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DOS ALIMENTOS

Código Civil: artigos 1694/1710 – Lei n. 5478/68 – Lei 11.804/08 (Alim. Gravídicos)
NCPC: arts. 528/533 (Cump. Sent. Alimentos); arts. 911/913 (Exec. Alimentos)

CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS.

Trata-se de um dos temas mais importantes e relevantes do direito de


família, com grande repercussão prática e cotidiana para os operadores do
direito.

Qual é o conceito de alimento?


Para PAULO LÔBO, o conceito é muito mais amplo do que a simples
noção de “nutrição”.
Para STOLZE, significa o “conjunto das prestações necessárias para a vida
digna de um indivíduo”. Extrai-se da própria redação do art. 1694 e tem como
alicerce o princípio da dignidade da pessoa humana.
Para TARTUCE, a importância dos alimentos é tamanha, que devem
observar e serem capazes de prover as necessidades elencadas no art. 7, inciso
IV, da CF.

PRESSUPOSTOS PARA FIXAÇÃO DOS ALIMENTOS

Art. 1694, § 1º: BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE.


Art. 1695. Hipótese de cabimento.

Para TARTUCE e JOSÉ FERNANDO SIMÃO, a fixação dos alimentos tem por
base UM TRINÔMIO – NECESSIDADE / POSSIBILIDADE / RAZOABILIDADE e
PROPORCIONALIDADE.
O terceiro pressuposto seria a conjunção, a adequação das medidas
anteriores (necessidade e possibilidade).

OBSERVAÇÃO: NÃO EXISTEM CRITÉRIOS LEGAIS DE PERCENTAGEM OU VALOR


MÍNIMO OU MÁXIMO PARA FIXAÇÃO DE ALIMENTOS.

COMO OS ALIMENTOS PODE SER FIXADOS?


a) Em valor fixo (ex. R$ b) Em valor variável (ex. c) IN NATURA (art. 1701 – ex.
200,00 mensais); 30% dos rendimentos); hospedagem, sustento,
educação, cesta básica).
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LEGITIMAÇÃO PARA ALIMENTOS.

Significa dizer: QUEM PODE EXIGIR ALIMENTOS E QUEM ESTÁ OBRIGADO A


PRESTÁ-LOS? Ou seja, quem está legitimado de forma ativa para exigir e passiva
para prestar?

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que
necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua
educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
obrigada.
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de
culpa de quem os pleiteia.
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode pro ver,
pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário
ao seu sustento.
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os
ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.
Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e,
faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.

CARACTERÍSTICAS (extraídas do art. 1696/CC):


a) RECIPROCIDADE: todo aquele que pode cobrar pode eventualmente ser
exigido a pagar;
b) EXIGÊNCIA ILIMITADA NA LINHA RETA, ASCENDENTE OU DESCENDENTE: uma
vez presentes os pressupostos de fixação (necessidade/possibilidade) não
há limite para se exigir (ex. bisneto pedindo alimentos de bisavô);

OBSERVAÇÃO: Na linha colateral, a obrigação tem por limite o 2º grau


(irmãos). Art. 1697. Assim, não se pode exigir alimentos de tios, primos, etc.

c) SUCESSIVA: na ausência de ascendentes, passa aos descendentes, aos


irmãos, etc, na forma dos arts. 1697 e 1698.

OBSERVAÇÃO: O artigo 1698 é novidade no ordenamento civil brasileiro (não


havia regra similar no CC/16) e permite estender a obrigação alimentar a
parentes de grau imediato, sem exonerar o devedor originário (traduz o
princípio da solidariedade familiar).

d) TRANSMISSIBILIDADE: prevista no art. 1700 (ler). A transmissibilidade,


entretanto, para Stolze e Lôbo, depende de condenação ao pagamento
anterior à morte do obrigado, ou seja, a herança é atingida pelo débito;
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Nesse sentido, REsp 775.180/MT:

DIREITO CIVIL. AÇÃO DE ALIMENTOS. ESPÓLIO. TRANSMISSÃO DO DEVER JURÍDICO DE


ALIMENTAR. IMPOSSIBILIDADE.
1. Inexistindo condenação prévia do autor da herança, não há por que falar em transmissão do dever jurídico de
prestar alimentos, em razão do seu caráter personalíssimo e, portanto, intransmissível.
2. Recurso especial provido

e) IRREPETIBILIDADE: decorre da impossibilidade jurídica de sua restituição,


caso sejam posteriormente considerados indevidos.

OBSERVAÇÃO: ESSA CARACTERÍSTICA VEM SENDO FLEXIBILIZADA PELA


DOUTRINA, NOS CASOS DE MÁ-FÉ DO ALIMENTADO, QUE PRORROGA O FEITO
PARA RECEBER O MÁXIMO POSSÍVEL DE ALIMENTOS, MESMO SABENDO NÃO
DEVIDOS.

f) IMPRESCRITIBILIDADE: diz respeito ao DIREITO DE RECEBER OS ALIMENTOS, e


não às parcelas devidas (estas prescrevem em 02 anos, a contar do
vencimento – art. 206, § 2º, CC);

Além dessas características, outras podem ser extraídas do art. 1707 do


CC (ler).

I) IRRENUNCIABILIDADE: a falta de exercício do direito não se confunde


com a renúncia aos alimentos (nem tácita, nem expressamente);

OBSERVAÇÃO: quanto aos cônjuges, o STJ já admitiu a renúncia (REsp


199.427/SP e 701.902/SP)

Direito civil e processual civil. Família. Recurso especial. Separação judicial. Acordo homologado. Cláusula de
renúncia a alimentos. Posterior ajuizamento de ação de alimentos por ex-cônjuge. Carência de ação. Ilegitimidade
ativa.
- A cláusula de renúncia a alimentos, constante em acordo de separação devidamente homologado, é válida e eficaz,
não permitindo ao ex-cônjuge que renunciou, a pretensão de ser pensionado ou voltar a pleitear o encargo.
- Deve ser reconhecida a carência da ação, por ilegitimidade ativa do ex-cônjuge para postular em juízo o que
anteriormente renunciara expressamente.
Recurso especial conhecido e provido.

II) VEDAÇÃO À CESSÃO: em se tratando de direito pessoal, não se admite


ser objeto de cessão;
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III) VEDAÇÃO À COMPENSAÇÃO: mesmo que pai e filho sejam


simultaneamente credor e devedor, o pai não pode descontar seu
crédito na pensão do filho (visa garantir o mínimo existencial);

IV) IMPENHORABILIDADE: não podendo ser cedido, o direito aos alimentos


não pode ser penhorado.

- CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS:

A) QUANTO À FONTE (OU CAUSA ORIGINÁRIA):


A.1) LEGAIS (DERIVADOS DO DIREITO DE FAMÍLIA): decorrem das relações
de parentesco ou casamento/União Estável. SOMENTE ESTA ESPÉCIE DE
ALIMENTOS AUTORIZA A PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR.

A.2) LEGAIS (OBRIGACIONAIS): são os INDENIZATÓRIOS, decorrentes do


reconhecimento da responsabilidade civil do devedor e devidos em
virtude da prática de ato ilícito (ex. 948, II, CC);

A.3) CONVENCIONAIS OU VOLUNTÁRIOS: decorrem da autonomia


privada, quando uma das partes assume a obrigação de prestar
alimentos à outra, ainda que não exista entre elas obrigação legal para
tanto (ex. art. 1920 – legado de alimentos);

B) QUANTO À NATUREZA OU ABRANGÊNCIA:


B.1) CIVIS (OU CÔNGRUOS): são aqueles que não se limitam à
subsistência, mas também aos gastos necessários para a manutenção da
condição social do alimentando (1694);

B.2) NATURAIS: são os estritamente necessários à subsistência do


alimentando (manutenção da vida). Ex. 1694, § 2º.

C) QUANTO AO TEMPO OU MOMENTO EM QUE SÃO EXIGIDOS:

C.1) PRETÉRITOS (OU VENCIDOS): são anteriores ao próprio ajuizamento da


ação de alimentos. A doutrina, de um modo geral, não os considera
devidos, partindo do pressuposto de que, se o alimentando conseguiu
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sobreviver até o ajuizamento da ação, é porque não foram necessários,


não se podendo postular pagamentos referente a fatos passados;

C.2) PRESENTES OU ATUAIS: postulados a partir do ajuizamento da ação


de alimentos;

C.3) FUTUROS OU VINCENDOS: devidos a partir da sentença na ação de


alimentos.

D) QUANTO À FORMA DE PAGAMENTO:


D.1) PRÓPRIOS: são os prestados “in natura”, abrangendo as
necessidades do alimentando (1701);

D.2) IMPRÓPRIOS: são os pagos sob a forma de pecúnia.

E) QUANTO À FINALIDADE:
E.1) DEFINITIVOS: fixados por sentença ou decisão judicial. Comportam
revisão e não se submetem ao rigor definitivo da coisa julgada material;

E.2) PROVISÓRIOS: fixados liminarmente na ação de alimentos, segundo


rito legal especial (art. 4º, Lei 5478/68);

E.3) PROVISIONAIS (art. 1706): são os fixados em outras ações que não
seguem o rito especial da Lei de alimentos, e têm por finalidade manter a
parte que os pleiteia no curso da lide (também denominados alimentos
ad litem). São fixados por meio de antecipação de tutela ou em liminar
(ex. separação de corpos, investigação de paternidade, ação de
reconhecimento e dissolução de união estável, etc).

CULPA EM SEDE DE ALIMENTOS.


A culpa encontra previsão expressa nos arts. 1702 e 1704 do Código
Civil, sendo aplicada à separação judicial e servindo como elemento para a
manutenção ou não da obrigação alimentar.
Especificamente no tocante aos alimentos, a regra referente à culpa
é prevista no § 2º do art. 1694, resumindo-os, entretanto, ao indispensável para
a sobrevivência.
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Tanto Lôbo, Tartuce e Stolze defendem que com o advento da EC


66/10 a culpa deixou de ser referência para o reconhecimento do divórcio e
guarda dos filhos, assim como também tende a desaparecer no tocante aos
alimentos.

Assim, afastada a culpa como elemento fixador de alimentos,


limitando-os ao indispensáveis à subsistência, quais seriam os elementos a
serem observados para a fixação?
Necessidade e possibilidade (art. 1694, § 1º).
Nesse sentido é o Enunciado 133 do Conselho da Justiça Federal:

133 – Proposição sobre o art. 1.702:


Proposta: Alterar o dispositivo para: “Na separação judicial, sendo um dos cônjuges
desprovido de recursos, prestar-lhe-á o outro pensão alimentícia nos termos do que
houverem acordado ou do que vier a ser fixado judicialmente, obedecidos os critérios do
art. 1.694”.

Para os referidos doutrinadores, não há que se falar em culpa por


ocasião do ajuizamento de ação de alimentos. Se dano houve por ocasião da
conduta irresponsável ou culposa de um dos cônjuges, eventuais danos aos
direitos da personalidade devem ser reparados em sede de responsabilidade
civil.
Perceba-se, por fim, que seja qual for a modalidade de divórcio, os
alimentos devidos aos filhos permanecem inalterados, conforme previsão do
art. 1703. Toda a discussão, portanto, se resume aos alimentos eventualmente
devidos entre os cônjuges.

PRISÃO DO DEVEDOR DE ALIMENTOS (arts. 528/533 e 911/913, NCPC)


É a constrição pessoal que recai sobre o devedor em caso de
descumprimento voluntário e inescusável de obrigação legal de pagamento
de alimentos.
É atualmente a única forma de prisão civil admitida em nosso
ordenamento jurídico. Não se aplica, como já dito, às dívidas alimentícias
decorrentes de fixação voluntária (ex. legado de alimentos) ou indenizatória.
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O rito para o cumprimento de sentença em alimentos ou a execução


de alimentos com possibilidade de constrição pessoal do devedor encontra
previsão nos artigos 528 e 911 do Novo Cód. de Proc. Civil.

E qual é o número de prestações alimentícias que pode ser objeto de


execução de alimentos pelo rito do art. 528/NCPC?
Três últimos meses (art. 528, § 7º, NCPC).
Ver Súmula 309 do STJ (de 22.03.2006).
Nesse sentido, a jurisprudência do STJ:

HC 17785/RS (DJ. 20.05.2002)


EXECUÇÃO. ALIMENTOS. DÉBITO ATUAL. CARÁTER ALIMENTAR. PRISÃO CIVIL DO ALIMENTANTE
MANTIDA.
- Tratando-se de dívida atual, correspondente às três últimas prestações anteriores ao ajuizamento da execução,
acrescidas de mais duas vincendas, admissível é a prisão civil do devedor (art. 733 do CPC).
Habeas corpus denegado

REsp 402.518/SP (DJ 21.03.2002):


PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. COBRANÇA DAS TRÊS ÚLTIMAS PRESTAÇÕES.
RITO DO ART. 733 DO CPC. DÉBITO ANTERIOR ADEQUAÇÃO AOS LINDES DO ART. 732 DA LEI
INSTRUMENTAL.
I. A execução de alimentos, com a possibilidade de aplicação da pena de prisão por dívida alimentar, tem como
pressuposto a atualidade do débito (art. 733 do CPC).
I. A determinação do juízo para adequação da inicial, quanto à cobrança das prestações inadimplidas a mais de
três meses ao rito do art. 732 do CPC, encontra respaldo na lei e na jurisprudência desta Corte.
II. Recurso conhecido e desprovido.

O PAGAMENTO PARCIAL do débito alimentício afasta a possibilidade de


prisão civil do executado?
Não. Conforme precedentes do STJ:

RHC 32088 / SP
RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS 2012/0033951-3
Relator(a)
Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (1147)
T3 - TERCEIRA TURMA
Data da Publicação/Fonte
DJe 23/04/2012
Ementa
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. ALIMENTOS. ART. 733, § 1º,
CPC. SÚMULA Nº 309/STJ. CAPACIDADE ECONÔMICA DO ALIMENTANTE. INADEQUAÇÃO
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DA VIA ELEITA. SÚMULA Nº 358/STJ.


1. A decretação da prisão do alimentante, nos termos do art. 733, §
1º, do CPC, revela-se cabível quando não adimplidas as três últimas
prestações anteriores à propositura da execução de alimentos, bem como as parcelas vincendas no curso
do processo executório, nos termos da Súmula nº 309/STJ, sendo certo que o pagamento parcial do
débito não elide a prisão civil do devedor.
2. O habeas corpus, que pressupõe direito demonstrável de plano, não
é o instrumento processual adequado para aferir a dificuldade financeira do alimentante em arcar com o
valor executado, pois demandaria o reexame aprofundado de provas.
3. A verificação da capacidade financeira do alimentante e a eventual desnecessidade dos alimentados
diante da maioridade alcançada demanda dilação probatória aprofundada (Súmula nº 358/STJ), análise
incompatível com a via restrita do habeas corpus, que somente admite provas pré-constituídas.
4. Recurso ordinário não provido

Relator(a)
Ministra NANCY ANDRIGHI (1118)
T3 - TERCEIRA TURMA

Data da Publicação/Fonte DJe 16/04/2012


Ementa
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. HABEAS CORPUS. AÇÃO DE EXECUÇÃO. PENSÃO
ALIMENTÍCIA.
- É cabível a prisão civil do alimentante inadimplente em ação de execução contra si proposta, quando se visa ao
recebimento das últimas três parcelas devidas a título de pensão alimentícia, mais as que vencerem no curso do
processo.
- O PAGAMENTO PARCIAL DO DÉBITO NÃO AFASTA A POSSIBILIDADE DE PRISÃO
CIVIL DO ALIMENTANTE EXECUTADO.
- Inviável a apreciação de provas na via estreita do HC.
- Ordem denegada

O FGTS PODE SER PENHORADO PARA PAGAMENTO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA?


O STJ entende que Sim.
Ver REsp 1.083.061(rel. Ministro Massami Uêda)

RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE EXECUÇÃO DE DÉBITO ALIMENTAR - PENHORA DE NUMERÁRIO


CONSTANTE NO FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO (FGTS) EM NOME DO
TRABALHADOR⁄ALIMENTANTE - COMPETÊNCIA DAS TURMAS DA SEGUNDA SEÇÃO -
VERIFICAÇÃO - HIPÓTESES DE LEVANTAMENTO DO FGTS - ROL LEGAL EXEMPLIFICATIVO -
PRECEDENTES - SUBSISTÊNCIA DO ALIMENTANDO - LEVANTAMENTO DO FGTS - POSSIBILIDADE -
PRECEDENTES - RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
I - A questão jurídica consistente na admissão ou não de penhora de numerário constante do FGTS para quitação de
débito, no caso, alimentar, por decorrer da relação jurídica originária afeta à competência desta c. Turma (obrigação
alimentar), deve, de igual forma ser conhecida e julgada por qualquer dos órgãos fracionários da Segunda Seção
desta a. Corte;
II - Da análise das hipóteses previstas no artigo 20 da Lei n. 8.036⁄90, é possível aferir seu caráter exemplificativo, na
medida em que não se afigura razoável compreender que o rol legal abarque todas as situações fáticas, com a mesma
razão de ser, qual seja, a proteção do trabalhador e de seus dependentes em determinadas e urgentes
circunstâncias da vida que demandem maior apoio financeiro;
III - Irretorquível o entendimento de que a prestação dos alimentos, por envolver a própria subsistência dos
dependentes do trabalhador, deve ser necessariamente atendida, ainda que, para tanto, proceda-se ao levantamento do
FGTS do trabalhador;
IV - Recurso Especial provido.
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O artigo 7º, IV, CF, veda a vinculação, para qualquer fim, ao salário
mínimo.
DIANTE DESTA PREVISÃO, É POSSÍVEL VINCULAR A PENSÃO ALIMENTÍCIA AO
SALÁRIO MÍNIMO OU DEVE SER FEITA EM VALORES FIXOS, REAJUSTADOS
PERIODICAMENTE?
Art. 1710, CC.
Em se tratando de alimentos, tanto STJ como STF admitem (Ver STF, RE
170.203 e 274.897).

- ALIMENTOS GRAVÍDICOS

Instituto criado pela Lei 11.804/2008.


Consiste no direito de alimentos da mulher gestante, que
compreende os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do
período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto,
inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e
psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e
demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do
médico, além de outras que o juiz considere pertinentes. (ARTIGOS 1º E 2º DA LEI
11.804/08).
Para Nelson Rosenvald e Silmara Chinellato, a terminologia
empregada pela lei é equivocada, por entenderem que os alimentos, nesse
caso, se destinam ao nascituro em formação, esse sim titular das prestações.
DEFENDEM, POR ESSE MOTIVO, A EXPRESSÃO “ALIMENTOS DO NASCITURO”.

Para a fixação da verba alimentar gravídica (ou do nascituro), de


acordo com o art. 6º da referida lei, SÃO SUFICIENTES “INDÍCIOS DA
PATERNIDADE”, não exigindo a lei prova cabal pré-constituída. Por esse motivo,
Stolze defende que, no caso de posterior negatória de paternidade, é devido o
ressarcimento dos valores pagos a título de alimentos gravídicos pelo
verdadeiro pai da criança.
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- ASPECTOS PROCEDIMENTAIS DA LEI DE ALIMENTOS (LEI N. 5478/68)


Alguns aspectos procedimentais da lei de alimentos devem ser
ressaltados:
a) Tem rito especial (art. 1º);
b) Dispensa o patrocínio por advogado, podendo a própria parte ajuizar a ação
(art. 2º);
c) Só é possível o manejo da ação de alimentos para quem apresentar em juízo
prova pré-constituída do parentesco ou do casamento. Caso contrário, a
parte deve socorrer-se de outras medidas judiciais, às quais poderá cumular
pedido de alimentos (ex. investigação de paternidade cumulada com
petição de alimentos).
d) Os alimentos fixados liminarmente na ação de alimentos são denominados
ALIMENTOS PROVISÓRIOS. Não atendendo aos requisitos legais, o autor pode
optar por requerer ALIMENTOS PROVISIONAIS em ação ordinária ou formular
antecipação de tutela, conforme art. 1705 e 1706 do CC.

- REVISÃO, EXONERAÇÃO E EXTINÇÃO DOS ALIMENTOS


É uma das características da obrigação alimentar apenas a
incidência da coisa julgada formal à sentença que decide e fixa alimentos.
Assim, a obrigação persiste enquanto estiverem presentes os
pressupostos da necessidade, possibilidade e razoabilidade (este último
enquanto requisito justificador da permanência da obrigação).

Com base nessa premissão, merece reflexão a regra do art. 1701 do


CC (a pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou
dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário
à sua educação, QUANDO MENOR).
Stolze vê a expressão “quando menor” não como um prazo máximo
de exigibilidade, mas sim como uma “reafirmação do dever” de prestar
educação aos menores. Assim, para ele, demonstrada a necessidade e a
continuidade de estudos (em nível superior ou técnico) é razoável a
manutenção da obrigação após o atingimento da maioridade. Nesse sentido,
também a jurisprudência do STJ, conforme precedentes abaixo indicados:
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REsp 442502 / SP RECURSO ESPECIAL2002/0071283-0


Relator(a)
Ministro CASTRO FILHO (1119) - S2 - SEGUNDA SEÇÃO

Data da Publicação/Fonte - DJ 15/06/2005 p. 150


EMENTA
PENSÃO ALIMENTÍCIA. FILHO MAIOR. EXONERAÇÃO. AÇÃO PRÓPRIA. NECESSIDADE.
Com a maioridade cessa o pátrio-poder, mas não termina, automaticamente, o dever de prestar alimentos. A
exoneração da pensão alimentar depende de ação própria na qual seja dado ao alimentado a oportunidade de se
manifestar, comprovando, se for o caso, a impossibilidade de prover a própria subsistência.
Recurso especial conhecido e provido

REsp 306791 / SP RECURSO ESPECIAL 2001/0023817-3


Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR - 4ª Turma

Data da Publicação/Fonte – DJ 26.08.2002


Ementa
CIVIL E PROCESSUAL. PENSÃO ALIMENTÍCIA PAGA A FILHO ENTÃO MENOR POR
FORÇA DE ACORDO EM SEPARAÇÃO CONSENSUAL. MAIORIDADE. PEDIDO DE CANCELAMENTO
DA PENSÃO FEITO NOS PRÓPRIOS AUTOS. PROCESSAMENTO COM CONTRADITÓRIO. EXAME DO
MÉRITO. MANUTENÇÃO DOS ALIMENTOS. RECURSO ESPECIAL. PRINCÍPIO DA ECONOMIA
PROCESSUAL. MATÉRIA DE FATO. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 7-STJ.
I. Se ao pedido de cancelamento da pensão, formulado pelo pai alimentante no bojo dos autos do processo de
separação consensual, em face da maioridade do filho, foi dado processamento litigioso, com observância de
contraditório e colheita de provas, não há efeito prático, senão propósito procrastinatório, em perquirir, a tal altura,
depois de apreciada profundamente a controvérsia, qual a ação cabível e a quem pertencia a sua iniciativa, se ao filho
maior em ajuizá-la para postular a manutenção, ou ao genitor alimentante em pedir a exoneração.
II. Decidido pelo Tribunal estadual, soberano na interpretação da prova, sobre a necessidade do filho maior
estudante, a ser provida com pensão alimentícia pelo pai (arts. 396 e 397 do CC), o reexame da questão encontra,
em sede especial, o óbice da Súmula nº 7 do STJ.
III. Recurso especial não conhecido.

Após amplo debate acerca do tema, o STJ sumulou o entendimento


cristalizado na Súmula 358 (O cancelamento de pensão alimentícia de filho que
atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório,
ainda que nos próprios autos).

OBSERVAÇÃO: o que autoriza a revisão ou exoneração é a presença


do binômio (ou trinômio). É o que se extrai do art. 1699 do CC – “mudança na
situação financeira de quem paga ou de quem recebe”.
Ou seja, é a modificação da situação econômica do alimentando ou
do alimentante que enseja a revisão (seja para majoração ou redução do
quantum devido) ou a exoneração.

OBSERVAÇÃO: NÃO CONFUNDIR EXONERAÇÃO COM EXTINÇÃO DO


DEVER DE ALIMENTAR.
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EXONERAÇÃO é o ato de reconhecimento da cessação da obrigação, se o


credor não mais necessita ou o devedor não tem mais condições de pagar
(DESAPARECE UM DOS ELEMENTOS DO BINÔMIO, OU AMBOS).

EXTINÇÃO, por sua vez, decorre do desaparecimento do vínculo que justifica a


obrigação alimentar (ex. negatória de paternidade; cônjuge credor que se
casa novamente).

O cônjuge credor namorar terceiro é causa de extinção da obrigação


alimentar? Não. REsp. 111.476/MG

DIREITO DE FAMÍLIA. CIVIL. ALIMENTOS. EX-CÔNJUGE. EXONERAÇÃO. NAMORO


APÓS A SEPARAÇÃO CONSENSUAL. DEVER DE FIDELIDADE. PRECEDENTE. RECURSO PROVIDO.
I - Não autoriza exoneração da obrigação de prestar alimentos à ex-mulher o só fato desta namorar terceiro após a
separação.
II - A separação judicial põe termo ao dever de fidelidade recíproca. As relações sexuais eventualmente mantidas
com terceiros após a dissolução da sociedade conjugal, desde que não se comprove desregramento de conduta, não
têm o condão de ensejar a exoneração da obrigação alimentar, dado que não estão os ex-cônjuges impedidos de
estabelecer novas relações e buscar, em novos parceiros, afinidades e sentimentos capazes de possibilitar-lhes um
futuro convívio afetivo e feliz.
III - Em linha de princípio, a exoneração de prestação alimentar, estipulada quando da separação consensual,
somente se mostra possível em uma das seguintes situações: a) convolação de novas núpcias ou estabelecimento de
relação concubinária pelo ex-cônjuge pensionado, não se caracterizando como tal o simples envolvimento afetivo,
mesmo abrangendo relações sexuais; b) adoção de comportamento indigno; c) alteração das condições econômicas
dos ex- cônjuges em relação às existentes ao tempo da dissolução da sociedade conjugal.

E se o cônjuge devedor se casar novamente? É causa de extinção da


obrigação?
Também NÃO. De acordo com o artigo 1709 “o novo casamento do
cônjuge devedor não extingue a obrigação constante da sentença de
divórcio”.

- ALIMENTOS COMPENSATÓRIO E COMPENSATÓRIOS

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