Luxo e Moda no Universo Feminino
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Luxo e Moda no Universo Feminino - Marcela Serro Frasson
O Luxo: Conceitos e Definições
O significado da palavra luxo
é bastante subjetivo e apresenta conotações variadas (CASTARÈDE, 2005). Sua subjetividade está relacionada, entre outras coisas, a algo do qual os próprios leitores podem tirar a prova: se perguntarem a diferentes pessoas ao seu redor o que, na opinião delas, significa luxo, irão se deparar com diferentes respostas, cada uma trazendo uma ideia ou definição distinta. Algumas pessoas dirão que luxo é algo extremamente belo, outras que é algo muito caro, ou, ainda, algo exclusivo e personalizado. Outras descreverão o luxo como aquilo que não precisamos, algo supérfluo. Outras dirão que, para elas, luxo é ter tempo ou tranquilidade — coisas realmente escassas hoje em dia. E há também aquelas que irão associar o luxo diretamente com a moda — em especial, roupas e acessórios sofisticados —, apenas para citar alguns exemplos. Essa diversidade de opiniões e entendimentos não significa, porém, que umas estejam certas e outras erradas, mas sim que o conceito de luxo é relativo e pessoal e envolve muito mais do que uma definição simples e objetiva. Aliás, assim como sua definição, o luxo nada tem de simples, conforme será visto mais adiante.
Outro fato interessante é que o conceito de luxo pode mudar significativamente ao longo do tempo e da cultura (YEOMAN; MCMAHON-BEATTIE, 2006). Mas apesar do seu caráter relativo (D’ANGELO, 2004, 2006), a conceituação e definição mais detalhadas do que é o luxo se fazem aqui necessárias para uma melhor compreensão dos aspectos e características relacionados a ele.
No que diz respeito à sua origem, a palavra luxo
deriva do latim (lux ou luxus), estando associada à abundância e ao refinamento, assim como à definição de brilho, luz e àquilo que é excessivo, extremo e raro (CASTARÈDE, 2005). De um modo objetivo, sua definição pode ser encontrada nos dicionários Michaelis e Aurélio da língua portuguesa. De acordo com o Michaelis, o luxo é definido como:
1. Magnificência, ostentação, suntuosidade. 2. Pompa. 3. Qualquer coisa dispendiosa ou difícil de se obter, que agrada aos sentidos sem ser uma necessidade. 4. Tudo que apresenta mais riqueza de execução do que é necessário para a sua utilidade. 5. O que é supérfluo, que passa os limites do necessário. 6. Aquilo que apresenta especial conforto. 7. Capricho, extravagância, fantasia. 8. Viço, vigor. 9. Esplendor. 10. Dengue, melindre. 11. Afetação, negação afetada, recusa fingida.²
Já o dicionário Aurélio traz, além dessas definições, um conceito que também envolve aspectos como prazer e cuidado: 1. Modo de vida caracterizado por grandes despesas supérfluas e pelo gosto da ostentação e do prazer […] 7. Cuidado, esmero, aplicação
.³ Tradicionalmente, o conceito de luxo também está associado a qualidade, exclusividade e status (ATWAL; WILLIAMS, 2009).
Outras definições interessantes sobre o termo podem ser observadas nos estudos de professores e pesquisadores da renomada École des Hautes Études Commerciales, de Paris, uma das mais conceituadas escolas de negócios do mundo. O professor emérito Jean-Noël Kapferer explica que o luxo define a beleza; é a arte aplicada a itens funcionais. Como a luz, o luxo é iluminador… Oferece mais do que meros objetos… Proporciona referência de bom gosto
.⁴ Na mesma escola, um importante estudo realizado pelos ilustres professores Bernard Dubois, Gilles Laurent e Sandor Czellar revelou 6 dimensões relacionadas pelos indivíduos ao conceito de luxo, sendo elas a qualidade excelente, o preço elevado, a exclusividade, o apelo estético, a história e a superficialidade. Segundo a sua pesquisa, o conceito de luxo também está ligado aos benefícios hedônicos trazidos pelo refinamento, pela estética, pelo conforto e por um estilo de vida suntuoso.⁵
E por falar em benefícios hedônicos, é justamente o hedonismo um dos conceitos mais associados ao luxo na atualidade. O filósofo francês Gilles Lipovetsky e Elyette Roux, em sua obra O Luxo Eterno, relacionam o luxo à beleza e sua expressão, à leveza e aos momentos de felicidade. Algo capaz de nos maravilhar e nos convidar às mais belas viagens. Como definem os próprios autores, o luxo é o sonho, o que embeleza o cenário da vida
.⁶ Sendo assim, se o objetivo do ser humano é o de viver — e não apenas o de sobreviver —, pode-se afirmar que até o mais simples dos homens necessita de um quê
de luxo em sua existência.
Valores e Significados Relacionados ao Luxo
Na sociedade de consumo em que vivemos, as posses dos indivíduos desempenham um importante papel na construção da sua identidade (BELK, 1988; FEATHERSTONE, 1995). Um dos mais respeitados pesquisadores contemporâneos em marketing e comportamento do consumidor, o professor Russel Belk, em seu artigo seminal Possessions and the Extended Self, chegou à conclusão de que as posses relacionam-se com a identidade dos indivíduos em um processo que funciona em duas direções. Ao mesmo tempo que eles colocam sua identidade nos objetos que possuem, tais objetos incorporam-se à sua identidade e ajudam a caracterizá-la. Para Belk, um dos fatos mais básicos e significativos do comportamento do consumidor é que as pessoas são aquilo que elas possuem, existindo, assim, uma forte relação entre ter, fazer e ser, em que o fato de se ter determinadas posses pode contribuir para as capacidades de fazer e de ser.⁷
Dentro desse contexto, os produtos de luxo são capazes de apoiar os indivíduos na busca por sua identidade (THOMPSON; HAYTKO, 1997; ARNOULD; THOMPSON, 2005). Para os consumidores, os artigos de luxo servem como recursos que os auxiliam em sua autodefinição e na transferência do significado simbólico da marca para suas identidades (BAUER; VON WALLPACH; HEMETSBERGER, 2011), revelando um pouco sobre quem são aquelas pessoas que os consomem e permitindo que se chegue a determinadas impressões e conclusões sobre elas (DUBOIS; LAURENT; CZELLAR, 2001).
Durante minha dissertação de mestrado, antes de iniciar a pesquisa de campo na qual entrevistei as consumidoras de artigos de luxo, realizei uma revisão bibliográfica com o intuito de obter as bases para seguir adiante com a parte prática. Nessa revisão, me deparei com alguns interessantes estudos de outros pesquisadores — especialmente da Europa e dos Estados Unidos — que relatavam valores e significados relacionados ao luxo e aos objetos que o representam. No de Marsha Richins, por exemplo, foram abordados os significados públicos e privados dos objetos. Nas palavras da pesquisadora, significados públicos são os significados subjetivos atribuídos a um objeto por observadores externos (não proprietários) do objeto, ou seja, por membros da sociedade em geral
. Já os significados privados são a soma dos significados subjetivos que um objeto possui para um indivíduo em particular. Tais significados podem incluir elementos dos significados públicos dos objetos, mas a história pessoal do proprietário em relação ao objeto também desempenha um papel importante
.⁸
Ainda conforme explicação de Richins, os significados públicos dos objetos exercem influência nos itens que os indivíduos utilizarão para comunicar aos outros suas características pessoais. Por esse motivo, tais significados ajudam a moldar os desejos e determinar quais objetos eles irão adquirir. Assim, as pessoas que são mais preocupadas com sua aparência em relação às outras tendem a dar mais valor aos significados públicos de suas posses, enquanto as pessoas mais preocupadas com os aspectos íntimos de sua identidade tendem a valorizar mais os significados privados dos objetos.
De forma análoga a essas considerações, os professores franceses Jean-Noël Kapferer e Vincent Bastien afirmam que o consumo de luxo possui duas facetas: a do prazer pessoal, que é o luxo para si mesmo, e a da demonstração de sucesso, que é o luxo para os outros. Observa-se, portanto, que o luxo para si mesmo estaria ligado ao significado privado, enquanto o luxo para os outros estaria relacionado ao significado público. Além disso, os mesmos autores explicam que, quando se trata de luxo, o hedonismo prevalece em relação à funcionalidade, estando o luxo mais próximo da arte do que da mera função, apresentando características multissensoriais e experienciais.⁹
Outro interessante estudo que considero válido mencionar aqui é aquele que apresenta o modelo de valores proposto por Klaus-Peter Wiedmann, Nadine Hennings e Astrid Siebels. O modelo dos pesquisadores aborda quatro principais dimensões capazes de influenciar a percepção dos consumidores em relação ao que pode ou não ser considerado um artigo de luxo. São elas:
•Dimensão financeira: Envolve aspectos monetários como preço, desconto e investimento relativos ao produto. Em outras palavras, refere-se ao valor do produto expresso em dinheiro e ao esforço que é realizado para a sua obtenção.
•Dimensão funcional: Está relacionada ao benefício central e às utilidades básicas do produto, como qualidade, confiabilidade e durabilidade.
•Dimensão individual: Foca na orientação pessoal do consumidor ao consumo de luxo, envolvendo características pessoais como materialismo, hedonismo e identidade.
•Dimensão social: Refere-se à percepção por parte dos usuários de que os produtos que eles estão utilizando são reconhecidos dentro do grupo social ao qual pertencem. Envolve aspectos como visibilidade e prestígio.
Os mesmos autores salientam que, no caso de produtos de luxo, essa última dimensão — a dimensão social — tem um valor bastante significativo, assim como a anterior — a dimensão individual.¹⁰
A palavra luxo
tem tantos significados em potencial, e pode ser adaptada a uma variedade de circunstâncias tão ampla, que se flexiona facilmente de acordo com a época. Agora, neste momento, o consumo conspícuo está fora de moda. O excesso do passado, motivado pelos logotipos, está sendo visto, pelo menos no mundo ocidental, com repugnância. E, portanto, o luxo está nos mostrando uma face mais suave, bem mais discreta. A qualidade se tornou palavra de ordem novamente. A autenticidade é o que há de mais fino. Um processo de reabilitação começou.¹¹
Percebe-se, assim, que o luxo envolve diferentes valores e significados, que podem incluir desde aspectos financeiros e de funcionalidade até aspectos pessoais e sociais. Mas uma coisa é certa: o atual mercado de luxo tem passado por transformações que cada vez mais se distanciam daquele tradicional modelo de consumo meramente conspícuo e se aproximam de um novo modelo, muito mais hedônico e experiencial, marcado por uma mudança naquilo que os consumidores valorizam e definem como luxo.
Os Produtos de Luxo
Embora não haja regras específicas que definam se um produto é ou não de luxo, existem determinadas características que fazem com que um produto de luxo possa ser denominado como tal. Entre essas características, pode-se considerar:
•Alto padrão estético: A estética de um produto de luxo é bem elaborada, dotada de design, beleza e aparência requintada, superior àquela dos produtos convencionais. Esse alto padrão estético é capaz de seduzir e impressionar, fazendo, por vezes, com que o artigo de luxo seja considerado uma obra de arte
. Tome-se como exemplo um relógio Cartier. A marca, criadora do primeiro relógio de pulso no início do século XX, foi também a responsável por revolucionar a relojoaria por meio de um design totalmente diferenciado para a época — o de mostrador retangular. Sempre mantendo o compromisso com um alto padrão estético, a Maison Cartier possui hoje entre suas coleções de relógios aqueles considerados de alta joalheria, como o modelo Féline de Cartier. Com caixa em ouro branco, a peça leva em seu design a icônica Panthère — símbolo da grife — cravejada com mais de 600 diamantes, olhos em esmeraldas e focinho em ônix, cuja impressionante beleza é capaz de saltar aos olhos e encantar.
•Apresentação/embalagem luxuosa: Assim como o próprio produto, a embalagem de um artigo de luxo é luxuosa, possuindo aspecto refinado. Além disso, é cuidadosamente preparada para armazenar e proteger o produto da melhor forma possível, mantendo sua total integridade. Um ótimo exemplo para ilustrar esse atributo é a Tiffany Blue Box — a famosa caixinha azul da centenária joalheria americana Tiffany & Co. Coroada com um laço de fita branco, a embalagem é um símbolo de estilo e sofisticação reconhecido no mundo inteiro. A tonalidade azul-turquesa foi adotada desde a sua fundação em 1837, e é registrada internacionalmente com o intuito de manter seu uso restrito à própria grife. Certa vez, Charles Lewis Tiffany, o fundador da joalheria, determinou que não haveria outra forma de alguém obter a tão cobiçada caixinha senão adquirindo uma de suas peças — ou seja, uma Blue Box jamais poderia ser comprada, por ser um item sem preço. Tanto que, em 1906, o jornal nova-iorquino New York Sun descreveu: Tiffany tem algo em estoque que você não pode comprar, independentemente do dinheiro que possa oferecer; algo que poderá ser somente dado a você. E é uma de suas caixas
.¹² Hoje, nem mesmo os funcionários das lojas têm permissão para portar em suas mãos as icônicas caixinhas fora de qualquer endereço da joalheria Tiffany. E diz a lenda que foram necessários determinados cuidados até mesmo com o lixo dos estabelecimentos, de modo a evitar que curiosos em busca de uma delas tivessem acesso dessa forma.
•Qualidade superior: Um produto de luxo é feito com material nobre e de qualidade elevada, o que lhe confere durabilidade. Sua elaboração, muitas vezes, é realizada de maneira artesanal, por pessoal extremamente especializado. Ou, em outros casos, utilizando-se de alta tecnologia. Essa qualidade superior é garantida através de rígidos processos de inspeção e controle. Se você parar para observar, por exemplo, a Classic Flap — uma das mais consagradas bolsas da Chanel —, poderá perceber a qualidade presente em cada detalhe do acessório. A começar pelo seu material principal, o couro de cordeiro, que é extremamente perfeito, liso, livre de qualquer mancha, falha ou imperfeição. O mesmo acontece com o metal das correntes e do fecho: possui o peso e o banho necessário para se notar que é um metal de qualidade, ao mesmo tempo que é leve o suficiente para não se tornar desconfortável. A costura do matelassê é primorosa, com cada ponto milimetricamente alinhado, e a simetria pode ser percebida em todos os lados. E no processo de inspeção final, caso seja verificado algum defeito, o produto é imediatamente descartado, nem sequer chega até a loja.
•Detalhes: Todos os detalhes de um produto de luxo recebem atenção, capricho e cuidado especial em sua elaboração. Seu acabamento é sempre impecável, aproximando-se da perfeição. O belo vestido de noiva que a duquesa Kate Middleton usou em seu casamento com o príncipe William em 2011, desenvolvido pela grife Alexander McQueen, representa bem todo esse cuidado. Naquele ano, estive em Londres visitando o palácio de Buckingham, onde o vestido estava exposto, e tive a oportunidade de não apenas observá-lo pessoalmente, mas também de ser informada sobre como o modelo foi elaborado. Com tecidos nobres como seda e renda, ele era composto por um espartilho, uma saia longa com pregas e cauda e um lindo véu. Sobre o espartilho, o tecido rendado que lhe dava mangas longas traduzia toda a riqueza de detalhes que somente um traje de luxo é capaz de apresentar. A renda foi completamente tecida à mão, trazendo desenhos de delicadas flores como rosas, narcisos, cardos e trevos. Como o vestido possuía decote em V, para que a simetria ficasse perfeita nos lados direito e esquerdo, primeiro foi tecido um lado da renda e, em seguida, aquele lado foi espelhado
para se tecer o outro, de modo que ambos os lados ficassem idênticos quando observados de frente. O cuidado com o traje foi tão minucioso, que as costureiras que o confeccionaram eram instruídas a lavarem suas mãos a cada 30 minutos, de modo que a peça permanecesse imaculada.
•Preço elevado: O produto de luxo é um produto caro. Seus atributos peculiares lhe conferem um preço acima da média de mercado. O preço elevado consiste, inclusive, em um dos principais critérios de sua vinculação ao universo do luxo. Um sapato Christian Louboutin, por exemplo, sempre terá um preço bem acima de outros sapatos considerados comuns. Isso porque os diversos atributos que ele possui fazem com que seja considerado um artigo de luxo: o couro de excelente qualidade, o design, o formato perfeito, o acabamento primoroso, o diferencial da famosa sola vermelha — que se tornou objeto de desejo entre as mulheres — e até mesmo a própria marca, já consagrada no mundo da moda. Todas essas características, consequentemente, são refletidas em seu preço.
•Marca reconhecida: A marca de um produto de luxo transmite uma imagem que é amplamente reconhecida. Ela serve como um rótulo
, uma identidade que diferencia o produto de luxo dos produtos comuns e é capaz de lhe conferir prestígio. Muitas vezes, leva a assinatura de seu criador, e com o passar do tempo torna-se uma referência. Quando uma pessoa ouve falar em Dior, mesmo que não seja uma expert em moda, ela automaticamente será capaz de associar o nome da grife ao universo do luxo, já que a marca em questão é uma das mais tradicionais e conhecidas dentro deste segmento. Logo vem em mente também o nome de seu criador, Christian Dior, e seus elegantes trajes New Look de meados dos anos 1940, com cinturas marcadas, bustos proeminentes e saias volumosas. Hoje, com um apelo mais moderno, mas sem perder sua essência, o nome da marca já fala por si só, e não é necessária muita explicação para que alguém, ao ouvir que uma roupa é um modelo Dior, de imediato perceba que se trata, sem dúvida, de algo luxuoso, antes mesmo de vê-lo com os próprios olhos.
•Raridade/distribuição seletiva: Um produto de luxo é relativamente escasso e sua distribuição é moderada, ocorrendo de forma mais segmentada e precisa, ou seja, ele não pode ser encontrado em qualquer lugar. O intuito da distribuição seletiva é de estimular nas pessoas o sonho e o desejo de consumo, mantendo seu caráter exclusivo. E quanto mais luxuoso é o produto, mais reduzida é a sua distribuição. Se você quiser comprar um dos lindos lenços de seda da Hermès, por exemplo, somente poderá fazê-lo em uma das boutiques da marca que, obviamente, estão localizadas apenas em cidades e bairros específicos ao redor do mundo. Já se o seu objetivo for adquirir um exemplar da tão desejada bolsa Birkin — modelo que leva o nome da atriz e cantora inglesa Jane Birkin e é um dos mais cobiçados da grife —, você encontrará em uma das lojas da Hermès apenas se tiver sorte. Isso porque, anualmente, são produzidas pouquíssimas unidades da bolsa, e para quem realmente faz questão de tê-la é preciso realizar a encomenda e ainda aguardar alguns meses para