Livro 1 Eduardo Campos
Livro 1 Eduardo Campos
Livro 1 Eduardo Campos
COORDENADOR
Antônio Martins Filho
CONSELHO EDITORIAL
Francisco Carvalho
Joaquim Haroldo Ponte
Geraldo Jesuino da Costa
CAPA
Eduardo Campos
MONTAGEM DA CAPA
Assis Martins
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Carlos Alberto Dantas
EDUARDO CAMPOS
TEATRO
(TEATRO COMPLETO DE EDUARDO CAMPOS)
VOLUME I
UFC
CASA DE JOSÉ DE ALENCAR
PROGRAMA EDITORIAL
1999
SUMÁRIO
O DEMÔNIO E A ROSA 39
O ANJO 69
OS DESERDADOS 81
ANEXOS
1. Trabalhos como autor 231
2. Peças Rejeitadas 234
3. Peças fora da seleção 234
4. Inéditas 236
ICONOGRAFIA 237
UM AUTOR EM DOIS ATOS
Marcelo Costa
PRIMEIRO ATO
TEATRO DO ESTUDANTE
TEATRO UNIVERSITÁRIO
TEMOS UM AUTOR
O teatro de Eduardo Campos primeiro significou um rompimento
com o passado teatral do Ceará, principalmente com a forte corrente do
O ANJO
6 O Demônio e a Rosa.
FESTIVAL E PRÊMIOS
A MÁSCARA E A FACE
NÓS, AS TESTEMUNHAS
SEGUNDO VOLUME
Eduardo Campos
1939
Em abril, estréia Eduardo Campos como ator, interpretando Anás
na peça Jesus Crucificado, encenada no Teatro Santa Maria Benfica.
1940
Em decorrência de seu progresso como ator, é Jesus, na mesma
peça, percebendo o cachet de oitenta mil réis.
O Criador de Mentiras, seu primeiro texto é encenado no
Teatro São Gerardo, no Teatro São Gerardo a 11 de Agosto.
1941
A 28 de fevereiro, com a concordância do teatrólogo Renato Viana,
Eduardo Campos e Artur Eduardo Benevides fundam o TEATRO ES-
COLA RENATO VIANA.
A primeira representação do Teatro-Escola Renato Viana, honran-
do o programa de ação que o inspira, dá-se a 23 de março, com peça de
Eduardo Campos, às 19h30min, no antigo Teatro São Gerardo: Religião.
Nesse ano áureo do Teatro-Escola Renato Viana, em São Gerardo, o grupo
encenaria uma peça por semana (aos sábados e domingos). Eduardo Cam-
pos, além de autor de vários textos dessa intensa programação, atua como
diretor, ao lado de William Alcântara, e como ator em todos os espetáculos:
O Filho de Deus, Desdita de Caboclo e Flor do Mato, de William Alcântara;
Elos de Vida, de Gerardo Oliveira; Fantoche de Soure, de Luís Iglésias; O
Céu Sobre Nós Dois, de Artur Eduardo Benevides; Um Homem, de Eurico
Silva; Único Defeito, de Fernando Silveira; O Tio Bremaru e Diana, de
William Alcântara; Era Uma Vez um Vagabundo, de José Wanderley e Daniel
Rocha; A Fé Venceu, de Renato de Faria; Meu Lindo Sonho de Amor; de
Artur Eduardo Benevides; O Homem Que Queria Ser Doido, de Eduardo
Campos; A Felicidade Veio com Ela, de William Alcântara;Falta Uma Es-
trela no Céu, de Eduardo Campos, e Dinheiro É Tudo, O Noivo de Minha
Viuva e Aconteceu Numa Noite De Natal, de William Alcântara.
A 15 de dezembro, Eduardo Campos, no Teatro José de Alencar,
é o General Simão da opereta A Valsa Proibida, de Paurillo Barroso e
Silvano Serra. Produção Sociedade de Cultura Artística.
1950
O Teatro Universitário, em memorável noite, leva à cena no Teatro
José de Alencar O Demônio e a Rosa. Armando Vasconcelos, em duas re-
portagens para O Estado, entrevista as lideranças intelectuais do Ceará sobre
o evento. Falam ao Repórter: Fran Martins, João Clímaco Bezerra, Aderbal
Freire, Braga Montenegro, Antônio Girão Barroso, Tiago Otacílio de Alfeu,
Charles Pomerat, e o próprio autor, sobre sucesso da representação.
A 26 de agosto é encenada O Demônio e a Rosa em Leopoldina
(MG), no Cine-Teatro Alencar, pelo Teatro do Estudante de Leopoldina.
Direção de Juarez Valverde.
1956
A peça A Máscara e a Face, representando o Ceará no II Festival
Nortista de Teatro Amador, no Recife (Teatro Santa Isabel), possibilita a
que Nadir Papi Sabóia seja considerada pelo júri a Melhor Atriz, e ganha
Flávio Phebo o prêmio de Melhor Cenógrafo.
1951
À 20 de setembro, com Fran Martins, Nadir Papi Sabóia, Maristher
Gentil, Elza Bernardino, Stênio Lopes e Otacílio Colares, dentre outros,
Eduardo Campos funda o TEATRO ESCOLA DO CEARA.
1957
A 13 de junho; o Teatro Escola do Ceará encena; no Teatro José de
Alencar, Nós, As Testemunhas. Elenco: Fernanda Quinderé, Cláudio
Santos, José Maria Lima, Nadir Papi Sabóia e Marilsa Lima. Cenário de
Floriano Teixeira. Direção de Nadir Papi Sabóia.
1952
É montada, a 17 de setembro, pelo TEATRO ESCOLA DO CEA-
RÁ, a peça Os Deserdados. Waldemar Garcia, experiente homem de tea-
tro, divide a direção com o autor.
1955
O Anjo; peça em um ato, é montada pela primeira vez no Festival
de Arte de Amadores, no Teatro José de Alencar, a 5 de junho. No elenco:
Ary Sherlock, Elaina Duarte, Nely Rocha, Othon Damasceno e Hélio
Schramm. Direção de Othon Damasceno. Produção independente.
A 16 de setembro, por ocasião do I Festival Nortista de Teatro Ama-
dor, em Natal, o Teatro Escola do Ceará consegue importantes prêmios com os:
Os Deserdados. Nadir Sabóia ganha Menção Honrosa (Atriz), Albuquerque
Pereira, Medalha de Prata (Ator) e ainda Menção Honrosa pata o Espetáculo.
1959
Nós, As Testemunhas participa do III Festival Nortista de Teatro
Amador, em Maceió, no Teatro Deodoro. Fernanda Quinderé obtém Meda-
lha de Ouro de Melhor Atriz. Nadir Papi Sabóia: Melhor Atriz Coadjuvante.
O Teatro Escola do Ceará participa ainda com Nós, As Teste-
munhas, do II Festival Nacional de Teatro de Estudante, promoção de
Paschoal Carlos Magno, em Santos.
1960
Nós, As Testemunhas é encenada em Porto Alegre, a 5 de setem-
bro, com Lídia, Ilzuc proclamada Melhor Atriz do II Festival de Teatro
Amador de Pelotas. Esse original, em diferentes datas, é representado ain-
da em Fortaleza, Passo Fundo e Natal.
1962
Eduardo Campos escreve espetáculos diretamente para a TV Cea-
rá, que os apresenta com sucesso. Os telespectadores assistem: Contra-
bando ao Cair da Noite, Inquilinos do Medo, A Flor do Pecado, As
Trezentas Moedas e muitas outras.
1963
O Morro do Ouro, em noite de grande sucesso para o teatro
cearense, é visto, à primeira vez, em encenação de Comédia Cearense no
Teatro José de Alencar, estreando a 11 de Julho.
1967
Em produção para a TV Ceará, Hidelberto Torres, com Augusto
Borges, Guilherme Neto e outros, dirige Os Deserdados. A peça con-
correu no concurso de Melhor Espetáculo Internacional Dramatico de
Televisão, em Barcelona. Traduzida para o espanhol, por Geraldina Amaral,
foi gravada em videoteipe. A peça surpreende o júri. Derrota 172 con-
correntes dos 175 que concorriam, incluindo representações dos Estados
Unidos, Portugal, França, Holanda, etc. saindo finalista ao lado dos traba-
lhos do Japão e da Itália. A Itália, com espetáculo produzido por sua emis-
sora estatal, RAI, foi a vencedora.
A 21 de abril, estréia no Teatro José de Alencar, O Fazedor de
Milagre, produção da Comédia Cearense, assistida pelo critico Van Jafa do
jornal Correia da Manhã, como convidado especial.
1964
Rosa do Lagamar vem repetir o grande êxito de O Morro do Ouro.
Tem sua estréia realizada no Teatro José de Alencar, noite de 6 de novem-
bro. E mais uma realização da Comédia Cearense.
1965
Sobe ao palco do Teatro José de Alencar A Farsa do Cangaceiro
Astucioso, a 8 de agosto, também pela Comédia Cearense.
1966
A 5 de julho, Rosa do Lagamar, estréia no Teatro Nacional de Co-
média, no Rio de Janeiro.
1969
A 27 de março, no Teatro Universitário, é encenada a versão teatral de
O Pecado e a Flor; Elenco: Marcus Miranda, Cleide Holanda, José Humberto
e Ednardo Brasil. Direção de Marcus Miranda. Produção do TEATRO NOVO.
1971
A 15 de junho, no Teatro José de Alencar, consagração de O Morro
do Ouro, agora em versão musicada por Belchior, Jorge Melo e Haroldo
Serra. Direção de Haroldo Serra. Produção: Grupo Universitário de Tea-
tro e Comédia Cearense. Esta produção, participou depois da Caravana
da Cultura, promovida pela Secretaria de Cultura, em várias cidades
cearenses. Inaugurou os teatros: MUNICIPAL, de Juazeiro e EMCETUR
(TEATRO CARLOS CÂMARA), em Fortaleza.
A 18 de julho, em Festival de São José do Rio Preto, São Paulo, a
Comédia Cearense, sob a direção segura de Haroldo Serra, consegue o
primeiro lugar com O Morro do Ouro. A comissão julgadora, estava cons-
tituída por Joana Lopes. Antônio Carlos Guerher, Darrlton Dib, Walter
Benfati e Sandra Chacra. O júri popular, igualmente consagrou-a: 79%
consideraram-na ótima; 17%, boa e 4%, regular. A peça mereceu vários
outros prêmios, inclusive Menção Honrosa pela direção e Melhor Ceno-
grafia (Haroldo Serra), Melhor Atriz Coadjuvante (Socorro Noronha).
A 16 de agosto, o então governador César Caís de Oliveira Filho
homenageia o autor e a Comédia Cearense, no Palácio da Abolição, pelo
êxito alcançado em São José do Rio Preto.
1972
Estréia no Rio, no TEATRO SENAC, em Copacabana, O Morro do
Ouro. O elenco é composto de cearenses e cariocas. Participam, dentre ou-
tros: Milton Morais, Myriam Pérsia, Paulo Pinheiro, Yara Victória, Elizabeth
Matos, Mary Neubeacur, Chico Silva, Célio de Barros e Almir Teles.
1977
Em julho, a peça Rosa do Lagamar, versão musicada e dirigida, em
1975, por Haroldo Serra, representa o Ceará no III Seminário de Estudos
Sobre o Nordeste O Teatro, realizado em Salvador-Ba. Na oportunida-
de, Eduardo Campos pronuncia conferência: Determinantes Regionais do
Teatro Nordestino.
No dia 27 de setembro o Palácio da Abolição, a convite do Go-
vernador Adauto Bezerra, abre as portas para marcar a 250a representação
da Rosa do Lagamar.
1979
Rosa do Lagamar integra o Projeto Mambembão, promoção do
Serviço Nacional de Teatro. E apresenta-se em Brasília (TEATRO ES-
COLA PARQUE); em S. Paulo (TEATRO EUGÊNIO KUSNET) e no
Rio de Janeiro (TEATRO EXPERIMENTAL CACILDA BECKER). A
participação da peça no projeto ensejou a indicação de Hiramisa Serra
(Rosa), pela crítica de São Paulo, para concorrer ao Troféu Mambembe, de
1979, na categoria de atriz.
É inaugurada placa comemorativa das 300 representações da Rosa
do Lagamar, no TEATRO DA EMCETUR, por ocasião do Dia Mundial
do Teatro, evento festejado em Fortaleza pela Secretaria de Cultura e Des-
porto, do Governo Virgílio Távora.
Escreve duas peças de um ato: Quem Pode Ser Profeta e O
Andarilho.
Lançada a plaqueta, editada pela Comédia Cearense: Eduardo
Campos, Ator e Autor: 40 anos a serviço do teatro cearense.
1980
Apresentação (l7 de junho) da Farsa do Cangaceiro Astucioso, co-
memorando os 70 anos do Teatro José de Alencar.
Na mesma data e local, nas comemorações do Teatro, estréia o balé de
Hugo Bianchi, Os Deserdados, baseada na peça homônima de Eduardo Cam-
pos. No corpo de baile: Marcus Jussier, Graciela Zech, Mônica Luisa, Fátima
Silveira, Gil Sodré, entre outros. Ficha técnica: Coreografia, Hugo Bianchi; mú-
sica, L. Gonzaga, H. Teixeira, Verdi, Grófe e Webber; cenografia de Marcus
Jussier; figurinos especiais de Isidoro Santos. Bailarina convidada: Mônica Luisa.
De 9 a 10 de novembro: apresentações do balé, Os Deserdados,
no TEATRO ALBERTO MARANHÃO, Natal-RN.
1981
Circula a revista Comédia Cearense, n. 7, com 6 texto da peça de
Eduardo Campos, O Julgamento dos Animais.
1982
A 2 de maio, estréia no Teatro Móvel Julgamento dos Animais. No
elenco J. Arraes, Walden Luiz, Francisco Neto, Hiramisa Serra e Zulene
Martins. Produção da COMÉDIA CEARENSE, direção de Haroldo Serra.
15 de setembro, no Teatro José de Alencar, O Morro do Ouro, peça
escolhida para comemorar os 25 anos de atividades da COMÉDIA CEARENSE.
No elenco, dentre outros, Marta Vasconcelos, Hiramisa Serra, Francisco Arruda,
Cláudio Pinheiro, Eglacine Monteiro e Haroldo Serra, diretor do espetáculo.
Na mesma data lançada a edição especial da Revista Comédia
Cearense, n. 9, comemorativa do seu jubileu de prata, com textos de A
Rosa do Lagamar e O Morro do Ouro.
1988
O GRUPO BALAIO, no Teatro Arena Aldeota, de Fortaleza, dia
27 de março, Dia Mundial do Teatro, entregou a Eduardo Campos, por
serviços prestados ao Teatro Cearense, o Troféu Carlos Câmara.
PERSONAGENS
ELGA
NATÁLIA
LÚCIA
ROLANDO
CARLOS
MÉDICO
CIENTISTA
CRIADO
1o HOMEM
2o HOMEM
FARMACÊUTICO
REPÓRTER
VOZ
PRIMEIRO ATO
(PRIMEIRA CENA)
(SEGUNDA CENA)
(TERCEIRA CENA)
1o Homem Eu sou o primeiro. Tenho vinte anos e pareço ter cem. Mais
dizem que sou fracassado, que não tenho coragem para lutar na vida. E
vejo razões para lutar? Prefiro morrer.
Farmacêutico Preciso verificar o seu cartão de identificação. (Olhan-
do-o) Vinte anos... inacreditável (Pausa) Eis aqui a sua quota de vene-
no. Meus sinceros votos de felicidade.
o
1 Homem Muito obrigado. Afinal de contas ninguém vai chorar por
mim. Não deixo nada de herança. (Retira-se F 2).
Farmacêutico Um fracassado... (Pausa) Aliás estamos todos fracassados.
Cientista (Entrando F 2 e se dirigindo ao balcão) Eu sou o segundo.
Desejo uma dose de veneno
Farmacêutico Vai também se suicidar assim depressa? Tem alguma
razão forte para praticar tão tresloucado ato?
Cientista Tenho sim, sou um Cientista. (Pausa) Vou fazer uma viagem
de estudos na outra existência.
Farmacêutico Mas o senhor não voltará, posso garantir.
Cientista Se não voltar, serei pelo menos útil na outra vida. Faço coisas
interessantes. Sou um grande químico. Concorri para a fabricação da
vacina contra a brucelose.
Farmacêutico (Desinteressado) Tome também sua dose de veneno.
(Entrega um pacotinho). Antigamente meu pai vendia essa dose para
matar ratos... (O. T.) Como as coisas mudam!
Cientista (Saindo) Que crueldade! Matar ratos!
Rolando (Entrando F 2) Boa-noite. (Pausa). Eu desejo acabar com a mi-
nha vida. Estou em desespero desde que perdi minha primeira esposa.
Mas, não posso explicar, mas vejo-a por toda parte, acusando-me como
se eu fosse um assassino.. (Pausa) O senhor vende vitríolo?
Farmacêutico Vitríolo? Isso é muito antigo! Agora está na moda o
desintegrador atômico. A embalagem é moderna e custa relativamente
barato.
Rolando Tem efeito seguro?
(SEXTA CENA)
(OITAVA CENA)
TERCEIRO ATO
(NONA CENA)
(DÉCIMA CENA)
Elga Você ouviu, Lúcia? Ela falou contra mim. Disse que eu não sabia
mais do que ela.
PANO
PERSONAGENS
AUTOR
HERMANO
HOMEM
ANA
MULHER
Autor Não vos iremos enganar. Todos os que aqui vieram, naturalmente
preparam-se para assistir a uma representação teatral. Por isso julga-
mos de bom alvitre não enganar, mesmo porque depois de vista esta
pequena peça, podereis reclamar que vos insultamos, oferecendo-vos
uma história inverossímil. Em verdade, inventamos a história. E os
personagens, dizemos melhor, os atores, talvez sejam conhecidos por
vós, amigos da mesma rua, vizinhos ou colegas de trabalho em ocupa-
FIM
PERSONAGENS
HORTÊNSIA
AUGUSTO
ALÍPIO
ESMERALDA
GEDEÃO
MULHER
(VOZES E FIGURANTES)
PRIMEIRO ATO:
1o QUADRO
SEGUNDO ATO
PERSONAGENS:
ELVIRA
ORLANDO
FOTÓGRAFO
MESQUITA
CLARINHA
MARGARIDA
INVESTIGADOR
GUSTAVO
PRIMEIRO ATO
SEGUNDO ATO
Elvira (Com os papéis nas mãos, estupefata) Não, não pode ser. (Após um
momento, procurando refazer-se) Quer dizer que é essa a situação da empresa?
Mesquita (Levantado, enquanto Elvira vacila em dar crédito ao que
parecem dizer os documentos, e pára diante da fotografia de Álvaro.
Volta-se constrangido) Confesso que custei em acreditar no que reti-
nha entre as mãos. Infelizmente.
Elvira (Exibindo-lhe papéis) Tantas promissórias! Tantas!
Mesquita Despesas particulares. A senhora precisa compreender: não
temos tido bons resultados para cobrir tantos encargos... Dai, infeliz-
mente, foi-se corroendo o capital da fábrica.
Elvira (Indo a Mesquita) Por acaso, o que isso significa para nós, para
mim e para a minha família?
Mesquita (Constrangido)Tudo isso é muito grave.
Elvira Imagino o que vão os nossos parceiros de negócios, quando
tomarem conhecimento da situação. (Senta-se visivelmente abatida) Para
mim, não posso esconder, é constrangedor.
TERCEIRO ATO
PERSONAGENS:
EURIDICE
MARGARIDA
ANASTÁCIA
LINEU
TESTEMUNHA
EMPREGADO
SEGUNDO ATO
Lineu Juro-lhes! Não fui eu quem a matou! Juro por tudo! Sempre fui bom
marido, chefe de família devotado ao trabalho, às minhas ocupações.
Testemunha (Voz amplificada) Não posso, como testemunha, deixar
de me cingir à verdade. A verdade, senhor juiz, é esta que espero con-
tinuar apresentando-a diante desse Egrégio Tribunal.
Lineu E fique desde já esclarecido, Meritíssimo, se a testemunha vivia
em minha casa, no meio dos meus familiares! (sem compreender) Como
admitir-se poder dizer coisas que apenas presume?
Testemunha Esse o mal de todos os homens! Não percebem que o
mínimo gesto, a atitude mais simplória, a mais inocente, talvez, está
sendo notada por alguém como subsídio, um dia, à acusação.
Lineu E o que sempre fiz de bom? Por que não se apresenta outra
pessoa para me defender?! (Com desprezo) Há de existir sempre a fal-
sa testemunha de acusação?
Testemunha Tenho uma missão a cumprir na vida.
TERCEIRO ATO
Margarida Não, não é esse o número. Deixe-me ver. (Consulta outra vez
a caderneta. Depois, percebendo o ruído incomodo do ventilador, vai
desligá-lo. Faz gesto de aborrecimento. Retoma ao telefone. Tudo indica
que encontrou o número procurado. Disca e espera um momento, como
se custassem a atender do outro lado) Alô! É o dr. Francisco? Boa tarde.
Fala a mãe de Lineu. Obrigada. (pausa) Estou tão nervosa, que não ima-
gina! Sim. Queria notícias! Lineu sempre ganhou. Se não ganhar este
ano, será desastroso. (pausa) Por favor, não ouvi bem. Sei, o ruído... vem
aqui da rua. Parece dia de festa... (pausa) Agora ouço melhor. (pausa)
Faço votos que haja bastante justiça no julgamento. Lembrem-se: meu
filho tem sido sempre um grande vendedor. (pausa) Muito obrigado.
(Desliga. Aparenta mais tranqüilidade. Vai à janela e olha para a rua.
Como se avistasse uma vizinha) Hoje a decisão. Estou certa da vitória de
Lin! (faz um aceno com a mão e desce ao centro da cena) .
Criado (Surgindo em cena) D. Margarida, uma senhora deseja falar.
Margarida (Sem enfado) É pessoa conhecida?
Criado Não, senhora. (Reticente) E...
Margarida E o quê?
Criado A mim parece que está bastante irritada...
Margarida Que entre! Talvez você esteja enganado. (Enquanto o criado
se ausenta, Margarida vai ao móvel das taças. Conta-as com certo enle-
vo e modifica a arrumação das mesmas como a marcar lugar especial
para o novo troféu).
Anastácia (Detendo-se à entrada) Com licença. (Mulher alcançando os
quarenta anos, sem nenhum atrativo. Criatura de temperamento ner-
voso, infeliz).
Margarida (Recebendo-a com delicadeza) Esteja à vontade, minha se-
nhora. Com quem tenho o prazer de falar?
Anastácia Anastácia. (pausa) A senhora é...
Margarida Sou Margarida, mãe de Lineu. Conhece meu filho?
Anastácia Infelizmente não. (Segura as próprias mãos, nervosa. Pausa-
damente, grave) Eu sou a esposa do sr. Frederico.
O DEMÔNIO E A ROSA
JOAQUIM ALVES
AUTORES CEARENSES
EDIÇÕES CLÃ, PP. 38, 39
FORTALEZA, 1949.
ALUÍZIO MEDEIROS
11 DE ABRIL DE 1948
RICARDO GUILHERME
JORNAL O POVO, 10 JUNHO 1979
OS CONTEÚDOS SOCIAIS
JOSÉ LEMOS MONTEIRO
IN O COMPROMISSO LITERÁRIO DE EDUARDO
CAMPOS
P. 35, 36, 37, 38, 39.
SECRETARIA DE CULTURA DO CEARÁ, 1981.
AS TESTEMUNHAS
FRAN MARTINS
CORREIO DO CEARÁ, 10 OUTUBRO 1958
BRAGA MONTENEGRO
CORREIO DO CEARÁ, 15 NOVEMBRO 1958
Não sei se devo começar este comentário sobre a peça com uma
referência a seu cenário. Acredito que sim, pois o cenário, com ser a pri-
meira parte da montagem de uma peça a se apresentar ao público, tem, no
teatro moderno adquirido atribuições tanto mais indispensáveis quanto
em certas peças o aparato técnico de carpintaria, de mudança de planos,
de jogo de luz, de sonoplastia, se constitui como um novo motivo de
sustentáculo da estrutura teatral, modificando assim a clássica tripeça de
autor-ator-público, até ontem restritamente admitida. No caso presente,
de certo modo, esta prioridade se impõe, não direi porque na montagem o
cenário se fizesse rigorosamente indispensável aos desígnios artísticos e
técnicos da peça, porém, o que é bem mais louvável, pela sua própria
qualidade intrínseca. Efetivamente, Floriano realizou em matéria de ceno-
grafia, um trabalho digno e que se recomenda pela sobriedade de linhas,
pela harmonia de tons; um trabalho que se afirma sobretudo pela origina-
lidade de concepção mas sem truques nem soluções abstrusas, quase clás-
sico em sua composição essencialmente tranqüila. Eu já o observara nos
bastidores, porém, ao suspender a cortina, de tal modo fiquei atento a
seus detalhes, ao colorido de suas tintas, à disposição de seus valores de-
corativos, que me descuidei quase do homem que se lamentava, da mulher
que ali se achava estendida e morta, provisoriamente morta, sob o olhar
curioso e cheio de interrogação das testemunhas, isto é, do público.
Tratemos então da peça, de suas soluções dramáticas e artísticas.
Não levarei em conta as intenções do autor, facilmente perceptíveis no
plano por que dispôs sua peça, ou seja a de colocá-la num teor de realiza-
ção dentro de certas tendências do teatro de vanguarda, isto é, a meu ver,
será talvez ama de suas debilidades. Tenho para mim que Eduardo Cam-
pos compôs uma obra teatral em suas linhas principais e mais característi-
SORAYA
DIÁRIO DE ALAGOAS, 24 JANEIRO 1959
1939
1. Jesus Crucificado (Anás) abril
Teatro Escola Santa Maria
1940
2. Jesus Crucificado (Jesus)
Teatro Escola Santa Maria
3. O Criador de Mentiras 11 de agosto
Eduardo Campos
1941
4. Religião
23 de março
Eduardo Campos
5. O Filho de Deus 6 de abril
William Alcântara
6. Desdita de Caboclo 27 de abril
William Alcântara
7. Flor do Mato 4 de maio
William Alcântara
8. Elos de Vida
18 de maio
Geraldo Oliveira
9. Fantoche da Sorte
25 de maio
Luiz Iglesias
10. O Céu sobre Nós Dois
1 de junho
Artur Eduardo Benevides
1942
25. Veneno
Eduardo Campos
26. Pedacinho do Céu
Eduardo Campos
27. A Mulher que Venceu
Eduardo Campos
28. Um Olhar sobre a Terra
Eduardo Campos
29. As Aventuras do Mocinho Dali
Eduardo Campos
30. Olhai para o Céu
Geraldo Oliveira
31. Céu sem Estrelas
Geraldo Oliveira
32. Saudade
Paulo Magalhães
33. Flores de Sombra
Cláudio de Sousa
34. Lucielda
William Alcântara
35. Ela Não Era Ele
William Alcântara
36. Olhai Para o Além
William Alcântara
37. Divino Perfume
Renato Viana
38. Onde Estás, Felicidade?
Luís Iglésias
2 PECAS REJEITADAS
1940
1. O Criador de Mentiras
11 agosto
Teatro São Gerardo
1941
2. Religião
23 de março
Teatro Escola Renato Viana
1942
5. Veneno
6. Pedacinho do Céu
7. A Mulher que Venceu
8. Um Olhar sobre a Terra
9. As Aventuras do Mocinho Dali
O FAZEDOR DE MILAGRES
Estréia: Teatro José de Alencar, 21 de abril 1967
Comédia Cearense
ELENCO: Haroldo Serra, Marcus Miranda, Hiramisa Serra, Karla
Peixoto, Aldemir Castro, Antônio Mendes, Juarez Silva, Geraldo Oliveira
e Galeguinho
TÉCNICA: Arialdo Pinho (cenário), Lamartine (iluminação), Marcus
Miranda (produção), Haroldo Serra (direção)
O PECADO E A FLOR
Estréia: Teatro Universitário, 27 de Março 1969 Teatro Novo
ELENCO: Cleide Holanda, José Humberto Cavalcante e Marcus
Miranda.
TÉCNICA: Marcus Miranda (direção). Originalmente para TV; 1962.
1. Inquilinos do Medo
Escrita originalmente para TV; 1962.
2. Noite de Coronéis
1972, data de composição.
3. O Andarilho