Administracao-Capital-Giro 2016 Apostila
Administracao-Capital-Giro 2016 Apostila
Administracao-Capital-Giro 2016 Apostila
CAPITAL DE GIRO
B277
Inclui bibliografia
CDD 658.15244
SUMÁRIO
Mensagem do professor.......................................................................................................5
Introdução ..............................................................................................................................6
Objetivos ................................................................................................................................7
RESUMO.................................................................................................................................2 8
RESUMO.................................................................................................................................5 9
RESUMO.................................................................................................................................8 1
MÓDULO 4: POLÍTICAS OPERACIONAIS DE CURTO PRAZO.......................................................8 3
RESUMO............................................................................................................................... 1 0 9
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 1 1 0
MENSAGEM DO PROFESSOR
Caro(a) aluno(a),
Durante a sua história profissional, você já deve ter percebido que a maior parte das angús-
tias existentes na relação com o dinheiro está na ligação com o curto prazo. Isso pode ser
observado em contextos pessoais (finanças pessoais) ou em contextos empresariais, salva-
guardando sempre as devidas proporções.
Acreditamos que este curso será capaz de apresentar o ferramental necessário para toma-
das de decisão na área da administração financeira de curto prazo, assim como lhe permiti-
rá compreender os modos como o capital de giro se comporta em diversas situações.
Entendemos que isso lhe trará clareza sobre pontos da gestão financeira, que, por vezes,
assustam ou não recebem a devida atenção de muitos empresários. Assim, suas análises,
suas projeções e seu raciocínio serão conduzidos para uma visão mais límpida e clara de
como as estratégias financeiras de curto prazo poderão gerar impacto positivo na empresa.
Sua vontade e coragem são essenciais para o sucesso nesta etapa do aprendizado.
Bons estudos!
Não há como se pensar em gestão financeira sem pensar em capital de giro. Isso ocorre
porque a gestão de curto prazo é a que, na maioria das corporações, mais toma o tempo dos
gestores, principalmente quando o assunto se passa nas cadeias financeiras.
A relevância do assunto vai muito além da área financeira, transpassando por elementos
que competem ao setor comercial, à área de suprimentos, ao setor de produção e planeja-
mento, entre outros.
Em resumo, quando se fala de capital de giro, entende-se que a visão estratégica do assunto
é essencial para evolução positiva dos negócios. Tal certeza vem da forma como as contas
financeiras se comportam, gerando, assim, maiores potencialidades (ou perigos) às opera-
ções, de acordo com as decisões estratégicas tomadas e as percepções dos gestores.
Pensando assim, a disciplina Administração do Capital de Giro tem como objetivo primário
apresentar os principais conceitos e aplicações das teorias de capital de giro, assim como
desenvolver a capacidade de projetar orçamentos de caixa, permitindo que sejam enten-
didos os impactos relacionados com as principais contas circulantes existentes: contas a
pagar, contas a receber, estoques e seus respectivos prazos. Com isso, será possível o apro-
fundamento de um raciocínio holístico que se fará presente ao traçar estratégias financeiras
de curto prazo e transformá-las em algo possível.
OBJETIVOS
Após concluir o estudo da disciplina Administração de Capital de Giro, você será capaz de:
INTRODUÇÃO À
ADMINISTRAÇÃO DO
CAPITAL DE GIRO
INTRODUÇÃO DO MÓDULO
Neste primeiro módulo, será apresentada a origem do termo “capital de giro” e as suas primei-
ras aplicações, assim como serão mostradas as principais decisões de finanças, que, por sua
vez, servirão de base para o prosseguimento do assunto.
Como existe uma grande interseção entre as disciplinas de capital de giro e de contabilidade
financeira, os principais demonstrativos contábeis serão apresentados de forma sintética com
o objetivo de alinhar o raciocínio para o tema a ser debatido.
Como fechamento do módulo, serão abordadas as questões que servirão de pilares para a
construção de administração de capital de giro nos próximos módulos, tais como os elemen-
tos da boa gestão do capital de giro, alguns dos seus comportamentos e a função do gestor
financeiro perante o desafio da gestão financeira de curto prazo.
OBJETIVOS DO MÓDULO
Ao completar este módulo de estudo, você estará apto a:
■■ Perceber a utilidade da gestão do capital de giro como peça de uma boa administração.
ESTRUTURA DO MÓDULO
Para melhor compreensão das questões que envolvem o capital de giro, este módulo está
dividido em:
UNIDADE 1
PRINCIPAIS DECISÕES DE FINANÇAS
Toda empresa existe para agregar valor aos acionistas e stakeholders, no entanto a percep-
ção de valor depende de um conjunto significativo de fatores, que podem ser:
■■ tolerância a risco.
Assim, para minimizar a discrepância de compreensão, finanças tratam de valor como uma
medida vinculada ao processo de geração de riqueza por meio da atividade e da operação
de um negócio e/ou projeto.
Dessa forma, podemos compreender que, para finanças, valor e/ou riqueza significa dinhei-
ro, ou seja, a capacidade de acumular dinheiro e gerar divisas para os sócios e agentes inte-
ressados na atividade empresarial.
Indo para uma visão mais corporativa, é possível entendermos que as empresas empregam
diversos insumos para gerar produtos, que, por sua vez, deverão produzir vendas e, por fim,
um resultado (positivo = lucro ou negativo = prejuízo).
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12 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
Os lucros gerados deverão ser superiores aos encargos de capital1 específicos da atividade
para que esta tenha criado valor. Assim, é uma atividade bastante sacrificante para o gestor,
principalmente se for levada em questão a competição existente entre as organizações que,
normalmente, ocorre por fatias de mercado, condicionando metas de lucratividade cada vez
mais desafiantes de serem atingidas.
Essa criação de valor também tem se tornado relevante para os demais stakeholders, pois,
segundo Assaf Neto e Silva (2012), companhias com boa reputação em qualidade de produ-
tos e serviços, desenvolvimento, atração e retenção de talentos e responsabilidade socioam-
biental tendem a apresentar desempenhos acima da média de mercado, garantindo sua
permanência e solvência no mercado.
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Visto isso, podemos perceber que cabe ao gestor financeiro observar e analisar de forma
clara e precisa, por meio de ferramentas de análises de investimento como orçamento de ca-
pital – para chegar a conclusões de taxa interna de retorno (TIR), valor presente líquido (VPL),
1
Encargo de capital é encontrado pela conta: investimento na empresa multiplicado pelo custo de capital adequado. Ele
representa o quanto no mínimo o empresário deveria ter obtido de retorno financeiro na operação investida.
13 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
payback, entre outros critérios –, se vale investir em determinado ativo e/ou escolher entre
diferentes projetos de investimento. Assim, poderá responder à questão “Onde investir?”.
Por fim, para responder a “Como gerir o capital de curto prazo?”, é necessário o trabalho
junto às políticas operacionais de estoque, compras, vendas, relação de tesouraria, opera-
ções de crédito e políticas de gestão de caixa. Tudo isso com o objetivo bem claro de garantir
uma relação harmônica entre liquidez, rentabilidade e risco. Somente com esse equilíbrio
mantido se é capaz de gerar valor em curto prazo.
Observe que a área de finanças não é responsável pelo processo produtivo nem pela
atividade de vendas e não responde pela entrega do produto nem pela criação de
peças publicitárias capazes de atrair o cliente. Então, o setor financeiro deve focar
três decisões:
Escolher os melhores
Onde investir? Orçamento de capital
projetos
Minimizar o custo
Como financiar? Estrutura de capital
de capital
UNIDADE 2
DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS ELEMENTARES
Esta unidade tratará do assunto contabilidade financeira com objetivo de preparar o leitor a
identificar as contas de curto prazo nos demonstrativos contábeis.
Princípios de contabilidade
A contabilidade é, por definição, uma metodologia concebida para captar, registrar, acumu-
lar, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e
econômicas de uma empresa. Assim, a contabilidade tende a ser para o gestor um conjunto
de informações (painel de controle) para embasar as decisões empresariais.
O processo contábil passa necessariamente pelo fato ou evento econômico financeiro, que
precisa ser registrado no momento de sua ocorrência para que seja possível a criação dos
demonstrativos financeiros, com os quais, usando técnicas de análise, o gestor poderá to-
mar alguma decisão.
Fatos/
Demonstra- Informações
eventos Processo Técnicas
tivos para tomada
econômico contábil de análise
financeiros de decisão
financeiros
15 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
Para que seja possível a organização em demonstrativos e que as análises sejam compará-
veis, a contabilidade se cerca de um conjunto de regras conhecida por princípios da conta-
bilidade. Tais princípios são a espinha dorsal das demonstrações contábeis. Confira a seguir
alguns princípios relevantes:
■■ Princípio do registro pelo valor original – determina que os patrimônios sejam regis-
trados pelo valor original das transações, expressos em moeda nacional.
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16 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
Demonstrativos financeiros
Para melhor entendimento, denominamos de demonstrações financeiras o conjunto de de-
monstrativos produzidos pela contabilidade formal. Essas demonstrações seguem as regras
contábeis, atendendo, assim, um pré-requisito essencial para qualquer análise financeira: a
possibilidade de comparação.
Dessa forma, por definição, as demonstrações contábeis são uma representação monetá-
ria estruturada da posição patrimonial e financeira em determinada data e das transações
realizadas por uma entidade no período findo nessa data (NPC 27 – Abracon), tendo como
objetivo fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o resultado e os flu-
xos financeiros de uma empresa, projeto ou negócio. Tais informações são úteis para uma
gama bastante significativa de usuários na tomada de decisão.
■■ balanço patrimonial;
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A seguir, estão apresentados o balanço patrimonial e o DRE de forma individual e mais apro-
fundada.
Balanço patrimonial
Podemos definir origem de recursos como a totalidade das entradas de dinheiro ou bens
aportados pelos sócios, acionistas, fornecedores, instituições financeiras e governo. As ori-
gens também podem ser oriundas das vendas de mercadorias, de produtos e de serviços.
Definimos aplicação de recursos como recursos obtidos pela empresa aplicados em seus
ativos, isto é, aplicados pelas contas bancárias, estoque de mercadoria ou produtos, bens e
18 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
direitos do ativo imobilizado e outros. Podem também ser consideradas aplicações os cus-
tos e os gastos incorridos nas origens de recursos.
Em sua demonstração gráfica, o balanço patrimonial apresenta, do seu lado direito, o con-
junto de origens (passivo) e, do seu lado esquerdo, o conjunto de aplicações (ativo), como
pode ser observado a seguir.
Ativo Passivo
Circulante
Circulante
■■ Fornecedores
■■ Caixa
■■ Empréstimos
■■ Duplicatas a receber
■■ Contas a pagar
■■ Estoques
Não circulante
Não circulante ■■ Exigível do longo prazo
■■ Investimentos
■■ Permanente
Patrimônio líquido
■■ Imobilizado
■■ Máquinas ■■ Capital social
■■ Lucros acumulados
■■ Ativos circulantes – conjunto de bens e direitos que a empresa possui que serão
convertidos em dinheiro em até um exercício fiscal (360 dias).
■■ Ativos não circulantes – conjunto de bens e direitos que a empresa possui que
serão convertidos em dinheiro em período superior a um exercício fiscal (360 dias)
ou que não se pretenda transformar em dinheiro por ser necessário no processo
produtivo.
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De nada adiantaria entender a situação patrimonial da empresa, se não for possível perce-
ber sua capacidade de geração de resultado. Para cumprir essa função existe o demonstra-
tivo de resultado do exercício (DRE).
■■ Deduções sobre receitas – conjunto de deveres com que a empresa deve arcar, em
virtude da aferição de renda por meio das receitas. É constituído por descontos, im-
postos diretos sobre receitas (como ICMS, ISS, IPI, entre outros) e por devoluções a
clientes.
21 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
■■ Receita líquida – valor das receitas que efetivamente poderá ser utilizado para paga-
mento dos gastos da operação e para aferição do lucro.
■■ Custos – consistem nos gastos consumidos na produção de bens ou serviços que se-
rão destinados à venda, ou seja, é todo o dinheiro que foi desembolsado para se ter o
produto fabricado ou para realização da prestação do serviço. Exemplo: na construção
de uma cadeira de madeira, os pregos, a madeira, a cola, o tempo do operário que a
construiu são considerados custos.
■■ Depreciação – valor a ser abatido das rendas da atividade empresarial com intuito de
constituição de reserva para aquisição de novo equipamento no futuro. A depreciação
também é conhecida com a perda de valor temporal (ou por utilização) de determina-
do investimento em ativo fixo.
■■ Imposto de renda e contribuição social sobre lucro líquido – tributos aferidos so-
bre o resultado da empresa.
■■ Lucro líquido – última linha do DRE tem por métrica apresentar se a operação gerou
lucro ou prejuízo no ano observado. Havendo lucro, este poderá ser disponibilizado
para distribuição de dividendos.
22 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
NA PRÁTICA
A Jonsons e Silva S.A. é uma empresa focada no ramo varejista, mais especificamente
em moda feminina e masculina para um público das classes sociais B e C. Em seus
mais de 20 anos de mercado, tem apresentado sólidos crescimentos e se estabilizado
como uma das marcas de maior valor agregado na visão do consumidor.
Tal demonstração de valor pode ser verificada nos resultados que apresenta. A se-
guir, podem ser observados o balanço patrimonial e o demonstrativo de resultado do
exercício da Jonsons e Silva dos anos 0000, 0001 e 0002.
Definições elementares
■■ Investimento – gasto criado com intuito de gerar benefícios futuros ou para a criação
de ativos fixos – aumento da capacidade produtiva.
Para a mais adequada aplicação dos assuntos que serão apresentados a seguir, é impor-
tante o conhecimento prévio e elementar dos itens que compõem a contabilidade, suas
funções e atividades.
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UNIDADE 3
ORIGEM DO CAPITAL DE GIRO
O que podemos encontrar de registro é que esses mascates abasteciam suas carroças com
mercadorias e seguiam para o interior dos Estados Unidos para realizar as vendas. Os pro-
dutos que por ora compunham suas mercadorias e com a venda geravam lucro eram conhe-
cidos por capital de giro, pois giravam (os mascates vendiam e compravam mais produtos),
maximizando os resultados.
Dessa forma, para melhor compreender o termo, o cavalo e a carroça seriam os ativos fi-
xos, adquiridos com capital próprio, garantindo a base para a existência da atividade. Já as
mercadorias eram adquiridas por meio de financiamentos com os bancos, conhecidos como
empréstimos para capital de giro.
26 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
Os empréstimos para capital de giro deveriam ser quitados ao fim de cada viagem para
assegurar a manutenção do crédito, permitindo ao mascate ter novos produtos e recursos
para a próxima empreitada do ano que viria.
Naquela época esse capital que financiava as mercadorias era de vital importância para a
manutenção das atividades econômicas do interior americano. Ele representava parte signi-
ficativa das atividades, seja dos fazendeiros, seja dos mascates, pois era destinado à manu-
tenção dos negócios regionais.
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UNIDADE 4
BOA GESTÃO DE CAPITAL DE GIRO
Em uma definição mais simplificada, acreditamos que a boa gestão do capital de giro busca
a rápida conversão dos elementos operacionais em elementos financeiros, podendo, assim,
gerar mais financiamento para outros elementos operacionais, ou seja, a rápida conversão
(rotação) das contas de curto prazo (cíclicas).
Caixa
Recebimento Pagamento
CICLO
Clientes FINANCEIRO Fornecedores
Vendas Compra
Estoques
28 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
RESUMO
Neste módulo, você pôde aprender um pouco mais sobre a origem do capital de giro assim
como entender o que busca o gestor financeiro moderno. Da mesma forma, foi possível
observar que, para realizar uma boa gestão do capital de giro, invariavelmente, é preciso ter
um bom conhecimento de contabilidade financeira.
Na primeira etapa deste módulo, foi apresentado que o gestor financeiro, muito mais que
lucro, busca geração de riqueza, que, na visão de finanças, se resume a dinheiro. Você tam-
bém viu que o caminho pelo qual se deve passar para se capaz de gerar esse valor é o das
três principais questões de finanças: “onde investir?” (decisão de longo prazo); “como finan-
ciar?” (decisão de financiamento e risco); e “como gerir o capital de curto prazo?” (decisão
operacional de curto prazo).
Na terceira etapa, foi mostrada a origem do nome “capital de giro”, para melhor exemplificar
suas aplicações e utilizações, inclusive nos dias de hoje. A terminologia é antiga e se aplica de
forma bastante assertiva, inclusive nos contextos mais modernos, garantindo a compreen-
são clara do que vem a ser o termo.
Na quarta e última etapa, você aprendeu que a boa gestão do capital de giro passa por
um controle e uma manutenção dos processos elementares da empresa, com objetivo de
garantir a operacionalização das atividades. Assim, podemos observar que, para uma boa
gestão financeira de curto prazo, os controles de estoque, as contas a pagar e a receber, o
controle do caixa e o controle dos processos produtivos devem estar bem ajustados.
Concluindo, este primeiro módulo apresentou uma rápida visão de tudo que será visto
adiante. Nos próximos módulos, você verá como realizar um diagnóstico financeiro de curto
prazo, como projetar o orçamento de caixa e controlar o curto prazo. Para finalizar o assun-
to, trataremos das políticas operacionais de capital de giro.
Módulo 2
DIAGNÓSTICO FINANCEIRO
DE CURTO PRAZO
INTRODUÇÃO DO MÓDULO
ESTRUTURA DO MÓDULO
Para melhor compreensão das questões que envolvem o diagnóstico financeiro de curto
prazo, este módulo está dividido em:
UNIDADE 1
ANÁLISE ELEMENTAR DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS,
DOS ÍNDICES DE RENTABILIDADE E DO ENDIVIDAMENTO
Esses questionamentos devem ser respondidos por análises mais profundas, e, por vezes,
por meio de questionamentos a áreas específicas da empresa.
Como opção de análises mais profundas, podemos elencá-las por meio de índices e seg-
mentá-las em três grandes grupos: as análises de situação econômica, que englobam índi-
ces de rentabilidade, de liquidez, de atividade e de endividamento; as análises da situação
financeira, que compreendem os índices de liquidez, os prazos e os ciclos; e as análises de
risco de insolvência, compostas de análises de endividamento e inadimplência.
Situação econômica
A situação econômica é constituída pelo estudo da perenidade do ativo, buscando, assim, aná-
lises sobre lucratividade/rentabilidade e margens e giro do ativo para perceber a capacidade
da operação de se manter viável e gerando retornos adequados à expectativa dos acionistas.
■■ Retorno sobre os ativos (return on assets – ROA) – é uma medida de lucro por unidade
monetária de ativo total. Normalmente é definido por:
Análise: para cada um dinheiro investido em ativos totais, o quanto a empresa gerou
de rentabilidade para o acionista.
■■ Retorno sobre o patrimônio líquido (return on equity – ROE) – é uma medida de como
os acionistas se saíram durante o ano. É considerada a verdadeira medida de desem-
penho de lucro, segundo Ross, Westerfield e Jordan (2013).
Análise: para cada um dinheiro investido pelos sócios na empresa, o quanto ela gerou
rentabilidade.
O ROA e o ROE são medidas bastante comuns e comentadas devido à sua praticidade de
modelagem e facilidade de compreensão. Por serem medidas de rentabilidade, são comu-
mente utilizadas como instrumentos comparativos entre resultados de empresas similares
no mercado, podendo, assim, aferir qual é a mais rentável para o acionista.
Em análise, é possível tirar algumas conclusões por meio do estudo desses dois índices.
Inicialmente, se for percebido que o ROA apresenta resultados inferiores ao ROE, podemos
inferir que a empresa faz uso de capitais de terceiros em sua estratégia de financiamento
(alavancagem financeira), ou seja, em algum momento haverá pagamento de juros.
Margem bruta (MB) – apresenta o quanto de recurso, para cada R$ 1,00 de receita, manteve-
-se na operação após o pagamento das deduções e dos custos, ou seja, o quanto de recursos
há disponível para o pagamento de despesas, impostos, juros e distribuição aos acionistas.
Margem operacional (MO) – apresenta o quanto de recurso, para cada R$ 1,00 de receita,
manteve-se na operação após o pagamento das deduções, dos custos e das despesas, ou
seja, o quanto de recursos há disponível para o pagamento de impostos, juros e distribuição
aos acionistas.
MO = lucro operacional
receita líquida
Margem líquida (ML) – apresenta o quanto de recurso, para cada R$ 1,00 de receita, manteve-
-se na operação após o pagamento das deduções, dos custos e das despesas, ou seja, o quanto
de recursos há disponível para o pagamento de impostos, juros e distribuição aos acionistas.
ML = lucro líquido
receita líquida
Em índices de atividade, que medem a velocidade com que diversas contas se convertem
em vendas ou caixa, podemos destacar o giro do ativo. Adiante, estudaremos os índices de
prazos e ciclos.
O giro do ativo (GA) permite o entendimento de quanto de receita é gerado para cada real
investido em ativos. Esse indicador é considerado uma medida de eficiência operacional.
Sua formula é:
GA = receita líquida
ativo total
NA PRÁTICA
Analisando a empresa Jonsons e Silva S.A., vista no módulo anterior e que seguirá
conosco até o final do curso, ela apresentou os seguintes índices de rentabilidade,
margens e de giro do ativo.
Econômicos
Como é possível verificar, existe uma perda nas rentabilidades da empresa, apresen-
tando uma queda de 5 pontos percentuais no ROA e 7 pontos percentuais no ROE
em dois anos. Ainda analisando as rentabilidades, vemos que há utilização de capital
de terceiros para financiamento das atividades, notada por meio da diferença exis-
tente entre ROA e ROE.
Risco de insolvência
■■ Índice de dívida total (IDT) – considera em sua análise a totalidade das obrigações
como todos os vencimentos para os credores. Sua fórmula é:
IDT = ativo total – patrimônio líquido
ativo total
Obs.: Por ser um índice de endividamento, o ICJ só faz sentido em análise se a empresa
paga juros. No caso de a organização não possuir endividamento oneroso, esse índice se
torna irrelevante.
37 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
NA PRÁTICA
Inadimplência
O IDT apresenta que a influência das obrigações para com terceiros tem diminuído
no tempo, mesmo ainda sendo superior a 50%, representando que mais da metade
dos ativos da empresa está comprometido com algum tipo de endividamento.
No entanto, o ICJ mostra uma capacidade de pagamento dos juros bastante confortável,
com aproximadamente 11 vezes de disponibilidades em relação aos juros pagos em
0002. Se analisarmos o ano 0000, percebemos que essa capacidade era de 164 vezes.
Vale ressaltar que essas análises têm seu foco nas operações de longo prazo. Para
o estudo de capital de giro, compreender a situação da empresa em longo prazo é
bastante importante por ajudar a compreender as macropolíticas adotadas pelos
gestores. Dessa forma, poderemos traçar estratégias para corrigir algumas falhas e
melhorar as performances de longo prazo por meio de operações de curto prazo.
UNIDADE 2
CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO
A terminologia “giro” normalmente se refere às contas cíclicas, ou seja, contas de curto pra-
zo. Desse modo, ao pensarmos nos giros, necessariamente pensamos com um foco mais
imediatista das operações, mesmo sabendo que isso representa um período de 360 dias na
visão contábil.
Em uma visão mais clássica, o capital de giro pode ser representado pelo ativo circulante,
isto é, pelo conjunto de aplicações, disponibilidades, estoques, contas a receber etc. O capi-
tal de giro, assim, representará, em um sentido mais amplo, os recursos demandados por
uma entidade para financiar suas necessidades operacionais. Em última instância, podemos
definir que o capital de giro existe para financiar a operação da empresa, ou seja, o tempo
que ela demora para transformar matéria-prima em dinheiro, considerando que precisa
pagar fornecedores, impostos etc.
Isso ocorre por não existir, normalmente, sincronicidade entre as atividades de produção,
vendas, cobrança e compras. Para dimensionar de maneira correta o capital de giro, é neces-
sário um sólido conhecimento das atividades da empresa de forma integrada.
Considerando que as atividades operacionais da empresa não são estáticas, o capital de giro
pode ser segmentado em:
Sabendo que o capital de giro é por vezes definido com o ativo circulante, a métrica que
reflete a folga financeira da empresa, em uma relação entre recursos de longo prazo e finan-
ciamentos de curto prazo, é o capital de giro líquido (CGL).
O CGL também pode ser definido como o montante de recursos de longo prazo destinados
a financiar as atividades de curto prazo da empresa. A sua fórmula é definida pela subtração
dos ativos circulantes pelos passivos circulantes.
Como resultados, o CGL pode ser positivo ou negativo. Sendo positivo, podemos intuir que a
empresa financia seu capital de giro com recursos de longo prazo; sendo negativo, inferimos
que ela financia seu capital de giro com recursos de curto prazo.
Demonstração gráfica
Ativos Passivos
Dívidas CP
Caixa R$ 60.000
R$ 50.000
AC PC
R$ 600.000 Contas a receber Fornecedor R$ 450.000
R$ 300.000 R$ 400.000
Estoque
CGL R$ 150.000
R$ 240.000
Ativos Passivos
Dívidas CP
Caixa R$ 60.000
R$ 350.000
AC PC
R$ 600.000 Contas a receber Fornecedor R$ 750.000
R$ 300.000 R$ 400.000
Estoque
CGL (R$ 150.000)
R$ 240.000
Além do capital de giro líquido, podemos observar o capital de giro próprio (CGP), que revela
a origem dos recursos de longo prazo que se encontram financiando as atividades circulan-
tes. Sua formula é:
NA PRÁTICA
Ativo circulante
3.000.000
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
0
31/12/0002 31/12/0001 31/12/0000
Na análise do capital de giro líquido, com intuito de observar de onde vem o financia-
mento do capital de giro, podemos perceber que há uma redução nas disponibilida-
des de curto prazo, assim como um menor financiamento desse capital de giro com
recursos de longo prazo.
CGL
1.200.000
1.000.000
800.000
600.000
400.000
200.000
0
0002 0001 0000
41 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
Por meio desses dados, é possível verificarmos que a empresa está com uma evolu-
ção no seu capital de giro, no entanto não está mantendo as mesmas composições
de origens, provocando, assim, uma queda no capital de giro líquido. Em última aná-
lise, podemos acreditar que a organização está fazendo uso de maior quantidade de
recursos de curto prazo para financiar o seu capital de giro, como pode ser demons-
trado pelo CGP no gráfico a seguir.
CGP
600.000
500.000
400.000
300.000
200.000
100.000
0
0002 0001 0000
42 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
VOCÊ SABIA?
A empresa apresentar capital de giro líquido negativo significa que ela possui
desequilíbrio financeiro?
Estoque Estoque
CGL R$ 150.000 CGL (R$ 150.000)
R$ 240.000 R$ 240.000
43 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
UNIDADE 3
SITUAÇÃO FINANCEIRA: ÍNDICES DE LIQUIDEZ, PRAZOS E CICLOS
Índices de liquidez
Entre os índices de liquidez, o mais abrangente é o índice de liquidez corrente (ILC), que tem
como fórmula a divisão entre ativos circulantes por passivos circulantes e apresenta em seu
resultado uma relação de quanto a empresa possui de ativos circulantes para cada R$ 1,00
de passivo circulante.
ILC = ativo circulante
passivo circulante
Por ser o índice mais abrangente, o ILC tende a apresentar seu resultado mascarado por
itens que compõem o ativo circulante e que não necessariamente tem sua transformação
em dinheiro de forma rápida ou simplificada. Esses itens são o estoque, alguns impostos
e as despesas antecipadas. Assim, para corrigir esse viés, existe o índice de liquidez seca
(ILS), que mede o quanto de dívidas de curto prazo poderá ser quitado com uso de ativos de
maior liquidez (normalmente, disponibilidades e contas a receber).
ILS = caixa + aplicações financeiras + contas a receber
passivo circulante
O ILS apresenta um resultado bem mais fidedigno e pode ser analisado da mesma forma
que o ILC, contudo considerando que os ativos apresentados são bem mais líquidos.
Vale ressaltar que na visão de capital de giro não basta observar única e exclusivamente os re-
sultados de curto prazo, também devemos considerar a capacidade de pagamento imediata.
44 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
Para isso, temos disponível o índice liquidez imediata (ILI), que considera apenas as disponibi-
lidades (caixa + aplicações financeiras) para o pagamento das obrigações de curto prazo.
ILI = disponibilidades
passivo circulante
NA PRÁTICA
Prazos e ciclos
Como já apresentado anteriormente, a boa gestão do capital de giro visa à rápida conversão
de elementos operacionais em outros elementos do mesmo grupo e à consequente recon-
versão, provocando, assim, uma alta rotação das contas cíclicas.
45 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
Vendas
CDG
Giro de Prazos de
estoque recebimento
Prazos de
pagamento
Ao entender que, para haver uma boa gestão do capital de giro, é necessária essa veloci-
dade, é possível interpretar que, quanto menor for o tempo de conversão, melhor será a
administração do capital de giro.
O PME, na visão financeira, corresponde ao tempo médio em dias que o produto ficou no
estoque da empresa antes de ser vendido, ou seja, o tempo necessário para a matéria-prima
se tornar venda.
Contudo, o que poucos percebem é que uma visão mais operacional, o PME, é a soma de
diversos prazos de estoque menores. Assim, podemos entender que o PME é o resultado do
prazo médio de estoque de matéria-prima (tempo que a matéria-prima espera para entrar
em produção), somado com o prazo médio de estoque de produto em produção (tempo
que o produto demora a ficar pronto na linha de produção da fábrica) e com o prazo médio
de estoque de produto acabado (tempo que o produto acabado demora para ser vendido).
Mesmo assim, vale ao gestor financeiro apenas a fórmula macro do prazo médio de esto-
que. Para ele, a perspectiva financeira é suficiente para a gestão das contas de giro. Só é
necessário se lembrar da importância do trabalho junto ao setor operacional para evitar
prazos extensos nos estoques intermediários. Assim, a fórmula do PME é:
PME = estoques x 360
custo
VOCÊ SABIA?
Na visão financeira, todos os prazos têm a multiplicação por 360 no final, pois utili-
zam em sua fórmula um elemento de balanço patrimonial, que representa um dia no
ano, e um elemento de DRE, que representa o ano inteiro. O número 360 existe para
equilibrar a fórmula.
Se estiver trabalhando com períodos menores que um ano, deve tomar cuidado com o
ajuste. Para demonstrativos trimestrais deverá utilizar 90 no lugar de 360, por exemplo.
Na maioria dos casos empresariais, as vendas não têm sua contrapartida financeira aconte-
cendo no ato da saída do estoque, assim é possível observar que existe um descasamento
entre a venda e o recebimento. Esse tempo em que se espera para o cliente realizar o paga-
mento é conhecido como prazo médio de recebimento (PMR).
O PMR é o tempo médio em dias que o cliente demora a pagar pelos produtos que adquiriu.
Em caso de venda à vista, o PMR é igual a 0. O PMR varia de acordo com a política de crédito
de cada empresa. Uma organização com políticas de crédito mais frouxas tende a possuir
PMR mais elásticos.
Obs.: Na fórmula clássica do PMR, considera como divisor as receitas brutas, contudo, na
ausência da informação delas, é possível utilizar as receitas líquidas como substituto.
47 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
Assim, tendo o PME e o PMR, podemos determinar o tempo médio que a empresa demora
a converter as matérias-primas em dinheiro propriamente dito. Esse tempo se chama ciclo
operacional (CO).
Ciclo operacional
Venda Recebimento
PME PMR
Chegada da
mercadoria
Assim, a fórmula do CO é:
CO = PME + PMR
No entanto, além de vender e receber, a empresa também precisa pagar aos seus forne-
cedores as matérias-primas compradas. Para isso, por vezes, os fornecedores concedem
à organização um prazo para realizar esses pagamentos, que se chama prazo médio de
pagamentos (PMP).
Ciclo operacional
Venda Recebimento
PME PMR
Chegada da
mercadoria Fornecedor
PMP
Quando o PMP é menor que o CO, dizemos que a empresa precisa financiar os seus clien-
tes, utilizando capital (seja financiado por dívida ou por sócio) para garantir o tempo que o
cliente ainda não pagou. No caso contrário, os fornecedores estão financiando os clientes;
assim, a empresa teoricamente não precisaria colocar capital para financiar as operações.
A fórmula do CF é:
CF = CO – PMP
Ciclo operacional
Venda Recebimento
PME PMR
Chegada da
mercadoria Fornecedor
PMP
Ciclo
financeiro
49 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
Ciclo operacional
Venda Recebimento
PME PMR
Chegada da
mercadoria Fornecedor
PMP
Ciclo
financeiro
NA PRÁTICA
Graficamente, obtemos:
Ano 0000
Ciclo operacional
Venda Recebimento
PME PMR
Chegada da 83 200
mercadoria dias Fornecedor dias
PMP
105 dias
95
dias Ciclo
financeiro
51 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
Ano 0001
Ciclo operacional
Venda Recebimento
PME PMR
PMP
107 dias
111
dias Ciclo
financeiro
Do ano 0000 para o ano 0001, houve uma variação de dois dias no ciclo financeiro,
evento que pode ser considerado desprezível nas análises.
Ano 0002
Ciclo operacional
Venda Recebimento
PME PMR
PMP
123 dias
101
dias Ciclo
financeiro
52 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
Já para o ano 0002 houve um alinhamento entre o PME e o PMP, provocando, assim, a
necessidade de financiamento da totalidade do PMR por parte da empresa, o que de-
monstra uma mudança nas estratégias operacionais no período. Do ano 0000 ao ano
0002, a organização teve um aumento no seu CF de 18 dias, o que representa um cres-
cimento de mais de 50% de um mês em custo aplicado no financiamento a clientes.
UNIDADE 4
NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO
Os volumes de investimento em capital de giro variam conforme o giro das contas cíclicas
(ativos e passivos operacionais de curto prazo) e do nível de atividade da empresa. Dessa
forma, maiores volumes de vendas implicam aumento de volumes de estoque, de contas a
receber e, possivelmente, de compras de mercadorias junto a fornecedores.
Então, se uma empresa aumenta sua média de vendas, esse crescimento estará demons-
trado também nas contas de estoque e contas a receber na mesma proporção. Do mesmo
modo, se houve mudança nas políticas de prazo para os clientes, os efeitos desse ato provo-
caram maior necessidade de investimentos em capital de giro, assim como, se o fornecedor
modificar sua política de prazos, o efeito pode ser benéfico ou prejudicial aos investimentos
em capital de giro.
Por exemplo, se uma empresa vende R$ 100 mil por mês e concede aos clientes, em média,
90 dias de PMR, terá constantemente um volume de R$ 300 mil aplicado em contas a rece-
ber; se o custo for de R$ 70 mil ao mês e apresentar um PME de 90 dias, terá constantemen-
te um volume de R$ 210 mil em estoque; e, se os fornecedores concedem em média 150 dias
de PMC, a empresa terá constantemente R$ 350 mil em fornecedores.
53 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
Receita CMV
1.200.000 840.000
ano ano
PMR = 90
PMC = 150
PME = 90
Graficamente, é possível observar que a totalidade dos ativos operacionais de curto prazo
não está coberta pelos passivos operacionais de curto prazo. Assim, podemos definir que a
empresa possui necessidade de capital de giro (NCG).
A fórmula do NCG é:
Ou
Para uma compreensão mais simplificada, podemos reclassificar os ativos e os passivos cir-
culantes em operacionais ou financeiros.
■■ Ativos ou passivos financeiros – a totalidade dos ativos e passivos que são dinheiro
propriamente dito (caixa e aplicações financeiras) ou apresentam relação com os re-
sultados da operação, possuem ônus (pagamento de juros, tal como financiamento e
empréstimos) e não podem ser classificados como operacionais (conta outros).
54 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
Com a separação dos itens, é possível analisar se a NCG está sendo coberta por recursos
onerosos ou não onerosos por meio do resultado obtido com a fórmula. Nesse caso, toda
vez que o resultado for maior que 0, os recursos utilizados para financiar os ACO (AOCP) são
de origem onerosa; caso contrário, sendo o NCG negativo, o PCO (POCP) é que é responsável
pelo financiamento dos outros ativos, ou seja, recursos não onerosos.
NA PRÁTICA
No caso da Jonsons e Silva S.A., para ver o montante de recursos que precisaram ser
aplicados em capital de giro, realizamos os cálculos da NCG e encontramos os se-
guintes resultados:
UNIDADE 5
SALDO DE TESOURARIA E EFEITO TESOURA
Para concluir o diagnóstico financeiro de uma operação com foco em capital de giro, é ne-
cessário medir o risco de curto prazo da empresa, utilizando o saldo de tesouraria (ST).
Separadas as contas de natureza operacional que compõem a NCG, as demais contas do ati-
vo e passivo circulante são denominadas de financeiras, ou contas de tesouraria. A diferença
entre essas contas é o que define o ST. Assim, a fórmula mais clássica do ST é:
No entanto, por ser uma medida de risco de curto prazo, o ST tende a ser um número mais
completo, podendo ser calculado por outras formas e tendo em sua estrutura o fechamento
das demais fórmulas básicas de capital de giro. Assim, podemos calcular o ST por meio do
CGL e do NCG na seguinte fórmula:
ST = CGL – NCG
Isso ocorre porque o CGL é a subtração do AC pelo PC e o NCG é a subtração dos AOCP pelos
POCP, restando apenas o AFC e os PFC. Em imagem, podemos definir que:
AC - PC = CGL
- - -
ACO - PCO = NCG
= = =
ST - ST = ST
Toda vez que o ST é positivo possuindo um NCG positivo, podemos afirmar que as opera-
ções são financiadas por elementos de longo prazo.
AC PC
CGL = 600 - 450 = 150
ACF PCF
NCG = ACO - =
PCO ACO PCO
140
540 400
AF D+S
ST = ACF60 - PCF
50
= 10 LP
56 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
Toda vez que o ST é positivo possuindo um NCG negativo, afirma-se que as operações são
financiadas por passivos circulantes operacionais.
AC PC
CGL = 600 - 750 = (150) ACF PCF
Toda vez que o ST é negativo, podemos afirmar que as operações estão sendo financiadas
por passivos financeiros de curto prazo (dividas onerosas de curto prazo).
AC PC
CGL = 600 - 750 = (150) ACF PCF
Efeito tesoura
Segundo Vieira (2008), o efeito tesoura é um efeito gráfico que representa uma evolução das
contas operacionais comparativamente aos elementos de financiamento da empresa.
Assim, aumento de receitas e mudanças nas políticas de curto prazo podem provocar o
crescimento das necessidades de investimento de capital de giro, que, por sua vez, reduzirá
o saldo de tesouraria, obrigando a empresa a procurar novas fontes de financiamento, nor-
malmente advindas de dívidas de curto prazo.
57 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
Limites
CDG de
crédito
ST < 0
ST > 0
Receita
CGL (AC - PC)
NCG (ACO - PCO)
Na prática, o que ocorre é uma incapacidade da empresa de operar com a sua própria capa-
cidade de financiamento, ou seja, há um descontrole na atividade, dependente de emprés-
timos de curto prazo para subsistir.
Com a identificação do efeito tesoura, fica como questão como evitá-lo ou como corrigir as
operações para se encontrar um equilíbrio e permitir uma folga financeira adequadas aos
negócios.
■■ captação de recursos financeiros de curto prazo com taxas inferiores ao retorno obtido;
NA PRÁTICA
Graficamente, temos:
CGL NCG
1.054.000
920.000 972.000
ST -
773.000
747.000 650.000
Por meio do gráfico, podemos afirmar que a Jonsons e Silva S.A. apresenta um pri-
meiro estágio de efeito tesoura, com um saldo de tesouraria negativo no ano 0002.
59 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
VOCÊ SABIA?
RESUMO
Neste módulo, vimos as métricas de análise mais elementares, como a análise horizontal
e vertical. Essas técnicas nos ajudam a encontrar questionamentos na estrutura financeira
apresentada pelos demonstrativos contábeis.
Depois, seguimos para uma análise mais de curto prazo apresentando o capital de giro em
uma visão clássica, que representa a totalidade dos ativos circulantes e trabalhamos o capi-
tal de giro líquido (CGL), que pode ser considerado o excedente do capital de giro financiado
pelas fontes de longo prazo da empresa, quando apresenta seu resultado positivo.
Do CGL, partimos para a análise da situação financeira, que corresponde ao estudo dos ín-
dices de liquidez, da análise dos prazos (PMR, PME e PMP) e dos ciclos (CO e CF), podendo
compreender, de forma mais assertiva, se a empresa apresenta resultados de curto prazo
adequados à sobrevivência ou se está com dificuldades de honrar suas obrigações.
Ao falarmos dos prazos, aproveitamos para apontar seus efeitos nas políticas de financia-
mento, impactando, assim, na necessidade de capital de giro (NCG), que vem a ser o mon-
tante de recursos necessários para a manutenção das atividades operacionais.
60 DIAGNÓSTICO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO
Para finalizar o módulo, apresentamos o saldo de tesouraria (ST), que representa o risco
operacional financeiro de curto prazo. O ST é a fórmula que consolida todos os demais
elementos do capital de giro. Por meio de uma visão gráfica de seu resultado, ele ajuda
a compreender se a empresa está caminhando para momentos difíceis, se ela pode vir a
apresentar um efeito tesoura, ou seja, necessidade de capital de giro superior ao capital de
giro líquido que provocaria um ST negativo, obrigando o empresário a recorrer a capitais
financeiros de curto prazo.
Módulo 3
PROJEÇÃO DE CURTO
PRAZO E GESTÃO DE
TESOURARIA
INTRODUÇÃO DO MÓDULO
ESTRUTURA DO MÓDULO
Para melhor compreensão das questões que envolvem a projeção de curto prazo e gestão
de tesouraria, este módulo está dividido em:
UNIDADE 1
ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO DE CAIXA
VOCÊ SABIA?
Como uma estrutura modelo para o fluxo de caixa líquido, também chamado de fluxo de
caixa do acionista, temos:
65 PROJEÇÃO DE CURTO PRAZO E GESTÃO DE TESOURARIA
Receitas
- Custos e despesas operacionais
- Depreciação
= Lucros antes do pagamento de juros e impostos (LAJI)
- Juros
= Lucro antes de impostos
- Impostos
= Lucro líquido
+ Depreciação
- Desembolso de capital
-/+ Dividas líquidas
-/+ Variação do capital de giro
= Fluxo de caixa líquido
No bloco que vai de receita até lucro líquido, temos uma visão contábil dos resultados da
empresa, sendo praticamente a representação de uma DRE. Já a partir do lucro líquido pas-
samos a ter uma visão mais financeira, trabalhando elementos que a visão contábil da DRE
não trata e ajustando alguns efeitos de caixa, como recebimentos e pagamentos que podem
ser anteriores ou posteriores ao lançamento contábil. Esses ajustes são:
■■ consideração dos efeitos da variação do capital de giro por meio da variação dos ele-
mentos operacionais, como contas a receber, contas a pagar e estoque;
Contudo, não é apenas montando o fluxo de caixa líquido que se concilia os saldos de caixa,
é necessário considerar os saldos de caixa anteriores para somar ou subtrair do fluxo de
caixa líquido, encontrando um novo saldo de caixa. Com isso, temos:
Caixa Fornecedor
PCO
Assim, para a projeção do fluxo de caixa líquido, é possível utilizarmos as seguintes relações:
- Desembolso de capital
Ativos circulante
Dívida
operacional
- Variação da NCG
- ∆ ACO + ∆ PCO
Patrimônio
Ativos fixos
+ - Amortização/captação de dívidas líquido
= Fluxo de caixa
67 PROJEÇÃO DE CURTO PRAZO E GESTÃO DE TESOURARIA
NA PRÁTICA
Uma empresa está elaborando o seu orçamento de caixa para prever a evolução da
sua necessidade de caixa para os próximos dois trimestres. Com isso, considerou as
seguintes variáveis:
Balanço 31/12/0000
Ativo
Caixa 100.000
Estoque 400.000
Ativo Permanente -
Balanço 31/12/0000
Passivo
Fornecedor 200.000
Depreciação - -
IR e CS - -
Para projeção das contas cíclicas no balanço patrimonial trimestral, foram utilizadas
as fórmulas baseadas nos prazos, que são:
Como estamos trabalhando em regime trimestral, em vez de usar 360 como denomi-
nador, utilizaremos 90 (90 dias correspondem ao trimestre), com isso as fórmulas
69 PROJEÇÃO DE CURTO PRAZO E GESTÃO DE TESOURARIA
mudam para:
Depreciação - -
IR e CS - -
Depreciação - -
Desembolso de capital - -
70 PROJEÇÃO DE CURTO PRAZO E GESTÃO DE TESOURARIA
∆ Dívida - -
Obs.: o fluxo de caixa exige em sua estrutura a variação do capital de giro, que, por sua
vez, é composta da variação das contas a receber, da variação do estoque e da varia-
ção das contas a pagar (fornecedores).
Ativo
Ativo permanente - - -
Passivo
TOME NOTA
■■ Foi possível perceber que a empresa não apresentará problemas de caixa nos
próximos dois trimestres (saldo de caixa positivo).
72 PROJEÇÃO DE CURTO PRAZO E GESTÃO DE TESOURARIA
UNIDADE 2
EFEITO DA SAZONALIDADE NO INVESTIMENTO EM CAPITAL DE
GIRO
Assim, para estudar os investimentos em capital de giro é importante avaliar como se com-
portam seus elementos, tal como as repercussões da estrutura de financiamento sobre o
equilíbrio financeiro da empresa (ASSAF NETO E SILVA, 2012).
Em uma situação natural dos eventos de capital de giro, o que encontramos é uma cober-
tura dos efeitos de necessidade de capital de giro já previamente esperados, como o cres-
cimento constante de acordo com a evolução da própria empresa. No entanto, fenômenos
com efeitos como a sazonalidade deixam de ser considerados.
Capital
investido
NCG Sazonal
NCG permanente
Ativo fixo
Tempo
Esses elementos de giro flutuam basicamente por aspectos operacionais e conjunturais das
contas e da atividade da empresa, assim como por decisões estratégicas que venham a ser
tomadas, visando a uma melhoria no desempenho da organização.
Assaf Neto e Silva (2012) sugerem que, para o financiamento das necessidades sazonais de
giro, a empresa pode optar por passivos financeiros de curto prazo, ou seja, basicamente
empréstimos bancários. Os demais recursos, por sua vez, devem ter suas fontes de finan-
ciamento definidas pela maturidade dos recursos disponíveis no mercado e pelo grau de
aceitação de risco admitido pelo gestor.
Em uma visão mais teórica, é sugerido que os ativos fixos e a necessidade de capital de giro
permanente (NCG permanente) sejam financiados por passivos de longo prazo e o NCG sa-
zonal seja financiado pelos passivos financeiros circulantes.
Vale ressaltar que, mesmo em operações de sazonalidade, o gestor pode optar por operar
em estruturas com baixo ou elevado risco de financiamento. E o que definirá esse risco po-
tencial é a forma com que os elementos de giro estão sendo financiados.
Em uma estrutura de baixo risco, normalmente temos a totalidade das necessidades de ca-
pital de giro (sazonais e permanentes) cobertas por fontes de financiamento de longo prazo,
não havendo, assim, necessidade de captação de curto prazo.
Capital
investido
Tempo
Em uma estrutura com elevado risco, é possível perceber que até elementos corresponden-
tes à necessidade de capital de giro permanente estão sendo financiados por recursos de
curto prazo, o que poderá provocar efeitos de ausência de caixa e consequente dificuldade
de liquidez, como vimos nos módulos anteriores.
74 PROJEÇÃO DE CURTO PRAZO E GESTÃO DE TESOURARIA
Capital
investido
Tempo
UNIDADE 3
SÍNDROMES DO CAPITAL DE GIRO
O capital de giro, por ser um elemento em constante mutação financeira nas empresas, apre-
senta, por vezes, comportamentos que podem ser identificados e servir para prevenir eventos
desagradáveis no futuro. A esse conjunto de comportamentos damos o nome de síndromes.
VOCÊ SABIA?
O efeito tesoura, normalmente, apresenta-se de uma forma mais genérica, como pode ser
observado no gráfico a seguir:
Limites
CDG de
crédito
ST < 0
ST > 0
Receita
CGL (AC - PC)
NCG (ACO - PCO)
■■ Instituições de ensino – por possuírem grande desembolso com pessoal, nos perío-
dos de pagamento de 13o salário e férias, podem entrar em colapso financeiro se não
realizaram os devidos provisionamentos. Podemos incluir também, nos efeitos para
instituições de ensino, a elevada inadimplência no período letivo, o que pressiona ain-
da mais o caixa da empresa.
Essas são as síndromes mais comuns. Vale ressaltar que qualquer mudança na estrutura de
forças do mercado em que a empresa está inserida pode provocar alterações de prazos e
modificar os patamares de investimento de capital de giro.
UNIDADE 4
GESTÃO DE TESOURARIA
Dessa forma, o gestor de tesouraria busca operacionalizar as contas de caixa, gerando ve-
locidade e a melhor conversão dos elementos de giro em outros elementos na busca do
equilíbrio entre liquidez e rentabilidade.
Contas Contas
a receber a pagar
Controle do
fluxo de caixa
Investimentos Financiamento
e empréstimos
Aplicações
financeiras
Faz parte da atividade da tesouraria controlar os recursos mantidos em caixa. Esses recur-
sos, segundo Assaf Neto e Silva (2012), existem basicamente por quatro motivos:
Para a gestão de tesouraria são utilizadas métricas que têm como objetivo mais elementar
garantir uma quantidade mínima de recursos em caixa para manutenção das atividades da
empresa.
■■ Giro de caixa (GC) – medida que permite entender quantas vezes o investimento em
caixa gira dentro de um período.
giro de caixa = ano (número de dias)
ciclo financeiro
Com isso, se temos 360 dias em um ano e um ciclo financeiro de 30 dias, temos um GC
de 12 vezes, ou seja, o investimento em caixa gira 12 vezes em um ano.
NA PRÁTICA
Uma empresa tem previstos desembolsos de caixa anuais na casa de R$ 2,7 milhões
para o próximo ano. Pelas informações obtidas nos demonstrativos contábeis, ela
apresenta um ciclo financeiro de 24 dias, com isso, o empresário deseja saber qual é
o montante mínimo que deve ter em conta.
Esse valor pode ser descoberto pelo modelo do caixa mínimo, ou seja, primeiro será
necessário calcular o giro de caixa.
Atividades de tesouraria
Entre as mais diversas atividades do gestor de tesouraria, podemos destacar com clareza a
captação de recursos de curto prazo e a aplicação de recursos excedentes de capital de giro.
Essas atividades ocorrem permanentemente, pois os níveis de atividade da empresa não
são constantes, consequentemente levando o gestor a buscar o mercado financeiro para
encontrar as melhores fontes de recursos e as melhores aplicações financeiras.
Poupador Tomador
$ $
Empréstimos
Aplicações Mercado
Captação Aplicação e
financeiras financeiro
financiamentos
$ + J1 $ + J2
79 PROJEÇÃO DE CURTO PRAZO E GESTÃO DE TESOURARIA
Capital
investido NCG
AF
Tempo
Aplicação
Captação
Iniciaremos a descrição das atividades pela ótica do financiamento do capital de giro (captação).
Empresas normalmente não conseguem financiar o capital de giro apenas por intermédio das
operações (passivos operacionais de curto prazo) tendo de recorrer, assim, a linhas de crédito
disponíveis em instituições financeiras. Entre as linhas mais comuns, podemos destacar:
■■ Empréstimos para capital de giro – empréstimo de curto e médio prazo que possuem
contratação simplificada e dispensa comprovação do direcionamento dos recursos.
■■ Hot money – operação de curtíssimo prazo (dez dias), renovável por uma vez e garan-
tida por duplicatas e promissórias.
■■ Factoring – operação de sessão de direitos dos títulos de crédito e dos riscos. Funciona
como um desconto de duplicatas, incluindo a sessão de cobrança.
mercadoria
Empresa Cliente
à vista à prazo
Banco
mercadoria
Fornecedor Empresa
à vista à prazo
Banco
As operações de aplicação de recursos excedentes, por sua vez, são mais simples que as de
captação. Contudo, devem sempre considerar que a aplicação do caixa visa obter a maior
rentabilidade possível para empresa com o menor risco possível. Assim, antes de aplicar os
recursos, o gestor deverá considerar aspectos como: prazos, montantes, risco do ativo, Re-
torno esperado e até o emissor do título.
81 PROJEÇÃO DE CURTO PRAZO E GESTÃO DE TESOURARIA
Desta forma, podemos destacar como sendo operações comuns de aplicação de recursos
de caixa:
■■ Títulos de renda fixa – são títulos cuja remuneração ou retorno são dimensionados
no momento da aplicação, de acordo com o referencial. Podem ser públicos ou priva-
dos e pré ou pós-fixados.
RESUMO
Neste módulo, discutimos e apresentamos elementos importantes para a projeção de curto
prazo. Iniciamos, assim, nossa aprendizagem pela elaboração de um orçamento de caixa,
que vem a ser um processo de planejamento com objetivo de garantir a melhor relação en-
tre risco, liquidez e rentabilidade.
Vimos que, para elaborar o orçamento de caixa, é necessário entender como realizar um
fluxo de caixa pelo modo indireto, passando por elementos da contabilidade e ajustes em
contas para encontrarmos o resultado adequado às necessidades operacionais.
Em seguida, analisamos o orçamento de caixa com uma verificação via balanço patrimonial,
confirmando que o que fora definido como premissa estava sendo projetado de forma cor-
reta. Em caso de alguma falha na projeção, o balanço patrimonial tende a não fechar.
Para Assaf Neto e Silva (2012), por prudência, o gestor deve manter a necessidade de capital
de giro permanente e os ativos fixos cobertos por fontes de financiamento de longo prazo,
reduzindo, assim, o risco operacional.
82 PROJEÇÃO DE CURTO PRAZO E GESTÃO DE TESOURARIA
Por fim, na Unidade 4, vimos a questão da boa gestão de tesouraria, passando pela relação
da tesouraria com o mercado financeiro, os motivos de manter recursos disponíveis em
caixa (transação, precaução, especulação e liquidez), as métricas de avaliação e as fontes
disponíveis para captação e aplicação.
Módulo 4
POLÍTICAS OPERACIONAIS
DE CURTO PRAZO
INTRODUÇÃO DO MÓDULO
Nesse momento, devemos encontrar em atividades como gestão de estoque, gestão de com-
pras, políticas de crédito e políticas de vendas itens que influenciam as atividades e provocam
investimentos em capital de giro, assim como podem colaborar na gestão do equilíbrio entre
liquidez e rentabilidade.
OBJETIVOS DO MÓDULO
Ao completar este módulo de estudo, você estará apto a:
ESTRUTURA DO MÓDULO
Para melhor compreensão das questões que envolvem as políticas operacionais de curto
prazo, este módulo está dividido em:
UNIDADE 1
ESTRATÉGIAS OPERACIONAIS DE CURTO PRAZO
Como já vimos nos módulos anteriores, a gestão do capital de giro diz respeito aos elemen-
tos de giro, ou seja, ativos e passivos circulantes. Dessa forma, as estratégias operacionais e
as decisões que a empresa toma nos seus diversos níveis hierárquicos podem influenciar de
forma significativa o comportamento do caixa.
Com isso, veremos a partir de agora a influência das estratégias e políticas adotadas pelas
áreas da empresa. Essas questões operacionais podem ajudar o gestor a encontrar a me-
lhor relação possível entre risco x rentabilidade e liquidez.
Liquidez
Rentabilidade Risco
Financeiro Operacional
As estratégias e as políticas que podem ser adotadas estão segmentadas em dois grandes
grupos: as operacionais e as financeiras. No caso das financeiras, vimos as mais comuns no
tópico de gestão de tesouraria, apresentado no Módulo 3, e as operacionais, por sua vez,
serão mais bem aprofundadas neste tópico.
Se utilizarmos o mesmo raciocínio nas operações de contas a pagar, podemos perceber que,
ao trabalhar com desconto ou prazo, é possível influenciar o preço dos produtos a serem
vendidos, assim como a quantidade a ser adquirida para abastecer o estoque. Dessa forma,
estaremos movimentando as contas de fornecedores, estoque e até vendas.
Toda e qualquer estratégia operacional, por menor que seja, deve ser encarada como uma
estratégia integrada, pois provocará variações e ajustes nos ativos e passivos circulantes e
por sua vez na necessidade de capital de giro. Isso quer dizer que nenhuma estratégia ope-
racional deve ser analisada de forma isolada. Para sua tomada de decisão é necessário que
todos os envolvidos estejam cientes e ponderem seus efeitos.
UNIDADE 2
POLÍTICAS DE CRÉDITO, DE ESTOQUE E ATIVIDADES DE COMPRAS
Nesta unidade, serão apresentados os principais pontos sobre as políticas e suas influências
na gestão do capital de giro. É sabido que a maior parte desses elementos não é de gestão
direta do profissional de finanças, contudo, é de extrema importância que esse profissional
seja capaz de intervir e estar integrado às questões operacionais, assim como às demais
áreas estejam integradas aos impactos de decisões operacionais no capital de giro, como no
caso das negociações com clientes e/ou fornecedores. Por exemplo, em caso de necessida-
de de vendas a crédito a um cliente novo (ou estratégico), o setor financeiro pode ajudar a
encontrar qual é o limite de recurso de crédito que pode ser utilizado para que a venda seja
efetuada.
Políticas de crédito
A política de crédito fixa parâmetros para a empresa em termos de prazos e limites para ven-
das ou financiamento a fornecedores (por meio de adiantamentos). Na política de crédito, es-
tão os elementos fundamentais para a concessão, o monitoramento e a cobrança do crédito.
Dessa forma, as principais questões financeiras a se tratar em uma política de crédito são
os investimentos de capital, investimentos em estoque, gastos e estratégias com cobrança e
controles e provisões com devedores duvidosos.
■■ Gastos com cobrança – incluem todos os gastos com empresas de cobrança, cartas
de notificação, emissão de boletos, tempo para administração das cobranças, controle
de atrasos etc.
Assim, as políticas de crédito funcionam como suporte e fio condutor para a liberação de
recursos para financiar clientes (contas a receber) e para financiar fornecedores (adianta-
mento a fornecedores).
Contas a receber
Produtos
Clientes $
Empresa
Fornecedor Produto/serviços
$
Adiantamentos a fornecedor
Análise de crédito
89 POLÍTICAS OPERACIONAIS DE CURTO PRAZO
Podemos entender que o objetivo das políticas de crédito é fortalecer o equilíbrio entre retor-
no e risco por meio do acompanhamento permanente dos clientes e fornecedores, do mo-
nitoramento do volume financeiro investido em capital de giro e do controle das cobranças.
Análise Monitoramento
e concessão e controle
Retorno Risco
Cobranças
Uma boa gestão de crédito também tem como objetivo secundário reduzir conflitos existen-
tes entre as áreas da empresa.
Entendemos que pode haver pontos de conflitos entre a área comercial, que busca a con-
tinuidade das vendas e atingir suas metas, e o setor financeiro, que analisa os créditos dos
clientes e, por vezes, bloqueia uma nova venda, quando o cliente se encontra devedor e/ou
apresenta risco à instituição de acordo com as políticas de restrição a crédito definidas.
Para solucionar esse impasse as regras de concessão de crédito têm de ser claras e diretas,
não permitindo dupla interpretação, mas mantendo alguma flexibilidade para:
Acompanha-
mento dos
Definição Informações Análise recebimentos
de para e
políticas análise concessão
Cobrança
A definição das políticas de crédito visa fixar parâmetros para vendas a prazo, o que garante
retorno, com a menor restrição possível a vendas. Assim podemos definir padrões de soli-
citação de crédito que aumentem receitas e reduzam perdas, padrões de pré-análise que
agilizem a concessão de crédito e padrões de análise que reduzam perdas.
■■ estratégias de cobrança.
Base para decisão Risco X Vendas Risco X Vendas Risco X Margem Risco X Vendas
Vendas + - + - + - + -
Despesas c/ crédito + - + - - + + -
Invest. em recebíveis + - + - - + + -
91 POLÍTICAS OPERACIONAIS DE CURTO PRAZO
Quando os descontos à vista são grandes, as vendas aumentam, as despesas com créditos
reduzem, os investimentos em recebíveis também deverão diminuir e, desse modo, o risco
tende a ser menor.
Quando as cobranças são flexíveis, as vendas aumentam, as despesas com créditos aumen-
tam, os investimentos em recebíveis também deverão aumentam e, consequentemente, o
risco tende a ser maior.
Tipo Documentos
Tipo Descrição
Comportamental
(pessoa física, pequenas Julgamento do analista (experiência).
e médias empresas)
INFORMAÇÃO EXTRA
Um elemento que é muito importante para cobrança é a idade da carteira, pois esta deter-
mina a idade dos títulos vencidos, apontando a faixa de risco.
94 POLÍTICAS OPERACIONAIS DE CURTO PRAZO
Acompanha-
mento dos
Definição Informações Análise recebimentos
de para e
políticas análise concessão
Cobrança
Como foi estudado neste ponto, a definição de políticas busca o equilíbrio entre a rentabili-
dade, o risco e a liquidez, sempre considerando as fontes de financiamento. Na captura de
informações para análise, são observados dados cadastrais e financeiros, dados do relacio-
namento da empresa com os fornecedores e clientes, tamanho do mercado e análise de
instituições especializadas. Na análise e concessão, são utilizadas técnicas de análise para
definir limites e prazos de concessão de crédito. Por fim, no acompanhamento e cobrança
se faz o controle das atividades de liberação de crédito, da recorrência de pagamentos e da
manutenção do crédito.
Neste momento, analisaremos os efeitos provocados pela adoção de uma política de crédito
mais expansionista. Dessa forma, verificaremos os impactos reais na rentabilidade, na liquidez
e no caixa da empresa caso decida fornecer mais crédito aos seus clientes. Assim, podemos
utilizar o exemplo encontrado no Gitman (2010), que ajuda a esclarecer os procedimentos de
cálculo que as empresas podem adotar para determinar se a política de crédito é viável.
95 POLÍTICAS OPERACIONAIS DE CURTO PRAZO
NA PRÁTICA
5. Tomada de decisão.
Contribuição adicional ao lucro: R$ 12.000,00
(-) Custo do investimento marginal: R$ 2.588,00
(-) Custo marginal de devedores duvidosos: R$ 6.600,00
(=) Resultado da operação: R$ 2.812,00
Sendo o resultado positivo, a empresa pode seguir com a nova política de crédito.
O prazo médio de estoque controlado pelo financeiro é a junção dos três prazos de estoque
operacionais: estoque de matéria-prima, estoque de fabricação (produtos em processamen-
to) e estoque de produto acabado.
PME
O objetivo da gestão de estoque, assim como das políticas de crédito, é buscar garantir o
nível de serviço adequado para suporte e previsão à área de produção (matéria-prima) e às
97 POLÍTICAS OPERACIONAIS DE CURTO PRAZO
vendas (produto acabado), além de reduzir os impasses entre as áreas. No caso do estoque,
os impasses, em geral, ocorrem entre o setor de compras, produção, vendas e finanças.
Variedade ↓ ↑ ↑ ↓
Volumes ↑ ↑ ↑ ↓
Dispersão ↓ ↓ ↑ ↓
Análise e
Previsão Hierarquia Quantidade Data de
acompanha-
de vendas dos insumos de compra compra
mento
Histórico
Técnicas Previsão
de análise de vendas
Perspectivas
do mercado
98 POLÍTICAS OPERACIONAIS DE CURTO PRAZO
Assim, para estabelecer os níveis adequados de estoque, é fundamental para que a empre-
sa sustente sua atividade ao menor custo. Para definir esses níveis utilizam-se as técnicas
dos 3 Qs.
A pergunta “quais itens que merecem mais atenção?” define a hierarquia dos insumos a
serem comprados por meio da técnica da curva ABC.
Técnica da curva ABC – é uma técnica de hierarquização dos insumos em ordem decres-
centes do percentual do faturamento total, em que os que representam 60% da receita são
os itens que representam a curva A, os itens da curva B são os que representam de 61% a
95% e por último os itens que representam de 96% a 100% são os menos relevantes e com-
põem os itens da curva C.
A pergunta “quantas unidades encomendar a cada período?” define o nível ideal de com-
pras a serem feitas para ter o menor custo possível. Para encontrar o nível de compra a ser
realizada se utiliza a técnica do lote econômico de compras (LEC).
O LEC é uma técnica que para ser utilizada precisa de um sólido conhecimento das suposi-
ções do modelo, que são as seguintes:
■■ Demanda constante – organizar as vendas para que um volume seja constante nos
meses.
■■ Os preços não se alteram – os preços são estabilizados para facilitar a gestão do es-
toque.
■■ Existem dois tipos de custos – custo de estocagem (Ce) e custo de pedido (Cp).
Custos CT
Ce
LEC
Cp
Tamanho do pedido
Em que:
100 POLÍTICAS OPERACIONAIS DE CURTO PRAZO
CT = custos totais
Cp = custo do pedido
Ce = custo de estocagem
2 x (CPunit.) x (V)
LEC = CEunit.
2 x (CPunit.) x (V)
LEC = CEunit.
Exemplo:
2 x 4,00 x 500
LEC = 0,016 = 500
2 * (4,00) * (500)
LEC = 0,016 = 500
A pergunta “quando encomendar?” é respondida pelo estoque de segurança (ES), que tem
por objetivo determinar o estoque mínimo a ser mantido na empresa para que não ocorra
desabastecimento na empresa.
Qtd
LEC
Ponto de
encomenda
ES
Tempo entre pedido e recebimento Tempo
NA PRÁTICA
Uma empresa que apresenta o volume de vendas conforme tabela a seguir tem uma
média anual de 500 unidades e um desvio-padrão de 75. Assim, terá:
Mai 510
95,44%
Jun 575
99,74%
Taxa de
Jul 525 retorno
-3σ -2σ -1σ 0 +1σ +2σ +3σ de ações
Ago 500 -50,0% -29,2% -8,4% 12,4% 33,2% 54,0% 74,8%
Set 485 No caso de uma distribuição normal, há uma probabilidade de 68,26% de que
uma taxa de retorno fique a menos de um desvio-padrão da média. Neste
Out 550 exemplo, essa é a probabilidade de um retorno anual entre -8,4% e 33,2%.
Há uma probabilidade de 95,44% de que uma taxa de retorno fique até dois
Nov 533 desvios-padrão da média. Neste exemplo, essa é a probabilidade de um retor-
no anual entre -29,2% e 54%.
Finalmente, há uma probabilidade de 99,74% de que uma taxa de retorno
Dez 625
fique, no máximo, a três desvios-padrão da média. Neste exemplo, essa é a
probabilidade de que um retorno anual fique entre -50,0% e 74,8%.
2 σ = 97,5% de probabilidade
500
425 575
350 650
De acordo com o exemplo anterior, tendo em vista uma venda média anual de 500
unidades e um desvio padrão de 75 unidades, a empresa que considera dois desvios
= 97,5% de probabilidade de os pedidos estarem em um estoque de segurança de até
150 unidades, ou seja, uma probabilidade de 2,5% dos pedidos serem acima de 650
unidades por mês.
Outra técnica que pode determinar a data de compra do estoque é o modelo just in time
(JIT) criado pela Toyota. Esse modelo de gestão busca por meio do conceito de produção
puxada pela demanda a eliminação total do estoque e as alterações na produção (menor
prazo de produção, simplificação do processo, redução de MP e defeitos).
Fábrica
Fornecedores Cliente
(sem estoque)
O estoque por sua abrangência influencia sobremaneira os diversos setores da empresa, mas
indubitavelmente, o mais impactado é o setor de compras, que é responsável por abastecer
os estoques e garantir que exista matéria-prima para o processo produtivo se manter fluido.
Apoio
tecnologia
informação
Fornecedor Comprador
confiança
compromisso
ética
UNIDADE 3
ESTRATÉGIAS INTEGRADAS DE CURTO PRAZO
Fornecedor Impostos
Vendas
Adiantam. Sálarios e
de clientes provisões
Com objetivo único de maximizar as vendas e gerar valor para empresa, itens como impos-
tos, relacionamento com os fornecedores, gastos com pessoal, adiantamento para os clien-
tes, entre outros, ficam voltados para o objetivo único: vender.
Nível de atividade
Determina Volume
Volume
de vendas de compras
PMR PMP
política política com
de crédito fornecedores
É possível verificarmos que, de forma integrada, o nível de atividade gera variação no volu-
me de vendas, que, por sua vez, irá determinar o volume de produtos a serem comprados,
que influência o prazo médio de compras (ou pagamento) e as políticas com os fornecedo-
res, que podem elevar ou reduzir as fontes de financiamento para atividade, alterando os
volumes de estoque e potencialmente a capacidade de atuar com políticas de crédito mais
expansionistas por meio dos prazos, modificando o nível de atividade da empresa. Esse é
um processo cíclico contínuo.
Vale ressaltar que toda estratégia integrada não deve privilegiar um tópico da gestão, ou
liquidez ou rentabilidade, para em um segundo momento buscar o equilíbrio. Caso ocorra
privilégios, e as estratégias tenham como tópico principal comprar à vista e vender a prazo, a
rentabilidade será o foco principal, o que provocará maior necessidade de investimento em
capital de giro, que por sua vez reduzirá a liquidez. Já estratégias que tendem a privilegiar a
liquidez, buscam vendas à vista e compras a prazo, o que pode provocar redução no nível de
atividade, que impacta negativamente na rentabilidade.
Liquidez Vendas
à vista
Compras
à prazo
Compras
à vista
Vendas
à prazo
Rentabilidade
Assim, fechamos o nosso curso com uma mensagem de análise holística. O capital de giro
é muito mais do que uma métrica financeira. Nele estão refletidas as atividades de pratica-
mente todos os setores da empresa, assim como todas as políticas e estratégias escolhidas
pelos gestores.
Dizemos que o capital de giro é o reflexo de curto prazo das estratégias de médio e longo
prazo de outrora, sendo elemento importante para manter a harmonia entre as áreas.
A gestão de compras envolve mais do que saber comprar o item certo ou saber comprar na
época certa. Ela envolve, principalmente, três grandes componentes:
107 POLÍTICAS OPERACIONAIS DE CURTO PRAZO
Exemplo: com base nos dados a seguir, calcule a taxa de equilíbrio para comercialização.
Em que:
C = compras
PC = pagamento das compras
V = vendas
RV = recebimento das vendas
PME = prazo médio de estocagem
Perceba que essa relação é similar a ideia da matemática financeira de que o valor
futuro é equivalente ao valor presente corrigido pelos juros do período.
RV = PC (1 + i) PME
i = 3,44% ao mês
A empresa não está atingindo seu objetivo. Na realidade, o que ela lucrou não foi
R$2.000,00 (6.000,00 – 4.000,00). Se considerar o custo do dinheiro com 2% a.m., o
lucro foi de 6.000 – 4.000 (1 + 0,02)12 = 927,03.
108 POLÍTICAS OPERACIONAIS DE CURTO PRAZO
Em que:
PMP (período médio de pagamento) = 2 meses
PME (Período médio de estoques) = 3 meses
Isso significa que, se taxa de juros desejada pela empresa for inferior a 50% a.m.,
a operação será vantajosa.
Em que:
Se a taxa de juros requerida pela empresa for inferior a 10,67% a.m., a operação
será vantajosa.
Em que:
Se a taxa de juros requerida pela empresa for inferior a 22,47% a.m., a operação
será vantajosa, pois os R$ 6.000,00 recebidos com a venda serão mais que sufi-
cientes para cobrir o pagamento e o custo do dinheiro no período.
109 POLÍTICAS OPERACIONAIS DE CURTO PRAZO
RESUMO
No Módulo 4, vimos conceitos de áreas não diretamente relacionadas ao setor financeiro,
mas que influenciam de forma significativa o comportamento do capital de giro. Também
estudamos as questões mais operacionais de gestão de estoque, gestão de crédito e políti-
cas de compras.
Na Unidade 1, falamos sobre as estratégias operacionais de curto prazo, que tem por objeti-
vo manter o equilíbrio entre rentabilidade, risco e liquidez. Esse equilíbrio por sua vez pode
ser abalado, caso as políticas não sejam muito claras e coerentes. Políticas dúbias podem
privilegiar algum ponto da empresa, o que provocaria desequilíbrio operacional e financeiro.
Esperamos que o estudo tenha sido satisfatório e que a profundidade trabalhada seja capaz
ajudar aos empresários e profissionais de finanças a atingir novos patamares de controle e
de gestão da administração financeira de curto prazo.
110 POLÍTICAS OPERACIONAIS DE CURTO PRAZO
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
BRIGHAM, E. F.; WESTON, J. F. Fundamentos da administração financeira. 10. ed. São Paulo:
Makron Books, 2000.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Education,
2010.