Tcu Acordao 2369-11 Ata 0 N 2011 36
Tcu Acordao 2369-11 Ata 0 N 2011 36
Tcu Acordao 2369-11 Ata 0 N 2011 36
- SESSÃO ORDINÁRIA -
PLENÁRIO
À hora regimental, a Presidência declarou aberta a sessão ordinária do Plenário, com a presença dos
Ministros Valmir Campelo, Walton Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo
Carreiro, José Jorge e José Múcio Monteiro, dos Ministros-Substitutos Marcos Bemquerer Costa
(convocado em virtude de vacância de cargo de Ministro, no período de 30/08/11 a 16/09/11), André Luís
de Carvalho e Weder de Oliveira e do Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado. Ausente em missão oficial
o Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
HOMOLOGAÇÃO DE ATA
O Tribunal Pleno homologou a ata nº 35, da sessão ordinária realizada em 24 de agosto (Regimento
Interno, artigo 101).
Os anexos das atas, de acordo com a Resolução nº 184/2005, estão publicados na página do
Tribunal de Contas da União na Internet.
Da Presidência:
Proposta, aprovada pelo Plenário, de sobrestamento dos processos que tenham por objeto a
requisição de servidores no âmbito da Justiça Eleitoral até o julgamento dos recursos interpostos contra o
Acórdão nº 199/2011-Plenário (TC-014.770/2009-9), cuja relatoria está a cargo do Ministro José Jorge;
Convocação de sessão extraordinária para as 17 horas do dia 13 de setembro, com vistas a apreciar
o processo nº TC-021.032/2003-0, que trata da revisão do Regimento Interno;
Criação de grupo de trabalho com vistas à definição de proposta de regulamentação do disposto no
§ 2º do art. 32 da Lei nº 9.074/1995, que trata da dispensa de licitação na assinatura de pré-contratos para
viabilizar a participação de estatais em certames licitatórios de outorgas de concessão de serviço público;
Constituição do Comitê de Gestão da Estratégia e da Governança Corporativa do Tribunal de
Contas da União, com finalidade de assessorar a Presidência e a Comissão de Coordenação Geral (CCG)
nas questões afetas à gestão da estratégia e da governança corporativa;
Noticia a realização, com qualidade, pelo Tribunal de Contas do Estado do Amazonas, de auditoria
operacional, com enfoque ambiental, no âmbito do Programa de Modernização do Controle Externo dos
Estados, Distrito Federal e Municípios Brasileiros (Promoex), financiado pelo BID e apoiado pelo TCU; e
Remessa, ao Congresso Nacional, do Relatório das Atividades do Tribunal de Contas da União
relativo ao 2º trimestre do exercício de 2011.
MEDIDAS CAUTELARES (v. inteiro teor dos despachos e das respectivas comunicações no
Anexo II a esta Ata)
O Plenário referendou, nos termos do disposto no § 1º do art. 276 do Regimento Interno deste
Tribunal, a concessão das medidas cautelares exaradas nos processos nºs:
TC-027.910/2011-3, pelo Ministro José Jorge, para determinar ao Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep que se abstenha de formalizar a contratação da empresa
vencedora do Pregão Eletrônico para Registro de Preços 18/2011, ou, caso já o tenha feito, que suspenda
a execução do objeto contratado;
TC-026.208/2011-3, pelo Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti, para determinar ao
Município de Cruzeiro do Iguaçu/PR que suspenda todos os atos atinentes à execução dos recursos
repassados fundo a fundo por meio da Portaria nº 3.685/2010, do Ministério da Saúde, sobretudo os
pagamentos que ainda não foram realizados no âmbito dos Contratos nºs 68 e 69/2011; e
TC-019.377/2011-8, pelo Ministro-Substituto Weder de Oliveira, para determinar que o Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) suspenda a execução do contrato decorrente
do pregão eletrônico nº 19/2011 e de seus atos decorrentes, bem como se abstenha de autorizar adesões à
ata de registro de preços.
De acordo com o parágrafo único do artigo 28 do Regimento Interno e nos termos da Portaria da
Presidência nº 9/2011, foi realizado sorteio eletrônico dos seguintes processos:
Processo: 001.059/2004-5
Interessado: Prefeitura Municipal de Andaraí - BA
Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 1a. Câmara
Relator sorteado: Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES
Processo: 001.443/2001-2
Interessado: FUNDO CONSTITUCIONAL DE FINANCIAMENTO DO NORDESTE - MI
Motivo do sorteio: Impedimento - Arts. 111 e 151, Inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro RAIMUNDO CARREIRO
Processo: 002.287/2005-3
Interessado: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (VINCULADOR), /PREFEITURA MUNICIPAL
DA SERRA
Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 1a. Câmara
Relator sorteado: Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
Processo: 008.260/1999-0
Interessado: BANCO DO NORDESTE DO BRASIL - BNB
Motivo do sorteio: Impedimento - Arts. 111 e 151, Inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro RAIMUNDO CARREIRO
4
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Processo: 011.617/2010-1
Interessado: SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICOS/SECRETARIA DE RECURSOS
HÍDRICOS
Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 1a. Câmara
Relator sorteado: Ministro VALMIR CAMPELO
Processo: 012.065/2005-9
Interessado: SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE
GOIÁS
Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro JOSÉ JORGE
Processo: 012.148/2010-5
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Pedido de Reexame (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro AUGUSTO NARDES
Processo: 012.847/2003-8
Interessado: Prefeitura Municipal de Andaraí - BA
Motivo do sorteio: Impedimento - Arts. 111 e 151, Inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro AUGUSTO NARDES
Processo: 012.872/2005-7
Interessado: CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MATO GROSSO -
MEC
Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 1a. Câmara
Relator sorteado: Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES
Processo: 014.696/2010-0
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Impedimento - Arts. 111 e 151, Inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro JOSÉ JORGE
Processo: 015.367/2009-6
Interessado: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (VINCULADOR)
Motivo do sorteio: Impedimento - Arts. 111 e 151, Inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
Processo: 015.568/2010-5
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro JOSÉ JORGE
5
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Processo: 017.041/2010-4
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro JOSÉ JORGE
Processo: 017.044/2010-3
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro RAIMUNDO CARREIRO
Processo: 017.905/2009-5
Interessado: SEBRAE - DEP. REGIONAL/MS - MDIC
Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro AROLDO CEDRAZ
Processo: 018.701/2004-9
Interessado: DIRETORIA EXECUTIVA DO FUNDO NACIONAL DE SAÚDE - MS
Motivo do sorteio: Pedido de Reexame (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro AUGUSTO NARDES
Processo: 019.531/2003-3
Interessado: FNDE/FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - FNDE
Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro AROLDO CEDRAZ
Processo: 020.378/2008-2
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 1a. Câmara
Relator sorteado: Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
Processo: 021.881/2007-1
Interessado: IDENTIDADE PRESERVADA/(DOCUMENTO SIGILOSO)
Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro AROLDO CEDRAZ
Processo: 026.117/2010-0
Interessado: Identidade preservada (art. 55, § 1º, da Lei nº 8.443/92 c/c art. 66, § 4º, da Resolução nº
136/2000 - TCU).
Motivo do sorteio: Pedido de Reexame (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
Processo: 027.689/2008-4
Interessado: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - MF
6
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Processo: 003.838/2008-0
Interessado: Prefeitura Municipal do Natal - RN
Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 1a. Câmara
Relator sorteado: Ministro VALMIR CAMPELO
Processo: 004.613/2010-4
Interessado: CÂMARA MUNICIPAL DE BARRA DOS COQUEIROS/CÂMARA MUNICIPAL
DE BARRA DOS COQUEIROS-SE
Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro RAIMUNDO CARREIRO
Processo: 006.649/2009-5
Interessado: MINISTÉRIO DO ESPORTE (VINCULADOR)
Motivo do sorteio: Recurso de Revisão ao Plenário contra Acórdão
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro JOSÉ JORGE
Processo: 007.090/2009-3
Interessado: Superintendência Estadual da Funasa no Ceará
Motivo do sorteio: Recurso de Revisão ao Plenário contra Acórdão
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES
Processo: 009.132/2010-4
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Pedido de Reexame (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 1a. Câmara
Relator sorteado: Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES
Processo: 009.521/2002-5
Interessado: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - MEC
Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro AROLDO CEDRAZ
Processo: 013.962/2007-7
Interessado: SECRETARIA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - MEC, FUNDAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC
Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro AROLDO CEDRAZ
Processo: 016.898/2005-1
7
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Processo: 018.983/2009-6
Interessado: TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO - TCU
Motivo do sorteio: Processo Administrativo - Art. 28, inciso XIV do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Administrativos
Relator sorteado: Ministro VALMIR CAMPELO
Processo: 019.531/2003-3
Interessado: FNDE/FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - FNDE
Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro AUGUSTO NARDES
Processo: 025.476/2009-4
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Pedido de Reexame (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro RAIMUNDO CARREIRO
Processo: 028.501/2008-4
Interessado: CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MATO GROSSO -
MEC
Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro AUGUSTO NARDES
Processo: 030.576/2007-4
Interessado: FUNDO NACIONAL DE SAÚDE - MS
Motivo do sorteio: Recurso de Reconsideração (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - 2a. Câmara
Relator sorteado: Ministro JOSÉ JORGE
Processo: 032.590/2010-5
Interessado: SECEX-RN/SECRETARIA DE CONTROLE EXTERNO NO RN
Motivo do sorteio: Pedido de Reexame (Acórdão)
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro AUGUSTO NARDES
Processo: 575.164/1995-6
Interessado: PM - ITAPERUNA - RJ
Motivo do sorteio: Recurso de Revisão ao Plenário contra Acórdão
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES
SUSTENTAÇÕES ORAIS
8
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
REABERTURA DE DISCUSSÃO
Nos termos do § 5º do art. 112 do Regimento Interno, foi reaberta a discussão do processo nº TC-
021.559/2005-8 (Ata nº 53/2009) e o Tribunal aprovou por unanimidade o Acórdão nº 2326, apresentado
pelo revisor, Ministro José Múcio Monteiro.
PROSSEGUIMENTO DE VOTAÇÃO
Nos termos do § 3º do art. 119 do Regimento Interno, deu-se prosseguimento à votação do processo
nº TC-027.908/2010-0 (Ata nº 12/2011) e o Tribunal aprovou o Acórdão nº 2327, sendo vencedora a
proposta apresentada pelo relator, Ministro Raimundo Carreiro.
PEDIDO DE VISTA
Com base no artigo 112 do Regimento Interno, foi adiada a discussão do processo nº TC-
021.178/2010-0, cujo relator é o Ministro Raimundo Carreiro, em função de pedido de vista formulado
pelo Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
ADIAMENTO DE DISCUSSÃO
Com base no artigo 113 do Regimento Interno, foi adiada a discussão do processo nº TC-
003.426/2008-8, cujo relator é o Ministro Aroldo Cedraz.
Considerando a solicitação formulada pelo responsável, Sr. Augusto Jorge Ferreira Lima, no
sentido de parcelar a multa a ele imputada em 60 (sessenta) meses ou no maior prazo possível.
Considerando a disposição regimental que trata do tema, a qual autoriza o pagamento parcelado da
importância devida em até 24 (vinte e quatro) parcelas.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 26, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o
art. 217 do Regimento Interno do TCU, em autorizar o parcelamento da multa imputada ao responsável
por meio do Acórdão nº 376/2011 - TCU- Plenário, prolatado na Sessão de 16/2/2011, inserido na Ata
5/2011-Plenário, em 24 (vinte e quatro) parcelas mensais, incidindo sobre cada parcela, corrigida
monetariamente, os correspondentes acréscimos legais, esclarecendo ao responsável que a falta de
recolhimento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor, bem como
alertá-lo da necessidade de encaminhamento a este Tribunal dos comprovantes de pagamentos das
respectivas parcelas.
1.6. Advogados constituídos nos autos: Adriana Silva Rabelo, OAB/AC n° 2.609-A; Gisele
Coutinho Beserra, OAB/AP n° 1.168-B, Annabelle de Oliveira Machado, OAB/AM n° 4.419; João Pedro
de Deus Neto, OAB/RJ n° 135.506; Milton Araújo Ferreira, OAB/PA n° 10.109-B; Dileta Maria de
Albuquerque Sena, OAB/DF n° 4.049; Alba Maria de Souza Lima, OAB/MA n° 7.306; Carlos Alberto
Braga Diniz Júnior, OAB/MA n° 7.298; Fernando Rodrigues de Assis, OAB/MA n° 5.156; Jefferson
Wallace Gomes Martins França, OAB n° 6.677; Elisangela Hasse, OAB/MT n° 8.689; Jeanne Karla
Ribeiro, OAB/MT n° 8.367; Alexandre Gustavo Moura Guimarães, OAB/PA n° 10.334; Aline Meirelles
Barroso, OAB/PA n° 5.543; Aline Penedo de Oliveira, OAB/PA n° 7.086; Ana Coeli Bastos Lisboa,
OAB/PA n° 7.091; Ana Lúcia Barbosa da Silva, OAB/PV n° 8.489; Ana Margarida Silva Loureiro
Godinho, OAB/PA n° 2.309; Ana Maria Fragoso Toscano, OAB/PA n° 1.780; André Alberto Souza
Soares, OAB/PA n° 7.865; Angélica Patrícia Almeida Monteiro, OAB/PA n° 9005; Antonio Felix
Teixeira Negrão, OAB/PA n° 6.417; Antonio Paulo da Costa Nunes, OAB/PA n° 7.024; Arielson Ribeiro
Lima, OAB/PA n° 11.277; Átila Alcyr Pina Monteiro, OAB/PA n° 6.558; Chiara de Sousa Costa,
OAB/PA n° 10.535; Cristiano Coutinho de Mesquita, OAB/PA n° 10.311; Danielle de Jesus Oliveira dos
Santos, OAB/PA n° 7.690; Denize do Socorro da Conceição Brito, OAB/PA n° 8.543; Eder Augusto dos
Santos Picanço, OAB/PA n° 10.396; Érica Cristina Ferreira Gomes, OAB/PA n° 11.383; Humberto
Souza Miranda Pinto, OAB/PA n° 12.942; Izabela Ribeiro Russo Rodrigues, OAB/PA n° 6.983; Joseane
do Socorro de Sousa Amador, OAB/PA n° 11.001 Josiane Maria Maués da Costa Franco, OAB/PA n°
7.308; Luiz Paulo Santos Álvares, OAB/PA n° 1.788; Marçal Marcelino da Silva Neto, OAB/PA n°
5.865; Marcel Leda Noronha Macedo, OAB/PA n° 13.559; Maria Rosa Marinho Ferreira, OAB/PA n°
12.164; Maria Rosineide Alves de Lima, OAB/PA n° 8.370; Marlene de Nazaré Amaral Lopes, OAB/PA
n° 7.547; Marluce de Lima Ferreira, OAB/PA n° 8.783-B; Monique Rocha Zoni Botelho, OAB/PA n°
11.690; Nazaré de Fátima Santos Domingues, OAB/PA n° 7.788; Patrícia de Nazareth da Costa e Silva,
OAB/PA n° 11.274; Samuel Nystron de Almeida Brito, OAB/PA n° 7.535; Rosimar Socorro de Souza
Ramos, OAB/PA n° 8.562; Vitor Hugo Magno da Silva, OAB/PA n° 12.350; Vitor Manoel Silva de
Magalhães, OAB/PA n° 9.346; Wellington Marques da Fonseca, OAB/PA n° 9.329; José Raimundo
Cosmo Soares, OAB/PA n° 2.647; Karlene Azevedo de Aguiar, OAB/PA n° 11.325; Marcos Antonio dos
Santos Vieira, OAB/PA n° 10.898; Daniele Gurgel do Amaral, OAB/RO n°; Gilberto Silva Bonfim,
OAB/RO n° 1.727; Marcelo Longo de Oliveira, OAB/RO n° 1.096; Monamares Gomes Grossi, OAB/RO
n° 903; Paulo Eduardo da Silva Nascimento, OAB/RO n° 2.537; Carlos Alberto Cóqui, OAB/SP n°
60.915; Marcus Fabrício Eller, OAB/SP n° 246.431; Paulo Sérgio Lopes Gonçalves, OAB/SP n° 9.909;
Alessandro de Paula Canedo, OAB/TO n° 1.334-A; Fernanda Ramos Ruiz, OAB/TO n° 1.965; Maurício
Cordenonzi, OAB/TO n° 2.223; e Silas Araújo Lima, OAB/TO n° 1.738.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
Quitação relativa ao item 8.4, do Acórdão 271/2002 – TCU - Plenário, proferido em sessão de
24/7/2002:
Responsável: Délvio Buffulin (CPF 018.559.808-00)
Valor original: R$ 5.000,00 Data de origem do débito:
24/7/2002
Valor recolhido: R$ 8.839,00 Data do recolhimento:
22/6/2011
13
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Quitação relativa ao item 8.5, do Acórdão 271/2002 – TCU - Plenário, proferido em sessão de
24/7/2002:
Responsável: Antonio José Teixeira de Carvalho (CPF 621.447.078-04)
Valor original: R$ 5.000,00 Data de origem do débito:
24/7/2002
Valor recolhido: R$ 5.000,00 Data do recolhimento:
24/1/2011
Valor recolhido: R$ 3.461,50 Data do recolhimento:
21/2/2011
endereço residencial de sua titular, a senhora Rebeca Lúcio Almeida Sousa (CPF 027.393.263-27): rua
729 290 3ª Etapa – bairro: Conjunto Ceará - CEP 60750-000 – Fortaleza-CE, conforme registro no
Sistema CPF;
1.4.4. determinar à Penitenciária Federal de Mossoró/RN, que atente para a necessidade de exigir, a
cada pagamento referente a contrato de execução continuada ou parcelada, comprovação da regularidade
fiscal para com a Seguridade Social (INSS e contribuições sociais administradas pela Secretaria da
Receita Federal), para com o FGTS (CEF) e para com a Fazenda Federal (SRF e PGFN), em observância
à Constituição Federal (art. 195, § 3º), à Lei 8.666/93 (artigos 29, incisos III e IV, e 55, inciso XIII), à Lei
8.036/90 (art. 27, "a"), à Lei 9.012/95 (art. 2º), à Lei 8.212/91 (art. 47), ao Decreto 612/92 (art. 16 e
parágrafo único, art. 84, inciso I, alínea "a" e § 10, alíneas "a" e "b") e ao Decreto-lei 147/67, de modo a
afastar, inclusive, a possibilidade de vir a responder subsidiariamente pelo inadimplemento de encargos
trabalhistas, conforme Enunciado TST 331.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, com fundamento no art. 143, inciso V, alínea "d", do
Regimento Interno/TCU, c/c o enunciado nº 145 da Súmula da Jurisprudência predominante do Tribunal
de Contas da União, ACORDAM, por unanimidade, em retificar, por inexatidão material o Acórdão n.º
1981/2011, do Plenário, prolatado na Sessão de 03/08/2010, Ata nº 31/2011 e de retificar, por
consequência, os Acórdãos n.ºs 635/2006 e 467/2010, ambos do Plenário, para que:
- onde se lê:
“Responsáveis: José Menezes Neto (ex-chefe da Equipe de Material, CPF 182.714.131-04)”;
- leia-se:
“Responsáveis: José Menezes Neto (ex-chefe da Equipe de Material, CPF 481.940.185-87)”;
Mantendo-se os demais termos do Acórdão ora retificado, de acordo com os pareceres emitidos nos
autos pela Secex-4 e pelo Ministério Público.
Júnior (OAB/SE 1.698), Laert Nascimento Araújo (OAB/SE 1.780), Luiz Roberto Dantas de Santana
(OAB/SE 1.682), Anna Paula Sousa da Fonseca Santana (OAB/SE 2.668), Kaliany Varjão de Santana
Oliveira (OAB/SE 3.583), José Elenaldo Alves de Góis (OAB/SE 3.132), Marcel Costa Fortes (OAB/SE
3.815), Camila Tavares (OAB/SE 3.976), Gilson Luis Souza de Araújo (OAB/SE 2.834), Ricardo
Monteiro Mota (OAB/SE 2.759), Lézio Lopes da Rocha (OAB/SE 2789), Helino Silva de Oliveira
(OAB/SE 2.069), Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto (OAB/SE 385), João Santana Filho(OAB/SE
1.664).
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos
arts. 143, inciso V, alínea “e”, e 183, inciso I, alínea d, do Regimento Interno/TCU, aprovado pela
Resolução n. 155/2002, em prorrogar por mais 15 dias o prazo para que a CAIXA atenda os subitens 9.1
e 9.2 do Acórdão 1883/2011-Plenário, conforme o parecer da unidade técnica.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo abaixo relacionado, que trata de
representação formulada por Alessander Wilckson Cabral Sales, Procurador da República no Estado do
Ceará, por meio do Ofício n° 1132/2008/PRDC/CE, de 17 de março de 2008 (reiterado pelo Oficio n°
2034/2008/PRDC/CE, de 9 de maio de 2008), referente ao Procedimento Administrativo nº.
1.15.000.000458/2008-46, alusivo à representação apresentada pelo Sindicato dos Servidores Públicos
16
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo abaixo relacionado, que trata de
representação, com pedido de medida cautelar, formulada pela empresa Ikhon Gestão, Conhecimentos e
Tecnologia Ltda., contra possíveis irregularidades ocorridas no Pregão Eletrônico 38/2010, conduzido
pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e, inicialmente, vencido pela empresa Vert
Soluções e Informática Ltda; com fundamento no art. 53, § 3º, da Lei 8.443/92 c/c arts. 143, III e 237,
parágrafo único, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, ACORDAM em considerar a
presente Representação parcialmente procedente, fazer as seguintes determinações, dar ciência aos
Representantes e arquivar o processo, conforme os pareceres emitidos pela da unidade técnica e pelo
Ministério Público.
19/05/2011 281,36
Total do recolhimento 6.357,09
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos
20
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
arts. 143, incisos III e V, alínea a, e 237, inciso IV, do Regimento Interno/TCU, aprovado pela Resolução
n. 155/2002, c/c os arts. 33, 34 e 36 da Resolução TCU n. 191/2006, em conhecer da presente
representação e apensá-la ao TC-002.225/2010-7 (Representação), sem prejuízo de que seja dada ciência
da instrução produzida pela unidade técnica e desta deliberação à representante, de acordo com o parecer
da Secex/SE:
1.1. Órgão/Entidade: Gerência Executiva do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renovávais no Estado do Amazonas – Ibama/AM.
1.2. Relator: Ministro-substituto André Luís de Carvalho.
1.3. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo – AM (Secex-AM).
1.4. Advogado constituído nos autos: não há.
1.5. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
Considerando a solicitação apresentada em 19 de julho de 2011 pela Sra. Ana Lúcia Bezerra Silva,
Desembargadora Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, no sentido de ter prorrogado
para 31 de agosto de 2011 o prazo para encaminhamento da Tomada de Contas do exercício de 2010
daquele tribunal;
Considerando as razões apresentadas pela Sra. Desembargadora Presidente daquele órgão, quais
sejam a prejudicialidade dos trabalhos de elaboração do Relatório de Auditoria de Gestão em decorrência
da greve dos servidores do Judiciário Federal, não havendo, por isso, tempo hábil para aprovação da
Tomada de Contas de 2010 pelo Órgão Especial, requerida pelo Regulamento Interno do TRT, até o
prazo de 30 de julho instituído por esta Corte de Contas;
Considerando que, nos termos do art. 7º, caput e parágrafos da IN 63/2010, o prazo acima
referenciado pode ser prorrogado pelo Plenário do Tribunal, em caráter excepcional, mediante o envio de
solicitação fundamentada formulada pela autoridade máxima daquele órgão;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso V, alínea “e”, do Regimento Interno, aprovado pela
Resolução nº 155/2002, em conceder ao Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região a prorrogação do
prazo para encaminhamento da Tomada de Contas exercício de 2010 até a data de 31 de agosto de 2011,
sem prejuízo de fazer a seguinte determinação:
do presente Acórdão.
Por meio de apreciação unitária de processos, o Plenário proferiu os Acórdãos de nºs 2324 a 2371, a
seguir transcritos e incluídos no Anexo III desta Ata, juntamente com os relatórios e votos em que se
fundamentaram.
1. Processo nº TC 019.000/2011-1.
2. Grupo II – Classe I – Assunto: Agravo (em processo de Representação).
3. Interessados/Responsáveis
3.1. Responsável: Departamento de Logística da Secretaria de Saúde – Secretaria
Executiva/Ministério da Saúde.
3.2. Agravante: Sandoz do Brasil Indústria Farmacêutica Ltda.
4. Órgão: Departamento de Logística da Secretaria de Saúde – Secretaria Executiva/Ministério da
Saúde.
5. Relator do Agravo: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: 4ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-4).
8. Advogada(s) constituída(s) nos autos: Alecia Paolucci Nogueira Bicalho – OAB/MG nº 60.929;
Mary Ane Anunciação – OAB/MG nº 102.655; Andréia Barroso Gonçalves - OAB/MG nº 103.200.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos este Agravo interposto pela empresa Sandoz do Brasil Indústria
Farmacêutica Ltda. contra Despacho que conheceu de Representação formulada pela agravante e rejeitou
pedido de medida cautelar para suspensão do Pregão Presencial nº 38/2011, promovido pelo
Departamento de Logística em Saúde da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde (DLOG/SE/MS),
com o objetivo de formação de registro de preços para aquisição de medicamentos donepezila 5 mg e
donepezila 10 mg.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Presidente do Tribunal, em:
9.1. conhecer do Agravo, com fundamento no art. 289, § 1º, do Regimento Interno do TCU, para,
no mérito, rejeitá-lo;
9.2. dar ciência da deliberação ao agravante e ao Departamento de Logística da Secretaria de Saúde
do Ministério da Saúde;
9.3. restituir os autos ao Gabinete do Relator, Ministro Walton Alencar Rodrigues, para exame do
pedido da representante para ingressar nos autos como terceiro interessado.
1. Processo n. TC 022.291/2009-6
2. Grupo II – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Construtora Poty Ltda., CPF 06.524.540/0001-50; José Max Pereira Barros, CPF
125.620.503-63; João Cândido Dominici, CPF 012.259.363-49; Ricardo Laender Perez, CPF
055.154.671-91.
4. Órgão: Secretaria de Infra-Estrutura do Estado do Maranhão – Sinfra/MA (extinta).
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
7. Unidade Técnica: Secex/MA.
8. Advogados constituídos nos autos: Drs. José Carlos da Fonseca, OAB/DF n. 1.495-A; Walter
Costa Porto, OAB/DF n. 6.098; Paulo Affonso Martins de Oliveira, OAB/DF n. 29; José Raimundo
Teixeira Rapôso, OAB/DF n. 6.418, Antônio Perilo de Souza Teixeira Netto, OAB/DF n. 21.359; Paula
Cardoso Pires Parente, OAB/DF n. 23.668.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial resultante da conversão,
determinada pelo Acórdão n. 523/2009 – Plenário, do Relatório de Auditoria versado no TC
350.250/1996-7, acerca de irregularidades na execução do Convênio n. PG 93/1996, firmado pelo extinto
Departamento Nacional de Estradas e Rodagem – DNER e o Governo do Estado do Maranhão.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em considerar as presentes contas iliquidáveis e ordenar o seu trancamento
e consequente arquivamento, nos termos dos arts. 20 e 21 da Lei n. 8.443/1992.
1. Processo nº TC 021.559/2005-8
2. Grupo II - Classe VII - Representação
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome (MDS).
3.2. Responsáveis: Avelino Romero (CPF 301.925.449-34), Carlos Alberto Del Claro Gloger
25
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
(CPF 000.245.709-15), Carlos Sergio Asinelli (CPF 080.459.339-68), Marcos Muller Schelemm
(CPF 087.649.139-53), Osvaldo Davet (CPF 004.674.999-34), Rodrigo Costa da Rocha Loures
(CPF 002.928.269-15)
4. Unidades: Serviço Social da Indústria-Departamento Regional/PR – MDS e Senai-Departamento
Regional/PR – MTE
5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira
5.1. Revisor: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Secex/PR
8. Advogados constituídos nos autos: Marco Antônio Guimarães (OAB/PR nº 22.427), Fernanda
Ehalt Vann (OAB nº 21.693), Rodrigo Bozzobon (OAB/PR nº 25.997), Carlos José Sebrenski (OAB
nº 27.644), Thiago Morelli Rodrigues de Sousa (OAB/PR nº 38.379), Alexandre José Garcia de Souza
(OAB/DF nº 17.041), Fábio Henrique Garcia de Souza (OAB/DF nº 17.081), Breno Luiz Moreira Braga
de Figueiredo (OAB/DF nº 26.291), Luiz Carlos Braga de Figueiredo (OAB/DF nº 16.010), Maria Lúcia
Wood Saldanha (OAB/PR nº 18.251), Valéria da Silveira Muller (OAB/PR nº 22.888), Marina Talamini
Zilli (OAB/PR nº 24.507) e Fábio Dias Vieira (OAB/PR nº 36.687)
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação em que se aprecia possíveis
irregularidades praticadas na gestão de convênios e na área de pessoal do Serviço Social da Indústria -
Departamento Regional do Paraná (Sesi/PR) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial -
Departamento Regional do Paraná (Senai/PR),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Revisor, em:
9.1. conhecer da representação, por preencher os requisitos regimentais, para, no mérito, considerá-
la parcialmente procedente;
9.2. acolher as razões de justificativa de Rodrigo Costa da Rocha Loures e Marcos Müeller
Schlemm (Diretor-Regional e Diretor-Superintendente do Sesi/PR, respectivamente) e Carlos Sérgio
Asinelli (Diretor Regional do Senai/PR), quanto ao descumprimento do item 9.2 Acórdão nº 614/2005-
TCU- Plenário;
9.3. acolher as razões de justificativa dos responsáveis indicados no item 3.2 quanto aos seguintes
fatos:
9.3.1. insuficiência na comprovação de despesas relacionadas a viagens, assessoria e consultoria,
promoções e eventos e ao Mundial do Atletismo do Trabalhador (alínea “d” do Ofício nº 3.482/2006-
TCU/SECEX/PR e Ofício nº 3.483/2006-TCU/SECEX-PR, fls. 546/552 e 553/559, vol. 4);
9.3.2. falhas na condução de procedimentos seletivos para a contratação de pessoal (alínea “f.1” do
Ofício nº 3.482/2006-TCU/SECEX/PR e Ofício nº 3.483/2006-TCU/SECEX-PR, fls. 546/552 e 553/559,
vol. 4 e alínea “b.1” do Ofício nº 3.485/2006-TCU/SECEX/PR, fls. 561/563, vol. 4);
9.3.3. contabilização de despesas em data anterior à do documento contábil que a sustentaria –
ocorrência verificada no lançamento nº 43 (ficha 2006010000000932) – Alimentação e Viagens no País –
DESPESAS DE VIAGENS, efetuado no dia 12/1/2006, contemplando despesas que teriam sido
realizadas nos dias 13, 14 e 16/1/2006 (alínea “g” do Ofício nº 3.482/2006-TCU/SECEX/PR e Ofício
nº 3.483/2006-TCU/SECEX/PR , fls. 546/552 e 553/559, vol. 4 e Ofício nº 3.484/2006-TCU/SECEX/PR,
fls. 560, vol. 4);
9.4. determinar ao Senai/PR que apure a regularidade da contratação de Frederico Reichmann Neto,
que acumularia cargo no Senai/PR com emprego na Companhia Paranaense de Energia (Copel),
garantindo-lhe o exercício do contraditório e da ampla defesa, e que adote as medidas administrativas
para o ressarcimento de eventuais prejuízos decorrentes da não prestação efetiva dos serviços para os
quais foi contratado;
9.5. determinar ao Sesi/PR e ao Senai/PR que, ao final do prazo de vigência dos seguintes contratos
firmados pelo IEL/PR, e respectivos aditivos, realizem licitações para a escolha dos fornecedores, caso
26
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo nº TC 027.908/2010-0.
1.1. Apenso: 013.298/2010-0
2. Grupo II – Classe VII – Assunto: Administrativo
3. Interessado: Construtora Rv Ltda (36.768.943/0001-06).
4. Órgão: Tribunal de Contas da União.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: Secretaria de Engenharia e Serviços de Apoio (Sesap).
8. Advogados constituído nos autos: Jorge Ulisses Jacoby Fernandes (OAB-DF 6.546); Álvaro Luiz
M. Costa Júnior (OAB-DF 29.760); Jaques Fernando Reolon (OAB-DF 22.885).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de pedido de reconsideração de decisão da Presidência
do Tribunal de Contas da União que negou provimento a recurso interposto pela RV Construtora Ltda.
contra decisão da Secretaria-Geral de Administração que indeferiu o pedido de reembolso de despesas
com transporte e alimentação de funcionários no âmbito do contrato n. 37/2009, o qual tem como objeto a
execução de obras complementares no edifício Anexo III do Tribunal de Contas da União em
Brasília/DF,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do pedido de reconsideração interposto para, no mérito, dar-lhe provimento;
9.2. dar ciência desta deliberação ao recorrente.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pelo Sr. Marco
28
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo TC-012.544/2011-6
2. Grupo I, Classe de Assunto V – Relatório de Levantamento de Auditoria (Fiscobras 2011)
3. Interessado: Congresso Nacional
4. Órgão/Entidade: Ministério do Turismo; Caixa Econômica Federal – CAIXA; Departamento de
Estradas de Rodagem do Estado do Rio Grande do Norte
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Secob-3
8. Advogado constituído nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria realizado no
âmbito do Fiscobras 2011, nas obras de prolongamento da Av. Prudente de Morais, em Natal/RN, objeto
do Plano de Trabalho PT 23.695.1166.0564.2578/2009, ação que se insere no esforço para a realização da
Copa do Mundo de Futebol de 2014.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar ao Departamento de Estradas e Rodagem do Rio Grande do Norte (DER/RN) e à
Construtora Queiroz Galvão (CNPJ 33.412.792/0001-60), com fundamento no art. 5º, inciso LV da
Constituição Federal, que, no prazo de 15 (quinze) dias, a partir da ciência, pronunciem-se acerca dos
seguintes indícios de irregularidade ocorridos no âmbito do Contrato nº 03/2007, que podem ensejar a
necessidade de alteração contratual, com eventual devolução de valores indevidamente pagos, nos termos
do art. 65 da Lei 8.666/93 e dos arts. 62 e 63 da Lei 4.320/64:
9.1.1. pagamento a maior de R$ 89.366,80 decorrente de diferenças entre a espessura paga e
executada das camadas de base e sub-base (achado 3.1 do relatório de auditoria);
9.1.2. pagamento a maior de R$ 337.088,14 decorrente de diferenças entre as distâncias pagas e
29
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
utilizadas para transporte de material destinado à bota-fora (achado 3.1 do relatório de auditoria);
9.1.3. possibilidade de comprometimento do pavimento decorrente de execução das camadas de
base e sub-base em desacordo com as especificações de projeto (achado 3.1 do relatório de auditoria);
9.2. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/92, a audiência da Sr. Manoel
Geraldo de Vasconcelos (CPF 056.444.964-49), para que, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
ciência, manifeste-se acerca dos seguintes indícios de irregularidade, que resultaram em um possível
superfaturamento de R$ 426.454,95, com dano potencial de R$ 603.439,08 no Contrato nº 03/2007, bem
como comprometer a vida útil da obra, em descumprimento aos art. 66 e 67, § 1º da Lei 8.666/93 (achado
3.1 do relatório de auditoria):
9.2.1. atesto de medições que redundaram em pagamentos a maior de R$ 89.366,80 decorrente de
diferenças entre a espessura paga e executada das camadas de base e sub-base (achado 3.1 do relatório de
auditoria);
9.2.2. atesto de medições que redundaram em pagamentos a maior de R$ 337.088,14 decorrente de
diferenças entre as distâncias pagas e utilizadas para transporte de material destinado à bota-fora (achado
3.1 do relatório de auditoria);
9.2.3. atesto de medições relativas aos serviços de base e sub-base com espessuras distintas das
especificadas no projeto executivo, com possível redução da vida útil do pavimento;
9.3. fixar prazo de 45 (quarenta e cinco) dias ao Departamento de Estradas e Rodagem do Rio
Grande do Norte (DER/RN), com base no art. 45, caput, da Lei 8.443/92, a contar da ciência, para que
providencie termo aditivo ao Contrato nº 07/2010, de modo a contemplar as alterações das condições
inicialmente pactuadas promovidas pelo projeto executivo da obra (achado 3.3 do relatório de auditoria);
9.4. dar ciência ao Departamento de Estradas e Rodagem do Rio Grande do Norte (DER/RN) sobre
as seguintes impropriedades constatadas das nas obras de prolongamento da Av. Prudente de Moraes, o
que pode ser objeto, no caso de reincidência em obras custeadas total ou parcialmente com recursos da
União, de aplicação de sanções pelo TCU:
9.4.1. não utilização de critério de aceitabilidade máximo de preços baseados nos critérios do Sinapi
e do Sicro, em afronta ao art. 115 da Lei nº 11.439/2006 e no art. 40, inciso X, da Lei 8.666/93, bem
como à Súmula TCU nº 259/2010;
9.4.2. ausência de detalhamento dos custos de mobilização, desmobilização e instalação do canteiro
de obras, em descumprimento ao art. 6º, inciso IX, alínea "f" e art. 7º, § 4º da Lei 8.666/93;
9.4.3. em se tratando de obras em vias urbanas ou em rodovias, ausência da estrita observância do
Sicro como referencial de preços dos serviços a serem contratados, inclusive no que se refere aos BDI,
com o vinculado detalhamento destes encargos indiretos tanto no orçamento de referência da
administração, quanto na proposta das licitantes, devendo eventuais custos diretos ou indiretos acima
deste paradigma serem justificados em memorial próprio;
9.5. dar ciência à Caixa Econômica Federal que, nos termos dos Contratos de Repasse nº 578823 e
614139, a instituição deve verificar, como condição para a liberação de recursos, a aderência do contrato
da obra (e seus aditivos) ao projeto executivo e o plano de trabalho do empreendimento;
9.6. dar ciência ao Ministério do Esporte, ao Ministério do Turismo, à Casa Civil da Presidência da
República e ao Governo do Estado do Rio Grande do Norte do seguinte:
9.6.1. insuficiência de recursos orçamentários para a execução da obra no ano corrente, com a
necessária observância arts. 45 da Lei de Responsabilidade Fiscal e art. 7º, § 3º da Lei 8.666/93;
9.6.2. necessidade de atualização da matriz de responsabilidades para a Copa do Mundo de 2014
quanto aos prazos e valores necessários à completa execução da obra de prolongamento da Av. Prudente
de Morais, em Natal/RN, mormente quanto aos eventuais custos de desapropriação e para a construção
das passagens inferiores no terceiro trecho do empreendimento, avaliados em mais de R$ 29 milhões, não
contemplados na previsão inicial de investimentos;
9.7. dar ciência ao Governo do Estado do Rio Grande do Norte e à Caixa Econômica Federal acerca
necessidade da contínua alimentação do Portal de Fiscalização da Copa (www.copatransparente.gov.br)
como condição para o repasse de recursos pela CAIXA, tal qual estabelecido na IN-TCU nº 62/2010;
9.8. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
30
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Nacional que, com relação às obras de prolongamento da Av. Prudente de Morais, em Natal/RN, objeto
do Plano de Trabalho PT 23.695.1166.0564.2578/2009, não foram detectados indícios de irregularidades
que se enquadrem nos termos do art. 91, § 1º, IV, da Lei nº 12.465/2011 (LDO 2012);
9.9. encaminhar cópia desta deliberação, acompanhada do relatório e do voto que a fundamentam:
9.9.1. ao Departamento de Estradas e Rodagem do Rio Grande do Norte (DER/RN);
9.9.2. ao Governo do Estado do Rio Grande do Norte;
9.9.3. ao Ministério do Turismo;
9.9.4. ao Ministério do Esporte;
9.9.5. à Casa Civil da Presidência da República;
9.9.6. à Caixa Econômica Federal;
9.9.7. ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte;
9.9.8. à empresa Queiroz Galvão S.A.; e
9.9.9. ao Presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, ao Presidente
da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, e ao Presidente da
Comissão do Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle do Senado Federal.
1. Processo nº TC 013.042/2011-4.
2. Grupo I - Classe de Assunto: IV Tomada de Contas Especial.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Superintendência de Administração do Ministério da Fazenda em São Paulo –
SAMF/SP.
3.2. Responsáveis: Gérson de Oliveira (CPF nº 936.016.118-72), e Roberto de Campos Bueno (CPF
nº 036.172.258-31).
4. Entidade: Superintendência de Administração do Ministério da Fazenda em São Paulo –
SAMF/SP.
5. Relator: Ministro Valmir Campelo.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
7. Unidade: Secretaria de Controle Externo - SP (SECEX-SP).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, instaurada em razão de
concessão fraudulenta de benefício de pensão, no âmbito da Superintendência de Administração do
Ministério da Fazenda em São Paulo - SAMF/SP.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, nos
termos dos arts. 1º, inciso I; 12, § 3º; 16, inciso III, alínea "d" e § 3º; e 19, caput; 23, inciso III, alíneas
“a” e “b”; 28, inciso II; e 57, da Lei nº 8.443/92, c/c o art. 214, inciso III, alíneas “a” e “b”, do Regimento
Interno/TCU, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. julgar as presentes contas irregulares e em débito os Sres Gérson de Oliveira (CPF nº
936.016.118-72) e Roberto de Campos Bueno (CPF nº 036.172.258-31), condenando-os a pagar,
31
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo nº TC 014.771/2006-1.
1.1. Apensos: 034.145/2010-9; 033.850/2010-0; 033.852/2010-3; 017.904/2007-1; 033.851/2010-7
2. Grupo II, Classe de Assunto V – Relatório de Levantamento de Auditoria
3. Órgão: Secretaria de Infra-Estrutura do Governo do Estado de Alagoas - SEINFRA
4. Responsáveis: José Jailson Rocha (CPF 061.364.944-34), Denison de Luna Tenório (CPF
208.343.144-87), Wellington de Araújo Melo (CPF 123.729.604-82), Carlos Alberto de Moraes Freitas
(CPF 113.920.964-72), Fernando de Souza (CPF 042.147.738-53) e Márcio Fidelson Menezes Gomes
(CPF 240.730.594-91).
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
7. Unidades Técnicas: Secex-AL e Secob-1
8. Advogados: Antônio Perilo Teixeira Neto (OAB/DF 21.359), Luiz Roberto Porto Farias
(OAB/AL 2.454), Luiz Roberto Barros Farias (OAB/AL 8.740), João Daniel Marques Fernandes
(OAB/AL 6.647), Márcio Gomes Leal (OAB/RJ 84.801), Christian Barbalho do Nascimento (OAB/RJ
123.922), Luiz Fernando Braz Siqueira (OAB/DF 21.104), Jorge Luiz Zanforlin Filho (OAB/DF 29.923),
João Henrique Andrade Araújo Horst (OAB/PE 14.326), Hermano de Villemor Amaral Filho (OAB/RJ
3.099), Hermano de Villemor Amaral Neto (OAB/RJ 41.087), Gilberto Augusto Trigueiro Vieira Ribeiro
(OAB/RJ 7.683), João Guilherme de Moraes Sauer (OAB/RJ 23.644), José Roberto Penna Chaves
Faveret Cavalcanti (OAB/RJ 60.705), Luiz Cláudio Kastrup de Oliveira Castro (OAB/RJ 65.151), Márcio
Gomes Leal (OAB/RJ 84.801), André Sigelmann (OAB/RJ 85.259) Aurea D´Ávila Mello Rapôso
(OAB/RJ 88.182)
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de levantamento de auditoria, no âmbito do Fiscobras
2006, nas obras do Canal do Sertão Alagoano, em prosseguimento à apreciação das razões de
justificativas apresentadas pelos responsáveis em resposta às audiências determinadas nos itens 9.2 e 9.5
do Acórdão nº 2.286/2007-TCU-Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo relator, em:
9.1. acolher as razões de justificativas apresentadas pelos Srs. Wellington de Araújo Melo, Carlos
Alberto de Moraes Freitas, Fernando de Souza e Márcio Fidelson Menezes Gomes quanto à
irregularidade que motivou a audiência determinada no item 9.5 do Acórdão nº 2.286/2007-Plenário;
9.2. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Denison de Luna Tenório e José
Jailson Rocha quanto à irregularidade que motivou a audiência determinada no item 9.5 do Acórdão nº
2.286/2007-Plenário, e com fundamento no art. 58, incisos II e III, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 268,
incisos II e III, do Regimento Interno, aplicar-lhes multa individual no valor de R$ 10.000,00 (dez mil
reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento
da quantia fixada aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente
acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.3. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n°
8.443/92, caso não atendidas as notificações;
9.4. juntar cópia deste Acórdão, Relatório e Voto, ao TC-032.563/2010-8; e
9.5. dar ciência desta deliberação à Secretaria de Infra-Estrutura do Governo do Estado de Alagoas.
13.1. Ministros presentes: Augusto Nardes (na Presidência), Valmir Campelo (Relator), Walton
Alencar Rodrigues, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge e José Múcio Monteiro.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.
1. Processo nº TC 018.178/2005-0.
1.1. Apenso: 013.465/2007-1
2. Grupo II – Classe I – Assunto: Embargos de Declaração (Recurso de Reconsideração em TCE)
3. Entidade: Município de Aracati - Ceará - CNPJ 07.684.756/0001-46
4. Embargante: Espólio de José Hamilton Saraiva Barbosa, ex-prefeito - CPF 045.155.873-15, na
figura de sua inventariante Regina Lúcia Cardoso Barbosa - CPF 286.021.533-68
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
5.1 Relator da decisão recorrida: Ministro Valmir Campelo
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos – Serur e Secex/CE
8. Advogados constituídos nos autos: Daniel Teófilo de Souza - OAB/CE 16252 e Vicente Aquino -
OAB/CE 9665
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pelo espólio de José
Hamilton Saraiva Barbosa, ex-prefeito - CPF 045.155.873-15, na figura de sua inventariante Regina
Lúcia Cardoso Barbosa - CPF 286.021.533-68.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 32, inciso II e 34, caput e § 1º, da Lei nº
8.443/92, em:
9.1 conhecer dos presentes Embargos de Declaração para, no mérito, dar a ele provimento parcial,
dando a seguinte redação aos itens 9.1.1 do Acórdão nº 2.914/2010 - TCU/ Plenário, de 31/11/2010, Ata
nº 41/2010:
“dar provimento ao recurso interposto pelo espólio de José Hamilton Saraiva Barbosa, representado
pela inventariante Regina Lúcio Cardoso Barbosa, tornando insubsistente os itens 9.2, 9.3 e 9.4 do
Acórdão nº 205/2008 – TCU - Plenário.”; e
9.2 dar ciência da presente deliberação, acompanhada do Relatório e Voto condutores, à recorrente.
1. Processo nº TC-015.231/2011-9
2. Grupo I, Classe de Assunto V- Relatório de Acompanhamento
3. Entidade: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
4. Interessado: Tribunal de Contas da União (9ª Secex)
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
34
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. ACÓRDÃO:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de acompanhamento, realizado em face da
determinação prevista no Acórdão nº 2.298/2010-TCU-Plenário, com o objetivo de acompanhar a
operação de crédito relativa ao projeto de reforma e adequação do Estádio Mário Filho – Maracanã, a ser
celebrada entre o BNDES e o Estado do Rio de Janeiro, e que se insere no esforço para realização da
Copa do Mundo de Futebol de 2014.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator em:
9.1. dar ciência ao BNDES e ao Governo do Estado do Rio de Janeiro que:
9.1.1. após o exame do projeto executivo do empreendimento e de seu respectivo orçamento,
encaminhado ao Tribunal por meio do Ofício SSE/nº 3119/2011 – SEOBRAS, no valor de R$
859.472.464,51, não existem, até o momento, óbices por parte deste Corte de Contas ao regular repasse
de recursos às obras de reforma e adequação do Estádio Mário Filho (Maracanã), nos termos pactuados
no contrato de empréstimo firmado entre o Banco e o Governo do Estado do Rio de Janeiro;
9.1.2. no caso de a obra de reforma do Estádio do Maracanã ser beneficiada pela isenção fiscal
prevista na Lei nº 12.350/2010, o repasse de recursos está condicionado à promoção do reequilíbrio
econômico-financeiro do Contrato 101/2010;
9.1.3. a tempestiva alimentação do Portal de Acompanhamento dos Gastos para a Copa do Mundo
de 2014 (www.copatransparente.gov.br) é condição para o regular fluxo de recursos aos financiamentos
realizados no âmbito do Programa ProCopa Arenas, em face do que dispõe o art. 3º da IN-TCU nº
62/2010;
9.2. determinar à Segecex que, por meio da unidade que entender competente, verifique, em autos
específicos, se os contratos para construção, reforma e ampliação dos estádios para a Copa de 2014
financiados pelo BNDES estão ou podem estar se beneficiando da isenção fiscal prevista na Lei
12.350/2010, bem como se os ajustes foram precedidos de termo aditivo para reequilíbrio econômico
financeiro das avenças, em proporção aos benefícios fiscais eventualmente concedidos;
9.3. determinar à 9ª Secex que prossiga com o acompanhamento das ações do BNDES de reforma
do Estádio do Maracanã, no âmbito do Programa PróCopa Arenas, em especial quanto à efetiva
observância dos itens 9.1.2 e 9.1.3 desta decisão;
9.4. dar ciência deste Acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentaram:
9.4.1. ao Ministério do Esporte e à Casa Civil da Presidência da República;
9.4.2. ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social;
9.4.3. ao Governo do Estado do Rio de Janeiro;
9.4.4. à Controladoria Geral da União;
9.4.5. ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro;
9.4.6. ao Coordenador do Grupo de Trabalho "Copa do Mundo" da 5ª Câmara de Coordenação e
Revisão do Ministério Público Federal;
9.4.7. ao Presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, ao Presidente
da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, e ao Presidente da
Comissão do Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle do Senado Federal; e
9.5. arquivar os correntes autos.
Alencar Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge e José Múcio
Monteiro.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.
1. Processo nº TC 006.399/2011-8.
2. Grupo II - Classe VII - Assunto: Representação.
3. Responsáveis: Eliezer Cardoso Louzado Cruz (353.757.101-10); Gilmar Aparecido Machado
(596.314.651-87); Jonas Rosa (106.074.121-00); Margarida de Fátima Nicoletti (404.548.781-68); Maria
Fátima dos Santos Ebehart (787.042.941-49).
4. Órgão: Funai - Coordenação Regional de Dourados/MS.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: Secretaria de Controle Externo - MS (SECEX-MS).
8. Advogado(s) constituído(s) nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação de equipe de fiscalização da Secex/MS
a respeito de irregularidades verificadas em inspeção para sanear o TC 004.406/2010-0,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo relator, em:
9.1. nos termos dos arts. 237, inciso V, e 246 do Regimento Interno do TCU, conhecer da presente
representação, para, no mérito, considerá-la procedente;
9.2. rejeitar as razões de justificativas apresentadas pelos Srs. Eliezer Cardoso Louzado Cruz
(353.757.101-10), Gilmar Aparecido Machado (596.314.651-87), Jonas Rosa (106.074.121-00),
Margarida de Fátima Nicoletti (404.548.781-68) e Maria Fátima dos Santos Ebehart (787.042.941-49);
9.3. com fulcro no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, aplicar individualmente aos Srs. Eliezer
Cardoso Louzado Cruz (353.757.101-10) e Margarida de Fátima Nicoletti (404.548.781-68) multa no
valor de R$ 3.000,00;
9.4. com fulcro no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, aplicar individualmente aos Srs. Gilmar
Aparecido Machado (596.314.651-87), Jonas Rosa (106.074.121-00) e Maria Fátima dos Santos Ebehart
(787.042.941-49) multa no valor de R$ 2.000,00;
9.5. nos termos do art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU, fixar o prazo de
quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para os responsáveis comprovarem, perante este
Tribunal, o recolhimento da quantia devida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data
do Acórdão que vier a ser proferido até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na
forma da legislação em vigor;
9.6. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/92, a cobrança judicial das
dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.7. autorizar, desde logo, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/92, c/c art. 217 do Regimento Interno
do TCU, o recolhimento parcelado da importância devida em até 24 parcelas mensais e consecutivas,
fixando o prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovar, perante o
Tribunal, o recolhimento da primeira parcela, e de trinta dias, a contar da parcela anterior, para comprovar
os recolhimentos das demais parcelas, incidindo sobre cada parcela, corrigida monetariamente, os
correspondentes acréscimos legais, na forma da legislação vigente, com o alerta de que a falta de
recolhimento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor;
9.8. dar ciência da presente deliberação aos interessados no feito;
9.9. com base no art. 169, inciso IV, do Regimento Interno do TCU, arquivar o presente processo.
36
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo nº TC 007.456/1999-9.
2. Grupo I – Classe I – Assunto: Recurso de Revisão (em processo de Tomada de Contas
Simplificada).
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Hospital Central do Exército (00.394.452/0378-72).
3.2. Responsáveis: Afranio Tavares Guerreiro (037.239.767-00); Allan Orcay Reis (072.222.988-
78); Chrystian Rezende Lourenço (004.623.506-06); Douglas Rodrigues da Costa (102.167.278-55);
Jorge de Oliveira (202.970.417-20); José Lins Carneiro (010.991.084-20); Julio Cesar Santanna
(500.213.707-53); Marcos Malamace de Azevedo (825.863.907-25); Miguel Brilhante Sirimarco
(562.732.906-87); Paulo Cezar de Paiva (308.447.547-49); Paulo Roberto Gibara (379.106.397-91);
Rogerio Botelho Peregrino (007.618.717-99); Rui Ferreira Avila (568.683.597-72); Vitor Hugo Meninea
(321.753.617-72); Walcyr Monteiro da Motta (192.237.907-78); White Martins Gases Industriais Ltda
(35.820.448/0001-36).
4. Órgão: Hospital Central do Exército.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Adylson Mota.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidade: 3ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-3).
8. Advogado(s) constituído(s) nos autos: Osmar Mendes Paixão Côrtes – OAB/DF 15.553; Côrtes
Zupiroli Advogados Associados
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revisão interposto pelo Ministério
Público junto ao TCU, contra o Acórdão proferido pela Segunda Câmara, na Sessão de 31/1/2002
(Relação 03/2002 – Gab. Ministro Adylson Motta, Ata 02/2002, Diário Oficial da União de 13/2/2002),
por meio do qual foram julgadas regulares com quitação plena as contas dos responsáveis do Hospital
Central do Exército (HCE) referentes ao exercício financeiro de 1998.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário e ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1 com fundamento no art. 35, inciso III, da Lei nº 8.443/1992, conhecer do Recurso de Revisão;
9.2. considerar revel o Sr. José Lins Carneiro (CPF 010.991.084-20), nos termos do art. 12, § 3º, da
Lei nº 8.443/1992;
9.3. acolher, parcialmente, as alegações de defesa apresentadas por Vitor Hugo Meninea (CPF
321.753.617-72), Walcyr Monteiro da Motta (CPF 192.237.907-78), Miguel Brilhante Sirimarco (CPF
562.732.906-87), Chrystian Rezende Lourenço (CPF 004.623.506-06), Afrânio Tavares Guerreiro (CPF
037.239.767-00), Rogério Botelho Peregrino (CPF 007.618.717-99), Jorge de Oliveira (CPF
202.970.417-20), Douglas Rodrigues da Costa (102.167.278-55) e White Martins Gases Industriais S.A.
(CNPJ 35.820.448/0001-36);
9.4. no mérito, dar provimento parcial ao Recurso de Revisão para:
37
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.4.1. tornar insubsistente o acórdão proferido pela Segunda Câmara, na Sessão 31/1/2002 (Relação
03/2002 – Gab. Ministro Adylson Motta, Ata 02/2002, Diário Oficial da União de 13/2/2002);
9.4.2. com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 5º, incisos I e VI, 7º, 10, § 2º, 16, inciso II, 18, 23, inciso II,
todos da Lei nº 8.443/1992, julgar regulares com ressalva as contas relativas ao exercício de 1998, em
nome de Vitor Hugo Meninea (321.753.617-72) expedindo-lhes quitação;
9.4.3. com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 5º, incisos I e VI, 7º, 10, § 2º, 16, inciso I, 17, 23, inciso I,
todos da Lei nº 8.443/1992, julgar regulares as contas relativas ao exercício de 1998, em nome dos demais
responsáveis arrolados fls. 01 a 04 do principal, expedindo-lhes quitação plena;
9.5. da ciência desta deliberação, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam ao Procurador
da República no Estado do Rio de Janeiro, Dr. Daniel de Alcântara Prazeres;
9.6. arquivar os presentes autos.
1. Processo nº TC 008.612/2007-8.
2. Grupo I – Classe V – Assunto: Relatório de Levantamento de Auditoria.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Congresso Nacional.
3.2. Responsáveis: Divaldo de Arruda Câmara (025.342.154-34); Emerson Valgueiro de Morais
(141.560.404-53); Expedito Leite da Silva (112.494.634-91); Fernando Rocha Silveira (107.545.124-87);
Francisco Fernando de Figueiredo Lopes (219.548.367-91); Genivaldo Paulino da Silva (021.453.594-
00); Hideraldo Luiz Caron (323.497.930-87); Hugo Sternick (296.677.716-87); Luis Munhoz Prosel
Junior (459.516.676-15); Luiz Augusto Siqueira Bittencourt (233.870.847-49); Luiz Clark Soares Maia
(040.065.774-00); Luziel Reginaldo de Souza (337.077.317-15); Martinho Cândido Velloso dos Santos
(114.335.821-04); Mauro Barbosa da Silva (370.290.291-00); Márcio Guimarães de Aquino
(631.403.497-34); Normando Vasconcelos Ferreira (028.453.934-15); Paulo Marconi de Vasconcelos
(004.560.984-53); Prudêncio Alves da Silva (151.941.671-72); Sílvio Figueiredo Mourão (729.316.637-
00); Tenório José de Brito (446.969.733-87); Wagner de Carvalho Garcia (119.577.866-04).
4. Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: Secretaria de Controle Externo - PB (Secex-PB).
8. Advogados constituídos nos autos: Alexandre Aroeira Salles (OAB/MG 71.947), Patrícia
Guércio Teixeira (OAB/MG 90.459), Flávia da Cunha Gama (OAB/MG 101.817), Tathiane Vieira
Viggiano Fernandes (OAB/DF 27.154)
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento, referente à fiscalização
nas obras na Rodovia BR-101, no estado da Paraíba, divisas PB/RN e PB/PE, PT 267820235105T0025,
sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte, Dnit,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
38
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
razões expostas pelo Relator, com fundamento nos arts. 45 da Lei 8443/1992 e 251 do Regimento Interno,
em:
9.1. fixar prazo de quinze dias para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes –
Dnit adotar as providências necessárias ao exato cumprimento da lei (arts. 1º e 28 da Lei 9.430/1196 e
Resolução Dner 45/1998), consistentes na:
9.1.1. celebração de termo aditivo ao Contrato TT 253/2006-00 (Lote 3), para afastar o sobrepreço
no percentual de Lucros e Despesas Indiretas (LDI), consoante fundamentação inscrita no item 58 da
instrução da Unidade técnica (achado 16), como se segue:
9.1.1.1. inclusão indevida de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido (CSLL), como item componente do LDI;
9.1.1.2. inclusão indevida dos itens Transporte Diário de Pessoal (1,00% sobre o custo direto -
percentual estimado) e Subsídio para Refeições da Contratada (2,00% sobre o custo direto - percentual
fixado pelo contrato) no LDI, ao passo que os mesmos deveriam constar como Adicional de Mão-de-
Obra, incidente apenas sobre o custo direto de mão-de-obra, em consonância com o disposto no item 2.5,
do Manual de Custos Rodoviários (Vol. 1), aprovado pelo Conselho Administrativo do Dner,
em17/12/1998, pela Resolução 45/98, Seção do Conselho de Administração 19;
9.1.1.3. aplicação de percentual considerado excessivo no item Administração (20,25% dos custos
diretos da obra), devendo ser utilizado como parâmetro o percentual de 4%, tido como conforme e
praticado no Contrato TT 251/2006-00 (Lote 4), firmado entre o Dnit e Consórcio A.R.G Ltda. - Egesa,
compatível com o Manual de Custos Rodoviários do Dnit (Vol. 1);
9.1.2. celebração de termo aditivo ao Contrato TT 250/2006-00 (Lote 2), para afastar o sobrepreço
no percentual de Lucros e Despesas Indiretas (LDI), consoante fundamentação inscrita no item 58 da
instrução da Unidade técnica (achado 16), como se segue:
9.1.2.1. inclusão indevida de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), como item componente do
LDI, à cifra de 1,00%;
9.1.2.2. inclusão indevida do item Conservação do Canteiro de Apoio no LDI (fixado em 0,50% do
custo direto da obra), quando há item específico de remuneração da contratada, por meio do item
Despesas com Instalação/Manutenção de Canteiros e Acampamentos, incluso nas despesas diretas da
obra;
9.1.2.3. inclusão indevida dos itens Alimentação (fixado em 0,50% do custo direto da obra),
Transporte de Pessoal (fixado em 1,00% do custo direto da obra) e Uniformes (fixado em 0,05% do custo
direto da obra) no LDI, quando deveriam integrar o Adicional sobre Mão-de-Obra, por estarem
diretamente relacionados com a força de trabalho empregada no empreendimento, em consonância com o
disposto no item 2.5, do Manual de Custos Rodoviários (Vol. 1), aprovado pelo Conselho Administrativo
do Dner, em17/12/1998, pela Resolução 45/98, Seção do Conselho de Administração 19;
9.1.3. celebração de termo aditivo ao Contrato TT 252/2006-00 (Lote 7), para afastar sobrepreço no
percentual de Lucros e Despesas Indiretas (LDI), consoante fundamentação inscrita no item 58 da
instrução da Unidade técnica (achado 16), pela aplicação de percentual considerado excessivo no item
Administração (13,21% dos custos diretos da obra), devendo ser utilizado como parâmetro o percentual
de 5,2%, tido como conforme e praticado no Contrato TT 254/2006-00 (Lote 8), firmado entre o Dnit e
Consórcio OAS-Camargo Corrêa-Mendes Júnior, compatível com o Manual de Custos Rodoviários do
Dnit (Vol. 1);
9.2. determinar à Secex/PB o monitoramento da presente deliberação e do Acórdão 1443/2010 -
Plenário, por intermédio do processo TC-019.038/2010-0, autuado para essa finalidade e, no caso do não
atendimento do item 9.1. supra, dê imediata ciência ao relator, propondo, se for o caso, as medidas
inscritas no art. 45, § 2º, da Lei 8.443/1992;
9.3. arquivar os presentes autos.
1. Processo nº TC 010.866/2000-0.
2. Grupo I – Classe I – Assunto: Recurso de Revisão (em Tomada de Contas Simplificada,
exercício de 1999)
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Hospital Central do Exército (00.394.452/0378-72).
3.2. Responsáveis: Afranio Tavares Guerreiro (037.239.767-00); Allan Orcay Reis (072.222.988-
78); Amauri Zanelli Ferreira (073.205.917-82); Carlos Alberto Laranjeira Caldas (190.556.687-53);
Douglas Rodrigues da Costa (102.167.278-55); José Lins Carneiro (010.991.084-20); Rogerio Botelho
Peregrino (007.618.717-99); Vitor Hugo Meninea (321.753.617-72); White Martins Gases Industriais
Ltda (35.820.448/0001-36) e demais responsáveis arrolados às fls. 01 a 04 do principal.
4. Órgão: Hospital Central do Exército.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Adylson Motta
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidade: 3ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-3).
8. Advogado(s): Osmar Mendes Paixão Côrtes – OAB/DF 15.553; Côrtes Zupiroli Advogados
Associados.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revisão interposto pelo Ministério
Público junto ao TCU, contra o Acórdão proferido pela Segunda Câmara, na Sessão do dia 05/07/2001
(Relação nº 42/2001, Ata nº 23/2001), a qual julgou regulares as contas dos responsáveis do Hospital
Central do Exército (HCE), referentes ao exercício de 1999.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário e ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1 com fundamento no art. 35, inciso III, da Lei nº 8.443/1992, conhecer do Recurso de Revisão;
9.2. considerar revel o Sr. José Lins Carneiro (CPF 010.991.084-20), nos termos do art. 12, § 3º, da
Lei nº 8.443/1992;
9.3. acolher, parcialmente, as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis Afranio Tavares
Guerreiro (037.239.767-00), Amauri Zanelli Ferreira (073.205.917-82), Carlos Alberto Laranjeira Caldas
(190.556.687-53), Douglas Rodrigues da Costa (102.167.278-55), Rogerio Botelho Peregrino
(007.618.717-99), Vitor Hugo Meninea (321.753.617-72) e White Martins Gases Industriais Ltda
(35.820.448/0001-36);
9.4. no mérito, dar provimento parcial ao Recurso de Revisão para:
9.4.1. tornar insubsistente o acórdão proferido pela Segunda Câmara, na Sessão do dia 05/07/2001
(Relação nº 42/2001, Ata nº 23/2001);
9.4.2. com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 5º, incisos I e VI, 7º, 10, § 2º, 16, inciso II, 18, 23, inciso II,
todos da Lei nº 8.443/1992, julgar regulares com ressalva as contas relativas ao exercício de 1999, em
nome dos gestores Afranio Tavares Guerreiro (037.239.767-00), Amauri Zanelli Ferreira (073.205.917-
82), Carlos Alberto Laranjeira Caldas (190.556.687-53), Douglas Rodrigues da Costa (102.167.278-55),
Rogerio Botelho Peregrino (007.618.717-99), José Lins Carneiro (CPF 010.991.084-20) e Vitor Hugo
Meninea (321.753.617-72) expedindo-lhes quitação;
40
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.4.3. com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 5º, incisos I e VI, 7º, 10, § 2º, 16, inciso I, 17, 23, inciso I,
todos da Lei nº 8.443/1992, julgar regulares as contas relativas ao exercício de 1999, em nome dos demais
responsáveis arrolados fls. 01 a 04 do principal, expedindo-lhes quitação plena;
9.5. da ciência desta deliberação, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam ao Procurador
da República no Estado do Rio de Janeiro, Dr. Daniel de Alcântara Prazeres;
9.6. arquivar os presentes autos.
1. Processo nº TC 018.887/2008-1.
2. Grupo II – Classe I – Assunto: Embargos de Declaração.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessados: Márcio Favilla Lucca de Paula (297.493.016-68), Secretário Executivo; Robson
Napier Borchio (132.576.416-72), Secretário-Executivo-substituto; Rubens Portugal Bacellar
(186.710.639-68), Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração; Simone Maria da Silva
Salgado (284.959.421-00), Subsecretária de Planejamento, Orçamento e Administração – substituta;
Neuzi de Oliveira Lopes da Silva (267.085.311-00), Pregoeira; Manoelina Pereira Medrado
(813.428.531-72), Consultora Jurídica; Sandra Elizabeth Lage Costa (719.822.997-20), Coordenadora de
Assuntos Técnico Judiciais; Airton Nogueira Pereira Junior (614.247.147-53); Cristiano Fonseca Pereira
(032.674.416-92); Duncan Frank Semple (329.743.531-34); Gilberto Barbosa dos Santos (021.972.208-
02); Gráfica e Editora Brasil Ltda (00.287.519/0001-00); José Augusto Guedes Falcão (414.210.007-68);
José Evaldo Gonçalo (358.832.781-91); Junia Cristina Franca Santos Egidio (385.305.701-20); Luiz
Eduardo Pereira Barretto Filho (075.881.858-05); Marden Elias Ferreia (410.608.901-78); Maria Luisa
Campos Machado Leal (185.722.601-10); Márcia Cristina Oliveira Fonseca (797.779.611-20).
4. Órgão: Secretaria Executiva do Ministério do Turismo - MTur.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: não atuou.
8. Advogado(s): Diego Ricardo Marques, OAB/DF 30782; Thiago Groszewicz Brito, OAB/DF
31762.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos contra o Acórdão
1337/2011 – Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator e com fundamento no art. 34 da Lei nº 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos embargos de declaração e rejeitá-los;
9.2. dar ciência aos interessados.
1. Processo nº TC 000.833/2007-2.
2. Grupo II – Classe IV – Assunto: Tomada de Contas Especial.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessados: Controladoria-Geral da União/PB; Município de João Pessoa/PB
(08.778.326/0001-56).
3.2. Responsáveis: Aldo Cavalcanti Prestes (144.386.825-68); Cojuda – Construtora Julião Ltda.
(09.271.321/0001-03); Conort – Construtora Nordeste Ltda. (01.747.579/0001-13); Cícero de Lucena
Filho (142.488.324-53); Evaldo de Almeida Fernandes (092.216.034-15); Evandro de Almeida Fernandes
(002.619.124-53); Potengi Holanda de Lucena (044.642.904-00).
4. Entidade: Município de João Pessoa/PB.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba (Secex/PB) e 3ª Secretaria
de Fiscalização de Obras (Secob-3).
8. Advogados constituídos nos autos: Arthur Monteiro Lins Fialho (OAB/PB 13.264); Camilla da
Araújo Ferreira (OAB/PB 13.932); Evandro Nunes de Souza (OAB/PB 5.113); Fabíola Marques
Monteiro (OAB/PB 13.099); Jackeline Alves Cartaxo (OAB/PB 12.206); Maria Veronica Luna Freire
Guerra (OAB/PB 9.492); Solon Henriques de Sá e Benevides (OAB/PB 3.728), Thiago Giullio de Sales
Germoglio (OAB/PB 14.370); Vanina Carneiro da Cunha Modesto (OAB/PB 10.737); Walter de Agra
Júnior (OAB/PB 8.682).
9. Acórdão:
Rodrigues, Augusto Nardes (Relator), Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge e José Múcio
Monteiro.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.
1. Processo nº TC 003.962/2011-3.
2. Grupo II – Classe de Assunto: VII – Representação.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Entidade: Gerência Executiva do INSS em Joinville/SC.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos originários do Acórdão nº 1.793/2011-TCU-2ª Câmara
(Relação nº 9/2011 – Gabinete Ministro Augusto Nardes – Ata nº 9/2011 – DOU 6/4/2011), que cuidam
de representação acerca da manutenção de valor fixo pago a título de parcela complementar de subsídio
na pensão instituída por Ayrton Machado de Andrade, em desconformidade com o art. 39, § 4º, da
Constituição Federal e os arts. 2º-C e 2º-D da Lei nº 10.910/2004, alterada pela Lei nº 11.890/2008,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, com
base no art. 235, c/c art. 137, parágrafo único, do Regimento Interno do TCU, diante das razões expostas
pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente representação, por atender aos requisitos de admissibilidade aplicáveis à
espécie para, no mérito, considerá-la procedente;
9.2. determinar à Gerência Executiva do INSS em Joinville/SC que:
9.2.1. com fundamento nos arts. 45 e 46 da Lei nº 8.112/1990, instaure procedimento administrativo
visando à obtenção de autorização da Sra. Sonia Rosa Andrade, pensionista do ex-servidor Ayrton
Machado de Andrade, objetivando descontar dos seus proventos a quantia correspondente a R$ 53.792,00
(cinquenta e três mil, setecentos e noventa e dois reais), em decorrência da não absorção da parcela
complementar de subsídio, no período julho/2009 a junho/2011, paga em desconformidade com o art. 39,
§ 4º, da Constituição Federal e os arts. 2º-C e 2º-D da Lei nº 10.910/2004, alterada pela Lei nº
11.890/2008;
9.2.2. acaso infrutíferas as providências referidos no subitem 9.2.1. supra, instaure tomada de contas
especial com o objetivo de obter o ressarcimento dos valores ali consignados;
9.2.3. providencie, se ainda não o fez, o ajuste, no prazo de 15 (quinze) dias, contado a partir da
ciência desta deliberação, dos pagamentos irregulares referidos no subitem 9.2.1, sujeitando-se a
autoridade administrativa omissa à responsabilidade solidária, ante o disposto nos arts. 71, inciso IX, da
Constituição Federal e 262, caput, do Regimento Interno do TCU;
9.2.4. dê ciência, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da notificação, à Sra. Sonia Rosa Andrade
do inteiro teor deste acórdão, esclarecendo à referida interessada que a eventual interposição de recurso
com efeito suspensivo não a eximirá da reposição dos valores por ventura recebidos durante a vigência do
efeito suspensivo, no caso do não provimento da peça recursal.
Rodrigues, Augusto Nardes (Relator), Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge e José Múcio
Monteiro.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.
1. Processo TC 019.123/2011-6
2. Grupo II – Classe I – Agravo.
3. Agravantes: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Departamento Nacional (Senai/DN)
e Serviço Social da Indústria – Departamento Nacional – (Sesi/DN).
3.1. Interessada: Informe Comunicação Integrada Ltda. (CNPJ 26.428.219/0001-80).
4. Unidades: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Departamento Nacional (Senai/DN) e
Serviço Social da Indústria – Departamento Nacional (Sesi/DN).
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Advogados constituídos nos autos: Renata Antony de Souza Lima Nina, OAB/DF nº 23.600;
Ângela Cignachi Baeta Neves, OAB/DF nº 18.730; Francisco de Paula Filho, OAB/DF nº 7.530.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de agravo interposto pelo Senai/DN e pelo Sesi/DN
contra despacho que, diante de representação formulada pela empresa Informe Comunicação Integrada
Ltda., sustou cautelarmente a Concorrência nº 4/2001, promovida pelos agravantes em conjunto.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo relator, em:
9.1. com fundamento no art. 289 do Regimento Interno, conhecer do agravo interposto e, no mérito,
negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência desta deliberação ao Senai/DN, ao Sesi/DN e à Informe Comunicação Integrada
Ltda.;
9.3. encaminhar os autos à 5ª Secretaria de Controle Externo – 5ª Secex, para prosseguimento da
instrução da representação formulada pela Informe Comunicação Integrada Ltda.
1. Processo TC 011.818/2010-7.
2. Grupo I – Classe V – Relatório de Auditoria.
3. Responsáveis: Luiz Antônio Pagot (CPF 435.102.567-00), Thomaz Aquino Nogueira Neto (CPF
046.970.498-53) e Paulo Vieira de Souza (CPF 403.961.698-72).
4. Unidades: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit e Desenvolvimento
Rodoviário S/A – Dersa.
44
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada nas obras de construção do trecho
sul do rodoanel Mário Covas, no Estado de São Paulo (PT 26.782.1461.111V.0035/2010).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo relator e com base no art. 58, II, da Lei 8.443/1992, em:
9.1. rejeitar as justificativas apresentadas pelos responsáveis Thomaz Aquino Nogueira Neto e
Paulo Vieira de Souza;
9.2. aplicar aos responsáveis mencionados no item anterior multas individuais no valor de R$
10.000,00 (dez mil reais), a serem recolhidas ao Tesouro Nacional acrescidas dos devidos encargos legais
, a contar da data deste acórdão até a data do pagamento, caso o recolhimento seja efetuado após o prazo
abaixo fixado;
9.3. fixar prazo de 15 (quinze) dias a contar das notificações para comprovação do recolhimento das
dívidas acima imputadas perante o Tribunal;
9.4. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.5. dar ciência desta deliberação ao Dnit, ao Dersa e ao procurador-chefe da Procuradoria da
República no Estado de São Paulo.
Marconni Chianca Toscano da Franca (OAB/DF 20.772), Patrícia Santos Maciel de Oliveira (OABDF
26.616), Rafael Freitas Machado (OAB/DF 20.737) e Renata Barbosa Fontes (OAB/DF 8.203).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação que trata de possíveis irregularidades
na execução do contrato PRES/028.1998, firmado entre a Companhia Docas do Estado de São Paulo –
Codesp e a empresa Terminal para Contêineres da Margem Direita S.A. – Tecondi, para exploração de
instalação portuária.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão plenária, diante das
razões expostas pelo relator, em:
9.1. manter a medida cautelar concedida por meio do acórdão 3.307/2010-Plenário, nos termos do
art. 276 do Regimento Interno/TCU, até que esta corte se manifeste em definitivo sobre o mérito das
questões suscitadas nos presentes autos;
9.2. dar ciência desta deliberação à Codesp, à Tecondi e à Antaq, mediante remessa de cópia do
presente acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam;
9.3. restituir o processo à Sefid-1 para que adote as medidas de sua alçada com vistas a dar
prosseguimento à instrução do feito.
1. Processo nº TC 000.312/2011-8.
2. Grupo II – Classe I – Assunto: Embargos de Declaração em Representação.
3. Interessados: Call Tecnologia e Serviços Ltda (CNPJ 05.003.257/0001-10) e Provider Soluções
Tecnológicas Ltda (CNPJ 01.159.435/0001-46).
4. Entidade: Companhia Energética de Alagoas (CEAL); Eletrobras; Ministério das Minas e
Energia (MME) (vinculador).
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: Secretaria de Controle Externo - AL (SECEX-AL).
8. Advogados constituídos nos autos: André Puppin Macedo (OAB-DF 12.004); Acioli Cardoso
Silva (OAB-DF 27.407); Luiz César Simões Cardoso (OAB-DF 22.435); Tathiana Passoni Reis (OAB-
DF 31.414); Alexandre Spezia (OAB-DF 20.555); Antônio Sérgio Elias Filho (OAB-DF 21.677);
Cristiane Nina Antunes (OAB-DF 20.132); Karina Bronzon de Castilho (OAB-DF 20.971); Priscila Brito
Marangon (OAB-DF 25.562); Mariana Aires Coelho Araujo Dias (OAB-DF 9.716./E); Marcus Paulo
Santiago Teles Cunha (OAB-DF 10.028/E); Hugo Medeiros Gallo da Silva (OAB-DF 10.396/E);
Guilherme de Macedo Soares (OAB-DF 9.665/E); Gerson Alves de Oliveira Junior (OAB-DF 9.339);
Mariana Araujo Becker (OAB-DF 14.675); Beatriz Helena Cavalcante Nunes (OAB-DF 29.059); Luiz
Ricardo de Castro Guerra (OAB-PE 17.598); João André Sales Rodrigues (OAB-PE 19.186); Carlos
Augusto da Silva Batista (OAB-PE 15.982); Carla de Jesus Cavalcanti de Carvalho (OAB-PE 16.402);
Isabel Cristina Ximenes Carneiro da Cunha (OAB-PB 11.071); Tomaz Domingues de Oliveira E.
Alcoforado (OAB-PE 25.453); Walter Gomes D’Angelo (OAB-PE 23.359); Walter Pereira de Barros
46
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
(OAB-PE 25.960); Carlos Eduardo Bacelar Coelho da Silva (OAB-PE 28.732); Arley de Andrade Vieira
(OAB-AL 7.319).
9. Acórdão:
Vistos, relatados e discutidos estes autos que cuidam de Embargos de Declaração em
Representação, opostos pela Eletrobras Distribuição Alagoas, também denominada Companhia
Energética de Alagoas – CEAL, e pela Provider Soluções Tecnológicas Ltda, ambos em face do Acórdão
nº 1.924/2011-Plenário, prolatado nos autos de Representação oferecida pela empresa Call Tecnologia e
Serviços Ltda., com pedido de medida cautelar, inaudita altera pars, em face do Pregão Eletrônico
nº 26/2010, promovido pela Companhia Energética de Alagoas (Ceal) para registro de preço;
Acórdão os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, diante das
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer, com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, dos Embargos de
Declaração opostos pela Eletrobras Distribuição Alagoas, também denominada Companhia Energética de
Alagoas – CEAL, e pela Provider Soluções Tecnológicas Ltda,, para, no mérito, negar-lhes provimento.
9.2. dar ciência do inteiro teor da presente deliberação aos interessados, à Ceal e ao Ministério de
Minas e Energia.
1. Processo nº TC 008.340/2004-1.
1.1. Apenso: 003.515/2004-7
2. Grupo II – Classe IV – Assunto: Prestação de Contas do Exercício 2003
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Companhia Docas do Pará - MT (04.933.552/0001-03).
3.2. Responsáveis: Ademir Galvão Andrade (049.051.805-20); Afonso Carneiro Filho
(654.320.967-49); Alexander Vinicius Janiques de Matos (238.774.561-20); Antonina Cândida Costa de
Moraes (116.122.072-00); Aristarte Gonçalves Leite Júnior (096.604.291-34); Cláudia Regina Gusmão
(310.234.101-25); Cláudio José Madeira Bastos Menezes (070.613.587-34); Cristovan Silva da Cruz
(030.239.822-87); Dirceu de Castro Oliveira (004.270.201-15); Francisco Chagas Alcãntara Oliveira
(013.488.333-00); Guilherme Oliveira Braga (099.190.072-34); Marcos José Pereira Damasceno
(300.747.032-34); Mario Ferreira Vianna (314.700.417-15); Montesquieu Targino Alves (179.462.717-
00); Nelson Pontes Simas (055.383.432-00); Onofre Dantas dos Santos (099.237.721-87); Ovídio
Gaspareto (000.077.149-04); Procópio Santos Rizzato (359.714.608-20); Rogerio Amado Barzellay
(239.507.901-44).
4. Órgão/Entidade: Companhia Docas do Pará - MT.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidade: Secretaria de Controle Externo - PA (SECEX-PA).
8. Advogado(s) constituído(s) nos autos: Luiz Roberto dos Reis Júnior – OAB/PA 6458.
47
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam da Prestação de Contas da Companhia Docas
do Pará - CDP referente ao exercício de 2003;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. acolher parcialmente as razões de justificativa apresentadas pelos Senhores Guilherme Oliveira
Braga e Ademir Galvão Andrade, relativamente à audiência realizada em decorrência das seguintes
irregularidades: a) aquisição de bens com preços muito acima dos praticados no mercado local, ocorrência
constatada no Convite nº 05/2004 e no Processo 2.368/2003 (subitem 8.1.1.3 do Relatório de Auditoria
de Avaliação de Gestão nº 140894); b) Contratação de pessoal em desacordo com Termo de Referência
Contratual, relativo aos contratos 24/2001, celebrado com a SISCON – Consultoria de Sistema Ltda. e
008/01 – AHITAR, firmado com o Centro Tecnológico de Engenharia Ltda. (subitem 8.2.2.2 do Relatório
de Auditoria de Avaliação de Gestão nº 140894); c) pagamento à empresa R & A Construções e
Comércio Ltda., no valor de R$ 50.232,79, por serviços não realizados ou realizados em desacordo com
as especificações contratadas (subitem 8.2.3.1 do Relatório de Auditoria de Avaliação de Gestão nº
140894);
9.2. julgar, nos termos do art. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei nº 8.443/92, as
contas dos Srs. Guilherme Oliveira Braga (099.190.072-34), Ademir Galvão Andrade (049.051.805-20),
Nelson Pontes Simas (055.383.432-00) e Marcos José Pereira Damasceno (300.747.032-34), regulares
com ressalva, dando-lhes quitação;
9.3. julgar, nos termos do art. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei nº 8.443/92, as
contas dos Srs. Afonso Carneiro Filho (654.320.967-49); Alexander Vinicius Janiques de Matos
(238.774.561-20); Antonina Cândida Costa de Moraes (116.122.072-00); Aristarte Gonçalves Leite
Júnior (096.604.291-34); Cláudia Regina Gusmão (310.234.101-25); Cláudio José Madeira Bastos
Menezes (070.613.587-34); Cristovan Silva da Cruz (030.239.822-87); Dirceu de Castro Oliveira
(004.270.201-15); Francisco Chagas Alcãntara Oliveira (013.488.333-00); Mario Ferreira Vianna
(314.700.417-15); Montesquieu Targino Alves (179.462.717-00); Onofre Dantas dos Santos
(099.237.721-87); Ovídio Gaspareto (000.077.149-04); Procópio Santos Rizzato (359.714.608-20);
Rogerio Amado Barzellay (239.507.901-44), regulares, dando-lhes quitação plena;
9.4. expedir as respectivas quitações, nos termos do art. 27 da Lei no 8.443/92 c/c art. 218 do
RI/TCU, visto que houve recolhimento integral das multas imputadas aos responsáveis Ademir Galvão
Andrade e Nelson Pontes Simas, conforme documentos constantes do Anexo 11 do processo apensado.
1. Processo nº TC 014.566/2008-7
2. Grupo II - Classe V – Assunto: Relatório de Acompanhamento
3. Responsáveis: Ronaldo Mota Sardenberg, Antônio Domingos Teixeira Bedran, Emília Maria
Silva Ribeiro Curi, Plínio de Aguiar Júnior, José Leite Pereira Filho, Pedro Jaime Ziller de Araújo, Luiz
Alberto da Silva e Ara Apkar Minassian
4. Entidade: Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
48
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam do relatório de acompanhamento do processo
de prorrogação de autorizações de uso de radiofreqüências na faixa de 2,5 GHz associadas à exploração
do Serviço de Distribuição de Sinais Multiponto Multicanal (MMDS).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. acolher as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. José Pereira Leite, Luiz Alberto dos
Santos e Emília Maria Silva Ribeiro Curi em relação aos itens “a” e “b” da audiência realizada nestes
autos;
9.2. acolher as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Ara Apkar Minassian, Ronaldo Mota
Sardenberg, Antônio Domingos Bedran, Plínio de Aguiar Júnior e Pedro Jaime Ziller de Araújo em
relação ao item “b” da audiência realizada nestes autos;
9.3. acolher parcialmente as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Ronaldo Mota
Sardenberg, Antônio Domingos Bedran, Plínio de Aguiar Júnior e Pedro Jaime Ziller de Araújo em
relação ao item “a” da audiência realizada nestes autos;
9.4. determinar à Agência Nacional de Telecomunicações que encaminhe a este Tribunal, no prazo
de 30 (trinta) dias, os preços fixados pela Anatel a serem cobrados pela prorrogação de uso das faixas de
frequência associadas ao Serviço de Distribuição de Sinais Multiponto Multicanal (MMDS);
9.5. determinar à Sefid que monitore a determinação acima, nos termos do art. 243 do Regimento
Interno;
9.6. arquivar os autos.
1. Processo nº TC 015.098/1995-8.
2. Grupo I – Classe I – Assunto: Embargos de Declaração em Embargos de Declaração em Recurso
de Reconsideração em Tomada de Contas Especial
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessada: Rosa Maria Nascimento Silva (418.816.057-87).
3.2. Responsáveis: Alan Gurgel do Amaral (048.346.232-20); Cota Construtora Amazonia S A
(05.925.193/0001-05); Rosa Maria Nascimento Silva (418.816.057-87).
4. Órgão: Tribunal Regional do Trabalho 14ª Região/ac -RO - JT.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: não atuou.
8. Advogado constituído nos autos: não há.
49
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam, nesta fase processual, de novos Embargos de
Declaração opostos pela Sra. Rosa Maria Nascimento Silva, cuja petição de embargos não indicou
expressamente o acórdão embargado.
Considerando que, anteriormente a esses embargos, a interessada já havia oposto embargos de
declaração contra o Acórdão nº 2279/2009-Plenário, que, ao julgar Recurso de Reconsideração (fls.
01/11, vol. 4) anteriormente interposto pela ora embargante, deu-lhe provimento parcial para reformar o
Acórdão 305/2001-TCU-Plenário, proferido em sede de Tomada de Contas Especial decorrente de
processo de denúncia apresentada a esta Corte de Contas acerca de irregularidades ocorridas no Tribunal
Regional do Trabalho da 14ª Região/RO, por ocasião das obras de construção do edifício sede daquele
Tribunal e reforma do prédio destinado ao funcionamento das Varas Trabalhistas de Porto Velho/RO;
Considerando que referidos Embargos de Declaração foram julgados na Sessão Plenária de
23/02/2011, por meio do Acórdão nº 450/2011-Plenário;
Considerando o que consta dos autos;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, não conhecer dos Embargos de
Declaração, por não atenderem aos requisitos de admissibilidade.
9.2. declarar que a oposição de novos embargos neste processo não suspenderá a consumação do
trânsito em julgado, podendo, assim, ser implementada a cobrança judicial do débito e da multa, a cujo
pagamento foram condenados a embargante e a Cota – Construtora Amazônia S.A., solidariamente em
relação ao débito e individualmente no que concerne à multa, tudo nos exatos termos do Acórdão nº
305/2001-Plenário, reformado, parcialmente, pelo Acórdão nº 2.279/2009-Plenário;
9.3. dar ciência da presente deliberação à embargante, à empresa Cota – Construtora Amazônia
S.A., ao Ministério Público da União (5ª Câmara de Coordenação e Revisão - Patrimônio Público e
Social), ao Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região e ao Tribunal Superior do Trabalho - TST.
1. Processo nº TC 017.261/2011-2.
2. Grupo II – Classe V – Assunto: Relatório de Auditoria (Fiscobras 2011)
3. Interessados/Responsáveis
3.1 Interessado: Congresso Nacional
4. Órgãos/Entidades: Caixa Econômica Federal - MF; Departamento Penitenciário Nacional -
SNJ/MJ; Governo do Estado do Rio de Janeiro.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: Secretaria de Fiscalização de Obras 1 (SECOB-1).
8. Advogado(s): não há.
50
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
Vistos, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada no Departamento Penitenciário
Nacional – Depen –, na Caixa Econômica Federal e no Governo do Estado do Rio de Janeiro, no período
de 27/6/2011 a 20/7/2011, com enfoque nos procedimentos referentes às obras de construção da
residência para idosos e reforma da Casa de Transição, em Niterói/RJ, objeto do PT
14.421.0661.8914.0001/2011 - Apoio à Construção e Ampliação de Estabelecimentos Penais.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1 determinar à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro – Seap/RJ
–, nos termos do art. 43, inciso I, da Lei 8.443/92, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno/TCU,
que informe a este Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da ciência, sobre o andamento ou os
resultados das providências adotadas inerentes aos achados descritos no item 3.1 do presente relatório de
auditoria, a saber:
9.1.1 indícios de deficiência na qualidade dos serviços executados, em desacordo com os arts. 66 e
69 da Lei 8.666/1993;
9.1.2 pagamento por serviços não previstos no Contrato 12/2009, sem o necessário aditivo
contratual, em dissonância com o disposto no art. 60 da Lei 8.666/1993;
9.2 alertar a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro – Seap/RJ –,
responsável pela execução do Contrato de Repasse n. 238.688-34/2007/Ministério da Justiça/Caixa, de
que a ausência de medidas corretivas em relação às irregularidades apuradas no presente relatório de
auditoria, principalmente quanto às descritas no respectivo item 3.1, sujeitará os responsáveis às sanções
previstas na Lei 8.443/92;
9.3 determinar à Secob-1 que identifique o(s) responsável(is) pela fiscalização da execução do
Contrato 12/2009, vinculado ao Contrato de Repasse 238.688-34/2007/Ministério da Justiça/Caixa, e, nos
termos do art. 43, inciso II, da Lei 8.443/92, c/c o art. 250, inciso IV, do Regimento Interno deste
Tribunal, promova a respectiva audiência, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, contados da ciência,
apresente(m) a este Tribunal as razões de justificativa em face do atesto de serviços não previstos no
contrato e dos indícios de má qualidade da obra, consoante descrito no item 3.1 e subitens do presente
relatório de auditoria;
9.4 enviar cópia do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam:
9.4.1 à Caixa Econômica Federal, ao Departamento Penitenciário Nacional e à Secretaria de Estado
de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro – Seap/RJ –, para que tenham ciência das falhas
descritas nos itens 3.1 a 3.5 do presente relatório de auditoria, de modo a subsidiar a adoção das
providências de sua alçada;
9.4.2 ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Rio de Janeiro -
Crea/RJ, com fulcro no inciso XI do art. 71 da Constituição Federal, para que adote as providências que
julgar cabíveis em face dos indícios de deficiência na fiscalização das obras de construção da residência
para idosos e reforma da Casa de Transição, em Niterói/RJ, consoante descrito no item 3.1 e subitens do
presente relatório de auditoria;
9.4.3 à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional,
comunicando-lhe que, no Contrato de Repasse 238.688-34/2007/Ministério da Justiça/Caixa, referente às
obras de construção da residência para idosos e reforma da Casa de Transição, em Niterói/RJ, objeto do
PT 14.421.0661.8914.0001/2011 - Apoio à Construção e Ampliação de Estabelecimentos Penais, não
foram detectados indícios de irregularidades que se enquadrem nas disposições do inciso IV do §1º do art.
94 da Lei nº 12.309/2010 (LDO/2011).
Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro (Relator), José Jorge e José Múcio
Monteiro.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.
1. Processo nº TC 017.263/2011-5.
2. Grupo I – Classe V – Assunto: Relatório de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Órgãos/Entidades: Caixa Econômica Federal - MF; Departamento Penitenciário Nacional -
SNJ/MJ; Governo do Estado do Rio de Janeiro.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: Secretaria de Fiscalização de Obras 1 (SECOB-1).
8. Advogado(s) constituído(s) nos autos: não há.
9. Acórdão:
Vistos, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada no Departamento Penitenciário
Nacional – Depen –, na Caixa Econômica Federal e no Governo do Estado do Rio de Janeiro, no período
de 29/6/2011 e 26/7/2011, com enfoque nos procedimentos referentes às obras de construção do Centro
de Observação Criminológica no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na cidade do Rio de
Janeiro (RJ).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. dar ciência à Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro sobre as
impropriedades verificadas no processo para construção do Centro de Observação Criminológica no
Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, com recursos do Contrato de Repasse n. 264.784-
42/2008:
9.1.1. inclusão de itens de serviço no 1º boletim de medição do contrato n. 015/2010 com as
seguintes irregularidades, em afronta aos arts. 66 e 67, § 1º da Lei 8.666/1993, conforme tratado no item
3.1 do Relatório de Auditoria:
9.1.2.envio de projeto básico para licitação com as seguintes falhas, em afronta ao disposto art. 6º,
IX, da Lei 8666/1993, conforme tratado no item 3.2 do Relatório de Auditoria:
9.1.3. ausência de aprovação do Projeto Básico pela autoridade competente, em afronta ao art. 7º, §
2º, I da lei 8.666/1993, conforme tratado no item 3.2 do Relatório de Auditoria;
9.1.4. aprovação de Planilha Orçamentária da Concorrência 005/2009 com as seguintes falhas,
conforme tratado no item 3.3 do Relatório de Auditoria:
9.1.5. inclusão dos itens restritivos ao caráter competitivo listados a seguir na fase de habilitação da
Concorrência n. 005/2009, em desconformidade com o 3º, § 1º, I da Lei n. 8.666/1993, conforme tratado
no item 3.4 do Relatório de Auditoria;
9.2. dar ciência à Caixa Econômica Federal sobre as impropriedades verificadas no Contrato de
Repasse n. 264.784-42/2008, conforme tratado no item 3.5 do Relatório de Auditoria;
9.3. comunicar à Caixa a respeito das irregularidades verificadas nos itens 3.1, 3.2 e 3.3 do
Relatório de Auditoria, de modo a subsidiar sua análise na liberação de recursos para esse
empreendimento, anexando cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam;
9.4. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam ao
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, de modo a subsidiar sua atuação na fiscalização dos
recursos estaduais envolvidos;
9.5. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que não foram detectados indícios de irregularidades que se enquadram no disposto no inciso IV
52
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo nº TC 017.264/2011-1.
2. Grupo II – Classe V – Assunto: Relatório de Auditoria (Fiscobras 2011)
3. Interessados/Responsáveis
3.1 Interessado: Congresso Nacional
4. Órgãos/Entidades: Caixa Econômica Federal - MF; Departamento Penitenciário Nacional -
SNJ/MJ; Governo do Estado do Rio de Janeiro.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: Secretaria de Fiscalização de Obras 1 (SECOB-1).
8. Advogado(s): não há.
9. Acórdão:
Vistos, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada no Departamento Penitenciário
Nacional – Depen –, na Caixa Econômica Federal e no Governo do Estado do Rio de Janeiro, no período
de 1/7/2011 e 29/7/2011, com enfoque nos procedimentos referentes à obra de reforma geral do Instituto
Penal Cândido Mendes, objeto do PT 14.421.0661.8914.0001/2011 - Apoio à Construção e Ampliação de
Estabelecimentos Penais.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1 alertar a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro – Seap/RJ –,
responsável pela execução do Contrato de Repasse 238.689-48/2007/Ministério da Justiça/Caixa, de que a
ausência de medidas corretivas em relação às irregularidades apuradas no presente relatório de auditoria,
sujeitará os responsáveis às sanções previstas na Lei 8.443/92;
9.2 enviar cópia do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam:
9.2.1 à Caixa Econômica Federal, ao Departamento Penitenciário Nacional e à Secretaria de Estado
de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro – Seap/RJ –, para que tenham ciência das falhas
descritas nos itens 3.1 a 3.6 do presente relatório de auditoria, de modo a subsidiar a adoção das
providências de sua alçada;
9.2.2 ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Rio de Janeiro -
Crea/RJ, com fulcro no inciso XI do art. 71 da Constituição Federal, para que adote as providências que
julgar cabíveis em face dos indícios de deficiência na fiscalização da obra de reforma geral do Instituto
Penal Cândido Mendes, consoante descrito no item 3.2 e subitens do presente relatório de auditoria;
9.2.3 ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, com base no inciso XI do art. 71 da
Constituição Federal, para a adoção das providências que julgar cabíveis, em face dos indícios de
53
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo TC 017.591/2011-2
2. Grupo I, Classe de Assunto V – Relatório de Auditoria
3. Interessado: TCU
4. Entidades: Prefeitura Municipal de São Paulo – SP (CNPJ 46.395.000/0001-39), Secretaria
Executiva - Ministério das Cidades - Mici e Caixa Econômica Federal - MF
4.1. Responsáveis: Gilberto Kassab, Prefeito do Município de São Paulo; Jorge Fontes Hereda,
Presidente da Caixa Econômica Federal; Roberto de Oliveira Muniz, Secretário Executivo do Ministério
das Cidades
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Secob-3
8. Advogados constituídos nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Auditoria realizada, por força do
Acórdão 2.435/2010-Plenário, na Prefeitura Municipal de São Paulo, no período de 20/6 a 22/7/2011,
com o objetivo de fiscalizar as obras de urbanização da favela do Sapé B em São Paulo/SP,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. promover as oitivas da Prefeitura Municipal de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de
Habitação, da Caixa Econômica Federal, do Ministério das Cidades e do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão para que manifestem-se, no prazo de 15 (quinze) dias, acerca dos seguintes indícios
de irregularidade, facultando à Prefeitura Municipal de São Paulo pronunciar-se também acerca da
adequação da definição das responsabilidades constantes do Relatório;
9.1.1. restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados de habilitação e
julgamento;
9.1.2. projeto básico deficiente ou desatualizado;
9.2. abrir prazo de 15 (quinze) dias para que o consórcio contratado, formado pelas empresas Etemp
Engenharia Indústria e Comércio Ltda. (CNPJ 53.063.798/0001-87) e Construtora Croma Ltda. (CNPJ
62.601.000/0001-02), se assim o desejar, manifeste-se acerca dos indícios de irregularidades apontados
nos itens 9.1.1 e 9.1.2;
54
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.3. determinar à Prefeitura Municipal de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de
Habitação, com base no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/1992 e no art. 202, inciso IV do Regimento
Interno/TCU, que:
9.3.1. face às deficiências verificadas nos critérios de medição e pagamento de alguns itens de
serviço e visando melhorar os controles da Administração e minimizar os riscos de pagamentos indevidos
e superfaturamentos - implemente, entre outras medidas, os seguintes procedimentos de controle para fins
de medição e comprovação da execução dos itens de serviço discriminados a seguir, constantes no
Contrato 23/2010-SEHAB:
9.3.1.1. Apoio Habitacional: inclua, como condição necessária à medição, a necessidade de
apresentação de recibo assinado pelo chefe da família que recebeu a quantia paga a título de reembolso de
aluguel, constando a respectiva identificação deste (nome e CPF), bem como o valor por ele recebido.
9.3.1.2. Remoção de Interferências: inclua, como condição necessária à medição, a necessidade de
apresentação de registro fotográfico, com o ateste da fiscalização, de todas as interferências remanejadas
e proceda à definição do custo para remanejamento de cada uma das interferências (custo por unidade de
poste remanejado, custo por metro de rede de água / esgoto / telefonia / elétrica, etc).
9.3.1.3. Mobilização e Desmobilização do Canteiro de Obras: proceda à definição do custo por m²
de canteiro e somente efetue medições à contratada dos quantitativos efetivamente executados.
9.3.2. encaminhe ao TCU, no prazo de 60 dias, os documentos referidos no item 9.3.1
acompanhados das respectivas medições dos serviços.
9.4. determinar à Secob-3 que analise a adequação dos preços contratados, confrontando-os com os
preços do Sinapi, em conjunto com o exame das oitivas ora propostas;
9.5. encaminhar aos órgãos e empresas indicados nos itens 9.1. e 9.2, cópia deste Acórdão, bem
como do Relatório e Voto que o fundamentam, para que subsidiem as suas manifestações;
9.6. encaminhar à Sra. Lisiane C. Braecher, Procuradora da República no Estado de São Paulo, em
atendimento à solicitação de informações constante no TC 016.779/2011-8, cópia deste Acórdão, bem
como do Relatório e Voto que o fundamentam;
9.7. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que não foram detectados indícios de irregularidades que se enquadram no disposto no inciso IV
do § 1º do art. 94 da Lei 12.309/2010 (LDO/2011), no Contrato nº 23/2010-SEHAB, firmado no âmbito
do Termo de Compromisso nº 0302.574-29/2009/MCidades/Caixa, relativo aos serviços de urbanização
de favelas no município de São Paulo/SP, na obra favela do Sapé.
1. Processo nº TC 021.434/2003-7.
2. Grupo I – Classe I – Assunto: Recurso de Reconsideração em Tomada de Contas Especial
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Ministério do Trabalho e Emprego (vinculador) ().
3.2. Responsáveis: Agamenon Rodrigues do Prado (220.387.791-04); Ana Maria Chaves Faustino
Tiete (450.499.478-04); Farid Badlallad Bahmad (108.977.471-00); Federação dos Trabalhadores Nas
Indústrias da Construção e do Mobiliário de Mato Grosso do Sul (26.856.732/0001-71); Fábio Portela
55
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Machinski (164.466.581-68); Jane Aparecida da Silva (201.663.201-10); José Luiz dos Reis
(422.152.691-20); João Gomes de Araújo (273.161.491-91); Maria José de Moraes (501.152.001-34);
Pedro Aloísio Vendramini Duran (005.261.048-99); Sônia Savi (202.226.531-91); Terezinha Lopes
Chaves (199.945.161-91); Thirza Gomes Coelho (331.848.361-34); Zenite Dantas da Silva (178.161.301-
04).
4. Órgão/Entidade: Entidades/órgãos do Governo do Estado do Mato Grosso do Sul.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
5.1. Relator da Deliberação Recorrida: Ministro Augusto Sherman Cavalcanti
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidade: Secretaria de Recursos (SERUR).
8. Advogado(s) constituído(s) nos autos: Maria Celeste da Costa e Silva (OAB/MS nº 3.281) e José
Valeriano de S. Fontoura (OAB/MS nº 6.277).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recursos de reconsideração interpostos pelo Srs.
Agamenon Rodrigues do Prado (Anexo 1) e Fábio Portela Machinski (Anexo 2), por meio dos quais se
insurgem contra o Acórdão nº 494/2010 – TCU - Plenário (fls. 8.204/8.206 – Volume 28), retificado por
inexatidão material pelo Acórdão nº 671/2010 - TCU – Plenário (fls. 8.210/8.211 – Volume 28), que
julgou irregulares suas respectivas contas, condenando-os em débito e em multa,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 32, inciso I e 33, ambos da Lei 8.443/92, conhecer o recurso de
reconsideração interposto pelo Sr. Agamenon Rodrigues do Prado (CPF: 220.387.791-04), para, no
mérito, negar-lhe provimento;
9.2. com fundamento nos arts. 32, inciso I, e 33, da Lei n.º 8.443, de 1992, conhecer o recurso de
reconsideração interposto pelo Sr. Fábio Portela Machinski (CPF: 164.466.581-68), para, no mérito, dar-
lhe provimento, dando nova redação aos itens 9.2, 9.2.4 e 9.4 do Acórdão nº 494/2010 – TCU - Plenário,
nos seguintes termos:
“9.2. condenar em débito os responsáveis Srs. Agamenon Rodrigues do Prado, José Luiz dos Reis,
Pedro Aloísio Vendramini Duran e Ana Maria Chaves Faustino Tieti e a Fetricom - Federação dos
Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de Mato Grosso do Sul, consoante
a seguir discriminado, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovarem,
perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea "a", do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas
aos cofres do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros
de mora, calculados a partir das datas indicadas até os efetivos recolhimentos, na forma prevista na
legislação em vigor:
9.2.4. solidariamente, os Srs. Agamenon Rodrigues do Prado e Pedro Aloísio Vendramini Duran e a
Fetricom - Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de Mato
Grosso do Sul, pela quantia de R$ 5.508,00 (cinco mil e quintos e oito reais), em 22/3/2001, atinente ao
contrato 021/2000;
9.4. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/92, julgar
regulares com ressalva as contas dos responsáveis Srs. Farid Badlallad Bahmad, Thirza Gomes Coelho,
Zênite Dantas da Silva, Sônia Savi, Terezinha Lopes Chaves, Jane Aparecida da Silva, Maria José de
Moraes e Fábio Portela Machinski, dando-lhes quitação;”
9.3. dar conhecimento deste Acórdão, encaminhando cópia do respectivo Relatório e Voto, aos
Recorrentes, aos demais interessados e à Procuradoria da República no Estado do Mato Grosso do Sul.
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro (Relator), José Jorge e José Múcio
Monteiro.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.
1. Processo nº TC 022.758/2009-9.
1.1. Apenso: 023.665/2009-2
2. Grupo I – Classe – Assunto:
3. Interessado: Splice Industria, Comércio e Serviços Ltda (06.965.293/0001-28).
4. Órgão/Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - MT.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: 1ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-1).
8. Advogado(s) constituído(s) nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos de Representações, formuladas pelas empresas
SPLICE Indústria, Comércio e Serviços Ltda. e WEBPACK Assessoria e Desenvolvimento de Software
Ltda., em face de possíveis irregularidades no Edital da Concorrência Pública nº 471/2009-00, do tipo
Técnica e Preço, conduzida pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1.conhecer das presentes Representações formuladas pelas empresas SPLICE Indústria, Comércio
e Serviços Ltda. e WEBPACK Assessoria e Desenvolvimento de Software Ltda., por preencherem os
requisitos de admissibilidade do art. 237, inciso VII, do Regimento Interno c/c o art. 113, § 1º, da Lei nº
8.666/93, para, no mérito, considerá-las parcialmente procedentes;
9.2. fixar o prazo de quinze dias para que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
- Dnit suspenda a concorrência pública regulada pelo Edital nº 471/2009-00, a fim de que sejam saneadas
as seguintes irregularidades, se ainda não o fez:
9.2.1 os critérios definidos no Edital em questão não são totalmente adequados, pertinentes e,
sobretudo, suficientes para avaliar as propostas técnicas, vez que não atendem plenamente ao disposto no
art. 46, § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666, de 1993;
9.2.2 a pontuação atribuída ao Tempo de Atuação da Licitante (TAL) é excessiva, uma vez que
representa 50% (cinquenta por cento) da nota atribuída ao quesito Capacidade Técnica da Licitante,
contrariando entendimento desta Corte consoante prolação dos Acórdãos nºs 2.632/2007 e 1.993/2008,
ambos deste Plenário, segundo o qual esse critério só é aceitável se for pontuado em limites razoáveis,
bem como se for conjugado com outros critérios que avaliem a experiência e a capacidade da licitante;
9.2.3. os critérios de pontuação do quesito Capacidade da Equipe Técnica inibem o caráter
competitivo do certame e ferem o princípio da igualdade, afrontando o preceito disposto no art. 3º, caput
e § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/1993, porquanto asseguram às empresas que já tenham em seu quadro
permanente, há mais de um ano, determinado tipo de profissional a possibilidade de obterem vantagem,
bem como conferem pontuação apenas para a quantidade de atestados, sem levar em conta o tempo de
experiência efetiva dos profissionais indicados;
9.2.4. a exigência, no subitem 13.4.2 do Edital, da indicação nominal de profissionais de nível
superior distintos para cada lote da licitação, bem como pertencentes ao quadro permanente da empresa
proponente, com vínculo comprovado mediante cópia da Carteira Profissional de Trabalho ou por meio
de contrato de prestação de serviços, celebrado de acordo com a legislação civil comum, como requisito
indispensável para sua habilitação, impõe ônus antecipado às proponentes sem a correspondente garantia
57
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
de que o participante venha a ser vencedor do certame, com prejuízo ao princípio da competitividade,
afrontando o disposto no art. 3º, caput e § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/1993, bem como a jurisprudência
deste Tribunal consoante Acórdãos nºs 481/2004; 1.094/2004; 26/2007; 126/2007, todos deste Plenário,
Acórdão nº 2.178/2006-1ª Câmara e Acórdão nº 2.561/2004-2ª Câmara;
9.2.5. o fator de permanência atenta contra o princípio da igualdade, previsto no art. 3º da Lei nº
8.666, de 1993, porquanto pode acarretar uma redução de até 12 (doze) pontos, ou seja, 12% (doze por
cento) do total de pontos possíveis, na nota técnica das proponentes que não possuírem em seus quadros
permanentes, há mais de um ano, dois profissionais de nível superior disponíveis para cada lote que a
empresa pretenda participar, sendo que, para se assegurar da qualidade e da eficiência da prestação dos
serviços em questão, é suficiente que a Administração Pública defina de maneira clara, tanto no edital
como no contrato que vier a ser celebrado, o perfil desejado e o quantitativo mínimo de profissionais que
entende necessário para sua execução;
9.2.6. o objeto, tal como definido no Edital n° 471/2009-00, não se enquadra na condição de
prestação de serviço de grande vulto, dependente de tecnologia sofisticada e de domínio restrito, não
preenchendo os requisitos previstos no § 3º do art. 46 da Lei nº 8.666, de 1993, nem nas hipóteses
referidas no caput do mesmo artigo e no § 4º do art. 45 da referida Lei;
9.3. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit que modifique a
fórmula de cálculo da Nota Final (NF) para classificação das proponentes no Edital Padrão para licitações
do tipo Técnica e Preço, porquanto o fator (número 25) utilizado no cálculo da Nota da Proposta de
Preços (NPP) distorce o resultado final do certame ao concentrar as notas de preços – por mais díspares
que sejam – numa faixa entre 75 (setenta e cinco) e 100 (cem) pontos, enquanto as Notas Técnicas variam
entre 50 (cinquenta) e 100 (cem) pontos, acentuando, assim, o peso atribuído à Nota Técnica e, por
consequência, prejudicando a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração de acordo com a
ponderação expressamente definida na fórmula de 60% para a técnica e 40% para o preço, contrariando o
disposto no art. 3º da Lei nº 8.666, de 1993;
9.4. reiterar os termos do Acórdão nº 819/2009-Plenário, de 29/4/2009, para alertar ao Dnit que:
9.4.1. a sentença judicial prolatada no âmbito do Processo nº 2008.34.00.031383-3, atinente aos
Editais nºs 238/2008-00 e 239/2008-00, não representa óbice absoluto para que, no presente certame, a
entidade escolha, com os fundamentos e motivos que julgar corretos, o tipo de licitação mais adequado,
uma vez que não houve o seu trânsito em julgado, a decisão foi fundamentada em entendimento já
superado na jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região e a parte dispositiva da decisão
limitou-se a conceder a segurança para decretar a nulidade dos Editais;
9.4.2. as contratações para aquisição de bens e serviços de informática não precisam ser realizadas,
necessariamente, sob a forma de licitação do tipo ‘Técnica e Preço’, podendo também ocorrer sob a forma
de Pregão, conforme já tratado pelo TCU em diversos precedentes, conforme Acórdãos nºs 237/2009,
144/2008, 2.658/2007, 1.782/2007, 1.114/2006, 2.138/2005, 2.094/2004, 1.182/2004, 740/2004, com
redação alterada pelo 1.299/2006, e 313/2004, todos deste Plenário, e entendimento do Tribunal Regional
Federal da 1ª Região (p. ex. AGSS 2005.01.00.074126-2/DF e AG 2009.01.00.010269-2/DF.
9.5. dar ciência deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam à
Controladoria-Geral da União – CGU, ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit,
à empresa SPLICE Indústria, Comércio e Serviços Ltda. e à empresa WEBPACK Assessoria e
Desenvolvimento de Software Ltda.
9.6. arquivar estes autos.
1. Processo nº TC 000.917/2011-7.
2. Grupo I – Classe VII – Assunto: Representação.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União
4. Unidade: Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú - SC.
5. Relator: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: Secretaria de Controle Externo - SC (SECEX-SC).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de Representação formulada pela Secex/SC
acerca do relatório de auditoria realizada pelo Denasus/SC no Hospital Santa Inês, localizado no
Município de Balneário Camburiú – SC, decorrente de Fiscalização de Orientação Centralizada, que
objetivou avaliar a regularidade da aplicação dos recursos do SUS, repassados pela União, na modalidade
fundo a fundo, no exercício de 2009.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 237, inciso VI, do Regimento Interno do TCU, conhecer da presente
Representação, para, no mérito, considerá-la procedente;
9.2. determinar ao Secretário Municipal de Saúde e Saneamento e ao Gestor do Fundo Municipal de
Saúde de Balneário Camburiú que:
9.2.1. instaurem procedimento administrativo com vistas a regularizar a cobrança a maior das
diárias de UTI por parte do Hospital Santa Inês, conforme Manual Técnico Operacional do Sistema de
Informações Hospitalares - versão 2008-2009 - aprovado pela Portaria MS/GM 396/2000, por meio de
ajuste de contas, compensação ou ressarcimento, no valor histórico de R$ 820,66, atualizado
monetariamente e com os acréscimos legais até a data do ressarcimento;
9.2.2. reavaliem a classificação das UTIs do Hospital Santa Inês, e voltem a pagar como padrão II
apenas quando as unidades estiverem adequadas à Portaria SAS nº 3432/1998;
9.2.3. informem, ao Serviço de Auditoria do Sistema Único de Saúde/MS em Santa Catarina, tão
logo sejam cumpridas as determinações acima;
9.3. encaminhar cópia do presente Acórdão, assim como Relatório e Voto que o fundamentam, e
cópia do Relatório de Auditoria Denasus nº 10124/2010, ao Gestor do Fundo Municipal de Saúde de
Balneário Camburiú/SC e ao Secretário Municipal de Saúde e Saneamento para adoção das providências
pertinentes;
9.4. arquivar o presente processo.
1. Processo nº TC 007.886/2003-5.
1.1. Apenso: 015.405/2005-6
2. Grupo II – Classe I – Assunto: Embargos de Declaração.
3. Responsável: Alexandre dos Santos Ferreira (CPF nº 407.903.397-49)
4. Entidade: Escola de Especialistas da Aeronáutica - EEAR.
5. Relator: Ministro José Jorge.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Jorge
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: não atuou.
8. Advogados constituídos nos autos: Alcides Montezuma (OAB/RJ 23.640), Jorge Ulisses Jacoby
Fernandes (OAB/DF nº 6.546), Gustavo Valadares (OAB/DF nº 18.669) e Cynthia Póvoa de Aragão
(OAB/DF nº 22.298).
9. Acórdão:
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração opostos pelo Sr. Alexandre
dos Santos Ferreira, em face do Acórdão 1534/2010 – Plenário, mediante o qual este Tribunal se
pronunciou sobre Recurso de Revisão interposto pelo MP/TCU em face do Acórdão 2.190/2004-1ª
Câmara.
Acordam os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as razões
expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do presente Embargos de Declaração, uma vez que foram preenchidos os requisitos
específicos de admissibilidade previstos pelos artigos 32 e 34 da Lei nº 8.443, de 1992, para, no mérito,
rejeitar-lhe, mantendo em seus exatos termos o Acórdão embargado;
9.2. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, ao
recorrente e à Escola de Especialistas da Aeronáutica - EEAR.
9.3. encaminhar os autos à Secretaria de Recursos – Serur, para adoção das medidas cabíveis quanto
ao Recurso de Reconsideração constante do anexo 3.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Auditoria, realizada no âmbito do
Tribunal Regional Federal da 4ª Região para verificar o cumprimento do Acórdão 479/2006-TCU-
Plenário, bem como examinar outros assuntos relacionados à área de pessoal,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, com fulcro nos artigos 32, II, e 34, da Lei n.º 8.443/1992, em:
9.1. conhecer do Embargos de Declaração oposto pelo Sr. Régis Luz Pedro para, no mérito, dar-lhe
provimento parcial;
9.2. tornar insubsistente o item 9.2 e alterar a redação do item 9.1 do Acórdão 2058/2010-Plenário,
que passa a ter o seguinte teor:
“9.1. conhecer dos Embargos de Declaração opostos pelos Srs. Alberto Rossi Júnior, Cristiane
Machado Lucena dos Santos, José Luiz da Costa Vieira, César Figueiredo Müller, Carlos Alberto Facco
Grassi, Jane Maria Ballem, Liane de Assis Peixoto, Ivan Bolten Lucion e Regis Luz Pedro, para, no
mérito, rejeitá-los;”
9.3. dar ciência desta deliberação ao interessado.
1. Processo nº TC 023.460/2010-5.
2. Grupo I – Classe VII – Assunto: Representação.
3. Interessado: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin (243.854.251-91).
4. Órgão: Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.
5. Relator: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: 4ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-4).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação formulada pelo Ministério Público
junto ao TCU com vistas a que este Tribunal avalie a conformidade, economicidade, eficácia, eficiência e
efetividade dos gastos realizados pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal – SES/DF, no âmbito dos
serviços de hemodiálise e Terapia Renal Substitutiva – TRS, no período de 2006 a 2010.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1 conhecer, com fundamento no art. 237, inciso VII, do Regimento Interno do TCU, da presente
representação, para, no mérito, considerá-la procedente;
9.2. determinar, com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, à Secretaria
de Saúde do Distrito Federal – SES/DF que:
9.2.1. informe, no prazo de 60 (sessenta) dias, as providências adotadas para atender as
recomendações da Diretoria de Assistência Especializada DIASE/SAS/SES/DF constante no Relatório nº
61
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
72/2010;
9.2.2. encaminhe, no prazo de 60 (sessenta) dias, plano de ações contendo cronograma de
providências a serem adotadas, a fim de garantir que as máquinas de hemodiálise da rede pública de
saúde do Distrito Federal, que não estejam em funcionamento nesta data, sejam colocadas em operação,
com objetivo de disponibilizar os procedimentos médicos necessários à Terapia Renal Substitutiva, ou
alternativamente, comprove a resolução do problema apontado pela inspeção realizada por este Tribunal;
9.3. dar ciência das seguintes ocorrências aos responsáveis da SES/DF, para as providências
corretivas pertinentes:
9.3.1. o remanejamento, entre os blocos de financiamento, dos recursos transferidos pelo Fundo
Nacional de Saúde, em desacordo ao disposto nas Leis nºs 101/2000 e 9.142/90, bem assim no Decreto nº
1.232/94 e na Portaria MS nº 204/2007, conforme constatação da Controladoria-Geral da União de
pagamentos de custeio da Terapia Renal Substitutiva (Bloco de Financiamento da Média e Alta
Complexidade) efetuados com recursos destinados ao Bloco de Financiamento PAB-Fixo, no valor de
7.165.740,81 (sete milhões, cento e sessenta e cinco mil, setecentos e quarenta reais e oitenta e um
centavos);
9.3.2. a desatualização cadastral dos quantitativos de equipamentos de hemodiálise dos Hospitais
Regionais de Sobradinho, Gama, Asa Norte, Taguatinga e Hospital de Base da rede assistencial, sob
gestão do Governo do Distrito Federal, nos sistemas de informações de saúde do Datasus, constitui-se em
descumprimento do disposto inc. I, art. 37, Portaria GM/MS nº 204, de 2007 (itens 50-53); e
9.4. restituir os autos à 4ª Secex, para que acompanhe o atendimento da determinações proferidas,
autorizando, desde logo, o arquivamento do processo caso cumpridas as providências.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos, em fase de embargos de declaração opostos ao Acórdão
603/2011 - TCU - Plenário.
62
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada em decorrência
do não cumprimento do objeto do Convênio nº 2142/2000, celebrado entre a Funasa e o Município de
Confresa/MT, tendo por objeto a execução de um sistema de abastecimento de água.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das
razões expostas pelo Relator, com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso III, alíneas “b” e “c” e § 3º;
19, caput; 23, inciso III; 28, inciso II; e 57 da Lei nº 8.443/1992 e no art. 214, inciso III, alínea “a”, do
Regimento Interno, em:
9.1. excluir a responsabilidade de Celso Tadeu de Azevedo Silveira no presente processo;
9.2. aceitar as razões de justificativa de Mauro Ricardo Machado Costa, Antônio Leopoldo Frota
Magalhães e Carmen Lúcia Miranda Silveira;
9.3. julgar irregulares as contas de Iron Marques Parreira e condená-lo solidariamente com a
Enerplan Construções e Comércio Ltda. ao pagamento das quantias especificadas a seguir, fixando-lhes o
prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento
das dívidas aos cofres da Fundação Nacional de Saúde, acrescidas da correção monetária e dos juros de
mora calculados a partir das datas indicadas até a do efetivo recolhimento, na forma da legislação em
vigor:
Data Valor
(R$)
63
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
05/11/2001 233.333,3
3
07/12/2001 233.333,3
3
02/01/2002 233.333,3
4
9.4. aplicar individualmente a Iron Marques Parreira e à Enerplan Construções e Comércio Ltda.
multa de R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro
Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se
forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.6. remeter cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, à
Procuradoria da República no Estado de Mato Grosso, para as providências que entender cabíveis.
9.7. recomendar ao Ministério da Fazenda, ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e
ao Ministério da Ciência e Tecnologia que incluam, na Portaria Interministerial MF/MPOG/MCT nº
127/2008, que regulamenta os convênios e contratos de repasse federais, previsão explícita no sentido de
que, nos casos de parcelamento dos repasses por força de indisponibilidade financeira por
contingenciamento de recursos, deve-se adequar o convênio ao mecanismo de prestação de contas
previsto nessa portaria, exceção feita nos casos em que o desdobramento ocorra em curto espaço de
tempo, inferior a 30 (trinta) dias, o qual deve ser tratado como parcela única.
1. Processo nº TC 014.337/2011-8.
2. Grupo II – Classe V – Auditoria de Obra
3. Interessado: Congresso Nacional
4. Unidade: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: 1ª Secob
8. Advogado constituído nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria nas obras de ampliação e readequação da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), previstas no Programa de Trabalho
nº 12.364.1073.11N9.0031 do Orçamento 2011.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, com
fundamento nos arts. 43, inciso I, e 45 da Lei nº 8.443/1992, c/c os arts. 250, incisos III e IV, e 251 do
Regimento Interno, e ante as razões expostas pelo Relator, em:
64
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge e José Múcio Monteiro
(Relator).
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.
1. Processo nº TC 017.238/2006-3
2. Grupo I – Classe V – Auditoria Operacional
3. Interessado: Tribunal de Contas da União
4. Unidade: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Seprog
8. Advogado constituído nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de auditoria de natureza operacional
realizada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para avaliar a eficiência dos processos de
vigilância sanitária de medicamentos.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. 71, inciso IV, da Constituição Federal e no art.
250 do Regimento Interno/TCU, em:
9.1. recomendar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que:
9.1.1. desenvolva plano de comunicação organizacional entre a Gerência-Geral de Medicamentos e
a Gerência-Geral de Inspeção e Controle de Insumos, Medicamentos e Produtos, de modo a instituir
mecanismos e ferramentas voltadas a: i) promover o planejamento integrado entre as ações de inspeção,
certificação e registro na área de medicamentos; ii) criar sinergia entre as estratégias de atuação e adoção
da boa prática de fiscalizações conjuntas; iii) criar canais internos que favoreçam a comunicação intra-
unidades; iv) levantar as necessidades e oportunidades de compartilhamento de dados dos sistemas
informatizados geridos por cada uma das gerências;
9.1.2. adote medidas no sentido de reduzir o estoque de processos relativos à concessão de registro
de medicamento, alteração pós-registro de medicamento e autorização de funcionamento de atividades
empresariais, bem como ampliar a capacidade operacional da agência de atender a demanda por inspeções
locais;
9.1.3. promova a compatibilidade entre os recursos de tecnologia da informação e as necessidades
das gerências envolvidas com as ações de inspeção, certificação e registro de medicamentos, de modo a:
i) possibilitar que as funcionalidades dos sistemas informatizados disponíveis se harmonizem às novas
exigências de consultas e tramitação processual ocorridas nessas áreas; ii) racionalizar e automatizar o
fluxo de informações entre essas gerências e entre elas e os entes do SNVS e o setor regulado; iii) definir
cronograma de entrega dos produtos previstos e acordados com a área técnica de informática, para os
sistemas Datavisa, Visalegis, Sinavisa, Notivisa e Canais; iv) priorizar a implantação da plataforma
eletrônica de registro de medicamentos, no seu módulo inicial de registro de medicamentos novos;
9.1.4. promova aperfeiçoamentos no processo de registro de medicamentos, no que tange à
realização de pesquisas e ensaios clínicos, de modo a: i) levantar as necessidades e elaborar guias
específicos para subsidiar a condução de estudos clínicos; ii) estabelecer regras específicas para o
tratamento das não-conformidades apresentadas nos estudos clínicos inspecionados em Boas Práticas
Clínicas; iii) desenvolver módulo ou funcionalidade que permita a submissão eletrônica dos protocolos
clínicos; iv) aumentar o número de inspeções em Boas Práticas Clínicas realizadas em centros clínicos
para subsidiar estudos de impacto sanitário; e v) dotar de maior formalidade a atuação da
Comissão/Grupo Técnico responsável pela Eleição de Medicamento de Referência, instituído
66
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo nº TC 023.853/2011-5
2. Grupo II – Classe I – Agravo em Representação
3. Recorrente: Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal – Sebrae/DF
4. Unidade: Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal – Sebrae/DF
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não autou
7. Unidade Técnica: 5ª Secex
8. Advogadas constituídas nos autos: Ana Cristina Vasconcelos Soares (OAB/DF nº 28.806),
Vanessa Maria Borges (OAB/DF nº 21.484) e Fernanda Ramos Vieira (OAB/SP nº 281.521)
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, em que se examina agravo interposto
pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal – Sebrae/DF contra despacho
deste Ministro-Relator concessivo de medida cautelar pleiteada pela licitante Planinvesti Administração e
Serviços Ltda., para a suspensão do Pregão Presencial nº 10/2011, referente ao fornecimento de vale
alimentação e vale refeição.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 183, inciso I, alínea “d”, e 289 do Regimento
Interno/TCU, em:
9.1. não conhecer do presente agravo, por ser intempestivo, recebendo-o como resposta adicional à
oitiva relativa à medida cautelar adotada;
9.2. encaminhar os autos à 5ª Secex para que dê continuidade à instrução do feito, em caráter
prioritário;
9.3. dar ciência desta decisão ao recorrente.
1. Processo nº TC 026.211/2007-7
2. Grupo II – Classe VII – Representação
3. Interessado: Ministério Público junto ao TCU, representado pelo Procurador-Geral Lucas Rocha
Furtado
4. Unidade: Administração Pública Federal
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidades Técnicas: ISC e Sefip
8. Advogado constituído nos autos: não há
68
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de representação do Procurador-Geral do
Ministério Público junto a esta Corte, Lucas Rocha Furtado, ante a suposta ausência de critérios para a
concessão de licença para capacitação de servidores, prevista na Lei nº 8.112/1990, com formulação de
proposta ao Tribunal para que “oriente a Administração Pública Federal quanto à imperiosa necessidade
de condicionar a concessão da licença-capacitação a cursos que tenham direta correlação com as
atribuições do cargo do servidor”.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 237, inciso VII, e 250, inciso II, do Regimento
Interno/TCU em:
9.1. conhecer da presente representação, uma vez preenchidos os requisitos de admissibilidade
aplicáveis à espécie, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
9.2. fazer determinação às unidades da Administração Pública Federal Direta, Autárquica e
Fundacional para que, no exercício dos seus poderes regulamentares e nos limites das suas
discricionariedades, editem, caso ainda não tenham assim procedido, atos normativos que disciplinem a
concessão da licença para capacitação, observado o disposto no art. 87 da Lei nº 8.112/1990 e no art. 13
do Decreto nº 2.794/1998;
9.3. dar ciência desta deliberação ao Procurador-Geral do Ministério Público junto ao TCU;
9.4. encaminhar cópia do presente acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o
fundamentam, ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e à Casa Civil da Presidência da
República;
9.5. arquivar os presentes autos.
1. Processo nº TC 019.539/2011-8.
2. Grupo I – Classe II – Assunto: Solicitação do Congresso Nacional.
3. Interessada: Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional – CMO.
4. Órgão/Entidade: não há.
5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: 6ª Secex.
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de solicitação encaminhada ao TCU pelo
presidente da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional –
CMO, por meio do Ofício nº 228/2011/CMO, de 12/7/2011, no qual requer informações sobre
representações formuladas pelo Ministério Público junto ao TCU – MPTCU.
69
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo n. TC-000.279/2010-2.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Embargos de Declaração.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Órgãos e Entidades: Ministério das Cidades – MICI, Caixa Econômica Federal – CAIXA,
Município de Fortaleza e Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza – Habitafor.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Advogados constituídos nos autos: Rafael Resende de Andrade, OAB/SE n. 5.201; Alanna
Castelo Branco Alencar, OAB/CE n. 6.854; Lyanna Magalhães Castelo Branco, OAB/CE n. 17.841 e
Tiago Ribeiro Rebouças, OAB/CE n. 22.745.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração opostos pela Construtora
Celi Ltda. contra o Acórdão n. 1.895/2011 – Plenário, o qual informou à Caixa Econômica Federal sobre
a possibilidade de parcelamento da glosa de R$ 868.174,69 das faturas atestadas para a Construtora Celi
Ltda. determinada no Acórdão n. 2.235/2010 – Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 34 da Lei n. 8.443/1992 c/c os arts. 277, inciso III, e 287, § 1º, do
Regimento Interno do TCU, conhecer dos Embargos de Declaração opostos pela Construtora Celi Ltda.,
70
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo n. TC 000.386/2011-1
2. Grupo: I; Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.
3. Responsável: Lindenilton Pereira de Arruda, Tesoureiro, CPF 571.514.665-87.
4. Entidade: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sérgio Ricardo Costa Caribé.
71
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da tomada de contas especial instaurada pela Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT em razão de irregularidades praticadas pelo Sr. Lindenilton
Pereira de Arruda, Encarregado de Tesouraria da Agência Central dos Correios em Goiânia/GO.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. julgar irregulares as contas do Sr. Lindenilton Pereira de Arruda, com fundamento nos arts. 1º,
inciso I, 16, inciso III, alínea d, e 19, caput, da Lei n. 8.443/1992, condenando-o ao pagamento das
quantias abaixo descritas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora calculados a partir
das respectivas datas até a efetiva quitação do débito, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do
recebimento da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do
Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida aos cofres da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos – ECT, na forma do Acórdão n. 1.603/2011 - Plenário:
Valor (R$) Data
27.275,19 13/07/2007
224.826,32 21/06/2007
4.387,00 09/06/2007
5.307,46 21/06/2007
9.2. aplicar multa ao Responsável, no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), com base no disposto
pelo art. 57 da Lei n. 8.443/1992, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para
comprovar, perante o Tribunal, o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente desde a data do presente Acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.3. inabilitar o Responsável para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no
âmbito da administração pública federal, pelo prazo de 6 (seis) anos, nos termos do art. 60 da Lei n.
8.443/1992 e do art. 270 do Regimento Interno do TCU;
9.4. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendida a notificação, nos
termos do art. 28, inciso II, da Lei n. 8.443/1992;
9.5. remeter cópia deste Acórdão, acompanhado do Relatório e Voto que o antecedem:
9.5.1. à Procuradoria da República no Estado de Goiás, com fundamento no art. 16, § 3º, da Lei n.
8.443/1992;
9.5.2. ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, para que adote as providências
necessárias à inclusão do nome do Responsável no cadastro de gestores inabilitados para o exercício de
cargo em comissão ou função de confiança, com base no art. 60 da Lei n. 8.443/1992 e no art. 270 do
Regimento Interno do TCU.
1. Processo n. 015.752/2011-9.
72
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Representação formulada pela empresa Planinvesti
Administração e Serviços Ltda., com fulcro no art. 113, § 1º, da Lei n. 8.666/1993, contra possíveis
irregularidades na condução da Concorrência Pública n. 61/2011, conduzida conjuntamente pelo Serviço
Social da Indústria/Departamento Regional de São Paulo – Sesi/SP e pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial/Departamento Regional de São Paulo – Senai/SP.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da Representação, com fulcro no art. 237, inciso VII e parágrafo único, do Regimento
Interno/TCU c/c o art. 113, § 1º, da Lei n. 8.666/1993, para, no mérito, considerá-la parcialmente
procedente;
9.2. determinar aos Departamentos Regionais de São Paulo do Serviço Social da Indústria – Sesi/SP
e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai/SP que, em futuras licitações promovidas para
contratação de empresas especializadas na implementação de vale alimentação a seus empregados,
explicite e defina claramente, no processo atinente à licitação, os critérios técnicos referentes à fixação
das quantidades mínimas de estabelecimentos ao recebimento dos referidos vales e que tais critérios
sejam oriundos de levantamentos estatísticos, parâmetros e de estudo previamente realizados.
9.3. enviar cópia desta deliberação, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam, à
representante e aos Departamentos Regionais de São Paulo do Serviço Social da Indústria – Sesi/SP e do
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai/SP;
9.4. arquivar estes autos.
1. Processo TC-020.545/2004-0.
2. Grupo: II; Classe de Assunto: I – Embargos de Declaração.
3. Embargante: Francisco Hélio de Souza, CPF n. 069.562.385-00.
4. Entidade: Município de Terra Nova/BA.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
5.1. Redator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
5.2. Relator original: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado (art. 280, § 1º,
inciso II, do RI/TCU).
73
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes Embargos de Declaração opostos pelo Sr. Francisco Hélio de
Souza ao Acórdão n. 996/2011 – Plenário, proferido em sede de Tomada de Contas Especial e por meio
do qual as contas do responsável foram julgadas irregulares, com a imposição de débito e multa.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei n. 8.443/1992, conhecer dos Embargos de
Declaração opostos pelo Sr. Francisco Hélio de Souza e, no mérito, negar-lhes provimento;
9.2. com base no Enunciado da Súmula de Jurisprudência do TCU n. 145, ordenar a correção de
erro material, nas seguintes peças:
9.2.1. no Voto Complementar que precede o Acórdão n. 996/2011 – TCU – Plenário, onde se lê
“Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa – Relator”, leia-se: “Ministro-Substituto Marcos
Bemquerer Costa – Redator”;
9.2.2. no subitem 5 do Acórdão n. 996/2011 – TCU – Plenário, onde se lê “5. Relator: Auditor
Marcos Bemquerer Costa”, leia-se “5. Redator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa”;
9.3. determinar à Secex/BA que adote as providências necessárias para a digitalização destes autos e
encaminhe a respectiva cópia digital ao embargante;
9.4. dar ciência desta decisão ao embargante.
1. Processo n. TC 025.990/2008-2.
2. Grupo II; Classe de Assunto: I- Administrativo.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Órgão: Tribunal de Contas da União.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: 1ª Secretaria de Fiscalização de Obras – 1 ª Secob.
8. Advogado(s) constituído(s) nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam do estudo elaborado pela 1ª Secob, em
atendimento Acórdão 1.425/2007 – Plenário, com vistas à definição de parâmetros aceitáveis para taxas
de Bonificações e Despesas Indiretas – BDI para cada tipo de obra de engenharia, bem como para itens
específicos para a aquisição de produtos, observando as características similares e as despesas inerentes a
cada espécie de empreendimento, de modo a estipular faixas de valores de referência que orientem os
74
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo nº TC 002.703/2006-9.
1.1. Apensos: 018.517/2005-6; 013.666/2006-1
2. Grupo II – Classe V – Assunto: Relatório de Auditoria
3. Interessados/Responsáveis: não há.
4. Órgão: Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-RJ).
5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: Secretaria de Controle Externo no Rio de Janeiro (Secex-RJ).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se aprecia realização de auditoria no Tribunal
Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-RJ) com o objetivo de verificar a conformidade de obras e atos
administrativos no período de 2002 a 2006.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar à Sefip que monitore o cumprimento da Decisão TCU nº 31/2002 - 1ª Câmara, se
ainda não o fez, e, caso constate o descumprimento da mencionada decisão, proponha as medidas cabíveis
em processo de monitoramento;
9.2. determinar à 3ª Secex que acompanhe as atividades do grupo de trabalho, instituído mediante o
Ato CSJT.GP.SG nº 156/2011, de 25/7/2011, do Conselho Superior da Justiça do Trabalho e destinado a
realizar estudos e propor normatização sobre os ajustes firmados por tribunais regionais do trabalho que
têm por objeto o gerenciamento dos depósitos judiciais, precatórios trabalhistas, folha de pagamento de
pessoal, e a cessão de uso de espaço público grupo, com o objetivo de verificar a conformidade de suas
conclusões com as decisões desta Corte, especialmente com os acórdãos nºs 2938/2010 - Plenário,
1623/2010 - Primeira Câmara e 1154/2011 - Segunda Câmara.
9.3. remeter cópia desta deliberação, assim como do relatório de auditoria, ao Conselho Superior da
Justiça do Trabalho, para as providências que entender pertinentes;
9.4. encerrar o processo e arquivar os autos.
1. Processo nº TC 016.731/2011-5
2. Grupo II - Classe V - Assunto: Relatório de Auditoria
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Congresso Nacional
3.2. Responsáveis: Jorge Antônio Mesquita Pereira de Almeida (341.332.917-00); José Francisco
das Neves (062.833.301-34); Luiz Carlos Oliveira Machado (022.706.987-20); Nelson Eustáquio
Fernandes Gonçalves (077.415.456-04) e Ricardo Humberto de Souza Wanderley (125.838.474-49)
80
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada na Valec Engenharia, Construções
e Ferrovias S.A., tendo como objetivo fiscalizar as obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol),
sub-trecho compreendido entre Caetité e Barreiras no estado da Bahia.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar à Valec, em sede de medida cautelar, que adote providências imediatas no sentido
de suspender a execução dos contratos nos 58/2010 (lote 5), 59/2010 (lote 6), 60/2010 (lote 7) e 85/2010
(lote 5A), que têm por objeto a execução de obras e serviços de engenharia da Fiol, até deliberação final
por parte desta Corte de Contas;
9.2. determinar à Secob-4 que:
9.2.1. promova a oitiva da Valec para que, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência:
9.2.1.1. se posicione sobre a adequação do projeto básico ao que prescreve o caput e cada uma das
alíneas do inciso IX do art. 6º, da Lei nº 8.666/1993 e a suficiência de tal projeto para fins de abertura de
licitação em cumprimento ao que dispõe o art. 7º, § 2º, da mesma lei;
9.2.1.2. avalie e apresente suas conclusões quanto à repercussão das alterações que já foram ou que
serão implementadas no traçado da ferrovia sobre o custo da obra e as características do objeto
contratado, considerando todos os questionamentos apresentados no relatório de auditoria e as medidas
corretivas propostas pela Secob-4 no item 3.1.8 do mesmo relatório fiscalização;
9.2.1.3. à luz dessa avaliação, se posicione quanto a continuidade ou não dos contratos em
execução, justificando suas conclusões quanto aos aspectos jurídico, técnico e econômico.
9.2.1.4. apresente a forma como vem analisando a substituição dos profissionais de supervisão
contratados por meio dos contratos nos 98 (lote 5), 99 (lote 5A), 100 (lote 6) e 101 (lote 7), todos de 2010,
ante o disposto no art. 55, inciso XIII, da Lei nº 8.666/1993;
9.2.2. promova a audiência do sr. Jorge Antônio Mesquita Pereira de Almeida, superintendente de
projetos da Valec, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, apresente a este Tribunal
razões de justificativa para a aprovação da análise técnica que subsidiou a aprovação, pela diretoria
executiva da Valec, dos projetos básicos dos lotes 5, 5A, 6 e 7 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, em
desconformidade com os arts. 6º, inciso IX, e 12 da Lei nº 8.666/1993, em que foram identificados os
seguintes indícios de irregularidade:
9.2.2.1. insuficiência de estudos prévios necessários para a definição do traçado dos lotes 6 e 7, o
que pode resultar em alterações de traçados posteriores à contratação, proporcionando a futura execução
de obra em trecho sem investigação geotécnica associada e com custos maiores do que os estimados
inicialmente;
9.2.2.2. insuficiência de sondagens para caracterização de materiais de primeira, segunda e terceira
categorias e de solos moles nos lotes 5, 6 e 7;
9.2.2.3. seleção de método construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras
ferroviárias para produção dos diversos tipos de concreto, a exemplo do concreto para as obras de arte
especiais nos lotes 5, 5A, 6 e 7;
9.2.2.4. insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo
de aquisição (comercial x explorada), na distância média de transporte (DMT) e no uso da areia artificial,
subproduto da britagem, para compor o traço dos diversos concretos nos lotes 5, 5A, 6 e 7;
9.2.2.5. inclusão na planilha orçamentária de "serviços por administração" com quantidades em
horas de máquinas e pessoal sem a identificação do objeto a ser executado nos lotes 5, 6 e 7;
9.2.2.6. ausência de projeto que dimensione e quantifique as armaduras de concreto armado e as
81
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
soluções das fundações das obras de arte especiais nos lotes 5, 5A, 6 e 7.
9.2.3. promova a audiência dos srs. José Francisco das Neves, diretor presidente da Valec, e Luiz
Carlos Oliveira Machado, diretor de engenharia da Valec, para que apresentem a este Tribunal, no prazo
máximo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, as razões de justificativa por terem assinado, em
20/5/2011, a ordem de serviço para início do lote 7 contemplando a compra de grampos elásticos muito
antes da data vislumbrada para a efetiva utilização;
9.2.4. promova a audiência dos srs. Nelson Eustáquio Fernandes Gonçalves, engenheiro residente
da Valec no lote 7 da Fiol, e Ricardo Humberto de Souza Wanderley, superintendente regional da Valec
no lote 7 da Fiol, para que apresentem a este Tribunal, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, a contar da
ciência, as razões de justificativa por terem aprovado a quarta medição do lote 7 da Fiol contemplando
230.000 grampos elásticos não entregues até o momento da medição, configurando pagamento indevido
no valor de R$ 2.021.700,00, em desconformidade com os artigos 62 e 63, § 2º, incisos I e III, da Lei nº
4.320/1964 e com a Norma 80-EM-044A-58-8014 da Valec.
9.2.5. realize diligência na Valec para obter:
9.2.5.1. cópia do processo de pagamento relativo à aquisição de 230.000 grampos elásticos para o
lote 7 da Fiol e examine a sua regularidade, indicando os responsáveis por eventuais irregularidades
apuradas;
9.2.5.2. toda a documentação e esclarecimentos pertinentes ao julgamento das propostas técnicas
apresentadas no âmbito da concorrência nº 13/2010, na qual resultaram vencedores o Consórcio
Supervisão Fiol (lote 5), o Consórcio Strata - LBR - Direção (lote 5A), o Consórcio Astec - Urbaniza -
Setepla Tecnometal - Engecorps (lote 6) e a empresa STE - Serviços Técnicos de Engenharia S/A (lote 7).
9.3. determinar à Valec que, no prazo de 30 (trinta) dias, adote medidas para apurar a
responsabilidade da empresa STE Engenharia S.A., responsável pela elaboração da quarta medição do
contrato de execução do lote 7 da Fiol, por descumprimento contratual em face da medição irregular de
230.000 grampos elásticos, configurando pagamento indevido no valor de R$ 2.021.700,00, em
desconformidade com os artigos 62 e 63, § 2º, incisos I e III, da Lei nº 4.320/1964 e com a Norma 80-
EM-044A-58-8014 da Valec, e apresente as medidas adotadas a este Tribunal.
9.4. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional, ao Ministério dos Transportes, para fins de supervisão, e ao Comitê Gestor do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) que foram detectados indícios de irregularidades graves que se
enquadram no disposto no inciso IV do § 1º do art. 94 da Lei 12.309/2010 (LDO/2011), nos contratos nos
58/2010 (lote 5), 59/2010 (lote 6), 60/2010 (lote 7) e 85/2010 (lote 5A), relativos às obras de implantação
da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, informando a respeito da adoção de medida cautelar por parte
desta Corte de Contas com vistas a suspender a execução dos contratos relativos aos lotes 5, 5A, 6 e 7 até
deliberação final por parte desta Corte de Contas.
9.5. autorizar o encaminhamento pela Secob-4 de cópia desta deliberação à 1ª Secretaria de
Controle Externo, à Secretaria de Controle Externo no Estado da Bahia e à Valec Engenharia,
Construções e Ferrovias S.A.
Fazem parte desta Ata, ante o disposto no parágrafo único do artigo 133 do Regimento Interno, os
82
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
acórdãos nºs 2378, 2380 e 2383, a seguir transcritos, proferidos na Sessão Extraordinária de Caráter
Reservado realizada nesta data.
Os acórdãos nºs 2380 e 2383 constam também do Anexo IV desta Ata, juntamente com os
relatórios e votos em que se fundamentaram.
1. Processo nº TC-010.344/2005-6
1.1. Apensos: TC-020.528/2007-3, TC-019.994/2007-8 e TC-000.329/2007-2 - Solicitação; TC-
014.397/2005-8 e TC-012.423/2006-9 – Denúncia; e TC-018.966/2005-2 - Representação].
2. Grupo: I; Classe de Assunto: VII – Denúncia
3. Interessado/Responsáveis:
3.1. Interessado: Identidade preservada (art. 55, caput, da Lei n. 8.443/1992).
3.2. Responsáveis: Henrique Germano Zimmer (009.677.936-53); Danilo Roger Marçal Queiroz
(904.621.657-87); Rodrigo Flávio Freire Farias Chamoun (011.215.677-03); Nelson Machado Fagundes
(039.881.477-53); Eduardo Pereira (509.763.388-15), Luiz Soresini (049.776.707-44); Irineu Barros
Filho (421.321.187-87); e Raulino Gonçalves Filho (117.880.117-91).
4. Entidade: Companhia Docas do Estado do Espírito Santo S.A. (Codesa) - MT.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
7. Unidades Técnicas: secretaria de Controle Externo no Estado do Espírito Santo (Secex/ES) e
Secretaria de Fiscalização em Desestatização (Sefid).
8. Advogados constituídos nos autos: Flávia Fardim Antunes Bringhenti, OAB/MG nº 82.616;
Felipe Osório dos Santos, OAB/ES nº 6.381; Sirlei de Almeida, OAB/ES nº 7.657; Nathália Neves
Burian, OAB/ES nº 9.243; Cláudia Rodrigues Nascimento, OAB/ES nº 9.787; Luana Barbosa Pereira,
OAB/ES nº 11.528; e Aline Gomes Soares Lima, OAB/DF nº 20.710.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de denúncias diversas e de representação da
83
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo nº TC 012.905/2010-0.
2. Grupo I – Classe VII – Assunto: Denúncia.
3. Interessado: Identidade preservada.
4. Entidade: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama.
5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: 8ª Secex.
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da denúncia versando acerca de supostas irregularidades
perpetradas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama no
âmbito do processo de licenciamento ambiental da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu,
localizado no Estado do Pará.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Reservada do
Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 234 e 235 do RITCU, conhecer desta denúncia, para, no mérito,
considerá-la improcedente;
9.2. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e da Proposta de Deliberação que o
fundamenta, ao interessado e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – Ibama;
9.3. retirar a chancela de sigiloso dos autos; e
9.4. determinar o arquivamento do presente processo.
ENCERRAMENTO
BENJAMIN ZYMLER
Presidente
COMUNICAÇÕES
COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Comunico que a Presidência deste Tribunal recebeu, no último dia 25, a visita do Ministro Ricardo
Lewandowski, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, acompanhado dos Desembargadores Walter de
Almeida Guilherme, Presidente do Colégio de Presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais e do
Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, Kildare Gonçalves Carvalho, Presidente do Tribunal Regional
Eleitoral de Minas Gerais, e Zelite Andrade Carneiro, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral de
Rondônia.
Os ilustres magistrados vieram manifestar sua preocupação com o funcionamento dos tribunais
eleitorais em virtude da necessidade de dar cumprimento a diversas deliberações desta Corte, que têm
apontado irregularidades nas requisições de pessoal ocorridas no âmbito da Justiça Eleitoral.
Nesse sentido, os órgãos da Justiça Eleitoral pretendem adotar um cronograma que permita a
substituição dos servidores em situação irregular sem comprometimento da realização das eleições de
2012.
A matéria é objeto de vários diplomas legais, como as Leis nos 10.842/2004 (que cria cargos e
funções no âmbito da Justiça Eleitoral), 6.999/1982 (que dispõe sobre a requisição de servidores para a
Justiça Eleitoral) e 4.737/1965 (Código Eleitoral), e infralegais, como a Resolução TSE 23.255/2010.
Em Sessão de 2/2/2011, o Plenário deste Tribunal apreciou o TC-014.770/2009-9, que cuida de
auditoria realizada pela 3ª Secex em diversos Tribunais Regionais Eleitorais (Acre, Alagoas, Amazonas,
Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio
Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins). Esse julgamento
resultou no Acórdão nº 199/2011-Plenário, o qual fez determinações aos órgãos da Justiça Eleitoral no
sentido da regularização da situação de servidores requisitados.
Ocorre que, além do TC-014.770/2009-9, outros processos que tramitam nesta Corte examinam a
regularidade da requisição de servidores pela Justiça Eleitoral, a exemplo do TC-007.679/2010-6
(TRE/MS), do TC-020.054/2008-4 (TRE/AC) e do TC-006.260/2005-8 (TRE/RJ).
Tendo em vista a necessidade de uniformizar o tratamento a ser conferido aos TREs, bem assim de
encontrar uma solução que não comprometa a realização do pleito eleitoral em 2012, proponho seja
determinado o sobrestamento dos processos que tenham por objeto a requisição de servidores no âmbito
da Justiça Eleitoral até o julgamento dos recursos interpostos contra o Acórdão nº 199/2011-Plenário
(TC-014.770/2009-9), cuja relatoria está a cargo do Ministro José Jorge.
86
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
BENJAMIN ZYMLER
Presidente
COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
1
2 Senhores Ministros,
3 Senhor Procurador-Geral,
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
BENJAMIN ZYMLER
Presidente
COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
1 Senhores Ministros,
2 Senhor Procurador-Geral,
Comunico a Vossas Excelências que aprovei nesta semana a constituição do Comitê de Gestão da
Estratégia e da Governança Corporativa do Tribunal de Contas da União, por meio da Portaria nº
222/2011. O referido colegiado tem por finalidade assessorar esta Presidência e a Comissão de
Coordenação Geral (CCG) nas questões afetas à gestão da estratégia e da governança corporativa.
Tal iniciativa visa aprimorar, mediante fórum composto por dirigentes do TCU, as discussões e
propostas atinentes às avaliações periódicas da implementação do plano estratégico do Tribunal; ao
aperfeiçoamento das políticas de gestão estratégica e de governança corporativa para esta Casa; e à
divulgação de boas práticas a respeito do tema.
Os trabalhos desse Comitê certamente resultarão em valiosos subsídios para orientar as discussões
estratégicas no âmbito do Tribunal.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
BENJAMIN ZYMLER
Presidente
legais, e
considerando a aprovação do Plano Estratégico do Tribunal de Contas da União para o quinquênio
2011-2015;
considerando a necessidade de maior transparência, efetividade e alinhamento das ações
estratégicas do Tribunal ao referido Plano;
considerando a relevância do aprimoramento da governança corporativa no âmbito desta Casa;
considerando a necessidade do efetivo acompanhamento da execução da estratégia definida;
considerando a importância da apresentação consolidada e periódica dos resultados alcançados, bem
assim a adoção, caso necessário de medidas corretivas; resolve:
Art. 1º Fica instituído o Comitê de Gestão da Estratégia e da Governança Corporativa (Cogesg) do
Tribunal de Contas da União.
Art. 2º O Comitê de Gestão da Estratégia e da Governança Corporativa de que trata esta Portaria é
órgão colegiado de natureza consultiva e tem por finalidade o assessoramento da Presidência e da
Comissão de Coordenação Geral (CCG) nas questões afetas à gestão da estratégia e da governança
corporativa do Tribunal.
Art. 3º Compete ao Cogesg, com o apoio da Seplan:
I - formular propostas de aperfeiçoamento das políticas de gestão estratégica e de governança
corporativa para o Tribunal;
II - analisar questões remetidas pela CCG;
III - acompanhar a aplicação das políticas de gestão estratégica e de governança corporativa no
TCU;
IV - realizar avaliações periódicas da implementação do plano estratégico do Tribunal e submetê-
las à Presidência;
V - sugerir à CCG e aos titulares das Unidades Básicas do TCU o estabelecimento de diretrizes para
a melhoria contínua do Tribunal, em consonância com o plano estratégico do Tribunal;
VI - requerer às unidades do Tribunal as informações necessárias ao acompanhamento da
implementação do plano estratégico do TCU;
VII - divulgar as boas práticas de gestão estratégica e governança corporativa no TCU;
VIII - desenvolver outras atividades inerentes à sua finalidade.
Parágrafo único. O Cogesg, em função da matéria a ser tratada, poderá convidar dirigentes e
servidores do TCU para participar de reuniões.
Art. 4º O Cogesg é integrado pelos titulares das seguintes Unidades:
I - Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplan);
II - Secretaria-Adjunta de Planejamento e Procedimentos (Adplan);
III - Assessoria de Segurança da Informação e Governança de TI (Assig);
IV - três Secretarias ou Assessorias da Secretaria-Geral da Presidência;
V - cinco Secretarias de Controle, sendo uma situada nos Estados;
VI - duas Secretarias da Secretaria-Geral de Administração.
§ 1º O Cogesg é coordenado pelo titular da Secretaria de Planejamento e Gestão.
§ 2º Os Secretários-Gerais indicarão à Seplan, no prazo de dez dias da publicação desta Portaria, os
representantes das unidades a que se refere este artigo.
§ 3º O coordenador do Cogesg designará servidor para secretariar os trabalhos do Comitê.
Art. 5º Compete ao Cogesg a edição de normas referentes ao seu funcionamento.
Art. 6º Os casos omissos serão dirimidos pela CCG.
Art. 7º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
BENJAMIN ZYMLER
COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
88
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
BENJAMIN ZYMLER
Presidente
COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Comunico a Vossas Excelências que, em cumprimento ao disposto no art. 71, § 4º, da Constituição
Federal, encaminhei no último dia 29 ao Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, por
meio do Aviso nº 1.478-GP/TCU, o Relatório das Atividades do Tribunal de Contas da União relativo ao
2º trimestre do exercício de 2011.
Nesta oportunidade, faço distribuir a Vossas Excelências exemplares do mencionado Relatório.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
BENJAMIN ZYMLER
Presidente
COMUNICAÇÃO
Senhor Presidente,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
AUGUSTO NARDES
Relator
MEDIDAS CAUTELARES
C O M U N I C AÇÃO
Senhor Presidente,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Informações complementares acerca das razões fáticas e jurídicas que ensejaram a adoção da
medida constam do despacho que faço distribuir a Suas Excelências.
Pelo exposto, submeto a medida cautelar em referência à apreciação deste Plenário, conforme
previsto no §1º do art. 276 do Regimento Interno do TCU.
T.C.U., Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 30 de agosto de 2011.
JOSÉ JORGE
Ministro-Relator
TC 027.910/2011-3
Natureza: Representação
Unidade Jurisdicionada: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep).
Representante: Infotech Soluções em Informática Ltda. (CNPJ nº 07.940.977/0001-38).
DESPACHO
Examina-se representação interposta pela empresa Infotech Soluções em Informática Ltda., com
pedido de medida liminar, contra atos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira – Inep, referentes a disposições editalícias do Pregão Eletrônico para Registro de Preços
18/2011, cujo objeto é a aquisição de “equipamento de armazenamento de dados corporativos, na
arquitetura NAS (CIFs e NFS) e SAN (iSCSI) em cluster remoto na modalidade Ativo/Ativo, para
expansão e replicação de solução de armazenamento existente.”
2. A manifestação da unidade instrutiva se deu nos termos seguintes:
“HISTÓRICO
1. A representante, inicialmente, insurge-se contra a indicação da marca NetApp feita para todos
os seis itens licitados, com fulcro no princípio da padronização (art. 15, I, da Lei 8.666/93), conforme
definições contidas no Encarte A do termo de referência (peça 3, p. 45-49).
2. Na ótica da empresa, o princípio da padronização não deveria ser invocado para o caso em tela,
haja vista que ‘órgãos e empresas maiores, com ambientes ainda mais críticos não se utilizam desse
princípio e convivem com um ambiente de armazenamento heterogêneo, buscando sim um paralelo
positivo entre custo de aquisição e benefícios obtidos’ (peça 1, p. 2-3).
3. Posteriormente, contesta as seguintes disposições editalícias:
12.5. Para fins de habilitação, o licitante deverá apresentar, ainda, a seguinte documentação
complementar: (...)
12.5.2. Documento emitido pelo fabricante, fazendo referência a este pregão, comprovando que a
empresa é credenciada a dar manutenção e fornecer tais equipamentos com garantia de fábrica;
12.5.3. Os certificados, emitidos pelo fabricante do equipamento, dos técnicos que prestarão o
suporte técnico durante o período de garantia;
4. Segundo a Infotech, a jurisprudência deste Tribunal é pacífica ao afirmar a impossibilidade de
exigência, como condição de habilitação, de declaração de corresponsabilidade do fabricante do
produto ofertado, conforme Acórdãos 355/2006-TCU-Plenário, 1.879/2011-TCU-Plenário, 1.729/2008-
TCU-Plenário e 2.056/2008-TCU-Plenário (peça 1, p. 3-4).
5. Essas exigências provocariam violação aos princípios públicos da igualdade e da
competitividade, previstos e tutelados pelo art. 3º, caput e § 1º, I e II, da Lei 8.666/93 (peça 1, p. 5-6).
6. Por isso, estariam presentes os pressupostos para a concessão da medida cautelar, vez que o
fumus boni iuris seria caracterizado pela ‘transparência da relação jurídica identificada facilmente na
fundamentação e documentação apresentada’ e o periculum in mora pelo prejuízo de ordem pública que
91
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
poderá vir a suportar a Administração, pois a violação aos princípios supramencionados poderá onerar
o produto adquirido (peça 1, p. 7).
7. Diante de todo o exposto e da negativa da impugnação interposta contra os termos do edital, a
Infotech apresenta os seguintes pedidos a esta Corte (peça 1, p. 7-8):
a) concessão de liminar inaldita altera pars, a fim de que o Pregão Eletrônico para Registro de
Preços 18/2011 seja suspenso até o proferimento de decisão final;
b) envio de cópias ao Ministério Público da União, com base no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/92;
c) intimação dos responsáveis para que apresentem razões de justificativa no prazo de quinze dias;
d) declaração de nulidade dos itens impugnados e determinação para que o Inep adeque os termos
do edital aos preceitos constitucionais e legais atinentes às licitações públicas.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
8. A representação deve ser conhecida por este Tribunal, eis que as peças iniciais atendem os
requisitos de admissibilidade estabelecidos nos arts. 235, caput e parágrafo único, e 237, inciso VII e
parágrafo único, do Regimento Interno do TCU, c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/93.
EXAME TÉCNICO
9. Indicação da marca NetApp
9.1. As justificativas que o Inep elencou no termo de referência para a indicação da marca NetApp
são as seguintes (peça 3, p. 34):
A indicação da marca NetApp se faz com base no disposto no inciso I do art. 15 da Lei n. 8.666/93,
e se prende aos seguintes motivos: I – atender ao princípio da padronização, que imponha
compatibilidade de especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando for o caso, as
condições de manutenção, assistência técnica e garantias oferecidas; (inciso I do art. 15 da Lei
n.8.666/93).
Por se tratar de um ambiente crítico, o INEP pretende evitar ao máximo o risco de
incompatibilidade na integração dos novos componentes e de maiores danos ou prejuízos aos serviços
instalados nestes órgãos, além do fato da possibilidade de perda de garantia do equipamento já em
operação, em casos de instalação de componentes não reconhecidos pelo fabricante.
Diante do exposto, a DTDIE/INEP, define que a expansão da solução de armazenamento deste
projeto, em conformidade com o modelo de serviços, seja adquirida em seis itens, para atendimento na
infra-estrutura atual de storage NetApp, devendo ser do mesmo fabricante, e fornecidos por um mesmo
licitante.
9.2. Mesmo havendo razoabilidade em alguns argumentos apresentados pelo Inep, sobretudo no
que toca à busca de compatibilidade na expansão dos serviços e equipamentos já instalados na entidade,
com a necessária manutenção da garantia desses últimos, faltou detalhamento das informações que
justificaram a padronização. Por exemplo, não foi demonstrada possível perda de garantia provocada
pela integração entre serviços e equipamentos diferentes dos já instalados no Inep.
9.3. Assim, a indicação da marca NetApp, do modo como foi feita, não atende, a princípio, ao
estabelecido pela pacífica jurisprudência desta Corte, pois não restou demonstrado tecnicamente que
somente a marca determinada atenderá à necessidade da Administração, situação essa que deveria ter
sido devidamente justificada e demonstrada no processo (Acórdãos 3.233/2007-TCU-2ª Câmara,
4.127/2008-TCU-1ª Câmara, 2.376/2006-TCU-Plenário e 1.010/2005-TCU-Plenário).
9.4. Outro ponto a ser ressaltado é o fato de que a necessária compatibilidade entre os
equipamentos antigos e novos poderia ser um dos requisitos do edital, que detalharia o parque
tecnológico existente na entidade e exigiria que os novos componentes fossem compatíveis com os
serviços e equipamentos já instalados no Inep, atribuindo essa responsabilidade à nova contratada.
9.5. Ademais, foi feita consulta à área técnica do TCU responsável pelos serviços de
armazenamento de dados corporativos (Serviço de Monitoramento e Operação - Semop), em que foi
informado que o próprio Tribunal já realizou contratação desse tipo de equipamento (‘storage’),
92
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
conforme TC 028.534/2009-3. Embora o produto adquirido por esse processo tenha sido da marca
NetApp (por adesão a ata de registro de preços), o parque tecnológico do Tribunal era composto por
equipamentos de outras marcas, como IBM e Hitachi. Adicionalmente, foi informado que está sendo
elaborado outro termo de referência para aquisição de equipamentos de storage sem, novamente,
direcionamento da marca.
9.6. Assim, percebe-se que apenas a possível compatibilidade entre antigos e novos equipamentos
não é, a princípio, justificativa técnica suficiente para indicação de marca.
10. Declaração de corresponsabilidade do fabricante do produto ofertado
10.1. Conforme as exigências transcritas no item 3 desta instrução, o edital do certame requisitou
que as licitantes apresentassem os seguintes documentos, a serem fornecidos pelo fabricante do
equipamento: (i) credenciamento da empresa nos serviços de fornecimento e manutenção dos
equipamentos; (ii) certificação dos técnicos que prestariam os serviços de assistência técnica.
10.2. A segunda exigência pode até ser admitida como requisito para comprovação da capacitação
técnico-profisisonal, prevista no art. 30, § 1º, I, da Lei 8.666/93.
10.3. Entretanto, quanto à primeira exigência, a jurisprudência desta Corte é clara no sentido de
que, para fins de habilitação, tanto declarações de corresponsabilidade do fabricante quanto atestados
técnicos relativos à certificação de qualidade da empresa não podem ser exigidos (Acórdãos 2.294/2007-
TCU-1ª Câmara, 1.170/2006-TCU-Plenário e 2.406/2006-TCU-Plenário).
10.4. São vários os motivos que levam este Tribunal a considerar ilegais essas exigências, tais
como:
a) não compõem a lista de documentos especificados pelos arts. 27 e 30 da Lei 8.666/93 e 14 do
Decreto 5.450/2005;
b) não são capazes de garantir a qualidade dos serviços e/ou produtos;
c) conferem possibilidade ao fabricante de decidir quais empresas estão aptas a participar dos
certames.
10.5. Assim, qualquer que seja a interpretação a ser dada às exigências (declaração de
corresponsabilidade ou certificação de qualidade), há afronta à jurisprudência consolidada do TCU.
CONCLUSÃO
11. Pelo exposto, conclui-se que a indicação da marca NetApp não foi suficientemente embasada
em justificativas técnicas e que as exigências feitas pelos itens 12.5.2 e 12.5.3 do edital feriram a
jurisprudência consolidada deste Tribunal.
12. A afronta aos critérios legais e jurisprudenciais apontados é bastante para caracterizar o
fumus boni iuris. Quanto ao periculum in mora, a preferência de marca e a exigência de apresentação
de credenciamento provocaram diminuição da competitividade entre as potenciais licitantes, podendo
onerar o valor a ser desembolsado pelo Inep. Considerando que, em 22/8/2011, o certame ainda se
encontrava em fase de aceitação de propostas, é mister que esta Corte aja a fim de impedir potenciais
prejuízos aos cofres públicos. Por isso, propõe-se, com fulcro no art. 276, caput e § 3º, do Regimento
Interno do TCU, conceder a medida cautelar, suspendendo a execução do Pregão Eletrônico para
Registro de Preços 18/2011 e de todos os atos decorrentes, bem como promover oitiva do Inep para que,
no prazo de quinze dias, pronuncie-se acerca dos pontos arguidos nesta representação.
13. Adicionalmente, com vistas à plena observância dos princípios do contraditório e da ampla
defesa, propõe-se promover oitiva da empresa classificada em primeiro lugar, STI – System Tecnologia
da Informação Ltda. (CNPJ 05.704.797/0001-21), para que, se assim o desejar e no prazo de quinze dias,
pronuncie-se acerca dos pontos arguidos nesta representação.
14. Por fim, para fins de subsídio, propõe-se encaminhar ao Inep e à STI cópia da peça inicial
desta representação, bem como da presente instrução.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
15. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo-se:
93
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
15.1. conhecer da representação, com fundamento nos arts. 235, caput e parágrafo único, e 237,
inciso VII e parágrafo único, do Regimento Interno do TCU, c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/93;
15.2. com fulcro no art. 276, caput e § 3º, do Regimento Interno do TCU:
15.2.1. determinar cautelarmente ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep) a imediata suspensão da execução do Pregão Eletrônico para Registro de Preços
18/2011, destinado à aquisição de equipamento de armazenamento de dados corporativos, até que o
Tribunal decida sobre o mérito da questão;
15.2.2. promover a oitiva do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep) para que, no prazo de quinze dias, pronuncie-se acerca dos pontos arguidos nesta
representação, sobretudo no que toca à:
a) falta de justificativa técnica adequada e suficiente para suportar a indicação da marca NetApp
para todos os seis itens licitados, conforme definições contidas no Encarte A do termo de referência, em
afronta à jurisprudência deste Tribunal (Acórdãos 3.233/2007- TCU-2ª Câmara, 4.127/2008-TCU-1ª
Câmara, 2.376/2006-TCU-Plenário e 1.010/2005- TCU-Plenário);
b) exigência, como critério de habilitação, de credenciamento de empresas perante o fabricante do
produto, em afronta à jurisprudência deste Tribunal (Acórdãos 2.294/2007- TCU-1ª Câmara,
1.170/2006-TCU-Plenário e 2.406/2006-TCU-Plenário).
15.2.3. promover a oitiva da empresa classificada em primeiro lugar no certame, STI – System
Tecnologia da Informação Ltda. (CNPJ 05.704.797/0001-21), para que, se assim o desejar e no prazo de
quinze dias, pronuncie-se acerca dos pontos arguidos nesta representação;
15.3. encaminhar cópia da peça inicial desta representação, bem como da presente instrução, ao
Inep e à STI, para fins de subsídio.”.
JOSÉ JORGE
Relator
94
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
COMUNICAÇÃO
Senhor Presidente,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
TC 026.208/2011-3
Natureza: Representação
Entidade: Município de Cruzeiro do Iguaçu/PR
95
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
DESPACHO
Preliminarmente, registro que atuo neste processo com base no art. 27 da Resolução-TCU nº
175/2005, na redação dada pela Resolução-TCU nº 245/2011, e na Portaria-TCU nº 205, de 8 de agosto
de 2011, haja vista tratar-se de processo relativo à Lista de Unidades Jurisdicionadas atribuída ao Sr.
Ministro Ubiratan Diniz de Aguiar.
2. Trata-se de representação (Documento Eletrônico nº 46.773.696-2 – Peça nº 14) formulada pela
Secex/PR em decorrência de possíveis irregularidades na execução dos Convênios nºs 709787/2009 (R$
105.850,00) e 712028/2009 (R$ 105.850,00), celebrados entre o Ministério da Saúde e o Município de
Cruzeiro do Iguaçu/PR, bem como na utilização dos recursos transferidos ao Município por meio da
Portaria-MS nº 3.685/2010 (R$ 200.000,00), todos para aquisição de medicamentos da farmácia básica,
em complemento à assistência farmacêutica financiada pela União, o Estado e o Município.
3. Consoante narrado, as ocorrências destacadas na representação foram apuradas durante a
execução da auditoria realizada no aludido Município (Registro Fiscalis nº 439/2011).
4. Inicialmente, registrou-se que os recursos transferidos são oriundos de emendas parlamentares e
alteraram o valor disponível pela política de assistência farmacêutica do Município de Cruzeiro do
Iguaçu/PR dos habituais R$ 8,82 por habitante/ano para R$ 59,67 e R$ 57,01 por habitante/ano em 2010
e 2011, respectivamente, sem que as justificativas para a celebração dos ajustes esclarecessem a
necessidade de cada um dos medicamentos incluídos no plano de trabalho.
5. Os pontos questionados pela Secex/PR neste processo foram, em síntese, os seguintes:
a) aquisição de medicamentos em quantidade superior às necessidades da população local, em
desrespeito ao princípio constitucional da economicidade e ao art. 15, § 7º, inciso II, da Lei nº 8.666/1993
(subitens 12.1 a 12.8 do Documento Eletrônico nº 46.773.696-2);
b) ausência de garantia de que as compras tenham sido feitas com melhor preço em face da
realização de licitação com adjudicação por lotes (subitens 13.1 a 13.3);
c) restrição à competitividade devido à deficiência na divulgação dos certames, uma vez que os
avisos das licitações foram publicados apenas no jornal “Folha do Sudoeste” de Francisco Beltrão/PR –
considerado como Diário Oficial do Município –, que os avisos não continham a descrição precisa e
suficiente do objeto dos certames e que foi cobrada a taxa de R$ 50,00 para fornecimento de cópia dos
editais, em afronta ao princípio constitucional da publicidade, aos arts. 3º, caput, 21 e 32, § 5º, da Lei nº
8.666/1993, e aos arts. 50, inciso III, e 54, incisos I e II, da Lei Estadual nº 15.608/2007 (subitens 14.1 e
14.2);
d) possível direcionamento dos certames, haja vista que, além das deficiências indicadas na alínea
precedente, somente houve participação das empresas Medix Brasil Produtos Hospitalares e
Odontológicos Ltda., Sobieski & Sobieski Ltda. ME e Dimerios Materiais Cirúrgicos Ltda., sendo que
essa última apenas concorreu nos pregões referentes aos dois convênios firmados, mas não foi vencedora
em quaisquer dos lotes, e que havia ligação entre as empresas, conforme demonstrado no TC-
004.412/2011-7, relativo a auditoria de conformidade apreciada por intermédio do Acórdão nº 1.267/2011
– Plenário (subitens 13.2 e 15.2, alínea “d”);
e) realização de pagamentos sem que os medicamentos adquiridos tenham sido efetivamente
entregues, contrariando o disposto no artigo 62 da Lei nº 4.320/1964, com indicativos de desvio de
recursos, pois se verificou que não havia registro de entrada dos medicamentos nas datas indicadas nos
atestos de recebimento, o que foi confirmado na vistoria in loco nos estoques do almoxarifado, o qual não
possui estrutura física para suportar a guarda de grande quantidade de medicamentos (subitens 12.6 a 12.8
e 15.1 a 15.6);
f) ausência de informações relativas ao tratamento tributário previsto no Convênio ICMS nº
87/2002, do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), nos editais de licitação, em desacordo
96
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
com os ditames previstos no art. 37, inciso XXI, da Constituição, no art. 3º da Lei nº 8.666/1993 e na
Cláusula Primeira, § 6º, do referido convênio (subitens 16.1 e 16.2); e
g) não previsão nos editais da aplicação do Coeficiente de Adequação do Preço (CAP), em caso de
medicamento sujeito a esse desconto, em descumprimento ao art. 1º da Resolução-CMED (Câmara de
Regulação do Mercado de Medicamentos) nº 4/2006 (subitens 17 e 17.1).
6. A Secex-PR defendeu que, somados todos os indícios levantados, “houve frustração do caráter
competitivo e direcionamento do certame por meio de conluio por parte das empresas participantes e a
Prefeitura de Cruzeiro de Iguaçu, com o intuito de desviar recursos públicos”.
7. Também informou que os recursos oriundos dos Convênios 709787/2009 e 712028/2009 já
foram totalmente gastos e que há saldo de R$ 55.168,17 na conta que recebeu os recursos a que se referiu
a Portaria-MS nº 3.685/2010.
8. Assim, considerou que a continuidade na execução dos contratos firmados em decorrência dessa
portaria (recursos fundo a fundo) “possibilitará a aquisição de medicamentos em quantidades
incompatíveis com as reais necessidades do município, o que resultará em perda futura por vencimento
de seus prazos de validade ou até mesmo a realização de pagamentos por medicamentos que sequer
serão fornecidos”, e propôs a adoção de medida cautelar inaudita altera pars para suspender os
pagamentos pendentes, bem como a realização de oitivas do Prefeito, do Secretário Municipal de Saúde e
da Chefe de Divisão de Contabilidade do Município de Cruzeiros do Iguaçu/PR, bem como das empresas
Medix Brasil Produtos Hospitalares e Odontológicos Ltda. e Sobieski & Sobieski Ltda. ME sobre as
irregularidades.
9. Sugeriu, ainda, determinar, com fundamento no art. 47 da Lei nº 8.443/1992, a formação de
apartados e a sua conversão em tomadas de contas especiais, para apuração dos indícios de
irregularidades e de possível dano ao erário, e autorizar, desde já, a citação dos responsáveis.
10. Após a análise do processo, observo, inicialmente, que as ocorrências relatadas já foram objeto
de outros trabalhos em curso neste Tribunal, cujas deliberações contribuem para o juízo quanto à
oportunidade de concessão da medida acautelatória proposta nestes autos.
11. No TC-004.412/2011-7, referente a auditoria de conformidade (Registro Fiscalis nº 129/2011)
efetuada para verificar a aplicação de recursos transferidos aos Municípios de Engenheiro Beltrão,
Imbituva, Nova Laranjeiras, Nova Prata do Iguaçu e Vitorino, todos do Estado do Paraná, para aquisição
de medicamentos, o então relator do processo, Ministro Ubiratan Aguiar, registrou no voto condutor do
Acórdão nº 1.267/2011 – Plenário que “a gravidade dos achados de auditoria sinaliza para a existência
de mais um possível esquema de corrupção e desvio de verbas públicas envolvendo a área da saúde”.
12. De acordo com o que se apurou naquele processo, “os valores recebidos pelos municípios, além
de provocar distorções na política de assistência farmacêutica por causar assimetria nos valores per
capita originalmente estabelecidos, foram utilizados para a realização de compras de duvidosa licitude,
ante a aquisição de medicamentos em quantitativos incompatíveis com as médias históricas de consumo,
mediante a realização de procedimentos licitatórios de baixa competitividade, a efetivação de
pagamentos antecipados por medicamentos supostamente mantidos ‘sob a guarda’ da fornecedora e a
ausência de registros capazes de confirmar o recebimento dos medicamentos tidos como entregues”.
13. Os documentos coletados nos municípios revelaram que as empresas participantes dos certames
possuíam vínculos entre si, conforme indicado no item 5, alínea “d”, retro. Todavia, o Ministro Ubiratan
Aguiar entendeu, naqueles autos, que os indícios não eram suficientes para que se possa concluir pela
formação de conluio por parte das empresas participantes com a deliberada intenção de fraudar o
procedimento licitatório.
14. Diante do que foi apurado naquele processo, especialmente quanto a não comprovação da
entrega dos medicamentos adquiridos, foi determinado, por intermédio do Acórdão nº 1.267/2011 –
Plenário, com fundamento no art. 47 da Lei n° 8.443/1992, a formação de quatro apartados, constituídos
sob a forma de tomadas de contas especiais, para citação dos respectivos responsáveis pelas
irregularidades (TC 014.419/2011-4 – Município de Vitorino, TC-014.421/2011-9 – Município de Nova
Prata do Iguaçu, TC-014.422/2011-5 – Município de Nova Laranjeiras e TC-014.425/2011-4 – Município
de Imbituva), todos ainda sem apreciação de mérito pelo Tribunal.
97
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Ministro Ubiratan Aguiar no voto que fundamentou o citado Acórdão nº 1.600/2011 – Plenário: “as
empresas vencedoras nos certames licitatórios, Medix, Sobieski e GTC, apresentam os melhores preços,
firmam contrato com as prefeituras, recebem de uma só vez todo o valor contratado, não se verificando,
contudo, quaisquer indícios de que os medicamentos são realmente entregues ao município ou à
população”.
24. De fato, os achados descritos resumidamente no item 5 retro indicam a probabilidade de as
mesmas práticas estarem ocorrendo no Município de Cruzeiro do Iguaçu/PR, na execução dos Convênios
709787/2009 e 712028/2009 e na aplicação dos recursos transferidos ao Município por meio da Portaria-
MS nº 3.685/2010.
25. A tabela elaborada pela Secex/PR (Documento Eletrônico nº 46.737.417-1 – Peça nº 4) – da
qual se destacou nesta representação os seguintes casos – demonstra claramente a falta de planejamento
nas aquisições, que, aparentemente, não levaram em conta a demanda histórica pelos medicamentos
comprados:
99
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
26. Noto a existência de vários casos em que houve compra de quantidades consideráveis de
medicamentos sem que tenha sido registrado o consumo de sequer uma unidade.
27. A situação é agravada quando se observa que se constatou, nas apurações in loco, a falta dos
medicamentos supostamente adquiridos no almoxarifado do Município, conforme tabela a seguir,
reproduzida para melhor visualização:
100
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
28. De acordo com o relatado, não constavam nos registros informatizados de controle de estoque
do almoxarifado as entradas de medicamentos nas datas indicadas nos atestos de recebimento, não foi
localizado qualquer indício de sua entrega (como, por exemplo, identificação da empresa distribuidora
nas caixas ou nas embalagens dos medicamentos) e o almoxarifado de medicamentos não possui estrutura
física para suportar a guarda de produtos na quantidade supostamente comprada.
29. Além disso, a equipe de auditoria registrou que, durante a vistoria no almoxarifado, recebeu a
informação de que os medicamentos que entraram no estoque do almoxarifado eram oriundos das
aquisições realizadas pelo Consórcio Paraná Saúde e de que não houve entrega de medicamentos
comprados das empresas Medix Produtos Hospitalares e Odontológicos Ltda. e Sobieski & Sobieski Ltda.
ME, situação que se iguala à reportada no item 21 deste Despacho.
30. Some-se a esse contexto a impossibilidade de rastreabilidade de grande parte dos medicamentos
adquiridos, aqui também verificada, em decorrência da não observância, pelas empresas da exigência
contida no art. 13, inciso X, da Portaria-Anvisa n° 802/1998, de que as empresas autorizadas como
distribuidoras de medicamentos somente efetuem as transações comerciais por meio de notas fiscais que
contenham obrigatoriamente o número dos lotes dos produtos farmacêuticos.
31. Embora essa ocorrência não tenha sido apontada pela equipe de fiscalização, o exame dos
Documentos Eletrônicos nºs 46.737.859-9 e 46.739.741-5 (Peças nºs 9 e 10, respectivamente) indica que
o número do lote dos produtos consta apenas em poucas notas fiscais (NF nºs 972 e 973, da empresa
Medix Produtos Hospitalares e Odontológicos Ltda., e NF nºs 138 e 139, da Sobieski & Sobieski Ltda.
ME), sendo ausente na maioria delas.
32. Ademais, observo que, apesar de ter sido efetuado o pagamento do total dos contratos firmados
no âmbito dos Convênios nºs 709787/2009 e 712028/2009, houve o registro de débitos nas contas
específicas dos ajustes de R$ 6.086,99 e R$ 9.261,06 (Pagto. Via Auto-Atend. BB), que zeraram os seus
101
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
saldos e necessitam ser melhor esclarecidos, posto não ter sido identificado a que se referem (Documento
Eletrônico nº 46.740.061-0 – Peça nº 13 – pag. 3 e 10).
33. Quanto às irregularidades referentes à contração das empresas Medix Brasil Produtos
Hospitalares e Odontológicos Ltda., Sobieski & Sobieski Ltda. ME, ressalto que, no caso ora analisado,
há evidências de efetiva restrição à competitividade, haja vista que a publicidade foi limitada e houve
cobrança de taxa aparentemente superior ao valor dos custos para fornecimento das cópias dos editais
(alínea “c” do item 5 retro).
34. Portanto, os elementos até aqui disponíveis sinalizam para a possibilidade de prejuízos à
Administração, configurando-se o fumus boni iuris.
35. Os contratos com as empresas Medix Produtos Hospitalares e Odontológicos Ltda. (nºs 88 e
90/2010 e 68/2011) e Sobieski & Sobieski Ltda. ME (nºs 89 e 91/2010 e 69/2011) já foram todos
assinados. Por ocasião da realização da auditoria, faltava apenas o pagamento de parte daqueles
originados dos recursos transferidos por intermédio da Portaria-MS nº 3.685/2010 (Contratos nºs 68 e
69/2011), em cuja conta única de movimentação havia saldo de R$ 55.168,17 (Documento Eletrônico nº
46.740.061-0 – Peça nº 13 – pag. 37 e 38).
36. Destarte, também avalio, em um juízo não exaustivo característico das medidas cautelares,
presente o periculum in mora, inclusive para fundamentar a adoção de providência inaudita altera pars.
37. Desse modo, a partir dos elementos colhidos nos outros processos em trâmite no Tribunal sobre
o mesmo assunto e dos relatados nestes autos e dentro dos limites de uma análise não exauriente própria
das medidas ad cautelam, posiciono-me pela pertinência de se conceder a cautelar alvitrada pela
Secex/PR e de se dar oportunidade para manifestação ao Município de Cruzeiro do Iguaçu/PR e às
empresas interessadas, em face da perspectiva de anulação dos contratos ainda não inteiramente
executados, conforme desfecho adotado no citado Acórdão nº 1.600/2011 – Plenário. A oportunidade
deverá ser aproveitada, igualmente, para a promoção de diligências, nos mesmos termos daquela
mencionada no item 19 deste Despacho.
38. Quanto à proposta da unidade técnica para formar apartados a fim de promover a citação dos
responsáveis, entendo que a providência deverá ser postergada para mais adiante, quando a matéria for
submetida à apreciação do Colegiado.
39. Ante o exposto, determino cautelarmente, com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição
Federal de 1988, no art. 45 da Lei nº 8.443/1992 e no art. 276 do Regimento Interno do TCU, ao
Município de Cruzeiro do Iguaçu/PR que suspenda todos os atos atinentes à execução dos recursos
repassados fundo a fundo por meio da Portaria nº 3.685/2010, do Ministério da Saúde, para aquisição de
medicamentos da farmácia básica, sobretudo os pagamentos que ainda não foram realizados no âmbito
dos Contratos nºs 68 e 69/2011, firmados com as empresas Medix Produtos Hospitalares e Odontológicos
Ltda. e Sobieski & Sobieski Ltda. ME, respectivamente.
40. Determino, ainda, que se proceda às seguintes oitivas:
40.1 do Município de Cruzeiro do Iguaçu/PR para que se pronuncie, no prazo de 15 (quinze) dias,
contados a partir da ciência, sobre os fatos identificados por intermédio dos trabalhos de fiscalização,
devendo manifestar-se, em especial, quanto aos seguintes aspectos:
a) aquisição de medicamentos por meio dos Convênios nºs 709787/2009 e 712028/2009 e dos
recursos repassados mediante a Portaria nº 3.685/2010, do Ministério da Saúde, em quantidades muito
superiores às médias históricas de consumo;
b) ausência de qualquer dos medicamentos adquiridos com esses recursos federais nos estoques do
almoxarifado e da farmácia, em 22/7/2011, data da visita in loco realizada pela equipe de auditoria,
inexistência de quaisquer registros de entrada ou saída a eles relativos e impossibilidade de a totalidade
dos medicamentos adquiridos ter sido consumida, considerando a demanda histórica do Município, o que
evidencia que os produtos não foram entregues; e
c) aceitação de notas fiscais das empresas Medix Brasil Produtos Hospitalares e Odontológicos
Ltda. e Sobieski & Sobieski Ltda. ME, emitidas sem identificação dos números de lotes dos
medicamentos, em descumprimento ao art. 13, inciso X, da Portaria-Anvisa nº 802/1998.
40.2 da empresa Medix Brasil Produtos Hospitalares e Odontológicos Ltda. para que se pronuncie,
102
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
caso deseje, no prazo de 15 (quinze) dias, contados a partir da ciência, acerca das irregularidades
apontadas, em especial sobre:
a) não entrega dos medicamentos descritos nas Notas Fiscais abaixo relacionadas:
b) emissão das Notas Fiscais nºs 640, 641, 733, 734, 735, 916, 917, 932 e 933, sem a identificação
dos números dos lotes dos medicamentos, em descumprimento ao art. 13, inciso X, da Portaria-Anvisa nº
802/1998, o que impossibilita comprovar se os medicamentos incluídos nos mencionados documentos
foram efetivamente fornecidos.
40.3 da Sobieski & Sobieski Ltda. ME para que se pronuncie, caso deseje, no prazo de 15 (quinze)
dias, contados a partir da ciência, acerca das irregularidades apontadas, em especial sobre:
a) não entrega dos medicamentos descritos nas Notas Fiscais abaixo relacionadas:
b) emissão das Notas Fiscais nºs 1410351, 1410432, 1410472, 1410529, 006, 007, 108 e 109, sem a
identificação dos números dos lotes dos medicamentos, em descumprimento ao art. 13, inciso X, da
Portaria-Anvisa n.º 802/1998, o que impossibilita comprovar se os medicamentos incluídos nos
mencionados documentos foram efetivamente fornecidos.
41. Determino, por fim, à Secex/PR que, com a urgência requerida pelo caso:
a) solicite, nas oitivas acima referidas, que o Município de Cruzeiro do Iguaçu/PR e as empresas
interessadas remetam a este Tribunal, quando do atendimento, todos os documentos de que disponham
que considerem aptos a comprovar a entrega/recebimento/distribuição dos medicamentos adquiridos (a
exemplo de recibos, atestos de recebimento, documentos de frete, documentos contábeis e de
ingresso/baixa de estoques, listas de distribuição e confirmação de beneficiários, entre outros que
considerem pertinentes), sob pena da presunção de simulação e eventual imputação de débito equivalente
ao valor das compras;
b) solicite, também, ao Município de Cruzeiro do Iguaçu/PR, esclarecimentos sobre a origem dos
débitos nas contas específicas (Pagto. Via Auto-Atend. BB) dos Convênios nºs 709787/2009 e
712028/2009, efetuados em 9/9/2010 e 23/11/2010, nos valores de R$ 6.086,99 e R$ 9.261,06,
respectivamente;
c) realize diligência aos órgãos tributários competentes com o fito de confirmar a emissão das notas
fiscais referidas nas alíneas “a” dos subitens 40.2 e 40.3 retro, bem assim os valores e quantitativos
constantes das vias originais; e
d) providencie as comunicações cabíveis para a implementação das medidas indicadas nos subitens
40.1, 40.2 e 40.3 precedentes, encaminhando, em anexo aos expedientes, cópias deste Despacho e da
instrução constante do Documento Eletrônico nº 46.773.696-2, de 18/8/2011 (Peça nº 14), a fim de
subsidiar as respectivas respostas.
103
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
DECLARAÇÃO DE VOTO
Em relação à cautelar ora trazida à apreciação deste Plenário, considerando os fortes indícios de
existência de fraudes sistemáticas praticadas com os recursos públicos federais repassados a diversos
municípios para a compra de medicamentos, conforme noticiado na Decisão monocrática do Ministro-
Substituto Augusto Sherman Cavalcanti, trazida ao conhecimento deste Colegiado por intermédio da
comunicação do Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa, proponho que:
a) seja expedida determinação ao Ministério da Saúde, a fim de que informe a esta Corte, por meio
da 4ª Secex, no prazo de 15 (quinze) dias, todos os convênios celebrados a partir de 01/01/2009, sob a
mesma rubrica de que trata este processo, contendo identificação quanto aos convenente, unidade da
Federação e valor;
b) seja determinado à Segecex que, por intermédio da 4ª Secex, da Secex-PR ou de outra Secretaria
que entender mais conveniente, analise a informação recebida e, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar do
recebimento da documentação, encaminhe ao relator as suas conclusões sobre o assunto, formulando, se
for o caso, proposta de fiscalização que vise coibir ou reprimir eventual ação orquestrada que possa estar
ocorrendo nessa área.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
RAIMUNDO CARREIRO
Ministro
Senhor Presidente,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral
Comunico a Vossas Excelências que, no dia 25/8/2011, nos autos do TC 019.377/2011-8, referente
a representação formulada com fundamento no art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/1993 no âmbito do pregão
eletrônico nº 19/2011, realizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), concedi medida cautelar.
Ante o exposto, com fulcro no art. 276, § 1°, do Regimento Interno, submeto a referida decisão,
exarada no despacho anexo, à apreciação deste Plenário.
Weder de Oliveira
Relator
TC 019.377/2011-8
Natureza: Representação
104
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Despacho
Tratam os autos de representação, com pedido de medida cautelar, formulada por Patrícia de Fátima
Oliveira (CPF 896.300.501-10), com fundamento no art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, relatando
supostas irregularidades no pregão eletrônico nº 19/2011, promovido pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) (peça 1).
2. O certame teve por objeto a contratação de serviços especializados de produção de materiais
gráficos, conforme especificações constantes do termo de referência e de seus anexos (peça 2, p. 2).
3. A representante, inicialmente, alega que o pregão se presta a adquirir bens e serviços comuns, e
que o edital possui "elevado nível de complexidade que não se coaduna com tal modalidade" (peça 1, p.
2).
4. Acrescenta que faltaria a definição precisa do objeto a ser contratado, pois no item 1.1 do edital
está especificado "contratação de serviços especializados de produção de materiais", quando se trataria,
na realidade, apenas da contratação de serviços gráficos. A representante questiona se isso seria apenas
para "propositalmente esconder a realização desse certame de possíveis interessados" (peça 1, p. 3).
5. Considera, também, que alguns requisitos de habilitação previstos no edital afrontariam os
princípios da competitividade e da legalidade:
não se poderia exigir, para habilitação da licitante, que a empresa possuísse em seus quadros
técnico de segurança e CIPA constituída, conforme previsto no item 10.7.1.1, e Coordenador de Controle
de Qualidade, consoante o item 10.7.1.9 do edital. Segundo a representante, tal exigência só poderia ser
feita durante a execução do contrato (peça 1, p. 5):
"10.7.1.1 A empresa deve comprovar que atende à legislação geral e específica quanto às normas de
segurança no trabalho comprovando a existência de técnico em segurança e CIPA constituída;
(...)
10.7.1.9 É indispensável que a empresa tenha procedimentos de controle de qualidade formalizados
e atualizados com as melhores práticas de modo a assegurar a qualidade do produto final, além de ter um
Coordenador de Controle de Qualidade com abrangência no controle de qualidade das matérias-primas,
materiais auxiliares e dos produtos obtidos em cada fase do processo de produção."
não se poderia exigir, no item 10.7.1.2 do edital, que a empresa comprovasse a realização de
programa interno de treinamento e de programa de coleta seletiva do papel para reciclagem, nos moldes
do art. 6º, V, da IN nº 1/2010 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (IN MPOG/SLTI nº
1/2010) (peça 1, p. 6):
"10.7.1.3 A empresa deve comprovar o cumprimento das metas da diretiva RoHS (Restriction of
Certain Hazardous Substances) mediante apresentação de certificação emitida por instituição pública
oficial ou instituição credenciada, ou por qualquer outro meio de prova que ateste que o bem fornecido
cumpre com as exigências do edital, nos termos do art. 50, inciso IV, §§ 10 e 20 da Instrução Normativa
nº 01, de 19/01/2010, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - MPOG;
105
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
10.7.1.4 A empresa deve comprovar que adota medidas para evitar o desperdício de água tratada;
10.7.1.5 Comprovação mediante apresentação de Licença de Operação válida, emitida por órgão
competente, nos termos da Lei nº 6.938/81 e da Resolução do CONAMA nº 237/97. Deverão ainda,
comprovar que cumprem atualmente com todas as condicionantes, exigências e restrições estabelecidas
pelo órgão competente na referida licença;
10.7.1.6 A empresa deve dispor de departamento de recepção dos arquivos digitais, enviados pelo
cliente, capacitado para conferir o material enviado; analisar, por meio de software de 'pre-flight', se o
arquivo digital contém as especificações técnicas necessárias ao desenvolvimento do trabalho; e prestar
orientação técnica ao cliente para que este produza o original do trabalho dentro das características
técnicas adequadas ao processo gráfico;
10.7.1.7 A empresa deve utilizar matrizes de impressão off-set cuja sua gravação seja através do
sistema CTP.
(...)
10.7.1.10 A empresa deve atender à legislação geral e específica quanto à armazenagem e descarte
de refugos para reciclagem, tais como aparas de papel, chapas de alumínio usadas na impressão,
solventes, borra de tinta."
a exigência do item 18.3 de que "seus funcionários estejam devidamente trajados com uniformes
adequados" seria subjetiva, por não haver definição jurídica para "uniformes adequados" (peça 1, p. 8).
6. Na sequência das alegações, a representante apontou supostos erros no instrumento convocatório:
(i) referência, no item 7.1.1, ao item 2.3, que não existiria no edital; (ii) divergência na concessão de
prazo (duas horas e 24 horas) para encaminhamento da proposta, prevista no item 8.1 do edital (peça 1, p.
10-11):
11. Apresentou, como exemplo, a planilha 15, referente à produção de folheto/folder/cartaz, com as
seguintes características: "Formato 16, Papel: couchê liso ou fosco, de 90 até 150 g, Acabamento: Refile
simples" (peça 2, p. 65-66). Afirmou que não há como apresentar proposta com preço único para material
produzido com distintos tipos de papéis.
12. Outro exemplo citado foi o da planilha 39, que previu a produção de revistas de 16 até 32
páginas (peça 2, p. 80). Entendeu a representante que tal extremo levaria as licitantes a cotar o maior
preço possível, ante o risco que correria se oferecesse um preço pelo mínimo ou intermediário.
13. Destacou que causou estranheza as complexas fórmulas apresentadas no termo de referência do
edital, em seu anexo I, para o cálculo do valor de cada item (peça 2, p. 35-37), exigindo-se que a proposta
ficasse dentro dos limites de um desvio-padrão, e que "poucas gráficas e seus representantes sequer
entenderam" (peça 1, p. 13).
14. Por fim, ressaltou a representante que a complexidade das fórmulas não se coaduna com a
modalidade de pregão, que serve para a contratação de bens e serviços comuns, e que isso, por certo,
afastou potenciais licitantes.
15. Ao final, requereu desta Corte (peça 1, p. 15-16):
"(...) o recebimento desta representação, e que, cautelarmente, seja recebida com uma manifestação
relativa ao seu efeito suspensivo (a fim de que não ocorra qualquer ato a partir do ato de suspensão,
especialmente que não ocorra qualquer contratação até decisão final de mérito nesta representação),
abrindo-se prazo, caso cabível, para a respectiva impugnação ou fornecimento de informações por parte
da Autarquia promotora do certame e seus responsáveis (pregoeiro e autoridades).
E, no mérito, que o Pregão objeto da presente representação seja ANULADO em razão dos
inúmeros vícios que apresenta ou, alternativamente, que se corrijam todas as falhas apontadas (e outras
mais que esse Tribunal indicar) e se reinicie o procedimento desde seu começo."
16. A 8ª Secex, ao analisar os argumentos apresentados, concluiu pela adequação do uso da
modalidade pregão eletrônico para o certame em análise e chegou às seguintes conclusões preliminares:
no extrato do pregão eletrônico nº 19/2011 foi publicado o aviso de contratação de serviços
especializados para produção de materiais. As especificações detalhadas do serviço constavam somente
do termo de referência (anexo I do edital). Assim, não teria sido observado o princípio da publicidade, o
que teria restringido a competitividade do certame;
não seria lícita a exigência contida nos itens 10.7.1.1 e 10.7.1.9 do edital de que a empresa
comprove, para fins de habilitação técnica no certame, a existência de técnico de segurança nos seus
quadros e CIPA constituída, por impor ônus desnecessário antes da contratação e restringir o caráter
competitivo do certame;
o item 10.7.1.2, que dispôs sobre a comprovação de realização de programa interno de
treinamento e de programa de coleta seletiva do papel para reciclagem, estaria em desacordo com o art.
6º, V, da IN MPOG/SLTI nº 1/2010, que prevê que o aludido programa interno de treinamento deverá ser
realizado nos três primeiros meses de contrato;
o item 10.7.1.3, comprovação do cumprimento das metas da diretiva RoHS (Restriction of
Certain Hazardous Substances), estaria de acordo com o art. 5º, IV, §§ 1º e 2º da IN MPOG/SLTI nº
1/2010, entretanto, seria necessária a oitiva da Diplan/ICMBio para que se pronuncie quanto a pertinência
e a imprescindibilidade dessa exigência de qualificação técnica, em relação ao objeto licitado, em
consonância com o art. 3º, § 1º, I, da Lei nº 8.666/1993;
as exigências contidas nos itens 10.7.1.4 e 10.7.1.10 do edital, referentes à comprovação de que a
empresa adota medidas para evitar o desperdício de água tratada e atendimento à legislação geral e
específica quanto à armazenagem e descarte de refugos para reciclagem, seriam subjetivas;
a exigência de apresentação de licença de operação válida, emitida por órgão competente, nos
termos da Lei nº 6.938/1981 e Resolução Conama nº 237/1997, prevista no item 10.7.1.5 do edital, seria
irregular, pois serviços gráficos não necessitariam de licenciamento ambiental;
107
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
os itens 7.1.1 e 8.1 do edital estariam errados ou seriam inconsistentes, o que pode ter levado ao
comprometimento da competição, pois não existiria o item 2.3, referido no item 7.1.1, e que não fica
claro, no item 8.1.1, qual seria o prazo para a apresentação da proposta, se duas ou 24 horas;
o prazo de duas horas previsto para encaminhamento das propostas, conforme indicado no item
8.1 do edital, seria exíguo, considerando o elevado número de planilhas que deveriam ser preenchidas, no
total de 168;
a utilização de fórmulas complexas para o preenchimento das planilhas de formação de preços
constantes no anexo IF pode ter desestimulado a participação de empresas no certame e dificultado a
formulação de propostas;
os itens a serem contratados não foram definidos de forma precisa, a exemplo da planilha 15, que
previa a cotação de um único valor para itens que possuem preços diferentes, como produtos elaborados
com papel fosco ou liso, e com papel de 90 ou 150 g.
17. A unidade técnica considerou, ainda, não ter vislumbrado irregularidades nos itens 10.7.1.6 e
10.7.1.7 do edital, pois a representante não apresentou razões para considerar tais exigências
impertinentes e excessivas, nem que teriam provocado restrição ao universo de licitantes.
18. Por considerar ausente o requisito do periculum in mora, necessário para a concessão da medida
cautelar, propôs, enfim, conhecer da representação e determinar, nos termos do art. 276, § 2º, do RI/TCU
a oitiva prévia da Diretoria de Planejamento, Administração e Logística do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (Diplan/ICMBio) para manifestar-se sobre os fatos apontados na
representação, nos termos descritos a seguir, alertando o órgão sobre a possibilidade de o Tribunal vir a
conceder a medida cautelar:
"1) falta de clareza na descrição do objeto do pregão eletrônico 19/2011, descrito como
"contratação de serviços especializados de produção de material", que se encontra melhor especificado
apenas no Anexo 1 – Termo de Referência, como serviços de natureza gráfica, em desacordo ao disposto
no inciso II, art. 3º, da Lei 10.520/2002, não tendo sido observado o devido princípio da publicidade;
2) pertinência e a imprescindibilidade das exigências de qualificação técnica, em relação objeto
licitado, descritas nos subitens 10.7.1.1 e 10.7.1.9, em consonância com o art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei
8.666/93. Bem como se pronuncie quanto à falta de clareza em relação à aceitabilidade dos profissionais,
exigidos nesses subitens, sem vínculo empregatício com a empresa e, ademais, quanto à exigência de que
a empresa vencedora do pregão tenha tais profissionais antes da contratação, o que pode impor ônus
desnecessário e restringir o caráter competitivo do certame, contrariando diversas deliberações do
Tribunal, a exemplo dos Acórdãos 80/2010, 126/2007, 1905/2009 e 1710/2009, todos do Plenário;
3) exigência do subitem 10.7.1.2 estar em desacordo ao estabelecido no § 6º, inciso V, da IN/MP
1/2010;
4) pertinência e a imprescindibilidade da exigência de qualificação técnica, em relação objeto
licitado, descrita no subitem 10.7.1.3, em consonância com o art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/93;
5) subjetividade das exigências dos subitens 10.7.1.4 e 10.7.1.10, considerando-se a necessidade de
critérios objetivos para verificação do atendimento das mencionadas exigências, a fim de que o pregoeiro
disponha de parâmetros claros para verificar a capacidade técnica da licitante;
6) fundamentação legal do subitem 10.7.1.5 , no sentido de que a empresa tenha licença de operação
válida, emitida por órgão competente, nos termos da Lei 6.398/81 e da Resolução Conama 237/97, uma
vez que a atividade de serviços de natureza gráfica não se enquadra entre aquelas que necessitam de
licenciamento ambiental;
7) erros/inconsistências nos subitens 7.1.1 e 8.1 do edital, que podem ter levado ao
comprometimento da competição no certame em questão, uma vez que não existe o subitem 2.3 referido
no subitem 7.1.1 e que não fica claro, no subitem 8.1.1, qual seria o prazo para apresentação da proposta –
2 ou 24 horas;
8) exiguidade do prazo de 2 horas para o encaminhamento das propostas, previsto no subitem 8.1,
considerando o elevado número de planilhas que deveriam ser preenchidas para a apresentação dessas
propostas;
108
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
"Art. 6º Os editais para a contratação de serviços deverão prever que as empresas contratadas
adotarão as seguintes práticas de sustentabilidade na execução dos serviços, quando couber:
Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 46513003.
SisDoc: idSisdoc_2871534v41-96_-_DESPACHO-2011-7-28[1].rtf - 2011 - MINS-WDO 8 28. Estando
os autos em meu gabinete, foi juntada ao processo, em 12/8/2011, nova manifestação da representante
(peça 7), informando que o objeto licitado teria sido adjudicado à empresa vencedora pelo montante de
R$ 20.313.077,75, apesar de o valor estimado da contratação, conforme consta no edital do certame, ter
sido estipulado em R$ 195.969,33. (...)
II – adote medidas para evitar o desperdício de água tratada, conforme instituído no Decreto nº
48.138, de 8 de outubro de 2003;" (grifei)
27. A exigência de que a empresa comprovasse a realização de programa interno de treinamento e
programa de coleta seletiva do papel para reciclagem (subitem 10.7.1.2 do edital), pode ser feita com base
no art. 6º, V, da IN MPOG/SLTI nº 1/2010. Contudo, tal como nas situações anteriormente analisadas,
acompanho a conclusão da unidade técnica de que a exigência de comprovação do aludido treinamento,
como condição de habilitação técnica, está em desacordo com a IN, que estipula a realização desse
programa nos três primeiros meses de execução contratual:
"Art. 6º (...)
(...)
V – realize um programa interno de treinamento de seus empregados, nos três primeiros meses de
execução contratual, para redução de consumo de energia elétrica, de consumo de água e redução de
produção de resíduos sólidos, observadas as normas ambientais vigentes;" (destaques inseridos)
III
28. Estando os autos em meu gabinete, foi juntada ao processo, em 12/8/2011, nova manifestação
da representante (peça 7), informando que o objeto licitado teria sido adjudicado à empresa vencedora
pelo montante de R$ 20.313.077,75, apesar de o valor estimado da contratação, conforme consta no edital
do certame, ter sido estipulado em R$ 195.969,33.
29. De fato, a ata de registro de preços decorrente do pregão foi assinada em 28/7/2011, em razão
da adjudicação do objeto licitado à empresa Esdeva Indústria Gráfica S/A, pelo valor global de R$
20.313.077,75 (peça 9). Essa divergência entre o montante estimado pelo órgão para a contratação, R$
195.969,33 (peça 2, p. 16), e a importância pela qual o objeto foi adjudicado será examinada a seguir.
30. Em consulta à ata de realização do pregão eletrônico nº 19/2011, obtida no sítio do Comprasnet,
verifica-se que sete empresas participaram da licitação, cuja sessão de abertura ocorreu em 6/7/2011,
sagrando-se vencedora a empresa Esdeva, pelo melhor lance de R$ 140.157,60 (desconto de 28,5% em
relação ao preço referencial), em razão da desclassificação das três primeiras colocadas (peça 10). Em
19/7/2011, após a adjudicação do objeto àquela empresa, o pregoeiro efetuou o cancelamento dessa
adjudicação, para adequação do valor global a ser contratado ao item 13.1.2 do edital. Assim, mediante a
fórmula "Valor Total do subitem (VTL) Quantidade x Valor Unitário", o valor global do objeto foi
alterado para R$ 20.313.077,75 (peças 11 e 12).
31. Para melhor esclarecimento da questão, reproduzo o item 23 do edital, referente ao valor
estimado da contratação (peça 2, p. 16):
110
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
"O valor total estimado da contratação é de R$ 195.969,33 (cento e noventa e cinco mil, novecentos
e sessenta e nove reais e trinta e três centavos), correndo a despesa à conta dos recursos consignados ao
contratante, no presente exercício."
32. Os itens 13.1.1 e 13.1.2 do edital, referentes à adjudicação do certame, preveem o seguinte
(peça 2, p. 10):
"13.1.1. A adjudicação se dará a empresa que ofertar a quantidade de itens existentes e o menor
lance, de acordo com o somatório da planilha de formação de preços;
13.1.2. Após a adjudicação, a mesma deverá ser cancelada para adequação do valor a ser
contratado, preenchendo-se a proposta de preços e obtendo-se o valor estimado do contrato, a partir dessa
planilha." (grifei)
33. A leitura dos itens 13.1.1 e 13.1.2 do edital evidencia a ocorrência de omissão de informações
relevantes para a tomada de decisão dos proponentes. A falta de clareza na redação do instrumento
convocatório pode, de fato, ter prejudicado a formulação das propostas de preços pelas licitantes.
34. O termo de referência do edital do certame compõe-se de 168 planilhas de formação de preços,
referentes aos diversos itens licitados, como confecção de revistas e livros, conversão digital de
documento e serviços de revisão de texto, tradução, digitação e desenvolvimento de conteúdos (peça 2, p.
59-154). Verifico que consta do anexo II do termo de referência (peça 2, p. 155-178) planilha composta
de 168 itens, que demonstraria o valor final da proposta.
35. Além disso, era exigida das licitantes, conforme anexo ID e anexo IE do termo de referência, a
demonstração de que os valores apresentados em suas planilhas estariam adequados "ao coeficiente de
variação" e "aos pesos", baseados nos valores mínimos e máximos de mercado, previamente pesquisados
(peça 2, p. 50-58).
36. Conforme expresso no item 13.2 do termo de referência, o coeficiente de variação servirá de
índice mínimo e máximo das propostas ofertadas. Assim, segundo o edital, "se o coeficiente de variação
ofertado pelo licitante estiver fora deste mínimo e máximo, demonstrará que o mesmo está ofertando
valores individuais inexequíveis ou superfaturados somente para ganhar o certame" (peça 2, p. 36).
37. Esse procedimento, em primeira análise, parece infringir o disposto no art. 40, X, da Lei nº
8.666/1993:
"Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição
interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção que será
regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para
início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:
(...)
X – o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global, conforme o caso, permitida a fixação
de preços máximos e vedados a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou faixas de variação em
relação a preços de referência, ressalvado o disposto nos parágrafos 1º e 2º do art. 48;"
38. Sobre esse aspecto, também em avaliação preliminar, não vislumbro relação de pertinência entre
esses coeficientes (percentuais de cada serviço referidos à soma de todos os itens) e o objetivo de
parametrizar preços inexeqüíveis e máximos.
39. Por meio de consulta ao sistema Comprasnet, obteve-se a planilha final apresentada pela
empresa Esdeva, no valor total de R$ 20.313.077.74 (peça 13). Sem aprofundar o exame sobre todos os
itens daquela planilha, observo, em avaliação preliminar, que alguns serviços foram cotados por valores
aparentemente destoantes daqueles praticados no mercado.
40. O item 165 da planilha apresentada pela empresa Esdeva, "Conversão Físico/Digital de
Documentos no formato A4 - P&B", é um exemplo. Para esse serviço, cuja quantidade estimada era de
2,5 milhões de unidades, a empresa registrou o preço unitário de R$ 1,5764, o que totaliza R$
3.941.040,66 (peça 13, p. 30). A título de comparação, destaco que a empresa contratada por este
Tribunal para prestação de serviços de digitalização de processos propôs o preço unitário de R$ 0,0676
por página digitalizada, para uma quantidade estimada de 500 mil unidades por mês (peça 14).
111
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
41. Impende registrar que a digitalização de documentos representa um dos itens de maior
materialidade do contrato. A conversão digital nos formatos A4, A3, A2 e A0, em preto e branco (itens
165 a 168 – peça 13, p. 30-31), alcança o montante de R$ 8.340.085,34.
42. Outro exemplo é o serviço de revisão de texto, previsto no item 5 da planilha (peça 13, p. 1).
Por meio de pesquisa de valores usualmente cobrados no serviço de revisão de texto, por lauda, observo
aparente disparidade entre o preço orçado pela Esdeva e aqueles praticados no mercado (peças 15-17):
Referência R$
Valor cotado pela empresa Esdeva no pregão eletrônico nº 120,05
19/2011
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal 58,36
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do município do Rio 31,00
de Janeiro
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no estado de São 12,00
Paulo
43. Há, portanto, indícios de que os preços ofertados pela empresa Esdeva no âmbito do pregão
eletrônico nº 19/2011 podem ser, ao menos nos exemplos aqui apontados, incompatíveis com os preços
de mercado.
44. Saliente-se ainda que a complexidade do preenchimento das 168 planilhas estipuladas no
certame foi relatada por uma das licitantes em mensagem trocada com o pregoeiro durante a realização do
pregão, que, com o lance de R$ 109.000,00, acabou sendo desclassificada pelo não envio da proposta no
prazo de duas horas. É o que se observa do conteúdo da ata de realização do pregão (peça 10, p. 5):
"Sr. Pregoeiro, devido a complexidade dos cálculos das planilhas e o elevado número que
representam (168 planilhas), desvio padrão, peso e proposta (e os diversos elementos de cada um desses
componentes), venho solicitar prorrogação pelo prazo de 72 (setenta e duas) horas para entrega da
proposta de preços detalhada, conforme o edital item 8.1."
45. Desse modo, o prazo de duas horas para adequação do lance ofertado pela licitante às 168
planilhas previstas no edital parece desarrazoado, uma vez que a empresa teria, em princípio, menos de
um minuto para ajustar cada uma das planilhas, compostas de diversos itens, não se vislumbrando razões
proibitivas de fixação de prazo maior e suficiente para ajuste seguro de 168 itens de serviço.
46. Encerrada a fase de lances, a empresa Esdeva, que ofertara o quarto melhor preço, teve sua
proposta adjudicada pelo pregoeiro, pelo valor de R$ 140.157,60. Após a adjudicação individual do
objeto àquela empresa, o ato foi cancelado pela autoridade competente para adequação do valor global a
ser contratado, no montante de R$ 20.313.077,75, oriundo do preenchimento da tabela constante no anexo
II do termo de referência, onde constavam os quantitativos estimados para cada serviço (peça 2, p. 155-
178).
47. Assim, mediante a fórmula "Valor Total do subitem (VTL) Quantidade X Valor Unitário", o
valor global do objeto foi alterado para R$ 20.313.077,75 (peças 11 e 12).
48. A redação imprecisa do item 13.1.2 do edital, que previa o cancelamento da adjudicação para
ajuste do valor final da licitação, induz a incerteza acerca da estimativa de R$ 195.969,33 para a
contratação, conforme fixado no ato convocatório. Em razão disso, reforço a plausibilidade da percepção
de que, caso tivesse ficado claro que a contratação poderia atingir montante dez vezes maior, mais
empresas se apresentassem para o fornecimento dos serviços demandados pelo ICMBio.
49. No que tange ao critério de avaliação das propostas, a empresa vencedora seria aquela que,
efetivamente, ofertasse menor somatório dos 168 preços unitários, conforme disposto no item 13.1 do
termo de referência (peça 2, p. 35).
50. Quanto a esse ponto, observo que o menor somatório dos valores unitários não é critério que se
associe ao menor preço final por si só. O menor preço resulta de composição de multiplicações de preços
por quantidades. O ICMBio, ao utilizar esse critério, deve demonstrar como sua utilização permite à
112
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
WEDER DE OLIVEIRA
Relator
Relatórios e Votos emitidos pelos respectivos Relatores, bem como os Acórdãos de nºs 2324 a
2371, aprovados pelo Plenário (Regimento Interno, artigos 15, 16, 95, inciso VI, 105 a 109, 133, incisos
VI e VII, 141, §§ 1º a 6º e 8º, 67, inciso V e 126).
RELATÓRIO
Trata-se de Agravo interposto pela empresa Sandoz do Brasil Indústria Farmacêutica Ltda.
(Sandoz) contra Despacho que conheceu de Representação formulada pela agravante e rejeitou pedido de
medida cautelar para suspensão do Pregão Presencial nº 38/2011, promovido pelo Departamento de
Logística da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, com o objetivo de formação de registro de
preços para aquisição de medicamentos donepezila 5 mg e donepezila 10 mg.
Inicialmente, a empresa Sandoz do Brasil Indústria Farmacêutica Ltda. protestou por que fosse
mantida a sua intervenção nos autos como terceiro interessado a fim de coadjuvar este Tribunal no
fornecimento de informações que possam levar à melhor elucidação das irregularidades impugnadas.
Quanto ao mérito, após tecer um breve escorço dos fatos representados que culminaram na decisão
vergastada, a agravante deduziu as seguintes as razões:
- tanto a unidade instrutiva como a autoridade que exarou o despacho ora fustigado reconheceram a
plausibilidade do direito invocado pela representante quanto à existência de indícios de conluio entre
licitantes. Entretanto, foi indeferido o pedido de liminar ao argumento de periculum in mora reverso
decorrente de potencial desabastecimento do Sistema Único de Saúde com o não fornecimento do
referido produto;
- não se pode concluir que haverá o risco de falta de suprimento do aludido fármaco ao Sistema
Único de Saúde, pois a aquisição do mesmo produto pelas Secretarias de Saúde dos Estados de São Paulo
e Bahia também se destinam a abastecer o SUS;
- ao contrário do que alega a instrução, a existência de possibilidade de prevenir eventual
materialização de dano ao Erário, por si só, justifica o requisito do perigo da demora;
- mesmo sendo posteriores ao procedimento licitatório impugnado, os baixos preços praticados nos
pregões eletrônicos realizados pelos Estados da Bahia e de São Paulo, cujos objetos também
compreenderam o fornecimento de medicamentos donepezila de 5 mg e de 10 mg, evidenciam a patente
economia a ser auferida pela União caso houvesse um certame competitivo com efetiva disputa de lances,
sobretudo em pregão presencial onde a participação do pregoeiro nas negociações é muito mais incisiva;
- com assento na jurisprudência deste Tribunal, é fundado do receio de lesão irreparável ao erário
decorrente da iminência de aquisição de grande volume de medicamentos a preços superiores aos de
mercado;
- não foi alcançado o objetivo perseguido pela Portaria do Ministério da Saúde nº GM/MS
2981/2009, no sentido de obter maior economia com a aquisição centralizada de medicamentos
estratégicos para o Sistema Único de Saúde, pois os valores ofertados no Pregão Presencial nº 38/2011
estão acima daqueles praticados no mercado;
- a assertiva de eventual revogação do Pregão Presencial nº 38/2011 ser prejudicial aos pacientes do
SUS não se revela procedente, pois, nessa hipótese, o Ministério da Saúde poderá realizar contratação
emergencial cujos preços sejam balizados pelos valores de mercado;
- o referencial de preços adotado pelo órgão contratante para aferir a adequação das propostas
comerciais do Pregão Presencial nº 38/2001 – Câmara de Regulação de Mercado de Medicamentos –
CMED/ANVISA – está dissociado dos valores efetivamente praticados no ramo de fornecimento desses
produtos, pois considera o preço de fábrica e não a menor oferta em ambiente competitivo e
concorrencial;
- os valores referenciais adotados pelo Ministério da Saúde como critério de julgamento das ofertas
do pregão ora questionado foram levantados antes da entrada de outras empresas no mesmo ramo
negocial, como a ora representante Sandoz, e não se amoldam aos preços de mercados, conforme
demonstrado nas aquisições promovidas pelas Secretarias de Saúde do Estado de São Paulo e da Bahia;
- a afirmação de os pregões eletrônicos mencionados pelo representante terem sido realizados em
data posterior ao procedimento licitatório impugnado não justifica a diferença a maior dos valores
ofertados no Pregão Presencial nº 038/2011;
115
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
- não se demonstra plausível o fato de o Ministério da Saúde deixar de realizar pregão eletrônico
quanto essa modalidade foi empregada, sem qualquer óbice, pelas Secretarias de Saúde de São Paulo e da
Bahia;
- ao contrário do que sustenta o órgão contratante, a existência de produto em estoque, a expectativa
de crescimento do número de pacientes, a capacidade produtiva do fabricante, o prazo de validade
remanescente do lote de medicamentos já produzidos, dentre outros aspectos, não são argumentos aptos a
justificar tamanha oscilação de preços, pois os licitantes que acorreram ao Pregão Presencial nº 38/2011
declararam estar cientes das condições do edital. Dentre essas condições, consta a exigência de o
promitente fornecedor ofertar produto com validade mínima remanescente de 75 % e 60 % para os
medicamentos com prazo inicial de 24 e 36 meses, respectivamente;
- a necessidade da entrega dos produtos em diversas localidades da federação não sustenta a
discrepância a maior do preço dos medicamentos ofertados no Pregão Presencial nº 38/2011, pois, na
Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, o licitante vencedor deverá remeter o produto em 93
unidades de saúde diferentes, independentemente da quantidade de itens solicitados no emprego;
- a assertiva de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa veda o emprego da
modalidade licitatória pregão eletrônico para aquisição de medicamentos não é juridicamente aceitável,
pois não há base legal para essa proibição. No pregão eletrônico, o único sigilo exigido é na identificação
das razões sociais dos concorrentes. Todavia, no pregão presencial, os membros da comissão julgadora
podem identificar os participantes e divulgar as demais informações após o término do procedimento
licitatório;
- a aquisição de elevada quantidade de medicamentos estratégicos não está condicionada
exclusivamente à realização pregão presencial, como demonstram exemplo em contrário do certame
promovido pela Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, efetuado na sua modalidade eletrônica.
Ao final, a agravante requer a reforma da decisão que negou o pedido de medida cautelar para
suspensão do Pregão nº 38/2011 do Ministério da Saúde, haja vista comprovação da presença dos
requisitos essenciais da plausibilidade do direito e do fundado receio de dano irreparável aos cofres
públicos federais, decorrente de possível conluio de licitantes.
VOTO
Com espeque nos arts. 289, caput e § 1º, e 28, inciso XII, do Regimento Interno do TCU, conheço
do agravo interposto pela empresa Sandoz do Brasil Indústria Farmacêutica Ltda. (Sandoz) contra
Decisão que proferi no âmbito deste processo com fundamento no art. 28, inciso XVI, do Regimento
Interno desta Corte, em razão do afastamento legal do Ministro Walton Alencar Rodrigues e da ausência
de substituto.
Por meio da Decisão agravada, indeferi pedido de medida cautelar de suspensão do procedimento
licitatório Pregão Presencial nº 38/2011, promovido pelo Departamento de Logística em Saúde do
Ministério da Saúde. O objeto da licitação é a formação de Registro de Preços para fornecimento de
medicamentos donepezila de 5 mg e de 10 mg ao Sistema Único de Saúde - SUS.
A representação foi motivada por indícios de conluio entre licitantes a fim de frustrar o caráter
competitivo do certame, bem como de possível sobrepreço no fornecimento dos referidos medicamentos,
ao serem comparados com recentes aquisições dos mesmos produtos, realizadas pelas Secretarias de
Estado de Saúde da Bahia e de São Paulo.
Em sede preliminar, a agravante requer o reconhecimento de seu ingresso nos autos como terceiro
interessado a fim de auxiliar esta Corte de Contas na apuração das irregularidades apontadas em relação
ao Pregão Presencial nº 38/2011, bem como apresentar provas e documentos que entender necessários.
Nesta oportunidade, deixo de analisar o pedido de ingresso nos autos como terceiro interessado bem
como de apresentar provas e documentos, pois cabe ao Relator o exame dessas questões, nos termos do
art. 146, caput e § 3º, do Regimento Interno do TCU.
116
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Quanto ao mérito, o efeito devolutivo ínsito ao agravo restitui ao Colegiado, apenas, o exame da
seguinte controvérsia: a concorrência ou não de pressupostos ao deferimento de medida cautelar,
pretendida pela empresa Sandoz do Brasil Indústria Farmacêutica Ltda., com vistas a suspender o Pregão
Presencial nº 38/2011, conduzido pelo Departamento de Logística em Saúde do Ministério da Saúde.
Portanto, qualquer questionamento que envolva dilações probatórias tendentes ao exame meritório ou
definitivo da representação não preenche, sequer, os requisitos de admissibilidade para a espécie recursal.
Nesse passo, a decisão agravada não merece reparos, pois analisou as questões incidentes nos
limites de cognição sumária e não-exauriente, assim como entendeu não ter havido convergência
simultânea dos requisitos do periculum in mora e do fumus boni iuris. Por esse motivo, foi rejeitado o
pedido de medida liminar.
Para melhor ciência dos fatos que ensejaram a interposição do presente agravo, reproduzo excerto
da Decisão agravada, verbis:
“Cuida-se de Representação com pedido de medida liminar, formulado pela empresa Sandoz do
Brasil Indústria Farmacêutica Ltda. (SANDOZ), EM 05/07/2011, contra possíveis ilegalidades no
Pregão Presencial nº 38/2011, promovido pelo Departamento de Logística da Secretaria Executiva do
Ministério da Saúde (DLOG/SE/MS), com o objetivo de registrar preços para futura aquisição de
medicamentos donepezila 5 mg e donepezila 10 mg.
Como fundamento das suas alegações, a SANDOZ traz à colação as seguintes evidências:
- o preço ofertado pela empresa terceira colocada, em ambos os itens de fornecimento, é
exatamente 10 % superior ao valor proposto pela primeira colocada;
- as quatro primeiras licitantes classificadas ofereceram medicamento do mesmo laboratório
(Eranz, fabricado pela Pfizer). A última concorrente ofereceu preço próximo ao limite de 10%;
- as empresas classificadas em segundo e terceiro lugares (HOSPFAR e EXPRESSA) foram as
únicas entre todas as licitantes a apresentarem preços com quatro casas decimais, além do que suas
propostas ostentam a mesma lógica de gradação, com a diferença de aproximadamente um centavo entre
segunda e terceira colocada;
- classificadas apenas as empresas WYETH, HOSPFAR e EXPRESSA para a fase de lances, as
duas últimas empresas estranhamente desistiram, não apresentando lances, terminando, assim, por
frustrar a possibilidade de obtenção da proposta mais vantajosa por parte do Ministério da Saúde;
- os indícios de ajuste foram objeto de recurso administrativo perante o órgão processante, o qual
o considerou improcedente;
- a ausência de concorrência no Pregão Presencial nº 38/2011 resultou na aquisição dos
medicamentos em condições antieconômicas, porquanto a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SES-
BA), por meio do Pregão Presencial n° 055/2011, comprou a donepezila 10 mg pelo preço de R$ 0,49,
aproximadamente R$ 0,36 mais barato que o valor que será pago pelo Ministério da Saúde (R$ 0,86).
Considerando a quantidade a ser adquirida, tal sobrepreço representa a perda de R$ 2.377.998,97 (dois
milhões, trezentos e setenta e sete mil e novecentos e noventa e oito reais e noventa e sete centavos), sem
considerar ainda os efeitos da economia de escala, pois a SES-BA irá adquirir 180.000 comprimidos do
medicamento, enquanto o Ministério da Saúde pretende comprar 6.589.080 unidades (peça 1, p.
178/185);
- o fato de a empresa Ranbaxy Farmacêutica Ltda ,em licitação promovida pelo Governo do
Estado de São Paulo, após a realização do pregão ora impugnado, haver fornecido o mesmo
medicamento ao valor unitário de R$ 0,13.
117
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
A representante requer, por fim, a apuração e adoção das providências legais cabíveis, em
especial, a imediata suspensão do Pregão Presencial nº 38/2011 na fase em que se encontrar, inclusive
da assinatura do contrato ou da execução contratual, com fundamento no art. 276 do Regimento Interno
desta Corte.
No mérito, a demandante protesta por que seja fixado prazo para a Administração Pública anular
o procedimento licitatório, nos termos do art. 49 da Lei nº 8.666/1993.
II
Ao analisar a Representação, a 4ª Secretaria de Controle Externo entendeu presentes os requisitos
de admissibilidade, previstos no art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, c/c o art. 237, inciso VII, do
Regimento Interno do TCU.
Quanto aos requisitos para deferimento de medida cautelar, a Unidade Técnica exarou o seguinte
parecer:
“(...)
4.1. Não obstante a aparência de legalidade que permeia os atos do pregão presencial 38/2011, a
análise dos fatos narrados na presente representação sob a ótica dos princípios e objetivos essenciais
das licitações revela um pregão que frustrou a busca da proposta mais vantajosa para a Administração,
a ampla competitividade e a economicidade. Em termos práticos, não houve concorrência, não houve
fase de lances e não houve redução do preço final por negociação. Tais fatos são mais que suficientes
para justificar uma revogação por razões de interesse público, e o art. 18 do Decreto 3.555/2000
autoriza o próprio MS a fazê-lo.
4.2. Isso não afasta, contudo, a necessidade de analisar outros procedimentos que poderiam ter
evitado que o pregão se concretizasse com tais vícios. O Decreto 3.555/2000 indica que a proposta de
menor preço deve ser comparada com o valor estimado para a contratação. Assim, é necessário verificar
se os procedimentos empregados pelo MS para estimar os preços da donepezila obedeceram ao disposto
no art. 3º do Decreto 3.931/2001, que preconiza a realização de ampla pesquisa de preços, considerando
que os preços foram estimados em patamar muito superior às propostas obtidas e que o preço final da
donepezila 10 mg, conforme observado no pregão efetuado pela SES-BA, pode chegar a patamares
bastante inferiores ao considerado aceitável pelo MS. Além disso, é necessário também compreender as
razões pelas quais o MS não adotou a forma eletrônica do pregão, conforme preconizado pelo art. 4º,
§1º, do Decreto 5.450/2005.
4.3. Finalmente, não se ignora que a aquisição da donepezila 10 mg pelo preço de R$ 0,86 (ou R$
0,8599, valor obtido após “exaustiva” negociação) pode ser lesiva ao erário, considerando que a SES-
BA obteve o preço de R$ 0,49 para adquirir quantidade muito inferior. Quanto à donepezila 5 mg,
embora não tenha sido encontrada uma referência de preço semelhante à obtida pela SES-BA, é razoável
assumir, tendo por embasamento as ofertas de todas as licitantes do pregão presencial 38/2011, que o
seu preço deva ser inferior ao preço da donepezila 10 mg, razão pela qual se pode concluir que a
aquisição da donepezila 5 mg pelo preço de R$ 0,85 também pode ser lesiva ao erário.
4.4. Entende-se que a certeza quanto aos danos ao erário depende da confirmação das
contratações da SES-BA com embasamento no pregão presencial 55/2011 e da obtenção de outras
referências de preço, em especial outros contratos para aquisição desses medicamentos efetuados por
órgãos da Administração Pública.
5. CONCLUSÃO
5.1. Entende-se que há ensejo à adoção de medida cautelar de suspensão do pregão presencial
38/2011 e atos subsequentes. Contudo, não restou configurado nos elementos apresentados a presença
118
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
simultânea dos elementos fundamentais para adoção de medida cautelar: fumaça do bom direito e o
perigo da demora. Vislumbra-se a presença do primeiro, na medida em que há diversos indícios de
irregularidades presentes no pregão em análise. No entanto, não há elementos suficientes para
caracterizar o perigo da demora, já que não foram apresentadas informações a respeito de contratações
ou de sua iminência. Assim, entende-se que o MS deve ser ouvido previamente, nos termos do art. 276,
§2º, para que se pronuncie quanto ao teor da representação e da análise efetuada na presente instrução,
obtendo-se os elementos necessários à justa análise e proposição do desfecho para a representação.
6. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
6.1. Por todo o exposto, submete-se o presente processo à consideração superior, propondo a
adoção das seguintes medidas:
6.1.1. Com fulcro no art. 113, § 1º, da Lei n.º 8.666/1993 c/c art. 237, inciso VII, do Regimento
Interno do TCU, conhecer da presente representação.
6.1.2. Com fulcro no art. 276, § 2º, do Regimento Interno do TCU, determinar à Secretaria
Executiva do Ministério da Saúde que encaminhe a esta Corte de Contas, no prazo de 5 (cinco) dias
úteis, pronunciamento quanto ao teor da presente representação, manifestando-se quanto aos itens 3.1 a
3.7 e 5.1 a 5.4 da presente instrução e informando ainda quanto a eventuais contratações efetuadas com
embasamento no presente pregão.
III
IV
a) com fulcro no art. 113, § 1º, da Lei n.º 8.666/1993 c/c art. 237, inciso VII, do Regimento Interno
do TCU, conhecer da Representação formulada pela Sandoz do Brasil Indústria Farmacêutica Ltda;
b) indeferir o pedido de medida cautelar formulado pela empresa Sandoz do Brasil Indústria
Farmacêutica Ltda.;
c) restituir o processo à 4ª Secretaria de Controle Externo para que analise os esclarecimentos
prestados pela Diretoria de Logística em Saúde do Ministério da Saúde, mediante Ofício nº 300/2011 –
DLOG/SE/MS, de 15/07/2011, fazendo os autos conclusos a este Relator.
d) dar ciência deste Despacho ao representante.”
Ao compulsar as razões de agravo deduzidas pela empresa Sandoz, depreendo não haver, ainda,
elementos aptos e suficientes a um juízo de retratação ou a eventual deferimento da pretendida medida
liminar. Por mais que sejam veementes os indícios de discrepância entre valores praticados no âmbito do
Pregão Presencial nº 38/2011, frente às recentes aquisições dos mesmos medicamentos realizadas pelas
Secretarias de Estado de Saúde de São Paulo e da Bahia, ainda remanescem obscuras as exatas
circunstâncias e condições técnicas e mercadológicas em que se deram a formação de preços naquelas
unidades federativas a ponto de considerar injustificada a patente diferença de valores, e afirmar, ainda, a
similaridade dessas condicionantes com aqueles verificados no pregão impugnado.
121
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Por mais que a agravante patenteie o argumento de o edital em testilha exigir do promitente
fornecedor que os produtos farmacológicos tenham validade mínima remanescente de 75 % e 60 % para
os medicamentos com prazo inicial de 24 e 36 meses, respectivamente, o que colocaria por terra
informação inicial prestada pelo Departamento de Logística em Saúde de os valores baixos praticados em
outros entes da federação decorrerem de provável proximidade do vencimento desses medicamentos,
mesmo assim, a elucidação desse ponto depende de dilações probatórias incabíveis em sede de pedido
liminar.
Há de se verificar no exame meritório da questão outros fatores que determinaram os preços de
fornecimento de medicamentos donepezila além das condições sanitárias aventadas, tais como a
disponibilidade do produto em estoque, o seu tempo de produção e de disponibilidade para entrega, os
custos envolvidos na sua identificação, as despesas de logística de distribuição em todo o território
nacional, a correta utilização dos parâmetros normativos para efetivo balizamento dos preços, como a
Câmara de Regulação de Mercado de Medicamentos – CMED/ANVISA, a eventual frustração de efetiva
concorrência entre licitantes, oriunda de fraude ou conluio, dentre outros elementos.
Por mais que a aquisição dos medicamentos donepezila pelo Estado de São Paulo seja destinada a
uma ampla gama de unidades de saúde vinculados ao SUS, no âmbito daquela unidade federativa, e
independa da quantidade de itens constantes em cada pedido de fornecimento, mesmo assim, é razoável
presumir a existência de um maior custo de distribuição para todo o território brasileiro que o verificado
na área de cobertura estadual. De mais a mais, não se pode afirmar com base na prova pré-constituída na
inicial ser ínfimo o impacto dessa despesa indireta de logística no preço dos produtos a serem adquiridos
de forma centralizada pelo Ministério da Saúde, para, em seguida, serem distribuídos em todas as
unidades de saúde do território brasileiro, no âmbito do Sistema Único de Saúde.
Sobre ser indevida a realização procedimento licitatório na modalidade pregão presencial para
seleção da proposta mais economicamente vantajosa para a Administração Pública, quando o gestor não
estaria impedido de realizar o pregão em sua forma eletrônica, considero inadequado o exame desse ponto
nos estritos lindes dessa liminar por não caracterizar indício de lesão irreparável ao erário.
Também é incabível, nesta etapa, questionar o modelo de aquisição centralizada do medicamento
em epígrafe, segundo ato normativo do Ministério da Saúde. A avaliação do acerto da adequação dessa
norma, além de incursionar no âmbito discricionário do gestor, dependeria de uma análise aprofundada da
insuficiência técnica dessa metodologia, cujo exame é apropriado em processo específico de auditoria
operacional. Quando muito, eventual confirmação de incongruência metodológica implicará
recomendação por parte desta Corte.
Quanto à alegada inexistência de risco de desabastecimento do produto farmacêutico junto ao SUS
em razão de eventual suspensão do certame licitatório questionado, não se demonstrou na via requerida
em que medida uma contratação emergencial iria prevenir eventual solução de continuidade em seu
fornecimento, seja por não haver informações seguras da pronta disponibilidade desses medicamentos,
com base em demanda histórica, seja pela falta de dados sobre o tempo de fabricação e de distribuição.
Muito menos a aquisição desses produtos no mercado como de São Paulo é garantia de abastecimento às
demais unidades do Sistema Único de Saúde no restante do país.
Conquanto não esteja descartada a confirmação de graves irregularidades apontadas pelo
representante, as dúvidas não espancadas pelo agravante levam-me a manter incólume a decisão
vergastada, pois milita em favor do interesse público primário a manutenção do regular abastecimento de
insumo estratégico para Sistema Único de Saúde para atendimento de pacientes portadores de grave
doença, no caso, o mal de Alzheimer.
Nada obsta, todavia, a adoção de medidas cabíveis por parte deste Tribunal caso venham a ser
comprovadas as irregularidades noticiadas, que poderá resultar, após o devido processo legal e na
ausência de elisão dos fatos considerados ilícitos, na punição dos agentes públicos e terceiros, porventura,
envolvidos, assim como no ressarcimento de dano causado aos cofres públicos da União.
Feitas essas considerações, adiro in totum aos fundamentos da Decisão vergastada, pelo que rejeito
o Agravo interposto pela empresa Sandoz do Brasil Indústria Farmacêutica Ltda.
122
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Ante o exposto, Voto por que o Tribunal acolha a minuta de acórdão que ora submeto à apreciação
deste Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
BENJAMIN ZYMLER
Relator
1. Processo nº TC 019.000/2011-1.
2. Grupo II – Classe I – Assunto: Agravo (em processo de Representação).
3. Interessados/Responsáveis
3.1. Responsável: Departamento de Logística da Secretaria de Saúde – Secretaria
Executiva/Ministério da Saúde.
3.2. Agravante: Sandoz do Brasil Indústria Farmacêutica Ltda.
4. Órgão: Departamento de Logística da Secretaria de Saúde – Secretaria Executiva/Ministério da
Saúde.
5. Relator do Agravo: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: 4ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-4).
8. Advogada(s) constituída(s) nos autos: Alecia Paolucci Nogueira Bicalho – OAB/MG nº 60.929;
Mary Ane Anunciação – OAB/MG nº 102.655; Andréia Barroso Gonçalves - OAB/MG nº 103.200.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos este Agravo interposto pela empresa Sandoz do Brasil Indústria
Farmacêutica Ltda. contra Despacho que conheceu de Representação formulada pela agravante e rejeitou
pedido de medida cautelar para suspensão do Pregão Presencial nº 38/2011, promovido pelo
Departamento de Logística em Saúde da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde (DLOG/SE/MS),
com o objetivo de formação de registro de preços para aquisição de medicamentos donepezila 5 mg e
donepezila 10 mg.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Presidente do Tribunal, em:
9.1. conhecer do Agravo, com fundamento no art. 289, § 1º, do Regimento Interno do TCU, para,
no mérito, rejeitá-lo;
9.2. dar ciência da deliberação ao agravante e ao Departamento de Logística da Secretaria de Saúde
do Ministério da Saúde;
9.3. restituir os autos ao Gabinete do Relator, Ministro Walton Alencar Rodrigues, para exame do
pedido da representante para ingressar nos autos como terceiro interessado.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
TC 022.291/2009-6
Natureza: Tomada de Contas Especial
Órgão: Secretaria de Infra-Estrutura do Estado do Maranhão – Sinfra/MA (extinta).
Responsáveis: Construtora Poty Ltda., CPF 06.524.540/0001-50; José Max Pereira Barros, CPF
125.620.503-63; João Cândido Dominici, CPF 012.259.363-49; Ricardo Laender Perez, CPF
055.154.671-91.
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONVÊNIO N. 93/1996 – DNER.
DUPLICAÇÃO E RESTAURAÇÃO NA RODOVIA BR-135/MA. SOBREPREÇO. PREJUÍZO À
DEFESA. CONTAS ILIQUIDÁVEIS. TRANCAMENTO. ARQUIVAMENTO.
Prejudicada a defesa quanto aos indícios de sobrepreço, em face do longo período transcorrido entre
a prática do ato administrativo e a citação, consideram-se as contas iliquidáveis, ordenando-se o seu
trancamento e consequente arquivamento, nos termos dos arts. 20 e 21 da Lei n. 8.443/1992.
RELATÓRIO
da penalidade poderia ser melhor dimensionado quando houvese apreciação definitiva da matéria versada
nos autos, após a sua conversão em tomada de contas especial.
5. Nos termos do Acórdão n. 523/2009 – Plenário (fls. 21/22), este Tribunal determinou a conversão
do processo em TCE, a citação dos responsáveis, nos termos abaixo descritos, sem prejuízo de efetuar,
desde então, determinações corretivas à Gerência de Infraestrutura do Estado do Maranhão – Geinfra, nos
termos seguintes:
“9.1. com fundamento nos arts. 1°, incisos I e II, e 47 da Lei n. 8.443/1992, c/c o art. 252 do
Regimento Interno, converter os presentes autos em Tomada de Contas Especial;
9.2. determinar à Secex/MA que promova a citação do Sr. Ricardo Laender Perez, à época
Secretário de Infraestrutura do Estado do Maranhão, e da Construtora Poty Ltda., nos termos do art. 12,
inciso II, da Lei n. 8.443/1992, c/c o art. 202, inciso II, do Regimento Interno/TCU, para, no prazo de 15
(quinze) dias, apresentarem alegações de defesa ou recolherem solidariamente aos cofres do Tesouro
Nacional a quantia original de R$ 695.099,61 (seiscentos e noventa e cinco mil, noventa e nove reais e
sessenta e um centavos), atualizada monetariamente e acrescida de juros de mora calculados a partir de
19/11/1997 até a data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor, em razão de ter sido
detectado superfaturamento dos serviços de engenharia previstos no Contrato n. 26/1996 – Asjur e em seu
1º Termo Aditivo.
9.3. determinar à Gerência de Infraestrutura do Estado do Maranhão – Geinfra que:
9.3.1. submeta ao prévio exame do órgão repassador qualquer alteração do Plano de Trabalho
aprovado para a liberação de recursos de Convênios;
9.3.2. somente prorrogue contratos durante o seu período de vigência, abstendo-se de prorrogar
prazo de contrato já extinto; e
9.3.3. observe como parâmetro para a composição dos preços unitários aqueles constantes da tabela
do Sistema de Custos Referenciais de Obras (Sicro) desenvolvido pelo Dnit, apresentando justificativa
acompanhada de memória de cálculo quando for necessário adotar valores não disponíveis nessa tabela;
9.4. dar ciência desta deliberação, acompanhada do Relatório e do Voto que a fundamentam, aos
responsáveis, à Secretaria de Estado de Infraestrutura do Maranhão e à Comissão Mista de Planos,
Orçamento Público e Controle do Congresso Nacional.”
6. Depois de realizadas as comunicações processuais (fls. 27/27-A, 28/29), vieram aos autos as
alegações de defesa de fls. 32/65 e 66/79, analisadas pela Unidade Técnica nos termos abaixo transcritos,
com os ajustes julgados pertinentes (fls. 83/89):
“2. DAS ALEGAÇOES DE DEFESA
CONSTRUTORA POTY LTDA (fls. 32/65)
2.1 Inicialmente, o representante legal da empresa esclarece que todos os preços cotados pela
Construtora tomaram por base a planilha de preços do DER/MA, que tinha como parâmetro a tabela do
mês de setembro de 1996. ‘Assim, quando da elaboração do orçamento da obra (...), buscaram-se (...) os
preços adequados e razoáveis para a perfeita execução da obra em questão, dentro das normas e diretrizes
técnicas necessárias, e muitas vezes adequá-las às reais condições em que a obra se desenvolveria.’
2.2 Ressaltou, ainda, que ‘(...) somente após a publicação do Acórdão n. 267/2003 − TCU é que se
tornou obrigatória a utilização da tabela Sicro do DNIT, (...)’.
2.3 Noutra linha, manifestou seu entendimento de que ocorrera ofensa ao princípio do contraditório
e da ampla defesa, porquanto, ‘(...) durante todo o período de tramitação do presente processo junto ao
TCU, jamais foi intimada/citada para apresentar defesa ou qualquer alegação a respeito do fato ao qual foi
condenada pelo Acórdão n. 523/2009.’
2.4 Após tecer algumas considerações conceituais em relação à natureza jurídica do contrato
administrativo e a possibilidade de alteração de suas cláusulas por parte da Administração, destaca que
cabia à Construtora ‘(...) requerer os projetos, com a clara definição dos serviços a serem realizados. Isso
porque uma coisa é o que consta em um projeto realizado levando em consideração os elementos
existentes há época, e os que realmente se constatam em campo quando da realização dos serviços. Assim
ocorreu com relação a serviços de telefonia e eletricidade, cabos e equipamentos que foram instalados em
locais que necessitavam de adequação necessária para os fins do objeto contratado.’
125
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
2.5 Em conclusão, afirma que ‘(...) por todo exposto e do constante dos autos, resta evidente que
não há qualquer indício de inexecução dos serviços, sendo os mesmos executados e pagos’. Ademais,
‘não houve qualquer prejuízo ao erário, pois o preço global contratado é pertinente ao preço de mercado,
compensando-se itens da planilha orçamentária’. Associado a isso, não deve ser imputada à contratada
qualquer responsabilidade em face de possíveis falhas constatadas nos procedimentos internos adotados,
uma vez que ‘(...) não possui qualquer poder ou gerência contratual.’
2.6 Pelo exposto, requer, em preliminar, a nulidade do Acórdão n. 523/2009, em relação à
Construtora Poty Ltda., face à violação do contraditório e ampla defesa, e, no mérito, a
improcedência/arquivamento do presente processo, pois a mencionada construtora não praticou ato
irregular no procedimento ora em análise, agindo sempre de acordo com o edital e a lei.
ANÁLISE
2.7 Sobre a preliminar de que ocorrera violação do contraditório e ampla defesa, na medida em que
não fora instada a manifestar-se previamente sobre as ocorrências ora em análise, carece de argumento a
assertiva do Construtora, pois exatamente a citação se presta para esse objetivo, pelo que somos pela
rejeição da preliminar apresentada.
2.8 Sobre a avaliação efetivada com base no Sicro 2, conforme consignado no subitem 1.5 retro, os
cálculos efetuados partem de indicadores objetivos que independem do tempo decorrido ou do cenário
existente durante a realização das obras. Desse modo, são avaliações seguras dos aspectos de preço, sendo
válido resgatar os seguintes excertos do voto do Exmo. Sr. Ministro Relator, que fundamentaram o
Acórdão n. 523/2009 – TCU – Plenário, para reforçar esse entendimento quanto à adequação da
metodologia utilizada para avaliação do superfaturamento:
‘(...) Considerando que as modificações introduzidas pelo DNIT teriam aproximado aquele sistema
das reais condições observadas nas obras e que o sobrepreço dele resultante é inferior ao apurado com
base no Sicro 1, entendo que esse deve ser o montante do sobrepreço que servirá de base ao cálculo do
débito.
10. (...) o inconveniente implícito nesse procedimento é a necessidade de retroação dos valores do
Sicro 2, que entrou em operação em outubro de 2000, à data-base do contrato, o que pode gerar alguma
distorção atribuível à variabilidade dos índices de deflação. Registro, porém, que a Corte tem
conhecimento de que as composições atuais do Sicro tendem a apresentar preços maiores do que os da
versão mais antiga do mesmo sistema, favorecendo, em geral, as contratadas de obras públicas,
interessadas em demonstrar a inexistência de sobrepreço em suas planilhas orçamentárias.’
2.9 Logo, considerando inexistir na defesa acima outro elemento que refute cabalmente a utilização
da metodologia defendida no Acórdão retromencionado, somos pela rejeição das alegações a esse
respeito.
2.10 Quanto à responsabilização da Construtora pelo débito em questão, considerando ter sido
beneficiada pelos pagamentos, conforme ratifica em sua defesa, associado ao fato de não ter afastado o
superfaturamento acima apresentado, entendemos deva ser onerada no que se refere aos montantes
apurados pelo Tribunal. No entanto, reputamos não lhe deva ser aplicada sanção quanto a esse aspecto,
uma vez que não vislumbramos nos autos sua participação na definição dos montantes recebidos pela
execução do empreendimento.
RICARDO LAENDER PEREZ (fls. 66/79)
2.11 Inicialmente, ressalta que ‘O cerne da discussão aventada é saber qual dos parâmetros deve ser
adotado para que se analise a razoabilidade dos preços contratados e, assim, se determine a existência ou
não de sobrepreço nas licitações realizadas, (...).’
2.12 Seguindo em sua defesa, passa a tecer considerações sobre o entendimento de que estaria
dispensada a instauração de tomada de contas especial após transcorridos dez anos desde o fato gerador.
2.13 Nesse diapasão, destaca que, no caso em questão, foi determinada à Secex/MA, por intermédio
da Decisão n. 91/1997, que acompanhasse a liberação dos recursos do Convênio PG – 93/1996, firmado
entre o DNER e o Governo do Estado do Maranhão. Contudo, apenas em 27/07/2004, ou seja, oito anos
depois, foi determinada a audiência do defendente, lapso temporal esse que dificultou sobremaneira a
126
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
defesa do requerente, há muito afastado do cargo e com situação política pouco favorável para acesso às
informações e documentos pertinentes.
2.14 Associado a esse aspecto, a auditoria foi realizada pela Secex/MA no período de 08/02/1996 a
16/05/1996, ou seja, há mais de doze anos, já sendo alertado nas razões de justificativa trazidas pelo
defendente anteriormente, acerca da grande dificuldade que estava enfrentando na localização de ex-
colegas de Administração que atuaram na execução da obra, bem como para acessar os arquivos do
Governo Estadual.
2.15 Prosseguindo em sua defesa, após fazer considerações doutrinárias, afirma que ‘(...) embora o
direito de perseguir a reparação dos danos aos cofres seja imprescritível, é temerária a conduta morosa da
Administração em apurar tais fatos. O decorrer dos anos, nesse tipo de persecução, embaraça, ou mesmo,
impede a materialização das garantias constitucionais ínsitas aos cidadãos.’, ou seja, em função do longo
decurso de prazo acima mencionado, não lhe foi garantido o devido processo legal, face à ofensa a seu
direito ao contraditório e ampla defesa, impactado sobremaneira ante a inércia do TCU.
2.16 No que se refere à adequada composição dos serviços realizados, consignou que, ‘no ano em
que foi formalizada a avença, o DNER adotava nas planilhas para contratação das obras, os valores
informados pela tabela Sicro. Todavia, essa tabela não tinha cunho impositivo a todos os órgãos públicos
do país, pela sua imprecisão. Sendo o Brasil país de dimensões continentais, o Sicro não possuía, ainda,
sistemática adequada para ser utilizado como parâmetro, em escala nacional, por uma série de
imperfeições estruturais na composição dos preços.’
2.17 Além disso, ‘os valores da tabela Sicro eram utilizados como referencial na elaboração das
planilhas de serviços executados pelo Governo do Estado do Maranhão, comportando certas variações de
modo a adequá-los às especificidades regionais. Dessa forma, no Contrato em comento, existiam itens
com valores superiores aos da tabela Sicro e também inferiores, de modo que o custo final da obra
apresentava equilíbrio com os preços praticados no Estado’, sendo tal metodologia ratificada
implicitamente pelo DNER, pois todo o processo licitatório e a referida contratação do contrato foram
anteriores à celebração do Convênio n. PG-093/1996-00.
2.18 Por oportuno, salientou ser necessário se estabelecer o momento a partir do qual a tabela Sicro
passou a ser de observância obrigatória, recorrendo, com o objetivo de corroborar essa assertiva, a
Despacho do então Secretário desta Secex, a saber:
‘12.1 No que tange às diferenças de preços verificadas entre os preços dos itens contratados e
aqueles consignados na tabela Sicro, cabe observar que o Contrato n. 026/1996-Asjur foi assinado em
20/12/1996. Relativamente ao assunto em pauta, este Tribunal realizou auditoria operacional para
verificar a formação de custos rodoviários adotados pelo DNIT, especialmente a confiabilidade do
Sistema de Custos Rodoviários – Sicro 2, em cumprimento à determinação contida no Acórdão n.
50/1996-Plenário. O relatório da referida auditoria integra o TC n. 002.489/2002-4 e foi apreciado por
meio do Acórdão n. 267/2003-Plenário.
12.2 Do trabalho realizado, verifica-se que o sistema Sicro passou por um processo de revisão,
atualização e complementação em 1998, tendo sido incorporados novos equipamentos e técnicas
construtivas e revisadas as composições preexistentes. Assim, a partir do Sicro 2, além de construção e
conservação, foram incluídos os serviços de restauração, tendo uma grande evolução no nível de
detalhamento e classificação dos parâmetros adotados, inclusive quanto à metodologia de cálculo de custo
dos equipamentos e viaturas.
12.3 O referido relatório também informa que o esforço de atualização e reestruturação do referido
sistema de custos ficou pendente de implantação e operacionalização por cerca de dois anos, e que só a
partir de outubro de 2000 o sistema passou a emitir os relatórios de custos, com periodicidade mensal,
referenciados aos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e às Regiões
Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul;
(...)
12.5 Afigura-se-nos dessa forma, no caso em apreço, que não cabe avaliar os procedimentos
realizados nos idos de 1996 à luz de uma novel jurisprudência desta Corte de Contas quando se firma a
127
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
partir de circunstância diversa e mais favorável à observância da tabela Sicro. Por conseguinte, somos de
opinião que a ocorrência ora em destaque não enseja a aplicação de multa aos responsáveis.’
2.19 Segundo o defende, à época da formalização do contrato, ‘(...) a versão do Sicro vigente,
desenvolvida em 1980, tinha preços atualizados trimestralmente, em processo caracterizado pela
morosidade, no qual os dados eram coletados nas principais capitais de cada região do País, e
posteriormente encaminhados à Brasília para serem digitados e processados e por fim, remetidos para a
Gerência de Custos, no Rio de Janeiro (...). Assim, o procedimento para verificação dos preços obtidos na
Concorrência Pública que precedeu o Contrato em apreço não poderia prender-se de forma irredutível aos
consignados na tabela Sicro, sob pena de não refletir as condições reais operadas no mercado e, então,
tornar a avença inexeqüível.’
2.20 Afora esses aspectos, afirma o defendente que apenas no ano de 2000 a versão Sicro 2 trouxe
detalhamento e classificação adequados, passando a ser utilizado pelo TCU, como referência confiável
para determinação dos preços, sendo a partir de 2003 de uso obrigatório como referência nos orçamentos.
2.21 Desse modo, acrescenta que, ‘Se em 1996 sequer existia o Sicro II, não havia como os
responsáveis pelo contrato antevirem que aqueles preços estariam em discordância com a tabela para,
então, justificarem sua inaplicabilidade. (...), se o parâmetro utilizado à época para aferir a justeza dos
preços não apontava para nenhuma incoerência, descabia qualquer justificativa para adoção dos preços
apresentados pela licitante vencedora. Na obra sob exame foram adotados os referenciais que o Governo
do Estado do Maranhão utilizava em todas as licitações e que espelhavam com mais propriedade a
realidade local, o que representava por vezes valores superiores e inferiores aos da tabela Sicro. Portanto,
qualquer análise acerca dos preços praticados no Contrato deverá ser feita com base nos parâmetros
adotados pelo Estado do Maranhão e nos valores praticados no mercado à época dos fatos. Qualquer
estudo sobre a avença, que utilize padrões diversos dos ora apontados, é desproporcional e desarrazoado.’
2.22 Informa, também, que só foram repassados pelo DNER 53,33% do montante de recursos
previstos no Convênio, o que totalizou 81,03% do valor final da obra (R$ 5.929.904,59), sendo que
caberia à União 90% do valor da obra, evidenciando-se, assim, a ausência por parte dos gestores de
provocar qualquer dano ao erário.
2.23 Por fim, requer sejam acolhidas suas alegações de defesa, afastando-se, por conseguinte, o
débito que lhe fora injustamente imputado.
ANÁLISE
2.24 Quanto à preliminar relativa à morosidade de atuação do Tribunal, e que teria impactado no
pleno exercício de seu direito ao contraditório e à ampla defesa, o Tribunal propugnou por desconsiderar
no Acórdão n. 532/2009 – Plenário o argumento em questão, que foi, inclusive, objeto de Declaração de
Voto do Exmo. Sr. Ministro Raimundo Carreiro, Voto esse vencido na mencionada decisão. Ademais,
não vislumbramos que fora, de fato, prejudicado o defendente em seu direito, pois poderia refutar a
metodologia do Tribunal, com fundamento em elementos outros que não os apresentados em sua defesa,
os quais o Relator rechaçou em suas considerações acima destacadas, conforme análise da defesa
precedente.
2.25 Quanto à assertiva de que os valores da tabela Sicro eram utilizados como referencial na
elaboração das planilhas de serviços executados pelo Governo do Estado do Maranhão, comportando
certas variações de modo a adequá-los às especificidades regionais e dessa forma, no Contrato em
comento, existiam itens com valores superiores aos da tabela Sicro e também inferiores, de modo que o
custo final da obra apresentava equilíbrio com os preços praticados no Estado, resgatamos trecho da
instrução do Auditor precedente, que rebate adequadamente, a nosso ver, esse os argumentos do
responsável (v. fls. 913/914, continuação II do TC 350.250/1996-0):
‘14. Nada obstante, o Tribunal em situações excepcionais tem admitido a contratação de serviços a
preços acima da tabela Sicro, desde que sejam apresentadas razões de ordem técnica que os justifiquem.
No caso presente, os responsáveis ouvidos em audiência se limitam a afirmar que a tabela Sicro não é
obrigatória e que os preços contratados para determinados serviços obedecem a peculiaridades da região.
Entretanto, não especificam quais seriam esses serviços nem argumentam, com base em dados concretos,
128
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
como as particularidades do mercado regional podem ter levado à aceitação, no Contrato n. 026/1996-
Asjur/Sinfra, de preços em patamares superiores ao Sicro.
15. Ainda sobre as particularidades da região, os gestores invocam a extensão territorial do Brasil
para justificar as diferenças dos preços contratados em relação à tabela Sicro. Deve-se ponderar, todavia,
que a tabela utilizada na comparação com os preços contratuais não retrata a média de preços do país, mas
sim da Região Nordeste, que, naturalmente, contempla realidade muito mais próxima à do Estado do
Maranhão.’
2.26 Do mesmo modo, nesta defesa, depreendemos inexistirem elementos que corroborem
tecnicamente as ponderações do defendente, em especial se considerarmos que foram adotados, na nova
análise realizada, parâmetros semelhantes aos mencionados acima, com o ajuste determinado pelo Relator
(utilização do Sicro 2), razão por que somos por rejeitar as alegações de defesa sobre o tema.”
7. Quanto às audiências realizadas no TC 350.250/1996-0 (em razão das ocorrências: a) contratação
de preços superiores aos correspondentes da Tabela Sicro, b) realização de pagamentos de serviços sem
cobertura contratual, e c) alteração do projeto que deu origem ao contrato sem a aprovação do DNER),
assim se manifesta o Auditor Federal de Controle Externo (fl. 88):
“3. DA ANÁLISE DA AUDIÊNCIA
3.1 Considerando que a audiência foi devidamente tratada no Voto condutor do Acórdão acima
mencionado (v. fls. 17/18), reputamos esgotada a discussão a respeito, parecendo-nos razoável e
proporcional a apenação do Sr. Ricardo Laender Perez, com fulcro, apenas, no art. 57 da Lei Orgânica do
TCU.
3.2. Quanto ao Sr. José Max Pereira Barros, ex-Diretor do DER/MA, também chamado em
audiência nos autos do TC 350.250/1996-0, consideramos afastada sua responsabilidade, pois a
irregularidade descrita na aliena b do subitem 1.2 desta instrução foi descaracterizada como tal (v. fl. 17).
Acerca da irregularidade descrita na alínea a do subitem mencionado, também objeto de audiência,
ensejou citação dos responsáveis acima (v. fl. 17), o que, em nosso entendimento, abarcou a ocorrência
que fundamentou essa audiência, retirando-se a responsabilidade pela irregularidade, em relação a esse
ex-gestor.”
8. Em face do exposto, a Secex/MA, em manifestações uniformes, apresentou a seguinte proposta
de encaminhamento (fls. 88/89):
8.1. nos termos dos arts. 1º, inciso I, e 16, inciso III, alínea c, da Lei n. 8.443/1992, c/c os arts. 19 e
23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso II, e 210 e 214, inciso III, do Regimento
Interno/TCU, julgue as presentes contas irregulares e condene o Sr. Ricardo Laender Perez, ex-Secretário
de Infraestrutura do Estado do Maranhão – Sinfra, solidariamente com a empresa Construtora Poty Ltda.,
ao pagamento do débito de R$ 695.099,61, atualizado monetariamente e acrescida dos juros de mora,
calculados a partir de 19/11/1997 até o efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor,
com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal
(art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida abaixo aos cofres do
Tesouro Nacional,
8.2. aplique ao Sr. Ricardo Laender Perez, a multa prevista no art. 57 da Lei n. 8.443/1992, c/c o
art. 267 do Regimento Interno, e ao Sr. João Cândido Dominici, ex-Subsecretário de Infraestrutura do
Estado do Maranhão – Sinfra, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei n. 8.443/1992, c/c o art. 268,
inciso II, do RI/TCU, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovarem,
perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida
aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo
ora estabelecido, até a data do recolhimento;
8.3. autorize, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n. 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas, caso não atendidas as notificações;
8.4. remeta cópia do Acórdão, Relatório e Voto que o fundamentam, ao Ministério Público da
União, nos termos do § 3º do art. 16 da Lei n. 8.443/1992, c/c o § 6º do art. 209 do Regimento Interno,
para as providências cabíveis.
129
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
10% do Estado do Maranhão (cf. evidenciado no subitem seis, fl. 689, vol. principal-II do TC
350.250/1996-0).
11. Aconteceu que, de fato, do comprometido, a União só repassou R$ 5.929.904,59 (fl. 491, vol.
principal II do TC 350.250/1996-0), tendo o Estado do Maranhão aportado, por sua vez, R$ 1.447.622,16
para tal obra. Em termos do comprometimento originalmente previsto no ajuste, a União teria cumprido
com 59,3% do comprometido enquanto o Estado do Maranhão adimpliu com 130,3% em relação ao
comprometido (v. item nove, fl. 691, vol. principal II do TC 350.250/1996-0).
12. No entanto, no sentido de prezar por um tratamento equânime entre as partes do Convênio, há
de se apurar, em termos reais, o adimplemento do compromisso de participação original (90% para a
União e 10% para o Estado) diante dos recursos aportados. A se considerar que o aporte da União foi no
montante de R$ 5.929.904,59, a respeitar a proporção esperada de cada partícipe, o comprometimento do
Estado não seria adimplir com R$ 1.447.622,16, mas sim com R$ 658.878,29, para que fosse respeitada a
relação 90%/10% de participação no Convênio.
13. Assume-se, nesse raciocínio, que é a partir do percentual comprometido que se poderia apurar o
saldo a ser devolvido, pois todo aquele montante aplicado fora dos limites do comprometido não poderia
ser tratado como saldo, especialmente quando arcado em sua totalidade pelo convenente, além de ter
cumprido a alocação de recursos conveniada. No caso em apreço, o débito encontra-se estimado em R$
695.099,61 (v. item 4.1, instrução de fls. 80/89). O Estado aportou R$ 1.447.622,16, quando era de se
esperar, mantida a proporcionalidade, que aportasse somente R$ 658.878,29, o que implica dizer que
aportou R$ 788.743,87 a mais que o comprometido, ou R$ 93.644,26 do que o débito apurado. Consigne-
se, ainda, que o Estado chegou a devolver a diferença entre o valor repassado pela União acrescido dos
rendimentos financeiros, a parcela desse montante utilizada na execução da obra (v. item sete, fl. 690, vol.
principal-II do TC 350.250/1996-0).
14. A partir desses elementos, conclui-se que o não-desembolso dos valores ora glosados não
importaria em saldo, pois diria a respeito a aporte exclusivo do estado do Maranhão além do que se
comprometera em termos proporcionais por ocasião do Convênio. Desse modo, não estaria evidenciado o
dano ao erário federal, afastado o débito identificado.
15. Em um segundo momento, ao proceder análise a partir do Quadro 1 (fls. 698-700, vol. principal
II do TC 350.250/1996-0) citado no item 10.2.2 da instrução de 04/02/2003 (fl. 691, vol. principal II),
evidenciou-se que, além dos então treze itens de serviços que integram a planilha de custos acolhida pela
termo aditivo de 30/07/1998 (dita ‘nova planilha orçamentária’, fls. 648/649, vol. principal II do TC
350.250/1996-0) que apresentaram indícios de sobrepreço, tem-se 25 itens de serviços que não puderam
ser avaliados por falta de informações sobre a modalidade e as distâncias de transporte envolvidas (itens
hachurados, conforme apontado no subitem 10.2.3, fls. 691/692, vol. principal II do TC 350.250/1996-0)
e 66 itens que não tinham correspondência com o Sistema Sicro, cuja comparação não foi possível (por
contrataste ao disposto no subitem 10.2.4, a confrontar com o Quadro 1 citado).
16. Os elementos esclarecedores propugnados pelo MP/TCU e acolhidos pelo Sr. Relator dizem
respeito aos 25 itens que poderiam vir a comportar detalhamentos com a documentação sugerida naquela
instrução de fls. 686/703, vol. principal II do TC 350.250/1996-0 (projeto básico e executivo, composição
de custos unitários dos serviços). Para os outros 66, a maioria dos itens da planilha de custos, dada a sua
configuração, tais documentos não proveriam a solução demandada, uma vez que não possuem
equivalência descritiva com o Sistema Sicro. Daí o estudo integral da precificação dos itens de custos da
referida obra à luz do Sistema Sicro para fins de chegar-se à conclusão acerca da ocorrência ou não de
sobrepreço resta impossível. Diante dessa impossibilidade, ainda que se obtivessem os documentos que
permitissem a comparação com o Sistema Sicro dos 25 itens apontados no subitem 10.2.2 da citada
instrução, não se atenderia a expectativa de chegar-se a uma conclusão segura sobre a existência ou não
de sobrepreço a considerar a totalidade dos itens de serviços da obra.
17. Por último, o interregno de tempo desde a modificação da planilha de custos ora questionada
(julho de 1998, cf. termo aditivo, fls. 661/662, vol. principal II do TC 350.250/1996-0) até o presente
deve ser considerado como obstáculo tanto à obtenção dos documentos necessários para o completo
estudo da composição dos custos da obra em questão quanto ao exercício da ampla defesa, haja vista a
132
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
expectativa de dificuldade ou até impossibilidade a ser enfrentada por esta Corte e pelos responsáveis na
obtenção dos documentos necessários. Tais conclusões advêm dos seguintes registros, presentes nos
autos:
a) ofício da então Gerência de Infraestrutura do Governo do Estado do Maranhão, de 28/10/1999,
no qual comunicou-se a extinção do Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Maranhão, com
comprometimento na localização de documentos lá arquivados relacionados à obra em questão (fl. 489,
vol. principal II do TC 350.250/1996-0);
b) memorando da Divisão de Construção do DNER-em extinção, de 10/06/2003, no qual informou-
se a não-localização de análises e deliberações do DNER sobre o projeto da obra e suas reformulações,
principalmente no que concerne aos preços unitários constantes da proposta da empresa contratada e os
do Sicro (fl. 718, a combinar com o documento de fl. 715, ambos do vol. principal-III, autos do processo
350.250/1996-0);
c) razões de justificativa do responsável Ricardo Laender Perez, de 08/12/2005, em que declara ter
tido dificuldades, na condição de ex-administrador, em localizar ex-colegas de administração,
participantes da execução do Convênio, ‘e muito mais ainda, para acessar os arquivos dos Órgãos do
Estado, à cata de documentos indispensáveis para responder às indagações desse Tribunal, devido às
profundas mudanças administrativas, em todos os níveis, ocorridas na máquina do Estado desde a
celebração do ajuste em 1996’ (fl. 938, vol. principal III do TC 350.250/1996-0);
d) razões de justificativa do responsável João Cândido Dominici, de 12/12/2005, em que ressaltou
ter havido mudanças consideráveis na estrutura do Governo do Estado do Maranhão nos então quase
passados dez anos da celebração do ajuste, tendo sido obrigado a fazer contatos com antigos
administradores dos órgãos para que obtivesse informações necessárias para os esclarecimentos então
apresentados (fl. 944, vol. principal III do TC 350.250/1996-0).
18. Ora, se naquela época já se vislumbravam impedimentos na obtenção de documentos da obra,
passados mais cinco anos do último registro, há uma expectativa natural de que a probabilidade de tais
documentos serem encontrados reduziu-se ainda mais.
19. Nesse sentido, em caso semelhante ao deste feito, no que respeita aos responsáveis,
especialmente, o Exmo. Sr. Ministro Benjamin Zymler, em Voto proferido no Acórdão n. 2.158/2006-
Segunda Câmara, então asseverou:
‘(...) Substancialmente, contudo, principalmente perante o longo período entre a consumação dos
atos de gestão ora questionados e a sua convocação para sobre eles se manifestar, aquele direito restou
sobejamente prejudicado. Pensar de forma diferente será fazer pesar sobre ele um ônus do qual não
poderá desincumbir-se sem prejuízo à sua pessoa (ante as consequências negativas advindas de um
julgamento pela irregularidade destas contas) e ao seu patrimônio (resultado da condenação em débito).’
20. Assim, à vista da impossibilidade de êxito na obtenção de elementos essenciais à comprovação
da utilização dos recursos no objeto conveniado ou à dificuldade a ser enfrentada na obtenção dos
documentos questionados, em face da demora excessiva na instauração da tomada de contas especial
(mais de dez anos da data da última modificação da planilha de custos ora questionada), o que constitui
obstáculo à defesa do responsável, este Tribunal tem acolhido propostas no sentido do trancamento das
contas, por considerar que quaisquer medidas que venham a ser intentadas, a essa altura dos
acontecimentos, restarão, por certo, infrutíferas e dispendiosas para o erário (v. Acórdãos ns. 166/2004,
2.750/2005, 285/2006 e 803/2006, 863/2006, 2207/2006, todos da 1ª Câmara; Acórdão n. 2158/2006,
Segunda Câmara).
21. A título de ilustração, cita-se manifestação sobre o tema do Exmo. Sr. Ministro Guilherme
Palmeira no TC-000.501/2005-6 (Acórdão n. 863/2006-TCU-1ª Câmara):
‘A propósito, como fiz em outras oportunidades, considero oportuno assinalar parte do Voto
condutor da Decisão 172/2001 – 2ª Câmara, em que foi discutida situação similar à enfrentada nestes
autos:
‘Em vista dos elementos e informações constantes dos autos, alinho-me ao entendimento defendido
pela Unidade Técnica, referendado pelo Ministério Público junto ao TCU, no sentido de que se encontra
prejudicada a emissão de juízo sobre os fatos em discussão. Afinal, proferir julgamento de mérito em
133
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Tomada de Contas Especial instaurada 13 (treze) anos após o repasse dos recursos é tarefa extremamente
delicada, tanto no que diz respeito a uma suposta condenação do beneficiário dos recursos, quanto no
caso da isenção de sua responsabilidade, pois, inegavelmente torna-se praticamente impossível a apuração
dos fatos, especialmente no que tange ao levantamento de prova documental por parte do responsável,
cerceando-lhe, por conseguinte, a possibilidade de defesa eficaz.’
(...)
22. É certo que o dispositivo da Lei n. 8.443/1992, que trata da hipótese de contas iliquidáveis, não
se deve aplicar a situações geradas simplesmente pela desídia dos responsáveis, porque isso poderia ser
um incentivo para o mau gestor. Ocorre que, no presente caso, como dito anteriormente, um conjunto de
fatores colaborou para que a solução da TCE se tornasse impossível.”
13. Em conclusão, o Auditor Federal de Controle Externo entendeu que o lapso temporal
transcorrido desde a prática dos atos de gestão compromete a possibilidade de defesa do Responsável,
razão pela qual, no que diz respeito ao débito, deveria o Tribunal ordenar o trancamento das contas, sem
prejuízo da aplicação da penalidade cabível em razão da alteração do projeto que deu origem ao Contrato
26/1996-Sinfra, sem aprovação do DNER, razão pela qual formulou a proposta de encaminhamento
abaixo descrita:
13.1. excluir a responsabilidade do Sr. José Max Pereira Barros;
13.2. considerar iliquidáveis as contas que importaram em indícios de dano ao erário em desfavor
de Ricardo Laender Perez e Construtora Poty nos termos dos arts. 20 e 21 da Lei n. 8.443/1992, ante a
existência de caso fortuito ou de força maior, comprovadamente alheio à vontade dos responsáveis, que
tornou materialmente impossível o julgamento do referido mérito, propondo, ainda, o trancamento das
respectivas contas;
13.3. rejeitar as razões de justificativa apresentadas por Ricardo Laender Perez, CPF 055.154671-
91, e João Cândido Dominici, e aplicar-lhes a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei n. 8.443/1992, c/c
o art. 268, inciso II, do RI/TCU, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para
comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do RI/TCU), o recolhimento da dívida aos
cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo ora
estabelecido, até a data do recolhimento;
13.4. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n.
8.443/1992, caso não atendidas as respectivas notificações;
13.5. comunicar aos responsáveis e ao Governo do Estado do Maranhão o teor da deliberação a ser
proferida.
14. O MP/TCU sugeriu os seguintes ajustes proposta da Unidade Técnica:
14.1. excluir da relação jurídica processual a responsabilidade da Construtora Poty Ltda.;
14.2. com fundamento no art. 16, inciso III, alínea b, da Lei n. 8.443/1992, julgar irregulares as
contas dos Senhores Ricardo Laender Perez e João Cândido Dominici, e aplicar-lhes individualmente a
multa prevista nos arts. 19, parágrafo único, e 58, inciso I, da mesma Lei, fixando-lhes o prazo de quinze
dias, a contar da notificação, para que comprovem perante o Tribunal o recolhimento da dívida aos cofres
do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente Acórdão até a do efetivo
recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor.
É o Relatório.
VOTO
compreendido entre São Luiz – Divisa Maranhão/Piauí e acessos a São Luís (fls. 731/740, volume
principal III do TC 350.250/1996-0). O DNER efetuou os repasses mediante reembolso de despesas.
2. Para a execução das obras, a Secretaria de Estado da Infra-Estrutura do Maranhão – Sinfra
celebrou o Contrato n. 26, de 20/12/1996, com a Construtora Poty Ltda., vencedora da Concorrência n.
58/1996, com o prazo de execução de 120 dias após a emissão da ordem de serviço, ocorrida em
06/01/1997. Mesmo após a expiração de sua vigência em 04/05/1997, o referido ajuste sofreu o primeiro
termo aditivo em 16/09/1997, com o objetivo de prorrogar o prazo de execução das obras para
30/09/1997, e um segundo termo aditivo em 30/07/1998, com a finalidade de modificar a planilha
contratual e alterar o prazo final de execução para 17/08/1998.
3. Nesta oportunidade, examinam-se as alegações de defesa apresentadas em resposta às citações
determinadas pelo Acórdão n. 523/2009 – Plenário. Como a manifestação dos Responsáveis e do
Ministério Público, detalhadas mais à frente, enfocam, sobretudo, a metodologia de cálculo de
sobrepreço, cumpre relembrar a caracterização desse achado de auditoria ao longo do curso processual.
4. Na fase de fiscalização, verificou-se que a planilha orçamentária do termo aditivo de 30/07/1998
excluiu alguns itens de serviços e incluiu outros novos. A Secex/MA apontou, como indícios de
irregularidade, a prática de sobrepreço em treze itens, no valor total de R$ 1.031.328,42, cujos preços
foram comparados com os valores referenciais do Sistema de Custos de Obras Rodoviária – Sicro.
5. A Unidade Técnica ressalvou (fl. 692, volume principal II do TC 350.250/1996-0) que esse
montante poderia estar subestimado, devido à impossibilidade de comparar com o Sicro outros itens de
valor expressivo (como itens de base, sub-base e asfalto usinado a quente − AAUQ), por não haver
informações necessárias para a aferição do custo do transporte, mais especificamente a modalidade e as
distâncias percorridas. Para um levantamento mais preciso, seria necessário obter junto ao órgão estatal
elementos não disponíveis no processo, tais como projeto básico e executivo, com todas as suas
especificações técnicas, e a composição dos custos unitários do serviço. Todavia, optou a Unidade por
calcular o sobrepreço com base nos elementos disponíveis, ainda que subestimado, para evitar
retardamento da instrução (fl. 861, volume principal II do TC 350.250/1996-0).
6. Ainda na fase de fiscalização, registrei, no Despacho de fl. 929 (fl. 930 do volume principal II do
TC 350.250/1996-0), a necessidade de que o sobrepreço fosse examinado à luz dos registros constantes
do sistema Sicro 2, efetuando-se, caso necessário, a deflação dos seus preços referenciais para a data de
celebração do termo aditivo. Isto porque a versão original do Sicro vinha sendo entendida, pela
jurisprudência desta Corte, como parâmetro insuficiente para aferir a aceitabilidade de preços, e porque o
orçamento da obra também não poderia ser utilizado como referencial, dado que os serviços inquinados
foram incluídos na planilha de serviços de engenharia mediante termo aditivo.
7. Em consequência dessa reavaliação, o sobrepreço anteriormente calculado em R$ 1.031.328,42,
foi reduzido para R$ 868.874,51, acarretando o débito de R$ 695.099,61, correspondente ao percentual de
80,30% de participação da União no custeio do Convênio (fl. 972/976, volume principal IV do TC
350.250/1996-0.
8. Convertido o processo em tomada de contas especial e implementadas as citações determinadas
pelo Acórdão n. 523/2009 – TCU – Plenário, a Construtora Poty Ltda. alegou:
8.1. preliminarmente, a ofensa ao contraditório e da ampla defesa, pelo fato de não ter sido
chamada a se manifestar acerca da existência do sobrepreço na fase de auditoria;
8.2. inaplicabilidade da tabela Sicro 2 para aferição dos preços de mercado, pois só teria se tornado
obrigatória após a publicação do Acórdão n. 267/2003.
9. O Sr. Ricardo Laender Perez articulou os seguintes argumentos:
9.1. sua defesa foi dificultada pelo lapso de doze anos transcorrido entre a realização da auditoria,
no período de 08/02/1996 a 16/05/1996, e a citação, ordenada pelo Acórdão n. 524/2009;
9.2. em 1996, ano em que foi celebrado o acordo, o DNER adotava nas planilhas para contratação
os valores da tabela Sicro; todavia, essa tabela não tinha cunho impositivo, devido à sua imprecisão;
9.3. apenas no ano 2000 a versão Sicro 2 trouxe detalhamento e classificação adequados, passando
a ser utilizado pelo TCU como referência obrigatória para os orçamentos a partir de 2003; se em 1996
135
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
sequer existia o Sicro 2, o referido sistema não pode ser utilizado como parâmetro para cálculo de
sobrepreço;
9.4. o contrato continha alguns valores superiores ao Sicro e outros inferiores, de modo que havia
equilíbrio entre o custo final da obra e os preços praticados no Estado do Maranhão;
9.5. o orçamento foi ratificado implicitamente pelo DNER, pois a autarquia federal celebrou o
Convênio n. 93/1996-00 depois de todo o processo licitatório e a da contratação;
9.6. inexiste dano ao erário federal, dado que o DNER repassou apenas 81,03% do valor total da
obra, montante inferior ao percentual de 90% ao qual a União comprometeu-se mediante Convênio.
10. Ao ter presente a análise efetuada pela Secex/MA, favorável à irregularidade das contas e a
imputação do mencionado débito aos responsáveis solidários, o MP/TCU manifestou-se pela necessidade
de expandir o exame do sobrepreço para os demais itens da planilha de serviços de engenharia, ao
fundamento de que a imputação de débito, calculada exclusivamente em itens quanto aos quais havia sido
apurado sobrepreço ao Sicro 1 e 2, pode causar o desequilíbrio econômico financeiro da contratação, por
desconsiderar a compensação dos acréscimos com os serviços cotados a menor; ademais, a utilização de
uma amostra reduzida pode desconsiderar o sobrepreço eventualmente existente em relação aos demais
itens do contrato.
11. Acolhendo a providência sugerida pelo Ministério Público, determinei a restituição dos autos à
Secex/MA, a fim de que, com o auxílio da 2ª Secob, aprofundasse o exame dos indícios de
superfaturamento na integralidade dos serviços que compõem a execução da obra objeto do Contrato n.
26/1996 – Asjur e de seus termos aditivos, promovendo a citação dos responsáveis, caso necessário (fl.
94).
12. Em derradeira instrução (fls. 95/98), a Secex/MA propôs que as contas sejam consideradas
iliquidáveis no tocante ao débito, seja pela inviabilidade de expandir a amostra de serviços considerada
para efeito de cálculo de sobrepreço, devido à inexistência de parâmetros nos autos, seja pelo ônus
exacerbado à defesa dos responsáveis acarretado pelo transcurso do tempo. Não obstante, sugere a
aplicação de multa aos responsáveis pela alteração do projeto que deu origem ao Contrato n. 26/1996 sem
a aprovação do DNER. A proposta da Secex/MA é calcada nos seguintes fundamentos:
12.1. o quantitativo repassado pelo DNER foi inferior ao pago pelos serviços contratados e o
sobrepreço não teria causado repercussão financeira negativa ao erário federal;
12.2. a União não cumpriu a proporção de repasses de 90% a que havia se comprometido, e
desembolsou 80,37% do montante de recursos aplicados na obra; o Estado havia se comprometido a
destinar R$ 658.878,29, mas desembolsou efetivamente R$ 1.447,622,16; deste modo, o sobrepreço
apurado não poderia ser considerado como haver do Tesouro Nacional, por estar completamente
absorvido pelo montante de recursos que o Estado despendeu a mais;
12.3. não é possível estudar integralmente a precificação dos itens de custo da obra; além dos 12
itens computados no cálculo do sobrepreço, seria possível avaliar outros 25 itens, com base nos projetos
básicos e executivo e na composição de custos unitários dos serviços; mas a maior parte dos serviços,
num total de 66 itens, não pode ser abrangida pelo estudo, pois a sua configuração não possui descrição
equivalente no Sistema Sicro;
12.4. o lapso temporal transcorrido desde a prática dos atos de gestão compromete a possibilidade
de defesa do Responsável.
13. No tocante ao princípio da ampla defesa e do contraditório, não assiste razão à Construtora
Poty Ltda. ao arguir preliminar de cerceamento de defesa por não ter sido ouvida no curso do processo de
auditoria. A conversão da fiscalização em tomada de contas especial, destinada a apurar ocorrência da
qual resulte dano ao erário, tem respaldo na regra inserida no art. 47 da Lei n. 8.443/1992. Por seu turno,
a sua citação para, querendo, apresentar alegações de defesa quanto ao indício de débito, possibilita o
exercício do contraditório, de acordo com o disposto no art. 12, inciso III, da referida lei, que regula o
processo de controle externo.
14. Quanto à alegação do Sr. Ricardo Laender Perez de prejuízo à sua defesa, devido ao longo
período transcorrido entre o ato de gestão examinado − alteração da planilha de itens de serviço de
136
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
engenharia, implementada por meio do termo aditivo datado de 30/07/1998 −, e a citação ordenada pelo
Acórdão n. 524/2009 – TCU – Plenário, vislumbro que assiste razão ao Responsável.
15. A jurisprudência mais recente do TCU tem caminhado no sentido de considerar as contas
iliquidáveis, quando a notificação do Responsável se deu de forma tardia, ante o evidente prejuízo ao
exercício da ampla defesa causado pela mora da Administração Pública. Assim consta do Acórdão n.
3.983/2010 do Plenário, bem como nos Acórdãos ns. 2.303/2009, 1.915/2009 e 7.693/2010 da 1ª Câmara
e os Acórdãos ns. 1.178/2008, 1.183/2008 e 368/2009 da 2ª Câmara.
16. No caso dos autos, a imprecisão introduzida na execução da obra pela modificação da planilha
de itens de serviços de engenharia, mediante celebração de termo aditivo não submetido à aprovação da
entidade concedente, fez com que este Tribunal buscasse parâmetros objetivos para aferir a razoabilidade
dos preços praticados. Como se revelou no curso da instrução processual, o instrumento de precificação
adotado pela autarquia federal incumbida da execução de obras rodoviárias (Sicro) não estava
suficientemente adaptado à realidade do empreendimento examinado, fazendo com que as atenções se
voltassem para o sistema que o substituiu (Sicro 2), alongando sobremodo o curso processual.
17. Dessa forma, em respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa, consagrados no art.
5º, inciso LV, da Constituição Federal, considero prejudicada a apuração de eventual débito na execução
do Contrato n. 26/1996 celebrado entre a Sinfra/MA e a Construtora Poty, visto que o longo tempo
transcorrido desde a alteração contratual causadora do sobrepreço e a citação dificulta a produção de
provas pelo interessado, além de constituir fator alheio à sua vontade.
18. No tocante à alteração do projeto por meio do termo aditivo não submetido à aprovação do
DNER, consignei, no Voto que embasou o Acórdão n. 523/2009 – TCU – Plenário, que essa prática
contrariou a Cláusula Segunda, parágrafo único, do Convênio n. PG-93/1996, que assim dispunha:
“Na execução dos trabalhos objeto do presente Convênio, o Delegado adotará e observará os
projetos básico e/ou executivo, de engenharia, elaborados e aprovados pelo DNER, não podendo
modificá-los sem prévia e expressa aprovação do DNER.”
19. Por essa razão, manifestei-me inicialmente pela rejeição das razões de justificativa apresentadas
pelos dirigentes do órgão estadual executor das obras.
20. Entretanto, cabe considerar que apenas a quinta medição apresentou quantitativos de serviços
baseados na planilha contratual modificada, e foi paga integralmente com recursos do Tesouro Estadual,
assim como a quarta medição. Essas informações constaram do Voto que proferi (fl. 18), a fim de
demonstrar que o DNER não aprovou a alteração ora questionada, nem mesmo tacitamente, por meio de
reembolso.
21. Ora, se a terceira medição, a última reembolsada pelo DNER, ainda não havia incorporado as
modificações do projeto, depreende-se que não foram destinados recursos federais para a parcela das
obras alterada, motivo pelo qual considero de excessivo rigor a aplicação da penalidade pecuniária.
22. Assim equacionada a matéria discutida nos autos, as presentes contas mostram-se iliquidáveis,
resultando adequada a proposta de trancamento efetuada pela Unidade Técnica, nos termos dos arts. 20 e
21 da Lei n. 8.443/1992.
Diante do exposto, voto por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este Colegiado.
Sala das Sessões, em 31 de agosto de 2011.
1. Processo n. TC 022.291/2009-6
2. Grupo II – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.
137
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
3. Responsáveis: Construtora Poty Ltda., CPF 06.524.540/0001-50; José Max Pereira Barros, CPF
125.620.503-63; João Cândido Dominici, CPF 012.259.363-49; Ricardo Laender Perez, CPF
055.154.671-91.
4. Órgão: Secretaria de Infra-Estrutura do Estado do Maranhão – Sinfra/MA (extinta).
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e Silva.
7. Unidade Técnica: Secex/MA.
8. Advogados constituídos nos autos: Drs. José Carlos da Fonseca, OAB/DF n. 1.495-A; Walter
Costa Porto, OAB/DF n. 6.098; Paulo Affonso Martins de Oliveira, OAB/DF n. 29; José Raimundo
Teixeira Rapôso, OAB/DF n. 6.418, Antônio Perilo de Souza Teixeira Netto, OAB/DF n. 21.359; Paula
Cardoso Pires Parente, OAB/DF n. 23.668.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial resultante da conversão,
determinada pelo Acórdão n. 523/2009 – Plenário, do Relatório de Auditoria versado no TC
350.250/1996-7, acerca de irregularidades na execução do Convênio n. PG 93/1996, firmado pelo extinto
Departamento Nacional de Estradas e Rodagem – DNER e o Governo do Estado do Maranhão.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em considerar as presentes contas iliquidáveis e ordenar o seu trancamento
e consequente arquivamento, nos termos dos arts. 20 e 21 da Lei n. 8.443/1992.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
Responsáveis: Avelino Romero (301.925.449-34); Carlos Alberto Del Claro Gloger (000.245.709-
15); Carlos Sergio Asinelli (080.459.339-68); Marcos Muller Schelemm (087.649.139-53); Osvaldo
Davet (004.674.999-34); Rodrigo Costa da Rocha Loures (002.928.269-15).
Interessados: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS).
Advogados: Marco Antônio Guimarães (OAB/PR nº 22.427); Fernanda Ehalt Vann (OAB nº
21.693); Rodrigo Bozzobon (OAB/PR nº 25.997); Carlos José Sebrenski (OAB nº 27.644); Thiago
Morelli Rodrigues de Sousa ( OAB/PR nº 38.379); Alexandre José Garcia de Souza (OAB/DF nº 17.041);
Fábio Henrique Garcia de Souza (OAB/DF nº 17.081); Breno Luiz Moreira Braga de Figueiredo
(OAB/DF nº 26.291); Luiz Carlos Braga de Figueiredo (OAB/DF nº 16.010); Maria Lúcia Wood
Saldanha (OAB/PR nº 18.251); Valéria da Silveira Muller (OAB/PR nº 22.888); Marina Talamini Zilli
(OAB/PR nº 24.507) e Fábio Dias Vieira (OAB/PR nº 36.687).
9.2.1. objeto específico, com seus elementos característicos e descrição detalhada, objetiva, clara e
precisa do que se pretende realizar ou obter, que, comprovadamente, seja de interesse recíproco (comum)
das partes convenentes;
9.2.2. plano de trabalho que, além da especificação completa do bem a ser produzido ou adquirido,
deverá previamente explicitar o valor a ser despendido na sua obtenção e conter cronograma de
desembolso, este último condizente com as fases ou etapas de execução do objeto do convênio;
9.2.3. o compromisso do convenente de movimentar os recursos do convênio em conta bancária
específica;
9.2.4. a obrigatoriedade de que a movimentação de recursos somente ocorra por meio de cheque
nominativo ao efetivo credor, comprovando-se o pagamento com documentação idônea;
9.2.5. a vigência do instrumento, que deverá ser fixada de acordo com o prazo previsto para a
consecução do objeto e em função das metas estabelecidas;
9.2.6. a obrigatoriedade de o convenente apresentar relatórios de execução físico-financeira;
9.2.7. a obrigatoriedade de um convenente apresentar prestação de contas dos recursos recebidos no
prazo previsto na referida IN 1/97;
9.2.8. a previsão de que, quando a liberação de recursos ocorrer em três ou mais parcelas, a terceira
delas ficará condicionada à apresentação de prestação de contas parcial referente à primeira parcela
liberada e assim sucessivamente, sem prejuízo de que, após a aplicação da última parcela, seja
apresentada a prestação de contas do total dos recursos recebidos;
9.3. determinar ao Sesi/PR e ao Senai/PR que dêem conhecimento ao Tribunal da celebração dos
novos convênios referidos no item anterior, tão logo firmados, remetendo cópia dos respectivos
instrumentos;"
5. Nestes autos, no relatório de inspeção de fls. 224/255, vol. 1, de 9/6/2006, a Secex-PR propôs,
inicialmente, a suspensão cautelar dos repasses de recursos pelo Sesi/PR à conta do termo de cooperação
celebrado com o Instituto Paraná de Desenvolvimento (IPD/PR), referente ao Projeto Observatório
Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade Metropolitano de Curitiba (Orbis-MC). Em conjunto,
propôs a realização de audiências de gestores do Sesi/PR, Senai/PR e do IPD/PR.
6. Em 10/8/2006, entendeu o então Relator do Processo, eminente Ministro-Substituto Marcos
Bemquerer Costa, que, preliminarmente à adoção de cautelar, deveria ser feita oitiva prévia dos
responsáveis (art. 276, § 2º do RI/TCU), acerca das ocorrências relacionadas nas audiências propostas no
relatório de inspeção.
7. Na instrução de fls. 507/533, vol. 4, de 6/10/2006, a Secex-PR analisou as oitivas dos
responsáveis e reiterou a proposta de adoção da medida cautelar e, com pequenas alterações, a realização
das audiências, propostas no relatório de inspeção anterior, de fls. 224/255, vol. 1.
8. Em caráter preliminar, o então Relator determinou a realização das audiências propostas pela
Unidade Técnica, conforme Despacho exarado em 26/10/2006 (fls. 545, vol. 4). Deferiu, também, o
pedido de ingresso do IPD/PR nos autos, na condição de interessado.
9. A seguir, serão transcritos, para cada uma das audiências realizadas, excertos da instrução de fls.
1527/1581, vol. 9, com as razões de justificativa dos responsáveis e o respectivo parecer da Secex-PR.
Quando necessários à compreensão dos fatos, serão incorporados trechos das instruções de fls. 224/255,
vol. 1 e fls. 507/533, vol. 4.
10. Questionamento I (fls. 546, 553 e 561): "celebração dos Termos de
Cooperação/Convênio/Contratos abaixo, por simples transferência do IEL/PR para o Sesi/PR (e do
Senai/PR), sem as devidas adaptações determinadas por este Tribunal constantes do Acórdão TCU nº
614/2005 - Plenário, nos casos dos convênios e/ou sem a realização de processo licitatório, nos casos de
contratos."
11. Na instrução de fls. 224/255, vol. 1 são apresentadas duas tabelas com os termos de cooperação,
convênios e contratos referenciados nessa audiência (ajustes que estavam a cargo do IEL/PR e que
passaram a ser desenvolvidos pelo Sesi/PR ou pelo Senai/PR. Serão transcritos a seguir excertos da
instrução de fls. 1527/1581, vol. 9.
140
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
"15. Esta questão corresponde ao item 'a' das audiências (tanto dos diretores do Sesi/PR, quanto do
diretor do Senai/PR).
16. As justificativas trazidas pelos diretores do Sesi/PR (e também do Senai/PR) são no sentido de
que não houve descumprimento do Acórdão TCU nº 614/2005 - Plenário.
17. No caso de instrumentos com natureza de convênio, as entidades (Sesi e Senai) assumiram
aqueles que se adequavam às suas funções regimentais, sendo que 'não foram assumidas cláusulas que
previam o pagamento de taxa de administração e/ou cobertura de despesas administrativas.'
18. Ressaltam os defendentes que foram assumidos tão-somente os convênios que se relacionavam
com as finalidades institucionais das entidades por eles dirigidas.
19. Afirmam que desde a cautelar, nenhum valor foi repassado ao IEL/PR, nem foram celebrados
outros instrumentos com natureza de convênio.
20. Argumentam que os Acórdãos do TCU não fazem qualquer menção de que os convênios
existentes no IEL/PR não podem ser assumidos pelo Sesi/PR e pelo Senai/PR. Se assim houvesse sido
determinado, não teriam sido assumidos, pois nunca teria havido intenção de burla aos Acórdãos. Não é
possível entender como vedado aquilo que os Acórdãos não proibiram (Acórdão TCU nos 2107/2004 e
614/2005, ambos do Plenário). Não se pode ampliar a parte dispositiva do ato sentencial. Sugerem, os
defendentes, que a Secex-PR estaria adotando critérios subjetivos no trato da questão. Sustentam que não
há que se falar em descumprimento das determinações do Tribunal de Contas da União.
21. Ressaltam ainda que foi editada a Ordem de Serviço Conjunta nº 02/2006 (Sesi/PR e Senai/PR)
regulamentando a celebração de convênios. Este normativo estaria baseado na IN STN nº 1/1997, em
conformidade, portanto, com as diretrizes estabelecidas pelo TCU.
22. No caso de contratos de prestação de serviços, houve avaliação da área técnica para definir se os
serviços contratados eram de interesse do Sesi, ou do Senai. Nos casos de interesse comum, definiu-se,
previamente, o critério de rateio entre as duas entidades.
23. A assunção desses contratos foi embasada em pareceres da procuradoria jurídica. Ressalte-se
que esses pareceres continham recomendações para que a cessão de direitos e a assunção das obrigações
fossem assumidas pelo prazo máximo de 03 (três) meses, devendo-se tomar providências a fim de que as
contratações passassem a ser mediante licitações, 'caso o entendimento do TCU não se altere', conforme
pareceres juntados no Anexo VII (fls. 20/43)."
24. De acordo com as justificativas, não foi possível realizar as licitações no prazo estabelecido pela
Procuradoria Jurídica, uma vez que boa parte dos contratos era da área de tecnologia e informática.
Alguns contratos foram encerrados. Licitaram-se alguns serviços no prazo e outros foram licitados além
do referido prazo. Existem contratos que ainda estão vigentes e que não foram licitados, 'em razão de que
não houve a devida estabilização do sistema, mas que o processo licitatório se encontra aberto'. Trata-se
da aquisição de softwares, conforme Edital de Concorrência nº 757/2006 (fls. 63/84, anexo VII).
ANÁLISE - I (item 'a' - tanto das audiências dos diretores do Sesi/PR quanto do diretor do
Senai/PR)
25. Os argumentos trazidos são no sentido de que o TCU não proibiu que o Sesi/PR, nem o
Senai/PR, desenvolvesse as atividades, projetos, ou ações que vinham sendo desenvolvidas por meio de
convênios (ou instrumentos análogos) celebrados com o IEL. O Tribunal teria proibido apenas o repasse
de recursos ao IEL por meio de convênios genéricos já celebrados.
26. Ocorre que este item da audiência não se refere ao item 9.1 do Acórdão TCU nº 614/2005 -
Plenário, que determinou que não fossem repassados recursos financeiros ao IEL por meio dos
instrumentos de convênios genéricos que já haviam sido celebrados.
27. A audiência refere-se às 'devidas adaptações determinadas por este Tribunal constantes do
Acórdão TCU nº 614/2005 - Plenário, nos casos dos convênios', adaptações estas constantes do item 9.2
do Acórdão:
'9.2 autorizar o Sesi/PR e o Senai/PR a, caso seja de seu interesse, celebrar novos convênios com o
IEL e, a partir dessa medida, retornar a efetuar transferências financeiras àquele instituto, desde que a
formalização desses novos instrumentos de convênio observe as disposições da Instrução Normativa STN
nº 1/1997, em especial quanto a que contenham:
141
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.2.1. objeto específico, com seus elementos característicos e descrição detalhada, objetiva, clara e
precisa do que se pretende realizar ou obter, que, comprovadamente, seja de interesse recíproco (comum)
das partes convenentes;
9.2.2. plano de trabalho que, além da especificação completa do bem a ser produzido ou adquirido,
deverá previamente explicitar o valor a ser despendido na sua obtenção e conter cronograma de
desembolso, este último condizente com as fases ou etapas de execução do objeto do convênio;
9.2.3. o compromisso do convenente de movimentar os recursos do convênio em conta bancária
específica;
9.2.4. a obrigatoriedade de que a movimentação de recursos somente ocorra por meio de cheque
nominativo ao efetivo credor, comprovando-se o pagamento com documentação idônea;
9.2.5. a vigência do instrumento, que deverá ser fixada de acordo com o prazo previsto para a
consecução do objeto e em função das metas estabelecidas;
9.2.6. a obrigatoriedade de o convenente apresentar relatórios de execução físico-financeira;
9.2.7. a obrigatoriedade de um convenente apresentar prestação de contas dos recursos recebidos no
prazo previsto na referida IN nº 1/1997;
9.2.8. a previsão de que, quando a liberação de recursos ocorrer em três ou mais parcelas, a terceira
delas ficará condicionada à apresentação de prestação de contas parcial referente à primeira parcela
liberada e assim sucessivamente, sem prejuízo de que, após a aplicação da última parcela, seja
apresentada a prestação de contas do total dos recursos recebidos.'
28. É de observar que o Tribunal não proibiu a realização de convênios, nem mesmo com o IEL.
Determinou que, na hipótese de celebração de novos convênios (com o IEL), fossem feitas adaptações, de
modo que se conformassem a disposições da Instrução Normativa STN nº 1/1997.
29. Merece ser ressaltado o fato de que as irregularidades constatadas na gestão de convênios que
estavam em curso é que motivaram a determinação. Cabe esclarecer que eram convênios dentro de
convênios. O IEL recebeu recursos do Sesi/PR (e do Senai/PR) mediante convênios e os repassou
novamente, também mediante convênios, para outras entidades.
30. Questiona-se, agora, o fato de que convênios que haviam sido firmados pelo IEL (com outras
entidades), e que não observavam as disposições da IN STN nº 1/1997, foram assumidos pelo Sesi/PR (e
pelo Senai/PR) sem as adaptações determinadas pelo TCU.
31. É de observar ainda que o Tribunal, por meio do Acórdão TCU nº 2107/2004 - Plenário (item
9.2.1), determinou, cautelarmente, a suspensão de quaisquer repasses financeiros ao Instituto Euvaldo
Lodi (IEL), até deliberação ulterior. Posteriormente, tornou definitivo, 'em relação aos convênios ora
existentes', o caráter da medida adotada (item 9.1 do Acórdão TCU nº 614/2005 - Plenário). Não obstante,
facultou ao Sesi/PR (e ao Senai/PR) celebrar novos convênios com o IEL, desde que a formalização
desses novos instrumentos de convênio observasse as disposições da Instrução Normativa STN nº 1/1997,
com especial atenção para alguns de seus dispositivos, os quais enumera.
32. Os convênios que ora se discutem estão entre aqueles, que foram objeto da determinação
exarada pelo Tribunal (item 9.1 do Acórdão TCU nº 614/2005-P).
33. É necessário atentar para o fato de que o Tribunal determinou a suspensão dos convênios então
existentes ('convênios ora existentes'). Entretanto, as entidades (Sesi e Senai) não suspenderam a
execução de todos os convênios. Apenas excluíram o IEL da relação convenial, sem promover as devidas
adaptações, no caso dos convênios discriminados no quadro que consta neste item da audiência (item 'a').
Merece ser ressaltado o fato de que já havia sido constatado que aqueles convênios não observavam as
disposições da IN STN nº 1/1997. Esta constatação é que levou o Tribunal a exarar a citada determinação.
34. Assim, o Sesi e o Senai prosseguiram repassando recursos para convênios, sem atentar para
ditas disposições, contrariando o que havia determinado o TCU.
35. Seria uma incongruência se o Tribunal determinasse que os convênios deveriam observar as
disposições da IN STN nº 1/1997 apenas em relação ao IEL. Convênios que viessem a ser celebrados com
outras instituições não estariam sujeitos a essa determinação.
36. Além disso, constatou-se, na inspeção, que muitas práticas consideradas irregulares no âmbito
daqueles convênios permanecem em curso.
142
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
37. Examinou-se o Projeto Orbis/MC, por ser o de maior materialidade. Trata-se de convênio em
que figura como concedente o Sesi/PR e como conveniado o Instituto Paraná de Desenvolvimento (IPD).
Inicialmente o convênio foi firmado entre o Sesi e o IEL. Este, por sua vez, fez novo convênio, com o
IPD. Com a retirada do IEL, a relação convenial passou a ser direta, entre o Sesi e o IPD.
38. Os itens 'b' e 'c' da audiência (diretores do Sesi/PR) decorrem de irregularidades relacionadas ao
dito convênio e exemplificam a continuidade de práticas incorretas - ocorrências tratadas nos parágrafos
45 a 46 desta instrução.
39. Verificou-se, ainda, que cerca de 10% dos recursos repassados ao IPD vinham sendo
consumidos com despesas administrativas. Estas despesas são vedadas pela IN STN nº 1/1997 (art. 8º, I).
É de ressaltar que, em 2/1/2005, convencionou-se que não mais haveria repasse financeiro, do Sesi/PR ao
IPD, a título de taxa de administração e/ou cobertura de despesas administrativas. Entretanto, mesmo após
isto ter sido convencionado, efetuaram-se pagamentos a título de 'Despesas de Gestão Central' a
prestadores de serviços. E mais, existem estreitos vínculos entre estes prestadores de serviços e o
Instituto. Embora os justificantes contestem as informações que constam no relatório de inspeção a esse
respeito, os argumentos por eles apresentados são insuficientes para descaracterizar as afirmativas do
Relatório.
(...)
42. Em relação aos contratos, a audiência se refere à não-realização de processo licitatório.
Questiona-se o fato de que contratos que haviam sido firmados sem licitação continuam sendo
executados. Apenas esses contratos foram assumidos pelo Sesi/PR, que agora figura como contratante.
43. Os justificantes alegam que não foi possível realizar as licitações no prazo estabelecido pela
procuradoria jurídica (três meses). Contudo, os pareceres da Procuradoria são de fevereiro de 2005.
Transcorridos quase dois anos até a apresentação das justificativas, que foram protocolizadas em
dezembro de 2006, haviam contratos que ainda estavam em vigência e que não foram licitados.
44. Assim, considero que os elementos trazidos pelo diretor regional e pelo superintendente do
Sesi/PR, bem como pelo diretor regional do Senai/PR não lograram justificar a questão da simples
transferência, do IEL/PR para o Sesi/PR, de termos de cooperação/convênio/contratos, sem que fossem
atendidas as determinações constantes do Acórdão TCU nº 614/2005 - Plenário. Caracteriza-se, portanto,
descumprimento de determinação do Tribunal. Também não se podem acolher as justificativas
apresentadas em relação à manutenção de contratos firmados sem licitação. Entendo, por conseguinte,
que a ocorrência enseja aplicação de multa aos responsáveis - Lei nº 8443/1992 (art. 58, II e § 1º). Além
disso, considero necessário expedir determinação ao Sesi e ao Senai explicitando, inclusive em razão de
princípios constitucionais, que os pontos enumerados no referido item do citado Acórdão estendem-se a
qualquer entidade - não se restringem ao IEL. Proponho ainda, ao final, que o Tribunal determine ao
Sesi/PR que se abstenha de repassar recursos ao IPD com vistas à execução do Projeto Orbis-MC.
12. Questionamento II (fls. 546, 553, 564 e 568): "saques em espécie de recursos da conta corrente
específica do Projeto Orbis (Banco Itaú, ag. 3723, c/c nº 03412-4) pelos Srs. Carlos Alberto Del Claro
Gloger, Secretário de Desenvolvimento do IPD/PR e Avelino Romero, Gerente Financeiro do IPD/PR,
sem o corresponde nexo com a despesa a que se refere, conforme quadro abaixo"
13. O Projeto Observatório Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade Metropolitano de
Curitiba - Orbis-MC consitui-se em um termo de cooperação técnica inicialmente firmado entre o IEL/PR
com o IPD/PR, em 2/5/2004, cujo objeto compreendia a "instalação e operação de um observatório para
monitoramento, coleta e divulgação de indicadores de desenvolvimento industrial sustentável e qualidade
de vida dos trabalhadores da indústria da Região Metropolitana de Curitiba". Em 2/1/2005, foi firmado
um termo aditivo ao termo de cooperação substituindo o IEL/PR pelo Sesi/PR no papel de concedente,
mantendo-se inalteradas as demais disposições acordadas (itens 9/12 da instrução de fls. 224/256, vol. 6.
14. O quadro mencionado (fls. 523/524, vol.4), em síntese, discrimina saques no período de janeiro
de 2005 a abril de 2006 que totalizam R$ 41.410,00. Cabe transcrever trecho do relatório de inspeção
(item 12 - fls. 226) que esclarece as circunstâncias em que ocorreu a transferência da condução do projeto
Orbis do IEL/PR para o Sesi/PR (o Senai/PR não participou deste projeto).
143
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
"12. Em 2/1/2005, apenas 18 dias após a decisão desta Corte determinando ao Sesi e Senai,
cautelarmente, a suspensão dos recursos para aquele Instituto [Acórdão TCU nº 2107/2004 - Plenário], o
IEL/PR celebrou com o IPD/PR um novo aditivo ao termo de cooperação (aditivo ao Processo nº 83/04,
fl. 32), somente para substituir o concedente, ou seja, substituir o IEL/PR pelo próprio Sesi/PR,
mantendo-se inalterados as demais disposições acordadas. Assim, por meio dessa transferência, o Sesi
tornou-se parceiro do Instituto Paraná de Desenvolvimento (IPD) na implementação do Orbis-MC e os
valores constantes do Aditivo ao Termo, que eram obrigação do IEL/PR, passaram a ser suportados pelo
SESI/PR."
15. Seguem as razões de justificativa dos responsáveis.
"45. Esta questão corresponde ao item 'b' da audiência dos diretores do Sesi/PR e à audiência do
secretário de desenvolvimento e do gerente financeiro do IPD.
46. O secretário de desenvolvimento do IPD (Sr. Carlos Alberto Del Claro) inicia suas justificativas
afirmando que o montante de recursos liberados para o Orbis é de R$ 1.248.939,04, 'contrariamente ao
que foi relatado pelo auditor que afirma que o valor liberado para o Orbis foi de R$ 1.698.791,70.'
47. Enfatiza que a diferença (R$ 449.879,37) foi depositada na conta corrente que deveria ser
unicamente destinada aos recursos para o Orbis. Entretanto, refere-se a outros projetos e eventos. 'Este
procedimento foi a causa de todas as dúvidas, divergências e questionamentos.'
48. Reitera o argumento de que inúmeras vezes o IPD antecipou pagamentos para atender interesses
do Projeto Orbis. Em momentos posteriores se ressarciu, efetuando pagamentos de despesas do Instituto
com recursos do projeto.
49. Apresenta novamente um quadro denominado PROJETO ORBIS MC - CONCILIAÇÃO
BANCÁRIA (Anexo I às razões de justificativas, fls. 910 [vol. 6]). Este mesmo quadro já havia sido
apresentado anteriormente (fls. 481). Procura demonstrar, nesse quadro, as somatórias dos aportes e dos
pagamentos mensais que teriam sido efetuados, discriminando pagamentos do IPD com recursos do IPD,
pagamentos do IPD com recursos do Orbis, e pagamentos do Orbis com recursos do Orbis.
50. Apresenta também um quadro demonstrativo, nos mesmos moldes já apresentados por ocasião
da oitiva, no qual procura mostrar que os saques que foram efetuados na conta corrente tiveram a seguinte
destinação (Anexo II às razões de justificativas- fls. 911/916):
- R$ 1.870,17 foram utilizados para cobrir despesas do próprio Orbis - pagamentos em dinheiro;
- R$ 25.616,04 para cobrir despesas do IPD, como forma de ressarcimento por despesas do Projeto
que haviam sido pagas anteriormente aos repasses do Sesi/PR;
- R$ 13.923,79 para cobrir despesas do próprio Instituto.
51. Apresenta ainda quadros demonstrativos mensais dos valores que teriam sido pagos em espécie,
juntamente com comprovantes de pagamentos. Esses quadros contemplam desembolsos com outros
projetos e o montante mensal de saques com cartão - Anexo III às razões de justificativas (fls. 917/1.135).
52. Avelino Romero, Gerente Financeiro do Instituto Paraná Desenvolvimento (IPD), reporta-se,
em suas justificativas, à análise anteriormente efetuada pela Secex-PR. Refere-se aos esclarecimentos
anteriormente prestados pelo Secretário de Desenvolvimento do IPD em face da proposta de adoção de
medida cautelar de suspensão de repasses de recursos ao IPD (fls. 507/530, parágrafos 77/93). Trata-se de
uma ratificação daquelas justificativas do Secretário do Instituto.
53. Já na identificação da correspondência sintetiza o teor da manifestação - 'Reiteração e
Complementação às Primeiras Justificativas sobre o Ponto de Auditoria levantado pelo TCU em relação
aos Saques em Espécie efetuados pelo IPD da Conta Corrente do 'Orbis-MC'.
54. Menciona o fato de que na análise das referidas justificativas anteriores, pelo analista, foi
considerada inverídica a afirmação de que nem todos os depósitos efetuados na conta bancária do Orbis
se destinavam, efetivamente, ao Projeto.
55. Afirma, ratificando a justificativa do Secretário de Desenvolvimento, que 'a conta corrente do
Orbis, devido defasagem dos repasses do IEL e SESI para cobrir desembolsos do Orbis, nunca pode ser
tratada como exclusividade do Orbis.' (grifei).
56. Salienta que outros parceiros do IPD aportaram recursos na mesma conta bancária, para
aplicação em outros projetos. Ressalta, em relação aos saques, que 'todas e quaisquer justificativas em
144
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
relação à eles, somente irão prosperar se os esclarecimentos em relação aos aportes forem aceitos pelo
avaliador'.
57. Rodrigo Costa da Rocha Loures e Marcos Müeller Schlemm [diretores do Sesi/PR] reportam-se,
em suas justificativas, aos esclarecimentos dados pelo IPD a respeito de referidos saques em espécie.
Estes esclarecimentos teriam sido aceitos pelo Sesi/PR.
58. Afirmam, referindo-se à resposta dada pelo Instituto, que os repasses de recursos do Sesi/PR
para o IPD ocorriam com atraso. Ditos repasses estavam condicionados à apresentação da prestação de
contas do mês anterior. Com isso, na maioria dos meses o Instituto era obrigado a realizar despesas
necessárias à execução do objeto conveniado antes do recebimento do repasse mensal. Quando os valores
eram repassados, ressarcia-se das despesas efetuadas por meio de saques na conta corrente do Termo de
Cooperação. Esses valores eram utilizados para realizar o pagamento de algumas despesas do próprio
Instituto. Esta seria a justificativa para 'parte dos saques ocorridos em caixa eletrônico e da realização de
algumas despesas apontadas pela Secex-PR como alheias ao objeto do Convênio.'
59. Relembram que já foi encaminhado ao Tribunal, quando da manifestação a respeito da proposta
de adoção de medida cautelar formulada pela Secex-PR, a planilha denominada "PROJETO ORBIS MC -
CONCILIAÇÃO BANCÁRIA" - planilha juntada às fls. 481/482. Fazem referência também aos demais
documentos trazidos aos autos pelo Sr. Carlos Alberto Del Claro Gloger, quando também se manifestou
sobre a mesma proposta de medida cautelar - fls. 411/484.
60. Reconhecem que o IPD descumpriu a obrigação assumida de movimentar os recursos do Termo
de Cooperação em conta corrente específica e exclusiva - aditivo contratual juntado às fls. 162 do Anexo
7.
61. Sustentam, entretanto, que não houve desvio de numerário, má-fé do gestor, locupletação,
malversação da coisa pública, dano ao Erário, nem descontrole das contas. Ressaltam que o Sesi/PR
'compromete-se a efetuar uma prestação de contas mais rigorosa nos Convênios que mantém e vier a
manter, nos estritos termos da Ordem de Serviço Conjunta nº 02/2006.'
ANÁLISE - II (item 'b' da audiência dos diretores do Sesi/PR e audiência do Secretário de
Desenvolvimento e do Gerente Financeiro do IPD)
62. As justificativas trazidas pelo Sr. Carlos Alberto Del Claro Gloger nada acrescentam em relação
aos esclarecimentos prestados por ocasião da oitiva.
63. Mantenho, por conseguinte, o entendimento manifestado na instrução em que aquelas
justificativas foram analisadas, considerando que os argumentos apresentados, tanto os daquela ocasião
como os que ora se examinam, são insuficientes para justificar as ocorrências apontadas. Transcrevo, nos
parágrafos que seguem, trecho da análise contida na instrução anterior, visto que não foram apresentados
novos argumentos.
16. No trecho da instrução mencionado (itens 78/87 - fls. 518/520, vol. 4) são apontadas falhas e
inconsistências significativas na conciliação bancária dos recursos do Projeto Orbis, a exemplo de: (i) as
prestações de contas não contém todos os valores creditados na conta corrente do projeto; (ii) houve
créditos na conta específica de recursos de outros projetos. Conforme apurado no relatório de inspeção, o
aporte de recursos feitos pelo Sesi/PR na conta bancária do projeto foi de cerca de R$ 1,7 milhão.
"64. A análise que se faz em relação aos esclarecimentos prestados pelo Sr. Avelino Romero não
pode ser diferente da que se faz em relação às que foram apresentadas pelo Sr. Carlos Alberto Del Claro
Gloger. Mantenho, assim, o entendimento anterior, parcialmente transcrito no parágrafo anterior -
parágrafos 78/87 da instrução de fls. 507/530.
65. As razões de justificativas trazidas pelos diretores do Sesi em relação a esta questão dos saques
de recursos em espécie da conta corrente específica do Projeto Orbis são, também, basicamente as
mesmas apresentadas nos esclarecimentos relacionados à já referida oitiva. Estão baseadas nas
justificativas dadas pelo IPD (por Carlos Alberto Del Claro Gloger). Mantenho, por conseguinte, o
entendimento de que as justificaticas apresentadas são insuficientes para afastar a irregularidade,
conforme já manifestado na instrução de fls. 507/530.
66. Considero que essa questão está atrelada ao pagamento de despesas do IPD com recursos do
Projeto Orbis, adiante tratada. A análise indica a existência de débito. Assim, entendo que é necessário
145
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
constituir processo apartado, em sede de Tomada de Contas Especial, para se proceder a apuração do
débito e a citação dos responsáveis."
17. Questionamento III (fls. 546, 553): "Pagamentos de despesas do IPD com recursos do Projeto
Orbis (item 'c' da audiência dos diretores do Sesi/PR)"
"67. Ao apresentar suas justificativas a respeito deste item, os dirigentes do Sesi/PR esclarecem
preliminarmente que dividiram-no em duas questões: pagamento de taxa de administração e pagamento
de despesas diversas. Contudo, limitam-se, nesse ponto das justificativas, à questão do pagamento de taxa
de administração.
68. Quanto ao pagamento de taxa de administração, afirmam que desde que o Sesi/PR assumiu o
Termo de Cooperação isso deixou de existir. O próprio instrumento contratual (Aditivo ao Termo de
Cooperação) assim estabeleceu. Sustentam que o fato de ter havido pagamento de taxa de administração
'em período pretérito, (...) por certo não justifica a desaprovação das contas, menos ainda a aplicação de
multa, mas a adoção de medida corretiva que, como visto, foi implementada antes mesmo de que este E.
Tribunal assim determinasse'.
69. A par disso, contestam as informações constantes no parágrafo 14 do relatório de inspeção, o
qual transcrevo:
'14. Apesar de os aditivos citados estipularem que não seriam mais repassados recursos ao IPD a
título de taxa de administração, verificamos que, coincidentemente, nos meses de março e maio de 2005,
em que houveram repasses ao IPD de R$ 137.200,00 e R$ 157.000,00, respectivamente, também foram
alocadas despesas de exatamente 10% dos valores repassados, R$ 13.720,00 e R$ 15.700,00, na rubrica
'07.03 - Outras despesas - Gestão Central IPD", constante do "Cronograma Financeiro 2005' (fl. 69). Cabe
ressaltar que essa rubrica foi utilizada até maio/2005 para pagamento ao IPD da taxa de administração,
conforme "Anexo- II - Discriminação das Despesas", referente aos valores aplicados até setembro/2005
(fls. 83/84). A partir de ago/2005, essa rubrica passou a abrigar 'Despesas de gestão Central' (fl. 87),
porém não mais para o IPD e sim para outros fornecedores como AWE Serviços Ltda. ME (que tem como
sócio o Sr. Avelino Romero, Gerente Financeiro do IPD - fls. 119/121), DLM - Consultoria e Gestão
Ltda. (que tem como sócia a Sra Maria de Lourdes Domakoski, que trabalha no IPD, com poderes de
movimentação da conta específica do Orbis no Banco Itaú - ver fl.88), Losso, Malina Losso Advogados
Associados, etc., indicando que o pagamento ao IPD está sendo realizado por meios desses fornecedores.
Grifamos'
70. Afirmam que 'as assertivas que constam no item 14 da instrução' que relacionam despesas de
administração com os valores repassados (10%) não prosperam - 'não há prova material nos autos que
corrobore o argumento da douta Unidade Técnica. Pelo contrário, segundo verifica-se da prestação de
contas apresentada pelo IPD, o numerário referido foi utilizado para pagamento de despesas afetas ao
Projeto Orbis-MC.'
71. Também não haveria prova material que pudesse comprovar a afirmação de que nos meses
subsequentes - 'A partir de ago/2005', a taxa de administração foi paga por meio de contratos celebrados
com prestadores de serviços.
ANÁLISE - III (item 'c' da audiência dos diretores do Sesi/PR)
72. Embora os justificantes argumentem que não existem provas materiais de que tenha havido
pagamento de taxa de administração, os pagamentos realizados às empresas AWE e à DLM caracterizam-
se como despesas administrativas.
73. O objeto do contrato firmado com a AWE, em julho de 2005, é a 'prestação de serviços pela
CONTRATADA, objetivando o planejamento, adequação e operacionalização de atividades
administrativas, contábeis e tributárias, relativas ao projeto OBSERVATÓRIO REGIONAL BASE DE
INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE METROPOLITANO DE CURITIBA - ORBIS MC (...)'
(grifei) - fls. 474. Já o contrato firmado com a DLM CONSULTORIA E GESTÃO LTDA., em setembro
de 2005, tem por objeto a 'o planejamento, adequação e operacionalização de atividades administrativas,
gestão de convênios de cooperação do IPD (...)' (grifei) - fls. 467.
74. Esta questão foi comentada na instrução anterior, quando se analisa os esclarecimentos então
trazidos pelo Sr. Carlos Alberto Del Claro Gloger - Secretário de Desenvolvimento do IPD, a respeito dos
146
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
gastos com taxa de administração - parágrafo 92 da instrução de fls. 507/530. Conforme ficou então
consignado, não é razoável o argumento de que os dispêndios efetuados a título de 'taxa de administração'
e de 'gestão central do IP' referem-se a despesas com implementação do projeto. Por que é que estas
despesas não foram apresentadas como tal, de forma discriminada e com os devidos comprovantes, nas
prestações de contas, uma vez que foram computadas? Também não é razoável imaginar que as despesas
com 'implementação do Projeto', por mera coincidência, correspondam exatamente a 10% do repasse,
como demonstrado no parágrafo 14 do relatório de inspeção, já transcrito nesta instrução - parágrafo 69.
75. Também são caracterizados como despesas administrativas os pagamentos efetuados à BICCA
Consultoria, Investimentos e Administração de Bens S/C Ltda. Esta empresa celebrou com o IPD, em
1/9/2000, um contrato de prestação de serviços cujo objeto é o 'planejamento, controle e gerenciamento
das atividades operacionais, administrativas e comerciais do IPD'. Em 10/3/2004 o contrato foi aditado
(fls. 115/116). Na cláusula que define o objeto, passou a constar que 'Além das obrigações assumidas no
contrato original o IPD se responsabiliza pela gestão administrativa, financeira e pelas relações
institucionais do Projeto Observatório Base de Indicadores de Sustentabilidade Metropolitano de Curitiba,
Orbis-MC.' A Bicca já gerenciava, pelo contrato original, as atividades administrativas do IPD. Com o
aditivo, ficou consignado que essas atividades englobavam o Projeto Orbis.
76. Considero que os argumentos apresentados são insuficientes para justificar a ocorrência.
Proponho, ao final, que a questão seja tratada em processo apartado, em sede de Tomada de Contas
Especial.
18. Questionamento IV (546 e 553): "Realização de despesas cujas justificativas ou comprovantes
foram considerados insuficientes em 72,13% do que foi examinado em relação às contas contábeis:
DESPESAS DE VIAGENS (3.1.01.04...); ASSESSORIA E CONSULTORIA (3.1.01.06.02...);
PROMOÇÕES E EVENTOS (3.1.01.06.08...); e, MUNDIAL DO ATLETISMO DO TRABALHADOR
(6.2.03.99.03)" - item 'd' da audiência dos diretores do Sesi/PR
19. A seguir, serão transcritos trechos do relatório de inspeção que melhor contextualizam este
ponto da audiência dos diretores do Sesi/PR.
"31. Com a interrupção de transferências para o IEL [Acórdão TCU nº 614/2005 - Plenário] a maior
parte dos recursos passaram a ser geridos diretamente pelo Sesi e pelo Senai. Muitas atividades que eram
identificadas como projetos no âmbito do Instituto passaram a ser administradas de forma pulverizada, ao
serem assumidas pelos então concedentes, por meio dos seus diversos departamentos. Assim, tornou-se
impossível identificá-las de forma compartimentada, conforme pretendia a equipe, para averiguar a gestão
dos recursos, já que, de acordo com a denúncia, continuavam em uso as mesmas práticas antes adotadas
por intermédio do IEL.
32. Constatada essa dificuldade, selecionou-se algumas contas contábeis (grupos de contas) para
exame detalhado das despesas, em determinado período. Desse modo, poderiam ser identificadas
possíveis irregularidades, que estariam consubstanciadas na adoção de práticas semelhantes às
anteriormente praticadas, conforme constatado em inspeção realizada em 2004 (TC nº 004.531/2004-5)."
20. No relatório de inspeção, a título de exemplo, foram apresentadas algumas das ocorrências
constatadas nessas contas (itens 52/67 do relatório de fls. 224/255). Os diretores do Sesi/PR apresentaram
suas razões de justificativa acerca dessas ocorrências que forma apresentadas nos itens 77/94 da instrução
de fls. 1527/1581.
21. A seguir, serão transcritos parágrafos da análise da Secex-PR que resumem o parecer da
Unidade Técnica.
"111. Conforme já comentado, os demonstrativos contábeis e financeiros são de difícil averiguação
e as falhas verificadas afetam a confiabilidade desses demonstrativos.
112. Considero que as justificativas trazidas em relação aos questionamentos que compõem este
item da audiência não são plenamente aceitáveis. Contudo, os justificantes assumem as falhas nos
lançamentos e demonstrativos contábeis e trazem esclarecimentos que se revestem de certa razoabilidade.
113. Em relação às despesas questionadas a título de exemplo no relatório de inspeção - Itens dos
lançamentos contábeis nº 117, nº 84 e nº 43, as justificativas apresentadas levam a inferir que é admissível
147
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
que tais despesas tenham sido, de fato, realizadas. Os elementos que foram possíveis colher durante a
inspeção e tudo o que consta dos autos não permitem maiores questionamentos a estas despesas.
114. Assim, entendo que cabe determinação ao Sesi/PR no sentido de se evitar que as falhas ora
detectadas na apropriação de despesas venham a ocorrer novamente.
115. É necessário, em razão do princípio da transparência (e da publicidade), que sejam adotados
mecanismos capazes de evidenciar prontamente a efetiva realização das despesas contabilizadas.
116. Além disso, em razão do principio da finalidade (de supremacia do interesse público), também
aliado ao princípio da transparência, é necessário que previamente à realização de cada despesa haja
certificação de que sua realização atende aos objetivos institucionais da entidade. Para isso, todas as
despesas devem ser precedidas de autorizações. Essas autorizações têm que conter demonstrações claras
da necessidade e da finalidade da despesa a que se refere.
22. Questionamento V (546 e 553): "Em relação ao contrato firmado com Justen, Pereira, Oliveira
e Talamini Sociedade de Advogados, em 12 de dezembro de 2005 (item 'e' da audiência dos diretores do
Sesi/PR): contratação de serviços advocatícios sem licitação; e pagamento de honorários decorrentes do
respectivo contrato sem que se caracterize a existência de interesse do Sesi"
"117. Os dirigentes do Sesi/PR alegam que a contratação foi realizada sem licitação com
fundamento na hipótese de inexigibilidade prevista no art. 10, II, do Regulamento de Licitações e
Contratos do Sesi, que assim estabelece:
'Art. 10. A licitação será inexigível quando houver inviabilidade de competição, em especial:
(...)
II - na contratação de serviços com empresa ou profissional de notória especialização, assim
entendido aqueles cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior,
estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica ou outros requisitos
relacionados com sua atividade, permita inferir que o seu trabalho é o mais adequado à plena satisfação
do objeto a ser contratado;'
118. Informam, a propósito de ter sido apontado no relatório de inspeção que o contrato em questão
não traz a identificação de quem o assinou na condição de representante do Sesi, que foi assinado por
Arthur Carlos Peralta Neto, que naquele ato representou o diretor regional do Sesi/PR, mediante
procuração (fls. 738, Anexo VII).
119. A contratação estaria amparada na hipótese de inexigibilidade, uma vez que haveria
inviabilidade de competição. Os parâmetros de inexigibilidade adotados pelo TCU seriam:
- tratar-se de serviço inédito ou incomum, que exige um grau de subjetividade insuscetível de ser
medido pelos critérios objetivos inerentes ao processo de licitação;
- notória especialização do prestador do serviço, na área em que se insere o objeto pretendido.
120. Os serviços objeto do contrato possuiriam características próprias, em razão do grau de
complexidade e por não encontrarem precedentes no Sesi/PR. Além disso, exigiria um grau de confiança
por parte do contratante 'impossível de ser avaliado mediante procedimento licitatório, haja vista os
critérios objetivos que o norteiam.'
121. A par disso, sustentam que não é correta a posição da Unidade Técnica de que não poderia
haver interesse da Entidade na contratação de escritório de advocacia, uma vez que o interesse seria do
Administrador.
122. Afirmam que 'o objeto do contrato, desde sua gênese, teve relação com a defesa técnica do
Sesi, e não de seus administradores'. Cada representante atua em nome da Entidade. A doutrina e a
jurisprudência seriam favoráveis a que esses representantes tenham defesa técnica patrocinado pelo órgão
em nome do qual atuam.
123. Ressaltam que 'a intenção do administrador ao contratar os serviços técnicos não foi a
prestação de serviço a si mesmo, mas a prestação de serviço em prol do Sesi/PR.' Os pontos principais da
prestação de serviços 'são inerentes a defesa do Sesi/PR perante o TCU, não da pessoa física de seus
administradores'. Na hipótese de elaboração de defesa perante o Ministério Público, haveria necessidade
de aditamento do contrato, conforme já avençado.
148
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
124. Concluem afirmando que está clara a boa-fé da Administração e que não podem persistir os
argumentos da Secex-PR.
ANÁLISE - V (item 'e' da audiência dos diretores do Sesi/PR)
125. Em relação a esta questão, entendo que o primeiro ponto a ser debatido é a inexistência de
interesse do Sesi na contratação.
126. Verifica-se que o objeto do contrato é 'a orientação e assessoramento do CONTRATANTE no
que se refere às auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas da União a partir da representação da
Secex-PR, autos 4531/2004, assim como o processo administrativo frente ao Ministério Público Federal
dele derivado, atualmente encaminhado ao Ministério Público do Estado do Paraná.' Dentre as medidas
que o escritório de advocacia poderá propor, de acordo com a cláusula 2ª do contrato, consta: '(ii)
Impugnar o 'mérito' da imputação acerca da existência de indícios de irregularidades'. - contrato juntado
às fls. 614/618 do Anexo IV.
127. As deliberações do Tribunal nos autos consubstanciaram-se em determinações ao Sesi/PR e ao
Senai/PR no sentido de proteger os interesses das entidades. Trata-se do Acórdão TCU nº 2107/2004, do
Acórdão TCU nº 614/2005 e do Acórdão TCU nº 1599/2005, todos do Plenário.
128. Por meio do Acórdão TCU nº 614/2005 (18/5/2005) o Tribunal tornou definitivo, em relação
aos convênios então existentes entre o Sesi/PR (e o Senai/PR) de um lado, e de outro lado o IEL, o caráter
da medida cautelar que havia sido adotada por meio do Acórdão 2107/2004, determinando ao Sesi/PR (e
ao Senai/PR) que não efetuassem, por meio dos instrumentos de convênio genéricos já celebrados,
quaisquer repasses financeiros ao IEL.
129. Por meio do Acórdão TCU nº 1599/2005 (5/10/2005) o Tribunal determinou a constituição de
processo apartado, convertendo-o em tomada de contas especial e determinando a citação dos envolvidos
em irregularidades então apuradas. Além disso, autorizou a realização de audiências de dirigentes do
Sesi/PR (e do Senai/PR), dentre eles os ora justificantes, em razão de ocorrências apontadas pela Unidade
Técnica como irregulares.
130. É de notar que o último Acórdão foi proferido em outubro de 2005. O contrato que ora se
discute foi firmado posteriormente, em dezembro (mesmo ano). Então a contratação teria o propósito de
contestar as deliberações do TCU. Infere-se que a intenção seria recorrer em relação às determinações, ou
atuar na defesa dos dirigentes que viriam a ser citados e dos que seriam chamados em audiência.
131. Até o momento, e em data posterior à contratação, a entidade não ingressou com nenhuma
medida recursal contra as determinações. Então, a atuação da contratada só pode ter sido em prol da
defesa dos dirigentes.
132. Não é necessário que advogados da contratada figurem como subscritores de qualquer peça
processual porventura encaminhada ao Tribunal. O contrato prevê que a atuação pode se dar por meio de
assessoramento ao quadro de advogados da própria entidade - 'poderá colaborar na elaboração e (ou)
revisão de manifestações elaboradas por outros advogados internos do CONTRATANTE ou externos que
venham a ser contratados'.
133. Assim, reafirmo o entendimento de que inexiste interesse do Sesi nesta contratação.
134. Ainda que se admitisse, por hipótese, a existência de legítimo interesse do Sesi/PR, restaria a
questão da contratação sem licitação.
135. Discordo dos argumentos trazidos pelos justificantes. Em que pese o notório conhecimento
jurídico do Dr. Marçal Justen Filho, entendo que o objeto do contrato não é a prestação de um serviço
inédito ou incomum.
136. O processo do TCU (TC 004.531/2004), de que trata a contratação, não envolve questões que
exigem um conhecimento incomum de direito. As deliberações do Tribunal naquele processo estão
relacionadas a gastos considerados irregulares.
137. Conforme já comentado, além da conversão do processo em TCE, o Tribunal autorizou, no
item 9.5 do Acórdão TCU nº 1599/2005 - Plenário, a realização de audiência de dirigentes do Sesi/PR (e
do Senai/PR), de acordo com a participação de cada um, devido a práticas consideradas irregulares, assim
sintetizadas:
'9.5.1. despesas amparadas em documentos inidôneos;
149
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.5.2. despesas que beneficiaram funcionários das Entidades, sem comprovação da prestação de
serviços;
9.5.3. despesas sem relação com as atividades institucionais das Entidades;
9.5.4. despesas com cursos a pessoas sem vínculo;
9.5.5. aporte financeiro de R$ 91.711,25 à empresa Viddatech Eletromédica Ltda., dirigida por ex-
dirigente do Senai/PR;
9.5.6. repasse de R$ 265.043,00 e R$ 561.643,25 ao Instituto Paraná de Desenvolvimento - IPR
(sic.), presidido pelo Sr. Rodrigo Costa da Rocha Loures, sem qualquer comprovação de despesas;
9.5.7. pagamento de passagens aéreas com destino ao Canadá, para o Sr. Didio Costa Rocha Loures,
irmão do Sr. Rodrigo Costa da Rocha Loures;
9.5.8. ressarcimento de despesas pessoais da Sra. Larissa Rocha Loures Marczak, filha do Sr.
Rodrigo Costa da Rocha Loures, tais como faturas telefônicas, restaurante, taxi, hotel, supermercado,
combustível e pedágio;
9.5.9. diversos pagamentos à empresa LWL Comunicações Ltda., de propriedade do Sr. Luiz
Henrique Beauchamp Weber e Luciana Rocha Loures Weber, sobrinha do Sr. Rodrigo Costa da Rocha
Loures, ressaltando que algumas das notas fiscais foram atestadas pelo próprio prestador de serviços, Sr.
Luiz Henrique Beauchamp Weber;
9.5.10. despesas com viagens para Cleveland e outro destino não informado, para a Sra. Luciana
Rocha Loures Weber, sobrinha do Sr. Rodrigo Costa da Rocha Loures, sem comprovação de despesas ou
justificativas para os pagamentos; e
9.5.11. transferência de recursos do Sesi/PR e do Senai/PR ao IEL para serem utilizados no
pagamento de salários e/ou previdência social dos funcionários daquele Instituto;'
138. Somente fatos, que porventura não tivessem sido percebidos anteriormente pelo Tribunal,
poderiam levar à reformulação das deliberações. Supostos fatos teriam ocorrido no âmbito da
administração da entidade. Então, ninguém melhor do que a própria administração para demonstrá-los.
Não seria necessário notório conhecimento jurídico para essa demonstração.
139. Assim, reafirmo o entendimento de que não havia interesse do Sesi/PR na contratação. Os
dirigentes ora ouvidos em audiência tinham interesse pessoal em firmar o contrato.
140. Desse modo, entendo que é necessário que estes dirigentes assumam o ônus da contratação,
restituindo ao Sesi/PR o montante que foi pago em razão do contrato.
141. É de esclarecer que se constatou, na inspeção, que o valor pago foi de R$ 50.000,00. A nota
fiscal de prestação de serviço que consta no processo refere-se à 2ª parcela do contrato (R$ 25.000,00) -
fls. 608 do Anexo IV. Entretanto, isso corresponde a uma parte apenas da remuneração - item 'a' da
cláusula terceira.
142. O contrato prevê várias possibilidades de se pagar honorários adicionais: item 'b' - êxito final
administrativo; item 'c' - propositura de medida judicial destinada a liberar o convênio Sesi/Senai-IEL; e,
item 'd' - propositura de medida judicial destinada a impugnar a decisão do TCU acerca dos indícios de
irregularidade.
143. No caso de êxito final administrativo pleno (mais R$ 80.000,00); êxito final administrativo
parcial (mais R$ 50.000,00); êxito final administrativo limitado (mais R$ 20.000,00). Na hipótese de
propositura de medida judicial destinada a impugnar a decisão do TCU, os honorários adicionais de pró-
labore serão de R$ 40.000,00, aos quais poderão ser acrescidos outros, dependendo do desfecho. Cada
hipótese de desfecho contempla um adicional de êxito, que em caso de êxito final pleno é de R$
100.000,00.
144. Considerando que inexiste interesse do Sesi nesta contratação, é necessário que os ora
justificantes, verdadeiros interessados, promovam o ressarcimento da importância paga. Formulo
proposta, ao final, de constituição de processo apartado, em sede de tomada de contas especial, para
tratamento dessa questão. Entretanto, o que se apurou na inspeção é que foram pagos R$ 50.000,00.
Sabendo-se que isso corresponde a uma parte apenas da remuneração, faz-se necessário averiguar se não
foram efetuados outros pagamentos.
150
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
145. Desse modo, entendo que é necessário, no processo de TCE, realizar, previamente à citação,
diligência ao Sesi/PR, solicitando que informe, em relação ao contrato firmado em 12/12/2005, com
Justen, Pereira, Oliveira e Talamini Sociedade de Advogados, quais foram as datas dos pagamentos das
duas parcelas de R$ 25.000,00 e se foi realizado, ou não, algum pagamento além do correspondente ao
item 'a' da cláusula terceira. Caso tenha havido, que informe os valores e respectivas datas de pagamentos.
23. Questionamento VI (fls. 546, 553 e 561): "afronta aos princípios da impessoalidade, da
legalidade e da publicidade, configurada pelas seguintes ocorrências (item 'f' da audiência dos diretores
do Sesi/PR e item 'b' da audiência do diretor regional do Senai/PR)"
"1) ausência de efetivo processo seletivo para admissão de pessoal, caracterizada por alguma(s)
da(s) seguintes situações:
1.1) falta de publicidade;
1.2) inexistência de processo seletivo, propriamente (não apresentado por ocasião da inspeção);
1.3) simples transferência de outra entidade (IEL);
1,4) contratação de comissionados para cargos efetivos, sem qualquer seleção;
1.5) seleção mediante entrevista, ou simples certificação de aptidão psicológica;
1.6) preterição de candidatos melhor classificados em provas técnicas, sem que tenha sido
demonstrado o motivo para tal;
2) contratação de pessoal sem prévia definição do quadro de cargos pelos Conselhos (Sesi e Senai);
3) fixação de padrões de vencimentos sem aprovação dos Conselhos;
4) fixação de salários individuais em desacordo com o próprio padrão adotado;'
146. É de esclarecer, preliminarmente, que as ocorrências apontadas nos subitens 1 a 4 dizem
respeito ao Sesi/PR e ao Senai/PR - correspondem aos subitens 'f.1' a 'f.4' da audiência dos diretores do
Sesi e aos subitens 'b.1' a 'b.4' do diretor regional do Senai. Já as ocorrências apontadas nos subitens 5 e 6
dizem respeito somente ao Senai/PR - correspondem aos subitens 'b.5' a 'b.6' da audiência do diretor
regional do Senai.
147. Em relação aos subitens cujos questionamentos (e a própria redação) são os mesmos, as
justificativas apresentadas pelos representantes das duas entidades também são basicamente as mesmas.
148. Assim, entendo desnecessário repetir integralmente o relato das duas justificativas
apresentadas. Sintetizo primeiramente as razões de justificativas apresentadas pelos dirigentes do Sesi.
Posteriormente, acrescento algumas particularidades que constam nas justificativas que dizem respeito a
questões ligadas apenas ao Senai.
Razões de Justificativas - diretores do Sesi/PR
149. O diretor regional e o Superintendente Regional do Sesi/PR iniciam suas justificativas
reconhecendo que os apontamentos da Unidade Técnica relacionados às questões de recursos humanos
foram efetuados com fundamento na jurisprudência do TCU. Contudo, manifestam discordância em
relação à jurisprudência do Tribunal - 'da qual, com o máximo respeito, se discorda'. Sustentam que 'não
se aplicam aos serviços sociais autônomos os princípios próprios das atividades públicas haja vista a sua
natureza eminentemente privada.'
150. Fundamentam seu posicionamento em parecer elaborado pelo Advogado Diogo de Figueiredo
Moreira Neto, do qual transcrevem a ementa - fls. 739/784 do Anexo VII.
151. De acordo com o parecer, haveria distinção entre o que dispõe o caput e o que dispõe o
parágrafo único do art. 70 da Constituição. Seriam comandos alternativos - ou se aplicaria o caput, ou se
aplicaria o parágrafo único.
152. Os serviços sociais submeter-se-iam apenas ao que dispõe o parágrafo único do art. 70. Teriam
apenas a obrigação de prestar contas. Estariam sujeitos tão somente à observância das finalidades dos
recursos que lhes fossem repassados.
De acordo com o citado parecer,
'(...) o Colendo Tribunal de Contas da União tem considerado que essas entidades estariam
submetidas às normas constitucionais aplicáveis à administração pública, nominadamente aos princípios
da legalidade, da publicidade, da moralidade e da impessoalidade (estes, constantes do art. 37, caput, da
151
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Constituição), mais o da finalidade (inferido do art. 2º, e, da Lei nº 4.717, de 29/6/1965) e, ainda, o da
isonomia (princípio fundamental, do art. 5º, caput, CF).
Está-se, portanto, ante interpretação jurisdicional que extrapola a imposição de obrigações públicas
concretas de fazer, que são aplicáveis exclusivamente a pessoas administração pública, para estendê-las
àquelas entidades privadas de colaboração, como o são os serviços sociais autônomos, desse modo
caracterizados no direito administrativo brasileiro, não obstante inexistir qualquer dispositivo
constitucional ou infraconstitucional que autorize ou justifique essa extenção interpretativa. (negritos no
original).'
154. Prosseguindo, os justificantes abordam cada uma das ocorrências apontadas como
caracterizadoras de indício de irregularidade.
155. Em relação à ausência de efetivo processo seletivo e à falta de publicidade, reconhecem que
'parte dos testes seletivos realizados no âmbito do Sesi/PR até dezembro de 2005, não se enquadravam
nos ditames estabelecidos por esta E. Corte de Contas.' Entretanto, a partir de janeiro de 2006 esta
situação teria sido ajustada. Afirmam que toda e qualquer contratação de mão de obra passou a ser
divulgada através de uma das seguintes opções: publicação de anúncio em jornal; Banco Nacional de
Empregos; Agência do Trabalhador; Rádio (exclusivo para as cidades do interior do Estado); ou Edital
(em mural interno). Juntaram cópias de publicações de anúncios de seleção em jornais e de editais que
teriam sido divulgados, bem como de solicitações à Agência do Trabalhador - fls. 785/757 do Anexo VII.
156. No que diz respeito à realização de entrevistas para seleção em data anterior à de publicação,
conforme apontado no relatório de inspeção - final do parágrafo 73, afirmam que o anúncio que foi
disponibilizado à equipe de fiscalização, datado de 19 de fevereiro de 2006, não se referia à aludida
contratação. Juntam cópia de publicação de anúncio datada de 18/12/2005 - fls. 858 do Anexo VII.
f.1.2) inexistência de processo seletivo, propriamente (não apresentado por ocasião da
inspeção)
157. Em relação a esse quesito, contestam o que foi apontado pela equipe de inspeção (parágrafo 72
do Relatório). Afirmam que, à exceção das contratações para cargos de confiança e daquelas por prazo
determinado, todas ocorreram mediante teste seletivo, de acordo com os normativos internos do Sesi/PR.
158. Embora afirmando que as contratações têm se realizado mediante processo seletivo, sustentam
que ainda que inexistissem, 'nas poucas contratações apontadas', não seria suficiente para caracterizar má-
fé dos gestores, pois isto não se configuraria em dano ao erário.
159. Ressaltam que desde o início deste ano o Sesi/PR estabeleceu uma série de procedimentos que
são cumpridos em cada contratação: 1º) divulgação; 2º) inscrições; 3º) análise do perfil; 4º) avaliação de
conhecimento técnico (aplicação de prova técnica); 5º) entrevista com a área de Recursos Humanos; 6º)
entrevista com a área solicitante (Gestor imediato e demais envolvidos); 7º) aprovação do candidato.
Juntam documentos correspondentes a testes seletivos realizados - fls. 859/1287 do Anexo VII.
f.1.3) simples transferência de outra entidade (IEL)
160. Em relação à contratação [de Gina Paladino] por simples transferência do IEL, afirmam que a
contratação ocorreu por necessidade do serviço, em razão de sua formação acadêmica/titulação e
experiência profissional. Apresentam o currículo da contratada, procurando, com isto, demonstrar sua
vasta formação acadêmica.
161. Argumentam que o IEL e o Sesi/PR fazem parte do mesmo grupo econômico e que em razão
disso não se poderia impingir redução de salário à funcionária ao transferi-la de uma entidade para a
outra. Afirmam que Gina Paladino foi contratada inicialmente pelo IEL para a função de Diretora.
Ressaltam que a funcionária exerce cargo de confiança, demissível ad natum, o que a exime de prestar
teste seletivo público.
162. Informam que desde agosto de 2005 toda e qualquer transferência de empregados que
compõem o Sistema Fiep ocorre tão somente quando o empregado de uma das casas obtém êxito em
processo seletivo público, concorrendo de forma isonômica com candidatos externos.
f.1.4) contratação de comissionados para cargos efetivos, sem qualquer seleção
163. Em relação à esta questão, manifestam-se reconhecendo 'o equívoco ocorrido na contratação
dos profissionais para ocuparem cargos de confiança' e informam que está sendo elaborado um novo
152
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
plano de cargos, que estaria em 'fase de aprovação' pelo conselho regional. De acordo com este novo
plano as funções de gestão seriam ocupadas obrigatoriamente por funcionários pertencentes ao quadro de
carreira da Entidade. As funções de confiança seriam ocupadas por funcionários pertencentes ao quadro
de carreira, ou por profissional contratado exclusivamente para esse exercício.
f.1.5) seleção mediante entrevista, ou simples certificação de aptidão psicológica
164. Os justificantes contestam o relatório de inspeção em relação a este item. As admissões teriam
sido efetuadas com base em 'critérios, levando-se em consideração as práticas vigentes da Entidade.'
f.1.6) preterição de candidatos melhor classificados em provas técnicas, sem que tenha sido
demonstrado o motivo para tal
165. O diretor-regional e o diretor-superintendente do Sesi/PR procuram justificar esta ocorrência
afirmando que os candidatos, além de serem submetidos a prova técnica, estão sujeitos a entrevistas. Os
candidatos que obtêm nota a partir de 7,0 na prova técnica, passam pela entrevista, 'que apenas confirma a
experiência profissional e avalia as competências comportamentais'. Juntam documentos através dos
quais pretendem comprovar esta assertiva - fls. 1288/1294 do Anexo VII.
166. Afirmam que a Secex-PR não apontou um caso específico em que tenha ocorrido preterição de
candidato melhor classificado em prova técnica. De todo modo, argumentam que isso ocorreu em razão
do resultado da entrevista.
f.2) contratação de pessoal sem prévia definição do quadro de cargos pelos Conselhos (Sesi e
Senai)
167. Os justificantes argumentam que os dispositivos do Regulamento Nacional do Sesi que foram
evocados no relatório de inspeção em face dessa ocorrência não trazem menção expressa quanto à
necessidade de que se quantifique previamente a composição dos quadro de empregados. Assim, a
irregularidade apontada não subsistiria.
168. Não obstante, informam que o Sesi/PR já definiu junto ao seu conselho regional o quadro
quantitativo de empregados. Junta cópia de ata de reunião do conselho regional do Sesi/PR na qual o Sr.
Pontes (diretor de administração e controle) 'demonstrou o quadro de funcionários, expondo o número
total de 1496 pessoas', o que corresponde a um quadro (Execução Orçamentária - Sesi) em que se
compara 2006 e 2007 - fls. 1312/1316 e 1317 do Anexo VII.
169. Informam que a necessidade de pessoal está baseada nos planos de trabalho da Entidade. O
número de empregados necessários é apresentado ao conselho regional e as contratações são efetuadas
dentro desse patamar.
170. Além disso, afirmam que uma nova contratação somente ocorre após o cumprimento de etapas
seqüenciais. Inicialmente as unidades devem obter aprovação da vaga pela gerência regional e
encaminhar o pedido à área de planejamento e desenvolvimento de recursos humanos. Nas coordenações
regionais as vagas devem ser aprovadas pelas respectivas diretorias, dando-se o mesmo encaminhamento.
A área de planejamento e desenvolvimento de RH analisa semanalmente a necessidade, levando em
consideração o orçamento aprovado para contratações e a necessidade de expansão. Finalmente, a
requisição de contratação é submetida à análise e aprovação do comitê de diretoria, que levará em
consideração a expansão do negócio, o volume dos serviços e o impacto financeiro decorrente da
contratação solicitada.
f.3) fixação de padrões de vencimentos sem aprovação dos Conselhos
171. Afirmam os justificantes que o novo Plano de Cargos e Salários, 'que se encontra em fase de
aprovação no Conselho Regional do Senai/PR (Sic.), inclui a Tabela Salarial a ser praticada para as novas
contratações.' Esta nova tabela servirá também para enquadramento dos atuais funcionários.
f.4) fixação de salários individuais em desacordo com o próprio padrão adotado
172. Mais uma vez os justificantes recorrem ao novo plano de cargos e salários que estaria para ser
aprovado e evitaria 'este tipo de distorção'. Informam, além disso, que as contratações 'já procedidas, fora
da política salarial vigente' são casos pontuais e decorrem da 'notória especialização do profissional
contratado, e sempre de acordo com os salários praticados no mercado'.
Razões de Justificativas - diretor regional do Senai/PR
153
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
173. Em relação aos subitens cujos questionamentos (e a própria redação) são os mesmos
apresentados aos diretores do Sesi, as justificativas apresentadas pelo diretor regional do Senai/PR
também são basicamente as mesmas.
174. Assim, conforme já exposto, entendo desnecessário repetir integralmente o relato das
justificativas. Acrescento apenas particularidades que constam nas justificativas e que dizem respeito tão
somente a questões ligadas ao Senai.
Subitem 'b.1.1'
175. As justificativas apresentadas em nada diferem das que foram trazidas pelos dirigentes do
Sesi/PR, ressalvado apenas que nestas não consta o último parágrafo (daquela - dos dirigentes do Sesi), o
qual procura esclarecer questão relacionada a processo seletivo realizado para a Universidade da
Indústria, a respeito do qual haviam sido apresentados documentos à Equipe de Inspeção que não
corresponderiam a tal processo.
176. Quanto aos documentos trazidos em anexo às justificativas, diferentemente do que se verificou
em relação aos anúncios de seleção do Sesi/PR, os do Senai/PR não informam as datas das provas.
Subitem 'b.1.3'
177. Em relação às constatações de simples transferência de outra entidade (IEL), sustenta que isso
ocorreu porque os funcionários (Geraldo Morceli Bolzani e Gilson Monteiro Fonseca) atuavam em
projeto que foi transferido do IEL para o Senai/PR. Os projetos seriam: APL's - Arranjos Produtivos
Locais e RETEC - Rede de Tecnologia. O IEL não poderia continuar arcando com os custos de tais
projetos.
Subitem 'b.2'
178. Também nesse subitem as justificativas, com as devidas adaptações, são idênticas às dos
diretores do Sesi. Juntaram cópia de Ata do Conselho Regional, à qual foi anexado um quadro (Execução
Orçamentária - Quadro e Despesas de Pessoal), buscando, com esses documentos, demonstrar que existe
deliberação prévia do Conselho definindo o quadro de cargos - fls. 1307/1311.
(...)
ANÁLISE - VI - diretores do Sesi/PR
186. O argumento de que há dissociação entre o comando contido no cáput do art. 70 da
Constituição e o que dispõe o seu parágrafo único contraria a idéia básica do que seja um sistema jurídico.
Harmonia é premissa básica do sistema jurídico como um todo. Como então conceber que o caput de um
artigo da Constituição dite um comando normativo e um parágrafo desse mesmo artigo dite outro. Isto
somente pode ocorrer quando expressamente se estabelece que se trata de ressalva ou de exceção, o que
absolutamente não é o caso do art. 70.
187. Isto significa dizer que é vedado ao TCU fiscalizar os serviços sociais quanto à legalidade, à
impessoalidade, à moralidade, à publicidade e à eficiência. Ora, não haveria o menor sentido o TCU
examinar as contas, se não pudesse certificar-se de que os recursos foram aplicados de acordo com estes
princípios. Que exame de contas seria esse?
188. Os próprios justificantes reconhecem a realização de testes seletivos, 'até dezembro de 2005',
sem a devida publicidade. Embora sustentem que a partir de 2006 a situação foi ajustada, os documentos
juntados (cópias de publicações de anúncios de seleção em jornais e de editais que teriam sido
divulgados, bem como de solicitações à Agência do Trabalhador) demonstram que o prazo que permeia
estas divulgações e a realização das provas, ou de apresentação de currículo, continua exíguo, a exemplo
do que se verifica nas publicações de fls. 804 e 806 do Anexo VII.
189. Verifica-se, dentre os documentos que vieram em anexo às justificativas, que os editais de
divulgação, que supostamente teriam sido afixados em mural interno, contém restrição de acesso - 'Estar
contratado pelo Sistema FIEP (Sesi, Senai, IEL), há pelo menos um ano na área atual.' - fls. 785/797 do
Anexo VII.
190. Os documentos trazidos são insuficientes para demonstrar que os procedimentos avaliativos da
chamada 'análise do perfil' e das entrevistas sejam realizados por meio de critérios objetivos, capazes de
conferir isonomia ao processo de escolha e de possibilitar averiguação e controle dos atos a posteriori.
154
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
191. Constata-se que Gina Gulineli Paladino foi admitida, em 5/1/2004, para o cargo de técnica de
nível superior, pelo IEL. Somente em março é que foi nomeada para o exercício de cargo de confiança,
mediante Portaria emitida por Rodrigo Costa da Rocha Loures, na qualidade de presidente do sistema
FIEP e de diretor regional do IEL/PR - doc. de fls. 508 e 504 (respectivamente) do Anexo V. Os próprios
justificantes argumentam que Gina Paladino foi contratada inicialmente pelo IEL para a função de
diretora, indicando que naquela contratação também não foi submetida a processo seletivo.
192. Em 1/7/2005 a empregada foi transferida do IEL para o Sesi/PR mediante portaria emitida
também por Rodrigo Costa da Rocha Loures, na qualidade de presidente do sistema FIEP e de diretor
regional do Sesi/PR (fls. 509 do Anexo V). É de notar que consta nesta Portaria que a Sra. Gina Gulineli
Paladino é transferida do 'quadro funcional' do IEL para o 'quadro funcional' do Sesi/PR. Além disso,
consta na portaria as seguintes observações: 'a transferência se dá em caráter definitivo; a transferência se
dá sem resilição do contrato de trabalho; (...) a empregada passará a ocupar o cargo de confiança de
Assessora do diretor regional do Serviço Social da Indústria do Paraná' (grifei).
193. As justificativas apresentadas em relação à contratação de comissionados para cargos efetivos
sem qualquer seleção fogem do que foi apontado. Os argumentos são no sentido de que 'o equívoco
ocorrido' estaria relacionado ao fato de que foram contratados profissionais que não pertenciam ao quadro
de carreira da Entidade para ocupar cargos de gestão.
194. Não se questiona, neste item da audiência, o fato de que foram contratados profissionais para
ocuparem cargos de confiança sem realização de processo seletivo (parágrafo 75 do relatório de
inspeção). O que se questiona é que esses mesmos profissionais (contratados para cargos de confiança)
foram, ao mesmo tempo, contratados para cargos do quadro efetivo. Ocorre que desse modo esses
profissionais passam a fazer parte do quadro efetivo sem terem participado de processo seletivo para tal.
195. Em relação ao subitem 'f.1.5', que diz respeito à seleção mediante entrevista, ou simples
certificação de aptidão psicológica, a contestação com base no argumento de que as contratações teriam
sido efetuadas com base em 'critérios, levando-se em consideração as práticas vigentes da Entidade' não
tem como prosperar. Conforme demonstrado no Relatório, os documentos disponibilizados à Equipe de
Inspeção dão conta de que, naqueles casos especificados, a seleção limitou-se a referidos procedimentos.
O parágrafo 72 do Relatório remete às fichas que resumem cada uma das situações funcionais examinadas
e indicam os documentos que comprovam os apontamentos.
196. Considero que os argumentos trazidos em relação ao subitem 'f.1.6', bem como os documentos
juntados, também são insuficientes para justificar a ocorrência apontada.
197. Não é correta a afirmativa de que a Unidade Técnica não apontou um caso específico em que
tenha ocorrido preterição de candidato melhor classificado em prova técnica. Consta na parte final do
parágrafo 72 do relatório de inspeção a indicação dos documentos que evidenciam a ocorrência apontada
- fls. 200, 222/224, 230/231, 233, 257, 263 do Anexo V.
198. Quanto à contratação de pessoal sem prévia definição do quadro de cargos pelos Conselhos,
entendo, com base no que dispõe o Regulamento Nacional do Sesi (art. 39, alínea 'f' e art. 45, alíneas 'e' e
'f'), que há sim necessidade de que se quantifique previamente a composição dos quadro de empregados,
uma vez que assim dispõem:
'Art. 39. Compete a cada conselho regional:
(...)
f) aprovar os quadros, fixar os padrões de vencimentos, determinar o critério e a época das
promoções, bem como examinar quaisquer reajustamentos de salários do pessoal do departamento
regional;
(...)
Art.45. Compete ao diretor de cada departamento:
e) organizar o quadro de servidores da região, o seu padrão de vencimentos, os critérios e épocas de
promoção, bem como os reajustamentos de salários, para exame e deliberação do conselho regional.
f) admitir, promover e demitir os servidores da administração regional, dentro do quadro aprovado
pelo conselho regional;' (grifei).
155
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
199. Ademais, os justificantes não lograram demonstrar que de fato são realizados os
procedimentos seqüenciais que afirmam serem adotados previamente a cada contratação. O que consta na
ata de reunião do Conselho Regional e o quadro (Execução Orçamentária - Sesi) apresentados são
insuficientes para a comprovação de que são realizados ditos procedimentos.
200. Os argumentos apresentados em relação ao subitem 'f.3' (fixação de padrões de vencimentos
sem aprovação dos Conselhos) são no sentido de que existe uma intenção de corrigir a situação. Não
justificam as fixações de vencimentos que assim foram efetuadas (sem aprovação).
201. No que diz respeito à fixação de salários individuais em desacordo com o próprio padrão
adotado, entendo que o argumento de que são casos pontuais e estão relacionados com a 'notória
especialização do profissional contratado, e sempre de acordo com os salários praticados no mercado' não
é suficiente para justificar a ocorrência apontada. Embora tenham sido pagos salários iniciais maiores que
os que constavam na tabela de vencimentos adotada (maioria dos casos relacionados a esta ocorrência),
existem casos em que foram pagos salários a menor, conforme quadro de fls. 220/223.
202. Desse modo, considero que devam ser rejeitadas as justificativas trazidas em relação ao item 'f'
da audiência - afronta aos princípios da impessoalidade, da legalidade e da publicidade, relacionada à
contratação e fixação de vencimentos de pessoal. Como proposta de encaminhamento, sugiro aplicação de
multa nos termos do art. 58, II, da Lei nº 8443/1992. Além disso, determinação ao Sesi/PR para que
realize a cobrança dos valores que foram pagos a maior. Para isso, que a entidade instaure os devidos
processos administrativos, facultando a cada um dos empregados em tal situação o livre exercício do
contraditório e da ampla defesa.
ANÁLISE - VI - diretor regional do Senai/PR
203. A análise que se faz em relação aos subitens 'b.1', 'b.2', 'b.3' e 'b.4' é basicamente a mesma que
trata das justificativas apresentadas pelos diretores do Sesi/PR (item 'f' daquela audiência). Isto porque os
questionamentos (e a própria redação) são os mesmos apresentados àqueles diretores e as justificativas
que ora se analisam (do diretor regional do Senai/PR) também são basicamente as mesmas. Acrescento
apenas considerações relacionadas às ressalvas ou comentários adicionais que constam nestas
justificativas (questões específicas do Senai/PR), identificando os subitens a que se referem estes
acréscimos.
Subitem 'b.1.1' - análise
204. Tal qual os diretores do Sesi/PR, o diretor regional do Senai/PR reconhece a realização de
testes seletivos, 'até dezembro de 2005', sem a devida publicidade. Desse modo, considero, sob este
aspecto, que não restou justificada a ocorrência, uma vez que a audiência se fez baseada em situações
ocorridas também em período anterior, quando reconhecidamente deixou de existir publicidade nos testes
seletivos.
205. De todo modo, os exemplos trazidos (de 2006) não demonstram que tem havido efetiva
publicidade. Os anúncios em jornais não permitem verificar se existe um prazo razoável entre a
publicação e a realização do processo seletivo (fls. 800, 802, 803, 807 do Anexo VII). Considero que se o
prazo entre a divulgação e a realização do processo seletivo for muito pequeno limita-se a publicidade e
frustra-se o seu propósito.
206. As solicitações feitas à Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social, que
foram trazidas como exemplo de que agora tem havido publicidade, dão conta de que o prazo para 'envio
de indicações de profissionais' é exíguo, em torno de 5 dias, desde o protocolo da solicitação, conforme se
pode verificar, a título de exemplo, nas fls. 809 a 818 do Anexo VII.
Subitem 'b.1.3' - análise
207. O argumento de que IEL não poderia continuar arcando com os custos de projetos que foram
transferidos para o Senai não é suficiente para justificar a contratação dos funcionários Geraldo Morceli
Bolzani e Gilson Monteiro Fonseca sem realização de processo seletivo. Ademais também não foi
demonstrado que a contratação efetuada pelo IEL tenha sido realizada por meio de adequado processo
seletivo.
Subitem 'b.2' - análise
156
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
208. A análise que se faz em relação ao subitem 'b.2' também é a mesma que do subitem 'f.2'
(diretores do Sesi). O Regimento do Senai, aprovado pelo Decreto nº 494/1962, também estabelece que
cabe ao Conselho Regional, 'mediante proposta do Diretor do Departamento Regional, deliberar sobre os
quadros do pessoal' - alínea 'l' do art. 34.
(...)
5) contratação e manutenção de funcionário que exerce, em horário incompatível com as
atribuições do cargo para o qual foi contratado, atividade em outra entidade. Trata-se do Sr.
Frederico Reichmann Neto, que é funcionário da Companhia Paranaense de Energia - COPEL;
Subitem 'b.5' (Senai apenas)
179. O justificante argumenta que trata-se de profissional 'extremamente qualificado'. Graduado e
mestrado, segundo afirmam, em engenharia florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com
diploma de doutorado em meio ambiente, também pela UFPR, além de especialização em 'Agro-
Industrial and Ind. Managemant Program. United States Departament of Agricultre'.
180. Sustenta que devido a sua qualificação, 'é razoável que sua atuação no âmbito do Senai/PR não
seja a docência em sala de aula, mas a pesquisa direcionada à área de energia e meio ambiente'. Afirma
que dito profissional 'tem desenvolvido, no âmbito do Senai/PR, estudos na busca de novas fontes de
energia renováveis e formas da indústria otimizar a utilização das fontes energéticas existentes. Também
se encontra dentre suas responsabilidades proferir palestras e representar o Senai/PR em eventos,
seminários, grupos de estudos e encontros que versam sobre o tema.'
181. Assim, não haveria incompatibilidade entre o horário de trabalho na Copel e as atividades
desenvolvidas no Senai/PR, pois a figura do professor não se restringiria à jornada fixa, mas ao
cumprimento de metas de pesquisas, além da participação em seminários, eventos e palestras.
182. Acrescenta ainda que sua remuneração se justificaria devido à 'notória especialização', sendo
que o salário inicial de professor, previsto na tabela, não se refere à de professor pesquisador, detentor de
doutorado.
183. É de observar que juntamente com a documentação encaminhada pelo justificante vieram
correspondência encaminhada pelo Sr. Frederico à Procuradoria Jurídica do Sistema Fiep, datada de 20 de
março de 2007, comunicando que desde de 15 de março, do mesmo ano, não mantém mais vínculo com o
Copel - fls. 1525.
(...)
Subitem 'b.5' - análise
209. Em relação à situação do Sr. Frederico Reichmann Neto, as justificativas ora em análise
contrariam a informação prestada por ocasião da inspeção - item 2.2 do Ofício DAC - 068/2006 (fls.
154/156). A informação então prestada foi de que seu horário de trabalho seria das 14 às 18 hs. Não se
acrescentou qualquer observação ou esclarecimento adicional a tal informação.
210. Em que pese a qualificação do contratado, a julgar pelos títulos acadêmicos mencionados pelos
justificantes, os normativos, e as tabelas salariais, vigentes no Senai/PR, desde a época da contratação até
a inspeção, não contemplavam contratação sem horário definido. Também não forneciam amparo para
pagamento de salário diferenciado. O salário mensal que a ele vem sendo pago é maior do que o padrão
adotado pelo Senai/PR.
211. Observo que o justificante não trouxe provas de que o professor Frederico atua em pesquisas
direcionadas à área de energia e meio ambiente, além de proferir palestras e representar o Senai/PR em
eventos sobre o tema, e que por isso não se dedicaria à docência em sala de aula. Ademais, é de indagar
se o Senai/PR disporia, atualmente, de meios para realizar pesquisas dessa natureza que pudessem
representar algum avanço em relação às pesquisas que são realizados pelas instituições da área
tecnológica, que se dedicam a essas áreas e que são aparelhadas para tal.
212. Considero que é grave a contradição entre o que foi informado por ocasião da inspeção e o que
agora se afirma.
213. Informou-se na ocasião que seu horário de trabalho seria das 14 às 18 hs. Afirma-se agora que
o contratado não tem jornada fixa de trabalho. Ocorre que essa nova afirmação foi apresentada depois de
a Companhia Paranaense de Energia (Copel) ter informado que este mesmo contratado tinha vínculo com
157
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
relação às demais ocorrências objeto da audiência a eles dirigida. Rejeitar, ainda, as razões de
justificativas apresentadas pelos Srs. Carlos Sérgio Asinelli; Carlos Alberto Del Claro Gloger; e Avelino
Romero;
c) com fundamento no que dispõe a Lei nº 8443/1993 - art. 58, incisos II, aplicar multa aos
responsáveis:
- Rodrigo Costa da Rocha Loures (CPF nº 002.928.269-15) e Marcos Müeller Schlemm (CPF
nº087.649.139-53) - Diretor-Regional e Diretor-Superintendente do Sesi/PR, respectivamente, em razão
das ocorrências a que se referem os itens "a" (celebração dos Termos de Cooperação/Convênio/Contratos
por simples transferência do IEL/PR para o SESI/PR, sem as devidas adaptações determinadas por este
Tribunal constantes do Acórdão 614/2005-P, nos casos dos convênios e/ou sem a realização de processo
licitatório, nos casos de contratos) e "f" (afronta aos princípios da impessoalidade, da legalidade e da
publicidade, relacionada à admissão e gestão de pessoal) da audiência a eles dirigida;
- Carlos Sérgio Asinelli (CPF nº 080.459.339-68) - Diretor-Regional do Senai/PR, em razão das
ocorrências a que se referem a audiência a ele dirigida - celebração de Termos de Cooperação/Convênio/
Contratos sem as devidas adaptações determinadas por este Tribunal constantes do Acórdão 614/2005-P
(item "a" da audiência) e afronta aos princípios da impessoalidade, da legalidade e da publicidade,
relacionada à admissão e gestão de pessoal (item "b" da audiência);
d) constituir processos apartados, em sede de Tomada de Contas Especial, para que em cada um
deles sejam tratadas, separadamente, as seguintes questões:
d.1) despesas apropriadas indevidamente ao Projeto Observatório Regional Base de Indicadores de
Sustentabilidade Metropolitano de Curitiba (Orbis-MC), autorizando a realização de diligência para
aferição do montante do débito e a citação dos responsáveis solidários - Instituto Paraná de
Desenvolvimento - IPD/PR, CNPJ nº 01.146.526/0001-47; Carlos Alberto Del Claro Gloger, portador do
CPF nº 000.245.709-15 (secretário de desenvolvimento do Instituto); Avelino Romero, portador do CPF
nº 301.925.449-34 (gerente financeiro); de Rodrigo Costa da Rocha Loures, portador do CPF nº
002.928.269-15 (diretor-regional do Sesi/PR); e, de Marcos Müeller Schlemm, portador do CPF
nº087.649.139-53 (diretor-superintendente do Sesi/PR);
d.2) despesas realizadas com afronta ao princípio da supremacia do interesse público, caracterizadas
pela contratação e realização de pagamentos ao Escritório de Advocacia Justen, Pereira, Oliveira e
Talamini Sociedade de Advogados, sem que para tal se configurasse legítimo interesse do Sesi/PR,
autorizando a realização de diligência para aferição do montante do débito e a citação dos responsáveis
solidários - Rodrigo Costa da Rocha Loures (diretor-regional do Sesi/PR) e Marcos Müeller Schlemm
(diretor-superintendente do Sesi/PR);
d.3) realização de despesas decorrentes da contratação e manutenção do Sr. Frederico Reichmann
Neto, portador do CPF nº 064.507.179-04 (funcionário da Copel), sem que ficasse comprovada a efetiva
contraprestação em trabalho, autorizando a sua citação, solidariamente com o Sr. Carlos Sérgio Asinelli
(diretor regional do Senai/PR), para que no prazo de 15 (quinze) dias, contados da ciência, apresentem
alegações de defesa, ou recolham ao cofres do Senai/PR as importâncias adiante discriminadas: R$
4.666,67 (Out/04); R$ 5.000,00 (Nov/04); R$ 5.300,00 (dez/04); R$ 5.300,00 (jan/05); R$ 5.300,00
(fev/05); R$ 5.300,00 (mar/05); R$ 5.300,00 (abr/05); R$ 5.300,00 (mai/05); R$ 5.300,00 (jun/05); R$
5.300,00 (jul/05); R$ 5.300,00 (Ago/05); R$ 5.300,00 (set/05); R$ 5.300,00 (out/05); R$ 5.618,00
(Nov/05); R$ 5.618,00 (dez/05); R$ 5.618,00 (jan/06); R$ 2.621,73 (fev/06); R$ 2.996,27 (mar/06);
e) determinar à Secex-PR que providencie cópia dos documentos pertinentes (que constam destes
autos) a cada um dos processos de Tomada de Contas Especial a serem constituídos, para que neles sejam
autuadas;
f) determinar ao Sesi/PR que:
f.1) abstenha-se de repassar recursos ao IPD mediante convênio, instrumento similar, ou mesmo
contrato, com vistas à execução do Projeto Orbis-MC;
f.2) na celebração de novos convênios, ou ajustes similares, com qualquer entidade, em decorrência
dos princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e também do princípio da
161
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
finalidade, observe as disposições da IN STN nº 1/1997, fazendo constar nos respectivos instrumentos
contratuais cláusulas que estabeleçam:
f.2.1) objeto específico, com seus elementos característicos e descrição detalhada, objetiva, clara e
precisa do que se pretende realizar ou obter, que, comprovadamente, seja de interesse recíproco (comum)
das partes convenentes;
f.2.2) vinculação ao plano de trabalho previamente elaborado no qual, além da especificação
completa do bem a ser produzido ou adquirido, deverá previamente explicitar o valor a ser despendido na
sua obtenção e conter cronograma de desembolso, este último condizente com as fases ou etapas de
execução do objeto do convênio;
f.2.3) o compromisso do convenente de movimentar os recursos do convênio em conta bancária
específica;
f.2.4) a obrigatoriedade de que a movimentação de recursos somente ocorra por meio de cheque
nominativo ao efetivo credor, comprovando-se o pagamento com documentação idônea;
f.2.5) a vigência do instrumento, que deverá ser fixada de acordo com o prazo previsto para a
consecução do objeto e em função das metas estabelecidas;
f.2.6) a obrigatoriedade de o convenente apresentar relatórios de execução físico-financeira e
prestação de contas dos recursos recebidos no prazo previsto na referida IN STN nº 1/1997;
f.2.7) a previsão de que, quando a liberação de recursos ocorrer em três ou mais parcelas, a terceira
delas ficará condicionada à apresentação de prestação de contas parcial referente à primeira parcela
liberada e assim sucessivamente, sem prejuízo de que, após a aplicação da última parcela, seja
apresentada a prestação de contas do total dos recursos recebidos;
f.3) em razão do princípio da transparência e do princípio da finalidade (da supremacia do interesse
público):
f.3.1) adote mecanismos capazes de evidenciar prontamente a efetiva realização de cada despesa;
f.3.2) promova, previamente à cada despesa, a certificação de que ao fazê-la os objetivos
institucionais da entidade estarão sendo atendidos, fazendo constar expressamente, no processo que a
autoriza, a necessidade e a finalidade de sua realização;
f.3.3) em caso de eventuais ocorrências de falhas na contabilização das despesas, formalize
processo de retificação dos lançamentos e providencie os necessários ajustes nos demonstrativos
contábeis;
f.4) em relação à admissão de pessoal, adote os seguintes procedimentos:
f.4.1) realize efetivo processo seletivo, fazendo com que haja: ampla publicidade, com razoável
antecedência, para que a notícia se propague e os candidatos tenham tempo de participar da seleção; e
critérios objetivos de seleção, que possam ser facilmente aferidos posteriormente;
f.4.2) abstenha-se de realizar seleção mediante simples entrevista, e de promover a efetivação, sem
seleção, de profissionais contratados inicialmente para cargos de confiança;
f.5) em relação aos pagamentos de empregados, adote, no prazo de 90 dias, as seguintes
providências:
f.5.1) realize um levantamento de tudo o que foi pago, mensalmente, a cada empregado nos últimos
05 anos;
f.5.2) identifique os casos em que houve pagamento de salário acima do padrão adotado em cada
período, quantificando os valores;
f.5.3) realize a cobrança de todos os valores que foram pagos a maior, devidamente atualizados
monetariamente, instaurando os devidos processos administrativos nos quais sejam facultados o
contraditório e a ampla defesa aos empregados que tenham recebido a maior;
f.5.4) encaminhe ao Tribunal de Contas da União um demonstrativo circunstanciado das
averiguações, demonstrando, em relação a cada empregado que tiver recebido algum pagamento a maior,
qual o montante apurado e as providências de cobrança adotadas.
g) determinar ao Senai/PR que:
g.1) em relação à admissão de pessoal, adote os seguintes procedimentos:
162
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
g.1.1) realize efetivo processo seletivo, fazendo com que haja: ampla publicidade, com razoável
antecedência, para que a notícia se propague e os candidatos tenham tempo de participar da seleção;
critérios objetivos de seleção, que possam ser facilmente aferidos posteriormente;
g.1.2) abstenha-se de realizar seleção mediante simples entrevista, e de promover a efetivação, sem
seleção, de profissionais contratados inicialmente para cargos de confiança;
g.2) em relação aos pagamentos de empregados, adote, no prazo de 90 dias, as seguintes
providências:
g.2.1) realize um levantamento de tudo o que foi pago, mensalmente, a cada empregado nos últimos
05 anos;
g.2.2) identifique os casos em que houve pagamento de salário acima do padrão adotado em cada
período, quantificando os valores;
g.2.3) realize a cobrança de todos os valores que foram pagos a maior, devidamente atualizados
monetariamente, instaurando os devidos processos administrativos nos quais sejam facultados o
contraditório e a ampla defesa aos empregados que tenham recebido a maior;
g.2.4) promova, por meio de processo administrativo no qual seja facultado o contraditório e a
ampla defesa, a cobrança dos valores que foram pagos ao Sr. Frederico Reichmann Neto em períodos
posteriores a março de 2.006, devidamente atualizados monetariamente;
g.2.5) encaminhe ao Tribunal de Contas da União um demonstrativo circunstanciado das
averiguações, demonstrando, em relação a cada empregado que tiver recebido algum pagamento a maior,
qual o montante apurado e as providências de cobrança adotadas;
g.2.6) promova a rescisão do contrato de trabalho em que o Sr. Belino Sezini é contratado pelo
Senai/PR para o cargo de Assessor (cargo de carreira). Trata-se do contrato nº 026/2005, firmado em 01
de março de 2005.
h) recomendar ao Departamento Regional do Sesi que avalie a conveniência de investir em um
observatório de indicadores de sustentabilidade, levando em conta a necessidade de se agregar
informações novas (autenticamente produzidas) aos indicadores já existentes."
36. Por meio da instrução de fls. 1582/1587, o diretor, em síntese, acordou com os encaminhamento
do auditor-instrutor, exceto quanto ao encaminhamento da questão relativa à readmissão do Sr. Belino
Sezini que havia recentemente aderido a um programa de demissão voluntária (questão tratada no item
184 da instrução de fls. 1527/1581, vol. 9, reproduzido neste relatório).
37. Conforme análise empreendida nos itens 11/13 da instrução de fls. 1586, vol. 9, o Sr. Diretor
entendeu que o encaminhamento adequado à questão seria a conversão dos autos em tomada de contas
especial, com formação de processo apartado. Por meio de despacho de fls. 1587, vol. 9 o secretário da
Secex-PR manifestou-se de acordo com a proposta formulada pelo auditor-instrutor, com as
considerações realizadas pelo diretor.
É o relatório.
Proposta de Deliberação
Atuo com fundamento no art. 4º da Portaria TCU nº 313, de 18/12/2008, tendo em vista a mudança
de relatoria realizada mediante sorteio.
2. A representação da Secex-PR teve como objetivo apurar possíveis irregularidades praticadas na
gestão de convênios e na área de pessoal do Serviço Social da Indústria - Departamento Regional do
Paraná (Sesi/PR) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Departamento Regional do Paraná
(Senai/PR).
3. Passo a tecer considerações acerca das ocorrências tratadas nestes autos, com base nas análises
procedidas pela Secex-PR na instrução que examinou as razões de justificativa dos dirigentes do Sesi/PR,
Senai/PR e do Instituto Paraná de Desenvolvimento (IPD/PR).
163
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
II
Descumprimento da determinação do item 9.2 do Acórdão TCU nº 614/2005 - Plenário
4. Inicialmente, analiso as razões de justificativa apresentadas pelos diretores do Sesi/PR e do
Senai/PR (item 9 do Relatório), relacionadas às seguintes ocorrências:
celebração de termo de cooperação e convênios (fls. 225/227, vol. 1) sem as devidas adaptações
às disposições da IN STN nº 1/1997 determinadas por meio do item 9.2 Acórdão TCU nº 614/2005 -
Plenário (TC 004.531/2004-5), nos casos dos convênios; e
ausência de processo licitatório no caso dos contratos.
5. As irregularidades identificadas nos ajustes firmados inicialmente entre o Sesi/PR (e o Senai/PR)
e o IEL/PR, que podem ser resumidas na celebração de instrumentos de convênio genéricos, abrangentes
e sem as cláusulas necessárias ao exercício do controle da aplicação dos recursos repassados, foram
consideradas graves a ponto de este Tribunal determinar, em caráter definitivo, que o Sesi/PR e o
Senai/PR não efetuassem quaisquer repasses financeiros ao IEL/PR (item 9.1 do Acórdão TCU nº
614/2005 - Plenário), por meio dos instrumentos de convênios, genéricos, já celebrados, e condicionar a
realização de novos repasses à observância de disposições da IN STN nº 1/1997. Ocorre que, conforme
apontado pela Unidade Técnica, os ajustes ora analisados são exatamente os mesmos anteriormente
questionados, exceto pelo fato de que o IEL/PR foi substituído pelo Sesi/PR ou pelo Senai/PR, conforme
o caso.
6. A mera substituição do IEL/PR nos convênios, sem a promoção das adaptações determinadas
pelo Tribunal, demonstra que o Sesi/PR e o Senai/PR deixaram, sem motivo justificado, de dar
cumprimento às determinações do Tribunal por meio do Acórdão TCU nº 614/2005 - Plenário. Não é
plausível o argumento de que a determinação do TCU alcançaria tão somente os convênios firmados com
o IEL/PR, pois os convênios objeto da decisão proferida no Acórdão TCU nº 614/2005 - Plenário
permaneceram em execução regidos, na essência, pelos mesmos instrumentos conveniais em que foram
apontadas as irregularidades que este Tribunal determinou fossem corrigidas.
7. Tal como ponderou a Unidade Técnica, seria inócua uma decisão desse Tribunal que
determinasse que apenas os convênios firmados com o IEL/PR devessem observar as disposições da
IN/STN nº 1/1997, e, ao mesmo tempo, permitisse que ajustes que viessem a ser celebrados com outras
instituições não estivessem sujeitos ao cumprimento daquela mesma legislação. Não seria razoável que a
determinação fosse assim interpretada, pois era de todo evidente que o que se apontava irregular não era a
figura do convenente, o IEL/PR, mas a inadequação das cláusulas do convênio. A substituição do
convenente, mantendo-se as demais cláusulas conveniais, evidenciam a tergiversação no cumprimento da
referida decisão desta Corte de Contas.
8. Assim, manifesto-me de acordo com as análises da Secex-PR, incorporando-as às minhas razões
de decidir, de forma a rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis
9. Em face desse entendimento, deixo de acolher proposta da Secex-PR no sentido de que o TCU
formule nova determinação ao Sesi/PR e ao Senai/PR com o objetivo de explicitar que os comandos da
IN STN nº 1/1997 devem ser observados em relação a quaisquer convênios firmados (item 26 do
Relatório).
10. Essa irregularidade é suficientemente grave para justificar a aplicação da multa prevista no art.
58, § 1º, da Lei nº 8.443/1992 aos dirigentes do Sesi/PR e do Senai/PR. Com relação à dosimetria da
apenação, esclareço que o valor da multa aplicada aos dirigentes do Sesi/PR (Srs. Rodrigo Costa da
Rocha Loures e Marcos Müeller Schlemm, diretor-regional e diretor-superintendente, respectivamente)
foi fixado em valor superior ao da multa aplicada ao Sr. Carlos Sérgio Asinelli, diretor-regional do
Senai/PR, devido à participação daqueles na condução do Projeto Orbis-MC, questão a ser tratada nesta
proposta de deliberação, na sequência.
11. Quanto ao segundo ponto, ausência de processo licitatório na celebração de contratos, verifico
que a audiência refere-se ao fato de que contratos que haviam sido firmados sem licitação pelo IEL/PR
continuaram a ser executados pelo Sesi/PR e pelo Senai/PR. Sobre a questão, considerando que alguns
contratos já foram encerrados e outros licitados e que os gestores, em suas razões de justificativa,
manifestam ciência da obrigatoriedade de realização de licitação, entendo suficiente determinar ao
164
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Sesi/PR que, ao final do prazo de vigência dos contratos firmados pelo IEL/PR (mencionados nas tabela
dos itens 6/7 do relatório de inspeção de fls. 224/255 - vol. 1), e mantida a necessidade de tais
contratações, realize licitação para a escolha dos fornecedores, na forma do regulamento próprio.
12. Outra irregularidade levantada pela Unidade Técnica relaciona-se ao fato de o IPD/PR, que
originalmente firmou termo de cooperação com o Senai/PR para desenvolver o Projeto Orbis-MC, ter
contratado, sem nenhum tipo de procedimento seletivo, as empresas LWL Comunicações Ltda., BICCA
Consultoria, Investimentos e Administração de Bens Ltda., AWE Serviços Ltda. e DLM - Consultoria e
Gestão Ltda. Há indícios de que, nessas contratações, pode-se ter afrontado os princípios constitucionais
da impessoalidade e moralidade, ante a existência de estreitas relações de parentesco e/ou profissionais
entre sócios de empresas mencionadas com dirigentes do IPD/PR e/ou do Sesi/PR.
13. Sobre esses achados, a Unidade Técnica deve aprofundar as análises a fim de verificar se podem
ser atribuídas a dirigentes do Sesi/PR e do Senai/PR responsabilidade por eventuais irregularidades
cometidas nas contratações feitas pelo IPD/PR para execução de convênio celebrados com os Serviços.
Entendo que esses fatos devem ser examinados no âmbito das contas dos exercícios em que ocorreram,
conforme discutido nos itens 20 e 21, adiante.
III
Irregularidades apontadas na execução do Projeto Orbis-MC
14. Acerca das ocorrências objeto das audiências dos diretores do Sesi/PR e dos gestores do IPD/PR
(itens 11 e 14 do Relatório), relacionadas à realização de saques em espécie na conta bancária do termo de
cooperação Projeto Orbis-MC e ao pagamento de despesas do IPD/PR com recursos do projeto (o que
constitui descumprimento da obrigação de os recursos do ajuste serem movimentados em conta corrente
específica e exclusiva, e apenas para as ações necessárias ao cumprimento do objeto), alinho-me às
conclusões da Unidade Técnica de que as justificativas dos gestores não lograram afastar as
irregularidades (item 15 do Relatório). A exigência de conta específica e a proibição de saques em espécie
constaram expressamente dos itens 9.2.3 e 9.2.4 do Acórdão TCU nº 614/2005 - Plenário, como
disposições que deveriam constar dos instrumentos conveniais. Ademais, conforme reiterada
jurisprudência deste Tribunal, essas ocorrências constituem falhas graves na execução do termo de
cooperação por impossibilitar a comprovação do nexo entre os recursos repassados e os pagamentos
efetuados.
15. Ao analisar as instruções da Secex-PR, verifiquei que as falhas na aplicação do recursos
transferidos pelo Sesi/PR ao IPD/PR no âmbito do Projeto Orbis-MC não se resumiram aos saques em
espécie. A Unidade Técnica constatou outras irregularidades graves na condução do convênio, que
indicam a ocorrência de dano à entidade paraestatal. Destacam-se a realização de: (i) despesas sem
comprovação adequada e em despesas alheias ao objeto pactuado; e (ii) pagamentos de despesas a título
de taxa de administração pelo IPD/PR a empresas privadas.
16. Deixo, contudo, de acompanhar a proposta de aplicação de multa aos responsáveis pelo
cometimento dessas irregularidades tendo em vista que, conforme será detalhado a seguir, essas falhas
não foram as únicas identificadas na condução do Projeto Orbis-MC e que os presentes autos serão
restituídos à Secex-PR para, entre outras finalidades, ser procedida a apuração nos processos de
prestações de contas anuais de eventual dano decorrente da execução do Projeto Orbis-MC.
17. Quanto à realização de despesas a titulo de taxa de administração, entendo que a questão precisa
ser melhor analisada no âmbito das contas anuais, pela Secex-PR, em especial para que se esclareça se as
despesas apontadas como irregulares são, de fato, taxa de administração, em sentido estrito, ou se são
despesas administrativas do próprio convenente para as quais não há comprovação de que tinham relação
com a execução do objeto.
18. Como encaminhamento processual, entendo que não é o caso de determinar a conversão do
processo em tomada de contas especial, com a constituição de processo apartado, para a apuração dos
fatos, pelas razões que exponho a seguir.
19. Os atos de gestão relativos ao termo de cooperação com o IPD/PR para execução do Projeto
Orbis-MC referenciados nestes autos produziram efeitos nos exercícios de 2005 a 2008, com reflexos,
portanto, nas respectivas prestações de contas do Sesi/PR. A situação atual dessas contas é a seguinte:
165
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
advogado. Como bem afirmou o Ministério Público, seria mais que uma demasia, constituir-se-ia em ato
imoral e arbitrário."
32. Não encontro, nos autos, evidenciação inequívoca de que o assessoramento jurídico em questão
só aproveitaria aos interesses dirigentes, fazendo-se excludente qualquer benefício ao Sesi/PR. Nem que
se trate de defesa do gestor contra a entidade. Nessa linha, não acolho a proposta de instauração de
tomada de contas especial sob o fundamento de que os serviços contratados não são de interesse da
entidade, mas dos gestores.
33. A segunda questão refere-se à realização dessa contratação, por inexigibilidade, nos termos do
regulamento do Sesi.
34. Preliminarmente, enfatizo excerto do voto da Ministra Eliana Calmon, anteriormente transcrito:
o gestor deve "ser defendido, em princípio, pelo corpo de advogados que desenvolvem a defesa do órgão,
não se ignorando que, muitas vezes, não dispondo o órgão público de advogados nos seus quadros, pode
ser contratado um causídico para o fim específico". A mesma linha de entendimento foi afirmada na
Decisão TCU nº 494/1994-Plenário.
35. Ou seja, a contratação - direta ou não - de serviços de assessoria jurídica só é admissível caso o
tema que a demande não possa ser enfrentado pelo corpo de advogados da própria entidade. Ora, não se
pode alegar que os temas de controle que emanam das deliberações desta Corte, exceto em situações
especialíssimas, sejam estranhos à área de atuação dos advogados de entidades que lidam diuturnamente
com a gestão de recursos públicos e com as ações de controle do Tribunal de Contas da União.
36. Discute-se, também, a singularidade do objeto, requisito para a inexigibilidade da licitação.
Nesse aspecto, concordo com a conclusão da Unidade Técnica: "o objeto do contrato não é a prestação de
um serviço inédito ou incomum". Essa posição adéqua-se perfeitamente à realidade fática do mundo da
advocacia. É possível apontar inúmeros escritórios de advocacia e profissionais liberais que militam
cotidianamente em causas similares a que se discute nos presentes autos. É também perfeitamente
aderente à jurisprudência desta Corte, como os Acórdãos TCU nos 2124/2008 e 3083/2007, ambos da
Primeira Câmara.
37. Reproduzo trecho do voto do Acórdão nº 3083/2007, da lavra do Ministro-Relator Marcos
Bemquerer Costa:
"À análise efetuada no âmbito da 5ª Secex, cujos fundamentos incorporo às razões de decidir,
considero oportuno acrescentar o que segue. Quanto à singularidade do serviço, deve-se salientar que a
proeminência do Supremo Tribunal Federal como órgão de cúpula do Poder Judiciário, expressamente
invocada pelo Responsável, não atribui característica incomum ao serviço contratado, pois os inúmeros
advogados e sociedades de advocacia atuantes naquela egrégia Corte [Supremo Tribunal Federal]
poderiam, em tese, participar de eventual licitação. Convém frisar, ainda, que a dita singularidade há de
ser aferida em relação à área de atuação dos potenciais prestadores de serviço, e não em relação à rotina
da entidade contratante."
38. Assim, considero que os dirigentes do Sesi/PR incorreram em duas irregularidades quando da
contratação de serviços advocatícios do escritório de Advocacia Justen, Pereira, Oliveira e Talamini
Sociedade de Advogados. A primeira foi de não ter demonstrado a insuficiência ou incapacidade técnica
de seu quadro próprio de advogados para atuar na defesa dos interesses da entidade. A segunda foi não ter
demonstrado, de forma peremptória, singularidade do serviço, requesito imprescindível para contratação
direta, por inexigibilidade.
39. Entendo também, que essa contratação específica não tem o condão de macular as contas dos
responsáveis e pode ter sua análise de mérito resolvida no presente processo. Assim, considero que deve
ser aplicada aos responsáveis a multa prevista no art. 58, II da Lei nº 8.443/1992, bem como deve ser
assinado prazo ao Sesi/PR para que rescinda o Contrato de Prestação de Serviços nº 93/2005.
VI
Falhas relacionadas à gestão de pessoal no Sesi/PR e no Senai/PR
40. Com relação aos itens 'f.1.1' a 'f.1.6' da audiência dos diretores do Sesi e aos itens 'b.1.1' a 'b.1.6'
da audiência do Diretor Regional do Senai (itens 146 a 219 da instrução de fls. 1527/1581, vol. 10),
relacionadas, em síntese, a falhas na condução de procedimentos seletivos para a contratação de pessoal,
168
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
embora as entidades do Sistema S não estejam, de acordo com a jurisprudência deste Tribunal, obrigadas
a realizar concurso público nos moldes previstos no artigo 37, II, da Constituição Federal, obrigam-se a
contratar pessoal mediante processo seletivo, ainda que simplificado, desde que observados os princípios
constitucionais da legalidade, da publicidade, da moralidade, da impessoalidade, da finalidade e da
isonomia, entre outros.
41. O Tribunal já expediu diversas determinações às entidades do Sistema S, com vistas a garantir a
observância de seu entendimento (Acórdão TCU nº 741/2005 - Plenário; Acórdãos TCU nos 2842/2003,
1400/2005 e 1120/2003, da Primeira Câmara; e Acórdãos TCU nos 1482/2005 e 919/2005, da Segunda
Câmara, dentre outros).
42. Em 2005, o Tribunal reconheceu haver falhas relevantes nos regulamentos de seleção e
contratação de empregados entidades integrantes do Sistema S (objeto de análise nos autos do TC
019.946/2005-4). Analisando esse processo, verifico que as falhas apontadas naqueles autos guardam
correlação com as que são tratadas nestes, tais como insuficiência na publicidade do processo seletivo,
avaliação subjetiva de candidatos, ofensa ao princípio da isonomia - pela realização de concurso interno -,
estabelecimento de hipóteses excessivamente abrangentes para dispensa do processo seletivo e fixação de
requisitos vagos para habilitação dos candidatos.
43. Naquele processo, por meio do Acórdão TCU nº 1461/2006 - Plenário, o Tribunal determinou,
além da adoção das providências necessárias à suspensão da aplicação dos regulamentos, que os
Conselhos Nacionais do Sesi, Senai, Sesc, Senac, Sesscoop, Senat e Sest e ao Conselho Deliberativo do
Senar que observassem, na contratação de pessoal, práticas que atendam aos princípios constitucionais do
art. 37 da Constituição Federal, bem como a jurisprudência do TCU sobre a matéria:
"VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se examina representação acerca de
regulamentos de contratatação de pessoal editados pelo Senai, Sesi, Sesc, Senac, Sescoop, Senar, Senat,
Sest.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar aos Conselhos Nacionais do Sesi, Senai, Sesc, Senac, Sescoop, Senat e Sest e ao
Conselho Deliberativo do Senar, com fundamento no art. 71, IX, da Constituição Federal, no art. 45 da
Lei n. 8.443/1992 e no art. 276 do RI/TCU que:
(...)
9.1.2. observem, na contratação de pessoal, práticas que atendam aos princípios elencados no
subitem 9.1.1, bem como a jurisprudência desta Corte acerca da matéria, a exemplo das determinações
exaradas por este Tribunal nos Acórdãos mencionados no Relatório que acompanha esta deliberação;
(...)"
44. Feito esse breve apanhado da jurisprudência do Tribunal sobre a matéria, registro que, ainda em
2006, o TCU dirimiu dúvidas acerca de procedimentos envolvendo a contratação de pessoal pelos
serviços sociais autônomos. Assim, entendo ser desnecessáro fazer determinações corretivas propostas,
tendo em vista a determinação dirigida aos Conselhos Nacionais do Sesi e do Senai por meio do item
9.1.2 do Acórdão TCU nº 1461/2006 - Plenário, mas, considerando a recorrência e a extensão de fatos
relacionados à gestão de pessoal, essa questão também deve ser analisada nos respectivos processos de
contas anuais.
45. Passo a analisar os itens 'f.2', 'f.3' e 'f.4' e 'b.2', 'b.3' e 'b.4' da audiência dos diretores do Sesi/PR
e do Diretor Regional do Senai/PR, respectivamente (itens 146 a 219 da instrução de fls. 1527/1581, vol.
10) relacionados à: (i) contratação de pessoal sem prévia definição do quadro de cargos pelos Conselhos
Regionais dos Serviços; e (ii) fixação de padrões de vencimentos sem aprovação dos Conselhos e de
salários individuais em desacordo com as tabelas de referências salariais do Sesi/PR e Senai/PR.
46. Quanto à ausência da aprovação do quadro de pessoal e da fixação dos padrões de vencimento
pelos Conselhos Regionais dos Serviços com base em proposta dos Departamentos Regionais (art. 39 e
45 do Regulamento Nacional do Sesi - Decreto nº 57.375/1965 - e art. 34 e 41 do Regimento do Senai -
Decreto nº 494/1962), verifico que, apesar dessas medidas não terem sido formalmente adotadas à época
da fiscalização, as atas de reunião dos Conselhos Regionais do SESI/PR e do Senai/PR atestam que
169
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
matérias atinentes a recursos humanos (como o quantitativo de pessoal, vinculação à área fim ou área
meio do funcionários, contratações e admissões do período), eram objeto de deliberação pelos Conselhos
Regionais (fls. 1295/1304 e 1307/1317 do Anexo VII, vol. 6).
47. Acerca da fixação de salários individuais sem a observância das referências salariais do Sesi/PR
e do Senai/PR, conforme demonstrado no quadro de fls. 220/223, vol. 1, a Unidade Técnica constatou que
houve pagamentos de salários com valores acima e abaixo dos valores referenciais das tabelas. Os
responsáveis em sua defesa argumentam que o problema relaciona-se com a defasagem dos planos de
cargos e salários, visto que o do Sesi/PR teve sua última atualização em 1981 e o do Senai/PR em 1995.
Tal liberalidade, contudo, não encontra respaldo formal e põe em xeque o controle desses pagamentos,
pois o referencial sobre o valor justo dos salários passa a ser de caráter subjetivo.
48. Dada a repercussão que esses pagamentos têm sobre a gestão da entidade, entendo que a questão
deva ser objeto de análise, pela Secex-PR, nos processos de contas anuais. Ressalto que não cabe
perseguir o ressarcimento de valores salariais pagos acima do valor de referência, a não ser que se
demonstre que os serviços não foram prestados ou que houve locupletamento dos beneficiários, com a
participação de dirigentes, por receber salários manifestamente superiores aos de mercado para exercício
de atribuições equivalentes.
VI.1
Contratação de funcionário com incompatibilidade de horário pelo Senai/PR
49. Com relação à audiência do Sr. Carlos Sérgio Asinelli, Diretor Regional do Senai, relacionada a
contratação de funcionário, Sr. Frederico Reichmann Neto, que acumularia cargo no Senai/PR com
emprego na Companhia Paranaense de Energia (Copel) (itens 146, 179/183 e 209/215 da instrução de fls.
1577/1581, vol. 9), havendo incompatibilidade de horário, ratifico, com ajustes, o encaminhamento
Unidade Técnica (item g.2.4, da proposta de encaminhamento de fls. 1577/1581, vol. 10) no sentido de
que os fatos sejam apurados pelo Senai/PR, garantindo ao Sr. Frederico o exercício do contraditório e da
ampla defesa. Deverá ser apurado pelo Senai/PR se houve a efetiva prestação dos serviços. Não tendo
havido, deverão ser tomadas as medidas administrativas e judiciais necessárias ao ressarcimento dos
valores pagos indevidamente.
VI.2
Recontratação de funcionário que aderiu a programa de demissão voluntária do Senai/PR
50. Com relação ao item 'b.6' da audiência do Sr. Carlos Sérgio Asinelli (itens 146, 184/185 e
216/219 da instrução de fls. 1577/1581, vol. 9), Diretor Regional do Senai/PR, relacionado a readmissão
de funcionário que havia sido demitido com incentivo financeiro concedido por programa de demissão
voluntária (PDV), no valor de R$ 134.820,72, endosso posicionamento (instrução de fls. 1582/1588, vol.
9) de que há uma série de indícios que levam ao entendimento de que seu desligamento, com posterior
recontratação, pode caracterizar ato de gestão legítimo ou antieconômico com prejuízo aos cofres do
Sesi/PR.
51. Considero como indícios de irregularidade, o curto espaço de tempo (seis meses) entre o
desligamento (30/8/2004) e a readmissão (1/3/2005) do funcionário, e o fato de o funcionário ter sido
readmitido como gerente da Regional Noroeste, criada após a sua dispensa em virtude da adesão ao PDV.
Além disso, conforme menção do Sr. Diretor, já foram constatadas irregularidades em programas de
demissão voluntária conduzidos pelo Sesi/PR e do Senai/PR, que estão sendo objeto de análise nos autos
do TC 013.988/2005-7. Entendo que a apuração da regularidade do procedimento deve ser efetuada pela
Unidade Técnica nos processos de prestação de contas anuais do Senai/PR relativas aos anos de 2004 (TC
011.645/2005-4) e 2005 (TC 016.490/2006-0) que se encontram sobrestadas na Secex-PR, devendo a
Unidade Técnica observar a aderência tanto da demissão incentivada quanto da recontratação aos
regulamentos específicos que regeram o PDV.
VII
Contabilização de despesa em data anterior à do documento que a comprovaria - Sesi/PR
52. Com relação ao ponto da audiência dos diretores do Sesi/PR e do Sr. Osvaldo Davet, relativo à
contabilização de despesas de viagens em data anterior à do documento contábil que a comprovaria (itens
220/224 da instrução de fls. 1577/1581, vol. 10), alinho-me com as conclusões da Secex-PR de que a
170
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
“9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação em que se aprecia possíveis
irregularidades praticadas na gestão de convênios e na área de pessoal do Serviço Social da Indústria -
Departamento Regional do Paraná (Sesi/PR) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial -
Departamento Regional do Paraná (Senai/PR),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator em:
9.1. conhecer da representação, por preencher os requisitos regimentais, para, no mérito,
considerá-la parcialmente procedente;
9.2. rejeitar as alegações de defesa dos Srs. Rodrigo Costa da Rocha Loures e Marcos Müeller
Schlemm (Diretor-Regional e Diretor-Superintendente do Sesi/PR, respectivamente) e Carlos Sérgio
Asinelli (Diretor Regional do Senai/PR), quanto ao descumprimento do item 9.2 Acórdão TCU nº
614/2005 - Plenário;
9.3. rejeitar as alegações de defesa dos Srs. Rodrigo Costa da Rocha Loures e Marcos Müeller
Schlemm (Diretor-Regional e Diretor-Superintendente do Sesi/PR, respectivamente), quanto a
contratação de serviços advocatícios por inexigibilidade de licitação, sem ter demonstrado a
singularidade do serviço e a insuficiência ou incapacidade técnica de seu quadro próprio de advogados
para atuar na defesa dos interesses da entidade;
9.4. aplicar, individualmente aos responsáveis referidos no item 9.2 e 9.3, as multas, nos termos a
seguir especificados, fixando o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem,
perante o Tribunal (art. 214, III, 'a', do RI/TCU), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro
Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se
for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor:
9.4.1. Sr. Rodrigo Costa da Rocha Loures, multa prevista nos arts. 58, II e § 1º, da Lei nº
8.443/1992, no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais);
9.4.2. Sr. Marcos Müeller Schlemm, multa prevista nos arts. 58, II e § 1º, da Lei nº 8.443/1992, no
valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais);
9.4.3. Sr. Carlos Sérgio Asinelli, multa prevista no art. 58, § 1º, da Lei nº 8.443/1992, no valor de
3.000,00 (três mil reais);
171
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.5. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, II, da Lei nº 8.443/1992, a cobrança judicial da
dívida de cada um dos responsáveis;
9.6. acolher as razões de justificativas dos responsáveis indicados no item 3.2. quanto aos
seguintes fatos:
9.6.1. insuficiência na comprovação de despesas relacionadas viagens, assessoria e consultoria,
promoções e eventos e ao Mundial do Atletismo do Trabalhador (alíneas 'd' do Ofício nº 3482/2006-
TCU/SECEX-PR e Ofício nº 3483/2006-TCU/SECEX-PR, fls. 546/552 e 553/559, vol. 4);
9.6.2. falhas na condução de procedimentos seletivos para a contratação de pessoal (alíneas 'f.1'
do Ofício nº 3482/2006-TCU/SECEX-PR e Ofício nº 3483/2006-TCU/SECEX-PR , fls. 546/552 e
553/559, vol. 4 e alínea 'b.1' do Ofício nº 3485/2006-TCU/SECEX-PR , fls. 561/563, vol. 4);
9.6.3. contabilização de despesas em data anterior à do documento contábil que a sustentaria -
ocorrência verificada no lançamento nº 43 (ficha 2006010000000932) - Alimentação e Viagens no País -
DESPESAS DE VIAGENS, efetuado no dia 12/1/2006, contemplando despesas que teriam sido realizadas
nos dias 13, 14 e 16/1/2006 (alíneas 'g' do Ofício nº 3482/2006-TCU/SECEX-PR e Ofício nº 3483/2006-
TCU/SECEX-PR , fls. 546/552 e 553/559, vol. 4 e Ofício nº 3484/2006-TCU/SECEX-PR, fls. 560, vol. 4).
9.7. determinar Senai/PR que apure a regularidade da contratação do Sr. Frederico Reichmann
Neto, que acumularia cargo no Senai/PR com emprego na Companhia Paranaense de Energia (Copel),
garantindo-lhe o exercício do contraditório e da ampla defesa, e que adote as medidas administrativas
para o ressarcimento de eventuais prejuízos decorrentes da não-prestação efetiva dos serviços para os
quais foi contratado;
9.8. determinar ao Sesi/PR e ao Senai/PR que, ao final do prazo de vigência dos seguintes
contratos firmados pelo IEL/PR, realizem licitação para a escolha dos fornecedores, caso ainda não a
tenham realizado:
Fornecedor Objeto
Softexpert Informática e Direito de uso do software, e prestação de serviço de
Automação Ltda. capacitação operacional e assessoria técnica para
configurações do sistema ISOSISTEM
LG Informática Direito de uso de software e prestação de serviço
BRT Serviços de Internet Fornecimento, instalações e garantias do objeto de
locação de serviços de servidores.
Brasil Telecom S/A Cessão de todos os direitos e obrigações da cedente
decorrentes dos contratos nos 8142859619, 8142047916 e
8142050658, assinados em 26/11/2004
BRT Serviços de Internet Implantação, operação e manutenção técnica de Rede
S/A Cooperativa de Voz e Dados e serviços de segurança
armazenagem de informações e controle de aplicação
OUTPLAN Marketing Cessão de todos os direitos e obrigações referentes ao
Interativo Ltda. Contrato de Prestação de Serviços datado de 26/7/2004
SIGMA DATASERV Cessão de todos os direitos e obrigações referentes ao
Contrato de Prestação de Serviço de Consultoria e Suporte
Técnico em Sistema de Informação, datado de 1/10/2004.
SOFTEXPERT Cessão de todos os direitos e obrigações decorrentes do
INFORMÁTICA E Contrato de Prestação de Serviços, Contrato de Licença de
AUTOMAÇÃO LTDA Uso e Contrato de Atualização Anual .
EPS Banco de Dados Ltda. Cessão de todos os direitos e obrigações referentes ao
Contrato de Prestação de Serviços datado de 26/10/2004
VISIONNAIRE Cessão de todos os direitos e obrigações referentes ao
Informática S/A Contrato de Prestação de Serviços datado de 1/9/2004
172
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Fornecedor Objeto
O Elo Locadora de Cessão de todos os direitos e obrigações referentes aos
Equipamentos Eletrônicos Contratos de Locação de equipamentos de Informática (ver
Ltda. quadro abaixo)
9.9. assinar prazo de 15 (quinze) dias para que o Sesi/PR rescinda o Contrato de Prestação de
Serviços nº 93/2005, caso ainda vigente;
9.10. restituir os presentes autos à Secex-PR para que sejam apensados ao TC 016.319/2006-9 e,
por cópia, ao TC 020.230/2007-5, a fim de que sejam neles tratadas as demais ocorrências referidas no
relatório e analisadas na proposta de deliberação;
9.11. encaminhar cópia da presente deliberação ao Ministério Público junto a este TCU para
avaliar a conveniência e oportunidade de interpor recurso de revisão com vistas a reabertura das contas
do Sesi/PR, referente aos exercícios de 2007 (TC 018.155/2008-0) e de 2008 (TC 018.073/2009-0), ante
as irregularidades apontadas nestes autos;
9.12. arquivar o presente processo.”
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
WEDER DE OLIVEIRA
Relator
DECLARAÇÃO DE VOTO
O Ministro José Múcio afirmou, em seu voto revisor, que “não cabe ao Tribunal perquirir sobre a
suficiência ou capacidade técnica do quadro próprio de advogados dos serviços sociais autônomos para
atuar na defesa dos interesses da entidade, sob pena de incorrer em ingerência administrativa”, com o que
concordou o Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
2. Data venia, entendo de modo diverso. Esta Corte não apenas tem competência para perquirir
sobre a suficiência ou capacidade técnica do quadro próprio de advogados dos seus jurisdicionados como,
de fato, exerce, diariamente, essa competência, nos inúmeros processos nos quais avalia a razoabilidade
ou a proporcionalidade da contratação de escritórios de advocacia, por órgãos ou entidades que possuem
quadro próprio de advogados.
3. Não vejo nisso qualquer ingerência administrativa. Haveria ingerência se o TCU passasse a
determinar que os seus jurisdicionados contratassem um número determinado de advogados. Não é disso,
porém, que estamos tratando neste processo.
4. Lembro que tanto a doutrina quanto a jurisprudência são pacíficas sobre a possibilidade de
controle do ato discricionário, no que concerne à sua parte vinculante, ou seja, à competência, finalidade e
forma, e ainda no tocante à observância aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Além
disso, também é passível de controle o ato discricionário no que concerne aos seus motivos
determinantes. O que se reserva ao administrador é a liberdade de escolha em relação à conveniência e
oportunidade, apenas. Mas, mesmo assim, desde que exercida dentro dos parâmetros da razoabilidade e
da proporcionalidade.
5. Portanto, a avaliação sobre a suficiência e a capacidade técnica do quadro próprio de advogados
são matérias que, a meu ver, devem ser verificadas pelo Tribunal, como meio de avaliar a razoabilidade e
a proporcionalidade da contratação de um escritório de advocacia, especialmente na perspectiva dos testes
ou subprincípios da adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito.
6. Lembro que, rotineiramente, esta Corte avalia a precariedade ou não das estruturas de que
dispõem os nossos jurisdicionados, o que inclui avaliar não apenas a suficiência dos recursos humanos
disponíveis, mas também a sua capacidade técnica, tendo, em muitos casos, resultado, até mesmo, em
deliberações que expediram recomendações ou determinações, no sentido de se buscar meios de aumentar
173
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
o efetivo de pessoal disponível e de se promover treinamentos como forma de aprimorar a qualidade dos
recursos humanos.
7. Em outras situações, a avaliação da capacidade técnica tem sido realizada, como forma de se
aferir se ocorreu alguma conduta culposa, por imperícia do agente público, ou seja, por ausência de
capacidade técnica. Nesses casos, o Tribunal tem responsabilizado não apenas o autor da conduta
imperita, mas, algumas vezes, também a autoridade superior que o nomeou, em decorrência de culpa in
eligendo.
8. Com essas considerações, acompanho o voto do revisor, Ministro José Múcio, com a ressalva que
ora faço consignar nesta declaração, no sentido de que entendo que o TCU tem competência para
perquirir sobre a suficiência e a capacidade técnica do quadro próprio de advogados dos seus
jurisdicionados.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
RAIMUNDO CARREIRO
Ministro
TC 021.559/2005-8
Natureza: Representação
Unidades: Serviço Social da Indústria-Departamento Regional/PR – MDS e Senai-Departamento
Regional/PR – MTE
Responsáveis: Avelino Romero (CPF 301.925.449-34); Carlos Alberto Del Claro Gloger (CPF
000.245.709-15); Carlos Sergio Asinelli (CPF 080.459.339-68); Marcos Muller Schelemm (CPF
087.649.139-53); Osvaldo Davet (CPF 004.674.999-34) e Rodrigo Costa da Rocha Loures (CPF
002.928.269-15)
Interessados: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS)
VOTO REVISOR
Pública. Por isso, não estão obrigadas a seguir rigorosamente os termos do Estatuto de Licitações ou de
outros normativos relativos à Administração Pública, devendo observar os princípios constitucionais
gerais a ela aplicáveis.
5. Nesse sentido, destaco o Acórdão nº 2.522/2009-TCU-2ª Câmara, em que foi decidido, em
instância recursal, que os serviços sociais autônomos (Sistema “S”) não se sujeitam aos ditames da Lei nº
8.666/1993, devendo disciplinar o assunto em regulamentos próprios, respeitados os princípios legais e
constitucionais que regem a matéria. Dessa forma, o Tribunal de Contas da União somente deve
determinar a modificação das normas próprias sobre licitações e contratos das entidades do Sistema “S”
nos casos em que, efetivamente, verificar afronta – ou risco de afronta – aos princípios regentes da
Administração Pública.
6. Nas paradigmáticas Decisões nºs 907/1997-TCU-Plenário e 461/1998-TCU-Plenário, esta Corte
de Contas começou a admitir que os serviços sociais autônomos, por não integrarem, em sentido estrito, a
Administração Pública, não se sujeitam aos ditames da Lei de Licitações, mas sim aos princípios gerais
que regem a matéria, devendo contemplá-los em seus regulamentos próprios.
7. O subitem 1.1 da referida Decisão nº 907/1997-TCU-Plenário encontra-se redigido nos seguintes
termos: “por não estarem incluídos na lista de entidades enumeradas no parágrafo único do art. 1º da
Lei nº 8.666/1993, os serviços sociais autônomos não estão sujeitos à observância dos estritos
procedimentos na referida lei, e sim aos seus regulamentos próprios devidamente publicados.”
8. Mesmo assim, conforme ressaltou o Ministro-Relator Adhemar Paladini Ghisi, no voto condutor
da Decisão nº 98/2000-TCU-Plenário, deve-se ter em conta que, com o advento da Decisão nº 907/1997-
TCU-Plenário, reafirmou-se a competência fiscalizatória da Corte e a sujeição daqueles entes aos
princípios gerais que norteiam a execução da despesa pública, como os da legalidade, da moralidade, da
finalidade, da isonomia e da publicidade, bem como nas licitações aos princípios da vinculação ao
instrumento convocatório e do julgamento objetivo.
9. O Tribunal, ao exercer junto a essas entidades de natureza sui generis sua competência
constitucional e legal de fiscalização, prevista nos arts. 70 e 71 da Constituição Federal, c/c o art. 1º da
Lei nº 8.443/1992, verifica a observância dos princípios constantes do art. 37 da Carta Magna. No caso de
descumprimento desses princípios, os responsáveis pelas entidades que se enquadrem nas condições
estabelecidas pela Decisão nº 907/1997-TCU-Plenário ficam sujeitos a sanções, nos termos da Lei
Orgânica desta Corte de Contas, especialmente se os regulamentos próprios dessas mesmas entidades
forem por elas infringidos.
10. Nesse mister fiscalizador, contudo, não pode a Corte de Contas deixar de considerar que os
entes sociais autônomos possuem natureza diferenciada e, por isso, não estão submetidos aos
procedimentos limitados da Lei de Licitações, contando com liberdade procedimental para aprovar os
regulamentos internos de suas unidades (Acórdão nº 461/1998-TCU-Plenário), observados os princípios
gerais norteadores da Administração Pública (Acórdão nº 1.723/2004-TCU-2ª Câmara). Essas temáticas
foram objeto de amplas discussões, podendo-se citar, exemplificativamente, a ementa do Acórdão nº
62/2007-TCU-Plenário, assim redigida: “Os serviços sociais autônomos, por não estarem incluídos na
lista de entidades enumeradas no parágrafo único do art. 1º da Lei nº 8.666/1993, não estão sujeitos à
estrita observância da referida lei, e sim aos seus regulamentos próprios devidamente publicados.”
11. No voto que fundamentou a referida ementa, o Relator destacou que “O Senai possui
regulamento próprio de licitações e contratos aprovado por Ato ad referendum nº 1/2006, de 21/2/2006,
publicado no DOU de 24/2/2006, em conformidade com o entendimento deste Tribunal (Decisão nº
907/1997-TCU-Plenário), ao fundamento de que os serviços sociais autônomos, por não estarem
incluídos na lista de entidades enumeradas no parágrafo único do art. 1º da Lei nº 8.666/1993, não estão
sujeitos à estrita observância da referida lei, e sim aos seus regulamentos próprios devidamente
publicados, os quais devem se pautar nos princípios gerais do processo licitatório, devendo, contudo, ser
consentâneos aos princípios do art. 37, caput, da Constituição da República e seguir os princípios gerais
relativos à Administração Pública, em especial da legalidade, da moralidade, da impessoalidade, da
isonomia e da publicidade.”
175
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
também por elementos outros, como o grau de reprovabilidade da conduta do gestor e o dano que possa
ter causado ao interesse público, bem jurídico maior que se pretende resguardar (Decisões nºs 881/1997-
TCU-Plenário; 830/1998-TCU-Plenário; 346/1999-TCU-Plenário; 30/2000-TCU-Plenário; 150/2000-
TCU-Plenário; 1.067/2001-TCU-Plenário e 1.101/2002-TCU-Plenário; Acórdãos nºs 511/2003-TCU-1ª
Câmara; 1.692/2003-TCU-2ª Câmara; 1.066/2004-TCU-Plenário e 1.342/2005-TCU-Plenário).
30. Em se tratando de apreciação das contas anuais, não sendo comprovada má-fé dos responsáveis
nem dano ao erário, tem sido considerada desnecessária a adoção de medida mais gravosa, se
apresentando a proposta de regularidade como a solução de mérito a ser adotada, dadas as circunstâncias
em que ocorreu a falha, permeada de fatos isolados e episódicos, cujo deslinde não traz consequências ao
juízo em questão.
31. Ademais, tem sido sopesada nesta Corte de Contas a relevância das inconsistências frente à
gestão como um todo, havendo inúmeros precedentes de posicionamentos atenuados pelo TCU quando as
situações excepcionais são acompanhadas das indispensáveis cautelas ou garantias aplicáveis.
32. Importa salientar que, diante das reduzidas quantias envolvidas nas inconsistências, o princípio
da insignificância também recomenda o afastamento das ressalvas, pois os esforços que seriam
despendidos numa eventual apenação não se justificam, no caso, se ponderados com os possíveis
benefícios que tal atuação redundaria, trazendo poucos resultados em termos de controle em vista da
baixa repercussão das ocorrências apontadas nos autos. Como medida de melhor justiça, as contas têm
sido julgadas regulares, com quitação plena. É remansosa a jurisprudência do TCU nesse sentido,
cabendo mencionar os seguintes julgados: Acórdãos nºs 95/2007-TCU-Plenário, 262/2007-TCU-1ª
Câmara e 143/2008-TCU-2ª Câmara.
33. Quando constatada a reduzida materialidade das falhas, a jurisprudência predominante nesta
Corte é no sentido de considerá-las inábeis a comprometer toda uma administração (Acórdãos nºs
725/2006-TCU-Plenário e 2.612/2007-TCU-Plenário).
34. Corroborando a possibilidade de ser considerada relativa a materialidade alta ou baixa de uma
impropriedade para efeito de julgamento das contas, este Tribunal já se manifestou em diversas
oportunidades “no sentido de que atos de gestão considerados irregulares, quando de baixa
materialidade, não implicam, necessariamente, a reprovação das contas (...): Acórdãos nºs 227/2002-
TCU-Plenário, 1.021/2006-TCU-Plenário, 816/2006-TCU-Plenário, 2.305/2008-TCU-Plenário,
217/2009-TCU-2ª Câmara, 2.286/2008-TCU-1ª Câmara, entre outros. Trata-se da aplicação direta do
princípio constitucional da proporcionalidade, a ser valorado nos julgamentos deste Tribunal’ (voto do
Ministro-Relator do Acórdão nº 1.469/2009-TCU-2ª Câmara). Há também decisões de que, nesses casos,
‘o julgamento pela irregularidade das (...) contas constituiria medida de excessivo rigor’ (voto do
Ministro-Relator do Acórdão nº 2.324/2009-TCU-1ª Câmara).
35. Assim, quando se promove a valoração dos fatos questionados, reforça-se a tese de que se trata
de medida de excessivo rigor a imputação de sanções aos dirigentes no âmbito do presente processo.
36. Penso que não cabe ao Tribunal perquirir sobre a suficiência ou capacidade técnica do quadro
próprio de advogados dos serviços sociais autônomos para atuar na defesa dos interesses da entidade, sob
pena de incorrer em ingerência administrativa.
37. Quanto a não ter sido demonstrada, de forma peremptória, a singularidade do serviço, entendo
que no deslinde da questão não pode deixar de ser considerado que a contratação do escritório de
advocacia ocorreu no ano de 2005, ocasião em que ainda pairavam muitas dúvidas relativamente à
inserção das entidades do Sistema “S” no arcabouço jurídico normativo da Administração Pública, como
pode ser visto na parte inicial deste voto revisor.
38. Nesse contexto, considero que a contratação por inexigibilidade de licitação não deve interferir
no juízo de mérito que este Tribunal venha a ter sobre a integralidade da gestão dos responsáveis.
39. Ante os questionamentos levantados quanto ao cabimento de contratação direta dos serviços
advocatícios objeto do Contrato de Prestação de Serviços nº 93/2005, entendo que o Sesi/PR deve adotar
providências visando sua rescisão, se ainda vigente, assegurado o contraditório e a ampla defesa.
40. Na hipótese de não merecer acolhida este voto revisor, sendo vencedora a proposta de apenação
dos gestores, alerto que será necessário o ajuste dos valores das multas indicados na minuta do acórdão do
178
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Relator, já que na dosimetria foi sopesada a participação dos dirigentes na condução do Projeto
Orbis-MC, cujo exame ainda deverá ser feito pela Secex/PR nos respectivos processos de contas anuais
das entidades.
Diante do exposto, voto no sentido de ser alterado o acórdão proposto pelo Relator, com a mudança
do item 9.2 de rejeição para acolhimento das razões de justificativa dos diretores, alteração da redação do
item 9.8 (rescisão de contrato), exclusão dos itens 9.3 e seus subitens (multa), 9.4 (autorização de
cobrança judicial) e 9.10 (arquivamento afastado pelo apensamento às contas), com renumeração dos
itens.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
repasses financeiros ao IEL/PR por meio de convênios genéricos já celebrados (item 9.1 do Acórdão TCU
nº 614/2005 - Plenário).
60. A regra era a proibição de repasses ao IEL. No entanto, este Tribunal autorizou o Sesi/PR e o
Senai/PR, caso fosse de seu interesse celebrar novos convênios com o IEL, a formalizar novos
instrumentos mediante a observância de disposições nos moldes da Instrução Normativa STN nº 1/1997
(item 9.2 do referido Acórdão).
61. O Sesi/PR e o Senai/PR, ao transferirem os convênios, no mesmo molde condenado no Acórdão
TCU nº 614/2005 - Plenário, para outros convenentes, burlou a deliberação desta Corte. Evidentemente, a
razão da proibição não estava na pessoa jurídica IEL, mas na forma como as entidades estavam
celebrando convênios com o IEL, assim como com qualquer outra. Utilizar o mesmo termo de convênio
genérico com outro convenente caracterizou afronta à determinação deste Tribunal. Para maior clareza,
transcrevo excerto do voto que precedeu o Acórdão TCU nº 614/2005 - Plenário, que expõe com
propriedade a questão central:
"15. Consoante já adiantei anteriormente, não vislumbro como afastar a conclusão de que, para a
configuração de tal quadro de alta gravidade, é elevada a parcela de contribuição dos atuais instrumentos
de convênio firmados entre o Sesi/PR e o Senai/PR com o IEL/PR, já que genéricos e extremamente
abrangentes, sem objetos específicos, plano de trabalho, cronograma de execução, prazo de vigência e, na
maior parte das vezes, sem obrigatoriedade de prestação de contas por parte do convenente. Não
considero, portanto, haver a mínima condição jurídica para que se restitua a autorização de transferência
de recursos por meio dos convênios ora existentes, por entender que, caso assim se procedesse, a
conseqüência menos grave a esperar-se seria a da quase completa falta de controle sobre os valores
repassados.
16. Acompanhando parcialmente da proposição formulada pela Secex/PR, minha conclusão, por
conseguinte, por um lado, é no sentido de que, em relação aos convênios já celebrados entre Sesi/PR e
Senai/PR e o IEL/PR, a medida cautelar vedando quaisquer repasses financeiros ao Instituto Euvaldo
Lodi seja tornada definitiva".
62. O revisor tem razão ao afirmar que a mencionada instrução normativa não alcança essas
entidades paraestatais. Mas analisando-se os termos do Acórdão TCU nº 614/2005 - Plenário, percebe-se
que o Tribunal não determinou simplesmente a observância da mencionada instrução normativa.
Novamente, transcrevo trechos do voto condutor:
"17. Por outro lado, considero que possa o Tribunal, desde logo, adotar medida que possa viabilizar
a realização de objetos válidos e lícitos de serem levados a efeito por meio de transferências de recursos
ao IEL, desde que a partir da celebração de novos convênios, os quais deverão estar escoimados das
fragilidades e lacunas identificadas nos instrumentos ora existentes. A autorização deverá deixar claro,
portanto, que a realização de novos repasses financeiros ao IEL, caso seja do interesse do Sesi/PR e do
Senai/PR, poderá ser promovida, desde que a partir da firmatura de novos instrumentos de convênio,
devendo a formalização destes observar as disposições da Instrução Normativa STN 1/1997, em especial
no que se refere a conterem:
a) objeto específico, com seus elementos característicos e descrição detalhada, objetiva, clara e
precisa do que se pretende realizar ou obter, que, comprovadamente, seja de interesse recíproco (comum)
das partes convenentes;
b) plano de trabalho que, além da especificação completa do bem a ser produzido ou adquirido,
deverá previamente explicitar o valor a ser despendido na sua obtenção e conter cronograma de
desembolso, este último condizente com as fases ou etapas de execução do objeto do convênio;
c) o compromisso do convenente de movimentar os recursos do convênio em conta bancária
específica;
d) a obrigatoriedade de que a movimentação de recursos somente ocorra por meio de cheque
nominativo ao efetivo credor, comprovando-se o pagamento com documentação idônea;
e) a vigência do instrumento, que deverá ser fixada de acordo com o prazo previsto para a
consecução do objeto e em função das metas estabelecidas;
180
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
licitatório. O voto revisor traz a informação que este Tribunal, em decisões paradigmáticas em 1997 e
1998, admitiu que essas entidades paraestatais "não se sujeitam aos ditames da Lei de Licitações, mas sim
aos princípios gerais que regem a matéria, devendo contemplá-las em seus regulamentos próprios" (item
6 do voto revisor).
77. E nesse sentido, compulsando o Regulamento de Licitações e Contratos do Sesi verifico que o
art. 10 prevê que "a licitação será inexigível quando houver inviabilidade de competição (...)".
78. O Regulamento de Licitações e Contratos do Serviço Social da Indústria - SESI, que é adotado
por todos os órgãos das administrações nacional e regionais, foi aprovado pelo Ato Ad Referendum nº
04/1998, em setembro/1998, e modificado pelo Ato Ad Referendum nº 02/2001, do Conselho Nacional do
Sesi. Assim, não há como acatar argumento de que à época da contratação do escritório de advocacia em
questão ainda permaneciam dúvidas sobre a forma de contratar no Sesi.
79. Concordo com o revisor que não cabe ao Tribunal perquirir sobre a suficiência ou capacidade
técnica do quadro de advogados do Sesi/PR, e entendo que esta Corte não procedeu assim, tanto que não
é esse o ponto nuclear dessa questão.
80. O problema é que a contratação de um escritório de advocacia quando a entidade dispõe de
quadro de advogados requer seja demonstrada que esse quadro não está capacitado ou não tem condições
operacionais de executar as funções a serem repassadas a outros advogados. Essa demonstração seria
ainda mais exigível quando se pretende efetuar a contratação direta, ao argumento da inexigibilidade, da
inviabilidade de competição, que pressuporia, no caso concreto, a existência de um objeto contratual
singular.
81. É de amplo conhecimento, senso comum, que a contratação direta por inexigibilidade não se
justifica tão somente com base na notória especialização do contratado. Profissional de notória
especialização, segundo o art. 10, II, do Regulamento de Licitações e Contratos do Sesi, vigente desde
1998, é entendido como aquele cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho
anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica ou outros
requisitos relacionados com sua atividade, permita inferir que o seu trabalho é o mais adequado à plena
satisfação do objeto a ser contratado”. É dedução racional, ao alcance do gestor “homem médio”, zeloso
da economicidade da aplicação dos recursos sob sua gestão, que somente se recorre a um profissional
com essas características para execução de um objeto especial, singular, cuja execução demanda o recurso
a profissional de especialização e conceito não encontrado nos quadros da entidade.
82. Portanto, uma vez que a contratação direta por inexigibilidade de licitação somente se
legitimaria se o quadro de advogados da entidade não fosse tecnicamente capaz ou insuficiente para
realizar os serviços objeto do contrato, deveriam os gestores do Sesi/PR ter demonstrado tal condição
para justificar a contratação sem licitação de escritório de advocacia, o que não se verificou nos autos.
83. Ato dessa natureza deve ser adequadamente motivado, requisito fundamental para verificação
da observância do princípio da imparcialidade e da eficiência.
84. Assim, entendo que o fato de os gestores não terem justificado (motivado) a necessidade de
contratar um escritório de advocacia quando tinham à disposição advogados empregados da própria
entidade é razão suficiente para apená-los com multa. Poder-se-ia até mesmo propugnar pela apuração de
dano aos cofres da entidade em tomada de contas especial, buscando condenação de ressarcimento. Neste
processo, contudo, não é essa a linha que segue esta Corte. A apenação com multa por ausência de
justificativa representa uma decisão justa, considerando-se e a falta de elementos nos autos para perquirir
sobre eventual dano, e a compreensão deste Tribunal quanto às peculiaridades dessas entidades
paraestatais.
85. Por essas razões, com as devidas vênias ao eminente Ministro José Múcio, mantenho a proposta
de rejeição das razões de justificativa e aplicação de multa, porque em 2005 a necessidade de justificar a
contratação direta sem licitação, ainda mais de escritório de advocacia por uma entidade que tem seu
próprio quadro de advogados, era, assim como é, uma norma amplamente conhecida pelos que lidam com
contratações no Sistema S.
IV
183
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
86. Há um último ponto levantado pelo eminente revisor que desejo abordar. É quando defende o
ajuste dos valores das multas indicados na minuta do acórdão, uma vez que na dosimetria foi sopesada a
participação dos dirigentes na condução do Projeto Orbis-MC (item 40 do voto revisor).
87. Nesse ponto, acompanho a proposta do revisor, reduzindo o valor da multa imposta aos Srs.
Rodrigo Costa Rocha Loures, Diretor Regional do Sesi/PR, e Marcos Müeller Schlemm, Diretor-
Superintendente do Sesi/PR, responsáveis pelo descumprimento do disposto no item 9.2 do Acórdão TCU
nº 614/2005 - Plenário e pela contratação de escritório de advocacia, por inexigibilidade de licitação, sem
ter demonstrado a singularidade do serviço e a insuficiência ou incapacidade técnica de seu quadro
próprio de advogados para atuar na defesa dos interesses da entidade. O Sr. Carlos Sérgio Asinelli,
Diretor Regional do Senai/PR, está sendo multado pelo descumprimento do disposto no item 9.2 do
Acórdão TCU nº 614/2005 - Plenário.
88. Por fim, cabe esclarecer que as contas do Sesi/PR referentes aos exercícios de 2007 (TC
018.155/2008-0) e 2008 (TC 018.073/2009-0) foram julgadas após a sessão plenária de 9/12/2009 e
encontram-se se encerradas. Nesse sentido, há que se proceder a ajustes no acórdão originalmente
proposto, de forma a encaminhar cópia da presente deliberação ao MP/TCU para que avalie a
conveniência e oportunidade de interpor recurso de revisão com a finalidade de reabrir as contas.
89. Essas as ponderações que gostaria de trazer ao colegiado e que me impedem, data venia, de
acompanhar o voto revisor ora trazido pelo ilustre Ministro José Múcio Monteiro.
Assim, por todas as razões acima expendidas, manifesto-me pela aprovação do acórdão que
submeto à apreciação deste Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
WEDER DE OLIVEIRA
Relator
VOTO COMPLEMENTAR
Há duas questões neste processo que podem ensejar ou não a aplicação de multa aos responsáveis.
A primeira delas, referente à falta de observância da Instrução Normativa da Secretaria do Tesouro
Nacional, nas transferências de recursos por convênios, penso que o Tribunal já evoluiu para o
entendimento de que, embora a formalização desses instrumentos ainda seja obrigatória, as entidades do
Sistema "S" não estão sujeitas às regras próprias aplicáveis à Administração Pública.
Outra questão diz respeito à contratação direta de escritório de advocacia. De fato, as entidades do
Sistema "S" estão vinculadas aos princípios administrativos básicos, entre os quais, sem dúvida, se insere
o da exigência de se licitar. Ocorre que a hipótese de inexigibilidade de licitação também é reconhecida
pela lei e, neste caso, a rigidez de interpretação sobre o que seja inviabilidade de competição e notória
especialização não se coaduna, no meu sentir, com a fiscalização dos serviços paraestatais. Isto é, não
vejo problema em que alguma espécie de contratação, que seja tipicamente caso de licitação na
Administração Pública, possa não sê-lo no Sistema "S", considerando suas particularidades, flexibilidade
e justificativas.
Por isto, apresento proposta de, excepcionalmente, acatar a defesa dos responsáveis, deixando de
aplicar-lhes multa, conforme o acórdão que passo a ler.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
Revisor
1. Processo nº TC 021.559/2005-8
2. Grupo II - Classe VII - Representação
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome (MDS).
3.2. Responsáveis: Avelino Romero (CPF 301.925.449-34), Carlos Alberto Del Claro Gloger (CPF
000.245.709-15), Carlos Sergio Asinelli (CPF 080.459.339-68), Marcos Muller Schelemm (CPF
087.649.139-53), Osvaldo Davet (CPF 004.674.999-34), Rodrigo Costa da Rocha Loures (CPF
002.928.269-15)
4. Unidades: Serviço Social da Indústria-Departamento Regional/PR – MDS e Senai-Departamento
Regional/PR – MTE
5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira
5.1. Revisor: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Secex/PR
8. Advogados constituídos nos autos: Marco Antônio Guimarães (OAB/PR nº 22.427), Fernanda
Ehalt Vann (OAB nº 21.693), Rodrigo Bozzobon (OAB/PR nº 25.997), Carlos José Sebrenski (OAB nº
27.644), Thiago Morelli Rodrigues de Sousa (OAB/PR nº 38.379), Alexandre José Garcia de Souza
(OAB/DF nº 17.041), Fábio Henrique Garcia de Souza (OAB/DF nº 17.081), Breno Luiz Moreira Braga
de Figueiredo (OAB/DF nº 26.291), Luiz Carlos Braga de Figueiredo (OAB/DF nº 16.010), Maria Lúcia
Wood Saldanha (OAB/PR nº 18.251), Valéria da Silveira Muller (OAB/PR nº 22.888), Marina Talamini
Zilli (OAB/PR nº 24.507) e Fábio Dias Vieira (OAB/PR nº 36.687)
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação em que se aprecia possíveis
irregularidades praticadas na gestão de convênios e na área de pessoal do Serviço Social da Indústria -
Departamento Regional do Paraná (Sesi/PR) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial -
Departamento Regional do Paraná (Senai/PR),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Revisor, em:
9.1. conhecer da representação, por preencher os requisitos regimentais, para, no mérito, considerá-
la parcialmente procedente;
9.2. acolher as razões de justificativa de Rodrigo Costa da Rocha Loures e Marcos Müeller
Schlemm (Diretor-Regional e Diretor-Superintendente do Sesi/PR, respectivamente) e Carlos Sérgio
Asinelli (Diretor Regional do Senai/PR), quanto ao descumprimento do item 9.2 Acórdão nº 614/2005-
TCU- Plenário;
9.3. acolher as razões de justificativa dos responsáveis indicados no item 3.2 quanto aos seguintes
fatos:
9.3.1. insuficiência na comprovação de despesas relacionadas a viagens, assessoria e consultoria,
promoções e eventos e ao Mundial do Atletismo do Trabalhador (alínea “d” do Ofício nº 3.482/2006-
TCU/SECEX/PR e Ofício nº 3.483/2006-TCU/SECEX-PR, fls. 546/552 e 553/559, vol. 4);
9.3.2. falhas na condução de procedimentos seletivos para a contratação de pessoal (alínea “f.1” do
Ofício nº 3.482/2006-TCU/SECEX/PR e Ofício nº 3.483/2006-TCU/SECEX-PR, fls. 546/552 e 553/559,
vol. 4 e alínea “b.1” do Ofício nº 3.485/2006-TCU/SECEX/PR, fls. 561/563, vol. 4);
9.3.3. contabilização de despesas em data anterior à do documento contábil que a sustentaria –
ocorrência verificada no lançamento nº 43 (ficha 2006010000000932) – Alimentação e Viagens no País –
DESPESAS DE VIAGENS, efetuado no dia 12/1/2006, contemplando despesas que teriam sido
185
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
realizadas nos dias 13, 14 e 16/1/2006 (alínea “g” do Ofício nº 3.482/2006-TCU/SECEX/PR e Ofício nº
3.483/2006-TCU/SECEX/PR , fls. 546/552 e 553/559, vol. 4 e Ofício nº 3.484/2006-TCU/SECEX/PR,
fls. 560, vol. 4);
9.4. determinar ao Senai/PR que apure a regularidade da contratação de Frederico Reichmann Neto,
que acumularia cargo no Senai/PR com emprego na Companhia Paranaense de Energia (Copel),
garantindo-lhe o exercício do contraditório e da ampla defesa, e que adote as medidas administrativas
para o ressarcimento de eventuais prejuízos decorrentes da não prestação efetiva dos serviços para os
quais foi contratado;
9.5. determinar ao Sesi/PR e ao Senai/PR que, ao final do prazo de vigência dos seguintes contratos
firmados pelo IEL/PR, e respectivos aditivos, realizem licitações para a escolha dos fornecedores, caso
ainda não as tenham realizado:
FORNECEDOR OBJETO
Softexpert Informática e Direito de uso do software e prestação de serviço de
Automação Ltda. capacitação operacional e assessoria técnica para
configurações do sistema ISOSISTEM
LG Informática Direito de uso de software e prestação de serviço
BRT Serviços de Internet Fornecimento, instalações e garantias do objeto de locação
de serviços de servidores
Brasil Telecom S.A. Cessão de todos os direitos e obrigações da cedente
decorrentes dos contratos nºs 8142859619, 8142047916 e
8142050658, assinados em 26/11/2004
BRT Serviços de Internet S.A. Implantação, operação e manutenção técnica de Rede
Cooperativa de Voz e Dados e serviços de segurança
armazenagem de informações e controle de aplicação
OUTPLAN Marketing Cessão de todos os direitos e obrigações referentes ao
Interativo Ltda. Contrato de Prestação de Serviços datado de 26/7/2004
SIGMA DATASERV Cessão de todos os direitos e obrigações referentes ao
Contrato de Prestação de Serviço de Consultoria e Suporte
Técnico em Sistema de Informação datado de 1/10/2004.
SOFTEXPERT Informática e Cessão de todos os direitos e obrigações decorrentes do
Automação Ltda. Contrato de Prestação de Serviços, Contrato de Licença de
Uso e Contrato de Atualização Anual
EPS Banco de Dados Ltda. Cessão de todos os direitos e obrigações referentes ao
Contrato de Prestação de Serviços datado de 26/10/2004
VISIONNAIRE Informática Cessão de todos os direitos e obrigações referentes ao
S.A. Contrato de Prestação de Serviços datado de 1/9/2004
O Elo Locadora de Cessão de todos os direitos e obrigações referentes aos
Equipamentos Eletrônicos Ltda. Contratos de Locação de Equipamentos de Informática
9.6. determinar ao Sesi/PR que adote, no prazo de 30 (trinta) dias, providências visando à rescisão
do Contrato de Prestação de Serviços nº 93/2005, se ainda vigente, assegurado o contraditório e a ampla
defesa;
9.7. alertar ao Sesi/PR e ao Senai/PR que a repetição no descumprimento de decisão do TCU,
quanto aos assuntos tratados neste processo, ensejará a aplicação de multa aos responsáveis, uma vez que
o acolhimento das justificativas, no presente caso, ocorre apenas em caráter parcial e excepcional;
9.8. restituir os presentes autos à Secex/PR para que sejam apensados ao TC 016.319/2006-9 e, por
cópia, aos TC 020.230/2007-5, 018.155/2008-0 e 018.073/2009-0, a fim de que sejam neles tratadas as
demais ocorrências referidas no relatório e analisadas na proposta de deliberação.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
Adoto como relatório o parecer lavrado no âmbito da Consultoria Jurídica deste Tribunal.
se dá apenas quando o contratante expede ordens ou autorizações de execução, com valor estipulado em
tabela de preços unitários que integra o contrato; o valor global, lançado no contrato é meramente
estimativo, para fins de empenhamento da verba correspondente ao máximo da despesa prevista, não
representando o valor real desta, que dependerá da medição dos serviços efetivamente executados, na
medida em que autorizados pela Administração contratante, defeso que o contratado proceda à execução
desautorizada1
8. Não há, neste regime, vinculação da proposta a ser apresentada pelas licitantes à planilha de
composição de custos estimados apresentada pela Administração no instrumento convocatório, que
implique na impossibilidade de inclusão de itens considerados, pelas licitantes, essenciais à execução do
objeto da contratação.
9. Dessa forma, verifica-se que é incorreto o entendimento de que a adoção do regime de
empreitada por preço unitário dispensa a conferência, por parte do licitante, do conteúdo da planilha de
composição de custos estimados apresentada pela Administração, em razão de vinculação da proposta à
referida planilha e de inexistência de riscos na formação de preços. A formação de preços depende de
fatores intrínsecos à contratada, como a obtenção de preços junto a fornecedores e a definição da margem
de lucro pretendida.
10. É pertinente observar também que, como demonstrado acima, no regime de empreitada por
preço unitário, os pagamentos efetuados pelo contratante dependem da comprovação da efetiva execução
do item pela contratada. Todavia, é imprescindível que os itens executados tenham sido incluídos na
proposta de preços apresentada pela contratada, em que seja previamente fixado o valor do item por
unidade determinada do serviço. Como observado no parecer exarado no processo 013.298/2010-0, a
execução e o pagamento de serviços eventualmente não previstos na proposta de preços independe do
regime de execução adotado no contrato. Em verdade, alterações contratuais eventualmente necessárias
exigem o atendimento dos requisitos previstos no artigo 65 da Lei n. 8.666/1993 e a prévia formalização
de termo aditivo ao contrato.
11. Quanto à alegação de vedação, no edital, à inclusão de itens na planilha de composição de
custos, mostra-se necessário, para o deslinde da questão, o exame das condições do instrumento
convocatório da concorrência n. 3/2009, que deu origem ao contrato n. 37/2009 (peça 4 do processo
013.298/2010-0). In casu, a condição 34.3.1 do edital determinava que as licitantes deveriam apresentar,
em suas propostas de preços, planilhas de composição de custos unitários conforme o anexo V – planilha
de composição de custos unitários – composição do TCU do edital, com a indicação da “composição
unitária de todos os itens e subitens que compõe o anexo III – orçamento estimativo” (f. 12 da peça 4 do
processo 013.298/2010-0).
12. Tal disposição, entretanto, não implicava em vinculação da proposta de preços das licitantes aos
estritos termos da planilha de custos unitários estimados elaborada pela Administração, com vedação à
inclusão de itens na referida planilha, uma vez que tinha por finalidade o atendimento do princípios do
julgamento objetivo e da isonomia, sem afetar a liberdade da licitante na formulação da sua proposta e o
direito de impugnar as disposições do instrumento convocatório.
13. A liberdade do licitante na formulação de suas propostas, com possibilidade de inclusão de
novos itens considerados essenciais à execução do contrato, bem como a responsabilidade da licitante
pela elaboração de sua proposta, é constatada pelo exame das demais condições do instrumento
convocatório, como, por exemplo, as condições 37.1, 40, 40.2, 41 e 41.1 (f. 13 e 14 da peça 4 do processo
013.298/2010-0), in verbis:
37. As licitantes deverão, para fins de elaboração da proposta, verificar e comparar todos os projetos
fornecidos para execução dos serviços:
37.1. No caso de falhas, erros, discrepâncias ou omissões, bem como transgressões às Normas
Técnicas, regulamentos ou posturas, caberá à licitante formular imediata comunicação escrita à Comissão
Especial de Licitação, no prazo estabelecido na Condição 4 deste Edital, para fins de esclarecimento por
parte da Comissão.
1
PEREIRA JÚNIOR, Jessé Torres. Comentários à Lei de Licitações e Contratações da Administração Pública. Rio de Janeiro:
Renovar, 2003. p. 100-101.
189
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
40. Os quantitativos indicados nas Planilhas constante deste Edital são meramente
estimativos, não acarretando à Administração do Tribunal de Contas da União qualquer obrigação quanto
a sua execução ou pagamento.
40.2. as composições de custos unitários elaboradas pelo TCU (Anexo V) são instrumentos para
elaboração do orçamento estimativo pela licitante. Cada licitante deverar elaborar suas composições
de custos incluindo todos os materiais, equipamentos e mão-de-obra que entenderem necessários
para a conclusão do serviço, de acordo com a especificação técnica.
41. Nos preços cotados deverão estar inclusos os encargos sociais e trabalhistas, todos os
equipamentos, instrumentos, ferramentas e máquinas necessários ao desenvolvimento dos
trabalhos, enfim, quaisquer outras despesas necessárias à realização dos serviços, bem assim,
deduzidos quaisquer descontos que venham a ser concedidos. Os impostos, as taxas, as despesas indiretas
e o lucro bruto da licitante deverão estar considerados em item específico-BDI, conforme planilhas
constantes dos Anexos V e IX deste Edital.
41.1. A cotação apresentada e levada em consideração para efeito de julgamento será de
exclusiva e total responsabilidade da licitante, não lhe cabendo o direito de pleitear qualquer alteração.
14. No mesmo sentido, confira os seguintes trechos extraídos do Anexo II – Especificações técnicas
e normas de medição e pagamento (peça n. 4 do processo 013.298/2010-0):
Possíveis indefinições, omissões, falhas ou incorreções dos projetos ora fornecidos não poderão
constituir pretexto para a CONTRATADA pretender cobrar “serviços extras” e/ou alterar a composição
de preços unitários. Considerar-se-á a CONTRATADA como altamente especializada nos serviços em
questão e que, por conseguinte, deverá ter computado, no valor global da sua proposta, também, as
complementações e acessórios por acaso omitidos nos projetos, mas implícitos e necessários ao perfeito e
completo funcionamento de todas as instalações, máquinas, equipamentos e aparelhos. (f. 24)
A CONTRATADA fornecerá as máquinas, os equipamentos, as ferramentas, os materiais, a mão-
de-obra (inclusive os encargos sociais), os insumos, todos os tipos de transporte e tudo mais que for
necessário para a execução, a conclusão e a manutenção das obras, sejam eles definitivos ou temporários.
Os custos relativos a esses itens deverão estar embutidos nos respectivos custos unitários ou no BDI.
Também serão de responsabilidade da CONTRATADA todos os impostos, taxas, emolumentos,
alvarás e encargos necessários à execução dos serviços. Nenhum pagamento adicional será efetuado em
remuneração aos serviços descritos nesse documento.
Considera-se sempre que a CONTRATADA dispõe da totalidade dos conhecimentos técnicos,
gerenciais e administrativos e dos meios de produção necessários, suficientes e adequados à execução dos
serviços para a realização do objeto, os quais deverá mobilizar e empregar com eficiência e eficácia no
cumprimento do Contrato que celebrar. Não caberá qualquer pleito de alteração dos valores contratados
pela substituição de métodos e meios de produção incompatíveis com o conjunto dos serviços a realizar
nas quantidades, prazos e qualidade requeridos.
As composições de custos unitários elaboradas pelo CONTRATANTE são instrumentos para a
elaboração do orçamento estimativo. Cada licitante deve elaborar suas composições de custos incluindo
todos os materiais, equipamentos e mão-de-obra que entenderem necessário para a conclusão do serviço
de acordo com a especificação técnica. Não poderá haver nenhum pleito de alteração de valores da
CONTRATADA em função das composições apresentadas pelo CONTRATANTE. (f. 30)
15. Observa-se, portanto, que restou claro no edital da concorrência n. 3/2009 que a planilha de
composição de custos apresentada pela Administração era meramente estimativa e que as licitantes
deveriam apresentar suas propostas conforme suas próprias composição de custos. Às licitantes era
assegurada, ainda, a possibilidade de impugnação do edital, fixada nas condições 37.1 e 80 a 82 do
instrumento convocatório.
16. Note-se que a responsabilidade da contratada pelo adimplemento de verbas trabalhistas e demais
encargos referentes à mão-de-obra estava expressamente prevista no edital de abertura do certame (v.
condições 40.2 e 41 do edital, as disposições gerais do anexo II – especificações técnicas e a cláusula
décima do anexo XI – minuta do contrato). Ademais, como consignado no parecer desta Consultoria
Jurídica exarado no processo 013.298/2010-0 (peça 16), à época da realização da licitação, já estava em
190
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
vigor convenção coletiva que estabelecia a obrigação de fornecimento de alimentação aos empregados,
bem como vigorava a Lei n. 7.418, de 16 de dezembro de 1985, que estabeleceu a obrigação de
fornecimento de vale-transporte pelo empregador. Verifica-se, portanto, que a licitante tinha, ou deveria
ter, pleno conhecimento das condições necessárias à realização do serviço objeto do contrato n. 37/2009,
as quais deveriam ser consideradas nas propostas apresentadas no certame.
17. Dessa maneira, tendo conhecimento de todas as condições necessárias à execução do serviço e
diante de expressa previsão no edital de que todos estes custos deveriam ser incluídos em suas propostas
de preços, os interessados em participar do procedimento licitatório tinham duas opções: a) elaborar suas
propostas de preços em conformidade com os ditames do instrumento convocatório e com as
especificações técnicas do serviço, sem deixar de incluir todos os custos referentes a materiais,
equipamentos e mão-de-obra que entender necessários para a conclusão do objeto do contrato; ou b)
apresentar impugnação ou pedido de esclarecimentos, na forma prevista nas condições 37.1 e 80 a 82 do
edital.
18. Da análise dos autos, verifica-se que a Construtora RV Ltda., optou por oferecer desconto linear
de 12,5% sobre o valor estimado pela Administração, sem efetuar a conferência de todos os itens da
planilha de custos estimados, como foi por ela própria reconhecido em seu requerimento inicial (peça 1
do processo 013.298/2010-0), e sem apresentar impugnação do edital ou pedido de esclarecimentos2.
19. Ao adotar esta postura, a contratada firmou a obrigação de executar o objeto do contrato pelo
preço fixado em sua proposta e em conformidade com as condições e as especificações técnicas previstas
no instrumento convocatório, assumindo os riscos decorrentes da não conferência da planilha de
formação de custos estimados, para verificação da correta previsão e cotação de serviços, materiais,
equipamentos e mão-de-obra necessários à execução do objeto do contrato.
20. Neste ponto, confira o seguinte trecho extraído da decisão recorrida (peça 9), exarada pelo então
Presidente do Tribunal de Contas da União, Ministro Ubiratan Aguiar:
Apesar de reconhecer, na mesma linha de entendimento da Nota Técnica juntada ao TC-
013.298/2010-0, de autoria do Dr. Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, OAB/DF n. 6.546, advogado da
contratada (peça n. 3 destes autos), que na empreitada por preço unitário – em que o pagamento ocorre
em função das unidades efetivamente executadas – impõe-se uma fidelidade maior da planilha
disponibilizada pela Administração ao escopo do contrato e a todos os seus custos, entendo que o regime
também exige dos licitantes maior preocupação com a conferência do orçamento, a fim de verificar a
correta adequação dos matérias/serviços, quantidades e preços cotados, providência não adotada no
presente caso.
Essa conferência se revela ainda mais relevante quando se trata de itens obrigatórios, previstos tanto
no instrumento convocatório como na Lei n. 7.418/1985 e na convenção coletiva de trabalho da categoria.
21. Acerca do tema, o Plenário do Tribunal de Contas da União já decidiu, em diversos julgados,
que a ausência de impugnação do edital implica na presunção de concordância das licitantes com as
condições estabelecidas no instrumento convocatório:
127. No que tange à ausência do valor do vale transporte, o resultado de sua incorporação seria
incrementar o valor da mão de obra, que por sua vez incrementaria o valor do Projeto Básico, limite
máximo para aceitação de propostas. (...) Apenas o limite de aceitação de propostas seria mais elevado.
Nada impede também que as licitantes acrescentem os custos que elas acharem conveniente. O risco de
uma proposta mais alta, e uma possível derrota ou desclassificação, pertence a cada empresa. (...)
9.8 Quanto a questionamentos anteriores feitos pelos licitantes, registre-se que as condições dos
Edital e Projeto Básico não foram alteradas e foram aceitas por eles, vez que não ofereceram
oportunamente impugnação. Sobre o tema já se tem manifestação do Exmo Sr. Ministro - Relator Lincoln
Magalhães da Rocha em Voto condutor do Acórdão no 2.037/2005 (fls. 265/266) nos seguintes termos:
2
Note-se que, como consignado no parecer exarado por esta Consultoria Jurídica no processo 013.298/2010-0 (peça 16), a
contratada utilizou, duas vezes, a faculdade de questionar especificidades das planilhas, sem, entretanto, apresentar quaisquer
questionamentos acerca da insuficiência do valor estimado da contratação ou da omissão de custos no instrumento
convocatório.
191
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
"9. Além disso, as licitantes tiveram momento oportuno para apresentar suas indagações quanto aos
preços estabelecidos no edital do certame, ao qual poderiam ter oferecido, oportunamente, impugnação,
ante o que dispõe o § 2o do artigo 41 da Lei 8.666/93. Quanto a este último ponto, cabem comentários.
10. O questionamento apresentado pela Engeser referente à dúvidas quanto a confecção da proposta
na concorrência 025/2004 foi respondido pela Cepisa, conforme expediente constante à fl. 206 - anexo 4,
pelo que se entende que, à época, a empresa satisfez-se com as informações prestadas pela estatal
piauiense, uma vez que compareceu aos autos para cotar proposta.
11. A atitude da licitante ora agravante, de participar das fases posteriores levam-me, portanto, à
conclusão de que a mesma concordou com os termos do edital. A questão diz respeito à conduta
complexa, que implica presunção de que a Engeser, de forma tácita, estava de acordo com os termos da
concorrência 025/2004, inclusive quanto aos preços utilizados como referência no projeto básico. Por
oportuno, trago a lume didático julgado do Superior Tribunal de Justiça - STJ, o qual, ao apreciar o
Recurso Especial 402.711, manifestou-se da seguinte forma: "4. A impetrante, outrossim, não impugnou
as exigências do edital e acatou, sem qualquer protesto, a habilitação de todas as concorrente; 5.
Impossível, pelo efeito da preclusão, insurgir-se após o julgamento das propostas, contra as regras da
licitação".
12. Desse modo, o silêncio da Engeser foi qualificado por sua posterior participação no
certame licitatório, o que representa, portanto, prova incontroversa de que concordara com os
termos iniciais da licitação, inclusive, como já dito, quanto aos preços ínsitos no projeto básico, os
quais, não por outra razão, foram utilizados como referência para se estimar valores-base para as
retenções." [sem grifos no original]
(TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Acórdão n. 2.008/2009 – Plenário. Relator: Ministro
Raimundo Carreiro. Publicado no Diário Oficial da União de 4 de setembro de 2009)
“8.2. o edital do pregão 27/2004 não fez menção a custos de manutenção da infraestrutura, mas
apenas de sua instalação, de modo que a inclusão de tal parcela, caso considerada necessária, deveria
ter sido pleiteada mediante impugnação do edital, o que não foi feito, gerando consequentemente a
presunção de que todos estariam de acordo com os termos propostos;” [sem grifos no original]
(TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Acórdão n. 477/2010 - Plenário. Relator: Ministro
Aroldo Cedraz. Relator da deliberação recorrida: Ministro Benjamin Zymler. Publicado no Diário Oficial
da União de 19 de março de 2010)
”De se destacar, também (...), que os encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais
constituem responsabilidade da contratada, inclusive no que concerne a eventuais erros ou
distorções apresentadas nas planilhas de preços.” [sem grifos no original]
(TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Acórdão n. 1.990/2008 – Plenário. Relator: Ministro
Raimundo Carreiro. Publicado no Diário Oficial da União de 12 de setembro de 2008)
22. Em caso análogo ao caso em exame, em que despesa considerada necessária à execução de
serviço foi omitida da planilha de composição de custos estimados, o Tribunal de Contas da União
decidiu que:
8.3. Ademais, há que se considerar que (1) o item de despesa que a planilha omitiu podia ser
incorporado a outros itens de custo; (2) havia no termo de referência do pregão a previsão explícita de que
"A omissão de qualquer despesa necessária à perfeita execução dos serviços será como não existente ou já
incluída no preço, não podendo a licitante pleitear acréscimos após a abertura das propostas”. Assim,
considero que o fato de as empresas não terem explicitado o questionado item de custo, em razão da
omissão observada na planilha de preços, nenhum prejuízo trouxe ao certame, visto que isso não as
impedia de levar esses custos a outros itens formadores dos preços, ou que arcassem com esses custos à
conta da redução do lucro previsto, sem possibilidade de reclamá-lo posteriormente perante a contratante.
(TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Acórdão n. 2.619/2008 – Plenário. Relator: Ministro Augusto
Nardes. Publicado no Diário Oficial da União de 21 de novembro de 2008)
23. Quanto à alegação de que as despesas com alimentação e transporte de empregados poderiam
ser pagas à contratada sob a denominação de reembolso, cabe observar que não é possível o
enquadramento das referidas despesas no item “consumos gerais”, para o qual foi prevista a possibilidade
192
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
de reembolso, na forma do item 2.2 do Anexo II do edital. De acordo com o disposto no instrumento
convocatório, o item “consumos gerais” refere-se ao ressarcimento de despesas de consumo relativas ao
canteiro e aos barracões, incluindo gastos com “água/esgoto, energia elétrica, telefone, cópias
xerográficas e de projetos, medicamentos, materiais de escritório, materiais de limpeza, entre outros” (f.
33 da peça 4 do processo 013.298/2010-0).
24. Ademais, ainda que fosse possível tal enquadramento, o reembolso de despesas de consumo
geral está limitado ao valor máximo mensal constante da proposta da contratada (v. item 2.2 do Anexo II
– f. 201 da peça 4 do processo 013.298/2010-0), o qual é muito inferior ao valor pleiteado pela
contratada, como já havia sido observado no parecer desta Consultoria Jurídica exarado no processo
013.298/2010-0 (peça 16): “[...] caso a Administração utilize interpretação diversa da apresentada no
item 20 deste parecer, não poderia reembolsar a contratada em valores superiores a R$ 9.980,00 (nove
mil novecentos e oitenta reais) que [...] representa apenas 7,35% do que se pleiteia reembolsar por mês,
ponderando-se a estimativa de R$ 1.900.000,00 (um milhão e novecentos mil reais) para toda a vigência
do contrato – 14 meses”3.
25. Por fim, é necessário destacar que o requerimento de ressarcimento de despesas com
alimentação e transporte de funcionários não se enquadra na hipótese de alteração prevista na alínea “a”
do § 1º do artigo 65 da Lei n. 8.666/1993, tendo em vista que as alterações qualitativas podem ser
promovidas somente quando houver comprovação da necessidade de modificação do projeto ou das
especificações para melhor adequação técnica, desde que tal alteração não importe na descaracterização
do objeto inicialmente licitado e que respeite os limites estabelecidos para as alterações quantitativas.
26. Além disso, a doutrina e a jurisprudência do Tribunal de Contas da União tem determinado,
ainda, que as alterações qualitativas devem ser decorrentes de fatos supervenientes ou de conhecimento
superveniente, como se verifica no seguinte trecho extraído do Acórdão n. 215/1999 do Plenário desta
Corte de Contas:
As modificações qualitativas devem ser decorrentes de fatos supervenientes que impliquem em
"dificuldades não previstas ou imprevisíveis por ocasião do pacto inicial", devendo corresponder ainda a
uma alteração de circunstâncias fáticas levadas em consideração por ocasião da avença. A Administração
há que também evidenciar que "a solução localizada na fase da licitação não se revelou, posteriormente,
como a mais adequada". No entanto, a modificação decorrente não pode ser de vulto tal que venha a
transfigurar o objeto original em outro, frustrando os princípios da obrigatoriedade de licitação e da
isonomia.
27. No caso em exame, não se verifica, prima facie, a existência de fato superveniente ou de
conhecimento superveniente, tendo em vista que a obrigação de fornecimento de vale-transporte pelo
empregador foi estabelecida pela Lei n. 7.418/1985, que a convenção coletiva de trabalho trazida à peça 5
do processo 013.298/2010-0 já estava em vigor na época da publicação do instrumento convocatório e
que o edital previa a responsabilidade da contratada pelo pagamento de todos os encargos trabalhistas e
sociais, que deveriam ser incluídas na proposta de preços apresentada no procedimento licitatório.
Pelo exposto, encaminhamos os autos ao Gabinete do Ministro Raimundo Carreiro, com a
recomendação de que o recurso interposto pela RV Construtora Ltda. seja conhecido e que, no mérito, lhe
seja negado provimento.
É o relatório.
VOTO
Consoante se depreende dos autos e constou do relatório que antecede este voto, houve um erro da
Administração do TCU, reconhecido pela própria Secretaria de Engenharia e Serviços de Apoio – Sesap -
3
Note-se que o edital estabelecia a possibilidade de apresentação de proposta com item de custo unitário com valor superior ao
estimado pela Administração, mediante a apresentação de justificativas que seriam analisadas pela Comissão Especial de
Licitação, na forma da condição 58.2.1 do edital da concorrência n. 3/2009.
193
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
que deveria ter incluído os custos com transporte e alimentação na planilha de custos, como custos
diretos, nos termos do que já decidiu esta Corte de Contas no Acórdão nº 2.450/2007-Plenário.
Por outro lado, também é de se reconhecer que houve um erro da empresa contratada, ora
recorrente, caracterizado pela ausência de impugnação do Edital, no que concerne à omissão na planilha
de custos.
A questão, portanto, que se discute neste processo é a de se saber se há espaço jurídico para, durante
a execução contratual, se promover a retificação do aludido erro?
Com as vênias de estilo, entendo que, neste caso, não apenas é possível juridicamente a citada
retificação, como também é a solução mais justa. E as razões que me levam a essa conclusão têm como
ponto de partida as considerações apresentadas pelo Secretário da Secretaria de Engenharia e Serviços de
Apoio – Sesap –, no seguinte sentido:
12. Inicialmente reconhecemos, com fundamento na jurisprudência deste Tribunal, que os itens
vale-transporte e auxílio alimentação compõem os custos para a execução de obras, visto que são
obrigatoriamente pagos pela contratada por força de lei e de convenção coletiva. Aliás, a obrigatoriedade
do pagamento pela contratada está expressamente prevista no contrato.
13. Desse modo, os itens questionados deveriam constar, necessariamente, da planilha orçamentária
elaborada pela Sesap como custos da obra, conforme orientação do TCU. Cumpre reforçar que essa
orientação consta expressamente do item 93 do Roteiro de Auditoria de obras públicas, aprovado pela
Portaria Segecex nº 20/2010.
14. Há que se reconhecer, além disso, que os valores desses dois itens impactam fortemente os
valores do contrato e, por esse motivo, podem trazer sérias consequências para o equilíbrio econômico-
financeiro. Estima-se que os custos representem cerca de R$ 1,9 milhão, o que corresponde a 44% do
lucro bruto declarado pela empresa, estimado em R$ 4,3 milhões.
15. É importante esclarecer que o lucro bruto declarado pela contratada de 10% é exatamente igual
ao estimado pela Administração e está em patamares perfeitamente adequados, conforme jurisprudência
deste Tribunal. Não se vislumbra, portanto, motivo para redução no lucro da empresa dessa magnitude.
(...)
22. Frise-se, além disso, que a omissão não propiciou qualquer benefício à contratada que tenha
dado ensejo a vencer a licitação de forma indevida ou prejuízo a terceiro interessado no certame. Como a
omissão ora questionada não foi impeditivo para a participação da contratada na licitação, não poderia ser
para qualquer outro interessado, que deveria, da mesma forma que se afirma com relação à empresa RV,
impugnar o valor do orçamento elaborado pela Administração ou participar da licitação nas condições
fixadas no edital e solicitar posteriormente os ajustes necessários ao contrato, em observância aos
princípios que regem a empreitada por preço unitário.
23. Registre-se, ainda, que a inclusão desses itens, apesar de aumentar o valor total do contrato, em
termos relativos, não representa qualquer decréscimo no percentual de 12,5% de desconto obtido com
relação ao orçamento inicial elaborado pela Sesap, pois os seus valores deveriam ser incluídos, para fins
de comparação, tanto no valor do orçamento quanto do contrato.
24. Assim, o percentual de desconto concedido, por abranger todo o contrato, impactará
normalmente sobre qualquer parcela ou novo item – no caso, o fornecimento de transporte e alimentação.
25. Afirmamos, ainda, que a não impugnação do edital, em princípio, poderia ser caracterizada
como falta leve. Todavia, não poderia ensejar responsabilização dessa magnitude à contratada,
194
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
especialmente quando se observa que o seu comportamento não implicou qualquer prejuízo ao Erário,
visto que o valor a ser pago compõe necessariamente os custos da obra e é esperado que haja a respectiva
remuneração. Entendimento diverso implica, na nossa compreensão, enriquecimento sem causa da
Administração.
É certo que, como bem demonstrou a Conjur, a jurisprudência do TCU sobre o assunto é pacífica
quanto à impossibilidade de alterações contratuais posteriores que visem suprir omissões na planilha de
custos estimados concernentes à alimentação e transporte. Não pretendo, aqui, contrariar a jurisprudência
do Tribunal, mas apenas demonstrar que referida jurisprudência não deve ser aplicada a este caso
concreto.
Para tanto, podemos olhar o fato sob três perspectivas distintas: a dos outros licitantes; a da empresa
vencedora; e a do TCU.
Sob a ótica dos outros licitantes, o risco que se corre ao permitir o pagamento das despesas com
alimentação e transporte, mesmo sem ter havido a sua previsão na planilha de custos estimados elaborada
pelo TCU, é o de serem prejudicados no que concerne ao princípio da igualdade. Ou seja, se os outros
licitantes soubessem que referidos custos seriam posteriormente pagos pelo TCU, talvez tivessem
apresentado propostas melhores e, com isso, tivessem ganhado a licitação. O raciocínio, em tese, é
perfeito. No entanto, neste caso concreto, esse receio não se justifica, pois, conforme informação colhida
por meu Gabinete junto à Sesap, apenas a empresa RV Construtora Ltda, ora recorrente, apresentou
proposta de preço. Portanto, não há o risco de ferimento ao princípio da igualdade.
Sob o prisma da empresa contratada, poder-se-ia recear que o pagamento das citadas despesas, na
realidade, viesse a simplesmente aumentar injustificadamente o seu lucro. O parecer do titular da Sesap,
porém, demonstra exatamente o contrário, ao afirmar que, primeiro, o lucro previsto pela empresa está
nos patamares estimados pelo TCU e, segundo, que o não-pagamento dessas despesas provocaria uma
redução significativa e injustificada desse mesmo lucro.
Por fim, sob a perspectiva do TCU, teria de se verificar se o pagamento dessas despesas não traria
prejuízos ao Tribunal. Também aqui a resposta é negativa. Como bem demonstrou o parecer do Sefan,
mesmo considerando o pagamento das despesas relativas a alimentação e transporte, o valor do contrato
ficará ainda 9% inferior ao orçamento estimado da obra.
195
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
São essas as razões pelas quais entendo que, neste caso, não se deve aplicar a jurisprudência do
TCU, pois não há ameaça ao princípio da igualdade, não se corre o risco de beneficiar indevidamente a
empresa contratada nem existe a possibilidade de o TCU sofrer algum prejuízo com essa providência.
Por outro lado, ao se efetuar o pagamento dessas despesas, entendo que a Administração do
Tribunal estará cumprindo com o seu dever, ao proceder à correção de um erro que constou do Edital e
que, em outras circunstâncias, não poderia ser corrigido, sob pena de sacrifício de outros princípios tais
como o da igualdade e da segurança jurídica, mas que, neste caso concreto, irá apenas e, com muita
justiça, homenagear os princípios do não-enriquecimento sem causa e da boa-fé contratual.
Como se vê, o encaminhamento que ora sustento em nada contraria a jurisprudência deste Tribunal
nem abre qualquer exceção a ser invocada indiscriminadamente. Ao contrário, apenas estabeleci o que o
Direito norte-americano denomina de distinguishing, ou seja, a necessária comparação entre o caso
concreto e a jurisprudência, para se identificar o cabimento ou não de sua aplicação ao caso concreto.
Feitas essas considerações, Voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à
apreciação do Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 13 de abril de 2011.
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
DECLARAÇÃO DE VOTO
Peço vênias ao Nobre Relator, Exmº Ministro Raimundo Carreiro, para divergir de sua proposta e
acompanhar as conclusões da Consultoria Jurídica-Conjur, no tocante ao recurso administrativo
interposto pela empresa RV Construtora Ltda., nos termos do Capítulo XV da Lei nº 9.784, de 29/1/1999,
buscando do TCU ressarcimento de cerca de dois milhões de reais, referentes a despesas com alimentação
e transporte de seus empregados.
A recorrente ataca a decisão da Presidência do Tribunal, datada de 24/11/2010, que negou
provimento ao recurso contra a decisão da Secretaria-Geral de Administração que indeferiu o
requerimento de reembolso das despesas com transporte e alimentação de empregados, realizadas no
âmbito do contrato n. 37/2009, destinado à execução de obras complementares no Anexo III do edifício
sede do TCU.
Já há, portanto, nos autos, duas fundamentadas decisões denegatórias do pretendido reembolso, da
Secretaria-Geral de Administração e da Presidência do Tribunal, e um elucidativo parecer da Conjur.
Analisando essas bem elaboradas peças, nota-se que a decisão do então Presidente não se baseou apenas
no fato de a recorrente não ter impugnado o edital, mas, sobretudo, na ausência de amparo legal e
contratual para o provimento da pretensão da contratada.
Infundado o argumento de que o recurso merece ser provido, porque o Tribunal deixou de inserir no
projeto básico, anexo ao edital, os custos com alimentação e transporte de funcionários. O anexo II do
edital de licitação, como demonstrou o Relatório, não poderia ser mais claro ao afirmar que as empresas
interessadas em executar o objeto da licitação deveriam computar no valor global de suas propostas as
“complementações e acessórios por acaso omitidos nos projetos, mas implícitos e necessários ao perfeito
e completo funcionamento de todas as instalações, máquinas, equipamentos e aparelhos..”
O referido anexo deixou claro também que:
“Possíveis indefinições, omissões, falhas ou incorreções dos projetos ora fornecidos não poderão
constituir pretexto para a CONTRATADA pretender cobrar “serviços extras” e/ou alterar a composição
de preços unitários.”e que “serão de responsabilidade da CONTRATADA todos os impostos, taxas,
196
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
emolumentos, alvarás e encargos necessários à execução dos serviços. Nenhum pagamento adicional
será efetuado em remuneração aos serviços descritos nesse documento.”
Some-se a isso que a minuta do contrato, parte integrante do edital, posteriormente assinado pelas
partes em seus exatos termos, não dá margem a interpretação diversa da adotada pelo então Presidente do
Tribunal, na medida em que afirma que além dos encargos previstos nos anexos I e II do edital, que se
referem ao Projeto Básico e às “Especificações Técnicas e Normas de Medição e Pagamento”, a
contratada deveria arcar com despesas relacionadas, entre outros, a vales-transporte e vales-refeição.
Transcrevo a seguir a mencionada cláusula contratual:
“CLÁUSULA DÉCIMA – DOS ENCARGOS DA CONTRATADA
Caberá à CONTRATADA, além dos encargos previstos nos anexos I e II do Edital da
Concorrência nº 03/2009.
ser responsável, em relação aos seus empregados, por todas as despesas decorrentes de execução
da execução da obra, tais como:
salários;
seguros de acidente;
taxas, impostos e contribuições;
indenizações;
vales-refeição;
vales-transpote; e
outras que porventura venham a ser criadas e exigidas pelo Governo;”
Como se vê, não há falha ou omissão do Tribunal, muito menos indução a erro no edital da
Concorrência nº 03/2009.
Ainda que não se possa afirmar, com segurança, que o pleito da empresa traria prejuízo a terceiros,
e, por isso, afrontaria o princípio da igualdade, não se pode olvidar que os contratos firmados pela
administração pública estão regidos por outros princípios, não menos importantes.
A Lei nº 8.666/1993, em seu art. 65, estabelece as possibilidades de alteração dos contratos
administrativos. Entre elas, não há previsão de correção de indefinições ou de omissões na proposta da
empresa contratada.
De igual modo, restou comprovado nos autos que o procedimento licitatório não foi omisso no que
se refere à obrigatoriedade de as empresas inserirem em suas propostas os custos relativos às despesas
com transporte e refeição de funcionários.
Dessa forma, caso esta Corte venha a deferir o pedido da empresa RV, estará ferindo diretamente os
princípios da legalidade e da vinculação ao instrumento convocatório.
Aliado a tudo isso, as decisões desta Corte, nos processos de controle externo - como bem
salientado nos pareceres - apontam em sentido diametralmente oposto ao da reivindicação da recorrente,
razão pela qual considero que prover o presente recurso equivaleria a admitir que o Tribunal pode exigir
de seus jurisdicionados conduta distinta da que adota.
Controversa a afirmação do Relator de que, ao dar provimento ao recurso, o Tribunal não correria o
risco de beneficiar indevidamente a empresa contratada ou de sofrer “algum prejuízo”.
Custa-me crer que a interessada, há muito sabedora da obrigatoriedade de arcar com os custos de
alimentação e transporte de seus funcionários, tenha deixado de considerar tais despesas na proposta de
preços apresentada ao Tribunal ou que, em razão dessa suposta omissão, esteja suportando prejuízos na
execução das obras complementares do Anexo III.
Especialmente no momento em que o país discute a diminuição dos gastos do poder público,
considero que o acréscimo indevido de custos ao contrato em apreço, em valor próximo a R$ 2 milhões
de reais, traz danos não só a imagem do Tribunal, mas, sobretudo, ao Erário, cuja defesa é a missão maior
desta Corte de Contas.
II
Em meados do mês de maio, ocasião em que o processo encontrava-se no Gabinete do Ministro
Aroldo Cedraz, em razão do pedido de vista formulado por sua excelência, o procurador da empresa RV
197
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
esteve em meu Gabinete e apresentou dois memoriais, nos quais reitera a solicitação de provimento de
recurso.
Os argumentos apresentados pelo advogado são semelhantes aos já analisados nos autos. Mesmo
assim, julgo oportuno tecer considerações adicionais às que proferi na oportunidade em que votei contra a
minuta de acórdão submetida a este Colegiado pelo Relator.
Como mencionei anteriormente, embora a recorrente reitere tal alegação, não houve omissão deste
Tribunal quanto à necessidade de as licitantes fazerem constar de suas propostas as previsões de custos
com alimentação e transporte dos funcionários que pretendiam alocar à obra.
Tais obrigações, expressamente definidas no edital e na minuta de contrato, estão a cargo dos
empregadores, consoante a convenção coletiva aplicável às indústrias de construções, edificações,
reformas e manutenção ou cedentes de mão-de-obra no Distrito Federal.
Os custos com esses encargos dependiam da forma como o licitante pretendia adimpli-los,
observadas as possibilidades previstas na mencionada convenção coletiva, nas cláusulas a seguir
indicadas:
“CLAUSULA DÉCIMA – ALIMENTAÇÃO
(...)
PARÁGRAFO 3º - Os empregadores fornecerão refeição aos empregados, no valor referencial do
‘marmitex com talher’ do SESI, em uma das seguintes formas: tíquete alimentação/refeição, cesta básica,
‘marmitex” ou cantina na obra, podendo cobrar, como valor máximo de ressarcimento, o percentual de
15% (quinze por cento) por refeição.”
“CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA – FORNECIMENTO DE CAFÉ-DA-MANHÃ
Os empregadores fornecerão a todos os seus empregados gratuitamente, café com leite, pão e
manteiga, antes do início da jornada de trabalho.
PARÁGRAFO ÚNICO – Nos canteiros de obra com efetivo igual ou inferior a 50 (cinquenta)
empregados para todo o setor administrativo, fica facultado ao empregador o não fornecimento do café
da manhã, ressarcindo o empregado no valor unitário de R$ 1,30 (um real e trinta centavos) por dia
trabalhado.”
“CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA – TRANSPORTE/VALE-TRANSPORTE
Os empregadores fornecerão transporte gratuito para seus empregados, por meios próprios ou
mediante vale-transporte, entre os locais de residência e trabalho, e vice-versa, independentemente de
requerimento do empregado, desde que se comprove a necessidade por meio de documento hábil.
PARÁGRAFO 1º - No trajeto residência/trabalho e vice-versa, quando o deslocamento for superior
a 2.900 metros, o empregado fará jus ao vale transporte. Da mesma forma, na hipótese de o local de
prestação dos serviços estar distante mais de 2.900 metros do ponto de embarque/desembarque, fará jus
o empregado ao segundo vale-transporte.
(...)
Parágrafo 3º - Fica convalidado e ratificado o 1º Termo Aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho
98/99, firmado em 4/11/98, consubstanciando as definições seguintes: a) poderão os empregadores, com
anuência expressa dos empregados, e com respaldo na decisão TST-AA-366.360/97.4 – As SDC de
1º/06/98, conceder o valor equivalente ao vale-transporte, mediante antecipação em dinheiro, até o
quinto dia útil de cada mês; b) a antecipação do valor equivalente ao vale-tranporte não tem natureza
salarial, não se incorpora à remuneração para qualquer efeito, inclusive não constituindo base de
incidência de contribuição previdênciária.”
Portanto, justificável a decisão da administração desta casa, de deixar ao alvedrio das licitantes a
definição dos custos relacionados a encargos sociais e trabalhistas em suas cotações de preços. A
depender da escolha e da sistemática adotada pela licitante, as despesas com refeição e transporte
variariam consideravelmente.
Com esse intuito, não havia, nas cláusulas editalícias, qualquer impedimento a que os encargos
relacionados a transporte e alimentação de funcionários fossem contempladas na planilha de encargos
sociais de “horistas” e “mensalistas” (anexo IX-D) e, consequentemente, nas composições de custos
unitários (anexo V), cujos modelos fornecidos pelo Tribunal não pretenderam exaurir as despesas das
198
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
licitantes, conforme os itens 39 a 41 do edital, abaixo transcritos, com os destaques que considero
pertinentes:
“39. A licitante devera indicar os preços unitário e total por item e subitem, e, ainda, o global da
proposta, conforme documentos exigidos na Condição 34 do presente instrumento convocatório.
40. Os quantitativos indicados nas Planilhas constante deste Edital são meramente estimativos, não
acarretando a Administração do Tribunal de Contas da União qualquer obrigação quanto a sua
execução ou pagamento.
40.1 - a data-base da planilha orçamentária e fevereiro de 2009;
40.2 - as composições de custos unitários elaboradas pelo TCU (Anexo V) são instrumentos para
elaboração do orçamento estimativo pela licitante. Cada licitante deverá elaborar suas composições de
custos incluindo todos os materiais, equipamentos e mão-de-obra que entenderem necessários para a
conclusão do serviço, de acordo com a especificação técnica.
41. Nos preços cotados deverão estar inclusos os encargos sociais e trabalhistas, todos os
equipamentos, instrumentos, ferramentas e maquinas necessários ao desenvolvimento dos trabalhos,
enfim, quaisquer outras despesas necessárias a realização dos serviços, bem assim, deduzidos quaisquer
descontos que venham a ser concedidos. Os impostos, as taxas, as despesas indiretas e o lucro bruto da
licitante deverão estar considerados em item específico-BDI, conforme planilhas constantes dos Anexos
V e IX deste Edital.
41.1 - A cotação apresentada e levada em consideração para efeito de julgamento será de exclusiva
e total responsabilidade da licitante, não lhe cabendo o direito de pleitear qualquer alteração.”
Logo, diferentemente do que aduz a recorrente, improcedente a conclusão inicial da área técnica
desta Corte – de caráter opinativo e não vinculativo - de que houve omissão no orçamento estimativo de
preços unitários, “uma vez que referido fornecimento não foi apropriado com item de serviço no
Orçamento Estimativo, nem foi inserido na composição dos Encargos Sociais, na composição do BDI ou
de qualquer outro item do Orçamento Estimativo.”
Tanto é assim, que os despachos subsequentes não acolheram o respectivo parecer.
No que tange à afirmação de que “o edital vedava incluir itens novos na fase de licitação”, importa
destacar que tal proibição, como estabelecido no subitem 34.3.1 do edital, aplica-se tão somente ao
orçamento estimativo, objeto do anexo III do edital, cuja alteração implicaria a descaracterização da obra
licitada.
Tive a oportunidade de externar entendimento a esse respeito no voto condutor do Acórdão nº
2728/2009-Plenário: “Não poderiam as proponentes alterar os quantitativos de serviços consignados nos
orçamentos estimativos do contratante, sob pena de desclassificação de sua proposta. Por isso, todas
indicaram a DMT estimada pelo Dnit.”
Nesse sentido, as licitantes deveriam apresentar, no orçamento estimativo, os itens definidos no
edital, os quais teriam seus custos devidamente discriminados na planilha “composição de custos
unitários”, sem qualquer limitação.
A propósito, a recorrente atendeu essas exigências. Como previsto no subitem 34.3.1 do edital,
abaixo transcrito, seguiu os itens do orçamento estimativo definido pelo Tribunal e apresentou, por sua
conta e risco, composição própria de custos unitários, distinta do modelo fornecido pelo Tribunal, a
exemplo dos itens mobilização (1.1) e manutenção de tapumes (1.6):
“34.3.1 – Apesar de no anexo V do presente Edital somente constarem as composições unitárias
dos itens cuja fonte seja a composição do próprio TCU, a licitante deverá apresentar composição
unitária de todos os itens e subitens que compõem o anexo III – Orçamento Estimativo, inclusive dos
subintes constantes da planilha referente às instalações (itens 20 a 26).”
Portanto, se, de fato, deixou de considerar as despesas com transporte e alimentação em seus custos
unitários, tal omissão somente pode ser atribuída à recorrente.
A alternativa proposta no recurso, no sentido de que as despesas em questão fossem consideradas
como despesas de consumo, foi suficientemente analisada e afastada pela Consultoria Jurídica, que se
posicionou nos seguintes termos:
199
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
1. Processo nº TC 027.908/2010-0.
1.1. Apenso: 013.298/2010-0
200
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de pedido de reconsideração de decisão da Presidência
do Tribunal de Contas da União que negou provimento a recurso interposto pela RV Construtora Ltda.
contra decisão da Secretaria-Geral de Administração que indeferiu o pedido de reembolso de despesas
com transporte e alimentação de funcionários no âmbito do contrato n. 37/2009, o qual tem como objeto a
execução de obras complementares no edifício Anexo III do Tribunal de Contas da União em
Brasília/DF,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do pedido de reconsideração interposto para, no mérito, dar-lhe provimento;
9.2. dar ciência desta deliberação ao recorrente.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
201
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
pesquisa de preços e à não consideração da distância entre a contratada por dispensa de licitação e o
local da prestação do serviço;
9.5. aplicar ao Sr. Marco Aurelio Rodovalho de Oliveira (CPF: 965.289.906-20) e ao Sr. Wesley
José Gadelha Beier (CPF: 352.027.181-87), a multa prevista no 58, inciso II, da Lei n. 8.443/92 c/c o
art. 268, inciso II, do Regimento Interno, no valor individual de R$ 8.000,00 (oito mil reais), com a
fixação do prazo de quinze dias a contar da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (art.
214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno) o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro
Nacional, atualizada monetariamente a partir do término do prazo fixado neste acórdão até a data do
recolhimento, na forma da legislação em vigor; (...)’
5. Inconformado com o decisum, o Sr. Marco Aurélio Rodovalho de Oliveira opôs embargos de
declaração em que apontou contradição no voto relativa à sua responsabilização em decorrência da
ausência de cláusula contratual com vedação à subcontratação (item ‘b’ acima transcrito), na qualidade
de então Gerente Substituto de Logística da ANVISA, em contradição com o acolhimento das razões de
justificativa do Sr. Renato Alencar Porto, Representante do Setor de Compras (fls. 2-20, anexo 6).
6. Portanto, o embargante alegou o tratamento anti-isonômico conferido ao seu caso, uma vez
acatadas as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Renato Alencar Porto, paradigma para efeito de
demonstração da contradição (fls. 2-20, anexo 6).
7. Na ocasião, o embargante asseverou que não tinha competência para a tomada de decisões
tampouco constava da sua esfera de atribuições o acompanhamento da execução contratual do ajuste
firmado com a Fundação Euclides da Cunha (fls. 3-6, anexo 6).
8. Entendeu pelo tratamento distinto entre o que fora decidido para o embargante e para o
paradigma no tocante à responsabilização pela irregularidade ‘ausência de cláusula contratual
proibitiva de subcontratação’, o que configuraria contradição no Acórdão nº 2.644/2009-TCU-Plenário
(fls. 6-9, anexo 6).
9. Suscitou ainda a omissão no decisum quanto à apenação de sua conduta em razão da dispensa
de licitação, pois o voto da decisão embargada não teria abordado a questão como fundamento para a
aplicação da penalidade, mas teria se limitado apenas à questão da subcontratação irregular (fls. 13-,
anexo 6).
10. Por fim, rebateu sua responsabilização em função de conduta omissiva e da elaboração do
projeto básico, pois suas atribuições estariam restritas à guarda do processo e suas alterações, tais como
aditamento, repactuações, alterações, reajustes, na hipótese de ser convocado para tanto (fls. 19-20,
anexo 6).
11. A análise da Serur, acolhida por este Relator, propôs o provimento parcial do recurso para
afastar a responsabilização do embargante pela ausência de cláusula contratual proibitiva de
subcontratação, por se tratar de dever legal imposto pelo art. 78, inciso VI, da Lei 8.666/1993, não
condicionado à existência de cláusulas contratuais expressas. Desta feita, reconheceu os efeitos
infringentes do recurso para a exclusão da irregularidade como base para a fundamentação da sanção
imposta ao embargante, bem como a redução proporcional da penalidade da multa aplicada (fls. 36-37,
anexo 6).
12. Relativamente à dispensa da licitação para parte do objeto contratado, o exame concluiu pela
existência de obscuridade, vez que as razões de justificativa foram parcialmente rejeitadas, quando
deveriam ter sido integralmente rechaçadas. Por conseguinte, propôs que a irregularidade constasse do
rol de justificativas não acolhidas apresentadas pelo responsável (fls. 37-38, anexo 6).
13. Quanto à responsabilização pela conduta omissiva e elaboração do projeto básico, a análise
concluiu pela ausência de obscuridade, omissão e contradição na deliberação embargada.”
4. A seguir, a unidade técnica analisou a argumentação apresentada pelo embargante e instruiu em
definitivo o recurso na forma abaixo transcrita:
“FUNDAMENTOS DA DECISÃO RECORRIDA
14. Ante o exame realizado, o Exmo. Ministro Relator dos embargos anuiu ao entendimento da
Serur o que redundou na prolação do Acórdão 1.254/2011-TCU-Plenário, parcialmente reproduzido
abaixo:
203
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
‘9.1. conhecer, com fundamento no art. 34 da Lei nº 8.443/1992 c/c os arts. 277, inciso III, e 287 do
Regimento Interno, dos presentes embargos de declaração, para, no mérito:
‘9.1.1. acolher parcialmente os embargos opostos pelos Srs. Marco Aurélio Rodovalho de Oliveira
e Wesley José Gadelha Beier, e, em consequência, alterar os itens 9.4 e 9.5 do Acórdão nº 2.644/2009-
TCU-Plenário, que passam a ter a seguinte redação:
‘9.4. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Marco Aurélio Rodovalho de Oliveira,
Gerente Substituto de Logística, e pelo Sr. Wesley José Gadelha Beier, Gerente Geral de Gestão
Administrativa e Financeira, em relação à prática de subcontratação da empresa Aitech Consultoria
Especializada Ltda. no Contrato 45/2006, firmado por dispensa de licitação com fundamento no art. 24,
inciso XIII, da Lei 8.666/1993 e à dispensa de licitação para parte do objeto contratado; e acolher as
justificativas apresentadas no tocante à ausência de cláusula contratual com vedação à subcontratação,
à falta de critérios para pesquisa de preços e à não consideração da distância entre a contratada por
dispensa de licitação e o local da prestação do serviço;’
9.5. aplicar ao Sr. Marco Aurelio Rodovalho de Oliveira (CPF: 965.289.906-20) e ao Sr. Wesley
José Gadelha Beier (CPF: 352.027.181-87), a multa prevista no 58, inciso II, da Lei n. 8.443/92 c/c o
art. 268, inciso II, do Regimento Interno, no valor individual de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), com a
fixação do prazo de quinze dias a contar da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (art.
214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno) o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro
Nacional, atualizada monetariamente a partir do término do prazo fixado neste acórdão até a data do
recolhimento, na forma da legislação em vigor; (...).’
15. Irresignado com a reforma da deliberação, novamente o embargante opôs os embargos
declaratórios que ora se examinam.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
16. Reitera-se o exame preliminar de admissibilidade (fls. 98-100, anexo 10), embora não
ratificado pelo Exmo. Ministro Relator Valmir Campelo, que à fl. 97 do anexo 10 dos presentes autos
solicitou pronunciamento desta Serur quanto à admissibilidade bem como, em sendo o caso, ao mérito
dos embargos ora em questão.
EXAME TÉCNICO
Argumentos
17. O embargante opôs os presentes embargos contra o Acórdão 1.254/2011-TCU-Plenário, que
acolheu parcialmente os embargos declaratórios que denunciou contradição, omissão e obscuridade no
Acórdão 2.644/2009-TCU-Plenário, por meio do qual se rejeitaram suas razões de justificativa e
acolheram in totum aquelas apresentadas pelo Sr. Renato Alencar Porto, representante de Compras da
Anvisa, sem que tal entendimento restasse estendido à sua pessoa (fls. 2-3, anexo 10).
18. Na presente peça, de início, transcreveu o subitem 9.2 do Acórdão 2.544/2009-TCU-Plenário e
colacionou os subitens 9.4 e 9.5 do Acórdão 1.254/2011-TCU-Plenário, ora embargado. Considerou que
sua responsabilização decorreu da dispensa de licitação para parte do objeto contratado e da prática de
subcontratação da empresa Aitech (fl. 4, anexo 10). Asseverou a persistência de contradição e
obscuridade no decisum combatido (fl. 4, anexo 10).
19. Em seguida, passou a tratar da dispensa da licitação de parte do objeto, no que reproduziu
trechos do voto do Exmo Ministro Relator e asseverou ter atuado em consonância com os pareceres
exarados pela Procuradoria e pelo setor de compras (fl. 5, anexo 10).
20. Aduziu que da mesma forma que o embargante participou de uma cadeia subjetiva de
responsabilidade, e que a sua responsabilização não foi afastada em razão da homologação do processo
de contratação por setor superior; o Sr. Renato Alencar Porto, responsável pelos atos pré-contratuais,
também se sujeitava à ratificação da prática dos seus atos por parte das áreas superiores (fls. 5-6, anexo
10).
21. Passou a descrever as ações do Sr. Renato Alencar Porto que redundaram na elaboração de
parecer técnico que serviu de elementos de convicção para a tomada de decisão quanto à contratação
por dispensa de licitação (fls. 5-6, anexo 10).
204
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
22. Posteriormente, indagou o motivo pelo qual o Sr. Renato Alencar Porto não teria sido
responsabilizado, e acrescentou que na cadeia hierárquica o Sr. Wesley José Gadelha Beier foi o
subscritor do Projeto Básico, autorizou e assinou o contrato firmado com a Fundação Euclides da Cunha
(fl. 7, anexo 10).
23. Rechaçou as críticas quanto a sua concordância com a contratação direta de serviços de
informática nos moldes que afrontaram a jurisprudência pacífica desta Corte de Contas, pois segundo
argumentou, nos pareceres do Sr. Renato Alencar Porto e da Procuradoria da Anvisa não teria restado
consignada qualquer menção sobre a impossibilidade de contratação dos serviços mediante a dispensa
de licitação (fl. 8, anexo 10).
24. Ato contínuo, transcreveu trecho dos mencionados pareceres na tentativa de corroborar sua
assertiva e concluiu não haver manifestação não seguida, o que fundamentou seu pedido de correção de
obscuridade e contradição do Acórdão 1.254/2011-TCU-Plenário (fl. 8, anexo 10).
25. No que concerne à prática de subcontratação da Aitech, apontou que o Exmo Ministro Relator
justificou a rejeição às justificativas apresentadas em razão da inércia em face da subcontratação levada
a efeito pela Fundação Euclides da Cunha, e reproduziu o trecho do voto que tratou sobre o assunto (fls.
10-11, anexo 10).
26. Em seguida, afirmou que houve equívoco em relação à consulta ao Regimento Interno da
Anvisa, pois a Portaria 1003/Anvisa, de 28/8/2009 data recente e o dispositivo citado diz respeito à
Coordenação de Contratação Pública, e não à Gerência de Logística (fl. 11, anexo 10).
27. Novamente, repisou que o dispositivo citado no voto, inciso XI do art. 28-A da Portaria
1003/Anvisa, trata de atribuições de competência da Coordenação de Contratação Pública, e que, na
hipótese de que fosse seu dever sancionar a contratada em razão de qualquer descumprimento
contratual, somente tal mister seria possível desde que os fatos fossem apresentados, motivados e
justificados pelos fiscais do contrato, o que não ocorreu (fl. 11, anexo 10).
28. Assim rebateu a ideia de que teria havido inércia de sua parte na adoção de providências
quanto à subcontratação efetivada pela Fundação Euclides da Cunha, pois não foi alertado pelos fiscais
do contrato sobre qualquer irregularidade, e, ainda, não era atribuição do gerente de logística o
acompanhamento da execução contratual (fl. 12, anexo 10).
29. Complementarmente, informou ter ocupado o cargo de Gerente de Logística, na condição de
substituto, por apenas quinze dias, em razão das férias do ocupante titular, Sr. Cláudio Hermann
Domingos Magalhães. No seu entender, ainda que a atribuição de acompanhamento da execução
contratual fosse do gerente de logística, a substituição do cargo cessou antes mesmo da assinatura do
contrato, o que também excluiria sua responsabilização (fl. 12, anexo 10).
30. Informou que a Tríade Processante da Anvisa, na condução do Processo Administrativo
Disciplinar 25351.307240/2009-60, instaurado para apurar as irregularidades relacionadas à
contratação da Fundação Euclides da Cunha, não lhe indiciou a comparecer aos autos ou tampouco lhe
imputou qualquer responsabilidade (fl. 13, anexo 10).
31. Ao final, requereu o conhecimento e o provimento dos embargos para a reforma do decisum
hostilizado e assim lhe fosse estendido, de forma isonômica, o mesmo tratamento conferido ao Sr. Renato
Alencar Porto cujas razões de justificativa apresentadas foram integralmente acolhidas (fl. 14, anexo
10).
32. Anexou aos autos cópias dos seguintes documentos: i) parecer do Sr. Renato Alencar Porto; ii)
Parecer Informação 284/2006 - PROCR/ANVISA/MS - Procuradoria; iii) Portaria 1003/Anvisa, de
28/8/2009, que alterou a Portaria 355/Anvisa, de 11/8/2006; iv) Portarias de nomeação do embargante
como fiscal de outros contratos; e v) relatório final do Processo Administrativo Disciplinar
25351.307240/2009-60, instaurado a pedido da Controladoria Geral da União.
Análise
33. Os embargos devem ser rejeitados. As alegações de contradição, omissão e obscuridade
denunciadas em relação ao Acórdão 1.254/2011-TCU-Plenário não procedem.
34. No que se refere aos argumentos relacionados à dispensa de licitação de parte do objeto, a
questão foi amplamente tratada, consoante subitens 10 a 13 do voto condutor do Acórdão vergastado.
205
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
5. Com base nas análises dos argumentos apresentados pelo recorrente, a Serur formulou proposta
no sentido de:
“a) conhecer dos embargos de declaração opostos pelo Sr. Marco Aurélio Rodovalho de Oliveira,
com fulcro nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992;
b) rejeitar os embargos de declaração, mantendo em seus exatos termos o Acórdão 1.254/2011-
TCU-Plenário;
c) comunicar ao embargante e aos demais interessados a decisão que vier a ser proferida; e
d) retornar os autos à Serur para a análise dos pedidos de reexame que compõem os anexos 11, 12 e
13.”
6. O Ministério Público junto ao Tribunal, representado pelo Procurador-Geral Lucas Rocha
Furtado, pronunciou-se nos seguintes termos:
“Atuando em atenção ao despacho de fls. 97, este representante do MP/TCU manifesta-se pelo
conhecimento e rejeição dos presentes embargos, nos termos propostos pela unidade técnica.
O embargante alega, essencialmente, contradição entre o acolhimento das razões de justificativas
apresentadas pelo Sr. Renato Alencar Porto e a rejeição das suas, bem como incorreção da
responsabilidade que lhe foi atribuída.
Observa-se que a inclusão do embargante na cadeia de responsabilidades foi suficientemente
motivada no item 16 do voto condutor do acórdão embargado, do qual destacamos o seguinte excerto:
‘não é porque o Sr. Marco Aurélio recebeu informações do setor de compras de que o processo de
contratação estava sem vícios nem tão-pouco porque ainda teria um outro setor superior a ele que
homologaria definitivamente a contratação que sua responsabilidade restaria excluída. Ora, sua
participação no processo de contratação era fundamental, senão essa etapa não existiria.
Veja-se que a existência de diversas etapas, ou seja, a verificação/aprovação de diversos setores
em um processo de contratação se dá justamente para evitar falhas. Nessa linha, mesmo que um setor
afirme que foram atendidos todos os elementos necessários, o próximo setor responsável deverá
verificar tais elementos na medida em que a informação anterior não vincula sua tomada de decisão.’
Já no Acórdão 2644/2009-Plenário, consignou-se, entre seus fundamentos, a seguinte análise da
responsabilidade do Sr. Renato Alencar Porto:
‘14. No tocante aos argumentos do Sr. Renato, entendo que:
a) a participação somente da fase pré-contratual e o fato de o documento por ele assinado não ter
o condão de efetuar a contratação nem de vincular as decisões dos gestores não sanam as
irregularidades, pois em documento por ele mesmo apresentado (fl. 149, vp) e assinado, consta: ‘2. Os
autos foram submetidos à douta Procuradoria, tendo sido feito ajustes na minuta do termo de contrato,
conforme orientação daquela’;
b) pelo fato de as atribuições do cargo que ocupava não implicarem na tomada de decisões, nem
no acompanhamento da execução contratual, as justificativas apresentadas para as irregularidades ‘a’,
‘c’ e ‘e’ podem ser acatadas, para a irregularidade ‘d’ parcialmente rejeitadas e para a irregularidade
‘b’ devem ser rejeitadas.
15. A irregularidade subsistente em relação à conduta do Sr. Renato Alencar (alínea b: ‘ausência
de cláusula contratual com vedação à subcontratação’) não tem o condão, por si só, de implicar em
aplicação de multa, razão pela qual a apenação não é proposta pela unidade técnica ou pelo Ministério
Público, posicionamento acompanhado por este Relator.’
Vê-se que a decisão recorrida cuidou de individualizar a conduta e a responsabilidade do Sr.
Marco Aurélio, independentemente do eventual concurso de outros servidores para a consumação da
irregularidade.
O afastamento da responsabilidade do Sr. Renato Alencar Porto, por sua vez, fundamentou-se em
condições pessoais, especialmente a ausência de poder decisório, que não aproveitam ao embargante.
Se tais razões contrariam as provas dos autos ou se a pena é inadequada diante das
particularidades do caso, não cabe apreciação nesta espécie de recurso, lembrando que o interessado
ainda dispõe de prazo residual para interposição do pedido de reexame, este, sim, dotado de
devolutividade plena.”
207
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
É o relatório.
VOTO
Cuida-se de embargos de declaração opostos pelo Sr. Marco Aurélio Rodovalho de Oliveira a
respeito de supostas contradições, omissões e obscuridades no Acórdão nº 1.254/2011-TCU-Plenário, que
examinou embargos de declaração opostos contra as deliberações proferidas pelo Acórdão nº 2.644/2009-
TCU-Plenário.
2. O acórdão primeiramente recorrido foi adotado por esta Corte de Contas quando apreciou
representação formulada pela 4ª Secretaria de Controle Externo (4ª Secex) a partir de reclamação
apresentada à Ouvidoria acerca de supostas irregularidades no Contrato nº 45/2006, firmado entre a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e a Fundação Euclides da Cunha (FEC, por dispensa
de licitação, no valor de R$ 1.306.320,00 e com vistas ao “desenvolvimento e implantação de um modelo
de gestão de despesas, envolvendo e integrando os processos de gestão de compras públicas, de
contratos, de convênios e de controle de projetos, com instrumentos normativos e ferramentas
informatizadas”.
3. Com respeito à aceitabilidade dos recursos ora em exame, constato dos autos:
a) a legitimidade do embargante, consoante o estabelecido no § 1º do art. 34 da Lei nº 8.443/92
c/c o § 1º do art. 287 do Regimento Interno do TCU;
b) a adequação, visto que a peça recursal foi apresentada em conformidade com o disposto no art.
32, inciso II, da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 277, inciso III, do Regimento Interno do TCU;
c) a tempestividade, ante o que estabelece o § 1º do art. 34 da Lei nº 8.443/92.
4. Desse modo, preenchidos os requisitos de admissibilidade, sou de opinião de que os presentes
embargos de declaração, opostos pelo Sr. Marco Aurélio Rodovalho de Oliveira contra o Acórdão nº
1.254/2011-TCU-Plenário, devem ser conhecidos pelo Tribunal.
5. No que tange ao mérito, adoto como razões de decidir o que segue.
6. A deliberação recorrida cuidou de individualizar a conduta e a responsabilidade do Sr. Marco
Aurélio, independentemente do eventual concurso de outros servidores para a consumação da
irregularidade.
7. O afastamento da responsabilidade do Sr. Renato Alencar Porto, por sua vez, fundamentou-se em
condições pessoais, especialmente a ausência de poder decisório, que não aproveitam ao embargante.
8. Os argumentos relativos à dispensa de licitação de parte do objeto não merecem prosperar, visto
que a questão foi amplamente tratada nos subitens 10 a 13 do voto condutor do acórdão recorrido.
9. Acerca da nova alegação da prática de subcontratação para a aplicação da penalidade de multa,
observo que não foi abordada originalmente nos embargos opostos pelo embargante por ocasião da
divergência quanto aos termos do Acórdão nº 2.644/2009-TCU-Plenário. Por esse motivo entendo não
cabível se falar em omissão no Acórdão nº 1.254/2011-TCU-Plenário.
10. O alegado equívoco na consulta ao Regimento Interno da Anvisa configuraria eventual erro de
interpretação ou de aplicação da norma por parte da área técnica, e não omissão, contradição e
obscuridade, requisitos balizadores para a oposição de embargos de declaração.
11. Finalmente, a discussão sobre as atribuições do cargo ocupado na condição de substituto
eventual e o período em que efetivamente atuou na qualidade de Gerente de Logística, como elementos
delimitadores da esfera de atuação e da responsabilidade do responsável, configura, a meu ver,
rediscussão da matéria de mérito, incabível por meio de embargos declaratórios.
12. Nessa linha de pensar, sou de opinião de que a matéria poderá ser apreciada por meio da
interposição do recurso apropriado, qual seja, pedido de reexame.
13. Com base nessas razões, acompanho no mérito as propostas de encaminhamento coincidentes
da Secretaria de Recursos e do Ministério Público junto ao Tribunal, pois não vejo os presentes embargos
como capazes de demonstrar a existência de omissão, contradição ou obscuridade no Acórdão nº
208
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relator
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pelo Sr. Marco
Aurélio Rodovalho de Oliveira, a respeito de supostas contradições, omissões e obscuridades no Acórdão
nº 1.254/2011-TCU-Plenário, que examinou embargos de declaração opostos contra as deliberações
proferidas pelo Acórdão nº 2.644/2009-TCU-Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 34 da Lei nº 8.443/1992 c/c os arts. 277, inciso III, e 287 do Regimento
Interno, conhecer dos presentes embargos de declaração opostos pelo Sr. Marco Aurélio Rodovalho de
Oliveira, para, no mérito, rejeitá-los e, em consequência, manter em seus exatos termos o Acórdão nº
1.254/2011-TCU-Plenário;
9.2. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, ao
embargante; e
9.3. retornar os autos à Serur para a análise dos pedidos de reexame que compõem os anexos 11, 12
e 13 deste processo.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
De acordo com a Ordem de Serviço n.° 001/2009 - DCP, a autorização para o início da execução
dos serviços se deu a partir de 01/09/2009.
O contrato (Contrato de empreitada n.° 003/2007-PJ) firmado com a empresa Queiroz Galvão S/A,
em 22/05/2007, apresentava-se no montante de R$ 28.388.794,87. Após divergências entre preços
unitários apresentados pela empresa contratada e os aprovados pela CAIXA, foi celebrado o aditivo
contratual n.° 2 (o aditivo n.° 1 é referente à retificação da dotação orçamentária constante da Cláusula
Quarta deste contrato de empreitada). O aditivo n.° 2 teve como fim, entre outros, a aprovação da
planilha orçamentária adequada (preços corrigidos) no valor total de R$ 27.137.424,19.
210
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
O contrato tem previsão para ser custeado a partir de distintas fontes de recursos, uma para cada
trecho da obra (no total são três trechos). Para o trecho 1, foi celebrado o contrato de repasse n.°
578823 com a União. Para o trecho 2, foi firmado um outro contrato de repasse com o Governo Federal
(n.° 614139). O valor total previsto nos contratos de repasse é de R$ 17.798.667,00, sendo R$
1.808.667,00 contrapartida do governo estadual. Para o terceiro trecho, foi previsto a realização de um
empréstimo do estado no valor restante para a execução da obra, tendo como fonte de recursos o FGTS.
Entretanto, tal financiamento ainda estava em fase de análise na Secretaria do Tesouro Nacional,
durante a execução desta auditoria. Os valores referentes aos contratos de repasses já foram
encaminhados à Caixa (equivalentes a cerca de 60% do total previsto para a execução da obra), sendo
que parte destes recursos ainda não foi liberada para pagamento. Os 40% restantes devem ser obtidos
por meio de financiamento estadual.
Quando da inspeção in loco, a obra encontrava-se parada, sendo o seu estágio de execução
financeira de 30%. O estágio físico de execução da obra estava adiantado para as duas primeiras etapas
da obra, uma vez que uma grande parte da pavimentação já estava executada. Para que haja o seu
término há a necessidade de ser licitada e executada a construção de dois túneis (previstos para serem
executados com recursos estaduais), não previstos inicialmente, assim como que seja concedido o
financiamento para a execução da terceira etapa da obra. O Contrato de empreitada n.° 003/2007-PJ
tem a sua validade até o dia 10/01/2012, nos termos apresentados no Aditivo Contratual n.° 5.
Por fim, registra-se que a obra foi temporariamente paralisada em 2009 em decorrência da
suspensão pelo IBAMA da licença ambiental para a realização do desmatamento. O andamento das
obras já foi retomado, depois de decisão judicial a respeito.
(...)
3 - ACHADOS DE AUDITORIA
3.1 - Superfaturamento decorrente de pagamento por serviço não executado.
3.1.1 - Tipificação do achado:
Classificação - grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de irregularidade grave da LDO - O indício
de irregularidade do presente achado não se enquadra nos termos do art. 94, § 1º, inciso IV da LDO
2011 (Lei n° 12.309, de 09 de agosto de 2010), uma vez que o prejuízo ao erário (R$ 426.454,95) não é
materialmente relevante em relação ao valor total contratado (cerca de 2%).
3.1.2 - Situação encontrada:
Constatou-se a ocorrência de superfaturamento decorrente de pagamento por serviço não
executado ou executado em especificação diferente do contratado, no montante de R$ 426.454,95. Esse
valor de superfaturamento se deu por duas impropriedades verificadas no andamento das obras: (i)
diferenças das espessuras das camadas executadas de base e de sub-base da estrutura de pavimento
flexível (para a base, o valor pago equivale a uma espessura de 20 cm, enquanto que foi executada
apenas 15 cm; para a sub-base, ocorreu o contrário) e (ii) diferença de distância de transporte de
material para bota-fora (foi pago o transporte do material com uma Distância Média de Transporte -
DMT de 10 km, enquanto que o local do bota-fora estava a 1 km da obra).
Diante destas especificações técnicas, a equipe de auditoria, durante inspeção in loco, solicitou ao
DER/RN que fossem realizados dois furos e uma janela no pavimento executado, com o fim de se
confrontar a espessura das camadas (revestimento, base e sub-base) executadas com as indicadas no
projeto executivo (e medidas para fins de pagamento).
Após a realização desses testes, foi observado que a base (camada de brita graduada) foi
executada com espessura de 0,15 m e não de 0,20 m e a sub-base foi executada com espessura de 0,20 m
e não 0,15 m, conforme contratado (vide Figura 3.1.2 no final deste achado).
Cabe destacar que não foi apresentado aditivo contratual com o fim de se alterar as especificações
adotadas no projeto executivo. Observa-se, mediante memória de cálculo das medições, que as camadas
foram medidas e aprovadas de acordo com o projeto, demonstrando assim possíveis falhas da
fiscalização do DER/RN.
Além do pagamento indevido dos serviços executados para a base (foi pago o correspondente a
uma espessura de 20 cm, ao invés de 15 cm), a sua execução com uma espessura aquém da indicada no
projeto executivo poderá acarretar uma deterioração precoce neste pavimento, tendo em vista a
importância desta camada na resistência e vida útil da estrutura do pavimento.
Em suma, a contratada está executando uma base com 0,15 m de espessura, mas está sendo medido
e pago como se estivesse executado com 0,20 m de espessura. Em sentido oposto, a contratada esta
executando uma sub-base de 0,20 m de espessura, mas está sendo medido e pago como se estivesse
executado com 0,15 m de espessura.
Diante disso, observam-se duas situações: a empresa está recebendo indevidamente 25% sobre o
valor pago pela execução da camada de base da estrutura do pavimento flexível; e a empresa está
recebendo a menos 33% sobre o valor pago pela execução da camada de sub-base deste estrutura. Tendo
como base o Boletim da 15° Medição (período 01/11/2010 a 30/11/2010), foi observado que o valor pago
(acumulado) pelo serviço de execução da base é de R$ 821.373,41. Logo, houve um pagamento
superfaturado no valor de R$ 205.343,36 (R$ 821.373,41 * 0,25), referente ao serviço base de brita
graduada (item 3.2.3 da planilha contratual). Entretanto, tendo como base esse mesmo boletim, percebe-
se que o valor pago (acumulado) pelo serviço de execução da sub-base é de R$ 347.929,65. Logo, houve
pagamento a menor no valor de R$ 115.976,55 (R$ 347.929,65* 0,333333), referente ao serviço de "sub-
base com mistura de solo/brita (pista)" (itens 3.2.2 e 3.3.2 da planilha contratual). Logo, apura-se um
superfaturamento total (superfaturamento pela execução da base menos o pagamento a menor pela
execução da sub-base) no valor de R$ 89.366,80.
212
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Esse item de serviço foi previsto quando da elaboração do projeto básico. Conforme o quadro
resumo de terraplenagem constante do projeto básico (item 5.3.5 do projeto básico) há previsão expressa
de transporte para bota-fora, no volume total de 63.986 m³ (vide Figura 3.1.5 no final deste achado),
com uma distância média de transporte (DMT) de 10 km (valor esse transcrito no item 2.10 da planilha
de preços do contrato). Portanto, o preço indicado para o referido serviço considera os custos para
distância de transporte de 10 km.
Entretanto, mediante visita in loco, verificou-se que o bota-fora previsto no projeto não foi
utilizado. Constatou-se que grande parte do material escavado, cuja destinação inicial seria bota-fora,
foi lançado em um terreno muito próximo do local das escavações, conforme indicado à equipe de
auditoria no decorrer da visita à obra. Esse local dista menos de 1 km, fazendo com que o custo de
transporte desse material seja reduzido para aproximadamente 10% do custo previsto para o transporte
a 10 km. A figura 3.1.4 demonstra o local utilizado para bota-fora, bem próximo à obra.
Verificou-se que, até o 11º Boletim de Medição, praticamente todo o volume de material previsto
(50.751 m³) havia sido medido e pago como sendo o serviço "Transporte para bota-fora DMT = 10 km"
(item 2.10).
Cabe destacar que não foi informado à equipe de auditoria, no decorrer da execução dos trabalhos
de campo, a composição de custos para o serviço de transporte de material para bota-fora (Item 2.10),
desse modo não se pôde calcular os custos fixos e variáveis para se apurar o superfaturamento em
análise. Em decorrência disso, adotou-se o percentual de 10% sobre os custos contratados para este
213
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
serviço. A não apresentação das composições de custo é objeto de análise em achado específico deste
relatório (Achado 3.6).
Cumpre tecer alguns comentários acerca do histórico processual da licitação das obras em
comento.
Em janeiro de 2007, foi lançado o edital n.° 001/2007 - concorrência, para a execução das obras
supracitadas. Conforme consta na cláusula quarta do Contrato de empreitada n.° 003/2007-PJ firmado
com a empresa Queiroz Galvão S/A, o valor atribuído para o serviço contratado era de R$ 28.388.794,87
e a dotação orçamentária para a sua execução estava dividida para os exercícios de 2007 e de 2008
(vide figura 3.2.1 no final deste achado).
Para o exercício de 2007, estava previsto o contrato de repasse (n.° 578823) no valor de R$
11.115.000,00, cuja contrapartida do Estado do Rio Grande do Norte era de R$ 1.267.000,00. Para o
exercício de 2008, estava previsto que os recursos para custear o restante da obra seriam obtidos a
partir da celebração de um convênio junto ao governo federal no valor de R$ 14.434.915,38, devendo o
estado aportar R$ 1.571.879,49 a título de contrapartida.
Em suma, a referida obra foi dividida em três trechos (todos incluídos no escopo do contrato n.
003/2007), sendo custeada a partir de distintas fontes de recursos. Para o primeiro trecho, foi celebrado
o contrato de repasse n.° 578823 com a União, no valor de R$ 11.115.000,00, tendo como contrapartida
do Governo Estadual o montante de R$ 1.267.000,00. Para o segundo trecho, foi firmado com o Governo
Federal o contrato de repasse n.° 614139, no valor de R$ 4.875.000,00, cuja contrapartida do Governo
Estadual foi de R$ 541.667,00.
215
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Já para o terceiro trecho da obra (também objeto do contrato nº 003/2007), foi prevista a
realização de um empréstimo do estado no valor restante para a execução da obra, tendo como fonte de
recursos o FGTS.
Entretanto, tal financiamento ainda não ocorreu e a obra encontra-se desde o início do ano
paralisada. Assim, durante a execução desta auditoria, verificou-se que o financiamento ainda se
encontrava em fase de análise na Secretaria do Tesouro Nacional, conforme informado à equipe de
auditoria em reunião realizada na sede da CAIXA no RN (GIDUR/RN).
Conforme disposto no Ofício n.° 436/2011 – DG/RN (resposta aos Ofícios de Requisição n.° 03 e
05-262/2011-TCU/Secob-3), para a completa funcionalidade do empreendimento se faz necessário
construir passagens inferiores (túneis) de duas ruas que cruzam a Avenida Prudente de Morais (valor
estimado em R$ 11 milhões, financiado a partir de recursos estaduais) e concluir o processo de
desapropriação no trecho abrangido pela obra (valor estimado em R$ 18 milhões, financiado a partir de
recursos estaduais). Vide figura 3.2.3 no final deste achado.
A construção dessas passagens inferiores se encontra em fase de licitação e não era prevista no
projeto básico. Conforme documentação enviada à equipe de auditoria em resposta ao Ofício de
Requisição n.° 06/262/2011-TCU/SECOB-3 (vide figura 3.2.3), a necessidade da construção dessas
passagens se deu a partir de provocação da população através dos Conselhos e Lideranças Políticas de
Bairros (Vereadores), com o fim de se ampliar a qualidade de vida da população abrangida por esta
obra e para dar maior segurança e mobilidade do fluxo de veículos nos cruzamentos com a nova
Rodovia. Cabe destacar que a construção dos túneis interferem na execução da obra de uma maneira
geral, visto que a interligação do trecho implantado somente poderá ser finalizado após a execução
destes túneis.
Dessa forma, quando da inspeção in loco, a obra encontrava-se paralisada por dois motivos: falta
recurso para completar a sua terceira etapa e necessidade de se executar os túneis, não previstos
inicialmente.
Cabe destacar que, em decorrência desta paralisação, há risco de perda de serviços já realizados.
A título de exemplificação, verificou-se que a proteção dos taludes junto à ponte (aterro) não foi
executada, e está sendo deteriorada pelas chuvas. Não obstante a falta de recursos para executar a
terceira etapa da obra, os recursos estaduais necessários para a execução dos túneis em comento já
estão assegurados (pela Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico 2011). Desse modo,
verifica-se que o início da construção destes túneis é iminente, entretanto, sem que haja a execução da
terceira etapa da obra de prolongamento da Avenida Prudente de Morais, a funcionalidade da obra seria
prejudicada. A execução da terceira etapa da obra, nos termos apresentados no projeto executivo, faria
com que houvesse uma ligação entre esta avenida e a BR 101, nas imediações do Aeroporto de
Parnamirim/RN.
3.2.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
(OI) - Contrato 003/2007-PJ, 1/9/2009, Implantação, obras d' artes correntes, drenagem,
pavimentação, obras d'artes especiais e complementares do prolongamento da Av. Prudente de Morais /
Omar O'Grady, entre os municípios de Natal e Parnamirim/RN., Construtora Queiroz Galvão S.A.
(...).
3.2.6 - Critérios:
Constituição Federal, art. 165, § 5º; art. 167, inciso I; art. 167, inciso II; art. 167, inciso VII
Lei 8666/1993, art. 7º, § 2º, inciso III; art. 14; art. 55, inciso V
Lei Complementar 101/2000, art. 5º, § 4º; art. 16, § 1º, inciso I
(...)
3.2.8 - Conclusão da equipe:
216
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
3.3 - Ausência de termo aditivo formalizando alterações das condições inicialmente pactuadas.
3.3.1 - Tipificação do achado:
Classificação - outras irregularidades (OI)
3.3.2 - Situação encontrada:
Observou-se que, embora houvesse alteração dos quantitativos inicialmente previstos no contrato,
tais alterações não foram devidamente formalizadas por meio de termo aditivo contratual. As alterações
ocorridas estão referenciadas nos quantitativos do projeto executivo, mas a planilha contratual se refere
aos quantitativos do projeto básico.
Em janeiro de 2007, foi lançado o edital para a execução das obras. Os quantitativos de serviços
licitados tomaram como parâmetro o projeto básico, elaborado pelo DER/RN. Com base nestes
quantitativos, o valor atribuído para o serviço contratado (preços unitários da proposta da licitante
vencedora) era de R$ 28.388.794,87 (vide figura 3.3.1 no final deste achado).
Com o intuito de aprovar a liberação dos recursos dos contratos de repasse ao Estado do Rio
Grande do Norte, a CAIXA realizou uma análise prévia de elementos contratuais e licitatórios. A partir
desta análise se concluiu pela deficiência da apresentação de alguns itens e pela impossibilidade da
avaliação dos preços do orçamento contratado, com base no projeto básico adotado.
Assim, após divergências entre preços unitários apresentados pela empresa contratada e os
aprovados pela CAIXA, foi celebrado o aditivo contratual n.° 2 (o aditivo n. 1 refere-se a à retificação da
dotação orçamentária constante da Cláusula Quarta do Contrato de Empreitada n.° 003/2007). O
aditivo n. 2 teve como fim, entre outros, a aprovação da planilha adequada (preços corrigidos) no valor
total de R$ 27.137.424,19. Observa-se que foram mantidos, no referido termo aditivo, os quantitativos do
projeto básico, mas com os preços unitários aprovados pela CAIXA.
Entre os serviços previstos contratualmente estava incluído a elaboração do projeto executivo. Este
projeto alterou o quantitativo de alguns serviços, previstos no projeto básico, assim como acrescentou
novos serviços.
Constatou-se que as medições estão sendo realizadas com base nos quantitativos do projeto
executivo, que são diferentes dos previstos no contrato. A planilha contratual vigente leva em
consideração os quantitativos do projeto básico. Assim, diante de tal alteração de quantitativos, o novo
217
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Ou seja, quando da conclusão do projeto executivo, a CAIXA passou a adotá-lo como parâmetro
para atestar a medição e realizar os desbloqueios dos valores dos serviços executados, conforme se
observa nos Boletins de Medição. Há casos de medição e pagamento de serviços com quantitativos
maiores que os apresentados no projeto básico, mas menores ou iguais aos apresentados no projeto
executivo. (conforme pode ser observado nos itens 2.7, 2.8, 4.32, 4.36, 5.21, 6.2.3.2, 6.2.3.7 e 7.16 do
Boletim de Medição nº 15). Como exemplo, tem-se os itens 2.7 (execução de 198.230,00) e 2.8 (execução
de 147.469,00), cujos acréscimos em relação à planilha contratual foram de 20% e 127%,
respectivamente (vide figuras 3.3.2 e 3.3.3 no final deste achado).
Para o 7º BM (Boletim de Medição), observa-se que a CAIXA glosou quantitativos superiores aos
estabelecidos na planilha de medição, que adota os quantitativos do projeto executivo. Nesse boletim
houve a execução de serviços em quantitativos superiores aos previstos no projeto executivo, mas
inferiores aos previstos no projeto básico. Para esse caso, o DER efetuou a medição integral do serviço
executado, mas a CAIXA apenas autorizou o pagamento do quantitativo previsto no projeto executivo.
Ao contrário do que sugere a interpretação literal do art. 40, inciso X, da Lei 8.666/1993, é
obrigação do gestor, não se encontrando no âmbito de sua discricionariedade, a fixação, no edital, dos
preços máximos (unitário e global). Isso porque a fixação de limites máximos constitui fator ordenador
da licitação, uma vez que evita uma disparidade exagerada dos preços unitários e global constantes das
propostas, situação que poderia predispor alterações indevidas.
Assim sendo, a não-inclusão de preços unitários nos editais para contratação de obras é irregular,
pois afronta o disposto no art. 40, inciso X, da Lei 8.666/1993, bem como jurisprudência deste Tribunal.
A ausência dos critérios de aceitabilidade de preços unitários, quando da contratação por regime
de empreitada por preços unitários, expõe a administração pública a possíveis riscos advindos de
possibilidade de ocorrência do "jogo de planilha", quando da formalização de aditivos contratuais
adicionando ou suprimindo quantitativo de serviços. Assim, mesmo que o preço global da obra situe-se
abaixo do referencial de mercado, a alteração de quantitativos no decorrer da obra, mediante termos
aditivos, pode ocasionar desequilíbrios em desfavor da administração, podendo ocasionar prejuízos aos
cofres públicos.
A licitação em comento ocorreu baseada em edital sem cláusula que assegure a aceitabilidade dos
preços unitários. Observa-se que o próprio DER, após a realização da licitação, apontou a existência de
preços unitários de serviços superiores aos dos preços orçados pelo próprio órgão.
A ausência dos critérios resultou na contratação da empresa com a planilha de preços contendo
preços unitários superiores aos referenciais do DER (e de mercado também, conforme será visto mais
adiante).
Em resposta, a contratada negou a possibilidade da rediscussão dos preços (vide figura 3.4.1 no
final deste achado). Isso motivou despacho do Diretor Geral do DER solicitando termo aditivo com
cláusula para explicitar que, se houver aumento de quantitativos, os serviços com valores acima do
orçamento base do DER serão pagos até o limite dos valores do orçamento base.
Houve anuência da Coordenadoria Jurídica, bem como da Procuradoria do Rio Grande do Norte,
tendo assim a formalização do 2º Termo Aditivo Contratual. O 2º termo aditivo também contempla
redução em alguns preços unitários, em vista de análise efetuada pela Caixa com base em referenciais do
Sinapi e do Sicro (disso resultou redução no valor global). Vide figura 3.4.2 no final deste achado.
219
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Entretanto, em análise efetuada por esta equipe de auditoria, constatou-se que alguns preços
unitários constantes do DER são superiores e outros inferiores aos constantes do sistema referencial
Sinapi e Sicro. Citam-se os serviços 3.2.3, 5.1, 6.1.1.1, 6.2.1.1, 5.16, 6.1.4.2, 6.2.4.3, 6.1.2.4, 6.2.3.1 e 5.4
todos com o referencial do DER acima de 20% em relação Sinapi ou ao Sicro.
De acordo com o art. 115 da Lei 11.439/2006 (artigo da LDO que dispõe sobre a fixação de preços
- Lei de Diretrizes Orçamentárias do ano da licitação), os custos unitários de materiais e serviços de
obras executadas com recursos dos orçamentos da União não podem ultrapassar as medianas constantes
do Sinapi. Além do Sinapi, o TCU já reconhecia como referência de custos para os serviços comuns a
obras rodoviárias os preços contidos no Sicro. Esse entendimento foi posteriormente positivado em
LDOs subsequentes, a exemplo da LDO/2011.
Após essas constatações ter-se-ia o risco da ocorrência de "jogo de planilha". Conforme descrito
no manual de auditoria de obras do TCU: "Jogo de planilha é a ocorrência de alterações quantitativas
na planilha contratual, por meio de acréscimos, decréscimos, supressões ou inclusões de serviços e
materiais, bem como de variações de preços nas medições, que modifiquem o equilíbrio econômico-
financeiro inicial, causando dano ao erário.''
Para adequada orçamentação de uma obra, é preciso que se tenha com o BDI os mesmos cuidados
exigidos para os custos unitários diretos, de modo que o orçamento estimado seja detalhado, conforme
previsto no art. 6º, inciso IX, "f", c/c os arts. 7º, § 2º, e 40, inciso X, da Lei 8.666/1993, e reflita uma
realidade de mercado, de acordo com o art. 43, inciso IV, da citada Lei. Assim, como se deve determinar
o detalhamento dos custos unitários, há necessidade de se exigir dos licitantes o detalhamento de sua
composição de BDI e dos respectivos percentuais praticados, não só para realização de crítica dos
componentes considerados pelos licitantes, mas também para a formação de uma memória de valores
que permita à Administração pública, considerando as peculiaridades de cada obra e empresa, realizar
orçamentos com a precisão adequada.
Observou-se que o BDI adotado no orçamento básico é de 32,68%, valor superior à média
constante do Acórdão TCU nº 325/2007-P, que é de 22,61%. Observa-se que esse BDI é superior,
inclusive, ao máximo percentual constante no referido Acórdão, que é de 28,87%.
O BDI adotado pelo DER/RN de 32,68% é o mesmo do extinto Departamento Nacional de Estradas
de Rodagens (DNER), vide figura 3.5.1 no final deste achado. Assim, além do item CPMF estar embutido
no percentual supracitado, tem-se ainda os seguintes percentuais que deveriam estar detalhados fora do
BDI, na planilha de custos diretos:
Assim sendo, verifica-se que o BDI adotado pelo DER contempla os itens de canteiro,
administração local, mobilização e desmobilização, que deveriam estar detalhados na planilha de preços
unitários, como sendo custo direto. Considerando essas despesas, o BDI adotado pelo DER/RN de
32,68% não deve ser considerado excessivo se comparado ao de 28,87% (percentual máximo de BDI
definido no Acórdão TCU nº 325/2007-P), uma vez que este percentual não prevê tais despesas.
Observa-se, ainda, que não foi exigido o detalhamento do BDI da construtora, quando da
realização da licitação. Porém, a planilha adotada pela construtora é a mesma da licitação, ou seja, sem
o detalhamento dos custos de mobilização, desmobilização, canteiro de obras e administração local,
estando, então, embutidos no BDI adotado pela construtora.
Tem-se que o gestor público deve exigir dos licitantes o detalhamento da composição do BDI.
Constatou-se que o edital do certame em análise não previa a exigência da apresentação pelas licitantes
do adequado detalhamento do BDI.
composição do BDI deve computar o lucro, os impostos incidentes, a administração central e demais
despesas indiretas. O detalhamento é fundamental para que se verifique a adequabilidade dos
percentuais utilizados e a não ocorrência de custos computados em duplicidade na planilha
orçamentária dos serviços e no BDI.
A falta de exigência editalícia para que os proponentes indicassem os valores do BDI e dos
encargos sociais, bem como das suas composições, viola o princípio da transparência exposto no inciso
II do § 2º do art. 7º da Lei 8.666/1993.
Dessa forma, é necessária a exigência, nos editais para obras públicas, de que todos os
participantes apresentem propostas de preços com idêntico padrão de itens que compõem o BDI, com o
detalhamento de todos os seus componentes , em conformidade com os arts. 7º, §2º e 6º, inciso IX, f , da
Lei 8.666/1993.
3.5.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
(OI) - Contrato 003/2007-PJ, 1/9/2009, Implantação, obras d' artes correntes, drenagem,
pavimentação, obras d'artes especiais e complementares do prolongamento da Av. Prudente de Morais /
Omar O'Grady, entre os municípios de Natal e Parnamirim/RN., Construtora Queiroz Galvão S.A.
(...)
3.5.8 - Conclusão da equipe:
Constatou-se que o BDI do contrato contempla custos que deveriam estar discriminados na
planilha de preços do contrato (a exemplo da administração local e do canteiro de obras).
Adicionalmente, não foi exigido no edital o detalhamento do BDI dos licitantes. A jurisprudência do TCU
é no sentido contrário à prática adotada pelo DER/RN para o caso concreto.
Sendo assim, cumpre cientificar o DER de que a inclusão de itens como mobilização,
desmobilização, canteiro de obras e administração local no BDI contraria o disposto na jurisprudência
deste tribunal, devendo ser detalhados na planilha de custo direto. Tem-se, ainda, que a não exigência de
BDI detalhado dos licitantes é contrário a jurisprudência do TCU.
3.6 - O orçamento não é acompanhado das composições de todos os custos unitários de seus
serviços no Edital / Contrato / Aditivo.
3.6.1 - Tipificação do achado:
Classificação - outras irregularidades (OI)
3.6.2 - Situação encontrada:
O orçamento apresentado pelo órgão contratante e a planilha orçamentária contratada não estão
adequadamente detalhadas, tendo sido observado nestas planilhas de preços a ausência de composições
analíticas dos custos unitários.
A elaboração de uma planilha orçamentária de quantitativos e preços unitários que não contenha
em detalhes todos os itens a serem contratados contraria o art. 7º, § 2°, inciso II, da Lei 8.666/1993. Essa
impropriedade pode trazer dificuldades para a gestão do contrato, na eventualidade de alteração
quantitativa ou qualitativa de seu objeto por aditamento.
A jurisprudência desta Corte de Contas é nesse mesmo sentido. As contratações de obras e serviços
de engenharia somente poderão ser licitadas quando existir orçamento detalhado em planilhas que
expressem a composição analítica de todos os seus custos unitários, visando a conferir transparência e a
proporcionar melhores condições ao controle e à gestão contratual (Acórdãos 374/2009-2a Câmara,
1.854/2009-Plenário, 946/2007-Plenário, 549/2006-Plenário, 2.385/2006-Plenário, 1.939/2007-
Plenário, 2.049/2008-Plenário e 463/2001-2a Câmara, entre outros).
Destaca-se que tal fato pode ser evidenciado a partir da análise do relatório de pendência técnica
de engenharia elaborado pela CAIXA (vide figura 3.6.1 no final deste relatório).
3.6.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
(OI) - Contrato 003/2007-PJ, 1/9/2009, Implantação, obras d' artes correntes, drenagem,
pavimentação, obras d'artes especiais e complementares do prolongamento da Av. Prudente de Morais /
Omar O'Grady, entre os municípios de Natal e Parnamirim/RN., Construtora Queiroz Galvão S.A.
(...)
3.6.8 - Conclusão da equipe:
Em análise efetuada no orçamento apresentado pelo órgão contratante e na planilha de preços do
contrato, constatou-se que os preços dos serviços contratados não estão adequadamente detalhados. Foi
observada a ausência de composições analíticas dos custos unitários.
Do exposto, propõe-se cientificar o DER/RN que a não elaboração de uma planilha orçamentária
de quantitativos e preços unitários que não contenha em detalhes todos os itens a serem contratados
contraria o art. 7º, § 2°, inciso II, da Lei 8.666/1993.
5 - CONCLUSÃO
(...)
No que se refere à constatação referente à ocorrência de possível superfaturamento decorrente de
pagamento por serviço não executado ou executado em especificação diferente do contratado, apurou-se
um montante de R$ 426.454,95. Esse valor se deve a duas impropriedades verificadas no andamento das
obras: (i) diferenças das espessuras das camadas executadas de base e de sub-base da estrutura de
pavimento flexível (para a base, o valor pago equivale a uma espessura de 20 cm, enquanto que foi
executada apenas 15 cm; para a sub-base, ocorreu o contrário) e (ii) diferença de distância de transporte
de material para bota-fora (foi pago o transporte do material com uma DMT de 10 km, enquanto que o
local do bota-fora estava a 1 km da obra). Além deste pagamento indevido, cabe destacar que a execução
da estrutura de pavimentação em desacordo com o previsto no projeto executivo pode afetar a sua
qualidade.
Por fim, em análise efetuada no orçamento apresentado pelo órgão contratante e na planilha
orçamentária contratada, constatou-se que os preços dos serviços contratados não estão adequadamente
detalhados. Foi observada a ausência de composições analíticas dos custos unitários.
6 - ENCAMINHAMENTO
Proposta da equipe
Ante todo o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos à Secretaria-Adjunta de Planejamento
e Procedimentos (ADPLAN), por se tratar de fiscalização relacionada com a Copa do Mundo, e, em
seguida, ao Gabinete do Exmo. Sr. Ministro-Relator Valmir Campelo, com a(s) seguinte(s) proposta(s):
6.1 Com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/92, c/c o art. 250, inciso IV, do Regimento
Interno/TCU, promover a audiência do Sr. Manoel Geraldo de Vasconcelos (CPF: 056.444.964-49),
Engenheiro do DER/RN e Fiscal do Contrato de Empreitada n.° 003/2007 - PJ, para apresentar, no
prazo de 15 dias, razões de justificativa acerca dos seguintes indícios de irregularidades que resultaram
em indício de superfaturamento de R$ 426.454,95 e dano potencial total de R$ 603.439,08 no Contrato
n.° 003/2007, bem como podem comprometer a qualidade da obra, em descumprimento aos art. 66, 67, §
1º da Lei n.° 8.666/1993 (irregularidade: Superfaturamento decorrente de pagamento por serviço não
executado):
224
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
6.2 Autorizar, com fundamento nos princípios da ampla defesa e do contraditório previstos no
inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, a realização de oitiva do Ministério do Turismo
(repassador do recurso do contrato de repasse), da Caixa Econômica Federal (representante do
Ministério do Turismo), do Departamento de Estradas e Rodagens do Estado do Rio Grande do Norte
(órgão contratante do contrato de repasse) e da Construtora Queiroz Galvão (empresa contratada,
CNPJ 33.412 792/0001-60), para que, se assim o desejarem, se manifestem, no prazo de 15 dias, acerca
de impropriedades verificadas nas medições que embasaram os pagamentos da obra (diferenças das
espessuras das camadas executadas de base e sub-base da estrutura de pavimento flexível; e diferença
de distância de transporte de material para bota-fora) que resultaram em indício de superfaturamento de
R$ 426.454,95 e dano potencial total de R$ 603.439,08. (irregularidade: Superfaturamento decorrente de
pagamento por serviço não executado).
6.3 Com fulcro nos artigos 71, inciso IX, da Constituição Federal e 45 da Lei nº 8.443/1992,
determinar ao DER/RN que, no prazo de 45 dias, encaminhe ao TCU documentação comprobatória e
informações circunstanciadas acerca das providências adotadas para saneamento das seguintes
impropriedades verificadas:
6.4 Dar ciência à Caixa Econômica Federal de que a não celebração de termo aditivo contratual
alterando as condições inicialmente pactuadas constitui afronta à legislação vigente (Lei 8666/1993, art.
65, inciso I, alínea b e Acórdão 87/2008, TCU-Plenário). (irregularidade: Ausência de termo aditivo
formalizando alterações das condições inicialmente pactuadas).
6.5 Dar ciência ao DER/RN que foram verificadas as seguintes impropriedade nas obras de
Prolongamento da Avenida Prudente de Morais, o que pode ser objeto, caso identificada reincidência
das falhas na execução de obras custeadas com recursos federais, de aplicação de sanções pelo TCU:
6.5.1 Não utilização de critério de aceitabilidade máximo de preços baseado em referencial federal
(Sinapi ou Sicro), descumprindo à legislação (art. 115 da Lei n.° 11.439/2006 e art. 40, inciso X da Lei
n.° 8.666/93) e à jurisprudência do TCU (Acórdãos 3.702/2009-1a Câmara, 1.746/2009-Plenário,
168/2009-Plenário, 554/2008-Plenário, 2.014/2007-Plenário, 1.090/2007-Plenário e 1.755/2004-
Plenário, entre outros). (irregularidade: Inadequação ou inexistência dos critérios de aceitabilidade de
preços unitário e global);
6.5.2 Inclusão de itens como mobilização, desmobilização, canteiro de obras e administração local
no BDI ( ao invés de constar detalhados no custo direto da obra) e a não exigência de BDI detalhado dos
225
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
6.5.3 A ausência de composições de custos unitários de todos os itens a serem contratados e a não
exigência das composições dos licitantes contrariam o art. 7º, § 2°, inciso II, da Lei 8.666/1993 e a
jurisprudência deste Tribunal (Acórdãos 374/2009-2a Câmara, 1.854/2009-Plenário, 946/2007-Plenário,
549/2006-Plenário, 2.385/2006-Plenário, 1.939/2007-Plenário, 2.049/2008-Plenário e 463/2001-2a
Câmara, entre outros). (irregularidade: O orçamento não é acompanhado das composições de todos os
custos unitários de seus serviços no Edital / Contrato / Aditivo).
VOTO
Em apreciação, relatório de levantamento de auditoria realizado pela Secob-3, no âmbito do
Fiscobras 2011, nas obras de prolongamento da Av. Prudente de Morais, em Natal/RN, obra inserida na
matriz de responsabilidades para a Copa do Mundo de Futebol de 2014.
2. Trata-se de ação custeada pelo Ministério do Turismo, por meio de contrato de repasse pactuado
com o Departamento de Estradas e Rodagem do Estado do Rio Grande do Norte (DER/RN), com a
interveniência da Caixa Econômica Federal (CAIXA).
3. Após o 5º Termo Aditivo, o contrato para a execução da obra alcançou o montante de R$
27.137.424,19, o que envolve a implantação e pavimentação de 4,20 km da Avenida Prudente de Morais /
Omar o'Grady. Busca-se uma alternativa de acesso aos Aeroportos Internacionais Augusto Severo e São
Gonçalo do Amarante, além de facilitar a entrada para diversos bairros da cidade.
4. Segundo o relatório de auditoria, a licitação para a execução da obra foi vencida pela empresa
Queiroz Galvão S.A, em um valor inicial de R$ 28.388.794,87 (Contrato nº 003/2007-PF). Após a análise
do projeto executivo pela CAIXA, todavia, como condição para liberação dos recursos, impôs-se a
reanálise de alguns preços unitários contratados, que estavam superiores aos referenciais do Sicro e do
Sinapi. Foi providenciado, assim, o 2º Termo Aditivo, reduzindo o valor avençado em R$ 1.254.370,68.
5. Previa-se o custeio da obra por diferentes fontes de recursos, de acordo com cada uma das três
etapas de execução. Para os trechos 1 e 2, foram celebrados os contratos de repasse nº 578823 e 614139,
que somados alcançam R$ 17.798.667,00, sendo R$ 1.808.667,00 de contrapartida do Estado. Para o
terceiro trecho, previu-se a realização de um empréstimo do Estado, tendo como fonte de recursos o
FGTS. Tal financiamento, no entanto, ainda estava em fase de análise na Secretaria do Tesouro Nacional
à época da realização da auditoria.
226
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
6. Importante que se diga, na data da inspeção, a obra encontrava-se parada, com 30% de recursos
totais previstos já executados. A terceira etapa é a que estava mais atrasada, em razão da necessidade –
não prevista inicialmente – da realização de dois túneis, cujos contratos para execução ainda não haviam
sido firmados pelo estado.
7. Dentre os achados de auditoria, constam os seguintes indícios de irregularidade;
a) pagamento por serviços executados com especificação distinta da contratada, com potencial
medição a maior de R$ 426.454,95;
b) inexistência de recursos orçamentários para a completa execução da obra;
c) ausência de termo aditivo para formalizar as mudanças de quantitativos promovidas pelo projeto
executivo;
d) inexistência de critérios de aceitabilidade de preços unitários no edital de licitações;
e) custos de BDI, mobilização, desmobilização, administração local e instalação do canteiro de
obras não detalhados;
f) o orçamento do edital não estava acompanhado das composições de todos os custos unitários dos
serviços.
8. Para nenhuma das impropreidades houve recomendação de paralisação da obra, em face da baixa
materialidade dos potenciais prejuízos comparativamente ao valor total do contrato, nos termos do art. 94,
§ 2º, inciso IV da Lei 12.309/2010 (LDO 2011).
9. De pronto, quanto aos achados "d" e "f", concordo com o tratamento dado à questão. Levando em
conta que as condutas que repercutiram na irregularidade não redundaram em maiores prejuízos, entendo
que se possa classificá-las como falhas formais. Faz-se suficiente, desta forma, dar ciência ao DER/RN
acerca destes achados, de modo a evitar a reincidência do feito em próximas licitações custeadas total ou
parcialmente por recursos federais.
10. Com relação à execução de serviços de maneira diversa da contratada, entretanto, o potencial
prejuízo pode ir muito além dos R$ 426 mil apontados pela equipe de auditoria. Em vez dos 20 cm de
base e de 15 cm de sub-base projetados, fez-se a obra com inversão das espessuras: executaram-se 15 cm
de base e 20 cm de sub-base. O local de bota-fora inicialmente previsto a 10 km de distância média
também foi modificado. Os excedentes de escavação estão sendo depositados a apenas 1 km de DMT.
11. Logo, faz-se necessária a alteração unilateral do contrato, nos termos do art. 65, inciso I, alínea
"b" da Lei 8.666/93, para diminuição do valor avençado. Ademais, incorre-se no risco de o pavimento ter
a sua vida útil relevantemente reduzida, pela diminuição da rigidez e capacidade de absorção de esforços
do pavimento executado. Caso isso se confirme, o prejuízo correspondente será exponencialmente
superior.
12. As oitivas do DER/RN e da empresa contratada devem, desta forma, envolver tanto a
manifestação dos responsáveis quanto a necessidade de alteração do contrato, com consequente
devolução de valores indevidamente pagos. Ainda, os responsáveis devem se defender quanto à eventual
inadequação da estrutura do pavimento, em face da vida útil inicialmente projetada. Adequado, por fim,
que se proceda a audiência do fiscal da obra.
13. No que tange à mobilização, desmobilização, administração local e manutenção do canteiro de
obras, por se tratar de uma obra viária – sob responsabilidade do Departamento de Estradas e Rodagem
do Estado –, entendo que os critérios do Sicro se fazem inteiramente aplicáveis ao caso em questão; e isso
inclui os paradigmas para despesas indiretas. Naquele sistema, como se sabe, referência pacífica de custos
rodoviários nesta Corte, a administração local está historicamente incluída no BDI.
14. Deste modo, deve ser dada ciência ao DER/RN que, no caso de obras rodoviárias ou em vias
urbanas custeadas total ou parcialmente com recursos da União, faz-se necessária a estrita observância do
Sicro como referencial de preços dos serviços a serem contratados, inclusive no que se refere ao BDI,
com o vinculado detalhamento destes encargos indiretos tanto no orçamento de referência da
administração, quanto na proposta das licitantes. Eventuais custos acima deste referencial – diretos ou
indiretos – devem ser justificados em memorial próprio. A apresentação detalhada dos custos de
mobilização, desmobilização e instalação do canteiro de obras também se faz necessária.
227
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
15. Sobre a ausência de termo aditivo a formalizar as alterações promovidas do projeto executivo,
nos termos do art. 45, caput, da Lei 8.443/92, verificada a ilegalidade de ato ou contrato, o Tribunal
assinará prazo para que o responsável adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei.
Conveniente, portanto, que se fixe prazo ao DER/RN para que promova o devido termo aditivo para
adequação do contrato às condições reais do objeto pactuado.
16. Relativamente à Caixa Econômica Federal, nos exatos moldes dos contratos de repasse
assinados, a instituição deve manter o acompanhamento da execução da obra, bem como atestar a
aquisição dos bens pelo contratado, constantes do objeto previsto no Plano de Trabalho (cláusula terceira
– item 3.1). O Banco deve, ainda, analisar eventuais reformulações do Plano de Trabalho, que só deverão
ser realizadas mediante anuência expressa da contratante. A autorização de saque dos recursos creditados
também só deve ser realizada após o atesto da CAIXA a constatar a fiel execução física da obra, de
acordo com o plano de trabalho previamente estabelecido (cláusula sexta – item 6.1).
17. Deste modo, por coerência, não se deve aprovar execução física desvinculada do plano de
trabalho acordado; por sua vez, impende exigir que os contratos pactuados representem a realidade fática
projetada e pré-analisada pelo Banco. Nesses termos, julgo que se deva dar ciência à Caixa Econômica
Federal que, nos termos dos Contratos de Repasse nº 578823 e 614139, a instituição deve verificar, como
condição para a liberação de recursos, a aderência do contrato da obra (e seus aditivos) ao projeto
executivo e o plano de trabalho do empreendimento.
18. Finalmente, no que concerne à inexistência de recursos orçamentários suficientes para a
completa execução da obra – mais especificamente para a etapa 3 da construção –, lembro que a
derradeira fase do empreendimento só poderá ser viabilizada após a conclusão do processo de
desapropriação, com custos associados de mais R$ 18 milhões a serem providenciados pelo Governo do
Estado. Além disso, existe a necessidade de se construírem duas passagens inferiores (túneis), no valor de
R$ 11 milhões, que interferem na execução da obra de uma maneira geral, visto que a interligação do
trecho implantado somente poderá ser finalizada após o seu término.
19. Deste modo, haja vista se tratar de uma obra inclusa na matriz de responsabilidades para a Copa
de 2014, avalio que se deva dar ciência desta ausência de previsão orçamentária ao Governo do Estado do
Rio Grande do Norte, ao Ministério do Esporte, ao Ministério do Turismo e à Casa Civil da Presidência
da República, inclusive quanto a eventual inviabilidade do prazo inicialmente estipulado para a obra,
além dos custos adicionais de desapropriação e dos túneis não contemplados na matriz.
20. Em epílogo, julgo necessário alertar o Governo do Estado do Rio Grande do Norte e à Caixa
Econômica Federal acerca necessidade da contínua alimentação do Portal de Fiscalização da Copa
(www.copatransparente.gov.br) como condição para o repasse de recursos pela CAIXA, tal qual
estabelecido na IN-TCU nº 62/2010. Trata-se da necessária publicidade dos atos contratuais e do
andamento da execução do estádio para propiciar aos órgãos competentes e ao cidadão o pleno controle
social.
Ante o exposto, Voto por que seja adotado o acórdão que ora submeto à consideração deste
Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relator
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento de Auditoria realizado no
âmbito do Fiscobras 2011, nas obras de prolongamento da Av. Prudente de Morais, em Natal/RN, objeto
do Plano de Trabalho PT 23.695.1166.0564.2578/2009, ação que se insere no esforço para a realização da
Copa do Mundo de Futebol de 2014.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar ao Departamento de Estradas e Rodagem do Rio Grande do Norte (DER/RN) e à
Construtora Queiroz Galvão (CNPJ 33.412.792/0001-60), com fundamento no art. 5º, inciso LV da
Constituição Federal, que, no prazo de 15 (quinze) dias, a partir da ciência, pronunciem-se acerca dos
seguintes indícios de irregularidade ocorridos no âmbito do Contrato nº 03/2007, que podem ensejar a
necessidade de alteração contratual, com eventual devolução de valores indevidamente pagos, nos termos
do art. 65 da Lei 8.666/93 e dos arts. 62 e 63 da Lei 4.320/64:
9.1.1. pagamento a maior de R$ 89.366,80 decorrente de diferenças entre a espessura paga e
executada das camadas de base e sub-base (achado 3.1 do relatório de auditoria);
9.1.2. pagamento a maior de R$ 337.088,14 decorrente de diferenças entre as distâncias pagas e
utilizadas para transporte de material destinado à bota-fora (achado 3.1 do relatório de auditoria);
9.1.3. possibilidade de comprometimento do pavimento decorrente de execução das camadas de
base e sub-base em desacordo com as especificações de projeto (achado 3.1 do relatório de auditoria);
9.2. determinar, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/92, a audiência da Sr. Manoel
Geraldo de Vasconcelos (CPF 056.444.964-49), para que, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
ciência, manifeste-se acerca dos seguintes indícios de irregularidade, que resultaram em um possível
superfaturamento de R$ 426.454,95, com dano potencial de R$ 603.439,08 no Contrato nº 03/2007, bem
como comprometer a vida útil da obra, em descumprimento aos art. 66 e 67, § 1º da Lei 8.666/93 (achado
3.1 do relatório de auditoria):
9.2.1. atesto de medições que redundaram em pagamentos a maior de R$ 89.366,80 decorrente de
diferenças entre a espessura paga e executada das camadas de base e sub-base (achado 3.1 do relatório de
auditoria);
9.2.2. atesto de medições que redundaram em pagamentos a maior de R$ 337.088,14 decorrente de
diferenças entre as distâncias pagas e utilizadas para transporte de material destinado à bota-fora (achado
3.1 do relatório de auditoria);
9.2.3. atesto de medições relativas aos serviços de base e sub-base com espessuras distintas das
especificadas no projeto executivo, com possível redução da vida útil do pavimento;
9.3. fixar prazo de 45 (quarenta e cinco) dias ao Departamento de Estradas e Rodagem do Rio
Grande do Norte (DER/RN), com base no art. 45, caput, da Lei 8.443/92, a contar da ciência, para que
providencie termo aditivo ao Contrato nº 07/2010, de modo a contemplar as alterações das condições
inicialmente pactuadas promovidas pelo projeto executivo da obra (achado 3.3 do relatório de auditoria);
9.4. dar ciência ao Departamento de Estradas e Rodagem do Rio Grande do Norte (DER/RN) sobre
as seguintes impropriedades constatadas das nas obras de prolongamento da Av. Prudente de Moraes, o
que pode ser objeto, no caso de reincidência em obras custeadas total ou parcialmente com recursos da
União, de aplicação de sanções pelo TCU:
9.4.1. não utilização de critério de aceitabilidade máximo de preços baseados nos critérios do Sinapi
e do Sicro, em afronta ao art. 115 da Lei nº 11.439/2006 e no art. 40, inciso X, da Lei 8.666/93, bem
como à Súmula TCU nº 259/2010;
9.4.2. ausência de detalhamento dos custos de mobilização, desmobilização e instalação do canteiro
de obras, em descumprimento ao art. 6º, inciso IX, alínea "f" e art. 7º, § 4º da Lei 8.666/93;
229
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
revelia, em todos os seus efeitos. Assim, cabe dar prosseguimento ao processo, a teor do disposto no art.
12, inciso IV, § 3º, da Lei nº 8.443/92.
9. Ressalte-se que, ao apreciar processos similares de pensões fraudulentas no âmbito da
Superintendência de Administração em São Paulo, antiga GRAMF/SP (Acórdão nº 2255/2006 - Plenário,
Acórdão nº 2256/2006 - Plenário), este Tribunal, nos termos do art. 60 da Lei nº 8.443/92, decidiu
declarar inabilitados para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da
Administração Pública os responsáveis envolvidos. Naqueles casos, fixou a inabilitação pelo período de
cinco anos.
10. Em face acima exposto, propõe a instrução dos autos:
a) nos termos dos arts. 1º, inciso I; 12, § 3º; 16, inciso III, alínea "d" e § 3º; e 19, caput; 23, inciso
III, alíneas “a” e “b”; 28, inciso II; e 57, da Lei nº 8.443/92, c/c o art. 214, inciso III, alíneas “a” e “b”, do
Regimento Interno/TCU, julgar irregulares as presentes contas e em débito os Sres Gérson de Oliveira
(CPF nº 936.016.118-72) e Roberto de Campos Bueno (CPF nº 036.172.258-31), condenando-os a pagar,
solidariamente, as quantias a seguir especificadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de
mora, calculados a partir das datas indicadas até o dia do efetivo pagamento, e fixando-lhes o prazo de 15
(quinze) dias desde a ciência, para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento do montante aos
cofres do Tesouro Nacional:
Data de Ocorrência Valor Histórico(R$)
1/2/2000 9.062,69
1/3/2000 9.062,69
1/4/2000 9.062,69
1/5/2000 9.062,69
1/6/2000 9.062,69
1/7/2000 13.594,03
1/8/2000 10.478,73
1/9/2000 10.478,73
1/10/2000 10.478,73
1/11/2000 10.478,73
1/12/2000 19.541,72
1/1/2001 10.478,73
1/2/2001 9.062,69
1/3/2001 9.062,69
1/4/2001 9.062,69
1/5/2001 9.062,69
1/1/1999 9.062,69
b) aplicar aos responsáveis a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/92, fixando-lhes o prazo de
15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento da
referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia seguinte ao do
término do prazo estabelecido, até a data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor;
c) seja autorizada, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da
Lei no 8.443/1992, caso não atendidas as notificações;
d) considerar grave a infração cometida e inabilitar Gérson de Oliveira (CPF nº 936.016.118-72) e
Roberto de Campos Bueno (CPF nº 036.172.258-31) para o exercício de cargo em comissão ou função de
confiança na Administração Pública; e sejam os responsáveis, Sres Sandra do Rosário Camilo de Oliveira,
Maria Aparecida dos Santos Martins Prado e Jorge Rui Martins Prado, declarados inabilitados para o
exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal, nos
termos do art. 60 da Lei no 8.443/1992, pelo período de cinco anos; e
e) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida à Procuradoria da República no Estado
de São Paulo, para adoção das medidas que entender cabíveis, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei nº
8.443/92, c/c o art. 209, § 6º do Regimento Interno/TCU.
233
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
VOTO
Em apreciação mais um dos diversos processos de tomada de contas especial autuados nesta Corte,
decorrentes de fraudes na concessão de pensões, ocorridas no âmbito da Superintendência de
Administração do Ministério da Fazenda em São Paulo, sucessora da antiga Gerência Regional de
Administração do Ministério da Fazenda no Estado de São Paulo - GRA/SP, muitas vezes com a
participação de terceiros estranhos à Administração Pública.
2. As fraudes se caracterizaram pela inclusão, como beneficiários destas pensões, de parentes,
amigos ou empregados dos servidores responsáveis pela irregularidade. Na maioria dos casos, não se
chegava a formalizar processo de concessão. O sistema era simplesmente alimentado com os dados
necessários à concessão do benefício, ficando claro, dessa forma, que, de maneira livre e consciente,
desviaram dinheiro público em proveito próprio. Os elementos apurados, constantes dos autos,
demonstram de forma clara a ocorrência da fraude.
3. Presentes os autos nesta Corte, solidaria e devidamente citados, os responsáveis não
compareceram aos autos e nem recolheram a importância devida, fazendo operar contra si a revelia, em
todos os seus efeitos, cabendo dar prosseguimento ao processo, julgando suas contas irregulares, ante o
disposto no art. 12, § 3º, da Lei nº 8.443/92.
4. Como bem demonstrado no relatório que antecede este voto, referendado pelo MP/TCU, e que,
desde logo, adoto como razões de decidir, os exames promovidos guardam conformidade com
entendimento referendado por esta Corte de Contas quando da apreciação de outros processos em
situações similares.
5. Por fim, no que toca à proposta, feita de maneira uniforme, no sentido da inabilitação dos
responsáveis para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da administração
pública, embora alguns dos nomes figurem em mais de um processo, entendo que tal fato não constitui
óbice a que o Tribunal possa fazê-lo, também, nos presentes autos.
6. Cabe a esta Corte avaliar, no caso concreto, à luz dos elementos constantes em cada processo, a
gradação da pena a ser aplicada em função do grau de envolvimento na fraude e da gravidade dos atos
ilícitos praticados, conforme bem assinalou o Subprocurador Paulo Soares Bugarin, quando de
manifestação regimental nos autos do TC-023.328/2007-6. Entendo de bom alvitre que se fixada, neste
caso, a pena de inabilitação pelo período de 5 anos.
Desta forma, em consonância com as deliberações em processos assemelhados, proferidas nesta
Corte, não havendo reparos a fazer quanto aos encaminhamentos sugeridos, acompanho as proposições
uniformes presentes nos autos e, com ajustes tidos por adequados, no mérito, VOTO por que o Tribunal
adote o Acórdão que ora submeto à deliberação deste Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relator
1. Processo nº TC 013.042/2011-4.
2. Grupo I - Classe de Assunto: IV Tomada de Contas Especial.
3. Interessados/Responsáveis:
234
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, instaurada em razão de
concessão fraudulenta de benefício de pensão, no âmbito da Superintendência de Administração do
Ministério da Fazenda em São Paulo - SAMF/SP.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, nos
termos dos arts. 1º, inciso I; 12, § 3º; 16, inciso III, alínea "d" e § 3º; e 19, caput; 23, inciso III, alíneas
“a” e “b”; 28, inciso II; e 57, da Lei nº 8.443/92, c/c o art. 214, inciso III, alíneas “a” e “b”, do Regimento
Interno/TCU, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. julgar as presentes contas irregulares e em débito os Sres Gérson de Oliveira (CPF nº
936.016.118-72) e Roberto de Campos Bueno (CPF nº 036.172.258-31), condenando-os a pagar,
solidariamente, as quantias a seguir especificadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de
mora, calculados a partir das datas indicadas até o dia do efetivo pagamento, e fixando-lhes o prazo de 15
(quinze) dias desde a ciência, para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento do montante aos
cofres do Tesouro Nacional:
Data de Ocorrência Valor Histórico(R$)
1/2/2000 9.062,69
1/3/2000 9.062,69
1/4/2000 9.062,69
1/5/2000 9.062,69
1/6/2000 9.062,69
1/7/2000 13.594,03
1/8/2000 10.478,73
1/9/2000 10.478,73
1/10/2000 10.478,73
1/11/2000 10.478,73
1/12/2000 19.541,72
1/1/2001 10.478,73
1/2/2001 9.062,69
1/3/2001 9.062,69
1/4/2001 9.062,69
1/5/2001 9.062,69
1/1/1999 9.062,69
9.2. aplicar aos responsáveis Gérson de Oliveira (CPF nº 936.016.118-72) e Roberto de Campos
Bueno (CPF nº 036.172.258-31), individualmente, a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/92, no valor
de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação,
para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas quantias aos cofres do Tesouro
Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do presente Acórdão até a do efetivo recolhimento, se
forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.3. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas às notificações, nos
termos do art. 28, II, da Lei nº 8.443/92;
235
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
Roberto Penna Chaves Faveret Cavalcanti (OAB/RJ 60.705), Luiz Cláudio Kastrup de Oliveira Castro
(OAB/RJ 65.151), Márcio Gomes Leal (OAB/RJ 84.801), André Sigelmann (OAB/RJ 85.259) Aurea
D´Ávila Mello Rapôso (OAB/RJ 88.182).
RELATÓRIO
Adoto como relatório o parecer do Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé, que sumariza as fases
anteriores do processo e reproduz a proposta da unidade técnica:
“Trata-se de relatório de levantamento de auditoria realizada durante o período e 31/07 a
15/09/2006 nas obras do Canal Adutor do Sertão Alagoano.
O Plenário da Corte de Contas, por meio do Acórdão nº 2286/2007, ordenou a efetivação de
audiências de diversos responsáveis e das empresas contratadas para revisão do projeto, execução e
supervisão das mencionadas obras.
Nessa ocasião, também se determinou a apresentação de justificativas para diversos atos de gestão
ilegais ou antieconômicos, tais como os referentes às alterações na concepção construtiva da obra, aos
acréscimos contratuais acima dos limites legais e às modificações essenciais no projeto original utilizado
na licitação.
Após análises dos elementos de defesa apresentados em função das referidas audiências, o
Tribunal, mediante o Acórdão 3128/2010 – Plenário, dentre outras deliberações, decidiu:
‘9.3. diferir a apreciação das razões de justificativa apresentadas por força dos itens 9.2 e 9.5 do
Acórdão nº 2286/2007-TCU-Plenário para fase posterior deste processo, após a autuação do apartado
de que cuida o item seguinte deste Acórdão;
9.4. autuar processo apartado de tomada de contas especial, nos termos do art. 47 da Lei nº
8.443/92 e do art. 252 do Regimento Interno/TCU e na forma do art. 43 da Resolução-TCU nº 191/2006,
e determinar, no âmbito do processo a ser autuado, com fundamento no art. 12, inciso II, da Lei nº
8.443/92 e no art. 202, inciso II e § 1º, do Regimento Interno, a citação solidária das pessoas a seguir
indicadas, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentem alegações de defesa ou recolham aos
cofres do Tesouro Nacional os valores correspondentes, atualizados monetariamente e acrescidos de
juros de mora, calculados a partir das datas indicadas, até a data da efetiva quitação dos débitos:...’
O Exmo. Ministro-Relator Valmir Campelo, no Despacho de fls. 1106/1107, solicita a manifestação
deste Parquet especializado a respeito das propostas de encaminhamento aduzidas na instrução de fls.
590/697 do volume 3, referentes às razões de justificativa apresentadas por diversos responsáveis por
força dos itens 9.2 e 9.5 do Acórdão 2286/2007-Plenário. Sendo assim, oportuno relembrar o que ficou
deliberado no mencionado decisum:
‘9.2. promover, com base no art. 43, inciso II, da Lei nº 8.443/92 e no art. 250, inciso IV, do
Regimento Interno, a audiência do Sr. Denison de Luna Tenório, à época Diretor de Obras, Contratos e
Convênios/SEINFRA e coordenador do projeto no âmbito do Governo do Estado de Alagoas; do Sr.
Wellington de Araújo Melo, à época Secretário de Estado de Infra-Estrutura do Governo do Estado de
Alagoas, celebrante do 6º Termo Aditivo; da empresa HIDROCONSULT - Consultoria, Estudos e
Projetos S/A, supervisora da obra; e da Construtora Norberto Odebrecht S/A, para que apresentem, no
prazo de 15 (quinze) dias, razões de justificativa para as seguintes ocorrências:
237
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Especificamente quanto às falhas relativas ao item 9.5 do referido julgado, o Sr. Denison de Luna
Tenório não apresentou explicações. A instrução sugere que se aproveite ‘o contexto de suas demais
razões de justificativas para análise’ (fl. 661 do volume 3).
Em decorrência das referidas irregularidades, a instrução de fls. 590/697 do volume 3 propõe:
a) pelo sobrepreço no item do orçamento concernente à estrutura metálica, a citação do Sr.
Fernando de Souza, solidariamente com o Sr. Denison de Luna Tenório e com as pessoas jurídicas
Cohidro – Consultoria, Projetos e Estudos S/C Ltda., Hidroconsult - Consultoria, Estudos e Projetos S/A
e Construtora Norberto Odebrecht S/A, após a conversão dos autos em tomada de contas especial (item
a.11, fl. 686 do volume 3);
b) em função da substituição da estrutura da estação elevatória de concreto e alvenaria pela
superestrutura metálica, por considerá-la ato antieconômico, a rejeição das razões de justificativa
apresentadas pelos Srs. Denison de Luna Tenório e José Jailson Rocha, com aplicação da multa prevista
no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92;
c) pela extrapolação do limite fixado no art. 65, §1º, da Lei 8.666/93, a rejeição das razões de
justificativa apresentadas pelo Sr. José Jailson Rocha, com aplicação da multa prevista no art. 58, inciso
II, da LO/TCU.
Aquiesço, na essência, às conclusões explicitadas na instrução de fls. 590/697, elaborada em
14/07/2008, no âmbito da Secex/AL, motivo pelo qual manifesto minha anuência à sua proposta de
encaminhamento, exceto quanto ao seguinte:
a) no que diz respeito à impropriedade decorrente da substituição da estrutura da estação
elevatória (subitem 9.2.1 do Acórdão 2286/2007 – Plenário), a instrução, por equívoco, propõe a
aplicação de multa aos Srs. Denison de Luna Tenório e José Jailson Rocha quando, na verdade, o
contraditório foi estabelecido em relação aos Srs. Denison de Luna Tenório e Wellington de Araújo
Melo. Portanto, a multa proposta no subitem ‘c.2’ do item 217 da instrução (fl. 697) deve ser aplicada
aos administradores efetivamente ouvidos em audiência a respeito dessa irregularidade;
b) no que diz respeito à extrapolação do limite fixado no art. 65, §1º, da Lei nº 8.666/93, o Sr.
Denison de Luna Tenório não apresentou razões de justificativas e, por conseguinte, não afastou sua
responsabilidade. Embora a instrução tenha consignado, na Seção denominada ‘Resumo das
Ocorrências’, que o Sr. Denison de Luna Tenório deveria ser responsabilizado pela falha descrita no
subitem 9.5 do Acórdão 2286/2007 – Plenário, possivelmente por equívoco, deixou de propor a
aplicação de multa ao mencionado gestor (fls. 678 e 696). Assim sendo, na proposição contida no
subitem ‘b.1’ do item 217 da instrução, a multa deve ser aplicada não apenas ao Sr. José Jailson Rocha,
mas também ao Sr. Denison de Luna Tenório.
No Voto condutor do Acórdão 3128/2010 - Plenário, o Exmo. Ministro Valmir Campelo,
aquiescendo ao posicionamento revelado pela 1ª Secob (fls. 964/966), reconhece que o sobrepreço
atingiu diversos serviços contratados, inclusive o concernente à montagem e instalação de estruturas
metálicas no prédio da estação elevatória, como se infere do seguinte excerto:
‘34. Fixa-se, assim, a ocorrência de sobrepreços nos seguintes serviços da obra abrangida pelo
Contrato nº 03/1992: escavação, carga e descarga de material de 3ª categoria a céu aberto; escavação,
carga e descarga de material de 3ª categoria sob fogo cuidadoso e sob linha de transmissão;... estrutura
metálica da estação elevatória; ensecadeira (superfaturamento decorrente de quantitativos
superavaliados).’
O Plenário, mediante o Acórdão 3128/2010, além de determinar a instauração, em apartado, de
Tomada de Contas Especial, também determinou a efetivação de diversas citações. Embora os subitens
dessa decisão relativos às citações não façam referência expressa a qualquer dos serviços
superfaturados, há que se supor que algum deles contempla o sobrepreço relativo ao item ‘Estruturas
Metálicas’. Procedendo esta premissa, a questão do sobrepreço no serviço de montagem e instalação de
estruturas metálicas no prédio da estação elevatória, justamente por resultar em dano ao erário, estaria
sendo examinada nos autos do TC 032.563/2010-8, que trata da Tomada de Contas Especial instaurada
em cumprimento ao item 9.4 do Acórdão 3128/2010 – Plenário.
239
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Quanto à proposta de inabilitação dos gestores para o exercício de cargo em comissão ou função
comissionada no âmbito da Administração Pública (fl. 697 do volume 3), parece-me que o fórum de
discussão adequado é exatamente a TCE instaurada por força do Acórdão 3128/2010 – Plenário, visto
que lá se examinam as irregularidades mais graves e de maior grau de reprovabilidade. Além do que, a
proposta de inabilitação formulada pela instrução dirige-se, também, a gestores que não estão sendo
responsabilizados pelas falhas indicadas nos itens 9.2 e 9.5 do Acórdão 2286/2007, mas que podem estar
sendo responsabilizados no âmbito da citada Tomada de Contas Especial. Da mesma forma, deve ser
avaliada nas referidas contas especiais a conveniência e oportunidade da efetivação do alerta sugerido
no subitem ‘g’ do item 217 da instrução (fl. 697 do volume 3), bem como de que seja enviada cópia dos
autos à Procuradoria da República no Estado de Alagoas.
2. Em conclusão, o representante do Parquet formula as seguintes sugestões, em essência:
“Por todo o exposto, este membro do Ministério Público de Contas manifesta-se no sentido de que:
a) seja aplicada aos responsáveis abaixo identificados a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei
nº 8.443/1992, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem,
perante o Tribunal, nos termos do art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno do TCU, o
recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente até a data do efetivo
recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor:
OCORRÊNCIA RESPONSÁVEIS
Extrapolação do limite legal para acréscimo Srs. José Jailson Rocha e Denison de Luna
em contratos de obras, infringindo o art. 65, Tenório
§§1º e 2º, da Lei nº 8.666/93.
Ato de gestão antieconômico de substituição Srs. Denison de Luna Tenório e Wellington
da ‘Estrutura de Concreto e Alvenaria’ por de Araújo Melo
uma ‘Superestrutura Metálica’, o que veio
em detrimento da opção contratada
originalmente.
b) com fundamento no art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, seja autorizada, desde logo, a cobrança
judicial das dívidas, caso não atendida a notificação;”
3. Opina, ainda, o douto Procurador, por que seja juntada cópia da deliberação que vier a ser
adotada ao TC-032.563/2010-8, processo que trata da tomada de contas especial instaurada em
cumprimento ao item 9.4 do Acórdão nº 3128/2010-Plenário.
É o relatório.
VOTO
Cuidam os autos de levantamento de auditoria, no âmbito do Fiscobras 2006, nas obras do Canal do
Sertão Alagoano, executadas por meio do Contrato nº 03/1992, celebrado entre a Secretaria de Infra-
Estrutura do Governo do Estado de Alagoas e a Construtora Norberto Odebrecht S.A.
2. Recursos federais foram aportados ao empreendimento à conta do Convênio nº 965/2001,
celebrado entre o estado e o Ministério da Integração Nacional.
3. Na atual fase dos autos, é dado prosseguimento à apreciação das razões de justificativas
apresentadas pelos responsáveis em resposta às audiências determinadas nos itens 9.2 e 9.5 do Acórdão nº
2.286/2007-TCU-Plenário.
4. Por meio do Acórdão nº 3.128/2010, ao ter presente as razões expostas pelo relator, este Plenário
entendeu por bem diferir, para o atual momento, a apreciação das referidas justificativas, nos termos do
item 9.3 do mencionado decisum:
“9.3. diferir a apreciação das razões de justificativa apresentadas por força dos itens 9.2 e 9.5 do
Acórdão nº 2286/2007-TCU-Plenário para fase posterior deste processo, após a autuação do apartado
de que cuida o item seguinte deste Acórdão;”
240
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
5. Por sua vez, os itens 9.2 e 9.5 do Acórdão nº 2.286/2007-Plenário determinaram as audiências em
questão, nos termos a seguir transcritos:
“9.2. promover, com base no art. 43, inciso II, da Lei nº 8.443/92 e no art. 250, inciso IV, do
Regimento Interno, a audiência do Sr. Denison de Luna Tenório, à época Diretor de Obras, Contratos e
Convênios/SEINFRA e coordenador do projeto no âmbito do Governo do Estado de Alagoas; do Sr.
Wellington de Araújo Melo, à época Secretário de Estado de Infra-Estrutura do Governo do Estado de
Alagoas, celebrante do 6º Termo Aditivo; da empresa HIDROCONSULT - Consultoria, Estudos e
Projetos S/A, supervisora da obra; e da Construtora Norberto Odebrecht S/A, para que apresentem, no
prazo de 15 (quinze) dias, razões de justificativa para as seguintes ocorrências:
9.2.1. substituição da estrutura da estação elevatória de concreto e alvenaria (conforme projeto
original) para superestrutura metálica, tendo por resultado dispêndio antieconômico a maior na ordem
de R$ 2.380.082,62, a preços de agosto de 2005;
9.2.2. indícios de sobrepreço de 49,11% no item estrutura metálica, destinado a construção da
estação elevatória, conforme itens 324 e 325 do relatório de auditoria, fl. 74 do processo;
...................................
9.5. promover, com base no art. 43, inciso II, da Lei nº 8.443/92 e no art. 250, inciso IV, do
Regimento Interno, a audiência do Sr. Denison de Luna Tenório, à época Diretor de Obras, Contratos e
Convênios/SEINFRA e coordenador do projeto no âmbito do Governo do Estado de Alagoas e dos Srs.
José Jailson Rocha, Carlos Alberto de Moraes Freitas, Wellington de Araújo Melo, Fernando de Souza e
Márcio Fidelson Menezes Gomes, ex-Secretários de Infra-Estrutura do Governo do Estado de Alagoas,
para que apresentem, no prazo de 15 (quinze) dias, razões de justificativa por efetuarem repactuações
com acréscimos e supressões acima do limite legal, conforme comparativo constante da Tabela de fl. 40
do processo, e darem execução ao contrato celebrado com a Construtora Norberto Odebrecht S/A, ,
infringindo-se, assim, o art. 65, § 2º, da Lei nº 8.666/93 e acarretando alterações que desfiguraram
totalmente o projeto original, violando o art. 3º da Lei nº 8.666/93 e o art. 37, caput e inciso XXI, da
Constituição Federal, visto que não foram observados os princípios da vinculação ao instrumento
convocatório, já que o objeto a ser executado é diverso daquele inicialmente licitado; e da isonomia,
tendo em vista que foi dado o direito à vencedora da licitação de executar um novo projeto
completamente distinto do licitado, oportunidade essa que não foi oferecida aos demais licitantes;”
6. As razões que levaram o Tribunal a diferir a apreciação das justificativas para as ocorrências
acima constam do voto condutor do Acórdão nº 3.128/2010, conforme excerto adiante colacionado:
“12. Em primeiro lugar, registro que a materialidade do débito quantificado reclama imediata
deliberação do colegiado quanto à conversão dos autos em tomada de contas especial, para fins de
citação dos responsáveis.
13. Todavia, também emergem dos autos propostas tendentes à aplicação de multa por atos
antieconômicos e por grave infração a norma legal, culminando com a inabilitação dos responsáveis
para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública.
14. Nada impede que os dois tipos de propostas sejam apreciados simultaneamente. Entretanto,
como a proposta de inabilitação se reveste de especial gravidade, a ponto de ensejar quorum qualificado
para apreciação, entendo de todo conveniente, nesses casos, sempre colher o pronunciamento do
Ministério Público junto ao TCU, antes de firmar meu juízo decisório.
15. Nesses termos, entendo que uma conveniente condução das subsequentes fases processuais
pode passar pela constituição de processo apartado de tomada de contas especial, se assim anuir o
Plenário, para fins de citação dos responsáveis pelos débitos apurados, mediante deliberação a ser
adotada nesta assentada, consoante procedimentos previstos na Resolução-TCU nº 191/2006, verbis:
[...]
16. Dessa forma, a apreciação das irregularidades para as quais se propõe a aplicação de multa e
a inabilitação dos responsáveis pode ser diferida para momento posterior, a ser retomado neste mesmo
processo, com a subsequente oitiva do Ministério Público e julgamento pelo Plenário, após adotadas as
providências necessárias à autuação da competente tomada de contas especial, mediante apartado.”
241
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
7. Conforme visto no relatório que antecede este voto, o MP/TCU aduz que, com relação às
propostas de inabilitação dos gestores para o exercício de cargo em comissão ou função comissionada, o
fórum de discussão adequado é o processo de tomada de contas especial instaurado por força do Acórdão
nº 3.128/2010 (TC-032.563/2010-8), ora em fase de instrução na unidade técnica.
8. Manifesto minha concordância com o parecer do Ministério Público quanto a esse ponto, uma
vez que, de fato, naqueles autos de tomada de contas especial estão sendo examinadas irregularidades
mais gravas e de maior grau de reprovabilidade, envolvendo débito calculado, para fins de citação, no
montante de mais de R$ 15 milhões de reais, a preços históricos (entre os anos de 2002 e 2005). Ademais,
outros responsáveis estão sendo citados em razão desse superfaturamento, sobre os quais também poderão
recair a inabilitação sugerida originalmente na proposta da Secex-AL (fls. 682/697).
9. Dessa forma, prossigo na apreciação do feito, com relação às propostas de aplicação de multa aos
ex-gestores do Estado de Alagoas, conforme quadro resumo que apresento adiante:
RESPONSÁVEL QUALIFICAÇÃO IRREGULARIDADE
Wellington de Secretário de Infraestrutura, gestão - Substituição da estrutura da estação
Araújo Melo de 17/6/2004 a 30/6/2005. elevatória;
Diretor de Obras, Contratos e
Denison de Luna
Convênios da Secretaria de - Alterações contratuais acima do
Tenório
Infraestrutura do Estado de alagoas. limite legal e que desfiguraram o
José Jailson Secretário de Infraestrutura, gestão projeto original.
Rocha de 2/7/1999 a 21/10/2003.
10. Verifico, de plano, que a irregularidade relacionada à substituição da estrutura da estação
elevatória também consubstanciou fato que se insere entre as ocorrências que culminaram na existência
do débito motivador da instauração de tomada de contas especial já em curso – TC-032.563/2010-8 –
conforme também assinalado pelo Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé e consignado no seguinte
trecho do voto condutor do Acórdão nº 3.128/2010-Plenário:
34. Fixa-se, assim, a ocorrência de sobrepreços nos seguintes serviços da obra abrangida pelo
Contrato nº 03/1992: escavação, carga e descarga de material de 3ª categoria a céu aberto; escavação,
carga e descarga de material de 3ª categoria sob fogo cuidadoso e sob linha de transmissão; reaterro
não controlado com material da própria vala; reaterro de vala compactado com material de empréstimo;
forma e escoramento de madeira; transporte de materiais de 1ª, 2ª e 3ª categorias, 1ª cat. dmt a 4 km e
argiloso; armação CA-50/Armadura CA-50; concreto classe 1, classe 2, concreto 15 mpa, concreto 30
mpa; concreto classe 5 (regularização) e concreto classe 4 (ciclópico); estrutura metálica da estação
elevatória; ensecadeira (superfaturamento decorrente de quantitativos superavaliados). (Grifei).
11. Nessas condições, considero que o ato antieconômico de alteração do projeto – irregularidade
que impulsiona a proposta de aplicação de multa – resta absorvido pela irregularidade de cunho mais
grave, que é a perpetração de dano ao erário pela prática de preços superiores aos de mercado na
execução dessa parte do empreendimento.
12. A meu ver, portanto, aplicar a sanção sugerida e ora sob apreciação para fato (alteração da
estrutura) correlato, em essência, a irregularidade mais grave (superfaturamento), pode culminar em dupla
apenação, mediante a condenação em débito e aplicação de multa proporcional (art. 57 da Lei nº
8.443/92) além da multa ora cogitada, que tem base no art. 58 da mesma lei, configurando bis in idem.
13. Com as devidas vênias, portanto, dos pareceres da Secex-AL e do MP/TCU, deixo de acolher a
proposta de aplicação de multa aos Srs. Denison de Luna Tenório e Wellington de Araújo Melo em razão
da alteração da estrutura da estação elevatória de concreto e alvenaria para superestrutura metálica.
14. Diversa é a situação dos responsáveis no que tange às alterações contratuais acima do limite
legal, perpetradas no bojo do Contrato nº 03/1992, celebrado entre a Secretaria de Infra-Estrutura do
Governo do Estado de Alagoas e a Construtora Norberto Odebrecht S.A.
15. As citadas alterações constituem irregularidade de natureza distinta daquelas que ensejaram a
instauração da tomada de contas especial para recomposição de dano ao erário e, portanto, podem ser
apreciadas isoladamente sem que isso implique risco de bis in idem.
242
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
16. Ouvidos em audiência acerca das alterações contratuais acima dos limites legais (cf. item 9.5 do
Acórdão nº 2.286/2007-Plenário), os Srs. Carlos Alberto de Moraes Freitas, Wellington de Araújo Melo,
Fernando de Souza e Márcio Fidelson Menezes Gomes lograram demonstrar que não tiveram
responsabilidade pela participação em nenhum ato que estivesse ligado à cadeia de eventos que redundou
nas alterações contratuais questionadas (cf. instrução da Secex-AL às fls. 590/697). Merecem, portanto,
verem acolhidas as suas justificativas quanto a essa ocorrência.
17. Quanto ao Sr. Denison de Luna Tenório, não apresentou argumentos de defesa específicos para
o tema. A sua defesa foi analisada no contexto geral das justificativas apresentadas para outros
questionamentos, tendo sido considerada insuficiente para afastar a imputação em causa.
18. Por sua vez, as justificativas apresentadas pelo Sr. José Jailson Rocha foram refutadas pela
Secex-AL às fls. 665/666, restando demonstrado que as alterações do contrato mediante a modificação da
concepção inicial do sistema de Ponte-Canal para Sifão-Invertido desnaturou completamente a avença
original e, em razão dessa alteração, incluída pelo 2º Termo Aditivo, introduziu novos serviços que
redundaram no aumento percentual de 211,86% do valor de base, conforme análise adiante reproduzida,
com a qual me alinho:
“186. Por outro lado, o posicionamento desta Corte de Contas, delineado pelo insigne Voto do
Exmo. Sr. Ministro-Relator Ubiratan Aguiar, no Processo nº 013.971/2001-7, de forma a encaminhar a
Decisão nº 1.575/2002-Plenário, mencionado pela Equipe da SECEX/AL, firmou o entendimento de que
as alterações contratuais supressivas, acordadas entre as partes, têm o condão de gerar um nova base de
cálculo para fins de incidência do percentual máximo de 25%., pois se estaria infringindo o art. 65, § 1º,
da Lei nº 8.666/93, combinado com o art. 3º da Lei nº 8.666/93 e o art. 37, caput e inciso XXI, da
Constituição Federal.
187. Por este Decisão, salvo melhor juízo, com as alterações supressivas promovidas pelo ‘Novo
Projeto Básico’, com a retirada da Ponte-Canal, em comum acordo entre as partes, por meio do 2º
Termo Aditivo, gerou-se uma nova base de cálculo para a incidência do percentual máximo aplicável.
Em tese, não há limites para a redução contratual consensual, mas, a partir do momento da redução da
avença, por força de supressões de serviços licitados e contratados, ascendeu ao mundo jurídico um
novo contrato (aditivado por supressão), que será a nova base para fins de incidência do percentual
máximo de 25%. Por esta metodologia, introduzida pela Decisão nº 1.575/2002-Plenário, com a retirada
do item de orçamento ‘Ponte-Canal’ do orçamento licitado e contratado, no valor de R$ 25.690.573,68 a
preços de agosto/2002, por meio do 2º Termo Aditivo (fls. 17 do Anexo 06), o valor total do contrato
passou de R$ 41.778.628,39 a preços de agosto/2002 (fls. 17 do Anexo 06) para R$ 16.088.054,71 na
mesma data de referência (diferença entre o total do contrato e o que foi suprimido). Portanto, esta seria
a nova base de incidência (R$ 16.088.054,71) do limite legal máximo de 25%.
188. Diante disso, só poderia ser acrescido, em termos de serviços, o valor de R$ 4.022.013,68
(25% de R$ 16.088.054,71), os quais, acrescidos ao valor do contrato com a supressão (R$
16.088.054,71), chegaríamos ao montante de R$ 20.110.068,39. Passando este a ser o valor máximo
permitido pela Lei nº 8.666/93.
189. Desse modo, o percentual de extrapolação do limite legal aumenta consideravelmente, em
relação ao que foi inicialmente apontado pela Equipe de Auditoria da SECEX/AL, pois o contrato foi
aditivado (2º Termo Aditivo), por supressão da ‘Ponte-Canal’, de comum acordo entre as partes, na
mesma data de referência (agosto de 2002), chegando ao patamar de R$ 50.172.205,03, mediante
acréscimos de novos serviços, totalizando o percentual de 211,86% em relação à base de incidência (R$
16.088.054,71).” (Grifei).
19. Há que se ter em conta, ainda, que a alteração do sistema “ponte-canal, tubulação aérea” pelo
sistema “sifão invertido, tubulação enterrada”, revelou-se em opção que não se mostrou vantajosa para a
administração pública, seja em termos financeiros, seja em termos técnicos, consubstanciando ato
antieconômico, com expressivo reflexo danoso aos cofres públicos, conforme análise constante às fls.
590/616 da instrução da Secex-AL.
20. Cabível, portanto, a aplicação de multa aos responsáveis, Srs. Denison de Luna Tenório e José
Jailson Rocha, com base no art. 58, incisos II e III, da Lei nº 8.443/1992.
243
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
21. Estando o processo em pauta, o responsável Denison de Luna Tenório deu entrada em peça
denominada “alegações finais” (digitalizada como peça eletrônica juntada aos autos), em que novamente
apresenta defesa em face das imputações a ele lançadas. Todavia, para o fato em relação ao qual se
construiu o juízo pela aplicação de sanção pecuniária, nos termos declinados neste voto (acréscimos e
supressões acima dos limites legais, com o agravante de resultar em ato antieconômico), os novos
argumentos apresentados se assemelham aos já esgrimidos pelo Sr. José Jailson Rocha. Foram eles,
conforme consta do relatório, devidamente analisados pela unidade técnica e recepcionados por este
relator como razões de decidir. Ou seja, em nada infirmam o exposto nos parágrafos 18 e 19, acima.
Ante o exposto, voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à consideração deste
Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relator
1. Processo nº TC 014.771/2006-1.
1.1. Apensos: 034.145/2010-9; 033.850/2010-0; 033.852/2010-3; 017.904/2007-1; 033.851/2010-7
2. Grupo II, Classe de Assunto V – Relatório de Levantamento de Auditoria
3. Órgão: Secretaria de Infra-Estrutura do Governo do Estado de Alagoas - SEINFRA
4. Responsáveis: José Jailson Rocha (CPF 061.364.944-34), Denison de Luna Tenório (CPF
208.343.144-87), Wellington de Araújo Melo (CPF 123.729.604-82), Carlos Alberto de Moraes Freitas
(CPF 113.920.964-72), Fernando de Souza (CPF 042.147.738-53) e Márcio Fidelson Menezes Gomes
(CPF 240.730.594-91).
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
7. Unidades Técnicas: Secex-AL e Secob-1
8. Advogados: Antônio Perilo Teixeira Neto (OAB/DF 21.359), Luiz Roberto Porto Farias
(OAB/AL 2.454), Luiz Roberto Barros Farias (OAB/AL 8.740), João Daniel Marques Fernandes
(OAB/AL 6.647), Márcio Gomes Leal (OAB/RJ 84.801), Christian Barbalho do Nascimento (OAB/RJ
123.922), Luiz Fernando Braz Siqueira (OAB/DF 21.104), Jorge Luiz Zanforlin Filho (OAB/DF 29.923),
João Henrique Andrade Araújo Horst (OAB/PE 14.326), Hermano de Villemor Amaral Filho (OAB/RJ
3.099), Hermano de Villemor Amaral Neto (OAB/RJ 41.087), Gilberto Augusto Trigueiro Vieira Ribeiro
(OAB/RJ 7.683), João Guilherme de Moraes Sauer (OAB/RJ 23.644), José Roberto Penna Chaves
Faveret Cavalcanti (OAB/RJ 60.705), Luiz Cláudio Kastrup de Oliveira Castro (OAB/RJ 65.151), Márcio
Gomes Leal (OAB/RJ 84.801), André Sigelmann (OAB/RJ 85.259) Aurea D´Ávila Mello Rapôso
(OAB/RJ 88.182)
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de levantamento de auditoria, no âmbito do Fiscobras
2006, nas obras do Canal do Sertão Alagoano, em prosseguimento à apreciação das razões de
justificativas apresentadas pelos responsáveis em resposta às audiências determinadas nos itens 9.2 e 9.5
do Acórdão nº 2.286/2007-TCU-Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo relator, em:
9.1. acolher as razões de justificativas apresentadas pelos Srs. Wellington de Araújo Melo, Carlos
Alberto de Moraes Freitas, Fernando de Souza e Márcio Fidelson Menezes Gomes quanto à
irregularidade que motivou a audiência determinada no item 9.5 do Acórdão nº 2.286/2007-Plenário;
244
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.2. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Denison de Luna Tenório e José
Jailson Rocha quanto à irregularidade que motivou a audiência determinada no item 9.5 do Acórdão nº
2.286/2007-Plenário, e com fundamento no art. 58, incisos II e III, da Lei nº 8.443/1992, c/c o art. 268,
incisos II e III, do Regimento Interno, aplicar-lhes multa individual no valor de R$ 10.000,00 (dez mil
reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento
da quantia fixada aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente
acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.3. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n°
8.443/92, caso não atendidas as notificações;
9.4. juntar cópia deste Acórdão, Relatório e Voto, ao TC-032.563/2010-8; e
9.5. dar ciência desta deliberação à Secretaria de Infra-Estrutura do Governo do Estado de Alagoas.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
Em exame embargos de declaração opostos por Regina Lúcia Cardoso Barbosa, inventariante de
José Hamilton Saraiva Barbosa, ex-prefeito municipal de Aracati, no Estado do Ceará, ao Acórdão nº
2914/2010, retificado por inexatidão material pelo de nº 2/2011, ambos do Plenário.
2. Referem-se os autos a prestação de contas dos recursos do Convênio nº 55/2001 - SQA, firmado
entre a municipalidade e o Ministério do Meio Ambiente, com vistas a “apoiar a implantação de Aterro
Sanitário no município” (fl. 11 - volume Principal).
3. Naquela assentada esta Corte conheceu de recurso de reconsideração interposto pelos
responsáveis solidários, dando provimento ao da empresa Sanebrás - Projetos, Construções e Consultorias
Ltda., mantendo, contudo, débito ao ex-prefeito. O principal fundamento da condenação foi o
descumprimento significativo do Plano de Trabalho do convênio, considerando-se que, em vez do Aterro
Sanitário, foi construído um Lixão (fl. 918, vol. 4).
4. Insurge-se a recorrente alegando a existência de omissão.
5. Em sua peça de fls. 1/2 (anexo 3), registra que o acórdão condenatório fundamentou-se na
afirmação de que o Plano de Trabalho foi significativamente descumprido, “embora tanto o inicial quanto
o ‘alterado’ tratem da remediação do lixão e da implantação do aterro sanitário”.
6. Aduz:
“Ocorre que esta egrégia Corte não se manifestou, expressamente, sobre o fato de que o novo
plano de trabalho foi melhor e mais adequado que o inicial que, a despeito de inviável, fora aprovado
pelos órgãos públicos competentes.
(...) Referida modificação foi implementada, realizando construção (...) sem qualquer aumento de
gastos para a municipalidade ou para União”.
7. Ao final requer efeitos modificativos para reformar a decisão embargada.
8. Tendo em vista as razões de recorrer formuladas, em especial ante a solicitação de efeitos
infringentes a estes declaratórios, entendi oportuno colher o pronunciamento da Secretaria de Recursos -
Serur, bem como do Ministério Público, de forma a preservar os princípios da ampla defesa, de estatura
constitucional.
9. Instruindo os autos, manifestou-se a Serur, no essencial (fls. 7/9 - anexo 3):
“EXAME TÉCNICO
Argumento
10. Alega o embargante que o TCU ‘não se manifestou, expressamente, sobre o fato de que o novo
plano de trabalho foi melhor e mais adequado que o inicial que, a despeito de inviável, fora aprovado
pelos órgãos públicos competentes’ (fl. 1, anexo 3).
11. Aduz que, por questões de ordem técnica, a modificação foi implementada, realizando-se
construção de melhor qualidade, sem aumento de gastos para a municipalidade ou para a União.
12. Afirma que a gestão municipal realizou integralmente o objeto do convênio, realizando a
remediação do lixão e a implantação do aterro sanitário, atendendo aos anseios da população e ao
interesse público.
13. Salienta que não houve nenhuma outra irregularidade formal, pois a realização das obras
seguiu os trâmites legais, e que o acórdão embargado não demonstrou nenhuma irregularidade material
na execução do convênio.
14. Requer o provimento dos embargos, a fim de que o TCU se manifeste, expressamente, acerca
do fato de que o novo plano de trabalho foi melhor e mais adequado que o inicial, manifestando-se,
ainda, acerca da ausência de comprovação de qualquer irregularidade material apta a ensejar prejuízo
ao erário. Requer, também, a concessão de efeitos modificativos aos embargos, para, sanando as
omissões apontadas, dar provimento ao recurso de reconsideração interposto pelo embargante.
246
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Análise
15. Não assiste razão ao embargante no tocante às omissões suscitadas.
16. Ao contrário do alegado, o acórdão recorrido apontou irregularidades materiais na execução
do convênio, quais sejam:
a) houve alteração significativa do plano de trabalho aprovado;
b) os serviços realizados não solucionaram o problema da disposição do lixo no município, uma
vez que não se construiu um aterro sanitário nos moldes mínimos exigidos;
c) há indícios de que os preços cobrados eram superiores aos de mercado e de que o volume não
correspondia à realidade das obras; e
d) não havia licença ambiental.
17. Na instrução elaborada pela Serur e que foi acolhida pelo Ministro-Relator do acórdão
embargado, foi enfatizado que as irregularidades verificadas não se tratavam de meras falhas formais,
ressaltando-se que ‘Não basta construir ou construir sem critérios. Uma obra deve ser planejada e
executada fielmente’ (fl. 46, anexo 1).
18. Quanto à alegação de que o TCU não se manifestou sobre ‘o fato de que o novo plano de
trabalho foi melhor e mais adequado que o inicial’, cabe destacar que não constou do recurso de
reconsideração interposto pelo embargante (fls. 1-16, anexo 1) nenhuma alegação no sentido de que o
novo plano de trabalho seria melhor do que o plano de trabalho pactuado no Convênio 55/2001.
19. Assim, não há que se falar em omissão no acórdão embargado. Na verdade, o embargante traz
argumento novo de mérito, o que não é viável em sede de embargos de declaração.
20. De qualquer modo, ao consignar que ‘os serviços realizados não solucionaram o problema da
disposição do lixo no município, uma vez que não se construiu um aterro sanitário nos moldes mínimos
exigidos’ (fl. 948, vol. 4), o acórdão embargado afasta qualquer possibilidade de que a modificação no
plano de trabalho, implementada unilateralmente pelo ex-prefeito, tenha resultado em construção de
melhor qualidade.
21. Quanto ao argumento de que a gestão municipal realizou integralmente o objeto do convênio,
não cabe analisá-lo no bojo dos presentes embargos de declaração, uma vez que não cuida de eventual
omissão, obscuridade ou contradição no acórdão embargado, tratando-se, na verdade, de insurgência
quanto ao mérito do que foi decidido.
CONCLUSÃO
22. Considerando-se que não houve as alegadas omissões no acórdão embargado, devem ser
rejeitados os presentes embargos de declaração.”
10. Ao final, conclui, propondo conhecer dos embargos para, no mérito, rejeitá-los.
11. O Diretor da unidade (fl. 10 - a. 3) e o Ministério Público, representado pelo Subprocurador-
Geral Paulo Soares Bugarin (fl. 11 - a. 3), aquiesceram à proposta.
É o relatório.
VOTO
A apreciação de embargos se dá com fulcro no art. 34 da Lei nº 8.443/92, para o qual “cabem
embargos de declaração para corrigir obscuridade, omissão ou contradição da decisão recorrida”.
2. Neste sentido encontram-se preenchidos os requisitos de admissibilidade de que trata a legislação
em comento, pois em sua peça recursal o embargante aponta, ao menos em nível de argumentação, a
existência destes elementos no acórdão recorrido, ademais de cumprir os prazos estabelecidos.
3. Relativamente às questões de fundo, entendo caberem considerações adicionais.
4. Referem-se os autos ao Convênio MMA nº 2001CV00050-SQA firmado em 31/12/2001 com o
fito de “apoiar a implantação de Aterro Sanitário no Município de Aracati - CE (fls. 10/10 - volume
Principal).
5. Cabe anotar que o Plano de Trabalho, que acompanha o ajuste então assinado, previa a execução
de três atividades:
247
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
circundavam a realidade vivenciada pelo agente que tem suas contas examinadas e indaga se teria ele
atuado de forma satisfatória ou se seria razoável exigir-lhe que houvesse adotado providências distintas
das que adotou”, podendo-se dizer “que já se encontra sedimentada, no âmbito do Tribunal, a percepção
de que a mera identificação de irregularidade não é requisito suficiente para a apenação do responsável”
(Direito Administrativo e Controle, Belo Horizonte: Fórum, 2005, p. 338/339).
18. Similar é a conclusão do Ministro Marcos Vilaça, no voto condutor do Acórdão nº 66/98 -
Plenário:
“O presente processo é um exemplo concreto de como a atividade fiscalizadora do Tribunal,
definida em foro constitucional, pode e deve ir além dos limites estreitos da legalidade. 2. Por meio de
análises técnicas e bem fundamentadas, restou demonstrado nos autos a prática de ato de gestão
antieconômico (...). 3. Os argumentos constantes dos recursos interpostos pelos responsáveis (...)
lograram, em meu entendimento, demonstrar a ausência de responsabilidade desses gestores pelos atos
maculados pela antieconomicidade, (...) 36. Entendo, portanto, que (...) os prejuízos que adviriam de
eventual solução de continuidade dos projetos e atividades em andamento, as restrições orçamentárias
impostas (...) em suma, as circunstâncias fáticas, somadas aos precedentes jurisprudenciais desta Corte,
são fatores que concorrem para a não-apenação do dirigente máximo da Unidade.”
19. Desta forma, ante a situação fática apresentada, em que apontado desvio de objeto, e não de
finalidade, se mostra desarrazoada a imputação de débito ao ex-gestor. A argumentação apresentada,
cotejada à documentação constante dos autos, pode ser aceita, uma vez que as despesas incorridas se
deram na mesma área objeto do repasse, qual seja, apoio à atividade de geração de espaço destinado a
deposição final de resíduos sólidos.
20. Cabe enfatizar que esta proposição não significa dar azo ao informalismo. Com efeito, o
processo administrativo é formal no sentido de que deve ser reduzido a escrito e conter documentado tudo
o que ocorre no seu desenvolvimento; é informar no sentido de que não está sujeito a formas rígidas (in
Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Direito Administrativo. 14. Ed. São Paulo: Atlas, 2002).
21. Ademais, observo que o interesse público deva ser apontado como questão de fundo na análise
destas contas, embora reconheça que o tema leva a opiniões não coincidentes entre os estudiosos do
direito acerca de critérios objetivos por meio dos quais seja possível quantificar o grau de interesse
público que ampara determinada ação, notadamente ante a amplitude das interpretações que a expressão
abrange.
22. Desta forma, considerando que os aspectos observados de relevância material do desvio de
objeto, a ausência de locupletamento, a idoneidade da documentação, bem como outros fatores
atenuantes, se mostram suficientes a entender cabível a exclusão do débito, julgo adequado acatar os
elementos recursais apresentados, dando provimento ao recurso.
23. Antes de concluir ressalvo, todavia, que a existência de desvio de objeto na aplicação dos
recursos repassados mediante convênios, em face da alteração do plano de trabalho sem a prévia anuência
do concedente, vem ensejando, por parte desta Corte, a irregularidade das contas do ex-alcaide com a
aplicação de multa, por configurar grave infração à norma legal.
24. Com efeito, ao olvidar da conduta estabelecida, houve por parte do ex-gestor a configuração de
erro procedimental. Contudo, a solução acima aventada, qual seja a apenação a este responsável com a
aplicação de multa, se torna impossível ante o seu falecimento em momento anterior à instauração desta
tomada de contas especial.
Isto posto, com as vênias de estilo por concordar apenas em parte com as manifestações, concluo e
voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto a este colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relator
249
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo nº TC 018.178/2005-0.
1.1. Apenso: 013.465/2007-1
2. Grupo II – Classe I – Assunto: Embargos de Declaração (Recurso de Reconsideração em TCE)
3. Entidade: Município de Aracati - Ceará - CNPJ 07.684.756/0001-46
4. Embargante: Espólio de José Hamilton Saraiva Barbosa, ex-prefeito - CPF 045.155.873-15, na
figura de sua inventariante Regina Lúcia Cardoso Barbosa - CPF 286.021.533-68
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
5.1 Relator da decisão recorrida: Ministro Valmir Campelo
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin
7. Unidade Técnica: Secretaria de Recursos – Serur e Secex/CE
8. Advogados constituídos nos autos: Daniel Teófilo de Souza - OAB/CE 16252 e Vicente Aquino -
OAB/CE 9665
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos pelo espólio de José
Hamilton Saraiva Barbosa, ex-prefeito - CPF 045.155.873-15, na figura de sua inventariante Regina
Lúcia Cardoso Barbosa - CPF 286.021.533-68.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 32, inciso II e 34, caput e § 1º, da Lei nº
8.443/92, em:
9.1 conhecer dos presentes Embargos de Declaração para, no mérito, dar a ele provimento parcial,
dando a seguinte redação aos itens 9.1.1 do Acórdão nº 2.914/2010 - TCU/ Plenário, de 31/11/2010, Ata
nº 41/2010:
“dar provimento ao recurso interposto pelo espólio de José Hamilton Saraiva Barbosa, representado
pela inventariante Regina Lúcio Cardoso Barbosa, tornando insubsistente os itens 9.2, 9.3 e 9.4 do
Acórdão nº 205/2008 – TCU - Plenário.”; e
9.2 dar ciência da presente deliberação, acompanhada do Relatório e Voto condutores, à recorrente.
RELATÓRIO
Item Descrição A - 1º Orçamento Executivo (R$ 931.885.382,19) B - Orçamento Revisado (R$ 859.472.464,51) Diferença
Unid. Quant. Custo Un. Total Unid. Quant. Custo Un. Total B-A
22 LOCACAO PARA EQUIPE DE TOPOGRAFIA PARA ACOMPANHAMENTO DE OBRA UNxMÊS 180,00 41.824,20 7.528.356,00 UNxMÊS 30,00 11.124,64 333.739,20 7.194.616,80
Item Descrição A - 1º Orçamento Executivo (R$ 931.885.382,19) B - Orçamento Revisado (R$ 859.472.464,51) Diferença
Unid. Quant. Custo Un. Total Unid. Quant. Custo Un. Total B-A
REVEST.DE PISO EM PLACAS DE GRANITO BRANCO POLAR POLIDO,MED.(60X60)CM,
49 E=2,00CM.ASSENTADO C/NATA DE CIMENTO SOBRE ARGAM.DE CIM.AREIA E M2 10.239,94 196,72 2.014.401,00 M2 10.239,94 188,89 1.934.222,27 80.178,73
SAIBRO,TRACO 1:2:2 E REJUNTE CIMENTO BRANCO.
RODAPE DE GRANITO BRANCO POLAR,ESP=2CM E H=10CM,ACABAM.POLI-
50 DO,ASSEN.C/ARGAM.DE CIMENTO,AREIA E SAIBRO NO TRACO 1/2/2 SOBRE M 31.910,25 31,43 1.002.939,16 M 31.910,25 31,43 1.002.939,16 0,00
CHAPISCO DE CIMENTO E AREIA NO 1/3,REJ.DE CIMENTO BRANCO
52 CONCRETO BOMBEADO FCK = 30MPA M3 5.166,00 335,42 1.732.779,72 M3 5.166,00 335,42 1.732.779,72 0,00
CONSTRUCAO DOS PREDIOS PARA AS INSTALACOES PROVISORIAS DA
53 ADMINISTRACAO LOCAL E FISCALIZACAO DAS OBRAS DE REFORMA E ADEQUACAO M2 2.540,12 665,14 1.689.535,42 M2 2.540,12 665,14 1.689.535,42 0,00
DO ESTADIO DO MARACANÃ PARA A COPA DE 2014.
CORTE, DOBRAGEM, MONT. E COLOC. DE FERRAG. NA FORMA, ACO CA-50B OU CA-
54 KG 907.999,00 1,82 1.652.558,18 KG 907.999,00 1,73 1.570.838,27 81.719,91
50A, EM BARRA REDONDA C/DIAM. DE 8 A 12,5MM
GUARDA CORPO EM ACO INOX COM CORRIMAO DE DIAMETRO 5 CM E BARRAS VERT.
55 1,36M EM TUBO DE ACO INOX DIAM.3,5CM COM ALT.0,98ME VIDRO M 1.398,72 1.156,38 1.617.451,83 M 1.398,72 1.156,38 1.617.451,83 0,00
TEMP.ESP.16MM,ALT.0,67M,INCL.ACESS.FIX.F.I.
FORMA DE MAD. P/MOLDAGEM DE PECAS DE CONCR. ARMADO C/PARAMENTOS
56 M2 67.955,00 23,71 1.611.213,05 M2 67.955,00 23,71 1.611.213,05 0,00
PLANOS, SERVINDO A MAD. 3 VEZES,EM TABUAS DE PINHO DE 3ª
PINTURA C/TINTA ACRILICA INT.OU EXT.,EM TIJ.,CONCR.LISO,CIM.-
57 M2 81.755,31 19,57 1.599.951,42 M2 81.755,31 19,57 1.599.951,42 0,00
AMIANTO,REVESTIM.,MAD.E FERRO,INCL. 2 DEMAOS DE MASSA CORR.
REVESTIMENTO DE PISO CERAMICO TP.GRES P/USO INDUST.,PLACA EXTRUDADA
58 300X300X12MM TP.KERAFLOOR REF.7032/1015,COR CINZACLARO,DA GAIL OU M2 14.929,12 100,95 1.507.094,66 M2 14.929,12 100,95 1.507.094,66 0,00
SIMILAR.FORNEC.E INSTAL.
TROCADOR DE FRALDAS DE SOBREPOSTO,MEDINDO 89.2CM DE COMPRIM.E 50.8CM
59 DE ALTURA,DETALHAMENTO DE ESPESSURA:10.2CM(FECHADO)E UN 138,00 10.776,06 1.487.096,28 UN 138,00 905,43 124.949,34 1.362.146,94
38.6CM(ABERTO).FORN.E COLOCACAO.
Item Descrição A - Análise Anterior do TCU B - Orçamento Revisado (R$ 859.472.464,51) Diferença
Unid. Quant. Custo Un. Total Unid. Quant. Custo Un. Total B- A
SISTEMA DE COBERTURA TENSIONADA, INCLUINDO ESTRUTURA METÁLICA, CABOS
1 "FULLY LOCKED" E MEMBRANA "PTFE", CONFORME PROJETO DA HIGHTEX, UN 1,00 229.752.944,20 229.752.944,20 UN 1,00 252.427.778,39 252.427.778,39 22.674.834,19
P/ESTADIO DO MARACANÃ COPA 2014.
22 LOCACAO PARA EQUIPE DE TOPOGRAFIA PARA ACOMPANHAMENTO DE OBRA UNxMÊS 90,00 10.385,04 934.653,98 UNxMÊS 30,00 11.124,64 333.739,20 (600.914,78)
Item Descrição A - Análise Anterior do TCU B - Orçamento Revisado (R$ 859.472.464,51) Diferença
Unid. Quant. Custo Un. Total Unid. Quant. Custo Un. Total B-A
SISTEMA DE ENERGIA ININTERRUPTA PARA O ESTADIO MARACANÃ. FORNECIMENTO
41 UN 1,00 1.048.877,57 1.048.877,57 UN 1,00 1.048.877,57 1.048.877,57 0,00
E INSTALACAO.
BARRA DE ACO CA-50, C/SALIENCIA, DIAM. DE 8 A 12,5MM, DESTINADA A
42 KG 907.999,00 4,84 4.394.715,16 KG 907.999,00 3,62 3.286.956,38 (1.107.758,78)
ARMADURA DE CONCR. ARMADO
JUNTA DE DILATACAO E VEDACAO P/OBRAS DE ARTE, MOV. DE -15 A+25MM, INCLUI
43 M 11.481,00 303,10 3.479.891,10 M 11.481,00 255,56 2.934.084,36 (545.806,74)
CORTE E REMOCAO DO PAV.
ALVENARIA DE BLOCOS DE CONCRETO DE 15X20X40CM, ASSENTES COM ARGAMASSA
44 DE CIMENTO E AREIA, NO TRACO 1:6, EM PAREDES DE 0,15M ESP. SUPERF.CORRIDA M2 61.122,98 47,46 2.900.896,63 M2 61.122,98 40,90 2.499.929,88 (400.966,75)
ATE 3,0M ALT.MEDIDA PELA AREA REAL.
REVESTIMENTO CERAMICO TIPO GRES P/USO INDUSTRIAL, EM PLACA EXTRUDADA
45 300X300X12MM,TIPO KERAFLOOR REF. 7032/1015,COR CINZA CLARO GAIL OU M2 21.531,48 92,15 1.984.020,15 M2 21.531,48 105,79 2.277.815,27 293.795,12
SIMILAR.FORN.INSTAL.
CORTE, DOBRAGEM, MONT. E COLOC. DE FERRAG. NA FORMA, ACO CA-50B OU CA-
46 KG 1.439.866,00 1,73 2.490.968,18 KG 1.439.866,00 1,56 2.246.190,96 (244.777,22)
50A, EM BARRA REDONDA C/DIAM. ACIMA DE 12,5MM
RECICLAGEM MATERIAL PROVENIENTE DEMOLICOES PRIMARIAS
47 CONCR.ARM.,PULV.HIDR.GARRAS ART.GIR.360ºACOP.ESC.BRIT.MAT.E DESAG.ACO M3 26.613,95 - 0,21 -5.588,93 M3 26.613,95 78,30 2.083.872,29 2.089.461,21
IMPR.CJ MOVEL BRIT.MANDIB.,CONCR.80KGM3.
11. Conclui-se, assim, que existe uma diferença de R$ 84.389.940,84 no novo orçamento quando
comparado com os preços paradigmas da análise anterior do Tribunal.
12. Dessa forma, os argumentos apresentados pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro sobre os
itens da planilha que compõem a curva ABC foram analisados individualmente no Anexo I deste
trabalho. O resumo da análise efetuada sobre o novo orçamento, já considerados os argumentos
apresentados pelo governo fluminense, será apresentado no subtópico a seguir.
II.ii) CURVA ABC DO NOVO ORÇAMENTO APRESENTADO
13. O novo orçamento da EMOP trouxe as seguintes alterações, entre outras:
Criação de um orçamento específico para o detalhamento da administração local (orçamento
8400.002/11), em que foram inseridos os custos, sugeridos pelo TCU, de alimentação e transporte;
Criação de um orçamento específico para o detalhamento dos pré-moldados em concreto
armado (orçamento 8400.003/11);
Criação de um orçamento específico para a recuperação estrutural do Maracanã (orçamento
259
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
8400.004/11);
Criação do orçamento 8400.005/11, detalhando os serviços de demolição da cobertura do
estádio;
Detalhamento dos itens que compõem o mobiliário esportivo no orçamento 8400.006/11 e;
Inclusão dos serviços referentes à mobilização e locação das gruas.
14. Diante do exposto, considerando ainda as alterações de preços unitários realizada pela EMOP,
a curva ABC do orçamento ora analisado (R$ 859.472.464,51) sofreu sensíveis alterações em relação à
curva ABC do orçamento analisado na instrução anterior da Secob-1 (R$ 931.885.382,19).
15. Alguns preços unitários sofreram grandes reduções, a exemplo do item “desmontagem de
estruturas metálicas”, cujo preço unitário foi reduzido de R$ 8,31 para R$ 0,39. Neste caso, a nova
curva ABC do orçamento ora analisado não incluiria esse item. O mesmo ocorreria com os serviços
relativos à locação de equipes de topografia, cujos preços unitários foram reduzidos de R$ 41.824,20
para R$ 11.124,64
16. Para possibilitar a comparação entre ambas as curvas ABC, os novos orçamentos criados
(8400.002/11, 8400.003/11, 8400.004/11, 8400.005/11 e 8400.006/11) serão mantidos agrupados na
curva ABC do novo orçamento. Da mesma forma, os serviços que tiveram expressiva redução de preço
serão mantidos na ordem em que estavam originalmente na curva ABC do orçamento de R$
931.885.382,19.
17. Os serviços relacionados com a locação das gruas foram, também, incluídos na curva ABC por
serem materialmente relevantes.
18. A curva ABC do novo orçamento, juntamente com o resultado final da análise de preços
efetuada no anexo 1 desta instrução, encontra-se na tabela a seguir:
260
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
11.090.006-6 RECUPERACAO DA ESTRUTURA DO MARACANÃ (ORÇAMENTO 8400.004/11) UN 1,00 23.841.018,34 23.841.018,34 21.810.318,19 21.810.318,19 2.030.700,15
05.001.498-5 DESMONTAGEM DE ESTRUTURAS METALICAS PARA O MARACANÃ KG 1.416.015,19 0,39 552.245,92 0,33 472.235,33 80.010,59
01.016.025-5 LOCACAO PARA EQUIPE DE TOPOGRAFIA PARA ACOMPANHAMENTO DE OBRA UNxMES 30,00 11.124,64 333.739,20 11.124,64 333.739,20 0,00
01.016.024-5 LOCACAO PARA OBRA DE EQUIPE DE TOPOGRAFIA PARA LEVANTAMENTO CADASTRAL UNxMES 9,00 11.124,64 100.121,76 11.124,64 100.121,76 0,00
11.025.012-0 CONCRETO BOMBEADO FCK = 30MPA M3 5.166,00 335,42 1.732.779,72 337,07 1.741.277,79 (8.498,07)
CONSTRUCAO DOS PREDIOS PARA AS INSTALACOES PROVISORIAS DA
02.004.013-6 ADMINISTRACAO LOCAL E FISCALIZACAO DAS OBRAS DE REFORMA E ADEQUACAO DO M2 2.540,12 665,14 1.689.535,42 665,14 1.689.535,42 0,00
ESTADIO DO MARACANÃ PARA A COPA DE 2014.
01.002.054-6 PERFURACAO EM SOLO PARA EXECUCAO DE ESTACA RAIZ,DIAM.410MM. M 8.101,00 177,96 1.441.653,96
18.052.224-6 SISTEMA DE DETECÇÃO E ALARME DE INTRUSÃO UN 1,00 178.473,34 178.473,34 178.473,34 178.473,34 0,00
19. Observa-se que foram analisados os preços dos serviços mais representativos da obra,
correspondentes a 84,64% do valor total do novo orçamento. Após a análise dos argumentos
apresentados pela SEOBRAS, persiste uma diferença no valor total de R$ 14.799.572,70, equivalente ao
percentual de 2,08% da amostra analisada.
20. Tal montante pode ser considerado inexpressivo em face do valor total do orçamento
analisado. Em situações excepcionalíssimas, a jurisprudência do TCU tem admitido baixos percentuais
de sobrepreço nos orçamentos de obras públicas. Nesse sentido, podem-se citar os Acórdãos 394/2003,
554/2005, 84/2006 e 941/2010, todos do Plenário.
21. Porém, apesar da aplicação do referido entendimento ao caso em concreto, deve-se ressalvar
que não é qualquer superfaturamento de baixo percentual que é elidido em decorrência da característica
estimativa dos orçamentos, afinal superfaturamentos advindos de aditamentos contratuais irregulares,
jogo de planilha ou de reajustamentos de preços com erro de cálculo não podem ser admitidos por terem
baixo percentual em relação ao valor do contrato. O mesmo pode ser dito com relação ao
superfaturamento decorrente de pagamento por serviços não executados.
(...)
II.iii) CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS
33. É de se ressaltar que houve aumento da amostra analisada anteriormente pela Secob-1 em
virtude de o Governo do Estado do Rio de Janeiro ter obtido redução de preços nos seguintes sistemas
eletrônicos que vão compor as instalações prediais do futuro Estádio do Maracanã:
a) Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio;
b) Sistema de Detecção e Alarme de Intrusão;
c) Sistema de Paineis Informativos, Displays e Horário Unificado;
d) Sistema de Comunicação de Voz e Dados; e
e) Sistema de Ativos de Rede e Sistema de Broadcasting.
34. Apenas nos sistemas elencados acima, a EMOP, por meio de negociação com a empresa
Prossegur, obteve um desconto de aproximadamente R$ 2 milhões em relação ao valor originalmente
proposto. A nova proposta da empresa Prossegur foi autuada à peça n. 72.
35. Por fim, é importante destacar que o novo orçamento apresentado ao TCU pelo Governo do
Estado do Rio de Janeiro foi elaborado por técnicos da EMOP utilizando serviços, quantitativos e preços
unitários distintos dos acordados com o Consórcio CNO/AG/Delta mediante o Contrato 101/2010.
Também não há informações de que o consórcio construtor tenha concordado com o orçamento
elaborado pela EMOP ou que tenha ocorrido celebração de aditivo ao Contrato 101/2010 formalizando
o novo valor da reforma do Estádio do Maracanã.
I. POSSIBILIDADE DE REGIME ESPECIAL DE TRIBUTAÇÃO PARA OBRAS DE
REFORMA DA COPA DO MUNDO DE 2014
36. A Lei 12.350/2010, que dispõe sobre medidas tributárias referentes à realização da Copa do
Mundo FIFA 2014, instituiu o Regime Especial de Tributação para Construção, Ampliação, Reforma ou
Modernização de Estádios de Futebol (RECOPA). Os tributos federais abrangidos pelo regime especial,
nos casos específicos disciplinados pela Lei são: Imposto de Importação - II, Imposto Sobre Produtos
263
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
MATERIAL:
IMPORTADO 40% 207.458.870,74
NACIONAL 60% 311.188.306,12
TOTAL 170.935.800,87
40. Na estimativa realizada no quadro anterior foram aplicadas as fórmulas da Instrução
Normativa SRF nº 572, de 22 de novembro de 2005 (disponível no endereço eletrônico:
www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ins/2005/in5722005.htm):
“I – na importação de bens:
Onde,
VA = Valor Aduaneiro
a = alíquota do Imposto de Importação (II);
b = alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
c = alíquota da Contribuição para o PIS/PASEP – Importação;
d = alíquota da COFINS – Importação;
e = alíquota do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação
de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS)”.
41. As alíquotas dos tributos são variáveis dependendo do bem a ser importado, trazendo bastante
dificuldade na estimativa de custo de internalização pelo orçamentista. As alíquotas do II – Imposto de
264
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Importação e IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados estão publicadas na TAB – Tarifa Aduaneira
do Brasil. As alíquotas de ICMS variam conforme o produto e o estado de destino da mercadoria,
exigindo análise da legislação estadual.
42. Foram utilizadas alíquotas médias para cada tributo de forma conservadora, e estimou-se que
70% do custo direto da obra será para a aquisição de materiais, dos quais pelo menos 40% serão
importados. Isso porque o empreendimento envolve novas tecnologias, a exemplo da cobertura que
representa percentual significativo da execução.
43. Dessa forma, encontrou-se o valor de R$ 170.935.800,87, que representa 19,9% do valor total
orçado (R$ 859.472.464,51). Esse valor é semelhante ao estimado para o Estádio do Itaquerão, que
representa cerca de 20% do total contratado.
44. Diante do exposto, propõe-se determinar ao BNDES a inclusão de cláusula no contrato de
financiamento a ser celebrado com o Governo do Estado do Rio de Janeiro obrigando o ente federado a
promover o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato 101/2010, no caso de a obra de reforma do
Estádio do Maracanã ser beneficiada pela isenção fiscal prevista na Lei nº 12.350/2010, que institui o
Regime Especial de Tributação para construção, ampliação, reforma ou modernização de estádios de
futebol (RECOPA).
II. BENEFÍCIOS DE CONTROLE
1. O valor inicialmente previsto para todo o empreendimento (R$ 956.787.720,00) foi informado no
dia 17/05/2011, no auditório do TCU, em que autoridades do Governo do Rio de Janeiro fizeram uma
apresentação sobre o projeto executivo e o orçamento da obra de reforma do Estádio do Maracanã para
técnicos e autoridades desta Corte de Contas e da Controladoria-Geral da União (CGU).
45. Conforme descrito na instrução anterior desta Unidade Técnica, o referido orçamento jamais
chegou a ser entregue ao Tribunal de Contas da União, já que no período compreendido entre as
entregas parciais das planilhas de preços, a equipe encarregada da análise detectou algumas
inconsistências na documentação encaminhada.
46. No dia 14/06/2011, por meio do Ofício SEOBRAS/SSE n. 2190/2011 (peça n. 32), foi
esclarecido que o orçamento apresentado totalizava o montante de R$ 931.885.382,19, alterando o valor
inicialmente previsto para todo o empreendimento (R$ 956.787.720,00).
47. Tal redução de R$ 24.902.337,81 (incluso BDI de 16%) resultou de modificação de alguns
serviços, mas, em sua maior parte (R$ 23.964.880,61), deveu-se a questionamento da equipe da Secob-1
encarregada da instrução do presente processo em relação aos serviços "porta de enrolar, CH n. 22,
perfil meia cana - Transvision - dimensões 13,00 x 3,00 m, acionamento elet., freio a disco, mot. Blind.
220/380 v, inc. guia PVC, soleira borr., trava e botoeira, acab. pint. Elet. F/I" e " piso de alta resistência
monolítico, ar. nat. cim/agreg. Minerais", em que a EMOP acatou as considerações feitas pela equipe
técnica.
48. Para o primeiro serviço, em que estavam previstos 495 portões, a EMOP, questionada pela
equipe técnica da Corte de Contas, reduziu a quantidade para 5 portões, em conformidade com o
previsto no projeto, o que gerou um benefício de R$ 12.442.474,94 (incluso BDI de 16%).
49. Já o segundo serviço foi excluído da planilha orçamentária pela EMOP, após questionamento
dos locais em que seria executado tal serviço. O benefício dessa redução foi de R$ 11.552.405,67
(incluso BDI de 16%).
50. Assim, o último orçamento apresentado, no valor de R$ 859.472.464,51, representa uma
redução de R$ 97.315.255,49 em relação à estimativa inicial de R$ 956.787.720,00 para a reforma do
Maracanã. A redução efetivamente ocorrida foi ainda maior, pois o novo orçamento incluiu os custos,
recomendados pelo TCU, com alimentação e transporte dos empregados e com instalação e locação das
gruas, no valor total de R$ 18.410.051,51, cuja omissão na planilha orçamentária foi detectada pela
equipe da Secob-1. Portanto, o benefício efetivo a ser considerado deve ser de R$ 115.725.307,00.
III. CONCLUSÃO E PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
51. Ressalta-se, preliminarmente, que a equipe encarregada da instrução do processo trabalhou em
regime de colaboração com servidores da Controladoria-Geral da União (CGU). Destaca-se, a
importante contribuição daquele Órgão de Controle no levantamento dos preços referenciais de alguns
265
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
dos itens da curva ABC, em especial, no esforço empreendido para obtenção de cotações de preços junto
a fornecedores, o que propiciou o atingimento de significativa parcela do benefício retro mencionado.
52. Com base na análise efetuada nos tópicos precedentes, podem ser formuladas as seguintes
conclusões:
Procedeu-se à análise dos preços dos serviços mais representativos do novo orçamento
apresentado pelo Estado do Rio de Janeiro, correspondentes a 84,64% do valor total do orçamento. Na
amostra analisada, apurou-se uma diferença a maior entre os preços do novo orçamento e os preços
referenciais no valor total de R$ 14.799.572,70, equivalente ao percentual de 2,08% do montante do
orçamento analisado.
A referida diferença não deve ser caracterizada como sobrepreço no novo orçamento
apresentado pela SEOBRAS, em função das considerações apresentadas em seção específica desta
instrução.
Não se dispõe de informações se o novo orçamento apresentado ao TCU pelo Governo do
Estado do Rio de Janeiro, no valor de R$ 859.472.464,51, conta com a anuência formal do consórcio
contratado ou o se Contrato 101/2010 foi aditado alterando o valor da obra de acordo com o referido
orçamento.
53. Diante das conclusões exaradas acima, cabe analisar a possibilidade de formalização e
liberação do empréstimo pleiteado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro junto ao BNDES. Nesse
sentido, o voto condutor do Acórdão 1.517/2011 – Plenário apresentou as seguintes considerações ao
examinar o projeto executivo da Arena Amazonas encaminhado ao TCU pelo governo amazonense:
Em um contexto dessas decisões, pano de fundo do corrente processo e demais financiamentos do
BNDES para a construção das arenas da Copa, alerto que tais providências não buscam, apenas,
resguardar eventual prejuízo decorrente das operações de crédito a serem realizadas - posto que as
garantias contratuais do Fundo de Participação dos Estados seriam suficientes para tal. Existe um viés
ainda mais amplo. Afora a indissociável vinculação à moralidade nos investimentos realizados por um
Banco público, ao não se admitir que exista o emprego de recursos em empreendimentos com
sobrepreço, busca-se a segurança no resultado dessas ações.
Em outras palavras, a União, ao propiciar financiamentos com taxas mais baixas, ultima o
desenvolvimento do país. Empréstimos diferenciados com finalidade distinta maculariam a própria
legitimidade nessas atuações. No presente caso, o bem coletivo - teleologia de todas as formas de
administração - se materializa pela conclusão tempestiva das obras e na própria viabilidade da
realização da Copa do Mundo no Brasil. Obras extemporâneas não terão cumprido a sua finalidade.
Assim, a garantia desse investimento (na verdade de seu resultado) é também a certeza de que as
obras estejam prontas. É por isso que o BNDES deve se cercar de meios que lhe permitam aferir a
viabilidade do objeto do empréstimo. Sem os projetos, a factibilidade de seus custos e exequibilidade de
seus cronogramas, não há meios para garantir e controlar o resultado desses financiamentos. Essas
preocupações eu já expus ao proferir o meu voto no Acórdão 1517/2011-P, em avaliação desta Corte
acerca dos riscos envolvidos para a Copa do Mundo. (grifo nosso)
54. Dessa forma, não havendo indícios de sobrepreço materialmente relevantes no orçamento
analisado, não há óbices para liberação de recursos pelo BNDES para o financiamento da obra de
reforma do Estádio do Maracanã. No entanto, cabe ao BNDES certificar-se de que valor da obra não
ultrapassará o montante de R$ 859.472.464,51.
55. Finalmente, pelo fato de a obra de reforma do Estádio do Maracanã estar sendo executada com
recursos exclusivamente estaduais, não alcançados pela competência constitucional desta Corte de
Contas, observa-se que não foi escopo da presente instrução analisar a legalidade dos atos praticados
pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro na licitação e na contratação do empreendimento. Também
não foi objeto da presente instrução a análise da regularidade da execução da obra e dos pagamentos
efetuados. Apenas o projeto executivo e o orçamento apresentados ao TCU foram analisados, por se
revestirem de elementos fundamentais para a concessão de crédito pelo BNDES.
56. As demais propostas de encaminhamento formuladas na instrução à peça 61 são novamente
reproduzidas a seguir.
266
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
57. Ante o exposto, propõe-se o envio dos autos à consideração superior com as seguintes
propostas de encaminhamento:
I - dar ciência ao BNDES e ao Governo do Estado do Rio de Janeiro que, quanto à operação de
crédito relativa às obras de reforma do Estádio do Maracanã:
a) o orçamento da obra, no valor de R$ 859.472.464,51, e os documentos apresentados como
"projetos executivos" nos correntes autos foram considerados suficientes para o atendimento ao Acórdão
845/2011-Plenário;
b) as análises do orçamento e dos projetos executivos da obra por parte dos órgãos de controle não
afasta a responsabilidade do BNDES na verificação dos documentos quanto a seus aspectos econômicos,
financeiros e de engenharia, conforme previsto nos normativos da entidade;
c) não há óbices para a liberação do crédito aprovado para o Governo do Estado do Rio de
Janeiro, desde que o BNDES se certifique que o valor do Contrato 101/2010 fique limitado ao valor
máximo de R$ 859.472.464,51.
II - determinar ao BNDES a inclusão de cláusula no contrato de financiamento a ser celebrado
com o Governo do Estado do Rio de Janeiro obrigando o ente federado a promover o reequilíbrio
econômico-financeiro do Contrato 101/2010, no caso de a obra de reforma do Estádio do Maracanã ser
beneficiada pela isenção fiscal prevista na Lei nº 12.350/2010.
III - dar ciência da deliberação que vier a ser expedida, acompanhada do relatório e do voto que a
fundamentam, bem como de cópia da presente instrução, ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de
Janeiro, para o exercício de sua competência fiscalizatória, em observância, também, ao Protocolo de
Cooperação firmado com o Tribunal de Contas da União, em 11 de maio de 2010;
IV - dar ciência do Acórdão que vier a ser prolatado, acompanhado do relatório e do voto que o
fundamentam:
a) ao Ministério do Esporte;
b) ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social;
c) ao Governador do Estado do Rio de Janeiro;
d) à Controladoria Geral da União;
e) ao Procurador-Geral da República, para subsidiar as atividades do Grupo de Trabalho Copa
2014, instituído no âmbito do Ministério Público Federal; à Procuradoria da República no Estado do
Rio de Janeiro; e ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro;
V - determinar à 9ª Secex que prossiga com o acompanhamento das ações do BNDES no que
concerne ao financiamento da reforma do Estádio do Maracanã no âmbito do Programa Pró Copa
Arenas."
13. O Diretor e o Secretário da unidade anuíram à proposta (peças 75 e 76).
14. As discussões específicas relativas a cada um dos serviços questionados foi reproduzida no
anexo I ao relatório da unidade (peça 74). Apesar de extenso, entendo que a transcrição de cada uma
dessas considerações seja fundamental para a exata ciência da complexidade do trabalho e dos motivos
que embasarão a futura decisão a ser tomada:
"Análise dos argumentos apresentados pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro
Serviço (18.052.240-6): SISTEMA DE COBERTURA TENSIONADA, INCLUINDO
ESTRUTURA METÁLICA, CABOS "FULLY LOCKED" E MEMBRANA "PTFE", CONFORME
PROJETO DA HIGHTEX.
- Custo unitário do orçamento inicial (EMOP): R$ 256.714.917,00;
- Custo unitário adotado pelo TCU (instrução anterior): R$ 229.752.944,20;
- Custo unitário do orçamento revisado (EMOP): R$ 252.427.778,39;
- Custo unitário revisado TCU: R$ 252.427.778,39.
Dada a especificidade do assunto e a ausência de sistemas oficiais que forneçam parâmetros de
custo para o serviço, foi realizada análise desses custos frente aos firmados no Contrato n. 101/2010. O
resultado dessa análise está evidenciado na tabela a seguir.
267
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Após oitiva do Governo do Estado do Rio de Janeiro, foram apresentadas novas justificativas, as
quais estão resumidas e analisadas a seguir. Além disso, a EMOP reduziu o custo de cada um dos
serviços listados na tabela acima, no percentual fixo de 1,67%.
Argumento:
Anel de compressão (2100 x 850 x 44,5 mm)
A EMOP apresentou as seguintes justificativas:
Embora o material (aço) seja o mesmo, sua especificação mudou para K2-Z (material mais
nobre), o que requer que todas as chapas sejam testadas em ultrassom;
Ocorreu acréscimo no custo de fabricação em função da duplicação da quantidade de soldas;
Houve aumento da espessura das chapas;
Passaram a ser utilizadas placas-cabeça, não previstas anteriormente;
Foi alterado o tamanho do rolamento e aumentada sua complexidade, com conexão de
aderência e atrito deslizantes (coeficiente de atrito µ ≥ 0,3): Foram especificados rolamentos de alta
complexidade, com conexão de aperto e atrito, que não constavam no modelo anterior. Rolamentos de
concreto são altamente pré-tensionados e precisam ser mais fortes.
Sistemas de cabos fully locked
A EMOP apresentou as seguintes justificativas:
O corpo do cabo “fully locked” não é homogêneo, sendo composto por dois materiais diferentes
em fabricação:
Um elemento interno composto por cabos de seção circular e outro externo, composto por cabos
com seção “Z” que a depender diâmetro pode se constituir de mais de uma camada;
Trata-se também de um sistema de cabos, trabalhado em fábrica, sendo os cabos pré-
tensionados para determinação dos cortes exatos, para então serem fixados com os conectores.
Peças fundidas
A EMOP justificou que, com a alteração dos diâmetros dos cabos e tensões superiores, as peças
fundidas também sofreriam alteração de projeto nas dimensões e complexidade.
Painéis de membrana PTFE
A EMOP apresentou as seguintes justificativas:
Observa-se que a membrana especificada para o segundo projeto não é a mesma do projeto
original, pois resiste a uma tensão de 140 KN/m, enquanto que a membrana especificada anteriormente
resistia a 120 KN/m;
O preço orçado se refere a um sistema de membranas e acessórios, que na revisão do projeto se
torna mais complexo e oneroso, utilizando mais acessórios.
Sistema de drenagem e passarela (1 anel de 600m + 4x radial 65m)
A EMOP justificou que a área de cobertura em membrana praticamente dobra, sendo, portanto,
necessário implementar um sistema de coleta de drenagem em tubos fixados internamente a uma nova
passarela e não previsto no sistema anterior, o qual drenava diretamente sobre a laje existente, sem
qualquer sistema de captação.
Anel de compressão - Pré-montagem
A EMOP apresentou as seguintes justificativas:
A pré-montagem do anel de compressão do primeiro projeto era programada para ser executada
em campo, por ser de execução mais simples (peças com menores pesos);
268
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
O segundo projeto detalha um anel de compressão que deverá ser pré-montado em fábrica,
ajustando sua geometria em ambiente controlado, com alto acompanhamento técnico, tendo em vista
suas dimensões e pesos.
Anel de compressão - Montagem (içamento e posicionamento)
A EMOP argumentou que a pré-montagem em fábrica facilita a montagem em campo, embora
sejam utilizados equipamentos de maior porte.
Sistemas de cabos fully locked (montagem)
A EMOP justificou que, por se tratarem de cabos de maiores seções e maiores esforços, será
necessária a utilização de equipamentos de maior capacidade para montagem, gerando maiores custos.
Painéis de membrana PTFE (montagem)
A EMOP justificou que, por se tratarem de membranas montadas com maiores tensões, os
equipamentos necessários para execução desse serviço são de maior porte, além de constituir uma
atividade mais complexa.
Sistema de drenagem e passarela (montagem)
A EMOP argumentou que o novo sistema de drenagem é completamente diferente do previsto
originalmente no contrato, sendo as passarelas mais extensas e de maior dimensão. Além disso, os
equipamentos utilizados para o serviço são diferentes.
Análise:
Anel de compressão (2100 x 850 x 44,5 mm)
Em que pesem as considerações da EMOP, deve-se ressaltar que o aumento da espessura das
chapas, bem como a existência de placas “cabeça”, já foram consideradas no cálculo da equipe. A partir
da seção transversal do anel de compressão e dessas placas “cabeça”, foi obtida a taxa em quilos de
anel por metro linear, no valor de 2.172,48 Kg/metro.
Quanto à especificação do aço, não foi encontrada divergência nas especificações técnicas do
material contratado e do previsto no novo projeto da cobertura do Maracanã.
Há que se reconhecer, entretanto, o aumento do custo de fabricação em função da duplicação da
quantidade de soldas. O perfil do anel de compressão do projeto contratado é circular, ou seja, para sua
confecção será realizada solda em apenas uma localidade da seção transversal. Como são dois anéis de
compressão, a solda ocorrerá em dois pontos, um em cada anel. Já o novo perfil, retangular, é formado
por caixões soldados, ou seja, na mesma seção transversal haverá solda em quatro pontos distintos.
Houve, portanto, aumento na quantidade de solda, o que influencia nos custos de fabricação.
Além do mais, no anel de compressão original, a taxa de aço é de 1.838,53 kg/m, nesse valor já
inclusos os dois anéis (superior e inferior). Na nova concepção da cobertura, o anel de compressão
projetado apresenta taxa de 2.172,48 quilos por metro de estrutura. Houve, portanto, aumento no peso
de material a ser transportado para a execução do anel de compressão. Provavelmente o transporte até o
estádio será realizado mais vezes, o que faz com que o custo de transporte total seja aumentado.
Dessa forma, e considerando a maior complexidade dos elementos do novo anel de compressão,
dentre eles o rolamento, conclui-se que a comparação com os custos contratuais não pode ser realizada,
em função das características distintas dos elementos analisados.
Em função da escassez mundial de empresas que realizam esse tipo de cobertura, da apresentação
pela EMOP de três propostas de preço, da aplicação de desconto linear de 1,67% para o serviço e da
ausência de elementos para formar juízo a respeito das propostas apresentadas pela referida Empresa
Pública, propõe-se que seja acatado o custo unitário para o serviço em análise.
Sistemas de cabos fully locked
Na tentativa de demonstrar indícios de sobrepreço para o fornecimento desses tipos de cabos, a
equipe comparou-os com fios de cobre nu. No caso destes fios, foi demonstrado que, independentemente
do diâmetro, o custo unitário por quilo é o mesmo. Dessa conclusão, a equipe considerou, na instrução
anterior, que, independentemente do diâmetro dos cabos “fully locked”, o preço por quilo seria o
mesmo, o que justificaria a manutenção dos custos contratuais.
Entretanto, esses cabos “fully locked” são constituídos de dois materiais diferentes, um interno e
outro externo (em Z). A EMOP encaminhou imagem desse tipo de cabo.
269
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Empresa Pública, propõe-se que seja acatado o custo unitário para o serviço em análise.
Sistemas de cabos fully locked (montagem)
Os cabos utilizados no novo projeto da cobertura apresentam diâmetros maiores, em função da
maior tensão de projeto e da maior área de cobertura.
Como houve aumento de tensão, a EMOP afirma a necessidade de maiores coeficientes de mão de
obra e de equipamentos maiores para que esses cabos atinjam a tensão de projeto.
O argumento apresentado é coerente. Aumentando-se a tensão de projeto, os custos de pré-
tensionamento aumentam.
Dessa forma, e considerando a complexidade dos cabos “fully locked”, conclui-se que a
comparação com os custos contratuais não pode ser realizada, em função das características distintas
dos elementos analisados.
Painéis de membrana PTFE (montagem)
A EMOP argumentou que, por apresentar tensão de projeto maior, se comparado à concepção
anterior, o processo de fabricação dos painéis necessita de grampos e de terminais em maior número.
Além disso, o consumo de mão de obra aumentará. Segue foto desses grampos e terminais.
[vide documento original]
O argumento é razoável, a ponto de desqualificar a comparação referencial da equipe, que se
baseou em preços contratuais.
Em função da escassez mundial de fornecedores desse tipo de membrana, da apresentação pela
EMOP de três propostas de preço, da aplicação de desconto linear de 1,67% para o serviço e da
ausência de elementos para formar juízo a respeito das propostas apresentadas pela EMOP, propõe-se
que seja acatado o custo unitário para o serviço em análise.
Sistema de drenagem e passarela (montagem)
Acata-se a justificativa da EMOP, dado que a área de captação foi aumentada, em função do
aumento da área coberta – atualmente é de 47.000 m². Como a área de captação aumentou, houve um
redimensionamento do sistema de drenagem. Sendo assim, não será possível estabelecer comparação
com o projeto da cobertura original.
Serviço (18.052.207-6): SISTEMA DE AR CONDICIONADO CENTRAL E VENTILAÇÃO
MECÂNICA COMPLETA, PARA O ESTÁDIO MÁRIO FILHO - MARACANÃ COPA 2014.
FORNECIMENTO E MONTAGEM.
- Custo unitário do orçamento inicial (EMOP): R$ 48.844.340,89;
- Custo unitário adotado pelo TCU (instrução anterior): R$ 39.677.275,79;
- Custo unitário do orçamento revisado (EMOP): R$ 41.506.233,62;
- Custo unitário revisado TCU: R$ 41.506.233,62.
Argumento:
Ao analisar a proposta da empresa Termoeste Construções e Instalações, a EMOP argumentou que
os compressores dos sistemas VRF’s (fluxo de refrigerante variável) cotados não estavam adequados à
especificação técnica. Além disso, argumentou que não foi cotada a automação da central de água
gelada.
Para solucionar a pendência, a EMOP apresentou proposta da Termoeste com as correções
necessárias, no valor total de R$ 44.967.795,00, data-base de agosto de 2011.
Para levar o valor a dezembro de 2009 (data-base do contrato n. 101/2009), utilizou-se o índice da
EMOP para a família de composições 18, no valor de 0,9230 (referente aos meses de dezembro de 2009
e de junho de 2011). Portanto, o valor final da proposta é de R$ 41.506.233,62.
Análise:
As considerações da EMOP serão acatadas, pois estão embasadas em retificação da proposta
obtida pela CGU junto à empresa Termoeste. Ressalta-se que, ainda assim, houve redução de custo no
valor total de R$ 7.338.107,20.
Serviço (05.105.311-6): ADMINISTRAÇÃO LOCAL PARA OBRAS DE REFORMA COM
MODIFICAÇÕES E ACRÉSCIMOS PARA O ESTÁDIO MÁRIO FILHO, MARACANÃ COPA 2014,
CONFORME ORÇAMENTO EMOP Nº 8400.002/11.
271
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
05.105.021-0 MAO-DE-OBRA DE OPERADOR DE MAQUINAS, EM CONSTRUCAO CIVIL H 8,410 176 26,00 38.484,16
SUBTOTAL 1 18.164.640,13
273
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Custo
Quant. Total
Código Emop Descrição Unid. Unitário
UN. R$
R$
19.004.041-4 LOCAÇÃO DE VEÍCULOS (CI) H/Mês 7,76 39.045,600 R$ 302.993,86
Custo
Quant. Total
Código Emop Descrição Unid. Unitário
UN. R$
R$
05.205.014-6 VIGILÂNCIA PATRIMONIAL R$ 47.638,96 29,000 1.381.529,84
MOVIMENTAÇÃO DE TERRA
03.001.001-1 Escavacao manual de vala/cava em mat. De 1ªcat., areia, argila ou picarra, ate 1,50m de prof. M3 1.360,00 1.360,00 25,72 25,72 34.979,20 34.979,20
VALOR DA CATEGORIA 34.979,20 34.979,20
TRANSPORTES
04.005.123-1 Transporte de qualquer natur. c/veloc. media de 30km/h em caminhao bascul. capac. util de 8t TxKm 52.086,31 270.465,61 0,61 0,61 31.772,64 164.984,02
Carga manual e descarga mecanica de mat. a granel em caminhao bascul. capac. util de 8t,
04.006.008-1 empregando 2 serventes na carga T 2.604,32 10.017,24 16,77 16,77 43.674,44 167.989,11
VALOR DA CATEGORIA 75.447,08 332.973,13
SERVIÇOS COMPLEMENTARES
05.001.008-0 Demolição de revestimanto de argamassa de cimento e areia M2 36.377,84 36.377,84 11,02 11,02 400.883,79 400.883,79
05.001.160-0 Percussao c/batidas leves, s/retirada do mat. M2 209.575,42 209.575,42 0,97 0,97 203.288,15 203.288,15
05.001.172-0 Transporte horiz. de mat. de 1ªcat. ou entulho, em carrinhos, a 30,00m de dist. M3 1.736,21 6.718,47 12,34 12,34 21.424,83 82.905,91
05.004.010-0 Limpeza de superfície de concreto utilizando jato d´água de média pressão (3.000 Psi ) M2 244.893,40 244.893,40 3,07 3,07 751.822,73 751.822,73
Limpeza ou preparo de armadura interna ( ferragens ), c/ Jato de escória de cobre, seguido de ar
05.004.032-5 ou água, p/ Maracana Copa 2014 M2 11.481,44 99,62 99,62 - 1.143.781,05
Limpeza de estrutura de concreto utilizando hidrojato adicionado de escória de cobre a uma
05.004.036-6 pressão de 6.000 Psi M2 14.033,70 71.175,42 24,44 24,44 342.983,62 1.739.527,26
05.004.038-6 Limpeza de estrutura de concreto utilizando hidrojato de altissima pressão de 40.000 Psi M2 37.063,14 37.063,14 30,64 30,64 1.135.614,60 1.135.614,60
Revestimento de proteção realcalinizante e silicatizante, à base de silicato de sódio com alta
05.100.945-6 penetração no concreto M2 232.466,62 232.466,62 12,94 19,71 3.008.118,06 4.581.917,08
VALOR DA CATEGORIA 5.864.135,78 10.039.740,57
ESTRUTURAS
Recuperação estrutural de Pilar de concreto armado do Maracanã utilizando argamassa
11.024.103-6 polimerica. Para a obra do Maracanã copa 2014. M2 1.412,48 1.412,48 501,26 501,26 708.019,72 708.019,72
Recuperação estrutural de concreto armado utilizando microconcreto de grout. Fornecimento e
11.024.104-6 aplicação. Para a obra do Maracanã copa 2014. M2 10.068,96 10.068,96 967,39 835,94 9.740.611,21 8.417.003,99
Aluguel de Escor. Tubular, c/ Tubos Met.,na densidade de 5,0m de tubo equipado p/m3 de
11.050.001-1 escoramento M3xMES 66.311,16 66.311,16 4,49 4,49 297.737,10 297.737,10
Montagem e desmontagem de escoramento tubular normal, na densidade 5,0 tubo por M3 de
escoramento, compreendendo transportes material p/obra e desta p/deposito, incl carga e
11.055.001-1 descarga. M3 66.311,16 66.311,16 9,05 9,05 600.115,99 600.115,99
VALOR DA CATEGORIA 11.346.484,02 10.022.876,80
A análise anteriormente empreendida pela Secob-1 havia se concentrado nos três itens mais
significativos do orçamento da recuperação estrutural. Apresentam-se, a seguir, as alegações do
Governo do Estado do Rio de Janeiro sobre a análise de cada um dos serviços realizada pela Secob-1:
275
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
TCU informa que o consultor da óleo diesel para compressor de ar 360 PCM.
recuperação da estrutura especificou Revisa as produtividades de mão de obra e
reflexão máxima de 10%. Consumo equipamento seguindo serviço similar da EMOP
estimado. 11.024.001-1 Concreto Projetado aplicado em
TCU informa que compressor a ar 360 superfícies verticais.
PCM consome 17,5 litros de diesel por Produtividades utilizadas na composição:
hora. - Tcpo 220709.1. Betoneira, compressor e equipamento para
TCU informa que a produtividade da projeção – 4h.
betoneira é de 0,31h para preparação do Operador de máquina e Pedreiro – 4h
concreto seguindo item (PINI Servente – 12h
03.320.8.1.3) - servente e betoneira Há um equívoco na retirada do profissional
TCU informa que é utilizada bomba pedreiro da composição, pois é necessário
rebocável para projetar argamassa profissional qualificado para operar a pistola do
elétrica, potência 5,4 HP (4KW), tipo equipamento de projeção.
helicoidal para projetar argamassa. O profissional pedreiro neste caso substitui o
Informa e reduz a produtividade para 2,5h. profissional jatista, pois o custo horário é igual.
TCU informa que a produtividade do O consumo da argamassa polimérica é
operador de máquina descrito na proporcional à espessura do revestimento
composição se refere ao operador de projetado. O consultor de recuperação de
jateadora e operador de betoneira. estrutura do Maracanã descreveu no relatório
TCU informa que a produtividade do técnico que a espessura do revestimento deverá
servente descrito na composição se refere ser entre 5 e 10 mm. Utilizando 8 mm como
ao servente para jateadora e servente para espessura média, o consumo deste material na
a betoneira. composição principal seria de 0,08 m x1,0 m
TCU retira a produtividade do pedreiro x1,0 m = 0,08 m.
da composição.
TCU informa que este novo valor foi
transferido para a composição principal
de revestimento de argamassa polimérica
com a quantidade de 0,05m³ por metro
quadrado
05.001.570-6 - Acabamento de Pedreiro, Acata e revisa a produtividade do pedreiro
constando de sarrafeamento e desempeno para 1,575h.
da ultima camada de argamassa A produtividade do pedreiro foi referenciada
projetada. com a composição da base SCO – RV
TCU reduz a produtividade do pedreiro 20.05.0050 - Acabamento de pedreiro em
para 0,25h superfície de concreto projetado.
11.015.048-6 - Cura de concreto Há um equívoco no fabricante do produto,
utilizando agente de cura para concreto, pois o fabricante com menor preço é a Denver,
líquido branco e viscoso, aplicado a rolo conforme propostas apresentadas na formação
em uma demão. de preços. Revisa o consumo do material de
TCU informa que o Material é vendido acordo com a composição PINI 03.931.8.7.4 –
em litros, rendimento de 0,15 a 0,20 l/m², Aplicação de membrana de cura.
segundo publicação do fabricante Sika. O Acata e revisa a produtividade do servente de
TCU revisa o consumo para 0,175 l/m². acordo com a composição PINI 03.931.8.7.4 -
TCU informa que o material é aplicado Aplicação de membrana de cura.
com pulverizador de baixa pressão, Revisa a composição retirando o pintor e
conforme manual Pini. deixando somente o servente para aplicação do
O TCU retira o servente da composição. produto por pulverização.
em caminhão bascul. capac. útil de 8 t foi acrescida para 270.465,61 TxKM para absorver as
quantidades subtraídas das composições 11.024.104-6 - Recuperação estrutural de concreto armado
utilizando micro-concreto de grout e 07.002.019-6 - Argamassa polimérica projetada com 5 mm de
espessura.
A quantidade do item 04.006.008-1 - Carga manual e descarga mecânica de mat. a granel em
caminhão bascul. capac. útil de 8 t, empregando 2 serventes na carga foi acrescida para 10.017,24 T
para absorver as quantidades subtraídas das composições 11.024.104-6 - Recuperação estrutural de
concreto armado utilizando micro-concreto de grout e 07.002.019-6 - Argamassa polimérica projetada
com 5 mm de espessura.
A quantidade do item 05.001.172-0 - Transporte horiz. de mat. de 1ªcat. ou entulho, em
carrinhos, a 30,00m de dist. foi acrescida para 6.718,47 m3 para absorver as quantidades subtraídas das
composições 11.024.104-6 - Recuperação estrutural de concreto armado utilizando micro-concreto de
grout e 07.002.019-6 - Argamassa polimérica projetada com 5 mm de espessura.
A composição 05.004.032-5 - Limpeza ou preparo de armadura interna (ferragens), c/ Jato de
escória de cobre, seguido de ar ou água, p/ Maracanã Copa 2014 estava omissa no orçamento e, por
isso, foi posteriormente inserida.
A quantidade do item 05.004.036-6 - Limpeza de estrutura de concreto utilizando hidrojato
adicionado de escória de cobre a uma pressão de 6.000 Psi foi acrescida para 71.175,42 m2, com o
intuito de absorver as quantidades subtraídas das composições 11.024.104-6 - Recuperação estrutural de
concreto armado utilizando micro-concreto de grout e 07.002.019-6 - Argamassa polimérica projetada
com 5 mm de espessura.
A composição 05.004.038-6 - Limpeza de estrutura de concreto utilizando hidrojato de altíssima
pressão de 40.000 Psi foi suprimida devido à modificação na especificação para remoção do contrapiso
das lajes do Maracanã.
As composições 05.100.945-6 - Revestimento de proteção realcalinizante e silicatizante, à base
de silicato de sódio com alta penetração no concreto; 07.002.019-6 - Argamassa polimérica projetada
com 5 mm de espessura e 11.024.104-6- Recuperação estrutural de concreto armado utilizando micro-
concreto de grout tiveram seus preços unitários alterados no orçamento.
Análise:
De forma similar ao procedimento executado na instrução anterior, serão analisados os três
serviços mais representativos do orçamento da recuperação estrutural do estádio. A curva ABC da
amostra selecionada encontra-se discriminada na tabela a seguir, representanto 66,2% do valor total do
orçamento da recuperação estrutural.
ITEM DESCRICAO UNIDADE QUANTIDADE P. UNIT. TOTAL
RECUPERACAO ESTRUT. DE CONCRET.ARMADO UTILIZANDO
11.024.104-6 MICROCONCRETO DE GROUT.FORNECIMENTO E APLICACAO. M2 10.068,96 835,94 8.417.046,42
REVESTIMENTO DE PROTECAO REALCALINIZANTE E
SILICATIZANTE,A BASE DE SILICATO DE SODIO COM ALTA
05.100.945-6 PENETRACAO NO CONCRETO. M2 232.466,62 19,71 4.581.917,08
ARGAMASSA POLIMERICA PROJETADA COM 5MM DE
07.002.019-6 ESPESSURA.FORNECIMENTO E APLICACAO. M2 54.241,24 51,37 2.786.372,49
TOTAL 15.785.335,99
Com relação ao serviço Recuperação Estrutural de Concreto Armado utilizando microconcreto de
grout, a EMOP encaminhou a seguinte composição de custo unitário comparativa entre a análise
anterior da Secob-1 e o novo preço proposto para o serviço. Segundo a referida Empresa Pública, o
custo do serviço sofreu redução de R$ 967,39 para R$ 835,94.
280
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
EMOP TCU
Recuperação estrutural de concreto armado utilizando microconcreto de grout no Maracanã m²
835,94 445,55
17.025.040-1 Pintura Oleosa pa Desmoldagem 1,000 1,000 m² 1,13 1,13 1,13 1,13
Escoramento de Forma de madeira e geral compeça de pinho
11.004.068-6 de 3, reutilizaçao 3 vezes, para moldagem de microconcreto 1,000 m² 48,05 48,05 48,05 Obs. 08
Microconcreto utilizando grout, brita zero, aditivado com 10%
11.015.049-6 de microsilica em relação ao peso do cimento, fornecimento, 0,126 0,072 m³ 2.592,59 2.150,15 326,67 154,81 Obs. 09
Cura de concreto utilizando agente de cura para concreto,
11.015.048-6 líquido branco e viscoso, aplicado a rolo em uma demão 1,000 1,000 m² 3,57 1,55 3,57 1,55 Obs. 10
Acabamento de Pedreiro, constando de sarrafeamento e
05.001.570-6 desempeno da ultima camada de argamassa projetada 1,000 1,000 m² 15,74 2,50 15,74 2,50 Obs. 11
Quant R$ Total
Item Descrição Unid R$ Unit
EMOP EMOP
I - Materiais
II - Mão-de-obra
01968 Pedreiro h 9,95
01999 Servente 0,100 h 7,31 0,73
III - Equipamentos
00679 serra diamantada 14" para concreto 0,020 un 287,00 5,74
IV - Composições reutilizadas
V - Acréscimo percentuais
5% sobre itens de MO 5,000 % 0,73 0,04
Observação EMOP
A composição foi modificada de metro quadrado para metro,
utilizando como base a composição 03.930.8.1.1 da Pini, conforme indicado pelo TCU
Demolição, corte e escarificação cuidadosa de concreto carbonatado e/ou com cloretos em estrutura EMOP TCU
de concreto com alta densidade de armadura utilizando de ar comprimido para a obra do Maracanã Item Novo
Copa 2014 m³ 1.088,09 -
Quant R$ Total
Item Descrição Unid R$ Unit Propostas
EMOP TCU EMOP TCU
I - Materiais
00218 Óleo diesel 150,15 l 1,84 276,28 -
-
II - Mão-de-obra -
01941 marroeiro 8,58 h 9,52 81,68
01970 Operador de maq. 8,58 h 8,41 72,16 -
01989 cavouqueiro 8,58 h 9,52 81,68 -
01999 servente 8,58 h 7,00 60,06 -
- -
III - Equipamentos - -
01105 Compressor ar 335 PCM 8,58 h 57,33 491,89 -
01159 rompedor pneumatico 32,6kg (cp) 8,58 h 1,59 13,64 -
- -
IV - Composições reutilizadas - -
- -
V - Acréscimo percentuais - -
5% sobre itens de MO 5,00 % 213,90 10,69 -
Observação EMOP
Foi utilizado como base para elaboração desta composição a composição EMOP 05.002.013-0 - Demolição de concreto com ar comprimido, com algumas modificações
devido a especificidade da obra, conforme abaixo descrito:
O serviço de demolição de concreto carbonatado e/ou com cloretos tem de ser feito de forma cuidadosa com equipamentos rompedores pneumáticos ou elétricos de forma
que as armaduras não sejam sacrificadas e ao mesmo tempo estejam isentas de material aderido.
Outra dificuldade encontrada neste tipo de escarificação e a exposição da seção da armadura na face voltada para o interior da estrutura. Nesta situação o profissional deverá
retirar as sobras de concreto aderidos na armadura de forma cuidados para não romper a seção.
A segunda etapa desta escarificação é cortar o concreto atrás das armaduras de forma a deixá-la "solta"do concreto original com um afastamento mínimo de 2cm de forma que
o novo microconcreto a envolva em toda sua seção.
Toda metodologia de corte, escarificação e demolição está descrito no Relatório Técnico de Recuperação Estrutural do Maracanã Copa 2014.
Devido a complexidade deste serviço, adicionado a alta densidade de armadura das peças de concreto armado foi adicionado ao índice de produtividade da composição
EMOP 05.002.013-0 um fator de 30% de improdutividade.
Consumo de óleo diesel = 17,5L / h x 8,58 horas produtivas do compressor = 115,50 Litros
Mão de Obra:
Foi considerado o mesmo índice de produtividade para todas as funções pertencente a composição EMOP 05.002.013-0.
m3 429,21
11.015.049-6 - Microconcreto utilizando grout, brita zero, aditivado com 10% de microsilica em
relação ao peso do cimento, fornecimento, preparo e lançamento:
EMOP TCU
Microconcreto utilizando grout, brita zero, aditivado com 10% de microsilica em relação ao peso do
cimento, fornecimento, preparo e lançamento
m³ 2.592,59 2.150,15
Quant R$ Total
Item Descrição Unid R$ Unit Propostas
EMOP TCU EMOP TCU
I - Materiais
Grout com Nitrito 2.205,00 2.080,00 kg 0,70 1.543,50 1.456,00 Viapol Pisos Industriais
00152 Brita 0 0,65 0,65 m³ 52,00 33,80 33,80
Silica Ativa 220,50 50,00 kg 1,45 319,73 72,50 Tecnosil Silica Ativa
-
II - Mão-de-obra -
01970 Operador de máquina 21,50 2,10 h 9,52 204,68 204,68
01968 Pedreiro 21,50 2,10 h 9,52 204,68 204,68
01999 Servente 21,50 2,10 h 7,00 150,50 150,50
- -
III - Equipamentos - -
01086 Betoneira 21,50 - h 5,01 107,72 -
- -
IV - Composições reutilizadas - -
11.002.015-1 Preparo de concreto - 1,05 m³ 49,11 - -
11.002.031-1 Lançamento de concreto - 1,05 m³ 66,37 - -
- -
- -
V - Acréscimo percentuais - -
5% sobre itens de MO 5,00 5,00 % 559,86 27,99 27,99
Observação TCU
Obs. 01 - Composição PINI 03931.8.7.2
Observação EMOP
No catálogo do fabricante, que poderá ser acessado pelo site www.viapol.com.br, poderá ser verificado que o peso específico do material VIAGROUT
é de 2100 Kg/m³. Utilizando uma percentual de perda de material de 5% durante o preparo do produto a quantidade utilizada por metro cúbico é de:
A adição de 10% de silica ativa é em relação ao peso do grout utilizado. Desta forma a quantificação do material fica:
Utilizando a composição citada pelo TCU, 03.931.8.7.2, os ínidces de produtividades de MO foram corrigidas, seguindo exatamente o prescrito na PINI.
Na PINI não considera a utilização de operador de equipamento. Contudo, nesta composição foi inserido devido a necessidade de adensamento do material
por meio de betoneira elétrica.
Observa-se que a EMOP inseriu indevidamente perdas de 5% nos consumos de grout e silica ativa.
Tal coeficiente de perda será glosado, pois já foi considerado na aplicação do grout na forma.
A composição utilizada da TCPO (03.931.8.7.2) considera que o grout será preparado
manualmente, sem o emprego de betoneira ou de operador. Portanto, ambos os insumos foram glosados
na composição apresentada pela EMOP. Ressalta-se que a composição da TCPO escolhida pela empresa
pública é a mais conservadora, pois utiliza 43 homens-hora para preparar apenas 1 m3 de grout e
executar o serviço.
A consideração de utilizar 21,5 horas de betoneira para produzir um único m3 de grout é absurda.
Diante do exposto, a nova composição referencial para o serviço encontra-se apresentada a
seguir:
Custo (R$)
Microconcreto utilizando grout, brita zero, aditivado com 10% de microsilica em relação
ao peso do cimento, fornecimento, preparo e lançamento
m³ 2.213,30
Quant R$ Total
Item Descrição Unid R$ Unit
EMOP EMOP
I - Materiais
Grout com Nitrito 2.100,00 kg 0,70 1.470,00
00152 Brita 0 0,65 m³ 75,62 49,15
Silica Ativa 210,00 kg 1,45 304,50
-
II - Mão-de-obra -
01968 Pedreiro 21,50 h 9,95 213,93
01999 Servente 21,50 h 7,31 157,17
-
V - Acréscimo percentuais -
5% sobre itens de MO 5,00 % 0,86 18,55
Custo
Recuperação estrutural de concreto armado utilizando microconcreto de grout no Maracanã m² Total
709,21
EMOP TCU
Revestimento de proteção realcalinizante e silicatizante, à base de silicato de sódio com alta
penetração no concreto
m² 19,71 3,30
Quant R$ Total
Item Descrição Unid R$ Unit Propostas
EMOP TCU EMOP TCU
I - Materiais
MC-ReZIL EPZ componente A 0,450 kg 4,18 1,88 MC-Bauchemie - 28-07-2011
MC-ReZIL EPZ componente B 0,300 Kg 4,18 1,25 MC-Bauchemie - 28-07-2011
Viafloor Silicato 0,330 Kg 2,43 0,80 Viapol Pisos Industriais
II - Mão-de-obra
01966 Pintor 1,167 0,250 h 9,52 11,11 2,38
01999 Servente 0,250 h 7,00 1,75
III - Equipamentos
IV - Composições reutilizadas
05.004.010-0 Limpeza de superfície de concreto utilizando jato d´água1,000
de média pressão
m² 3,07 3,07
V - Acréscimo percentuais
5% sobre itens de MO 5,000 5,000 % 12,86 0,64 0,12
Observação TCU
Obs. 01 - Material aplicado com pulverizador manual, conforme manual técnico do fabricante. Considerada produtividade média de um pintor (um servente
faz o trabalho ) de 4 m² por hora
Observação EMOP
Após análise dos materiais de realcalinização e silicatização da superfície de concreto pela consultoria de recuperação estrutural do Maracanã, o único material
aprovado foi o MC Resil EPC da MC Bauchemie - Bicomponente. O produto da Viapol ( Viafloor Silicato ) somente silicatiza a superfície, faltando a etapa da
realcalinização. O produto da Denver (DENVER Selador Alcalinizante) somente executa o papel da Realcalinização do concreto, faltando a etapa de silicatização.
Método Executivo:
Executar limpeza de superfície com hidrojato do média pressão (3000 PSI );
Aplicar 3 demãos espaçadas de 30 minutos do MC-ReZIL EPZ componente A aplicado por asperção. Considerando que em 1 hora seja feito 1,5 m² aplicando as
3 demãos, teremos uma produtividade de 0,667 h/m².
Aplicar 2 demãos espaçadas de 30 minutos do MC-ReZIL EPZ componente B aplicado por asperção. Considerando que em 1 hora seja feito 2 m² aplicando as
2 demãos, teremos uma produtividade de 0,50 h/m².
Após a última demão do MC ReZIL EPZ componente B, deverá ser executada cura úmida aspergindo água nas 24 horas seguinte em 3 períodos. Para este serviço será
necessário um servente para uma produção de de 4m² por hora. A produtividade desta etapa será de 0,25h/m².
Resumindo:
Pintor: 0,667 h/m² + 0,5 h/m² = 1,167 h/m²
Servente: 0,25 h/m²
Para esse item, todas as observações e argumentos da EMOP serão acatados, com exceção da
inclusão do serviço 05.004.010-0 (Limpeza da superfície do concreto utilizando jato d’água, solvente e
escova), pois este serviço já se encontra previsto no orçamento da recuperação estrutural com um
quantitativo extremamente elevado (244.893,40 m2). Tal inclusão também na composição de custos
unitário apresentada acima gera duplicidade.
Portanto, a composição referencial adotada para o revestimento de proteção realcalinizante e
silicatizante a base de silictado de sódio com alta penetração no concreto será a seguinte:
CUSTO
Revestimento de proteção realcalinizante e silicatizante, à base de silicato de sódio
(R$)
com alta penetração no concreto
m² 17,25
I - Materiais
MC-ReZIL EPZ componente A 0,450 kg 4,18 1,88
MC-ReZIL EPZ componente B 0,300 Kg 4,18 1,25
II - Mão-de-obra
01966 Pintor 1,167 h 9,95 11,61
01999 Servente 0,250 h 7,31 1,83
V - Acréscimo percentuais
5% sobre itens de MO 5,000 % 13,44 0,67
Com relação ao serviço 07.002.019-6 (Argamassa Polimérica projetada com 5 mm de espessura),
a EMOP encaminhou a seguinte composição de custo unitário comparativa entre a análise anterior da
285
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Secob-1 e o novo custo proposto para o serviço (sofreu redução de R$ 87,66 para R$ 51,37):
EMOP TCU
ARGAMASSA POLIMÉRICA PROJETADA. FORNECIMENTO E APLICAÇÃO PARA A OBRA DO MARACANÃ.
m² 51,37 24,21
Observação TCU
Obs. 01 - Serviço já cobrado na categoria SERVIÇOS COMPLEMENTARES
Obs. 02 - Serviço já cobrado na categoria SERVIÇOS COMPLEMENTARES
Obs. 03 - Serviço já cobrado na categoria TRANSPORTES
Obs.04 - Novo valor calculado para a composição 07.002.018-6
Obs. 05 - Considerada produção de 4m2 por hora
Obs. 06 - Composição readequada
Observação EMOP
Obs. 01 - O item foi retirado da composição.
Obs. 04 - Segundo o Relatório Técnico de Recuperação estrutural do Maracanã 2014/07-2011 no item 1.5.3 a espessura da argamassa deverá ser entre 5 e 10mm.
Foi utilizada nesta composição a espessura média de 8 mm.
Concorda-se com todos os coeficientes e ajustes efetuados na composição apresentada acima, com
exceção do item “argamassa polimérica projetada em superfície vertical aplicada sobre os pilares de
concreto armado do Maracanã servindo como camada adicional de recobrimento”. Para esse item, a
EMOP apresentou a seguinte composição:
Argamassa polimérica projetada em superfície vertical aplicada sobre os pilares de concreto EMOP TCU
armado do Maracanã servindo como camada adicional de recobrimento do concreto com 10%
de refleção m³ 3903,34 3700,41 07.002.018-6
Quant R$ Total
Item Descrição Unid R$ Unit Propostas
EMOP TCU EMOP TCU
I - Materiais
Argamassa polimérica 2.255,00 2.255,00 kg 1,49 3.359,95 3.359,95 Obs.01
00218 Óleo diesel 43,75 43,75 l 1,84 80,50 80,50 Obs.02
II - Mão-de-obra
01970 Operador de máquina 4,00 5,00 h 9,52 38,08 47,60 Obs. 05
01968 Pedreiro 4,00 - h 9,52 38,08 - Obs. 06
01999 Servente 12,00 5,00 h 7,00 84,00 35,00 Obs. 07
III - Equipamentos
IV - Composições reutilizadas
V - Acréscimo percentuais
5% sobre itens de MO 5,00 5,00 % 160,16 8,01 4,13
Observação TCU
Obs. 01 - Consultor da recuperação da estrutura especifica reflexão máxima de 10%. Consumo estimado
Obs. 02 - Compressor a ar 360 PCM - Tcpo 220709.1 - 17,5 litros de diesel por hora.
Obs. 03 - índice para a preparação do concreto - servente e betoneira (PINI 03.320.8.1.3 )
Obs. 04 - Bomba rebocável para prjetar argamassa, elétrica. Potência 5,4 HP ( 4KM ) tipo helicoidal
Obs. 05 - Operador da jateadora e operador da betoneira
Obs. 06 - Servente para jateadora e para betoneira.
Observação EMOP
Obs. 01 - O índice de reflexão foi reduzido de 20 para 10%, adotando o indicado pela consultoria de recuperaçao do Maracanã.
Obs. 02 - Foi adotado o consumo de diesel indicado pelo manual técnico do equipamento.
Obs. 03 e 04 - O ínidice desta composição foi baseado na composição EMOP 11.024.001-1 Concreto Projetado aplicado em superfícies verticais,
O índice da composição EMOP acima citada indica 4 h/m² de utilização dos equipamentos.
Obs. 05 - O operador do equipamento de projeção tem de acompanhar todo procedimento de projeção da argamassa, pois, o mesmo, é o responsável por parar o
equipamento em caso de entupimento de mangueiras ou por solicitação do jatista ( pedreiro ).
Obs. 06 - O profissional habiliatado para a execução da argamassa projetada é o Jatista. Este profissional controla o bico da pistola de projeção na ponta do
equipamento e é o responsável pelo controle da espessura da camada de argamassa e pela homogeniedade da superfície.
Nos itens elementares do catálogo EMOP não possui a profissão jatista, desta forma, foi inserido na composição pedreiro devido a similaridade de custo da hora.
Nesse caso, entende-se pertinente manter a composição anteriormente apresentada. Não parece
razoável utilizar 4 horas de betoneira para preparar 1 m3 de argamassa. O coeficiente de 0,31 horas de
betoneira/1 m3 de argamassa foi obtido na TCPO (item 03.320.8.1.3). Da mesma forma, os coeficientes
de 4 horas para o compressor e para o equipamento de projeção obtidos na composição da EMOP
11.024.001-1 não são adequados pois se referem ao serviço “concreto projetado”, aplicado geralmente
com espessura bem superior a 5 mm. No caso, será projetada argamassa polimérica com espessura
286
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
média de 5 mm, justificando a adoção das produtividades adotadas de 2,5 horas para os equipamentos e
para a mão de obra. A nova composição de custo unitário para o serviço, com ajustes nos preços dos
insumos pela mediana do Sinapi é apresentada a seguir:
Argamassa polimérica projetada em superfície vertical aplicada sobre os pilares de Custo
concreto armado do Maracanã servindo como camada adicional de recobrimento R$
do concreto com 10% de refleção m³ 3714,01
I - Materiais
Argamassa polimérica 2.255,00 kg 1,49 3.359,95
00218 Óleo diesel 43,75 l 2,09 91,44
II - Mão-de-obra
01970 Operador de máquina 5,00 h 9,95 49,75
01999 Servente 5,00 h 7,31 36,55
III - Equipamentos
IV - Composições reutilizadas
V - Acréscimo percentuais
5% sobre itens de MO 5,00 % 86,30 4,32
A EMOP também alterou o coeficiente de consumo desse item, adotando 8 mm, dizendo ser a
média entre a esspessura mínima de 5 mm e a máxima de 10 mm prevista no relatório técnico de
recuperação estrutura do Estádio do Maracanã. Nesse caso, adotar-se-á uma espessura média de 7,5
mm.
Assim, será adotada a seguinte composição referencial para o serviço 07.002.019-6 (Argamassa
Polimérica projetada com 5 mm de espessura):
Custo
ARGAMASSA POLIMÉRICA PROJETADA. FORNECIMENTO E APLICAÇÃO PARA A OBRA DO
Total
MARACANÃ.
m² 48,00
Dada a existência de diversos itens incluídos na demolição da cobertura, a equipe analisou os mais
significativos, no total de 11 serviços. Os serviços analisados estão descritos a seguir.
[vide documento original]
Para esses serviços, a EMOP apresentou as seguintes justificativas:
ITEM 05.013.008-6 - CHAPA DE ACO 3/4”, ENTREMEADA COM MADEIRA DE LEI 3"X9",
INCLUS. MOBIL, TRANSP, CARGA, DESC E DESLOC. DENTRO DO CANT. P/DISTR.
UNIFORME SOLO, DO PESO DO GUIND. UTILIZ. NA DEMOL. MARQ. MARACANÃ COPA14.
Foi acatada a consideração do TCU.
ITEM 19.004.206-6 - LOCAÇÃO DE GUINDASTE COM LANÇA TRELIÇADA COM
CAPACIDADE DECARGA DE 230 t, INCLUSIVE PLANO DE RIGGER/SINALIZAÇÃO,
OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DO EQUIPAMENTO PARA A OBRA DO MARACANÃ COPA
2014.
Apesar de o guindaste não ter sido utilizado para remoção da laje propriamente dita, ele foi
utilizado na realização de vários serviços de apoio, como locação dos dispositivos de içamento, subida
de equipamentos auxiliares e materiais entre outros.
ITEM 19.004.2007-6 - LOCAÇÃO DE GUINDASTE COM LANÇA TRELIÇADA COM
CAPACIDADE DE CARGA DE 400 t, INCLUSIVE PLANO DE RIGGER/SINALIZAÇÃO,
OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DO EQUIPAMENTO PARA A OBRA DO MARACANÃ COPA
2014.
A EMOP argumentou que não houve discordância no preço unitário apresentado para o serviço.
Não houve comentários acerca da diferença de quantidades.
288
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
LOCAÇÃO DE GUINDASTE COM LANÇA TRELIÇADA SOBRE ETEIRAS COM CAPACIDADE DE 800 T, INCLUSIVE SINALIZAÇÃO,
ITEM 28 19.004.XXX-X 378,00 H
OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DO ESQUIPAMENTO - OBRA MARACANÃ COPA 2014
A nova composição do serviço foi apresentada pela EMOP e está descrita a seguir.
[vide documento original]
As memórias de cálculo apresentadas pela EMOP estão reproduzidas a seguir:
[vide documento original]
No caso da remoção de cobertura, para o corte com máquina de fio diamantado, a referência da
EMOP foi a PINI. O coeficiente empregado está justificado na tabela intitulada “total da área de corte”.
Analisando este coeficiente, verificam-se excessos na metodologia de cálculo. O corte longitudinal
das lajes (16,57 metros) está com comprimento exagerado. Será adotado o valor de 10 metros para o
corte de cada uma das lajes.
Além disso, entre duas vigas longitudinais, existem 18 vigas transversais, conforme previsto pela
EMOP. Como são 60 lajes, essa quantidade de vigas transversais deve ser multiplicada por 60, e não
120 como foi feito pela EMOP. A memória de cálculo referencial está descrita a seguir:
[vide documento original]
Quanto ao redutor de produtividade do corte, a informação prestada pela EMOP procede, muito
embora não tenha sido considerada na primeira composição apresentada pela equipe do Governo do
Estado do Rio de Janeiro. Fatores como velocidade do vento podem fazer com que o guindaste fique
inoperante. Além disso, o corte só será possível após correto posicionamento dos dispositivos. Portanto,
essa redução de produtividade de 25% é razoável.
Para o corte, fabricação e montagem dos dispositivos, na época da visita à obra, foi constatada a
utilização de treliças diferentes das indicadas pela EMOP para a remoção das lajes. Sendo assim, houve
alteração do coeficiente utilizado na composição. Ressalta-se que o percentual de 10% para o item
“acessórios” é excessivo, sendo empregado o fator de 5%. Sendo assim, a memória de cálculo
referencial está descrita a seguir:
Dispositivos de içamento
Qtde Unitário Total
Dispositivo para as lajes
Treliça nº 01 (14,2 Ton) 2,00 14.200,00 28.400,00
Treliça nº 02 (12,67 Ton) 2,00 12.670,00 25.340,00
Treliça nº 03 (7,0 Ton) 2,00 7.000,00 14.000,00
Dispositivo para o gigante 1 1,00 10.661,00 10.661,00
Dispositivo para o gigante 2 2,00 4.140,00 8.280,00
Balanço 1 1,00 1.100,00 1.100,00
Balanço 2 2,00 1.800,00 3.600,00
Gaiolas 2,00 2.495,00 4.990,00
Acessórios 0,05 96.371,00 4.818,55
Peso total da estrutura (kg) 101.189,55
Área de projeção (m²) 25.797,00
Coeficiente 3,92
Para os demais itens, serão acatadas as considerações da EMOP, com exceção da mão de obra do
armador. Não foi possível identificar em que momento da execução do serviço esse profissional será
utilizado.
A composição referencial para o serviço, após os esclarecimentos apresentados pela EMOP, está
descrita a seguir:
[vide documento original]
ITEM 19.004.209-6 – LOCAÇÃO DE MANIPULADOR TELESCÓPICO DIESEL - 17M X 4,5T,
INCLUSIVE ABASTECIMENTO E MANUTENÇÃO PARA A OBRA DO MARACANÃ COPA2014.
As quantidades apresentadas pela EMOP são coerentes com análise desenvolvida pelo TCU. Após
revisão da memória de cálculo da equipe de auditoria, chegou-se à mesma quantidade apresentada pela
empresa pública. O total de meses para o uso do equipamento é a quantidade de dias necessários para a
remoção total da cobertura, isto é, o tempo de dias trabalhados pelos guindastes de 400 e 800 Ton. Isto
resulta em 118 (guindaste de 400 ton.) + 42 (guindaste de 800 ton.) = 160 dias (5,33 meses).
ITEM 04.005.145-0 - TRANSPORTE DE QUALQUER NATUR. C/VELOC. MÉDIA DE 20
km/H EM CAMINHÃO BASCUL. CAPAC. UTIL DE 12 t.
A EMOP não acatou o preço do TCU. A justificativa é baseada no Decreto n. 90, de 04/11/1963, e
n. 302, de 14/08/1975, que dispõe sobre a obrigatoriedade da utilização da referência EMOP nas obras e
serviços de engenharia executadas com recursos estaduais no Estado do Rio de Janeiro.
A diferença no quantitativo foi acatada pela EMOP.
Em que pese a existência do Decreto estadual, a atuação do TCU na verificação de custos é
baseada, na medida do possível, nos sistemas oficiais de custo federais, notadamente o Sistema Nacional
291
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
0,00
0,00
Custo Horário da Mão-de-Obra 0,00
Adc.M.O. - Ferramentas: ( 0,00% ) 0,00
Custo Horário de Execução 105,14
Custo Unitário de Execução 0,93
A partir do custo horário operativo, foi utilizada a composição 1 A 01 200 02 do Sicro 2, sendo
necessárias adaptações, dado que: o encarregado já está previsto na administração local; a rocha para
britagem não será utilizada, dado que o material a ser reciclado é proveniente de demolição; e o grupo
gerador também não será utilizado, dado que a energia necessária para o funcionamento do
equipamento provém das instalações elétricas já existentes no canteiro de obras.
Assim, a composição referencial está disposta a seguir:
293
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Para o crédito do aço, a EMOP descontou valores de ICMS e PIS/COFINS sobre o preço
praticado. Entende-se que essa metodologia é inadequada, dado que o aço retirado do concreto não será
resultante de atividades operacionais da empresa. Além disso, o valor do ICMS já está incluso no custo
da mercadoria.
Portanto, a composição referencial para o serviço é de R$ 22,11 por metro cúbico reciclado, a
seguir demonstrada:
294
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
UNIDADE m³
TOTAL A 22,1066
EQUIPAMENTO
TOTAL B 0,0000
MÃO-DE-OBRA
TOTAL C 0,0000
SOMA (A+B+C) = R$ 22,11
TOTAL (I0 = 12/09) = R$ 22,11
Feitas as considerações, a tabela consolidada dos serviços analisados está descrita a seguir:
295
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Argumento:
A EMOP argumentou que a cotação apresentada pelo TCU não estava completa, sendo necessário
implementá-la com a de outras empresas. Na visão da entidade estatal, trata-se de um sistema integrado
e não de uma composição de fornecimento parcial de serviços, como adotado pelo TCU. Ou seja, o
serviço deve ser executado em sua totalidade por uma única empresa com expertise na modalidade.
Análise:
A cotação obtida pelos órgãos de controle foi junto à empresa ZUCCHETTI GROUP -
SOFTWARE & ICT SOLUTIONS. Entretanto, a cotação não abrangeu todos os itens da planilha da
Prossegur (adotada pela EMOP). Nesses casos, foi adotado o custo da obtido pela equipe do Governo do
Estado do Rio de Janeiro.
Os argumentos apresentados pela EMOP não são suficientes para afastar o sobrepreço. Os
serviços da Prossegur que foram acrescentados ao orçamento paradigma estão discriminados a seguir.
ITEM DESCRIÇÃO UNID QT UNITÁRIO (R$) TOTAL (R$)
QUADRO PARA CONTROLADORA DE SEGURANÇA -
6.1 ACESSO RESTRITO pç 47 19.992,60 939.652,20
CONJUNTO DE SERVIDORES (2) E WORKSTATION
3.3 (1) pç 1 229.970,84 229.970,84
CABO DE ALIMENTAÇÃO 2X2,5 MM² - REF:
9.1 LIPERFIL OU SIMILAR mt 1200 2,64 3.168,00
9.2 CABO PAR TRANÇADO MULTIFILAR 2X1,0MM² mt 5400 3,88 20.952,00
CONJUNTO DE MATERIAIS DE INSTALAÇÃO PARA
9.5 FIXAÇÃO E ARREMATES FINAIS cj 1 750.664,12 750.664,12
7.1 CABO PARA SINAL DE CATRACAS UTP-4P mt 4000 5,01 20.040,00
CONJUNTO DE MATERIAIS DE INSTALAÇÃO PARA
FIXAÇÃO E
7.6 ARREMATES FINAIS cj 1 46.596,98 46.596,98
A análise desses serviços permite afirmar que, comparados aos demais, não se tratam de
materiais/equipamentos significativos. A essência do controle de acesso está nas catracas e nos seus
respectivos controladores. O quadro para alocar os controladores e cabos não são elementos sensíveis a
ponto de prejudicar o funcionamento do dispositivo de entrada/saída de torcedores ao estádio. Portanto,
será mantida a análise realizada na instrução anterior, porém com ajustes em função de inconsistências
detectadas, conforme adiante relatado.
Após revisão da planilha referencial, foi detectada a existência de quantidades diferentes das
utilizadas na cotação da Prossegur. Nesse caso, foram ajustadas as quantidades para adequar à cotação
utilizada pela EMOP.
Além disso, foram inseridos outros serviços que estavam na proposta da Prossegur, mas que não
foram cotados pela ZUCCHETTI GROUP - SOFTWARE & ICT SOLUTIONS. Nesse caso, novamente
foram mantidas as quantidades e os custos da Prossegur.
O orçamento após ajustes está discriminado a seguir:
298
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Portanto, o valor total adotado como referência pela equipe é de R$ 7.176.885,08, que
corresponde à soma dos valores cotados junto às empresas ZUCCHETTI GROUP - SOFTWARE & ICT
SOLUTIONS e Prossegur.
Levando-se o valor presente para dezembro de 2009 (o índice aplicado - 0,94208779 - é o mesmo
que a EMOP utilizou – o que é extremamente conservador, dado que o lapso temporal é maior que o da
proposta da Prossegur), conclui-se que o valor de referência para o fornecimento de equipamentos, data-
base de dezembro de 2009, é de R$ 6.761.255,80.
Serviço (13.022.055-6): PASTILHA DE PORCELANA FORMATO PALITO MD. (2,5X5)CM,
COR BRANCO ASSENTE C/ ARGAM. CIM. SAIBRO E AREIA FINA, TRAÇO 1:3:3, REVEST.
EXT. C/ 2,5CM DE ESP. INCL. CHAPISCO E REJUNTE. FORNEC. E INSTAL.
- Custo unitário do orçamento inicial (EMOP): R$ 152,47;
- Custo unitário adotado pelo TCU (instrução anterior): R$ 116,13;
- Custo unitário do orçamento revisado (EMOP): R$ 116,43;
- Custo unitário revisado TCU: R$ 116,13.
299
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Argumento:
Foi acatada a cotação apresentada pelo TCU. O novo preço do serviço é de R$ 116,43/m². A
composição da EMOP está descrita a seguir.
SERVIÇO
PASTILHA DE PORCELANA FORMATO PALITO 2,5 x 5CM, COR BRANCO, ASSENTE C/ARGAM. DE CIMENTO,
SAIBRO E AREIA FINA, NO TRAÇO 1:3:3, REVESTIMENTO EXTERNO C/ 2,5CM DE ESPESSURA, INCLUSIVE
CHAPISCO E REJUNTAMENTO. FORNECIMENTO E INSTALAÇÃO.
FIRMA: CEC
TEL: (21) 3325-7100
Unid. M²
TOTAL A 130,07
EQUIPAMENTO
TOTAL B 0,00
MÃO-DE-OBRA
PASTILHEIRO 01954 H 0,7000 5,0000 12,41 9,12
SERVENTE 01999 H 0,7000 5,0000 8,45 6,21
TOTAL C 15,33
SOMA (A+B+C) = 145,41
TOTAL (I0 = 12/09) = 116,43
Análise:
A composição adotada como referencial foi adaptada da composição 26291/4, Sinapi Nacional, a
seguir descrita.
A composição base da análise da equipe foi baseada em pastilha com dimensões distintas da que
será utilizada no Maracanã. Em função disso, o consumo de mão de obra e até mesmo de material pode
sofrer pequenas alterações. Por esse motivo, acata-se a justificativa na EMOP.
Serviço (14.003.474-6): ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO PARA O ESTÁDIO MARIO FILHO -
MARACANÃ, CONFORME PROPOSTA DA ITEFAL E CAIXILHOS COMPLEMENTARES.
- Custo unitário do orçamento inicial (EMOP): R$ 11.920.282,97;
- Custo unitário adotado pelo TCU (instrução anterior): R$ 9.984.621,02;
- Custo unitário do orçamento revisado (EMOP): R$ 11.205.066,00;
- Custo unitário revisado TCU: R$ 11.205.066,00.
300
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Argumento:
A EMOP afirmou que a equipe técnica do TCU, para obter cotação para o preço das esquadrias
do Estádio Maracanã fez contato com a empresa Vitral de São Paulo, fato que será explicitado na
análise como incorreto.
A EMOP aduziu que o custo referencial calculado pela equipe técnica do TCU para as esquadrias
era desfavorável ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, uma vez que entendeu que a equipe técnica do
TCU compôs planilhas de custos ideais e as comparou indevidamente com as propostas fornecidas pela
ITEFAL.
Tentando melhorar o preço, a empresa pública entrou em contato com a ITEFAL (proposta de
menor valor adotada pela EMOP) e solicitou o melhor preço que ela poderia fornecer. Dessa forma, foi
obtido um desconto linear de 6% (R$ 857.278,94 - Io = 04/11) sobre a proposta anteriormente
apresentada, o que resultou em um novo valor de R$ 11.205.066,00 (Io = 12/09).
Além disso, a ITEFAL, por meio da Proposta nº P2011 - 0131 - 000, salientou que os valores
fornecidos por ela já contemplavam o fornecimento dos vidros de acordo com as especificações contidas
nas planilhas de preços.
A EMOP apresentou a seguinte composição revisada para o serviço:
EMOP - EMPRESA DE OBRAS PÚBLICAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - RJ
SEOBRAS - SECRETARIA DE OBRAS - RJ
DEPRE - DEPARTAMENTO DE PREÇOS
COMPOSIÇÃO DE CUSTO UNITÁRIO
OBRA: MARACANÃ COPA 2014 CI= Mês Base 12/09
AUTOR: ERNANI ITEM:
LOCAL: MARACANÃ I0 = 12/09 2915
DATA: quinta-feira, 25 de agosto de 2011 I0 = 04/11 3494
FIRMA: ITEFAL COEFICIENTE: 0,83428735
TEL.: (11) 3382-2500
DESCRIÇÃO
ESQUADRIA DE ALUMÍNI O PARA O ESTÁDI O MÁRIO FILHO - MARACANÃ, CONFORME PROPOSTA DA ITEFAL Nº T 2011 - 0131 - 000 E CAIXILHOS
COMPLEMENTARES. PARA OBRA DO MARACANÃ COPA 2014.
UNIDADE UNID.
DESCRIÇÃO CÓDIGO UNID. QUANT. % P. UNIT VALOR
SERVIÇO
ESQUADRIA DE ALUMÍNI O PARA O ESTÁDI O MÁRIO
FILHO, CONFORME PROPOSTA DA ITEFAL Nº T 2011
0131 - 000 E CAIXILHOS COMPLEMENTARES. --- UNID. 1,00 R$ 13.430.703,47 R$ 13.430.703,47
TOTAL A R$ 13.430.703,47
MATERIAL
TOTAL B R$ -
EQUIPAMENTO
TOTAL C R$ -
MÃO-DE-OBRA
TOTAL D R$ -
TOTAL (I1) = R$ 13.430.703,47
TOTAL (I0 = 12/09) = R$ 11.205.066,00
OBSERVAÇÕES:
Análise:
A alegação da EMOP de que a equipe técnica do TCU realizou cotação para o preço das
esquadrias do Maracanã com a empresa Vitral não é correta. O que se cotou na verdade com a empresa
supramencionada foi o valor dos vidros apenas, visto que tais insumos não foram mencionados na
proposta da empresa ITEFAL.
Além disso, a equipe da EMOP parece não ter compreendido como foi procedida a análise da
Secob-1 para encontrar os custos de referência para esse serviço.
Na verdade, foram avaliados apenas alguns serviços referentes às esquadrias, uma vez que não
foram encontrados preços referenciais para todos eles.
Além disso, a análise da equipe técnica foi feita de forma aproximada, adotando coeficientes
301
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
estimativos de perfis de alumínio por m² de esquadria. Esse cálculo foi conservador em favor dos
responsáveis, uma vez que foram trazidos aos autos os valores de referência, para o mesmo serviço, do
Aeroporto de Confins/MG e do Anexo III do TCU, sendo esses bem mais desfavoráveis ao Governo do
Estado do Rio de Janeiro do que o cálculo estimativo considerado pela equipe técnica.
Considerando que a análise da equipe não foi exaustiva, abrangendo todos os serviços, e que
tomou como base os coeficientes de consumo de insumos obtidos em outras obras, acata-se a nova
proposta da ITEFAL, no valor de R$ 11.205.066,00, apesar de ainda haver indícios de que essa proposta
está com sobrepreço.
Serviço (11.060.043-6): PRÉ-MOLDADO EM CONCRETO ARMADO COMPREENDENDO
DESDE A FABRICAÇÃO ATÉ INSTALAÇÃO NO LOCAL, PARA ARQUIBANCADA DO
MARACANÃ, CONFORME ORÇAMENTO EMOP Nº 8400.003/11.
- Custo unitário do orçamento inicial (EMOP): R$ 11.771.177,22;
- Custo unitário adotado pelo TCU (instrução anterior): R$ 8.165.744,16;
- Custo unitário do orçamento revisado (EMOP): R$ 10.734.798,19;
- Custo unitário revisado TCU: R$ 9.326.865,45
A EMOP faz considerações sobre serviço, de forma a justificar os coeficientes de mão de obra. O
Governo do Estado do Rio de Janeiro argumenta que o serviço se caracteriza por duas etapas distintas.
Na primeira, foi considerado o item 58.002.335-1 (carga e descarga manual), sendo que tal serviço é
remunerado por um item existente no catálogo de referências da EMOP. Na segunda etapa, ocorre a
arrumação dos apoios de madeira na área de estoque, sendo que foram considerados 5 minutos de
servente por peça pré-moldada.
Para o guindaste de 30 toneladas, foi adotada composição da EMOP sob o código 19.004.166-6,
de acordo com o Decreto “N” n. 90, de 04/11/1963 e Decreto n. 302, de 14/08/1975.
Por fim, foi justificada a diferença de custos em virtude de a equipe do TCU não ter considerado o
desgaste de ferramenta, adotando-se o percentual de 5% sobre o total de mão de obra, conforme o
critério da entidade estatal.
ITEM 05.100.939-6 = MONTAGEM DAS PEÇAS PRÉ-MOLDADAS EM CONCRETO
ARMADO DOS DEGRAUS DAS ARQUIBANCADAS, EXCLUSIVE IÇAMENTO DAS PEÇAS ATÉ
O LOCAL DE MONTAGEM E ARGAMASSA/ CONCRETO DE UNIÃO/FIXAÇÃO DAS PEÇAS.
Foi apresentada justificativa para o cálculo de consumo dos insumos utilizados para o serviço. A
EMOP considerou 8 equipes, compostas por 1 pedreiro, 2 montadores, 1 carpinteiro e 6 ajudantes
durante 7 meses.
Por fim, foi justificada a diferença de custos em virtude de a equipe do TCU não ter considerado o
desgaste de ferramenta, adotando-se o percentual de 5% sobre o total de mão de obra, conforme o
critério da entidade estatal.
Análise:
ITEM 11.046.018-6 = FORNECIMENTO DE CONCRETO USINADO, AUTO ADENSÁVEL,
PARA PEÇAS PRÉ-MOLDADAS, FCK 35 MPA, FCJ 14H= 22 MPA, SLUMP FLOW 75 ± 5CM,
BRITA 0, CIMENTO CPV ARI PLUS E ADITIVOS
O argumento apresentado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro procede. Dada a
especificidade do concreto, a ausência de sistemas de custos para o serviço e o fato de a equipe não ter
conseguido cotação para o referido concreto, será acatado o custo unitário proposto pela EMOP.
ITEM 05.100.937-6 - MONTAGEM/ DESMONTAGEM E LIMPEZA DE FORMAS
METÁLICAS AJUSTÁVEIS, INCLUSIVE CONSUMÍVEIS E ESPAÇADORES DE ARMAÇÃO A
CADA NOVA CONCRETAGEM - OBRA MARACANÃ COPA 2014
Quanto aos equipamentos, acatam-se os custos da EMOP, dado que os compressores utilizados
como referência eram de 180 pcm, enquanto que os compressores utilizados pela referida empresa
estatal são de 250 pcm.
Houve a inclusão, além do carpinteiro de forma e do servente, já previstos, da mão de obra de
operador de máquinas. Entende-se que essa inclusão é indevida (a própria EMOP não havia incluído na
composição original do serviço).
Será considerado 5% sobre mão de obra a título de remuneração de desgaste de ferramentas.
Dessa forma, fica inadequada a manutenção do item “ALUGUEL DE MANGUEIRA“, dado que esse
custo de locação está previsto no percentual acima citado incidente sobre a mão de obra.
Quanto aos espassadores, foram revisados os cálculos utilizados para se determinar a quantidade
por metro quadrado. Pesquisando na literatura disponível na internet, existem estudos que estimam a
relação de 5 espassadores por metro quadrado. Há estudos na Faculdade de Engenharia Civil,
disponível no link (http://www.feciv.ufu.br/disciplinas/TCC1/Armacao.pdf , data de pesquisa: 27 de
agosto de 2011) que confirmam esse taxa.
Dessa forma, a composição referencial está resumida a seguir.
303
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
SERVIÇO
MONTAGEM / DESMONTAGEM E LIMPEZA DE FORMAS METÁLICAS AJUSTÁVEIS, INCLUSIVE CONSUMÍVEIS E ESPA
ÇADORES DE ARMAÇÃO A CADA NOVA CONCRETAGEM - OBRA MARACANÃ COPA 2014
UNIDADE m²
UNIDADE T
DESCRIÇÃO CÓDIGO UNID. QUANT. % P. UNIT VALOR
MATERIAL
PECA DE MADEIRA 2A QUALIDADE 7,5 X
I - 4493 m 0,2210 3,73 0,82
7,5CM NAO APARELHADA
TOTAL A 0,82
EQUIPAMENTO
C - NAC -
LOCAÇÃO DE GUINDASTE 30 T 0,00047 15.620,00 7,34
5775 Unxmês
TOTAL B 7,34
MÃO-DE-OBRA
SERVENTE I - 6111 h 0,0154 5,0000% 7,31 0,12
SERVENTE I - 6111 h 0,6204 5,0000% 7,31 4,76
TOTAL C 4,76
CUSTO UNITÁRIO TOTAL = R$ 12,93
degraus com alturas distintas, o que faz com que as formas sejam mais complexas. Seguem fotos tiradas
na visita técnica dos órgãos de controle às obras.
[vide documento original]
Dada a especificidade dessas formas metálicas, a ausência de sistemas de custos para o serviço e o
fato de a equipe não ter conseguido cotação para o referido concreto, será acatado o custo unitário
proposto pela EMOP.
UNIDADE m³
DESCRIÇÃO CÓDIGO UNID. QUANT. % P. UNIT VALOR
MATERIAL
TOTAL A 0,00
EQUIPAMENTO
TOTAL B 0,00
MÃO-DE-OBRA
MONTADOR " A" I - 2700 h 1,6853 5,00% 14,6800 25,98
CARPINTEIRO DE FORMA I - 1213 h 3,3705 5,00% 9,9500 35,21
PEDREIRO I - 4750 h 1,6853 5,00% 9,9500 17,61
SERVENTE I - 6111 h 10,1116 5,00% 7,3100 77,61
TOTAL C 156,41
CUSTO UNITÁRIO TOTAL = R$ 156,41
Pelo exposto, a amostra com a consolidação dos serviços analisados está indicada a seguir:
EMOP TCU
Item Descrição Un Qtde C.Unit. C. Total C.Unit. C. Total Sobrepreço
CONCRETO USINADO,AUTO ADENSAVEL,P/PECAS PRE-MOLDADO,FCK35MPA , FCJ
11.046.018-6 14H= 22 MPA, SLUMP FLOW 75 ± 5CM, BRITA 0, CIMENTO CPV ARI PLUS E ADITIVOS M3 5.848,34 614,38 3.593.103,12 614,38 3.593.103,13 0,00
MONTAGEM/DESMONTAGEM E LIMPEZA DE FORMAS METALICAS AJUSTÁVEIS,
INCLUSIVE CONSUMÍVEIS E ESPAÇADORES DE ARMAÇÃO A CADA NOVA
05.100.937-6 CONCRETAGEM - OBRA MARACANÃ COPA 2014 M2 80.053,06 27,64 2.212.666,57 16,46 1.317.673,37 894.993,20
CARGA/DESCARGA MECANIZADA, COM GUINDASTE SOBRE RODAS, CAPACIDADE
04.009.002-6 NOMINAL DE 30T T 43.862,55 26,24 1.150.953,31 12,93 567.142,77 583.810,54
LOCACAO DE FORMAS METALICAS AJUSTAVEIS,INCL.SISTEMA DE ESCORAMENTO -
11.035.012-6 OBRA MARACANA COPA 2014. M2XMES 4.981,08 182,28 907.951,26 182,28 907.951,26 0,00
MONTAGEM DAS PECAS PRE-MOLDADAS EM CONCRETO ARMADO, DOS DEGRAUS
DAS ARQUIBANCADAS, EXCLUSIVE IÇAMENTO DAS PEÇAS ATÉ O LOCAL DE
05.100.939-6 MONTAGEM E ARGAMASSA/CONCRETO DE UNIÃO/FIXAÇÃO DAS PEÇAS M3 5.848,34 144,29 843.856,97 156,41 914.727,97 -70.871,00
TOTAL 1.407.932,74
SERVIÇO
DESMONTAGEM DE ESTRUTURA METALICA
Unid. kg
Análise:
A equipe procedeu à revisão da composição referencial. A composição do guindauto não previa o
operador do equipamento. Sendo assim, foi necessário incluir tal insumo.
Além disso, foi necessário inserir o custo improdutivo do caminhão e do guindauto. Para tanto, foi
considerada a metodologia do Sicro, que é inserir apenas o custo do operador.
Por fim, o transporte considerado previa apenas o transporte interno, ou seja, dentro do local da
obra. Será considerado o transporte externo, com os parâmetros de DMT (28 km) e velocidade média (40
km/h) fornecidos pela EMOP. A memória de cálculo do transporte externo está descrita a seguir.
SERVIÇO
DESMONTAGEM DE ESTRUTURA METÁLICA.
UNIDADE kg
TOTAL A 46,6143
EQUIPAMENTO
Aluguel Guindaste sobre rodas Diesel 68CV 9,1t
3725 h 1,4000 94,7800 132,6920
c/ operador - Lança giratória 180 graus (CI)
Aluguel Guindaste sobre rodas Diesel 68CV 9,1t
69403 h 0,3500 162,2800 56,7980
c/ operador - Lança giratória 180 graus (CP)
Aluguel Caminhão Carroc Fixa Trucado 12t
2953 h 0,2778 97,6800 27,1333
Motor Diesel 142CV (CP)
Aluguel Caminhão Carroc Fixa Trucado 12t
I 4093 h 0,5000 9,9500 4,9750
Motor Diesel 142CV (CI)
Aluguel Guindauto capac 4t aprox 2m alcance
C 20642/39
vert 8m sobre Chassis de Caminhão (excl este) h 0,2778 36,6900 10,1917
+ I 4093
excl Operador
Aluguel Guindauto capac 4t aprox 2m alcance
vert 8m sobre Chassis de Caminhão (excl este) I 4093 h 0,5000 9,9500 4,9750
excl Operador
TOTAL B 236,7650
MÃO-DE-OBRA
Maçariqueiro 4244 h 3,4350 10,7100 36,7889
Ajudande Especializado 0242 h 1,7175 7,7600 13,3278
TOTAL C 50,1167
SOMA (A+B+C) = R$ 333,50
TOTAL (I0 = 12/09) = R$ 333,50
CUSTO FINAL (por KG) R$ 0,33
anterior;
- Custo unitário do orçamento revisado (EMOP): R$ 8.795.961,67;
- Custo unitário revisado TCU: R$ 8.795.961,67.
Argumento:
Tentando reduzir o preço do serviço, a EMOP entrou em contato com a empresa PROSSEGUR e
obteve, conforme documento à peça n.72, um desconto sobre a proposta anteriormente apresentada,
alterando o custo de R$ 9.974.485,72 para R$ 8.795.961,67.
Análise:
O novo preço apresentado pela EMOP foi acatado.
Serviço (13.385.050-6): PISO MONOLÍTICO DE ALTA RESISTÊNCIA POLIURETÂNICO
FLAKES 3000 C/ ACAB. VERNIZ PU ACETINADO E=4 MM NSBRASIL OU SIM. APLIC. SOBRE
CONTRAPISO NIVELADO E. 3MM.
- Custo unitário do orçamento inicial (EMOP): R$ 113,28;
- Custo unitário adotado pelo TCU (instrução anterior): R$ 106,04;
- Custo unitário do orçamento revisado (EMOP): R$ 115,60;
- Custo unitário revisado TCU: R$ 113,28.
Argumento:
A EMOP argumentou que a fresagem é necessária e que não foi considerada pela equipe do TCU.
Além disso, justificou que o piso foi escolhido em função das trincas existentes atualmente. Na tentativa
de mitigar este fenômeno, foi definida, para reconstituição da estrutura do piso, a aplicação de uma
camada regularizadora de argamassa polimérica (produto bastante flexível), complementada para o
acabamento final da superfície, com um piso monolítico 100% a base de Poliuretano com acabamento
tipo flakes e camada final em verniz de Poliuretano, bastante resistente à abrasão e de tecnologia que o
deixa bastante flexível.
Já o piso sugerido – SINAPI 72136 adaptada, complementado pelo lastro de concreto indicado
(74048/1) se torna uma composição de piso rígido, não combatendo os efeitos indesejados, para os quais
se devem buscar mitigação. Portanto, na visão da EMOP, a solução apontada pelo TCU não é
tecnicamente recomendada para o caso em questão.
Por fim, a EMOP argumenta que o coeficiente adotado pelo TCU para regressão temporal não é o
mesmo utilizado pela entidade estadual.
Análise:
Convém destacar que a fresagem foi considerada pela equipe na composição. Para comprovar,
segue a composição adotada na época.
PISO MONOLITICO DE ALTA RESISTENCIA POLIURETANICO FLAKES3000
C/ACAB.VERNIZ PU ACETINADO E=4MM NSBRASIL OU SIM.APLIC.SOBRE
EMOP CONTRAPISO NIVELADO E.3CM.INCL.ESTE. M3
Insumo Descrição Und. Coef. C. Unit. Total
EMOP FRESAMENTO DE SUBSTRATO m² 1 4,95 4,95
73907/ 9 LASTRO DE CONCRETO TRACO 1:3:5, ESPESSURA 3CM, PREPARO MECANICO m² 1 13,57 13,57
EMOP PISO MONOLÍTICO DE ALTA RESISTÊNCIA FLAKES 3000 m² 1 87,52 87,52
TOTAL 106,04
Conforme também se depreende da composição referencial acima, o piso adotado foi o mesmo que
a EMOP utilizou, o que afasta o argumento de que o piso não seria o mais tecnicamente adequado.
Quanto ao contrapiso, o argumento apresentado pela EMOP é razoável. Na composição do Sinapi
adotada como referencial, não está prevista a utilização da argamassa polimérica. Na ausência de
elementos em sistemas oficias de custo, será adotado o custo relatado pela EMOP.
Entretanto, comparando-se o preço apresentado pela EMOP no orçamento preliminar com o
entregue na manifestação da oitiva, houve divergência no preço do contrapiso adotado, embora o código
do serviço seja o mesmo.
Por esse motivo, será adotado o custo inicial do serviço, que é o menor dos valores, se comparado
ao entregue na última manifestação da entidade.
Quanto ao argumento de os índices adotados pelo TCU não serem os utilizados pela EMOP, a
diferença de preços consiste na metodologia de cálculo. A EMOP considera um percentual de 3% sobre
308
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
os serviços de fresagem e assentamento do piso, a título de desgaste de ferramentas, enquanto que o TCU
não havia considerado tais coeficientes. Como a composição referencial adotou os insumos da EMOP,
acata-se o percentual do referido demonstrativo de formação de preços.
Pelo exposto, a composição referencial do TCU é a adotada pela EMOP no orçamento inicial.
Segue cópia desse demonstrativo de formação de preço.
EMOP - EMPRESA DE OBRAS PÚBLICAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - RJ
SEOBRAS - SECRETARIA DE OBRAS - RJ
DEPRE - DEPARTAMENTO DE PREÇOS
COMPOSIÇÃO DE CUSTO UNITÁRIO
OBRA: MARACANÃ COPA 2014 CI= Mês Base = 12/09
UNIDADE M2
TOTAL A 128,21
EQUIPAMENTO
TOTAL B
MÃO-DE-OBRA
TOTAL C
SERVIÇO
LOCAÇÃO DE EQUIPE DE TOPOGRAFIA PARA LOCAÇÃO DA OBRA, INCLUS IVE EQUIPAMENTOS E NO MÍNIMO 2 AUXILIARES .
TOTAL A R$ 6.954,55
GABINETE
TOTAL B R$ 2.383,04
EQUIPAMENTOS
ES TAÇÃO TOTAL CLAS S E 1 ---- MÊS 1,00 R$ 1.339,00 R$ 1.339,00
MICRO / S OFT / PLOTTER ---- MÊS 0,50 R$ 896,10 R$ 448,05
TOTAL C R$ 1.787,05
SOMA (A+B+C) = R$ 11.124,64
TOTAL (I 0 = 12/09) = R$ 11.124,64
Análise:
A composição tida como referência está descrita a seguir:
Serviços (01.016.025-5): LOCACAO PARA EQUIPE DE TOPOGRAFIA PARA ACOMPANHAMENTO DE
OBRA
AETESP LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO Equipe/mês
Insumo
Sinapi Descrição Un. Coef. Custo Unit Total
Mão de obra
Campo
I 532 Coordenador mês 0,15 5147,74 772,16
I 528 Técnico mês 1 2795,82 2795,82
I 244 Aux. de topografia mês 2 1238,61 2477,22
Gabinete
I 532 Coordenador mês 0,2 5147,74 1029,55
I 528 Cadista/calculista mês 0,4 2795,82 1118,33
Equipamentos
http://www.tudoemtopografia.com.br/index.php/locac-o-estacoes-totais.html
Estação Total classe 1 mês 1 1339,00 1339,00
AETESP Micro/Soft/Plotter mês 0,4 896,10 358,44
SUBTOTAL 9.890,52
Despesas gerais e material de consumo (5%) 494,53
TOTAL 10.385,04
Em função da complexidade do acompanhamento topográfico da reforma do estádio do Maracanã,
será acatado o custo mensal proposto pela EMOP. A diferença dos valores decorre principalmente do
que a referida empresa pública considera como coordenador da equipe. Enquanto o TCU considerou, na
instrução anterior, que essa função seria ocupada por um auxiliar de engenharia, a EMOP considera a
necessidade de um engenheiro, o que é razoável. Por esse motivo, será acatada a nova composição da
EMOP.
Apesar de a EMOP informar que adotaria uma média de três equipes por mês, totalizando 90
equipes x mês, adotou, na planilha orçamentária, um quantitativo de 30 equipes x mês, equivalente a
permanência média de apenas 1 equipe de topografia na obra. Para manter congruência entre o
quantitativo informado pela EMOP e a presente análise, adotar-se-á também o quantitativo de 30
equipes x mês.
Serviço (01.016.024-5): LOCAÇÃO PARA OBRA DE EQUIPE DE TOPOGRAFIA PARA
LEVANTAMENTO CADASTRAL.
- Custo unitário do orçamento inicial (EMOP): R$ 41.824,20;
- Custo unitário adotado pelo TCU (instrução anterior): R$ 12.431,82;
- Custo unitário do orçamento revisado (EMOP): R$ 11.124,64;
311
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
LOCAÇÃO DE EQUIPE DE TOPOGRAFIA PARA LOCAÇÃO DA OBRA, INCLUSIVE EQUIPAMENTOS E NO MÍNIMO 2 AUXILIARES.
TOTAL A R$ 6.954,55
GABINETE
TOTAL B R$ 2.383,04
EQUIPAMENTOS
ESTAÇÃO TOTAL CLASS E 1 ---- MÊS 1,00 R$ 1.339,00 R$ 1.339,00
MICRO / SOFT / PLOTTER ---- MÊS 0,50 R$ 896,10 R$ 448,05
TOTAL C R$ 1.787,05
SOMA (A+B+C) = R$ 11.124,64
TOTAL (I0 = 12/09) = R$ 11.124,64
Análise:
A composição tida como referência está descrita a seguir:
Serviços (01.016.024-5): LOCACAO PARA EQUIPE DE TOPOGRAFIA PARA LEVANTAMENTO
CADASTRAL
LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO
AETESP CADASTRAL Equipe/mês
Insumo
Sinapi Descrição Un. Coef. Custo Unit Total
Mão de obra
Campo
I 532 Coordenador mês 0,15 5147,74 772,16
I 528 Técnico mês 1 2795,82 2795,82
I 244 Aux. de topografia mês 2 1238,61 2477,22
I 6111 Servente mês 1 1322,73 1322,73
Gabinete
I 532 Coordenador mês 0,25 5147,74 1286,94
I 528 Cadista/calculista mês 0,5 2795,82 1397,91
Equipamentos
http://www.tudoemtopografia.com.br/index.php/locac-o-estacoes-totais.html
Estação Total classe 1 mês 1 1339,00 1339,00
AETESP Micro/Soft/Plotter mês 0,5 896,10 448,05
TOTAL/MÊS 11.839,83
Despesas gerais e material de consumo (5%) 591,99
TOTAL 12.431,82
A EMOP não considerou a necessidade de um servente para a execução do serviço. Retirando-se
esse insumo da composição referencial, chega-se a um valor muito próximo da composição revisada pela
EMOP.
Dessa forma, será considerada a composição revisada pela EMOP, ou seja, o custo unitário
312
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
referencial para o serviço é de R$ 11.124,64. Ressalta-se que a EMOP acatou a quantidade de equipes
(três) proposta pelo TCU.
Serviço (18.052.219-6): SISTEMA DE CIRCUITO FECHADO DE TV (CFTV), PARA O
MARACANÃ, CONFORME PROPOSTA DA PROSSEGUR. FORNECIMENTO E INSTALAÇÃO.
- Custo unitário do orçamento inicial (EMOP): R$ 6.929.255,82;
- Custo unitário adotado pelo TCU (instrução anterior): R$ 1.891.188,92;
- Custo unitário do orçamento revisado (EMOP): R$ 6.111.760,40;
- Custo unitário revisado TCU: R$ 6.111.760,40.
Argumento:
A EMOP argumenta que a cotação apresentada pelo TCU não é completa, sendo necessário
implementá-la com a de outras empresas. Na visão da entidade estatal, trata-se de um sistema integrado
e não de uma composição de fornecimento parcial de serviços, como adotado pelo TCU. Ou seja, o
serviço deve ser executado em sua totalidade por uma única empresa com expertise na modalidade.
Análise:
A principal crítica da EMOP é baseada no fato de a cotação referencial do CFTV ser parcial,
abrangendo apenas alguns materiais/equipamentos, o que dificultaria a integração do sistema. O
argumento é coerente e merece ser acatado.
Não foi possível obter cotação com uma única empresa para a execução de todos os componentes.
De qualquer forma, as propostas obtidas anteriormente pelos órgãos de controle contêm fortes indícios
de que os equipamentos e materiais cotados pela EMOP apresentem sobrepreço, dada a diferença de
custos entre os cotados pela referida empresa pública e os obtidos pelos órgãos de controle. Deve-se
ressaltar que essa consideração ainda é válida para a nova proposta da Prossegur.
Deve-se acrescentar que, na composição adotada como paradigma para a obtenção do valor R$
1.891.188,92, foi detectada a ausência de equipamentos que já estavam previstos na proposta da
Prossegur. Ou seja, o custo total do sistema é realmente superior ao encontrado como referencial na
instrução anterior.
Pelo exposto, considerando-se que não foi obtida proposta de preços que contemple o fornecimento
e a instalação de todos os equipamentos e materiais, opta-se, de forma extremamente conservadora, por
acatar a nova proposta obtida pela EMOP, no valor de R$ 6.111.760,40 (a proposta anterior era de R$
6.929.255,82).
Serviço (18.052.220-6): SISTEMA DE AUTOMAÇÃO PREDIAL (BMS) PARA O MARACANÃ,
CONFORME PROPOSTA DA PROSSEGUR. FORNECIMENTO E INSTALAÇÃO.
- Custo unitário do orçamento inicial (EMOP): R$ 5.668.552,67;
- Custo unitário adotado pelo TCU (instrução anterior): R$ 2.790.550,54;
- Custo unitário do orçamento revisado (EMOP): R$ 4.998.491,49;
- Custo unitário revisado TCU: R$ 3.454.760,26.
Argumento:
A EMOP argumenta desconhecer a planilha de pontos utilizada como base para o
dimensionamento realizado pelos órgãos de controle. Além disso, argumenta que o TCU não levou em
consideração os pontos necessários ao controle e automação do sistema de ar condicionado.
Na visão da estatal, o projeto de automação predial para a supervisão e controle do sistema de ar
condicionado é excludente do sistema de automação apresentado no sistema de ar condicionado na
disciplina das centrais de água gelada e VRF’s. No caso deste último, o sistema de água gelada do ar
condicionado tem uma automação própria para condicionar temperatura, como variável controlada e
vazão de água gelada, pressão, dentre outros. Essa automação do sistema de ar condicionado também
será utilizada para controle do volume de refrigerante variável.
As informações desse sistema são repassadas àquele encarregado de supervisão predial. Dessa
forma, entende a estatal que estaria satisfeita a necessidade pontos para o sistema de ar condicionado.
Análise:
Para que sejam dirimidas todas as questões relativas à quantidade de pontos, com exceção dos
necessários ao sistema de ar condicionado, segue tabela indicativa.
313
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Ou seja, sobre o novo valor cotado pela EMOP (R$ 4.998.491,49), deve-se reduzir R$ 1.543.731,23
em função da redução da quantidade de equipamentos/material. Dessa forma, o custo adotado como
paradigma será de R$ 3.454.760,26.
Serviço (01.051.129-5): ELABORAÇÃO DE PROJETO EXECUTIVO DE OBRA DE
REFORMA E ADEQUAÇÃO DO ESTÁDIO JORNALISTA MARIO FILHO, COMPREENDENDO
OS PROJETOS DA COBERTURA P/ MARACANÃ - COPA 2014.
Serviço (01.051.126-5): PROJETO EXECUTIVO DE OBRA DE REFORMA E ADEQUAÇÃO
DO ESTÁDIO JORNALISTA MÁRIO FILHO (MARACANÃ), COMPREENDENDO OS PROJETOS
DE ESTRUTURA METÁLICA E DE CONCRETO.
Serviço (01.051.125-5): PROJETO EXECUTIVO DE OBRA DE REFORMA E ADEQUAÇÃO
DO ESTÁDIO JORNALISTA MÁRIO FILHO (MARACANÃ), COMPREENDENDO PROJETOS
DE ARQUITETURA. .
Serviço (01.051.128-5): ELABORAÇÃO DE PROJETO EXECUTIVO DE OBRA DE
REFORMA E ADEQUAÇÃO DO ESTÁDIO JORNALISTA MÁRIO FILHO, COMPREENDENDO
OS PROJETOS DE INTALAÇÕES PREDIAIS.
Serviço (01.051.127-5): ELABORAÇÃO DE PROJETO EXECUTIVO DE OBRA DE
REFORMA E ADEQUAÇÃO DO ESTÁDIO JORNALISTA MÁRIO FILHO, COMPREENDENDO
OS PROJETOS DE SISTEMAS ELETRÔNICOS.
Serviço (01.050.500-0): UNIDADE DE REF. P/SERV. DE PROJ. E CONSULTORIA.
- Custo unitário do orçamento inicial (EMOP): R$ 18.049.730,82;
- Custo unitário adotado pelo TCU (instrução anterior): R$ 20.083.736,69;
- Custo unitário do orçamento revisado (EMOP): R$ 18.049.730,82;
- Custo unitário revisado TCU: R$ 18.523.113,46.
Argumento:
Não houve comentários a respeito desses itens.
Análise:
Em busca de referenciais, a equipe realizou análise expedita dos custos envolvidos por meio de
percentual em relação ao valor total da obra. O método baseia-se em experiências anteriores que
permitam estabelecer correlações aproximadas entre os custos de projeto e os custos das construções.
Aplica-se um percentual único sobre o valor das obras e este percentual será definido em função do porte
do empreendimento e do seu grau de complexidade. Dado que houve redução efetiva do valor
orçamentário, torna-se necessário reavaliar os custos de projetos.
A obra corresponde a uma reforma de estádio, com fornecimento considerável de equipamentos.
Sendo assim, a equipe considerou adequada a utilização de um percentual único de 2,5% sobre o custo
total da reforma, estimado em R$ 740.924.538,37.
Obteve-se, assim, um parâmetro de comparação, por meio do qual essa despesa deveria ser
inferior a R$ 18.523.113,46.
Houve necessidade de recalcular esse valor, dado que o orçamento-base foi sofrendo reduções ao
longo da análise desta equipe.
315
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
05.002.004-0 m³
DEMOLIÇÃO COM EQUIPAMENTO DE AR COMPRIMIDO, DE MASSAS DE CONCRETO
ARMADO, EXCETO PISOS OU PAVIMENTO Un. Coef C. Unit C. Total
05.002.003-1 Demolição, com equipamento de ar comprimido, de massas de
1541 concreto simples, exceto pisos ou pavimentos m³ 1,7 153,92 261,67
05.002.003-1
(01541) m³
DEMOLIÇÃO COM EQUIPAMENTO DE AR COMPRIMIDO, DE MASSAS DE
Sinapi CONCRETO SIMPLES, EXCETO PISOS OU PAVIMENTO Un. Coef % C. Unit C. Total
73388 COMPRESSOR DE AR DIESEL REBOCAVEL 170PCM (CI) h 0,5 11,12 5,56
73388 COMPRESSOR DE AR DIESEL REBOCAVEL 170PCM (CP) h 1,5 42,09 63,14
MARTELETE OU ROMPEDOR PNEUMATICO TIPO ATLAS COPCO TEX-32
I 4044 32,6 KG OU EQUIV h 4 2,70 10,80
I 4250 OPERADOR DE COMPRESSOR OU COMPRESSORISTA h 2 5 9,36 19,66
I 4235 CAVOUQUEIRO OU OPERADOR PERFURATRIZ/ROMPEDOR h 4 5 10,71 44,98
I 6111 SERVENTE OU OPERARIO NAO QUALIFICADO h 2 5 7,31 15,35
total 153,92
Portanto, o novo custo referencial para o serviço é de R$ 261,67 por metro cúbico de demolição.
Serviço (14.002.844-6): FORRO EM GRADE METÁLICA ELETROFUNDIDA MALHA 30 X
100 MM, H = 20 CM, SENDO BARRA PRINCIPAL 20 X 2 MM, EM AÇO CARBONO SAE
1006/1020, ACAB. PINT. ELETROST. FORNEC. E INSTALAÇÃO.
- Custo unitário do orçamento inicial (EMOP): R$ 163,52;
- Custo unitário adotado pelo TCU (instrução anterior): R$ 112,72;
- Custo unitário do orçamento revisado (EMOP): R$ 110,95;
- Custo unitário revisado TCU: R$ 112,72.
Argumento:
Foram acatados os coeficientes de mão de obra adotados pelo TCU. O custo de mão de obra
utilizado na nova composição foi o previsto pela EMOP. Diante dessas considerações, o custo unitário
do serviço foi para R$ 110,95/m2.
Análise:
A composição do serviço foi acatada pela EMOP, diferindo apenas no custo dos insumos de mão
de obra. Utilizando os insumos do Sinapi, o custo referencial do serviço é de R$ 112,72/m2.
Serviço (19.004.211-6): LOCAÇÃO DE GUINDASTE FIXO, TP. GRUA, CAP. MAX CARGA
25000 KG, CAP. PONTA DA LANÇA = 5500 KG, RAIO DE ALCANCE 70 M, TORRE EST. H. UTIL
47 M, INCLUSIVE OPERADOR, EXCLUSIVE INST. ELÉTRICA, ATERR, BASE, CONC,
CONTRAPESO.
Serviço (19.004.212-6): LOCAÇÃO DE GUINDASTE FIXO, TP. GRUA, CAP. MAX CARGA
25000 KG, CAP. PONTA DA LANÇA = 5500 KG, RAIO DE ALCANCE 70 M, TORRE EST. H. UTIL
57 M, INCLUSIVE OPERADOR, EXCLUSIVE INST. ELÉTRICA, ATERR, BASE, CONC,
CONTRAPESO.
- Custo unitário do orçamento inicial (EMOP): Os serviços não constaram do orçamento inicial;
- Custo unitário do TCU (instrução anterior): Os custos não foram analisados anteriormente;
- Custo unitário do orçamento revisado (EMOP): R$ 538,65 (19.004.211-6);
R$ 561,80 (19.004.212-6);
- Custo unitário revisado TCU: R$ 426,21 (para ambos os serviços).
Argumento:
A EMOP apresentou as seguintes composições para os serviços:
317
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
UNIDADE h
DESCRIÇÃO CÓDIGO UNID. QUANT. % P. UNIT VALOR
MATERIAL
TOTAL A 0,0000
EQUIPAMENTO
GUINDASTE FIXO TIPO GRUA ALT. 57,00m h 1,0000 481,7200 481,7200
TOTAL B 481,7200
MÃO-DE-OBRA
SINALIZAÇÃO / RIGGER PARA GUINDASTE
TIPO GRUA 57,00m (05.105.322-6) h 1,0000 32,5600 32,5600
MANUTENÇÃO PREVENTIVA h 1,0000 24,3700 24,3700
TOTAL C 56,9300
SOMA (A+B+C) = R$ 538,65
TOTAL (I0 = 12/09) = R$ 538,65
MEMÓRIA DE CÁLCULO
OBRA: REFORMA DO MARACANÃ-COPA 2014
CONTRATADA: CONSÓRCIO ODEBRECHT / DELTA / ANDRADE GUITIERREZ
LOCAL DE SERVIÇO: MARACANÃ COPA 2014
DATA: terça-feira, 19 de julho de 2011
SERVIÇOS
LOCAÇÃO DE GUINDASTE TIPO GRUA 47,00m
CÁLCULO DE LOCAÇÃO GUINDASTE TIPO GRUA 47,00m
19.004.
I0 = DEZ./2009 : 2625
I0 = MAR./2011 : 2771
UNIDADE h
DESCRIÇÃO CÓDIGO UNID. QUANT. % P. UNIT VALOR
MATERIAL
TOTAL A 0,0000
EQUIPAMENTO
GUINDASTE FIXO TIPO GRUA ALT. 57,00m h 1,0000 504,8700 504,8700
TOTAL B 504,8700
MÃO-DE-OBRA
SINALIZAÇÃO / RIGGER PARA GUINDASTE
TIPO GRUA 57,00m (05.105.322-6) h 1,0000 32,5600 32,5600
MANUTENÇÃO PREVENTIVA h 1,0000 24,3700 24,3700
TOTAL C 56,9300
SOMA (A+B+C) = R$ 561,80
TOTAL (I0 = 12/09) = R$ 561,80
SECRETARIA DE ESTADO DE OBRAS - SEOBRAS
EMPRESA DE OBRAS PÚBLICAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - EMOP
MEMÓRIA DE CÁLCULO
OBRA: REFORMA DO MARACANÃ-COPA 2014
CONTRATADA: CONSÓRCIO ODEBRECHT / DELTA / ANDRADE GUITIERREZ
LOCAL DE SERVIÇO: MARACANÃ COPA 2014
DATA: terça-feira, 19 de julho de 2011
SERVIÇOS
LOCAÇÃO DE GUINDASTE TIPO GRUA 57,00m
CÁLCULO DE LOCAÇÃO GUINDASTE TIPO GRUA 57,00m
19.004.
I0 = DEZ./2009 : 2625
I0 = MAR./2011 : 2771
UNIDADE h
DESCRIÇÃO CÓDIGO UNID. QUANT. % P. UNIT VALOR
MATERIAL
TOTAL A 0,0000
EQUIPAMENTO
TOTAL B 0,0000
MÃO-DE-OBRA
TÉCNICO (05.105.050-0) h 1,0000 16,2800 16,2800
ENCARREGADO (05.105.028-0) h 1,0000 16,2800 16,2800
TOTAL C 32,5600
SOMA (A+B+C) = R$ 32,56
TOTAL (I 0 = 12/09) = R$ 32,56
O custo horário das gruas foi obtido pela EMOP a partir de proposta obtida da empresa Aussie,
apresentada parcialmente a seguir:
320
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Análise:
A análise dos preços das gruas baseou-se, inicialmente, na Tabela da Abemi – Associação
Brasileira de Engenharia Industrial. A referida tabela é utilizada pela Petrobrás na estimativa do custo
dos equipamentos em obras de montagem industrial. De forma conservadora, foi tomada uma grua com
capacidade de carga de 100 toneladas, enquanto a cotada pela EMOP junto à Aussie admite apenas 25
toneladas de capacidade de carga.
[vide documento original]
A data base da referida tabela é novembro/2006. A própria tabela apresenta o índice de reajuste
aplicável até dezembro/2009 (data-base do orçamento do Maracanã), no caso deve ocorrer uma
correção de 11,75% sobre o valor da tabela. A indicação do referido índice de reajuste encontra-se
apresentada na figura a seguir:
[vide documento original]
Assim, o preço mensal da grua é de R$ 40.788,55. A Tabela Abemi considera que os equipamentos
serão utilizados em 190 horas por mês. Assim, o custo horário da grua de 100 toneladas é de R$ 214,68.
Visando obter um segundo referencial para o custo horário das gruas, obteve-se nos autos do TC-
013.342/2008-3 (Fiscobras/2008 – Auditoria na obra da Usina de Angra 3) proposta comercial da
empresa Liebherr, líder mundial na fabricação de equipamentos do gênero, para fornecimento de grua
com características semelhantes. O referido processo foi apreciado mediante o Acórdão 1.624/2009 –
Plenário, acatando proposta da Unidade Técnica relativa à estimativa do custo horário dos
equipamentos (item 9.1.8).
A proposta obtida encontra-se reproduzida em essência a seguir:
[vide documento original]
Com base no custo de aquisição da proposta da Liebherr, estimou-se o custo horário do
equipamento tomando como base a metodologia preconizada no manual de custos rodoviários do DNIT.
O valor em Euros da proposta da Liebherr está na condição “ex-works”, devendo ser considerado o
custo de internalização do referido equipamento no território nacional.
Com esse intuito, foram adotadas as seguintes referências:
Despesas e
Alíquota VALOR Cálculos
Tributos
VALOR
1,0
CIF
321
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
SERVIÇO
REVESTIMENTO CERÂMICO TIPO GRÉS P/ USO INDUSTRIAL, EM PLACA EXTRUDADA 300x300x12MM,
TIPO KERAFLOOR REF.7032/1015, COR CINZA CLARO, DA GAIL OU SIMILAR. FORNECIMENTO E
INSTALAÇÃO.
Unid. M²
Dado que a produtividade desse serviço aplicado sobre paredes é menor do que para o
revestimento de piso, optou-se por multiplicar os coeficiente de mão de obra previstos para o serviço de
revestimento de piso pelo fator de 1,25, conforme fez a EMOP para diferenciar esses serviços.
Dessa maneira, a nova composição de referência proposta pela equipe técnica do TCU está
apresentada a seguir:
REVESTIMENTO CERAMICO TIPO GRES P/USO INDUSTRIAL, EM PLACA EXTRUDADA
300X300X12MM, TIPO KERAFLOOR REF. 7032/1015,COR CINZA CLARO GAIL OU
Serviço:
SIMILAR.FORN.INSTAL. P/ MARACANA COPA 2014
Ma te rial 81,26
Mã o de Obra 13,61
Composições Auxiliares
UNIDADE m³
DESCRIÇÃO CÓDIGO UNID. QUANT. % P. UNIT VALOR
MATERIAL
PULVERIZAÇÃO DO MATERIAL DEMOLIDO DO
RESÍDUO (AÇO) E BRITAGEM DE CONCRETO
ARMADO m³ 1,0000 91,6600 91,6600
TOTAL A 78,3000
EQUIPAMENTO
TOTAL B 0,0000
MÃO-DE-OBRA
TOTAL C 0,0000
SOMA (A+B+C) = R$ 78,30
TOTAL (I0 = 12/09) = R$ 78,30
Análise:
A EMOP acatou parcialmente as considerações do TCU. O custo unitário do serviço foi diminuído
para R$ 78,07 por metro cúbico de reciclagem. Foi apresentada, pelo Governo do Estado do Rio de
Janeiro, nova composição para o serviço, na tentativa de justificar o novo preço.
Foi revisada a composição referencial. Foi utilizado, como sistema referencial, um conjunto de
britagem de produtividade 30 m³/h. O custo horário operativo está descrito na tabela abaixo.
325
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Para o crédito do aço, a EMOP descontou valores de ICMS e PIS/COFINS sobre o preço
praticado. Entende-se que essa metodologia é inadequada, dado que o aço retirado do concreto não será
resultante de atividades operacionais da empresa. Além disso, o valor do ICMS já está incluso no custo
da mercadoria.
Portanto, a composição referencial para o serviço é de R$ 22,11 por metro cúbico reciclado. Segue
a composição referencial adotada para o serviço.
327
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
UNIDADE m³
TOTAL A 22,1066
EQUIPAMENTO
TOTAL B 0,0000
MÃO-DE-OBRA
TOTAL C 0,0000
SOMA (A+B+C) = R$ 22,11
TOTAL (I0 = 12/09) = R$ 22,11
SERVIÇO
REVESTIMENTO DE PISO EM PLACAS DE GRANITO BRANCO POLAR POLIDO, MEDIDAS 60 x 60CM,E=2,00CM.
ASSENTADO COM NATA DE CIMENTO SOBRE ARGAMASSA DE CIMENTO, AREIA E SAIBRO, NO TRAÇO 1:2:2
E REJUNTAMENTO COM CIMENTO BRANCO.
Unid. M²
TOTAL A 155,28
EQUIPAMENTO
TOTAL B 0,00
MÃO-DE-OBRA
TOTAL C 33,61
SOMA (A+B+C) = 188,89
Análise:
Apesar da redução do valor do metro quadrado do granito de R$ 196,72 para R$ 188,89, persiste
o sobrepreço desse serviço.
A equipe técnica da Secob-1 considera a utilização do serviço 72138 do SINAPI como referência
favorável ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, uma vez que tal serviço prevê a utilização de placas
de granito quadradas com dimensão de 50 cm de lado, ao passo que, na reforma do Maracanã, está
prevista a utilização de placas de granito com dimensão de 60 cm de lado. Ressalta-se que a instalação
de placas maiores, regra geral, aumenta a produtividade da mão de obra, ou seja, os coeficientes
utilizados são menores.
331
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
No mais, o uso do SINAPI como sistema de referência para obras públicas é determinação da Lei
de Diretrizes Orçamentárias, sendo os outros sistemas de custos utilizados subsidiariamente.
Sendo assim, para esse serviço, a equipe técnica do TCU mantém o valor adotado na instrução
anterior.
Serviço (13.365.193-6): RODAPÉ DE GRANITO BRANCO POLAR, ESP = 2 CM E H = 10 CM,
ACABAM.POLIDO, ASSEN. C/ ARGAM. DE CIMENTO, AREIA E SAIBRO NO TRAÇO 1/2/2
SOBRE CHAPISCO DE CIMENTO E AREIA NO 1/3, REJ. DE CIMENTO BRANCO.
- Custo unitário do orçamento inicial (EMOP): R$ 31,43;
- Custo unitário adotado pelo TCU (instrução anterior): R$ 26,68;
- Custo unitário do orçamento revisado (EMOP): R$ 31,43;
- Custo unitário revisado TCU: R$ 31,43.
Argumento:
A EMOP alegou que a composição sugerida pela equipe técnica do TCU - item RV15.020.0550 do
SCO-RJ - contemplava apenas o fornecimento e colocação do rodapé, não sendo considerados o
chapisco, a argamassa 1:2:2 e o rejunte com cimento branco, ao contrário do previsto na composição
EMOP 13.365.193-6.
A empresa pública explicou que o assentamento do rodapé não era feito apenas com cimento, uma
vez que se recomendava a utilização de uma argamassa colante específica para mármore ou granito, ou,
no caso do item analisado, uma argamassa de cimento, areia e saibro no traço 1:2:2.
Aduziu que o chapisco seria necessário para garantir a porosidade na superfície onde o rodapé
seria assentado, para se evitar o risco de não aderência da argamassa.
A EMOP comparou os insumos SCO-RJ e EMOP (Io=12/09), conforme tabela abaixo:
Insumos SCO-RJ EMOP
Chapisco (m2) RV10.05.0050 R$ 13.001.010-1 R$
5,47 4,52
Afirmou, em relação à mão de obra, que o item EMOP 13.365.193-6 incluía o rejuntamento com
cimento branco, ao contrário do SCO-RJ.
Citou a composição do SBC – Item 170891, segundo a qual o serviço de rejuntamento em piso
agrega um excedente de mão de obra de:
Mão de obra SBC – item 170891 SCO-RJ assentamento Total
rejunte assentamento +
rejunte
Pedreiro 0,20h 0,40h 0,60h
Servente 0,41h 0,40h 0,81h
No item EMOP 13.365.020-0:
Mão de obra EMOP
Pedreiro 0,51h
Servente 0,71h
Como a mão de obra EMOP era menor, a empresa pública decidiu manter os mesmos coeficientes
adotados anteriormente. Portanto, foi mantido o valor de R$ 31,43/m2 (Io=12/09) para a composição
13.365.193-6.
332
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
SERVIÇO
RODAPÉ DE GRANITO BRANCO POLAR, ESP.=2CM E H=10CM, ACABAMENTO POLIDO, ASSENTE COM
ARGAMASSA DE CIMENTO, AREIA E SAIBRO,NO TRAÇO 1:2:2 SOBRE CHAPISCO DE CIMENTO E AREIA,
NO TRAÇO 1:3 E REJUNTAMENTO DE CIMENTO BRANCO.
Unid. M
TOTAL A 31,59
EQUIPAMENTO
TOTAL B 0,00
MÃO-DE-OBRA
MARMORISTA 01976 H 0,5100 5,0000 11,47 6,14
SERVENTE 01999 H 0,7100 5,0000 8,45 6,30
TOTAL C 12,44
SOMA (A+B+C) = 44,04
TOTAL (I0 = 12/09) = 31,43
Análise:
Conforme explicitado pela EMOP, o serviço referenciado na composição 13.365.193-6 não
poderia ser comparado ao item RV15.020.0550 do SCO-RJ (adotado pela equipe técnica do TCU), uma
vez que aquele era mais completo e adequado ao assentamento do rodapé de granito, por incluir em sua
especificação chapisco, argamassa 1:2:2 e rejunte com cimento branco.
Dessa forma, como a EMOP demonstrou que a referência adotada pela equipe técnica do TCU
não se assemelhava à composição EMOP 13.365.193-6, considera-se pertinente manter o custo unitário
proposto inicialmente pela empresa pública.
Serviço (11.011.030-1): CORTE, DOBRAGEM, MONT. E COLOC. DE FERRAG. NA FORMA,
AÇO CA-50B OU CA-50A, EM BARRA REDONDA C/ DIAM. DE 8 A 12,5MM.
- Custo unitário do orçamento inicial (EMOP): R$ 1,82;
333
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
SERVIÇO
REVESTIMENTO DE PISO CERÂMICO TP. GRÉS P/USO INDUSTRIAL, EM PLACA EXTRUDADA 300x300x12MM,
TIPO KERAFLOOR REF.7032/1015, COR CINZA CLARO, DA GAIL OU SIMILAR. FORNECIMENTO E
INSTALAÇÃO.
Unid. M²
Análise:
A composição TCPO-PINI 09.621.8.1.1, considerada pela EMOP mais adequada do que a
composição 22648/9 – Sinapi, vínculo da Superintendência Regional da Caixa no Estado do Rio de
Janeiro, se refere à placa cerâmica 240mm x 115mm x 9mm, que possui dimensões inferiores à placa
cerâmica componente do serviço analisado. No entanto, a produtividade da instalação de uma placa de
300 mm x 300 mm é maior, ou seja, os coeficientes de mão de obra são menores se comparados aos
necessários para a execução do piso de dimensão 240 mm x 115 mm. A composição sugerida pela EMOP
encontra-se descrita a seguir:
[vide documento original]
Portanto, para a equipe técnica do TCU, permanece não elidido o indício de sobrepreço para esse
serviço, uma vez que se mostram mais adequados os coeficientes de mão de obra do SINAPI.
335
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Defendeu que, mesmo com os estudos acima descritos, realizou cotação de mercado, onde obteve
os seguintes valores:
SERVIÇOS TENGEL TEC. DE ENGª BALBINO FUNDAÇÕES SOLOTRAT
AÇO CA-50
DADOS CONFORME DNIT: 18,57Kg/m
CONFORME PROJETO EMF - 2E-10-000-0810
AÇO CA-50 Ø 16mm
QUANT.: (8,00mm x 8,00mm) x 3,141693 x 0,00785 = 1,5784Kg/m
1,5784Kg/m x 6,00Un/m = 9,4703Kg
9,4703Kg + 15% = 10,8909Kg/m
AÇO CA-50 Ø 6,3mm
QUANT.: (3,15mm x 3,15mm) x 3,141693 x 0,00785 = 0,2447Kg/m
Ø33mm x 3,141693 = 103,6759cm ou 1,0367m
1,00m ÷ 0,15m = 6,6667Un/m
1,0367m x 6,6667Un/m = 6,9114m + 10% = 7,6025Kg/m
7,6025Kg/m + 15% = 8,7429Kg/m
Análise:
Tendo em vista os argumentos expostos pela EMOP, conclui-se que a composição apropriada pela
referida empresa pública é a mais adequada para o serviço. Foram apresentados estudos de perfuração
para estaca raiz e cotação de mercado para execução dos serviços.
Considerando o dimensionamento de projeto e uma nova cotação realizada, a EMOP argumenta
que o custo para execução dos serviços seria ainda maior que os obtidos anteriormente.
O estudo apresentado pela empresa pública é coerente. Foram considerados detalhes mais
precisos, como taxa de aço por metro de estaca, que os utilizados pela composição adotada pelo TCU.
Dessa forma, serão acatadas as considerações apresentadas. Assim, o custo paradigma dos
serviços passa a ser de R$ 337,29.
VOTO
11. Quanto à validade das pesquisas de preços realizadas pela equipe, reproduzo trecho do art. 125,
§ 2º, da Lei 12.465/2011 (LDO 2012):
"§ 2o Nos casos de itens não constantes dos sistemas de referência mencionados neste artigo, o
custo será apurado por meio de pesquisa de mercado, ajustado às especificidades do projeto e justificado
pela Administração."
12. No que se refere aos critérios específicos, de maneira a demonstrar a amplitude do trabalho,
apresento esta pequena amostra:
a) sistema de cobertura tensionada – comparação dos preços contratuais com pesquisas de preços de
empresas tradicionais de mercado;
b) sistema de ar condicionado, serviços (cablagens, conectorizações, instalação e interligação de
softwares), sistema de controle de acesso, sistema de sonorização, sistema de CFTV, sistema de
automoção predial, sistemas de energia ininterrupta, esquadrias de alumínio – cotações de mercado com
empresas de reconhecido know how, a partir do projeto executivo do Maracanã; possível sobreavaliação
no quantitativo de chapas de aço para os dutos de ar;
c) administração local – identificação de possível sobreavaliação de quantidades (em horas
trabalhadas) e dos salários dos profissionais relacionados;
d) mobiliário esportivo – comparação direta entre as próprias cotações apresentadas no projeto
executivo;
e) recuperação estrutural do estádio – montagem da curva ABC dos subitens, onde se constataram
duplicidades em subserviços apresentados nas composições unitárias; avaliaram-se possíveis
subavaliações de produtividades e sobrepreços noutros subserviços;
f) pré-moldado de concreto – custos referenciais do concreto usinado dos referenciais da EMOP;
custos de montagem, desmontagem e limpeza de formas metálicas da Pini, como também os de
lançamento de concreto em peças pré-moldadas, descarga de entulho, transporte e desmoldante;
g) piso monolítico de alta resistência, concreto 35 MPa, barras de aço CA-50, alvenaria de bloco de
concreto, pastilha de porcelana – referências do Sinapi, acompanhadas de pesquisa no mercado de
insumos específicos, quando ausentes;
h) demolição de concreto armado com equipamento especial – avaliação direta das produtividades e
do número de profissionais, em comparação com a inspeção nas obras;
i) reciclagem do material proveniente das demolições – avaliação dos custos horários dos
equipamentos, em comparação com o mercado.
13. Neste primeiro estágio de avaliação, encontrou-se um possível sobrepreço de R$ 163,4 milhões
no orçamento da obra. Como o Governo do Estado já reconhecera a necessidade de corrigir mais de R$
24 milhões, a diferença de preços a justificar foi de R$ 136,8 milhões.
III
14. Feitos os apontamentos preliminares da equipe, o governo estadual foi chamado a se pronunciar
nos autos.
15. Em meio às peças 69 a 73 e após reuniões técnicas para dirimir quaisquer dúvidas e esclarecer
as nuanças executivas de cada serviço questionado, todas acompanhadas pela minha assessoria, foi
apresentado um novo orçamento pelo Governo do Rio no valor de R$ 859.472.464,51.
16. Essa nova peça, devidamente revisada, resultou de um processo ímpar e contínuo de análise,
submissão ao contraditório e reanálise do projeto e de seu orçamento. As diversas etapas de exame,
defesa e contradefesa, devidamente esmiuçadas no relatório que antecede este voto, culminaram na
apresentação de um novo orçamento pelo governo do Estado do Rio com uma redução do valor
inicialmente proposto em mais de R$ 97 milhões.
17. Em sua grande maioria, acatou-se a análise realizada pela equipe do Tribunal. Destaco alguns
serviços onde houve sensíveis reduções de preços:
desmontagem de estrutura metálica para o Maracanã – R$ 11,2 milhões;
demolição da estrutura de concreto armado – R$ 8,9 milhões;
sistema de ar condicionado – R$ 7,3 milhões;
locação de equipe de topografia – R$ 7,2 milhões;
342
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
130. Caberá à FIFA ou à Subsidiária FIFA no Brasil a apresentação à Receita Federal da relação
dos eventos e das pessoas físicas e jurídicas passíveis de serem beneficiadas pelas desonerações previstas.
Na impossibilidade de a FIFA ou de sua subsidiária no Brasil apresentar essa relação, caberá ao LOC
(Comitê Organizador Brasileiro Ltda.) apresentá-la. LOC é a empresa reconhecida pela FIFA, constituída
com o objetivo de promover a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e os eventos relacionados.
131. Caso se considere o referido regime tributário regulamentado, deve-se atentar para as seguintes
exigências de habilitação para o RECOM, da Portaria n. 209/2010: orçamento da obra com detalhamento
dos custos por atividade, levando-se em conta a suspensão de tributos prevista no RECOM; e certificação
do LOC de que o projeto está compatível com as exigências da FIFA para os fins relacionados às
competições.
132. No caso da reforma do Estádio Maracanã, ainda não há orçamento da obra levando-se em
conta a suspensão de tributos prevista no RECOM. Além disso, a FIFA ainda não homologou o projeto
executivo dessa obra, o que impede a emissão da certificação do LOC."
26. Nesses termos, ao tempo em que julgo necessária a ciência ao BNDES sobre a necessidade da
promoção do reequilíbrio econômico-financeiro do Contrato 101/2010 na hipótese da confirmação da
utilização destes benefícios, creio que se deva realizar um trabalho mais amplo sobre o assunto; tanto para
averiguar o reflexo desta isenção nos outros estádios da Copa, como para aprofundar a viabilidade da
fruição desta possibilidade sob o manto do rol normativo ora existente. Proponho determinar à Segecex,
por meio da unidade que entender pertinente, que proceda a tal verificação.
V
27. Finalmente, de maneira a viabilizar o efetivo controle social, ajuízo que a tempestiva
alimentação do Portal de Acompanhamento da Copa se faz imprescindível. Tal qual abrigado pela IN-
TCU nº 62/2010, a alimentação do site é condição para o regular fluxo de recursos aos financiamentos
realizados no âmbito do Programa ProCopa Arenas. Deve-se alertar ao BNDES sobre tal regramento,
como condicionante para o repasse de valores.
28. Em face da importância do corrente processo ao evento Copa do Mundo de 2014, julgo também
necessário encaminhar cópia desta decisão, acompanhada do relatório e do voto que a fundamentam a
todos os órgãos direta ou indiretamente envolvidos com o evento.
29. Em epílogo, mais uma vez, ressalto que a atuação tempestiva desta Corte de Contas resultou em
um benefício efetivo que ultrapassa os R$ 97 milhões. Um trabalho preventivo, sem paralisar as obras.
Assim, cumprimento novamente os técnicos responsáveis por este trabalho, que, com o empenho
costumeiro, viabilizaram a inclusão em pauta deste processo com a agilidade necessária ao deslinde desta
relevante ação de controle. Saúdo também a elogiável postura do Governo do Rio de Janeiro, que
providenciou os ajustes necessários no orçamento, com a celeridade exigida, para viabilizar a
continuidade deste importante símbolo da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 – o estádio
do Maracanã.
Ante todo o exposto, voto no sentido de que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto a este
Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relator
1. Processo nº TC-015.231/2011-9
2. Grupo I, Classe de Assunto V- Relatório de Acompanhamento
3. Entidade: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
344
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. ACÓRDÃO:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de acompanhamento, realizado em face da
determinação prevista no Acórdão nº 2.298/2010-TCU-Plenário, com o objetivo de acompanhar a
operação de crédito relativa ao projeto de reforma e adequação do Estádio Mário Filho – Maracanã, a ser
celebrada entre o BNDES e o Estado do Rio de Janeiro, e que se insere no esforço para realização da
Copa do Mundo de Futebol de 2014.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator em:
9.1. dar ciência ao BNDES e ao Governo do Estado do Rio de Janeiro que:
9.1.1. após o exame do projeto executivo do empreendimento e de seu respectivo orçamento,
encaminhado ao Tribunal por meio do Ofício SSE/nº 3119/2011 – SEOBRAS, no valor de R$
859.472.464,51, não existem, até o momento, óbices por parte deste Corte de Contas ao regular repasse
de recursos às obras de reforma e adequação do Estádio Mário Filho (Maracanã), nos termos pactuados
no contrato de empréstimo firmado entre o Banco e o Governo do Estado do Rio de Janeiro;
9.1.2. no caso de a obra de reforma do Estádio do Maracanã ser beneficiada pela isenção fiscal
prevista na Lei nº 12.350/2010, o repasse de recursos está condicionado à promoção do reequilíbrio
econômico-financeiro do Contrato 101/2010;
9.1.3. a tempestiva alimentação do Portal de Acompanhamento dos Gastos para a Copa do Mundo
de 2014 (www.copatransparente.gov.br) é condição para o regular fluxo de recursos aos financiamentos
realizados no âmbito do Programa ProCopa Arenas, em face do que dispõe o art. 3º da IN-TCU nº
62/2010;
9.2. determinar à Segecex que, por meio da unidade que entender competente, verifique, em autos
específicos, se os contratos para construção, reforma e ampliação dos estádios para a Copa de 2014
financiados pelo BNDES estão ou podem estar se beneficiando da isenção fiscal prevista na Lei
12.350/2010, bem como se os ajustes foram precedidos de termo aditivo para reequilíbrio econômico
financeiro das avenças, em proporção aos benefícios fiscais eventualmente concedidos;
9.3. determinar à 9ª Secex que prossiga com o acompanhamento das ações do BNDES de reforma
do Estádio do Maracanã, no âmbito do Programa PróCopa Arenas, em especial quanto à efetiva
observância dos itens 9.1.2 e 9.1.3 desta decisão;
9.4. dar ciência deste Acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentaram:
9.4.1. ao Ministério do Esporte e à Casa Civil da Presidência da República;
9.4.2. ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social;
9.4.3. ao Governo do Estado do Rio de Janeiro;
9.4.4. à Controladoria Geral da União;
9.4.5. ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro;
9.4.6. ao Coordenador do Grupo de Trabalho "Copa do Mundo" da 5ª Câmara de Coordenação e
Revisão do Ministério Público Federal;
9.4.7. ao Presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, ao Presidente
da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, e ao Presidente da
Comissão do Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle do Senado Federal; e
9.5. arquivar os correntes autos.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
DECLARAÇÃO DE VOTO
Gostaria de destacar o magnífico trabalho realizado pela Secob-1 em conjunto com a Controladoria
Geral da União (CGU), sob a condução do eminente Ministro Valmir Campelo.
2. Trata-se de operação de crédito a ser celebrada entre o BNDES e o Estado do Rio de Janeiro para
a reforma e adequação do Maracanã visando à COPA de 2014.
3. Segundo informações do relatório da unidade técnica, a obra, licitada em junho de 2010, foi
adjudicada ao consórcio vencedor por R$ 705 milhões (2,14% inferior ao orçamento base).
4. Verificada a impossibilidade de se aproveitar a cobertura original, a sua demolição, e construção
de uma nova, majorou o orçamento em R$ 251 milhões, atingindo o montante de R$ 956,7 milhões.
5. No processo de consolidação e entrega da documentação à Secob-1, o Estado do RJ esclareceu
que o total orçado fora alterado para R$ 931,8 milhões, representando uma redução de R$ 24,9 milhões.
6. Da redução total, R$ 23,9 milhões decorreram dos questionamentos iniciais da Secob-1, a partir
dos quais, a quantidade de portões de enrolar foi reduzida de 495 para 5 (R$ 12,4 milhões) e foi
suprimido o serviço “piso monolítico de alta resistência” (R$ 11,5 milhões).
7. A partir do valor de R$ 931,8 milhões, a Secob-1, em conjunto com técnicos da CGU, efetuou
uma miniciosa análise do orçamento, e detectou indícios de sobrepreço na ordem de R$ 163,4 milhões.
8. Esse sobrepreço foi reduzido para R$ 136,8 milhões depois de novos ajustes efetuados no último
orçamento e corrigidas as omissões constatadas.
9. Após a oitiva do Estado do Rio de Janeiro, foi apresentado um novo orçamento, com valor total
das obras estimado em R$ 859,4 milhões, já incluídos os serviços não previstos no orçamento original.
10. Ao todo a economia para o erário estadual foi da ordem de R$ 97 milhões.
11. Os valores envolvidos chamam à atenção e denotam a importância do trabalho realizado, após o
que, o retorno do empréstimo do BNDES tende a se concretizar com maior segurança.
Por essa razão, acredito que todos os participantes da empreitada são merecedores das
congratulações deste Tribunal, razão por que acompanho, na íntegra, o eminente Relator.
346
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
AUGUSTO NARDES
Ministro
RELATÓRIO
fossem trajetos, porém sem indicar a quantidade de quilômetros até a sede do município respectivo,
omissão que impede a correta medição dos serviços prestados.
2.3.2. O Termo de Referência aponta valores e quantitativos divergentes no item 9 - Estimativa de
Custos, pois no primeiro subitem aponta o valor mensal estimado de R$ 15.359,98, média de 9.253 km
por mês, 111.036 km por ano e R$ 184.319,76 por ano; entretanto o segundo subitem aponta o valor
estimado por viagem de R$ 5.046,40, média de 3.040 km por viagem, 9.120 km por ano e R$ 15.139,20
anual.
2.3.3. Não existe, no Termo de Referência, modelo ou previsão para que o licitante vencedor
apresente planilha de composição de custos e formação de preços ou de memória de cálculo detalhada
dos encargos e insumos que fundamentam os valores de sua proposta, contrariando o § 2º do art. 9º do
Decreto nº 5.450/2005. Tal omissão mostrou-se crítica ao responder recurso interposto por outro
licitante, questionando a exequibilidade dos preços da vencedora. Processo 055/2008, Edital de Pregão
Eletrônico 05/2008; responsável: Margarida de Fátima Nicoletti, ex-Coordenadora Regional do Cone-
Sul - Dourados.
2.4. Ausência de aprovação da autoridade competente do Termo de Referência, bem como ausência
de manifestação sobre o recurso interposto pela licitante Rima Ambiental Ltda., no procedimento do
Pregão Eletrônico nº 05/2008. Processo 055/2008, Edital de Pregão Eletrônico 05/2008; responsável:
Margarida de Fátima Nicoletti, ex-Coordenadora Regional do Cone-Sul - Dourados.
2.5. Liquidação da despesa efetuada sem elementos suficientes à adequada verificação do
quantitativo dos serviços prestados, a exemplo das datas, trajetos percorridos e respectiva
quilometragem. Processo 55/2008, Contrato 079/2008, assinado em 11/06/2008; NF 227 (anterior à
portaria de designação do fiscal); 2008OB900893, no valor de R$ 11.293,43, NF 229 e 230;
20080B901003, no valor de R$ 5.034,23; 20080B901004, no valor de 2.500,00; 2008OB901005, no
valor de R$ 1.730,00, NF 2162301; 2008OB901179, no valor 4.275,70, NF 2243306; 2008OB901537, no
valor de 5.987,54, NF 2321436; 2009OB800116, no valor de R$ 11.340,00, NF 2415216. Responsáveis:
Jonas Rosa, fiscal do Contrato 079/2008, designado pela Portaria n° 12/AER CONE SUL/2008, de
28/08/2008.
2.6. Pagamentos de despesas liquidadas sem elementos suficientes a adequada verificação do
quantitativo dos serviços prestados, a exemplo das datas, trajetos percorridos e respectiva
quilometragem. Evidencias: Processo 55/2008, Contrato 079/2008, assinado em 11/06/2008;
2008OB900757, no valor de 13.942,50, NF 227 (anterior à portaria de designação do fiscal);
2008OB900893, no valor de R$ 11.293,43, NF 229 e 230; 2008OB901003, no valor de R$ 5.034,23;
2008OB901004, no valor de 2.500,00; 2008OB901005, no valor de R$ 1.730,00; NF 2162301,
2008OB901179, no valor 4.275,70, NF 2243306; 2008OB901537 valor de 5.987,54, NF 2321436 e
2009OB800116, no valor de R$ 11.340,00, NF 2415216. Responsável: Margarida de Fátima Nicoletti,
ex-gestora que autorizou os pagamentos. Processo 148/2007, NF 17789222; Processo 294/2007, NF
1778927; gestor: Eliezer Cardoso Louzado Cruz, ex-Coordenador Regional do Cone Sul Dourados.
3. Os responsáveis listados nos subitens precedentes foram chamados para apresentar razões de
justificativa, sendo que todos compareceram aos autos para apresentar suas alegações.
II - ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES
Alegações apresentadas pela Sra. Margarida de Fátima Nicoletti.
4. A Sra. Margarida de Fátima Nicoletti, que foi ouvida em razão das ocorrências descritas nos
itens 2.1 a 2.4 e 2.6 deste relatório, apresentou (Peça 24) as alegações adiante relatadas.
5. Relativamente à ausência, no Termo de Referência, da quantidade de quilômetros até a sede do
município respectivo, impedindo a precisa medição do serviço de locação de veículos, constante no item
2.3.1 a supra, aduz que, embora a responsabilidade de colocar as informações no processo seja da
Pregoeira, apresenta os dados referentes à quilometragem das aldeias, constante no Anexo I.
6. No que tange à constatação referente à divergência nos valores e quantitativos entre os primeiro
e segundo subitens do item 9 do Termo de Referência, e ausência de modelo ou previsão para que o
licitante vencedor apresente a planilha de composição de custos e formação de preços ou de memória de
cálculo detalhada dos encargos e insumos que fundamentam os valores de sua proposta, relatadas nos
348
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
itens 2.3.2 e 2.3.3, argumenta que ambos eram da responsabilidade da pregoeira Eunice Marques
Coutinho da Silva e sua equipe de apoio, Doralice de Carvalho Silveira e Jonas Rosa.
7. Sobre a ausência de aprovação da autoridade competente do Termo de Referência, bem como
ausência de manifestação sobre o recurso interposto pela licitante Rima Ambiental Ltda., no
procedimento do Pregão Eletrônico nº 05/2008, informa que eram da responsabilidade da equipe de
licitação e setor administrativo.
8. Alega, sobre a liquidação da despesa efetuada sem elementos suficientes à adequada verificação
do quantitativo dos serviços prestados, a exemplo das datas, trajetos percorridos e respectiva
quilometragem, que a técnica responsável pelo Setor Financeiro detinha conhecimento e domínio sobre o
assunto e ‘poderia esclarecer os fatos’.
9. Ao final, acrescenta que a Funai Nacional não oferecia condições adequadas de trabalho para a
‘demanda gigantesca’, de atender uma população indígena de 45.000 pessoas vivendo em conflito, fome,
violência, mortes, sendo que a administração local foi invadida por índios por várias vezes. Situação esta
do conhecimento do órgão em âmbito nacional, que ‘muito pouco ou quase nada fez na época, para
resolver os problemas’.
Análise das Alegações.
10. Preliminarmente à análise das alegações sobre as omissões e obscuridades verificadas no
Termo de Referência do Pregão 05/2008, cumpre observar que o art. 9º, inc. I e § 2° do Decreto
5.450/05, define que o referido documento conterá indicação do objeto de forma precisa, suficiente e
clara.
11. A apresentação tardia da listagem das aldeias com as respectivas quilometragens até as sedes
de municípios não afasta a irregularidade, pois a omissão desses trajetos no Termo de Referência do
Pregão Eletrônico nº 05/2008 impediu a demonstração objetiva dos quantitativos passíveis de
contratação, bem como a precisa medição dos serviços prestados, conforme se observa na ocorrência
relatada no subitem 2.5 retro, além de caracterizar o descumprimento do supra citado Decreto nº
5.450/05.
12. A alegação de que a responsabilidade pela inserção das informações no processo era da
Pregoeira não é procedente, pois, embora a Pregoeira tenha assinado o Edital, não faz parte da
competência desta função a elaboração do Termo de Referência, conforme disposto no art. 11 do
Decreto nº 5.450/2005, que lista as atribuições do pregoeiro. A competência para elaboração do referido
documento é do órgão requisitante, conforme disposição do inciso I do art. 9º do supracitado Decreto nº
5.450/2005.
12.1. Cumpre esclarecer que o ofício que, em tese, serviria para solicitar a abertura do
procedimento licitatório, originado do Serviço de Assistência, solicita a contratação de apenas um
veículo com motorista, com capacidade de quinze passageiros, destinado ao transporte da equipe de
apoio ao Subprograma de Segurança Alimentar e Autossustentação, visando realizar o cadastramento
das famílias indígenas e acompanhamento na entrega das cestas (P. 4, p. 2).
12.2. Observando o item 1 do Edital, que define o objeto a ser contratado, constata-se que foram
licitados uma van e um ônibus, para outras finalidades além daquela solicitada no documento supra
citado. Portanto, se o objeto licitado não se coaduna com o pedido formulado pelo Serviço de Assistência
não é adequado considerar esse Serviço como órgão requisitante, para o fim de responsabilizá-lo pela
elaboração do Termo de Referência.
12.3. Por ser a Sra. Margarida de Fátima Nicoletti então gestora do órgão e considerando que esta
responsável tinha o dever de homologar a licitação, conforme previsão do art. 8°, inc. VI, do Decreto
5.450/05 (Regulamento do Pregão Eletrônico), foi chamada em audiência. Cabendo ressaltar que, por
ser a homologação o ato pelo qual a autoridade competente ratifica todo o procedimento licitatório e
confere aos atos praticados aprovação para que produzam os efeitos jurídicos necessários, era dever da
ex-gestora zelar para que o procedimento fosse conduzido dentro dos parâmetros legais.
12.4. Ademais, cumpre registrar que o órgão Regional da Funai em Dourados tem número
reduzido de servidores, condição que facilita o cumprimento do dever do gestor de exercer a supervisão,
349
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
que é imposto ao superior hierárquico em relação aos atos de seus subordinados. A omissão desse dever
caracteriza a culpa in vigilando.
12.5. Portanto, não pode a autoridade competente, no caso, a Sra. Margarida de Fátima Nicoletti,
pretender transferir a responsabilidade para a pregoeira, haja vista que esta não participa do processo
de elaboração e aprovação do termo de referência.
13. A argumentação de que as divergências ocorridas no item 9 do Termo de Referência e da
ausência de previsão para o licitante vencedor apresentar a planilha da composição de custos, são de
estrita responsabilidade da Pregoeira e sua equipe, também são improcedentes, pois, da mesma forma
que no item precedente, competia à ex-gestora aprovar o Termo de Referência e homologar o
procedimento licitatório, devendo zelar para que o procedimento fosse conduzido dentro dos parâmetros
legais.
14. A alegação de que a aprovação do termo de referência e de ausência de manifestação sobre o
recurso interposto eram da competência do setor administrativo e da equipe de licitação são
improcedentes. Primeiro porque o Decreto nº 5450, de 31/05/2005, em seu art. 8º, inciso II prescreve que
a aprovação será feita pela autoridade competente, assim competia à Sra. Margarida aprovar o referido
documento.
14.1. Ademais, diante das peças que compõem o referido processo, observa-se que o ato de aprovar
o termo de referência foi objeto de orientação do parecer jurídico (Peça 4, p. 37), não cabendo nem
mesmo alegação de desconhecimento do regulamento do pregão.
14.2. Cumpre ressaltar que a pregoeira examinou os recursos, manteve sua decisão e assinou
despacho encaminhando o processo do Pregão Eletrônico nº 5/2008 para que a Sra. Margarida de
Fátima Nicoletti decidisse os recursos (Peça 4, p. 126), conforme prescreve o art. 8°, inc. IV, do Decreto
5.450/05.
14.3. Assim, a responsável, mesmo orientada por parecer jurídico e pela Pregoeira, não
desempenhou suas atribuições legais. Tais omissões evidenciam a falta de cuidado e de atenção com o
trato da coisa pública, que são elementos que caracterizam a negligência, e consequentemente a
culpabilidade da responsável.
15. A justificativa de que os pagamentos de despesas liquidadas sem elementos suficientes à
adequada verificação do quantitativo dos serviços prestados eram da responsabilidade da técnica
responsável pelo Setor Financeiro mostra-se improcedente, pois a responsável era a gestora daquela
unidade da Funai, cabendo-lhe o dever de supervisionar os serviços de seus subordinados, ainda mais se
tratando de órgão com estrutura reduzida como é a Coordenação regional da Funai em Dourados. O
pagamento de despesas sem regular liquidação contraria o art. 62 c/c o inciso II, § 2º, do art. 63 da Lei
nº 4.320/64, bem como o princípio da legalidade insculpido no art. 37, caput, da Constituição Federal.
16. A alegação de que a Funai Nacional nada fez para resolver a situação vivida pelo órgão
regional merece ser vista como atenuante, porém não exime a ex-gestora da responsabilidade pela
omissão na aprovação do termo de referência e a ausência de manifestação sobre o recurso, ambos com
expressa orientação nos autos, bem como de se eximir de seu dever de supervisão em um órgão de
pequeno porte como é a Coordenação Regional da Funai em Dourados (antes denominada
Administração Regional do Cone Sul - Dourados).
17. No geral, a ex-gestora procurou transferir, indevidamente, a responsabilidade de atos que eram
da sua competência para subordinados, olvidando-se do cumprimento do seu dever de supervisão. Esta
responsabilização, em decorrência da culpa in vigilando encontra guarida na jurisprudência do
Tribunal, a exemplo dos Acórdãos 137/2010-Plenário e 2807/2010-Plenário.
18. Considerando a omissão na aprovação do termo de referência e na apreciação de recurso no
processo do Pregão Eletrônico nº 05/2008, restou caracterizada a responsabilização da ex-gestora por
negligência, conclusão que também encontra guarida na jurisprudência do TCU, no mesmo Acórdão
137/2010-Plenário.
19. Considerando que a Sra. Margarida de Fátima Nicoletti não conseguiu afastar as
irregularidades que lhe foram imputadas, mostra-se adequada a proposição de aplicação de multa em
350
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
decorrência da prática de atos ilegais, sem prejuízo de dar ciência à Funai acerca das ocorrências
verificadas.
Razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Eliezer Cardozo Louzado Cruz, ex-Administrador
Regional Substituto da Administração Regional - Cone Sul.
20. O Sr. Eliezer Cardozo Louzado Cruz foi chamado em audiência para responder pelas
ocorrências relatadas nos subitens 2.1 e 2.6 supra, tendo apresentado as alegações (Peça 36) adiante
relatadas.
21. No tocante à realização de despesas de contratação de locação de veículos de transporte para
eventos ocorridos nos meses de junho e setembro de 2007, realizadas sem procedimento licitatório,
contrariando o disposto nos artigos 2º e 24 da Lei nº 8.666/93, relata que estava prevista a realização de
um evento religioso denominado Jeroky Guassu (grande reza) na Terra Indígena Jatay Vary, com a
participação de entidades como o MPF/MS, Funai Regional e Nacional, MDS, ONGs, Prefeituras de
Amambai e de Dourados. Afirma que constava na pauta do referido evento a discussão sobre o combate
à violência, o atendimento à saúde indígena, conflitos fundiários e outras medidas importantes para os
indígenas e a sociedade local.
22. Acrescenta que, tendo o Presidente da Funai tomado posse em tempo próximo àquele período,
passou-lhe a incumbência de manifestar junto à sociedade e comunidade indígena que iria discutir a
reestruturação da Funai e outras medidas para sanar os problemas acima mencionados. Prossegue
informando que, por meio da Portaria 336/2007, a Administração Executiva da Funai de Amambai foi
transformada em simples Núcleo de Apoio; que o Núcleo de Apoio Local de Dourados foi transformado
na Administração Regional do Cone Sul, situada em Dourados, MS. Esta Regional ficou sem estrutura
física e de pessoal, contando com cinco servidores, com todos os setores em fase de implantação e ainda
tendo que executar as atividades da extinta Administração Regional de Amambai.
23. Nesse contexto, a Funai tinha dívida a saldar com a empresa de locação de ônibus, objeto da
ocorrência em pauta, sendo que o valor da contratação da locação para atender o evento religioso foi
somado com a dívida anterior e ultrapassou o limite para a dispensa de licitação.
24. A programação do evento ‘já estava com seu tempo praticamente esgotado e não era possível
um procedimento licitatório’, sendo que a visita do Presidente da Funai para participar do encontro
gerou grande expectativa, fazendo com que os indígenas não aceitassem nenhuma mudança nas
programações.
25. Informa que, em razão da ‘falta de orçamento’ foram montados dois processos distintos
(148/2007 e 294/2007), pois a Funai Nacional disponibilizou orçamento insuficiente para as despesas de
organização do encontro de 17 a 20 de junho de 2007, tendo sido pago somente a locação de um dos
ônibus. A despesa relativa ao segundo ônibus desse encontro só pôde ser quitada em setembro, quando a
Funai Nacional liberou recursos para a organização do segundo evento.
26. Finalmente, acrescenta que tudo foi feito dentro da maior lisura, com o intuito de cumprir seu
dever de chefe de órgão da Funai diante da situação emergencial e de conflito vivido na época.
Análise das alegações.
27. A alegação da falta de tempo para a realização de procedimento licitatório para o transporte
dos indígenas para a realização dos Aty Guassu mostra-se improcedente, pois, como afirmaram os
responsáveis em suas alegações, estes eventos fazem parte da cultura Guarani Kaiowa e deveriam ter
sido objeto de planejamento prévio pelo responsável. Encontra-se na internet informação da realização
de Aty Guassu desde dezembro de 2004, a exemplo da notícia disponível em
http://www.cimi.org.br/?system=news&action=read&id=810&eid=352 (consulta realizada em
07/07/2011). Ademais, a população indígena não se fixou há pouco na região. Ao contrário, é nativa dali
e os problemas apontados pelo responsável existem e são públicos e notórios no local há mais de uma
década.
28. Com relação a essa matéria, a jurisprudência do Tribunal tem firme entendimento no sentido
de que a realização de contratações ou aquisições de mesma natureza, em idêntico exercício, cujos
valores globais excedam o limite legal previsto para dispensa de licitação, demonstra falta de
planejamento e caracteriza fuga ao procedimento licitatório e fracionamento ilegal da despesa. Nesse
351
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Porã, com o transporte de ida e volta dos participantes, com duração de uma semana. Atendeu o
transporte de acadêmicos e professores, participantes do curso de especialização Teko Arandu, (curso de
pós graduação e mestrado) para os professores indígenas promovido pela UFGD - Universidade Federal
da Grande Dourados, com duração de trinta dias. Realizado no Distrito de São Pedro (Vila São Pedro),
município de Dourados, com a participação de todos os municípios em que existem atividades indígenas.
48. Expõe que a 20080B901537, no valor R$ 5.987,54, NF 2321436, refere-se à locação de dois
veículos tipo van, para atender transporte de lideranças indígenas para participação de Aty-Guassu
(grande reunião), realizada na Aldeia Arangatu, município de Antonio João, com o transporte de ida e
volta dos participantes, com duração de uma semana. Atendeu o transporte de acadêmicos e professores,
participantes do curso de especialização Teko Arandu, (curso de pós graduação e mestrado) para os
professores indígenas promovido pela UFGD, com duração de trinta dias; o transporte da Equipe de
Segurança Alimentar, realizando o cadastramento dos indígenas e distribuição de cestas de alimentos do
Programa de Segurança Alimentar do Governo Federal. Esclarece ainda que estes deslocamentos foram
executados no inicio da implantação do sistema de distribuição de alimentos.
49. Para a 20090B800116, valor R$ 11.340,00, NF 2415216, relata praticamente as mesmas
informações prestadas para a 20080B901537, alterando o nome da Aldeia de realização do Aty Guassu,
que se realizou na Aldeia Pirajui, município de Paranhos.
50. Ao final, argumenta que estava em fase de implantação da nova Administração Executiva do
Cone Sul, tendo ocorrido o aumento de suas atribuições, com o número de pessoal reduzido; que os
servidores executaram muitas atividades, não tendo condições de obedecer rigorosamente todas as
determinações legais; que no seu caso houve viagens acompanhadas por outros servidores, tendo sido
responsável apenas pelo controle de quilometragem percorrida e medição do contrato.
Análise das alegações.
51. Cumpre observar que, de acordo com pesquisa efetuada no site da Agesul - Agência Estadual
de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul, disponível em
http://www.agesul.ms.gov.br/controle/ShowFile.php?id=80942, Guaira e Piraporã não são municípios
do Estado de Mato Grosso do Sul; Panambi é um distrito de Dourados e a distância entre Paranhos e
Campo Grande é de 456 km (e não 480 km como informado).
52. As diversas informações prestadas pelo Sr. Jonas Rosa, sobre os trajetos, nada acrescentaram
às informações já existentes nos processos de pagamentos, pois não indicam com precisão as
quilometragens dos trechos percorridos, fato que só confirma a ocorrência da irregularidade.
53. Cumpre observar que, no presente caso, a irregularidade tem origem no procedimento
licitatório, cujo edital e termo de referência não trouxeram as quilometragens dos trechos entre as
aldeias e respectivas sedes de municípios, conforme noticiado no subitem 2.3 desta instrução.
54. Conforme se observa nestes autos, esta era (ou ainda é) uma prática constante naquela
Coordenação Regional, pois em nenhum dos processos de pagamento consta qualquer dado, mesmo que
seja informal, sobre os trajetos efetivamente percorridos e respectivas quilometragens. Assim, o Sr.
Jonas e os demais servidores que atestaram pagamentos de serviços de locação de veículos de
transporte, vistos nestes autos, não o fizeram com base em dados que pudessem ser efetivamente aferidos.
55. Essa prática deve ser fortemente desestimulada pelo TCU, pois nem a Funai sabe se toda a
quilometragem pela qual está pagando foi efetivamente realizada. Todavia, de acordo com os
documentos constantes dos autos, trata-se de prática corriqueira no órgão, da qual os gestores tinham
conhecimento e nada fizeram para mudar o procedimento, mostrando-se inadequado apenar os
executores dos atestos dos serviços. Por tal razão mostra-se adequada a proposição de determinação
para que a Coordenação Regional da Funai em Dourados, MS, adote providências para que sejam
juntados aos processos de pagamentos de serviços de locação de veículos para transportes de pessoas
todos os percursos efetuados com as respectivas quilometragens, o objetivo de cada viagem, bem como a
listagem das pessoas atendidas, de modo a restar inequivocamente comprovada a realização de todo o
serviço pago.
Razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Gilmar Aparecido Machado.
354
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
56. O Sr. Gilmar Aparecido Machado foi chamado em audiência em decorrência da irregularidade
relatada no item 2.2 desta instrução. Informa (Peça 37) que o pagamento relativo ao processo
008788.148/2007-DV, no valor de R$ 7.986,00 foi efetuado em contraprestação ao serviço de transporte
de lideranças indígenas das aldeias das cidades de Iguatemi, Paranhos, Tacuru e Amambai até a Aldeia
Lima Campo, no município de Ponta Porã, para participação no Aty Guassu realizado no período de 17
a 20 de junho de 2007. Acrescenta que o Aty Guassu é o grande encontro do povo Guarani Kaiowa, que
ocorre em diversas épocas do ano e tem por objetivo o fortalecimento do movimento indígena e a
discussão dos problemas enfrentados por esse povo.
57. Alega que o atesto da nota fiscal lhe foi atribuído como condição para o pagamento da despesa
e que só atestou o recebimento dos serviços com o intuito de dar prosseguimento ao processo de
pagamento, não tendo intenção de lesar o erário.
58. Justifica que na época não tinha conhecimento das incumbências para verificar a prestação do
serviço, em razão da ausência de ‘preparo e formação dos servidores para formalização correta dos
processos de pagamento, especialmente quanto ao modo para aferir a prestação de serviço’.
Análise das alegações.
59. O Sr. Gilmar Aparecido Machado em suas informações apenas confirmou a existência da
irregularidade, da mesma forma que os demais servidores que atestaram o recebimento dos serviços de
locação de veículos, nada acrescentando que pudesse afastar a existência da irregularidade.
60. A ocorrência imputada ao Sr. Gilmar guarda correlação com a situação do Sr. Jonas Rosa e da
Sra. Maria de Fátima dos Santos Eberhart, motivo pelo qual apontamos para a conclusão dos subitens
54 e 55 retro, deixando de propor imposição de multa e realizando determinação à Coordenação
Regional da Funai em Dourados.
III - CONCLUSÃO
61. A presente representação foi formulada por equipe de fiscalização do TCU em razão das
seguintes irregularidades: realização de despesas sem procedimento licitatório durante o exercício de
2007, referente à locação de ônibus para transporte de indígenas; liquidação da despesa efetuada sem
elementos suficientes à adequada verificação do quantitativo dos serviços prestados, a exemplo das
datas, trajetos percorridos e respectiva quilometragem; termo de referência de pregão eletrônico com
omissões e divergências; ausência de aprovação da autoridade competente no termo de referência de
pregão eletrônico; ausência de manifestação da autoridade competente sobre recurso impetrado em
pregão eletrônico e pagamentos de despesas liquidadas sem elementos suficientes à adequada
verificação do quantitativo dos serviços prestados, a exemplo das datas, trajetos percorridos e respectiva
quilometragem.
62. A Sra. Margarida de Fátima Nicoletti encaminhou a listagem das aldeias com as distâncias até
as respectivas sedes dos municípios e limitou-se a tentar atribuir a responsabilidade pelas
irregularidades questionadas aos servidores que lhe eram subordinados e à falta de condições de
trabalho oferecidas pela Funai Nacional. Alegações que foram consideradas improcedentes, pois era seu
dever de gestora exercer a supervisão, que é imposto ao superior hierárquico em relação aos atos de
seus subordinados. Esse dever não deve ser afastado, pois o órgão Regional da Funai em Dourados tem
número reduzido de servidores, condição que facilita o exercício da supervisão. Assim, em relação a esta
responsável será proposta a rejeição das razões de justificativa, com imposição de multa.
63. Quanto ao Sr. Eliezer Cardozo Louzado Cruz, também não logrou afastar as irregularidades
que lhe foram imputadas, restando caracterizada a realização de despesas sem procedimento licitatório,
pois efetuar contratações ou aquisições de mesma natureza, em idêntico exercício, cujos valores globais
excedam o limite legal previsto para dispensa de licitação, demonstra falta de planejamento e caracteriza
fuga ao procedimento licitatório e fracionamento ilegal da despesa. O pagamento das despesas
liquidadas sem elementos suficientes à adequada verificação do quantitativo dos serviços prestados
constituem, no mínimo, falta de cuidado e atenção com o trato do dinheiro público. Dessa forma, em
relação a este responsável também será proposta a rejeição das razões de justificativa, com imposição de
multa.
355
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
64. Quanto aos servidores que realizaram os atestos das notas fiscais, apesar de terem realizado o
procedimento sem os elementos necessários à precisa aferição dos serviços prestados, assim agiram com
o conhecimento dos superiores hierárquicos, que nada fizeram para modificar o procedimento, razão
pela qual não será proposta a imposição de multa.
65. Por outro lado, o procedimento de realizar atestos sem elementos hábeis à precisa aferição do
serviço deve ser fortemente desestimulado pelo Tribunal, por contrariar o princípio da legalidade, da
economicidade e da publicidade, além de constituir fator de risco na gestão de recursos públicos.
66. Também representam riscos à gestão as irregularidades constatadas no Pregão Eletrônico
05/2008, pois são obscuridades ou omissões que impactam os procedimentos de liquidação e de
pagamentos de despesas decorrentes do contrato assinado. Por tais motivos será dada ciência ao órgão,
na forma prevista na Portaria Segecex n° 13, de 27/04/2011. Cumpre registrar que, em relação às
ocorrência relatadas nos subitens 2.2 e 2.5 e 2.6, será dado ciência em relação ao item 2.2, pois ambas
são semelhantes.
IV - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
67. Ante o exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo:
67.1. Conhecer da presente representação, nos termos do art. 237, inc. V, e art. 246, do RITCU,
para, no mérito, considerá-la procedente.
67.2. Rejeitar as razões de justificativa da Sra. Margarida da Fátima Nicoletti, do Sr. Eliezer
Cardozo Louzado Cruz, da Sra. Maria de Fátima dos Santos Eberhart, do Sr. Jonas Rosa e Sr. Gilmar
Aparecido Machado.
67.3. Aplicar individualmente à Sra. Margarida da Fátima Nicoletti e ao Sr. Eliezer Cardozo
Louzado Cruz, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, fixando-lhes o prazo de quinze dias,
a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do
Regimento Interno), o recolhimento da respectiva quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada
monetariamente entre a data do acórdão e a do efetivo recolhimento, se paga após o vencimento, na
forma da legislação em vigor.
67.4. Autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações, nos termos do
art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992.
67.5. Deixar de aplicar multa à Sra. Maria de Fátima dos Santos Eberhart, ao Sr. Jonas Rosa e ao
Sr. Gilmar Aparecido Machado, considerando que atestaram as notas fiscais constantes dos presentes
autos, sem elementos que permitissem aferir com precisão os serviços prestados, com o conhecimento do
gestor da unidade e que de tais atos não resultaram em prejuízo ao erário ou a terceiros.
67.6. Determinar à Coordenação Regional da Funai em Dourados, que passe a juntar aos
processos de pagamentos de serviços de locação de veículos para transportes de pessoas informações
sobre todos os percursos efetuados com as respectivas quilometragens, o objetivo de cada viagem, bem
como a listagem das pessoas atendidas, de modo a restar inequivocamente comprovada a realização de
todo o serviço pago (subitens 2.2, 2.5, 2.6, 8, 16 e 17 desta instrução).
67.7. Dar ciência à Coordenação Regional da Funai em Dourados acerca das seguintes
impropriedades:
67.7.1. Realização de despesas sem procedimento licitatório identificadas nos Processos 148/2007
e 294/2007, em afronta ao art. 2º c/c o inciso II do art. 24 da Lei nº 8.666/92.
67.7.2. Realização de atestos nas notas fiscais de pagamento de locação de veículos sem elementos
suficientes para aferir os serviços prestados e pagos por quilometragem percorrida, a exemplo de
localidades atendidas e respectivas distâncias, identificados nos Processos 148/2007, 294/2007 e
55/2008, contrariando o princípio da publicidade constante no art. 37, caput, da Constituição Federal e
inciso III, § 2º, do art. 63 da Lei nº 4.320/64.
67.7.3. Termo de Referência não demonstra com objetividade os quantitativos passíveis de serem
contratados, pois no item 8 - Da Quantificação, do Termo de Referência, apenas nomina os
acampamentos e aldeias como se fossem trajetos, porém sem indicar a quantidade de quilômetros até a
sede do município respectivo, omissão que impede a correta medição dos serviços prestados, identificado
no Processo 055/2008, contrariando o art. 9º, inciso I e § 2º do Decreto nº 5.450/2005.
356
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
VOTO
máximo permitido para a dispensa de licitação, porque “não havia tempo suficiente para realização de
licitação e nem funcionários capazes de conduzir os procedimentos”.
A jurisprudência do Tribunal aponta no sentido de que a realização de contratações ou aquisições
de mesma natureza, em idêntico exercício, cujos valores globais excedam o limite legal previsto para
dispensa de licitação, demonstra falta de planejamento e caracteriza fuga ao procedimento licitatório e
fracionamento ilegal da despesa.
O pagamento de despesas sem sua regular liquidação, com a demonstração inequívoca de todos os
quantitativos de serviços prestados, no caso, das quilometragens percorridas, afronta os arts. 62 e 63, § 2º,
inciso III, da Lei 4.320/64.
A seu turno, a Sra. Margarida de Fátima Nicoletti (processo 55/2008, pregão 5/2008 e contrato
79/2008) pretende transferir toda a responsabilidade para a pregoeira, equipe de apoio e setor
administrativo. No mais, apenas alega que o órgão “não oferecia condições adequadas de trabalho para
uma demanda gigantesca”.
O art. 9º, incisos I e II, do Decreto 5.450/2005, estabelece que o termo de referência deve 1) ser
elaborado, na fase preparatória do pregão eletrônico, pelo órgão requisitante; 2) indicar o objeto de forma
precisa, suficiente e clara; e 3) ser aprovado pela autoridade competente. No entanto, nada disso foi
providenciado pela então Administradora Executiva Regional.
Já em relação aos servidores que realizaram os atestos das notas fiscais, sem precisamente aferir o
serviço prestado, a Secex/MS entendeu que eles agiram com o conhecimento dos superiores hierárquicos,
os quais nada fizeram para modificar o procedimento, razão pela qual não propôs a imposição de multa,
embora tenha consignado que isso “deve ser fortemente desestimulado pelo Tribunal, por contrariar o
princípio da legalidade, da economicidade e da publicidade, além de constituir fator de risco na gestão
de recursos públicos”.
Entendo que os servidores a quem competia aferir e atestar a execução dos serviços devem ser
multados. Como bem destacado pela Unidade Técnica, vasta jurisprudência desta Corte reforça a
importância de acompanhar e fiscalizar a execução dos contratos de prestação de serviços. Considerando
na dosimetria da multa que eles agiram com o conhecimento dos superiores hierárquicos, julgo adequado
fixá-la em valor menor que a dos seus chefes.
Ante o exposto, voto no sentido de que seja aprovado o Acórdão que ora submeto à deliberação
deste Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
1. Processo nº TC 006.399/2011-8.
2. Grupo II - Classe VII - Assunto: Representação.
3. Responsáveis: Eliezer Cardoso Louzado Cruz (353.757.101-10); Gilmar Aparecido Machado
(596.314.651-87); Jonas Rosa (106.074.121-00); Margarida de Fátima Nicoletti (404.548.781-68); Maria
Fátima dos Santos Ebehart (787.042.941-49).
4. Órgão: Funai - Coordenação Regional de Dourados/MS.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: Secretaria de Controle Externo - MS (SECEX-MS).
8. Advogado(s) constituído(s) nos autos: não há.
358
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação de equipe de fiscalização da Secex/MS
a respeito de irregularidades verificadas em inspeção para sanear o TC 004.406/2010-0,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo relator, em:
9.1. nos termos dos arts. 237, inciso V, e 246 do Regimento Interno do TCU, conhecer da presente
representação, para, no mérito, considerá-la procedente;
9.2. rejeitar as razões de justificativas apresentadas pelos Srs. Eliezer Cardoso Louzado Cruz
(353.757.101-10), Gilmar Aparecido Machado (596.314.651-87), Jonas Rosa (106.074.121-00),
Margarida de Fátima Nicoletti (404.548.781-68) e Maria Fátima dos Santos Ebehart (787.042.941-49);
9.3. com fulcro no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, aplicar individualmente aos Srs. Eliezer
Cardoso Louzado Cruz (353.757.101-10) e Margarida de Fátima Nicoletti (404.548.781-68) multa no
valor de R$ 3.000,00;
9.4. com fulcro no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, aplicar individualmente aos Srs. Gilmar
Aparecido Machado (596.314.651-87), Jonas Rosa (106.074.121-00) e Maria Fátima dos Santos Ebehart
(787.042.941-49) multa no valor de R$ 2.000,00;
9.5. nos termos do art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU, fixar o prazo de
quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para os responsáveis comprovarem, perante este
Tribunal, o recolhimento da quantia devida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data
do Acórdão que vier a ser proferido até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na
forma da legislação em vigor;
9.6. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/92, a cobrança judicial das
dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.7. autorizar, desde logo, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/92, c/c art. 217 do Regimento Interno
do TCU, o recolhimento parcelado da importância devida em até 24 parcelas mensais e consecutivas,
fixando o prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovar, perante o
Tribunal, o recolhimento da primeira parcela, e de trinta dias, a contar da parcela anterior, para comprovar
os recolhimentos das demais parcelas, incidindo sobre cada parcela, corrigida monetariamente, os
correspondentes acréscimos legais, na forma da legislação vigente, com o alerta de que a falta de
recolhimento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor;
9.8. dar ciência da presente deliberação aos interessados no feito;
9.9. com base no art. 169, inciso IV, do Regimento Interno do TCU, arquivar o presente processo.
Fui presente:
359
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
Trata-se de Recurso de Revisão, interposto pelo Ministério Público junto a este Tribunal, contra
Acórdão proferido pela 2ª Câmara desta Corte de Contas, em sessão de 31/1/2002 (Relação 03/2002 –
Gab. Ministro Adylson Motta, Ata 02/2002, Diário Oficial da União de 13/2/2002), por meio do qual
foram julgadas regulares com quitação plena as contas dos responsáveis do Hospital Central do Exército
(HCE) referentes ao exercício financeiro de 1998.
O Recurso de Revisão tem por supedâneo legal o art. 35, inc. III, da Lei 8.443/1992, tendo em vista
superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova produzida, atinentes a denúncia
veiculada no TC 012.552/2003-1, sobre possível ocorrência de superfaturamento na aquisição de gases
medicinais pelo HCE junto à empresa White Martins Gases Industriais S/A, no período de 1997 a 1999.
Ao analisar o mérito da peça recursal, assim se pronunciou o Auditor informante:
360
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
“2. Em decorrência da denúncia, o Pleno desta Corte, por meio do Acórdão 1.742/2004-TCU-
Plenário, determinou à 3ª Secretaria de Controle Externo (Secex-3) que realizasse inspeção no HCE
com o propósito de coletar informações acerca do possível superfaturamento.
3. A equipe de auditoria enviada àquela organização militar apurou uma série de
irregularidades relacionadas aos exercícios financeiros de 1996 a 1999, sendo as seguintes as
atribuídas aos gestores de 1998, vinculadas à Concorrência 05/97-HCE e à Concorrência 05/98-
HCE (fl. 2, Anexo 1):
- falha no processamento e julgamento da licitação, pois não houve a verificação da
conformidade da proposta vencedora com os preços correntes do mercado (Concorrência nº 05/97);
- adjudicação do objeto da licitação, sem balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos
órgãos e entidades da Administração Pública (Concorrência nº 05/97);
- contratação com preços excessivos ou com valor global superior ao limite estabelecido
(Contrato nº 01/98);
- falhas nos procedimentos para abertura do processo licitatório devido à ausência de
pesquisa de preço de mercado, impedindo à Administração estimar o orçamento necessário por
meio de planilhas de quantitativos e preços unitários (Concorrência nº 05/98).
4. Em instrução inicial, a Secretaria de Recursos (Serur) propôs chamar ao processo os Srs. Vitor
Hugo Meninéa, Afrânio Tavares Guerreiro, Rogério Botelho Peregrino, Jorge de Oliveira, Walcyr
Monteiro da Motta, Miguel Brilhante Sirimarco, Chrystian Rezende Lourenço e a empresa White Martins
Gases Industriais S/A em razão de irregularidades relacionadas à Concorrência 05/97-HCE. Pelas
falhas cometidas na Concorrência 05/98-HCE, foram chamados ao processo os Srs. José Lins Carneiro,
Afrânio Tavares Guerreiro e Douglas Rodrigues da Costa (fls. 6-9, Anexo 1, v.p.).
5. Analisadas as manifestações recebidas dos responsáveis, a Serur propôs (fls. 645-658,
Anexo 1, Vol. 3):
a) conhecer do presente Recurso de Revisão interposto pelo MP/TCU, nos termos do art. 35, inciso
III, da Lei n.º 8.443/92, para, no mérito, dar-lhe provimento, de modo a tornar insubsistente o Acórdão
contido na Relação n.º 3/2002 – Ministro Adylson Motta -, proferido na Sessão de 31/1/2002, constante
da Ata n.º 2/2002, que julgou regulares as contas do Hospital Central do Exército – HCE, relativas ao
exercício de 1998;
b) julgar irregulares as contas e condenar em débito, solidariamente, os senhores abaixo
relacionados, bem como a empresa White Martins Gases Industriais S/A, com base nos artigos 1º, inciso
I, 16, inciso III, alínea “c”, 19, caput, e 23 inciso III, da Lei n.º 8.443/92, fixando-lhes o prazo de 15
dias, a contar da notificação, para que comprovem perante o Tribunal o recolhimento da quantia de R$
805.205,14 (oitocentos e cinco mil, duzentos e cinco reais e quatorze centavos), aos cofres do Tesouro
Nacional, atualizadas monetariamente a partir das datas indicadas no Anexo I (fls. 12/16, Anexo 1), até o
dia de seu efetivo recolhimento (Ressalta-se que os débitos são decorrentes de superfaturamento na
aquisição de gases medicinais, relativos à Concorrência n.º 05/97-HCE, que não obstante tenha sido
aberta em 17/11/1997, somente foi julgada e homologada em 1998 (65/76, Anexo 2), produzindo efeitos
financeiros, também neste ano, por força do Contrato nº 01/98 (fls. 757/763, Anexo 2, v. 3):
- Walcyr Monteiro da Motta;
- Miguel Brilhante Sirimarco;
- Chrystian Rezende Lourenço;
- Afrânio Tavares Guerreiro;
- Rogério Botelho Peregrino;
- Jorge de Oliveira; e
- Vitor Hugo Meninéia.
c) aplicar aos responsáveis, abaixo relacionados, a multa prevista no artigo 57, da Lei n.º
8.443/92, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias a contar da notificação para que comprovem perante
o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida ao
Tesouro Nacional, atualizada monetariamente até a data do efetivo recolhimento, na forma da legislação
361
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
em vigor em face de falhas nos procedimentos de julgamento e homologação da Concorrência n.º 05/97-
HCE, em desacordo com os arts. 40, inciso X, § 2º, inciso II, e 43, inciso IV, da Lei nº 8.666/93 (fls.
65/66, Anexo 2):
- Afrânio Tavares Guerreiro;
- Rogério Botelho Peregrino;
- Jorge de Oliveira; e
- Vitor Hugo Meninéia.
d) aplicar aos responsáveis, abaixo relacionados, a multa prevista no artigo 58, inciso III, da Lei
n.º 8.443/92, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias a contar da notificação para que comprovem
perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da
dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente até a data do efetivo recolhimento, na forma da
legislação em vigor em face de falhas nos procedimentos para abertura do processo licitatório atinente a
Concorrência n.º 05/98, em desacordo com os arts. 40, inciso X, § 2º, inciso II, e 43, inciso IV, da Lei nº
8.666/93 (fls. 8/17, Anexo 2):
- José Lins Carneiro;
- Afrânio Tavares Guerreiro; e
- Douglas Rodrigues da Costa.
e) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, a cobrança judicial
das dívidas, caso não atendidas as notificações;
6. O Ministério Público junto a este Tribunal, por sua vez, ressalva que o provimento do recurso
para tornar insubsistente o acórdão recorrido deve ser apenas em relação ao Sr. Vitor Hugo Meninéa,
por ser o único gestor a ter as contas julgadas por meio do acórdão ora combatido (fl. 660, Anexo 1, Vol.
3).
7. Recebidos os autos pelo Ministro relator, S.Exa. consignou, em despacho, que o presente
processo ainda não se encontrava em condições de ser submetido a julgamento, uma vez que considerou
pouco consistente a metodologia empregada pela Secex-3 na determinação do valor do débito. Por esta
razão, determinou a restituição dos autos à Secex-3 a fim de que, a despeito das dificuldades
apresentadas, fosse coordenada ampla pesquisa no sentido de sanear o processo quanto à correta
apuração do possível superfaturamento (fls. 665-667, Anexo 1, Vol.3).
8. A fim de dar cumprimento à determinação, foi promovida uma pesquisa de preços pagos pela
Administração nas aquisições de gases medicinais e industriais no período de 1996 a 1999. Tal pesquisa
se deu por meio de consultas à Internet, a bancos de dados dos entes federativos, ao Sistema Integrado
de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI), ao Diário Oficial da União (DOU) e aos
diários oficiais das unidades da federação.
9. Da pesquisa resultaram as seguintes constatações:
a) os bancos de dados dos entes federativos não contêm informações para o período em questão;
b) tanto as notas de empenho como as ordens bancárias constantes do SIAFI contêm informações
incompletas acerca das licitações e das notas fiscais pagas aos fornecedores. As notas de empenho, em
sua quase totalidade, limitam-se a mencionar as modalidades e os números das licitações, constando
apenas que se tratam de aquisições de gases medicinais, nem mesmo especificando quais deles.
Semelhantemente, as ordens bancárias mencionam apenas os números das notas fiscais e o total pago,
não indicando sequer o material recebido;
c) mesmo as unidades mais organizadas da federação não dispõem de consultas aos seus diários
oficiais para o período de 1996 a 1999. Quanto ao DOU, mesmo após consulta a todas as edições
publicadas entre 1/1/1996 e 31/12/1999, encontraram-se apenas alguns poucos dados utilizáveis; e
d) não foi possível encontrar instrumentos convocatórios para licitações da época pretendida,
sendo impossível identificar peculiaridades das contratações promovidas pelos diversos órgãos.
10. Em face das dificuldades, poucos dados foram obtidos do DOU, os quais, mesmo combinados
com os ainda mais raros dados do SIAFI, caracterizaram pequenas amostras dos preços pagos, entre
1996 e 1999, na aquisição de diversos gases medicinais. Ademais, quanto às amostras, ressalte-se que
não foram obtidas para a total diversidade dos gases adquiridos pelo HCE, além de serem constituídas
362
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
por poucos elementos e apresentarem, para cada gás, valores dispersos, com grande variação, o que não
permite fazer inferências estatísticas com grandes níveis de confiança (fls. 694-767, Anexo 1, Vol. 3).
11. Para exemplificar o descrito no parágrafo precedente, cite-se a amostra obtida para as
contratações de oxigênio líquido no exercício financeiro de 1998, na qual é possível observar (fl. 762,
Anexo 1, Vol. 3):
a) apenas 13 elementos, mesmo sendo uma das maiores amostras obtidas;
b) valores muito dispersos, desde 0,98 R$/m3 até 13,95 R$/m3;
c) ausência de correlação inversa entre a quantidade adquirida e o preço de aquisição. A mesma
empresa, White Martins Gases Industriais S/A, obteve contratos tanto para fornecimento de 10.000 m3
por 4,50 R$/m3 quanto para 30.000 m3 a 7,40 R$/m3;
d) média amostral igual a 5,82 R$/m3 e um desvio-padrão 3,40 R$/m3, o que, com o emprego de
algum conhecimento estatístico, utilizando-se a distribuição t de Student, permitiria afirmar que haveria
90% de probabilidade de o verdadeiro valor médio de contratação estar entre 4,14 R$/m3 e 7,50 R$/m3.
Como se vê, não há certeza, há somente probabilidade.
12. Por outro lado, foram identificadas várias representações junto ao Conselho Administrativo de
Defesa Econômica do Ministério da Justiça (CADE/MJ), as quais possuíam por objeto a formação de
cartéis no setor de fornecimento de gases industriais e medicinais. Tais representações, já contendo
dados colhidos em meados dos anos 90, embora inicialmente malsucedidas, atraíram a atenção dos
órgãos brasileiros de defesa da concorrência, que, após longos anos, obtiveram êxito em comprovar a
formação de cartel por parte das principais empresas do segmento de gases industriais e medicinais. As
provas foram colhidas no âmbito do Processo Administrativo 08012.009888/2003-70, julgado, em 2010,
pelo CADE/MJ, que apenou os envolvidos com severas multas (fls. 768-866, Anexo 1, Vol. 3).
13. Estando os fornecedores a agir em conluio, os preços médios obtidos da pesquisa de mercado
seriam da mesma ordem dos preços contratados, o que não conduziria à cogitação de sobrepreço. Certo
é que se, de fato, já estivesse em funcionamento o cartel das indústrias de gases medicinais, provado
tanto tempo depois, que outra alternativa restaria aos gestores de uma unidade hospitalar senão a de
contratar pelo preço oferecido?
14. No que se refere à estimativa de débito, portanto, ante os fatos enumerados nesta instrução,
afigura-se como a mais razoável das opções a sua total desconsideração, uma vez que os dados
disponíveis são insuficientes para delimitá-lo e existe considerável desconfiança de que os fornecedores
já operavam um esquema de cartel à época das aquisições mencionadas nestes autos, tornando suspeito
qualquer preço de mercado à época.
15. Quanto às falhas cometidas pelos gestores, todas se originaram nas ausências da pesquisa de
mercado e da planilha de quantitativos e preços unitários. Pesquisando-se a jurisprudência deste
Tribunal à época dos eventos ora apreciados, percebe-se que a ausência da pesquisa de mercado e da
planilha de quantitativos e preços unitários era tratada como falha de natureza formal. Evidência desse
entendimento são as Decisões 425/1995 e 504/1996, ambas do Plenário. Adicionalmente, constata-se que
há decisões mais recentes desta Corte de Contas em que tal vício é interpretado como falha de natureza
formal, se dele não restou comprovado dano ao Erário, o que pode ser exemplificado pelos acórdãos
1.582/2006 e 3.559/2006, ambos da Primeira Câmara.
16. Revendo-se o acórdão por meio do qual foram inicialmente julgadas as presentes contas, é
possível confirmar que somente o Sr. Vitor Hugo Meninéa, cujo nome constava originalmente entre os
responsáveis da unidade jurisdicionada, teve as contas julgadas regulares, tendo recebido quitação. Os
Srs. Afrânio Tavares Guerreiro, Rogério Botelho Peregrino, Jorge de Oliveira, Douglas Rodrigues da
Costa e José Lins Carneiro, por não constarem originalmente na lista de responsáveis, não tiveram as
contas julgadas. Estes cinco últimos, porém, foram chamados a este processo e, com exceção do Sr. José
Lins Carneiro, que permaneceu silente, todos os demais apresentaram suas contrarrazões recursais, as
já quais foram analisadas no âmbito da Serur, que, embora não opinando sobre o mérito das contas,
propôs a aplicação de multa aos gestores.
17. Registre-se, ainda, que, posteriormente ao último despacho do relator da matéria, datado de
4/2/2009 (fls. 665-667, Anexo 1, Vol. 3) e, em consequência da questão de ordem suscitada pelo Exmo.
363
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Sr. Ministro Ubiratan Aguiar, em sessão plenária de 24/6/2009, cabe às unidades técnicas de origem ou
às responsáveis pelos processos que ensejaram eventual reabertura de contas a competência para
realizar o exame de mérito das contas reabertas em face do recurso de revisão interposto pelo MP/TCU
quando os fatos que provocaram a reabertura das contas ainda não tiverem sido apreciados no âmbito
daquelas unidades técnicas. Logo, embora haja ordem diferente do Ministro, por motivo justificado e
superveniente, cabe à Secex-3 manifestar-se sobre o mérito das contas.
18. Diante do exposto, considerando que todos os responsáveis já foram chamados ao processo,
considerando que as razões de justificativa apresentadas por responsáveis solidários aproveitam aos
revéis naquilo que não for de caráter personalíssimo e considerando carente de fundamentação a
proposta de imputação de débito e considerando que das falhas nos processos licitatórios não resultaram
comprovado dano ao Erário, submetem-se os presentes autos à apreciação superior, propondo-se:
a) conhecer do presente recurso de revisão interposto pelo MP/TCU, nos termos do art. 35, inciso
III, da Lei 8.443/92, para, no mérito, dar-lhe parcial provimento, modificando o acórdão proferido pela
2ª Câmara desta Corte de Contas, em sessão de 31/1/2002 (Relação 03/2002 – Gab. Ministro Adylson
Motta, Ata 02/2002, Diário Oficial da União de 13/2/2002), por meio do qual foram julgadas as contas
dos responsáveis do HCE referentes a 1998, de forma a alterar o juízo sobre as contas do Sr. Vitor Hugo
Meninéa e inserir entre os responsáveis os Srs. Afrânio Tavares Guerreiro, Rogério Botelho Peregrino,
Jorge de Oliveira, Douglas Rodrigues da Costa e José Lins Carneiro;
b) desconsiderar a possibilidade de imputação de débito aos responsáveis, uma vez que a
delimitação do dano carece de elementos comprobatórios e não se subsume às hipóteses previstas no art.
210, parágrafo 1º, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União (RI-TCU);
c) acolher parcialmente as contrarrazões recursais apresentadas pelo Sr. Vitor Hugo Meninéa
(CPF 321.753.617-72), passando a considerar suas contas regulares com ressalva, dando-lhe quitação;
d) acolher parcialmente as contrarrazões recursais apresentadas pelos Srs. Afrânio Tavares
Guerreiro (CPF 037.239.767-00), Rogério Botelho Peregrino (CPF 007.618.717-99), Jorge de Oliveira
(CPF 202.970.417-20) e Douglas Rodrigues da Costa (CPF 102.167.278-55), julgando suas contas
regulares com ressalva e dando-lhes quitação;
e) considerar revel o Sr. José Lins Carneiro (CPF 010.991.084-20), aproveitando a este as razões
de justificativa apresentadas pelos demais responsáveis, julgando suas contas regulares com ressalva,
dando-lhe quitação;
f) dar conhecimento da decisão adotada aos responsáveis, aos interessados e ao Sr. Daniel de
Alcântara Prazeres, Procurador da República; e
g) encerrar o presente processo, em conformidade com o inc. IV, art. 169 do RI-TCU.”
“(...)
14. Considerando que o acórdão recorrido pugnava pela regularidade plena da gestão de 1998,
há necessidade de reformá-lo no que tange às contas do senhor Vitor Hugo Meninea, para acolher
parcialmente suas contrarrazões recursais e julgar suas contas regulares com ressalvas. Há também a
necessidade de se apreciar as contas dos novos responsáveis ouvidos neste processo, cujos atos de gestão
não haviam sido avaliados: Walcyr Monteiro da Motta, Miguel Brilhante Sirimarco, Chrystian Rezende
Lourenço, Afrânio Tavares Guerreiro, Rogério Botelho Peregrino, Jorge de Oliveira, José Lins Carneiro
e Douglas Rodrigues da Costa. Para estes, sugerirei o acolhimento parcial das suas contrarrazões
recursais e o julgamento pela regularidade com ressalvas de suas contas. Com respeito à empresa White
Martins Gases Industriais S.A., convém acolher parcialmente suas contrarrazões recursais.
VOTO
Cuidam os autos de Recurso de Revisão interposto pelo Ministério Público junto TCU, contra o
Acórdão proferido pela Segunda Câmara, na Sessão de 31/1/2002 (Relação 03/2002 – Ministro Adylson
Motta, Ata 02/2002, Diário Oficial da União de 13/2/2002), por meio do qual foram julgadas regulares
com quitação plena as contas dos responsáveis do Hospital Central do Exército (HCE) referentes ao
exercício financeiro de 1998.
O recurso manejado pelo Ministério Público junto ao TCU tem fundamento na superveniência de
documentos novos com eficácia sobre a prova produzida, com espeque no art. 35, inciso III, da Lei nº
8.443/1992, consistentes em irregularidades veiculadas em Denúncia considerada procedente por esta
365
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Após realizar as diligências necessárias, a Unidade Técnica de origem (3ª Secex) - a quem coube a
instrução definitiva do Recurso de Revisão, conforme decidido em Questão de Ordem submetida ao
Plenário na Sessão do dia 24/06/2009 - considerou inviável a apuração de dano emergente do Contrato nº
01/99-HCE, bem como relegou como formais as irregularidades atinentes ao processamento e julgamento
da Concorrência nº 05/98-HCE, tendo em vista indícios de formação de cartel de preços no setor de
fornecimento de gases medicinais, a refletir na impossibilidade de aferição dos custos reais desses
insumos.
Por pertinente, trago à baila excerto do voto condutor do Acórdão nº 1.597/2011-Plenário, proferido
nos autos do TC-002.830/1998-1 cujas considerações também se aplicam aos presentes autos:
“Os procedimentos adotados pela 3ª Secex compreenderam levantamento e pesquisa de preços
pagos pela Administração nas aquisições de gases medicinais e industriais durante o período de 1996 a
1999. Os instrumentos de trabalho foram calcados essencialmente em consulta à rede mundial de
computadores - internet, aos bancos de dados dos entes federativos, ao Sistema Integrado de
366
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI), ao Diário Oficial da União e aos diários oficiais
das unidades da federação.
As conclusões a que chegou a unidade instrutiva foram:
- ausência de informações sobre os custos de fornecimento de gases medicinais nos bancos de
dados dos entes federativos para o período em questão;
- incompletude de dados nas notas de empenho e ordens bancárias constantes do SIAFI, sem
informações precisas sobre licitações e notas fiscais pagas aos fornecedores. As licitações, em sua quase
totalidade, limitam-se a mencionar as modalidades e os números dos procedimentos licitatórios, sem
detalhar e quantificar os gases adquiridos. As ordens bancárias ressentem-se da discriminação do
material recebido, informando, apenas, os números das notas fiscais e o total pago;
- insuficiência de dados disponíveis nos veículos oficiais de imprensa. Mesmo as unidades mais
organizadas da federação não dispõem de consultas em seus diários oficiais para o período de 1996 a
1999. Quanto ao DOU, mesmo após consulta a todas as edições publicadas entre 1º/1/1996 e
31/12/1999, encontraram-se apenas poucos dados utilizáveis; e
- impossibilidade de localização de instrumentos convocatórios de licitações para a época
pretendida, inviabilizando a identificação de peculiaridades das contratações promovidas pelos diversos
órgãos;
- pequena amostra de dados obtidos, insuficiente para elaborar quaisquer inferências com base em
métodos estatísticos e níveis de confiança aceitáveis. Os poucos dados obtidos do DOU e do SIAFI
caracterizaram pequenos extratos de preços pagos entre 1996 e 1999, na aquisição de diversos gases
medicinais. As amostras colhidas não contemplam a diversidade de todos os gases adquiridos pelo HCE,
além de serem constituídas por poucos elementos, apresentarem grande dispersão e variância de preços
(fls. 1.021-1.085, Anexo 1, Vol. 5);”
As falhas imputadas aos agentes públicos do Hospital Central do Exército, atinentes à contratação
com preços excessivos ou com valor global superior ao limite estabelecido (Contrato nº 01/1998), bem
como ao processamento e julgamento da Concorrência 05/1998, verificadas no exercício financeiro de
1998, remetem invariavelmente à falta de rigorosa apuração dos preços de mercado para o fornecimento
de gases medicinais, tal qual verificado na reanálise da tomada de contas daquela unidade jurisdicionada,
relativas ao exercício de 1997, mais especificamente na Concorrência nº 05/1997 - HCE. Da mesma
maneira, o levantamento de valores de fornecimento de gases medicinais à época teria pouco proveito
para subsidiar o procedimento licitatório de informações fidedignas para a avaliação das propostas
comerciais das empresas concorrentes, dadas as limitações de informações e o comportamento irregular
de preços disponíveis para os referidos serviços e produtos.
Conforme frisei na reapreciação do TC-002.830/1998-1 (Recurso de Revisão em Tomada de Contas
Simplificada do HCE, relativas ao exercício de 1997), tais circunstâncias excepcionais não eximem os
responsáveis da obrigatoriedade proceder à prévia e criteriosa apuração dos preços dos produtos e
serviços a serem licitados pela Administração, bem como a verificação da conformidade da proposta
comercial às condições vigentes de mercado, servindo, até mesmo, para justificar eventuais dificuldades
intransponíveis, como a descrita nestes autos, pois assim exige o disposto nos arts. 7º,§ 2º, inciso II, 40,
X, §2º, II; e 43, IV, da Lei 8.666/1993.
Apesar de tais fatos remanescerem como falhas formais, atenuadas pela inexistência da
configuração de dolo e de prejuízo causado aos cofres públicos federais pelos responsáveis, deixo de
determinar ao HCE a adoção de medida preventiva, a qual já foi exarada no Acórdão nº 1.597/2011-
Plenário.
De igual forma, verifica-se nestes autos impossibilidade material a imputar à empresa White
Martins Gases Industriais S/A responsabilidade solidária por débito oriundo de superfaturamento do
Contrato nº 01/1997-HCE, por mais que haja indícios veementes de formação de cartel no setor dos
referidos suprimentos.
Nada obstante esse impedimento, dei ciência ao Plenário sobre decisão do Conselho Administrativo
de Defesa Econômica – CADE no Processo Administrativo 08012.009888/2003-70. Conforme decisão
367
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
colegiada de 22 de setembro de 2010, o referido Conselho condenou as empresas Aga S.A, Linde Gases
Ltda., Air Liquide Brasil Ltda., Air Products Brasil Ltda., Indústria Brasileira de Gases Ltda., S.A. White
Martins, White Martins Gases Industriais Ltda., White Martins Ltda. e outros responsáveis pela prática de
cartel no mercado de gases medicinais, havendo os multado em mais de R$ 2,2 bilhões, fls. 1093-1146, v
5.
Desde então, também não se tem informações sobre eventual regularização do mercado de preços
de fornecimento de gases medicinais. Entrementes, cumpre frisar que o serviço público de saúde não
poderá ficar à mercê de práticas abusivas ao direito econômico. Por essa razão, ao acolher proposta de
julgamento do TC-002.830/1998-1, o Plenário, por meio do subitem 9.4 do Acórdão nº 1.597/2011,
determinou à Secretaria-Geral de Controle Externo (Segecex) que avalie a oportunidade e a conveniência
de incluir em futuro processo de auditoria a verificação da regularidade dos contratos de fornecimento de
gases medicinais ao Hospital Central do Exército, bem como a outros nosocômios públicos. Assim,
desnecessária a adoção de medidas adicionais neste processo.
Em conclusão, acolho parcialmente as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis
solidários e dou provimento parcial ao Recurso de Revisão, a fim de tornar insubsistente o acórdão
recorrido, julgar regulares com ressalva as contas dos gestores do Hospital Central do Exército (HCE).
Os mesmos efeitos desse julgamento estendem-se ao responsável José Lins Carneiro apesar de esse
agente não comparecer aos autos e assumir ônus da revelia, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei nº
8.443/1992.
Conquanto haja novo julgamento das contas do HCE, relativas ao exercício de 1998, o juízo de
mérito da presente tomada de contas, em nome dos responsáveis, arrolados às fls. 1/4, deve ser regulares
com quitação plena, pois não lhes fora imputada qualquer falha ou ocorrência que motivou a interposição
deste Recurso de Revisão.
Por fim, dou ciência desta deliberação ao Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro, Dr.
Daniel de Alcântara Prazeres.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
1. Processo nº TC 007.456/1999-9.
2. Grupo I – Classe I – Assunto: Recurso de Revisão (em processo de Tomada de Contas
Simplificada).
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Hospital Central do Exército (00.394.452/0378-72).
3.2. Responsáveis: Afranio Tavares Guerreiro (037.239.767-00); Allan Orcay Reis (072.222.988-
78); Chrystian Rezende Lourenço (004.623.506-06); Douglas Rodrigues da Costa (102.167.278-55);
Jorge de Oliveira (202.970.417-20); José Lins Carneiro (010.991.084-20); Julio Cesar Santanna
(500.213.707-53); Marcos Malamace de Azevedo (825.863.907-25); Miguel Brilhante Sirimarco
(562.732.906-87); Paulo Cezar de Paiva (308.447.547-49); Paulo Roberto Gibara (379.106.397-91);
Rogerio Botelho Peregrino (007.618.717-99); Rui Ferreira Avila (568.683.597-72); Vitor Hugo Meninea
(321.753.617-72); Walcyr Monteiro da Motta (192.237.907-78); White Martins Gases Industriais Ltda
(35.820.448/0001-36).
4. Órgão: Hospital Central do Exército.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Adylson Mota.
368
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revisão interposto pelo Ministério
Público junto ao TCU, contra o Acórdão proferido pela Segunda Câmara, na Sessão de 31/1/2002
(Relação 03/2002 – Gab. Ministro Adylson Motta, Ata 02/2002, Diário Oficial da União de 13/2/2002),
por meio do qual foram julgadas regulares com quitação plena as contas dos responsáveis do Hospital
Central do Exército (HCE) referentes ao exercício financeiro de 1998.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário e ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1 com fundamento no art. 35, inciso III, da Lei nº 8.443/1992, conhecer do Recurso de Revisão;
9.2. considerar revel o Sr. José Lins Carneiro (CPF 010.991.084-20), nos termos do art. 12, § 3º, da
Lei nº 8.443/1992;
9.3. acolher, parcialmente, as alegações de defesa apresentadas por Vitor Hugo Meninea
(CPF 321.753.617-72), Walcyr Monteiro da Motta (CPF 192.237.907-78), Miguel Brilhante Sirimarco
(CPF 562.732.906-87), Chrystian Rezende Lourenço (CPF 004.623.506-06), Afrânio Tavares Guerreiro
(CPF 037.239.767-00), Rogério Botelho Peregrino (CPF 007.618.717-99), Jorge de Oliveira (CPF
202.970.417-20), Douglas Rodrigues da Costa (102.167.278-55) e White Martins Gases Industriais S.A.
(CNPJ 35.820.448/0001-36);
9.4. no mérito, dar provimento parcial ao Recurso de Revisão para:
9.4.1. tornar insubsistente o acórdão proferido pela Segunda Câmara, na Sessão 31/1/2002
(Relação 03/2002 – Gab. Ministro Adylson Motta, Ata 02/2002, Diário Oficial da União de 13/2/2002);
9.4.2. com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 5º, incisos I e VI, 7º, 10, § 2º, 16, inciso II, 18,
23, inciso II, todos da Lei nº 8.443/1992, julgar regulares com ressalva as contas relativas ao exercício de
1998, em nome de Vitor Hugo Meninea (321.753.617-72) expedindo-lhes quitação;
9.4.3. com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 5º, incisos I e VI, 7º, 10, § 2º, 16, inciso I, 17, 23,
inciso I, todos da Lei nº 8.443/1992, julgar regulares as contas relativas ao exercício de 1998, em nome
dos demais responsáveis arrolados fls. 01 a 04 do principal, expedindo-lhes quitação plena;
9.5. da ciência desta deliberação, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam ao
Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro, Dr. Daniel de Alcântara Prazeres;
9.6. arquivar os presentes autos.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
Adoto como relatório a instrução da Unidade Técnica (fls. 732/41, volume 3):
“Trata o presente processo de Relatório de Auditoria da obra de Adequação de Trechos Rodoviários
da BR 101/NE, Divisa PB/RN - Divisa PB/PE, no Estado da Paraíba, objeto de fiscalização desenvolvida
pela SECEX-PB, no exercício de 2007.
2. O referido processo foi julgado em sessão de 23/6/2010, mediante Acórdão 1443/2010-
Plenário.
3. Irresignados pela decisão desta Corte de Contas em flagrante ofensa ao princípio
constitucional do devido processo legal, no que diz respeito ao direito do contraditório e ampla defesa, os
consórcios participantes da obra em análise (Constran/Galvão/Construcap, CR Almeida/Via
Engenharia/Emsa e Queiroz Galvão/Norberto Odebrecht/Andrade Gutierrez/Barbosa Mello,
ARG/EGESA) impetraram Embargo de Declaração contra diversos itens do referido decisum.
370
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
5.10. Quanto ao item Conservação de Canteiro de Apoio inserido no BDI deste Consórcio,
questionado pela equipe de auditoria, informa que esta visa remunerar outras instalações que foram
utilizadas de forma complementar àquelas existentes no canteiro, o que afasta qualquer apontamento
relativo a pagamentos em duplicidade. No caso em exame, diversos funcionários foram alojados na
cidade de Goianinha e Canguaretama, bem como, foi necessário a utilização de outros canteiros de apoio,
o que fez com que o consórcio inserisse tais despesas no cálculo do BDI, uma vez que o valor constante
da planilha, não era suficiente para remunerá-las;
5.11. Considera até mesmo deficitário o valor adotado, vez que não foram considerados os custos
adicionais decorrentes dos aditivos celebrados visando à prorrogação do contrato;
5.12. Quanto à inclusão dos itens alimentação e transporte diário de pessoal no cálculo do BDI,
assevera que, mais uma vez, verificou-se uma aplicação retroativa de entendimento inexistente à época
em que o procedimento licitatório se desenvolveu, o que certamente se mostra inadequado, posto que o
adicional de mão obra, somente foi incluído como item de orçamentação em 2007, após a edição, pelo
DNIT, da Instrução de Serviço 15 de 20/12/2006. Logo, em momento anterior, estas despesas eram
correntemente remuneradas como custo indireto do empreendimento;
5.13. Esclarece que para a definição do percentual relativo a tal item, calculou-se o custo efetivo
segundo o contingente de mão de obra previsto para a execução do contrato, fazendo-se uma relação
percentual deste com o custo direto fixado na proposta. Assim sendo, caso não estivessem inseridos como
despesas indiretas, certamente estariam sendo remunerados de outra forma;
5.14. Acrescenta que a inclusão de determinado item como custo direto ou indireto varia de acordo
com a metodologia utilizada pelo orçamentista, até mesmo pelo fato de que não existem regras definidas
acerca de quais itens podem ou não compor o BDI de determinada empresa. Ademais, o BDI praticado
por este Consórcio obedeceu fielmente às disposições constantes do Edital e do SICRO, apresentando um
percentual, no importe de 23,90%, extremamente inferior à realidade do empreendimento e da obra
executada, contribuindo para que o próprio DNIT, por meio da Portaria 1.186/2010 majorasse o
percentual de BDI para 27,84%;
5.15. Assevera que não obstante já ter-se demonstrado a insubsistência das irregularidades
apontadas pela Unidade Técnica, importa relatar que a pretensão de repactuação do BDI contratual,
conforme já exposto, viola o único direito subjetivo que o particular possui ao contratar com o poder
público, qual seja: a manutenção das condições efetivas da proposta durante toda a execução do contrato,
nos moldes da Lei 8.666/93 e na legislação vigente, onde uma alteração posterior de tais regras
configuraria quebra do próprio contrato e, notadamente, de importante principio constitucional, qual seja,
a segurança jurídica; e
5.16. Por fim, considerando devidamente esclarecidas todas as questões suscitadas pela SECEX·PB,
especificamente no que concerne ao Lote 02 das obras da BR·101- Nordeste, requer, após análise deste
Tribunal, sejam afastadas todas as irregularidades apontadas, arquivando·se definitivamente os presentes
autos.
6. Analisando os esclarecimentos apresentado pelo consórcio, no que tange a existência de
edital previamente submetido à criteriosa apreciação desta Corte de Contas, preliminarmente, cabe
ressaltar que conforme já mencionado em instruções anteriores, qualquer análise promovida por esta
Corte de Contas, em momento anterior à publicação do Edital nº 102/2006, não teria o condão de
convalidar todos os dispositivos ali contidos, por não terem sido analisados todos os itens elencados
naquele instrumento editalício, bem como por não ser tarefa do controle externo analisar,
antecipadamente, a lisura e compatibilidade dos mesmos, dando-lhe qualquer chancela de conformidade,
como defendem os consórcios, em sede de oitiva;
6.1. De todo modo, por tratar-se de obra de engenharia e o exame do Tribunal ser feito por
amostragem, não exaure todas as possibilidades de incorreções, carecendo muitas vezes de análise mais
crítica de todos os seus fundamentos. Assim, inexistia qualquer óbice para que o novo trabalho de
fiscalização se debruçasse sobre a referida matéria, entendendo-se totalmente improcedente a mencionada
assertiva, por ser irracional e juridicamente impossível;
372
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
6.2. Ademais, considera-se equivocada a conclusão dos recorrentes de que uma decisão prolatada
pelo Tribunal não teria o condão de atingir atos posteriores. É sabido que a qualquer momento este poderá
rever seus atos e caso necessário proceder as devidas modificações;
6.3. No que tange a inclusão indevida de percentual do IRPJ, na composição do BDI, é válido
anotar que o entendimento ora empreendido já foi objeto de decisões anteriores no âmbito desta Corte de
Contas, onde claramente era vedada a inclusão dos referidos percentuais no BDI, a exemplo dos Acórdãos
1147/2002, 1542/2003 e 1595/2006, todos do Plenário, deixando assente que o momento de entendimento
firmado pelo tribunal sobre determinada matéria, não significa um marco inicial para a sua utilização;
6.4. Sobre a inclusão de itens da conservação de canteiro de apoio no BDI, temos a ressaltar que a
alegação de que os preços estavam em patamares inferiores ao estabelecido pelo Dnit, não os exime de
estarem praticando irregularidade, que caracterizam enriquecimento indevido;
6.5. Ademais, ao mencionar sobre a existência de instalações complementares às do canteiro, vale
frisar que na orçamentação de uma obra de grande vulto, quando da elaboração do edital, deverá haver
uma estimativa dos alojamentos a serem utilizados pela equipe e assim ser feito um planejamento mais
aprofundado com o custo total ser incluído como despesa nas instalações do próprio canteiro, não
havendo, pois, distinção na planilha do edital daqueles que permanecerão no canteiro e em demais locais;
6.6. Não prospera, ainda, a alegação dos consórcios de que a equipe de auditoria, ao examinar a
inclusão dos itens alimentação e transporte diário de pessoal no cálculo do BDI, aplicou retroativamente
normativo do Dnit (Instrução de Serviço 15/2006), posto que o Manual de Custo Rodoviário, aprovado
pelo Conselho Administrativo do DNER, em 17 de dezembro de 1998, mediante Resolução nº 45/1998, já
previa em seu item 2.5 que:
Os custos relativos a uniformes, equipamentos de segurança, alimentação e transporte de pessoal
serão considerados como integrantes dos Adicionais sobre Mão de Obra, por estarem diretamente
relacionados com a força de trabalho empregada e por serem previstos, em muitos casos, nas próprias
convenções coletivas de trabalho;
6.7. Sobre o questionamento acerca de contrato ser considerado normalmente ato jurídico perfeito,
vale salientar que não há dúvida desta assertiva, no entanto isso não prejudica a competência do TCU
para atuar sempre que os mesmos infrinjam a lei ou provoquem injustificado prejuízo à Administração
Pública, sendo assim atos imperfeitos;
6.8. Desta forma, considerando que o ajuste em comento encontrava-se eivado de vício insanável
em sua origem, qual seja sobrepreço, ao arrepio do dispositivo legal vigente à época, tem-se por
considerar como ato jurídico imperfeito, alcançado por esta Corte, mormente, no que se refere à
verificação da economicidade;
6.9. Do exposto, observa-se que os esclarecimentos apresentados pelo recorrente não apresentam
fatos novos capazes de refutar o posicionamento anterior do Tribunal.
7. Atendendo a oitiva (Ofício1330/2010-TCU/SECEX-PB de 22/10/2010 - fls. 47 do
anexo 9) o Consórcio CR Almeida/Via Engenharia/Emsa encaminhou esclarecimentos atinentes ao
Contrato TT 253/2006-00 – lote 3 (fls. 24/52 do anexo 15), nos termos abaixo resumidos:
7.1. Os esclarecimentos encaminhados pelo consórcio acerca da inclusão indevida de percentual do
IRPJ e dos itens alimentação e transporte diário de pessoal na composição do BDI, foram apresentados de
forma idêntica aos Consórcios Constran/Galvão/Construcap, descritos nos subitens 5.1 a 5.5 e 5.12 a
5.15, já examinados, sem, contudo apresentarem fatos capazes de alterar o posicionamento desta Corte de
Contas;
7.2. Adicionalmente, quanto ao elevado índice de Administração - 20,25%, quando o Manual de
Custos Rodoviários do DNIT, no item correspondente à composição do LDI estabelece um percentual
aceitável de Administração de 4,0% do custo direto da obra, alegam que apesar do referencial do SICRO
ser oficial, não se deve perder de vista que seus valores não são fixos e invariáveis, ao contrário, estes
devem ser adequados às especificidades de cada empresa, bem como do empreendimento que está sendo
realizado. Nesse sentido, o próprio Manual de Custos Rodoviários assinala que a classificação do custo de
um serviço como direto ou indireto está apenas relacionado à sua inclusão ou não na respectiva planilha
de preços a serem cotados por ocasião da licitação da obra, definindo cada um deles. Assim, a aplicação
373
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
da proposta da licitação, não podendo ser computado, naquele momento, valores para impedir um suposto
prejuízo. Ademais, caso a obra se entenda por muito tempo, existe a regra de reajustamento de preços,
para garantir a manutenção da equação econômico-financeira do contrato;
8.1. Outro fato que merece ser destacado na análise deste custo refere-se à alteração da localização
dos canteiros do Lote 3, que por se utilizarem de instalações recém desocupadas, obtiveram redução
significativa para os seus custos por serem necessárias, apenas, pequenas adaptações nas instalações já
existentes, para adaptações ao projeto executivo desta obra;
8.2. Ante o exposto, observa-se que os esclarecimentos apresentados mostram que, na verdade, o
consórcio não apresentou fatos novos capazes de refutar o posicionamento anterior do Tribunal.
9. Em resposta a oitiva (Ofício1331/2010-TCU/SECEX-PB de 22/10/2010 - fls. 48 do
anexo 9) o Consórcio Queiroz Galvão/Norberto Odebrecht/Andrade Gutierrez/Barbosa Mello,
encaminhou esclarecimentos atinentes ao Contrato TT 252/2006-00 – lote 7 (fls. 54/73 do anexo 15), em
termos idênticos aos Consórcios Constran/Galvão/Construcap e CR Almeida/Via Engenharia/Emsa,
examinados nos subitens anteriores e sem trazerem fatos novos capazes de elidir as irregularidades
apontadas no Acórdão 1443/2010-Plenário.
10. Vale ressaltar que não obstante o exame de todos os esclarecimentos dos consórcios, é sabido
que esta Corte de Contas quando da análise do processo que culminou com o Acórdão 1443/2010-
Plenário, já tinha examinado todos os pontos irregulares. O chamamento dos consórcios ao processo
decorreu de vício da falta de convocação para se manifestarem nos autos acerca das irregularidades
praticadas, em ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa, ensejando a nulidade da
deliberação recorrida.
11. Por fim, considerando que as oitivas dos consórcios participantes da obra em exame, consoante
item 9.3 do Acórdão 2374/2010, acerca do indício de sobrepreço no LDI dos contratos TT 253/2006-00,
250/2006-00 e 252/2006-00, não trouxeram fatos novos capazes de modificar entendimento contido na
decisão desta Corte de Contas, submetemos os autos à consideração superior, alinhando-se ao
posicionamento já esposado em instrução de fls. 412/479, no sentido de que as irregularidades observadas
deverão ser saneadas por meio de aditivo contratual de realinhamento do LDI, podendo os valores pagos a
maior serem compensados nas próximas medições, como forma de ressarcimento ao erário, visando
afastar o enriquecimento sem causa dos contratados, em desfavor dos cofres públicos, propondo:
11.1. determinar à Superintendência do Dnit no Estado da Paraíba, com fundamento no art. 43,
inciso I, da Lei n.º 8.443/92, que, no prazo de 30 dias, promova a assinatura de correspondente termo
aditivo ao Contrato TT 253/2006-00 (Lote 3), celebrado com o Consórcio CR Almeida/Via
Engenharia/EMSA visando afastar o sobrepreço observados nos percentuais de seus respectivos Lucros e
Despesas Indiretas (LDI), com imediata ciência a esta Corte de Contas das providências adotadas, como
se segue:
11.1.1 inclusão indevida de parcela afeta a tributo personalíssimo e de responsabilidade das
contratadas, quais sejam, Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL),
como item componente do LDI, consoante entendimento jurisprudencial desta Corte de Contas, nos
termos do Acórdão nº 325/2007-TCU-Plenário, em 16.3.07;
11.1.2. inclusão indevida dos itens Transporte Diário de Pessoal (1,00% sobre o custo direto -
percentual estimado) e Subsídio para Refeições da Contratada (2,00% sobre o custo direto - percentual
fixado pelo contrato) no LDI, ao passo que os mesmos deveriam constar como Adicional de Mão-de-
Obra, incidente apenas sobre o custo direto de mão de obra, em consonância com o disposto no item 2.5,
do Manual de Custos Rodoviários (Vol. 1), aprovado pelo Conselho Administrativo do DNER,
em17/12/1998, pela Resolução nº 45/98, Seção do Conselho de Administração nº 19; e
11.1.3. utilização de percentual por demais elevado no item Administração (20,25% dos custos
diretos da obra), devendo ser utilizado como parâmetro o percentual de 4% tido como conforme e
praticado no Contrato TT 251/2006-00 (Lote 4), firmado entre Dnit e Consórcio A.R.G LTDA - EGESA,
compatível com aqueles preconizados pelo Manual de Custos Rodoviários do Dnit (Vol. 1).
11.2. determinar à Superintendência do Dnit no Estado do Rio Grande do Norte, com fundamento
no art. 43, inciso I, da Lei n.º 8.443/92, que, no prazo de 30 dias, promova a assinatura de correspondente
375
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
É o relatório.
VOTO
circunstância prevista no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal e no art. 45 da Lei 8443/1992,
devendo-se assinar prazo para que o responsável adote as providências necessárias ao exato cumprimento
da lei.
A Secex/PB deverá monitorar a implementação das medidas corretivas e, no caso do não
atendimento às determinações do Tribunal, deverá dar imediata ciência ao relator, propondo, se for o
caso, as medidas inscritas no art. 45, § 2º, da Lei 8.443/1992. Medida idêntica foi determinada em recente
deliberação do Tribunal, ao apreciar o TC-010.493/2010-7, Acórdão 1922/2011 – Plenário, relatado pelo
Ministro Valmir Campelo.
Ante o exposto, acolho, no essencial, as proposições da Unidade Técnica e voto por que o Tribunal
de Contas da União aprove o acórdão que submeto ao Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
1. Processo nº TC 008.612/2007-8.
2. Grupo I – Classe V – Assunto: Relatório de Levantamento de Auditoria.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Congresso Nacional.
3.2. Responsáveis: Divaldo de Arruda Câmara (025.342.154-34); Emerson Valgueiro de Morais
(141.560.404-53); Expedito Leite da Silva (112.494.634-91); Fernando Rocha Silveira (107.545.124-87);
Francisco Fernando de Figueiredo Lopes (219.548.367-91); Genivaldo Paulino da Silva (021.453.594-
00); Hideraldo Luiz Caron (323.497.930-87); Hugo Sternick (296.677.716-87); Luis Munhoz Prosel
Junior (459.516.676-15); Luiz Augusto Siqueira Bittencourt (233.870.847-49); Luiz Clark Soares Maia
(040.065.774-00); Luziel Reginaldo de Souza (337.077.317-15); Martinho Cândido Velloso dos Santos
(114.335.821-04); Mauro Barbosa da Silva (370.290.291-00); Márcio Guimarães de Aquino
(631.403.497-34); Normando Vasconcelos Ferreira (028.453.934-15); Paulo Marconi de Vasconcelos
(004.560.984-53); Prudêncio Alves da Silva (151.941.671-72); Sílvio Figueiredo Mourão (729.316.637-
00); Tenório José de Brito (446.969.733-87); Wagner de Carvalho Garcia (119.577.866-04).
4. Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: Secretaria de Controle Externo - PB (Secex-PB).
8. Advogados constituídos nos autos: Alexandre Aroeira Salles (OAB/MG 71.947), Patrícia
Guércio Teixeira (OAB/MG 90.459), Flávia da Cunha Gama (OAB/MG 101.817), Tathiane Vieira
Viggiano Fernandes (OAB/DF 27.154)
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Levantamento, referente à fiscalização
nas obras na Rodovia BR-101, no estado da Paraíba, divisas PB/RN e PB/PE, PT 267820235105T0025,
sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte, Dnit,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, com fundamento nos arts. 45 da Lei 8443/1992 e 251 do Regimento Interno,
em:
9.1. fixar prazo de quinze dias para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes –
Dnit adotar as providências necessárias ao exato cumprimento da lei (arts. 1º e 28 da Lei 9.430/1196 e
Resolução Dner 45/1998), consistentes na:
378
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.1.1. celebração de termo aditivo ao Contrato TT 253/2006-00 (Lote 3), para afastar o sobrepreço
no percentual de Lucros e Despesas Indiretas (LDI), consoante fundamentação inscrita no item 58 da
instrução da Unidade técnica (achado 16), como se segue:
9.1.1.1. inclusão indevida de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido (CSLL), como item componente do LDI;
9.1.1.2. inclusão indevida dos itens Transporte Diário de Pessoal (1,00% sobre o custo direto -
percentual estimado) e Subsídio para Refeições da Contratada (2,00% sobre o custo direto - percentual
fixado pelo contrato) no LDI, ao passo que os mesmos deveriam constar como Adicional de Mão-de-
Obra, incidente apenas sobre o custo direto de mão-de-obra, em consonância com o disposto no item 2.5,
do Manual de Custos Rodoviários (Vol. 1), aprovado pelo Conselho Administrativo do Dner,
em17/12/1998, pela Resolução 45/98, Seção do Conselho de Administração 19;
9.1.1.3. aplicação de percentual considerado excessivo no item Administração (20,25% dos custos
diretos da obra), devendo ser utilizado como parâmetro o percentual de 4%, tido como conforme e
praticado no Contrato TT 251/2006-00 (Lote 4), firmado entre o Dnit e Consórcio A.R.G Ltda. - Egesa,
compatível com o Manual de Custos Rodoviários do Dnit (Vol. 1);
9.1.2. celebração de termo aditivo ao Contrato TT 250/2006-00 (Lote 2), para afastar o sobrepreço
no percentual de Lucros e Despesas Indiretas (LDI), consoante fundamentação inscrita no item 58 da
instrução da Unidade técnica (achado 16), como se segue:
9.1.2.1. inclusão indevida de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), como item componente do
LDI, à cifra de 1,00%;
9.1.2.2. inclusão indevida do item Conservação do Canteiro de Apoio no LDI (fixado em 0,50% do
custo direto da obra), quando há item específico de remuneração da contratada, por meio do item
Despesas com Instalação/Manutenção de Canteiros e Acampamentos, incluso nas despesas diretas da
obra;
9.1.2.3. inclusão indevida dos itens Alimentação (fixado em 0,50% do custo direto da obra),
Transporte de Pessoal (fixado em 1,00% do custo direto da obra) e Uniformes (fixado em 0,05% do custo
direto da obra) no LDI, quando deveriam integrar o Adicional sobre Mão-de-Obra, por estarem
diretamente relacionados com a força de trabalho empregada no empreendimento, em consonância com o
disposto no item 2.5, do Manual de Custos Rodoviários (Vol. 1), aprovado pelo Conselho Administrativo
do Dner, em17/12/1998, pela Resolução 45/98, Seção do Conselho de Administração 19;
9.1.3. celebração de termo aditivo ao Contrato TT 252/2006-00 (Lote 7), para afastar sobrepreço no
percentual de Lucros e Despesas Indiretas (LDI), consoante fundamentação inscrita no item 58 da
instrução da Unidade técnica (achado 16), pela aplicação de percentual considerado excessivo no item
Administração (13,21% dos custos diretos da obra), devendo ser utilizado como parâmetro o percentual
de 5,2%, tido como conforme e praticado no Contrato TT 254/2006-00 (Lote 8), firmado entre o Dnit e
Consórcio OAS-Camargo Corrêa-Mendes Júnior, compatível com o Manual de Custos Rodoviários do
Dnit (Vol. 1);
9.2. determinar à Secex/PB o monitoramento da presente deliberação e do Acórdão 1443/2010 -
Plenário, por intermédio do processo TC-019.038/2010-0, autuado para essa finalidade e, no caso do não
atendimento do item 9.1. supra, dê imediata ciência ao relator, propondo, se for o caso, as medidas
inscritas no art. 45, § 2º, da Lei 8.443/1992;
9.3. arquivar os presentes autos.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
Adoto, como Relatório, parecer da lavra do E. representante do Ministério Público, Dr. Júlio
Marcelo de Oliveira, nos seguintes termos, in verbis:
380
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Destacou, ainda, que, conquanto não seja passível a dispensa formal de pesquisa de preço nos
autos do processo licitatório, esta, no caso em exame, não poderia ser utilizada como parâmetro de
segurança para a contratação que se pretendia realizar, frente às oscilações de preços verificadas.
Assim, a Secex-3 concluiu que, pelo que foi apurado, a ausência da pesquisa de preços nos autos do
processo licitatório equivaleria à falha de natureza formal.
O auditor instrutor, acompanhado pelos dirigentes da Secex-3, ressaltou, também, que:
“por outro lado, foram identificadas várias representações junto ao Conselho Administrativo de
Defesa Econômica do Ministério da Justiça (Cade/MJ), as quais possuíam por objeto a formação de
cartéis no setor de fornecimento de gases industriais e medicinais. Tais representações, já contendo
dados colhidos em meados dos anos 90, embora inicialmente malsucedidas, atraíram a atenção dos
órgãos brasileiros de defesa da concorrência, que, após longos anos, obtiveram êxito em comprovar a
formação de cartel por parte das principais empresas do segmento de gases industriais e medicinais. As
provas foram colhidas no âmbito do Processo Administrativo 08012.009888/2003-70, julgado, em 2010,
pelo Cade/MJ, que apenou os envolvidos com severas multas (fls. 734/832, anexo 1, vol. 3).
Estando os fornecedores a agir em conluio, os preços médios obtidos da pesquisa de mercado
seriam da mesma ordem dos preços contratados, o que não conduziria à cogitação de sobrepreço. Certo
é que se, de fato, já estivesse em funcionamento o cartel das indústrias de gases medicinais, provado
tanto tempo depois, que outra alternativa restaria aos gestores de uma unidade hospitalar senão a de
contratar pelo preço oferecido?”.
Ao fim, a unidade técnica opinou pela desconstituição do débito e pelo acolhimento parcial das
contrarrazões recursais da empresa White Martins Gases Industriais S/A e de todos os responsáveis,
julgando regulares com ressalva as contas destes, dando-lhes quitação.
O Ministério Público manifesta-se de acordo com as conclusões a que chegou a unidade instrutiva
quanto à insubsistência do débito.
Ainda que, em um primeiro momento, o Ministério Público tenha entendido estar devidamente
configurado o superfaturamento no Contrato 1/1999, a partir da utilização dos preços da Concorrência
4/1999 como parâmetro, agora, conclui pela descaracterização do dano, ao levar em conta a pesquisa
mais aprofundada realizada pela Secex-3 (fls. 660/773, anexo 1, vol. 3).
Com efeito, de acordo com aquela unidade técnica, alguns fatos dificultaram estabelecer o preço
de mercado à época do certame:
“- os bancos de dados dos entes federativos não contêm informações para o período em questão;
- tanto as notas de empenho como as ordens bancárias constantes do Siafi contêm informações
incompletas acerca das licitações e das notas fiscais pagas aos fornecedores. As notas de empenho, em
sua quase totalidade, limitam-se a mencionar as modalidades e os números das licitações, constando
apenas que se tratam de aquisições de gases medicinais, nem mesmo especificando quais deles.
Semelhantemente, as ordens bancárias mencionam apenas os números das notas fiscais e o total pago,
não indicando sequer o material recebido;
- mesmo as unidades mais organizadas da federação não dispõem de consultas aos seus diários
oficiais para o período de 1996 a 1999. Quanto ao DOU, a consulta a todas as edições publicadas entre
1º.1.1996 e 31.12.1999 permitiu a obtenção de apenas alguns poucos dados utilizáveis; e
- não foi possível encontrar instrumentos convocatórios de licitações da época pretendida, sendo
impossível identificar peculiaridades das contratações promovidas pelos diversos órgãos”.
Apesar disso, foi possível levantar os preços contratados por alguns órgãos públicos durante o ano
de 1998, para aquisição dos mesmos materiais constantes do Contrato 1/1999.
Ao se considerar esses dados, verifica-se que os valores do contrato em questão estavam na média
dos preços de mercado, não havendo, portanto, superfaturamento na aquisição dos materiais, conforme
tabela a seguir (fls. 9/10 e 727/33, anexo 1):
382
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Em memorial, os Srs. Afrânio Tavares Guerrero, Douglas Rodrigues da Costa, Carlos Alberto
Laranjeira Caldas, Rogério Botelho Peregrino e Vitor Hugo Meninéa protestam por que o Recurso de
Revisão ser julgado improcedente e mantida incólume a deliberação vergastada.
VOTO
Cuidam os autos de Recurso de Revisão interposto pelo Ministério Público junto TCU, contra o
Acórdão proferido pela Segunda Câmara, na Sessão do dia 05/07/2001 (Relação nº 42/2001, Ata nº
23/2001), o qual julgou regulares as contas dos responsáveis do Hospital Central do Exército (HCE),
referentes ao exercício de 1999.
O recurso manejado pelo Ministério Público junto ao TCU tem fundamento na superveniência de
documentos novos com eficácia sobre a prova produzida, com espeque no art. 35, inciso III, da Lei nº
8.443/1992, consistentes em irregularidades veiculadas em Denúncia considerada procedente por esta
Corte de Contas (Acórdão nº 1.129/2006-Plenário; TC-012.552/2003-1; peças principais trasladadas por
cópia aos presentes autos).
As ilicitudes identificadas na denúncia versam basicamente sobre possível superfaturamento na
aquisição de gases medicinais pelo referido nosocômio público, durante o período de 1997 a 1999, tendo
como fornecedora a empresa White Martins Gases Industriais S/A.
No caso específico do exercício financeiro de 1999, foram imputados aos gestores do HCE as
seguintes ocorrências, cujo débito também ensejou o chamamento da empresa White Martins Gases
Industriais S/A, na condição de terceiro responsável solidário:
- falha no processamento e julgamento da licitação, pois não houve a verificação da conformidade
da proposta vencedora com os preços correntes de mercado;
- adjudicação do objeto da licitação, sem balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e
entidades da Administração Pública;
- contratação com preços excessivos ou com valor global superior ao limite estabelecido.
Desde já, endosso os pareceres da Unidade Técnica e do representante do Ministério Público junto
ao TCU, cujos fundamentos incorporo às minhas razões de decidir.
Inicialmente, ao fazer os autos conclusos a este Relator, a Secretaria de Recursos, à época
responsável pela condução do processo revisional, secundada pelo Parquet especializado, propôs as
seguintes medidas:
- tornar insubsistente o acórdão recorrido;
- julgar irregulares as contas do HCE, relativas ao exercício de 1999, bem como condenar os
gestores públicos, em solidariedade com a empresa White Martins Gases Industriais S/A, ao recolhimento
383
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Após realizar as diligências necessárias, a Unidade Técnica de origem (3ª Secex) - a quem coube a
instrução definitiva do Recurso de Revisão, conforme decidido em Questão de Ordem submetida ao
Plenário na Sessão do dia 24/06/2009 - considerou inviável a apuração de dano emergente do Contrato nº
01/99-HCE, bem como relegou como formais as irregularidades atinentes ao processamento e julgamento
da Concorrência nº 05/98-HCE, tendo em vista indícios de formação de cartel de preços no setor de
fornecimento de gases medicinais, a refletir na impossibilidade de aferição dos custos reais desses
insumos.
Por pertinente, trago à baila excerto do voto condutor do Acórdão nº 1.597/2011-Plenário, proferido
nos autos do TC-002.830/1998-1 cujas considerações também se aplicam aos presentes autos:
“Os procedimentos adotados pela 3ª Secex compreenderam levantamento e pesquisa de preços
pagos pela Administração nas aquisições de gases medicinais e industriais durante o período de 1996 a
1999. Os instrumentos de trabalho foram calcados essencialmente em consulta à rede mundial de
computadores - internet, aos bancos de dados dos entes federativos, ao Sistema Integrado de
Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI), ao Diário Oficial da União e aos diários oficiais
das unidades da federação.
As conclusões a que chegou a unidade instrutiva foram:
- ausência de informações sobre os custos de fornecimento de gases medicinais nos bancos de
dados dos entes federativos para o período em questão;
- incompletude de dados nas notas de empenho e ordens bancárias constantes do SIAFI, sem
informações precisas sobre licitações e notas fiscais pagas aos fornecedores. As licitações, em sua quase
totalidade, limitam-se a mencionar as modalidades e os números dos procedimentos licitatórios, sem
detalhar e quantificar os gases adquiridos. As ordens bancárias ressentem-se da discriminação do
material recebido, informando, apenas, os números das notas fiscais e o total pago;
- insuficiência de dados disponíveis nos veículos oficiais de imprensa. Mesmo as unidades mais
organizadas da federação não dispõem de consultas em seus diários oficiais para o período de 1996 a
1999. Quanto ao DOU, mesmo após consulta a todas as edições publicadas entre 1º/1/1996 e
31/12/1999, encontraram-se apenas poucos dados utilizáveis; e
- impossibilidade de localização de instrumentos convocatórios de licitações para a época
pretendida, inviabilizando a identificação de peculiaridades das contratações promovidas pelos diversos
órgãos;
- pequena amostra de dados obtidos, insuficiente para elaborar quaisquer inferências com base em
métodos estatísticos e níveis de confiança aceitáveis. Os poucos dados obtidos do DOU e do SIAFI
caracterizaram pequenos extratos de preços pagos entre 1996 e 1999, na aquisição de diversos gases
medicinais. As amostras colhidas não contemplam a diversidade de todos os gases adquiridos pelo HCE,
384
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
além de serem constituídas por poucos elementos, apresentarem grande dispersão e variância de preços
(fls. 1.021-1.085, Anexo 1, Vol. 5);”
Por fim, dou ciência desta deliberação ao Procurador da República no Estado do Rio de Janeiro, Dr.
Daniel de Alcântara Prazeres.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
1. Processo nº TC 010.866/2000-0.
2. Grupo I – Classe I – Assunto: Recurso de Revisão (em Tomada de Contas Simplificada,
exercício de 1999)
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Hospital Central do Exército (00.394.452/0378-72).
3.2. Responsáveis: Afranio Tavares Guerreiro (037.239.767-00); Allan Orcay Reis (072.222.988-
78); Amauri Zanelli Ferreira (073.205.917-82); Carlos Alberto Laranjeira Caldas (190.556.687-53);
Douglas Rodrigues da Costa (102.167.278-55); José Lins Carneiro (010.991.084-20); Rogerio Botelho
Peregrino (007.618.717-99); Vitor Hugo Meninea (321.753.617-72); White Martins Gases Industriais
Ltda (35.820.448/0001-36) e demais responsáveis arrolados às fls. 01 a 04 do principal.
4. Órgão: Hospital Central do Exército.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Adylson Motta
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidade: 3ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-3).
8. Advogado(s): Osmar Mendes Paixão Côrtes – OAB/DF 15.553; Côrtes Zupiroli Advogados
Associados.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revisão interposto pelo
Ministério Público junto ao TCU, contra o Acórdão proferido pela Segunda Câmara, na Sessão do dia
05/07/2001 (Relação nº 42/2001, Ata nº 23/2001), a qual julgou regulares as contas dos responsáveis do
Hospital Central do Exército (HCE), referentes ao exercício de 1999.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário e ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1 com fundamento no art. 35, inciso III, da Lei nº 8.443/1992, conhecer do Recurso de Revisão;
9.2. considerar revel o Sr. José Lins Carneiro (CPF 010.991.084-20), nos termos do art. 12, § 3º, da
Lei nº 8.443/1992;
9.3. acolher, parcialmente, as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis
Afranio Tavares Guerreiro (037.239.767-00), Amauri Zanelli Ferreira (073.205.917-82), Carlos Alberto
Laranjeira Caldas (190.556.687-53), Douglas Rodrigues da Costa (102.167.278-55), Rogerio Botelho
Peregrino (007.618.717-99), Vitor Hugo Meninea (321.753.617-72) e White Martins Gases Industriais
Ltda (35.820.448/0001-36);
9.4. no mérito, dar provimento parcial ao Recurso de Revisão para:
9.4.1. tornar insubsistente o acórdão proferido pela Segunda Câmara, na Sessão do dia
05/07/2001 (Relação nº 42/2001, Ata nº 23/2001);
9.4.2. com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 5º, incisos I e VI, 7º, 10, § 2º, 16, inciso II, 18,
23, inciso II, todos da Lei nº 8.443/1992, julgar regulares com ressalva as contas relativas ao exercício de
1999, em nome dos gestores Afranio Tavares Guerreiro (037.239.767-00), Amauri Zanelli Ferreira
386
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
VOTO
Conheço dos embargos de declaração opostos ao Acórdão 1337/2011 – Plenário, com fundamento
nos artigos 34 da Lei 8.443/1992 e 287 do Regimento Interno.
Pelo Acórdão 1337/2011 – Plenário (fls. 918, volume 4), o Tribunal julgou irregulares as contas de
Rubens Portugal Bacellar, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração do Ministério do
Turismo, em 2007, e Neuzi de Oliveira Lopes da Silva, Pregoeira. Ao primeiro imputou débito e multa,
solidariamente com a empresa Gráfica e Editora Brasil Ltda., também multada. À segunda foi imposta a
multa prevista no art. 58, inciso I, da Lei 8443/1992.
A empresa Gráfica e Editora Brasil Ltda. contesta sua responsabilização, alegando que o fato
danoso tem origem no edital da licitação, elaborado pelo Ministério do Turismo, ato anterior à formulação
de sua proposta.
A fixação da responsabilidade da empresa deu-se com fundamento no art. 16, § 2º, alínea “b”, da
Lei 8443/1992 (“como parte interessada na prática do mesmo ato, de qualquer modo haja concorrido para
o cometimento do dano apurado”).
A informação consta do voto da deliberação recorrida, daí porque adequadamente motivada a
responsabilização da empresa e inexistente a alegada omissão.
As solicitações de serviços se concentraram precisamente nas planilhas consideradas irregulares e,
por isso, propiciaram à empresa ganhos indevidos, ensejando o necessário ressarcimento dos valores
apurados ao Tesouro Nacional.
Divergência sobre critério de apuração do débito, também questionada pela empresa, são
pertinentes em recurso de reconsideração ou pedido de reexame. Entretanto, a alegação é descabida em
embargos de declaração, cuja única finalidade é esclarecer ou integrar a decisão embargada,
excepcionalmente modificando-a.
Para Rubens Portugal Bacellar e Neuzi de Oliveira Lopes da Silva a omissão e a contradição
estariam na motivação da irregularidade das contas. De 26 planilhas de custos com formação de preços
por faixas de quantidades, em 18 teria sido observado o ganho de escala, em que para quantidades
maiores, há redução proporcional do preço unitário. Significa que 70% das planilhas estariam de acordo
com a lógica do mercado.
Não há contradição. No voto da deliberação recorrida consta que mais de 86% dos serviços
prestados se concentraram nas faixas em que não havia ganho de escala. A informação afasta tanto a
alegada contradição quanto o ferimento ao princípio da proporcionalidade. A concentração dos gastos nas
planilhas em que não havia ganho de escala demonstra a ocorrência de “jogo de planilhas”.
O critério de preço global permitiu acobertar a distorção existente em parte das planilhas de custos,
que não resistiu, contudo, à verificação dos custos unitários, efetuada pela Secretaria Federal de Controle
Interno, no relatório de auditoria anual de contas, anexo I, fls. 517 e seguintes do volume 2, circunstância
também minudentemente examinada no voto da deliberação recorrida.
Também não existe a contradição no reconhecimento das deficiências estruturais crônicas, em
especial a falta de espaço físico e de recursos humanos, determinantes para a ocorrência da irregular
contratação do Centro de Excelência em Turismo da Universidade Federal de Brasília – CET/UNB, por
inexigibilidade de licitação para prestação de serviços de gestão de documentos, Contrato 5/2007.
Por essa irregularidade, os recorrentes e outros gestores foram ouvidos em audiência. Admitindo a
ocorrência de um conjunto de circunstâncias atenuantes, a irregular contratação foi relevada para todos os
gestores por ela responsabilizados. A motivação para a irregularidade das contas dos recorrentes foram as
irregularidades verificadas na realização do Pregão para Registro de Preços 22/2005, a celebração do
Contrato 1/2006 e do seu primeiro termo aditivo.
O Contrato 1/2006 foi celebrado em 26/1/2006, fls. 255/262, anexo 1, vol. 1, e a referência incorreta
à data de celebração verificada no primeiro parágrafo do voto da deliberação recorrida não interfere na
parte dispositiva do Acórdão 1337/2011 – Plenário, cujos débitos ocorreram, todos, no exercício de 2007.
389
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Assim, ausente omissão ou contradição nas proposições contidas no acórdão, ou no voto que o
conduziu, ou mesmo no relatório, não há falar em sanear a deliberação recorrida, razão por que rejeito os
presentes embargos.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal de Contas da União aprove o acórdão que submeto ao
Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
1. Processo nº TC 018.887/2008-1.
2. Grupo II – Classe I – Assunto: Embargos de Declaração.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessados: Márcio Favilla Lucca de Paula (297.493.016-68), Secretário Executivo; Robson
Napier Borchio (132.576.416-72), Secretário-Executivo-substituto; Rubens Portugal Bacellar
(186.710.639-68), Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração; Simone Maria da Silva
Salgado (284.959.421-00), Subsecretária de Planejamento, Orçamento e Administração – substituta;
Neuzi de Oliveira Lopes da Silva (267.085.311-00), Pregoeira; Manoelina Pereira Medrado
(813.428.531-72), Consultora Jurídica; Sandra Elizabeth Lage Costa (719.822.997-20), Coordenadora de
Assuntos Técnico Judiciais; Airton Nogueira Pereira Junior (614.247.147-53); Cristiano Fonseca Pereira
(032.674.416-92); Duncan Frank Semple (329.743.531-34); Gilberto Barbosa dos Santos (021.972.208-
02); Gráfica e Editora Brasil Ltda (00.287.519/0001-00); José Augusto Guedes Falcão (414.210.007-68);
José Evaldo Gonçalo (358.832.781-91); Junia Cristina Franca Santos Egidio (385.305.701-20); Luiz
Eduardo Pereira Barretto Filho (075.881.858-05); Marden Elias Ferreia (410.608.901-78); Maria Luisa
Campos Machado Leal (185.722.601-10); Márcia Cristina Oliveira Fonseca (797.779.611-20).
4. Órgão: Secretaria Executiva do Ministério do Turismo - MTur.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: não atuou.
8. Advogado(s): Diego Ricardo Marques, OAB/DF 30782; Thiago Groszewicz Brito, OAB/DF
31762.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos contra o Acórdão
1337/2011 – Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator e com fundamento no art. 34 da Lei nº 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos embargos de declaração e rejeitá-los;
9.2. dar ciência aos interessados.
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues (Relator), Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge e José Múcio
Monteiro.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
391
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
10.6.2. A respeito do item CBUQ, data-base de março de 2002, praticado pela Empresa CONORT,
o paradigma de outros processos foi retificado, não por problemas de metodologia, mas para contemplar
as informações somente trazidas neste feito, acerca das distâncias de transporte consideradas pelo
Município de João Pessoa (fls. 1622/1624 do volume 7 do anexo 1). Ademais, foi usado o custo do
Cimento Asfáltico originário de Pernambuco, constante do Sistema SICRO (fls. 1644 do volume 7 do
anexo 1), ao invés do consignado no Sistema SINAPI, considerado nos parâmetros anteriores. Com isso,
foi obtido um valor de referência de R$ 230,51 (duzentos reais e trinta centavos), conforme a memória de
cálculo de fls. 99/100 do volume principal.
10.7. No tocante ao item ‘meio-fio de concreto, inclusive assentamento’, adotou-se como parâmetro
o serviço - 2 S 04 910 05 - Meio fio de concreto - MFC 05 (fls. 101 do volume principal), tendo sido
usada, para efeito de cálculo do preço unitário paradigma, a seguinte metodologia, a qual se baseou nas
informações contidas nas especificações técnicas e no padrão de meio-fio usualmente adotado no
Município de João Pessoa – dimensões de 0,30 por 0,14 m:
Meio Fio – unidade de medida: m
1) Quantidade de concreto: 0,042 m3 (0,30 m x 0,14 m x 1m )
2) Custo unitário do concreto fck= 13,5 Mpa: R$ 141,24 (18092-002);
3) Inclusão do resultado do produto dos itens 2 e 3 supra – R$ 5,93 – na composição de serviço
código 2 S 04 910 05, em substituição aos custos das atividades auxiliares 1 A 01 410 01 e 1 A 01 415
01.
4) Custo Total das Atividades: R$ 1,33 + R$ 1,22 + R$ 5,93 + R$ 0,47 + R$ 0,52 = R$ 9,47
5) Preço final: R$ 12,31 (com o BDI de 30%)
10.7.1. Registra-se que as parcelas indicadas no número 4 supra referem-se aos diversos itens da
composição do serviço 2 S 04 910 05: R$ 1,33 (custo unitário da mão de obra), R$ 1,22 (forma comum
de madeira), R$ 0,47 (escavação manual em material de 1ª categoria) e R$ 0,52 (lastro de brita), cada
subitem com as produtividade e quantidades discriminadas na composição do Sistema SICRO. Assim, a
partir da metodologia de cálculo acima anotada, obteve-se como custo de referência de mercado do item
‘meio de fio de concreto’, adequado às especificações de projeto, o valor de R$ 12,31.
10.8. A referência para o item ‘Escav. Carga material jazida inclus aquisic ‘ foi apurado a partir
da soma dos itens 00005933-001 (R$ 1,08), 00015318-001 (R$ 0,42) e 00018548 (R$ 7,20), acrescidos
da parcela do BDI.
10.9. Por fim, no tocante ao item Escavação, Carga e Transporte de Solo Mole, exc transporte’, foi
utilizado como parâmetro o custo do item 2 S 01 300 05 (Esc. carga transp. solos moles DMT 800 a
1000m), do Sistema SICRO, excluindo da composição o equipamento caminhão basculante, por estar
associado ao componente ‘transporte’, excluído do item da planilha contratual que se quer comparar. Às
fls. 103 do volume principal, consta a composição e o cálculo empreendido, acrescido do BDI de 30%,
adotado nesta e nas diversas análises efetuadas sobre os custos praticados pela Municipalidade à época,
objeto de diversos processos autuados nesta unidade técnica.
10.10. Dessa forma, para os itens consignados na amostra selecionada, segundo a metodologia
especificada nos itens 10 e 10.1 retro, logrou-se encontrar os seguintes custos paradigmas:
Tabela 1: Itens selecionados para compor a amostra
Preço Preço Data-
Serviço Unid. Referência Empresa
Praticado Referência Base
CBUQ, inclusive ligante e 02.540.000 Mar/199
m3 203,50 137,13 COJUDA
transporte de massa (SICRO) 9
0005732-001 Mar/199
Meio fio granítico m 13,00 7,76 COJUDA
(SINAPI) 9
Transporte de material para 00005732-001 Mar/199
t.km 0,25 0,174 COJUDA
sub-base e base (SINAPI) 9
4
convertido de m
3
para ton (SINAPI)
394
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
sub-base estabilizada
00018216-001 Mar/199
granulometricamente s/mist m3 4,67 2,39 COJUDA
(SINAPI) 9
excl transp
reaterro compactado de 00005734-001 Mar/199
m3 12,59 6,92 COJUDA
valas (SINAPI) 9
00005933-
001/00015318-
001/00018548/0
Escav carg mat 1ª categ p Mar/200
m3 13,00 7,64 0004746 CONORT
base e sub base incl aquis 2
(71131/71131/
7129)
(SINAPI)
00018216-001/
sub-base sem mistura,
00005933-001/ Mar/200
inclusive escavação e m3 14,78 11,90 CONORT
00006077 2
aquisição, exceto transporte
(SINAPI)
00012163-001
Mar/200
base estabil granulom m3 14,81 6,63 (71888) CONORT
2
(SINAPI)
00017563-001
Transporte de solo em Mar/200
m3xkm 0,69 0,29 (7131) CONORT
caminhão basculante 2
(SINAPI)
CBUQ, inclusive ligante e 2 S 02 540 01 Mar/200
m3 304,75 230,51 CONORT
transporte de massa (SICRO) 2
2 S 04 910 02 Mar/200
Meio-fio de concreto m 18,30 12,31 CONORT
(SICRO) 2
00005933-
Escav. Carga material 001/00015318- Mar/200
m3 9,63 11,31 CONORT
jazida inclus aquisic 001/00018548 2
(SINAPI)
Escav. Carga solo mole, exc 2 S 01 300 05 Mar/200
m3 17,38 3,56 CONORT
transp. (SICRO) 2
05650-001
Mar/200
Colchão Drenante areia m3 23,40 26,47 (7130) CONORT
2
(SINAPI)
10.11. Considerando a amostra de serviços selecionada conforme a metodologia indicada no item
10, foi apurado o débito total de R$ 1.667.676,05 (um milhão, seiscentos e sessenta e sete mil, seiscentos
e setenta e seis reais e cinco centavos), a valores históricos da data-base dos preços praticados no
contrato de repasse – março de 1999 e 2002. Tal montante corresponde ao produto dos quantitativos
totais medidos pela diferença verificada entre os custos unitários, tendo o presente sobrepreço se
materializado no pagamento de cada medição – Tabelas 2 e 3. Assim, foram consolidadas todas as
informações pertinentes ao débito, as quais tomaram como base as medições juntadas às 211/283,
308/318 do volume 1 do anexo 1, 840/841 do volume 4 do anexo 1 e a relação dos pagamentos efetivados
(fls. 71/77 do volume 1 do anexo 1).
14 19/4/2000 205.671,26
15 12/5/2000 154.153,53
16 21/6/2000 67.611,11
20-B 21/9/2000 41.357,68
20-C 29/9/2000 57.965,28
21-A 1/11/2000 2.595,07
21-B 13/11/2000 44.830,68
22-A 11/12/2000 55.414,21
23-C 17/1/2001 50.359,99
24-A 29/1/2001 60.583,89
25-B 1/3/2001 36.560,28
26-B 28/3/2001 13.109,44
27-B 23/5/2001 61.427,43
28-A 19/6/2001 62.996,09
29-A 24/8/2001 13.389,78
30-C 5/10/2001 10.511,50
Total 1.285.180,56
DA RESPONSABILIZAÇÃO
11. Superada essa questão inicial, cumpre especificar os responsáveis pelas quantias apuradas no
subitem 10.11 retro. Nesse sentido, compreende-se que na relação de causalidade da irregularidade em
apreço insere-se o aproveitamento indevido do Contrato n° 03/92, decorrente da Concorrência Pública
n° 06/91, para a execução das obras objeto do presente contrato de repasse. Em outras palavras,
entende-se que o prejuízo verificado aos cofres da União, no que concerne aos recursos federais
transferidos por força da avença em discussão, ocorreu em razão da utilização de um instrumento
jurídico (Contrato n° 03/92) cujos preços unitários encontravam-se acima do parâmetro de mercado.
Nessa linha de raciocínio, merece ser incluído no rol de responsáveis pelo débito em tela o Sr. Cícero de
Lucena Filho, ex-Prefeito de João Pessoa, o qual foi condenado no Acórdão n° 1.683/2004-TCU-
Plenário justamente pelo precitado aproveitamento indevido do Contrato n° 03/92. Vale ressaltar que o
referido gestor, tendo em vista a sua condição de signatário do Contrato de Repasse 0091965-44/1999,
constitui a autoridade responsável pela condução da avença, devendo, por essa razão, assumir todas as
conseqüências jurídicas dos vícios verificados no certame licitatório e contrato que arrimaram a
execução das obras.
11.1. De mais a mais, pelo fato de o presente aproveitamento, no tocante à Empresa COJUDA –
Construtora Julião Ltda., ter se materializado mediante a assinatura do 3º aditivo ao instrumento
particular de cessão de direitos, em face do Contrato 03/92, firmado entre a Prefeitura Municipal de
João Pessoa e a referida firma (fls. 1341/1344 e 1354/1355 do volume 6 do anexo 1), faz-se necessária a
responsabilização do Sr. Potengi Holanda de Lucena, então Secretário da Secretaria de Infraestrutura
do Município, signatário daqueles instrumentos, pelo débito anotado na tabela 2.
11.2. Outrossim, pelo fato de o presente aproveitamento, no tocante à Empresa CONORT –
396
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
13.4. Quanto ao não registro do contrato de repasse no SIAFI, a entidade se limitou a informar que
havia submetido o questionamento à matriz do banco, destacando que tão logo tivesse uma resposta
comunicaria ao TCU.
13.5. Análise. Considerando que a diferença a maior de R$ 600.000,00, entre o Relatório de
Acompanhamento da Caixa e as notas fiscais a ele correspondentes (aquele é maior que a soma destas),
não consta da prestação de contas dos recursos do contrato de repasse, tal fato não possui significância
para efeito de análise das referidas contas. Como a entidade atestou uma quantidade de serviços acima
da efetivamente paga com os recursos envolvidos na presente avença, não há qualquer medida
processual a ser adotada acerca do assunto, ainda mais se conferirmos legitimidade à afirmação da
Caixa de que tal diferença corresponde a serviços a serem pagos com recursos estaduais obtidos
mediante convênio.
13.6. No respeitante à discrepância entre os valores informados na relação de pagamentos e os
movimentados na conta específica da avença, confirma-se que não constam dos extratos bancários
enviados, ao contrário da afirmado pela entidade, registros de entrada/saída dos valores de R$
75.102,36 e R$ 10.225,16, apostos na prestação de contas como recursos da contrapartida utilizados no
custeio de despesas da avença (quitação em 27/09/2002 e 03/02/2003). Em outros termos, não resta
demonstrado que tais valores passaram pela conta específica do contrato de repasse, estando, assim,
prejudicada a aceitação destes como contrapartida despendida no ajuste.
13.7. Desse modo, do total informado como despesas pagas com recursos da contrapartida,
somente resta demonstrado, em face da documentação juntada aos presentes autos, o aporte, pelo
Município de João Pessoa, de R$ 501.152,38 (quinhentos e um mil, cento e cinqüenta e dois reais e trinta
e oito centavos) na consecução do objeto da avença.
13.8. Todavia, em que pese tal diferença de valores, o certo é que o atesto dos serviços pela Caixa
Econômica Federal, em quantidades superiores às constantes das notas fiscais juntadas à prestação de
contas do contrato de repasse, permitem concluir, diante dos documentos apostos nos autos, que nenhum
prejuízo houve às metas físicas objetivadas pelos partícipes, razão pela qual não se mostra cabível
qualquer medida processual acerca do assunto.
13.9. A respeito da movimentação informada como não identificada nos extratos bancários, tem-se
que o confronto do extrato da conta específica da avença com o da aplicação financeira permite concluir
que, de fato, tais valores se referem a movimentações de aplicações e resgates, a título de investimentos,
não estando caracterizada, ante os documentos juntados nos autos, qualquer saída de recursos não
condizente com as despesas registradas na prestação de contas.
13.10. Por fim, quanto à ausência de registro do contrato de repasse no SIAFI, entende-se de bom
direito, diante do caráter isolado da presente falha, tão somente a imposição de determinação, à
entidade pública, quando da análise de mérito, a fim de que promova, se já não o fez, o imediato registro
de todas as informações da avença no aludido sistema.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
14. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior com as seguintes
propostas:
14.1. com supedâneo no inciso II do art. 12 da Lei n° 8.443/92, que seja autorizada a citação
solidária do Sr. Cícero de Lucena Filho (CPF 142.488.324-53), do Sr. Potengi Holanda de Lucena (CPF
044.642.904-00) e da Empresa COJUDA - Construtora Julião Ltda. (CNPJ n° 09.271.321/0001-03),
para, no prazo de 15 dias, apresentarem alegações de defesa ou recolherem aos cofres da União, as
quantias especificadas abaixo, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de mora a partir da
data da ocorrência a elas relacionadas, até a data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em
vigor, tendo em vista a ocorrência da seguinte irregularidade praticada no âmbito do Contrato de
Repasse 0091965-44/1999:
Ato impugnado: sobrepreço na planilha utilizada no Contrato de Repasse 0091965-44/1999.
Dispositivo violado: art. 37 da Constituição Federal
Valores originais e datas dos débitos:
Data Valor
398
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
10/3/2000 63.545,96
17/3/2000 180.294,23
4/4/2000 102.803,15
19/4/2000 205.671,26
12/5/2000 154.153,53
21/6/2000 67.611,11
21/9/2000 41.357,68
29/9/2000 57.965,28
1/11/2000 2.595,07
13/11/2000 44.830,68
11/12/2000 55.414,21
17/1/2001 50.359,99
29/1/2001 60.583,89
1/3/2001 36.560,28
28/3/2001 13.109,44
23/5/2001 61.427,43
19/6/2001 62.996,09
24/8/2001 13.389,78
5/10/2001 10.511,50
Total 1.285.180,56
Qualificação dos responsáveis
Nome: Cícero de Lucena Filho.
CPF: 142.488.324-5.3.
Endereço: [...]
Nome: Potengi Holanda de Lucena.
CPF: 044.642.904-00.
Endereço: Rua Santos Coelho Neto, 257, apt 2001, Manaíra, João Pessoa/PB, CEP 58038-451
Nome: Empresa COJUDA – Construtora Julião Ltda.
CNPJ: 09.271.321/0001-03.
Endereço: Rua Clênio B dos Anjos, s/n, Bairro Conjunto Ernani Sátiro, João Pessoa/PB, CEP
58080-700.
14.2. com supedâneo no inciso II do art. 12 da Lei n° 8.443/92, que seja autorizada a citação
solidária do Sr. Cícero de Lucena Filho (CPF 142.488.324-53), do Sr. Evandro de Almeida Fernandes
(CPF 002.619.124-53) e da Empresa CONORT – Construtora Nordeste Ltda (CNPJ n° 01.747.579/0001-
13), para, no prazo de 15 dias, apresentarem alegações de defesa ou recolherem aos cofres da União, as
quantias especificadas abaixo, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de mora a partir da
data da ocorrência a elas relacionadas, até a data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em
vigor, tendo em vista a ocorrência da seguinte irregularidade praticada no âmbito do Contrato de
Repasse 0091965-44/1999:
Ato impugnado: sobrepreço na planilha utilizada no Contrato de Repasse 0091965-44/1999.
Dispositivo violado: art. 37 da Constituição Federal.
Valores originais e datas dos débitos:
Data Valor
30/9/2002 68.103,70
3/2/2003 81.773,42
10/6/2003 67.776,34
31/10/2003 101.826,24
4/2/2004 64.784,11
18/2/2004 (1.768,32)
Total 382.495,49
399
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
3. Na sequência dos atos processuais, a unidade técnica aprovou a instrução de mérito acostado às
fls. 182/204, na qual o auditor analisou as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis. Abaixo
reproduzo o teor desse expediente, com alguns ajustes de forma:
“(...)
HISTÓRICO
2. Promovidos os atos processuais supraindicados (fls. 72/74) e as diligências complementares de
fls. 87/89, também do volume principal, foram propostas as citações solidárias do Sr. Cícero de Lucena
Filho, do Sr. Potengi Holanda de Lucena e da Empresa Cojuda - Construtora Julião Ltda., tendo em
vista a ocorrência do sobrepreço total de R$ 1.285.180,56 (um milhão, duzentos e oitenta e cinco mil,
cento e oitenta reais e cinquenta e seis centavos), e do Sr. Cícero de Lucena Filho, do Sr. Evandro de
Almeida Fernandes e da Empresa Conort – Construtora Nordeste Ltda., em razão do sobrepreço total de
R$ 382.495,49 (trezentos e oitenta e dois mil, quatrocentos e noventa e cinco reais e quarenta e nove
centavos), ambos a valores históricos. As quantias foram discriminadas por valores e datas de
ocorrência, conforme os subitens 14.1 e 14.2 da instrução pretérita.
3. Na oportunidade, foram alvitradas, ainda, as audiências do Sr. Aldo Cavalcanti Prestes, Gerente
na Gerência de Desenvolvimento Urbano em João Pessoa– CEF/GIDUR/JP, tendo em vista o não
400
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
atendimento, no prazo fixado e sem causa justificada, das diligências consubstanciadas nos Ofícios
1049/2008 e 0148/2009-TCU/SECEX-PB; e do Sr. Evaldo de Almeida Fernandes, empregado da
GIDUR/JP, em razão da ratificação do parecer lavrado pela Empresa COENG (Análise Técnica
35/2002, de 29/08/2002), aceitando as modificações ocorridas na planilha contratual praticada na
avença, ensejando a continuidade da execução de contrato de repasse com custos acima do mercado.
4. Autorizada a expedição das medidas processuais propostas (fls. 118 do volume principal), foram
emitidos os Ofícios 1449 a 1455/2009-TCU/SECEX-PB (fls. 119/135 do volume principal), os quais
foram atendidos mediante a remessa das seguintes peças:
a) Sr. Aldo Cavalcanti Prestes: fls. 03/29 do anexo 4;
b) Empresa CONORT – Construtora Nordeste Ltda.: fls. 31/89 do anexo 4;
c) Empresa COJUDA - Construtora Julião Ltda.: fls. 91/98 do anexo 4;
d) Sr. Evaldo de Almeida Fernandes: fls. 100/123 do anexo 4;
e) Sr. Evandro de Almeida Fernandes: fls. 125/128 do anexo 4;
f) Sr. Potengi Holanda de Lucena: fls. 130/162 do anexo 4;
g) Sr. Cícero de Lucena Filho: fls. 164/169 do anexo 4;
ANÁLISE
5. Para fins de uma melhor organização, promover-se-á, inicialmente, o exame das alegações
trazidas acerca dos custos unitários praticados na avença, ou seja, a respeito da ocorrência de
sobrepreço. Nesse passo, serão juntadas as considerações emanadas pelos diversos responsáveis que se
manifestaram sobre o assunto, as quais serão consolidadas por item de serviço.
Preços praticados pela Empresa Conort
6. De início, ressalta-se que o Sr. Cícero de Lucena Filho não se manifestou diretamente sobre os
preços praticados na avença, nem sobre os de referência trazidos pela Secex/PB. Na oportunidade, o ex-
Prefeito concentrou sua defesa em negar a sua responsabilidade pelos fatos apontados no ofício de
citação, sob o argumento principal de que agiu na condição de agente político. Dessa forma, uma vez
que o defendente não exerceu o contraditório acerca do sobrepreço em si, opta-se em analisar, mais
adiante, as alegações produzidas.
6.1. A Empresa Conort consignou, em linhas gerais, que não houve sobrepreço na planilha
utilizada no contrato de repasse, tendo fundado tal constatação no parecer técnico elaborado pelo
Engenheiro Jonathan Batista Peixoto, juntado às fls. 37/51 do anexo 4. Ademais, ponderou que a Caixa
Econômica havia aprovado os preços unitários praticados pela empresa, que a CGU havia reconhecido
a adequação destes, e que este fato fora relatado, ainda, na própria instrução elaborada no TCU.
6.2. O Sr. Evandro de Almeida Fernandes, citado solidariamente com a Empresa Conort,
argumentou que a análise dos preços, no âmbito da Secretaria de Infraestrutura do Município - Seinfra,
era feita por uma equipe de engenheiros especializados na Divisão de Projetos, restando aos gestores,
dada a quantidade de tarefas sob sua responsabilidade, fazer uma análise superficial dos preços
sugeridos.
6.3. Por outra, ponderou que os preços da avença foram aprovados pela Caixa e pela Coeng, tendo
trazido, ainda, alguns ensinamentos do Engenheiro Paulo Vilela Dias, especialista na área de
Engenharia de Custos, no sentido de que: os preços do SINAPI/SICRO são estimativas; o nível de
precisão de um orçamento é pequeno; as variáveis utilizadas em um orçamento dependem de
informações contidas no projeto, edital, memorial descritivo; e não se pode falar em sobrepreço sem
analisar as condições específicas de execução de cada serviço.
6.4. Ademais, o responsável destacou que, no caso das obras em apreço, efetivadas em zona
urbana, algumas dificuldades resultariam acréscimos de preços: intenso movimento de veículos e
pessoas, acarretando rigorosas medidas de sinalização e segurança; baixa velocidade dos veículos de
transporte e da operação de máquinas; rigoroso controle de poluição sonora e ambiental; e custo mais
elevado de insumos, porquanto eram provenientes de fontes situadas a grandes distâncias. Dito isso,
refutou os serviços trazidos pela unidade técnica, tendo incluído, nos cálculos, o fator de empolamento,
sob a justificativa que os itens eram medidos pelo volume compactado.
6.5. O Sr. Evaldo de Almeida Fernandes, por sua vez, embora não tenha sido citado para
401
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
apresentar alegações de defesa sobre o presente débito, foi instado a se manifestar, em sede de
audiência, a respeito da ratificação do parecer que ensejou a continuidade da execução de contrato de
repasse com custos acima do mercado. Com isso, considerando a estrita conexão entre a matéria
questionada nas citações e na presente audiência, a qual tem como ponto central o exame dos preços
praticados no contrato; e considerando que o defendente também trouxe argumentos de mérito refutando
a ocorrência de sobrepreço, entende-se adequada a análise de tal aspecto de suas razões de justificativa
em conjunto com as alegações de defesa trazidas pela Empresa Conort e pelo Sr. Evandro de Almeida
Fernandes, já descritas.
6.6. Dito isso, anota-se que o Engenheiro da Caixa Econômica Federal também apresentou
parecer técnico refutando a ocorrência de sobrepreço (fls. 102/123 do anexo 4). Na análise efetuada,
assinada pelo Engenheiro Francisco Sérgio Rocha Barbosa, da GIDUR/TE, foram utilizadas as
composições do SINAPI, dos bancos de composições Nacional, de Fortaleza e João Pessoa, tendo sido
escolhido o nível de preços medianos para a cidade de João Pessoa, em fevereiro de 2000. Na
oportunidade, foi rechaçada a utilização do sistema SICRO, sob o argumento de que este conduzia a
erros de aproximação, pois os custos eram referentes ao mercado do Recife/PE. Ao final, o levantamento
concluiu que havia um subpreço, não um sobrepreço, de R$ 184.625,64 (cento e oitenta e quatro mil,
seiscentos e vinte e cinco reais e sessenta e quatro centavos).
6.7. Adiante, o parecerista argumentou que o preço do insumo ‘cimento asfáltico 50/60 – CAP 20’,
constante do relatório CSF.SB.141 (SINAPI) não considerava o custo com frete desde a usina ASFOR na
cidade de Fortaleza (700 km de João Pessoa), conforme consignado pela própria GIDUR/JP. Com isso,
concluiu que, se fosse acrescentado tal custo, na ordem de 8,925% do custo do serviço, ao preço do
CBUQ, apurar-se-ia, um subpreço ainda maior, qual seja, R$ 468.126,82 (quatrocentos e sessenta e oito
mil, cento e vinte e seis reais e oitenta e dois centavos).
6.8. Análise. De início, anota-se que a análise de preços efetivada pela Caixa e pela CGU não
vincula o exame a ser empreendido por este Tribunal, o qual tem a competência funcional de acatar ou
não a verificação outrora realizada. Por outra, cumpre ressaltar que em nenhum momento, até então,
esta unidade ou mesmo o TCU se manifestaram de forma definitiva sobre a economicidade dos preços
praticados no presente contrato de repasse. Nesse ponto, registra-se que tal constatação somente se dará
após a proposta de mérito a ser empreendida ao final da presente instrução, quando então o processo irá
a julgamento.
6.9. A respeito da existência de especificidades, anota-se que qualquer tentativa de impor exceções,
aos parâmetros do SICRO/SINAPI adotados, deveriam ter sido objeto de demonstração cabal por parte
dos defendentes, o que não se deu no presente caso. As alegações acerca das dificuldades de execução
em zona urbana, de necessidade de paralisação dos serviços em feriados, finais de semana; da
necessidade de rigoroso controle de poluição sonora e ambiental; dentre outros, por si só, sem a
minudente demonstração de seus reflexos nos custos, não têm o condão de desconstituir os parâmetros
trazidos pela Secex/PB, até porque estes foram extraídos dos sistemas aceitos pelo TCU e se basearam
nas premissas constantes do projeto de engenharia das obras.
6.10. No respeitante ao parecer juntado nas razões de justificativa do Sr. Evaldo de Almeida
Fernandes, anota-se, desde logo, que a análise empreendida apresenta uma série de inconsistências e
omissões que impedem o seu efetivo aproveitamento na análise dos custos da avença.
6.10.1. Inicialmente, anota-se que a data de referência dos preços, em relação à qual foi
empreendido o levantamento (fevereiro de 2000), não constitui a data-base utilizada na execução do
presente contrato de repasse. Nesse sentido, aponta-se que os preços praticados pela Empresa Cojuda e
pela Empresa Conort referiam-se, respectivamente, a março de 1999 e março de 2002, razão pela qual se
entende inadequada a comparação empreendida pelo parecerista, para o fim de verificar a
economicidade dos preços da presente avença.
6.10.2. Por outra, os quantitativos de serviços utilizados na planilha elaborada para fins de
verificação da ocorrência de sobrepreço (fls. 112/123 do anexo 4) são absolutamente diferentes dos
quantitativos medidos e pagos, conforme aponta os boletins de medição de fls. 1522 e 1548 do volume 7
do anexo 1.
402
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
6.10.3. Tal conjunto de fatos (data-base e quantitativos diferentes da situação real) mostra-se
suficiente para fragilizar o levantamento efetivado pela defesa, como meio de prova da não ocorrência
de sobrepreço. Dito de outro modo, registra-se que, diante das inconsistências apontadas, o estudo
elaborada pelo Engenheiro Francisco Sérgio Rocha Barbosa não logrou êxito em demonstrar a
economicidade dos preços praticados no presente contrato, não assistindo, portanto, razão ao Sr. Evaldo
de Almeida Fernandes.
6.11. Dito isso, passa-se ao exame dos itens em relação aos quais os responsáveis trouxeram
preços unitários de referência.
6.12. Quanto ao item ‘Escav carg mat 1ª categ p base e sub base incl aquis.’, o Sr. Evandro de
Almeida Fernandes, tendo multiplicado todos os custos do SINAPI pelo fator de empolamento, utilizou os
serviços 17446-003 (escavação), 17562-003 (carga) e 17559-002 (aquisição), obtendo um preço total de
R$ 13,57 (treze reais e cinquenta e sete centavos).
6.12.1. De pronto anota-se que foi indevida a utilização do fator de empolamento para a obtenção
do preço de mercado do serviço em apreço, porquanto todos os itens adotados na composição são
medidos por volume compactado, não sendo necessárias operações de transformação de volume solto
para volume compactado. Ademais, o insumo adotado pelo Sr. Evandro de Almeida Fernandes não se
mostra adequado para obras rodoviárias (17559-002), uma vez que se trata de aterro de caixão com
material arenoso de empréstimo, que constitui uma areia fina, mais indicada para a execução de obras
civis – construção de casas.
6.12.2. Com relação ao custo trazido pela Empresa Conort (fls. 41 do anexo 4), anota-se que a
referência obtida (R$ 7,09) foi menor do que a da Secex/PB (R$ 7,64), não havendo, portanto, razão
para contraditá-lo. Dessa forma, conclui-se pela adequação do custo adotado pela unidade técnica, na
medida em que não foram produzidas razões suficientes para descaracterizá-lo como referência de
mercado.
6.13. Com relação ao item ‘sub-base sem mistura, inclusive escavação e aquisição, exceto
transporte’, anota-se que o Sr. Evandro de Almeida Fernandes, da mesma forma que no item anterior,
incluiu indevidamente o fator de empolamento nos serviços utilizados na composição. Uma vez que todos
os itens adotados na composição são medidos por volume compactado, não se fazem necessárias
operações de transformação de volume solto para volume compactado, razão pela qual se mostrou
incorreto o parâmetro encontrado pelo responsável.
6.13.1. Desse modo, uma vez que a Empresa Conort não se manifestou sobre o serviço em tela, e
tendo em vista a insuficiência das razões trazidas pelo Sr. Evandro de Almeida Fernandes, mantém-se o
paradigma adotado pela Secex/PB, como referência de mercado.
6.14. No respeitante ao item ‘base estabil. granulom.’, o Sr. Evandro de Almeida Fernandes
utilizou, como referência, os mesmos serviços empregados na composição do item ‘sub-base sem
mistura’, acrescentado do fator de empolamento. Pelas mesmas razões invocadas anteriormente, refuta-
se a metodologia adotada, estando incorreto o preço de referência encontrado pelo responsável.
6.14.1. Com isso, uma vez que a Empresa Conort não se manifestou sobre o serviço em tela, e
tendo em vista a insuficiência das razões trazidas pelo Sr. Evandro de Almeida Fernandes, que não
refutou o serviço adotado pela Secex/PB, mantém-se o preço empregado pela unidade técnica como
referência de mercado.
6.15. Acerca do item ‘transporte de solo em caminhão basculante’, anota-se que os defendentes
usaram a mesma referência utilizada pela Secex/PB. A diferença nos valores encontrados reside na
unidade de medida utilizada, em ‘m3 x km’, pelos defendentes, e em ‘tonxkm’ pela unidade técnica. Em
realidade, abre-se um parêntese, para indicar que houve um lapso na indicação da unidade de medida do
serviço, na tabela 1 da instrução precedente (fls. 108/109 do volume principal), a qual expressou o custo
do serviço em ‘m3 x km’, ao invés de em ‘ton. x km’. Com isso, registra-se que o preço apurado pela
unidade técnica para o serviço, em realidade, foi R$ 0,29 / (tonxkm).
6.15.1. Ocorre que, no caso da contratação firmada com a Empresa Conort, materializado por
meio do termo de cessão de fls. 1409/1410 do volume 7 do anexo 1, a unidade de medida do serviço foi,
diferentemente dos demais convênios, ‘m3 x km’. Com isso, convertendo o preço da Secex/PB para a
403
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
unidade correta, ou seja, aplicando-se o BDI de 30% sobre o preço do item 17563-001 (expresso em
R$/m3xkm), R$ 0,53 (cinquenta e três centavos), obtém-se o preço unitário de R$ 0,69 (sessenta e nove
centavos), exatamente o praticado na presente avença. Dessa forma, acatando as alegações de defesa
trazidas, adota-se o preço de referência aduzido pelos responsáveis.
6.16. No tocante ao custo do CBUQ, a Empresa Conort empregou o custo do serviço no banco
nacional de composições do SINAPI. O Sr. Evandro de Almeida Fernandes, por sua vez, adotou
combinações de serviços do DER/PB, com o preço do ligante e de frete referentes à cidade de Fortaleza.
6.16.1. A composição do serviço CBUQ constante do SINAPI apresenta uma série de
inconsistências que prejudicam a sua aceitação como referência de mercado. Primeiro, registra-se que
os insumos utilizados e índices de produtividade variam bastante, conforme a data de referência técnica
utilizada.
6.16.2. No TC 028.109/2006-4, em que foram analisados os preços praticados na execução do
Contrato de Repasse nº 0132872-25/2001/SEDU/CAIXA, pesquisou-se o custo do item CBUQ, na data-
base de março de 2002, todavia com a referência técnica de junho de 2002 (período em que os custos
foram analisados pela Caixa Econômica Federal naquele contrato) – fls. 157/159 do volume principal.
Nesse caso, o preço do serviço, sem o BDI, totalizou R$ 162,21 (cento e sessenta e dois reais e vinte e um
centavos), – R$ 210,87 (duzentos e dez reais e oitenta e sete centavos), se acrescido do BDI de 30% – ou
seja, bem abaixo do preço trazido pela Empresa Conort (R$ 305,60 – trezentos e cinco reais e sessenta
centavos -, com o BDI de 30%).
6.16.3. Por esse motivo, foi utilizado, na presente análise, o custo unitário do serviço CBUQ
especificado no Sistema SICRO, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte – DNIT, o
qual, além de ser correntemente aceito por este Tribunal, como referência confiável de mercado,
descreve com melhor precisão os insumos e custos integrantes de uma composição de serviço. No caso
do item CBUQ, foi utilizado o item ‘2 S 02 540 01 - Conc. betuminoso usinado a quente - capa
rolamento’, com as adaptações necessárias para se amoldar à situação concreta do serviço analisado.
6.16.4. No presente caso, foram substituídos os custos referentes à areia e brita produzida (1 A 01
170 01 - Areia extraída com equipamento tipo ‘drag-line’ e 1 A 01 200 01 - Brita produzida em central
de britagem de 80 m3/h, constantes do serviço auxiliar 1 A 01 390 02 - Usinagem de CBUQ - capa de
rolamento) – fls. 160/161 do volume principal - pelos custos de aquisição de areia e brita sob a forma
comercial (fls. 162 do volume principal). Outrossim, foram acrescidos todos os custos de transporte
envolvidos, seguindo-se a metodologia adotada pelo Sistema SICRO, pela Secretaria de Obras do TCU e
as distâncias de transporte informadas pela Prefeitura de João Pessoa (fls. 1641 do volume 7 do anexo
1).
6.16.5. Como premissa, foi adotado o custo do Cimento asfáltico (CAP-20) referenciado em
Pernambuco, na medida em que esta opção representava a escolha mais econômica, frente à
possibilidade comentada na defesa do Sr. Evandro de Almeida Fernandes, de adquirir o insumo em
Fortaleza. Desse modo, adotando os parâmetros supramencionados, conforme a memória de cálculo
juntada às fls. 99/100 do volume principal, logrou-se encontrar o custo unitário de R$ 230,51 (duzentos
reais e trinta centavos), ou seja, um preço bem abaixo do praticado na presente avença.
6.16.6. Em que pese a correção da metodologia adotada pela Secex/PB, a qual comporta os
aspectos técnicos de orçamentação preconizados pelo DNIT e aceitos pela Secretaria de Obras do TCU
– SECOB, entende-se, retificando o custo anterior, que deve ser incorporada ao cálculo efetivado a
crítica esposada pelo Engenheiro Francisco Sérgio Rocha Barbosa, acerca da utilização dos custos dos
insumos constantes do Sistema SICRO.
6.16.7. Dessa forma, por apego à precisão, que deve ser sempre buscada na atividade de
orçamentação, empreendeu-se novo cálculo do preço do serviço, adotando-se a mesma composição do
Sistema SICRO, mas com os custos unitários dos insumos areia, brita, servente e encarregado de
pavimentação praticados na UGO de João Pessoa:
a) Areia Grossa: R$ 14,00 (quatorze reais) – SINAPI (UGO João Pessoa) – fls. 50 do anexo 4;
b) Brita: R$ 40,00 (quarenta reais) - SINAPI (UGO João Pessoa) – fls. 50 do anexo 4;
c) Servente: R$ 2,05 (dois reais e cinco centavos) - SINAPI (UGO João Pessoa) – fls. 50 do anexo
404
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
4;
d) Encarregado de Pavimentação: R$ 5,31 (cinco reais e trinta e um centavos) - SINAPI (UGO
João Pessoa) – fls. 51 do anexo 4;
6.16.8. Dessa forma, substituindo os aludidos custos na composição do Sistema SICRO, obtém-se o
preço de referência de R$ 259,33 (duzentos e cinquenta e nove reais e trinta e três centavos), o qual vem
a ser maior do que o preço em relação ao qual foram citados os responsáveis, mas, bastante inferior ao
preço efetivado praticado no contrato – memória de cálculo e composições relacionadas às fls. 163/168
do volume principal.
6.16.9. Com isso, a composição paradigma sugerida contempla o método adequado de
orçamentação do CBUQ, qual seja, a do Sistema SICRO, e os custos unitários dos insumos que
supostamente seriam adquiridos no local das obras, o que afasta, de vez, qualquer crítica quanto à sua
inadequação como referência de mercado.
6.16.10. No caso do parâmetro trazido pelo Sr. Evandro de Almeida Fernandes, além da indevida
adoção dos custos do insumo CAP 20 e de transporte alusivos à aquisição em Fortaleza, a qual, repete-
se, constitui uma solução antieconômica, frente à possibilidade de compra do insumo em Recife, distante
120 km de João Pessoa; anota-se que o defendente não trouxe as composições de custos unitários
mencionadas em sua defesa – originadas do DER/PB (fls. 128 do anexo 4 - restando, assim, prejudicada
a análise da adequação destas, em face dos parâmetros do SICRO. Por outra, registra-se que os custos
do DER/PB juntados pelo responsável estão acima dos custos indicados no Sistema SICRO, o qual vem a
ser a referência de mercado usualmente aceita pelo TCU.
6.16.11. Dessarte, considerando que não foram apresentadas alegações que refutassem a
referência de mercado trazida pela unidade técnica; considerando que não restou demonstrada a
adequação dos custos especificados pelos responsáveis; e considerando que os responsáveis não
lograram êxito em elidir o sobrepreço especificamente verificado no serviço em apreço, mas, ao final,
conseguiram diminuir o valor do débito em face das ponderações juntadas em sede de defesa; entende-se
que merecem ser acolhidas parcialmente as alegações de defesa apresentadas, persistindo o valor do
débito a ser apurado adiante, com o novo preço unitário paradigma obtido na presente análise.
6.17. No respeitante ao serviço ‘meio-fio de concreto’, anota-se que o item trazido pela Empresa
Conort (fls. 48 do anexo 4) não se presta como referência exata para o serviço especificado no projeto
que subsidiou a execução do presente contrato. Isso porque o parâmetro adotado contemplou como
insumo o meio-fio premoldado, diferente, portanto, da especificação de projeto, a qual previa que o meio
fio deveria ser moldado in loco (fls. 169/171 do volume principal), ou seja, pelo próprio executor das
obras.
6.17.1. Com relação à referência juntada pelo Sr. Evandro de Almeida Fernandes, destaca-se que o
defendente adotou o mesmo paradigma da SECEX/PB, porém, utilizou um parâmetro empírico de perda
de produtividade, decorrente da execução dos serviços em zona urbana, para aumentar em 35% o preço
da unidade técnica. Tal parâmetro, além de não demonstrado por fatores objetivos, não se justifica
qualitativamente, uma vez que o ritmo de execução do serviço não varia acentuadamente, conforme este
seja executado em zona urbana ou rural. Isso porque, estando a via isolada ou devidamente sinalizada,
não há qualquer óbice para a contínua execução dos serviços pelas equipes de trabalho. Por outra, não
se justifica invocar o acréscimo de custos em razão de despesas com segurança e sinalização de
segurança, uma vez que tais serviços constituem itens de específicos, no orçamento da obra, estando,
portanto, já apropriados ao custo total da obra.
6.17.2. A única retificação que se faz ao preço de referência da SECEX/PB diz respeito ao volume
de concreto utilizado na execução do serviço. Nesse sentido, anota-se que o projeto executivo das
presentes obras indicou que as dimensões da peça de meio fio eram 12x40 cm (fls. 171 do volume
principal), e não 14x30 cm, como aduzido na análise anterior. Desse modo, obtém-se o seguinte custo de
referência:
Meio Fio – unidade de medida: m
1) Quantidade de concreto: 0,048 m3 (0,40 m x 0,12 m x 1m )
2) Custo unitário do concreto fck= 13,5 Mpa: R$ 141,24 (18092-002);
405
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
valores medianos, de modo que a auditoria não considerou as peculiaridades das obras em questão. Por
fim, destacou que já haviam sido apresentados os quadros demonstrativos dos preços de mercado
adequados à realidade da obra.
7.10. Ainda sobre a existência de dano ao Erário, o defendente ponderou que não havia qualquer
indício probante acerca de tal fato. Dessa forma, alegou que o suposto sobrepreço fora constatado
mediante um estudo apresentado pela CGU, de caráter exemplificativo, sem qualquer aprofundamento
sobre o caso específico. Assim, criticou o fato de terem sido utilizados os preços do SICRO, uma vez que
estes são presumidos para toda a Região Nordeste. Dessarte, alegou que não era cabível ignorar a
dimensão geográfica da região e suas peculiaridades.
7.11. Adiante, o ex-Secretário destacou que o TCE/PB e o próprio TCU, no Acórdão 1063/2007-
TCU-Plenário, haviam concluído pela inexistência de dano ao Erário, na Concorrência 06/1991. Por
todo esse conjunto de razões, ante a falta de qualquer indício probante de ocorrência de dano ao Erário,
concluiu que não havia como ser obrigado a ressarcir um prejuízo que não ocorreu
7.12. Análise. Com relação às ponderações trazidas pela Empresa Cojuda, anota-se que o
defendente tratou de matéria estranha à abordada no presente processo. Nesse sentido, as considerações
trazidas acerca da regularidade dos atos praticados no âmbito do Convênio 236/2000 não se prestam
para refutar a ocorrência de sobrepreço no contrato de repasse em exame.
7.13. Por outra, sem adentrar no mérito se a sentença prolatada no processo penal trazido pelo
responsável tratou dos mesmos fatos narrados no presente feito, aponta-se que a deliberação judicial
apontada não tem o condão de afastar a atuação desta Corte de Contas, na esfera administrativa. Isso
porque à luz do art. 935 do Código Civil e da jurisprudência pátria, as sentenças proferidas na esfera
criminal somente fazem coisa julgada perante as esferas cível e administrativa, no caso de absolvição
pela negativa de autoria ou inexistência do fato, o que não ocorreu no presente caso.
7.14. Dessa forma, tendo o defendente sido absolvido, naquele processo penal, por insuficiência de
provas, aplica-se o Princípio da Independência das Instâncias, sendo perfeitamente cabível o
prosseguimento do feito, no TCU, para o fim de apurar a ocorrência de sobrepreço e a responsabilidade
da Empresa Cojuda pelos fatos narrados.
7.15. Desse modo, considerando que a Empresa Cojuda não trouxe argumentos que refutassem a
irregularidade em razão da qual foi instada a se manifestar, devem ser rejeitadas as alegações de defesa
produzidas.
7.16. No respeitante aos argumentos juntados pelo Sr. Potengi Holanda de Lucena, destaca-se que
o defendente não foi citado em razão da cessão e da prorrogação do Contrato n° 03/92, de per si, fatos já
apreciados no TC 015.609/2002-1, mas sim em razão do sobrepreço verificado no contrato em tela.
Nesse ponto, destaca-se que tal irregularidade teve como causa jurídica e fática o aproveitamento
indevido do Contrato n° 03/92 e o realinhamento dos preços da avença, os quais, no tocante à Empresa
Cojuda, materializaram-se mediante a assinatura do termo de cessão e do 3º aditivo ao instrumento
particular de cessão de direitos (fls. 1341/1344 e 1354/1355 do volume 6 do anexo 1).
7.17. Nesse passo, não se está discutindo a legalidade ou não da cessão e da prorrogação
promovidas, as quais, repete-se, foram objeto do TC 015.609/2002-1, mas sim a anuência do responsável
à execução da presente contratação, com preços acima dos praticados no mercado. Se o defendente
tivesse exercido efetivamente o seu dever jurídico, qual seja, se tivesse examinado satisfatoriamente a
adequação dos preços sugeridos nos referidos instrumentos, teria prevenido a Administrar de contratar a
preços superiores aos de mercado. Presente o dever jurídico de agir e diante da omissão, negligência ou
imperícia do ex-Secretário de Infraestrutura, resta assente a sua culpabilidade, a qual, no presente caso,
gera o dever de ressarcir o Erário pelo prejuízo a ele cometido.
7.18. Não prospera a alegação do defendente de que o ato jurídico analisado - 3º aditivo ao
instrumento particular de cessão de direitos –, por ter presunção de legitimidade, deveria
inevitavelmente ser assinado, uma vez que é sempre dever do bom Administrador verificar a presença do
interesse público na prática de atos administrativos. No presente caso, constituía obrigação do
responsável examinar a legalidade, a conveniência e oportunidade da continuidade da contratação, as
quais, no presente caso, não se faziam presentes, ante a demonstrada antieconomicidade dos preços ora
408
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
realinhados.
7.19. Acerca da ocorrência de sobrepreço, o responsável não trouxe argumentos técnicos
específicos para desconstituir cada um dos preços trazidos pela análise da SECEX/PB, não tendo,
simultaneamente, juntado preços unitários e composições que julgasse como de mercado.
Genericamente, o defendente se limitou a criticar a adoção dos parâmetros do SICRO/SINAPI, sem que
fosse levado em conta, na visão do responsável, as especificidades da obra. A respeito do assunto, anota-
se que os paradigmas utilizados pelo TCU, os quais tomaram por base a análise da CGU, constituem os
usualmente aceitos e praticados por esta Corte de Contas, no exame da economicidade das contratações
públicos.
7.20. Mostra-se evidente que qualquer tentativa de orçamentação leva em conta composições
padrões e preços médios, os quais, para serem desconsiderados, devem ser objeto de argumentação
exauriente por parte da defesa. Nesse ponto, deve-se alertar que análise dos custos do presente contrato
de repasse envolve maior risco e, por consequência, requer maior cautela. Isso porque, como não foi
realizada uma licitação específica para a execução do objeto do presente contrato de repasse, com
orçamentos estimativos e composições de custo unitários elaborados previamente pela Administração, há
sempre o risco de se tentar justificar eventuais excessos de custos, mediante a utilização de argumentos
fora de padrões definidos anteriormente ao certame.
7.21. Dito de outro modo, a estratégia usual adotada pela defesa, neste e nos demais processos, é
sempre tentar desconstituir o padrão de orçamentação dos sistemas adotados, sob o argumento que
haveria uma especificidade não contemplada. O risco de aceitar tal argumentação, ainda mais quando se
está diante de um objeto que foi executado sem que fosse realizada uma licitação específica para tal fim,
com regras prévias estabelecidas em um edital e um orçamento estimativo, é transformar o custo de
mercado em uma ‘conta de chegada’, para o qual se criam especificidades e exceções com o único
propósito de justificar excessos de custos.
7.22. Como se já mencionou, qualquer tentativa de impor especificidades aos parâmetros do
SICRO/SINAPI deveria ter sido objeto de demonstração cabal por parte dos defendentes, o que não se
deu no presente caso. As alegações acerca das dificuldades de execução em zona urbana, de necessidade
de paralisação dos serviços em feriados, finais de semana; da necessidade de rigoroso controle de
poluição sonora e ambiental; e do custo mais elevado de insumos naturais, por si, sem a minudente
demonstração, não têm o condão de desconstituir os parâmetros trazidos pela SECEX/PB, até porque
estes foram extraídos dos sistemas aceitos pelo TCU.
7.23. Com relação às críticas efetivadas ao trabalho empreendido pela CGU, anota-se que o
defendente, mais uma vez, não trouxe argumentos técnicos que pudessem apontar aonde residiam as
inconsistências alegadas. De fato, por se tratar de críticas genéricas, sem qualquer fundamentação mais
minuciosa, não se mostram aptas a servir como meio de prova da tese manifestada.
7.24. Acerca da utilização dos preços medianos do Sistema SICRO, para a Região Nordeste,
repetem-se as ponderações trazidas acerca da aceitação dos padrões de orçamentação dos sistemas
usualmente adotados pelo TCU. Nesse sentido, a desconsideração de tais parâmetros deve ser objeto de
argumentação exauriente por parte da defesa, o que não se deu no presente caso.
7.25. Por fim, com relação ao argumento de que o TCU havia se manifestado acerca da
economicidade dos preços praticados na presente avença, cumpre registrar que o TC 015.609/2002 1
não cuidou da análise da existência ou não de dano no contrato de repasse. Autuado como
representação, o referido processo teve como objeto o exame de irregularidades praticadas no âmbito da
Prefeitura Municipal de João Pessoa PB, em diversos convênios e contratos de repasse, dentre os quais a
presente avença, tendo cuidado apenas do cometimento de irregularidades não associadas à figura do
dano.
7.26. Tanto é assim que no subitem 9.6 do Acórdão 1683/2004-TCU- Plenário, que foi o primeiro
decisum prolatado naquele feito, foi determinado à Secex/PB que promovesse a análise dos preços
relativos à contratação das obras objeto do convênio e dos contratos de repasse relacionados naqueles
autos, comparativamente aos preços de mercado praticado às respectivas épocas, em processos
apartados, recorrendo, para tanto, às informações sobre custos constantes do Sistema Nacional de
409
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - Sinapi, normalmente utilizadas pela CEF, com vistas
à apuração de eventuais prejuízos causados ao erário.
7.27. Por esse motivo e em atendimento à representação originada posteriormente da CGU, foi
autuada o presente processo de tomada de contas especial, o qual tem, por objetivo, apurar e quantificar
a ocorrência de prejuízo aos cofres da União, instaurar o contraditório acerca do assunto e imputar um
débito aos responsáveis, se for o caso.
7.28. Ademais, cumpre registrar que esta Corte de Contas não deliberou, como de fato não poderia
deliberar, na parte dispositiva dos diversos acórdãos lavrados naquele processo, acerca da ocorrência
ou não de dano ao Erário. O excerto colacionado pelo Sr. Potengi de Holanda Lucena diz respeito à
manifestação do analista informante da Secretaria de Recursos, deste Tribunal, a qual, além de ter sido
acometida por um lapso de entendimento, não reflete o posicionamento deste Tribunal, constante dos
diversos acórdãos lavrados naqueles autos.
7.29. Dessa forma, considerando que não foram apresentadas alegações técnicas que refutassem os
preços de referência de mercado trazidos pela unidade técnica; considerando que não foram juntados os
parâmetros reputados como de mercado pelo defendente; considerando que não foram demonstradas
cabalmente as especificidades aduzidas pelo responsável, na execução da presente avença; devem ser
rejeitadas as alegações de defesa produzidas pelo Sr. Potengi Holanda de Lucena, não assistindo,
portanto, razão ao ex-Secretário.
Da defesa produzida pelo Sr. Cícero de Lucena Filho
8. O ex-Prefeito alegou, em síntese, que participou do contrato de repasse, na qualidade de
representante do Município de João Pessoa, ou seja, na condição de agente político. Por esse motivo, era
incabível sua responsabilidade, tendo invocado, nesse sentido, a Decisão nº 180/1998-TCU-1ª Câmara.
Adiante, destacou que a gestão da avença cabia ao Secretário de Infra-Estrutura do Município, tendo
ressaltado, ainda, que não contratara em nome do município, não autorizara pagamento, não emitira
empenho nem promovera nenhum aditamento contratual. Por fim, pugnou pelo reconhecimento de sua
ilegitimidade passiva e pela exclusão de seu nome do rol de responsáveis.
8.1. Análise. De início, é preciso ressaltar que a responsabilidade pela correta execução dos
recursos federais repassados por força de convênios e instrumentos congêneres – dentre os quais se
inclui os contratos de repasse – pertence às autoridades celebrantes da avença. Em outros termos, por
constituir compromisso que obriga a entidade convenente, é de sua autoridade máxima, in casu, do
Prefeito Municipal de João Pessoa, a responsabilidade pessoal pela correta condução do ajuste.
8.2. É fato notório que, para a execução das obras do contrato de repasse em comento, assim como
as de outras avenças assinadas à época, a Prefeitura Municipal de João Pessoa não realizou o escorreito
certame licitatório, como ditava os termos do ajuste, tendo optado por aproveitar uma licitação realizada
no longínquo ano de 1991 (Concorrência Pública nº 06/91) e o contrato dela decorrente (Contrato nº
03/92), cujo objeto se mostrava absolutamente genérico. Tal aproveitamento se deu nesta avença e em
mais nove instrumentos, sendo um convênio e oito contratos de repasse (Convênio nº 91/2000 e
Contratos de repasse n.ºs 68740-83/98/MPO/CAIXA, 128335-33/2001/SEDU/CAIXA, 134274-
28/2001/SEDU/CAIXA, 134034-18/2001/SEDU/CAIXA, 0135575-94/2001/SEDU/CAIXA, 132872-
25/2001/SEDU/CAIXA, 125460-08/2001/SEDU/ CAIXA e 135887-69/2001/EMBRATUR/CAIXA), o que
denota o caráter sistemático de tal prática. Frisa-se que, dado o caráter genérico do objeto daquele
certame, a Municipalidade firmava aditivos ao Contrato nº 03/92, os quais alteravam completamente a
planilha contratual ajustada, para fins de adaptá-la ao objeto dos contratos de repasse e convênios
celebrados, consoante visto, seis a nove anos depois da assinatura daquele contrato.
8.3. A sistemática em comento foi objeto de apreciação no Acórdão nº 1.683/2004-TCU-Plenário,
lavrado na representação de que cuida o TC 015.609/2002-1, o qual, dentre outras disposições, cominou
multa ao Sr. Cícero de Lucena Filho, por esta e outras irregularidades verificadas na execução do
Contrato nº 03/92, cujo aproveitamento foi considerado uma fuga ao dever constitucional de licitar e
uma burla ao art. 3º da Lei nº 8.666/93 e ao art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal. Tal
entendimento foi mantido no Acórdão nº 1.063/2007-TCU-Plenário, in Ata nº 23/2007, mediante o qual
foi julgado improcedente o pedido de reexame interposto em face daquele decisum (foi reduzido o valor
410
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
prosperar a tese de exclusão da sua responsabilidade, uma vez que atuou pessoalmente na captação dos
recursos sob enfoque e era também o responsável pela prestação de contas perante os órgãos públicos
federais repassadores das respectivas verbas. Tinha a obrigação de zelar pelo bom e regular emprego
dos recursos recebidos.
17. A delegação de competência prevista na Lei Complementar Municipal n. 11/97, parágrafo
único do art. 4º, atribuindo ao Secretário Municipal a função de ordenador de despesa, não desobriga o
Prefeito de responder pela gestão municipal, haja vista ser essa atribuição atinente ao cargo. Dessa
forma, de acordo com entendimento já firmado por este Tribunal, as irregularidades presentes no
processo são passíveis, conforme ocorreu, de apenação em multa ao responsável, pois ferem os
princípios constitucionais da Administração Pública e o dever de licitar.
18. Dentro desse mesmo enfoque, não se pode descurar também, no presente caso, da culpa in
vigilando e in eligendo do ex-Prefeito em relação aos subordinados que praticaram atos irregulares ou
ainda, de qualquer forma, tenham tais atos contribuído para tornar efetiva as ocorrências impugnadas
nestes autos. O gestor público pratica ilegalidade por ação ou omissão.’ (grifos acrescidos)
8.8. Desse modo, aponta-se que a jurisprudência recente do TCU evoluiu no sentido de pontuar a
responsabilidade administrativa dos agentes políticos, em casos de omissão grave na atividade de
condução de convênios e instrumentos congêneres. Assim, não mais prospera, neste Tribunal, a acepção
restritiva a respeito da responsabilidade dos agentes políticos, consoante exposto no Decisão nº
180/1998-TCU-1ª Câmara, mencionado pelo Sr. Cícero de Lucena Filho.
8.9. Em vários outros julgados, esta Corte já estabeleceu que o agente político pode, sim,
responder administrativamente, mesmo quando não for o executor direto de convênios, desde que sua
conduta seja pelo menos culposa. À guisa de exemplo, podemos citar, entre outros, os Acórdãos nºs
216/1998 - 2ª Câmara; 137/2000 - 1ª Câmara; 414/2000 - 1ª Câmara; 144/2002 - Plenário; 206/2002 -
Plenário; 281/2002 - Plenário; 374/2002 - 2ª Câmara; 2.391/2004 - 2ª Câmara; 625/2005 - 1ª Câmara,
além dos recentes Acórdãos nºs 468/2007-Plenário, 726/2007-Plenário, 1132/2007-Plenário, 1467/2007-
Plenário, além do próprio Acórdão nº 1063/2007-Plenário.
8.10. Acerca do assunto, é lapidar o voto do Exmº Ministro-Relator Ubiratan Aguiar, no Acórdão
nº 961/2003 - 2ª Câmara, mediante o qual se isentou um ex-Prefeito de responsabilidade por
irregularidades na execução de convênio, mas com a seguinte ressalva, ipsis litteris:
‘8. Ressalto que não é o fato, em si, de alguém ser um agente político que faz com ele esteja isento
de qualquer responsabilidade por atos de execução. Entretanto, para que essa responsabilidade possa
ser imputada, há que se demonstrar que o agente contribuiu de alguma forma para as irregularidades,
ou que tinha conhecimento dessas irregularidades, ou que houve alguma omissão grave de sua parte.’
(grifos acrescidos)
8.11. No presente caso, a responsabilidade do ex-Prefeito pelo sobrepreço exsurge
independentemente se consideramos que sua conduta foi comissiva ou omissiva, na gerência do contrato
de repasse. Como se demonstrará adiante, tal responsabilidade se manifesta, independentemente de
eventual alegação de que o ex-Prefeito conhecia ou desconhecia o aproveitamento indevido do Contrato
03/1992.
8.12. Caso imaginássemos, apenas por hipótese, que o Sr. Cícero de Lucena Filho desconhecia o
aproveitamento do Contrato 03/1992, ainda assim seria cabível sua responsabilização. Isso porque a
alegação de desconhecimento implicaria no cometimento de uma outra irregularidade, qual seja, a grave
omissão do ex-Prefeito na fiscalização gerencial do contrato de repasse.
8.13. Agindo dessa forma, o defendente teria permitido a continuidade de uma situação de
ilegalidade na execução da avença, qual seja, a não realização de licitação específica para a realização
do objeto do contrato de repasse e o aproveitamento de contrato antigo. Conforme visto, o último fato é
causa imediata do presente sobrepreço.
8.14. Nesse ponto, analisando o que seria a conduta de um homem médio, fica fácil constatar a
culpabilidade do ex-Prefeito. Afinal, no presente caso, um simples relatório que cuidasse de identificar as
licitações e os contratos relacionados a cada instrumento de repasse ou convênio celebrado com a União
seria suficiente para o gestor identificar que havia sido aproveitado um contrato antigo para a execução
412
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
execução de contrato de repasse com custos acima do mercado, relatou, conforme visto, que os preços
praticados estavam abaixo dos parâmetros de mercado.
10.1.1. Análise. Acerca do assunto, anota-se que as razões trazidas pelo defendente já foram objeto
de análise, quando da verificação da ocorrência de sobrepreço nos custos praticados pela Empresa
Conort (item 6.10 e subitens). Dessa forma, não tendo o responsável logrado êxito em demonstrar a
economicidade dos preços praticados no presente contrato, nem trazido outros argumentos que
pudessem elidir a sua culpabilidade, devem ser rejeitadas as razões de justificativa produzidas.
CONCLUSÃO
11. Dessa forma, com base nos quantitativos totais medidos e pagos e nos preços unitários
adotados na análise, os quais vêm a ser os mesmos indicados na tabela 1 da instrução precedente (fls.
108/109 do volume principal), à exceção dos itens CBUQ, meio-fio de concreto e ‘Escav. Carga material
jazida inclus aquisic’, com data-base em março de 2002, cujos preços unitários passaram a ser R$
259,33 (duzentos e cinquenta e nove reais e trinta e três centavos), R$ 13,42 (treze reais e quarenta e
dois centavos) e R$ 11,67 (onze reais e sessenta e sete centavos) - subitens 6.16, 6.17 e 6.18 retro -, têm-
se os seguintes valores de débito, materializados no pagamento de cada medição:
Tabela 1: Valores do débito – Pagamentos Efetivados à Empresa Cojuda
Medição Data Valor
11 10/3/2000 63.545,96
12 17/3/2000 180.294,23
13 4/4/2000 102.803,15
14 19/4/2000 205.671,26
15 12/5/2000 154.153,53
16 21/6/2000 67.611,11
20-B 21/9/2000 41.357,68
20-C 29/9/2000 57.965,28
21-A 1/11/2000 2.595,07
21-B 13/11/2000 44.830,68
22-A 11/12/2000 55.414,21
23-C 17/1/2001 50.359,99
24-A 29/1/2001 60.583,89
25-B 1/3/2001 36.560,28
26-B 28/3/2001 13.109,44
27-B 23/5/2001 61.427,43
28-A 19/6/2001 62.996,09
29-A 24/8/2001 13.389,78
30-C 5/10/2001 10.511,50
Total 1.285.180,56
Tabela 2: Valores do débito – Pagamentos Efetivados à Empresa Conort
Medição Data Valor
1-C 30/9/2002 66.875,07
3-C 3/2/2003 76.575,96
4-C 10/6/2003 55.532,22
5-C 31/10/2003 100.778,40
6-C 4/2/2004 59.524,30
8-C 18/2/2004 (1.768,32)
Total 357.517,63
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
12. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior com as seguintes
propostas:
12.1. Que sejam rejeitadas as alegações de defesa apresentadas pelos Sr. Cícero de Lucena Filho
414
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
(CPF nº 142.488.324-53), pelo Sr. Potengi Holanda de Lucena (CPF nº 044.642.904-00) e pela Empresa
Cojuda - Construtora Julião Ltda (CNPJ n° 09.271.321/0001-03);
12.2. Que sejam parcialmente acatadas as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Evandro de
Almeida Fernandes (CPF nº 002.619.124-53) e pela Empresa Conort – Construtora Nordeste Ltda
(CNPJ n° 01.747.579/0001-13);
12.3. Que sejam rejeitadas as razões de justificativa trazidas pelo Sr. Evaldo de Almeida Fernandes
(CPF nº 092.216.034-15) e acatadas as juntadas pelo Sr. Aldo Cavalcanti Prestes (CPF nº 144.386.825-
68);
12.4. Com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘c’, 19, caput, e 23, inciso III, da
Lei no 8.443/1992, que sejam julgadas irregulares as contas dos Srs. Cícero de Lucena Filho (CPF nº
142.488.324-53), Potengi Holanda de Lucena (CPF nº 044.642.904-00) e Evandro de Almeida
Fernandes (CPF nº 002.619.124-53) e das Empresas Cojuda - Construtora Julião Ltda (CNPJ n°
09.271.321/0001-03) e Conort – Construtora Nordeste Ltda (CNPJ n° 01.747.579/0001-13);
12.5. Com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘b’, 19, parágrafo único, e 23,
inciso III, da Lei no 8.443/1992, que sejam julgadas irregulares as contas do Sr. Evaldo de Almeida
Fernandes (CPF nº 092.216.034-15);
12.6. Com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I’, 17, e 23, inciso I, da Lei no 8.443/1992,
que sejam julgadas regulares as contas do Sr. Aldo Cavalcanti Prestes (CPF nº 144.386.825-68);
12.7. Que os responsáveis a seguir listados sejam condenados solidariamente pelas quantias
indicadas adiante, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de mora a partir das datas
relacionadas a seguir, até a data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor, fixando-lhes
o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data do recebimento da notificação, para comprovarem, perante
o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida aos
cofres do Tesouro Nacional, em razão da ocorrência abaixo indicada:
Ato impugnado: sobrepreço na planilha utilizada no Contrato de Repasse 0091965-44/1999.
Dispositivo violado: art. 37 da Constituição Federal.
Data Valor
10/3/2000 63.545,96
17/3/2000 180.294,23
4/4/2000 102.803,15
19/4/2000 205.671,26
12/5/2000 154.153,53
21/6/2000 67.611,11
21/9/2000 41.357,68
29/9/2000 57.965,28
1/11/2000 2.595,07
13/11/2000 44.830,68
11/12/2000 55.414,21
17/1/2001 50.359,99
29/1/2001 60.583,89
1/3/2001 36.560,28
28/3/2001 13.109,44
23/5/2001 61.427,43
19/6/2001 62.996,09
24/8/2001 13.389,78
5/10/2001 10.511,50
Total 1.285.180,56
Qualificação dos responsáveis:
Nome: Cícero de Lucena Filho.
CPF: 142.488.324-53.
Endereço: (...)
415
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
4. Por meio do despacho à fl. 207, acatei a proposição do Ministério Público especializado,
representado pelo Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé, e encaminhei os autos à 3ª Secretaria de
Fiscalização de Obras (Secob-3), para emissão de parecer técnico, em virtude da especificidade da
matéria.
5. No âmbito daquela unidade especializada, o Auditor Federal responsável pela instrução do feito
ratificou o sobrepreço levantado pela Secex/PB, com as seguintes modificações em sua metodologia de
cálculo, de forma a ocasionar inexpressiva redução do débito:
“(...)
ii. deve-se proceder a duas retificações nas informações relativas ao débito apresentadas na
instrução de fls. 182/204, quais sejam:
a. Alteração das datas dos pagamentos efetuados à empresa Conort; e
b. Utilização do preço de R$ 0,69 (sessenta e nova centavos) para o serviço ‘transporte de solo em
caminhão basculante’, conforme afirmado pela própria Secex-PB em sua instrução;
iii. feitas as alterações indicadas no item anterior, o valor histórico total do débito passa a ser de
R$ 1.408.430,81, distribuído conforme as tabelas 4 e 5.”
6. Por sua vez, o Diretor exarou o despacho de fls. 214/216, no qual diverge parcialmente do
encaminhamento proposto pelo Auditor Federal, posição endossada pelo Titular da Secob-3:
“Trata-se de tomada de contas especial instaurada por força do item 2.5 do Acórdão 3.405/2006-
TCU-1ª Câmara, em razão de irregularidades detectadas no Contrato de Repasse nº 0091965-
44/1999/SEDU/PR/CAIXA.
2. A instrução elaborada nesta ocasião na Secob-3 (fls. 208-213) teve por objetivo atender à
solicitação do Ministro-Relator, que requereu, por meio do despacho constante da fl. 207, manifestação
desta unidade técnica especializada acerca da quantificação do débito nos presentes autos, tendo sido
concluído que:
‘i. a metodologia utilizada pela Secex-PB para apuração do débito está de acordo com os padrões
desta Secob;
ii. deve-se proceder a duas retificações nas informações relativas ao débito apresentadas na
instrução de fls. 182/204, quais sejam:
a. Alteração das datas dos pagamentos efetuados à empresa Conort; e
b. Utilização do preço de R$ 0,69 (sessenta e nove centavos) para o serviço ‘transporte de solo em
caminhão basculante’, conforme afirmado pela própria Secex-PB em sua instrução;
iii. feitas as alterações indicadas no item anterior, o valor histórico total do débito passa a ser de
R$ 1.408.430,81, distribuído conforme as tabelas 4 e 5.’
3. Em que pesem as conclusões transcritas acima, decorrentes da diligente análise empreendida
pelo AUFC Leonardo Naves Sousa, entendo necessário tecer algumas observações com relação à
documentação encaminhada pelo Sr. Cícero de Lucena Filho (fls. 170-176 do Anexo 4).
4. Conforme exposto no item III da instrução, o interessado alegou que, para o item de serviço
‘CBUQ, incl ligante e transporte de massa’, deveriam ter sido utilizados preços constantes da tabela
SINAPI para a cidade de João Pessoa, consoante determina a CAIXA; ressaltou a inexistência desse
serviço no SINAPI da data-base março/1999 e, na sequência, apresentou novo valor para o respectivo
serviço tendo por base a composição e os preços unitários extraídos do SINAPI, relativos à Paraíba na
417
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
data-base junho/2009, retroagido até março/1999, valor este que reduziria o sobrepreço no contrato
celebrado com a empresa COJUDA a R$ 108.064,68.
5. Na análise dessas novas argumentações, o auditor desta unidade técnica entendeu o seguinte:
‘19. Da análise das informações trazidas aos autos, constata-se que o procedimento adotado pelo
interessado ao utilizar preços do SINAPI com data-base de junho/2009 e retroagi-los pelo período de 10
anos está em desacordo com a jurisprudência desta Corte de Contas que estabelece que a retroação de
preços em períodos longos pode ocasionar graves distorções nos resultados obtidos (Acórdão 278/2008-
Plenário).
20. Ademais, a utilização dos referenciais do SICRO mostra-se mais adequada, pois abrange
serviços de pavimentação e possui, na data-base da licitação (março/1999), composição para o serviço
‘CBUQ, incl ligante e transporte de massa’. Enquanto no SINAPI, além da inexistência de composição
para o referido serviço em março/1999, as composições apresentadas nos anos subsequentes referem-se
apenas ao Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ) faixa ‘A’. O CBUQ faixa ‘A’ é utilizado
para camada de ligação (Binder), o que inviabiliza sua utilização nesta análise, tendo em vista que na
obra em questão foi necessário CBUQ para camada de rolamento.’
6. Acerca da retroação de preços em períodos longos, compartilho do mesmo entendimento
expresso na instrução de que não é viável, pois pode ocasionar graves distorções nos resultados obtidos.
7. Já com relação à utilização do SICRO em vez do SINAPI, entendo que se deve tentar utilizar o
SINAPI, ainda que sejam necessárias adequações, pois o objeto do contrato em tela é a realização de
obras de infraestrutura urbana no município de João Pessoa/PB e está definido no art. 112 da LDO/2010
que, para esse tipo de obras, deve-se dar preferência aos custos constantes no SINAPI, isso porque obras
realizadas em zonas urbanas podem estar sujeitas a algumas interferências que podem vir a reduzir a
produtividade dos equipamentos e que, via de regra, não são encontradas em obras rodoviárias.
8. Cabe salientar que, conforme concluído na instrução, a metodologia adotada pela Secex-PB
para o cálculo do débito está de acordo com os preceitos praticados na Secob e aceitos na
jurisprudência desta Corte. Especificamente quanto ao referencial de custos, verificou-se que foi adotado
preferencialmente o SINAPI, com consulta à base de dados vigente nas datas-base dos orçamentos
avaliados. Naquela época não havia composição de custos relativa ao serviço de CBUQ para capa de
rolamento no SINAPI, tendo-se empregado subsidiariamente o SICRO como referencial.
9. Contudo, o Sr. Cícero de Lucena Filho trouxe agora aos autos uma composição de custos
pertencente ao banco ‘Caixa Referencial’ do SINAPI. Esse banco de composições foi criado pela CAIXA
a partir de uma determinação do TCU, decorrente de fiscalização naquele sistema concluída em 2007
(item 9.1.1 do Acórdão 1736/2007-TCU-Plenário), e sua implementação ocorreu em meados de 2009.
Portanto, apenas recentemente o SINAPI passou a contemplar o serviço em análise.
10. Embora seja uma referência que não existia à época, ela consta do sistema referencial de
custos preferencialmente adotado para obras de infraestrutura urbana, por considerar uma
produtividade mais representativa para o ambiente de uma cidade, e foi apontada pelo responsável como
adequada à obra tratada nestes autos. Por isso, considero que se deve reavaliar o débito apurado,
substituindo a composição do SICRO para o item ‘CBUQ, incl ligante e transporte de massa’ pela
indicada pelo responsável, porém evitando-se o procedimento de retroagir o valor por longo período.
11. Dessa forma, entendo que o procedimento adequado no caso do CBUQ seria utilizar os
coeficientes de produtividade trazidos aos autos pelo Sr. Cícero de Lucena Filho, que são os do SINAPI
de junho/2009, aplicando-os aos custos dos respectivos insumos constantes desse mesmo sistema
referencial na data-base disponível mais próxima à contratual, que seria janeiro/2000, e, só então,
proceder à retroação do preço para março/1999.
12. Ademais, entendo que esse mesmo procedimento deveria ser adotado para os demais itens de
serviço para os quais foram utilizados os preços de referência da tabela do SICRO. São eles: ‘CBUQ,
incl ligante e transporte de massa’, ‘Meio-fio de concreto’ e ‘Escavação e carga do solo mole, exclusive
transporte’, todos estes do contrato celebrado com a empresa CONORT, cuja data-base é março/2002.
13. Assim, para os serviços de CBUQ, apresenta-se, nas tabelas a seguir, o cálculo conforme
metodologia acima expressa:
418
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Tabela 1 - Cálculo do preço referencial para o item ‘CBUQ, incl ligante e transporte de massa’
dados obtidos do SINAPI dados obtidos dados obtidos
data-base jun/09 - do SINAPI do SINAPI
Item
uni apresentado pelo data-base data-base
SINAP Descrição
d interessado jan/00 mar/02
I
Preço Preço Preço Preço Preço Preço
Coef.
Unit. Total Unit. Total Unit. Total
72965 CBUQ com CAP 50/70, capa de rolamento, incluso usinagem e aplicação, exclusive transporte (T)
5684 Rolo compactador vibratório de cilindro ch 0,01250 81,00 1,01 29,95 0,37 38,91 0,49
liso, auto-propel. 83 cv - 6,6t, impacto p
dinâmico 18,5/11,5t - chp diurno
5685 Rolo compactador vibratório de cilindro chi 0,01250 19,41 0,24 10,07 0,13 11,87 0,15
liso, 83 hp - 6,6t, impacto dinâmico
18,5/11,5t
5835 Vibroacabadora sobre esteiras potencia ch 0,01250 225,91 2,82 51,32 0,64 64,08 0,80
max. 105cv capacidade ate 50 t/h - chp p
diurno
5837 Vibroacabadora sobre esteiras potencia chi 0,01250 132,46 1,65 30,69 0,38 37,49 0,47
max. 105cv capacidade ate 50 t/h - chi
diurno
5871 Rolo compactador de pneus estático para ch 0,01250 119,63 1,49 43,26 0,54 56,67 0,71
asfalto, pressão variável potência 99hp, p
peso operacional sem/com lastro 8,3/21,0 t
- chp diurno
5873 Rolo compactador de pneus estático para chi 0,01250 45,10 0,56 19,04 0,24 23,80 0,30
asfalto, pressão variável potência 99hp,
peso operacional sem/com lastro 8,3/21,0 t
- chi diurno
72962 Usinagem de CBUQ com cap 50/70, para t 1,00000 167,05 167,05 55,18 55,18 76,05 76,05
capa de rolamento
6115 Ajudante h 0,10000 4,92 0,49 1,82 0,18 2,04 0,20
25961 Rasteleiro/Oficial h 0,07500 6,74 0,50 2,70 0,20 2,92 0,22
Total em T (I) 57,86 79,39
73370 Transporte qualquer material em caminhão basculante 30 Km/h, 8,00 T, excl. desp. Carga/descarga, espera
caminhão/servente ou equip. aux. (T/Km)
73306 Aluguel caminhão bascul no toco 5m3 H 0,01000 72,23 0,72 0,29 0,35
motor diesel 132cv (cp) c/motrista
Total em T/Km 0,72 0,29 0,35
Distância = 25 Km
Total em T (II) 7,25 8,75
Preço do CBUQ por m³, inclusive transporte, e com BDI 30% , data-base
mar/02 275,00
14. Desse modo, entendo que o preço adequado para o item de serviço ‘CBUQ, incl ligante e
transporte de massa’, é de R$ 174,72/m³, na data-base março/1999 (contrato com a empresa COJUDA) e
de R$ 275,00/m³, na data-base março/2002 (contrato com a empresa CONORT).
15. Quanto ao item de serviço ‘Meio-fio de concreto’, constante na curva ABC do contrato com a
empresa CONORT, entendo que o preço adequado seria o do item 73789/2 da tabela SINAPI, também do
banco de composições Caixa Referencial, cujo custo é de R$ 12,77 na data-base março/02, acrescido do
BDI de 30%, que resulta em R$ 16,60.
16. Para o item de serviço ‘Escavação e carga do solo mole, exclusive transporte’, também
constante na curva ABC do contrato com a empresa CONORT, verifica-se que ele não consta na tabela
do SINAPI e não foi apresentada nenhuma nova composição. Além disso, não vislumbro a existência de
interferências em áreas urbanas que possam comprometer a produtividade destes serviços, pois neste
item não está incluído o custo de transporte, que seria a parcela cuja produtividade mais influência
receberia do trânsito urbano. Por este motivo, entendo que deve ser mantido o custo referencial do
SICRO utilizado.
17. Refazendo-se os cálculos do superfaturamento com os novos preços unitários acima
apresentados chega-se ao valor histórico total do débito de R$ 690.275,24, para o contrato com a
empresa COJUDA, e R$ 97.206,85, para o contrato com a empresa CONORT, conforme quadros e
tabelas a seguir:
Tabela 3 - Superfaturamento no contrato com a empresa COJUDA (data-base março/1999)
Qtde.
Preço Preço
Serviço Unid. medidas e Diferença Débito
Praticado Referência
pagas
CBUQ, inclusive ligante e
m³ 15.826,17 203,50 174,72 28,78 455.477,14
transporte de massa
Meio fio granítico m³ 19.702,21 13,00 7,76 5,24 103.239,58
Transporte de material para sub-
t.km 623.240,07 0,25 0,17 0,08 49.859,21
base e base
sub-base estabilizada
granulometricamente s/ mist excl m³ 19.955,31 4,67 2,39 2,28 45.498,11
transp
Reaterro compactado de valas m³ 6.384,69 12,59 6,92 5,67 36.201,19
Débito Total 690.275,24
Tabela 4 - Superfaturamento no contrato com a empresa CONORT (data-base março/2002)
Qtde.
Preço Preço
Serviço Unid. medidas e Diferença Débito
Praticado Referência
pagas
Escav carg mat 1a categ p base
m³ 4.671,17 13,00 7,64 5,36 25.037,47
e sub base incl aquis
Sub-base sem mistura, inclusive
escavação e aquisição, exceto m³ 3.210,29 14,78 11,90 2,88 9.245,64
transporte
Base estabil granulom m³ 2.983,91 14,81 6,63 8,18 24.408,38
Transporte de solo em caminhão
m³xkm 603.324,98 0,69 0,69 0,00 0,00
basculante
CBUQ - inclusive ligante e
m³ 442,56 304,75 275,00 29,75 13.166,16
transporte de massa
Meio-fio de concreto m 3.788,00 18,30 16,60 1,70 6.439,60
Escav. Carga material jazida m³ 22.273,95 9,63 11,67 -2,04 -45.438,86
420
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
inclus aquisic
Escav. Carga solo mole, exc
m³ 6.505,62 17,38 3,56 13,82 89.907,67
transp.
Colchão Drenante areia m³ 8.325,48 23,40 26,47 -3,07 -25.559,22
Débito Total 97.206,85
Tabela 5 - Valores do débito – Pagamentos efetuados à empresa COJUDA
Medição Data Valor
11 10/3/2000 27.555,42
12 17/3/2000 84.399,51
13 4/4/2000 44.578,50
14 19/4/2000 94.466,13
15 12/5/2000 70.975,51
16 21/6/2000 61.943,67
20-B 21/9/2000 25.201,87
20-C 29/9/2000 31.474,86
21-A 1/11/2000 1.125,30
21-B 13/11/2000 30.994,56
22-A 11/12/2000 34.939,69
23-C 17/1/2001 37.243,34
24-A 29/1/2001 31.471,56
25-B 1/3/2001 28.402,50
26-B 28/3/2001 13.109,44
27-B 23/5/2001 26.636,76
28-A 19/6/2001 27.613,76
29-A 24/8/2001 13.389,78
30-C 5/10/2001 4.753,08
Total 690.275,24
Tabela 6 - Valores do débito – Pagamentos efetuados à empresa CONORT
Medição Data Valor
1-C 10/6/2003 35.207,62
3-C 31/10/2003 (29.452,30)
4-C 30/9/2002 28.293,50
5-C 4/2/2004 32.601,45
6-C 18/2/2004 32.324,90
8-C 5/2/2003 (1.768,32)
Total 97.206,85
18. Por todo o exposto, concordo com os itens ‘i’ e ‘ii’ da conclusão expressa na instrução do
AUFC Leonardo Naves Sousa, acrescentando que se deve proceder a mais três retificações nas
informações relativas ao débito, quais sejam: alteração no preço unitário do serviço ‘CBUQ, incl ligante
e transporte de massa’ constante no contrato celebrado com a empresa COJUDA, e alteração nos preços
unitários dos serviços ‘CBUQ, incl ligante e transporte de massa’ e ‘Meio-fio de concreto’ constantes no
contrato celebrado com a empresa CONORT, que provocam a alteração no valor do débito para R$ R$
690.275,24 e R$ 97.206,85, respectivamente aos contratos com a COJUDA e CONORT.”
7. Enfim, o douto Parquet anuiu à proposta de encaminhamento alvitrada pela Secob-3, nos termos
do parecer de fl. 219.
É o Relatório.
421
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
VOTO
CBUQ, incl.
ligante e transporte 174,7 3.220.625,6 2.170.242,6 2.765.148,4 1.050.382,9
de massa m³ 15.826,17 203,50 137,13 2 0 9 2 0 455.477,17
Meio fio granítico m³ 19.702,21 13,00 7,76 7,76 256.128,73 103.239,58 152.889,15 152.889,15 103.239,58
Transporte de
material para sub- 623.240,0
base e base t.km 7 0,25 0,17 0,17 155.810,02 49.859,21 105.950,81 105.950,81 49.859,21
sub-base
estabilizada
granulometricamen
te s/ mist. excl.
transp. m³ 19.955,31 4,67 2,39 2,39 93.191,30 45.498,11 47.693,19 47.693,19 45.498,11
Reaterro compac.
de valas m³ 6.384,69 12,59 6,92 6,92 80.383,25 36.201,19 44.182,05 44.182,06 36.201,19
transporte”, para o qual o Diretor daquela unidade especializada alegou não haver serviço correspondente
naquele sistema, o que implicou a utilização de composição do Sicro.
10. Penso, todavia, que a referência de preço mais razoável para o item “CBUQ, inclusive ligante e
transporte de massa” não se extrai da composição de junho de 2009, mas da composição do Sinapi sob o
código 00015654-001, constante do Banco Nacional de Composições, na praça de João Pessoa/PB (UGI
1070). Ainda que válida a metodologia perseguida pela Secob-3, consistindo em fazer incidir àquela
composição preços unitários da época – no caso do contrato com a Cojuda mediante retroação de
janeiro/2000 para março/1999 –, para efeito de aferição da culpabilidade dos responsáveis há de se buscar
o parâmetro de mercado que lhes estava disponível naquela oportunidade. Se a irregularidade tem como
eixo a reprovabilidade de suas condutas, por terem autorizado a execução de contratos com sobrepreço, o
parâmetro de aferição da falha não se deve pautar por providência que, à época, era inexigível por parte
dos gestores.
11. Vejo que o Auditor Federal lotado na Secob-3 afastou a composição de custo que ora me afigura
mais adequada pelo fato de não se referir propriamente ao serviço constante dos dois contratos.
Realmente, essa referência trata do serviço de CBUQ faixa “A”, tipo “binder”, conquanto, a rigor, o
correto seria o serviço de CBUQ/capa de rolamento.
12. No entanto, a execução do “binder”, mais simples que a do CBUQ (capa de rolamento),
apresenta preço inferior quando confrontado ao deste serviço, em razão de empregar agregado de maior
diâmetro, maior volume de vazios e consumo menor de “filler” e ligante. Isso fica evidente pela estrutura
de orçamentação do Sicro, na qual se percebe a ausência de emprego do agregado “filler” e o consumo
reduzido de cimento asfáltico de petróleo. Em algumas composições de custo desse sistema, consultadas
por minha assessoria, a diferença entre os preços desses serviços é irrisória, não ultrapassando R$ 1,00.
Assim, a adoção do preço do Sinapi para CBUQ/“binder”, neste momento, é até menos favorável aos
defendentes, pois certamente o preço do CBUQ/capa de rolamento seria ligeiramente mais elevado se
aquele sistema de referência tivesse previsto composição de custo correspondente na mesma data-base de
pesquisa.
13. Ao se promover a alteração proposta, por meio da substituição dos preços unitários de
referência para o item CBUQ nos dois contratos – com acréscimo de taxa de Bonificação e Despesas
Indiretas (BDI) de 30% –, levando-se em conta as respectivas datas (março/1999 e março/2002), os
débitos estimados pela Secob-3 reduzem-se para R$ 393.186,39 e R$ 83.662,73, conforme as tabelas
abaixo:
Contratada: COJUDA (data-base março/1999)
Unid
Serviço P. ref. P. ref. Total Total ref. Sobrepreço
. Qtde.
medidas e Secob
pagas contrat Secob-3
-3 contrato
o (alt.)
(alt.)
CBUQ, incl.
3.220.625,6 3.062.237,2
ligante e transporte m³ 15.826,17 203,50 193,49 158.388,31
0 9
de massa
Meio fio granítico m³ 19.702,21 13,00 7,76 256.128,73 152.889,15 103.239,58
Transporte de
623.240,0
material para sub- t.km 0,25 0,17 155.810,02 105.950,81 49.859,21
7
base e base
Sub-base
estabilizada
granulometricamen m³ 19.955,31 4,67 2,39 93.191,30 47.693,19 45.498,11
te s/ mist. excl.
transp.
424
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Reaterro compac.
m³ 6.384,69 12,59 6,92 80.383,25 44.182,05 36.201,19
de valas
3.806.138,8 3.412.952,4
Total 393.186,39
9 9
5.281.355,9
Contrato
4
% amostra 72,07%
%
7,44%
sobrepreço
Contratada: CONORT (data-base março/2002)
Preço
Serviço Unid. Qtde. P. ref. Total Total ref. Sobrepreço
ref.
medidas
e pagas contrat Secob Secob-3
contrato
o -3 (alt.)
Escav. carg. mat.
1ª categ. p/ base e
m³ 4.671,17 13,00 7,64 60.725,21 35.687,74 25.037,47
sub base incl.
aquis.
Sub-base s/
mistura, incl.
m³ 3.210,29 14,78 11,90 47.448,09 38.202,45 9.245,64
escav. e aquis.,
exceto transporte
Base estab.
m³ 2.983,91 14,81 6,63 44.191,71 19.783,32 24.408,38
granulom.
Transporte de solo
m³xk 603.324,9
em caminhão 0,69 0,69 416.294,24 416.294,24 0,00
m 8
basculante
CBUQ - incl.
ligante e transporte m³ 442,56 304,75 305,60 134.870,16 135.248,11 -377,95
de massa
Meio-fio de
m 3.788,00 18,30 16,60 69.320,40 62.880,80 6.439,60
concreto
Escav. carga
material jazida m³ 22.273,95 9,63 11,67 214.498,14 259.937,00 -45.438,86
inclus. aquis.
Escav. carga solo
m³ 6.505,62 17,38 3,56 113.067,68 23.160,01 89.907,67
mole, exc. transp.
Colchão drenante
m³ 8.325,48 23,40 26,47 194.816,23 220.375,46 -25.559,22
areia
1.295.231,8 1.211.569,1
Total 83.662,73
5 1
1.456.232,2
Contrato
4
% amostra 88,94%
%
5,75%
sobrepreço
425
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
14. Em termos percentuais, o sobrepreço no contrato com a Cojuda passa de 13,07% para 7,44%; no
contrato com a Conort, de 6,68% para 5,75%.
15. Em situações semelhantes, esta Corte entendeu que oscilações de até 10% em relação ao
montante apurado representam variações normais de mercado (v.g. Acórdãos nºs 136/1995, 159/2003,
394/2003, 172/2004 e 678/2008, todos do Plenário; e Acórdão nº 544/2002-2ª Câmara).
16. Esse sobrepreço residual poderia, em tese, até ser levado adiante, superando-se a linha
jurisprudencial acima, não fossem outras razões, arguidas em processos análogos e aplicáveis ao caso
concreto, que registro a seguir.
17. Este Tribunal afastou a ocorrência de débito em todas as tomadas de contas especiais
instauradas com esta mesma finalidade, que foi apurar prejuízo ao erário em contratos celebrados pelo
município – surgidos também do aproveitamento indevido do Contrato nº 03/92 – com recursos
provenientes de contratos de repasse distintos. Cito os Acórdãos nºs 2.178/2007 (TC-004.105/2005-1);
1.214/2009 (TC-017.869/2007-0); 1.396/2009 (TC-021.108/2005-7); 3.043/2010 (TC-028.109/2006-4); e
3.104/2010 (TC-000.831/2007-8), do Plenário. O primeiro, prolatado em processo de minha relatoria, e os
demais, em processos da relatoria do Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
18. A propósito, alguns preços unitários de serviços constantes das amostras dos dois contratos em
tela já foram submetidos ao crivo deste Plenário em face das decisões acima, à exceção do Acórdão
2.178/2007-Plenário. São eles: meio fio de concreto; colchão drenante; escavação e carga de material de
1ª categoria, incluindo aquisição; CBUQ/capa de rolamento; base estabilizada granulometricamente;
transporte de solo em caminhão basculante; e transporte de material para base e sub-base.
19. Os fundamentos para a prolação dos aludidos acórdãos tiveram como ponto de partida, quase
sempre, fragilidades na metodologia (escolha dos insumos, equipamentos e coeficientes de produtividade
e das composições de referência) adotada pela Secex/PB para aferição do débito. Não que essa
metodologia estivesse em descompasso com a jurisprudência desta Casa. O fato é que havia outros
parâmetros com os quais os preços contratuais poderiam ser igualmente comparados, o que enfraqueceu
qualquer conclusão inequívoca pela ocorrência de sobrepreço e, consequentemente, superfaturamento.
Dessa forma, com exceção do deliberado no TC-004.105/2005-1 (Acórdão nº 2.178/2007-Plenário), nos
demais casos este Colegiado decidiu arquivar os feitos em virtude da descaracterização dos débitos, com
fundamento nos arts. 5º, § 1º, inciso IV, e 10 da Instrução Normativa TCU nº 56/2007.
20. Creio que a dificuldade de se determinar, com exatidão, o sistema de referência mais adequado,
as composições de custos, os insumos, coeficientes e demais parâmetros deve-se, em larga medida, ao
fato de que não havia, à época dos contratos em apreço (1999 e 2002), orientação jurisprudencial
consolidada no que se refere à metodologia de cálculo de sobrepreço. Há de se ponderar também que as
Leis de Diretrizes Orçamentárias não impunham, àquela época, observância obrigatória aos preços do
Sinapi ou do Sicro em contratos de obras públicas.
21. Concluo, pois, que a postura deste Tribunal, nos precedentes mencionados, revestiu-se de
cautela, tendo em vista as incertezas quanto à definição de sobrepreço nos contratos, seja porque eram
bastante antigos – entre 17 e 20 anos antes das deliberações do TCU –, seja porque os gestores não
estavam vinculados a preços de mercado previamente definidos por lei, seja porque não havia
jurisprudência consolidada sobre o tema.
22. Destarte, data venia dos pareceres da Secex/PB, da Secob-3 e do Ministério Público
especializado, entendo que a variação de preços remanescente, após alteração do preço unitário do item
CBUQ, conforme exposto anteriormente, não é indicativo bastante para que se firme convicção quanto à
ocorrência de dano ao erário. Nesse pensar, proponho a mesma alternativa perfilhada pelo Tribunal em
outros julgados, no sentido de arquivar o processo ante a descaracterização do débito, com amparo nos
arts. 5º, § 1º, inciso IV, e 10 da Instrução Normativa TCU nº 56/2007.
23. Cabe ressaltar, por fim, que o ex-prefeito foi multado por meio do Acórdão nº 1.683/2004-
Plenário (TC-015.609/2002-1 – relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti) em razão do
aproveitamento irregular do Contrato 03/92 para execução dos diversos contratos de repasse celebrados
entre a CEF e o Município de João Pessoa/PB. Importante trazer à tona, nesse contexto, ainda que não
tenha sido esta a situação concreta enfrentada nestes autos, a manifestação do Chefe do Ministério
426
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Público junto ao TCU, ilustre Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado, em que expõe distinção entre a
responsabilização pelo ato ilegal antes descrito e a responsabilização por eventual superfaturamento
decorrente de sobrepreço:
“Quanto ao ex-prefeito, no entanto, não me convenci de que possa ser responsabilizado por
eventual dano. Segundo a Secex/PB, ele teve participação por conduta omissiva na ocorrência do dano.
Consoante entendimento defendido na instrução, o ex-prefeito assumiu, nos termos das avenças
assinadas, a responsabilidade pela sua regular execução, o que incluía a realização de procedimentos
licitatórios, sendo, portanto, culpado pela ausência dos certames. Esse, com efeito, é o entendimento que
prevaleceu no Acórdão 1683/2004-Plenário, mantido em definitivo no Acórdão 1063/2007-Plenário, uma
vez que não há mais recursos cabíveis.
Pondero, no entanto, que a culpa pela não-realização de licitação não é igual à culpa pela
ocorrência de sobrepreço. É possível reunir inúmeros julgados dessa Corte acerca de casos em que
tenha ocorrido sobrepreço em contratos devidamente antecedidos de licitação, bem como o contrário,
casos em que não foi realizado o procedimento e cujos preços contratados são vantajosos para a
administração. Projetando para o ex-gestor o comportamento que a unidade técnica entende que seria
dele esperado, não encontro o obstáculo que ele poderia ter erigido ao eventual sobrepreço praticado no
contrato em exame. Basta ver os cálculos minuciosos a que teve que recorrer a instância técnica para
que pudesse apurá-los. A máxima diligência esperada do ex-prefeito de João Pessoa não o levaria a
tanto, mesmo que conduzisse a realização da licitação. Nesse caso, os funcionários subalternos
encarregados da fase interna da licitação, onde são elaborados as composições de custos e os
orçamentos que serviriam de parâmetro para os licitantes, seriam, provavelmente, os mesmos
encarregados da formulação dos preços ora questionados.”
Pelas razões expendidas, e renovando as vênias por divergir, no caso concreto, dos pareceres
técnicos, VOTO no sentido de que seja adotado o Acórdão que ora submeto a este Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
AUGUSTO NARDES
Relator
1. Processo nº TC 000.833/2007-2.
2. Grupo II – Classe IV – Assunto: Tomada de Contas Especial.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessados: Controladoria-Geral da União/PB; Município de João Pessoa/PB
(08.778.326/0001-56).
3.2. Responsáveis: Aldo Cavalcanti Prestes (144.386.825-68); Cojuda – Construtora Julião Ltda.
(09.271.321/0001-03); Conort – Construtora Nordeste Ltda. (01.747.579/0001-13); Cícero de Lucena
Filho (142.488.324-53); Evaldo de Almeida Fernandes (092.216.034-15); Evandro de Almeida Fernandes
(002.619.124-53); Potengi Holanda de Lucena (044.642.904-00).
4. Entidade: Município de João Pessoa/PB.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado da Paraíba (Secex/PB) e 3ª Secretaria
de Fiscalização de Obras (Secob-3).
8. Advogados constituídos nos autos: Arthur Monteiro Lins Fialho (OAB/PB 13.264); Camilla da
Araújo Ferreira (OAB/PB 13.932); Evandro Nunes de Souza (OAB/PB 5.113); Fabíola Marques
427
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Monteiro (OAB/PB 13.099); Jackeline Alves Cartaxo (OAB/PB 12.206); Maria Veronica Luna Freire
Guerra (OAB/PB 9.492); Solon Henriques de Sá e Benevides (OAB/PB 3.728), Thiago Giullio de Sales
Germoglio (OAB/PB 14.370); Vanina Carneiro da Cunha Modesto (OAB/PB 10.737); Walter de Agra
Júnior (OAB/PB 8.682).
9. Acórdão:
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
Adoto como relatório a instrução lavrada pela Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip), a
seguir reproduzida com ajustes de forma pertinentes (Documento Eletrônico nº 18):
“Esta Corte de Contas, por meio do Acórdão nº 1.793/2011-TCU-2ª Câmara, conheceu da presente
Representação e expediu a seguinte ordem:
‘1.4.1. determinar a oitiva do Sr. Dirceu Maia, Secretario de Recursos Humanos da Gerência
Executiva do Instituto Nacional de Seguro Social em Joinville-SC, e da Sra. Sônia Rosa Andrade,
pensionista, para que se pronunciem, no prazo de sessenta dias, acerca da manutenção de valor fixo
pago a título de parcela complementar de subsídio na pensão instituída por Ayrton Machado de Andrade,
em desconformidade com o art. 39, § 4º, da Constituição da República e os artigos 2º-C e 2º-D da Lei
10.910, de 15 de julho de 2004, alterada pela Lei 11.890, de 24 de dezembro de 2008’ (peça 8).
2. Em obediência à determinação supra, esta Secretaria de Fiscalização expediu os Ofícios de
Oitiva nº 151/Sefip e 152/Sefip à pensionista do ex-servidor Ayrton Machado de Andrade e ao Secretário
de Recursos Humanos da Gerência Executiva do INSS em Joinville/Santa Catarina, respectivamente’
(peças 9 e 10).
3. Em resposta ao questionamento deste Tribunal, o Sr. Dirceu Maia, Chefe da Seção de Recursos
Humanos da GEX/INSS/JVL/SC, esclareceu ‘(...) que a manutenção do valor fixo da parcela
complementar de subsídio no contracheque do Instituidor Ayrton Machado de Andrade ocorreu devido
falha do sistema SIAPE, que não atualizou o valor da parcela complementar do subsídio em época
apropriada’ (peça 13).
4. O gestor informou ainda que a pensionista do instituidor Ayrton Machado de Andrade foi
comunicada desse equívoco, e que um prazo para que ela apresentasse defesa administrativa fora aberto
(v. peça 13). O valor da parcela complementar de subsídio seria, então, reduzida no mês de julho de
2011 e os valores indevidamente percebidos no período de julho de 2009 a junho de 2011 deveriam ‘(...)
ser repostos ao erário na forma do artigo 46 da Lei n° 8112/1990’(peça 13), totalizando R$ 53.792,00
(cinquenta e três mil, setecentos e noventa e dois reais).
5. Como se viu, a Gerência Executiva do INSS em Joinville/SC reconheceu que no caso vertente a
Lei nº 10.910/2004 (que reestruturou a remuneração da carreira de auditoria-fiscal da previdência
social, entre outras), alterada pela Lei nº 11.890/2008, não estava sendo cumprida no que tange à
absorção da parcela complementar de subsídio, o que gerou pagamentos indevidos à pensionista Sonia
Rosa Andrade.
6. A pensionista, por sua vez, encaminhou ao TCU os elementos que compõem a peça 16 dos autos,
os quais foram classificados pela interessada como Defesa Administrativa.
7. A senhora Sonia Rosa Andrade destacou em seu arrazoado que ‘(...) não se opõe à adequação
dos seus vencimentos’(peça 16), mas considera arbitrária a devolução dos valores recebidos a maior –
situação que não teria amparo legal.
8. Acrescentou que as verbas em excesso foram recebidas de boa-fé e que tais valores podem ser
considerados como verba alimentar. Assim, a repetição do indébito seria indevida, haja vista
entendimentos sobre o assunto sumulados pelo TCU, pela Advocacia-Geral da União, como também
julgados do Superior Tribunal de Justiça (v. peça 16).
9. Com base nesses argumentos, a senhora Sonia Rosa Andrade solicitou ao TCU que fosse ‘(...)
afastada a exigência de se restituir os valores recebidos a maior no período entre julho de 2009 até
junho de 2011’ ‘(peça 16).
429
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
10. Impende destacar que a Lei nº 11.890/2008, que alterou a Lei nº 10.910/2004, estabeleceu um
mecanismo simples para o caso de decesso remuneratório decorrente da aplicação da nova metodologia
salarial da carreira de auditoria previdenciária. Eis o teor do art. 2º-F da Lei nº 10.910/2004, acrescido
por aquela primeira norma legal:
‘Art. 2o-F. A aplicação das disposições desta Lei aos servidores ativos, aos inativos e aos
pensionistas não poderá implicar redução de remuneração, de proventos e de pensões.
§ 1o Na hipótese de redução de remuneração, de provento ou de pensão, em decorrência da
aplicação do disposto nesta Lei, eventual diferença será paga a título de parcela complementar de
subsídio, de natureza provisória, que será gradativamente absorvida por ocasião do desenvolvimento no
cargo ou na Carreira por progressão ou promoção ordinária ou extraordinária, da reorganização ou da
reestruturação dos cargos e das Carreiras ou das remunerações previstas nesta Lei, da concessão de
reajuste ou vantagem de qualquer natureza, bem como da implantação dos valores constantes do Anexo
IV desta Lei’(grifei).
11. Portanto, no caso sob exame, a parcela complementar de subsídio presente nos proventos do
instituidor deveria ter sido absorvida ao longo dos anos (em virtude de reajustes salariais, por exemplo)
- o que não ocorreu, conforme comprovado nesta Representação.
12. Consequentemente, os valores indevidamente pagos à defendente devem, sim, ser devolvidos ao
Erário, uma vez que a dispensa de tal devolução somente seria admissível se o erro da Administração
fosse escusável – hipótese que não se coaduna com a clareza do dispositivo legal acima transcrito.
13. Esse, aliás, é o entendimento do TCU expresso pela Súmula nº 249: ‘É dispensada a reposição
de importâncias indevidamente percebidas, de boa-fé, por servidores ativos e inativos, e pensionistas, em
virtude de erro escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de autoridade
legalmente investida em função de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato
administrativo e do caráter alimentar das parcelas salariais’(grifei).
14. Por fim, é bom lembrar que as reposições e indenizações ao Erário estão previstas no Regime
Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União (Lei nº 8.112/1990), mais precisamente no art. 46.
15. Pelo exposto, submeto à consideração superior proposta no sentido de que o Tribunal adote as
seguintes providências:
I) determine à Gerência Executiva do INSS – Joinville/SC que, com fundamento no art. 46 da Lei nº
8.112/1990, desconte dos proventos da senhora Sonia Rosa Andrade, pensionista do ex-servidor Ayrton
Machado de Andrade, a quantia de R$ 53.792,00 (cinquenta e três mil, setecentos e noventa e dois reais),
decorrente da falta de absorção da parcela complementar de subsídio no período de julho de 2009 a
junho de 2011, o que configurou descumprimento das regras insertas nos arts. 2º-C, 2º-D e 2º-F da Lei
10.910/2004, alterada pela Lei 11.890/2008;
II) dê ciência à senhora Sonia Rosa Andrade da deliberação a ser exarada; e
III) arquive os autos, após cumprimento da determinação inserta no item I.”
É o Relatório.
VOTO
430
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
7. Nesse sentido, tanto a autoridade responsável como a pensionista em comento concordam que os
proventos desta sejam ajustados. Entretanto, pretende a beneficiária que os valores indevidamente
recebidos por ela sejam dispensados de reposição ao erário.
8. Acerca da pretensão da pensionista, esclareço que a dispensa dos valores que recebeu
indevidamente somente seria possível em virtude de erro escusável de interpretação de lei por parte do
órgão/entidade de origem. Entretanto, ante a clareza do dispositivo legal acima transcrito, entendo não
haver margem para interpretação equivocada, por minimamente razoável que seja. Assim, inaplicável ao
caso o Enunciado da Súmula de Jurisprudência nº 249.
9. Também não é adequada a proposição da unidade técnica de que o Tribunal determine de
imediato a devolução dos valores irregulares, nos termos do art. 46 da Lei nº 8.112/1990, vez que a
jurisprudência dos tribunais pátrios, em especial a do egrégio Supremo Tribunal Federal proíbe tal
providência quando não autorizada previamente pelo servidor (devedor); é exemplo, no âmbito do
Pretório Excelso, o MS 24.182/DF, impetrado por servidor da Câmara dos Deputados contra ato do 1º
Secretário que, após resultado de Processo Administrativo Disciplinar (Comissão de Inquérito
Administrativo n.º 100.081/96-CD), determinou o desconto, em sua remuneração, o montante de R$
40.422,49 (débito calculado em 22/02/1996) em virtude do desaparecimento de 187 talonários de tíquetes
alimentação que estavam sob sua guarda. A propósito, reproduzo, abaixo, a ementa do referido julgado:
ocesso:
431
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Mandado de Segurança
2. Desaparecimento de talonários de tíquetes-alimentação. Condenação do impetrante, em
processo administrativo disciplinar, de ressarcimento ao erário do valor do prejuízo apurado.
3. Decisão da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados de desconto mensais, em folha de
pagamento, sem a autorização do servidor.
4. Responsabilidade civil de servidor. Hipótese em que não se aplica a auto-executoriedade do
procedimento administrativo.
5. A Administração acha-se restrita às sanções de natureza administrativa, não podendo alcançar,
compulsoriamente, as conseqüências civis e penais.
6. À falta de prévia aquiescência do servidor, cabe à Administração propor ação de indenização
para a confirmação, ou não, do ressarcimento apurado na esfera administrativa.
7. O Art. 46 da Lei no 8.112, de 1990, dispõe que o desconto em folha de pagamento é a forma
como poderá ocorrer o pagamento pelo servidor, após sua concordância com a conclusão administrativa
ou a condenação judicial transitada em julgado.
8. Mandado de Segurança deferido.
(Rel. Min. Maurício Corrêa, julg. em 12/2/2004, DJ de 3/9/2004)
10. Pelo teor das manifestações constantes dos autos, deduz-se que a autorização a que alude a Lei
Estatutária não ocorreu, até mesmo pelo fato de a pensionista sequer concordar com a restituição,
conforme itens 7 a 9 do relatório.
11. Reputo tal procedimento plenamente cabível aos pensionistas que venham a autorizar o
mencionado desconto em folha, acaso, por hipótese, haja algum entendimento contrário, no sentido de
que o disposto no art. 46 da Lei nº 8.112/1990 seria direcionado apenas a servidores. Nesse sentido, cito
trecho do relatório condutor do Acórdão 83/2009-2ª Câmara (TC-008.354/2004-7, Rel. Min. Raimundo
Carreiro), que bem demonstra essa possibilidade:
“38. Finalmente, no que se refere à possibilidade de desconto parcelado do valor referente à multa
aplicada pelo TCU, não obstante o disposto no art. 649, IV, do Código de Processo Civil, ressalta-se o
texto do art. 46 da Lei 8112/90 c/c o art. 28, inciso I, da Lei 8443/92, que possibilitam ao TCU a
determinação de desconto em folha para fins ressarcimento ao erário.
39. Ainda, nesse sentido, manifestou-se o Supremo Tribunal Federal no julgamento do Mandado de
Segurança 24544-1, em 04/08/2004, do qual extrai-se o seguinte trecho, constante do voto do Ministro-
Relator, Marco Aurélio:
‘No mais improcede o inconformismo do impetrante. A Lei 8112/90 autoriza o desconto, quer se
tenha o envolvimento da remuneração, quer de proventos ou de pensão. A tanto equivale a referência, na
cabeça do art. 45, à remuneração ou provento e, no art. 46, à pensionista. Pois bem, a espécie está
enquadrada na previsão da lei acerca do desconto, conforme visto, contemplado no inciso I do art. 28 da
Lei 8443/92, sendo dispensável, por isso mesmo, a manifestação de vontade de servidor ativo, inativo, ou
pensionista.’"
12. Diante dessa última observação, a determinação proposta pela Sefip deve se ajustar à
jurisprudência pátria, o que não invalida o principal, no caso que os pagamentos indevidos efetivamente o
são, por isso a quantia correspondente deve ser restituída ao erário. Assim, inicialmente deverá ser
instaurado o devido procedimento administrativo para obter autorização do desconto dos valores pagos
irregularmente à pensionista, na forma prevista no art. 46 da Lei nº 8.112/1990.
13. Na hipótese de restar infrutífero esse caminho, deve, desde já, ser dirigido comando objetivando
a instauração da competente tomada de contas especial, com a finalidade de possibilitar o desconto em
referência, só que com fundamento no art. 28, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, o qual independe de
autorização do devedor, conforme decidiu o STF no âmbito do MS 25.463/DF, que embora tenha tratado
da mesma situação declinada no item 9 deste voto, teve outro deslinde. Reproduzo, abaixo, ementa do
referido decisum, assim como o teor do informativo da Suprema Corte sobre o tema:
Ementa:
432
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Informativo:
“Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou Mandado de Segurança (MS 25643)
impetrado por um servidor da Câmara dos Deputados a quem foi atribuída a responsabilidade pelo
desaparecimento de 187 talonários de tickets alimentação. No MS, ele contestava decisão que levou à
restituição dos valores por meio de desconto em sua folha de pagamento e pedia que fosse interrompido
esse procedimento, determinado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo o ministro Ricardo Lewandowski, foi instaurado um processo administrativo em razão do
desaparecimento dos tickets alimentação e, ao final, o servidor foi considerado responsável pelo caso,
pois os talões estariam sob sua guarda. Dessa forma, foi determinado que o valor correspondente
deveria ser restituído mediante descontos mensais em sua remuneração.
O servidor então impetrou um primeiro Mandado de Segurança (MS 24182) no Supremo, em que
buscava a suspensão do desconto em sua folha de pagamento. Ao julgar o MS, em 2004, a Corte deferiu
o pedido, ao entendimento de que, pela falta de prévio consentimento do servidor, caberia à
Administração propor ação de indenização para confirmação, ou não, do ressarcimento apurado na
esfera administrativa.
No entanto, no âmbito do Tribunal de Contas da União, o servidor, em razão dos mesmos fatos,
teve suas contas julgadas irregulares, com imputação de débito. Em seguida, a Câmara dos Deputados
iniciou os descontos na remuneração do servidor. Inconformado com essa decisão, o servidor impetrou
novo mandado de segurança (MS 25643) para sustar esse desconto, alegando que teria havido violação
à coisa julgada material, pois no primeiro mandado de segurança o Supremo tinha impedido o desconto.
Em decisão unânime, no entanto, a Primeira Turma entendeu que não houve violação à coisa
julgada, pois o Supremo assentou jurisprudência no sentido de que, se o desconto decorre de norma
legal, como no caso, ou seja, previsto no artigo 28, I, da Lei 8.443/92, não se cogita de consentimento do
servidor. ‘O que se exige é apenas que a dívida seja e que tenha sido apurada em procedimento
administrativo regular, com estrita observância dos poderes do contraditório e da ampla defesa’,
afirmou o relator. (...)”
(disponível em http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=185646
&caixaBusca=N, acesso em 24/8/2011).
Ante o exposto, VOTO pela aprovação do Acórdão que ora submeto à consideração deste Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
AUGUSTO NARDES
Relator
1. Processo nº TC 003.962/2011-3.
2. Grupo II – Classe de Assunto: VII – Representação.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Entidade: Gerência Executiva do INSS em Joinville/SC.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (Sefip).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
“a) o perigo na demora está caracterizado pela iminente realização da sessão de abertura de
envelopes, que ocorrerá às 15:00 do dia 12/07/2001;
b) os indícios do bom direito estão configurados:
b.1) na ausência de apoio legal e regulamentar para a cláusula editalícia em análise, eis que não
há, nem nos regulamentos dos entes promotores, nem na Lei nº 8.666/1993, vedação à participação
simultânea em licitação de empresas que possuam sócios em comum;
b.2) no art. 30 da mencionada Lei nº 8.666/1993, que impede exigências de habilitação não
previstas naquele diploma legal;
b.3) na jurisprudência desta Corte (Acórdão nº 297/2009-TCU-Plenário), que somente considera
irregular o ingresso concomitante em licitação de empresas com sócios comuns quando se trata de: (i)
convite; (ii) contratação por dispensa de licitação; (iii) existência de relação entre as licitantes e a
empresa responsável pela elaboração do projeto executivo; e (iv) contratação de uma das empresas para
fiscalizar serviço prestado por outra; hipóteses que não se configuram na concorrência em apreço;
b.4) na inexistência, até o momento, de indícios de ocorrência de conluio ou fraude à licitação;
b.5) na possibilidade de indevido alijamento de potenciais interessados do certame, em decorrência
da restrição em tela.”
É o Relatório.
436
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
VOTO
Anoto, em preliminar, que atuo na presente fase processual em razão da analogia ao entendimento
firmado pelo Tribunal na questão de ordem formulada na sessão de 8/10/2003 pelo eminente Ministro
Marcos Vinicios Vilaça visto, enquanto na Presidência da Corte, e estando ausente legal e regularmente o
eminente relator, Ministro Aroldo Cedraz, não havendo substituto designado, ter, ao fundamento do art.
28, XVI, do Regimento Interno do Tribunal, apreciado a representação formulada pela empresa Informe
Comunicação Integrada Ltda., e adotado, por despacho, medida cautelar suspensiva do prosseguimento da
Concorrência nº 4/2011, promovida em conjunto pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial –
Departamento Nacional (Senai/DN), e pelo Serviço Social da Indústria (Sesi/DN).
2. Feito o registro, e uma vez atendidos os requisitos regimentais para tal, conheço do agravo
interposto conjuntamente pelos Senai/DN e Sesi/DN contra o aludido despacho suspensivo da
Concorrência nº 4/2011, que tem como objeto a contratação de serviços especializados de assessoria de
imprensa, análise de noticiário e monitoramento e planejamento de ações em redes sociais, de modo a
promover ações e projetos de ambas as entidades agravantes.
3. Rememorando, a providência cautelar foi adotada ante a iminência da abertura do certame, o que
caracterizaria o perigo na demora, e tendo em vista a presença de indícios do bom direito, eis que a
cláusula do edital questionada pela autora, relativa à vedação da participação simultânea de empresas com
sócios comuns poderia alijar potenciais interessados do certame, não possuía amparo na Lei nº
8.666/1993, nos regulamentos próprios das entidades ou na jurisprudência do TCU.
4. Na oportunidade, foi suscitado o entendimento estabelecido no Acórdão nº 297/2009-Plenário,
que somente considera irregular a situação em apreço quando a participação concomitante das empresas
se der em:
i. convite;
ii. contratação por dispensa de licitação;
iii. existência de relação entre as licitantes e a empresa responsável pela elaboração do projeto
executivo; e
iv. contratação de uma das empresas para fiscalizar serviço prestado por outra.
5. Tais hipóteses não se configuraram na concorrência em apreço em que não foram apontados
também indícios de conluio ou fraude.
6. Para fundamentar seu pleito de reconsideração do despacho ou de concessão de efeito suspensivo
àquela deliberação monocrática, o Sesi/DN e o Senai/DN alegaram, basicamente:
a) inexistência de interesse e de legitimidade da autora, que está participando normalmente do
certame e não poderia pleitear, em nome próprio, direito de terceiro, que, no caso, seria a empresa CDN
Comunicação Corporativa, que não compareceu à licitação e não teria, em consequência, interesse nesta
representação;
b) aplicam-se à situação em foco, subsidiariamente, os arts. 3º, 6º e 267, inciso VI, do Código de
Processo Civil (CPC), o que autorizaria a extinção do processo sem julgamento do mérito;
c) existe reversão do perigo na demora, ante os prejuízos decorrentes da sustação da licitação;
d) não estão sujeitos aos estritos termos da Lei nº 8.666/1993, mas aos seus regimentos internos de
licitações, que seguem os princípios gerais de licitação, que não impediriam a regra questionada;
e) a regra foi sugerida pela Controladoria Geral da União, para evitar conluios em licitações do
Sistema “S”, conforme Relatório nº 181160.
7. Com base nos elementos e documentos coligidos aos autos, assim como na esteira da
jurisprudência deste Tribunal, considero improcedentes tais argumentos. É que se reconhece,
pacificamente na Casa, que o papel do representante, tal como o do denunciante, é apenas o de provocar a
atuação fiscalizadora da Corte, a quem compete, a partir daí, prosseguir com as averiguações, com base
no princípio do impulso oficial (v.g. Acórdãos nºs 1.615/2011, 370/2011, 87/2011, 2.873/2010,
437
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
13. Ressalto que há recomendações deste Tribunal similares à da CGU, referida anteriormente. No
item 9.7 do Acórdão nº 2.136/2006-TCU-1ª Câmara, prolatado quando da apreciação do TC-
021.203/2003-0, da minha relatoria, esta Corte de Contas recomendou ao Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (MPOG) que
“(...) oriente todos os órgãos/entidades da Administração Pública a verificarem, quando da
realização de licitações, junto aos sistemas Sicaf, Siasg, CNPJ e CPF, estes dois últimos administrados
pela Receita Federal, o quadro societário e o endereço dos licitantes com vistas a verificar a existência
de sócios comuns, endereços idênticos ou relações de parentesco, fato que, analisado em conjunto com
outras informações, poderá indicar a ocorrência de fraudes contra o certame.” (grifei)
14. No mesmo sentido, o Plenário desta Casa analisou, recentemente, auditoria realizada pela
Secretaria de Fiscalização em Tecnologia da Informação (Sefti) na Secretaria de Logística e Tecnologia
da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no âmbito do
TC-011.643/2010-2, relatado pelo eminente Ministro Valmir Campelo.
15. No relatório da unidade técnica há trechos esclarecedores do entendimento do Tribunal sobre o
assunto, dos quais considero oportuno transcrever os seguintes:
“(...)
65. Com vistas a identificar possíveis comportamentos inadequados de licitantes durante a
realização do pregão, foi executado o procedimento de auditoria P3_1 (...) visando detectar a
438
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
participação de empresas com sócios em comum que apresentaram propostas para o mesmo item de uma
mesma licitação, fato que, potencialmente, restringiria a competitividade do certame e favoreceria a
incidência de conluio entre os participantes.
66. Foram encontrados 16.547 casos em que pelo menos duas empresas deram lance para
determinado item do pregão e possuíam, pelo menos, um sócio em comum (...). Ressalte-se que os
resultados obtidos representam apenas indícios, carecendo de análise caso a caso para a confirmação da
irregularidade tratada neste achado de auditoria.
(...)
71. O fato de a primeira empresa ter se sagrado vencedora do certame, constitui apenas um
indício. Somente a partir de uma verificação mais aprofundada sobre os procedimentos adotados durante
a licitação é que poderia ser identificada a existência ou não de conluio entre essa empresa e as duas
outras licitantes que tinham o sócio em comum.
(...)
72. Dessa forma, para minimizar a possibilidade da ocorrência desses conluios, é recomendável
que os pregoeiros e demais servidores responsáveis pela condução dos procedimentos licitatórios, tomem
ciência da composição societária das empresas participantes dos certames, de forma a ficarem atentos a
atitudes potencialmente suspeitas envolvendo essas empresas (...)”. (grifei)
16. Ao apreciar o citado processo, o Plenário, por meio do Acórdão nº 1.793/2011, acolheu proposta
do relator e fez recomendações à SLTI/MP; veja-se:
“(...)
9.3.2. promova alterações no sistema Comprasnet:
9.3.2.1. para emitir alerta aos pregoeiros sobre a apresentação de lances, para o mesmo item, por
empresas que possuam sócios em comum, com vistas a auxiliá-los na identificação de atitudes suspeitas
no decorrer do certame que possam sugerir a formação de conluio entre essas empresas, em atenção ao
art. 90 da Lei nº 8.666/1993;
(...)” (grifei)
17. A toda prova, portanto, que no caso da recomendação da CGU, trazida aos autos pelos
agravantes, bem como nas situações similares, em que houve a atuação desta Corte de Contas, o que se
pretendeu foi alertar os responsáveis pelos certames licitatórios sobre uma situação de risco, configurada
pela participação, no processo, de empresas com sócios em comum.
18. Tal risco, conforme bem expresso na recomendação do Acórdão nº 1.793/2011-TCU-Plenário,
deve ser mitigado, mediante identificação das empresas que se enquadrem nessa situação e de outros
fatores que, em conjunto, e em cada caso concreto, possam ser considerados como indícios de conluio e
fraude à licitação.
19. As situações expostas, portanto, são bem diversas da que se verifica nos presentes autos, em
que se fez uma vedação a priori, ao arrepio da legislação aplicável, impedindo, sem uma exposição de
motivos esclarecedora ou outros indícios de irregularidades, que empresas participassem do certame,
ferindo, sem sombra de dúvidas, os princípios da legalidade e da competitividade, a que estão sujeitas as
entidades do sistema “S”.
20. Desse modo, tendo em vista que não foram descaracterizados os indícios do bom direito e que
persiste o perigo na demora, a continuidade da licitação poderia criar situação jurídica de difícil reversão,
razão pela qual deve ser negado provimento ao agravo.
Ante todo o exposto, VOTO no sentido de que esta Corte aprove o acórdão que ora submeto à sua
apreciação.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
AUGUSTO NARDES
Relator
439
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo TC 019.123/2011-6
2. Grupo II – Classe I – Agravo.
3. Agravantes: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Departamento Nacional (Senai/DN)
e Serviço Social da Indústria – Departamento Nacional – (Sesi/DN).
3.1. Interessada: Informe Comunicação Integrada Ltda. (CNPJ 26.428.219/0001-80).
4. Unidades: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Departamento Nacional (Senai/DN) e
Serviço Social da Indústria – Departamento Nacional (Sesi/DN).
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Advogados constituídos nos autos: Renata Antony de Souza Lima Nina, OAB/DF nº 23.600;
Ângela Cignachi Baeta Neves, OAB/DF nº 18.730; Francisco de Paula Filho, OAB/DF nº 7.530.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de agravo interposto pelo Senai/DN e pelo Sesi/DN
contra despacho que, diante de representação formulada pela empresa Informe Comunicação Integrada
Ltda., sustou cautelarmente a Concorrência nº 4/2001, promovida pelos agravantes em conjunto.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo relator, em:
9.1. com fundamento no art. 289 do Regimento Interno, conhecer do agravo interposto e, no
mérito, negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência desta deliberação ao Senai/DN, ao Sesi/DN e à Informe Comunicação Integrada
Ltda.;
9.3. encaminhar os autos à 5ª Secretaria de Controle Externo – 5ª Secex, para prosseguimento da
instrução da representação formulada pela Informe Comunicação Integrada Ltda.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
440
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Procurador-Geral
RELATÓRIO
“I.1. Resposta:
15. Em expediente do dia 30 de setembro de 2010 (fls. 60-74, v.p.), os responsáveis apresentaram
defesa conjunta, resumida conforme se segue.
16. Primeiramente, os responsáveis alegam que a matéria em apreço foi examinada pelo Tribunal de
Contas do Estado de São Paulo (TCESP), que reconheceu a legalidade da alteração empreendida ao
contrato nº 3587/2006 para que o consórcio OAS/Mendes fosse sub-rogado pela sociedade de propósito
específico (SPE) ‘Rodoanel Sul 5 Engenharia Ltda.’.
441
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
17. A partir disso, citam trecho do Acórdão do TCESP, no âmbito do TC 017350/026/06, conforme
transcrição a seguir (fl. 63, v. p.):
‘Por fim, o 2º Termo de Aditamento, de 27/08/07, celebrado com propósito de alterar a contratada
‘Consórcio OAS – Mendes’ pela ‘Rodoanel Sul 5 Engenharia Ltda.’, contou com o apoio de
questionamento respondido afirmativamente pela Dersa durante a fase de esclarecimentos do edital,
além de não ter provocado qualquer alteração nas responsabilidades assumidas pela contratada.
Diante de todo o exposto, acompanho as manifestações favoráveis da digna PFE, bem como dos
órgãos de instrução e VOTO pela regularidade da pré-qualificação e concorrência nº 03/05, dos
correspondentes contratos firmados pela Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A e termos aditivos em
exame. Recomendo à Origem atenção quanto ao enunciado da Súmula nº 25 de jurisprudência deste
Tribunal, agora em plena vigência.’
18. Em seguida, invocam o princípio da razoabilidade para destacarem que, na prática, a sub-
rogação do contrato nº 3587/2006 à SPE ‘Rodoanel Sul 5 Engenharia Ltda.’ não teria gerado qualquer
impacto negativo ao contratante Dersa, não teria configurado burla a licitação nem violação aos princípios
da licitação e do Direito Administrativo.
19. Ainda, conforme as alegações apresentadas, o motivo da constituição da mencionada SPE teria
sido a complexidade e o grande vulto das obras contratadas, e a organização do consórcio formado pelas
duas empresas em uma só pessoa jurídica representaria uma série de vantagens, pois propiciaria uma
maior segurança ao Dersa no tocante à fiscalização contábil-patrimonial, pois deixaria mais nítida a
responsabilidade da empresa contratada e de seus sócios componentes, além de representar uma maior
estabilidade nas relações entre o ente público e o particular.
20. Adiante, afirmam que a constituição de SPEs para execução de contratos administrativos que
envolvem atividades complexas, de longo prazo, que necessitam de estruturação exclusiva de recursos
materiais e pessoal para seu desempenho encontraria amparo tanto na Lei de Concessões (Lei 8987/1995)
quanto na Lei de Parcerias Público-Privadas (Lei 11079/2004), que exigem a personificação do consórcio
vencedor em SPE.
21. Defendem, por conseguinte, que a aplicação analógica das disposições contidas na Lei
8987/1995 e na Lei 11079/2004 aos contratos firmados com base na Lei 8666/1993 seria possível, posto
que os valores que nortearam o legislador a estabelecer a participação das SPEs reguladas nos três
normativos são idênticos, isto é, teriam o condão de oferecer à Administração as garantias necessárias
para que o interesse público seja plenamente atendido, em especial quando se está diante de objetos
contratuais de grande vulto, como seria o caso. Dessa forma, a possibilidade de criação de uma SPE não
deveria ser afastada tão somente em razão da ausência de previsão expressa na Lei 8666/1993.
22. Ademais, os defendentes alegam que a constituição da referida SPE encontraria amparo, ainda,
nos princípios da razoabilidade e da eficiência, bem como em uma interpretação sistemática do
ordenamento jurídico.
23. Para tanto, citam o parecer do jurista Antônio Carlos Cintra do Amaral, consultado pelo Dersa
para análise do caso em questão (fls. 14/24, anexo 1). Naquele documento, o parecerista concluiu que, a
partir de uma interpretação sistemática e por aplicação do princípio da razoabilidade, o Dersa poderia
autorizar a constituição de uma SPE por empresas que, em consórcio, foram contratadas para execução do
lote do trecho sul do Rodoanel Mário Covas, ressalvando, apenas, que tal constituição não poderia ser
imposta, ao contrário das hipóteses previstas nas Leis 8987/1995 e 1079/2005.
24. Além disso, o jurista pondera que as referidas empresas consorciadas, ao constituírem a SPE,
deveriam assumir a responsabilidade solidária pela execução do contrato, a fim de que fosse afastado
qualquer conflito com o art. 33, inciso V e art. 55, inciso XIII, da Lei 8666/1993, que atribuem a
responsabilidade solidária pela execução dos contratos às empresas consorciadas e exigem manutenção de
todas as condições de habilitação e qualificação constantes da licitação.
25. Ainda sobre esse assunto, os defendentes apresentam os esclarecimentos oferecidos pelo Dersa
durante o procedimento licitatório, ao ser questionado sobre a possibilidade de constituição de SPEs pelas
empresas consorciadas que viessem a ser contratadas para execução das obras em questão, em função de
seu grande vulto, tal qual transcrito a seguir:
442
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
‘É possível a assunção de personalidade jurídica própria pelo consórcio que venha a ser
contratado, desde que os consorciados permaneçam detendo o controle do capital da SPE e que as
empresas consorciadas assumam responsabilidade solidária e subsidiária em relação à SPE. Nestes
casos será aceita a cessão do contrato entre o consórcio e a SPE criada para este fim pela
personificação jurídica daquele, mediante anuência prévia do Dersa.’
26. Desse modo, concluem que além de a posterior constituição da SPE não haver afrontado o
princípio da vinculação ao instrumento convocatório, a sub-rogação teria mantido a mesma delimitação
de responsabilidades exigida pela concorrência 03/05 e apresentada pelas empresas vencedoras do
certame, tendo em vista que a ‘Rodoanel Sul 5 Engenharia Ltda.’ foi constituída pelas mesmas integrantes
do Consórcio OAS/Mendes, as quais teriam mantido durante a execução contratual o controle da SPE,
bem como se responsabilizaram solidária e subsidiariamente em relação à mencionada SPE, tal como
exigido pelo Dersa, segundo cláusulas 4ª e 15ª do Contrato Social da ‘Rodoanel Sul 5 Engenharia Ltda’.
27. Por fim, salientam que o TAC celebrado pelo Ministério Público Federal, pelo Dersa e pelas
empresas contratadas para a execução do trecho sul do Rodoanel foi plenamente cumprido e nenhum
prejuízo à Administração, ao interesse público ou ao erário pode ser comprovado por força da criação da
SPE em comento.
I.2. Análise:
28. Percebe-se que a defesa apresentada concentra-se na afirmação de que a sub-rogação do
contrato nº 3587/2006, por meio da constituição da sociedade de propósito específico ‘Rodoanel Sul 5
Engenharia Ltda.’, encontra amparo na legislação e no princípio da razoabilidade, a partir de uma
interpretação jurídica sistemática.
29. Segundo alegam os defendentes, a constituição de uma SPE teria sido motivada pela grande
complexidade da obra e traria vários benefícios à Administração, principalmente em relação à
fiscalização e responsabilização das empresas integrantes. Além disso, não teria havido impactos
negativos, burla à licitação, tampouco violação aos princípios administrativos ou da licitação.
30. Para realizar adequada análise da questão, é preciso, primeiramente, discorrer sobre a
possibilidade de criação de uma SPE por empresas participantes de consórcio vencedor de licitação.
31. Como afirmado pelos responsáveis, tanto a Lei 8987/1995 quanto a Lei 11079/2004 tratam
sobre a possibilidade de constituição de uma empresa por parte do consócio vencedor, no caso das
concessões de serviço público e nas parcerias público-privadas, respectivamente.
32. A Lei 8987/1995, que disciplina as concessões e permissões de serviço público, dispõe em seu
art. 20 que ‘é facultado ao poder concedente, desde que previsto no edital, no interesse do serviço a ser
concedido, determinar que o licitante vencedor, no caso de consórcio, se constitua em empresa antes da
celebração do contrato’.
33. Já a Lei 11079/2004, que dispõe sobre as parcerias público-privadas, apresenta capítulo
específico sobre a sociedade de propósito específico, e determina em seu art. 9º que ‘antes da celebração
do contrato, deverá ser constituída sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o
objeto da parceria’.
34. A Lei 8666/1993, por sua vez, nada diz a respeito da possibilidade da formação desse tipo de
sociedade por consorciadas vencedoras do certame.
35. Sobre esse assunto, os defendentes alegam ser possível aplicação analógica desses dispositivos
contidos nas Leis 8987/1995 e 11079/2004 aos contratos firmados com base na Lei 8666/1933, a partir de
uma interpretação sistemática, tomando por base, ainda, o parecer jurídico resultante de consulta
efetivada pelo Dersa (fls. 14-24, anexo 1).
36. É preciso ressaltar, porém, que apesar da necessidade de seguirem previamente o rito licitatório,
as situações dispostas tanto na lei de concessões e permissões de serviço público quanto na lei de
parcerias público-privadas são bem específicas e peculiares, diferentes dos dispositivos de ordem geral
preconizadas pela Lei 8666/1993.
37. Conforme entendimento doutrinário, a lei das concessões trata das chamadas concessões
comuns de serviços públicos, precedidas ou não da execução de obras públicas. Tem como característica
443
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
o fato de que o poder concedente não oferece qualquer contrapartida pecuniária ao concessionário, sendo
que todos os seus recursos provêm das tarifas pagas pelos usuários.
38. A lei de parcerias público-privadas, por sua vez, trata das concessões ditas especiais, conhecidas
como parcerias público-privadas, que correspondem aos acordos firmados entre entes privados e a
Administração, com o objetivo de implantação ou gestão de serviços públicos, com eventual execução de
obras ou fornecimento de bens, mediante financiamento do contratado e contraprestação pecuniária do
poder público.
39. Em ambos os casos, de concessões ou parcerias público-privadas, tem-se investimentos
vultosos, geralmente abrangendo longos períodos e que demandariam um maior controle por parte do
poder concedente, o que seria traduzido pela constituição de uma SPE, conforme enunciado pela defesa.
Diferente da situação padrão preconizada pela Lei 8666/1993, que não exigira tamanha preocupação
estatal.
40. Necessário salientar, também, que todos os certames devem seguir os princípios arrolados no
art. 3º da Lei 8666/1993, dentre eles o princípio da vinculação ao instrumento convocatório. A própria Lei
8987/1995 faz menção a esse princípio, em seu art. 14.
41. Assim, mesmo considerando que, no caso concreto, o simples ato de criação da SPE não trouxe
nenhum prejuízo ao erário, a possibilidade de sua criação deveria estar prevista em edital, como
apresentado no art. 20, da Lei 8987/1995, transcrito acima. Esse artigo ainda assevera que tal
procedimento deve ser adotado anteriormente à celebração do contrato.
42. No caso sob análise, não havia previsão em edital acerca da possibilidade de constituição da
SPE pelas empresas integrantes do consórcio vencedor, e, além disso, esta se deu posteriormente à
formalização do contrato.
43. Quanto a não previsão em edital, os defendentes alegam que os esclarecimentos do Dersa
durante o certame, acerca da possibilidade da criação das SPEs pelos consórcios vencedores, substituiria a
previsão em edital, posto que as demais licitantes tiveram acesso aos mesmos.
44. Tal argumento não merece prosperar, pois um esclarecimento disponibilizado já com a licitação
em andamento atinge apenas as empresas interessadas em participar do certame conforme regras iniciais
dispostas no edital original, não alcançando aquelas que já desistiram de participar, justamente por que
alguma cláusula do edital não lhes era favorável.
45. A título de exemplo, supõe-se que um edital nada informe a respeito da possibilidade de
subcontratação, mas que, no decorrer do processo licitatório e posteriormente à publicação do edital, após
questionamento de interessadas, a Administração venha a informar que a subcontratação será autorizada
no limite de 30% dos serviços contratados.
46. Nessa situação, o esclarecimento alcançou apenas aquelas empresas ainda interessadas em
contratar com as condições iniciais dispostas no edital, ou seja, sem saber da possibilidade de
subcontratação. As demais empresas que talvez se interessassem em participar do certame, caso
soubessem dessa possibilidade de subcontratação previamente, não seriam alcançadas por meio do
simples esclarecimento. Nesse caso, o mais correto seria a republicação do edital contendo essa nova
regra, com prorrogação do prazo para apresentação das propostas, para que alcance todas as empresas que
pudessem vir a se interessar por essa nova configuração do edital.
47. Apesar de o exemplo demonstrado anteriormente representar uma situação extrema e de
relevância, como no caso de um item referente à subcontratação, serve ao menos para demonstrar que os
esclarecimentos em fase de licitação não tem o condão de substituir previsão explícita em edital.
48. Dando prosseguimento à análise, cabe averiguar a regularidade da sub-rogação efetuada no
contrato nº 3587/2006.
49. Como conceito, sabe-se que na sub-rogação, a contratada, na condição de sub-rogante, cede sua
posição a terceiro que assume todos os seus direitos e deveres consignados no termo contratual. De outro
modo, na subcontratação a contratada continua a responder pelo avençado perante a Administração, e
transfere a terceiro apenas a execução do objeto subcontratado.
50. Segundo o art. 78, inciso VI, da Lei 8666/1993, constituem motivo de rescisão do contrato a
‘subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem, a cessão ou
444
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, não admitidas no edital e no
contrato’.
51. É sabido, no entanto, que a subcontratação parcial da obra, serviço ou fornecimento, é admitida,
desde que dentro do limite estabelecido pela Administração em cada caso, conforme dispõe o art. 72, da
Lei 8666/1993.
52. Sob esta questão, aprofundado estudo culminou na Decisão 420/2002 – Plenário, que formou
sólido entendimento sobre o assunto.
53. O relatório da referida Decisão apresenta interpretação sistemática do assunto, conforme
transcrito a seguir:
‘A interpretação literal e isolada do art. 78, inciso VI, da Lei 8.666/93, no sentido da permissão da
subcontratação plena ou da transferência ou cessão, total ou parcial do objeto licitado, condenada, para
o caso, pelos princípios constitucionais e ensinamentos doutrinários já mencionados, merece censura
também por colidir diretamente com os termos do art. 72 da mesma Lei, que autoriza expressa e
exclusivamente a subcontratação e, mesmo assim, de forma parcial.’
54. A partir disso, concluiu-se que de todas as espécies elencadas no art. 78, inciso VI a única
permitida à luz da interpretação sistemática é a subcontratação de parte do objeto contratado (Decisão
420/2002 – Plenário – TCU – Relatório).
55. Por fim, cabe transcrever o item 8.5 da referida Decisão, que consolidou o entendimento do
Tribunal sobre o assunto:
‘Firmar o entendimento de que, em contratos administrativos, é ilegal e inconstitucional a sub-
rogação da figura da contratada ou a divisão das responsabilidades por ela assumidas, ainda que de
forma solidária, por contrariar os princípios constitucionais da moralidade e da eficiência (art. 37,
caput, da Constituição Federal), o princípio da supremacia do interesse público, o dever geral de licitar
(art. 37, XXI, da Constituição) e os arts. 2º, 72 e 78, inciso VI, da Lei 8.666/93.’
56. Desde então, a jurisprudência é pacífica no sentido de se vedar a sub-rogação do contrato, seja
ela parcial ou total. Numerosos Acórdãos fazem menção ao disposto nessa Decisão (Acórdãos 987/2008 –
Plenário, 2813/2010 – Plenário, 3219/2010 – Plenário, 4201/2010 – Segunda Câmara).
57. É preciso enfatizar, no entanto, que, em todos os casos acima, observou-se a sub-rogação
clássica, aquela em que os direitos contratuais de uma empresa X vencedora da licitação, a qual firmou
inicialmente o contrato, por motivo superveniente, são cedidos ou transferidos totalmente para uma
terceira empresa Y, estranha ao processo licitatório.
58. Assim, pode-se dizer que a sub-rogação clássica envolve duas pessoas totalmente distintas,
representando burla ao dever geral de licitar e violação aos princípios da moralidade, da eficiência e da
supremacia do interesse publico.
59. Voltando ao caso concreto sob análise, como primeiro ponto apresentado, a defesa afirma que o
Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, em apreço à matéria, reconheceu a legalidade da sub-
rogação, conforme trecho transcrito do voto do Acórdão do TC 017350/026/06.
60. A princípio, é necessário retificar a informação repassada pelos defendentes. O processo
constante no TCESP que trata do contrato nº 3587/2006, referente às obras do lote 5, do trecho sul do
Rodoanel Mário Covas é o TC 017359/026/06, firmado inicialmente com o consórcio OAS/Mendes. Já o
TC 017350/026/06, mencionado equivocadamente pela defesa, trata do contrato nº 3583/2006, referente
às obras do lote 1 do referido trecho, firmado com o consórcio Andrade Gutierrez/Galvão. Essas
informações são acessíveis por meio do sítio do TCESP (fls. 87/105, anexo 1).
61. A despeito do erro formal, parte-se para a análise do teor do voto. A leitura do referido trecho
remete especificamente ao 2º Termo de Aditamento, de 27/08/07, celebrado com o propósito de efetivar a
sub-rogação do contrato do consórcio OAS/Mendes para a SPE ‘Rodoanel Sul 5 Engenharia Ltda.’.
62. Ao se analisar a ementa do TC 017359/026/06, pode-se notar que o item ‘em julgamento’
apresenta os termos aditivos e modificativos analisados, quais sejam, os dois primeiros, celebrados
respectivamente em 25/5/2007 e 27/8/2007 (fls. 88/89, anexo 1).
63. A partir disso, é possível extrair importante conclusão. Por meio do mencionado Acórdão, o
TCESP analisou apenas os dois primeiros termos aditivos ao contrato 3587/2006. Considerando que o 2º
445
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Termo de Aditamento merece mais atenção, pois representa efetivamente a sub-rogação do referido
contrato à SPE criada pelo consórcio.
64. O que chama a atenção é que no momento da criação da SPE ‘Rodoanel Sul 5 Engenharia
Ltda.’, isto é, 2º Termo de Aditamento ao contrato 3587/2006, as únicas sócias da SPE recém-criada eram
exatamente as mesmas empresas do consórcio: OAS e Mendes Júnior.
65. Tratava-se, pois, até aquele momento, de uma sub-rogação atípica, pois os direitos contratuais
foram passados para nova pessoa jurídica, porém, dotada de mesma composição anterior, na prática,
apenas com nova roupagem jurídica. Isto, pois, o consórcio formado pelas duas empresas se equivaleria à
nova pessoa jurídica formada pela SPE, composta unicamente pelas mesmas duas empresas.
66. Assim, não caberia aplicação do entendimento pacífico trazido com o advento da Decisão
420/2002 – Plenário, posto que, até aquele momento, não se tratava de uma sob-rogação típica,
considerando que a cessão não se deu entre pessoas jurídicas diferentes, estranhas ao procedimento
licitatório. Esse fato não teve como consequência a afronta ao intuito claro do legislador de coibir a
transferência de direitos entre pessoas distintas, com vias a burlar o procedimento licitatório.
67. Outro é o entendimento quando aparece novo sujeito nessa relação. O 4º Termo de Alteração
Contratual e Consolidação do Contrato Social da ‘Rodoanel Sul 5 Engenharia Ltda.’ dispõe, em sua
cláusula primeira, sobre a entrada na Sociedade de uma nova sócia quotista, a empresa Carioca Christiani-
Nielsen Engenharia S.A. (fls. 56-67, anexo 1).
68. Assim, formalizou-se a entrada de nova empresa, estranha ao processo licitatório, sendo que o
novo percentual de participação social da ‘Rodoanel Sul 5 Engenharia Ltda.’ passou a ser de: 42,86% da
Construtora OAS Ltda., 28,57% da Mendes Júnior Trading e Engenharia S.A. e 28,57% da Carioca
Christiani-Nielsen Engenharia S.A..
69. Dessa maneira, a sub-rogação inicial que, na prática, não havia alterado o polo passivo
contratual, serviu como instrumento para que, posteriormente, o polo passivo fosse alterado, com a
entrada de nova empresa.
70. Além disso, o item 5.2 do edital de pré-qualificação da concorrência 003/2005 – Dersa é claro
ao delimitar que os consórcios deverão ser constituídos de, no máximo, duas empresas (fl. 86, anexo 1).
71. Nesse sentido, o novo quadro societário corresponderia, na verdade, a um consórcio formado
por três empresas, violando os preceitos do edital e o princípio da vinculação ao instrumento
convocatório.
72. Há de se convir que outro seria o cenário se o edital previsse que os consórcios poderiam ser
formados por no máximo três empresas. Nessa hipótese, haveria possibilidade de empresas menores se
associarem para tentar lograr êxito no certame. Se o objetivo inicial da Administração era possibilidade
de admissão de consórcio formado por no máximo três empresas, tal critério deveria estar explícito no
edital, do contrário representaria violação ao princípio da isonomia.
73. Ademais, a possibilidade de constituição de uma SPE, com posterior autorização para entrada
de novos integrantes à sociedade poderia se tornar uma prática perigosa, servindo de porta de entrada
direta ao contrato, evitando a licitação, permitindo que uma, duas ou mais novas empresas fizessem parte
da relação contratual.
74. Tal fato poderia resultar na legalização dos chamados ‘consórcios ocultos’, recentemente
noticiados pela imprensa. Os consórcios ocultos seriam aqueles caracterizados pelo acordo extraoficial
entre empresas interessadas em participar de um certame, em que uma delas é escolhida para oferecer a
proposta mais econômica e consequentemente vencer a licitação, enquanto que os pagamentos recebidos
pela execução da obra seriam divididos por todas as demais empresas participantes desse tipo de
consórcio. Nesse caso também haveria o envolvimento posterior de empresas que não participaram do
processo licitatório, ou mesmo de outras que participaram simplesmente para cobrir a proposta da
licitante vencedora, apresentando deliberadamente preços acima do mercado.
75. A defesa alega, ainda, que, por meio dos esclarecimentos prestados pelo Dersa durante o
certame foi informado aos licitantes sobre a possibilidade de formação de SPE pelas empresas
participantes do consórcio vencedor, desde que mantivessem o controle do capital e assumissem
responsabilidade solidária e subsidiária em relação à SPE criada.
446
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
76. Tal entendimento resultou de consulta realizada pelo Dersa ao jurista Antônio Carlos Cintra do
Amaral. Importa notar, entretanto, que o próprio parecer mencionado informa apenas que poderia o Dersa
autorizar a constituição de uma SPE por empresas que, em consórcio, foram contratadas para execução da
obra.
77. Dessa forma, o que se afirmou foi somente que as empresas pertencentes ao consórcio vencedor
poderiam formar a SPE, nada diz, contudo, em relação a possibilidade de entrada de empresas não
participantes do consórcio, ou seja, empresas estranhas à licitação anterior.
78. Além disso, o parecer ainda pondera que após a concepção da SPE, as empresas deveriam
assumir responsabilidade solidária pela execução do contrato, para não contrariar o disposto no art. 33,
inciso V e art. 55, inciso XIII, da Lei 8666/1993, sobre a exigência de manutenção de todas as condições
de habilitação e qualificação constantes da licitação.
79. Essa referência somente denota mais um ponto negativo da entrada da terceira empresa, posto
que a mesma não teria passado pela vistoria da Administração, durante o certame, acerca dos critérios de
qualificação exigidos no edital.”
8. Por tais motivos, a Secob-2, em pareceres uniformes (fls. 95/98), sugeriu a esta Corte rejeitar as
justificativas apresentadas e aplicar aos responsáveis a multa do inciso II do art. 58 da Lei 8.443/1992.
É o Relatório.
VOTO
No âmbito do Fiscobras 2010, a Secob-2 realizou auditoria nas obras de construção do trecho sul
do rodoanel de São Paulo.
2. Dados o término da obra e o fim da vigência dos contratos, o objetivo do trabalho foi verificar a
manutenção das condições acordadas no termo de ajustamento de conduta 18/2009, firmado entre o
Ministério Público Federal em São Paulo, a Desenvolvimento Rodoviário S/A – Dersa e os consórcios
executores dos cinco lotes do empreendimento.
3. A única ocorrência detectada foi a sub-rogação indevida da execução do contrato 3.587/2006,
relativo às obras do lote 5 do rodoanel, já que aquele pacto foi assinado com o consórcio OAS/Mendes
Júnior, que, posteriormente, sofreu alteração em sua estrutura societária para constituir-se em sociedade
de propósito específico – SPE, sob a denominação Rodoanel Sul 5 Engenharia Ltda., com a incorporação
de uma terceira empresa cotista, a Carioca Christiani-Nielsen Engenharia S.A., que não participou da
licitação vencida pelo consórcio original.
4. Tal procedimento estaria em desacordo com o edital do certame, que admitia a participação de
consórcios formados pelo máximo de duas empresas, e com o art. 20 da Lei 8.987/1995, que somente
autoriza “que o licitante vencedor, no caso de consórcio, se constitua em empresa antes da celebração do
contrato” (grifei).
5. Assim, o acórdão 1.963/2010 – Plenário determinou a realização das audiências prévias de
Thomas de Aquino Nogueira Neto e de Paulo Vieira de Souza, respectivamente ex-diretor presidente e
ex-diretor de engenharia do Dersa, ambos signatários do segundo termo aditivo ao contrato 3.587/2006,
que promoveu a questionada sub-rogação daquele pacto.
6. Os responsáveis alegaram, em síntese, que:
a) a legalidade da sub-rogação foi reconhecida pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo –
TCE-SP;
b) não houve prejuízo para a Dersa, nem burla à licitação ou violação de princípios licitatórios;
c) dada a complexidade e o vulto das obras, a constituição da SPE tornaria mais fácil a fiscalização
e a responsabilização da contratada;
d) ainda que não prevista na Lei 8.666/1993, a constituição de SPE teve amparo nas Leis
8.987/1995 (Lei de Concessões) e 11.079/2004 (Lei de Parcerias Público-Privadas);
447
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
AROLDO CEDRAZ
Relator
1. Processo TC 011.818/2010-7.
448
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada nas obras de construção do trecho
sul do rodoanel Mário Covas, no Estado de São Paulo (PT 26.782.1461.111V.0035/2010).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo relator e com base no art. 58, II, da Lei 8.443/1992, em:
9.1. rejeitar as justificativas apresentadas pelos responsáveis Thomaz Aquino Nogueira Neto e
Paulo Vieira de Souza;
9.2. aplicar aos responsáveis mencionados no item anterior multas individuais no valor de R$
10.000,00 (dez mil reais), a serem recolhidas ao Tesouro Nacional acrescidas dos devidos encargos legais
, a contar da data deste acórdão até a data do pagamento, caso o recolhimento seja efetuado após o prazo
abaixo fixado;
9.3. fixar prazo de 15 (quinze) dias a contar das notificações para comprovação do recolhimento
das dívidas acima imputadas perante o Tribunal;
9.4. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.5. dar ciência desta deliberação ao Dnit, ao Dersa e ao procurador-chefe da Procuradoria da
República no Estado de São Paulo.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
449
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
RELATÓRIO
Adoto como relatório a instrução de fls. 702/6 do vol. 11, elaborada no âmbito da 1ª Secretaria de
Fiscalização de Desestatização e Regulação – Sefid-1 e acolhida por seu corpo dirigente (fls. 707/8 do
mesmo volume):
“Introdução
Trata-se de representação formulada pelo Sr. Carlos Mantovani Calejon, à época, vereador no
Município de Santos/SP, a respeito de possíveis irregularidades na execução do Contrato PRES/028.1998,
firmado entre a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e a empresa Terminal para
Contêineres da Margem Direita S.A. (Tecondi), para exploração de instalação portuária.
2. Após a assinatura do referido contrato, em face da não aprovação, por parte dos órgãos
ambientais, das obras de aterramento que deveriam ser realizadas pela arrendatária em parte da área
licitada, a autoridade portuária promoveu, por meio do 5º Termo Aditivo ao Contrato PRES/028.1998, a
redefinição das áreas arrendadas (exclusão de parte e inclusão de outras em substituição), alterando o
objeto inicialmente licitado, sítio negativo no Valongo, por sítio padrão no Saboó, perfazendo 136.444,03
m². O referido aditivo ainda concedeu o direito à Tecondi de receber outros terrenos da Codesp até atingir
o total de 170.000 m², referente à área originalmente arrendada.
Histórico
3. Primeiramente, cabe mencionar que o TC 005.891/2003-6, apensado a este processo, foi autuado
a partir de representação formulada pela empresa Cargolog Planejamento Logístico e Operadora de
Transportes Multimodais S.A., em que relata irregularidades no 5º Termo Aditivo ao Contrato
PRES/028.1998. Do mesmo modo, foi apensado a estes autos o TC 021.417/2003-6, que trata de
denúncia de matéria de idêntico teor.
450
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
4. Registra-se, ainda, que a matéria destes autos já foi analisada pela Secretaria de Controle Externo
de São Paulo (Secex/SP), consoante instruções de fls. 131-134; fls. 214-222; fls. 411-413; fls. 435-459;
fls. 493-502 e fls. 504-510, tendo sido realizadas, inclusive, diligências e a audiência dos responsáveis.
Efetuadas essas primeiras análises, aquela unidade técnica propôs, em síntese, que fosse determinado à
Codesp a anulação do Contrato PRES/028.1998 e a realização de novo procedimento licitatório.
5. Em resposta ao Despacho do então Ministro-Relator Marcos Vinícios Vilaça (fl. 469), o
Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União manifestou-se de acordo com a proposta de
mérito da unidade técnica (fls. 470-474).
6. Posteriormente, mediante o Despacho de fl. 521, o Ministro José Múcio Monteiro, que assumiu a
relatoria da matéria, determinou que a Secex/SP realizasse inspeção na Codesp a fim de verificar a
situação física do terminal arrendado e o seu funcionamento e, ao final, emitisse nova opinião sobre a
proposta de anulação do contrato.
7. Após a fiscalização (fls. 522-547), a Secex/SP alterou o seu entendimento e propôs a manutenção
do Contrato PRES/028.1998, nos exatos termos prescritos pelos aditivos. Os principais argumentos
trazidos pela unidade técnica para justificar a modificação das conclusões iniciais foram: os investimentos
já realizados e em curso nas obras do Terminal da Tecondi, e o tempo decorrido entre a celebração do
contrato e o questionamento das irregularidades nesta Corte de Contas.
8. Em virtude da complexidade e da materialidade das questões tratadas neste processo, que
envolvem a concessão de áreas portuárias, o Ministro-Relator, no Despacho de fl. 555, determinou o
envio dos autos a esta Secretaria de Fiscalização de Desestatização (Sefid) para que instruísse o feito e
analisasse o custo-benefício, bem como as consequências econômicas, financeiras e jurídicas, de uma
eventual declaração de nulidade do contrato. Facultou, ademais, a complementação da análise como a
unidade técnica entendesse pertinente, inclusive com a realização de diligências e/ou inspeções.
9. Nesse sentido, por meio do Ofício 430/2010-TCU/Sefid, de 17/8/2010 (fl. 579), foi realizada
diligência à Codesp para que esta informasse a este Tribunal os investimentos realizados pela Tecondi,
por força do Contrato PRES/028.1998 e aditivos, discriminados por área, por modalidade e com
referência à data de realização.
10. Em seguida, encaminhou-se o Ofício 496/2010-TCU/Sefid, de 14/10/2010 (fl. 592), à Agência
de Transportes Aquaviários (Antaq) com o intuito de buscar esclarecimentos quanto à legalidade da
cessão de áreas portuárias, sem prévio procedimento licitatório, no bojo do Contrato PRES/028.1998 e
seus aditivos, celebrado entre a Codesp e a empresa Tecondi.
11. Naquela mesma oportunidade, foi remetido à Tecondi o Ofício 497/2010-TCU/Sefid, de
14/10/2010 (fl. 594), solicitando que aquela empresa se pronunciasse, caso desejasse, quanto aos fatos
tratados nas instruções de fls. 574-578 e 584-589, e quanto aos investimentos por ela realizados,
informando a destinação operacional de cada uma das áreas repassadas pelo 5º Termo Aditivo ao
Contrato PRES/028.1998.
12. Enquanto aguardava o atendimento às diligências realizadas, chegou ao conhecimento do
Ministro-Relator a notícia de uma iminente anexação de outras áreas pela empresa Tecondi (fls. 603-604).
Ante essa informação, determinou por meio do Despacho de fl. 602, datado de 4/11/2010, que esta Sefid
avaliasse, com a máxima urgência, a conveniência da adoção de medida cautelar para suspender novas
cessões de áreas.
13. Por conseguinte, esta Unidade Técnica, em instrução de fls. 605-608, manifestou-se pela
pertinência da adoção de medida cautelar ante a possibilidade de realização pela Codesp de novas cessões
de áreas à Tecondi sem o devido procedimento licitatório, o que poderia, ainda, ensejar prejuízo à
companhia e/ou eventuais direitos subjetivos à Tecondi em função de possíveis investimentos na nova
área a ser cedida.
14. Assim, em 10/11/2010, esta Corte de Contas, por meio do Acórdão 3.037/2010-TCU-Plenário,
determinou cautelarmente à Codesp que suspendesse novas cessões de áreas não licitadas à Tecondi, em
substituição àquelas previstas originalmente no Contrato PRES/028.1998, até que o Tribunal se
manifestasse em definitivo sobre a matéria. Determinou, outrossim, a oitiva da Codesp para que se
pronunciasse, no prazo de 15 dias, quanto à regularidade de eventuais novas cessões de áreas não
451
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
licitadas à empresa Tecondi e concedeu igual prazo para que a Tecondi se manifestasse nos autos em
defesa de seus interesses.
15. Em 16/12/2010, o então Ministro-Relator José Múcio Monteiro, por meio do Despacho de fl.
699, informou estar em situação de impedimento neste processo, nos termos do parágrafo único do art.
151 do Regimento Interno/TCU e determinou o encaminhamento dos autos à Secretaria das Sessões, para
sorteio de outro Relator.
16. Em 20/1/2011, a Antaq encaminhou a esta Corte de Contas a Ordem de Serviço 09/2010-SPO,
de 7/12/2010 (fl. 698), na qual determina fiscalização à Codesp visando à análise de instrumentos de
ocupação de áreas e instalações portuárias na região denominada Saboó.
17. Em 16/2/2011, a Antaq encaminhou a Ordem de Serviço 05/2011-SPO, de 4/2/2011 (fl. 701),
por meio da qual prorroga o prazo para conclusão do procedimento de fiscalização junto à Codesp objeto
da Ordem de Serviço 09/2010-SPO, de 7/12/2010. Neste ponto, cabe mencionar que o resultado dessa
fiscalização é necessário para que esta Sefid possa se manifestar sobre o mérito do processo, uma vez que
a Antaq irá analisar os arrendamentos que integram a região do Saboó, dentre os quais, aquele explorado
pela Tecondi.
18. Posto isso, esta instrução tem o fito de analisar apenas os argumentos apresentados nas oitivas
que se refiram à regularidade de eventuais novas cessões de áreas não licitadas à empresa Tecondi, a fim
de avaliar a pertinência da manutenção ou não da cautelar concedida. Nesse sentido, as respostas às
diligências serão verificadas somente quando da análise do mérito da presente representação.
Oitivas
Oitiva da empresa Terminal para Contêineres da Margem Direita S.A. (Tecondi)
19. A oitiva do Sr. Agnes Parbeito – Presidente da Tecondi, foi realizada por meio do Ofício
575/2010-TCU/Sefid, de 25/11/2010 (fl. 638-639). Os argumentos apresentados pela Tecondi constam do
expediente de fls. 663-685, datado de 16/12/2010.
20. A Tecondi alega que, consoante informações prestadas pela Codesp, o Porto de Santos não
dispõe, atualmente, na região de Saboó, de áreas que possam acomodar o tipo de infraestrutura portuária
utilizada pela empresa. Além disso, assevera que as únicas áreas que eventualmente serviriam à Tecondi
estão destinadas às empresas que firmaram seus contratos de arrendamento antes da vigência da Lei
8.630/1993 e que continuarão no mesmo local, apesar do vencimento dos referidos instrumentos
contratuais, devido à possibilidade de prorrogação regulamentada por meio da Resolução-Antaq 1837, de
29/9/2010.
21. Na sequência, informa que atualmente não há nenhum procedimento administrativo na Codesp
objetivando a transferência de novas áreas à Tecondi, sendo que todas as áreas definitivas que constam
dos aditivos ao Contrato PRES/028.1998, que totalizam 136.444,03 m², foram devidamente entregues à
Tecondi há mais de oito anos.
22. Noticia, ainda, que o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos (PDZ-PS)
está em fase de elaboração e que sua conclusão é condicionante para que o Contrato PRES/028.1998 seja
integralmente cumprido pela Codesp, com a disponibilização da área faltante até atingir os 170.000 m²
originalmente licitados.
23. Ante os fatos, assevera que fica afastado o fundamento do fumus boni juris , ‘iminente
anexação de outro lote pela empresa, sem licitação’, pois o PDZ ainda está em fase de elaboração e
somente serão cedidas novas áreas à Tecondi após a sua conclusão.
Oitiva da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp)
24. A oitiva do Sr. José Ribeiro Correia Serra – Presidente da Codesp, foi realizada por meio do
Ofício 574/2010-TCU/Sefid, datado de 25/11/2010 (fl. 636-637), e respondida, em 17/12/2010, mediante
o Ofício DP-GD/397.2010 (fls. 692-696).
25. De início, a Codesp informa que não dispõe de áreas na região do Saboó que possam ser cedidas
à Tecondi em cumprimento às obrigações estabelecidas no Contrato PRES/028.1998, que prevê a
concessão de uma área de 170.000 m² para a prestação de serviço de operação portuária. Como
consequência da indisponibilidade de áreas, afirma que não há naquela Companhia Docas qualquer
452
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
procedimento administrativo acerca de nova cessão de área à Tecondi, o que demonstra que a notícia
veiculada na imprensa não condiz com a realidade.
26. Esclarece que está em curso a elaboração do PDZ-PS, que visa compatibilizar o Plano do Porto
com o Plano Diretor do Município e prevê que esta reorganização do Porto estará concluída somente a
partir de 2011. Dessa forma, afirma ser improvável que haja área disponível e em condições operacionais
para ser transferida à arrendatária, embora isto esteja assegurado por força do quinto termo aditivo ao
Contrato PRES/028.1998.
27. Ante essas alegações, a Codesp informa que não irá justificar ou esclarecer a regularidade
de eventuais novas cessões de áreas não licitadas à Tecondi (fl. 694).
28. Por fim, aduz que não estão presentes os requisitos do art. 276 do Regimento Interno do
Tribunal de Contas da União que serviram de fundamento para a concessão da medida cautelar, pois ‘falta
o perigo da demora, porque não há área disponível e não há, por ora, qualquer perspectiva de que venha a
ocorrer proximamente; e não há aparência do bom direito, visto inexistir qualquer irregularidade nas áreas
já disponibilizadas’ (fl. 694).
Análise
29. Relativamente às alegações apresentadas pela Tecondi e pela Codesp, que se referem à
indisponibilidade de áreas em condições operacionais na região do Saboó que possam ser transferidas à
arrendatária, deve-se destacar que não foram encaminhados documentos comprobatórios da situação. O
que se sabe de fato é que o 5º Termo Aditivo ao Contrato PRES/028.1998 está vigente, assegura cessão
de áreas à Tecondi e não informa onde estão localizados os terrenos a serem cedidos à arrendatária, ou
seja, estas áreas não estão restritas à região do Saboó.
30. Ante os fatos, pode-se aduzir que não há como garantir que, caso surjam novas áreas no Porto
de Santos, estas não sejam cedidas à Tecondi, por força do 5º Termo Aditivo, sem que este Tribunal tome
conhecimento ou se manifeste sobre o mérito.
31. Verifica-se, portanto, que o fumu boni juris não foi afastado, tendo em vista que existe a
possibilidade de que haja novas cessões de áreas à arrendatária, sem prévia licitação, em virtude da
vigência do 5º Termo Aditivo ao Contrato PRES/028.1998. O periculum in mora também subsiste, pois
a transferência de novas áreas pode ensejar prejuízo à companhia e/ou eventuais direitos subjetivos à
Tecondi em função de possíveis investimentos na nova área a ser cedida e, assim, comprometer a eficácia
da decisão de mérito que vier a ser proferida pelo Tribunal.
32. Ressalte-se que a Codesp não se manifestou sobre a regularidade de novas cessões de área à
Tecondi, como determinado na oitiva realizada. Não foram trazidos aos autos, portanto, elementos que
mudem o entendimento firmado para concessão da cautelar.
33. Ademais, não se vislumbra, no presente caso, a ocorrência do periculum in mora reverso, uma
vez que Tecondi e Codesp alegaram não existir nenhum procedimento administrativo objetivando a
transferência de novas áreas. Logo, a manutenção da medida cautelar não trará qualquer prejuízo à
Codesp e/ou à Tecondi, segundo suas próprias alegações.
34. Repise-se, ainda, que a análise de mérito deste Tribunal deve levar em conta a fundamentação
técnica do órgão regulador, pois a Antaq é a responsável pela supervisão e fiscalização das atividades
desenvolvidas pelas Administrações Portuárias nos portos organizados, conforme estabelecido no art. 51-
A da Lei 10.233/2001. Além disso, nos termos do art. 27, inciso VI, da mesma Lei, cabe à Antaq, em sua
esfera de atuação, ‘reunir, sob sua administração, os instrumentos de outorga para exploração de
infra-estrutura e de prestação de serviços de transporte aquaviário celebrados antes da vigência desta
Lei, resguardando os direitos das partes’ (grifo nosso). Assim, esses dispositivos, quando analisados em
conjunto, permitem concluir que a Antaq possui competência para manifestar-se sobre a legalidade dos
contratos firmados pelas autoridades portuárias, em qualquer tempo.
35. Dessa forma, entende-se pertinente manter a suspensão cautelar deferida até que este
Tribunal analise as conclusões da fiscalização que está sendo realizada pela Antaq e as providências
porventura adotadas pela Agência para sanar eventuais irregularidades.
Proposta de Encaminhamento
36. Diante do exposto, propõe-se:
453
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
I – enviar os autos à Secretaria Geral das Sessões, conforme Despacho de fl. 699, para sorteio de
relator, com posterior encaminhamento do processo ao Gabinete do novo Ministro-Relator; e
II – manter a medida cautelar concedida por meio do Acórdão 3.307/2010-TCU-Plenário, nos
termos do art. 276 do Regimento Interno/TCU, até que o Tribunal se manifeste em definitivo sobre os
autos.”
2. Encontrando-se estes autos em meu gabinete, a Agência de Transportes Aquaviários – Antaq fez
juntar ao processo os expedientes de fls. 722 e 767/8 do vol. 11, mediante os quais informa, em síntese,
ter convalidado os termos aditivos 1º ao 5º do contrato PRES/028.1998. Os referidos expedientes vieram
acompanhados de manifestações técnica e jurídica da Antaq e de relatório fotográfico (fls. 723/63 daquele
mesmo volume).
3. Incluído o processo na pauta da presente sessão ordinária, a Tecondi fez juntar aos autos em
29/8/2011, além dos mesmos documentos mencionados acima, o expediente de fls. 769/70 do vol. 11, em
que ressalta que a Antaq realizou, “no período de 07/12/2010 a 02/08/2011, ampla fiscalização e estudo
regulatório acerca do contrato de arrendamento portuário estabelecido entre a Codesp e o Tecondi”, tendo
a Sefid-1 promovido “visita in loco às instalações do Tecondi no Porto Organizado de Santos
recentemente, durante o mês de agosto, ocasião em que conheceu o arrendamento, a estruturação e a
operacionalização do empreendimento portuário objeto do contrato estabelecido entre o Tecondi e a
Codesp.”
4. Baseada nesses esclarecimentos, a arrendatária registra que a instrução do julgamento agendado
pera esta data “não leva em conta as duas situações vitais” relatadas acima, razão pela qual requer “a
retirada do processo da Pauta (...), a fim de se incluir na análise os novos elementos colhidos pela Antaq e
pelos órgãos técnicos da Sefid-1”.
É o Relatório.
VOTO
onde estariam localizados os terrenos passíveis de serem cedidos, ou seja, estas potenciais áreas não estão
necessariamente restritas à região do Saboó.
6. Nessas circunstâncias, entendo que se mantêm caracterizados o fumus boni iuris e o periculum
in mora reconhecidos à época da prolação do acórdão 3.037/2010-Plenário. Some-se a isso o fato de as
manifestações da Codesp e da Tecondi indicarem a inexistência de periculum in mora reverso, eis que
concentram suas argumentações na indisponibilidade de áreas de interesse da arrendatária, deixando a
entender que a medida acautelatória determinada pelo TCU não teria motivação para existir.
7. É bem verdade que o reconhecimento, por parte das duas empresas manifestantes, dessa
indisponibilidade de área se restringe à região de Saboó, o que poderia indicar a intenção de induzir este
tribunal a erro com vistas a, uma vez revogada a cautelar, não mais haver impedimento à cessão de áreas
fora daquela região.
8. Entretanto, até que haja provas suficientes em sentido contrário, prefiro partir do pressuposto de
que ambas as empresas atuam nestes autos pautadas pela boa-fé, de modo que a indicação expressa da
região de Saboó pode ter decorrido, por exemplo, do desinteresse da arrendatária por outra área.
9. De qualquer modo, pelos fundamentos apresentados no relatório precedente, parcialmente
sintetizados no presente voto, especialmente em seus itens 5 e 6, não vejo razões para que seja revogada a
providência cautelar direcionada à Codesp pelo acórdão 3.037/2010-Plenário.
10. Quanto aos novos elementos juntados aos autos pela Antaq e pela Tecondi (fls. 722/805, vol.
11) após a instrução do feito pela Sefid-1, novamente peço vênias por dissentir – dessa feita da empresa
arrendatária arrolada neste processo –, pois entendo que nem o recente posicionamento daquela agência
reguladora acerca dos termos aditivos ao contrato PRES/028.1998, nem a vistoria in loco realizada por
equipe técnica do TCU nas instalações portuárias afetas àquela avença tornam necessária a retirada de
pauta deste TC-012.194/2002-1.
11. Assim penso tendo em vista que, conforme mencionado no início deste voto, analisa-se neste
momento apenas a pertinência da manutenção da cautelar concedida pelo acórdão 3.037/2010-Plenário,
ao passo que os documentos recém apresentados pela Antaq e pela Tecondi dizem respeito ao exame de
mérito que será empreendido pela Sefid-1 após a prolação deste decisum.
Ante o exposto, voto pela adoção da minuta de acórdão que trago à consideração deste colegiado.
AROLDO CEDRAZ
Relator
8. Advogados constituídos nos autos: Benjamin Caldas Gallotti Beserra (OAB/DF 14.967),
Benjamin Gallotti Beserra (OAB/DF 13.568), Bruno Diniz Vasconcelos (OAB/DF 17.508), Bruno Guerra
Neves da Cunha Frota (OAB/DF 29.405), Bruno Wider (OAB/DF 15.467), Fábio Viana Fernandes da
Silveira (OAB/DF 20.757), Gleuton Maciel Gonçalves (OAB/DF 17.724), Hugo Damasceno Teles
(OAB/DF 17.727), Luciana Fátima Venturi Falabella (OAB/SP 88.271), Manuel Luis (OAB/SP 57.055),
Marconni Chianca Toscano da Franca (OAB/DF 20.772), Patrícia Santos Maciel de Oliveira (OABDF
26.616), Rafael Freitas Machado (OAB/DF 20.737) e Renata Barbosa Fontes (OAB/DF 8.203).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação que trata de possíveis irregularidades
na execução do contrato PRES/028.1998, firmado entre a Companhia Docas do Estado de São Paulo –
Codesp e a empresa Terminal para Contêineres da Margem Direita S.A. – Tecondi, para exploração de
instalação portuária.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão plenária, diante das
razões expostas pelo relator, em:
9.1. manter a medida cautelar concedida por meio do acórdão 3.307/2010-Plenário, nos termos do
art. 276 do Regimento Interno/TCU, até que esta corte se manifeste em definitivo sobre o mérito das
questões suscitadas nos presentes autos;
9.2. dar ciência desta deliberação à Codesp, à Tecondi e à Antaq, mediante remessa de cópia do
presente acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam;
9.3. restituir o processo à Sefid-1 para que adote as medidas de sua alçada com vistas a dar
prosseguimento à instrução do feito.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
Entidade: Companhia Energética de Alagoas (CEAL); Eletrobras; Ministério das Minas e Energia
(MME) (vinculador).
Interessados: Call Tecnologia e Serviços Ltda (CNPJ 05.003.257/0001-10) e Provider Soluções
Tecnológicas Ltda (CNPJ 01.159.435/0001-46)
Advogados constituídos nos autos: André Puppin Macedo (OAB-DF 12.004); Acioli Cardoso Silva
(OAB-DF 27.407); Luiz César Simões Cardoso (OAB-DF 22.435); Tathiana Passoni Reis (OAB-DF
31.414); Alexandre Spezia (OAB-DF 20.555); Antônio Sérgio Elias Filho (OAB-DF 21.677); Cristiane
Nina Antunes (OAB-DF 20.132); Karina Bronzon de Castilho (OAB-DF 20.971); Priscila Brito
Marangon (OAB-DF 25.562); Mariana Aires Coelho Araujo Dias (OAB-DF 9.716./E); Marcus Paulo
Santiago Teles Cunha (OAB-DF 10.028/E); Hugo Medeiros Gallo da Silva (OAB-DF 10.396/E);
Guilherme de Macedo Soares (OAB-DF 9.665/E); Gerson Alves de Oliveira Junior (OAB-DF 9.339);
Mariana Araujo Becker (OAB-DF 14.675); Beatriz Helena Cavalcante Nunes (OAB-DF 29.059); Luiz
Ricardo de Castro Guerra (OAB-PE 17.598); João André Sales Rodrigues (OAB-PE 19.186); Carlos
Augusto da Silva Batista (OAB-PE 15.982); Carla de Jesus Cavalcanti de Carvalho (OAB-PE 16.402);
Isabel Cristina Ximenes Carneiro da Cunha (OAB-PB 11.071); Tomaz Domingues de Oliveira E.
Alcoforado (OAB-PE 25.453); Walter Gomes D’Angelo (OAB-PE 23.359); Walter Pereira de Barros
(OAB-PE 25.960); Carlos Eduardo Bacelar Coelho da Silva (OAB-PE 28.732); Arley de Andrade Vieira
(OAB-AL 7.319).
RELATÓRIO
9.4.2. observar o disposto nos artigos 3º, § 1º, inciso I, 40, inciso I, e 44, § 1º, da Lei nº 8.666/1993,
quando da aplicação da Cláusula 7.12.3, alíneas “a” e “b” do Edital, de modo a evitar interpretação que
restrinja injustificadamente o caráter competitivo do certame;
9.4.3. abster-se de incluir exigência não justificada de Declaração de Habilitação Profissional
(DHP) (item 7.12.4, a5, do edital), em desacordo com o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal e
com o artigo 3º, § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/1993;
9.5. determinar à Secex-AL que monitore o cumprimento do item 9.4 retro;
9.6. dar ciência do inteiro teor deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o
fundamentam:
9.6.1. à representante;
9.6.2. à empresa vencedora do certame;
9.6.3. à Companhia Energética de Alagoas (CEAL);
9.6.4. ao Ministério das Minas e Energia (MME);
9.7. arquivar o presente processo.
2. O certame visa a futuras contratações de empresa especializada em gestão, operação,
administração, projeto, implementação, implantação, treinamento, suporte técnico e operacional para
atendimento de consumidores e cidadãos em geral, com cobertura de todas as áreas de concessão das
Empresas de Distribuição da Eletrobrás (EDEs), mediante o fornecimento de teleatendimento ativo e
receptivo (call center), na forma humana e eletrônica, disponibilizando instalações físicas, mobiliário,
pessoal, treinamento, telefonia, equipamentos, aplicativos (hardware e software) e os demais recursos
necessários à prestação dos serviços.
3. O pregão em tela, com valor estimado em R$ 78.671.600,70 (peça 2, p. 84), ocorreu em
30/8/2010 com a participação de cinco empresas. As três primeiras foram desclassificadas, entre
elas a representante, que havia ofertado o melhor preço no valor de R$ 65.100.000,00 (peça 3, p.
138). De acordo com a ata do pregão, em 13/9/2010 a representante foi declarada desclassificada,
por não atender aos itens 7.12.4. “a.5” e 7.12.3. “a” do edital, e às respostas ao pedido de
esclarecimento, tudo referente à habilitação. Também constituiu motivo para desclassificação o não
atendimento ao item 9.2 do edital (peça 3, p. 194).
4. Conforme os registros do sistema eletrônico de pregões do Banco do Brasil, no dia
20/10/2010 a Provider Soluções Tecnológicas Ltda. foi declarada vencedora com uma proposta de
R$ 71.799.000,00. Inconformada com a decisão, nessa mesma data a Call Tecnologia e Serviços
manifestou interesse em recorrer em virtude de sua desclassificação (peça 3, p. 138-139). O ato de
adjudicação e homologação do pregão em favor da Provider ocorreu em 20/12/2010 (peça 3, p. 260)
e foi informado no sistema precitado em 30/12/2010 (peça 3, p. 147). O Aviso de Registro de Preços
foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) em 5/1/2011 (peça 3, p. 191).
5. Em 6/1/2011, a empresa Call entrou com representação perante o Tribunal de Contas da
União (TCU) em face das supostas irregularidades perpetradas no julgamento da proposta
vencedora com pedido de medida cautelar para suspender o certame ou a execução dos serviços, se
já celebrado o contrato (peça 1).
6. Em análise preliminar de 12/1/2011, a Secretaria de Controle Externo em Alagoas (Secex-
AL) concluiu pela existência dos requisitos do fumus boni juris e do periculum in mora para a adoção
da medida cautelar, pois, caso contrário, poderia ocorrer prejuízo ao erário e/ou a eventuais
direitos subjetivos de terceiros e comprometer a eficácia da decisão de mérito que viesse a ser
proferida pelo Tribunal (peça 6).
7. Por meio do Despacho de 13/1/2011, referendado pelo Plenário na Sessão de 19/1/2011,
acatei as propostas da unidade técnica e determinei, cautelarmente, a suspensão do pregão ou da
execução dos serviços, se já formalizado o ajuste. Determinei ainda a oitiva da Ceal e também,
opcionalmente, da empresa vencedora para manifestação acerca dos fatos abaixo listados (peça 7):
“a) inabilitação indevida da empresa Call Tecnologia do certame, em razão do não atendimento às
exigências do itens 7.12.3. “a” e “b” e 7.12.4. “a.5” do edital;
458
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Serviços Ltda no âmbito do Pregão Eletrônico nº 26/2010, promovido pela Companhia Energética de
Alagoas (CEAL).
12. A Sefti, após analisar o tema, manifestou-se, em pareceres uniformes, no seguinte sentido
(peças 48/50):
44. Ante todo o exposto, conclui-se o que segue.
45. O atestado da Codeplan é capaz de comprovar, nos moldes estipulados pelo edital, a
disponibilização de apenas 165 PAs, não atendendo, portanto, à exigência de qualificação técnica do
item 7.12.3 alínea “a” do edital, o qual exigia comprovação de prestação do serviço licitado no
quantitativo de trezentas PAs (itens 17-22 deste Parecer).
46. O atestado da Prefeitura de São Paulo não atende ao teor da resposta ao pedido de
esclarecimento relativo às exigências do item 7.12.3 alíneas “b” e “f” do edital, que exigia a
apresentação simultânea de dois responsáveis técnicos inscritos nos respectivos conselhos (Crea e
CRA), e, também, não pode ser admitido para fins de soma de atestado (itens 23-33).
47. Destarte, assiste razão à Ceal ao inabilitar a empresa Call Tecnologia, por força da
vinculação ao instrumento convocatório, ainda que o valor de sua proposta seja inferior ao da
empresa Provider (adjudicada) (item 34 deste Parecer).
48. Não se considera que a exigência do quantitativo mínimo de trezentas posições de atendimento
(PAs) para o atestado de capacidade técnica do item 7.12.3, alíneas “a” e “b”, do edital tenha restringido
indevidamente a competitividade do certame (itens 35-43).
13. Na Sessão Plenária de 27/7/2011, submeti novamente este processo à apreciação do Colegiado,
oportunidade na qual foi prolatado o Acórdão nº 1.924/2011-Plenário, cujo teor foi transcrito no início
deste relatório.
14. A CEAL alega, em síntese, o seguinte na sua petição de embargos (peça 67):
a) contradição no voto deste relator, tendo em vista que, no parágrafo 9 de seu voto teria dito que o
edital não era claro quanto à exigência de “operação simultânea” dos 300 postos de atendimento, sendo
que, mais adiante, no parágrafo 32, teria dito que citados postos deveriam funcionar simultaneamente;
b) contradição nos parágrafos 27 e 43 do voto deste relator, pois, ao contrário do que constou
nesses parágrafos, a diferença de R$ 6 milhões entre a proposta vencedora e a adjudicada não é anual,
mas sim global, considerado um período de 30 meses;
c) contradição nos parágrafos 10 a 12 do voto deste relator, quando afirma que “Se havia dúvidas a
respeito do conteúdo do atestado, caberia ao gestor, zeloso, recorrer ao permissivo contido no § 3º do art.
43 da Lei nº 8.666/1993 e efetuar diligência à Codeplan para esclarecê-las, providência que não foi
tomada”, e mais adiante completa dizendo que “a jurisprudência desta Corte reconhece a possibilidade de
realização de diligências para a supressão de falhas formais”. A contradição decorreria do fato de que, no
caso concreto, segundo a Ceal, não havia qualquer falha formal a ser aclarada mediante diligência. Isso
porque, para a Ceal, “A certidão, neste ponto, é clara e não demanda interpretações quer restritivas, quer
extensivas”;
d) omissão quanto à análise da inabilitação da representante, tendo este relator deixado de atentar
para o não atendimento, pela representante, ao disposto no item 7.12.3, alínea c, do Edital, que estabelecia
que não seriam aceitos atestados decorrentes de serviços com prazo de execução inferior a seis meses.
Nesse sentido teria se manifestado a Sefit e o próprio relator, no voto inicialmente apresentado na sessão
plenária de 27/4/2011;
e) obscuridade “no tocante à possibilidade de realização de diligências no caso em exame, em todas
as empresas participantes do certame, garantindo equidade das partes, tendo em vista a determinação de
retorno à fase de habilitação do certame.
15. A Provider, por sua vez, assenta os seus embargos de declaração nas seguintes alegações (peça
70):
a) “contradição com o voto anterior suspenso para oitiva da parte técnica e omissão em relação à
justificativa para alteração do referido voto”;
b) “contradição com a verdade material do processo – atestado que não atende a exigência do edital
– negociação feita com a empresa Provider”;
460
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
VOTO
9.6.1. à representante;
9.6.2. à empresa vencedora do certame;
9.6.3. à Companhia Energética de Alagoas (CEAL);
9.6.4. ao Ministério das Minas e Energia (MME);
9.7. arquivar o presente processo.
2. Com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, conheço dos embargos de
declaração opostos tanto pela Ceal quanto pela Provider, tendo em vista que foram atendidos os requisitos
de admissibilidade previstos para a espécie.
3. No mérito, analiso, primeiro, os embargos de declaração opostos pela Ceal.
Primeira alegação da Ceal
4. Quanto à suposta contradição apontada pela Ceal entre os parágrafos 9 e 32 do meu voto
(alegação reproduzida na alínea a do parágrafo 14 do relatório que antecede este voto), é de se notar que
nos parágrafos seguintes, ou seja, nos parágrafos 10 a 12 do meu voto, afirmei que, mesmo se
admitíssemos que o edital teria sido claro quanto à exigência de simultaneidade, ainda assim a decisão de
Ceal de desclassificar a ora representante não seria correta. Foi o que afirmei expressamente e ora
reproduzido abaixo:
10. Mesmo admitindo que fosse necessária a comprovação da operação simultânea das 315 PAs em
uma única instalação física para a aferição da capacidade técnica, não é possível afirmar que isso não
ocorreu a partir do que está escrito no atestado em questão. Nesse ponto há, portanto, inferência baseada
em interpretação restritiva do texto do atestado, por parte da CEAL. Se havia dúvidas a respeito do
conteúdo do atestado, caberia ao gestor, zeloso, recorrer ao permissivo contido no § 3º do art. 43 da Lei nº
8.666/1993 e efetuar diligência à Codeplan para esclarecê-las, providência que não foi tomada.
11. No mesmo sentido, pronuncia-se a Secex-AL ao registrar que “se havia dúvidas a respeito do
conteúdo do atestado, caberia ao gestor, zeloso, recorrer ao permissivo contido no § 3º do art. 43 da Lei
nº 8.666/1993 e efetuar diligência à Codeplan para esclarecê-las, providência que não foi tomada”.
12. De fato, a jurisprudência desta Corte reconhece a possibilidade de realização de diligências para
a supressão de falhas formais. Esse foi o entendimento exposto no Acórdão nº 2.521/2003 – Plenário, in
verbis:
“atente para o disposto no art. 43, § 3º, abstendo-se, em consequência, de inabilitar ou desclassificar
empresas em virtude de detalhes irrelevantes ou que possam ser supridos pela diligência autorizada por
lei" (grifei).
5. Portanto, não há que se falar em contradição nesse ponto.
Segunda alegação da Ceal
6. Alega ainda a Ceal que haveria uma contradição nos parágrafos 27 e 43 do voto deste relator,
pois, ao contrário do que constou nesses parágrafos, a diferença de R$ 6 milhões entre a proposta
vencedora e a adjudicada não é anua mas sim global, considerado um período de 30 meses.
7. Aqui também não há contradição. No parágrafo 27 afirmei o seguinte:
“Há de se registrar que o valor de mais de R$ 6 milhões, referentes à diferença entre a proposta
vencedora e a adjudicada, refere-se, somente, a um ano de contrato. Portanto, caso ocorra a prorrogação
do ajuste, tal valor pode chegar à casa dos R$ 30 milhões”.
8. Por outro lado, no parágrafo 43, apresentei a seguinte assertiva:
“Ao propor tal medida, busco o equilíbrio entre a proposta da Secex-AL, que foi no sentido de
anular o certame, o que geraria dispêndios desnecessários em vista do refazimento da licitação além do
periculum in mora reverso, e o risco de a Administração realizar ato antieconômico, diante da contratação
por R$ 6 milhões a maior por ano, tendo em vista a proposta da representante.”
9. Como se vê, nos dois casos sustentei que a diferença era anual e não global, o que demonstra,
inequivocamente, que não há contradição no meu voto, a ser sanada pela via dos embargos de declaração,
que não admite rediscussão da matéria julgada.
Terceira alegação da Ceal
10. Disse a embargante que haveria uma contradição nos parágrafos 10 a 12 do voto deste relator,
quando afirmou que “Se havia dúvidas a respeito do conteúdo do atestado, caberia ao gestor, zeloso,
462
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
exatos termos do §4º do art. 119 do Regimento Interno deste Tribunal, cujo teor é no sentido de que o
relator, os ministros ou os auditores convocados que já tenham proferido seus votos poderão modificá-los
até a conclusão do julgamento do processo.
22. Ao contrário do afirmado pela embargante, não há também qualquer omissão quanto à alteração
do voto. A fundamentação do voto que proferi na sessão de 27/7/2011 está plasmada em longas sete
laudas, nas quais assentei as razões que me levaram a propor o acórdão ora embargado.
Segunda alegação da Provider
b) “contradição com a verdade material do processo – atestado que não atende a exigência do edital
– negociação feita com a empresa Provider”.
23. Mais uma vez, trata-se de alegação que não comporta discussão em sede de embargos de
declaração, porquanto não aponta qualquer contradição no acórdão embargado ou na sua fundamentação,
mas sim suposta contradição entre o acórdão embargado e a “verdade material do processo”. Ou seja, o
que pretende a embargante é rediscutir a matéria de fundo, o que não é cabível em embargos de
declaração.
24. De qualquer modo, registro que essa alegação é similar à quarta alegação feita pela Ceal, cuja
análise apresentei alguns parágrafos acima.
Terceira alegação da Provider
c) “erro material nos itens 27 e 43 do voto do relator – suposta economia de R$ 6 milhões em 12
meses, totalizando R$ 30 milhões em 30 meses com a contratação da empresa Call Tecnologia, quando na
verdade o valor apresentado é para contrato por 30 meses, o que geraria uma economia de R$ 6 milhões
em 30 meses – R$ 200.000,00 por mês de contrato se houver a contratação de todas as posições de
atendimento, considerando se tratar de registro de preços e não haver sido determinado a quantidade de
PA’S a ser contratada”
25. Essa alegação é idêntica à segunda alegação da Ceal, já enfrentada neste voto. Portanto, aplica-
se aqui o que se disse anteriormente sobre o assunto.
26. Com essas considerações, voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à
apreciação do Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
1. Processo nº TC 000.312/2011-8.
2. Grupo II – Classe I – Assunto: Embargos de Declaração em Representação.
3. Interessados: Call Tecnologia e Serviços Ltda (CNPJ 05.003.257/0001-10) e Provider Soluções
Tecnológicas Ltda (CNPJ 01.159.435/0001-46).
4. Entidade: Companhia Energética de Alagoas (CEAL); Eletrobras; Ministério das Minas e
Energia (MME) (vinculador).
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: Secretaria de Controle Externo - AL (SECEX-AL).
8. Advogados constituídos nos autos: André Puppin Macedo (OAB-DF 12.004); Acioli Cardoso
Silva (OAB-DF 27.407); Luiz César Simões Cardoso (OAB-DF 22.435); Tathiana Passoni Reis (OAB-
DF 31.414); Alexandre Spezia (OAB-DF 20.555); Antônio Sérgio Elias Filho (OAB-DF 21.677);
Cristiane Nina Antunes (OAB-DF 20.132); Karina Bronzon de Castilho (OAB-DF 20.971); Priscila Brito
Marangon (OAB-DF 25.562); Mariana Aires Coelho Araujo Dias (OAB-DF 9.716./E); Marcus Paulo
464
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Santiago Teles Cunha (OAB-DF 10.028/E); Hugo Medeiros Gallo da Silva (OAB-DF 10.396/E);
Guilherme de Macedo Soares (OAB-DF 9.665/E); Gerson Alves de Oliveira Junior (OAB-DF 9.339);
Mariana Araujo Becker (OAB-DF 14.675); Beatriz Helena Cavalcante Nunes (OAB-DF 29.059); Luiz
Ricardo de Castro Guerra (OAB-PE 17.598); João André Sales Rodrigues (OAB-PE 19.186); Carlos
Augusto da Silva Batista (OAB-PE 15.982); Carla de Jesus Cavalcanti de Carvalho (OAB-PE 16.402);
Isabel Cristina Ximenes Carneiro da Cunha (OAB-PB 11.071); Tomaz Domingues de Oliveira E.
Alcoforado (OAB-PE 25.453); Walter Gomes D’Angelo (OAB-PE 23.359); Walter Pereira de Barros
(OAB-PE 25.960); Carlos Eduardo Bacelar Coelho da Silva (OAB-PE 28.732); Arley de Andrade Vieira
(OAB-AL 7.319).
9. Acórdão:
Vistos, relatados e discutidos estes autos que cuidam de Embargos de Declaração em
Representação, opostos pela Eletrobras Distribuição Alagoas, também denominada Companhia
Energética de Alagoas – CEAL, e pela Provider Soluções Tecnológicas Ltda, ambos em face do Acórdão
nº 1.924/2011-Plenário, prolatado nos autos de Representação oferecida pela empresa Call Tecnologia e
Serviços Ltda., com pedido de medida cautelar, inaudita altera pars, em face do Pregão Eletrônico nº
26/2010, promovido pela Companhia Energética de Alagoas (Ceal) para registro de preço;
Acórdão os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, diante das
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer, com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, dos Embargos de
Declaração opostos pela Eletrobras Distribuição Alagoas, também denominada Companhia Energética de
Alagoas – CEAL, e pela Provider Soluções Tecnológicas Ltda,, para, no mérito, negar-lhes provimento.
9.2. dar ciência do inteiro teor da presente deliberação aos interessados, à Ceal e ao Ministério de
Minas e Energia.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
3.1 rejeitar as razões apresentadas pelo responsável Guilherme Oliveira Braga (CPF 099.190.072-
34), período de gestão 01/01 a 20/5/2003, consideradas as ocorrências referentes ao período de sua
gestão;
3.2 rejeitar, as razões de justificativas apresentadas pelo responsável Ademir Galvão Andrade (CPF
49.051.805-20), período de gestão 20/05 a 31/12/2003;
3.3 julgar irregulares as contas ordinárias dos responsáveis abaixo indicados, nos termos do art. 16,
inciso III, alínea b, da Lei nº 8.443/1992 c/c art. 209, inciso III, alínea b, do Regimento Interno/TCU:
3.3.1 irregularidades:
i- Aquisição de bens com preços muito acima dos praticados no mercado local (subitem 8.1.1.3 do
Relatório de Auditoria de Avaliação de Gestão nº 140894);
ii- Realização de processos de dispensa de licitação com fundamento no inciso IV, do art. 24, da Lei
nº 8.666/93, sem caracterização de urgência ou emergência que não pudesse ser prevista (subitem 8.1.2.2
do Relatório de Auditoria de Avaliação de Gestão nº 140894);
iii- Alteração irregular do Contrato nº 19/1999, por meio do 5º Termo Aditivo (subitem 8.2.2.1 do
Relatório de Auditoria de Avaliação de Gestão nº 140894);
iv- Contratação de pessoal em desacordo com termo de referência contratual (subitem 8.2.2.2 do
Relatório de Auditoria de Avaliação de Gestão nº 140894).
Responsável:
467
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
3.4 aplicar aos responsáveis acima identificados a multa prevista no art. 58, inciso I, da Lei nº
8.443/1992, c/c o art. 268, inciso I, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, fixando-lhes o
prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional,
atualizada monetariamente, desde a data do acórdão até o dia do efetivo recolhimento, se paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
3.5 autorizar, desde logo, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação, com
fundamento no art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/1992;
3.6 julgar irregulares as contas ordinárias dos responsáveis: Nelson Pontes Simas (CPF
055.383.432-00), Diretor de Gestão Portuária e Marcos José Pereira Damasceno (CPF 300.747.032-34),
Diretor Administrativo Financeiro pela gestão irregular no período destas contas, pelo que foram
multados no TC nº 003.515/2004-7, que trata do Relatório de Auditoria realizada na Companhia Docas do
Pará (CDP) com o objetivo de avaliar a legalidade e a legitimidade dos atos de gestão dos responsáveis
nos processos de licitação e contratos, realizados em 2003, bem como dos relativos à política salarial
adotada pela Companhia, inclusive em relação às admissões e demissões e ao último Acordo Coletivo de
Trabalho, em cumprimento ao Acórdão nº 1948/2003 – TCU/Plenário, nos termos do art. 16, inciso III,
alínea b, da Lei nº 8.443/1992 c/c art. 209, inciso III, alínea b, do Regimento Interno/TCU;
3.7 julgar regulares, com quitação plena, nos termos do art. 17 da Lei nº 8.443/1992, as contas dos
demais responsáveis descritos no rol de fls. 01/14.
Finalmente, considerando que as guias de recolhimento das parcelas da multa imposta ao Sr.
Nelson Pontes Simas estão sendo juntadas no Anexo 11 do TC nº 003.515/2004-7 propõe-se, com vistas
ao melhor acompanhamento desse recolhimento a cargo da Chefia do Gabinete desta Unidade Técnica, a
permanência desse volume específico na SECEX-PA.”
10. A proposta de mérito teve a concordância do Titular da Unidade Técnica e do Subprocurador-
Geral Paulo Soares Bugarin (fls. 384/385 do Volume 1).
11. Diante da juntada de razões de justificativa complementares, o Ministro-Relator do feito, Exmo.
Sr. Valmir Campelo, homenageando os princípios do contraditório e da ampla defesa e considerando que
os novos elementos poderiam produzir reflexos na proposta de mérito, houve por bem devolver o
processo para a Secex/PA para a realização de novo exame e manifestação, com posterior envio ao
Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (fl. 386 do Volume 1).
12. Analisados os novos elementos juntados aos autos, a Secex/PA assim se manifestou, no
essencial, litteris:
5. O responsável Guilherme Oliveira Braga apresentou justificativas, dentre outras, para o relatado
no subitem “8.2.2.2 contratação de pessoal em desacordo com Termo de Referência Contratual, relativo
aos Contratos 24/2001, celebrado com a SISCON – Consultoria de Sistema Ltda. e 008/01 – AHITAR,
firmado com o Centro Tecnológico de Engenharia Ltda.” Naquele momento processual, apresentado um
468
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
histórico de sua gestão, como forma de, segundo alegou, “estabelecer uma fronteira entre aquele período
e o daqueles que me sucederam, de resultados significativamente diferentes”.
5.1. Assim relatou a Auditora:
“2.8.2. Primeiramente aquele responsável registra que anualmente as prestações de contas das
Hidrovias são auditadas pelo Ministério dos Transportes, o qual jamais levantou inconsistências nas
contratações do pessoal da AHITAR e AHIMOR; que a aferição da qualificação dos contratados de
acordo com as especificações do edital, caberia aos gerentes dos contratos, os quais deveriam ter atentado
para a inconsistência das especificações emanadas da esfera ministerial, incompatíveis com o perfil do
técnico que sempre trabalhou na AHITAR e AHIMOR; que essa inconsistência só foi detectada em data
posterior a 20/05/2003, quando não mais respondia pela presidência da CDP, não cabendo a si tomar
providências para reparar a inconsistência.
2.8.3. Que embora tenha demonstrado não ser o responsável pela ocorrência, entende que houve
falha meramente formal, derivada de dupla ingerência institucional, a qual não representou nenhum
prejuízo aos cofres públicos.
2.8.4. Teceu comentários sobre o deficiente modelo de gestão pautado em Convênio de Delegação,
que preconiza o Ministério dos Transportes como responsável pelo planejamento técnico das ações,
enquanto a CDP, subordinada tecnicamente àquela esfera, executa o que não planejou, premida de mão de
obra para atender a execução do Plano de Trabalho definido no âmbito ministerial tem que procurar
outros meios de dotar as Hidrovias com o pessoal necessário ao funcionamento. Ressalta que os salários
pagos não estavam vinculados às especificações do edital e acrescenta que não houve nenhum prejuízo
financeiro relativamente aos contratos indicados pelo Controle Interno e objeto da audiência. Juntou
documentos.”
6. Preliminarmente historiou sobre a criação das Companhias de Docas, e, com relação ao Pará,
sobre a celebração do Convênio nº 003/1990, pelo qual o Ministério da Infraestrutura –MINFRA delegou
competência para a CDP/PA administrar “provisoriamente” (destaque no original) o Porto de Porto Velho
em Rondônia e as Hidrovias da Amazônia Oriental (AHIMOR) em Belém, e do Tocantins Araguaia
(AHITAR), em Goiânia.
6.1. Ressaltou as cláusulas Terceira e Nona do citado convênio, que regulavam sobre custeio e
prestação de contas; informou sobre a origem dos recursos destinados ao custeio dos programas das
hidrovias (Tesouro Nacional, via DNTA e posteriormente DNIT), cabendo à CDP adiantar recursos
próprios; tais recursos eram geridos pelos respectivos Superintendentes das Hidrovias, que prestavam
contas ao DNTA/DNIT, encarregados da fiscalização da execução do convênio.
6.2. O convênio nº 003/1990 vigeu até o exercício de 2008, por meio de aditivos, quando a CDP
passou a integrar a Secretaria Especial de Portos.
7. Centrou suas justificativas na argumentação de inviabilidade de realização de concurso público,
dada a transitoriedade do próprio programa e, portanto, do convênio de Delegação.
7.1. Em 10/9/1993 a CDP/AHIMOR celebrou convênio de Cooperação Técnico-Científica com a
Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa – FADESP, buscando suprir a mão de obra
qualificada à prestação da atividade hidroviária “dada a carência, então existente ma região, além de
garantir a preservação dos dados derivados dos estudos, que seriam executados por uma instituição
pública de indiscutível idoneidade e notoriedade, evitando, assim, ficar na dependência, tanto de dados
técnicos como de reserva de conhecimento, de empresas privadas do eixo sul-sudeste, onde tal atividade
já se desenvolvia”.
7.2. Por meio da Decisão nº 053/1999-TCU-Plenário tal forma de provimento de mão de obra foi
considerado irregular, e encerrado o citado convênio, permanecendo a inviabilidade de provimento de
mão de obra por meio de concurso, pelas razões já expostas. Esclarece que “a CDP equacionou tal
necessidade por meio da realização de licitação” e que, enquanto não concluído o certame, para evitar
solução de continuidade, os serviços foram desenvolvidos por meio de mão de obra autônoma, mediante a
469
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
contratação dos profissionais oriundos da FADESP “que, por possuírem conhecimento sobre os projetos
em desenvolvimento na hidrovia, foram considerados mais adequados à contratação”.
7.3. Para tal certame licitatório, o então Departamento de Hidrovias Interiores (DHI/MT)
encaminhou o modelo de especificações técnicas e de edital, contendo os requisitos de qualificação,
planilha de custos e nível salarial dos profissionais. Por não terem sido ajustados à realidade da A-
HIMOR, o perfil requisitado pela DHI não ficou compatível com a remuneração especificada no edital da
AHIMOR; detectada a inconsistência em 2004, foi realizada nova licitação.
7.4. Concluiu afirmando que esse equívoco não gerou prejuízo ao erário; apresentou planilha
visando comparar os requisitos e salários praticados nos contratos nº 24/2001 e 003/2004. Ao final,
entende ser descabida a imputação da irregularidade, por se tratar de falha meramente formal, pois
considera que seria competente o Superintendente da Hidrovia e ao fiscal do contrato, o acompanhamento
e a fiscalização do mesmo, e, em última instância, ao DNTA/DNIT.
IV EXAME
8. As novas justificativas apresentadas não são novas. O responsável segue a mesma linha de
argumentação desenvolvida quando de suas razões de justificativas, já analisadas pela Auditora, às fls.
374/375, transcrita a seguir:
“2.9. Análise/fundamentação:
2.9.1. Em que pese os argumentos apresentados, os responsáveis não lograram descaracterizar as
inconsistências apontadas, pelo contrário, uma vez que as alegações vêm ratificar o entendimento dos
órgãos de controle, no sentido da ilegalidade da ocorrência. As exigências estabelecidas nos termos de
referência dos editais de licitação, relativas aos pré-requisitos dos profissionais contratados, não foram
atendidas. O pessoal contratado não possuía a escolaridade exigida no edital, gerando a execução de
contratos em desacordo com o estabelecido no art. 66, da Lei nº 8.666/93.
2.9.2. Quanto à afirmativa dos responsáveis de que não houve prejuízo aos cofres públicos, também
não pode prevalecer, pois os salários dos contratados estavam definidos de acordo com sua qualificação.
Assim, assiste razão ao Controle Interno quando argumenta que um determinado profissional contratado
para o cargo de nível superior 3, para o qual é exigido pós-graduação, com salário de R$ 4.325,22, está
percebendo a remuneração irregularmente, se não possuir a qualificação exigida, o que de fato ocorre.
Aquele profissional deveria estar enquadrado na faixa salarial correspondente à escolaridade comprovada,
pois se assim não for, o erário está sendo onerado com pagamentos irregulares, ainda que o serviço seja
prestado. Como os pré-requisitos dos profissionais não atenderam às exigências editalícias está
caracterizada a desobediência às exigências contidas no edital e ao próprio contrato, em desrespeito às
disposições dos arts. 41 e 66, da Lei de Licitações.
2.9.3. Os responsáveis informaram ao Controle Interno a adoção de providências para correção das
irregularidades referentes ao Contrato 008/01 – AHITAR, as quais precisam ser comprovadas, mas
permaneceram silentes quanto ao Contrato 24/2001 – AHIMOR.
2.9.4. A ocorrência deve ser objeto de determinação à CDP para correção da situação apontada,
inclusive com o levantamento dos valores pagos em desacordo com os termos de referência dos contratos
executados irregularmente para fins de recolhimento aos cofres da Companhia. Ressaltando-se que, a
contratação de pessoal por meio de empresa interposta caracteriza burla ao concurso público e fere as
disposições do art. 37, inciso II, da Constituição Federal.”
V CONCLUSÃO
9. Desta feita, considerando-se:
a) a análise das contas contida em instruções anteriores, as conclusões e propostas de mérito às fls.
327/333; 377/378 e 382/383, de julgamento pela irregularidade das contas, nos termos dos arts. 1º, inciso
I, 16, inciso III, alínea "b" e 19, parágrafo único, da Lei nº 8.443/92, ratifica-se o posicionamento da
Controladoria Geral da União no Pará, expresso nos Relatórios de Auditoria e Certificado de Avaliação
470
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
de Gestão 140894, de 25/5/2004 e 148063, de 31/8/2004, nas fls. 225/287 e 301/326 (vol. 1, do processo
principal),
b) o julgamento do TC 003.515/2004-7 Relatório de Auditoria, Acórdãos nº 1.059/2005-TCU-
Plenário, em 3/8/2005, e nº 1426/2009-TCU-Plenário, em 1/7/2009;
c) e em face de que não trouxe o responsável Guilherme Oliveira Braga nenhum fato novo,
nenhuma argumentação nova, fundamentada o bastante a elidir a irregularidade relatada, devem ser as
presentes contas consideradas irregulares, tendo em vista que os responsáveis ouvidos em audiência não
apresentaram justificativas capazes de elidir as ocorrências irregulares constatadas pelo controle interno,
aplicando multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.43/92, c/c o art. 268, inciso II, do Regimento
Interno/TCU, por ato praticado com grave infração à norma legal ou regulamentar de natureza contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, ao responsável Guilherme Oliveira Braga, posto que
nos autos do Relatório de Auditoria juntado às presentes contas, já foram apenados os responsáveis
Ademir Galvão Andrade, Nelson Pontes Simas e Marcos José Pereira Damasceno, pelos mesmos
fundamentos.
10. Acato, no mesmo sentido, a proposta de que sejam adotadas providências no sentido de obter o
recolhimento dos valores pagos a maior pelos equipamentos adquiridos com preços acima dos praticados
no mercado local, por meio do Convite nº 05/2004 (execução de serviços de adaptações das instalações da
Receita Federal nos altos do Armazém 09, no porto de Belém, no valor de R$17.768,00) e dispensa de
licitação, referente ao processo 2.362/2003 (reforma do prédio do Centro Integrado Administrativo do
Terminal Portuário da SOTAVE, no valor de R$22.288,00), sem prejuízo da apuração de
responsabilidades pela prática irregular, contrária às disposições dos §§ 1º e 2º, do art. 23, da Lei nº
8.666/93.
VI PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
11. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, com as seguintes propostas:
11.1 rejeitar as razões apresentadas pelo responsável Guilherme Oliveira Braga (CPF 099.190.072-
34), período de gestão 01/01 a 20/5/2003, consideradas as ocorrências referentes ao período de sua
gestão;
11.2 rejeitar, as razões de justificativas apresentadas pelo responsável Ademir Galvão Andrade
(CPF 49.051.805-20), período de gestão 20/05 a 31/12/2003;
11.3 julgar irregulares as contas ordinárias dos responsáveis abaixo indicados, nos termos do art.
16, inciso III, alínea b, da Lei no 8.443/1992 c/c art. 209, inciso III, alínea b, do Regimento Interno/TCU:
11.3.1. Responsável:
CPF NOME CARGO
049.051.805-20 Ademir Galvão Andrade Diretor Presidente (20/5 a 31/12/2003)
11.3.1.1. Irregularidades:
a) Aquisição de bens com preços muito acima dos praticados no mercado local (subitem 8.1.1.3 do
Relatório de Auditoria de Avaliação de Gestão no 140894);
b) Realização de processos de dispensa de licitação com fundamento no inciso IV, do art. 24, da Lei
no 8.666/93, sem caracterização de urgência ou emergência que não pudesse ser prevista (subitem 8.1.2.2
do Relatório de Auditoria de Avaliação de Gestão no 140894);
c) Alteração irregular do Contrato nº 19/1999, por meio do 5o Termo Aditivo (subitem 8.2.2.1 do
Relatório de Auditoria de Avaliação de Gestão no 140894);
d) Contratação de pessoal em desacordo com termo de referência contratual (subitem 8.2.2.2 do
Relatório de Auditoria de Avaliação de Gestão no 140894).
11.3.2. Responsável:
CPF NOME CARGO
471
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
13.2.1. Irregularidade:
a) Contratação de pessoal em desacordo com termo de referência contratual (subitem 8.2.2.2 do
Relatório de Auditoria de Avaliação de Gestão no 140894);
11.3.3. Responsáveis:
CPF NOME CARGO
055.383.432-00 Nelson Pontes Simas Diretor de Gestão Portuária
00.747.032-34 Marcos José Pereira Damasceno Diretor Administrativo-Financeiro
11.3.3.1. gestão irregular da Companhia de Docas do Pará, no período das presentes contas, pelo
que foram multados no TC no 003.515/2004-7, que trata do Relatório de Auditoria realizada na
Companhia Docas do Pará (CDP) com o objetivo de avaliar a legalidade e a legitimidade dos atos de
gestão dos responsáveis nos processos de licitação e contratos, realizados em 2003, bem como dos
relativos à política salarial adotada pela Companhia, inclusive em relação às admissões e demissões e ao
último Acordo Coletivo de Trabalho, em cumprimento ao Acórdão no 1948/2003 – TCU/Plenário, nos
termos do art. 16, inciso III, alínea b, da Lei no 8.443/1992 c/c art. 209, inciso III, alínea b, do Regimento
Interno/TCU;
11.4. aplicar ao responsável Guilherme Oliveira Braga a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei
no 8.443/1992, c/c o art. 268, inciso I, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, fixando-lhe
o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional,
atualizada monetariamente, desde a data do acórdão até o dia do efetivo recolhi-mento, se paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
11.5. em vista da concessão de parcelamento das multas aos demais responsáveis, que seja
autorizado, desde já, igual medida em até vinte e quatro parcelas, com fundamento no art. 217 do
RI/TCU, alertando o responsável que incidirá sobre cada parcela correção monetária de que trata o §1o do
mencionado dispositivo e que a falta do recolhimento de qualquer parcela importará o vencimento
antecipado do saldo devedor, nos termos do §2o do art. 217 do RI/TCU.
11.6. autorizar, desde logo, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação, com
fundamento no art. 28, inciso II, da Lei no 8.443/1992;
11.7 considerando o recolhimento integral das multas imputadas aos responsáveis Ademir Galvão
Andrade e Nelson Pontes Simas, conforme documentos constantes do Anexo 11 do processo apensado,
propomos expedirem-se as respectivas quitações, nos termos do art. 27 da Lei no 8.443/92 c/c art. 218 do
Regimento Interno.
11.8 julgar regulares, com quitação plena, nos termos do art. 17 da Lei nº 8.443/1992, as contas dos
demais responsáveis descritos no rol de fls. 01/14.
11.10. determinar à Companhia de Docas do Pará, que adote providências no sentido de obter o
recolhimento dos valores pagos a maior pelos equipamentos adquiridos com preços acima dos praticados
no mercado local, por meio do Convite nº 05/2004 (execução de serviços de adaptações das instalações da
Receita Federal nos altos do Armazém 09, no porto de Belém, no valor de R$17.768,00) e dispensa de
licitação, referente ao processo 2.362/2003 (reforma do prédio do Centro Integrado Administrativo do
Terminal Portuário da SOTAVE, no valor de R$22.288,00) e apure de responsabilidades pela prática
irregular, contrária às disposições dos §§ 1º e 2º, do art. 23, da Lei nº 8.666/93, c/c fixando-lhe o prazo de
120 (cento e vinte dias) para comprovar o recolhimento do Tribunal de Contas da União, Secretaria de
Controle Externo do Estado do Pará.”
13. O Ministério Público junto ao TCU, por meio de seu Subprocurador-Geral Paulo Soares
Bugarin, assim se manifestou quanto ao novo pronunciamento da Unidade Técnica (fl. 439 do Volume 1):
por meio do Ofício nº 207/2006-SECEX/PA, de 23/03/2006 (fl. 336), não trouxeram fatos novos aos
autos capazes de elidir a irregularidade que lhe foi atribuída nas presentes contas.
2. Adicionalmente, a referida instrução informa que os responsáveis Ademir Galvão Andrade e
Nelson Pontes Simas recolheram integralmente, de forma parcelada, nos termos do Acórdão nº
2.399/2009 – Plenário, as multas individuais que lhes foram impostas pelo Acórdão nº 1.059/2005 –
Plenário, com os valores definidos pelo Acórdão nº 1.426/2009 – Plenário, proferido em sede de pedido
de reexame, de acordo com os comprovantes constantes do Anexo 11 do processo apenso (TC nº
003.515/2004-7).
3. Desse modo, considerando todo o conjunto probatório disponível nos autos, bem como as
ocorrências apuradas no processo de fiscalização juntado por força do mencionado Acórdão nº
1.059/2005 – Plenário (cópia às fls. 389/391), que motivaram a aplicação de multa aos gestores
responsáveis identificados naqueles autos, este representante do MP/TCU, na linha do pronunciamento
anterior de fl. 385, manifesta-se de acordo com a proposta de encaminhamento formulada pela unidade
técnica às fls. 434/436.”
É o relatório.
VOTO
Ocorre que como o Porto e as Hidrovias aqui mencionadas estavam sendo administrados de forma
provisória pela CDP e havia necessidade de aporte de mão-de-obra, a saída encontrada foi, justamente,
realizar procedimento licitatório para suprir essa carência de pessoal.
16. No que pertine ao não atendimento dos níveis de qualificação técnica especificados na licitação,
vejo que o Sr. Guilherme de Oliveira Braga nem chegou a ser ouvido em audiência no processo TC
003.515/2004-7 (Auditoria de Conformidade realizada pela Secex/PA).
17. Ainda com respeito aos itens de audiência do Sr. Guilherme, observo que a ocorrência
“pagamento à empresa R & A Construções e Comércio Ltda., no valor de R$ 50.232,79, por serviços não
realizados ou realizados em desacordo com as especificações contratadas” não tem qualquer correlação
com a gestão desse responsável. A uma, porque a Autorização de Serviço ASD DIRGEP nº 26/2003 data
de 12/08/2003, e foi assinada pela contratada em 14/08/2003 (subitem 8.2.3.1 do Relatório de Auditoria
de Avaliação de Gestão nº 140894); a duas, porque o seu período de gestão foi até 20/05/2003, o que
afasta a sua responsabilidade.
18. Destarte, acolho as razões de justificativa trazidas pelo ex-Diretor-Presidente, Sr. Guilherme
Oliveira Braga, e considero que suas contas podem ser julgadas regulares com ressalvas.
19. No que diz respeito às justificativas trazidas aos autos pelo também ex-Diretor-Presidente, Sr.
Ademir Galvão Andrade (Período de Gestão – de 20/5/2003 a 31/12/2003), observo, em linha de
consonância com as observações aqui esposadas quando da análise da situação do gestor antecessor, que
as contratações de serviços técnicos especializados em desacordo com Termo de Referência Contratual se
deram fora do período de gestão ora analisado, ou seja, os contratos foram firmados em 2001. A
necessidade de manutenção das atividades técnicas perdurou nos exercícios que se seguiram e foi um
reflexo da atribuição conferida a CDP, por meio do Convênio nº 003/1990, de administrar,
provisoriamente, o Porto de Porto Velho em Rondônia e as Hidrovias da Amazônia Oriental (AHIMOR),
em Belém, e do Tocantins Araguaia (AHITAR), em Goiânia. A escassez de mão-de-obra foi um reflexo
dessa situação temporária e precisava ser contornada, sob pena de prejuízo ao exercício das atribuições de
administração repassadas para a CDP.
20. Não se pode perder de vista o fato de que a Delegação de Competência dada pelo Ministério da
Infraestrutura –MINFRA (Convênio nº 003/1990) teve vigência até o exercício de 2008, e havia, de fato,
inviabilidade de realização de concurso público, diante da transitoriedade da atribuição outrora conferida.
A celebração de convênio de Cooperação Técnico-Científica com a Fundação de Amparo e
Desenvolvimento da Pesquisa – FADESP foi uma saída encontrada pela CDP para suprir a carência de
mão-de-obra qualificada, fórmula essa considerada irregular por meio da Decisão nº 053/1999-TCU-
Plenário, o que deu ensejo ao encerramento do convênio. Destarte, diante da inviabilidade de provimento
de mão-de-obra por meio de concurso, a CDP realizou licitação.
21. Nesse ponto, importa registrar que muito embora não estejamos diante de uma situação ideal,
qual seja, realização de concurso público para provimento de vagas, temos que levar em consideração a
situação peculiar dos gestores da CDP desde a firmatura do Convênio nº 003/1990, qual seja:
providenciar os serviços técnicos necessários à administração, provisória, do Porto de Porto Velho e das
Hidrovias da Amazônia Oriental e do Tocantins Araguaia. Nessa linha argumentativa, o TCU não pode
desconhecer a natural dificuldade do gerenciamento de recursos humanos existente à época.
22. Quanto às demais irregularidades objeto de audiência, quais sejam: aquisição de bens com
preços acima dos praticados no mercado local (Convite nº 05/2004) e pagamento à empresa R & A
Construções e Comércio Ltda., no valor de R$ 50.232,79, por serviços não realizados ou realizados em
desacordo com as especificações contratadas, compreendo que como a primeira diz respeito a Convite
realizado na gestão seguinte (2004) não deve ter reflexos em 2003. Já em relação à segunda tem que ser
ponderado que embora se fale em serviços não realizados ou realizados em desacordo com as
especificações, não restou claro o que efetivamente não foi executado. Dessa maneira, não cabe, a meu
ver, dado o tempo transcorrido desde a ocorrência irregular, adotar providências para a instauração de
TCE. Cumpre destacar que a responsabilidade por pagamentos relacionados a serviços não executados
deveria recair sobre o fiscal do contrato e o Diretor financeiro, o que, efetivamente, não ocorreu. Assim,
considero extemporânea a proposição de determinações corretivas.
475
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
1. Processo nº TC 008.340/2004-1.
1.1. Apenso: 003.515/2004-7
2. Grupo II – Classe IV – Assunto: Prestação de Contas do Exercício 2003
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Companhia Docas do Pará - MT (04.933.552/0001-03).
3.2. Responsáveis: Ademir Galvão Andrade (049.051.805-20); Afonso Carneiro Filho
(654.320.967-49); Alexander Vinicius Janiques de Matos (238.774.561-20); Antonina Cândida Costa de
Moraes (116.122.072-00); Aristarte Gonçalves Leite Júnior (096.604.291-34); Cláudia Regina Gusmão
(310.234.101-25); Cláudio José Madeira Bastos Menezes (070.613.587-34); Cristovan Silva da Cruz
(030.239.822-87); Dirceu de Castro Oliveira (004.270.201-15); Francisco Chagas Alcãntara Oliveira
(013.488.333-00); Guilherme Oliveira Braga (099.190.072-34); Marcos José Pereira Damasceno
(300.747.032-34); Mario Ferreira Vianna (314.700.417-15); Montesquieu Targino Alves (179.462.717-
00); Nelson Pontes Simas (055.383.432-00); Onofre Dantas dos Santos (099.237.721-87); Ovídio
Gaspareto (000.077.149-04); Procópio Santos Rizzato (359.714.608-20); Rogerio Amado Barzellay
(239.507.901-44).
4. Órgão/Entidade: Companhia Docas do Pará - MT.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
476
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam da Prestação de Contas da Companhia Docas
do Pará - CDP referente ao exercício de 2003;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. acolher parcialmente as razões de justificativa apresentadas pelos Senhores Guilherme Oliveira
Braga e Ademir Galvão Andrade, relativamente à audiência realizada em decorrência das seguintes
irregularidades: a) aquisição de bens com preços muito acima dos praticados no mercado local, ocorrência
constatada no Convite nº 05/2004 e no Processo 2.368/2003 (subitem 8.1.1.3 do Relatório de Auditoria
de Avaliação de Gestão nº 140894); b) Contratação de pessoal em desacordo com Termo de Referência
Contratual, relativo aos contratos 24/2001, celebrado com a SISCON – Consultoria de Sistema Ltda. e
008/01 – AHITAR, firmado com o Centro Tecnológico de Engenharia Ltda. (subitem 8.2.2.2 do Relatório
de Auditoria de Avaliação de Gestão nº 140894); c) pagamento à empresa R & A Construções e
Comércio Ltda., no valor de R$ 50.232,79, por serviços não realizados ou realizados em desacordo com
as especificações contratadas (subitem 8.2.3.1 do Relatório de Auditoria de Avaliação de Gestão nº
140894);
9.2. julgar, nos termos do art. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei nº 8.443/92, as
contas dos Srs. Guilherme Oliveira Braga (099.190.072-34), Ademir Galvão Andrade (049.051.805-20),
Nelson Pontes Simas (055.383.432-00) e Marcos José Pereira Damasceno (300.747.032-34), regulares
com ressalva, dando-lhes quitação;
9.3. julgar, nos termos do art. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei nº 8.443/92, as
contas dos Srs. Afonso Carneiro Filho (654.320.967-49); Alexander Vinicius Janiques de Matos
(238.774.561-20); Antonina Cândida Costa de Moraes (116.122.072-00); Aristarte Gonçalves Leite
Júnior (096.604.291-34); Cláudia Regina Gusmão (310.234.101-25); Cláudio José Madeira Bastos
Menezes (070.613.587-34); Cristovan Silva da Cruz (030.239.822-87); Dirceu de Castro Oliveira
(004.270.201-15); Francisco Chagas Alcãntara Oliveira (013.488.333-00); Mario Ferreira Vianna
(314.700.417-15); Montesquieu Targino Alves (179.462.717-00); Onofre Dantas dos Santos
(099.237.721-87); Ovídio Gaspareto (000.077.149-04); Procópio Santos Rizzato (359.714.608-20);
Rogerio Amado Barzellay (239.507.901-44), regulares, dando-lhes quitação plena;
9.4. expedir as respectivas quitações, nos termos do art. 27 da Lei no 8.443/92 c/c art. 218 do
RI/TCU, visto que houve recolhimento integral das multas imputadas aos responsáveis Ademir Galvão
Andrade e Nelson Pontes Simas, conforme documentos constantes do Anexo 11 do processo apensado.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
Adoto como relatório a instrução elaborada no âmbito da Sefid (fls. 194/211, v. p.), cuja proposta
de encaminhamento mereceu a anuência dos dirigentes da unidade:
“I. INTRODUÇÃO
2. A exploração do serviço MMDS foi regulamentada pelo Decreto nº 2.196, de 8/4/1997, como
uma das modalidades de Serviço Especial de Telecomunicações, e utiliza faixa de microondas para
transmitir sinais a serem recebidos em pontos determinados dentro de uma área de prestação de serviço,
segundo as características estabelecidas na Norma nº 002/1994 – REV/1997, aprovada pela Portaria MC
nº 254, de 16/4/1997. A autorização de uso de radiofrequência associada à autorização para prestação de
serviços está sujeita a um prazo de vigência de até vinte anos, prorrogável uma única vez por igual
período, a teor do art. 167 da Lei nº 9.472, de 16/7/1997, doravante denominada Lei Geral de
Telecomunicações – LGT.
3. O presente feito foi originariamente autuado como Representação da Secretaria de Fiscalização
de Desestatização (Sefid) para apurar possíveis irregularidades na condução desta prorrogação.
4. Por decisão do Plenário desta Casa (Acórdão nº 2.555/2008, de 12/11/2008, fl. 68), o processo
foi transformado em Acompanhamento, mormente pela necessidade de se monitorar – segundo rito
previsto na Instrução Normativa TCU nº 27/1998 – a definição dos preços do direito de uso de faixas de
radiofrequência, que, conforme mandamento da LGT, só pode ser prorrogado uma única vez e de forma
onerosa. Excepcionalmente, o acompanhamento desta definição de preços públicos está sendo realizado
na fase de execução contratual, e não no momento da outorga inicial, já que se trata de prorrogação.
5. No referido Acórdão, também se determinou à Agência que apresentasse:
“9.3.1. no prazo de 5 (cinco) dias, cópia de instrumento contratual ainda vigente que autoriza o
uso de radiofrequências associadas a prestação do serviço MMDS;
9.3.2. estudos de viabilidade técnica e econômica do processo de prorrogação onerosa da
autorização de uso da faixa de 2,5 GHz pelo serviço MMDS, tão logo a Agência tenha posicionamento
sobre a matéria”.
478
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
6. Ante a insuficiência da resposta apresentada pela Agência (fls. 72), foi realizada inspeção (fls.
87).
7. A instrução de fls. 112/123 analisou as informações colhidas no curso daquela fiscalização e
concluiu que o prazo para manifestação da Agência quanto ao pleito de prorrogação de uso das
radiofrequências associadas ao MMDS para 11 empresas – especificamente quanto ao preço a ser cobrado
– se esgotou em 16/2/2007 sem posicionamento da Anatel, contrariando o disposto no art. 167 da LGT,
ainda que as empresas tenham se manifestado em tempo hábil.
8. A Sefid concluiu ainda que houve mora por parte da Anatel em dar cumprimento ao item 9.3.2
do Acórdão nº 2.555/2008–Plenário (fl. 68), visto que a Agência não apresentara metodologia de cálculo
de preço a ser cobrado pela prorrogação das radiofrequências alocadas para prestação do MMDS para as
11 empresas, que tiveram suas permissões convertidas em autorização e prorrogadas pelos Atos nos 800 a
810, de 13/2/2009, do Superintendente de Comunicação de Massa da Anatel.
9. Ante a existência destes indícios de irregularidades, foi proposta a realização de audiência dos
membros do Conselho-Diretor da Anatel com mandatos ainda vigentes, Ronaldo Mota Sardenberg (CPF:
075.074.884–20), Antônio Domingos Teixeira Bedran (CPF: 007.377.046–91) e Emília Maria Silva
Ribeiro Curi (CPF: 292.910.701–49), bem como dos ex–Conselheiros que exerciam mandato no
Conselho Diretor no período de 6/2/2006 a 6/2/2007: Plínio de Aguiar Júnior (CPF: 025.211.057-91),
José Leite Pereira Filho (CPF: 045.457.377–49), Pedro Jaime Ziller de Araújo (CPF: 320.408.228–87) e
Luiz Alberto da Silva (CPF: 000.806.477–66), para que apresentassem, no prazo de 15 dias a partir da
ciência, razões de justificativa acerca dos seguintes itens:
a) ainda não haver definição pela Anatel quanto ao preço a ser cobrado pela prorrogação, por
quinze anos, do uso das faixas de frequência entre 2,5 e 2,69 GHz para a oferta, pelas empresas
amparadas pela Portaria MC nº 43/1994, de serviços de televisão por assinatura e de todas as demais
facilidades proporcionadas pela exploração comercial das referidas faixas, efetuada por meio dos Atos nº
800 a 810, de 13/2/2009, publicados no D.O.U., Seção 2, de 16/2/2009, do Superintendente de
Comunicação de Massa da Anatel, em descumprimento ao art. 167, § 1º, da Lei nº 9.472/1997 e ao art. 44
do Regulamento dos Serviços Especiais, aprovado pelo Decreto nº 2.196, de 8/4/1997 e em virtude do
disposto no art. 175, inciso XVIII, do Regimento Interno da Anatel;
b) mora em dar cumprimento ao item 9.3.2 do Acórdão nº 2.555/2008–Plenário, que determinou a
apresentação de metodologia de cálculo de preço a ser cobrado pela prorrogação das radiofrequências
referidas no item anterior, com fulcro na Instrução Normativa TCU nº 27/1998.
10. Foi ainda proposta a audiência do Superintendente de Comunicação de Massa, Ara Apkar
Minassian (CPF: 186.070.557–04), para esclarecimento quanto ao seguinte:
a) mora em dar cumprimento ao item 9.3.2 do Acórdão nº 2.555/2008–Plenário (fl. 68), que
determinou a apresentação de metodologia de cálculo de preço a ser cobrado pela prorrogação das
radiofrequências referidas no item 9.a supra, com fulcro na Instrução Normativa TCU nº 27/1998 e no art.
153, XI, do Regimento Interno da Anatel.
11. A Chefe de Gabinete da Presidência da Anatel comunicou no Ofício nº 548/2010/GPR–Anatel,
de 27/5/2010 (fl. 153), que a resposta da audiência do Presidente da Agência só poderia ser encaminhada
após seu retorno de viagem a serviço, comprovada conforme o DOU de 20/5/2010, Seção 2, fl. 46 (fl.
154).
12. Posteriormente, o Gerente da Auditoria Interna da Anatel, nos termos do Ofício nº
056/2010/AUD, de 4/6/2010 (fl. 155), solicitou a prorrogação do prazo originalmente estabelecido por
igual período, a partir do vencimento original. Considerando-se a complexidade das questões tratadas nos
autos e os motivos expostos, o pedido foi deferido pelo Gerente da 2ª Divisão da Sefid em despacho de
8/6/2010 (fl. 159), comunicado aos responsáveis por ofício (fls. 160/161) e via fax (fl. 162).
13. Em 1º/6/2010, a Conselheira Emília Maria Silva Ribeiro Curi manifestou-se nos autos por
intermédio do Ofício nº 19/2010/ER – Anatel (fl. 156), informando somente ter tomado ciência do
corrente processo em 31/5/2010, data em que retornou de férias oficiais.
14. As razões de justificativa foram apresentadas conforme tabela abaixo:
479
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Responsável fls.
José Leite Pereira Filho (CPF: 045.457.377–49) 163
Emília Maria Silva Ribeiro Curi (CPF: 292.910.701–49) 165/178
Luiz Alberto da Silva (CPF: 001.265.786-72) 180/182
Ronaldo Mota Sardenberg (CPF: 075.074.884–20)
Antônio Domingos Teixeira Bedran (CPF: 007.377.046–91)
Plínio de Aguiar Júnior (CPF: 025.211.057–91) 183/193
Pedro Jaime Ziller de Araújo (CPF: 320.408.228–87)
Ara Apkar Minassian (CPF: 186.070.557–04)
15. A seguir são destacadas as principais razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis.
II. ANÁLISE DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA
a. ex-Conselheiro José Pereira Leite (CPF: 045.457.377–49)
Razões de Justificativa
16. Tempestivamente, o ex-Conselheiro José Pereira Leite foi o primeiro a apresentar suas razões de
justificativa por meio de expediente datado de 9/6/2010 (fl. 163). Na referida missiva, em relação ao item
a da audiência, o responsável alegou que seu mandato de Conselheiro da Anatel se encerrara em
5/11/2007 e que a única matéria encaminhada ao Conselho Diretor sobre a questão foi o Informe nº
09/CMROO/CMRO/SCM, de 12/4/2007, que não havia sido trazido à apreciação do Conselho no período
em que estava no cargo.
17. Em relação ao item b, o ex-Conselheiro da Anatel alegou que o Acórdão nº 2.555/2008–
Plenário não se aplicaria a ele por ter sido posterior ao seu mandato.
Análise
18. Quanto às alegações apresentadas pelo ex–Conselheiro da Anatel José Pereira Leite, observa-se
que, de fato, em 5/11/2007 seu mandato no Conselho Diretor da Anatel já se encerrara e a única matéria
encaminhada ao Conselho Diretor sobre a prorrogação das outorgas de MMDS e das respectivas faixas de
frequência associadas foi o Informe nº 09/CMROO/CMRO/SCM, de 12/4/2007, que não havia sido
trazido à apreciação conclusiva do Conselho até o encerramento de seu mandato. Portanto, não houve
oportunidade do Conselheiro se manifestar quanto à matéria.
19. Em relação ao item b da comunicação da Audiência que aqui se analisa, também procede e se
acolhe a alegação de que o Acórdão nº 2.555/2008–Plenário, de 12/11/2008, não se aplicaria a ele por ter
sido prolatado posteriormente ao encerramento de seu mandato.
20. Ante o exposto, devem ser acolhidas as razões de justificativa apresentadas pelo ex–Conselheiro
José Pereira Leite, afastando sua responsabilidade quanto às irregularidades descritas nos itens a e b da
audiência promovida nestes autos.
b. Conselheira Emília Maria Silva Ribeiro Curi (CPF: 292.910.701–49)
Razões de Justificativa
21. Dentro do prazo acordado, a Conselheira Emília Silva Ribeiro Curi apresentou suas razões de
justificativa por intermédio do Ofício 22/2010/ER – Anatel (fls. 165/178), de 15/6/2010.
22. Inicialmente a responsável informou que sua posse como Conselheira do órgão regulador se deu
em 11/9/2008, e que só teve conhecimento da matéria em tela, autuada na Anatel em processo sob o nº
53500.005485/2008, no início do mês de janeiro de 2009. Nessa ocasião, cerca de um mês e dez dias
antes do término final do prazo regulamentar para a prorrogação da outorga das onze empresas
prestadoras do MMDS, cumpria escala de plantão no Conselho Diretor.
23. Em relação à definição dos preços de outorga das faixas de frequência, relatou que a
Superintendência de Serviços de Comunicação de Massa – SCM da Anatel encaminhou consulta ao
Conselho Diretor (Informe nº 28/2007/CMROO/CMRO–SCM, de 10/9/2007, Anexo 4, fls. 27/34)
alegando não haver regulamentação específica para o presente caso, tendo sugerido duas formas de
pagamento possíveis: a aplicação do Preço Público pelo Direito de Uso de Radiofrequências – PPDUR,
conforme a Resolução Anatel nº 387/2004, ou a cobrança de percentual sobre a receita operacional bruta,
nos moldes do aplicado às prestadoras do Serviço Móvel Pessoal – SMP.
480
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
24. No relato da Conselheira Emília Silva Ribeiro Curi, ficou assente que, paralelamente à
discussão sobre o preço público a ser cobrado pelas frequências associadas à prestação do MMDS, estava
em tramitação na Anatel proposta de alteração do Regulamento sobre Condições de Uso de
Radiofrequências nas faixas de 2.170 a 2.182 MHz e de 2.500 a 2.690 MHz, faixa alocada ao MMDS. A
decisão seria mediante Circuito Deliberativo (Anexo 4, fls. 35/42), um dos fóruns de decisão do Conselho
Diretor da Anatel, destinado, nos termos do art. 23 do Regimento Interno da Agência, a “coletar os votos
dos Conselheiros sem a necessidade de realização de Reunião”.
25. A responsável, contudo, firmou entendimento de que as alterações do Regulamento não
deveriam ser decididas por meio de Circuito Deliberativo, devido à complexidade e ao impacto das
referidas matérias, sendo necessário o debate oral entre os Conselheiros. Nessa esteira, o Presidente da
Agência convocou o Conselho Diretor para Reunião Extraordinária que se realizou no dia 27/1/2009.
26. Na referida reunião, segundo a Conselheira, a proposta encaminhada à deliberação do colegiado
tratava apenas da minuta do Termo de Autorização de prestação do serviço a ser submetida à consulta
pública. A discussão deteve-se ao prazo das outorgas de MMDS licenciadas pela Portaria MC nº 43, de
1994, bem como ao prazo da prorrogação do direito de uso da faixa associada ao serviço.
27. Ainda conforme o testemunho da responsável, em discussão inicial, o Conselheiro Relator
entendeu que as outorgas de serviço e radiofrequências associadas, detidas pelas onze prestadoras de
MMDS, teriam dez anos de vigência conforme originalmente estabelecido pela Portaria, e, desse modo,
tanto o prazo das outorgas quanto o de autorização de uso das faixas teriam vencido em 16/2/2004. Como
não houve solicitação de prorrogação por parte das empresas e tampouco manifestação da Agência à
época, a exploração do serviço e a utilização da faixa “teriam sido prorrogadas tacitamente, ficando
pendente a questão do pagamento pela autorização de uso das radiofrequências, que é onerosa”.
28. Esse entendimento ficou consubstanciado na Análise nº 589/2008-GCPA, de 18/12/2008, da
qual se destacou duas das propostas exaradas:
“(...)
c) considerar que as permissões do MMDS pela Portaria do Ministério das Comunicações nº 43, de
10 de fevereiro de 1994, foram tacitamente prorrogadas em 16 de fevereiro de 2004, por 10 (dez) anos;
d) determinar ao Superintendente de Comunicação de Massa que tome as providências necessárias
para efetivar a cobrança pela autorização de uso das radiofrequências, retroativa a 16 de fevereiro de
2004;
(...)”
29. Dissentindo do Relator e acolhendo entendimento firmado pela Procuradoria Federal
Especializada da Anatel – PFE, na mesma Reunião, a Conselheira apresentou o Voto-GCER, datado de
26/1/2009 (Anexo 4, fls. 62/66), em que se reconheceu que o prazo de vigência das autorizações é de 15
(quinze) anos, e, que, portanto, venceria em 16/2/2009.
30. A proposta foi aprovada por três votos a um. Com essa decisão, o Conselho superou a
discussão inicial sobre o prazo das autorizações de direito de uso das radiofrequências associadas ao
MMDS, imprescindível para sua precificação. A partir da proposta de sua autoria o Termo de Autorização
do MMDS para as permissionárias amparadas pela Portaria MC nº 43/1994, com cláusulas referentes ao
compromisso de pagamento pela autorização de uso de radiofrequências associadas, foi submetido à
Consulta Pública nº 2, de 28/1/2009 (Anexo 4, fls. 70/77).
31. Importa destacar das razões de justificativa apresentadas pela responsável que, em 12/2/2009, a
PFE, por meio do Despacho nº 220/2009/PFS/PGF/PFE–Anatel, de mesma data (Anexo 4, fls. 91/93),
apresentou Representação ao órgão Colegiado, centificando-o do Parecer nº 232–2009/PFS/PGF/PFE–
Anatel (Anexo 4, fls. 94/104), requerendo a juntada do Parecer 236–2009/RGS/PGF/PFE–Anatel (Anexo
4, fls. 105/120) ao Processo 53500.005485/2008, relativo aos termos de autorização em questão, e
propondo a deliberação das seguintes questões:
“a) adoção de solução excepcional, nos exatos fundamentos das decisões já emanadas pelo TCU,
por meio da prorrogação excepcional, com a outorga de uma autorização especial às autorizadas de
MMDS, com prazo necessariamente curto e suficiente às providências a serem tomadas pela Agência,
481
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
para o que esta Procuradoria sugere como limite o prazo de 24 (vinte e quatro) meses, contados da data
da prorrogação especial;
b) elaboração de cronograma, estipulando as datas limites para a solução de cada questão
envolvida no caso concreto, de modo a se evitar nova mora e o consequente prejuízo aos administrados,
no mesmo sentido das decisões do TCU em casos semelhantes”.
32. A partir da provocação da PFE, o Conselho Diretor da Agência, em Reunião do dia 12/2/2009,
decidiu:
“a) que a metodologia de cálculo, o preço público e as condições de pagamento pelo uso de
radiofrequências associadas à autorização do MMDS sejam estabelecidos, em caráter excepcional, no
prazo máximo de 12 (doze) meses, incluso no prazo de 15 anos definido pelo CD para uso das
radiofrequências e contado da publicação do Ato de prorrogação do uso no DOU;
b) recomendar ao Superintendente de Serviços de Comunicação de Massa que, no âmbito de suas
atribuições, ao examinar a prorrogação do direito de uso de radiofrequências nas faixas de 2.500 MHz a
2.686 MHz para as 11 (onze) empresas outorgadas pela Portaria do Ministério das Comunicações nº 43,
de 10/02/94, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 16/02/94, observe todas as exigências
legais e regulamentares em vigor; e
c) dar prosseguimento ao Processo nº 53500.005485/2008 e indicar a Conselheira Emília Maria
Silva Ribeiro Curi como sua Relatora”.
33. Ficou definido, portanto, prazo excepcional de 12 meses para que a SCM elaborasse
metodologia de cálculo do preço público e as condições de pagamento pelo uso de radiofrequências
associadas ao MMDS.
34. O processo de definição do preço foi encaminhado ao gabinete da Conselheira Emília
acompanhado de informe técnico decorrente da consolidação das contribuições recebidas na Consulta
Pública nº 2, de 28/1/2009.
35. Afirma a Conselheira Emília Ribeiro que, em 18/6/2009, solicitou à SCM informações acerca
da condição dos estudos de cálculo do preço para a utilização das radiofrequências do MMDS. O
questionamento foi respondido em 24/6/2009, via Mem nº 128/2009–CMROO/SCM, em que a área
técnica descreveu sucintamente reuniões realizadas com o TCU sobre o tema e o andamento dos trabalhos
(Anexo 4, fls. 154/155).
36. Em 3/11/2009, os autos foram devolvidos pela SCM a seu Gabinete, acompanhado do Informe
nº 36/2009/CMROO/SCM, de 29/10/2009 (Anexo 4, fls. 158/171), em que se apresentaram os preços
públicos a serem cobrados das onze prestadoras de MMDS, calculados conforme a metodologia de
precificação desenvolvida (tabela à fl. 172).
37. Na Reunião do Conselho Diretor nº 547, de 9/12/2009, a responsável informa que, na condição
de Relatora da matéria e com base na instrução da área técnica, apresentou a Análise nº 650–GCER, de
2/12/2009 (Anexo 4, fls. 172/183), por meio da qual abordou uma série de considerações e propostas
sobre o Termo de Autorização de prestação de serviço e a metodologia desenvolvida para precificação da
prorrogação do uso da faixa a ele associada, resumidas às fls. 172/175, da qual se transcreve parte da
conclusão:
“a) determinar à Superintendência de Serviços de Comunicação de Massa que ajuste a
metodologia de cálculo do preço público e das condições de pagamento pelo uso de radiofrequências
associadas ao Serviço de Distribuição de Sinais Multiponto Multicanal (MMDS) para as prestadoras
amparadas pela Portaria do Ministério das Comunicações nº 43, de 10/02/1994, encaminhada a esse
Conselho Diretor por meio do Informe nº 036/2009/CMROOAnatel, de 29/10/2009, considerando os
seguintes aspectos:
a.1) a prorrogação do direito de uso da faixa por um período de 15 (quinze) anos, com a utilização,
pelas prestadoras, das subfaixas entre 2.500 MHz e 2.690 MHz (190 MHz), e com a oferta exclusiva de
serviços de televisão por assinatura;
a.2) a não aplicação, na referida metodologia, do Regulamento de Cobrança de Preço Público pelo
Direito de Uso de Radiofrequência (PPDUR), aprovado pela Resolução nº 387, de 03/11/2004, conforme
a decisão do Conselho Diretor deliberada em sua 512ª Reunião;
482
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
a.3) a previsão, nas premissas da referida metodologia, dos investimentos já amortizados pelas
empresas contempladas com a prorrogação do uso da faixa associada ao serviço”.
38. Na mesma reunião, o processo em tela foi objeto de solicitação de vista pelo Conselheiro João
Batista Rezende. Em reunião subsequente, foi aprovada a prorrogação do prazo de vista por 40 dias.
39. Prossegue a responsável alegando que na Reunião do Conselho Diretor nº 549, em 21/1/2010, o
Conselheiro João Rezende apresentou a Análise 339/2009-GCJR, de 14/12/2009 (Anexo 4, fls. 239/252),
por meio da qual, ao dissentir das propostas contidas, votou por determinar o cálculo do preço público
conforme o disposto no Regulamento do PPDUR (fl. 176). O processo foi objeto de pedido de vista do
Conselheiro Antonio Domingos Teixeira Bedran. Posteriormente, na Reunião nº 550, de 2/2/2010, foi o
Conselheiro Jarbas José Valente que solicitou vista do processo.
40. Na Reunião nº 552, de 11/2/2010, a Conselheira apresentou emenda à Análise 650/200–GCER,
de forma a retificar a alínea a.1 de sua conclusão, propondo incluir no ajuste da metodologia de cálculo
do preço público e das condições de pagamento, além da oferta de serviço de TV por assinatura,
consideração sobre a prestação de todas as demais facilidades proporcionadas pela exploração comercial
das subfaixas alocadas ao MMDS.
41. Das alegações da responsável destaca-se, por fim, que, na mesma reunião, o Conselho Diretor
da Anatel aprovou, por quatro votos a um, sendo o voto da Conselheira Emília dissidente (Anexo 4, fls.
313/335), a Análise nº 10/2010 – GCJV, de 5/2/2010 (Anexo 4, fls. 336/337), apresentada pelo
Conselheiro Jarbas Valente, consignada no Despacho nº 2.791/2010-CD, de 16/4/2010 (Anexo 4, fls.
339/340), que decidiu:
“a) aprovar o modelo de Termo de Autorização do Serviço de Distribuição de Sinais Multiponto
Multicanal (MMDS) nos termos propostos pela SCM, com as alterações propostas pelo Conselheiro João
Rezende, conforme Análise no 339/2009-GCJR, de 14 de dezembro de 2009, e com a determinação de
que a SCM ao calcular o preço público a ser pago pela autorizada, considere na obtenção do Valor
Presente Líquido (VPL), o uso das redes da prestadora de MMDS para provimento de Serviço de Valor
Adicionado;
b) prorrogar o prazo para a fixação do preço, disposto no art. 2° dos Atos nº 800 a 810, de
13/02/09, em até 30 (trinta) dias contados da publicação da nova versão do Regulamento sobre
Condições de Uso de Radiofrequências nas Faixas de 2.170 MHz a 2.182 MHz e de 2.500 MHz a 2.690
MHz;
c) determinar que a SCM convoque as prestadoras para assinatura dos respectivos Termos de
Autorização do MMDS, em até 10 (dez) dias após a fixação do preço público;
d) determinar que a SCM, ao convocar as prestadoras para assinatura dos respectivos termos, fixe
um prazo de 10 (dez) dias úteis para que a autorizada compareça na Anatel para assinatura do Termo de
Autorização, determinando ainda que:
i) esse prazo poderá ser prorrogado pela SCM, uma única vez, pelo mesmo período, por solicitação
da autorizada, devidamente justificada, formulada antes do término do período previamente designado e
que;
ii) em caso de não comparecimento, a prestadora perde o direito à prorrogação do prazo do
direito de uso das radiofrequências associadas ao MMDS, implicando a extinção da outorga, em
conformidade com a regulamentação”.
Análise
42. Ficou comprovado que a responsável só teve conhecimento da matéria em tela, autuada na
Anatel em processo sob o nº 53500.005485/2008, no início do mês de janeiro de 2009, quando cumpria
escala de plantão no Conselho Diretor, cerca de um mês e dez dias antes do término final do prazo
regulamentar para a prorrogação da outorga das onze empresas prestadoras do MMDS.
43. Considera-se que a Conselheira foi diligente ao defender a realização de Reunião do Conselho
Diretor ao invés de usar o expediente de Circuito Deliberativo, ainda que com prejuízo à tempestividade
da decisão da Agência quanto à proposta de alteração do Regulamento sobre Condições de Uso de
Radiofrequências nas faixas de 2.170 a 2.182 MHz e de 2.500 a 2.690 MHz, faixa alocada ao MMDS
(vide Mem. Circular nº 17/2009–GPR–Anatel, de 9/1/2009, Anexo 4, fl. 36).
483
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
44. Na discussão quanto à definição de qual seria o prazo das outorgas do MMDS, regidas pela
Portaria MC nº 43, de 16/2/1994, e respectivas faixas de frequência, dissentindo do Conselheiro Relator
da matéria, e acolhendo entendimento firmado pela Procuradoria Federal Especializada com atuação na
Anatel, propôs reconhecer que o prazo de vigência das autorizações seria de 15 (quinze) anos, e que,
portanto, estariam vencendo em 16/2/2009, no que foi acompanhada por outros dois Conselheiros, tendo
assim, patrocinado a proposta vencedora.
45. Na mesma ocasião, por meio do Voto–GCER, de 26/1/2009 (Documento 9, Anexo 4, fls.
62/66), propôs a realização de consulta pública para o Termo de Autorização para a exploração do
MMDS cujas outorgas encontram-se amparadas pela Portaria MC nº 43, com cláusulas que observem o
compromisso de pagamento pela autorização de radiofrequências associadas, proposta também aprovada
e levada a cabo na Consulta Pública nº 2, de 28/1/2009.
46. Importa ressaltar que na minuta do termo colocado em consulta pública constavam dispositivos
relativos à utilização e precificação da faixa de frequências associada a sua prestação não previstos na
proposta original da área técnica, notadamente a Cláusula 14ª (ver Análise 650/2009–GCER, de
2/12/2009, fl. 103). Essa cláusula sugeriu que o preço a ser cobrado seria estabelecido pelo Conselho
Diretor, estando em consonância com a legislação referente ao uso da faixa, tendo prevalecido, contudo, a
versão proposta pela Conselheira, transcrita a seguir (grifo nosso):
“A Autorizada, para o direito de uso de radiofrequências associadas a esta Autorização, deverá
pagar preço a ser estabelecido a partir de metodologia a ser desenvolvida pela Anatel, considerando,
entre outros, a avaliação dos negócios empresariais, a projeção de lucros e as taxas de risco, de
atratividade e retorno do negócio.
Parágrafo único. O não pagamento do preço estipulado pela Anatel implicará caducidade da
Autorização e do direito de uso das radiofrequências associadas, independente da aplicação de outras
penalidades previstas”. (grifo conforme o original)
47. Essa previsão do Termo de Autorização está de acordo com o § 1º do art. 167 da LGT, com o
art. 44 do Decreto nº 2.196, de 8/4/1977, bem como com as Decisões nº 319/2000–TCU–Plenário e
230/2001–TCU–Plenário.
48. Posteriormente, em Reunião do Conselho Diretor que aprovou a redação definitiva para o novo
Termo de Autorização para o MMDS, o entendimento que prevaleceu, consignado no Despacho nº
2.791/2010-CD, de 16/4/2010 (Anexo 4, fls. 339/340), foi de que, para fins de determinação do preço
público a ser pago por Autorizada, a SCM da Anatel calcularia o preço público conforme o PPDUR e
também procederia a ajustes necessários e recalcularia o preço público correspondente ao VPL. Ademais,
a Anatel optou por não fazer mais referência direta no Termo de Autorização de uma metodologia que
considerasse, entre outros, a avaliação dos negócios empresariais, a projeção de lucros e as taxas de risco,
de atratividade e retorno do negócio, como forma de estabelecer o preço a ser cobrado pelas frequências
associadas ao MMDS, como constou da minuta original colocada em consulta pública.
49. Por fim, da análise dos elementos apresentados pela responsável, especialmente pelo fato de ter
tomado posse na Agência Reguladora em 11/9/2008, e de que só teve conhecimento da matéria em tela no
início do mês de janeiro de 2009, quando cumpria escala de plantão no Conselho Diretor, cerca de um
mês e dez dias antes do término final do prazo regulamentar para a prorrogação da outorga das onze
empresas prestadoras do MMDS, a Conselheira provou não ter contribuído diretamente para os fatos
apresentados nos itens a e b da audiência ora instruída nestes autos. Nota-se ainda que, na condição de
relatora de matérias afetas ao processo de determinação dos preços públicos ora em questão, a
Conselheira demonstrou ter encaminhado as matérias com a brevidade que lhe era possível, dado o prazo
exíguo de sua atuação junto ao Conselho Diretor da Anatel.
50. Ante o exposto, devem ser acolhidas as razões de justificativa apresentadas pela Conselheira
Emília Maria Silva Ribeiro Curi, afastando sua responsabilidade quanto às irregularidades descritas nos
itens a e b da audiência promovida nestes autos.
c. ex-Conselheiro Luiz Alberto dos Santos (CPF: 001.265.786-72)
Razões de Justificativa
484
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
51. Quanto ao mérito, em relação ao item a da audiência, ou seja, a ausência de definição pela
Anatel quanto ao preço a ser cobrado pelas faixas de frequência associadas ao MMDS, o Sr. Luiz Alberto
inicialmente ressaltou que a Procuradoria da Anatel concluiu que o prazo de manifestação da Anatel
quanto ao pleito de prorrogação esgotou-se em 16/2/2007, no que foi acompanhada por esta Sefid, sem
posicionamento do órgão regulador, contrariando o disposto no art. 167 da LGT, ainda que as empresas
tenham se manifestado em tempo hábil.
52. A respeito de sua atuação no caso em questão, esclareceu que seu mandato como membro do
Conselho Diretor da Agência terminara em 4/11/2006. Nessa ocasião, o prazo de manifestação da
Agência reguladora sobre o assunto ainda não havia expirado. Além disso, os Atos de nº 800 a 810 do
Superintendente de Comunicação de Massa, referidos na indagação só foram produzidos em 13/2/2009,
portanto, mais de dois anos após o término de seu mandato.
53. No intuito de esclarecer a questão, destacou que os Membros do Conselho Diretor da Anatel,
em regra, só tomam conhecimento de determinado pedido feito por interessados quando são designados
relatores do processo e este lhes chega ao Gabinete, ou quando o Relator de um processo o inclui na pauta
de uma reunião ordinária ou extraordinária do Conselho, ocasião em que cópia das peças essenciais são
enviadas aos Conselheiros.
54. Prossegue explicando que os pedidos feitos à Anatel ou são encaminhados ao Presidente da
Agência ou, em alguns casos, diretamente à Superintendência competente para a matéria versada no
pedido. No primeiro caso, o Presidente encaminha o pedido à Superintendência competente. Em ambos os
casos, a Superintendência examina a questão, produzindo um Informe que é anexado ao Processo, o qual
é encaminhado à Presidência, para distribuição ao Relator.
55. Isto posto, argumenta que somente em 12/4/2007, portanto, após o término de seu mandato, foi
elaborado, para apreciação do Conselho Diretor, estudo sobre o preço a ser cobrado no caso de
prorrogação do prazo de uso de radiofrequência consignado ao MMDS (Informe nº
09/CMROO/CMRO/SCM).
56. A única referência ao assunto durante o período de seu mandato seria a mencionada no item 24
da instrução desta Unidade Técnica (fls. 115), de que teria sido realizado estudo, entre setembro e outubro
de 2006, atendendo determinação do Conselho Diretor, da qual alega não recordar ter participado.
57. Por fim, em relação à indagação quanto ao item b da audiência, informa que nada pode
esclarecer, pois seu mandato como membro do Conselho Diretor da Anatel terminou em 4/11/2006.
Desse modo já não participava da Agência quando o Acórdão TCU nº 2.555/2008 – Plenário foi exarado,
tendo tido conhecimento de seu teor somente por ocasião da notificação de audiência.
Análise
58. As razões de justificativa apresentadas pelo ex-Conselheiro Luiz Alberto dos Santos, de fato, o
isentam de responsabilidade sobre a falta de definição quanto aos preços públicos das faixas associadas ao
MMDS, precipuamente por ter o seu mandato se encerrado antes que as primeiras propostas sobre a
matéria fossem deliberadas pelo Conselho Diretor da Anatel. Ademais, quando terminou seu mandato, em
4/11/2006, o prazo de manifestação da Agência Reguladora sobre o assunto ainda não havia expirado.
59. Pontue-se que seu depoimento trouxe elementos que corroboraram ou ajudaram a esclarecer as
questões aqui tratadas. Especialmente quanto ao mérito, em relação ao item a da audiência, ou seja, a
ausência de definição pela Anatel quanto ao preço a ser cobrado pelas faixas de frequência associadas ao
MMDS. O Sr. Luiz Alberto ressaltou que a Procuradoria da Anatel concluiu que o prazo de manifestação
da Anatel quanto ao pleito de prorrogação esgotou-se em 16/2/2007 sem posicionamento do órgão
regulador, contrariando o disposto no art. 167 da LGT, ainda que as empresas tenham se manifestado em
tempo hábil.
60. Ante o exposto, devem ser acolhidas as razões de justificativa apresentadas pelo ex-Conselheiro
Luiz Alberto dos Santos, afastando sua responsabilidade quanto às irregularidades descritas nos itens a e
b da audiência promovida nestes autos.
d. Conselheiros Ronaldo Mota Sardenberg, Presidente (CPF: 007.377.046–91), e Antônio
Domingos Bedran (CPF: 007.377.046–91); ex-Conselheiros Plínio de Aguiar Júnior (CPF:
485
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Serviço Móvel Pessoal e à Banda Larga, o uso da radiofrequência será economicamente mais atrativo,
pela expectativa de retorno que tais serviços oferecerão.
68. Ressaltam os responsáveis que a definição do preço a ser cobrado pela prorrogação do direito de
uso das RFs associadas ao MMDS e a decisão quanto à prorrogação ou não do direito de uso da faixa são
processos independentes e distintos. A prorrogação não poderia deixar de ser deferida a partir do
momento em que foi solicitada pelo interessado ao passo que o preço pelo direito de uso somente poderá
ser fixado, depois de estabelecido, como demonstrado, todo o regramento pertinente ao uso do espectro,
que inclusive, deve considerar o cumprimento de convenções ou tratados internacionais a respeito do
assunto, conforme previsto no artigo 161, da LGT.
69. Em seguida, os responsáveis argumentam que a Agência, órgão gestor do espectro radioelétrico,
que é um recurso limitado, não pode deixar de avaliar quais seriam os impactos para os serviços de
telecomunicações, resultantes das transformações envolvendo a utilização da faixa de 2.500 – 2.690 MHz.
Como essa faixa era destinada somente para a exploração do MMDS, relatam uma série de providências
para avaliar a possibilidade de destinação para outros serviços, tais como serviços móveis globais, com a
intenção de harmonização dessa faixa em todo mundo.
70. Também relatam que, em junho de 2009, a Agência publicou a Consulta Pública nº 31, de
31/7/2009, para submeter à apreciação da sociedade proposta para republicação, com alterações, do
Regulamento sobre Condições de Uso de Radiofrequências nas Faixas de 2.170 a 2.182 MHz e 2.500 a
2.690 MHz. Às fls. 190/191, encontra-se a proposta resultante desta Consulta Pública.
71. Isto posto, os responsáveis argumentam ainda que, mesmo diante das dificuldades relacionadas
à fixação do preço, resultantes das indefinições relativas à destinação da faixa a área técnica da Anatel,
procurou-se atender às determinações desse colegiado e do Conselho Diretor da Anatel, dando início à
elaboração de metodologia de cálculo dos preços públicos.
72. Relatam, ademais, as interações que ocorreram entre a equipe técnica da Anatel e a do TCU
sobre a metodologia a ser usada, baseada em critérios de avaliação econômica de projetos empresariais,
seguindo o mesmo entendimento já aplicado a outros serviços de telecomunicações, e da evolução do seu
desenvolvimento no âmbito do órgão regulador que resultou, por fim, no encaminhamento do Informe nº
036/2009/CMROO, de 29/10/2009 (Anexo 4, fls. 158/171), com proposta de metodologia de cálculo
baseada no Fluxo de Caixa Descontado e os respectivos preços alcançados, indicando, também, as
premissas utilizadas.
73. Nas Reuniões do Conselho Diretor nos 547 a 551 e 552, em que se discutiu o resultado da
Consulta Pública nº 02/2009, que tratou da minuta do Termo de Autorização do MMDS, também se
avaliou a proposta de preço apresentada e concluiu-se que permaneciam indefinições quanto à
possibilidade de prestação de outros serviços de telecomunicações na referida faixa e, em 2/2/2010, ficou
decidido, em síntese:
a) “que a SCM, ao calcular o preço público a ser pago pela autorizada, considere, na obtenção do
VPL, o uso das redes da prestadora de MMDS para provimento do Serviço de Valor Adicionado;
b) prorrogar o prazo para fixação do preço, disposto no art. 2º dos Atos nos 800 a 810, de 13/02/09,
em até 30 (trinta) dias contados da publicação da nova versão do Regulamento sobre Condições de Uso
de Radiofrequências nas Faixas de 2.170 a 2.182 MHz e 2.500 a 2.690 MHz;
c) determinar que a SCM convoque as prestadoras para assinatura dos respectivos Termos de
Autorização do MMDS, em até 10 (dez) dias após a fixação do preço público;
d) determinar que a SCM ao convocar as prestadoras, para assinatura dos respectivos termos,
determine um prazo de 10 (dez) dias úteis para que a autorizada compareça na Agência para assinatura
do Termo de Autorização”.
74. Os responsáveis ressaltam que as decisões tomadas pelo Conselho Diretor no transcurso do
processo se mostraram acertadas, principalmente ao se considerar as movimentações no cenário
internacional. Segundo relatado, qualquer iniciativa precipitada da Agência em fixar o preço para o
MMDS revelar-se-ia inoportuna, podendo resultar em prejuízos à sociedade e também ao erário,
considerando a possibilidade de alcançar melhores preços no caso autorizações para a exploração do SMP
e da Banda Larga, economicamente mais significativos do que apenas o MMDS na referida faixa.
487
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
associadas ao MMDS, no prazo de 30 dias a contar da ciência, sob pena de multa por descumprimento de
determinação do TCU.
Item a – indefinição do preço a ser cobrado pela prorrogação das outorgas de MMDS
85. Os responsáveis alegaram que todas as etapas administrativas preparatórias para se proceder à
prorrogação do direito de uso das radiofrequências associadas ao MMDS foram cumpridas em tempo
hábil, inclusive o processamento dos requerimentos de prorrogação das empresas interessadas e, por fim,
que todas as prorrogações foram formalizadas tempestivamente.
86. Nesse sentido, também defendem que a definição do preço a ser cobrado pela prorrogação do
direito de uso das RFs associadas ao serviço MMDS e a decisão quanto à prorrogação ou não do direito
de uso da faixa são processos independentes e distintos, como afirmam: a prorrogação não poderia deixar
de ter sido deferida a partir do momento em que foi solicitada pelo interessado, nos termos do § 2º do art.
167 da LGT, ao passo que o preço pelo direito de uso de radiofrequência ainda não o foi, e somente
poderá ser fixado depois de estabelecido todo o regramento pertinente ao uso do espectro, com a
definição das condições de uso de radiofrequências.
87. Conforme argumento apresentado na instrução que embasou a audiência que ora se analisa (fls.
112/123), o prazo limite para decisão quanto à prorrogação das outorgas, inclusive, quanto à definição
dos parâmetros de apreçamento das outorgas pela Anatel, era 16/2/2007, mormente a teor parágrafo
primeiro do art. 167 da Lei Geral de Telecomunicações. Desde então, em tese, o órgão regulador já
deveria estar apto a proceder ao cálculo e à cobrança dos preços de uso das faixas de frequências
associadas ao MMDS.
88. Ficou evidenciada, todavia, a mora do órgão regulador, pois, até o momento da efetiva
prorrogação das onze primeiras autorizações de uso de radiofrequências associadas ao MMDS, pela
edição dos Atos nos 800 a 810, de 13/2/09, não houve formalmente qualquer tipo de avaliação pela Anatel
sobre as características do serviço MMDS para se determinar o preço das faixas de frequências a ele
associados e tampouco foi proposta qualquer metodologia com esse propósito, a despeito das reiteradas
deliberações do TCU (como, por exemplo, as Decisões 319/2000, 320/2000, 230/2001 e 849/2002; e os
Acórdãos 736/2003 e 1770/2007, todos do Plenário do Tribunal).
89. Além de não ter decidido sobre o preço das outorgas até o momento da ratificação das
prorrogações de outorgas de MMDS que aqui se discutem, a Anatel postergou ainda mais essa decisão, ao
determinar que a metodologia de cálculo, o preço público e as condições de pagamento pelo uso de
radiofrequências associadas à autorização do MMDS seriam estabelecidos, em caráter excepcional, no
prazo máximo de 12 (doze) meses, incluso no prazo de 15 anos definido pelo Conselho Diretor para uso
das radiofrequências e contado da publicação do Ato de prorrogação do uso no DOU.
90. Porém, mais uma vez, o novo prazo, com data limite em 15/02/2010, se encerrou sem o
posicionamento da Agência, e, ao criar outra exceção, em decisão consubstanciada no Despacho do
Conselho Diretor, nº 2.791/2010-CD, de 16/4/2010 (Documento 35, Anexo 4, fls. 339/340), o órgão
regulador decidiu por nova postergação da decisão sobre a fixação dos preços, condicionada à aprovação
de regulamento de condições de uso das radiofrequências do MMDS, conforme o item abaixo transcrito:
“b) prorrogar o prazo para a fixação do preço, disposto no art. 2° dos Atos no 800 a 810, de
13/02/09, em até 30 (trinta) dias contados da publicação da nova versão do Regulamento sobre
Condições de Uso de Radiofrequências nas Faixas de 2.170 MHz a 2.182 MHz e de 2.500 MHz a 2.690
MHz;
91. Como já repisado nas instruções que compõem estes autos, a regulamentação geral do setor de
telecomunicações, bem assim as regras específicas e vigentes sobre o serviço MMDS, já proviam, como
ainda provêem, todo o suporte legal para se proceder ao cálculo do preço de uso das radiofrequências
associado à prestação do MMDS, no momento em que decisão era requerida da Agência por exigência
legal.
92. Se ainda não há o estabelecimento de condições de uso das radiofrequências alocadas ao
MMDS, como alegado pelos responsáveis, não haveria também como caracterizar se estaria havendo uso
eficiente ou não das frequências, para validar a prorrogação das mesmas realizadas por atos do
Superintendente de Comunicação de Massa.
489
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
93. Em sentido diverso, quanto ao serviço típico de MMDS, a Agência apresentou indícios de
possível uso não racional e inadequado da faixa, ao alegar que (Informe nº 10/RFCEE/RFCE, de
10/07/2008, fl. 15 parágrafos 4.13 e 4.14), em detrimento de iniciativas regulatórias para potencializar o
uso do espectro a ele alocado, tem se observado a subutilização da faixa pelo serviço, que tem mantido
uma pequena base de assinantes em relação ao universo de clientes dos serviços de comunicação de
massa eletrônica, o que poderia motivar o indeferimento da prorrogação.
94. Argumenta-se que a LGT, no que concerne ao espectro de radiofrequências, reza que, na
destinação de faixas de frequência, serão considerados pela Agência o emprego racional e econômico do
espectro, bem como as atribuições, distribuições e consignações existentes, objetivando evitar
interferências prejudiciais. Discorrem, ainda, que a Anatel regulará a utilização eficiente e adequada do
espectro, podendo restringir o emprego de determinadas radiofrequências ou faixas, considerando o
interesse público (arts. 159 e 160), estatuindo que o uso de radiofrequência será condicionado a sua
compatibilidade com a atividade ou serviço a ser prestado, particularmente no tocante à potência, faixa de
transmissão e a técnica empregada.
95. Acrescentam, ainda, que existe dispositivo no mesmo ordenamento jurídico estabelecendo que,
a qualquer tempo, poderá ser modificada pela Agência a destinação de radiofrequências ou faixas, bem
como ordenada a alteração de potências ou outras características técnicas, desde que o interesse público
ou o cumprimento de convenções ou tratados internacionais assim o determine (art. 161).
96. Ajustes nos modelos de negócio podem ser necessários durante a prestação de serviço, em
especial, em serviços de telecomunicações, e são permitidos pela legislação supracitada, podendo
implicar o pagamento de indenizações entre empresas ou realocação de faixas de frequências, com
definição de prioridades de uso principais e secundárias, entre outras soluções. Situações semelhantes já
aconteceram e estão por acontecer no âmbito regulatório das telecomunicações no Brasil, a exigir
soluções inovadoras do órgão regulador.
97. Portanto, pelos argumentos apresentados, entende-se que como já existiam os elementos para
atestar as condições de uso da faixa alocada ao MMDS – condição que deveria ser verificada para
justificar sua prorrogação – a regulamentação existente já seria suficiente para que tivesse havido a
definição do preço por parte da Anatel.
98. Assim, ainda, constata-se a falta de um critério para a cobrança pela prorrogação de
autorizações de radiofrequências associadas ao MMDS de 11 empresas que tiveram suas outorgas
prorrogadas, em flagrante descumprimento do § 1º do art. 167 da LGT, que determina que a prorrogação
do direito de uso das frequências alocadas a serviço de telecomunicações deve ser decidida em, no
máximo, doze meses, considerando-se a definição do preço como condição indispensável para aperfeiçoar
a decisão.
99. Estabelece o inciso VII do art. 22 da LGT, todavia, que compete ao Conselho Diretor da Anatel:
“VII - aprovar editais de licitação, homologar adjudicações, bem como decidir pela prorrogação,
transferência e extinção, em relação às autorizações para prestação de serviço no regime privado, na
forma do regimento interno”.
100. Conforme o Regimento Interno da Anatel (Resolução nº 270, de 19/7/2001), no inciso XVIII
do art. 175, que trata das atribuições funcionais do Conselho Diretor, compete ao Colegiado: “aprovar
reajustes tarifários e a fixação de preços e tarifas dos serviços”.
101. Assim, em relação aos Conselheiros da Anatel Ronaldo Mota Sardenberg (Presidente),
Antônio Domingos Bedran, e ex-Conselheiros da Anatel Plínio de Aguiar Júnior e Pedro Jaime Ziller de
Araújo, que compunham o Conselho Diretor da Anatel e tinham competência conjunta pelas atribuições
do Conselho Diretor no período prévio à data de 16/2/2007, em que era exigida posição definitiva sobre a
matéria, à luz da LGT, bem como em parte dos dois anos seguintes em que se configurou a efetiva
prorrogação das outorgas, em 16/2/2009, mais especificamente em relação aos itens supracitados, ficou
caracterizado que não adotaram medidas oportunas e tempestivas para o estabelecimento do preço
relativo à prorrogação do uso de radiofrequências associadas ao serviço MMDS para onze outorgas, que
tiveram suas licenças prorrogadas. Dessa forma, suas alegações de defesa não foram suficientes para
elidir as responsabilidades imputadas no item a da audiência proposta nestes autos.
490
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
102. Acrescenta-se, em relação à Presidência do Conselho Diretor, que, conforme o parágrafo único
do art. 177 do Regimento Interno:
“No exercício da presidência, o Conselheiro também terá, no que couber, as atribuições previstas
no art. 175, exceção feita ao exercício da relatoria, a qual só lhe caberá nas hipóteses arroladas no
inciso XII do artigo 175”.
103. Portanto, com base nesse artigo, a competência sobre a matéria prevista no art. 175, XVIII,
pode ser atribuída ao Presidente do Conselho Diretor da Anatel.
104. O § 2º do art. 6º do Regimento Interno da Anatel, ademais, assim propugna:
“§ 2º Excepcionalmente, para tratar de matéria relevante e urgente cuja omissão possa causar
prejuízos irreversíveis, o Presidente ou seu substituto poderá convocar Circuito Deliberativo”.
105. Apesar da urgência e relevância da matéria, como aqui se defendeu, não foi registrado nas
alegações de defesa, tampouco nas consultas realizadas às atas de reuniões deliberativas da Anatel, a
partir de meados data em que se esperava a decisão sobre a prorrogação das onze primeiras outorgas de
MMDS, 16/2/2007, até a data de efetiva prorrogação, em 16/2/2009, que o Conselheiro–Presidente da
Anatel tenha convocado Circuito Deliberativo para deliberar sobre como definir os preços das
radiofrequências associadas ao MMDS ou tomado outra providência para dar solução à matéria objeto
destes autos.
III. CONCLUSÃO
106. Em conclusão, propõe-se acolher as razões de justificativa apresentadas pelos ex-Conselheiros
da Anatel José Pereira Leite e Luiz Alberto dos Santos; da Conselheira da Anatel Emília Maria Silva
Ribeiro Curi e do Superintendente de Comunicação de Massa da Anatel Ara Apkar Minassian em relação
aos itens a e b da audiência proposta nestes autos. Também em relação ao item b da audiência em tela,
são acolhidas as alegações de defesa dos responsáveis Ronaldo Mota Sardenberg, Antônio Domingos
Bedran, Plínio de Aguiar Júnior e Pedro Jaime Ziller de Araújo.
107. Todavia, considerando que o prazo para manifestação da Agência quanto ao pleito de
prorrogação de uso das radiofrequências associadas ao MMDS para 11 empresas – especificamente
quanto ao preço a ser cobrado – se esgotou em 16/2/2007, sem posicionamento da Anatel, tendo ainda
postergado sucessivas vezes à decisão, contrariando o disposto no § 1º do art. 167 da LGT, ainda que as
empresas tenham se manifestado em tempo hábil, em relação ao item a da audiência proposta nestes
autos, não são acolhidas as alegações de defesa dos responsáveis Ronaldo Mota Sardenberg, Antônio
Domingos Bedran, Plínio de Aguiar Júnior e Pedro Jaime Ziller de Araújo, e, nesse sentido, razão pela
qual se propõe aplicação de multa a esses responsáveis.
108. Também se propõe, por fim, como se segue: a) determinação para encaminhamento de estudo
que vier a ser aprovado pelo Conselho Diretor sobre os sobre os preços a serem cobrados pela
prorrogação de uso das faixas de frequência associadas ao MMDS, no prazo de 30 dias a contar da
ciência, sob pena de multa por descumprimento de determinação do TCU; b) o monitoramento desta
ação; e c) o arquivamento destes autos.
IV. VOLUME DE RECURSOS FISCALIZADOS E BENEFÍCIOS DE CONTROLE
109. O Volume de Recursos Fiscalizados – VRF, nos processos de fiscalização deste Tribunal, tem
seus critérios para cálculo e registro determinados pela Portaria TCU nº 222, de 10/10/2003. A
mensuração do VRF não se aplica a este processo, vez que o mesmo não se enquadra no disposto pelo art.
1º, § 1º, da referida Portaria.
110. A sistemática de quantificação e registro sobre os benefícios das ações de controle externo, por
sua vez, foi instituída pela Portaria TCU nº 59, de 30/1/2004. Cabe destacar que a atuação deste Tribunal
no presente processo gera benefícios não-mensuráveis, como expectativa de controle, incremento da
confiança dos cidadãos nas instituições públicas, fornecimento de subsídios para a atuação de autoridades
do Poder Executivo e melhoria da forma de atuação desse Poder, bem como na sua organização
administrativa.
V. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
111. Diante do exposto, propõe-se:
491
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
I. nos termos do art. 250, § 1º, do Regimento Interno do TCU, em relação aos itens a e b da
audiência proposta nestes autos, acolher as razões de justificativa apresentadas pelos Sr. ex-Conselheiros
da Anatel José Pereira Leite (CPF: 045.457.377–49) e Luiz Alberto dos Santos (CPF: 001.265.786-72) e
pela Srª Conselheira da Anatel Emília Maria Silva Ribeiro Curi (CPF: 292.910.701–49);
II. nos termos do art. 250, § 1º, do Regimento Interno do TCU, acolher as razões de justificativa
apresentadas pelo Sr. Superintendente de Comunicação de Massa da Anatel Ara Apkar Minassian (CPF:
186.070.557–04);
III. nos termos do art. 250, § 1º, do Regimento Interno do TCU, em relação ao item b da audiência
proposta nestes autos, acolher as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Conselheiros da Anatel
Ronaldo Mota Sardenberg, Presidente do Conselho–Diretor (CPF: 007.377.046–91), Antônio Domingos
Bedran (CPF: 007.377.046–91) e pelos Srs. ex–Conselheiros Plínio de Aguiar Júnior (CPF: 025.211.057–
91) e Pedro Jaime Ziller de Araújo (CPF: 320.408.228–87);
IV. com fundamento no art. 250, § 2º, do Regimento Interno do TCU, em relação ao item a da
audiência proposta nestes autos, rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Conselheiros da
Anatel Ronaldo Mota Sardenberg, Presidente do Conselho–Diretor (CPF: 007.377.046–91), Antônio
Domingos Bedran (CPF: 007.377.046–91) e pelos Srs. ex–Conselheiros Plínio de Aguiar Júnior (CPF:
025.211.057–91) e Pedro Jaime Ziller de Araújo (CPF: 320.408.228–87);
V. com fundamento no art. 58, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art 268,
inciso II, do Regimento Interno do TCU, bem como com os arts 6º, § 2º, 175, inciso XVIII, e 177, inciso
II e parágrafo único, todos do Regimento Interno da Anatel (Resolução nº 270, de 19/7/2001), aplicar
multa aos Srs. Conselheiros da Anatel Ronaldo Mota Sardenberg, Presidente do Conselho–Diretor (CPF:
007.377.046–91), Antônio Domingos Bedran (CPF: 007.377.046–91) e aos Srs. ex–Conselheiros Plínio
de Aguiar Júnior (CPF: 025.211.057–91) e Pedro Jaime Ziller de Araújo (CPF: 320.408.228–87),
fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, contados da notificação, para comprovar perante este Tribunal o
recolhimento da dívida junto ao Tesouro Nacional, por não terem exercido, no prazo legal, sua atribuição
de definir preço a ser cobrado pela prorrogação, por quinze anos, do uso das faixas de frequência entre 2,5
e 2,69 GHz para a oferta, pelas empresas amparadas pela Portaria MC nº 43/1994, de serviços de
televisão por assinatura e de todas as demais facilidades proporcionadas pela exploração comercial das
referidas faixas, em descumprimento ao art. 167, § 1º, da Lei nº 9.472/1997, e ao art. 44 do Regulamento
dos Serviços Especiais, aprovado pelo Decreto nº 2196, de 8/4/1997;
VI. determinar à Agência Nacional de Telecomunicações, com fulcro no art. 7º, inciso I, alínea a,
c/c o § 3º do art. 13 da Instrução Normativa 27/1998, encaminhamento de estudo que vier a ser aprovado
pelo Conselho Diretor sobre os preços a serem cobrados pela prorrogação de uso das faixas de frequência
associadas ao MMDS, no prazo de 30 dias a contar da ciência, sob pena de multa por descumprimento de
determinação do TCU;
VII. autorizar a realização de monitoramento da deliberação que vier a ser adotada, nos termos do
art. 243 do Regimento Interno do TCU; e
VIII. arquivar os presentes autos, em consonância com o art. 169, inciso IV, do Regimento Interno
do TCU.”
É o relatório.
VOTO
no art. 237, inciso IV, do Regimento Interno para, no mérito, considerá-la improcedente;
9.2. converter os autos em Acompanhamento, nos termos dos arts. 241 e 242 do Regimento Interno,
dada a excepcionalidade da prorrogação onerosa da autorização de uso da faixa de 2,5 GHz pelo serviço
MMDS e a necessidade de se acompanhar o processo;
9.3. determinar à Anatel, com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno, que
encaminhe ao Tribunal:
9.3.1. no prazo de 5 (cinco) dias, cópia de instrumento contratual ainda vigente que autoriza o uso
de radiofreqüências associadas a prestação do serviço MMDS;
9.3.2. estudos de viabilidade técnica e econômica do processo de prorrogação onerosa da
autorização de uso da faixa de 2,5 GHz pelo serviço MMDS, tão logo a Agência tenha posicionamento
sobre a matéria;
9.3.3. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, à
Ouvidoria deste Tribunal.”
3. Após ser convertido em acompanhamento, o presente processo foi novamente instruído pela
Sefid, que realizou inspeção na Anatel e concluiu que o prazo para manifestação da Agência quanto ao
pleito de prorrogação de uso das radiofrequências associadas ao MMDS para onze empresas –
especificamente quanto ao preço a ser cobrado – havia se esgotado em 16/2/2007 sem posicionamento da
Anatel, contrariando o disposto no art. 167 da Lei nº 9.472/1997 (Lei Geral de Telecomunicações – LGT).
4. Dessa forma, foram realizadas a audiência dos integrantes e ex-integrantes do Conselho-Diretor
da Anatel, Srs. Ronaldo Mota Sardenberg, Antônio Domingos Teixeira Bedran, Emília Maria Silva
Ribeiro Curi, Plínio de Aguiar Júnior, José Leite Pereira Filho, Pedro Jaime Ziller de Araújo e Luiz
Alberto da Silva, para que apresentassem razões de justificativa acerca dos seguintes itens:
a) ainda não haver definição pela Anatel quanto ao preço a ser cobrado pela prorrogação, por
quinze anos, do uso das faixas de frequência entre 2,5 e 2,69 GHz para a oferta, pelas empresas
amparadas pela Portaria MC nº 43/1994, de serviços de televisão por assinatura e de todas as demais
facilidades proporcionadas pela exploração comercial das referidas faixas, efetuada por meio dos Atos nº
800 a 810, de 13/2/2009, contrariando o art. 167, § 1º, da Lei nº 9.472/1997 e art. 44 do Regulamento dos
Serviços Especiais, aprovado pelo Decreto nº 2.196/1997;
b) mora em dar cumprimento ao item 9.3.2 do Acórdão nº 2.555/2008-Plenário (com relação e
esse item também foi ouvido o Superintendente de Comunicação de Massa, Sr. Ara Apkar Minassian).
5. Após a análise da matéria, a Sefid propôs acolher as razões de justificativa de todos os
responsáveis acima mencionados com relação ao item “b” da audiência, e dos ex-Conselheiros da Anatel
José Pereira Leite, Luiz Alberto dos Santos e Emília Maria Silva Ribeiro Curi, bem como do
Superintendente de Comunicação de Massa da Ara Apkar Minassian, em relação ao item “a” da audiência
realizada. Pelos fundamentos apresentados no relatório precedente, manifesto a minha concordância com
a proposta de encaminhamento sugerida pela unidade técnica e adoto os seus fundamentos como minhas
razões de decidir.
6. No entanto, ainda com respeito à indefinição pela Anatel quanto ao preço a ser cobrado pela
prorrogação, por quinze anos, do uso das faixas de frequência entre 2,5 e 2,69 GHz (item “a” da
audiência), a unidade técnica propôs a rejeição das razões de justificativa apresentadas pelos Srs.
Conselheiros Ronaldo Mota Sardenberg, Antônio Domingos Bedran, Plínio de Aguiar Júnior e Pedro
Jaime Ziller de Araújo, aplicando-se multa a esses responsáveis. Discordo da unidade técnica e considero
que, no caso concreto, apenar os citados responsáveis afigura-se uma medida de rigor demasiado.
7. A Lei nº 9.472/1997, que “Dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações, a
criação e funcionamento de um órgão regulador e outros aspectos institucionais, nos termos da Emenda
Constitucional nº 8, de 1995”, estabelece que:
“Art. 167. No caso de serviços autorizados, o prazo de vigência será de até vinte anos, prorrogável
uma única vez por igual período.
§ 1° A prorrogação, sempre onerosa, poderá ser requerida até três anos antes do vencimento do
prazo original, devendo o requerimento ser decidido em, no máximo, doze meses.
493
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
1. Processo nº TC 014.566/2008-7
2. Grupo II - Classe V – Assunto: Relatório de Acompanhamento
3. Responsáveis: Ronaldo Mota Sardenberg, Antônio Domingos Teixeira Bedran, Emília Maria
Silva Ribeiro Curi, Plínio de Aguiar Júnior, José Leite Pereira Filho, Pedro Jaime Ziller de Araújo, Luiz
Alberto da Silva e Ara Apkar Minassian
4. Entidade: Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
494
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam do relatório de acompanhamento do
processo de prorrogação de autorizações de uso de radiofreqüências na faixa de 2,5 GHz associadas à
exploração do Serviço de Distribuição de Sinais Multiponto Multicanal (MMDS).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. acolher as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. José Pereira Leite, Luiz Alberto dos
Santos e Emília Maria Silva Ribeiro Curi em relação aos itens “a” e “b” da audiência realizada nestes
autos;
9.2. acolher as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Ara Apkar Minassian, Ronaldo Mota
Sardenberg, Antônio Domingos Bedran, Plínio de Aguiar Júnior e Pedro Jaime Ziller de Araújo em
relação ao item “b” da audiência realizada nestes autos;
9.3. acolher parcialmente as razões de justificativa apresentadas pelos Srs. Ronaldo Mota
Sardenberg, Antônio Domingos Bedran, Plínio de Aguiar Júnior e Pedro Jaime Ziller de Araújo em
relação ao item “a” da audiência realizada nestes autos;
9.4. determinar à Agência Nacional de Telecomunicações que encaminhe a este Tribunal, no prazo
de 30 (trinta) dias, os preços fixados pela Anatel a serem cobrados pela prorrogação de uso das faixas de
frequência associadas ao Serviço de Distribuição de Sinais Multiponto Multicanal (MMDS);
9.5. determinar à Sefid que monitore a determinação acima, nos termos do art. 243 do Regimento
Interno;
9.6. arquivar os autos.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
TC 015.098/1995-8
Natureza: Embargos de Declaração em Embargos de Declaração em Recurso de Reconsideração em
Tomada de Contas Especial Órgão: Tribunal Regional do Trabalho 14ª Região/ac -RO - JT
Responsáveis: Alan Gurgel do Amaral (048.346.232-20); Cota Construtora Amazonia S A
(05.925.193/0001-05); Rosa Maria Nascimento Silva (418.816.057-87)
Embargante: Rosa Maria Nascimento Silva (418.816.057-87)
Advogado constituído nos autos: não há.
RELATÓRIO
Cuidam os autos de Embargos de Declaração opostos pela Sra. Rosa Maria Nascimento Silva (fls.
02/03, anexo 2), cuja petição de embargos não indicou expressamente o acórdão embargado.
Anteriormente a esses embargos, a interessada já havia oposto embargos de declaração contra o Acórdão
nº 2279/2009-Plenário, de minha relatoria, que, ao julgar Recurso de Reconsideração (fls. 01/11, vol. 4)
anteriormente interposto pela ora embargante, deu-lhe provimento parcial para reformar o Acórdão
305/2001-TCU-Plenário, proferido em sede de Tomada de Contas Especial decorrente de processo de
denúncia apresentada a esta Corte de Contas acerca de irregularidades ocorridas no Tribunal Regional do
Trabalho da 14ª Região/RO, por ocasião das obras de construção do edifício sede daquele Tribunal e
reforma do prédio destinado ao funcionamento das Varas Trabalhistas de Porto Velho/RO. Referidos
Embargos de Declaração foram julgados na Sessão Plenária de 23/02/2011, por meio do Acórdão nº
450/2011-Plenário.
“8.1. conhecer da solicitação encaminhada pelo (...) como denúncia, por preencher os requisitos de
admissibilidade previstos no art. 213 do Regimento Interno deste Tribunal, para considerá-la procedente;
8.2. com fundamento no art. 47 da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 197 do Regimento Interno deste
Tribunal, converter o presente processo em Tomada de Contas Especial e promover a citação dos
Responsáveis solidários, Juíza Rosa Maria Nascimento Silva, Presidente do Tribunal Regional do
Trabalho da 14ª Região, e a Empresa COTA - Construtora Amazônia S/A, na pessoa de seus
representantes legais, para apresentarem alegações de defesa ou recolherem a importância de R$
255.461,45 (duzentos e cinqüenta e cinco mil, quatrocentos e sessenta e um reais, quarenta e cinco
centavos), atualizada monetariamente a partir de 15/05/1995, referente ao pagamento, indevidamente
feito à mencionada Empresa, pela locação de equipamentos, ferramentas e veículos por seis meses,
quando o seu emprego efetivo na obra foi de apenas 38 (trinta e oito) dias;
496
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
8.3. determinar, com fundamento no inciso II do art. 43 da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 194, inciso
III, do Regimento Interno, a audiência da Responsável, Juíza Rosa Maria Silva, Presidente do Tribunal
Regional do Trabalho da 14ª Região, para, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentar razões de
justificativas acerca do valor repactuado de R$ 13.278.429,96 (treze milhões, duzentos e setenta e oito
mil, quatrocentos e vinte e nove reais, noventa e seis centavos), contido na Cláusula Segunda do Sétimo
Termo Aditivo ao Contrato para execução de obras e serviços de Reforma do prédio para funcionamento
das Juntas de Conciliação e Julgamento e Construção do Edifício Sede do Tribunal Regional do Trabalho
da 14ª Região, em desacordo com o art. 20; art. 22, alínea ‘b’; e § 1º do art. 23, todos da Medida
Provisória nº 731, de 25/11/1994, cujo valor correto seria de R$ 12.3’82.121,51 (doze milhões, trezentos
e oitenta e dois mil, cento e vinte e um reais, cinqüenta e um centavos), nos termos da citada Medida
Provisória; e
8.4. manter a chancela de ‘sigiloso’ aposta aos autos, até nova deliberação do Tribunal, nos termos
do § 1º do art. 212 do Regimento Interno.”
“8.1. com fundamento no artigo 12, §1º, da Lei nº 8.443/92 e no art.153, § 2º, do RI/TCU, rejeitar
as alegações de defesa da Juíza Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, Drª Rosa
Maria Nascimento Silva, e da Empresa COTA - Construtora Amazônia S.A., na pessoa de seus
representantes legais, e fixar o prazo improrrogável de 15 (quinze) dias para solidariamente recolherem ao
Tesouro Nacional a importância de R$ 255.461,45 (duzentos e cinqüenta e cinco mil, quatrocentos e
sessenta e um reais e quarenta e cinco centavos), atualizadas monetariamente a partir de 15 de maio de
1995, referente ao pagamento indevido à mencionada Empresa, em decorrência de locação de
equipamentos, ferramentas e veículos por seis meses, quando o seu emprego efetivo na obra foi de apenas
38 (trinta e oito) dias;
8.2. com fundamento no art. 12, II, da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 153, II, do Regimento Interno
deste Tribunal, promover a citação da Juíza Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região,
Drª Rosa Maria Nascimento Silva, e da Empresa COTA - Construtora Amazônia S.A., na pessoa de seus
representantes legais, para, solidariamente, apresentarem alegações de defesa ou recolherem a
importância de R$ 896.308,45 (oitocentos e noventa e seis mil, trezentos e oito reais e quarenta e cinco
centavos), atualizada monetariamente a partir de seu desembolso, referente à diferença do valor
repactuado de R$ 13.278.429,96 (treze milhões, duzentos e setenta e oito mil, quatrocentos e vinte e nove
reais, noventa e seis centavos), contido na Cláusula Segunda do Sétimo Termo Aditivo ao Contrato para
execução de obras e serviços de construção do Edifício-Sede do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª
Região e reforma do prédio das Juntas de Conciliação e Julgamento, em desacordo com o art. 20; art. 22,
alínea ‘b’; e § 1º do art. 23, todos da Medida Provisória nº 953, de 23 de março 1995, cujo valor correto
seria de R$ 12.382.121,51 (doze milhões, trezentos e oitenta e dois mil, cento e vinte e um reais,
cinqüenta e um centavos), nos termos da citada Medida Provisória;
8.3. cancelar a chancela de ‘sigiloso’ aposta aos autos, e
8.4. dar conhecimento desta Decisão, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam, ao
denunciante.”
Regional do Trabalho da 14ª Região e reforma do prédio destinado a abrigar as Varas Trabalhistas,
antigas Juntas de Conciliação e Julgamento, quais sejam:
a) o pagamento indevido, efetuado pelo TRT da 14ª Região à empresa Cota - Construtora
Amazônia S.A., pela locação de equipamentos, ferramentas e veículos, por um período de seis meses,
quando seu emprego efetivo limitou-se a somente 38 dias, incorrendo em dano ao Erário no valor de R$
255.461,45 (duzentos e cinqüenta e cinco mil, quatrocentos e sessenta e um reais e quarenta e cinco
centavos); e
b) a repactuação indevida do valor do contrato com a empresa Cota - Construtora Amazônia S.A.,
com utilização de critério de reajuste conflitante com a Medida Provisória 731/94, incorrendo em dano ao
Erário no valor de R$ 896.308,45 (oitocentos e noventa e seis mil, trezentos e oito reais e quarenta e cinco
centavos);
Considerando que os responsáveis foram citados e apresentaram defesas;
Considerando que analisadas as defesas, verificou-se que não elidiram as irregularidades que
justificaram a conversão destes autos em Tomada de Contas Especial;
Considerando os pareceres da Secex/RO e do Ministério Público; e
Considerando ainda o art. 3º da Decisão Normativa TCU 35/2000.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
8.1 rejeitar as alegações de defesa apresentadas pela Juíza Rosa Maria Nascimento Silva, ex-
presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, e pela empresa Cota - Construtora da
Amazônia S.A., na pessoa de seu diretor e representante legal, sr. Alan Gurgel do Amaral, e, com
fundamento nos artigos 1º, I, 16, III, alínea “d”, 19, caput, e 23, III, da Lei 8.443/92, julgar irregulares as
presentes contas, condenando-os, solidariamente, em débito pelas importâncias de R$ 255.461,45
(duzentos e cinqüenta e cinco mil, quatrocentos e sessenta e um reais e quarenta e cinco centavos) e R$
896.308,45 (oitocentos e noventa e seis mil, trezentos e oito reais e quarenta e cinco centavos), com os
acréscimos legais a contar de 16.5.95 e 7.4.95, respectivamente, até a data do efetivo recolhimento, na
forma da legislação em vigor, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para
comprovar, perante o Tribunal (art. 165, III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento aos cofres
do Tesouro Nacional;
8.2. aplicar à Juíza Rosa Maria Nascimento Silva, ex-presidente, e à empresa Cota - Construtora
da Amazônia S.A., individualmente, multa no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), nos termos do art.
57 da Lei 8.443/92, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovar,
perante este Tribunal (art. 165, inciso III, alínea “a” do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos
cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo
estabelecido até a data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor;
8.3. inabilitar a juíza Rosa Maria Nascimento Silva pelo período de oito anos para o exercício de
cargo em comissão, ou função de confiança, no âmbito da Administração Pública, nos termos do art. 60,
da Lei 8.443/92;
8.4. decretar, cautelarmente, pelo prazo de um ano, a indisponibilidade dos bens da juíza Rosa
Maria Nascimento Silva, ex-presidente do TRT da 14ª Região, e da empresa Cota - Construtora
Amazônia S.A., bens tantos quantos bastem para garantir o ressarcimento do total do débito apurado
nestes autos;
8.5. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, II, da Lei 8.443/92, a cobrança judicial da
dívida, caso não atendida as notificações;
8.6. remeter, nos termos do § 3º do art. 16 da Lei 8.443/92, cópia deste processo ao Ministério
Público da União, para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis;
8.7. determinar à Secex/RO que, após o trânsito em julgado desta deliberação e caso os
responsáveis não comprovem, no prazo fixado, o recolhimento dos débitos, encaminhe seus nomes ao
Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região/RO para a inclusão no Cadastro Informativo de Créditos
não Quitados de Órgãos e Entidades federais - Cadin, na hipótese de essa previdência já não ter sido
adotada;
498
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
8.8. encaminhar cópia desta Decisão, acompanhada do Relatório e Voto que a fundamentam, ao
Ministério Público da União (5ª Câmara de Coordenação e Revisão - Patrimônio Público e Social) e ao
Tribunal Superior do Trabalho - TST, para conhecimento e adoção das providências pertinentes; e
8.9. determinar a juntada destes autos às contas do TRT da 14ª Região, exercício de 1995”.
“9.1. conhecer do Recurso de Reconsideração, nos termos dos arts. 32, parágrafo único, e 33 da Lei
8.443/92, para, no mérito, dar-lhe provimento parcial, a fim de reformar os subitens 8.1 e 8.2 do Acórdão
305/2001-TCU-Plenário que passam a ter a seguinte redação:
“8.1. rejeitar em parte as alegações de defesa apresentadas pela Juíza Rosa Maria Nascimento Silva,
ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, e pela empresa Cota - Construtora da
Amazônia S.A., na pessoa de seu diretor e representante legal, sr. Alan Gurgel do Amaral, e, com
fundamento nos artigos 1º, I, 16, III, alínea “d”, 19, caput, e 23, III, da Lei 8.443/92, julgar irregulares as
presentes contas, condenando-os, solidariamente, em débito pela importância de R$ 896.308,45
(oitocentos e noventa e seis mil, trezentos e oito reais e quarenta e cinco centavos), com os acréscimos
legais a contar de 7.4.95, até a data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor, fixando-
lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 165, III,
alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional;
8.2. aplicar à Juíza Rosa Maria Nascimento Silva, ex-presidente, e à empresa Cota - Construtora
da Amazônia S.A., individualmente, multa no valor de R$ 77.820,00 (setenta e sete mil oitocentos e vinte
reais), nos termos do art. 57 da Lei 8.443/92, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para comprovar, perante este Tribunal (art. 165, inciso III, alínea “a” do Regimento Interno),
o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia
seguinte ao término do prazo estabelecido até a data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em
vigor;”
9.2. dar ciência da presente deliberação à recorrente, à empresa Cota – Construtora Amazônia
S.A., ao Ministério Público da União (5ª Câmara de Coordenação e Revisão - Patrimônio Público e
Social) e ao Tribunal Superior do Trabalho - TST;”
9.1. conhecer dos Embargos de Declaração, com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei
8.443/1992, uma vez atendidos os requisitos de admissibilidade, para, no mérito, dar-lhes provimento
parcial, a fim de esclarecer à embargante que não há nos autos parecer jurídico relativo à assinatura do
sétimo termo aditivo ao contrato celebrado entre o TRT/RO e a empresa Cota - Construtora Amazônia
S.A., para construção do edifício-sede do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região e reforma do
prédio destinado a abrigar as Varas Trabalhistas, antigas Juntas de Conciliação e Julgamento.
9.2. dar ciência da presente deliberação à embargante, à empresa Cota – Construtora Amazônia
S.A., ao Ministério Público da União (5ª Câmara de Coordenação e Revisão - Patrimônio Público e
Social) e ao Tribunal Superior do Trabalho - TST.
“O r. Acórdão de fls. [sic] que julgou a Tomada de Contas Especial a [sic] qual contem [sic]
determinação que implica em [sic] verdadeira obscuridade quanto ao efetivo cumprimento de sua
disposição. [sic]
A referida obscuridade tem lugar em face da decretada Responsabilidade Solidária entre a
embargante e a empresa Cota Engenharia quanto ao pagamento dos créditos decorrentes da condenação
no presente feito.
Assim requer esta requerida seja devidamente esclarecido pelo r. juízo da execução qual a forma
de pagamento deverá ser procedido no caso, 50% (cinqüenta por cento) para cada uma das rés, ou 100%
para a 1ª requerida com eventual direito de regresso, ante o fato de poder ser pago 100% por ambos os
imputados, implicando em enriquecimento sem causa da União.
Tal saneamento se faz necessário para que se efetive a completa entrega da prestação jurisdicional
necessária uma vez que referido ponto, sobre o qual ao houve manifestação desta Corte, traz questão
prática e de necessária observação no presente caso, para a efetivação da determinação de pagamento.”
10. É o relatório.
VOTO
Consoante destacado no relatório que antecede este voto, cuidam os autos de Embargos de
Declaração opostos pela Sra. Rosa Maria Nascimento Silva (fls. 02/03, anexo 2), cuja petição de
embargos não indicou expressamente o acórdão embargado.
2. Anteriormente a esses embargos, a interessada já havia oposto embargos de declaração contra o
Acórdão nº 2279/2009-Plenário, de minha relatoria, que, ao julgar Recurso de Reconsideração (fls. 01/11,
vol. 4) anteriormente interposto pela ora embargante, deu-lhe provimento parcial para reformar o Acórdão
305/2001-TCU-Plenário, proferido em sede de Tomada de Contas Especial decorrente de processo de
denúncia apresentada a esta Corte de Contas acerca de irregularidades ocorridas no Tribunal Regional do
Trabalho da 14ª Região/RO, por ocasião das obras de construção do edifício sede daquele Tribunal e
reforma do prédio destinado ao funcionamento das Varas Trabalhistas de Porto Velho/RO. Referidos
Embargos de Declaração foram julgados na Sessão Plenária de 23/02/2011, por meio do Acórdão nº
450/2011-Plenário.
3. Para melhor compreensão da matéria, os fatos, resumidamente, são os seguintes.
4. O Tribunal, na sessão extraordinária reservada de 29/05/1996, prolatou a Decisão 303/96-TCU -
Plenário, na qual determinou: 1) a audiência da então Presidente do TRT/RO, em relação à assinatura do
sétimo termo aditivo que promoveu uma repactuação do contrato em bases superiores às autorizadas pela
Medida Provisória nº 731/94; e 2) a conversão deste processo em tomada de contas especial, para fins de
citação da referida responsável em solidariedade com a empresa contratada pelo TRT/RO, no que
concerne ao pagamento indevido decorrente de locação de equipamentos, ferramentas e veículos por
prazo superior ao do seu efetivo uso.
5. Posteriormente, na sessão de 21/05/1997, o Tribunal prolatou a Decisão 298/97-TCU - Plenário,
na qual: 1) levantou a chancela de sigilo dos presentes autos; 2) rejeitou as alegações de defesa dos
responsáveis no que concerne à locação de equipamentos, ferramentas e veículos por seis meses, quando
o seu emprego efetivo na obra foi de apenas 38 (trinta e oito) dias; e 3) determinou a citação dos
responsáveis em relação à repactuação promovida pelo sétimo termo aditivo em desacordo com a Medida
Provisória 731/94.
6. Por meio do Acórdão nº 305/2001-Plenário, da relatoria do Ministro Walton Alencar Rodrigues,
prolatado na sessão extraordinária de 11/12/2001, o Tribunal julgou irregulares as presentes contas,
condenou a ora embargante à reparação do dano ao Erário, em solidariedade com a empresa Cota -
Construtora Amazônia S.A., aplicou multa individual tanto à juíza quanto à empresa, declarou a
inabilitação da embargante pelo período de oito anos para o exercício de cargo em comissão, ou função
de confiança, no âmbito da Administração Pública, nos termos do art. 60, da Lei 8.443/92, e decretou,
500
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
cautelarmente, pelo prazo de um ano, a indisponibilidade dos bens da juíza e da citada empresa (fls.
407/408 v.p.).
7. Ao apreciar recurso de reconsideração interposto pela ex-Presidente do TRT/RO, o Plenário, na
sessão de 30/09/2009, acolhendo voto por mim proferido, aprovou o Acórdão nº 2.279/2009, que deu
provimento parcial ao recurso, no sentido de reduzir o valor do débito e, proporcionalmente, da multa
(fls.433/434, v.p.).
583/2008, todos do Plenário, sendo que o último teve a sua ementa transcrita alguns parágrafos acima),
declarar que a oposição de novos embargos não suspende a consumação do trânsito em julgado da
deliberação original.
Em face do exposto, voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à apreciação do
Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
1. Processo nº TC 015.098/1995-8.
2. Grupo I – Classe I – Assunto: Embargos de Declaração em Embargos de Declaração em Recurso
de Reconsideração em Tomada de Contas Especial
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessada: Rosa Maria Nascimento Silva (418.816.057-87).
3.2. Responsáveis: Alan Gurgel do Amaral (048.346.232-20); Cota Construtora Amazonia S A
(05.925.193/0001-05); Rosa Maria Nascimento Silva (418.816.057-87).
4. Órgão: Tribunal Regional do Trabalho 14ª Região/ac -RO - JT.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: não atuou.
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam, nesta fase processual, de novos Embargos de
Declaração opostos pela Sra. Rosa Maria Nascimento Silva, cuja petição de embargos não indicou
expressamente o acórdão embargado.
Considerando que, anteriormente a esses embargos, a interessada já havia oposto embargos de
declaração contra o Acórdão nº 2279/2009-Plenário, que, ao julgar Recurso de Reconsideração (fls.
01/11, vol. 4) anteriormente interposto pela ora embargante, deu-lhe provimento parcial para reformar o
Acórdão 305/2001-TCU-Plenário, proferido em sede de Tomada de Contas Especial decorrente de
processo de denúncia apresentada a esta Corte de Contas acerca de irregularidades ocorridas no Tribunal
Regional do Trabalho da 14ª Região/RO, por ocasião das obras de construção do edifício sede daquele
Tribunal e reforma do prédio destinado ao funcionamento das Varas Trabalhistas de Porto Velho/RO;
Considerando que referidos Embargos de Declaração foram julgados na Sessão Plenária de
23/02/2011, por meio do Acórdão nº 450/2011-Plenário;
Considerando o que consta dos autos;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, não conhecer dos Embargos
de Declaração, por não atenderem aos requisitos de admissibilidade.
9.2. declarar que a oposição de novos embargos neste processo não suspenderá a consumação do
trânsito em julgado, podendo, assim, ser implementada a cobrança judicial do débito e da multa, a cujo
pagamento foram condenados a embargante e a Cota – Construtora Amazônia S.A., solidariamente em
relação ao débito e individualmente no que concerne à multa, tudo nos exatos termos do Acórdão nº
305/2001-Plenário, reformado, parcialmente, pelo Acórdão nº 2.279/2009-Plenário;
503
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.3. dar ciência da presente deliberação à embargante, à empresa Cota – Construtora Amazônia
S.A., ao Ministério Público da União (5ª Câmara de Coordenação e Revisão - Patrimônio Público e
Social), ao Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região e ao Tribunal Superior do Trabalho - TST.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
504
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
2.1 - Deliberação
Em cumprimento ao Acórdão 564/2011 - Plenário, realizou-se auditoria no Departamento
Penitenciário Nacional - SNJ/MJ, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Caixa Econômica Federal -
MF, no período compreendido entre 27/6/2011 e 20/7/2011.
(...)
2.2 - Visão geral do objeto
Em 27/12/2007 foi firmado o Contrato de Repasse n. 238.688-34/2007/Ministério da Justiça/Caixa
visando financiar as obras de Construção da Residência para idosos e Reforma da Casa de Transição,
na cidade de Niterói/RJ. O investimento previsto inicialmente no Plano de Trabalho era de R$
258.818,42 com recursos do Orçamento Geral da União e de R$ 64.704,61 com recursos do Estado do
Rio de Janeiro. A interveniente executora no convênio foi a Secretaria de Estado de Administração
Penitenciária-Seap.
A contratação da obra se deu por meio do Edital de Tomada de Preços n. 006/2009, com data de
abertura prevista para 26/5/2009. O regime de execução acordado foi o de empreitada por preço global.
Sagrou-se vencedora a empresa Souza Marins Construções Indústria e Comércio Ltda. O contrato para
execução de n. 012/2009 foi assinado em 10/7/2010 no valor de R$ 292.812,58.
Já houve desembolso para o empreendimento no valor de R$ 79.481,97, sendo que a Caixa efetuou
uma glosa no valor de R$ 64.627,50 e solicitou justificativas para as alterações verificadas nas planilhas
orçamentárias da obra. A Seap encaminhou as justificativas que ainda não foram analisadas pela
Caixa. Devido aos atrasos verificados no pagamento, a obra encontra-se paralisada. [grifei]
(...)
3 - ACHADOS DE AUDITORIA
Foi verificado que os quatro boletins de medição, cujo valor total acumulado é de R$ 188.711,18,
incluíram itens (no valor total de R$ 115.822,70) não previstos no contrato n. 012/2009. Destaca-se que
os boletins já foram atestados pelo fiscal da obra e que não foi verificada no processo qualquer
autorização da fiscalização para a execução desses itens em destaque. Esses serviços foram incluídos
nas duas medições por meio de um instrumento denominado RE-RA, que seria uma re-ratificação do
contrato executada diretamente no boletim de medição, sem que fosse devidamente formalizado por um
505
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
termo aditivo. Com isso, são incluídos itens novos com valores que não passaram pelo processo
competitivo da licitação, além de aumento nos quantitativos de serviços contratados.
Jurisprudência pacífica desta Corte de Contas, em consonância com o parágrafo único do art. 60
da Lei 8.666/1993, é de que quaisquer acréscimos ou supressões no objeto, prorrogações, repactuações,
além de outras modificações admitidas em lei que possam ser caracterizadas como alterações de
contrato, devem, obrigatoriamente, ser formalizadas por meio de um termo de aditamento ao contrato
(Decisão 965/2002, Acórdão 1489/2004, Acórdão 195/2005, todos do Plenário).
Também foi observado que os serviços já executados foram realizados sem que houvesse projeto
executivo aprovado pela Administração. O fato se mostra mais temerário tendo em vista que o projeto
básico apresentado pela Administração não apresentou o detalhamento suficiente das áreas de
intervenção. Assim, esse fato revela que os quantitativos e as especificações técnicas dos serviços
incluídos nos boletins citados não se basearam em projeto devidamente detalhado e aprovado pela
Administração.
Durante visita à obra verificou-se que dentro da edificação levantada há evidências da presença
abundante de água, o que danificou não só o piso como também as portas de madeira do ambiente.
Constatou-se também que nem toda a parte elétrica está funcionando. Esses fatos caracterizam a
deficiência dos serviços executados na obra, sendo necessária a aferição dos defeitos que levaram à
entrada de água no ambiente e o mau funcionamento do sistema elétrico. Assim, mostra-se necessário
que a fiscalização da obra acione a construtora responsável para que providencie o devido reparo, já
que o serviço ainda se encontra em garantia contratual, bem como possui a garantia prevista no art. 618
da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 (novo Código Civil), sob pena de responsabilidade solidária.
[grifei]
(...)
3.1.7 - Conclusão da equipe:
Tendo em vista que ainda é possível promover o devido aditivo contratual e que as alterações
ainda não atingiram o acréscimo de 50% permitido pela Lei de Licitações, deixa-se de se propor a
audiência dos responsáveis neste momento. Todavia, faz-se necessário dar ciência da irregularidade à
secretaria de modo a alertá-la dos vícios apontados e para que providenciem as suas devidas correções.
Também é cabível o envio de comunicação à Caixa dos fatos apontados de modo a subsidiar a análise
do empreendimento em referência. [grifei]
confirmação das informações apresentadas. Assim, é preciso que todas as plantas estejam assinadas e
acompanhadas das respectivas ART.
No memorial descritivo estão descritos com mais detalhes as modificações que serão executadas no
empreendimento, porém a descrição se mostra incompleta, já que não há indicação nas plantas das
áreas afetadas, bem como a localização adequada dos novos elementos a serem instalados.
Lembra-se que sem a elaboração dessas peças não é possível caracterizar o objeto a ser executado,
impossibilitando a aferição dos quantitativos apresentados na planilha orçamentária.
acompanhado da respectiva ART, em afronta ao disposto no art. 127, § 4º da Lei 12.309/2010 (LDO
2011).
A inclusão de itens na forma de verba (ou unidade, como no caso analisado) na planilha
orçamentária é vedada, pois contraria o disposto no § 4º do art. 7º da Lei 8.666/93. A jurisprudência
uniforme desta Corte de Contas também é no sentido de se proibir a cotação de itens com a denominação
de "verba", conforme Súmula TCU 258/2010. No caso analisado, o item 01.090.999-0 (Família 01.090
administração local), que possuía essas características, alcançou o montante de R$ 19.352,67, o que
representa 6,61% do valor contratado.
Esse problema no orçamento-base, (...) [usado] para a elaboração das propostas, acaba gerando
critérios de medição inadequados. Além disso, a planilha orçamentária integrante do projeto básico deve
expressar os itens de serviço com detalhamento suficiente à sua precisa identificação.
(...). O orçamento apresentado pelo órgão contratante não está adequadamente detalhado, tendo
sido observado que as planilhas de preços da licitação não contemplaram a composição dos custos
unitários.
A elaboração de uma planilha orçamentária de quantitativos e preços unitários que não contenha
em detalhes todos os itens a serem contratados contraria o art. 7º, § 2°, inciso II, da Lei 8.666/1993. Essa
impropriedade pode trazer dificuldades para a gestão do contrato, na eventualidade de alteração
quantitativa ou qualitativa de seu objeto por aditamento.
Constatou-se que o edital do certame em análise também não previa a exigência da apresentação
pelas licitantes do orçamento analítico, com a composição dos custos unitários e o adequado
detalhamento do BDI e dos encargos sociais.
A falta de exigência editalícia para que os proponentes indicassem os valores do BDI e dos
encargos sociais, bem como das suas composições, viola o princípio da transparência exposto no inciso
II do § 2º do art. 7º da Lei 8.666/1993. A jurisprudência do TCU que trata da matéria determina a
obrigatoriedade de apresentação de orçamento analítico, com a discriminação dos itens que compõem o
BDI, de modo a permitir a aferição dos percentuais utilizados como base para a estipulação da taxa total
e a comparação dos preços apresentados pelas licitantes (Súmula 258/2010).
Também se observou que o orçamento-base da licitação não está acompanhado da respectiva ART.
Tal prática se mostra nociva uma vez que dificulta a imputação de responsabilidade pela elaboração da
planilha orçamentária e está em desacordo com o estabelecido no art. 127, § 4º da Lei 12.309/2010
(LDO 2011) e com a jurisprudência uniforme desta casa sintetizada na Súmula TCU 260/2010.
(...)
3.3.7 - Conclusão da equipe:
Ante o exposto, faz-se necessário dar ciência da irregularidade à Secretaria para que ela promova
as devidas correções na planilha orçamentária apresentada antes da elaboração do novo edital. Também
508
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
No seu item 6.5.7, o edital exigiu, na fase de habilitação, como qualificação técnica um Plano de
Execução das obras compostos dos seguintes itens:
1) Cronograma para a equipe da obra nos níveis administrativo, técnico e operacional,
acompanhado de resumo dos currículos da equipe dirigentes até o nível de encarregado, inclusive;
2) Cronograma Físico detalhado, elaborado em consonância com o Cronograma Físico-
Financeiro (em anexo), contemplando as atividades de maior relevância técnica e as mais significativas;
3) Descrição sumária da logística de apoio aos trabalhos;
4) Propostas esquemáticas do canteiro de obras, do escritório, das instalações provisórias e
definitivas, da interdição de logradouros e serviços públicos, e outras providências, sua programação e
provável localização;
5) Os licitantes deverão explicitar o local onde será alocado o material objeto de escavações, que
não será reaproveitado, observando os dispositivos estabelecidos na Resolução Nº 307, de 05 de julho de
2002, do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente. Para este fim deverão identificar o local,
com a respectiva autorização da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) para
funcionamento, bem como sua distância do local da execução dos serviços.
Destaca-se que os itens listados acima se mostram, a princípio, desnecessários para a obra em
análise devido à sua baixa complexidade técnica. Além disso, a Lei de Licitações, nos seus arts. 27 a 31,
estabelece exaustivamente quais documentos poderão ser exigidas dos licitantes. Dessa forma, nada mais
poderá ser exigido como forma de habilitação além da documentação ali mencionada, a não ser que a
exigência refira-se a leis especiais. Assim determina a jurisprudência uniforme deste Tribunal (Acórdãos
597/2007, 703/2007, 39/2008, 1731/2008, 2056/2008, 1745/2009, 2301/2009, 2450/2009, todos do
Plenário).
Ao ser questionada pela inclusão dessa exigência no processo licitatório em análise, a Secretaria
de Administração Penitenciária informou no seu ofício n. 656/SEAPGS/11 que a inclusão do item 6.5.7
foi determinada pelo Superintendente de Engenharia da época e sempre foi inserido nos editais desta
Seap, com aprovação da Assessoria Jurídica deste órgão. Esclareceu ainda que, em atendimento da atual
Superintendente de Engenharia esse item não será mais incluído nos editais para contratação de obras e
serviços de engenharia.
Ante o exposto, faz-se necessário dar ciência da irregularidade à Secretaria de modo a subsidiá-la
na elaboração de novos editais de licitação, de modo a evitar que as irregularidades verificadas voltem a
ocorrer.
A Caixa esclarece, no seu Ofício n. 93/2011, que os projetos relacionados, dependendo do tipo de
obra, são solicitados durante a execução, por meio da apresentação de projetos executivos. No entanto,
verifica-se que a exigência desses projetos não pode ser dispensada, visto que apenas a documentação
apresentada não se mostra suficiente para caracterizar o objeto a ser licitado. Fato que confirma a
precariedade do projeto pode ser observado nos boletins de medição encaminhados para pagamento. Os
quatro boletins de medição já promoveram alterações que alcançam o montante de R$ 115.822,70
(39,56% do valor acordado). Esse valor corresponde a serviços que não haviam sido previstos no projeto
original o que demonstra a fragilidade do projeto aprovado.
(...). Conforme demonstrado no item 3.2 deste relatório, ao analisar apenas os serviços estruturais
do empreendimento, observa-se que o valor contratado era de R$ 25.093,31 e com as alterações
promovidas por meio do instrumento RE-RA, foram acrescidos serviços no valor de R$ 55.879,80, o que
representa um acréscimo de cerca de 222%. Essas alterações demonstram a fragilidade do projeto
aprovado e licitado.
A Caixa argumenta que o BDI utilizado pela firma era inferior ao intervalo de 20 a 30%
considerado aceitável pelos normativos em vigor à época da análise, e que os normativos da época não
exigiam o seu detalhamento. No entanto, vale lembrar que a análise do percentual do BDI não reside
apenas na aferição de que o seu valor encontra-se dentro da faixa de admissibilidade. É necessário
verificar, conforme descrito no item citado, se não há a inclusão de itens inadequados na sua
composição, o que só pode ser realizado se houver o seu devido detalhamento.
n. 194/08 (páginas 149 a 152 do volume técnico) e esse documento foi emitido antes da apresentação das
ART.
Apesar da justificativa apresentada, não foi possível constatar a análise de 80% dos itens mais
relevantes da planilha, pois as anotações não foram detalhadas o suficiente de modo a identificar o
código do Sinapi utilizado, bem como as devidas adaptações nas composições do referencial de preço.
Além disso, essa memória é exigida pelo item 4.2.7.2.4 do normativo AE 099 000 (com vigência a partir
de 13/2/2008): "o engenheiro/arquiteto deve identificar, em memória de cálculo adequada, quadro
comparativo da análise de custos unitários mais significativos, com a respectiva numeração da
composição do serviço do SINAPI utilizada na análise."
(...)
3.5.7 - Conclusão da equipe:
Considerando os fatos apresentados, justifica-se dar ciência à Caixa Econômica Federal das
impropriedades verificadas no processo do contrato de repasse em referência, de modo a promover a
correção das falhas apontadas. Ressalta-se que as impropriedades verificadas na análise do projeto
básico e do seu respectivo orçamento contribuíram para o atraso e abandono da obra em análise, fato
que comprova a necessidade de ajuste nas análises de contrato de repasse efetuadas pela Caixa por meio
da Gerência de Filial do Governo do Rio de Janeiro.
(...)
5 - CONCLUSÃO
As seguintes constatações foram identificadas neste trabalho:
(...)
Destaca-se que, nas três auditorias realizadas em obras de estabelecimentos penais [por essa
equipe de fiscalização], foi observada (...) uma prática (...) [comum] de pagamento por serviços fora do
contrato assinado, efetuado pelo instrumento RE-RA. Outra falha recorrente diz respeito à ausência de
solicitação das empresas licitantes da apresentação das suas composições de custos unitários, do
detalhamento do percentual do BDI e dos encargos sociais. Assim, justifica-se também dar ciência ao
Governo do Rio de Janeiro das irregularidades verificadas de modo a evitar a sua ocorrência no âmbito
de contratação de obras públicas no Estado do Rio de Janeiro.
6 - ENCAMINHAMENTO
Proposta da equipe
511
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
b) aprovação de projeto básico com as seguintes falhas, em afronta ao disposto art. 6º, IX, da Lei
8666/1993, conforme tratado no item 3.2:
b.1) ausência das plantas assinadas e acompanhadas das respectivas ART;
b.2) ausência dos projetos estrutural, instalações elétricas e hidrossanitárias;
c) ausência de aprovação do projeto básico pela autoridade competente, em afronta ao art. 7º, § 2º,
I da lei 8.666/1993, conforme tratado no item 3.2;
d) aprovação de planilha orçamentária com as seguintes falhas, conforme tratado no item 3.3:
d.1) itens globais sem o detalhamento necessário, em afronta ao art. 7º, § 4º da Lei 8.666/93 e
Súmula TCU 258/2010;
d.2) ausência de ART do responsável pela elaboração do orçamento-base, em afronta ao art. 127, §
4º da Lei 12.309/2010 e Súmula TCU 260/2010;
d.3) ausência da composição dos custos unitários e o detalhamento do BDI (bonificações e
despesas indiretas) no processo licitatório da concorrência 004/2009, e da exigência dessas informações
das empresas licitantes, em afronta ao art. 7º, § 2°, inciso II da Lei 8.666/1993 e à Súmula TCU
258/2010;
II) dar ciência à Caixa Econômica Federal sobre as seguintes impropriedades verificadas no
Contrato de Repasse n. 238.688-34/2007, conforme tratado no item 3.5:
a) aprovação de projeto básico sem a apresentação dos projetos estrutural, instalações elétricas e
hidrossanitárias, o que afronta respectivamente os itens 3.2.2.1.6, 3.2.2.1.7 e 3.2.2.1.8 do manual AE 099
000;
b) ausência da apresentação da composição do BDI, o que afronta os itens 4.2.7.5 do manual AE
099 000;
512
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
c) ausência de ART do projeto de reforma, o que afronta o item 3.2.3.6.1 do manual AE 099 000;
d) ausência no processo da memória de cálculo da avaliação dos preços da planilha orçamentária,
tendo como referência o Sinapi, o que afronta o item 4.2.7.2.4 do normativo AE 099 000;
III) dar ciência ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, das seguintes impropriedades verificadas
na gestão da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado, de modo a evitar que essas falhas
ocorram no âmbito de contratação de obras públicas no Estado do Rio de Janeiro:
a) pagamento de serviços sem cobertura contratual por meio de planilhas de medição denominadas
“RE-RA”, que não possuem respaldo legal se não forem formalizadas por meio de termos aditivos, em
afronta ao art. 60 da Lei 8.666/93;
b) ausência da exigência de apresentação por parte das licitantes da apresentação da composição
de custo unitários, e detalhamento do BDI e dos encargos sociais, em afronta ao art. 7º, § 2°, inciso II,
da Lei 8.666/1993 e a Súmula TCU 258/2010;
IV) comunicar à Caixa a respeito das irregularidades verificadas nos itens 3.1, 3.2 e 3.3 deste
relatório, de modo a subsidiar sua análise na liberação de recursos para esse empreendimento,
anexando cópia do Relatório, Voto e Acórdão;
É o Relatório.
VOTO
Conforme relatado, embora tenham sido verificadas diversas falhas tanto elaboração do projeto
básico quanto na fiscalização da execução dos serviços, não há evidências da consumação de prejuízos
aos cofres públicos, máxime porque a Caixa Econômica Federal e o órgão responsável pela execução do
empreendimento anunciaram medidas corretivas e preventivas para as principais impropriedades
verificadas.
2. Dessa forma, acolho a conclusão da unidade técnica quanto à ausência, no caso presente, dos
elementos necessários à caracterização de irregularidade grave nos termos definidos pelo art. 94, §1º,
inciso IV, da Lei 12.309/2010 (Lei de Diretrizes Orçamentárias para o exercício de 2011), in verbis:
Art. 94. A programação constante do Projeto de Lei Orçamentária de 2011 e da respectiva Lei
poderá contemplar subtítulos relativos a obras e serviços com indícios de irregularidades graves,
permanecendo a execução física, orçamentária e financeira dos contratos, convênios, etapas, parcelas ou
subtrechos em que foram identificados os indícios condicionada à adoção de medidas saneadoras pelo
órgão ou entidade responsável e à previa deliberação da CMO.
§ 1° Para os efeitos desta Lei, entendem-se por:
(...)
513
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
1. Processo nº TC 017.261/2011-2.
2. Grupo II – Classe V – Assunto: Relatório de Auditoria (Fiscobras 2011)
3. Interessados/Responsáveis
3.1 Interessado: Congresso Nacional
4. Órgãos/Entidades: Caixa Econômica Federal - MF; Departamento Penitenciário Nacional -
514
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
Vistos, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada no Departamento Penitenciário
Nacional – Depen –, na Caixa Econômica Federal e no Governo do Estado do Rio de Janeiro, no período
de 27/6/2011 a 20/7/2011, com enfoque nos procedimentos referentes às obras de construção da
residência para idosos e reforma da Casa de Transição, em Niterói/RJ, objeto do PT
14.421.0661.8914.0001/2011 - Apoio à Construção e Ampliação de Estabelecimentos Penais.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1 determinar à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro – Seap/RJ
–, nos termos do art. 43, inciso I, da Lei 8.443/92, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno/TCU,
que informe a este Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da ciência, sobre o andamento ou os
resultados das providências adotadas inerentes aos achados descritos no item 3.1 do presente relatório de
auditoria, a saber:
9.1.1 indícios de deficiência na qualidade dos serviços executados, em desacordo com os arts. 66 e
69 da Lei 8.666/1993;
9.1.2 pagamento por serviços não previstos no Contrato 12/2009, sem o necessário aditivo
contratual, em dissonância com o disposto no art. 60 da Lei 8.666/1993;
9.2 alertar a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro – Seap/RJ –,
responsável pela execução do Contrato de Repasse n. 238.688-34/2007/Ministério da Justiça/Caixa, de
que a ausência de medidas corretivas em relação às irregularidades apuradas no presente relatório de
auditoria, principalmente quanto às descritas no respectivo item 3.1, sujeitará os responsáveis às sanções
previstas na Lei 8.443/92;
9.3 determinar à Secob-1 que identifique o(s) responsável(is) pela fiscalização da execução do
Contrato 12/2009, vinculado ao Contrato de Repasse 238.688-34/2007/Ministério da Justiça/Caixa, e, nos
termos do art. 43, inciso II, da Lei 8.443/92, c/c o art. 250, inciso IV, do Regimento Interno deste
Tribunal, promova a respectiva audiência, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, contados da ciência,
apresente(m) a este Tribunal as razões de justificativa em face do atesto de serviços não previstos no
contrato e dos indícios de má qualidade da obra, consoante descrito no item 3.1 e subitens do presente
relatório de auditoria;
9.4 enviar cópia do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam:
9.4.1 à Caixa Econômica Federal, ao Departamento Penitenciário Nacional e à Secretaria de Estado
de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro – Seap/RJ –, para que tenham ciência das falhas
descritas nos itens 3.1 a 3.5 do presente relatório de auditoria, de modo a subsidiar a adoção das
providências de sua alçada;
9.4.2 ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Rio de Janeiro -
Crea/RJ, com fulcro no inciso XI do art. 71 da Constituição Federal, para que adote as providências que
julgar cabíveis em face dos indícios de deficiência na fiscalização das obras de construção da residência
para idosos e reforma da Casa de Transição, em Niterói/RJ, consoante descrito no item 3.1 e subitens do
presente relatório de auditoria;
9.4.3 à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional,
comunicando-lhe que, no Contrato de Repasse 238.688-34/2007/Ministério da Justiça/Caixa, referente às
obras de construção da residência para idosos e reforma da Casa de Transição, em Niterói/RJ, objeto do
PT 14.421.0661.8914.0001/2011 - Apoio à Construção e Ampliação de Estabelecimentos Penais, não
foram detectados indícios de irregularidades que se enquadrem nas disposições do inciso IV do §1º do art.
94 da Lei nº 12.309/2010 (LDO/2011).
515
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
“1 - APRESENTAÇÃO
516
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
2 - INTRODUÇÃO
2.1 - Deliberação
Em cumprimento ao Acórdão 564/2011-TCU-Plenário, realizou-se auditoria no Departamento
Penitenciário Nacional - SNJ/MJ, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Caixa Econômica Federal - MF,
no período compreendido entre 29/6/2011 e 26/7/2011.
Esta fiscalização, em conjunto com as demais relacionadas ao tema, busca avaliar a execução e a
regularidade da aplicação de recursos na área de construção de estabelecimentos penais. Do mesmo
modo, objetiva verificar a organização e o funcionamento dos programas de governo envolvidos.
Não houve qualquer desembolso de recurso federal para o empreendimento, porém já existe um 1º
boletim de medição atestado pelo fiscal da obra aguardando análise da Caixa para o seu pagamento. A
nova planilha orçamentária atualizada (data-base jan/2011) corresponde ao valor total de R$
12.028.694,11.
2.5 - Limitações
Durante a execução da auditoria a equipe registrou, como limitação ao trabalho, o impedimento de
registro fotográfico dos serviços executados. O Secretário Adjunto de Infraestrutura da Seap informou
que essa impossibilidade decorre de questões de segurança.
2.6 - VRF
O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 12.028.694,11. Esse valor é referente
à nova planilha orçamentária atualizada (data-base jan/2011) para a elaboração de novo edital de
licitação.
3 - ACHADOS DE AUDITORIA
O fato se mostra mais temerário tendo em vista que o projeto básico apresentado pela Administração não
apresentou o detalhamento das tubulações, da resistência do concreto para fundações e das respectivas
armaduras, o que revela que os quantitativos e as especificações técnicas desses serviços incluídos no
boletim citado não se basearam em qualquer projeto aprovado pela Administração, já que não foram
apresentados os projetos executivos.
Também foi constatado possível duplicidade na cobrança do item 19.005.028-2 (Trator carregadeira
e retroescavadeira) no valor de R$ 17.006,00, já que esse equipamento já está aparentemente contemplado
no serviço de escavação mecânica de vala não escorada (item 03.016.005-1), conforme detalhamento dos
serviços desse item de serviço na tabela Emop (Empresa de Obras Públicas).
Durante a visita à obra também não foi possível verificar a execução dos custos rodoviários
apresentados no item 20 do boletim de medição, referentes ao espalhamento e compactação do solo e
transporte e fornecimento de areia.
(...)
3.1.7 - Conclusão da equipe:
Tendo em vista que o boletim de medição ainda não foi pago e as irregularidades verificadas ainda
podem ser corrigidas, deixa-se de propor a audiência dos responsáveis neste momento. Todavia, faz-se
necessário dar ciência da irregularidade à secretaria de modo a alertá-la dos vícios apontados. Também é
cabível o envio de comunicação à Caixa dos fatos apontados de modo a subsidiar a análise do
empreendimento em referência.
que impede aferir se o responsável listado na planta realmente elaborou o documento apresentado. A
Secretaria informou que é procedimento da Superintendência de Engenharia encaminhar os projetos de
engenharia sem assinatura dos autores e que as ART foram emitidas, porém não foram anexadas no
processo.
A prática apresentada pela Superintendência se mostra inadequada para o processo licitatório que
deve ser devidamente formalizado e contemplar todas as peças necessárias para confirmação das
informações apresentadas. Assim, é preciso que todas as plantas estejam assinadas e acompanhadas das
respectivas ART.
III) Ausência de aprovação do projeto básico pela autoridade competente
Constatou-se que não há no processo a aprovação formal do projeto básico pela autoridade
competente, conforme determina o art. 7º, § 2º, I da lei 8.666/1993.
(...)
3.2.7 - Conclusão da equipe:
Tendo em vista que o novo orçamento ainda será licitado, propõe-se que seja dada ciência à
Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro das irregularidades
apontadas. Também é cabível o envio de comunicação à Caixa dos fatos apontados de modo a subsidiar a
análise do empreendimento em referência.
determina a jurisprudência uniforme deste Tribunal (Acórdãos 597/2007, 703/2007, 39/2008, 1731/2008,
2056/2008, 1745/2009, 2301/2009, 2450/2009, todos do Plenário).
Ao ser questionada pela inclusão dessa exigência no processo licitatório em análise, a Secretaria de
Administração Penitenciária informou no seu ofício n. 656/SEAPGS/11 que a inclusão dessa exigência
dá-se em virtude do cumprimento do estabelecido na Resolução n. 307/2002 do Conama. No entanto, essa
norma, além de não ser uma lei especial capaz de estabelecer novas exigências para as licitações públicas,
estabelece apenas as diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.
Dessa forma, o item 9.5.2 mostrou-se indevidamente restritivo e não pode ser incluído na fase de
habilitação de licitações públicas por ausência de amparo legal.
Outro fator restritivo da competitividade é o concernente à exigência de visita técnica (item 9.3.7)
em data limite designada no edital da licitação e acompanhada de técnicos da entidade contratante, como
comprovação de que o licitante tomou conhecimento de todas as informações e se inteirou de todos os
aspectos referentes à execução das obras.
A jurisprudência do TCU tem se posicionado no sentido de que a visita só pode ser demandada, se
ela for imprescindível para caracterização do objeto, uma vez que pode ser substituída por declaração
formal assinada pelo responsável técnico acerca do conhecimento pleno das condições e peculiaridades da
obra, sem comprometer a competitividade do certame, conforme art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei de
Licitações (Acórdãos 3809/2007, 800/2008, 2150/2008, 1174/2008 e 727/2009, todos do Plenário).
Ademais, o projeto básico, elaborado a partir de estudos técnicos suficientes, já deve conter todos os
detalhes necessários para a perfeita caracterização da obra, o que torna, às vezes, a visita à obra
dispensável, principalmente nas contratações de construção de novas edificações, tendo em vista que a
visita técnica apenas apresentará o terreno onde o objeto será construído.
Dessa forma, a exigência contida no item 9.3.7 do edital de licitação mostra-se excessiva, porquanto
extrapolou o comando contido no art. 30, inciso III, da Lei n.º 8.666/1993, o qual apenas determina que o
licitante deve comprovar, quando requerido, que tomou conhecimento de todas as informações e das
condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação. Ademais, essa exigência dificulta
a participação de empresas de outras entidades da federação, além de possibilitar, nos dias das visitas, o
conhecimento prévio do universo concorrente pelos licitantes.
(...)
3.4.7 - Conclusão da equipe:
Tendo em vista que o contrato resultante dessa licitação está rescindido, que ainda não foi
observado prejuízo ao Erário, e que nova licitação será conduzida para consecução do objeto analisado,
deixa-se de propor a audiência dos responsáveis. Entretanto, faz-se necessário dar ciência da
irregularidade à Secretaria de modo a subsidiá-la na elaboração de novos editais de licitação, de modo a
evitar que as irregularidades verificadas voltem a ocorrer.
4 - ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS
Esta auditoria compõe um conjunto de vinte fiscalizações a serem realizadas no âmbito de uma
fiscalização temática em obras de construção e ampliação de estabelecimentos penitenciários executados
com recursos federais.
Conforme exarado no item 9.3 do Acórdão n. 564/2011-TCU-Plenário, a relatoria das fiscalizações
temáticas se dará em conformidade com o art. 17 da Resolução TCU n. 175/2005. Segundo o dispositivo,
os processos constituídos em razão de fiscalizações dessa natureza deverão ser distribuídos a um único
relator, no caso, ao que detiver em sua lista de unidades jurisdicionadas o órgão repassador dos recursos.
Para a fiscalização temática em obras de penitenciárias, portanto, a relatoria foi definida como
sendo do Ministro Raimundo Carreiro, já que o órgão repassador dos recursos é o Ministério da Justiça,
pertencente à sua clientela.
5 - CONCLUSÃO
As seguintes constatações foram identificadas neste trabalho:
Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar melhoria nos procedimentos
relacionados à contratação de obras públicas.
Não foram identificadas irregularidades para as demais questões de auditoria.
Vale ressaltar que ainda não foi despendido nenhum recurso federal, já que a Caixa ainda não
autorizou nenhum saque da conta específica do contrato de repasse.
Como o contrato principal já está rescindido e nova licitação será realizada para consecução do
objeto, as propostas de encaminhamento foram no sentido de dar ciência das falhas verificadas de modo a
subsidiar as devidas correções.
524
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Finalmente, apesar de não ter sido pago nenhum valor com os recursos depositados na conta
específica do Contrato de Repasse, lembra-se que já existe pedido de pagamento efetuado pela empresa
contratada. Assim, faz-se necessário o envio de cópia do Relatório, Voto e Acórdão para o Tribunal de
Contas Estadual do Rio de Janeiro, de modo a subsidiar a sua atuação específica.
6 - ENCAMINHAMENTO
Proposta da equipe
Ante o exposto, encaminhem-se os autos à consideração superior, propondo:
b) envio de projeto básico para licitação com as seguintes falhas, em afronta ao disposto art. 6º, IX,
da Lei 8666/1993, conforme tratado no item 3.2:
b.1) ausência dos projetos de fundação e da estação de tratamento de esgoto;
b.2) aprovação de projeto básico estrutural incompleto;
b.3) projetos sem assinatura dos responsáveis, sem Anotação de Responsabilidade Técnica;
c) ausência de aprovação do projeto básico pela autoridade competente, em afronta ao art. 7º, § 2º, I
da lei 8.666/1993, conforme tratado no item 3.2;
e) inclusão dos itens restritivos ao caráter competitivo listados a seguir na fase de habilitação da
Concorrência n. 005/2009, em desconformidade com o 3º, § 1º, I da Lei n. 8.666/1993, conforme tratado
no item 3.4:
e.1) exigência de informação por parte do licitante do local onde serão lançados os resíduos de
construção civil, explicitando a distância entre o local indicado e onde serão executados os serviços, bem
como a apresentação da respectiva autorização da Feema para o seu funcionamento, observando a
Resolução n. 307/2002 do Conama, determinação não prevista nos arts. 27 a 31 da Lei 8.666/1993;
e.2) exigência de visita técnica em data limite designada no edital da licitação e acompanhada de
técnicos da entidade contratante, uma vez que pode ser substituída por declaração formal assinada pelo
525
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
responsável técnico acerca do conhecimento pleno das condições e peculiaridades da obra, determinação
que extrapolou o comando contido no art. 30, inciso III, da Lei n.º 8.666/1993 e Acórdãos TCU
3809/2007, 800/2008, 2150/2008, 1174/2008 e 727/2009, todos do Plenário.
II) dar ciência à Caixa Econômica Federal sobre as seguintes impropriedades verificadas no
Contrato de Repasse n. 264.784-42/2008, conforme tratado no item 3.5:
b) apresentação de projeto estrutural incompleto, o que afronta o item 3.2.2.1.6 do manual AE 099
004;
e) ausência de assinatura de algumas plantas do projeto básico, o que afronta o item 3.2.1.1.7 do
manual AE 099 004;
III) comunicar à Caixa a respeito das irregularidades verificadas nos itens 3.1, 3.2 e 3.3 deste
relatório, de modo a subsidiar sua análise na liberação de recursos para esse empreendimento, anexando
cópia do Relatório, Voto e Acórdão;
IV) Encaminhar cópia do Relatório, Voto e Acórdão ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de
Janeiro, de modo a subsidiar sua atuação na fiscalização dos recursos estaduais envolvidos;
VOTO
Conforme relatado, embora tenham sido verificadas diversas falhas tanto na elaboração do Projeto
Básico quanto na execução do convênio, além de falhas no Edital, não há evidências da consumação de
prejuízos aos cofres públicos, até porque a Caixa Econômica Federal ainda não autorizou nenhum saque
da conta específica do contrato de repasse.
2. Dessa forma, acolho a conclusão da Unidade Técnica quanto à ausência, no caso presente, dos
elementos necessários à caracterização de irregularidade grave nos termos definidos pelo art. 94, §1º,
inciso IV, da Lei 12.309/2010 (Lei de Diretrizes Orçamentárias para o exercício de 2011), in verbis:
526
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Art. 94. A programação constante do Projeto de Lei Orçamentária de 2011 e da respectiva Lei
poderá contemplar subtítulos relativos a obras e serviços com indícios de irregularidades graves,
permanecendo a execução física, orçamentária e financeira dos contratos, convênios, etapas, parcelas ou
subtrechos em que foram identificados os indícios condicionada à adoção de medidas saneadoras pelo
órgão ou entidade responsável e à previa deliberação da CMO.
§ 1° Para os efeitos desta Lei, entendem-se por:
(...)
IV - indícios de irregularidades graves, os atos e fatos materialmente relevantes em relação ao
valor
total contratado que tenham potencialidade de ocasionar prejuízos ao erário ou a terceiros e que:
a) possam ensejar nulidade de procedimento licitatório ou de contrato; ou
b) configurem graves desvios relativamente aos princípios constitucionais a que está submetida a
administração pública.
3. Necessário que se dê ciência à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de
Janeiro – Seap/RJ –, nos termos do art. 43, inciso I, da Lei 8.443/92, c/c o art. 250, inciso II, do
Regimento Interno/TCU, para que informe a este Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da
ciência, sobre o andamento ou os resultados das providências corretivas inerentes aos achados descritos
no item 3 do Relatório de Auditoria, os quais apontam para falhas que contrariam a Lei de Licitações (art.
6º, art. 60, dentre outros). São, em resumo, os seguintes, conforme já detalhados no Relatório precedente:
3.1 - Pagamento por serviços não previstos contratualmente;
3.2 - Projeto básico deficiente ou desatualizado;
3.3 - Orçamento do Edital / Contrato / Aditivo incompleto ou inadequado;
3.4 - Restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados de habilitação e
julgamento;
3.5 – Impropriedades na execução do convênio.
4. A par da determinação acima proposta, convém dar ciência à Caixa Econômica Federal sobre as
impropriedades verificadas no Contrato de Repasse nº 264.784-42/2008, conforme mencionado no
Relatório de Auditoria, em seu item 3.5.
5. Assim, conforme apontado pela Unidade Técnica, e tendo em vista que o contrato principal já
está rescindido, além de que nova licitação deverá ser realizada para consecução do objeto, deve-se, tão
somente, dar ciência aos diversos responsáveis acerca das falhas verificadas de modo a subsidiar as
devidas correções. Não obstante não ter havido nenhum dispêndio com recursos depositados na conta
específica do Contrato de Repasse, é importante destacar que já existe pedido de pagamento efetuado pela
empresa contratada, fato que torna recomendável o envio de cópia do Relatório, Voto e Acórdão ora
proposto a este Plenário, ao Tribunal de Contas Estadual do Rio de Janeiro, de modo a subsidiar a sua
atuação específica.
Acolho, portanto, as propostas da Unidade Técnica e VOTO por que seja aprovado o Acórdão que
ora submeto à elevada apreciação deste Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
527
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo nº TC 017.263/2011-5.
2. Grupo I – Classe V – Assunto: Relatório de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Órgãos/Entidades: Caixa Econômica Federal - MF; Departamento Penitenciário Nacional -
SNJ/MJ; Governo do Estado do Rio de Janeiro.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: Secretaria de Fiscalização de Obras 1 (SECOB-1).
8. Advogado(s) constituído(s) nos autos: não há.
9. Acórdão:
Vistos, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada no Departamento Penitenciário
Nacional – Depen –, na Caixa Econômica Federal e no Governo do Estado do Rio de Janeiro, no período
de 29/6/2011 e 26/7/2011, com enfoque nos procedimentos referentes às obras de construção do Centro
de Observação Criminológica no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na cidade do Rio de
Janeiro (RJ).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. dar ciência à Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro sobre as
impropriedades verificadas no processo para construção do Centro de Observação Criminológica no
Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, com recursos do Contrato de Repasse n. 264.784-
42/2008:
9.1.2.envio de projeto básico para licitação com as seguintes falhas, em afronta ao disposto art. 6º,
IX, da Lei 8666/1993, conforme tratado no item 3.2 do Relatório de Auditoria:
9.1.3. ausência de aprovação do Projeto Básico pela autoridade competente, em afronta ao art. 7º, §
2º, I da lei 8.666/1993, conforme tratado no item 3.2 do Relatório de Auditoria;
9.1.5. inclusão dos itens restritivos ao caráter competitivo listados a seguir na fase de habilitação da
Concorrência n. 005/2009, em desconformidade com o 3º, § 1º, I da Lei n. 8.666/1993, conforme tratado
no item 3.4 do Relatório de Auditoria;
9.2. dar ciência à Caixa Econômica Federal sobre as impropriedades verificadas no Contrato de
Repasse n. 264.784-42/2008, conforme tratado no item 3.5 do Relatório de Auditoria;
9.3. comunicar à Caixa a respeito das irregularidades verificadas nos itens 3.1, 3.2 e 3.3 do
Relatório de Auditoria, de modo a subsidiar sua análise na liberação de recursos para esse
empreendimento, anexando cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam;
9.4. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam ao
Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, de modo a subsidiar sua atuação na fiscalização dos
recursos estaduais envolvidos;
9.5. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que não foram detectados indícios de irregularidades que se enquadram no disposto no inciso IV
528
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
529
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
(...)
2.2 - Visão geral do objeto
Em 27/12/2007 foi firmado o Contrato de Repasse n. 238.689-48/2007/Ministério da Justiça/Caixa
visando financiar as obras de Reforma geral do Instituto Penal Cândido Mendes, na cidade do Rio de
Janeiro/RJ. O investimento previsto inicialmente no Plano de Trabalho era de R$ 511.692,54 com
recursos do Orçamento Geral da União e de R$ 127.923,14 com recursos do Estado do Rio de Janeiro. A
interveniente executora no convênio foi a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária-Seap.
A contratação da obra se deu por meio do Edital de Tomada de Preços n. 002/2009, com data de
abertura prevista para 24/3/2009. O regime de execução acordado foi o de empreitada por preço global.
Sagrou-se vencedora a empresa Dardo Engenharia Ltda. O contrato para execução de n. 5/2009 foi
assinado em 13/5/2009 no valor de R$ 816.098,37.
A obra foi iniciada, porém, na análise emitida pela Caixa, seria necessário para o primeiro
desembolso o envio de alguns documentos, o que não foi providenciado pelo órgão estadual. Diante
desse impedimento, a obra foi abandonada e o contratado entrou com pedido de rescisão contratual em
10/2/2010. A rescisão contratual foi assinada em 2/6/2011. [grifei]
Não houve qualquer desembolso de recurso federal para o empreendimento, porém já existe
boletim de medição atestado pelo fiscal da obra aguardando análise da Caixa para o seu pagamento.
[grifei]
(...)
3 - ACHADOS DE AUDITORIA
Ao proceder a análise dos itens que compuseram o orçamento em referência, observou-se que
foram incluídos diversos itens que contemplavam apenas o fornecimento de mão de obra, conforme
detalhado no quadro ao final do achado. Todavia, os serviços a serem executados na obra já se
encontram listados no orçamento, e no preço unitário desses serviços já estão contemplados não só o
fornecimento dos materiais envolvidos como também a mão de obra necessária para a sua análise. Uma
análise na composição de custo padrão Emop comprova essa afirmação. Assim, é possível concluir que
os itens listados como mão de obra estão em duplicidade, já que além de possuírem item exclusivo,
também estão contemplados na composição dos serviços.
Outro fato que comprova essa afirmação pode ser verificado nos boletins de medição
apresentados. Neles não há qualquer medição nos itens que envolvem a mão de obra exclusivamente,
porém há medição de serviços executados. Portanto, o valor da mão de obra já está incluso nos preços
unitários dos serviços.
Em 19 de junho de 2009, a Caixa efetuou sua análise do resultado de processo licitatório pelo
documento VRPL (Verificação de Resultado de Processo Licitatório) e considerou-o inapto, já que o
preço apresentado pela empresa vencedora era maior que o orçamento aprovado pela Caixa, e por isso
solicitou justificativas para essa ocorrência. Em resposta à essa solicitação, a Seap encaminhou em 25
de julho de 2009 as justificativas para a discrepância observada no valor do empreendimento. Nesse
documento os engenheiros da Seap argumentam que o BDI estimado para a obra era de 8% e o da
empresa era de 27,6%, aumento justificado devido às particularidades da obra. Mencionaram também a
alteração na data-base do orçamento de março/2007 a novembro/2008 que acarretou a atualização dos
preços. Além disso, argumentaram que a obra oferece uma série de dificuldades à construtora e que
houve baixo interesse de empresas na participação do certame. Entretanto, esse documento omitiu as
alterações efetuadas nos itens listados, com a inclusão de novos serviços, inclusive os itens aqui
questionados, situação que foi a maior responsável pelo aumento no valor do empreendimento.
Adicionalmente, verifica-se que, apesar da omissão dessa informação no parecer da Seap, era
possível para o engenheiro da Caixa verificar a inclusão de novos itens. De fato, o técnico da Caixa faz
uma nova avaliação dos preços da contratação, confirmado pela memória de cálculo da verificação dos
preços com o Sinapi. Nesse documento, é possível verificar que já estão contemplados os novos itens de
mão de obra, incluídos na planilha de análise, mas sem a avaliação do preço.
(...)
3.1.7 - Conclusão da equipe:
Tendo em vista os fatos apontados, mostra-se cabível proceder a audiência dos envolvidos. Em
primeiro, o Superintendente de Engenharia da Seap, pois foi o responsável pelo envio de duas planilhas
orçamentárias diferentes, uma para a Caixa e outra para a licitação. Em segundo, os engenheiros da
531
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Seap que emitiram parecer técnico para a Caixa, no qual omitiram a alteração dos itens, que incluíam
itens em duplicidade. Por último, mostra-se justificável a audiência do engenheiro da Caixa que ao
analisar o orçamento da licitação, foi o responsável pela sua aprovação como apto sob os aspectos de
engenharia.
Considerando que o contrato já foi rescindido, também é cabível dar ciência à Seap e à Caixa da
irregularidade verificada no orçamento de modo que possam promover a sua devida correção, antes que
seja realizada nova licitação.
3.1.8 - Responsáveis:
Nome: Eduardo Stanec Fossard - CPF: 323.639.907-49 - Cargo: Assistente técnico I da Caixa
(desde 7/3/1978)
Conduta: Considerou apto o resultado do processo licitatório que contemplou orçamento com itens
em duplicidade.
Nexo de causalidade: A aprovação do resultado do processo licitatório permitiu o início da obra
com orçamento com sobrepreço de 36%.
Culpabilidade: É de se concluir que a conduta do gestor é passível de responsabilização, razão
pela qual ele deve ser ouvido em audiência a fim de apresentar suas razões de justificativa.
Nome: Aprigio Freitas Neto - CPF: 546.663.417-49 - Cargo: Engenheiro Civil Seap (desde
22/4/2008)
Conduta: Elaborou parecer técnico que esclareceu o aumento do valor do empreendimento
omitindo a inclusão de novos serviços que contemplaram itens em duplicidade.
Nexo de causalidade: A emissão do parecer contribuiu para a aprovação do orçamento com
sobrepreço de 36%.
Culpabilidade: É de se concluir que a conduta do gestor é passível de responsabilização, razão
pela qual ele deve ser ouvido em audiência a fim de apresentar suas razões de justificativa.
Nome: André Luiz Batista da Cunha - CPF: 387.099.887-34 - Cargo: Engenheiro Seap (desde
1/6/2009)
Conduta: Elaborou parecer técnico que esclareceu o aumento do valor do empreendimento
omitindo a inclusão de novos serviços que contemplaram itens em duplicidade.
Nexo de causalidade: A emissão do parecer contribuiu para a aprovação do orçamento com
sobrepreço de 36%.
Culpabilidade: É de se concluir que a conduta do gestor é passível de responsabilização, razão
pela qual ele deve ser ouvido em audiência a fim de apresentar suas razões de justificativa.
Foi verificado que os boletins em referência, cujo valor total é de R$ 120.117,95, incluiu itens (no
valor total de R$ 71.806,44) não previstos no contrato n. 005/2009, conforme discriminado no quadro ao
final deste achado. Destaca-se que o boletim já foi atestado pelo fiscal da obra e que não foi verificada
no processo qualquer autorização da fiscalização para a execução desses itens em destaque. Esses
serviços foram incluídos nas duas medições por meio de um instrumento denominado RE-RA, que seria
uma re-ratificação do contrato executada diretamente no boletim de medição, sem que fosse devidamente
formalizado por um termo aditivo. Com isso, são incluídos itens novos com valores que não passaram
pelo processo competitivo da licitação, além de aumento nos quantitativos de serviços contratados.
Jurisprudência pacífica desta Corte de Contas, em consonância com o parágrafo único do art. 60
da Lei 8.666/1993, é de que quaisquer acréscimos ou supressões no objeto, prorrogações, repactuações,
além de outras modificações admitidas em lei que possam ser caracterizadas como alterações de
contrato, devem, obrigatoriamente, ser formalizadas por meio de um termo de aditamento ao contrato
(Decisão 965/2002, Acórdão 1489/2004, Acórdão 195/2005, todos do Plenário).
Também foi observado que os serviços já executados foram realizados sem que houvesse projeto
executivo aprovado pela Administração. O fato se mostra mais temerário tendo em vista que o projeto
básico apresentado pela Administração não apresentou o detalhamento suficiente das áreas de
intervenção. Assim, esse fato revela que os quantitativos e as especificações técnicas dos serviços
incluídos no boletim citado não se basearam em projeto devidamente detalhado e aprovado pela
Administração.
Durante visita à obra, verificou-se que a pintura realizada nas paredes e nos beliches de concreto
da área interna do estabelecimento está manchada e descascando. Também foi observado que muitos dos
azulejos instalados estão quebrados resultando em perigo para os seus usuários. Ressalta-se que, apesar
da obra estar abandonada e de já haver a utilização de alguns ambientes pela Administração, os
desgastes verificados não aparentam ter sido causados pelo uso e sim pela má qualidade na execução
dos serviços e dos materiais utilizados. Lembra-se que não foi possível incluir peças fotográficas da
situação verificada na visita à obra, devido ao impedimento de registro fotográfico dos serviços
executados, por questões de segurança. [grifei]
(...)
3.2.7 - Conclusão da equipe:
Tendo em vista que o boletim de medição ainda não foi pago e as irregularidades verificadas ainda
podem ser corrigidas, deixa-se que se propor a audiência dos responsáveis. Todavia, faz-se necessário
dar ciência da irregularidade à secretaria de modo a alertá-la dos vícios apontados. Também é cabível o
envio de comunicação à Caixa dos fatos apontados de modo a subsidiar a análise do empreendimento em
referência.
Identificou-se que o projeto básico para a execução da Reforma geral do Instituto Penal Cândido
Mendes, objeto da tomada de preços 002/2009, apresentou uma série de deficiências, contrariando o
disposto art. 6º, IX, da Lei 8666/1993.
Fato que confirma a precariedade do projeto encaminhado para licitação é observado nos boletins
de medição encaminhados para pagamento. O 2º boletim de medição apresenta o montante de R$
120.117,95 para os serviços executados acumulados até aquele período. Desse valor, 59,78% do valor
medido (R$ 71.806,45) corresponde a serviços que não haviam sido previstos no projeto original o que
demonstra a fragilidade do projeto aprovado.
A prática apresentada pela Superintendência se mostra inadequada para o processo licitatório que
deve ser devidamente formalizado e contemplar todas as peças necessárias para confirmação das
informações apresentadas. Assim, é preciso que todas as plantas estejam assinadas e acompanhadas das
respectivas ART.
A inclusão de itens na forma de verba (ou unidade, como no caso analisado) na planilha
orçamentária é vedada, pois contraria o disposto no § 4º do art. 7º da Lei 8.666/93. A jurisprudência
uniforme desta Corte de Contas também é no sentido de se proibir a cotação de itens com a denominação
de "verba", conforme Súmula TCU 258/2010. No caso analisado, o somatório dos itens com essas
características alcançou o montante de R$ 69.575,45, o que representa 8,53% do valor contratado,
conforme demonstrado no quadro ao final do achado.
Esse problema no orçamento-base, que serve de base para a elaboração das propostas, acaba
gerando critérios de medição inadequados. Além disso, a planilha orçamentária integrante do projeto
básico deve expressar os itens de serviço com detalhamento suficiente à sua precisa identificação.
(...) O orçamento apresentado pelo órgão contratante não está adequadamente detalhado, tendo
sido observado que as planilhas de preços da licitação não contemplaram a composição dos custos
unitários.
A elaboração de uma planilha orçamentária de quantitativos e preços unitários que não contenha
em detalhes todos os itens a serem contratados contraria o art. 7º, § 2°, inciso II, da Lei 8.666/1993. Essa
impropriedade pode trazer dificuldades para a gestão do contrato, na eventualidade de alteração
quantitativa ou qualitativa de seu objeto por aditamento.
Constatou-se que o edital do certame em análise também não previa a exigência da apresentação
pelas licitantes do orçamento analítico, com a composição dos custos unitários e o adequado
detalhamento do BDI e dos encargos sociais.
A falta de exigência editalícia para que os proponentes indicassem os valores do BDI e dos
encargos sociais, bem como das suas composições, viola o princípio da transparência exposto no inciso
II do § 2º do art. 7º da Lei 8.666/1993. A jurisprudência do TCU que trata da matéria determina a
obrigatoriedade de apresentação de orçamento analítico, com a discriminação dos itens que compõem o
BDI, de modo a permitir a aferição dos percentuais utilizados como base para a estipulação da taxa total
e a comparação dos preços apresentados pelas licitantes (Súmula 258/2010).
Lei 12.309/2010 (LDO 2011) e com a jurisprudência uniforme desta casa sintetizada na Súmula TCU
260/2010.
(...)
3.4.7 - Conclusão da equipe:
Tendo em vista que o contrato resultante dessa licitação está rescindido, que ainda não foi
observado prejuízo ao Erário, e que nova licitação será conduzida para consecução do objeto analisado,
deixa-se de propor a audiência dos responsáveis. Entretanto, faz-se necessário dar ciência da
irregularidade à Secretaria para que ela promova as devidas correções na planilha orçamentária
apresentada antes da elaboração do novo edital. Também mostra-se cabível o envio de comunicação à
Caixa sobre as irregularidades apontadas de modo a subsidiá-la na análise de liberação de recursos
para esse empreendimento.
No seu item 6.5.7, o edital exigiu na fase de habilitação como qualificação técnica um Plano de
Execução das obras compostos dos seguintes itens:
1) Cronograma para a equipe da obra nos níveis administrativo, técnico e operacional,
acompanhado de resumo dos currículos da equipe dirigentes até o nível de encarregado, inclusive;
2) Cronograma Físico detalhado, elaborado em consonância com o Cronograma Físico-
Financeiro (em anexo), contemplando as atividades de maior relevância técnica e as mais significativas;
3) Descrição sumária da logística de apoio aos trabalhos;
4) Propostas esquemáticas do canteiro de obras, do escritório, das instalações provisórias e
definitivas, da interdição de logradouros e serviços públicos, e outras providências, sua programação e
provável localização;
5) Os licitantes deverão explicitar o local onde será alocado o material objeto de escavações, que
não será reaproveitado, observando os dispositivos estabelecidos na RESOLUÇÃO Nº 307, de 05 de
julho de 2002, do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente. Para este fim deverão identificar o
local, com a respectiva autorização da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente)
para funcionamento, bem como sua distância do local da execução dos serviços.
Destaca-se que os itens listados acima se mostram, a princípio, desnecessários para a obra em
análise devido à sua baixa complexidade técnica. Além disso, a Lei de Licitações, nos seus arts. 27 a 31,
estabelece exaustivamente quais documentações poderão ser exigidas dos licitantes. Dessa forma, nada
mais poderá ser exigido como forma de habilitação além da documentação ali mencionada, a não ser
que a exigência refira-se a leis especiais. Assim determina a jurisprudência uniforme deste Tribunal
(Acórdãos 597/2007, 703/2007, 39/2008, 1731/2008, 2056/2008, 1745/2009, 2301/2009, 2450/2009,
todos do Plenário).
Ao ser questionada pela inclusão dessa exigência no processo licitatório em análise, a Secretaria
de Administração Penitenciária informou no seu ofício n. 656/SEAPGS/11 que a inclusão do item 6.5.7
foi determinada pelo Superintendente de Engenharia da época e sempre foi inserido nos editais desta
Seap, com aprovação da Assessoria Jurídica deste órgão. Esclareceu ainda que, em atendimento da atual
Superintendente de Engenharia esse item não será mais incluído nos editais para contratação de obras
e serviços de engenharia. [grifei]
536
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
A Caixa esclarece, no seu Ofício n. 91/2011, por se tratar de reforma geral sem acréscimos ou
demolições, com recuperação de instalações já existentes não se fez necessário o desenvolvimento de
projetos, tendo sido apresentados pelo proponente planta baixa e memorial descritivo. No entanto,
apenas essa documentação não se mostra suficiente para caracterizar o objeto a ser licitado. Fato que
confirma a precariedade do projeto pode ser observado nos boletins de medição encaminhados para
pagamento. O 2º boletim de medição apresenta o montante de R$ 120.117,95 para os serviços
executados acumulados até aquele período. Desse valor, 59,78% do valor medido (R$ 71.806,45)
corresponde a serviços que não haviam sido previstos no projeto original o que demonstra a fragilidade
do projeto aprovado.
A Caixa também argumentou que por ser uma reforma muito antiga a quantificação apurada dos
serviços só seria possível durante a execução do serviço. De fato, em reformas a previsão dos
quantitativos se torna mais difícil, diante do grau de incerteza das condições que serão encontradas,
principalmente nos casos que envolvem demolição. No entanto, essa variação deve ocorrer apenas nos
casos nos quais não era possível prever a situação de incerteza e não por elaboração de projeto
incompleto e falho.
A Caixa argumenta que o BDI utilizado pela firma era inferior ao intervalo de 20 a 30%
considerado aceitável pelos normativos em vigor à época da análise, e que poderia ser aceito da forma
apresentada. No entanto, vale lembrar que a análise do percentual do BDI não reside apenas na aferição
de que o seu valor encontra-se dentro da faixa de admissibilidade. É necessário verificar, conforme
descrito no item citado, se não há a inclusão de itens inadequados na sua composição, o que só pode ser
realizado se houver o seu devido detalhamento.
IV) Valor aprovado para licitação é maior que o valor do Contrato de Repasse
O Contrato de Repasse n. 238.689-48/2007 foi firmado em 27/12/2007, no valor total de R$
639.615,68, correspondente ao orçado no projeto inicial para a obra, composto da seguinte maneira: R$
511.692,54 de repasse federal; e R$ 127.923,14 de contrapartida estadual. No entanto, o valor do
investimento total aprovado na Verificação do Resultado do Processo Licitatório é de R$ 810.799,82. No
entanto, esse valor não está devidamente formalizado no contrato de repasse, que permanece com o valor
original. Além disso, o valor do documento está diferente do valor do contrato n. 005/2009 é de R$
816.098,37.
O instrumento contratual disciplina, em sua cláusula décima oitava, que no caso da necessidade de
ajustamento da programação financeira, deverá haver provocação pelo contratado, ou pelo interveniente
executor, mediante apresentação das respectivas justificativas. Determina ainda que a alteração
contratual referente ao valor do contrato será feita por meio de termo aditivo. Além disso, faz-se
necessário a assinatura do aditivo para que se possa averiguar a disponibilidade orçamentária do
contratado, em consonância com o disposto no art. 116,§ 1º, VII da Lei 8.666/1993.
Dessa forma, impende àquela instituição que formalize a alteração contratual, por meio de termo
aditivo, e que tome as medidas necessárias para que seja assegurado o volume de recursos suficientes
para a execução total da obra.
(...)
3.6.7 - Conclusão da equipe:
Considerando os fatos apresentados, justifica-se dar ciência à Caixa Econômica Federal das
impropriedades verificadas no processo do contrato de repasse em referência, de modo a promover a
correção das falhas apontadas. Ressalta-se que as impropriedades verificadas na análise do projeto
básico e do seu respectivo orçamento contribuíram para o atraso e abandono da obra em análise, fato
que comprova a necessidade de ajuste nas análises de contrato de repasse efetuadas pela Caixa por meio
da Gerência de Filial do Governo do Rio de Janeiro.
(...)
5 - CONCLUSÃO
As seguintes constatações foram identificadas neste trabalho:
(...)
Vale ressaltar que ainda não foi despendido nenhum recurso federal, já que a Caixa ainda não
autorizou nenhum saque da conta específica do contrato de repasse.
Como o contrato principal já está rescindido e nova licitação será realizada para consecução do
objeto, as propostas de encaminhamento foram no sentido de dar ciência das falhas verificadas de modo
a subsidiar as devidas correções.
Finalmente, apesar de não ter sido pago nenhum valor com os recursos depositados na conta
específica do Contrato de Repasse, lembra-se que já existe pedido de pagamento efetuado pela empresa
contratada. Assim, faz-se necessário o envio de cópia do Relatório, Voto e Acórdão para o Tribunal de
Contas Estadual do Rio de Janeiro, de modo a subsidiar a sua atuação específica.
6 - ENCAMINHAMENTO
Proposta da equipe
Ante o exposto, encaminhem-se os autos à consideração superior, propondo:
I) audiência, com fundamento no art. 43, II, da Lei 8443/1992, c/c o art. 250, IV, do Regimento
Interno/TCU, do Sr. Gilberto Secin, CPF 894.050.807-68, Superintendente de Engenharia/Seap, para
que, no prazo de quinze dias, a contar da ciência, encaminhe ao TCU razões de justificativa em virtude
de ter encaminhado para licitação planilha orçamentária para realização da Tomada de Preços n.
2/2009 contemplando itens em duplicidade gerando sobrepreço no valor de R$ 297.691,30, em afronta
aos arts. 6º, IX, f e 7º, § 4º da Lei 8.666/93; (3.1)
II) audiência, com fundamento no art. 43, II, da Lei 8443/1992, c/c o art. 250, IV, do Regimento
Interno/TCU, do Sr. Aprigio Freitas Neto, CPF 546.663.417-49, Engenheiro Civil/Seap, para que, no
prazo de quinze dias, a contar da ciência, encaminhe ao TCU razões de justificativa em virtude de ter
elaborado parecer técnico no qual omitiu a inclusão de novos itens na planilha orçamentária da
Tomada de Preços n. 2/2009, que contemplou itens em duplicidade gerando sobrepreço no valor de R$
297.691,30, em afronta aos arts. 6º, IX, f e 7º, § 4º da Lei 8.666/93; (3.1)
III) audiência, com fundamento no art. 43, II, da Lei 8443/1992, c/c o art. 250, IV, do Regimento
Interno/TCU, do Sr. André Luiz Batista da Cunha, CPF 387.099.887-34, Engenheiro Civil/Seap, para
que, no prazo de quinze dias, a contar da ciência, encaminhe ao TCU razões de justificativa em virtude
de ter elaborado parecer técnico no qual omitiu a inclusão de novos itens na planilha orçamentária da
Tomada de Preços n. 2/2009, que contemplou itens em duplicidade gerando sobrepreço no valor de R$
297.691,30, em afronta aos arts. 6º, IX, f e 7º, § 4º da Lei 8.666/93; (3.1)
IV) audiência, com fundamento no art. 43, II, da Lei 8443/1992, c/c o art. 250, IV, do Regimento
Interno/TCU, do Sr. Eduardo Stanec Frossard, CPF 323.639.907-49, Assistente Técnico I da Caixa, para
que, no prazo de quinze dias, a contar da ciência, encaminhe ao TCU razões de justificativa em virtude
de ter considerado apta a planilha orçamentária da Tomada de Preços n. 2/2009 contemplando itens em
duplicidade gerando sobrepreço no valor de R$ 297.691,30, aos arts. 6º, IX, f e 7º, § 4º da Lei 8.666/93;
(3.1)
539
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
c) aprovação de projeto básico com as seguintes falhas, em afronta ao disposto art. 6º, IX, da Lei
8666/1993, conforme tratado no item 3.3:
c.1) ausência dos projetos de fundação e da estação de tratamento de esgoto;
c.2) aprovação de projeto básico estrutural incompleto;
c.3) projetos sem assinatura dos responsáveis, sem Anotação de Responsabilidade Técnica;
d) ausência de aprovação do projeto básico pela autoridade competente, em afronta ao art. 7º, §
2º, I da lei 8.666/1993, conforme tratado no item 3.3;
VI) dar ciência à Caixa sobre as impropriedades listadas a seguir, verificadas no processo para
Reforma geral do Instituto Cândido Mendes, na cidade de Rio de Janeiro/RJ, com recursos do Contrato
de Repasse n. 238.689-48/2007:
540
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
a) conforme item 3.1, o orçamento apresentado para a realização do Tomada de Preços n. 2/2009
contemplou itens em duplicidade gerando sobrepreço no valor de R$ 297.691,30, o equivalente a 36,48%
do valor contratado, em afronta aos arts. 6º, IX, f e 7º, § 4º da Lei 8.666/93;
b) conforme item 3.6:
b.1) aprovação de projeto de arquitetura incompleto e ausência do relatório de projetos de
intervenções elétricas e hidrossanitárias, o que afronta respectivamente os itens 3.2.2.1.5, 3.2.2.1.7 e
3.2.2.1.8 do manual AE 099 000;
b.2) ausência da apresentação da composição do BDI, o que afronta os itens 4.2.7.5 do manual AE
099 000;
b.3) ausência de ART do projeto de reforma, o que afronta o item 3.2.3.6.1 do manual AE 099 000;
b.4) ausência de termo aditivo alterando o valor do Contrato de Repasse, em desconformidade com
o disposto no item 3.3.6 do manual AE 093 019, tendo em vista que ele é inferior ao valor total orçado
para execução da obra e que a contrapartida financeira do Estado do Rio de Janeiro não é suficiente
para assegurar a sua completa execução, em desacordo com o art. 116, § 1º, inciso VII, da Lei
8.666/1993.
VII) comunicar à Caixa a respeito das irregularidades verificadas nos itens 3.2, 3.3 e 3.4 deste
relatório, de modo a subsidiar sua análise na liberação de recursos para esse empreendimento,
anexando cópia do Relatório, Voto e Acórdão;
VIII) Encaminhar cópia do Relatório, Voto e Acórdão ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de
Janeiro, de modo a subsidiar sua atuação na fiscalização dos recursos estaduais envolvidos;
É o Relatório.
VOTO
Conforme relatado, embora tenham sido verificadas diversas falhas tanto elaboração do projeto
básico quanto na fiscalização da execução dos serviços, não há evidências da consumação de prejuízos
aos cofres públicos, máxime porque a Caixa Econômica Federal e o órgão responsável pela execução do
empreendimento anunciaram medidas corretivas e preventivas para as principais impropriedades
verificadas.
2. Dessa forma, acolho a conclusão da unidade técnica quanto à ausência, no caso presente, dos
elementos necessários à caracterização de irregularidade grave nos termos definidos pelo art. 94, §1º,
inciso IV, da Lei 12.309/2010 (Lei de Diretrizes Orçamentárias para o exercício de 2011), in verbis:
Art. 94. A programação constante do Projeto de Lei Orçamentária de 2011 e da respectiva Lei
poderá contemplar subtítulos relativos a obras e serviços com indícios de irregularidades graves,
permanecendo a execução física, orçamentária e financeira dos contratos, convênios, etapas, parcelas ou
subtrechos em que foram identificados os indícios condicionada à adoção de medidas saneadoras pelo
órgão ou entidade responsável e à previa deliberação da CMO.
§ 1° Para os efeitos desta Lei, entendem-se por:
(...)
541
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
1. Processo nº TC 017.264/2011-1.
2. Grupo II – Classe V – Assunto: Relatório de Auditoria (Fiscobras 2011)
3. Interessados/Responsáveis
3.1 Interessado: Congresso Nacional
4. Órgãos/Entidades: Caixa Econômica Federal - MF; Departamento Penitenciário Nacional -
SNJ/MJ; Governo do Estado do Rio de Janeiro.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
542
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
Vistos, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada no Departamento Penitenciário
Nacional – Depen –, na Caixa Econômica Federal e no Governo do Estado do Rio de Janeiro, no período
de 1/7/2011 e 29/7/2011, com enfoque nos procedimentos referentes à obra de reforma geral do Instituto
Penal Cândido Mendes, objeto do PT 14.421.0661.8914.0001/2011 - Apoio à Construção e Ampliação de
Estabelecimentos Penais.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
“1 - APRESENTAÇÃO
Atualmente, a favela ocupa uma área de 80.700,57 m², que se estende por cerca de 1.000 metros
lineares cortados pelo córrego do Sapé no sentido longitudinal e com número de domicílios estimado em
2.170 moradias.
Dessa forma, o Termo de Compromisso supra referenciado tem por objeto financiar a construção de
544
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
470 unidades habitacionais na favela do Sapé, dessas, 356 unidades serão dispostas em condomínios
verticalizados de até 07 pavimentos cada e o restante em edificações contendo 03 unidades habitacionais
cada uma (denominadas casas tripostas), bem como a urbanização da favela, dotando-a de infraestrutura
urbana como rede de água, esgoto, iluminação pública e drenagem, esta última envolvendo a canalização
do córrego do Sapé com gabiões e a implantação de parque linear ao longo do córrego com arborização e
áreas com equipamentos esportivos e de lazer.
2 - INTRODUÇÃO
2.1 - Deliberação
Em cumprimento ao Acórdão 2.435/2010 - Plenário, realizou-se auditoria na Prefeitura Municipal
de São Paulo - SP, Secretaria Executiva - Ministério das Cidades - Mici e Caixa Econômica Federal - MF,
no período compreendido entre 20/6/2011 e 22/7/2011.
Entre as razões que motivaram esta auditoria destaca-se o risco, pois, no TC 006.574/2011-4, foi
realizada auditoria nas obras de urbanização de favelas em São Paulo/SP - Lote 12, tendo sido
verificados, no edital, indícios de irregularidades graves com recomendação de paralisação bem como a
existência de outros 05 (cinco) lotes de obras de urbanização de favelas (Lotes 02, 04, 06, 11 e 13) em
que serão utilizados recursos federais, de um total de 15 (quinze) lotes, com editais de pré-qualificação e
concorrência seguindo o mesmo padrão do Lote 12.
Aliado ao fator risco, o edital em exame foi selecionado por se encontrar em fase incipiente de
execução, tendo sido medidos 1,7% do valor total contratado, conforme planilhas de medições fornecidas
pela PMSP em resposta ao Ofício de Diligência 273/2011-TCU/SECOB-3.
Cumpre registrar que, além do Lote 13, analisado neste processo, e do Lote 12, analisado no TC
006.574/2011-4, o Lote 06 está sendo analisado no TC 017.592/2011-9.
A PMSP dividiu a favela Sapé em duas partes: Sapé A e Sapé B, com áreas aproximadas de
26.500,00 m² e 54.200,00 m², respectivamente. O Lote 13 envolve as obras de urbanização e construção
de 214 unidades habitacionais dispostas em edifícios na favela Sapé B, financiadas com recursos federais
repassados por meio do Termo de Compromisso 0302.574-29/2009/MCidades/Caixa, e as obras de
urbanização da favela Águas Podres.
O empreendimento (urbanização da favela do Sapé) faz parte do PAC e envolve desde a drenagem
urbana até a construção de unidades habitacionais, passando, entre outros, pela construção da rede de
esgoto, de distribuição de água, pavimentação e sistema viário, canalização de córrego e paisagismo.
O valor total do Lote 13, correspondente ao valor do Contrato nº 23/2010-SEHAB, firmado com o
Consórcio Etemp/Croma, vencedor da Concorrência 13/2010-SEHAB, é de R$ 55.589.143,90 (base:
agosto/2010).
O valor total do investimento inicialmente previsto para as obras de urbanização da favela do Sapé,
545
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
No que diz respeito aos 14 lotes restantes, também relativos às obras do Programa de Urbanização
de Favelas, foi constatado que há previsão de recursos federais para os seguintes lotes:
Face à exiguidade do prazo para elaboração deste relatório e tomando-se por base os achados mais
relevantes apontados no relatório de fiscalização do Lote 12 (TC 006.574/2011-4), muito similar a este,
optou-se por focar esta auditoria na verificação da adequação das cláusulas editalícias e da suficiência das
informações constantes no projeto básico utilizado na licitação, não tendo sido analisada, portanto, a
planilha orçamentária das obras.
Assim, a partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo
aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:
- conferência de cálculos.
2.5 - VRF
O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 55.589.143,90. Este valor
corresponde ao do Contrato nº 23/2010-SEHAB, firmado com o Consórcio Etemp/Croma, vencedor da
Concorrência 13/2010-SEHAB.
3 - ACHADOS DE AUDITORIA
a) Existência de cláusula no edital impondo preço fixo para 19% do orçamento das propostas;
b) Vedação de uma mesma licitante vencer a concorrência de mais de um lote - 16 licitantes foram
pré-qualificadas à licitação de 15 lotes;
c) Exigência de que os serviços da qualificação técnica tivessem sido executados especificamente
em obras de urbanização de favelas;
d) Exigência de que a comprovação da qualificação técnica seja em um único contrato;
e) Quantitativos excessivos de alguns dos serviços exigidos na qualificação técnica;
547
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
A.1) Existência de cláusula no edital impondo preço fixo para 19% do orçamento das propostas
O edital da Concorrência 13/2010-SEHAB estipulou preço fixo para uma parcela significativa dos
serviços da planilha orçamentária, trazendo prejuízos à livre concorrência entre os licitantes e, por
conseguinte, à obtenção da proposta mais vantajosa para a Administração, tendo em vista que os
participantes do certame estavam impedidos de ofertarem descontos para os preços unitários de serviços
relativos a 19,10% do orçamento da licitação. Ademais os valores fixados não foram tecnicamente
fundamentados, impossibilitando, assim, que os licitantes pudessem avaliar a adequação dos preços
unitários impostos pela Prefeitura.
No caso em tela houve a fixação de preços no edital, de modo que os valores dos itens listados na
cláusula acima não podiam ser modificados nas propostas. Portanto, as licitantes não puderam conceder
margem alguma de desconto para esses itens do orçamento.
Consoante jurisprudência desta Corte de Contas, é ilegal a fixação de valores de insumos e serviços
que caracterize o estabelecimento de preço mínimo, pois compromete a seleção da proposta mais
vantajosa, desrespeitando os preceitos estabelecidos nos arts. 3º e 40, inciso X, da Lei 8.666/1993
(Acórdãos 775/2007-2a Câmara, 818/2008-2a Câmara, 87/2008-Plenário, 354/2008-Plenário, 363/2007-
Plenário, 1.891/2006-Plenário e 963/2004-Plenário, entre outros).
Conforme será exposto na sequência e no achado relativo a projeto básico deficiente, agrava essa
situação o fato de não existir a devida motivação técnica para os valores adotados pela Prefeitura em sua
planilha orçamentária. Itens como "Apoio Habitacional" e "Remoção de Interferências" possuem
descrição muito genérica e podem abranger uma grande variedade de serviços.
A falta de embasamento técnico para esses valores aliada à fixação dos respectivos preços unitários
a serem contratados trouxeram prejuízos à competição do certame, pois, se por um lado impediu que
licitantes ofertassem preços mais vantajosos, por outro pode ter inibido a participação de mais empresas
na disputa, em virtude da falta de segurança de estar submetida a um contrato do qual se desconhece a
contraprestação de uma parte relevante de seu orçamento.
Além desses casos, houve também a fixação indevida de serviços comuns da construção civil, para
os quais os proponentes poderiam ter ofertado preços diferenciados, de acordo com as vantagens
operacionais de cada uma dessas empresas. Os serviços "Descarga e Espalhamento de Material em Bota-
fora Licenciado/CETESB" e "Mobilização e Desmobilização de Canteiro" enquadram-se nessa situação.
A seguir é trazida uma explanação detalhada sobre cada um dos serviços de preço fixado pelo
548
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
edital, com vistas a demonstrar de forma específica a inadequação do critério adotado no instrumento
convocatório da Prefeitura de São Paulo.
Segundo o item 3.3 do Termo de Referência anexo ao edital, a remuneração desse serviço deve ser
feita da seguinte forma:
"Para as famílias atingidas pelas obras, está previsto o item APOIO HABITACIONAL, que
remunera os serviços referentes à verba de apoio habitacional e aluguel social, a saber:
- Verba de apoio habitacional - entende-se como o valor pago às famílias em caráter definitivo e
que não optarem pela alternativa 'unidade habitacional'.
- Aluguel social - entende-se como o valor pago a título de aluguel durante a execução das obras das
unidades habitacionais, para as famílias cadastradas que serão atendidas em unidades habitacionais
destinadas ao reassentamento.
Como pode se depreender do trecho extraído do Termo de Referência, esse item orçamentário
poderia envolver uma ampla variedade de serviços, desde o trabalho social, até serviços de engenharia
para construção de moradias provisórias, ou ainda pagamento de aluguel ou de verba definitiva para
famílias que não optarem pela alternativa "unidade habitacional".
Justamente pela grande variabilidade de situações possíveis e pela relevância financeira envolvida,
é que o preço unitário do item "Apoio Habitacional" deveria estar fortemente embasado em dados
técnicos e levantamentos da Prefeitura. Dessa forma seria possível aos licitantes o conhecimento da
situação, de modo que cada um pudesse elaborar seu plano de ataque e prever os serviços a serem
realizados com essa verba.
Ao contrário disso, conforme será relatado no achado referente a projeto básico deficiente, o
quantitativo de famílias foi estimado com base em levantamentos cadastrais desatualizados, que, após
terem sido revistos, apresentaram uma divergência a maior de 37% sobre o valor inicialmente estimado.
O preço unitário constante do orçamento da licitação também não foi devidamente fundamentado e
apresenta divergências em relação ao especificado no Termo de Referência. A composição de preço
unitário do serviço "37.43. Apoio Habitacional" indica custos relacionados a aluguel de residência, conta
de consumo de água, conta de consumo de energia elétrica e despesas com gás de cozinha, a serem
remunerados em "quantidade de família x mês". Tal detalhamento somente é compatível com o item
"Aluguel Social". Os demais itens indicados no Termo de Referência ("Verba de Apoio Habitacional e
"Alojamento ou Moradia Provisória") são incompatíveis com essa unidade de medição. Além da
contradição entre o Termo de Referência e a composição de preço unitário, falta no Projeto Básico a
motivação técnica e a memória de cálculo do valor fixado.
Cabem aqui algumas considerações adicionais acerca da divergência entre o Termo de Referência e
o orçamento do serviço.
549
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Nos termos do orçamento, em que está descrita uma remuneração por família a cada mês, é
questionável a necessidade de a Prefeitura contratar uma empresa construtora de obras para realizar
estritamente um repasse de recursos de caráter eminentemente social à população (pagamento de aluguel,
luz, água e gás). Se a PMSP intencionava, fixando o valor em licitação, garantir uma cota específica para
cada família, não se vislumbra a necessidade de fazê-lo por meio de uma construtora. Da mesma forma
como diversos outros programas sociais, a Prefeitura poderia realizar diretamente esse repasse à
população, sem ter que arcar com os custos do BDI cobrados pelas empreiteiras. Cabe a mesma
argumentação para o pagamento em definitivo de verba para famílias que não optassem pela alternativa
unidade habitacional
Ademais, o critério de medição dificulta o controle dos pagamentos, pois a medição será feita com
base nos quantitativos de famílias beneficiadas informados pelas contratadas, não sendo exigida a
apresentação de recibos dos beneficiários nem sequer a identificação e o CPF de quem está recebendo os
benefícios.
Ainda, segundo os parâmetros do Termo de Referência para esse item orçamentário, somente os
serviços relativos à construção de "Alojamento ou moradia provisória", seria compatível com a licitação
de obras. Para esse caso, entretanto, não caberia a fixação de preços, vez que as empreiteiras poderiam
ofertar preços diferentes, de acordo com a estratégia empresarial de cada proponente. Também seria
necessário que a Prefeitura detalhasse os serviços a serem prestados, especificando os materiais e padrões
a serem empregados.
Analisando a memória de cálculo da 5ª medição, verifica-se que foram pagos R$ 4.800,00 para seis
famílias e R$ 5.000,00 para uma família. Quando da auditoria do Lote 12 (TC 006.574/2011-4)
constatou-se que estavam sendo pagos às famílias da favela do Sapé A os mesmos R$ 4.800,00, referentes
a um ano de verba indenizatória de aluguel de R$ 400,00 (12 x R$ 400,00).
Assim, do mesmo modo que no lote 12, também no lote 13 enquanto se previa que as famílias
seriam remuneradas com R$ 536,15 por mês, com desembolso de R$ 723,80 pela Prefeitura, cada família,
na realidade, está recebendo R$ 400,00 por mês, ou seja, 25% a menos que o fixado pela PMSP.
Registre-se que, para efetuar o pagamento no valor solicitado pela contratada e compensar a
diferença do preço unitário contratado, a Prefeitura, em vez de seguir o procedimento descrito no critério
de medição do item, qual seja multiplicar o número total de famílias que recebeu a verba pela quantidade
de meses a que essa verba se destina, adotou o seguinte procedimento: dividiu o valor total que a
contratada pagou às famílias pelo custo unitário constante na planilha, obtendo, assim, um quantitativo
fictício de 63,04 famílias x mês.
Dessa forma, resta demonstrada a inadequação dos parâmetros utilizados para a contratação deste
serviço.
Segundo o Termo de Referência do anexo ao edital, esse item do orçamento remunera remoções de
interferências necessárias para a execução das obras, tais como retirada e/ou relocação de postes de fiação
elétrica, tubulações de gás, telefone, equipamentos de infraestrutura urbana, etc. Daí se depreende que
esse item pode ter uma variação de custo significativa, a depender da situação de cada assentamento
precário e do projeto a ser executado.
Conforme exposto no achado referente a projeto básico deficiente, este item está considerado como
verba, inexistindo qualquer projeto para identificação de quais interferências estariam sendo consideradas.
550
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
De acordo com o Termo de Referência anexo ao edital (item 3.4.7), para a quantificação desses serviços,
a Prefeitura adotou "...uma taxa de 5% do valor da obra que serão medidos conforme os itens já
existentes na planilha orçamentária OU PELA APROVAÇÃO DA SEHAB DE NOVOS PREÇOS". Ou
seja, em que pese o preço ter sido fixado na planilha, há previsão de que ele possa ser alterado no decorrer
da execução do contrato.
Assim como no item anterior, o preço unitário atribuído ao serviço "Remoção de Interferências"
não foi lastreado em estudos técnicos e levantamentos que permitissem aos licitantes avaliar se a previsão
de 5% do valor da obra seria uma remuneração adequada. Não se questiona a dificuldade de se realizar
prospecções em favelas ocupadas, mas sim a falta de demonstração com base em dados técnicos e
objetivos quanto à adequação do valor imposto pela Prefeitura, de forma que a minimizar a alteração dos
valores desses serviços durante a execução do contrato e propiciar aos licitantes dados para avaliação
crítica do custo estipulado.
A própria Prefeitura, ao prever que o valor do item orçamentário poderia ser alterado durante a
execução contratual, reconhece a variabilidade de preços unitários para o serviço. Sendo assim, não se
justifica a fixação desses valores nas propostas dos licitantes. Além disso, os parâmetros para obtenção do
custo estimado deveriam estar explícitos. Mais uma vez, demonstra-se que o binômio falta de motivação
técnica e fixação de preços trouxe prejuízos à competição no certame.
Questiona-se, ainda, o critério de medição deste serviço, pois não está discriminado como será feita
a medição, sendo que deveria ter sido estabelecido, pelo menos, um valor a ser medido para cada tipo de
remoção de interferências, por exemplo, remanejamento de postes, remanejamento por metro de rede de
água, de telefonia, etc. Além disso, no critério de medição deveria estar explícita a necessidade de a
contratada apresentar fotografias, atestadas pela fiscalização, que comprovem a existência de tais
interferências, de modo a impossibilitar às contratadas serem remuneradas por serviços que não
realizaram, uma vez que boa parte das interferências estão enterradas, sendo de difícil comprovação
depois de executadas.
Entende-se inadequada a fixação de seus custos, pois os salários pagos a estes profissionais variam
de empresa para empresa. Dessa forma, deveria ser permitido aos licitantes que ofertassem o preço desses
serviços em conformidade com a realidade das remunerações por eles praticadas.
É cediço que a quantidade e o porte destas construções dependem diretamente da política de cada
empresa, pois deve considerar, por exemplo, se serão construídos laboratórios na obra ou se serão
subcontratadas firmas especializadas neste serviço. Outro exemplo são as diretrizes da empresa para com
551
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
seus estoques, pois se for padrão dela trabalhar com estoques reduzidos de materiais, suas instalações de
almoxarifado também serão reduzidas. Também é bastante variável, o material a ser empregado na
construção desses canteiros (madeirites, chapas metálicas, contêineres, etc.)
Vale observar que estes serviços estão considerados em verba, inexistindo definição do tamanho
exato das instalações de canteiro. Ou seja, a contratada será remunerada pelo custo total estimado pela
PMSP ainda que opte por executar um canteiro de obras com dimensões reduzidas ou com materiais mais
simples.
Dessa forma, diante dessa grande possibilidade de variações nas formas e materiais de instalação de
canteiros, bem como de seus custos, deveria ter sido permitido que os licitantes ofertassem preços
diferenciados, de forma a poderem repassar à Administração a redução de custo decorrente de suas
vantagens competitivas. Assim, entende-se inadequada a fixação do custo desse item orçamentário, pois
se tratam de serviços presentes em todas as obras públicas, nas quais é permitida a variação desses custos
nas propostas dos licitantes, inexistindo razões que justifiquem essa fixação.
Conforme composição de preços unitários apresentada pela PMSP, o referido serviço corresponde à
"Disposição final de resíduos de construção civil (Classe A): solo e entulho de obra". Este serviço
também é comum em obras públicas e, face ao elevado volume de material que será depositado,
negociações diretas entre as licitantes e as empresas proprietárias de aterros poderiam permitir
significativas reduções no preço desse serviço.
Sendo assim, não há justificativa para fixar o preço desse serviço e proibir que as licitantes
ofertassem descontos para a Administração.
Consoante já exposto, a Sehab licitou de uma vez várias obras de urbanização de favelas,
distribuídas em 15 lotes, sendo que, nesta auditoria, estão sendo analisadas as obras do Lote 13 (favela
Sapé B). A participação nas respectivas concorrências estava condicionada à pré-qualificação das
licitantes, que, no caso do Lote 13, se deu por meio do edital de Pré-Qualificação CH-13/15/2009-
SEHAB, de 03/09/2009.
Registre-se que cada um dos 15 lotes teve seu próprio edital de pré-qualificação (Editais de Pré-
Qualificação CH-01/15/2009-SEHAB a CH-15/15/2009-SEHAB), publicados concomitantemente, com
cláusulas e exigências iguais (habilitação jurídica e qualificação técnica e econômico-financeira),
variando tão somente os quantitativos dos serviços exigidos na qualificação técnica.
Em que pese a admissibilidade do instituto da pré-qualificação, ele deve ser adotado com cautela,
pois eleva o risco de conluio entre as licitantes, uma vez que já se sabe de antemão quais empresas
poderão participar da concorrência. Nesse sentido, transcreve-se trecho do livro "Obras Públicas:
552
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Licitação, Contratação, Fiscalização e Utilização", autor Cláudio Sarian Altounian, editora Fórum:
"Cabe notar a especial atenção a ser dada quando da utilização desse procedimento [pré-
qualificação]. Se, por exemplo, número reduzido de empresas lograrem êxito na pré-qualificação, será
alto o risco de conluio quando da apresentação das propostas, visto que serão previamente conhecidos os
licitantes que poderão apresentar seus preços. Pior se houver apenas uma empresa pré-qualificada,
situação em que deixará de haver competitividade na apresentação dos preços. Nesses casos, a
Administração deverá avaliar a conveniência da revogação do certame, sob pena de não conseguir obter a
proposta mais vantajosa." (página 245, 2ª edição).
No presente caso, o excesso de cláusulas restritivas no edital da pré-qualificação (exposto nos itens
deste achado) fez com que, PARA OS QUINZE LOTES, 25 empresas ou consórcios de empresas
tentaram se pré-qualificar. Dessas, 09 licitantes foram inabilitadas para a participação de qualquer um dos
15 lotes (são elas: Consórcio HAP/Cowan, Consórcio Saenge/Piacentini, Consórcio CR Almeida/
Consbem, Construcap CCPS, Construtora Squadro, Telar Engenharia, Soebe Construções, Consórcio
Amafi/Stemag, Consórcio JRA/EME) e 16 foram pré-qualificadas.
B.1) Vedação de uma mesma licitante vencer a concorrência de mais de um lote - 16 licitantes
foram pré-qualificadas à licitação de 15 lotes
Como já exposto, apenas 16 licitantes se pré-qualificaram para a concorrência dos 15 Lotes, e como
cada uma somente poderia sagrar-se vencedora de um único lote, as licitantes formularam suas propostas
já sabendo que, à exceção de uma única empresa, todas as demais sagrar-se-iam vencedoras de algum
lote.
Resta assim, configurado o risco de não se obter a proposta mais vantajosa, pois as licitantes pré-
qualificadas não só sabiam de antemão quem eram suas concorrentes como ainda sabiam que apenas por
uma chance remota não sairia vencedora de nenhum dos lotes, ou seja, as licitantes não tinham motivação
suficiente para ofertar descontos relevantes se sabiam que tinham 93,75% de chances de ganhar algum
dos lotes licitados, motivo pelo qual se entende estar claramente prejudicada a competitividade do
certame.
Cita-se, como exemplo, o caso específico do Lote 13, em que embora 13 (treze) licitantes tenham
apresentado propostas, apenas 02 (duas) foram abertas, tendo sido todas as 11 (onze) demais propostas
devolvidas intactas às licitantes pelo fato de já terem se sagrado vencedoras nos demais lotes (vide quadro
resumo ao final deste achado). Ou seja, embora um número razoável de licitantes tenham apresentado
proposta para o Lote 13, somente 02 (duas) licitantes participaram efetivamente desse certame, tendo sido
obtido apenas 2,4% de desconto, o que deixa transparente o prejuízo à competitividade e explicita a
inadequação deste critério.
553
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
É de se ressaltar, ainda, que o desconto médio obtido nos 15 Lotes foi de 2%, ou seja, desconto
significativamente reduzido, que novamente indica que não se propiciou a devida competitividade no
certame.
Porém, se o intuito era de se garantir a execução concomitante de todos os lotes, a PMSP poderia ter
elaborado, por exemplo, critérios de habilitação cumulativos, compatíveis com as exigências
correspondentes à execução concomitante de mais de um lote, o que possibilitaria avaliar a capacidade de
uma mesma empresa ou consórcio licitante executar mais de um lote ao mesmo tempo.
Sendo assim, entende-se que a vedação de uma mesma licitante vencer a concorrência de mais de
um lote não se justifica, pois, pelo fatos ocorridos, verificou-se que este critério prejudicou a
competitividade do certame e, ainda, infringiu o princípio da seleção da proposta mais vantajosa para a
administração, bem como o caput e o inciso I do §1º do art. 3º da Lei 8.666/93.
B.2) Exigência de que os serviços da qualificação técnica tivessem sido executados especificamente
em obras de urbanização de favelas
Acerca da necessidade de que tenham sido executados em obras de urbanização de favelas, pode-se
observar que os serviços são todos típicos de engenharia, encontrados nas mais diversas obras, não
possuindo diferença em executá-los em obras de urbanização de favelas ou não. A título de
exemplificação citam-se os serviços de alvenaria, concreto, armação e instalações prediais, que são
554
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Assim, uma empresa que tenha experiência em remoção de famílias e também nos serviços de
engenharia exigidos, ainda que os tenha executado em outras obras (aeroportos, escolas, prédios, etc),
teria aptidão para executá-los todos em uma obra de urbanização de favela, pois o método construtivo é o
mesmo, não sofrendo interferência por ser executado ou não em favelas.
VOTO:
"Consoante anotou a unidade técnica em instrução inicial, no primeiro caso, havendo coincidência
da técnica construtiva, a exigência de atestado referente à construção de uma edificação numa favela, por
exemplo, afigurar-se-ia desnecessária, restringindo a competitividade do certame e violando a igualdade
entre as licitantes."
ACÓRDÃO:
Registre-se que esta irregularidade foi objeto de recursos e/ou impugnações pelas empresas
Construcap-CCPS Engenharia e Comércio S/A, SAENGE Engenharia de Saneamento e Edificações
Ltda., Construtora Piacentini Ltda., Telar Engenharia e Comércio Ltda., Egesa Engenharia S/A e Amafi
Comercial e Construtora Ltda., tendo a PMSP os indeferido (Atas de Reunião publicadas em 03/12/2009
e 05/12/2009), sob a alegação de que as exigências encontrariam amparo legal no inciso II do art. 30 da
Lei de Licitações, que preceitua que a documentação relativa à qualificação técnica deve se limitar à
comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características,
quantidades e prazos com o objeto da licitação.
Porém, a alegação da PMSP não procede, pois o órgão não levou em conta o § 5º daquele mesmo
artigo em que consta a vedação à exigência de comprovação de atividade ou de aptidão com limitações de
tempo ou de época ou ainda em locais específicos, ou quaisquer outras não previstas nesta lei, que inibam
a participação na licitação.
Ressalta-se que, por causa da exigência de que os serviços tenham sido comprovados todos em
obras de urbanização de favelas, oito das nove licitantes inabilitadas à participação de qualquer um dos 15
(quinze) lotes tiveram parte de seus atestados desconsiderados, senão vejamos:
Dessa forma, entende-se que a exigência de que os serviços da qualificação técnica sejam
comprovados em contratos de obras de urbanização de favelas com acompanhamento social e remoção ou
transferência de famílias infringiu o §5º do art. 30 da Lei 8.666/93 e restringiu a competitividade do
certame.
Os serviços exigidos para a comprovação da qualificação técnica variam entre serviços típicos de
obras de edificações (fundações, alvenaria, caixilhos, instalações prediais, armação e concreto), serviços
de terraplenagem (escavação mecânica e transporte de material), serviços típicos de obras de drenagem
(rede de drenagem em tubos de concreto e canalização de córregos), serviços de pavimentação
(pavimento asfáltico) e serviços de saneamento (rede coletora de esgoto e rede distribuidora de água).
No citado item do edital, consta que todos estes serviços devem ser comprovados em um único
contrato ou em contratos simultâneos, desde que atendidos os seguintes critérios:
- para os serviços de alvenaria, instalações prediais, rede externa de alimentação de energia elétrica,
construção de alojamentos provisórios, equipamentos urbanos, projetos executivos, armação em aço CA-
50 e/ou CA-60, concreto fck>=18MPa, caixilho metálico e fundação profunda, pelo menos 08 (oito)
destes 10 (dez) itens devem ser comprovados em um único contrato de urbanização de favela com pelo
menos 300 domicílios e que contemple a construção de no mínimo 60 unidades de habitações populares
em edificações com 5 (cinco) ou mais pavimentos, com acompanhamento social e remoção ou
transferência de no mínimo 60 famílias;
- para os serviços de demolição de concreto e/ou alvenaria, escavação mecânica e transporte de
material, redes de drenagem em tubos de concreto, pavimento asfáltico, canalização de córrego, muros de
contenção, rede coletora de esgoto e rede distribuidora de água, pelo menos 06 (seis) destes 08 (oito) itens
devem ser comprovados em um único contrato de urbanização de favela com pelo menos 300 domicílios,
com acompanhamento social e remoção ou transferência de no mínimo 60 famílias.
Como se observa, os serviços exigidos são tão distintos e independentes entre si, que dificilmente
são encontrados todos eles em um único contrato.
Vale ressaltar que, ainda que haja a possibilidade de comprovação de serviços em mais de um
contrato, por força do item 7.6.2.1 é necessário que quase todos eles tenham sido executados em um único
contrato.
Não se vislumbra, assim, motivos que justifiquem a necessidade de que esses serviços tenham
constado todos ou quase todos em um único contrato, pois uma empresa que, em um mesmo período,
tenha executado obras de pavimentação, obras de canalização de córregos e obras de edificações, ainda
que em contratos distintos, deterá capacitação técnica operacional para executar todos estes serviços
concomitantemente na obra em comento.
Novamente, registra-se que esta irregularidade foi objeto de recursos e/ou impugnações pelas
empresas Construcap-CCPS Engenharia e Comércio S/A, SAENGE Engenharia de Saneamento e
Edificações Ltda., Construtora Piacentini Ltda., Telar Engenharia e Comércio Ltda., Egesa Engenharia
S/A e Amafi Comercial e Construtora Ltda., tendo a PMSP os indeferido (Atas de Reunião publicadas em
03/12/2009 e 05/12/2009), sob a alegação de que as exigências encontrariam amparo legal no inciso II do
556
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Ressalta-se que a exigência de que todos ou quase todos os serviços tenham sido executados em um
único contrato foi um dos motivos que levou à inabilitação das seguintes licitantes para a participação de
qualquer um dos quinze lotes: Consórcio Saenge-Piacentini; Consórcio Hap-Cowan; Consórcio CR
Almeida-Consbem; Consórcio Amafi-Stemag e Consórcio Urbaniza (JRA-EME).
Desse modo, não bastasse a exigência de que os serviços da qualificação técnica tivessem sido
executados especificamente em obras de urbanização de favelas (exigência tratada no item anterior -
"B.2"), entende-se que a exigência de que a comprovação da qualificação técnica também seja em um
único contrato prejudicou ainda mais a competitividade do certame e restringiu o universo de licitantes
aptas a participarem da licitação.
"9.2. determinar à Prefeitura Municipal de Peixoto de Azevedo (MT) que, nas próximas licitações e
contratações custeadas com recursos federais:
9.2.4. para fins de comprovação da qualificação técnica dos licitantes, abstenha-se de estabelecer
percentuais mínimos acima de 50% dos quantitativos dos itens de maior relevância da obra ou serviço,
salvo em casos excepcionais, devidamente justificados no processo administrativo relativo à licitação,
previamente à publicação do respectivo edital, ou no próprio edital e em seus anexos, em observância ao
disposto nos arts. 37, XXI, da Constituição Federal; 3º, § 1º, I, e 30, II, da Lei nº 8.666/1993;".
- Item 7.6.2.1.A.a - Alvenaria de vedação em blocos de concreto e/ou alvenaria estrutural armada e
consolidada com concreto Grout (quantidade total da planilha = 46.413,31 m²; quantidade a ser
comprovada = 25.600 m² = 55%);
- Item 7.6.2.1.B.c - Redes de drenagem em tubos de concreto (quantidade total da planilha = 642 m;
quantidade a ser comprovada = 450 m = 70%);
Assim sendo, constata-se que os quantitativos de alguns dos serviços exigidos na qualificação
técnica excedem o limite de 50% aceito pela jurisprudência do TCU.
os quais deve ser comprovada a qualificação técnica profissional das licitantes são os mesmos constantes
na qualificação técnica operacional, definidos no subitem 7.6.2.1, porém sem os respectivos quantitativos.
Da análise do subitem 7.6.2.1, alíneas "A" e "B", verificou-se o seguinte serviço exigido na
qualificação técnica operacional, e por consequência na qualificação técnica profissional, que não possui
relevância financeira:
- Item 7.6.2.1.B.c - Redes de drenagem em tubos de concreto (valor total dos serviços relativos às
tubulações de concreto para drenagem = R$ 37.174,28 (0,07%)).
Consoante o art. 30 da Lei 8.666/93, corroborado pela jurisprudência deste Tribunal (Acórdãos
0657/2004-P, 1891/2006-P, 1771/2007-P, 2640/2007-P, 597/2008-P entre outros), os serviços exigidos na
qualificação técnica operacional e profissional devem possuir, simultaneamente, relevância técnica e
financeira.
Ainda nesse sentido, vale registrar a existência da Súmula TCU nº 263/2011, a qual preceitua que,
para a comprovação da capacidade técnico-operacional das licitantes, e desde que limitada,
simultaneamente, às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto a ser contratado, é legal a
exigência de comprovação da execução de quantitativos mínimos em obras ou serviços com
características semelhantes, devendo essa exigência guardar proporção com a dimensão e a complexidade
do objeto a ser executado.
Assim sendo, entende-se que a exigência de serviços sem relevância financeira na qualificação
técnica afronta o art. 30 da Lei 8.666/93 e a jurisprudência do TCU.
Comparando-se este valor com o adotado em licitações realizadas por outros órgãos para
contratações de objetos semelhantes, pode-se observar que este valor está acima do praticado.
administrativo da PMSP referente ao Lote 12, o Memorando 31A/HABI3/2009, elaborado pelo Diretor de
Divisão Técnica de Projetos e Obras, em que consta a seguinte justificativa para os índices econômicos
financeiros adotados:
"A avaliação da boa situação financeira de uma empresa se faz por meio de demonstração de
índices contábeis usualmente adotados, o de liquidez geral, liquidez corrente e grau de endividamento.
Estes índices serão os que estaremos adotando COM LIMITES MAIS RIGOROSOS PARA A
AVALIAÇÃO FINANCEIRA DAS EMPRESAS."
Vale observar que, embora o Memorando 31A/HABI3/2009 faça parte do processo administrativo
referente ao Lote 12, o expediente foi elaborado para justificar os índices adotados para os 15 (quinze)
lotes, haja vista terem os mesmos valores.
"Os valores dos índices exigidos nos editais em comento foram definidos levando-se em
consideração a realidade do segmento do mercado da construção de obras públicas, das peculiaridades das
obras licitadas e as necessidades da Administração Pública Municipal, porém sem ferir o caráter
competitivo dos certames.
(...)
Os valores adotados nos Editais das Pré-Qualificações em análise são usualmente requeridos nas
licitações de obras públicas de diversos órgãos federais, estaduais e municipais, tais como DER/SP
(Regulamento para Licitação e Contratação de Obras e Serviços de Engenharia), o CDHU (conforme o
edital da Concorrência nº 003/10), DERSA (exemplificado pelo edital da Concorrência nº 020/2010),
etc."
Porém, discorda-se da alegação da PMSP, pois, como se pode notar, os argumentos apresentados
foram genéricos, não tendo sido apresentados elementos que justifiquem a adoção de valores acima dos
usuais em obras semelhantes.
Para o citado edital da Concorrência 003/10 do CDHU, pode-se observar que o índice de liquidez
corrente daquele edital também era 1,0 (item 14.1.4 daquele edital), ou seja, inferior ao adotado pela
PMSP, o que corrobora o apontado.
Dessa forma, entende-se que o valor dos índices de liquidez adotados restringiu o caráter
competitivo da licitação, indo de encontro ao art. 3º, §1º, inciso I, da Lei nº 8.666/93.
3.1.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
(IG-C) - Contrato 23/2010-SEHAB, 22/12/2010, Execução das obras do Programa de
Urbanização de Favelas Lote 13 (Sapé B e Águas Podres), no âmbito da coordenação de habitação da
SEHAB, integrada pela Superintendência de Habitação Popular HABI, pelo Programa Mananciais e pelo
Departamento de Regularização do Parcelamento do Solo - RESOLO., Consórcio Etemp/Croma.
Negligência - Não observação das vedações e limites da Lei 8.666/93 e da jurisprudência do TCU
quanto à obrigatoriedade de possibilitar que as licitantes ofertassem descontos em todos os itens da
planilha e quanto às limitações das exigências contidas nas cláusulas da qualificação técnica e na
qualificação econômico-financeira.
3.1.5 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Aquisições sem o devido caráter competitivo (efeito real) - Possibilidade de não selecionar a
proposta mais vantajosa para a Administração.
3.1.6 - Critérios:
Constituição Federal, art. 37, inciso xxi
Lei 8666/1993, art. 3º; art. 27; art. 30; art. 31; art. 40
3.1.7 - Evidências:
Edital Pré-Qualificação - Urbanização de Favelas - Lote 13.
Edital da Concorrencia 13_2010 - Lote 13.
Termo de Referência.
Composição de preço unitário do item 37.43 Apoio Habitacional.
5a Medicao com memoria de calculo.
Planilha de Referência - Lote 13 - Sapé B e Águas Podres.
Composicao de preco unitario item 45-52 Descarga e Espalhamento de material em bota-fora.
Ata de reunião publicada em 03-12-2009 folha 01-02.
Ata de reunião publicada em 03-12-2009 folha 02-02.
Ata de reunião publicada em 05-12-2009.
Oficio 437_HABI_G_2011.
Análise Técnica de julgamento da pré-qualificação - Lote 1.
Análise Técnica de julgamento da pré-qualificação - Lote 2.
Análise Técnica de julgamento da pré-qualificação - Lote 3.
Análise Técnica de julgamento da pré-qualificação - Lote 4.
Análise Técnica de julgamento da pré-qualificação - Lote 5.
Análise Técnica de julgamento da pré-qualificação - Lote 6.
Análise Técnica de julgamento da pré-qualificação - Lote 7.
Análise Técnica de julgamento da pré-qualificação - Lote 8.
Análise Técnica de julgamento da pré-qualificação - Lote 9.
Análise Técnica de julgamento da pré-qualificação - Lote 10.
Análise Técnica de julgamento da pré-qualificação - Lote 11.
Análise Técnica de julgamento da pré-qualificação - Lote 12.
Análise Técnica de julgamento da pré-qualificação - Lote 13 - Análise Técnica de julgamento da
pré-qualificação - Lote 13.
Análise Técnica de julgamento da pré-qualificação - Lote 14.
Análise Técnica de julgamento da pré-qualificação - Lote 15.
Concorrência_15-11-CDHU-SP.
Concorrencia 015-2007-SMH-RJ.
Concorrência 03-10-CDHU-SP.
Aprovação jurídica do edital da pré-qualificação - Aprovação jurídica do edital da pré-qualificação
(fl de informação 130).
Ata Homologação da Pré-qualificação.
Memorando_31A-HABI-3_2009-PMSP.
3.1.8 - Conclusão da equipe:
Pelo exposto, foi verificada a existência, no edital da Concorrência 13/2010/SEHAB, de cláusula
que estipulava serviços com preços fixos na planilha, ou seja, serviços para os quais as licitantes não
poderiam ofertar descontos, serviços estes que representam juntos 19% do valor total constante na
planilha orçamentária anexa ao edital. Além disso, verificou-se a presença, no edital da Pré-Qualificação
CH-13/15/2009-SEHAB, que antecedeu a Concorrência 13/2010/SEHAB, de cláusula vedando uma
560
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
mesma licitante de vencer a concorrência de mais de um lote, fazendo com que as licitantes tenham
formulado suas propostas já sabendo que, uma vez que havia 15 lotes e 16 licitantes pré-qualificadas,
apenas uma única licitante pré-qualificada não se sagraria vencedora de nenhum dos lotes, ou seja, apenas
por uma chance remota ela não sairia adjudicatária de nenhum lote. No caso específico do Lote 13,
embora 13 (treze) licitantes tenham apresentado propostas, apenas 02 (duas) foram abertas, tendo sido
todas as 11 (onze) demais propostas devolvidas intactas às licitantes pelo fato de já terem se sagrado
vencedoras em algum outro lote licitado, o que deixa claro que este critério trouxe prejuízos à
competitividade do certame. Ainda acerca do edital da Pré-Qualificação CH-13/15/2009-SEHAB, foram
verificados também os seguintes indícios de restrição à competição: exigência de que os serviços da
qualificação técnica tivessem sido executados especificamente em obras de urbanização de favelas;
exigência de que a comprovação da qualificação técnica seja em um único contrato; quantitativos
excessivos de alguns dos serviços exigidos na qualificação técnica; exigência de serviços sem relevância
financeira na qualificação técnica operacional e profissional; e valores excessivos dos índices econômico-
financeiros.
Além disso, face às deficiências verificadas nos critérios de medição de alguns itens de serviço e
visando melhorar os controles da Administração e minimizar os riscos de pagamentos indevidos e
superfaturamentos, serão propostas determinações à PMSP para que promova alterações nos critérios de
medições dos itens de serviço discriminados a seguir:
adotou, consideradas as circunstâncias que o cercavam, pois deveria o responsável, para o edital da Pré-
Qualificação n° CH-13/15/2009, i) ter possibilitado uma mesma empresa vencer a concorrência de mais
de um lote; ii) abster-se de exigir que os serviços da qualificação técnica tivessem sido executados
especificamente em obras de urbanização de favelas; iii) abster-se de exigir que a comprovação da
qualificação técnica seja em um único contrato.
O item de serviço mais significativo da planilha orçamentária anexa ao edital é o item Apoio
Habitacional, cuja unidade de medida é quantidade de família x mês, e o preço total é de R$ 4.475.690,10
(já incluído o BDI de 35%), que representa 8,27% do preço total estimado para as obras.
Em que pese a relevância deste item de serviço, verificou-se que ele está baseado em estimativas
desatualizadas de quantidades de famílias, conforme se passa a demonstrar.
Ainda no Memorial Descritivo, consta a informação de que o número de moradias deverá ser
atualizado de acordo com os Projetos Executivos e Levantamento Planialtimétrico Cadastral a serem
realizados.
domicílios da favela do Sapé seria de 2.427 moradias, ou seja, 37% a mais que o estimado no edital.
Ressalta-se que a estimativa de moradias existentes na favela é o principal dado a ser considerado
na elaboração do projeto básico, pois esta informação norteará a quantidade de novas unidades
habitacionais que deverão ser construídas, bem como a quantidade de famílias a serem remanejadas, e,
por causa desse acréscimo do número de moradias da favela, os projetos básicos utilizados na licitação
deverão sofrer significativas alterações, pois deverá ser aumentada a quantidade de unidades habitacionais
a serem construídas para atender a este acréscimo de famílias.
Dessa forma, constata-se que o projeto básico utilizado na licitação foi elaborado com base em
quantitativos desatualizados do número de domicílios existentes, o que resultará no aumento do valor da
obra por ocasião de aditivos.
Dentre os serviços de maior relevância financeira das obras, estão os serviços referentes à remoção
e/ou remanejamento de interferências, que, somando os itens constantes nas obras do Sapé B e Águas
Podres, totalizam R$ 2.550.051,62, ou seja, quase 5% do valor previsto para as obras.
Na planilha, estes serviços estão sendo considerados como verba. Compulsando o processo
administrativo da PMSP, não se localizou nenhum desenho relativo a estas interferências, senão a
seguinte informação no Termo de Referência anexo ao edital:
Para a quantificação destes serviços, foi adotada uma taxa de 5% do valor de cada obra, que serão
medidos conforme os itens já existentes na planilha orçamentária ou pela aprovação da Sehab de novos
preços. Este parâmetro foi adotado a partir de experiência desta Secretaria em obras semelhantes
executadas anteriormente, a partir das quais foi possível apurar a quantidade de ocorrências desta
natureza."
Como se verifica, não se tem o conhecimento de quais são as interferências a serem remanejadas,
nem se de fato elas existem ou são necessárias. Ou seja, o valor previsto para o remanejamento de
interferências não está embasado em quantitativos de serviços a executar, mas sim em taxas empíricas
estimadas pela Sehab, em infringência ao inciso IX do art. 6º e art. da Lei 8.666/93. Sendo assim, o
contratado não tem conhecimento daquilo que terá de executar e nem do preço pelo qual será remunerado.
Por sua vez, a administração também não tem conhecimento dos serviços que deverá receber. Tal situação
possibilita a celebração de aditivos, dada a imprevisibilidade do serviço contratado.
C) Ausência de sondagens
O projeto básico das obras da favela do Sapé B prevê a construção de 19 (dezenove) edifícios,
564
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
sendo 12 (doze) deles com 06 (seis) pavimentos e 07 (sete) deles com 05 (cinco) pavimentos.
Face à grande quantidade de construções e ao porte dessas novas construções, é imprescindível que
se façam investigações geotécnicas para subsidiar a definição das fundações.
Além disso, consta no escopo do contrato a pavimentação de vias. Neste caso, também se faz
necessária a realização dessas investigações geotécnicas para conhecimento das características do solo
que suportará o tráfego existente, viabilizando, assim o cálculo das espessuras das camadas do pavimento.
Porém, quando da auditoria do Lote 12 (TC 006.574/2011-4), verificou-se que não haviam sido
realizados ensaios geotécnicos (sondagens) na favela do Sapé de modo a viabilizar as definições acima
expostas. Tanto é assim que as sondagens estão sendo previstas na planilha das obras, dentro do grupo de
serviços "Serviços geotécnicos complementares".
Ainda corroborando essa informação, transcreve-se trecho do item 3.4 do Termo de Referência
anexo ao edital:
(...)
Deverá ser executada campanha de sondagens para a confirmação e detalhamento do tipo mais
adequado de profundidade a ser atingida pelas estruturas e soluções de projeto, tais como fundações,
terraplenagem e contenções de médio e grande porte."
Assim, verifica-se que, em vez de as sondagens terem sido realizadas previamente ao projeto básico
das obras, elas foram incluídas na planilha para ficar a cargo da futura contratada, quando da elaboração
do projeto executivo das obras, motivo pelo qual se entende infringido o inciso IX do art. 6º da Lei
8.666/93.
Preliminarmente, cumpre registrar que o projeto básico de fundações e de estrutura é projeto padrão
da PMSP para as obras de urbanização de favelas.
Nesse projeto básico consta a informação de que as fundações deverão ser executadas em estacas
pré-moldadas (folha 02-46 do projeto de estruturas), porém não há informação acerca do comprimento
destas estacas.
Portanto, o projeto básico não contemplou solução definitiva para o projeto de fundação,
principalmente em razão da ausência dos estudos geotécnicos necessários.
Adicionalmente, analisando a planilha orçamentária, pode-se verificar que, em vez de estacas pré-
moldadas de concreto, estão sendo previstas estacas escavadas tipo hélice contínua de diâmetro 30 cm,
cujo custo é 21% superior ao da estaca pré-moldada prevista no projeto básico (fonte: tabela de custos da
própria PMSP).
565
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Portanto, ficam caracterizadas divergências nos tipos de fundações previstos no projeto básico e
constantes na planilha orçamentária.
Dentre os documentos constantes no projeto básico utilizado, constam os desenhos estruturais dos
edifícios e das casas tripostas, que, conforme já registrado, são desenhos padrão da PMSP para as obras
de urbanização de favelas. Porém, observaram-se incompatibilidades nos projetos de arquitetura e de
estrutura, conforme exposto a seguir.
Com relação aos condomínios verticais (edifícios), nos desenhos estruturais constam apenas os
detalhamentos da estrutura de um edifício de 07 (sete) pavimentos, enquanto que o desenho de
implantação do Sapé B prevê que serão construídos 12 (doze) edifícios com 06 (seis) pavimentos e 07
(sete) com 05 (cinco) pavimentos. Portanto, não há projeto estrutural para específico para edifícios com
os números de pavimentos previstos, apenas para edifícios de sete pavimentos. Vale observar que, no
caso do método construtivo adotado (alvenaria estrutural), quanto maior a quantidade de pavimentos,
maior também é a necessidade de colunas grauteadas para suportar o peso dos edifícios e, por
consequência, de armadura para estas colunas.
Além disso, o desenho de estrutura considera um bloco com quatro edifícios geminados, enquanto
que no desenho de implantação e de arquitetura estão consideradas a construção de edifícios unitários ou
blocos geminados com dois edifícios, ou seja, nenhum geminado com quatro edifícios.
Desse modo, conclui-se que os desenhos estruturais não condizem com os desenhos arquitetônicos e
de implantação das obras.
Diante das deficiências ora apontadas no projeto básico, entende-se que não poderia servir de base
para a licitação, pois não atende às exigências estabelecidas pela lei 8.666/93.
3.2.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
(IG-C) - Contrato 23/2010-SEHAB, 22/12/2010, Execução das obras do Programa de
Urbanização de Favelas Lote 13 (Sapé B e Águas Podres), no âmbito da coordenação de habitação da
SEHAB, integrada pela Superintendência de Habitação Popular HABI, pelo Programa Mananciais e pelo
Departamento de Regularização do Parcelamento do Solo - RESOLO., Consórcio Etemp/Croma.
93679491891."
4 - ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS
1) A definição do Ministro-Relator seguiu o disposto no art. 18-A da Resolução-TCU nº175, de
25/5/2005, a seguir transcrito:?
?
"Art. 18-A – Os processos constituídos em razão de fiscalização de obras públicas serão
distribuídos ao Relator que detiver em sua lista de unidades jurisdicionadas a unidade da federação em
que esteja localizada a obra."
?
2) Por meio do TC 016.779/2011-8, a Sra. Lisiane C. Braecher, Procuradora da República no
Estado de São Paulo, solicitou informações acerca da fiscalização das obras de urbanização de favelas no
Município de São Paulo/SP. Assim, em atendimento àquela solicitação de informações, será proposto o
envio do Acórdão que vier a ser prolatado neste processo, juntamente com o respectivo Relatório e Voto
que o embasarem.
3) Face à exiguidade do prazo para elaboração deste relatório e tomando-se por base os achados
mais relevantes apontados no relatório de fiscalização do Lote 12 (TC 006.574/2011-4), muito similar a
este, optou-se por focar esta auditoria na verificação da adequação das cláusulas editalícias e da
suficiência das informações constantes no projeto básico utilizado na licitação, não tendo sido analisada,
portanto, a planilha orçamentária das obras. Assim, será proposta determinação à Secob-3 para que
analise a adequação dos preços contratados, confrontando-os com os preços do Sinapi, em conjunto com
o exame das oitivas ora propostas.
5 - CONCLUSÃO
As seguintes constatações foram identificadas neste trabalho:
Como principal benefício destacam-se melhorias na forma de atuação da Administração, pois serão
propostas medidas de modo a melhorar o controle da Administração sobre alguns itens de serviço,
minimizando, assim, os riscos de pagamentos indevidos e superfaturamentos. Outro benefício desta
auditoria é o fornecimento de subsídios para atuação do Congresso Nacional.
excessivos de alguns dos serviços exigidos na qualificação técnica; exigência de serviços sem relevância
financeira na qualificação técnica operacional e profissional; e valores excessivos dos índices econômico-
financeiros.
Acerca do achado projeto básico deficiente ou desatualizado (3.2), foram identificados os seguintes
indícios de irregularidade: projeto baseado em premissa desatualizada (quantidade de moradias prevista
inferior à quantidade real); ausência de projeto de remoção de interferências; ausência de sondagens;
ausência de solução definitiva de fundações e divergência com a planilha orçamentária e projeto
estrutural deficiente.
Além disso, face às deficiências verificadas nos critérios de medição de alguns itens de serviço e
visando melhorar os controles da Administração e minimizar os riscos de pagamentos indevidos e
superfaturamentos, serão propostas determinações à PMSP para que promova alterações nos critérios de
medições dos itens de serviço discriminados a seguir:
6 - ENCAMINHAMENTO
Proposta da equipe
Ante todo o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmo. Sr. Ministro-
Relator Raimundo Carreiro, com as seguintes propostas:
6.1. Promover as oitivas da Prefeitura Municipal de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de
Habitação, do consórcio contratado, formado pelas empresas Etemp Engenharia Indústria e Comércio
Ltda (CNPJ 53.063.798/0001-87) e Construtora Croma Ltda (CNPJ 62.601.000/0001-02), da Caixa
Econômica Federal, do Ministério das Cidades e do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
para que, se assim desejarem, manifestem-se, no prazo de 15 (quinze) dias, acerca dos seguintes indícios
de irregularidade, facultando à Prefeitura Municipal de São Paulo manifestar-se também acerca da
adequação da definição das responsabilidades constantes no texto daqueles achados.
6.1.1. Restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados de habilitação e
julgamento (3.1).
6.1.2. Projeto básico deficiente ou desatualizado (3.2).
6.2. Determinar à Prefeitura Municipal de São Paulo (CNPJ 46.395.000/0001-39), por meio da
Secretaria Municipal de Habitação, com base no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/1992 e no art. 202,
569
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
inciso IV do Regimento Interno/TCU, que, face às deficiências verificadas nos critérios de medição e
pagamento de alguns itens de serviço e visando melhorar os controles da Administração e minimizar os
riscos de pagamentos indevidos e superfaturamentos, implemente, entre outras medidas, os seguintes
procedimentos de controle para fins de medição e comprovação da execução dos itens de serviço
discriminados a seguir, constantes no Contrato 23/2010-SEHAB:
6.3. Determinar à Secob-3 que analise a adequação dos preços contratados, confrontando-os com os
preços do Sinapi, em conjunto com o exame das oitivas ora propostas.
6.4. Encaminhar à Sra. Lisiane C. Braecher, Procuradora da República no Estado de São Paulo, em
atendimento à solicitação de informações constante no TC 016.779/2011-8, cópia do Acórdão que vier a
ser prolatado neste processo, juntamente com o respectivo Relatório e Voto que o embasarem.
É o Relatório.
VOTO
Trago à apreciação deste Colegiado Relatório de Auditoria realizada, por força do Acórdão
2.435/2010-Plenário, na Prefeitura Municipal de São Paulo - PMSP, no período de 20/6 a 22/7/2011, com
o objetivo de fiscalizar as obras de urbanização da favela do Sapé B em São Paulo/SP, integrantes do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
2. A favela do Sapé assenta-se em área de 80.700,57 m² e estima-se que tenha 2.170 moradias. O
objeto do Termo de Compromisso 0302.574-29/2009/MCidades/Caixa é o financiamento de 470 unidades
habitacionais com urbanização da favela do Sapé que inclui rede de água, esgoto, iluminação pública e
drenagem, sistema viário e paisagismo, além de áreas destinadas ao esporte e ao lazer. As obras da favela
Sapé A, com área de cerca de 26.500,00 m², foram examinadas no âmbito do TC 006.574/2011-4 e fazem
parte do Lote 12 do Programa de Urbanização de Favelas, em São Paulo/SP. Nessa oportunidade, foram
identificados no edital indícios de irregularidades graves com recomendação de paralisação das obras.
Essas conclusões, entretanto, não foram acolhidas por este Relator.
570
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
3. Tal risco, em contratação similar, porém, motivou a realização desta Auditoria na favela Sapé B,
correspondente ao Lote 13 do Programa de Urbanização de Favelas, em São Paulo/SP, com previsão de
construção de 214 unidades habitacionais. Ademais, a execução das obras relativas a esse lote (Edital de
Concorrência n° 13/2010-SEHAB, no valor de R$ 54.144.660,26 - data-base jan/2010, com pré-
qualificação realizada por meio do Edital nº CH-13/15/2009) ainda se encontrava no início, uma vez que
somente tinham sido medidos 1,7% do valor contratado. O Contrato nº 23/2010-SEHAB, firmado com o
Consórcio Etemp/Croma, vencedor da Concorrência 13/2010-SEHAB, é de R$ 55.589.143,90, com base
em agosto/2010.
5. Impende destacar que, levando-se em conta o curto espaço de tempo que dispunha a Secob-3 para
a conclusão do relatório de fiscalização, o objeto desta Auditoria restringiu-se à análise da adequação das
cláusulas editalícias e da adequabilidade das informações constantes no projeto básico utilizado na
licitação, tendo como suporte os achados relativos ao Lote 12 (TC 006.574/2011-4) similares aos
apontados neste processo, com prejuízo do exame da planilha orçamentária das obras.
7. Além disso, há outras cláusulas restritivas à competitividade, a saber: a) vedação de uma mesma
licitante vencer a concorrência de mais de um lote; b) exigência de que os serviços da qualificação técnica
tivessem sido executados especificamente em obras de urbanização de favelas; c) exigência de que a
comprovação da qualificação técnica seja em um único contrato; d) quantitativos excessivos de alguns
dos serviços exigidos na qualificação técnica; e) exigência de serviços sem relevância financeira na
qualificação técnica operacional e profissional; f) valores excessivos dos índices econômico-financeiros.
8. No que tange ao projeto básico utilizado na Concorrência 012/2010-SEHAB, verifica-se o que
segue: projeto baseado em premissa desatualizada (quantidade de moradias prevista inferior à quantidade
real); ausência de projeto de remoção de interferências; ausência de sondagens; fundações inexistência de
solução definitiva, divergências com a planilha orçamentária e projeto estrutural deficiente.
9. Por essas razões, propõe a Secob-3 promover as oitivas da Prefeitura Municipal de São Paulo,
por meio da Secretaria Municipal de Habitação, da Caixa Econômica Federal, do Ministério das Cidades
e do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e das empresas do consórcio contratado, além de
determinar à PMSP que faça as adequações indispensáveis à melhoria das condições de execução do
Contrato nº 23/2010-SEHAB.
10. Impende destacar que as irregularidades destacadas nestes autos não estão abrangidas no
conceito da irregularidade grave ínsito na LDO/2011, o que enseja a continuidade das obras do Lote 13,
favela Sapé B, diferentemente da situação encontrada na execução das obras do Lote 12, favela Sapé A,
de acordo com o descrito brevemente no item 2 deste Voto..
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
1. Processo TC 017.591/2011-2
2. Grupo I, Classe de Assunto V – Relatório de Auditoria
3. Interessado: TCU
4. Entidades: Prefeitura Municipal de São Paulo – SP (CNPJ 46.395.000/0001-39), Secretaria
Executiva - Ministério das Cidades - Mici e Caixa Econômica Federal - MF
4.1. Responsáveis: Gilberto Kassab, Prefeito do Município de São Paulo; Jorge Fontes Hereda,
Presidente da Caixa Econômica Federal; Roberto de Oliveira Muniz, Secretário Executivo do Ministério
das Cidades
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Secob-3
8. Advogados constituídos nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Auditoria realizada, por força do
Acórdão 2.435/2010-Plenário, na Prefeitura Municipal de São Paulo, no período de 20/6 a 22/7/2011,
com o objetivo de fiscalizar as obras de urbanização da favela do Sapé B em São Paulo/SP,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. promover as oitivas da Prefeitura Municipal de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal
de Habitação, da Caixa Econômica Federal, do Ministério das Cidades e do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão para que manifestem-se, no prazo de 15 (quinze) dias, acerca dos seguintes indícios
de irregularidade, facultando à Prefeitura Municipal de São Paulo pronunciar-se também acerca da
adequação da definição das responsabilidades constantes do Relatório;
9.1.1. restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados de habilitação e
julgamento;
9.1.2. projeto básico deficiente ou desatualizado;
9.2. abrir prazo de 15 (quinze) dias para que o consórcio contratado, formado pelas empresas Etemp
Engenharia Indústria e Comércio Ltda. (CNPJ 53.063.798/0001-87) e Construtora Croma Ltda. (CNPJ
62.601.000/0001-02), se assim o desejar, manifeste-se acerca dos indícios de irregularidades apontados
nos itens 9.1.1 e 9.1.2;
9.3. determinar à Prefeitura Municipal de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de
Habitação, com base no art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/1992 e no art. 202, inciso IV do Regimento
Interno/TCU, que:
9.3.1. face às deficiências verificadas nos critérios de medição e pagamento de alguns itens de
serviço e visando melhorar os controles da Administração e minimizar os riscos de pagamentos indevidos
e superfaturamentos - implemente, entre outras medidas, os seguintes procedimentos de controle para fins
de medição e comprovação da execução dos itens de serviço discriminados a seguir, constantes no
Contrato 23/2010-SEHAB:
9.3.1.1. Apoio Habitacional: inclua, como condição necessária à medição, a necessidade de
apresentação de recibo assinado pelo chefe da família que recebeu a quantia paga a título de reembolso de
572
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
aluguel, constando a respectiva identificação deste (nome e CPF), bem como o valor por ele recebido.
9.3.1.2. Remoção de Interferências: inclua, como condição necessária à medição, a necessidade de
apresentação de registro fotográfico, com o ateste da fiscalização, de todas as interferências remanejadas
e proceda à definição do custo para remanejamento de cada uma das interferências (custo por unidade de
poste remanejado, custo por metro de rede de água / esgoto / telefonia / elétrica, etc).
9.3.1.3. Mobilização e Desmobilização do Canteiro de Obras: proceda à definição do custo por m²
de canteiro e somente efetue medições à contratada dos quantitativos efetivamente executados.
9.3.2. encaminhe ao TCU, no prazo de 60 dias, os documentos referidos no item 9.3.1
acompanhados das respectivas medições dos serviços.
9.4. determinar à Secob-3 que analise a adequação dos preços contratados, confrontando-os com os
preços do Sinapi, em conjunto com o exame das oitivas ora propostas;
9.5. encaminhar aos órgãos e empresas indicados nos itens 9.1. e 9.2, cópia deste Acórdão, bem
como do Relatório e Voto que o fundamentam, para que subsidiem as suas manifestações;
9.6. encaminhar à Sra. Lisiane C. Braecher, Procuradora da República no Estado de São Paulo, em
atendimento à solicitação de informações constante no TC 016.779/2011-8, cópia deste Acórdão, bem
como do Relatório e Voto que o fundamentam;
9.7. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que não foram detectados indícios de irregularidades que se enquadram no disposto no inciso IV
do § 1º do art. 94 da Lei 12.309/2010 (LDO/2011), no Contrato nº 23/2010-SEHAB, firmado no âmbito
do Termo de Compromisso nº 0302.574-29/2009/MCidades/Caixa, relativo aos serviços de urbanização
de favelas no município de São Paulo/SP, na obra favela do Sapé.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
Responsáveis: Agamenon Rodrigues do Prado (220.387.791-04); Ana Maria Chaves Faustino Tiete
(450.499.478-04); Farid Badlallad Bahmad (108.977.471-00); Federação dos Trabalhadores Nas
Indústrias da Construção e do Mobiliário de Mato Grosso do Sul (26.856.732/0001-71); Fábio Portela
Machinski (164.466.581-68); Jane Aparecida da Silva (201.663.201-10); José Luiz dos Reis
(422.152.691-20); João Gomes de Araújo (273.161.491-91); Maria José de Moraes (501.152.001-34);
Pedro Aloísio Vendramini Duran (005.261.048-99); Sônia Savi (202.226.531-91); Terezinha Lopes
Chaves (199.945.161-91); Thirza Gomes Coelho (331.848.361-34); Zenite Dantas da Silva (178.161.301-
04)
Interessado: Ministério do Trabalho e Emprego (vinculador) ()
Advogado(s) constituído(s) nos autos: Maria Celeste da Costa e Silva (OAB/MS nº 3.281) e José
Valeriano de S. Fontoura (OAB/MS nº 6.277).
2. Constatado nos autos que o Recorrente não exerceu o cargo que gerou sua responsabilidade,
impõe-se prover seu recurso e julgar regulares suas contas.
RELATÓRIO
DO ACÓRDÃO RECORRIDO
2. Ao apreciar a Tomada de Contas Especial objeto do presente recurso, o Plenário deste Tribunal
de Contas acordou nos seguintes termos, Acórdão nº 494/2010 – TCU - Plenário (fls. 8.204/8.206 –
Volume 28):
monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas indicadas até os efetivos
recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor:
9.2.1. solidariamente, os Srs. Agamenon Rodrigues do Prado e José Luiz dos Reis e a Fetricom -
Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de Mato Grosso do
Sul, pelas quantias de R$ 11.180,07 (onze mil, cento e oitenta reais e sete centavos) e R$ 8.032,50 (oito
mil, trinta e dois reais e cinquenta centavos), respectivamente em 28/12/1999 e 18/1/2000, atinentes ao
Contrato 096/1999;
9.2.2. solidariamente, os Srs. Agamenon Rodrigues do Prado, José Luiz dos Reis e Ana Maria
Chaves Faustino Tieti e a Fetricom - Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do
Mobiliário do Estado de Mato Grosso do Sul, pelas quantias de R$ 12.000,00 (doze mil reais), R$
15.000,00 (quinze mil reais) e R$ 3.000,00, respectivamente em 2/12/1999, 17/12/1999 e 28/12/1999,
atinentes ao Contrato 101/1999;
9.2.3. solidariamente, os Srs. Agamenon Rodrigues do Prado e José Luiz dos Reis e a Fetricom -
Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de Mato Grosso do
Sul, pela quantia de R$ 6.966,00 (seis mil, novecentos e noventa e seis reais), em 22/9/2000, atinente ao
Contrato 019/2000;
9.2.4. solidariamente, os Srs. Agamenon Rodrigues do Prado, Fábio Portela Machiski e Pedro
Aloísio Vendramini Duran e a Fetricom - Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do
Mobiliário do Estado de Mato Grosso do Sul, pela quantia de R$ 5.508,00 (cinco mil e quintos e oito
reais), em 22/3/2001, atinente ao contrato 021/2000;
9.3. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas, caso não sejam atendidas as notificações;
9.4. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/92, julgar
regulares com ressalva as contas dos responsáveis Srs. Farid Badlallad Bahmad, Thirza Gomes Coelho,
Zênite Dantas da Silva, Sônia Savi, Terezinha Lopes Chaves, Jane Aparecida da Silva e Maria José de
Moraes, dando-lhes quitação;
9.5. excluir, desta relação processual, o Sr. João Gomes de Araújo;
9.6. com fulcro no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/92 c/c o art. 209, § 6º, in fine, do Regimento Interno,
remeter cópia dos elementos pertinentes à Procuradoria da República no Estado de Mato Grosso do Sul,
para o ajuizamento das ações civis e penais que entender cabíveis;
9.7. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e proposta de deliberação que o
fundamentam:
9.7.1. ao Procurador da República Mauro Cichowski dos Santos, junto à Procuradoria da República
no Estado do Mato Grosso do Sul, explicitando tratar-se de referente ao Procedimento Administrativo
1.21.000.000301/2003-17;
9.7.2. ao Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul e ao Governo do Estado de Mato
Grosso do Sul, para conhecimento.”
“Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, quanto ao processo
a seguir relacionado, com fundamento no art. 143, inciso V, alínea "d", do Regimento Interno, c/c o
Enunciado 145 da Súmula de Jurisprudência predominante no Tribunal de Contas da União, ACORDAM,
por unanimidade, em retificar, por inexatidão material, o item 9.1 do Acórdão nº 494/2010-TCU-
Plenário, prolatado na Sessão de 17/3/2010, Ata nº 8/2010, como a seguir:
onde se lê:
575
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
"julgar irregulares, com fundamento nos artigos 1º, inciso I, 16, III, alíneas "b" e "c", e § 2º, 19,
caput, e 23, inciso III, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 209, incisos II e III, e § 4º, 210 e 214,
inciso III, do Regimento Interno/TCU, as contas dos Srs. Agamenon Rodrigues do Prado, então
Secretário de Estado do Trabalho, Emprego e Renda de Mato Grosso do Sul (Seter/MS); José Luiz dos
Reis e Fábio Portela Machinski, então Superintendentes de Qualificação Profissional da Seter/MS; Pedro
Aloísio Vendramini Duran, então Ordenador de Despesas da Seter/MS; Ana Maria Chaves Faustino Tieti,
então Coordenadora de Educação Profissional da Seter/MS"
leia-se:
"julgar irregulares, com fundamento nos artigos 1º, inciso I, 16, III, alíneas "b" e "c", e § 2º, 19,
caput, e 23, inciso III, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 209, incisos II e III, e § 4º, 210 e 214,
inciso III, do Regimento Interno/TCU, as contas dos Srs. Agamenon Rodrigues do Prado, então
Secretário de Estado do Trabalho, Emprego e Renda de Mato Grosso do Sul (Seter/MS); José Luiz dos
Reis e Fábio Portela Machinski, então Superintendentes de Qualificação Profissional da Seter/MS; Pedro
Aloísio Vendramini Duran, então Ordenador de Despesas da Seter/MS; Ana Maria Chaves Faustino Tieti,
então Coordenadora de Educação Profissional da Seter/MS; Fetricom - Federação dos Trabalhadores nas
Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de Mato Grosso do Sul"
(...)”
4. O Recorrente Agamenon Rodrigues do Prado foi devidamente notificado (fls. 8.325 – Volume
29 e interpôs o competente recurso de reconsideração dentro do prazo legal. Já quanto ao Recorrente
Fábio Portela Machinski, em que pese não conste nos autos o comprovante de sua notificação, é possível
afirmar que esta foi realizada com sucesso, pois ele interpôs o recurso ora em análise. Com efeito, a
análise da tempestividade do mesmo restou prejudicada em virtude da ausência do aludido comprovante.
INSTRUÇÃO
5. Às fls. 20/37 - Anexo 2, a SERUR encaminhou proposta acorde (concordância às fls. 38 – Anexo
2), cujos termos, na forma do inciso I, §3º do art. 1º da Lei nº 8.443/92, transcrevo:
“INTRODUÇÃO
1. Trata-se de recursos de reconsideração interpostos pelo Sr. Agamenon Rodrigues do Prado, ex-
Secretário de Estado de Trabalho, Emprego e Renda do Estado de Mato Grosso do Sul, e pelo Sr. Fábio
Portela Machinski, ex-Superintendente de Qualificação Profissional da Secretaria de Estado do Trabalho,
Emprego e Renda de Mato Grosso do Sul, em razão de inconformismo com o Acórdão TCU 494/2010,
retificado por inexatidão material pelo Acórdão 670/2010, ambos proferidos pelo Plenário.
HISTÓRICO
2. A tomada de contas especial foi instaurada pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE no
âmbito do Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador - PLANFOR, diante de irregularidades na
aplicação de recursos transferidos à Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Renda de Mato Grosso
do Sul - Seter/MS, por meio de convênio celebrado visando à execução de ações integradas ao Plano
Estadual de Qualificação – PEQ, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT.
3. A presente tomada de contas especial foi autuada envolvendo apenas os Contratos 023/1999,
096/1999, 101/1999, 019/2000 e 021/2000, firmados entre a Seter/MS e a Federação dos Trabalhadores
nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Mato Grosso do Sul – Fetricom, para execução de ações
no âmbito dos Planos Estaduais de Qualificação PEQ/MS 1999 e PEQ/MS 2000, para que fossem
autuadas tomadas de contas especiais distintas por cada entidade executora, abrangendo todos os
576
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
respectivos contratos, a partir do processo de tomada de contas especial encaminhado pelo Ministério do
Trabalho e Emprego envolvendo diversas entidades.
4. Para a imputação dos débitos, segundo a instrução inicial (fls. 5.573/5.597 do vol. 16) e ofícios
citatórios (fls. 5.605/5.660 do vol.16), foram considerados, em síntese, os seguintes fatores:
4.1 Habilitação e contratação direta da Fetricom, mediante dispensa de licitação, sem a observância
das disposições legais pertinentes (Contratos 023/1999, 096/1999, 101/1999, 019/2000 e 021/2000);
4.2 Inobservância de requisitos editalícios para a seleção e habilitação da Fetricom (Contratos
023/1999, 096/1999, 101/1999, 019/2000 e 021/2000);
4.3 Aprovação e contratação de projeto para a execução de ações que não se enquadravam nos
objetivos do Planfor e no objeto do Convênio MTE/Sefor/Codefat 8/99 - Seter/MS (Contrato 101/1999);
4.4 Alteração contratual, por meio de termo aditivo, sem detalhamento em projeto e sem amparo
legal, que resultou na elevação do valor contratado (Contrato 023/1999);
4.5 Atestos de execução de serviços sem a apresentação de instrumentais e relatórios exigidos no
contrato e sem a comprovação da execução integral das ações (Contratos 023/1999, 096/1999, 101/1999,
019/2000 e 021/2000);
4.6 Pagamento integral do contrato sem o cumprimento das exigências legais e contratuais para a
comprovação da execução das ações, sendo que as declarações de frequência informaram apenas a
execução parcial (Contratos 023/1999, 096/1999, 101/1999, 019/2000 e 021/2000);
4.7 Falta de confiabilidade das declarações de frequência elaboradas pela entidade e aceitas pelo
Contratante por ocasião do pagamento das parcelas (Contratos 023/1999, 096/1999 e 101/1999);
4.8 Ausência de documentos exigidos em contrato para comprovação da efetiva aplicação dos
recursos repassados (Contratos 023/1999, 096/1999, 101/1999, 019/2000 e 021/2000);
4.9 Omissão do contratante no dever de acompanhar, de controlar e de fiscalizar a execução dos
serviços contratados e a efetiva aplicação dos recursos (Contratos 023/1999, 096/1999, 101/1999,
019/2000 e 021/2000).
5. Já o Sr. Fábio Portela Machinski foi citado pelas seguintes irregularidades, relacionadas ao
Contrato 021/2000, celebrado entre o Estado de Mato Grosso do Sul e a Fetricom:
5.1 Atestos de execução de serviços, relativos ao pagamento da 1ª (R$ 14.968,80 - data-base de
25/01/2001) e 4ª (R$ 8.910,00 - data-base de 22/03/2001) parcelas contratuais, exarados sem a
apresentação de instrumentais e relatórios exigidos no contrato e, no caso da 4ª parcela, sem a
comprovação da execução integral das ações;
5.2 Omissão do contratante no dever de acompanhar, de controlar e de fiscalizar a execução dos
serviços contratados e a efetiva aplicação dos recursos, em observância ao disposto no artigo 67 da Lei
8.666/93, contribuindo para a inexecução das ações contratadas; e
5.3 Apuração de dano ao erário no valor de R$ 49.896,00, correspondente a R$ 14.968,80 (data-
base de 25/01/2001), R$ 9.979,20 (data-base de 05/03/2001) e R$ 24.948,00 (data-base de 22/03/2001),
em razão da não comprovação da realização de despesas equivalentes à totalidade dos recursos
repassados.
6. Após o regular desenvolvimento daquele processo, foi prolatado o Acórdão TCU 494/2010 –
Plenário contra o qual se insurgem os recorrentes. Note-se que o Acórdão recorrido foi retificado por
inexatidão material pelo Acórdão 671/2010 – Plenário, uma vez que não apresentava dentre os
responsáveis solidários a entidade contratada Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e
do Mobiliário do Estado do Mato Grosso do Sul – Fetricom.
ADMISSIBILIDADE
7. Reiteram-se os exames preliminares de admissibilidade constantes das fls. 27/28 do Anexo 1 e
fls. 13/16 do Anexo 3, ratificados pelo Exmo. Ministro-Relator Raimundo Carreiro (fl. 18 do Anexo 1),
que concluiu pelo conhecimento dos Recursos de Reconsideração, suspendendo-se os efeitos dos itens
9.1, 9.2, 9.3 e 9.6 do Acórdão recorrido.
EXAME TÉCNICO
Recorrente – Sr. Agamenon Rodrigues do Prado
577
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Argumento
8. Esclarece que não asseverou a incapacidade dos servidores designados para realizar a TCE em
realizar os trabalhos, apenas apontou que a Portaria 465, de 07.05.2001, a qual instituiu a Comissão de
Tomada de Contas Especial, não qualificou funcionalmente os membros que a compuseram. A portaria
teria se limitado a indicar os seus números de matrícula, omitindo as funções ocupadas e se eles tinham
conhecimentos específicos sobre o PEQ/PLANFOR.
9. Aponta que a fiscalização foi realizada de maneira tradicional, sobre matéria inovadora. Explica
que o fato de treinandos terem dito que não participaram do curso com a cultura de que “curso” é aquele
ministrado em sala de aula convencional. A qualificação ministrada não se prenderia a tal amarra, tendo
levado cursos a áreas rurais, a aldeias indígenas e a populações carentes, cuja mobilidade seria conhecida
por todos.
10. Justifica, então, que a Comissão não entendeu a finalidade social do PLANFOR nem que não
era possível iniciar uma nova era de qualificação dos excluídos partindo-se de modelos estereotipados,
adotando premissas falsas e chegando a conclusões equivocadas.
Análise
11. O citado artigo 4º da IN/TCU 13/1996, vigente à época, realmente dispunha que a ficha de
qualificação do responsável, contendo nome, CPF, endereço, telefone, cargo, função, matrícula e tempo
de gestão, é parte integrante do processo de tomada de contas especial.
12. Ocorre que tal dispositivo referia-se ao “responsável” pela gestão e pela aplicação dos recursos
públicos – o próprio recorrente – e não ao tomador de contas especial ou à equipe de fiscalização. Dessa
forma, a interpretação adotada pelo recorrente não encontra amparo legal.
13. Dessa forma, não podem ser acolhidos os argumentos sobre o paradigma utilizado pela
fiscalização do MTE, a qual apenas concluiu que não foi possível verificar a realização efetiva de todas as
aulas.
Argumento
14. Afirma que o julgado reconhece que o recorrente foi diligente, mas atribui-lhe responsabilidade
por não controlar os atos de seus subordinados e não ter oferecido treinamento e meios materiais
necessários ao fiel desempenho de suas funções. Contesta a condenação ao pagamento dos valores
apurados.
15. Alega que a TCE, no âmbito do TCU, é processo administrativo típico, sujeito aos princípios do
contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal. Sustenta que pretendia provar, através de
testemunhas e documentos a serem solicitados à instituição executora e ao Estado do Mato Grosso do Sul,
não ter agido com culpa, ter-se valido de pareceres técnicos e jurídicos, e não ter auferido benefício com o
valor do prejuízo ao erário.
16. Argumenta que o recorrente havia requerido expressamente esclarecimentos pessoais dos
servidores citados nos autos, oitiva de testemunhas, dos denunciantes, colheitas de laudos periciais. Cita
ainda o inciso LV do artigo 5º da Constituição Federal e excerto doutrinário sobre os princípios do
contraditório e da ampla defesa.
17. Postula que em casos semelhantes, esse Tribunal tem determinado que os autos da TCE
retornem ao órgão de origem, a fim de que sejam respeitados os princípios da ampla defesa e do
contraditório na fase interna do procedimento.
Análise
18. Inicialmente, cabe ressaltar que a decisão atacada não reconhece a diligência do recorrente, mas
sim o condena por omissão, imprudência e negligência no cumprimento de cláusulas às quais estava
vinculado pelo Convênio 008/1999.
19. Não procede a alegação de cerceamento do estabelecimento do contraditório, da ampla defesa e
de produção de provas, porquanto estas oportunidades foram oferecidas a todos os responsáveis no exato
momento da citação e por ocasião da interposição do presente recurso.
20. O responsável poderia ter apresentado, em sede recursal, documentos, declarações reduzidas a
termo, laudos periciais e outros meios de prova admitidos em direito para fins de prova da boa e regular
aplicação de recursos públicos. Se tais elementos seriam capazes de comprovar o bom e regular emprego
578
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
dos recursos, deveriam ter sido apresentados quando solicitados, em vez de ser objeto de conjectura pelo
recorrente.
21. Nos termos do artigo 160, § 1º e § 3º, do RITCU, desde a constituição do processo até o término
da etapa de instrução, é facultada à parte a juntada de documentos novos, ressaltando-se a possibilidade
de distribuição de memorial aos ministros, auditores e ao representante do MPTCU após a inclusão do
processo em pauta e durante a sustentação oral, já solicitada.
22. Não há que se falar em nulidade do processo ou do procedimento. Inicialmente, lembre-se que a
fase interna da TCE não é processo, mas sim procedimento, no qual não há partes, nem lide ou litígio. O
responsável teve oportunidade, por duas vezes, de apresentar suas alegações, além de poder ter
apresentado suas alegações de defesa perante esta Corte de Contas na fase externa da TCE após a citação.
Ocorreu ainda a concessão de pedido de prorrogação de prazo.
23. O recorrente teve pleno conhecimento sobre o teor das irregularidades que lhe estavam sendo
atribuídas através da citação, e teve as devidas oportunidades de solicitar vista dos autos e apresentar
documentos, laudos periciais, razões de defesa e demais provas admitidas no processo desta Corte de
Contas.
24. O ex-Secretário manifesta que diversas provas seriam apresentadas na “fase instrutória”, não
atentando que a instrução da TCE ocorre desde o momento de sua instauração, e que a citação existe
justamente para que os elementos apresentados sejam contraditados naquela oportunidade, e não em
momento futuro e incerto.
25. Cabe lembrar que tal processo é regido pela Lei 8.443/1992 e pelo Regimento Interno deste
Tribunal, nos termos do art. 96, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal, aplicando-se o Código de
Processo Civil e a Lei 9.784/1999 apenas em caráter subsidiário, conforme art. 298 do RITCU e a Súmula
103 desta Corte de Contas.
26. O responsável assevera que a prestação pessoal de esclarecimentos no Processo Administrativo
é tão indispensável quanto o depoimento perante o Juízo da instrução criminal. No entanto, a
oportunidade de prestar esclarecimentos foi corretamente ofertada e exercida, após a citação. Ressalte-se
ainda que as provas que a parte intentar produzir perante o Tribunal devem ser sempre apresentadas de
forma documental, mesmo as declarações pessoais de terceiros, conforme o artigo 162 do Regimento
Interno do TCU.
27. Por força do que dispõe o art. 70, parágrafo único, da Constituição Federal, bem assim o art. 93
do Decreto-Lei 200/1967 c/c o art. 66 do Decreto 93.872/1986, compete ao gestor comprovar a boa e
regular aplicação dos recursos públicos, isto é, cabe ao gestor o ônus da prova. O Tribunal firmou
jurisprudência nesse sentido, conforme se verifica nos acórdãos 903/2007 – 1ª Câmara; 1.445/2007 – 2ª
Câmara e 1.656/2006 – Plenário.
28. Tal entendimento é confirmado pelo Supremo Tribunal Federal em decisão proferida em sede
de Mandado de Segurança (MS 20.335/DF, Relator Ministro Moreira Alves), cuja ementa da deliberação
vem transcrita a seguir.
“Mandado de Segurança contra o Tribunal de Contas da União. Contas julgadas irregulares.
Aplicação da multa prevista no artigo 53 do Decreto-Lei 199/67. A multa prevista no artigo 53 do
Decreto-Lei 199/67 não tem natureza de sanção disciplinar. Improcedência das alegações relativas a
cerceamento de defesa. Em direito financeiro, cabe ao ordenador de despesas provar que não é
responsável pelas infrações, que lhe são imputadas, das leis e regulamentos na aplicação do dinheiro
público. Coincidência, ao contrário do que foi alegado, entre a acusação e a condenação, no tocante à
irregularidade da licitação. Mandado de Segurança indeferido” (grifos acrescidos).
29. Desse modo, não há como acolher o pleito do recorrente. O ex-secretário demonstra não
compreender a natureza do presente processo de Tomada de Contas Especial. Não se trata de provar a
ocorrência de determinada conduta penalmente tipificada. Trata-se, em verdade, de apurar qual o uso dos
recursos públicos federais pelos quais se responsabilizou ao assinar o convênio em tela, de verificar se
tais recursos foram aplicados de forma boa e regular, conforme os dispositivos legais e regulamentares
aplicáveis.
579
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
30. Quanto à alegada requisição de produção de provas, cabe ressaltar que as inspeções e auditorias,
nos termos do artigo 71, inciso IV, da Constituição Federal, são realizadas por iniciativa própria desta
Corte de Contas (art. 230 do RITCU), da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou de Comissão
técnica ou de inquérito (art. 231 a 233 do RITCU). Não cabe, desta forma, ao jurisdicionado a
prerrogativa de requisitar a realização de novas perícias ou diligências.
31. O acórdão ora atacado não afirmou que o agente locupletou-se dos recursos federais, apenas
ficou constatado que os valores recebidos não foram aplicados da forma pactuada no convênio. Dessa
forma, desnecessário e inoportuno o pedido de provas neste sentido.
Argumento
32. Sustenta que as provas requeridas provariam que foi diligente e que a culpa das irregularidades
apontadas recairia sobre o órgão concedente, o qual não teria disponibilizado condições técnicas e
materiais. Ressalta que o MTE, mesmo ciente de que não existiam condições técnicas, celebrou o
convênio, comprometendo-se a formar e orientar servidores para atuarem na área de qualificação
profissional. Não o fazendo, teria dado origem aos problemas ocorridos em todo o território nacional,
desde 1996.
33. Manifesta que o programa PLANFOR apresentava falhas estruturais, demonstradas em auditoria
realizada por esta Corte de Contas (Decisão 0354/2001 – Plenário), que continha determinação ao
Ministério do Trabalho e Emprego para que a fiscalização sobre o PLANFOR fosse controlada,
necessariamente, por estruturas federais nos Estados e Municípios.
34. Cita o art. 23 da IN/STN 01/1997, segundo o qual a função gerencial fiscalizadora será exercida
pelos órgãos/entidades concedentes dos recursos. Desta forma, os problemas se encontrariam na própria
estrutura do programa. Não tendo o Ministério do Trabalho e Emprego cumprido as suas obrigações, não
haveria como atribuir culpa ao recorrente.
35. Cita ainda decisão desta Corte de Contas, conforme a qual a fiscalização sobre PLANFOR
deveria ser controlada necessariamente por estruturas federais nos Estados e Municípios, não havendo
restrições para que recebessem o auxilio de outras instituições contratadas para este fim.
Análise
36. Em vez de apresentar os documentos comprobatórios, os quais deveriam ter sido apresentados
ordinariamente, por ocasião da prestação de contas do convênio em análise, o recorrente dedicou seus
argumentos no sentido de esquivar-se de qualquer responsabilidade, atribuindo-a ao Ministério do
Trabalho e Emprego.
37. Nos termos do art. 23 da IN/STN 01/1997, aplicável à época da celebração e da execução do
convênio:
“A função gerencial fiscalizadora será exercida pelo concedente, dentro do prazo regulamentar de
execução/prestação de contas do convênio, ficando assegurado a seus agentes qualificados o poder
discricionário de reorientar ações e de acatar, ou não, justificativas com relação às disfunções
porventura havidas na execução.”
38. A fiscalização à qual o dispositivo legal e a decisão citada se referem é a exercida pelo
concedente sobre o órgão convenente, no caso, a Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda do Estado, e
não sobre as entidades contratadas pelo convenente.
39. É precisamente a função fiscalizadora que foi exercida por ocasião da prestação de contas dos
recursos recebidos, os quais ficaram sob responsabilidade do ora recorrente e utilizados em desacordo
com os termos do convênio assinado. A fiscalização exercida pelo concedente, em suma, visava conhecer
se as ações descentralizadas haviam sido executadas e se os recursos tinham sido aplicados regularmente
pelo convenente, sob pena de sua devolução ao erário federal.
40. Ademais, o descumprimento das obrigações por parte do responsável não se confunde com a
eventual existência de falhas estruturais no programa. O recorrente alega que o Ministério do Trabalho e
Emprego era quem detinha o poder e o comando do programa, mas foi a Seter/MS quem celebrou os
contratos impugnados, realizando pagamento sem a adequada fiscalização sobre o cumprimento do objeto
contratual. Assim, foram violados os artigos 65, inciso II, alínea “c”, 67 e 76, todos da Lei 8.666/1993,
além dos artigos 62 e 63 da Lei 4.320/1964.
580
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
41. A existência de estrutura suficiente para a execução dos projetos é requisito básico para a
celebração de convênios. Segundo o parágrafo 2º, do art. 1º, da IN 01/1997, a descentralização da
execução somente se efetivará quando comprovado que os executores disponham de condições para
concretizar o seu objeto.
42. Nesta mesma linha, a letra “b” do parágrafo 1º do art. 10, do Decreto-Lei 200/1967, e art. 49 do
Decreto 93.872/1986, segundo os quais: “a descentralização será posta em prática... da Administração
Federal para a das unidades federadas, quando estejam devidamente aparelhadas e mediante
convênio”.
43. Caso julgasse os recursos administrativos impróprios ao que pretendia realizar, o então
Secretário deveria, inicialmente, ter procurado dotar o Estado da estrutura mínima necessária, para só
então anuir na celebração de avenças que exigissem uma capacidade operacional mais adequada. Ao
invés disso, o recorrente não forneceu aos seus subordinados o treinamento e os meios materiais
necessários ao fiel desempenho das suas atribuições, violando compromisso formalizado na assinatura do
convênio.
Argumento
44. Argumenta que criou a Superintendência de Qualificação Profissional, que teria como
competência acompanhar, fiscalizar e avaliar os projetos e a execução das ações, sendo responsabilidade
do Superintendente e dos servidores deste órgão público eventual irregularidade.
45. Afirma que a instituição executora foi contratada após parecer de várias comissões, sendo isso
prova de seu compromisso com a legalidade.
46. Alega que, caso se tratasse de culpa in eligendo, a responsabilidade deveria ser estendida ao
Governador, que também assinou o convênio e quem indicou o Superintendente de Qualificação
Profissional para o cargo.
47. Cita ainda excerto de doutrina segundo a qual “O administrador não é responsável por atos
ilícitos de outros administradores, exceto se com eles for conivente, se negligenciar em descobri-los ou
se, deles tendo ciência, deixar de agir para impedir sua prática” (fl. 16 do anexo 1).
Análise
48. O administrador não poderia se furtar a exigir dos executores diretos a cabal demonstração da
boa e regular aplicação dos recursos federais na execução das ações de qualificação profissional.
49. Nos termos do Acórdão TCU 1.132/2007 – Plenário, que versou sobre as irregularidades
encontradas na aplicação do PLANFOR pela Seter/DF:
“56. Finalmente, ressalto que o titular de um órgão deve escolher seus auxiliares diretos com
esmero, sob pena de responder por culpa in eligendo, consoante dispunha o art. 1.521, inciso III, do
Código Civil então vigente. Assim sendo, não merece acolhida a tentativa de transferir responsabilidade
do então titular da Seter/DF para seus subordinados.
57. A alegada impossibilidade de se responsabilizar Secretários de Estado não encontra respaldo
na Jurisprudência desta Corte. Ao contrário da tese sustentada pelo citado, o TCU entende que o
Secretário de Estado, por não ser considerado agente político, pode ser responsabilizado quando assina
convênios, mesmo não sendo seu executor direto. Para tanto, basta que ele tenha praticado atos
administrativos, além do ato de natureza política consistente na decisão discricionária de celebrar um
determinado convênio” (grifos apostos).
50. Nos termos da Decisão TCU Plenário 180/1998, são agentes políticos apenas o Presidente da
República, os Governadores e os Prefeitos Municipais (nesse último caso, quando assinam convênios
mas não são seus executores diretos).
51. Ressalte-se que, caso esses agentes políticos pratiquem atos administrativos, eles podem ser
responsabilizados pelas consequências desses atos. No presente caso, o então Governador do Mato
Grosso do Sul não foi incluído no rol de responsáveis porque não praticou atos administrativos, mas
apenas atuou politicamente ao celebrar o convênio firmado com o MTE.
52. Independente dos motivos que motivaram a indicação pelo Governador, o Superintendente de
Qualificação Profissional encontrava-se sob a responsabilidade do recorrente, e, não obstante, também foi
condenado solidariamente pelo acórdão ora atacado.
581
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
53. Ademais, compete ao administrador público controlar de forma efetiva as atividades de seus
subordinados. Nesse sentido, podemos citar os seguintes trechos da Decisão 58/2001 – Plenário:
“O administrador público deve sempre manter vivo o Princípio do Controle, previsto no artigo 13
do Decreto-Lei 200/1967: O controle das atividades da administração federal deverá exercer-se em
todos os níveis e em todos os órgãos.” (grifos acrescidos).
“13. O controle deve pressupor, dentro da posição doutrinária de Hely Lopes Meirelles,
supervisão, coordenação, orientação, fiscalização, aprovação, revisão e avocação das atividades
controladas, dentro de uma faixa de policiamento dos subordinados.”
“14. Descontrole não se coaduna com um perfeito funcionamento da administração pública.”
Argumento
54. Considera que não foi negligente, elencando como medidas adotadas a criação da
Superintendência de Qualificação e Requalificação Profissional, da Comissão Especial de Cadastro e da
Comissão de Licitação, a contratação da FAPEC para fiscalizar e avaliar as ações e a submissão dos
processos à aprovação da Procuradoria Geral do Estado.
Análise
55. A simples criação de novos órgãos não se confunde com o efetivo exercício das competências a
eles atribuídas. Vale ressaltar que a avaliação dos técnicos subordinados ao então Secretário não o exime
de responsabilidade.
56. Ademais, o defendente, na condição de titular da Seter/MS, ao firmar os contratos com as
entidades executoras, assumiu os encargos de acompanhamento e fiscalização do objeto contratual.
Lembre-se ainda que delegação de competência não delega responsabilidade, nos termos do Decreto-Lei
200/1967 (art. 10, caput, § 5º), o Decreto 93.872/1986 (arts. 49, 54 e 142), conforme ressaltado nos
Acórdãos TCU 17/1993 – 2ª Câmara, 26/1993 – Plenário, 54/1999 – Plenário, 153/2001 – 2ª Câmara e
606/2009 – Plenário.
57. Verifica-se ainda que os pareceres técnicos emitidos pela Comissão de Cadastro trataram apenas
de uma avaliação de proposta apresentada pela entidade, sem emitir o juízo de valor a que se referia o
edital. Nesse sentido, não poderia o gestor ter se omitido, subsistindo, portanto, a sua responsabilidade.
Conforme o Acórdão TCU 738/2009 – Plenário:
“41. O gestor deveria ter discordado de um parecer que foi elaborado em desacordo com o que
previa o edital de cadastro. Os pareceres técnicos da Comissão de Cadastro se limitaram a uma
avaliação de proposta apresentada pela entidade, sem emitir o juízo se estava ou não de acordo com o
edital. Percebe-se que o gestor permitiu o cadastramento da instituição a partir dessa deficiente análise
feita pela Comissão Especial de Cadastro.”
58. Cabe consignar que esta Corte evoluiu o seu posicionamento no sentido que tal entendimento
somente pode ser admitido a partir da análise de cada caso, isto é, o administrador que age respaldado por
parecer jurídico só estará isento de responsabilidade se essa peça estiver bem fundamentada e tiver
defendido tese aceitável. Do contrário, se o gestor seguir opinião exarada em parecer inconsistente e
desarrazoado, poderá ser responsabilizado.
59. Ainda que o responsável, ao adotar a dispensa de licitação para a contratação da entidade,
estivesse calçado em pareceres técnicos e jurídicos de órgãos estaduais e de comissões constituídas, não
há como eximi-lo das notórias irregularidades nessa dispensa de licitação e consequente contratação, as
quais poderiam e deveriam ter sido observadas pelo gestor.
60. Lembre-se que o parecer não vincula o gestor público, mas apenas serve de subsídio à sua
tomada de decisão. Dessa forma, o parecer desarrazoado e inconsistente não elidirá sua responsabilidade
pela eventual contratação irregular.
61. O recorrente está sendo responsabilizado, a rigor, pela não comprovação da boa e regular
aplicação dos recursos públicos, por não ter realizado a supervisão adequada, tendo assumido tal
obrigação no convênio assinado (item 3.2.74 do Convênio MTE/Sefor 008/1999) e nos termos do artigo
10, § 6º, do Decreto-Lei 200/1967. Cumpria ao então Secretário adotar as providências necessárias ao
acompanhamento, fiscalização e controle da execução dos contratos relativos ao PLANFOR, o que não
ocorreu.
582
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
62. Saliente-se que os pagamentos feitos à entidade executora foram realizados sem a regular
liquidação, o que ensejou a condenação do recorrente, uma vez que era ordenador de despesa, infringindo
o artigo 62, da Lei 4.320/1964. Note-se ainda a ocorrência de pagamento de despesas realizadas após a
vigência do contrato, lastreadas em comprovantes inábeis e em comprovantes emitidos em nome de
terceiros.
63. Ademais, a hierarquia, conceito ínsito à organização da administração pública, envolve poder de
comando, dever de obediência, poder-dever de fiscalização da conduta de seus subordinados, além do
poder de revisão dos atos praticados.
64. Não se está afirmando que a responsabilidade pelos atos praticados seja do delegante. O
delegatário, afinal, não age em nome do delegante, e sim em nome da competência delegada. A
fiscalização das condutas de seu subordinado, entretanto, não foi e nem podia ser delegada, nem a
subordinado, por meio de ato administrativo, nem a entidade particular, mediante contrato, não se
justificando ainda a alegada crença em que a função de fiscalizar pertenceria ao concedente.
65. Nos termos do Acórdão TCU 738/2009 – Plenário:
“35. Embora louvável a criação dessas unidades, vez que absolutamente necessária, isso não
afasta a responsabilidade decorrente de sua omissão na fiscalização da aplicação dos recursos. Não se
pode conceber que o gestor, com a criação desses órgãos, tenha ficado absolutamente isento de
responsabilidade no controle e na fiscalização dos cursos ministrados com recursos do FAT.”
66. Afinal, conforme salientado pela citação doutrinária trazida pelo próprio recorrente, o
administrador não é responsável por atos ilícitos de outros administradores, exceto se com eles for
conivente, se negligenciar em descobri-los ou se, deles tendo ciência, deixar de agir para impedir sua
prática (fl. 14 do Anexo 1).
Argumento
67. Salienta que, ao invés de convênio, foi celebrado contrato com a instituição executora, figura
jurídica que exigiria não a prestação de contas, mas o repasse do dinheiro e a realização da ação. A
fiscalização do cumprimento do contrato com a instituição executora seria responsabilidade da FAPEC,
por orientação do próprio MTE.
Análise
68. De fato, há diferenças inequívocas entre o convênio, que foi celebrado entre a Seter/MS e o
Ministério do Trabalho e Emprego, e os contratos celebrados entre o órgão estadual e as diversas
entidades.
69. Uma vez que a entidade contratada não cumpriu adequadamente o objeto do contrato, o
contratante deveria ter tomado as medidas adequadas, nos termos da Lei 8.666/1993. Como não as
adotou, responde, perante o concedente, pela não aplicação regular dos recursos recebidos, conforme
disposto na IN STN 01/1997.
70. Ao contrário do que entende o recorrente, a responsabilidade de fiscalização da execução dos
contratos era da própria Secretaria Estadual, nos termos do art. 67 da Lei 8.666/1993.
“Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da
Administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-
lo de informações pertinentes a essa atribuição (grifos apostos).”
71. Como já salientado, a eventual ação que deveria ter sido realizada pela FAPEC teria natureza de
assistência e subsídio à fiscalização, mas a atribuição de fiscalizar remanesceu de responsabilidade do
órgão contratante.
72. Conforme Acórdão TCU 737/2009 – Plenário, no mesmo sentido,
“A obrigação de zelar pela boa qualidade das ações e dos serviços prestados pelo contratado, a
fim de alcançar eficiência e eficácia, conforme disposto no Convênio 008/99 é do Estado (Cláusula 3ª em
seus subitens 3.2.1 e 3.2.5). A contratação da Fapec para dar suporte às ações de fiscalização não
delega tal obrigação àquela instituição, portanto, toda e qualquer irregularidade relacionada à execução
do contrato continua sendo de responsabilidade do contratante.”
583
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
73. O recorrente afirma que a fiscalização deveria se limitar à execução ou não das ações, mas
justamente isso não foi realizado, tendo a entidade contratada sido paga sem ter cumprido integralmente o
objeto pactuado.
74. Cite-se ainda o Acórdão TCU 1.157/2008 – Plenário, também envolvendo o recorrente, sua
gestão frente à Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Renda de Mato Grosso do Sul - Seter/MS, e
o Convênio MTE/Sefor/Codefat 008/1999 - Seter/MS.
“Responde pelo dano o gestor que contribui culposamente para que ele se concretize, mediante
omissão, imprudência ou negligência no cumprimento a cláusulas obrigacionais de convênio celebrado
com a União, de contrato celebrado com terceiro para viabilização do objeto convenial, ou, ainda,
decorrente de inobservância de prescrições legais regedoras da realização de despesas, licitações e
contratações, ainda que o dano decorra de inexecução contratual pelo terceiro contratado, pois mediante
condutas omissivas, imprudentes ou negligentes, assume para si o risco da malversação de verbas
públicas.
A boa-fé do responsável deve ser objetivamente analisada e provada no caso concreto,
considerando-se a prática efetiva e as consequências de determinado ato à luz de um modelo de conduta
social, adotada por um homem leal, cauteloso e diligente” (grifos acrescidos).
75. Conforme assinalado no voto condutor do acórdão vergastado, o Sr. Agamenon Rodrigues do
Prado celebrou e assinou convênio com a União, no qual ficou estabelecida a obrigação da parte
convenente de acompanhar, controlar e fiscalizar a execução das ações do PLANFOR no Estado de Mato
Grosso do Sul.
76. A obrigação assumida, no entanto, não foi cumprida, dado que os recursos materiais e humanos
da Secretaria eram insuficientes para fiscalizar os serviços prestados pelas entidades contratadas, em que
pese o compromisso firmado pelo dirigente de garantir a manutenção de equipe técnica adequada ao bom
desempenho das atividades, nos termos do item 3.2.4 do Convênio 008/1999.
Argumento
77. Não aceita a conclusão da Corte de Contas que teria definido como engano o atesto da execução
do contrato pelas Técnicas de Qualificação, as quais teriam como atribuição a conferência e a fiscalização
das ações.
78. As medidas cabíveis ao acompanhamento e fiscalização do contrato eram competência da
equipe técnica da Superintendência de qualificação, e o recorrente teria sido induzido a erro pelo
“engano” das técnicas.
79. Uma vez que os pagamentos somente teriam sido determinados após a aposição do carimbo das
técnicas responsáveis pelo acompanhamento da ação, atestando a total e correta execução, cabe a elas a
responsabilidade das supostas irregularidades, pois o Secretário não poderia conferir pessoalmente todos
os processos.
80. Considera que seria inadmissível atribuir o procedimento a engano de carimbo, pois a função
das técnicas não era de mero protocolo, e sim de técnicas em educação. Caberia à Superintendência e à
Coordenadoria de qualificação comunicar qualquer irregularidade ao recorrente, mas não haveria
nenhuma prova de que tal dever tenha sido cumprido.
Análise
81. Veja-se o disposto no relatório do Acórdão 495/2010 – Plenário:
“117. Com respeito às alegações de defesa das servidoras que atestaram a execução dos serviços,
Sônia Savi, Terezinha Lopes Chaves e Ana Maria Chaves Faustino Tiete, analisadas nos itens 95/107.1,
devem ser excluídos os débitos inicialmente imputados, pois restou demonstrado que o ato de atestar a
execução dos serviços da forma em que se procedeu não foi determinante para a existência do débito.
Para isto, levou-se em conta que a liberação das parcelas estava vinculada apenas à apresentação
formal da documentação, enquanto o débito é referente à não-execução das ações que foram pactuadas
nos contratos.
118. Não obstante à exclusão dos débitos, persistem irregularidades concernentes aos atestos
emitidos nas notas fiscais correspondente aos valores das parcelas do contratos, já que os servidores não
detinham os elementos necessários para inferir pela efetiva execução das ações. Ao agirem baseando-se
584
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
na confiança que depositavam em seus pares e superiores e numa suposta idoneidade da entidade
contratada, demonstraram que foram negligentes no exercício de suas funções, culminando na
irregularidade das suas contas.” (grifos apostos).
82. De tal sorte que as servidoras teriam suas contas julgadas irregulares, nos termos do art. 16,
inciso III, alínea "b", c.c. art. 19, parágrafo único, da Lei 8.443/1992, aplicando-se a multa prevista no art.
58, inciso I, da mesma lei.
83. Ocorre que a proposta de deliberação do Acórdão 495/2010 – Plenário considerou que:
“De qualquer forma, a proposta de julgamento que ora apresento funda-se tão-somente nos
débitos apurados, os quais se relacionam com as ocorrências das alíneas "c", "d" e "e" do item 3 acima.
As demais irregularidades, não ensejadoras de débito, poderiam acarretar a apenação dos responsáveis
com a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92. Contudo, não sendo a minha proposta nesse
sentido, deixarei de me aprofundar em relação a essas ocorrências, manifestando, desde já, minha
concordância com a análise realizada pela Secex/MS, ao mesmo tempo em que discordo, com as devidas
vênias, do parecer do MP/TCU no sentido de se afastar a responsabilidade dos gestores em relação às
irregularidades apuradas.
(...) O atesto aposto no verso das notas fiscais não deve ser interpretado como a atestação da
execução dos serviços, mas sim a confirmação de que os documentos necessários à liberação de cada
uma das parcelas previstas nos contratos foram efetivamente recebidos.
(...)
Diante dessas circunstâncias, entendo que não cabe atribuir responsabilidade às Sras. Sônia Savi e
Terezinha Lopes Chaves pelos débitos que lhe foram imputados. Consequentemente, entendo que devem
ser julgadas regulares com ressalva as suas contas, dando-lhes quitação.
Com referência à Srª Ana Maria Chaves Faustino Tiete, na qualidade de Coordenadora de
Educação Profissional, subunidade da Superintendência de Qualificação Profissional da Seter/MS, não
caberia o afastamento de responsabilidade no débito que lhe foi atribuído. Afinal, cumpria à servidora,
da mesma forma que ao seu superior hierárquico, Sr. Agamenon Rodrigues do Prado, adotar as
providências necessárias ao acompanhamento, fiscalização e controle da execução dos contratos
relativos ao Planfor. Contudo, verifico que o débito pelo qual a servidora foi citado refere-se ao atesto
da execução dos serviços relativos à liberação da terceira parcela do Contrato 095/1999. Ocorre, porém,
conforme apontado acima, que restou demonstrada a inexistência de débito nesse contrato em particular,
razão pela qual entendo que as contas da referida responsável também devem ser julgadas regulares
com ressalva, dando-lhe quitação”. (grifos apostos).
84. A conduta das servidoras foi irregular, apenas não levou ao julgamento pela irregularidade de
suas contas porque não foi considerada determinante para a ocorrência do débito.
85. O Acórdão recorrido realmente fala em “troca de carimbo”, mas tal expressão significa apenas
que o ato administrativo praticado teve caráter diverso. Não houve um “equívoco”, como se as
responsáveis desejassem usar o carimbo de “verificação efetiva da despesa”, e por um lapso usaram o de
“conferência de documentos”. Desde o início, o conteúdo do ato realizado não foi a verificação de
execução da despesa, mas apenas a recepção de documentos.
86. Julgou-se dessa forma pois os próprios contratos com a entidade particular, na forma elaborada
pela Seter/MS, estabeleciam como requisito para a liberação das parcelas a simples entrega dos relatórios
e instrumentais descritos. Assim, apenas se atestava o recebimento da documentação, não sua
autenticidade, sendo frágil o controle exercido pela Secretaria.
87. Como exposto no Acórdão 2.550/2008 – Plenário:
“Do disposto no contrato, verifica-se que a liberação de recursos não estava condicionada à
gradativa realização do objeto, ou seja, não havia equivalência entre os recursos liberados e a
quantidade de horas de treinamento ministradas. Assim, a atestação aposta no verso das notas fiscais
não se tratava de atestação stricto sensu, mas correspondia à confirmação de que os documentos
necessários à liberação de cada uma das parcelas haviam sido recebidos e, no caso da última, também
que a ação de qualificação havia sido concluída.”
585
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
88. De tal sorte que a responsabilidade pela falha não foi atribuída aos técnicos, mas aos dirigentes
da Secretaria de Trabalho Emprego e Renda, responsáveis pela formatação do controle a ser exercido.
89. Já a então Coordenadora de Educação Profissional só teve suas contas julgadas regulares com
ressalva simplesmente por ter sido citada por irregularidade relacionada ao Contrato 095/1999, o qual foi
considerado executado a contento. Sua conduta, conquanto irregular, não foi determinante para o débito
para o qual foi citada.
90. A contrariu sensu, observe-se o disposto também no citado Acórdão 2.550/2008 – Plenário,
em que teve as contas julgadas irregulares, visto que o débito ocasionado por sua conduta subsistiu:
“109. Como Coordenadora de Educação Profissional, subunidade da Superintendência de
Qualificação Profissional da Seter/MS, cumpria à servidora, da mesma forma que aos seus superiores
hierárquicos (Srs. José Luiz dos Reis, Superintendente, e Agamenon Rodrigues dos Reis, Secretário),
adotar as providências necessárias ao acompanhamento, fiscalização e controle da execução dos
contratos relativos ao Planfor.
110. No caso concreto, para fins do cumprimento de tais obrigações, bastaria ter sido realizado o
confronto entre a programação dos treinamentos e os relatórios de execução encaminhados pela
Fundação Vida previamente à liberação da 3ª e última parcela de recursos para verificar que as ações
não foram levadas a cabo conforme o Contrato 63/99 e efetuar o devido desconto atinente à redução da
carga horária dos cursos.
111. Essa simples providência, contudo, não foi adotada no âmbito da unidade dirigida pela Sra.
Ana Maria Tieti, tendo a responsável assinado e dado encaminhamento à autorização de pagamento da
3ª parcela de recursos sem realizar, ou diligenciar para que fosse feita, a devida comparação entre os
relatórios então disponíveis.
112. Por conseguinte e manifestando concordância com o exame da Secex/MS acerca do assunto,
resta julgar irregulares as contas da Sra. Ana Maria Tieti e condená-la em débito, com solidariedade
limitada ao valor de R$ 1.440,00, referente à 3ª parcela de recursos do Contrato 63/99, executado com
redução indevida da carga horária.”
91. De sorte que a responsabilidade não foi atribuída às técnicas, que apenas conferiam a
documentação, pois esta era a única exigência realizada pelo contrato. O recorrente argumenta que se a
função fosse apenas de receber os documentos, bastaria a seção de protocolo. Mas esta foi a função que
lhes foi reservada pela execução do contrato. Seria preciso ainda conferir se os documentos apresentados
eram aqueles previstos no contrato. Em caso positivo, estaria atendida a condição necessária e suficiente
para receber os pagamentos, conforme cláusula quinta dos contratos assinados.
92. O julgamento, assim, considerou que o próprio método de contratação construído pela Seter/MS
é que resultou nas falhas verificadas, e não a atuação das técnicas.
Argumento
93. Cita a decisão proferida nos autos do TC 021.550/2003-6, consoante os quais teriam sido os
graves defeitos de concepção do Planfor que facilitaram os desvios perpetrados na operação daquele
plano nas diversas unidades da federação. Dessa forma, deveriam ser distinguidas as ocorrências dolosas
das decorrentes de problemas operacionais do plano em razão de falhas e impropriedades de todas as
instâncias envolvidas.
94. Ademais, a Seter/MS não contava com os meios necessários para acompanhar e controlar a
execução daquele plano. Grande parte dos problemas decorreria da precariedade, da ausência de regras, e
das frágeis estruturas de execução, supervisão e fiscalização daquele plano.
95. Não teriam sido previstas exigências objetivas para aferição da efetiva realização dos
treinamentos, nem de seus resultados qualitativos. E teria ocorrido generalizada dispensa de licitação para
a indicação das entidades executoras e a livre aceitação dos treinamentos ofertados por elas, por falta de
fixação de critérios pelo MTE.
96. A decisão, assim, responsabiliza apenas o particular contratado, pois não teria havido orientação
adequada aos gestores com vistas a aferir a efetiva execução dos objetivos contratados.
Análise
586
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
97. O recorrente afirma citar decisão que traduziria “mudança no entendimento” desta Corte de
Contas, mas transcreve trecho de Parecer exarado pelo MPTCU.
98. A interpretação esposada pelo Acórdão 278/2010 – Plenário, proferido nos autos do TC
021.550/2003-6, foi a de serem acatadas as alegações de defesa, tanto do particular contratado como dos
gestores. Naquele caso específico, no entanto, a contratada cumpriu sem questionamentos o objeto do
contrato, e a Comissão de TCE não questionou nem a realização dos cursos nem os relatórios de
execução.
99. Conforme o voto condutor do Acórdão citado, “não se pode imputar o débito apontado uma vez
que os cursos contratados foram realizados de forma satisfatória, com a carga horária prevista, com
frequência adequada e preços ajustados que sequer foram objeto de questionamento”. Por tal razão os
argumentos do responsável foram acatados, não havendo imputação de débito ou aplicação de multa.
100. Já o Acórdão 495/2010 – Plenário rejeitou interpretação idêntica proposta pelo parquet, pois o
fato de a Seter/MS não ter contado com os meios necessários para acompanhar e controlar a execução do
PLANFOR é imputável a seus dirigentes, e constitui precisamente a causa mediata das irregularidades, e
não uma atenuante.
101. De modo que o entendimento exposto no citado parecer, de se imputar o débito somente ao
particular contratado, a rigor, não foi acolhido nem pelo Acórdão 495/2010 nem pelo Acórdão 278/2010,
proferidos pelo Plenário, não constituindo mudança da orientação adotada por essa Corte de Contas.
Recorrente –Sr. Fábio Portela Machinski
Preliminar de nulidade
102. Alega nulidade decorrente de cerceamento de defesa, tendo em vista que antes da instauração
da TCE não foi garantida ao Estado do Mato Grosso do Sul a apresentação de alegações de defesa e de
documentos que comprovassem a ausência das irregularidades apontadas.
103. Opõe que o artigo 38, § 1º, da IN STN 01/1997 garante o direito de defesa do Estado do Mato
Grosso do Sul, prevendo prazo para a apresentação de alegações de defesa, juntada de documentos ou
mesmo o recolhimento do valor do débito imputado, antes da instauração do procedimento de Tomada de
Contas Especial.
104. Argumenta que, sem possibilitar ao Estado o direito de regularizar as falhas encontradas no
convênio ou recolher o valor do débito imputado, fica comprometida a defesa dos agentes citados, pois os
agentes públicos não podem se defender adequadamente sem o acesso e o conhecimento irrestrito dos
documentos sob a guarda do Estado. A não adoção de tais providências caracterizaria grave infração ao
princípio do devido processo legal.
Análise
105. Não há o que se falar em nulidade, pois o artigo 38, § 1º, da IN STN 01/1997 não se relaciona
nem com o “direito de defesa” do Estado do Mato Grosso do Sul, nem com o dos recorrentes.
106. Uma vez que o Estado federado não se beneficiou com os recursos mal aplicados, os
responsáveis a serem notificados eram os gestores dos valores recebidos. A notificação a ser realizada é
ao responsável pela gestão dos recursos públicos, e não à entidade convenente, no caso o Estado do Mato
Grosso do Sul.
107. O dispositivo traz apenas previsão de notificação que não tinha como objetivo propiciar o
contraditório e a ampla defesa, mas apenas solicitar ao responsável que apresente a prestação de contas a
qual se comprometeu a apresentar quando da assinatura do convênio. A situação era também prevista pelo
artigo 31, §§ 7º e 8º, da IN STN 01/1997.
108. No regime da IN STN 01/1997, quando a prestação de contas não era encaminhada no
prazo convencionado, o concedente assinava o prazo máximo de 30 (trinta) dias para sua apresentação,
ou recolhimento dos recursos, incluídos os rendimentos da aplicação no mercado financeiro, acrescidos
de juros e correção monetária, comunicando o fato ao órgão de controle interno de sua jurisdição ou
equivalente.
109. Esgotado o prazo de 30 dias e não cumpridas as exigências, ou, ainda, se existissem evidências
de irregularidades de que resultassem em prejuízo para o erário, a unidade concedente dos recursos
587
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
120. O percentual de execução foi exposto no Relatório do Acórdão recorrido. O recorrente não
apresenta nenhum elemento apto a desconstituir a conclusão alcançada pela Comissão de Tomada de
Contas Especial, que culminou na instrução da Secex/MS (fls. 8.087/8.129 do vol. 28), e no relatório do
Acórdão 494/2010 – Plenário, apresentando apenas negativas genéricas. Dessa forma, o argumento não
pode ser acolhido.
Argumento
121. Considera que eventual omissão de informações ou prestação de informações falsas acerca da
execução dos projetos, bem como a falsificação de documentos apresentados à Seter e a má aplicação dos
recursos do FAT são de responsabilidade da entidade executora, a qual deveria responder pelo dano
causado ao erário. Conforme cláusulas terceira, parágrafo único, e cláusula sétima, itens 7.1 a 7.3, a
responsabilidade pela devolução do dinheiro recebido no caso de descumprimento do contrato é da
executora.
Análise
122. Note-se que a responsabilidade pelos recursos federais repassados é dos gestores públicos da
entidade convenente, no caso, a Seter/MS. A conduta exigida dos Superintendentes de Qualificação
Profissional era acompanhar, fiscalizar, acompanhar e controlar a execução dos serviços dos contratos e a
efetiva aplicação dos recursos contratuais.
123. O contrato firmado entre a Fetricom e a Seter/MS vincula apenas as duas partes signatárias,
não tendo efeito sobre a responsabilidade estabelecida pelo convênio celebrado entre o Ministério do
Trabalho e Emprego e o Estado do Mato Grosso do Sul.
124. Conforme salienta o acórdão recorrido, os cursos previstos não foram realizados conforme os
moldes traçados, os objetivos propostos não foram atingidos, os documentos aptos a comprovar as
despesas da contratada não foram apresentados. Mesmo havendo diversas deficiências na prestação dos
serviços, estes foram pagos, situação a qual deveria ter sido evitada pelos gestores.
Argumento
125. Afirma que a decisão recorrida é equivocada, pois o agente não teria facilitado, permitido nem
concorrido para que terceiro se enriquecesse ilicitamente, não teriam obtido qualquer vantagem, não
teriam retardado ou deixado de praticar ato de ofício. Não teriam agido de forma ímproba, negligente nem
omissa, não podendo ser penalizados à devolução de valores recebidos pela entidade. Opõe que a
imoralidade não pode ser presumida, devendo ser robustamente demonstrada mediante suporte
probatório.
Análise
126. No momento em que o agente recebe os recursos públicos a serem geridos, torna-se o
responsável pela sua boa e regular aplicação. Demonstrado o repasse dos recursos a determinados
agentes, provado está o fato constitutivo do direito do ente público concedente.
127. Cabe aos responsáveis demonstrar fato impeditivo ou modificativo do direito do concedente. É
nesse contexto que o ordenamento jurídico brasileiro imputa ao gestor público a comprovação da boa e
regular aplicação dos recursos públicos pelos quais se responsabiliza.
128. Também já foi demonstrado que, por força do que dispõe o art. 70, parágrafo único, da
CF/1988, bem assim o art. 93 do Decreto-lei 200/1967 c/c o art. 66 do Decreto 93.872/1986, compete ao
gestor comprovar a boa e regular aplicação dos recursos públicos, isto é, cabe ao gestor o ônus da prova.
129. Não se trata de afirmar que os agentes obtiveram proveito pessoal ou que enriqueceram
ilicitamente. Demonstrou-se que a conduta dos responsáveis contribuiu para que a Fetricom não
cumprisse as cláusulas contratuais e utilizasse parcela dos recursos recebidos para finalidades não
amparadas contratualmente, isto é, desviasse os valores públicos.
130. Logo, não é verdade que os recorrentes não facilitaram, concorreram ou permitiram que a
entidade contratada recebesse pagamento por serviços não prestados ou por despesas não comprovadas,
obtendo assim vantagem ilícita.
Argumento
131. Expõe que nunca exerceu a função de Superintendente de Qualificação Profissional. Não
existiria nos autos nenhuma prova de que o recorrente tenha exercido o cargo de Superintendente.
589
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
132. Assim, uma vez que não teria legitimidade para figurar no polo passivo da TCE, requer
extinção do processo sem julgamento de mérito em relação ao recorrente.
Análise
133. O responsável foi citado solidariamente com os demais envolvidos porque teria exercido o
cargo de Superintendente de Qualificação Profissional, de modo que lhe caberia, nessa condição, efetuar
o acompanhamento, a fiscalização e o controle da execução dos contratos do Planfor, atividades nas quais
a Seter/MS se mostrou omissa.
134. Em outras TCE, as alegações de defesa do Sr. Fábio Portela Machinski foram aceitas pelo
Tribunal, em razão de não ter sido constatada a atuação do gestor na execução dos contratos ora em
exame. Nesses casos, a unidade técnica constatou que o responsável não exerceu o cargo de
Superintendente de Qualificação Profissional durante o período examinado.
135. Sendo assim, o Sr. Fábio Portela Machinski teve as contas julgadas regulares, com quitação
plena, em diversas tomadas de contas especiais, v.g. Acórdãos 737/2009 e 860/2009, ambos proferidos
pelo Plenário.
136. O Acórdão atacado considerou que o recorrente exerceu, ainda que de fato, a função de
Superintendente de Qualificação Profissional da Seter/MS, uma vez que recebeu ofício da entidade
executora que o qualifica como tal (fls. 3897), emitiu correspondência interna em nome da
superintendência (fls. 3712), aprovou parecer técnico (fls. 3775), ordenou pagamento (fls. 3870) e
solicitou emissão de nota de empenho (fls. 3795), no âmbito do Contrato 021/2000.
137. No entanto, conforme salienta o Acórdão 277/2010 – Plenário:
“Especificamente neste caso, a instrução apresenta rol de atos de gestão que demonstrariam que,
ainda que somente de fato, o responsável exerceu o cargo indicado (fl. 3685 do volume 13).
Não obstante, não me parece conveniente, diante dos elementos examinados, a responsabilização
do Sr. Fábio Portela Machinski pelas impropriedades detectadas nos autos. Isso porque o equívoco
acabou por contaminar o ofício de citação, vez que nele se encontra a expressa menção a um cargo que o
responsável oficial e formalmente não exerceu (fls. 3239 e 3240 do volume 11).
Neste caso, o desacerto, em tese, é suficiente para causar a nulidade da citação, vez que
prejudicou o exercício da defesa. Ao compulsar as alegações de defesa produzidas pelo responsável,
percebi que estão centradas no principal argumento, que é o da ilegitimidade para figurar no polo
passivo destas contas, ilegitimidade essa fundamentada no fato de que não exerceu o prefalado cargo
(fls. 3294 a 3303 do volume 11).”(grifos apostos).
138. No mesmo sentido, os Acórdãos 203/2010 e 350/2010, ambos proferidos pelo Plenário. Diante
dos elementos contidos no processo, inclusive dos atos que teriam sido praticados pelo gestor, suas contas
devem ser julgadas regulares com ressalva, dando-lhe quitação.
CONCLUSÃO
139. Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
I. com fundamento nos arts. 32, inciso I, e 33, da Lei n.º 8.443, de 1992, conhecer o recurso de
reconsideração do Sr. Agamenon Rodrigues do Prado, para, no mérito, negar-lhe provimento;
II. com fundamento nos arts. 32, inciso I, e 33, da Lei n.º 8.443, de 1992, conhecer o recurso de
reconsideração do Sr. Fábio Portela Machinski, para, no mérito, dar-lhe provimento, dando nova redação
aos itens 9.2, 9.2.4 e 9.4 do Acórdão 495/2010 – Plenário, nos seguintes termos:
9.2. condenar em débito os responsáveis Srs. Agamenon Rodrigues do Prado, José Luiz dos Reis,
Pedro Aloísio Vendramini Duran e Ana Maria Chaves Faustino Tieti e a Fetricom - Federação dos
Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de Mato Grosso do Sul,
consoante a seguir discriminado, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para
comprovarem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea "a", do Regimento Interno), o
recolhimento das dívidas aos cofres do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, atualizadas
monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir das datas indicadas até os efetivos
recolhimentos, na forma prevista na legislação em vigor:
9.2.4. solidariamente, os Srs. Agamenon Rodrigues do Prado e Pedro Aloísio Vendramini Duran e
a Fetricom - Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de
590
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Mato Grosso do Sul, pela quantia de R$ 5.508,00 (cinco mil e quintos e oito reais), em 22/3/2001,
atinente ao contrato 021/2000;
9.4. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/92, julgar
regulares com ressalva as contas dos responsáveis Srs. Farid Badlallad Bahmad, Thirza Gomes Coelho,
Zênite Dantas da Silva, Sônia Savi, Terezinha Lopes Chaves, Jane Aparecida da Silva, Maria José de
Moraes e Fábio Portela Machinski, dando-lhes quitação;
III. alertar para o pedido de sustentação oral à fl. 24 do Anexo 1;
IV. dar ciência da deliberação que vier a ser adotada aos recorrentes e aos demais interessados e
encaminhar cópia do Relatório, do Voto e da deliberação que vier a ser adotada ao Ministério Público
Federal, Procuradoria da República no Estado do Mato Grosso do Sul.”
6. Encaminhados os autos ao Ministério Público que atua junto a esta Corte, o ilustre
Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin concordou com a aludida proposta (fls. 39 – Anexo 2).
É o Relatório.
VOTO
6. Ao final do julgamento a quo, o Recorrente Agamenon Rodrigues do Prado teve suas contas
julgadas irregulares e foi condenado em débito e em multa porque agiu de forma negligente e imprudente
ao considerar verdadeiros os documentos apresentados pela entidade privada contratada para a
execução das ações do Planfor, sem a verificação e acompanhamento dos cursos supostamente
ministrados, e sem relatórios elaborados por terceiro contratado. (fls. 8.201 – Volume 28)
7. Sua responsabilização, portanto, se deu, fundamentalmente, por conta de sua conduta culposa,
uma vez que entregou a terceiro ações fiscalizatórias que lhe competiam sem exigir seu cumprimento
integral e sem avocar para si tal responsabilidade, quando prestada de forma deficiente. (fls. 8.201 –
Volume 28)
8. Por isso, conforme demonstrou o i. Ministro Relator da deliberação recorrida, foi
responsabilizado pelos danos apurados em relação aos contratos 096/1999, 101/1999, 019/2000 e
021/2000.
9. Já no que diz respeito ao Recorrente Fábio Portela Machinski, foi responsabilizado
solidariamente com o Sr. Agamenon Rodrigues de Prado por ter exercido a função de Superintendente de
Qualificação Profissional da Seter/MS e, portanto, também ter sido responsável direto pelo
acompanhamento, fiscalização e controle da execução dos contratos. Sua atuação, no entanto, se
restringiu ao contrato 021/2000, motivo pelo qual sua condenação solidária se limitou ao dano apurado
quanto ao mesmo.
10. Inconformados, ambos os mencionados Recorrentes interpuseram seus respectivos recursos de
reconsideração.
11. O Recorrente Agamenon Rodrigues Prado sustenta, em resumo, o seguinte:
a) que os servidores designados para realizar a TCE não teriam sido devidamente qualificados e
que a Comissão não teria entendido a finalidade social do PLANFOR;
b) ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa, uma vez que não teria tido a
oportunidade de demonstrar não ter agido com culpa;
c) que teria agido de maneira diligente e que a culpa pelas irregularidades seria do órgão
Concedente, que não teria disponibilizado condições técnicas e materiais suficientes;
d) que criou a Superintendência de Qualificação Profissional, a qual tinha como atribuição
justamente acompanhar, fiscalizar e avaliar os projetos e a execução das ações;
e) que além da criação da referida Superintendência, contratou a FAPEC para fiscalizar e avaliar as
ações e a submissão dos processos à aprovação da Procuradoria Geral do Estado;
f) que o instrumento celebrado não teria sido um convênio, mas sim um contrato, e que, por isso, a
fiscalização do cumprimento do mesmo seria da FAPEC;
g) que as medidas cabíveis para o acompanhamento e fiscalização do contrato eram de
competência da equipe técnica da Superintendência de qualificação e que foi induzido a erro pela mesma;
e
592
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
h) que a decisão proferida nos autos do TC 021.550/2003-6 já teria concluído que os graves
defeitos de concepção do Planfor é que teriam facilitado os desvios perpetrados na operação daquele
plano.
12. Já o Recorrente Fábio Portela Machinski aduz, preliminarmente, nulidade do julgamento por
conta de pretensa violação à garantia de defesa, tendo em vista que antes da instauração da TCE, não teria
sido garantido ao Estado do MS a apresentação de alegações de defesa e de documentos que
comprovassem a ausência das irregularidades apontadas. Quanto ao mérito, alega, em síntese, o seguinte:
13. No que diz respeito ao recurso interposto pelo Sr. Agamenon Rodrigues do Prado, entendo que
não merece prosperar.
14. Não se justifica suas alegações de que os servidores designados para realizar a TCE não teriam
sido devidamente qualificados e que a Comissão não teria entendido a finalidade social do PLANFOR.
15. Conforme demonstrou a Unidade Técnica, não era obrigatória a qualificação dos membros da
Comissão designada para realizar a TCE, mas sim a qualificação do responsável, ou seja, do próprio
Recorrente, conforme art. 4º da IN/TCU 13/1996.
16. Ademais, a responsabilização do Recorrente não se deu por conta de eventual entendimento da
Comissão quanto à finalidade do PLANFOR, mas sim em virtude de o Recorrente ter incorrido em culpa
na sua função de fiscalizar os contratos celebrados.
17. Também não encontra amparo algum nos autos a alegação de que teria havido ofensa aos
princípios do contraditório e da ampla defesa, uma vez que não teria tido o Recorrente a oportunidade de
demonstrar não ter agido com culpa.
18. Consoante também demonstrou a Unidade Técnica (fls. 23 – Anexo 2, item 20), o Recorrente
poderia ter apresentado, em sede recursal, documentos, declarações reduzidas a termo, laudos periciais
e outros meios de prova admitidos em direito para fins de prova da boa e regular aplicação de recursos
públicos. Se tais elementos seriam capazes de comprovar o bom e regular emprego dos recursos,
deveriam ter sido apresentados quando solicitados, em vez de ser objeto de conjectura pelo recorrente.
Esclareceu ainda o auditor que, conforme preconiza o artigo 160, § 1º e § 3º, do RITCU, desde a
constituição do processo até o término da etapa de instrução, é facultada à parte a juntada de
documentos novos, ressaltando-se a possibilidade de distribuição de memorial aos ministros, auditores e
ao representante do MPTCU após a inclusão do processo em pauta e durante a sustentação oral, já
solicitada.
19. A alegação do Recorrente em comento no sentido de que teria agido de maneira diligente e que
a culpa pelas irregularidades seria do Órgão Concedente, que não teria disponibilizado condições técnicas
e materiais suficientes, também não encontra sustentáculo nos autos ou na legislação de regência, pois a
responsabilidade pela fiscalização das entidades contratadas pelo Convenente (no caso em tela,
representado pelo ora Recorrente) era deste, ou seja, da Seter/MS e não do Ministério do Trabalho e
Emprego.
20. Quanto à alegação de que criou a Superintendência de Qualificação Profissional, a qual tinha
como atribuição justamente acompanhar, fiscalizar e avaliar os projetos e a execução das ações, cumpre
destacar que tal conduta igualmente não elide a responsabilidade do Recorrente, pois era sua obrigação
exigir dos executores diretos a demonstração da boa e regular aplicação dos recursos ferais em comento,
593
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
uma vez que, como bem demonstrou a Unidade Técnica às fls. 26 – Anexo 2, o Secretário de Estado não
é considerado agente político, mas sim executor direto (Acórdão nº 1.132/2007 – TCU - Plenário).
21. No que diz respeito à alegação de que além da criação da referida Superintendência, contratou a
FAPEC para fiscalizar e avaliar as ações e a submissão dos processos à aprovação da Procuradoria Geral
do Estado, cumpre reiterar que tal assertiva milita em seu desfavor, pois consoante demonstrado no
julgamento a quo, a responsabilização do Recorrente se deu, fundamentalmente, por conta de sua conduta
culposa, uma vez que entregou a terceiro ações fiscalizatórias que lhe competiam sem exigir seu
cumprimento integral e sem avocar para si tal responsabilidade, quando prestada de forma deficiente.
(fls. 8.201 – Volume 28)
22. A alegação de que o instrumento celebrado não teria sido um convênio, mas sim um contrato, e
que, por isso, a fiscalização do cumprimento do mesmo seria da FAPEC, da mesma forma, não elide a
responsabilidade do Recorrente, uma vez que a responsabilidade pela fiscalização desses contratos, como
antes já demonstrado, era do órgão Convenente, isto é, da Secretaria Estadual. Ainda que a Secretaria,
como já dito pelo Recorrente, tenha delegado tal função à FAPEC, quando assim procedeu assumiu os
riscos por eventual negligência ou omissão por esta praticada, mais um motivo pelo qual não se justifica
tal alegação.
23. Quanto ao argumento de que as medidas cabíveis para o acompanhamento e fiscalização do
contrato eram de competência da equipe técnica da Superintendência de qualificação e que foi induzido a
erro pela mesma, igualmente já demonstrou-se, inclusive no Acórdão guerreado, que o próprio método de
contratação construído pela Seter/MS é que resultou nas falhas verificadas, e não a atuação das técnicas.
Às fls. 8.199 (Volume 28) do Voto condutor do Acórdão recorrido, o então Relator esclareceu se o
Recorrente tivesse cumprido com a obrigação de manter pessoal técnico qualificado e suficiente às
medidas de controle administrativo e operacional do contrato, que lhe garantisse o acompanhamento,
supervisão e fiscalização, dificilmente se estaria agora discutindo dano provocado pela execução
contratual incompleta. Prosseguindo, concluiu ainda que cabe ao titular de um órgão escolher seus
auxiliares diretos com esmero, sob pena de responder por culpa in eligendo, consoante dispunha o art.
1.521, inciso III, do Código Civil então vigente. (grifos de transcrição)
24. Por fim, no que concerne à decisão proferida nos autos do TC 021.550/2003-6, que já teria
concluído que os graves defeitos de concepção do Planfor é que teriam facilitado os desvios perpetrados
na operação daquele plano, cumpre destacar que a situação delineada no referido TC difere da aqui
exposta, pois, como bem demonstrou a Unidade Técnica, naquele caso específico, a contratada cumpriu
sem questionamentos o objeto do contrato, e a Comissão de TCE não questionou nem a realização dos
cursos nem os relatórios de execução.
25. Destarte, por tudo o que se expôs, nego provimento ao recurso interposto pelo Sr. Agamenon
Rodrigues do Prado e mantenho inalterado o Acórdão guerreado no ponto que a ele diz respeito.
26. Já no que pertine ao Recorrente Fábio Portela Machinski, entendo que melhor sorte lhe assiste.
27. É que restou demonstrado nos autos que por ocasião da deliberação contida no Acórdão nº
277/2010 – TCU – Plenário, concluiu-se que este Recorrente não exerceu o cargo que lhe gerou a
responsabilização imputada no julgamento a quo.
28. Ora, conforme expus no item 9 acima, o Recorrente Fábio Portela Machinski foi
responsabilizado solidariamente com o Sr. Agamenon Rodrigues de Prado por ter exercido a função de
Superintendente de Qualificação Profissional da Seter/MS. Foi por ter adotado esta premissa, ou seja, por
ter adotado este motivo determinante é que esta Corte condenou o Recorrente em tela.
29. Como, no entanto, em outros julgamentos já se definiu que ele não exerceu o referido cargo, é
imperioso que sua responsabilidade seja elidida.
Em razão do exposto, VOTO por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à apreciação
deste Colegiado, para conhecer os recursos de reconsideração interpostos pelos Srs. Agamenon Rodrigues
do Prado e Fábio Portela Machinski, e, no mérito, negar provimento ao recurso do primeiro e dar
provimento ao recurso do segundo.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
594
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
1. Processo nº TC 021.434/2003-7.
2. Grupo I – Classe I – Assunto: Recurso de Reconsideração em Tomada de Contas Especial
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Ministério do Trabalho e Emprego (vinculador) ().
3.2. Responsáveis: Agamenon Rodrigues do Prado (220.387.791-04); Ana Maria Chaves Faustino
Tiete (450.499.478-04); Farid Badlallad Bahmad (108.977.471-00); Federação dos Trabalhadores Nas
Indústrias da Construção e do Mobiliário de Mato Grosso do Sul (26.856.732/0001-71); Fábio Portela
Machinski (164.466.581-68); Jane Aparecida da Silva (201.663.201-10); José Luiz dos Reis
(422.152.691-20); João Gomes de Araújo (273.161.491-91); Maria José de Moraes (501.152.001-34);
Pedro Aloísio Vendramini Duran (005.261.048-99); Sônia Savi (202.226.531-91); Terezinha Lopes
Chaves (199.945.161-91); Thirza Gomes Coelho (331.848.361-34); Zenite Dantas da Silva (178.161.301-
04).
4. Órgão/Entidade: Entidades/órgãos do Governo do Estado do Mato Grosso do Sul.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
5.1. Relator da Deliberação Recorrida: Ministro Augusto Sherman Cavalcanti
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidade: Secretaria de Recursos (SERUR).
8. Advogado(s) constituído(s) nos autos: Maria Celeste da Costa e Silva (OAB/MS nº 3.281) e José
Valeriano de S. Fontoura (OAB/MS nº 6.277).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recursos de reconsideração interpostos pelo Srs.
Agamenon Rodrigues do Prado (Anexo 1) e Fábio Portela Machinski (Anexo 2), por meio dos quais se
insurgem contra o Acórdão nº 494/2010 – TCU - Plenário (fls. 8.204/8.206 – Volume 28), retificado por
inexatidão material pelo Acórdão nº 671/2010 - TCU – Plenário (fls. 8.210/8.211 – Volume 28), que
julgou irregulares suas respectivas contas, condenando-os em débito e em multa,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 32, inciso I e 33, ambos da Lei 8.443/92, conhecer o recurso de
reconsideração interposto pelo Sr. Agamenon Rodrigues do Prado (CPF: 220.387.791-04), para, no
mérito, negar-lhe provimento;
9.2. com fundamento nos arts. 32, inciso I, e 33, da Lei n.º 8.443, de 1992, conhecer o recurso de
reconsideração interposto pelo Sr. Fábio Portela Machinski (CPF: 164.466.581-68), para, no mérito, dar-
lhe provimento, dando nova redação aos itens 9.2, 9.2.4 e 9.4 do Acórdão nº 494/2010 – TCU - Plenário,
nos seguintes termos:
“9.2. condenar em débito os responsáveis Srs. Agamenon Rodrigues do Prado, José Luiz dos Reis,
Pedro Aloísio Vendramini Duran e Ana Maria Chaves Faustino Tieti e a Fetricom - Federação dos
Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de Mato Grosso do Sul, consoante
a seguir discriminado, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovarem,
perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea "a", do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas
aos cofres do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros
595
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
de mora, calculados a partir das datas indicadas até os efetivos recolhimentos, na forma prevista na
legislação em vigor:
9.2.4. solidariamente, os Srs. Agamenon Rodrigues do Prado e Pedro Aloísio Vendramini Duran e a
Fetricom - Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de Mato
Grosso do Sul, pela quantia de R$ 5.508,00 (cinco mil e quintos e oito reais), em 22/3/2001, atinente ao
contrato 021/2000;
9.4. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/92, julgar
regulares com ressalva as contas dos responsáveis Srs. Farid Badlallad Bahmad, Thirza Gomes Coelho,
Zênite Dantas da Silva, Sônia Savi, Terezinha Lopes Chaves, Jane Aparecida da Silva, Maria José de
Moraes e Fábio Portela Machinski, dando-lhes quitação;”
9.3. dar conhecimento deste Acórdão, encaminhando cópia do respectivo Relatório e Voto, aos
Recorrentes, aos demais interessados e à Procuradoria da República no Estado do Mato Grosso do Sul.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
596
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Adoto como relatório a instrução de fls. 83/102, da lavra da 1ª. Secretaria de Controle Externo
deste Tribunal, a qual transcrevo, com fulcro no art. 1º, § 3º, inciso I, da Lei 8.443/92:
fundamentais: a disponibilidade e a padronização, isto é, aqueles que podem ser fornecidos a qualquer
tempo, em face da existência de uma atividade empresarial estável, e suas qualidades e atributos são
precedentemente definidos e de modo uniforme.
10. Nesse contexto, é oportuno salientar que, em recurso apresentado ao Tribunal Regional Federal
da 1ª Região (Processo nº 2008.34.00.031443-4), o DNIT sustentou que “os serviços a serem contratados
são equipamentos que já estão desenvolvidos e sua utilização se dá em todo o país em contratos dos
diversos órgãos e entidades rodoviários e de trânsito dos entes federativos. [...] De fato não há
desenvolvimento de qualquer sistema informatizado. Os equipamentos empregados são comuns, há
diversos fabricantes e operadores atuando no mercado, e os softwares já foram previamente
desenvolvidos” (fls. 48/49 do Anexo 2). Dessa forma, pode-se concluir que a licitação do tipo técnica e
preço não é obrigatória para a aquisição dos bens e serviços de informática empregados no objeto a que se
refere o Edital nº 471/2009-00, afastando-se também a hipótese da letra “b”, mencionada acima, como
justificativa.
11. Restaria, então, a última hipótese, ou seja, prestação de serviços de grande vulto,
majoritariamente dependentes de tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio restrito. Em relação ao
domínio da tecnologia, o DNIT informou em sua resposta (fl. 21 do Anexo 3) que foi solicitada a 12
(doze) empresas fabricantes e prestadores de serviço uma proposta de preços, a fim de subsidiar a
elaboração do orçamento da contratação. Na sessão de entrega de envelopes da presente licitação, 13
(treze) licitantes confirmaram interesse em participar do certame, sendo 8 (oito) em consórcio e 5 (cinco)
individualmente, totalizando 23 (vinte e três) empresas (fls. 3/5 do Anexo 4). Assim, não há que se falar
em domínio restrito porquanto, pelo menos, essas empresas, de alguma forma, dominam a tecnologia
envolvida na prestação do serviço. Ademais, o próprio DNIT afirmou, perante o juízo federal, que os
equipamentos os já estão desenvolvidos e sua utilização se dá em todo o país em contratos dos diversos
órgãos e entidades rodoviários e de trânsito dos entes federativos.
12. Em princípio, o valor global de R$ 1,4 bilhão do objeto licitado poderia sugerir que se trata de
licitação de grande vulto. Porém, esse valor representa a soma do orçamento dos 12 (doze) lotes em que o
objeto foi dividido, sendo que o maior valor entre os orçamentos totaliza R$ 143.111.920,99 (cento e
quarenta e três milhões, cento e onze mil, novecentos e vinte reais e noventa e nove centavos), a serem
executados em 5 (cinco) anos. Por outro ângulo, podemos considerar, então, que se trata de 12 (doze)
licitações realizadas em conjunto, as quais, individualmente, deixam de ter essa natureza.
13. Ademais, não lhe basta que seja de grande vulto para que seja obrigatória a utilização do tipo
técnica e preço. É preciso que seja também um serviço dependente, majoritariamente, de tecnologia
nitidamente sofisticada e de domínio restrito.
14. A questão atinente ao domínio da tecnologia já foi abordada. A atualização tecnológica, por sua
vez, representa apenas 1,3% do orçamento global do objeto (fl. 8 do Anexo 3), indicando que a tecnologia
empregada nos equipamentos/sistemas já se encontra suficientemente desenvolvida e estabilizada.
15. Dessa forma, as objeções levantadas são suficientes para demonstrar que a terceira hipótese não
serve para justificar o tipo de licitação empregado no Edital 0471/09-00 do DNIT. Em acréscimo, cumpre
lembrar que, nos termos do § 3º do art. 46 da Lei nº 8.666, de 1993, a adoção excepcional da licitação
técnica e preço depende de autorização expressa e justificativa circunstanciada da maior autoridade do
órgão/entidade que promove a licitação. Não há indícios de que tais requisitos tenham sido preenchidos.
No item 7 do Projeto Básico (fl. 292 do Anexo 1), informa-se, tão-somente, que “Este tipo de licitação
está sendo adotado por determinação judicial exarada nos autos de Mandados de Segurança nº
2008.34.00.0021171-0 e 2008.34.00.0313833-3, que tramitaram na 21ª Vara Federal da Seção
Judiciária do Distrito Federal, e Mandado de Segurança nº 2008.34.00.031443-4, que tramitou na 1ª
Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal”.
16. No que toca a tais demandas judiciais, salienta-se que a decisão interlocutória que determinou a
suspensão do Edital nº 238/2008-00 (Processo nº 2008.34.00.031443-4; fls. 123/129 do Anexo 2) foi
fundamentada em entendimentos do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Regional Federal da 1ª
Região, externados em 2005 e 2007, respectivamente. Conquanto, em 2007, o TRF da 1ª Região (AG
200601000463617, Rel. Des. Federal Maria Isabel Gallotti Rodrigues, DJU 2/4/2007) tenha concluído
598
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
que, em situações específicas, era obrigatória a licitação do tipo técnica e preço, já acenava com a
possibilidade de se admitir a aquisição de bens e serviços de informática mediante pregão.
17. Em decisões recentes, o Tribunal Federal tem ratificado esse entendimento, como, por exemplo,
no julgamento do AGSS 2005.01.00.074126-2/DF (Rel. Des. Federal Jirair Aram Meguerian, 11/05/2009
e-DJF1), quando manifestou-se da seguinte forma: “V - Assim postos os fatos, observo que, não obstante
§ 4º, do art. 45, da Lei 8.666/93, estabeleça, para aquisição de bens e serviços de informática, como
regra geral, a obrigatoriedade de licitação do tipo 'técnica e preço', o certo é que este dispositivo é,
todavia, anterior à vigência da Lei 10.520/2002, devendo ele ser atualmente interpretado levando em
conta não apenas a evolução legislativa, mas, sobretudo, a circunstância de que a informática deixou de
ser instrumento de uso restrito e pouco comum, passando a ser método empregado no dia a dia da
generalidade das atividades públicas e privadas, profissionais, econômicas e mesmo domiciliares do
cidadão médio”. Esse precedente assume uma relevância maior na medida em foi proferido pela Corte
Especial, em decisão unânime. Em outro julgado posterior (AG 2009.01.00.010269-2/DF) tal
entendimento foi reiterado.
18. Apesar disso, no caso que ora se discute, os editais anteriores foram anulados pelo Juízo da 21ª
Vara Federal. Como fundamento da decisão, foi assentado que a autoridade impetrada (Presidente da
Comissão de Licitação do DNIT) não demonstrou a razoabilidade da exigência editalícia referente a
equipamentos novos e sem uso. Além disso, entendeu-se que não se tratava da aquisição de bens e
serviços comuns, mas de bens e serviços com ponderável complexidade. No dispositivo da sentença,
proferida em 2/2/2009 (fl. 136 do Anexo 2), a Juíza Federal emitiu a seguinte conclusão: “Ante o exposto,
CONCEDO a segurança para decretar a nulidade dos Editais de Concorrência Pública 238/2008-00 e
239/2008-00-DNIT”.
19. No que diz respeito à sentença e à coisa julgada, o Código de Processo Civil estabelece em seu
art. 468 que “A sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites da lide e
das questões decididas” (grifamos). Por outro lado, o art. 469 estatui que “Não fazem coisa julgada: I -
os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; II - a
verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença”. Assim, pode-se concluir que a sentença
judicial prolatada no âmbito do Processo nº 2008.34.00.031383-3 tem força de lei somente para decretar a
anulação dos certames mencionados, não representando óbice absoluto para que, no presente certame, a
entidade adote o tipo de licitação mais adequado de acordo com as circunstâncias atuais, consoante já fora
decidido no Acórdão nº 819/2009-Plenário pelo TCU.
20. Ainda que a coisa julgada não alcance os fundamentos da sentença, de acordo com a ordem em
que eles foram articulados, pode-se inferir que a decisão determinando a anulação dos certames foi
motivada, principalmente, em face da exigência de equipamentos novos e sem uso. Essa questão está
superada, porquanto o edital da presente licitação não faz tal exigência. Secundariamente, a autoridade
judicial fala em ponderável complexidade dos bens e serviços e vultosidade das contratações. Essas
considerações, conforme visto, não são bastantes para obrigar a adoção do tipo técnica e preço.
21. Por fim, é relevante salientar que, nos termos do parágrafo único do art. 12 da Lei nº 1.553, de
1951, vigente à época, “A sentença, que conceder o mandato, fica sujeita ao duplo grau de jurisdição,
podendo, entretanto, ser executada provisoriamente” (Redação dada pela Lei nº 6.014, de 1973). Trata-
se, no caso, de duplo grau obrigatório, conforme jurisprudência do TRF da 1º Região (p. ex. AMS
2006.38.03.000857-7/MG), verbis: “A sentença que concede a segurança sujeita-se ao duplo grau de
jurisdição obrigatório, a teor do parágrafo único do art. 12 da Lei nº 1.533, de 31.12.1951”.
22. Sendo certo que, no presente caso, não houve o duplo grau obrigatório porque a revogação dos
mencionados editais pelo Diretor Geral (fl. 18 do Anexo 2) decretou a perda do objeto das ações judiciais,
não há que se falar em trânsito em julgado, uma vez que, em tais casos, para que ele ocorra a
manifestação do Juízo de 2º grau é indispensável, consoante está assentado na jurisprudência do TRF da
1ª Região (p. ex. AMS 2002.01.99.011570-6/MG), verbis: “1. Não ocorre o trânsito em julgado da
sentença concessiva da segurança, não submetida ao obrigatório duplo grau de jurisdição (parágrafo
único do art. 12 da Lei 1.533/51), e que não procedeu à intimação pessoal da União”.
599
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
23. Dessarte, resta definitivamente esclarecido que a sentença proferida pelo Juízo da 21ª Vara
Federal, nos autos do Processo nº 2008.34.00.0313833-3, não constitui óbice para que, neste certame,
regulado pelo Edital 471/2009-00, o DNIT adotasse outro tipo de licitação mais adequado às
circunstâncias atuais, uma vez que não ocorreu o seu trânsito em julgado, a decisão judicial foi
fundamentada em entendimento já superado pelo TRF da 1ª Região e no dispositivo da sentença o Exmo.
Juiz limitou-se a conceder a segurança para decretar a nulidade dos Editais de Concorrência Pública nºs
238/2008-00 e 239/2008-00.
24. Ademais, o objeto, tal como definido no Edital nº 471/2009-00, não se enquadra na condição de
prestação de serviço de grande vulto, dependente de tecnologia sofisticada e de domínio restrito, e, por
conseguinte, não preenche os requisitos previstos no § 3º do art. 46 da Lei nº 8.666, de 1993, como forma
de justificar a adoção da licitação do tipo técnica e preço. O caso não se enquadra, também, nas outras
duas hipóteses mencionadas na Lei que obrigam a utilização desse tipo de licitação.
II- Demonstre que a pontuação da proposta apenas em relação à capacitação e experiência da
proponente e à qualificação das equipes técnicas é suficiente e pertinente ao objeto licitado.
25. A entidade informa que considera essa forma de pontuação suficiente e pertinente, pois abrange
as parcelas de maior relevância e evita a subjetividade. No passado, exigia-se uma explanação do
conhecimento do problema e plano de trabalho. Entretanto, o Ministério dos Transportes determinou a
mudança do critério de avaliação, sendo adotado um sistema objetivo de pontuação, calcado em
comprovação por meio de atestados. Essa forma de avaliação tem por objetivo contratar empresas
mediante a ponderação da melhor proposta técnica com o menor custo.
26. Aduz que, na fase de habilitação, solicita-se a indicação de dois profissionais de nível superior
para cada lote, com experiência nas duas atividades de maior relevância. Na fase de julgamento, tais
profissionais são avaliados e pontuados mediante apresentação de certificações.
27. Julga que, na prestação dos serviços, é de fundamental importância contar com uma equipe
experiente para que não ocorram paralisações prolongadas. Outrossim, entende que a capacitação da
empresa deve ser medida pela sua experiência na condução de serviços de cunho similar, sendo a
quantidade de faixas/equipamentos operados durante a vida profissional, aliada ao tempo de atuação no
mercado, uma maneira objetiva de avaliar essa experiência. Esses dois quesitos conjugados indicam a
capacidade de a empresa prestar serviços a contento.
28. Acrescenta que a parcela de maior relevância no orçamento da licitação refere-se a serviços de
instalação e manutenção de equipamentos e em processamento de dados e imagens. Assim, os atestados
exigidos estariam compatíveis com a parcela mais relevante do orçamento.
Análise
29. O objetivo de contratar empresas mediante a ponderação da melhor proposta técnica com o
menor custo é comum a todas as licitações realizadas no tipo técnica e preço. A questão controvertida
neste ponto reside em saber se os critérios adotados no Edital nº 471/2009-00 para avaliar as propostas
técnicas são suficientes e adequados.
30. O julgamento das propostas técnicas será realizado com base em critérios definidos da seguinte
forma, consoante o subitem 18.2 do Edital c/c os subitens 5.1 e 5.2 do Anexo II do Edital (fl. 129 e
316/318 do Anexo 1):
QUESITOS PONTOS
Capacidade Técnica da Licitante 40
Tempo de Atuação da Licitante (TAL) 0 a 20
Avaliação da Capacidade Operacional (ACO) 0 a 10
Avaliação da Eficiência dos Equipamentos (AEE) 0 a 10
Capacidade da Equipe Técnica
Na execução de serviços de instalação e manutenção de equipamentos 60
medidores de velocidade. 0 a 30
Em processamento de dados e imagens com apoio à emissão de notificações de 0 a 30
infração de imposição de penalidade.
Fator de Permanência: a) mais de um ano na empresa – Fp = 1,0; b) menos um
600
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
38. A Avaliação da Eficiência dos Equipamentos (AEE), incluída entre os critérios que indicam a
Capacidade Técnica da Licitante, pode ser admitida como um critério de avaliação da qualidade técnica
da proposta na medida em que essa avaliação deve compreender a tecnologia e os recursos materiais a
serem utilizados nos trabalhos. Entretanto, não é bastante para avaliar a qualidade técnica da proposta e
representa apenas 10% do total de pontos atribuídos para a nota técnica, sendo, pois, desproporcional à
parcela que os equipamentos representam na composição do orçamento.
39. Dessa forma, já é possível concluir que os quesitos Capacidade Técnica da Licitante e
Capacidade da Equipe Técnica não são suficientes para atender plenamente ao disposto no art. 46, § 1º,
inciso I, da Lei nº 8.666, de 1993, porquanto avaliam, preponderantemente, a experiência da licitante e do
seu corpo técnico, com pouca ênfase sobre os equipamentos. São insuficientes também na medida em que
o tipo técnica e preço só foi adotado porque o juízo da 21º Vara Federal de Brasília entendeu que o objeto
licitado emprega equipamentos de informática de considerável sofisticação técnica e ponderável
complexidade, mas não foram instituídos critérios adequados e suficientes para avaliar essas
circunstâncias do objeto.
40. Quanto aos critérios pontuáveis de cada quesito, há decisões do TCU (p.ex. Acórdãos nº
481/2004, 1.094/2004, 264/2006, 944/2006, todos do Plenário) asseverando que a utilização de critérios
que atribuam pontos pelo tempo de atuação do licitante na prestação de serviços restringe o caráter
competitivo da licitação, consagrado no art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993, por não aferir a
eficiência, a qualidade, a solidez ou a estrutura da futura contratada.
41. Especificamente nas licitações do DNIT, em duas oportunidades (Acórdãos nº 2.632/2007 e
1.993/2008, ambos do Plenário), concluiu-se que, nos casos examinados, o critério de pontuação técnica
denominado “Tempo de Atuação do Proponente” não causava prejuízos à competição, visto que
estipulava limites razoáveis para pontuação. Tais licitações destinavam-se à contratação de serviços
técnicos de consultoria e de serviços de elaboração de projetos, e o critério era pontuado com, no
máximo, 10 (dez) pontos.
42. No presente caso, trata-se de objeto que emprega equipamentos de informática com
participação relevante no orçamento da contratação. No voto condutor do Acórdão nº 481/2004-Plenário,
que analisou a licitação de serviços técnicos de informática, o Relator entendeu que o tempo de atuação
da licitante não avaliava o seu desempenho, afirmando que: “na área de informática, a obsolescência de
produtos e serviços ocorre muito rapidamente, fazendo com que o domínio sobre a tecnologia e,
consequentemente, o desempenho independam do tempo de existência da empresa. Ademais, não vejo
como se atribuir menor valor ao desempenho daquela empresa que, embora tenha executado o serviço
em menor número de oportunidades, tenha feito a tarefa de forma plenamente satisfatória. Portanto, o
critério afronta o princípio da isonomia, pois privilegia aspectos individuais das empresas concorrentes
que não são determinantes da sua capacidade técnica em executar o objeto”.
43. Na conclusão pela razoabilidade de se utilizar o tempo de atuação da licitante como um dos
critérios de avaliação da capacidade técnica, levou-se em consideração que, naqueles casos, esse critério
não era responsável exclusivo pela pontuação da capacidade da proponente, bem como representava
apenas 10% do total de pontos atribuíveis ao julgamento da proposta técnica. No presente caso, além de o
objeto envolver o emprego de equipamentos de informática, sendo, pois, pertinente a aplicação do
entendimento externado no Acórdão nº 481/2004-Plenário, tal critério é pontuado com 20 (vinte) pontos e
representa 50% do total da pontuação atribuída à capacidade técnica da licitante.
44. Posto isso, julgamos que seja razoável admitir a manutenção desse critério como forma de
avaliar a capacidade técnica da licitante, desde que ele seja pontuado com, no máximo, 10 (dez) pontos, e
sejam instituídos critérios para avaliação do produto, em si, na mesma proporção que os
equipamentos/sistemas impactam o orçamento.
45. Concernente ao quesito Capacidade da Equipe Técnica, o edital da licitação atribui-lhe 60
(sessenta) pontos, distribuídos igualmente entre atestados de profissionais de nível superior com
experiência em: a) instalação e manutenção de equipamentos medidores de velocidade e b) em
processamento de dados e imagens. Cada profissional não poderá ser indicado para mais de um lote, e a
experiência em cada uma das atividades será comprovada por meio de, no máximo, quatro atestados, cada
602
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
um valendo 7,5 pontos. Não há exigência de que o profissional seja do quadro permanente da empresa.
Porém, se aquele que for indicado não pertencer ao quadro há mais de um ano ou se ainda estiver por ser
contratado, a sua pontuação será reduzida em 20%.
46. Conforme se vê, a equipe técnica da licitante só obterá pontuação máxima pelos atestados que
apresentar se os profissionais indicados para a prestação dos serviços tiverem vínculo empregatício ou
contratual com a empresa licitante superior a 1 (um) ano. Em diversas oportunidades, o TCU decidiu que
é indevida a inclusão de critério de pontuação no instrumento convocatório que dê privilégio para
empresas que tenham, previamente, em seus quadros profissional com determinada qualificação. No voto
condutor do Acórdão nº 126/2007-Plenário, de 08/02/2007, o Relator salientou que: “Relativamente ao
quesito de pontuação referente à existência prévia de profissionais de cunho técnico operacional no
quadro permanente da empresa licitante (...), este Tribunal tem sistematicamente se manifestado no
sentido de rechaçar exigência dessa natureza, por entender que inibe o caráter competitivo do certame e
fere o princípio da igualdade, contrariando, em consequência, o art. 3º, caput e § 1º, inciso I, da Lei nº
8.666/1993 (v.g. Acórdãos nºs 481/2004; 1.094/2004; 26/2007, todos do Plenário; Acórdão nº
2.178/2006 - 1ª Câmara; Acórdão nº 2.561/2004 - 2ª Câmara)”.
47. Segundo o voto, a concessão de pontos a licitantes que possuam em seus quadros profissionais
com qualificações específicas privilegia empresas de grande porte, porém não garante que o pessoal
indicado na proposta técnica será alocado na execução do objeto. Para que a contratante não fique a
mercê de “licitantes aventureiros” e tenha maior garantia da qualidade do pessoal da contratada, cabe a
ela dispor, tanto no edital como no contrato que vier a ser celebrado, o perfil desejado e o quantitativo
mínimo de pessoas que entende necessário para realização dos serviços, evitando, assim, eventual
favorecimento de determinadas empresas na fase de pontuação técnica, porém garantindo que o objeto
contratado será executado por pessoas plenamente qualificadas.
48. Dessarte, o fato de ser inaceitável a inclusão no edital desse tipo de critério para aferir a
capacidade da equipe técnica, por si só, bastaria para concluir pela irregularidade dos dois critérios que
integram o quesito Avaliação da Equipe Técnica. Contudo, cabe acrescentar que a forma de pontuação
definida no edital do DNIT não é isonômica, haja vista levar em consideração tão-somente a quantidade
de atestados, ignorando o tempo de experiência do profissional.
49. Nesse contexto, por exemplo, a empresa SIGET levou ao DNIT, em sua impugnação ao edital,
uma ponderação totalmente razoável, mas que foi considerada improcedente. Em síntese, argumentou a
licitante que, se uma empresa possuir em seu corpo técnico os profissionais exigidos no edital, mas que
tenham atuado apenas em um contrato com duração de seis anos (ou seja, tenham efetivamente seis anos
de experiência), obterá apenas 7,5 pontos, por profissional, totalizando 15 pontos; entretanto, outra que
também possua os profissionais e estes tenham quatro atestados, cada um, ainda que com um mês de
atuação por atestado (perfazendo, no caso, apenas quatro meses de experiência), obterá 60 (sessenta)
pontos no somatório dos dois critérios de pontuação. Esse singelo exemplo bem ilustra a inadequação dos
critérios de pontuação técnica, com o agravante de envolver o quesito de maior valoração definido no
edital.
50. No voto condutor do Acórdão nº 786/2006-Plenário, de 25/05/2006, o Relator manifestou-se no
sentido de que “o número de vezes que o participante do certame executou as mesmas tarefas não se
afigura como critério relevante para selecionar o licitante mais apto, visto que não se pode inferir que o
licitante detentor de um atestado de experiência tenha um desempenho inferior ao do licitante que dispõe
de dois. Essa linha de raciocínio leva também à conclusão de que o critério confere vantagem ao
licitante detentor de vários atestados em detrimento do licitante que possui apenas um atestado, não
obstante ambos se encontrem na mesma situação, ou seja, aptos a executar o objeto. Nessas
circunstâncias, o critério viola o princípio da isonomia”.
51. Cumpre salientar que o TCU já se manifestou (p. ex. Acórdão 1.094/2004-Plenário) contrário a
“vedar o somatório de atestados para fins de comprovação de atendimento a quesitos de pontuação, nos
casos em que a aptidão técnica das empresas puder ser satisfatoriamente demonstrada por mais de um
atestado”. Contudo, esse entendimento e outros que lhe são assemelhadas não significam que, a
603
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
contrario sensu, seja admitida a pontuação na forma adotada no Edital nº 471/2009-00, porquanto
afronta o princípio da isonomia.
52. Conquanto não se trate de critério de avaliação técnica da proposta, é oportuno acrescentar que
também na fase de habilitação (Experiência Técnico-Profissional), no subitem 13.4.2 do edital (fls.
115/117 do Anexo 1), exige-se “Indicação nominal da equipe técnica a ser disponibilizada para
realização do objeto da licitação, [...] sendo que a licitante deverá para efeito de qualificação comprovar
possuir em seu quadro permanente no mínimo o seguinte profissional de nível superior legalmente
habilitado que comporá a equipe, para cada lote” (grifamos). Trata-se, no caso, de 1 (um) profissional de
nível superior com experiência em instalação e manutenção de equipamentos medidores de velocidade e 1
(um) com experiência em processamento de dados e imagens, para cada lote que a empresa pretenda
concorrer.
53. Ainda nos termos do edital, “b.1) A comprovação do vínculo empregatício do(s) profissional(is)
[...] será feita mediante cópia da Carteira Profissional de Trabalho e a Ficha de Registro de
Empregados (FRE) que demonstrem a identificação do profissional e guia de recolhimento do FGTS
onde conste o(s) nome (s) do(s) profissional(ais); b.1.1) Será admitida a comprovação do vínculo
profissional por meio de contrato de prestação de serviços, celebrado de acordo com a legislação civil
comum; c) é vedada indicação de um mesmo profissional por mais de um licitante, tal fato
desclassificará todas as licitantes envolvidas”.
54. Além de ser vedada a indicação de um mesmo profissional por mais de uma licitante, cumpre
acrescentar que as empresas que tiverem interesse efetivo em mais de um lote deverão apresentar equipes
técnicas distintas para cada um desses lotes, uma vez que, de acordo com a informação prestada pelo
DNIT, uma licitante poderá até apresentar a mesma equipe para todos os lotes, mas, nesse caso, só terá
adjudicado um lote.
55. Dada à peculiaridade da experiência exigida, presume-se que não há tantos profissionais
disponíveis no mercado. De qualquer forma, tal exigência impõe ônus antecipado às proponentes sem a
correspondente garantia de que o participante venha a ser o vencedor do certame, o que pode afastar
empresas potencialmente aptas para prestar os serviços. Além do seu caráter restritivo, essa exigência
também não é razoável na medida em que obriga a vinculação antecipada de tantos profissionais, por
atividade e por lote, quantos sejam os concorrentes. Supondo que, em média, cinco empresas apresentem
propostas, seriam indicados 10 (dez) profissionais disponíveis no mercado para cada lote, totalizando 120
(cento e vinte) pessoas indicadas, das quais apenas 24 (vinte e quatro) seriam efetivamente alocadas na
prestação dos serviços.
56. A jurisprudência do TCU tem se consolidado no sentido de coibir a inclusão nos editais de
exigências desarrazoadas para cujo atendimento os licitantes tenham de incorrer em despesas que sejam
desnecessárias e anteriores à própria celebração do contrato ou que frustrem o caráter competitivo do
certame (p. ex. Acórdãos nº 2.561/2004-2ª Câmara, 126/2007-Plenário, 2.575/2008-1ª Câmara). Também
neste caso, é suficiente que a contratante estabeleça, tanto no edital como no contrato que vier a ser
celebrado, o perfil desejado e o quantitativo mínimo de pessoas que entende necessário para realização
dos serviços.
57. Cabe consignar, por fim, que não resta dúvida de que a fase de habilitação é distinta e estanque
da de julgamento. A hipótese de que a pontuação de atestados possa representar confusão entre as fases
não procede frente à jurisprudência desta Casa, porquanto tem-se admitido, em alguns casos, a inclusão
do tempo de atuação da licitante como um dos critérios de aferição da capacidade técnica da licitante.
Nesse sentido, no voto condutor do Acórdão nº 2.632/2007-Plenário, o Relator consignou que “não se
vislumbram meios de se dissociar completamente a experiência da proponente medida por atestados
daquela decorrente do tempo de sua atuação, visto que a obtenção de atestados só ocorrerá se a empresa
já existir anteriormente e tiver executado contratos afins”. Dessa forma, não se podendo falar, nesse
caso, em confusão de fases, igualmente não há motivo para se cogitar a nulidade do certame.
58. Posto isso, julgamos que:
58.1. Os quesitos Capacidade Técnica da Licitante e Capacidade da Equipe Técnica não são
compatíveis com a distribuição do orçamento e são insuficientes para avaliar as propostas técnicas,
604
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
porquanto avaliam, preponderantemente, a experiência da licitante e do seu corpo técnico, ficando apenas
10% (dez por cento) dos pontos para avaliação da eficiência dos equipamentos, contrariando o disposto
no art. 46, § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666, de 1993, e o entendimento o Juízo da 21º Vara Federal de
Brasília, segundo o qual a licitação por técnica e preço se justificaria em face da considerável sofisticação
técnica e ponderável complexidade dos equipamentos de informática demandados.
58.2. A pontuação atribuída ao Tempo de Atuação da Licitante é excessiva, na medida em que
representa 50% (cinquenta por cento) da nota atribuída ao quesito Capacidade Técnica da Licitante. Nos
termos da jurisprudência do TCU, esse critério só é aceitável se for pontuado em limites razoáveis, bem
como se for conjugado com outros critérios que avaliem a experiência e a capacidade da licitante.
58.3. Os critérios de pontuação do quesito Capacidade da Equipe Técnica são indevidos porque, ao
assegurar às empresas que já tenham em seu quadro permanente, há mais de um ano, determinado tipo de
profissional a possibilidade de obterem vantagem, bem como ao estabelecer pontuação apenas por meio
de contagem de atestados, sem levar em conta, efetivamente, o tempo de experiência dos profissionais,
inibem o caráter competitivo do certame e ferem o princípio da igualdade, contrariando, em
consequência, o art. 3º, caput e § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/1993.
58.4. A exigência da indicação nominal de dois profissionais de nível superior distintos para cada
um dos 12 (doze) lotes em que a licitação foi dividida, como requisito indispensável para habilitação da
empresa, não tem respaldo na jurisprudência do TCU (p. ex. Acórdãos nº 2.561/2004-2ª Câmara,
126/2007-Plenário, 2.575/2008-1ª Câmara), visto que impõe ônus antecipado às proponentes sem a
correspondente garantia de que o participante venha a ser o vencedor do certame, e frustra o seu caráter
competitivo.
III- Se manifeste acerca da utilização do “fator de permanência”, estabelecido no item 5.2.3
do Edital, uma vez que esse critério de pontuação técnica não atende ao princípio da isonomia e
pode induzir à contratação de empresa que não possua os melhores profissionais e que não
apresente a melhor proposta, tanto em termos técnicos como de preços, além do que não substitui a
necessidade de a Administração contratante fiscalizar, durante a execução do contrato, a
correspondência da qualificação dos profissionais alocados ao que foi proposto pela empresa e
estabelecido no edital.
59. Segundo o DNIT, o critério de pontuação técnica não fere o princípio da isonomia, visto que se
aplica a todas as concorrentes, indistintamente, e da mesma forma. Considerando que no momento da
habilitação é exigida a comprovação do vínculo empregatício do profissional com a empresa, não poderia
ser diferente na fase de avaliação das propostas, eis que não poderiam ser pontuados profissionais
diferentes dos apresentados na fase de habilitação, nem se exigir certificações que não correspondessem
às parcelas de maior relevância.
60. Aduz que a atribuição de pesos diferenciados para profissionais com vínculo empregatício
superior a um ano e para profissionais com vínculo inferior a um ano se deve ao entendimento de que esse
seja um indicador da solidez da equipe que reflete a solidez da licitante. Tal critério não induz à
contratação de empresa que tenha os melhores profissionais, mas, ao contrário, refere-se a profissionais
que estabeleceram vínculo empregatício com a empresa. Não se pretende que essa exigência substitua a
obrigação de fiscalizar a execução do contrato. Em caso de substituição de profissionais, todas as
exigências relativas ao profissional deverão ser atendidas.
Análise
61. O fator de permanência é um índice aplicável sobre a pontuação dos profissionais que serão
indicados para compor a equipe técnica. Na prática, ele só terá efeitos sobre os pontos dos profissionais
com menos de um ano de vínculo empregatício ou ainda por serem contratados, atuando como um redutor
de 20% da pontuação obtida por esses profissionais.
62. Os dois critérios de avaliação do quesito Capacidade da Equipe Técnica (experiência na
instalação de equipamentos e manutenção de equipamentos e experiência em processamento de dados e
imagens) já foram analisados no tópico anterior desta instrução e, ao contrário do que sustenta o DNIT,
foi demonstrado que eles não são isonômicos, bem como têm caráter restritivo, sendo necessária a
modificação do instrumento convocatório.
605
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
63. Conquanto a exclusão dos critérios de avaliação da capacidade da equipe adotados no Edital nº
471/2009-00 implique a do fator de permanência, é conveniente analisar as justificativas apresentadas.
Tendo em vista que esse fator impõe tratamento diferenciado às empresas que possuírem em seu quadro
os profissionais exigidos no contrato há mais de um ano, é imperioso concluir que ele não é isonômico.
Resta saber se há justificativas razoáveis para sua instituição.
64. De acordo com orçamento apresentado pelo DNIT (fl. 8 do Anexo 3), é um equívoco afirmar
que as exigências feitas em relação aos profissionais na fase de habilitação e na de julgamento das
propostas técnicas se justificam porque correspondem às parcelas de maior relevância. É incontroverso
que a execução do contrato dependerá de profissionais para instalação, operação e manutenção de
equipamentos. Em que pese a forma de distribuição do orçamento adotada não permitir identificar a
representatividade do custo dos equipamentos/sistemas no valor orçado do objeto, pode-se inferir que,
tanto no processamento (8,7%) quanto na disponibilização de equipamentos/sistemas (52,8%), o custo
dos equipamentos/sistemas é mais expressivo do que o valor destinado à remuneração da equipe técnica.
65. Nesse sentido, é importante salientar que a coordenação da execução do contrato corresponde a
apenas 4,6% do valor do orçamento, a manutenção de equipamentos/sistemas, a 23,0%, mas a exigência
para habilitação e avaliação técnica diz respeito, tão-somente, a profissionais de nível superior que, em
tese, terão a função de coordenar/supervisionar a execução do contrato.
66. Não se trata de minimizar a importância da intervenção humana. Entretanto, é intuitivo que,
uma vez instalados os equipamentos, a execução desse tipo de contrato depende, essencialmente, do bom
funcionamento dos sistemas. Vale dizer, a execução do contrato depende da qualidade e eficiência do
produto contratado, sendo que, à exceção da operação dos sistemas, a intervenção humana será necessária
somente nas manutenções de rotina e em caso de falhas, a qual será mais ou menos requisitada de acordo
com a qualidade e eficiência dos equipamentos/sistemas que serão contratados.
67. Não obstante essas considerações, o DNIT deu maior importância à avaliação da equipe
técnica, atribuindo-lhe 60% (sessenta por cento) dos pontos totais e apenas 10% para avaliar o percentual
de aproveitamento de imagens, que será comprovado por meio de atestados.
68. Tudo isso leva à mesma conclusão da análise anterior, ou seja, os critérios de avaliação da
capacidade da equipe técnica não são razoáveis, não se justificam em face do que representam na
distribuição do orçamento e contrariam a jurisprudência do TCU, porquanto impõem ônus antecipado às
proponentes, sem a correspondente garantia de que o participante venha a ser o vencedor do certame, e
frustram o caráter competitivo do certame. Por conseguinte, o fator de permanência também não se
justifica, eis que incide como um redutor da nota de profissionais que não tenham vínculo empregatício
superior a um ano ou que ainda irão ser contratados, podendo provocar a perda de até 12 (doze) pontos.
69. De relevo sublinhar que, no Acórdão nº 2.632/2007-Plenário, o fator de permanência foi uma
das questões analisadas. Naquela oportunidade, o DNIT alegou que o referido critério foi incluído no seu
edital padrão como medida de segurança para se prevenir a prática conhecida como “aluguel de
currículo”, que ocorre quando os licitantes remuneram profissionais de alta qualificação para
“emprestarem” seus nomes e atestados para participar de licitações. Após se sagrarem vencedores dos
certames, os citados profissionais são dispensados e substituídos por outros quaisquer para executar o
objeto do contrato.
70. Na análise do caso, esta 1ª Secex considerou que o fator de permanência “seria inócuo para o
objetivo pretendido uma vez que a própria Lei 8.666/1993, em seu artigo 30, § 10, permite a substituição
do membro da equipe técnica durante a execução do contrato. Seria assim exigência irrelevante capaz de
não só restringir eventualmente a competitividade do certame, como também de permitir que proposta
com preços maiores venha a ganhar a licitação em detrimento de empresa com mesma qualificação mas
que teve sua nota técnica reduzida em razão do fator”. Entretanto, no voto condutor do Acórdão, o
Relator, julgando tratar-se de procedimento com intuito moralizador, aceitou a manutenção do fator de
permanência no edital e, em contrapartida, exigiu do DNIT a estrita observância do disposto no art. 30, §
10, da Lei 8.666/1993, “permitindo, na fase de execução dos contratos, apenas substituições entre
profissionais com a mesma qualificação, conferindo com isso máxima eficácia ao Fator de Permanência
empregado na fórmula de cálculo da Nota Técnica das licitantes”.
606
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
71. O mesmo fundamento que levou o TCU, naquele caso concreto, a tolerar a utilização do fator de
permanência pelo DNIT era suficiente para refutá-lo. Se o próprio dispositivo mencionado no voto admite
a substituição de profissionais durante a execução do contrato por outros de experiência equivalente ou
superior, não faz sentido instituir um critério cujo efeito prático restringe-se ao tratamento desigual dos
licitantes, na medida em que o interesse público poderia ser protegido apenas com a definição do perfil
dos profissionais no edital e com a fiscalização eficiente da execução do contrato.
72. Ainda que a possibilidade de substituição de profissionais não estivesse expressamente prevista
na Lei, ela seria inevitável, porquanto a Administração Pública não possui o poder de ingerência sobre as
atividades empresariais de seus fornecedores de bens ou serviços ou sobre os interesses dos profissionais,
sendo, pois, incapaz de impedir as movimentações naturais no mercado de trabalho. Além disso, em face
do princípio da impessoalidade, a pessoa do profissional, salvo exceções, não importa para a
Administração Pública, mas apenas que os serviços sejam prestados com qualidade e eficiência.
73. Vale acrescentar que a justificativa apresentada revela que a utilização do fator de permanência
visa, em última análise, aferir a solidez da empresa. Esse quesito já será avaliado por meio do critério
atinente ao tempo de atuação da empresa. Mesmo que essa não seja a função precípua do fator de
permanência ele não se justifica na medida em que só surtirá efeitos reais no momento do julgamento das
propostas. Não há nenhuma garantia de que o profissional indicado na proposta será alocado na prestação
do serviço.
74. Dessa forma, o fator de permanência não se presta para o fim que, em tese, justificaria a sua
utilização. Para se assegurar da qualidade e da eficiência da prestação dos serviços em questão é
suficiente que a Administração Pública defina de maneira clara, tanto no edital como no contrato que vier
a ser celebrado, o perfil desejado e o quantitativo mínimo de profissionais que entende necessário para
sua execução, evitando, assim, violação do princípio da isonomia na fase de pontuação técnica, porém
garantindo que o objeto contratado será executado por pessoas plenamente qualificadas.
IV- Demonstre que os pesos atribuídos para a Nota da Proposta Técnica (NPT) e a Nota da
Proposta de Preços (NPP), combinados com a diferença nas faixas de pontuação da NPT e NPP,
adotada na fórmula padrão do DNIT para quantificação da Nota Final (NF), são adequados e não
afrontam o princípio da economicidade.
75. De acordo com a justificativa apresentada, os pesos são adequados e não afrontam o princípio
da economicidade porque é utilizada a fórmula do Edital Padrão do DNIT. Ressalta-se na justificativa que
não se trata da aquisição de bens, mas da contratação de serviços em cuja prestação a técnica é
preponderante. Acrescenta-se que economicidade não significa poupar recursos a qualquer custo, mas
aplicá-los da melhor forma possível.
76. Esse princípio, segundo o entendimento da autarquia, deve ser visto e aplicado frente a fatos
concretos. Sendo assim, simulações com dados de licitações já realizadas mostram que em 70% (setenta
por cento) dos casos a mudança do multiplicador de 25 para 50, no cálculo da NPP, não alteraria o
resultado do certame.
Análise
77. Cumpre enfatizar, inicialmente, que a questão abordada neste tópico é a distorção nos pesos das
propostas técnica e de preço (6 e 4), expressamente definidos na fórmula de cálculo da nota final,
utilizada no Edital Padrão do DNIT, para licitações tipo técnica e preço, a saber, NF = [(6NPT + 4NPP) /
10], causada pelo multiplicador 25 (vinte e cinco), adotado na fórmula da nota da proposta de preços, qual
seja, NPP = 100 – {[P – (M x 0,70)] x 25} / [O – (M x 0,70)].
78. Vale dizer, neste ponto não se pretende analisar qual o tipo mais adequado de licitação.
Também não está em jogo a qualidade dos serviços prestados, mas é certo que há sempre uma maneira de
atender aos preceitos do princípio da economicidade sem abrir mão da qualidade e eficiência dos serviços
contratados.
79. O simples fato de a fórmula em questão fazer parte do Edital Padrão do DNIT não é o bastante
para comprovar que os pesos finais, influenciados pela distorção provocada pela fórmula da nota da
proposta de preços, sejam adequados e não levem a contratações antieconômicas.
607
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
80. Conforme visto acima, a nota final é obtida pela soma da Nota da Proposta Técnica (NPT) com
a Nota da Proposta de Preços (NPP), ponderadas na proporção de 60% (sessenta por cento) para a técnica
e 40% (quarenta por cento) para o preço. Assim, a preponderância da técnica já está expressamente
definida. No cômputo da nota final, a nota da proposta técnica é lançada diretamente na fórmula, podendo
variar entre 50 (cinquenta) e 100 (cem) pontos, já que, nos termos do subitem 18.4 do edital (fl. 129 do
Anexo 1), só as propostas com nota técnica igual ou superior a 50 (cinquenta) pontos serão classificadas.
A nota da proposta de preços, por outro lado, é obtida pela aplicação da fórmula vista acima. A utilização
do controvertido fator 25 (vinte e cinco) faz com que todos os preços ofertados transformem-se em pontos
que variam numa faixa entre 75 (setenta e cinco) e 100 (cem). Isso significa que a pior proposta de preços
terá, sempre, no mínimo 75 (setenta e cinco) pontos.
81. Ao contrário do que possa parecer, o tratamento diferenciado para as notas técnicas e de preços
aumenta o peso relativo da técnica, visto que concentra os preços, por mais díspares que sejam, numa
faixa menor de variação. É importante enfatizar que essas considerações nada têm a ver com a
ponderação expressamente definida pelo DNIT de 60% (sessenta por cento) para a técnica e de 40%
(quarenta por cento) para o preço. Trata-se, unicamente, do desequilíbrio provocado pela fórmula da nota
da proposta de preços, acentuando o peso relativo da técnica e interferindo diretamente no resultado das
licitações, com a escolha de propostas injustificadamente mais onerosas.
82. O DNIT não nega que a fórmula provoque esse desequilíbrio, apenas alega que a sua aplicação
a um grupo amostral de licitações já realizadas revelou que, em 70% (setenta por cento) dos casos, a
alteração do fator não mudaria o resultado. Se é assim, de outro modo, podemos concluir que o DNIT
admite, expressamente, que, em 30% (trinta por cento) das licitações mencionadas (fls. 10/15 do Anexo
3), foi selecionada uma proposta menos vantajosa para a Administração Pública. Outrossim, podemos
inferir que, na visão da entidade, a probabilidade de que esse percentual venha se repetir em outras
licitações não é motivo suficiente para ensejar mudança no fator utilizado na fórmula de cálculo da Nota
da Proposta de Preços (NPP).
83. Em termos exatos, considerando o levantamento feito pela autarquia, temos que em 25% (vinte
e cinco por cento) dos casos concretos mencionados (quatro em dezesseis) a alteração do fator utilizado
na fórmula seria determinante para modificar o resultado da licitação, conforme demonstra a tabela que
segue:
NPP NF
Empr Proposta Proposta
Edital NPT Fator Fator Fator Fator DIFERENÇA
esa Selecionada Preterida
25 50 25 50
1 100,00 77,23 54,46 90,89 81,78
164/09 2.340.300,32 1.824.469,71 -515.830,61 -22,04%
2 88,00 91,25 82,49 89,30 85,80
(quatrocentos e vinte e nove milhões, trezentos e quatro mil, setecentos e sessenta e dois reais e sessenta
centavos) entre as propostas declaradas vencedoras e as propostas indevidamente preteridas. Os casos
concretos apresentados pela entidade, vistos acima, confirmam que é evidente o risco de que a
manutenção do fator 25 (vinte e cinco) na fórmula do Edital Padrão do DNIT interfira decisivamente no
resultado do certame, levando à seleção de propostas menos vantajosas para a Administração Pública, de
acordo com a ponderação definida pela autarquia de 60% para a técnica e 40 % para o preço.
86. Os outros 12 (doze) casos concretos mencionados na resposta da oitiva não afastam essa
possibilidade. A análise dos seus dados, reunidos no Apêndice A (fls. 79/81 do Principal), aponta que em
nove licitações o resultado não foi alterado porque houve uma combinação de melhor nota técnica e
menor preço (Edital 182/08/Lotes 1 a 4 e Edital 043/08/Lote 1; fl. 80 do Principal), ou de menor preço e
nota técnica muito próxima da nota máxima (Editais 031/08, 211/08, 182/08/Lote 5 e 224/07; fl. 81 do
Principal). Nas demais (03 casos), o resultado não foi alterado porque houve pouca diferença entre os
preços propostos (Editais 008/09 e 043/08/Lotes 3 e 4; fl. 82 do Principal).
87. De qualquer forma, entendemos que qualquer hipótese que represente risco injustificado com
potencial para conduzir à contratação de propostas antieconômicas para a Administração Pública já é
motivo suficiente para que sejam adotadas medidas pela coibi-la. No caso em questão, é patente o risco
representado pela fórmula adotada no Edital Padrão do DNIT, porquanto os dados analisados atestam que
em 25% (vinte e cinco por cento) das licitações recentes realizadas pela autarquia foram selecionadas
propostas menos vantajosas, de acordo com a ponderação de 60% para a técnica e 40% para o preço. Nos
demais 75% (setenta e cinco por cento) tal fato não ocorreu porque houve uma conjunção de fatores sobre
os quais a autarquia não tinha nenhum controle. Pelo contrário. Com o tempo, o mais provável é que as
empreiteiras se apercebam de que, nas licitações do tipo técnica e preço promovidas pelo DNIT, é a
proposta técnica o fator determinante do resultado, de modo que a tendência será a elevação dos preços.
Seja como for, a Administração deve tomar medidas para minimizar os riscos e não ficar à mercê das
circunstâncias.
88. Ressalte-se que a substituição do fator 25 (vinte e cinco) por 50 (cinquenta) na fórmula da Nota
da Proposta de Preços (NPP) tem unicamente o efeito de assentá-la em base similar à da Nota da Proposta
Técnica, deixando que a valoração entre a técnica e o preço seja determinada, exclusivamente, pelos
respectivos pesos expressamente definidos pelo DNIT. Visa, também, tornar mais transparente o critério
de classificação das propostas.
89. O fator 50 (cinquenta) se justifica na medida em ele converte os preços em pontos que podem
variar na mesma faixa das notas da proposta técnica (entre 50 e 100 pontos). No entendimento da
Controladoria-Geral da União (CGU), externado por meio da Nota Técnica nº 1007/DITRA/SFC/CGU-
PR, “tanto a Nota de Preço quanto a Nota Técnica deveriam variar na mesma faixa, seja ela de zero a
cem, cinqüenta a cem, ou qualquer outra, desde que igual às duas”.
90. Por todo o exposto, entendemos que os argumentos apresentados não são suficientes para
demonstrar que a fórmula adotada pelo DNIT no seu Edital Padrão, especialmente no que toca ao fator 25
(vinte e cinco) utilizado na fórmula da nota da proposta de preços, é adequada e conduz à seleção da
proposta mais vantajosa para a Administração Pública, haja vista encerrar distorção que altera a
ponderação estabelecida pela autarquia, aumentando indevidamente o peso da nota técnica na definição
do resultado do certame.
V- Demonstre que o valor do orçamento estimado para a contratação está compatível com a
média dos preços praticados no mercado.
91. O DNIT sustenta que os preços apresentados no orçamento do Edital nº 471/2009-00 resultam
de pesquisa realizada junto a 12 (doze) empresas atuantes no segmento e preços constantes da tabela
DNIT (mão de obra e serviços). A empresa Splice foi convidada para participar dessa pesquisa, mas se
esquivou de fornecer preços por considerar que preço de mercado é aquele praticado no mercado, razão
pela qual a pesquisa deveria ser dirigida aos órgãos contratantes.
92. Aduz que o mero levantamento dos preços resultantes de alguns certames não atende aos
ditames da Lei nº 8.666, de 1993 (art. 6º, inciso IX, alínea f; art. 7º, § 2º, inciso II; e art. 40, § 2º, inciso
II), entre os quais o orçamento é o detalhamento do custo global. Os editais e contratos informados pela
609
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
representante têm características que os diferem da licitação do DNIT, tornando inviável a comparação.
Ademais, ela não apresentou os orçamentos de referência das licitações mencionadas, a fim de permitir
uma comparação mais adequada. Por outro lado, em relação às licitações realizadas em Guarulhos/SP,
Goiás, São Paulo, Minas Gerais (Prefeitura de Contagem e DER) e Rio Grande do Sul (fls.31/55 do
Anexo 3), os preços do orçamento do Edital nº 471/2009-00 mostram-se inferiores.
Análise
93. O subitem 19.1 do Edital (fl. 129 do Anexo 1) estabelece que as propostas que apresentarem
valores unitários superiores ao limite estabelecido serão desclassificadas. Tendo em vista que esse limite
refere-se ao orçamento estimado do serviço, pode-se concluir que todas as propostas de preços deverão
ter valores inferiores a esse parâmetro, sob pena de a proponente ser excluída do certame. Assim, de fato,
não é pertinente fazer uma comparação direta do orçamento do Edital nº 471/2009-00 com os preços
vigentes em contratos em andamento, porquanto eles, provavelmente, representavam o menor preço
ofertado para a prestação do serviço. É pertinente, todavia, comparar esse orçamento com o de outras
licitações realizadas por órgãos/entidades estaduais e municipais.
94. De acordo com informações apresentadas pelo DNIT (fls. 31/55 do Anexo 3 e 3/431 do Anexo
8), essa comparação apresenta os seguintes resultados:
Barreira (Lombada) Radar Fixo Avanço Sinal
LICITAÇÃO
Valor Diferença Valor Diferença Valor Diferença
EDITAL Nº 471/2009-00/DNIT 5.668,36 3.968,24 4.252,81
Pregão 43/07 - Prefeitura de Guarulhos/SP 7.431,43 23,72% 7.574,94 47,61% 7.845,64 45,79%
Concorrência 002/07 - Contagem/MG 9.132,40 37,93% 7.514,00 47,19% 8.670,00 50,95%
Pregão 025/2008 - Prefeitura de Salvador 5.160,58 -9,84% 0,00 0,00% .... 0,00%
Concorrência 006/09-GECEL – Goiás 7.499,68 24,42% 7.104,02 44,14% .... 0,00%
Concorrência 001/05 - SMT- São Paulo .... 0,00% 4.336,88 8,50% .... 0,00%
Concorrência 095/08 - DER/Minas Gerais 8.107,40 30,08% 6.690,68 40,69% .... 0,00%
Concorrência 002/09 - Rio Grande do Sul ..... 0,00% 6.532,50 39,25% 8.040,00 47,10%
MÉDIA 15,19% 32,48% 20,55%
95. Os valores da tabela acima foram convertidos para a mesma data base do orçamento da licitação
em comento (maio/09), utilizando-se os mesmos índices sugeridos pelo DNIT (fls. 32/38 do Anexo 3).
Conforme se vê, em média, os valores orçados pelo DNIT estão inferiores aos que foram orçados para
outras licitações realizadas no país. Salienta-se que os orçamentos confrontados com o do Edital nº
471/2009-00 referem-se à prestação de serviço apenas em regiões urbanas. A licitação do DNIT, por
outro lado, combina pontos situados em regiões urbanas e em trechos rurais, distribuídos em todas as
Unidades da Federação. Essa peculiaridade, certamente, terá efeito nos custos da contratação.
96. No que toca à elaboração do orçamento, os documentos juntados nos Anexos 5 e 7 confirmam
que foi solicitada cotação de preços a 12 (doze) empresas, os quais serviram de referência no
detalhamento dos custos unitários estimados para cada lote. No caso do Lote 1, por exemplo, os preços
sugeridos foram reunidos em planilha específica para cada tipo de equipamento que será contratado (fls.
23/32 do Anexo 4), cujas médias foram transportadas para as planilhas de formação dos respectivos
preços (fls. 33/54 do Anexo 4). O mesmo critério foi adotado para a estimativa dos preços dos demais
lotes que constituem a licitação (fls. 118/138, 225/240, 324/336, 424/437, 517/532 do Anexo 4; e 26/41,
122/135, 213/229, 313/327, 406/420, 498/512 do Anexo 6).
97. Dessarte, diante dos limites da análise realizada no âmbito desta instrução e considerando que o
orçamento do Edital nº 471/2009-00 baseia-se em pesquisa de preços realizada junto a um número
razoável de empresas, conjugados com preços constantes da tabela DNIT (mão de obra e serviços), e que
os valores orçados para a remuneração dos serviços a serem prestados são, em média, inferiores aos
valores orçados para licitações de objeto similar, realizadas por órgão/entidades estaduais e municipais,
entendemos que os valores propostos no referido edital podem ser considerados adequados, sem prejuízo
de que em outra oportunidade seja realizada uma análise abrangente e aprofundada desse orçamento e dos
valores fixados nos contratos que vierem a ser celebrados.
610
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
98. Com base nos mesmos fundamentos, entendemos, ainda, que se pode concluir que foi cumprida
a determinação externada no Acórdão nº 819/2009-Plenário, no sentido de que o orçamento do objeto em
questão fosse elaborado com base em cesta de preços aceitáveis.
VI- Demonstre que a exclusão da fase de avaliação em campo dos equipamentos não
acarretará risco para a execução do contrato.
99. O DNIT salienta, inicialmente, que há dispositivo no edital que prevê sanção pecuniária a ser
aplicada sobre empresas que não cumprirem os parâmetros de desempenho, aferido pelo Índice de
Paralisação Máximo (IPM). Acrescenta que a avaliação de campo não foi exigida porque não havia
motivação ou oportunidade para tanto, uma vez que: a) os equipamentos são previamente aprovados e
homologados pelo INMETRO, bem como aferidos após a instalação; b) o teste de campo acarretaria ônus
desnecessário aos licitantes; e c) o TCU, em análise de caso similar, determinou à autarquia que não
realizasse avaliação de campo antes da contratação.
Análise
100. De fato, no subitem 28.11 do Edital (fl. 137 do Anexo 1), há previsão expressa no sentido de
que, em caso de não atendimento ao Índice de Paralisação Máxima (IPM), estabelecido no item 10 do
Projeto Básico (fl. 309/311 do Anexo 1), será imputada à contratada uma multa equivalente a 0,2% (zero
vírgula dois por cento) do valor mensal de operação devido por cada faixa de trânsito monitorada.
Também é fato que no Acórdão 1.529/2006-Plenário, em que foram analisadas supostas irregularidades
no Edital nº 431/2005, relativo à contratação de empresa para a prestação de serviços de pesagem
dinâmica e controle de dimensões, velocidade e fuga de veículos nos Postos de Pesagem de Veículos
(PPV), situados em rodovias federais, o TCU alertou o DNIT para não exigir que as empresas montassem
um posto de pesagem experimental previamente à contratação.
101. Nesse contexto, é oportuno acrescentar que existem várias decisões do TCU (p. ex. Decisão nº
1.237/2002, Acórdãos nºs 346/2002, 473/2004, 99/2005 e 526/2005, todos do Plenário) limitando a
exigência de amostras ou protótipos de bens a serem adquiridos, quando necessária, apenas ao licitante
provisoriamente em primeiro lugar. Além disso, conforme salientado na instrução precedente, os
atestados de Avaliação da Eficiência dos Equipamentos podem ser considerados como um teste de
campo.
102. Dessa forma, considerando que os equipamentos a serem empregados na prestação dos
serviços de que trata o Edital nº 471/2009-00 são previamente aprovados e homologados pelo INMETRO,
bem como aferidos após a sua instalação, e que existem precedentes jurisprudenciais do TCU que coíbem
a inclusão no instrumento convocatório de exigência similar ao teste de campo de equipamentos,
entendemos que foi acertada a decisão do DNIT em abster-se de exigir o teste de campo de equipamentos
no certame em questão.
VII- Se manifeste acerca da exigência, contida no item 20.5 do edital, de a licitante apresentar
equipes técnicas distintas para cada lote que for objeto de proposta, uma vez que não ficou
demonstrado em que situações ou serviços do contrato os profissionais não podem desempenhar
tarefas comuns e semelhantes em mais de um lote, o que, inclusive, poderia tornar mais eficiente a
contratação.
103. O DNIT informa que, conforme previsto no subitem 13.4.2 do edital, a equipe técnica, para
cada lote, será composta por dois profissionais de nível superior, cada um com experiência em atividades
completamente distintas. Aduz que a licitante até poderá apresentar a mesma equipe para todos os lotes,
porém, nesse caso, só terá adjudicado um lote. Tal exigência se deve ao fato de que os dois profissionais
estarão a cargo do gerenciamento de duas atividades e equipes distintas. Não seria possível um mesmo
profissional ser alocado em diferentes lotes, pois, além do volume de trabalho, cada lote corresponde a
um contrato e uma área distinta.
104. Lembra que questão semelhante foi suscitada por ocasião do Edital nº 594/2007-00, referente a
serviços de pesagem de veículos, tendo este Tribunal decidido pela razoabilidade da exigência.
Análise
105. Na mesma linha do raciocínio desenvolvido em relação ao fator de permanência, em princípio,
o simples fato de cada contrato corresponder a um lote distinto não constituiria impedimento para que um
611
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
profissional atuasse em mais de um contrato, se ele fosse firmado com a mesma empresa, porquanto, em
regra, a pessoa do profissional não importa para a Administração Pública, mas apenas que o serviço seja
prestado da forma e com a qualidade que foram estabelecidas no contrato.
106. Não obstante tal consideração, deve-se levar em conta que os trechos rodoviários federais que
serão objeto de monitoramento e controle eletrônico de velocidade foram divididos em (12) doze lotes.
Esses lotes abrangem rodovias situadas em mais de uma Unidade da Federação (fls. 58/98 do Anexo 1).
Assim, diante da extensão dos trechos que serão objeto da prestação de serviços em cada lote e da
incerteza de que uma mesma empresa seja vencedora de trechos contíguos, julgamos conveniente que os
serviços de cada lote sejam prestados por equipes próprias e distintas.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
107. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, sugerindo o seguinte
encaminhamento:
107.1. Ratificar o entendimento manifestado pelo Relator na decisão de fls. 58/68, no sentido de
conhecer as representações formuladas pelas empresas SPLICE Indústria, Comércio e Serviços Ltda. e
WEBPACK Assessoria e Desenvolvimento de Software Ltda., por preencherem os requisitos de
admissibilidade do art. 237, inciso VII, do Regimento Interno c/c o art. 113, § 1º, da Lei nº 8.666/93, para,
no mérito, considerá-las parcialmente procedentes.
107.2. Determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) que
suspenda a concorrência pública regulada pelo Edital nº 471/2009-00, a fim de que sejam saneadas as
seguintes irregularidades:
107.2.1. Os critérios definidos no edital em questão não são totalmente adequados, pertinentes e,
sobretudo, suficientes para avaliar as propostas técnicas, porquanto, a par de não avaliarem a sofisticação
técnica e a ponderável complexidade dos equipamentos de informática empregados no objeto licitado,
fatores que levaram o juízo da 21ª Vara Federal de Brasília a decretar a nulidade dos Editais de
Concorrência Pública nº 238/2008-00 e nº 239/2008-00, não atendem plenamente ao disposto no art. 46, §
1º, inciso I, da Lei nº 8.666, de 1993, o qual estabelece que os critérios de avaliação devem considerar: a)
a capacitação e a experiência do proponente; b) a qualidade técnica da proposta; e c) a qualificação das
equipes técnicas a serem mobilizadas para a sua execução;
107.2.2. A pontuação atribuída ao Tempo de Atuação da Licitante (TAL) é excessiva, porque
representa 50% (cinquenta por cento) da nota atribuída ao quesito Capacidade Técnica da Licitante,
contrariando entendimento do TCU (Acórdãos nº 2.632/2007 e 1.993/2008, ambos do Plenário) segundo
o qual esse critério só é aceitável se for pontuado em limites razoáveis, bem como se for conjugado com
outros critérios que avaliem a experiência e a capacidade da licitante;
107.2.3. Os critérios de pontuação do quesito Capacidade da Equipe Técnica inibem o caráter
competitivo do certame e ferem o princípio da igualdade, afrontando o preceito disposto no art. 3º, caput e
§ 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/1993, porquanto asseguram às empresas que já tenham em seu quadro
permanente, há mais de um ano, determinado tipo de profissional a possibilidade de obterem vantagem,
bem como conferem pontuação apenas para a quantidade de atestados, sem levar em conta o tempo de
experiência efetiva dos profissionais indicados;
107.2.4. A exigência, no subitem 13.4.2 do edital, da indicação nominal de profissionais de nível
superior distintos para cada lote da licitação, bem como pertencentes ao quadro permanente da empresa
proponente, com vínculo comprovado mediante cópia da Carteira Profissional de Trabalho ou por meio
de contrato de prestação de serviços, celebrado de acordo com a legislação civil comum, como requisito
indispensável para sua habilitação, impõe ônus antecipado às proponentes sem a correspondente garantia
de que o participante venha a ser vencedor do certame, com prejuízo ao princípio da competitividade,
afrontando o disposto no art. 3º, caput e § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/1993, bem como a jurisprudência
do TCU (v.g. Acórdãos nºs 481/2004; 1.094/2004; 26/2007; 126/2007, todos do Plenário; Acórdão nº
2.178/2006-1ª Câmara; Acórdão nº 2.561/2004-2ª Câmara);
107.2.5. O fator de permanência atenta contra o princípio da igualdade, previsto no art. 3º da Lei nº
8.666, de 1993, porquanto pode acarretar uma redução de até 12 (doze) pontos, ou seja, 12% (doze por
612
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
cento) do total de pontos possíveis, na nota técnica das proponentes que não possuírem em seus quadros
permanentes, há mais de um ano, dois profissionais de nível superior disponíveis para cada lote que a
empresa pretenda participar, sendo que, para se assegurar da qualidade e da eficiência da prestação dos
serviços em questão, é suficiente que a Administração Pública defina de maneira clara, tanto no edital
como no contrato que vier a ser celebrado, o perfil desejado e o quantitativo mínimo de profissionais que
entende necessário para sua execução;
107.2.6. O objeto, tal como definido no Edital n° 471/2009-00, não se enquadra na condição de
prestação de serviço de grande vulto, dependente de tecnologia sofisticada e de domínio restrito, não
preenchendo os requisitos previstos no § 3º do art. 46 da Lei nº 8.666, de 1993, nem nas hipóteses
referidas no caput do mesmo artigo e no § 4º do art. 45 da referida Lei.
107.3. Determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) que
modifique a fórmula de cálculo da Nota Final (NF) para classificação das proponentes no Edital Padrão
para licitações do tipo técnica e preço, porquanto o fator (número 25) utilizado no cálculo da Nota da
Proposta de Preços (NPP) distorce o resultado final do certame ao concentrar as notas de preços – por
mais díspares que sejam – numa faixa entre 75 (setenta e cinco) e 100 (cem) pontos, enquanto as notas
técnicas variam entre 50 (cinquenta) e 100 (cem) pontos, acentuando, assim, o peso atribuído à nota
técnica e, por consequência, prejudicando a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração
Pública, de acordo com a ponderação expressamente definida na fórmula de 60% para a técnica e 40%
para o preço, contrariando o disposto no art. 3º da Lei nº 8.666, de 1993.
107.4. Reiterar os termos do Acórdão nº 819/2009-Plenário, de 29/4/2009, para alertar ao DNIT
que:
107.4.1. A sentença judicial prolatada no âmbito do Processo nº 2008.34.00.031383-3, atinente aos
Editais nºs 238/2008-00 e 239/2008-00, não representa óbice absoluto para que, no presente certame, a
entidade escolha, com os fundamentos e motivos que julgar corretos, o tipo de licitação mais adequado,
uma vez que não houve o seu trânsito em julgado, a decisão foi fundamentada em entendimento já
superado na jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região e a parte dispositiva da decisão
limitou-se a conceder a segurança para decretar a nulidade dos Editais;
107.4.2. As contratações para aquisição de bens e serviços de informática não precisam ser
realizadas, necessariamente, sob a forma de licitação do tipo ‘técnica e preço’, podendo também ocorrer
sob a forma de pregão, conforme já tratado pelo TCU em diversos precedentes (Acórdãos nºs 237/2009,
144/2008, 2.658/2007, 1.782/2007, 1.114/2006, 2.138/2005, 2.094/2004, 1.182/2004, 740/2004, com
redação alterada pelo 1.299/2006, e 313/2004, todos do Plenário) e entendimento do Tribunal Regional
Federal da 1ª Região (p. ex. AGSS 2005.01.00.074126-2/DF e AG 2009.01.00.010269-2/DF).
107.5. Dar ciência da deliberação que vier a ser adotada pelo TCU ao Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT), à empresa SPLICE Indústria, Comércio e Serviços Ltda. e à
empresa WEBPACK Assessoria e Desenvolvimento de Software Ltda.
107.6. Arquivar o Processo.”
3. O referido edital foi publicado em 21/8/2009 (anexo 1, fl. 55), sendo que a apresentação das
propostas dos consórcios/empresas licitantes realizou-se no dia 8/10/2009.
4. Conforme informações constantes no relatório de julgamento de habilitação, de 30/12/2009
(disponível no portal: http://www1.dnit.gov.br/anexo/Relatório/Relatório_edital0471_09-00_0.pdf –
consultado em 3/2/2010), a disputa dos 13 (treze) consórcios/empresas participantes pelos 12 (doze) lotes
licitados pode ser resumida pelo quadro apresentado a seguir:
Quadro 1 – Relação entre os consórcios/empresas participantes e os lotes disputados.
Empresa/Consórcio Lot Lot Lot Lot Lot Lot Lot Lot Lot Lot Lot Lot
e1 e2 e3 e4 e5 e6 e7 e8 e9 e e e
10 11 12
Consórcio Fiscal/Consilux
Empresa Foto Sensores
Tecnologia Eletrônica Ltda.
* * *
Consórcio TELVENT/CSP**
* * *
Empresa Engebrás S/A *
Empresa Eliseu Kopp & Cia
* *
Ltda.
Consórcio Supervias
Empresa SPLICE Ltda.
Consórcio DS/Brasil
Consórcio Viamar
Consórcio FLOHR/SERGET
Consórcio Maxivias *
Consórcio Esteio/Idra
Empresa Consladel Ltda.
Fonte: http://www1.dnit.gov.br/anexo/Relatório/Relatório_edital0471_09-00_0.pdf - fls. 42/48 -
consultado em 3/2/2010.
(*) Consórcio/empresa inabilitada pela comissão para disputa do lote por não atender aos itens do
edital.
(**) Consórcio inabilitado no certame por não atender aos itens do edital.
5. À época da consulta, o processo licitatório encontrava-se em fase de análise de recursos e
contrarrecursos apresentados pelos consórcios e empresas participantes
(http://www1.dnit.gov.br/editais/consulta/resumo.asp?NUMIDEdital=1624 – consultado em 3/2/2010).
Histórico
6. Preliminarmente, o Ministro-Relator conheceu das Representações e determinou que fosse
promovida a oitiva do DNIT (fls. 58/69), cujas respectivas respostas aos questionamentos foram
analisadas pela divisão técnica da 1ª Secex.
7. Durante essa análise (fls. 83/102), aquela secretaria concluiu, em síntese, que:
7.1 o objeto do certame não se enquadra em nenhuma das possíveis hipóteses legais, previstas pela
Lei nº 8.666/1993, que justificariam a adoção, pelo DNIT, de concorrência do tipo “técnica e preço” em
detrimento do tipo “menor preço”, em particular ao alegado pela entidade de que a contratação
contemplaria a prestação de serviços de grande vulto majoritariamente dependente de tecnologia
nitidamente sofisticada e de domínio restrito, com repercussões significativas sobre sua qualidade,
produtividade e rendimento, conforme previsto no art. 46, §3º, do referido normativo (fl. 86, parágrafo
24).
7.2 os quesitos utilizados para avaliar/pontuar a capacidade técnica dos licitantes não são
compatíveis com a distribuição do orçamento, são insuficientes para a plena avaliação técnica das
propostas, pontuam de forma excessiva o tempo de atuação das licitantes, inibem o caráter competitivo do
614
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
certame e ferem o princípio da igualdade, além de imporem ônus antecipado às proponentes (fl. 92,
parágrafo 58 e subitens).
7.3 o quesito de pontuação “fator de permanência” se mostra inadequado para assegurar a qualidade
e a eficiência da prestação dos serviços e viola o princípio da isonomia na fase de pontuação técnica (fl.
95, parágrafo 74).
7.4 os argumentos apresentados pelo DNIT não foram suficientes para demonstrar que a fórmula
adotada – que beneficia de forma excessiva a Nota da Proposta Técnica (NPT), em detrimento da Nota da
Proposta de Preços (NPP) – é adequada e conduz à seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração Pública (fl. 97, parágrafo 90).
7.5 os valores propostos no referido edital podem ser considerados adequados, sendo que o
orçamento foi elaborado com base em cesta de preços aceitável, sem prejuízo de que em outra
oportunidade seja realizada uma análise mais abrangente e aprofundada desse orçamento e dos valores
fixados nos contratos que vierem a ser celebrados (fl. 99, parágrafos 97 e 98).
7.6 restou acertada a decisão da entidade em se abster de exigir o teste de campo dos equipamentos
no certame, pois os equipamentos a serem empregados na prestação dos serviços terão que ser
previamente aprovados e homologados pelo INMETRO, bem como aferidos após a sua instalação,
existindo precedente favorável nesta Corte de Contas quanto à não exigência do teste de campo (fl. 99,
parágrafo 102).
7.7 a exigência de apresentação de equipes técnicas distintas para cada lote que for objeto da
proposta é considerada razoável e conveniente, considerando a longa extensão dos trechos licitados e a
incerteza de que uma mesma empresa seja vencedora de trechos contíguos (fl. 100, parágrafo 106).
8. Assim, a 1ª Secex propôs conhecer das Representações e determinar a suspensão da concorrência
a fim de que o DNIT corrigisse as falhas/irregularidades identificadas no edital.
9. Também propôs alertar o DNIT de que a sentença judicial, atinente aos editais nºs 238/2008-00 e
239/2008-00, não representa óbice absoluto para que, no presente certame, a entidade escolha o tipo de
licitação mais adequado com os fundamentos e motivos que julgar corretos, ressaltando, ainda, que as
contratações para aquisições de bens e serviços de informática não precisam ser realizadas,
necessariamente, sob a forma de licitação do tipo “técnica e preço”, podendo ocorrer sob a forma de
pregão (fl. 102, parágrafo 107.4).
10. Por fim, durante a análise do feito, o Ministro-Relator entendeu que a 1ª Secex definira que o
objeto da licitação tratava de contratação de serviços de informática. Isso, contudo, lhe suscitou dúvidas
quanto ao real objeto do certame.
11. Assim, determinou à Sefti que confirme, ou não, o entendimento da 1ª Secex, manifestando-se
sobre os questionamentos feitos nas Representações caso entenda que se trata de contratação de serviços
de informática (fl. 109).
Análise
12. Inicialmente, ressalte-se que, durante a leitura da instrução às folhas 83/102, apesar da 1ª Secex
declarar que bens e serviços de informática são empregados no objeto a que se refere à Concorrência
Pública nº 471/2009-00 (fl. 84, parágrafo 10), não se identificou registro daquela secretaria afirmando que
o certame trata-se, em seu bojo, de contratação de serviços de informática.
13. Entende-se que o parágrafo 8 (fl. 84), citado pelo Ministro-Relator em seu despacho (fl. 109),
tinha como intenção apenas descartar, para o caso em tela, todas as hipóteses previstas pela Lei nº
8.666/1993 que admitem o uso de licitação do tipo “técnica e preço” (serviços de natureza
predominantemente intelectual; serviços de informática; fornecimento de bens, execução de obras e
prestação de serviços de grande vulto, dependentes de tecnologia sofisticada de domínio restrito). Nessa
esteira, a secretaria afirmou que mesmo as contratações de serviços de informática podem ocorrer sob a
forma de pregão, conforme entendimento atual do TCU.
14. Em relação a essa afirmação, contudo, convém abrir um breve parêntese para destacar nossa
discordância quanto à aparente discricionariedade de uso do pregão para contratação de serviços de
informática que possuam padrões de desempenho e de qualidade que possam ser objetivamente definidos
pelo edital, com base em especificações usuais no mercado, ou seja, serviços considerados comuns.
615
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
14.1 Nesse caso, o caput do art. 4º do Decreto nº 5.450/2005, ao qual o DNIT se sujeita como
autarquia, não dá ao gestor discricionariedade de escolha, pois determina que “Nas licitações para
aquisição de bens e serviços comuns será obrigatória a modalidade Pregão [...]” (grifo nosso). Nessa
mesma linha, ressalte-se a emblemática recomendação desta Corte ao Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (MP) para que ele preveja, em seus futuros normativos, que:
“9.2.1. A licitação de bens e serviços de tecnologia da informação considerados comuns, ou seja,
aqueles que possuam padrões de desempenho e de qualidade objetivamente definidos pelo edital, com
base em especificações usuais no mercado, deve ser obrigatoriamente realizada pela modalidade
Pregão, preferencialmente na forma eletrônica. Quando, eventualmente, não for viável utilizar essa
forma, deverá ser anexada a justificativa correspondente (Lei nº 10.520/2002, art. 1º; Lei nº 8.248/1991,
art. 3º, § 3º; Decreto nº 3.555/2000, anexo II; Decreto nº 5.450/2005, art. 4º, e Acórdão nº 1.547/2004 -
Primeira Câmara)” (deliberação do Acórdão nº 2.471/2008 – TCU – Plenário, grifamos).
14.2 Dessa forma, manifestamos nossa discordância quanto à proposta de encaminhamento da 1ª
Secex constante no parágrafo 107.4.2, à fl. 102, que remete a existência de uma aparente
discricionariedade de escolha de uso do pregão por parte do gestor público.
15. Retornando ao questionamento sobre a natureza do objeto da contratação, após leitura do edital
(anexo 1, fls. 55/450), esta divisão entende, de igual forma a manifestada pelo Ministro-Relator, que o
cerne da licitação se refere à contratação de serviços de controle viário, mediante a disponibilização,
instalação, operação e manutenção de equipamentos eletrônicos, e não à contratação de serviços de
informática.
15.1 De fato, o contratante será “um executor material do Estado, incumbido de prestar os serviços
necessários ao registro da imagem digital e armazenamento de informações e dados relativos ao
comportamento infracional do motorista de transito [...]”, tratando-se de “exercício de atividade de
comprovação eletrônica de condutas infringentes da Legislação de Transito” (anexo 1, volume 1, fls.
289/290).
15.2 Para isso, “O escopo da contratação atende ao processamento de dados, assistência e a
manutenção técnica em informática e automação, bem como sistemas integrados constituídos de bens e
serviços de diversas naturezas” (anexo 1, volume 1, fl. 292).
15.3 Dessa forma, o edital faz referências ao uso de tecnologia da informação e de recursos de
informática quando define a forma como deve se dar o controle viário, além dos requisitos dos
componentes acessórios que envolvem a aquisição, o processamento, o armazenamento, a disseminação e
a transmissão de informações para a plena prestação dos serviços.
15.4 Esses requisitos referenciam os processos: de coleta, armazenamento e processamento de
dados e imagens de veículos (incluindo utilização de sistema de reconhecimento ótico de caracteres –
OCR – e de uso de criptografia para armazenagem dos dados); de apoio à emissão de Notificações de
Autuação de Infração (NAI) e Notificações de Imposição de Penalidades (NIP); de confecção de
relatórios estatísticos e gerenciais, entre outros.
15.5 Contudo, o DNIT não tinha como objetivo caracterizar a contratação de serviços de
informática, e sim definir todos os componentes tecnológicos acessórios que dão suporte ao processo de
controle viário, objeto desta licitação. Ao defini-los, a entidade visou apenas pormenorizar as
características técnicas e condições mínimas consideradas indispensáveis para garantir a qualidade, a
efetividade e a eficiência dos serviços a serem prestados.
15.6 Os produtos que serão entregues e os serviços que serão prestados, por meio dessa contratação,
não visam fornecer equipamentos de informática (conforme item 9.1.2 do termo de referência; anexo 1,
volume 1, fl. 295), sistemas, ou mesmo suportar, apoiar, controlar ou gerenciar a atividade-meio de
tecnologia da informação (TI) no âmbito do DNIT. Eles objetivam fornecer insumos para execução de
uma das atividades finalísticas da entidade por meio: do fornecimento de imagens processadas, da
impressão de notificações de autuação e de penalidade, da geração de relatórios estatísticos e gerenciais,
entre outros (anexo 1, volume 1, fls. 294/295).
15.7 De fato, o serviço a ser prestado é extremamente dependente de tecnologia, em particular de
tecnologia da informação. Contudo, atualmente quase todas as atividades de uma organização são, em
616
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
menor ou maior escala, dependentes de TI, sendo que essa dependência tende a aumentar em todas as
áreas no futuro. Nessa esteira, cada vez mais será necessário, para definir, ou não, um serviço como sendo
de informática, ir além da análise dos requisitos e das características funcionais constantes no projeto
básico ou termo de referência, sendo indispensável considerar também qual é o objetivo final da
contratação e como os serviços a serem prestados interagirão com as áreas finalísticas e de TI do
órgão/entidade contratante.
15.8 Por fim, ressalte-se que, devido a esse e outros fatores, esta Secretaria ainda não conseguiu
estabelecer ou definir um modelo sistematizado que demonstre se estamos diante, ou não, de uma
contratação de serviços de informática. Esta é uma discussão que ainda necessita de um maior
amadurecimento no âmbito da Sefti, sendo que, por hora, recomenda-se a análise de caso a caso,
conforme efetuado nesta instrução.
16. Ante o posicionamento exposto, quanto à natureza do objeto, e considerando-se o despacho do
Ministro-Relator (fl. 109), ter-se-ia como possivelmente encerrada a participação desta Secretaria neste
processo.
17. Contudo, durante a leitura dos autos, considera-se importante registrar que se concorda com o
posicionamento da 1ª Secex de que o objeto da licitação, tal como definido no edital, não se enquadra nas
hipóteses referidas pela Lei nº 8.666/1993 que justificariam a adoção da licitação do tipo técnica e preço
(parágrafo 24, fl. 86). Mais ainda, entende-se que as especificações dos serviços constantes no edital
apresentam características de serviço comum, o que torna a modalidade pregão plenamente aplicável e
obrigatória para o objeto licitado.
17.1 Apesar dos componentes acessórios para a prestação dos serviços, além do gerenciamento do
funcionamento desses, revestirem-se de certo grau de complexidade, isso, por si só, não justifica a adoção
do tipo técnica e preço.
17.2 Ressalte-se que um serviço que apresenta características complexas não deixa de ser comum se
for possível descrevê-lo de forma objetiva. Entende-se como descrição objetiva a adoção de padrões
compreensíveis, conhecidos, difundidos e aplicáveis a ponto de permitir o seu detalhamento no edital para
perfeita identificação pelo mercado. Nessa linha, a legislação considera serviços comuns aqueles cujos
padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de
especificações usuais no mercado (parágrafo único do art. 1º da Lei nº 10.520/2002).
17.3 Nesse sentido, convém trazer trecho esclarecedor do relatório do Ministro-Relator do Acórdão
nº 1.114/2006 – TCU – Plenário:
“19. O entendimento de bem comum, de acordo com diversos autores, nada tem a ver com a
complexidade do bem adquirido e sim com produtos que sejam comumente encontrados no mercado, sem
a necessidade de alterações específicas para o fornecimento em questão. Este ponto de vista pode ser
avalizado conforme as interpretações a seguir.
20. Jessé Torres Pereira Junior (Comentários à Lei de Licitações e Contratos da Administração
Pública, 6ª ed., Renovar, 2003, p.1006) entende que:
‘Em aproximação inicial do tema, pareceu que ‘comum’ também sugeria simplicidade. Percebe-se,
a seguir, que não. O objeto pode portar complexidade técnica e ainda assim ser ‘comum’, no sentido de
que essa técnica é perfeitamente conhecida, dominada e oferecida pelo mercado. Sendo tal técnica
bastante para atender às necessidades da Administração, a modalidade pregão é cabível a despeito da
maior sofisticação do objeto’
21. Segundo Vera Scarpinella (Licitação na Modalidade de Pregão, Malheiros, 2003, p.81):
‘(...) o objeto comum para fins de cabimento da licitação por pregão não é mero sinônimo de
simples, padronizado e de aquisição rotineira. Bens e serviços com tais características estão incluídos na
categoria de comuns da Lei 10.520/2002, mas não só. Bens e serviços com complexidade técnica, seja na
sua definição ou na sua execução, também são passíveis de ser contratados por meio de pregão. O que se
exige é que a técnica neles envolvida seja conhecida no mercado do objeto ofertado, possibilitando, por
isso, sua descrição de forma objetiva no edital.’
(...)
23. No Acórdão 313/2004, o Ministro Benjamim Zymler defende que:
617
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
aproveitamento de imagens válidas em pré-processamento dos equipamentos (anexo 1, volume 1, fl. 317,
item 5.1.3).
17.13 Dessa forma, a avaliação da qualidade técnica da proposta, quanto à metodologia, à
organização, às tecnologias e aos recursos materiais a serem utilizados nos trabalhos (conforme previsto
pelo art. 46, § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/1993), restou prejudicada.
17.14 Ademais, considerando-se à quantidade de empresas/consórcios participantes (parágrafo 0),
conforme já ressaltado pela 1ª Secex (fl. 84, parágrafo 11), percebe-se que o objeto licitado não apresenta
dependência de tecnologia de domínio restrito que inviabilize a competição e/ou participação no certame.
De fato, isso apenas reforça o entendimento que a descrição dos serviços constante no edital é
suficientemente acessível ao mercado, sendo feito por meio de especificações usuais.
17.15 Na verdade, em tentativas anteriores de licitação para contratação de serviços de controle
viário (Editais de Concorrência nºs 238/2008-00, 239/2008 e 035/2008), o próprio DNIT não considerou a
utilização do tipo técnica e preço, e sim de menor preço. Contudo, posteriormente decretou a nulidade
desses editais devido análise das sentenças prolatadas nos Mandatos de Segurança nºs
2008.34.00.021171-0 e 2008.34.00.031383-3 (anexo 2, fl. 18).
17.16 Sobre esse fato, cabe lembrar que o Desembargador Federal Presidente do TRF da 1ª Região
externou, no âmbito do Processo nº 2008.34.00.021171-0, entendimento no sentido de ser obrigatória a
adoção do tipo de licitação técnica e preço nas hipóteses de aquisição de equipamentos e serviços de
informática, consoante previsto no art. 45, § 4º, da Lei nº 8.666/1993 (anexo 2, fl. 18).
17.17 Quanto à sentença proferida no âmbito Mandato de Segurança nº 2008.34.00.031383-3, a
Juíza Federal considerou que “não se está diante de aquisições de bens e serviços comuns, na forma do
art. 1º da Lei 10.520/2002, mas sim perante bens e serviços que guardam ponderável complexidade, o
que aliás, e ressaltado pela própria vultosidade das constratações [...]” (anexo 2, fl. 136).
17.18 Assim, vencido em sua posição, o DNIT justificou a utilização do tipo técnica e preço, na
concorrência em tela, como decisão adotada “por determinação judicial exarada nos autos de Mandados
de Segurança nº 2008.34.00.0021171-0 e 2008.34.00.031383-3, que tramitaram na 21º Vara Federal da
Seção Judiciária do Distrito Federal e Mandato de Segurança nº 2008.00.34.031443-4 que tramitou na
1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal” (anexo 1, volume 1, fl. 292).
17.19 Essas decisões, aparentemente contrárias aos posicionamentos que, paulatinamente, este
Tribunal vem adotando, reforçam a necessidade desta Corte de Contas de externalizar sua interpretação
da legislação, fornecendo suporte ao DNIT, e demais entidades e órgãos da Administração Pública, para
escolha do tipo de licitação mais adequado sob o ponto de vista legal.
17.20 Quanto a essa necessidade, registre-se que o item 9.17.4 do Acórdão nº 2.471/2008 – TCU –
Plenário, que trata, entre outros, do conceito de serviço e bem comum de TI e da obrigatoriedade de
aquisição desses por meio de pregão (item 9.2.1), autorizou à Sefti divulgar as informações consolidadas
constantes desse acórdão para as entidades e órgão da administração pública. Nesse mesmo sentido, o
item 9.1.1 do Acórdão nº 1.215/2009 – TCU – Plenário recomendou a esta Secretaria a divulgação da
Nota Técnica nº 02/2008 – Sefti/TCU, a qual também trata de assunto correlato.
Conclusão
18. Ante todo o exposto, submetemos os autos à consideração superior com os seguinte
entendimentos:
18.1 discorda-se da proposta de encaminhamento da 1ª Secex que remete a existência de uma
aparente discricionariedade de escolha de uso do pregão por parte do gestor público (fl. 102, parágrafo
107.4.2), pois entende que a licitação de bens e serviços de tecnologia da informação considerados
comuns, ou seja, aqueles que possuam padrões de desempenho e de qualidade objetivamente definidos
pelo edital, com base em especificações usuais no mercado, deve ser obrigatoriamente realizada pela
modalidade pregão, preferencialmente na forma eletrônica (parágrafo 0 e seus subitens);
18.2 entende-se que o cerne da Concorrência Pública nº 471/2009-00 se refere à contratação de
serviços de controle viário, mediante a disponibilização, instalação, operação e manutenção de
equipamentos eletrônicos, e não à contratação de serviços de informática (parágrafo 0 e seus subitens);
619
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
18.3 concorda-se com o posicionamento da 1ª Secex de que o objeto da licitação, tal como definido
no edital, não se enquadra nas hipóteses referidas pela Lei nº 8.666/1993 que justificariam a adoção da
licitação do tipo técnica e preço. Conclui, ainda, que as especificações dos serviços constantes no edital
apresentam características de serviço comum, o que torna a modalidade pregão plenamente aplicável e
obrigatória para objeto licitado (parágrafo 0 e seus subitens);
18.4 considera-se oportuno que a Sefti divulgue os entendimentos expostos no Acórdão nº
2.471/2008 – TCU – Plenário, conforme previsto pelo seu item 9.17.4, e na Nota Técnica nº 02/2008 –
Sefti/TCU, conforme item 9.1.1 do Acórdão nº 1.215/2009 – TCU – Plenário, ao Tribunal Regional
Federal da 1ª Região, no âmbito do Processo nº 2008.34.00.021171-0, à 21º Vara Federal da Seção
Judiciária do Distrito Federal, no âmbito dos Mandados de Segurança nºs 2008.34.00.0021171-0 e
2008.34.00.031383-3, e à 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, no âmbito do Mandato
de Segurança nº 2008.00.34.031443-4, com vistas a difundir os recentes entendimentos desta Corte de
Contas sobre o conceito de serviço e bem comum, na área de Tecnologia da Informação, e da
obrigatoriedade de aquisição desses por meio de pregão (parágrafos 0/0).”
É o Relatório.
VOTO
a). os critérios definidos no Edital em questão não são totalmente adequados, pertinentes e,
sobretudo, suficientes para avaliar as propostas técnicas, porquanto, a par de não avaliarem a sofisticação
técnica e a ponderável complexidade dos equipamentos de informática empregados no objeto licitado,
fatores que levaram o juízo da 21ª Vara Federal de Brasília a decretar a nulidade dos Editais de
Concorrência Pública nº 238/2008-00 e nº 239/2008-00, não atendem plenamente ao disposto no art. 46, §
1º, inciso I, da Lei nº 8.666, de 1993, o qual estabelece que os critérios de avaliação devem considerar: (i)
a capacitação e a experiência do proponente; (ii) a qualidade técnica da proposta; e (III) a qualificação das
equipes técnicas a serem mobilizadas para a sua execução;
b). a pontuação atribuída ao Tempo de Atuação da Licitante (TAL) é excessiva, porque representa
50% (cinquenta por cento) da nota atribuída ao quesito Capacidade Técnica da Licitante, contrariando
entendimento do TCU, conforme Acórdãos nºs 2.632/2007 e 1.993/2008, ambos do Plenário, segundo o
qual esse critério só é aceitável se for pontuado em limites razoáveis, bem como se for conjugado com
outros critérios que avaliem a experiência e a capacidade da licitante;
c). os critérios de pontuação do quesito Capacidade da Equipe Técnica inibem o caráter competitivo
do certame e ferem o princípio da igualdade, afrontando o preceito disposto no art. 3º, caput e § 1º, inciso
I, da Lei nº 8.666/1993, porquanto asseguram às empresas que já tenham em seu quadro permanente, há
mais de um ano, determinado tipo de profissional a possibilidade de obterem vantagem, bem como
conferem pontuação apenas para a quantidade de atestados, sem levar em conta o tempo de experiência
efetiva dos profissionais indicados;
d). a exigência contida no subitem 13.4.2 do Edital, da indicação nominal de profissionais de nível
superior distintos para cada lote da licitação, bem como pertencentes ao quadro permanente da empresa
proponente, com vínculo comprovado mediante cópia da Carteira Profissional de Trabalho ou por meio
de contrato de prestação de serviços, celebrado de acordo com a legislação civil comum, como requisito
indispensável para sua habilitação, impõe ônus antecipado às proponentes sem a correspondente garantia
de que o participante venha a ser vencedor do certame, com prejuízo ao princípio da competitividade,
afrontando o disposto no art. 3º, caput e § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/1993, bem como a jurisprudência
do TCU (v.g. Acórdãos nºs 481/2004; 1.094/2004; 26/2007; 126/2007, todos do Plenário; Acórdão nº
2.178/2006-1ª Câmara; Acórdão nº 2.561/2004-2ª Câmara);
e). o fator de permanência atenta contra o princípio da igualdade, previsto no art. 3º da Lei nº 8.666,
de 1993, porquanto pode acarretar uma redução de até 12 (doze) pontos, ou seja, 12% (doze por cento) do
total de pontos possíveis, na nota técnica das proponentes que não possuírem em seus quadros
permanentes, há mais de um ano, dois profissionais de nível superior disponíveis para cada lote que a
empresa pretenda participar, sendo que, para se assegurar da qualidade e da eficiência da prestação dos
serviços em questão, é suficiente que a Administração Pública defina de maneira clara, tanto no Edital
como no contrato que vier a ser celebrado, o perfil desejado e o quantitativo mínimo de profissionais que
entende necessário para sua execução;
f). o objeto, tal como definido no Edital n° 471/2009-00, não se enquadra na condição de prestação
de serviço de grande vulto, dependente de tecnologia sofisticada e de domínio restrito, não preenchendo
os requisitos previstos no § 3º do art. 46 da Lei nº 8.666, de 1993, nem nas hipóteses referidas no caput
do mesmo artigo e no § 4º do art. 45 da referida Lei.
6. De se esclarecer que nas licitações do tipo “Técnica e Preço”, almeja-se que seja contratada a
empresa que apresentar a melhor técnica e o menor preço. Entretanto, observa-se que a fórmula da Nota
Final, como adotada pelo Dnit, privilegia a proposta técnica ao atribuir 60% do seu valor à Nota da
Proposta Técnica – NPT.
7. Destaco, ademais, ao tempo em que acolho as conclusões da 1ª Secex, a inequívoca
inadequação da fórmula de cálculo da Nota da Proposta de Preços – NPP, adotada pelo Dnit e da Nota
Final –NF, dos proponentes representada pela média ponderada da soma da Nota da Proposta Técnica –
NPT, e da NPP, com, respectivamente, pesos 6 e 4.
621
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
8. Entendo que o uso de tais fórmulas pela Autarquia não asseguram a seleção da proposta mais
vantajosa pela Administração, evidenciando-se risco de significativo dano ao Erário.
9. Impende ressaltar que esta Corte de Contas tem firmando entendimento segundo o qual nesse tipo
de contratação, deve-se privilegiar o menor preço, deixando-se o exame da qualificação técnica para a
fase de habilitação em que a contratada deve cumprir os requisitos do Edital.
10. A propósito, cito a conclusão da Sefit, na instrução já mencionada, que ratifica o entendimento
desta Corte de que inexiste uma aparente discricionariedade de escolha de uso do Pregão por parte do
gestor público, uma vez que a licitação de bens e serviços de tecnologia da informação considerados
comuns, ou seja, aqueles que possuam padrões de desempenho e de qualidade objetivamente definidos
pelo edital, com base em especificações usuais no mercado, deve ser obrigatoriamente realizada pela
modalidade pregão, preferencialmente na forma eletrônica.
11. De fato, ainda segundo posicionamento da Sefit, com o qual estou plenamente de acordo, o
cerne da Concorrência Pública nº 471/2009-00 refere-se à contratação de serviços de controle viário,
mediante a disponibilização, instalação, operação e manutenção de equipamentos eletrônicos, e não à
contratação de serviços de informática.
12. Cumpre destacar, por oportuno, o que foi deliberado por este Tribunal por meio do Acórdão
2.471/2008 – Plenário:
13. Ainda consoante entendimento da Controladoria-Geral da União, como mencionado nos autos,
houve comunicação ao Dnit no sentido de que a licitação do tipo “Menor Preço” seria a mais adequada
para os certames em questão, quando do exame das Concorrências 035, 238 e 239/2008, posteriormente
anuladas por sentença judicial.
14. Ademais, pelo Acórdão nº 810/2009 –TCU- Plenário, esta Corte alertou a Autarquia no sentido
de que a sentença judicial em questão, prolatada no âmbito do processo 2008.34.00.031383-3, em que
ficou assentado que as licitações examinadas deveriam ser do tipo “Técnica e Preço”, não representa
óbice absoluto para que, em novo caso concreto, distinto do que foi objeto da aludida sentença, o Dnit
escolhesse, com os fundamentos e motivos que julgar corretos, o tipo de licitação mais adequado à nova
situação.
15. Em vista da Concorrência 471/2009-00 configurar novo caso concreto distinto do que foi objeto
da aludida sentença judicial para a aquisição de bens e serviços comuns de tecnologia de informação
referente às Concorrências 035, 238 e 239/2008, restou demonstrado que o DNIT não logrou justificar a
contento a escolha da licitação do tipo “Técnica e Preço”, fato que, como já visto, na forma como foi
conduzida representa potencial lesão aos cofres públicos.
16. Como demonstrado pela Unidade Técnica que primeiramente instruiu o presente feito,
posteriormente ratificado pelo Parecer da Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informção – Sefti -
há vários indícios de irregularidades: (i) nos critérios de julgamento das propostas técnicas consignados
622
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
no Edital 471/2009, em virtude de não atenderem integralmente o previsto no art. 46 da Lei 8.666/1993,
(ii) no preço do orçamento da contratação que estaria superestimado; (iii) na utilização do “fator de
permanência, e (iv) na exigência de a licitante apresentar equipes técnicas distintas para cada lote que for
objeto de proposta.
17. Por fim, informo que no dia de ontem, minha Assessoria em consulta ao sítio eletrônico do Dnit
na Internet constatou que a última movimentação relativamente à Concorrência em análise ocorreu em
1º/12/2010, (DOU de 1º/12/2010), que tornou sem efeito a desclassificação da empresa Dataprom
Equipamentos de Serviços de Informática Industrial Ltda e outra, decorrente da decisão no Mandado de
Segurança nº 0044176-35.2010.4.01.3400, oriundo da 9ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito
Federal-DF, tornando-a reclassificada no certame. (Edital nº 471/2009-00). Foram tentados, ainda,
contatos telefônicos com o Dnit, sem sucesso.
Dessa forma, ao adotar como minhas razões de decidir as análises realizadas tanto pela 1ª
Secex quanto pela Sefit, cujos termos estão transcritos no Relatório precedente, submeto à elevada
apreciação deste Colegiado a proposta de Acórdão adiante apresentada.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
1. Processo nº TC 022.758/2009-9.
1.1. Apenso: 023.665/2009-2
2. Grupo I – Classe – Assunto:
3. Interessado: Splice Industria, Comércio e Serviços Ltda (06.965.293/0001-28).
4. Órgão/Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - MT.
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: 1ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-1).
8. Advogado(s) constituído(s) nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos de Representações, formuladas pelas empresas
SPLICE Indústria, Comércio e Serviços Ltda. e WEBPACK Assessoria e Desenvolvimento de Software
Ltda., em face de possíveis irregularidades no Edital da Concorrência Pública nº 471/2009-00, do tipo
Técnica e Preço, conduzida pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1.conhecer das presentes Representações formuladas pelas empresas SPLICE Indústria, Comércio
e Serviços Ltda. e WEBPACK Assessoria e Desenvolvimento de Software Ltda., por preencherem os
requisitos de admissibilidade do art. 237, inciso VII, do Regimento Interno c/c o art. 113, § 1º, da Lei nº
8.666/93, para, no mérito, considerá-las parcialmente procedentes;
9.2. fixar o prazo de quinze dias para que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
- Dnit suspenda a concorrência pública regulada pelo Edital nº 471/2009-00, a fim de que sejam saneadas
as seguintes irregularidades, se ainda não o fez:
623
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.2.1 os critérios definidos no Edital em questão não são totalmente adequados, pertinentes e,
sobretudo, suficientes para avaliar as propostas técnicas, vez que não atendem plenamente ao disposto no
art. 46, § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666, de 1993;
9.2.2 a pontuação atribuída ao Tempo de Atuação da Licitante (TAL) é excessiva, uma vez que
representa 50% (cinquenta por cento) da nota atribuída ao quesito Capacidade Técnica da Licitante,
contrariando entendimento desta Corte consoante prolação dos Acórdãos nºs 2.632/2007 e 1.993/2008,
ambos deste Plenário, segundo o qual esse critério só é aceitável se for pontuado em limites razoáveis,
bem como se for conjugado com outros critérios que avaliem a experiência e a capacidade da licitante;
9.2.3. os critérios de pontuação do quesito Capacidade da Equipe Técnica inibem o caráter
competitivo do certame e ferem o princípio da igualdade, afrontando o preceito disposto no art. 3º, caput
e § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/1993, porquanto asseguram às empresas que já tenham em seu quadro
permanente, há mais de um ano, determinado tipo de profissional a possibilidade de obterem vantagem,
bem como conferem pontuação apenas para a quantidade de atestados, sem levar em conta o tempo de
experiência efetiva dos profissionais indicados;
9.2.4. a exigência, no subitem 13.4.2 do Edital, da indicação nominal de profissionais de nível
superior distintos para cada lote da licitação, bem como pertencentes ao quadro permanente da empresa
proponente, com vínculo comprovado mediante cópia da Carteira Profissional de Trabalho ou por meio
de contrato de prestação de serviços, celebrado de acordo com a legislação civil comum, como requisito
indispensável para sua habilitação, impõe ônus antecipado às proponentes sem a correspondente garantia
de que o participante venha a ser vencedor do certame, com prejuízo ao princípio da competitividade,
afrontando o disposto no art. 3º, caput e § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/1993, bem como a jurisprudência
deste Tribunal consoante Acórdãos nºs 481/2004; 1.094/2004; 26/2007; 126/2007, todos deste Plenário,
Acórdão nº 2.178/2006-1ª Câmara e Acórdão nº 2.561/2004-2ª Câmara;
9.2.5. o fator de permanência atenta contra o princípio da igualdade, previsto no art. 3º da Lei nº
8.666, de 1993, porquanto pode acarretar uma redução de até 12 (doze) pontos, ou seja, 12% (doze por
cento) do total de pontos possíveis, na nota técnica das proponentes que não possuírem em seus quadros
permanentes, há mais de um ano, dois profissionais de nível superior disponíveis para cada lote que a
empresa pretenda participar, sendo que, para se assegurar da qualidade e da eficiência da prestação dos
serviços em questão, é suficiente que a Administração Pública defina de maneira clara, tanto no edital
como no contrato que vier a ser celebrado, o perfil desejado e o quantitativo mínimo de profissionais que
entende necessário para sua execução;
9.2.6. o objeto, tal como definido no Edital n° 471/2009-00, não se enquadra na condição de
prestação de serviço de grande vulto, dependente de tecnologia sofisticada e de domínio restrito, não
preenchendo os requisitos previstos no § 3º do art. 46 da Lei nº 8.666, de 1993, nem nas hipóteses
referidas no caput do mesmo artigo e no § 4º do art. 45 da referida Lei;
9.3. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit que modifique a
fórmula de cálculo da Nota Final (NF) para classificação das proponentes no Edital Padrão para licitações
do tipo Técnica e Preço, porquanto o fator (número 25) utilizado no cálculo da Nota da Proposta de
Preços (NPP) distorce o resultado final do certame ao concentrar as notas de preços – por mais díspares
que sejam – numa faixa entre 75 (setenta e cinco) e 100 (cem) pontos, enquanto as Notas Técnicas variam
entre 50 (cinquenta) e 100 (cem) pontos, acentuando, assim, o peso atribuído à Nota Técnica e, por
consequência, prejudicando a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração de acordo com a
ponderação expressamente definida na fórmula de 60% para a técnica e 40% para o preço, contrariando o
disposto no art. 3º da Lei nº 8.666, de 1993;
9.4. reiterar os termos do Acórdão nº 819/2009-Plenário, de 29/4/2009, para alertar ao Dnit que:
9.4.1. a sentença judicial prolatada no âmbito do Processo nº 2008.34.00.031383-3, atinente aos
Editais nºs 238/2008-00 e 239/2008-00, não representa óbice absoluto para que, no presente certame, a
entidade escolha, com os fundamentos e motivos que julgar corretos, o tipo de licitação mais adequado,
uma vez que não houve o seu trânsito em julgado, a decisão foi fundamentada em entendimento já
superado na jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região e a parte dispositiva da decisão
limitou-se a conceder a segurança para decretar a nulidade dos Editais;
624
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.4.2. as contratações para aquisição de bens e serviços de informática não precisam ser realizadas,
necessariamente, sob a forma de licitação do tipo ‘Técnica e Preço’, podendo também ocorrer sob a forma
de Pregão, conforme já tratado pelo TCU em diversos precedentes, conforme Acórdãos nºs 237/2009,
144/2008, 2.658/2007, 1.782/2007, 1.114/2006, 2.138/2005, 2.094/2004, 1.182/2004, 740/2004, com
redação alterada pelo 1.299/2006, e 313/2004, todos deste Plenário, e entendimento do Tribunal Regional
Federal da 1ª Região (p. ex. AGSS 2005.01.00.074126-2/DF e AG 2009.01.00.010269-2/DF.
9.5. dar ciência deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam à
Controladoria-Geral da União – CGU, ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit,
à empresa SPLICE Indústria, Comércio e Serviços Ltda. e à empresa WEBPACK Assessoria e
Desenvolvimento de Software Ltda.
9.6. arquivar estes autos.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
625
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Adoto como Relatório instrução elaborada no âmbito da Secretaria e Controle Externo no Estado de
Santa Catarina – Secex/SC:
“I. Introdução
Trata-se do Relatório de Auditoria Denasus nº 10124, realizada no Hospital Santa Inês, em
Balneário Camboriú/SC, na área de Autorizações de Internação Hospitalar (AIHs), auditoria
compartilhada com equipe desta Secex relativa à FOC-Saúde 2010.
Considerando que o documento chegou ao TCU após o término do prazo estabelecido pela FOC-
Saúde.2010 para finalização do relatório, o Secretário da Secex-SC autorizou sua autuação na forma de
Representação, para ser analisado e proposto o encaminhamento cabível.
II. Constatações do Denasus/SC
Preliminarmente, os auditores informam que dos 201 prontuários selecionados pelo TCU, 41
prontuários (20,4%) não foram apresentados. Em seguida, apresentam as constatações e providências a
serem tomadas:
1. Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e Unidade de Terapia Intensiva (UTI adulto),
habilitadas como tipo II, não preenchem os requisitos exigidos pela Portaria SAS nº 3432/1998, em
relação a materiais/equipamentos e recursos humanos.
A equipe recomendou cumprir a Portaria SAS nº 3432/1998.
2. Cobrança a maior de diária de UTI. Das 160 AIHs/ prontuários analisados, duas apresentaram
cobrança irregular de uma diária de UTI a maior, no valor histórico total de R$ 820,66, contrariando o
Manual Técnico Operacional do Sistema de Informações Hospitalares - versão 2008-2009 - aprovado
pela Portaria MS/GM 396/2000.
A equipe propôs o
ressarcimento ao
Fundo Nacional de
Valor Data do fato Ressarcimento
Saúde dos valores Responsável
histórico gerador nº
cobrados
indevidamente pelo
hospital: AIH nº
Helio Livino da
4208103436120 R$ 341,94 24/11/2008 44248
Silva
4209102094990 R$ 478,72 06/01/2010 44247 Eroni Foresti
É o Relatório.
VOTO
JOSÉ JORGE
Relator
1. Processo nº TC 000.917/2011-7.
2. Grupo I – Classe VII – Assunto: Representação.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União
4. Unidade: Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú - SC.
5. Relator: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: Secretaria de Controle Externo - SC (SECEX-SC).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de Representação formulada pela Secex/SC
acerca do relatório de auditoria realizada pelo Denasus/SC no Hospital Santa Inês, localizado no
Município de Balneário Camburiú – SC, decorrente de Fiscalização de Orientação Centralizada, que
objetivou avaliar a regularidade da aplicação dos recursos do SUS, repassados pela União, na modalidade
fundo a fundo, no exercício de 2009.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 237, inciso VI, do Regimento Interno do TCU, conhecer da presente
Representação, para, no mérito, considerá-la procedente;
9.2. determinar ao Secretário Municipal de Saúde e Saneamento e ao Gestor do Fundo Municipal de
Saúde de Balneário Camburiú que:
9.2.1. instaurem procedimento administrativo com vistas a regularizar a cobrança a maior das
diárias de UTI por parte do Hospital Santa Inês, conforme Manual Técnico Operacional do Sistema de
Informações Hospitalares - versão 2008-2009 - aprovado pela Portaria MS/GM 396/2000, por meio de
ajuste de contas, compensação ou ressarcimento, no valor histórico de R$ 820,66, atualizado
monetariamente e com os acréscimos legais até a data do ressarcimento;
9.2.2. reavaliem a classificação das UTIs do Hospital Santa Inês, e voltem a pagar como padrão II
apenas quando as unidades estiverem adequadas à Portaria SAS nº 3432/1998;
9.2.3. informem, ao Serviço de Auditoria do Sistema Único de Saúde/MS em Santa Catarina, tão
logo sejam cumpridas as determinações acima;
9.3. encaminhar cópia do presente Acórdão, assim como Relatório e Voto que o fundamentam, e
cópia do Relatório de Auditoria Denasus nº 10124/2010, ao Gestor do Fundo Municipal de Saúde de
Balneário Camburiú/SC e ao Secretário Municipal de Saúde e Saneamento para adoção das providências
pertinentes;
9.4. arquivar o presente processo.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
Cuida-se de Embargos de Declaração opostos por Alexandre dos Santos Ferreira, em face do
Acórdão 1534/2010 – Plenário, alterado pelo Acórdão 2545/2010-Plenário.
2. Por meio dessa decisão, em sede de Recurso de Revisão, o Tribunal tornou insubsistente o
Acórdão 2190/2004 – 1ª Câmara e julgou irregulares as contas da Escola de Especialistas da Aeronáutica
– EEAR, relativas aos exercício de 2002, nos seguintes termos:
“ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do Recurso de Revisão interposto pelo Ministério Público junto ao TCU, nos termos
dos arts. 32, inciso III, e 35 da Lei n.º 8.443/1992, para dar-lhe provimento parcial e tornar insubsistente
o Acórdão 2.190/2004 - 1ª Câmara (Ata n. 31/2004), da Relação n.º 52 do Gabinete do Ministro Walton
Alencar Rodrigues;
9.2. acolher as alegações de defesa e rejeitar as razões de justificativa oferecidas pelo Sr. Alex
Franquilin Espírito Santo;
9.3. rejeitar as alegações de defesa e as razões de justificativa dos Sr. Alexandre dos Santos
Ferreira;
9.4. julgar, com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas "b" e "c", e 19, caput, da Lei n.º
8.443/92, irregulares as contas do Sr. Alexandre dos Santos Ferreira, imputando-lhe o débito de R$
228.048,02 (duzentos e vinte e oito mil e quarenta e oito reais e dois centavos), atualizado
monetariamente e acrescido de juros de mora, a contar de 22/8/2002;
9.5. julgar, com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea "b", e 19, parágrafo único, da Lei
8.443/1992, irregulares as contas do Sr. Alex Franquilin Espírito Santo;
9.6. aplicar aos Srs. Alexandre dos Santos Ferreira e Alex Franquilin Espírito Santo,
individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei n.º 8.443/1992, no valor de R$
630
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
5.000,00 (cinco mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para
comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea "a", do Regimento Interno), o recolhimento
da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia seguinte
ao término do prazo estabelecido até a data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor;
9.7. autorizar, desde logo, o desconto em folha de pagamento das dívidas dos responsáveis
mencionados acima, nos termos do art. 28, inciso I , da Lei n.º 8.443/1992 e 46 da Lei n.º 8.112/1990;
9.8. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n.º 8.443/1992, a cobrança
judicial das dívidas, caso não seja atendidas as notificações;
9.9. dar ciência do presente Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam aos Srs.
Alexandre dos Santos Ferreira e Alex Franquilin Espírito Santo e à Escola de Especialistas da
Aeronáutica.”
3. Irresignado com a referida deliberação, o recorrente opôs Embargos de Declaração, cujos
principais excertos transcrevo a seguir:
“[...]
Consoante já salientado na defesa apresentada pelo acusado, Tenente-Coronel Alexandre, e
constante nos autos do processo, o militar em tela quando chegou transferido para a EEAR, no que tange
ao fornecimento de pães e gás, já encontrou uma situação pré-definida, tanto pelos seus então superiores
hierárquicos, quanto pelos mesmos superiores hierárquicos que os antecederam, portanto, há bastante
tempo, sendo que, por um temor reverencial, aliás, lembremo-nos, a base constitucional das Forças
Armadas são: a ‘hieraquia e a disciplina’; somando-se ao fato de que, em nome da continuidade do
fornecimento dos serviços, que não poderiam ser suspensos, pois acarretariam simplesmente o
engessamento das atividades da Escola, muito pouco o militar em pauta poderia fazer, ou mesmo, quase
nada, pois estava sob o comando de pessoas muito mais antigas e, portanto, com poder muito maior de
decisão e que não foram arrolados no processo, sabendo-se que a administração da Escola, ou de
qualquer unidade militar, é feita por um colegiado, com obrigações e responsabilidades solidárias.
O que jamais foi levado em consideração no v. acórdão ora atacado por estes embargos,havendo,
portanto, o requisito da ‘omissão’.
No que diz respeito à prova da deterioração dos alimentos, também foi dito na peça de defesa que a
perícia efetuada foi feita por militares de patentes muito mais baixa a daqueles que tinham interesse em
responsabilizar o ora acusado, além do fato grave de que, quando foi realizada, não foi dada a
oportunidade de acompanhamento ‘in loco’ por parte de perito indicado pelo acusado, portanto, no
nosso entendimento, esta prova está irremediavelmente prejudicada, pois, na sua composição não foram
respeitados os princípios constitucionais do ‘contraditório e da ampla defesa’, mais uma vez
desconsiderados quando da prolação do respeitável acórdão.
Adicionando-se ainda o fato de que, como também dito na defesa, ao Tenente-Coronel Alexandre,
jamais foi dada a oportunidade de participar de qualquer curso de estocagem de alimentos sem
frigorífico, fato que permitiria a qualquer administrador melhor avaliar as necessidades de sua Unidade,
aliás, a obrigação de fornecimento de cursos aos administradores foi perfeitamente demonstrada,
conforme parte da defesa que me permito transcrever:
‘com referência à estocagem, é importante ressaltar que aos gestores administrativos da
Aeronáutica, mais particularmente, ao Sr. Alexandre, jamais foi dada a oportunidade de participar de
curso de estocabem frigorífica, é, também, desnecessário dizer que tal curso seria de fundamental
importância em casos de mesma similitude, possibilitando dar condições aos demais gestores de se evitar
futuros danos ao erário, aliás, conforme determina o próprio Regulamento de Administração da
Aeronáutica – RADA:
Art. 17. A sequência das substituições para assumir cargos ou responder por funções deverá
respeitar a precedência e a qualificação exigidas para o cargo ou exercício da função, conforme o
previsto em lei, regulamento ou norma específica.
§ 3º A Administração promoverá a atualização profissional e periódica dos agentes da
Administração através de cursos ou estágios, capacitando-os ao exercício pleno das atividades.’
631
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Em assim sendo, considerando-se a nulidade das provas periciais e tudo o que acima foi
especificado, solicito a Vossa Excelência a manifestação sobre os presentes embargos, aplicando-se-lhes
o disposto no art. 287, § 3º, suspendendo-se a execução do acórdão em todos os seus pontos, do item 9
ao 9.9, que sejam pertinentes, bem como o que consta na notificação cuja cópia vai em anexo.”
É o relatório.
VOTO
Cuida-se de embargos de declaração opostos pelo Sr. Alexandre dos Santos Ferreira, em face do
Acórdão 1534/2010 – Plenário.
2. Em caráter preambular, observo que estão contemplados os requisitos específicos de
admissibilidade previstos pelos artigos 32 e 34 da Lei nº 8.443, de 1992, devendo os presentes embargos
ser conhecidos.
3. Passando ao mérito, as irregularidades que levaram à condenação do Sr. Alexandre podem ser
assim descritas:
- dano ao erário caracterizado pela perda de gêneros alimentícios;
- adjudicação informal do fornecimento de pães à empresa Panificadora e Lanchonete Souza Ltda.
e do fornecimento de gás à empresa Ultragaz Ltda., sem licitação.
4. O embargante pondera a existência de uma única omissão, qual seja, o fato de o Tribunal não ter
levado em conta que, no que diz respeito ao fornecimento de pães e gás, a situação encontrada pelo Sr.
Alexandre já estava consolidada há longo tempo e que não poderia ser simplesmente suspensa, visto que
acarretaria grandes transtornos à EEAR. Ademais, a “situação” era de conhecimento de seus superiores, a
quem o militar deve subordinação.
5. O fato de eventual situação ilegal estar consolidada não pode ser usada como justificativa para a
sua continuidade, nem, tampouco, a obrigação de prestar subordinação hierárquica aos seus superiores.
6. Aliás, a irregularidade foi suficientemente tratada no Voto que integra o acórdão vergastado, não
restando a omissão alegada, in verbis:
“17. Quanto à adjudicação informal do fornecimento de pães à empresa Panificadora e
Lanchonete Souza Ltda. e do fornecimento de gás à empresa Ultragaz Ltda. sem os devidos processos
licitatórios, verifico que os responsáveis apresentaram suas razões de justificativa, sem, contudo,
conseguir ilidir a irregularidade.
18. Consta, nos autos, que os fatos foram apurados pelo Tribunal no TC 015.405/2005-6, sendo
que restou configurado que houve, além da ausência do empenho prévio para a realização de tais
despesas, a aquisição de produtos sem o devido processo licitatório, com desrespeito ao art. 2º da Lei
8.666/1993 e do art. 37, inciso XXI da Constituição Federal.
19. Diante de tal fato, não é possível acolher o argumento de que a ilegalidade era comum na
entidade, nem, tampouco, socorre os recorrentes a alegação de que se tratava de situação pré-
estabelecida por gestores anteriores e, muito menos, o fato de tratar-se de empresa inscrita no CADIN,
cujo empenho só poderia ser feito a partir de sua regularização.”
7. Alega, ainda, o embargante, que os alimentos deteriorados foram periciados por militares
subordinados hierarquicamente às pessoas que tinham interesse em responsabilizá-lo e não foi lhe dada a
oportunidade de indicar perito para acompanhar os trabalhos.
8. Sobre o assunto, Relatório que integra o acórdão recorrido assim dispôs:
“40. No que concerne à impugnação da perícia, não assiste nenhum motivo ao responsável para
fazê-la, posto que os trabalhos foram conduzidos por profissionais especializados, do quadro da
Aeronáutica, versados em Medicina, Biologia, Farmácia e Nutrição (vide fl. 384, vol. 1).
41. O fato de pertencerem aos quadros da Aeronáutica não lhes retirou a isenção profissional,
posto que puderam livremente exarar suas conclusões sobre o que viram e analisaram, não havendo
nenhum motivo para se supor que tivessem interesse em prejudicar o Sr. Alexandre ou o Sr. Franquilin.”
632
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Argumenta, por fim, que se tivesse sido oferecido o “curso de estocagem de alimentos em
frigorífico” aos servidores que lidavam com estoque na EEAR, muito provavelmente o dano ao erário não
teria ocorrido.
10. Mais uma vez, o embargante traz argumento já debatido anteriormente. Sobre o tema, o
Relatório que integra o acórdão, e adotado por mim como razões de decidir, afirma:
“43. Quanto à afirmação de que jamais lhe foi dada oportunidade de participar de curso de
estocagem frigorífica, o que, alega, teria evitado ou minimizado os danos, não é razoável supor que
alguém que possua a qualificação de Intendente desconheça princípios elementares de administração de
materiais.
44. Ora, um Intendente, tomado o termo em sentido amplo, é aquele que administra ou dirige algo
e, no âmbito militar, é o oficial ao qual incumbe a execução dos serviços financeiros e de abastecimento
de uma organização militar.
45. À evidência, até pela extensa e vitoriosa carreira do Sr. Alexandre nas Forças Armadas, bem
como pelos diversos cursos dos quais participou (vide fls. 100/104, anexo 1), certamente recebeu
treinamento específico para gerenciar o setor que chefiava.”
11 Como se observa, os elementos trazidos nada mais são do que mera tentativa de rediscussão de
mérito, o que não é possível em sede de embargos, consoante vasta jurisprudência desta Corte. Ao
contrário, embargos de declaração visam à correção de obscuridade, contradição ou omissão do julgado,
não se prestando à nova análise do acerto ou justiça desse.
12. Por fim, verifico a existência de Recurso de Reconsideração (anexo 3), interposto pelo Sr. Alex
Franquilin do Espírito Santo em face do acórdão ora guerreado. Considerando que o Relator sorteado para
o exame da peça foi o Ministro Valmir Campelo, deverão os autos, após a apreciação dos presentes
embargos, serem encaminhados à Secretaria de Recursos, para instrução, e, posteriormente, ao relator
sorteado.
Ante o exposto, considerando que neste caso concreto não foram identificadas quaisquer omissões,
contradições ou obscuridades, VOTO por que o Tribunal adote a minuta de Acórdão que submeto à
apreciação deste Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
JOSÉ JORGE
Relator
1. Processo nº TC 007.886/2003-5.
1.1. Apenso: 015.405/2005-6
2. Grupo II – Classe I – Assunto: Embargos de Declaração.
3. Responsável: Alexandre dos Santos Ferreira (CPF nº 407.903.397-49)
4. Entidade: Escola de Especialistas da Aeronáutica - EEAR.
5. Relator: Ministro José Jorge.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Jorge
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: não atuou.
8. Advogados constituídos nos autos: Alcides Montezuma (OAB/RJ 23.640), Jorge Ulisses Jacoby
Fernandes (OAB/DF nº 6.546), Gustavo Valadares (OAB/DF nº 18.669) e Cynthia Póvoa de Aragão
(OAB/DF nº 22.298).
9. Acórdão:
633
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração opostos pelo Sr. Alexandre
dos Santos Ferreira, em face do Acórdão 1534/2010 – Plenário, mediante o qual este Tribunal se
pronunciou sobre Recurso de Revisão interposto pelo MP/TCU em face do Acórdão 2.190/2004-1ª
Câmara.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do presente Embargos de Declaração, uma vez que foram preenchidos os requisitos
específicos de admissibilidade previstos pelos artigos 32 e 34 da Lei nº 8.443, de 1992, para, no mérito,
rejeitar-lhe, mantendo em seus exatos termos o Acórdão embargado;
9.2. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do relatório e voto que o fundamentam, ao
recorrente e à Escola de Especialistas da Aeronáutica - EEAR.
9.3. encaminhar os autos à Secretaria de Recursos – Serur, para adoção das medidas cabíveis quanto
ao Recurso de Reconsideração constante do anexo 3.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
Trata-se de Embargo de Declaração oposto pelo Sr. Régis Luz Pedro (Anexo 11, fls. 1-20) contra o
Acórdão 2058/2010-TCU-Plenário, que não conheceu de Embargo oposto contra o Acórdão 1.929/2009-
TCU-Plenário. Esse, em sede de Pedido de Reexame, manteve inalterado o Acórdão 1.686/2008-TCU.
2. Em síntese, o Acórdão 1.686/2008-Plenário lhe impôs o dever de ressarcir valores indevidamente
recebidos por horas não trabalhadas, no período em que exerceu função comissionada (item 9.2.1.9 –
Acórdão 1.686/2008-Plenário, confirmado pelo Acórdão 1.929/2009-Plenário), in verbis:
“9.2. determinar ao TRF-4 que, no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da ciência desta
deliberação, adote as seguintes providências e dê ciência dos resultados obtidos à Secretaria de Controle
Externo no Estado do Rio Grande do Sul – secex/RS:
9.2.1. observado o prazo de 5 (cinco) anos previsto na Lei 9784/1999, obtenha dos servidores
abaixo listados ressarcimento de valores indevidamente recebidos por horas não trabalhadas no período
em que exerceram cargo em comissão:
(...)
9.2.1.9 Regis Luz Pedro, CPF 672.855.540-49, Analista Judiciário/Apoio Especializado, Função
FC 05, que trabalhava 35 horas semanais;”
3. A determinação acima decorre de auditoria de conformidade realizada pela Secretaria de
Fiscalização de Pessoal – Sefip, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região – TRF/4ª Região, em 2004,
com o objetivo de verificar a adequação dos atos de pessoal praticados pelo órgão às normas regentes da
matéria, em cumprimento ao Acórdão 856/2004-Plenário.
4. Reproduzo, a seguir, pequeno histórico dos fatos, constante do Relatório que integra o Acórdão
2058/2010 – Plenário, que tratou do primeiro Embargo oposto pelo ora recorrente, em conjunto com
outros servidores do TRF-4ª região:
“4. A mencionada unidade técnica, após a realização de diligências e audiências dos
responsáveis, com o escopo de monitorar o cumprimento do Acórdão 479/2006-Plenário, bem como
examinar outros assuntos relativos à área de pessoal, constatou, dentre outros problemas, que alguns
servidores, incluindo-se os ora recorrentes, cumpriam jornada inferior a 40 (quarenta) horas semanais,
em detrimento do disposto no §1º, do art. 19, da Lei 8.112/1990.
5. Com isso, o Tribunal de Contas da União prolatou o Acórdão 1.686/2008-Plenário,
determinando ao TRF/4ª Região que obtivesse dos servidores elencados na decisão o ressarcimento dos
valores recebidos indevidamente por horas não trabalhadas, respeitando-se o prazo decadencial.
6. Insatisfeitos, o Tribunal Regional Federal, na pessoa do Desembargador João Surreaux Chagas,
e os servidores Alberto Rossi Júnior e Cristiane Machado Lucena dos Santos interpuseram Pedidos de
Reexame contra o Acórdão citado no item anterior, os quais foram conhecidos, contudo, improvidos por
esta Corte de Contas, por meio do Acórdão 1.929/2009-Plenário.
7. Ainda inconformados, Alberto e Cristiane (Anexo 7, fls. 1-4) apresentaram Embargos de
Declaração aos Acórdãos 1.686/2008 e 1.929/2009, ambos do Plenário, tendo feito o mesmo os
servidores José Luiz da Costa Vieira, César Figueiredo Müller, Carlos Alberto Facco Grassi, Jane
Maria Ballem e Liane de Assis Peixoto (Anexo 8, fls. 1-7), Ivan Bolten Lucion (Anexo 9, fls. 1-7) e Régis
Luz Pedro (Anexo 10, fls. 1-17).
8. Em homenagem à economia processual e em razão da similaridade dos argumentos
apresentados, os pedidos serão analisados em conjunto nesta assentada. Os embargantes requerem, em
sua maioria, que sejam os embargos conhecidos e providos, dando-lhes efeitos infringentes, com vistas a
modificar o Acórdão 1.929/2009-Plenário, dispensando-os do ressarcimento dos valores apontados, com
fulcro na Súmula/TCU 249.”
5. Inconformado com o não conhecimento do recurso então oposto, o embargante protocolou,
novamente, o mesmo remédio recursal, cujos termos, no que entendi pertinente, a seguir transcrevo:
635
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
intervalo para almoço. Então, a jornada de trabalho do servidor sempre foi considerada integral, das 11
às 19 horas, de 40 horas semanais, com intervalo de uma hora no final para almoço, intervalo concedido
até hoje a todos os servidores como antes relatado.
Anexas cópias de folhas-ponto evidenciando a forma como nos era orientada a assinatura do ponto
pelo Diretor do Núcleo de Recursos Humanos, assim como qual a efetiva jornada de trabalho de outros
servidores na mesma condição que o requerente (jornada de 40 horas e função comissionada). Não
identifica os nomes para preservar suas identidades, tendo em vista que o presente documento não tem
caráter de denúncia pessoal, mas demonstra como era, e ainda hoje é, a dinâmica de trabalho e essas
pessoas não são as únicas pessoas lotadas no NRH e estão apenas servindo como referência para a
vossa interpretação.
No momento que o Exmo. Ministro condena servidor a devolver ao erário uma (01) hora não
trabalhada, está solicitando ao mesmo que devolva o seu intervalo para almoço, tempo esse concedido
pela Administração do Tribunal Regional Federal da 4ª Região a todos os seus servidores, e
regulamentado pelo próprio Conselho da Justiça Federal na Resolução nº 88/09. Fica assim claro o total
tratamento sem isonomia que o servidor está tendo quando comparado aos seus pares. Se condenado,
será o primeiro servidor do judiciário a ter que devolver seu intervalo para almoço. Isto será uma
injustiça contra o servidor.
O servidor tem plena consciência que sempre cumpriu com seu dever público, cumprindo
rigorosamente a jornada integral de trabalho cobrada pela Administração e pela Direção do Foro da
Seção Judiciária do Paraná. Durante o período que exerceu a Supervisão da Seção Médica, aumento sua
carga horária de quatro (04) para oito (08) horas sem nenhum anseio financeiro, pensando apenas em
contribuir para a administração, trabalhando mais e comprometido com melhorias na estrutura e
funcionamento do serviço médico, odontológico, psicológico e de assistência social no Órgão. Sente-se
imensamente entristecido quando condenado por ato que não cometeu.
Infelizmente não conseguiu nenhum documento oficial que fosse emitido pelos administradores da
Justiça Federal do Paraná além da certidão com cópia de sua folha-ponto já anexada ao processo,
justamente pelo medo destes em expor as condições das atividades nesta Seção Judiciária, e que as
sanções a mim aplicadas por este egrégio Tribunal de Contas pudessem se estendidas aos demais
servidores do Tribunal Regional da 4ª Região.
Sugere o Exmo. Ministro, em caso de dúvidas em relação às afirmações do servidor requerente,
solicite à Sefip uma visita ao Órgão e a análise das folhas-ponto dos servidores do hoje Núcleo de
Administração e Desenvolvimento de Pessoal (NADH) e também ao antigo Núcleo de Recursos Humanos
(NRH) e o Exmo. Ministro evidenciará que até hoje os servidores continuam trabalhando em jornada de
07 horas ininterruptas e uma hora de intervalo para almoço, consideradas como jornada integral de
trabalho, ou 40 horas semanais.
6. Do pedido
Pelo Exposto, requer que sejam os Embargos de Declaração conhecidos e que lhes sejam dados
efeitos infringentes, com vista a modificar os Acórdãos 1686/2008-TCU-Plenário, 1929/2009-TCU-
Plenário e 2058/2010-TCU-Plenário, assim como a dispensa do recorrente no ressarcimento dos valores
apontados:
a) porque o recorrente entregou os Embargos de Declaração dentro do prazo legal estipulado no
art. 34, §1º, da Lei 8.443/1992;
b) por que o requerente trabalhou 40 horas semanais (sete horas ininterruptas acrescidas de uma
hora de almoço), conforme fazem todos os servidores com ou sem função comissionada da Seção
Judiciária do Paraná;
c) por que a jornada de trabalho equivocadamente estabelecida em 35 horas semanais foi ato do
Conselho de Administração do Tribunal Regional Federal e não do servidor, não podendo este sofrer
sanções por ato que não foi seu; apenas interpretação equivocada foi por parte da Administração e o
requerente nada poderia fazer;
637
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
d) por que a interpretação equivocada da lei por parte da Administração é escusável, justificando-
se pela jurisprudência e pela legislação específica destinada aos servidores médicos, de forma que é
aplicável a Súmula 249 do TCU;
e) ainda que se considere inescusável o erro de interpretação, firme é a jurisprudência do STJ no
sentido de que é invalida a reposição ao erário por servidor que recebeu os proventos de boa-fé,
justificando-se o provimento deste recurso até mesmo por economia processual;
f) por que, apesar da Norma de Serviço nº 46/2006, da Divisão do Foro da Seção Judiciária do
Paraná, indicar jornada de trabalho das 11h às 18h, a mesma era considerada como jornada normal de
trabalho e que deveria ser cumprida sem intervalo para almoço ou lanche, trazendo, na prática, o
servidor à mesma condição dos demais servidores da Seção Judiciária do Paraná (aplica-se novamente a
Súmula 249 do TCU);
g) por que, na realidade dos fatos, o servidor cumpriu a jornada integral de 40 horas semanais
assim como todos os demais servidores do Órgão, sendo que todos os servidores da Seção Judiciária do
Paraná que exercem ou não função comissionada fazem jornada de sete (07) horas ininterruptas e
intervalo de uma (01) hora de almoço, não sendo justo que o requerente seja o único servidor obrigado a
restituir valores nestas condições.”
É o Relatório.
VOTO
De início, quanto à admissibilidade, entendo que o recurso interposto pelo Sr. Régis Luz Pedro pode
ser conhecido, uma vez preenchidos os requisitos que regem a espécie.
2. Preliminarmente, o embargante pretende discutir a tempestividade do embargo anterior. Por meio
do Acórdão 2058/2010-Plenário, o Tribunal não conheceu da peça recursal por considerá-la intempestiva.
3. Compulsando os autos, verifico que o recorrente tem razão quando alega que o embargo não
conhecido por intempestivo foi entregue dentro do prazo legal definido no art. 34, § 1º, da Lei
8.443/1992.
4. De fato, o Sr. Regis tomou ciência da decisão embargada em 30/9/2009, tendo protocolado a peça
recursal no dia 13/10/2009. Considerando que o dia anterior, dia 12/10/2009, termo ad quem do prazo
recursal, foi feriado nacional, a data final para a interposição do recurso passou a ser o primeiro dia útil
subsequente, assim, resta configurado que o recurso foi interposto tempestivamente.
5. Passo, portanto, a examinar o mérito dos argumentos trazidos nos embargos opostos pelo
responsável. Verifico que o recorrente pretende rediscutir o teor das decisões anteriores, o que não cabe
na espécie recursal, consoante pacífica jurisprudência. Ademais, não observo qualquer obscuridade,
omissão ou contradição a ser sanada.
6. Ressalto, ainda, que os argumentos trazidos nesta oportunidade em nada inovam os já
apresentados pelo próprio e pelos embargantes e amplamente debatidos no Voto condutor do Acórdão
2058/2010-Plenário. Mesmo considerando a inexistência dos pressupostos da espécie (omissão,
contradição ou obscuridade), transcrevo, a seguir, excerto do citado Voto, para clarear, em definitivo, os
motivos que ensejaram a condenação do ora recorrente.
“4. No tocante ao mérito, não há omissões, obscuridades ou contradições a serem sanadas no
Acórdão embargado. Primeiramente, o Tribunal tem manifestado o entendimento de que a Lei
9.436/1997 aplica-se apenas aos servidores médicos do Poder Executivo, não aos ocupantes de cargos
no Poder Judiciário. Nesse sentido, destaco trecho do Acórdão 2.364/2009 – Plenário, de minha
relatoria:
‘(...)
5. Nesse sentido, incorrem novamente em erro de premissa ao afirmar que tanto o Decreto-lei n.º
1.445/76 quanto a Lei n.º 9.436/1997 aplicam-se aos médicos do Poder Judiciário, quando, na verdade,
dirigem-se aos médicos do Poder Executivo, corroborando isso a afirmação dos próprios embargantes
638
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
de que no âmbito no TRF 2ª Região não se admite a duplicação de jornada, o que é possível aos médicos
daquele outro Poder.
(...)’
5. O posicionamento do Tribunal decorre do fato de que o exercício do cargo de médico no Poder
Judiciário diverge da realidade vivida por estes profissionais no Poder Executivo. Há, inclusive, a
possibilidade de o servidor da carreira de Medicina na Administração Direta, autárquica e fundacional,
duplicar a jornada de trabalho, em razão da demanda pelos serviços, hipótese não autorizada nos
Tribunais do país.
6. Além disso, como destacado na decisão recorrida, ainda que se aplique o referido normativo ao
presente processo, nota-se que os quatro artigos da Lei 9.436/1997 referem-se apenas aos cargos
efetivos de médico, não se ajustando aos detentores de cargos em comissão ou função comissionada.
Logo, em nada alteraria a deliberação que ora se discute.
7. Por outro lado, a Súmula/TCU 249, descrita abaixo, é clara ao exigir que o erro praticado pelo
órgão pagador seja escusável para dispensar a cobrança dos valores pagos indevidamente:
‘É dispensada a reposição de importâncias indevidamente percebidas, de boa-fé, por servidores
ativos e inativos, e pensionistas, em virtude de erro escusável de interpretação de lei por parte do
órgão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida em função de orientação e supervisão, à
vista da presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar das parcelas salariais.’
8. O posicionamento desta Corte está em consonância com a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, que elenca, dentre os critérios para possibilitar a dispensa de reposição dos valores, a
existência de dúvida plausível sobre a interpretação da norma, como se demonstra no excerto do
Mandado de Segurança 25.641-9/DF, transcrito abaixo:
‘(...)
3. A reposição, ao erário, dos valores percebidos pelos servidores torna-se desnecessária, nos
termos do ato impugnado, quando concomitantes os seguintes requisitos: ‘i] presença de boa-fé do
servidor; ii] ausência, por parte do servidor, de influência ou interferência para a concessão da
vantagem impugnada; iii] existência de dúvida plausível sobre a interpretação, validade ou incidência da
norma infringida, no momento da edição do ato que autorizou o pagamento da vantagem impugnada; iv]
interpretação razoável, embora errônea, da lei pela Administração.’
(...)’
9. Como já exaustivamente discutido no Acórdão anterior, não há que se falar em dúvida plausível
de interpretação no presente caso, pois o caput e os parágrafos do art. 19, da Lei 8.112/1990, alterados
pela Lei 8.270/1991 e pela Lei 9.527/1997, sempre dispuseram que o exercício de cargo em comissão ou
função comissionada exigirá de seu ocupante dedicação integral ao serviço. Essa conjuntura se
caracteriza, conforme interpretação da jurisprudência, pelo cumprimento de jornada de 40 (quarenta)
horas semanais.
10. Inclusive, como demonstrou o embargante Régis Luz Pedro, com cópia de decisão do TRF/4ª
Região, proferida no Processo Administrativo 00.20.00073-1/RS, os gestores do órgão tinham ciência do
tema, em razão de análise da Decisão/TCU 591/2001, ainda no exercício de 2005. A deliberação citada,
a que o Conselho de Administração do Tribunal Regional teve acesso, dispôs sobre a questão, nos
seguintes termos:
‘(...)
O problema reside exatamente nesse ponto. Como comissionado, estava obrigado a cumprir a
jornada semanal de 40 horas, por força do parágrafo único do art. 19 da Lei nº 8.112/90, que soa:
‘Art. 19 - Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em razão das atribuições pertinentes
aos respectivos cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas e
observados os limites mínimos e máximos de seis horas e oito horas diárias respectivamente.
§ 1º O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança é submetido ao regime de integral
dedicação ao serviço, podendo ser convocado sempre que houver interesse da Administração.’
Ressai do dispositivo legal que, jungido ao regime de integral dedicação ao serviço, deve o
servidor ocupante de função de confiança cumprir, pelo menos, a jornada de 40 horas semanais. Não
639
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
significa dizer que o período excedente a 40 horas não seja remunerado com o adicional por serviço
extraordinário. O que não faz sentido é permitir a um servidor ocupante de cargo em comissão ou função
de confiança uma jornada reduzida, nos moldes das previstas em leis especiais para determinadas
atividades (médico, professor, advogado, entre outros)
(...)’.
11. Assim, restou expresso no julgado que apenas a boa-fé dos servidores não os exime do
ressarcimento dos valores indevidamente recebidos, independente da natureza alimentícia dos
pagamentos. No caso em questão, a dúvida alegada pelo órgão pagador não se sustenta, diante da
análise dos dispositivos legais, devendo aqueles que se beneficiaram com os salários pagos a maior
ressarcir o erário, sob pena de enriquecimento ilícito.
12. O julgado embargado deixou claro, ainda, não se tratar de nova interpretação, pois o §1º, do
art. 19, da Lei 8.112/1990, alterado pela Lei 9.527/1997, já dispunha, anteriormente aos pagamentos
impugnados, que o ocupante de cargo em comissão ou função de confiança submete-se a regime de
integral dedicação ao serviço. Logo, não havia motivos para a aplicação da legislação especial aos
titulares de funções comissionadas. Ademais, mesmo a normatização específica aplicada pelos gestores,
nada falava sobre os cargos de direção, chefia e assessoramento.
13. De outro lado, como resultado do disposto acima, está claro que as 7 (sete) horas trabalhadas
pelo embargante Régis Luz Pedro não corresponderam às 40 (quarenta) horas exigidas dos
comissionados. Em relação à alegada desigualdade com demais servidores, cabe ressaltar que a Sefip
analisou a totalidade das fichas financeiras do mês de agosto de 2006 dos ocupantes de cargos efetivos e
a relação completa dos servidores que cumprem jornada de 20 (vinte) horas semanais, recebendo pelo
regime de 40 (quarenta) horas, o que demonstra o tratamento isonômico dado pelo Tribunal.
14. Dessa forma, não há qualquer conflito entre princípios constitucionais e legais. Não identifico
omissão, contradição ou obscuridade no Acórdão 1.929/2009-Plenário, que manteve o disposto no
Acórdão 1.686/2008-Plenário.”
Com essas considerações, VOTO por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à apreciação
deste Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
JOSÉ JORGE
Relator
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Auditoria, realizada no âmbito do
Tribunal Regional Federal da 4ª Região para verificar o cumprimento do Acórdão 479/2006-TCU-
Plenário, bem como examinar outros assuntos relacionados à área de pessoal,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, com fulcro nos artigos 32, II, e 34, da Lei n.º 8.443/1992, em:
640
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.1. conhecer do Embargos de Declaração oposto pelo Sr. Régis Luz Pedro para, no mérito, dar-lhe
provimento parcial;
9.2. tornar insubsistente o item 9.2 e alterar a redação do item 9.1 do Acórdão 2058/2010-Plenário,
que passa a ter o seguinte teor:
“9.1. conhecer dos Embargos de Declaração opostos pelos Srs. Alberto Rossi Júnior, Cristiane
Machado Lucena dos Santos, José Luiz da Costa Vieira, César Figueiredo Müller, Carlos Alberto Facco
Grassi, Jane Maria Ballem, Liane de Assis Peixoto, Ivan Bolten Lucion e Regis Luz Pedro, para, no
mérito, rejeitá-los;”
9.3. dar ciência desta deliberação ao interessado.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
641
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
“INTRODUÇÃO
Cuidam os autos de relatório de inspeção proposta na análise inicial da Representação formulada
pelo Subprocurador-Geral do Ministério Publico junto a este Tribunal, Sr. Paulo Soares Bugarin, com o
objetivo de avaliar a regularidade dos contratos efetuados entre a Secretaria de Saúde do Distrito
Federal (SES/DF) e a rede privada prestadora de serviços de Terapia Renal Substitutiva (TRS), as
justificativas que motivaram a contratação da rede privada na prestação de serviços dessa natureza, os
preços contratados e o contrato firmado com a empresa Imunotech para prestação de serviços de
642
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
fornecimento de kits e bolsas de afluente para TRS. Além disso, ante a gravidade das constatações da
CGU, foram verificadas as providências adotadas pelo gestor no sentido de corrigir ou minimizar as
falhas detectadas nos hospitais públicos portadores de equipamentos para hemodiálise.
A proposta de inspeção foi acolhida pelo Secretário da 4ª Secex (fl. 26) e a designação da auditora
para realização desta fiscalização, Registro Fiscalis nº 1088/2010, ocorreu por meio da Portaria de
Fiscalização nº 2250, de 28 de outubro de 2010 (fl. 27).
HISTÓRICO
A justificativa para essa fiscalização foi demonstrada devido à essencialidade dos serviços de TRS
que é de flagrante demonstração, já que a ausência dos mesmos pode levar o paciente a óbito.
O número de pacientes com doença renal crônica (DRC) está aumentando em todo o mundo em
grande escala. No Brasil, as atenções com a DRC se restringem quase que exclusivamente ao seu estágio
mais avançado, quando se necessita de terapia renal substitutiva. Contudo, a evolução da DRC depende
da qualidade do atendimento ofertado muito antes da ocorrência da falência funcional renal.
Segundo dados extraídos do banco de dados do Ministério da Saúde, o DATASUS, foi repassado ao
Distrito Federal aproximadamente R$ 20 milhões para pagamento de serviços de TRS no ano de 2010,
sendo que o atendimento em hemodiálise responde por 85% da atenção ambulatorial ao paciente renal
crônico. A TRS inclui ainda a DPI (Diálise Peritonial Intermitente, no hospital 24 horas), DPA (Diálise
Peritonial Automática domiciliar) e DPAC (Diálise Peritonial Contínua e Manual).
Um dos principais itens de gasto do sistema público de saúde, o segundo mais elevado entre os de
alta complexidade, a hemodiálise é mais um procedimento onde a atuação do SUS é praticamente
universal. Mais de 96% das sessões de hemodiálise realizadas no Brasil tem financiamento público
integral e são prestadas pela rede pública estadual ou municipal e por entes privados contratados
(empresas médicas) ou conveniados (organizações sem finalidade lucrativa).
Segundo dados apresentados pelo Núcleo de Terapia Renal Substitutiva/TRS da SES/DF (41-45),
1.192 pacientes foram atendidos pela rede habilitada no 4º trimestre de 2010, sendo que
aproximadamente 70% dos serviços foram prestados por empresas terceirizadas e 30% por hospitais
públicos, demonstrando continuidade do quadro de ineficiência do setor público em atender à demanda
populacional por esses serviços.
A Controladoria Geral da União (CGU), no Relatório de Auditoria sobre os recursos federais
transferidos ao Governo do Distrito Federal no período de 2006 a 2009 (fls. 15-20) constatou que nos
últimos anos o GDF vem adotando a estratégia de subutilização da rede pública, tornando necessária a
contratação de unidades de saúde privadas, a pretexto de falta de recursos humanos, deficiência na
manutenção dos equipamentos da rede pública e falta de insumos necessários à realização dos
procedimentos (máquinas quebradas, falta de contrato de manutenção e estrutura inadequada).
Dentre outros achados, destaca a fiscalização que:
...90% dos procedimentos foram realizados em serviços privados; há inadequações físicas e déficit
na manutenção do serviço de hemodiálise do Hospital de Base; há falta de insumos específicos para
tratamento adequado no Hospital de Base e Hospital de Sobradinho; foi identificado, por meio de
entrevistas e verificações às instalações das Unidades de Saúde, que a qualidade da prestação do serviço
de TRS apresentou, em alguns casos, resultado insatisfatório, tanto no serviço público como privado; o
Hospital Regional do Gama apresenta deterioração das instalações físicas e do mobiliário; a Unidade de
Hemodiálise do Hospital Regional de Taguatinga, mesmo após sua reabertura em 2004, necessita de
ajustes na área física e medidas de caráter administrativo; o Hospital do Gama possui equipamento de
osmose há cinco anos, não instalado e sem previsão para instalação; não há monitoramento e controle,
pelo gestor, das Autorizações de Procedimentos Ambulatoriais de Alta Complexidade/Custo – APAC
(APAC II em meio magnético) apresentadas para cobrança pelos serviços credenciados; não há
compatibilidade entre a composição dos procedimentos de TRS, exames subsidiários e consultas de
nefrologia, ajustado ao quantitativo previsto de pacientes e modalidades de diálise refletida na Ficha de
Programação Orçamentária – FPO.
Outro dado importante apresentado pelo Núcleo de Terapia Renal Substitutiva da SES/DF (fls.41-
45) refere-se ao número de óbitos registrados. Do total de 315 pacientes que deixaram de realizar o
643
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
procedimento no 4º trimestre de 2010, 61% foi por óbito (191 pacientes), 25% por melhora clínica (79
pacientes), 13% por transplante (42 pacientes) e 1% por altas por abandono (3 pacientes) ou ainda
transferências efetuadas. Essas informações evidenciam o baixo índice de transplantes e a alta taxa de
mortalidade da doença. Cabe registrar que apenas 3,5% do total de usuários de TRS no DF tiveram a
oportunidade de se submeter a uma cirurgia de transplante, no exercício de 2010. Fato também
recorrente e evidenciado por este Tribunal em Auditoria Operacional com o objetivo de avaliar o
Programa de Doação, Captação e Transplante de Órgãos e Tecidos (Acórdão 562/2006- TCU -
Plenário).
No Relatório de atividades desenvolvidas pela Gerência de Apoio de Alta Complexidade (fl. 39-40),
departamento subordinado à Diretoria de Assistência Especializada/DIASE/SAS, foram apresentadas as
seguintes problemáticas relacionadas à TRS/DF no ano de 2010: falta constante de vagas;
desconhecimento da real capacidade instalada de serviços públicos; realização de contratos junto às
clínicas privadas por teto financeiro e não por teto físico (nº de pacientes), não utilizando a capacidade
máxima estabelecida na RDC nº 154/2004, que preconiza até 200 pacientes por serviço; estrutura física
dos serviços apresentando constantes problemas junto à Vigilância Sanitária; dificuldade na contratação
de mais um serviço de TRS na rede DF (IDR Ceilândia) e falta de insumos nas unidades da rede pública,
tanto para pacientes crônicos quanto agudos; concentração de pacientes renais em Ceilândia (22,3%),
cidade sem serviço credenciado; carência de sistema informatizado para o gerenciamento e alocação de
pacientes nos serviços credenciados; mortalidade elevada de pacientes, razão da existência de novas
vagas e baixa produtividade de transplantes renais no DF.
Embora as informações apresentadas ainda precisem ser aprimoradas por uma análise
operacional, esta inspeção possibilitou traçar um panorama amplo sobre os serviços prestados pela
SES/DF e a atual situação dos pacientes usuários de serviços de hemodiálise.
RELATÓRIO DA INSPEÇÃO
A obtenção das informações que embasaram este relatório deu-se por meio de contato com a
Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF), especificadamente: Coordenação-Geral de Contratos,
setor subordinado à Unidade de Administração Geral (UAG/DF), que disponibilizou listagem contendo
dados de todos os contratos já firmados com empresas privadas prestadoras de serviços de hemodiálise
(fls. 46-49), bem como apresentação de todos os volumes de processos vigentes; Coordenador de
Nefrologia da SES/DF, Dr. Gladson Paiva, vinculados à Subsecretaria de Atenção à Saúde (SAS/DF),
que participou de entrevista com a presente auditora e apresentou informações em resposta ao ofício de
requisição nº 02/1088/2010; Núcleo de Terapia Renal Substitutiva que encaminhou dados dos serviços de
TRS/DF referentes ao último quadrimestre de 2010 em resposta ao ofício de requisição 03/1088/2011 e
Fundo de Saúde do Distrito Federal que apresentou informações acerca dos pagamentos efetuados à
rede privada conveniada em resposta ao Ofício de Requisição nº 04/1088/2011.
As informações objeto da inspeção são expostas a seguir:
Regularidade dos contratos efetuados com a rede privada
Os contratos efetuados com a rede conveniada são realizados por credenciamento dos
estabelecimentos prestadores de serviços de TRS, para atendimento aos usuários do SUS/DF, de acordo
com as Portarias nº 1168/GM/MS e nº 211/GMS/MS.
A contratação por inexigibilidade de licitação foi justificada pela Procuradoria Geral do Distrito
Federal em parecer (nº 135/2010, fls. 50-64) sobre a regularidade do edital de credenciamento nº
09/2009, que tem por objeto a apresentação de normas com vistas a certificar os estabelecimentos
prestadores de serviços de TRS:
A Lei nº 8.080/90, em sintonia com o §1º do art. 199 da Constituição Federal, prevê, diante da
constatação de insuficiência de recursos para garantir a cobertura assistencial à população de
determinada área, a possibilidade de o Sistema Único de Saúde (SUS) recorrer aos serviços ofertados
pela iniciativa privada, determinando, ainda, que a participação complementar seja formalizada
mediante convênio (instituições filantrópicas e as sem fins lucrativos) ou contrato (para instituições
privadas com fins lucrativos), observadas as normas de direito público e emprestado o tratamento
preferencial às entidades filantrópicas e sem fins lucrativos.
644
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Tendo em vista que a legislação pertinente às licitações e contratos administrativos incide sobre os
contratos efetivados no âmbito do SUS tem-se como regra geral a realização do certame licitatório.
Existe, todavia, a possibilidade de contratação direta dos serviços de saúde quando se pretende
formar uma rede de prestadores de serviços e não há como escolher o melhor prestador (ou
prestadores), mas recorrer a todos os que atenderem as exigências mínimas fixadas pela Administração
Pública, situação em que a competição torna-se inviável, atraindo a aplicação da hipótese de
inexigibilidade de licitação prevista no caput do art. 25 da Lei 8.666/93.
De ponderar quanto a esse aspecto que o Gestor do SUS deverá ater-se à oferta de mercado para
verificar previamente ao credenciamento a impossibilidade de competição, uma vez que, havendo oferta
superior ao que se pretende contratar, a licitação torna-se obviamente obrigatória, uma vez presente a
possibilidade de disputa.
Não há dúvida de que a regra constitucional que incide sobre todas as aquisições do Poder Público
é de submissão ao procedimento licitatório, sendo exceção a contratação direta. Assim sendo, o
enquadramento do caso nas hipóteses do art. 25 da Lei n. 8.666/1993 deve ser plenamente motivado e
cabalmente documentado, devendo o pertinente processo reunir todas as provas que demonstrem a
adequação da medida.
Analisando as razões apresentadas, é possível inferir que na contratação dos serviços de
hemodiálise, a restrição de clínicas privadas e o tabelamento de preços, inviabiliza a competição entre a
rede conveniada. É necessário dispor de todas as vagas presentes para atender a população de doentes
renais crônicos do DF, sendo que ainda há fila de espera de pacientes em hospitais públicos. Destaca-se,
porém, que embora o credenciamento pareça ser o meio mais indicado para contratar as empresas
prestadoras de serviços dessa natureza, a capacidade instalada da rede pública de saúde deve ser
integralmente ocupada, projetando-se, inclusive, a possibilidade de ampliação dos serviços públicos.
Portanto, após análise dos acordos firmados entre o GDF e a rede contratada para compra de
serviços médicos em TRS, pode-se concluir pela legalidade dos contratos.
Análise dos preços contratados
De acordo com o disposto no edital de credenciamento nº 09/2009 (fl. 65-70), os prestadores de
serviço de hemodiálise devem solicitar credenciamento com apresentação da documentação solicitada no
edital referente à habilitação jurídica, regularidade fiscal, qualificação técnica, qualificação econômico-
financeira, constando, ainda, a proposta de prestação dos serviços, que deverá conter o quantitativo de
procedimentos que será disponibilizado à SES/DF, bem como, os dados do responsável pela assinatura
do contrato.
Portanto, todas as clínicas que preencheram os requisitos estipulados em edital até o número total
de vagas estipulado pela SES/DF, foram habilitadas a prestarem os serviços de hemodiálise e diálise
peritoneal. O referido documento também dispõe sobre as hipóteses de descredenciamento, de
impugnação do edital, de restrições para participação, além das obrigações da credenciada, da
responsabilidade civil do contratado, do controle, da avaliação e da fiscalização pela execução do
contrato.
Devido à carência de vagas na rede pública, em razão da subutilização dos equipamentos de TRS,
carência de recursos humanos e falta de insumos hospitalares, as clínicas que forem habilitadas e
possuírem vagas disponíveis para hemodiálise, prestarão os serviços.
A rede privada conveniada deve ser remunerada conforme os valores totais dos procedimentos
contratados para realização de Terapia Renal Substitutiva com base na tabela SUS. Portanto, pelo valor
atual, uma sessão de hemodiálise custa a todas as clínicas privadas a mesma importância, R$ 144,17.
Segundo a Seção XVI – do Reajuste do Preço – do edital nº 09/2009:
Os valores contratados serão reajustados, na mesma proporção, índices e épocas dos reajustes
concedidos pelo Ministério da Saúde. Os reajustes independerão de Termo Aditivo, sendo necessário
anotar no respectivo processo administrativo do credenciado, a origem e autorização do reajuste e os
respectivos cálculos.
645
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Em todos os processos listados abaixo foram analisados os valores contratados, bem como a
consonância dos preços ajustados em contrato com o número de pacientes atendidos por cada clínica
conveniada.
Tabela 1 - Valores contratados com as clínicas privadas de TRS
Número
Data de Data de Valor
Nome e CNPJ do Valor mensal
início término anual/total
contrato
Clínica de Doenças 2º Termo
R$
Renais de Brasília Ltda 028/2008 12/5/2008 Aditivo R$ 257.161,08
3.085.932,96
01.602408/0001-04 11/5/2011
Clínica de Doenças 2º Termo
R$
Renais de Taguatinga 021/2008 25/4/2008 Aditivo R$ 237.679,18
2.852.150,16
38.033.882/0001-64 24/4/2011
IDRC – Instituto de
R$
Doenças Renais Ltda 022/2010 12/3/2010 11/3/2011 R$ 389.638,00
4.675.656,00
04.373.272/0001-98
IDRC – Instituto de
Doenças Renais de R$
016/2010 2/3/2010 1/3/2011 R$ 350.674,20
Ceilândia Ltda 4.208.090,40
10.580.711/0001-36
Nephron Brasília Serviços
2º Termo
Médicos Ltda R$
033/2008 4/6/2008 Aditivo R$ 210.404,52
32.911.992/0002-86 2.524.854,24
3/6/2011
(Taguatinga)
Nephron Brasília Serviços
2º Termo
Médicos Ltda. R$
034/2008 4/6/2008 Aditivo R$ 245.816,41
32.911.992/0001-03 2.949.796,92
3/6/2011
(Gama)
Renal Care Prevenção e
R$
Tratamento Ltda. 023/2010 12/3/2010 11/3/2011 R$ 425.969,91
5.111.639,00
01.856.738/0001-18
Sociedade de Clínica 2º Termo
R$
Médica S/C 018/2008 10/4/2008 Aditivo R$ 237.727,30
2.852.727,60
00.648.717/0002-25 9/4/2011
SEANE Serviço de
4º Termo
Assistência Clínica e R$
012/2007 4/5/2007 Aditivo R$ 209.994,63
Nefrológica 2.519.935,56
3/5/2011
01.619.412/0001-77
IMUNOTECH Sistemas
Diagnósticos Importação R$ R$
056/2010 6/7/2010 5/7/2012
e Exportação Ltda. 1.212.499,80 29.099.995,20
00.904.728/0001-48
Foram verificados também, com base no confronto entre os montantes informados pelo Fundo de
Saúde do Distrito Federal (fls.71-105), os valores pagos no exercício de 2010 a fim de confirmar possível
superfaturamento no pagamento às clínicas privadas de hemodiálise. Os dados do Fundo confrontados
com o número de pacientes atendidos pelas clínicas, divulgados pelo Núcleo de Terapia Renal
Substitutiva (NTRS), e com os valores firmados nos contratos vigentes comprovam que os procedimentos
pagos, em média, estão de acordo com aqueles estabelecidos na Tabela SUS. Para tanto, em virtude das
646
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
limitações de tempo e da própria modalidade de fiscalização (inspeção) foram avaliados seis contratos
vigentes, conforme disposto na tabela a seguir:
Portanto, considerando os dados apresentados pelo Núcleo de Terapia Renal Substitutiva e tendo
em vista a análise dos dados apresentados na tabela, não há indícios de superfaturamentos no
pagamento dos contratos listados acima. Destaca-se, porém, que as informações apresentadas não
comprovam a efetividade nem a qualidade da prestação do serviço pela rede conveniada, mas apenas os
valores contratados e pagos de acordo com o número de pacientes atendidos declarados pelo NTRS.
Devido às limitações impostas pela inspeção não foi possível verificar como ocorre de fato o atendimento
das sessões de hemodiálise pelas clínicas citadas.
Justificativas que motivaram a contratação da rede privada na prestação de serviços de TRS
647
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
O projeto básico, que é o documento que serve como referência para todos os contratos de
prestação de serviços de hemodiálise, contemplado nos editais de credenciamento nº 13/2006 (Processo
060.017.070/06) e nº 09/2009 (Processo 060.012.856/2009), (fls. 106-108), apresenta a seguinte
justificativa para contratação da rede privada:
Como é sabido, em todo mundo torna-se grave a situação do atendimento aos pacientes renais
crônicos, face ao aumento dos casos, devido em parte a um melhor atendimento nos programas básicos
de saúde que permitem um diagnóstico em maior número, quer em função do aumento radical de casos
de hipertensão e diabetes que, juntos representam a maior causa de insuficiência renal crônica no
momento.
A consequência maior disto é uma desproporção entre a estrutura existente para o atendimento
destes casos e a pressão cada vez maior por vagas, frente a eles.
A solução deste problema passa por duas visões distintas, a saber:
Absorção do problema pelo gestor da saúde, dentro da visão da universalidade do atendimento e a
criação de unidades públicas próprias, para o atendimento global do paciente renal crônico, em todos os
níveis de complexidade.
Divisão das responsabilidades do atendimento entre a SES e unidades privadas, com a
participação racional da atuação pública de modo direto e a compra de serviços de terceiros, nas áreas
em que isto se mostrar vantajoso em relação à manutenção de serviços próprios.
No primeiro caso, a demanda de recursos fixos e o investimento inicial do projeto, com a compra
de máquinas, centrais de tratamento de água, disponibilização de grandes áreas em hospitais da rede,
associado à grande necessidade de recursos humanos especializados e a manutenção de uma grande
infraestrutura de compras, manutenção de estoques e distribuição e controle de material para prestação
dos serviços, mostra que esta não tem sido a melhor solução, nos estados em que isto foi tentado. Com o
tempo ocorre a deterioração da estrutura em função da lentidão do serviço público, preso por normas e
burocracias que não podem ser contornadas sob pena de vir o Administrador a responder juridicamente
por isso, seguida de uma queda na qualidade do serviço prestado e um aumento no custo final do
processo, com nítida perda de uma boa relação custo-benefício.
Quanto à segunda opção, desde que bem atrelada a um contrato que defina claramente as
obrigações e direitos de ambas as partes, parece ser ela bem mais vantajosa para uma situação como o
da SES/DF, responsável pela orientação da saúde de uma grande e complexa população, engrossada por
uma demanda de pacientes oriundos de todo o país. Torna-se imperioso que se faça uma boa definição
daquilo que deve ser obrigação da Secretaria de Estado de Saúde, com compromisso com a população
atendida e aquilo que pode ser terceirizado, com a fiscalização rigorosa da qualidade do serviço
prestado, por parte do Órgão contratante.
Assim sendo, esta Coordenação mostra-se totalmente favorável à priorização, por parte da
SES/DF, na área do atendimento ao paciente renal crônico, do desenvolvimento de atividades de
prevenção primária e secundária das doenças renais crônicas e suas complicações e de atividades
ligadas àquelas situações de nível terciário, tais como transplante renal e atendimento a patologias
renais de alta complexidade, com exigências terapêuticas e diagnósticas também complexas com
plasmafereses, terapias imunossupressoras, biópsias renais, complicações ósseas da DRC ou outras de
mesmo nível.
Dentre as atividades passíveis de terceirização na área de Nefrologia, a diálise de pacientes
crônicos estáveis, quer hemodiálise, quer diálise peritoneal, é a que mais se ajusta a esta atitude.
Primeiramente, destaca-se a afirmação sobre o aumento radical nos casos de hipertensão e
diabetes o que suscita dúvidas acerca do tratamento da hipertensão e diabetes oferecido pelo GDF no
nível da atenção básica, que tem por objetivo principal prevenir e controlar os agravos de saúde desse
tipo de patologia.
Em recente fiscalização deste Tribunal (Acórdão 182/2011- TCU - Plenário) realizada na SES/DF
ficou identificada a falta de medicamentos da farmácia básica nos postos de saúde, contemplando
aqueles relacionados à hipertensão e diabetes. Sem acompanhamento correto, pessoas com esses
648
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
agravos de saúde se transformam em potenciais doentes renais, somando-se a isso as dificuldades para
conseguir tratamento também influenciam no alto número de mortes.
As justificativas apresentadas não atenuam a grave situação em que se encontram os hospitais do
DF no tocante à TRS, acarretando excessiva terceirização dos serviços sem que haja utilização efetiva e
modernização da estrutura disponível. Conforme apontado nas considerações sobre a capacidade da
rede pública de saúde do DF (§49 e seguintes desta instrução) e embasado por auditorias da CGU e
Denasus o quadro de ineficiência da gestão pública é evidente, uma vez que há máquinas paradas por
falta de contratos de manutenção, ausência de profissionais habilitados e problemas relacionados à
infraestrutura das salas de hemodiálise.
Acrescenta-se, ainda, que não há o que se falar a respeito de divisão de responsabilidades entre a
SES/DF e a rede privada no atendimento aos pacientes portadores desse agravo. A prestação de serviços
de TRS compete a SES/DF notadamente, sendo que a compra de serviços da iniciativa privada não divide
a responsabilização, mas apenas as tarefas.
Um contrato que defina claramente as obrigações e direitos de ambas as partes é vantajoso, na
medida em que for capaz de refletir a compra de serviços tendo por base as necessidades apresentadas, e
não a oferta de serviços médicos oferecidos pelo mercado. Não se justifica a compra de serviços médicos
hospitalares e ambulatoriais para os quais a SES/DF tem capacidade de oferecer. A legislação do SUS
preconiza que em caso de insuficiência da estruturação pública local, capaz de oferecer serviços de
saúde, o gestor deverá buscar parcerias com a iniciativa privada, mas só em caso de insuficiência. Não
se podem considerar justificativas que pretendem esconder a ineficiência da gestão administrativa para
gerenciar o funcionamento dos equipamentos, inclusive com manutenções, para adquirir medicamentos e
insumos, desconsiderando, para isso, o investimento financeiro realizado pelo erário na compra desses
equipamentos.
A existência de fila de espera com tendência de crescimento agrava ainda mais a situação dos
pacientes no GDF. A falta de hemodiálise ou a realização inadequada do tratamento reduzem
significativamente o tempo de vida dos doentes renais.
O Instrumento de Planejamento contemplado no Edital nº 09/2009 (fl. 108-113) apresenta projeção
da demanda de pacientes por serviços de hemodiálise para os próximos 5 anos e traça o número de
vagas necessárias para fazer face a essa necessidade: “trata presente projeto de contratação de 2.160
vagas, para os próximos 2 anos, prorrogáveis através de termo aditivo” (fl. 110), contudo a SES/DF não
apresenta os dados sobre o número de pacientes que serão atendidos pela rede pública e sobre a
compatibilidade com os quantitativos previstos na “Proposta para Estruturação da Rede Complementar
dos Serviços de Nefrologia” no Plano Estadual de Especialidade. Assim, faz-se indispensável registrar
no Projeto Básico informações a respeito da adequação das previsões de contratação em relação à
capacidade de atendimento pela rede pública e com o disposto no Plano Estadual de Especialidade.
Além das razões expostas no projeto básico, em resposta ao ofício de requisição nº 02/1088/2010, o
Coordenador de Nefrologia da SES/DF, Dr. Gladson Paiva, apresentou alguns dados a fim de
comprovar uma possível vantagem econômica na terceirização dos serviços de TRS o que justificaria a
contratação da rede privada (fls. 115-116). Segundo ele, o SUS repassa às Clínicas que atendem
pacientes portadores de Insuficiência Renal Crônica Terminal, em programa de hemodiálise três vezes
por semana, o valor de R$ 1.874,21, por tratamento mensal de cada paciente, o que corresponde a R$
144,17 por cada sessão de hemodiálise, incluindo honorários médicos.
Em contraste, ele aponta que na rede pública além dos insumos utilizados, totalizando R$ 144,95
(descritos às fl.116) devem ser computados gastos com contratos de manutenção de equipamentos,
realização de exames, contas de água, energia, fornecimento de alimentação e transporte, além de
salário dos profissionais médicos (1 médico para cada 35 pacientes), enfermeiros (1 enfermeiro para
cada 35 pacientes), técnicos ou auxiliares de enfermagem (1 técnico ou auxiliar de enfermagem para
cada 4 pacientes) por turno de hemodiálise. Em conclusão, ele afirma que:
...como demonstrado, é mais vantajoso ao SUS credenciar novas Clínicas e/ou aumentar o teto
financeiro para atendimento das já credenciadas, permitindo assim aos Hospitais Públicos o
649
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
atendimento inicial da grande demanda que aguarda em filas de espera, os quais podem evoluir a óbito
antes mesmo de ter acesso ao tratamento.
É inconcebível a afirmação de que os custos relacionados às empresas privadas, que visam lucro,
sejam inferiores aos da rede pública na prestação dos serviços de hemodiálise. A clínica privada também
precisa pagar água, luz, fazer manutenções nas máquinas, realizar exames e pagar recursos humanos.
Não é possível estabelecer uma relação de custo-benefício como a proposta, uma vez que os dados
apresentados sugerem que ou o GDF está comprando insumos superfaturados ou a rede privada está
reaproveitando ou não utilizando os produtos indicados nesse tipo de tratamento. Se a rede privada não
está cumprindo os protocolos de tratamento, isso terá impacto nos resultados da saúde do paciente, ou
seja, o governo federal por meio do GDF está gastando para oferecer um serviço de má qualidade para
a população na iniciativa privada, aumentando o risco de morte e ainda usa isso como razão para dizer
que os custos são menores. Não há possibilidade de uma entidade privada firmar contratos de serviços
para ter prejuízo ou simplesmente não obter lucro
Adicionalmente, é preciso que se avalie em primeiro lugar a capacidade do setor público, para
então, posteriormente, o gestor buscar parcerias com a iniciativa privada. A lógica da rede de
atendimento de saúde do DF parece ter invertido o entendimento preconizado pelas leis do SUS, qual
seja: eles buscam contratar toda a rede privada e atendem subsidiariamente os pacientes do SUS na rede
pública e para isso estão reduzindo o investimento em equipamentos, manutenções e recursos humanos
com o objetivo de alegar que não tem sua capacidade instalada em funcionamento. Tal fato, no mínimo,
demonstra ineficiência na gestão administrativa da SES/DF.
Conforme disposto na Lei nº 8.080/90, art. 4º, § 2º, a iniciativa privada poderá participar do
Sistema Único de Saúde, em caráter complementar, não podendo ser consideradas razoáveis as
justificativas apresentadas para a intensa contratação de serviços privados de TRS. O serviço público
deve estar estruturado para prestar a assistência à saúde de forma plena, restando às instituições
particulares suprir as deficiências existentes. Como demonstrado pelos órgãos de controle, é recorrente
a subutilização de equipamentos nos hospitais públicos credenciados, demonstrando haver terceirização
excessiva de serviços e possibilitando a existência de pacientes em espera para sessões de hemodiálise.
Contrato firmado entre a SES/DF e a empresa Imunotech para prestação de serviços de
fornecimento de kits e bolsas de afluente para TRS
O Jornal Correio Braziliense, na edição de 16/8/2010 (fls. 7-9), noticiou que a Secretaria de Saúde
do Distrito Federal – SES/DF celebrou contrato, com duração de 24 meses, no valor de R$ 29 milhões
como contrapartida pelo aluguel de 12 máquinas de hemodiálise para UTI´s da rede pública – valor que
seria suficiente para comprar mais de 410 equipamentos.
O contrato de nº 056/2010-SES/DF de prestação de serviços por regime de comodato previa,
ainda, o fornecimento de kits de bolsas afluentes. O GDF informou à época da reportagem estar
realizando auditoria no contrato e que suspendeu o negócio até o fim das análises técnicas.
A auditoria (relatório nº 72/2010, fls. 144-150) foi realizada pela SES/DF visando avaliar o
processo de contratação de serviços de fornecimento de kits e bolsas de afluente para TRS para rede de
saúde do DF. Visando a consolidação dos trabalhos da auditoria, um memorando (nº 93/2010) foi
encaminhado à Diretoria de Assistência Especializada DIASE/SAS/SES/DF, onde foi solicitado Parecer
Técnico a respeito dos seguintes questionamentos: verificar se é vantajoso para SES/DF à aquisição
desses kits e bolsas de TRS e verificar se as máquinas em regime de comodato são mais vantajosas para
SES/DF, do que efetuar as aquisições das mesmas ou celebrar contrato de manutenção das já existentes.
Em resposta a este referido memorando, a DIASE/SAS/SES reportou:
... A máquina em questão (Prisma Flex) possui recursos técnicos indiscutíveis, capaz de realizar
um leque de terapias contínuas lentas, mas a demanda de pacientes com indicação ao tratamento é
pequena. Para tal afirmação foram consultados os Nefrologistas responsáveis pela prescrição de
HEMODIÁLISE nas UTIs do HBDF, HRT, HRC, HRAN e HRG. Os demais Hospitais da rede não
possuem Nefrologistas, portanto não podem realizar Hemodiálise.
Outro problema detectado foi a grande quantidade de máquinas e kits solicitados. Tal fato foi
baseado em um PROJETO BÁSICO no qual haveria fila de espera de pacientes para iniciar tratamento
650
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
hemodialítico. No entanto, tais pacientes com IRA ou IRAg (Insuficiência Renal Crônica Agudizada)
podem, sem prejuízo, iniciar seu tratamento em máquina de Hemodiálise Convencional (disponíveis nas
Unidades de Hemodiálise da rede pública e em UTIs com suporte hemodialítico). Somente pacientes com
grave instabilidade hemodinâmica teriam indicação para uso da máquina em questão (Prisma Flex).
A Diretoria Especializada relatou, ainda, que a lista de espera referida no Projeto Básico poderia
ser absorvida pela rede pública (Centros de Hemodiálise) com a ampliação da capacidade de
atendimento dos mesmos, através da contratação de recursos humanos. Até que isto ocorresse, os
pacientes poderiam ser encaminhados para início de tratamento em UTI até surgimento de vaga nas
Unidades de Hemodiálise. Estes pacientes, em sua maioria, hemodinamicamente estáveis, poderiam ser
submetidos à hemodiálise convencional, não necessitando de hemodiálise contínua.
Relataram também que existem métodos dialíticos estendidos, aplicáveis a pacientes críticos mais
baratos e de aplicabilidade mais fácil, havendo necessidade de disponibilizar hemodiálise contínua
somente aos pacientes críticos (instabilidade hemodinâmica grave) internados nas UTIs da rede pública,
não havendo, porém, como estimar a quantidade necessária.
Em conclusão, a DIASE/SAS/SES dispôs que a contratação do serviço em comodato, conforme
realizado, determinando inclusive a quantidade de kits mensais a serem disponibilizados, não seria a
mais indicada.
O relatório de auditoria constatou que o Contrato nº 56/2010 firmado entre a SES/DF e a
IMUNOTECH, para aquisição das máquinas de TRS na forma de comodato e na aquisição dos kits e
bolsas, não é vantajoso, uma vez que o regime de comodato não se coaduna com esse tipo de aquisição
de materiais, visto que imputa a contratação de quantidade pré-definida de materiais que não são
possíveis de serem estimados. Adicionalmente, foi disposto no relatório que houve favorecimento à
empresa em questão, pois a cotação dos preços e o edital licitatório foram baseados na proposta
elaborada pela empresa vencedora do pleito.
O contrato continua suspenso com as seguintes recomendações dos auditores do GDF: rescisão do
referido contrato e abertura de Processo Administrativo Disciplinar, para apurar as responsabilidades,
em face das irregularidades constatadas.
Com base no exposto, propõe-se determinar que, no prazo de sessenta dias, sejam informadas a
este Tribunal as providências tomadas visando atender as recomendações propostas na auditoria
realizada pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal com o objetivo de avaliar o processo de
contratação de serviços por regime de comodato de 12 máquinas de hemodiálise para UTI´s, incluindo o
fornecimento de kits e bolsas de afluente para TRS para rede de saúde do DF (relatório nº 72/2010, fls.
144-150).
Capacidade da rede pública de saúde
Em resposta ao ofício de requisição nº 02/1088/2010, o Coordenador de Nefrologia da SES/DF,
Dr. Gladson Paiva, apresentou dados acerca dos serviços de hemodiálise prestados pelos hospitais
públicos (fls. 114-116). Conforme tabela constante à fl. 114, há atualmente 39 máquinas de hemodiálise
não utilizadas nos hospitais prestadores desses serviços (Hospital Regional de Sobradinho/HRS, 2
máquinas; Hospital de Base/HBDF, 5 máquinas, Hospital Regional do Gama/HRG, 13 máquinas;
Hospital Regional da Asa Norte/HRAN, 5 máquinas e Hospital Regional de Taguatinga/HRT, 14
máquinas). Adicionalmente, há atendimento de 157 pacientes pela rede pública, havendo, entretanto, oito
pacientes em fila de espera no HRS e 13 no HRT. Segundo ele, todos os hospitais da rede pública teriam
condições de aumentar a capacidade de atendimento, no entanto “esbarram na falta de recursos
humanos, equipamentos (máquinas de hemodiálise) muito antigos (necessitando grande número de
máquinas reservas, como ocorre no HRT, onde são trocadas por dia cerca de 10 máquinas, apesar da
manutenção constante)”.
O Coordenador de Nefrologia afirma que recentemente houve suspensão no atendimento de
hemodiálise no HRAN devido à falta de insumos (capilares dializadores, cateteres para hemodiálise,
dentre outros, conforme declarações apresentadas às fls. 114-115) indispensáveis para o funcionamento
de um centro de hemodiálise. Ressalta, ainda, que nos outros hospitais da rede pública os insumos
citados estavam sendo adquiridos com recursos do Programa de Descentralização Progressiva das
651
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Ações de Saúde (PDPAS) que apresenta limitações técnicas e burocráticas, mas que já não mais poderia
ser utilizado devido à superação do teto estabelecido para estes recursos.
Quanto ao HRG, cita que embora já existam as máquinas, o serviço de hemodiálise encontra-se em
fase de estruturação, faltando recursos humanos e treinamento para os técnicos operarem os
equipamentos.
Além do fato de haver grande quantidade de máquinas ociosas nos hospitais públicos, foi detectado
que as informações fornecidas pelo Núcleo de Nefrologia sobre os quantitativos existentes de
equipamentos da rede pública não estão de acordo com as constantes no Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (CNES), conforme disposto:
Tabela 3 – Distribuição dos equipamentos de hemodiálise da rede pública de saúde do DF
Quantidade de
Quantidade de
equipamentos de
equipamentos de
Seq. Estabelecimento de saúde hemodiálise
hemodiálise -
cadastrados no
dados da SES/DF¹
CNES
1 Hospital Regional de Sobradinho 20 1
2 Hospital de Base 18 24
3 Hospital Regional do Gama 13 1
4 Hospital Regional da Asa Norte 1 5
5 Hospital Regional de Taguatinga 34 31
¹ Dados apresentados pela Coordenação de Nefrologia da SES/DF
Em face do exposto, propõe-se alertar o GDF que a desatualização cadastral dos quantitativos de
equipamentos de hemodiálise dos Hospitais Regionais de Sobradinho, Gama, Asa Norte, Taguatinga e
Hospital de Base da rede assistencial, sob gestão do Governo do Distrito Federal, nos sistemas de
informações de saúde do Datasus, constitui-se em descumprimento do disposto inc. I, art. 37, Portaria
GM/MS nº 204, de 2007.
Em resposta ao Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), referente ao Processo 26900/2007
(fls. 156-157), com data de 29/09/2010, encaminhada pela Gerência de Recursos Médicos Hospitalares
(GERMH), solicitando informações acerca da falta de material e funcionários nos hospitais da rede
pública que realizam sessões de hemodiálise, o supracitado Coordenador de Nefrologia relatou:
Os Centros de Hemodiálise dos Hospitais Públicos do Distrito Federal encontram-se superlotados
e operando em sua capacidade máxima, de acordo com os recursos humanos disponíveis, em
concordância à RDC-154 (Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA, de 15/06/2004, que estabelece
o regulamento técnico para funcionamento dos Serviços de Diálise).
Desde o final de 2008, as únicas possibilidades de surgimento de vaga para Hemodiálise nos
Hospitais Públicos do DF são:
I – Óbito de algum paciente já em tratamento, liberando vaga para outro;
II – Transferência para clínicas conveniadas ao SUS.
Esta situação vem se tornando cada vez mais rara em virtude da inexistência de vagas também na
rede privada, em virtude da baixa remuneração oferecida pelo SUS.
Os Hospitais da Rede Pública são a “porta de entrada” dos pacientes que necessitam iniciar a
Terapia Renal Substitutiva. Só depois de diagnosticados, estabilizados, com acesso vascular e com
exames em dia, tais pacientes são transferidos para Clínicas Conveniadas. Portanto, sempre deve haver
vaga disponível para início de tratamento de novos casos (em curva ascendente em todo Brasil). Desta
forma, medidas para prover aumento no número de vagas para Hemodiálise tanto no Serviço Público
quanto no Privado se fazem necessárias e urgentes.
As farmácias dos Hospitais Públicos encontram-se desabastecidas de insumos, os quais vem sendo
adquiridos com recursos do PDPAS. Porém, nem todos os insumos podem ser adquiridos pelo referido
Programa em virtude de limitações técnicas/burocráticas.
652
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Dados extraídos do Sistema de Execução Orçamentária do GDF, fornecido pelo Fundo de Saúde
do Distrito Federal, demonstram que os valores pagos às unidades privadas de diálise, no período de
2006 a 2009, provenientes do PAB-Fixo, incompatibilizando-se com a Portaria nº 204/GM/2007, que
veda a utilização de recursos em bloco de saúde diverso daquele a que está vinculado. Esse pagamento
com recursos de bloco distinto implica em desvio de finalidade, contrariando também o disposto no §
único, art. 8º da LC nº 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal.
Quanto ao Plano Distrital de Prevenção e Tratamento da Doença Renal, citado pela SES/DF,
houve constatações do Denasus (auditoria de acompanhamento no período de 2009, fl. 176) que
confirmaram a desatualização deste documento, não tendo sido elaborada medidas que visassem a
aplicação dos objetivos compreendidos. Portanto, a menção às propostas planejadas não comprova a
execução das ações nele compreendidas. A recorrente subutilização de equipamentos por falta de
manutenção ou por carência de recursos humanos, a carência de adequação física e reestruturação dos
serviços de diálise, bem como a dificuldade em criar novas vagas no setor público demonstram que o
planejamento proposto pela SES/DF não tem sido executado.
Na resposta também não foram apresentados esclarecimentos que sanassem as constatações
apresentadas pela CGU no tocante aos exames laboratoriais pagos com recursos próprios. A
655
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Subsecretaria de Atenção à Saúde – SAS/SES se limitou a listar o nome dos exames que deveriam ser
disponibilizados ao tratamento dos pacientes em TRS, conforme previsto pela RDC nº 154/2004 – Anvisa
(fl. 167).
Com base no exposto, propõe-se:
a) determinar à Secretaria de Saúde do Distrito Federal que, no prazo de sessenta dias, regularize
a situação dos pagamentos de custeio da Terapia Renal Substitutiva (Bloco de Financiamento da Média
e Alta Complexidade) efetuados com recursos destinados ao Bloco de Financiamento PAB-Fixo,
comprovando o depósito do valor de R$ 7.165.740,81 (sete milhões, cento e sessenta e cinco mil,
setecentos e quarenta reais e oitenta e um centavos), com recursos próprios do tesouro do GDF, na conta
bancária específica do Fundo de Saúde do Distrito Federal destinada à movimentação do PAB - Fixo,
sob pena de afronta ao § único do art. 8º da LC nº 101/2000 c/c com art. 6º da Portaria GM/MS nº 204,
de 2007; e
b) alertar à Secretaria de Saúde do Distrito Federal que remanejamentos de recursos financeiros
entre contas bancárias definidas para bloco de financiamento distintos contraria o § único do art. 8º da
LC nº 101/2000 e art. 6º da Portaria GM/MS nº 204, de 2007.
CONCLUSÃO
Conforme exposto no relatório de inspeção é recorrente a ineficiência do setor público em atender
a crescente demanda de pacientes por sessões de hemodiálise. A terceirização dos serviços é uma via
possível, desde que seja feita de maneira complementar e que não haja subutilização dos equipamentos
existentes, desperdício do investimento feito pelos Governos Federal e do Distrito Federal, aumento do
direcionamento dos doentes ao setor privado e agravamento da situação daqueles que aguardam por
serviços de terapia renal substitutiva.
Embora nos aspectos avaliados neste trabalho não haja indícios de irregularidades nos contratos
firmados, nem nos preços ajustados, as justificativas apresentadas para contratação de clínica privadas
não são razoáveis, na medida em que se baseiam em falhas nos programas da atenção básica e divisão
de responsabilidades entre o setor público e privado, quando, neste caso, a atuação da rede
conveniada deveria ser subsidiária e não principal, conforme disposto nos itens 16-39.
O contrato firmado entre a SES/DF e a empresa Imunotech, noticiado pela imprensa como
irregular e ponto principal da representação que gerou a inspeção realizada nos serviços de TRS, está
suspenso, conforme disposto em relatório de auditoria da SES/DF, sendo necessário que as
recomendações propostas pela equipe de auditoria da Secretaria de Saúde do GDF sejam executadas
(itens 40-49).
A situação dos hospitais da rede pública que atendem aos doentes renais crônicos é grave, uma vez
que há equipamentos parados, falta de recursos humanos/insumos hospitalares e problemas de
infraestrutura. Destaca-se, ainda, a existência de fila de espera de pacientes, mesmo havendo real
possibilidade de aumento do número de vagas caso houvesse regular gerenciamento dos aportes públicos
(itens 50-59).
A CGU, o Denasus e este Tribunal já apresentaram diversas constatações de que não tem havido
controle sobre a avaliação da qualidade da assistência prestada ao portador de doença renal na rede
pública e privada. Em recente auditoria realizada no 2º semestre de 2010, a CGU apontou
irregularidades recorrentes já citadas pelo órgão de auditoria do SUS, as quais não foram objeto de
providências pela SES/DF no sentido de minimizar as constatações apontadas (itens 60-69).
Visando reverter ou mesmo atenuar o quadro em que se encontra o GDF, no tocante aos serviços
de hemodiálise, foram propostas medidas com objetivo de qualificar a assistência, forçando o gestor a
aumentar o número de procedimentos médicos disponíveis à população. Situação esta que vai permitir
ao paciente tratamento tempestivo e melhora em sua qualidade de vida.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Diante do exposto e nos termos do inc. II, art. 250 do RITCU, submetemos os autos à consideração
superior, propondo:
- determinar à Secretaria de Saúde do Distrito Federal que sejam informadas a este Tribunal, no
prazo de sessenta dias, as providências tomadas visando atender as recomendações propostas na
656
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
É o Relatório.
VOTO
Cuidam os autos de Representação formulada pelo Ministério Público junto ao TCU com vistas a
que este Tribunal avalie a conformidade, economicidade, eficácia, eficiência e efetividade dos gastos
realizados pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal – SES/DF, no âmbito dos serviços de hemodiálise
e Terapia Renal Substitutiva – TRS, no período de 2006 a 2010.
2. Quanto à admissibilidade, uma vez atendidos os requisitos de admissibilidade, a representação
dever ser conhecida, nos termos do art. 237, inciso VII, do Regimento Interno do TCU.
4. No mérito, cabe rememorar que a representação foi motivada por denúncias de irregularidades
divulgadas na imprensa local, envolvendo a celebração de Contrato n.º 056/2010 entre a SES/DF e a
empresa Imunotech Ltda., com duração de 24 (vinte e quatro) meses, no valor de R$ 29 milhões como
contrapartida pelo aluguel de 12 (doze) máquinas de hemodiálise para UTI’s da rede pública – valor este
que seria suficiente para comprar mais de 410 (quatrocentos e dez) equipamentos.
657
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
JOSÉ JORGE
Relator
1. Processo nº TC 023.460/2010-5.
2. Grupo I – Classe VII – Assunto: Representação.
3. Interessado: Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin (243.854.251-91).
4. Órgão: Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.
5. Relator: Ministro José Jorge.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: 4ª Secretaria de Controle Externo (SECEX-4).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representação formulada pelo Ministério Público
junto ao TCU com vistas a que este Tribunal avalie a conformidade, economicidade, eficácia, eficiência e
efetividade dos gastos realizados pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal – SES/DF, no âmbito dos
serviços de hemodiálise e Terapia Renal Substitutiva – TRS, no período de 2006 a 2010.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1 conhecer, com fundamento no art. 237, inciso VII, do Regimento Interno do TCU, da presente
representação, para, no mérito, considerá-la procedente;
9.2. determinar, com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, à Secretaria
de Saúde do Distrito Federal – SES/DF que:
9.2.1. informe, no prazo de 60 (sessenta) dias, as providências adotadas para atender as
recomendações da Diretoria de Assistência Especializada DIASE/SAS/SES/DF constante no Relatório nº
72/2010;
9.2.2. encaminhe, no prazo de 60 (sessenta) dias, plano de ações contendo cronograma de
providências a serem adotadas, a fim de garantir que as máquinas de hemodiálise da rede pública de
saúde do Distrito Federal, que não estejam em funcionamento nesta data, sejam colocadas em operação,
com objetivo de disponibilizar os procedimentos médicos necessários à Terapia Renal Substitutiva, ou
alternativamente, comprove a resolução do problema apontado pela inspeção realizada por este Tribunal;
9.3. dar ciência das seguintes ocorrências aos responsáveis da SES/DF, para as providências
corretivas pertinentes:
9.3.1. o remanejamento, entre os blocos de financiamento, dos recursos transferidos pelo Fundo
Nacional de Saúde, em desacordo ao disposto nas Leis nºs 101/2000 e 9.142/90, bem assim no Decreto nº
1.232/94 e na Portaria MS nº 204/2007, conforme constatação da Controladoria-Geral da União de
pagamentos de custeio da Terapia Renal Substitutiva (Bloco de Financiamento da Média e Alta
Complexidade) efetuados com recursos destinados ao Bloco de Financiamento PAB-Fixo, no valor de
7.165.740,81 (sete milhões, cento e sessenta e cinco mil, setecentos e quarenta reais e oitenta e um
centavos);
9.3.2. a desatualização cadastral dos quantitativos de equipamentos de hemodiálise dos Hospitais
Regionais de Sobradinho, Gama, Asa Norte, Taguatinga e Hospital de Base da rede assistencial, sob
659
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
gestão do Governo do Distrito Federal, nos sistemas de informações de saúde do Datasus, constitui-se em
descumprimento do disposto inc. I, art. 37, Portaria GM/MS nº 204, de 2007 (itens 50-53); e
9.4. restituir os autos à 4ª Secex, para que acompanhe o atendimento da determinações proferidas,
autorizando, desde logo, o arquivamento do processo caso cumpridas as providências.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
Adoto como relatório a instrução da Serur (fls. 07/21, anexo 9), que contou com a anuência dos seus
dirigentes:
660
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
“INTRODUÇÃO
Trata-se de embargos de declaração opostos pelos Srs. Abílio Thomaz de Freitas (ex-Vice
Presidente do CRA/RJ), Wagner Huckleberry Siqueira (ex-Presidente do CRA/RJ), Leonardo Ribeiro
Fuerth (ex-Diretor Executivo do CRA/RJ), Vanessa Huckleberry Portela Siqueira (ex-servidora do
CRA/RJ) e Adolpho da Silva Oliveira (ex-servidor do CRA/RJ) apontando omissões, contradições e
obscuridades no Acórdão 603/2011 – TCU – Plenário, proferido por esta Corte ao examinar recursos de
reconsideração interpostos contra o Acórdão 1.118/2009 – TCU – Plenário, mediante o qual foi
apreciada prestação de contas referente ao exercício de 1998. Neste, a Segunda Câmara proferiu a
seguinte decisão:
‘9.1. com fundamento no art. 35, inciso III, da Lei nº 8.443/92, conhecer do recurso de revisão
interposto pelo Ministério Público/TCU para, no mérito, dar-lhe provimento, de modo a tornar
insubsistente a deliberação adotada pela 2ª Câmara na Sessão de 14/9/2000 (Relação nº 57/2000, Gab.
Min. Adhemar Paladini Ghisi, Ata nº 34/2000, 2ª Câmara);
9.2. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘c’, 19, caput, e 23, inciso III, da
Lei nº 8.443/92, julgar irregulares as contas dos Srs. Wagner Huckleberry Siqueira, Abílio Thomaz de
Freitas, Leonardo Ribeiro Fuerth e Adolpho da Silva Oliveira;
9.3. condenar, solidariamente, os Srs. Wagner Huckleberry Siqueira, Abílio Thomaz de Freitas e
Leonardo Ribeiro Fuerth, ao pagamento dos valores abaixo especificados, com a fixação do prazo de 15
(quinze) dias, a contar das notificações, para que comprovem perante o Tribunal o recolhimento das
dívidas aos cofres do Conselho Regional de Administração no Estado do Rio de Janeiro, atualizadas
monetariamente e acrescidas dos juros de mora devidos, calculados a partir das datas a seguir
especificadas até a data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor:
Data Valor (em R$)
07/04/1998 1.723,75 (mil setecentos e vinte e três reais, setenta e cinco centavos)
02/09/1998 1.723,75 (mil setecentos e vinte e três reais, setenta e cinco centavos)
08/10/1998 4.399,50 (quatro mil trezentos e noventa e nove reais, cinquenta centavos)
(quatro mil duzentos e sessenta e sete reais, cinquenta e dois
26/11/1998 4.267,52
centavos)
15/12/1998 11.819,92 (onze mil oitocentos e dezenove reais, noventa e dois centavos)
9.4. condenar, solidariamente, os Srs. Wagner Huckleberry Siqueira, Abílio Thomaz de Freitas,
Leonardo Ribeiro Fuerth e Adolpho da Silva Oliveira, ao pagamento dos valores abaixo especificados,
com a fixação do prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para que comprovem perante o
Tribunal o recolhimento das dívidas aos cofres do Conselho Regional de Administração no Estado do
Rio de Janeiro, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora devidos, calculados a partir
das datas a seguir especificadas até a data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor:
Data Valor (em R$)
(mil setecentos e vinte e três reais, setenta e cinco
06/05/1998 1.723,75
centavos)
(mil setecentos e vinte e três reais, setenta e cinco
03/06/1998 1.723,75
centavos)
(mil setecentos e vinte e três reais, setenta e cinco
22/06/1998 1.723,75
centavos)
(mil setecentos e vinte e três reais, setenta e cinco
03/08/1998 1.723,75
centavos)
9.5. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei nº 8.443/92, julgar
regulares as contas dos Srs. Wallace de Souza Vieira, Adilson de Almeida, Heidy Padrão do Espirito
Santo e Roseanne Huckleberry Siqueira Peres, dando-lhes quitação plena;
9.6. com fundamento no art. 57 da Lei nº 8.443/92, aplicar aos Srs. Wagner Huckleberry Siqueira,
Abílio Thomaz de Freitas, Leonardo Ribeiro Fuerth e Adolpho da Silva Oliveira multa individual no
valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações,
661
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
para que comprovem perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU) o
recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente até a data do efetivo
recolhimento, na forma da legislação em vigor;
9.7. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea ‘b’, 19, parágrafo único, e 23,
inciso III, da Lei nº 8.443/92, julgar irregulares as contas da Sra. Vanessa Huckleberry Portela Siqueira,
aplicando-lhe a multa do art. 58, incisos I e II da mesma Lei, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais),
fixando-lhe prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove perante o Tribunal
(art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU) o recolhimento da dívida ao Tesouro
Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo ora fixado até a data
do efetivo pagamento;
9.8. autorizar, desde logo, nos termos do artigo 28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, a cobrança
judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.9. autorizar desde logo o pagamento das dívidas em até 24 (vinte e quatro) parcelas mensais e
consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei nº 8.443/92, caso solicitado pelos responsáveis, fixando-se o
vencimento da primeira parcela em 15 (quinze) dias, a contar do recebimento das notificações, e o das
demais a cada trinta dias, devendo incidir sobre cada parcela, os encargos legais devidos, na forma
prevista na legislação em vigor;
9.9.1. alertar os responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer parcela
importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217 do Regimento
Interno deste Tribunal;
9.10. dar ciência da presente deliberação, acompanhada do Relatório e do Voto que a
fundamentam, aos responsáveis e ao Conselho Regional de Administração do Estado do Rio de Janeiro
(CRA/RJ).’
HISTÓRICO
Após o desenvolvimento regular do processo, o Plenário desta Corte, ao julgar os recursos de
reconsideração interpostos, prolatou o Acórdão 603/2011, cujo teor, naquilo que interessa para o
deslinde da questão, reproduz-se a seguir:
‘9.1 conhecer dos recursos de reconsideração, para, no mérito, negar-lhes provimento;
9.2 notificar os recorrentes da presente deliberação.’
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
Por estarem preenchidos os pressupostos recursais, reiteram-se os exames preliminares de
admissibilidade (fls. 5-6, anexo 9, fls. 9-10, anexo 10, fls. 10-11, anexo 11, fls. 14-15, anexo 12, e fls. 10-
11, anexo 13). Informe-se caber análise do mérito dos presentes embargos de declaração, em face do
despacho do Exmo. Ministro-Relator Jose Múcio Monteiro, à fl. 4, anexo 9, que requereu
pronunciamento desta Serur.
EXAME TÉCNICO
Embargos de Leonardo Ribeiro Fuerth
Argumentos
Inicialmente, o recorrente informa ter sido condenado ao pagamento da quantia de R$ 38.019,65.
Contudo, coloca que não teria sido informado acerca da atualização monetária, da origem da dívida,
bem como da efetiva parcela que lhe seria cabida.
Requer que seus embargos sejam acolhidos.
Análise
Cumpre, de início, informar ao embargante não lhe assistir razão. Explica-se.
Importante esclarecer, desde já, que conforme o Acórdão 1.118/2009 – TCU – Plenário, cujos
termos foram mantidos pela decisão ora embargada, o Sr. Leornado Ribeiro Fuerth fora condenado não
somente ao ressarcimento da quantia por ele referida, mas também pelo valor original contido no
subitem 9.3 da referida decisão, reproduzido acima, cujo valor atualizado soma a quantia de R$
129.682,03 em 15/4/2011, conforme o Oficio 789/2011-TCU/Secex/RJ.
Outro esclarecimento importante é que os embargos de declaração se prestam a verificar
omissões, contradições e obscuridades entre o relatório, voto e acórdão recorrido, e não quanto ao oficio
662
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
de comunicação da decisão. Informe-se, ainda, que, no Ofício 789/2011-TCU/Secex/RJ, este TCU, por
intermédio da Secex/RJ, colocou-se a disposição para prestar esclarecimentos da ordem do requerido
pelo recorrente neste momento processual, como informações acerca da atualização monetária.
Quanto à alegação de que não teria sido informado acerca da origem da dívida, considera-se
descabida, na medida em que os fundamentos de sua condenação que desencadearam na necessidade de
ressarcimento ao erário foram apresentados em sede de recurso de revisão e rediscutidos em sede de
recurso de reconsideração, interposto pelo indigitado que ora embarga decisão originada deste último.
Todas as decisões foram encaminhadas por meio de ofícios ao recorrente, tendo este tomado ciência,
assim, dos fundamentos de sua condenação, contra os quais não apresenta qualquer contradição,
omissão e obscuridade.
Por fim, quanto à informação de qual parcela do valor total lhe seria cabida, este pedido não
procede, na medida em que a solidariedade, instituto de Direito Civil, corre em beneficio do credor, que
no momento da execução decidirá a melhor maneira de ver recompostos seus cofres. Portanto, em
havendo solidariedade, ou seja, em havendo concorrido para o débito mais de um responsável, não há
que se delimitar as parcelas devidas, pois todos devem o todo, cabendo ao credor optar por quem irá
satisfazer a dívida no momento da execução.
Dessa forma, não cabe acolher os presentes embargos de declaração, na medida em que não
foram identificadas omissões, contradições e obscuridades na decisão embargada.
Embargos de Adolpho da Silva Oliveira
Argumento
Inicialmente, o indigitado afirma que a decisão ora embargada teria se omitido frente ao
argumento de que ele nunca teria tido poderes para homologar processos de aquisições ou alienações de
bens e licitações ou até mesmo assinar os respectivos contratos resultantes desses processos.
Coloca não haver relação entre dirigentes e ordenadores de despesa, sendo descabida a
imputação de solidariedade bem como o julgamento de suas contas e a condenação em multa.
Requer esclarecimentos acerca do percentual por ele devido, na medida em que considera nunca
ter sido gestor do CRA/RJ e que, portanto, a solidariedade seria descabida. Discorre acerca da
solidariedade, afirmando que tal instituto somente poderá ser aplicado se previsto em lei.
Análise
Informe-se, desde já, que referida questão fora enfrentada pela decisão ora embargada de forma
exaustiva, senão veja-se trecho de seu relatório condutor:
'V) Recorrente: Adolpho da Silva Oliveira (Anexo 8)
Argumento: Ausência de Solidariedade – Servidor não dirigente
180. O recorrente afirma não ser nem nunca ter sido Conselheiro do CRA/RJ, foi admitido pelo
regime celetista, integrando o quadro de pessoal. Nessa linha, nunca teria tido o poder de firmar
contratos em nome do CRA/RJ.
181. Discorre acerca da responsabilização do ordenador de despesas. Continua afirmando que a
regularidade das contas não passa somente pela análise da regularidade formal das despesas, mas
também pela análise do bom emprego dos recursos e do resultado esperado.
182. Coloca não poder ser responsabilizado porque o controle formal por parte do ordenador de
despesas não dispensa o controle material bem como a supervisão dos atos praticados pelo subordinado.
Nessa linha, o chefe imediato deve responder por culpa in vigilando. Afirma que, no presente caso em
concreto, os contratos foram firmados pelos ordenadores de despesas e aprovados em plenário.
183. Por fim, conclui não haver solidariedade entre o recorrente e os ordenadores de despesas do
Conselho, devendo ser excluído o débito a ele imputado.
Análise
184. Os argumentos do recorrente não devem prosperar. Isto porque, como consta do relatório
condutor do acórdão recorrido, fora ele quem atestou, em função do seu cargo de Assessor da
Presidência, indevidamente, a execução de despesas no âmbito do contrato firmado com o Núcleo
Superior de Estudos Governamentais – Nuseg, especificamente quanto a serviços referentes aos termos
663
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
aditivos 12/98, 53/98, 78/98, assinados com o Nuseg, senão veja-se análise contida na referida peça
processual com a qual se anui plenamente:
‘39. A defesa apresentada não merece acolhimento. O responsável não traz elementos tendentes a
demonstrar a razoabilidade de sua atuação como Assessor da Presidência, que atestava serviços
contratados, por dever do cargo, e, ao mesmo tempo, fornecia serviços na condição de contratado do
Nuseg. O Senhor Adolpho da Silva Oliveira era Consultor do Nuseg, e, conforme ressaltou a Secex/RJ (fl.
203, anexo 2), foi um dos responsáveis pelos serviços descritos no Termo Aditivo nº 053/98.
40. Essa situação, por si só, já vem a demonstrar o desrespeito aos princípios da legalidade,
impessoalidade e moralidade, decorrentes do art. 37 da Constituição, bem como a afronta ao art. 9º,
inciso III, da Lei nº 8.666/93(...)’
185. Veja-se que a responsabilização do indigitado advém de sua conduta ativa e danosa ao
interesse público ao atestar a execução de despesas inapropriadamente, propiciando sua liquidação de
forma indevida. Como qualquer pessoa que cause danos ao erário deverá ressarci-lo, caracterizada está
sua responsabilidade.
186. Nessa linha, seus atos irregulares foram fundamentais para ocorrência de dano ao erário.
Como os argumentos apresentados, desacompanhados de documentação comprobatória da execução das
despesas por ela atestadas, são insuficientes para reformar a decisão atacada, esta deve ser mantida em
seus exatos termos.’
Como se extrai do excerto acima, a solidariedade do embargante decorreu do fato de ele ter
concorrido para a ocorrência do dano ao erário.
Por fim, quanto ao percentual por ele devido, vide item I desta instrução.
Dessa forma, como a referida questão fora devidamente enfrentada, a alegada omissão não
subsiste, devendo ser considerado improcedente seu argumento.
Argumento
Discorre acerca da prescrição, afirmando que o débito data de 13 anos atrás, o que deveria levar
ao reconhecimento da prescrição. Assevera que a reparação ao erário seria uma reparação civil e não
uma penalidade, prescrevendo assim em 3 anos de acordo com o art. 206 do Código Civil. Calcula, e
conclui que a prescrição ter-se-ia ocorrido em 2005.
Análise
Ora, ao apresentar referido argumento, o embargante vai além do objeto dos embargos de
declaração adentrando no mérito da questão. Contudo, a atual espécie recursal se mostra imprestável
para tal fim, na medida em que seu escopo limita-se a verificar a ocorrência de contradições, omissões e
obscuridades constantes da decisão ora embargada.
Registra-se, porém, que a ação de ressarcimento ao erário é imprescritível, conforme comando da
Carta Magna, reafirmado por intermédio da interpretação da Suprema Corte no âmbito do Mandado de
Segurança nº 26.210-9/DF. Ademais, quanto à pretensão punitiva, a jurisprudência desta Corte é
pacífica, conforme destacado no seguinte julgado:
‘Compulsando a jurisprudência deste Tribunal, percebe-se que esta Corte de Contas, com o
Acórdão nº 2.709/2008-Plenário, pacificou seu entendimento sobre a imprescritibilidade das ações de
ressarcimento ao erário, conforme disposto no art. 37, § 5º, da Constituição Federal.
62. Para a pretensão punitiva, no entanto, adota-se o prazo prescricional de dez anos, por ser a
regra prevista no artigo 205 do Código Civil, na falta de lei específica. Consoante esse entendimento,
deve-se aplicar o prazo prescricional de 10 (dez) anos, previsto no art. 205 da Lei nº 10.406/2002,
quando não houver, em 11/01/2003, ocorrido o transcurso de mais da metade do prazo de 20 (vinte) anos
estabelecido na lei revogada; sendo que sua contagem dar-se-á por inteiro, a partir de 11/01/2003, data
em que a referida norma entrou em vigor; e que, ao contrário, quando, nessa data, houver transcorrido
mais da metade do prazo de 20 (vinte) anos, a prescrição continua a correr nos moldes do Código Civil
anterior, como determina o art. 2.028 da nova lei.’ Acórdão 71/2010 - Plenário Ministro Relator: José
Múcio Monteiro.
Ademais, há que se considerar, ainda que a citação interrompe a prescrição, não tendo havido
tempo hábil para que aquela seja declarada quanto à pretensão punitiva do Estado.
664
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Asseveram que as penalidades impostas seriam ilegais de acordo com o disposto na Lei
9.784/1999. Colocam que a análise realizada teria sido frágil, pois pautou em argumentação anterior.
Afirmam que deveria ser considerado o prazo de 5 anos, como prescricional. Nessa linha, como os
atos considerados irregulares se refeririam aos idos de 1998 a 2001, qualquer púnica ou cobrança
estaria prescrita de acordo com a referida lei.
Destacam que a prescrição poderia ser reconhecida de ofício.
Requerem regularização do julgado.
Análise
Informe-se que essa questão já fora devidamente enfrentada por esta instrução nos itens 19 a 22.
Dessa forma, de acordo com a análise ali contida, não assiste razão aos embargantes, não cabendo
reconhecimento de ofício da prescrição, na medida em que esta não ocorreu.
Argumento
Afirmam que a decisão embargada teria incorrido em erro de interpretação, no que tange ao lapso
temporal da vigência da Lei 9.649/1998. Colocam que o recurso de reconsideração teria questionado a
vigência imediata e cogente dos dispositivos da medida provisória, a impossibilidade de o administrador
público inovar de forma contrária a qualquer dispositivo legal vigente e a inobservância dos termos da
Lei 9.784/1999 em relação aos processos administrativos sob exame.
Colocam ter deduzido que esta Corte teria duas formas de análise acerca do lapso de vigência da
Lei 9.649/1998, uma acerca das contratações de pessoal e outra sobre contratos, nas palavras dos
embargantes. Apontam tal fato como uma incongruência. Sustentam ainda seu argumento afirmando que
o STF somente teria declinado os efeitos da decisão suspensiva em 2003, o que afastaria qualquer regra
que sustentasse o entendimento firmado pela decisão ora embargada.
Requerem esclarecimento da alegada contradição.
Análise
Os embargantes tentam de forma transversa rediscutir o mérito da questão. Contudo, os embargos
de declaração não se prestam a análise de mérito. Não se verificou qualquer contradição acerca da
vigência da Lei 9.649/1998.
Dessa forma, não lhes assiste razão.
Argumento
Apontam omissão na decisão embargada, pois consideram que esta Corte de Contas não teria
verificado o fato de os documentos apontados como novos para subsidiar o conhecimento do recurso de
revisão já constavam em processos anteriormente julgados pelo Ministro Walton Alencar Rodrigues.
Colocam que esse argumento não teria sido analisado, e, portanto, requerem saneamento dessa omissão,
sob pena de nulidade da decisão embargada.
Análise
Cumpre informar aos embargantes não lhes assistir razão quanto à aventada omissão, na medida
em que a decisão embargada analisou de forma exaustiva a admissibilidade do recurso de revisão
considerando, sim, os aspectos levantados pelos indigitados, senão veja-se trecho do relatório condutor
do referido decisum:
‘8. Os recorrentes trazem alegações quanto à inadmissibilidade do recurso de revisão interposto
pelo MP/TCU contra a decisão que julgou as contas do CRA/RJ referentes ao exercício de 1998. Nesse
sentido, discorrem acerca da natureza do recurso de revisão, aproximando-o da ação rescisória, o que
acarretaria interpretação restritiva do conteúdo da referida espécie recursal.
9. O Sr. Abílio afirma que nenhum documento novo foi trazido em relação à sua pessoa, tendo em
vista que o parecer por ele emitido em processo de contratação, com indícios de não atender aos
comandos da Lei 8.666/1993, já se encontrava nos autos do processo de contas. Nessa linha, conclui pela
inadequação do recurso de revisão.
10. Ademais, consideram ter ocorrido preclusão, pois a irregularidade formal a eles imputada
deveria ter sido objeto de reconsideração e não de revisão, em face da ausência de fundamento para o
conhecimento do recurso de revisão.
Análise
667
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
11. Compulsando os autos, verifica-se não assistir razão aos recorrentes. Isto porque não foi
localizado no volume em que se encontra a prestação de contas do exercício de 1998 os documentos por
eles referidos como fundamento do recurso de revisão impetrado pelo MP/TCU contra a sua pessoa.
12. Considera-se oportuno reproduzir aqui o exame de admissibilidade proferido previamente por
esta Serur, com o qual se anui plenamente, a fim de esclarecer a questão levantada pelo recorrente
quanto a ‘documento novo’ e adequação do recurso de revisão no presente caso em concreto:
‘(...)
Ocorre que, a nosso ver, a aplicação analógica das regras oriundas do Direito Processual Civil
nem sempre se vislumbra como a mais adequada, em razão das especificidades existentes no processo de
contas desta Corte.
Uma dessas especificidades refere-se à possibilidade de o Ministério Público junto ao TCU
interpor recurso de revisão em face de indícios de elementos eventualmente não analisados pelo Tribunal
na decisão original que podem, inclusive, conduzir ao agravamento da situação do responsável ou à
inclusão de novos responsáveis, nos termos do art. 288, §§ 2º e 3º, parte final, do RI/TCU. Nesse caso,
percebe-se que o recurso do MP/TCU fundamenta-se em ‘elementos novos’, ou melhor, em
‘irregularidades novas’ que ainda não foram examinadas por esta Corte de Contas no acórdão
recorrido, constituindo-se, na verdade, em uma ampliação da matéria inicialmente julgada (causa
petendi). O impacto dessas ‘irregularidades novas’ nas contas anuais ordinárias do órgão somente
ocorre em decorrência dos disposto no art. 206, caput e § 1º, do RI/TCU.
Cumpre destacar que a hipótese de interposição de recurso de revisão prevista no art. 288, § 2º, do
RI/TCU não se confunde com a estabelecida no art. 35, III, da Lei nº 8.443/92, pois, naquele caso, os
elementos novos trazidos aos autos, conquanto possam ser considerados como ‘documentos novos’, não
possuem qualquer eficácia sobre a prova produzida. Tal eficácia pressupõe, por óbvio, a existência de
uma prova já produzida nos autos sobre a questão discutida, sendo o objeto do recurso, justamente, a
desconstituição dessa prova. Conforme visto acima, no recurso de revisão interposto com base no art.
288, § 2º, do RI/TCU, não se busca a desconstituição de provas de questões já apreciadas nos autos, mas
sim, a constituição de provas sobre matéria nova ao processo, acerca da qual os responsáveis nunca
tiveram a oportunidade de se manifestar. Há, portanto, ampliação da matéria julgada no processo,
situação essa não encontrada no art. 35, inc. III, da Lei nº 8.443/92, já que, neste caso, os ‘fatos novos’
que possibilitam o conhecimento do recurso de revisão devem, necessariamente, ser pertinentes às
questões já julgadas nos autos, a fim de que possam desconstituir as provas produzidas sobre essas
questões.
No que diz respeito à ação rescisória, não é admitido a proposição dessa espécie recursal com
base em questões ainda não analisadas na ação judicial, visto que o ‘documento novo’ previsto no art.
485, II, do CPC deve ser capaz, por si só, de assegurar pronunciamento favorável ao autos, devendo,
então, necessariamente, estar relacionado à questão objeto de discussão na ação (a respeito do tema,
vide também: MIRANDA, Pontes de. Tratado da Ação Rescisória. Campinas: Bookseller, 1998, p. 327 e
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. 7.ed. 2. tiragem. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2003, vol. 2, p. 20).
Dessa forma, verificamos que recurso de revisão e ação rescisória, embora similares, não se
tratam de institutos processuais idênticos, uma vez que aquele admite o ‘fato novo’ ainda não apreciado
no acórdão recorrido como hipótese de seu recebimento. Assim, concluímos não ser adequada a simples
transposição dos conceitos oriundos do processo civil sem atentar para as especificidades do processo
no TCU.
No presente processo, o recurso de revisão interposto pelo MP/TCU (Anexo 1) teve por fundamento
a ocorrência de irregularidades novas apuradas em processo de denúncia (TC 005.814/2004-5), as quais
não foram apreciadas por ocasião do julgamento original das contas ordinárias constituídas no presente
processo. Desta feita, vislumbramos que a referida impugnação do Parquet não operou à plena
semelhança de uma ação rescisória existente no processo civil, pois além de rescindir e rejulgar a
deliberação original, funções típicas da ação rescisória, julgou questões (fatos novos) que não
compuseram inicialmente o processo, situação específica inexistente na disciplina da ação rescisória.
668
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Nestes termos, havendo uma decisão original terminativa em processo de contas sobre os ‘fatos
novos’ apresentados com fundamento no art. 288, § 2º, do RI/TCU, entendemos ser cabível a
interposição do presente recurso de reconsideração, à luz do disposto nos arts. 32, inc. I, e 33 da Lei n.
8.443/92, c/c art. 285, caput, do RI/TCU.
Ademais, cabe ressaltar que a impossibilidade de se interpor recurso de reconsideração se
constituiria em uma supressão de instância, pois se os ‘fatos novos’ ensejadores do recurso do revisão do
MP/TCU tivessem sido apurados antes do julgamento original, haveria a possibilidade de se interpor o
mencionado recurso e, posteriormente, o recurso de revisão.
Com essas considerações, entendemos que o conhecimento do recurso interposto como Recurso de
Reconsideração se afigura mais adequado à disciplina processual específica desta Corte de Contas.’
(grifou-se)
13. Assim, no presente caso, verifica-se que as irregularidades constatadas no âmbito do TC
005.814/2004-5, autuado por meio de denúncia, não constaram do processo de prestação de contas
ordinárias, constituindo, dessa forma, documento novo hábil e suficiente para o conhecimento do recurso
de revisão impetrado pelo Parquet especializado, como bem salientou o voto condutor da decisão ora
recorrida, senão veja-se:
‘Conheço do recurso de revisão interposto pelo Ministério Público, por preencher os requisitos
constantes do art. 35, inciso III, da Lei nº 8.443/92 e por restar comprovada a superveniência de
documentos novos com eficácia sobre a prova produzida, desconhecidos deste Tribunal à época do
julgamento das contas do CRA/RJ referentes ao exercício de 1998 (Relação nº 57/2000, Gab. Min.
Adhemar Paladini Ghisi, Ata nº 34/2000, 2ª Câmara, Sessão de 14/9/2000).
2. Com efeito, os diversos atos e contratos examinados nestes autos somente vieram ao
conhecimento do TCU após as diligências promovidas no âmbito do TC 005.814/2004-5, versando sobre
denúncia convertida em tomada de contas especial, instaurada após o julgamento das presentes contas.
Os diversos volumes do referido processo estão repletos de documentos que não foram submetidos
anteriormente à apreciação desta Corte de Contas, constituindo, portanto, documentos novos com
eficácia bastante para alterar o juízo firmado sobre a regularidade das presentes contas.’
14. Nessa linha, também descabida a preliminar de preclusão, tendo em vista a legitimidade do
recurso de revisão ora questionado.
Argumento
Asseveram que as contas do CRA/RJ foram aprovadas e arquivadas sem a indicação de
irregularidades. Nessa linha, questionam o fato de um procedimento administrativo, cuja validade, a seu
ver, seria discutível, ser capaz de anular tais contas e aplicar penalidades em série pelos mesmos
motivos. Afirmam que a decisão ora embargada teria ferido o principio da adequação entre meios e fins.
Dizem não se resignar com o fato de ano após ano as contas terem sido aprovadas e também com
a repetida aplicação de penalidades decorrentes de atos originariamente aprovados.
Nessa linha, a embargante, Sra. Vanessa, coloca que, se as contas foram rejeitadas em um único
procedimento, esta Corte não poderia proceder à análise separada de todos os anos, mas sim em
conjunto, o que evitaria aplicações de penalidades infindáveis. Considera, ainda, que teria sido a
omissão da entidade fiscalizadora que teria gerado essas penalidades cumuladas, demonstrando a
inadequação de tal procedimento, segundo o previsto no art. 2º, inciso VI, da Lei 9.784/1999 bem como
feriria a proporcionalidade.
Colocam que a aprovação das contas levava os gestores a crerem que deveriam manter a forma
administrativa vigente. Afirmam não ter ocorrido dano nem apropriação indevida por parte dos
responsáveis.
Colocam que o conteúdo do item 33 do voto condutor da decisão embargada fundamentaria sua
anulação, ao se referir ao poder-dever se esta Corte de Contas rever seus atos.
Afirmam que as contradições e os erros materiais seriam visíveis e mereceriam declaração e
revisão expressa de forma, que desde já requerem.
Análise
669
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Quanto a este argumento, cumpre informar aos embargantes não ter sido apontada qualquer
contradição, omissão ou obscuridade. O que se pretende com o argumento acima é rediscutir o mérito da
questão. Contudo, os embargos de declaração não se prestam a análise de mérito.
Frise-se que o poder-dever desta Corte de revisar seus atos não impõe a não observância das
regras processuais previstas no ordenamento jurídico para os embargos de declaração, exceto quanto a
questões de ordem, que não é o caso.
Dessa forma, os argumentos apresentados não devem ser acolhidos por destoarem do escopo dos
embargos de declaração.
Argumento
Asseveram que a decisão embargada não teria examinado as supostas falhas nos procedimentos
licitatórios, limitando-se a fundamentar as condenações na ofensa aos princípios da impessoalidade e
moralidade. Colocam que o presente caso em concreto não decorreria dos princípios de direito
administrativo, mas sim da continuidade de formatação administrativa que vinha sendo aprovada e
aceita, a seu ver, por este TCU desde 1997.
Afirmam não terem verificado qualquer dano ou prejuízo decorrentes das contratações efetuadas.
Discorrem acerca das imputações de falta de previsão e detalhamento de recursos orçamentários.
Dizem que alguns elementos contidos nos autos decorreriam de imputações sem embasamento
probatório, tal como as contratações em duplicidade (IDORT, NUSEG e Serviços Jurídicos), pois
restaria cristalina a divergência nas prestações contratadas, que tinham evidentes diferenças de natureza
e origem.
Concluem que a contradição seria evidente, pois ‘com efeito, o argumento que rejeita é justamente
o que dá suporte à situação fática apresentada’.
Requerem consolidação das penas imputadas e motivações determinantes bem como a indicação
das motivações que acarretaram sua condenação e dos critérios de graduação das penalidades.
Análise
Verifica-se novamente tentativa de se rediscutir o mérito, contudo, como já informado
anteriormente os embargos de declaração não se prestam a tal papel.
A análise empreendida por esta Corte acerca da duplicidade de contratações pautou-se no
confronto entre as descrições dos serviços de cada contrato, conforme se extrai da leitura do seguinte
trecho do relatório condutor da decisão ora embargada:
‘25. A contratação direta do Escritório de Advogacia Viegas e Corrêa, por inexigibilidade de
licitação, não observou as disposições da Lei nº 8.666/93. Na verdade, os serviços contratados eram
comuns, não se exigindo nenhum atributo especial do escritório, nem se mostrando singulares os serviços
pretendidos. A alegação de que a escolha seguiu os parâmetros de igualdade e eficiência e de que se
obteve relação custo-benefício favorável ao CRA/RJ em nada afeta a mencionada conclusão. Essas duas
condições devem estar presentes em todas as contratações da administração pública. Ademais, como já
dito anteriormente, essa contratação representou duplicidade em relação aos serviços que vinham sendo
prestados pelo Idort, conforme Termo Aditivo nº 02/98.’
Dessa forma, a decisão embargada fundamentou sua análise no Termo Aditivo nº 2/98.
Considerações de mérito acerca dessa análise não podem ser revistas em sede de embargos de
declaração. Nessa linha, os argumentos ora apresentados não merecem ser acolhidos.
IV) Embargos de Wagner Huckleberry Siqueira
Argumento
Coloca que a decisão embargada teria se omitido ao deixar de mencionar que as denúncias
tratadas no TC 005.814/2004-5 teriam sido arquivadas por falta de prova, o que afastaria o necessário
desenvolvimento regular do processo.
Por fim, requer reconhecida a nulidade da decisão embargada, pois não haveria elementos
legitimadores de uma segunda revisão.
Análise
Importante esclarecer os indigitados que o TC 005.814/2004-5 não fora arquivado por falta de
provas, como querem fazer acreditar. Em verdade, o referido TC angariou provas para subsidiar a
670
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
reabertura de contas. Como já havia contas julgadas em relação aos fatos ali constantes, necessário se
fez respeitar o devido processo legal e proceder à reabertura das contas por meio de recurso de revisão
do MP/TCU, dando oportunidade de ampla defesa e contraditório aos responsáveis que deveriam se
manifestar no âmbito de suas contas para que a gestão fosse devidamente contextualizada. Nessa linha,
não há que se falar em nulidade pelo argumento ora enfrentado.
Embargos de Vanessa Huckleberry Portela Siqueira
Argumento
A recorrente afirma que a decisão embargada teria fundamentado sua decisão no sentido de
reduzir a multa, mas teria decidido de forma contrária, o que demonstraria uma contradição.
Assevera que dois de seus argumentos não teriam sido analisados, o que configuraria omissão
desta Corte de Contas. Reapresenta a alegação que cita o Acórdão 100/2004 que determinou a abertura
da Inspeção Especial nas prestações de contas do CRA/RJ, reafirmando que no Acórdão 798/2008 –
TCU – Primeira Câmara a parecerista, Sr. Vanice Lírio do Valle, teria sido inteiramente liberada,
enquanto que a embargante teria sido condenada ao pagamento de multa pelo Acórdão 1822/2008 –
TCU – Plenário. Transcreve inteiro teor do julgado da Suprema Corte acerca da responsabilização do
parecerista jurídico.
Afirma que sua argumentação teria sido afastada sem qualquer análise, o que, a seu ver,
comprovaria ausência de fundamentação para sua condenação bem como revelaria decisões paradoxais
decorrentes de um mesmo fato, o que feriria o principio da isonomia.
Requer sejam a contradição e a omissão acima apontadas resolvidas.
Análise
Não assiste razão à indigitada. Leitura atenta da decisão embargada permite concluir que as
alegações acima citadas foram exaustivamente analisadas, conforme o seguinte trecho do relatório
condutor do referido decisum:
‘168. Em seguida, a recorrente, ainda sobre o tema, apresenta o Acórdão 798/2008 – TCU –
Primeira Câmara em que se teria dado tratamento diferenciado a outra parecerista que também teria
sido favorável à contratação do mesmo escritório jurídico por meio de inexigibilidade de licitação, o que,
a princípio, iria de encontro ao exposto nos itens anteriores.
169. Ora, da leitura atenta do relatório e voto condutores da referida decisão, verifica-se não
assistir razão à recorrente. Isto porque o parecer emitido pela ‘Sra. Vanice Regina Lírio do Valle logrou
satisfazer o condicionamento imposto, demonstrando aos gestores a existência de questões jurídicas
relevantes sobre o enquadramento pretendido, o que tornou o Presidente do CRA/RJ apto a depreender o
enquadramento jurídico da situação consultada. Conclui-se, portanto, que deva a parecerista, neste caso
concreto, ter suas contra-razões acolhidas por este Tribunal.’ (trecho extraído do relatório condutor do
referido Acórdão). Veja-se, ainda, deste:
‘É a partir da jurisprudência desta Corte que, como já dito, entende-se afastável a
responsabilização dos autores de pareceres jurídicos, se demonstrada a eventual complexidade jurídica
da matéria questionada, se apresentada argumentação provida de devida fundamentação e se defendida
tese aceitável na doutrina ou jurisprudência, ainda que considerada equivocada. Assim, se o parecerista,
em resumo, apresenta apenas o entendimento adotado, torna-se corresponsável por decisão tomada em
sua linha. Tal não é caso.’ (grifou-se)
170. Veja-se também o trecho abaixo transcrito da referida peça processual situado antes do
afastamento da responsabilidade da parecerista naquele caso em concreto, com cuja análise se anui
plenamente:
‘De início, conforme já abordado, o precedente invocado torna-se de fato indicação da
jurisprudência do STF, não além, em que pese a competência desta Corte de Contas e o princípio da
independência das instâncias, pois os efeitos da deliberação invocada são inter partes e ex nunc, ou
seja, restritos ao caso a que se referiu o julgado, que pode possuir circunstâncias peculiares diversas do
caso concreto, e que não vincula o entendimento da tese. A se ver, ademais, as conseqüências da análise,
pelo STF, do controle incidental da constitucionalidade. Tanto que o precedente também ressalva,
claramente, que não é imediata e ampla a aplicação do entendimento pretendido pelos responsáveis,
671
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
como expressa a ementa da concessão da segurança: `o advogado somente será civilmente responsável
pelos danos causados a seus clientes ou a terceiros, se decorrentes de erro grave, inescusável, ou de ato
ou omissão praticado com culpa, em sentido largo: Cód. Civil, art. 159; Lei 8.906/1994, art. 32. III.
Quanto à questão da atuação jurisdicional do TCU e a imunidade dos advogados e procuradores,
admite o Tribunal a responsabilização dos autores de pareceres jurídicos desarrazoados, desprovidos de
devida fundamentação e que não defendam tese aceitável ou defensável na doutrina ou jurisprudência
(Acórdãos n. 512/2003; 19/2002; 68/2004; 190/2001, todos do Plenário). Faz-se excerto de trechos do
Voto condutor da primeira das deliberações citadas, da lavra do Ministro Walton Alencar Rodrigues:
‘(...). A responsabilidade do advogado, autor de parecer jurídico, deve ser desdobrada em pelo
menos duas esferas distintas. Na primeira, a responsabilidade do advogado pelo exercício profissional
da advocacia, na qual caberia ao Conselho Seccional da OAB, nos termos do art. 32 da Lei 8.906/94, a
aplicação das sanções disciplinares, como censura, suspensão, exclusão e multa nas hipóteses
discriminadas no Estatuto da Advocacia, sem exclusão da jurisdição comum, perante as autoridades
judiciais competentes. Na segunda, a responsabilidade imputada ao autor do parecer jurídico está inter-
relacionada com a responsabilidade pela regularidade da gestão da despesa pública, disciplinada pela
Lei 8.443/92, cuja fiscalização se insere na competência deste Tribunal. (...) O fato de o autor de parecer
jurídico não exercer função de execução administrativa, não ordenar despesas e não utilizar, gerenciar,
arrecadar, guardar ou administrar bens, dinheiro ou valores públicos não significa que se encontra
excluído do rol de agentes sob jurisdição deste Tribunal, nem que seu ato se situe fora do julgamento das
contas dos gestores públicos, em caso de grave dano ao erário. Os particulares, causadores de dano ao
Erário, também estão sujeitos à jurisdição do TCU. Na esfera da responsabilidade pela regularidade da
gestão, é fundamental aquilatar a existência do liame ou nexo de causalidade existente entre os
fundamentos de um parecer desarrazoado, omisso ou tendencioso, com grave erro, com implicações no
controle das ações dos gestores da despesa pública que tenha concorrido para a concretização do dano
ao erário. Assim, sempre que o parecer jurídico pugnar desarrazoadamente pelo cometimento de ato
danoso ao Erário ou com grave ofensa à ordem jurídica, figurando com relevância causal para a prática
do ato, num contexto em que a fraude se apresente irretorquível, estará o autor do parecer alcançado
pela jurisdição do TCU, não para fins de fiscalização do exercício profissional, mas para fins de
fiscalização da atividade da Administração Pública.’
Acredita-se que a doutrina administrativista seja predominante nessa linha. A exemplo, Marçal
Justen Filho entende que:
‘(...) ao examinar e aprovar os atos da licitação, a assessoria jurídica assume responsabilidade
pessoal solidária pelo que foi praticado. Ou seja, a manifestação acerca da validade do edital e dos
instrumentos de contratação associa o emitente do parecer ao autor dos autos. Há dever de ofício de
manifestar-se pela invalidade, quando os atos contenham defeitos. Não é possível os integrantes da
assessoria jurídica pretenderem escapar aos efeitos da responsabilização pessoal quando tiverem atuado
defeituosamente no cumprimento dos seus deveres: se havia defeito jurídico, tinham o dever de apontá-
lo’. (in Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 5ª ed., Dialética, São Paulo, 1998,
p.358). Se Maria Sylvia Zanella Di Pietro defende que a responsabilidade solidária do órgão jurídico só
pode ocorrer em casos de má-fé, dolo, culpa grave ou erro grosseiro por parte do advogado, assevera,
também, que: `(...) normalmente se afirma que os pareceres jurídicos são de natureza opinativa, não
obrigando a autoridade administrativa a acatar as suas conclusões. Se ela discordar, poderá adotar
decisão diversa, desde que adequadamente fundamentada. No entanto, normalmente, o que ocorre é que
as autoridades, quando solicitam o parecer, decidem com base nele, já que proferido por profissional da
área jurídica, que se presume habilitado para o exercício desse mister. Nesses casos, o parecer, ainda
que não mencionado expressamente no ato decisório, constitui a sua própria motivação, constante do
processo de licitação; ele integra o ato administrativo, como requisito formal hoje considerado essencial
à validade do ato pela doutrina mais autorizada. (...) (in Temas Polêmicos Sobre Licitações e Contratos,
1ª ed., 1995, p. 118).’
171. Informe-se constar do excerto acima a análise complementar do argumento rebatido no item
111 desta instrução.
672
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
172. Naquele caso em concreto, considerou-se, apesar do grave erro reconhecido e constatado na
conclusão do parecer, que a parecerista demonstrou a complexidade jurídica da matéria questionada ao
expor toda a polêmica envolvida acerca da contratação por inexigibilidade, municiando o gestor de
possibilidades jurídicas. No presente caso, tal não ocorreu, conforme teor do parecer da recorrente à fl.
169, anexo 2, vol. 24, sendo, ainda, mais grave o fato de a recorrente fazer parte dos quadros do
Conselho e estar ciente de que se já havia sido contratado o Idort/RJ para o mesmo objeto, impondo a
emissão de parecer desfavorável por todas essas questões.
173. Dessa forma, não há que se falar em subsunção de casos concretos, tendo vista as
peculiaridades envolvidas em cada um, não cabendo conceder tratamento igualitário, conforme
requerido pela recorrente.
174. A alegação de que não houve superposição de atividades entre o escritório jurídico e o
Idort/RJ pela recorrente é vazia. Quanto a esta irregularidade cumpre verificar os itens 64/67 desta
instrução.
175. A análise do item 158 desta instrução se encontra nos itens 20/22, 74/76 e no 87/90, sendo
desnecessário tecer maiores considerações.
176. Dessa forma, os argumentos apresentados pela recorrente não devem prosperar.’
No que tange à alegação de contradição entre o relatório e voto condutores da decisão ora
embargada, também não assiste razão à recorrente, pois o fato de o relatório propor a redução da
penalidade não implica necessariamente que o Ministro Relator adote como razões de decidir o ali
exposto. No presente caso em concreto, no voto condutor, esclareceu-se a divergência de entendimento.
Veja-se o trecho abaixo extraído na referida peça em que se faz a referida ressalva:
‘14. Quanto ao mérito, manifesto anuência à essência dos fundamentos que embasaram a proposta
da unidade técnica especializada, incorporando-as a este voto.
15. No entanto, verifico que não assiste razão à Serur ao sugerir o provimento parcial dos recursos
interpostos por Wagner Huckleberry Siqueira e Vanessa Huckleberry Portela Siqueira.’
Dessa forma, não assiste razão à embargante.
CONCLUSÃO
Assim, não cabe acolher os presentes embargos, na medida em que não foram identificadas as
alegadas omissões e contradições.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Em vista do exposto, eleva-se o assunto à consideração superior, propondo:
a) conhecer dos embargos de declaração opostos pelos Srs. Abílio Thomaz de Freitas, Wagner
Huckleberry Siqueira, Leonardo Ribeiro Fuerth, Vanessa Huckleberry Portela Siqueira e Adolpho da
Silva Oliveira, com fulcro no art. 32, inciso II, da Lei 8.443/1992, para, no mérito, não acolhê-los; e
b) comunicar aos embargantes, bem como aos demais interessados, da decisão que vier a ser
adotada.”
É o relatório.
VOTO
Em exame embargos de declaração opostos por Abílio Thomaz de Freitas (ex-Vice Presidente do
Conselho Regional de Administração no Estado do Rio de Janeiro - CRA/RJ), Wagner Huckleberry
Siqueira (ex-Presidente do CRA/RJ), Leonardo Ribeiro Fuerth (ex-Diretor Executivo do CRA/RJ),
Vanessa Huckleberry Portela Siqueira (ex-servidora do CRA/RJ) e Adolpho da Silva Oliveira (ex-
servidor do CRA/RJ) ao Acórdão 603/2011 - Plenário, que conheceu e negou provimento aos recursos de
reconsideração interpostos por tais responsáveis contra o Acórdão 1833/2008 - Plenário.
2. O processo trata originalmente da prestação de contas do CRA/RJ, referente ao exercício de
1998.
673
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
3. Inicialmente, as contas foram julgadas regulares, nos termos da deliberação proferida por este
Tribunal, na Sessão de 14/9/2000 (Relação 57/2000, Ata 34/2000 - 2ª Câmara).
4. Posteriormente, o Ministério Público junto ao TCU interpôs recurso de revisão contra tal decisão
da 2ª Câmara, em razão da verificação, na denúncia objeto do TC 005.814/2004-5, de irregularidades que
teriam ocorrido na gestão do CRA/RJ, nos exercícios de 1997 a 2004, consubstanciadas em falhas nos
procedimentos licitatórios, pagamentos sem a execução dos objetos contratuais e contratação de
prestadores de serviços cujos sócios eram dirigentes e/ou funcionários daquele conselho.
5. O recurso do Ministério Público do MP/TCU foi conhecido, resultando no Acórdão 1833/2008 -
Plenário, que, em essência, deliberou no sentido de: dar provimento ao recurso e tornar insubsistente a
decisão inicial; julgar irregulares as contas de Wagner Huckleberry Siqueira, Abílio Thomaz de Freitas,
Leonardo Ribeiro Fuerth e Adolpho da Silva Oliveira, com condenação solidária ao recolhimento de
débitos aos cofres do CRA/RJ e pagamento de multa individual, proporcional aos montantes devidos (cf.
art. 57 da Lei nº 8.443/1992), no valor de R$ 10.000,00; julgar irregulares, sem débito, as contas de
Vanessa Huckleberry Portela Siqueira, aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, incisos I e II, da Lei
Orgânica do TCU, no valor de R$ 10.000,00.
6. Em seguida, o responsável Adolpho da Silva Oliveira opôs embargos de declaração ao Acórdão
1833/2008 – Plenário, que foram conhecidos e rejeitados pelo Acórdão 1118/2009 - Plenário.
7. Nesta ocasião, os nominados embargantes, pelos argumentos que apresentam, alegam a
existência de omissões, contradições e obscuridades no Acórdão 603/2011 - Plenário, questionando, em
síntese, o seguinte: “não informação acerca da atualização monetária, da origem da dívida, bem como
da efetiva parcela que caberia a cada um, em razão da solidariedade; acórdão omisso quanto a suposta
inexistência de poderes dos ex-gestores para homologar processos de aquisições, alienações de bens,
licitações e para assinar os contratos resultantes; prescrição do débito; contradição da decisão, que não
teria feito alusão à alegada natureza privada dos conselhos de fiscalização profissional; não haveria
relação entre dirigentes e ordenadores de despesa, sendo descabida a imputação de solidariedade; as
penalidades impostas seriam ilegais, de acordo com o disposto na Lei 9.784/1999; a análise realizada
teria sido frágil, pois pautada em ‘argumentação’ anterior; esta Corte de Contas não teria verificado o
fato de que os documentos apontados como novos para subsidiar o conhecimento do recurso de revisão
já constavam em processos anteriormente julgados pelo Ministro Walton Alencar Rodrigues; a decisão
embargada não teria examinado as supostas falhas nos procedimentos licitatórios, limitando-se a
fundamentar as condenações na ofensa aos princípios da impessoalidade e moralidade; o presente caso,
em concreto, não decorreria dos princípios de direito administrativo, mas sim da continuidade de
formatação administrativa que vinha sendo aprovada e aceita por este TCU desde 1997; a decisão que
ora se intenta embargar omitiu-se ao deixar de mencionar que as denúncias tratadas no TC
005.814/2004-5 teriam sido arquivadas por falta de prova, o que afastaria o necessário desenvolvimento
regular do processo; nos autos havia proposta de redução da multa, mas o Tribunal decidiu de forma
contrária, o que demonstraria uma contradição”.
8. Os embargos devem ser conhecidos, porquanto atendidos os requisitos gerais do art. 34, § 1º, da
Lei 8.443/1992, observando-se a singularidade, a tempestividade, a adequação do documento, a
legitimidade dos recorrentes e o interesse em recorrer.
9. Quanto ao mérito, registro, desde logo, que a inexistência das omissões, obscuridades e
contradições alegadas deve levar à rejeição dos embargos, conforme proposta da Serur, na instrução
transcrita no relatório precedente, com a qual manifesto minha plena anuência, pelos fundamentos que a
embasaram e pelos que acrescento abaixo.
10. De uma simples leitura das alegações dos embargantes, acima sumariadas, constata-se que eles
tentam rediscutir o mérito da questão.
11. Neste ponto, reitero que os embargos de declaração não se prestam, em regra, à alteração do
mérito da decisão embargada, eis que sua finalidade é aclarar ou corrigir obscuridade, omissão ou
contradição constante da decisão recorrida, em conformidade com o que prescreve o art. 34, caput, da Lei
Orgânica desta Corte.
674
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
12. Esta modalidade recursal destina-se a verificar e esclarecer supostas omissões, contradições e
obscuridades entre o relatório, o voto e o acórdão, e não, como no presente caso, quanto aos termos do
oficio de comunicação da decisão ou à natureza da solidariedade, instituto do Direito Civil de
conhecimento geral.
13. Também se equivocam os recorrentes quando alegam que a decisão seria contraditória pelo fato
de o Relator ter expressado entendimento diferente do auditor no ponto relativo à redução da multa para
dois dos responsáveis. Ora, como a divergência de entendimento foi explicitada e esclarecida, não há que
se alegar contradição. O fato de constar na proposta da unidade técnica a sugestão de redução da
penalidade não implica necessariamente que o Ministro-Relator deva adotar o que está ali exposto.
Dissentir não pressupõe, inexoravelmente, uma contradição lógica, ainda mais quando a discrepância foi
devidamente fundamentada.
14. O intento de rediscutir o mérito pelos embargantes é flagrante, como se observa da insistência
no levantamento de questões atinentes à natureza dos conselhos de fiscalização profissional e à
responsabilização dos gestores, assunto que foi discutido à exaustão nestes autos.
15. São desconexas com a realidade fática do caso apurado e com os fundamentos da condenação
outras alegações apresentadas pelos embargantes, tais como: “penalidades impostas de forma ilegal,
porquanto em desacordo com Lei 9.784/1999; análise frágil, pois pautada em ‘argumentação anterior; o
presente caso não decorreria dos princípios de direito administrativo”. Tais questionamentos são
totalmente descabidos não só para a presente modalidade recursal, mas como para qualquer fase
processual. Verifica-se, portanto, ou o desconhecimento dos básicos preceitos relativos à figura dos
embargos de declaração, ou uma despropositada tentativa de protelar o deslinde final do processo.
16. Do cotejo dos argumentos ora apresentados pelos embargantes com os que compuseram as
alegações de defesa, as razões de justificativa e os elementos do recurso de reconsideração, concluo, mais
uma vez, que, não havendo novos elementos a serem carreados ao processo, os responsáveis insistem em
rediscutir questões já pacificadas, não somente nos autos, mas também na jurisprudência do Tribunal.
17. Em razão disso, novamente a Serur teve que fazer alusões a trechos que constam das decisões
anteriormente prolatadas nestes autos e da jurisprudência do Tribunal.
Ante o exposto, acolho o parecer da unidade técnica especializada e voto no sentido de que o
Tribunal adote a deliberação que ora submeto a este Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
8. Advogado constituído nos autos: Aníbal Sérgio Corrêa de Souza (OAB/RJ 66.899)
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos, em fase de embargos de declaração opostos ao Acórdão
603/2011 - TCU - Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, diante
das razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos presentes embargos de declaração para, no mérito, rejeitá-los;
9.2. notificar os embargantes.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
676
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Estes autos referem-se à tomada de contas especial de responsabilidade de Iron Marques Parreira,
ex-prefeito de Confresa/MT, Mauro Ricardo Machado Costa, ex-Presidente da Funasa, Antônio Leopoldo
Frota Magalhães, ex-Diretor do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento Institucional, Carmen
Lúcia Miranda Silveira, ex-Coordenadora Geral de Convênios, e da Enerplan Construções e Comércio
Ltda.
2. O auditor da extinta 7ª Secex elaborou a instrução que transcrevo a seguir (fls. 727/759):
“(...)
7.1. Esta tomada de contas especial foi instaurada pela Fundação Nacional de Saúde – Funasa em
desfavor do ex-prefeito IRON MARQUES PARREIRA, em razão do não cumprimento do objeto pactuado
no Convênio n° 2142/2000 (fls. 23/30), celebrado entre a Funasa e o Município de Confresa/MT, tendo
por objeto a execução de um sistema de abastecimento de água nesse município.
7.2. Embora o ajuste tenha sido firmado em 30/12/2000, sua vigência teve início em 18/01/2001 e
término em 23/02/2003, com prazo para prestar contas até 24/04/2003 (fl. 283), considerada a
prorrogação de ofício (fl. 91). Portanto, esse convênio teve início e fim no transcurso da gestão do ex-
prefeito IRON MARQUES PARREIRA (gestão 01/01/2001 a 06/12/2003), a qual foi interrompida
prematuramente em razão de renúncia ao cargo de prefeito (fls. 471/472).
7.3. Tendo sido repassado o montante previsto de R$ 700 mil, dividido em três parcelas conforme o
quadro abaixo, caberia ao município arcar com o valor de R$ 4.030,00 (fl. 26), mediante a
implementação do Programa de Educação, Saúde e Mobilização Social – PESMS, a título de
contrapartida:
Ordem Bancária (nº) Data Valor (R$)
2001OB008328 (fl. 42) 30/10/2001 233.333,33
se concluída no âmbito daquele órgão (fl. 02, Anexo 1). Encaminhou ainda cópia da respectiva prestação
de contas desse convênio.
7.11. Os documentos remetidos pelo Banco do Brasil (fls. 526/558) permitiram a esta 7ª Secex
constatar (fl. 657), na prestação de contas encaminhada pelo ex-prefeito IRON MARQUES PARREIRA,
informações falsas no que tange aos beneficiários dos seguintes cheques:
Docs. inseridos na prestação de
Docs. enviados pelo Banco do Brasil
contas
Valor (R$)
Cópia de cheque
Cheque nº Favorecido Fls. Empenho (fl.)
(fl.)
Transportadora Morro
850004 543/44 346 348 50.000,00
Grande
850005 Paulo Roberto dos Santos 549/50 347 350 15.000,00
850006 Paulo Roberto dos Santos 557/58 347 349 15.000,00
850009 PVC Brazil Ind. de Tubos 546/47 342 341 1.617,67
850010 Fortioeste Comercial Ltda. 541/42 342 340 2.046,13
Da Primeira Citação e da Primeira Audiência
7.12. Após essa diligência, a 7ª Secex propôs e realizou (fls. 562/568), com a autorização do
Ministro-Relator, as citações e as audiências a seguir especificadas:
7.12.1. CITAÇÃO SOLIDÁRIA do ex-prefeito IRON MARQUES PARREIRA e da empresa Enerplan
Construções e Comércio Ltda.:
a) Irregularidades atribuídas ao ex-prefeito Iron Marques Parreira:
Execução parcial da obra (fls. 445/446), em vista dos apontamentos transcritos do Parecer Técnico
Diesp/Funasa (434/436, 460/461), constatando-se, em 04/05/2004 (um ano e três meses após o término
da vigência do convênio), que a obra encontrava-se paralisada, executada em 85%, e não atendia a
população local. Disposições aplicáveis: alíneas ‘a’ e ‘b’, do inciso II, do art. 38 da IN/STN nº 01/1997;
b) Irregularidades atribuídas à empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda.:
Emissão de notas fiscais pertinentes ao Convênio n° 2142/2000 (destinado à construção de estação
de tratamento de água no município de Confresa/MT) sem a correspondente execução dos serviços, visto
que a Eng.ª da Funasa, constatou, em 04/05/2004 (um ano e três meses após o término da vigência do
convênio), que a obra encontrava-se paralisada, executada em 85%, e não atendia a população local.
Disposições aplicáveis: alíneas ‘a’ e ‘b’, do inciso II, do art. 38 da IN/STN nº 01/1997.
c) débito: R$ 55.000,00 (data-base: 23/04/2002) e R$ 50.000,00 (data-base: 06/06/2002),
totalizando R$ 105.000,00, correspondente à inexecução de 15% dos serviços contratados.
7.12.2. CITAÇÃO do ex-prefeito IRON MARQUES PARREIRA, pelas seguintes irregularidades:
i) Não aplicação de recursos recebidos no mercado financeiro (fl. 445). Disposições aplicáveis:
itens ‘e’ e ‘i’ (fl. 25) da subcláusula 2ª, c/c a subcláusula 3ª (fl. 26), ambas da cláusula 2ª do Termo de
Convênio; Débito: R$ 10.983,17;
ii) Emissão de cheques, no montante de R$ 82.046,13, favorecendo beneficiários diversos à
empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda., contratada em virtude da Tomada de Preços nº
01/2000. Disposições aplicáveis: art. 20 da IN/STN nº 01/1997.
7.12.3. AUDIÊNCIA do ex-prefeito IRON MARQUES PARREIRA, pelas seguintes ocorrências:
- ocorrência nº 1: ‘Não comprovação de habilitação técnica (na Tomada de Preços nº 01/2000) da
empresa (ENERPLAN) vencedora de certame licitatório (fl. 297). Disposição aplicável: inciso II do art.
30 da Lei nº 8.666/1993;’
- ocorrência nº 2: ‘Inexistência de Termo de Aceitação Definitiva da Obra (fl. 445). Disposição
aplicável: alínea ‘b’, inciso I, do art. 73 da Lei nº 8.666/1993;’
- ocorrência nº 3: ‘Não apresentação de cópia de despacho adjudicatório e homologação da
licitação realizada para o objeto do convênio (fl. 445). Disposição aplicável: inciso VII do art. 38 da Lei
nº 8.666/1993;’
- ocorrência nº 4: ‘Inexistência de comprovação de execução do Programa de Educação em Saúde
e Mobilização Social – PESMS (fl. 445);’
679
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Irregularidade nº 20: execução física de apenas 85% do objeto do convênio, conforme Parecer
Técnico Diesp/Funasa, de 10.5.2004, o qual recomenda a impugnação da prestação de contas final, em
face das seguintes pendências:
20.1) acabamento e limpeza geral na captação;
20.2) pintura em todo material em ferro fundido;
20.3) execução da urbanização da área de captação;
20.4) cadastramento da adutora de água bruta que deverá conter diâmetro e comprimento dos
trechos executados;
20.5) funcionamento definitivo do sistema, inclusive término e instalação dos equipamentos da casa
de química, pois esta só funcionou para realização de testes;
20.6) instalação do portão de pedestre e limpeza na área da E.T.A.;
20.7) cadastramento da rede de distribuição que deverá conter diâmetro e comprimento dos
trechos executados, bem como localização das caixas de proteção dos registros;
20.8) cadastro das ligações domiciliares que deverá conter nome e endereço dos beneficiados;
20.9) ART – Anotação de Responsabilidade Técnica de fiscalização da obra por parte de técnico da
prefeitura;
20.10) ART – Anotação de Responsabilidade Técnica de execução da obra;
20.11) Posse da área da E.T.A. e da captação;
20.12) licença de operação emitida pelo órgão ambiental – Fema – para captação;
20.13) análise física, química e bacteriológica da água após realização de tratamento;
20.14) laudo de sondagem para execução da base do reservatório.
Irregularidade nº 21: verificação de que a obra encontrava-se paralisada em 4.5.2004, com o
percentual de execução de 85%, com risco de que os serviços realizados sejam perdidos devido à falta de
intenção real do funcionamento do sistema;
Irregularidade nº 22: não atendimento ao objetivo do convênio, uma fez que o sistema não entrou
em funcionamento e a população de Confresa/MT não foi beneficiada com o fornecimento de água
tratada;
Irregularidade nº 23: apresentação de informação falsa na prestação de contas apresentada pela
Prefeitura de Confresa/MT, em razão da divergência nos beneficiários dos cheques mencionados (vide
quadro à fl. 564, v. 2);
Irregularidade nº 24: execução concomitante e conjunta de dois convênios com o mesmo objeto,
dificultando o controle da aplicação dos recursos e obstando o estabelecimento de nexo causal entre os
valores repassados e os dispêndios realizados à conta dos ajustes.
b) Irregularidades atribuídas à empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda.:
Irregularidade nº 1: não comprovação da habilidade técnica da empresa Enerplan para executar a
obra (Lei nº 8.666/1993, art. 30, inciso II), eis que os atestados foram apresentados em nome da empresa
Pontual Construções Civis Ltda., que, segundo informações do cadastro, funciona no mesmo endereço;
Irregularidade nº 2: incompatibilidades na concepção da captação superficial e na quantidade de
ligações domiciliares, no que se refere à execução de caixa em concreto ciclópico (barragem), para
elevação do nível de água e do número de ligações domiciliares, além de a execução da obra estar muito
atrasada;
Irregularidade nº 3: insuficiência de água para suprir a vazão da estação de tratamento;
Irregularidade nº 4: ausência de vínculo empregatício dos operários da obra com a empresa
vencedora da licitação;
Irregularidade nº 5: ausência de entrega, até a data da visita da CGU, dos principais componentes
da estação de tratamento e reservação, tais como os filtros e a base metálica para montagem;
Irregularidade nº 6: execução de apenas 50% do constante na planta da rede de distribuição de
água e 350 ligações domiciliares, muito aquém do previsto no memorial descritivo (1.400 ligações) e não
instalação dos hidrômetros;
Irregularidade nº 7: não execução da totalidade dos itens que constituem as etapas do sistema de
abastecimento de água;
683
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
7.22. A Sra. Carmen Lúcia Miranda Silveira apresentou as seguintes razões de justificativa (fls.
03/62, Anexo 3):
a) defesa quanto à ocorrência nº 1: que não cabia à área administrativa cuidar de aspectos
técnicos, de custos e de mérito, os quais são afetos à área técnica finalista, sendo difícil para o técnico
administrativo identificar similaridade de objetos, considerando que as metas e as etapas previstas nos
Planos de Trabalho diferiam-se nos Convênios nºs 2142/2000 e 793/2001;
b) defesa quanto à ocorrência nº 2: que o Plano de Trabalho previa a liberação de R$ 700 mil em
parcela única, o que não se deu apenas por indisponibilidade financeira. A liberação da 3ª parcela
estava amparada no Parecer Técnico nº 251/2002 da Procuradoria-Jurídica da Funasa, tendo em vista
que o tempo decorrido entre o 2º e o 3º repasses foi inferior a 30 dias, o que caracterizaria apenas uma
complementação da 2ª parcela, isto é, um fracionamento dessa última parcela;
c) defesa quanto à ocorrência nº 3: o Anexo VI do Plano de Trabalho, aprovado pela área
finalística, previa a liberação do recurso em parcela única, competindo à área técnica a avaliação da
compatibilidade entre o cronograma de execução e o de desembolso.
Defesa do Sr. Antônio Leopoldo Frota Magalhães
7.23. O Sr. Antônio Leopoldo Frota Magalhães apresentou as seguintes razões de justificativa (fls.
63/128, Anexo 3):
i) preliminar de cerceamento de defesa: considerando que os fatos se referem a convênios
firmados em 2000 e 2001, passados já 09 anos, constitui cerceamento de defesa a cobrança de
esclarecimentos sobre tais fatos, sendo que a legislação pertinente exige que os documentos sejam
guardados por apenas 05 anos;
ii) no mérito:
a) defesa quanto à ocorrência nº 1: que os objetos dos Convênios nºs 2142/2000 e 793/2001 são
distintos, na medida em que as metas e as etapas previstas são diferentes, embora sejam complementares
e inter-relacionados. O Convênio nº 2142/2000 tinha como objeto a implantação de um sistema de
abastecimento de água, enquanto que o Convênio nº 793/2001 cuidava de ações de ampliação desse
sistema. Além disso, não compete ao Depin a análise de aspectos técnicos dos objetos propostos em
convênios;
b) defesa quanto à ocorrência nº 2: que não houve liberação antecipada de recursos. Ocorreu um
fracionamento da parcela única prevista no Plano de Trabalho, em razão da indisponibilidade
financeira. A 3ª parcela liberada correspondia a uma complementação da 2ª parcela, tendo em vista que
o tempo decorrido entre o 2º e o 3º repasses foi inferior a 30 dias, de modo que isso não afetou a
prestação de contas originalmente prevista, conforme § 7º do Parecer Técnico nº 251/2002 da Funasa;
c) defesa quanto à ocorrência nº 3: que não houve liberação de recurso em descompasso com a
realização da obra, tendo em vista que o cronograma de desembolso, aprovado pela área técnica, previa
o repasse em parcela única.
Defesa do Sr. Mauro Ricardo Machado Costa
7.24. O Sr. Mauro Ricardo Machado Costa apresentou as seguintes razões de justificativa (fls.
129/181, Anexo 3):
a) defesa quanto à ocorrência nº 1: que os objetos dos Convênio n°s 2142/2000 e 793/2001 são
diferentes, interdependentes e complementares, o que não é vedado pela legislação pertinente;
b) defesa quanto à ocorrência nº 2: que não houve liberação parcelada de recursos por
decorrência de previsão constante do Plano de Trabalho aprovado, pois este previa a liberação de
recursos em parcela única; o que houve foi uma indisponibilidade financeira no momento dos repasses, o
que impossibilitou a transferência integral dos recursos em parcela única; que o tempo decorrido entre o
segundo repasse e o terceiro foi de apenas 22 dias, inferior a 1 mês, de maneira que o terceiro repasse
correspondeu ao desdobramento da segunda parcela, de acordo com o entendimento da Procuradoria da
Funasa, segundo o qual, ‘os casos de parcelamento por força de indisponilidade financeira deve-se
adequar o convênio ao mecanismo de prestação de contas previsto na IN/STN nº 01/1997, exceção feita
nos casos em que desdobramento ocorra em curto espaço de tempo, de preferência no mesmo mês’ (fl.
133, Anexo 3);
685
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
8.4.2. o Ministério da Saúde, por meio de sua Unidade de Convênios do Estado de Mato Grosso,
considerou as seguintes despesas comprovadas, nos termos do Parecer nº 080/2004, de 08/06/2004 (fls.
443/447), tendo como favorecido a empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda.:
Valor (R$) Data Comprovação
100.000,00 22/04/2002 Cheque nº 85.0002 e NF nº 86 (fls. 334, 531, 555)
233.333,00 25/02/2002 Cheque nº 85.0001 e NF nº 79 (fls. 111/114, 327, 530, 553)
50.000,00 06/06/2002 Cheque nº 85.0003 e NF nº 88 (fls. 352, 532, 551)
233.333,33 05/11/2001 Doc. Crédito nº 18.4300 (fl. 527)
50.000,00 30/08/2002 Cheque nº 85.0004 (fl. 117, 533, 543)
15.000,00 02/09/2002 Cheque nº 85.0005 (fl. 534, 549)
15.000,00 02/09/2002 Cheque nº 85.0006 (fl. 534, 557)
1.617,67 15/10/2003 Cheque 85.0009 (fl. 538, 546; após a vigência do convênio).
2.046,13 15/10/2003 Cheque 85.0010 (fl. 538, 541; após a vigência do convênio).
Total 700.330,13
Ainda, nesse Parecer nº 080/2004 estão relacionadas as seguintes despesas que não estariam
comprovadas por meio de extratos bancários, embora compusessem o montante indicado nas notas
fiscais da empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda.:
Valor (R$) Data Comprovação
200.000,00 14/06/2002 NF nº 89 (fls. 35, 116)
233.000,00 14/11/2001 NF nº 76 (fls. 527, 380)
80.000,00 29/08/2002 NF nº 94 (fls. 81, 345)
Total 513.000,00
Todavia, os documentos encaminhados pelo Banco do Brasil (fls. 526/558, 594/598 e 636/638), em
atendimento às diligências desta 7ª Secex (fls. 523 e 581), permitem comprovar que os Cheques nºs
85.0004, 85.0005, 85.0006, 85.0009, 85.0010, totalizando despesas da ordem de R$ 83.663,80, não têm a
empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda. como beneficiária direta.
Entretanto, pôde-se concluir que essa empresa foi efetivamente beneficiária da despesa de R$
233.000,00, referente à NF nº 76, de 14/11/2001, conforme o documento DOC nº 058860 (fl. 637), o qual
indica como destinatário o Banco BCM, Ag. 159-7, c/c 601.573-1, titularizada pela empresa Enerplan
Construções e Comércio Ltda. (fls. 112/113). Evidentemente, o Parecer 080/2004 se equivocou ao
relacionar entre as despesas o valor R$ 233.333,33, de 05/11/2001, referente ao documento de crédito nº
18.43000, pois tal valor se refere à Ordem Bancária 2001OB008328 (fl. 42) pela qual a Funasa repassou
a 1ª parcela dos recursos federais do convênio.
Os extratos bancários e as cópias dos cheques e documentos de crédito encaminhados pelo Banco
do Brasil permitem concluir, sem qualquer dúvida, que, de R$ 700.000,00 repassados pelo Convênio n°
2142/2000, a empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda. foi beneficiária de R$ 616.333,00,
conforme a tabela abaixo:
Data Comprovação
Valor (R$)
100.000,00 22/04/2002 Cheque nº 85.0002 e NF nº 86 (fls. 334, 531, 555)
233.333,00 25/02/2002 Cheque nº 85.0001 e NF nº 79 (fls. 111/114, 327, 530, 553)
50.000,00 06/06/2002 Cheque nº 85.0003 e NF nº 88 (fls. 352, 532, 551)
8.5. 233.000,00 14/11/2001 NF nº 76 (fls. 527, 380, 637)
Portanto, ainda que os extratos bancários e as cópias das transações bancárias colacionadas nos autos
comprovem que, dos recursos do Convênio n° 2142/2000, apenas R$ 616.333,00 foram efetivamente
repassados à empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda., é certo que a própria empresa assegura,
por intermédio das respectivas notas fiscais, ter recebido do Município de Confresa/MT o montante de
R$ 1.227.722,89 para realizar os objetos dos Convênio n°s 2142/2000 e 793/2001, que é uma quantia
687
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
superior à soma dos valores federais repassados pelos referidos convênios, o que demonstra o nexo de
causalidade entre a execução física da obra (85%) e a aplicação dos recursos financeiros do Convênio
n° 2142/2000.
8.6. A quantificação desse dano ao erário, em razão da inexecução de 15% da obra conveniada,
corresponde a R$ 105.000,00, tendo em vista que o valor da obra integral corresponde ao valor de R$
700 mil. Considerando que a empresa Enerplan deve permanecer inclusa no rol de responsáveis e ser
condenada ao ressarcimento – conforme tópico desta instrução –, entendo pertinente o fracionamento
desse débito de acordo com as datas dos últimos pagamentos que comprovadamente foram realizados a
essa empresa com os recursos do Convênio n° 2142/2000, nos termos da instrução às fls. 654/660.
8.7. No quesito responsabilidade, é incontroverso que tanto a empresa Enerplan quanto o ex-
prefeito IRON MARQUES PARREIRA deram causa à concretização desse dano ao erário: a empresa
atesta o recebimento dos valores suficientes para execução total da obra, mas executa apenas 85% da
obra; o ex-prefeito realizou, durante a sua gestão, os pagamentos inidôneos à empresa contratada,
configurando a má-gestão dos recursos financeiros do convênio. Pela participação concorrente à
perpetração desse dano, configura-se a solidariedade dos responsáveis, nos termos do art. 12, inc. I, c/c
art. 16, § 2º, alínea ‘b’, ambos da Lei nº 8.443/1992.
DA RESPONSABILIDADE DOS RESPONSÁVEIS CITADOS
8.8. Com base nas considerações acima, analiso a seguir as alegações de defesa dos responsáveis
citados, para fins de assentamento da autoria e responsabilidade pelas irregularidades e ocorrências
apontadas nos respectivos ofícios de citação.
Da Responsabilidade do Sr. IRON MARQUES PARREIRA
8.9. Embora o ex-prefeito IRON MARQUES PARREIRA tenha sido considerado revel, é necessário
re-analisar as irregularidades imputadas a esse responsável pelo ofício citatório desta Corte, porque as
inconformidades registradas no Parecer nº 080/2004, de 08/06/2004 (fls. 443/447) ou na Nota Técnica nº
961, fls. 293/297-B, não podem ser atribuídas a qualquer responsável sem prévio juízo de
admissibilidade e razoabilidade, sob o risco de enfraquecer o real feixe de responsabilidade que envolve
a atuação do ex-prefeito:
8.9.1. Irregularidade nº 1: celebração de dois convênios entre o município e a Funasa objetivando
a implantação e a complementação de um sistema de abastecimento de água, o Convênio n° 2142/2000,
de 30.12.2000, no valor de R$ 704.030,00, e o Convênio n° 793/2001, de 31.12.2001, no montante de R$
505.050,00:
8.9.1.1. Análise: Esta irregularidade deve ser desconsiderada. Não resta caracterizada a suposta
irregularidade transcrita acima, eis que os objetos dos Convênio n°s 2142/2000 e 793/2001 são distintos,
compreendendo ações e etapas distintas, o que pode facilmente ser percebido pelo cotejo dos respectivos
planos de trabalho.
8.9.2. Irregularidade nº 2: realização de movimentações alheias ao objeto conveniado na conta
bancária do convênio:
8.9.2.1. Análise: Esta irregularidade deve ser desconsiderada. Embora a descrição da
irregularidade não discrimine as alegadas movimentações alheias, o importante é que esse fato perde a
importância pretendida, pois o valor a ser ressarcido pelo responsável, em função da inexecução de 15%
do objeto, engloba as possíveis ocorrências nesse sentido.
8.9.3. Irregularidade nº 3: realização de uma mesma licitação, a Tomada de Preços 1/2000, para a
execução dos dois convênios, a qual foi aberta em 20.6.2000, tendo por objeto a implantação e a
ampliação do sistema de abastecimento de água de Confresa, e tendo como vencedora a empresa
Enerplan com a proposta no valor de R$ 1.521.350,25:
8.9.3.1. Análise: Esta irregularidade deve ser desconsiderada. Considerando a inter-relação entre
os objetos dos Convênios n°s 2142/2000 e 793/2001, é razoável que uma mesma licitação englobasse a
execução de ambos os objetos.
8.9.4. Irregularidade nº 4: adjudicação e homologação do certame após um ano e três meses da
data da abertura da licitação (20.6.2000), pelo valor de R$ 1.200.00,00, sem constar os critérios
688
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
8.9.10. Irregularidade nº 10: ausência de entrega, até a data da visita da CGU, dos principais
componentes da estação de tratamento e reservação, tais como os filtros e a base metálica para
montagem:
8.9.10.1. Análise: Esta irregularidade deve ser desconsiderada, pois as referidas ausências de
entrega são inerentes à irregularidade nº 20, relativa à inexecução parcial do objeto.
8.9.11. Irregularidade nº 11: execução de apenas 50% do constante na planta da rede de
distribuição de água e 350 ligações domiciliares, muito aquém do previsto no memorial descritivo (1.400
ligações) e não instalação dos hidrômetros:
8.9.11.1. Análise: Esta irregularidade deve ser desconsiderada, pois isso já foi absorvido na
irregularidade nº 20, relativa à inexecução parcial do objeto.
8.9.12. Irregularidade nº 12: não execução da totalidade dos itens que constituem as etapas do
sistema de abastecimento de água:
8.9.12.1. Análise: Esta irregularidade deve ser desconsiderada, pois isso já foi absorvido na
irregularidade nº 20, relativa à inexecução parcial do objeto.
8.9.13. Irregularidade nº 13: execução de despesas após o término da vigência do convênio, no
valor total de R$ 3.663,80 (vide quadro à fl. 444, v. 2):
8.9.13.1. Análise: Trata-se de pagamentos por meio dos Cheques n° 85.0009 (fl. 538, 546) e nº
85.0010 (fl. 538, 541), datados de 29/09/2003 e 26/09/2003, debitados em 15/10/2003, após o término da
vigência do convênio em 23/02/2003, constituindo agravante a ser levado em consideração no momento
da aplicação da multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/1992.
8.9.14. Irregularidade nº 14: não comprovação de despesas por meio de extratos bancários (vide
quadro à fl. 444):
8.9.14.1. Análise: Esta irregularidade se refere ao seguinte quadro:
Valor (R$) Data Comprovação
200.000,00 14/06/2002 NF nº 89 (fls. 35, 116)
233.000,00 14/11/2001 NF nº 76 (fls. 527, 380)
80.000,00 29/08/2002 NF nº 94 (fls. 81, 345)
A despesa de R$ 200.000,00 é relativa ao Convênio n° 793/2001 – que não é objeto desta TCE –,
como atesta a própria nota fiscal (fl. 35). A despesa de R$ 233.000,00 consta no extrato bancário (fl.
527). Portanto, resta a irregularidade da despesa de R$ 80.000,00 sem a necessária comprovação por
meio de extrato bancário. No entanto, o valor desse débito já foi absorvido no débito de R$ 105.000,00,
referente à inexecução de 15% do objeto convenial, como já examinado, de maneira que resta apenas o
ato irregular da não comprovação de despesa por meio de extrato bancário, o que constitui agravante a
ser levado em consideração no momento da aplicação da multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/1992.
8.9.15. Irregularidade nº 15: não comprovação de despesas constantes na relação de pagamentos
por meio de nota fiscal e extratos bancários (vide quadro à fl. 444, v. 2):
8.9.15.1. Análise: Esta irregularidade deve ser desconsiderada, pois tais despesas são relativas ao
Convênio n° 793/2001 (fl. 18, Anexo 1).
8.9.16. Irregularidade nº 16: não comprovação da execução do Programa de Educação em Saúde e
Mobilização Social – PESMS:
8.9.16.1. Análise: Prevista na cláusula quarta do termo de convênio (fl. 26), o município deveria
aplicar a contrapartida no valor de R$ 4.030,00, por meio da execução do PESMS – Programa de
Educação em Saúde e Mobilização Social, o que não foi comprovado, conforme o Parecer nº 080/2004,
de 08/06/2004 (fls. 443/447). Todavia, o valor da contrapartida municipal não participaria das despesas
alocadas às obras de construção do sistema de abastecimento de água, pois tais despesas são de capital,
de modo que a ausência de aplicação da contrapartida não implica substituição indevida de valores
federais na parcela executada de 85% do objeto, constituindo apenas agravante a ser levado em
consideração no momento da aplicação da multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/1992.
8.9.17. Irregularidade nº 17: ausência do Termo de Aceitação Definitiva da Obra:
8.9.17.1. Análise: Esta irregularidade deve ser desconsiderada, por decorrência lógica da
inexecução parcial do objeto.
690
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
8.9.18. Irregularidade nº 18: não aplicação dos recursos recebidos no mercado financeiro,
conforme estabelece a subcláusula terceira do convênio:
8.9.18.1. Análise: O Termo de Convênio (fls. 23/30) previa a aplicação dos recursos no mercado
financeiro, enquanto não utilizados, conforme a Cláusula Segunda, Subcláusula Segunda, itens ‘e’ e ‘i’
(fl. 25), c/c a Cláusula Terceira, Subcláusula Terceira (fl. 26), entretanto o Ministério da Saúde, nos
termos do Parecer nº 080/2004, de 08/06/2004 (fls. 443/447), constatou a não aplicação dos recursos
recebidos no mercado financeiro, o que gerou um débito de R$ 10.875,93, na data-base de 05/12/2003,
de acordo com a memória de cálculo retificadora (fls. 645/646).
Considerando que o ex-prefeito foi citado (fls. 684/688) pelo valor integral dos recursos federais
repassados, pode-se entender que esse débito já estava embutido no valor imputado pelo ofício citatório.
Entretanto, o valor e a data desse débito devem ser retificados, nos termos da tabela abaixo, com
vistas a excluir a dupla incidência de juros e correção monetária na parcela correspondente ao débito
gerado pela inexecução de 15% do objeto convenial:
Recursos disponíveis p/ Índice da poupança
Período de Rendimentos
aplicação por período de correção no Data-base
aplicação (R$)
superior a 30 dias (R$) período
333,33 05/11/01 a 1,0223545 7,45 24/02/2002
24/02/02
233.333,33 07/12/01 a 1,0146830 3.426,03 24/02/2002
24/02/02
233.333,34 02/01/02 a 1,0210603 4.914,07 22/04/2002
22/04/02
333,66 25/02/02 a 1,0068600 2,29 22/04/2002
22/04/02
78.667,00 23/04/02 a 1,0068950 542,41 05/06/2002
05/06/02
O débito gerado pela não aplicação dos recursos no mercado financeiros pode ser sintetizado no
quadro abaixo:
Valor do débito (R$) Data
3.433,48 24/02/2002
4.916,36 22/04/2002
542,41 05/06/2002
8.9.19. Irregularidade nº 19: não apresentação de cópia do despacho de adjudicação e
homologação da licitação realizada para o objeto do convênio:
8.9.19.1. Análise: Trata-se de irregularidade formal, não relacionada com a ocorrência do dano ao
erário, no sentido de não ser causa direta do dano, constituindo agravante a ser levado em consideração
no momento da aplicação da multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/1992.
8.9.20. Irregularidade nº 20: execução física de apenas 85% do objeto do convênio, conforme
Parecer Técnico Diesp/Funasa, de 10.5.2004, o qual recomenda a impugnação da prestação de contas
final em face das seguintes pendências:
1) acabamento e limpeza geral na captação;
2) pintura em todo material em ferro fundido;
3) execução da urbanização da área de captação;
4) cadastramento da adutora de água bruta que deverá conter diâmetro e comprimento dos trechos
executados;
5) funcionamento definitivo do sistema, inclusive término e instalação dos equipamentos da casa de
química, pois esta só funcionou para realização de testes;
6) instalação do portão de pedestre e limpeza na área da E.T.A.;
7) cadastramento da rede de distribuição que deverá conter diâmetro e comprimento dos trechos
executados, bem como localização das caixas de proteção dos registros;
691
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
8) cadastro das ligações domiciliares que deverá conter nome e endereço dos beneficiados;
9) ART – Anotação de Responsabilidade Técnica de fiscalização da obra por parte de técnico da
prefeitura;
10) ART – Anotação de Responsabilidade Técnica de execução da obra;
11) Posse da área da E.T.A. e da captação;
12) licença de operação emitida pelo órgão ambiental – Fema – para captação;
13) análise física, química e bacteriológica da água após realização de tratamento;
14) laudo de sondagem para execução da base do reservatório.
8.9.20.1. Análise: Esta irregularidade é a própria fundamentação do dano ao erário pela
inexecução parcial do objeto, não constituindo outra irregularidade destacada do próprio débito. Como
já exposto, a inexecução de 15% da obra conveniada correspondeu a R$ 105.000,00, tendo em vista que
o valor da obra integral corresponde ao valor de R$ 700 mil. Considerando que a empresa Enerplan
também deu causa ao dano por atestar o recebimento dos valores suficientes para execução total da
obra, embora executasse apenas 85% da obra, o que configura a responsabilidade solidária dessa
empresa, nos termos do art. 12, inc. I, c/c art. 16, § 2º, alínea ‘b’, ambos da Lei nº 8.443/1992, é
pertinente discriminar o débito de acordo com as datas dos últimos pagamentos que comprovadamente
foram realizados a essa empresa com os recursos do Convênio n° 2142/2000, nos termos da instrução às
fls. 654/660, resultando no seguinte quadro:
Valor do débito (R$) Data
55.000,00 23/04/2002
50.000,00 06/06/2002
8.9.21. Irregularidade nº 21: verificação de que a obra encontrava-se paralisada em 4/5/2004, com
o percentual de execução de 85%, com risco de que os serviços realizados sejam perdidos devido à falta
de intenção real do funcionamento do sistema:
8.9.21.1. Análise: Esta irregularidade deve ser desconsiderada, pois é mera redundância da
irregularidade anterior.
8.9.22. Irregularidade nº 22: não atendimento ao objetivo do convênio, uma fez que o sistema não
entrou em funcionamento e a população de Confresa/MT não foi beneficiada com o fornecimento de água
tratada:
8.9.22.1. Análise: Esta irregularidade deve ser desconsiderada, pois o não funcionamento do
sistema de abastecimento de água é consequência imediata da inexecução parcial do objeto
(irregularidade nº 20); o desatendimento da população municipal é questão multifacetada que extrapola
o alcance do Convênio n° 2142/2000, pois se a população do Município de Confresa/MT ainda está
carente de um sistema de abastecimento de água tratada, quando já se passaram mais de 6 anos após a
vigência desse convênio, tal omissão estatal não pode ser debitada apenas à conta da inexecução parcial
de 15% do objeto conveniado.
8.9.23. Irregularidade nº 23: apresentação de informação falsa na prestação de contas
apresentada pela Prefeitura de Confresa/MT, em razão da divergência nos beneficiários dos cheques
mencionados (vide quadro à fl. 564):
8.9.23.1. Análise: Esta 7ª Secex constatou (fl. 657) informações falsas na prestação de contas
encaminhada pelo ex-prefeito Iron Marques Parreira no que tange aos beneficiários dos Cheques nºs
850004 (fls. 117, 348, 533, 543), 850005 (fls. 350, 534, 549), 850006 (fls. 349, 534, 557), 850009 (fls.
341, 538, 546) e 850010 (fls. 340, 538, 541). O valor desse possível débito, no montante de R$ 83.663,80,
já inclui as referidas despesas de R$ 3.663,80 (Cheques nºs 850009 e 850010) executadas após o término
da vigência do convênio. Excluindo-se esse último montante, chega-se ao valor de R$ 80.000,00, o qual
pode ser o mesmo de que cuida a irregularidade nº 14, mormente quando se atenta para compatibilidade
entre a data da NF nº 94 (29/08/2002) e as datas dos Cheques nºs 850004, 850005 e 850006 (29/08/2002,
02/09/2002 e 02/09/2002). Entretanto, tendo em vista que há comprovação nos autos de que a empresa
Enerplan Construções e Comércio Ltda. foi de fato beneficiária das despesas de R$ 616.333,00, a
diferença em relação ao valor total repassado pelo concedente (R$ 700 mil) é absorvida pelo débito de
692
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
R$ 105.000,00, referente à inexecução de 15% do objeto conveniado, restando apenas o ato irregular de
envio de informação falsa na prestação de contas do convênio, o que constitui agravante a ser levado em
consideração no momento da aplicação da multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/1992.
8.9.24. Irregularidade nº 24: execução concomitante e conjunta de dois convênios com o mesmo
objeto, dificultando o controle da aplicação dos recursos e obstando o estabelecimento de nexo causal
entre os valores repassados e os dispêndios realizados à conta dos ajustes:
8.9.24.1. Análise: Esta irregularidade deve ser desconsiderada. Como já exposto no exame da
irregularidade nº 1, os objetos dos Convênio n°s 2142/2000 e 793/2001 são distintos, compreendendo
ações e etapas distintas, o que pode facilmente ser percebido pelo cotejo dos respectivos planos de
trabalho.
8.10. No que se refere à utilização de fotografias para comprovar a execução da obra, a
jurisprudência desta Corte não as considera documentação hábil para comprovar a regularidade da
aplicação dos recursos, como bem esclareceu o Min. AUGUSTO NARDES em seu voto no Acórdão
1266/2008 – Plenário:
‘56. Em relação às fotos inseridas ao processo para provar a execução da obra em comento, elas
não configuram instrumentos hábeis a comprovar a boa e regular aplicação dos recursos. Vale citar o
entendimento do eminente Ministro Walton Alencar, consoante relatório exarado no âmbito do Acórdão
nº 227/99-Plenário:
‘No que tange a essa questão, a jurisprudência desta Corte de Contas é farta em exemplos da não
aceitação de fotografias trazidas pelos responsáveis como prova da efetiva realização de objetos
conveniados. A uma, porque, na ausência de documentos hábeis, tais como cópia do termo de aceitação
definitiva da obra, relatório de execução do projeto, termo de vistoria etc., ou insuficiência destes, as
fotos não podem ser aceitas como prova da execução do objeto, até porque, não há como identificar o
local, nem como identificar se os objetos que aparecem nas fotos são realmente os definidos no convênio
e, a duas, porque fotografias não são meio de prova previsto no instrumento de convênio.’
57. Ainda nesse sentido são os diversos arestos desta Corte, v.g. Acórdão nº 309/1999-TCU-1ª
Câmara, in TC 525.016/1996-1; Acórdão nº 387/1999 - TCU - 2ª Câmara, in TC 525.017/1996-8;
Decisão 82/1999 - TCU - 1ª Câmara, in TC 279.022/1995-6; Acórdão nº 227/1999 - TCU - Plenário, in
TC 549.011/1994-3).’
[Acórdão 1266/2008 – Plenário, Ministro-Relator AUGUSTO NARDES, DOU 08/07/2008]
8.11. Em conclusão, a responsabilidade do ex-prefeito IRON MARQUES PARREIRA concretiza-se
no dever de ressarcir o erário pelos débitos sistematizados no quadro abaixo e no cometimento das
irregularidades listadas a seguir:
8.11.1. Débitos:
Débitos Valor do débito (R$) Data
Inexecução de 15% do objeto do convênio, conforme os
Relatórios de Visita Técnica nº 04, de 04/11/2003 (fls. 55.000,00 23/04/2002
279/281), e nº 05, de 10/05/2004 (fls. 459/462).
(Em solidariedade com a empresa Enerplan 50.000,00 06/06/2002
Construções e Comércio Ltda.)
3.433,48 24/02/2002
Não aplicação dos recursos recebidos no mercado
4.916,36 22/04/2002
financeiro, enquanto não utilizados.
542,41 05/06/2002
8.11.1.1. Outras irregularidades:
8.11.1.2. Irregularidade nº 5: não comprovação da habilidade técnica da empresa Enerplan para
executar a obra (Lei nº 8.666/1993, art. 30, inciso II), eis que os atestados foram apresentados em nome
da empresa Pontual Construções Civis Ltda., que, segundo informações do cadastro, funciona no mesmo
endereço;
8.11.1.3. Irregularidade nº 13: execução de despesas após o término da vigência do convênio, no
valor total de R$ 3.663,80;
693
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
8.11.1.4. Irregularidade nº 14: não comprovação por meio de extrato bancário da despesa de R$
80.000,00, documentada pela Nota Fiscal nº 94 (fls. 81, 345);
8.11.1.5. Irregularidade nº 16: não comprovação da execução do Programa de Educação em
Saúde e Mobilização Social – PESMS, à guisa de contrapartida;
8.11.1.6. Irregularidade nº 19: não apresentação de cópia do despacho de adjudicação e
homologação da licitação realizada para o objeto do convênio;
8.11.1.7. Irregularidade nº 23: apresentação de informação falsa na prestação de contas
apresentada pela Prefeitura de Confresa/MT, em razão da divergência nos beneficiários dos cheques
mencionados (fl. 564).
Da Responsabilidade da empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda.
8.12. As superficiais alegações de defesa da empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda. (fl.
182, Anexo 3) devem ser rejeitadas, à míngua de provas e documentos que comprovassem a conclusão
das obras de implantação do sistema de abastecimento de águas no Município de Confresa/MT com os
recursos do Convênio n° 2142/2000, ressaltando-se que as notas fiscais emitidas pela empresa (fls. 380,
327, 334, 345, 352, 116; Anexo 1, fls. 76, 81, 39, 88, 31, 51; e fl. 338) atestam o recebimento de recursos
em montante superior à quantia de R$ 1.200.000, 00 transferida pela Funasa em razão dos Convênio n°s
2142/2000 (R$ 700 mil) e 793/2001 (R$ 500 mil).
8.13. Importa ressaltar que não basta evidenciar a conclusão a destempo das obras de implantação
e ampliação do sistema de abastecimento de águas. Importa comprovar que as obras foram concluídas
em função apenas dos pagamentos realizados com os referidos recursos conveniados, pois é possível, em
tese, que a prefeitura municipal aplique novos recursos para concluir obra que já deveria estar conclusa
em função dos pagamentos anteriormente realizados. Todavia, sequer há comprovação física de que as
obras de implantação do sistema de abastecimento de águas no município de Confresa/MT foram
integralmente executadas.
8.14. Apesar disso, pelo princípio da verdade material, similarmente como foi feito em relação ao
ex-prefeito IRON MARQUES PARREIRA, faz-se necessário re-analisar as irregularidades imputadas à
empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda. pelo ofício citatório desta Corte (fls. 714/717):
8.14.1. Irregularidade nº 1: não comprovação da habilidade técnica da empresa Enerplan para
executar a obra (Lei nº 8.666/1993, art. 30, inciso II), eis que os atestados foram apresentados em nome
da empresa Pontual Construções Civis Ltda., que, segundo informações do cadastro, funciona no mesmo
endereço:
8.14.1.1. Análise: Apesar desta irregularidade não estar diretamente relacionada com a ocorrência
do dano ao erário, no sentido de não ser causa direta do dano, a apresentação de atestados em nome de
outra empresa que funcionaria no mesmo endereço da licitante caracteriza fraude à licitação, que
resultou na ausência de comprovação da habilidade técnica da empresa licitante, em afronta ao art. 30,
inciso II, Lei nº 8.666/1993. Em face da gravidade desta irregularidade, propõe-se que seja declarada,
com fundamento no art. 46 da Lei nº 8.443/1992 c/c com o art. 271 do Regimento Interno/TCU, a
inidoneidade da empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda. para participar de licitação no âmbito
da Administração Pública Federal, pelo prazo de até 5 anos, sem prejuízo da aplicação da multa prevista
no art. 57 da Lei nº 8.443/1992.
8.14.2. Irregularidade nº 2: incompatibilidades na concepção da captação superficial e na
quantidade de ligações domiciliares, no que se refere à execução de caixa em concreto ciclópico
(barragem), para elevação do nível de água e do número de ligações domiciliares, além de a execução
da obra estar muito atrasada:
8.14.2.1. Análise: Esta irregularidade deve ser desconsiderada. Como já exposto no exame da
irregularidade nº 07 atribuída ao ex-prefeito IRON MARQUES PARREIRA, as incompatibilidades
apontadas pela auditoria da Secretaria Federal de Controle Interno – SFC, em fiscalização in loco no
Município de Confresa/MT, no período de 11 a 15/08/2003, nos termos da Nota Técnica nº 961 (fls.
293/297-B), não foram ratificadas pela área técnica da Funasa, como se depreende do Relatório de
Visita Técnica nº 05, de 10/05/2004 (fls. 459/462), o qual reitera as conclusões do relatório anterior de
04/11/2003 (fls. 279/281). Ademais, a descrição da irregularidade carece de fundamentação técnica, pois
694
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
7) cadastramento da rede de distribuição que deverá conter diâmetro e comprimento dos trechos
executados, bem como localização das caixas de proteção dos registros;
8) cadastro das ligações domiciliares que deverá conter nome e endereço dos beneficiados;
9) ART – Anotação de Responsabilidade Técnica de fiscalização da obra por parte de técnico da
prefeitura;
10) ART – Anotação de Responsabilidade Técnica de execução da obra;
11) Posse da área da E.T.A. e da captação;
12) licença de operação emitida pelo órgão ambiental – Fema – para captação;
13) análise física, química e bacteriológica da água após realização de tratamento;
14) laudo de sondagem para execução da base do reservatório.
8.14.9.1. Como já exposto no exame da irregularidade nº 20 atribuída ao ex-prefeito IRON
MARQUES PARREIRA, esta irregularidade é a própria fundamentação do dano ao erário pela
inexecução parcial do objeto, não constituindo outra irregularidade destacada do próprio débito. Como
já exposto, a inexecução de 15% da obra conveniada correspondeu a R$ 105.000,00, tendo em vista que
o valor da obra integral corresponde ao valor de R$ 700 mil. Considerando que a empresa Enerplan
também deu causa ao dano por atestar o recebimento dos valores suficientes para execução total da
obra, tendo executado apenas 85% da obra, o que configura a responsabilidade solidária dessa empresa,
nos termos do art. 12, inc.I, c/c art. 16, § 2º, alínea ‘b’, ambos da Lei nº 8.443/1992, discrimina-se o
débito de acordo com as datas dos últimos pagamentos que comprovadamente foram realizados a essa
empresa com os recursos do Convênio n° 2142/2000, nos termos da instrução às fls. 654/660, resultando
no seguinte quadro:
Valor do débito (R$) Data
55.000,00 23/04/2002
50.000,00 06/06/2002
8.14.10. Irregularidade nº 10: verificação de que a obra encontrava-se paralisada em 4.5.2004,
com o percentual de execução de 85%, com risco de que os serviços realizados sejam perdidos devido à
falta de intenção real do funcionamento do sistema:
8.14.10.1. Análise: Esta irregularidade deve ser desconsiderada, pois é mera redundância da
irregularidade anterior.
8.14.11. Irregularidade nº 11: não atendimento ao objetivo do convênio, uma vez que o sistema não
entrou em funcionamento e a população de Confresa/MT não foi beneficiada com o fornecimento de água
tratada:
8.14.11.1. Análise: Esta irregularidade deve ser desconsiderada, pois o não funcionamento do
sistema de abastecimento de água é consequência imediata da inexecução parcial do objeto
(irregularidade nº 09); o desatendimento da população municipal é questão multifacetada que extrapola
o alcance do Convênio n° 2142/2000, pois se a população do Município de Confresa/MT ainda está
carente de um sistema de abastecimento de água tratada, quando já se passaram mais de 6 anos após a
vigência desse convênio, tal omissão estatal não pode ser debitada apenas à conta da inexecução parcial
de 15% do objeto conveniado.
8.15. Em conclusão, a responsabilidade da empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda.
concretiza-se no dever de ressarcir o erário pelo débito sintetizado no quadro abaixo e no cometimento
de outra irregularidade listada a seguir:
8.15.1. Débitos:
Débitos Valor do débito (R$) Data
Inexecução de 15% do objeto do convênio, conforme os
Relatórios de Visita Técnica nº 04, de 04/11/2003 (fls. 55.000,00 23/04/2002
279/281), e nº 05, de 10/05/2004 (fls. 459/462).
(Em solidariedade com o ex-prefeito IRON MARQUES 50.000,00 06/06/2002
PARREIRA)
8.15.2. Outra irregularidade:
696
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
forma, o cronograma de desembolso do plano de trabalho (fl. 38) prevê a liberação total dos recursos em
único mês, com amparo em pareceres do Departamento de Engenharia de Saúde Pública (item 5, fl. 34) e
da Gescon – Gestão Financeira e de Convênios (fl. 41).
8.22. Entretanto, é evidente a incompatibilidade entre o cronograma de execução física (fl. 37), que
prevê a execução da obra no período de 12 meses, e o desembolso total realizado no período de 2 meses.
Contudo, tendo em vista que os engenheiros e técnicos responsáveis pela aprovação desse descompasso
não foram chamados em audiência até a presente fase, proponho a desconsideração dessa ocorrência,
pela aplicação do princípio da economia processual.
8.23. No que tange à ocorrência nº 2, rejeitam-se as sinóticas razões de justificativas dos
responsáveis Sra. Carmen Lúcia Miranda Silveira, Sr. Antônio Leopoldo Frota Magalhães e Sr. Mauro
Ricardo Machado Costa, pelas razões a seguir:
8.23.1. Ainda que o Plano de Trabalho tenha previsto a liberação dos recursos em parcela única,
não se pode conceber que as normas então vigentes sobre convênios, em particular a IN/STN nº 01/1997,
sejam ab-rogadas por circunstâncias casuísticas ou por parecer jurídico de órgão do próprio
concedente.
8.23.2. A norma aplicável ao feito (art. 21 da IN/STN nº 01/1997) não prevê a desoneração do
dever de apresentar prestação de contas parcial previamente à liberação da 3ª parcela na hipótese de
parcelamento em função da indisponibilidade financeira.
8.23.3. Igualmente, carece de previsão legal a suposição de que a liberação da 3ª parcela dentro de
prazo inferior a um mês após a liberação da 2ª parcela faz daquela um complemento desta última. Tal
interpretação, consignada no Parecer Técnico nº 251/2002 da Procuradoria-Jurídica da Funasa,
representa um ‘jeitinho’ de driblar a exigência disposta no § 2º do art. 21 da IN/STN nº 01/1997.
8.23.4. O Parecer Técnico nº 251/2002 da Procuradoria-Jurídica da Funasa não exime os agentes
da Funasa do cometimento de uma transgressão ao disposto no § 2º do art. 21 da IN/STN nº 01/1997,
inclusive porque a interpretação equivocada desse parecer técnico não vinculava a decisão dos agentes
da Funasa, que deveriam conhecer e aplicar a legislação aplicável à espécie.
8.24. Rejeita-se igualmente a preliminar de cerceamento de defesa arguida pelo responsável
Antônio Leopoldo Frota Magalhães, tendo em vista que não restou evidenciado qualquer prejuízo à
defesa pelo longo decurso temporal, tanto que a sua defesa relativa à ocorrência nº 2 estava fartamente
documentada, tendo juntado todas as provas que entendeu pertinente (fls. 63/128, Anexo 3), tais como o
Plano de Trabalho original, o Formulário de Análise e Aprovação, o Relatório de Parecer Técnico, o
Despacho da Coordenação Geral de Convênios e o Parecer Técnico nº 251/2002.
8.25. Não tendo o responsável especificado qual teria sido o prejuízo à defesa pelo longo decurso
temporal, aplica-se o princípio pas de nullité sans grief, a teor dos arts. 563 e 566 do Código de
Processo Penal, o qual impõe a efetiva demonstração de prejuízo para o acusado, o que não se verificou
no caso em tela. Ressalte-se que, mesmo na hipótese de nulidade absoluta (em que o prejuízo é
presumido), os tribunais superiores entendem pertinente o referido princípio, como se depreende do HC
99996/SP, no STJ, e dos julgados HC 85.155/SP, Rel. Min. ELLEN GRACIE, DJU 15.04.05 e AI-AgR.
559.632/MG, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, DJU 03.02.06, ambos do Supremo Tribunal Federal.
8.26. Portanto, em função do cometimento da referida ocorrência nº 2, propõe-se que o Tribunal
aplique individualmente aos responsáveis Sra. Carmen Lúcia Miranda Silveira, Sr. Antônio Leopoldo
Frota Magalhães e Sr. Mauro Ricardo Machado Costa a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei nº
8.443/1992.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
8.27. Propostas as responsabilidades do ex-prefeito IRON MARQUES PARREIRA, da empresa
Enerplan Construções e Comércio Ltda. e dos agentes da Funasa, Sra. Carmen Lúcia Miranda Silveira,
Sr. Antônio Leopoldo Frota Magalhães e Sr. Mauro Ricardo Machado Costa, convém ainda ponderar, à
guisa de conclusão, sobre o rigor com os casos dessa espécie e o controle externo em relação às obras
inacabadas, vigorosamente defendidos na manifestação do membro do Ministério Público junto ao TCU
(fls. 663/676).
698
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
8.28. Alinhado com a vertente prestigiada pelo Parquet, considero que a atuação rigorosa do
controle, interno e externo é a melhor pedagogia indutora da eficiência, da eficácia e da probidade com
os recursos públicos, tão escassos e desperdiçados. Entretanto, há de se respeitar os limites da
jurisdição, pois não é razoável supor que este Tribunal estaria revestido do poder de punir todas as
prefeituras municipais pela gestão ineficiente e descontínua da prestação dos serviços públicos por parte
do ente municipal, somente pelo fato de ter havido, em algum momento inicial, a participação de
recursos federais.
8.29. Quanto à deterioração provocada pelo decurso temporal da paralisação reprovável do
município, considero que essa situação em nada difere daquela em que o ente conveniado finaliza a obra
– e.g., um sistema de abastecimento de água, uma escola, um posto de saúde – e comprova a regular
aplicação dos recursos repassados, mas logo depois o empreendimento fecha as portas, por falta de
manutenção, ou de insumo, ou de pessoal, em razão do descaso municipal, terminando por inutilizar todo
o investimento realizado com recursos federais.
8.30. Todavia, essa problemática em exame ultrapassa a esfera de controle dos órgãos federais,
competindo aos respectivos órgãos estaduais e municipais, inclusive ao Ministério Público Estadual,
tomar as medidas administrativas, civis e penais cabíveis contra os gestores culpados por essa
ocorrência.
8.31. Quanto ao rigor com os casos dessa espécie, convém salientar que o rigor do controle
externo não significa atribuir ao gestor municipal à época o cometimento de toda e qualquer
irregularidade aventada, sem o necessário filtro deste Tribunal, pois isso contribuiria para
descaracterizar as ocorrências efetivamente cometidas pelos responsáveis, em prejuízo do próprio
controle.
8.32. Neste caso concreto, a inexecução parcial do sistema de abastecimento de água deve ser
punida em função do descumprimento dos termos do respectivo convênio, dentro do alcance estabelecido
pela legislação pertinente.
8.33. A fiscalização técnica do concedente (Relatórios de Visita Técnica nº 04 (fls. 279/281) e nº 05
(fls. 459/462), de 04/11/2003 e 10/05/2004) comprovou que os materiais e os serviços executados eram
de boa qualidade e estavam de acordo com o projeto técnico. Portanto, não é razoável atribuir ao ex-
prefeito MARQUES PARREIRA, cujo mandato foi interrompido em 06/12/2003 (fl. 470), e à empresa
contratada Enerplan Construções e Comércio Ltda. a responsabilidade exclusiva pela suposta
deterioração da obra e falta de água potável à população do Município de Confresa/MT.
8.34. Sem embargo, a empresa contratada deve responder pela parcela não realizada da obra,
como é a proposta desta instrução, consoante a jurisprudência dominante desta Corte (e.g.: Acórdão
115/2009 – 1ª Câmara, Acórdão 554/2009 – 1ª Câmara, Acórdão 678/2009 – Plenário).
8.35. Todavia, não considero pertinente a proposta de restituição pela empresa contratada do
valor correspondente à parcela executada com boa qualidade e de acordo com o projeto técnico, embora
exista uma corrente minoritária na jurisprudência desta Corte que embasa essa espécie de proposta,
iniciada a partir do Acórdão 1128/2005 – 2ª Câmara, relatoria do Min. Walton Alencar Rodrigues.
8.36. O exame da jurisprudência colacionada pelo Procurador Júlio Marcelo no seu referido
parecer indica que apenas o Acórdão 3881/2008 – 2ª Câmara fundamenta a aplicação desse
entendimento minoritário, enquanto que o restante dos acórdãos citados não se aplica a este caso
concreto, senão vejamos:
8.36.1. Acórdão 3406/2007 - Primeira Câmara: segundo o Relator, ‘os poucos serviços executados
o foram em desconformidade com o projeto original’ (item 5, do voto do Min. Relator)’, o que levou à
corresponsabilização da empresa pelo débito integral do valor repassado pelo convênio;
8.36.2. Acórdão 3267/2008 - Segunda Câmara: somente a ex-prefeita foi responsabilizada, cujo
objeto era o fornecimento de leite e óleo de soja a crianças desnutridas;
8.36.3. Acórdão 297/2009 - Segunda Câmara: somente o ex-prefeito foi responsabilizado, cujo
objeto era um Centro de Geração de Renda, que teria sido executado apenas 80% da obra.
8.37. A responsabilidade pela deterioração da obra inacabada, se comprovada, deveria recair
principalmente sobre os prefeitos sucessores, Sr. Egídio Henriques Lunkes (gestão 08/12/2003 a
699
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
31/12/2004, fls. 471/472) e Sr. Mauro Sérgio (gestão 2005/2008, fl. 495), pois esses gestores não se
deram ao esforço de concluir a obra inacabada, quando faltava realizar apenas 15% do objeto, a
despeito de terem ajuizado ações contra o ex-prefeito ímprobo. Entretanto, nem esses prefeitos
sucessores foram citados nem o membro do Ministério Público junto ao TCU, que estende a jurisdição
desta Corte a essas situações deploráveis, fez essa proposição em seu parecer.
Análise da boa-fé dos responsáveis
8.38. Em atendimento às disposições do art. 202, § 2º, do RITCU, examina-se a ocorrência de boa-
fé na conduta do ex-prefeito IRON MARQUES PARREIRA na gestão do Convênio n° 2142/2000.
8.39. Embora o ex-prefeito IRON MARQUES PARREIRA tenha renunciado ao mandato em
06/12/2003 (fl. 411), a vigência do convênio foi finalizada em 23/02/2003, com prazo para prestar contas
até 24/04/2003 (fl. 283), considerada a prorrogação de ofício (fl. 91). Portanto, a perda do mandato não
justifica a inexecução parcial do objeto vis-à-vis os pagamentos inidôneos à empresa contratada para
executar o objeto do Convênio n° 2142/2000.
8.40. Ainda, a prestação de contas encaminhada pelo ex-prefeito estava eivada de informações
falsas no que tange aos beneficiários dos Cheques nºs 850004 (fls. 117, 348, 533, 543), 850005 (fls. 350,
534, 549), 850006 (fls. 349, 534, 557), 850009 (fls. 341, 538, 546) e 850010 (fls. 340, 538, 541).
8.41. Sendo responsável pelo dano ao erário em decorrência da inexecução parcial de 15% do
objeto conveniado, o ex-prefeito IRON MARQUES PARREIRA ainda deu causa a novo dano ao erário
pela não aplicação dos recursos recebidos no mercado financeiro, enquanto não utilizados, violando a
Cláusula Segunda, Subcláusula Segunda, itens ‘e’ e ‘i’ (fl. 25), c/c a Cláusula Terceira, Subcláusula
Terceira (fl. 26), do termo do Convênio n° 2142/2000.
8.42. Como se não bastassem os débitos gerados pela atuação do ex-prefeito IRON MARQUES
PARREIRA, outras irregularidades lhe foram atribuídas e comprovadas nos autos, não havendo,
portanto, elementos abonadores da conduta desse responsável.
8.43. Quanto à empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda., a jurisprudência desta Corte
considera que a análise da ocorrência de boa-fé não se aplica à pessoa jurídica, conforme o seguinte
julgado:
Sumário
TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CESSÃO IRREGULAR DE SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL
AO GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, COM ÔNUS PARA A UNIÃO.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AO ÓRGÃO CESSIONÁRIO. REJEIÇÃO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA.
1. A boa-fé, seja objetiva seja subjetiva, somente pode ser analisada em relação à conduta
humana, não podendo ser avaliada em relação à pessoa jurídica.
[Acórdão 2027/2007 - Segunda Câmara, rel. Min. MARCOS BEMQUERER, DOU 02/08/2007]
8.44. Não sendo reconhecida a boa-fé dos responsáveis, deve este Tribunal proferir, desde logo, o
julgamento definitivo de mérito pela irregularidade das contas, com aplicação da multa disposta no art.
57 e das demais penalidades previstas na Lei nº 8.443/1992.
9. Proposta de Encaminhamento
9.1 Diante do exposto, proponho seja(m):
9.1.1 declarada a revelia do Sr. IRON MARQUES PARREIRA, nos termos do § 3º do art. 12 da Lei
nº 8.443/1992;
9.1.2 rejeitadas as alegações de defesa apresentadas pela empresa ENERPLAN CONSTRUÇÕES E
COMÉRCIO LTDA.;
9.1.3 acatadas as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. CELSO TADEU DE AZEVEDO
SILVEIRA;
9.1.4 acatadas em parte as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. MAURO RICARDO
MACHADO COSTA, pelo Sr. ANTÔNIO LEOPOLDO FROTA MAGALHÃES, e pela Sra. CARMEN
LÚCIA MIRANDA SILVEIRA;
9.1.5 julgadas irregulares, nos termos dos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas ‘b’ e ‘c’, e 19,
caput, da Lei nº 8.443/1992, as contas do Sr. IRON MARQUES PARREIRA;
700
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Sumário
TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. SERVIÇOS PARCIALMENTE EXECUTADOS. NÃO
CUMPRIMENTO DO OBJETIVO DO CONVÊNIO. DANO AO ERÁRIO DECORRENTE DE ATO DE
GESTÃO ILEGÍTIMO E ANTIECONÔMICO. REVELIA. CONDENAÇÃO EM DÉBITO E MULTA.
SOLIDARIEDADE DA EMPRESA CONTRATADA.
Julgam-se irregulares as contas e em débito os responsáveis, com aplicação de multa, em face de
ato de gestão ilegítimo e/ou antieconômico que resulte no não atingimento do objetivo precípuo do
convênio.’
Cumpre ao Tribunal agir com rigor no presente caso e nos demais casos da espécie, o que, por
certo, estará contribuindo para desestimular futuras irregularidades da mesma natureza e, assim, para
melhorar a gestão das verbas federais conveniadas, em benefício do interesse público, e coartar uma das
piores mazelas da Administração Pública, que é o desperdício de escassos e necessários recursos
públicos em obras inacabadas e abandonadas.
Quanto à responsabilidade pelo dano, devem arcar com o débito apurado, solidariamente, o sr.
Iron Marques Parreira e a empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda.
A empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda. deve responder solidariamente pela dívida por
ter sido contratada e ter emitido as notas fiscais afetas à obra, a qual não foi totalmente executada.
Sobre a responsabilidade dessa empresa, vale trazer à colação, por pertinente, o seguinte excerto
da análise da 7ª Secex (fl. 750, v. 3, itens 8.12 e 8.13):
‘8.12 As superficiais alegações de defesa da empresa Enerplan Construções e Comércio Ltda. (fl.
182, anexo 3) devem ser rejeitadas, à míngua de provas e documentos que comprovassem a conclusão
das obras de implantação do sistema de abastecimento de águas no Município de Confresa/MT com os
recursos do Convênio n° 2142/2000, ressaltando-se que as notas fiscais emitidas pela empresa (...)
atestam o recebimento de recursos em montante superior à quantia de R$ 1.200.000,00 transferida pela
Funasa em razão dos Convênio n°s 2142/2000 (R$ 700 mil) e 793/2001 (R$ 500 mil).
8.13 Importa ressaltar que não basta evidenciar a conclusão a destempo das obras de implantação
e ampliação do sistema de abastecimento de águas. Importa comprovar que as obras foram concluídas
em função apenas dos pagamentos realizados com os referidos recursos conveniados, pois é possível, em
tese, que a prefeitura municipal aplique novos recursos para concluir obra que já deveria estar conclusa
em função dos pagamentos anteriormente realizados. Todavia, sequer há comprovação física de que as
obras de implantação do sistema de abastecimento de águas no Município de Confresa/MT foram
integralmente executadas.’
O sr. Iron Marques Parreira deve responder pelo dano pois, na qualidade de signatário do
Convênio n° 2142/2000 e gestor do ajuste, tinha a obrigação de comprovar a boa e regular aplicação
dos recursos públicos a eles confiados, cabendo-lhe o ônus da prova (Enunciado de Decisão/TCU 176).
No entanto, como visto nos autos, não cumpriu com seu dever, uma vez que o objeto avençado não foi
totalmente executado e os objetivos do ajuste não foram atingidos. Cumpre, pois, julgar irregulares suas
contas.
Quanto às demais irregularidades constantes na citação, a 7ª Secex descaracterizou algumas,
mantendo outras, as quais agravam a conduta dos responsáveis e devem ser consideradas por ocasião da
fixação do valor da multa.
O Ministério Público, nesse ponto, aquiesce, por pertinente, à análise da unidade técnica, salvo
quanto àqueles ilícitos que foram apurados pela Secretaria Federal de Controle Interno/Controladoria-
Geral da União (SFCI/CGU) e descaracterizados sob o argumento de que não foram ratificadas pela
área técnica da Funasa.
No caso, assim como o TCU, no exercício de sua missão constitucional e legal de controle externo,
não está subordinado às conclusões do órgão/entidade concedente ou do Controle Interno, este último,
no exercício de sua função institucional de controle interno, não se sujeita à posição da área técnica do
órgão/entidade repassador dos recursos conveniados. Portanto, essas graves irregularidades apontadas
pela SFCI/CGU devem ser mantidas e somadas àquelas não descaracterizadas nos autos, para serem
consideradas na multa.
704
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
No que concerne ao sr. Celso Tadeu de Azevedo Silveira, de fato, cabe a sua exclusão do presente
feito, visto que, em suas razões de justificativa (fls. 617/35, v. 3), logrou comprovar que a competência
para celebrar e acompanhar os convênios firmados pela Funasa era do Departamento de Planejamento e
Desenvolvimento Institucional – Depin daquela entidade.
No respeitante aos srs. Mauro Ricardo Machado Costa, ex-Presidente da Funasa; Antônio
Leopoldo Frota Magalhães, ex-Diretor do Depin, e Carmen Lúcia Miranda Silveira, ex-Coordenadora
Geral de Convênios (fls. 23/30, v.p., e 633/5, v. 3), das falhas sobre as quais foram ouvidos em audiência
afetas ao Convênio n° 2142/2000, duas foram descaracterizadas, com propriedade, pela unidade técnica
(fls. 754/5, v. 3), restando apenas a seguinte:
‘liberação antecipada de recursos do Convênio n° 2142/2000, em inobservância ao disposto no §
2º do art. 21 da IN/STN nº 01/1997, pois houve liberação da 3ª parcela em data anterior (26.12.2001, fl.
86, v.p.) à apresentação de prestação de contas parcial concernente à 1ª parcela, remetida à
Coordenadora do Acompanhamento e Prestação de Contas em 18.2.2002 (fl. 46, v.p.);’.
Sobre esta questão, o sr. Mauro Ricardo Machado Costa apresentou, neste Gabinete, memorial de
fls. 762/8, v. 3. Examinando-se a defesa deste responsável, que aproveita também ao sr. Antônio
Leopoldo Frota Magalhães e à srª. Carmen Lúcia Miranda Silveira, em cotejo com o art. 21 da IN/STN
nº 01/19975, entende o Ministério Público que esta deve ser acatada, porquanto a falha restou mitigada
pelas seguintes razões:
a) o plano de trabalho aprovado do Convênio n° 2142/2000 previa a liberação dos recursos em
parcela única (fl. 38, v.p.), a qual não foi possível devido à indisponibilidade financeira no momento do
repasse, situação comum em diversos órgãos federais, os quais dependem de repasses da Secretaria do
Tesouro Nacional para a execução de suas atribuições institucionais;
b) a primeira visita técnica foi realizada apenas em 17.4.2002 (fls. 74/5, v.p.), não sendo possível
aos gestores da Funasa saber, à época da liberação da 2º e da 3ª parcelas, em dezembro de 2001, que os
recursos estavam sendo mal aplicados;
c) a terceira e última parcela foi liberada apenas 22 dias após a segunda, e ambas foram
repassadas no mês de dezembro (em 4.12.2001 e 26.12.2001, respectivamente), sendo razoável
considerá-la como parte da segunda parcela, principalmente considerando que não há previsão expressa
na IN/STN nº 01/1997 para hipóteses de liberação em períodos menores que um mês em casos de
indisponibilidade financeira do órgão e não por escolha do gestor. Dessa forma, seria desarrazoado
apenar o gestor por interpretação extensiva da norma.
Sendo assim, cabe acatar as razões de justificativa dos srs. Mauro Ricardo Machado Costa,
Antônio Leopoldo Frota Magalhães e Carmen Lúcia Miranda Silveira.
5
‘Art. 21. A transferência de recursos financeiros destinados ao cumprimento do objeto do convênio obedecerá ao Plano de
Trabalho previamente aprovado, tendo por base o cronograma de desembolso, cuja elaboração terá como parâmetro para a
definição das parcelas o detalhamento da execução física do objeto e a programação financeira do Governo Federal.
§ 1º As unidades gestoras que transferirem recursos em desacordo com o disposto neste artigo terão as suas Propostas de
Programação revistas pelo órgão central de programação financeira.
§ 2º Quando a liberação dos recursos ocorrer em 3 (três) ou mais parcelas, a terceira ficará condicionada à apresentação de
prestação de contas parcial referente à primeira parcela liberada, composta da documentação especificada nos itens III a VII
do art. 28, e assim sucessivamente. Após a aplicação da última parcela, será apresentada a prestação de contas do total dos
recursos recebidos;
§ 3º Caso a liberação dos recursos seja efetuada em até duas parcelas, a apresentação da Prestação de Contas se fará no
final da vigência do instrumento, globalizando as parcelas liberadas.
(...).’
705
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
No caso, poderia ser adotada a solução alvitrada no Parecer da Funasa (fl. 166, anexo 3), no
sentido de que, nos casos de parcelamento por força de indisponibilidade financeira, deve-se adequar o
convênio ao mecanismo de prestação de contas previsto na Portaria Interministerial MF/MPOG/MCT
127/2008, exceção feita nos casos em que o desdobramento ocorra em curto espaço de tempo, inferior a
30 dias, o qual deve ser tratado como parcela única.
III
Ante o exposto, manifesta-se o Ministério Público no sentido de:
a) excluir a responsabilidade do sr. Celso Tadeu de Azevedo Silveira desta TCE;
b) acatar as razões de justificativa apresentadas pelos srs. Mauro Ricardo Machado Costa,
Antônio Leopoldo Frota Magalhães e Carmen Lúcia Miranda Silveira;
c) julgar irregulares as contas do sr. Iron Marques Parreira, com fulcro nos arts. 1ª, inciso I, 16,
inciso III, alíneas ‘b’ e ‘c’, e 19, caput, da Lei nº 8.443/1992;
d) condenar, solidariamente, o sr. Iron Marques Parreira e a empresa Enerplan Construções e
Comércio Ltda. ao pagamento da integralidade dos recursos repassados;
e) aplicar, individualmente, ao sr. Iron Marques Parreira e à empresa Enerplan Construções e
Comércio Ltda. a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/1992;
f) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas, caso não sejam atendidas as notificações;
g) encaminhar, em cumprimento ao disposto no art. 16, § 3º, da Lei nº 8.443/1992, cópia do
acórdão que vier a ser proferido e dos respectivos relatório e voto ao Procurador Chefe da Procuradoria
da República no Estado de Mato Grosso;
h) recomendar ao Ministério da Fazenda, ao Ministério do Planejamento e ao Ministério da
Ciência e Tecnologia que seja incluída, na Portaria Interministerial MF/MPOG/MCT 127/2008, que
regulamenta os convênios e contratos de repasse federais, previsão explícita no sentido de que, nos casos
de parcelamento dos repasses por força de indisponibilidade financeira por contingenciamento de
recursos, deve-se adequar o convênio ao mecanismo de prestação de contas previsto nesta portaria
interministerial, exceção feita nos casos em que o desdobramento ocorra em curto espaço de tempo,
inferior a 30 dias, o qual deve ser tratado como parcela única.”
É o relatório.
VOTO
Estes autos referem-se à tomada de contas especial de responsabilidade de Iron Marques Parreira,
ex-prefeito de Confresa/MT, Mauro Ricardo Machado Costa, ex-Presidente da Funasa, Antônio Leopoldo
Frota Magalhães, ex-Diretor do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento Institucional, Carmen
Lúcia Miranda Silveira, ex-Coordenadora Geral de Convênios, e da Enerplan Construções e Comércio
Ltda., instaurada em decorrência do não cumprimento do objeto do Convênio nº 2142/2000, celebrado
entre a Funasa e o Município de Confresa/MT, tendo por objeto a execução de um sistema de
abastecimento de água.
2. Preliminarmente, o então Ministro-Relator Marcos Vinicios Vilaça acolheu a proposta do
Ministério Público e determinou a adoção das medidas a seguir:
“I. promover a audiência dos srs. Mauro Ricardo Machado Costa, ex-Presidente da Funasa,
Antônio Leopoldo Frota Magalhães, ex-Diretor do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento
Institucional – Depin, e Carmen Lúcia Miranda Silveira, ex-Coordenadora Geral de Convênios, pelas
seguintes irregularidades afetas ao Convênio n° 2142/2000:
I.1) celebração de dois convênios, entre o Município de Confresa/MT e a Funasa, com mesmo
objeto, qual seja, implantação de sistema de tratamento e abastecimento de água – o Convênio n°
2142/2000, de 30.12.2000, no valor de R$ 704.030,00, e o Convênio n° 793/2001, de 31.12.2001, no
montante de R$ 505.050,00 – o que dificulta o controle da aplicação dos recursos e o estabelecimento de
706
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
nexo causal entre os valores repassados e os dispêndios realizados, facilitando, assim, a malversação
destes valores;
I.2) liberação antecipada de recursos do Convênio n° 2142/2000, em inobservância ao disposto no
§ 2º do art. 21 da IN/STN nº 01/1997, pois houve liberação da 3ª parcela em data anterior (26.12.2001) à
apresentação de prestação de contas parcial concernente à 1ª parcela, remetida à Coordenadora do
Acompanhamento e Prestação de Contas em 18.2.2002 (fl. 46, v.p.);
I.3) liberação de recursos do Convênio n° 2142/2000 em descompasso com a realização da obra,
visto que o montante de R$ 700.000,00 foi liberado em três parcelas, sendo a primeira em 30.10.2001 e a
última em 26.12.2001, por conseguinte, em menos de dois meses, enquanto o plano de trabalho constante
na prestação de contas relativa à 1ª parcela, fl. 54, v.p., estimou a realização da obra em um ano;
II. realizar a citação solidária do sr. Iron Marques Parreira e da empresa Enerplan Construções e
Comércio e Ltda., pela integralidade dos recursos repassados à conta do Convênio n° 2142/2000, em
face das irregularidades abaixo relacionadas, as quais evidenciam a não comprovação da boa e regular
aplicação destes valores, sobretudo porque o objetivo da avença não foi atendido e o nexo causal entre
as despesas efetuadas e as verbas federais transferidas não foi demonstrado, conforme apurado pela
CGU, pelo Ministério da Saúde e pela Funasa:
II.1) celebração de dois convênios entre o município e a Funasa objetivando a implantação e a
complementação de um sistema de abastecimento de água, o Convênio n° 2142/2000, de 30.12.2000, no
valor de R$ 704.030,00, e o Convênio n° 793/2001, de 31.12.2001, no montante de R$ 505.050,00;
II.2) realização de movimentações alheias ao objeto conveniado na conta bancária do convênio;
II.3) realização de uma mesma licitação, a Tomada de Preços 1/2000, para a execução dos dois
convênios, a qual foi aberta em 20.6.2000, tendo por objeto a implantação e a ampliação do sistema de
abastecimento de água de Confresa, e tendo como vencedora a empresa Enerplan com a proposta no
valor de R$ 1.521.350,25;
II.4) adjudicação e homologação do certame após um ano e três meses da data da abertura da
licitação (20.6.2000), pelo valor de R$ 1.200.000,00, sem constar os critérios utilizados de renegociação
para ajuste do valor, o que inviabilizou o acompanhamento de itens executados e de seus dispêndios;
II.5) não comprovação da habilidade técnica da empresa Enerplan para executar a obra (Lei nº
8.666/1993, art. 30, inciso II), eis que os atestados foram apresentados em nome da empresa Pontual
Construções Civis Ltda., que, segundo informações do cadastro, funciona no mesmo endereço;
II.6) não comprovação de despesas no montante de R$ 121.602,74, já que, de acordo com extratos
bancários, foram utilizados R$ 1.231.698,96 e somente demonstrados nos documentos fiscais o montante
de R$ 1.110.023,96; pois, dos recibos datados de 29.8.2000, 16.9.2000 e 14.1.2003, no valor total de R$
293.698,96, tendo como beneficiário o sr. Paulo Mário Martins Barros da Costa (cujos documentos
continham a aposição de sua assinatura), apenas o datado de 17.2.2002, no valor de R$ 120.000,00, teve
a sua confirmação mediante declaração formal apresentada à CGU/MT;
II.7) incompatibilidades na concepção da captação superficial e na quantidade de ligações
domiciliares, no que se refere à execução de caixa em concreto ciclópico (barragem), para elevação do
nível de água e do número de ligações domiciliares, além de a execução da obra estar muito atrasada;
II.8) insuficiência de água para suprir a vazão da estação de tratamento;
II.9) ausência de vínculo empregatício dos operários da obra com a empresa vencedora da
licitação;
II.10) ausência de entrega, até a data da visita da CGU, dos principais componentes da estação de
tratamento e reservação, tais como os filtros e a base metálica para montagem;
II.11) execução de apenas 50% do constante na planta da rede de distribuição de água e 350
ligações domiciliares, muito aquém do previsto no memorial descritivo (1.400 ligações) e não instalação
dos hidrômetros;
II.12) não execução da totalidade dos itens que constituem as etapas do sistema de abastecimento
de água.
II.13) execução de despesas após o término da vigência do convênio, no valor total de R$ 3.663,80
(vide quadro à fl. 444, v. 2);
707
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
II.14) não comprovação de despesas por meio de extratos bancários (vide quadro à fl. 444, v. 2);
II.15) não comprovação de despesas constantes na relação de pagamentos por meio de nota fiscal
e de extratos bancários (vide quadro à fl. 444, v. 2);
II.16) não comprovação da execução do Programa de Educação em Saúde e Mobilização Social –
PESMS;
II.17) ausência do Termo de Aceitação Definitiva da Obra;
II.18) não aplicação dos recursos recebidos no mercado financeiro, conforme estabelece a
subcláusula terceira do convênio;
II.19) não apresentação de cópia do despacho de adjudicação e homologação da licitação
realizada para o objeto do convênio;
II.20) execução física de apenas 85% do objeto do convênio, conforme Parecer Técnico
Diesp/Funasa, de 10.5.2004, o qual recomenda a impugnação da prestação de contas final em face das
seguintes pendências:
II.20.1) acabamento e limpeza geral na captação;
II.20.2) pintura em todo material em ferro fundido;
II.20.3) execução da urbanização da área de captação;
II.20.4) cadastramento da adutora de água bruta que deverá conter diâmetro e comprimento dos
trechos executados;
II.20.5) funcionamento definitivo do sistema, inclusive término e instalação dos equipamentos da
casa de química, pois esta só funcionou para realização de testes;
II.20.6) instalação do portão de pedestre e limpeza na área da E.T.A.;
II.20.7) cadastramento da rede de distribuição que deverá conter diâmetro e comprimento dos
trechos executados, bem como localização das caixas de proteção dos registros;
II.20.8) cadastro das ligações domiciliares que deverá conter nome e endereço dos beneficiados;
II.20.9) ART – Anotação de Responsabilidade Técnica de fiscalização da obra por parte de técnico
da prefeitura;
II.20.10) ART – Anotação de Responsabilidade Técnica de execução da obra;
II.20.11) Posse da área da E.T.A. e da captação;
II.20.12) licença de operação emitida pelo órgão ambiental – Fema – para captação;
II.20.13) análise física, química e bacteriológica da água após realização de tratamento;
II.20.14) laudo de sondagem para execução da base do reservatório.
II.21) verificação de que a obra encontrava-se paralisada em 4.5.2004, com o percentual de
execução de 85%, com risco de que os serviços realizados sejam perdidos devido à falta de intenção real
do funcionamento do sistema;
II.22) não atendimento ao objetivo do convênio, uma vez que o sistema não entrou em
funcionamento e a população de Confresa/MT não foi beneficiada com o fornecimento de água tratada;
II.23) apresentação de informação falsa na prestação de contas apresentada pela Prefeitura de
Confresa/MT, em razão da divergência nos beneficiários dos cheques mencionados (vide quadro à fl.
564, v. 2);
II.24) execução concomitante e conjunta de dois convênios com o mesmo objeto, dificultando o
controle da aplicação dos recursos e obstando o estabelecimento de nexo causal entre os valores
repassados e os dispêndios realizados à conta dos ajustes.”
3. Após analisar a defesa dos responsáveis, a 7ª Secex propõe:
a) declarar a revelia de Iron Marques Parreira;
b) rejeitar as alegações de defesa da Enerplan Construções e Comércio Ltda.;
c) acatar as razões de justificativa de Celso Tadeu de Azevedo Silveira;
d) acatar, em parte, as razões de justificativa de Mauro Ricardo Machado Costa, Antônio Leopoldo
Frota Magalhães e Carmen Lúcia Miranda Silveira;
e) julgar irregulares as contas de Iron Marques Parreira;
f) condenar, solidariamente, Iron Marques Parreira e a Enerplan Construções e Comércio Ltda. ao
pagamento aos cofres da Funasa dos valores abaixo relacionados:
708
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
c) a terceira e última parcela foi liberada apenas 22 dias após a segunda, e ambas foram
repassadas no mês de dezembro (em 4.12.2001 e 26.12.2001, respectivamente), sendo razoável
considerá-la como parte da segunda parcela, principalmente considerando que não há previsão expressa
na IN/STN nº 01/1997 para hipóteses de liberação em períodos menores que um mês em casos de
indisponibilidade financeira do órgão e não por escolha do gestor. Dessa forma, seria desarrazoado
apenar o gestor por interpretação extensiva da norma.”
8. Terceiro, a renúncia de Iron Marques Parreira ao cargo de prefeito, em 06/12/2003, não justifica a
inexecução parcial do sistema de abastecimento de água, haja vista que a vigência do convênio teve início
em 18/01/2001 e término em 23/02/2003, com prazo para prestar contas até 24/04/2003.
9. Quarto, mesmo tendo tempo suficiente durante a sua gestão e tendo sido instado pelo concedente
a cumprir integralmente o convênio e a corrigir as irregularidades apontadas, o ex-prefeito não tomou
medidas para garantir a execução total e o funcionamento do sistema.
10. Quinto, as fiscalizações realizadas pela CGU e pela Funasa em 2003 e 2004 mostraram que a
parte executada do objeto pactuado não trouxe qualquer benefício à população do município e a obra
encontrava-se paralisada.
11. Sexto, a execução parcial do objeto acordado, sem qualquer uso ou proveito à comunidade, não
pode ser aceita para abatimento do débito, uma vez que não se solucionou o problema da população a ser
beneficiada nem houve melhoria da infraestrutura básica municipal.
12. Sétimo, o percentual de 85% de execução da obra não atinge o objetivo do convênio, que é
fornecer água tratada para a população de Confresa/MT.
13. Oitavo, considerando as características da situação em exame e tendo em vista que não se
verificou a ocorrência de fraude na licitação, o Tribunal estaria agindo com extremo rigor, caso decidisse
inabilitar o ex-prefeito e declarar a inidoneidade da empresa.
14. Por último, não cabe declarar a revelia de Iron Marques Parreira, por não ter sido fixado prazo
para o seu representante corrigir o vício identificado no documento que apresentou as alegações de
defesa, conforme o disposto no art. 145, § 1º, do Regimento Interno. Acrescento que o advogado do ex-
dirigente solicitou e obteve prazo adicional de 90 dias para prestar outros esclarecimentos, mas não
encaminhou nova defesa.
15. Em razão da gravidade das ocorrências, inclusive as apuradas pela Secretaria Federal de
Controle Interno/Controladoria-Geral da União, aprovo a proposta de julgar irregulares as contas de Iron
Marques Parreira, com a condenação ao pagamento do débito solidariamente com a Enerplan Construções
e Comércio Ltda., equivalente ao total dos recursos repassados, e a aplicação individual a esses
responsáveis da multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/1992, no valor de R$ 130.000,00.
Assim sendo, acolho o parecer do Ministério Público e voto por que o Tribunal adote o acórdão que
ora submeto ao Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
Carmen Lúcia Miranda Silveira (ex-Coordenadora Geral de Convênios, CPF 305.370.881/72) e Enerplan
Construções e Comércio Ltda. (CNPJ 01.776.894/0001-79).
4. Unidade: Prefeitura Municipal de Confresa/MT
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
7. Unidade Técnica: 7ª Secex (extinta)
8. Advogados constituídos nos autos: Amauri Martins Fontes – OAB/MT n° 4.837-A e José
Augusto de Lima Gantois – OAB/DF n° 9.820.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada em decorrência
do não cumprimento do objeto do Convênio nº 2142/2000, celebrado entre a Funasa e o Município de
Confresa/MT, tendo por objeto a execução de um sistema de abastecimento de água.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das
razões expostas pelo Relator, com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, inciso III, alíneas “b” e “c” e § 3º;
19, caput; 23, inciso III; 28, inciso II; e 57 da Lei nº 8.443/1992 e no art. 214, inciso III, alínea “a”, do
Regimento Interno, em:
9.1. excluir a responsabilidade de Celso Tadeu de Azevedo Silveira no presente processo;
9.2. aceitar as razões de justificativa de Mauro Ricardo Machado Costa, Antônio Leopoldo Frota
Magalhães e Carmen Lúcia Miranda Silveira;
9.3. julgar irregulares as contas de Iron Marques Parreira e condená-lo solidariamente com a
Enerplan Construções e Comércio Ltda. ao pagamento das quantias especificadas a seguir, fixando-lhes o
prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento
das dívidas aos cofres da Fundação Nacional de Saúde, acrescidas da correção monetária e dos juros de
mora calculados a partir das datas indicadas até a do efetivo recolhimento, na forma da legislação em
vigor:
Data Valor (R$)
05/11/2001 233.333,33
07/12/2001 233.333,33
02/01/2002 233.333,34
9.4. aplicar individualmente a Iron Marques Parreira e à Enerplan Construções e Comércio Ltda.
multa de R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro
Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se
forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.5. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
9.6. remeter cópia deste acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, à
Procuradoria da República no Estado de Mato Grosso, para as providências que entender cabíveis.
9.7. recomendar ao Ministério da Fazenda, ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e
ao Ministério da Ciência e Tecnologia que incluam, na Portaria Interministerial MF/MPOG/MCT nº
127/2008, que regulamenta os convênios e contratos de repasse federais, previsão explícita no sentido de
que, nos casos de parcelamento dos repasses por força de indisponibilidade financeira por
contingenciamento de recursos, deve-se adequar o convênio ao mecanismo de prestação de contas
previsto nessa portaria, exceção feita nos casos em que o desdobramento ocorra em curto espaço de
tempo, inferior a 30 (trinta) dias, o qual deve ser tratado como parcela única.
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues, Augusto Nardes, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro, José Jorge e José Múcio Monteiro
(Relator).
13.2. Ministro-Substituto convocado: Marcos Bemquerer Costa.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
Trata-se de auditoria nas obras de ampliação e readequação da Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), que envolvem verbas da ordem de R$ 14.529.652,74. O
empreendimento está previsto no Programa de Trabalho nº 12.364.1073.11N9.0031 do Orçamento 2011.
2. Reproduzo, a seguir, os principais achados de auditoria identificados pela equipe da 1ª Secob,
bem como a proposta de encaminhamento por ela sugerida:
“3 - ACHADOS DE AUDITORIA
3.1 - Julgamento ou classificação das propostas em desacordo com os critérios do edital ou da
legislação.
(...)
3.1.2 - Situação encontrada:
A proposta que se sagrou vencedora na Concorrência nº 13/2008 e que resultou no Contrato nº
74/2008, para construção do prédio das ciências básicas e saúde, deveria ter sido desclassificada, em
virtude de não ter atendido ao critério de aceitabilidade de preço global expressamente previsto na
licitação.
712
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Consoante as condições 4.9.c e 6.10 do edital da Concorrência nº 13/2008, a proposta com valor
global superior ao do orçamento estimado pela Administração, de R$ 4.841.398,91, seria objeto de
desclassificação.
Por ocasião da abertura das propostas, em 21/11/2008, tendo sido constatado que a única
empresa habilitada, Baracho e Souza Engenharia e Comércio Ltda., ofertou preço global de R$
5.394.814,28, a Comissão de Licitação promoveu sua desclassificação.
Em seguida, com a abertura do prazo de oito dias úteis para apresentação de nova proposta isenta
do motivo que ensejou a recusa da oferta inicial, conforme faculdade albergada no art. 48, § 3º, da Lei nº
8.666/1993, a aludida licitante ofereceu, em 9/12/2008, nova proposta, de R$ 5.320.925,38, com valor
global inferior à primeira, mas ainda superior ao orçado pela Administração. Diante desse impasse, o
Reitor, mediante despacho monocrático, em 19/12/2008, declarou vencedora essa última proposta sem
que fosse observado o limite de aceitabilidade de preço global previamente definido no ato convocatório.
(...)
3.1.8 - Conclusão da equipe:
A decisão de contratar a empresa Baracho e Souza Engenharia e Comércio Ltda. pelo valor de R$
5.320.925,38, configura, a princípio, a prática de ato ilegal porque, ante a inobservância de critério de
aceitabilidade de preço global expressamente identificado nos itens 4.9.c e 6.10 do edital da
Concorrência nº 13/2008, o gestor não teria como adotar outra decisão que não fosse a desclassificação
da referida proposta, conforme exige o art. 48, inciso II, da Lei nº 8.666/1993. Tal situação indica ainda
que restou comprometido o atendimento aos princípios licitatórios do julgamento objetivo e da
vinculação ao instrumento convocatório (art. 3º, caput).
Tendo em vista que o valor global original da contração, embora seja superior ao orçamento que
serviu de referência para sua licitação, manteve-se abaixo do preço praticado no mercado, com desconto
médio de 18,75% em relação ao Sinapi (desconto obtido após análise por Curva ABC de 82,56% da
planilha orçamentária), verifica-se que não houve dano ao erário. Portanto, para a análise definitiva da
matéria, entende-se suficiente propor a audiência do responsável, no intuito de colher suas razões de
justificativas para o ato praticado.
3.1.9 - Responsável:
Nome: Pedro Ângelo Almeida Abreu - CPF: 061.536.073-49 - Cargo: Reitor (desde 10/7/2007)
(...)
3.2 - Acréscimos ou supressões em percentual superior ao legalmente permitido.
(...)
3.2.2 - Situação encontrada:
O valor do Contrato nº 74/2008, para construção do prédio das ciências básicas e saúde, foi
objeto de acréscimos que alcançam o patamar de 39,3%.
O contrato em destaque tem valor original de R$ 5.320.952,38. Por meio do Termo Aditivo nº
2/2011, a UFVJM consolidou todas as alterações promovidas na planilha orçamentária original ao
longo da execução da obra, atualizando seu valor global para R$ 6.384.277,35. Ademais, esse aditivo,
por conta da exclusão de serviços e redução de quantitativos, evidenciou supressões que totalizaram a
quantia de R$ 1.026.486,38.
De acordo com o entendimento prevalecente no âmbito do TCU, para fins de observância dos
limites de alterações contratuais previstos no art. 65, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, é vedado qualquer tipo
de compensação entre o total das supressões e dos acréscimos.
Desse modo, no presente caso, levando-se em conta que a elevação contratual totalizou R$
2.089.811,35 (R$ 6.384.277,35 - R$ 4.294.466,00), o que representa acréscimos de 39,3% em relação ao
valor original contratado (R$ 2.089.811,35 / R$ 5.320.952,38), houve infração ao disposto no art. 65, §
2º, da Lei 8.666/1993 e à jurisprudência do TCU (Acórdão nº 749/2010 - Plenário).
(...)
3.2.8 - Conclusão da equipe:
O fato relatado afronta o disposto no art. 65, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, porque o valor dos
acréscimos contratuais extrapolou o limite legal de 25%, conforme verificado a partir do cálculo que não
713
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
permitiu a compensação do total das supressões realizadas. Esse critério de cálculo encontra-se
consonante com a jurisprudência do TCU (Acórdão nº 749/2010 - Plenário).
Em que pese a gravidade de tal situação, com elevado número de exclusões, reduções, aumentos e
inovações de quantitativos na planilha orçamentária, o risco potencial de dano ao erário não se
concretizou pois os preços unitários e global mantiveram-se compatíveis com o mercado (Sinapi). Por
conta desse contexto, para o prosseguimento da análise dessa matéria, entende-se suficiente propor a
audiência dos responsáveis pela prática do ato irregular.
3.2.9 - Responsável:
Nome: Diógenes Henrique Peixoto da Silva - CPF: 838.614.401-72 - Cargo: Superintendente de
Infraestrutura (desde 27/9/2010)
(...)
3.3 - Ausência de termo aditivo formalizando alterações das condições inicialmente pactuadas.
(...)
3.3.2 - Situação encontrada:
Durante a execução dos Contratos nºs 27/2009, do prédio das engenharias, e 74/2008, do prédio
das ciências básicas e da saúde, foram realizados, medidos e pagos serviços qualitativa e
quantitativamente diversos dos constantes da planilha contratada. Apenas após o pagamento é que foram
celebrados os termos aditivos para formalização das modificações realizadas, caracterizando a
existência de contrato verbal nesse período, vedado pelo parágrafo único do art. 60 da Lei de Licitações.
Conforme as medições da obra de construção do prédio das Ciências Básicas e Saúde, verifica-se
que foram medidos e pagos serviços que não constavam na planilha orçamentária da proposta vencedora
da licitação, nem em termo aditivo celebrado posteriormente à contratação. Ainda, foram medidos
serviços que constavam da proposta inicial em quantidade superior à contratada. Para exemplificar, é
oportuno citar a instalação de bancadas de ardósia e a cobertura de telhas cerâmicas com estrutura de
madeira, que totalizaram o pagamento de R$ 354.873,84 sem que constassem da planilha contratada.
Ainda, o serviço de aterro manual compactado foi contratado originalmente em 1.176,58 m³, a
quantidade foi ampliada mediante o termo aditivo 2/2009 em 1.795 m³ e foram medidos 15.579,54 m³
(dos quais, 5.976,66 m³ em abril de 2011). A formalização dessas alterações citadas se deu mediante o
Termo Aditivo nº 02/2011, de 20/5/2011, portanto celebrado após a execução, medição e pagamento
desses novos serviços ou quantitativos alterados.
Na obra de construção do Prédio das Engenharias foram medidos e pagos serviços de
impermeabilização e revestimento de gesso, dentre outros, sem a prévia formalização por meio de termo
aditivo ao contrato.
A ausência de formalização das alterações contratuais ainda prejudica o controle da diferença
percentual entre o valor global do contrato inicial e o obtido a partir dos custos unitários referenciais
que, de acordo com as Leis de Diretrizes Orçamentárias publicadas desde 2009, não pode ser reduzida,
em favor do contratado, em decorrência de aditamentos que modifiquem a planilha orçamentária.
É oportuno ressaltar que apesar da execução dos serviços antes da formalização de sua
contratação, foi verificado que os preços pagos e posteriormente formalizados estão de acordo com
mercado, sendo inferiores ao referencial oferecido pelo Sinapi.
(...)
3.3.8 - Conclusão da equipe:
Em função da prática, verificada quando da análise documental e da inspeção física, de pagar por
novos serviços e quantitativos antes da formalização de sua contratação, propõe-se ciência, nos termos
da Portaria-Segecex nº 13, de 27/4/2011, à UFVJM da vedação dessa prática e de que observe a vedação
da redução, em favor do contratado, em decorrência de aditamentos que modifiquem a planilha
orçamentária, da diferença percentual entre o valor global do contrato e o obtido a partir dos custos
unitários referenciais, de acordo com as LDO publicadas desde 2009 e atualmente com o art. 127, §§ 5°,
inciso I, e 6°, inciso IV, da LDO 2011.
3.4 - Projeto básico deficiente ou desatualizado.
(...)
714
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
deficiência verificada. Dessa forma, como já houve a adoção das providências suficientes pela
Administração, justifica-se a ausência de audiência do responsável e propõe-se ciência, nos termos da
Portaria-Segecex nº 13, de 27/4/2011, à UFVJM da necessidade de concluir os projetos antes da
deflagração dos respectivos processos licitatórios para contratação da execução das futuras obras,
consoante os requisitos prestigiados no art. 6º, inciso IX, da Lei nº 8.666/1993.
3.5 - Inadequação ou inexistência dos critérios de aceitabilidade de preços unitário e global.
(...)
3.5.2 - Situação encontrada:
Inexistência de critérios de aceitabilidade de preços unitários.
Quanto aos editais da Concorrência nº 13/2008 (edificação do prédio das ciências básicas e
saúde) e nº 7/2009 (edificação do prédio das engenharias), verificou-se que não houve, para fins de
julgamento das propostas, especificação de qualquer limite máximo para os preços unitários dos serviços
que fizeram parte de suas respectivas planilhas orçamentárias. Apenas houve indicação de critério de
aceitabilidade para o preço global, já que tais editais previram a desclassificação das propostas com
valor superior ao orçado pela Administração. Tal situação configurou desobediência ao art. 40, inciso X,
da Lei nº 8.666/1993, bem como afronta à jurisprudência deste Tribunal, consolidada na Súmula-TCU nº
259.
(...)
3.5.8 - Conclusão da equipe:
Restou devidamente caracterizado o fato de que os editais das Concorrências nºs 13/2008 e 7/2009
não compreenderam qualquer regra para aceitação de preços unitários.
Ao contrário do que sugere a interpretação literal do art. 40, inciso X, da Lei nº 8.666/1993, é
obrigação do gestor, não se encontrando no âmbito de sua discricionariedade, a fixação no edital dos
preços máximos unitários e global, ainda que a licitação seja para contratação de obra no regime de
empreitada por preço global. Isso porque a fixação de limites máximos constitui fator ordenador da
licitação, uma vez que evita uma disparidade exagerada dos preços unitários e global constantes das
propostas, situação que poderia predispor a futura contratação a alterações indevidas.
A jurisprudência desta Corte de Contas, que se encontra consolidada na Súmula nº 259, é no
sentido de que o estabelecimento nos editais de critérios de aceitabilidade de preços unitários, com a
fixação de preços máximos, é imprescindível em todas as contratações de obras.
No presente caso, entendemos que a irregularidade ora discutida se reveste de natureza formal.
Primeiro, porque as licitações não resultaram em dano ao erário. Em que pese a omissão, a análise das
propostas vencedoras (Curva ABC) revelou que os preços unitários se encontravam compatíveis com o
mercado (Sinapi). Segundo, a UFVJM, nos certames licitatórios recentes para execução de obras, já
aperfeiçoou seus editais, indicando expressamente limite máximo para aceitação de preços unitários. Por
conta desse contexto, entendemos razoável propor ciência ao órgão auditado, nos termos da Portaria-
Segecex nº 13, de 27/4/2011, a fim de reforçar a obrigação de especificar, nos editais de obras, os
critérios de aceitabilidade de preços unitários.
3.6 - O orçamento não é acompanhado das composições de todos os custos unitários de seus
serviços no Edital / Contrato / Aditivo.
(...)
3.6.2 - Situação encontrada:
Os orçamentos das obras fiscalizadas - Prédio das Engenharias, Prédio das Ciências Básicas e
Restaurante Universitário - não estão devidamente detalhados, visto que não contém as composições
analíticas de seus custos unitários, bem como do BDI e dos encargos sociais.
Do exame dos certames licitatórios destinados à execução de obras (Concorrências nºs 13/2008,
7/2009 e 26/2010), constatou-se que os respectivos editais traziam apenas orçamentos sintéticos, com a
simples indicação dos serviços necessários, seus preços unitários e valor global da obra. Todos estavam
desacompanhados das composições analíticas de seus custos unitários, bem como do detalhamento dos
encargos sociais e do BDI que lhe serviram de referência. Ademais, excetuando a exigência de entrega
da composição do BDI no âmbito da Concorrência nº 26/2010, a UFVJM não condicionou nos editais,
716
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
para fins de julgamento, que a planilha orçamentária da proposta que fosse apresentada viesse
obrigatoriamente complementada com as retrocitadas peças de detalhamento.
(...)
3.6.8 - Conclusão da equipe:
Pelo exposto, restou confirmado que os orçamentos das obras sob exame devem ser objeto de
ressalvas, pois não se fizeram acompanhar das composições analíticas de todos os seus custos unitários,
bem como da indicação e detalhamento do BDI e encargos sociais que impactaram o preço final de tais
contratações.
A elaboração de uma planilha orçamentária de quantitativos e preços unitários que não esteja
acompanhada das composições de seus custos unitários, do BDI e encargos socais utilizados, bem como
a falta de exigência editalícia no sentido das licitantes apresentarem proposta com tais elementos,
configura a inexistência de orçamento detalhado, afrontando, desse modo, o art. 6º, inciso IX, alínea ‘f’;
art. 7º, § 2°, inciso II; e art. 40, § 2º, inciso, da Lei nº 8.666/1993.
A jurisprudência deste Tribunal, que se encontra consolidada na Súmula nº 258/2010, salienta a
obrigatoriedade de que as composições acima destacadas integrem a proposta exigida das licitantes e o
orçamento do projeto básico da obra licitada.
É oportuno ressaltar que a UFVJM, nos certames licitatórios recentes, já aperfeiçoou
parcialmente seus editais, exigindo dos licitantes, pelo menos, o detalhamento do BDI (itens 4.7 e 4.8 do
edital da Concorrência nº 26/2010). Ademais, nos casos examinados, não se detectou a ocorrência de
dano ao erário, estando os preços unitários e global compatíveis com os praticados no mercado (Sinapi).
Diante desse contexto, entendemos suficiente propor ciência ao órgão auditado, nos termos da Portaria-
Segecex nº 13, de 27/4/2011, a fim de que, nos editais de obras, disponha e exija todos os elementos
necessários para que o orçamento seja adequadamente detalhado.
3.7 - Restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados de habilitação e
julgamento.
(...)
3.7.2 - Situação encontrada:
No exame dos editais das obras fiscalizadas, constatou-se que diversos requisitos de habilitação
não se configuraram indispensáveis ao cumprimento do objeto, conforme o mandamento do art. 37,
inciso XXI, da CF, bem como extrapolaram os limites fixados na Lei nº 8.666/1993 (arts. 27 a 31) e
contrariaram vasta jurisprudência deste Tribunal.
Nesse sentido, cabe destacar os seguintes fatos:
a) no intuito de aferir a capacidade técnico-operacional das licitantes, no âmbito da Concorrência
nº 13/2008 (prédio das Ciências Básicas e Saúde), exigiu-se quantitativos mínimos (50% do estimado)
para os serviços mais relevantes. Das duas empresas participantes, uma foi inabilitada pelo
descumprimento de tal exigência. Contudo, ao longo da execução contratual, dois serviços que fizeram
parte da qualificação técnica (fundação em estaca escavada e cobertura em estrutura metálica) não
foram efetivamente executados;
b) nas Concorrências nºs 13/2008, 7/2009 (prédio das engenharias) e 26/2010 (Restaurante
Universitário Teófilo Otoni), necessidade de se comprovar o vínculo empregatício do responsável técnico
detentor dos atestados técnico-profissional com a empresa licitante;
c) nas Concorrências nºs 13/2008, 7/2009 e 26/2010, exigiu-se das licitantes a visita pessoal do
responsável técnico ao local da obra, não se admitindo uma declaração de ciência das condições do
local; e
d) nas Concorrências nºs 13/2008 e 7/2009, obrigou-se que a licitante apresentasse garantia de
proposta (1% do valor global do orçamento-base), em conjunto com a comprovação de capital social
mínimo de 10% do valor orçado.
(...)
3.7.8 - Conclusão da equipe:
Os editais analisados compreenderam condições de habilitação impertinentes que, em regra,
restringem o caráter competitivo do certame licitatório.
717
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
8.666/1993 e prejudicando o controle da diferença percentual entre o valor global do contrato e o obtido
a partir dos custos unitários referenciais, que não pode ser reduzida, em favor do contratado, em
decorrência de aditamentos que modifiquem a planilha orçamentária, de acordo com as LDO publicadas
desde 2009 e atualmente com o art. 127, § 5°, inciso I, e § 6°, inciso IV, da LDO 2011;
b) realização das Concorrências nºs 13/2008, 27/2009 e 26/2010 cujos objetos são,
respectivamente, a construção do Prédio das Ciências Básicas e Saúde, do Prédio das Engenharias e do
Restaurante Universitário, sem a existência de projeto básico com nível de precisão adequado para
caracterizar os objetos das licitações, em dissonância com os requisitos constantes no art. 6º, inciso IX,
da Lei nº 8.666/1993;
c) ausência de critério de aceitabilidade dos preços unitários e global nos editais das
Concorrências nºs 13/2008 e 27/2009, em desacordo com o disposto no art. 40, inciso X, da Lei nº
8.666/1993, e com o entendimento deste Tribunal, consolidado na Sumula-TCU nº 259, de 2010;
d) ausência das composições de custos unitários e do detalhamento dos encargos sociais
considerados nos orçamentos de referência das Concorrências nºs 13/2008, 27/2009 e 26/2010, e do
detalhamento do BDI considerado nos orçamentos de referência das Concorrências nºs 13/2008 e
27/2009, além da ausência de previsão nesses três editais da obrigatoriedade de fornecimento dessas
informações nas propostas dos licitantes, em desacordo com o que estabelece o art. 6º, inciso IX, alínea
‘f’; art. 7º, § 2°, inciso II; e art. 40, § 2º, inciso II, da Lei nº 8.666/1993; e em dissonância com o
entendimento deste Tribunal, consolidado na Súmula nº 258, de 2010;
e) exigência nos editais das Concorrências nºs 13/2008, 27/2009 e 26/2010 de condições de
qualificação técnica e econômico-financeira prescindíveis à realização do objeto licitado, em
dissonância com o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, e com os arts. 27 a 31 da Lei nº
8.666/1993, tais como: realização de quantitativos mínimos de serviços desnecessários à realização do
objeto; necessidade do responsável técnico detentor dos atestados técnico-profissional ter vínculo
empregatício com a licitante; realização de prévia visita técnica pessoal ao local da obra; necessidade
de prestação de garantia da proposta e demonstração de capital social mínimo cumulativamente;
Comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que não foram detectados indícios de irregularidades que se enquadram no disposto no inciso
IV do §1º do art. 94 da Lei nº 12.309/2010 (LDO/2011), nos Contratos nºs 74/2008, 27/2009 e 12/2011
da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).”
3. As conclusões do relatório de auditoria contaram com a aprovação das instâncias diretivas da 1ª
Secob.
É o relatório.
VOTO
Diógenes Henrique Peixoto da Silva, Superintendente de Infraestrutura, por ter aditado contrato com
acréscimo de 39,3%, acima do permitido legalmente.
4. Apesar de reconhecer a qualidade do trabalho desenvolvido pelos auditores do Tribunal e
concordar com suas análises, acredito que as propostas de encaminhamento merecem alguns reparos,
pelos motivos que passo a expor.
I
5. Como apontado pela unidade técnica, a proposta apresentada pela empresa Baracho e Souza
Engenharia e Comércio Ltda. para a construção do prédio das Ciências Básicas e Saúde, no montante de
R$ 5.320.925,38, apesar de superior ao valor orçado pela Administração, R$ 4.841.398,91, foi 18,75%
inferior ao Sinapi, referência adotada pela LDO 2011 para os preços de obras públicas.
6. O desconto significativo verificado em relação aos preços do Sinapi é indicativo que o valor
contratado foi adequado e a pesquisa de preços realizada pela universidade não refletiu a realidade do
mercado.
7. Assim, não vejo razão para a condenação do reitor por ter adjudicado a licitação à empresa
vencedora, uma vez que o comportamento oposto, de ter anulado a concorrência, conduziria apenas a
atrasos e mais despesas com novo procedimento licitatório, sem nenhuma vantagem evidente, nem a
garantia de obtenção de preços mais vantajosos. Assim, uma vez que não se constata nenhum prejuízo à
Administração, acredito não ser necessário promover a audiência do gestor em relação a esta questão.
II
8. Durante a construção desse mesmo prédio, o Superintendente de Infraestrutura, Diógenes
Henrique Peixoto da Silva, assinou termo aditivo para a inclusão ou aumento de diversos serviços e
quantitativos, com elevação de R$ 2.089.811,35 no custo do contrato, bem como diminuição e supressão
de itens, no montante de R$ 1.026.486,38, resultando em um preço final de R$ 6.384.277,35.
9. Conquanto o aumento no preço, considerando apenas os valores inicial e final, ter sido de
19,98%, a unidade técnica, utilizando os critérios do Acórdão nº 749/2010 – Plenário, que consolidou o
entendimento no sentido de ser vedada a compensação das supressões no cálculo da majoração, verificou
que os acréscimos contratuais atingiram 39,3%, acima dos 25% tolerados pela lei. Portanto, deve ser
promovida a audiência do responsável para que apresente suas razões de justificativa, como proposto pela
1ª Secob.
10. Observo, entretanto, que essa irregularidade não parece estar restrita à assinatura do termo
aditivo, tendo origens mais remotas.
11. Como verificado em todas as licitações analisadas pelos auditores do Tribunal, a concorrência
para construção do prédio das Ciências Básicas e Saúde foi realizada apenas com o projeto arquitetônico
básico da edificação. Não havia sondagem, projetos de fundação, estrutural, hidrossanitário, elétrico,
prevenção e combate à incêndio e nem mesmo o projeto arquitetônico detalhado.
12. Após a empresa contratada ter realizado os projetos necessários à execução da obra, constatou a
necessidade de diversas modificações, como no caso da fundação, alterada de estacas escavadas para
sapatas armadas, e a cobertura, inicialmente prevista para ser metálica e que passou a utilizar telhas
cerâmicas com estrutura em madeira. Além disso, a topografia do terreno exigiu que o serviço de aterro
manual compactado aumentasse de 1.176,58m³ para 15.579,54m³. Parte significativa do aumento
observado no contrato decorre desses ajustes, cuja raiz está na deficiência do projeto básico utilizado na
licitação.
13. Essa questão não passou despercebida à equipe de auditoria, que assinalou a má qualidade dos
projetos básicos utilizados pela UFVJM. Contudo, a correção dessa falha nas novas licitações, com a
contratação de empresa especializada para elaboração de projetos básicos/executivos, fez com que a
ocorrência fosse considerada como menos lesiva, levando apenas à proposta de emissão de alerta à
entidade, sem identificar os responsáveis pela irregularidade.
14. O erro, entretanto, acabou levando ao cometimento de ilegalidades mais graves, não podendo
ser relevado. Assim, deve ser solicitado à 1ª Secob que identifique os responsáveis pela irregularidade,
promovendo sua audiência.
***
720
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Diante do exposto, divirjo parcialmente, pelas razões expostas, da proposta da unidade técnica e
voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto a este Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
1. Processo nº TC 014.337/2011-8.
2. Grupo II – Classe V – Auditoria de Obra
3. Interessado: Congresso Nacional
4. Unidade: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: 1ª Secob
8. Advogado constituído nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria nas obras de ampliação e readequação da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), previstas no Programa de Trabalho
nº 12.364.1073.11N9.0031 do Orçamento 2011.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, com
fundamento nos arts. 43, inciso I, e 45 da Lei nº 8.443/1992, c/c os arts. 250, incisos III e IV, e 251 do
Regimento Interno, e ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. promover a audiência de Diógenes Henrique Peixoto da Silva, Superintendente de
Infraestrutura da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), para que, no
prazo de quinze dias, apresente razões de justificativa em relação à aprovação do Termo Aditivo nº
002/2011 ao Contrato nº 74/2008, com acréscimo de 39,3% ao valor originalmente contratado, em
desacordo com os limites dispostos no art. 65, inciso II, alínea ‘d’, §§ 1° e 2°, da Lei nº 8.666/1993;
9.2. determinar a identificação dos responsáveis pela realização da Concorrência nº 13/2008 sem a
existência de projeto básico com nível de precisão adequado para caracterizar os objetos da licitação,
promovendo sua audiência para que, no prazo de quinze dias, apresentem razões de justificativa em
relação a esse ato, praticado em afronta ao disposto no art. 6º, inciso IX, da Lei nº 8.666/1993;
9.3. dar ciência à UFVJM sobre as seguintes impropriedades constatadas durante a auditoria, para
que proceda às correções necessárias:
9.3.1. realização das Concorrências nºs 13/2008, 27/2009 e 26/2010 cujos objetos são,
respectivamente, a construção do Prédio das Ciências Básicas e Saúde, do Prédio das Engenharias e do
Restaurante Universitário, sem a existência de projeto básico com nível de precisão adequado para
caracterizar os objetos das licitações, em dissonância com os requisitos constantes no art. 6º, inciso IX, da
Lei nº 8.666/1993;
9.3.2. alteração dos Contratos nºs 74/2008 e 27/2009, cujos objetos são, respectivamente, a
construção do Prédio das Ciências Básicas e Saúde e do Prédio das Engenharias, sem respaldo de termo
aditivo, em dissonância com o disposto no parágrafo único do art. 60 da Lei nº 8.666/1993 e prejudicando
o controle da diferença percentual entre o valor global do contrato e o obtido a partir dos custos unitários
referenciais, que não pode ser reduzida, em favor do contratado, em decorrência de aditamentos que
modifiquem a planilha orçamentária, de acordo com as LDO publicadas desde 2009 e atualmente com o
721
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
Contextualização do tema
15. O registro de medicamentos é uma das atividades que compõem o SNVS e se constitui no
instrumento por meio do qual o Ministério da Saúde determina a inscrição prévia de todos os fármacos a
serem comercializados no país. O registro é realizado na Anvisa, que é a entidade competente para
avaliar o cumprimento das normas de caráter jurídico-administrativo e técnico-científico relacionadas
com a eficácia, segurança e qualidade destes produtos, para sua introdução no mercado e sua
comercialização ou consumo (Decreto nº 79.094/1977, o qual regulamenta a Lei nº 6.360/1976, com a
redação alterada pelo Decreto nº 3.961/2001).
16. Entre os instrumentos mais importantes do controle sanitário e da regulação oficial está o
registro de medicamentos, que tem a finalidade de garantir que só cheguem ao comércio produtos
eficazes e seguros (SAID, 2004, p.03). O registro de medicamentos constitui a base de informações para
todo o SNVS. Esta base é útil para a vigilância sanitária desenvolver suas ações de controle e
fiscalização dos medicamentos consumidos no país.
17. A instituição das Boas Práticas de Fabricação (BPF) veio acrescentar ao processo de
concessão de registro o diagnóstico das condições de produção que a empresa solicitante alega ter, além
de exigir a auto-inspeção para manter padrões de qualidade aceitáveis. Essas condições devem ser
verificadas com a realização de inspeções nas plantas produtivas, cujo resultado é utilizado como
informação para a análise do registro de medicamento. A autoridade sanitária federal emite, então, o
Certificado de Cumprimento de Boas Práticas de Fabricação e Controle, o qual licencia o
estabelecimento interessado para o registro de produto ou para a participação em licitações públicas. A
certificação baseia-se nas inspeções realizadas por estados e municípios, conforme o grau de
descentralização das ações.
18. Além disso, o registro de medicamento deve ser pensado em consonância com outros
instrumentos, que complementam a ação da vigilância sanitária, quais sejam: a) o monitoramento do
processo produtivo, mediante inspeções sistemáticas nas plantas de produção; e b) o monitoramento do
produto acabado, mediante checagem laboratorial das especificações de identidade e qualidade, além da
vigilância farmacológica e dos estudos de utilização de medicamentos (LUCCHESI, 1997 apud SAID,
2004, p.42).
19. Para a fase pré-registro, a Anvisa habilita laboratórios para conduzir os estudos voltados a
testar a eficácia e segurança dos medicamentos. O suporte laboratorial, portanto, é um instrumento
valioso da vigilância sanitária. Em 2010, o SNVS contava com um laboratório federal, o Instituto
Nacional de Controle da Qualidade em Saúde (INCQS), e com uma rede de 27 laboratórios estaduais.
20. No Brasil, a categoria de genérico/similar representa grande parcela (72%) do total dos
medicamentos registrados em 2009, como demonstrado na Tabela 2. De acordo com o relatório de
gestão 2005-2010 elaborado pela Anvisa, houve, nos últimos dez anos, estímulo ao mercado de
genéricos, demonstrado no salto de 140 registros, em 2000, para mais de 3.000 (acumulado), em 2010,
no formato de mais de 16 mil apresentações e 350 fármacos diferentes.
Tabela 2 – Registro de medicamentos pela Anvisa, por categoria, em 2009.
Categoria Número registros (%)
Biológico 35 4,4
Dinamizados 10 1,3
Especifico 43 5,4
Fitoterápico/homeopático 25 3,1
Genérico/similar 571 71,8
Inovadores 89 11,2
Novo 22 2,8
Total 795 100%
Fonte: GGMED.
21. A Anvisa é uma das 10 organizações vencedoras do 13º Concurso Inovação na Gestão Pública
Federal em 2008, organizado e promovido pela Escola Nacional de Administração Pública, que premia
iniciativas criativas que contribuam para a melhoria dos serviços públicos prestados ao cidadão pelo
725
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
governo federal. A Agência concorreu com o relato ‘Revisão dos Procedimentos de Pós-Registro de
Medicamentos’.
22. A Anvisa também recebeu, em 2010, após um processo oficial de avaliação da Organização
Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), a pré-qualificação para o
seu reconhecimento oficial como Autoridade Reguladora Nacional (ARN). Essa certificação é
importante, pois permite à Anvisa participar de processos licitatórios do Fundo Estratégico da OMS, que
assegura um fluxo constante de medicamentos e insumos a custo reduzido para os programas prioritários
de saúde pública dos países associados.
23. Outra iniciativa foi a aceitação da candidatura da Anvisa como participante do
Pharmaceutical Inspetion Co-operation Scheme (PIC/S). A Agência ainda será submetida a uma
inspeção para sua incorporação ao grupo, que tem por missão liderar o desenvolvimento,
implementação e harmonização internacional de padrões de boas práticas de fabricação e sistemas de
qualidade de inspeções na área de produtos médicos. Em 2010, eram 39 as agências reguladoras que
integravam aquela organização internacional.
Aspectos orçamentários e de financiamento das ações
24. A Portaria/GM/MS nº 204/2007 regulamentou o financiamento e a transferência dos recursos
federais para as ações e serviços de saúde, na forma de blocos de financiamento. A Portaria/GM/MS nº
1.106/2010 atualizou a regulamentação das transferências de recursos financeiros federais do
componente de vigilância sanitária do Bloco de Financiamento de Vigilância em Saúde.
25. O financiamento das ações de vigilância sanitária é constituído por dois pisos: i) o Piso Fixo
de Vigilância Sanitária (PFVISA), que é formado por um piso estruturante, para os municípios e por um
piso estratégico, direcionado a estados, Distrito Federal e municípios, acrescidos dos valores relativos
ao Financiamento dos Laboratórios de Saúde Pública da Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância
Sanitária (Finlacen-Visa), com recursos oriundos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) e da Anvisa; e ii) o
Piso Variável de Vigilância Sanitária (PVVISA), constituído por incentivos específicos. Além disso, os
entes federados também recebem parcela da taxa de fiscalização de vigilância sanitária arrecadada pela
Anvisa.
26. Conforme o art. 6º da Portaria/GM/MS nº 1.106/2010, esses recursos e incentivos devem ser
utilizados nas ações descritas no Elenco Norteador, formado por um componente de estruturação e
fortalecimento da gestão e outro de ações estratégicas para o gerenciamento do risco sanitário, e que
irão compor o Plano de Ação em Vigilância Sanitária. Este plano é a ferramenta de planejamento
utilizada pela equipe da vigilância sanitária em articulação com a área de planejamento da secretaria de
saúde correspondente, para cumprir o Plano Diretor de Vigilância Sanitária (PDVISA).
27. O PDVISA foi discutido no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e ratificado
pelas Visas estaduais e municipais, representantes da academia e do Conselho Consultivo da Anvisa. O
documento decorrente das discussões foi pactuado na CIT e deliberado pelo Conselho Nacional de Saúde
em 14/02/2007.
28. De modo a reduzir a desigualdade existente na transferência desses recursos, os municípios
com população até 20.000 habitantes passaram a receber o Piso Municipal de Vigilância Sanitária,
integrante do PFVISA parte estruturante, no valor anual de R$ 7.200,00, para uso em ações de
estruturação dos serviços de vigilância sanitária. Em 2010, segundo informado pela Anvisa, do total de
5.564 municípios brasileiros, 3.430 realizaram ações de vigilância sanitária.
29. No Plano Plurianual (PPA) 2008/2011 foi criado o Programa Vigilância e Prevenção de
Riscos Decorrentes da Produção e do Consumo de Bens e Serviços (1289), com previsão de orçamento
de R$ 1,2 bilhão para os quatro anos. Ao todo, são oito ações que compõem o programa: 20BA –
Prevenção, Preparação e Enfrentamento para a Pandemia de Influenza; 7694 – Construção do Edifício-
Sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária; 12BH – Construção do Laboratório Oficial para
Análises e Pesquisas de Produtos Derivados de Tabaco; 6174 – Análise da Qualidade de Produtos e
Insumos de Saúde; 20AB – Incentivo Financeiro aos Estados, Distrito Federal e Municípios para
Execução de Ações de Vigilância Sanitária; 4641 – Publicidade de Utilidade Pública; 8719 – Vigilância
Sanitária de Produtos, Serviços e Ambientes, Tecidos, Células e Órgãos Humanos; e 6138 – Vigilância
726
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Sanitária em Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados. A divisão de recursos entre essas
ações é ilustrada no Gráfico 1.
Gráfico 1 – Recursos alocados ao Programa 1289, no PPA 2008-2011.
Fonte: Sigplan/MPOG.
30. A ação 20AB – Incentivo Financeiro aos Estados, Distrito Federal e Municípios para
Execução de Ações de Vigilância Sanitária é a ação de maior materialidade do programa, contando com
mais de R$ 600 milhões para os quatro anos do PPA 2008/2011. Tem por finalidade fortalecer a
capacidade de execução das ações descentralizadas de vigilância sanitária, por meio do repasse de
recursos financeiros destinados aos estados, municípios e Distrito Federal. Esses recursos são
transferidos aos fundos de saúde dos entes federados, como definido no artigo 41 da Portaria GM/MS nº
3.252/2009.
31. Já a ação 8719 – Vigilância Sanitária de Produtos, Serviços e Ambientes, Tecidos, Células e
Órgãos Humanos possui um orçamento de R$ 476 milhões no PPA 2008/2011, também repassados fundo
a fundo. Esta ação tem como objetivo garantir a qualidade sanitária de produtos e serviços sujeitos à
vigilância sanitária de forma a promover e prevenir riscos à saúde da população, que é base do suporte
laboratorial.
32. A Tabela 3 apresenta a execução orçamentária dessas duas ações, que são responsáveis por
mais de 87% dos recursos alocados para o programa em tela.
Tabela 3 – Execução orçamentária das ações 20AB e 8719, de 2008 a 2010.
Lei + Créditos Liquidado % da Execução
Ação 20AB
(R$ milhões) (R$ milhões) Orçamentária
2008 132,51 132,49 100%
2009 147,76 147,76 100%
2010 147,86 147,75 97%
Lei + Créditos Liquidado % da Execução
Ação 8719
(R$ milhões) (R$ milhões) Orçamentária
2008 116,98 114,52 98%
2009 121,69 120,83 99%
2010 130,09 113,58 87%
Fonte: Siafi Gerencial.
33. Vale destacar que as transferências de recursos financeiros para os estados, Distrito Federal e
municípios não se limitam apenas aos recursos da ação 20AB. De acordo com relatório do Núcleo de
Assessoramento em Descentralização das Ações de Vigilância Sanitária (NADAV), de setembro de 2010,
um percentual dos valores recebidos por meio da cobrança das taxas pela Anvisa também é repassado
aos entes federados.
34. Em 2009, além dos R$ 147,7 milhões previstos para a ação 20AB, foram transferidos mais R$
69,5 milhões provenientes do recebimento de taxas. Ou seja, um incremento de quase 50% no montante
727
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
transferido. Em 2010, o valor relativo às taxas transferido a estados e municípios foi de R$ 72,3 milhões,
conforme o referido relatório.
Processo de tomada de decisão e execução da ação
35. Sinteticamente o fluxo de registro e renovação de medicamentos é apresentado na figura a
seguir.
Figura 1 – Fluxo de registro e renovação de registro de medicamentos.
- avaliação dos testes de bioequivalência: efetivados pelas empresas, com vistas ao registro de
genéricos e à renovação do registro de similares;
- monitoramento da qualidade de medicamentos – exame de amostras: realizado por ocasião do
monitoramento no período de pós-comercialização, a cargo do Programa Nacional de Verificação da
Qualidade de Medicamentos (Proveme), que se utiliza de laboratórios credenciados e se baseia em
critérios de priorização para seleção dos produtos a serem testados, tais como medicamentos
distribuídos na rede SUS ou medicamentos mais comercializados.
c) Em ambas as fases:
- vigilância de riscos dos fármacos: realizada pelas farmácias notificadoras, rede sentinela de
hospitais e áreas de farmacovigilância das Visas estaduais e municipais, por meio da análise,
investigação e notificação de reações adversas e queixas técnicas no período pós-registro e, em menor
escala, no pré-registro.
37. O escopo da auditoria abrangeu processos desenvolvidos pela Gerência-Geral de
Medicamentos (GGMED) e pela Gerência-Geral de Inspeção e Controle de Insumos, Medicamentos e
Produtos (GGIMP).
38. Compõem a GGMED as seguintes unidades: a) Gerência de Avaliação de Segurança e
Eficácia (GESEF) – que abrange a Coordenação de Pesquisa e Ensaios Clínicos e Medicamentos Novos
(Copem), a Coordenação de Bioequivalência (COBIO) e a Coordenação de Biológicos (CPBIH); b)
Gerência de Tecnologia Farmacêutica (GTFAR) – que abrange a Coordenação de Fitoterápicos e
Dinamizados (COFID), a Coordenação de Pós-registro (COPRE), a Coordenação de Equivalência
(CEFAR), a Coordenação de Registro (CRMED); c) Coordenação de Gestão Estratégica (COEST); d)
Coordenação de Instrução de Análise de Recursos (COREC); e e) Coordenação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Produtos Controlados (CSGPC).
39. Conforme previsto no Regimento Interno da Anvisa, essas unidades da GGMED têm, entre
outras, a competência de analisar e emitir parecer circunstanciado e conclusivo nos processos referentes
a registro de medicamentos e suas complementações (alteração, pós-registro, revalidação, retificação,
dispensa, cancelamento e caducidade de registro).
40. A partir da emissão da RDC nº 02/2011, passaram também a ter a atribuição de acompanhar
as atividades relativas ao desenvolvimento, produção, registro e pós-registro de medicamentos
originários de parcerias firmadas pelo Ministério da Saúde, bem como dos processos de transferência de
tecnologia para a produção, no Brasil, de medicamentos de interesse do Sistema Único de Saúde. Para
isso, há previsão de constituição de Comitês Técnico-Regulatórios específicos. Esse assunto não foi
tratado na presente auditoria, mas demandará da equipe técnica da Anvisa uma reorganização das suas
atividades.
41. Há regulamentações diferentes para o registro dos vários tipos de medicamentos pela Anvisa,
e, em consequência, há algumas diferenças nos processos de análise adotados para o registro de cada
um deles. De acordo com a Lei nº 6.360/1976, o registro de medicamentos tem validade de cinco anos,
ao final do qual deverá ser revalidado, após análise pela Anvisa. Quando a empresa protocola a petição
na Anvisa, realiza-se análise de qualidade, que inclui uma parte documental e uma parte ligada ao
relatório técnico sobre o produto. Importantes elementos da análise farmacotécnica devem ser fornecidos
pela inspeção para a certificação de boas práticas de fabricação e controle da produção dos
medicamentos e pela análise dos testes de biodisponibilidade relativa, realizadas pela gerência
competente.
42. A partir de 2008, além da elaboração e revisão dos normativos que regem a análise, foi criado
o Sistema de Informações de Estudo de Equivalência Farmacêutica e Bioequivalência (SINEB), passando
a ser obrigatório o cadastro de todos os estudos realizados no país e dos voluntários de pesquisa (RDC
nº 34/2008). Para realizar os estudos exigidos pela norma, a Anvisa habilitou em torno de 40 centros de
equivalência farmacêutica.
43. Paralelamente, deve ser realizada a análise dos estudos clínicos que visam avaliar a eficácia e
segurança do medicamento. Apenas para medicamentos novos, são designados consultores externos ad
hoc, que são identificados pelo banco de dados mantido pela Anvisa ou indicados pelas sociedades de
729
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
especialistas médicos. Esses consultores avaliam os protocolos de ensaios clínicos e emitem pareceres,
em razão do conhecimento que possuem relativo à patologia clínica. As análises dos demais
medicamentos são realizadas pelo corpo técnico da Anvisa.
44. Por sua vez, a GGIMP é composta pela: a) Gerência de Inspeção e Certificação de
Medicamentos e Insumos Farmacêuticos (GIMED) – que abrange a Coordenação de Inspeção
Internacional (COINT), a Coordenação de Inspeção Nacional (COINA) e a Coordenação de Autorização
de Funcionamento (COAFE); b) Coordenação de Insumos (COINS); c) Gerência de Monitoramento da
Qualidade, Controle e Fiscalização de Insumos, Medicamentos e Produtos (GFIMP) – que abrange a
Coordenação de Produtos Controlados (CPCON); e d) Coordenação de Inspeção de Produtos
(CPROD).
45. As unidades da GGIMP são responsáveis por: a) autorização de funcionamento dos
estabelecimentos sujeitos à fiscalização da vigilância sanitária, inclusive farmácias; b) emissão de
Certificado de Boas Práticas de Fabricação; c) avaliação dos processos de terceirização das atividades
das empresas farmacêuticas; d) inspeção nacional e internacional das indústrias farmacêuticas; e e)
monitoramento da qualidade, controle e fiscalização de medicamentos e de produtos controlados
(substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e sujeitas a controle especial, além de
medicamentos que as contenham), por meio do Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária
(Notivisa) e do Sistema Nacional para o Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).
46. Para garantir o cumprimento da RDC nº 17/2010, que trata das Boas Práticas de Fabricação
nas indústrias farmacêuticas, a Anvisa, junto com a Internacional Society for Pharmaceutical
Engineering, elaborou o Guia de Validação de Sistemas Computadorizados. O documento encontra-se
disponível no portal da Anvisa como uma referência para o setor regulado, que deve implantar um
sistema computadorizado como forma de garantir a validação e as boas práticas de fabricação nos seus
processos.
47. Importante ressaltar que as atividades da GGIMP, com exceção das inspeções internacionais,
dependem da ação dos estados, que realizam as inspeções. A Anvisa participa das inspeções se houver
pedido das unidades federadas ou para cumprir agenda de treinamento daqueles servidores. A
COINT/GGIMP analisa e emite parecer sobre os relatórios de inspeção encaminhados pelos estados.
Caso a situação da empresa seja considerada satisfatória, expede diploma, certificando as boas práticas
do estabelecimento interessado.
Oportunidades de melhoria de desempenho na atuação na Anvisa quanto à manifestação sobre
as petições impetradas, atendimento às solicitações de inspeção e fluxo interno de informações na área
de medicamentos
48. O objetivo deste capítulo é analisar aspectos relacionados ao processo de registro de
medicamentos e apontar oportunidades de melhoria de desempenho. O registro de medicamentos é o
início do ciclo de controle de qualidade dos medicamentos comercializados no Brasil e deve fornecer
informações essenciais ao monitoramento e à fiscalização desses medicamentos na sua fase de
comercialização. Em 2006, na primeira etapa da auditoria, apontaram-se oportunidades de melhorias
voltadas a facilitar e tornar menos oneroso o processo de registro de medicamentos, em especial quanto
à definição de procedimentos operacionais padrão e à otimização do fluxo interno de informação. A
Anvisa, a partir de então, vem aperfeiçoando sua legislação interna, por meio da agenda regulatória, de
forma a eliminar os conflitos de competência antes existentes, bem como harmonizar entendimentos entre
os partícipes do SNVS. Algumas fragilidades, no entanto, permanecem.
Backlog no deferimento/indeferimento de petições e nas inspeções in loco
49. O passivo de processos não analisados existente na GGMED (backlog de registro de
medicamentos) e na GGIMP (backlog de autorização de funcionamento de farmácias e drogarias)
aumentou consideravelmente desde 2007, exemplificando a dificuldade da área em analisar no prazo
regulamentar as petições do setor regulado. Nesta última área, há também grande limitação operacional
em atender o volume de solicitação por inspeções.
50. A Lei nº 6.360/1976 estabelece o prazo máximo de 90 (noventa) dias para a Anvisa manifestar-
se sobre o registro de medicamentos, a contar da data de entrega do requerimento (art. 12, §3º). No
730
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
entanto, os medicamentos similares, que respondem por cerca de 70% do mercado, são considerados
registrados depois de decorrido o prazo de 120 (cento e vinte) dias, contado da apresentação do
respectivo requerimento, se até então a petição não tiver sido indeferida. A contagem do prazo para
registro é interrompida até que a empresa interessada satisfaça as exigências da autoridade sanitária,
não podendo tal prazo exceder a 180 (cento e oitenta) dias (art. 21, § 1º). Caso a empresa não cumpra as
exigências no prazo, o registro é indeferido. A Lei prevê ainda que a revalidação do registro deva ser
requerida no primeiro semestre do último ano do quinquênio de validade.
51. Ao longo do tempo, e com a finalidade de alcançar padrões internacionais de qualidade nesse
processo, a legislação brasileira passou a exigir a apresentação de novos testes para a habilitação ao
registro de medicamentos no país (a exemplo de bioequivalência e biodisponiblidade). Esse fator,
associado ao avanço tecnológico do mercado de medicamentos e ao aumento crescente de petições
protocoladas pelos fabricantes, demanda da Anvisa maior rigor e tempo de análise e diferentes
estratégias de trabalho.
52. No Apêndice A é mostrado a quantidade de petições publicadas no período de 2007 a
outubro/2010. Conforme detalhado na Tabela 4, o backlog de petições de registro de medicamentos
apresentou uma tendência crescente ao longo dos últimos quatro anos.
Tabela 4 – Passivo de petições de registro de medicamentos não analisadas, por grupo/assunto, de
2007 a out/2010.
Ano Total
Grupo/Assunto GGMED jan/2010
2007 a
2007 2008 2009 a
2010
out/2010
Registro 2 5 263 586 856
Pós-registro 203 385 1.656 2.680 4.924
Renovação 8 44 364 937 1353
Ensaios clínicos 15 38 34 134 221
Notificação, adequação e
petições com prazo de 0 5 26 33 64
análise
Total geral 228 477 2.343 4.370 7.418
Fonte: GGMED/Anvisa.
53. Conforme apontado em relatório da American Chamber of Commerce (Amcham), a partir de
pesquisa realizada com empresas do setor regulado, foi a de que o prazo médio para concessão de
registro e alteração pós-registro de medicamento novo teve uma leve piora entre 2008 e 2009:
‘no primeiro caso, a aprovação de registro para 25% das empresas demorou mais de 18 meses,
frente a 8,7% no ano anterior. O prazo de 12 a 18 meses se manteve similar ao ano passado: 45% das
empresas. No caso da aprovação de alteração de registro para produtos, levaram mais de 18 meses
31,58% das empresas frente a 22,2% em 2008. Apontaram de 12 a 18 meses 42,11% das empresas este
ano e 25% no ano anterior.’ (Amcham, 2009, p.15-16)
54. Outro ponto que impacta o cumprimento de prazo e as metas da GGMED são as análises de
processos oriundos de liminar judicial. O setor regulado, segundo os técnicos, em razão da demora da
análise de suas petições, recorre ao Poder Judiciário a fim de acelerar o processo de registro, alegando
prejuízo financeiro decorrente do atraso na concessão do registro. Anteriormente, o registro era
concedido em caráter liminar até que o processo fosse analisado. Ações da Agência junto ao Poder
Judiciário, indicando os riscos envolvidos nas deliberações exaradas, resultaram em liminares que
definem prazos para a análise das petições.
55. A GGMED argumenta que a emissão de documentos para cumprimento das exigências
demanda, e muito, do tempo dos técnicos da agência. Apesar de todos os requisitos necessários para o
peticionamento pelo setor regulado estarem disponibilizados no sitio da entidade, muitas empresas ainda
entregam a documentação incompleta. Tal prática é facilitada pela deficiência dos sistemas de
informação, que não possuem críticas suficientes para impedir a entrada de documentação incompleta e,
731
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
com isso, permitem a abertura de processos de petições que não atendem aos requisitos mínimos
exigidos.
56. Os técnicos, ao detectarem a ausência de documentos, precisam dedicar tempo para expedir as
exigências. Além disso, com o retorno da documentação completa, o técnico é forçado ao retrabalho em
razão da necessidade de reanálise das informações anteriores em conjunto com as novas recebidas.
57. Já em relação ao cumprimento de prazos pela GGIMP, a racionalização dos processos na
área contribuiu para a redução do passivo em algumas coordenações, enquanto em outras o impacto foi
menos representativo, haja vista ainda contarem com um estoque considerável de petições a serem
analisadas.
58. A Coordenação de Autorização de Funcionamento (COAFE) implantou o peticionamento
eletrônico para as autorizações de funcionamento de farmácias e drogarias, buscando agilizar e
simplificar o processo de trabalho. Para a concessão de Autorização de Funcionamento (AFE) de
farmácias e drogarias, considerados estabelecimentos de menor complexidade, é realizada a análise da
Licença Sanitária (concedida pela vigilância do estado) e do Certificado de Regularidade Técnica
fornecido pelo Conselho Nacional de Farmácia. Segundo informado pela Gerência, de 60 a 70% das
petições dessas empresas eram realizadas eletronicamente em 2010.
59. Outra ação relatada trata do apoio da força tarefa, constituída de servidores das vigilâncias
estaduais e de técnicos da Anvisa lotados nos portos/aeroportos, convidados pela GGIMP para integrar
equipe de trabalho, que tem por objetivo a análise do passivo de processos daquela gerência-geral.
60. Tendo em vista o volume crescente de entrada de processos relacionados à autorização de
funcionamento de farmácias e drogarias, tais iniciativas ainda não possibilitaram que a área conseguisse
reduzir o backlog anual de petições pendentes de análise, conforme indicado na Tabela 5.
Tabela 5 – Fluxo de entrada e saída de petições de autorização de funcionamento de farmácias e
drogarias, entre 2007 e 2010.
2010
AFE - Farmácias 2010 (até
2007 2008 2009 (Projeção
e Drogarias agosto)
)
Entradas 12.131 42.603 42.064 44.570 60.000
Saídas 10.124 40.595 40.055 33.159 49.000
Fonte: GGIMP/Anvisa.
61. Outra área apontada como passível de melhoria de desempenho é a Coordenação de Inspeção
Internacional (COINT), que possui capacidade operacional de 190 inspeções/ano e, no entanto, as
solicitações recebidas são em torno de 650, acarretando o aumento do passivo de inspeções não
realizadas. A coordenação, que conta com o apoio de técnicos do Instituto Nacional de Controle de
Qualidade em Saúde (INCQS) para realização dessas inspeções, definiu metodologia de risco para
priorizar a análise das empresas que devem ser inspecionadas.
62. Essa situação gera uma percepção negativa do setor regulado em relação à atuação da
Anvisa, conforme apontado em relatório Amcham (2009, p.15): ‘O fator ‘prazo’ sempre se mostrou
crítico na percepção das empresas. O tempo médio de resposta da Anvisa está aquém da velocidade
demandada pelas necessidades do mercado, sendo que isso se reflete em descontentamento em vários
aspectos (...)’. O relatório registra que a insatisfação manifesta das empresas é explicada pelo fato de
que ‘o retardo das atividades leva muitas vezes a problemas de disponibilização do produto no mercado
ou mesmo atrasa o início de atividades empresariais no país’.
63. Ao comentar o relatório preliminar de auditoria, a GGMED reconheceu que há oportunidade
de tornar mais céleres os prazos processuais que envolvem o registro e pós-registro de medicamentos,
informando que auditorias internas estão sendo realizadas com esse intuito. Destacou também que ‘A
previsibilidade de resposta é dada ao setor regulado por meio das filas disponibilizadas no site,
organizadas por ordem cronológica e que permitem uma estimativa de tempo para o início da análise
das petições’ (Memorando n° 741/2011/GGMED/ANVISA-MS, de 07/06/2011).
732
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
64. No relatório da Amcham (2009, p.15) é apontada como ponto positivo a melhora no
tratamento de solicitações urgentes atendidas, situação que poderia ser atribuída a alguns mecanismos
criados, como a RDC 28/2007 e a IN nº 06/2009.
65. Em entrevista com a equipe de auditoria, a gestora da GGIMP destacou que algumas
responsabilidades devem ser compartilhadas com os estados e municípios por meio da descentralização
de ações, tendo como base sua complexidade e modus operandi. A articulação com os demais entes do
SNVS ocorre no âmbito da Comissão Tripartite, pendente, portanto, de pactuação. Nesse contexto, foram
apontados como principais desafios ao aperfeiçoamento do processo de inspeção e controle de
medicamentos: a) dar continuidade ao projeto de simplificação de processos da gerência; b) fortalecer o
programa de inspeções em distribuidoras de medicamentos (estimadas em mais de 2.000); c) intensificar
as inspeções investigativas em conjunto com técnicos do SNVS; d) manter a descentralização das ações
de fiscalização no SNVS com qualidade e efetividade; e e) fortalecer o gerenciamento das notificações
com a ferramenta Notivisa.
66. No Memorando n° 461/GGIMP/ANVISA/MS, de 07/06/2011, a GGIMP faz a ressalva de que o
processo de inspeção não é única e exclusivamente vinculado ao processo de registro de medicamentos:
‘Após o registro, a sua renovação ocorre a cada cinco anos, enquanto o processo de inspeção
ocorre com regularidade, seja para verificação do cumprimento das boas práticas de fabricação por
parte dos produtores, para investigação de desvios, para licenciamento ou para fins de monitoramento.
(...) Cabe salientar que conceitualmente, conforme disposto no glossário VISALEGIS, a inspeção
sanitária consiste na investigação no local, da existência ou não, de fatores de risco sanitário, que
poderão produzir agravo à saúde individual ou coletiva e/ou ao meio ambiente. (...) somente estão
envolvidos nos processos de registro de medicamentos, os fabricantes de medicamentos e os
importadores. Além destes, estão submetidos ao processo de inspeção, as distribuidoras, os
transportadores, os armazenadores, as farmácias e as drogarias.
67. Dessa forma, a gestora da GGIMP ressalta a importância de se planejar de modo integrado as
ações de inspeção, certificação e registro de medicamentos, contudo esclarece que isso não é tarefa fácil,
considerando a validade dos registros (cinco anos), a validade dos certificados (dois anos) e, ainda,
porque as inspeções para certificação no Brasil são realizadas por linha de produção e não por produto.
‘Isto significa dizer que, por exemplo, em uma linha produtiva de sólidos de uma determinada empresa
podem ser produzidos vinte produtos, que possuem as mais diferentes datas de validade’, destaca a
gestora, argumentando ainda que ‘Também não há como prever quando a empresa vai solicitar novos
registros para a mesma linha. A lógica da inspeção é a verificação de que aquela linha onde todos os
produtos são fabricados funciona de acordo com o estabelecido nas boas práticas de fabricação’. A
gestora prossegue argumentando que o certificado de uma empresa é uma das conseqüências de uma
inspeção, enfatizando que ‘limitar e tentar conciliar as inspeções à ordem de concessão de registro de
produtos descaracteriza e diminui a atividade de inspeção e, ainda, negligencia o risco sanitário dos
produtos que estão no mercado’.
68. Por fim, a GGIMP abordou a necessidade de ampliação da capacidade operacional da Anvisa
em atender a demanda de autorizações de funcionamento e inspeções in loco, no entanto a amenização
ou a solução para tal situação extrapola a capacidade de resolução da Gerência-Geral, considerando
que envolve questões relacionadas à pessoal e orçamento. No que se refere ao orçamento, a GGIMP
relata a sua redução ao longo dos últimos anos, em que pese o incremento das demandas por serviço: de
R$ 18 milhões, no ano de 2009, para R$ 9 milhões, em 2010. Em 2011, o orçamento inicialmente
aprovado teria sido de cerca de R$ 8 milhões e após os cortes no Orçamento Geral da União, passou
para cerca de R$ 4,5 milhões. Em se confirmando esse limite de gasto para 2011, ter-se-ia uma queda da
ordem de 75% em relação ao orçamento de 2009 (Memorando n° 461/GGIMP/ANVISA/MS). Os dados
apresentados na Tabela 6 mostram que, desde 2007, o corpo técnico da carreira de especialista em
regulação (área fim da agência) lotado na GGMED tem se mantido o mesmo, enquanto na GGIMP
houve redução de 10%.
Tabela 6 – Comparativo de servidores lotados na GGMED e GGIMP, em 2007 e 2010.
Perfil do servidor GGMED GGIMP
733
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Notificação
Novo Lotes Piloto
Medicamento
Estudos de Genérico
Estabilidade
Protocolo de
Estudos BE
CQ IFA
CQ Medicamento Relatório de
Produção
735
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
SIMILARES
Medicamento
referência Notificação de
lote piloto Fabricação do
lote piloto
Ajustes na
Laboratório formulação
Reblas
Biodisponibilidade Equivalência
Relativa Farmacêutica
operacionais que norteavam a realização dos ensaios clínicos, condição necessária ao registro de
medicamentos.
82. Com a edição da Portaria Anvisa nº 354/2006 (inciso IX, artigo 40), coube à GGMED
planejar, coordenar, orientar e fomentar as atividades técnicas e operacionais relativas a produtos
sujeitos à vigilância sanitária em pesquisas envolvendo seres humanos. Para tal, a GGMED conta com a
Gerência de Avaliação de Segurança e Eficácia (GESEF) na qual estão inseridas as Coordenações de
Pesquisa e Ensaios Clínicos e Medicamentos (Copem); de Bioequivalência (COBIO); e de Biológios
(CPBIH).
83. De acordo com técnicos daquela Gerência-Geral entrevistados durante a auditoria, essas
coordenações foram fortalecidas a partir dos resultados obtidos em um dos componentes do Termo de
Cooperação Técnica TC37 firmado com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), voltado a
potencializar o aprendizado em bioequivalência e equivalência, consolidar procedimentos de teste de
medicamentos, além do aprimoramento de normas técnicas.
84. A partir de então, os estudos clínicos que visam o registro ou qualquer alteração pós-registro
de medicamentos passaram a ser regulamentados pela RDC 39/2008 (que aprova o Regulamento para a
Realização de Pesquisa Clínica) e pela Instrução Normativa nº 04/2009 (que dispõe sobre o Guia de
Inspeção em Boas Práticas Clínicas).
85. As normas hoje em vigor se coadunam com o ‘Guia Boas Práticas Clínicas: Documento das
Américas’, elaborado por um grupo de trabalho com representantes do Mercosul a partir das discussões
da IV Conferência Pan-Americana para Harmonização da Regulamentação Farmacêutica, ocorrida em
março de 2005.
86. A partir de 2009, com a edição das novas normas, a Anvisa passou a realizar, em caráter
piloto, inspeções para verificar o cumprimento de Boas Práticas Clínicas, com o objetivo, no primeiro
momento, de avaliar os estudos que apresentam maior impacto sanitário, considerados mais críticos, e,
em um segundo momento, acompanhar o desenvolvimento de produtos nacionais, como vacinas e outros
biológicos.
87. Da falta de conformidade observada durante a realização do estudo pode advir:
a) interrupção temporária da pesquisa; b) suspensão das atividades de pesquisa clínica do investigador
envolvido na condução inadequada de um protocolo de pesquisa; e c) cancelamento definitivo de uma
pesquisa clínica no centro inspecionado ou em todos os centros no Brasil.
88. Outra situação que merece destaque é que, em 2006, a GGMED era demasiadamente
dependente do grupo ad hoc para a realização de suas análises. Em 2010, a Gerência-Geral relatou que
as solicitações para registro de inovações de medicamentos já existentes, como novas indicações
terapêuticas, por exemplo, não eram mais encaminhadas para o grupo ad hoc, mas analisadas pelos
técnicos da Anvisa. As solicitações de registro de genéricos e similares também deixaram de ser
submetidas a esses consultores. Foi informado que somente as solicitações de registro de moléculas
novas eram por eles analisadas.
89. Quanto ao registro de novos fármacos, os consultores externos ad hoc são designados para a
avaliação dos protocolos de ensaios clínicos e emissão dos pareceres, sem que se exclua a competência
da Anvisa para a decisão final acerca da petição do registro. Os consultores tem o dever de evitar
conflito de interesses no processo em que vão atuar. Para tanto, estabeleceu-se, além de um roteiro de
análise, um termo de compromisso ao qual devem se submeter.
90. Por ser trabalho voluntário, não remunerado, existe o risco do não cumprimento do prazo
estipulado para o retorno da análise. Para minimizar esse risco, foi celebrado convênio com a
Associação Médica Brasileira (AMB). Os pedidos são encaminhados diretamente aos especialistas
cadastrados ou indicados pela AMB, ficando esta instituição coresponsável pela cobrança das análises.
91. De acordo com técnicos da Anvisa entrevistados durante a auditoria, a formação dos grupos
ad hoc é fundamental, especialmente com relação à parte clínica. Além disso, existe consenso entre
agências internacionais de que a participação externa é positiva, especialmente para registro de
medicamentos novos. Ainda de acordo com os técnicos, a OPAS, nas suas avaliações, busca identificar se
existe na Autoridade Reguladora Nacional a prática de participação de grupos ad hoc nesse processo.
737
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
92. A força de trabalho do grupo ad hoc foi muito utilizada quando da criação da Agência, em
1999. Graças à capacitação adquirida nos últimos anos, os especialistas em regulação adquiriram
competências para fazer uma avaliação crítica do parecer dos consultores ad hoc, analisando sua
consistência e os pontos contraditórios ou equívocos, se existentes. Assim, por mais que o trabalho dos
consultores seja essencial à Anvisa, cabe ao especialista da casa ponderar a coerência dos dados
analisados, e não adotá-los na íntegra, como era a prática anterior.
93. No Memorando n° 741/2011/GGMED/ANVISA-MS são apontadas algumas medidas que, no
entender da Copem, necessitariam ser adotadas para qualificar ainda mais o processo de registro de
medicamentos em relação a pesquisas e ensaios clínicos:
a) racionalizar a regulamentação para anuência em pesquisa clínica, substituindo a avaliação de
documentos encaminhados pela empresa por discussões de protocolos clínicos em reuniões presenciais
com patrocinadores e investigadores, como realizado em outros países;
b) simplificar a análise de processos de anuência em pesquisa clínica nos casos de ensaios clínicos
multicêntricos internacionais previamente discutidos com outras agências reguladoras, substituindo-os
por notificação;
c) elaborar guias específicos para condução de estudos clínicos (sendo informada a publicação do
guia para registro de novas associações em dose fixa, do guia para registro de medicamentos anti-
hipertensivos e do guia para realização de estudos não clínicos);
d) aumentar o número de inspeções em Boas Práticas Clínicas, o que depende diretamente de uma
maior disponibilidade de recursos orçamentários;
e) regulamentar penalidades administrativas no âmbito das não-conformidades apresentadas nos
estudos clínicos inspecionados; e
f) implementar módulo informatizado para submissão eletrônica de protocolos clínicos.
94. Foram apontadas também algumas atividades que não estariam afetas às atribuições
regimentais da Copem, mas que ainda estariam sendo por ela desempenhadas: a) avaliação
farmacotécnica das petições de registro e pós-registro de medicamentos novos; b) análise de processos
de anuência em pesquisa clínica de produtos para saúde; e c) análise de processos de Licenciamento de
Importação de produtos para pesquisa clínica.
95. A restrição de recursos humanos foi apontada como maior limitação à melhoria do processo
de trabalho da Copem, tendo em vista as recentes perdas de especialistas oriundas da remoção e posse
em outros cargos (de 40 técnicos, disponíveis em 2008, para 26, em 2011).
A articulação entre as ações de inspeção, certificação e registro de medicamentos pode ser
aperfeiçoada de modo a favorecer a troca de informações entre as gerências
96. Foi observado que informações restritas à gerência de origem poderiam ser de extrema
importância à confiabilidade e qualidade do trabalho de outras gerências. A articulação entre as
gerências da Anvisa é prejudicada, em grande parte, pela deficiência do sistema de informação
corporativo Datavisa. As unidades, como tentativa de superar a ausência de um sistema que as atenda
plenamente, e de acessar de forma ágil as informações que necessitam, implantam sistemas paralelos de
registro de dados.
97. A GGMED e a GGIMP, áreas responsáveis, respectivamente, pelo registro de medicamentos e
pela inspeção/certificação de boas práticas de fabricação, apesar de desempenharem funções correlatas,
e possuírem informações úteis a ambas as gerências, poderiam melhor definir os procedimentos de troca
de informação.
98. Como exemplo, podemos citar os trâmites para renovação do registro de medicamentos. A
Anvisa, ao conceder/renovar o registro de um medicamento, deve verificar a validade do certificado de
boas práticas de fabricação, disponível no banco de dados Newgim, sob responsabilidade da GGIMP.
Consoante técnicos desta gerência, foi disponibilizado acesso ao banco de dados aos técnicos da
GGMED que estão alocados na área de registro. No entanto, segundo a GGMED, o acesso ao Newgim
ainda é restrito a poucos usuários e, em virtude de o sistema não ser acessível a todos, os técnicos
precisam lidar com a burocracia que a situação requer, haja vista terem que se reportar aos seus
gerentes para requisitarem as informações necessárias.
738
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
99. Outro ponto apontado nas entrevistas como passível de aperfeiçoamento relaciona-se ao fato
de a gerência de inspeção não contar com subsídios decorrentes do registro de medicamentos, como o
relatório e os achados do processo de petição, essenciais ao direcionamento e aprofundamento das
análises durante inspeções das linhas de produção.
100. Ademais, as melhorias de articulação também abrangeriam a participação de técnicos da
GGMED e da GGIMP em inspeções conjuntas, que podem ocorrer devido a dúvidas geradas durante a
análise de petições de registro, renovação ou pós-registro. Em outras situações, as inspeções ocorrem
quando há necessidade de que técnicos da GGMED participem de inspeções de Certificado de Boas
Práticas de Fabricação, realizadas pela GGIMP, como forma de complementação da força de trabalho.
Segundo relatado pela GGIMP, a integração das duas áreas em ações de inspeções é importante na
agilização de procedimentos, contribuindo ainda na capacitação das equipes e na troca de experiências
entre as gerências.
101. A GGMED, por meio do Memorando n° 741/2011/GGMED/ANVISA-MS, informou que há
tratativas para implementação de procedimentos conjuntos no sentido de que aquela gerência participe
de inspeções e a GGIMP participe de auditorias, dependendo apenas de formalização institucional.
102. A GGIMP, por meio do Memorando n° 461/GGIMP/ANVISA/MS, mencionou que, ao longo
de 2011, foram programadas medidas para aperfeiçoar a comunicação interna, transversal e horizontal
entre os dirigentes da área, e corrobora de que é preciso criar sinergia entre as estratégias de atuação
das Gerências e adotar mais comumente a prática de fiscalizações conjuntas, neste caso dependendo da
harmonização das agendas.
Necessidade de aperfeiçoar o funcionamento dos sistemas de informação da Anvisa de modo a que
tenham maior aceitabilidade e utilidade para os integrantes do SNVS
103. Como já mencionado, o registro de medicamentos constitui-se na base de informações que
permite aos integrantes do SNVS definir as ações de controle e fiscalização dos medicamentos
consumidos no país. Sistemas de informações são, portanto, ferramentas cruciais de trabalho,
notadamente em situações restritivas de recursos humanos; cumprimento de prazos legais; e
coordenação de ações estratégicas com os vários entes. A pesquisa realizada pelo TCU indicou que
algumas fragilidades nesses sistemas vêm restringindo o seu uso pelos serviços estaduais de vigilância
sanitária.
Gráfico 2 – Opinião de gestores das vigilâncias estaduais sobre a utilidade dos sistemas
informatizados no suporte às suas atividades.
aperfeiçoamento acerca dos sistemas de informação então disponíveis, as quais são apresentadas a
seguir.
Datavisa
105. O Sistema Corporativo com Dados de Produtos e Serviços sob Vigilância Sanitária
(Datavisa) deve apoiar e viabilizar o controle da execução das atividades da Agência. No entanto, esse
sistema não proporciona o tratamento da informação na forma desejada pelos técnicos da instituição.
Não foram constatados avanços significativos em relação à situação levantada em 2006.
106. Os mecanismos de consulta pouco flexíveis e de difícil uso, bem como a impossibilidade de
emissão de relatórios parametrizados (com base em critérios definidos pelo usuário a partir de uma
cesta de parâmetros oferecidos pelo sistema) comprometem a aceitação do Datavisa como sistema de
informação pelos servidores da Agência.
107. Quando de sua criação, o Datavisa herdou as informações do Sistema de Informação em
Vigilância Sanitária (SIVIS). Esse processo de importação de dados, conforme atestado pela equipe que
realizou a primeira fase da auditoria em 2006, foi realizado sem observância de critérios de integridade
e qualidade da informação. Os dados que inicialmente compuseram o Datavisa apresentavam
deficiências quantitativas e qualitativas, sendo incapaz de atender às necessidades de informação da
Anvisa. Houve iniciativa de se realizar a depuração de parte dos dados por intermédio do Programa de
Validação de Registro de Medicamentos, desenvolvido pela própria Anvisa no período de janeiro de
2000 a julho de 2002, o qual não teve continuidade (SAID, 2004).
108. Foram apontadas diversas fraquezas relacionadas ao ambiente de gestão da informação no
Datavisa:
a) o sistema foi concebido originalmente para gerenciar o trâmite processual. Posteriormente,
novas funcionalidades foram desenvolvidas à medida do surgimento de novas demandas, tendo sido
apontada a não utilização de metodologia adequada para especificação, projeto e desenvolvimento de
sistemas;
b) a entrada de dados não é submetida à crítica, deixando o operador do sistema de registrar
informações que deveriam ser compulsórias (como o Medicamento de Referência para medicamentos
similares e a data de validade do registro);
c) falta de critérios de atualização de tabelas do sistema permitia que o usuário registrasse dados
em duplicidade ou sem observância dos padrões de formatação;
d) o sistema exige que o usuário digite todas as informações requeridas do processo, não
aproveitando dados das petições anteriormente protocoladas, nem do histórico de processos
antecedentes registrados no Datavisa; e
e) os gestores não dispunham de facilidades de busca no Datavisa que consolidassem informações
relacionadas à distribuição, classificação e situação de processos e dados de publicação de atos no
Diário Oficial da União. Não havia, por exemplo, ferramentas para gerenciamento dos casos de
renovação automática de medicamentos por decurso de prazo, das razões e prazos de processos em
exigência, entre outros.
109. A inconsistência de informações no Datavisa conduziu à proliferação de planilhas e
desenvolvimento de sistemas paralelos para resolver problemas pontuais de forma paliativa. Esta
situação concorre para a falta de informações sistematizadas para tomada de decisão.
Consequentemente, cada vez mais se estabelecem procedimentos formais e burocráticos para obtenção
de informações entre as gerências e entre estas e as vigilâncias estaduais. As informações ficam, em
geral, restritas à área responsável por produzi-las.
Visalegis
110. O Sistema de Legislação em Vigilância Sanitária (Visalegis) é resultado de uma parceria
entre a Anvisa e o Centro Latino Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme),
no âmbito da construção da Biblioteca Virtual em Saúde. Tendo como ferramenta principal um banco de
dados corporativo, com textos completos para pesquisa, o Visalegis buscava oferecer suporte para a
consulta a procedimentos referentes ao SNVS.
740
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
119. Além dos quatro sistemas analisados, dois outros sistemas geridos pela GGIMP estavam em
fase inicial de implantação à época desta fiscalização: a) o Sistema Nacional de Cadastro de Inspetores
(Canais); e b) Sistema Nacional para o Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).
120. O Sistema Canais, que estava, em 2010, em fase de teste piloto nos estados do RJ, MG, GO,
PR e DF, possui linguagem compatível com o Datavisa, mas é um sistema paralelo criado para suprir
algumas deficiências do Sinavisa. Possui quatro módulos: a) cadastro de inspetores; b) banco de dados
das empresas; c) envio de relatório de inspeção; e d) análise de relatório de inspeção.
121. O sistema, desenvolvido em plataforma web, visa acelerar o processo de envio/análise dos
relatórios de inspeção. Também estão entre as finalidades do sistema a padronização dos relatórios e o
cadastro de todos os inspetores, como pactuado na Comissão Intergestores Tripartite.
122. Por sua vez, o SNGPC, regulamentado pelas RDC nº 27/2007 e nº 76/2007 e pela IN/Anvisa
nº 11/2007, foi desenvolvido para monitorar a dispensação de medicamentos e substâncias entorpecentes
e psicotrópicas e seus precursores e os hábitos de prescrição e consumo de substâncias controladas em
determinada região.
123. O SNGPC encontra-se no seu estágio inicial de implantação e deve incorporar a cadeia de
produção e dispensação de produtos dessa natureza (farmácias hospitalares, farmácias e drogarias
privadas, farmácias públicas, indústrias e distribuidoras). A partir das informações coletadas, espera-se
melhor orientação da ação fiscalizatória dos órgãos competentes frente ao uso abusivo e indiscriminado
desses medicamentos.
Iniciativas para a melhoria nos processos de trabalho
124. Na área de registro de medicamentos, uma ação realizada pela Anvisa, voltada à melhoria
dos processos de trabalho, foi o desenvolvimento de uma plataforma eletrônica para realização das
atividades de registro. Lançada em outubro de 2010, a plataforma ainda não possuía um plano de ação
para a implantação do registro eletrônico de todos os medicamentos, ficando, em um primeiro momento,
restrita aos novos. Essa etapa, prevista para entrar em funcionamento no final de 2010, ainda não havia
sido implantada à época da auditoria. O piloto da nova plataforma gerou críticas e sugestões das
empresas que participaram do teste para petições de registro de forma eletrônica. A GGMED aguardava
a manifestação da área de informática para conhecer dos resultados do piloto e os ajustes a serem
propostos.
125. A plataforma foi criada para permitir o peticionamento eletrônico do registro de
medicamento, devendo o setor regulado estar cadastrado na Anvisa, bem como todas as empresas
envolvidas no processo de fabricação. Esse peticionamento só será validado quando o sistema gerar um
número de processo/protocolo. As informações lançadas no sistema e os produtos registrados serão de
total responsabilidade da empresa detentora do registro, que deve cumprir todos os requisitos técnicos
da Anvisa. Dentre as funcionalidades da plataforma que contribuirão para a otimização da rotina de
trabalho, pode-se citar:
a) padronização de temas e termos para facilitar as buscas pelos técnicos;
b) reutilização de conhecimento e do processo de análise de um registro, conferindo maior
agilidade em petições futuras;
c) alimentação do sistema pelo setor regulado, que detém a informação; e não mais pela Anvisa,
diminuindo o retrabalho;
d) procedimentos de crítica que impeçam o protocolamento de petições incompletas, o que
reduzirá o tempo gasto com o envio de exigências às empresas, contribuindo, principalmente, para o
cumprimento dos prazos referentes ao registro de medicamentos estabelecidos na legislação; e
e) análise simultânea da mesma petição por áreas distintas.
126. Aliada ao registro eletrônico, também vem sendo realizada na Anvisa a digitalização de todos
os processos físicos existentes. Informações disponibilizadas pela instituição davam conta da
digitalização de 10 milhões de páginas, e espera-se que até dezembro de 2011 esse número chegasse a 65
milhões de páginas, dando condições para que os documentos fossem tramitados eletronicamente.
742
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
127. Além disso, a GGMED, no intuito de simplificar seus processos de trabalho, vem revisando os
normativos que visam racionalizar as análises e, consequentemente, contribuir para o cumprimento de
prazos pela entidade. Dentre as normas já aprovadas, podemos citar:
a) Instrução Normativa nº 6/2008: estabelece instrumentos que preconizam a racionalização de
procedimentos para análise técnica de petição de concessão, renovação e alterações de registro de
medicamentos aplicando-se estes instrumentos para os seguintes casos: i) petições de concessão,
renovação e alterações no registro de medicamentos que possuam o mesmo fabricante e mesmos
relatórios técnico e clínico, porém com diferentes detentores de registro; ii) Segundo pedido de registro
ou pós-registro para uma solicitação anteriormente indeferida;
b) Instrução Normativa nº 11/2009, que dispõe sobre os procedimentos relacionados à
protocolização do histórico de mudanças do produto e define o prazo de análise das petições de
alteração ou de inclusão de local de fabricação de medicamentos; e
c) RDC nº 48/2009, que dispõe sobre a realização de alteração, inclusão, suspensão, reativação e
cancelamento pós-registro de medicamentos. A resolução concedeu, para os assuntos de baixo risco
especificados em seu artigo 5º, autorização prévia para a implementação imediata, mediante protocolo
de petição ou anotação no histórico de mudanças do produto.
128. Em entrevista com técnicos da GGIMP, foi informado que essa Gerência-Geral vem
trabalhando continuamente na implementação e melhoria do Sistema da Qualidade, e para tal instituiu
grupo de gestão de documentos formado por três farmacêuticos. O sistema engloba um manual de
qualidade, POPs, formulários e modelos de relatório. Dentre os POPs de maior importância da
gerência, destacam-se: a) fluxo de tramitação, recebimento, análise, revisão e arquivamento de
documentos no Núcleo de Inspeção Nacional; b) elaboração de relatório de inspeção nacional; c)
treinamento e qualificação de inspetores de Boas Práticas de Fabricação de medicamentos e insumos
farmacêuticos; d) acompanhamento das ações corretivas para o cumprimento de não-conformidades; e)
auditoria interna dos processos de inspeção nacional; e f) manual de qualidade.
129. Segundo consta do Relatório de Gestão de 2010 da GFIMP (documento Anexo ao Ofício
035/2011-AUDITORIA/ANVISA) e do Memorando n° 461/GGIMP/ANVISA/MS, encontram-se em
desenvolvimento os seguintes projetos na área de fiscalização: a) operações investigativas baseadas em
denúncias de alto risco sanitário, em conjunto com a Polícia Federal (60 operações conjuntas no ano de
2010); b) inspeções investigativas em indústrias farmacêuticas (10 inspeções realizadas em 2010, e
previsão de 16 para 2011); c) inspeções em distribuidoras de medicamentos (40 empresas em 2010, com
previsão do mesmo quantitativo para 2011); e d) combate à falsificação de medicamentos e produtos. Em
relação às inspeções investigativas, foi ampliada a previsão de inspeções em 2011 devido à ampliação da
equipe de inspetores capacitados das Visas, a partir do curso promovido pela GFIMP no segundo
semestre de 2010. Nessas ações, as equipes de inspetores são compostas por um inspetor da Visa sede da
empresa fabricante, um inspetor da Anvisa e sempre que possível, como parte do processo de
capacitação, um inspetor de outra Visa estadual que tenha participado do curso.
130. Ademais, na tentativa de disseminar e padronizar as melhores práticas de inspeção entre a
GGIMP e as Visas estaduais e municipais, foi instituída, em abril de 2010, por meio da Portaria/Anvisa
nº 511/2010, uma comissão tripartite, composta por membros da Anvisa, do Conselho Nacional de
Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
A comissão, em reuniões realizadas no decorrer do ano de 2010, pactuou a implantação de vários POPs
para todo o SNVS, visando uma harmonização dos processos de trabalho nas três esferas de vigilância
sanitária.
131. A Comissão também discutiu proposta de minuta de instrução normativa que trata do
cronograma de inspeção, proposta de minuta de resolução sobre o Sistema Nacional de Cadastro de
Inspetores (Canais) e a criação de um grupo de gestão de documentos do SNVS. Todas as propostas e
POPs discutidos seriam apresentados à diretoria colegiada da Anvisa, objetivando sua normatização e o
cumprimento compulsório por todo o SNVS. Essas iniciativas passaram a exigir trabalhos externos,
como inspeções e auditorias, o que impactará nas atividades rotineiras e no orçamento das referidas
unidades.
743
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Recomendações
132. Tendo em vista as oportunidades identificadas pela auditoria de aperfeiçoamento da gestão
organizacional da instituição e melhoria de desempenho de atividades relacionadas ao processo de
registro de medicamentos, entende oportuno recomendar à Anvisa que:
a) desenvolva plano de comunicação organizacional entre a Gerência-Geral de Medicamentos e a
Gerência-Geral de Inspeção e Controle de Insumos, Medicamentos e Produtos, de modo a instituir
mecanismos e ferramentas voltadas a: i) promover o planejamento integrado entre as ações de inspeção,
certificação e registro na área de medicamentos; ii) criar sinergia entre as estratégias de atuação e
adoção da boa prática de fiscalizações conjuntas; iii) criação de canais internos que favoreçam a
comunicação intra-unidades; iv) levantamento das necessidades e oportunidades de compartilhamento
de dados dos sistemas informatizados geridos por cada uma das gerências;
b) adote medidas no sentido de reduzir o backlog de processos relativos à concessão de registro de
medicamento, alteração pós-registro de medicamento e autorização de funcionamento de atividades
empresariais, bem como ampliar a capacidade operacional da agência de atender a demanda por
inspeções in loco;
c) promova a compatibilidade entre os recursos de Tecnologia da Informação e as necessidades
das gerências envolvidas com as ações de inspeção, certificação e registro de medicamentos, de modo a:
i) possibilitar que as funcionalidades dos sistemas informatizados disponíveis se harmonizem às novas
exigências de consultas e tramitação processual ocorridas nessas áreas; ii) racionalizar e automatizar o
fluxo de informações entre essas gerências e entre elas e os entes do SNVS e o setor regulado; iii) definir
cronograma de entrega dos produtos previstos e acordados com a área técnica de informática, para os
sistemas Datavisa, Visalegis, Sinavisa, Notivisa e Canais; iv) priorizar a implantação da plataforma
eletrônica de registro de medicamentos, no seu módulo inicial de registro de medicamentos novos; e
d) promova aperfeiçoamentos no processo de registro de medicamentos, no que tange à realização
de pesquisas e ensaios clínicos, de modo a: i) levantar as necessidades e elaborar guias específicos para
subsidiar a condução de estudos clínicos; ii) estabelecer regras específicas para o tratamento das não-
conformidades apresentadas nos estudos clínicos inspecionados em Boas Práticas Clínicas; iii)
desenvolver módulo ou funcionalidade que permita a submissão eletrônica dos protocolos clínicos; iv)
aumentar o número de inspeções em Boas Práticas Clínicas realizadas em centros clínicos para
subsidiar estudos de impacto sanitário; e v) dotar de maior formalidade a atuação da Comissão/Grupo
Técnico responsável pela Eleição de Medicamento de Referência, instituído originalmente pela Portaria
Anvisa nº 376/2003.
Pontos críticos na atuação dos serviços estaduais de vigilância sanitária
133. Neste capítulo são apontadas algumas dificuldades assinalas pelos gestores estaduais dos
órgãos de vigilância sanitária para cumprir atribuições de sua competência, conforme dados obtidos na
pesquisa realizada pelo TCU nos meses de novembro e dezembro de 2010. Avanços foram identificados
desde a primeira etapa da auditoria, em 2006, ressaltando para a percepção positiva dos gestores acerca
da atuação da Anvisa quanto à normalização de procedimentos, qualidade das informações prestadas no
esclarecimento de questionamentos relacionados à interpretação de normativos e realização das ações
conjuntas de inspeção (forças tarefas).
Estrutura das vigilâncias estaduais
134. Questionadas se possuíam uma unidade específica para inspeções na área de medicamentos,
quase a totalidade das Visas estaduais que responderam à pesquisa (12 de 13) afirmou que sim, foi
criada uma divisão própria com essa atribuição.
135. Além disso, o Tribunal solicitou uma descrição do perfil de formação da equipe técnica e a
forma de contratação de pessoal. O Gráfico 3 traz informações consolidadas sobre os servidores das 13
visas estaduais que responderam ao questionário.
Gráfico 3 – Perfil de formação e forma de contratação da equipe técnica que realiza atividades de
inspeção na área de medicamentos nas vigilâncias estaduais.
744
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
estaduais (31%) informou que somente encaminham os relatórios quando solicitados por aquela
Agência. Contudo, detectou-se uma ausência de padronização dos relatórios produzidos. Das 13 Visas
respondentes, 46% informaram utilizar um padrão definido pela própria vigilância estadual, 8%
assinalaram que não há um padrão definido e 38% afirmaram que o padrão utilizado na elaboração dos
relatórios é o definido pela Anvisa. Uma resposta foi anulada em razão da indicação de dois padrões
utilizados.
143. Em 2006, problemas afetos à elaboração dos relatórios de inspeção já haviam sido
diagnosticados na primeira etapa da auditoria. À época, técnicos da Anvisa mencionaram que as Visas
encaminhavam, com certa freqüência, relatórios incompletos e insatisfatórios. Alguns relatórios
apresentavam incoerência entre o texto e sua conclusão ou eram lacônicos, isto é, sem os elementos de
argumentação considerados necessários para que o técnico da Anvisa pudesse embasar sua análise.
Naquele ano, também foi aplicada uma pesquisa junto aos órgãos estaduais de vigilância, onde as
conclusões foram similares à pesquisa de 2011: dos 17 órgãos estaduais que responderam à pesquisa
eletrônica em 2006, apenas cinco seguiam modelo de relatório sugerido pela Anvisa e nove adotavam
padrão próprio.
144. Essas respostas sinalizam que esse problema ainda persiste e representam uma oportunidade
para a Anvisa uniformizar entendimento pelas Visas estaduais quanto aos procedimentos de elaboração
e encaminhamento de relatórios de inspeção, haja vista que a questão da harmonização e padronização
desse documento já foi pactuada na CIT.
Controles no pós-registro do medicamento
145. A pesquisa também questionou as Visas estaduais sobre quais seriam as principais fontes de
busca ativa sobre eventos adversos e queixas técnicas relacionadas ao uso de medicamentos. Para a
maioria (77%), as principais fontes são o Sistema Notivisa e os próprios usuários dos medicamentos,
aparecendo em seguida o médico prescritor (31%) e a rede Sentinela e as drogarias e farmácias
notificadoras (23%).
146. Os baixos índices de notificação, em particular, de médicos, identificada já em 2006, denota a
resistência desse profissional de saúde para notificar suspeita de reações adversas. Diversos fatores
foram apontados à época como causadores para essa situação: a) alguns profissionais citaram que têm a
percepção de que nenhuma providência é adotada pelos órgãos de vigilância sanitária após a
notificação; b) há profissionais que têm receio de prejudicar a instituição em que atuam ou de serem
questionados judicialmente em relação ao ato de prescrição do medicamento, no caso de o fato chegar
ao conhecimento dos pacientes ou ser divulgado pela mídia; e c) a formação acadêmica da maioria dos
profissionais não enfatiza a relevância das ações de farmacovigilância.
147. Já a participação das farmácias seria maior para a notificação de queixas técnicas de
medicamentos se comparado com a notificação de reações adversas. Esse resultado também foi
constatado em 2006, comportamento até certo ponto esperado porque as fontes mais fidedignas de
notificações de reações adversas são hospitais e unidades básicas de saúde, tendo em conta o acesso a
elementos subsidiários, tais como prontuários; histórias clínicas; antecedentes pessoais; exames
laboratoriais; e acompanhamento do uso crônico de medicamentos. Ressalte-se que ainda é
relativamente recente a implantação e organização das drogarias e farmácias notificadoras, que data de
2005.
148. Quanto às ações de acompanhamento da fase pós-registro de medicamentos, solicitou-se às
visas que classificassem o grau de dificuldade enfrentado para a execução das atividades de
farmacovigilância. A promoção ao uso racional e ao uso seguro de medicamentos junto à população não
é atividade regular em 23% das Visas. Nas demais, foi mencionada a realização de ações nesse sentido,
contudo, todas ressaltaram a grande dificuldade em mantê-las de forma regular e continuada.
149. Sobre as ações de educação em vigilância sanitária, dois outros itens abordados no
questionário também apresentaram desempenho insatisfatório segundo a percepção dos gestores
entrevistados: a) produção e divulgação de informação ao usuário de medicamentos (dificuldade de
realização por 77% das Visas); e b) conscientização de profissionais de saúde (dificuldade de realização
por 92% das Visas).
746
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
157. Os centros são classificados conforme os testes que realizam. Assim, existem os de
Equivalência Farmacêutica, destinados a verificar se o medicamento testado contém o mesmo fármaco,
na mesma dosagem e forma farmacêutica, que o de referência, e os de
Biodisponibilidade/Bioequivalência, que visam assegurar que o medicamento testado apresenta a mesma
eficácia clínica e segurança em relação ao medicamento de referência.
Centros de Equivalência Farmacêutica
158. Os estudos apresentados pelo setor regulado devem ser realizados por Centros de
Equivalência Farmacêutica (EQFAR) habilitados pela Anvisa. Em 2010, 40 centros estavam habilitados
ao grupo EQFAR, sendo: 14 centros públicos, vinculados a laboratório farmacêutico oficial ou
universidade federal/estadual, sendo que dez deles intregram a Rede Brasileira de Centros Públicos de
Bioequivalência (REQBIO); 13 centros particulares independentes, não vinculados a laboratório
farmacêutico; e 13 centros particulares de empresa, vinculado a laboratório farmacêutico para realizar
estudos dos próprios produtos.
159. Esses centros são habilitados a partir da sua capacidade técnica, operacional, de instalações
e de verificação de Procedimentos Operacionais Padrão para a condução dos estudos de equivalência
farmacêutica exigidos, em conformidade com as resoluções da Anvisa e de outros órgãos
regulamentadores.
160. No controle de qualidade dos exames realizados pelos laboratórios, a GGMED realizou, em
2010, 15 inspeções com os seguintes objetivos: habilitação inicial (2); renovação de habilitação e
auditoria de estudo (12); e auditoria de estudo (1). Dois centros, um público e um particular empresa,
ficaram com suas atividades temporariamente suspensas, de acordo com a Gerência-Geral. Essa
atividade requer equipe técnica da Anvisa altamente capacitada e em quantidade suficiente para atender
a demanda de trabalho.
Centros de biodisponibilidade/bioequivalência
161. Até 2010, estavam habilitados 21 centros nacionais certificados privados e seis centros
nacionais certificados públicos. Dos centros públicos de bioequivalência, quatro faziam parte da
REQBIO.
162. Com relação aos resultados das análises apresentadas pelos laboratórios, a Anvisa pode
refutá-los, se estiverem em desacordo com o preconizado nas normas de realização dos estudos. Os
estudos de BD/BE realizados pelos Centros podem ser submetidos à auditoria para verificação dos
procedimentos adotados, critérios de aceitação, cálculos, dados brutos e comparação com dados de
literatura e com monografias existentes em farmacopéias oficiais, bem como se foram conduzidos de
acordo com a legislação sanitária e as Boas Práticas de Laboratório (BPL).
163. O resultado dessa auditoria é encaminhado à Coordenação de Registro (CRMED), para
subsidiar a análise técnica das petições de registro e pós-registro. Esse procedimento reduz o número de
exigências que poderiam advir da análise técnica e permite a aplicação de advertências, se necessário.
164. De acordo com a GGMED, foi incluída na agenda regulatória 2010 a revisão da norma que
trata da certificação de centros de pesquisa em bioequivalência e da auditoria dos estudos de
bioequivalência apresentados. Para tal, a Anvisa instituiu, pelas Portarias nº 389/2010 e nº 930/2010,
grupos de trabalho para elaborar proposta de regulamento sobre certificação de centros para a
realização de estudos de ao final de 2010.
165. O Memorando n° 741/2011/GGMED/ANVISA-MS apresenta manifestação da COBIO a
respeito do assunto:
‘(...) Em razão dos motivos já relacionados nas fichas de acompanhamento da Agenda Regulatória
da Anvisa (demanda de trabalho interno; revisão concomitante de outras normas que demandaram
maior colaboração de corpo técnico; a complexidade do tema ser superior à esperada; e outros motivos)
foi solicitado e autorizado a prorrogação dos trabalhos de revisão do GT [Grupo de Trabalho],
conforme publicado na portaria n°. 930/10. (...) a continuação da revisão da norma que trata da
certificação de centros para a realização de estudos de biodisponibilidade/bioequivalência foi inserida
novamente na Agenda regulatória de 2011 (...).’
748
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
166. A COBIO relatou que a revisão de Práticas Clínicas e Laboratoriais para Fins de
Certificação de Centros de Bioequivalência (realizado pelo GT da Coordenação de Bioequivalência)
encontrava-se finalizada no primeiro semestre de 2011. Entretanto, em razão da publicação das
Consultas Públicas 15/2010 e 16/2010, elaboradas pela GGLAS, que contêm assuntos de interface e com
diferentes diretrizes sobre a revisão pautada naquele GT, a COBIO iria questionar a Procuradoria, a
GGMED e a Diretoria da Anvisa sobre qual procedimento deverá ser adotado.
Fase pós-registro – análise prévia e de orientação
167. A Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde (REBLAS) agrupa laboratórios
credenciados para realizar análises prévias e de orientação. As primeiras são realizadas em amostras de
medicamentos, visando à verificação do cumprimento dos requisitos de qualidade que habilitem os
produtos a serem registrados. As segundas são realizadas em amostras encaminhadas por órgãos
públicos responsáveis por programas nacionais ou regionais de saúde como, por exemplo, análise de
vacinas para a Fundação Nacional de Saúde e kits diagnósticos para o programa de DST/AIDS.
168. Na modalidade analítica estavam habilitados, em dezembro de 2010, 113 Laboratórios do
Grupo REBLAS, situados em um pouco mais da metade dos estados da federação. Desses, 28 realizam
análises de medicamentos.
169. Do total de 28 laboratórios classificados como reblados (habilitados e pertencentes à Rede)
para medicamentos, de diferentes grupos de ensaios e produtos, 16 estavam em universidades, institutos
e fundações e 12 em empresas. Verificou-se que, pelo menos, três empresas também são fabricantes de
medicamentos.
170. De acordo com a Gerência-Geral de Laboratórios de Saúde Pública (GGLAS), o processo de
habilitação dos laboratórios e os normativos que regem a REBLAS serão reformulados. Os laboratórios
que queiram obter habilitação ou permanecer habilitados na rede deverão obter licença sanitária na
Visa local e acreditação laboratorial no Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Inmetro). Não havia, entretanto, cronograma definido para apresentação das novas
exigências pelos laboratórios.
Fase pós-registro – análise fiscal
171. Outra espécie de análise que deve ser realizada pelos laboratórios são as análises fiscais.
Elas são as efetuadas em amostras de produtos submetidos ao SNVS, em caráter de rotina, para
apuração de infração ou verificação de ocorrência de desvio de qualidade, segurança e eficácia (art. 3º,
inciso XXXV, do Decreto 79.094/1977). São, portanto, instrumentos de monitoramento da qualidade dos
medicamentos consumidos pela população.
172. A Anvisa, em parceria com os órgãos estaduais de vigilância sanitária, Instituto Nacional de
Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) e Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens), instituiu
o Proveme, em 2004, tendo como um dos objetivos principais avaliar a qualidade dos medicamentos
distribuídos pelos programas de assistência farmacêutica do SUS.
173. Foram firmados, então, com os estados do Ceará, São Paulo, Goiás e Minas Gerais,
convênios para vialibilizar a execução do Poveme. Apenas Goiás e Minas Gerais estavam, até
28/02/2011 e 30/06/2011, respectivamente, com os contratos vigentes. De acordo com a GGLAS, não há
previsão orçamentária específica para execução de nova etapa do Proveme, a partir de 2011.
174. A GGLAS considera que foi superada a meta inicial do programa, de realização de 1.055
análises de medicamentos até o encerramento dos convênios celebrados, não havendo pendência de
coletas fiscais. Apesar do resultado positivo, a Gerência-Geral avalia que a modalidade de convênio não
se adéqua à realização de atividades de monitoramento, que devem ser contínuas, tampouco garantem
atendimento de demandas extemporâneas relacionadas com investigação, denúncia ou notificações de
agravos. O aporte laboratorial é premissa para a garantia do controle da qualidade dos medicamentos.
175. Dessa forma, com a suspensão do Proveme, haverá demanda ainda maior ao INCQS para a
realização de análises, fragilizando, assim, o sistema de controle de qualidade dos medicamentos. Essa
atribuição cabe aos Lacens, conforme preconizado nas normas do SUS e vinha sendo materializada pelo
Proveme.
749
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
176. Para Lucchese (2000), a precariedade do apoio laboratorial elimina a possibilidade do uso
eficiente de um valioso instrumento da vigilância sanitária, a análise laboratorial, que pode comprovar
falta de qualidade e fraudes diversas no campo dos produtos em regime de vigilância.
177. De acordo com auditoria operacional realizada pelo TCU, em 2003, nos Lacens de 24
estados brasileiros (TC 004.951/2003-1, Acórdão 134/2005-Plenário), predominavam a estrutura
deficiente e a capacidade de trabalho reduzida na maioria das unidades, comprometendo o alcance do
seu objetivo principal que é executar programas de monitoramento de risco e padrões de qualidade e de
segurança de produtos de interesse da saúde.
178. Por meio do Memorando n° 171/2011-GGLAS/DIMCB/ANVISA, de 07/06/2011, a GGLAS
informou que foram realizadas, em 2008, visitas técnicas em todos os 27 Lacen para o reconhecimento
das condições analíticas dos laboratórios oficiais. No final de 2010, novo levantamento foi feito, desta
vez através do preenchimento de formulários enviados aos Lacen por via eletrônica, atualizando-se,
assim, o seu perfil analítico. Em abril de 2011, foi realizado um levantamento de atividades realizadas
por oito Lacen municipais. No planejamento das atividades da área para o ano de 2011 estariam
previstas, a partir de julho, novas visitas técnicas aos laboratórios. A partir dessas atividades, a GGLAS
acredita ter condições de mapear as necessidades de estruturação dos laboratórios oficiais, de verificar
o estágio de implantação do Sistema de Gestão da Qualidade nos Lacen e de estruturar um cadastro
acerca das suas competências analíticas.
179. Além disso, a GGLAS mencionou ações realizadas nos meses de março e abril 2011, com o
fito de apoiar a estruturação dos laboratórios que dão suporte ao SNVS: a) curso de capacitação sobre a
Norma ABNT ISO/IEC 17.025/2005, que trata dos Requisitos Gerais para a Competência de
Laboratórios de Ensaio e Calibração, em parceria com o Inmetro e a Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial (ABDI); b) visita técnica em seis Lacen, com o objetivo de identificar
potencialidades para procedimentos de acreditação pelo Inmetro; c) projeto-piloto para processos de
acreditação com seis Lacen selecionados a partir do curso de capacitação e da visita técnica; d)
cooperação técnica com o INCQS para a implantação do Sistema de Gerenciamento de Amostras (SGA)
nos 27 Lacen; e e) oficina temática com representantes internacionais (OCDE, OMS, OPAS, FDA,
EDQM), representantes nacionais (ABNT, Inmetro, Laboratório privado - CROMA) para as áreas da
Anvisa e representantes do SNVS com o objetivo de identificar as necessidades analíticas para os
produtos e serviços sob regime de vigilância sanitária.
180. Por fim, em relação à regulação sanitária para a área de laboratórios, a GGLAS informou
sobre a publicação da Consulta Pública n° 15/2011, que dispõe sobre a Rede Brasileira de Laboratórios
Analíticos em Saúde (REBLAS), e a Consulta Pública n° 16/2011, que dispõe sobre o funcionamento de
laboratórios analíticos que realizam ensaios em produtos e serviços sujeitos à Vigilância Sanitária.
Ambas as consultas tiveram seus prazos de contribuição prorrogados para 28/06/2011. O Grupo misto
para a consolidação das consultas públicas estava em vias de conformação, e a proposta era contar com
a participação da GGLAS, setor produtivo, laboratórios analíticos e serviços estaduais de vigilância
sanitária.
181. Outra ação importante nessa área trata da reformulação da portaria GM/MS n° 3.271/2007,
que regulamenta o repasse de recursos financeiros aos Laboratórios de Saúde Pública. A GGLAS
informou que uma proposta de pactuação com os entes do SNVS encontrava-se em fase de elaboração
naquela Gerência-Geral, incluindo a discussão dos critérios e indicadores de qualidade que nortearão os
repasses financeiros.
5.2 Sistema de notificação de reações adversas e queixas técnicas
182. A Organização Mundial de Saúde define farmacovigilância como a ciência e as atividades
relacionadas à detenção, avaliação, entendimento e prevenção de reações adversas ou qualquer outro
problema relacionado a medicamentos, como queixas técnicas, por exemplo. No ordenamento jurídico
brasileiro, as atividades de farmacovigilância são classificadas como prioritárias pela Política Nacional
de Medicamentos (Portaria/GM/MS no 3.916/1998, item 3.2).
183. No Memorando nº 61/2011-NUVIG/GADIP/ANVISA, de 08/06/2011, o Núcleo de Vigilância
em Eventos Adversos Queixas Técnicas (NUVIG) menciona que o Brasil foi admitido pela Organização
750
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Mundial de Saúde (OMS) como o 62° país a fazer parte do Programa Internacional de Monitorização de
Medicamentos, coordenado pelo The Uppsala Monitoring Centre, localizado na Suécia.
184. A publicação da Portaria/GM/MS nº 1.660/2009, que instituiu o Sistema de Notificação e
Investigação em Vigilância Sanitária (Vigipos) no âmbito do SNVS, foi um passo importante e recente no
fortalecimento dessas ações. Essa portaria estabeleceu as diretrizes do sistema de vigilância de eventos
adversos e queixas técnicas pós-comercialização, com gestão compartilhada entre o Ministério da Saúde,
a Anvisa, as secretarias estaduais de saúde e as secretarias municipais de saúde. O Notivisa foi
desenvolvido anteriormente à publicação da referida Portaria, mas sua funcionalidade permitiu que o
mesmo fosse disponibilizado como ferramenta de apoio às ações do Vigipós.
185. A porta de entrada do Notivisa é via sítio da Anvisa e pode ser acessado por todo o SNVS e
pela a sociedade em geral. As investigações são de responsabilidade compartilhada da Anvisa, que
monitora e coordena o sistema, e das Visas estaduais e municipais, que devem também alimentar e dar
andamento às notificações após classificadas pela Anvisa.
186. À GGIMP, cabe analisar as queixas técnicas relativas a medicamentos, enquanto os eventos
adversos são analisados pela Coordenação de Farmacovigilância do NUVIG.
187. São considerados potenciais notificadores: a) os profissionais liberais de saúde (enfermeiros,
farmacêuticos, médicos e odontólogos); b) os profissionais das instituições de saúde e estabelecimentos
farmacêuticos (hospitais, clínicas, farmácias e drogarias, dentre outros); c) os profissionais que atuam
na indústria farmacêutica; e d) os entes do SNVS.
188. O NUVIG ressalta que:
‘enquanto os profissionais de saúde tanto liberais quanto vinculados aos estabelecimentos de
saúde constituem-se em potenciais notificadores, as empresas detentoras do registro de medicamentos
(as indústrias e importadoras farmacêuticas) tem as ações de farmacovigilância e a notificação como
atividade compulsória, conforme definido pela RDC/ANVISA n° 04/2009. O Notivisa tem sido o sistema
no qual essas notificações são ‘depositadas’ e podem ser vistas e monitoradas por todo o SNVS. Embora
os entes do SNVS também sejam notificadores, o que se espera em grande parte é que esses técnicos da
vigilância sanitária utilizem o sistema Notivisa para o gerenciamento das notificações depositadas pelos
serviços de saúde, local onde as reações adversas são mais facilmente identificadas’ (Memorando nº
61/2011-NUVIG/GADIP/ANVISA).
189. O NUVIG apresentou dados referentes ao número de notificações recebidas pelo Notivisa
entre 2007 e 2010. Em 2007, quando o sistema ainda estava na fase de testes, foram registradas 37
notificações. Em 2008, esse número subiu para 2.568 notificações. No ano de 2009, houve um aumento
de quase 40% no número de notificações em relação ao ano anterior Em 2010, houve um acréscimo de
cerca de 30% em relação a 2009 e de 80% em relação a 2008. Considerando ainda o indicador utilizado
pelo NUGIV para a medição do número de notificações graves recebidas pelo sistema, tem-se que o
índice saltou de 5,55 notificações graves por milhão de habitantes, em 2008, para 15,05 notificações
graves por milhão de habitantes no ano de 2010.
190. No Memorando n° 461/GGIMP/ANVISA/MS são descritas iniciativas da GFIMP voltadas à
qualificação das Visas para a operacionalização do Notivisa. Entre 2007 e 2009, foram realizados
cursos de capacitação de investigação de queixas técnicas nos estados e nas Visas municipais das
capitais da Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás. Além
desses, os estados do Paraná e São Paulo, pela sua importância, também haviam sido selecionados para
a capacitação, contudo, segundo informado pela Gerência da Anvisa, não foi possível a realização da
atividade, não tendo sido apresentados os motivos de tal inviabilidade. Com exceção de Goiás, que foi
incluído devido à importância do parque fabril que sedia, a GGIMP informa que aproximadamente 90%
das notificações existentes no sistema Notivisa são provenientes desses estados, por isso a priorização
em capacitar as equipes das respectivas Visas.
191. Na sequência, em 2009, segundo relata a GGIMP, foram elaboradas, em conjunto com as
Visas estaduais, as Diretrizes para Investigação de Queixas Técnicas de Medicamentos e Aplicação do
Processo Administrativo Sanitário, onde constam os procedimentos para utilização do sistema Notivisa
no que tange ao registro das investigações de queixas técnicas de medicamentos. Com a publicação das
751
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
diretrizes, foram programados novos treinamentos sobre a utilização do Notivisa, a serem realizados nas
sedes das Visas estaduais. Nessa nova fase de capacitação, a seleção dos estados foi orientada pelos
mesmos critérios mencionados anteriormente. Em 2010, foram realizados treinamentos nos estados de
Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Para 2011, mantendo-se os cortes orçamentários, foi
informado que não será possível o cumprimento do cronograma previsto em relação aos demais estados
selecionados.
192. Em análise às respostas dos questionários enviados pelo TCU às vigilâncias sanitárias
estaduais (Gráfico 2, Item 3.5), foi constatada dificuldade de alguns estados em utilizar o sistema. Do
total de respondentes, 23% afirmaram que nunca utilizaram o sistema, 38% o consideram de média
utilidade, pois algumas vezes não conseguem obter as informações de que precisam, e 38% consideram o
Notivisa uma ferramenta útil.
193. A classificação do grau de dificuldade da alimentação do Sistema Notivisa pelas Visas aponta
para a oportunidade da Anvisa garantir recursos para a manutenção e, até mesmo, ampliação das ações
de capacitação nessa área. Isto porque 31% das visas afirmaram que conseguem alimentar o Notivisa
sem dificuldades, enquanto que 46% dos respondentes informaram que têm dificuldade em alimentar esse
sistema. Sabe-se que o alto índice de rotatividade de servidores nos órgãos estaduais é uma realidade
enfrentada pelos gestores e explica a perda de expertise quanto a técnicos que receberam capacitação
anteriormente. Por isso, a oferta de treinamento deve ser disponibilizada rotineiramente de modo a
evitar a solução de continuidade no nivelamento entre as vigilâncias estaduais quanto ao treinamento
e/ou suporte para a operacionalização do sistema.
194. Outro aspecto destacado pela GGIMP trata da necessidade de desenvolvimento do módulo de
investigação das notificações no sistema Notivisa. A gestora entende que a adesão ao sistema é
prejudicada também pelo fato de que até o momento foi desenvolvido somente o módulo de notificação,
com alguns poucos campos para a inclusão sobre as ações adotadas e situação da investigação.
195. Conforme observado no Gráfico 4, os Hospitais Sentinela vêm sendo os principais
notificadores de queixas técnicas. Na opinião dos gestores da GGIMP, essas instituições, de fato, seriam
as mais qualificadas para notificar, pois deveriam dispor de equipe multidisciplinar e da presença de um
gerente de risco.
Gráfico 4 – Percentual de notificações de queixas técnicas para todos os produtos, por tipo
detalhado do notificante, em 2010.
Fonte: Anvisa.
196. As queixas técnicas de medicamentos injetáveis totalizaram 57% das denúncias relativas a
medicamentos, representando, assim, a linha de produção mais notificada. Pode-se atribuir a esse alto
percentual, segundo a GGIMP, o fato de as notificações serem originadas principalmente em
estabelecimentos hospitalares, que frequentemente fazem uso desses medicamentos.
197. O baixo percentual de notificações relativas ao consumo individual levou o SNVS a
desenvolver o projeto ‘Farmácias Notificadoras’, que tem como principal objetivo estimular o
752
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Fonte: Anvisa.
206. Atualmente, a GGIMP centraliza a análise das informações lançadas no Sistema Notivisa. O
foco do trabalho, porém, está na qualidade das informações inseridas no sistema, e não na quantidade de
notificações, e, para tanto, vem trabalhando diretamente com os notificadores, por meio de contato
telefônico ou por email eletrônico, para dirimir qualquer dúvida que possa surgir quando da análise das
queixas notificadas, assim como para qualificá-los para tal ação.
5.3 Recomendações
207. Considerando que o suporte laboratorial é um instrumento indispensável para a atuação
eficiente e afetiva da vigilância sanitária na área de medicamentos, e tendo em vista a atribuição da
Anvisa como coordenadora da Rede Nacional de Laboratórios Oficiais de Controle de Qualidade em
Saúde (art. 2º, inciso V, e 7º, inciso XVII, da Lei nº 9.782/1999), concomitante às disposições contidas na
Portaria GM/MS nº 2.031/2004 (organização do Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública),
na Portaria GM/MS nº 3.271/2007 (incentivo financeiro para as ações de vigilância sanitária nos
laboratórios de saúde pública), na RDC/Anvisa 134/2003 (que determina que somente centros
habilitados pela Agência podem realizar a análise laboratorial de medicamentos), e nas deficiências
outrora apontadas por este Tribunal no TC 004.951/2003-1, que originou o Acórdão TCU nº 134/2005-
Plenário, entende-se oportuno recomendar à Agência que:
a) elabore e implemente plano voltado à qualificação da estrutura laboratorial de apoio ao SNVS
no controle da qualidade, segurança e eficácia de medicamentos, que contemple: i) diagnósticos
detalhados e atualizados das necessidades do SNVS e mapeamento da linha de atuação, das atividades
executadas, das condições operacionais e de infraestrutura organizacional dos laboratórios de saúde
pública; ii) definição de medidas, metas e cronograma voltados à ampliação e/ou fortalecimento da
infraestrutura instalada; iii) mecanismos de coordenação do sistema nacional de laboratórios de
vigilância sanitária; e iv) agenda de supervisões técnicas regulares para acompanhar a estruturação da
rede, o nível de implementação do sistema de gestão de qualidade e o atendimento aos requisitos
mínimos de funcionamento dos laboratórios públicos e privados que realizam as análises; e
b) disponibilize os recursos necessários para garantir a continuidade de medidas voltadas ao
estímulo e aumento da adesão ao uso do sistema Notivisa pelos partícipes do SNVS, incluindo: ações de
nivelamento, ainda que em caráter regional, entre as Visas estaduais e municipais em relação ao
treinamento e suporte para sua operacionalização; fomento à participação das Visas locais nos
encontros anuais da Rede de Hospitais Sentinela e da Rede de Farmácias Notificadoras; e manutenção
754
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
de canal direto de comunicação com as Visas para orientação sobre problemas de cadastramento e
utilização do sistema.
6. Comentários do Gestor
208. Nos termos do Manual de Auditoria de Natureza Operacional, aprovado pela Portaria
Segecex/TCU nº 4, de 26/02/2010, a versão preliminar do relatório de auditoria operacional realizada
em ações de vigilância sanitária de medicamentos foi remetido a Anvisa, por meio do Ofício Seprog/TCU
nº 125/2011, de 24/05/2011, com a finalidade de se obter os comentários pertinentes sobre as questões
abordadas por este Tribunal.
209. A Anvisa remeteu seus comentários ao Tribunal via Ofícios nº 035/2011-AUDITORIA
ANVISA e 039/2011-AUDITORIA ANVISA, de 08/06/2011 e 13/06/2011, respectivamente, com
considerações de cada gerencia/unidade técnica consubstanciadas nos seguintes documentos anexos aos
ofícios: a) Memorando 715/2011/GFIMP/GGIMP/ANVISA, de 06/06/2011; b) Memorando nº
741/2011/GGMED/ANVISA, de 07/06/2011; c) Memorando nº 171/2011/GGLAS/DIMCB/ANVISA, de
07/06/2011; d) Memorando nº 461/GGIMP/ANVISA/MS, de 07/06/2011 (que substituiu o Memorando nº
715/2011/GFIMP/GGIMP/ANVISA); e e) Memorando nº 61/2011/NUVIG/GADIP/ANVISA, de 08/06/2011.
210. Considera-se que os comentários e esclarecimentos enviados pelos gestores foram
extremamente pertinentes e possibilitaram o aperfeiçoamento de análises e elementos textuais do
relatório final da auditoria, inclusive quanto ao ajuste da redação de algumas recomendações. Ressalte-
se também a anuência dos gestores com as oportunidades de melhoria de desempenho identificadas pela
auditoria, algumas das quais com ações já em curso ou planejadas pela Anvisa.
211. Ademais, ressalte-se que a equipe de auditoria do TCU contou com a cordialidade e presteza
dos técnicos e gestores da Agência contatados durante este trabalho, tanto nas entrevistas como nas
respostas às diligências.
7. Conclusão
212. O presente trabalho teve por finalidade avaliar as ações de vigilância sanitária de
medicamentos. A auditoria verificou o processo de registro, que inclui análise documental das petições,
inspeções no processo produtivo e monitoramento para avaliação da eficácia e da segurança de
medicamentos.
213. A auditoria constatou que o passivo de processos não analisados existente na GGMED
(backlog de registro de medicamentos) e na GGIMP (backlog de autorização de funcionamento de
farmácias e drogarias) aumentou consideravelmente desde 2007, exemplificando a dificuldade da área
em analisar no prazo regulamentar as petições do setor regulado. Nesta última área, há também grande
limitação operacional em atender o volume de solicitação por inspeções.
214. Há oportunidades de aperfeiçoamento no que tange ao planejamento integrado entre as ações
de inspeção, certificação e registro na área de medicamentos, promovendo, inclusive, maior sinergia
entre a Gerência-Geral de Medicamentos e a Gerência-Geral de Inspeção e Controle de Insumos,
Medicamentos e Produtos em promover fiscalizações conjuntas e criar canais internos que favoreçam a
comunicação intra-unidades.
215. No processo de gestão da informação, o relatório aponta como fragilidade a não
confiabilidade do sistema Datavisa, que apresenta dados incompletos e gera relatórios limitados,
dificultando a avaliação das atividades inerentes ao fluxo de registro de medicamentos executado pela
Anvisa. Além disso, a inconsistência de informações no sistema conduziu à proliferação de planilhas e ao
desenvolvimento de sistemas paralelos específicos em cada gerência, fazendo com que as informações
fiquem indisponíveis para outras áreas.
216. Por outro lado, a fiscalização constatou melhorias no processo de avaliação da qualidade
intrínseca dos medicamentos na fase de pré-registro, decorrência, principalmente, da publicação de
norma específica que estabeleça critérios a serem seguidos e documentos indispensáveis ao processo de
registro, além da menor dependência da Agência em relação ao grupo de consultores ad hoc na
avaliação dos protocolos de ensaios clínicos. Todavia, a GGMED reconhece que ainda há oportunidades
de aperfeiçoamento que poderiam qualificar ainda mais o processo de registro de medicamentos em
relação a pesquisas e ensaios clínicos, como, por exemplo: a) racionalizar a regulamentação para
755
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
anuência em pesquisa clínica e simplificar a análise de processos nos casos de ensaios clínicos
multicêntricos internacionais previamente discutidos com outras agências reguladoras; b) elaborar guias
específicos para condução de estudos clínicos; c) aumentar o número de inspeções em Boas Práticas
Clínicas; d) regulamentar penalidades administrativas no âmbito das não-conformidades apresentadas
nos estudos clínicos inspecionados; e e) implementar módulo informatizado para submissão eletrônica de
protocolos clínicos.
217. Outro ponto que merece destaque diz respeito ao risco de fragilização do suporte
laboratorial. O Programa Nacional de Verificação da Qualidade de Medicamentos (Proveme), que deve
avaliar, prioritariamente, a qualidade dos medicamentos distribuídos pelos programas de assistência
farmacêutica do SUS, não contava com aporte orçamentário para 2011. Os Lacens, por sua vez, carecem
de melhor estrutura laboratorial para dar o suporte necessário ao SNVS para agir tempestivamente e
impedir a ocorrência de danos e agravos à saúde.
218. Por fim, constatou-se oportunidade de qualificar o processo de notificação de efeitos
adversos e queixas técnicas relacionados ao consumo, fabricação e registro de medicamentos, tendo em
vista que o sistema Notivisa ainda pode amadurecer mais no sentido de alcançar plenamente o seu objeto
principal, que é constituir-se em ferramenta subsidiária para as ações de vigilância sanitária de estados,
municípios e da própria Anvisa. A pesquisa realizada pelo TCU aponta para a necessidade da Anvisa
atuar continuadamente no nivelamento entre as vigilâncias estaduais em relação ao treinamento e
suporte para sua operacionalização. Por outro lado, ficou evidenciado que o alto índice de rotatividade
dos servidores nas visas estaduais dificulta sobremaneira a continuidade no gerenciamento do Notivisa
por parte das instâncias locais.
8. Proposta de encaminhamento
219. Diante do exposto, e visando contribuir para aperfeiçoar as ações de vigilância sanitária de
medicamento pelos entes que integram o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), submete-se
este relatório à consideração superior, com as seguintes propostas:
I) Recomendar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, com fulcro no art. 250, inciso III, do
Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, que:
a) desenvolva plano de comunicação organizacional entre a Gerência-Geral de Medicamentos e a
Gerência-Geral de Inspeção e Controle de Insumos, Medicamentos e Produtos, de modo a instituir
mecanismos e ferramentas voltadas a: i) promover o planejamento integrado entre as ações de inspeção,
certificação e registro na área de medicamentos; ii) criar sinergia entre as estratégias de atuação e
adoção da boa prática de fiscalizações conjuntas; iii) criação de canais internos que favoreçam a
comunicação intra-unidades; iv) levantamento das necessidades e oportunidades de compartilhamento
de dados dos sistemas informatizados geridos por cada uma das gerências;
b) adote medidas no sentido de reduzir o backlog de processos relativos à concessão de registro de
medicamento, alteração pós-registro de medicamento e autorização de funcionamento de atividades
empresariais, bem como ampliar a capacidade operacional da agência de atender a demanda por
inspeções in loco;
c) promova a compatibilidade entre os recursos de Tecnologia da Informação e as necessidades
das gerências envolvidas com as ações de inspeção, certificação e registro de medicamentos, de modo a:
i) possibilitar que as funcionalidades dos sistemas informatizados disponíveis se harmonizem às novas
exigências de consultas e tramitação processual ocorridas nessas áreas; ii) racionalizar e automatizar o
fluxo de informações entre essas gerências e entre elas e os entes do SNVS e o setor regulado; iii) definir
cronograma de entrega dos produtos previstos e acordados com a área técnica de informática, para os
sistemas Datavisa, Visalegis, Sinavisa, Notivisa e Canais; iv) priorizar a implantação da plataforma
eletrônica de registro de medicamentos, no seu módulo inicial de registro de medicamentos novos;
d) promova aperfeiçoamentos no processo de registro de medicamentos, no que tange à realização
de pesquisas e ensaios clínicos, de modo a: i) levantar as necessidades e elaborar guias específicos para
subsidiar a condução de estudos clínicos; ii) estabelecer regras específicas para o tratamento das não-
conformidades apresentadas nos estudos clínicos inspecionados em Boas Práticas Clínicas; iii)
desenvolver módulo ou funcionalidade que permita a submissão eletrônica dos protocolos clínicos; iv)
756
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
aumentar o número de inspeções em Boas Práticas Clínicas realizadas em centros clínicos para
subsidiar estudos de impacto sanitário; e v) dotar de maior formalidade a atuação da Comissão/Grupo
Técnico responsável pela Eleição de Medicamento de Referência, instituído originalmente pela Portaria
Anvisa nº 376/2003;
e) normalize, a partir da proposta elaborada pelo grupo de trabalho tripartite, instituído pela
Portaria Anvisa nº 511/2010, procedimentos operacionais padrão quanto à condução das inspeções
sanitárias na indústria de medicamentos, à elaboração e encaminhamento dos respectivos relatórios, ao
acompanhamento da adoção de medidas corretivas, ao gerenciamento de documentos e ao controle de
qualidade das ações;
f) institua uma agenda plurianual de capacitação dos técnicos dos serviços estaduais e municipais
de vigilância sanitária, se apropriando, quando viável, do uso estratégias de maior alcance e com base
em novas tecnologias, como o ensino à distância, com ênfase na continuidade dos treinamentos
relacionados a Boas Práticas de Fabricação e a operacionalização dos sistemas de informação
considerados relevantes para as ações de vigilância sanitária na área de registro de medicamentos;
g) disponibilize para os serviços de vigilância sanitária, no sistema Sinavisa, as respostas
encaminhadas em FAQ - Frequently Asked Questions (Perguntas Freqüentes), ou seja, uma compilação
de perguntas freqüentes acerca de questionamentos relacionados à interpretação de normativos ou à
realização das ações de inspeção, visando dirimir as dúvidas mais comuns e reduzir o número de
perguntas semelhantes repetidamente postadas;
h) elabore e implemente plano voltado à qualificação da estrutura laboratorial de apoio ao SNVS
no controle da qualidade, segurança e eficácia de medicamentos, que contemple: i) diagnósticos
detalhados e atualizados das necessidades do SNVS e mapeamento da linha de atuação, das atividades
executadas, das condições operacionais e de infraestrutura organizacional dos laboratórios de saúde
pública; ii) definição de medidas, metas e cronograma voltados à ampliação e/ou fortalecimento da
infraestrutura instalada; iii) mecanismos de coordenação do sistema nacional de laboratórios de
vigilância sanitária; e iv) agenda de supervisões técnicas regulares para acompanhar a estruturação da
rede, o nível de implementação do sistema de gestão de qualidade e o atendimento aos requisitos
mínimos de funcionamento dos laboratórios públicos e privados que realizam as análises; e
i) proporcione continuidade às medidas voltadas a estimular e aumentar a adesão ao uso do
sistema Notivisa pelos partícipes do SNVS, incluindo: ações de nivelamento entre as vigilâncias
estaduais e municipais em relação ao treinamento e suporte para sua operacionalização; fomento à
participação das Visas locais nos encontros anuais da Rede de Hospitais Sentinela e da Rede de
Farmácias Notificadoras; e manutenção de canal direto de comunicação com as Visas para orientação
sobre problemas de cadastramento e utilização do sistema.
II) Determinar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária que encaminhe ao Tribunal, no prazo
de 90 dias, Plano de Ação que contenha o cronograma de adoção das medidas necessárias à
implementação das deliberações que vierem a ser prolatadas pelo Tribunal, com a identificação dos
responsáveis.
III) Encaminhar cópia do Acórdão que vier a ser adotado pelo Tribunal, bem como do Relatório e
do Voto que o fundamentarem, e do inteiro teor do presente relatório, para os seguintes destinatários: a)
Ministro de Estado da Saúde; b) Diretor-Presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária; c)
Presidente da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados; e f) Presidente da
Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal;
IV) Restituir os autos à Seprog para que programe o monitoramento do Acórdão que vier a ser
proferido nestes autos;
V) Arquivar os autos na Secretaria de Fiscalização e Avaliação de Programas de Governo.”
É o relatório.
VOTO
757
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Em exame auditoria operacional realizada na Anvisa para avaliar as ações de vigilância sanitária de
medicamentos desenvolvidas pela agência. O trabalho foi originalmente realizado em 2006, tendo sido
totalmente revisado em 2010 para incorporar as mudanças eventualmente ocorridas em relação aos fatos
apontados.
2. A vigilância sanitária de medicamentos conduzida pela Anvisa ocorre em todas as etapas da
cadeia produtiva do medicamento, desde a aquisição de matéria-prima até a disponibilização do produto
ao consumidor. Ainda assim, dispõe de maior visibilidade perante o público a atuação da agência no
processo de registro de medicamentos no País, por definir os fármacos que são disponibilizados ou
proibidos para comercialização.
3. Ao examinar as diversas áreas de atuação da Anvisa, a equipe de auditoria do Tribunal deparou-
se com um quadro de demandas crescentes perante um quadro reduzido e insuficiente de servidores
responsáveis por seu atendimento.
4. Essa situação, que está longe de ser uma exceção no serviço público, tende a ser regra, a partir
do momento em que se exige cada vez mais eficiência da Administração. Assim, para que as metas
possam ser atingidas com o quadro de pessoal disponível é necessária a otimização de procedimentos com
o adequado suporte de ferramentas da tecnologia da informação.
5. Entretanto, a equipe constatou que os sistemas da Anvisa carecem de confiabilidade, além de
apresentam diversas fragilidades, não atendendo às atuais necessidades da agência. A inadequação dos
sistemas oficiais favorece a proliferação de sistemas paralelos específicos de cada setor, fazendo com que
informações importantes sejam estanques, indisponíveis para outras áreas. Como resultado, o passivo de
processos não analisados tem aumentado com o tempo em quase todos os setores.
6. Além da deficiência observada nos sistemas informatizados, ainda existem lacunas no
planejamento integrado entre as ações de inspeção, certificação e registro de medicamentos, que, se
sanadas, possibilitariam maior sinergia entre os diversos setores da Anvisa.
7. Enquanto algumas frentes de atuação da Anvisa já passaram do estágio inicial de
desenvolvimento, outras carecem de estrutura física e financeira. Caso dos Lacens (Laboratórios Centrais
estaduais) ou do Programa Nacional de Verificação da Qualidade de Medicamentos (Proveme), ao qual
incumbe avaliar a qualidade dos medicamentos distribuídos pelo SUS, que, como apontado pela equipe
do TCU, não contava, à época da realização da auditoria, com previsão orçamentária para 2011.
8. Apesar disso, foram verificadas melhorias em alguns dos processos, decorrentes, basicamente,
do aprimoramento técnico dos profissionais envolvidos e da normatização dos procedimentos.
9. Feito esse breve apanhado do extenso e profundo trabalho conduzido pelos auditores da Seprog,
não posso deixar de louvar a qualidade de suas análises, com cujas conclusões manifesto-me totalmente
de acordo, fazendo apenas um pequeno reparo.
10. Uma vez que todas as proposições resultantes da auditoria estão sendo expedidas à Anvisa na
forma de recomendações, não me parece coerente determinar à entidade que apresente, em noventa dias,
cronograma de implementação dessas ações. Nesse caso, creio ser mais adequado solicitar à agência que
informe, no mesmo prazo, quais as recomendações estão sendo adotadas, fornecendo os respectivos
planos de ação, cronograma de implementação e responsáveis.
Assim, estando de acordo com a proposta formulada pela unidade técnica, com a ressalva acima
indicada, voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto a este Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
1. Processo nº TC 017.238/2006-3
2. Grupo I – Classe V – Auditoria Operacional
3. Interessado: Tribunal de Contas da União
4. Unidade: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro.
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Seprog
8. Advogado constituído nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de auditoria de natureza operacional
realizada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para avaliar a eficiência dos processos de
vigilância sanitária de medicamentos.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. 71, inciso IV, da Constituição Federal e no art.
250 do Regimento Interno/TCU, em:
9.1. recomendar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que:
9.1.1. desenvolva plano de comunicação organizacional entre a Gerência-Geral de Medicamentos e
a Gerência-Geral de Inspeção e Controle de Insumos, Medicamentos e Produtos, de modo a instituir
mecanismos e ferramentas voltadas a: i) promover o planejamento integrado entre as ações de inspeção,
certificação e registro na área de medicamentos; ii) criar sinergia entre as estratégias de atuação e adoção
da boa prática de fiscalizações conjuntas; iii) criar canais internos que favoreçam a comunicação intra-
unidades; iv) levantar as necessidades e oportunidades de compartilhamento de dados dos sistemas
informatizados geridos por cada uma das gerências;
9.1.2. adote medidas no sentido de reduzir o estoque de processos relativos à concessão de registro
de medicamento, alteração pós-registro de medicamento e autorização de funcionamento de atividades
empresariais, bem como ampliar a capacidade operacional da agência de atender a demanda por inspeções
locais;
9.1.3. promova a compatibilidade entre os recursos de tecnologia da informação e as necessidades
das gerências envolvidas com as ações de inspeção, certificação e registro de medicamentos, de modo a:
i) possibilitar que as funcionalidades dos sistemas informatizados disponíveis se harmonizem às novas
exigências de consultas e tramitação processual ocorridas nessas áreas; ii) racionalizar e automatizar o
fluxo de informações entre essas gerências e entre elas e os entes do SNVS e o setor regulado; iii) definir
cronograma de entrega dos produtos previstos e acordados com a área técnica de informática, para os
sistemas Datavisa, Visalegis, Sinavisa, Notivisa e Canais; iv) priorizar a implantação da plataforma
eletrônica de registro de medicamentos, no seu módulo inicial de registro de medicamentos novos;
9.1.4. promova aperfeiçoamentos no processo de registro de medicamentos, no que tange à
realização de pesquisas e ensaios clínicos, de modo a: i) levantar as necessidades e elaborar guias
específicos para subsidiar a condução de estudos clínicos; ii) estabelecer regras específicas para o
tratamento das não-conformidades apresentadas nos estudos clínicos inspecionados em Boas Práticas
Clínicas; iii) desenvolver módulo ou funcionalidade que permita a submissão eletrônica dos protocolos
clínicos; iv) aumentar o número de inspeções em Boas Práticas Clínicas realizadas em centros clínicos
para subsidiar estudos de impacto sanitário; e v) dotar de maior formalidade a atuação da
Comissão/Grupo Técnico responsável pela Eleição de Medicamento de Referência, instituído
originalmente pela Portaria Anvisa nº 376/2003;
9.1.5. normalize, a partir da proposta elaborada pelo grupo de trabalho tripartite, instituído pela
Portaria Anvisa nº 511/2010, procedimentos operacionais padrão quanto à condução das inspeções
sanitárias na indústria de medicamentos, à elaboração e encaminhamento dos respectivos relatórios, ao
acompanhamento da adoção de medidas corretivas, ao gerenciamento de documentos e ao controle de
759
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
Examina-se, nesta oportunidade, agravo interposto pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas do Distrito Federal – Sebrae/DF contra despacho deste Ministro-Relator, por meio do qual foi
concedida a medida cautelar pleiteada pela licitante Planinvesti Administração e Serviços Ltda. para a
suspensão do Pregão Presencial nº 10/2011, que objetiva a contratação de empresa especializada para
prestar serviço de administração e gerenciamento de alimentação coletiva (refeição convênio) para
fornecimento de documentos de legitimação, em papel e em cartões eletrônicos com senha pessoal para
aprovação das transações, bem como o gerenciamento via WEB, obrigatoriamente nas modalidades
refeição e alimentação, a serem utilizados em restaurantes ou estabelecimentos comerciais de gênero
alimentício ou similares, em todo o território nacional, nos termos do Programa de Alimentação do
Trabalhador – PAT, conforme anexo I do edital, envolvendo o atendimento a 130 (cento e trinta)
empregados da entidade.
2. Para melhor esclarecer a questão, entendo ser oportuna a transcrição de excerto do despacho
concessivo da cautelar, datado de 4/8/2011:
“2. A representante alega restrição ao caráter competitivo e direcionamento do resultado do
certame, em razão das exigências de rede credenciada em âmbito nacional e de quantidade excessiva de
estabelecimentos conveniados para vale refeição e vale alimentação.
3. Argumenta que, ante o número de apenas 130 colaboradores do Sebrae a serem atendidos e que
atuam em localidades pré-fixadas e determinadas, dentro de uma única sede do órgão situado no Distrito
Federal, não haveria motivo para exigir estabelecimentos credenciados em nível nacional, haja vista que
essa condição reduz injustificada e significativamente o universo de licitantes, favorecendo
indevidamente grandes empresas em detrimento de outras que poderiam atender às necessidades da
contratante.
4. Contesta a quantidade mínima de conveniados no Distrito Federal, fixada na tabela anexa ao
edital, de 1.330 estabelecimentos, sendo 910 na ‘rede refeição’ e 420 na ‘rede alimentação’, para
atendimento de apenas 130 beneficiários, por entender ser incompatível e desproporcional com o número
761
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
3. Inconformado com a decisão, o Sebrae/DF interpôs agravo, com fundamento nos arts. 183, inciso
IV, e 289 do Regimento Interno do TCU.
4. Com relação à admissibilidade, defende a tempestividade do recurso, tomando por base a data de
publicação no Diário Oficial da União da comunicação da cautelar feita em Sessão do Plenário, ou seja,
dia 19/8/2011, tendo o agravo sido protocolado em 26/8/2011.
5. Apresenta extenso arrazoado, semelhante ao que já havia sido enviado ao Tribunal em razão da
oitiva do Diretor Superintende e do pregoeiro, datado de 16/8/2011, que demonstraria a transparência,
legalidade, objetividade e impessoalidade do processo licitatório em questão, para requerer, ao final, a
revogação da medida liminar concedida, cassando todos os seus efeitos, considerando o risco inverso de a
demora vir a causar dano ao Sebrae/DF.
É o relatório.
VOTO
Trago à apreciação deste Tribunal agravo interposto pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas do Distrito Federal – Sebrae/DF contra despacho deste Ministro-Relator concessivo de medida
cautelar pleiteada pela licitante Planinvesti Administração e Serviços Ltda., para a suspensão do Pregão
Presencial nº 10/2011, referente ao fornecimento de vale alimentação e vale refeição.
2. Quanto ao requisito da tempestividade, verifica-se que o recorrente não observou o prazo
regulamentar para a interposição do recurso. Nos termos do art. 289 do Regimento Interno/TCU, somente
cabe agravo no prazo de cinco dias, contado na forma do art. 183, inciso I, alínea “d”, isto é, da
notificação da parte acerca do despacho objeto da presente impugnação.
3. Assim, considerando que o recorrente foi notificado do aludido despacho pelo Ofício nº
1.404/2011-Secex-5, entregue em mãos na Diretoria Executiva no dia 5/8/2011, de acordo com carimbo
aposto na cópia juntada aos autos como documento eletrônico nº 46.646.837-6 (ciência de comunicação),
verifica-se a intempestividade do agravo protocolado em 26/8/2011, não podendo ser conhecido por este
Tribunal.
4. De qualquer modo, e uma vez que já consta dos autos arrazoado semelhante ao do agravo, que foi
enviado ao TCU em razão da oitiva do Diretor Superintende e do pregoeiro, datado de 16/8/2011, a
unidade técnica dará continuidade à instrução do feito, em caráter prioritário.
Diante do exposto, voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto ao Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
1. Processo nº TC 023.853/2011-5
2. Grupo II – Classe I – Agravo em Representação
3. Recorrente: Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal – Sebrae/DF
4. Unidade: Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal – Sebrae/DF
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não autou
763
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, em que se examina agravo interposto
pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal – Sebrae/DF contra despacho
deste Ministro-Relator concessivo de medida cautelar pleiteada pela licitante Planinvesti Administração e
Serviços Ltda., para a suspensão do Pregão Presencial nº 10/2011, referente ao fornecimento de vale
alimentação e vale refeição.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 183, inciso I, alínea “d”, e 289 do Regimento
Interno/TCU, em:
9.1. não conhecer do presente agravo, por ser intempestivo, recebendo-o como resposta adicional à
oitiva relativa à medida cautelar adotada;
9.2. encaminhar os autos à 5ª Secex para que dê continuidade à instrução do feito, em caráter
prioritário;
9.3. dar ciência desta decisão ao recorrente.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
19. Ante essas considerações, claro está que a aplicação da norma em comento exige
regulamentação que trate a matéria em conjunto com as demais ações de capacitação, de forma a
viabilizar a devida utilização do instrumento por cada unidade organizacional.
20. Considerando o quadro complexo criado pela ampla gama de diferenças existentes entre os
diversos órgãos e entidades da Administração Pública, a emissão de orientação geral sobre avaliação da
concessão de licença para capacitação pode limitar indevidamente as possibilidades de análise da
conveniência e da oportunidade pelos agentes competentes em casos concretos não previstos.
21. Tratada essa questão, passa-se a abordar os atos de concessão de licença para capacitação
juntados aos autos pelo requerente por autorização do Ministro-Relator. Nestes casos concretos, além da
Lei nº 8.112/1990, deve-se buscar a regulamentação existente no instituto sobre o afastamento em
comento para realizar a análise.
III – Licença para capacitação no TCU
22. No âmbito do Tribunal de Contas da União (TCU), à matéria era tratada, ao tempo da
representação e dos atos de concessão juntados aos autos, na Resolução TCU nº 165, de 29/10/2003,
juntamente com os outros instrumentos que integram o conjunto de ações de educação a serem utilizadas
na implementação da política de desenvolvimento profissional desta Corte.
23. Essa resolução foi revogada pela Resolução TCU nº 212, de 25/6/2008, que passou a regular a
matéria e sobre a qual serão feitos comentários quando oportuno.
24. Transcrevem-se, a seguir, os dispositivos da Resolução TCU nº 165/2003, que tratavam da
regulamentação da licença para capacitação no âmbito do TCU (arts. 33 a 37):
‘Art. 33 A concessão da licença-capacitação prevista no art. 87 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro
de 1990, com a redação dada pela Lei n° 9.527, de 10 de dezembro de 1997, tem como objetivo permitir
que o servidor adquira, em ambiente externo e às suas expensas, conhecimentos desejáveis em sua área
de atuação profissional.
§ 1° As ações de capacitação deverão possuir carga mínima de 12 (doze) horas semanais.
§ 2° A licença-capacitação pode ser solicitada para redação de monografia de graduação e de pós-
graduação lato sensu, dissertação de mestrado ou de tese de doutorado de interesse do Tribunal. (NR)
(Resolução TCU n° 172, de 17/11/2004, BTCU n° 46/2006)
Art. 34 A licença-capacitação não será concedida simultaneamente a mais de 7% da força de
trabalho de cada unidade organizacional. (NR) (Resolução TCU n° 198, de 12/12/2006, BTCU n°
49/2006)
Parágrafo único. Para fins do cálculo referido no caput deste artigo, as frações serão
arredondadas para o número inteiro imediatamente superior. (NR) (Resolução TCU n° 198, de
12/12/2006, BTCU n° 49/2006)
Art. 35 A licença-capacitação poderá ser fracionada em no máximo três vezes, desde que as
parcelas não sejam inferiores a um mês.
Art. 36 As solicitações de licença-capacitação serão formalizas pelo servidor e enviadas ao
Instituto Serzedello Corrêa, por intermédio do dirigente da unidade organizacional, para que se
manifeste quanto ao alinhamento da capacitação pretendida pelo servidor com as áreas de interesse do
Tribunal.
§ 1° O encaminhamento da solicitação de licença-capacitação pressupõe a anuência do dirigente
da unidade organizacional.
§ 2° O dirigente de unidade organizacional que se opuser à liberação do servidor poderá arquivar
o processo mediante despacho fundamentado, do qual cabe recurso ao Presidente.
§ 3° Após a manifestação referida no caput deste artigo, o Instituto Serzedello Corrêa tramitará o
processo à Secretaria de Recursos Humanos, que se manifestará acerca da concessão à luz da
verificação da existência do direito, bem assim da observância ao limite estabelecido no art. 34 desta
Resolução.
Art. 37 Compete ao Presidente do Tribunal decidir sobre a concessão de licença-capacitação.’
25. Os dispositivos que tratavam da matéria, além de estabelecerem o procedimento para solicitá-
la, definiam regras de concessão que incorporam o interesse da Administração. Com relação aos cursos
768
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
de capacitação pretendidos pelo servidor, critérios para dar supedâneo à avaliação do interesse pela
administração foram previstos no art. 33.
26. Segundo o caput, ‘a concessão da licença-capacitação [...] tem como objetivo permitir que o
servidor adquira, em ambiente externo e às suas expensas, conhecimentos desejáveis em sua área de
atuação profissional’. Um critério objetivo para as ações de capacitação foi previsto no parágrafo 1º
(‘carga mínima de 12 (doze) horas semanais’), enquanto hipóteses específicas de atividades para as
quais poderia ser concedida licença para capacitação foram definidas no parágrafo 2º (redação de
monografia de graduação e de pós-graduação).
27. Portanto, tirante as disposições constantes dos parágrafos, a norma prescrevia que os cursos
deviam servir para aquisição de ‘conhecimentos desejáveis em sua área de atuação profissional’.
28. Para determinar o sentido e o alcance desse dispositivo, deve-se fazer uma interpretação
sistemática, considerando em particular um dos princípios para a educação insculpidos na Resolução
TCU nº 165/2003: o ‘incentivo ao autodesenvolvimento e ao desenvolvimento profissional contínuo’ (art.
2°, inciso IV).
29. Dessa forma, não apenas os cursos que têm relação direta e indiscutível com as competências
do cargo ocupado pelo servidor podem ser admitidos, mas também aqueles que permitam o
autodesenvolvimento do servidor.
30. Conhecimentos que permitem o autodesenvolvimento do servidor abrangem o domínio de
idiomas que auxiliem o servidor a consultar fontes em línguas diferentes do português, bem como
participar de comunidades profissionais que não utilizem o português como língua oficial.
31. O intercâmbio crescente com pessoas de outros países para compartilhamento de
conhecimentos é uma realidade nesta Corte. Atualmente, o TCU integra as seguintes organizações
internacionais:
a) International Organization of Supreme Audit lnstitutions (Intosai), participando das seguintes
comissões e grupos de trabalho:
a. Comissão de Normas Profissionais (membro);
i. Subcomissão de Auditoria Operacional (presidente);
ii. Subcomissão de Auditoria de Conformidade (membro);
iii. Subcomissão de Normas de Controle Interno (membro);
b. Comissão de Dívida Pública (membro);
c. Comissão de Auditoria da Tecnologia da Informação (membro);
d. Grupo de Trabalho de Privatização (membro);
e. Grupo de Trabalho sobre Auditoria de Meio Ambiente (membro);
b) Organización Latinoamericana y del Caribe de Entidades Fiscalizadoras Superiores (Olacefs),
participando das seguintes comissões técnicas e Comitês:
a. Comissão Técnica Especial de Auditoria de Meio Ambiente – COMTEMA (coordenador);
b. Comissão Técnica Especial das Tecnologias de Informação e Comunicações – CTIC (membro);
c. Comissão de Desempenho das Entidades Fiscalizadoras Superiores e Indicadores de
Desempenho – CEDEIR (membro).
d. Comissão de Capacitação Regional – CCR (membro).
c) Organização das Entidades Fiscalizadoras Superiores dos Países do Mercosul, Bolívia e Chile –
tem como Secretário Executivo o Exmº Sr. Ministro Benjamin Zymler.
32. Além da atuação multilateral, o TCU tem, também, ativa participação na área de treinamento
da Olacefs, em atendimento às demandas do seu Comitê de Capacitação Regional (CCR), cedendo
instrutores credenciados como especialistas em conteúdo, bem como realizando cursos para
profissionais que falam outros idiomas.
33. Acrescente-se que a Assessoria de Relações Internacionais (Arint) intermedeia, no momento,
projetos de cooperação de grande escopo com o Reino Unido e a Espanha.
34. Tem sido crescente também o incentivo à participação de servidores do TCU em ações de
desenvolvimento à distância que utilizam idiomas estrangeiros, como no caso dos cursos oferecidos pela
769
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
requerida pelo servidor, quer dizer, se o momento é propício, se o afastamento do requerente não
prejudicará o andamento do serviço, se a temática do curso de capacitação profissional alinha-se com
áreas de interesse da Administração, e assim por diante.
(...)
Conquanto seja verdade que a licença para capacitação tenha substituído a licença-prêmio, não há
que se pretender equiparar uma com a outra quanto aos requisitos e à finalidade visada pela norma.
O fato é que a introdução da licença para capacitação no lugar da licença-prêmio não permite a
exegese do novo instituto à luz da norma anterior revogada, o que iria de encontro à regra disposta no §
1º do art. 2º da LICC.
Pois que a licença-prêmio exigia apenas o implemento da assiduidade do servidor como suporte
fático para o aperfeiçoamento do direito subjetivo ao gozo remunerado dessa licença, independentemente
da correlação com o interesse da Administração.
O mesmo não se dá com a licença para capacitação profissional, a qual exige como pré-condição
não apenas o perfazimento do quinquênio de efetivo exercício, que não mais precisa ser ininterrupto,
mas também a manifestação da Administração, que deve avaliar precipuamente se o afastamento
pretendido atende ao interesse do órgão.’
2.4. O supracitado parecer do ISC ressalta ainda que a referida licença ‘deve estar inserida na
política e no sistema de treinamento e desenvolvimento do corpo de servidores da unidade
organizacional de forma a proporcionar a todos a oportunidade de utilizar a licença para capacitação
segundo as conveniências públicas.’ E conclui que ‘considerando o quadro complexo criado pela ampla
gama de diferenças existentes entre os diversos órgãos e entidades da Administração Pública, a emissão
de orientação geral sobre avaliação da concessão de licença para capacitação pode limitar
indevidamente as possibilidades da conveniência e da oportunidade pelos agentes competentes em casos
concretos não previstos.’
2.5. A controvérsia aqui suscitada gira em torno da amplitude e do alcance da expressão ‘no
interesse da Administração’ presente no caput do artigo 87 da Lei nº 8.112/1990 (item 2.2 desta
instrução), que estabelece tal requisito para a concessão da licença para capacitação. Questiona o
representante se seria possível, por exemplo, tomar um curso de idiomas como adequado para justificar
o afastamento integral de um servidor do TCU para capacitar-se, em função da aplicabilidade desse
conhecimento para o desenvolvimento qualitativo do seu trabalho. De forma análoga, eventuais
concessões dessa licença em outros órgãos da Administração estariam contrariando o espírito da lei ao
atender a interesses particulares em detrimento do fim público.
2.6. Os documentos acostados às fls. 7/19 referem-se a processos que concederam licença para
capacitação a servidores deste TCU para que pudessem fazer cursos de idiomas. Alega o ISC que ‘a
matéria era tratada, ao tempo da representação e dos atos de concessão juntados aos autos, na
Resolução TCU nº 165, de 29/10/2003, juntamente com os outros instrumentos que integram o conjunto
de ações de educação a serem utilizadas na implementação da política de desenvolvimento profissional
desta Corte.’ De fato, esse normativo, que dispunha sobre o desenvolvimento de ações de educação no
âmbito do TCU, trazia, em seção que tratava dos princípios para a educação, o seguinte dispositivo:
‘Art. 2º As ações relativas à educação regem-se pelos seguintes princípios: (...)
IV - incentivo ao autodesenvolvimento e ao desenvolvimento profissional contínuo’
2.7. Ao fundamentar a concessão das licenças para capacitação apensadas ao presente processo,
destaca o ISC que, à luz da legislação supracitada, ‘não apenas os cursos que têm relação direta e
indiscutível com as competências do cargo ocupado pelo servidor podem ser admitidos, mas também
aqueles que permitam o autodesenvolvimento do servidor.’
2.8. De fato, os normativos e a jurisprudência desta Corte parecem indicar a legitimidade de uma
leitura abrangente do alcance da expressão ‘no interesse da Administração’ presente no artigo 87 da Lei
nº 8.112/1990. A Resolução TCU nº 212, de 25/6/2008, que revogou a Resolução TCU nº 165/2003,
legitima a possibilidade da concessão de licença capacitação para o caso específico de cursos de
idiomas estrangeiros, verbis:
772
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
‘Art. 33. A concessão da licença para capacitação prevista no art. 87 da Lei nº 8.112, de 1990, com
a redação dada pela Lei nº 9.527, de 10 de dezembro de 1997, tem como objetivo permitir que o servidor
adquira ou desenvolva competências necessárias à sua atuação profissional no TCU.
(...)
§ 2º A concessão da licença para capacitação deve observar o interesse estratégico do Tribunal e o
uso preferencial para os seguintes eventos:
(...)
VII – estudos de idiomas estrangeiros.’
2.9. A redação final da Resolução TCU nº 212/2008 foi dada pelo Acórdão nº 1.228/2008-TCU-
Plenário, de relatoria do Excelentíssimo ex-Ministro Guilherme Palmeira. Segundo o relatório que
fundamentou o voto do Relator, as propostas de alteração da redação original do projeto de resolução
trouxeram ‘inovações, como o aperfeiçoamento dos incentivos do regime especial do cumprimento de
jornada de trabalho e da licença-capacitação, permitindo ampliação das possibilidades de uso para que
sejam instrumentos efetivos de promoção do desenvolvimento profissional e da especialização dos
servidores, bem como da produção e disseminação de conhecimentos necessários ao alcance dos
objetivos institucionais.’
2.10. Percebe-se que o processo de elaboração da Resolução TCU nº 212/2008 seguiu no sentido
de estender as possibilidades de desenvolvimento e aprimoramento dos servidores. Como exemplo, cita-
se proposta do Excelentíssimo Ministro Ubiratan Aguiar de alterar a redação do projeto da supracitada
resolução para ampliar a abrangência dos eventos citados como uso preferencial da licença para
capacitação, por intermédio da alteração dos incisos IV e VII do § 2º do artigo 33, conforme segue:
Redação original:
‘Art. 33. A concessão da licença para capacitação prevista no art. 87 da Lei nº 8.112, (...).
(...)
§ 2º - A concessão da licença para capacitação deve observar o interesse estratégico do Tribunal e
o uso preferencial para os seguintes eventos:
(...)
IV - participação em programas externos de desenvolvimento gerencial;
(...)
VII - estudos de idiomas estrangeiros no exterior.’ (grifos nossos)
Modificações propostas:
‘Art. 33. A concessão da licença para capacitação prevista no art. 87 da Lei nº 8.112, (...).
(...)
§ 2º - A concessão da licença para capacitação deve observar o interesse estratégico do Tribunal e
o uso preferencial para os seguintes eventos:
(...)
IV - participação em programas internos e externos de desenvolvimento gerencial e profissional;
(...)
VII - estudos de idiomas estrangeiros.’ (grifos nossos)
2.11. Essas modificações foram acolhidas e passaram a fazer parte da redação final da
supracitada resolução. As justificativas para essas propostas de alteração tocam em temas que envolvem
a motivação e a necessidade de autodesenvolvimento dos servidores, o que indica a disposição desta
Corte em ampliar as ações de capacitação, buscando a valorização profissional no interesse da própria
Administração, conforme segue:
‘Quanto à inserção da preferência, na redação que ora proponho ao inciso IV do § 2º do art. 33 do
projeto de resolução, à concessão da licença também para programas internos de desenvolvimento
gerencial e profissional - e não apenas para programas externos, como consta na redação original do
inciso -, justifico tal acréscimo pelo fato de o § 4º do citado artigo mencionar a possibilidade de os
eventos, com relação aos quais os servidores podem ser beneficiados com a licença, serem ofertados pelo
próprio Tribunal.
(...)
773
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
No caso dos estudos de idiomas estrangeiros, entendo que há interesse desta Casa nesse tipo de
aperfeiçoamento por parte de seus servidores, razão pela qual deve ser considerado como um dos tipos
de eventos preferenciais para concessão da licença, ao lado dos demais propostos nos incisos do § 2º do
art. 33 do projeto de resolução.
(...)
A visão restritiva que constou do projeto de resolução representa, ainda, antinomia em relação a
um dos princípios insculpidos em seu art. 2º, inciso III, qual seja, o da equidade de oportunidades:
‘Art. 2º - As ações relativas à educação corporativa regem-se pelos seguintes princípios:
(...)
III - equidade de oportunidades de desenvolvimento profissional;’
Da maneira como está sendo dada preferência à concessão da licença-capacitação, apenas para
estudos de idiomas estrangeiros no exterior, privilegia-se aqueles servidores que têm condições
financeiras e disponibilidade familiar para se ausentar de suas residências pelo período da licença, que
pode alcançar até três meses, nos termos do caput do art. 87 da Lei nº 8.112/1990.
Embora a redação do § 2º do art. 33 do projeto de resolução indique apenas o ‘uso preferencial’
de determinados eventos para a concessão da licença, esse tipo de restrição, desprovida de evidências
científicas ou de avaliação idônea, pode servir mais à desmotivação do corpo funcional do que ao
alcance dos esperados ganhos na atuação do servidor em prol do Tribunal. Há, portanto, desigualdade
de tratamento de servidores, em afronta ao princípio apresentado no art. 2º, inciso III, do projeto de
resolução.
(...)
Desse modo, em vez de adotar medidas que podem se voltar contra a produtividade do Tribunal,
consequência direta de possível desmotivação de seu quadro funcional, entendo que esta Corte deva, sim,
adotar critérios de concessão da licença que atendam seus interesses, mas sem deixar de lado as
expectativas de seus servidores que, conforme demonstram os recentes alcances e superações de metas
estabelecidas, vêm fazendo o máximo possível para que o TCU cumpra suas inúmeras atribuições.
O conhecimento de idiomas, seja em que nível for, desde o nível básico, contribui, como é cediço,
para a instrução de processos no Tribunal - que, em muitos casos, têm temas complexos que demandam
pesquisa em literatura especializada estrangeira e sites apresentados em idiomas diversos do português -
, não podendo ser limitado o acesso a cursos - via licença-capacitação - tendo em conta meras
impressões desprovidas de comprovação científica.
Mesmo que fosse realizada alguma avaliação nesse sentido no âmbito do Tribunal, seria de difícil
mensuração os ganhos que podem ser incorporados por esta Casa quando seus servidores passam a ter
maior nível de conhecimento em uma língua estrangeira - resultado dos três meses de curso durante a
licença -, pois o benefício pode ser usufruído por período de tempo indeterminado e é incorporado ao
trabalho dependendo do tipo de atividade exercida e do nível de absorção do aprendizado de cada
indivíduo. De qualquer forma, não tenho dúvida de que esse tipo de evento (cursos de idiomas) tem saldo
global positivo, mesmo que, por hipótese, alguns poucos servidores não venham a usufruir, ao final da
licença, do benefício que era originalmente esperado pela organização, com o ganho no domínio do
idioma estudado.’
2.12. O voto do Excelentíssimo ex-Ministro Guilherme Palmeira, Relator do Acórdão nº
1.228/2008-TCU-Plenário, ao analisar a redação do artigo 33 da Resolução TCU nº 212/2008, também
firmou entendimento no sentido de ampliar o alcance da licença para capacitação. Privilegiou-se a
discricionariedade do gestor ao se estabelecer que o rol contido nos incisos do § 2º do artigo 33 é
exemplificativo e que, portanto, a referida licença pode ser concedida mesmo em outros casos, desde que
atenda ao interesse estratégico do TCU. Se é admitida como legítima a possibilidade de conceder a
licença para capacitação em outros casos que não aqueles previstos no normativo do TCU que
regulamenta a matéria, ter-se-ia por incoerente uma orientação geral desta Corte de Contas para que os
órgãos da Administração Pública sigam um procedimento específico na análise da plausibilidade de
concessão da referida licença, visto que a existência do ‘interesse da Administração’ deve ser verificado
pelo gestor em cada caso concreto. Segue excerto que corrobora tal entendimento:
774
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
‘Observo que a disposição acima [incisos do § 2º do artigo 33 da Resolução TCU nº 212/2008] não
é exaustiva, de modo que outros eventos não listados podem ser contemplados com a utilização da
licitação [sic] para capacitação, desde que se atente para o requisito estabelecido no próprio dispositivo,
qual seja: o atendimento ao interesse estratégico do Tribunal.
Entendo, assim, porque o emprego do vocábulo ‘preferencialmente’ na cabeça do parágrafo dá à
referida listagem o cunho eminentemente exemplificativo, direcionador da política do Tribunal na
concessão da licença, não se constituindo, pois, óbice à participação em evento que não esteja ali
especificado.’
(...)
2.17. Vale destacar ainda que o Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006, que regulamenta
dispositivos da Lei nº 8.112/1990, ao tratar da licença para capacitação, traz expresso o requisito de se
observar o planejamento da unidade organizacional, inserindo a concessão no âmbito da
discricionariedade do gestor, in verbis:
‘Art. 10. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor poderá solicitar ao dirigente
máximo do órgão ou da entidade onde se encontrar em exercício licença remunerada, por até três meses,
para participar de ação de capacitação.
§ 1o A concessão da licença de que trata o caput fica condicionada ao planejamento interno da
unidade organizacional, à oportunidade do afastamento e à relevância do curso para a instituição.’
2.18. Portanto, tendo em vista as novas tendências de gestão pública, que valorizam o
aprimoramento e o desenvolvimento contínuos dos servidores, considerando-se a legislação vigente à
época da concessão, conforme disposto nos itens 2.6 e 2.7 desta instrução, e verificando-se ainda a
utilização adequada dos critérios de conveniência e oportunidade, reputam-se legais os atos concessivos
da licença para capacitação para os servidores do TCU de acordo com a documentação acostada às fls.
7/19.
3. CONCLUSÃO
3.1. Ante o exposto, no tocante à possibilidade de emissão de orientação geral à Administração
Pública Federal a respeito da concessão da licença para capacitação apenas para cursos que tenham
correlação direta com as atribuições do cargo do servidor, nos termos do proposto pelo representante
(item 1.3 desta instrução), cumpre esclarecer que:
a) esta unidade técnica aquiesce com a conclusão a qual chegou o ISC (item 2.4 desta instrução) de
que tal procedimento poderia ferir a discricionariedade do gestor, pois entraria no âmbito de decisão
que compete tão somente ao responsável pelo setor de recursos humanos do ente público, por ser ele o
mais próximo da realidade funcional do seu quadro e destarte o mais indicado para identificar as
necessidades de aprimoramento dos seus servidores;
b) a decisão discricionária a ser tomada pelo gestor de pessoal deve ser balizada nos limites da lei
e, portanto, encontra guarida no interesse estratégico do órgão, visando ao atendimento do fim público
da Administração no contexto dos novos paradigmas de gestão advindos da reforma gerencial;
c) legislação sobre a matéria (Lei nº 8.112/1990, Decreto nº 5.707/2006 e Resolução TCU nº
212/2008), jurisprudência do TCU e trabalhos técnico-científicos acerca do assunto concluem que a
licença para capacitação deve observar o interesse da Administração, considerando a conveniência e a
oportunidade da concessão e o aprimoramento contínuo dos servidores, motivo pelo qual é despicienda
orientação do TCU que repita o que já se encontra prescrito em normativos específicos;
d) os casos de utilização do poder discricionário de forma arbitrária que resulte na concessão de
licença para capacitação com inobservância do interesse da Administração deverão ser apurados em
auditorias específicas que analisem o caso concreto.
4. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
4.1. Ante o exposto, submetemos os autos (...), propondo:
a) com fulcro no artigo 237, inciso VIII, do Regimento Interno do TCU, conhecer da representação
para, no mérito, considerá-la improcedente;
b) informar a deliberação que vier a ser adotada:
775
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
b.1) ao Excelentíssimo Procurador-Geral do Ministério Público junto ao TCU, Sr. Lucas Rocha
Furtado;
b.2) ao Diretor-Geral do Instituto Serzedello Corrêa (...);
c) determinar o arquivamento dos presentes autos.”
É o relatório.
VOTO
servidor, ou seja, as políticas de aperfeiçoamento de pessoal têm amplitude maior, admitindo inclusive
matérias que aprimorem outras habilidades do servidor no desempenho de suas atribuições.
9. Recentemente, este Tribunal, ao elaborar estudo do seu ambiente interno, uma das etapas do
processo de planejamento estratégico para o período de 2011 a 2015, apontou como necessidades internas
de aprimoramento a “capacitação dos servidores do TCU para os desafios do futuro” e a “avaliação da
necessidade de especialização das unidades técnicas típicas e regionais”, exigências decorrentes do
aumento de temas complexos submetidos ao controle externo do TCU.
10. Nesse contexto, o domínio de língua estrangeira tem papel fundamental, pois constitui pré-
requisito para a participação dos servidores desta Corte em eventos de alto nível tais como treinamentos,
congressos e programas de intercâmbio patrocinados por organizações internacionais de auditoria e
fiscalização como a International Organization of Supreme Audit lnstitutions (Intosai), a Organización
Latinoamericana y del Caribe de Entidades Fiscalizadoras Superiores (Olacefs), a Government
Accountability Office (GAO) e a National Audit Office (NAO).
11. Além disso, contribui de modo decisivo em outras áreas de interesse, como, por exemplo, na de
tecnologia da informação, na medida em que potencializa o acesso à literatura estrangeira especializada,
tais com publicações técnicas, normas, livros, periódicos, inclusive fóruns internacionais sitiados na
Internet, fontes valiosas de informações para o aprimoramento da governança de TI, especialmente
quanto aos aspectos de segurança da informação, cujas políticas podem garantir a continuidade de
negócios do Tribunal de Contas da União, que, como se sabe, faz uso em larga escala de sistemas
eletrônicos, serviços e equipamentos de informática, ferramentas essenciais para o alcance da excelência
no desempenho de sua missão institucional.
12. Outras habilidades acessórias, ou seja, que não têm correlação direta com as atribuições do
cargo ocupado, são desejáveis e algumas até indispensáveis para que os servidores executem a contento
os trabalhos a seu cargo. No processo de elaboração de relatórios, pareceres, memorandos, ofícios e
outras comunicações oficiais, é certo que o servidor não pode prescindir de conhecimentos específicos de
sua área de atuação, contudo, é certo também que ele deve estar apto a produzir tais documentos, seja
pelo domínio de técnicas de editoração eletrônica, seja pela capacidade de redigir com objetividade e
clareza, qualidades essenciais para a eficácia dos trabalhos de qualquer entidade pública ou privada.
13. Compreendo a preocupação que motivou esta representação do Ministério Público junto a esta
Corte, sempre empenhado no resguardo do interesse público. Contudo, ao analisar as implicações da
orientação sugerida, concluo que a sua aplicação, no âmbito desta Corte, não poderia se dar sem prejuízo
das ações previstas na Resolução TCU nº 212/2008.
14. Entendo que a implementação da proposta do Ministério Público afetaria igualmente os
programas de treinamento de outros órgãos e entidades jurisdicionados, circunstância que não recomenda
a adoção de critério para deferimento da licença-capacitação baseado unicamente nas atribuições diretas
do cargo do servidor, em face do seu caráter nitidamente restritivo.
15. No mérito, constato que assiste razão ao Instituto Serzedello Corrêa, pelos fundamentos
expostos em seu parecer técnico, transcrito no relatório precedente, que conta com o aval da Secretaria de
Fiscalização de Pessoal, na medida em que a emissão da orientação geral dispondo sobre concessão de
licença para capacitação pode limitar indevidamente as possibilidades de análise da conveniência e da
oportunidade de competência dos gestores dos diversos órgãos e entidades da Administração Pública.
16. Em todo caso, para que se evitem abusos, concordo com ponderações manifestadas em sessão
de julgamento, no sentido de se determinar à Administração Pública Federal, em geral, a edição de atos
regulamentadores da licença para capacitação, observado o disposto no art. 87 da Lei nº 8.112/1990 e no
art. 13 do Decreto nº 2.794/1998.
17. Feitas essas considerações, acolho, no essencial, os pareceres emitidos nos autos, para conhecer
da representação e, no mérito, considerá-la parcialmente procedente.
Diante do exposto, voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto ao Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
777
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo nº TC 026.211/2007-7
2. Grupo II – Classe VII – Representação
3. Interessado: Ministério Público junto ao TCU, representado pelo Procurador-Geral Lucas Rocha
Furtado
4. Unidade: Administração Pública Federal
5. Relator: Ministro José Múcio Monteiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidades Técnicas: ISC e Sefip
8. Advogado constituído nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de representação do Procurador-Geral do
Ministério Público junto a esta Corte, Lucas Rocha Furtado, ante a suposta ausência de critérios para a
concessão de licença para capacitação de servidores, prevista na Lei nº 8.112/1990, com formulação de
proposta ao Tribunal para que “oriente a Administração Pública Federal quanto à imperiosa necessidade
de condicionar a concessão da licença-capacitação a cursos que tenham direta correlação com as
atribuições do cargo do servidor”.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 237, inciso VII, e 250, inciso II, do Regimento
Interno/TCU em:
9.1. conhecer da presente representação, uma vez preenchidos os requisitos de admissibilidade
aplicáveis à espécie, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
9.2. fazer determinação às unidades da Administração Pública Federal Direta, Autárquica e
Fundacional para que, no exercício dos seus poderes regulamentares e nos limites das suas
discricionariedades, editem, caso ainda não tenham assim procedido, atos normativos que disciplinem a
concessão da licença para capacitação, observado o disposto no art. 87 da Lei nº 8.112/1990 e no art. 13
do Decreto nº 2.794/1998;
9.3. dar ciência desta deliberação ao Procurador-Geral do Ministério Público junto ao TCU;
9.4. encaminhar cópia do presente acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o
fundamentam, ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e à Casa Civil da Presidência da
República;
9.5. arquivar os presentes autos.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
Decreto nº 5.450, de 2005, uma vez que a participação de empresas estrangeiras não impõe a cotação de
lances em moeda estrangeira, conforme dispõe o § 1º do art. 42 da Lei nº 8.666/1993;
1.6. encaminhar cópia dos presentes autos à Secretaria de Direito Econômico do Ministério da
Justiça para aprofundamento das investigações iniciadas neste processo, relativas a indícios de
limitação da concorrência e formação de cartel, em licitações realizadas em unidades do Ministério da
Saúde, em face de suas competências, estabelecidas no art. 14 da Lei nº 8.884/1994.
8.4 Unidade responsável/TCU: 4ª Secretaria de Controle Externo.
8.5 Acórdão proferido: 463/2011-2ª Câmara (Sessão extraordinária de 1º/2/2011, Relação 2/2011-
Min. José Jorge).
8.6 Informações adicionais: a 4ª Secex esclareceu, ainda, que o TCU também realizou
fiscalizações sobre esse tema no âmbito de outro processo, TC 010.800/2009-1, que trata de fiscalização,
na modalidade levantamento, realizada na Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS) e na Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa/MS), no exercício de 2009, com o objetivo de conhecer, avaliar
e acompanhar as medidas de prevenção e combate à epidemia do Vírus A (H1N1). O histórico resumido
do processo é o seguinte:
a) a primeira etapa do processo foi apreciada pelo Tribunal mediante o Acórdão 1.788/2009-
Plenário, quando se decidiu pela conversão dos autos em acompanhamento;
b) o 1º acompanhamento foi realizado em outubro/2009, o qual foi apreciado pelo Acórdão
634/2010-Plenário, com a expedição de determinação à 4ª Secex que acompanhasse os procedimentos
realizados pelo Ministério da Saúde relativos à aquisição, mediante dispensa de licitação, de vacinas
destinadas à imunização contra o Vírus A (H1N1);
c) o 2º acompanhamento foi realizado em dezembro/2009, motivado também pela autorização de
aproximadamente R$ 2.715.522.000,00 em créditos extraordinários para ações de combate à pandemia
de Gripe A, por meio das Medidas Provisórias nºs 463/2009, 469/2009 e 486/2010. Esses recursos foram
utilizados, principalmente, para a compra de vacinas, medicamentos, reagentes de laboratório e insumos
hospitalares;
d) após os trabalhos de campo, foram identificadas: contratação direta motivada pela falta de
planejamento; contratações diretas indevidamente fundamentadas; deficiências no controle de estoque
das vacinas; descumprimento de entrega emergencial por meio de dispensa de licitação; falhas nos
procedimentos de pesquisa de preços para a realização de contratações. Também foram identificadas
falhas na condução do Pregão Presencial-SRP nº 1/2010 e ausência de critérios objetivos para a
desclassificação de propostas mais vantajosas, não vinculadas a questões da auditoria;
e) diante da necessidade de saneamento das irregularidades levantadas, foram realizadas
diligências à Secretaria Executiva do Ministério da Saúde (SE/MS) e, a partir da análise dos fatos, foram
propostas alertas, recomendações e determinação ao MS;
f) o 2º acompanhamento foi apreciado na Sessão de 1/6/2011, em que o Tribunal exarou o
Acórdão 1.457/2011-Plenário. No momento, os autos se encontram na Secex/4 para adoção de
providências.
8.7 Acórdãos proferidos: 1.788/2009-Plenário, 634/2010-Plenário e 1.457/2011-Plenário.
9. TC 024.944/2010-6.
9.1. Assunto: trata-se de representação formulada pelo MPTCU com o objetivo de requerer
fiscalização sobre a atuação dos órgãos governamentais envolvidos na habilitação, controle e
fiscalização de empresas beneficiadas com o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da
Infraestrutura (Reidi), em razão de possíveis irregularidades e distorções existentes no citado Regime
Especial.
9.2 Situação: encerrado.
9.3. Síntese do histórico:
a) com vistas ao atendimento da mencionada representação, foi autorizada, por meio do Acórdão
2.680/2008-TCU-Plenário, auditoria no âmbito do TC 030.315/2010-7, a ser realizada na Secretaria da
Receita Federal do Brasil (RFB) e nas Secretarias-Executivas da Secretaria Especial de Portos (SEP) e
dos Ministérios dos Transportes (MT), Minas e Energia (MME), Cidades (MiCi) e Integração Nacional
782
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
concessões; e 3) comentários sobre os casos da Brazilian Express Transportes Aéreos Ltda., Master Top
Linhas Aéreas Ltda. e Pantanal Linhas Aéreas S.A;
d) conjuntamente com o Ofício Anac/Dir-P nº 138/2011, a agência remeteu mídia eletrônica, na
qual esquematiza o resultado dos dezessete processos que ingressaram naquela agência desde 20 de
setembro de 2007. Foram encaminhadas, também, cópias de alguns processos administrativos da Anac
solicitados pela Sefid/1, que tratam de concessões e renovações de concessões para exploração do
serviço público de transporte aéreo regular;
e) a partir da análise desses processos, e diante dos argumentos expendidos às fls. 50/61 do TC
027.623/2010-6, mostrou-se necessário oficiar à Anac, requisitando o envio de informações e
documentação complementares e reiterando questionamento não abordado pela agência em sua resposta
anterior. Com isso, foi encaminhado, em 6/6/2011, o Ofício TCU/Sefid/1 nº 122/2011;
f) em resposta, a Anac encaminhou o Ofício Anac/GAB/DIR/P nº 382/2011, de 20/6/2011, cujas
informações estão sendo examinadas pela Sefid-1;
g) o processo encontra-se, portanto, em fase de instrução na Sefid/1.
11.4. Unidade responsável/TCU: Secretaria de Fiscalização e Desestatização (Sefid/1)
11.5. Acórdão proferido: nenhum.
11.6. Informações adicionais: não há.
12. TC 029.099/2010-2 – a cargo da Secex/PA.
12.1 Assunto: representação acerca de possível má aplicação de recursos na área da Saúde nos
municípios de Belém, Tucuruí e estado do Pará.
12.2. Situação: encerrado.
13.3. Síntese do histórico:
a) o TC 029.099/2010-2 foi apreciado pelo TCU por meio do Acórdão 1.019/2011-Plenário,
ocasião na qual o Tribunal decidiu:
9.2 autorizar a realização de auditoria nos municípios de Tucuruí e Belém, com autuação de
processos específicos, para a apuração dos indícios de irregularidades indicados na presente
representação atinentes (a) à ausência de repasse de recursos do SUS, pelo município de Tucuruí/PA, ao
Hospital Regional, que resultou em uma dívida acumulada de R$ 5(cinco) milhões com a referida
instituição; (b) ao descarte de medicamentos com prazo de validade expirado em Tucuruí/PA; e (c) à
ausência de pagamento, pelo município de Belém/PA, às clínicas de hemodiálise que atendem usuários
do SUS;
b) em relação ao município de Tucuruí/PA (irregularidades ‘a’ e ‘b’ do item 9.2 do Acórdão
1.019/2011-Plenário), está em curso auditoria de conformidade (TC 029.099/2010-2);
c) em relação ao município de Belém/PA (irregularidade ‘c’ do item 9.2 do Acórdão 1.019/2011-
Plenário), está programada fiscalização com início no mês de setembro/2011.
12.4. Unidade responsável/TCU: Secretaria de Controle Externo/PA.
12.5. Acórdão proferido: 1.019/2011-Plenário.
12.6. Informações adicionais: não há.
13. TC 029.582/2010-5.
13.1. Assunto: representação do MPTCU sobre falhas no atendimento e na proteção das mulheres
vítimas de violência doméstica em diferentes localidades do país, e que solicitou avaliação sistêmica da
Política Nacional para as Mulheres, sob a vertente do enfrentamento à violência contra a mulher,
envolvendo tanto aspectos operacionais quanto de conformidade.
13.2. Situação: aberto.
13.3. Síntese do histórico:
a) para dar cumprimento ao pedido formulado, a Secretaria de Fiscalização e Avaliação de
Programas de Governo (Seprog) encaminhou ao Gabinete do Ministro Aroldo Cedraz, Relator da
matéria, proposta de auditoria operacional no tema em tela. O Ministro-Relator autorizou a ação
fiscalizadora proposta por meio de despacho de 20/4/2011. Em 25/4/2011, a Seprog iniciou a fase de
planejamento da auditoria;
784
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
É o Relatório.
PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO
Registro que atuo como Relator nestes autos devido a sorteio por conflito de competência, haja vista
tratar-se de processos relativos a diferentes unidades técnicas.
2. Preliminarmente, vejo que a solicitação do Congresso Nacional merece ser conhecida pelo TCU,
uma vez preenchidos os requisitos previstos no art. 38, inciso II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992,
no art. 232, inciso III, do Regimento Interno do TCU, e no art. 4º, inciso I, alínea “b”, da Resolução TCU
nº 215, de 20 de agosto de 2008.
786
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
3. Como visto no Relatório, o Congresso Nacional, mediante ofício encaminhado pela Presidência
da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional – CMO,
requer informações sobre representações formuladas pelo Ministério Público junto ao TCU – MPTCU.
4. A 6ª Secex, cumprindo determinação da Segecex, centralizou as informações requeridas pela
CMO e elaborou instrução técnica com a situação atual dos 10 processos enumerados no item 1.2.6 do
Relatório daquela Comissão, a saber:
4.1 TC 010.015/2010-8 (irregularidades em convênios entre o Núcleo de Atenção Social à
Cidadania – Nasce e a Secretaria Nacional de Justiça), sob a responsabilidade da 6ª Secex;
4.2 TC 013.313/2010-0 (fraude em licitações da Petrobras, constatadas por peritos da Polícia
Federal, com as empreiteiras Camargo Corrêa e GDK.), sob a responsabilidade da 9ª Secex;
4.3 TC 021.007/2010-1 (irregularidades em licitações realizadas no Ministério da Saúde para a
compra de materiais hospitalares destinados a dar suporte às secretarias de Saúde estaduais no combate ao
surto de gripe H1N1), sob a responsabilidade da 4ª Secex;
4.4 TC 024.944/2010-6 (irregularidades no âmbito do Regime Especial de Incentivos para o
Desenvolvimento da Infraestrutura – Reidi); sob a responsabilidade da Semag;
4.5 TC 026.704/2010-2 (irregularidades na contratação da consultoria internacional Gafney Cline &
Associates pela ANP, sem licitação, para prestação de serviços técnicos especializados de avaliação de
hidrocarbonetos nas bacias sedimentares brasileiras localizadas na região do Pré-Sal), sob a
responsabilidade da 9ª Secex;
4.6 TC 027.623/2010-6 (irregularidades na Anac, quanto aos contratos de transporte aéreo público
de carga e de mala postal), sob a responsabilidade da Sefid/1;
4.7 TC 029.099/2010-2 (irregularidades na área da Saúde nos municípios de Belém, Tucuruí e
estado do Pará), sob a responsabilidade da Secex/PA;
4.8 TC 029.582/2010-5 (falhas no atendimento e na proteção das mulheres vítimas de violência
doméstica), sob a responsabilidade da Adplan;
4.9 TC 032.679/2010-6 (irregularidades na aplicação de recursos no âmbito de diversas entidades:
Ministério da Saúde, Eletrobrás, Anatel, DNPM, Eletronorte e Correios), sob a responsabilidade da 1ª
Secex;
4.10 TC 033.869/2010-3 (irregularidades no Ministério da Cultura, em face de notícias jornalísticas
acerca de celebração de convênios supostamente destinados a projetos culturais), sob a responsabilidade
da 6ª Secex.
5. A partir do trabalho da 6ª Secex, observa-se que já foram encerradas as representações relativas
aos TC: 013.313/2010-0 (Acórdão 4.170/2011-1ª Câmara), 021.007/2010-1 (Acórdão 463/2011-2ª
Câmara), 024.944/2010-6 (despacho de encerramento), e 029.099/2010-2 (Acórdão 1.019/2111-Plenário).
6. Cabe esclarecer que o TC 024.944/2010-6 foi encerrado mediante despacho, datado de
29/12/2010, em razão de a questão tratada no processo (exame da sistemática de habilitação, concessão e
investimentos realizados pelas empresas beneficiárias do Reidi) estar sendo objeto de auditoria no âmbito
do TC 030.315/2010-7, medida que foi autorizada no Acórdão 2.680/2008-TCU-Plenário.
7. Quanto aos demais processos que já foram encerrados, apresento, abaixo, resumo das decisões de
encerramento.
7.1 No Acórdão 4.170/2011-1ª Câmara (TC 013.313/2010-0), o TCU conheceu da representação, e,
no mérito, considerou-a improcedente, em vista de não terem sido confirmados os indícios de
irregularidades inicialmente apontados.
7.2 No Acórdão 463/2011-2ª Câmara (TC 021.007/2010-1), o TCU conheceu da representação, e,
no mérito, considerou-a parcialmente procedente, com a emissão de alerta ao Departamento de Logística
da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, no tocante à utilização indevida de pregão presencial, e
envio de cópia dos autos à Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, para
aprofundamento das investigações iniciadas neste processo, relativas a indícios de limitação da
concorrência e formação de cartel, em licitações realizadas em unidades do Ministério da Saúde.
7.3 No Acórdão 1.019/2011-Plenário (TC 029.099/2010-2), o TCU conheceu da representação,
autorizando a realização de auditoria nos municípios de Tucuruí/PA e Belém/PA, com autuação de
787
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
processos específicos, para a apuração dos indícios de irregularidades atinentes à ausência de repasse de
recursos do SUS, pelo município de Tucuruí/PA, ao Hospital Regional; ao descarte de medicamentos com
prazo de validade expirado em Tucuruí/PA; e à ausência de pagamento, pelo município de Belém/PA, às
clínicas de hemodiálise que atendem usuários do SUS.
8. Importa ainda destacar que o tema enfrentado no âmbito do TC 021.007/2010-4 também é alvo
do TC 010.800/2009-7, que trata de fiscalização realizada na Secretaria de Vigilância em Saúde e na
Anvisa, no exercício de 2009, com o objetivo de conhecer, avaliar e acompanhar as medidas de prevenção
e combate à epidemia do Vírus A (H1N1), estando os autos, no momento, aguardando a adoção de
providências por parte da 4ª Secex.
9. Assim, em consonância com a proposta da 6ª Secex, compreendo que deve ser remetido à CMO
cópia desta decisão e dos seguintes Acórdãos: 4.170/2011-1ª Câmara, 463/2011-2ª Câmara, 1.788/2009-
Plenário, 634/2010-Plenário, 1.457/2011-Plenário, 2.680/2008-Plenário, 1.019/2011-Plenário e
2.048/2011-Plenário (acompanhados dos Relatórios e dos Votos respectivos).
10. Merece registro que os processos ainda em tramitação no TCU estão sendo instruídos ou
aguardando providências das unidades técnicas responsáveis, e que o Colegiado solicitante será
informado dos resultados desses feitos, tão logo tenham conclusão, a teor do disposto no art. 17, § 3º,
inciso I, da Resolução TCU nº 215, de 2008.
11. E, nesse contexto, considero pertinente a juntada de cópia da presente deliberação aos processos
em tramitação com conexão ao objeto da solicitação do Congresso Nacional e aos processos autuados em
decorrência do atendimento desta solicitação, nos termos dos arts. 14, inciso V, e 17, § 3º, da Resolução
TCU nº 215, de 2008.
12. Por fim, tendo em vista as considerações ora expendidas, entendo que a presente solicitação
deve ser considerada integralmente atendida, conforme conceitua o art. 17, inciso I, da Resolução TCU nº
215, de 2008, devendo tal informação integrar o teor dispositivo do Acórdão, nos termos do art. 17, § 2º,
inciso II, do normativo em tela.
Ante o exposto, proponho que seja adotado o Acórdão que ora submeto à deliberação deste
Colegiado.
1. Processo nº TC 019.539/2011-8.
2. Grupo I – Classe II – Assunto: Solicitação do Congresso Nacional.
3. Interessada: Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional – CMO.
4. Órgão/Entidade: não há.
5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: 6ª Secex.
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de solicitação encaminhada ao TCU pelo
presidente da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional –
788
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
CMO, por meio do Ofício nº 228/2011/CMO, de 12/7/2011, no qual requer informações sobre
representações formuladas pelo Ministério Público junto ao TCU – MPTCU.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, em:
9.1. conhecer da presente solicitação do Congresso Nacional, com fundamento no art. 38, inciso II,
da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, no art. 232, inciso III, do Regimento Interno do TCU, e no art. 4º,
inciso I, “b”, da Resolução TCU nº 215, de 20 de agosto de 2008;
9.2. encaminhar, por intermédio da Presidência do TCU, à nobre Comissão Mista de Planos,
Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional, em atendimento ao Ofício nº
228/2011/CMO, de 12/7/2011, cópia desta deliberação, acompanhada do Relatório e do Voto que a
fundamenta, bem como cópia dos seguintes Acórdãos: 4.170/2011-1ª Câmara, 463/2011-2ª Câmara,
1.788/2009-Plenário, 634/2010-Plenário, 1.457/2011-Plenário, 2.680/2008-Plenário, 1.019/2011-Plenário
e 2.048/2011-Plenário, acompanhados dos respectivos Relatórios e Votos;
9.3. considerar integralmente atendida a solicitação de que trata este processo, nos termos dos arts.
14, inciso IV, e 17, inciso I, da Resolução TCU nº 215, de 2008;
9.4. determinar a juntada de cópia desta deliberação, acompanhada do Relatório e do Voto que a
fundamenta, aos seguintes TC: 010.015/2010-8, 013.313/2010-0, 021.007/2010-1, 024.944/2010-6,
026.704/2010-2, 027.623/2010-6, 029.099/2010-2, 029.582/2010-5, 032.679/2010-6, 033.869/2010-3,
010.800/2009-1 e 030.315/2010-7, em cumprimento aos arts. 14, inciso V, e 17, § 3º, da Resolução TCU
nº 215, de 2008; e
9.5. arquivar o presente processo.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
TC 000.279/2010-2
Órgãos e Entidades: Caixa Econômica Federal – CAIXA, Ministério das Cidades – MICI,
Município de Fortaleza e Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza – Habitafor.
Embargante: Construtora Celi Ltda.
RELATÓRIO
Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pela Construtora Celi Ltda. contra o Acórdão n.
1.895/2011 – Plenário, cujo teor é o que segue abaixo:
“9.1. informar à Caixa Econômica Federal que o Município de Fortaleza/CE pode obter o
ressarcimento da glosa determinada no Acórdão n. 2.235/2010 – Plenário, no valor de R$ 868.174,69
(oitocentos e sessenta e oito mil, cento e setenta e quatro reais e sessenta e nove centavos), em doze
parcelas mensais e sucessivas, desde que atendidas, cumulativamente, as seguintes condições,
formalizadas em termo aditivo regularmente celebrado entre as partes:
9.1.1. prévia apresentação, pela contratada, de garantia idônea e suficiente ao integral
ressarcimento, à contratante, das importâncias liberadas, caso a obra não seja imediatamente retomada ou
seu faturamento não permita a dedução das parcelas mensais;
9.1.2. incidência, sobre cada parcela, de correção monetária, calculada entre a data do pagamento
indevido e a do efetivo ressarcimento, deduzidas as importâncias relativas à correção monetária referente
ao período em que os valores estiveram retidos por força das medidas cautelares determinadas pelo
Tribunal;
9.1.3. vencimento antecipado do saldo devedor, na falta de recolhimento de qualquer parcela;
9.2. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamentam, à
Caixa Econômica Federal e ao Município de Fortaleza;
9.3. comunicar a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional acerca desta decisão, encaminhando-lhe cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto
que o fundamentam.”
2. A embargante, em síntese, aduz a presença de contradição no Acórdão vergastado sob o
argumento de que, embora o Tribunal possuísse conhecimento da glosa efetuada pela Caixa Econômica
Federal – CAIXA, ainda assim, autorizou o parcelamento da mencionada glosa.
3. Assevera, ademais, que o decisum foi omisso em não explicitar o motivo de a CAIXA ter
solicitado o parcelamento da glosa, uma vez que já havia efetuado a retenção, em parcela única, no mês
de setembro de 2010.
4. Explicita que, passados cerca de onze meses da data em que protocolara no TCU as razões pelas
quais entende que a glosa é desnecessária, pois os valores que recebera estariam corretos, não há
pronunciamento formal desta Corte sobre sua manifestação, facultada por meio de comando explícito do
Acórdão n. 2.235/2010 – Plenário.
5. Pondera que a glosa não poderia ter sido efetuada sem a completa análise de sua manifestação
acerca da divergência nas distâncias percorridas por seus caminhões, matéria que ensejou a determinação
de retenção no decisum supra.
6. Alega, também, que o Acórdão combatido determinou a apresentação de garantia idônea ao
integral ressarcimento da glosa como condição de parcelamento, o que seria contraditório, eis que a obra
não se encontra paralisada e o faturamento vincendo é suficiente à dedução das parcelas mensais, caso ela
ocorra.
7. Em seguida, tece diversas considerações pelas quais entende que não houve pagamento a maior
no serviço de transporte em caminhão basculante.
8. Requer, por fim, o conhecimento e o provimento dos presentes embargos para que o Tribunal:
790
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
VOTO
Em exame os Embargos de Declaração opostos pela Construtora Celi Ltda. contra o Acórdão n.
1.895/2011 – Plenário, o qual informou à Caixa Econômica Federal – CAIXA que o Município de
Fortaleza/CE poderia obter o ressarcimento da glosa determinada por meio do Acórdão n. 2.235/2010 –
Plenário, no valor de R$ 868.174,69, em doze parcelas mensais e sucessivas, desde que atendidas as
condicionantes impostas naquele decisum.
2. A embargante aduz que o acórdão combatido é contraditório pelo fato de o TCU, mesmo sabendo
que a CAIXA já havia glosado o valor de R$ 868.174,69, em parcela única, ter determinado uma glosa e
seu parcelamento que já havia sido efetuada.
3. Alega, ainda, que a deliberação guerreada é omissa, pois não explicita o motivo de a CAIXA ter
solicitado o parcelamento da glosa, uma vez que a quantia retro foi objeto de retenção, em parcela única,
no mês de setembro de 2010.
4. Assevera que não houve menção expressa à fundamentação legal para que este Tribunal
determinasse a glosa do valor de R$ 868.174,69.
5. Questiona, por fim, o elevado lapso temporal entre a data em que protocolara no TCU as razões
pelas quais entende que a glosa é desnecessária, sem a referida apreciação de seus argumentos, apontando
contradição no fato de o TCU ter determinado a apresentação de garantia idônea ao integral ressarcimento
da glosa como condição de parcelamento, eis que a obra não se encontrava paralisada e o faturamento
vincendo seria suficiente à dedução das parcelas mensais.
6. Com essas considerações, requer, ao final:
6.1. a suspensão do Acórdão n. 1.895/2011 – Plenário;
6.2. o esclarecimento da motivação do TCU para determinar, novamente, a glosa de valores já
veiculada por meio do Acórdão n. 2.235/2010 – Plenário;
6.3. o aclaramento dos comandos insertos nos subitens 9.1.1, 9.1.2 e 9.1.3 do acórdão combatido,
pois o fato de a obra não estar paralisada e, ainda, de não haver pronunciamento de mérito do TCU sobre
a irregularidade apontada pela Secob impediria esta Corte de ter expedido tais determinações;
6.4. orientação sobre o tipo de garantia que deverá prestar, por conta do parcelamento, uma vez que
a glosa já fora efetuada pela CAIXA;
6.5. a apreciação, de forma urgente, das considerações expendidas acerca da adequação das
distâncias percorridas pelos seus caminhões basculantes;
6.6. a indicação da fundamentação legal utilizada para a determinação de glosa determinada pelo
Acórdão n. 2.235/2010 – Plenário; e
6.7. a imediata liberação dos valores retidos pela CAIXA.
791
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
25. Dessa maneira, consoante o dispositivo acima transcrito, a oitiva da parte, com a apresentação
dos elementos que entende cabíveis, não é condição impeditiva à concessão da medida de urgência, eis
que esta pode ser deferida inaudita altera pars.
26. Nada obstante as considerações supra, tenho por adequado modificar a redação do Acórdão n.
2.235/2010 – Plenário de modo que conste, de forma expressa, naquele decisum menção ao art. 276 do
RITCU.
27. No que tange ao elevado lapso temporal decorrido entre a apresentação dos elementos pela
Construtora Celi Ltda. sem que estes tenham sido apreciados, considero oportuno fixar prazo para que a
unidade especializada analise os argumentos ofertados por aquela firma, ficando as demais questões
atinentes ao processo, caso ainda não tenham sido examinadas, para apreciação em um segundo
momento.
28. Noutro giro, quanto à garantia a ser prestada pela empresa como condicionante do
parcelamento, tal qual descrito no Acórdão n. 1.895/2011 – Plenário, cabem as seguintes observações.
29. A prestação de garantia visa a acautelar que o parcelamento não traga risco de impossibilidade
da efetivação da glosa, ou seja, tem por escopo salvaguardar o erário de possíveis situações em que o
ressarcimento tornar-se-ia dificultoso.
30. Este é o caso, por exemplo, da hipótese de que a obra seja paralisada, por iniciativa da
contratada, e não haja saldo suficiente nas faturas vincendas para cobrir o valor da glosa. Nessa situação,
a garantia prestada pela firma servirá para cobrir a eventual diferença de montantes apurados em um
encontro de contas.
31. Em que pese a embargante assevere que a situação acima descrita não reflete a realidade da obra
em foco, penso que a determinação, ainda assim, deveria ser exarada, tendo em vista a possibilidade
futura de paralisação do empreendimento e a ocorrência de insuficiência de saldo nas faturas vincendas
para cobrir o valor glosado.
32. Assim, é adequado conferir nova redação ao Acórdão n. 1.895/2011 – Plenário de modo a
ressalvar que as situações impostas como condicionantes para a concessão do parcelamento sejam
observadas, caso as duas situações acima retratadas venham a ocorrer.
33. Por fim, relativamente às demais questões aduzidas pela embargante, que dizem respeito ao
mérito da matéria que ensejou a determinação de glosa, tem-se que são incapazes de serem apreciadas na
estreita via dos declaratórios, devendo, contudo, ser objeto de exame pela 3ª Secob quando da apreciação
meritória sobre o tema.
34. Esclarecidos esses pontos, considero que os presentes declaratórios devem ser conhecidos,
dando-se-lhes provimento parcial de modo a que sejam efetuadas as retificações acima indicadas nos
Acórdãos ns. 2.235/2010 e 1.895/2011, ambos do Plenário.
35. Cabível, ainda, dar ciência desta deliberação ao recorrente, à Caixa Econômica Federal, ao
Município de Fortaleza/CE e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do
Congresso Nacional.
Com essas considerações, Voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto a este Plenário.
1. Processo n. TC-000.279/2010-2.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Embargos de Declaração.
3. Interessado: Congresso Nacional.
794
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
4. Órgãos e Entidades: Ministério das Cidades – MICI, Caixa Econômica Federal – CAIXA,
Município de Fortaleza e Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza – Habitafor.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: não atuou.
8. Advogados constituídos nos autos: Rafael Resende de Andrade, OAB/SE n. 5.201; Alanna
Castelo Branco Alencar, OAB/CE n. 6.854; Lyanna Magalhães Castelo Branco, OAB/CE n. 17.841 e
Tiago Ribeiro Rebouças, OAB/CE n. 22.745.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração opostos pela
Construtora Celi Ltda. contra o Acórdão n. 1.895/2011 – Plenário, o qual informou à Caixa Econômica
Federal sobre a possibilidade de parcelamento da glosa de R$ 868.174,69 das faturas atestadas para a
Construtora Celi Ltda. determinada no Acórdão n. 2.235/2010 – Plenário.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no art. 34 da Lei n. 8.443/1992 c/c os arts. 277, inciso III, e 287, § 1º, do
Regimento Interno do TCU, conhecer dos Embargos de Declaração opostos pela Construtora Celi Ltda.,
para, no mérito, dar-lhes provimento parcial;
9.2. conferir ao subitem 9.2. do Acórdão n. 2.235/2010 a seguinte redação:
“9.2. com fundamento no art. 276 do Regimento Interno do TCU, determinar cautelarmente ao
Município de Fortaleza e à Caixa Econômica Federal que, em relação ao Contrato celebrado com a
Construtora Celi Ltda.:”
9.3. conferir a seguinte redação ao subitem 9.1 do Acórdão n. 1.895/2011 – Plenário,
mantendo-se inalterados os subitens 9.2 e 9.3:
“9.1. informar à Caixa Econômica Federal que o Município de Fortaleza/CE pode obter o
ressarcimento da glosa determinada no Acórdão n. 2.235/2010 – Plenário, no valor de R$ 868.174,69
(oitocentos e sessenta e oito mil, cento e setenta e quatro reais e sessenta e nove centavos), em doze
parcelas mensais e sucessivas, desde que o saldo das faturas vincendas a que faz jus a Construtora Celi
Ltda. seja suficiente para a cobertura daquele valor;
9.1.1. caso a obra seja paralisada, por iniciativa da contratada, ou, ainda, que não haja saldo
suficiente nas faturas vincendas para cobrir o valor descrito no subitem supra, o parcelamento fica
condicionado ao atendimento dos seguintes requisitos, que deverão ser formalizadas mediante termo
aditivo regularmente celebrado entre as partes:
9.1.1.1. prévia apresentação, pela contratada, de garantia idônea e suficiente ao integral
ressarcimento, à contratante, das importâncias liberadas, caso a obra não seja imediatamente retomada ou
seu faturamento não permita a dedução das parcelas mensais;
9.1.1.2. incidência, sobre cada parcela, de correção monetária, calculada entre a data do
pagamento indevido e a do efetivo ressarcimento, deduzidas as importâncias relativas à correção
monetária referente ao período em que os valores estiveram retidos por forças das medidas cautelares
determinadas pelo Tribunal;
9.1.1.3. vencimento antecipado do saldo devedor, na falta de recolhimento de qualquer
parcela;”
9.4. determinar à 3ª Secretaria de Fiscalização de Obras que, no prazo de 15 (quinze) dias da
ciência deste Acórdão, efetue, caso ainda não tenha analisado as demais questões versadas neste processo,
em caráter prioritário, a análise dos elementos acostados aos autos pela Construtora Celi Ltda., no que
tange à controvérsia acerca das distâncias percorridas por caminhões basculantes que ensejou a
determinação de glosa no contrato com aquela empresa, manifestando-se sobre a adequação das
distâncias utilizadas como referência para os pagamentos à contratada;
9.5. dar ciência desta Deliberação à embargante, à Caixa Econômica Federal, ao Município de
Fortaleza/CE e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional,
795
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
encaminhando-lhes cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e do Voto que o fundamentam.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
TC 000.386/2011-1
RELATÓRIO
Trata-se da Tomada de Contas Especial instaurada pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
– ECT em razão de irregularidades praticadas pelo Sr. Lindenilton Pereira de Arruda, Encarregado de
Tesouraria da Agência Central dos Correios em Goiânia/GO.
2. A Secretaria Federal de Controle Interno certificou a irregularidade das presentes contas (peça 1,
fl. 210) e a autoridade ministerial atestou haver tomado conhecimento dessa conclusão (peça 1, fl. 213).
796
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
3. No âmbito deste Tribunal, o Responsável foi citado para apresentar alegações de defesa quanto às
ocorrências abaixo descritas, ou recolher aos cofres da ECT as quantias correspondentes, atualizadas
monetariamente e acrescidas de juros de mora (peça 7, fls. 1/3):
3.1. falta de numerário no valor de R$ 27.275,19, no Caixa de Retaguarda da Agência, na data de
09/01/2007, em razão da falta de controle e por não conferir exaustivamente o saldo da unidade em
confronto com o saldo contábil;
3.2. falta do recurso financeiro disponibilizado na Autorização de Pagamento (AP) P6 5727, no
valor de R$ 224.826,32, em 21/06/2007, para quitação de faturas das unidades da ECT junto à
Companhia Energética de Goiás (Celg);
3.3. pagamento de juros e multas no valor de R$ 5.307,46, pela não quitação ao fornecedor Celg,
com recurso financeiro disponibilizado pela AP P6 5727, de 21/06/2007;
3.4. falta de recurso financeiro disponibilizado na Autorização de Pagamento (AP) P6 5457, no
valor de R$ 4.387,00, em 09/06/2007, para quitação de faturas da Companhia de Telecomunicações do
Brasil Central.
4. Devidamente notificado (fl. 01, peça 8), o Responsável permaneceu silente, razão pela qual o
Auditor Federal de Controle Externo lavrou a seguinte instrução (fls. 1/3, peça 9):
“4. As irregularidades acima foram originalmente detectadas em procedimentos internos de
inspeção da ECT e em sindicâncias subsequentes, nos processos: GINSP/DR/GO 1.010/2007 (relatórios
às pág. 23/29 e 69/79 da peça 2) e GINSP/DR/GO 1.023/2007 (peça 2, p. 23/61 e 81/125) e
REOP05/DRGO 7/2008 (relatórios às pág. 63/67 e 127/131 da peça 2). Os relatórios sindicantes e
processantes examinaram as diversas irregularidades considerando as provas documentais e testemunhais
obtidas e as atribuições legais e regulamentares do cargo do responsável. Alguns documentos probatórios
dos fatos e da regularidade dos procedimentos processantes constam das pág. 213/357 da peça 2.
4.1 Dentre os diversos depoimentos colhidos, exemplifica-se o do responsável em tela (p. 273/275
da peça 2), colhido em 03/08/2007, no qual assume a falta de conhecimento e controle, de
acompanhamento dos numerários da tesouraria sob seu encargo e responsabilidade.
5. O ex-tesoureiro apresentou alegações de defesa (por meio de advogado), antes mesmo da fase
interna da TCE (pág. 359/399 da peça 2 e 3/19 da peça 1; e pág. 21/89 da peça 1), que, analisadas pelas
comissões processantes da ECT (pág. 71/79, 105/115 da peça 2), foram consideradas insuficientes para
descaracterizar sua responsabilidade.
6. A assessoria jurídica, em três pareceres correspondentes aos três processos sindicantes (fl.
93/119, 121/155, 157/163, peça 1), concluiu e propôs a responsabilização cível do tesoureiro pelos
débitos apurados, a rescisão contratual trabalhista, por justa causa, e a instauração de TCE, dentre outras
medidas (fl. 117/119, 153/155, 163, peça 1), sobrevindo decisões administrativas aplicando a
responsabilização e a penalidade sugeridas (peça 1, fl. 165/171). Foram ainda comunicados o Ministério
Público Federal (fl. 173/183, peça 1,) e a Polícia Federal (fls. 185/201 peça 1), para as providências de
suas alçadas.
7. Sobreveio, então, a instauração da presente tomada de contas especial, cujo relatório (fls. 17/21,
peça 2) sucintamente ratificou as conclusões das instâncias processantes e jurídicas da ECT/GO.
8. O Controle Interno certificou a irregularidade das contas (fls. 207/210, peça 1), tendo o Ministro
de Estado das Comunicações registrado o conhecimento das conclusões daquele órgão de controle interno
(peça 1, p. 213).
9. Neste Tribunal, a Secex/GO propôs a citação do Sr. Lindenilton Pereira de Arruda, ex-
Encarregado de Tesouraria da Agência Central dos Correios em Goiânia-GO, para apresentar alegações
de defesa e/ou recolher aos cofres da ECT as importâncias atualizadas relativas aos débitos apurados
(item 3 retro).
EXAME TÉCNICO CONCLUSIVO
10. Citado, conforme peças 6 a 8, o ex-tesoureiro postal ficou silente, configurando sua revelia, que
implica prosseguimento regular do processo para todos os efeitos legais.
11. Conforme sumariado no item 4 retro, a responsabilização do citado revel fundamentou-se em
provas documentais, testemunhais e factuais. As apurações levadas a efeito pela ECT trazem provas
797
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
robustas do fato e da sua autoria, do débito e alcance, advindas de contagem de numerário, inspeções
físicas, verificação das competências legais de controle e guarda de numerários que tem o acusado, das
suas declarações e de outros testemunhos colhidos.
12. Dessa forma, há que se ratificar as apurações da ECT até aqui, consolidadas na presente tomada
de contas especial, responsabilizando o Sr. Sandoval de Souza Pinto Sobrinho pelo débito apurado. Não
haveria outro deslinde possível.”
5. Diante do exposto, a Secretaria de Controle Externo em Goiás, em manifestações uniformes
(peças 8, 9 e 10), propõe a este Tribunal:
5.1. considerar revel, para todos os efeitos, o Sr. Lindenilton Pereira de Arruda, Encarregado de
Tesouraria da Agência Central dos Correios em Goiânia-GO, dando-se prosseguimento ao processo, a
teor do disposto no art.12, § 3º, da Lei 8.443/1992;
5.2. julgar irregulares as contas do referido responsável, com base nos arts. 1º, inciso I, 16, inc. III,
alínea d, da Lei n.8.443/1992, c/c art. 209, inciso IV, do RI/TCU, condenando-o ao pagamento das
quantias devidas (especificadas no item 13 retro), atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de
mora calculados a partir das respectivas datas até a data do efetivo recolhimento, fixando o prazo de 15
dias, a contar da notificação, para a comprovação, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do
RI/TCU), do recolhimento da dívida aos cofres da ECT, na forma da legislação em vigor;
5.3. aplicar ao responsável a multa prevista no art. 57 da Lei n. 8.443/1992, fixando o prazo de 15
dias, a contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do
RI/TCU), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a
data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da
legislação em vigor;
5.4. autorizar o parcelamento das dívidas em até 24 parcelas mensais e consecutivas, se solicitado,
nos termos do art. 26 da Lei n. 8.443/1992 c/c art. 217 do RI/TCU, fixando o vencimento da primeira
parcela em 15 dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a cada 30 dias;
5.5. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n. 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas;
5.6. solicitar, com fundamento no artigo 61 da Lei n. 8.443/1992 c/c o artigo 275 do Regimento
Interno do TCU, à Advocacia-Geral da União, por intermédio do MP/TCU, a adoção das medidas
necessárias ao arresto dos bens do responsável;
5.7. remeter cópia desta deliberação à ECT e à Procuradoria da República no Estado de Goiás, para
conhecimento e providências julgadas cabíveis.
6. O Ministério Público junto ao TCU, representado pelo Procurador Sérgio Ricardo Costa Caribé,
manifesta-se de acordo com a proposta oferecida pela Secex/GO, sem prejuízo de propor, ante a
gravidade da infração cometida, que o responsável seja considerado inabilitado para o exercício de cargo
em comissão ou função de confiança no âmbito da administração pública federal, nos termos do art. 60 da
Lei n. 8.443/1992 e do art. 270 do Regimento Interno do TCU (peça 12).
É o relatório.
VOTO
disponibilizada a soma de R$ 224.826,32, omissão que gerou o acréscimo de juros e multas no valor de
R$ 5.307,46; a terceira, no não-pagamento de faturas da Companhia de Telecomunicações do Brasil
Central, no valor de R$ 4.387,00.
4. Devidamente citado, o Responsável não apresentou alegações de defesa. Assim, deve ser
considerado revel, dando-se prosseguimento ao processo, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei n.
8.443/1992.
5. A ECT instaurou um processo de sindicância específico para a apuração de cada ocorrência. No
Processo/GINSP/GO-1.010/2007, tratou-se da falta de numerário na Agência de Correio Central/DR/GO,
no valor de R$ 36.768,99, verificada em levantamento financeiro realizado no dia 13/07/2007 pela
Gerência de Inspeção/GO; após as apurações, o saldo devedor foi reduzido para R$ 27.275,19. Os
elementos básicos para a caracterização da responsabilidade do agente foram consignados no Relatório
Final autuado às fls. 69/79 da peça 2, do qual extraio o seguinte excerto:
“DAS APURAÇÕES
(...)
Com a constatação da falta de numerário na Agência Central de Goiânia, no dia 13/07/07, no valor
de R$36.768,99 (trinta e seis mil e setecentos e sessenta e oito reais e noventa e nove centavos), foi
proposta a designação dos Inspetores Regionais Edmar Cardoso da Silva, mat. 8.327.562- 2 e Junior
Carlos dos Santos, mat. 8.330.465-7, para realização das apurações na modalidade de Sindicância
Sumária (fl. 01).
Em 30/07/2007, a Gerência de contabilidade e Controle Financeiro apresentou o Relatório Técnico
(fls. 49/81), o qual retifica o valor constatado entre o saldo físico e o contábil na AC Central/DR/GO, em
virtude de lançamentos contábeis que estavam pendentes de regularização. Dessa forma, foi realizada a
entrada na conta Prejuízo a Apurar Delito Interno, no valor de R$ 10.000,00 (fl. 69) e uma saída na
mesma conta no valor de R$506,20 (fl. 75), reduzindo o saldo devedor para R$ 27.275,19 (vinte sete mil
duzentos setenta cinco reais e dezenove centavos) (fl. 50).
Foi constatado, também, nos levantamentos realizados nos Caixas de Atendimento e no Caixa
Retaguarda da Tesouraria da AC Central/DR/GO, a falta de etiquetas e comprovantes, cadastrados no
Sistema SARA e inexistentes na unidade (fls. 22/24).
CONSIDERAÇÕES
O empregado Lindenilton Pereira de Arruda, encarregado de tesouraria da AC Central/DR/GO,
declarou que não se apropriou do numerário faltante, entretanto, informa em seu Termo de Declarações
(fls. 82/83), que: ‘não tinha controle do valor real que faltava na tesouraria, não sabe precisar o valor
faltante, porque não fez a conferência do caixa no seu último dia de trabalho, antes de sair de férias.
Informou, ainda, que não tinha controle do saldo da unidade há alguns dias e que não sabe precisar qual
seria a diferença existente na tesouraria’. Dessa forma, o empregado assume a responsabilidade pela falta
do numerário, em virtude da sua falta de controle e descumprimento do MANORG, MOD. 21, CAP. 11,
item 4.3, alínea h (fls. 85/86): compete ao Encarregado de Caixa ‘providenciar os lançamentos contábeis
nos diversos modelos, zelando pela manutenção de uma boa apresentação e estabelecer, diariamente, o
confronto entre o saldo físico e o contábil.’
Quando o empregado Lindenilton informa que: ‘efetuou todas as movimentações financeiras
realizadas na tesouraria, tais como: saques, depósitos, pagamentos de AP's e demais lançamentos
contabilizados até o dia 09/07/2007, por volta do meio dia’, e informa, também, que: ‘não passou a
tesouraria para a sua substituta’, descumpriu orientações passadas por meio da
CI/SUFIN/GECOF/DR/GT — 001/2006, em 31/01/2006, para efetuar a passagem da tesouraria, com a
devida conferência do saldo em dinheiro, sendo que o saldo físico deve ser igual ao contábil, o estoque
físico de todos os produtos e etiquetas estejam em conformidade com a quantidade e sequência numérica
(fl. 87).
O empregado Valdeci Romano Borges e o empregado Lindenilton concordam que no dia
09/07/2007, AP's — Autorizações de Pagamentos foram pagas. No entanto, o Lindenilton não se lembra
quais os seus valores, mas o Valdeci declarou que no fechamento do Caixa Retaguarda, percebeu, no
sistema SARA, que o saldo contábil da Agência estava negativo em aproximadamente R$40.000,00,
799
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
verificou que haviam sido pagas duas AP's, uma no valor de R$ 60.153,00 e outra de R$ 37.741,00,
totalizando R$ 97.894,00, e havia somente uma entrada no SARA do valor de R$ 60.153,00. Para
regularizar o saldo negativo de aproximadamente R$ 40.000,00, deu entrada no valor de R$37.741,00 e
outra entrada de R$ 2.149,00 do Banco Postal, ficando o saldo contábil no sistema zerado. Entretanto, ao
conferir o numerário físico, constatou uma diferença a menor de aproximadamente R$ 37.000,00.
Portanto, caso a AP de R$37.741,00 não fosse contabilizada na tesouraria, o valor negativo não
seria identificado no momento da conferência do ORE — Caixa Retaguarda.
ANÁLISE DA DEFESA
(...)
A alegação que todos os desvios ocorreram com utilização da senha e cartão da funcionária Elina
Arantes Santos de Meio se baseia somente nas fitas do caixa, no entanto o empregado Lindenilton Pereira
de Arruda, como administrador local do SARA, poderia inserir/retirar empregados no sistema, solicitar
cartão e cadastrar senhas, e no seu Termo de Declarações o mesmo informou que: ‘Todas as operações
realizadas no Caixa Retaguarda no nome da empregada Elina Arantes e Marilene Sousa Silva Nunes até o
dia 09/07/2007, até por volta do meio dia, foi apenas em virtude da necessidade de utilizar o cartão delas
para recolhimento de numerário do Banco Postal, porque não tinha o cartão’.
Quando foi detectada a diferença, conforme portaria PRT/GT-0866/2005, o empregado Lindenilton
era o responsável pela tesouraria da AC Central de Goiânia/GO, não cabendo a outrem a responsabilidade
daquele setor. Portanto, seria ilógico incluir no procedimento os demais empregados, já que é previsto nas
normas da ECT designar empregados por meio de portaria para assumir uma função e nesta definir as
suas responsabilidades.
Os valores foram apurados em dias que o servidor estava de férias em razão de o empregado
Lindenilton Pereira de Arruda não ter efetuado a passagem da tesouraria da Agência Central/GO para a
sua substituta, no dia 09/07/2007, ter se ausentado sem explicações ao seu superior imediato, dessa forma,
deixou para que outros fizessem a conferência da tesouraria.
O fato de o empregado Valdeci Romano Borges, às folhas 43, declarar que o caixa retaguarda
estava cadastrado no nome da Elina, e que ela, a Agenária e o Clovis possuem o cartão do SARA, do
caixa retaguarda, vem reforçar a falta de controle do encarregado da tesouraria, Lindenilton Pereira de
Arruda, pois como Administrador Local do sistema SARA, o mesmo poderia cancelar cartões, mudar o
nome cadastrado no caixa retaguarda se entendesse necessário.
(...)
Os demais componentes da tesouraria foram ouvidos a Termo de Declarações e não constatamos
indícios de participação deles na falta de numerário encontrada na tesouraria da Agência Central/GO, uma
vez que os empregados lotados na tesouraria somente executavam qualquer tarefa com a anuência do
encarregado da tesouraria, Lindenilton Pereira de Arruda, que detinha a função.
O fato de nos antecedentes do servidor, Lindenilton Pereira de Arruda, não existir alguma falta que
o desabone, algum processo administrativo, alguma sansão, não é suficiente para afirmar a sua inocência.
No presente processo, é ressaltado que o mesmo já foi apurador, no sentido de caracterizar que ele tem
conhecimento dos procedimentos para fazer a passagem da tesouraria para quem o substituiria em suas
férias.
Não vinga a afirmação da defesa de ‘que inexiste nos autos (...) comprovação dos fatos, pois a
informação parte somente do depoimento do sindicado’, uma vez que, ao ser designado para assumir a
tesouraria da Agência Central de Goiânia/GO, o empregado Lindenilton assumiu a responsabilidade
daquele setor e, portanto, enquanto a PRT/GT-866/2005, de 01/06/2005, estivesse em vigor, ele seria o
responsável pelo setor.
(...)
Não há que se falar em inexistência de provas, já que o empregado Lindenilton Pereira de Arruda
se ausentou da tesouraria da Agência Central de Goiânia, em 09/07/07, por volta do meio dia, não
informando seu paradeiro, não conferindo o numerário e produtos da tesouraria e não mantendo controle
efetivo do numerário em cofre. Em suas declarações informou que: ‘Antes de sair no dia 09/07/2007,
após o almoço, deixou o cofre aberto para que a sua substituta desse início à contagem de numerário para
800
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
que, quando voltasse à tarde, terminasse a conferência e fizesse a passagem da tesouraria à empregada
Agenária Luzia’. Dessa forma, assumiu toda a responsabilidade por quaisquer irregularidades que fossem
detectadas posteriormente.”
6. O Processo/GINSP/GO/1.023/2007 teve por objeto o não-pagamento de contas da Celg vencidas
em 30/06/2007, para o qual havia sido disponibilizado o montante de R$ 224.826,32, por meio da
Autorização de Pagamento P6 527, e também do acréscimo de juros e multas moratórias no valor de R$
5.307,46. Com base em depoimentos e documentos coletados no decorrer da Sindicância, o Relatório
Final de fls. 81/125 (Peça n. 2) cataloga as seguintes condutas irregulares, por parte do ex-Servidor, que
concorreram para a provocação de danos à empresa (fls. 115/124):
• não-comprovação do pagamento ao fornecedor CELG (Companhia Energética de Goiás), relativa
às faturas das unidades da ECT, vencidas no dia 30 de junho de 2007;
• falta do recurso financeiro disponibilizado, por meio da Autorização de Pagamento (AP) P6 5727,
no valor de R$ 224.826,32, recebido pelo notificado, em 21/06/2007, para pagamento das referidas
faturas que não foram adimplidas, nem encontradas nos balancetes e/ou na tesouraria;
• contabilização irregular de saída do valor R$ 224.826,32 no balancete da Agência Central, bem
como o registro indevido no sistema financeiro SARA, referente ao recurso financeiro disponibilizado
pela AP P6 5727;
• retirada de valor da Empresa para interesse particular, segundo termo de declaração do notificado;
• ocultação da falta de numerário, utilizando-se de recolhimento contábil da reserva, que se
regularizava e, em seguida, de outros recolhimentos apenas contábeis; com isso, "administrava", ao longo
do tempo, a falta de dinheiro na tesouraria, segundo o depoimento do notificado;
• liquidação irregular de compromissos, cujas saídas já haviam sido efetuadas no sistema SARA
(BDF) em dias anteriores, beneficiando-se do recurso que o SARA tinha em disponibilidade na unidade;
• recolhimento fictício de valor para que o saldo se apresentasse regular;
• descuido com o patrimônio da ECT, deixando aberto o cofre e abandonada a tesouraria que se
encontravam sob sua responsabilidade;
• realização irregular de operações financeiras no caixa retaguarda do sistema de automação no
nome da empregada Elina Arantes Santos de Meio;
• desleixo em relação aos valores da ECT, sob a responsabilidade do notificado,
• utilização de valores dos Correios, retirados da Empresa, para emprego em casas de jogos;
• não-comunicação das irregularidades à Chefia imediata;
• cadastro e operacionalização do caixa retaguarda do sistema de automação financeira no nome da
empregada Elina Arantes Santos;
• descumprimento do regimento interno, relativo à agência pluripessoal, em relação ao encarregado
de tesouraria, que preconiza:
“4.3 Compete ao Encarregado de Caixa
a) receber, guardar e distribuir os valores destinados à venda na agência;
(...)
f) efetuar o recolhimento de numerário, cheques e outros valores de acordo com o estabelecido em
documentos próprios;
g) providenciar os lançamentos contábeis nos diversos modelos, zelando pela manutenção de uma
boa apresentação e estabelecer, diariamente, o confronto entre o saldo físico e o contábil;
i) elaborar o balancete da agência para encaminhamento ao órgão competente;
j) exercer outras atividades inerentes à sua função e %ou às confiadas pelo chefe da agência.”
• desrespeito ao Manual de Administração de Recursos, Operações e Controle Financeiro
(MANAF), módulo 3, capítulo 7, item 2, Manuseio e Guarda de Numerário e Outros Valores, que
estabelece:
“2.4 A guarda do numerário sob a responsabilidade do Encarregado de Tesouraria, deve ser
efetuada em cofre que mantenha boas condições de uso, com chave, segredo e sempre que possível,
outros dispositivos de segurança:
801
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
a) o cofre deve ser mantido sempre fechado à chave e com o segredo ativado, sendo aberto apenas
no momento em que seja necessário guardar ou retirar numerário;
b) a abertura do cofre não deve ser feita na presença de empregados que não estejam envolvidos
nessa atividade ou ainda, de quaisquer outras pessoas, incluindo nesse rol os encarregados de limpeza do
local ou prestadores de serviços;
c) após a operação de abertura e fechamento do cofre, a chave deve ser retirada da fechadura e
mantida pelo Encarregado de Tesouraria em local seguro; e”
• descumprimento dos deveres preconizados no Regulamento Disciplinar de Pessoal, [segundo o
qual] todo empregado deve:
"a) comparecer com assiduidade ao trabalho no início da jornada estabelecida e somente se retirar
ao seu término, apresentando prontamente ao seu superior hierárquico as justificativas de falta, entrada
tardia, ou saída antecipada, sempre que isso acontecer;
b) realizar as atividades e tarefas de seu cargo ou função, no trabalho, dentro das normas de conduta
estabelecidas, acatando e cumprindo ordens, relativas às suas atribuições profissionais, emanadas de seus
superiores, dentro da estrutura hierárquica em que esteja inserido, evitando desperdício de tempo,
trabalho e material;
f) levar ao conhecimento do seu chefe imediato qualquer indício de irregularidade de que tiver
ciência, sob pena de responsabilidade;
(...)
s) ser probo, reto, leal e justo;
(...)
w) manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão
onde exerce suas atividades, observando-as em todos os seus aspectos;
(...)
bb)disseminar cultura de cuidado e zelo com o patrimônio e com a imagem da Empresa;
ff) disseminar o conhecimento, cumprir e fazer cumprir leis, normas regulamentares, inclusive este
regulamento, políticas e o Código de Ética da ECT.”
• infringência às proibições do Regulamento Disciplinar de Pessoal, que estabelece que todo
empregado deve se abster de:
“i) retirar da Empresa, para fins que não sejam do interesse desta, qualquer peça, objeto ou
equipamento, documento ou informações, ou utilizar material ou pessoal da Empresa para fins
particulares ou de terceiros;
(...)
m) praticar ou favorecer jogos de azar, contrários à lei, dentro do recinto da Empresa;
(...)
o) promover, permitir ou contribuir para que o nome da Empresa, de colegas ou de superiores sejam
envolvidos em onda de notícias falsas ou alarmistas, capazes de criar tensão nos empregados;
p) ausentar-se do serviço durante o expediente, sem motivo que justifique ou prévia autorização do
chefe imediato;
q) apropriar-se de bens pertencentes à Empresa, aos seus empregados ou a terceiros;
(...)
x) valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da
função pública;
y) proceder de forma desidiosa;
z) quando gestor, atribuir ao empregado atividades ou serviços diferentes daqueles próprios de seu
cargo/função, salvo nos casos de substituição por impedimento temporário previsto nas normas internas
da Empresa, ou para fazer face a motivo de força maior, seja para atender à realização ou
conclusão de serviços inadiáveis cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto;
aa) exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com as suas atividades na ECT, durante o
horário de trabalho;
(...)
802
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
ee) consignar informações inverídicas em documento da Empresa ou dar nota falsa sobre entrega de
objetos postais”.
7. O Processo/REOP/05/DR/GO-007/2008 destinou-se a averiguar a não-quitação de contas da
Companhia Telefônica Brasil Central – CTBC, vencidas em 09/05/2007, no valor de R$ 4.378,09; o
Relatório Final de fls. 127/131 (peça 2) contém as seguintes informações:
“2. DAS APURAÇÕES
2.2. Conforme CI/ADM/GERAD/GO-198/2007 do dia 17/12/2007, consta reclamação da
Companhia Telefônica − CTBC por falta de pagamento das seguintes faturas (fls. 1/2):
CÓDIGO DE BARRAS AGÊNCIA DATA DE VALOR
VENCIMENTO (R$)
84660000005-9 09210004000-2 AC Itumbiara 10/05/2007 509,21
02137322030-6 01851476500-9
84640000004-4 19170004000-6 CDD Itumbiara 10/05/2007 419,17
00024691970-8 01851883700-2
84690000034-6 49710004000-3 Agências 10/05/2007 3.449,71
00024692000-3 01851883600-4 subordinadas a
REOP/06/DR/GO
TOTAL R$ 4.378,09
2.3. No dia 17/12/2007, a GECOF/DR/GO, por meio da CI/SPAC/GECOF/DR/GO-0377/2007,
orientou o gestor da Agência Central de Goiânia/GO (Galdino de Paula e Silva, matrícula 8.330.419-3,
Administrador Júnior), que efetuasse a quitação das 03 (três) contas telefônicas da Companhia Telefônica
− CTBC no aplicativo SARA (fl. 08).
2.4. A Pendência de irregularidade foi contabilizada no dia 19/12/2007 na Conta Prejuízo Apurar
Delito Interno − Saída, no valor de R$ 4.378,09 (fl. 23).
2.5. DO TERMO DE DECLARAÇÃO:
O empregado Galdino de Paula e Silva, matrícula 8.330.419-3, Administrador Júnior, gerente da
Agência Central de Goiânia/GO, à época, declarou que no período do ocorrido (10/05/2007) era o gerente
da Agência Central de Goiânia/GO. Que o encarregado da tesouraria era o empregado Lidenilton Pereira
de Arruda, matrícula 8.330.425-8, sendo o mesmo responsável por gerir o processo de pagamento de
SAN's (Solicitação de Adiantamento de Numerário) e AP's (Autorização de Pagamentos), inclusive era o
portador do cartão da unidade que dá acesso as contas. Que o Lidenilton recebia em mãos toda a
documentação diretamente da GECOF/DR/GO e pessoalmente providenciava os pagamentos, fato que era
rotina na unidade antes mesmo do declarante ser o gestor da unidade. Que o processo de pagamento
seguia o seguinte fluxo: geração da conta pela empresa fornecedora, solicitação de autorização para
pagamento, bloqueio orçamentário, emissão da SAN (Solicitação de Adiantamento de Numerário) ou AP
(Autorização de Pagamento) pela GECOF/DR/GO, assinatura dos documentos pelos gestores
(Gabinete/DR/GO e GECOF/DR/GO) autorizando os pagamentos, encaminhamento do documento direto
para a tesouraria da Agência Central de Goiânia/GO, sendo entregue em mãos (não passava pela
gerência), solicitação do numerário para a GECOF/DR/GO por e-mail e/ou Cl, pagamento da conta e
devolução do comprovante de pagamento para a GECOF/DR/GO.
Que por esta rotina não estar manualizada o declarante não tinha acesso a todos os pagamentos e
quando era acionado (às vezes) pela GECOF/DR/GO por alguma pendência ou reclamação, prontamente
atendia ao chamado, buscando solução imediata. Que só tomou conhecimento do fato no momento em
que a REOP/05/DR/GO o convidou para colher o Termo de Declaração (fl. 12).
2.6. Foi enviada, no dia 21/01/2008, a Carta CT/REOP/05/DR/GO-018/2008, convocando o ex-
empregado da ECT o Sr. Lidenilton Pereira de Arruda, para prestar depoimento com relação ao dossiê
CI/SPAC/0403-2008, porém não foi possível localizá-lo (fls. 13/14).
2.7. Foi juntada aos autos Portaria de Designação do empregado Lidenilton Pereira de Arruda,
matrícula 8.330.425-8, Técnico e, Atendimento em Vendas Pleno, Encarregado de Tesouraria da Agência
Central de Goiânia/GO, á epoca (fls. 16/18).
803
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo n. TC 000.386/2011-1
2. Grupo: I; Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.
804
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da tomada de contas especial instaurada pela Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT em razão de irregularidades praticadas pelo Sr. Lindenilton
Pereira de Arruda, Encarregado de Tesouraria da Agência Central dos Correios em Goiânia/GO.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. julgar irregulares as contas do Sr. Lindenilton Pereira de Arruda, com fundamento nos arts. 1º,
inciso I, 16, inciso III, alínea d, e 19, caput, da Lei n. 8.443/1992, condenando-o ao pagamento das
quantias abaixo descritas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora calculados a partir
das respectivas datas até a efetiva quitação do débito, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do
recebimento da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do
Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida aos cofres da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos – ECT, na forma do Acórdão n. 1.603/2011 - Plenário:
Valor (R$) Data
27.275,19 13/07/2007
224.826,32 21/06/2007
4.387,00 09/06/2007
5.307,46 21/06/2007
9.2. aplicar multa ao Responsável, no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), com base no
disposto pelo art. 57 da Lei n. 8.443/1992, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificação, para comprovar, perante o Tribunal, o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro
Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente Acórdão até a do efetivo recolhimento, se
for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.3. inabilitar o Responsável para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no
âmbito da administração pública federal, pelo prazo de 6 (seis) anos, nos termos do art. 60 da Lei n.
8.443/1992 e do art. 270 do Regimento Interno do TCU;
9.4. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendida a notificação, nos
termos do art. 28, inciso II, da Lei n. 8.443/1992;
9.5. remeter cópia deste Acórdão, acompanhado do Relatório e Voto que o antecedem:
9.5.1. à Procuradoria da República no Estado de Goiás, com fundamento no art. 16, § 3º, da Lei n.
8.443/1992;
9.5.2. ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, para que adote as providências
necessárias à inclusão do nome do Responsável no cadastro de gestores inabilitados para o exercício de
cargo em comissão ou função de confiança, com base no art. 60 da Lei n. 8.443/1992 e no art. 270 do
Regimento Interno do TCU.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
competitividade da licitação (Peça n. 1). Eis o teor dos subitens editalícios ora questionados (com a
retificação da errata de Peça n. 32/39):
“10.7. A regra objetiva que estabelece o número mínimo de estabelecimentos credenciados (rede
credenciada), por município, é apresentada na tabela a seguir:
População do Município Número mínimo de
fonte IBGE/DOU estabelecimentos
(em habitantes) credenciados
Abaixo de 10.000 1
De 10.001 a 20.000 2
De 20.001 a 30.000 3
De 30.001 a 40.000 5
De 40.001 a 50.000 10
De 50.001 a 70.000 15
De 70.001 a 100.000 20
De 100.001 a 500.000 25
De 500.001 a 1.000.000 50
Acima de 1.000.000 75
10.8. A rede credenciada da empresa proponente vencedora deverá, no que tange aos municípios de
São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Osasco e
Guarulhos contemplar, necessariamente, 3 (três) diferentes redes de hipermercados.”
4. Na primeira instrução da Secex/SP (Peça n. 4), foi proposto o conhecimento da Representação,
bem como a adoção de medida cautelar no sentido de suspender o prosseguimento do certame, e a
autorização para realizar a oitiva das partes.
5. No Despacho da Peça n. 8, determinei, além de diligência aos representados para obtenção de
informações atualizadas sobre o certame, a realização da oitiva prévia do Sr. Walter Vicioni Gonçalves,
Superintendente Operacional do Sesi/SP e Diretor Regional do Senai/SP, a fim de que se manifestasse a
respeito do teor da presente Representação, esclarecendo, em especial, acerca da necessidade da exigência
de rede credenciada que contemplasse a quantidade de três redes de hipermercados nos Municípios da
Grande São Paulo. Nessa mesma oportunidade, autorizei também a oitiva da empresa responsável pela
melhor oferta, na hipótese de já ter ocorrido a abertura dos envelopes com propostas de preços formuladas
pelas licitantes.
6. Promovidas as comunicações processuais (Peças ns. 9/11), vieram aos autos as respectivas
respostas (Peças ns. 12 e 16), assinadas respectivamente pelo Presidente da Comissão de Licitação, Sr.
Nelson Antunes, e pelo Diretor Regional do Senai/SP e Superintendente Operacional do Sesi/SP, Sr.
Walter Vicioni Gonçalves.
7. Reproduzo a seguir excertos, com alguns ajustes de forma, da instrução feita por Auditor Federal
de Controle Externo – AUFC no âmbito da Secex/SP, o qual concluiu pela improcedência do mérito da
Representação (Peça n. 18):
“Informações prestadas pelo Sr. Walter Vicioni Gonçalves:
7.1. Inicialmente, informa que, em virtude desta Representação, por decisão da Comissão de
Licitação, foi suspensa sine die a sessão de abertura dos envelopes das empresas participantes da
Concorrência n. 061/2011, até o julgamento final deste processo.
7.2. Registra estar o edital compatível com os pressupostos do Regulamento de Licitações e
Contratos do Sesi e Senai e respaldado no Acórdão n. 7.083/2010 – TCU – 2ª Câmara. Alega ser
necessário um número mínimo de estabelecimentos credenciados, exigência, em sua opinião, não
prejudicial à competição entre empresas interessadas em participar da licitação.
7.3 Entende ser preciso considerar ‘a finalidade da contratação conjugada com o interesse da
administração’ (peça 16, p. 3), por entender estar a definição de requisitos essenciais para satisfazer as
necessidades dos funcionários inserida no âmbito do campo da discricionariedade do gestor. Para o Sr.
Walter Vicioni, o número de estabelecimentos especificados no edital para os municípios de São
Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Osasco e Guarulhos corresponderia ao
807
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
número mínimo de estabelecimentos necessários para atender as necessidades dos beneficiários de vale
alimentação.
7.4. Tratando especificamente da exigência de três redes de hipermercados, explica seu ponto de
vista:
‘ao se estabelecer um número mínimo de 3 (três) redes de hipermercados, dentre outras existentes,
garante-se maior capilaridade de acesso ao benefício, uma vez que essas redes mantém um amplo número
de bairros já atendidos e, consequentemente, facilitam não só o acesso, mas proporcionam aos
funcionários multiplicidade de opções relativas a aspectos como variação de preços, marcas e tipos de
alimentos disponíveis ao consumo.’ (sublinhas do original) (peça 16, p. 4).
7.5. Ilustra em tabela, com dados supostamente obtidos na internet, o impacto no número mínimo
de bairros atendidos nos municípios supracitados com a redução da quantidade de redes de
hipermercados, entendendo ocorrer a seguinte relação entre número de redes e o mínimo de bairros
atendidos:
Número de Redes Mínimo de Bairros
Atendidos
1 12
2 38
3 73
7.6. A respeito da exigência da rede credenciada, ressalta o que conteria no subitem 10.2 do Edital,
o qual prescreveria a apresentação da comprovação da rede credenciada apenas na fase de contratação.
8. Análise
8.1. Inicialmente, cabe registrar ter havido a apresentação de envelopes de habilitação por parte de
duas empresas interessadas: Companhia Brasileira de Soluções e Serviços S/A e Sodexo Pass do Brasil
Serviços e Comércio S/A, como consta na Ata de Abertura dos Envelopes da Concorrência n. 061/2011
(peça 16, p. 9).
8.2. A representante insurgiu-se, basicamente, em relação aos seguintes pontos, que, em sua opinião
estaria a restringir o caráter competitivo do certame, com possível direcionamento do resultado da
licitação em benefício da atual fornecedora do serviço:
8.2.1. exigência de, no mínimo, três diferentes redes de hipermercados nos municípios de São
Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá e Guarulhos (subitem
10.8 do Edital);
8.2.2. aumento exagerado de municípios e do número de estabelecimentos por cidades (subitem
10.7 do Edital) em relação a certame de mesmo número e propósito publicado anteriormente e suspenso
em função de impugnação do edital.
8.3. Em relação à primeira questão, na sua Representação (Peça n. 1), a Planinvesti considera
razoável a exigência de duas diferentes redes de hipermercados, possibilidade ‘que satisfaz as
necessidades dos funcionários do Sesi/SP e do Senai/SP e não eivam o processo licitatório de
direcionamento velado para beneficiar apenas a atual fornecedora’ (Peça 1, p. 3). Com essa afirmação,
entende-se que a mudança de três para duas redes solucionaria o problema da representante. Ocorre que o
número considerado pela Planinvesti como razoável não veio apoiado por justificativa lógica que
embasasse a crença de que a exigência de duas redes satisfaria as necessidades dos funcionários do
Sesi/SP e do Senai/SP. Se o entendimento apresentado viesse a permitir a sua inclusão entre os
interessados, não seria suficiente para permitir que aquelas empresas do ramo com credenciamento de
apenas uma rede participasse da licitação nos citados municípios da Grande São Paulo.
8.4. A especificação das exigências deve considerar a competitividade do procedimento licitatório,
contudo, isso não significa deixar de levar em conta por completo os interesses específicos do objeto
contatado e do contratante. Nesse sentido, transcrevemos excerto do voto do Exmo. Sr. Ministro Subst.
André Luís de Carvalho, fundamentando o Acórdão n. 7.083/2010 – TCU – 2ª Câmara:
‘15. Como já dito acima, as normas de licitação devem ser interpretadas com foco no aumento da
competitividade, sem desconsiderar o interesse da administração.’
808
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
8.5. Além do acima exposto, procede a preocupação do Sesi/Senai descrita no subitem 7.4, sendo
forçoso reconhecer que um maior número de funcionários estaria sendo mais bem atendido com a
exigência de um maior número de redes. Ademais, não se pode dizer ter o contratante deixado de
estabelecer critério mínimo para a exigência em comento com base em algum estudo prévio, haja vista a
relação de bairros atendidos, conforme o número de redes, supostamente obtido na internet, contida nas
tabelas da Peça 16, p. 4-5.
8.6. Relativamente ao aumento exorbitante que a representante entende ter sido definido em relação
aos municípios e ao número de estabelecimento credenciados (subitem 10.7 do Edital), a resposta do Sr.
Walter Vicioni deixou de abordar essa questão, restringindo-se a apontar o subitem 10.2 do Edital, o qual
se refere ao momento de comprovação do número de estabelecimentos credenciados, indicando ser o da
assinatura do contrato.
8.7. Nesta Representação, a Planinvesti não questionou o momento da comprovação dos
estabelecimentos credenciados. No entanto, a mesma empresa, no TC n. 018.685/2009-4, ingressou com
representação similar contra a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), incluindo, entre
outras questões, a exigência de apresentação da relação de estabelecimentos credenciados na fase de
apresentação da proposta de preços, fato este que não ocorreu na Concorrência n. 061/2011, do
Sesi/Senai.
8.8. Vale registrar ter havido redução pela metade do número de estabelecimentos credenciados por
faixa de habitantes, conforme Errata do Edital (documento DAF/GLBS/103/11), de 25/5/2011 (peça 16,
p. 33), após questionamento semelhante a da representante a respeito do assunto, de 3/6/2011 (documento
DAF/GLBS/108/11, peça 16, p. 29). Apesar de a representante considerar exorbitante a quantidade de
estabelecimentos credenciados, não indicou o motivo de tal insatisfação, assim como não apresentou
fundamentação de uma quantidade que consideraria aceitável.
8.9. A jurisprudência desta Corte de Contas tem entendido que as exigências quanto ao número de
estabelecimentos mínimos credenciados se insere no âmbito do poder discricionário da Administração,
conforme julgados em que a representante foi a mesma Planinvesti Administração e Serviços Ltda., a
exemplo dos Acórdãos ns. 7.083/2010 – TCU – 2ª Câmara e 2.547/2007 – TCU – Plenário.
8.10. Nesse sentido, cabe, por elucidativa, a transcrição do Voto do Exmo. Sr. Ministro Marcos
Vinicios Vilaça, ao fundamentar o Acórdão n. 2.547/2007 – TCU – Plenário:
‘5. No que se refere à exigência de credenciamento dos hipermercados filiados à Abras, nas capitais
dos Estados brasileiros, a meu ver, não configura, de per si, restrição à competição, mas uma escolha
feita pela direção da Embrapa, para assegurar o acesso de seus servidores aos supermercados de grande
porte, nas principais cidades de cada Estado. Como se sabe, os supermercados desse porte costumam
oferecer preços bastante competitivos, em razão do grande volume de negócios que realizam, e, assim,
não causa surpresa que a Embrapa queira assegurar que os gêneros alimentícios possam ser adquiridos
nesses estabelecimentos.’
8. O titular da 3ª Diretoria defendeu posição divergente da consignada pelo Auditor Federal de
Controle Externo (Peça n. 19), no que foi acompanhado pelo titular da Secex/SP (Peça n. 20). Eis os
argumentos nos quais fundamentou seu entendimento (Peça n. 19):
“6. De início, é necessário ter em consideração que os interesses específicos do contratante no
tocante à definição do objeto do certame, apesar de estarem afetos à seara discricionária do gestor, devem
mostrar-se razoáveis e adequados à realidade fática, mormente na situação em que podem acarretar
restrição à competitividade. Essa análise deve ser realizada em cada caso concreto.
7. Passamos, assim, ao exame da exigência de rede credenciada contemplando três redes de
hipermercados em municípios da Grande São Paulo.
8. Cumpre, em primeiro lugar, fazer menção à definição de hipermercado dada pela Associação
Brasileira de Supermercados – Abras, como sendo loja de auto-serviço que tem uma área de vendas
superior a 5.000 metros quadrados, mais de 50 check-outs e uma média de 45 mil itens à venda, contando
com as seções de mercearia, hortifruti, açougue, frios e laticínios, peixaria, padaria, bazar,
eletroeletrônicos e têxteis (citado em documento da Confederação Nacional do Comércio, em
809
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
http://www.sincovaga.com.br/ct/comunicados/Especial/enquadramentosindical/ DL/Parecer%201398-07-
01.pdf, consulta em 04/07/2011, peça 17, p. 1/5).
9. Também em consultas realizadas na Internet, observamos que, na prática, tanto na cidade de São
Paulo como na região metropolitana, são em número muito reduzido as redes de hipermercados que
possuem presença expressiva, com estabelecimentos distribuídos em diversos bairros. As principais redes
de hipermercados, de presença expressiva na maior parte dos municípios que integram a região
metropolitana de São Paulo, se resumem praticamente a três grandes empresas, quais sejam, o grupo
francês Carrefour, o hipermercado Extra (pertencente à Companhia Brasileira de Distribuição - CBD) e o
grupo americano Walmart (peça 17, p. 6/26).
10. Cumpre registrar, ainda, recente notícia veiculada na imprensa reportando possível fusão de
ativos do Carrefour com os da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), holding que detém as lojas
do Pão de Açúcar, Compre Bem e Extra (http://g1.globo.com/Erro! A referência de hiperlink não é
válida.economia/noticia/2011/06/carrefour-anuncia-proposta-de-fusao-com-pao-de-acucar.html, consulta
em 30/06/2011).
11. Nesse contexto, considerando um universo tão reduzido, é possível inferir que a exigência de
três redes distintas de hipermercados, de fato, afigura-se excessiva e desarrazoada.
12. Além disso, temos por relevante a análise empreendida na instrução inicial, com base em
informações colhidas na Internet, que concluiu que a utilização dos hipermercados vem perdendo espaço
para os estabelecimentos menores. Para maior clareza, transcrevemos excerto da instrução:
‘14. Além disso, verifica-se que a vantagem dos hipermercados vem diminuindo com o fim da
hiperinflação de décadas atrás. Em artigo da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), retirado
do sítio da entidade (http://www.abrasnet.com.br/economia-e-pesquisa/ranking-abras/as-500-maiores/),
há notícia de que houve aumento de vendas em lojas com menor superfície e redução das vendas em lojas
com superfície acima de 5 mil metros quadrados (hipermercados) em 2010.
15. Em outro artigo, retirado do sítio do Jornal ‘O Estado de São Paulo’, de 23/5/2011,
(http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110523/not_imp722730,0.php), verifica-se que houve
redução na participação de hipermercados nas vendas do varejo, justificando que, com o fim da
hiperinflação, houve aumento das vendas de supermercados com oferta de produtos conforme o perfil de
cada região.
16. Desse modo, é cada vez maior as vendas de supermercados mais próximos do consumidor e que
atendam a um perfil específico de cada bairro. Assim, conforme a comunidade que more naquele bairro,
há a oferta de produtos voltados a esse mercado e que ganha cada vez mais espaço nas vendas do varejo.’
13. Com isso, não parece condizer com a realidade fática o argumento apresentado pelo Diretor
Regional e Superintendente Operacional do Sesi/SP e Senai/SP no sentido de que ‘ao se estabelecer um
número mínimo de 3 (três) redes de hipermercados, dentre outras existentes, garante-se maior
capilaridade de acesso ao benefício, uma vez que essas redes mantém um amplo número de bairros já
atendidos e, consequentemente, facilitam não só o acesso, mas proporcionam aos funcionários
multiplicidade de opções relativas a aspectos como variação de preços, marcas e tipos de alimentos
disponíveis ao consumo’.
14. Há de se considerar, ainda, que se mostra comum a localização dos hipermercados em áreas
mais afastadas do município, a exemplo de vias expressas e rodovias, tendo em vista que, dadas as
dimensões físicas do estabelecimento, as normas de zoneamento do município impõe restrições a esse
tipo de comércio em determinados locais.
15. Em suma, o que parece mais relevante para facilitar o acesso ao consumidor é o número de
estabelecimentos e a forma como eles estão distribuídos nos diversos bairros do município, o que não
corresponde necessariamente à quantidade de redes distintas de hipermercados.
16. Ademais, o fato de somente duas empresas terem apresentado os envelopes de habilitação,
como consta na Ata de Abertura dos Envelopes da Concorrência n. 061/2011 (peça 16, p. 9), constitui
indício de que a competitividade do certame não se revelou satisfatória.
17. Assim, nada obstante a louvável intenção dos dirigentes do Sesi/Senai no sentido de
proporcionar maiores benefícios a seus funcionários, há fortes indícios de que a exigência em questão
810
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.4. determinar à Secex/SP que monitore o cumprimento da providência indicada no subitem 9.2
retro e, no caso de instauração de novo procedimento licitatório em substituição à Concorrência n.
061/2011, daquela constante no subitem 9.3 anterior, represente ao Tribunal, caso necessário;
9.5. enviar cópia desta deliberação, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam, à
representante e aos Departamentos Regionais de São Paulo do Serviço Social da Indústria – Sesi/SP e do
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai/SP.
9.6. arquivar o processo.
É o Relatório.
VOTO
Esta Representação, formulada pela Planinvesti Administração e Serviços Ltda., pode ser
conhecida pelo Tribunal, porquanto os requisitos de admissibilidade constantes do art. 237, inciso VII, e
parágrafo único, do Regimento Interno/TCU e do art. 113, § 1º, da Lei n. 8.666/1993, foram preenchidos.
2. Examina-se neste processo o Edital da Concorrência n. 61/2011, licitação que está sendo
conduzida conjuntamente pelos Departamentos Regionais de São Paulo do Serviço Social da Indústria –
Sesi/SP e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai/SP.
3. A referida licitação busca contratar empresa especializada no fornecimento e manuseio de vale
alimentação, apresentado na forma de cartão magnético ou tecnologia similar, para aquisição de produtos
em estabelecimentos comerciais credenciados, existentes em municípios informados no Anexo C do
referido Edital (Peça n. 16, p. 32/39). Segundo o documento editalício, a estimativa é de 6.550 cartões ou
similar por mês, no valor mensal de R$ 428.766,00, vencendo a empresa que apresentar a menor taxa de
administração (Peça n. 12, p. 10 e 13).
4. A Representante considera que as disposições constantes dos subitens 10.7 e 10.8 do aludido
Edital configuram restrição ao caráter competitivo do certame e direcionamento de seu respectivo
resultado.
5. Cumpre anotar, ainda, que a Comissão de Licitação que atua na Concorrência n. 61/2011
suspendeu a abertura dos envelopes das empresas licitantes até o julgamento desta Representação pelo
TCU, consoante informou o Diretor-Regional do Senai/SP.
6. Passo a examinar na sequência, as questões apontadas pela Planinvesti Administração e Serviços
Ltda.
II
7. O primeiro questionamento refere-se ao número mínimo de estabelecimentos (rede credenciada),
por município, constante do subitem 10.7 do Edital da Concorrência n. 61/2011.
8. Segundo a Representante, o número mínimo de estabelecimentos fixado no Edital é exorbitante e
conduz à restrição do caráter competitivo do torneio licitatório e ao direcionamento do respectivo
resultado. Aduz ainda que somente uma empresa, a Companhia Brasileira de Soluções e Serviços (VISA),
atenderia a tal exigência.
9. Além disso, alega que, em contato com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
não obteve confirmação sobre a autoria dos dados constantes da tabela do subitem 10.7 do Edital (Peça n.
1).
10. Para melhor compreensão da matéria, transcrevo o teor do subitem 10.7 do multicitado Edital,
retificado mediante a errata de 25/05/2011 (Peça n. 16, p. 32/39):
“10.7. A regra objetiva que estabelece o número mínimo de estabelecimentos credenciados (rede
credenciada), por município, é apresentada na tabela a seguir:
População do Município Número mínimo de
fonte IBGE/DOU estabelecimentos
(em habitantes) credenciados
Abaixo de 10.000 1
812
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
De 10.001 a 20.000 2
De 20.001 a 30.000 3
De 30.001 a 40.000 5
De 40.001 a 50.000 10
De 50.001 a 70.000 15
De 70.001 a 100.000 20
De 100.001 a 500.000 25
De 500.001 a 1.000.000 50
Acima de 1.000.000 75
11. Por sua vez, o subitem 10.6 do Edital dispõe que o número total de estabelecimentos
credenciados da proponente vencedora deve atender aos números mínimos, por município, especificados
no Anexo C do Edital, e deve contemplar exclusivamente hipermercados, supermercados, mercados,
empórios, armazéns, mercearias, minimercados, açougues, avícolas, casas de carnes, peixarias,
hortimercados, comércio de laticínios e frios.
12. Apesar de a Representante afirmar a exorbitância na estipulação do número mínimo de
estabelecimentos credenciados, por município, não trouxe aos autos estudos técnicos ou quaisquer outros
argumentos capazes de demonstrar a consistência do alegado.
13. A jurisprudência do TCU tem caminhado no sentido de que a fixação do número mínimo de
estabelecimentos credenciados é da atuação discricionária do gestor, pois a ele compete definir com
precisão a real necessidade de atendimento aos beneficiários do vale alimentação. Eis o trecho da
Proposta de Deliberação condutora do Acórdão n. 7.083/2010 – 2ª Câmara:
“8. Desse modo, a definição de requisitos essenciais para satisfazer a necessidade dos funcionários
no âmbito da prestação de serviços de fornecimento de vale alimentação está inserida no campo da
discricionariedade do gestor.”
14. O Anexo C do Edital traz relação de 121 municípios do Estado de São Paulo para os quais foi
definido o número mínimo de estabelecimentos credenciados, segundo o respectivo número de habitantes
levantado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, observando-se as faixas
populacionais inseridas no subitem 10.7 do Edital, transcrita no item 10 deste Voto.
15. Ao que consta da tabela do subitem 10.7 e do Anexo C do Edital, somente o número da
população é que foi apurado pelo IBGE. A estipulação do número mínimo de estabelecimentos foi feita
pelas entidades licitantes. A propósito, o IBGE/Supervisão de Disseminação de Informações – SDI/DF,
em resposta à pesquisa feita por meu Gabinete, afirma não ter nenhuma pesquisa com a informação de
número mínimo de estabelecimentos apresentada na tabela 10.7 do Edital da Concorrência n. 61/2011
(Peça n. 1).
16. À primeira vista, não se pode afirmar que há exagero na quantidade mínima de estabelecimentos
credenciados, por município, capaz de comprometer a seleção da proposta mais vantajosa aos
Departamentos Regionais de São Paulo do Sesi e do Senai.
17. A título de exemplo, em São Paulo e Guarulhos deve haver, em cada cidade, 75
estabelecimentos credenciados, Osasco e Sorocoba, 50; Cubatão e Araraquara, 25; Assis e Ourinhos, 20;
Paraguaçu Paulista e Pederneiras, 10; Presidente Epitácio e Bertioga, 5; Álvares Machado e Brotas, 3;
Regente Feijó, 2; e Rafard, 1 (Anexo C do Edital, Peça 16, p. 37/39).
18. Veja que, pelo porte populacional das cidades e tendo em vista a multiplicidade de
estabelecimentos que podem obter credenciamento, o número mínimo fixado, de acordo com os
parâmetros do subitem 10.7 do Edital, parece não inviabilizar a competitividade do certame a ponto de
comprometer o seu resultado.
19. De ressaltar, mais uma vez, que a fixação do número mínimo de estabelecimentos credenciados,
por município, constitui ato discricionário do gestor, o qual deve estar respaldado em estudos técnicos
para fazê-la. Embora discricionária, não pode ser aleatória a fixação do número mínimo de
estabelecimentos credenciados.
20. Nesse sentido é o excerto do Voto que embasou o Acórdão n. 115/2009 – Plenário:
813
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
26. Segundo a Representante, tal exigência configura restrição ao certame, com direcionamento de
seu resultado à empresa Companhia Brasileira de Soluções e Serviços (VISA). Informa ainda que as
maiores empresas que atuam no ramo de fornecimento de vale alimentação possuem duas redes de
hipermercados, e não três. Os argumentos da Representante não vieram acompanhados das respectivas
provas.
27. O exame da matéria no âmbito da unidade técnica comportou entendimentos diversos. O
Auditor Federal de Controle Externo – AUFC defendeu a tese de que a definição do número de rede de
hipermercado é ato discricionário do gestor, não havendo pois restrição ao torneio licitatório.
28. Por sua vez, o Diretor e o Secretário argumentaram que a discricionariedade não pode limitar a
competição do certame. E, no caso, a exigência de 3 redes de hipermercados para os municípios
integrantes da Grande São Paulo compromete a disputa, sobretudo porque abarca a totalidade do universo
de hipermercados existentes na região.
29. Tomando-se por base a definição de hipermercado feita pela Associação Brasileira de
Supermercados – ABRAS, apontada no parecer do Diretor da Secex/SP, tem-se que os hipermercados na
região metropolitana de São Paulo se resumem a três redes: Carrefour, Extra e Walmart.
30. Consoante pesquisa feita por meu Gabinete, com o apoio da Secex/SP, verificou-se junto ao
Carrefour, Extra e Walmart a existência de quatro empresas que concomitantemente possuem
credenciados os três mencionados hipermercados, o que afasta a alegação da representante consistente no
direcionamento da licitação à Companhia Brasileira de Soluções e Serviços (VISA). Eis o quadro com as
empresas que possuem credenciamento junto ao Carrefour, Walmart e Extra:
Carrefour Walmart Extra
Sodexo Pass Sodexo Pass Sodexo Pass
Visa Vale Visa Vale Visa Vale
Ticket Alimentação Ticket Alimentação Ticket Alimentação
Policard Policard Policard
Smart VR Alimentação Bônus - CBA Green Card
Vale Card Smart VR Planvale
Planvale Sapore Mercato
Gold Card Vale Card
Alimentação Bônus - CBA
Obs. Data da pesquisa: 25/8/2011. Locais da pesquisa: Carrefour Imigrantes (Rua Ribeiro Lacerda,
940, Bosque da Saúde, São Paulo – SP, tel. 5073-9500); Extra Hipermercados (Av. Brigadeiro Luis
Antonio, 2013, Bela Vista, São Paulo – SP) e Walmart (R. James Holland, 668 - Barra Funda, São
Paulo/SP, tel. (11) 3990-3700).
31. Como se vê, as empresas Sodexo Pass, Visa Vale, Ticket Alimentação e Policard possuem três
diferentes redes de hipermercados credenciados e, portanto, poderiam, em tese, ter participado do certame
com pleno atendimento ao requisito do subitem 10.8 do Edital.
32. O fato de duas empresas terem concorrido no certame – o que corresponde a 50% das empresas
da Grande São Paulo do universo das quatro que atendem ao requisito editalício – não configura
necessariamente restrição ao caráter competitivo nem o direcionamento de seu resultado em função direta
da exigência do multicitado subitem 10.8. do Edital. Ademais, outras empresas interessadas no certame
de que trata a Concorrência n. 61/2011, cientes dos termos do Edital, poderiam buscar o credenciamento
nas três redes de hipermercados.
IV
33. Por fim, considerando que as condições editalícias dos subitens 10.7 e 10.8 do Edital da
Concorrência n. 61/2011 não evidenciam restrição ao caráter competitivo do certame tampouco
direcionamento de seu resultado e tendo em vista que não consta dos autos estudo ou perfil técnico
reduzido a termo pelas entidades licitantes, cabe conhecer desta Representação e no, mérito,
815
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
1. Processo n. 015.752/2011-9.
2. Grupo I; Classe de Assunto: VII – Representação.
3. Interessada: Planinvesti Administração e Serviços Ltda. (CNPJ n. 02.959.392/0001-46).
4. Entidades: Serviço Social da Indústria/Departamento Regional de São Paulo – Sesi/SP e Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial/Departamento Regional de São Paulo – Senai/SP.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo em São Paulo – Secex/SP.
8. Advogada constituída nos autos: Márcia Regina Gonçalves Moitinho, OAB/SP n. 148.182.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Representação formulada pela empresa Planinvesti
Administração e Serviços Ltda., com fulcro no art. 113, § 1º, da Lei n. 8.666/1993, contra possíveis
irregularidades na condução da Concorrência Pública n. 61/2011, conduzida conjuntamente pelo Serviço
Social da Indústria/Departamento Regional de São Paulo – Sesi/SP e pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial/Departamento Regional de São Paulo – Senai/SP.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da Representação, com fulcro no art. 237, inciso VII e parágrafo único, do
Regimento Interno/TCU c/c o art. 113, § 1º, da Lei n. 8.666/1993, para, no mérito, considerá-la
parcialmente procedente;
9.2. determinar aos Departamentos Regionais de São Paulo do Serviço Social da Indústria –
Sesi/SP e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai/SP que, em futuras licitações
promovidas para contratação de empresas especializadas na implementação de vale alimentação a seus
empregados, explicite e defina claramente, no processo atinente à licitação, os critérios técnicos referentes
à fixação das quantidades mínimas de estabelecimentos ao recebimento dos referidos vales e que tais
critérios sejam oriundos de levantamentos estatísticos, parâmetros e de estudo previamente realizados.
9.3. enviar cópia desta deliberação, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam, à
representante e aos Departamentos Regionais de São Paulo do Serviço Social da Indústria – Sesi/SP e do
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai/SP;
9.4. arquivar estes autos.
TC 020.545/2004-0
Natureza: Embargos de Declaração.
Entidade: Município de Terra Nova/BA.
Embargante: Francisco Hélio de Souza, CPF n. 069.562.385-00.
RELATÓRIO
Cuidam os autos de Embargos de Declaração opostos pelo Sr. Francisco Hélio de Souza, ex-
Prefeito, ao Acórdão n. 996/2011 – Plenário (fls. 343/344, v. 1), proferido em Tomada de Contas
Especial, instaurada pela Coordenação de Contabilidade do Departamento de Gestão Estratégica do
Ministério da Integração Nacional, em face da inexecução parcial do objeto do Convênio n. 209/1997.
2. A referida avença foi celebrada entre a Secretaria Especial de Políticas Regionais – SEPRE/MPO
e o Município de Terra Nova/BA, no total de R$ 110.687,60, para a reconstrução de 26 casas populares.
3. Por meio da deliberação embargada, o Tribunal, com base no art. 16, inciso III, alínea c, da Lei n.
8.443/1992, julgou irregulares as contas do Sr. Francisco Hélio de Souza e o condenou solidariamente
com a empresa Frema Engenharia Ltda. ao pagamento da importância de R$ 88.550,08, acrescida dos
consectários legais, calculados a partir de 15/10/1997 até a data do efetivo recolhimento da dívida ao
Tesouro Nacional. Além disso, foram aplicadas individualmente ao ex-Prefeito e à empresa contratada
multa prevista no art. 57 da Lei n. 8.443/1992 no valor de R$ 10.000,00.
4. Notificado do decisum condenatório mediante o Ofício Secex/BA n. 946/2011 (fls. 348 e 349,
v. 1), em 24/05/2011, segundo o Aviso de Recebimento acostado à fl. 350, v. 1, o Sr. Francisco Hélio de
Souza opôs Embargos de Declaração ao Acórdão n. 996/2011 – 1ª Câmara em 03/06/2011 (fls. 2/18,
Anexo 2), alegando haver obscuridade, omissão e contradição na deliberação ora contestada.
817
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
VOTO
Trago à apreciação deste Colegiado Embargos de Declaração opostos pelo Sr. Francisco Hélio de
Souza ao Acórdão n. 996/2011 – Plenário, proferido em processo de Tomada Contas Especial, instaurada
pela Coordenação de Contabilidade do Departamento de Gestão Estratégica do Ministério da Integração
Nacional, em face da inexecução parcial do objeto do Convênio n. 209/1997.
2. O exame de admissibilidade dos presentes Embargos de Declaração indica que os requisitos
previstos no art. 34 da Lei n. 8.443/1992 foram observados, razão por que pode o Tribunal conhecer do
818
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
recurso.
3. Em preliminar, o embargante alega violação ao direito da ampla defesa e do contraditório,
ocorrido após a prolatação do Acórdão n. 996/2011 – Plenário, na sessão de 20/04/2011.
4. A violação suscitada consistiria no fato de que, apesar de o advogado da parte haver solicitado
cópia digital dos autos em 1º/06/2011, não a recebeu em tempo hábil para oposição destes Embargos (fl.
36, Anexo 2), o que o fez tempestivamente, em 03/06/2011, tendo por base somente cópia das peças
integrantes do Acórdão recorrido.
5. Compulsando o processo, verifica-se que consta pedido de cópia digital dos autos, formulado
pelo Sr. Diego Ricardo Marques em 1º/06/2011 (Protocolo n. 0000.460.561.820, fl. 3, Anexo 1), ou seja,
no mesmo dia em que foi constituído procurador pelo Sr. Francisco Hélio de Souza, a teor do instrumento
de procuração acostado à fl. 2 do Anexo 2.
6. O prazo de dez dias para a oposição dos Embargos de Declaração, nos termos do art. 34, § 1º, da
Lei n. 8.443/1992, começou a ser contado a partir 25/05/2011, data da notificação do Sr. Francisco Hélio
de Souza acerca do decisum condenatório, e expirou em 03/06/2011, data em que ele opôs estes
Embargos de Declaração.
7. Nesse contexto, impõe reconhecer que o fato de o embargante, por meio de seu procurador, haver
requerido cópia dos autos apenas com dois dias de antecedência do término do prazo para a oposição
recursal, por conta de sua própria inércia, não constitui, por si só, violação ao direito do contraditório e da
ampla defesa. Isso porque pedir cópia somente no oitavo dia antes do término do decenal para oposição
de Embargos configura decisão no âmbito discricionário do embargante, a quem compete gerenciar o
prazo recursal que a lei estabelece da forma que melhor lhe convier.
8. Ademais, o fato de não ter obtido a cópia digital dos autos antes da oposição destes Embargos
não comprometeu o exercício da ampla defesa e do contraditório no manejo desta espécie recursal. De
ressaltar que o embargante teve acesso ao inteiro teor das peças integrantes do Acórdão ora recorrido,
vale mencionar: Relatório e Voto do Ministro Raimundo Carreiro, Voto Revisor, Voto Complementar e
Acórdão, cujas cópias foram anexadas à peça destes Embargos de Declaração (fls. 19/35, Anexo 2).
9. Nesse contexto e considerando que os vícios que legitimam o emprego dos Embargos de
Declaração são aqueles presentes na própria deliberação, composta por Relatório, Voto e Acórdão, nos
termos do art. 69, incisos I a III, do RI/TCU, e tendo em vista que o embargante dispunha de cópia de tais
peças e, com base nelas, opôs tempestivamente os presentes Embargos, impõe-se reconhecer que, nesta
fase recursal, não houve violação ao direito constitucional da ampla defesa e do contraditório. Portanto,
não procede a preliminar suscitada pelo recorrente.
10. No mérito, em apertada síntese, o embargante suscita contradição no emprego da palavra
“Relator” no Acórdão n. 996/2011 – Plenário (subitem 9). Segundo ele, tal palavra remete, no caso
concreto, a dois relatores – ao Relator original do feito, Ministro Raimundo Carreiro, e ao Revisor e
Redator, porquanto nessa condição atuei no processo. Essa situação impossibilitaria, consoante alega o
recorrente, “saber quem é efetivamente o relator no julgamento ora embargado”.
11. Há de se reconhecer que houve erro material no emprego da palavra Relator, a teor das
disposições dos arts. 68 e 126 do RI/TCU, cabendo, portanto efetuar, de ofício, a respectiva correção,
com base no Enunciado Sumular n. 145 desta Corte.
12. Entretanto, o aludido erro material não compromete o teor do Acórdão adotado pelo TCU
tampouco dá margem à indefinição suscitada pelo embargante acerca de quem é o Relator da deliberação
cuja proposta foi efetivamente acolhida pelo Pleno.
13. A propósito, no subitem 13.2 do Acórdão n. 996/2011 constou o registro do ministro com voto
vencido, o que permite identificar de forma clara quem foi o redator do Acórdão proferido. Além disso, o
pedido feito nos Embargos para que o Tribunal julgue as contas do embargante regulares ou as considere
iliquidáveis também prova que o recorrente teve plena compreensão da deliberação, no sentido de saber
que o Voto do Relator original do feito, que propugnava pela regularidade com ressalva das contas, não
foi acolhido pelo Plenário.
14. A outra contradição apontada consistiria na impossibilidade de quantificação de eventual débito,
o que ensejaria, à semelhança do caso objeto do TC n. 005.037/2003-8, o mesmo desfecho então adotado,
819
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
ou seja, considerar as contas iliquidáveis, ordenando o seu trancamento, em vez de julgá-las irregulares,
com a imposição de débito e multa, nos termos do decisum ora recorrido.
15. Importante destacar que, em regra, os embargos não se prestam à alteração do mérito das
decisões atacadas, pois têm por finalidade aclarar ou corrigir os defeitos da Deliberação contestada, tida
por obscura, omissa ou contraditória, de acordo com as disposições do art. 34, caput, da Lei n.
8.443/1992.
16. Nesse norte tem sido a jurisprudência deste Tribunal (v.g.: Acórdãos ns. 92/2004 e 328/2004,
ambos do Plenário), bem como do Supremo Tribunal Federal (v.g.: RE 327376/PR, DJ 12/06/2002, AI
423108 AgR-ED/DF, DJ 18/02/2005; AI 455611 AgR-ED/RS, DJ 18/02/2005; AI 488470 AgR-ED/RS,
DJ 18/02/2005). A título de exemplo, reproduzo trecho de decisão monocrática exarada pelo Min. Carlos
Velloso no RE 327376/DF:
"Não cabe, por outro lado, em sede de embargos de declaração, rediscutir a matéria decidida, para
modificar o julgado em sua essência ou substância. (...). Inviável, portanto, o RE, nego-lhe seguimento."
17. No presente caso, os argumentos invocados pelo embargante evidenciam o intento de rediscutir,
na via inadequada de Embargos de Declaração, o mérito de questões já examinadas pelo Tribunal no
Acórdão n. 996/2011 – Plenário, à luz do que seria mais favorável ao seu interesse. Todavia, deve o
embargante valer-se do recurso legal apropriado para provocar a reapreciação da matéria por esta Corte
de Contas, pois os Embargos de Declaração, conforme já mencionei, têm finalidade especialíssima,
voltada exclusivamente para sanar os vícios da obscuridade, omissão e contradição porventura presentes
na decisão recorrida.
18. Nem mesmo a eventual incompatibilidade da deliberação embargada com o Acórdão n.
7.080/2010 – 2ª Câmara, proferido nos autos do TC n. 005.037/2003-8, ou ainda com outros julgados
desta Corte, ensejaria o presente remédio processual, pois as falhas que os Embargos de Declaração
devem afastar são aquelas presentes no próprio decisum. Sobre esta matéria, tive oportunidade de
asseverar, no Voto que proferi no Acórdão n. 2.357/2005 – 1ª Câmara:
“16. Importa esclarecer que a contradição passível de embargos há que estar contida na própria
decisão embargada, ou seja, as proposições entre si inconciliáveis devem estar presentes no corpo da
deliberação a embargar. Contradição entre a decisão e as peças dos autos ou entre o pronunciamento
e manifestações ou decisões anteriores do Tribunal não dão ensejo aos embargos de declaração.
17. Ao tratar dessa questão, Barbosa Moreira (in Comentários ao Código de Processo Civil, 9ª ed.
rev. e atual., Rio de Janeiro: Forense, 2001, vol. V, p. 550) esclarece que:
‘Não há cogitar de contradição entre o acórdão ou outra decisão porventura anteriormente proferida
no mesmo processo, pelo tribunal ou pelo órgão de grau inferior. Se a questão estava preclusa, e já não se
podia voltar atrás do que fora decidido, houve sem dúvida error in procedendo, mas o remédio de que
agora se trata é incabível. Também o é na hipótese de contradição entre o acórdão e o que conste de
algumas peças dos autos (caso de error in judicando)’.
19. Não havendo pois guarida no meio processual dos Embargos escolhido pelo recorrente para
rediscutir o mérito da matéria já apreciada pelo Tribunal no Acórdão n. 996/2011 – Plenário e
considerando a inexistência dos vícios apontados pelo embargante, deve-se negar provimento aos
presentes Embargos de Declaração.
20. Por fim, verifico que estes autos ainda não foram completamente digitalizados pela unidade
técnica, cabendo, determinar-lhe que assim o faça, de modo a atender plenamente o pedido de cópia
digital inserto à fl. 3 do Anexo 1.
Com essas considerações, voto por que seja adotado o acórdão que ora submeto a este Colegiado.
1. Processo TC-020.545/2004-0.
2. Grupo: II; Classe de Assunto: I – Embargos de Declaração.
3. Embargante: Francisco Hélio de Souza, CPF n. 069.562.385-00.
4. Entidade: Município de Terra Nova/BA.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
5.1. Redator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
5.2. Relator original: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado (art. 280, § 1º,
inciso II, do RI/TCU).
7. Unidade Técnica: Secex/BA.
8. Advogados constituídos nos autos: Romildo Olgo Peixoto Júnior, OAB/DF 28.361; Marcos de
Araújo Cavalcanti, OAB/DF 28.560; Diego Ricardo Marques, OAB/DF n. 30.782; e Thiago Groszewicz
Brito, OAB/DF n. 31.762.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes Embargos de Declaração opostos pelo Sr. Francisco
Hélio de Souza ao Acórdão n. 996/2011 – Plenário, proferido em sede de Tomada de Contas Especial e
por meio do qual as contas do responsável foram julgadas irregulares, com a imposição de débito e multa.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei n. 8.443/1992, conhecer dos Embargos
de Declaração opostos pelo Sr. Francisco Hélio de Souza e, no mérito, negar-lhes provimento;
9.2. com base no Enunciado da Súmula de Jurisprudência do TCU n. 145, ordenar a correção de
erro material, nas seguintes peças:
9.2.1. no Voto Complementar que precede o Acórdão n. 996/2011 – TCU – Plenário, onde se lê
“Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa – Relator”, leia-se: “Ministro-Substituto Marcos
Bemquerer Costa – Redator”;
9.2.2. no subitem 5 do Acórdão n. 996/2011 – TCU – Plenário, onde se lê “5. Relator: Auditor
Marcos Bemquerer Costa”, leia-se “5. Redator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa”;
9.3. determinar à Secex/BA que adote as providências necessárias para a digitalização destes autos
e encaminhe a respectiva cópia digital ao embargante;
9.4. dar ciência desta decisão ao embargante.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
TC 025.990/2008-2
Natureza: Administrativo.
Órgão: Tribunal de Contas da União.
Interessado: Tribunal de Contas da União.
RELATÓRIO
discussões relativas à elaboração de orçamentos. Isso porque, até a edição da Lei de Diretrizes
Orçamentárias de 2011, não existia uma norma que definia seus componentes, o que leva a uma
diversidade de modelos de cálculo e composição. A Lei n. 12.309, de 09/08/2010, que dispõe sobre as
diretrizes para a elaboração e execução da Lei Orçamentária de 2011 (LDO 2011), em seu art. 127
parágrafo 7º, trouxe o seguinte comando:
‘§ 7o . O preço de referência das obras e serviços de engenharia será aquele resultante da
composição do custo unitário direto do sistema utilizado, acrescido do percentual de Benefícios e
Despesas Indiretas – BDI, evidenciando em sua composição, no mínimo:
I - taxa de rateio da administração central;
II - percentuais de tributos incidentes sobre o preço do serviço, excluídos aqueles de natureza direta
e personalística que oneram o contratado;
III - taxa de risco, seguro e garantia do empreendimento; e
IV - taxa de lucro.’
10. O TCU tem, há algum tempo, abordado o tema relativo ao BDI para obras públicas em suas
deliberações. É crescente a preocupação deste Tribunal acerca da possibilidade de distorções nos valores
contratados com a administração pública em decorrência de inclusões indevidas de itens na constituição
do grupo denominado despesas indiretas. As decisões desta Corte têm buscado a padronização da
composição do BDI, de forma a garantir maior transparência na execução dos gastos públicos.
11. Neste aspecto é oportuno citar as novas súmulas do TCU que tratam do assunto: Súmulas/TCU
ns. 253/2010, 254/2010 e 258/2010.
12. A Súmula/TCU n. 253/2010 que trata de taxa de BDI diferenciado para fornecimento de
materiais e equipamentos relevantes assim dispõe:
‘Comprovada a inviabilidade técnico-econômica de parcelamento do objeto da licitação, nos termos
da legislação em vigor, os itens de fornecimento de materiais e equipamentos de natureza específica que
possam ser fornecidos por empresas com especialidades próprias e diversas e que representem percentual
significativo do preço global da obra devem apresentar incidência de taxa de Bonificação e Despesas
Indiretas – BDI reduzida em relação à taxa aplicável aos demais itens.’
13. A Súmula/TCU n. 254/2010 trata dos tributos de natureza personalística nestes termos:
‘O IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica – e a CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido – não se consubstanciam em despesa indireta passível de inclusão na taxa de Bonificações e
Despesas Indiretas – BDI do orçamento-base da licitação, haja vista a natureza direta e personalística
desses tributos, que oneram pessoalmente o contratado.’
14. Já a Súmula/TCU n. 258/2010 – Exigência de Detalhamento do Orçamento trás o seguinte
enunciado:
‘As composições de custos unitários e o detalhamento de encargos sociais e do BDI integram o
orçamento que compõe o projeto básico da obra ou serviço de engenharia, devem constar dos anexos do
edital de licitação e das propostas das licitantes e não podem ser indicados mediante uso da expressão
‘verba’ ou de unidades genéricas.’
15. É evidente, pois, que a busca de parâmetros que orientem os entes jurisdicionados deste
Tribunal na composição dos preços de referências das obras é urgente e necessária.
16. No que se refere aos custos diretos, o TCU atua no monitoramento do Sistema Nacional de
Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – Sinapi, mantido e divulgado, na internet, pela Caixa
Econômica Federal – Caixa, e, no caso de obras e serviços rodoviários, do Sistema de Custos de Obras
Rodoviárias – Sicro, cujos custos referenciais são de uso obrigatório pelo gestor público na execução de
obras e serviços de engenharia com recursos da União, conforme a Lei de Diretrizes Orçamentárias –
LDO.
17. O presente trabalho procura identificar os elementos que devem compor o BDI dos diferentes
tipos de obra, os valores praticados e as faixas de variabilidade desses valores. Neste sentido cabe
destacar as parcelas que devem ou não fazer parte do detalhamento.
II.1 – Parcelas que não devem compor o BDI.
823
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
18. Ao discorrer sobre questões relacionadas ao BDI, este TCU, em diversas oportunidades, não se
restringiu a tratar apenas dos itens que compõem essa taxa, incluindo também, em suas abordagens,
considerações voltadas às parcelas que não devem integrar as despesas indiretas.
19. Dentre as deliberações do Tribunal, destaca-se o Acórdão n. 325/2007 – Plenário, proferido em
14/03/2007, a partir de estudo específico realizado pela Secob acerca de obras de implantação de linhas
de transmissão de energia. Trata-se de trabalho técnico formulado por um grupo de trabalho, no qual
foram analisados e tratados aspectos relativos ao conceito e composição do BDI, bem como os critérios
de aceitabilidade para cada um dos elementos, conforme se verifica na transcrição abaixo:
‘ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. orientar as unidades técnicas do Tribunal que, quando dos trabalhos de fiscalização em obras
públicas, passem a utilizar como referenciais as seguintes premissas acerca dos componentes de Lucros e
Despesas Indiretas - LDI:
9.1.1. os tributos IRPJ e CSLL não devem integrar o cálculo do LDI, tampouco a planilha de custo
direto, por se constituírem em tributos de natureza direta e personalística, que oneram pessoalmente o
contratado, não devendo ser repassado à contratante;
9.1.2. os itens Administração Local, Instalação de Canteiro e Acampamento e Mobilização e
Desmobilização, visando a maior transparência, devem constar na planilha orçamentária e não no LDI;
9.1.3. o gestor público deve exigir dos licitantes o detalhamento da composição do LDI e dos
respectivos percentuais praticados;
9.1.4. o gestor deve promover estudos técnicos demonstrando a viabilidade técnica e econômica de
se realizar uma licitação independente para a aquisição de equipamentos/materiais que correspondam a
um percentual expressivo das obras, com o objetivo de proceder o parcelamento do objeto previsto no art.
23, § 1º, da Lei n.º 8.666/1993; caso seja comprovada a sua inviabilidade, que aplique um LDI reduzido
em relação ao percentual adotado para o empreendimento, pois não é adequada a utilização do mesmo
LDI de obras civis para a compra daqueles bens;’
20. Apesar de a decisão orientar sobre os itens que não devem participar da composição do BDI,
sem deixar margem para a existência de dúvidas ou divergência de interpretação, faz-se importante
reforçar brevemente alguns aspectos relativos a esse assunto não contemplados na deliberação.
21. Em primeiro lugar, destacam-se outros impostos que não devem compor o BDI, consoante
deliberações já proferidas por este Tribunal. São eles: i) Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços – ICMS; ii) Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI; e iii) Contribuição Provisória sobre
Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira – CPMF. O
ICMS e IPI não são incluídos na categoria de despesas indiretas por incidir sobre o preço dos materiais, e
a CPMF por ter deixado de vigorar desde 1º/01/2008.
22. Em segundo, os encargos sociais que devem compor os custos de mão de obra e, por fim, outros
encargos que devem fazer parte da composição de ‘Administração Central’ como por exemplo ‘Viagens
de Supervisão da Diretoria’.
23. Nesse sentido, observa-se a jurisprudência do TCU, como por exemplo, nos Acórdãos do
Plenário ns. 1.020/2007, de 30/05/2007, e 1.858/2009, de 19/08/2009.
24. Além de títulos relativos à tributação indevidamente contemplados no BDI, em pesquisa
realizada em editais recentes, verificou-se a inclusão de outras despesas no seu detalhamento que não
incidem sobre todos os custos diretos. Diante dessa situação, cabe evidenciar que os itens a seguir
discriminados devem constar da planilha orçamentária da obra e, portanto, não devem compor a taxa de
BDI:
a) ferramentas e equipamentos de qualquer natureza necessários para a execução das obras;
b) licenças, taxas e emolumentos incorridos na aprovação de projetos, expedição de Alvará de
Construção, expedição de Carta de Habite-se, Registros Cartoriais ou outros valores pagos aos diversos
órgãos envolvidos no processo de implantação da obra (prefeitura, órgão de fiscalização, concessionárias
de serviços públicos, Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, entre outros);
c) despesas com saúde, medicina e segurança no trabalho, necessárias à prevenção e manutenção da
824
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
(1 + AC / 100 )(1 + DF / 100 )(1 + R / 100 )(1 + L / 100 )
LDI = − 1 x 100
I
1 −
100
‘9.2. aprovar os valores abaixo listados como faixa referencial para o LDI em obras de linhas de
transmissão e subestações:
38. Neste contexto, entende-se apropriado proceder aos ajustes necessários com vistas a retomar o
pensamento adotado por Mendes e Bastos, que foi e continua sendo referência para boa parte dos órgãos e
entidades que realizam obras e serviços de engenharia, bem como para o próprio TCU. Dentre os ajustes
propostos está a inclusão de parcela referente a ‘Garantias’, não contemplada por Mendes e Bastos, que
poderá ser prevista em Editais de obras em atendimento ao art. 56 da Lei n. 8.666/1993. Outro ajuste é a
exclusão da parcela de ‘Imprevistos’ que poderá ser tratada juntamente com o ‘Risco’, já que assim
dispõe o estudo: ‘Consideram-se como imprevistos ou riscos os seguintes acontecimentos, dentre outros,
cuja ocorrência prejudica o andamento dos serviços e independe da atuação prévia do executor da obra:
fenômenos naturais (águas subterrâneas, ventos fortes, condições climáticas atípicas, etc); perdas de
eficiência de mão-de-obra; perdas excessivas de material (por quebras ou retrabalhos) e greves.’
39. Assim, as fórmulas propostas para o cálculo da taxa de BDI a ser acrescida aos custos diretos de
uma obra ou serviço de engenharia para a formação do preço base da Administração Pública a ser adotado
nos processos de licitação de obras contempladas com recursos federais são:
Em que:
PV = Preço de Venda;
CD = Custo Direto;
BDI = Benefício e Despesas Indiretas (lucro e despesas indiretas); e
Onde:
AC = taxa representativa das despesas de rateio da Administração Central;
S = taxa representativa de Seguros;
R = taxa representativa de Riscos;
G = taxa representativa de Garantias;
DF = taxa representativa das Despesas Financeiras;
L = taxa representativa do Lucro;
I = taxa representativa da incidência de Impostos.
Nota:
A taxa representativa da incidência de impostos constante do denominador da fração da fórmula de
cálculo do BDI é aplicada sobre o preço de venda da prestação do serviço, enquanto que as demais taxas
que figuram no numerador são aplicadas sobre o custo.
III. INFORMAÇÕES OBTIDAS JUNTO A ÓRGÃOS E ENTIDADES ESTATAIS DA
UNIÃO
40. Entre agosto de 2008 e fevereiro de 2009, foram realizados levantamentos de informações sobre
a metodologia adotada para o cálculo do BDI junto à Caixa Econômica Federal – Caixa (fl. 3), à
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – Codevasf (fl. 6), ao
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – Dnocs (fl. 9), ao Departamento de Obras Hídricas do
Ministério da Integração Nacional (fl. 10), ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes –
Dnit (fl. 11), ao Centro de Excelência em Engenharia de Transportes (fl. 14)) e à Empresa Brasileira de
Infraestrutura Aeroportuária – Infraero (fls. 19/20).
41. Foram solicitados as seguintes informações e documentos:
a) normativos, estudos e/ou metodologias de cálculo de BDI desenvolvidos pela entidade para
contratação de obras, bem como de projetos de engenharia e contratos de supervisão/fiscalização;
b) critérios de aceitabilidade de percentual e de composição de BDI adotados em procedimentos
licitatórios, com indicação de taxa de referência e/ou faixa de variação aceitável para cada uma de suas
parcelas;
c) normativos, estudos e/ou metodologias que embasem taxas diferenciadas de BDI por faixa de
valores e tipos de empreendimento, assim como as suas composições, caso elas fossem adotadas;
d) normativos, estudos e/ou metodologias de cálculo para taxa de BDI diferenciado para obras em
828
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Em que:
X = taxa da somatória das despesas indiretas, exceto tributos e despesas financeiras;
Y = taxa representativa das despesas financeiras;
Z = taxa representativa do lucro;
I = taxa representativa da incidência de impostos.
45. O normativo AE 099 004 – Engenharia – Análise e Acompanhamento – Repasse e
financiamento para entes públicos/privados em intervenções públicas, no item 4.5.5.4, dispõe que o índice
de BDI deve sempre ser detalhado, sendo passíveis de acatamento, sem justificativas, desde que observem
as faixas de admissibilidade apresentadas a seguir, faixas essas retiradas do Acórdão n. 325/2007 –
Plenário:
Item Componente do BDI Mínimo Médio Máximo
Garantia 0,00 0,21 0,42
Risco 0,00 0,97 2,05
Despesas Financeiras 0,00 0,59 1,20
Administração Central 0,11 4,07 8,03
Lucro 3,83 6,90 9,96
Tributos 6,03 7,65 9,03
Tabela 01 - Composição da taxa de BDI utilizada pela CEF.
Critérios de aceitabilidade de percentual
46. Para a instituição, é inadequada a adoção de percentual único de BDI para todas as tipologias de
obra, bem como não é possível estabelecer percentual máximo admissível para a taxa de BDI. Esse
percentual ‘dependerá, necessariamente, das condições do mercado de construção civil, localização e
acesso ao local de intervenção, capacidade financeira da empresa, capital de giro, porte da empresa,
número de empreendimentos em carteira, infraestrutura de serviços públicos, custos com logística e
controle tecnológico dentre outras variáveis.’
47. No entanto, a Caixa estabelece o intervalo de 20% a 40% como admissível para a taxa de BDI
de suas obras e determina que valores que extrapolem esses limites sejam devidamente justificados pelos
licitantes.
III. 1.2. Taxas diferenciadas de BDI por faixa de valores e tipos de empreendimento
829
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
48. Não existe, na Caixa, intervalo de admissibilidade de BDI por faixa de valores e tipologia de
empreendimento.
III.1.3 Taxa de BDI diferenciado para obras em que o fornecimento de equipamentos e/ou
materiais represente valor significativo do empreendimento
49. Esse assunto não foi abordado na documentação enviada pela Caixa.
III.1.4 Composições de BDI previstas em editais recentes e detalhamentos das taxas adotadas
nos contratos originados desses certames
50. Essas informações não foram repassadas pela Caixa.
51. Ressalta-se que, não obstante considere inadequada a adoção de percentual único de BDI, a
Caixa adota em seus procedimentos a própria faixa de referência prevista no Acórdão n. 325/2007 –
Plenário, aplicada à fórmula proposta por Mendes e Bastos.
III.2 COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DOS VALES DO SÃO FRANCISCO E DO
PARNAÍBA (CODEVASF)
52. A Codevasf, em 29/09/2008, respondeu o Ofício de Requisição por meio do documento que se
encontra às fls. 46/81, Anexo 1.
III.2.1 Composição da taxa de BDI e critérios de aceitabilidade de percentual
Fórmula de cálculo da taxa de BDI
53. Para a Codevasf, na taxa de BDI estão incluídas as despesas indiretas da administração central,
os custos financeiros, a taxa de risco do empreendimento e o lucro. A companhia adota a seguinte fórmula
para o cálculo da taxa de BDI:
Em que:
AC = taxa de administração central;
DF = taxa de despesas financeiras;
R = taxa de risco;
I = taxa de impostos;
L = lucro da empresa.
Critérios de aceitabilidade de percentual
54. A Codevasf considera como elemento balizador para aceitabilidade de percentuais a taxa de
BDI do orçamento referencial e a faixa de referência do Acórdão 325/2007 - Plenário.
III.2.2 Taxas diferenciadas de BDI por faixa de valores e tipos de empreendimento
55. A Codevasf licita obras de projetos de irrigação, construção de barragens, bem como obras de
sistemas de esgotamento sanitário dos municípios inseridos no Programa de Revitalização da Bacia do
Rio São Francisco.
56. As taxas de BDI adotadas são:
Empreendimento Composição BDI
(%)
AC DF R L ISS* PIS* Cofins -
*
Irrigação/barragen -
s
Obras civis -
5
Fornecimento de 8,01 1,20 0,65 3,80,00 0,65 3,00 18,00
material e 4
equipamen-tos
Obs: (*) % de ISS, PIS e Cofins incidentes sobre Preço de Venda
Tabela 02 - Composição da taxa de BDI utilizada pela Codevasf
III.2.3 Taxa de BDI diferenciado para obras em que o fornecimento de equipamentos e/ou
materiais represente valor significativo do empreendimento
57. A Codevasf esclarece que, em projetos de irrigação e barragens, nos quais os equipamentos
eletromecânicos representam um valor significativo do empreendimento, esses são adquiridos geralmente
por compra direta de fabricantes. Com isso, evita-se a incidência da taxa de BDI da construção no valor
desses itens.
58. No caso de sistemas de esgotamento sanitário, utiliza-se taxa de BDI diferenciada para o
fornecimento de material, a qual costuma ser inferior à taxa de BDI que incide sobre o custo dos serviços
devido à redução da parcela do lucro do construtor e da não-inclusão do ISS, conforme demonstrado na
tabela acima.
III.2.4 Composições de BDI previstas em editais recentes e detalhamentos das taxas adotadas
nos contratos originados desses certames
59. Foram apresentados os detalhamentos das taxas de BDI previstas em oito editais de licitação da
Codevasf, conforme segue:
60. Obras de projetos de irrigação: Edital n. 012/2007 – Obras complementares do sistema adutor
principal da Etapa I do Projeto Salitre (BA), Edital n. 088/2007 – Execução das obras complementares da
infraestrutura de irrigação de uso comum do Projeto Marituba (AL), Edital n. 01/2008 – Execução das
obras civis para o prolongamento dos canais CP-3, CS-19 e CS-21 do Projeto Jaíba (MG) e Edital n.
032/2008 – Execução dos serviços de implantação e complementação das obras civis complementares do
sistema de distribuição setorial de irrigação da Etapa I do Projeto Salitre (BA):
2008
BDI da 6,00 0,94 1,00 8,75 3,75 0,81 3,75 25,00
Codevasf
Edital 01/2008 8,03 1,20 2,05 9,96 4,01 0,85 3,90 30,00 6.582.000,0
0
Edital 032/2008 4,03 1,07 0,99 6,04 4,23 0,79 3,62 20,77 11.959.091,
84
Obs: (**) % de ISS, PIS e Cofins incidentes sobre Custo direto
Tabela 03 - Composição da taxa de BDI adotada em Editais da Codevasf – Projetos de Irrigação
61. Obras de sistemas de esgotamento sanitário: Edital n. 074/2007 – Execução das obras e serviços
relativos ao sistema de esgotamento sanitário da cidade de Luis Eduardo Magalhães (BA), Edital n.
077/2007 – Execução das obras e serviços relativos ao sistema de esgotamento sanitário da cidade de
831
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Trindade (PE), Edital n. 080/2007 – Execução das obras e serviços relativos ao sistema de esgotamento
sanitário da cidade de Sertânia (PE) e Edital n. 084/2007 – Execução das obras e serviços relativos ao
sistema de esgotamento sanitário da cidade de Santana do Ipanema (AL):
Composição BDI VALOR
Empreendimen (%) 2.
to AC DF R L ISS* PIS* Cofin CPMF CONTRAT
* * s** ** O (R$)
OBRAS DE E. -
SANITÁRIO
SERVIÇOS -
BDI da 8,01 1,20 1,25 9,75 4,55 0,85 3,90 0,49 30,00
Codevasf
Edital 074/2007 8,01 1,20 1,25 9,75 4,55 0,85 3,90 0,49 30,00 22.893.029,1
6
Edital 077/2007 8,01 1,20 1,25 9,75 4,55 0,85 3,90 0,49 30,00 6.856.000,00
Edital 080/2007 8,01 1,20 1,25 9,75 4,55 0,85 3,90 0,49 30,00 6.874.551,53
Edital 084/2007 8,01 1,20 1,25 9,75 4,55 0,85 3,90 0,49 30,00 17.658.619,2
8
Obs: (**) % de ISS, PIS e Cofins incidentes sobre Custo direto
Tabela 04 A - Composição da taxa de BDI adotada em Editais da Codevasf – Sistema de
Esgotamento Sanitário – Serviços
Composição BDI VALOR
Empreendimento (%) 3.
AC DF R L ISS* PIS* Cofin CPMF CONTRA
* * s** ** TO (R$)
OBRAS DE E. -
SANITÁRIO
FORNECIMENTO -
BDI da Codevasf 8,01 1,20 0,50 3,54 0,00 0,76 3,54 0,45 18,00
Edital 074/2007 8,01 1,20 0,50 3,54 0,00 0,76 3,54 0,45 18,00
Edital 077/2007 8,01 1,20 0,50 3,54 0,00 0,76 3,54 0,45 18,00
Edital 080/2007 8,01 1,20 0,50 3,54 0,00 0,76 3,54 0,45 18,00
Edital 084/2007 8,01 1,20 0,50 3,54 0,00 0,76 3,54 0,45 18,00
Obs: (**) % de ISS, PIS e Cofins incidentes sobre Custo direto
Tabela 04 B - Composição da taxa de BDI adotada em Editais da Codevasf – Sistema de
Esgotamento Sanitário – Fornecimento
Em que:
CA = custo administrativo (custo administrativo central + custo administrativo local)
E = eventuais
I = impostos;
L = lucro.
64. Para execução de obras, o Dnocs adota os percentuais abaixo para as parcelas que compõem a
taxa de BDI, alcançando para essa taxa o valor final de 30,00%:
832
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
B - BENEFÍCIO 4,19%
71. O DOH informou, pelo Ofício n. 157, que apenas promove ações de infraestrutura hídrica e
contra a seca, transferindo recursos financeiros para Estados, Municípios e Distrito Federal por meio de
convênios. Portanto, pelo fato de não realizar licitações, não possui normas, estudos e/ou metodologias de
cálculo de taxa de BDI.
72. Informou-se, também, por meio do Ofício n. 195, que, quando da análise de propostas de
trabalho, técnicos do Ministério da Integração Nacional solicitam que os futuros conveniados apresentem
esclarecimentos sobre as taxas de BDI por eles utilizadas. Anexa ao ofício foi encaminhada a composição
do BDI de referência adotado para as obras do sistema adutor Capivara (PA), no valor de 30% do custo
direto.
73. Finalmente, foram informados valores das taxas de BDI de referência e adjudicadas para cada
um dos catorze lotes da Primeira Etapa de Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias
Hidrográficas do Nordeste Setentrional. A taxa de BDI de referência foi 23,90% e as taxas adjudicadas
com base nas determinações do TCU variaram entre 15,61% a 24,20%, conforme a seguinte tabela:
Integração Rio São Francisco - DOH Composição BDI (%) VALOR
LOTE EMPRESA CONTRATADA AC DF S/G/R L ISS** PIS** Cofins**CPMF** CONTRATO
ÓRGÃO - BDI Referência 5,00 1,61 1,5 6,20 1,86 0,81 3,72 0,47 23,90
1 C. Carioca-SAPaulista-Serveng 5,00 0,77 1,00 8,58 1,83 0,80 3,66 0,46 22,10% R$ 238.585.399,50
2 C. Carioca-SAPaulista-Serveng 5,00 0,77 1,00 5,98 1,78 0,77 3,57 18,87% R$ 212.146.218,40
3 C. Encalso-Convap-Arvek-Record 2,12 0,38 1,00 5,70 2,32 0,75 3,47 15,74% R$ 151.560.256,64
4 C. Encalso-Convap-Arvek-Record 2,12 0,38 1,00 6,30 2,33 0,76 3,49 16,38% R$ 185.972.519,37
5 C. Encalso-Convap-Arvek-Record 2,12 0,38 1,00 5,58 2,31 0,75 3,47 15,61% R$ 161.880.397,88
6 Consórcio Nordestino 5,00 1,61 1,50 6,20 1,81 0,78 3,62 20,52% R$ 223.442.484,35
7 C. Construtor Águas do São Fco 5,00 0,77 1,00 8,58 1,82 0,79 3,65 21,61% R$ 170.473.797,46
8 LJA Ebisa 3,00 0,49 0,45 12,00 3,73 0,81 3,73 24,20% R$ 97.679.861,51
9 Camargo Correia 5,00 0,00 0,68 7,00 3,62 0,79 3,62 20,80% R$ 213.126.257,97
10 C. EMSA-Mendes Junior 5,00 1,70 1,63 7,80 2,46 0,80 3,69 23,08% R$ 235.580.521,69
11 C. OAS-Galvão-Barbosa-Coesa 5,00 1,61 1,50 6,20 4,23 0,64 2,95 22,13% R$ 250.922.551,09
12 C. OAS-Galvão-Barbosa-Coesa 5,00 1,61 1,50 6,20 4,22 0,64 2,96 22,13% R$ 270.365.572,18
13 C. Encalso-Convap-Arvek-Record 2,12 0,38 1,10 8,36 2,37 0,77 3,56 18,66% R$ 124.629.256,12
14 C. Construcap-F.Guedes e outros 4,00 0,80 0,95 10,00 3,72 0,81 3,72 24,00% R$ 203.323.452,84
BDI
INFRAERO Obras e Serviços Serviços Fornecimento e
de Engenharia Técnicos de Montagem de
(%) Engenharia (%) Equipamentos
(%)
Grupo A
Administração Central 4,00 4,00 4,00
Risco 0,97
Total 4,97 4,00 4,00
Grupo B
836
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
96. Observou-se, por meio dos editais pesquisados, que alguns órgãos e entidades da esfera federal,
como a Infraero (Edital de Concorrência n. 001/ADNO-2/SRNO/2010, fls. 360/377, Anexo 2) e a
Universidade Federal de Pernambuco (Edital de Concorrência n. 20/2009/CFCH/CE/CCSA, fls. 378/389,
Anexo 2), estabelecem limite máximo de BDI para suas obras visando estabelecer isonomia entre os
participantes de processos licitatórios. Esta prática vem sendo adotada, também, por órgãos estaduais e
municipais.
97. Verificou-se também que um ponto que continua polêmico refere-se à questão do que pode ser
considerado custo direto (portanto acrescentável à planilha do orçamento) e o que pode ser classificado
como custo indireto e, dessa forma, incorporado ao BDI. Entre os itens controversos está a Administração
Local. Observa-se que, de um lado, parte dos órgãos, em geral da esfera federal, vem adotando a prática
de relacionar esses gastos na planilha orçamentária, por entender que são inerentes à execução do
trabalho, seguindo as recomendações do TCU. Por outro lado, há órgãos que agregam a Administração
Local ao BDI em seus editais de licitação, como a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras
de São Paulo.
98. As pesquisas mostraram ainda que o BDI vem sendo estudado por várias entidades ligadas ao
ramo da construção civil. Como exemplo, tem-se o IE – Instituto de Engenharia, o IBEC – Instituto
Brasileiro de Engenharia de Custos, alguns CREAs e a editora PINI.
99. No entanto, sem desconsiderar a seriedade e a competência dessas entidades, cabe, aqui, o
questionamento acerca da complexidade de se afirmar a independência na execução de um trabalho
elaborado por uma entidade particular, face à possibilidade de os trabalhos terem como base interesses
privados. Assim, os parâmetros dos vários estudos consultados foram considerados como indicadores de
tendência.
V. ENQUADRAMENTO DOS TIPOS DE OBRAS
100. Da análise das informações precedentes, pode-se inferir que as parcelas componentes da taxa
de Benefício e Despesas Indiretas variam com o tipo de obra – edificação, rodovia, irrigação, aeroporto e
outros –, com a estrutura da empresa executora e os gastos necessários para mantê-la, com o custo de
oportunidade do empreendimento, com os possíveis riscos a serem enfrentados na execução dos serviços,
com as garantias exigidas pela Administração, com os tributos incidentes e com o lucro almejado pela
construtora.
101. Portanto, como o objetivo do trabalho é estipular parâmetro para taxas de BDI aplicáveis a
diferentes tipos de obras de engenharia para a definição das faixas referenciais, foi necessária a
classificação das obras por tipo. Nessa classificação buscou-se contemplar não apenas a atividade de
engenharia em si, mas também o valor e as características do empreendimento, a saber: grau de
concentração dos serviços (obra concentrada ou dispersa), grau de interferência geográfica (obra urbana
ou em campo aberto, obra com elevada exposição a fenômenos naturais) e grau de diversidade de
materiais.
102. Assim, esse trabalho considera os seguintes tipos de obra:
a) Obras de edificação – Construção;
b) Obras de edificação – Reforma;
c) Obras hídricas – Irrigação e canais;
d) Obras hídricas – Saneamento básico;
e) Obras hídricas – Redes adutoras, estações de tratamento e elevatórias;
f) Obras portuárias – Estruturas portuárias;
g) Obras aeroportuárias – Pátios e pistas de pouso;
h) Obras aeroportuárias – Terminais de passageiros;
i) Obras rodoviárias e ferroviárias;
j) Fornecimento de equipamentos e materiais relevantes.
VI. ANÁLISE INDIVIDUALIZADA DOS ITENS ADOTADOS NA COMPOSIÇÃO DO BDI
103. A metodologia de cálculo adotada no relatório que subsidiou o Acórdão n. 325/2007 –
Plenário teve como objetivo desonerar o BDI para colocá-lo em patamares aceitáveis e promover a
transparência dos gastos públicos. Trata-se de estrutura de cálculo que serve como mecanismo de
838
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
apresentação formal do índice e é bem parecida com a maior parcela das metodologias adotadas no
mercado, tanto por órgãos e entidades, como por doutrinadores.
104. Como o objetivo do presente trabalho está voltado para os diferentes tipos de obras de
engenharia, os itens adotados na composição do BDI serão tratados individualmente de forma a expressar
a oscilação que cada um pode sofrer em decorrência dos fatores que influenciam o custo indireto dos
vários tipos de obras tratados neste trabalho.
105. Observa-se que, diferentemente dos custos diretos de obras e serviços, o BDI relaciona-se não
só com o projeto de engenharia, mas com outros fatores como, por exemplo, o porte e a forma de atuação
da empresa e a legislação tributária, definida por lei e fixada para cada contrato. No entanto, não cabe
definir antecipadamente a empresa executora, mas é possível prever os efeitos que uma obra produzirá na
gestão de uma empresa com estrutura condizente com o projeto.
106. Assim, o rateio da administração central, as despesas financeiras, os riscos, seguros e garantias
do empreendimento, os tributos e o lucro serão analisados levando em conta a localização geográfica, os
prazos, o porte e a complexidade da obra e as possíveis influências na gestão da contratada.
107. Para análise dos dados coletados, utilizou-se o critério da dispersão absoluta em torno da
média aritmética. Considerando que as distribuições analisadas apresentaram-se aproximadamente
simétricas como exemplifica o histograma a seguir apresentado (figura A), optou-se pela teoria da
amostragem, que é o estudo das relações existentes entre uma população e as amostras dela extraídas,
visto que os resultados obtidos com a aplicação dessa técnica são válidos tanto para grandes como para
pequenas amostras. Visando a garantir maior representatividade, adotaram-se dois desvios padrão
amostrais para definição do intervalo de confiança (mais de 95% dos valores considerados encontram-se a
uma distância da média inferior a dois desvios padrão). Da amostra ajustada contida no intervalo de
confiança obtiveram-se os limites superior e inferior indicando, respectivamente, os valores de máximos e
mínimos propostos e a média aritmética ajustada indicando aos valores médios propostos.
Figura A- Histograma de frequência dos BDI calculados pela fórmula proposta considerando todos
os dados coletados.
839
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
108. Como medida de precaução, optou-se por lançar mão da ferramenta SPSSW para Windows
para análise complementar das tabelas correspondentes a todos os dados pesquisados, aos dados obtidos
em editais de licitação e em fiscalizações realizadas pelo TCU. Nesse estudo foi utilizado o critério do
IIQ - Intervalo Interquartílico, visto que esse critério não é influenciado pelas observações extremas
(outliers), ou seja, baseia-se em medidas mais resistentes. Os relatórios apresentados às fls. 333/358,
Anexo 2, corroboram as análises que embasaram o presente trabalho.
109. Por fim, tendo em vista que os custos indiretos relativos à parcela da Administração Central e
Lucro variam conforme o porte da obra, propõe-se a criação de faixas de referência para a estimativa
desses custos.
110. As faixas de referência propostas se relacionam com as modalidades de licitação da seguinte
forma: limite para Carta-Convite (R$ 150.000,00), limite para Tomada de Preços (R$ 1.500.000,00), 50
vezes o limite para Tomada de Preços (R$ 75.000.000,00), 100 vezes o limite para Tomada de Preços (R$
150.000.000,00) e acima de 100 vezes o limite para Tomada de Preços (maior que R$ 150.000.000,00).
111. Para definição dos percentuais médios de referência dos itens Administração Central e Lucro
dos diferentes tipos de obra, partiu-se do fragmento amostral com maior grau de homogeneidade e
constituído por um maior número de dados, em virtude do tamanho reduzido das amostras observado em
obras com preços situados nos limites inferior e superior.
112. Nesse sentido, com vistas a reduzir tais efeitos, propõe-se, como regra geral para a definição
dos percentuais médios de referência, defasá-los em 0,50%, a partir do intervalo central definido.
113. Partindo-se dos limites mínimos e máximos obtidos da tabela ajustada de todos os dados e
aplicando-lhes o mesmo critério para os parâmetros médios, foram obtidos os percentuais utilizados para
as demais faixas de custo direto. Procurou-se seguir uma distribuição linear priorizando valores
proporcionais de fácil absorção visual visando facilitar a aplicação por parte dos usuários. Utilizar os
números (com muitas casas decimais) resultantes da aplicação da reta de regressão encontrada nos
gráficos, além de dificultar os cálculos, em nada contribuiria para o resultado final esperado que é obter
valores referenciais de BDI aceitáveis para as obras e serviços de engenharia executadas com recursos da
União.
VI.1 RATEIO DA ADMINISTRAÇÃO CENTRAL
114. O rateio da Administração Central consiste em diluir as despesas indiretas geradas na sede da
empresa relacionadas com a manutenção da estrutura administrativa central, que fornece suporte gerencial
e técnico a todas as obras, pelo custo direto de todas as obras que a empresa planeja executar no período.
Assim, o item é influenciado principalmente pelo custo direto da obra e pelo porte, faturamento e
eficiência da empresa, cabendo à Administração Pública resguardar-se de taxas abusivas, pois o preço da
obra não pode ser onerado por ineficiência operacional do executor.
115. Também a localização geográfica da obra produz efeitos sobre o item, já que para obras
distantes da sede ou obras de porte superior ao padrão da organização, a empresa acaba por constituir uma
administração local mais robusta desonerando a administração central. Trata-se, no entanto, de uma
decisão estratégica de cada empresa, cabendo ao gestor, na elaboração do orçamento básico, considerar
tal possibilidade e retratá-la na planilha orçamentária nos casos de maior relevância.
116. Nesse sentido, é correto observar que a administração central deve guardar uma relação inversa
com a administração local, aspecto este associado principalmente com a localização e o porte da obra.
Para ilustrar, uma metodologia interessante consiste em analisar essa relação considerando uma
construtora executando uma única obra. Nesse caso, o custo da Administração Central recairá totalmente
sobre a obra, e a relação se resume na expressão matemática apresentada a seguir, independente da
logística que a empresa adotar:
.
117. Por envolver a realidade das empresas, o rateio da administração central não apresenta coesão
de pensamentos.
118. O Acórdão n. 325/2007 – Plenário estabelece que essa parcela fique entre 0,11% e 8,03%.
119. Mozart Bezerra da Silva, em seu livro ‘Manual de BDI’, 1ª Edição, 2006 (p. 56 e 57),
apresenta orçamentos para oito portes de empresas construtoras dos quais pode ser inferido que o rateio
840
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
da Administração Central terá uma relação inversa com o custo direto. Tais estudos indicam uma taxa de
administração central variando de 5 % a 15%.
120. Também, Maçahico Tisaka – ‘Orçamento na Construção Civil’, 1ª Edição, 2006 (p. 93) –
considera o rateio da Administração Central variando entre 5% e 15%, e Aldo Dórea Mattos – Como
preparar orçamento de obras, 1ª Edição, 2006 (p. 208 e 209) afirma que os valores mais comuns ficam
entre 2% e 5% do custo da obra.
121. Já André Luiz Mendes e Patrícia Reis Leitão Bastos, em ‘Um aspecto polêmico dos
orçamentos de obras públicas: Bonificação e Despesas Indiretas (BDI)’, publicado na Revista do Tribunal
de Contas da União. Brasília, v. 32, n. 88, abr/jun 2001, sugerem, ‘para a composição do BDI dos
orçamentos de obras públicas, a adoção de uma taxa de administração central de 6%’.
122. Por sua vez, todos os dados coletados (editais, contratos e fiscalizações) foram agrupados no
Anexo III - Tabela 28 – BDI de Obras e Serviços de Engenharia – Editais/Contratos e Fiscalizações (Fl.s
82-83), e, da análise, foi possível confirmar que os custos de Administração Central possuem uma relação
inversa com o preço da obra, em consonância com Mozart Bezerra, conforme mostra o gráfico da figura
B.
EDITAIS/CONTRATOS/FISCALIZAÇÕES
12,00
10,00
8,00
L
A
R
T
N
E 6,00
C
.
M
D
A
4,00
2,00
0,00
150 1500 15000 150000
VALOR DA OBRA em MIL R$
Figura B - Gráfico da dispersão do item Administração Central em relação ao valor das obras para
os dados pesquisados.
123. O histograma a seguir apresentado (figura C), obtido a partir dos dados analisados referentes às
obras e serviços de engenharia, mostra que o item Administração Central apresenta um grau de dispersão
maior que o verificado no BDI (figura A).
841
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
130. Maçahico Tisaka – ‘Orçamento na Construção Civil’ (p. 93) – considera que as despesas
financeiras variam de 2% a 5%. Mozart Bezerra (p. 80) adota faixa de despesas financeiras para reajuste
anual de 0,82% a 12,22%.
131. Mendes e Bastos sugerem que, para o percentual de despesas financeiras, seja usado o
rendimento do Certificado de Depósito Bancário (CDB) do período compreendido entre a data média do
desembolso e o recebimento da parcela a ele correspondente, determinado a partir das condições de
pagamento estipuladas no edital de licitação. Para um período de 30 dias, poder-se-ia adotar um
percentual variando entre 0,64% a 0,74% conforme consulta realizada no sítio do Banco do Brasil –
www.bb.com.br – em 31/05/2010 para a rentabilidade do fundo CDB-DI para o mês de março 2010 – fl.
08, Anexo 2. Vale ressaltar que a rentabilidade do fundo encontra-se em fase ascendente (veja consulta
realizada em 8/2/2010 – fl. 1, Anexo 2) e, segundo analistas de mercado, deve manter-se em elevação
puxada pelo incremento da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – a taxa Selic.
132. O Acórdão n. 325/2007 – Plenário, o qual toma como base para essa despesa a taxa Selic,
estabelece que essa parcela fique entre 0% e 1,20%.
133. Finalmente, no universo analisado (Tabela 28), obteve-se uma variação de 0,30% a 2,68%.
134. Sendo a Selic a taxa oficial de juros definida pelo Comitê de Política Monetária do Banco
Central, considera-se adequada a sua utilização para a definição de um patamar para remunerar as
despesas financeiras.
135. Com essa abordagem, com raras exceções, não se verifica, para Despesas Financeiras, uma
influência significativa dos fatores que atuam sobre as despesas indiretas, levando à proposta de uma taxa
que é pouco influenciada pelo tipo ou porte da obra, mas significativamente influenciada pelo
procedimento administrativo de medição e pagamento de cada órgão ou entidade pública.
136. Para definição da taxa mínima, adotou-se o prazo de até 11 dias úteis entre a data média de
desembolso e a do respectivo pagamento. Foram adotados os prazo entre 12 e 22 dias úteis e entre 23 e
33 dias úteis, respectivamente, para os valores das taxas média e máxima. Os 11 dias úteis equivalem a 15
dias corridos, os 22 dias úteis a 30 dias corridos e os 33 dias úteis a 45 dias corridos, sendo que esse
último valor corresponde aproximadamente aos 30 dias para pagamento de obrigações previstos no art.
40, inciso XIV, da Lei 8.666/1993, contados a partir da data final do período de adimplemento da parcela.
137. Adotou-se, também, o percentual de 12% para a taxa básica de juros da economia,
correspondente à taxa Selic atualmente em vigor.
138. A fórmula proposta para o cálculo da parcela de Despesas Financeiras é de uso amplo e é
constituída da seguinte expressão:
Onde:
DF = taxa representativa das Despesas Financeiras;
DU = Dias úteis.
139. Assim, propõe-se a tabela a seguir como referencial da parcela Despesas Financeiras:
Parce la de Despesas Financeiras na composição do BDI - Valores incidentes sobre Custo Dire to
141. Outro fator a ser considerado é a diferença entre o índice de correção monetária do contrato e a
taxa de inflação real, que é agravada pelo reajuste anual estipulado pela Lei n. 10.192/2001. A prática
mostra um desembolso contínuo na execução do contrato com receitas periódicas que provoca uma
redução do preço contratado. No entanto, essa redução não caracteriza despesa financeira e deve ser
distribuída pela contratada, por exemplo, como parte do lucro. Vale ressaltar que a lei prevê mecanismos
de proteção para os casos exorbitantes, como o reequilíbrio econômico-financeiro previsto na Lei n.
8.666/1993.
VI.3 RISCOS, SEGUROS E GARANTIAS
142. Em um orçamento de obra, por mais detalhado e criterioso que seja, é impossível prever com
exatidão todas as peculiaridades do projeto. Os riscos se manifestam dentro e fora do canteiro e podem se
materializar em eventos de pequena a grande imprevisibilidade. São riscos de características intrínsecas
do projeto, de fornecedores, de fatores externos, de fenômenos naturais, de prazos, de recebimento e de
fiscalização e contratação.
143. Pela análise dos riscos, a empresa faz sua opção de atuação buscando reduzir ou neutralizar
seus efeitos, por meio do gerenciamento que engloba a contratação de seguros, e plano de ação de
prevenção e mitigação e controle rigoroso. Ao optar por contratar seguros, a empresa busca baixar o
patamar de incerteza já que muitos dos imprevistos passam a ser cobertos. Entretanto, há o risco residual,
aquele que independe do controle, não é nulo, e, portanto, merece tratamento gerencial e avaliação da sua
importância.
144. Também, a Administração Pública está sujeita a riscos, que podem ser de qualidade, de prazo e
da incapacidade de conclusão do contrato. A prestação de garantias, prevista no art. 56 da Lei n.
8.666/1993 e suas modificações, é um instrumento de mitigação desses riscos. A Lei dá poder à
Administração Pública para exigi-la, exigência que deve estar contida nos editais, e isso faz parte das
cautelas que o gestor pode tomar para assegurar o sucesso da contratação:
‘Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada caso, e desde que prevista no instrumento
convocatório, poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e compras.
§ 1o Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de garantia: (Redação dada
pela Lei n. 8.883, de 1994)
I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, devendo estes terem sido emitidos sob a
forma escritural, mediante registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo
Banco Central do Brasil e avaliados pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da
Fazenda; (Redação dada pela Lei n. 11.079, de 2004)
II - seguro-garantia; (Redação dada pela Lei n. 8.883, de 1994)
III - fiança bancária. (Redação dada pela Lei n. 8.883, de 8.6.94)
§ 2o A garantia a que se refere o caput deste artigo não excederá a cinco por cento do valor do
contrato e terá seu valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalvado o previsto no parágrafo 3o
deste artigo. (Redação dada pela Lei n. 8.883, de 1994)
§ 3o Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e
riscos financeiros consideráveis, demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade
competente, o limite de garantia previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado para até dez por cento
do valor do contrato. (Redação dada pela Lei n. 8.883, de 1994).’
145. Os casos das contratações de obras e serviços de engenharia pela Administração Pública
enquadram-se, em geral, no limite do § 2o da Lei destacada. Além disso, o caput do art. 56 deixa claro
que a exigência de garantia é uma prerrogativa da Administração. Desta forma, o item Garantia é
facultado na formulação do BDI, a depender de cada caso.
146. Assim sendo, por serem despesas que não participam da formação dos custos unitários, nada
mais adequado do que contemplar, no BDI, uma parcela para reposição dos custos com seguros e
garantias e com riscos. Não se trata de custear situações previsíveis que deverão estar contempladas no
custo direto, tampouco de ressarcir despesas com eventos aleatórios que podem ser ressarcidos por meio
de mecanismos legais. Busca-se, sim, recompor os custos com os riscos e as incertezas propriamente
ditos, que, caso não ocorram, serão incorporadas ao lucro, e não poderão ser glosadas.
844
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
147. Mozart Bezerra (p. 88 e 89) apresenta faixas de risco variando de 0,57% para mínimo e 5,91%
para alto, e faixas de incertezas de 0% para mínimo e 4,43% para alto.
148. Mendes e Bastos sugerem ‘a adoção de uma taxa de seguros/imprevistos no BDI de 1%, por
considerar que esta cobriria, além do custo do seguro, os possíveis imprevistos que pudessem acontecer
no decorrer da obra’. Para Aldo Dória, essa parcela deve ficar entre 1% e 3% dos custos diretos e
indiretos da obra. Já o Acórdão n. 325/2007 – Plenário, que não fez previsão para taxa referente a seguro,
estabelece faixa de variação entre 0% e 2,05% para o risco e 0% e 0,42% para a garantia.
149. Os órgãos e entidades consultados apresentaram parcela referente a seguro, risco e garantia
variando entre 0,21% e 2,47%. Finalmente, considerando todos os dados analisados (Anexo III - Tabela
28 – fls. 82/83), a parcela variou de 0,45% a 2,47%.
150. Por fim, destaca-se que o PMI – Project Management Institute (www.pmi.org) na norma
norte americana de Gerência de Empreendimentos, denominada PMBOK, mundialmente aceita, e muito
utilizada por grandes empresas no Brasil – define que ‘obra é um empreendimento temporário e com
caráter único, desta maneira, apresenta uma certa margem de incerteza’.
151. Dessa forma, considerando que obras simples e/ou executadas em condições favoráveis e em
ritmo adequado tendem a apresentar menores riscos, enquanto que em obras complexas e/ou executadas
em condições adversas, ritmo acelerado e áreas restritas, os fatores imprevistos ganham maior
importância, recomenda-se aos gestores responsáveis pelo cálculo do valor estimado uma avaliação mais
detalhada das peculiaridades do projeto.
152. Para o subitem Garantias, a proposta segue as recomendações do Acórdão 325/2007 - Plenário,
ou seja, com valor mínimo igual a zero nos casos em que não haja exigência no edital e valor máximo de
0,42% para os casos de exigência de garantias de cinco por cento do valor do contrato.
153. Para o subitem Seguros, a previsão é de uma taxa específica para cobrir as despesas advindas
da contratação de seguros para cobertura dos riscos que são inerentes ao ramo da construção civil, visto
que reduzi-los a zero é, de forma evidente, impossível. A existência desse subitem na composição do
BDI acarreta redução nos valores a serem considerados para o subitem Risco, sem, contudo, eliminá-lo.
Os valores propostos resultam da análise dos dados obtidos na pesquisa e da consulta informal a empresa
do ramo de seguros com foco em obras de edificação acerca dos custos com Seguro Risco Engenharia e
Performance Bond (espécie de seguro-garantia visando garantir a realização completa do objeto do
contrato).
154. Já para o subitem Riscos, adotaram-se as considerações propostas por Mozart Bezerra (p. 88)
que indica uma variação para mais de 60% da faixa de risco baixo para a faixa de risco médio, e de 30%
desta última para a faixa de risco intermediário, com percentual de custo variando de 0,25% a 1,2%.
Assim, a proposta apresentada a seguir busca considerar, diferentemente do Acórdão n. 325/2007 –
Plenário, a existência do risco para diferentes obras e serviços de engenharia:
Parcela de Seguros, Riscos e Garantias na composição do BDI - Valores incidentes sobre Custo Direto
DESCRIÇÃO MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA
SEGUROS 0,00% 0,81% 0,36%
GARANTIAS 0,00% 0,42% 0,21%
RISCOS
Obras simples, em condições favoráveis, com
execução em rítmo adequado 0,25% 0,85% 0,57%
Obras medianas em área e/ou prazo, em condições
normais de execução 0,29% 0,98% 0,65%
Obras complexas, em condições adversas, com
execução em rítmo acelerado, em áreas restritas 0,35% 1,17% 0,78%
Tabela 12 – Parcela de Seguros, Riscos e Garantias na composição da taxa de BDI.
VI.4 TRIBUTOS
156. O item 9.1.1 do Acórdão 325/2007 - Plenário aborda, de forma definitiva, que os tributos IRPJ
e CSLL não devem integrar o cálculo do BDI. O relatório que embasou o Acórdão também trata a
questão dos tributos a serem considerados no cálculo das despesas indiretas de forma clara e conclusiva.
157. Cabe, no entanto, reforçar dois pontos.
845
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
158. O primeiro refere-se às alíquotas do PIS e da COFINS. A legislação que trata desses dois
tributos é complexa e passa por constante renovação. De forma resumida, pelo disposto na Lei n.
10.637/2002, na Lei n. 10.833/2003, na Lei n. 10.865/2004 e na Lei n. 10.925/2004, são reconhecidos
dois regimes de incidência desses tributos, quais sejam:
159. a) Regime de incidência cumulativa:
160. O chamado ‘PIS/COFINS cumulativo’ é a forma mais antiga de incidência destas
contribuições, que consiste na cobrança dos tributos sobre o faturamento das pessoas jurídicas, pela venda
de produtos ou prestação de serviços. Nesse regime, a base de cálculo é o total das receitas da pessoa
jurídica, sem deduções em relação a custos, despesas e encargos; e as alíquotas de contribuição para o PIS
e da COFINS são, respectivamente, 0,65% e 3,00%. As pessoas jurídicas de direito privado, inclusive as
que lhes são equiparadas, que apuram o IRPJ com base no lucro presumido ou arbitrado, estão sujeitas à
incidência cumulativa.
161. b) Regime de incidência não cumulativa:
162. Este regime permite o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos
da pessoa jurídica. Nesse caso, as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS são,
respectivamente, 1,65% e 7,60%. As pessoas jurídicas de direito privado, e as que lhes são equiparadas
pela legislação do imposto de renda, que apuram o IRPJ com base no lucro real, estão sujeitas à
incidência não cumulativa.
163. Observe-se que a pessoa jurídica cuja receita bruta total, no ano-calendário anterior, tenha sido
superior a R$ 48.000.000,00 ou a R$ 4.000.000,00 multiplicado pelo número de meses de atividade do
ano-calendário anterior, quando inferior a doze meses, estão obrigadas ao regime de tributação com base
no lucro real.
164. Nesse contexto, com o advento do PIS/COFINS não-cumulativo, a apuração das contribuições
no regime cumulativo tornou-se a exceção à regra de apuração. No entanto, o art. 8º da Lei n.
10.637/2002 e o art. 10 da n. Lei 10.833/2003 apontam as pessoas jurídicas e receitas que permanecem
sujeitas ao regime cumulativo. Dentre elas, destacam-se: i) as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de
renda com base no lucro presumido ou arbitrado; ii) as pessoas jurídicas optantes do SIMPLES; iii) as
receitas decorrentes da execução por administração, empreitada ou subempreitada de obras de construção
civil, até 31/12/2015 (Lei n. 12.375/2010).
165. Assim, as obras de construção civil, inclusive as receitas decorrentes da execução por
empreitada de obras de construção de estações e redes de distribuição de energia elétrica (Jurisprudência
RFB, Consulta n. 68, de 17 de março de 2008), permanecem sujeitas ao regime cumulativo, ou seja,
contribuem para o PIS e a COFINS utilizando as alíquotas de contribuição de 0,65% e 3,00% do
faturamento bruto, respectivamente.
166. No entanto, tal situação não se repete para os serviços técnicos especializados (projeto,
consultoria, gerenciamento, fiscalização), aos quais incidem as alíquotas de contribuição de,
respectivamente, 1,65% e 7,60% do faturamento bruto. As empresas especializadas que se enquadram
no regime não-cumulativo podem utilizar o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas
e encargos. No entanto, esses créditos possuem peso relativamente baixo na composição de custos dos
Serviços Técnicos de Engenharia e foram desconsiderados para os fins de composição do BDI.
167. Cabe ressaltar que a Lei 12.375/2010, no caso específico de obras de construção civil, sejam
elas realizadas por administração, empreitada ou subempreitada, prorrogou mais uma vez a vigência da
alteração estabelecida pelas Leis 10.637/ 2002 e 10.833/2003, passando-a para 31 de dezembro de 2015.
Essa mudança, quando efetivada, trará ajustes para o cálculo da parcela de tributos da taxa de BDI, já que
a alíquota aplicável será de 1,65% e 7,60%, respectivamente, para o PIS e a COFINS, mas com direito a
crédito das contribuições sobre as despesas, custos e encargos listados no art. 3º das Leis 10.637/2002 e
10.833/2003.
168. Por tudo isso, é importante que esses tributos tenham os seus respectivos percentuais
discriminados, uma vez que parte dos valores pagos poderá ser recuperada posteriormente, o que pode
influenciar no custo final da obra.
846
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
169. O segundo ponto refere-se ao ISS, cuja alíquota mínima foi fixada em 2% pelo art. 88, inciso I,
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal, enquanto a alíquota máxima
foi estipulada em 5% pelo art. 8º, inciso II, da Lei Complementar n. 116, de 31/07/2003.
170. Destaca-se que os municípios gozam de autonomia para fixar as alíquotas deste tributo, desde
que respeitados esses limites, e que, nos orçamentos, se deve adotar a alíquota de ISS do município onde
o empreendimento é realizado, e não aquela de onde fica a sede da empresa construtora. No caso de obras
executadas em mais de um município – como é normalmente o caso das obras rodovias –, deve-se adotar
para a alíquota deste tributo a média ponderada dos serviços executados em cada município.
171. Ressalte-se, ainda, conforme o § 2º, inciso I, art. 7º dessa mesma Lei Complementar, que a
base de cálculo desse tributo é o preço do serviço, excluindo-se desse número o valor dos materiais
fornecidos pelo prestador dos serviços previstos nos itens 7.02 e 7.05 da lista de serviços anexa àquele
instrumento legal:
‘7 – Serviços relativos a engenharia, arquitetura, geologia, urbanismo, construção civil,
manutenção, limpeza, meio ambiente, saneamento e congêneres.
(...)
7.02 – Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil,
hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação,
drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos,
peças e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de serviços fora
do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS).
(...)
7.05 – Reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e congêneres (exceto
o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador dos serviços, fora do local da prestação dos
serviços, que fica sujeito ao ICMS).’
172. O projeto SINCTRAN para o Manual de Custos de Infraestrutura de Transporte do DNIT,
tendo em vista que o ISS é um tributo municipal, propõe adotar alíquota média de 3,50% para fazer face a
esta despesa. Considera, ainda, que a admissão desta incidência do ISS subentende que a prestação de
serviços corresponde a 50% do valor para obras de infraestrutura de transportes rodoviário, ferroviário e
aquaviário, resultando em um percentual médio de ISS a ser considerado no BDI de 1,75%.
173. No entanto, no caso de outras obras de construção civil, a Receita Federal do Brasil, no art.
122 da Instrução Normativa 971/09, adota o percentual de 35% de mão de obra para a construção civil,
com exceção dos serviços de pavimentação asfáltica, terraplenagem, obras de arte especiais e drenagem,
como presumido para fins de determinação da parcela referente à prestação de serviços.
174. Assim, de forma conservadora, é coerente a admissão da incidência do ISS em 50% do preço
de venda (custo direto acrescido do BDI) para os tipos de obras e serviços de engenharia abordados nesse
trabalho.
175. Para se definir, de forma mais precisa, o percentual desse tributo na composição da taxa, é
importante observar o que disciplina o normativo relativo ao ISS de cada localidade onde a obra será
realizada. É certo que a alíquota efetiva de ISS a configurar na taxa de BDI será inferior à taxa prevista na
legislação do município onde será realizada a obra, pois deve ser desconsiderada a despesa relativa aos
materiais.
176. Assim sendo, para o cálculo da parcela de tributos utiliza-se a seguinte tabela:
Parcela de Tributos na composição do BDI - Valores incidentes sobre Preço de Venda
Obras e Serviços Serviços Técnicos Fornecimento de Materiais
TRIBUTOS
de Engenharia de Engenharia e de Equipamentos relevantes
186. Maçahico Tisaka (p. 56) – entende que a taxa de benefício pode variar de 5% a 15%. Aldo
Dórea (p.220) apresenta como faixa normal para lucratividade entre 5% e 17%.
187. Já Mendes e Bastos consideram adequada uma margem de lucro entre 7% e 8,5%, e o
Acórdão n. 325/2007 – Plenário estabeleceu a faixa de 3,83% a 9,96%.
188. Os órgãos e entidades consultados, por seu turno, apresentaram variação de 6,00% a 10,00%
para essa parcela da taxa de BDI. Finalmente, no universo analisado, a taxa variou de 5,00% a 12,00%,
conforme demonstra o gráfico a seguir:
E D I T A IS /C O N T R A T O S /F I SC AL IZ AÇ Õ E S
1 4 ,0 0
1 2 ,0 0
1 0 ,0 0
)
%
( 8 ,0 0
O
R
C
U 6 ,0 0
L
4 ,0 0
2 ,0 0
0 ,0 0
150 1500 15000 150000
VAL O R DA O B R A em M IL R$
Figura D- Gráfico da dispersão do item Lucro em relação ao valor das obras para os dados
pesquisados.
189. Dos dados, observou-se que, diferentemente do item Administração Central, o item Lucro
apresenta um grau de dispersão bem menor, como mostra o histograma a seguir apresentado (figura E):
Fi
gura E- Histograma de freqüência do item Lucro.
190. Embora o trabalho procure estabelecer, com base em números indicativos do seguimento da
construção civil, uma faixa de variação considerada aceitável para o percentual de lucro praticado pelas
empresas em licitações públicas, vale ressaltar que trata-se de uma faixa de referência, não havendo
previsão legal para que essa seja fixada ou limitada.
191. Assim, seguindo o mesmo critério utilizado para o item Administração Central, chega-se para
as obras e serviços de engenharia a seguinte faixa de variação de referência para o item Lucro:
849
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
% de AC 2,00 2,00 2,00 2,12 2,12 2,12 2,12 2,38 2,38 2,50 2,50 2,57 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,10 3,38 3,38 3,89 4,00
% de LUCRO 5,00 8,60 10,00 8,36 5,70 5,58 6,30 9,26 9,26 10,00 10,00 5,00 11,35 6,00 5,00 10,00 12,00 8,55 9,86 9,86 5,98 5,93
% de AC 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00
% de LUCRO 8,29 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 10,00
% de AC 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 4,03 4,03 4,03 4,03 4,04 4,05 4,07 4,07 4,07 4,07 4,07 4,07 4,39 4,39 4,41
% de LUCRO 7,03 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 8,00 11,05 11,05 11,05 11,05 6,90 8,50 9,96 5,20 7,68 9,96 9,96 10,00 7,00 7,00 5,50
% de AC 4,49 4,51 4,55 4,68 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,03
% de LUCRO 11,00 8,40 6,00 6,90 9,00 11,58 6,00 6,50 9,12 9,12 7,20 8,58 5,98 7,00 6,20 7,80 8,58 9,12 6,20 6,20 7,41
1 2 ,0 0
1 0 ,0 0
8 ,0 0
O
R
C
U
L 6 ,0 0
4 ,0 0
2 ,0 0
0 ,0 0
0 ,0 0 2 ,0 0 4 ,0 0 6 ,0 0 8 ,0 0 1 0 ,0 0 1 2 ,0 0
ADM . CE NT RAL
Figura F- Gráfico da relação do Lucro com a Adm. Central para o segmento Obras de
Edificações - Construção.
197. Outro fator decisivo na determinação das premissas foi a aplicação direta da fórmula com
todos os parâmetros mínimos, levando a valores consideravelmente baixos, quando comparados com os
resultados da pesquisa. Mais discrepantes, ainda, foram os valores obtidos utilizando todos os parâmetros
máximos. Nessa situação, os resultados apresentaram-se em desacordo com as pesquisas e bastante acima
daqueles tidos por razoáveis pelo TCU nos processos de fiscalização de obras públicas.
198. Como exemplo, destacam-se as Obras Hídricas – Saneamento Básico cujos dados indicaram os
valores máximos de 9,70% para AC, 1,50% para DF, 2,40% para SRG, 11,60% para o Lucro e 6,15%
para Tributos, resultando um BDI máximo de 35,3%, enquanto que o valor máximo verificado na
pesquisa foi de 31,79%.
VII.1 BDI PARA OBRAS DE EDIFICAÇÕES - CONSTRUÇÃO
199. As obras de edificações constituídas de construções novas ou ampliações com parcela de
reforma inferior a 40% do valor de referência, na grande maioria, se caracterizam por obras urbanas de
pequeno a médio porte, com elevada diversificação de componentes de custos unitários, processadas em
um mercado bem definido e competitivo.
200. Nesse segmento, os dados pesquisados apresentaram-se com um bom grau de confiabilidade,
chegando-se a seguinte proposta de BDI:
851
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Tabela 17 – BDI para Obras de Edificações – Reforma ( com ampliação de até 40%).
VII.3 BDI PARA OBRAS HÍDRICAS – IRRIGAÇÃO E CANAIS
202. Obras de irrigação e canais são, na maioria dos casos, obras realizadas em campo aberto com
predominância dos serviços de movimentação de terra. Para esse tipo de obra, os dados pesquisados
apresentaram-se com forte influência de fiscalizações do TCU indicando BDIs já ajustados, o que
permitiu a formulação da seguinte proposta de BDI:
BDI PARA OBRAS HÍDRICAS - IRRIGAÇÃO E CANAIS
DESCRIÇÃO MÍNIMO MÁXIMO MÉDIA
ADMINISTRAÇÃO CENTRAL - LUCRO A.CENTRAL LUCRO A.CENTRAL LUCRO A.CENTRAL LUCRO
Até R$ 150.000,00 4,15% 7,60% 8,00% 11,70% 5,75% 9,00%
De R$ 150.000,01 até R$ 1.500.000,00 3,65% 7,10% 7,50% 11,20% 5,25% 8,50%
De R$ 1.500.000,01 até R$ 75.000.000,00 3,15% 6,60% 7,00% 10,70% 4,75% 8,00%
De R$ 75.000.000,01 até R$ 150.000.000,00 2,65% 6,10% 6,50% 10,20% 4,25% 7,50%
Acima de R$ 150.000.000,00 2,15% 5,60% 6,00% 9,70% 3,75% 7,00%
DESPESAS FINANCEIRAS 0,50% 1,50% 1,00%
SEGUROS, RISCOS E GARANTIAS 0,25% 1,74% 0,95%
Seguros 0,00% 0,54% 0,24%
Garantias 0,00% 0,42% 0,21%
Riscos
Obras simples, em condições favoráveis, com
execução em rítmo adequado 0,25% 0,57% 0,43%
Obras medianas em área e/ou prazo, em
condições normais de execução 0,29% 0,65% 0,50%
Obras complexas, em condições adversas, com
execução em rítmo acelerado, em áreas restritas 0,35% 0,78% 0,60%
TRIBUTOS 4,65% 6,15% 5,40%
ISS* 1,00% até 2,50% 1,75%
PIS 0,65% 0,65% 0,65%
COFINS 3,00% 3,00% 3,00%
BDI
Até R$ 150.000,00 20,60% 28,70% 24,20%
De R$ 150.000,01 até R$ 1.500.000,00 19,40% 27,60% 23,00%
De R$ 1.500.000,01 até R$ 75.000.000,00 18,30% 26,40% 21,90%
De R$ 75.000.000,01 até R$ 150.000.000,00 17,20% 25,20% 20,70%
Acima de R$ 150.000.000,00 16,10% 24,10% 19,60%
Obs: (*) % de ISS considerando 2%, 3,5% e 5% sobre 50% do Preço de Venda - Observar a legislação do Município.
853
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Voto
(...)
‘14. Estudando a aplicabilidade do SICRO2, in caso, reporto-me a ofício encaminhado pelo DNIT,
devidamente transcrito no relatório da SECOB, às fls. 180:
‘Neste sentido, cabe transcrição de excerto do Of. 504/2007-DG, de 09 de março de 2007,
endereçado pelo Diretor-Geral do DNIT, Sr. Mauro Barbosa da Silva, a esta SECOB.
‘Critérios Adotados para Apropriação de Custos de Obras Ferroviárias
Para efeito de análise e apropriação de custos de obras ferroviárias, esta Diretoria tem por prática
subdividir um projeto (orçamento) em duas partes, quais sejam, a infraestrutura ferroviária e a
superestrutura ferroviária, que segundo o critério adotado, consistem no seguinte:
Infraestrutura:
Terraplanagem, drenagem, obras de arte correntes e especiais, sinalização vertical, obras
complementares, proteção vegetal, etc.;
Superestrutura:
É constituída pela via permanente, cujos três elementos principais são: lastro, dormentes, trilhos,
acessórios de fixação, aparelhos de mudança de vias, etc..
A adoção desta prática se justifica pelo fato de que, sendo os serviços de infraestrutura
ferroviária, semelhantes (inclusive com as mesmas especificações técnicas de serviços) aos utilizados
na infraestrutura rodoviária, grande parte dos custos podem ser concebidos por meio das
composições de preços unitários do Sistema de Custos Rodoviários – SICRO.
Um estudo realizado pela empresa de consultoria Consórcio STE/SISCON (contratada pelo DNIT
para assessorar a Diretoria de Infraestrutura Ferroviária/DIF), por meio do trabalho 'CUSTOS
UNITÁRIOS PARA IMPLANTAÇÃO DE FERROVIAS VOLUME 1', conclui que é perfeitamente
viável a utilização do SICRO, com adoção integral dos preceitos, critérios e métodos constantes no
Manual de Custos Rodoviários, tomando-se as tabelas inscritas na página eletrônica do DNIT, com a
aplicação da região e data-base específicos a cada projeto’.’ (grifei)
15. Ante a confirmação do DNIT da aplicabilidade do SICRO,(...).
220. Assim, como a adoção da tabela de Composição da Parcela de BDI do Sicro é reconhecida
tanto pela lei quanto por este Tribunal, não há o que se propor acerca do BDI para as obras rodoviárias e
ferroviárias.
VII.10 BDI DIFERENCIADO PARA FORNECIMENTO DE MATERIAIS E
EQUIPAMENTOS RELEVANTES
221. A aquisição de equipamentos e materiais que apresentem valores representativos na somatória
do orçamento, ou seja, que correspondam a um percentual significativo do preço global da obra, traz
peculiaridades que devem ser analisadas caso a caso.
Primeiro, deve ser avaliada e comprovada a inviabilidade técnico-econômica de parcelamento do
objeto da licitação para a aquisição de bens (equipamentos e materiais). 222. A aquisição deve ser por
meio de um contrato global, abrangendo serviços e bens (equipamentos e materiais), sob a
responsabilidade da construtora, no caso de não ser viável a aquisição direta.
223. Nesse sentido, o TCU, no Acórdão n. 1.425/2007 – Plenário, tratando de caso concreto,
discutiu a taxa de BDI a ser adotada para o simples fornecimento de equipamentos. Cumpre destacar, no
entanto, o que foi consignado na Proposta de Deliberação do Relator do sobredito Decisum, ‘10. (...) os
expressivos valores referentes a essas aquisições justificam a realização de licitação específica, mesmo
que sejam considerados os custos administrativos decorrentes da adoção de processos licitatórios
separados.’
224. Segundo, quando não for adotado o parcelamento, deve ser utilizada taxa de BDI diferenciada,
pois os custos incorridos na execução de uma obra e aqueles enfrentados no simples fornecimento de
materiais e equipamentos são bastante diferentes, como afirmou o relator do Acórdão 1.425/2007 -
Plenário em sua Proposta de Deliberação: ‘(...) a empresa tem o direito de cobrar bonificação por ter
mobilizado sua estrutura administrativa para adquirir produtos junto a fornecedores, contudo, partindo do
pressuposto de que essa mobilização é bem maior quando a empreiteira executa serviços relacionados a
860
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
sua atividade fim, é razoável se supor que o percentual de lucro a ser cobrado seja comparativamente
menor.’
225. O TCU tem se manifestado, reiteradas vezes, que o BDI de materiais dessa natureza deve ser
diferenciado, como evidenciado na recém aprovada Súmula 253/2010. Mais recentemente, o Acórdão n.
1.347/2010 - Plenário (TC 010.801/2009-9) fez importante esclarecimento sobre a questão do valor
máximo do BDI diferenciado:
‘17.1. (...) quanto ao BDI incidente sobre materiais e equipamentos fornecidos por terceiros,
considerou-se que o percentual utilizado pela contratada está em conformidade com referenciais
utilizados pelo TCU, de 13,50% no Acórdão n. 1.599/2008 (Adutora de Pirapama) e 17,38% no Acórdão
n. 1.425/2007 (Hospital de Boa Vista); não se aplica estritamente o percentual de 10% admitido nos
Acórdãos ns. 1.020/2007 e 1.600/2003, porque esse referencial serve aos casos em que os orçamentos de
materiais e equipamentos representam grande parte dos custos, sendo que, no caso em questão, o valor do
fornecimento analisado na curva ABC é de 15% do valor do contrato. (...).’
226. Partindo dessa premissa, o que se buscou foi a formação de um BDI referencial diferenciado
para aquisição de materiais e equipamentos relevantes por meio de um contrato global para obras e
serviços de engenharia.
227. De acordo com a decisão que embasou o Acórdão 1.425/2007 - Plenário, somente devem
compor a taxa de BDI do fornecimento de materiais e equipamentos, as despesas financeiras, os tributos e
o lucro. Esse entendimento está manifestado no voto do relator conforme segue:
‘26. Quanto à administração central, entendo que sua inclusão no BDI só pode ser efetuada para
execução de serviços relacionados à atividade fim da empresa, ou seja, associados a suporte técnico,
administrativo e financeiro com vistas a se alcançar os objetivos empresariais da construtora. Não é o
caso da simples aquisição de móveis e equipamentos, atividade completamente desvirtuada do ramo da
construção civil. (...)
28. No que se refere a despesas com seguros e imprevistos, entendo que são gastos estritamente
associados à execução de serviços da construção civil e à multiplicidade de riscos técnicos que um
empreendimento pode sofrer durante todo o processo para dar cumprimento ao cronograma físico-
financeiro inicialmente estipulado. Dessa forma, não há que se falar em riscos técnicos no tocante à
simples aquisição, junto a fornecedores, de móveis e equipamentos.’
228. Por fim, o referido Acórdão, reconhecendo a existências de situações de risco, determina: ‘(...)
9.5.14. faça constar do instrumento convocatório e do contrato resultante, quando da compra de materiais
ou contratação de serviços/obras de elevada complexidade tecnológica e/ou valor relevante, cláusula ou
condição relativa à garantia, instalação, assistência técnica, entre outros, a fim de proteger a
Administração de eventuais prejuízos’.
229. A pesquisa realizada mostrou-se divergente quanto ao item Administração Central e Seguros,
Riscos e Garantias. Na totalidade dos dados, o item Administração Central foi contemplado e o item
Seguros, Riscos e Garantias em 85% dos dados.
230. Com relação ao item Seguros, Riscos e Garantias, a pesquisa mostrou-se perfeitamente
alinhada com os dados propostos no tópico VI.3. Já para a Administração Central, observou-se uma
relação inversa na formação no percentual dessa taxa com a do Lucro, com evidente indicação de
convergência para o percentual de 12% na soma dos dois valores. No entanto, este parâmetro não foi
adotado como indicador de máximo para a soma dos valores adotados para esses itens, por indicar, na
aplicação da fórmula proposta, valores de BDI em desconformidade com o entendimento do TCU.
231. No que tange aos tributos, conforme apresentado no tópico VI.4, via de regra, não há
incidência de ISS sobre o valor dos materiais e equipamentos fornecidos pelo prestador dos serviços de
execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou
elétrica e de outras obras semelhantes. Esse entendimento está consolidado nesse trabalho, cabendo, no
entanto, observar a que dispõe a legislação do Município.
232. Portanto, também, para o cálculo da taxa de BDI incidente sobre o fornecimento de materiais e
equipamentos, deve-se utilizar a fórmula proposta no tópico II.2, com as premissas dispostas na
introdução deste tópico VII e os percentuais das parcelas e do BDI nos limites propostos a seguir:
861
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
sem causa do particular, mas violar uma série de princípios primordiais da Administração, mormente a
economicidade, eficiência, moralidade e finalidade, além de viciar a avença em seus basilares de boa-fé e
função social do contrato.
Voto
(...)
21. Adentro, agora, no questionamento do BDI utilizado na composição dos custos de referência.
Segundo o agravo, o percentual de 20,25% do SICRO2 seria incompatível com a realidade das empresas
e das características da obra em questão. Esta parcela seria a verdadeira causa do sobrepreço encontrado
pela SECOB, a redundar na adoção da medida cautelar.
22. Na alegação da especificidade do BDI para cada empresa e cada empreendimento, assiste razão
às contratadas; realmente, concordo que cada construtora tenha o seu BDI específico, visto a estrutura
organizacional distinta de cada particular. De igual maneira, é verdade que cada obra exija nuanças
administrativas diferentes ou necessidades díspares a impactar diferentemente em seus custos indiretos.
23. Entretanto, um BDI médio – aceitável – tomado a partir de obras de tipologia semelhante, não é
somente possível, mas indispensável. É bem verdade que cada empresa alveja uma margem de lucro e
que possui maior ou menor estrutura, mas a negação de um limite não somente pode propiciar um
enriquecimento sem causa, mas violar uma série de princípios primordiais da Administração, mormente a
economicidade, eficiência, moralidade e finalidade. Excessos na remuneração, provindos ou não do BDI,
viciam a avença em seus basilares de boa-fé e função social do contrato.
24. Ao estabelecer um BDI referencial, portanto, não se alvitra, simplesmente, fixar um valor limite
para o contratado. A utilização de um valor médio, em associação a outros custos do empreendimento,
propicia a percepção de um preço esperado da obra – aceitável –, harmônico entre os interesses da
Administração e do particular.’
238. O objetivo do presente trabalho é oferecer parâmetros para que gestores públicos e órgãos de
controle possam avaliar os preços das obras, com um BDI simplificado e razoável, permitindo maior
concentração na análise dos preços unitários para detectar com segurança possíveis incompatibilidades.
Esse procedimento facilita o acompanhamento dos serviços executados na obra, evita repercussões
indesejadas no seu preço total decorrentes de eventuais aditamentos contratuais, além de minimizar as
eventuais distorções decorrentes da vinculação da variação de qualquer custo direto à variação
indiscriminada de todos os custos indiretos.
239. O que importa é estipular faixas de aceitabilidade para esses itens de forma a coibir valores
abusivos ou injustificados de preços, melhorar a eficiência dos gestores, promover o uso mais racional
dos recursos públicos, bem como assegurar que o procedimento licitatório permita a seleção da proposta o
mais consistente sob o prisma do mercado, e assim, verdadeiramente, a mais vantajosa para a
Administração Pública.
240. A adoção de um BDI a ser observado na composição do preço de uma obra ou serviço de
engenharia encontra amparo na LDO. A Lei determina que o preço de referência das obras e serviços será
aquele resultante da composição do custo unitário direto do Sinapi e do Sicro, acrescido do percentual de
Benefícios e Despesas Indiretas incidente, que deve estar demonstrado analiticamente na proposta do
fornecedor.
241. Observa-se que, assim como se deve determinar o detalhamento dos custos unitários, deve-se
exigir dos licitantes o detalhamento de sua composição de BDI e dos respectivos percentuais praticados,
não só para realização de crítica dos componentes considerados pelos licitantes, mas também para a
formação de uma memória de valores que permita à Administração pública, tendo em vista as
peculiaridades de cada obra e empresa, realizar orçamentos com precisão cada vez maior. Nesse contexto,
é importante considerar que qualquer variável de formação do BDI é passível de ocorrer ou não, incluindo
o lucro e os tributos sobre o lucro.
242. Entende-se, no entanto, que a análise de orçamentos de obras públicas deve ser realizada com
base nos preços dos serviços, isto é, deve ser feita a comparação do preço orçado e/ou contratado com o
preço paradigma de mercado, pois a verificação de apenas um dos componentes do preço – custos
863
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
unitários dos serviços ou taxa de BDI – é insuficiente para constatação da adequabilidade da planilha
orçamentária de uma obra, conforme dispôs a ementa do Acórdão n.1.551/2008 – Plenário:
‘9. Não se admite a impugnação da taxa de BDI consagrada em processo licitatório plenamente
válido sem que esteja cabalmente demonstrado que os demais componentes dos preços finais estejam
superestimados, resultando em preços unitários completamente dissociados do padrão de mercado. Na
avaliação financeira de contratos de obras públicas, o controle deve incidir sobre o preço unitário
final e não sobre cada uma de suas parcelas individualmente. (...), (grifo nosso).’
243. Cumpre ressaltar, também, que é dever do gestor zelar pelo Erário e, portanto, cabe a ele
garantir que, nos contratos firmados, os preços dos serviços estejam adequados, isto é, sejam iguais ou
inferiores aos preços paradigma de mercado, não exista jogo de planilha no orçamento, o projeto básico
seja bem elaborado, contenha orçamento detalhado do custo global da obra fundamentado em
quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados e em custos unitários de serviços
menores ou iguais à mediana do Sinapi e, no caso de obras e serviços rodoviários, à tabela do Sistema de
Custos de Obras Rodoviárias (Sicro) e exista a composição da taxa de BDI adequada à obra.
244. Por fim, as variáveis envolvidas em cada item que compõe o BDI estão em constante mutação,
imprimem um caráter dinâmico ao processo de parametrização, não se configurando como indicadores
absolutos e fixos no tempo. Em cada atividade que se lance, haverá variáveis que não encontrarão
conformidade no todo, mas a construção de um cenário em que o planejamento orgânico e estruturado
esteja presente deixará a Administração Pública menos vulnerável aos erros, menos sujeita às
contingências da improvisação e, por conseqüência, mais próxima aos êxitos e acertos.
IX. CONCLUSÃO
245. O presente processo, por determinação do Acórdão 1.425/2007 – Plenário, versa sobre estudos
acerca de taxas de BDI aceitáveis para diferentes tipos de obra e serviços de engenharia e para aquisição
de materiais e equipamentos com vistas a estipular parâmetros a serem utilizados na contratação de obras
públicas.
246. Nesse sentido, foram coletadas informações junto a órgãos e entidades da União e realizados
levantamentos acerca do detalhamento e dos valores dos BDI em procedimentos licitatórios realizados
por diversos órgãos e em contratos fiscalizados pelo TCU.
247. Os dados receberam tratamento de forma a reduzir o grau de dispersão, e com isso propiciar
valores referenciais aceitáveis e harmônicos. Os estudos procuram contemplar as particularidades de cada
obra, considerando o seu custo, a sua complexidade, o grau de concentração e de interferências
geográficas e a diversidade de materiais.
248. Os dados foram analisados em um único agrupamento para a obtenção de indicadores gerais.
Para obtenção de parâmetros relativos à Administração Central e Lucro para os diferentes tipos e faixas
de custos de obras e serviços de engenharia, os dados foram estratificados por tipo de obra e por faixa de
custo.
249. O objetivo foi encontrar um referencial tanto para os diferentes componentes quanto para o
BDI capaz de possibilitar que o gestor, por exigência legal e sem conhecer características das empresas,
estime o orçamento em consonância com os interesses da Administração pública e do particular, de forma
a viabilizar a realização de obras e serviços de engenharia.
250. Os indicadores foram tabulados e, aplicados a fórmula de cálculo do BDI sugerida no
parágrafo 39, resultaram nas diversas tabelas apresentadas no capítulo VII. As tabelas apresentam faixas
de aceitabilidade para os itens que compõem o BDI, de forma a coibir valores abusivos ou injustificados
de preços e assegurar a seleção da proposta o mais consistente sob o prisma do mercado e
verdadeiramente a mais vantajosa para a Administração pública.
251. Dos estudos podem-se confirmar alguns pontos:
a) embora exista uma aproximação acerca dos componentes do BDI, não há consenso quanto à
fórmula de cálculo nem quanto ao valor das taxas. Esse trabalho busca apresentar parâmetros que possam
favorecer a homogeneização do BDI;
864
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
BDI PARA OBRAS HÍDRICAS - REDES ADUTORAS E ESTAÇÕES ELEVATÓRIA E DE TRATAM ENTO
IV.3. que o pagamento do item Mobilização e Desmobilização seja feito na proporção da execução
física desses serviços, ou seja, considerando o conjunto de equipamentos e pessoal mobilizados, e
conforme previsto no cronograma de desembolso da obra.
V. arquivar o presente processo.”
5. O Diretor da 1ª Secob, no despacho de fls. 98/114, que contou com a anuência do dirigente
daquela unidade técnica especializada, fl. 116, discordou do encaminhamento proposto pela AUFC,
exceto no que diz respeito à formula utilizada para cômputo da taxa de BDI. O dirigente considerou
insuficiente a abrangência das amostras selecionadas para os diferentes tipos de obras, bem como
infactível a obtenção, pelos meios disponíveis, de um número satisfatório de editais/contratos por tipo de
obra, sem um custo elevado de tempo e esforço, o que inviabiliza o controle.
6. Dessarte, a opinião do corpo diretivo da 1ª Secob é no sentido de serem adotados, nas
fiscalizações no âmbito deste Tribunal, para qualquer tipo de obra pública, os valores listados no item 9.2
do Acórdão 325/2007 – Plenário, como faixa referencial para cômputo do BDI, bem como ser
recomendado “às unidades jurisdicionadas ao Tribunal que, na contratação de obras e serviços de
engenharia, adotem, sempre que possível, como critério de medição e pagamento para a ‘administração
local’ da obra, remuneração mensal calculada proporcionalmente entre o valor faturado na medição e o
valor total da proposta da licitante.”
7. Transcrevo a seguir, com os ajustes de forma pertinentes, as ponderações contidas no aludido
despacho que embasaram esse entendimento (fls. 98/113):
“ II – DA FÓRMULA DE CÁLCULO DO BDI
5. A instrução às fls. 23/78 fez uma extensa revisão conceitual das parcelas que devem ou não
compor o BDI, culminando por sugerir um pequeno ajuste na equação para o cálculo do BDI. Propugna-
se pela adoção da seguinte equação, em substituição à apresentada no item 7 do relatório que
fundamentou o Acórdão n. 325/2007 – Plenário:
(1 + ( AC + S + R + G ))(1 + DF )(1 + L )
BDI =
(1 − I )
Em que:
AC é a taxa de rateio da administração central;
S é uma taxa representativa de Seguros;
R corresponde aos riscos e imprevistos;
G é a taxa que representa o ônus das garantias exigidas em edital;
DF é a taxa representativa das despesas financeiras;
L corresponde ao lucro bruto e;
I é a taxa representativa dos impostos (PIS, COFINS e ISS).
6. Considera-se procedente a alteração sugerida, visto que a fórmula constante no relatório do
Acórdão n. 325/2007 – Plenário faz incidir a taxa de riscos e imprevistos sobre as despesas indiretas de
administração central da empresa, causando um ônus indevido à Administração sobre o valor do contrato.
Contudo, a alteração ora proposta é de pequeno impacto na taxa do BDI, pois a incidência do percentual
de riscos e imprevistos sobre a taxa de rateio da administração central onera o BDI em um pequeno
percentual (algo entre 0,05% e 0,1%, dependendo das taxas adotadas).
7. Propõe-se, assim, determinar que a Segecex oriente as Unidades Técnicas do Tribunal a
utilizarem a equação ora proposta sempre que forem estabelecer um BDI paradigma para análise de
preços.
8. Em acréscimo à análise efetuada, ressalta-se que não se pretende impor uma rígida metodologia
ou equação para o cálculo do BDI, mas apenas padronizar a equação a ser utilizada quando as rubricas
referenciais de BDI forem utilizadas na análise de uma situação em concreto.
9. Pretende-se, assim, evitar situações como a constatada no recente Acórdão n. 1.453/2011 –
Plenário, no qual se constatou que o gestor respeitava os limites máximos das rubricas de BDI
apresentadas no item 9.2 do Acórdão 325/2007 – Plenário, mas adotava fórmula de cálculo diversa da
870
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
preconizada no relatório que embasou o referido Acórdão. Como resultado, o valor do BDI utilizado pelo
gestor ficou significativamente superior ao limite máximo apresentado no Acórdão n. 325/2007 –
Plenário. Dessa forma o Tribunal expediu a seguinte recomendação:
‘9.2 recomendar à Companhia de Obras e Habitação do Estado de Sergipe - Cehop/SE, com fulcro
no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/92, c/c o art. 250, inciso III, do Regimento Interno/TCU, que corrija a
metodologia de calculo do BDI aplicado ao orçamento revisado da obra de construção da Cadeia Pública
de Estância/SE, bem como a outras obras custeadas com recursos federais, observando a fórmula
recomendada pelo Acórdão 325/2007 - TCU – Plenário.’
III – DO BDI PRATICADO PELOS ÓRGÃOS E ENTIDADES CONSULTADOS
10. Em seguida, a Auditora encarregada de instruir o processo apresentou vários dados colhidos
junto a alguns órgãos e entidades da Administração Pública Federal: Caixa Econômica Federal, Infraero,
Codevasf, Dnocs, Ministério da Integração Nacional, Dnit e Centran. Na tabela a seguir, apresenta-se uma
compilação dos resultados obtidos para a execução de obras:
Órgão/Entidade BDI
12. Feitas essas considerações, pode-se concluir que todos os órgãos/entidades consultados
trabalham com um BDI referencial coincidente ou compreendido no intervalo da faixa referencial do
Acórdão n. 325/2007 – Plenário.
13. A partir dos tópicos seguintes, inicio a análise da instrução às fls. 23/78. Na primeira parte,
discuto os problemas e limitações das amostras de editais e contratos utilizadas nas análises procedidas na
instrução. Na segunda parte, discorro sobre a análise individualizada dos itens adotados na composição do
BDI. Na terceira parte, apresento uma análise de mérito alternativa para o BDI, a partir da amostra de
dados deste processo, com proposta de encaminhamento ao final.
IV – ANÁLISE E DISCUSSÃO DA ABRANGÊNCIA DA AMOSTRA
14. A Auditora obteve uma amostra de editais, extraída do sistema Comprasnet (tabela 26, anexo I),
e outra amostra de editais e contratos fiscalizados pelo TCU (tabela 27, anexo II). As amostras foram
agrupadas em uma única tabela (tabela 28, anexo III) e abrangeram as seguintes tipologias de obras e
serviços de engenharia:
Obras de edificação – construção;
Obras de edificação – reforma;
Obras hídricas – irrigação e canais;
Obras hídricas – saneamento básico;
Obras hídricas – redes adutoras, estações de tratamento e elevatórias;
Obras portuárias – estruturas portuárias;
Obras aeroportuárias – pátios e pistas de pouso;
Obras aeroportuárias – terminais de passageiros;
Obras rodoviárias e ferroviárias;
Fornecimento de equipamentos e materiais relevantes.
15. Para possibilitar a comparação entre as diversas metodologias de cálculo do BDI e para excluir
itens do BDI cujo entendimento do TCU é de que devam compor o custo direto da obra, foi criada a
coluna BDI FÓRMULA PROPOSTA’, na qual se calculou o BDI do contrato/edital constante da amostra,
excluindo-se a administração local de sua base de cálculo e aplicando-se a fórmula apresentada no item 5
deste despacho sobre as rubricas que compõem o BDI.
16. Verifica-se que o universo amostral corresponde a 159 editais e contratos analisados para
diferentes tipologias de obras, assim distribuídos:
Tipo de Obra Tamanho Observação
da
Amostra
Edificações – 32 Apenas duas obras na amostra com valor acima
Construção de R$ 150 milhões.
Edificações – Reforma 15 Apenas obras de valor inferior a R$ 4 milhões na
amostra.
Hídricas – Irrigação, 25 Amostra distorcida com 14 obras referentes aos
Barragens e Canais trechos da Transposição do Rio São Francisco. A
obra do Canal do Sertão Alagoano teve o seu
preço questionado pelo TCU.
Hídricas – Adutoras, 7 Amostra reduzida. Nenhum dado abaixo de R$
ETA’s 3,9 milhões e acima de R$ 125 milhões.
Saneamento 10 Oito itens da amostra referem-se a
contratos/editais da Codevasf. Todas as obras
abaixo de R$ 26 milhões.
Obras Portuárias 4 Três quartos da amostra são referentes às obras
de reconstrução do Porto de Itajaí. O TCU
apontou sobrepreço na ampliação do Cais do
Porto de Vitória.
Aeroportos – Pátios e 9 Todas as obras da amostra com valores abaixo de
872
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
fica prejudicada, tal conclusão faz sentido não pela insuficiência da amostra em si, que pode inclusive ser
suficiente para aquele intervalo de valores, mas pela impossibilidade que daí decorre de estender os
resultados estatísticos obtidos a partir da amostra a todas as faixas de valores de obras, conforme proposto
na instrução. Em resumo, significa dizer que os resultados estatísticos de uma amostra que tenha apenas
valores globais abaixo de 5 milhões de reais, por exemplo, não podem ser utilizados para o
estabelecimento de valores referenciais de BDI para obras acima de 150 milhões de reais.
24. Pode-se concluir no mesmo sentido com relação aos tipos de obras em que a coleta de
editais/contratos se restringe a alguns poucos órgãos contratantes. É o caso, por exemplo, da amostra
obtida das obras de irrigação e canais, em que há predominância de editais/contratos da Codevasf e do
Ministério da Integração Nacional. Nesse caso, embora os valores das obras da amostra sejam uniformes
e abrangentes, variando de 120 mil a 430 milhões de reais, a concentração dos dados amostrais em apenas
dois órgãos contratantes pode acabar direcionando os resultados das análises para valores de BDI que os
próprios órgãos utilizam em suas contratações, e que não necessariamente representam a média dos
valores praticados pelos diversos contratantes de obras de irrigação e canais.
25. Ademais, aqui cabem alguns esclarecimentos importantes. Em primeiro lugar, observou-se uma
grande dificuldade em se encontrar editais e contratos de variados órgãos e entidades para o mesmo tipo
de obra, incluindo aqueles de entes estaduais e municipais. Tanto os dados cadastrados no sistema
SIASG, de onde foram pesquisados vários dos editais das amostras, quanto os editais e contratos
fiscalizados pelo TCU, se referem a recursos federais aplicados diretamente pelos órgãos e entidades da
União ou repassados por meio de transferências voluntárias a outros entes federativos. Assim, pelas
próprias limitações inerentes ao processo de pesquisa de editais/contratos observadas no âmbito deste
processo, ficaram excluídas das amostras contratações financiadas com recursos estaduais e municipais.
26. Outra dificuldade não menos importante refere-se à constatação, durante o trabalho de pesquisa
dos editais/contratos, de que a maioria deles não continha nem a composição nem os valores dos itens do
BDI, inviabilizando sua seleção, na medida em que a ausência desses dados os inutilizaria para fins de
compor as amostras. A Auditora responsável pela instrução chegou a pesquisar mais de mil editais e
contratos, sendo que restaram 159 na amostra final, demonstrando que a maioria deles não possuía os
dados mínimos necessários para fazer parte do universo amostral, a exemplo da composição do BDI. Tal
situação é reveladora da dificuldade concreta de se proceder adequadamente aos estudos determinados
nos termos do item 9.7 do Acórdão n. 1.425/2007 – Plenário.
27. Outra questão que releva notar diz respeito às limitações naturais inerentes ao universo que se
toma para fins de seleção dos valores amostrais de BDI. As premissas e valores estabelecidos no Acórdão
n. 325/2007-PL, desde que ele foi prolatado em 2007, vêm sendo aos poucos incorporados pelos órgãos e
entidades públicos, especialmente no âmbito federal, na elaboração de seus orçamentos base para fins de
licitação. Embora ainda haja muitos contratantes que não o adotem, lembrando que o acórdão não obriga
nenhum órgão ou entidade a segui-lo, boa parte deles procuram orientar-se pelas suas premissas e faixas
referenciais de valores para os itens que compõem o BDI em seus orçamentos, sabendo que a
jurisprudência do TCU tem entendido que tais valores são adequados como referenciais de BDI
paradigma para fins de análise de sobrepreço em orçamentos em vários tipos de obras.
28. Citem-se, como exemplo, os Acórdãos ns. 1.482/2008 e 93/2009, ambos do Plenário. No
primeiro, relativo à realização das obras de drenagem do Igarapé Samaúma, no Estado de Roraima,
conforme trecho do relatório que antecede o voto, ‘a mencionada decisão [AC- n. 325/2007-Plenário]
refere-se a linhas de transmissão e subestações, entretanto serve como referência para qualquer obra de
engenharia. Não se vislumbra uma maior complexidade das obras de drenagem de um igarapé em relação
às mencionadas linhas de transmissão’.
29. O segundo acórdão trata de contrato de obra integrante do projeto de Modernização e
Adequação do Sistema de Produção da Refinaria Presidente Vargas - Repar/Petrobras. No voto que o
antecede, extrai-se trecho afirmando que ‘esta deliberação [AC-325/2007-Plenário] procura fixar limites
percentuais para os componentes da taxa de BDI aplicável a obras de transmissão de energia elétrica. Tais
limites têm sido estendidos a outros tipos de obra, o que levou a Secex/PR a utilizá-los na avaliação do
contrato citado.’
874
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
30. Desse modo, pode-se concluir que, além dos problemas anteriores, as amostras também podem
estar distorcidas em decorrência da adoção, por vários órgãos contratantes, dos valores recomendados
pelo AC-325/2007-Plenário em suas licitações. O citado acórdão acabou moldando e condicionando os
valores de BDI adotados por muitos órgãos em suas contratações, haja vista ser ele uma referência
consolidada e aceita pelo TCU e por expressiva parte da Administração Pública. Daí decorre que, como
grande parte dos editais/contratos das amostras é de data posterior a 2007, os resultados podem vir
acompanhados de distorções em relação ao real valor buscado de BDI, direcionando os valores obtidos
das análises estatísticas aos do próprio AC-325/2007-Plenário.
31. Não se vislumbra, porém, alternativa viável que pudesse minimizar esse problema. Sabe-se que
as taxas de BDI são bastante variáveis e dependem desde o porte e estrutura de cada empresa até a
localização geográfica e especificidades técnicas de cada empreendimento. Conhecer o real BDI praticado
pelas empresas seria tarefa quase impossível, porquanto acabaria demandando imensa pesquisa junto a
entidades privadas, com grande possibilidade ainda de se revelar infrutífera, tendo em vista os problemas
acima acenados, bem como a lógica de mercado adotada individualmente por empresa, que faz com que o
BDI seja de difícil parametrização sob a ótica estrita da análise da forma de sua adoção pelas entidades
privadas.
32. Para exemplificar, podemos nos ater ao item Administração Central, que tem na determinação
de sua taxa uma das questões mais complexas do estudo do BDI. Toda empresa possui uma estrutura
administrativa com custo e dimensão próprios. A sua representação no BDI de uma obra é definida
estabelecendo em que proporção esse custo é apropriado como despesa de uma obra. Pode ser de forma
integral, quando a empresa executa apenas uma obra, de forma parcial, na hipótese de rateio entre várias
obras executadas pela empresa ou, até mesmo, não ser apropriada em uma obra específica, caso a empresa
tenha como alocar esses custos em outras atividades.
33. O Instituto de Engenharia define como rateio da administração central a parcela de despesa da
Administração central debitada à determinada obra segundo os critérios estabelecidos pela direção da
empresa. As despesas da Administração central são aquelas incorridas durante um determinado período
com salários de todo o pessoal administrativo e técnico lotado na sede central, no almoxarifado central, na
oficina de manutenção geral, pro labore de diretores, viagens de funcionários a serviço, veículos,
aluguéis, consumos de energia, água, gás, telefone fixo ou móvel, combustível, refeições, transporte,
materiais de escritório e de limpeza, seguros, etc.
34. Diversos fatores podem influenciar as taxas de administração central praticadas pelas empresas.
Dentre eles podem ser citados: estrutura da empresa, número de obras que a empresa esteja executando no
período, complexidade e prazo das obras, bem como o faturamento da empresa. Assim, compor a taxa de
Administração Central depende dos gastos de cada empresa, os quais são extremamente variáveis em
função do seu porte e dos contratos que são por ela administrados. Para se ter uma ideia, a literatura
técnica mais abalizada sugere taxas de administração central que vão desde 2% até 15% do custo direto.
35. Para ilustrar uma metodologia para o cálculo do rateio da administração central, cita-se o
trabalho desenvolvido pelo CREA/PB, cuja fórmula de cálculo é dada por:
37. No entanto, a Administração Pública, como contratante, em nome do interesse público e dos
princípios administrativos, não pode se furtar de conduzir suas contratações utilizando-se de referências
de preços condizentes com a realidade de mercado. Dessa forma, se revela adequado e necessário que
existam referências para o BDI de obras contratadas pelo poder público, mesmo sabendo-se que suas
taxas têm características específicas e são formadas de modo particular por empresa em cada
empreendimento.
38. Portanto, admitindo-se que é dever da Administração sempre buscar, na medida do possível,
refletir suas taxas de BDI em valores médios que sejam coerentes com os adotados pelo mercado, não
deixa de ser plausível admitir que os editais e contratos da Administração acabem representando a
população da qual se pretende obter os dados estatísticos relacionados às taxas de BDI, mesmo que se
reconheça a existência de certas limitações, a exemplo da possibilidade de distorção dos dados decorrente
do que foi comentado em relação à crescente influência das disposições do AC-325/2007-Plenário nos
orçamentos das licitações públicas.
39. Ademais, tendo-se em vista que nas licitações públicas normalmente os critérios de
aceitabilidade de preços utilizados nos julgamentos das propostas não diferenciam limites máximos para
custo direto e BDI separadamente, e sim para preço unitário dos itens ou preço global da obra, as taxas de
BDI contratuais, ofertadas pelas licitantes vencedoras, tendem a representar mais adequadamente as taxas
próprias reais das empresas contratadas, visto que não sofrem limitação de valor em relação às taxas de
BDI previstas nos editais. Portanto, a existência de contratos, e não somente de editais, nas várias
amostras obtidas, conferiram maior legitimidade aos dados, aproximando-os um pouco mais das taxas
reais pretendidas.
V – ANÁLISE INDIVIDUALIZADA DOS ITENS DA COMPOSIÇÃO DO BDI
40. Antes de adentrar no mérito principal deste despacho, cabe enaltecer a qualidade da instrução
com relação à análise individualizada de cada item que compõe o BDI, conforme descrito no item VI da
instrução precedente (fls. 42/55). Foram abordados aspectos qualitativos e conceituais, além de
apresentadas referências da literatura técnica sobre o BDI e seus itens constituintes, resultando em
informações substanciais que enriqueceram o corpo da instrução.
41. Cabem aqui alguns comentários sobre as parcelas do BDI, em contribuição ao texto da
Auditora. Em relação à administração central, a fórmula estabelecida no item 116, que preconiza que a
soma das administrações local e central permanece constante, guarda bastante coerência e sentido lógico
com o observável na prática. A tendência é que quanto maior o número de obras que uma empresa realiza
ao mesmo tempo, mais diluído será seu gasto de administração central por obra e, inversamente, maiores
serão suas despesas de administração local, haja vista que uma estrutura mínima técnica e administrativa
deverá ser montada no local de cada empreendimento.
42. Da mesma forma, não restam dúvidas, pelo gráfico do item 122, que o percentual de
administração central decresce com o valor da obra, conforme constatado com os dados de editais e
contratos coletados neste trabalho. Outrossim, releva notar a grande dispersão dos valores nesse mesmo
gráfico, entre 2% e 11%, também observável no histograma de frequência apresentado no item 123, o que
vem ao encontro do que dizem vários renomados autores da área de orçamentação de obras públicas
citados pela Auditora quanto à normal variabilidade dos percentuais encontrados de administração
central.
43. Em relação ao item de despesas financeiras, considero muito útil e correta a utilização da
expressão definida no item 138 para o cálculo da remuneração dessa categoria de despesa, em que se leva
em conta a incidência apenas da taxa básica de juros da economia, sem a presença de um fator
multiplicativo com a inflação do período, conforme preconizado equivocadamente por alguns autores, a
exemplo do demonstrativo do BDI do DNIT atualmente em vigor. O citado demonstrativo apresenta a
seguinte expressão para o cálculo da rubrica de custo financeiro a ser incluída no BDI:
CF = ((1+SELIC)1/12 x (1+INFL)1/12 -1)
44. A referida expressão apresenta inconsistências sob o ponto de vista financeiro. Afinal, a taxa
Selic é uma taxa de juros nominal, não devendo ser acrescida de qualquer parcela de correção monetária
para efeitos de remuneração do capital. Não se tem conhecimento de alguma aplicação financeira que
876
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
renda a taxa Selic acrescida de uma taxa inflacionária, tampouco algum título público federal é
remunerado segundo essa metodologia. O TC-008.233/2010-1 trata de representação conjunta da Secob-1
e da Secob-2 questionando a pertinência do aumento ocorrido na taxa de BDI do DNIT de 19,6% para
27,84% ocorrida em outubro/2009. A expressão adotada pelo órgão para calcular o custo financeiro do
BDI está sendo discutida nos autos daquele processo.
45. Também são pertinentes as obsevações da Auditora com respeito à desconsideração de qualquer
despesa financeira no BDI quando há previsão de antecipação de pagamentos e à diferenciação entre
índice de correção monetária do contrato e taxa real de inflação, que não deve levar à conclusão de que o
descompasso entre sua evolução acarreta despesa financeira.
46. Os itens de riscos, seguros e garantias sempre geram controvérsias por serem de difícil
precificação. A instrução trata de maneira abrangente os principais aspectos relativos a essas parcelas. Os
riscos envolvidos nos empreendimentos merecem alguns comentários adicionais. O item de riscos e
imprevistos do BDI objetiva cobrir eventuais custos a recair sobre a contratada decorrente de situações
imprevisíveis que possam vir a onerar o contrato durante a execução das obras, por diversos fatores
aleatórios e incontroláveis de antemão.
47. Há uma diversidade de riscos passíveis de ocorrência na execução de uma obra. Existem riscos
internos, tais como deficiências de projetos e especificações, falhas e omissões nos orçamentos, definição
incompleta de quantitativos, entre outros, que geram custos adicionais a serem incorridos no decorrer da
construção. Por outro lado, existem os riscos externos, tais como problemas com fornecedores,
paralisações ou greves de funcionários, condições climáticas adversas, condições geológicas inesperadas,
atrasos na emissão de licenças, atrasos no recebimento de serviços executados, prorrogações inesperadas
de prazos com alterações no cronograma físico-financeiro, entre outros tantos riscos possíveis.
48. Para tanto, o Instituto de Engenharia define taxa de risco do empreendimento como aquela que
se ‘aplica para empreitadas por preço unitário, preço fixo, global ou integral, para cobrir eventuais
incertezas decorrentes de omissão de serviços, quantitativos irrealistas ou insuficientes, projetos mal
feitos ou indefinidos, especificações deficientes, inexistência de sondagem do terreno, etc’.
49. Uma questão que merece destaque é que os riscos assumidos pelas contratadas são diferentes se
comparados empreendimentos financiados pelos setores privado e público. Nas contratações privadas, o
nível de risco é substancialmente maior, haja vista que os contratos privados de empreitada normalmente
não cobrem uma gama de riscos que os contratos administrativos, por lei, permitem cobrir. Portanto, a
definição do Instituto de Engenharia no parágrafo acima se aplica prioritariamente aos contratos privados,
porquanto os instrumentos previstos na Lei 8.666/1993 minimizam acentuadamente as incertezas no
âmbito dos contratos administrativos. A literatura técnica segue a mesma tendência, ao estabelecer
valores notadamente altos para o percentual de riscos no BDI, em consonância com a realidade do
mercado privado.
50. Nos contratos administrativos, por exemplo, utilizando-se da previsão legal das alterações
contratuais unilaterais, conforme o art. 65 da lei de licitações, as modificações dos projetos ou das
especificações, ou ainda dos quantitativos dos objetos, minimizam os riscos da contratada decorrentes da
inadequação dos projetos e especificações.
51. Do mesmo modo, a previsão legal do restabelecimento do equilíbrio econômico financeiro dos
contratos públicos na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências
incalculáveis, conforme estabelece o art. 65, II, d, da Lei n. 8.666/1993, garante ao contratado a
manutenção da relação inicialmente pactuada com a Administração, livre dos riscos que nos contratos
privados não necessariamente estariam acobertados, em nome do princípio que não tolera o
enriquecimento ilícito do poder público em detrimento de seus contratados se estes tiverem que assumir
um ônus financeiro excessivo não previsto nas suas prestações.
52. Portanto, a blindagem dos empreiteiros em relação às situações imprevistas, especialmente
aquelas decorrentes de aspectos que são definidos antes das licitações, como concepção e planejamento,
projeto e custos das obras, é maior nos contratos públicos, o que minimiza seus riscos e, por
consequência, justifica um percentual menor de sua parcela no BDI quando se tratar de contratos de obras
públicas. Os riscos externos, porém, permanecem em alguma medida, mesmo nos contratos de regime
877
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
público. Assim, problemas com fornecedores, mão de obra, pequenos aumentos acima da inflação de
alguns insumos, condições climáticas e locais adversas, entre outros, entram na contabilização da taxa de
risco a ser acrescentada ao BDI.
53. No entanto, mesmo para alguns fatores externos ao contrato, a lei de licitações prevê a
recomposição, eliminando riscos que de outro modo seriam suportados pela contratada. É o caso da
previsão dos §§ 4o e 5o do art. 65 da lei. Neste último, por exemplo, está estabelecido que quaisquer
tributos ou encargos legais criados, alterados ou extintos, após a data da apresentação da proposta, que
tenham comprovada repercussão nos preços contratados, implicarão a revisão destes para mais ou para
menos, conforme o caso. Tal comando evita que o empreiteiro suporte os riscos financeiros decorrentes
de aumentos na carga tributária durante a execução do contrato.
54. O regime de execução contratual tem também relação direta com o nível de risco a ser
suportado pela contratada. No regime de administração, por exemplo, que não está previsto na Lei
8.666/1993, a contratada não incorre em risco algum, haja vista que todo o valor despendido na obra é
pago integralmente pelo contratante mediante confirmação dos serviços executados. Nas empreitadas por
preço unitário, muito comuns nos contratos públicos, os riscos de quantitativo e geológico, por exemplo,
são praticamente eliminados, porquanto a contratada receberá por unidade medida e executada daquilo
que efetivamente executou. Por outro lado, corre-se o risco dos custos dos insumos ficarem acima dos
previstos para elaboração da proposta da licitante.
55. Nas empreitadas por preço global e integral, os riscos das contratadas são maiores do que nas
empreitadas por preço unitário, já que o contrato é pelo preço certo e total, independentemente dos
quantitativos executados e preços efetivamente incorridos pela empreiteira. Por isso, o art. 47 da Lei de
Licitações estabelece que os projetos básicos e orçamentos estimativos da administração estejam muito
bem detalhados e tenham informações atualizadas e completas se adotados esses regimes. De sua parte, a
contratada deverá avaliar muito bem os elementos de projeto e só aceitar participar da licitação se este
apresentar um nível suficiente de precisão que permita assumir os riscos sem maiores consequências para
ela.
56. Em relação à parcela de tributos no BDI, ressalta-se a imprescindibilidade de considerar
variável a taxa de incidência do ISS no BDI, a depender da alíquota praticada no(s) município(s) em que
se realiza(m) a obra, bem como a base de incidência que deve apenas considerar a parcela do preço venda
correpondente à prestação de serviços, excluindo-se o custo dos materiais da base de cálculo do referido
tributo.
57. Por fim, o lucro é outra parcela reconhecidamente complexa de se estimar, apresentando grande
variação de valores propostos entre os autores da área e também nos adotados pelos órgãos públicos em
suas licitações. No entanto, parece estar demonstrado, conforme o item 188 da instrução, que o lucro
tende a ser inversamente proporcional ao valor da obra, conforme de fato esperado.
VI – ANÁLISE ALTERNATIVA DO BDI COM DADOS COMPLETOS DA AMOSTRA
58. Voltando ao exposto no tópico IV deste despacho, conclui-se que as deficiências inerentes ao
processo de seleção de editais e contratos para a obtenção de amostras de BDI de diferentes tipos de obras
acabou por inviabilizar as análises deste processo. Ressalte-se que não foi pela falta de esforço e
comprometimento empreendidos durante o trabalho de instrução, o qual, diga-se de passagem, deve ter
seu mérito reconhecido, mas pela própria natureza dos estudos pretendidos, em que se pôde constatar sua
quase inviabilidade diante dos inúmeros problemas e limitações observáveis em relação às questões que
envolvem o BDI.
59. Constata-se que a Auditora adotou certas premissas em sua metodologia, descritas no item VII
da instrução, tendo seus parâmetros sido calibrados e utilizados sem discriminação para todos os tipos de
obras, evitando-se distorções metodológicas que pudessem ocorrer nos resultados entre um e outro tipo.
No entanto, é impossível sustentar os resultados não só da metodologia proposta, mas de qualquer outra
que fosse alternativa a ela, por melhor estruturada que pudesse vir a ser, se a base de dados sobre a qual
repousam seus resultados for incompleta e insuficiente.
60. Portanto, reconhecendo-se a complexidade do trabalho, porém consciente das limitações
oriundas da base de dados de editais e contratos em que os resultados foram construídos, sem deixar de
878
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
apreciar o corpo metodológico construído ao longo da instrução precedente, considero prematuro aprovar
as tabelas de percentuais limites para o BDI e seus itens a serem utilizadas pela administração pública
como faixa referencial para os diversos tipos de obras e serviços, conforme proposto no item 256 da
instrução principal deste processo.
61. No entanto, não se pode perder a oportunidade de aproveitar os estudos e análises realizados
neste processo e vários de seus resultados para melhor concluir sobre os valores das taxas de BDI que
sejam adequados à utilização como paradigmas pelo TCU em suas fiscalizações de obras. Sabe-se que o
tema do BDI é reconhecidamente complexo e sempre possibilitou várias discussões nas deliberações do
Tribunal. Disso decorre a preocupação no aprofundamento do tema, visto que ele influencia diretamente
as decisões do TCU e a obtenção de valores justos em relação ao sobrepreço e outros achados correlatos
em auditorias de obras públicas. Nesse sentido, a determinação do item 9.7 do Acórdão n. 1.425/2007 –
Plenário, objeto do presente processo.
62. De plano, ressalte-se que é temerário, no presente momento, tendo-se em vista as informações
disponíveis, estabelecer taxas diferenciadas de BDI por tipo de obra. Corre-se o risco de cometer erros ao
estabelecer valores médios e limites de BDI por tipo de obra com base em dados insuficientes para
embasar uma análise que seja ao mesmo tempo sustentável e apresente robustez, o que poderia gerar
sérios questionamentos dos jurisdicionados quanto à sua idoneidade.
63. Em segundo lugar, na esteira das comentadas insuficiência e incompletude de dados e
informações sobre o BDI, revela-se igualmente inadequado, por ora, que sejam adotados valores
diferenciados de BDI e seus itens por faixa de valores das obras. Relembrando, a proposta da Auditora
leva em consideração faixas de valores referenciais definidos nas tabelas da proposta de encaminhamento
às fls. 73/78. São elas: até R$ 150.000,00, de R$ 150.000,01 até R$ 1.500.000,00, de R$ 1.500.000,01 até
R$ 75.000.000,00, de R$ 75.000.000,01 até R$ 150.000.000,00 e acima de R$ 150.000.000,00.
64. Embora se reconheça que a lógica permite indicar que o BDI seja variável com o valor da obra,
estabelecer valores limites de BDI e de seus itens para cada faixa de valor das obras não é tarefa trivial e
conclusiva. Para que se consiga segurança numa análise dessas, deve haver um número grande de dados
dentro de cada uma das faixas descritas no item precedente, para cada tipo de obra. Fazer inferências
sobre valores de uma faixa para a qual não se conhecem dados amostrais a partir de valores de outras
faixas em que eles sejam conhecidos pode não traduzir de forma correta a realidade que se pretende
conhecer.
65. Sendo assim, é inegável que, se a amostra de BDI, para um dado tipo de obra, contém apenas
dados de faixas específicas de valores contratados, proceder a uma análise estatística que estenda os
resultados a outras faixas carece de comprovada fundamentação. Conclui-se, assim, pela existência de
uma desconformidade entre a proposta metodológica e os resultados alcançados por meio de sua
aplicação, pois sua confiabilidade fica comprometida, tendo em vista que a análise carece de uma base
mais completa de dados amostrais.
66. Cite-se, por exemplo, o pressuposto metodológico que estabelece que, para cada tipo de obra,
escolhe-se como referência a faixa em que há a maioria dos dados da amostra e se calculam os valores
médios dos itens de administração central e lucro com os dados amostrais obtidos dessa faixa selecionada.
Com essas médias, soma-se ou subtrai-se o percentual fixo de 0,5% para obtenção dos valores da
administração central e do lucro das demais faixas, dependendo se diminuem ou aumentam os valores
globais de cada faixa. A validação desses resultados, porém, fica impossibilitada por dois problemas.
Primeiro, porque há uma quantidade pequena de dados amostrais dentro de cada faixa, mesmo tomando-
se as faixas de referência utilizadas para o cálculo das médias, conduzindo a resultados com elevada
imprecisão. Segundo, porque não há como validar os valores de BDI obtidos para as outras faixas, já que
em muitos casos não há sequer um dado amostral nelas compreendido que sirva de comparação para fins
de validação.
67. Portanto, vê-se que as deficiências da amostra também impossibilitam, além da classificação do
BDI por tipo de obra, que haja confiabilidade em relação aos resultados do BDI e de seus itens por faixas
de valores das obras, embora os conceitos metodológicos utilizados na instrução estejam adequados.
879
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Assim, diante das limitações apresentadas, no escopo deste processo, entendo que não é prudente
estabelecer taxas diferenciadas de BDI por faixas de valores contratados.
68. No entanto, não se pode desperdiçar a possibilidade de se proceder a alguma análise mais geral
com os dados obtidos, abandonadas as pretensões de classificação do BDI e seus itens por tipo e valor
global das obras. Pode-se fazer uma análise direta com todos os dados obtidos como se fosse uma única
amostra. Embora não seja o objetivo central pretendido pelo presente estudo, algumas conclusões
interessantes podem ser alcançadas.
69. Tomando-se, por exemplo, os dados da tabela 28 do anexo III (fls. 82), que reúne os editais
pesquisados e os editais/contratos fiscalizados pelo TCU, excluídos aqueles relativos à engenharia
consultiva e fornecimento de materiais e equipamentos, tem-se um total de 104 objetos para os quais se
conhece ao mesmo tempo o valor da obra e o valor do BDI calculado pela fórmula proposta no trabalho.
É possível, portanto, com essa base amostral mais ampla que engloba todos os tipos de obras pesquisados,
fazer algumas análises expeditas.
70. Observando-se a citada tabela, nota-se a necessidade de alguns ajustes a fazer para os fins aqui
buscados. Alguns editais da Codevasf constantes da tabela, por exemplo, referem-se a serviços/obras, nos
quais os valores de BDI são diferenciados em relação ao BDI de materiais e equipamentos que incide
sobre parcela expressiva do mesmo edital. Desse modo, conhecendo-se as duas taxas de BDI diferenciado
e os totais da obra relativos a serviços e materiais, pode-se encontrar um BDI médio, ponderado pelos
valores de cada parcela sobre a qual incide as taxas de BDI diferenciadas.
71. Sete editais da tabela da Codevasf estão nessa situação. Desses, em três deles foi possível, pelo
site da Companhia, encontrar os valores discriminados das parcelas relativas a serviços e materiais do
total da obra. Na tabela abaixo, apresenta-se o cálculo do BDI ponderado para esses editais (CP 01/2010,
CP 004/2010 e CP 25/2010). Para os editais TP 36/2009 e CP 124/2009, os dados não estão acessíveis na
internet, e para os editais CP 29/2009 e CP 021/2010, não há dados do BDI dos equipamentos nas
amostras originais da instrução. Esses quatro últimos foram então retirados da amostra para que não haja
distorção nas análises.
Cálculo do BDI ponderado para os editais da Codevasf
Edital BDI Serviços BDI Mat/Eq Valor Serviços Valor Mat/Eq BDI Ponderado
mínimo de 16,00. Eliminando-se esses pontos extremos da tabela, chega-se a uma amostra menor com 96
editais/contratos, livre dos outliers, a qual contempla medidas mais resistentes.
76. Os três valores de BDI extremos excluídos da amostra correspondem a obras de pequeno valor,
não afetando, qualitativamente, a dispersão original. O BDI de 33,83% corresponde a uma obra de
reforma de prédio de R$ 889.447,78, o de 37,15% a outra obra de reforma de um posto policial de R$
196.330,04 e o BDI mais alto, de 43,72%, a uma obra de construção de uma agência do INSS. Vê-se,
portanto, que se trata de obras de pouca representatividade material.
77. Sobre essa nova amostra, pode-se então calcular uma nova média e um novo desvio padrão.
Para fins de análise, toma-se um intervalo de confiança de 90% da área sobre a curva normal
(correspondente à média (+/-) 1,65 vezes o desvio padrão), o qual resulta nos valores descritos abaixo.
Média do BDI da Nova Amostra = 24,32%
Desvio Padrão do BDI da Nova Amostra = 3,75%
Intervalo de Confiança = (MED – 1,65xDP ; MED + 1,65xDP) = (18,13% ; 30,50%)
78. Os resultados do parágrafo acima partiram da premissa de que os valores médios, máximos e
mínimos de BDI seriam aqueles correspondentes ao intervalo de confiança de 90% da curva normal. A
premissa de que os dados de BDI obedecem à distribuição normal é bastante razoável. Para tanto, recorre-
se ao histograma apresentado no item 107 da instrução, que mostra uma boa aderência das frequências à
curva normal, considerando os dados coletados.
79. A intenção dessa simples análise não é a de estabelecer parâmetros para o BDI que sejam
propostos para aprovação pelo Tribunal, mesmo porque padeceria dos mesmos vícios da proposta da
instrução que estão sendo apontados neste despacho, mas de servir de comparação com as taxas de BDI
sugeridas pelo Acórdão n. 325/2007-PL, haja vista a existência de jurisprudência do Tribunal que o
aponta como aplicável não somente a obras de linhas de transmissão, mas a todos os demais tipos de
obras.
80. Assim, comparando-se os resultados acima obtidos com os preconizados pelo AC-325/2007-
Plenário para o BDI, obtém-se:
mínimo média máximo
BDI - AC-325/2007-PL 16,36 22,61 28,87
BDI - análise presente 18,13 24,32 30,50
81. Da tabela acima, segue uma imediata conclusão. Observa-se que os três valores de BDI
analisados, mínimo, médio e máximo, encontram-se ligeiramente acima dos seus correpondentes do AC-
325/2007-PL, com diferenças bem próximas, 1,77% para o mínimo, 1,71% para a média e 1,63% para o
máximo. A adoção de outros valores para o intervalo de confiança, que não o de 90% da área sobre a
curva normal, diminuiria ou aumentaria as diferenças entre os extremos (máximo-mínimo) ou entre eles e
a média (média-mínimo e máximo-média), bem como as diferenças entre os valores máximos e mínimos
do BDI do AC-325-PL e os obtidos na presente análise.
82. Entende-se que, se por um lado, a escolha de um percentual para o intervalo de confiança é um
tanto arbitrária para estabelecer limites para as taxas de BDI, o que pode ser dito em relação ao valor de
90%, por outro, via reversa, esses mesmos 90% dão sustentação às conclusões dos itens 80 e 81 acima, as
quais permitem afirmar com certa convicção que os valores do AC-325/2007-PL encontram-se
razoavelmente embasados para representar o BDI de qualquer tipo de obra.
83. A mesma análise procedida para o BDI (exclusão dos outliers com intervalo de confiança de
95% e cálculo posterior com os dados restantes dos valores médio, máximo e mínimo com intervalo de
confiança de 90% sobre a curva normal) pode ser feita para os itens do BDI, utilizando-se dos mesmos
dados coletados informados na tabela do anexo ao despacho. Comparando-se com os valores constantes
do item 9.2 do AC-325/2007-PL, chega-se aos resultados apresentados abaixo.
881
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
‘9.1. dar conhecimento desta deliberação à Codevasf a fim de que, tendo em vista o achado
transcrito no relatório que acompanha este Acórdão, avalie a conveniência de:
9.1.1. revisar o cronograma físico-financeiro do empreendimento;
9.1.2 adotar forma de pagamento similar à preconizada no item 10.1 do Edital 02/2007 do
Ministério da Integração Nacional relativamente à administração local;’
92. Verifica-se não haver confronto do citado precedente com jurisprudência deste Tribunal
tratando de despesas relativas à administração local de obras e serviços de engenharia. Explica-se melhor
a seguir.
93. O Acórdão n. 3.103/2010 – Plenário julgou relatório de auditoria realizada nas obras de
implantação do sistema adutor de Guanambi/BA, executada no âmbito do Fiscobras/2010. A principal
constatação da equipe da auditoria consistia na inadequação do cronograma físico-financeiro anexo ao
Edital n. 21/2010, o qual previa um prazo de execução de apenas 12 meses para executar grande extensão
de adutoras.
94. Segundo consubstanciado no relatório que embasou o referido Acórdão, a análise da
produtividade da mão de obra constante nas composições de custo unitário, anexas ao edital, demonstrou
a necessidade de um prazo maior para execução do empreendimento ou de um efetivo de mão de obra
superior ao estimado no cronograma fornecido pela Codevasf. Constatou-se, também, a ausência de
previsão no edital de critério de medição e pagamento das despesas de administração local da obra.
Assim, caso o problema apontado pela equipe de auditoria se concretizar, ou seja, se o prazo previsto para
a conclusão da obra não for cumprido, a remuneração do item administração local poderá ser superior ao
estimado pela Codevasf.
95. Diante do exposto, o Tribunal recomendou à Codevasf a adoção de um critério de medição e
pagamento para a administração local com valor proporcional ao faturamento dos serviços de obras civis
e de acordo com o montante global ofertado pelo licitante. Dessa forma, mitiga-se o risco de extrapolação
dos custos de execução da obra advindos de atrasos na sua execução.
96. Assim, no precedente citado, não houve mudança de entendimento do Tribunal sobre o tema.
Ao contrário, o entendimento de que a administração local deve ser incluída nos custos diretos da obra
saiu fortalecido, conforme consubstanciado no voto condutor do Acórdão n. 3.103/2010 – Plenário:
‘8. Pela leitura dos termos do Edital n. 21/2010, o item administração local, conforme anotado pela
equipe de auditoria, está corretamente incluído nos custos diretos da obra, de acordo com o entendimento
firmado expressado no item 41.5 do Roteiro de Auditoria de Obras Públicas (Portaria Segecex n. 20, de
20 de junho de 2010) e o item 6.3.2.1.4 do Edital n. 21/2010:’ (grifo nosso)
97. Portanto, o Acórdão n. 3.103/2010 – Plenário inovou apenas quanto ao critério de medição e
pagamento do item administração local. A forma de orçamentação da administração local preconizada
pela jurisprudência do TCU, no sentido de incluir o aludido serviço na planilha orçamentária da obra e de
proibir-se sua inclusão no BDI, manteve-se inalterada.
98. Quanto aos pagamentos dos itens ‘Instalação de Canteiro e Acampamento’ e ‘Mobilização e
Desmobilização’, entendo que não são necessárias as recomendações sugeridas pela Auditora no mesmo
item 4 de sua proposta de encaminhamento, haja vista serem itens de mais fácil controle e fiscalização,
não apresentando maiores problemas com relação a critérios de medição e pagamento.”
É o Relatório.
VOTO
Trago à apreciação deste Colegiado processo administrativo que trata de estudo elaborado pela 1ª
Secob, em atendimento ao Acórdão n. 1.425/2007 – Plenário, com vistas à definição de parâmetros
aceitáveis de taxas de Bonificações e Despesas Indiretas – BDI, tanto para itens de serviços quanto para
itens específicos de aquisição de produtos, observando as características similares e as despesas inerentes
883
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
a cada espécie de empreendimento, de modo a estipular faixas de valores de referência que orientem os
entes jurisdicionados deste Tribunal na contratação de obras públicas.
2. O aludido trabalho iniciado por um grupo de estudos formado em 26 de agosto de 2008 foi,
posteriormente, suspenso, ante a reestruturação administrativa implementada no âmbito deste Tribunal,
com a criação de novas unidades técnicas especializadas em auditoria de obras, de tal forma que, somente
em abril de 2010, com a criação da 3ª Divisão Técnica da 1ª Secob, o estudo foi retomado.
3. Tem-se, portanto, que, na primeira etapa, o grupo de estudos realizou levantamento de dados
junto a órgãos e entidades que, no âmbito federal, atuam em áreas vinculadas à contratação e à execução
de obras públicas.
4. Nessa segunda etapa do estudo, a Auditora Federal de Controle Externo – AUFC da 1ª Secob
atualizou as informações anteriormente colhidas, com a inclusão de levantamentos referentes ao ano de
2009 e aos primeiros meses de 2010, e fez uma análise crítica dos dados obtidos, confrontando-os com as
conclusões contidas no TC 003.478/2006-8, que tratou de critérios de aceitabilidade para o Lucro e
Despesas Indiretas (LDI) em obras de implantação de linhas de transmissão de energia elétrica e originou
o Acórdão n. 325/2007 – Plenário, bem como contrapondo-os às ponderações de especialistas em
orçamentação de obras e à jurisprudência predominante nesta Corte de Contas.
5. As conclusões da AUFC da 1ª Secob levaram à elaboração de várias tabelas, uma para cada tipo
de obra, contendo faixas de valores aceitáveis tanto para percentuais finais de taxas de BDI quanto para
cada um dos itens que compõem essas taxas. Passo a resumir os principais aspectos destacados neste
estudo, no que concerne à metodologia implementada e às premissas teóricas adotadas para obtenção
dessas faixas de valores.
6. Primeiramente, destaco que, para a definição das amostras selecionadas de contratos/licitações
referentes aos diferentes tipos de obras, foram obtidos dados no site - www.comprasnet.gov.br, além de
informações provenientes dos seguintes Órgãos/Entidades: Caixa Econômica Federal – Caixa,
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – Codevasf, Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas – Dnocs, Departamento de Obras Hídricas do Ministério da
Integração Nacional, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit, Centro de
Excelência em Engenharia de Transportes e Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária –
Infraero.
7. As taxas de BDI adotadas em vários empreendimentos executados com recursos federais foram
objeto de análise crítica que contou com um viés estatístico, segundo se extrai da conclusão da instrução
de fls. 72/73:
“Os dados receberam tratamento objetivando reduzir o grau de dispersão, e, com isso, propiciar
valores referenciais aceitáveis e harmônicos. Os estudos procuram contemplar as particularidades de cada
obra considerando o seu custo, a sua complexidade, o grau de concentração e de interferências
geográficas e a diversidade de materiais.
Os dados foram analisados em um único agrupamento para a obtenção de indicadores gerais. Para
obtenção de parâmetros relativos à Administração Central e Lucro para os diferentes tipos e faixas de
custos de obras e serviços de engenharia, os dados foram estratificados por tipo de obra e por faixa de
custo.”
8. Dessarte, houve não só uma interpretação crítica das taxas de BDI que vêm sendo adotadas, mas
também ponderações acerca do embasamento teórico para estipulação de cada item que pode compor o
BDI.
9. A seguir é feito um resumo das principais premissas teóricas adotadas neste estudo:
9.1. A administração local e os gastos com instalação de canteiro de obras e com acampamento e
mobilização e desmobilização não devem entrar no BDI mas sim estar especificados na planilha
orçamentária como item de custo direto;
9.2. no item Administração local estão incluídos gastos com pessoal técnico, administrativo e de
apoio, compreendendo o supervisor, o engenheiro responsável técnico,os engenheiros setoriais, o mestre
de obras, encarregados, técnico de produção, apontador, almoxarife, motorista, porteiro, equipe de
884
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
(1 + ( AC + S + R + G ))(1 + DF )(1 + L )
BDI =
(1 − I )
10. Após aplicar todas essas premissas teóricas na análise crítica das amostras obtidas, a AUFC da
1ª Secob propõe a adoção de várias faixas de aceitabilidade para os itens que compõem o BDI de cada um
dos seguintes tipos de obras: edificação (construção e reforma); obras hídricas (irrigação, canais,
saneamento básico, redes adutoras, estações de tratamento e elevatórias); obras portuárias (estruturas
portuárias); obras aeroportuárias (pátios, pistas de pouso, terminais de passageiros).
885
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
11. No tocante aos itens dos orçamentos das obras de engenharia civil que se referem estritamente
ao fornecimento de equipamentos e materiais relevantes, é proposta uma inovação em relação ao Acórdão
n. 325/2007 – Plenário, com a adoção de faixas de valores específicas a serem aplicadas exclusivamente
para esses itens, diferenciadas daquelas empregadas para itens de serviço.
12. Consoante visto no Relatório precedente, na comparação entre os valores referenciais contidos
nas tabelas propostas e o parâmetro adotado no Acórdão n. 325/2007 – Plenário, verifica-se grande
proximidade entre as taxas indicadas, excetuando-se diferenças no patamar máximo admitido para alguns
tipos de empreendimentos, como, por exemplo, para obras de saneamento básico, em que se observa que
o limite anteriormente adotado na deliberação do TCU de 28,87% é ligeiramente menor do que o
percentual máximo ora admitido de 31,80%.
13. Explicitados os parâmetros adotados nesse novo trabalho, o que se observa é que a divergência
constatada nestes autos, entre os posicionamentos propostos pela AUFC e a opinião do corpo dirigente
daquela unidade técnica especializada, está centrada em questionamentos acerca do tratamento estatístico
empreendido aos dados que serviram de base para as conclusões do estudo sob análise.
14. A proposta do diretor da 1ª Secob, que contou com a anuência do dirigente daquela unidade
técnica, é no sentido de que a Segecex oriente as Unidades Técnicas do Tribunal a “adotarem, nas
fiscalizações de obras públicas, os valores listados no item 9.2 do Acórdão 325/2007 – Plenário como
faixa referencial para o BDI em todos os tipos de obras públicas”.
15. Como embasamento para a desconsideração das tabelas elaboradas no âmbito do estudo objeto
destes autos são apontadas as seguintes deficiências:
15.1. os editais/contratos examinados para os diferentes tipos de obras não possuem abrangência
suficiente para garantir a relevância de cada amostra selecionada e a consistência da análise estatística
empreendida;
15.2. a obtenção de uma amostra representativa, com um número suficientemente grande de
editais/contratos por tipo de obra, demandaria da equipe de auditoria responsável um investimento
elevado de tempo e esforços, o que se torna inviável para este Tribunal;
15.3. as amostras de vários tipos de obras apresentaram-se sensivelmente distorcidas, seja pela
concentração dos preços globais das obras em faixas estreitas de valores, seja pela prevalência de
editais/contratos de poucos órgãos/entidades contratantes;
15.4. a diferenciação dos valores de BDI por faixa de valores de obra não se encontra respaldada
por dados amostrais consistentes e que contemplem todas as faixas de valores existentes, o que torna
ainda temerária a utilização dessa classificação;
15.5. a análise simplificada do conjunto de dados amostrais, reunindo todos os tipos de obras, com
base em critério de intervalo de confiança da curva de distribuição normal, mostrou resultados para os
valores do BDI próximos e compatíveis àqueles aprovados no item 9.2 do Acórdão n. 325/2007 –
Plenário;
16. Em que pese pairem dúvidas acerca da representatividade das amostras selecionadas, o corpo
diretivo da 1ª Secob sugeriu a adoção da equação para definição da taxa de BDI proposta no estudo objeto
destes autos, a título de paradigma para as análises de preços efetuadas no âmbito deste Tribunal, assim
como recomendação às unidades jurisdicionadas ao Tribunal para que, na contratação de obras e serviços
de engenharia, fosse adotado, sempre que possível, como critério de medição e pagamento para o item
“administração local” da obra, remuneração mensal calculada proporcionalmente entre o valor faturado
em cada medição e o total que consta na proposta da empresa contratada.
17. Diante de todo esse contexto, há uma questão crucial a ser enfrentada por este Tribunal, nesta
oportunidade: continuar adotando os limites contidos no Acórdão n. 325/2007 – Plenário, de forma geral
e independente das características de cada empreendimento, ou utilizar os dados e premissas teóricas
contidos no estudo objeto destes autos para implementação de valores/índices específicos para cada tipo
de obra.
18. Entendo que, para a adequada resolução desse impasse, há que se fazer uma análise da
composição das taxas de BDI, não só sob a ótica do tratamento estatístico de dados, como propõe o corpo
diretivo da 1ª Secob, mas também mediante a utilização de conceitos da contabilidade de custos, por ser o
886
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
BDI item que compõe o valor total da obra, ou seja, contribui para formação do preço do produto final
que a Administração Pública contratante deseja obter, e, ainda, com enfoque nas definições conceituais de
engenharia civil acerca das peculiaridades de cada tipo de obra, de tal forma a se aferir se há diferenças
nas características do tipo de serviço que cada empreendimento necessita que impossibilitem a adoção um
BDI único como paradigma.
19. Passo então a tratar da estipulação da taxa de BDI sob cada uma dessas óticas.
I. Da aplicação dos conceitos de contabilidade de custos nas taxas de BDI.
20. Sob a ótica da contabilidade de custos, só é pertinente a adoção de uma única taxa de BDI,
uniforme para todos os tipos de empreendimentos, se restar comprovado que as despesas indiretas não são
influenciadas pelas diferentes características dos serviços a serem executados em cada tipo de obra.
21. Primeiramente, cumpre destacar que os serviços específicos de cada obra são, em essência,
custos diretos, ou seja, são apropriados diretamente à consecução do produto final que é o próprio
empreendimento, especificados detalhadamente em composições de custos unitários e mensurados, de
forma objetiva, ante a proporção de insumos, equipamentos e mão-de-obra que serão utilizados.
22. Os custos indiretos, por seu turno, ou são aqueles incidentes indiretamente no produto ou
serviço ou são custos que podem até, em alguns casos, incidir diretamente, porém apresentam dificuldade
para controle individualizado, tendo-se que utilizar bases de rateio para sua alocação ao produto.
23. Segundo José Luiz dos Santos na obra “Fundamentos de Contabilidade de Custos”, 22ª Edição,
São Paulo, Editora Atlas, 2006, página 55: “custos diretos são todos os custos aplicados diretamente ao
produto, não necessitando do critério de rateios” e “[...] custos indiretos são todos os outros custos. Não
existe para estes uma relação imediata com a unidade de custo, a exemplo do salário do supervisor,
prêmios de seguro, depreciação etc”.
24. Nesse sentido, é uníssono o entendimento tanto no âmbito do estudo que embasou o Acórdão n.
325/2007 – Plenário quanto no recente trabalho da 1ª Secob que as despesas contempladas no BDI são
aquelas que necessitam de critério de rateio.
25. Contudo, uma discussão a ser travada consiste na avaliação de que as despesas da taxa de BDI
possam sofrer alteração consoante mudanças no ritmo de produção dos serviços, pois, como explicitado
na teoria contábil, pode ocorrer de o custo incidir diretamente, mas estar no BDI apenas pela sua
dificuldade de controle individualizado.
26. Essa correlação entre o custo e o ritmo de produção de serviços traz à baila outro conceito
contábil: o de custos variáveis.
27. Segundo Silvero das Neves e Paulo E.V. Viceconti, in Contabilidade de Custos: um enfoque
direto e objetivo, 8ª edição, São Paulo, Editora Frase, 2008, página 22: “custos variáveis são aqueles cujos
valores se alteram em função do volume de produção da empresa”.
28. Retornando à questão da possível influência do tipo de obra analisado, observo que alguns itens
que compõem o BDI possuem características de custo variável, de tal forma que são inevitáveis os
impactos da amplitude e da complexidade dos empreendimento no valor final adotado.
29. Como exemplo desses itens com características de custo variável, cito a administração central e
a parte relativa aos riscos e imprevistos.
30. A administração central está associada à estrutura logística que o escritório da construtora (a
sede ou alguma filial) tem que fornecer para cada obra. Bons exemplos desse tipo de demanda são a
centralização das contratações no departamento de recursos humanos ou, ainda, a utilização do setor de
compras da empresa para todos os tipos de aquisições.
31. O que se vê é que há uma relação entre essa dependência da estrutura logística da construtora e
as características da forma de produção dos serviços. Assim, se a obra é implementada longe de centros
urbanos, a distância geográfica entre o canteiro e o escritório da empresa executora justifica uma
diminuição dessa dependência sob pena de a velocidade de produção ficar reduzida.
32. Um caso hipotético que melhor explica essa questão é o de uma obra rodoviária em que a
construtora praticamente monta uma filial no canteiro de obras, para dar maior celeridade aos processos
de contratação de pessoal e de realização de compras, pois caso contrário, há risco de que ocorra uma
887
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
44. Partindo dessa premissa, tanto o estudo elaborado neste processo quanto aquele tratado no TC
003.478/2006-8 que originou o Acórdão n. 325/2007 – Plenário devem ser analisados sob esse viés
estatístico, para alcance de conclusões amparadas nos mesmos princípios.
45. No que concerne ao tamanho da amostra como fator limitante de sua representatividade, destaco
que há previsão, tanto na auditoria contábil quanto em manual elaborado no âmbito deste Tribunal, de
utilização de amostras mais reduzidas.
46. Segundo a Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TA 530 – AMOSTRAGEM EM
AUDITORIA, obtida em pesquisa ao site do Conselho Federal de Contabilidade – CRF
(www.cfc.org.br), temos as seguintes definições:
“Objetivo
4. O objetivo do auditor, ao usar a amostragem em auditoria, é o de proporcionar uma base razoável
para o auditor concluir quanto à população da qual a amostra é selecionada.
Definições
5. Para fins das normas de auditoria, os termos a seguir têm os significados a eles atribuídos:
Amostragem em auditoria é a aplicação de procedimentos de auditoria em menos de 100% dos
itens de população relevante para fins de auditoria, de maneira que todas as unidades de amostragem
tenham a mesma chance de serem selecionadas para proporcionar uma base razoável que possibilite o
auditor concluir sobre toda a população.
População é o conjunto completo de dados sobre o qual a amostra é selecionada e sobre o qual o
auditor deseja concluir.
Risco de amostragem é o risco de que a conclusão do auditor, com base em amostra, pudesse ser
diferente se toda a população fosse sujeita ao mesmo procedimento de auditoria. O risco de amostragem
pode levar a dois tipos de conclusões errôneas:
(a) no caso de teste de controles, em que os controles são considerados mais eficazes do que
realmente são ou no caso de teste de detalhes, em que não seja identificada distorção relevante, quando,
na verdade, ela existe. O auditor está preocupado com esse tipo de conclusão errônea porque ela afeta a
eficácia da auditoria e é provável que leve a uma opinião de auditoria não apropriada.
(b) no caso de teste de controles, em que os controles são considerados menos eficazes do que
realmente são ou no caso de teste de detalhes, em que seja identificada distorção relevante, quando, na
verdade, ela não existe. Esse tipo de conclusão errônea afeta a eficiência da auditoria porque ela
normalmente levaria a um trabalho adicional para estabelecer que as conclusões iniciais estavam
incorretas.
(...)
Apêndice 3 da NBC TA 530 - AMOSTRAGEM EM AUDITORIA
Exemplos de fatores que influenciam o tamanho da amostra para os testes de detalhes.
A seguir, apresentamos os fatores que o auditor pode levar em consideração ao determinar o
tamanho da amostra para testes de detalhes. Esses fatores, que precisam ser considerados em conjunto,
pressupõem que o auditor não modifica a abordagem aos testes de controles nem de outra forma modifica
a natureza ou a época dos procedimentos substantivos em resposta aos riscos avaliados.
FATOR EFEITO NO
TAMANHO DA
AMOSTRA
Aumento no uso de outros Redução Quanto mais o auditor confia em outros
procedimentos substantivos procedimentos substantivos (testes de
direcionados à mesma afirmação detalhes ou procedimentos analíticos
substantivos) para reduzir a um nível
aceitável o risco de detecção
relacionado com uma população em
particular, menos segurança o auditor
889
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
47. Em consonância com essas orientações do CFC, este Tribunal, em 2002, no âmbito da então
Secretaria Adjunta de Fiscalização – Adfis, elaborou um Manual contendo Técnicas de Amostragem para
Auditorias que, na página 57, aduz o seguinte:
“Na prática, a determinação do tamanho da amostra é um procedimento complexo,
envolvendo restrições quanto ao tempo, aos dados e aos recursos financeiros disponíveis e quanto à
facilidade de seleção das observações. O acesso a dados coletados por pesquisas anteriores ou por
testes-modelo, em especial, permite uma melhor alocação dos recursos disponíveis.
Independentemente das restrições existentes, todavia, as propriedades matemáticas dos
estimadores continuam valendo. Dessa forma, o tamanho da amostra tido como exequível pode não
permitir inferências tão confiáveis ou tão precisas quanto se deseja. Isso, porém não
necessariamente significa que a amostragem pretendida é irrelevante, pois os dados coletados
podem fornecer tanto conclusões preliminares, como indicações valiosas para futuras pesquisas.”
(grifos acrescidos)
48. O que se observa dessas transcrições é que a adoção de uma amostra de tamanho reduzido pode
vir a ser aceita, desde que existam procedimentos substantivos direcionados à mesma afirmação, ou seja,
no caso das taxas de BDI, é necessário que os exemplos que constituem a amostra estejam em
consonância com as premissas teóricas previamente estipuladas acerca dos itens de despesa que podem
compor a taxa de BDI e do tipo de gasto que pode estar associado a cada item.
49. O despacho do diretor da 1ª Secob, contudo, desconsidera esse entendimento e conclui que as
amostras obtidas são irrelevantes, com base na seguinte afirmação:
“as deficiências da amostra também impossibilitam, além da classificação do BDI por tipo de
obra, que haja confiabilidade em relação aos resultados do BDI e de seus itens por faixas de valores
das obras, embora os conceitos metodológicos utilizados na instrução estejam adequados. Assim,
diante das limitações apresentadas, no escopo deste processo, entendo que não é prudente estabelecer
taxas diferenciadas de BDI por faixas de valores contratados.”
(grifos acrescidos).
50. Nesse sentido, entendo, diferentemente do corpo diretivo da 1ª Secob, que há possibilidade de
se utilizar amostras mais reduzidas para inferências estatísticas, desde que obedecidos os critérios de
análise previstos nas normas de auditoria.
51. Ademais, a utilização das faixas de valores contidas no Acórdão n. 325/2007 – Plenário, para
todo o tipo de obra, em substituição às tabelas propostas no âmbito destes autos, está condicionada à
comprovação de que, para linhas de transmissão de energia elétrica e subestações, ao contrário dos
demais empreendimentos, é factível, pelos meios disponíveis, a obtenção de um número suficientemente
grande de editais/contratos, sem um custo elevado de tempo e esforço que inviabiliza o controle.
52. Reportando-me ao Relatório e ao Voto que embasaram o aludido Decisum desta Corte de
Contas, observo que em nenhum momento se abordou a questão do tamanho da amostra analisada. É
possível que também naquele caso a pouca representatividade da amostra selecionada possa ser
questionada, porquanto as faixas de valores propostas decorrem de informações obtidas junto a empresas
estatais da União que atuam no setor elétrico, bem como de contratos de obras de construção de linhas de
transmissão e de subestações firmados na modalidade concorrência com discriminação do BDI adotado e
planilha orçamentária da proposta vencedora, não havendo qualquer notícia de que tenha sido feita uma
análise com viés estatístico acerca da amplitude desses contratos em comparação à abrangência da
população formada pelos empreendimentos desse tipo executados com recursos federais.
53. A seguir, transcrevo trechos do Relatório elaborado no âmbito do TC n. 003.478/2006-8 cujas
conclusões foram corroboradas pelo Ministro-Relator Guilherme Palmeira, no Voto que embasou o
890
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Acórdão n. 325/2007 – Plenário, e que descrevem a metodologia de trabalho que foi adotada naquele
caso:
“3 METODOLOGIA
Foram realizadas pesquisas de publicações sobre LDI, sobre custos de implantação de linhas de
transmissão e de subestações e levantamento de dados junto a empresas estatais da União que atuam no
setor elétrico.
O levantamento de dados abrangeu visita às empresas Furnas, Chesf, Eletronorte, Eletrosul e
Eletrobrás, além da ANEEL, para obtenção das seguintes informações e documentos:
- estudos e metodologias de cálculo de LDI em obras de linhas de transmissão e subestações
desenvolvidos pela empresa;
- critérios de aceitabilidade de percentual e de composição de LDI adotados pela empresa em
procedimentos licitatórios;
- contratos recentes de obras de construção de linhas de transmissão e de subestações firmados na
modalidade concorrência com discriminação do LDI adotado e planilha orçamentária da proposta
vencedora.
Além das informações e documentos, as visitas propiciaram discussões sobre a abordagem dada ao
LDI em cada empresa com as áreas técnicas responsáveis pela elaboração dos orçamentos.”
(...)
10. CONCLUSÃO
(...)
A partir dos métodos adotados pelas empresas do setor elétrico, dos casos estudados e da
análise da natureza dos diversos itens normalmente utilizados para seu cálculo, avaliou-se a
adequada composição do LDI, com o objetivo de apresentar uma metodologia de cálculo,
fundamentando a pertinência de cada um dos seus componentes.
Em razão disso, houve uma avaliação de cada um dos itens da composição do LDI observados
nos métodos das empresas estudadas, ou nos estudos pesquisados, o que resultou na recomendação de
exclusão de alguns desses itens, tais como: Administração Local, Mobilização e Desmobilização, IRPJ e
CSLL.
Em seqüência, houve a preocupação de identificar uma faixa de variabilidade para os valores dos
componentes do LDI, com a indicação, se possível, de níveis de aceitabilidade. Apesar disso, julgou-se
não ser possível definir critérios de aceitabilidade, assim entendidos como limites rígidos, para o LDI e
seus diversos componentes, mas somente parâmetros de referência, a partir das faixas de variação
observadas nos casos estudados e de ajustes efetuados pela equipe.”
(grifos acrescidos)
54. O que se abstrai dessas transcrições é que, no estudo que embasou o Acórdão n. 325/2007 –
Plenário, não foram explicitadas preocupações em se utilizar amostras de maior representatividade ou,
ainda, não restou demonstrado que os exames empreendidos tenham adotado o viés estatístico
considerado adequado pelo corpo diretivo da 1ª Secob nestes autos.
55. Tem-se, portanto, que, se for adotado o mesmo rigor contido no despacho do diretor da 1ª
Secob, também no tocante à amostra que originou as faixas de valores contidas Acórdão n. 325/2007 –
Plenário pairam dúvidas acerca de sua representatividade.
56. Dessarte, faz-se necessário verificar a pertinência tanto do estudo de que trata este processo
quanto daquele contido no TC n. 003.478/2006-8, no tocante à observância dos preceitos de estatística, de
forma a se definir se, de fato, as amostras obtidas possuem representatividade e podem ser utilizadas
como parâmetro para definição de faixas de BDI para as obras a que se referem.
III. Da especificidade de cada tipo de empreendimento de engenharia civil.
57. A transcrição de outro trecho referente à conclusão do Relatório elaborado no âmbito do TC n.
003.478/2006-8 traz a seguinte argumentação:
“O que vai preponderar para a formação do BDI, além dos encargos tributários definidos por lei,
são as característiscas da empresa como estrutura gerencial, logística, tecnológica, financeira e a
estratégia escolhida de mercado, especificamente para a obra pretendida.
891
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Dessa forma, pelas características de cada empresa, se apresentam seus custos administrativos,
capacidade financeira, estratégias e necessidades de lucratividade em cada contrato.”
58. Em sintonia com essas ponderações, também a área de atuação da construtora influencia no
perfil de sua estrutura gerencial, logística, tecnológica e financeira. Uma empresa que costuma executar
obras de maior porte e de alta complexidade tende a gerenciar o menor número de obras ao mesmo
tempo, ante a enorme amplitude de cada contrato que pactua, de tal forma que o rateio das despesas
indiretas é feito entre um número menor de empreendimentos e, por consequência, pode ser necessário
trabalhar com taxas mais elevadas par a os itens que compõem o BDI.
59. Acrescente-se, ainda, que a implementação de empreendimentos de maior complexidade gera a
necessidade de uma estrutura tecnológica mais arrojada da empresa executora, assim como para realizar
obras de elevado valor a construtora tem que comprovar possuir uma estrutura organizacional com
dimensão suficiente para ser considerada com saúde financeira para contratar com a Administração
Pública, nos exatos termos previstos no ajuste, segundo os critérios de comprovação de capacidade
previstos na Lei n. 8.666/1993.
60. Da mesma forma, construtoras que trabalham com empreendimentos de mais fácil execução e
de menor magnitude costumam tocar concomitantemente maior quantidade de obras e os valores
despendidos com algumas despesas indiretas como, por exemplo, custos com a manutenção da
administração central, podem ser diluídos em vários contratos, alcançando-se, assim, reduções nos
percentuais relativos a esse item que compõe o BDI.
61. Nesse sentido, transcrevo trecho contido no próprio Relatório elaborado no bojo do TC n.
003.478/2006-8 que, a meu ver, afasta a possibilidade de se utilizar o Acórdão n. 325/2007 – Plenário em
outros tipos de obras que não implantação de sistemas de energia elétrica e de subestações:
“Os percentuais variáveis dos elementos que compõem o BDI, com exceção dos tributos, cujas
alíquotas são definidas em lei, guardam estreita relação com características particulares de cada empresa,
em especial, aquelas consideradas no momento em que se realiza a orçamentação, tais como porte e
situação financeira da empresa, número de obras em execução, representatividade do porte e da natureza
da obra para a empresa, logística necessária, necessidades operacionais, atratividade estratégica do
contrato, dentre outros aspectos. Assim, o orçamento proposto por uma empresa pode variar conforme seu
perfil e interesse na obra.”
62. Todos esses exemplos servem como comprovação do fato de que as diversas características de
cada tipo de empreendimento a ser executado levam às inevitáveis variações nas taxas de BDI adotadas,
sendo inviável se considerar tecnicamente adequada a utilização do parâmetro contido no Acórdão n.
325/2007 – Plenário para implementação de uma mesma faixa de valores de referência, adotada de forma
uniforme para todas as obras executadas com recursos federais.
IV. Da adoção de BDI diferenciado para fornecimento de materiais e equipamentos.
63. Especificamente no que concerne à adoção de taxas diferenciadas de BDI para aquisição de
materiais e equipamentos, importante ressaltar que esta Corte de Contas tem claro posicionamento na
Súmula n. 253, a seguir transcrita:
"Comprovada a inviabilidade técnico-econômica de parcelamento do objeto da licitação, nos termos
da legislação em vigor, os itens de fornecimento de materiais e equipamentos de natureza específica que
possam ser fornecidos por empresas com especialidades próprias e diversas e que representem
percentual significativo do preço global da obra devem apresentar incidência de taxa de Bonificação e
Despesas Indiretas - BDI reduzida em relação à taxa aplicável aos demais itens."
64. O que tenho observado, contudo, é que as unidades técnicas deste Tribunal têm encontrado
dificuldades em arbitrar qual o BDI a ser aplicado na aquisição de materiais e equipamentos, tendo em
vista que não existe, ainda, uma definição de qual deveria ser a faixa de valores aceitável, como, por
exemplo, foi efetuado no âmbito do Acórdão n. 325/2007 – Plenário para itens de serviços de obras de
implementação de linhas de transmissão de energia elétrica e de subestações.
65. Consoante se verifica na passagem a seguir transcrita do Voto que embasou o Acórdão
1.425/2007 – Plenário cujo item 9.7 determinou a elaboração do estudo objeto desses autos, nos casos
concretos submetidos à apreciação dos colegiados desta Corte de Contas, houve vários questionamentos
892
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
acerca da magnitude do percentual a ser adotado a título de BDI nos itens do orçamento que tratam
exclusivamente do fornecimento de equipamentos e materiais:
“15. Observo que as instruções anexadas ao processo concluem que houve sobrepreço ao se aplicar
a mesma taxa de BDI para todos os itens do orçamento, inclusive, para simples aquisições de produtos
junto a fornecedores. Entretanto, há interpretações divergentes, enquanto a Secex/RR entende não ser
aplicável nenhuma taxa de BDI no custo da compra de móveis e equipamentos, pois caso o órgão
contratante tivesse adquirido os produtos diretamente, sem o intermédio da empreiteira, não haveria a
incidência de tais encargos. Por sua vez, a Secob entende que algum BDI era devido à construtora, pois há
custos indiretos inerentes a essas aquisições por parte da empresa contratada que devem ser considerados,
contudo, a magnitude do percentual de incremento no preço é menor do que a que foi adotada ao se
considerar a incidência de uma taxa única para todo o orçamento contratado.
16. Sob esse aspecto, entendo que assiste razão à Secob. Existem gastos inerentes aos
procedimentos adotados pela empreiteira para aquisição de produtos junto a fornecedores e posterior
estocagem no canteiro de obras, os quais devem ser computados em uma taxa de BDI específica a ser
aplicada sobre essas compras.
17. Primeiramente, há que se considerar que a construtora, na compra de grande vulto que foi
efetuada - mais de quatro milhões de reais a preços referenciados aos exercícios de 1997 a 1999 - para
aquisição de equipamentos hospitalares e móveis, mobilizou parte de sua estrutura administrativa, com
custos de gerenciamento, para efetuar escolha de fornecedores, negociação de pagamentos, recepção e
armazenamento dos equipamentos. Ou seja, há que se aplicar uma taxa de BDI que contemple todos esses
gastos decorrentes da mobilização da empresa contratada.
18. Destaco que a possibilidade da cobrança de BDI sobre aquisições de equipamentos já foi
reconhecida por este Tribunal em outras oportunidades consoante se verifica, por exemplo, nos Acórdãos
ns. 1.914/2003, 1.600/2003 e 1.020/2007- todos do Plenário.
19. Aponta a Secob que, no orçamento em questão, o BDI a incidir sobre os materiais permanentes
deveria ser de 16,08% em contraposição aos 28,5% incidentes sobre as obras civis. Argumenta a unidade
técnica especializada que essa diferença no percentual a ser aplicado aos custos unitários advém das
seguintes alterações no cômputo da aludida taxa: exclusão dos itens despesas financeiras, administração
central e seguro/imprevistos e diminuição dos itens tributos e lucro.
20. Ainda no tocante aos itens que compõem a taxa de BDI a ser aplicada sobre custos de aquisição
de materiais e equipamentos, trago à baila trecho da recente Proposta de Deliberação que submeti a este
Colegiado e que embasou o Acórdão n. 1.020/2007 - Plenário:
‘38. No tocante ao aspecto abordado pela Secob de necessidade de adoção de BDI diferenciado para
aquisição de equipamentos e materiais e para prestação de serviços, cabem as seguintes considerações:
38.1 Primeiramente, este Tribunal, mediante a Súmula n. 247, já firmou entendimento de que
licitações de empreendimentos que contemplem execução de serviços de engenharia e aquisição de
equipamentos devem, preferencialmente, ser efetuadas em separado, de tal forma que sejam
administrados em paralelo contratos de compras e de implementação de obras.
Súmula n. 247: ‘É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global, nos
editais das licitações para a contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto seja
divisível, desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de economia de escala,
tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação de licitantes que, embora não dispondo de
capacidade para a execução, fornecimento ou aquisição da totalidade do objeto, possam fazê-lo com
relação a itens ou unidades autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-se a essa
divisibilidade.’
38.2 Contudo, tendo sido celebrado contrato único para prestação de serviço e fornecimento de
bens, há que se ressaltar que a prestação de serviços por parte da construtora demanda uma mobilização
muito maior de sua estrutura administrativa e gerencial do que a simples aquisição de materiais e
equipamentos junto a fornecedores.
38.3 Esse fato repercute no BDI a ser cobrado, de tal forma que as despesas indiretas incorridas
com simples aquisição de materiais e equipamentos são significativamente menores, tendo em vista que a
893
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
construtora apenas mobiliza seu departamento de compras para adquirir o produto e se responsabiliza
pelo seu estoque.’
21. Dessarte, mantendo o mesmo entendimento, considero que a empresa tem o direito de cobrar
bonificação por ter mobilizado sua estrutura administrativa para adquirir produtos junto a fornecedores,
contudo, partindo do pressuposto de que essa mobilização é bem maior quando a empreiteira executa
serviços relacionados a sua atividade fim, é razoável se supor que o percentual de lucro a ser cobrado seja
comparativamente menor.
22. Nesse sentido, considero pertinente a solução adotada pela Secob de aplicação de percentual de
bonificação para simples aquisição de materiais e equipamentos (8,5%) enor do que o lucro referente à
execução de serviços de engenharia (11%).”
66. O que se observa é que, para alguns tipos de materiais, os percentuais arbitrados por esse
Tribunal para taxas de BDI aplicáveis a itens específicos de fornecimento tem sofrido algumas oscilações.
Cito como exemplo as obras de implementação de Sistema de Abastecimento de Água em que, para a
mesma aquisição de tubos de ferro fundido, no caso concreto de Pirapama (TC 007.657/2008-3 cujo
Relator é o Ministro Valmir Campelo), no Estado de Pernambuco, a unidade técnica propôs a adoção de
BDI diferenciado de 13,50% e, para o mesmo tipo de obra em Campina Grande/PB (TC 013.724/2010-0 de
minha relatoria), foi admitida a adoção de BDI diferenciado de 15,48% para a aquisição do mesmo tipo de
material.
67. Nesse sentido, cumpre destacar que para outro empreendimento de implementação de Sistema de
Abastecimento de Água, localizado em Porto Velho/RO, no âmbito de processo de minha relatoria (TC
000.284/2010-6), detectei uma peculiaridade relacionada à adoção pela Secob de um percentual linear de
11% para o BDI específico para fornecimento de todos os materiais, inclusive, para as tubulações de ferro
fundido as quais possuíam composições de custos unitários indicando a inclusão de alguns serviços.
68. A peculiaridade detectada está no fato de que não é a denominação do item como fornecimento
de materiais que deve ser observada apenas, mas as especificações contidas na sua composição de custo
unitário. No aludido TC 000.284/2010-6, verifiquei que os serviços relacionados a todo o tratamento a ser
dado à tubulação para sua adequação às especificações de projeto (cortes e soldagem) estavam embutidos
nesse item.
69. Por oportuno, transcrevo trecho do Voto que proferi nesse processo que tratou da implementação
do Sistema de Abastecimento de Água em Porto Velho/RO:
“36. No caso concreto em questão, verifico que não se trata só de se estipular uma taxa de BDI,
mais reduzida, a ser aplicada à simples aquisição de materiais junto a fornecedores, mas de se arbitrar um
percentual que contemple, de forma adequada, as despesas indiretas inerentes aos itens de fornecimento
de tubulação de ferro fundido e de tubulação de PVC os quais contemplam também a execução de alguns
serviços por parte da empresa executora da obra, conforme consta no memorial acostado a estes autos
(volume 3):
‘Utilização de mão-de-obra e equipamentos de elevação carga (guinchos) para descarga,
armazenamento e manutenção do material em estoque;
Manuseio do material no almoxarifado com emprego de mão de obra e equipamentos;
Operação de carga e transporte do material para a frente de serviço;
Corte dos tubos com utilização de mão-de-obra para adequação às medidas das vias (pontos de
curva) e nos pontos de alimentação (chegada a elevatórias e reservatórios);
Garantia do produto fornecido até sua operacionalização
OBS: importante ressaltar que o item ‘assentamento de tubos e conexões’ previsto no escopo
contratual não serve para remunerar os serviços acima descritos.
Isso porque todos os serviços necessários, da fábrica à frente de serviço, conforme acima
descrito, fazem parte do item ‘fornecimento’. Dessa feita, o item ‘assentamento’ contempla, apenas,
os seguintes serviços; (i) carga do tubo da frente de serviço para vala; (ii) assentamento
(alinhamento na vala e montagem dos tubos; (iii) reaterro até a geratriz superior, e (vi) testes
hidrostáticos.’ (grifos acrescidos)
894
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
37. Diante desse contexto, entendo que aplicar uma taxa linear de 11% para toda espécie de
aquisição de material e equipamentos, realizada no âmbito do Contrato n. 145/PGE-RO/2008, inclusive
no tocante aos itens de fornecimento de tubulação (de ferro fundido e PVC), como propõe a 3ª Secob, não
se mostra medida tecnicamente adequada.
38. Alinhado a esse entendimento de que não é razoável empregar, para fornecimento de tubulações
em sistemas de abastecimento de água, a mesma taxa de BDI adotada para simples aquisição de materiais,
transcrevo trecho do bem lançado parecer do Procurador-Geral Lucas Rocha Furtando, proferido no
âmbito do TC n. 017.327/2010-5:
‘Apesar de concordar, em parte, com a análise procedida pela unidade técnica, exsurge dos autos
questão sobre a qual penso ser oportuno tecer breves considerações.
Parte significante do débito inicialmente atribuído é devida à utilização de percentual no contrato de
taxa de Bonificação e Despesas Indiretas (BDI) da ordem de 30%, superior ao entendimento da Secob1. A
unidade técnica fixou a taxa de BDI em 10% para os materiais, aduzindo o Acórdão n. 157/2009 - Plenário de
relatoria de Exmo. Min. Valmir Campelo.
Inobstante, o Min. Relator do acórdão supramencionado no voto admite a taxa de BDI de 11,20%
como paradigma.
‘31. Ao aplicar um lucro de 3%, um custo financeiro de 1,5% e a administração central de 0,40% nos
referenciais da Secob, o BDI paradigma será de 11,20% .
32. À fl. 336, a Unidade instrutiva chegou a um BDI referencial para os serviços de 33,25%.
Em comparação à previsão contratual de 34,49% (excluída a CPMF), pela pequeníssima diferença,
avaliou-se como aceitável o percentual contratado.
33. Não somente concordo com a razoabilidade do tratamento dado ao BDI de serviços como
avalio, por coerência, que o mesmo raciocínio deve ser empreendido para o caso dos materiais. Como
a Compesa já providenciou o estorno dos 0,38% da CPMF (fl. 328), o percentual contratual
seria de 13,04%, muito próximo dos 11,20% referenciais. O índice também não se distancia
significativamente dos 10% tidos como válidos no Acórdão n. 1600/2003-Plenário, patamar ao qual
me referi em minhas considerações no voto do Acórdão n. 1.599/2008-Plenário’. (grifei)
A despeito de ter me manifestado, naqueles autos em que foi prolatado o Acórdão n.
1.600/2003 - Plenário, pela adoção de taxa de BDI de 10% no caso de fornecimento de materiais em
que não fora realizado parcelamento, pondero melhor sobre o estabelecimento e a fixação da
taxa de BDI diferenciado, cujo percentual deve levar em conta possíveis repercussões quanto aos
interesses da Administração em relação às responsabilidades exigidas do empreiteiro, em especial a
fixada no artigo 618 do Código Civil. Nesse contexto, considero que a responsabilidade da contratada
ante um simples fornecimento de tubos é bem diferente da execução de uma rede adutora para
abastecimento de água.
O referido dispositivo do Código Civil assoalha o grau de responsabilidade nos contratos de
empreitada, in verbis:
‘Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o
empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela
solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo.
Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a
ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.’ (grifei)
Com a aplicação de BDI diferenciado, a contratada estaria sendo remunerada apenas pela
intermediação financeira do fornecimento dos tubos e não atuaria nesse caso como empreiteira,
abrindo espaço para eventuais questionamentos acerca da plena incidência do referido art. 618,
relativamente à responsabilidade civil da empreiteira ao longo dos prazos de garantia.
Tais considerações parecem-me relevantes, tendo em vista que o afastamento do débito
inicialmente apontado nos autos decorreu da análise global do custo do contrato, e não desse ponto
específico. Com esse registro, entendo correto o afastamento do débito.”
70. Ressalte-se que, em se tratando de simples aquisição de materiais como no supramencionado
caso de que trata o Acórdão 1.425/2007 – Plenário, o BDI a ser aplicado deve ser justificadamente
895
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
reduzido, tendo em vista que a atuação da construtora está restrita à efetivação da compra e à adoção de
providências quanto ao transporte e ao armazenamento desse material.
71. Contudo, se a composição de custo unitário já contempla os serviços de preparação do material
para a aplicação na obra, é admissível que a taxa de BDI adotada esteja bem próxima do percentual a ser
aplicado aos itens de serviço.
72. Ainda no tocante ao simples fornecimento de materiais e equipamentos, entendo que, consoante
as características do tipo de empreendimento que se está executando, também a aquisição do insumo pode
apresentar certas complexidades. A título de ilustração de um fornecimento de material em que há que se
ponderar acerca complexidade do transporte e do armazenamento para definição do BDI a ser aplicado,
cito o caso da aquisição de material betuminoso em obras rodoviárias.
73. Antes da assinatura do Contrato n. TT-045/2003-00, pactuado entre o Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes – Dnit e a Petrobras, estipulando que aquele órgão federal iria adquirir
diretamente junto a esta empresa pública o material betuminoso necessário à execução das obras
rodoviárias cuja execução está sob sua responsabilidade, o custo de aquisição desse material betuminoso
estava incluído como item do orçamento das construtoras, todavia, incidindo BDI de 15% diferenciado da
taxa de BDI aplicada aos itens de serviços.
74. No que concerne ao fornecimento desse material betuminoso, tal aquisição junto às refinarias é
mais complexa do que a obtenção de um insumo como areia e brita. Primeiramente, há uma preocupação
constante com o controle da temperatura que deve ser mantida em níveis elevados e, depois, existe toda
uma logística diferenciada de estocagem.
75. Como exemplo dessa especificidade, cito a Norma Rodoviária de Especificação de Serviço –
DNER-ES 313/1997 que trata da execução do Concreto Betuminoso Usinado a Quente – CBUQ e que
prevê que a temperatura do ligante betuminoso não deve ser inferior a 107ºC e nem exceder a 177ºC, bem
como, em seu subitem 5.3.1.- Depósito para ligante betuminoso, prevê:
“Os depósitos para o ligante betuminoso deverão possuir dispositivos capazes de aquecer o ligante
nas temperaturas fixadas nesta Especificação. Estes dispositivos também deverão evitar qualquer
superaquecimento localizado. Deverá ser instalado um sistema de recirculação para o ligante betuminoso,
de modo a garantir a circulação, desembaraçada e contínua, do depósito ao misturador, durante todo o
período de operação. A capacidade dos depósitos deverá ser suficiente para, no mínimo, três dias de
serviço.”
76. É, portanto, aceitável que esse BDI para aquisição de material betuminoso seja mais elevado do
que aquele para fornecimento de outro tipo de insumo que possua transporte e estoque mais facilitado.
77. Reportando-me novamente ao estudo elaborado pela 1ª Secob de que trata este processo,
verifico que foi proposta uma tabela específica para BDI para Fornecimento de Materiais e
Equipamentos. Contudo, considero que algumas peculiaridades levantadas neste Voto acerca dessa
diferenciação de BDI para itens de aquisição de insumo não foram abordadas.
78. Nesse contexto, considero que, nas premissas teóricas acerca da faixa de valores admissível para
BDI de itens de Fornecimento de Materiais e Equipamentos, deve ser a abordada a questão dos casos em
que há maior complexidade no transporte e no armazenamento de materiais, bem como deve ser
enfrentada a necessidade de se analisar detalhadamente a composição de custos unitários para verificação
se realmente se trata apenas de simples aquisição de insumo em que a construtora se responsabiliza
apenas pela compra, transporte e armazenamento, inexistindo outros serviços embutidos que
descaracterizem a situação de simples fornecimento de materiais.
V. Da constituição de um grupo de trabalho interdisciplinar.
79. Diante de toda a discussão acerca da adequabilidade das tabelas contendo faixas aceitáveis para
taxas de BDI elaboradas tanto no âmbito deste processo quanto no bojo do TC 003.478/2006-8 que
originou o Acórdão n. 325/2007 – Plenário, faz-se necessário constituir um grupo de trabalho para análise
pormenorizada dos estudos que originaram essas tabelas, para, com base em critérios contábeis e
estatísticos, verificar a representatividade das amostras selecionadas além da adequabilidade dos
parâmetros utilizados.
896
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
80. Ademais, considero essencial que o aludido grupo de trabalho seja multidisciplinar, ou seja,
contemple membros das quatro Secretarias de Fiscalização de Obras, bem como da Secretaria Adjunta de
Supervisão e Suporte – Adsup, e, inclusive, um membro do setor responsável na Secretária Geral de
Administração – Segedam pela definição das taxas de BDI adotadas por esse Tribunal, nas licitações que
realiza na área de engenharia civil.
81. Essa multidisciplinariedade é fundamental para que as secretarias especializadas possam opinar
acerca das peculiaridades de cada tipo de obra incluído em sua clientela, trazendo os principais aspectos
abordados nas auditorias que vem realizando, bem como a Adsup possa contribuir nos questionamentos
quanto ao critério de amostragem a ser adotado e, ainda, o representante da Segedam possa repassar sua
experiência quanto aos principais problemas enfrentados na prática, quando o TCU está no papel de
gestor.
82. Importante ressaltar que os trabalhos desenvolvidos por esse grupo de trabalho são
indispensáveis para que este Tribunal possa adotar parâmetros de faixas de BDI aceitáveis, calcados em
dados confiáveis e em premissas técnicas adequadas.
83. Entendo que o principal objetivo desse grupo de trabalho é servir de parâmetro para que as
unidades técnicas deste Tribunal possam detectar a existência de sobrepreços/superfaturamentos
decorrentes da aplicação de taxas de BDI injustificadamente elevadas e quantificar o respectivo débito.
Há, portanto, um caráter de urgência que justifica, a meu ver, a estipulação de um prazo de cento e oitenta
dias para que esse grupo de trabalho de natureza interdisciplinar finalize suas análises.
VI. Conclusão.
84. Ressalto que, ante a fundamentação teórica contida nesses autos, em especial a que trata da
caracterização das despesas indiretas que compõem o BDI, resta comprovado que tais despesas sofrem
variações consoante o tipo de obra executado.
85. Diante desse contexto, considero que é medida tecnicamente inadequada a adoção, para
qualquer tipo de empreendimento, dos valores listados no item 9.2 do Acórdão 325/2007 – Plenário que
foram estipulados especificamente para obras de linhas de transmissão de energia elétrica e subestações.
86. Dessarte, considerando todas as ponderações expostas, cumpre orientar as unidades técnicas
deste Tribunal a utilizar, excepcionalmente, e até que sejam finalizados os exames do grupo de trabalho
interdisciplinar a que referem os parágrafos 79 a 83 deste Voto, os parâmetros para taxas de BDI contidos
no item 9.2 do Acórdão n. 325/2007 – Plenário, restritamente para obras de linhas de transmissão de
energia elétrica e subestações, e, para os demais tipos de empreendimento, as tabelas elaboradas no
âmbito destes autos que contém valores referenciais para taxas de BDI específicos para cada caso.
87. Por último, acho importante ressaltar que a questão das taxas de BDI adotadas em obras
rodoviárias está sendo analisada em um processo especifico, o TC 008.233/2010-1 cujo Relator é o
Ministro Raimundo Carreiro, sendo pertinente encaminhar cópias do Relatório, do Voto proferido nestes
autos para serem apensadas àquele processo.
Ante todo o exposto, Voto por que seja adotada a deliberação que ora submeto a este Colegiado.
1. Processo n. TC 025.990/2008-2.
2. Grupo II; Classe de Assunto: I- Administrativo.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Órgão: Tribunal de Contas da União.
897
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam do estudo elaborado pela 1ª Secob, em
atendimento Acórdão 1.425/2007 – Plenário, com vistas à definição de parâmetros aceitáveis para taxas
de Bonificações e Despesas Indiretas – BDI para cada tipo de obra de engenharia, bem como para itens
específicos para a aquisição de produtos, observando as características similares e as despesas inerentes a
cada espécie de empreendimento, de modo a estipular faixas de valores de referência que orientem os
entes jurisdicionados deste Tribunal na contratação de obras públicas.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. constituir grupo de trabalho interdisciplinar, no âmbito deste Tribunal, formado por membros
das quatro Secretarias de Fiscalização de Obras, bem como da Secretaria Adjunta de Supervisão e
Suporte – Adsup e do setor responsável na Secretária Geral de Administração – Segedam pela definição
das taxas de BDI adotadas por esse Tribunal, nas licitações que realiza na área de engenharia civil, com
vistas a que, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da publicação deste Acórdão, seja efetuada
análise pormenorizada dos estudos elaborados no âmbito destes autos e no bojo do TC 003.478/2006-8,
que originou o Acórdão n. 325/2007 – Plenário, utilizando critérios contábeis e estatísticos, para avaliar a
representatividade das amostras selecionadas, além da adequabilidade dos parâmetros utilizados, e definir
faixas aceitáveis para valores de taxas de BDI específicas para cada tipo de empreendimento;
9.2. determinar que, no escopo da análise realizada pelo grupo de trabalho a que se refere o item 9.1
supra, esteja incluído, também, o exame acerca da necessidade de se estipular BDI diferenciado para
simples aquisição de insumos e equipamentos, com considerações acerca da influência da complexidade
no transporte e no armazenamento de materiais na estipulação da magnitude dessas taxas, entre outras
variáveis, com ênfase na necessidade de se verificar se há na composição de custos unitários a existência
de algum serviço que venha a descaracterizar essa classificação como item de mero fornecimento de
materiais;
9.3. orientar as unidades técnicas deste Tribunal a utilizar, até que sejam finalizados os exames do
grupo de trabalho interdisciplinar a que se refere o item 9.1 supra:
9.3.1. os parâmetros para taxas de BDI contidos no item 9.2 do Acórdão n. 325/2007 – Plenário,
quando se tratar de obras de linhas de transmissão de energia elétrica e de subestações;
9.3.2. os valores referenciais para taxas de BDI contidos nas tabelas a seguir, específicos para cada
tipo de obra discriminado:
898
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
superior a dois anos consecutivos, em inobservância ao art. 67, § 1º, da LOMAN e em descumprimento
ao Acórdão TCU nº 40/1993 – 2ª Câmara (Ata nº 10/93), que determinou àquele Tribunal a adequação
dos casos de acumulação de férias à legislação vigente;
- Exmo. Sr. Desembargador Nelson Tomaz Braga e Exmo. Sr. Desembargador Ivan Dias Rodrigues
Alves, juízes-presidentes nas gestões 2003/2004 e 2005/2006, respectivamente, quanto à realização de
ações de interesse particular desenvolvidas pelos policiais militares cedidos ao TRT-RJ, como por
exemplo: atendimento de problema familiar de juiz, vistoria volante de veículo de propriedade particular
de juiz, renovação junto ao Detran de carteira de habilitação de juiz, ações que flagrantemente atentam
contra a moral pública;
- Exma. Sra. Nídia de Assunção Aguiar, Exmo. Sr. Aloysio Santos, Exmo. Sr. Luiz Augusto
Pimenta de Mello, Exmo. Sr. Mello Porto, Exmo. Sr. Nelson Tomaz Braga, , Exma. Sra. Doris Castro
Neves, Exmo. Sr. Edilson Gonçalves, Exmo. Sr. Luiz Carlos Teixeira Bomfim, Exma. Sra. Maria de
Lourdes D’Arrochella Lima Sallaberry e Exma. Sra. Glória Regina Ferreira Mello, quanto à reforma em
sede administrativa da Decisão nº 31/2002 da 1ª Câmara (Ata nº 03/2002-1ªC), na sessão de 19/5/2005 do
Órgão Especial do TRT-RJ, no âmbito do Processo TRT 30422-1994-000-01-00-3, em descumprimento
ao art. 71, III, da Constituição Federal;
II – nos termos do art. 43, II, da Lei nº 8.443/1992, realizar audiência dos nominados abaixo, para
apresentar razões de justificativas no prazo de 15 dias, a contar da ciência, acerca da omissão do dever de
suprimir e regular, tempestivamente, os efeitos do Contrato n° 2004-0117, prejudiciais à Administração
Pública, especialmente aqueles relacionados à não desocupação do Fórum Ministro Coqueijo Costa e ao
conseqüente comprometimento do prazo estabelecido de execução do objeto pactuado:
- Sr. José Márcio da Silva Almeida, titular da Diretoria Geral de Coordenação Administrativa do
TRT-RJ – DGCA no período de 17/3/2004 a 31/3/2005;
- Sr. Nelson Tomás Braga, Presidente do TRT-RJ no período de 17/3/2004 a 31/3/2005;
- Sr. Jorge Luiz Fernandes da Silva, titular da Diretoria Geral de Coordenação Administrativa do
TRT-RJ – DGCA desde 1/4/2005; e
- Sr. Ivan Dias Rodrigues Alves, Presidente do TRT-RJ desde 1/4/2005.
III – nos termos do 43, I, da Lei nº 8.443/1992, assinar prazo de 30 dias para que o TRT-RJ:
a) instaure o devido processo disciplinar, por força dos arts. 132, I, e 146 da Lei nº 8.112/1990 c/c
11, V, da Lei nº 8.429/1992, chamando em oitiva os senhores Flávio de Andrade Pinto, Luiz Otávio
Gonçalves Moreira, Humberto Alves Coelho, Luiz Alexandre G. Mello e o Exmo. Juiz do Trabalho, Sr.
André Luiz da Costa Carvalho, para prestarem esclarecimentos acerca da licitude dos documentos
encontrados na gaveta da mesa tombada sob o número patrimonial 58785, objeto do processo TRT-PA
02212-20005-000-01-00-9;
b) exija da Fundação Getúlio Vargas a elaboração de todos os indicadores de desempenho e metas
para acompanhamento da execução dos objetivos estratégicos do TRT-RJ, constantes da Relação Geral de
Objetivos Estratégicos – Por Área;
IV - nos termos do art. 42, § 1º, da Lei n º 8.443/1992, assinar prazo de 15 dias para que o TRT-RJ
apresente as informações solicitadas no Ofício de Requisição nº 288/2006-17 desta equipe de auditoria,
sob pena de aplicação das sanções previstas no inciso IV, art. 58, do citado diploma legal;
V - encaminhar cópia da parte dos autos correspondente à questão de auditoria 1 (fls. 03/88, anexo
1) e deste relatório ao Ministério Público da União, antes da decisão de mérito do Tribunal, em razão da
iminência da prescrição da ação penal, para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis, nos termos do
art. 16, § 3º, da Lei nº 8.443/1992, e ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho, com fulcro no art. 111-
A, II, da Constituição Federal c/c art. 5º, III, do Regimento Interno do CSJT;
VI – nos termos do art. 43, I, da Lei nº 8.443/92, determinar ao TRT-RJ:
a) abster-se de indicar o nome do servidor nos ofícios de requisição de pessoal a outros órgãos da
Administração Pública, em atendimento ao princípio constitucional da impessoalidade, salvo no caso de
nomeação para cargo em comissão, observando os limites constantes do art. 9º da Lei nº 9.421/1996,
alterado pela Lei nº 10.475/2002;
904
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
serviço é prestado diretamente ao órgão do Poder Judiciário, e não a um particular, porque compete
àquele, na condição de guardião, decidir sobre a destinação dos valores depositados. Portanto, é
equivocado afirmar que o serviço envolve diretamente as partes do processo judicial, porque estas não
podem dispor livremente dos valores depositados.
Tratando-se, pois, de prestação de serviços, a concessão da administração de depósitos judiciais
deve ser precedida de licitação, diante do que imperativamente dispõe o artigo 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, e nos termos da Lei n.º 8.666/1993, que regulamenta a matéria.' (...)
(...).
'Nem se alegue que a concessão da administração de depósitos judiciais prescinde de licitação
porque o artigo 6.º da Lei n.º 8.666/1993 não prevê tal tarefa como serviço, para os efeitos dessa lei,
porque o rol apresentado nesse dispositivo legal é meramente exemplificativo. Logo, configurando-se a
administração de depósitos judiciais típica prestação de serviços a autorização para tanto deve ser
precedida de licitação.'
III
8. Posteriormente, foi examinado o tipo de instrumento que deve ser firmado entre o Tribunal
e a entidade bancária que irá administrar os depósitos judiciais, enfatizando-se, uma vez mais, a
necessidade de realização de certame licitatório:
'De outra parte, é descabido o argumento de que o ajuste entre o órgão do Poder Judiciário e a
instituição financeira para a administração dos depósitos judiciais tem a característica de convênio e que,
portanto, não necessitaria de observância aos artigos 37, inciso XXI, e 2.º da Lei n.º 8.666/1993. Para a
doutrina, convênio é uma espécie do gênero contrato – entre órgãos ou entidades da administração
pública ou entre estas e um particular –, em que as partes têm interesses e finalidades comuns, ao passo
que no contrato stricto sensu os interesses são opostos.
Penso que o interesse do Poder Judiciário é diverso do interesse daquele que administra os
depósitos judiciais. O órgão do Poder Judiciário, na condição de integrante da administração pública,
persegue sempre o interesse público, que, por meio dos depósitos judiciais, se materializa na busca da
‘efetivação da tutela jurisdicional, a fim de que o processo realize a função social de proporcionar, tanto
quanto possível, tudo o que a parte espera conseguir pela realização do direito’ (MOREIRA, José Carlos
Barbosa. Temas de Direito Processual. 2.ª ed., São Paulo: Saraiva. p. 21). A seu turno, a instituição
financeira busca, ainda que empresa pública ou sociedade de economia mista, como parte integrante do
mercado econômico, a obtenção do lucro que ocorre com a aplicação ou o empréstimo dos valores
depositados.
Sendo assim, o simples fato de o ajuste ocorrer entre órgão do Poder Judiciário e instituição
financeira autoriza a conclusão de que se trata efetivamente de contrato em sentido estrito, devendo, por
essa razão, observância à regra do inciso XXI do artigo 37 da Constituição da República e à Lei n.º
8.666/1993, que impõem a licitação como meio para a sua efetivação.
(...)
Ainda que o órgão do Poder Judiciário não efetue qualquer pagamento à instituição pela
administração dos depósitos judiciais, esse aspecto, por si só, não descaracteriza a natureza de contrato da
relação estabelecida porque estão presentes todos os demais elementos do mencionado pacto –
formalidade, bilateralidade, comutatividade e realização intuitu personae -. A presença da onerosidade
não constitui regra para a caracterização dos contratos em geral, haja vista, por exemplo, o contrato de
concessão de serviço público – típico contrato administrativo. Nessa espécie de contrato, assim como no
do caso em exame, a administração pública não realiza nenhum pagamento para a prestação do serviço de
seu interesse, porque a remuneração do prestador é paga diretamente por terceiro; todavia, trata-se,
inquestionavelmente, de contrato em sentido estrito.
Conquanto a Lei n.º 8.666/1993 não preveja expressamente a hipótese de licitação para a concessão
da administração de depósitos judiciais, não pode o órgão do Poder Judiciário esquivar-se da aplicação
dessa lei e, principalmente, da Constituição Federal com base em tal argumento, sob pena de ofensa ao
princípio da legalidade.
908
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Poder-se-ia aventar, ainda, a hipótese de dispensa de licitação com amparo no artigo 24, inciso VIII,
da Lei de Licitações e Contatos Administrativos, de seguinte teor:
‘Art. 24. É dispensável a licitação:
(...)
VIII – para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou
serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado
para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja
compatível com o praticado no mercado.’
Entretanto, essa hipótese é reservada à contratação entre órgãos ou entidades da administração
pública que detenham personalidade jurídica de direito público, às quais pode ser concedido o privilégio
de contratação direta, com dispensa de licitação. Considerando-se que as instituições bancárias, mesmo as
integrantes da administração pública indireta, como as empresas públicas e as sociedades de economia
mista, têm personalidade jurídica de direito privado, a elas não poderia ser concedido o benefício da
dispensa do procedimento licitatório, por vedação legal. É esse o entendimento de Marçal Justen Filho
sobre o tema (...).'
IV
9. Finalmente, o Relator examinou a possibilidade de participação de instituições financeiras
privadas no respectivo procedimento licitatório:
'No que diz respeito à participação de instituições financeiras privadas no certame, julgo
indispensável analisar o disposto no artigo 666, caput, com a alteração conferida pela Lei n.º 11.382, de 6
de dezembro de 2006, e inciso I, do Código de Processo Civil. Esses dispositivos legais têm a seguinte
redação:
‘Art. 666. Os bens penhorados serão preferencialmente depositados:
I - no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal, ou em um banco, de que o Estado-Membro da
União possua mais de metade do capital social integralizado; ou, em falta de tais estabelecimentos de
crédito, ou agências suas no lugar, em qualquer estabelecimento de crédito, designado pelo juiz, as
quantias em dinheiro, as pedras e os metais preciosos, bem como os papéis de crédito;’
A intenção do legislador quando da criação dessas regras foi a de determinar que os bens
penhorados, entre os quais se incluem modalidades de depósitos judiciais (v.g. penhora em dinheiro
realizada por meio do sistema Bacen-Jud), sejam preferencialmente depositados em estabelecimento de
crédito oficial, ou seja, aquele em que a administração pública tem participação no capital social. Apenas
na hipótese não haver tal instituição na localidade de sede do órgão do Poder Judiciário é que o Juiz
poderá autorizar o depósito em estabelecimento de crédito particular. Em resumo, a regra é a de que os
depósitos sejam realizados em instituições financeiras oficiais, sendo exceção a escolha do Juiz por
qualquer outro estabelecimento de crédito, e, ainda assim, apenas na falta daquelas.
Não foi por outro motivo que o Senado Federal rejeitou a proposta de Emenda n.º 6 ao Projeto de
Lei da Câmara n.º 51/2006, que propunha a alteração do inciso I do artigo 666 do Código de Processo
Civil para permitir que os bens penhorados fossem depositados em qualquer instituição financeira,
pública ou privada, integrante do Sistema Financeiro Nacional. O referido projeto gerou a Lei n.º
11.382/2006 que, em razão do não-acolhimento da proposta, apenas modificou o caput do artigo 666. A
justificativa de não-acolhimento da proposta de Emenda n.º 6 está assim fundamentada:
‘Acontece que o depositário, nesses casos, exerce inegavelmente uma função pública, uma vez que
substitui o próprio Estado, ao qual caberia, em tese, a guarda de bens penhorados. Por essa razão, somos
da opinião de que, nesse particular, deve ser mantido o texto vigente do Código de Processo Civil, que dá
primazia aos bancos oficiais para, só na falta desses, ser realizado o depósito em outro estabelecimento de
crédito escolhido pelo juiz.’ (Diário do Senado Federal de 29 de novembro de 2006, p. 35.939).
(...)
Sublinhe-se, quanto ao tema, a posição firmada pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal no
julgamento da medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 3.578-MC/DF, relator o
eminente Ministro Sepúlveda Pertence, em que foi determinada a suspensão da eficácia do artigo 29 da
Medida Provisória n.º 2.192-70/2001, que previa a possibilidade de depósitos judiciais permanecerem em
909
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
instituições financeiras oficiais submetidas à privatização. A ementa, na parte que interessa ao caso em
exame, está assim sintetizada:
‘EMENTA: I. (...) III. Desestatização: manutenção na instituição financeira privatizada das
disponibilidades de caixa da administração pública do Estado que detinha o seu controle acionário (MPr
2.192-70/01, art. 4º, § 1º), assim como dos depósitos judiciais (MPr 2.192-70/01, art. 29): autorização
genérica, cuja constitucionalidade - não obstante emanada de diploma legislativo federal - é objeto de
questionamento de densa plausibilidade, à vista do princípio da moralidade - como aventado em
precedentes do Tribunal (ADIn 2.600-MC e ADIn 2.661-MC) - e do próprio art. 164, § 3º, da
Constituição - que não permitiria à lei, ainda que federal, abrir exceção tão ampla à regra geral, que é a de
depósitos da disponibilidade de caixa da Administração Pública em instituições financeiras oficiais;
aparente violação, por fim, da exigência constitucional de licitação (CF, art. 37, XXI); ocorrência do
periculum in mora: deferimento da medida cautelar para suspender ex nunc a eficácia dos arts. 4º, § 1º, e
29 e parágrafo único do ato normativo questionado (MPr 2.192/70/01).’ (Julgamento: 14.09.2005 - DJU
24.02.2006, p. 00006 - Realcei).
(...)
É oportuno realçar que a tese não questiona a condição financeira das instituições bancárias
privadas, pois apenas visa a garantir que valores depositados em juízo, independentemente de oscilações
econômicas, seguramente estejam disponíveis ao Poder Judiciário e seus jurisdicionados quando preciso,
atendendo, desse modo, o interesse público perseguido, que se constitui na efetivação da tutela
jurisdicional e na função social do processo judicial. Por essas razões, não há falar em menoscabo à
liberdade econômica, à livre concorrência e ao princípio da isonomia, tampouco em privilégio especial às
instituições financeiras oficiais.
Diversamente ocorre quando a hipótese é de depósito de salários de servidores, que se trata de
despesa liquidada e se destina a um particular. Essa verba, por se tratar de pagamento, não se encontra
mais em poder da administração e, portanto, não há óbice a que o depósito seja realizado em instituição
financeira particular. Aliás, nesse sentido o Supremo Tribunal Federal já decidiu várias vezes, com
destaque para trecho do voto do ilustre Ministro Carlos Velloso no julgamento do Agravo Regimental
interposto na Reclamação n.º 3.872-6, cujo teor é o seguinte:
‘O Supremo Tribunal Federal tem decidido, reiteradamente, que as disponibilidades de caixa dos
Estados-membros serão depositadas em instituições financeiras oficiais, ressalvadas as hipóteses previstas
em lei ordinária de feição nacional (CF, art. 164, § 3.º). Assim decidiu o Supremo, por exemplo, nas ADIs
2.661-MC/MA, Ministro Celso Mello, Plenário, 05.6.2005; 2.600-MC/ES, Ministra Ellen Gracie,
Plenário, 24.4.2002; 3.578-MC/DF, Ministro Sepúlveda Pertence, Plenário, 14.9.2005, Informativo n.º
401.
Aqui, entretanto, o caso é outro: trata-se de ‘depósito líquido da folha de pagamento em Banco
particular, sem custo para o Município, eis que tal crédito fica disponibilizado aos servidores, não ao
Município’. É o que consta do acórdão recorrido, fl. 324, da lavra do eminente Desembargador Orlando
Carvalho.
(...)
Deste modo, os pagamentos realizados aos servidores municipais não são disponibilidades de caixa,
pois tais recursos, uma vez postos à disposição dos servidores, têm caráter de despesa liquidada,
pagamento feito, não estando disponíveis ao Município, pessoa jurídica de direito público interno, mas
estão disponíveis aos servidores, credores particulares.’ (Plenário, j. 14.12.2005, DJU 12.5.2006).'
10. Ainda sobre a participação de entidades privadas na administração de recursos de depósitos
judiciais, vale observar que, conforme indicado pela unidade técnica à fl. 101, no caso específico da
Justiça do Trabalho, a CLT dispõe que:
'Art. 881 - No caso de pagamento da importância reclamada, será este feito perante o escrivão ou
secretário, lavrando-se termo de quitação, em 2 (duas) vias, assinadas pelo exequente, pelo executado e
pelo mesmo escrivão ou secretário, entregando-se a segunda via ao executado e juntando-se a outra ao
processo.
910
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Parágrafo único - Não estando presente o exequente, será depositada a importância, mediante guia,
em estabelecimento oficial de crédito ou, em falta deste, em estabelecimento bancário idôneo. (Redação
dada pela Lei nº 7.305, 2.4.1985).'
11. Feitas as considerações acima, o Relator concluiu sua análise da seguinte forma:
'Por todas essas razões, tendo o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro incluído
instituições financeiras privadas no processo seletivo para a concessão da administração dos depósitos
judiciais daquele Estado e, ainda, não realizado procedimento licitatório para tanto, entendo que o ato
ofendeu diretamente os princípios norteadores da administração pública elencados no artigo 37 da
Constituição Federal, em especial o da legalidade, devendo, pois, ser declarado nulo em sua totalidade.
III - CONCLUSÃO
Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do presente procedimento de controle administrativo e,
no mérito, julgo procedente o pedido para: a) declarar a nulidade total do processo seletivo realizado pelo
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e do convênio formado com o Banco Bradesco S.A.; b)
determinar seja realizada licitação, na modalidade de concorrência, apenas com estabelecimentos de
crédito oficiais, para a concessão da administração dos depósitos judiciais, tudo nos termos da
fundamentação.'
V
12. Isto posto, à luz dos elementos contidos na recente deliberação do CNJ, passamos a
responder às questões formuladas no Despacho de fl. 133.
13. Primeiramente, cabe ao órgão, representado pelo seu Juiz Presidente, decidir se os
depósitos judiciais devem ser realizados com exclusividade em uma das instituições bancárias previstas
na legislação em troca de uma contrapartida.
14. Havendo interesse da administração em realizar o negócio, cabe ao gestor dar início ao
necessário procedimento licitatório, com vistas à celebração de um contrato com a instituição financeira
que oferecer a melhor contrapartida pela administração dos depósitos judiciais de responsabilidade
daquela Corte.
15. Desse modo, sendo necessário promover licitação para escolha da entidade bancária que
irá firmar contrato para administrar dos depósitos judiciais, não cabe ao Juiz Presidente do TRT-RJ, com
ou sem delegação dos demais magistrados, escolher e negociar diretamente com as instituições
financeiras.
16. Por fim, cumpre registrar que, como visto anteriormente, na medida em que os interesses
do órgão são distintos dos interesses das instituições financeiras, não cabe a celebração de convênio neste
caso, por se tratar de uma relação contratual, que somente poderá ser estabelecida após a realização do
devido procedimento licitatório".
É o relatório.
Proposta de Deliberação
Atuo com fundamento no art. 4º da Portaria TCU nº 313, de 18/12/2008, tendo em vista a mudança
de relatoria realizada mediante sorteio.
2. Trata-se de relatório de auditoria realizada no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região
(TRT-RJ), de 3/4/2006 a 19/5/2006, com o objetivo de "verificar a conformidade de obras e atos
administrativos" no período de 2002 a 2006”.
3. Entre as propostas de encaminhamento do extenso relatório de auditoria destacam-se:
a) audiências de responsáveis para apresentar razões de justificativas quanto a impedimento
editalício de participação em concurso público, não instauração de processo disciplinar em razão de
indícios de fraude em concurso público, acumulação de férias em limite superior a dois anos
consecutivos, realização de ações de interesse particular desenvolvidas pelos policiais militares cedidos,
descumprimento da Decisão TCU nº 31/2002 - 1ª Câmara e omissão do dever de suprimir
tempestivamente os efeitos do Contrato n° 2004-0117, prejudiciais à administração pública;
911
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
(...)
V - frustrar a licitude de concurso público;”
11. A segunda proposta de audiência trata da não instauração do devido processo disciplinar
depois da realização da sindicância objeto do processo TRT-PA 2212-2005-000-01-00-9, em
conformidade com o disposto no art. 132, I, e 146 da Lei nº 8.112/1990 c/c art. 11, V, da Lei nº
8.429/1992.
12. O processo de sindicância referia-se a documentos atinentes ao concurso de juiz do trabalho
realizado em 1995 (carteiras funcionais, processo de prova escrita, cadernos de provas e cadernos de
resposta) encontrados, em 2005, em mesa localizada na assessoria jurídica da presidência, contrariando o
edital regulador do concurso que determinava a sua destruição após dois anos da homologação do referido
concurso.
13. A terceira proposta de audiência refere-se à concessão de acumulação de férias em limite
superior a dois anos consecutivos, caracterizando possível inobservância ao art. 67, § 1º, da LOMAN e
descumprimento ao Acórdão TCU nº 40/1993 – 2ª Câmara (Ata nº 10/93). Pelo que consta no relatório de
auditoria, tal fato refere-se a 7 magistrados (5 juízes substitutos e 2 juízes titulares).
14. Este Tribunal, diferentemente do exposto no relatório de auditoria, recomendou, por meio do
Acórdão TCU nº 40/1993 – 2ª Câmara, ao TRT-RJ que adequasse "os casos de acumulação de férias de
Juízes à legislação vigente, cujo período máximo permitido é de dois anos consecutivos".
15. A quarta proposta de audiência é concernente às ações de interesse particular dos magistrados
desenvolvidas por policiais militares cedidos ao TRT-RJ.
III
16. Não obstante os fatos reportados pela equipe de auditoria serem passíveis de exame por este
Tribunal, constata-se que se referem essencialmente a matérias administrativas e falhas funcionais, as
quais, ressalto, muito embora não estejam fora da jurisdição desta Corte de Contas, são mais claramente
afetas à jurisdição, competências e finalidades do Conselho Superior da Justiça do Trabalho.
17. Nesse sentido, a Constituição Federal, no art. 111, § 2º, II, estabelece que cabe ao Conselho
Superior da Justiça do Trabalho “exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária,
financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do
sistema, cujas decisões terão efetivo vinculante”.
18. O Regimento Interno do Conselho Superior da Justiça do Trabalho assim prevê:
"Art. 12. Ao Plenário, que é integrado por todos os Conselheiros, compete:
(...)
IV – exercer, de ofício ou a requerimento de qualquer interessado, o controle de legalidade de ato
administrativo praticado por Tribunal Regional do Trabalho, cujos efeitos extrapolem interesses
meramente individuais, quando contrariadas normas legais ou constitucionais, ou decisões de caráter
normativo do Conselho Superior da Justiça do Trabalho e do Conselho Nacional de Justiça;
(...)
VI – examinar, de ofício ou a requerimento de qualquer interessado, a legalidade das nomeações
para os cargos efetivos e em comissão e para as funções comissionadas dos Órgãos da Justiça do Trabalho
de primeiro e segundo graus".
19. No caso concreto, tratando-se de fatos atrativos de ambas as jurisdições, pode este Tribunal
exercer suas atribuições, em perfeita consonância com as prescrições constitucionais, segundo o disposto
no art. 71, XI, da Constituição Federal, de forma a compartilhar responsabilidades no âmbito do controle
da legalidade de atos administrativos (atribuídas pela Constituição a mais de uma instituição – sem
reserva de jurisdição a nenhum outro) com outros órgãos igualmente competentes e, eventualmente,
melhor legitimação ad causum e vocacionados para atuação sobre determinados fatos, reservando sua
força de trabalho para ações mais estritamente vinculadas a sua missão institucional e à sua jurisdição.
20. Os fatos ora abordados não são matérias primordialmente objeto do controle externo exercido
pelo Tribunal de Contas da União, mas o são, claramente, do Conselho Superior da Justiça do Trabalho,
razão pela qual deixo de acompanhar a proposta da unidade técnica para realização das audiências
anteriormente mencionadas, e proponho levar ao conhecimento do Conselho Superior da Justiça do
913
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Trabalho as irregularidades aqui apontadas, para que, no âmbito de sua competência, promova as
investigações, responsabilizações e demais providências que entender cabíveis.
IV
21. A audiência seguinte proposta pela equipe de auditoria refere-se ao não cumprimento da
Decisão TCU nº 31/2002 - 1ª Câmara. O relatório de auditoria traz a seguinte informação:
"A presente questão originou-se da Informação Ouvidoria nº 03966/2005 (fls. 95/100 do TC
018.517/2005-6, apenso). Segundo a Informação Ouvidoria, o Órgão Especial do TRT da 1ª Região
reformou administrativamente a Decisão nº 31/2002 da 1ª Câmara, verbis, no âmbito do processo TRT-
PA 30422-1994-000-01-00-3:
'A 1ª Câmara, diante das razões expostas pelo Relator; considerando que não há autorização legal
para percepção da vantagem ora apreciada; e considerando a jurisprudência desta Corte, DECIDE:
8.1- considerar ilegal a alteração de aposentadoria de Maria Elta Therezinha Ladeira de Oliveira;
(...)
8.4- determinar ao TRT da 1ª Região que:
8.4.1- faça cessar os pagamentos decorrentes da alteração impugnada, no prazo máximo de 15
(quinze) dias, contados a partir da ciência desta decisão, nos termos do artigo 71, inciso IX, da
Constituição Federal, sob pena de responsabilidade solidária da autoridade administrativa omissa, em
conformidade com o artigo 191 do Regimento Interno/TCU;
8.4.2- adote a presente decisão para todos os casos similares ao presente, sob pena de
responsabilidade solidária do gestor e aplicação das sanções previstas na Lei 8.443/1992;'
O presidente Exmo. Sr. Nelson Tomaz Braga determinou o cumprimento da decisão acima (fls. 408,
anexo 1, v.2). Em 1/10/2003, a servidora inativa Aguida Ferreira Lima, atingida pelos efeitos da decisão
supramencionada, entrou com recurso administrativo contra a determinação do juiz presidente (fls.
409/417, anexo 1, v.2), tendo sido deferido pelo Órgão Especial em 19/5/2005, que resolveu restabelecer
o ato administrativo anterior, deferindo à recorrente o pedido de opção pela percepção da vantagem dos
décimos incorporados (fls. 418/422, anexo 1, v.2).
A vantagem foi reincorporada aos proventos da servidora inativa com efeitos financeiros retroativos
a 1/8/2003. A quantia de R$ 1.495,26 glosada dos proventos da servidora foi revertida em outubro de
2005(fls. 423/426, anexo 1, v.2).
A Assessoria Jurídica se manifestou no sentido de que seja dado cumprimento imediato à decisão
do TCU por meio do Parecer nº 331/2005/AJU, o qual foi acolhido pelo presidente Exmo. Sr. Ivan Dias
Rodrigues Alves. O Controle Interno do TRT da 1ª Região emitiu parecer alertando o Órgão Especial
quanto a possíveis sanções decorrentes de descumprimento de decisão do TCU. Em novo parecer de
3/2/2006, a Assessoria Jurídica pondera caber ao TCU a apreciação da legalidade de atos de
aposentadoria e que o Órgão Especial ao agir em sede administrativa vincula-se à fiscalização do TCU,
bem como deve obediência às suas decisões. O processo foi encaminhado ao Órgão Especial para ciência
em 10/3/2006, porém foi retirado de pauta na Sessão Ordinária do Órgão Especial de 6/4/2006, por
determinação do presidente Exmo. Sr. Ivan Dias Rodrigues Alves. O último andamento do processo, até a
data de encerramento de execução desta auditoria, foi para a Divisão de Legislação de Pessoal, em
28/4/2006 (fls. 427/443, anexo 1, v.2)".
22. Observo que até o final do prazo de execução da auditoria ainda não havia desfecho para a
situação relatada, uma vez que o Órgão Especial não havia deliberado sobre os pareceres subsequentes à
sua decisão. Diante do lapso de tempo decorrido, desde a realização da auditoria e a apreciação deste
processo, é plausível supor que para o caso tenha havido desdobramentos e possivelmente o Órgão
Especial já tenha deliberado sobre a questão.
23. Assim, não cabe, neste momento, a audiência proposta. Deve-se, diante das informações
apresentadas pela equipe de auditoria, determinar à Sefip que monitore o cumprimento da Decisão TCU
nº 31/2002 - 1ª Câmara, se ainda não o fez, e, caso constate o descumprimento da mencionada decisão,
proponha as medidas cabíveis em processo de monitoramento.
914
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
V
24. Por último, a audiência proposta pela "omissão do dever de suprimir e regular,
tempestivamente, os efeitos do Contrato n° 2004-0117, prejudiciais à Administração Pública,
especialmente aqueles relacionados à não desocupação do Fórum Ministro Coqueijo Costa e ao
consequente comprometimento do prazo estabelecido de execução do objeto pactuado", também não pode
ser acolhida, pelo que passo a expor.
25. O contrato n° 2004-0117 foi celebrado em 30/12/2004, com prazo de execução de 365 dias, e
tinha por objeto a recuperação e reforma do Fórum Ministro Coqueijo Costa, obra de significativo
impacto na estrutura funcional daquele tribunal regional, que demandava, inclusive, o remanejamento do
espaço físico de diversas repartições.
26. Em 17/8/2005, passados 230 dias da celebração do contrato e diante de enorme atraso na
execução dos serviços contratados, o controle interno do TRT-RJ asseverou que "a causa principal do
atraso verificado é a não liberação da edificação para a consecução da reforma, que vem sendo noticiada
pela empresa desde janeiro deste ano, em diversas correspondências" (fls. 85/95 do anexo 2).
27. Em que pese a equipe de auditoria sustentar que a não disponibilização das instalações físicas
por parte da administração daquele tribunal regional à contratada foi o motivo determinante para
caracterizar o ato de gestão antieconômico, verifico que naquela oportunidade não se podia antever,
minimamente, o potencial risco de comprometimento da execução contratual, o que fez o TRT-RJ decidir
pela suspensão dos trabalhos 10 meses após a assinatura do contrato. Os trabalhos realizados, que mal
tiveram início, restringiram-se a serviços de demolição de revestimentos em áreas diminutas, implicando,
com efeito, irrisória parcela dos serviços contratados.
28. A equipe de auditoria entende que a não disponibilização das instalações físicas por parte da
administração daquele tribunal regional à contratada caracteriza ato de gestão antieconômico. Contudo,
tal entendimento não está fundamentado, pelo que encontro nos autos, em análises fáticas que
evidenciassem que o presidente do TRT-RJ poderia ter promovido a disponibilização das instalações, mas
não o fez, ou que a licitação, contratação e execução das obras não deveriam ter ocorrido, ante a
impossibilidade de promover o remanejamento de espaços requerido para realização da reforma.
29. O TRT-RJ, após 10 meses da assinatura do contrato, promoveu sua rescisão unilateral. Os
trabalhos realizados, que mal tiveram início, restringiram-se a serviços de demolição de revestimentos em
áreas diminutas.
30. Assim, a equipe concluiu que a constante omissão do TRT-RJ, diante da obrigação de fazer
cessar a situação controversa e onerosa, que nenhum benefício acarretava para a administração pública,
configurou ato de gestão antieconômico, o que demandava ouvir em audiência os responsáveis, e que a
não desocupação do Fórum Ministro Coqueijo Costa e o consequente comprometimento do prazo
estabelecido de execução do objeto pactuado, acarretou um gasto superveniente superior a R$ 2 milhões.
31. Constato nos autos que o TRT-RJ celebrou o contrato em consonância com a legislação
pertinente; que nos autos não consta o valor efetivamente pago pelo TRT-RJ à empresa contratada, não
havendo assim razoável avaliação quanto a suposto prejuízo ao erário.
32. As justificativas para a interrupção da obra não se resumem unicamente na inadequação das
ações de planejamento, gerenciamento e controle administrativo do TRT-RJ, mas também a fatores
externos, como a sentença proferida pelo juízo da 7ª Vara Cível Federal – Seção Judiciária do Rio de
Janeiro, que culminou com a suspensão da execução contratual por 120 dias. A questão em discussão foi
objeto de sindicância instaurada pelo TRT-RJ, concluindo a respectiva comissão sindicante que a atuação
da administração do Tribunal não se constituiu em fator determinante para o atraso da obra (fls. 207/222).
33. Para a decisão de rescindir o contrato de reforma do edifício, foi determinante a cessão de uso
em comodato do mezanino e de 7 pavimentos do edifício situado na Rua Augusto Severo, n° 84, acordada
entre o TRT-RJ e o Banco do Brasil S/A, após a celebração do referido contrato. Assim, presume-se que,
independentemente dos transtornos que vinham se sucedendo nas obras de reforma, o contrato viria a ser
rescindido, uma vez que não mais se justificaria a obra, tendo em vista a mudança do tribunal para outro
imóvel.
915
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
34. Assim, o fato de uma obra ter sido iniciada e não ter sido concluída não é suficiente para
caracterizar a sucessão de ações e omissões administrativas como atos de gestão antieconômicos. Para
tanto, se faz necessário avaliar os elementos sob controle e fora do controle do gestor presentes tanto na
decisão de contratar, quanto na de manter o contrato e na de rescindi-lo. Avaliações essas que se mostram
insuficientes, nos autos, para promover audiências, pela impossibilidade de apontamento preciso do que
se atribui de irregular ao gestor, sob pena de inviabilização do pleno exercício do direito ao contraditório,
assegurado pela Constituição nos processos administrativos, também.
VI
35. Quanto à proposta de assinar prazo de 15 dias para que o TRT-RJ apresente as informações
solicitadas no ofício de requisição nº 288/2006-17 da equipe de auditoria (item IV da proposta de
encaminhamento do relatório de auditoria), verifico que o órgão enviou as informações solicitadas por
meio do ofício TRT-GP Nº 677/06, de 1/9/2006 (fls. 129/131). Está, portanto, superada a questão.
VII
36. Passo a examinar as determinações e recomendações propostas pela equipe de auditoria, as
quais contaram com a anuência do diretor e do secretário da Secex-RJ.
37. De início, verifico que os fatos que motivaram as propostas de determinação, constantes na
alínea "b" do item III e nas alíneas "a" a "o" do item VI do relatório de auditoria (fls. 124/126), ocorreram
entre 2003 e 2006, passados, portanto, mais de cinco anos, não tendo sido os responsáveis ouvidos acerca
dessas impropriedades durante o curso do processo. Deixo, portanto, de propor determinações corretivas,
uma vez que se referem a irregularidades ocorridas há longa data. O decurso de tempo transcorrido
demandaria averiguação mais detalhada nos processos envolvendo o órgão ao longo desse período, a fim
de aferir quais impropriedades ainda persistiriam e quais determinações ainda se revelariam pertinentes.
38. No que concerne à proposta da unidade técnica de determinar ao Tribunal Superior do
Trabalho que na concessão de permuta entre juízes, regulamentada pela Instrução Normativa TST nº 5
alterada pela Resolução TST nº 103/2000, harmonize o interesse dos particulares envolvidos ao interesse
público, procedendo à motivação do ato correspondente, constato que não está claro o que se pretende
concretamente prescrever a título de harmonizar o “interesse dos particulares envolvidos ao interesse
público”.
39. Em que pese o entendimento de que todo ato administrativo deva ser fundamentado, não
vislumbro na situação descrita pela equipe evidências de prejuízo ao interesse público. Ao contrário, a
permuta é procedimento de remoção salutar e pode proporcionar bem-estar aos magistrados envolvidos ao
desempenharem suas funções nas localidades pretendidas, o que, por consequência, pode levar à melhoria
da produtividade. Nesse sentido, deixo de acolher a proposta de determinação ao Tribunal Superior do
Trabalho.
40. A proposta de recomendação ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho para que
regulamente as situações nas quais os juízes substitutos fazem jus à percepção da diferença entre o
vencimento do seu cargo de origem e o do cargo em substituição quando em exercício da titularidade de
vara trabalhista não se revela o melhor encaminhamento, pelos seguintes motivos:
a) em resposta à solicitação da equipe de auditoria, a Secretaria de Recursos Humanos do
TRT-RJ informou que as férias dos juízes substitutos são calculadas com base no subsídio mensal do
cargo do juiz titular, quando o juiz substituto é convocado e/ou designado para exercer a função de juiz
titular, sem interrupção, nos onzes meses anteriores à fruição de suas férias, com fundamento no art. 124
da LOMAN que prescreve que "o magistrado que for convocado para substituir, em primeira ou segunda
instância, perceberá a diferença de vencimentos correspondentes ao cargo que passa a exercer, inclusive
diárias e transportes, se for o caso. (redação dada pela Lei Complementar nº 54/86.)” (fls. 153/157, anexo
1);
b) a matéria estava sendo objeto de estudo no âmbito daquele TRT (Processo TRT-PA
368/01);
c) o procedimento adotado no TRT-RJ é idêntico ao adotado pelo Justiça Federal (segundo o
art. 2º da Resolução do Conselho da Justiça Federal nº 129/1994, o juiz que estiver exercendo
provisoriamente a titularidade de vara ou compondo colegiado do Tribunal Regional Federal tem direito
916
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
a percepção da diferença do vencimento entre o seu cargo de origem e o cargo em substituição, inclusive
em período de férias) (fl. 164, anexo 1);
d) há informação nos autos de que o Conselho Superior da Justiça do Trabalho já havia sido
consultado sobre a questão, porém até aquela data ainda não havia se manifestado.
41. Assim, uma vez que o assunto já é de conhecimento do Conselho Superior da Justiça do
Trabalho não há necessidade de efetuar a recomendação proposta.
VIII
42. Por último, examino a proposta de realização de auditoria, de âmbito nacional, nos tribunais
regionais do trabalho, extensiva ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal, sob a coordenação da 2ª
Secex e participação de todas as unidades técnicas responsáveis pelos vínculos jurisdicionais dos órgãos da
justiça do trabalho, com a finalidade de examinar a legalidade e a legitimidade dos atos de gestão relacionados
ao acolhimento, aplicação e levantamento dos depósitos judiciais sob responsabilidade das Justiças Federal e do
Trabalho, abrangendo o período de janeiro de 2001 a junho de 2006.
43. Quanto a essa questão, por entender ser de alta relevância, solicitei oitiva do MP/TCU acerca da
legalidade dos convênios de cooperação financeira firmados entre o TRT-RJ e o Banco do Brasil e a Caixa
Econômica Federal, uma vez que alguns pontos necessitavam ser melhor esclarecidos para formulação do
melhor encaminhamento.
44. O Parquet especializado atendeu à solicitação com presteza e competência, elaborando parecer que
transcrevi na íntegra no relatório que precede esta proposta de deliberação, cujas conclusões, em essência, são:
a) cabe ao órgão, representado pelo seu Juiz Presidente, decidir se os depósitos judiciais
devem ser realizados com exclusividade em uma das instituições bancárias previstas na legislação em
troca de uma contrapartida;
b) havendo interesse da administração em realizar o negócio, cabe ao gestor dar início ao
necessário procedimento licitatório, com vistas à celebração de um contrato com a instituição financeira
que oferecer a melhor contrapartida pela administração dos depósitos judiciais de responsabilidade
daquela Corte;
c) não cabe ao Juiz Presidente do órgão, com ou sem delegação dos demais magistrados,
escolher e negociar diretamente com as instituições financeiras;
d) não cabe a celebração de convênio neste caso, por se tratar de uma relação contratual, que
somente poderá ser estabelecida após a realização do devido procedimento licitatório.
45. A manifestação do MP/TCU está embasada em decisão do Conselho Nacional de Justiça, que,
ao apreciar, na sessão de 4/11/2008, o procedimento de controle administrativo nº 2008.10.00.000211-7,
por meio do qual o Banco do Brasil S/A requereu que fosse declarada a nulidade do convênio firmado
pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro com o Banco Bradesco S/A, para administração de
depósitos judiciais no âmbito daquele Estado, determinou a realização de licitação, diante do disposto no
artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, e na Lei nº 8.666/1993.
46. Esta Corte, ao apreciar consulta do Presidente do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho
da Justiça Federal, Ministro Cesar Asfor Rocha, acerca da possibilidade de a Justiça Federal celebrar
ajuste com instituições financeiras oficiais, com vistas à obtenção de bens e serviços em contrapartida à
manutenção de saldos de precatório e de requisições de pequeno valor, respondeu ao consulente, por meio
do Acórdão TCU nº 1457/2009 - Plenário, nos seguintes termos:
"9.1.1. os órgãos da Justiça Federal poderão firmar ajustes com o Banco do Brasil e com a Caixa
Econômica Federal, com vistas à obtenção de bens e serviços voltados para a melhoria da prestação
jurisdicional, em contrapartida à qualificação daquelas instituições financeiras oficiais como agentes
captadores e mantenedores dos saldos de precatórios e de requisições de pequeno valor – RPVs, até o seu
normal levantamento pelos titulares das contas;
9.1.2. os bens e serviços recebidos pelos órgãos da Justiça Federal em razão dos ajustes a que se
refere o subitem anterior devem ser empregados em projetos e atividades que traduzam a consecução do
interesse público primário, na efetiva e direta melhoria da prestação jurisdicional, não sendo passíveis,
tais bens e serviços, de serem empregados para a realização de interesses secundários dos órgãos
jurisdicionais e muito menos no interesse de membros ou servidores da Justiça Federal;
917
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.1.3. a qualificação do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal, nos termos do subitem
9.1.1 deste Acórdão, deve se revestir de prévia celebração de contrato, no sentido definido no parágrafo
único do art. 2º da Lei nº 8.666/1993;
9.1.4. para a celebração dos contratos referidos no subitem anterior, é inexigível a licitação, por
impossibilidade de competição, sempre que os depósitos efetuados no Banco do Brasil ou na Caixa
Econômica Federal ocorrerem segundo as hipóteses previstas no art. 17 da Lei nº 10.259/2001 e nos arts.
14 e 17 da Resolução nº 55/2009 do Conselho da Justiça Federal".
47. Em assentada subsequente, a Primeira Câmara desta Corte, acatando proposta de deliberação
em processo de minha relatoria, que tratava de questão similar, determinou ao TRT da 11ª Região
(Acórdão TCU nº 1623/2010 - Primeira Câmara):
"9.7.1. adote medidas para que as receitas provenientes de quaisquer convênios e outros ajustes
sejam recolhidas à conta única do Tesouro Nacional (Medida Provisória nº 2.170-36/2001) e as despesas
a elas vinculadas regularmente executadas, segundo a legislação orçamentária em vigor;
9.7.2. proceda, no prazo de trinta dias, aos ajustes necessários para que as despesas de aluguel
relativas ao imóvel destinado ao Fórum Trabalhista de Manaus/AM passem a correr à conta dos recursos
de seu orçamento, com estrita observância, nos registros contábeis da obrigação contratual, das
disposições da Lei nº 4.320/1964";
48. Assim, em consonância com as decisões desta Corte, as receitas auferidas com os contratos
firmados com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal devem ser revertidas aos cofres do Tesouro
Nacional, não podendo ser livremente movimentadas em contas bancárias nas mencionadas instituições
financeiras.
49. Uma vez que o Conselho Nacional de Justiça já se manifestou sobre a questão e que esta
Corte também prolatou decisões que enfrentam com concretude os problemas apontados nos referidos
ajustes, apontando procedimento correto quanto às receitas e despesas decorrentes dos ajustes firmados
com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, a evolução dos fatos deixa pouca margem para
corroborar o acolhimento da proposta de auditoria de âmbito nacional nesse momento.
50. No entanto, a matéria pode voltar a ser reapreciada e autorizada a auditoria de escopo
nacional nas unidades da Justiça Federal e da Justiça do Trabalho se o acompanhamento realizado pelas
unidades técnicas demonstrar o descumprimento das leis nºs 8.666/1993 e 4.320/1964, bem como a
inobservância do que já foi decidido por este Tribunal e pelo CNJ.
51. Ademais, registro, por importante e oportuno, que o presidente do Conselho Superior da
Justiça do Trabalho, Ministro João Oreste Dalazen, por meio do Ofício CSJT.GP.SG nº 61/2011, de
9/8/2011, informou a este Tribunal que instituiu, mediante o Ato CSJT.GP.SG nº 156/2011, de 25/7/2011,
grupo de trabalho destinado a realizar estudos e propor normatização sobre os ajustes firmados por
tribunais regionais do trabalho que têm por objeto o gerenciamento dos depósitos judiciais, precatórios
trabalhistas, folha de pagamento de pessoal, e a cessão de uso de espaço público. Tal grupo possui um
prazo de 90 dias para a conclusão dos trabalhos.
52. Assim, deve-se determinar à 3ª Secex que acompanhe os trabalhos do referido grupo, com o
objetivo de verificar a conformidade de suas conclusões com as decisões desta Corte, especialmente com
os acórdãos nºs 2938/2010 - Plenário, 1623/2010 - Primeira Câmara e 1154/2011 - Segunda Câmara.
53. Em relação à proposta da equipe de auditoria, no sentido de alterar o item 9.2 do Acórdão
TCU nº 1122/2006 - Segunda Câmara, no sentido de excluir da auditoria determinada os patrocínios aos
órgãos da justiça, verifico que restou prejudicada. Em atendimento à determinação objeto do mencionado
item 9.2, realizou-se auditoria no Banco do Brasil S/A, objeto do TC 023.664/2006-0, com vistas ao
exame da regularidade dos patrocínios concedidos, abrangendo o período de 2001 a 2005, cujos trabalhos
ocorreram entre novembro de 2006 e março de 2007. Este Tribunal apreciou o relatório de auditoria e
prolatou o Acórdão nº 1346/2011 - Plenário, em sessão de 25/5/2011.
IX
54. Para finalizar, manifesto minha preocupação com trabalhos de auditoria extensos como o ora
apreciado. A auditoria originou-se de ocorrências registradas pela Ouvidoria desta Corte. Eram diversas
ocorrências, todas questionando atos administrativos daquele órgão. No entanto, durante o trabalho de
918
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
campo a equipe se deparou com outras questões, fora do escopo do trabalho, e as incorporou também ao
relatório, tornando-o complexo e disperso em vários temas.
55. A questão que ora abordo não é novidade para este Plenário, que em diversas outras ocasiões
apreciou processo em que situações similares ocorreram, ensejando inclusive debates. Menciono essa
constatação unicamente para subsidiar os trabalhos de supervisão, normatização e coordenação da
Segecex, de modo a que, em sua função de orientar as unidades técnicas nas atividades de fiscalização,
verifique se as auditorias e inspeções estão sendo realizadas com foco no objeto aprovado pelo plano e se
os respectivos relatórios estão sendo elaborados levando em conta a clareza, a convicção, a concisão, a
completude, a exatidão, a relevância, a tempestividade e a objetividade, conforme bem definido nas
Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União aprovadas pela Portaria TCU nº 280, de 8 de
dezembro de 2010.
Diante do exposto, manifesto-me pela aprovação do acórdão que ora submeto à apreciação deste
Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
WEDER DE OLIVEIRA
Relator
1. Processo nº TC 002.703/2006-9.
1.1. Apensos: 018.517/2005-6; 013.666/2006-1
2. Grupo II – Classe V – Assunto: Relatório de Auditoria
3. Interessados/Responsáveis: não há.
4. Órgão: Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-RJ).
5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: Secretaria de Controle Externo no Rio de Janeiro (Secex-RJ).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se aprecia realização de auditoria no Tribunal
Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-RJ) com o objetivo de verificar a conformidade de obras e atos
administrativos no período de 2002 a 2006.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar à Sefip que monitore o cumprimento da Decisão TCU nº 31/2002 - 1ª Câmara, se
ainda não o fez, e, caso constate o descumprimento da mencionada decisão, proponha as medidas cabíveis
em processo de monitoramento;
9.2. determinar à 3ª Secex que acompanhe as atividades do grupo de trabalho, instituído mediante o
Ato CSJT.GP.SG nº 156/2011, de 25/7/2011, do Conselho Superior da Justiça do Trabalho e destinado a
realizar estudos e propor normatização sobre os ajustes firmados por tribunais regionais do trabalho que
têm por objeto o gerenciamento dos depósitos judiciais, precatórios trabalhistas, folha de pagamento de
pessoal, e a cessão de uso de espaço público grupo, com o objetivo de verificar a conformidade de suas
conclusões com as decisões desta Corte, especialmente com os acórdãos nºs 2938/2010 - Plenário,
1623/2010 - Primeira Câmara e 1154/2011 - Segunda Câmara.
9.3. remeter cópia desta deliberação, assim como do relatório de auditoria, ao Conselho Superior da
Justiça do Trabalho, para as providências que entender pertinentes;
9.4. encerrar o processo e arquivar os autos.
919
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
"RESUMO
Trata-se de auditoria realizada na Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. - MT, no período
compreendido entre 20/6/2011 e 29/7/2011.
A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar as obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste/BA
- Caetité-Barreiras.
A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados
de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:
1 - A previsão orçamentária para a execução da obra é adequada?
2 - Existem estudos que comprovem a viabilidade técnica e econômico-financeira do
empreendimento?
3 - O tipo do empreendimento exige licença ambiental e realizou todas as etapas para esse
licenciamento?
4 - Há projeto básico/executivo adequado para a licitação/execução da obra?
5 - A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi adequada?
920
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
A presente auditoria foi iniciada com o objetivo de fiscalizar as obras de implantação dos lotes 5F,
5FA, 6F e 7F, que se encontram sob a responsabilidade da Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias
S.A. (Valec). A fiscalização foi motivada pelo grande vulto da obra, estimado em cerca de R$
1.965.882.839,59 para os quatro lotes.
Importância socioeconômica
A Ferrovia de Integração Oeste Leste dinamizará o escoamento da produção do estado da Bahia,
propiciará a redução de custos do transporte de insumos e produtos diversos, o aumento da
competitividade dos produtos do agronegócio e a implantação de novos polos agroindustriais e de
exploração de minérios, aproveitando sua conexão com a malha ferroviária nacional. Além disso, a
ferrovia poderá promover o crescimento das economias locais. ?
2 - INTRODUÇÃO
2.1 - Deliberação
Em cumprimento ao Acórdão 564/2011 - Plenário, realizou-se auditoria na Valec Engenharia,
Construções e Ferrovias S.A. - MT, no período compreendido entre 20/6/2011 e 29/7/2011.
As razões que motivaram esta auditoria foram o grande vulto e a materialidade do empreendimento.
2.2 - Visão geral do objeto
Trata-se de auditoria realizada no empreendimento de implantação das obras da Ferrovia de
Integração Oeste Leste (Fiol), no âmbito do Fiscobras 2011, referente aos lotes 5, 5A, 6 e 7.
Sete lotes de construção da Fiol foram licitados em 2010, por meio da Concorrência 5/2010, bem
como um lote referente à construção da ponte sobre o Rio São Francisco, lote 5A, Concorrência 8/2010.
O lote 5 foi vencido pelo consórcio Mendes Junior - Sanches Tripoloni - Fidens, e resultou no
Contrato 58/2010, no valor de R$ 720.083.377,91 (data base: set/2009) que tem por objeto a execução,
sob regime de empreitada por preço unitário, de obras e serviços de engenharia para a implantação do
sub-trecho da Ferrovia de Integração Oeste Leste - Fiol, compreendido entre Ilhéus/BA e Barreiras/BA,
do fim da ponte sobre o Rio São Francisco (Km 828 + 130) até o Riacho da Barroca (Km 990 + 170),
com extensão de 162,04 km.
O lote 6 foi vencido pelo consórcio Constran / Egesa / Pedrasul / Estacon / Cmt, e foi firmado o
Contrato 59/2010, no valor de R$ 575.110.771,42 (data base: set/2009), tendo por obejeto a execução,
sob o regime de empreitada por preço unitário, de obras e serviços de engenharia para a implantação do
sub-trecho da Ferrovia de Integração Oeste Leste - Fiol, compreendido entre Ilhéus/BA e Barreiras/BA,
da estrada vicinal de acesso à BR-135 (Km 665 + 920) até o início da ponte sobre o Rio São Francisco
(km 825 + 230), com extensão de 159,31 km.
O lote 7 foi vencido pelo consórcio Oeste Leste Barreiras, resultando no Contrato 60/2010, no valor
de R$ 535.729.183,11 (data base: set/2009), tendo por objeto a execução, sob regime de empreitada por
preço unitário, de obras e serviços de engenharia para a implantação do sub-trecho da Ferrovia de
Integração Oeste Leste, compreendido entre Ilhéus/BA e Barreiras/BA, do Rio das Fêmeas (km 504 +
800) até a estrada vicinal de acesso à BR-135 (km 665 + 920), com extensão de 161,12 km.
O lote 5A foi vencido pelo consórcio Lotec - Sanches Tripoloni - Sobrenco, e resultou no Contrato
85/2010, no valor R$ 134.959.507,15 (data base: set/2010), que tem por objeto a execução sob regime de
empreitada por preço unitário de obras e serviços de engenharia para construção de ponte sobre o Rio São
Francisco a ser implantada entre o km 825 + 230 e o km 828 + 130 do sub-trecho da Ferrovia de
Integração Oeste Leste - Fiol, compreendido entre Ilhéus/BA e Barreiras/BA.
2.3 - Objetivo e questões de auditoria
A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar as obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste/BA
- Caetité-Barreiras.
A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados
de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:
1 - A previsão orçamentária para a execução da obra é adequada?
2 - Existem estudos que comprovem a viabilidade técnica e econômico-financeira do
empreendimento?
3 - O tipo do empreendimento exige licença ambiental e realizou todas as etapas para esse
922
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
licenciamento?
4 - Há projeto básico/executivo adequado para a licitação/execução da obra?
5 - A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi adequada?
6 - O orçamento da obra encontra-se devidamente detalhado (planilha de quantitativos e preços
unitários) e acompanhado das composições de todos os custos unitários de seus serviços?
7 - Os quantitativos definidos no orçamento da obra são condizentes com os quantitativos
apresentados no projeto básico / executivo?
8 - Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores de
mercado?
2.4 - Metodologia utilizada
Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de Contas
da União e em observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade definidos pelo TCU.
Durante o planejamento e execução da auditoria, o levantamento das informações sobre os projetos
básicos e contratos referentes aos lotes 5, 5A, 6 e 7 foram realizados por meio de ofícios de requisição
enviados à Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. Para responder às questões de auditoria
levantadas e elaborar as matrizes de planejamento e de achados, foram utilizadas as técnicas de análise
documental, conferência das memórias de cálculo em comparação aos quantitativos contratados,
conferência dos desenhos do projeto básico em comparação com o orçamento contratado e conferência
dos insumos das composições dos serviços contratados.
2.5 - Limitações
Em virtude do exíguo prazo e do escopo da fiscalização, a equipe de auditoria priorizou a análise de
importantes itens dos projetos básicos dos lotes 5, 5A, 6 e 7 da Fiol, que podem gerar impacto
orçamentário relevante.
2.6 - VRF
O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 2.048.315.620,73. Essa quantia
corresponde ao valor total dos objetos cadastrados, calculados conforme o anexo III ao Memorando-
Circular 12/2011-Segecex:
- Contrato 58/2010 - execução do lote 5: R$ 720.083.377,91;
- Contrato 59/2010 - execuçao do lote 6: R$ 575.110.771,42;
- Contrato 60/2010 - execução do lote 7: R$ 535.729.183,11;
- Contrato 85/2010 - execução do lote 5A: R$ R$ 134.959.507,15;
- Contrato 98/2010 - supervisão do lote 5: R$ 25.996.112,93;
- Contrato 99/2010 - supervisão do lote 5A: R$ 11.003.276,01;
- Contrato 100/2010 - supervisão do lote 6: R$ 22.651.479,14; e
- Contrato 101/2010 - supervisão do lote 7: R$ 22.781.913,06.
2.7 - Benefícios estimados
Entre os benefícios quantificáveis desta fiscalização, tem-se que, diante das omissões do projeto
básico, que não apresenta os elementos estabelecidos no art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/93, o cálculo do
prejuízo ao Erário é incalculável. De forma exemplificativa, entre outros problemas identificados, tem-se
o prejuízo de R$ 3.013.991,32, em virtude da seleção de metodologia antieconômica e não aplicável ao
caso concreto, considerando apenas o lote 5A; somente no lote 5, o impacto financeiro do potencial
superfaturamento decorrente da redução da distância de transporte da brita para fabricação dos dormentes
é da ordem de R$ 1.642.110,00; em relação ao lote 5A, referente à construção da ponte sobre o Rio São
Francisco, o impacto financeiro do potencial superfaturamento decorrente da redução da distância de
transporte da brita para a produção dos diversos concretos é da ordem de R$ 1.497.724,68; o prejuízo da
inclusão dos 'Serviços por Administração' nos lotes 5, 6 e 7 é de R$ 1.761.406,00; a implantação da
ferrovia nas proximidades da BA 462, ou até mesmo na sua faixa de domínio, provocaria redução dos
custos de implantação em virtude da potencial redução da extensão do lote 7, da desnecessidade de
pavimentação dos 33,465 km de acesso rodoviário até então necessários, da topografia favorável da
região, extremamente plana, da eliminação de um viaduto sobre a BA 462 (R$ 409.717,22) e da
eliminação de duas pontes sobre o Rio das Fêmeas (R$ 12.712.171,03). Ressalta-se que esse valor
923
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
calculado, totalizando R$ 21.037.120,25, não equivale ao potencial prejuízo final, em face das prováveis
omissões do projeto básico.
Outro benefício estimado é a melhoria da atuação da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias
S.A. - MT na elaboração dos projetos básicos para as ferrovias. Além disso, conjetura-se também evitar
eventual prejuízo para os cofres públicos em relação às medições já efetuadas, no que se refere à Fiol.
3 - ACHADOS DE AUDITORIA
3.1 - Projeto básico deficiente ou desatualizado.
3.1.1 - Tipificação do achado:
Classificação - grave com recomendação de paralisação (IG-P)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de irregularidade grave da LDO - A
irregularidade se enquadra no inciso IV do §1º do art. 94 da Lei 12.309/2010 (LDO/2011), uma vez que
se trata de irregularidade grave, materialmente relevante em relação ao valor total contratado, com
potencialidade de ocasionar prejuízos ao Erário, e que possa ensejar nulidade dos contratos, bem como
configuram graves desvios relativamente aos princípios constitucionais a que está submetida a
administração pública, a exemplo da economicidade.?
3.1.2 - Situação encontrada:
O projeto básico dos lotes 5, 5A, 6 e 7 da construção da Ferrovia Oeste-Leste (Fiol) não possui
todos os elementos necessários e suficientes para caracterizar a obra, contrariando o disposto no inciso IX
do art. 6º da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, bem como não atende aos requisitos elencados no art. 12
da mesma lei, a exemplo da insuficiência de sondagens para caracterização dos materiais e
dimensionamento das fundações das obras de arte especiais, da seleção de metodologia construtiva
antieconômica e não usualmente adotada para produção de concreto, bem como da insuficiência de
estudos que motivaram a escolha do traçado dos lotes 6 e 7.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS:
Em que pese o objeto da presente auditoria ser os lotes 5, 5A, 6 e 7 da Ferrovia Oeste-Leste, é
oportuno destacar que vários lotes da Ferrovia Norte-Sul (também executada pela Valec) sofreram
aditivos contratuais que suprimiram serviços necessários à funcionalidade do objeto contratado, a
exemplo da exclusão dos pátios ferroviários de Jaraguá, Santa Isabel e Uruaçú (TC 6.980/2011-2), que
serão posteriormente licitados pela Valec.
Assim, para compensar a deficiência de projeto e visando ao reestabelecimento da funcionalidade
de alguns trechos da Ferrovia Norte-Sul, os Contratos 19/2011 (R$ 27.695.796,61) e 20/2011 (R$
16.014.977,06) foram firmados para a realização de serviços de engenharia para complementação dos
lotes 2 e 11, já que ambos possuíam aditivos contratuais da ordem de 25%, para a execução de serviços
de terraplenagem, pavimentação, drenagem, obras de arte correntes e obras complementares, ou seja, os
serviços necessários à execução funcional do objeto correspondiam a valor superior ao valor contratual
acrescido de 25%.
As principais irregularidades identificadas no âmbito do projeto básico dos lotes ora fiscalizados
encontram-se abaixo detalhadas, a saber: critérios adotados para definição do traçado dos lotes 6 e 7;
insuficiência de sondagens para caracterização dos materiais de 1ª, 2ª, 3ª categorias e solos moles; seleção
de método construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras ferroviárias para produção dos
diversos tipos de concreto, a exemplo do concreto para as obras de arte especiais; insuficiência de estudos
para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo de aquisição (comercial x explorada),
na distância média de transporte (DMT) e no uso da areia artificial, subproduto da britagem, para compor
o traço dos diversos concretos; adoção na planilha orçamentária de 'Serviços por Administração', com as
quantidades em horas de máquinas e pessoal, sem a identificação do objeto que se pretende executar;
ausência de projeto que dimensione e quantifique as armaduras do concreto armado e as soluções das
fundações das obras de arte especiais:
A) CRITÉRIOS ADOTADOS PARA DEFINIÇÃO DO TRAÇADO DOS LOTES 6 E 7:
O lote 6 de construção da Fiol possui 159,31 km. A Valec está realizando estudos para mudança do
traçado licitado de 76,88 km dos 159,31 km contratados, equivalente a 48,25% do lote 6, referente às
variantes denominadas Silvânia, Cavernas e Índios, objetivando solucionar problemas existentes em
924
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
virtude das deficiências do projeto básico, conforme resposta da Valec ao Ofício de Requisição 6-
269/2001.
A variante das Cavernas possui 7,00 km (do km 711+000 ao km 718+000) e foi motivada pelo
'aparecimento de cavernas nesse trecho onde o IBAMA solicitou estudos mais aprofundados de geofísica,
fauna, grau de relevância, etc.', o que deveria ter sido identificado na fase inicial de elaboração dos
projetos, mormente pela notória existência de cavernas na região do município de São Desidério, o que
inclusive motivou a paralisação da implantação da BR-135/BA na mesma região.
Quanto à variante da Silvânia, com extensão de 18,698 km (do km 666+520 ao km 685+218),
evidencia-se a desconsideração da existência das áreas produtivas de 247 pequenos proprietários, que
vivem da produção às margens do rio, visível até mesmo pelo 'Google Earth', sendo que alguns pontos
estão localizados em Área de Preservação Permanente, o que deveria ter sido identificado na fase de
elaboração do projeto básico, com a consequente alteração do traçado ora em estudo.
Tal alteração, segundo a Valec, provocará redução da ordem de 1,5 km de extensão, bem como do
valor das desapropriações e da desnecessidade de remoção do solo mole às margens do rio, porém o
impacto financeiro da variante ainda não foi calculado, ressaltando que no novo traçado a topografia é
mais acidentada, inclusive com a presença visível de material de 3ª categoria, o que impede conclusões
acerca da economicidade da necessária alteração pretendida.
Destaca-se que em quatro pontos distintos na região da Silvânia (km 670+200, km 671+400, km
672+340 e km 681+340), além de outro em região diversa (km 660+740), o traçado contratado para
implantação da ferrovia faz com que as saias dos aterros estejam projetadas dentro do rio, contrariando o
Código Florestal e sem previsão de contenções, o que tecnicamente inviabilizaria a implantação,
evidenciando a fragilidade dos estudos de campo na fase do projeto básico, que sequer identificaram tal
ocorrência.
Por fim, a variante dos Índios possui 51,183 km (do km 724+580 ao km 775+763) e foi motivada
pelo deslocamento do traçado da ferrovia de região de agricultura altamente produtiva, porém tal traçado
já havia sofrido deslocamento anterior para afastamento de área de perambulação indígena. Segundo a
Valec, tal mudança de traçado reduzirá 2,757 km de extensão da ferrovia, bem como eliminará dois
viadutos sobre a BR 349, porém, não foram apresentados os estudos que demonstrem a redução do valor
contratual em virtude da variante que tem extensão da ordem de 30% do segmento contratado, destacando
que a mudança de traçado implica em novas distâncias de transporte e implantação em trecho onde não
houve sondagens para caracterização dos materiais, o que pode elevar os custos do empreendimento.
Já em relação ao lote 7, verifica-se a ausência de estudos técnicos que demonstrem a viabilidade e
economicidade da implantação do Pátio Barreiras no local indicado.
O relatório do projeto básico do lote 7, folha 212, indica que o local do pátio foi selecionado com
base na acessibilidade por rodovia e nas características topográficas, porém informa a necessidade de
implantação de acesso rodoviário com extensão de 33,465 km, o que não está previsto no contrato e
implicaria custos da ordem de R$ 50 milhões. Destaca-se que a localização escolhida contraria o padrão
de implantação dos demais pátios, que estão posicionados às margens de rodovias. Deve-se ressaltar que
o Pátio Barreiras situa-se no meio de quatro rodovias, porém DISTANTE de todas elas, a saber: BR 242
(ao norte do pátio); BA 462 (ao sul do pátio); BR 135 (a leste do pátio); e BR 020 (a oeste do pátio).
Destaca-se que, conforme Mapa 1, elaborado pela empresa STE Serviços Técnicos de Engenharia
S.A., responsável pela elaboração dos projetos básico e executivo, bem como pela supervisão do lote 7,
verifica-se que o traçado da ferrovia é ascendente até entrar no limite do município de Barreiras, após o
que apresenta o formato de um cotovelo e segue na descendente, ingressando no município de Barreiras
somente o suficiente para a implantação do pátio.
O mesmo mapa apresenta outro traçado, denominado de 'traçado antigo', nas imediações da faixa de
domínio da BA 462, que liga São Desidério à BR 020, porém os técnicos da Valec e da STE não
souberam justificar o motivo pelo qual tal traçado foi descartado e, até a presente data, a Valec não
respondeu ao Ofício de Requisição 5-269/2011, por meio do qual, entre outras informações, foi solicitada
manifestação acerca da matéria.
925
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Além disso, a implantação da ferrovia nas proximidades da BA 462, ou até mesmo na sua faixa de
domínio, provocaria redução dos custos de implantação em virtude dos seguintes aspectos: potencial
redução da extensão do lote 7; desnecessidade de pavimentação dos 33,465 km de acesso rodoviário até
então necessários; topografia favorável da região, extremamente plana (Foto 1); eliminação de um
viaduto sobre a BA 462 (R$ 409.717,22); e eliminação de duas pontes sobre o Rio das Fêmeas (R$
12.712.171,03), cuja região de traçado em área de alagamento, visitada pela equipe de auditoria e que,
segundo a empresa supervisora, apresenta solos moles com treze metros de profundidade, requerendo
soluções complexas de engenharia que não foram previstas no contrato.
Apesar dos tributos que o pátio gerará para o município onde se situar, não consta dos documentos
analisados informação acerca de eventual influência de tal fato para a decisão de posicionar o pátio no
município de Barreiras, maior município da região.
Ademais, o artigo 12, incisos II e III, da Lei 8.666/93 dispõem que os projetos devem considerar
como requisito a funcionalidade e a adequação ao interesse público, bem como a economia na execução,
conservação e operação, o que não restou demonstrado nos documentos apresentados pela Valec.
Diante do exposto, verifica-se que a ausência e/ou deficiência de estudos técnicos que fundamentem
a definição de traçado dos lotes 6 e 7 impedem a adequada quantificação e orçamentação, contrariando os
artigos 6º, inciso IX, e 12 da Lei 8.666/93, bem como impondo risco à Administração Pública que
desconhece o custo real do objeto contratado. Tais impropriedades podem levar os referidos contratos a
alterações superiores ao permitido no artigo 65 da Lei de Licitações, além de tornarem a avença mais
suscetível ao 'jogo de planilha' ou desequilíbrio econômico-financeiro do contrato.
B) SELEÇÃO DE MÉTODO CONSTRUTIVO ANTIECONÔMICO E NÃO USUALMENTE
APLICADO NAS OBRAS FERROVIÁRIAS PARA PRODUÇÃO DOS DIVERSOS TIPOS DE
CONCRETO, A EXEMPLO DO CONCRETO PARA AS OBRAS DE ARTE ESPECIAIS:
O concreto a ser utilizado nas obras de arte especiais pode ser produzido por meio da utilização
individual dos seguintes equipamentos misturadores: betoneira de 320 litros; betoneira de 750 litros;
caminhão betoneira de até 12 m³; central móvel de concreto com capacidade de produção de 60 m³/h; e
central fixa de concreto com capacidade de produção de 180 m³/h.
A seleção do equipamento a ser utilizado para a produção do concreto, em respeito ao princípio
constitucional da economicidade, deve buscar o método construtivo com menor custo, desde que
tecnicamente viável.
Como regra geral, a relação entre a capacidade de produção e o custo da produção é inversamente
proporcional, ou seja, quanto maior a capacidade produtiva do equipamento menor o custo de produção.
Na licitação da Fiol, a Valec adotou duas formas distintas para a produção dos concretos
expressamente previstos na planilha orçamentária, por meio dos seguintes equipamentos: betoneira de
320 litros para os serviços de drenagem e obras de arte correntes e betoneira de 720 litros para os serviços
de obras de arte especiais.
Tal concepção não tem sido a real metodologia utilizada pelas construtoras nas obras da Ferrovia
Norte-Sul, a exemplo da larga utilização de caminhão betoneira para produção de concreto para as obras
de artes especiais (Fotos 2 e 3), em vez da betoneira de 750 litros, bem como da utilização de betoneira de
750 litros ou caminhão betoneira para execução dos dispositivos de drenagem e das obras de arte
correntes.
Apesar da metodologia antieconômica utilizada no âmbito da elaboração do orçamento base da
licitação, existe evidente contradição já que as próprias planilhas orçamentárias dos contratos dos lotes 5,
5A, 6 e 7 apresentam o item 1.1.1.3 referente à mobilização e desmobilização de Equipamentos para
Usina de Concreto transportado sem escolta , com valor contratual da ordem de R$ 95.000,00 para cada
um dos lotes.
Ou seja, todos os lotes possuem quantidade representativa de concreto (126.991,10 m³ no lote 5;
31.024,10 m³ no lote 5A; 87.000,57 m³ no lote 6; e 86.387,82 m³ no lote 7), além da elevada produção
dos dormentes de concreto, o que tecnicamente viabiliza a produção em usina de concreto, retratada pela
sua mobilização considerada nas planilhas contratuais. Porém os preços unitários referenciais da Valec
926
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
NÃO contemplam a utilização de usina para produção dos diversos concretos, motivo pelo qual há
evidente prejuízo ao Erário, além de contradição no projeto básico.
Destaca-se que o lote 5A é específico para a construção de uma ponte sobre o Rio São Francisco,
com 2,90 km de extensão, NÃO havendo previsão de utilização de concreto em nenhum outro item da
planilha contratual que não para as estruturas e fundações da ponte, evidenciando que a usina de concreto
que já está em fase de implantação será para produção dos concretos da obra de arte especial, constatando
que a metodologia antieconômica selecionada na fase da licitação não será efetivamente praticada no
âmbito da execução do contrato e o benefício será exclusivamente do consórcio contratado, já que o preço
contratado para os serviços de concreto de todos os lotes tiveram apenas pequenos descontos em relação
ao preço de referência.
Ressalta-se que os lotes 5, 6 e 7 possuem diversos outros serviços que possuem a produção de
concreto como composição auxiliar, a exemplo dos tubos de concreto, dos bueiros celulares e das cercas,
todos com valores na casa de milhões de reais.
Por fim, observa-se que a eventual inexistência de composições unitárias no Sicro 2 do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que contemplem os métodos construtivos
usualmente adotados para produção dos concretos nas obras ferroviárias, não possibilita à Valec a adoção
de solução antieconômica, ressaltando que os serviços de superestrutura ferroviária também não estão
presentes no Sicro 2 e a Valec desenvolveu composições específicas para tais serviços.
Ademais, o artigo 7º, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/93 dispõe que as obras somente poderão ser
licitadas quando existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus
custos unitários e as planilhas orçamentárias utilizadas pela Valec para a licitação da Fiol NÃO
expressam a composição de TODOS os seus custos unitários, já que a metodologia prevista nas
composições do orçamento da Valec adota equipamentos que oneram a produção dos concretos e que não
serão efetivamente utilizados na execução dos serviços.
Diante do exposto, verifica-se que a seleção imprópria de serviço com metodologia antieconômica
para produção dos concretos implica em prejuízos ao Erário, motivo pelo qual a Valec deve apresentar
composições unitárias que reflitam a realidade de cada obra, a exemplo da produção de concreto em usina
para a ponte sobre o Rio São Francisco e produção de concreto em caminhão betoneira para as demais
obras de arte especiais, obras de arte correntes e dispositivos de drenagem.
Caso a Valec entenda que a produção de concreto em caminhão betoneira é tecnicamente imprópria,
caberá a respectiva tomada de providências em relação aos diversos contratos da Ferrovia Norte-Sul que
construíram obras de arte especiais por meio de tal metodologia executiva.
C) INSUFICIÊNCIA DE SONDAGENS PARA CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS DE 1ª,
2ª, 3ª CATEGORIAS E SOLOS MOLES:
Os projetos básicos dos lotes 5, 6 e 7 foram elaborados sem a adequada caracterização e
quantificação dos materiais de 1ª, 2ª, 3ª categorias e solos moles.
Com relação ao lote 5, apesar de haver previsão na planilha orçamentária de quantitativos
relacionados à remoção de solos moles em estacas compreendidas entre as estacas 887+853 e 888+439
(SM 02, 03 e 04), durante os trabalhos de campo houve visita aos locais indicados (Foto 4) e verificou-se
inconsistência entre os materiais encontrados e grande parte das indicações de solos mole, ressaltando que
não basta haver baixa capacidade de suporte dos materiais para que eles sejam considerados e
classificados como solos moles, sendo necessário também que o material seja argiloso e compressível
(Especificação de Serviço da Valec 80-ES-028-20-8006).
Destaca-se que a verificação no local foi amostral, não se descartando outras possíveis
inconsistências que não puderam ser verificadas devido à escassez do tempo. A consideração imprópria
do serviço de remoção de solos moles implica em aumento de custos no contrato, já que a remoção de
solos moles é mais onerosa do que de material de 1ª categoria.
Em que pese a baixa representatividade dos valores referentes à remoção de solos moles no lote 5,
observa-se que a impropriedade apontada evidencia a fragilidade dos estudos geotécnicos utilizados para
quantificação e caracterização dos materiais a serem removidos e escavados.
927
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Quanto ao lote 7, verifica-se que o orçamento base da licitação e, por consequência, o contrato não
contemplam o serviço de corte em rocha (3ª categoria), e mais uma vez durante os trabalhos de campo, a
equipe constatou VISUALMENTE que tal serviço será necessário nas proximidades das estacas 647+880
e 647+940 (Foto 5). Ainda com relação ao lote 7, a equipe de auditoria foi informada de que as sondagens
realizadas no âmbito do projeto executivo, que foram solicitadas por meio de ofícios de requisição, mas
que até o momento não foram entregues, identificaram solos moles a uma profundidade de treze metros
do Rio das Fêmeas, sendo que a remoção desses solos moles não foram previstas no orçamento base da
licitação. Tal situação implicará na adoção de solução complexa de engenharia, não prevista no contrato.
O documento 'Diretrizes básicas para elaboração de estudos e projetos rodoviários', do Dnit
(Publicação IPR - 726), disponível em http://ipr.dnit.gov.br/, estabelece normas de sondagem para
elaboração de projetos de obras rodoviárias. Considerando que as exigências de carga de uma obra
ferroviária são muito maiores que as exigências de carga de obras rodoviárias, a investigação geotécnica
por sondagem em obras ferroviárias deve necessariamente ser, no mínimo, aquela preconizada pelo Dnit
para obras rodoviárias, o que não ocorre com os estudos realizados no âmbito do projeto básico da Fiol.
Se na época de projeto básico as sondagens tivessem sido realizadas conforme recomenda tal
norma, teria sido possível identificar as interferências necessárias ao detalhamento das quantidades e
custos para o empreendimento.
A deficiência dos projetos básicos prejudica a correta mensuração dos quantitativos dos serviços e
distorce a planilha contratual, além de possibilitar a celebração de termos aditivos de
quantidade/qualidade acima do limite de 25% estipulado pela Lei 8.666/1993. Além disso, os projetos
deficientes podem permitir a desconfiguração do objeto licitado, haja vista as possíveis modificações no
projeto ao longo da execução da obra para adequar às características reais do momento da execução, bem
como a possível supressão de serviços essenciais à funcionalidade do objeto para viabilizar o contrato
dentro dos aumentos percentuais legalmente previstos, com posterior licitação em separado dos serviços
suprimidos. Nessas hipóteses, acontecem as contratações para execução residual de outros contratos, o
que onera o valor do empreendimento e dá margem a ocorrência de 'química', 'jogo de planilha' e
superfaturamentos.
D) AUSÊNCIA DE PROJETO QUE DIMENSIONE E QUANTIFIQUE AS ARMADURAS DO
CONCRETO ARMADO E AS SOLUÇÕES DAS FUNDAÇÕES DAS OBRAS DE ARTE ESPECIAIS:
O artigo 6º, alínea f , inciso IX, da Lei 8.666/1993 dispõe que o projeto básico deve conter diversos
elementos, dentre os quais o orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em
quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados.
Ocorre que não há projeto estrutural e quadro de aço que indiquem o critério adotado pela Valec
para quantificação das obras de arte especiais dos lotes 5, 6 e 7, ressaltando que nem mesmo o lote 5A,
que é específico para a construção de uma ponte sobre o Rio São Francisco, possui projeto estrutural que
indique a bitola e quantidade das armaduras, que somam R$ 33.123.312,60 e representam 24,5% do valor
contratual, podendo provocar impacto significativo no contrato caso haja a necessidade de aumento de
quantidades por meio de aditivos contratuais.
A Especificação de Projeto 80-EG-000A-11-000 da Valec, item 4.2.1, estabelece que o
DIMENSIONAMENTO, verificação e CÁLCULO ESTRUTURAL de todas as peças da SUPER, MESO
e INFRAESTRUTURA serão incluídos na fase de PROJETO EXECUTIVO.
Já o item 4.1.1 da mesma especificação dispõe que, quanto à solução da superestrutura, 'Poderão ser
empregadas, com suporte de uma avaliação técnica e econômica, estruturas especiais em concreto
(balanços sucessivos ou arco); estruturas mistas (vigas metálicas e laje em concreto) ou treliça metálica
(com tabuleiro para apoio do lastro)'.
Ora, não há como quantificar e nem selecionar a solução técnica adequada para as estruturas e as
fundações das obras de arte especiais senão pela elaboração do dimensionamento e do cálculo estrutural
na fase de PROJETO BÁSICO. Não há como deixar essa etapa para fase posterior à contratação.
Destaca-se que a Orientação Técnica 1/2006, do Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas
(Ibraop), preconiza a existência de desenhos das armaduras, das protensões e dos detalhes, quando da
928
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
elaboração de projetos básicos, bem como a apresentação de relatório do projeto contendo quadro de
quantidades.
Em relação à escolha da solução das fundações e o seu dimensionamento e quantificação, observa-
se que a especificação de projetos da Valec, item 4.1.3, estabelece que três soluções podem ser adotadas
para as fundações (sapatas, tubulões ou estacas), desde que:
Na escolha de um dos tipos de solução acima, deverão ser analisadas as informações sobre a
capacidade de suporte do terreno e as condições de execução propriamente ditas tais como: nível d'água,
coesão de material, necessidade de escoramentos, ensecadeiras ou qualquer outra condicionante de ordem
técnica, construtiva e econômica.
Segundo dispõe a norma da própria Valec, a escolha da solução das fundações das obras de artes
especiais deve ser amparada por informações acerca da capacidade de suporte do terreno onde as
fundações serão executadas, o que pressupõe a realização de sondagens suficientes, na fase de projeto
básico, que permitam a quantificação e precificação dos serviços escolhidos, o que vai ao encontro do
inciso IX, artigo 6º da Lei 8.666/1993.
Em que pesem tais previsões normativas, o projeto básico licitado para as obras da Fiol não possui
as sondagens necessárias ao correto dimensionamento das fundações das obras de artes especiais, não só
nos lotes 5, 6 e 7, como também no lote 5A, específico para a construção da ponte sobre o Rio São
Francisco.
O projeto básico da ponte sobre o Rio São Francisco, lote 5A, possui somente oito furos de
sondagem para os 99 apoios e 2.990 metros de extensão, o que não se mostra razoável, ressaltando que a
Publicação IPR 726, do Dnit, Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários (p.
327/328), estabelece a realização de uma sondagem para cada apoio.
Ou seja, considerando a norma do Dnit, a Valec realizou 8% da quantidade de sondagens
necessárias para a correta investigação geotécnica e dimensionamento das fundações do lote 5A.
Conforme a Ata de Reunião da Fiol 26/2011, o resultado dos primeiros ensaios de sondagem do
projeto executivo indicam que a profundidade do topo rochoso está entre 20 e 30 metros de profundidade,
em vez da média de 11 metros obtidos por meio do resultado dos 8 furos de sondagem do projeto básico,
o que provocará grande aumento de quantitativo e elevação do valor do contrato, já que as fundações da
ponte representam 43,1% do valor contratual, equivalentes a R$ 58.174.326,54.
Merece destaque o fato de o projeto executivo fazer parte do contrato para construção da ponte, o
que aliado ao elevado grau de deficiência e omissão do projeto básico faz com que o consórcio construtor,
no âmbito da elaboração do projeto executivo, defina o que irá executar, dispondo de informações que a
administração pública não possui, o que torna difícil a análise da real pertinência dos aditivos contratuais
que se farão necessários.
Destaca-se que o artigo 9º, inciso I, da Lei 8.666/93 impede que o autor do projeto básico participe
da licitação ou execução da obra, não só para evitar a utilização de informações privilegiadas como
também para impossibilitar que a definição do que deverá ser executado parta da maior interessada na
própria execução.
No caso concreto, em que pese não haver ilegalidade na contratação de obra que inclua a elaboração
do projeto executivo, elementos e requisitos que deveriam ter sido executados na fase de projeto básico
estão sendo elaborados no âmbito do projeto executivo, ou seja, há evidente colisão com o disposto no
artigo 9º da Lei 8.666/1993, já que o consórcio construtor é o responsável pela elaboração do projeto
executivo que irá suprir as omissões do projeto básico, sendo ele diretamente interessado e atingido pelas
decisões que vier a tomar para sanar tais omissões.
Diante do exposto, verifica-se que há ausência dos projetos estruturais que indique e quantifiquem a
armadura das obras de arte especiais de todos os lotes, bem como insuficiência de sondagens para escolha
da solução e dimensionamento das fundações das obras de arte especiais, o que é agravado no lote 5A, já
que tal lote é específico para construção de uma ponte e as armaduras e fundações representam 67,6% do
valor contratual.
E) INSUFICIÊNCIA DE ESTUDOS PARA DEFINIÇÃO DAS JAZIDAS DE AREIA E BRITA
COM IMPACTO NO MODELO DE AQUISIÇÃO (COMERCIAL X EXPLORADA), NA DISTÂNCIA
929
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
pesquisa 872.642/2007, cujo titular é a Britadeira São Jorge, e em que as coordenadas constantes nesse
processo coincidem com as da pedreira indicada. Quanto ao areal, foi informado que o que está em estudo
também é da Britadeira São Jorge. Ao se consultar o site do DNPM, verificou-se a existência do processo
870.778/2011, referente a areal de titularidade da Britadeira São Jorge, no município de Serra do
Ramalho, que está em fase de requerimento de licenciamento.
A título de exemplo, tem-se, na planilha do orçamento base da licitação do lote 5A, o serviço
10.1.1.2.8 - 'Concreto Fck=25Mpa', considerando 70 km de transporte de brita em rodovia não
pavimentada e 50 km de transporte de brita em rodovia pavimentada, distâncias bastante superiores aos
26,4 km encontrados na fase de execução da obra. Nota-se que os estudos e mapeamento das jazidas não
foram realizados a contento no âmbito do projeto básico. A proposta de preços do consórcio vencedor
Loctec - Sanches Tripoloni - Sobrenco considerou 32 km de transporte em rodovia não pavimentada.
Novamente, a não definição das jazidas na fase de projeto básico resultou em um orçamento base da
licitação com a previsão de distâncias de transportes inadequadas. Os estudos que estão sendo realizados
no escopo do projeto executivo confirmam essas incongruências.
Nos anexos do projeto básico, referentes a materiais de construção dos lotes 6 e 7 da Fiol, foram
indicados areais e pedreiras, sem, contudo, ter sido apresentado qualquer estudo sobre a adequabilidade
das jazidas no âmbito do projeto básico.
Verifica-se que as pedreiras indicadas na fase de projeto básico para os lotes 6 e 7 não estão sendo
aprovadas no ensaio de compressão axial realizado no âmbito do projeto executivo, requerido para o uso
de brita para lastro, como é o caso da pedreira Mineração São Jorge, localizada em São Desidério. Deve-
se ressaltar que os ensaios de brita para lastro são mais rigorosos dos que os ensaios de brita para uso em
concreto. Se os estudos a respeito da adequabilidade dos materiais tivessem sido realizados na fase de
projeto básico, que é a época apropriada, essas jazidas reprovadas já teriam sido descartadas de pronto, e
o orçamento base teria sido elaborado com maior verossimilhança.
Nas proximidades do lote 6, há outras pedreiras que estão sendo ensaiadas no projeto executivo para
se verificar a adequabilidade para produção de lastro, que não haviam sido indicadas e nem estudadas no
projeto básico. Entre essas, tem-se a pedreira dos Irmãos Teixeira, que já se sabe não ter sido aprovada
para lastro devido à baixa resistência à compressão axial, mas foi aprovada para uso na produção dos
diversos concretos. Essa pedreira está a aproximadamente 5,42 km de distância do canteiro de obras a ser
montado para o lote 6.
Na composição da Valec para o item 8.1.1 - 'Dormente monobloco de concreto protendido para
bitola 1,60 m', está previsto o transporte de brita por 50 km em rodovia não pavimentada, distância
bastante superior aos 5,42 km demonstrados nos estudos do projeto executivo em andamento. Esse item já
foi licitado e contratado com DMT de 50 km.
Outra pedreira em estudo no lote 6, na fase de execução das obras, que também não foi estudada no
projeto básico, é a pedreira Jaborandi, que foi aprovada nos ensaios de brita para lastro e dista cerca de
25,9 km do eixo da ferrovia, sendo a distância média de transporte contratada para todo o techo do lote 6
da ordem de 83,24 km.
Sobre o lote 7, as jazidas de pedra indicadas no projeto básico não haviam sido estudadas e também
estão sendo reprovadas nos ensaios de compressão axial, requeridos para o uso da brita para lastro,
elaborados no âmbito do projeto executivo. Essa indefinição demonstra que o projeto básico foi realizado
com elevada incerteza em relação à localização dos materiais, havendo a possibilidade de se utilizar no
lote 7 a mesma jazida de brita do lote 6, elevando bastante a distância de transporte. Por certo, as
contratadas recorrerão a aditivos para correção das DMTs avaliadas a menor no projeto básico.
Sobre os lotes 5 e 7, os profissionais das construtoras mencionaram ainda que pretendem utilizar a
areia artificial, subproduto da britagem para lastro, como agregado miúdo na composição do concreto,
juntamente com a areia natural. Caso a Valec entenda viável tal uso, poderia haver uma redução ainda
maior nas distâncias de transporte. O benefício poderia ir além da esfera econômica, pois também
reduziria o impacto ambiental, uma vez que a areia artificial constitui um subproduto do processo de
britagem.
931
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Constata-se, desse modo, a ausência dos estudos de verificação da viabilidade técnica das jazidas,
comerciais e não comerciais, para o fornecimento dos insumos a serem utilizados, o que impossibilita a
adequada avaliação dos custos da obra, em desacordo com o art. 7º c/c art. 6º, inciso IX, alínea f da Lei
8.666/1993, que informa que deve constar no projeto básico o orçamento detalhado do custo global da
obra, fundamentado, entre outras coisas, em fornecimentos propriamente avaliados.
O devido levantamento/mapeamento de jazidas, na época do projeto básico, permitiria uma
avaliação mais adequada dos custos de aquisição e de transporte dos insumos e o requerimento de
bloqueio da área para uso em obra pública.
Para o caso da brita e da areia, existem indícios da existência de jazidas nas regiões próximas ao
local de realização das obras que, possivelmente, poderiam ser exploradas não comercialmente. Dados do
Sistema de Informações Geográficas da Mineração do DNPM (SIGMINE - http://sigmine.dnpm.gov.br)
indicam a existência de áreas em fase de requerimento de pesquisa, como nos processos 872.852/2010,
872.851/2010, 870.886/2011, 872.554/2011, 870.784/2011, 871.566/2011, 871.085/2011, 872.933/2010,
dentre outros pedidos.
O adequado estudo e planejamento poderiam acomodar a exploração e utilização dos materiais
naturais na construção, em vez da utilização dos respectivos materiais comerciais, que possuem custos
bastante superiores.
- Possibilidade de bloqueio das jazidas em fase de pesquisa
Além da redução nas distâncias de transporte, outro impacto potencial do levantamento das jazidas
comerciais e do mapeamento das não comerciais é a possibilidade de bloqueio, para utilização na obra,
das jazidas que estejam em fase de pesquisa.
Essa possibilidade foi positivada no art. 42 do Código das Minas, Decreto-lei 227, de 28 de
fevereiro de 1967: 'a autorização será recusada, se a lavra for considerada prejudicial ao bem público ou
comprometer interesses que superem a utilidade da exploração industrial, a juízo do Governo. Neste
último caso, o pesquisador terá direito de receber do Governo a indenização das despesas feitas com os
trabalhos de pesquisa, uma vez que haja sido aprovado o Relatório'.
A hipótese de bloqueio de jazida em prol do interesse público também encontra amparo no art. 176
da Constituição Federal de 1988, que assegura que as jazidas, em lavra ou não, constituem propriedade
distinta da do solo e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.
Cite-se, ainda, trecho do parecer DNPM/PROGE 136/2005 do DNPM: '26. Dessa forma, a despeito
de o art. 42 fazer alusão tão somente a recuso do requerimento de lavra, possível o indeferimento de
requerimentos de autorização de pesquisa assim como a invalidação de autorização de pesquisa já
concedidos com o fundamento em interpretação extensiva da mesma norma em face do caráter relativo
desses direitos e hão de ceder quando da existência de interesse público preponderante' (garantido o
ressarcimento pelos gastos com a pesquisa).
No que concerne aos direitos minerários, a comercialização de materiais sem a autorização do
DNPM constitui lavra ilegal, podendo ensejar a responsabilização civil, penal e administrativa do infrator,
nos termos do art. 6º da Portaria 441/CCE/DNPM. Logo, para a 'venda' de qualquer volume de material
em caixas de empréstimo, há de se ter os direitos minerários validados pelo DNPM, por meio de
concessão.
A título de exemplo, na BR-101/Sul, em razão dos preços abusivos cobrados para as indenizações
de jazidas, já fora determinado pelo DNPM o bloqueio de áreas de interesse para exploração de jazidas
nas obras de duplicação da BR-101 Sul (Parecer/PROGE 136/2005), para possibilitar a extração de
substância mineral e utilização integral desta 'in natura' no âmbito da obra pública. Veja-se excerto do
referido parecer:
'35. Dessa forma, como a indenização dos direitos minerários existentes nas áreas bloqueadas foi
atribuída ao Estado pelo art. 42 do CM, com fins de impedir o enriquecimento ilícito de licitantes, deverá
ser excluído do preço devido à estas, por hora da realização da obra de duplicação, o valor pertinente às
matérias primas que eventualmente venham a ser extraídas do subsolo das áreas bloqueadas com
fundamento na exceção prevista no art. 3º, § 1º do código de Mineração.'
932
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Nos casos de exploração de jazidas que se destinem à abertura de vias de transporte, a União poderá
se utilizar desses recursos mediante a dispensa de título minerário. Como consta do art. 3º, § 1º do Código
Minerário:
'Não estão sujeitos aos preceitos deste Código os trabalhos de movimentação de terras e de
desmonte de materiais in natura, que se fizerem necessários à abertura de vias de transporte, obras gerais
de terraplenagem e de edificações, desde que não haja comercialização das terras e dos materiais
resultantes dos referidos trabalhos e ficando o seu aproveitamento restrito à utilização na própria obra.'
Em regulamentação ao dispositivo citado, a Portaria DNPM 441/2009 assim dispõe:
'Art. 4º O enquadramento dos casos específicos no § 1º do art. 3º do Código de Mineração depende
da observância dos seguintes requisitos:
I - real necessidade dos trabalhos de movimentação de terras ou de desmonte de materiais in natura
para a obra; e
II - vedação de comercialização das terras e dos materiais in natura resultantes dos referidos
trabalhos.
§ 1º Para fins do inciso I deste artigo, entende-se por real necessidade aquela resultante de fatores
que condicionam a própria viabilidade da execução das obras à realização dos trabalhos de movimentação
de terras ou de desmonte de materiais in natura, ainda que excepcionalmente fora da faixa de domínio.
§ 2º Os fatores referidos no § 1º deste artigo podem ser naturais ou físicos, como o relevo do local,
mas também de outras naturezas, desde que igualmente impeditivos à execução das obras, como, por
exemplo, comprovada ausência, insuficiência ou prática de preço abusivo do material na localidade, a
critério do DNPM.
(...)
Art. 7º A Declaração de Dispensa de Título Minerário somente poderá ser pleiteada pelo
responsável ou executor da obra, mediante requerimento dirigido ao Chefe do Distrito do DNPM em cuja
circunscrição está localizada a área de interesse.'
Veja-se outra deliberação que o Tribunal proferiu em situação semelhante:
'Acórdão 2.396/2010-TCU-Plenário
9.3. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com fulcro no
art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, no art. 45, caput, da Lei nº 8.443/92 e no art. 251, caput, do
RI/TCU que, em caso de aprovação de um novo projeto executivo para as obras de melhoramento e
adequação de capacidade e segurança do anel rodoviário de Belo Horizonte:
(...)
9.3.7. no caso da fundamentada necessidade da utilização de canga de minério para a construção da
base e sub-base do pavimento, excluída a possibilidade de utilização de brita graduada ou solo-brita,
solicite ao DNPM o bloqueio dos direitos de lavra das áreas de ocorrência desses materiais, nos termos do
art. 7º da Portaria nº 441/CCE/DNPM;'
Vê-se assim que, uma vez feito o levantamento/mapeamento de jazidas, aquelas técnica e
economicamente mais adequadas ao fornecimento de insumos para a Fiol poderiam ser bloqueadas e
utilizadas na obra.
Considerando que a dispensa e o bloqueio dos títulos minerários das áreas necessárias à construção
da Ferrovia Oeste Leste só podem ser pleiteadas pelo executor, ou seja, a Valec, avalia-se que o órgão,
anteriormente à fase externa da licitação, deveria ter solicitado ao DNPM tal providência. A consequência
seria a exploração direta dessas jazidas, sem a cobrança comercial desses insumos.
Como as obras da Fiol estão em fase inicial, seria recomendável que a Valec aguardasse a
finalização dos estudos das jazidas que deveriam ter sido realizados na fase de projeto básico, antes da
execução dos serviços, a fim de verificar as distâncias de transporte que serão, de fato, utilizadas e que
solicitasse o bloqueio dos títulos em fase de pesquisa daquelas áreas a serem exploradas como jazidas,
conforme indicação no projeto executivo em elaboração, de modo a evitar o pagamento comercial desses
materiais.
933
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
665 + 920) até o início da Ponte sobre o Rio São Francisco (km 825 + 230), com extensão de 159,31 km.,
Consórcio Constran / Egesa / Pedrasul / Estacon / Cmt.
3.1.4 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiências de controles
3.1.5 - Critérios:
Decreto Lei 227/1967, art. 42
Lei 8666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 7º, § 2º; art. 12
Parecer 136/2005, Departamento Nacional de Produção Mineral, item 26, Procuradoria Federal
Portaria 441/2009, Departamento Nacional de Produção Mineral, art. 4º; art. 6º; art. 7º
3.1.6 - Evidências:
Extensão das Variantes - Resposta da Valec ao Ofício de Requisição 6-269/2011 acerca das
variantes denominadas Silvânia, Cavernas e Índios, folhas 1/2.
Relatório do projeto básico do lote 7 - Local de implantação do Pátio Barreiras, folha 211.
Planilha orçamentária do Contrato 58/2010 para execução do lote 5 - Planilha orçamentária do
Contrato 58/2010, referente à execução das obras do lote 5, folhas 1/17.
Planilha orçamentária do Contrato 59/2010 para execução do lote 6 - Planilha orçamentária do
Contrato 59/2010, referente à execução das obras do lote 6, folhas 1/26.
Planilha orçamentária do Contrato 60/2010 para execução do lote 7 - Planilha orçamentária do
Contrato 60/2010, referente à execução das obras do lote 7, folhas 1/37.
Planilha orçamentária do Contrato 85/2010 para execução do lote 5A - Planilha orçamentária do
Contrato 85/2010, referente à execução das obras do lote 5A, folhas 7/10.
Especificação Valec 80-EG-000A-11-0000-R2 - Projeto de Obras-de-Arte Especiais -
Especificação de Projeto 80-EG-000A-11-000 da Valec, folhas 1/12.
Ata de reunião Fiol n. 26/2011 - DIREN - Ata de Reunião da Fiol 26/2011, folhas 10/11.
Parte do Volume I - Tomo II do relatório de projeto básico do lote 5 - Diagrama Linear de Fontes
de Materiais do lote 5, folhas 2/3.
Parte do relatório de projeto básico do lote 5A - Volume II - Tomo I - Indicação no projeto básico
do lote 5A da origem dos materiais, folhas 110/113.
Parte dos anexos geológicos e geotécnicos do projeto básico dos lotes 6 e 7 - Anexos do projeto
básico dos lotes 6 e 7, referentes a materiais de construção, folhas 1/8.
Croquis de localização das jazidas em estudo para o lote 6 - Croquis de localização das jazidas que
estão em estudo para o lote 6, folhas 1/23.
Caminho da pedreira Jaborandi até o canteiro do lote 6 e DMT estimada dessa pedreira para o lote 6
- Pedreira Jaborandi, folha 1.
Orçamento-base da Concorrência 5/2010 - Serviços por Administração no Edital 5/2010 da Valec,
folhas 1/147.
Km 887+853 ao 888+439 (SM 02, 03 e 04) - lote 5, folha 1.
Consulta a processos do DNPM nas proximidades da região de realização das obras - Exemplos de
processos do DNPM nas proximidades da região de realização das obras, folhas 1/19.
Caminho da Pedreira São Jorge (Serra do Ramalho) até o canteiro do lote 5A, folha 1.
Caminho da Pedreira Irmãos Teixeira - Caminho da Pedreira Irmãos Teixeira até o canteiro do lote
6, folha 1.
Resumo dos materiais de construção dos lotes 5, 6 e 7, que estão sendo estudados no âmbito do
projeto executivo, folhas 1/3.
CPU ITEM 8.1.1 - lote 5 - Composição de custo unitário da Valec para o item 8.1.1 - lote 5, folha
1.
CPU ITEM 8.1.1 - lote 6 - Composição de custo unitário da Valec para o item 8.1.1 - lote 6, folha
1.
CPU ITEM 10.1.1.2.8 - lote 5A - Composição de custo unitário da Valec para o item 10.1.1.2.8 -
lote 5A, folha 1.
Desenho do lote 5A (Ponte Sobre o Rio São Francisco) - 80-DES-300G-17-0001, folha 1.
935
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
conclusão do assunto, com a aceitação da Funai e do Ibama, para que então o projeto básico fosse
detalhado com a posição atual do traçado.
Já em relação ao lote 7, a Valec informa que a Lei 10.680, de 23/5/2003, alterou o Plano Nacional
de Viação (PNV), incluindo o trecho ferroviário Bahia/Tocantins, indicando na sua descrição o município
de Barreiras como um de seus pontos de passagem.
Informa também que a Lei 11.772, de 17/9/2008, alterou o PNV e manteve como ponto de
passagem da Fiol os municípios de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, no estado da Bahia.
Alega a Valec que, em cumprimento às disposições legais, foi adotada a premissa de passagem da
ferrovia pelo município de Barreiras. Das duas alternativas de traçado estudadas, uma passando pelos
municípios de Luís Eduardo Magalhães e Barreiras e a outra somente por Barreiras, foi escolhida a que
apresentava situação topográfica mais favorável, passando somente pelo município de Barreiras.
Quanto à implantação das vias de acesso rodoviário ao pátio de Barreiras, alega a Valec que em
consulta pública realizada em 8/6/2009, com a presença de autoridades municipais, do Secretário
Executivo do Ministério dos Transportes e do Governador da Bahia, foi estabelecido o compromisso da
Prefeitura de Barreiras no sentido de prover a ligação pavimentada entre o pátio e a BR-020.
Por fim, alega a Valec que estudos da Fundação Instituto de Administração (Fia) indicaram a
necessidade de um polo de carregamento na região de Luís Eduardo Magalhães, na qual está inserido o
município de Barreiras.
B) SELEÇÃO DE MÉTODO CONSTRUTIVO ANTIECONÔMICO E NÃO USUALMENTE
APLICADO NAS OBRAS FERROVIÁRIAS PARA PRODUÇÃO DOS DIVERSOS TIPOS DE
CONCRETO, A EXEMPLO DO CONCRETO PARA AS OBRAS DE ARTE ESPECIAIS:
Alega a Valec que, de acordo com recomendação do Tribunal de Contas da União, sempre procurou
utilizar preços unitários do Sicro 2 do Dnit, motivo pelo qual a composição para produção de concreto por
meio de usina de concreto não foi adotada, e sim por meio de betoneiras de 320 ou 750 litros, ambas
previstas no Sicro 2.
Informa que, se o serviço não for concentrado, PROVAVELMENTE o uso de usina para produção
de concreto sairá mais caro do que o uso de equipamento PORTÁTIL, após o que apresenta composição
do preço unitário do concreto de 35 MPa produzido em betoneira de 320 litros (referente ao lote 1 da
Fiol), no valor de R$ 421,79, com preço menor do que outra composição unitária apresentada para
concreto usinado, no valor de R$ 424,19, contemplando a produção do concreto em usina (R$ 240,16), o
transporte do concreto em caminhão betoneira por 50 km (R$ 101,20) e o lançamento MANUAL do
concreto (R$ 82,83).
Por fim, alega que todas as composições passaram pelo crivo da Secob-2, no âmbito do TC
009.518/2010-0.
C) INSUFICIÊNCIA DE SONDAGENS PARA CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS DE 1ª,
2ª, 3ª CATEGORIAS E SOLOS MOLES:
Alega a Valec que a consideração de solos moles foi adequada e que nos fundos dos talvegues
quase sempre ocorre a necessidade de remoção e substituição de solos para o preparo das fundações.
Já quanto aos materiais de 3ª categoria, a Valec afirma que os afloramentos rochosos são blocos de
rochas muito alteradas e com dimensões dentro das classificações de materiais de 2ª categoria (diâmetro
entre 0,15m e 1,00m), não necessitando de processo de desmonte a fogo.
Por fim, a Valec apresenta sondagens realizadas nos referidos locais.
D) AUSÊNCIA DE PROJETO QUE DIMENSIONE E QUANTIFIQUE AS ARMADURAS DO
CONCRETO ARMADO E AS SOLUÇÕES DAS FUNDAÇÕES DAS OBRAS DE ARTE ESPECIAIS:
Em relação à ausência de projeto que dimensione e quantifique as armaduras das obras de arte
especiais, alega a Valec que as Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários do
Dnit, página 327, item 3.2, subitem d, estabelecem que a etapa de projeto básico das obras de arte
especiais (OAE) deve conter o pré-dimensionamento das peças com a estimativa de quantidades.
Informa que a especificação 80-EG-000A-11-000 da Valec exige a verificação das seções críticas
das peças constituintes das OAEs, a fim de comprovar as dimensões adotadas pelas projetistas, o que
937
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
evitaria eventuais aumentos de quantitativos. Afirma que, com a comprovação das dimensões adotadas,
todos os quantitativos relativos aos serviços de concreto e de forma estarão pertinentes.
Por fim, informa que os quantitativos das armaduras, apresentados nos projetos básicos da Valec,
são determinados por meio de TAXAS DE ARMADURA, baseadas na experiência em obras semelhantes
dos projetistas e da equipe técnica da Valec. Destaca que, sempre que algum valor fugiu às taxas usuais,
foi solicitada a demonstração completa da composição de tal quantitativo.
Já em relação à ausência de projeto que dimensione e quantifique as fundações das obras de arte
especiais, alega a Valec que a escolha da solução das fundações das OAEs se deu em função da
economicidade, das CARACTERÍSTICAS DO TERRENO e da viabilidade executiva. A Valec destaca
que diferentes soluções técnicas foram empregadas para as diversas OAEs (tubulões, estacas metálicas,
sapatas, estacas raiz e estacas escavada) indicando que houve avaliação específica para cada caso
concreto.
Informa que, com exceção de algumas fundações de OAEs situadas na Serra do Espinhaço (lote 5),
todas as fundações foram definidas em função das sondagens executadas na REGIÃO da obra. Afirma
que as fundações das OAEs situadas na Serra do Espinhaço foram consideradas em estacas raiz, que
podem ser executadas em qualquer tipo de solo, evitando a seleção de tubulões, já que tal tipo de
fundação poderia apresentar problemas caso as camadas resistentes para assentamento das bases fossem
de material não coesivo, gerando maiores impactos no caso de aditivos.
Especificamente em relação à ponte sobre o Rio São Francisco (lote 5A), afirma a Valec que as
sondagens realizadas no projeto básico indicaram um perfil bastante constante, apresentando
impenetrável ao trépano a cerca de onze metros de profundidade, cota essa prevista para o alargamento
das bases dos tubulões.
Alega a Valec que a diferença entre os resultados das sondagens do projeto básico e os primeiros
resultados das sondagens do projeto executivo não é preocupante, pois a indicação de topo rochoso mais
profundo não necessariamente indica que as cotas de assentamento das bases dos tubulões tenham que
atingir a profundidade do topo rochoso.
A Valec afirma que as primeiras avaliações das sondagens do projeto executivo indicam que o nível
da base das fundações não se dará na profundidade do topo rochoso.
Entende a Valec que o fato de o detalhamento do projeto executivo fazer parte do contrato para a
construção da ponte, não necessariamente permite que a construtora defina o que irá executar, já que
outra consultora da Valec elabora em separado o projeto executivo conceitual, por meio do qual há a
definição do partido estrutural e das fundações, bem como sondagens são realizadas para balizamento das
sondagens apresentadas pela construtora.
Por fim, afirma a Valec que não há insuficiência de projeto e que, como suas obras são contratadas
por preços unitários e não por valor global, não haverá superfaturamento, pois todos os PROJETOS
DETALHADOS PELAS CONSTRUTORAS deverão ser aprovados por equipe técnica capacitada da
Valec, que irá aferir a pertinência e questionar as DIMENSÕES das peças e armações utilizadas, assim
como as SOLUÇÕES e QUANTITATIVOS das fundações adotadas.
E) INSUFICIÊNCIA DE ESTUDOS PARA DEFINIÇÃO DAS JAZIDAS DE AREIA E BRITA
COM IMPACTO NO MODELO DE AQUISIÇÃO (COMERCIAL X EXPLORADA), NA DISTÂNCIA
MÉDIA DE TRANSPORTE (DMT) E NO USO DE AREIA ARTIFICIAL, SUBPRODUTO DA
BRITAGEM, PARA COMPOR O TRAÇO DOS DIVERSOS CONCRETOS:
Alega a Valec que as distâncias de transporte das jazidas de brita e areia foram calculadas
considerando as distâncias entre as jazidas indicadas pelo projeto básico e o canteiro de obras, cuja
localização é ESTIMADA no projeto e pode VARIAR quando da instalação da construtora.
Informa que a origem dos insumos areia e brita pode variar na fase de construção, em função de
questões ligadas ao licenciamento ambiental, ao direito de lavra e ao não acordo com proprietários da área
onde se encontrar a ocorrência.
938
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Afirma o Diretor de Engenharia da Valec que, como as distâncias médias de transporte poderão
variar para mais ou para menos, há a intenção de MANTER os preços contratados para evitar aumentos
contratuais nos casos onde houver distâncias maiores.
Quanto à possibilidade do uso de areia artificial, subproduto da britagem, na produção dos
concretos, a Valec alega que sempre analisa a possibilidade alternativa de utilização de materiais, dentre
os quais a areia artificial.
Alega que, do volume de rocha britado, os finos produzidos equivalem a 7%, dos quais 80% podem
ser considerados, conservadoramente, como areia artificial. Apresenta cálculo exemplificativo, referente
ao lote 1 da Fiol, indicando que haveria necessidade de 144.755 m³ de areia para concreto e a areia
artificial produzida em função da britagem no lote 1 seria da ordem de 51.986 m³, quantidade insuficiente
para a necessidade do lote.
Por fim, manifesta a ausência de coincidência entre o período de produção da areia artificial e o
período de necessidade de agregado miúdo para concreto.
F) ADOÇÃO NA PLANILHA ORÇAMENTÁRIA DE 'SERVIÇOS POR ADMINISTRAÇÃO',
COM AS QUANTIDADES EM HORAS DE MÁQUINAS E PESSOAL, SEM A IDENTIFICAÇÃO DO
OBJETO QUE SE PRETENDE EXECUTAR:
Alega a Valec que o critério de medição e pagamento dos caminhos de serviço possibilita a
remuneração da execução de acessos ao eixo da ferrovia, desde que o croqui do acesso seja apresentado
pela contratada e aprovado pela fiscalização da Valec. Ainda segundo a Valec, tendo em vista a
impossibilidade de se mensurar os caminhos de serviço, optou-se por utilizar-se 'horas de equipamentos',
que serão medidas quando necessário.
Conforme peça Ofício 938 2011 PRESI Valec, folhas 1/27.
3.1.8 - Medidas corretivas:
A) CRITÉRIOS ADOTADOS PARA DEFINIÇÃO DO TRAÇADO DOS LOTES 6 E 7
A Valec deveria ter apresentado o traçado definitivo antes da licitação das obras. Como isso não foi
feito, deve-se definir o traçado que será executado, baseado em princípios de viabilidade técnica e
econômica, e aguardar a conclusão do projeto executivo para dar continuidade à execução das obras.
Em relação ao lote 7, destaca-se a necessidade de estudar a possibilidade de mudança do traçado
para a região da BA-462, até então não estudado, objetivando comparação com o traçado escolhido.
B) SELEÇÃO DE MÉTODO CONSTRUTIVO ANTIECONÔMICO E NÃO USUALMENTE
APLICADO PARA PRODUÇÃO DOS DIVERSOS TIPOS DE CONCRETO
A Valec deve montar composições de custos unitários para os serviços: central móvel de concreto
com produção de 60 m³/h, central fixa de concreto com produção de 180 m³/h e concreto produzido em
caminhão betoneira.
Após a elaboração das referidas composições, a Valec deve promover estudo para cada uma das
obras de arte especiais, levando em conta as distâncias de transporte, e selecionar a metodologia para
produção dos concretos que for mais vantajosa para a Administração Pública, após o que deve realizar a
respectiva repactuação de cada um dos contratos.
C) INSUFICIÊNCIA DE SONDAGENS PARA CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS DE 1ª,
2ª, 3ª CATEGORIAS E SOLOS MOLES:
As sondagens para caracterização dos materiais deveriam ter sido realizadas anteriormente à
realização da licitação, pois somente a partir de uma verificação mais adequada pode-se estimar os custos
das escavações em materiais de 1ª, 2ª, 3ª categorias e em solos moles. Como isso não foi realizado a
contento na época adequada, deve-se aguardar a conclusão do projeto executivo, para se ter a informação
precisa das quantidades desses materiais que serão necessários remover, antes de dar continuidade à
execução das obras, principalmente em virtude da possibilidade de grandes impactos financeiros
decorrentes de alterações de quantitativos de terraplenagem.
D) AUSÊNCIA DE PROJETO QUE DIMENSIONE E QUANTIFIQUE AS ARMADURAS DO
CONCRETO ARMADO E AS SOLUÇÕES DAS FUNDAÇÕES DAS OBRAS DE ARTE ESPECIAIS
Não há como quantificar e nem selecionar a solução técnica adequada para as estruturas e as
fundações das obras de arte especiais senão pela elaboração do dimensionamento e do cálculo estrutural
939
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
na fase de projeto básico. Por esse motivo, a Valec deve rever sua Especificação de Projeto 80-EG-000A-
11-000, que estabelece que o dimensionamento, verificação e cálculo estrutural de todas as peças da
super, meso e infraestrutura serão incluídos na fase de projeto executivo. Deve-se esperar a conclusão do
projeto executivo, a fim se conhecer as necessidade de termos aditivos e a possibilidade de que esses
aditivos superem os limites de 25% impostos na Lei 8.666/1993.
Destaca-se a necessidade da realização de sondagens em todas as obras de arte especiais, em
quantidade compatível com a extensão de cada uma das obras.
E) ESTUDOS PARA DEFINIÇÃO DAS JAZIDAS DE AREIA E BRITA
A Valec deve concluir os estudos das jazidas que deveriam ter sido realizados na fase de projeto
básico, antes da execução dos serviços, a fim de verificar as distâncias de transporte que serão, de fato,
utilizadas, com redução dos custos das distâncias médias de transportes desses materiais. Além disso, a
Valec deve estudar a possibilidade técnica e econômica de se utilizar a areia artificial, subproduto da
britagem, na composição do concreto juntamente com a areia natural, possibilitando uma redução ainda
maior das distâncias de transporte.
F) 'SERVIÇOS POR ADMINISTRAÇÃO'
Nos lotes 5, 6 e 7 da Fiol não há indicação de quais serviços serão realizados no âmbito dos
'Serviços por Administração', bem como elementos que permitam sua respectiva quantificação. Essa
imprecisão confere subjetivismo e discricionariedade aos serviços que serão executados com a referida
'verba', motivo pelo qual tais serviços devem ser excluídos.
3.1.9 - Conclusão da equipe:
Análise da manifestação preliminar da Valec:
A) CRITÉRIOS ADOTADOS PARA DEFINIÇÃO DO TRAÇADO DOS LOTES 6 E 7:
Em relação às alegações da Valec quanto à variante das Cavernas (lote 6), observa-se que a
existência de pedreiras (com ou sem licenciamento ambiental) explorando rochas carbonáticas na região
das cavernas não possibilita a seleção de traçado que descumpra os normativos vigentes, tampouco
desobriga a Valec da realização dos estudos necessários à adequada identificação das cavernas, com o seu
respectivo grau de relevância, para a adequada elaboração do projeto básico.
A afirmação de que toda a região está no mesmo domínio geológico não possibilita à Valec a
seleção de traçado sem a adoção dos estudos que o apontem como a melhor solução, dentro das normas
legais vigentes.
As alegações de que vistoria superficial indicou que a região possui solos com alta capacidade de
carga e não tem indício superficial da existência de cavernas demonstram a INCOMPATIBILIDADE
entre os estudos realizados e os elementos e requisitos exigidos pela Lei 8.666/1993, como parte
integrante de um projeto básico que possibilite a realização de uma licitação.
Segundo a Valec, o Ibama exigiu os estudos espeleológicos em 29/3/2010. A Superintendência de
Projetos da Valec (Supro) encaminhou o projeto básico para a Diretoria Executiva da Valec em
19/4/2010, vinte dias após saber da necessidade de promover alteração do traçado do lote 6, após o que a
Diretoria Executiva aprovou o projeto básico da Fiol em 4/5/2010, por meio da Ata da 369ª Reunião
Ordinária da Diretoria Executiva.
Ou seja, a informação da necessidade de realização de estudos mais aprofundados foi apresentada à
Valec antes da aprovação do projeto básico e mesmo assim tais estudos não foram realizados antes da
realização da licitação, evidenciando que alteração de traçado na região da variante das Cavernas não só
era previsível, como de pleno conhecimento dos setores competentes da Valec.
Quanto à variante da Silvânia (lote 6), a Valec informa que CONCORDA PLENAMENTE com o
apontamento da equipe de auditoria que afirma a existência de locais onde os taludes dos aterros estão
projetados caindo nos rios, evidenciando a aprovação de projeto básico com deficiência no eixo planejado
para implantação da ferrovia.
A alegação de que outros assentamentos semelhantes não impossibilitaram o lançamento do eixo da
ferrovia em terras ribeirinhas não exime a Valec da responsabilidade de promover os estudos dos reais
impactos sociais envolvidos em um empreendimento de tal magnitude, bem como do eventual impacto
financeiro do deslocamento do eixo da ferrovia, que no caso concreto não é grande, possibilitando análise
940
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
prévia da relação entre o aumento de custo da mudança do traçado e o benefício social gerado em virtude
da preservação das 247 famílias ribeirinhas que vivem na região.
Em relação à variante dos Índios (lote 6), a alegação da Valec de que NÃO haveria a possibilidade
de esperar a análise e a aceitação da Funai e do Ibama, em virtude do prazo estabelecido para a licitação
das obras, evidencia que a licitação ocorreu antes da conclusão das análises e dos estudos necessários à
elaboração do projeto básico. Ou seja, já havia traçado alternativo em estudo quando da realização da
licitação.
Observa-se que, em relação às três citadas variantes do lote 6, 48,25% dos 159,31 km contratados
encontram-se com estudo de variante do traçado em andamento, o que demonstra a ausência de ensaios e
estudos prévios à contratação nos locais que a Valec pretende implantar o lote 6, contrariando o artigo 6º,
inciso IX, alínea b, da Lei 8.666/1993, que dispõe que o projeto básico deve conter as soluções técnicas
globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a MINIMIZAR A NECESSIDADE de
reformulação ou DE VARIANTES durante as fases de elaboração do projeto executivo e de realização
das obras.
Já em relação ao lote 7, observa-se que a Lei 11.772, de 17/9/2008, alterou o Plano Nacional de
Viação (PNV), indicando na sua descrição os municípios de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães como
pontos de passagem.
A alegação da Valec de que houve dois estudos de traçado, um passando pelos dois municípios
citados e outro passando somente por Barreiras, e o local escolhido foi em função das condições
topográficas favoráveis, passando pelo município de Barreiras e NÃO passando pelo município de Luís
Eduardo Magalhães, demonstra que a Valec entende que os municípios citados no PNV devem estar
contemplados na região de influência beneficiada pela implantação da ferrovia, e não obrigatoriamente a
ferrovia deve passar pelo município citado pelo PNV.
Caso a Valec entenda que os municípios citados devem obrigatoriamente ser cortados pela ferrovia,
haveria evidente desrespeito à Lei 11.772/2008, que cita expressamente o município de Luís Eduardo
Magalhães.
Como a Valec licitou traçado sem passar por município citado no PNV, verifica-se impertinente a
alegação de que o desvio de traçado em forma de cotovelo foi obrigatório para atendimento à referida lei,
motivo pelo qual o traçado próximo à BA-462 deveria ter sido estudado na fase de projeto básico,
evidenciando a ausência de estudos que indiquem que o traçado licitado era a melhor opção, já que a
região de influência e atendimento de um pátio ferroviário é bastante superior ao local exato da sua
implantação.
O traçado nas proximidades da BA-462 possibilitaria redução da extensão da ferrovia, bem como
eliminação de duas pontes sobre o Rio das Fêmeas e um viaduto sobre a BA-462, com implantação em
região de topografia extremamente favorável.
Quanto à alegação de que estudos da Fundação Instituto de Administração (Fia) indicaram a
necessidade de um polo de carregamento na região de Luís Eduardo Magalhães, na qual está inserido o
município de Barreiras, verifica-se que o município de São Desidério possui divisa com os municípios de
Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, e também está ‘’inserido’’ na REGIÃO indicada pela Fia.
Já em relação à implantação das vias de acesso rodoviário ao pátio de Barreiras, a alegação da
Valec de que o município de Barreiras assumiu, em consulta pública, o COMPROMISSO de implantar os
33,465 km necessários à interligação do pátio com a BR-020, verifica-se que, caso o município não
implante o acesso rodoviário, o pátio construído pela Valec ficará inacessível, ou seja, há claro risco de
prejuízo à funcionalidade do objeto em execução, motivo pelo qual tal alegação não deve ser acolhida, já
que, na omissão do município, certamente a União intervirá para tornar funcional o elevado investimento
contratado.
Diante do exposto, propõe-se a oitiva da Valec para que se manifeste acerca das irregularidades
evidenciadas, bem como a audiência dos responsáveis pela aprovação do projeto básico que possibilitou a
realização da licitação com tais irregularidades.
941
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Em relação à quantificação dos solos moles do lote 5, verifica-se que a Valec apresentou
unicamente fotografias dos locais indicados, sem apresentar o relatório das sondagens com a indicação do
número de golpes e a resistência à penetração dos materiais estudados, evidenciando a AUSÊNCIA dos
estudos necessários à caracterização dos solos moles.
Ademais, as sondagens do projeto executivo realizadas entre o km 886+850 e o km 889+300
indicam a presença de solos arenosos, com impenetrável ao SPT da ordem de 1,45m, SEM a identificação
do nível de água.
Tal ausência de estudos também é evidenciada às margens do Rio das Fêmeas, local onde o projeto
executivo identificou grandes volumes de solos moles NÃO previstos pelo projeto básico, requerendo
soluções de engenharia onerosas e complexas.
Diante do exposto, propõe-se a oitiva da Valec para que se manifeste acerca das irregularidades
evidenciadas, bem como a audiência dos responsáveis pela aprovação do projeto básico que possibilitou a
realização da licitação com tais irregularidades.
D) AUSÊNCIA DE PROJETO QUE DIMENSIONE E QUANTIFIQUE AS ARMADURAS DO
CONCRETO ARMADO E AS SOLUÇÕES DAS FUNDAÇÕES DAS OBRAS DE ARTE ESPECIAIS:
Quanto à ausência de projeto de armaduras das OAEs, a informação de que a Valec verifica a
fundamentação de eventuais aumentos de quantitativos das armaduras das OAEs não possibilita a
inclusão, nas planilhas orçamentárias do projeto básico, de quantitativos de armadura com mera adoção
de taxa de armadura por metro cúbico de concreto, o que possibilita a ocorrência de grandes variações e
aumentos dos valores contratuais, bem como a fragilidade da eventual quantidade de armadura prevista a
maior ser medida no âmbito da execução do contrato.
A utilização de taxa de armadura deve ser utilizada em orçamentos preliminares para estudos de
viabilidade, jamais em planilhas orçamentárias de projetos básicos que, conforme alega a própria Valec,
devem conter um PRÉ-DIMENSIONAMENTO, que não pode ser confundido com a mera adoção de taxa
de armadura.
No tocante ao dimensionamento das fundações das obras de arte especiais, a alegação da Valec de
que a diversidade das soluções técnicas se deu em função das características do terreno e da viabilidade
executiva NÃO pode ser acatada, uma vez que algumas OAEs sequer tiveram sondagens (duas pontes
sobre o Rio das Fêmeas - lote 7) e outras tiveram furos insuficientes para a adequada avaliação das
camadas de suporte das fundações (somente um furo de sondagem nas pontes sobre o Rio Galheirão, com
78,5m, e Rio Grande, com 258,5m - lote 7 - e somente oito furos na ponte sobre o Rio São Francisco,
com 2.900m - lote 5A).
A informação de que, com exceção de algumas fundações de OAEs situadas na Serra do Espinhaço
(lote 5), todas as fundações foram definidas em função das sondagens executadas na REGIÃO da obra,
não elide o apontamento da insuficiência de sondagens, tampouco elide a AUSÊNCIA de sondagens em
algumas OAEs, a exemplo das duas pontes sobre o Rio da Fêmeas. Na verdade, sondar a REGIÃO não é
suficiente para cargas pontuais como as cargas das OAEs, que precisam de sondagens específicas, no
local da respectiva obra, para a caracterização dos solos que receberão as cargas concentradas.
Quanto à alegação da Valec de que as primeiras avaliações das sondagens do projeto executivo
indicam que o nível da base das fundações não se dará na profundidade do topo rochoso (de 20 a 30m)
NÃO foi acompanhada de elementos técnicos que indiquem a profundidade definida pelo projeto
executivo para assentamento das fundações da ponte sobre o Rio São Francisco (o projeto básico adotou a
profundidade de 11m). Destaca-se que, mesmo que a profundidade adotada não alcance o topo rochoso,
grandes variações de profundidade poderão ocorrer, com expressivo impacto financeiro.
Em relação ao entendimento da Valec de que o fato de o detalhamento do projeto executivo fazer
parte do contrato de construção da ponte não necessariamente permite que a construtora defina o que irá
executar, este estaria correto caso a construtora ficasse encarregada tão somente do DETALHAMENTO,
porém o que agrava a situação dos projetos executivos das OAEs é o fato de que os projetos básicos são
omissos e estabelecem o dimensionamento das estruturas, a quantificação das armaduras, além de não
apresentarem sondagens suficientes para dimensionamento e escolha das soluções das fundações.
Diversas OAEs sequer possuem sondagens, a exemplo das duas pontes sobre o Rio das Fêmeas (lote 7), e
943
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
outras OAEs possuem sondagens insuficientes, a exemplo das oito sondagens da ponte sobre o Rio São
Francisco, que possui 2.900m.
Por fim, a afirmação da Valec de sua equipe técnica irá aferir todos os PROJETOS DETALHADOS
PELAS CONSTRUTORAS, em especial as DIMENSÕES das peças e armações utilizadas, assim como
as SOLUÇÕES e QUANTITATIVOS das fundações adotadas, evidencia que elementos e requisitos
estabelecidos no inciso IX, do artigo 6º, da Lei 8.666/1993, NÃO foram respeitados, já que as soluções,
quantidades e dimensões deveriam ser parte integrante do projeto básico.
Diante do exposto, propõe-se a oitiva da Valec para que se manifeste acerca das irregularidades
evidenciadas, bem como a audiência dos responsáveis pela aprovação do projeto básico que possibilitou a
realização da licitação com tais irregularidades.
E) INSUFICIÊNCIA DE ESTUDOS PARA DEFINIÇÃO DAS JAZIDAS DE AREIA E BRITA
COM IMPACTO NO MODELO DE AQUISIÇÃO (COMERCIAL X EXPLORADA), NA DISTÂNCIA
MÉDIA DE TRANSPORTE (DMT) E NO USO DE AREIA ARTIFICIAL, SUBPRODUTO DA
BRITAGEM, PARA COMPOR O TRAÇO DOS DIVERSOS CONCRETOS:
Em relação à alegação da Valec de que pretende manter as distâncias de transportes contratuais das
jazidas de areia e brita, ESTIMADAS na fase de projeto básico, já que PODEM variar para mais ou para
menos, verifica-se que, como regra, as construtoras solicitam aditivos contratuais apenas quando há
aumento das distâncias de transporte. Além disso, não pode a Administração Pública ter enriquecimento
sem causa, motivo pelo qual a inexistência de jazida inicialmente prevista pode, conforme o caso
concreto, implicar a revisão contratual.
Ressalta-se que, usualmente, há SUBSTANCIAL REDUÇÃO da distância de transporte
inicialmente planejada, a exemplo da consideração de 50 km para transporte da brita para fabricação dos
dormentes do lote 5, em vez dos 2 km efetivamente necessários, identificados quando da vistita ao local
das obras, bem como da consideração de 70 km em rodovia não pavimentada e 50 km em rodovia
pavimentada (total de 120 km) para transporte da brita para os concretos da ponte sobre o Rio São
Francisco, lote 5A, em vez dos 26,4 km efetivamente necessários, identificados quando da vistita ao local
das obras.
Somente no lote 5, o impacto financeiro do potencial superfaturamento decorrente da redução da
distância de transporte da brita para fabricação dos 300.000 dormentes é da ordem de R$ 1.642.110,00,
considerando a redução dos 50 km previstos para os 2 km efetivamente necessários.
Já em relação ao lote 5A, referente à construção da ponte sobre o Rio São Francisco, o impacto
financeiro do potencial superfaturamento decorrente da redução da distância de transporte da brita para a
produção dos diversos concretos é da ordem de R$ 1.497.724,68, considerando os concretos de 25 e 35
MPa e a redução dos 120 km previstos para os 26,4 km efetivamente necessários.
Destaca-se que os demais lotes também possuem distâncias de transportes ESTIMADAS no projeto
básico superiores ao necessário, a exemplo da previsão de 50 km para transporte da brita para os
dormentes do lote 6, em vez dos 5,42 km verificados em campo, o que implica em valores bastante
superiores aos inicialmente apontados para evidenciar a irregularidade.
Quanto à possibilidade do uso de areia artificial, subproduto da britagem, na produção dos
concretos, a Valec alega que sempre analisa a possibilidade alternativa de utilização de materiais, dentre
os quais a areia artificial. Porém, nos projetos básicos dos lotes 5, 5A, 6 e 7 da Fiol, a equipe de auditoria
não identificou NENHUM estudo acerca da possibilidade do uso da areia artificial, tampouco há previsão
contratual para tal utilização.
O cálculo exemplificativo da produção de 51.986 m³ de areia artificial no lote 1 da Fiol, que
precisará de 144.755 m³ de agregado miúdo, evidencia a possibilidade de substituição 36% da areia
natural pela areia artificial produzida como subproduto da britagem, caso economicamente viável, na
composição dos concretos. Destaca-se que o uso da areia artificial é tecnicamente possível, a exemplo do
traço do concreto para OAEs usado pela Andrade Gutierrez nos lotes 13 e 14 da FNS (Documento 2).
Por fim, a ausência de coincidência entre o período de produção da areia artificial e o período de
necessidade de agregado miúdo para concreto não impede o uso da areia artificial, principalmente em
virtude da alegação da própria Valec de que o volume produzido do referido insumo não seria suficiente
944
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
para substituição total da areia natural. Destaca-se o benefício ambiental gerado pelo aproveitamento de
parte do subproduto da britagem.
Diante do exposto, propõe-se a oitiva da Valec para que se manifeste acerca das irregularidades
evidenciadas, bem como a audiência dos responsáveis pela aprovação do projeto básico que possibilitou a
realização da licitação com tais irregularidades.
Propõe-se, também, a oitiva dos consórcios construtores de cada um dos lotes, para que, caso
queiram, se manifestem acerca das irregularidades evidenciadas, com possível impacto financeiro
decorrente de eventual repactuação contratual.
F) ADOÇÃO NA PLANILHA ORÇAMENTÁRIA DE 'SERVIÇOS POR ADMINISTRAÇÃO',
COM AS QUANTIDADES EM HORAS DE MÁQUINAS E PESSOAL, SEM A IDENTIFICAÇÃO DO
OBJETO QUE SE PRETENDE EXECUTAR:
A alegação da Valec de que o critério de medição e pagamento dos caminhos de serviço possibilita
a remuneração da execução de acessos ao eixo da ferrovia, não autoriza a consideração, nas planilhas
orçamentária e contratual, de equipamentos e pessoal com unidade de medida em ‘’hora’’, sem
vinculação específica com os serviços que se pretende executar, configurando item genérico, em
desconformidade com o artigo 6º, inciso IX, c/c o artigo 7º, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/1993.
Ademais, os serviços de desmatamento, de destocamento, de corte e de aterro destinados à abertura
de acessos, são facilmente mensuráveis em quantidade e custo, eliminando o subjetivismo e a
discricionariedade na apuração das horas trabalhadas para remunerar os caminhos de serviço.
Durante os trabalhos de campo, a equipe de auditoria chegou a diversos pontos do eixo da ferrovia
por meio da utilização de vias municipais e acesso de propriedades rurais. Os serviços de escavação,
carga e transporte constantes da planilha orçamentária da Valec já contemplam motoniveladora para a
promoção dos melhoramentos necessários.
Por fim, a afirmação de que tais serviços somente serão medidos ‘’quando necessários’’ aponta para
a previsão de itens na planilha orçamentária sem o adequado planejamento acerca da sua necessidade,
evidenciando a deficiência do projeto básico.
Diante do exposto, propõe-se a oitiva da Valec para que se manifeste acerca das irregularidades
evidenciadas, bem como a audiência dos responsáveis pela aprovação do projeto básico que possibilitou a
realização da licitação com tais irregularidades.
Propõe-se, também, a oitiva dos consórcios construtores dos lotes 5, 6 e 7, para que, caso queiram,
se manifestem acerca das irregularidades evidenciadas, com possível impacto financeiro decorrente de
eventual repactuação contratual.
CONCLUSÃO:
Diante do exposto verifica-se que os elementos estabelecidos no inciso IX, do artigo 6º, da Lei
8.666/1993, NÃO foram respeitados, a exemplo das alíneas 'a', 'c', 'd' e 'f', que dispõem que o projeto
básico deve conter:
a - as soluções técnicas globais e localizadas, SUFICIENTEMENTE DETALHADAS, de forma a
MINIMIZAR a necessidade de reformulação ou de VARIANTES durante as fases de elaboração do
projeto executivo e de realização das obras e montagem;
c - identificação dos TIPOS DE SERVIÇOS A EXECUTAR e de materiais e equipamentos a
incorporar à obra, bem como suas especificações que assegurem os melhores resultados para o
empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; e
d - informações que possibilitem o estudo e a dedução de MÉTODOS CONSTRUTIVOS;
f - orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em QUANTITATIVOS de serviços
e fornecimentos PROPRIAMENTE AVALIADOS.
Ou seja, o projeto básico licitado NÃO detalhou suficientemente as soluções técnicas, NÃO
minimizou a necessidade de variantes já que a Valec tinha informações prévias à licitação acerca da
necessidade futura de alteração de traçado, NÃO identificou os tipos de serviços das fundações, já que
sequer contemplou as devidas sondagens de algumas das OAEs, não selecionou métodos construtivos
adequados para a produção dos concretos das OAEs e NÃO quantificou adequadamente as armaduras e as
fundações das OAEs e os materiais de 1ª, 2ª, 3ª categorias e solos moles.
945
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Por fim, observa-se que as irregularidades e impropriedades evidenciadas nos lotes 5, 5A, 6 e 7 são
potencializadas no lote 5A, que é específico para a construção de uma ponte sobre o Rio São Francisco,
em virtude de tal lote possuir R$ 58.174.326,54 (43,1%) para os serviços de fundações e R$
33.123.312,60 para os serviços de armadura (24,5%), ambos com insuficiência de dados para
dimensionamento e quantificação, e ainda R$ 13.593.352,33 para os serviços de concreto (10,1%) com
consideração indevida de produção em betoneira em vez de usina, totalizando 77,7% dos serviços
contratados com impropriedades ou indefinições. Tal fato é agravado pela previsão contratual de o
próprio consórcio construtor ser o responsável pela elaboração do projeto executivo, projeto esse que será
responsável por suprir as graves omissões do projeto básico e será elaborado pelo consórcio que é
diretamente interessado nas definições que deveriam ser pré-existentes e estão sob a sua responsabilidade.
3.1.10 - Responsáveis:
Nome: Jorge Antônio Mesquita Pereira de Almeida - CPF: 341.332.917-00 - Cargo:
Superintendente de Projetos da Valec (desde 1/9/2008)
Conduta: Elaborar e aprovar a análise técnica que subsidiou a aprovação, pela Diretoria Executiva
da Valec, dos projetos básicos dos lotes 5, 5A, 6 e 7 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, em
desconformidade com os art. 6º, inciso IX, art. 7º, § 2º, e art. 12 da Lei 8.666/1993, em que foram
identificadas as seguintes irregularidades:
a.1) ausência dos estudos prévios necessários para a definição do traçado dos lotes 6 e 7, que
resultou em alterações de traçados posteriores à contratação, proporcionando a futura execução de obra
em trecho sem investigação geotécnica associada;
a.2) insuficiência de sondagens para caracterização dos materiais de 1ª, 2ª, 3ª categorias e solos
moles nos lotes 5, 6 e 7;
a.3) seleção de método construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras ferroviárias
para produção dos diversos tipos de concreto, a exemplo do concreto para as obras de arte especiais, nos
lotes 5, 5A, 6 e 7;
a.4) insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo de
aquisição (comercial x explorada), na distância média de transporte (DMT) e no uso da areia artificial,
subproduto da britagem, para compor o traço dos diversos concretos, nos lotes 5, 5A, 6 e 7;
a.5) adoção na planilha orçamentária de “Serviços por Administração”, com as quantidades em
horas de máquinas e pessoal, sem a identificação do objeto que se pretende executar, nos lotes 5, 6 e 7; e
a.6) ausência de projeto que dimensione e quantifique as armaduras do concreto armado e as
soluções das fundações das obras de arte especiais, nos lotes 5, 5A, 6 e 7.
Nexo de causalidade: A aprovação possibilitou a realização da licitação com base em projeto básico
deficiente, que pode ocasionar a desconfiguração do objeto, alterações acima dos limites estabelecidos no
art. 65 da Lei de Licitações e possibilidade do uso de outra contratação para executar remanescente de
obra.
Culpabilidade: Em face do exposto, é de se concluir que a conduta do responsável é passível de
responsabilização.
3.2 - Adiantamento de pagamentos.
3.2.1 - Tipificação do achado:
Classificação - grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de irregularidade grave da LDO - A situação
verificada não se enquadra dentre as previstas no artigo 94, §1°, inciso IV, da Lei 12.309 de agosto de
2010 (LDO 2011), aptas a ensejar o bloqueio da execução física, orçamentária e financeira dos contratos,
pois não foi possível afirmar que há dano materialmente relevante em relação ao valor total contratado.
3.2.2 - Situação encontrada:
Houve adiantamento de pagamento de 230.000 grampos elásticos, no valor de R$ 2.021.700,00, no
âmbito do contrato de execução do lote 7 da Ferrovia Oeste-Leste, contrariando a Norma 80-EM-044A-
58-8014 da Valec, bem como os artigos 62 e 63, § 2º, incisos I e III, da Lei 4.320, de 17 de março de
1964.
946
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Conforme detalhado no item 3 do anexo II da Concorrência 13/2010, a Nota Final (NF) para
classificação é composta de 80% da Nota da Proposta Técnica (NPT) e de 20% da Nota da Proposta de
Preços (NPP).
A pontuação referente à Nota da Proposta Técnica está descrita no item 5.6.9 do edital, que
estabelece os parâmetros de julgamento das propostas técnicas, cuja nota pode variar de 0 a 100 pontos,
distribuídos em quatro tópicos, a saber: 'Conhecimento das variáveis envolvidas no trabalho' (máximo: 20
pontos), 'Plano de trabalho' (máximo: 35 pontos), 'Capacidade da equipe técnica' (máximo: 35 pontos) e
'Capacidade técnica da licitante' (máximo: 10 pontos). Cada um desses tópicos foi detalhado no anexo II
do certame, que define os critérios de avaliação das propostas.
Com relação aos tópicos 'Conhecimento das variáveis envolvidas no trabalho' e 'Plano de trabalho',
que podem juntos alcançar 55 dos 100 pontos distribuídos para a nota técnica, ou seja, 44% da Nota Final,
verifica-se que foram descritos de maneira vaga, conforme abaixo reproduzido:
'1.1 CONHECIMENTO DAS VARIÁVEIS ENVOLVIDAS NO TRABALHO
A licitante deverá mostrar conhecimento de todas as circunstâncias da execução dos serviços no
lote, inteirando-se de todas as variáveis envolvidas no trabalho, inclusive de possíveis problemas capazes
de afetar os trabalhos de construção e proceder uma análise geral dos serviços a serem realizados.
A exposição descritiva desse conhecimento deverá ser apresentada por meio de um relatório com,
no máximo, 20 (vinte) páginas, incluindo texto redigido em letra no formato MS-Word Arial 11, gráficos
e quadros no formato A4.
Serão admitidos quadros ou gráficos em formato A3 dobrados sendo os mesmos computados como
uma página em A4. Não serão considerados relatórios que excederem a esse limite de páginas;
1.1.1 Critérios de Pontuação
TEMAS DE ABORDAGEM - PONTUAÇÃO MÁXIMA
Conhecimento do trabalho a ser realizado - 5,0
Problemas que podem afetar os trabalhos de construção - 7,5
Análise Geral dos Serviços - 7,5
Total - 20,0
1.2 PLANO DE TRABALHO
Deverá ser desenvolvido com base no conhecimento do trabalho e na análise geral dos serviços a
serem realizados pela licitante (item 1.1). A licitante deverá expor o seu Plano de Trabalho, em relatório
de no máximo 30 (trinta) páginas, incluindo texto redigido no formato MS-Word Arial 11, gráficos e
quadros no formato A4.
Serão admitidos quadros ou gráficos em formato A3 dobrados sendo os mesmos computados como
uma página em A4. Não serão considerados relatórios que excederem a esse limite de páginas.
O conteúdo da matéria deverá focalizar a relação e descrição das atividades, as metodologias e
processos de execução dos serviços, o fluxograma das informações, a programação e a organização da
licitante para execução das atividades.
1.2.1 Critérios de Pontuação
A pontuação a ser atribuída decorrerá da maior ou menor adequação do plano de trabalho às
necessidades de informação da VALEC, ao modelo de gestão de execução dos serviços e a organização
da licitante para execução dos serviços de supervisão.
Ao Plano de Trabalho serão atribuídas as notas abaixo relacionadas, observando os critérios
destacados na planilha referencial abaixo:
TEMAS DE ABORDAGEM - PONTUAÇÃO MÁXIMA
Relação e Descrição das Atividades - 15,0
Modelo de Gestão de Execução dos Serviços - 10,0
Fluxograma das Informações e Organização para Execução dos Serviços - 15,0
Total - 35,0'
O julgamento dos itens 'Conhecimento das variáveis envolvidas no trabalho' e 'Plano de trabalho' é
totalmente subjetivo, uma vez que não há padrão a ser seguido. Primeiramente, a redação do que deve ser
abordado em cada item não é precisa, de modo que cada licitante elaborará uma proposta técnica com
950
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
conteúdo diferente. E a forma de julgamento também não possui um direcionamento preciso. Como não
há padrão de preenchimento das propostas técnicas, tampouco haverá precisão no que será considerado
'insuficiente', 'regular', 'bom' ou 'adequado'.
Para ilustrar essa subjetividade, basta imaginar que, caso o julgamento fosse efetuado por gestores
diferentes individualmente, cada um deles atribuiria nota diversa ao licitante, de acordo com a sua visão
ou o seu entendimento do que deve constar no 'Conhecimento das variáveis envolvidas no trabalho' e
'Plano de trabalho', e se o assunto foi abordado ou não e de maneira suficiente ou insuficiente.
A elaboração do 'Plano de trabalho', em especial dos subitens 'Relação e Descrição das Atividades',
'Modelo de Gestão de Execução dos Serviços' e ' Fluxograma das Informações e Organização para
Execução dos Serviços', pela contratada demonstra que a Valec não elaborou o projeto básico de sua
licitação com todos os detalhes exigidos pela Lei 8.666/93. Cabe à Valec indicar as atividades a serem
desenvolvidas pela empresa, e não a esta informar o que vai fazer. E é dever da Valec estabelecer os
controles, e não deixar para a empresa delimitar o que deve ser fiscalizado. Isso é uma afronta aos arts. 6º,
inciso IX, e 7º, inciso I, § 4º, que tratam do projeto básico e da exigência de quantitativo de serviços na
Lei 8.666/93.
Essa falta de critérios objetivos de julgamento fere vários artigos da Lei 8.666/1993: o art. 3º que
estabelece o princípio do julgamento objetivo; o art. 40, inciso VII, o qual determina que o edital deve
conter critérios para julgamento com disposições claras e parâmetros objetivos; o art. 44, § 1º, que veda a
utilização de critérios subjetivos no julgamento que possam interferir na igualdade entre os licitantes; e o
art. 45 que estabelece que a comissão deve realizar julgamento objetivo, 'de maneira a possibilitar sua
aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.'
Com relação ao tópico 'Capacidade da equipe técnica', tem-se que ele representa 35% da Nota da
Proposta Técnica e 28% da Nota Final, e os critérios de julgamento também são subjetivos. A qualidade
do serviço prestado pelas empresas de supervisão está calcada na qualificação do seu pessoal, motivo pelo
qual os parâmetros de julgamento devem primar pela objetividade.
A subjetividade pode ser verificada, entre outras coisas, na forma de pontuação da equipe técnica
('Coordenador do Contrato', 'Coordenador Técnico', 'Profissional Sênior I', 'Profissional Sênior II' e
'Profissional Sênior III'). Foi estabelecido, no item 1.3.2 do anexo II da Concorrência 13/2010, um valor
máximo para o quesito 'tempo de formação' e um valor máximo para o quesito 'experiência profissional',
conforme item 1.3.2 do anexo II do edital, abaixo reproduzido:
'1.3.2 – Forma de Pontuação
a) Coordenador do Contrato – Profissional responsável:
Tempo de formação: Valor máximo = 3,0 (três) pontos;
Experiência profissional: Valor máximo = 6,0 (seis) pontos.
b) Coordenador Técnico:
Tempo de formação: Valor máximo = 2,0 (dois) pontos;
Experiência profissional: Valor máximo = 6,0 (seis) pontos.
c) Profissional Sênior I:
Tempo de formação: Valor máximo = 2,5 (dois vírgula cinco) pontos;
Experiência profissional: Valor máximo = 4,5 (quatro vírgula cinco) pontos.
d) Profissional Sênior II:
Tempo de formação: Valor máximo = 2,0 (dois) pontos;
Experiência profissional: Valor máximo = 4 (quatro) pontos.
e) Profissional Sênior III:
Tempo de formação: Valor máximo = 1,0 (um) ponto;
Experiência profissional: Valor máximo = 4,0 (quatro) pontos.'
Não estão definidos quantos pontos equivalem a um ano de formado ou quanto vale cada
comprovante de experiência. Esse tipo de situação possibilita que o julgamento acerca da capacidade
técnica ocorra sem critérios claros, sem a identificação real do que se pretenda pontuar.
Questionados no Ofício de Requisição 5-269/2011 sobre o fato de o edital somente informar a
pontuação máxima, sem estabelecer, objetivamente, como alcançar cada ponto, a Valec encaminhou o
951
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Memorando 64-7-2011-SUCON, no qual apenas transcreveu partes do edital, sem, no entanto, fazer
considerações sobre quanto 'tempo de formação' ou qual 'experiência profissional' equivalem a um ponto.
Essas informações prestadas pela Valec não foram suficientes para elidir a irregularidade acerca da falta
de objetividade dos critérios de julgamento das propostas técnicas.
A inexistência de critérios objetivos, além de permitir que o julgamento das propostas da equipe
técnica se torne tendencioso, dá margem a substituições não amparadas pela Lei 8.666/1993, ou seja, sem
que os substitutos possuam os mesmos requisitos dos profissionais que foram qualificados na licitação.
Nesse caso, corre-se o risco potencial de perda de qualidade por troca de pessoal sem garantia das
qualificações apresentadas à época da licitação, e há também risco potencial de lesão ao Erário, pois esta
troca gera a possibilidade de não correspondência entre o pessoal contratado e o pago.
Quanto aos lotes 5, 5A, 6 e 7 da Fiol, nota-se que a maioria das empresas classificadas obtiveram
pontuação máxima no tópico referente à qualificação da equipe técnica, ou seja, 35 pontos, representando
28% da Nota Final. E os vencedores dos certames para os respectivos lotes não têm hoje em seus boletins
de medição a equipe técnica que foi qualificada na licitação.
Ao se comparar o edital da Valec com minuta de edital padrão do Dnit (Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes), disponível no site http://www.dnit.gov.br/licitacoes/minutas-de-edtais-
padrao/editais-de-obra/minutas-com-consorcio/edital-padrao-concorrencia-supervisao-com-
consorcio.doc, pode-se mensurar mais facilmente o quão subjetivos estão os critérios de avaliação de
proposta técnica da Concorrência 13/2010 da Valec.
No edital padrão do Dnit existe uma cláusula que determina que 'Somente será possível a
substituição de integrantes da equipe técnica por outros que, na forma deste Edital, tenham o seu currículo
analisado e alcancem pontuação igual ou superior aos substituídos.' No edital da Valec consta que a
substituição estará sujeita à aprovação da Valec após a análise curricular do profissional, no entanto não
vincula a aprovação da subtituição a um currículo que alcance pontuação, no mínimo, igual a do
substituído.
Com relação ao exame das propostas técnicas, o edital padrão do Dnit estipula que ela ocorrerá com
base em dois quesitos objetivos, 'Capacidade Técnica da Proponente' e 'Capacidade da Equipe Técnica'.
Ressaltando que a avaliação da capacidade técnica da proponente está vinculada ao tempo de atuação
(para cada dois pontos, há determinado intervalo de tempo de atuação) e à experiência da proponente
(pontuação vinculada à apresentação de atestado). Quanto à avaliação da equipe técnica, a pontuação está
vinculada ao número de atestados, havendo um limite de atestados que podem ser apresentados para cada
profissional. Situação bastante diversa da evidenciada no edital da Valec, cujos critérios de julgamento de
proposta técnica demonstram ausência de objetividade.
OBSERVAÇÕES SOBRE O LOTE 5:
Quanto ao lote 5, sagrou-se vencedor o Consórcio Supervisão Fiol, sendo que as notas das
propostas técnicas dos demais concorrentes ficaram muito próximas, com destaque para as notas
referentes à capacitação da equipe técnica, em que a maioria obteve a pontuação máxima, ou seja, 35
pontos. Essas informações podem ser consultadas no relatório técnico da Concorrência 13/2010 para o
lote 5:
Consórcio Supervisão Fiol – Bahia: 86,88
- 18,13 pontos: Conhecimento das Variáveis envolvidas;
- 23,75 pontos: Plano de Trabalho;
- 35,00 pontos: Capacidade da Equipe Técnica de nível superior a ser avaliada;
- 10,00 pontos: Capacidade Técnica da Proponente.
Ecoplan Engenharia Ltda.: 85,63
- 16,88 pontos: Conhecimento das Variáveis envolvidas;
- 23,75 pontos: Plano de Trabalho;
- 35,00 pontos: Capacidade da Equipe Técnica de nível superior a ser avaliada;
- 10,00 pontos: Capacidade Técnica da Proponente.
STE Serviços Técnicos de Engenharia S/A: 83,13
- 13,13 pontos: Conhecimento das Variáveis envolvidas;
952
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
- Rio São Francisco (825 + 230) até o rio sem denominação II (Km 665 + 920)., Consórcio Astec -
Urbaniza - Setepla - Engecorps.
(IG-C) - Contrato 99/2010, Serviços técnicos especializados de supervisão das obras de implantação
da Ferrovia de Integração Oeste-Leste - Fiol, subtrecho Ilhéus/BA e Barreiras/BA. Lote 5FA-S - Ponte
sobre o Rio São Francisco no Km 825 + 230, finalizando no Km 828 + 130., Cónsorcio Strata - LBR -
Direção.
(IG-C) - Contrato 98/2010, Serviços técnicos especializados de supervisão das obras de implantação
da Ferrovia de Integração Oeste-Leste - Fiol, subtrecho Ilhéus/BA e Barreiras/BA. Lote 5F - S - Riacho
da Barroca (Km 990 + 170) até o Rio São Francisco (Km 828 + 130) acrescido de 2,90 Km da
superestrutura da ponte sobre o Rio São Francisco. , Consórcio Supervisão Fiol Bahia.
(IG-C) - Edital 013/2010, 16/4/2010, CONCORRÊNCIA, Contratação de Empresa para Execução
de Serviços Técnicos Profissionais Especializados para Supervisão das Obras de Implantação da FIOL,
Trecho: Ilhéus – Barreiras/BA (Lotes 1, 2, 3, 4, 5,6, 7 e 5A).
3.3.4 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiências de controles
3.3.5 - Critérios:
Lei 8666/1993, art. 3º; art. 6º, inciso IX; art. 7º, § 4º, inciso I; art. 40, inciso VII; art. 44, § 1º; art.
45; art. 55, inciso XIII
3.3.6 - Evidências:
Concorrência 13/2010 da Valec - Anexo II da Concorrência 13/2010, folhas 59/70.
Memorando 64-7-2011-SUCON, em resposta ao item 1.1 do Ofício de Requisição 5-269/2011,
folhas 1/3.
Minuta do edital padrão do Dnit para execução de serviços de supervisão, folhas 1/90.
Relatório de Julgamento das Propostas Técnicas para os serviços de supervisão do lote 5, folhas
1/22.
Relatório de Julgamento das Propostas Técnicas para os serviços de supervisão do lote 6, folhas
1/15.
Relatório de Julgamento das Propostas Técnicas para os serviços de supervisão do lote 7, folhas
1/18.
Relatório de Julgamento das Propostas Técnicas para os serviços de supervisão do lote 5A, folhas
1/22.
Relação dos profissionais que pontuaram para os serviços de supervisão dos lotes 5, 5A, 6 e 7 -
Equipe técnica do Consórcio Supervisão Fiol, vencedor do certame para os serviços de supervisão do lote
5, folha 1.
Relação dos profissionais que pontuaram para os serviços de supervisão dos lotes 5, 5A, 6 e 7 -
Equipe técnica do Consórcio Astec - Urbaniza - Setepla Tecnometal - Engecorps, vencedor do certame
para os serviços de supervisão do lote 6, folhas 3/4.
Relação dos profissionais que pontuaram para os serviços de supervisão dos lotes 5, 5A, 6 e 7 -
Equipe técnica da empresa STE - Serviços Técnicos de Engenharia, vencedora do certame para os
serviços de supervisão do lote 7, folha 5.
Relação dos profissionais que pontuaram para os serviços de supervisão dos lotes 5, 5A, 6 e 7 -
Equipe técnica do Consórcio Strata - LBR - Direção, vencedor do certame para os serviços de supervisão
do lote 5A, folha 2.
Lote 5 supervisão - Medição 4 - abril (parte 2) - Folha de Frequência da medição 4, referente ao
Contrato 98/2010 para supervisão do lote 5, folhas 39/49.
Lote 5 supervisão - Medição 5 - maio (parte 2) - Folha de Frequência da medição 5, referente ao
Contrato 98/2010 para supervisão do lote 5, folhas 76/94.
Lote 5A supervisão - Medição 4 - Folha de Frequência da medição 4, referente ao Contrato
99/2010 para supervisão do lote 5A, folhas 34/41.
Lote 5A supervisão - Medição 5 (parte 2) - Folha de Frequência da medição 5, referente ao
Contrato 99/2010 para supervisão do lote 5A, folhas 19/29.
957
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
substitutos possuam os mesmos requisitos dos profissionais que foram qualificados na licitação. A
qualidade do serviço prestado pelas empresas de supervisão está calcada na qualificação do seu pessoal,
motivo pelo qual os parâmetros de julgamento devem claros e objetivos.
Por esses motivos, deve-se propor oitiva da Valec e das empresas acerca das irregularidades.
4 - ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS
Conforme o item 9.7.2 do Acórdão 442/2010-TCU-Plenário, quando uma obra já for objeto de
processo em andamento, deve-se conservar a relatoria original quando da autuação de novos processos.
Por esse motivo, o relator deste processo é o Ministro Weder de Oliveira.
5 - CONCLUSÃO
As seguintes constatações foram identificadas neste trabalho:
Questões 4 e 5 Projeto básico deficiente ou desatualizado. (item 3.1)
Questão 5 Adiantamento de pagamentos. (item 3.2)
Foi identificado, ainda, o seguinte achado sem vinculação com questões de auditoria:
Ausência de critérios objetivos para o julgamento de proposta técnica. (item 3.3)
Entre os benefícios quantificáveis desta fiscalização, tem-se que, diante das omissões do projeto
básico, que não apresenta os elementos estabelecidos no art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/93, o cálculo do
prejuízo ao Erário é incalculável. De forma exemplificativa, entre outros problemas identificados, tem-se
o prejuízo de R$ 3.013.991,32, em virtude da seleção de metodologia antieconômica e não aplicável ao
caso concreto, considerando apenas o lote 5A; somente no lote 5, o impacto financeiro do potencial
superfaturamento decorrente da redução da distância de transporte da brita para fabricação dos dormentes
é da ordem de R$ 1.642.110,00; em relação ao lote 5A, referente à construção da ponte sobre o Rio São
Francisco, o impacto financeiro do potencial superfaturamento decorrente da redução da distância de
transporte da brita para a produção dos diversos concretos é da ordem de R$ 1.497.724,68; o prejuízo da
inclusão dos 'Serviços por Administração' nos lotes 5, 6 e 7 é de R$ 1.761.406,00; a implantação da
ferrovia nas proximidades da BA 462, ou até mesmo na sua faixa de domínio, provocaria redução dos
custos de implantação em virtude da potencial redução da extensão do lote 7, da desnecessidade de
pavimentação dos 33,465 km de acesso rodoviário até então necessários, da topografia favorável da
região, extremamente plana, da eliminação de um viaduto sobre a BA 462 (R$ 409.717,22) e da
eliminação de duas pontes sobre o Rio das Fêmeas (R$ 12.712.171,03). Ressalta-se que esse valor
calculado, totalizando R$ 21.037.120,25, não equivale ao potencial prejuízo final, em face das prováveis
omissões do projeto básico.
Outro benefício estimado é a melhoria da atuação da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias
S.A. - MT na elaboração dos projetos básicos para as ferrovias. Além disso, conjetura-se também evitar
eventual prejuízo para os cofres públicos em relação às medições já efetuadas, no que se refere à Fiol.
6 - ENCAMINHAMENTO
Proposta da equipe
Ante todo o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmo. Sr. Ministro-
Relator Weder de Oliveira, com a(s) seguinte(s) proposta(s):
Audiência de Responsáveis
Responsável: Jorge Antônio Mesquita Pereira de Almeida
a) Determinar, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/92, c/c o art. 250, inciso IV, do
Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Jorge Antônio Mesquita Pereira de Almeida, CPF
341.332.917-00, na condição de Superintendente de Projetos da Valec, para que, no prazo de 15 (quinze)
dias, a contar da ciência, apresente a este Tribunal suas razões de justificativa por elaborar e aprovar a
análise técnica que subsidiou a aprovação, pela Diretoria Executiva da Valec, dos projetos básicos dos
lotes 5, 5A, 6 e 7 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, em desconformidade com os art. 6º, inciso IX,
art. 7º, § 2º, e art. 12 da Lei 8.666/1993, em que foram identificadas os seguintes indícios de
irregularidade:
a.1) ausência dos estudos prévios necessários para a definição do traçado dos lotes 6 e 7, que
resultou em alterações de traçados posteriores à contratação, proporcionando a futura execução de obra
em trecho sem investigação geotécnica associada;
959
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
a.2) insuficiência de sondagens para caracterização dos materiais de 1ª, 2ª, 3ª categorias e solos
moles nos lotes 5, 6 e 7;
a.3) seleção de método construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras ferroviárias
para produção dos diversos tipos de concreto, a exemplo do concreto para as obras de arte especiais, nos
lotes 5, 5A, 6 e 7;
a.4) insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo de
aquisição (comercial x explorada), na distância média de transporte (DMT) e no uso da areia artificial,
subproduto da britagem, para compor o traço dos diversos concretos, nos lotes 5, 5A, 6 e 7;
a.5) adoção na planilha orçamentária de 'Serviços por Administração', com as quantidades em horas
de máquinas e pessoal, sem a identificação do objeto que se pretende executar, nos lotes 5, 6 e 7; e
a.6) ausência de projeto que dimensione e quantifique as armaduras do concreto armado e as
soluções das fundações das obras de arte especiais, nos lotes 5, 5A, 6 e 7. (Achado 3.1)
Responsável: Nelson Eustáquio Fernandes Gonçalves
b) Com fundamento no artigo 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c artigo 250, inciso IV, do
Regimento Interno do TCU, propõe-se a audiência do Sr. Nelson Eustáquio Fernandes Gonçalves, CPF
077.415.456.-04, Engenheiro Residente da Valec no lote 7 da Fiol, para que apresente ao TCU, no prazo
máximo de 15 dias, a contar da ciência, as razões de justificativa por ter aprovado a 4ª Medição do lote 7
da Fiol contemplando 230.000 grampos até então não entregues, configurando pagamento indevido no
valor de R$ 2.021.700,00, contrariando os artigos 62 e 63, § 2º, incisos I e III, da Lei 4.320/1964, bem
como a Norma 80-EM-044A-58-8014 da Valec. (Achado 3.2)
Responsável: Ricardo Humberto de Souza Wanderley
c) Com fundamento no artigo 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c artigo 250, inciso IV, do
Regimento Interno do TCU, propõe-se a audiência do Sr. Ricardo Humberto de Souza Wanderley, CPF
125.838.474-49, Superintendente Regional da Valec no lote 7 da Fiol, para que apresente ao TCU, no
prazo máximo de 15 dias, a contar da ciência, as razões de justificativa por ter aprovado a 4ª Medição do
lote 7 da Fiol contemplando 230.000 grampos até então não entregues, configurando pagamento indevido
no valor de R$ 2.021.700,00, contrariando os artigos 62 e 63, § 2º, incisos I e III, da Lei 4.320/1964, bem
como a Norma 80-EM-044A-58-8014 da Valec. (Achado 3.2)
Autorização para a realização de oitiva da Valec:
d) Oitiva da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. - MT, com fundamento no art. 157 do
Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, para que apresente, no prazo de 15 (quinze) dias, a
contar da ciência, manifestação acerca da:
d.1) ausência dos estudos prévios necessários para a definição do traçado dos lotes 6 e 7, que
resultou em alterações de traçados posteriores à contratação, proporcionando a futura execução de obra
em trecho sem investigação geotécnica associada; (Achado 3.1)
d.2) insuficiência de sondagens para caracterização dos materiais de 1ª, 2ª, 3ª categorias e solos
moles nos lotes 5, 6 e 7; (Achado 3.1)
d.3) seleção de método construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras ferroviárias
para produção dos diversos tipos de concreto, a exemplo do concreto para as obras de arte especiais, nos
lotes 5, 5A, 6 e 7; (Achado 3.1)
d.4) insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo de
aquisição (comercial x explorada), na distância média de transporte (DMT) e no uso da areia artificial,
subproduto da britagem, para compor o traço dos diversos concretos, nos lotes 5, 5A, 6 e 7; (Achado 3.1)
d.5) adoção na planilha orçamentária de “Serviços por Administração”, com as quantidades em
horas de máquinas e pessoal, sem a identificação do objeto que se pretende executar, nos lotes 5, 6 e 7;
(Achado 3.1)
d.6) ausência de projeto que dimensione e quantifique as armaduras do concreto armado e as
soluções das fundações das obras de arte especiais, nos lotes 5, 5A, 6 e 7; (Achado 3.1)
d.7) ausência de critérios objetivos na Concorrência 13/2010 para o julgamento das propostas
técnicas, em que ficou demonstrada a subjetividade dos critérios 'Conhecimento das variáveis envolvidas
no trabalho', que representa 35% da Nota da Proposta Técnica e 28% da Nota Final; 'Plano de trabalho',
960
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
que representa 20% da Nota da Proposta Técnica e 16% da Nota Final; e 'Capacidade da equipe técnica',
que corresponde a 35% da Nota da Proposta Técnica e 28% da Nota Final, o que resultou em 72% da
Nota Final baseada em critérios subjetivos, em afronta aos artigos 3º; 40, inciso VII; 44, § 1º, da Lei
8.666/1993; (Achado 3.3)
d.8) constatação de que os profissionais que pontuaram na época da licitação não são os mesmos
que estão executando os serviços nos contratos de supervisão dos lotes 5, 5A, 6 e 7 da Fiol, em
desconformidade com o art. 55, inciso XIII, da Lei 8.666/1993, havendo risco de se comprometer a
qualidade do serviço prestado, já que a qualificação das empresas de supervisão está calcada na
capacidade técnica do seu pessoal;(Achado 3.3)
d.9) possibilidade de anulação dos Contratos 98/2010, 99/2010, 100/2010 e 101/2010, que foram
firmados pela Valec para a execução dos serviços de supervisão dos lotes 5, 5A, 6 e 7, respectivamente,
como resultado do processo licitatório da Concorrência 13/2010, tendo em vista que a escolha das
licitantes vencedoras ocorreu com base em edital em que a maior parte da Nota Final era constituída por
critérios subjetivos, contrariando artigos 3º; 40, inciso VII; 44, § 1º, da Lei 8.666/1993; (Achado 3.3)
Autorização para a realização de oitivas das empresas/consórcios contratados:
e) Oitiva, com fundamento no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, do Consórcio Mendes
Júnior - Sanches Tripoloni - Fidens, CNPJ 12.846.847/0001-70, na pessoa do seu responsável legal Sr.
Ângelo Alves Mendes, CPF 257.398.246-72, contratado para a execução do lote 5, Contrato 58/2010,
para que, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, se manifeste, se assim o desejar, a respeito das
seguintes irregularidades:
e.1) seleção de método construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras ferroviárias
para produção dos diversos tipos de concreto, a exemplo do concreto para as obras de arte especiais;
(Achado 3.1)
e.2) insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo de
aquisição (comercial x explorada), na distância média de transporte (DMT) e no uso da areia artificial,
subproduto da britagem, para compor o traço dos diversos concretos; e (Achado 3.1)
e.3) adoção na planilha orçamentária de “Serviços por Administração”, com as quantidades em
horas de máquinas e pessoal, sem a identificação do objeto que se pretende executar. (Achado 3.1)
f) Oitiva, com fundamento no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, do Consórcio Lotec -
Sanches Tripoloni - Sobrenco, CNPJ 13.239.282/0001-26, na pessoa do responsável legal da empresa
líder Sr. João Silva Filho, CPF 129.211.901-25, contratado para a execução do lote 5A, Contrato 85/2010,
para que, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, se manifeste, se assim o desejar, a respeito das
seguintes irregularidades:
f.1) seleção de método construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras ferroviárias
para produção dos diversos tipos de concreto, a exemplo do concreto para as obras de arte especiais;
(Achado 3.1)
f.2) insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo de
aquisição (comercial x explorada), na distância média de transporte (DMT) e no uso da areia artificial,
subproduto da britagem, para compor o traço dos diversos concretos. (Achado 3.1)
g) Oitiva, com fundamento no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, do Consórcio Constran -
Egesa - Pedrasul - Estacon - Cmt, por meio da empresa líder Constran S.A - Construções e Comércio,
CNPJ 61.156.568/0001-90, na pessoa do seu responsável legal Sr. José Roberto Bertoli, CPF
612.472.518-53, contratado para a execução do lote 6, Contrato 59/2010, para que, no prazo de 15
(quinze) dias, a contar da ciência, se manifeste, se assim o desejar, a respeito das seguintes
irregularidades:
g.1) seleção de método construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras ferroviárias
para produção dos diversos tipos de concreto, a exemplo do concreto para as obras de arte especiais;
(Achado 3.1)
g.2) insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo de
aquisição (comercial x explorada), na distância média de transporte (DMT) e no uso da areia artificial,
subproduto da britagem, para compor o traço dos diversos concretos; e (Achado 3.1)
961
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Proposta de Deliberação
Trata-se de auditoria realizada na Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., tendo como
objeto as obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), sub-trecho compreendido entre Caetité e
Barreiras no estado da Bahia.
144. O volume de recursos fiscalizados é de cerca de R$ 2 bilhões, correspondente à soma dos
valores de quatro contratos de execução (relativos aos lotes 5, 5A, 6 e 7) com a dos contratos de
supervisão referentes a cada um dos lotes.
145. A equipe de fiscalização reportou os seguintes achados:
item 3.1 - projeto básico deficiente ou desatualizado, tendo em vista:
- existência de estudos para alteração de 48,25% do traçado relativo ao lote 6, ante o aparecimento
de problemas que deveriam ter sido identificados durante a elaboração do projeto básico;
- ausência de estudos técnicos que demonstrem a viabilidade e economicidade da implantação do
Pátio Barreiras no local indicado, o que pode determinar alterações no traçado do lote 7;
- seleção de método construtivo antieconômico para produção dos diversos tipos de concreto e não
usualmente aplicado em obras ferroviárias (lotes 5, 5A, 6 e 7);
- insuficiência de sondagens para caracterização dos materiais de 1ª, 2ª e 3ª categorias e solos moles
(lotes 5, 6 e 7);
- ausência de projeto que dimensione e quantifique as armaduras de concreto armado e as soluções
das fundações das obras de arte especiais (lotes 5, 5A, 6 e 7);
- insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo de
aquisição (comercial vs explorada), na distância média de transporte (DMT) e no uso de areia artificial,
subproduto da britagem, para compor o traço dos diversos concretos (lotes 5, 5A, 6 e 7);
- inclusão na planilha orçamentária de "serviços por administração" com as quantidades em horas
de máquinas e de pessoal sem a identificação do objeto que se pretende executar (lotes 5, 6 e 7);
item 3.2 - adiantamento de pagamento de 230.000 grampos elásticos, no valor de R$
2.021.700,00, no âmbito do contrato de execução do lote 7;
item 3.3 - ausência de critérios objetivos para o julgamento de proposta técnica das empresas que
participaram da concorrência do tipo técnica e preço, que teve por objeto a contratação de empresa para
execução de serviços técnicos profissionais especializados para supervisão das obras de implantação da
Fiol (lotes 5, 5A, 6 e 7).
146. A equipe de auditoria encaminhou o relatório à Valec para que se manifestasse a respeito dos
achados. A empresa apresentou os esclarecimentos que entendeu pertinentes.
147. No entanto, a equipe, após examiná-los, um a um, como reportado no relatório que acompanha
esta proposta de deliberação, não alterou suas conclusões iniciais e propôs que os achados descritos nos
itens 3.2 e 3.3 fossem classificados como IG-C (grave com recomendação de continuidade) e o achado
mencionado no item 3.1 como IG-P (grave com recomendação de paralisação).
963
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
148. Para a equipe, a retirada da recomendação de paralisação estaria condicionada à adoção das
medidas corretivas elencadas no item 3.1.8 do relatório de fiscalização (peça 71, fls. 27/28):
"3.1.8 - Medidas corretivas:
A) CRITÉRIOS ADOTADOS PARA DEFINIÇÃO DO TRAÇADO DOS LOTES 6 E 7
A Valec deveria ter apresentado o traçado definitivo antes da licitação das obras. Como isso não foi
feito, deve-se definir o traçado que será executado, baseado em princípios de viabilidade técnica e
econômica, e aguardar a conclusão do projeto executivo para dar continuidade à execução das obras.
Em relação ao lote 7, destaca-se a necessidade de estudar a possibilidade de mudança do traçado
para a região da BA-462, até então não estudado, objetivando comparação com o traçado escolhido.
B) SELEÇÃO DE MÉTODO CONSTRUTIVO ANTIECONÔMICO E NÃO USUALMENTE
APLICADO PARA PRODUÇÃO DOS DIVERSOS TIPOS DE CONCRETO
A Valec deve montar composições de custos unitários para os serviços: central móvel de concreto
com produção de 60 m³/h, central fixa de concreto com produção de 180 m³/h e concreto produzido em
caminhão betoneira.
Após a elaboração das referidas composições, a Valec deve promover estudo para cada uma das
obras de arte especiais, levando em conta as distâncias de transporte, e selecionar a metodologia para
produção dos concretos que for mais vantajosa para a Administração Pública, após o que deve realizar a
respectiva repactuação de cada um dos contratos.
C) INSUFICIÊNCIA DE SONDAGENS PARA CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS DE 1ª,
2ª, 3ª CATEGORIAS E SOLOS MOLES:
As sondagens para caracterização dos materiais deveriam ter sido realizadas anteriormente à
realização da licitação, pois somente a partir de uma verificação mais adequada pode-se estimar os custos
das escavações em materiais de 1ª, 2ª, 3ª categorias e em solos moles. Como isso não foi realizado a
contento na época adequada, deve-se aguardar a conclusão do projeto executivo, para se ter a informação
precisa das quantidades desses materiais que serão necessários remover, antes de dar continuidade à
execução das obras, principalmente em virtude da possibilidade de grandes impactos financeiros
decorrentes de alterações de quantitativos de terraplenagem.
D) AUSÊNCIA DE PROJETO QUE DIMENSIONE E QUANTIFIQUE AS ARMADURAS DO
CONCRETO ARMADO E AS SOLUÇÕES DAS FUNDAÇÕES DAS OBRAS DE ARTE ESPECIAIS
Não há como quantificar e nem selecionar a solução técnica adequada para as estruturas e as
fundações das obras de arte especiais senão pela elaboração do dimensionamento e do cálculo estrutural
na fase de projeto básico. Por esse motivo, a Valec deve rever sua Especificação de Projeto 80-EG-000A-
11-000, que estabelece que o dimensionamento, verificação e cálculo estrutural de todas as peças da
super, meso e infraestrutura serão incluídos na fase de projeto executivo. Deve-se esperar a conclusão do
projeto executivo, a fim se conhecer as necessidade de termos aditivos e a possibilidade de que esses
aditivos superem os limites de 25% impostos na Lei 8.666/1993.
Destaca-se a necessidade da realização de sondagens em todas as obras de arte especiais, em
quantidade compatível com a extensão de cada uma das obras.
E) ESTUDOS PARA DEFINIÇÃO DAS JAZIDAS DE AREIA E BRITA
A Valec deve concluir os estudos das jazidas que deveriam ter sido realizados na fase de projeto
básico, antes da execução dos serviços, a fim de verificar as distâncias de transporte que serão, de fato,
utilizadas, com redução dos custos das distâncias médias de transportes desses materiais. Além disso, a
Valec deve estudar a possibilidade técnica e econômica de se utilizar a areia artificial, subproduto da
britagem, na composição do concreto juntamente com a areia natural, possibilitando uma redução ainda
maior das distâncias de transporte.
F) 'SERVIÇOS POR ADMINISTRAÇÃO'
Nos lotes 5, 6 e 7 da Fiol não há indicação de quais serviços serão realizados no âmbito dos
'Serviços por Administração', bem como elementos que permitam sua respectiva quantificação. Essa
imprecisão confere subjetivismo e discricionariedade aos serviços que serão executados com a referida
'verba', motivo pelo qual tais serviços devem ser excluídos."
964
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
149. Concluído o exame das respostas da Valec, a equipe de auditoria elaborou a seguinte proposta
de encaminhamento:
"Audiência de Responsáveis
Responsável: Jorge Antônio Mesquita Pereira de Almeida
a) Determinar, com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso IV, do
Regimento Interno do TCU, a audiência do Sr. Jorge Antônio Mesquita Pereira de Almeida, CPF
341.332.917-00, na condição de Superintendente de Projetos da Valec, para que, no prazo de 15 (quinze)
dias, a contar da ciência, apresente a este Tribunal suas razões de justificativa por elaborar e aprovar a
análise técnica que subsidiou a aprovação, pela Diretoria Executiva da Valec, dos projetos básicos dos
lotes 5, 5A, 6 e 7 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, em desconformidade com os art. 6º, inciso IX,
art. 7º, § 2º, e art. 12 da Lei 8.666/1993, em que foram identificadas os seguintes indícios de
irregularidade:
a.1) ausência dos estudos prévios necessários para a definição do traçado dos lotes 6 e 7, que
resultou em alterações de traçados posteriores à contratação, proporcionando a futura execução de obra
em trecho sem investigação geotécnica associada;
a.2) insuficiência de sondagens para caracterização dos materiais de 1ª, 2ª, 3ª categorias e solos
moles nos lotes 5, 6 e 7;
a.3) seleção de método construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras ferroviárias
para produção dos diversos tipos de concreto, a exemplo do concreto para as obras de arte especiais, nos
lotes 5, 5A, 6 e 7;
a.4) insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo de
aquisição (comercial x explorada), na distância média de transporte (DMT) e no uso da areia artificial,
subproduto da britagem, para compor o traço dos diversos concretos, nos lotes 5, 5A, 6 e 7;
a.5) adoção na planilha orçamentária de 'Serviços por Administração', com as quantidades em horas
de máquinas e pessoal, sem a identificação do objeto que se pretende executar, nos lotes 5, 6 e 7; e
a.6) ausência de projeto que dimensione e quantifique as armaduras do concreto armado e as
soluções das fundações das obras de arte especiais, nos lotes 5, 5A, 6 e 7. (Achado 3.1)
Responsável: Nelson Eustáquio Fernandes Gonçalves
b) Com fundamento no artigo 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c artigo 250, inciso IV, do
Regimento Interno do TCU, propõe-se a audiência do Sr. Nelson Eustáquio Fernandes Gonçalves, CPF
077.415.456.-04, Engenheiro Residente da Valec no lote 7 da Fiol, para que apresente ao TCU, no prazo
máximo de 15 dias, a contar da ciência, as razões de justificativa por ter aprovado a 4ª Medição do lote 7
da Fiol contemplando 230.000 grampos até então não entregues, configurando pagamento indevido no
valor de R$ 2.021.700,00, contrariando os artigos 62 e 63, § 2º, incisos I e III, da Lei 4.320/1964, bem
como a Norma 80-EM-044A-58-8014 da Valec. (Achado 3.2)
Responsável: Ricardo Humberto de Souza Wanderley
c) Com fundamento no artigo 43, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c artigo 250, inciso IV, do
Regimento Interno do TCU, propõe-se a audiência do Sr. Ricardo Humberto de Souza Wanderley, CPF
125.838.474-49, Superintendente Regional da Valec no lote 7 da Fiol, para que apresente ao TCU, no
prazo máximo de 15 dias, a contar da ciência, as razões de justificativa por ter aprovado a 4ª Medição do
lote 7 da Fiol contemplando 230.000 grampos até então não entregues, configurando pagamento indevido
no valor de R$ 2.021.700,00, contrariando os artigos 62 e 63, § 2º, incisos I e III, da Lei 4.320/1964, bem
como a Norma 80-EM-044A-58-8014 da Valec. (Achado 3.2)
Autorização para a realização de oitiva da Valec:
d) Oitiva da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. - MT, com fundamento no art. 157 do
Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, para que apresente, no prazo de 15 (quinze) dias, a
contar da ciência, manifestação acerca da:
d.1) ausência dos estudos prévios necessários para a definição do traçado dos lotes 6 e 7, que
resultou em alterações de traçados posteriores à contratação, proporcionando a futura execução de obra
em trecho sem investigação geotécnica associada; (Achado 3.1)
965
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
d.2) insuficiência de sondagens para caracterização dos materiais de 1ª, 2ª, 3ª categorias e solos
moles nos lotes 5, 6 e 7; (Achado 3.1)
d.3) seleção de método construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras ferroviárias
para produção dos diversos tipos de concreto, a exemplo do concreto para as obras de arte especiais, nos
lotes 5, 5A, 6 e 7; (Achado 3.1)
d.4) insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo de
aquisição (comercial x explorada), na distância média de transporte (DMT) e no uso da areia artificial,
subproduto da britagem, para compor o traço dos diversos concretos, nos lotes 5, 5A, 6 e 7; (Achado 3.1)
d.5) adoção na planilha orçamentária de “Serviços por Administração”, com as quantidades em
horas de máquinas e pessoal, sem a identificação do objeto que se pretende executar, nos lotes 5, 6 e 7;
(Achado 3.1)
d.6) ausência de projeto que dimensione e quantifique as armaduras do concreto armado e as
soluções das fundações das obras de arte especiais, nos lotes 5, 5A, 6 e 7; (Achado 3.1)
d.7) ausência de critérios objetivos na Concorrência 13/2010 para o julgamento das propostas
técnicas, em que ficou demonstrada a subjetividade dos critérios 'Conhecimento das variáveis envolvidas
no trabalho', que representa 35% da Nota da Proposta Técnica e 28% da Nota Final; 'Plano de trabalho',
que representa 20% da Nota da Proposta Técnica e 16% da Nota Final; e 'Capacidade da equipe técnica',
que corresponde a 35% da Nota da Proposta Técnica e 28% da Nota Final, o que resultou em 72% da
Nota Final baseada em critérios subjetivos, em afronta aos artigos 3º; 40, inciso VII; 44, § 1º, da Lei
8.666/1993; (Achado 3.3)
d.8) constatação de que os profissionais que pontuaram na época da licitação não são os mesmos
que estão executando os serviços nos contratos de supervisão dos lotes 5, 5A, 6 e 7 da Fiol, em
desconformidade com o art. 55, inciso XIII, da Lei 8.666/1993, havendo risco de se comprometer a
qualidade do serviço prestado, já que a qualificação das empresas de supervisão está calcada na
capacidade técnica do seu pessoal;(Achado 3.3)
d.9) possibilidade de anulação dos Contratos 98/2010, 99/2010, 100/2010 e 101/2010, que foram
firmados pela Valec para a execução dos serviços de supervisão dos lotes 5, 5A, 6 e 7, respectivamente,
como resultado do processo licitatório da Concorrência 13/2010, tendo em vista que a escolha das
licitantes vencedoras ocorreu com base em edital em que a maior parte da Nota Final era constituída por
critérios subjetivos, contrariando artigos 3º; 40, inciso VII; 44, § 1º, da Lei 8.666/1993; (Achado 3.3)
Autorização para a realização de oitivas das empresas/consórcios contratados:
e) Oitiva, com fundamento no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, do Consórcio Mendes
Júnior - Sanches Tripoloni - Fidens, CNPJ 12.846.847/0001-70, na pessoa do seu responsável legal Sr.
Ângelo Alves Mendes, CPF 257.398.246-72, contratado para a execução do lote 5, Contrato 58/2010,
para que, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, se manifeste, se assim o desejar, a respeito das
seguintes irregularidades:
e.1) seleção de método construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras ferroviárias
para produção dos diversos tipos de concreto, a exemplo do concreto para as obras de arte especiais;
(Achado 3.1)
e.2) insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo de
aquisição (comercial x explorada), na distância média de transporte (DMT) e no uso da areia artificial,
subproduto da britagem, para compor o traço dos diversos concretos; e (Achado 3.1)
e.3) adoção na planilha orçamentária de “Serviços por Administração”, com as quantidades em
horas de máquinas e pessoal, sem a identificação do objeto que se pretende executar. (Achado 3.1)
f) Oitiva, com fundamento no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, do Consórcio Lotec -
Sanches Tripoloni - Sobrenco, CNPJ 13.239.282/0001-26, na pessoa do responsável legal da empresa
líder Sr. João Silva Filho, CPF 129.211.901-25, contratado para a execução do lote 5A, Contrato 85/2010,
para que, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, se manifeste, se assim o desejar, a respeito das
seguintes irregularidades:
966
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
f.1) seleção de método construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras ferroviárias
para produção dos diversos tipos de concreto, a exemplo do concreto para as obras de arte especiais;
(Achado 3.1)
f.2) insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo de
aquisição (comercial x explorada), na distância média de transporte (DMT) e no uso da areia artificial,
subproduto da britagem, para compor o traço dos diversos concretos. (Achado 3.1)
g) Oitiva, com fundamento no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, do Consórcio Constran -
Egesa - Pedrasul - Estacon - Cmt, por meio da empresa líder Constran S.A - Construções e Comércio,
CNPJ 61.156.568/0001-90, na pessoa do seu responsável legal Sr. José Roberto Bertoli, CPF
612.472.518-53, contratado para a execução do lote 6, Contrato 59/2010, para que, no prazo de 15
(quinze) dias, a contar da ciência, se manifeste, se assim o desejar, a respeito das seguintes
irregularidades:
g.1) seleção de método construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras ferroviárias
para produção dos diversos tipos de concreto, a exemplo do concreto para as obras de arte especiais;
(Achado 3.1)
g.2) insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo de
aquisição (comercial x explorada), na distância média de transporte (DMT) e no uso da areia artificial,
subproduto da britagem, para compor o traço dos diversos concretos; e (Achado 3.1)
g.3) adoção na planilha orçamentária de “Serviços por Administração”, com as quantidades em
horas de máquinas e pessoal, sem a identificação do objeto que se pretende executar. (Achado 3.1)
h) Oitiva, com fundamento no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, do Consórcio Oeste Leste
Barreiras, CNPJ 12.818.095/0001-34, na pessoa do seu responsável legal Sr. Mário Pereira, CPF
006.068.049-00, contratado para a execução do lote 7, Contrato 60/2010, para que, no prazo de 15
(quinze) dias, a contar da ciência, se manifeste, se assim o desejar, a respeito das seguintes
irregularidades:
h.1) seleção de método construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras ferroviárias
para produção dos diversos tipos de concreto, a exemplo do concreto para as obras de arte especiais;
(Achado 3.1)
h.2) insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo de
aquisição (comercial x explorada), na distância média de transporte (DMT) e no uso da areia artificial,
subproduto da britagem, para compor o traço dos diversos concretos; e (Achado 3.1)
h.3) adoção na planilha orçamentária de “Serviços por Administração”, com as quantidades em
horas de máquinas e pessoal, sem a identificação do objeto que se pretende executar. (Achado 3.1)
i) Oitiva, com fundamento no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, do Consórcio Supervisão
Fiol Bahia, CNPJ 52.635.422/0001-37, na pessoa do seu responsável legal Srª. Sara Lucia Batista
Carneiro, CPF 317.071.571-20, contratado para a execução dos serviços de supervisão do lote 5 da Fiol,
para que, se assim o desejar, se manifeste, no prazo de 15 dias, a respeito da possibilidade de anulação do
Contrato 98/2010, tendo em vista que a escolha da licitante vencedora ocorreu com base em edital em que
a maior parte da Nota Final era constituída por critérios subjetivos, contrariando artigos 3º; 40, inciso VII;
44, § 1º, da Lei 8.666/1993; (Achado 3.3)
j) Oitiva, com fundamento no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, do Consórcio Strata -
LBR – Direção, CNPJ 38.743.357/0001-32, na pessoa do seu responsável legal Sr. Lucas Rebello Horta
Valadares Gontijo, CPF 033.749.696-07, contratado para a execução dos serviços de supervisão do lote
5A da Fiol, para que, se assim o desejar, se manifeste, no prazo de 15 dias, a respeito da possibilidade da
anulação do Contrato 99/2010, tendo em vista que a escolha da licitante vencedora ocorreu com base em
edital em que a maior parte da Nota Final era constituída por critérios subjetivos, contrariando artigos 3º;
40, inciso VII; 44, § 1º, da Lei 8.666/1993; (Achado 3.3)
k) Oitiva, com fundamento no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, do Consórcio Astec -
Urbaniza - Setepla – Engecorps, CNPJ 65.708.604/0001-32, na pessoa do seu responsável legal Sr.
Dargiane Rubem de Macedo, CPF 505.162.054-04, contratado para a execução dos serviços de
supervisão do lote 6 da Fiol, para que, se assim o desejar, se manifeste, no prazo de 15 dias, a respeito da
967
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
possibilidade de anulação do Contrato 100/2010, tendo em vista que a escolha da licitante vencedora
ocorreu com base em edital em que a maior parte da Nota Final era constituída por critérios subjetivos,
contrariando artigos 3º; 40, inciso VII; 44, § 1º, da Lei 8.666/1993; e (Achado 3.3)
l) Oitiva, com fundamento no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, da Empresa Serviços
Técnicos de Engenharia S/A – STE, CNPJ 88.849.773/0001-98, na pessoa do seu responsável legal Sr.
Roberto Lins Portella Nunes, CPF 184.376.560-87, contratada para a execução dos serviços de supervisão
do lote 7 da Fiol, para que, se assim o desejar, se manifeste, no prazo de 15 dias, a respeito da
possibilidade de anulação do Contrato 101/2010 (Empresa), tendo em vista que a escolha da licitante
vencedora ocorreu com base em edital em que a maior parte da Nota Final era constituída por critérios
subjetivos, contrariando artigos 3º; 40, inciso VII; 44, § 1º, da Lei 8.666/1993. (Achado 3.3)
Determinação à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A:
m) Com fundamento no artigo 45 da Lei 8.443/1992, determinar à Valec Engenharia, Construções e
Ferrovias S.A. que instaure processo específico para a adoção das medidas ou sanções contratuais
cabíveis em relação à STE Engenharia S.A., responsável pela elaboração da 4ª Medição do contrato de
execução do lote 7 da Fiol, contemplando 230.000 grampos elásticos até então não entregues, no âmbito
do Contrato 101/2010 para supervisão do lote 7 da Fiol, apresentando as medidas adotadas ao TCU no
prazo de 60 dias.
Comunicação ao Congresso Nacional:
n) Comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que foram detectados indícios de irregularidades graves que se enquadram no disposto no inciso
IV do § 1º do art. 94 da Lei 12.309/2010 (LDO/2011), nos Contratos 58/2010, 59/2010, 60/2010 e
85/2010, relativos às obras de implantação da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, informando que as
medidas necessárias ao saneamento dos indícios inicialmente apontados envolvem as medidas corretivas
apontadas no campo 3.1.8 deste relatório de fiscalização.
Providências internas:
o) Autorizar a Secob-4-4 a encaminhar cópia do Acórdão, acompanhado de Voto e Relatório, à 1ª
Secretaria de Controle Externo, à Secretaria de Controle Externo no Estado da Bahia e à Valec
Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. - MT."
II
150. No item 3.1 de seu relatório, a equipe de auditoria listou sete achados, reproduzidos acima, que
estão associados à realização de procedimento licitatório com base em projeto básico deficiente e
desatualizado.
151. Como determina o art. 7º, § 2º, da Lei nº 8.666/1993, as obras e serviços somente poderão ser
licitados quando houver projeto básico aprovado pela autoridade competente. E para esse fim, somente se
pode ter por projeto básico apto a autorizar a licitação, nos termos do referido comando legal, aquele que
atenda integralmente ao que prescreve o art. 6º, IX, da Lei nº 8.666/1993:
"IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão
adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação,
elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade
técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação
do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes
elementos:
a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e identificar
todos os seus elementos constitutivos com clareza;
b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a
necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do projeto executivo e de
realização das obras e montagem;
c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a incorporar à obra,
bem como suas especificações que assegurem os melhores resultados para o empreendimento, sem
frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
968
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
projetos, mormente pela notória existência de cavernas na região do município de São Desidério, o que
inclusive motivou a paralisação da implantação da BR-135/BA na mesma região.
Quanto à variante da Silvânia, com extensão de 18,698 km (do km 666+520 ao km 685+218),
evidencia-se a desconsideração da existência das áreas produtivas de 247 pequenos proprietários, que
vivem da produção às margens do rio, visível até mesmo pelo 'Google Earth', sendo que alguns pontos
estão localizados em Área de Preservação Permanente, o que deveria ter sido identificado na fase de
elaboração do projeto básico, com a consequente alteração do traçado ora em estudo.
Tal alteração, segundo a Valec, provocará redução da ordem de 1,5 km de extensão, bem como do
valor das desapropriações e da desnecessidade de remoção do solo mole às margens do rio, porém o
impacto financeiro da variante ainda não foi calculado, ressaltando que no novo traçado a topografia é
mais acidentada, inclusive com a presença visível de material de 3ª categoria, o que impede conclusões
acerca da economicidade da necessária alteração pretendida.
Destaca-se que em quatro pontos distintos na região da Silvânia (km 670+200, km 671+400, km
672+340 e km 681+340), além de outro em região diversa (km 660+740), o traçado contratado para
implantação da ferrovia faz com que as saias dos aterros estejam projetadas dentro do rio, contrariando o
Código Florestal e sem previsão de contenções, o que tecnicamente inviabilizaria a implantação,
evidenciando a fragilidade dos estudos de campo na fase do projeto básico, que sequer identificaram tal
ocorrência.
Por fim, a variante dos Índios possui 51,183 km (do km 724+580 ao km 775+763) e foi motivada
pelo deslocamento do traçado da ferrovia de região de agricultura altamente produtiva, porém tal traçado
já havia sofrido deslocamento anterior para afastamento de área de perambulação indígena. Segundo a
Valec, tal mudança de traçado reduzirá 2,757 km de extensão da ferrovia, bem como eliminará dois
viadutos sobre a BR 349, porém, não foram apresentados os estudos que demonstrem a redução do valor
contratual em virtude da variante que tem extensão da ordem de 30% do segmento contratado, destacando
que a mudança de traçado implica em novas distâncias de transporte e implantação em trecho onde não
houve sondagens para caracterização dos materiais, o que pode elevar os custos do empreendimento.
Já em relação ao lote 7, verifica-se a ausência de estudos técnicos que demonstrem a viabilidade e
economicidade da implantação do Pátio Barreiras no local indicado."
156. A unidade técnica concluiu a respeito dos traçados dos lotes 6 e 7 que a ausência e/ou
deficiência de estudos técnicos referentes ao traçado impossibilitam a adequada quantificação de custos, a
orçamentação correta e o conhecimento sobre o custo real das obras, e expõe a administração a riscos de
diversas naturezas, da antieconomicidade à fraude:
"Diante do exposto, verifica-se que a ausência e/ou deficiência de estudos técnicos que
fundamentem a definição de traçado dos lotes 6 e 7 impedem a adequada quantificação e orçamentação,
contrariando os artigos 6º, inciso IX, e 12 da Lei 8.666/93, bem como impondo risco à Administração
Pública que desconhece o custo real do objeto contratado. Tais impropriedades podem levar os referidos
contratos a alterações superiores ao permitido no artigo 65 da Lei de Licitações, além de tornarem a
avença mais suscetível ao 'jogo de planilha' ou desequilíbrio econômico-financeiro do contrato."
157. A Secob-4 apontou, em exame acurado, que a metodologia escolhida para produção de
concreto para a obra não é adequada, técnica e economicamente, havendo fortes evidências de potencial
prejuízo ao erário:
"Na licitação da Fiol, a Valec adotou duas formas distintas para a produção dos concretos
expressamente previstos na planilha orçamentária, por meio dos seguintes equipamentos: betoneira de
320 litros para os serviços de drenagem e obras de arte correntes e betoneira de 720 litros para os serviços
de obras de arte especiais.
Tal concepção não tem sido a real metodologia utilizada pelas construtoras nas obras da Ferrovia
Norte-Sul, a exemplo da larga utilização de caminhão betoneira para produção de concreto para as obras
de artes especiais (Fotos 2 e 3), em vez da betoneira de 750 litros, bem como da utilização de betoneira de
750 litros ou caminhão betoneira para execução dos dispositivos de drenagem e das obras de arte
correntes.
970
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
164. Cabe rememorar o histórico de graves problemas originados de aditivos contratuais originados
da necessidade de corrigir projetos básicos mal elaborados identificados com frequência nas diversas
fiscalizações já realizadas por esta Corte de Contas, a exemplo do reportado no relatório da auditoria
acerca da Ferrovia Norte-Sul:
"Em que pese o objeto da presente auditoria ser os lotes 5, 5A, 6 e 7 da Ferrovia Oeste-Leste, é
oportuno destacar que vários lotes da Ferrovia Norte-Sul (também executada pela Valec) sofreram
aditivos contratuais que suprimiram serviços necessários à funcionalidade do objeto contratado, a
exemplo da exclusão dos pátios ferroviários de Jaraguá, Santa Isabel e Uruaçú (TC 6.980/2011-2), que
serão posteriormente licitados pela Valec.
Assim, para compensar a deficiência de projeto e visando ao reestabelecimento da funcionalidade
de alguns trechos da Ferrovia Norte-Sul, os Contratos 19/2011 (R$ 27.695.796,61) e 20/2011 (R$
16.014.977,06) foram firmados para a realização de serviços de engenharia para complementação dos
lotes 2 e 11, já que ambos possuíam aditivos contratuais da ordem de 25%, para a execução de serviços
de terraplenagem, pavimentação, drenagem, obras de arte correntes e obras complementares, ou seja, os
serviços necessários à execução funcional do objeto correspondiam a valor superior ao valor contratual
acrescido de 25%."
165. Os gestores deveriam adotar todas as cautelas possíveis para assegurarem-se da qualidade do
projeto básico antes de lançar as licitações. Como apontado pela auditoria, a inobservância desse modo
prudente de agir elevou os riscos de não se alcançarem os melhores resultados para o empreendimento,
por não estar sendo executado segundo técnicas de engenharia e de gestão mais adequadas, e de virem a
ser promovidas adequações de grande porte nos objetos contratados no curso da execução contratual sem
que se possa ter seguro controle sobre as soluções construtivas do empreendimento e, consequentemente,
sobre seus custos e cronograma físico-financeiro.
166. No caso concreto, se, por exemplo, forem concretizadas as alterações de traçado em estudo,
hipótese altamente provável, tendo em vista tudo o que foi relatado, a Valec poderá se ver diante de
objeto bem diferente daquele que foi originalmente contratado e da obrigação de ter de justificar
robustamente, sob os aspectos jurídico, técnico, econômico, social e ambiental, a continuidade das obras,
se assim decidir, pois a essa alternativa decisória se opõem notórios argumentos jurídicos e
jurisprudenciais pela rescisão dos contratos e lançamento de novas licitações.
167. Deve-se, portanto, promover a oitiva da empresa para que (i) se posicione sobre a adequação
do projeto básico ao que prescreve o caput e cada uma das alíneas do art. 6º, IX, da Lei nº 8.666/1993 e a
suficiência de tal projeto para fins de abertura de licitação em cumprimento ao que dispõe o art. 7º, § 2º,
da mesma lei; (ii) avalie e apresente suas conclusões quanto à repercussão das alterações que já foram ou
que serão implementadas no traçado da ferrovia sobre o custo da obra e as características do objeto
contratado, considerando todos os questionamentos apresentados no relatório de auditoria e as medidas
corretivas propostas pela Secob-4 no item 3.1.8 do mesmo relatório fiscalização; (iii) à luz dessa
avaliação, se posicione quanto a continuidade ou não dos contratos em execução, justificando suas
conclusões quanto aos aspectos jurídico, técnico e econômico.
168. Diante desse contexto, faz-se necessária adoção de medida cautelar com vistas a suspender a
execução dos contratos relativos aos lotes 5, 5A, 6 e 7 da Fiol, até deliberação final por parte desta Corte
de Contas, após o recebimento das respostas das oitivas e audiências realizadas nos termos do acórdão
proposto.
169. Deve-se ainda comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do
Congresso Nacional, ao Ministério dos Transportes, para fins de supervisão, e ao Comitê Gestor do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que foram detectados indícios de irregularidades graves
que se enquadram no disposto no inciso IV do § 1º do art. 94 da Lei 12.309/2010 (LDO/2011), nos
contratos nos 58/2010 (lote 5), 59/2010 (lote 6), 60/2010 (lote 7) e 85/2010 (lote 5A), relativos às obras de
implantação da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, informando a respeito da adoção de medida cautelar
por parte desta Corte de Contas com vistas a suspender a execução dos mencionados contratos, até
deliberação final por parte desta Corte de Contas.
973
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
170. Adicionalmente, proponho a realização de audiência do Sr. Jorge Antônio Mesquita Pereira de
Almeida, superintendente de projetos da Valec, para que apresente a este Tribunal razões de justificativa
para a aprovação da análise técnica que subsidiou a aprovação, pela diretoria executiva da Valec, dos
projetos básicos dos lotes 5, 5A, 6 e 7 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (peças 12, 14 e 15), em
desconformidade com os arts. 6º, inciso IX, e 12 da Lei 8.666/1993.
IV
171. O item 3.2 do relatório de fiscalização trata da questão do "adiantamento de pagamento de
230.000 grampos elásticos, no valor de R$ 2.021.700,00, no âmbito do contrato de execução do lote 7."
172. Da quarta medição do lote 7 da Fiol, ocorrida em 25/5/2011, decorreu o pagamento pela
aquisição de 230.000 grampos elásticos, sem que tivesse dado entrada qualquer remessa de grampo na
referida obra, configurando, tal fato, pelo menos, pagamento adiantado, irregular, em desconformidade
com os artigos 62 e 63, § 2º, incisos I e III, da Lei nº 4.320/1964 e com a Norma 80-EM-044A-58-8014
da Valec.
173. O primeiro carregamento de 21.000 grampos chegou à obra somente no dia 25/6/2011, um mês
após a referida medição. O segundo carregamento, de 19.500 grampos, chegou em 28/6/2011 e o terceiro
e último carregamento, de 25.580 grampos, em 29/6/2011. Em vistoria realizada nos dias 7 e 8/7/2011, a
equipe de auditoria visitou o galpão onde os grampos recebidos estavam estocados e confirmou que,
naquela data, havia somente 66.080 grampos dos 230.000 medidos.
174. Ressalte-se que até a conclusão dos trabalhos da equipe de auditoria a Valec ainda não havia
obtido a licença de instalação relativa às obras do lote 7, o que impossibilita o início das obras de
implantação do eixo da ferrovia e, consequentemente, torna distante e imprevisível o momento de
aplicação dos grampos comprados e pagos e até então não integralmente entregues.
175. Em 20/5/2011, os srs. José Francisco das Neves, diretor presidente da Valec, e Luiz Carlos
Oliveira Machado, diretor de engenharia da Valec, assinaram a ordem de serviço para início do lote 7
contemplando a aquisição dos dormentes de concreto e dos acessórios ferroviários, dentre os quais os
grampos elásticos.
176. A medição referente aos grampos elásticos foi elaborada e assinada pelo sr. Alexandre Carrara,
coordenador técnico da STE Engenharia S.A., empresa supervisora do lote 7 da Fiol, e atestada pelo sr.
Nelson Eustáquio Fernandes Gonçalves, engenheiro residente da Valec, e pelo sr. Ricardo Humberto de
Souza Wanderley, superintendente regional da Valec (peça 25).
177. Diante desse quadro, deve-se promover a audiência dos responsáveis por autorizar a compra
dos grampos elásticos muito antes da data vislumbrada para a efetiva utilização (segundo o
superintendente de construção da Valec, "a aplicação dos grampos elásticos e demais acessórios será no
8º mês após o início dos serviços nos lotes 5 e 7 e será no 12º mês após o início dos serviços no lote 6") e
por atestar o recebimento de quantidades que efetivamente não foram haviam sido entregues no canteiro
de obras, bem como realizar diligência junto à empresa para obter cópia do respectivo processo de
pagamento com o intuito de subsidiar a apuração de responsabilidades por eventuais danos ao erário.
178. Cabe ainda determinar à Valec que adote medidas para apurar a responsabilidade da empresa
STE Engenharia S.A. por descumprimento contratual em face da medição irregular dos grampos elásticos
e apresente a esta Corte de Contas, no prazo de 30 (trinta) dias, as providências adotadas.
V
179. A equipe de auditoria aponta ainda como achado a "ausência de critérios objetivos para o
julgamento de proposta técnica das empresas que participaram da concorrência do tipo técnica e preço
[concorrência nº 13/2010], que teve por objeto a contratação de empresa para execução de serviços
técnicos profissionais especializados para supervisão das obras de implantação da Fiol."
180. A "inexistência de critérios objetivos", além de suscitar fundadas dúvidas sobre a observância
do princípio do julgamento objetivo e o estrito cumprimento do art. 45 da Lei nº 8.666/1993, ponto que
será investigado, está dando margem, segundo a equipe de auditoria, a substituições de profissionais sem
a garantia de que os substitutos possuam os mesmos requisitos dos que foram qualificados na licitação.
181. No edital consta que a substituição estará sujeita a prévia aprovação do contratante, após a
análise curricular do profissional:
974
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
"A substituição de qualquer profissional constante do quadro da equipe técnica mínima acima
avaliada ficará sujeita à aprovação da VALEC, devendo a contratada manifestar seu interesse de
substituição com antecedência mínima de 60 (sessenta) dias, de forma a possibilitar a análise curricular
do profissional indicado sem afetar o andamento normal dos trabalhos."
182. Nesse caso, aplica-se o disposto no art. 55, inciso XIII, da Lei 8.666/1993, que impõe ao
contratado a obrigação de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as
obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.
183. A equipe de auditoria propõe que se promova a oitiva da Valec para que se manifeste quanto:
"d.7) ausência de critérios objetivos na Concorrência 13/2010 para o julgamento das propostas
técnicas, em que ficou demonstrada a subjetividade dos critérios 'Conhecimento das variáveis envolvidas
no trabalho', que representa 35% da Nota da Proposta Técnica e 28% da Nota Final; 'Plano de trabalho',
que representa 20% da Nota da Proposta Técnica e 16% da Nota Final; e 'Capacidade da equipe técnica',
que corresponde a 35% da Nota da Proposta Técnica e 28% da Nota Final, o que resultou em 72% da
Nota Final baseada em critérios subjetivos, em afronta aos artigos 3º; 40, inciso VII; 44, § 1º, da Lei
8.666/1993; (Achado 3.3)
d.8) constatação de que os profissionais que pontuaram na época da licitação não são os mesmos
que estão executando os serviços nos contratos de supervisão dos lotes 5, 5A, 6 e 7 da Fiol, em
desconformidade com o art. 55, inciso XIII, da Lei 8.666/1993, havendo risco de se comprometer a
qualidade do serviço prestado, já que a qualificação das empresas de supervisão está calcada na
capacidade técnica do seu pessoal;(Achado 3.3)
d.9) possibilidade de anulação dos Contratos 98/2010, 99/2010, 100/2010 e 101/2010, que foram
firmados pela Valec para a execução dos serviços de supervisão dos lotes 5, 5A, 6 e 7, respectivamente,
como resultado do processo licitatório da Concorrência 13/2010, tendo em vista que a escolha das
licitantes vencedoras ocorreu com base em edital em que a maior parte da Nota Final era constituída por
critérios subjetivos, contrariando artigos 3º; 40, inciso VII; 44, § 1º, da Lei 8.666/1993; (Achado 3.3)"
184. Essa proposta será acolhida na essência, nos termos do acórdão proposto, do qual consta
também determinação para realização de diligência à Valec para obtenção de toda a documentação e
esclarecimentos pertinentes ao julgamento das propostas técnicas apresentadas no âmbito da concorrência
nº 13/2010, na qual resultaram vencedores o Consórcio Supervisão Fiol (lote 5), o Consórcio Strata -
LBR - Direção (lote 5A), o Consórcio Astec - Urbaniza - Setepla Tecnometal - Engecorps (lote 6) e a
empresa STE - Serviços Técnicos de Engenharia S/A (lote 7).
Diante do exposto, manifesto-me pela aprovação do acórdão que ora submeto à apreciação deste
Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
WEDER DE OLIVEIRA
Relator
1. Processo nº TC 016.731/2011-5
2. Grupo II - Classe V - Assunto: Relatório de Auditoria
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Congresso Nacional
3.2. Responsáveis: Jorge Antônio Mesquita Pereira de Almeida (341.332.917-00); José Francisco
das Neves (062.833.301-34); Luiz Carlos Oliveira Machado (022.706.987-20); Nelson Eustáquio
Fernandes Gonçalves (077.415.456-04) e Ricardo Humberto de Souza Wanderley (125.838.474-49)
4. Entidade: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.
5. Relator: Ministro-Substituto Weder de Oliveira
975
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de auditoria realizada na Valec Engenharia, Construções
e Ferrovias S.A., tendo como objetivo fiscalizar as obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol),
sub-trecho compreendido entre Caetité e Barreiras no estado da Bahia.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar à Valec, em sede de medida cautelar, que adote providências imediatas no sentido
de suspender a execução dos contratos nos 58/2010 (lote 5), 59/2010 (lote 6), 60/2010 (lote 7) e 85/2010
(lote 5A), que têm por objeto a execução de obras e serviços de engenharia da Fiol, até deliberação final
por parte desta Corte de Contas;
9.2. determinar à Secob-4 que:
9.2.1. promova a oitiva da Valec para que, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência:
9.2.1.1. se posicione sobre a adequação do projeto básico ao que prescreve o caput e cada uma das
alíneas do inciso IX do art. 6º, da Lei nº 8.666/1993 e a suficiência de tal projeto para fins de abertura de
licitação em cumprimento ao que dispõe o art. 7º, § 2º, da mesma lei;
9.2.1.2. avalie e apresente suas conclusões quanto à repercussão das alterações que já foram ou que
serão implementadas no traçado da ferrovia sobre o custo da obra e as características do objeto
contratado, considerando todos os questionamentos apresentados no relatório de auditoria e as medidas
corretivas propostas pela Secob-4 no item 3.1.8 do mesmo relatório fiscalização;
9.2.1.3. à luz dessa avaliação, se posicione quanto a continuidade ou não dos contratos em
execução, justificando suas conclusões quanto aos aspectos jurídico, técnico e econômico.
9.2.1.4. apresente a forma como vem analisando a substituição dos profissionais de supervisão
contratados por meio dos contratos nos 98 (lote 5), 99 (lote 5A), 100 (lote 6) e 101 (lote 7), todos de 2010,
ante o disposto no art. 55, inciso XIII, da Lei nº 8.666/1993;
9.2.2. promova a audiência do sr. Jorge Antônio Mesquita Pereira de Almeida, superintendente de
projetos da Valec, para que, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, apresente a este Tribunal
razões de justificativa para a aprovação da análise técnica que subsidiou a aprovação, pela diretoria
executiva da Valec, dos projetos básicos dos lotes 5, 5A, 6 e 7 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, em
desconformidade com os arts. 6º, inciso IX, e 12 da Lei nº 8.666/1993, em que foram identificados os
seguintes indícios de irregularidade:
9.2.2.1. insuficiência de estudos prévios necessários para a definição do traçado dos lotes 6 e 7, o
que pode resultar em alterações de traçados posteriores à contratação, proporcionando a futura execução
de obra em trecho sem investigação geotécnica associada e com custos maiores do que os estimados
inicialmente;
9.2.2.2. insuficiência de sondagens para caracterização de materiais de primeira, segunda e terceira
categorias e de solos moles nos lotes 5, 6 e 7;
9.2.2.3. seleção de método construtivo antieconômico e não usualmente aplicado nas obras
ferroviárias para produção dos diversos tipos de concreto, a exemplo do concreto para as obras de arte
especiais nos lotes 5, 5A, 6 e 7;
9.2.2.4. insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia e brita com impacto no modelo
de aquisição (comercial x explorada), na distância média de transporte (DMT) e no uso da areia artificial,
subproduto da britagem, para compor o traço dos diversos concretos nos lotes 5, 5A, 6 e 7;
9.2.2.5. inclusão na planilha orçamentária de "serviços por administração" com quantidades em
horas de máquinas e pessoal sem a identificação do objeto a ser executado nos lotes 5, 6 e 7;
9.2.2.6. ausência de projeto que dimensione e quantifique as armaduras de concreto armado e as
soluções das fundações das obras de arte especiais nos lotes 5, 5A, 6 e 7.
976
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.2.3. promova a audiência dos srs. José Francisco das Neves, diretor presidente da Valec, e Luiz
Carlos Oliveira Machado, diretor de engenharia da Valec, para que apresentem a este Tribunal, no prazo
máximo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, as razões de justificativa por terem assinado, em
20/5/2011, a ordem de serviço para início do lote 7 contemplando a compra de grampos elásticos muito
antes da data vislumbrada para a efetiva utilização;
9.2.4. promova a audiência dos srs. Nelson Eustáquio Fernandes Gonçalves, engenheiro residente
da Valec no lote 7 da Fiol, e Ricardo Humberto de Souza Wanderley, superintendente regional da Valec
no lote 7 da Fiol, para que apresentem a este Tribunal, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, a contar da
ciência, as razões de justificativa por terem aprovado a quarta medição do lote 7 da Fiol contemplando
230.000 grampos elásticos não entregues até o momento da medição, configurando pagamento indevido
no valor de R$ 2.021.700,00, em desconformidade com os artigos 62 e 63, § 2º, incisos I e III, da Lei nº
4.320/1964 e com a Norma 80-EM-044A-58-8014 da Valec.
9.2.5. realize diligência na Valec para obter:
9.2.5.1. cópia do processo de pagamento relativo à aquisição de 230.000 grampos elásticos para o
lote 7 da Fiol e examine a sua regularidade, indicando os responsáveis por eventuais irregularidades
apuradas;
9.2.5.2. toda a documentação e esclarecimentos pertinentes ao julgamento das propostas técnicas
apresentadas no âmbito da concorrência nº 13/2010, na qual resultaram vencedores o Consórcio
Supervisão Fiol (lote 5), o Consórcio Strata - LBR - Direção (lote 5A), o Consórcio Astec - Urbaniza -
Setepla Tecnometal - Engecorps (lote 6) e a empresa STE - Serviços Técnicos de Engenharia S/A (lote 7).
9.3. determinar à Valec que, no prazo de 30 (trinta) dias, adote medidas para apurar a
responsabilidade da empresa STE Engenharia S.A., responsável pela elaboração da quarta medição do
contrato de execução do lote 7 da Fiol, por descumprimento contratual em face da medição irregular de
230.000 grampos elásticos, configurando pagamento indevido no valor de R$ 2.021.700,00, em
desconformidade com os artigos 62 e 63, § 2º, incisos I e III, da Lei nº 4.320/1964 e com a Norma 80-
EM-044A-58-8014 da Valec, e apresente as medidas adotadas a este Tribunal.
9.4. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional, ao Ministério dos Transportes, para fins de supervisão, e ao Comitê Gestor do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) que foram detectados indícios de irregularidades graves que se
enquadram no disposto no inciso IV do § 1º do art. 94 da Lei 12.309/2010 (LDO/2011), nos contratos nos
58/2010 (lote 5), 59/2010 (lote 6), 60/2010 (lote 7) e 85/2010 (lote 5A), relativos às obras de implantação
da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, informando a respeito da adoção de medida cautelar por parte
desta Corte de Contas com vistas a suspender a execução dos contratos relativos aos lotes 5, 5A, 6 e 7 até
deliberação final por parte desta Corte de Contas.
9.5. autorizar o encaminhamento pela Secob-4 de cópia desta deliberação à 1ª Secretaria de
Controle Externo, à Secretaria de Controle Externo no Estado da Bahia e à Valec Engenharia,
Construções e Ferrovias S.A.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
3. Com relação à denúncia de que as empresas contratadas, sob a denominação geral de Pool,
para a operação do Terminal de Cereais de Cais - TCC não estariam realizando a manutenção adequada
dos equipamentos e instalações da Codesa, colocados à sua disposição, a equipe de inspeção entende
que, com efeito, o Pool não vem realizando adequadamente a manutenção exigida. Não há a indicação
contratual dos serviços de manutenção a serem realizados e a fiscalização deficiente da Codesa
acarretou a necessidade de reparos urgentes e prioritários já no final do contrato.
4. No entanto, mesmo após o final do contrato os reparos exigidos pela Codesa foram executados,
com exceção dos serviços relativos à automação das balanças de fluxo. Em face disso, a equipe propõe
apenas que seja determinado à entidade que adote as devidas providências no sentido de que as balanças
de fluxos do Silo de Cereais de Capuaba registrem de forma adequada a pesagem da carga.
5. Quanto ao uso, pelas empresas do Pool, de material sobressalente de propriedade da Codesa, tal
denúncia não teria se confirmado. Segundo a equipe não houve alteração no inventário do material da
Codesa, nem aquisições de novas peças no período em que a operação do TCC foi terceirizada, que se
iniciou ainda em 1998. Mesmo assim, a equipe sugere que se determine o levantamento dos motores de
reposição necessários a uma operação segura, emitindo o competente termo de responsabilidade pela
guarda de tais equipamentos.
6. Sobre a denúncia de que as empresas do Pool vinham pagando pouco pelo uso das instalações e
equipamentos da Codesa a equipe informa que os preços cobrados acompanharam os valores históricos
praticados desde 1998. Atualmente, não há qualquer contrato operacional firmado pela Codesa, que
cobra as tarifas pertinentes, sem desconto, das empresas que realizam a operação portuária, sem
qualquer controle dos custos incorridos por tais empresas. A equipe reputa como grave tal situação,
razão pela qual propõe que se determine à Codesa a realização das manutenções necessárias ao bom
funcionamento do TCC.
7. Sobre a questão da terceirização de atividades a cargo da Codesa, a equipe entende que o fato
relevante a ser considerado é que a mesma só poderia se dar mediante arrendamento das instalações
portuárias envolvidas, o que já vem sendo providenciado pela Codesa. É o que se deduz da leitura de
dispositivos da Lei dos Portos - Lei nº 8.630/1993, e da Resolução Antaq 55/2002. Ao fim da análise
dessa questão, a equipe propõe determinação à entidade no sentido da observância do art. 1º, § 1º, inciso
IV, da Lei 8.630/1993, que lhe incumbe a realização da manutenção das instalações do porto sob sua
administração, e do art. 4º, inciso I, da mesma lei, que limita a possibilidade de execução de serviços de
melhorias e exploração de instalações portuárias somente nos casos de arrendamento da área.
8. As denúncias aqui tratadas voltam-se também contra o processo de consolidação de quatro
contratos de arrendamento feito à empresa Flexibrás — Tubos Flexíveis Ltda. em função do qual o prazo
de prorrogação do contrato mais antigo teria excedido em sete meses ao limite autorizado em Resolução
da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). A equipe entende que, tendo em vista as
peculiaridades envolvidas nos instrumentos e o caráter excepcional de que se reveste a questão, tal fato
não deva ser considerado irregular.
9. No entanto, notando que o termo de consolidação dos contratos prevê a realização de obras,
pela arrendatária, cujo valor, não explicitado no instrumento, deverá ser objeto de ressarcimento por
parte da Codesa, caso não possam ser amortizadas do desconto das obrigações financeiras devidas pela
arrendatária, a equipe propõe que esta Corte determine, cautelarmente, a suspensão da autorização
dada em 31/10/2005, pelo Sr. Roger Marçal Queiroz, Diretor de Comercialização e Fiscalização dá
Codesa para que a Flexibrás realize investimentos para ampliação da capacidade produtiva, uma vez
que tal ato, sem qualquer garantia de que o valor dos investimentos poderá ser amortizado ainda na
vigência do contrato de unificação, poderá gerar grave lesão ao erário.
10. Outra questão abordada nos presentes autos diz respeito ao Contrato 13/2000 firmado entre a
Codesa e a empresa Suzano Bahia Sul Papel e Celulose S. A. no qual teriam sido concedidos descontos
àquela empresa, por serviços portuários prestados, contra o compromisso da Suzano de investir em
obras de responsabilidade da Codesa. Nesse desiderato, a Suzano teria contratado empresa construtora
selecionada mediante procedimento estranho à tomada de preços, que seria a modalidade licitatória
979
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
indicada pelo valor da contratação. Ademais, entre as obras custeadas pela Suzano incluíam-se serviços
realizados no armazém removível de propriedade desta empresa.
11. A equipe de inspeção confirmou as duas irregularidades, embora a Codesa tenha saneado a
impropriedade relativa à execução de melhoramentos no armazém da Suzano. Mais relevante do que
essas impropriedades, a equipe entendeu que a própria contratação com a Suzano estava eivada do
mesmo vício verificado no contrato relativo ao Terminal de Cereais de Catuaba, ou seja, a execução de
serviços por parte da Suzano nas instalações da Codesa só seria possível mediante contrato de
arrendamento, o que não é o caso. Em razão dessa falha maior, a equipe propõe seja determinada a
regularização do Contrato 13/2000, de modo a deixá-lo conforme as prescrições da Lei dos Portos.
12. Os autos noticiam a nomeação de pessoas com ‘condutas duvidosas’ para o exercício de cargos
de direção na Codesa. A equipe de inspeção analisou criteriosamente os fatos imputados ao Sr. Fábio
Calmon Mantovanelli e considerou que as irregularidades são de reduzida relevância, e não trouxeram
prejuízos à entidade. Com relação aos Srs. Antônio Carlos Rocha, Luiz Scandian, Domingos Salis de
Araújo e Flávia Fardim Antunes Bringhenti, a equipe de inspeção entendeu que os fatos que se lhes
imputam não chegam a tisnar os atos de nomeação, de responsabilidade do Sr. Diretor-Presidente da
Codesa. Com essas conclusões da equipe alinho-me desde já, pelas lídimas razões por ela apontadas.
13. Por fim, a equipe relata ocorrência relativa à condução de Reclamação Trabalhista contra a
Codesa na qual a entidade deixou fluir, sem manifestação, o prazo legal para contestação de penhora de
bens da empresa no valor de R$ 9.344.009,43, para satisfação de débito apurado na referida ação
trabalhista. A equipe apurou que teria havido falha na condução do processo anteriormente à expedição
do mandado de penhora, atinente ao correto valor da causa, razão pela qual propõe que se determine à
Codesa que apure a responsabilidade por tal falha. Propõe ainda a requisição da conclusão da
sindicância interna que apurou a responsabilidade pela perda do prazo para embargo e a comunição, ao
Ministério Público, da existência de tal procedimento interno.
xxx
14. Entendo que a equipe de inspeção da Secex/ES tem razão em questionar o fato de se incluir no
termo de consolidação dos contratos com a Flexibrás a realização de obra de que não se sabe, com
precisão razoável, em quanto importará ao fim e ao cabo, imputando à Codesa o dever de ressarcir a
contratada por eventuais diferenças não compensáveis pelas obrigações contratuais, sem que se saiba,
de antemão, os critérios a serem observados em tal ressarcimento. Ademais, a previsão de investimentos,
que suplantam o horizonte dos contratos de arrendamento, violam frontalmente o art. 21 da Resolução
Antaq 55/2002, conforme aponta, com toda a acuidade, a equipe de inspeção.
15. No entanto, dou como aplicável à espécie a ação prevista no art. 276, § 2º do Regimento
Interno desta Corte, ou seja, ouvir os responsáveis antes de expedir a medida cautelar solicitada. Com
efeito, como a consolidação dos contratos de arrendamento expira em novembro de 2008, é de se esperar
que a Codesa possa trazer elementos mais precisos de modo a demonstrar que o investimento previsto
compatibiliza-se com o horizonte contratual, sob pena do cabimento da cautelar sugerida e do imediato
ajustamento do contrato às disposições expedidas pela agência reguladora do setor.
16. Quanto às determinações que alcançam o pool de empresas operador do Terminal de Cereais
de Capuaba e, especialmente, o contrato com a empresa Suzano Bahia Sul Papel e Celulose S.A., vejo
que elas baseiam-se no entendimento da equipe de que não cabe a realização de investimentos ou
‘melhoramentos por parte das contratadas em contratos que não sejam de arrendamento, de acordo com
prescrições postas na Lei dos Portos, Lei 8.630/1993.
17. Reputo, no entanto, que tal entendimento não se mostra dedutível de forma líquida e certa dos
dispositivos da referida lei que teriam restado desatendidos, devendo-se dar à Codesa a oportunidade de
apresentar as contra-alegações que entender cabíveis acerca da imputação da equipe antes que se possa,
com toda a segurança, determinar a alteração dos contratos. De fato, não se pode exigir que a Suzano
passe à condição de arrendatária apenas porque, como maior cliente da Codesa, dispõe de regalias
especiais previstas no contrato.
980
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
18. Com relação às demais determinações sugeridas, penso que possam esperar até decisão final a
ser proferida no processo, sem prejuízo de que se faça diligência à Codesa a fim de que se obtenha, se
for o caso, a conclusão do Processo de Sindicância PE 1738/2004.
Ante o exposto, determino o encaminhamento dos autos à Secex/ES a fim de que sejam adotadas as
seguintes medidas:
a) promover, com base no art. 276, § 2% do Regimento Interno do Tribunal a oitiva dos Srs.
Henrique Germano Zimmer, Danilo Roger Marçal Queiroz, Rodrigo Flávio Freire Farias Chamoun,
Diretores da Codesa, Nelson Machado Fagundes, Eduardo Pereira, Luiz Soresini, Irineu Barros Filho e
Raulino Gonçalves Filho, membros do Conselho de Administração da Codesa, para que apresentem, no
prazo de cinco dias, razões de justificativa acerca da aprovação e homologação do Termo de Unificação
dos Contratos de Arrendamento com a Flexibrás Tubos Flexíveis Ltda., contendo na cláusula oitava
previsão de investimentos pela arrendatária sem que se saiba o valor envolvido e sem garantia de que o
prazo do arrendamento será suficiente para amortizá-los, contrariando o art. 21 da Resolução Antaq
55/2002, bem como atribuindo responsabilidade à Codesa de indenizar à Flexibrás o investimento não
amortizado durante a vigência da consolidação dos contratos;
b) promover, com base no art. 250, inciso IV, do RI/TCU, a audiência prévia do Sr. Diretor-
Presidente da Codesa para que apresente, no prazo de quinze dias, razões de justificativa acerca da
disposição constante da cláusula primeira, parágrafos 3º e 6º, do Contrato 13/2000, firmado com a
empresa Suzano Bahia Sul Papel e Celulose S.A., dando prioridade de uso do Berço 101 do Cais
Comercial de Vitória e dos Armazéns 3 e 5 de propriedade da Codesa e permissão para que a empresa
utilize uma área de 5.000 m2, onde instalou um armazém de vinil removível de sua propriedade, bem
como da autorização ínsita na cláusula terceira, parágrafo 4% para que a empresa execute melhorias e
manutenções no Cais Comercial de Vitória, disposições estas que estariam contrariando o disposto nos
arts. 1º, § 1º, inciso IV, e 4º, inciso I, da Lei 8.630/1993;
c) realizar diligência junto à Codesa a fim de que se obtenha informações sobre a situação atual do
Processo de Sindicância PE 1738/2004, que apura falhas na condução e acompanhamento do processo
trabalhista RT 1261.1995.0004.17.00-0”
3. Analisada preliminarmente pela Secex/ES somente a oitiva determinada no item “a” retro, e ante
o encaminhamento proposto, exarei novo despacho (154/156) determinando a suspensão cautelar da
eficácia do Ato de Autorização emitido em favor da empresa Flexibrás, ancorado nos seguintes motivos:
“As apurações iniciais promovidas nos autos pela Unidade Técnica levaram ao entendimento de
que a empresa Flexibrás contava com créditos ilimitados para a execução de obras de enrocamento em
área de 30.000 m², acrescida de marinha, uma vez que não existe, até o momento, projeto básico ou
executivo que permita a caracterização precisa do empreendimento, seus custos e o prazo de execução, e
o contrato prevê a amortização dos investimentos realizados pela arrendatária, conforme consta da
cláusula oitava, por ocasião dos pagamentos devidos em razão do arrendamento.”
a) a cláusula oitava e subitens não dão nenhuma garantia de que o enrocamento será vantajoso
para a Administração. Tudo dependerá de valores e negociações a serem estabelecidos; e
b) a ausência de estudo que demonstre a adequada relação custo-benefício para a Codesa, e, por
conseguinte, dos parâmetros de amortização a serem incluídos no edital para custeio pelo arrendatário
vencedor da licitação, a partir de novembro de 2008, fere os princípios da eficiência, publicidade e do
interesse público.
5.3. o cerne da questão é identificar em que momento a Codesa estará desonerada de pagar à
Flexibrás o investimento. Sendo a Codesa uma empresa de economia mista, com 97,648% do seu capital
pertencente à União, deve demonstrar de forma cristalina que a autorização de investimento por
terceiros cuja amortização ficará a seu encargo não lhe trará nenhum prejuízo.
5.4. consoante expusemos às fls. 188/189, a prevalecer os parâmetros indicados pela Flexibrás
para a amortização do investimento, caso ela continue arrendatária da área, e considerando o valor de
R$ 19,5 milhões por ora estimado para o investimento, qualquer taxa de retorno sobre o capital aplicado
pela Flexibrás acima de 0,5% significará que a amortização não pagará nem o custo do capital, quanto
mais o valor principal investido.
5.5. é inequívoco o interesse da Flexibrás no investimento, e também da Codesa em propiciá-lo,
tanto que o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento dos Portos de Vitória e Barra do Riacho faz a
seguinte previsão para a área: ‘A área da Flexibrás pode ser aumentada mediante aterro, para atender
às necessidades de expansão de produção da empresa, para atendimento à exploração de petróleo na
costa do Estado’(fls. 68 do anexo 6).
5.6. no entanto, a Codesa não logrou demonstrar, até o momento, por meio do estudo de
viabilidade técnica e econômico-financeira da obra que o valor investido será amortizado dentro de um
prazo razoável e que ela, até o final do próximo arrendamento da área a ser aterrada, não terá que arcar
com nenhum pagamento à Flexibrás feito com recursos de seus cofres que não os oriundos do incremento
que este investimento trará.
5.7. obviamente a Codesa se beneficiará da incorporação da área ao seu patrimônio, mas o
investimento só se justifica se propiciar um adequado retorno financeiro que no mínimo o pague dentro
de um prazo razoável.
5.8. aliás, esta é a linha de raciocínio da regra do art. 21 da Resolução nº 055 da Agência
Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), relativamente a investimentos realizados por
arrendatários de áreas e instalações portuárias, quando textualmente estabelece que:
‘Art. 21 O prazo do arrendamento deverá ser suficiente para amortização dos investimentos
previstos no contrato a serem feitos pela arrendatária e proporcionar-lhe a adequada remuneração,
conforme parâmetros adotados no estudo de avaliação do empreendimento.’
5.9. neste ponto, passamos à analise conclusiva da oitiva dos Diretores e dos membros Conselho de
Administração da Codesa determinadas, pelo Exmo Sr. Ministro-Relator Augusto Nardes, em despacho
datado de 17/3/2006
(...)
5.10. o art. 21 da Resolução Antaq nº 55/2002 é aplicável a todo e qualquer investimento realizado
pelo arrendatário. O prazo do arrendamento deve garantir a amortização do investimento. Neste caso,
uma vez que o arrendamento vigerá até 15/11/2008 (fl. 446 do volume 1 do anexo 2), a cláusula oitava
do Termo de Unificação dos Contratos de Arrendamento, e em especial o subitem 8.5, abaixo transcrito,
estaria em desacordo com o referido dispositivo legal (fls. 445):
‘8.5 O valor investido pela ARRENDATÁRIA não amortizado fisicamente até 15/11/2008, será
objeto de negociação entre a mesma e a CODESA, devendo ser incluído como obrigação de
ressarcimento desses investimentos em possíveis processos futuros que venham se dar ao final do prazo
do arrendamento constante neste instrumento.’
5.11. em suas razões de justificativa os diretores e os membros do Conselho de Administração da
Codesa afirmam que
983
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
‘(...) toda a área ocupada pela Arrendatária, Flexibrás Tubos Flexíveis Ltda., ao final de
15/11/2008 será arrendada, mediante competente processo licitatório e prévia elaboração do estudo de
viabilidade de que trata a Res. Antaq 055 e suas alterações’, de modo que
‘(...) o investimento autorizado e não amortizado, devidamente investigado e ratificado no estudo
de viabilidade econômico-financeira, será mensurado e incluído no edital de licitação para o
arrendamento como encargo à futura arrendatária, de modo que não será obrigação da Codesa
indenizar a Flexibrás o valor remanescente.’(fls. 04, 40, 76, 111, 150 do anexo 3 e 06, 52/53 e 88 do
anexo 4).
5.12. ainda, no agravo interposto, os diretores da Codesa afirmam que
‘(...) a empresa Flexibrás Tubos Flexíveis Ltda. formalizou firme intenção de utilizar as áreas
objeto dos arrendamentos por período compatível com a amortização dos investimentos, participando da
licitação correspondente (PE 4242/2006)’ (fls. 07 e 16 do anexo 6).
5.13. desse modo, entendemos que, embora o contrato de arrendamento atual termine em novembro
de 2008, em sendo estabelecido o valor do investimento e desde que o valor do arrendamento para o
futuro arrendatário da área seja suficiente para amortizá-lo dentro do prazo do contrato a ser firmado,
e, ainda, o compromisso formal da Flexibrás em participar da licitação e acatar o valor a ser fixado
para o arrendamento da área, não haveria óbice para sua autorização, e, portanto, estaria atendido o
disposto no art. 21 da Res. Antaq nº 055/2002.
5.14. isto posto, acatamos em parte as razões de justificativas apresentadas pelos Diretores e
membros do Conselho de Administração da Codesa, propondo que seja determinado à Empresa que a
autorização do investimento em questão deva ser precedida dos condicionantes acima estabelecidos de
modo a garantir o cumprimento do art. 21 da Res. Antaq nº 055/2002.
5.15. entendemos, ainda, que deva ser determinado à Secex/ES que acompanhe o cumprimento da
determinação supra.
6. Quanto ao contrato firmado com a Suzano Bahia Sul Papel e Celulose S.A.
(...)
7. O Diretor-Presidente da Codesa apresentou as razões de justificativas (fls. 93 a 98 do Anexo 4),
alegando que:
7.1. as disposições contratuais citadas não implicam quaisquer infrações ao inciso IV, do § 1º, do
art. 1º e inciso I, do art. 4º, todos da Lei nº 8.630/1993.
7.2. ‘... a Lei nº 8.630/1993 estabelece que ‘o interessado na construção e exploração de instalação
portuária dentro dos limites da área do porto organizado deve requerer à Administração do Porto a
abertura da respectiva licitação’ (art. 5º). No caso em análise, para a área objeto do Contrato
Operacional nº 013/2000, não se vislumbram quaisquer interessados. Nem mesmo a empresa Suzano
Bahia Sul Papel e Celulose S/A teria interesse em participar de quaisquer procedimentos licitatórios, não
se cogitando de qualquer competição diante da inexistência de outros interessados. Nessas
circunstâncias, quaisquer procedimentos, sem a concorrência de interessados, restaria inócuo -
dispensável (inciso V, art. 24, Lei nº 8.666/93).
7.3. o contrato operacional em questão tem por objetivo a operacionalidade do Cais Comercial do
Porto de Vitória, cais antigo, localizado no centro do Município de Vitória, com limitações de
profundidade para o recebimento de navios de grande porte, congestionamento do tráfego da cidade e
restrições impostas pelo Município quanto ao tráfego de caminhões. O contrato visa garantir uma
movimentação mínima de cargas e a consequente obtenção de receitas.
7.4. a fábrica da Suzano Bahia Sul Papel e Celulose S/A está localizada no Município de Mucuri -
Estado da Bahia, distante 330 km do Porto de Vitória, e a empresa poderia utilizar o Portocel, localizado
ao norte do Estado do Espírito Santo, no Município de Aracruz, a aproximadamente 90 km da Cidade de
Vitória. Este seria, consoante argumenta, ‘um complicador aos interesses de eventual arrendamento’ por
parte da empresa.
7.5. a atração da empresa para o Porto de Vitória implica em medidas de caráter comercial e
operacional no sentido de garantir-lhe produtividade. Como os navios que transportam papel e celulose
são altamente especializados, com afretamentos/estadias caras e de alta produtividade, inviabilizando-se
984
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
assim não fosse a administração ficaria a aguardar a decisão que sempre é do cliente sobre a utilização
das instalações portuárias públicas, o que fatalmente não é uma boa prática administrativa no caso em
discussão.
É preciso que as administrações sejam pró ativas sob pena de não conseguirem gerar suas
receitas.
O porto é uma instalação que tem que ser levada em sua análise global, como ente econômico
gerador de emprego e renda, e a entidade pública para prover oportunidades comerciais contínuas e
descontínuas, pois se assim não for será difícil que se possam prover os recursos financeiros para sua
sobrevivência enquanto empresa, pois do Governo Federal, somente para investimentos e melhorias para
grandes projetos é que se conseguem recursos financeiros.
O Regulamento de Exploração do Porto Organizado de Vitória e Barra do Riacho orienta e
estabelece as formas e meios para melhor utilização das instalações portuárias inclusive em seu artigo
42 parágrafo primeiro, que no nosso entendimento se coaduna com o princípio aqui pactuado entre a
Codesa e Suzano Bahia Sul.
Além do mais, desde março de 1997, as tarifas portuárias não têm qualquer correção. Como
potencializar o uso das instalações e incrementar receitas através de suas instalações, se não houver a
contrapartida acordada comercialmente em garantia de receita anual proveniente de garantia de
movimentação mínima por parte do cliente e de condições diferenciadas de preço no uso de instalações
por parte da empresa no ambiente comercial e concorrencial que o pós-lei incorporou à atividade
portuária?
É preciso que a empresa no seu papel público promova, mesmo com a imposição da concorrência,
o devido equilíbrio entre todos que se interessar por movimentar o mesmo tipo de carga, aliado ao
tratamento obrigatoriamente isonômico. Apesar do caráter de suposta longevidade do instrumento, este
tem tido sem parar, previsões de renegociação anual e que tecnicamente é salutar por aspectos de
recomposição de possíveis distorções pelo fato já exposto de tarifas congeladas. Neste aspecto itens
como pagamento de parcelas fixas de consumo de energia, contribuem para diminuir os custos.’
Esclarece que existe um custo porto/carga e um custo de infraestrutura para apoio ao custo
porto/carga. O custo porto/carga é composto pela composição tarifária. O contrato operacional
propiciou negociar com o cliente ‘(...) valor fixo de consumo de energia (obrigação da Codesa embutida
na composição de suas receitas) e também melhorias decididas conjuntamente, que apesar de serem
custeadas pelo cliente por obrigação contratual de valor estabelecido, atende a todos os clientes do
Porto, e com isto reduz os custos fixos e móveis de custeio da infraestrutura. É uma forma de transferir,
mesmo em pequena parcela pela transitoriedade do instrumento, compromissos para responsabilidade
do cliente.’
Conclui a peça de defesa com o seguinte questionamento/afirmativa:
‘Que outra ação poderia desenvolver a gestão para sua sobrevivência, para atividades transitórias
e não de longa duração a exemplo dos arrendamentos? Que futuro terá a administração enquanto
gerenciadora de patrimônio público, se não prover tratamento transparente e isonômico, com incentivo
tarifário nos instrumentos parceiros transitórios como o presente caso, com clientes potenciais,
diferentes desta agressividade comercial, mesmo que tímida, possibilita a construção de novas
oportunidades, e tem sido de grande resultado, mesmo que com muita dificuldade para a Codesa.’
8. Nossa Análise:
8.1. consoante expusemos, num breve histórico em nossa instrução às fls. 75 a 80 dos autos, a
movimentação de cargas pela empresa Bahia Sul no Cais Comercial de Vitória, por meio de contrato
operacional, com desconto nas tarifas portuárias e armazenagem por 30 dias mediante a garantia de um
quantitativo mínimo de movimentação, data de 1992.
8.2. já em 1993, foi-lhe assegurada a utilização dos armazéns nºs 3 e 4 da Codesa, a instalação do
armazém de vinil inflável numa área de 5.100 m² e a preferência de um berço para o embarque de sua
mercadoria.
8.3. em 1998, em face da Lei de Modernização dos Portos – Lei nº 8.630/1993, foi incluída a
possibilidade de rescisão contratual, mediante simples aviso da Codesa, em caso de arrendamento ou
986
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
leilão da área ocupada. No ano seguinte foi incluída a execução, pela Bahia Sul, de melhorias e
manutenções nas áreas por ela ocupadas e nas vias de acesso utilizadas, no valor de R$ 0,50 por
tonelada garantida, e, finalmente, em 2004, as manutenções foram restringidas a locais de propriedade
da Codesa, com a consequente exclusão do armazém de vinil.
8.4. a Codesa traz como arrimo legal para o contrato o § 2º, do art. 6º e inciso I, do § 1º, do art.
30, da Lei nº 8.630/1993, além dos princípios elencados no Regulamento de Exploração do Porto
Organizado de Vitória, Praia Mole e Barra do Riacho (arts. 39 a 44 e §§), aprovado pelo Conselho de
Autoridade Portuária - CAP, que orienta e estabelece as formas e meios para melhor utilização das
instalações portuárias, destacando o art. 42, parágrafo primeiro, a respaldar o pactuado.
8.5. o § 2º, do art. 6º, da Lei nº 8.630/1993 estabelece que ‘Os contratos para movimentação de
cargas de terceiros reger-se-ão, exclusivamente, pelas normas de direito privado, sem participação ou
responsabilidade do poder público’. O art. 6º refere-se ao disposto no art. 4º, inciso II, da norma, que
por sua vez estabelece que o direito, de interessados, em construir, reformar, ampliar, melhorar,
arrendar e explorar instalação portuária, depende:
‘II- de autorização do ministério competente, quando se tratar de terminal de uso privativo, desde
que fora da área do porto organizado, ou quando o interessado for titular do domínio útil do terreno,
mesmo que situado dentro da área do porto organizado’.
Como a área ocupada pela Suzano Bahia Sul encontra-se localizada dentro dos limites da área do
porto organizado, aplica-se o disposto no art. 4º, inciso I, que prevê o contrato de arrendamento. Desde
modo, o estabelecido no § 2º do art. 6º, da Lei nº 8.630/1993 não abrange nem o contrato firmado com a
Suzano Bahia Sul quanto mais respaldá-lo.
8.6. já o art. 30 e seu § 1º, inciso I, da Lei nº 8.630/1993 estabelecem que em cada porto será
instituído um Conselho de Autoridade Portuária, ao qual compete baixar o regulamento de sua
exploração. O Regulamento de Exploração do Porto Organizado de Vitória, Praia Mole e Barra do
Riacho – www.codesa.gov.br, ao tratar da exploração comercial do porto, estabelece no art. 42 e seus
parágrafos:
‘Art. 42º - No desenvolvimento das atividades correspondentes, a Administração do Porto, os
Titulares das Instalações Portuárias e os Operadores Portuários, deverão adotar procedimentos que
preservem os princípios da livre concorrência, os da igualdade de oportunidade e os da constante
melhoria do conceito do porto como um todo.
Parágrafo Primeiro:
A Administração do Porto, visando incrementar as atividades portuárias, poderá estabelecer
regime especial de atendimento para cliente ou usuário que reúna condições de potencializar o uso das
instalações portuárias.
Parágrafo Segundo:
O contrato que trata desta condição especial, obrigatoriamente conterá cláusula de validade
condicionada à aprovação pelo Conselho de Administração da Codesa.
Parágrafo Terceiro:
A Administração do Porto, até os 15 (quinze) dias seguintes ao da homologação do Contrato,
providenciará a remessa de extrato do mesmo ao Conselho de Autoridade Portuária – CAP,
acompanhado de justificação, análise dos dados de movimentação e dos impactos no movimento do
porto, das repercussões financeiras e, mesmo, das eventuais dificuldades que isto possa produzir sobre
outros usuários.
Parágrafo Quarto:
A Administração do Porto, deve estabelecer e manter serviço de estatísticas portuária que sirva de
elemento indicativo tanto no aspecto de navegação e rotas como no de performances operacionais, bem
como de suporte para fixação de política e de indicadores para os prestadores de serviço e usuários.’
8.7. efetivamente, o Regulamento autoriza o estabelecimento de regime especial aos clientes
potenciais. A questão, portanto, dado o conceito subjetivo de ‘regime especial’ é o seu alcance em
contraposição ao estabelecido na Lei nº 8.630/1993.
987
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
8.8. analisando, inicialmente, a questão da permissão para que a Suzano Bahia Sul realize
melhorias e manutenções na área do porto organizado, a Codesa alega que elas são aproveitadas por
todos os usuários do Cais Comercial de Vitória e é uma forma de reduzir seus custos fixos e móveis da
infraestrutura.
8.9. a teor do art. 1º, § 1º, inciso IV da Lei nº 8.630/1993, a Codesa é a responsável pela
manutenção da área sob sua responsabilidade. O art. 4º, inciso I, da Lei nº 8.630/93, limita a
possibilidade de ‘construir, reformar, ampliar, melhorar, arrendar e explorar instalação portuária’
somente aos casos em que a área for arrendada. Portanto, em não havendo arrendamento para a
empresa Suzano Bahia Sul Papel e Celulose S/A, a Codesa não pode lhe delegar a atribuição de realizar
melhorias e manutenções nas instalações portuárias. De todo modo, a empresa vem prestando contas à
Codesa das manutenções realizadas desde 1999, e foi, a partir de 2004, excluída a possibilidade de
manutenção no armazém de vinil da Suzano Bahia Sul.
8.10. quanto à prioridade de uso do Berço 101 do Cais Comercial de Vitória e dos Armazéns 3 e 5
além da permissão para que a empresa utilize uma área de 5.000 m², onde instalou um armazém de vinil
removível, a Codesa afirma que não há interessados, nem mesmo da empresa Suzano Bahia Sul, em
arrendar a área e que sem as vantagens concedidas no contrato operacional a empresa poderia utilizar
outro porto. E, ainda, que neste caso a área ficaria ociosa.
8.11. se não há interessados em arrendar ou explorar as instalações portuárias, a teor do art. 42, §
1º, a Codesa deve promover ações visando incrementar as atividades portuárias.
8.12. entendo, no entanto, que o regime especial a ser conferido aos clientes potenciais
circunscreve-se à concessão de descontos nas tarifas portuárias mediante, por exemplo, uma quantidade
mínima de movimentação de carga, mas de modo algum dar prioridade de uso de determinado berço e de
armazéns ou a permissão para que a empresa instale bens de sua propriedade (armazém removível) na
área do porto sem o correspondente pagamento da área utilizada.
8.13. vale aqui destacar que a orientação emanada no Ofício nº 120/92-DNTA, de 14/4/1992 (fls.
99 do Anexo 4), é anterior à Lei 8.630/1993, quando a Codesa ainda realizava operações portuárias,
mas já nele foi prevista a flexibilização de preços nos contratos operacionais, bem como que a reserva de
área para armazenagem poderia ‘levar à fixação de preços superiores aos praticados numa operação
comum’. No caso em questão, a Codesa disponibiliza os armazéns por 30 dias, por cada lote de
embarque – cláusula primeira, parágrafo segundo, o que não se coaduna nem com a referida orientação.
8.14. o ‘regime especial’ não pode ser de tal sorte a caracterizar exploração de instalação
portuária unicamente por determinado particular, ou que favoreça apenas um segmento de mercado, em
afronta ao art. 4º, inciso I da Lei nº 8.666/1993. Entendo que esta é a orientação emanada da Lei nº
8.630/1993. Só por meio de contrato de arrendamento o particular pode ter a prioridade em explorar
instalações portuárias.
8.15. isto posto, considerando que a celebração de contrato operacional com a Bahia Sul, atual
Suzano Bahia Sul Papel e Celulose S/A, data de 1992; que não se vislumbrou má-fé da administração da
Codesa mas tão somente uma inadequada interpretação sobre a incidência do art. 4º, inciso I da Lei nº
8.666/1993; e, ainda, o fato de que o Contrato Operacional nº 13/2000 teve seu término em 30/4/2006,
somos por acatar as razões de justificativas do Sr. Diretor-Presidente, propondo que se determine à
Codesa que observe que a prioridade de uso de determinado berço e de armazéns ou a permissão por
que se ocupe qualquer área dentro do porto organizado por um particular, somente pode ser efetivada, a
teor do disposto no art. 1º, § 1º, inciso IV e no art. 4º, inciso I, da Lei nº 8.630/93, por meio de contrato
de arrendamento, devendo ser adotadas providências com vistas à regularização de eventual contrato
operacional firmado com a referida empresa que contenha cláusulas desta natureza.
9. Quanto à diligência visando obter informações sobre a situação atual do Processo de
Sindicância PE 1738/2004, que apura falhas na condução e acompanhamento do processo trabalhista
RT 1261.1995.0004.17.00-0, a Diretora-Presidente em exercício encaminhou o Relatório e o Relatório
Complementar da Comissão de Sindicância, bem como a Deliberação nº 7/2006, do Conselho de
Administração da Companhia Docas do Espírito Santo, os quais trazem em síntese as seguintes
conclusões/propostas (fls. 106 a 125 do anexo 4):
988
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
11.4.8. instaure e conclua, no prazo de 90 dias, processo de sindicância com vistas a apurar a
responsabilidade por possíveis irregularidades cometidas na condução do processo trabalhista RT
1261.1995.004.17.00-0, quanto ao valor da causa, antes da expedição do mandado de penhora,
encaminhando cópia do processo a este Tribunal de Contas da União, bem como do Processo de
Sindicância PE 1738/2004, iniciado pela comissão designada pela Resolução nº 60, de 2/12/2004 e
concluído por outra, constituída pela Resolução nº 51, de 10/10/2005;
11.5. determinar à Secex/ES, que, nos termos do art. 243 do Regimento Interno, verifique, por meio
de processo específico, o cumprimento da determinação constante do subitem 11.4.8;
11.6. determinar à Controladoria Geral da União/ES que se manifeste nas próximas contas da
Codesa sobre o estágio do investimento e das demais disposições contidas na cláusula oitava do Termo
de Unificação dos Contratos de Arrendamento firmado com a Flexibrás Tubos Flexíveis Ltda.;
11.7. dar conhecimento ao Ministério Público Federal, aos denunciantes e à Gerência Regional do
Patrimônio da União/ES da deliberação que vier a ser adotada; e
11.8. arquivar os presentes autos.”
que pela sistemática adotada àquela época, os cálculos de eventuais direitos decorrentes de demandas
judiciais ficavam a cargo dos escritórios contratados, sob a supervisão da Diretoria Administrativa e
Financeira, sendo também de sua incumbência o cadastramento e controle das demandas em curso (fls.
97-105 do Anexo I daquele feito).
3.5. Optou-se por debitar à conta de uma única pessoa - a qual, diga-se de passagem, ocupava
função de confiança, portanto, de natureza meramente transitória - fatos tidos como ilícitos que
culminaram por ensejar expressivo prejuízo aos cofres da Codesa, na casa dos R$ 4,4 milhões, sendo que
o mesmo somente atuou na fase de cobrança da dívida, após transitada em julgado a condenação, sem se
perquirir acerca da participação de outras pessoas, físicas ou jurídicas, tal qual os escritórios de
advocacia que mantinham, àquela quadra, contratos de prestação de serviços jurídicos com a Docas e os
dirigentes que haveriam de manter vigilância permanente sobre a regular execução de seus termos, de
modo a não permitir que possíveis posturas negligentes, desidiosas, dessem azo - como no caso em
apreço - ao pagamento de vultosas condenações, cujos valores poderiam ser reduzidos, acaso
impugnados em tempo próprio (caracterização da chamada 'culpa in vigilando').
3.6. Conclui-se, por conseguinte, e em linha diametralmente oposta à da comissão que considerou
que os depoimentos colhidos eram suficientes para a elucidação dos fatos, que os trabalhos não
atingiram, sobremaneira, seu desiderato, razão pela qual devem ser complementados. Para tanto, deve-
se adotar como ponto de partida o laudo pericial tido como acostado às fls. 418-425 do processo de
sindicância, a fim de identificar quais as matérias que, por não terem sido suscitadas, e quais os erros de
cálculos que, por falta de arguição, importaram desembolsos em dimensão maior do que seria devido se
arguidas de forma apropriada e, ato contínuo, arrolar todos aqueles que, de alguma forma, permitiram a
consumação do evento danoso.
3.7. Cabe aqui abrir um parêntesis: ainda que as conclusões da comissão processante possam vir a
não ser acatadas pelo Tribunal, o inquérito administrativo figura como instrumento de extrema valia
que, decerto, será levado em consideração para formação da convicção do julgador, a teor do
Enunciado nº 86 da jurisprudência predominante desta Corte. Por isso se faz necessário o término das
apurações.
III
4. Afora as lacunas existentes nos trabalhos levados a termo pela comissão, entendo deva ser
endereçada determinação à Codesa para que mensure, com nível de detalhamento adequado, a extensão
do prejuízo que a entidade teve de suportar, adotando, como parâmetro comparativo, o derradeiro
pronunciamento proferido nos autos ao ensejo do exame do agravo de petição interposto pelos
reclamantes (certidão à fl. 207). É que nele foram determinadas inclusões e exclusões que redundaram
em nova elaboração de cálculos, a exemplo do adicional noturno pago na base de cálculo das horas
extras; da aplicação de juros de mora antes do vencimento das parcelas vincendas, etc., que se
prestaram a definir o valor definitivo a ser custeado pela entidade.
4.1. Conjugadas as duas medidas - ampliação do leque de envolvidos e definição do quantum
debeatur - será possível, em sede de tomada de contas especial - perseguir a recomposição do
patrimônio lesado.
IV
5. De todo o exposto, submeto os autos à consideração superior, manifestando-me, no essencial,
concorde com as proposições de fls. 204-5, sugerindo, tão somente, a adequação da redação dos itens
11.4.8 e 11.5, na forma adiante explicitada:
‘(...)
11.4.8. instaure e conclua, no prazo de 90 (noventa) dias, processo de sindicância com vistas a
apurar responsabilidades por possíveis irregularidades cometidas na condução e acompanhamento, quer
na fase de conhecimento, quer na de liquidação, do processo trabalhista RT 1261.1995.004.17.00-0, em
especial no que tange à definição do justo valor da condenação, devendo recair as investigações sobre
todos aqueles que possam ter dado causa à consumação de prejuízos aos cofres da entidade, em especial
os escritórios de advocacia que mantinham, à época, contratos de prestação de serviços jurídicos com a
Cia. Docas e os dirigentes que haveriam de manter vigilância permanente sobre a regular execução de
992
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
seus termos, encaminhando cópia das conclusões a que chegar a este Tribunal, acompanhada de íntegra
do processo de sindicância PE 1738/2004, iniciado pela comissão designada pela Resolução nº 60/2004
e concluído por outra, constituída pela Resolução nº 51/2005; e dos contratos de assessoria jurídica
vigentes à época da tramitação do feito;
11.4.8.1. mensure, com o nível de detalhamento adequado, a extensão do prejuízo que a entidade
teve de suportar, adotando, como parâmetro de comparação, o derradeiro pronunciamento do Pleno do
TRT/17ª Região, proferido, em 19/2/2004, ao ensejo do exame do agravo de petição interposto pelos
reclamantes, onde determinadas inclusões e exclusões que redundaram em nova elaboração de cálculos;
11.5. determinar à Secex/ES que, nos termos do art. 243 do Regimento Interno/TCU, verifique, por
meio de processo específico, a implementação das determinações constantes do item 11.4.8 e seu
subitem’.”
26. Assim sendo, entende-se necessário, preliminarmente, diligenciar à Antaq sobre a possível
existência de processo de fiscalização, bem como sobre as conclusões da Agência, referentes ao Termo
de Unificação dos Contratos de Arrendamento celebrado entre a Codesa, a Flexibrás Tubos Flexíveis
Ltda. e a Brasflex Tubos Flexíveis Ltda. e à execução da obra de enrocamento em área acrescida de
marinha, prevista na cláusula oitava do referido instrumento.
4. Proposta de Encaminhamento
Diante do exposto, com fulcro no art. 11 da Lei n.º 8.443/92 c/c o art. 157 do RITCU e nos termos
da delegação de competência constante no despacho do Sr. Ministro-Relator à fl. 221, propõe-se realizar
diligência junto à Antaq, na forma da minuta de ofício anexa, para que esta se manifeste, no prazo de 5
dias, acerca da existência de processo de fiscalização, bem como sobre as conclusões da Agência,
referentes ao Termo de Unificação dos Contratos de Arrendamento celebrado entre a Codesa, a
Flexibrás Tubos Flexíveis Ltda. e a Brasflex Tubos Flexíveis Ltda. e à execução da obra de enrocamento
em área acrescida de marinha, prevista na cláusula oitava do referido instrumento.
34. Com efeito, as análises que deverão ser realizadas por esta Sefid dependem da disponibilização
do indicador de equilíbrio econômico-financeiro a ser observado pela Codesa para o novo
empreendimento, objeto do termo de unificação. A partir do fluxo de caixa operacional, instrumento
adequado para aferir o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, poder-se-á atestar se os gastos com
a obra de enroncamento poderão ser realizados até a data limite de 15/11/2008.
35. Em que pese a Codesa ainda não ter apresentado os documentos requeridos no item ‘b’ da
diligência realizada por este Tribunal mediante Ofício n.° 1.109/2007-TCU-SECEX-ES, de 24/1/2007,
acredita-se ser prematuro realizar a audiência do Diretor-Presidente da CODESA, sob pena de também,
dessa vez, não serem apresentadas as informações no formato que o caso requer. Por outro lado, a Antaq
informou que irá realizar fiscalização para apurar os fatos relacionados ao termo de unificação
contratual que ratificou e consolidou os contratos de arrendamento firmados entre a Codesa, a Flexibrás
e Brasflex e à obra de enrocamento em área acrescida de marinha, prevista na cláusula oitava do
referido instrumento.
36. Nesse sentido, e dada a competência legal estabelecida no inciso XVII do art. 27 da Lei n.°
10.233/2001 com redação dada pela Lei n.° 11.518/2007, é oportuno determinar à Antaq que avalie a
viabilidade técnica e econômico-financeira da obra de enrocamento prevista na cláusula oitava do termo
de unificação dos contratos de arrendamento n °s 004/1985, 029/1998, 032/1998, 033/1998 e do contrato
n° 001/97, firmados entre a Codesa e as empresas Flexibrás Tubos Flexíveis Ltda. e Brasflex Tubos
Flexíveis Ltda., respectivamente, e, no prazo de 30 dias, encaminhe a este Tribunal as constatações
havidas e as medidas que porventura forem adotadas.
4. Proposta de Encaminhamento
Diante do exposto, propõe-se submeter os autos à consideração do Sr. Ministro-Relator
Augusto Nardes, com vistas à adoção das seguintes medidas:
I - habilitar a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) como interessada
no presente processo, com fulcro no caput do art. 146 do RI/TCU;
II - determinar à Antaq , com fulcro no inciso XVII do art. 27 da Lei nº 10.233/2001 com redação
dada pela Lei nº 11.518/2007, que avalie a viabilidade técnica e econômico-financeira da obra de
enrocamento prevista na cláusula oitava do termo de unificação dos contratos de arrendamento nº
004/1985, 029/1998, 032/1998, 033/1998 e do contrato nº 001/97, firmados entre a Codesa e as empresas
Flexibrás Tubos Flexíveis Ltda. e Brasflex Tubos Flexíveis Ltda., respectivamente, e, no prazo de 30 dias,
encaminhe a este Tribunal cópia do relatório de fiscalização e as medidas que porventura forem
adotadas.
11. Na sequência, atendendo à minha solicitação, o Ministério Público junto ao TCU manifestou-se
nos autos, em parecer de fls. 307/312, do qual se extrai a seguinte análise sintética:
“(...)
17. Feito o relato supra, passamos à análise de mérito.
18. Principiamos por registrar nossa anuência, em síntese, às análises empreendidas pelas
secretarias instrutivas que atuaram nos presentes autos, cujas manifestações denotaram extremo zelo
para com a matéria aqui examinada.
19. Pensamos ser oportuno, entretanto, tecer breves comentários e fazer alguns ajustes.
20. Com respeito às propostas alvitradas pela Secex/ES constantes da instrução de fls. 193/206, já
com o reparo sugerido pelo então Diretor Técnico (fls. 208/210), transcritas no item 13 deste parecer,
concordamos, por reputarmos adequadas, com aquelas plasmadas nos subitens 11.1, 11.2, 11.3 e 11.8,
além de considerarmos válidas, também, as determinações sugeridas nos subitens 11.4.5, 11.4.6, 11.4.7,
11.4.8, 11.4.8.1 e 11.5.
21. No que tange às determinações constantes dos subitens 11.4.3 e 11.4.4, sugerimos a sua
expedição na forma de alerta, sendo de melhor alvitre, em nossa opinião, excluir-se da redação a ser
conferida a esses subitens a menção ao Contrato Operacional nº 13/2000, em razão de tratar-se de alerta
genérico, cabível a todos os contratos que se encontrem na situação ali delineada.
995
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
22. No que se refere à questão atinente à execução de obra de enrocamento em terreno acrescido
de marinha por parte da empresa Flexibrás, entendemos que a matéria comporta encaminhamento
diverso.
23. A respeito desse assunto, a Secex/ES propõe a expedição de duas determinações à Codesa
(11.4.1 e 11.4.2), a primeira para que observe o disposto no art. 21 da Resolução Antaq nº 055/2002, que
condiciona a autorização de investimentos em áreas arrendadas ao estudo prévio de viabilidade técnica
e econômico-financeira, e a segunda para que encaminhe ao Tribunal, caso o indigitado investimento
seja autorizado, cópia da documentação técnica e econômica que embasou a decisão da Codesa.
24. A Sefid, a seu turno, propõe a expedição de determinação à Antaq, para que aquele órgão
avalie a viabilidade técnica e econômico-financeira da obra, nos termos da Lei nº 11.518/2007, e
encaminhe a esse Tribunal, no prazo de 30 dias, cópia do relatório de fiscalização e informe as medidas
que porventura forem adotadas.
25. Em que pese a pertinência das proposições supra, cremos que, em virtude do longo decurso de
tempo entre as instruções das unidades técnicas e a presente intervenção, a situação ora em exame pode
ter sofrido modificações substanciais, de modo a recomendar a adoção de providências outras por parte
da Corte de Contas.
26. Com efeito, verificamos ter havido, consoante informação constante do expediente CA-Dirpre-
307, subscrito pelo então Diretor Presidente Interino da Codesa, cuja juntada sugerimos, decisão
interlocutória no âmbito de Ação proposta pela Flexibrás em desfavor da Codesa, que, ao conceder
antecipação de tutela no referido processo (nº 024.08.032099-7, da 7ª Vara da Justiça Estadual do
Espírito Santo), ‘prorrogou o arrendamento em vigor até 2035 e determinou à Codesa não prosseguir
com o processo de arrendamento já iniciado (contratação de consultoria para elaboração dos estudos de
viabilidade)’.
27. O aludido processo foi remetido à Seção Judiciária da Justiça Federal naquele Estado, por
força de despacho de declinação de competência da Justiça originária, dando origem ao processo nº
2008.50.01.015653-2, em trâmite perante a 4ª Vara Federal.
28. Nesse processo, após reconhecer a competência absoluta da Justiça Federal, determinou o i.
Juiz Federal da 4ª Vara, em despacho publicado no DOE de 26/6/2009 (págs. 8/14), a suspensão dos
efeitos da decisão proferida pela Justiça Estadual às fls. 498/508 – a qual, ao que indicam os extratos de
movimentação processual ora acostados à contracapa, trata-se daquela que determinou a prorrogação
do arrendamento em pauta. Em momento posterior, o magistrado prolatou decisão interlocutória
deferindo o pedido de ingresso da União no feito na qualidade de assistente da Codesa, além de deferir,
em parte, o pedido de antecipação de tutela, mediante caução, para admitir:
‘a prorrogação da vigência contratual com a Codesa relativa à área hoje ocupada pelas autoras,
pelo prazo necessário à realização de novo processo licitatório, até a sua conclusão, cabendo à Codesa
envidar todos os esforços para o adequado processamento da licitação em questão’.
29. Importa ainda consignar a existência de despacho datado de junho deste ano, em que o
magistrado menciona a existência de transação efetivada pelas partes. Ainda, ao considerar o trâmite da
ação civil pública nº 2009.50.01.002128-0, que tem como objeto as prorrogações dos contratos relativos
à Flexibrás, resolveu abrir vista dos autos ao Ministério Público Federal antes de homologar a
mencionada transação.
30. Nesse contexto, não olvidando a independência das instâncias administrativa e judicial,
ponderamos que o desfecho do mencionado processo poderá trazer impacto ao assunto ora em
apreciação pela Corte de Contas, sobretudo ante a notícia de haver uma transação efetivada entre a
Flexibrás e a Codesa, aguardando ser homologada pela Justiça Federal.
31. Assim, e de modo a facilitar a análise dessa questão, entendemos apropriada a constituição de
autos apartados, nos termos do art. 36, da Resolução TCU nº 190/2006, com vistas a dar continuidade ao
exame desse ponto, sugerindo-se, desde já, a expedição de diligência à 4ª Vara Federal da Seção
Judiciária do Espírito Santo, solicitando cópia das principais peças que instruem o processo nº
2008.50.01.015653-2, mormente da transação pendente de homologação, celebrada entre a Flexibrás
996
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Tubos Flexíveis Ltda. e a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), acostada às fls. 1341/1342, bem
como cópia das principais peças que instruem a ação civil pública nº 2009.50.01.002128-0.
32. Em acréscimo, entendemos apropriado diligenciar também à Codesa, solicitando cópia de toda
a documentação que embasou mencionada transação com a empresa Flexibrás.
33. Por fim, entendemos dispensável, nesta fase processual, a proposta de determinação à
Controladoria Geral da União constante do subitem 11.6 da manifestação da Secex/ES, bem como, no
tocante aos órgãos a serem comunicados da deliberação a ser adotada por essa Corte (subitem 11.7),
sugerimos a inclusão da Superintendência Regional da Polícia Federal no Espírito Santo, haja vista a
tramitação do inquérito policial nº 038/2005/SR/DPF/ES.”
13. Tendo em vista a complexidade da matéria e o alongado tempo decorrido, bem como as novas
informações agregadas ao processo pelo Parquet especializado, submeti os autos à nova análise da Sefid
que, após diligenciar à Antaq, e considerando a documentação juntada pela Codesa (fls. 335/370),
elaborou derradeira instrução (fls. 380/389), a qual reproduzo a seguir com os ajustes de forma cabíveis:
“Tratam os autos de denúncias e representação, esta da Procuradoria da República no Estado do
Espírito Santo, que apontam supostas irregularidades relacionadas à doação de recursos financeiros
para campanha eleitoral do Partido dos Trabalhadores à prefeitura de Vitória/ES por pessoas físicas e
jurídicas que mantêm relação funcional e contratual com a Companhia Docas do Espírito Santo
(Codesa).
2. Em 19/6/2007, o Exmo Sr. Ministro Relator Augusto Nardes remeteu os autos à Sefid (fl. 221)
entendendo que parte das questões tratadas no processo possuía pertinência com as atribuições desta
Secretaria especializada. Mais especificamente, no que tange ao estudo de viabilidade técnica das obras
de enrocamento a serem executadas pela Flexibrás Tubos Flexíveis Ltda. (Flexibrás), conforme o
disposto na cláusula oitava do Termo de Unificação dos contratos de arrendamento 004/1985, 001/1997,
029/1998, 032/1998 e 033/1998 (fls. 440-447, Volume 1 do Anexo 2), firmados entre esta empresa e a
Codesa.
Histórico
3. Em 2005, época da assinatura desse termo de unificação, o grupo econômico da Flexibrás era
arrendatário regular (proveniente de licitação) de cinco terrenos contíguos, dispostos em cinco contratos
com vencimentos em datas distintas. A empresa alegava que a extinção de alguns desses contratos
poderia inviabilizar econômica e operacionalmente os outros, pois utilizava os terrenos com planta de
produção única (fl. 71). Além disso, o contrato de maior área (004/1985) venceria em 2005.
4. O Termo de Unificação previu que o prazo de todos os contratos venceria em 15/11/2008 (fls.
443, Volume 1 do Anexo 2), data em que venceria o último contrato de arrendamento de titularidade da
Flexibrás (033/1998), desconsiderando-se o prazo de prorrogação. Ocorre que o ajuste autorizou
investimentos em ampliação da capacidade produtiva por meio de enrocamento de 30.000 m² de área do
porto organizado e não havia Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE) realizado pela Codesa
justificando preços e valores. Havia dúvida, ainda, se a extensão de prazo concedida pelo termo (menos
de 3 anos) seria suficiente para amortizar tais investimentos. A análise da Secex/ES conclui que não
havia garantias para impedir que a Codesa, empresa da União, fosse responsabilizada no futuro, o que
resultaria em lesão ao erário público (fl. 74).
5. A inexistência de EVTE levou o Exmo. Sr. Ministro Relator Augusto Nardes a emitir cautelar,
por entender que a falta de especificação do investimento resultaria na concessão para a Flexibrás de
‘crédito ilimitado para a realização das obras’ (fl. 152).
6. Mais tarde, tal cautelar foi suspensa porque a Codesa afirmou, em sede de agravo de
instrumento, que a autorização contida no termo de unificação não permitiu o início das obras de
enrocamento e que esta só seria emitida após análise do projeto a ser apresentado pela Flexibrás (fl.
171).
7. No mesmo agravo, defenderam também que a área utilizada pela Flexibrás seria licitada após o
fim do Termo de Unificação, em 15/11/2008, e que quaisquer investimentos não amortizados seriam
ressarcidos pelo futuro licitante vencedor, mediante down payment. Ademais, a própria empresa estava
997
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
interessada em participar do futuro certame. A Secex/ES entendeu, em sua última instrução (fls. 193-
206), que esses condicionantes seriam suficientes para permitir a autorização dos investimentos, nos
termos da cláusula 8ª do referido ajuste, mesmo sem a existência do EVTE (fl. 196).
8. Com base nesse contexto, o Ministro Relator, em 19/6/2007, enviou a matéria para a análise
desta Sefid, que já se manifestou no processo por meio de duas instruções (fls. 255-259 e 282-288). Como
proposta de encaminhamento, sugeriram, em síntese, que a Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq) fosse admitida como interessada no presente processo e que avaliasse a viabilidade
técnica e econômico-financeira da referida obra de enrocamento, caso ela fosse realizada.
9. Antes de avaliar as propostas da Sefid, em 17/7/2009, o Exmo. Sr. Ministro Relator solicitou a
manifestação do Ministério Público junto ao TCU (fl. 296). Neste parecer (fls. 307/312), datado de
3/8/2010, consta a informação de que o Termo de Unificação encontrava-se em demanda judicial e que
existia despacho da Justiça Federal datado de junho de 2010 mencionando a existência de transação
efetivada pelas partes. Nesse sentido, sugeriu que se fizessem autos apartados para investigar o trâmite
dessa transação, na medida em que considerava que ela poderia trazer impactos relevantes na análise do
processo investigado nesta Corte.
10. No despacho de fl. 313, de 31/8/2010, o Ministro Relator encaminhou os autos a esta Sefid para
nova análise, considerando a complexidade da matéria, bem como a temporalidade decorrida e o
parecer do Ministério Público junto ao Tribunal.
11. Na instrução de fls. 314/315, propôs-se diligência à Antaq buscando informações adicionais
sobre possíveis fiscalizações realizadas, bem como sua participação nos processos judiciais comentados
no parecer do Ministério Público.
12. Na resposta da Agência, de 24/11/2010, (fls. 371/372), alegou-se que não houve fiscalização
específica sobre o Termo de Unificação e que o acordo judicial proposto pela Flexibrás e pela Codesa
nos autos do Processo – Antaq 2008.50.01.015653-2 estava em avaliação.
I. Da documentação de fls. 335/370
13. Enquanto o processo estava em análise nesta Sefid, a Codesa juntou documentação (fls.
335/370) com fatos novos que alteraram o foco da investigação. É pertinente relatar com maior detalhe
as informações trazidas pela referida companhia docas.
14. Como visto, o prazo da Unificação deveria ter se encerrado em 15/11/2008. Segundo a Codesa,
a Flexibrás, antes dessa data, ajuizou ação judicial para discutir especificamente o prazo do ajuste. Na
visão da arrendatária, haveria duas possibilidades: a extensão para 16/4/2035, considerando que o
contrato mais antigo, de 1985, deveria ter sido adaptado aos ditames da Lei 8.630/1993, que permite
prazo máximo de 50 anos; ou para 15/11/2018, já que o último contrato, 033/1998, foi assinado pelo
prazo de dez anos, com possível prorrogação por igual período.
15. A 7ª Vara Cível de Vitória decidiu, por liminar, estender o prazo da unificação até 2035 e
determinou que a Codesa abstivesse-se de abrir licitação para o terreno utilizado pela Flexibrás. Após o
envio dos autos para a Justiça Federal, essa liminar foi reformada, em 20/11/2009, nos seguintes termos:
‘Defiro em parte o pedido de antecipação de tutela formulado pelas Requerentes, mediante caução
oferecida, tão somente para admitir a prorrogação da vigência contratual com a Codesa, relativa à área
hoje ocupada pelas autoras, pelo prazo necessário à realização de novo processo licitatório, até a sua
conclusão, cabendo à Codesa envidar todos os esforços para o adequado processamento da licitação em
questão (grifo nosso).’
16. Com base nessa decisão, a Codesa procurou a Flexibrás para composição amigável, visando
que não ocorresse descontinuidade dos serviços. A Companhia Docas, com fulcro no art. 2º da
Resolução – Antaq 525/2005 (fl. 348), sugeriu que o Termo de Unificação, vencido desde 2008, fosse
estendido por mais três anos, tempo considerado necessário para a realização da licitação. Segundo o
relato da Autoridade Portuária, a arrendatária mostrou-se resistente a esta proposta, preferindo esperar
pela decisão judicial de mérito.
17. Nesse ínterim, ocorreu fato novo que alterou o andamento das negociações. A Flexibrás
utilizou o terreno e as instalações que estava operando para vencer o Convite 062.747.209.8, que visava
998
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
contratar empresa para executar serviços de fabricação, manuseio e armazenagem de dutos para a
Petrobras a partir de 30/1/2011, atividades idênticas às que a Flexibrás vinha realizando no porto.
18. Em 19/11/2010, a Codesa afirmou que o procedimento licitatório em curso dificilmente seria
concluído a tempo de o futuro licitante vencedor assumir o contrato com a Petrobras porque ainda
estava na fase de aprovação do EVTE pela Antaq, faltando concluir várias outras etapas, inclusive a
análise por este Tribunal de Contas. Segundo a Companhia Docas, esse fato eventualmente levaria a
Petrobras a procurar outro porto para operar base logística de dutos flexíveis.
19. A Codesa alega que é estratégico para o porto que a atividade industrial atualmente prestada
pela Flexibrás seja mantida no Estado do Espírito Santo. Isso porque as áreas utilizadas nesse terminal
são impróprias para operações portuárias em larga escala e apresentam vocação para atividades
industriais na área de óleo e gás (fl. 363).
20. Segundo a Autoridade Portuária, a descoberta do Pré-Sal no litoral do Espírito Santo fez o
Governo e a Petrobras aumentarem sobremaneira os investimentos na região, principalmente porque se
trata de extração de óleo em águas ultra profundas (5000 e 7000 metros).
21. Entre os projetos previstos, existe a contratação de nova base para fornecimento de tubos
flexíveis. Em razão disso, a Petrobras promoveu o Convite referido no parágrafo 18 desta instrução, do
qual se sagrou vencedora a Flexibrás. Segundo a Codesa, dessa nova base logística sairão ‘90% dos
tubos flexíveis a serem utilizados no processo de produção de petróleo na fase pré sal’.
22. A Autoridade Portuária afirma, também, que a produção desses dutos constitui-se em atividade
industrial altamente especializada e que é prestada, atualmente, por três grupos empresariais. No Brasil
atuam dois desses grupos, a Flexibrás compondo um deles.
23. Pelos termos do referido convite, o contrato com a Petrobras teria duração de cinco anos,
prorrogáveis por igual período. A Codesa sugere, assim, que a alternativa mais razoável seria permitir
que a Flexibrás assumisse o primeiro período da operação dessa base logística e, caso venha a existir
prorrogação com a Petrobras, os compromissos seriam firmados com o vencedor da futura licitação.
Portanto, o Termo de Unificação venceria em 30/1/2016, sem considerar o tempo de desmobilização da
área, caso a Flexibrás não vença o certame promovido pela Codesa.
24. A Codesa juntou aos autos cópia da Homologação de Acordo (fls. 363-369), nos termos
ressaltados anteriormente. Trata-se de ajuste assinado em 21/5/2010 pela Companhia Docas e pela
Flexibrás, portanto, apta a encerrar as demandas judiciais ainda existentes.
Análise
25. Esclarece-se, inicialmente, que este processo tratou de diversas denúncias e que o referido
Termo de Unificação é apenas parte dos assuntos investigados. Pela instrução de fls. 193/211, percebe-
se que a Secex/ES concluiu a análise de todos os pontos e considerou regular o Termo de Unificação. Ou
seja, falta apenas a opinião desta Sefid sobre a obra de enrocamento prevista no referido contrato para
que os autos possam ser julgados.
26. O foco da presente análise, porém, foi alterado pela documentação trazida pela Codesa às fls.
335/370. A discussão foi ampliada. Não se trata mais de investigar unicamente a existência de garantias
de que o investimento realizado na obra de enrocamento não seja futuramente repassado para a Codesa,
mas analisar se deve ser permitida ou não a prorrogação do Termo de Unificação assinado com
Flexibrás em virtude do quadro explicitado pela Companhia Docas, dos normativos vigentes e do
interesse público envolvido.
27. O Porto de Vitória possui vocação natural para atividades de extração de petróleo, pela região
em que se encontra. A descoberta do Pré-Sal, com todas as suas possibilidades, aumentou ainda mais a
importância desse segmento não apenas para o porto, mas para o Estado do Espírito Santo.
28. A fabricação de dutos flexíveis é atividade industrial que utiliza tecnologia de ponta para
mercado altamente especializado, voltado para extração de petróleo offshore (no mar). Segundo Costa,
Pires e Lima (2008), a participação da extração offshore aumentou de 83 para 89% da produção total
do petróleo brasileiro, já que a produção onshore (em terra) vem perdendo espaço desde 2003. Trata-se,
assim, de mercado em expansão e a descontinuidade na fabricação de dutos pode impactar
negativamente o setor petrolífero.
999
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
29. Outra característica do segmento é que a complexidade da atividade, seu alto valor agregado e
sua grande tonelagem requerem que a fabricação desses dutos ocorra próxima da margem, já que só
podem ser transportados via marítima. Inclusive, isso facilita o trânsito dos navios utilizados para
eventuais manutenções.
30. Segundo a Codesa, a área onde a Flexibrás está instalada atualmente possui vocação natural
para esse tipo de atividade e não pode ser utilizada para movimentações de larga escala. Na análise
empreendida pela Companhia Docas acerca da unificação dos contratos, constam dois pareceres (fls.
390 e 393, Anexo 2, Vol. 1) afirmando que, nos termos do Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do
Porto - 2001 (PDZP), não existem atividades mais adequadas e rentáveis para as áreas ocupadas pela
Flexibrás. Inclusive, este Plano previu investimentos nas áreas visando à evolução de atividades voltadas
à extração de petróleo.
31. Isso quer dizer que essa área não poderia ser utilizada, por exemplo, como pátio de contêineres
ou para comportar armazéns de granéis. Segundo a Autoridade Portuária, como as atividades realizadas
pela Flexibrás são industriais, o custo de desmobilização é alto. Ou seja, a reutilização dessa área para
outra finalidade, ou para disponibilizá-la a outra empresa do mesmo ramo em caso de desativação, pode
levar tempo.
32. Considerando a limitação da demanda e da oferta, bem como as características do terreno
utilizado pela Flexibrás e da atividade em si, pode-se concluir que a descontinuidade dessa produção em
Vitória, caso a Petrobras utilize outro porto como base logística, realmente poderia trazer prejuízos para
a Codesa. E não apenas para o porto. Pela abrangência da área do Pré-Sal, as opções de substituição
são Portos estrangulados por cidades, como Santos e Rio de Janeiro, onde provavelmente haverá
dificuldade para operacionalizar no curto prazo o atendimento dessas demandas, que são relevantes
para o país.
33. Compondo-se todos os fatos que cercam a proposta da Codesa, entende-se que o interesse
público envolvido é relevante e justificaria a prorrogação. Acerca do prazo, é pertinente trazer a tabela a
seguir.
Contrato Objeto Vigência Prazo Prorrogação
36. Sugere-se, assim, que o Termo de Unificação permita a prorrogação constante do Contrato
029/1998 e, assim, o prazo final do arrendamento de toda a área se encerre em 15/11/2018, contando o
prazo de desmobilização, tal como originalmente contratado. Nessa data, o uso da área por empresa
diversa da Codesa, caso esta seja a opção, deve estar assegurada por licitação finalizada com sucesso.
37. Ao contrário do que afirma a Codesa à fl. 349, aceitar a proposta da Flexibrás não significa
que o Termo de Unificação foi redigido com incorreção, mas que ele está sendo adaptado para atender
ao interesse público.
38. Nesse contexto, vale comentar que o acordo firmado entre a Flexibrás e a Codesa (fl. 366)
contém impropriedade.
‘2.1 As Partes aceitam e pactuam que o término de vigência dos contratos de arrendamento
reunidos através do Termo de Unificação de Contratos seja o dia 30 de janeiro de 2016, de modo a
possibilitar a execução do contrato da Base Logística da Petrobras, acrescido do prazo necessário à
desmobilização de que trata o item 2.2 abaixo.
(...)
2.3 A superveniência de legislação que permita o elastecimento do prazo de vigência de um ou
mais contratos de arrendamento reunidos através do Termo de Unificação de Contratos será causa de
prorrogação do prazo de que trata o item 2.1 supra, devendo as Partes, até de 30 de janeiro de 2016,
realizar renegociação comercial lastreada em estudos de viabilidade econômico-financeira do
empreendimento para estabelecer as condições que se aplicarão após essa data’. (grifo nosso)
39. A possível nova prorrogação prevista no item 2.3 contraria o art. 4º, inciso I, da Lei 8.630/1993
e o interesse público.
40. Trata-se de cinco contratos assinados sob a égide de diferentes normas e que foram unificados
a fim de tornar mais eficiente o atendimento da vocação de cada terreno objeto deles. Tal unificação,
contudo, torna a execução contratual mais propensa a problemas de interpretação, ou seja, essa
formatação possui proteção institucional reduzida. A ação judicial que discute a validade do prazo desse
termo exemplifica o nível das dificuldades de se manusear ajustes tão diferentes de forma única.
41. Além disso, a evolução da regulação no setor alterou-se profundamente de 1985 (ano da
assinatura do primeiro contrato) para 2005 (ano da assinatura do Termo de Unificação). Especialmente
em termos de proteção aos interesses dos usuários, de delimitação e prestação do serviço adequado, bem
como dos direitos e deveres de arrendatários e autoridades portuárias. Logo, são contratos redigidos
com interesses e objetivos diversos.
42. A licitação, então, teria o condão de superar essa falha, importando em maior grau de
segurança jurídica para todos os entes envolvidos. Isso porque tornaria a utilização de todos os terrenos
vinculada a um só contrato, que seria redigido levando em consideração a evolução do setor portuário e
de sua regulação. Acrescente-se, ainda, que a Companhia Docas possui prazo suficiente para realizar e
concluir esse certame até 15/11/2018.
43. Pelo exposto, deve-se esclarecer que a prorrogação da vigência do Termo de Unificação até
15/11/2018 é absolutamente excepcional e está sendo autorizada, apenas, em razão do interesse público
envolvido, corroborado pela conjugação dos fatos analisados. Assim, é prudente determinar à Codesa,
como administradora do Porto, e à Antaq, como sua fiscalizadora e reguladora, que comprovem a este
Tribunal, no prazo de 120 dias, as medidas adotadas para que o Termo de Unificação dos contratos de
arrendamento 004/1985, 001/1997, 029/1998, 032/1998 e 033/1998 não ultrapasse a data de 15/11/2018,
em obediência ao art. 4º, inciso I, e art. 4º, § 4º, inciso XI, ambos da Lei 8.630/1993.
44. No mesmo escopo, sugere-se determinar à Codesa que, caso opte por licitar o terreno
atualmente ocupado pela Flexibrás, objeto do Termo de Unificação, que apresente a este Tribunal, no
prazo de 120 dias, plano de ação referente à realização do certame licitatório, incluindo, em outros
aspectos que julgar relevantes, o tempo necessário para a aprovação do EVTE pela Antaq; os trâmites e
prazos da IN – TCU 27/1998; os recursos porventura existentes, tanto neste Tribunal quanto no
Judiciário; a obtenção das licenças ambientais, se for o caso; a assinatura do contrato; bem como o
período para desmobilização das áreas, em respeito ao art. 4º, inciso I, da Lei 8.630/1993, de forma que
o futuro arrendatário possa operar a partir de 16/11/2018, garantindo a continuidade dos serviços.
1001
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
45. Cabe mencionar que esta Unidade Técnica representou ao Tribunal, nos termos do art. 237,
inciso VI, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União (RITCU), resultando no TC
002.768/2011-9, a fim de analisar a legalidade da Resolução – Antaq 1.837/2010. Esta norma dispõe
sobre a vigência dos contratos de arrendamentos celebrados anteriormente à Lei 8.630/1993 e possui
tendência voltada para a prorrogação de ajustes em detrimento da competente licitação, em comparação
com a Resolução – Antaq 525/2005.
46. A proposta de encaminhamento aprovada pela Secex/ES (fl. 204) entendeu que a denúncia
relacionada à autorização de investimentos para obra de enrocamento sem prévio estudo de viabilidade
deveria ser parcialmente procedente. Embora esse encaminhamento fosse pertinente à época, entende-se
que, tomando por base o novo foco de análise proposto nesta instrução e o fato de a obra não ter sido
iniciada, a questão mereça reforma.
47. Considerando a prorrogação da avença ora analisada, é pertinente determinar à Antaq e à
Codesa que promovam, no prazo de 120 dias, com fulcro no art. 27, incisos VI e VII, da Lei 10.233/2001,
o reequilíbrio econômico-financeiro do Termo de Unificação, em razão da assinatura da Homologação
de Acordo (fls. 363-369) entre a Flexibrás e a Codesa.
48. Nesses termos, sugere-se acatar as razões de justificativas dos Srs. Henrique Germano Zimmer,
Danilo Roger Marçal Queiroz, Rodrigo Flávio Freire Farias Chamoun, Diretores da Codesa, Nelson
Machado Fagundes, Eduardo Pereira, Luiz Soresini, Irineu Barros Filho e Raulino Gonçalves Filho,
membros do Conselho de Administração da Codesa, acerca da aprovação e homologação do Termo de
Unificação contendo, em sua cláusula oitava, previsão de investimentos em obra de enrocamento sem
prévio estudo de viabilidade técnica, reformando o item 11.2 da instrução da Secex/ES.
49. Acerca de investimentos previstos e não amortizados ao final do Termo de Unificação, o edital
e a minuta de contrato da futura licitação devem, de forma expressa, atribuir ao licitante vencedor tal
obrigação, afastando a responsabilidade da Codesa. O EVTE do futuro arrendamento deve, também,
estar equilibrado, considerando essa situação. A fiscalização legal da Antaq deve verificar essas
premissas.
50. Assim, sobre novos investimentos realizados pela Flexibrás que não possam ser amortizados
até 15/11/2018, é pertinente determinar à Antaq e à Codesa, nos termos do art. 27, inciso XVII, da Lei
10.233/2001 e art. 29, inciso II, do Decreto 6.620/2008 a pertinência desses investimentos, considerando
a possibilidade de o vencedor do futuro certame assumir tais encargos.
51. Entende-se que o processo está apto a ser julgado e que a determinação proposta no parágrafo
anterior pode ser monitorada em processo específico, quando da análise do primeiro estágio da licitação
para arrendamento das áreas atualmente ocupadas pela Flexibrás. Nesse sentido, em consonância com o
item 11.8 da instrução da Secex/ES (fl. 206), reitera-se o entendimento que os autos possam ser
arquivados, nos termos do art. 169, inciso IV, do RITCU.
Benefícios do Controle
52. Os benefícios do controle, decorrentes da análise ora apresentada, classificam-se como
‘expectativa do controle’, considerando que as propostas contidas nesta instrução permitirão atuação
com maior transparência e legalidade por parte da Codesa e da Antaq quando realizarem licitações para
arrendamentos portuários, em virtude da análise de denúncia encaminhada a este Tribunal.
Proposta de Encaminhamento
53. Diante do exposto, propugna-se:
I – determinar à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e à Companhia Docas do
Estado do Espírito Santo (Codesa), com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1993 c/c o art. 250,
inciso II, do RITCU, que:
a) comprovem a este Tribunal, no prazo de 120 dias, as medidas adotadas para que o Termo de
Unificação dos contratos de arrendamento 004/1985, 001/1997, 029/1998, 032/1998 e 033/1998 não
ultrapasse a data de 15/11/2018, em obediência ao art. 4º, inciso I, e art. 4º, § 4º, inciso XI, ambos da Lei
8.630/1993.
1002
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
b) promovam, no prazo de 120 dias, com fulcro no art. 27, incisos VI e VII, da Lei 10.233/2001, o
reequilíbrio econômico-financeiro do Termo de Unificação citado no item I desta proposta, em razão da
assinatura da Homologação de Acordo entre a Flexibrás e a Codesa;
c) caso ocorram novos investimentos pela Flexibrás que não possam ser amortizados até
15/11/2018, analisem, nos termos do art. 27, inciso XVII, da Lei 10.233/2001 e art. 29, inciso II, do
Decreto 6.620/2008 a pertinência desses investimentos, considerando a possibilidade de o vencedor do
futuro certame assumir tais encargos.
II – determinar à Codesa, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1993 c/c o art. 250, inciso II,
do RITCU, que, caso opte por licitar o terreno atualmente ocupado pela Flexibrás, objeto do Termo de
Unificação citado no item I desta proposta, que apresente a este Tribunal, no prazo de 120 dias, plano de
ação referente à realização do certame licitatório, incluindo, entre outros aspectos que julgar relevantes,
o tempo necessário para a aprovação do EVTE pela Antaq; os trâmites e prazos da IN – TCU 27/1998;
os recursos porventura existentes, tanto neste Tribunal quanto no Judiciário; a obtenção das licenças
ambientais, se for o caso; a assinatura do contrato, bem como o período para desmobilização das áreas,
em respeito ao art. 4º, inciso I, da Lei 8.630/1993, de forma que o futuro arrendatário possa operar a
partir de 16/11/2018, garantindo a continuidade dos serviços;
III – reformar o item 11.2 da instrução da Secex/ES, de fls. 193/206, com os ajustes realizados às
fls. 208/211, acatando as razões de justificativa do Srs. Henrique Germano Zimmer, Danilo Roger
Marçal Queiroz, Rodrigo Flávio Freire Farias Chamoun, Diretores da Codesa, Nelson Machado
Fagundes, Eduardo Pereira, Luiz Soresini, Irineu Barros Filho e Raulino Gonçalves Filho, membros do
Conselho de Administração da Codesa, acerca da aprovação e homologação do Termo de Unificação
citado no item I desta proposta contendo, em sua cláusula oitava, previsão de investimentos em obra de
enrocamento sem prévio estudo de viabilidade técnica;
IV – reiterar o item 1.8 da instrução da Secex/ES, de fls. 193-206, e arquivar o presente processo,
com fulcro no art. 169, inciso IV, do RITCU;
V – encaminhar os presentes autos ao Exmo. Sr. Ministro Relator Augusto Nardes, considerando o
despacho de fls. 221.”
É o Relatório.
VOTO
Como visto no relatório que antecede esta voto, trata-se de denúncias formuladas com arrimo no art.
234 do Regimento Interno do TCU, versando, originariamente, sobre possíveis irregularidades cometidas
pelos gestores da Companhia Docas do Estado do Espírito Santo (Codesa) na execução do Contrato nº
17/2004 e seus aditivos, referente ao Terminal de Cargas do Cais de Capuaba (TCC).
2. Às denúncias originais foram juntados documentos relatando outras supostas irregularidades,
além de eventual correlação entre contratações da Codesa e campanhas eleitorais. Também foram
apensados aos presentes autos dois processos de denúncia (TC-014.397/2005-8, ao qual foi anexado o
TC-014.462/2005-8; e TC-014.423/2006-9) e uma representação da Procuradoria da República no Estado
do Espírito Santo (TC-018.966/2005-2), dando conta, igualmente de irregularidades cometidas em
contratos da Companhia Docas.
-II-
3. A fim de permitir uma melhor compreensão da situação fática posta nos autos, tomo a liberdade
de rememorar os principais fatos relatados. Nesse sentido, tendo em vista o apresentado nos diversos
documentos citados nos itens precedentes, os quais integram o presente feito, a Secex/ES realizou
inspeção na Codesa, abrangendo em seu escopo as seguintes ocorrências:
1003
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
“a) Falta de manutenção e de investimentos no Terminal de Cereais do Cais de Capuaba por parte
do pool de empresas signatárias do Contrato nº 17/2004, bem como a delegação, sem o competente
arrendamento (por meio do aludido contrato operacional), para que o pool opere o sistema com
preferência e para que proceda à manutenção das instalações;
b) Juridicidade da unificação de quatro contratos de arrendamentos da empresa Flexibrás – Tubos
Flexíveis Ltda. (nºs 004/85, 029/98, 032/98 e 033/98) e de um da empresa Brasflex – Tubos Flexíveis
Ltda. (nº 001/97), pertencente ao mesmo grupo empresarial da Flexibrás, para que todos passassem a
viger, após unificados, até 15/11/2008;
c) Ausência de estudo de viabilidade técnica e econômica que demonstre a adequada relação custo-
benefício para a Codesa no que diz respeito às obras de enrocamento de área de até 30.000m² a serem
realizadas pela Flexibrás, cujos custos, arcados pela mencionada empresa, seriam objeto de
ressarcimento por parte da Codesa no âmbito do contrato de arrendamento unificado mencionado na
alínea anterior;
d) Uso exclusivo pela empresa Suzano Bahia Sul Papel e Celulose S/A de armazéns da Codesa e de
área onde se localiza galpão de vinil construído pela aludida empresa, com desconto nas tarifas
portuárias em decorrência da garantia de quantidade mínima de cargas a serem movimentadas e
possibilidade de a Suzano proceder a melhorias e manutenções em instalações portuárias sob
administração da Codesa, sem que tenha sido firmado o competente contrato de arrendamento;
e) Contratação de pessoas com condutas duvidosas para ocupar cargo em comissão.”
aprovação, bem como dos possíveis instrumentos legais decorrentes da negociação prevista na cláusula
oitava, subitem 8.5, do Termo de Unificação dos Contratos de Arrendamento;
11.4.3. observe que a prioridade de uso de determinado berço e de armazéns ou a permissão que se
ocupe qualquer área dentro do porto organizado por um particular, somente poderá ser efetivada, a teor
do disposto no art. 1º, § 1º, inciso IV e no art. 4º, inciso I, da Lei nº 8.630/1993, por meio de contrato de
arrendamento, devendo ser adotadas providências com vistas a regularizar os contratos que contenham
cláusulas desta natureza, em especial, o Contrato Operacional nº 013/2000 firmado com a empresa
Suzano Bahia Sul Papel e Celulose S/A, caso o mesmo tenha sido prorrogado;
11.4.4. Observe o disposto no art. 1º, § 1º, inciso IV da Lei nº 8.630/1993, segundo o qual a Codesa
é a responsável pela manutenção das instalações do porto organizado sob sua administração, e o art. 4º,
inciso I, da Lei nº 8.630/1993, que limita a possibilidade de execução de serviços de melhorias nas
instalações portuárias por terceiros, somente no caso em que a área for arrendada, devendo ser
adotadas providências com vistas a regularizar os contratos que contenham cláusulas delegando esta
atribuição, em especial, o Contrato Operacional nº 013/2000 firmado com a empresa Suzano Bahia Sul
Papel e Celulose S/A, caso o mesmo tenha sido prorrogado;
11.4.5. adote imediatas providências com vistas à realização das manutenções necessárias ao bom
funcionamento do Terminal de Cereais de Capuaba, concluindo, inclusive, os serviços de automação
iniciados em algumas balanças de fluxos, de modo que registrem adequadamente a pesagem das cargas;
11.4.6. proceda ao levantamento dos motores de reposição da Codesa, necessários para o
funcionamento do Terminal de Cereais de Capuaba, emitindo o devido registro patrimonial e competente
termo de responsabilidade;
11.4.7. adote providências com vistas à designação formal de pessoa ou comissão para
acompanhar qualquer obra realizada na área de Porto Organizado sob sua administração; e
11.4.8. instaure e conclua, no prazo de 90 dias, processo de sindicância com vistas a apurar a
responsabilidade por possíveis irregularidades cometidas na condução e acompanhamento, quer na fase
de conhecimento, quer na de liquidação, do processo trabalhista RT 1261.1995.004.17.00-0, em especial
no que tange à definição do justo valor da condenação, devendo recair as investigações sobre todos
aqueles que possam ter dado causa à consumação de prejuízos aos cofres da entidade, em especial os
escritórios de advocacia que mantinham, à época, contratos de prestação de serviços jurídicos com a
Cia. Docas e os dirigentes que haveriam de manter vigilância permanente sobre a regular execução de
seus termos, encaminhando cópia das conclusões a que chegar a este Tribunal, acompanhada de íntegra
do processo de sindicância PE 1738/2004, iniciado pela comissão designada pela Resolução nº 60/2004
e concluído por outra, constituída pela Resolução nº 51/2005; e dos contratos de assessoria jurídica
vigentes à época da tramitação do feito;
11.4.8.1. mensure, com o nível de detalhamento adequado, a extensão do prejuízo que a entidade
teve de suportar, adotando, como parâmetro de comparação, o derradeiro pronunciamento do Pleno do
TRT/17ª Região, proferido em 19/2/2004, ao ensejo do exame do agravo de petição interposto pelos
reclamantes, onde determinadas inclusões e exclusões que redundaram em nova elaboração de cálculos;
11.5. determinar à Secex/ES que, nos termos do art. 243 do Regimento Interno, verifique, por meio
de processo específico, o cumprimento das determinações constantes do subitem 11.4.8 e seu subitem;
11.6. determinar à Controladoria Geral da União/ES que se manifeste nas próximas contas da
Codesa sobre o estágio do investimento e das demais disposições contidas na cláusula oitava do Termo
de Unificação dos Contratos de Arrendamento firmado com a Flexibrás Tubos Flexíveis Ltda.;
11.7. dar conhecimento ao Ministério Público Federal, aos denunciantes e à Gerência Regional do
Patrimônio da União/ES da deliberação que vier a ser adotada; e
11.8. arquivar os presentes autos”.
-III-
7. Ainda historiando, tendo em vista a correlação dos fatos apurados no presente processo com a
área de atuação da Secretaria de Fiscalização de Desestatização (Sefid), encaminhei os autos para análise
1005
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
daquela secretaria especializada, que, após colher informações junto à Agência Nacional de Transportes
Aquaviárias (Antaq), propôs que esta fosse admitida como interessada no presente processo, e que se
determinasse um prazo para que a Agência avaliasse a viabilidade técnica e econômico-financeira da obra
de enrocamento tratada na cláusula oitava do Termo de Unificação de Contratos de Arrendamento
firmado com a Flexibrás.
8. Na sequência submeti os pareceres exarados pelas unidades instrutivas à avaliação do Ministério
Público junto ao TCU, que concordou com o encaminhamento alvitrado nos subitens 11.1, 11.2, 11.3 e
11.8 da instrução da Secex/ES (transcrito no item 5 deste Voto) e com as determinações propostas nos
subitens 11.4.5, 11.4.6, 11.4.7, 11.4.8, 11.4.8.1 e 11.5, sugerindo que as questões objeto dos subitens
11.4.3 e 11.4.4 fossem encaminhadas sob a forma de alertas.
9. No que tange às determinações relativas à unificação dos contratos de arrendamento da Flexibrás,
propostas pela Sefid e Secex/ES, o representante do Parquet especializado ponderou que o longo tempo
decorrido desde as propostas poderiam requerer outras providências por parte deste Tribunal.
10. Nesse sentido, aduziu que o Termo de Unificação, que venceria em 2008, foi objeto de demanda
judicial de iniciativa da Flexibrás, cuja última decisão, proferida no processo nº 2008.50.01.015653-2,
deferiu o pedido de ingresso da União no feito na qualidade de assistente da Codesa, e o pedido de
antecipação de tutela, mediante caução, para admitir:
“a prorrogação da vigência contratual com a Codesa relativa à área hoje ocupada pelas autoras,
pelo prazo necessário à realização de novo processo licitatório, até a sua conclusão, cabendo à Codesa
envidar todos os esforços para o adequado processamento da licitação em questão”.
11. Nesse contexto, informou, adicionalmente, sobre o trâmite da ação civil pública nº
2009.50.01.002128-0, que tem como objeto as prorrogações dos contratos relativos à Flexibrás, assim
como ponderou que o desfecho do mencionado processo poderia trazer impacto ao assunto ora em
apreciação pela Corte de Contas.
12. Por tal razão, entendeu apropriada a constituição de apartados com vistas a dar continuidade ao
exame dessa questão, e a expedição de diligência à 4ª Vara Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo,
solicitando cópia das principais peças que instruem os processos judiciais anteriormente mencionados,
além de solicitar à Codesa toda a documentação que embasou a transação com a Flexibrás.
13. Ao final, entendeu dispensável a proposta de determinação à Controladoria Geral da União
constante do subitem 11.6 da manifestação da Secex/ES, bem como sugeriu a inclusão da
Superintendência Regional da Polícia Federal no Espírito Santo entre os órgãos a serem informados da
futura deliberação a ser exarada nos autos, haja vista a tramitação do inquérito policial nº
038/2005/SR/DPF/ES.
14. Considerando as informações aduzidas pelo Ministério Público junto ao TCU, e tendo em conta
o longo lapso temporal no transcurso do processo, submeti os autos novamente à consideração da Sefid.
15. Em sua derradeira manifestação, aquela unidade técnica especializada discorreu
pormenorizadamente sobre a evolução dos contratos de arrendamento firmados entre Flexibrás e a
Codesa, rememorando que a Secex/ES, em sua última instrução, considerou aceitável a prorrogação do
Termo de Unificação até 2008.
16. Ao analisar documentação complementar trazida aos autos pela Codesa, a Sefid destacou que a
discussão em torno dos contratos de arrendamento foi ampliada, tendo em vista a utilização dos terrenos
pela Flexibrás (empresa do grupo Technip) para participar de convite realizado pela Petrobras.
17. Enfatizou que não se tratava mais de investigar unicamente a existência de garantias de que o
investimento realizado na obra de enrocamento não traria riscos desnecessários a Codesa, ante a
inexistência da avaliação econômico-financeira, mas analisar se deveria ser permitida ou não a
prorrogação do Termo de Unificação assinado com Flexibrás/Technip em virtude do quadro explicitado
pela Companhia Docas, dos normativos vigentes e do interesse público envolvido.
18. Assim, considerando todo o novo contexto fático, a Sefid concluiu que a prorrogação da
vigência do Termo de Unificação até 15/11/2018 poderia ser admitida, em caráter absolutamente
excepcional, desde que se determine à Codesa, como administradora do Porto, e à Antaq, como sua
1006
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
fiscalizadora e reguladora, que comprovem a este Tribunal, no prazo de 120 dias, as medidas adotadas
para assegurar que o Termo de Unificação dos contratos de arrendamento 004/1985, 001/1997, 029/1998,
032/1998 e 033/1998 não ultrapasse aquela data, em obediência ao art. 4º, inciso I, e art. 4º, § 4º, inciso
XI, ambos da Lei nº 8.630/1993.
19. Por outro lado, caso se adote a alternativa de licitar o terreno atualmente ocupado pela
Flexibrás, objeto do Termo de Unificação, antes da referida data, a unidade técnica especializada propõe
determinar à Codesa que:
“apresente a este Tribunal, no prazo de 120 dias, plano de ação referente à realização do certame
licitatório, incluindo, em outros aspectos que julgar relevantes, o tempo necessário para a aprovação do
EVTE pela Antaq; os trâmites e prazos da IN – TCU 27/1998; os recursos porventura existentes, tanto
neste Tribunal quanto no Judiciário; a obtenção das licenças ambientais, se for o caso; a assinatura do
contrato; bem como o período para desmobilização das áreas, em respeito ao art. 4º, inciso I, da Lei
8.630/1993, de forma que o futuro arrendatário possa operar a partir de 16/11/2018, garantindo a
continuidade dos serviços.”
20. No que diz respeito à denúncia relacionada à autorização de investimentos para a obra de
enrocamento sem prévio estudo de viabilidade econômico-financeira, a Sefid ponderou que a proposta
contida no subitem 11.2 da última instrução da Secex/ES deveria ser reformada.
21. Considerando que o edital e a minuta de contrato da futura licitação da área arrendada
atualmente à Flexibrás/Technip poderiam prever a transferência de eventual obrigação remanescente do
contrato atual ao licitante vencedor, afastando, em princípio, eventual risco em relação à Codesa, as
razões de justificativas dos membros do seu Conselho de Administração poderiam ser acolhidas. No
entanto, deveria ser exarada determinação preventiva à Antaq e à Codesa, de modo que fosse assegurado
o cumprimento da referida premissa.
22. Deveria, também, ser determinado à Antaq e Codesa que promovessem o reequilíbrio
econômico-financeiro do termo de unificação, tendo em vista a sua prorrogação e em razão da assinatura
de acórdão amigável entre Flexibrás/Technip e Codesa, a ser homologado na justiça.
23. Assim, conclui a Sefid que o processo está apto a ser julgado e que a determinação proposta no
item anterior pode ser monitorada em processo específico, quando da análise do primeiro estágio da
licitação para arrendamento das áreas atualmente ocupadas pela Flexibrás.
24. Nesse sentido, em consonância com o item 11.8 da instrução da Secex/ES, reitera o
entendimento que os autos possam ser arquivados, nos termos do art. 169, inciso IV, do Regimento
Interno do TCU.
-IV-
29. Assim, foi proposto nos autos, de forma uniforme, apenas determinações corretivas,
entendimento ao qual se filiou, na essência, o representante do Ministério Público, e que igualmente
acompanho, promovendo, apenas, pequenas adequações no teor das determinações, tendo em vista o
tempo decorrido desde a sua proposição.
30. Entre as questões analisadas nos autos, merecem destaque, por sua complexidade e
desdobramentos, a juridicidade do termo de unificação dos contratos com a empresa Flexibrás, que foi
analisada no âmbito da Secex/ES e da Sefid, além das irregularidades na condução de Reclamação
Trabalhista contra a Companhia Docas, identificadas na inspeção realizada pela própria equipe de
auditoria, neste processo.
31. A legalidade da unificação dos contratatos da Flexibrás foi avaliada nos itens 34 a 52 do
relatório de inspeção da Secex/ES. Ao final, a unidade técnica apresentou sua conclusão nos termos
transcritos a seguir, com os quais me alinho:
“45. Entendemos que as cláusulas dos referidos contratos de arrendamento poderiam muito bem
ser retificadas, visando à renegociação econômico-financeira da relação comercial, sem que para isso
fosse necessário consolidar os contratos, se não fosse o fim da vigência do contrato nº 004/85, previsto
para 15/4/2005. Esse contrato, vale lembrar, foi celebrado na égide do Decreto nº 59.832/1996 que
regulamentava dispositivos do Decreto-Lei nº 5/1996. Portanto, a unificação dos contratos objetivou,
essencialmente, prorrogar o prazo de vigência do contrato nº 004/85 cujo objeto é o arrendamento da
maior área dentre as arrendadas à Flexibrás.
(...)
51. Se tivesse observado as orientações do Departamento de Programas de Transportes
Aquaviários, prorrogando por um ano o prazo de vigência do contrato de arrendamento nº 004/1985, a
Codesa, posteriormente, poderia tê-lo prorrogado por mais dois anos, ou seja, até 15/4/2008,
fundamentando na Resolução Antaq nº 525/2005.
52. Com o termo de unificação dos contratos, o fim da vigência do contrato de arrendamento nº
004/1985 será em 15/11/2008, e não 15/4/2008, contrariando o disposto na Resolução nº 525/2005.
Entretanto, tendo em vista as peculiaridades desses instrumentos contratuais e o caráter de
excepcionalidade da situação, entendemos que não deva ser considerado como irregular o lapso
temporal de sete meses que excedeu o limite estabelecido na referida Resolução”. (grifo nosso)
32. Não obstante a conclusão pela razoabilidade da prorrogação contratual até o ano de 2008, adotei
medida cautelar, após a prévia oitiva dos membros do Conselho de Administração da Estatal,
suspendendo autorização concedida pela Codesa, no âmbito do Termo de Unificação, para que a
Flexibrás iniciasse obras de enrocamento sem o devido estudo técnico e financeiro, previsto na legislação.
33. A questão foi posteriormente esclarecida em sede de agravo, revogando-se a medida cautelar,
uma vez que a autorização para o início da obra de enrocamento, de fato, ainda não havia sido concedida.
34. Na sequência, o Ministério Público junto ao TCU trouxe aos autos informação de que a vigência
do Termo de Unificação havia sido contestada pela Flexibrás/Technip na Justiça Estadual, que
reconhecera, em sede de antecipação de tutela, a prorrogação da sua validade até 2035, posteriormente
revista. A última decisão, no âmbito da Justiça Federal, também em caráter interlocutório, autoriza a
prorrogação do prazo do termo de unificação pelo tempo necessário para que a Codesa ultime os
procedimentos para a licitação da área arrendada.
35. Após essa última decisão, e tendo em vista o contexto fático envolvendo a Flexibrás/Technip e a
Petrobras, a Codesa entabulou negociação com a referida arrendatária com o fito de apresentar um acordo
amigável à justiça, que, se homologado, poderia por fim à contenda.
36. Verifica-se na minuta do referido acordo, juntada aos autos, que a Codesa propõe a vigência do
termo de unificação até 30/1/2016 (com prazo previsto para desmobilização, que pode chegar a 3 anos), o
que representa uma contraproposta ao último pedido da empresa Flexibrás, que requereu prorrogação até
2024, ou, alternativamente, até 2018.
37. Tais dilações teriam como objetivo viabilizar contrato estabelecido entre a Flexibrás e a
Petrobras, cuja consecução atenderia ao interesse público, além de ser vantajoso economicamente para a
1008
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
Codesa, conforme analisado detidamente na última instrução da Sefid, da qual se extrai o trecho a seguir,
que resume as conclusões daquela unidade técnica:
“32. Considerando a limitação da demanda e da oferta, bem como as características do terreno
utilizado pela Flexibrás e da atividade em si, pode-se concluir que a descontinuidade dessa produção em
Vitória, caso a Petrobras utilize outro porto como base logística, realmente poderia trazer prejuízos para
a Codesa. E não apenas para o porto. Pela abrangência da área do Pré-Sal, as opções de substituição
são Portos estrangulados por cidades, como Santos e Rio de Janeiro, onde provavelmente haverá
dificuldade para operacionalizar no curto prazo o atendimento dessas demandas, que são relevantes
para o país.
33. Compondo-se todos os fatos que cercam a proposta da Codesa, entende-se que o interesse
público envolvido é relevante e justificaria a prorrogação (...)”
38. Com respaldo nas análises da Sefid, penso que o Tribunal pode considerar aceitável, em caráter
absolutamente excepcional, a prorrogação do termo de unificação dos contratos de arrendamento da
Flexibrás, porém, somente até o ano de 2016 (incluída a desmobilização), prazo estritamente necessário
para que se cumpra o ajuste estabelecido entre a Flexibrás/Technip e a Petrobras, cuja interrupção poderia
comprometer o interesse público e a rentabilidade da Codesa, conforme avaliado nos autos.
39. Registro, com a devida vênia à Sefid, que discordo da análise favorável à prorrogação do termo
de unificação até 2018, abrangido o prazo de desmobilização. Entendo que a prerrogativa daria margem a
nova dilação contratual entre a Petrobras e Flexibrás/Technip, do que criar-se-ia, novamente, uma
situação de fato a justificar novo adiamento da licitação da área arrendada.
40. De qualquer forma, conforme informado no expediente CA/DIRPE/AB/227, de 3/9/2010,
assinando pelos Diretor-Presidente e Diretor de Planejamento e Desenvolvimento da Codesa (fls.
359/362), o acordo entre a Companhia e a Flexibrás/Technip foi protocolizado, prevendo o encerramento
do termo de unificação para o dia 30/1/2016.
41. Segundo tal informação, portanto, a controvérsia em torno do prazo máximo de prorrogação do
termo de unificação teria sido resolvida, restando esclarecer o motivo de ter sido estabelecido, no citado
acordo, um prazo de desmobilização que pode chegar a 3 anos, sem qualquer fundamentação legal.
42. Conforme enfatizou a Sefid, a concepção original dos contratos unificados (vide Contrato nº
029/1998) previa a imediata assunção da área arrendada pela Codesa ou pelo novo arrendatário, tão logo
extinto o contrato. Não vislumbrei, em nenhum dos documentos juntados aos autos, qualquer motivação
dos gestores que justificasse a alteração dessa premissa. Também incorre em ilegalidade, conforme
avaliou a Sefid, a redação do item 2.3 do acordo firmado entre a Codesa e a Flexibrás/Technip, que prevê
a possibilidade de nova prorrogação contratual, além de 2016.
43. Vê-se, portanto, que mesmo na hipótese de o multicitado acordo ter sido assinado entre as partes
e protocolizado, há que se considerar as ilegalidades mencionadas anteriormente e a ausência de
informação nos autos sobre a sua homologação, o que torna prematuro, segundo minha visão, que se
expeça determinações atreladas aos seus termos, conforme propôs a Sefid.
44. Além disso, observo que não há informações atualizadas sobre eventual manifestação da Antaq,
o que poderia levar o Tribunal a posicionar-se em linha divergente com o entendimento daquela agência,
sem dispor de todos os elementos necessários para tal.
45. Sendo assim, entendo como mais prudente resgatar proposta exarada na penúltima instrução da
Sefid, com as pertinentes adequações, para admitir a Antaq como interessada nos autos e determinar à
Agência que se manifeste conclusivamente, no prazo de 60 dias, sobre o termo de acordo firmado entre a
Codesa e a Flexibrás/Technip, posicionando-se, especialmente, a respeito da vigência do termo de
unificação, o prazo de desmobilização e a repactuação do equilíbrio econômico-financeiro, e que remeta a
este Tribunal cópia do Processo Antaq nº 50300.001547/2010-04 (informado no Ofício Antaq nº
388/2010-DG, de 24/11/2010).
46. Em sua manifestação a Antaq deve pronunciar-se ainda sobre a obra de enrocamento, e outros
investimentos porventura autorizados, analisando, nos termos do art. 27, inciso XVII, da Lei nº
10.233/2001 e art. 29, inciso II, do Decreto nº 6.620/2008, sua pertinência, se serão amortizados até o fim
1009
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
da vigência do contrato, e, caso não sejam, os mecanismos de controle disponíveis para assegurar, nos
editais e contratos do próximo certame licitatório, que o próximo ocupante da área arrendada assuma os
encargos remanescentes.
47. O cumprimento da determinação deve ser monitorado pela Sefid em processo específico, no
qual poderá esclarecer as questões abordadas neste Voto, especialmente quanto às ilegalidades detectadas
na minuta de acordo acostada aos autos, bem como atualizar as informações a respeito do andamento do
processo judicial e da obra de enrocamento. No âmbito desse processo, a unidade técnica poderá, se for o
caso, propor novamente as determinações em relação aos contratos da Codesa com a Flexibrás, as quais
não serão exaradas nestes autos.
48. Não obstante o encaminhamento proposto, julgo que se possam considerar improcedentes as
denúncias relativas aos contratos da Flexibrás, arquivando-se os presentes autos, uma vez que, conforme
entendeu a Secex/ES e a Sefid, com o aval do Ministério Público, a prorrogação, efetuada no âmbito do
termo de unificação, até o ano de 2008, não representou dano à Codesa ou desrespeito à legislação
vigente.
49. As prorrogações seguintes se deram por força de decisões judiciais, o que afasta a necessidade
de aferir a responsabilidade dos gestores. As prorrogações futuras, que porventura ocorram por força do
acordo entre as partes, serão avaliadas no processo de monitoramento, a ser constituído pela Sefid,
inclusive quanto ao aspecto econômico-financeiro.
50. Nesse processo, a Sefid avaliará também a atuação da Antaq com relação à obra de enrocamento
e outros investimentos que representem risco à Codesa, podendo propor determinações que corrijam
desvios eventualmente identificados, ou mesmo penalidades, caso sejam detectadas condutas negligentes
ou omissivas.
51. Por fim, comento sobre a irregularidade cometida na condução de reclamação trabalhista contra
a Codesa, na qual a entidade deixou fluir, sem manifestação, o prazo legal para contestação de penhora de
bens da empresa no valor de R$ 9.344.009,43, para satisfação de débito apurado na referida ação
trabalhista.
52. A respeito da irregularidade, a equipe da Secex/ES questionou as conclusões da Sindicância
constituída com a finalidade de apurar responsabilidades por falhas ventiladas por sua Diretoria de
Administração e Finanças, na condução e acompanhamento do processo trabalhista, que teriam resultado
em prejuízo para a Codesa em valor aproximado de R$ 4,4 milhões.
53. Ante suas conclusões, a Secex/ES propõe que se determine à Entidade a instauração de novo
processo de sindicância e que se mensure a extensão do prejuízo que a entidade teve que suportar.
54. Com a devida escusa à unidade técnica, cuja proposta foi anuída pelo Ministério Público junto
ao TCU, entendo que não se configura oportuna a determinação ao órgão para que instaure sindicância.
Ressalto que este Tribunal já decidiu, em caso semelhante, por meio do Acórdão nº 2.906/2009-TCU-
Plenário:
“4. Não é competente o Tribunal de Contas da União, jurisdição constitucional especializada, para
determinar diretamente a instauração ou para controlar resultados de sindicâncias ou de procedimentos
administrativos disciplinares, porquanto tais poderes não se subsomem às competências constitucionais e
legais de que é detentor. A omissão ilegal da autoridade competente resolve-se no âmbito da própria
Administração ou no Judiciário.”
55. No presente processo, visto que o objetivo da sindicância seria identificar os responsáveis e
quantificar o dano, entendo que se aplica, com precisão, os dispositivos do caput e § 1° art. 8º da Lei nº
8.443/1992, que dispõe, expressamente:
“Art. 8° Diante da omissão no dever de prestar contas, da não comprovação da aplicação dos
recursos repassados pela União, na forma prevista no inciso VII do art. 5° desta lei, da ocorrência de
desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos, ou, ainda, da prática de qualquer ato ilegal,
ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao erário, a autoridade administrativa competente, sob
pena de responsabilidade solidária, deverá imediatamente adotar providências com vistas à instauração
1010
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
da tomada de contas especial para apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e quantificação do
dano.
§ 1° Não atendido o disposto no caput deste artigo, o Tribunal determinará a instauração da
tomada de contas especial, fixando prazo para cumprimento dessa decisão.”
56. Dessa forma, a determinação proposta nos subitens 11.4.8 e 11.4.8.1 deve ser substituída por
uma única, para que a Codesa, caso ainda não tenha feito, instaure tomada de contas especial, nos termos
dos dispositivos retro mencionados.
Ante o exposto, acolhendo no essencial o encaminhamento proposto pela Secex/ES e pelo
Ministério Público junto ao TCU, VOTO por que seja adotado o Acórdão que ora submeto a este
Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 31 de agosto de 2011.
AUGUSTO NARDES
Relator
1. Processo nº TC-010.344/2005-6
1.1. Apensos: TC-020.528/2007-3, TC-019.994/2007-8 e TC-000.329/2007-2 - Solicitação; TC-
014.397/2005-8 e TC-012.423/2006-9 – Denúncia; e TC-018.966/2005-2 - Representação].
2. Grupo: I; Classe de Assunto: VII – Denúncia
3. Interessado/Responsáveis:
3.1. Interessado: Identidade preservada (art. 55, caput, da Lei n. 8.443/1992).
3.2. Responsáveis: Henrique Germano Zimmer (009.677.936-53); Danilo Roger Marçal Queiroz
(904.621.657-87); Rodrigo Flávio Freire Farias Chamoun (011.215.677-03); Nelson Machado Fagundes
(039.881.477-53); Eduardo Pereira (509.763.388-15), Luiz Soresini (049.776.707-44); Irineu Barros
Filho (421.321.187-87); e Raulino Gonçalves Filho (117.880.117-91).
4. Entidade: Companhia Docas do Estado do Espírito Santo S.A. (Codesa) - MT.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
7. Unidades Técnicas: secretaria de Controle Externo no Estado do Espírito Santo (Secex/ES) e
Secretaria de Fiscalização em Desestatização (Sefid).
8. Advogados constituídos nos autos: Flávia Fardim Antunes Bringhenti, OAB/MG nº 82.616;
Felipe Osório dos Santos, OAB/ES nº 6.381; Sirlei de Almeida, OAB/ES nº 7.657; Nathália Neves
Burian, OAB/ES nº 9.243; Cláudia Rodrigues Nascimento, OAB/ES nº 9.787; Luana Barbosa Pereira,
OAB/ES nº 11.528; e Aline Gomes Soares Lima, OAB/DF nº 20.710.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de denúncias diversas e de representação da
Procuradoria da República no Estado do Espírito Santo, versando sobre supostas irregularidades
cometidas pelos gestores da Companhia Docas do Estado do Espírito Santo (Codesa) na execução de
alguns de seus contratos,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as
razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer das presentes denúncias e representação, por preencherem os requisitos de
admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237, inciso VII, do Regimento Interno do TCU, para, no mérito,
considerá-las parcialmente procedentes;
1011
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
9.2. acolher as razões de justificativas dos Srs. Henrique Germano Zimmer, Danilo Roger Marçal
Queiroz, Rodrigo Flávio Freire Farias Chamoun, Nelson Machado Fagundes, Eduardo Pereira, Luiz
Soresini, Irineu Barros Filho e Raulino Gonçalves Filho;
9.3. determinar à Codesa que:
9.3.1. observe que a prioridade de uso de determinado berço e de armazéns ou a permissão que se
ocupe qualquer área dentro do porto organizado por um particular somente poderá ser efetivada, a teor do
disposto no art. 1º, § 1º, inciso IV e no art. 4º, inciso I, da Lei nº 8.630/1993, por meio de contrato de
arrendamento, devendo ser adotadas providências com vistas a regularizar os contratos que contenham
cláusulas desta natureza, em especial, o Contrato Operacional nº 013/2000 firmado com a empresa
Suzano Bahia Sul Papel e Celulose S/A, caso o mesmo ainda em vigência;
9.3.2. limite, em obediência ao art. 4º, inciso I, da Lei nº 8.630/1993, a possibilidade de execução de
serviços de melhorias nas instalações portuárias por terceiros, somente no caso em que a área for
arrendada, devendo ser adotadas providências com vistas a regularizar os contratos que contenham
cláusulas delegando esta atribuição, em especial, o Contrato Operacional nº 013/2000 firmado com a
empresa Suzano Bahia Sul Papel e Celulose S/A, caso o mesmo ainda esteja em vigência;
9.3.3. encaminhe ao Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias, as seguintes informações relativas ao
Terminal de Cereais de Capuaba: regularidade das manutenções efetuadas no Terminal; situação de
funcionamento das balanças de fluxo; documento que demonstre o registro patrimonial dos motores de
reposição da Codesa, desde 2005;
9.3.4. adote medidas que assegurem a designação formal de pessoa ou comissão para acompanhar
qualquer obra realizada na área de Porto Organizado sob sua administração; e
9.3.5 instaure e conclua, se ainda não fez, no prazo de 90 (noventa) dias, nos termos do § 1° do art.
8º da Lei nº 8.443/1992, tomada de contas especial para apurar as possíveis irregularidades cometidas na
condução e acompanhamento do processo trabalhista RT 1261.1995.004.17.00-0;
9.4. admitir a Agência Nacional de Transporte Aquaviários (Antaq) como interessada nos autos e
determinar à Entidade que se manifeste, no prazo de 60 (sessenta) dias, sobre:
9.4.1 o termo de acordo firmado entre a Codesa e a Flexibrás/Technip, posicionando-se,
especialmente, a respeito da vigência do termo de unificação, o prazo de desmobilização e a repactuação
do equilíbrio econômico-financeiro, remetendo a este Tribunal cópia do Processo Antaq nº
50300.001547/2010-04 (informado no Ofício Antaq nº 388/2010-DG, de 24/11/2010);
9.4.2 a pertinência, nos termos do art. 27, inciso XVII, da Lei nº 10.233/2001 e do art. 29, inciso II,
do Decreto nº 6.620/2008, da obra de enrocamento, ou outros investimentos porventura autorizados no
âmbito dos contratos da Codesa com a Flexibrás.
9.5. determinar à Sefid que constitua processo de monitoramento com o objetivo de verificar o
cumprimento das determinações exaradas à Antaq no subitem anterior, e que proponha medidas
adicionais que se façam necessárias, a partir das análises recomendadas no Voto antecessor a esta
deliberação;
9.6.encaminhar cópia desta deliberação, bem como do relatório e voto que a fundamentam, à
Procuradoria da República no Estado do Espírito Santo, à Superintendência Regional da Polícia Federal
no Espírito Santo, aos denunciantes e à Gerência Regional do Patrimônio da União/ES;
9.7. retirar a chancela de sigiloso;
9.8. arquivar os autos.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATÓRIO
Trata-se de denúncia autuada neste Tribunal versando sobre supostas irregularidades perpetradas
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama no âmbito do
processo de licenciamento ambiental da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, localizado no
Estado do Pará.
2. O auditor federal da 8ª Secex elaborou o parecer de fls. 5/8, cuja proposta de encaminhamento
contou com a anuência do titular dessa unidade, nos seguintes termos:
“(...) 2. A denúncia alerta para problemas relativos a falhas na emissão da licença prévia pelo
Ibama e para a não realização das oitivas indígenas, o que seria a mais grave violação aos direitos
humanos indicada no relatório que embasou tal processo.
3. Em síntese, dentre os problemas destacados no referido relatório, são citados o
subdimensionamento da população atingida e da área afetada; o risco de proliferação de doenças
endêmicas; a ausência de estudos sobre índios isolados; o hidrograma ecológico não baseado nas
necessidades dos ecossistemas; o subdimensionamento das emissões de metano; a ameaça de extinção de
espécies endêmicas; a ausência de análise de impactos de eclusas; a perda irreversível de
biodiversidade; a ausência de análise de impactos a jusante da usina; a análise insuficiente dos impactos
da migração sobre o desmatamento e as terras indígenas e a ausência de análise sobre os impactos
associados ao assoreamento no reservatório principal.
4. O denunciante, tendo em vista os motivos elencados e as informações constantes do relatório
anexo que embasa a denúncia, solicita uma resposta sobre as providências tomadas pelo TCU no sentido
da salvaguarda dos direitos humanos das populações impactadas e do espírito democrático na gestão
pública.
II – Admissibilidade.
1013
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
5. Entende-se que a denúncia deve ser conhecida por atender aos requisitos de admissibilidade
previstos no art. 235, caput, do Regimento Interno do TCU.
III – Análise.
6. Como o foco principal dos questionamentos listados está relacionado a supostas
irregularidades no processo de licenciamento ambiental da Usina Hidrelétrica – UHE de Belo Monte
efetuado pelo Ibama, segue-se a análise dos assuntos pertinentes às matéria que são de competência da
8ª Secex.
Licença Prévia.
7. O denunciante alega que a licença prévia da obra foi emitida pela presidência do Ibama apesar
de parecer contrário dos próprios técnicos do órgão. Alega ainda que as medidas condicionantes
elencadas na referida licença não apenas não compensam os danos irreversíveis que a usina imporia ao
rio e às populações, como não representam nenhuma garantia legal de que o empreendedor irá se
responsabilizar pelos danos causados.
8. Preliminarmente, ressalta-se que o processo de licenciamento ambiental de Belo Monte já foi
objeto de análise nesta Corte de Contas por meio do TC 019.196/2009-5, processo apartado do TC
017.309/2009-1, que trata do acompanhamento do estudo de viabilização técnica e econômica da UHE
Belo Monte. O referido apartado abordou os estudos de impacto ambiental – EIA e o licenciamento
ambiental emitido pelo Ibama.
9. Frisa-se que não foram encontradas impropriedades no licenciamento prévio do Ibama, sendo
consideradas pertinentes as medidas definidas pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE para o
cumprimento das condicionantes ali previstas, bem como as estimativas de custo para essas ações. Esses
fatos, aliados a outras análises, levaram à aprovação pelo Tribunal dos procedimentos relativos ao 1º
estágio de acompanhamento do leilão de concessão para geração de energia elétrica proveniente da
Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, bacia hidrográfica amazônica no Estado do Pará,
conforme Acórdão 489/2010-TCU-Plenário.
10. Sendo assim, em virtude da inexistência de fatos novos relacionados ao assunto denunciado,
não cabe ao Tribunal debruçar-se novamente em análise de tema já apreciado.
Problemas destacados.
11. Os problemas/irregularidades destacados pelo denunciante no parágrafo terceiro dessa
instrução, tais como o subdimensionamento da população atingida e da área afetada, apontam para
omissões, falhas ou inconsistências no EIA/RIMA que questionam a qualidade desse instrumento. A
denúncia afirma ainda que tais deficiências nos estudos de impacto ambiental motivaram o próprio TCU
a criticar o processo de licenciamento ambiental no Brasil. Contudo, deve-se atentar para uma pequena,
mas singular diferenciação: um fato é a crítica à qualidade dos estudos de impacto ambiental, e outro é a
não aceitação desses estudos ou ainda a escolha de condicionantes para suprir deficiências apresentadas
nesses estudos, fatos esses últimos que não estão no escopo de avaliação dessa Corte de Contas por
serem atos de competência do órgão responsável pelo processo de licenciamento ambiental, o Ibama.
12. Como citado anteriormente, o EIA/RIMA do projeto Belo Monte foi analisado no âmbito do TC
019.196/2009-5, no qual se verificou a adesão desses instrumentos aos requisitos previstos na Resolução
Conama nº 1/1986, não tendo sido encontradas irregularidades que impedissem o prosseguimento do
processo de licenciamento. Vale ressaltar que o foco da análise do Tribunal foi verificar a conformidade
das ações do órgão responsável com o previsto nos normativos que regem tais instrumentos.
13. Assim, se o próprio órgão responsável pela concessão do licenciamento ambiental, o Ibama,
aprovou o licenciamento prévio da UHE Belo Monte, ato esse exarado com a presunção de regularidade,
torna-se temerária a possibilidade de se invadir a esfera de discricionariedade da administração e
usurpar a competência do órgão de conceder a autorização para o empreendimento. E mais, ressalta-se
posição já firmada nessa Corte de Contas no sentido de que decisões adotadas dentro do âmbito
discricionário do gestor, onde inexistem evidências que o ato praticado não se amolda às normas em
vigor, não podem ser revistas pelo TCU, uma vez que ao Tribunal não cabe substituir as escolhas
discricionárias do órgão por aquelas de sua preferência.
1014
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
14. Nesse sentido, entende-se não caber a esta análise a discussão sobre as aludidas
irregularidades apontadas pelo denunciante, quando referentes à competência do órgão ambiental.
Não realização das oitivas indígenas.
15. A não realização das oitivas indígenas foi listada na denúncia como a mais grave violação aos
direitos humanos detectada no processo de licenciamento da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Tais
oitivas seriam obrigatórias pela legislação brasileira e pela Convenção nº 169/1989 da Organização
Internacional do Trabalho – OIT, ratificada pelo Brasil em 2002, que dispõe sobre a responsabilidade
dos governos em desenvolver, com a participação dos povos interessados, ações coordenadas e
sistemáticas com vistas a proteger os direitos desses povos e garantir o respeito por sua integridade; bem
como do direito a oitiva indígena nos assuntos governamentais e políticas que afetem os povos e terras
indígenas e/ou tribais.
16. Segundo afirma o denunciante, tais oitivas garantiriam aos indígenas o direito de serem
informados de maneira objetiva sobre os impactos da obra e terem sua opinião ouvida e respeitada. Foi
relatado que os indígenas reclamaram da Funai ao supostamente haver afirmado por ocasião de visitas
às aldeias, durante as conversas preliminares que ocorreram antes do licenciamento ambiental, que tais
visitas não seriam e nem subsidiariam as oitivas indígenas previstas na Convenção nº 169 da OIT.
17. A Funai é o órgão federal responsável pela análise e acompanhamento do componente
indígena referente a todos estudos, medidas de mitigação, de compensação e/ou indenizações que
envolvam as comunidades e terras indígenas ao longo do processo de licenciamento ambiental de
empreendimentos.
18. Sua prerrogativa legal no acompanhamento dos processos de licenciamento ambiental é dada
pela Lei nº 5.371/1967, que cria a Funai com diversas finalidades, tais como estabelecer as diretrizes e
garantir o cumprimento da política indigenista baseada no respeito às comunidades indígenas, à
garantia da posse permanente das terras indígenas bem como o usufruto exclusivo de seus recursos
naturais e buscar preservar o equilíbrio biológico e cultural das comunidades, no seu contato com a
sociedade nacional; pela Constituição Federal, em seus arts. 231 e 232 - sobre os povos indígenas e suas
terras; pelo Decreto nº 1.141/1994, que dispõe sobre as ações de proteção ambiental, saúde e apoio às
comunidades indígenas; pela Lei nº 6.001/1973, também conhecida como ‘Estatuto do Índio’; pela
Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas e pela própria Convenção OIT nº
169/1989. Logo, pode-se concluir que a Funai é o órgão indigenista oficial e, evidentemente, o
responsável por realizar e conduzir o processo de consultas junto às comunidades indígenas.
19. A Funai afirma em Parecer Técnico 21/2009-CMAM/CGPIMA-FUNAI – Análise do
Componente Indígena dos Estudos de Impacto Ambiental, de 30/9/2009, que o processo de oitiva não
pode e nem é considerado como um momento único e cristalizado. A fundação afirma ter procurado, por
meio de reuniões específicas, levar informação para as comunidades indígenas de modo a orientar o
processo e dar subsídios para que elas possam se posicionar sobre o empreendimento e seus impactos,
garantindo que a participação das mesmas seja informada e qualificada.
20. Por meio do Ofício nº 302/2009 encaminhado ao Ibama, de 14/10/2009, a Funai considerou a
usina de Belo Monte viável em relação ao componente indígena do EIA. Tal ofício foi acompanhado do
citado Parecer Técnico nº 21/2009, no qual a Funai entende ter cumprido seu papel institucional no
processo de esclarecimento e consulta junto às comunidades indígenas. Por fim, a fundação considera
nesse documento que no decorrer do processo de licenciamento e no tocante à realização das oitivas
indígenas, cumpriu o Decreto Legislativo nº 788/2005, instrumento que autorizou ao Poder Executivo
implantar o AHE Belo Monte.
21. Vale ressaltar que em 20/4/2010 o Tribunal Regional Federal da 1ª Região – TRF1 liberou a
realização do leilão na hidrelétrica de Belo Monte ao analisar a suspensão de Liminares que impediam
os resultados do leilão, bem como manteve os efeitos da licença prévia para o empreendimento. A
decisão do TRF ressalta o fato de que a concessão da licença prévia para o empreendimento da Usina de
Belo Monte está amparada em estudos detalhados e que levam em consideração os aspectos ambientais,
sociais e econômicos. E mais, conforme esclarece a decisão, os estudos concernentes a este
1015
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
empreendimento têm, em princípio, adotado as cautelas para que o meio ambiente sofra o menos
possível, considerando as populações ribeirinhas indígenas e os municípios afetados.
22. Com efeito, por não se poder olvidar que o órgão competente para a defesa judicial dos
direitos indígenas, individual ou coletivamente, é a Funai, sua manifestação ao considerar realizadas as
oitivas indígenas, além de possuir presunção de regularidade, deve ser tida como representativa dos
interesses das populações envolvidas no processo de licenciamento ambiental.
23. Por fim, vale dizer que não foram demonstradas claramente quais supostas irregularidades
seriam decorrentes de possível afronta a lei ou ato normativo, fato esse impeditivo de uma ação da
Colenda Corte de Contas. Novamente o Tribunal se depara com ações de um órgão que é o responsável e
competente para a emissão de opinião sobre determinado tema, o que torna a análise do assunto
limitada à objetiva e clara afronta a preceitos legais, fato esse não identificado no presente caso.
IV- Proposta de encaminhamento.
24. Ante o exposto, submete-se os autos à consideração superior, propondo:
24.1 determinar, nos termos do art. 235, caput, do RITCU, o acolhimento da denúncia para, no
mérito, considerá-la improcedente;
24.2 comunicar ao denunciante e ao Ibama o teor dessa decisão;
24.3 arquivar os presentes autos.”
É o Relatório.
PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO
Preliminarmente, entendo que a presente denúncia pode ser conhecida pelo TCU, por preencher os
requisitos aplicáveis à espécie.
2. Quanto ao mérito, acolho a proposta formulada pela 8ª Secex, cujos fundamentos incorporo,
desde já, às minhas razões de decidir, no sentido de considerar improcedente o corrente feito, sem
prejuízo das considerações que passo a expor.
3. Verifico, neste caso, que as questões apontadas como irregulares pelo denunciante foram
relacionadas à concessão pelo Ibama da licença ambiental à implementação do projeto da Usina
Hidrelétrica de Belo Monte/PA, desconsiderando-se os impactos ambientais e o respeito aos direitos dos
povos indígenas atingidos pela obra.
4. No primeiro ponto, conforme relatou a unidade técnica, este Tribunal, mediante o Acórdão
489/2010-Plenário (TC 017.309/2009-1), já se posicionou pela regularidade da licença prévia concedida
pelo Ibama, tendo admitido, inclusive, como pertinentes as medidas condicionantes para a concessão da
licença para a execução do referido empreendimento e aprovado o 1º estágio de acompanhamento do
leilão de concessão para geração de energia elétrica proveniente da mencionada Usina.
5. Importa registrar, inclusive, que os estágios 2º a 4º de acompanhamento desse leilão também
foram aprovados pelo TCU, de acordo com os termos do Acórdão 3.155/2010-Plenário, determinando-se
naquela ocasião o arquivamento do TC 017.309/2009-1, nos termos do art. 169, inciso IV, do RITCU, por
ter cumprido o objetivo para o qual fora constituído.
6. Relativamente ao segundo ponto, observo que há nos autos a informação de que a Funai realizou
reuniões específicas com a comunidade indígena para esclarecimentos acerca da obra em comento; e de
que, cumprindo seu papel institucional no processo de licenciamento ambiental, a entidade considerou a
Usina de Belo Monte/PA viável em relação ao componente indígena do Estudo de Impacto Ambiental –
IEA.
7. Dessa forma, compreendo que não foram constatadas nestes autos ofensas aos preceitos
normativos regentes da matéria em discussão, tendo a atuação do Ibama e da Funai ocorrido dentro dos
limites legais de discricionariedade atribuídos aos gestores públicos.
8. Nesse sentido, como bem analisou 8ª Secex, não cabe ao TCU substituir-se na função do
administrador público, pois estaria agindo fora da órbita legal e constitucional do controle externo
1016
Tribunal de Contas da União
Secretaria das Sessões
financeiro, ainda mais ante a inexistência de violações quanto aos aspectos da legalidade, legitimidade e
economicidade dos atos em relevo.
9. E, sendo assim, deve ser considerada improcedente a presente denúncia, visto que nestes autos
não se constatou irregularidade que pudesse atrair a atuação desta Casa.
Ante o exposto, acolhendo na íntegra a proposta da unidade técnica, propugno por que seja
aprovado o Acórdão que ora submeto a este Colegiado.
1. Processo nº TC 012.905/2010-0.
2. Grupo I – Classe VII – Assunto: Denúncia.
3. Interessado: Identidade preservada.
4. Entidade: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama.
5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade: 8ª Secex.
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da denúncia versando acerca de supostas irregularidades
perpetradas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama no
âmbito do processo de licenciamento ambiental da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu,
localizado no Estado do Pará.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Reservada do
Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 234 e 235 do RITCU, conhecer desta denúncia, para, no mérito,
considerá-la improcedente;
9.2. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e da Proposta de Deliberação que o
fundamenta, ao interessado e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – Ibama;
9.3. retirar a chancela de sigiloso dos autos; e
9.4. determinar o arquivamento do presente processo.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral