Betania Cristina Raia

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BETANIA RAIA

MANEJO DE PASTAGEM NO BRASIL

Primavera do Leste - MT
2018
BETANIA RAIA

MANEJO DE PASTAGEM NO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Agronomia da instituição de ensino
Unic Educacional - Faculdade de ciências
agrárias e exatas - Campus de Primavera do
Leste, MT.

Orientador: Flávia Souza

Primavera do Leste - MT
2018
BETANIA RAIA

MANEJO DE PASTAGEM NO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Agronomia da instituição de ensino
Unic Educacional - Faculdade de ciências
agrárias e exatas - Campus de Primavera do
Leste, MT.

BANCA EXAMINADORA

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Primavera do Leste – MT , dia de mês de ano


(Fonte Arial 12)
Dedico este trabalho para meus pais
Sergio Roberto Raia e Maria Helena B.
Raia, meu filho Gustavo Raia são pessoas
que sempre esteve ao meu lado me
apoiando e me ajudando sempre que
precisei.
AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado força, coragem e disposição para nunca desistir e por
ter guiado meus passos no caminho da verdade sendo meu refúgio e consolo nas
horas mais difíceis nesta caminhada.
A minha família em especial meu pai Sergio Roberto Raia, minha mãe Maria
Helena B. Raia, meu filho Gustavo Raia, minha irmã e meu cunhado Daniela Raia e
Thiago B. Moraes, meus avós Manoel Raia Filho e Iria Schuch Bazano que são meu
porto seguro e inspiração para toda a vida.
Ao meu amigo Valter Miguel de Souza que não mediu esforços para realização
deste trabalho.
A minha coordenadora do curso e orientadora Flavia Souza e todos os meus
professores que fizeram parte da minha trajetória em especial ao Lauro Neris Oliveira
e Juliane Baggio por ter paciência aos longos desses anos.
Ao meus amigos da turma por serem pessoas que convivi durante anos, que
possamos continuar essa amizade que formamos, são os meus sinceros
agradecimento.
RAIA, Betania. Processo de pesquisa brasileira sobre pastagem. 2018. 39 folhas.
Trabalho de Conclusão de Curso Bacharel em Agronomia – Unic Educacional -
Faculdade de Ciências Agrárias e Exatas, Primavera do Leste - MT, 2018.

RESUMO

Através da pastagem que é obtido nutrientes de suma importância para o gado esse
estudo tem como objetivo discutir o progresso de pesquisa brasileira sobre pastagem.
Para que o presente fosse realizado primeiramente foi feita a escolha do tema, em
seguida foi realizado um estudo em artigos, livros, revista e pesquisa na internet, para
que levantamento de uma base bibliográfica no corpo do trabalho. O processo de
pesquisa brasileira sobre pastagem pode verificar sobre as espécies cultivadas e
registradas no Ministério da Agricultura, e ver a melhor para cada tipo de solo.
Também foram levantados dados sobre a fertilização do solo e a nutrição das plantas
para elas obtenha os nutrientes necessários para o pastejo animal. Foi verificado
sobre a degradação dos pastos brasileiros e os problemas que causou para pecuária.

Palavras-chaves: Cultura de Pastagem, Forragem Tropical e Manejo de Pasto.


RAIA, Betania. Brazilian research process on pasture. 2018. 39 sheets. Course
Completion Work Bachelor in Agronomy - Unic Educacional - Faculty of Agrarian and
Exact Sciences, Primavera do Leste - MT, 2018.

ABSTRACT

Through the grazing that is obtained nutrients of great importance for the cattle this
study aims to discuss the progress of Brazilian research on pasture. In order for the
present to be carried out first, the choice of theme was made, then a study was carried
out in articles, books, magazine and research on the internet, so that a bibliographic
base could be found in the body of the work. The Brazilian research process on pasture
can verify the species cultivated and registered in the Ministry of Agriculture, and see
the best for each type of soil. Data were also collected on soil fertilization and plant
nutrition to obtain the necessary nutrients for animal grazing. It was verified about the
degradation of the Brazilian pastures and the problems that caused to livestock.

Keywords: Pasture Culture, Tropical Forage, and Pasture Management.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................13
1. CRIAÇÃO E FORRAGEM TROPICAL..................................................15
2 FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DAS PLANTAS....................21
3 CLIS – SISTEMA DE IRRIGAÇÃO DE CULTURA E PECUARIA.........25

CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................33

REFERÊNCIAS.....................................................................................34

APÊNDICES.........................................................................................38
APÊNDICE A – Nome do apêndice......................................................39

ANEXOS...............................................................................................40
ANEXO A – Nome do anexo.................................................................41
13

1 INTRODUÇÃO

No Brasil, os sistemas de produção bovina e leiteira baseiam-se principalmente


na produção de pastagens, que é a principal fonte de alimentação animal. Os
nutrientes requeridos pelos ruminantes são obtidos diretamente através da pastagem,
claramente tem se a importância das pastagens para o apoio nacional ao gado, mas,
o mais importante, expressam o esforço de pesquisa, desenvolvido ao longo de vários
anos, por várias instituições de pesquisa do país, resultando em uma melhoria
significativa na eficiência da utilização de pastagens. Apesar desses esforços, os
incrementos nos resultados dos sistemas de produção foram inferiores aos
esperados.
Além disso, há um consenso de que o principal motivo é que a maioria dos
estudos de pesquisa foi realizada sem ter em conta as características
multidisciplinares da produção animal sob pastejo. Na verdade, a maioria das
pesquisas publicadas provêm de ensaios em parcelas sob corte devido a dificuldades
na realização de experimentações com pastagens sob pastejo na maioria das
instituições de pesquisa e universidades.
A falta de aplicação dos princípios de fisiologia e ecofisiologia no manejo de
pastagens; uso inadequado de técnicas de amostragem; falta de incorporação de
novas metodologias de avaliação; pouca atenção na escolha de animais
experimentais; pouca compreensão do comportamento ingestivo e seleção de dieta
para o animal; e poucos estudos sobre o solo: relação de planta sob pastejo,
consequentemente resultando em recomendação defeituosa para fertilização de
pastagem, foram alguns dos pontos críticos do século passado?
O Trabalho tem como objetivo discutir o progresso de pesquisa brasileira sobre
pastagem na genética e na criação de plantas, na fertilidade do solo e na nutrição das
plantas e no manejo do pastejo, como resultado da avaliação dos sistemas de
produção de carne bovina no Brasil e contrastam as críticas importantes feita por
alguns autores. Além disso, também serão discutidos os progressos nos sistemas de
integração agropecuária e alternativas de gestão para mitigação da emissão de gases
de efeito estufa por sistemas de produção de gado de corte, duas áreas muito
importantes relacionadas a sistemas de produção sustentáveis.
14

Para que o presente fosse realizado primeiramente foi feita a escolha do tema,
em seguida foi realizado um estudo em artigos, livros, revista e pesquisa na internet,
para que levantamento de uma base bibliográfica para a revisão literária. A
fundamentação e analise serão construídos com base artigos pesquisados no site de
Scielo aonde primeiramente foram realizadas leituras para selecionar o que os tema
possui relevância ao mesmo escolhido para pesquisa.
15

2 CRIAÇÃO E FORRAGEM TROPICAL

Existe demanda pública por sistemas de produção sustentáveis com menor


impacto no meio ambiente, em conflito com essa falta de biodiversidade que expõe os
ecossistemas e os sistemas de produção a circunstâncias perigosas, considerando as
mudanças climáticas e a pressão de seleção imposta a pragas e doenças.
Nascimento Jr. et al. (2004) contestaram essa necessidade de desenvolver e
liberar novas cultivares criando e selecionando. Segundo eles, e citando Lupinacci
(2003): "existem várias plantas forrageiras disponíveis e, exceto em situações raras,
há opções de forragem para todos os diferentes ecossistemas no Brasil, bem como
para qualquer tipo de intensificação na produção animal".
Esta é claramente uma visão acadêmica, uma vez que o mercado e as
empresas de produção animal indicam o contrário. Além disso, as cultivares
tradicionais estão sucumbindo a doenças, como Panicum maximum cv. Tanzânia-1
atacada por um fungo, Bipolaris maydis (Charchar et al., 2003); e há relatos
alarmantes de morte e decadência de extensas áreas de Brachiaria brizantha cv.
Pastagens de Marandu devido ao corte de água e a rotias de raízes (Barbosa et al.,
2006).
Além disso, nenhuma das cultivares disponíveis é resistente ao bastão de cana
Mahanarva spp. (Souza et al., 2000), para citar alguns exemplos de necessidade de
forragens novas ou melhoradas para substituir versões anteriores. Além disso, apenas
Brachiaria humidicola comum e cv. Llanero (conhecido como "dictyoneura") são as
opções de pastagem em solos mal drenados e ambos têm valor nutricional, dormência
de sementes e limitações de produção que podem ser melhoradas através da
reprodução. Assim, a seleção da diversidade natural e especialmente a criação com
sua capacidade infinita para criar novidade são importantes se o Brasil continue a
liderar o mundo tropical na produção animal em pastagens. Ambas as novas
variedades e a sua gestão adequada contribuem igualmente para sistemas contínuos
de produção sustentável.
No Brasil, a criação e a seleção de forragens tropicais começaram em meados
da década de 1980, concentrando-se principalmente no Panicum maximum,
Brachiaria sp., Andropogon, Stylosanthes, Arachis e Leucaena. Devido às limitações
relativas à disponibilidade de germoplasma, equipes treinadas sobre os aspectos
16

básicos da criação de forragem e técnicas de triagem eficientes para avaliar os


critérios de mérito complexos, apenas alguns gêneros e espécies estão sendo criados.
Os programas de criação de forragem exigem equipes de compromisso e
multidisciplinar, mas as cultivares recentemente lançadas no Brasil, selecionadas a
partir de coleções de germoplasma, bem como de progênies criadas, devem satisfazer
as expectativas de aumento da produtividade com produção sustentável.
O progresso na última década inclui a liberação de cultivares e avanços
significativos em conhecimento e metodologias para as principais espécies de
forragens. B. brizantha cv. Xaraés (VALLE et al., 2004) e a primeira cultivar protegida,
BRS Piatã (Euclides et al., 2008, 2009) foram lançadas pela Embrapa e pela Unipasto
em 2003 e 2007, respectivamente. Uma nova cultivar de B. humidicola (cv. BRS Tupi)
foi registrada (2004) e protegida (2009) para ser lançada em breve, somando as
únicas duas cultivares recomendadas para solos encharcados de água (GONTIJO
NETO et al., 2005, ANDRADE et al., 2010).
Essas cultivares podem promover a diversificação de pastagens com maior
produção de matéria seca de folha de melhor valor nutritivo. Outras cultivares
lançadas pela Embrapa na última década incluem estilosantes Campo Grande
(EMBRAPA, 2007), a primeira cultivar de leguminosas para impactar efetivamente a
produção de carne em pastagens e P. cv máximo. Massai (EMBRAPA, 2001); duas
cultivares foram lançadas por uma empresa comercial em São Paulo: e uma
leguminosa para suplementação animal e alteração do solo divulgada pela Embrapa
e Unipasto: Cajanus cajan BRS Mandarin (GODOY, 2005).
A criação de forragens tropicais na última década se concentrou no aumento
da produção, mas também na tolerância ou resistência a estresses bióticos e
abióticos, como níveis de alumínio, inundações e tolerância à seca, resistência a
doenças e pragas. As técnicas de triagem ainda precisam ser aperfeiçoadas para se
traduzirem em uma seleção mais eficiente. Três ciclos de seleção em híbridos
interespecíficos de Brachiaria na Colômbia resultaram em aumento significativo na
tolerância a espitros (MILES et al., 2006).
A citogenética da Brachiaria foi revisada e sua importância para a reprodução
documentada (VALLE; PAGLIARINI, 2009). Em geral, os híbridos interespecíficos
mostraram quantidades variáveis de anormalidades que explicam os baixos
rendimentos de semente e a importância de incluir a citogenética na escolha de
17

progenitores para cruzamentos, bem como candidatos para desenvolvimento de


cultivares (Mendes-Bonato et al., 2002; Felismino et al. , 2008).
Além disso, um novo número de cromossomo básico foi descrito para o gênero
(x = 6) encontrado em B. dictyoneura (Risso-Pascotto et al., 2006) e em B. humidicola
(Boldrini et al., 2009).
A pesquisa de marcadores moleculares para os traços de importância listados
acima e para apomixis está em andamento, tanto no CIAT quanto nos programas da
Embrapa. Foi descrito um marcador putativo para apomixis (Zorzatto et al., 2010)
usando uma população híbrida de B. humidicola, e isso deve substituir, com maior
velocidade e eficiência, a extração laboriosa e demorada de extração, limpeza e
exame de microscópio para identificação do modo de reprodução.
O uso de marcadores de microsatélites para a caracterização da diversidade
no germoplasma de Brachiaria também foi buscado para as cinco espécies mais
importantes (Jungmann et al., 2009a, b) e pode ser usado para selecionar genitores
para o programa de reprodução. Os marcadores de microssatélites também foram
desenvolvidos para P. maximum (Sousa et al., 2009) para estudar a diversidade no
germoplasma, para verificar a estrutura da população, permitindo o desenvolvimento
de uma estratégia de conservação de germoplasma e reprodução em P. máximo.
Os marcadores RAPD utilizados em Stylosanthes para determinar a taxa de
cruzamento em S. capitata e S. guianensis (Chiari et al., 2007) estabeleceram que o
primeiro possui um modo de reprodução misto, enquanto o segundo é essencialmente
autogamado. Microsatélites também foram desenvolvidos para Stylosanthes (Santos
et al., 2009a, b, c) e podem ser usados para selecionar genitores e estudar herança
de características de interesse. Existe um projeto internacional em andamento,
envolvendo a Austrália, Brasil, Nova Zelândia e Argentina, para produzir o primeiro
material transgênico de Brachiaria e Paspalum, considerando menores níveis de
lignina e melhor valor nutricional em um esforço para reduzir as emissões de metano
do gado (Spangenberg, comunicação pessoal ).
Criação de Brachiaria spp. envolve hibridização inter e intraspecífica. O
progresso na criação desta importante erva para pastagens inclui a identificação de
dois híbridos interespecíficos resistentes a espitros e espinhas com B. brizantha, que
agora estão sob avaliação agronômica (ensaios VCU) como primeira fase para
desenvolvimento de cultivares.
18

Os ensaios de pastejo foram semeados assim que a semente suficiente estiver


disponível este ano. A criação intraespecífica foi finalmente realizada em 2005 em
Campo Grande para a melhoria do valor nutricional de B. humidicola, mantendo a
adaptação a solos periodicamente manchados de água (Valle et al., 2008, 2009).
Os melhores 50 híbridos foram avaliados sob corte desde 2008 e foram
classificados com base em um índice de valores genéticos para produção de matéria
seca de folhas, porcentagem de folhas, produção de matéria seca total e crescimento
(Valle et al., 2009).
Os principais híbridos apomícticos são candidatos ao desenvolvimento de
cultivares e a maior vontade sexual será usada em ciclos adicionais de recombinação.
A reprodução está no nível hexaplóide e não pode incluir as duas cultivares comerciais
(comum e Llanero), uma vez que não são ilegítimos. A reprodução de B. decumbens
foi limitada ao seu uso como pai de pólen em B. ruziziensis. A duplicação
cromossômica de acessos de reprodução sexual foi recentemente realizada (Simioni
& Valle, 2009) e cruzamento de campo com cv. O Basilisk foi realizado com sucesso
em 2009. O primeiro teste de progênies da planta espaçada de híbridos de B.
decumbens foi estabelecido este ano no campo, e o objetivo será produzir para a
resistência à espitro e melhorar a qualidade da forragem em ciclos adicionais de
recombinação.
P. máximo é a grama de forragem mais produtiva plantada por sementes nos
trópicos. Sua alta qualidade e produção garante produção intensiva de carne e
acabamento de animais em pastagens. Existem 18 cultivares registradas no site oficial
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (www.agricultura.gov.br
sementes e mudas-cultivares registradas) no entanto, apenas dois desses, cvs.
Tanzânia e Mombaça, respondem por cerca de 90% da semente desta espécie
comercializada no Brasil.
Estes, como Brachiaria, são apomícticos, assim também formam monocúpulas.
Cultivar Massai, um híbrido natural entre P. maximum e P. infestum, foi lançado em
2000 (Embrapa, 2001) e comparado a cvs. Tanzânia e Mombaça, tem menor hábito
de crescimento e maior volume de folhas (Brâncio et al., 2002), por isso é mais fácil
de gerenciar, proporciona uma melhor cobertura do solo e pode ser usado como
pastagem para ovelhas. Sua digestibilidade e consumo, no entanto, é menor (Euclides
19

et al., 1999), resultando em menores ganhos individuais e por área, mas utiliza o solo
P de forma mais eficiente e também é muito resistente aos spittlebugs.
O máximo de P. está sendo produzido no Embrapa Beef Cattle para uso
polivalente, como a produção de biomassa, para a tolerância à sombra visando os
sistemas de produção de pastagens e florestas, a resistência à inundação a ser
utilizada em áreas mal drenadas e a resistência a Bipolaris maydis, um fungo foliar
(Jank et al., 2008).
Os híbridos e acessos foram testados em dois níveis de sombra e foram
identificados genótipos interessantes. Todas as plantas mostraram aumento da altura
e diminuição do perfilhamento, enquanto o sombreamento aumentou de pleno sol para
54 a 81% de sombra. A produção de raiz diminuiu em alto sombreamento em favor da
produção de biomassa aérea. Houve alta herdabilidade para o número de cultivadores
e alta variabilidade genética, assim, os genótipos promissores podem ser identificados
para testes em condições de campo. As avaliações da produção de biomassa na
Embrapa Cerrados testaram 24 genótipos de conteúdo médio máximo de Max e
relatados de 65% (Fernandes et al., 2009).
Os resultados obtidos demonstraram que há acessos com melhor desempenho
do que as cultivares comerciais (exceto cv. Milênio), quando a cultura foi administrada
para o acumulado máximo de biomassa e conteúdo de matéria seca. Assim, P.
maximum é verdadeiramente uma escolha a usar como uma cultura de duplo
propósito - produção de energia e animais, desde que o gerenciamento seja ajustado
para cada finalidade.
A criação de Stylosanthes nos últimos dez anos produziu populações
reprodutoras e indicou estratégias importantes para ganhar com seleção, no curto,
médio e longo prazo (Resende et al., 2008). Os objetivos de reprodução para esta
leguminosa incluem a resistência à antracnose, a produção de sementes e a produção
global de matéria seca. A seleção recorrente foi recomendada para S. guianensis, pois
podem ser realizadas cruzes controladas e para S. capitata, uma vez que seu modo
misto de reproduções permite avaliar famílias polinizadas abertas. Uma cultivar,
Stylosanthes Campo Grande, foi lançada em 2000 (Embrapa, 2007).
Esta cultivar é uma mistura física de duas espécies, S. capitata e S.
macrocephala. Dez e cinco acessos, respectivamente, foram utilizados para fazer esta
multilinha de modo a conferir resistência horizontal à doença fúngica, antracnose
20

(Grof; Fernandes, 2000). A criação dessa cultivar também envolveu melhora da


produção de sementes, de modo que o resensamento assegura a manutenção desta
leguminosa em pastagens misturadas.
Arachis pintoi é outra espécie de leguminosa nativa muito importante para a
qual muitos conhecimentos básicos foram acumulados na última década. Cinco
cultivares estão registradas no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (www.agricultura.gov.br sementes e mudas, cultivares registradas) no
entanto, apenas uma cultivar registrada pela Embrapa (cv. BRS Mandobi) deve ser
plantada por sementes em comparação com outras no mercado que utilizam apenas
propagação vegetativa. A sua criação está sendo realizada na Embrapa Acre e
genótipos interessantes também foram testados em solos ácidos, em Campo Grande
com genótipos superiores já identificados para uso em pastagens misturadas (Assis
et al., 2008).
21

3 FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DAS PLANTAS

Grandes avanços foram alcançados nesta área na última década,


principalmente em métodos de fertilização e doses necessárias de fertilizantes para o
estabelecimento de pastagem. Estes resultados são amplamente utilizados nas
regiões sudoeste e mid-oeste do Brasil. De acordo com Souza e Lobato (2004), mais
de 90% dos solos são distróficos na região Centro-Oeste, o que significa que a
saturação da base do solo é inferior a 50%. A maioria dos solos é ácido e a saturação
de alumínio do solo também é alta, em muitos casos acima de 50%. O solo CTC varia
de 4,0 e 12,0 cmolc / dm3 na maioria dos Oxisóis e Ultisóis. Assim, os solos sob
pastagens podem ser considerados de fertilidade baixa e intermediária.
Outra característica de importação de solos sob pastagem no Brasil verificada
por Souza & Lobato (2004) e Macedo (2005) é que o fósforo é o nutriente mais
limitante relacionado ao estabelecimento de pastagem e à sustentabilidade das
pastagens. Uma vez que a P é substituída, o nitrogênio impulsiona a produção de
pastagens. Essas observações podem ser extrapoladas para sudoeste, meio-oeste e
norte, onde mais de 70% dos rebanhos e pastagens cultivadas do Brasil estão
concentrados.
Uma análise comparativa de diferentes recomendações para a fertilização de
pastagem foi realizada por Macedo (2004). Desde então, não ocorreram mudanças
significativas, e as conclusões de Macedo (2004) ainda são válidas, especialmente
para o estabelecimento de pastagem. Não houve grandes diferenças entre as
recomendações feitas por Cantarutti et al. (1999) e Vilela et al. (2004), com exceção
da realizada por Werner et al. (1996). As recomendações baseadas nos resultados da
fertilização para o estabelecimento de pastagem são muitas, em comparação com as
de manutenção de fertilizantes de pastagem. Neste caso, há uma falta de pesquisa.
Foram realizadas aulas de adaptação à fertilidade e acidez do solo, e as
forragens foram classificadas de acordo com os graus de adaptação e as
necessidades de fertilizantes. Este critério é válido para identificar classes de
saturação de base do solo e necessidades de níveis de solo de P e K para muitas
forragens tropicais.
22

2.1 Gerenciamento de pastagem

No final da década de 1990, os conceitos relacionados à ecofisiologia de


gramíneas tropicais e ecologia de pastagem receberam maior atenção dos
pesquisadores e foram incorporados nos protocolos experimentais para a avaliação
das pastagens. As mudanças significativas e os avanços que ocorreram em relação à
compreensão de fatores e processos importantes que determinam o uso adequado
de capim tropical nas pastagens podem ser encontrados no artigo de avaliação de Da
Silva & Nascimento Jr. (2007). Essa mudança de paradigma gerou um grande banco
de dados que orientou estratégias para a utilização de pastagens.
De acordo com Da Silva (2004), a definição de um resíduo pós-pastejo
apropriado, consistente com níveis satisfatórios de desempenho animal e utilização
de ervas, e com o objetivo de manter as condições de rodízio alvo certamente
favoreceria o uso ideal eo valor nutritivo da forragem produzida.
Então, Difante et al. (2010), também com base em condições de pré-pastejo de
95% de LI, ou 70 cm de altura, avaliaram pastagens de Tanzânia sujeitas a duas
intensidades de pastagem (25 e 50 cm de resíduos pós-pastejo) e encontraram
maiores ganhos diários médios, menor taxa de estocagem e eficiência de pastejo
quando o cascalho foi nivelado a 50 cm quando comparado ao que foi nivelado até 25
cm. A evidência de experimentos indicou que os intervalos apropriados de altura pós-
pastejo para Tanzânia e Mombaça são, respectivamente, de 25 a 50 cm (Barbosa et
al., 2007; Difante et al., 2009); e de 30 a 50 cm (Bueno, 2003; Carnevalli et al., 2006;
Montagner, 2007).
É preciso reconhecer a necessidade de compreender os aspectos da interface
planta-animal e a resposta dos animais às práticas de desfolhação (Da Silva &
Carvalho, 2005; Carvalho et al., 2009). No entanto, esse tipo de pesquisa ainda
precisa de esforços consideráveis. Um resumo dos resultados para forragem tropical
acumulada até agora será apresentado.
Palhano et al. (2006; 2007a) estudaram a taxa de ingesta de herbicidas a curto
prazo das novilhas leiteiras que pastoreiam as pastagens de Mombaça e descobriram
que a massa de mordida diminuiu e a taxa de mordida aumentou com a diminuição
das alturas de pastagem pré-pastejo. Apesar da maior massa de mordida nos ciclos
23

mais altos, o tempo por mordida diminuiu, resultando em aumento da taxa de


admissão de até 100 cm de altura
O conhecimento das variáveis estruturais e da morfogênese das plantas
também tem sido uma ferramenta importante para gerenciar pastagens
continuamente estocadas. Uma série de experimentos foi projetada para avaliar as
relações funcionais entre as respostas de plantas e animais às estratégias de
desfolhação, caracterizadas pelo controle rigoroso das condições da rodízio.
Os cultivares de Cynodon Tifton e Coastcross foram pastoreados por ovelhas
para manter as alturas da rodada de 5 a 20 cm e as cultivares de Brachiaria brizantha
Marandu e Xaraés foram pastadas pelo gado para manter as alturas da rodada de 10
a 45 cm. Nesses conjuntos de experimentos, a massa forrageira continha baixas
proporções de lâmina de folha, que normalmente ocorre em pastagens continuamente
estocadas, conseqüentemente as proporções folha: caule e folha: não foliar (tronco e
material morto) eram baixas e os maiores índices foram observados para pastagens
mantidas mais baixas, independentemente da fertilização cultivada, local ou no solo.
No entanto, observou-se um padrão dinâmico de compensação envolvendo
tamanho de calha e densidade populacional (Sbrissia et al., 2001; 2003; Sbrissia &
Da Silva, 2008), conseqüentemente, houve uma relativa estabilidade da produção de
forragem entre as alturas da pastagem. O valor nutricional da erva arrancada à mão
mostrou porcentagem elevada de proteína bruta e digestibilidade de matéria orgânica
in vitro, indicando que as diferenças na ingestão e desempenho animal foram devidos
à estrutura da rodela, afetando o comportamento ingestivo e conseqüentemente
restringindo a ingestão de forragem. pelos animais de pastagem. Esses resultados
indicam o potencial para o desenvolvimento de estratégias de manejo de pastejo com
base em alvos de altura de rodelas para cultivares de Cynodon e B. brizantha, como
postulado por Hodgson & Da Silva (2002).
Esses conjuntos de respostas levaram Da Silva (2004) a concluir que a
elevação ideal da pastagem para equilibrar as necessidades de pastagem e animais
sob gerenciamento contínuo de estocagem era de cerca de 15 com para cultivares
Cynodon e 30 cm para B. brizantha cv. Marandu. Os resultados obtidos em Campo
Grande confirmam esta altura de rodelas para ambas as cultivares, Marandu e Xaraés.
Estratégias detalhadas para a implementação da gestão flexível e sugestões para
superar desafios ao longo do ano podem ser encontradas em Da Silva (2004).
24

4 CLIS - SISTEMAS DE INTEGRAÇÃO DE CULTIVOS E PECUÁRIA UMA NOVA


ABORDAGEM DE SUSTENTABILIDADE

A degradação do pasto é, de longe, o problema mais importante da produção


pecuária no Brasil. Mais de 100 milhões de ha de pastagens cultivadas estão em
exploração no país hoje em dia, mas cerca de 60% são estimados em diferentes graus
de degradação (Macedo, 2009). A degradação é comumente associada à diminuição
da produção animal, baixa fertilidade do solo, falta de conservação do solo, invasão
de plantas daninhas, presença de pragas e doenças, problemas ambientais e declínio
na sustentabilidade. Os procedimentos comuns para a recuperação direta de
pastagens, como práticas de manejo de animais, aplicação de fertilizantes e novas
cultivares já estão disponíveis, mas a tradição, os custos e os preços finais dos
produtos desencorajaram alguns agricultores.
Mais recentemente, uma alternativa eficiente, mas constituída por um sistema
agrícola mais complexo, tem sido utilizada para recuperar pastagens: são uma série
de sistemas de integração de culturas e gado (CLIS). Os custos de adubo, preparação
do solo, sementes, etc., utilizados para recuperar pastagens e melhorar a fertilidade
do solo podem ser compensados quando o CLIS é utilizado.
Um benefício complementar é observado porque a fertilização das culturas
anuais melhora os níveis de fertilidade do solo e, por outro lado, as gramíneas tropicais
profundamente enraizadas melhoram as propriedades físicas do solo, aliviando a
compactação do solo, a densidade do solo e a taxa de infiltração de água.
Muitos estudos realizados com o CLIS, na região do Cerrado do Brasil,
mostraram melhora na produção de animais e culturas, como demonstrado por
maiores taxas de estocagem, ganho de peso vivo e rendimento de grãos, avançando
para novos limiares de produção e condições ambientais, assim, na direção da
sustentabilidade. Além disso, maiores lucros, aumento no emprego, uso por produtos
e uso eficiente de máquinas e mão-de-obra, também são outras vantagens
relacionadas ao CLIS.
Os sistemas de colheita e pecuária são definidos como sistemas de produção
de grãos, fibras, carnes, leite, lã e outros, que são cultivados na mesma área, em
plantações simultâneas ou sequencialmente, de forma rotativa. Os objetivos são
maximizar os ciclos biológicos dos animais, plantas e seus resíduos, melhorar o uso
25

dos efeitos residuais dos fertilizantes, tentar minimizar o uso de pesticidas, herbicidas,
etc., para melhorar a eficiência das máquinas, equipamentos e mão-de-obra,
proporcionando mais emprego , aumento da renda e condições sociais na área rural,
com a perspectiva de proteção ambiental e sustentabilidade.
As tecnologias associadas, como o preparo mínimo (semeadura direta),
juntamente com a rotação de culturas e pastagens, aumentaram ainda mais o CLIS.
O cultivo mínimo foi implementado em mais de 60% da preparação do solo no Brasil
(Macedo, 2009). A adoção deste sistema em grande escala, cobrindo muitas regiões,
com clima e solo diferentes, é altamente dependente de culturas que produzem
grandes quantidades de resíduos e palha para uma melhor cobertura do solo.
O CLIS pode ser usado com muitas culturas, tais como: soja, milho, milho
perolado, sorgo, algodão, girassol, etc. e especialmente gramíneas tropicais perenes
como Brachiaria spp, intercaladas ou não. Assim, o CLIS tornou-se uma alternativa
importante para a recuperação e melhoria de pastagens para a sustentabilidade não
apenas de culturas anuais, mas também uma das práticas mais importantes hoje em
dia para sistemas de produção animal no Brasil. As forragens no CLIS produzem
coberturas de palha e solo para sistemas de plantio mínimos, melhoram as
propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, levam a uma melhor utilização de
equipamentos, melhoram a renda dos agricultores e multiplicam empregos em áreas
rurais (Macedo, 2009).
Uma das vantagens para a adoção de CLIS é a possibilidade de semear
simultaneamente culturas e pastagens ao mesmo tempo e a mesma operação,
independentemente do período de plantio: final da primavera-meio do verão ou final
do verão-meio do outono. As recomendações foram fornecidas por muitos autores e
instituições nos últimos 10 anos.
A plantação simultânea de milho e forragens tropicais é uma prática antiga e
comum entre os agricultores. No entanto, sistemas bem definidos e organizados como
um processo ou como um pacote tecnológico foram relatados: o sistema "Barreirão"
(Kluthcouski et al., 1991) teve arroz e Brachiaria como colheita complementar e uma
preparação definida do solo no sistema; Considerando que o sistema de Santa Fé
(Cobucci et al., 2001), incorporou o cultivo mínimo (sem preparação do solo),
adicionou uma aplicação seletiva de herbicida para suprimir a competição de espécies
de Brachiaria e Panicum com milho, quando semeadas simultaneamente. As
26

variações podem ser encontradas em muitos outros artigos relacionados com os


mesmos objetivos ou objetivos semelhantes, relatados por Jakelaitis et al. (2004,
2005a, b), Severino (2005), Freitas (2005) e Ceccon et al. (2008).
Ceccon & Staut (2007), por exemplo, sugeriram uma variação muito
interessante de plantio simultâneo para estabelecer CLIS com milho e Brachiaria spp,
lidando com diferentes arranjos de linhas e utilizando o mesmo equipamento de
plantio. A ênfase deste método é fornecer palha suficiente e cobertura de resíduos
adequada para plantio mínimo no verão seguinte. Nesta proposição, o
estabelecimento de pastagem não é percebido como uma cultura típica de longo prazo
ou como CLIS ideal. Apesar desta restrição, tem sido uma alternativa importante para
a adoção de CLIS e produção animal no período de outono e inverno.
Os sistemas de plantação simultâneos, como apresentados anteriormente,
incentivaram os agricultores a semear culturas anuais, como o milho, além de
forragem e obter praticamente os mesmos rendimentos de grãos que o milho plantado
sozinho (Kluthcouski e Aidar 2003; Zimmer et al. 2010).
Artigos de Costa & Macedo (2001), Cobucci et al. (2007), Muniz (2007), Martha
Jr. et al. (2008) e Macedo (2009) mostraram as vantagens econômicas do CLIS em
relação aos sistemas tradicionais. A maioria deles demonstrou maiores taxas de
investimento e melhor valor presente líquido relacionado ao CLIS.
Conforme descrito por Cobucci et al. (2007), um teste completo do CLIS foi
realizado em 120 ha, subdividido em paddocks de 40 ha, começando no verão de
2005. Inicialmente, a soja foi plantada em uma área e milho + braquiria,
simultaneamente em outras duas áreas. O objetivo principal era ter pastagens
produtivas durante o outono-inverno, entre maio e setembro e para terminar os
animais para o abate.
Uma nova tendência é incorporar um novo componente no CLIS: árvores.
Resultados obtidos na Embrapa Dairy Cattle de Carvalho et al. (1997), com o objetivo
de selecionar diferentes forragens tropicais adaptadas a níveis de sombra, estratégias
propostas para sistemas agroflorestais. Estudos com arranjos em fileiras para árvores,
espécies de árvores, forragens tropicais adaptadas às sombras e espaço suficiente
para cultivar culturas anuais já são possíveis, conforme descrito por Macedo (2009).
27

3.1 Mitigação da Emissão de Gases de Efeito Estufa

As discussões que abrangem os efeitos de estufa (GEE) e suas conseqüências


se tornaram globais e têm ocupado agendas internacionais não só de fóruns
científicos, mas também de pessoas relacionadas a preocupações governamentais
desde o final da década de 1990. O motivo disso foi, em primeiro lugar, a informação
sobre o aumento significativo da concentração de tais gases na atmosfera,
principalmente, dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (NO2). Tais
discussões foram amplificadas, uma vez que essas emissões foram creditadas em
atividades humanas e foram responsáveis por mudanças climáticas globais. No
entanto, após a primeira onda de discussões em que o foco envolveu vários setores
da economia, a ênfase principal foi redirecionada para avaliar e implementar
alternativas relacionadas à mitigação e ao sequestro.
No Brasil, os setores agrícolas contribuem com aproximadamente 22% dos
GEE produzidos por atividades humanas. No entanto, se essas emissões fossem
adicionadas às mudanças de uso da terra e de novas áreas incorporadas ao uso da
agricultura, tal percentual aumentaria para 80% (Brasil, 2009). Nesta situação, o Brasil
é o quinto país maior na escala de emissão do GEE, o que é um grande desafio a ser
enfrentado.
A produção animal brasileira, principalmente, a produção de gado bovino,
ocupa uma posição importante no cenário global como o rebanho comercial maior e
também o jogador mais importante como exportador. Esta posição criou tensões nos
mercados internacionais de bovinos de corte e diversas barreiras começaram a ser
impostas. Anteriormente, tais barreiras costumavam ser taxas de imposto
relacionadas, mas hoje em dia abrangem questões ambientais e sociais, relacionadas
ao desmatamento, à ineficiência dos sistemas de produção de gado bovino e às
emissões de GEE (Steinfeld et al., 2006).
Nesse sentido, o progresso científico em forragens tropicais e subtropicais pode
ter efeitos importantes na mitigação de GEE, melhorando o valor nutritivo e outros
processos relacionados aos sistemas de produção de gado bovino. Esse potencial é
fortalecido pelas projeções feitas por Barioni et al. (2007), sobre as emissões de
metano por bovinos de corte em condições de produção brasileiras, no período de
2007 a 2025.
28

Essa previsão indica uma melhoria importante na produção de carne bovina,


apresentando incrementos de 7,4% no tamanho do rebanho e 29,3% no número de
animais abatidos, representando um aumento global de 25,4% na produção de carne
bovina e apenas 2,9% na emissão de metano por unidade de carne produzida.
Por outro lado, as projeções feitas por E. Assad e HS Pinto citadas por Deconto
(2008) indicaram que um aumento de 3ºC (aumento médio previsto pelo IPPC para
2100) pode causar uma perda de 25% na capacidade de carga das pastagens, o que
equivale a um aumento nos custos de produção de 20% a 45%. Além disso, eles
apontaram que tal área perdida ocorreria principalmente devido ao incremento de 30
a 50 dias no período seco em áreas que são hoje com pastagens cultivadas.
Tais projeções reforçam a necessidade de fortalecer estudos sobre forragens
focados na adaptação às mudanças climáticas globais, buscando qualidade e taxas
de degradação no rúmen e produção de GEE associada à suplementação de ração
em pastoreio, manejo de pastagens, recuperação de pastagens e com pastagem-
floresta sistemas de produção integrados.
No que diz respeito à redução das emissões de GEE através da criação de
forragem, Abberton et al. (2007) apresentaram as seguintes sugestões: a) redução
das emissões entéricas de CH4 por ruminantes, modificando a composição das
plantas forrageiras, aumentando os carboidratos solúveis e a digestibilidade em
gramíneas e aumentando a quantidade de compostos que dificultam a degradação
protéica no rúmen, como taninos em leguminosas; b) redução das emissões de N2O
nas pastagens usando plantas mais eficientes na utilização de N, o que, por sua vez,
aumentará a produção primária e, conseqüentemente, a produtividade animal,
resultando em menos emissões por unidade de produto animal; e c) criação de
forragem com foco no aumento da produtividade do sistema radicular enfatizando a
morfologia, composição e reciclagem.
Vários estudos com diferentes variações de sistemas integrados de culturas e
pastagens indicam que o componente florestal oferece vários benefícios que, por sua
vez, melhoram a eficiência do uso da terra (Carvalho et al., 2001; Macedo, 2009).
Portanto, as possibilidades de aumentar o uso desses sistemas em cenários de
mudanças climáticas globais são reforçadas por sua capacidade de produzir impactos
positivos nas variáveis microclimáticas e também aumentar o seqüestro de carbono.
29

Sistemas integrados com 250 a 350 eucaliptos / ha, que estarão prontos para
o corte após oito a doze anos, produzem 25 m3 ha-1. anos de madeira (Ofugi et al.,
2008). Isso representa um seqüestro anual de carbono de aproximadamente 5t ha-1
C ou 18 t ha-1 de CO2eq., O que significa uma neutralização das emissões de GEE
de 12 bovinos adultos. No entanto, existem poucos estudos que avaliam o equilíbrio
de C em tais sistemas no Brasil. Por outro lado, a biomassa produzida por forragens,
principalmente aqueles com alta produtividade, como Pennisetum, podem ser usados
para produzir etanol de segunda geração e obter créditos de carbono.
Devido à dificuldade em obter estimativas das emissões de GEE nos sistemas
de produção de bovinos de corte, há apenas um pequeno número de estudos
realizados em confinamento (Nascimento 2007; Oliveira et al., 2007; Possenti et al.,
2008) e sob pastejo com carne bovina catlle (Demarchi et al., 2003) e também com
gado leiteiro (Primavesi et al., 2004; Pedreira et al., 2009). Esses estudos foram muito
importantes, principalmente porque resultaram em informações para neutralizar os
valores do IPPC (1996) relacionados ao metano entérico e contribuíram para a criação
de estimativas mais realistas para os sistemas de produção brasileiros.
Sob as condições brasileiras, a principal fonte de emissão de metano é a
fermentação entérica de bovinos, uma vez que as emissões provenientes da
decomposição de fezes nas pastagens são muito pequenas. Essas fontes
representam 62,5 e 1,6% das emissões de metano produzidas por atividades
humanas, respectivamente (Brasil, 2009).
Estudos com ruminantes demonstraram que as emissões de metano
dependem da qualidade da alimentação ingerida, bem como da qualidade da dieta.
Normalmente, as dietas com alta digestibilidade são mais consumidas e produzem
menos emissões de metano por unidade de alimentação ingerida do que dietas de
baixa qualidade (Oliveira et al., 2007).
Portanto, o desenvolvimento de estratégias para aumentar o valor nutritivo da
dieta deve ser priorizado em programas de pesquisa de forragem. Vários estudos
foram realizados no Brasil, utilizando forragens com alto conteúdo de tanino para
dietas bovinas, principalmente com sorgo e leguminosas (Vitti et al., 2005; Possenti et
al., 2008), ou aditivos como ionofores, probióticos, óleos e gorduras (Franco & Ribeiro,
2009). Os resultados de tais estratégias revelaram-se eficientes na redução das
30

emissões de metano, bem como na melhoria do padrão de fermentação do rúmen e


na eficiência energética dos animais.
No que diz respeito ao óxido nitroso, no Brasil, os dejetos bovinos são
responsáveis por 39,4% das emissões humanas de GEE (Brasil, 2009) e a perda de
N pela urina é maior do que a observada nas fezes (Ferreira, 1995). As emissões
deste óxido são influenciadas pela distribuição dos dejetos, pelo gerenciamento da
fertilização nitrogenada e pelas características do solo (Lima, 2006). Deve-se ressaltar
que o padrão de distribuição de dejetos nas pastagens impõe dificuldades extras para
obter estimativas precisas.
Existem vários estudos sobre ecossistemas de pastagem em diferentes biomas
do Brasil, como a Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica, que consideram a quantidade
de carbono no solo em cultivo em comparação com o solo sob vegetação nativa. Tais
estudos indicam que, em geral, o solo sob pastagem pode acumular C em níveis
comparáveis ou mesmo em níveis superiores aos da vegetação nativa e também
mostram que pastagens degradadas induzem perda de C acumulada (Cerri et al.,
2006; Jantalia et al., 2006).
Fisher et al. (2007), em uma extensa revisão envolvendo estudos sobre regiões
de Savana do Brasil e Colômbia realizadas de 1998 a 2004, observaram que as taxas
de deposição de lixo foram subestimadas e, como conseqüência, houve
superestimação da mitigação da produção e subestimação dos GEEs.
Em 2009, como resultado da COP-15 realizada em Copenhague, o Brasil
destacou-se apresentando propostas voluntárias de NAMAS (Ações de Mitigação
Nacionalmente Apropriadas) relacionadas à agricultura com metas importantes a
serem alcançadas até 2020: redução de 83 a 104 Mt de CO2 eq. usando recuperação
de pastagem, de 18 a 22 Mt de eq. usando sistemas integrados, de 16 a 20 Mt de
CO2 eq. usando a fixação biológica de nitrogênio (Brasil, 2010). Esses objetivos
demonstram a necessidade de melhorar a eficiência dos sistemas brasileiros de
produção bovina visando a mitigação do GEE e, aqui, é importante desempenhar a
pesquisa forrageira brasileira. De acordo com Cerri et al. (2010), esses objetivos são
alcançáveis com as tecnologias já disponíveis, no entanto, há necessidade de
incentivo e investimento governamental para estimular o uso correto deles pelos
sistemas de produção.
31

A padronização metodológica deve ser desenvolvida para estudar diferentes


sistemas solo-atmosfera (Costa et al., 2006) e com os componentes animais
(Primavesi et al., 2004; Berndt et al., 2009) alinhados com a orientação dada pelo
IPCC ( 1996, 2006).
Este conhecimento científico-tecnológico é estratégico para o Brasil, pois
contribuirá para uma melhor compreensão sobre a gestão adequada dos sistemas de
produção animal, a fim de minimizar os impactos e obter benefícios ambientais,
econômicos e sociais. Além disso, iluminaria a sociedade brasileira sobre os
verdadeiros benefícios e desvantagens da produção animal e fortaleceria a posição
do país para negociações internacionais, além de fornecer argumentos para
neutralizar potenciais embargos
32

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ainda falta informação na fertilização de pastagem quando a manutenção é


focada. Experiências com animais de pastagem, em períodos de três a quatro anos
de duração, são recomendadas. Apesar do custo e do tempo envolvido, este tipo de
pesquisa deve ser estimulada, envolvendo equipes interdisciplinares para medir os
aspectos biológicos, econômicos e ambientais.
É indiscutível que o progresso foi obtido na geração de conhecimento sobre
morfologia e morfogênese de gramíneas tropicais para planejar, controlar e
recomendar o manejo do pasto. No entanto, a pesquisa sobre as respostas dos
animais às práticas de desfolhação é uma área que ainda precisa de esforço
considerável por muito tempo.
O CLIS, ao longo do cultivo mínimo e da recuperação das pastagens, são, no
momento presente, as alternativas mais importantes para mitigar o desmatamento e
a degradação das pastagens. O sequestro de carbono também é mais eficiente
nesses sistemas.
Mais pesquisas são necessárias para avaliar os saldos C e N nos principais
sistemas de produção animal. Isso deve ser feito em cada bioma, a fim de orientar
inventários nacionais, bem como políticas públicas para o setor. Há também a
necessidade de fortalecer os esforços orientados para conhecer melhor não apenas
o tamanho do rebanho, mas também a estratificação por categorias e espécies de
forragem e sua distribuição.
33

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36

APÊNDICES
37

APÊNDICE A
Nome do Apêndice
38

ANEXOS
39

ANEXO A
Título do Anexo

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