Slow Fashion
Slow Fashion
Slow Fashion
Lilyan Berlim
Lilyan Berlim é doutora em Ciências
Sociais pela UFRRJ e mestre em Meio
Ambiente, pela UFF, com pesquisa em
Moda e Sustentabilidade;
O mercado se transforma
– Mercado
– Mercado mais ético
– O luxo e o slow fashion
Para saber mais sobre o curso,
acesse aqui.
O tempo passa
• Priorizamos nossas ações dentro do tempo;
Essa noção do tempo altera bastante a nossa percepção dos nossos desejos e
prioridades. Vamos partir do seguinte: o sol se levanta e se põe independente da
nossa vontade.
E o tempo que a gente passa acordado é o tempo que a gente tem para priorizar as
coisas que nos são essenciais. Por exemplo, a gente toma banho, a gente trabalha,
estuda, cuida dos outros, dos filhos, namora...enfim, priorizamos dentro desse
espaço acordado o que a gente quer fazer ou tem que fazer.
Mas a gente sempre tem que lembrar que aquilo que a gente tem que fazer é uma
opção da gente, é uma prioridade que nós nos impomos, que nós escolhemos
priorizar. Então quando a gente diz para um amigo “Eu não tenho tempo para te
visitar”, na verdade você tem tempo, sim, você está no tempo e tem várias horas
durante um dia. Só que você não prioriza a visita aquele amigo, você prioriza o que
lhe é essencial e naquele momento talvez essa visita não seja essencial. Então
quando você diz “Não tenho tempo pra te ver”, na verdade, você poderia dizer “Estou
fazendo tanta coisa importante agora que vou deixar pra te ver num outro momento”.
Um outro exemplo é a academia. Nós podemos priorizá-la, na verdade você não quer
priorizar a academia porque tem outras prioridades. Você pode deixar de trabalhar e
ir para a academia, só que é insensato e você faz a opção pelo sensato, que é o seu
trabalho, ou o seu estudo, ou o seu filho, seja lá o que for. É interessante a gente
perceber que são as nossas escolhas que fazem do nosso tempo rápido ou lento. E é
o que a gente vivencia o que importa. O tempo passa de qualquer maneira e nós
somos dentro dele livres para escolher se vivemos de uma maneira acelerada ou não.
Isso é uma opção.
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fast
O FAST, O RÁPIDO: O que nos move para querermos
tudo mais rápido? O carro potente, o vôo mais curto, o
funcionário mais rápido, a tarefa cumprida de forma mais
rápida...Nós vivemos desde sempre com a noção de rapidez.
Talvez lá nos primórdios isso tenha feito muito sentido, mas
a partir do momento que a gente começou a viver um
sistema econômico de produtividade, isso tornou-se uma
crença.
velocidade
• 24X7: os fins do sono
Sistema
JUST IN TIME
• Gerenciamento de estoque
• Posteriormente... Gerenciamento da
produção, dos lançamentos e, finalmente, do
consumo.
• Mas o consumo pode ser gerenciado?
Quando você compra uma roupa da Zara na sua cidade, na hora que
você passa essa roupa pelo caixa, ele faz uma leitura do código de
barras e manda uma informação para a central em Madrid; essa
central, por sua vez, passa a informação para a fábrica de Bangladesh.
Os dados apontam que houve o consumo da peça X no Brasil, na sua
cidade, e a produção logo pode se organizar para fazer a reposição da
peça em até alguns dias. Estamos falando aqui de milhares de peças
que são produzidas diariamente, entregues diariamente, gerenciadas
por um ponto outro, que não é no seu continente, nem tampouco o
continente onde as fábricas estão.
Por quê? Quando essas marcas migraram suas fábricas para os países
mais pobres, elas tiveram um aumento no lucro de 450%. Esses dados
estão no livro “No logo”, da Naomi Klein. Eles ficaram ricos e é
justamente nos anos 90 que apareceram os grandes varejistas globais
de roupas, que vão incorporar não só roupas, mas acessórios, artigos
esportivos…
preço baixo,
slow
“Lento” não é apenas descritor de velocidade:
é uma proposta de conexão (reconexão)
roupas
E chegamos, então, a um conceito bem importante que são roupas, o
que são as roupas?
Afinal, nós estamos falando de slow fashion - e fashion tem a ver com
roupa. Com essa imagem eu proponho uma reflexão.
Outra reflexão: qual dessas imagens pra vocês tem mais carga
simbólica?
Essa roupa tem um símbolo também, as iniciais do designer, mas aí você vai
dizer: "não, prof, isso é uma logo”. Ok, as logos são símbolos da nossa
sociedade, da sociedade contemporânea. Na frente dessa modelo existem
pelo menos 20 profissionais envolvidos nessa foto, nessa imagem: o
fotógrafo, os assistentes do fotógrafo, que provavelmente são no mínimo 2,
o iluminador, a galera do make, a galera do cabelo, a locação de um espaço,
as assistentes, os modelos, a agência da modelo, a agência que produz o
catálogo, o catálogo em si, o cronograma do catálogo, pra sair no mesmo
cronograma da montagem da coleção e da produção dessas peças, que por
sua vez vai estar dentro de um calendário, de quando isso chega à loja, de
quando não chega, quando será o lançamento. Que está dentro de um outro
calendário, que faz parte das semanas de moda europeias, que por sua vez
fazem parte de um outro cenário, que é o cenário da mídia, que vai lançar,
que vai dar publicidade a todas essas ações, tem o fato dessa modelo não
ser dona dessa roupa, o fato de não sabermos quem é essa modelo, tem
muita implicação, tem contratos, não são dois ou três, são dezenas de
contratos assinados, são dezenas de profissionais envolvidos, ou seja: essa
imagem tem uma carga simbólica muito grande.
E começa aí uma grande e boa reflexão pra gente entender moda: quando as
pessoas olham pra imagem e dão mais significado pra senhora mongol, é
porque a gente tira os significados da moda, a gente tira o que ela realmente
significa enquanto expressão, enquanto complexidade, com tudo que existe
em volta dessa imagem, que a gente tende a naturalizar e achar que é uma
imagem mais superficial do que a outra. Mas a moda não tem nada de
superficial, eu não cheguei a falar de aspectos outros da imagem, eu falei de
aspectos ligados à business pra que vocês entendessem. Mas de fato mora
aí um pouco de uma questão que afeta muito a moda, porque a gente não
dá muito valor à moda, a gente costuma dar valor ao que é diferente e
desconhecido, mas tem muitas facetas da moda que nós não conhecemos, e
que nós deveríamos valorizar.
Taí uma outra roupa, que não tem encontro com moda, e que não nos
permite ver quem é Fátima, veja como os universos são diferentes:
nós temos a identidade pelo rosto, e em outras culturas a identidade
não está no rosto, e a gente fica se perguntando aonde está a
identidade.
vestir
Representar-se
Suas intenções
Seu momento
Sua identidade
A construção da
identidade SOCIAL
A roupa que nós vestimos faz parte de uma identidade
social da gente. Essa imagem que vocês estão vendo que é
uma imagem bem comum na internet, ela nos fala
exatamente sobre isso: afinal, para quem você entregaria
seu bebê?
É óbvio que é para o homem paramentado como médico.
Para mim é claro que se eu conheço essa pessoa, e ela está
sem paramento, não há problema algum em eu entregar
para o cara que está de camisa vermelha. Mas a roupa é
uma construção da nossa identidade social e isso vale para:
p rofe s s o re s , a l u n o s , m é d i c o s , a d v o g a d o s , j u í ze s ,
governantes, enfermeiras… Enfim, para uma infinidade de
profissões que nos dão a nossa identidade social através da
roupa que a gente usa, que representa o nosso papel na
sociedade.
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A construção da
identidade
de gênero...
os sentidos do vestir sempre estiveram
relacionados à
proteção,
moralidade e
comunicação
Toda roupa oferece proteção porque nós não nascemos com pelos,
então a roupa nos protege tanto do frio como do calor extremo.
Roupa?
A roupa e suas facetas
Aqui temos também uma reflexão, isso que vocês estão vendo esse
homem pintado, essa pintura é uma roupa? Pois bem, vamos aos 3
pontos para avaliar se é uma roupa ou não:
Ela protege?
Ela comunica?
Sim, ela é uma roupa, aí vocês podem dizer “não, prof, isso é uma
pintura corporal", pois bem, pintura corporal é roupa.
Roupa?
A roupa e suas facetas
Produto do design:
Tendências, produção, consumo, demanda,
significado - MODA
Então quando um raio caía na casa de alguém, não era porque alguém
era pecador e Deus tava castigando. As pessoas começaram a querer
entender porque que o raio caía, e começaram a pensar porque que o
raio caía na casa. E começou daí a ideia de Ciência. Daí por diante vem
o Iluminismo e a Ciência se faz. Mas é nesse momento que as coisas
começam a mudar, o sentido da visão é privilegiado, surgem os óculos,
surgem os auto-retratos, as cartas na primeira pessoa, e é nesse
momento, após 12 séculos de Idade Média, que o homem começa a se
repensar e a se permitir.
Isso é uma das funções da moda, assim como é uma das funções da
roupa. Diferenciador social. E isso sempre existiu, desde os
primórdios. Então, no momento que a moda surge, a gente precisa
considerar toda uma questão identitária, então saímos de um sujeito
coletivo, para um sujeito individual.
Então é nesse momento que a moda surge, e a moda não requer uma
explicação simplista.
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Espírito do Tempo
Como toda roupa é atribuída de significados, e esses significados têm
a ver com nosso tempo presente, nossa cultura presente, com nossos
valores presentes, muitos pesquisadores chamam a moda de espírito
do tempo. Essa carga de valores da cultura que se expressa na roupa,
também é vista como uma tendência, e aqui a gente vai falar um
pouquinho sobre tendência, porque tendência e espírito do tempo são
expressões correlatas.
A gente vai ver Tendência aqui de uma forma bem mais específica.
Mas aqui é importante que eu deixe claro pra vocês que o espírito do
tempo pra quem vai trabalhar com slow fashion, a ideia de tendência
nesse aspecto é bem mais profunda, bem mais interessante. Vou dar
um exemplo aqui pra vocês.
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Não vou falar feminismo, porque falamos sobre mais para frente no
nosso curso, mas era um movimento do feminino por um lugar ao sol.
Esses três ícones tiveram sucesso porque todos eles trabalharam com
tendência, e com tendências de fundo:
...alta costura...
1860 - 1960
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Dentre esses três ícones, a gente destaca Chanel, porque ela sobreviveu aos dois
lados de uma situação. Ela apostou nas tendências de fundo como ninguém, então
numa época onde a ostentação falava muito alto, ela soube observar com muito
critério, e muita sensibilidade, o que estava acontecendo no mundo, ela soube
observar a emergência da questão feminina, ela soube observar a necessidade das
mulheres cortarem seus cabelos curtos, ela soube observar a roupa da camareira, ela
soube observar a roupa da ascensorista, ela soube observar a necessidade das
mulheres de trabalharem, mediante uma guerra que tinha levado praticamente todos
os homens franceses embora, a necessidade dessas mulheres manterem suas
roupas práticas, adequadas, versáteis. Foi nesse momento que ela, então, faz uma
criação que tenta ser uma ponte entre o abismo social e entre as classes as quais
Chanel pertencia naquele momento, porque ela transitava entre as elites e as
operárias; mulher simples, mulher comum.
E ela então entende que é óbvio que muitas mulheres da alta sociedade sentiam
mesmo. Então existia ali, naquele momento, uma coisa que nós chamamos de
agenda social, ou seja, uma necessidade da sociedade, especialmente das mulheres,
de ter uma roupa mais simples. Chanel surge como um ponto fora da curva, falando
de um porvir que tava lá na frente, mas que tinha suas raízes ainda no século 19, uma
luz sobre as mulheres. Chanel rvira ealmente a inimizade de vários designers da
época, que perguntavam quando a viam de preto: "Tá de luto?" , "Quem morreu?" e
ela dizia: "Vocês morreram, vocês só não entenderam ainda".
Então ela foi uma visionária porque ela trabalhou com tendências de fundo.
A imagem de baixo, mostra jovens, que de alguma forma estavam clamando por
identidade. Surgia na década de 60 a identidade do jovem, de uma forma muito forte.
Isso teve início com a geração beatnik e vai culminar no final da década de 60, com a
revolução da contra-cultura, com os movimentos de maio de 68 em Paris, em que
houve realmente uma manifestação pública, uma grande rebelião, uma grande
revolta contra os meios trabalhistas, contra a opressão, contra a ditadura do sistema
econômico, e essas revoltas falavam muito não apenas da questão trabalhista, ética,
mas falavam também de modos de vida, de libertação, de liberdade, de criatividade,
de autenticidade, e isso foi muito importante pro Ocidente. Isso, na verdade, essa
revolução em Paris, em maio de 68, gerou muitas coisas das quais nos beneficiamos
hoje, em termos de regime trabalhista. E gerou também, espaço para sermos
homossexuais, para sermos partidárias de vários movimentos como o movimento
verde, movimento ambientalista, e assim por diante.
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Então foi uma revolução tanto ética, no sentido do trabalho, e dos sindicatos,
quanto estética, no sentido de valorização das diferenças.
Esse esteve presente movimento não só na França, como também nos Estados
Unidos, com o próprio movimento hippie. Esse movimento hippie falava de estilo
de vida, falava em paz, falava em amor. E todos esses movimentos juntos, na
verdade, especialmente aqueles que falavam da estética - considerando aqui
“estética" não a beleza ou a forma, mas modelo de vida, estilo de vida, jeito de
pensar.
Nesse momento, o jovem ganhou uma força muito grande. Era esse jovem que
estava usando aquela calça jeans, aquela camiseta. Tanto que na imagem abaixo,
reparem como as roupas falam de uma identidade jovem, como as roupas falam de
um tempo. Tem o número 68 estampado em uma das roupas, como os cabelos são
maiores, têm mais expressão, os cabelos não são todos parecidos, enfim, essa
época foi uma época de muitos protestos, foi uma época de muita contestação, e a
moda foi lendo essas contestações como grandes tendências.
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Nas imagens a gente vê tanto o movimento hippie, que falava do lifestyle, quanto os
movimentos periféricos da moda, porque nesse momento vão surgir várias boutiques
em Paris e em Londres. Essas boutiques vão trazer novos designers que estavam
entendendo o que estava acontecendo no mundo e faziam roupas para jovens,
roupas prontas para serem vendidas, roupas que tinham linguagem de moda, que
tinham significado de moda e esse grande significado se chamava rebeldia,
transgressão.
De todos os estilistas, quem melhor soube entender todas essas tendências foi o
Saint Laurent, que era muito jovem quando começou a trabalhar, e foi tirado da Dior
porque assumiu a direção criativa dessa grande casa assim que o Dior morreu.
Ele foi demitido porque colocou na passarela de alta costura uma jaqueta inspirada
no movimento beatnik e isso foi o bastante para que a elite francesa pressionasse a
casa a tirá-lo de lá. Ele é demitido e é enviado para servir o exército na Argélia, onde
ele desenvolve uma síndrome de pânico. Ele volta, então, e a própria pessoa que o
demitiu, o Pierre Bergé, diretor financeiro da Dior, faz uma oferta para abrirem uma
loja focada em tendências, em juventude e transgressão.
De todos os ícones dessa época, Yves Saint Laurent foi aquele que falou sobre
homossexualidade, construindo um smoking feminino para a sua amiga gay. Era o
homem que falava em arte, em viagens, tinha o poder de criar em cima do
imaginário de toda a sua geração, entendendo a agenda social que havia por trás do
desejo de cada um.
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Quem anda um pouco mais a frente são as pessoas que adotam esses
cachorros. Espero que fique claro do que se trata a “agenda social” e
também como trabalhamos com tendências aqui.
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Com o espírito do tempo, a gente chega, então, na década de 90. A
década de 90 nos trouxe o Fast Fashion, mas ele não surge nesse
momento, ele se constela nesse momento.
Então o Fast Fashion saiu, na verdade, não de uma agenda social, mas
de uma agenda econômica. Exatamente quando os mercados se
flexibilizaram.
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Se vocês repararem bem nessa imagem, que é uma imagem antiga que
eu guardo, existe um ser humano deitado na parte de cima.
individuação
...”ação de se tornar indivíduo, de se auto-
referenciar e se auto-responsabilizar por si
mesmo e suas escolhas”...
Jung
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Slow fashion
Finalmente chegamos ao um conceito central: SLOW
FASHION.
O slow fashion é o segmento do slow que trabalha dentro da moda. Na
próxima aula nós falaremos muito sobre ele, mas hoje eu encerro os
conceitos com o slow fashion, porque ele é um conceito guarda-chuva
que nos faz repensar, reconectar, antes mesmo de ser apenas o
oposto ao fast fashion.
Você tem uma lojinha, e aí você pensa que você precisa ter uma cadeia
de lojas, aliás, você precisa ter uma cadeia internacional de lojas.
Eu viajo muito pelo Brasil, eu dou muitas palestras que vão desde
Fortaleza até Pelotas, eu vou a muitos lugares, eu dou muitas aulas em
pós-graduação, e eu percebo que existe um potencial enorme no
Brasil do slow fashion. Em todas essas cidades existem dezenas de
ateliês, que fazem vestidos de noiva, roupa pra madrinha, roupa sob
medida, existem dezenas de alfaiates, muitas costureiras, muitas
lojinhas de conserto, muitas lojas pequenas, com fabricação própria.
Existe também dentro das capitais, uma miríade de marcas, todas que
têm fabricação própria, que trabalham com costureiras externas, de
quem essas pessoas são amigas. As cadeias são extremamente éticas.
Eu converso com essas marcas e vejo o quanto elas são bacanas, mas
elas não se auto proclamam slow fashion.
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O movimento
SLOW
FASHION
Um movimento guarda-chuva dos movimentos que integram as críticas
contemporâneas à moda e a resistência social.
...congrega propostas de soluções para o campo do design de moda.
Toda roupa, mesmo aquela industrial que você compra na Forever 21,
passa por um processo manual. A moda tem um processo totalmente
manual, não existe ainda uma máquina que faça uma roupa. Pode ser
que no futuro a gente tenha impressoras de roupa, o que eu acho bem
improvável, mas a indústria têxtil global é uma indústria onde as
pessoas ficam sentadas nas máquinas. Então as roupas são manuais.
Quando você encontra uma marca, ou um ateliê de roupa sob medida,
lá no interior do Piauí, você está trabalhando com alguém, você está
de frente para uma marca, que tem muito do slow fashion.
E a gente soube que o Brasil tem esse potencial, e um dos motivos que eu quis fazer
esse curso, que me deu muita alegria, foi poder fazer um curso que explicasse pras
pessoas o porquê que elas são slow fashion.
Então é óbvio que não é qualquer pessoa que tem uma confecção slow fashion. Mas
parâmetros ideológicos e parâmetros práticos que você pode adotar, que você pode
se empoderar, para que você possa mais tarde ter essa narrativa, a narrativa do slow.
Falar mesmo: "eu sou slow fashion" e entender que você pode ganhar dinheiro com
isso, que isso pode ser um caminho viável, um caminho de qualidade e não de
quantidade.
Então pensem no luxo, porque o slow fashion tem muito a ver com luxo, pensem em
todas as propostas do slow, que vai desde roupa usada, que torna esse produto
extremamente barato, até artesanal, que dá tanto poder a quem faz. E pensem que o
luxo é artesanal, e é por isso que ele é caro.
Então é em cima desses parâmetros que a gente vai propor esse curso, entendendo
que o slow fashion é um movimento guarda-chuva de todos os movimentos que
integram essa crítica contemporânea à moda. Todos aqueles que falam: "nossa como
a moda é cruel, como a moda polui como a moda escraviza - escraviza quem faz e
escraviza quem usa”. Como a gente precisa sair dessa pasteurização, e como a gente
precisa ser resistente, ter uma resistência social, pelo BOM, pelo LIMPO, pelo BELO,
pelo JUSTO.
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O movimento
SLOW
FASHION