

PREPAREMOS O CAMINHO DO SENHOR

I – INTRODUÇÃO

APROFUNDAMENTO DO TEMA

1. João Baptista e o Advento


Hoje, talvez mais do que nunca, são necessárias a figura e a mensagem de João Baptista,
para que o Advento mantenha ou recupere o seu significado e objectivo cristãos de
verdadeira preparação para a celebração da vinda de Jesus. Ou melhor: das vindas.
Nos primeiros séculos do cristianismo, o termo latino Adventus, sobretudo na sua versão
grega Parusia, era aplicado quase exclusivamente à última vinda de Cristo: àquela em
que Ele, como Juiz e Rei glorioso, coroará, no final da história, a sua missão e acção
redentora. É uma esperança e uma convicção tão antiga, que aparece no NT ainda na
sua forma aramaica, a língua mais comum na Palestina: Maranatha (“Senhor nosso
vem”) era um grito certamente proferido em todas as celebrações litúrgicas (1 Cor 16,
22; cf. Ap 22, 20).
Um grito especialmente sentido e intenso, numa altura em que os cristãos eram vítimas
de incompreensões e de perseguições, quantas vezes sangrentas, devido à fidelidade à
sua fé e prática de vida – fundamentadas na experiência vivificante da salvação operada
por Cristo na sua primeira vinda, aquela que começara na sua encarnação e terminara
na sua morte e ressurreição. É neste seu triunfo sobre a morte, no qual começamos a
participar já, pela fé e pelo Baptismo, que se baseia o que ainda hoje proclamamos
como artigo de fé: que Ele “de novo há-de vir, para julgar os vivos e os mortos e o seu
reino não terá fim” (Símbolo niceno-constantinopolitano).
Mas também a sua primeira vinda acabou por se chamar “Advento”, principalmente quando,
a partir de finais do séc. III, começou a ser celebrado o seu início: a sua manifestação na
carne, o seu nascimento humano. Até se chegar ao uso mais frequente nos nossos
dias: é sobretudo ao tempo de preparação para a celebração do Natal do Senhor que
chamamos Advento. Um tempo projectado para a primeira vinda, mas com os olhos na
segunda e definitiva.
É assim que, no primeiro dos quatro Domingos que precedem o Natal, somos convidados
a contemplar e a saborear, antecipadamente, o triunfo final de Cristo. Só a partir daí tem

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sentido celebrar o seu nascimento na carne: para sabermos que a cidade a que
pertencemos está nos céus, de onde com certeza esperamos o Salvador, o Senhor
Jesus Cristo (Fil 3, 20) e vivermos em conformidade com essa esperança.
E é para vivermos essa esperança que precisamos de João Baptista: particularmente
num tempo, como o dos nossos dias, em que o Advento está cada vez mais esvaziado
do seu sentido original. Quantos, mesmo cristãos, arrastados por um consumismo
desenfreado, fazem, precisamente nos dias que antecedem e acompanham o Natal, do
ventre o seu deus (Fil 2, 19)!

2. “Preparai o caminho do Senhor”


É esta a exortação que João Baptista, todos os anos, solenemente proclama no segundo
Domingo do Advento. Trata-se de uma intervenção profética, em vários sentidos.
Antes de mais, porque nos chega através de um profeta, isto é, de um homem chamado
e constituído por Deus para ser seu porta-voz. Veja-se como é apresentado a seu pai
Zacarias (Lc 1, 15-17): Será grande diante do Senhor, como acontecera com o grande
profeta Elias (1 Rs 17, 1; 18, 15); não beberá vinho nem bebida alcoólica, como Sansão
(Jz 13, 14) e Samuel (1 Sam 1, 15), ambos consagrados ao Senhor; será cheio do
Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe, à semelhança de Jeremias (Jer 1, 5) e do
Servo do Senhor (Is 49, 1). Terá mesmo o espírito e o poder de Elias, o primeiro grande
profeta de Israel, cujo regresso se esperava para os tempos messiânicos, como seu
precursor (Mal 3, 1. 23-24). Daí que Jesus diga dele, mais tarde: Entre os nascidos da
mulher não há profeta maior do que João (Lc 7, 28).
Mas a sua palavra é profética, também porque actualiza a de um outro profeta, a de Is
40, 3-5 (na versão dos LXX): Uma voz clama no deserto: “Preparai o caminho do Senhor,
e endireitai as suas veredas. Todo o vale será preenchido, todo o monte e colina serão
abatidos: os caminhos tortuosos ficarão direitos e os escarpados tornar-se-ão planos. E
toda a criatura verá a salvação de Deus” (Lc 3, 4-6).
O deserto, pela sua aridez e a consequente falta ou escassez de mantimentos, é um
lugar especialmente propício para a procura e o encontro com Ele. Foi assim com o povo
de Israel que, pela fome por que passou no deserto, aprendeu que nem só de pão vive o
homem; mas de tudo o que sai da boca do Senhor é que o homem viverá (Dt 8,3). E
ainda hoje, porventura, não é em tantos “desertos” da vida, impostos ou mesmo
procurados, que tantas pessoas encontram o caminho para o único Deus que lhes pode
proporcionar uma vida em plenitude?
Por isso mesmo, foi também no deserto, em que cresceu (Lc 1, 80), que João foi chamado
para uma tal intimidade com Deus, que Este lhe colocou nos lábios palavras que Ele
próprio havia proferido por outro dos seus profetas. Palavras que desafiam quem as ouve
ou leia, a afastar dos seus caminhos tudo o que o impede de um rápido e pleno encontro
com Deus: os montes e as colinas, os vales e as curvas do egoísmo, do erro, do pecado
– tudo aquilo de que só um Baptismo de penitência para perdão dos pecados pode
purificar (Lc 3, 3).

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Assim era a pregação de João: um convite à conversão, à mudança de pensar e de agir,
que o banho de água simbolicamente confirmava e consolidava. Daí o título que a tradição
posterior lhe atribuiu: “Baptista” significa o que baptiza. Um Baptismo que prefigurava e
preparava o Baptismo no Espírito Santo e no fogo que, anos mais tarde, haveria de ser
administrado em nome daquele que João anunciava: Alguém mais forte do que eu e a
quem não sou digno de desatar a correia das sandálias (Lc 3, 16).
Por isso, quando Pedro e os Apóstolos anunciavam esse Messias já morto e ressuscitado,
fizeram-lhes precisamente a mesma pergunta (Act 2, 37), dirigida aqui a João por aqueles
que acolhem a sua palavra:

3. “Que devemos fazer?”


Esta pergunta é uma espécie de refrão em Lc 3, 10-14: primeiro, genericamente, na
boca das multidões que acorriam para serem baptizadas; depois, na de dois grupos
particularmente desprezados, e com razão, no judaísmo de então, os publicanos e os
militares. Os primeiros, porque, favorecidos pelo método da recolha de impostos para o
Estado – em que uma parte ficava para o cobrador – frequentemente exigiam dos cidadãos,
por vezes de um modo violento, mais do que era obrigatório por lei. Portanto, roubavam.
O mesmo acontecia com os militares: em parte porque mal pagos pelo Estado, usavam,
em muitos casos, as armas, para se apoderarem do que lhes não pertencia.
São dois casos exemplares, que se poderiam alargar a todas as pessoas de todas as
condições. Por isso, as respostas de João têm valor universal e para todos os tempos.
Não abusar de métodos violentos nem furtar é exigido a qualquer pessoa que se preze
de o ser e que, por isso, respeite a dignidade e os bens alheios. Um comportamento que
tem a sua vertente positiva na partilha de vida, a começar pelos bens mais elementares,
como são a roupa e o alimento.
São estes os frutos dignos do arrependimento que João de todos exige (3, 7). Uma
conversão que não tenha expressões concretas como estas é, no mínimo, um engano…
para o próprio. Mas não para Deus, pois a sua cólera, isto é, o seu total desacordo com
tais situações e atitudes, manifestar-se-á com a radicalidade própria de Deus: Toda a
árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo (3, 9).
Não será isso o que até já está a suceder numa sociedade como a nossa, dominada por
um consumismo egoísta que de tudo se aproveita, até de tempos que deveriam ser, pela
sua origem e natureza, ainda mais sagrados, como é o do Natal do Senhor? Não haverá
“árvores”, essenciais pelos frutos que devem produzir, como é por exemplo a da família,
em grande risco, exactamente pela falta de espírito e de prática da partilha, do dom, não
apenas entre os seus membros, mas também para além das paredes em que vivem?
Razões têm, por isso, as crianças e os seus pais, os catequistas e qualquer baptizado
para perguntar a João: Que devo eu fazer? Não tenhamos medo da sua resposta. Afinal,
é no seu acolhimento prático que está o caminho para Deus, que o mesmo é dizer, para
a vida, uma vida verdadeiramente feliz.

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OBJECTIVOS
– Introduzir-se no tempo litúrgico do Advento;
– Acolher a figura de João Baptista e o seu convite à conversão;
– Comprometer-se em acções expressivas de conversão.

OBSERVAÇÕES PEDAGÓGICAS
1. Com esta catequese inicia-se um ciclo de quatro que terá o seu auge na celebração do
Natal do Senhor. Um dos motivos condutores, além do presépio, será o símbolo da luz,
não só por ser nesta época do ano mais fácil de apreender e compreender, como também
por ter vindo a ser explorado nas catequeses anteriores, sobretudo na última. A chama
da fé, no seguimento de Cristo a partir do Baptismo, mantém-se viva e contagiante até à
celebração do seu nascimento.

2. Nesse sentido, nesta catequese é introduzida e acendida somente a primeira de quatro


velas do Advento e, na expressão de fé, é distribuída por cada criança uma pequena
cartolina, para, com ela, fazer uma estrela que fará parte do presépio. Mas isso – a
função da vela e da cartolina – só será descoberto nas catequeses seguintes. Convém
que a criança pratique a conversão sugerida, não para dar nas vistas (pelo presépio),
mas pelo seu valor cristão: ser expressão do amor.

3. João Baptista, a primeira de três figuras típicas do Advento, aparece como alguém que,
a seu modo, já seguiu Jesus e que, nesse sentido nos convida ao mesmo, através da
conversão da vida. É, por isso, já introduzido na experiência humana, é dele que vem a
Palavra e é a ele que as crianças e os catequistas se dirigem na expressão de fé.

4. Além da proposta para a Experiência Humana, apresentada no Desenvolvimento da


Catequese, é oferecida uma outra no Documento 1. A sua escolha dependerá da
adequação, ou não, das condições de espaço em que o grupo se reúne, uma vez que
supõe um espaço próprio e uma entrada relativamente espaçosa.

MATERIAIS
– Dístico “Cristo” usado nas catequeses anteriores;
– Dísticos: “Advento”, “Preparai o caminho do Senhor” e “Que devo eu fazer?”.
– Letras do dístico “João” (numa cor) “Baptista” (noutra cor), recortadas de modo a serem
juntas no decurso da catequese;
– Figura de João Baptista a pregar;
– Cartolinas pequenas e de várias cores, em forma quadrada, susceptíveis de serem (nas
próximas catequeses) transformadas em “estrelas”. De um lado têm dois grupos de três
linhas, para servirem de guia às crianças, quando escreverem nelas;
– Lápis;
– Bíblia;

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– A primeira vela do Advento – como as restantes três, diferente e mais bela do que as
usadas até agora e, se possível, decorada com algum enfeite de Natal, como um pouco
de azevinho.

MÚSICAS
– “Jesus Cristo és meu amigo” ou “Senhor Jesus, Tu és a luz” ou “Sou de Cristo, sou feliz”;
– “Preparai o caminho do Senhor” (estrofes próprias, Documento 1);
– Gravação de “Preparai o caminho do Senhor”.

II – DESENVOLVIMENTO DA CATEQUESE

Preparação da sala
– No placar: ao centro, o dístico “Cristo” das catequeses anteriores.
– Na mesa: a Bíblia e, em lugar de relevo, (só) uma primeira vela do Advento.

I. EXPERIÊNCIA HUMANA

1. O catequista acende a vela do Advento e pergunta:


Sabem por que razão eu já acendi esta vela junto da Bíblia?
Não, não vamos ler já a Palavra de Deus. Então, porque será?...
A nossa celebração da luz! Foi muito bonita, não foi? De que gostaram mais?

Depois das respostas das crianças e adaptando-se a elas, o catequista comente:


Toda aquela luz, que das vossas velas se estendeu por toda a igreja, vem-nos de Jesus.
Ele é a nossa luz: é Ele quem nos ajuda a ver a Deus, a receber o Espírito Santo e a
olhar para os outros. Para quê?... – Para os amarmos como Ele nos ama.

Não querem voltar a cantar, pela alegria de o seguirmos e de o termos connosco? Que
canto preferem?
O catequista escolherá um dos três, certamente propostos pela criança, convidando-as
a cantar de pé:
– “Jesus Cristo és meu amigo”, ou:
– “Senhor Jesus, tu és a luz”, ou:
– “Sou Cristo, sou feliz”.

2. Podem sentar-se…
Que alegria ouvir-vos cantar! Vê-se mesmo que quereis seguir Jesus sempre e em toda
a parte.
A propósito: vamos ter daqui a algum tempo uma grande festa em louvor de Jesus. Qual
é?... – A festa do seu nascimento. Em que dia vai ser?...

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Ainda falta algum tempo. Mas, como é uma festa tão importante, temos de começar já
a prepará-la.
Aliás, na igreja já começámos (ou estamos para começar). Alguém sabe como se chama
este tempo de preparação para o Natal?

O catequista afixe no placar, bem ao alto, o dístico “Advento” e explique:


Sabem o que quer dizer “Advento”?... - “Vinda”. De quem?
Claro, de Jesus. São (quase) quatro semanas de preparação para a celebração da vinda
de Jesus, sobretudo no seu nascimento.
De certeza que também quereis participar. Algum de vós já pensou nisso: como podemos
preparar-nos bem para celebrar o nascimento de Jesus?...

Olhem, eu tenho uma ideia. Vamos a ver se descobrem qual será.


Qual é, para vós, um dos sinais mais lindos do nascimento de Jesus?...
Para mim, é o presépio. E se nós fossemos construir um presépio aqui na catequese?...
Um presépio cheio de luz, aquela luz que nos vem de Jesus. Acham bem? E estão
mesmo dispostos a colaborar?...

Falta saber como: como fazer, para termos aqui na nossa catequese um presépio cheio
de luz. Podíamos perguntar a alguém que saiba. Mas a quem?...
Eu conheço uma pessoa que nos pode ajudar. E vós também já ouvistes falar dela. Por
isso, proponho que sejais vós a apresentar essa pessoa. Estais dispostos?
Então, fazemos assim: primeiro ides descobrir quem é essa pessoa. E a descoberta
pode ser feita de uma maneira engraçada.


Alternativa

Grupo pequeno
O catequista pode escolher uma das seguintes hipóteses:
– Divida a cartolina com a figura de João Baptista em tantas peças quanto o número
de crianças e distribua uma peça por cada criança, para com elas reconstruírem a
figura.
– Divida as letras de “João Baptista” (as de “João” numa cor e as de “Baptista” noutra)
e distribua-as pelas crianças, para com elas formarem o respectivo dístico.

Para ambas as hipóteses, convém dar às crianças uma base, em papel ou cartolina,
para nela alinharem as peças ou as letras.

A apresentação final pelas crianças será feita conforme a hipótese seguida:

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– Na reconstrução da figura: esta será afixada a seguir e na parte superior do dístico
“Cristo”. A seguir pergunta-se às crianças quem será aquela figura. Depois de algumas
tentativas, o catequista afixe na parte superior o dístico “João Baptista”.
– Na reconstrução do nome, o catequista afixe-o no mesmo lugar indicado e, depois,
por baixo (entre os dísticos “João Baptista” e “Cristo”) afixe a figura de João Baptista.


Alternativa

Grupo grande
Siga-se o mesmo processo da 1ª alternativa, mas distribuindo as letras e as peças por
dois (ou três) grupos diferentes.
Neste caso, convém que as peças não sejam muitas, para que as reconstruções durem,
tanto quanto possível, o mesmo tempo.

Na apresentação final, primeiro afixe-se a figura e, só depois de perguntar de quem será


essa figura, se apresentam e afixam as letras.


Alternativa

Grupo muito grande


Três crianças (ou catequistas), previamente preparadas, entram pelo fundo da sala, a
primeira com a vela do Advento, a segunda com a figura de João Baptista e a terceira
com o dístico “João Baptista”. As outras acolhem-nas de pé e em silêncio.
Chegadas à frente, as três crianças levantem e mostrem a respectiva vela, figura e
dístico, deixem contemplá-los, e o catequista afixe a figura e o dístico nos lugares do
placar já indicados.

3. Para as três alternativas:


Já conheciam João Baptista. Lembram-se de alguma coisa que ele tenha feito?...
Mas, antes de ter baptizado Jesus, ele fez e disse outras coisas.
Querem saber algumas delas?
Lembrem-se de que são para nos ajudar a preparar o Natal de Jesus, com um presépio
cheio de luz. Por isso vão estar muito, muito atentos.

II. PALAVRA

1. O catequista abre a Bíblia em Lc 3, 3-6, convida as crianças a porem-se de pé e leia, só


ele ou com outros catequistas, se optar por uma leitura dialogada:

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Catequista:
O Senhor esteja connosco.

Crianças:
Ele está no meio de nós.

Catequista:
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo São Lucas:

Crianças:
Glória a vós, Senhor.

Catequista:
Naquele tempo,
João Baptista percorreu toda a zona do rio Jordão,
pregando um Baptismo de penitência para o perdão dos pecados,
como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías:

Leitor:
«Uma voz clama no deserto:
“Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas.
Sejam alteados todos os vales
e abatidos os montes e as colinas;
endireitem-se os caminhos tortuosos
e aplanem-se as veredas escarpadas;
e toda a criatura verá a salvação de Deus”.»

O catequista interrompe a leitura, esclarece eventuais dificuldades com o vocabulário e


pergunta:
Que nos diz João Baptista, junto do rio Jordão?
Afixe, por baixo do dístico “Cristo”, o dístico “Preparai o caminho do Senhor e comente:
Um caminho sem montes, nem vales, nem curvas. Um caminho direito, para o Senhor
chegar mais depressa. O Senhor é Jesus.
Para fixarmos bem as palavras de João Baptista, podemos cantá-las.

O catequista ensaia rapidamente o cântico “Preparai o caminho do Senhor” com as


suas três primeiras estrofes. Depois de ensaiado, convida as crianças a cantar de pé a
1ª estrofe. Depois comente:

2. De certeza que alguns de vós já perguntaram: mas que vales, montes e caminhos são
esses?

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Não são os lá de fora. Somos nós que podemos impedir, como os montes e os vales,
que o Senhor venha.
E então que temos nós de endireitar para que Ele venha até nós e possamos ouvir a sua
voz?
Querem saber? Então reparem bem nas pessoas que foram ter com João Baptista.
Reparem no que elas lhe perguntam.

O catequista, só ou com as crianças, leia o diálogo de Lc 3, 10-14. Ao leitor 2, que leia


as palavras de João Baptista, pode prender-se-lhe na roupa uma cópia da figura de
João:

Catequista:
As multidões perguntaram-lhe:

Leitor 1:
Que devemos fazer?

Catequista:
Ele respondia-lhes:

Leitor 2:
Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma;
e quem tiver mantimentos faça o mesmo.

Catequista:
Vieram também alguns publicanos, para serem baptizados,
e disseram:

Leitor 3:
Mestre, que devemos fazer?

Catequista:
João respondeu-lhes:

Leitor 2:
Não exijais nada além do que vos foi prescrito.

Catequista:
Perguntavam-lhe também os soldados:

Leitor 4:
E nós, que devemos fazer?

Catequista:
Ele respondeu-lhes:

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Leitor 2:
Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente;
e contentai-vos com o vosso soldo.

Catequista:
Palavra da Salvação.

Crianças:
Glória a vós Senhor.

3. Podem sentar-se…
Digam lá então, primeiro, que pessoas foram ter com João Baptista? Quem se lembra?...
Primeiro…foram as multidões, isto é, muitas pessoas.
Depois forram os… publicanos. Eram as pessoas que recolhiam o dinheiro para pagar
ao Estado e muitas vezes levavam mais do que deviam. Roubavam.
E quem foi em último lugar?... os soldados que tinham armas e, por isso, às vezes,
ameaçavam, batiam às pessoas e até as roubavam.

Faziam bem?...claro que não. Quem rouba, quem é violento, quem não reparte as suas
coisas por quem não tem, por quem é pobre, não está preparado para receber o Senhor.

Digam lá, com sinceridade: Quem rouba, está com Jesus?... Quem bate nos outros,
está com Jesus?... Quem despreza os pobres, não reparte com eles os seus bens, está
com Jesus?...

III. EXPRESSÃO DE FÉ

1. E vós? Quereis estar com Jesus?...


Quereis estar bem preparados para celebrar o seu Natal?...
Quereis seguir o convite e o conselho de João Baptista, para formarmos um presépio
cheio de luz?...

Que bom! Estou muito contente convosco…e João Baptista também, e claro, Jesus
muito mais. E vós, se fizerdes mesmo o que ele nos acaba de dizer, também iremos
ficar muito, muito contentes.
Então, para não se esquecerem, vamos primeiro cantar outra vez (de pé, se possível) e
voltados para o placar, o cântico:

“Preparai o caminho do Senhor” (as três primeiras estrofes).

2. Agora temos de saber o que é que cada um vai fazer, para ser bom: para não ser violento
com os outros, para não roubar, para repartir com os mais pobres algumas coisas que
temos e eles não têm, e para acabar com outras maldades que às vezes ainda fazemos.

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E se fôssemos perguntar a João Baptista?

Podemos fazer assim: vou distribuir por cada um de nós umas folhinhas de cores
diferentes. São diferentes as cores, porque cada um de nós é diferente dos outros e,
provavelmente, não vão todos escrever nelas a mesma coisa.

O catequista distribua por cada criança a folha que ela vai usar e que, no seu conjunto,
formarão as primeiras “estrelas” que irão fazer parte do presépio.
Para ajudar as crianças a escrever, afixe no placar, por baixo do dístico “Preparai o
caminho do Senhor” o dístico “Que devo eu fazer?”, como modelos.

Deste lado – mostra o lado com os dois grupos de linhas – vão todos escrever duas
coisas, por isso cada folha tem essas linhas:
– Primeiro escrevem aquilo que João Baptista nos diz e está ali afixado no placar:
“Preparai o caminho do Senhor”.

Depois das crianças escreverem:


– Agora, do mesmo lado da folha, mas nas outras linhas, escrevem a pergunta que as
pessoas faziam a João Baptista: “Que devo eu fazer?” Vamos lá, todos escrevem.
Enquanto as crianças escrevem, pode colocar-se como música de fundo a gravação de
“Preparai o caminho do Senhor”.

3. Depois de terminado o trabalho das crianças:


Agora vamos ler a João a pergunta que cada um lhe escreveu. Isto é, que deve fazer
cada um de nós para preparar o caminho do Senhor, a festa do seu nascimento.
Mas, para ser mais bonito, quando eu disser, cada um de vós vem aqui à frente, e, com
a folhinha que escreveu na mão, pergunta:
“João Baptista, que devo eu fazer?”.
Não se esquecem? Depois coloca a folhinha em cima desta mesa.

Mas, antes disso, vamos todos, de pé… cantar o cântico:


“Preparai o caminho do Senhor” (1ª estrofe).

Agora, cada um vem aqui e faz a sua pergunta a João Baptista.

As restantes estrofes do cântico podem ser cantadas no meio e no fim da entrega da


folha.
Se forem muitas as crianças, podem fazer a entrega em pequenos grupos. Nesse caso,
o cântico é cantado entre eles.

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4. Compromisso
Sentados, em ambiente de concentração, o catequista diz, com voz calma e apelando
à interioridade:
Agora, só falta saber o que João Baptista vai responder a cada um de nós.
Mas isso tendes de ser vós a descobrir ao longo da semana e até à próxima catequese.
Podeis, para vossa ajuda, servir-vos do catecismo, perguntar aos vossos pais.

Lembram-se de João ter dito: devemos partilhar a nossa roupa e os nossos alimentos
com quem não tem.
Mas, além da roupa e dos alimentos, temos muito mais coisas: livros, material escolar,
brinquedos (tantos!), jogos, discos, etc.
Lembrem-se que há meninos que não têm ou têm muito pouco. Não será que João
Baptista nos manda partilhar com eles?

Mas não se esqueçam de uma coisa: não é só aquilo que me não faz falta ou de que eu
já não gosto, que posso e devo dar aos outros. É também aquilo de que os outros
também gostam e precisam.

Bom, têm uma semana para pensar. Para a próxima catequese têm de trazer uma
resposta. Na página 36 do vosso catecismo, cada um vai escrever, em casa, o que João
Baptista lhe pede.

E para vos ajudar a pensar e a preparar o coração, cada dia (mostrar na mesma página
do catecismo) vão ajudar a mãe (a avó… de acordo com as situações familiares das
crianças) a preparar o Natal, arrumando muito bem as vossas coisas. É para Jesus
chegar mais depressa ao vosso coração!
E cada dia que o fizerem, pintam um bocadinho deste presépio (mostrar o presépio da
página 36). Vamos ver quem pinta o presépio todo?
É João Baptista e Jesus quem assim querem. Ou então, não conseguiremos ter um
Natal com um presépio cheio de luz. E isso vós não quereis, pois não?

Para guardar na memória e no coração


Que devo eu fazer para preparar o Natal do Senhor?
Partilhar as minhas coisas com quem não tem,
sendo responsável com o que é meu.

134
III – DOCUMENTOS

DOCUMENTO 1

2ª proposta de Experiência Humana

1. Tanto quanto possível, o catequista retire, antes da entrada na sala, todos os objectos
que habitualmente se encontram nela, sobretudo aqueles que mais são usados pelas
crianças: cadeiras, almofadas, mesas, e coloca-os è entrada da sala ou num canto da
mesma.

Quando as crianças estiverem reunidas à porta da sala, o catequista diz:


Hoje, vamos receber uma visita na nossa sala. Precisamos de prepará-la para recebermos
bem a visita! É que está tudo desarrumado – não está nada preparado!”

Introduzindo as crianças na sala, organiza o processo de arrumação, procurando, com a


rápida ajuda das crianças, que tudo fique arranjado e bonito.

2. Depois de tudo arrumado, e de o catequista ter acendido a vela do Advento, observa:


Com esta vela acesa, a nossa sala ainda fica mais bonita! Gostamos de usar velas nas
nossas festas, não é?
Deixe as crianças dialogar brevemente sobre o uso caseiro das velas.
Por exemplo, todos gostamos muito de apagar as velas do nosso aniversário. A luz da
vela lembra-nos algo de bonito e importante. Por exemplo, da nossa celebração da luz.
Se o catequista tiver algumas fotos da celebração, pode mostrar às crianças e colocá-
las junto da vela.

Toda aquela luz, que das vossas velas se estendeu por toda a igreja, vem-nos de Jesus.
Ele é a nossa luz: é Ele quem nos ajuda a ver a Deus, a receber o Espírito Santo e a
olhar para os outros. Para quê?... – Para os amarmos como Ele nos ama.

3. Mas hoje, nós temos aqui esta vela grande e bonita para nos lembrar uma outra festa,
uma festa dos cristãos de que todos gostamos muito. Já não falta muito tempo. Que
festa será?
É natural que as crianças já tenham visto, mas imediações das instalações da catequese,
alguns sinais de que se aproxima o Natal, e o catequista ajude-as a reparar neles:
Velas, estrelas, … iluminações, tudo para nos lembrar que Jesus vem aí: estamos a
chegar ao Natal.

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Todos estamos a preparar-nos para a chegada de Jesus: nós arrumámos a nossa sala,
as ruas estão a enfeitar-se, em nossa casa também vamos preparar os enfeites que
mostram como estamos contentes por Jesus vir ter connosco.

Em que dia é a festa do seu nascimento? … Muito bem. Mas é uma festa tão importante,
que a preparamos com antecedência. Aqui na catequese vamos demorar quatro semanas!
Sabem como chamamos a este tempo de preparação do Natal?...

O catequista peça a uma criança para afixar o dístico “Advento” e, depois, diz:
Vamos ler todos: Advento!
Quer dizer: “Vinda”. A vinda de Jesus.
Olhem, eu não sei o que é que pensam, mas uma das coisas que mais gosto de fazer no
Advento é … preparar o presépio. E se nós fossemos construir um presépio aqui na
catequese?... Um presépio cheio de luz, aquela luz que nos vem de Jesus. Vamos todos
trabalhar para isso.
Falta saber como: como fazer, para termos aqui na nossa catequese um presépio cheio
de luz.

4. Eu conheço uma pessoa que nos pode ajudar. É alguém que nos vem visitar hoje,
lembram-se: nós preparámos “a nossa casa” da catequese, tão bem arrumada, tão
bonita, por sua causa. Não, ainda não é Jesus. Ainda faltam umas semanas para Ele vir
estar connosco. Mas ainda bem, nós precisamos de nos preparar.
Vamos já ver quem vem hoje:

O catequista afixe a imagem de Baptista junto dos dísticos “Cristo” e “Advento” e pergunte:
Sabem de quem se trata?... É João Baptista. Já conheciam… Sim, foi ele quem baptizou
Jesus.
Mas, antes disso, ele disse e fez outras coisas, para preparar a vinda de Jesus.
Já arrumámos a nossa sala, para recebermos João Baptista, e agora é ele que nos vai
ensinar o que devemos fazer para recebermos Jesus.
Vamos ouvi-lo.

136
DOCUMENTO 2

Estrofes para o cântico “Preparai o caminho do Senhor”

1. João Baptista proclama para nós


- Preparai o caminho do Senhor
No deserto faz ouvir a sua voz
- Preparai o caminho do Senhor

2. Todos os vales sejam alteados


- Preparai o caminho do Senhor
Todo o monte e colina abatidos
- Preparai o caminho do Senhor

3. Os caminhos sejam endireitados


- Preparai o caminho do Senhor
Deus a todos dará a salvação.
- Preparai o caminho do Senhor.

DOCUMENTO 3

Folha de papel para a actividade sobre João Baptista

Nota: Talvez seja preferível que o catequista, ao preparar as pequenas folhas de papel para a
actividade, não fotocopie a face dois já com a figura da estrela, para que as crianças
possam ser surpreendidas, quando descobrirem que, de facto, as folhas são como
“estrelas”; e para que, no recorte, não desapareçam muitas das palavras escritas na face
1. O recorte far-se-á folha a folha, se necessário, com o auxílio de um molde em cartolina.

137
138
CATEQUESE 8

JOSÉ – “UM HOMEM JUSTO”

I – INTRODUÇÃO

APROFUNDAMENTO DO TEMA

1. A justiça
Para a maioria das pessoas, e na acepção mais corrente nos nossos dias, a justiça é,
predominantemente, uma virtude específica da organização social: a distribuição equitativa
dos proveitos e lucros da vida em sociedade e dos encargos que esta comporta. É
mesmo considerada a principal virtude duma sociedade. Se cada cidadão não usufruir
daquilo a que tem direito para viver, não há ordem nem paz que permita a necessária
convivência entre todos. Necessária, porque o ser humano, como praticamente todo o
ser vivo, é por natureza social.
É, portanto, dever do Estado, e talvez o primeiro, garantir a justiça entre os membros da
sociedade que governa. Para isso existem, entre outros meios, os tribunais. São tão
importantes que, muitas vezes, ao falar-se de justiça, se pensa imediatamente nesses
órgãos que formam o poder judicial ou no conjunto de pessoas encarregadas de a
administrar. E para que realmente façam valer o direito de cada um, até se diz que a
justiça é cega, como a mulher de olhos vendados e balança na mão com que é
frequentemente representada. De facto, quando a corrupção atinge a justiça, então não
há Deus que nos valha. Não há mesmo?
Antes de ser uma virtude social, e para que o seja, a justiça é uma virtude individual: não
apenas dos governantes e juízes, mas de qualquer pessoa. É a qualidade de quem está,
pensa e actua de um modo “ajustado”, isto é, em conformidade com o que é justo, com
a ordem que regula todas as suas relações: consigo próprio, com os outros e com Deus.
É, em primeiro lugar, esse o sentido com que se fala em justiça na Bíblia, tal como em
toda a Antiguidade e Idade Média. E bem. Porque só esta constante e perpétua vontade
de dar a cada um – seja o próprio, o outro ou Deus – o que lhe é devido, garante a
autêntica justiça social.
Na tradição bíblica e cristã, a justiça é regulamentada pela Lei que faz parte da aliança
de Deus com o seu povo. O Decálogo é uma espécie de lei fundamental ou constitucional
que, na sua dupla relação com Deus (os três primeiros mandamentos) e com o próximo

139
(os restantes sete), está na raiz e na base da constituição e existência do povo de Deus.
É por ela que se regula a justiça, tanto de Deus como do povo. E a ordem dos mandamentos
é intencional: só numa relação justa com Deus, isto é, de total obediência e dependência
(porque Ele é tudo), é, constante e permanentemente, possível uma relação
verdadeiramente ajustada às necessidades, direitos e bens dos outros. Vejamos um dos
exemplos bíblicos mais esclarecedores.

2. A justiça de José, noivo de Maria


Chamamos-lhe “noivo”, porque o caso passou-se, segundo nos conta Mt 1, 18-25, durante
o período do noivado que precedia, como de resto ainda hoje, a união definitiva realizada
no casamento. Mas com algumas diferenças em relação ao que é habitual entre nós: os
noivos, sem coabitarem, ficavam juridicamente comprometidos um com o outro. Uma
infidelidade, designadamente pelo adultério, podia ser severamente punida, e com a
mesma pena prevista para os casados. Noivos adúlteros (e não apenas a noiva) podiam
ser apedrejados até à morte (cf. Dt 22, 23-24).
Não consta que essa lei fosse posta em prática, pelo menos nos tempos do NT. Mas
que podiam ficar publicamente enxovalhados e com a honra perdida, talvez até para o
resto da vida, lá isso sim. O matrimónio e a instituição familiar eram, e bem, demasiado
sérios, para ficarem expostos a caprichos e paixões que os podiam destruir.
Era o caso de Maria, pelo menos aos olhos de José. Ela apareceu grávida, e dele o filho
não era. Embora pudesse ser. A lei permitia-o. Mas diz-se explicitamente que foi antes
de coabitarem (Mt 2, 18); o que, no caso, significa ter sido antes de terem relações
sexuais. Que fazer, perante tal “infidelidade”?
A primeira reacção de José foi deixá-la. Bastaria passar um documento de repúdio, e ela
ficava livre para contrair matrimónio com outro. Diz-se que o fez, porque era um homem
justo (v.19). Mas justo para com quem?
Para com a criança? Se Maria havia concebido pelo poder do Espírito Santo (v.18), de
facto não era justo que aos olhos do mundo o filho aparecesse como de José. Só que ele
não conhecia a origem da gravidez. O Evangelista conta que a revelação só lhe foi feita
mais tarde, pelo anjo (v. 20).
Portanto, a justiça de José tinha a ver exclusivamente com Maria, como de resto é
expressamente dito: não queria difamá-la e, só por isso, resolveu deixá-la secretamente
(v. 19). Como se tal fosse possível. O repúdio exigia o testemunho de, pelo menos, duas
pessoas; e, o mais tardar quando nascesse a criança, haveria de saber-se a verdadeira
causa do repúdio.
Mas ele amava-a. Só assim se explica a sua decisão e a confusão que ia na sua cabeça.
E amava-a, certamente, guiado pela Lei: amar o próximo como a si mesmo que estava
escrito já em Lv 19, 18. E haveria alguém mais próximo de José do que Maria, sua noiva?
Talvez Deus! Sim, o amor ao próximo estava radicado no amor a Deus. Fazia parte do
chamado código da santidade, que começa com este mandamento pronunciado por
Deus: Sede santos, porque Eu, o Senhor vosso Deus, sou santo (Lv 19, 2). Santo, pelo

140
amor incondicional e ilimitado. Uma santidade que se apodera de quem assim O reconhece
e a Ele se entrega. Mesmo quando não vemos claro quanto ao modo como essa santidade
se há-de concretizar na prática da vida. Confiar-se a Ele, em todas as circunstâncias,
isso é que é justo. E, mais cedo ou mais tarde, far-se-á luz. Porque com os olhos do
amor ilimitado de Deus, consegue ver-se muito mais longe, ainda que demore o seu
tempo.
No caso de José, durou até ao sonho em que Deus lhe revelou toda a verdade, quanto à
sua vontade, quanto ao modo concreto como devia pôr em prática a sua justiça
relativamente a Maria: adoptar o Filho e assim contribuir para a justiça que Ele, anos
mais tarde, como Emanuel – Deus connosco, iria proclamar e pôr em prática.

3. A justiça animada pela caridade


O Papa Bento XVI dedica algumas páginas da sua encíclica Deus é Amor ao que aparece
com o título “Justiça e caridade” (n. 26-29): à “relação entre o necessário empenho em
prol da justiça e o serviço da caridade” (n. 28).
Quanto ao primeiro, escreve: “A justa ordem da sociedade e do Estado é dever central da
política. Um Estado, que não se regesse segundo a justiça, reduzir-se-ia a um grande
bando de ladrões. (…) A justiça é o objectivo e também, consequentemente, a medida
intrínseca de toda a política”. Mas, sendo a justiça também, e sobretudo, uma questão
ética, “política e fé tocam-se”, neste sentido: pela fé, a Igreja, com a sua doutrina social,
pode “contribuir para a purificação da razão e prestar a própria ajuda para fazer com que
aquilo que é justo possa, aqui e agora, ser reconhecido e, depois, também realizado.”
Mas “o amor – caritas – será sempre necessário, mesmo na sociedade mais justa. (…)
Quem prescinde do amor, prepara-se para se desfazer do ser humano enquanto ser
humano.” Particularmente do “amor suscitado pelo Espírito de Cristo. Este amor não
oferece aos seres humanos apenas uma ajuda material, mas também refrigério e cuidado
para a alma – ajuda esta, muitas vezes, mais necessária que o apoio material” (28).
Trata-se de um amor que até dá à justiça um sentido novo: faz dela uma expressão e
realização da caridade. E vice-versa: muitas vezes é a caridade que torna possível a
prática da justiça. Ou que nos não deixe cair na tentação da corrupção… à custa dos
outros, particularmente os mais pobres. Ora, conforme lembra S. João Crisóstomo, “não
fazer os pobres participar dos seus próprios bens, é roubá-los e tirar-lhes a vida. Não são
nossos, mas deles, os bens que aferrolhamos.” Ou S. Gregório Magno: “Quando damos
aos indigentes o que lhes é necessário, não lhes ofertamos o que é nosso; limitamo-nos
a restituir-lhes o que lhes pertence. Mais do que praticar uma obra de misericórdia,
cumprimos um dever de justiça” (citações do CIC 2446).
Uma justiça para a qual nos capacita a misericórdia – aquela que recebemos de Deus,
na sua justiça infinita, como concretização do seu amor. Não foi para isso que Ele até o
seu Filho único nos deu!?

141
OBJECTIVOS
– Acolher a figura de S. José como pai adoptivo de Jesus;
– Compreender a justiça do seu agir como obediência à vontade de Deus;
– Reforçar o compromisso da partilha natalícia.

OBSERVAÇÕES PEDAGÓGICAS
1. Esta catequese está envolvida pela partilha de bens que as crianças, desde a catequese
anterior, são convidadas a realizar como expressão prática da sua vivência do Natal: o
que no princípio aparece como experiência humana já iniciada, reaparece no final como
expressão e compromisso de fé, uma fé que é luz divina para quem a tem (as crianças)
e para quem usufrui dos seus frutos (as pessoas que irão beneficiar da partilha).

2. Nesse sentido, os cartões escritos pelas crianças na catequese anterior (com “Preparai
o caminho do Senhor” e “Que devo eu fazer?”) devem ser recortadas de modo a terem a
forma de estrelas, nas quais as crianças escreverão a partilha que se propõem realizar.
Mas, só na expressão de fé, elas se devem aperceber da sua transformação em “estrelas”.

3. Pelo meio e no centro, aparece a figura de S. José, como presença imprescindível no


presépio vivo em construção, pelo contributo que deu para a vinda do Messias. É ele que
as crianças são convidadas a acolher como modelo na adesão à palavra de Deus, pela
obediência da fé.

MATERIAIS
– Dísticos “Cristo”, “Advento”, “Preparai o caminho do Senhor” (catequese anterior);
– Figura de João Baptista (catequese anterior);
– 1ª vela do Advento (catequese anterior);
– 2ª vela do Advento;
– Figura de S. José, de forma a estar voltado para o dístico “Cristo”;
– Dístico “Homem Justo”;
– Cartões (escritos na catequese anterior) recortados em forma de “estrelas”, um para
cada criança;
– Esferográficas/canetas/lápis;
– Bíblia.

MÚSICAS
– “Preparai o caminho do Senhor”;
– “Eis que uma Virgem”;
– Gravação de um dos cânticos anteriores.

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II – DESENVOLVIMENTO DA CATEQUESE

Preparação da sala
– No placar: os dísticos da catequese anterior (“Cristo” ao centro; “Advento” ao alto; “Preparai
o caminho do Senhor” por baixo de “Cristo”) e a figura de João Baptista a seguir e por
cima do dístico “Cristo”.
– Na mesa: a 1ª vela do Advento (apagada), de um dos lados, e a Bíblia, ao centro.

I. EXPERIÊNCIA HUMANA

1. O catequista pega numa carolina, idêntica às que foram escritas por cada criança, com
as frases “Preparai o caminho do Senhor” e “Que devo eu fazer?”, mostra-o às crianças
e pergunta:
Ainda se lembram do que cada um de vós escreveu numa folhinha como esta?... Duas
coisas:
- Primeiro, “Preparai o caminho do Senhor”.
Quem nos disse isto?...E que dissemos nós a João Baptista?...
- Perguntamos-lhe o mesmo que perguntaram as pessoas que o procuravam para ele as
baptizar, como sinal de que estavam arrependidos das suas maldades: “Que devo eu
fazer?”
Cada um de vós escreveu isto e, mais importante ainda, fez mesmo esta pergunta a João.

E que respondeu ele às pessoas que lhe fizeram a mesma pergunta que nós fizemos?...
Os que procuravam os impostos não deviam roubar as pessoas; os soldados não lhes
deviam fazer mal. E ao resto das pessoas, que lhes disse ele?... Disse-lhes para
partilharem a roupa e os alimentos com quem não os tem.
Será que ele disse o mesmo a cada um de vós? E vós estais dispostos a partilhar as
vossas coisas com outras pessoas mais pobres? Quem está disposto a isso?…

E algum de vós quer dizer o que vai partilhar ou repartir?


Depois de as crianças se exprimirem, contando o que escreveram na sua folha, o
catequista louva-as e incentiva-as a manter esse compromisso, procurando, no entanto,
que as crianças se comprometam com algo que seja realista para a sua idade e exequível.

Se partilharmos as vossas coisas, muita gente vai ficar contente: as pessoas que as
receberem, João Baptista, Jesus … E nós?... De certeza que também.

Não querem cantar as palavras que João Baptista nos disse e nós queremos seguir?...
Então cantemos todos:

“Preparai o caminho do Senhor” (1 ou 2 estrofes)

143
2. O catequista acenda a 1ª vela do Advento e diga:
Repararam bem no que cantámos? – “Vem Senhor, vem até nós”.
Foi para isso que hoje acendemos esta vela. Estamos a preparar-nos para celebrar o
nascimento de Jesus, e – lembram-se? – comprometemo-nos a construir, até lá, um
presépio cheio de luz.
Será que a partilha das vossas coisas (o catequista mencione algumas das ideias das
crianças) também pode entrar no presépio e iluminá-lo? Vamos ver. Eu tenho uma ideia,
mas não vou dizê-la já.
Antes disso, gostava que conhecessem bem outra figura que tem de entrar no presépio.
Talvez ela nos possa dizer o que podemos fazer com a partilha que prometemos.
Que figura será?...
(Mesmo que as crianças adivinhem, o catequista limita-se a dizer:)
Vamos ver quem é, porque ela vai entrar na nossa sala. Vamos pôr-nos de pé para a
recebermos… E cantemos:

“Preparai o caminho do Senhor”


(1ª estrofe: “Jesus vem, nascerá p’ra todos nós”…
5ª estrofe: “Nós também esperamos o Senhor”…)


Alternativa

– Duas crianças, previamente preparadas, entram pelo fundo da sala: primeiro, a que
traz a 2ª vela (acesa) do Advento, seguida da que traz a figura de S. José em cartolina.
– Chegadas junto da mesa, voltam-se para as outras, mostram a figura e a vela, enquanto
durar o cântico.
– Depois o catequista coloque a vela em cima da mesa, ao lado da 1ª, e afixe a figura
no placar, ao lado do dístico “Cristo” e voltada para ele.


Alternativa

Se a sala não oferecer condições para a 1ª alternativa, a apresentação é feita dentro da


sala: o catequista entrega a vela a uma criança e a figura a outra, que fazem como na 1ª
alternativa.

3. Para as duas alternativas:


Podem sentar-se...
Quem estará representado na figura que recebemos a cantar e está junto do nome de
Cristo? Quem nos quer dizer?... É a figura de S. José!

144
E, com ele, chegou-nos mais uma vela acesa. Quer dizer que o presépio se está a
iluminar cada vez mais.
E alguém sabe dizer por que é que S. José faz parte do presépio e até o ilumina?...
(Deixar que as crianças se exprimam, aproveitando os seus contributos para, a seguir,
falar da figura de S. José:)

II. PALAVRA

1. Mas vós já sabeis que S. José não era o verdadeiro pai de Jesus. Quem era então o seu
verdadeiro pai? – Era Deus.
Tudo isto é bastante complicado, e também o foi para S. José. Ele sabia que Maria
esperava um bebé, mas também sabia que não era seu filho. No entanto, José, que era
bom e justo, acabou por compreender o que se passava.
Vamos lá escutar como é que tudo se passou. A Bíblia conta como foi. Para ouvirem
com mais respeito, ponham-se de pé, como fazemos na Missa.

2. A leitura de Mt 1, 18-24 pode ser feita em diálogo e, para maior solenidade e beleza, os
leitores, que podem ser duas crianças, estarão ladeados por outras duas, cada uma
com uma das duas velas do Advento)

Catequista:
O Senhor esteja connosco.

Crianças:
Ele está no meio de nós.

Catequista:
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus:

Crianças:
Glória a vós, Senhor.

Catequista:
O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo:
Maria, sua Mãe, noiva de José,
antes de terem vivido em comum,
encontrara-se grávida, por virtude do Espírito Santo.
Mas José, seu esposo,
que era justo e não queria difamá-la,
resolveu deixá-la em segredo.
Tinha ele assim pensado,

145
quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor,
que lhe disse:

Leitor 1:
«José, filho de David,
não temas receber Maria, tua esposa,
pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo.
Ela dará à luz um Filho,
e tu pôr-lhe-ás o nome de Jesus,
porque Ele salvará o povo dos seus pecados.»

Catequista:
Tudo isto aconteceu
para se cumprir o que o Senhor anunciara por meio do profeta,
que diz:

Leitor 2:
A Virgem conceberá e dará à luz um Filho,
que será chamado “Emanuel”,
que quer dizer “Deus connosco”.

Catequista:
Quando despertou do sono,
José fez como o anjo do Senhor lhe ordenara
e recebeu a sua esposa.

Palavra da salvação.

Crianças:
Glória a vós, Senhor.

3. Depois de as crianças se sentarem e de poisadas as velas e estando todos de volta aos


seus lugares, o catequista pergunta7:
Digam lá, então como reagiu José quando viu que Maria estava à espera de um bebé?...
E porque resolveu ele deixá-la, indo-se embora?...
Foi só para evitar que fizessem mal a Maria. É que, naquele tempo, era assim: uma
mulher, mesmo noiva, que tivesse um filho que não fosse do seu noivo ou do seu marido,
seria severamente castigada. E José não queria isso.

7 Resumo da explicação registado na página 39 do catecismo, com actividade para as crianças.

146
Preferiu deixá-la, terminar o noivado, sem dizer a ninguém porquê. Tudo, menos deixar
que alguém fizesse mal a Maria.
Era um homem muito bom, não era?
Repararam como é que a Bíblia lhe chamava?

O catequista afixe ou peça a uma criança para afixar, junto da figura de José, o dístico
“Homem justo” e comente:
Era mesmo um homem justo. Isto é, um homem que queria, acima de tudo, fazer o bem,
a vontade de Deus. Assim é que era um homem justo: o que Deus dele quisesse, ele
fazia-o, a todo o custo.

E Deus mostrou-lhe qual era a sua vontade? Como foi?... Enviou-lhe um anjo.
E que lhe disse o anjo? – Que o Menino que estava a crescer dentro de Maria era alguém
muito, muito importante. Alguém de quem só Deus podia ser o Pai, através do seu
Espírito Santo.
Era alguém que tinha sido prometido por Deus, havia muitos séculos, através de um
profeta. Profetas são homens que Deus escolhe para falar às outras pessoas em seu
nome. E este profeta falou de algo muito especial, de uma promessa muito importante
que Deus quis fazer ao seu povo.
Lembram-se do que tinha prometido aquele profeta?...
Olhem, até há um cântico com as palavras dessa promessa. É assim:
O catequista ensaie o refrão do cântico e convide, depois, as crianças a cantá-lo, se
possível de pé:
“Eis que uma Virgem conceberá” (1ª e 2ª estrofes)

4. Depois de as crianças se sentarem, o catequista continua:


Alguém se lembra o que significa este nome “Emanuel”?
“Emanuel” é uma palavra da língua falada por Jesus, e significa “Deus connosco”.
Quer dizer que naquele Menino a quem chamamos Jesus, nesse Menino, Deus está
mesmo connosco.

E depois de saber isto, que fez José, ele que era um homem tão justo?...
É claro que nunca mais deixou Maria, nem Jesus, depois de Ele nascer. Pelo contrário:
tudo fez, para que o Menino nascesse bem. Só queria que Deus, através de Jesus seu
Filho, estivesse realmente connosco.
Portanto, se hoje temos Jesus, devemo-lo muito a S. José.

Penso que devíamos agradecer-lhe!

147
III. EXPRESSÃO DE FÉ

1. Vamos, então, agradecer a S.José de uma maneira que ele realmente goste.
Vamos todos tentar descobrir como pode ser:
– Primeiro, digam lá outra vez como é que a Bíblia chama a S. José?... (apontando
para o dístico:) - Um “homem justo”.
E que é um homem justo?... Aquele que procura em tudo fazer a vontade de Deus.
– E agora digam-me: o que é que Deus quer de nós, para prepararmos bem o caminho
do Senhor, para celebrarmos bem o nascimento de Jesus?... – Aquilo que vós já
dissestes que quereis fazer: partilhar os vossos bens com os mais pobres.
Portanto, se isso agrada a S. João Baptista, não agrada menos a S. José. Quem faz
isso, está a fazer a vontade de Deus e é justo como ele…e está a contribuir para
termos um presépio de Natal muito luminoso.

2. Então, para sermos justos, como S. José – fazendo a vontade de Deus – e termos um
presépio mesmo luminoso, proponho-vos o seguinte:
Cada um de vós vai escrever o que quer partilhar neste Natal, na folha colorida onde
escreveram, na semana passada, a pergunta a João Baptista: “Que devo eu fazer” para
preparar o caminho do Senhor?
Tenho aqui as folhinhas todas… (O catequista mostra-as)
Mas estão já a ver que hoje têm uma forma diferente. Com que se parecem elas?... Com
estrelas!
Pois bem, é nestas estrelas que cada um vai escrever o que vai partilhar neste Natal.
Vão pensar muito bem!
Quem não escrever nada é porque quer ficar às escuras! A sua estrela não brilha. E isso,
de certeza, nenhum de vós quer. E então depois do que ouvimos sobre S.José!...

O catequista distribua as “estrelas” dizendo às crianças para escreverem no lado contrário


ao da pergunta.
Durante este trabalho, pode colocar, como música ambiental de fundo, a gravação de
“Eis que uma Virgem” ou “Preparai o caminho do Senhor”.

3. Depois do trabalho das crianças:


Agora, vamos pôr as vossas estrelas a iluminar o presépio. Fazemos assim:
- Cada um de vós vem aqui à frente entregar a sua e coloca-a no placar (e/ou na parede
da sala, conforme o espaço preparado para a montagem do presépio).
- Quando a entregarem, dizem-nos o que escreveram nela.
- No princípio (no meio) e no fim, podemos cantar as palavras ditas a propósito de S.
José: “Eis que uma Virgem”.

Eu vou começar…esta é a minha estrela e eu, durante o Advento, vou…

148
Agora é a vossa vez (seguem-se as crianças, como lhes foi indicado).

Se forem muitas as crianças e o tempo escasso, dispensem-se as crianças de ler e a


afixação seja feita também por outro(s) catequista(s).
4. Que bonito está a ficar o nosso presépio, com tantas estrelas!...
Mas, completo ainda não está. Ainda faltam algumas figuras...
E falta uma coisa que cada um de nós tem de fazer até à próxima catequese.
É isto: cada um de nós vai pensar com quem quer partilhar as coisas, conforme
escrevemos nas estrelas.
Para não se esquecerem, abram o vosso catecismo na página 40.
Estão a ver que temos dois espaços para registar as nossas ideias?... Um é para completar
aqui e o outro em casa:
- Onde diz “EU VOU” é para nos lembrarmos da ideia que já colocámos no presépio. Por
isso, vamos já escrever o que escrevemos na estrela do presépio: o que eu vou partilhar.
Depois das crianças terem escrito:
- Onde diz “PARA” vamos preencher em casa: vão pensar muito bem e cada um escreve,
não se esqueçam, a pessoa ou pessoas com quem querem partilhar, para quem é a
vossa partilha.

Se for cada criança a escolher a(s) pessoa(s), deve decidi-lo até à próxima catequese e
trazer, então, o(s) nome(s) escritos.
Se o catequista optar por uma instituição, procure saber pormenores dela,
designadamente nomes de pessoas que dela beneficiem. Nesse caso, as crianças, em
casa ou na catequese, escrevem o nome da instituição.

5. Compromisso
Antes de sairmos, tenho ainda um pedido para a semana: vou pedir-vos para ajudarem o
vosso coração a ser justo. Como?
Ora bem, as crianças, mesmo pequenas como vós, podem ajudar o mundo a ser mais
justo. Quando não têm muitas coisas para oferecer, podem oferecer o vosso tempo!
Assim, cada dia, ides oferecer um bocadinho de tempo a ajudar uma pessoa. Pode ser:
brincar com um colega de quem não gostam tanto; ajudar a mãe ou o pai nas tarefas da
casa; visitar alguém que está sozinho, ler uma história ao irmão mais novo....
Um bocadinho de tempo, cada dia. Depois, vão pintando estes relógios (mostrar, na
página 40 do catecismo), para mostrar que foram capazes de dar… tempo!

No final pode cantar-se:


“Preparai o caminho do Senhor”
Estrofes:
- “João Baptista, Maria e José”…
- “Nós também esperamos o Senhor”...

149
Para guardar na memória e no coração

São José era um homem justo,


porque procurava fazer sempre, e em tudo, a vontade de Deus.

150
CATEQUESE 9

MARIA GLORIFICA O SENHOR

I – INTRODUÇÃO

APROFUNDAMENTO DO TEMA

1. Nossa Senhora do Ó
De todas as figuras do Advento, Maria de Nazaré é, indubitavelmente, a maior. Ninguém,
entre as criaturas humanas, contribuiu tanto como ela para que, finalmente, se realizassem
as ancestrais expectativas humanas e promessas divinas da vinda de um Messias
Salvador.
Talvez por isso ela seja a última a entrar no percurso litúrgico do Advento: no quarto
Domingo, no que toca às celebrações eucarísticas dominicais; durante a semana, a
partir de 17 de Dezembro, o início do que se chega a chamar “a Semana Santa” do
Advento. De facto, são sete dias (até à Vigília do Natal) de uma preparação particularmente
intensa para o memorial celebrativo do nascimento de Cristo. E na grande maioria das
leituras bíblicas, feitas na Eucaristia, e nalgumas da Liturgia das Horas, Maria está,
directa ou indirectamente, presente.
Iconograficamente, a imagem dela mais característica deste tempo é a de uma gravidez
em estado muito adiantado. Habitualmente, são figuras expressivas de uma grande paz
e ternura. Sem dúvida, um reflexo das sensações que normalmente têm as mães nos
dias que precedem o parto.
Mas não é por isso que a tais imagens marianas se chama a “Senhora do Ó”. A origem
do título está numa série de sete antífonas que, dia-a-dia (de 17 a 23 de Dezembro),
começaram por se cantar antes e depois do Magnificat, na liturgia de Vésperas, e hoje
são também as antífonas do Aleluia que precede a proclamação do Evangelho nas
celebrações eucarísticas dos mesmos dias.
Todas elas começam, já no original latino, por um “Ó”, uma interjeição expressiva de
chamamento ou interpelação, mas também de desejo, admiração, perturbação e dor,
isto é, daqueles sentimentos de quem anseia pela vinda de Alguém de quem se espera
uma vida verdadeiramente feliz: a “Sabedoria do Altíssimo” na criação e governo do mundo;
o “Chefe da Casa de Israel”, que mantenha ou renove a aliança do Sinai; “o Rebento da
Raiz de Jessé”, de quem descendeu David, o primeiro rei e messias; a “Chave da Casa

151
de David”, para a proteger de invasões destruidoras; o “Sol Nascente” que ponha fim às
trevas da opressão do pecado e da morte: o “Rei das Nações e Pedra Angular da Igreja”,
que é Jesus desde a sua ressurreição; o “Emanuel, nosso Rei e Legislador, Esperança
das Nações e Salvador do Mundo”.
Como se vê, são percorridas as principais etapas da história da salvação, que atinge o
seu auge na encarnação, morte e ressurreição de Jesus Messias, mas cuja acção
salvífica está ainda em vias de realização plena. Daí que cada antífona “Ó” termina com
o grito “Vinde”. Um grito de esperança, com base na experiência que o Magnificat de
Maria tão significativamente canta.

2. “A minha alma glorifica o Senhor”…


Trata-se de um hino de louvor, situado por S. Lucas na visita de Maria a sua prima Isabel
(Lc 1, 46-55). Depois do “sim” dito por Maria ao chamamento que lhe foi feito por Deus,
para ser a Mãe do Filho do Altíssimo (1, 26-38), e depois das palavras que, na sequência
dessa entrega, Isabel lhe dirige, felicitando-a por ter acreditado que havia de cumprir-se
tudo o que lhe foi dito da parte do Senhor (1, 45), no auge de tudo isto, Maria limita-se a
endereçar totalmente para Deus a origem de tudo o que está a acontecer: primeiro o que
Ele está a realizar nela e por meio dela (vv. 46b-50); depois, o que Ele, a partir da
colaboração de Maria, realizará em favor de todo o seu povo (vv. 51-55).
São duas partes cuja sequência é intencional, em vários sentidos. Para bem compreender
a segunda, há que ler e rezar atenta e convictamente a primeira.
Traduzindo à letra, Maria começa o seu louvor, exclamando: A minha alma engrandece
(em latim magnificat) o Senhor. Isto é, reconhece e proclama a infinita “grandeza” de
Deus a quem, por isso, chama Senhor. Perante Ele, ela não passa de uma serva, ou
melhor, de uma humilde escrava, a mesma condição com que antes a Ele se confiara –
Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra (1, 38). Como escrava,
não pertence a si própria. Daí que, no louvor e exultação, envolva todo o seu ser: a alma,
o espírito e o corpo. É por meio do corpo que fala, para confessar o que lhe vai na alma,
como ser vivo; uma vida que lhe vem do espírito, aquele sopro vital que, segundo Gn 2, 7,
Deus insufla em todo o ser humano, para que possa viver e agir.
E é assim que Deus faz nela o que só Ele, o Todo-Poderoso, pode realizar: maravilhas,
semelhantes a tantas outras narradas pela S. Escritura, com destaque para aquelas das
quais nascem o povo de Deus – a libertação do Egipto, a passagem do Mar Vermelho…
Também então, Moisés e os filhos de Israel reagiram, exclamando: Cantarei ao Senhor,
que fez brilhar a sua glória: precipitou no mar cavalo e cavaleiro (Ex 15, 1). Um salmo
que ainda hoje cantamos, nomeadamente na Vigília Pascal, acompanhando-o com o
refrão “Deus fez maravilhas: o seu nome é Senhor”.
São maravilhas particularmente desejadas e sentidas, quando aqueles que delas usufruem
se encontram em situações “humildes” ou “humilhantes”, isto é, de carência, seja ela
material ou espiritual, pessoal ou social. É então que a misericórdia de Deus é mais
necessária e procurada. Esta é, se assim se pode falar, a vantagem dos “pobres”, pelo

152
menos no sentido pleno que o termo adquiriu ao longo da tradição bíblica: pessoas a
quem falta tantas vezes o mais elementar para uma vida digna, frequentemente devido
ao desprezo e à exploração dos outros (os ricos), e que, não podendo confiar mais na
justiça humana, se voltam com mais intensidade para o Deus que tudo pode dar.
Maria era uma dessas pessoas: socialmente humilde e humilde pela sua fé em Deus. E
quanto mais pequena se viu e se fez, maior se tornou: de hoje em diante me chamarão
bem-aventurada todas as gerações… até ao nossos dias. A misericórdia do Deus que
Maria reconheceu como o único verdadeiramente santo, continua a estender-se de geração
em geração sobre aqueles que o temem, isto é, que o respeitam, devido às maravilhas
que Ele continua a operar…em nós e por meio de nós, guiados por Maria. De tal modo
que também nós podemos exclamar, como ela:

3. “Manifestou o poder do seu braço”…


Poderá estranhar-se que as mudanças radicais, a nível do poder e dos bens, estejam,
na segunda parte (vv. 51-55), formuladas no passado: manifestou e dispersou, derrubou
e exaltou, encheu e despediu. Como se explica isso, se o Filho de Deus e de Maria, nem
sequer tinha ainda nascido? Será tal a certeza da fé de Maria, que ela já dá por realizado
o que está para acontecer?
De facto, o que ela canta e celebra aqui, tornar-se-á realidade durante e a partir da
actividade messiânica do seu Filho:
– Apresenta-se como aquele que vem para anunciar a Boa Nova aos pobres (Lc 4, 18);
– A estes diz, depois: Felizes vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus, em
oposição a: Ai de vós os ricos, que já recebestes a vossa consolação”(6, 20.24);
– Mostra uma especial solicitude para com toda a espécie de carenciados;
– Avisa especialmente os seus discípulos dos perigos das riquezas conseguidas a
todo o custo (16, 1-13);
– Depois da sua ressurreição, dá origem a comunidades cristãs que são modelo pela
partilha de bens entre os seus membros e, externamente, em favor dos mais pobres
(Act 4, 32-37).
Isto significa que o Magnificat de Maria é também nosso: “é, ao mesmo tempo, o cântico
da Mãe de Deus e o da Igreja, cântico da Filha de Sião e do novo povo de Deus, cântico
de acção de graças pela plenitude das graças derramadas na economia da salvação,
cântico dos «pobres», cuja esperança se vê satisfeita pelo cumprimento das promessas
feitas aos nossos pais, «em favor de Abraão e da sua descendência, para sempre».”
(CIC 2619).
Mas é nosso, se formos, também nós, esses “pobres” de que Maria é o modelo e a
fonte: pelo Filho que nos presenteou, para estar no meio dos seus como aquele que
serve (Lc 22, 27), especialmente pelo dom do seu corpo e do seu sangue na cruz. E se
também Cristo ofereceu a sua vida por nós, entregando o seu espírito nas mãos de seu
Pai (23, 46), então as mudanças radicais, na vida pessoal e social, que cantamos na

153
segunda parte do Magnificat, só são uma realidade já em acção ou mesmo terminada,
se pelo louvor nos entregarmos, como Maria, ao Senhor, ao Deus nosso Salvador.
Uma entrega de fé que tem necessariamente, se for verdadeira, de actuar pela caridade
(Gl 5, 6). Se, como escravos, nos sujeitarmos ao Todo-Poderoso, também de nós Ele
toma conta, para continuar a fazer maravilhas…nomeadamente, no convívio com as
crianças da catequese que nos estão confiadas e no Natal que, com elas, celebramos.

OBJECTIVOS
– Acolher Maria como Mãe de Jesus, o Filho de Deus;
– Aprender, com Maria e como ela, a louvar o Senhor;
– Preparar a celebração do Natal através da vivência da mensagem do Magnificat.

OBSERVAÇÕES PEDAGÓGICAS
1. Esta catequese tem, sobretudo a partir da Palavra, um cunho ainda mais celebrativo. É
que no centro está uma oração de louvor: o Magnificat de Maria, que só pode ser
verdadeiramente apreendido, na medida em que é rezado ou cantado. Um objectivo que,
certamente, será fácil de atingir, dada a admiração que as crianças já têm pela Mãe de
Jesus e que, no decurso da catequese, irá aumentando. Com esta oração procura-se
que as crianças compreendam ainda mais o verdadeiro sentido cristão do Natal.

2. Para ajudar as crianças a rezá-la, sigam-se as orientações dadas no desenvolvimento


da catequese. Não interessa, primariamente, que elas entendam tudo o que dizem. O
principal será certamente apreendido. O resto virá com o tempo e o gosto por esta
oração.

3. Uma vez que Maria, na sua condição de Mãe de Jesus, o Filho de Deus, é a figura
principal nesta catequese, sugere-se a colaboração de duas mães de crianças do grupo:
para a proclamação do Magnificat e a sua explicação. Se tal for possível, será um precioso
contributo para que as crianças se afeiçoem ainda mais pela Mãe do Senhor e dela
aprendam a entregar-se com mais empenho à preparação do Natal. Para isso, o catequista
deve preparar com as mães convidadas todo o encontro.

4. Em ordem à próxima catequese, procure-se, com todos os meios, a participação dos


pais e, eventualmente, de outros familiares: 1º, com a sua presença activa; 2º, com a
sua anuência e colaboração relativamente à partilha de bens, sugerida às crianças na
catequese anterior e nesta. Para tudo isso, sejam atempadamente informados e
convidados. Se necessário, faça-se uma reunião preparatória e mude-se a hora dessa
catequese. Nesta idade, as crianças são muito sensíveis à companhia dos pais. E, para
mais, tratando-se da celebração do Natal.

154
MATERIAIS
– Dísticos “Advento” e “Jesus” (catequeses anteriores);
– Figuras de S. João Baptista e S. José (catequeses anteriores);
– “Estrelas” escritas pelas crianças (catequeses anteriores);
– Figura da Maria (para formar uma unidade com as de S. José e S. João Baptista);
– Cartões em forma de estrelas (como na catequese anterior), pelo menos um para cada
criança;
– Imagens ilustrativas da instituição de caridade sugerida na 2ª alternativa da Experiência
Humana;
– Duas folhas, embelezadas, com o texto, respectivamente, da 1ª e da 2ª parte do Magnificat
(vv. 46b-50 e 51-55);
– Folhas com os textos a ler pelas mães convidadas (ver Desenvolvimento da Catequese
- Palavra, nº 3);
– Pagelas com o texto do Magnificat, uma para cada criança (se necessário);
– Três velas do Advento (contando com as duas das catequeses anteriores);
– Cartões de convite dirigidos aos pais das crianças, para participarem na próxima
catequese, um para cada criança (ver Documento 1);
– Canetas/esferográficas/lápis;
– Bíblia.

MÚSICAS
– “Eis que uma Virgem”;
– “Ave Maria cheia de graça” (A. Cartageno);
– “A minha alma glorifica o Senhor” (C. Silva);
– “Quero ser como tu, Maria”;
– Gravação de “Eis que uma Virgem”.

II – DESENVOLVIMENTO DA CATEQUESE

Preparação da sala
– No placar: os dísticos das catequeses anteriores “Advento” (ao alto) e “Cristo” (ao centro),
este rodeado das figuras de João Baptista (por cima) e S. José (ao lado) e das “estrelas”
escritas pelas crianças na última catequese.
– Na mesa: a estante ou almofada para a Bíblia (mas sem ela) e, de um lado e do outro,
as duas velas do Advento (catequeses anteriores), apagadas.

I. EXPERIÊNCIA HUMANA

1. O catequista acenda as duas velas do Advento ou, de preferência, peça a uma ou


duas crianças para o fazerem. Depois comente:

155
Duas velas acesas…Quem é que elas representam?...
Olhem para as figuras do placar: a 1ª é de S. João Baptista e a 2ª é de S. José – as duas
pessoas que já estão a iluminar o nosso presépio.
Porquê? O que disseram ou fizeram eles para nos iluminarem?...

– S. João Baptista disse-nos para prepararmos o caminho do Senhor. E como estamos


a preparar?...
Exacto: tendo um coração bom, que sabe partilhar as nossas coisas com os mais
pobres…
– E S. José? Que fez ele para a vinda de Jesus?... – Não abandonou Maria, sua noiva,
mas fez a vontade de Deus: adoptou Jesus como seu Filho, para Ele poder nascer e
crescer, amado e protegido.
Ainda se lembram como é que a Bíblia chama a S. José por ele ter feito a vontade de
Deus?... Chama-lhe “um homem justo”.
E nós? Como podemos ser justos, também nós?... Fazendo, também nós, a vontade
de Deus.

Para nos lembrarmos disso, deste pedido tão importante que Deus nos faz, a vós e a
mim, vamos registá-lo. Vamos abrir o catecismo na página 40 e escrever, junto dessa
imagem de S. José (o catequista dite para as crianças escreverem):
Sou justo quando faço a vontade de Deus.

Muito bem.
Depois, em casa, podem pintar as ilustrações, para ficarem ainda mais bonitas.

2. Mas, como é que se faz a vontade de Deus? Basta termos o desejo de lhe obedecer,
sem fazer nada na nossa vida?...
Ainda se lembram do que nos ensinou João Baptista?... – A partilhar os nossos bens!
E qual é o sinal, no placar, de que queremos mesmo fazer isso?... – As estrelinhas em
que escrevemos a nossa partilha!...

Mas, para que o nosso presépio fique ainda mais luminoso, não acham que podíamos
fazer mais estrelas?
É claro que podemos! Mas, agora, estrelas com quê?


Alternativa

Quando cada criança pode decidir com quem partilhar a sua oferta de Natal
Lembram-se do que eu vos pedi, no final da última catequese, para pensarem?...
Com quem querem partilhar a vossa oferta de Natal. Se já escreveram no espaço destinado
a isso, no catecismo, agora é só abrir na página 40 e comunicar aos outros. Vamos lá ouvir.

156
Cada criança leia o que escreveu em casa e o catequista incentive as faltosas a fazê-lo.
Muito bem.
Agora, só falta passar essas estrelinhas para aquele céu, representado no placar. Para
isso, vou dar-vos outra estrela, para onde copiam/escrevem o nome da pessoa (ou outra
indicação, se não souberem o nome) com quem querem partilhar.

O catequista distribua uma “estrela”, semelhante às da catequese anterior, por cada


criança.
Enquanto escrevem os nomes, pode colocar, como música de fundo, a gravação do
cântico: “Eis que uma Virgem”.
Depois de todas escreverem, façam a sua entrega, como na catequese anterior:
– Cantem o cântico “Eis que uma Virgem” (1ª estrofe);
– Depois, cada criança, ou em pequenos grupos, vá junto da mesa e coloque a sua
estrela junto da Bíblia e o catequista (com a ajuda de outras duas crianças) vá afixando-
as no placar ou na parede.
– No fim, cante-se de novo “Eis que uma Virgem” (2ª estrofe).


Alternativa

Se as ofertas forem para uma instituição de solidariedade social


Procure-se, preferentemente, que seja uma instituição dedicada a crianças, local ou de
outros países (de missão).
Na apresentação, sigam-se estes passos:
– O catequista indica a instituição, se possível com imagens ou fotografias ilustrativas,
que pode afixar numa cartolina preparada para esse efeito ou, havendo condições,
projectando um pequeno filme ou diapositivos ou “power-point”;
– Tanto quanto possível, forneça às crianças dados concretos sobre os beneficiários
da instituição e suas necessidades concretas, baseando-se nas ofertas que as
crianças se propõem fazer;
– Entregue uma “estrela” a cada criança para nela escrever uma necessidade indicada,
mesmo que haja repetições;
– A entrega e a afixação das “estrelas” podem fazer-se como na 1ª alternativa.

3. Para as duas alternativas:


Agora sim: o céu do nosso presépio está muito mais luminoso!...
Sabem o que mostram estas estrelas? – Duas coisas: que temos um coração justo a
crescer, como o de S. José; e que queremos ajudar o mundo a ser mais justo, como nos
pediu S. João Baptista.
E assim é que o Natal de Jesus vai ser mesmo uma festa de luz…

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Mas, ainda falta alguém que tem de estar no presépio. Durante o Advento, que estamos
a viver, esperamos um Menino, não é? – O Menino Jesus.
Ora, a espera de um bebé, quem a faz?
Ouvir as crianças que, provavelmente falarão do pai e da mãe; recordar S. José, mostrando
que “já chegou” e verificar que a mãe ainda não…
Então, quem é que falta , para Jesus nascer?...
A Mãe, a Mãe de Jesus!
Pois bem, ela vai chegar.
Mas, antes disso, temos de nos preparar bem para a receber. Para isso, podemos
cantar-lhe, mostrando assim que a queremos receber, não só aqui na catequese – para
entrar no nosso presépio – mas, também, no nosso coração!
Ainda se lembram deste cântico (que aprendemos no ano passado):
“Ave Maria, cheia de graça”?

Depois de cantar uma vez, o catequista pergunta:


Ainda se lembram de quem é que saudou pela primeira vez a mãe de Jesus, dizendo
“Ave Maria cheia de graça”?...
Foi o Anjo enviado por Deus.
Enviado para quê?... – Para lhe anunciar que Deus a tinha escolhido para Mãe do seu
Filho, o Messias e Salvador.
Por isso é que ela está cheia de graça, como ainda hoje dizemos: “Ave Maria, cheia de
graça, o Senhor é convosco”.
E foi por isso que Maria aceitou Deus no seu coração e na sua vida: aceitou, toda
agradecida, fazer a vontade de Deus.
Lembram-se de como ela respondeu, no final do encontro com o Anjo?... – “Eis a escrava
do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. Maria foi corajosa e boa, entregando-
se totalmente a Deus: “Faça-se em mim, segundo a tua palavra”.
Também Maria é um exemplo para nós: mostra-nos como nós devemos ter coragem e
vontade de fazer o que Deus nos pede. Mesmo que seja difícil, mesmo que se é uma
criança, como vós.
Olhem: como tudo isto é tão bonito, eu sugeria que fizéssemos um momento de silêncio,
para cada um de nós tentar pensar como quer responder ao pedido de Deus e ser capaz
de fazer a sua vontade.
Depois de uns breves minutos, o catequista propõe, com suavidade, mantendo o clima
de interioridade:

Então, sem fazer barulho nem confusão, vamos agradecer a Maria o seu exemplo e
cantamos-lhe, baixinho, mas com alegria:

“Ave Maria, cheia de graça” (1ª estrofe e refrão).

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Depois de terminarem:
Repararam que também cantámos “Entre as mulheres tu és bendita”?...
Quem disse pela primeira vez estas palavras?... – Foi uma prima dela e mãe de S. João
Baptista. Quem era?... – S. Isabel.
Lembram-se de que Nossa Senhora, depois do encontro com o Anjo, foi visitar S. Isabel.
E como é que esta a saudou?... – Isabel mostrou como Maria era especial: “Bendita és
tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”.
Então cantemos, também nós, com as palavras de S. Isabel:

“Lírio de encantos”…(2ª estrofe e refrão).

Bom, agora acho que já estamos preparados para receber Maria: já aprendemos o que
lhe havemos de dizer, com o Anjo e com S. Isabel.
Então, sem ruído nem confusão, vamos pôr-nos de pé, para recebermos Maria e cantando:
“Ave Maria, cheia de graça”…

II. PALAVRA

1. Se a sala o permitir, faça-se um cortejo solene com três crianças, previamente


preparadas: a 1ª com a 3ª vela do Advento, acesa; a 2ª, com a Bíblia; e a 3ª com a
imagem de Nossa Senhora (a afixar no placar).

O cortejo pode ser feito segundo uma das seguintes modalidades:


- Ou pelo centro da sala, através de um corredor entre as cadeiras das crianças; se
houver espaço, as crianças podem formar duas filas, de um lado e do outro do corredor;
- Ou por um dos lados, contornando as cadeiras das crianças;
- Ou, se o espaço for pequeno (e só nesse caso), faça-se a apresentação à frente.

Durante o cortejo canta-se:

“Ave Maria, cheia de graça”

Pode ser acompanhado com o balancear do corpo ou com palmas, procurando exprimir
o sentido da saudação e uma alegria verdadeira.

Chegadas à frente, as três crianças voltam-se para as restantes, mostrando-lhes o que


trazem, e canta-se ainda mais uma estrofe do cântico.

No final, rezam em coro a “Ave Maria”.

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Só depois se coloca a Bíblia na estante ou almofada, a vela ao centro (entre as outras
duas) e a imagem de Maria em frente da vela ou da Bíblia, se ficar à vista das crianças,
sentadas. Caso contrário, afixe-se logo no placar, junto do dístico “Jesus” e do lado
aposto ao da imagem de S. José.

2. Depois de as crianças se sentarem:


Que bela recepção fizemos a Nossa Senhora!
E ela merece. Merece, porque aceitou ser Mãe de Jesus. Por isso é que S.
Isabel a recebeu, imaginem, com as mesmas palavras que nós cantámos. Afinal,
estivemos a recebê-la, quase como S. Isabel.
E sabem o que respondeu Maria, depois de ouvir as palavras de S. Isabel? – O mesmo
que ela agora nos vai dizer. Ou melhor: que ela vai dizer a Deus.
Sim: depois de ouvir as palavras de S. Isabel, Maria rezou a Deus uma oração tão linda,
que nós ainda hoje a rezamos.
Por isso, vamos escutá-la com muito respeito e atenção. E, em sinal disso, pomo-nos
de pé.

A leitura proposta, de Lc 1, 46-55, é a versão oficial, usada na liturgia, e pode ser toda
feita pelo catequista que faz de narrador ou, de preferência, por mais uma ou duas
pessoas, que podem ser:
– ou dois outros catequistas;
– ou duas crianças que tenham sido preparadas;
– ou duas mães de crianças do grupo.

Havendo mais dois leitores, um proclama 1ª parte do Magnificat (vv. 46b-50) e o outro a
2ª (vv. 51-55), a partir das folhas que depois serão afixadas no placar ou junto dele.
Para maior solenidade, os leitores podem ser ladeados por outras duas crianças: uma
com a 3ª vela do Advento e a outra com a imagem de Maria.
A leitura pode ser precedida do refrão do cântico:

“Ave Maria, cheia de graça” (repetido).

Catequista:
O Senhor esteja connosco.

Crianças:
Ele está no meio de nós.

Catequista:
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas:
Crianças:

160
Glória a vós, Senhor.

Catequista:
Depois das palavras da sua prima Isabel,
Maria exclamou:

1º leitor (lentamente e em tom proclamatório):


A minha alma glorifica o Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva:
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas:
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que o temem.

2º leitor (do mesmo modo):


Manifestou o poder do seu braço
e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos
E exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo,
lembrado da sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais,
a Abraão e à sua descendência para sempre.

Catequista:
Maria ficou com Isabel cerca de três meses.
Depois regressou a casa.

Palavra da Salvação.

Crianças:
Glória a vós, Senhor.

Pode cantar-se de novo o refrão de:

“Ave Maria, cheia de graça” (repetido).

161
3. Depois de colocadas a Bíblia e a vela no seu lugar, o catequista pede às crianças para
se sentarem e, com a ajuda do(s) leitor(es), afixe no placar a imagem de Nossa Senhora,
no lugar indicado, e de um lado e do outro, na parede ou mesmo por cima das “estrelas”,
as duas folhas com o texto do Magnificat.
E comente:
Que bela oração disse Maria a Deus: “A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito
se alegra em Deus meu Salvador”!
Está a louvar e a dar glória a Deus, não só com a sua boca, mas também com a sua
alma e o seu espírito.
E porquê? Será só por Ele a ter escolhido para Mãe do seu Filho, Jesus Cristo? – Não.
Não é só por isso. Se calhar, vão ficar admirados…

No caso de estarem uma ou mais mães presentes, o catequista pede a uma delas que
explique às crianças, por exemplo, a partir de um cartão com o seguinte texto:

“Maria glorifica a Deus também por causa de nós. Sim, por causa de nós e hoje: em
especial por causa dos meninos e meninas desta catequese, que estão aqui a preparar
o presépio de Natal, um presépio que querem que seja cheio de luz.”

O catequista continue:
Para percebermos bem, vejamos melhor o que Maria diz:
O catequista acompanhe o seu comentário, a partir das respectivas folhas afixadas no
placar ou na parede:

- Em primeiro lugar, Maria louva a Deus “porque – como ela diz – me chamarão bem-
aventurada (isto é, feliz) todas as gerações (todas as pessoas, desde então, até hoje).
Nós, às vezes, também dizemos, até a cantar, que Maria é a mulher mais feliz.
Porquê? (Leia de novo:) “O Todo-Poderoso (isto é, Deus) fez em mim maravilhas”, coisas
admiráveis.

Se estiverem as mães presentes, siga-se o mesmo procedimento e uma delas leia, de


novo, de um cartão:
“E que maravilha maior do que ser a Mãe do Filho de Deus?! Todas as mães ficamos
muito felizes por recebermos os filhos que Deus nos dá. Mas Maria sentiu uma alegria
muito maior, por colaborar na oferta que Deus nos fez de Jesus.”

O catequista convide todos os presentes:


Vamos cantar as belas palavras de Maria! É assim:

“A minha alma glorifica o Senhor,


porque olhou para a sua humilde serva”.

162
Depois de um rápido ensaio, o catequista continue:
Mas ainda há uma outra razão pela qual Maria glorifica o Senhor, também por causa de
nós… Olhem para as vossas “estrelas” no placar…
Pois bem, Maria glorifica o Senhor também por aquilo que lá está escrito e que vós
escolhestes fazer (o catequista pode ler uma ou outra). O bem que fazeis, como uns
meninos bons e justos, é aquilo que realmente Maria disse:
O catequista leia da folha no placar:
“Derrubou os poderosos de seu trono e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de
bens e aos ricos despediu de mãos vazias”.
Quem são os humildes e os famintos?
Pode ler alguns dos nomes escritos nas “estrelas” do placar ou da parede:
Estes são alguns dos humildes e dos famintos.
E vós, com um coração bom e justo, olhais para eles, pensais neles, quereis partilhar
com eles as vossas coisas.
Estais a fazer o que Deus quer de nós, o Deus cheio de misericórdia, isto é, que nos
ama de todo o coração e ama a todos, sobretudo os mais pobres, porque precisam de
mais amor.

Caso estejam as mães presentes uma delas leia de um cartão:


“Estais a fazer como também fez Jesus. Nós (ou: eu, representando as vossas mães)
queremos dizer-vos como estamos agradecidas a Deus por termos estes filhos bons e
justos. Também por isso Maria glorifica o Senhor. E vou pedir ao vosso catequista que
nos ajude, mais uma vez, a cantar essa alegria:”

O catequista conduz o cântico:

“A minha alma glorifica o Senhor” (refrão)

III. EXPRESSÃO DE FÉ

1. Estou a gostar cada vez mais do nosso presépio: cada vez está mais cheio e mais
luminoso!
Vamos recordar quem o ilumina:
– S. João Baptista, S. José e Nossa Senhora. Para cada um, nós temos uma vela,
com a luz e o calor que nos oferece.
– E que mais temos?… As estrelas! E quem está nas estrelas? – As pessoas a quem
quereis fazer bem: os humildes e os famintos, isto é, os pobres, os que precisam de
nós.
– E nós? Será que também nós estamos lá?... Claro, nós estamos porque pensámos
e escrevemos o que está nas “estrelas”. Por isso, cada um de nós está a iluminar o
presépio. (Diga o nome de algumas crianças.)

163
Com aquilo que vamos fazer, começando, pelo Natal, iremos fazer outras pessoas felizes.
Iremos iluminá-las.: com o bem, a justiça e o amor que lhes oferecemos e que são como
uma luz para elas, uma luz que as faz felizes.

Não acham que devemos também nós dar graças ao Senhor, glorificá-lo pelas maravilhas
que Ele está e vai fazer por meio de nós? Sim, porque foi Ele que enviou S. João Baptista,
S. José e Nossa Senhora, para nos ajudarem a fazer um presépio cada vez mais luminoso.
E, ainda mais importante, mostram-nos como é que nós podemos levar essa luz e esse
calor à vida de outras pessoas!
Então, vamos agradecer a Deus, dar-lhe glória. De acordo?

2. E o melhor é servirmo-nos daquela oração tão linda que Maria hoje nos ensinou. Vamos
rezá-la, pensando também nas nossas mães. Sim, porque elas, ao darem-nos a vida,
colaboram com Deus para nos ajudarem a ser bons e justos.
O Magnificat pode ser recitado pelas crianças – ou as crianças e as mães:
– Ou a partir das folhas no placar, se as letras forem suficientemente visíveis;
– Ou a partir do Catecismo, página 42;
– Ou, de preferência, a partir de uma pagela com o texto, que, neste momento, é
distribuída pelas crianças.
Dada a idade das crianças, é aconselhável ensaiá-las, antes da oração propriamente
dita, lendo com elas o Magnificat. Depois faça-se a oração de pé e do seguinte modo:

- Cântico: “A minha alma glorifica o Senhor” (refrão).

- Primeira parte do Magnificat, em coro:


“A minha alma glorifica o Senhor…
…A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o
temem.”

- Cântico: “A minha alma glorifica o Senhor” (refrão).

- Segunda parte do Magnificat, em coro: “Derrubou os poderosos de seus tronos…”


(até ao fim).

- Cântico: “A minha alma glorifica o Senhor” (refrão)

No final, se as mães estiveram presentes, devem sair agora e aguardar pelos filhos.

3. Compromisso
Podem sentar-se…
O nosso presépio está quase pronto. Iremos acabá-lo na próxima catequese.

164
Digam-me: não gostavam de o mostrar, pronto, a outras pessoas? Por exemplo aos
vossos pais (e/ou avós)… Que acham?
Então, vamos convidá-los para virem à próxima catequese: para lhes mostrarem o que já
fizeram no presépio, o que iremos fazer da próxima vez e…algumas surpresas! Portanto,
vejam lá se eles vêm mesmo.
O catequista distribua por cada criança os cartões de convite para os pais ou preencha
o espaço indicado para este efeito no catecismo, página 44.

Para que a próxima catequese seja uma grande festa, o nosso compromisso desta
semana será (mostrar na página 44 do catecismo) :

– Primeiro, vão preparar a prenda de Natal que escolheram para a vossa oferta, tal como
escrevestes nas estrelas do placar e do catecismo. Cada um traz essa prenda bem
embrulhada, está bem? Se quiserem, podem juntar outras prendas, que a mãe e/ou o
pai (avós) queiram oferecer. Mas a que cada um já escolheu, é muito importante.

- Em segundo lugar, tragam as vossas velas do Baptismo, as mesmas que levaram para
a Celebração da Luz. Lembram-se?

- Finalmente, gostava muito que, para preparar a nossa catequese, todos os dias rezassem
lá em casa, com os vossos pais (e outros familiares) a oração que Nossa Senhora hoje
rezou e nos ensinou. Ela está no catecismo, na página 42 (mostrar). E quando rezarem,
vão pintar a estrelinha que está na página 44 e acrescentar outras, por cada vez que
rezam .

4. Se houver tempo:
Mas, não nos vamos embora, sem uma palavra para com Nossa Senhora. Vamos aprender
um cântico em que lhe dizemos que queremos ser como ela:

“Quero ser como tu, Maria” (ou)


“Ave Maria, cheia de graça”.

(Depois do rápido ensaio:)

Agora, de pé e voltados para a imagem de Nossa Senhora, cantamos-lhe:


“Quero ser como tu”… (1ª e 2ª estrofes).

Agora, de mãos erguidas para ela, rezemos-lhe:


“Ave Maria… Santa Maria”…

Cantemos de novo:
“Quero amar Jesus”… (4ª e 5ª estrofes).

165
Para guardar na memória e no coração
Damos graças ao Senhor
pelas maravilhas que Ele fez
e pelas que faz através de nós.
Ele que nos enviou S.João Baptista,
S.José e Maria, a Mãe de Jesus,
Para nos ensinarem a levar aos outros o seu amor.

166
III – DOCUMENTOS

DOCUMENTO 1

Modelo indicativo do cartão, a colar no Catecismo ou a entregar a cada criança. Trata-se de


um cartão-convite em que o catequista também informa da escolha que a criança fez,
relativamente à partilha de Natal, e fornece várias indicações práticas. Este modelo pode
ser fotocopiado no tamanho desejado, em papel branco ou de cor, e receber as decorações
– feitas pelo catequista ou pelas crianças – que mais convidativo e belo o tornem.

Para a família de

Caríssimos Pais e/ou Educadores:

Na próxima catequese, o/a vosso/a filho/a terá, com todo o seu grupo, a celebração
do Natal de Jesus.
Que feliz ficará se puder contar com a vossa presença e participação.
Nesse sentido, além do convite que vos dirijo, informo-vos de que a celebração se
realizará no dia ___/___/___ às ____ horas em _________________________________
Comunico-vos também que o/a vosso/a filho/a se dispôs a participar com a
seguinte partilha de Natal: _______________________________________________________
Peço-vos que, além dessa prenda, leveis a sua vela de Baptismo.
Agradeço desde já a vossa preciosa e apreciada colaboração.

A/O Catequista _____________________________________, __/__/__

167
168
CATEQUESE 10

“UM MENINO NASCEU PARA NÓS”


(celebração natalícia)

I – INTRODUÇÃO

APROFUNDAMENTO DO TEMA

1. Nascemos, nascemos, nascemos


Enganam-se os que pensam que só nascemos uma vez.
Para quem quiser ver, a vida está cheia de nascimentos.
Nascemos muitas vezes ao longo da infância
quando os olhos se abrem em espanto e alegria.
Nascemos nas viagens sem mapa que a juventude arrisca.
Nascemos na sementeira da vida adulta,
entre invernos e primaveras maturando
a misteriosa transformação que coloca na haste a flor
e dentro da flor o perfume do fruto.
Nascemos muitas vezes naquela idade
onde os trabalhos não cessam, mas reconciliam-se
com laços interiores e caminhos andados.

Enganam-se os que pensam que só nascemos uma vez.


Nascemos quando nos descobrimos amados e capazes de amar.
Nascemos no entusiasmo do riso e na noite de algumas lágrimas.
Nascemos na prece e no dom.
Nascemos no perdão e no confronto.
Nascemos em silêncio ou iluminados por uma palavra.
Nascemos na tarefa e na partilha.
Nascemos nos gestos ou para lá dos gestos.
Nascemos dentro de nós e no coração de Deus.

O que Jesus nos diz é: “Também tu podes nascer”,


pois nós nascemos, nascemos, nascemos.
(José Tolentino Mendonça)

169
2. “O povo que andava nas trevas”…
Imagine-se a seguinte cena: uma povoação, de preferência cidade, reduzida a escombros;
casas completamente destruídas; outras, mais resistentes, com paredes e muros a
meias; vindo do chão, um cheiro a poeira que teima em não cair e que, parcialmente,
ainda tolda a visão; ao mesmo tempo, um silêncio de morte que nem um réptil ou uma
ave se atreve a romper. E, a contrastar, uma criança de andar titubeante, devido à idade
e aos obstáculos com que se depara… Apenas uma criança! O único sinal de vida… a
única promessa e garantia de futuro… Sim, uma vida com futuro!
Não! Não se trata (apenas) de uma encenação para um qualquer filme. Não é pura
imaginação. A cena é real e tem-se repetido, vezes sem fim, ao longo da história da
humanidade. Varia em pormenores, próprios do tempo e do espaço, mas o grosso da
realidade é o mesmo: da morte surge a vida. E surge com tanto mais de intensidade,
quanto mais destruidor tiver sido o poder da morte. Um poder, tenha ele a expressão que
tiver, a que ser humano algum se quer resignar. Tão forte é nele o desejo e a ânsia de
viver. Nem que seja preciso começar do nada ou do quase nada… como aquela criança
perdida… ou achada?...
A cena é-nos descrita, quase à letra, em Is 9, 1-6, a primeira leitura bíblica da Eucaristia
da Noite do Natal do Senhor: O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para
aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar…
As trevas e as sombras da morte tinham sido causadas por uma guerra que, no princípio
do séc. VIII a.C., devastara o norte da Palestina. Nem a Samaria tinha escapado à fúria
dos exércitos invasores da Assíria. E Jerusalém, que então só não caiu por milagre, teve
sorte idêntica, dois séculos mais tarde, agora vítima da crueldade e devastação do
imperador da Babilónia, do calçado ruidoso dos seus exércitos.
A luz prometida e, com ela, a alegria redobrada e o contentamento acrescido provinham
também, então, de uma criança: Porque um menino nasceu para nós, um filho nos foi
dado. Se com ele chegava uma paz sem fim, devia-se ao poder real que os seus nomes
exprimem: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz. São qualidades
próprias de um rei que respeita o direito e promove a justiça entre os seus súbditos. Mas
um rei que seja verdadeiramente ungido do Senhor, isto é, que se oriente pelo conselho
e actue pela fortaleza e firmeza, próprias de Deus. Por outras palavras, que seja
verdadeiramente o Emmanuel, o Deus Connosco, antes anunciado (Is 7, 14).
Só que esse Messias nasceria apenas séculos mais tarde, em Belém da Judeia, como
David, o primeiro e grande Ungido do Senhor:

3. “Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia”…


É assim que em Mt 2, 1-12 começa o relato que culmina com a adoração do esperado
e definitivo Rei dos Judeus, por parte de uns Magos vindos do Oriente. É um acontecimento
cheio de contrastes que, na prática, se reduzem à oposição entre as trevas e a luz, ou
que a ela conduzem. Não é por acaso que os Magos deixem de ver a estrela durante o

170
tempo em que se detêm em Jerusalém. É que, ao ouvir a Boa Nova por eles trazida, o
Rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém (v. 3).
Perturbou-se por causa da ambição desmedida e incontrolada do poder. Enquanto os
Magos procuram o Messias para o adorar e lhe oferecer o que de mais precioso têm,
Herodes maquina apenas o modo como há-de eliminá-lo. Quem, como ele, se vê
exclusivamente a si próprio, está cego. E não olha sequer a meios: até da Palavra de
Deus, que lhe é transmitida por todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo,
se serve para tentar realizar os seus planos. Um rei que vive, não para servir, mas para
ser servido. Ao contrário dos Magos e, sobretudo, daquele que eles procuram para O
servir.
De facto, é assim que este Menino, anos mais tarde, dirá àqueles que o seguem: O Filho
do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a
multidão (Mt 20, 28). Di-lo, porque também os discípulos estavam a cair na tentação de
procurar os primeiros lugares, do mesmo modo que os chefes das nações as governam…
e como os grandes exercem o seu poder, esquecendo-se de que quem entre vós quiser
fazer-se grande, seja o vosso servo; e quem no meio de vós quiser ser o primeiro, seja
vosso escravo (Mt 20, 25-27).
É por isso que não se pode adorar este Menino de Belém, sem se fazer pequeno como
Ele. Mais uma vez, guiado pelo que Ele, mais tarde, pegando num menino e colocando-
o no meio dos discípulos, lhes dirá: Em verdade vos digo: se não vos converterdes e vos
tornardes como as criancinhas, não podereis entrar no Reino dos Céus. Quem, pois, se
fizer humilde como este menino será o maior no Reino dos Céus. Quem receber um
menino como este, em meu nome, é a mim que recebe (Mt 18, 5).
E esse menino tanto pode ser aquele que é achado nas ruínas da cidade desmoronada,
como todos aqueles que, independentemente da sua idade, passam fome ou sede, são
estrangeiros ou não têm roupa, estão doentes ou na prisão. O que lhes fizermos é ao
Menino de Belém que o fazemos. Ou melhor: a Ele como rei glorioso (Mt 25, 31-46), isto
é, depois de se ter entregue totalmente por todos na cruz e ter alcançado para sempre a
gloriosa luz da ressurreição, para ficar connosco até ao fim dos tempos, na missão que
nos deixou: fazer discípulos seus de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a cumprir tudo quanto vos mandei (Mt 28, 19-
20).
Se o fizermos, estaremos a contribuir para que eles nasçam de novo, para uma paz sem
fronteiras e uma luz sem ocaso… Na certeza de que assim, também cada um de nós
está a nascer, nascer, nascer.

OBJECTIVOS
– Realizar o memorial celebrativo do Natal do Senhor;
– Acolher e entregar-se, pela fé, a Jesus, nossa luz;
– Partilhar a vida com os mais desfavorecidos.

171
OBSERVAÇÕES PEDAGÓGICAS
1. Com esta celebração conclui-se o ciclo, primeiramente, das catequeses do Advento. O
presépio que tem vindo a ser construído, é nela completado, e as ofertas que as crianças
se decidiram fazer, serão apresentadas ou entregues (conforme o seu destino) num
clima de fé e oração, de caridade e de muita alegria, de acordo com o espírito do Natal
cristão.

2. Ao mesmo tempo, há uma ligação com as outras catequeses, através do símbolo da luz
e do incentivo a seguir Jesus, a partir do Baptismo, expresso de dois modos: pela
oração, feita sobretudo na expressão de fé, e a entrega dos lenços brancos, alusivos à
veste branca recebida na celebração baptismal e dos quais as crianças voltarão a servir-
se, noutras catequeses relativas à iniciação cristã. Nesse sentido, propõe-se que a
entrega seja feita pelos pais ou outros responsáveis pela educação cristã das crianças.

3. Procure-se que os lenços, com as palavras “Sou de Cristo, Sou Feliz”, tenham um
tamanho e uma forma semelhante aos dos que são usados pelos escuteiros. Se as
famílias tiverem dificuldades em adquiri-los, procure-se a ajuda ou dos padrinhos das
crianças ou da paróquia. Convém que nenhuma criança fique sem ele.

4. A participação dos pais e/ou outros familiares justifica-se pelas razões apresentadas:
trata-se de uma celebração natalícia, com um cunho especialmente familiar; na caminhada
pré e pós-baptismal o papel dos pais é imprescindível. Além disso, também os pais têm
sempre muito a aprender, neste caso, dos próprios filhos que, por isso, ficam
redobradamente felizes.

5. Para uma maior participação, os textos bíblicos e a oração dos fiéis podem ser lidos por
eles, desde que atempadamente informados e preparados. O mais importante é que
leiam bem. No cortejo, a seguir à 1ª leitura bíblica, o círio pascal e a imagem do Menino
Jesus podem também ser levados por dois deles.

6. A vela alusiva a Cristo deve, tanto quanto possível, ser o círio pascal, pela sua relação
com o Baptismo e pela ligação entre o Natal e a Páscoa. De qualquer modo, seja uma
vela maior do que as restantes velas do Advento e ocupe, correspondentemente, o lugar
central em cima da mesa.

7. Tratando-se de uma celebração, o catequista que preside evite, tanto quanto possível,
longos discursos. Em celebrações, o destaque vai para os gestos e os símbolos, a
escuta e a oração.

172
MATERIAIS
– Dísticos “Cristo” (catequeses anteriores) e “Natal”;
– Figuras de S. João Baptista, S. José e Nossa Senhora (catequeses anteriores);
– Três velas do Advento (catequeses anteriores), que podem estar decoradas, cada uma,
com um símbolo das três figuras do Advento que representam;
– Cartões em forma de estrelas (escritos e usados nas catequeses anteriores);
– Duas folhas, cada uma com uma das duas partes do texto do Magnificat (catequese
anterior);
– Imagem do Menino Jesus;
– Almofada ou “manjedoura” para a imagem;
– Círio pascal ou vela correspondente (se possível com os números do ano em curso);
– Folhas com os textos das leituras bíblicas e da oração dos fiéis (sobretudo para o caso
de serem feitas por várias pessoas);
– Cestos ou recipientes correspondentes, para a recolha das ofertas das crianças (se
forem oferecidas a uma instituição social de caridade);
– Lenços brancos, alusivos ao Baptismo (com as palavras “Sou de Cristo, Sou Feliz” – ver
Documento 1), se possível embrulhados em forma de prendas, um para cada criança;
– Velas do Baptismo, para as crianças, e uma outra para cada um dos pais e outros
participantes adultos;
– Bíblia;
– Fósforos ou outro meio para acender as velas;
– Máquina fotográfica.

MÚSICAS
– “Dlim, dlão” (ou outra natalícia);
– “Preparai o caminho do Senhor”;
– “A minha alma glorifica o Senhor”;
– “Senhor Jesus, Tu és a luz” (estrofes próprias);
– “Jesus Cristo és meu amigo”;
– “Sou de Cristo, sou feliz”.

PARTICIPANTES E INTERVENIENTES NA CELEBRAÇÃO


– As crianças do grupo, acompanhadas dos pais e/ou outros familiares (ou seus substitutos):
num caso ou no outro, pessoas com relações íntimas e frequentes com as crianças,
designadamente na vivência do Natal. Convém que tenham sido expressamente convidadas
e se conheça previamente o seu número, em ordem, sobretudo, à escolha e ao arranjo
do lugar da celebração.
– Os adultos também podem colaborar activamente nas leituras da Palavra e no cortejo a
seguir à primeira leitura. No entanto, o catequista procurará que as crianças participem
tanto quanto possível e sejam, em união com o Deus Menino, as protagonistas da

173
celebração. Mas que, adultos e crianças, sejam para isso previamente preparadas, para
que tudo decorra com ordem e dignidade.

LUGAR DA CELEBRAÇÃO
– Se possível, na sala habitual da catequese.
– Só se esta for demasiado pequena para todos os participantes terem lugar sentado, se
escolha um outro espaço que, porém, ofereça as condições para uma celebração ordenada
e tranquila.

PREPARAÇÃO DA SALA
– No placar: ao centro, o dístico “Cristo” (das catequeses anteriores) rodeado das figuras
de S. João Baptista (por cima) S. José e Nossa Senhora (uma de cada lado e voltada
para o dístico); ao alto o dístico “Natal” (no lugar de “Advento” das catequeses anteriores);
espalhadas pelo placar e (se necessário) pela parede, as cartolinas em forma de estrelas,
escritas nas duas catequeses anteriores.
– Na mesa: as três velas do Advento (apagadas) a rodear a Bíblia (ao centro) e a almofada
(ou “manjedoura”), mas sem a imagem do Menino Jesus.
– No corpo da sala: à frente, as cadeiras para as crianças, e, por trás, para os adultos,
todas, se possível, ordenadas em semicírculo, mas com um corredor no meio. Se o
grupo for relativamente pequeno e as cadeiras forem todas do mesmo tamanho, é preferível
que as crianças fiquem junto dos pais.
– A iluminação convém que seja diminuta, para facilitar o desenvolvimento da celebração.

ACOLHIMENTO FORA DA SALA


– Se o espaço e o tempo o permitirem, as crianças e seus acompanhantes sejam recebidos
pelo(s) catequista(s) fora da sala. Aí se podem preparar os adultos que vão ter uma
especial intervenção e ensaiar alguns cânticos menos conhecidos.
– Se tal não for possível fora da sala, o ensaio seja feito nela. Mas para o cortejo de
entrada, volte a sair-se.
– No cortejo de entrada vai à frente o catequista, que preside, seguido das crianças em fila
e dos restantes catequistas (se os houver) e dos restantes acompanhantes. Se as
crianças ficarem junto dos pais, entram juntamente com eles. Convém que antes sejam
informados do lugar que vão ocupar.
– Se as prendas que as crianças trazem forem demasiado grandes, podem ser levadas
pelos acompanhantes.

174
II – DESENVOLVIMENTO DA CELEBRAÇÃO

I. ENTRADA E ACOLHIMENTO

1. Cântico de entrada (durante o cortejo)

“Dlim, dlão” (ou outro natalício).

2. Saudação

Presidente:
A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo
que para nós nasceu da Virgem Santa Maria
esteja convosco.

Todos:
Bendito seja Deus
que nos reuniu no amor de Cristo.

3. Acolhimento
Presidente (depois de sentadas as pessoas):
Dlim, dlão! Que bem tocaram os sinos! E até cantaram!
Porquê?... Olhemos para o alto do nosso placar… Que temos lá escrito?...
Natal! E é o nascimento de quem?...
Mas antes estava lá outra palavra. Lembram-se qual era?
“Advento”. Estivemos a preparar a festa da vinda Jesus, do seu nascimento, durante três
catequeses: além de aprendermos muitas coisas sobre este acontecimento extraordinário,
procurámos preparar o nosso coração para receber Jesus!
Expliquem aos pais o que fizemos. Que temos nós andado a construir?… Um presépio!
Mas é um presépio especial: quisemos que fosse (aponta as estrelas)… todo cheio de
luz.

4. Acto penitencial
Contem lá então como tem sido. Podem servir-se do que está afixado no placar.
N… explica-nos quem foi a primeira daquelas três figuras a visitar-nos...
E que nos ensinou João Baptista?... A preparar a vinda de Jesus! “Preparai o caminho do
Senhor”, disse ele.
Lembram-se do que ele fazia para preparar a vinda de Jesus, N…? Ele baptizava as
pessoas! E para que as baptizava ele? – Para ficarem limpas dos seus pecados.
Quem faz mal aos outros, porque os rouba, porque é violento, ou não tem respeito por
eles… Quem faz assim, não tem um coração preparado para receber o Senhor Jesus.

175
Mas, infelizmente, também nós, às vezes, fazemos essas ou outras maldades: não
estudar mais na escola…; não trabalhar melhor no nosso emprego…; não ligar às outras
pessoas, principalmente às que têm dificuldades, estão sós, doentes…; chegar tarde à
catequese…; não ajudar em casa…; só brincar com alguns meninos da escola … não
rezar nem ir à igreja...
Vamos todos, crianças e adultos, pensar um bocadinho nisso: no bem que podíamos ter
feito e não fizemos; e nas maldades que, se calhar, às vezes fazemos… Para nos
arrependermos.
Fechemos os olhos e pensemos um bocadinho, em silêncio…
Agora, de pé… cantemos as palavras de João Baptista:
Cântico:
“Preparai o caminho do Senhor” (3ª estrofe: “Nossa vida precisa de mudar”…)

E, como sinal de que queremos amar como Jesus amou, vamos pedir perdão uns aos
outros: primeiro, dão um aperto de mão ou um beijo aos colegas que estão ao vosso
lado e depois aos vossos familiares.

(Durante o gesto da paz, o catequista acende a 1ª vela, a referente a João Baptista)

II. ORAÇÃO

Podem sentar-se…
Com o arrependimento e o perdão dos nossos pecados, até aumenta a luz na nossa
sala. Vejam como a 1ª vela do Advento já está acesa…
Mas ainda faltam duas. N…, de quem são elas?...

Uma é de S. José, muito bem. (Apontando para o placar:) Lá está a figura dele junto de
Jesus Cristo.
Que fez ele? – Aceitou ser o pai adoptivo de Jesus?...
E por não ter deixado Maria e Jesus sozinhos, como é que a Bíblia lhe chama?...”Um
homem justo”. Uma pessoa justa é aquela que procura fazer sempre e em tudo a vontade
de Deus.

E Maria?... Maria ainda é mais especial! Imaginem, ser a Mãe de Jesus. E como ela
aceitou este pedido!
Lembram-se daquela oração tão bela que ela fez a Deus e nos ensinou a rezar?
Vamos rezá-la agora! Ainda não a sabemos de cor, mas podemos lê-la e apreciá-la.
O N… e a N… vão lê-la para nós e nós podemos acompanhar a leitura com um cântico,
aquele que usa as palavras de Maria: “A minha alma glorifica o Senhor”…
Mas, antes de começarmos, N… e N… venham acender as velas de S. José e de Nossa
Senhora…

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Enquanto as crianças acendem as velas, os dois leitores do Magnificat aproximam-se
da frente e colocam-se de um lado e do outro da mesa, voltados para ela. Todos se
levantam.

- Cântico (com o gesto de elevar as mãos):


“A minha alma glorifica o Senhor” (só o refrão).

1º leitor (lentamente:)
A minha alma glorifica o Senhor
e o meu Espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva:
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas:
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que o temem.

- Cântico (com o gesto de elevar as mãos):


“A minha alma glorifica o Senhor” (só o refrão).

2º leitor:
Manifestou o poder do seu braço
e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos
e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo,
lembrado da sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais
a Abraão e à sua descendência para sempre.

- Cântico (com o gesto de elevar as mãos):


“A minha alma glorifica o Senhor” (só o refrão).

III. PALAVRA

Podem sentar-se.
Reparem como, com S. José e Nossa Senhora, o nosso presépio está a ficar ainda mais
luminoso…
Mas falta o principal. Quem será?

177
O Menino Jesus! Estão preparados para o receber?...
Falta saber quem no-lo vai apresentar…
Vai ser uma pessoa que viveu muitos, mesmo muitos anos antes de Jesus nascer. É que
Ele era esperado e desejado havia muito tempo.
E começou a ser desejado, sobretudo numa altura em que, na terra onde Ele nasceu,
havia uma grande desgraça. Numa guerra tinha sido quase tudo destruído e arrasado. E
as pessoas ficaram tão tristes e abatidas, que era como se estivessem numa escuridão
completa.
E foi nessa altura que um profeta, um grande amigo de Deus, anunciou que havia de vir
um Salvador, um novo rei ou Messias. Esse profeta chama-se Isaías.
Vamos ouvir como ele anunciou Jesus, tantos anos antes de Ele vir ao mundo.

1. Leitura (Is 9, 1.4-6a)


1º leitor ( um pai ou uma mãe):
Leitura do livro do Isaías:
O povo que andava nas trevas
viu uma grande luz;
para aqueles que habitavam nas sombras da morte
uma luz começou a brilhar.
Todo o calçado ruidoso da guerra
e toda a veste manchada de sangue
serão lançadas ao fogo
para serem completamente queimados.

2º Leitor (o filho ou a filha):


Porque um menino nasceu para nós,
um filho nos foi dado.
Tem o poder sobre os seus ombros
e será chamado “Conselheiro admirável,
Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz”.
O seu poder será engrandecido numa paz sem fim.

Palavra do Senhor.

Todos:
Graças a Deus

2. Cântico responsorial

Catequista:
Vamos, então, acolher este “Conselheiro admirável”, este “Deus forte, Pai eterno, Príncipe
da paz”.

178
De pé… e voltados para o fundo da sala cantemos:

Todos:
“Senhor Jesus, tu és a luz”.

Depois de se cantar pela 1ª vez o refrão, parte do fundo da sala o cortejo com o círio
pascal aceso, seguido da imagem do Menino Jesus, transportados, de preferência, por
um adulto (círio) e a sua criança (Menino Jesus).
Caminham lentamente, se possível pelo corredor central, e, chegados à frente da mesa,
voltam-se para a assembleia, mostrando a imagem e o círio, até ao final do canto. Só
então colocam em cima da mesa a imagem do menino na almofada (ou manjedoura), à
frente, e o círio, por detrás.

Solista(s):
“Nasceu p’ra nós um Menino:
Filho de Deus, é divino.”

Todos:
“Senhor Jesus, Tu és a luz”…

Solista(s):
“Admirável conselheiro,
Deus forte, Ele é o primeiro.”

Todos:
“Senhor Jesus, Tu és a luz”…

Solista(s):
“É o Príncipe da paz
que do Pai do Céu nos traz”

Todos:
“Senhor Jesus, Tu és a luz”…

3. Acendimento das velas

Catequista:
Para acolhermos bem o Deus Menino, acendamos as nossas velas na sua luz.

Primeiro as crianças e depois os adultos, aproximam-se, em fila, da mesa e acendem a


sua vela do Baptismo (ou outra) no círio pascal.

179
Se este estiver muito alto, o catequista que preside (ou outro) pode pegar nele até ao
nível das crianças.
Se forem muitos os participantes, pode ir apenas o 1º de cada fila que, depois, propaga
a luz pelos restantes. Durante o acendimento, pode cantar-se o mesmo cântico:

“ Senhor Jesus, Tu és a luz”… (As mesmas estrofes e/ou as usadas na catequese 6).

4. Proclamação do Evangelho (Mt 2, 1-5a.7-12): se, possível, por dois leitores, um adulto
e a sua criança; ou então dramatizada, em que o adulto faz o papel de narrador e três
crianças os papéis dos Magos, Herodes e Sacerdotes.

Catequista:
Será que todas as pessoas são capazes de receber bem Jesus?!...
Ouçamos o que se passou alguns dias depois de Ele nascer…

1º leitor (adulto):
O Senhor esteja connosco.

Todos:
Ele está no meio de nós.

1º leitor:
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo São Mateus:

Todos:
Glória a vós, Senhor.

1º leitor:
Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia,
nos dias do rei Herodes,
quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente.
Perguntaram eles:

2º leitor (criança):
«Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer?
Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.»

1º leitor:
Ao ouvir tal notícia,
O rei Herodes ficou perturbado
e, com ele, toda a cidade de Jerusalém.
Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo
e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias.

180
Eles responderam:

2º (ou 3º) leitor:


Em Belém da Judeia.

1º leitor:
Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos
e pediu-lhes informações precisas
sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela.
Depois enviou-os a Belém
E disse-lhes:

2º (ou 4º) leitor:


«Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino;
e, quando O encontrardes, avisai-me,
para que também eu vá adorá-lo.»

1º leitor:
Ouvido o rei, puseram-se a caminho.
E eis que a estrela que tinham visto no Oriente
seguia à sua frente
e parou sobre o lugar onde estava o Menino.
Ao ver a estrela, sentiram grande alegria.
Entraram na casa,
viram o Menino com Maria, sua Mãe,
e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O.
Depois, abrindo os seus tesouros,
ofereceram-lhe presentes:
ouro, incenso e mirra.
E, avisados em sonhos
para não voltarem à presença de Herodes,
regressaram à sua terra por outro caminho.

Palavra da salvação.

Todos:
Glória a vós, Senhor.

Presidente:
Herodes queria ser o único rei e, por isso, temia aquele Menino.

181
Mas nós, com um coração como o dos Magos, vimos ao presépio para adorar o Menino
Jesus.
Assim, levantamos as nossas velas… e cantemos de novo:

Cântico:
“Senhor Jesus, Tu és a luz” (só o refrão).

Os leitores afastam-se para os seus lugares.

IV. EXPRESSÃO DE FÉ

1. Introdução
Os Magos foram guiados por uma estrela, para encontrarem Jesus.
E que temos nós aqui no placar (e nas paredes)?...
Não é só uma estrela, mas são muitas. Será que também elas guiam para Jesus?...

N…, explica-nos: de quem são estas estrelas…


E que escrevemos nelas?
- Umas têm nomes de pessoas (ou, se for o caso, de… – nome da instituição ou país a
que se destinam as ofertas das crianças).
- E nas outras que está escrito?... O nome das coisas que quereis partilhar com as
pessoas escritas nas outras estrelas (exemplificar).

E quem nos convidou a partilhar as nossas coisas?...


João Baptista, para prepararmos o nascimento de Jesus.
Quer dizer, a luz que representam aquelas estrelas é a luz de Jesus. São estrelas que
chamam a nossa atenção para Jesus. Sim, porque aquilo que nelas está escrito foi o
que Jesus também fez e nos pediu para fazer.

Por isso mesmo trouxemos estas nossas prendas.


Vamos mostrar a Jesus onde e quando o seguimos e que somos capazes de amar como
ele nos pediu. Quando fazemos o que Ele fez e nos ensinou, aí nós levamos a luz que é
Jesus.
Querem dizer-lhe isso?
Vamos fazer assim: eu digo as coisas boas que Jesus fez e nos manda fazer e vós
respondeis assim: “Aí está a tua luz, meu bom Jesus”. Ora digam lá, para aprenderem:
“Aí está a tua luz, meu bom Jesus”.
Para ser mais bonito, podem levantar as velas. Experimentem lá: “Aí está a tua luz, meu
bom Jesus”.
Então, primeiro voltemo-nos para Ele e façamos um bocadinho de silêncio, para rezarmos
melhor…

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2. Oração (As preces podem ser lidas por seis crianças, se houver condições, a partir da
frente; se não, a partir do seu lugar).

Leitor 1:
Onde damos de comer a quem tem fome,
de beber a quem tem sede
e socorremos os pobres e os doentes…

Todos:
Aí está a tua luz, meu bom Jesus.

Leitor 2:
Onde respeitamos e acolhemos os estrangeiros
e perdoamos a quem nos ofende…

Todos:
Aí está a tua luz, meu bom Jesus.

Leitor 3:
Onde obedecemos aos pais, avós e professores
e agradecemos a quem nos ensina e nos ajuda…

Todos:
Aí está a tua luz, meu bom Jesus.

Leitor 4:
Onde deixemos tantas coisas, para te seguir
e anunciar aos outros o teu Reino só de amor e só de paz…

Todos:
Aí está a tua luz, meu bom Jesus.

Leitor 5:
Onde e sempre que nos reunimos, como hoje,
para ouvirmos a tua Palavra e rezarmos contigo…

Todos:
Aí está a tua luz, meu bom Jesus.

Leitor 6:
Onde e sempre que temos bons pais e bons familiares,
bons professores e bons catequistas…

Todos:
Aí está a tua luz, meu bom Jesus.

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Catequista que preside:
Agora, rezemos, todos juntos, a oração que Jesus nos ensinou:

Todos:
Pai Nosso…

(No final, todos apagam as velas e são acesas todas as luzes da sala).

3. Apresentação ou entrega das ofertas

Catequista:
Agora sim, podemos fazer a entrega das ofertas a Jesus.
Fazemos assim: em fila, cada um vem aqui à frente, entrega a sua oferta a Jesus, e
depois beija a sua imagem.

Enquanto o fazemos, cantemos:

Cântico:
“Jesus Cristo, és meu amigo”.

No caso de uma simples apresentação, as crianças conservam as suas ofertas.


Se forem entregues, podem ser depositadas em recipientes apropriados, por exemplo,
cestos.
Os adultos, conforme o caso, devem também participar.

Tirem-se fotografias da apresentação e/ou entrega das ofertas.


Serão necessárias na próxima catequese.

Se, de todo, não for possível, o catequista pedirá às crianças que,


com a ajuda dos pais,
e em casa, reproduzam esse momento da celebração
em desenhos feitos em folhas de bom papel A4.

Se as ofertas das crianças forem canalizadas para uma instituição de solidariedade, o


catequista deve combinar aqui o dia e a hora da entrega, ainda antes do Natal. Se não
for possível levar todas as crianças, irá um pequeno grupo, em representação. Também
dessa entrega convém fazer registo fotográfico, ou, pelo menos, ser ilustrado pelas
crianças participantes.

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V. ENTREGA DAS PRENDAS E DESPEDIDA

1. Entrega dos lenços brancos

Catequista:
Agora falta receber, cada uma de vós, a sua prenda. Uma bela surpresa. Vai ser-vos
entregue (se possível) pelos vossos pais (ou outro familiar).

(Depois da entrega:)
Que está aí escrito nos vossos lenços? - “Sou de Cristo, Sou Feliz”.
E somos de Cristo desde quando? - Desde que fomos baptizados!

Então vão fazer o seguinte: por baixo dessas palavras (o catequista mostra o seu lenço,
já com a inscrição da data do Baptismo no sítio correcto) vão, lá em vossa casa, escrever
a data do vosso Baptismo. Para ficar com números bem feitos, podem pedir ajuda dos
pais ou outro adulto. (Se houver condições, pode-se sugerir que a data seja bordada.)
.
Havendo no grupo crianças por baptizar, em vez de escreverem agora, fá-lo-ão depois
do seu Baptismo.

E não se esqueçam disto: tragam os lenços para a próxima catequese, mas já com a
data do Baptismo. Vão ser muito necessários.
E agora cantemos o que está neles escrito. E enquanto cantamos, podem abanar os
lenços…

2. Cântico final

“Sou de Cristo, sou feliz”.

3. Despedida

Catequista:
Desejo a todos um Santo Natal e um feliz Ano Novo.
Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.
Todos:
Graças a Deus.

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No catecismo,
para recordar a Celebração de Natal:

Na página 46 do catecismo, reler a Leitura do Livro de Isaías.

Na página 47 do catecismo, observar as imagens que ilustram a adoração dos


Magos do Oriente prestada a Jesus e escutadas durante a leitura do Evangelho de S.
Mateus e que resume a mensagem central da Celebração do Natal.

Na página 48 do catecismo, actividade “Somos capazes de amar como Jesus pediu”


observando as imagens desse amor e ilustrando o propósito “Fazer a paz”.

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III – DOCUMENTOS

DOCUMENTO1

Sou de Cristo,
Sou Feliz.

Colocar a data do Baptismo

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