Financiamento e Crédito Bancário
Financiamento e Crédito Bancário
Financiamento e Crédito Bancário
CRÉDITO BANCÁRIO
autor do original
VANESSA ANELLI BORGES
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial durval corrêa meirelles, jair do canto abreu júnior, andreia
marques maciel
Diagramação fabrico
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmiti
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 20
ISBN 978-85-5548-021-8
Prefácio 7
Conceito de crédito 10
Função social do crédito: importância do crédito para a economia
do Brasil 12
Noções gerais de economia 13
A atividade de intermediação financeira 15
Crédito e finanças: maximização do lucro x risco 20
2. Risco de crédito 30
Limite de crédito 68
Composição e formalização dos processos 71
Análise de crédito 72
Garantias 77
Linhas de Crédito 92
Linhas de Crédito Pessoa Jurídica 94
Prefácio
Prezados(a) estudante
Nos últimos anos, nos noticiários econômicos, vemos manchetes como: “Ina-
dimplência do consumidor tem 2a alta seguida no ano, diz Serasa”, “Número de
famílias com dívida em atraso sobe em julho”, “SP lidera ranking de empresas
inadimplentes”, entre outras, todas a respeito da chamada inadimplência.
Mas o que vem a ser inadimplência e como ela pode afetar a vida das pessoa
principalmente das empresas?
Inadimplente é a pessoa ou empresa que não paga seus compromissos em d
Tal fato afeta diretamente o fluxo de caixa das empresas, pois, ao deixar de rec
determinado valor em certa data, elas podem ter dificuldades financeiras em ho
rar os seus compromissos com terceiros.
Fatores como crédito farto e fácil no mercado brasileiro, altas taxas de juros,
desemprego, falta de organização e educação financeira, má-fé, falta de capita
giro, entre outros, fazem com que uma empresa ou pessoa deixe de cumprir co
seus compromissos em algum momento de sua vida.
Em função desses eventos, a gestão financeira de uma organização deve ser
eficiente na administração dos seus valores a receber, profissionalizando sua an
lise de crédito.
Neste módulo, conheceremos as principais características do crédito e verifi-
caremos qual o impacto no fluxo de caixa da empresa em função de uma má ge
tão na carteira de clientes.
Para tanto, serão estudados conceitos como crédito, risco de crédito e com-
posição de uma política de crédito eficiente, em termos de condições de venda,
padrões, política de cobrança, limite de crédito, garantias e linhas de crédito ofe
recidas para pessoa física e jurídica.
7
8
Crédito: introdução,
conceito,
abrangência e
importância
1 Crédito: introdução, conceito, abrangência
e importância
OBJETIVOS
• Conhecer o conceito de crédito;
• Identificar a importância do crédito para a economia de um país;
• Apresentar o crédito como um importante instrumento alavancador dos negócios;
• Verificar como funciona o ciclo da intermediação financeira.
REFLEXÃO
Você se lembra de quando você, ou alguém que conhece, desejava muito adquirir um auto
móvel, mas não tinha o dinheiro para pagar à vista? E que a concessionária oferecia divers
planos para aquisição do mesmo automóvel a prazo? Pois bem, quando uma empresa ofere
seu bem ou serviço nessas condições, dizemos que a empresa concede crédito ao seu clien
que não possui condições de adquirir o bem ou serviço à vista, o que os clientes podem cap
recursos junto aos bancos para realizar seus projetos de investimentos.
10 • capítulo 1
rias, que passaram a realizar operações de crédito sob diversas formas, embora
muito longe das formas praticadas atualmente.
Mas o que significa crédito? Conheceremos os diversos significados desse
conceito, segundo o Novo Dicionário Aurélio:
Crédito. (Do lat. creditu.) S. m. 1. Segurança de que alguma coisa
é verdadeira; confiança: Suas afirmações merecem crédito. 2. Boa
reputação; boa fama; consideração: Cometeu um deslize profis
sional e perdeu o crédito. 3. Autoridade, influência, valia, impor-
tância: Tem crédito no meio político. 4. Fé na solvabilidade. 5
Facilidade de obter dinheiro por empréstimo ou abrir contas em
casas comerciais. 6. Facilidade de conseguir adiantamentos de
dinheiro para fins comerciais, industriais, agrícolas etc. 7. Soma
posta à disposição de alguém num banco, numa casa de comér-
cio etc., mediante certas vantagens. 8. O que o negociante tem a
haver. 9. O haver de uma conta. 10. Direito de receber o que se em
prestou. 11. Quantia correspondente a esse direito. 12. Autoriza-
ção para despesas dada por autoridades que estabelecem, votam
ou regulamentam os orçamentos. 13. Troca de bens presentes
por bens futuros .... (Cf. crédito do V. creditar, e débito). Crédito
capital. Crédito de corporação. Crédito de confiança. Prova de
confiança ou nova oportunidade dada a alguém de quem se tem
motivo para desconfiar. Crédito de corporação. Crédito resultan-
te do lançamento de debêntures pelas sociedades anônimas; cré-
dito capital. Crédito fiscal. Fin. Dívida para com o poder público.
Crédito real. O que tem por base uma garantia constituída sobre
propriedade imóvel ou direito de natureza real. Crédito seletivo.
Fin. Política financeira governamental que consiste em restringir
o crédito para os setores da economia em que existe alta de preços
A crédito. Recebendo o objeto comprado sem o pagar no ato da
compra, ou entregando-o sem receber no ato o pagamento; fiado:
comprar a crédito; vender a crédito. Levar a crédito. Creditar (3).
Segundo Silva (2008), a palavra crédito, dependendo do contexto do qual tra
ta, tem vários significados. Em um sentido restrito e específico, crédito consiste
na entrega de um valor presente mediante uma promessa de pagamento futuro
Para Lemes Junior (2010, p. 393), é a disposição de alguém para ceder tem-
porariamente parte do seu patrimônio ou prestar serviços a terceiros, com a ex
•11
capítulo 1
pectativa de receber de volta o valor cedido ou receber pagamento, depois de de-
corrido o período estipulado, na sua integralidade ou em valor correspondente.
Por exemplo: em uma loja de calçados, a venda a crédito é caracterizada pela
entrega da mercadoria (calçados) ao cliente, mediante promessa de pagamen-
to, em uma ou mais parcelas, em prazo futuro, definido de comum acordo en-
tre as partes.
Outro exemplo: em um banco, que tem a intermediação financeira como
sua principal atividade, o crédito consiste em colocar à disposição do cliente
(tomador de recursos) certo valor, sob a forma de empréstimo ou financiamen-
to, mediante promessa de pagamento em uma data futura. O banco compra
uma promessa de pagamento, pagando ao tomador (vendedor) determinado
valor para, no futuro, receber um valor maior.
12 • capítulo 1
1.3 Noções gerais de economia
Recursos
Necessidades
X Produtivos
Humanas Ilimitadas
Limitadas
Escassez de Bens
capítulo 1 •13
Escassez é diferente de pobreza. Enquanto pobreza significa ter poucos
bens, escassez significa mais desejos do que bens para satisfazê-los, mesmo
que haja muitos bens. É preciso também não confundir escassez com limi-
tação. Um bem pode ter sua oferta limitada. Entretanto, se esse bem não for
desejado, se não houver procura por ele, ele não será escasso.
Assaf Neto (2003, p. 22) afirma que se os recursos existissem em abundân-
cia na natureza e a economia pudesse distribuir de forma ilimitada seus bens
produzidos, os problemas básicos deixariam de existir.
Concluindo, Passos (2005, p. 4) afirma que a escassez é a preocupação bá-
sica da Ciência Econômica. Somente devido à escassez de recursos em rela-
ção às ilimitadas necessidades humanas é que se justifica a preocupação de
utilizá-los da forma mais racional e eficiente possível.
Em função da escassez, surge a necessidade da escolha. Se não pode pro-
duzir tudo o que as pessoas desejam, mecanismos devem ser criados de uma
maneira que auxiliem as sociedades a decidir quais bens serão produzidos e
quais necessidades serão atendidas.
A partir do conhecimento, no sentido econômico da escassez, podemos
definir o conceito de Economia.
A palavra “economia” vem do grego oikos (casa) e nomos (norma). Assim, te-
mos a palavra oikonomia, que significa “administração da casa” ou de um estado.
Em economia, estudam-se as maneiras como as sociedades administram
seus limitados recursos, na produção de bens e serviços, de modo a satisfazer
às ilimitadas necessidades da população.
Desta maneira, Passos (2005, p. 5) define Economia como “a Ciência So-
cial que estuda como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos
escassos, que poderiam ter utilização alternativa, na produção de bens e ser-
viços de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a
fim de satisfazer às necessidades humanas”.
Assaf Neto (2003, p. 23) complementa que a Economia estuda a riqueza, as
transações de troca que se verificam entre as pessoas. Segundo o autor, procu-
ra compreender a decisão de utilização de recursos produtivos escassos, que
carregam um custo de oportunidade, no processo de transformação e produ-
ção de diversos bens e serviços, e sua distribuição para consumo.
Essencialmente, a Economia volta-se para como seus vários agentes deci-
dem sobre os recursos escassos, na produção de bens e serviços orientados ao
atendimento dos objetivos de toda a sociedade.
14 • capítulo 1
1.4 A atividade de intermediação financeira
•15
capítulo 1
Intermediários
Fornecedores Financeiros Fornecedores
de Fundos de Fundos
Bancos
Pessoas investimentos Pessoas
Físicas desenvolvimento Físicas
comerciais
múltiplos
Pessoas Caixas Econômicas Pessoas
Jurídicas Jurídicas
Sociedade Crédito Imobiliário
Mercados financeiros
16 • capítulo 1
vidade financeira desintermediada. A primeira atividade é executada por ins-
tituições intermediárias, normalmente instituições financeiras, que captam
recursos junto aos agentes econômicos superavitários, assumindo a obrigação
de honrar a exigibilidade destes recursos e emprestam aos agentes econômicos
deficitários. A segunda atividade é executada diretamente entre os agentes eco
nômicos superavitários e os agentes econômicos deficitários, em que o papel
das instituições financeiras é simplesmente promover a corretagem de valores.
Segundo Gurley e Shaw (apud ROSSETTI, 2002, p. 629), alguns dos pressupo
tos básicos para a existência da intermediação financeira são:
• a existência da moeda como demonstrativo de maturidade e desenvolvi-
mento do sistema econômico;
• existência de agentes econômicos deficitários e superavitários dispostos
a arcar com os riscos e os custos envolvidos;
• existência institucional de operadores da intermediação financeira.
A canalização dos recursos excedentes dos agentes econômicos supe-
ravitários para os agentes econômicos deficitários, financiando assim as
necessidades de investimentos, dispêndios de consumo e necessidade de
capital de giro, é a principal função dos intermediários financeiros.
Mayer (1982, p. 172) afirma que a justificativa para a existência dos interme
diários financeiros tem como base o fato de que muitos dos agentes econômi-
cos deficitários não teriam como captar recursos financeiros diretamente no
mercado. Com a ausência das instituições financeiras que intermedeiam negó-
cios entre agentes econômicos, estes gastariam muito tempo e dinheiro para se
encontrarem (KAUFMAN, 1973, p. 75).
De acordo com Assaf Neto (2003, p. 33), a presença de intermediação finan-
ceira está fundamentada no desequilíbrio entre o nível de poupança e in
timento de uma economia. Se todos os agentes se apresentassem capazes de
gerar volume de poupança igual a seus dispêndios de capital, a existência de
ativos financeiros e, por conseguinte, a intermediação financeira, não seriam
necessárias diante do equilíbrio de caixa evidenciado pelos agentes.
Segundo Rossetti (2002, p. 632) a existência dos intermediários financeiros
também se justifica pelos seguintes benefícios privados e sociais:
• Canais permanentes de negociação de operações de aplicação ou de cap-
tação de recursos;
• Especialização na atividade de intermediação;
• Diluição dos riscos entre um grande número de agentes econômicos;
•17
capítulo 1
• Ganho de eficácia na alocação dos recursos, principalmente em ativida-
des produtivas;
• Sustentação das atividades produtivas e expansão de fluxos reais de ma-
nutenção e crescimento das atividades econômicas.
Numa outra perspectiva também se justifica a existência dos intermediários
financeiros pela opção dos agentes econômicos superavitários por maior segu-
rança, porque os agentes intermediários diluem o risco por meio do grande vo-
lume de negócios. Além disso, os agentes financeiros desfrutam de ganhos de
escala (MAYER, 1998, p. 172).
Conforme Assaf Neto (2003, p. 33), os recursos econômicos são movimentados
no mercado por intermediários financeiros, em sua maior parte, os quais traba-
lham de forma especializada e voltados para entrosar expectativas e interesses de
agentes econômicos com capacidade de poupança com os tomadores de recursos
Tal intermediação é processada pela colocação de títulos e valores econômicos no
mercado por meio de instituições, como bancos, caixas econômicas, fundos
pensão, entre outras.
18 • capítulo 1
mente entidades financeiras, e repasse para aos agentes econômicos deficitá-
rios. (CLEMENTE; KÜHL, 2006, p. 5).
CONEXÃO
O crescimento econômico do Brasil é medido pelo Produto Interno Produto, mais conhec
como PIB. Para ver a evolução histórica do crescimento econômico de nosso país, acess
site do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE: -http://www.ibge.gov.br/hom
estatistica/indicadores/pib/defaultcnt.shtm
capítulo 1 •19
diversificada de recursos para financiamento.
Neste caso, foram criados instrumentos financeiros mais sofisticados e
uma rede mais qualificada dos intermediários financeiros com grande penetra-
ção no mercado. Trouxe, ainda, melhores alternativas de prazos nas operações,
bem como um eficiente controle do risco para os emprestadores do capital.
Os intermediários financeiros movimentam os recursos da economia de for-
ma especializada e voltados para entrosar as expectativas e os interesses dos age
tes econômicos com capacidade da poupança com os tomadores dos recursos.
Essa intermediação se processa pela colocação dos títulos valores econô-
micos no mercado por meio de instituições, como bancos, caixas econômicas,
fundos de pensão, entre outras. (ASSAF NETO, 2003, p. 33)
O aperfeiçoamento dos mecanismos da intermediação financeira contribui
de forma essencial para economia de um país, atuando sobre os níveis da pou-
pança, investimento, rendas, taxas do emprego, consumo entre outros.
Complementando, Pinheiro (2009, p. 30), afirma que a atuação dos inter-
mediários financeiros traz diversos benefícios ao sistema econômico:
• Devido ao seu elevado grau de especialização e sofisticação, os interme-
diários financeiros podem oferecer produtos e serviços mais adequados
para uma clientela diferenciada;
• Ao conectar-se com vários ofertantes e tomadores de recursos, os inter-
mediários podem aumentar a agilidade e reduzir custo através da escala
com que trabalha, diferentemente dos agentes econômicos que operam
de forma isolada;
• Ao manejar um grande fluxo de informações sobre tomadores e oferece-
dores, os intermediários podem evitar a alocação de recursos de forma
improdutiva, o que leva à perda desses para a economia;
• Os intermediários financeiros promovem a liquidez do mercado à medi-
da que viabilizam o fluxo de negociações com ativos financeiros.
O crédito deve ser visto como parte integrante do próprio negócio da empresa.
Segundo Silva (2008), no comércio, de um modo geral, o crédito assume o
papel de facilitador da venda. Possibilita ao cliente adquirir o bem para atender
sua necessidade, ao mesmo tempo em que incrementa as vendas do comer
ciante. Em propagandas, é comum vermos frases do tipo: “calçados em n par-
20 • capítulo 1
celas”, “aceitamos cheques para n dias” e “aceitamos cartões de crédito”, entre
tantos outros possíveis apelos. Em algumas atividades comerciais, o ganho no
financiamento das mercadorias chega a ser maior que a própria margem prati-
cada em sua atividade principal.
Silva (2008) complementa que, na indústria, também o crédito assume o pap
de facilitador de venda. Um fabricante de equipamentos hospitalares, por exem
plo, pode abrir linhas de crédito para vendas de seus produtos e, com isso, poss
bilitar a vários médicos, clínicas e hospitais a aquisição de seus equipamentos.
Caso não houvesse a alternativa de crédito, a quantidade de compradores
poderia ser muito menor e, consequentemente, o lucro do fabricante também
seria reduzido. É possível dizer que a facilidade do crédito pode ser um diferen-
cial competitivo, quer pelo financiamento direto pelo fabricante, seja pela sua
interveniência junto a uma instituição financeira.
Em muitas empresas, a força e a presença do crédito são de tal ordem que
chega a ser comum encontrarmos preços estabelecidos em catálogos para pa-
gamento em 30, 60, 90 dias ou outros prazos.
No caso dos bancos, o crédito é o elemento tradicional na relação clie
te-banco, isto é, é o próprio negócio. Como o banco capta recursos junto aos
clientes aplicadores e empresta tais recursos aos clientes tomadores, é fácil vi-
sualizar o crédito como parte integrante da atividade bancária.
Em uma empresa comercial ou industrial, por exemplo, é possível vender à
vista ou a prazo. Em um banco, não há como fazer um empréstimo ou financia-
mento à vista. A principal fonte de receita de um banco deve ser proveniente de
sua atividade de intermediação (SILVA, 2008).
Conhecer o cliente é fundamental para orientar o relacionamento mercado-
lógico, visando a atender às suas necessidades. Um bom cadastro e um sistema
de crédito eficaz podem ser um excelente meio para alavancagem de negócios.
De acordo com Silva (2008), áreas de crédito com postura pró-ativa, avalian-
do empresas, conhecendo a forma como essas empresas operam, bem como
suas necessidades de recursos, podem dar às empresas condições de saírem na
frente, com vantagem competitiva.
Muitos gerentes de negócios deveriam usar sua habilidade de vendas para
vender ao cliente a conveniência de fornecer as informações para gerar
relação de parceria mais clara e segura, em vez de dizerem que os clientes não
gostam de fazer cadastro.
Para estruturar uma operação, a empresa precisa conhecer o cliente, além
•21
capítulo 1
de identificar entre seus produtos, aqueles que se ajustam às necessidades
dele. É evidente que deve também, e principalmente, avaliar o risco de crédito.
De acordo com Santos (2006, p. 15), crédito, em finanças, é definido como
a modalidade de financiamento destinada a possibilitar a realização de transa-
ções comerciais entre empresas e seus clientes.
Na atividade econômica, a oferta de crédito por parte de empresas e insti-
tuições financeiras deve ser vista como um importante recurso estratégico para
alcançar a meta principal da administração financeira, ou seja, a de atender às
necessidades de todos os supridores de capital e agregar valor ao patrimônio
dos acionistas.
O crédito, segundo Santos (2006, p. 15), inclui duas noções fundamentais:
confiança, expressa na promessa de pagamento, e tempo, que se refere ao perí-
odo fixado entre a aquisição e a liquidação da dívida.
Para vários autores, crédito refere-se à troca de um valor presente por uma
promessa de reembolso futuro, não necessariamente certa, em virtude do fator
risco. Assim, há a necessidade de que o credor faça uma análise cuidadosa da ca-
pacidade financeira de todos os clientes antes de conceder um financiamento.
Ainda segundo Santos (2006), o crédito estende-se no tempo, abrangendo
todo tipo de atividade, além de atender a múltiplas necessidades econômicas,
tais como as apresentadas a seguir:
a) Financiamentos às pessoas físicas
• Compra de bens (imóveis, veículos, equipamentos eletrônicos etc.)
• Reforma de imóveis
• Gastos com saúde, educação, lazer e moradia
b) Financiamentos às empresas
• Compra de matéria-prima
• Compra de máquinas e equipamentos
• Ampliação da fábrica
• Financiamento do comércio exterior
• Financiamento ao cliente
CONEXÃO
ta do cliente com o plano de amortização proposto.
22 • capítulo 1
Quer conhecer o valor atualizado das taxas de juros das operações de crédito oferecidas
las maiores instituições de crédito do país? Acesse o site do Banco Central do Brasil: htt
www.bcb.gov.br/?TXJUROS.
YANGRILL / DREAMSTIME.COM
O gerente de crédito, de acordo com Santos (2006), deve lembrar-se sempre
de que, ao vender um crédito, automaticamente compra um risco, com todos
os problemas e benefícios que a transação envolve. A qualquer momento, acon
tecimentos imprevistos e adversos, como os decorrentes de recessão econômi-
ca, podem afetar as fontes primárias de pagamento de empresas e de pessoas
físicas, reduzindo a probabilidade de recebimento do crédito.
ATIVIDADE
1. Conceitue crédito.
2. Destaque a importância do crédito, como parte dos negócios de uma empresa come
ou industrial.
REFLEXÃO
capítulo 1 •23
Crédito é a disposição de alguém para oferecer produtos ou prestar serviços a terceiros, ou
até mesmo recursos financeiros, com a expectativa de receber de volta o valor cedido ou
receber pagamento, depois de tempo estipulado, na sua integralidade ou em valor corres-
pondente. Ou seja, consiste na entrega de um valor presente mediante uma promessa de
pagamento futuro.
No mundo dos negócios, o crédito apresenta-se como item importante no dia a dia das e
presas. Para um comércio, o crédito facilita as vendas, possibilitando ao cliente adquirir o b
para atender a sua necessidade. Nessa atividade, inclusive, o ganho no financiamento das
cadorias chega a ser maior que a própria margem praticada em sua atividade principal. É o
vemos constantemente nas propagandas de lojas de departamento oferecendo produto em
24 vezes “sem juros”.
Na indústria, a facilidade do crédito pode ser um diferencial competitivo, quer pelo finan
ciamento direto pelo fabricante, quer pela sua interveniência junto a uma instituição financ
ra. Esta facilidade também propicia que a quantidade de compradores seja maior.
Já em uma instituição financeira, cuja atividade é captar recursos junto aos clientes apli
dores, e depois, emprestar tais recursos aos clientes tomadores, é fácil visualizar o crédito
parte integrante da atividade bancária.
Um bom cadastro e um sistema de crédito eficaz podem ser um excelente meio para
alavancagem de negócios.
Quando analisamos o crédito sob a ótica da administração financeira, podemos defini-lo
como a modalidade de financiamento destinada a possibilitar a realização de transa
comerciais entre empresas e seus clientes, com o objetivo de atender às necessidades de
todos os supridores de capital e agregar valor ao patrimônio dos acionistas.
Porém, o crédito apresenta o risco de inadimplência, que pode resultar na diminuição da
receita e da lucratividade de empresas e instituições financeiras. Esse risco basicamente ac
tece devido a fatores internos e externos à empresa, conforme estudaremos no capítulo 2.
LEITURA RECOMENDADA
No site www.creditoecobranca.com, há diversos artigos relacionados a crédito e cobrança,
escritos por profissionais especializados na área.
A seguir, apresentamos um texto que aborda a questão do crédito para a criação de novos
negócios.
24 • capítulo 1
Por Dr. Denis Siqueira
A boa avaliação do risco de crédito contribui para a criação de novos negócios e a poten
lização dos já existentes.
Cada vez mais, a atuação do crédito e cobrança ultrapassa as atividades básicas de ava
ção do risco de crédito ou de recuperação de ativos. Contribui também na criação de no
negócios ou potencialização dos já existentes. Isso vai ao encontro do conceito moderno
que todos os departamentos de uma empresa devem participar do desenvolvimento e d
maximização da lucratividade do negócio.
Essa mudança se tornou possível porque hoje o acesso às informações para aná
crédito é mais ágil. Anteriormente, para se verificar o comportamento de um cliente na
por exemplo, perdia-se muito tempo nos contatos telefônicos ou enviando fax solicitand
ferências. Com os novos serviços de informações, baseados no compartilhamento de da
tem-se rapidez e segurança. A informação é disponibilizada imediatamente e não
dúvidas quanto à idoneidade de quem a fornece.
O resultado de tudo isso é um tempo menor de análise de crédito. Nestas condições, o p
do analista se transforma e surge a oportunidade deste profissional desenvolver novos t
balhos, focando seus esforços também na ampliação dos negócios. Claro que esse dese
volvimento tecnológico provocou também a redução das equipes de crédito e cobrança.
isso, é natural que haja resistência a essas mudanças. Mas, na verdade, é preciso enxer
como uma oportunidade de superação profissional e pessoal.
“É preciso manter a equipe sempre afinada com os avanços e as inovações”
Estar aberto a novas ideias, desprender-se dos velhos paradigmas, este é o pressuposto
que as novas atribuições sejam assumidas por crédito e cobrança. Na outra ponta, a áre
comercial não deve encarar esse novo papel de uma área originalmente financeira com
interferência no seu trabalho. As informações a que tem acesso o setor de crédito podem
contribuir efetivamente para o crescimento do negócio. Portanto, o melhor caminho é es
tar o relacionamento dessas duas importantes frentes na empresa.
Sejam ferramentas para prospecção, potencialização das vendas, higienização de cadas
ou gerenciamento de carteiras, elas em si não são suficientes. Para que novas informaç
recursos sejam utilizados em sua plenitude, é imprescindível que haja constante treinam
e qualificação do pessoal de crédito e cobrança. E uma ótima forma de atualizar-se é ap
veitar as oportunidades de treinamento em novos produtos oferecidas pelas instituições
informações de crédito, que, além do mais, não acarretam custos, pois na maioria das v
são gratuitos.
A cada dia são oferecidos novos e melhores recursos para crédito e cobrança. São servi
que surgem pela necessidade dos negócios e pela constante evolução do mercado. Tam
•25
capítulo 1
bém é extraordinário o aperfeiçoamento de serviços já existentes, cada vez mais precisos e
muitas vezes, personalizados a cada ramo específico de atividade. Acompanhar esses pro-
gressos é fundamental para que se possa experimentar todos os seus benefícios na prática
verificando os bons reflexos nos negócios. Para isso, é necessário manter a equipe de crédi
e cobrança afinada com as novas tecnologias e serviços.
Disponível em: <http://www.creditoecobranca.com/Artigo10.asp>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
SANTOS, J. O. dos. Análise de crédito: Empresas e pessoas físicas. São Paulo: Atlas,
2006.
SILVA, José Pereira da. Gestão e análise de risco de crédito. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MATIAS, A. B. (Coord.).
Finanças corporativas de curto prazo, volume 1: a gestão do valor
do capital de giro. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
26 • capítulo 1
CARVALHO, Fernando Cardim de et al. Economia monetária e financeira. Rio de Ja-
neiro: Campus, 2000.
LOPES, João do Carmo; ROSSETTI, José Paschoal. Economia Monetária. 7 ed. rev., ampl.
e atual. São Paulo: Atlas, 1998.
MAYER, Paul A. Monetary economics and financial markets. Illinois: Ed. Richard D.
Irvin, 1982.
PASSOS, Carlos R. M; NOGAMI, Otto. Princípios de Economia. 5ª Ed. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2005.
ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. 19 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, iremos discorrer sobre risco de crédito, abordando seu conceito, cl
ficação e conhecendo o que determina a Resolução 2.682/99, do Banco Central do Brasi
•27
capítulo 1
Risco de crédito
2 Risco de crédito
O risco de crédito representa a possibilidade de uma instituição financeira não
receber os valores prometidos pelos títulos que mantém em sua carteira de ati-
vos recebíveis. Como exemplos desses ativos apontam--se, principalmente, os
créditos concedidos pelos bancos e os títulos de renda fixa emitidos pelos deve-
dores. (ASSAF NETO, 2011).
A perda com inadimplência pode colocar em risco a continuidade de qual-
quer negócio, ao afetar negativamente a saúde financeira da empresa. Assim,
torna-se indispensável a mensuração e o gerenciamento do risco de crédito.
OBJETIVOS
• Classificar os principais riscos inerentes ao crédito;
• Reconhecer as principais determinações da Resolução 2.682/99 do BACEN, que diz res-
peito à classificação do risco de operação;
• Compreender o conceito de rating para decisão de crédito;
• Identificar as agências internacionais de rating e suas classificações de risco de crédito.
REFLEXÃO
Você se lembra de alguma ocasião em que precisou solicitar linhas de crédito junto à institu
financeira em que opera? Caso sua resposta seja positiva, você notou que todas as condiçõ
da operação realizada estavam condicionadas ao seu perfil de risco?
30 • capítulo 2
Risco total na concessão de crédito = fatores internos + fatores externos
Entre os fatores internos identificados como responsáveis pelas perdas fi-
nanceiras em concessões de crédito, usualmente são citados os seguintes, de
natureza administrativa:
• Profissionais desqualificados
• Controles de riscos inadequados
• Ausência de modelos estatísticos
• Concentração de crédito com clientes de alto risco
Concorrência Inflação
Fatores
Carga Tributária Taxa de Juros
Externos
capítulo 2 •31
3. Desenvolvimento de simulações sobre o comportamento de fatores sis-
temáticos para mensurar possíveis impactos sobre o risco (inadimplên-
cia) e o retorno (lucratividade) em carteiras de crédito.
No caso das duas primeiras estratégias, podemos dizer que são conhecidas
e executadas por parte das empresas credoras. Os investimentos em recursos
humanos estão relacionados com a atualização de técnicas gerenciais, princi-
palmente por meio de reuniões, palestras e cursos voltados a introduzir e/ou
adaptar conceitos associados com os riscos na concessão de crédito.
Os investimentos para a implantação de técnicas estatísticas, como os mo-
delos para pontuação do risco do cliente (credit scoring) visam possibilitar a agi-
lização decisorial e economias de escala sobre grandes volumes de propostas
de crédito.
CONCEITO
Credit scoring é o método baseado na classificação de candidatos a crédito em grupos, de
acordo com seus prováveis comportamentos de pagamento. Calcula-se a probabilidade de
co à organização, estimada com base nas informações que o tomador fornecer na data do p
dido de concessão, servindo como fundamento para a decisão de aprovação ou não do créd
32 • capítulo 2
3. Ausência de banco de dados com informações dos clientes em todo o
mercado de crédito;
4. Dificuldades no ajustamento de estratégias de diversificação de riscos
em carteiras de crédito.
•33
capítulo 2
2.1.4 Dificuldades de ajustamento de estratégias de diversificação
em carteiras de crédito
De acordo com Santos (2006), após o trabalho pioneiro de Markowitz (1952), com
ênfase nos benefícios da diversificação em carteiras de ativos, alguns autores co-
meçaram a questionar a aplicabilidade dessa estratégia à redução de risco em
carteiras de crédito. O ponto central desse questionamento considera as dificul-
dades enfrentadas pelos credores para obter informações históricas e atualiza-
das da situação financeira dos clientes.
34 • capítulo 2
2.2.2 Risco do cliente ou intrínseco
Crédito
Empréstimos e Financiamentos
Banco Tomador
Promessa de Pagamento
Risco
Caráter Capacidade Condições Capital
Conglomerado
Classificação (Rating)
•35
capítulo 2
2.2.3 Risco de concentração do crédito
36 • capítulo 2
tes é atribuído um peso maior). Segundo Gitman (2003), a pontuação final de
crédito é tirada de uma média ponderada de notas obtidas em características-
chave financeiras e de crédito.
Cada organização deve definir internamente as notas e os pesos para
um dos dados coletados dos clientes, pois, segundo Matias (2007), os sistemas
credit score são únicos porque são baseados em experiências individuais dos cre-
dores com seus clientes. Para desenvolver um sistema de notas e pesos, a orga
zação deve escolher uma amostra aleatória de seus clientes e analisá-la estatis
mente, visando a identificar os dados que poderão ser utilizados para demonstr
credibilidade: “A toda mudança na economia faz-se necessário um acompanha-
mento do sistema de credit score para adaptá-lo às mudanças do cenário de cada
época, pois, apesar de ser uma ferramenta fundamental para o gestor de crédit
não se constitui na própria decisão de crédito.” (MATIAS, 2007, p.71)
Quando a organização finaliza o processo, cada cliente terá sua pontuação de crédito
(credit score). É importante ressaltar que, em tese, quanto maior for a pontuação obtida
menor será a probabilidade de o cliente se tornar insolvente.
PONTUAÇÃO
VARIÁVEIS PONTUAÇÃO PESO PONDERADA
Tempo de atividade 40 30% 12
Total 100% 68
capítulo 2 •37
Conforme diretrizes da organização, para cada variável é atribuída uma
pontuação que se altera entre 0 e 100. Os pesos de cada variável são ponderados
pela pontuação a ela atribuída, o que determina a pontuação final do cliente. O
total de pontos é confrontado com os padrões de crédito da organização, defi-
nindo-se, então, o limite de crédito do cliente ou negando-se o crédito a ele. Os
padrões de crédito da organização são:
• até 50 pontos: negado o crédito;
• entre 51 e 70 pontos: aprovado o crédito até um valor máximo estipulado
pela diretoria da organização;
• acima de 71 pontos: concedido crédito em condições especiais.
PONTUAÇÃO CLASSIFICAÇÃO
PONDERADA DO CLIENTE
91 a 100 A
81 a 90 B
71 a 80 C
61 a 70 D
51 a 70 E
0 a 50 F
38 • capítulo 2
do, podendo comprar somente à vista. Por outro lado, para os clientes classifica
como “A”, podem ser oferecidas taxas de juros menores, limites de crédito e pr
de pagamento maiores.
As classificações de crédito também são elaboradas para pessoas jurídicas
e para países. Quando você ouve dizer que o “risco Brasil” aumentou, significa
que o “mercado” visualiza que nosso país aumentou sua probabilidade de não
arcar com seus compromissos (dívidas).
Normalmente, o risco de um país aumenta quando surge algum tipo de “cri-
se” que gere instabilidade neste país. A crise pode ser política ou econômica, ou
mesmo devido a algum tipo de catástrofe natural que venha gerar sérios prejuí-
zos. Com o aumento do risco, os investidores internacionais passam a exigir um
taxa de juros mais alta para manterem seus recursos financeiros. Do contrário,
acabam levando seus recursos para outros países, onde o risco é mais baixo.
REPRODUÇÃO
CONCEITO
Risco país: é um conceito econômico-financeiro que diz respeito à possibilidade de
danças no ambiente de negócios de um determinado país impactem negativamente
dos ativos de indivíduos ou empresas estrangeiras naquele país. (http://pt.wikipedia.
capítulo 2 •39
As classificações de risco de países são elaboradas por agências interna-
cionais especializadas em rating, como a Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s, e
agências nacionais, como a Atlantic Rating, Risk Bank e ABM Rating. No caso do
rating elaborado pela Standard & Poor’s, há 10 tipos de classificações (AAA, AA,
A, BBB, BB, B, CCC, CC, C e D). Por intermédio do Quadro 2.4, você poderá ob-
servar as descrições e considerações sobre as quatro principais classificações.
DESCRIÇÕES CONSIDERAÇÕES
A capacidade do emissor de hon-
rar seus compromissos financeiros
AAA Maior classificação possível
relativos à obrigação é extrema-
mente forte.
D Insolvência #
Quadro 2.4 – Características do Rating de crédito elaborado pela Standard & Poor’s
Fonte: Adaptado de Matias (2007).
40 • capítulo 2
Santos (2003) também lembra que, uma vez publicado o rating, este per-
manecerá sob constante monitoramento do “classificador”, que tem a prer-
rogativa de ir ao mercado para informar os investidores acerca de eventuais
alterações no risco percebido. Os sistemas de ratings estão sujeitos a vari
ções qualitativas, influenciadas, entre outros, pelos seguintes aspectos: com-
petência técnica e experiência dos avaliadores, metodologia de mensuração
de riscos empregada; modelo de coleta, qualidade e confiabilidade das fontes
de informações utilizadas no desenvolvimento da análise.
De acordo com Nyama (2009, p. 55), a Resolução Bacen n° 2.682, de 1999, de-
terminou a classificação das operações de crédito, de arrendamento mercantil
e outros créditos em geral, nos níveis de risco “AA”, “A”, “B”, “C”, “D”, “E”, “F”,
“G” e “H”, observados os seguintes aspectos:
I – em relação ao devedor e seus garantidores:
a) Situação econômico-financeira;
b) Grau de endividamento;
c) Capacidade de geração de resultados;
d) Fluxo de caixa;
e) Administração e qualidade de controles;
f) Pontualidade e atrasos nos pagamentos;
g) Contingências;
h) Setor de atividade econômica;
i) Limite de crédito;
II – em relação à operação:
a) Natureza e finalidade da transação;
b) Características das garantias, particularmente quanto à suficiên-
cia e liquidez;
c) Valor.
O art. 3º da Resolução Bacen n° 2.682 determina que a classificação
operações de crédito de um mesmo cliente ou grupo econômico deve ser defi-
nida considerando aquela que apresentar maior risco, admitindo-se excepcio-
nalmente classificação diversa para determinada operação e deve ser revista,
no mínimo:
•41
capítulo 2
I – mensalmente, por ocasião dos balancetes e balanços, em função de atra-
so verificado no pagamento de parcela de principal ou de encargos, devendo ser
observado o que segue:
a) Atraso entre 15 e 30 dias: risco nível B, no mínimo;
b) Atraso entre 31 e 60 dias: risco nível C, no mínimo;
c) Atraso entre 61 e 90 dias: risco nível D, no mínimo;
d) Atraso entre 91 e 120 dias: risco nível E, no mínimo;
e) Atraso entre 121 e 150 dias: risco nível F, no mínimo;
f) Atraso entre 151 e 180 dias: risco nível G, no mínimo;
g) Atraso superior a 180 dias: risco nível H.
ATIVIDADE
1. O que você entende por risco de crédito?
REFLEXÃO
No geral, empresas decidem oferecer crédito para seus clientes com o objetivo de aumenta
suas vendas, já que os indivíduos que não têm poder de compra com pagame
passam a ter condições de tomar decisões de consumo no presente, mas com pagamento
futuro. As transações de crédito são como contratos, pois são trocados bens e serviços hoje
por uma promessa de fluxo de caixa futuro.
Nos bancos a transação não muda muito. De maneira bem resumida, as instituiç
financeiras realizam captações de recursos junto aos agentes superavitários e empresta ao
agentes deficitários. O ganho dessas operações está em remunerar o capital a taxas m
res do que o que se cobra ao emprestar.
No entanto, independentemente de ser crédito em empresas ou crédito bancário, semp
que a operação é realizada, automaticamente cria-se o risco de inadimplência, ou seja, o ri
que o cliente não cumpra com sua parte no contrato. Esse risco tem impacto direto na cont
dade de qualquer empresa, uma vez que grandes perdas com inadimplência podem prejud
saúde financeira da organização, levando-a, inclusive, à insolvência.
42 • capítulo 2
Assim, destaca-se a importância de conhecer e controlar bem o risco de crédito e tod
outros riscos, internos e externos, aos quais se está exposto diariamente.
LEITURA RECOMENDADA
Para complementar o que foi discutido anteriormente, aprofundando-se no impacto
da por inadimplência pode ter na saúde financeira da empresa, especialmente em term
redução das entradas de fluxo de caixa esperadas, recomenda-se a Gestão
leituradodo artigo
fluxo de caixa para gerenciamento de pequenos empreendimentos,disponível em: <http://gpi.
aedb.br/seget/artigos07/1321_Gestao%20do%20Fluxo%20de%20Caixa.pdf>.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSAF NETO, Alexandre; MARTINS, Eliseu. Administração financeira: as finanças das em
sas sob condições inflacionárias. São Paulo: Atlas, 1986.
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
LEMES JUNIOR, A. B. et al. Administração financeira: princípios, fundamentos e prátic
brasileiras. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
capítulo 2 •43
SANTOS, J. O. dos. Análise de crédito: Empresas e pessoas físicas. São Paulo: Atlas,
2006.
SILVA, José Pereira da. Gestão e análise de risco de crédito. 6. ed. São Paulo: Atlas, 20
LEMES JUNIOR, A. B. et al. Administração Financeira: princípios, fundamentos e práti-
cas brasileira. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010
SANTOS, J. O. dos. Análise de Crédito: Empresas e Pessoas Físicas. São Paulo: Atlas,
2006
44 • capítulo 2
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, iremos discorrer detalhadamente sobre política de crédito – pa
A política de crédito é composta, basicamente, pelas condições de venda ou do
oferecido ao cliente, pelos padrões de crédito, representados pelas características m
que um cliente deve ter para receber o benefício do crédito, e pela política de cobr
tada pela empresa. Todos esses fatores, alinhados às normas legais, à estratégia e aos
tivos da empresa, garantem mais eficiência ao processo de análise e concessão de créd
capítulo 2 •45
Política de crédito –
Parte I
3 Política de crédito – Parte I
As políticas de crédito, de acordo com Lemes Junior (2010, p. 394), são a base
da eficiente administração de valores a receber, pois orientam a forma como
o crédito é concedido, definindo padrões de crédito, prazos, riscos, garantias
exigidas e diretrizes de crédito.
Tais políticas definem as formas de concessão de crédito com base nas
condições presentes e expectativas futuras da situação econômico-financeira
da empresa, das condições da economia e do mercado em que a empresa ou
instituição financeira atuam.
A política de crédito sofre forte influência da área financeira, a fim de re-
duzir riscos, mas por outro lado, certas decisões podem levar a condições de
crédito excessivamente severas que impedirão as vendas. Já condições muito
brandas podem facilitar as vendas, mas também podem dificultar o seu rece-
bimento. Segundo Lemes Junior (2010), é melhor não vender, do que vender
e não receber.
OBJETIVOS
• Compreender o papel da política de crédito dentro do contexto da análise de crédito de
um cliente;
• Reconhecer os principais fatores que são considerados na política de crédito;
• Reconhecer a importância da estratégia empresarial no contexto da política de crédito d
uma instituição;
• Compreender e identificar os itens que compõem a análise de crédito.
REFLEXÃO
Você se lembra de ter visto alguma propaganda na televisão, em que uma loja oferece um
produto em 24 vezes sem juros? Esta decisão faz parte da política de crédito da empresa,
que oferece um determinado período de tempo ao cliente para efetuar o pagament
compromisso assumido.
48 • capítulo 3
3.1 Definição de política de crédito
•49
capítulo 3
ficulta a realização das vendas. Já padrões menos exigentes ampliam
este universo, abrindo as portas para a realização de maiores vendas.
ATENÇÃO
O “fornecimento de crédito” ocorre quando é feita a venda de um produto ou serviço, cujo
recebimento ocorrerá no futuro.
50 • capítulo 3
No estudo da Administração das Organizações, a palavra
política, de acordo
com Oliveira (1998), significa: parâmetro ou orientação para a tomada de deci-
são, definição dos níveis de delegação, faixas de valores e/ou quantidades-limit
e de abrangência das ações para que os objetivos sejam atingidos.
cré-A palavra
dito, segundo Assaf Neto (2003), diz respeito à troca de bens presentes por ben
futuros. De um lado, uma organização que concede crédito troca produtos por
uma promessa de pagamento futuro. Já uma organização que obtém crédito re-
cebe produtos e assume o compromisso de efetuar o pagamento futuro.
Diante das duas definições, pode-se conceituar
política de crédito como o
conjunto de parâmetros, regras e procedimentos utilizado por uma organiza-
ção para fornecer crédito aos seus clientes.
3.2.1.1 Prazo
Ao estipular um prazo de crédito, uma empresa deve considerar que exis
probabilidade de o cliente não pagar o que deve, caso contrário, o crédito con-
cedido torna-se uma inadimplência. Isso é importante para a fixação dos pra-
zos, pois restringe as condições de crédito que a empresa pode oferecer.
•51
capítulo 3
O preço dos bens também é fundamental para a determinação dos prazos.
Bens com baixo preço tendem a ter prazo de crédito reduzido. Se o preço dos pro-
dutos for muito baixo, a empresa terá um custo muito elevado para administrar
seus valores a receber frente ao que receberá no momento da quitação do crédito
Finalmente, a durabilidade do produto comercializado importa para a con-
cessão de prazos, uma vez que o próprio produto vendido serve como garantia
ao crédito. Se o produto for perecível em um curto espaço de tempo, a empresa
deve limitar sua concessão de crédito enquanto puder recuperar sua venda, en-
curtando o tempo de crédito concedido.
Os prazos de concessão de crédito variam, principalmente, entre os setores
a que pertencem as empresas. Assim sendo, os prazos para pagamento de pro-
dutos alimentícios tendem a ser menores do que aqueles concedidos por empre-
sas fabricantes de eletrodomésticos, pois, conforme discutido, os alimentos são
procurados por uma variedade muito grande de compradores, dificultando dife-
renciar os bons dos maus pagadores; têm, em geral, um preço não muito elevado,
o que não compensa para as empresas concederem longos períodos de crédito;
e perdem a validade em um curto espaço de tempo, reduzindo o prazo em que
podem ser recuperados.
Apesar dos fatores citados acima, para qualquer setor produtivo, aumentos
nos prazos de crédito concedido aos clientes aumentam as vendas, dado que o
preço do bem para quem o consome torna-se mais barato.
52 • capítulo 3
3.2.1.3 Instrumentos de crédito
As formas mais usadas de crédito ao cliente são:
•53
capítulo 3
Os prazos de crédito são uma boa maneira de estimular o crescimento das ven-
das, mas deve-se sempre contar com os efeitos negativos da concessão de crédito
destacando-se a probabilidade de inadimplência. Os descontos para pagamentos
à vista têm como objetivo antecipar o recebimento dos pagamentos, e os instru-
mentos de crédito visam garantir os pagamentos acordados, mas é importante
que, ao analisar os prazos para vendas a prazo, as empresas considerem os custos
de tal tipo de venda em relação aos benefícios para o capital de giro, lembrando
que quanto menor o ciclo operacional, melhor será para o caixa da empresa.
Gitman (1997) acredita que um dos insumos básicos à decisão final de crédito é
o julgamento subjetivo que o analista financeiro faz para determinar se é válido
ou não assumir riscos. Segundo o autor, a experiência adquirida do analista e a
disponibilidade de informações (internas e externas) sobre o caráter do cliente
são requisitos fundamentais para a análise subjetiva do risco de crédito.
As informações que são necessárias para a análise subjetiva da capacidade
financeira dos clientes são tradicionalmente conhecidas como Cs do Crédito:
caráter, capacidade, capital, colateral e condições.
Figura 6 – Cs do crédito
Fonte: Adaptado de Santos (2006)
54 • capítulo 3
3.2.3 Política de Cobrança
ATENÇÃO
Dados de instituições financeiras do período de 2000 a 2004 indicam que, em média, os
adimplentes representam em torno de 85% dos clientes, os inadimplentes cerca de 11%
os insolventes, aqui entendidos como os que não pagam há mais de 180 dias, cerca de
(MATIAS, 2007).
capítulo 3 •55
De acordo com Matias (2007), existem cinco tipos de comportamento de paga-
mento por parte dos clientes, os quais apresentaremos a seguir.
56 • capítulo 3
c) Insolventes: são clientes que estão em fase de renegociação de dívi
vencidas há mais de 31 dias. A recuperação de créditos é o grande objetiv
do processo de cobrança e pode ser classificada como amigável (acordo
entre as partes) ou judicial (envolve uma ação na justiça).
•57
capítulo 3
3º. Visitas pessoais: essa técnica é muito mais comum ao nível de crédito
ao consumidor, mas também pode ser empregada por fornecedores da
indústria. Enviar um vendedor local ou um cobrador para confrontar o
cliente pode ser muito eficiente. O pagamento pode ser feito no local.
4º. Empresas de cobrança: uma organização pode levar suas contas não co-
bradas para uma empresa de cobrança ou para um advogado. As taxas
para esses serviços são um tanto altas e a organização pode receber me-
nos que 50 centavos sobre a unidade monetária de uma conta cobrada
dessa forma.
ATENÇÃO
Caso aempresa de cobrança não queira estruturar um departamento de cobrança, pode
terceirizar tal serviço para empresas especializadas nesta atividade, concentrando-se, dess
forma, somente em sua atividade principal, que é produzir e vender seu produto ou serviço
58 • capítulo 3
Cada organização deve definir sua política de cobrança de acordo com as ca
racterísticas de seu negócio e de seus clientes. Portanto, os prazos para se colo
car em prática as técnicas de cobrança podem variar. Weston e Brigham (2000)
sugerem, por exemplo, que uma carta amigável pode ser enviada aos clientes
quando uma conta venceu há dez dias; uma carta mais severa, seguida de um
telefonema, pode ser enviada se o pagamento não é recebido dentro de 30 dias
a conta pode ser entregue a uma empresa de cobrança após 90 dias.
•59
capítulo 3
• diminuição significativa nas vendas e nos pedidos;
60 • capítulo 3
Dentre as consequências dos crédito problemáticos podemos destacar a
perda dos valores emprestados ou dos financiamentos feitos aos clientes; pro-
cessos judicias contra o credor; custo de oportunidade do capital empregado;
e, ainda; custos incorridos no processo de cobrança dos recursos emprestados.
Aqui reside a base para as políticas de crédito do banco. Fatores como o porte
das empresas, áreas de atuação geográfica, segmentação de mercado e produ-
tos financeiros serão decisivos na determinação dos padrões de crédito. Operar
com grandes empresas e grandes negócios requer padrões de avaliação de risc
compatíveis. (PEREIRA DA SILVA, 2008).
3.3.3 Objetivos
•61
capítulo 3
3.3.4 Delegação de poderes
ALÇADA INDIVIDUAL
ALÇADA CONJUNTA
ALÇADA COLEGIADA
62 • capítulo 3
ATIVIDADE
1. O que você entende por política de crédito?
REFLEXÃO
Foi visto, no decorrer deste capítulo, que o prazo de pagamento, os descontos para pag
tos à vista e os instrumentos de crédito utilizados são os principais fatores quando cons
radas as condições de venda. Além disso, a informação acerca da capacidade de pagam
de cada cliente é determinante da receita futura esperada quando as empresas fazem v
das a prazo, e neste ponto as agências de crédito, como o SERASA e o SPC, são redutora
de custos empresariais. Por todos esses motivos, a concessão de crédito tem bastante r
vância na administração financeira de curto prazo, devendo ser analisada cuidadosame
LEITURA RECOMENDADA
Existem diversos artigos que apresentam como empresas de diversos setores da econom
estabelecem suas políticas de crédito. Acesse os links abaixo para conhecer, na
alguns exemplos destas políticas.
1. A influência da política de crédito na liquidez e rentabilidade do segmento de agron
cios brasileiro: http://www.aedb.br/seget/artigos08/273_Artigo.pdf
capítulo 3 •63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLATT, A. Avaliação de risco e decisões de crédito: um enfoque prático. São Paulo:
Nobel, 1999.
GITMAN, J.L. Princípios de Administração Financeira. 7 ed. São Paulo: Harbra, 1997.
SANTOS, J. O. dos. Análise de Crédito: Empresas e Pessoas Físicas. São Paulo: Atlas,
2006
SILVA, José Pereira da. Gestão e Análise de Risco de Crédito. 6 ed. São Paulo: Atlas,
2008
SOUSA, Almir Ferreira de; CHAIA, Alexandre Jorge. Política de crédito: uma análise qua-
litativa dos processos em empresas. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/cadpesq/
arquivos/v07-3art02.pdf > Acesso em: 28 jul. 2011.
ASSAF NETO, Alexandre; MARTINS, Eliseu. Administração financeira: as finanças das empres
sob condições inflacionárias. São Paulo: Atlas, 1986.
GITMAN, LawrencePrincípios
J. de administração financeira
– essencial. 2. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2001.
64 • capítulo 3
WELSCH, Glenn Albert. Orçamento empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, continuaremos a estudar os fatores que são considerados na defin
de uma política de crédito.
•65
capítulo 3
Política de crédito –
Parte II
4 Política de crédito – Parte II
No capítulo anterior, foi apresentada a primeira parte da formulação de uma
política de crédito. Neste capítulo, a continuidade do estudo da política de cré-
dito está relacionada com limite, função, análise de crédito e garantias
OBJETIVOS
• Conceituar limite de crédito;
• Compreender a importância do limite de crédito dentro da análise do risco de crédito de
um cliente;
• Discutir a função e a importância da análise de crédito;
• Conhecer os principais tipos de garantias reais e pessoais.
REFLEXÃO
Você se lembra de ter utilizado limite de cheque especial em sua conta corrente? Caso sua
resposta seja positiva, você deve se lembrar também do custo elevado dessa operação,
que, em parte, justifica-se como um “prêmio” que o cliente paga pelo risco que oferece par
a instituição financeira.
68 • capítulo 4
Conforme afirma Santos (2012), para o financiamento das necessidades
básicas, os clientes podem recorrer à obtenção de duas modalidades de linhas
de crédito: as linhas rotativas e as linhas pontuais. As linhas rotativas compre-
endem os limites de crédito que ficam à disposição do cliente para o fin
ciamento de suas necessidades, dentro de valores, prazos e garantias previa-
mente definidos por políticas de crédito. Em parte, essa modalidade é m
arriscada, tendo em vista as incertezas quanto ao real direcionamento que o
cliente dará para a utilização dos recursos financeiros. As linhas pontuais des-
tinam-se a financiar necessidades com caracterização definida quanto à fina-
lidade, ao valor, ao prazo e à garantia. Essa modalidade de crédito apresenta
forma de amortização parcelada ou concentrada na data do vencimento.
Pereira da Silva (2008) afirma que no critério limite de crédito, uma v
que fixado o chamado limite rotativo, as operações poderão ser feitas co
maior rapidez e sem depender de nova análise, desde que estejam enquadra-
das nas condições predefinidas. O limite pode ser aprovado para uma empre-
sa particular ou para um grupo de empresas. Pode ser específico para u
linha de produtos ou pode ter caráter global. Pode estar associado a um tipo
de garantia ou não.
Ainda segundo o mesmo autor, é importante não confundir limite com al-
çada. A política de crédito define quem tem poder para decisão em sua própria
alçada e quem pode fixar limites de crédito. Uma vez fixado o limite de crédito,
o gerente poderá efetuar operações dentro desse limite, mas isto não represen
ta que essa decisão seja de sua alçada. Para os pequenos negócios, os sistemas
de credit scoring e rating, estudados anteriormente, podem ser utilizados como
facilitadores da fixação dos limites de crédito.
•69
capítulo 4
Estes parâmetros podem ser classificados em três grupos básicos: legais,
ligados à política de crédito e técnicos, todos apresentados com mais deta-
lhes a seguir.
4.1.1.1 Legais
O crédito está regulamentado pelas normas legais e as instituições financeiras
estão subordinadas ao cumprimento das regras estabelecidas pelas autoridades
monetárias bem como aos diplomas legais que disciplinam o sistema financei-
ro. Há uma preocupação das autoridades quanto à segurança nas operações de
crédito, no que diz respeito às exigências de seletividade, cadastro e conduta do
cliente, inclusive na emissão de cheques sem provisão de fundos, ao mesm
tempo em que busca a pulverização das aplicações não as concentrando num
mesmo setor de atividade ou em poucos clientes. (PEREIRA DA SILVA, 2008).
70 • capítulo 4
4.1.1.3 Técnicos
Os parâmetros técnicos estão ligados às chamadas áreas técnicas de análise de
crédito nos bancos, cuja função básica consiste em apreciar uma proposta ou
um limite de crédito e emitir um parecer sobre a viabilidade técnica de a em-
presa pagar o empréstimo na época do vencimento. (PEREIRA DA SILVA, 2008).
Relatórios de análise
Informações para subsidiar a decisão de crédito.
de crédito e de visita
•71
capítulo 4
4.3 Análise de crédito
EXEMPLO
A profundidade de uma análise de crédito está diretamente relacionada ao valor que está
sendo pleiteado. Quanto maior for o valor, maior será a profundidade da análise. Você pode
verificar tal diferença ao observar os processos bancários de análise para concessão
cheque especial e financiamento habitacional. O processo de análise para o cheque especia
é bem mais simples, pois o valor a ser liberado é bem menor.
72 • capítulo 4
1 º. Análise de idoneidade: sugere-se que seja a primeira informação averi
guada. Caso o cliente não apresente informações negativas, ou tenha re
rizado as restrições existentes, as demais informações deverão ser coleta
As informações sobre a idoneidade do cliente podem ser obtidas por inte
médio de organizações de proteção ao crédito, tais como: Serasa e SPC.
•73
capítulo 4
4.3.1 Cadastro
Segundo Rende (2007), o instrumento a ser utilizado para levantar os dados ca-
dastrais dos clientes é a Ficha Cadastral. Esta ficha nada mais é do que o cadastro
do cliente, em que serão colhidas as informações necessárias para a análise pri-
mária de crédito, necessária para elaborar um conceito a respeito da capacidade
e condição dos clientes de pagarem as prestações geradas pela venda a prazo.
Esta ficha não deve ser muito longa e complicada, a fim de não tomar tempo
do cliente nem do profissional responsável pela análise de crédito.
Todos os dados registrados na Ficha Cadastral, de acordo com Rende (2007),
devem ser conferidos com base nos documentos apresentados pelo cliente,
que geralmente são:
• Carteira de Identidade
• CPF
• Comprovante de residência
• Comprovante de renda
DADOS PESSOAIS
Nome Completo
Comprador
Carteira de Orgão Carteira Série Outro documento
identidade Profissional
Endereço Nº Telefone
REFERÊNCIAS COMERCIAIS
Referência Referência
Referência Referência
Pessoas Conhecida
Nome
Endereço Telefone
74 • capítulo 4
Outros documentos também deverão ser apresentados no momento da ela-
boração do cadastro, como a carteira de trabalho, contracheque, declaração do
IR, escritura de imóvel, entre outros, com o objetivo de comprovar a capacidade
de pagamento do cliente.
Na hora de conferir os dados com os documentos apresentados, Rende
(2007) chama a atenção para o seguinte:
CONEXÃO
Entre no site http://www.equifax.com.br/ e conheça uma empresa que apresenta um do
maiores bancos de dados de operações comerciais de consumidores no país.
•75
capítulo 4
Em muitos casos, Rende (2007) afirma que essas centrais fornecem solu-
ções para dar segurança às micro e pequenas empresas na hora de vender
prazo, tais como proteção para o recebimento de cheques, consultas cadastrais
imediatas e sistema de acompanhamento de dados de pessoas físicas e jurí
dicas que contemplam, entre outras, informações sobre protestos, ações judi-
ciais, emissão de cheques sem fundos, pendências financeiras, participação
em empresas falidas e dívidas vencidas.
a) Pessoas Jurídicas
• Comparação entre o período médio de pagamento e cobrança (sin
cronização do fluxo de caixa).
b) Pessoas Físicas
• Adequação do valor do crédito pretendido com o nível de re
confirmado.
76 • capítulo 4
4.4 Garantias
•77
capítulo 4
Cabe ao profissional de risco identificar as fragilidades do devedor e da ope-
ração, bem como recomendar o tipo de garantia necessária, tendo em vista a
liquidez e a segurança propiciada por ela. Por outro lado, afirma Silva (2010),
cabe às áreas jurídicas especializadas fornecer a orientação necessária para dar
segurança à operação a ser realizada.
4.4.1.1 Aval
Segundo Silva (2010), o aval é uma
ML12NAN / DREAMSTIME.COM
78 • capítulo 4
O aval garante apenas o valor que está expresso no título de crédito avalizad
Muitos credores exigem que os avalistas assinem o contrato, fazendo com que
assumam também as responsabilidades por obrigações que vão além das previ
tas na promissória, o que é um expediente que, às vezes, funciona nos tribunais
Santos (2006) cita alguns cuidados a serem tomados sobre garantias em ava
4.4.1.2 Fiança
De acordo com Silva (2010), a fiança é um tipo de garantia pessoal em que o
fiador promete satisfazer à obrigação de um terceiro para maior segurança do
credor. Na fiança, poderá haver o denominado “benefício da ordem”, isto é, o
credor deverá acionar primeiro e diretamente, o devedor e, após, o fiador, salvo
se este renunciar o benefício. Do mesmo modo que o aval, a fiança prestada po
pessoa física só tem validade se houver a concordância e a assinatura do côn-
•79
capítulo 4
juge. Se se tratar de fiança prestada por empresa, complementa Silva (2010), é
importante que as pessoas que assinaram o contrato ou a carta tenham poderes
para tal ato, previsto nos estatutos.
As empresas, em alguns casos, podem exigir de seus clientes fiança ban-
cária. Não confiando na solidez de seu cliente, ou por não disporem de um
estrutura de análise que lhes possibilite avaliar o risco de crédito, é uma forma
de acobertarem-se com a fiança prestada pelo banco para determinados limi-
tes de crédito.
Santos (2006) apresenta alguns cuidados a serem tomados sobre garantias
em fianças:
• Verificar se a fiança foi prestada por escrito;
As garantias reais, de acordo com Silva (2010), ocorrem quando, além da pro-
messa de pagamento, o devedor confere ao credor o direito especial de garantia
sobre uma coisa ou uma universalidade de coisas móveis ou imóveis.
Santos (2006) complementa que são as garantias que se constituem sobre a
vinculação de bens tangíveis do cliente, como, por exemplo, veículos, imóveis,
máquinas, equipamentos, mercadorias e duplicatas.
80 • capítulo 4
No caso da garantia real, o garantidor destaca um ou mais bens de seu patri
mônio para assegurar o cumprimento da obrigação. Esse bem estará comprome
tido legalmente com o contrato de crédito, ao qual se vincula. Caso o cliente nã
apresente condições financeiras de amortizar o valor total do crédito, o bem est
rá à disposição do credor que, mediante processo, poderá recorrer à recuperaçã
do financiamento, via venda judicial.
Assim, a garantia real assegura ao credor, entre outras vantagens, o direito
preferencial de receber a dívida, em relação aos demais credores, cabendo res-
saltar que tal preferência está subordinada à classificação dos créditos, no caso
de falência.
4.4.2.1 Penhor
O penhor, afirma Silva (2010), é garantia real que recai sobre bens móveis,
suscetíveis de alienação, cuja posse, salvo no caso do penhor rural, industrial,
mercantil e de veículos, deverá ser transferida ao credor. Ele poderá efetuar a
venda, judicial ou amigável, do bem para liquidar a dívida, da qual o penhor é
acessório.
Como garantia de dívida, o penhor pode ser oferecido pelo devedor ou por
terceiros, de modo que o credor mantém a posse do bem com o propósito de
garantia sem, entretanto, ser-lhe permitido seu uso. Ao mesmo tempo, se o de-
vedor não pagar a dívida nas condições contratadas, poderá o credor provocar
a venda judicial ou, se assim contratada, a venda amigável, sendo vedad
mesmo tempo apropriar-se do bem.
Silva (2010) complementa que o penhor permite, no caso de falência, que
o credor seja pago preferencialmente em relação aos demais credores e desde
que respeitado o rol legal de preferência dos créditos. Considerando a natureza
acessória do penhor, uma vez liquidada a obrigação principal, isto é, a dívida,
cessa também o penhor.
Santos (2006) sugere alguns cuidados a serem observados no penhor mer-
cantil:
• Observar a adequada especificação das mercadorias dadas em
rantia, ou seja, as características qualitativas e quantitativas dos
bens envolvidos;
•81
capítulo 4
4.4.2.2 Hipoteca
A hipoteca, segundo Silva (2010), tam-
bém é outra modalidadede garantia
real, acessório de uma dívida, que inci-
de sobre bens imóveis. Na hipoteca, o
DMITRIY MELNIKOV | DREAMSTIME.COM
1 Gravame financeiro é o vínculo que impede que o bem dado como garantia seja comerci
lizado durante a vigência do contrato.
82 • capítulo 4
4.4.2.3 Caução de duplicatas
Duplicata, de acordo com Santos (2006), é um título de crédito que se origina d
uma venda ou prestação de serviços com recebimento a prazo.
É uma garantia muito utilizada pelos credores, já que possibilita a diminui-
ção do risco de crédito por meio da vinculação de duplicatas selecionadas ao
financiamento solicitado. A caução de duplicatas é uma espécie de penhor e,
como tal, constitui-se como garantia real.
A palavra caução em vez de penhor é utilizada para distinguir o objeto do
penhor que, no caso de títulos de crédito, trata de bens incorpóreos (créditos).
Segundo Santos (2006), a caução de duplicatas só produz efeitos a partir da
efetiva entrega dos títulos ao credor. Portanto, na caução de duplicatas, somen
te podemos considerar a existência da garantia, a partir do momento em que o
títulos forem entregues ao credor.
Na prática, observa-se que as duplicatas representam uma das mais eficazes
garantias sobre concessões de crédito, principalmente quando observados os
seguintes cuidados (SANTOS 2006, p. 38):
•83
capítulo 4
4.4.2.4 Caução de cheques
De acordo com Santos (2006), cheque é uma ordem de pagamento à vista dada
por alguém que possui conta de depósito em uma instituição financeira. Sendo
ordem de pagamento à vista, deve ser paga no momento de sua apresentação.
Como garantia, refere-se a vinculação de cheques ao contrato de crédito.
Em face da elevada exposição à inadimplência – principalmente em épocas
de recessão –, algumas empresas financeiras e não financeiras excluem essa
modalidade de garantia de suas políticas de crédito.
Santos (2006) sugere alguns cuidados a serem tomados na caução de cheques:
• Evitar
concentraçãode emitentes,procurandoobter do cliente
maior diversificação;
84 • capítulo 4
4.4.2.5 Alienação fiduciária
É uma garantia real constituída sobre veículos, máquinas e equipamentos.
Consiste na transferência para o credor, de acordo com Santos (2006), do domí
nio do bem, embora o devedor permaneça com a posse. Nessa situação,
vedor assume a figura de “fiel depositário”, não podendo vendê-lo, aliená-lo ou
onerá-lo sem a prévia concordância do credor, sob pena de prisão administrativ
Seguem alguns cuidados a serem observados na alienação judiciária (SAN-
TOS, 2006):
•85
capítulo 4
lise.
Padoveze (2004, p. 3) complementa que a análise financeira consiste em um
processo meditativo sobre os números de uma entidade, para avaliação de sua
situação econômica, financeira, operacional e de rentabilidade. Da avaliação
obtida pelos números publicados, o analista financeiro extrairá elementos e
fará julgamentos sobre o futuro da entidade objeto de análise.
Porém, a análise externa,segundo
THOMAS PERKINS | DREAMSTIME.COM
ATIVIDADE
1. Quais as principais diferenças entre garantias pessoais e garantias reais?
86 • capítulo 4
2. Quais as principais diferenças entre análise e concessão de crédito para pessoas físi
e pessoas jurídicas?
REFLEXÃO
O estabelecimento dos limites de crédito está diretamente ligado ao processo de análise
risco de inadimplência dos clientes. No geral, aqueles que apresentam melhor pontuaçã
em termos de capacidade e histórico de pagamento, com base em diversas característic
que os sistemas de análise de crédito utilizam para criar ratings (renda, cadastro no SPC/
SERASA, comportamento histórico no mercado de crédito, profissão, imóveis próprios, e
tantos outros) tem direito a limites maiores e melhores linhas de crédito.
Tal processo é necessário por permitir que as empresas e bancos ofereçam condiçõe
melhores para os melhores clientes, não deixem de oferecer crédito para os clientes de
ting intermediário, mas evitem perdas com aqueles com pontuação muito abaixo do ace
A garantia é uma espécie de segurança adicional e, em alguns casos, a concessão de
crédito precisará dela para compensar as fraquezas decorrentes dos outros fatores de ri
LEITURA RECOMENDADA
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2005
ASSAF NETO, A. Matemática Financeira e suas aplicações. 8. ed. São Paulo: Atlas,
2003
ASSAF NETO, A.; Tibúrcio, C.A.S. Administração do Capital de Giro. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2002
capítulo 4 •87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.
Planejamento
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. estratégico: conceitos, metodolo-
gia e práticas. 12. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
SANTOS, José Odálio dos. Análise de crédito: empresas e pessoas físicas. 2. ed. São Pau-
lo: Atlas, 2003.
GITMAN, J.L. Princípios de Administração Financeira. 7 ed. São Paulo: Harbra, 1997.
88 • capítulo 4
SANTOS, J. O. dos. Análise de Crédito: Empresas e Pessoas Físicas. São Paulo: Atlas,
2006
SILVA, José Pereira da. Gestão e Análise de Risco de Crédito. 6 ed. São Paulo: Atlas,
2008
SOUSA, Almir Ferreira de; CHAIA, Alexandre Jorge. Política de crédito: uma análise qua-
litativa dos processos em empresas. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/cadpes
arquivos/v07-3art02.pdf > Acesso em: 28 jul. 2011.
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2005.
SILVA, José Pereira da. Gestão e Análise de Risco de Crédito. 6 ed. São Paulo: Atlas,
2008
BLATT, A. Cobrança por telefone e negociação com inadimplentes. São Paulo: No-
bel, 1999.
SANTOS, J. O. dos. Análise de crédito: Empresas e Pessoas Físicas. São Paulo: Atlas,
2006
BLATT, A. Cobrança por telefone e negociação com inadimplentes. São Paulo: No-
capítulo 4 •89
bel, 1999.
FISHER, R. Como chegar ao sim: negociação de acordo sem concessões. Rio de Janeiro:
Imago ed, 2005.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo vamos falar sobre as linhas de crédito colocadas à disposição de pes-
soas físicas e jurídicas.
90 • capítulo 4
Política de crédito –
Parte III
5 Política de crédito – Parte III
As linhas de crédito permitem que o processo de intermediação financeira
ocorra, ou seja, é por meio delas que pessoas físicas e jurídicas têm acesso aos
recursos necessários para realizar seus projetos de investimentos. E a partir de
agora passaremos a conhecer grande parte delas.
OBJETIVOS
• Reconhecer as principais linhas de crédito utilizadas pelas pessoas físicas;
• Reconhecer as principais linhas de crédito utilizadas pelas pessoas jurídicas.
REFLEXÃO
Você se lembra de ter utilizado alguma linha de crédito de pessoa física ou jurídica para rea
lização de um projeto de investimento? Qual?
É sempre interessante comparar diversas opções de linhas de crédito e condições ofereci-
das por várias instituições financeiras antes de decidir qual delas utilizar.
a) Pessoas físicas
• Créditos emergenciais: destinam-se a atender às necessidades imediatas
do cliente, para cobrir eventuais desequilíbrios orçamentários ou mesmo
financiamentos de compras. Os créditos emergenciais são operações de
curtíssimo prazo (inferior a um mês), com a amortização concentrada na
data de vencimento.
92 • capítulo 5
• Financiamentos de compras: permitem ao cliente adquirir produ-
tos e serviços para consumo e bem-estar, tais como alimentos, ves-
tuário e bens eletrodomésticos. Os financiamentos de compras são
operações de curto prazo (inferior a 12 meses), com forma de amor-
tização parcelada ou concentrada na data de vencimento.
• Investimentos: possibilitam ao cliente adquirir bens de maior valor
para integrar seu patrimônio ou mesmo desempenhar suas ativida-
des profissionais, como, por exemplo, imóveis, veículos, máquinas
e equipamentos. Os investimentos são operações de longo prazo
(superior a 12 meses), com forma de amortização parcelada.
b) Empresas
• Hot money: destina-se a cobrir eventuais descasamentos de caixa, o
seja, desequilíbrios entre os prazos de recebimento e pagamento, ocor-
ridos por poucos dias.
• Capital de giro: são recursos para financiar o ciclo operacional das empres
– período que vai desde a aquisição da matéria-prima até o recebimento d
venda do produto acabado ou serviço prestado. Durante o ciclo operacion
empresas com descasamentos de caixa buscam financiamentos para amo
tizar dívidas com os fornecedores, funcionários e entidades governamenta
• Investimentos: recursos para financiar imobilizações (instalações, má-
quinas, equipamentos e veículos), visando a aumentar a capacidade pro-
dutiva das empresas.
•93
capítulo 5
As necessidades de capital de giro compreendem os gastos operacionais
para financiar a produção, enaquanto as necessidades de investimentos são
aquelas que abrangem os gastos com imobilizações (instalações, máquinas,
equipamentos e veículos).
A seguir, apresentaremos alguns exemplos de modalidades de linhas de cré-
dito às empresas.
É uma operação de crédito muito utilizada pelas empresas, que envolve, princi-
palmente, cheques e duplicatas. No desconto, de acordo com Assaf Neto (2003,
p. 118), a instituição concede empréstimo mediante a garantia de um título re-
presentativo de um crédito futuro. É uma forma de antecipar o recebimento de
crédito por meio da cessão de seus direitos a um mutuante.
Nessas operações, a responsabilidade final da liquidação do título negocia-
do junto ao banco, caso o sacado não pague no vencimento, é do cedente, ou
seja, do tomador de recursos. Assim, o desconto constitui-se mais efetivamente
em empréstimo. Há uma liberação menor de dinheiro, equivalente ao recurso
tomado emprestado, um encargo que será pago no vencimento, quando se li-
quidar a dívida total assumida.
94 • capítulo 5
Os juros são cobrados dos clientes ao fim do mês e calculados sobre o saldo
que permanecer a descoberto.
CONCEITO
O spread bancário é a diferença entre os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos
a pessoas físicas e jurídicas e as taxas pagas por eles aos investidores que colocam seu
dinheiro em aplicações do banco. Quanto maior o spread bancário, maior é o lucro que
bancos têm nas operações de crédito.
capítulo 5 •95
tia destas operações, cujos valores correspondem a, pelo menos, 120% do prin-
cipal emprestado, variando de acordo com a classificação de risco da empresa
perante o banco.
O sistema de amortização geralmente utilizado nesse tipo de empréstimo
é o Price, em que as parcelas a serem pagas pelo cliente são iguais durante o
período contratado.
5.2.6 Vendor
Segundo Assaf Neto (2003, p. 120), é uma operação de crédito em que uma ins-
tituição bancária paga à vista, a uma empresa comercial, os direitos relativos às
vendas realizadas e recebidos em cessão, em troca de uma taxa de juros de in-
termediação. No vendor, a empresa vendedora atua como cedente do crédito e o
banco, como cessionário e financiador do comprador.
Nesse caso, a instituição financeira paga à vista, ao vendedor, o valor do
créditos recebidos, descontado dos respectivos encargos financeiros, sendo, da
empresa compradora a responsabilidade do pagamento dos títulos ao banco, .
As principais vantagens do vendor para a empresa comercial vendedora
são identificadas na possibilidade de recebimento à vista e redução da base de
cálculo de impostos e comissões incidentes sobre o faturamento (PIS, Cofins,
ICMS, IPI etc.). Para a empresa compradora, o interesse maior são as taxas de ju-
ros cobradas pelo banco na operação, normalmente mais baixas que se tomasse
o empréstimo de forma isolada no mercado.
96 • capítulo 5
Apesar de serem modalidades idênticas quanto à forma de operação, a Secreta
ria de Assuntos Internacionais afirma que os ACCs compreendem as operações
pré-embarque (adiantamento até 180 dias do embarque, podendo ser estendi-
do a 360 dias, para liquidação do câmbio), ao passo que os ACEs englobam as
operações pós-embarque (até 60 dias após o embarque, podendo o prazo ser
estendido até 180 dias). Com isso, os ACCs objetivam o financiamento da pro-
dução, enquanto os ACEs destinam-se quase que exclusivamente à geração de
capital de giro. Uma operação conjugada de ACC e ACE obtém prazo de até 540
dias para liquidação.
A taxa dessas operações varia em função do risco de crédito da empresa ex-
portadora, do valor da operação, do país de destino, das flutuações nas taxas in
ternacionais etc., situando-se na faixa de LIBOR + 2,5% a.a. Operações de ACC
ACE, apesar de não contarem com nenhuma outra garantia que não o contrato
de câmbio, representam crédito preferencial, com precedência sobre todos os
outros créditos, inclusive tributários, nos termos do Artigo 65 da Lei nº 4.728.
No mercado financeiro existe uma série de produtos financeiros disponíveis,
torna-se necessário reconhecê-los, assim como suas características princip
Com esse intuito neste capítulo são explorados os principais produtos financeiro
enfatizando-se suas principais referências e particularidades.
capítulo 5 •97
Commercial papers são negociados no mercado por um valor descontado
(deságio), sendo recomprados pela empresa emitente pelo seu valor de face (va-
lor nominal), sendo que na negociação do titulo com deságio sobre seu valor no-
minal, fica implícita uma taxa efetiva de juros que titulo paga aos investidores.
Estes títulos também podem ser colocados no mercado pordealers
meio. de
Esses agentes adquirem os títulos das sociedades emitentes e os revendem ao
publico em geral, auferindo uma margem de lucro (comissão).
Os commercial paperscostumam apresentar boa liquidez, devido principal-
mente a possibilidade de recompra pela própria empresa emitente ou pelos dealer
5.2.9 Factoring
98 • capítulo 5
pela compra dos títulos é que forma o lucro de uma empresa de .
factoring
•99
capítulo 5
tário. Ainda na classificação, é observada a essência da transação e não a forma
do contrato (IUDICIBUS el al., 2010, p. 255).
As prestações do aluguel do bem, comumente denominadas contraprestações,
são normalmente mensais, iguais e sucessivas, nada impedindo que sejam esta-
belecidas outras formas de pagamento. Essa modalidade de arrendamento é de-
nominada deleasing financeiro
, amplamente adotada no Brasil. O denominado
, apesar
leasing operacional de bastante difundido no exterior, expressa pouco uso
no Brasil. Essa modalidade constituiu-se em locação de um bem, em que o valor
residual obtido ao final do contrato é avaliado por seu preço de mercado. Os valore
pagos na locação não podem ultrapassar 75% do valor do bem, correndo todas as
despesas de manutenção por conta da empresa de
(arrendadora). O bem é
leasing
geralmente devolvido à empresa de ao final do prazo contratado, permitin-
leasing
do que seja novamente arrendado no mercado (ASSAF NETO, 2011, p. 85).
CONEXÃO
Para maiores informações acerca das operações de leasing acesse o CPC 06 – Operações
de arrendamento mercantil – pelo link http://www.cpc.org.br/pdf/CPC06_R1.pdf
ATIVIDADE
1. Quais são as principais linhas de crédito disponíveis no mercado para financiamento de
pessoa física? Explique as principais diferenças entre elas.
REFLEXÃO
Neste capítulo você conheceu alguns dos instrumentos financeiros mais utilizados pe
agentes econômicos, tanto superavitários como deficitários oferecidos pelas instituições fi-
nanceiras.
A diversidade de produtos é bastante positiva para pessoas e empresas, uma vez que
100• capítulo 5
permite flexibilidade na escolha da linha de crédito que melhor atende as necessidades
prazo, custo e risco para o cliente.
LEITURA RECOMENDADA
FARIA, Rogério Gomes de. Mercado Financeiro: instrumentos e operações. São Pau-
lo: Prentice Hall, 2003.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
SANTOS, J. O. dos. Análise de crédito: Empresas e pessoas físicas. São Paulo: Atl
2006.
SILVA, José Pereira da. Gestão e análise de risco de crédito. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
BRITO, Osias Santana de. Mercado financeiro. São Paulo: Saraiva, 2005.
FARIA, Rogério Gomes de. Mercado Financeiro: instrumentos e operações. São Pau-
lo: Prentice Hall, 2003.
FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços. 16. ed. Rio de Janeiro:
capítulo 5 •101
Qualitymark Ed., 2005.
ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Capítulo 1
1. Conceitue crédito.
Segundo Silva (2008), a palavra crédito, dependendo do contexto do qual trata, tem
vários significados. Em um sentido restrito e específico, crédito consiste na entrega de
um valor presente mediante uma promessa de pagamento futuro.
Para Lemes Junior (2010, p. 393) é a disposição de alguém para ceder temporariamen-
te parte do seu patrimônio ou prestar serviços a terceiros, com a expectativa de recebe
de volta o valor cedido ou receber pagamento, depois de decorrido o período estipulado
na sua integralidade ou em valor correspondente.
102• capítulo 5
2. Destaque a importância do crédito, como parte dos negócios de uma em-
presa comercial ou industrial.
Segundo Silva (2008), no comércio, de um modo geral, o crédito assume o papel de
facilitador da venda. Possibilita ao cliente adquirir o bem para atender sua necessida
ao mesmo tempo em que incrementa as vendas do comerciante. Na indústria, tamb
o crédito assume o papel de facilitador de venda. Um fabricante de equipamentos h
pitalares, por exemplo, pode abrir linhas de crédito para vendas de seus produtos e,
isso, possibilitar a vários médicos, clínicas e hospitais a aquisição de seus equipame
No caso dos bancos, o crédito é o elemento tradicional na relação cliente- banco, ist
é, é o próprio negócio. Como o banco capta recursos junto aos clientes aplicadores e
empresta tais recursos aos clientes tomadores, é fácil visualizar o crédito como part
integrante da atividade bancária.
Capítulo 2
capítulo 5 •103
O risco de crédito representa a possibilidade de uma instituição financeira não receber
os valores prometidos pelos títulos que mantém em sua carteira de ativos recebíveis
(ASSAF NETO, 2011).
Capítulo 3
104• capítulo 5
As políticas de crédito vão estabelecer as condições mínimas que o cliente deve pos
para receber crédito da empresa. Estão diretamente relacionadas com o risco de nã
recebimento do todo ou parte do valor da venda. Definem, ainda, as formas de conc
são de crédito com base nas condições presentes e expectativas futuras da situação
econômico-financeira da empresa, das condições da economia e do mercado em qu
empresa ou instituição financeira atuam.
Capítulo 4
capítulo 5 •105
a) Pessoas Jurídicas
• Comparação entre o período médio de pagamento e cobrança (sincronização do fluxo
de caixa).
• Análise temporal e setorial dos índices financeiros da empresa.
• A organização, experiência no ramo.
• Frequência e volume de negócios para se conhecer o nível de atividade da empresa.
• Análise de dados conseguidos com as consultas realizadas junto às empresas
agências especializadas é útil para a tomada de decisões.
b) Pessoas Físicas
• Adequação do valor do crédito pretendido com o nível de renda confirmado.
• Nível de comprometimento dos ganhos do cliente quando adicionado o crédito pre-
tendido.
• Desenvolver mecanismos alternativos para pessoas que não conseguem comprovar
renda como, por exemplo, aumento das garantias exigidas.
Capítulo 5
106• capítulo 5
quilíbrios entre os prazos de recebimento e pagamento, ocorridos por poucos dia
2. Capital de giro: são recursos para financiar o ciclo operacional das empresas – p
ríodo que vai desde a aquisição da matéria-prima até o recebimento da venda d
produto acabado ou serviço prestado. Durante o ciclo operacional, empresas com
descasamentos de caixa buscam financiamentos para amortizar dívidas com os
necedores, funcionários e entidades governamentais.
3. Investimentos: recursos para financiar imobilizações (instalações, máquinas, equ
mentos e veículos), visando a aumentar a capacidade produtiva das empresas.
capítulo 5 •107