MA22 Unidade 17

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17

O conceito de integral e
suas propriedades básicas
Sumário
17.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
17.2 Integral denida de f : [a, b] −→ R . . . . . . . . . . 5
17.3 Somas de Riemann . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Z b
17.4 A integral denida f (x) dx . . . . . . . . . . . . 7
a
17.5 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
17.6 Propriedades das integrais denidas . . . . . . . . . 16
17.7 Interpretação geométrica da integral . . . . . . . . . 18
17.8 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

1
Unidade 17 Introdução

Enquanto a Álgebra e a Geometria estiveram separadas, seus progressos foram


lentos e suas aplicações limitadas. No entanto, quando estas duas ciências
foram unidas, deram uma a outra renovada vitalidade e seguiram rapidamente
rumo à perfeição.
Lagrange

17.1 Introdução
Ao longo das unidades que restam lidaremos com duas questões que, apa-
rentemente, não estão nem um pouco relacionadas.
Questão A: Sob que condições podemos armar que uma dada função

f : I −→ R, denida em um intervalo aberto I da reta, é a função derivada de


alguma função F : I −→ R?
Ou seja, existe F : I −→ R tal que

F 0 (x) = f (x), ∀x ∈ I?

Questão B: Como estender a noção clássica de área de guras planas


triangularizáveis para guras mais gerais? Quais guras não triangularizáveis
poderão ser incluídas no processo?

Na primeira questão buscamos uma função enquanto que na segunda espe-


ramos obter números nas respostas.
A continuidade, como veremos, é condição suciente para respondermos
positivamente a ambas as questões. Veremos também que há uma forte conexão
entre elas, um resultado deveras importante, como seu nome indica: o Teorema
Fundamental do Cálculo, que será objeto de estudo da próxima unidade.
Exemplos clássicos de guras não triangularizáveis às quais atribuímos área
são círculos e, mais geralmente, setores de curvas cônicas, como a parábola.
Arquimedes deu a primeira prova rigorosa de que a área do círculo é igual à
área do triângulo cuja base é igual a sua circunferência e cuja altura é igual a
seu raio. Além disso, mostrou que

10 1
3 < π < 3 .
71 7

2
O conceito de integral e suas propriedades básicas Unidade 17

Ele também calculou áreas de setores parabólicos. Seus argumentos envol-


vem aproximações da região em questão por regiões triangularizáveis, o método
de exaustão e suas demonstrações usam a redução ao absurdo.
É importante notar que Arquimedes não dispunha de notação adequada nem
de um sistema de numeração posicional como o que usamos.
Uma abordagem mais geral, como a que faremos, tornou-se viável devido
à introdução da noção de coordenadas, resultado dos trabalhos de Descartes e
Fermat.
Para ilustrar a teoria de integral denida que apresentaremos, vamos come-
çar com um exemplo.

Vamos calcular a área da região compreendida pelo eixo Ox, pela reta Exemplo 1
denida pela equação x = 1 e pelo trecho da parábola determinada pela equação
y = x2 .

y = x2

Aqui está a estratégia: vamos subdividir o intervalo [0, 1] em subinterva-


los, para nossa conveniência, todos de comprimentos iguais, e considerar os
retângulos com bases nesses intervalos. Cada um desses retângulos terá altura
igual ao máximo valor da função restrita ao subintervalo base. Veja a gura
para o caso desta subdivisão ser de cinco subintervalos, com os correspondentes
retângulos.

3
Unidade 17 Introdução

A união desses retângulos é uma região à qual podemos atribuir área: a


soma das áreas dos retângulos. Agora, tomando divisões com mais e mais
subintervalos, obteremos uma sequência de números reais. Se essa sequência
convergir, teremos um excelente candidato à área da região original. Note que
isso é muito razoável, uma vez que a cada nova subdivisão do intervalo [0, 1],
a diferença entre a região original e a união de retângulos é menor.

Vamos aos números. A divisão do intervalo [0, 1] será em n subintervalos,


delimitados pelos pontos
1 2 i n−1
0< < < ··· < < ··· < < 1.
n n n n
 
i−1 i
Assim, o subintervalo , será a base do i-ésimo retângulo. A área
n n
 2
1 i
deste retângulo é A(i) = × , o produto do comprimento do intervalo
n n

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O conceito de integral e suas propriedades básicas Unidade 17

pela sua altura, o valor da função f (x) = x2 calculada no extremo superior do


i
intervalo, o ponto .
n
Portanto, a área da união dos n retângulos é
n n n
X X i2 1 X 2 n(n + 1)(2n + 1)
S(n) = A(i) = 3
= 3 i = 3
.
i=1 i=1
n n i=1
6n
1
Tomando o limite, temos lim S(n) = , um excelente candidato à área
3
da região original.
Vamos agora ao caso geral.

17.2 Integral denida de f : [a, b] −→ R


Partições do intervalo [a, b]
Seja [a, b] um intervalo fechado e limitado da reta. Chamamos uma partição
P de [a, b] um conjunto nito de pontos {x0 , x1 , . . . , xn−1 , xn }, ordenado da
seguinte forma:
a = x0 < x1 < · · · < xn−1 < xn = b.
Note que uma tal partição divide o intervalo [a, b] em n subintervalos
[xi−1 , xi ]. Cada um destes subintervalos tem comprimento ∆xi = xi − xi−1 e a
soma destes comprimentos é igual a b − a, o comprimento do intervalo original:
n
X
∆xi = (x1 − x0 ) + (x2 − x1 ) + · · · + (xn − xn−1 ) = xn − x0 = b − a.
i=1

Veja um exemplo gráco para n = 5.


[ ] -
a = x0 x1 x2 x3 x4 b = x5
[a, b] = [x0 , x1 ] ∪ [x1 , x2 ] ∪ [x2 , x3 ] ∪ [x3 , x4 ] ∪ [x4 , x5 ].
Note que as partições usadas no exemplo introdutório eram homogêneas.
Isto é, todos os subintervalos de mesmo tamanho, um-enésimo do comprimento
do intervalo original.
Chamamos norma da partição P o comprimento do seu subintervalo mais
longo:
k P k = max{ ∆xi ; i = 1, 2, . . . , n } .

5
Unidade 17 Somas de Riemann

17.3 Somas de Riemann


Seja f : [a, b] −→ R uma função denida no intervalo fechado e limitado
[a, b] e seja P uma partição de [a, b]. Para cada i = 1, 2, . . . , n, escolhemos um
ponto ci ∈ [xi−1 , xi ]. Denimos a Soma de Riemann de f , relativa à partição
P e à escolha dos pontos ci por
n
X
S(f, P) := f (ci ) ∆xi .
i=1

Observe que na notação S(f, P) indicamos a dependência deste número em


relação à partição P , mas ele também depende da escolha dos pontos ci .
No exemplo introdutório, S(n) corresponde à Soma de Riemann da fun-
ção f (x) = x2 , denida no intervalo [0, 1], com a partição homogênea de n
i
subintervalos e as escolhas ci = :
n
n  2
X i 1 n(n + 1)(2n + 1)
S(n) = = 3
.
i=1
n n 6n

Note que, se f é uma função positiva, S(f, P) é a área da região formada


pela união dos retângulos de base [xi−1 , xi ] e de altura f (ci ), como mostra a
gura a seguir.

x0 x1 x2 x3 x4 x5
c1 c2 c3 c4 c5

6
O conceito de integral e suas propriedades básicas Unidade 17

No entanto, em geral, as Somas de Riemann de uma função qualquer, que


assume valores positivos e negativos, corresponde a uma soma de números
positivos ou negativos, dependendo dos valores f (ci ). Assim, os retângulos que
se encontrarem abaixo do eixo Ox, contribuirão com parcelas negativas. Veja
a gura a seguir.

c2 c3
c1 c4 c5

Neste exemplo gráco, a Soma de Riemann é


5
X
S(f, P) = f (ci ) ∆xi = A1 − A2 − A3 + A4 + A5 ,
i=1

onde Ai representa a área do retângulo de base [xi−1 , xi ] e altura |f (ci )|.

Z b
17.4 A integral denida f (x) dx
a
Gostaríamos de dizer que a integral denida da função f : [a, b] −→ R é o
limite das suas Somas de Riemann quando as normas das partições tendem à
zero: Z b
f (x) dx = lim S(f, P).
a kPk→0

Para fazer isso, nos deparamos com uma diculdade técnica. Tal limite é de
natureza diferente dos limites com os quais temos lidado até agora: o limite de

7
Z b
Unidade 17 A integral definida f (x) dx
a

sequência e o limite de função, o qual foi denido em termos do anterior. No


caso do limite de uma sequência, queremos analisar o comportamento de um
conjunto enumerável (e ordenado) de pontos. Quando lidamos com as partições,
mais as escolhas dos pontos ci 's, temos um conjunto enorme de números, sobre
o qual queremos tomar o limite. Mesmo se nos restringíssemos às partições
homogêneas, ainda teríamos que lidar com as escolhas dos ci 's. No exemplo
introdutório escolhemos os extremos superiores dos subintervalos: ci = xi . A
xi + xi−1
escolha poderia ser outra, como xi−1 , os extremos inferiores, ou ,
2
os pontos médios dos subintervalos. Em cada um dos casos teríamos outra
sequência, porém o mesmo limite!
Para superar essas diculdades e continuar no escopo de um livro de Cál-
culo, lidaremos apenas com funções contínuas. Para isso, estabeleceremos,
inicialmente, as armações a seguir.

(a) Lidaremos, por conveniência, apenas com funções contínuas positivas. Isto
é, assumiremos por agora que f : [a, b] −→ R é contínua e f (x) ≥ 0, para
todo x ∈ [a, b].

(b) Se f : [a, b] −→ R for contínua e positiva, dada uma partição P de [a, b],
o conjunto das Somas de Riemann de f , relativas a P , variando sobre
as escolhas dos pontos ci 's, será limitado por duas Somas de Riemann
especiais, uma mínima e outra máxima.

(c) Se f : [a, b] −→ R for contínua e positiva e Q for a partição de [a, b]


obtida da partição P pela adição de um ponto extra, então a Soma de
Riemann mínima de Q será maior ou igual à Soma de Riemann mínima de
P e a Soma de Riemann máxima de Q será menor ou igual à Soma de
Riemann máxima de P .

(d) Se f : [a, b] −→ R for contínua e positiva e k P k→ 0, então a Soma de


Riemann mínima de P convergirá para a Soma de Riemann máxima de P .
Este número será chamado a integral denida de f em [a, b] e denotado
Z b
f (x) dx.
a

Vamos iniciar com a armação (b). Dada uma partição P de [a, b], como
f : [a, b] −→ R é uma função contínua, sua restrição fi : [xi−1 , xi ] −→ R

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O conceito de integral e suas propriedades básicas Unidade 17

a cada um dos subintervalos da partição também é contínua. O Teorema dos


Valores Extremos garante a existência de pontos ei e di em [xi−1 , xi ] tais que

f (ei ) ≤ f (x) ≤ f (di ), ∀x ∈ [xi−1 , xi ].

Portanto, se denotarmos por S− (f, P) a Soma de Riemann correspondente


à escolha dos ei 's mínimos e por S+ (f, P) a Soma de Riemann correspondente
à escolha dos di 's máximos, temos

S− (f, P) < S(f, P) < S+ (f, P),

onde S(f, P) é uma Soma de Riemann associada a uma escolha genérica de ci 's.
Observe a gura a seguir, na qual os retângulos máximos, com lado superior
em preto, somam área maior do que a área correspondente aos retângulos de
lados superiores vermelhos, que por sua vez somam área maior do que a área
correspondente aos retângulos mínimos, cujos lados superiores são azuis.

c1 c2 c3 c4 c5

Vamos agora lidar com a armação (c). Mostraremos que, se Q é obtida


de P pela adição de um ponto, então

S+ (f, Q) ≤ S+ (f, P).

Suponhamos que Q foi obtida de P pela adição do ponto t:

a = x0 < x1 < x2 < · · · < xi−1 < t < xi < · · · < xn = b.

9
Z b
Unidade 17 A integral definida f (x) dx
a

Então, S+ (f, Q) é obtida de S+ (f, P) substituindo a parcela f (di ) ∆xi por


duas parcelas, digamos f (η1 ) (t − xi−1 ) e f (η2 ) (xi − t), nas quais f (η1 ) é o
valor máximo de f em [xi−1 , t] e f (η2 ) é o valor máximo de f em [t, xi ]. Mas
f (di ) é o valor máximo de f em [xi−1 , xi ] = [xi−1 , t] ∪ [t, xi ]. Portanto,
f (η1 ) ≤ f (di ), f (η2 ) ≤ f (di ),

f (η1 )(t − xi−1 ) + f (η2 )(xi − t) ≤ f (di )(t − xi−1 ) + f (di )(xi − t) = f (di ) ∆xi

e podemos concluir que S+ (f, Q) ≤ S+ (f, P).


A situação S− (f, P) ≤ S− (f, Q) é análoga.

Queremos agora considerar a armação (c), onde lidaremos com um pro-


cesso de convergência. Dada uma partição P de [a, b], construímos uma nova
partição P1 acrescentando a P todos os pontos médios de seus subintervalos.
Esta nova partição é tal que k P1 k= 21 k P k. Além disso, usando o item (c)
iteradas vezes, temos

S− (f, P) ≤ S− (f, P1 ) ≤ S+ (f, P1 ) ≤ S+ (f, P).

Repetindo o processo, obtemos uma nova partição P2 de P1 e assim su-


cessivamente. Dessa forma, obtemos uma sequência de partições Pn , tais que
k Pn k= 21n k P k, além de duas sequências de números, uma crescente:
S− (f, Pn ) , uma decrescente: S+ (f, Pn ) .
 

Como essas duas sequências de números são limitadas, inferiormente por


m (b − a) e superiormente por M (b − a), onde m e M são, respectivamente, o
mínimo e o máximo valores de f em [a, b], ambas convergem. Chamamos seus
limites de I− e I+ , respectivamente.
Vamos apresentar um argumento que garante que I− = I+ . Observe a
diferença entre as somas S+ (f, Pn ) e S− (f, Pn ):
n
X
S+ (f, Pn ) − S− (f, Pn ) = (f (di ) − f (ei )) ∆xi ,
i=1

onde f (di ) e f (ei ) são, respectivamente, os valores máximo e mínimo de f no


intervalo [xi−1 , xi ]. Sejam Mn = max{f (di ) − f (ei ), i = 1, . . . , n} e mn =
min{f (di ) − f (ei ), i = 1, . . . , n}. Então,

mn (b − a) ≤ S+ (f, Pn ) − S− (f, Pn ) ≤ Mn (b − a).

10
O conceito de integral e suas propriedades básicas Unidade 17

Tomando o limite com n → +∞, o comprimento dos intervalos [xi−1 , xi ]


converge para zero e a continuidade de f implica que as diferenças f (di )−f (ei )
tendem a zero. Portanto, lim mn = lim Mn = 0. Assim, a diferença
n→+∞ n→+∞
S+ (f, Pn ) − S− (f, Pn ) converge para zero e I+ = I− = I .
Resta um ponto a ser esclarecido. Como garantir que, partindo de possíveis
diferentes partições, digamos P e Q, chegaremos, por esse processo, ao mesmo
limite I ? Uma maneira de garantir isso seria usar a partição obtida da união
delas, P ∪ Q e mostrar que esse limite é igual ao limite obtido a partir de P e
ao limite obtido a partir de Q.

Para a função f : [a, b] −→ R contínua e positiva, denimos Definição 2


Z b
f (x) dx = I.
a

Observe que podemos usar qualquer família de partições para chegar a este
limite.

Seja f : [a, b] −→ R a função constante f (x) = k , para todo x ∈ [a, b]. Exemplo 3
A integral da função
Então, se P é uma partição de [a, b] e ci é uma escolha qualquer de pontos
constante
ci ∈ [xi−1 , xi ], a Soma de Riemann de f associada é
n
X n
X n
X
S(f, P) = f (ci ) ∆xi = k ∆xi = k ∆xi = k (b − a).
i=1 i=1 i=1

Portanto,
Z b n
X
k dx = lim f (ci ) ∆xi = lim k (b − a) = k (b − a).
a kPk→0 kPk→0
i=1

Precisamos agora lidar com o item (a), para podermos estender a deni-
ção para funções contínuas quaisquer. Para isso, estabelecemos a proposição a
seguir:

Dada uma função f : [a, b] −→ R contínua, existem duas funções f+ : Proposição 4


[a, b] −→ R e f− : [a, b] −→ R, ambas contínuas, tais que f (x) = f+ (x) +
f− (x), f+ (x) ≥ 0 e f− (x) ≤ 0, para todo x ∈ [a, b].

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Z b
Unidade 17 A integral definida f (x) dx
a

Demonstração Basta escrever f+ (x) = f (x), se f (x) ≥ 0 e f+ (x) = 0, se f (x) < 0,


assim como f− (x) = f (x), se f (x) ≤ 0 e f− (x) = 0, se f (x) > 0. Fica como
exercício para o leitor a demonstração de que essas duas funções são contínuas.

Veja na gura um exemplo de f com suas respectivas f+ e f− .

No caso de f : [a, b] −→ R ser uma função tal que f (x) ≤ 0, para todos
os elementos x ∈ [a, b], tomamos g = −f e denimos
Z b Z b
f (x) dx := − g(x) dx.
a a

No caso geral, denimos


Z b Z b Z b
f (x) dx = f+ (x) dx + f− (x) dx.
a a a

Completamos essa seção com algumas extensões da denição de integral.

Definição 5 Seja f : [a, b] −→ R uma função contínua. É conveniente convencionar as


seguintes armações:

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O conceito de integral e suas propriedades básicas Unidade 17

Z c
1. Seja c um ponto de [a, b]. Então f (x) dx = 0.
c
Z a Z b
2. f (x) dx = − f (x) dx.
b a

No caso do item (1) podemos interpretar que {c} é a única partição do


intervalo [c, c] e, portanto, ∆x1 = 0. No caso do item (2), tomamos −∆xi no
lugar de ∆xi no cálculo das Somas de Riemann, uma vez que a integração está
sendo feita no sentido inverso, de b para a.

13
Unidade 17 Exercícios

17.5 Exercícios
Z 1
1. Calcule x dx, a área do triângulo retângulo de base [0, 1] determinado
0
pelo eixo Ox e pelas retas y = x e x = 1 usando partições homogêneas.

2. Calcule a área da região compreendida pelo eixo Ox, pela reta denida
pela equação x = 1 e pelo trecho da parábola determinada pela equa-
ção y = x2 , como no exemplo introdutório, usando os pontos extremos
inferiores dos subintervalos.

3. Mostre que, dada f : [a, b] −→ R, as correspondentes funções f+ e f− ,


denidas por f+ (x) = f (x), se f (x) ≥ 0 e f+ (x) = 0, se f (x) < 0,
assim como f− (x) = f (x), se f (x) ≤ 0 e f− (x) = 0, se f (x) > 0, são
obtidas diretamente das fórmulas
1 1
f+ (x) = (f (x) + |f (x)|) e f− (x) = (f (x) − |f (x)|).
2 2

Conclua que, se f for contínua, então f+ e f− são contínuas.

4. Use partições homogêneas para mostra que o processo ilustrado no exem-


plo introdutório, aplicado a função f : [a, b] −→ R, denida por f (x) =
b 2 − a2
x + 1, na qual a ≥ 0, resulta na área A = + b − a, do respectivo
2
trapézio.

5. Sejam f, g : [−a, a] −→ R, funções tais que f (x) = f (−x) e g(x) =


−g(−x), para todo x ∈ [−a, a], f uma função par e g uma função ímpar.
Mostre que
Z a Z a Z a
f (x) dx = 2 f (x) dx e g(x) dx = 0.
−a 0 −a

6. Mostre que, se f : [a, b] −→ R é uma função contínua, positiva e m e


M são, respectivamente, seus valores mínimo e máximo em [a, b], então
Z b
m (b − a) ≤ f (x) dx ≤ M (b − a).
a

14
O conceito de integral e suas propriedades básicas Unidade 17

7. Mostre que, se f, g : [a, b] −→ R são funções contínuas tais que f (x) ≥


g(x) ≥ 0, para todo x ∈ [a, b], então
Z b Z b
f (x) dx ≥ g(x) dx.
a a

8. Mostre que, se f : [a, b] −→ R é uma função contínua, positiva e existe


c ∈ [a, b] tal que f (c) > 0, então
Z b
f (x) dx > 0.
a

15
Unidade 17 Propriedades das integrais definidas

17.6 Propriedades das integrais denidas


Iniciamos com algumas propriedades que completam a denição e enfatizam
a interpretação geométrica da integral denida.

Proposição 6 Seja f : I −→ R uma função contínua denida em intervalo I. Se a, b e


Propriedade 1
c ∈ I , então Z b Z c Z b
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
a a c

Demonstração Consideremos inicialmente a possibilidade a < c < b. Neste caso, [a, c] ∪


[c, b] = [a, b] ⊂ I e as restrições de f a cada intervalo mencionado é uma
função contínua. A propriedade segue do fato de que, se P é uma partição de
[a, c] e Q é uma partição de [c, b], então P ∪ Q será uma partição de [a, b]. O
resultado então seguirá da propriedade do limite sobre as partições. Veja uma
representação gráca desta situação.

a c b

Nos casos de c coincidir com a ou comZb ou se uma das situações,


Z c<a<b
c c
ou a < b < c ocorrer, basta lembrar que f (x) dx = 0 e que f (x) dx =
Z a c a

− f (x) dx.
c

16
O conceito de integral e suas propriedades básicas Unidade 17

Sejam f, g : [a, b] −→ R funções contínuas, k ∈ R e uma constante. Proposição 7


Propriedade 2
Então
Z b Z b Z b
(i) (f + g)(x) dx = f (x) dx + g(x) dx;
a a a
Z b Z b
(ii) (kf )(x) dx = k f (x) dx.
a a

Estas duas propriedades decorrem imediatamente das respectivas proprieda-


des do limite das Somas de Riemann.

17
Unidade 17 Interpretação geométrica da integral

17.7 Interpretação geométrica da integral


Resumimos os fatos que relacionam a integral denida e áreas de regiões.
(a) Se f : [a, b] −→ R é uma função contínua tal que f (x) ≥ 0, para
Z b
todo x ∈ [a, b], então o limite f (x) dx é a área da região determinada pelo
a
gráco de f , pelo eixo Ox e pelas retas verticais x = a e x = b. Z b
(b) Em geral, se f : [a, b] −→ R é uma função contínua, então f (x) dx
a
é a soma das áreas orientadas das regiões determinadas pelo eixo Ox e pelo
gráco de f , entre as retas verticais x = a e x = b. Isto é, as regiões que cam
abaixo do eixo Ox contribuem com os valores negativos de suas áreas enquanto
que as regiões que cam acima do eixo contribuem com os valores positivos de
suas áreas. Veja um exemplo gráco.

R3
R1 R5 b
a R2 R6
R4

Z b
f (x) dx = A(R1 ) − A(R2 ) + A(R3 ) − A(R4 ) + A(R5 ) − A(R6 ).
a

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O conceito de integral e suas propriedades básicas Unidade 17

17.8 Exercícios
Z b
1. Calcule x dx usando partições homogêneas.
a
Z a
2. Calcule (x2 + x + sen x) dx.
−a

3. Seja A ⊂ R um conjunto tal que, se x ∈ A, então −x ∈ A. Dada


uma função f : A −→ R, denimos duas funções fp , fi : A −→ R por
fp (x) = 21 (f (x) + f (−x)) e fi (x) = 12 (f (x) − f (−x)), para todo
x ∈ A. Mostre que se A é um intervalo e f é contínua, então fp e fi são
contínuas e Z a Z a
f (x) dx = 2 fp (x) dx.
−a −a

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