Respostas Da Atividade 1 em PDF

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UFRN/CCHLA/DELET /EAD

DISCIPLINA: Sociolinguística
PROFESSORA: Sandra Cristina Bezerra de Barros
ALUNO(A):_____________________________________________________________

ATIVIDADE 1

LEITURA DE CONTATO

Antes de responder às questões deste roteiro, leia integralmente o capítulo 1, objetivando


as seguintes metas: construir uma impressão geral sobre a unidade delimitada para análise
(no caso, o capítulo de um livro), determinar o grau de complexidade das ideias expostas e
solucionar possíveis entraves à compreensão (sejam eles vocabulares ou enciclopédicos).
Nesse primeiro contato com o texto, evite assinalar os trechos que você considerou
importantes, uma vez que não se trata ainda de uma leitura mais atenta.

LEITURA COMPREENSIVA

1. Explicite o propósito comunicativo principal do texto.

Apresentar as ideias dominantes quanto ao estudo da variação e da mudança e a forma


como outros teóricos, antes de William Labov, buscaram integrar possíveis influências
sociais aos estudos linguísticos.

2. Saussure inaugura a linguística moderna, delimitando e definindo seu objeto de estudo,


estabelecendo seus princípios gerais e seu método de abordagem. Ele é um marco do
Estruturalismo. Como essa corrente compreende a língua?

No Estruturalismo, a língua é tomada em si mesma, separada de fatores externos e é


vista como uma estrutura autônoma, cujas relações estabelecidas entre seus elementos
são de natureza, essencialmente, linguística.

3. Quais as dicotomias postuladas por Saussure que são mais importantes para a
Sociolinguística?

São duas dicotomias:


Langue e parole: a langue é homogênea e social, um sistema de signos, um ‘tesouro’
depositado, pela prática da fala, no cérebro dos falantes; é essencial. Já a parole é um
ato individual de vontade, é heterogênea, manifestação concreta da primeira; é
acessória e acidental. O objeto da linguística, para Saussure, é a langue.
Sincronia e diacronia: correspondem a dois eixos ou perspectivas pelas quais se pode
estudar a língua: na sincronia, é feito um recorte da língua em um momento histórico
(presente ou passado), como se fosse um registro fotográfico que capta as relações
entre os elementos do sistema, tomando-se a língua como um estado do qual se exclui a
intervenção do tempo. Na diacronia, a língua é analisada como um produto de uma série
de evoluções que ocorrem ao longo do tempo, portanto como algo mutável, dinâmico. É a
perspectiva sincrônica, segundo Saussure, que permite o estudo científico da língua.

4. Qual a relação estabelecida por Saussure entre essas dicotomias?

Segundo Saussure, os fenômenos variáveis não são visíveis na langue (que é social), mas
o são na parole (que é individual); a evolução/mudança se dá em alguns elementos, e isso
é suficiente para que se reflita em todo o sistema; o falante não tem consciência das
mudanças que ocorrem entre os estados (os recortes sincrônicos) da língua.

5. Como Saussure compreende a língua?

Saussure admite que a língua seja um fenômeno social, produto de uma convenção
estabelecida entre os membros de determinado grupo, porém os fatores externos ao
sistema são deixados de lado por ele.

6. A visão formal da língua ganha destaque nos Estados Unidos a partir da década de 1960
com Noam Chomsky e a corrente conhecida como gerativismo. Para essa corrente, como
a língua é concebida?

No Gerativismo, a língua é concebida como um sistema de princípios universais e é vista


como o conhecimento mental que um falante tem de sua língua a partir do estado inicial
da faculdade da linguagem, ou seja, a competência. O que interessa ao gerativista é o
sistema abstrato de regras de formação de sentenças gramaticais.

7. O que há de comum entre o estruturalismo e o gerativismo quanto à concepção de língua?

Assim como a abordagem estruturalista, a gerativista considera a língua como uma


realidade abstrata, desvinculada de fatores históricos e sociais.

8. Como reação a essas duas correntes, surge a Sociolinguística. Quem foi um dos seus
maiores expoentes?

William Labov

9. Como era também chamada a Sociolinguística laboviana?

Teoria da Variação e Mudança ou de Sociolinguística Quantitativa, pois trabalha com


resultados estatísticos.
10. Faça um breve histórico dos autores do início do século XX que, diferentemente de
Saussure, postulavam uma concepção social da língua.
Os autores que consideravam a língua sob uma perspectiva social foram o linguista
francês Meillet (1866-1936) e os linguistas russos Marr (1865-1934) e Bakhtin (1895-
1975). Antoine Meillet enfatizava, em seus textos, o caráter social e evolutivo da língua.
Segundo ele: “Por ser a língua um fato social, resulta que a linguística é uma ciência
social, e o único elemento variável ao qual se pode recorrer para dar conta da variação
linguística é a mudança social” (MEILLET, 1921 apud CALVET, 2002, p. 16). Assim, do
ponto de vista de Meillet, toda e qualquer variação na língua é motivada estritamente
por fatores sociais. Comparando brevemente as ideias de Meillet e as de Saussure,
conclui-se que Saussure opõe linguística interna (aquela que se ocupa estritamente da
língua) à linguística externa (aquela que se ocupa das relações entre a língua e fatores
extralinguísticos), e Meillet as associa. Outra distinção entre esses autores é o fato de
Saussure diferenciar abordagem sincrônica (estrutural) de abordagem diacrônica
(histórica), e Meillet as unir. Em suma, enquanto Saussure elabora um modelo abstrato
da langue (sistema de signos), Meillet busca explicar a estrutura linguística por meio de
fatores históricos e sociais. Essas ideias de Meillet foram retomadas por Labov décadas
depois. Por fim, embora Meillet fosse discípulo de Saussure, inspirava-se no sociólogo
Durkheim, que definia a língua como um fato social, enfatizando o caráter evolutivo da
língua, diferentemente de Saussure, para quem a sincronia prevalece sobre a diacronia.
Na perspectiva da linguística soviética, encontram-se também, no início do século XX,
posições marxistas acerca da língua. Inicialmente, o linguista Nicholas Marr propunha
que todas as línguas do mundo têm uma mesma origem; as línguas são instrumento de
poder e refletem a luta de classes sociais; as línguas são parte de uma superestrutura,
passando por estágios de desenvolvimento de acordo com a base econômica de
diferentes sociedades, ou seja, os estágios das línguas corresponderiam aos estágios
da sociedade. A doutrina de Marr (chamada “marrismo”) foi tida como oficial na União
Soviética no período de 1920-1950, até ser severamente atacada pela intervenção
política de Stalin, que negava o caráter de classe e de superestrutura da língua. Ainda
na linguística soviética, Bakhtin (e o chamado Círculo de Bakhtin) critica a perspectiva
estruturalista abstrata – que é a perspectiva saussureana –, defendendo um enfoque da
língua na interação verbal, historicamente contextualizada (seja num contexto
imediato, seja num contexto social mais amplo). Nesse sentido, a mudança linguística é
historicamente motivada pelos diferentes contextos de uso da língua, que acabam
conferindo diferentes sentidos à “mesma” palavra. Assim, na visão de Bakhtin, as
palavras não são neutras nem imutáveis: é no contexto real de uso da língua que
determinada forma possui valor para o falante, sendo, nesse caso, um signo variável e
flexível. É bastante elucidativa a seguinte afirmação de Bakhtin (1988 [1929], p. 147):
“conforme a língua, conforme a época ou os grupos sociais, conforme o contexto
apresente tal ou qual objetivo específico, vê-se dominar ora uma forma, ora outra, ora
uma variante, ora outra”.

11. Que ideias de Meillet e Bakhtin estão presentes nos estudos da Sociolinguística?
No início do século XX, começaram a germinar as sementes que viriam posteriormente
– depois de cerca de meio século de domínio de correntes estruturalistas – a florescer
e dar frutos no terreno fecundo da área de estudos da linguagem que veio a ser
conhecida como Sociolinguística. Assim é que, a partir da década de 1960, como herança
de Meillet, volta a ganhar força a noção de língua como fato social dinâmico, cuja
variação é explicada pela mudança social, por forças externas, portanto. E, como
herança de Bakhtin, renova-se a perspectiva de que a língua é um fenômeno social cuja
natureza é ideológica.

12. Explicite as relações da Sociolinguística com a antropologia, com a sociologia e com a


geografia.

A Sociolinguística norte-americana tem uma estreita relação com a antropologia, com a


sociologia e com a geografia linguística.

A associação com a antropologia (chamada de etnolinguística ou antropologia linguística)


deve-se ao fato de a Sociolinguística estender a descrição e análise da língua para incluir
aspectos da cultura em que é usada. Nesse âmbito, insere-se, mais recentemente, a
corrente denominada Sociolinguística Interacional, que considera a relação entre os
interlocutores, o assunto etc. na análise da conversação.
A proximidade com a sociologia resulta na chamada sociologia da linguagem – área que
investiga a interação entre esses dois aspectos do comportamento humano: o uso da
língua e a organização social do comportamento, ou seja, a organização social do
comportamento linguístico, seja em termos de usos, seja em termos de atitudes em
relação à língua e aos usuários.

A aproximação com a geografia linguística, ou dialetologia, ou ainda geolinguística, deve-


se ao interesse pela elaboração de atlas linguísticos. No Brasil, está sendo organizado
o Atlas Linguístico do Brasil (ALIB). O objetivo desse atlas é descrever a realidade
linguística com vistas a traçar a divisão dialetal do país, tornando evidentes as
diferenças regionais. Por meio de pesquisas de campo, são mapeados dados de
diferentes regiões, identificando e delimitando traços dialetais.

13. De que se ocupa a Sociolinguística?

A Sociolinguística se ocupa de questões como: variação e mudança linguística,


bilinguismo, contato linguístico, línguas minoritárias, política e planejamento linguístico,
entre outras.
14. Se você fosse segmentar o capítulo em subitens, como o faria?

Subdividiria em três subitens:

O primeiro subitem começaria no segundo parágrafo:

1.1 O estruturalismo de Saussure e o gerativismo de Chomsky

A atribuição de estatuto científico à linguística costuma ser creditada a


Saussure, no início do século XX. De fato, com seu Curso de linguística geral,
Saussure inaugura a linguística moderna, delimitando e definindo seu objeto de
estudo, estabelecendo seus princípios gerais e seu método de abordagem. [...]

O segundo subitem começaria no primeiro parágrafo da página 15:

1.2 As contribuições de Meillet e da linguística sociética para a Sociolinguística

Antes, contudo, de nos determos na Sociolinguística laboviana, que é o foco


principal de nosso livro, é importante retroceder no tempo para resgatar alguns
autores do início do século XX que, diferentemente da proposta teórica de
Saussure, postulavam uma concepção social da língua. Vamos falar um pouco do
linguista francês Meillet (1866-1936) e dos linguistas russos Marr (1865-1934)
e Bakhtin (1895-1975). [...]

O terceiro subitem começaria no primeiro parágrafo da página 17:

1.3 A Sociolinguística norte-americana e suas relações com outros campos do


conhecimento

Vamos nos situar, portanto, a partir de agora, no contexto da Sociolinguística


norte-americana. Esse campo do conhecimento tem uma estreita relação com a
antropologia, com a sociologia e com a geografia linguística. [...]

15. Descreva como está articulada a progressão discursiva no texto.

Primeiramente, os autores da apostila destacam os conceitos de língua surgidos com o


estruturalismo e o gerativismo, explicitando os seus postulados e apresentando as
diferenças e semelhanças entre essas duas correntes. Em seguida, apresentam as
contribuições à Sociolinguística dos autores que antecederam Labov e postularam uma
concepção social da língua, o linguista Meillet e os que faziam parte da linguística
soviética, Marr e Bakhtin. Por último, apresentam a Sociolinguística norte-americana e
suas relações com três campos do conhecimento – a antropologia, a sociologia e a
geografia linguística.

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