Amostragem Becker

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AMOSTRAGEM

Howard Becker

O QUE INCLUIR

 Amostragem e a sinédoque (a parte pelo todo)

1 . A importância da constituição da amostra.

2 . Não podemos estudar todos os casos de tudo o que nos interessa.

3 . Como estudar alguns casos e poder descobrir algo que se aplica a


toda a série – o potencial de generalização/ como dizer algo válido
sobre o que não vimos com base no que vimos?

4 . A qualidade buscada: a representatividade

5 . Como escolher a parte que representará o todo?

 Amostragem aleatória – e o desejo de replicar o modelo das


ciências exatas

1 . Acesso à lista de componentes da população estudada.

2 . Atribuição de números a cada um deles e realização de sorteio de


modo a garantir que todos tenham chances iguais de participar da
amostra – a busca da não intencionalidade.

PRIMEIRO PROBLEMA – o exemplo dos casamentos judaicos: a


necessidade de agregar conhecimentos extra-quantitativos para poder
executar o procedimento do sorteio.

SEGUNDO PROBLEMA – Como definir a totalidade do fenômeno que


queremos estudar? Numa população de presidências de países, o que
incluiremos nessa categoria se referirá aos indivíduos que ocupam a
presidência ou as suas equipes ministeriais?

TERCEIRO PROBLEMA – o exemplo dos arqueólogos e paleontólogos:


encontrar partes e a sua relação com as totalidades de que fazem
parte: se o objetivo for dar conta da variedade de um fenômeno a
amostragem aleatória pode nos colocar em dificuldade – o exemplo
das relações de parentesco e as regras do incesto.

 Onde parar? O caso da etnomusicologia


1 . O sonho dos cientistas da sociedade: conhecer a totalidade das
coisas/ a descrição completa/a reprodução das experiências vividas das
pessoas e a impossibilidade de realizá-lo.
 Quanto detalhe? Quanta análise?
1 . Os limites de anotar e ver tudo.
2 . George Perec e a possibilidade de produzir descrições com o mínimo
de interpretações, com o mínimo possível de análise imediata:
- a diferença entre: uma pessoa está caminhando rapidamente e uma
pessoa parece impaciente para chegar em casa com as compras.
3 . O exemplo de Agee e Evans e a descrição como uma amostra de
algo que se quer analisar: o sumário e o extrato (pp.112 e 113-114).
4 . A possibilidade de ler a descrição e concluir coisas sobre a vida dos
americanos de uma certa área e classe social, sem que se apontem às
análises prontas.

ALÉM DAS CATEGORIAS: DESCOBRIR O QUE NÃO SE ENCAIXA


 A descrição e as categorias convencionais
1 . Evitar o pensamento convencional – as falsas evidências do senso
comum, as ideias a respeito do que as escolas fazem e o que é feito nos
hospitais – as respostas e categorias convencionais.
2 . Robert Morris: ver é esquecer o nome daquilo que estamos olhando
3 . John Cage e a obra 4’33.
4 . Exemplos de categorizações reducionistas:
- Revoluções: Francesa, Americana, Russa, Inglesa
- Violência: as cometidas por pobres tendem a ser muito mais
estudadas
- Movimentos sociais: os que deram certo
5 . Como fugir da armadilha da categorização, da teorização
consagrada? A descrição nos moldes de Agee e Evans - fugir das
categorias convencionais, da formulação convencional do problema,
das análises convencionais.
6 . Kuhn e o paradoxo do paradigma – conhecer o convencional, mas de
vez em quando sacudi-lo.
7 . Prestar atenção no que não se encaixa, no teoricamente
inconveniente.

 Truques para fugir dos obstáculos do convencionalismo


1 . Tudo é possível – escolher com abertura e não ritualisticamente os
dados a observar – maximizar a chance dos casos estranhos
aparecerem
2 . Imaginar o caso que provavelmente perturbará seu pensamento e
procurá-lo.
3 . Imaginar as possibilidades mais extravagantes/exageradas e
perguntar por que elas não acontecem.

ALGUNS OBSTÁCULOS QUE IMPEDEM QUE VEJAMOS A TABELA


INTEIRA E NÃO SOMENTE ALGUNS CASOS
1 . As teorias e conceitos que dirigem nosso olhar sobre as coisas
2 . As organizações ou lugares sociais em que são encontrados
3 . Características dos contextos sociais de que fazemos parte

As ideias de outras pessoas


1 . A imensidão de coisas que encontramos e o conforto das teorias e
dos conceitos consagrados – aceitar o que outros acham importante
pesquisar (colegas, orientador, teóricos famosos)
 Não ignorar um tema/fenômeno porque já foi estudado por
outros – o exemplo do estudo sobre como os trabalhadores
aceitam os objetivos das administrações (p. 122)
 As coisas com o mesmo nome nem sempre são as mesmas
coisas (o exemplo da mortificação, em Goffman)
A hierarquia da credibilidade
1 . Quem e capaz de falar sobre o que estamos estudando – a
multivocalidade democratizante.
2 . Duvide do discurso dos que ocupam cargos de poder
3 . Pergunte de modo a abrir para os conflitos e insatisfações, dirigindo
o mínimo possível as respostas para essas modalidades

Isso é muito comum, não é um problema real


1. Todos os temas são respeitáveis; a comédia não é inferior à
tragédia. Os exemplos de pesquisas consideradas não relevante
que depois foram consideradas sérias.

Por que eles?


1 . Por que estudar as melhores instituições, aqueles movimentos
sociais que tiveram sucesso? O exemplo da pesquisa nas
universidades da periferia, os negócios menos lucrativos.
2 . Hughes: precisamos dar atenção aos que ainda não chegaram lá,
aos desrespeitados, despercebidos.

Nada acontece
1 . A ilusão de que nada está acontecendo que valha a pena tomar
como objeto. O exemplo da equipe de medicina.
2 . O poder das teorias, dos nossos colegas, do pensamento
convencional, do nosso orientador, na determinação do que
estabelecemos como digno de observação e estudo.

POR OUTRO LADO...


O paradoxo do aprendizado/valorização e da suspeita a respeito do
que sabem os atores/atrizes que atuam nos fenômenos que
estudamos – NÃO IGNORE COISAS PORQUE OS SEUS INFORMANTES
IGNORAM

O USO DE DADOS DE OUTRAS PESQUISAS


 O cuidado para não embarcar nos objetivos e decisões tomadas por
outros pesquisadores ao coletar dados – as estatísticas oficiais,
consagradas.
 Analisar como as estatísticas foram produzidas, os registros que
alimentaram as estatísticas foram realizados.

As instituições bastardas
1 . As instituições que fornecem os serviços considerados adequados
inclusive determinando os modos adequados de os consumir.
2 . Aquelas que atuam nas franjas do sistema – as escolas regulares e
os cursos para passar nos concursos; os cursos de EAD; os
fornecedores de drogas ilícitas; as/os prostitutas/tos; o celibato
católico para indivíduos gays; os sites de sexo na internet....
3 . Os desvios individuais são condenados; os socialmente instituídos,
organizados, são vistos como adaptações sistêmicas.
4 . O exemplo da comparação de Hughes entre padres, prostitutas e
terapeutas – como esses indivíduos lidam com o conhecimento que
possuem do que é socialmente condenável?
5 . O bom gosto como forma de controle social, do que vai ser
estudado, das maneiras de estudar.

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