Composição e Referencias Do Bdi PDF
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PLENRIO
Processo: TC-001.508/1990-3
Interessado: BANCO DA AMAZONIA S.A - BASA
Motivo do Sorteio: Recurso de Reviso ao Plenrio contra Acrdo
Classificao: Recurso e pedido de reexame
Relator Sorteado: Ministro MARCOS VINICIOS VILAA
Processo: TC-010.947/1999-0
Interessado: Jos Gonalo Pereira
Motivo do Sorteio: Pedido de Reexame (Acrdo)
Classificao: Recurso e pedido de reexame
Relator Sorteado: Ministro UBIRATAN AGUIAR
Sorteio por Conflito de Competncia
Processo: TC-004.901/2007-2
Interessado: 5 SECRETARIA DE CONTROLE EXTERNO - TCU
Motivo do Sorteio: Conflito de Competncia - Art. 25 da Res. 64/96
Classificao: TC, PC, TCE
Relator Sorteado: Auditor AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI
Processo: TC-028.799/2006-4
Interessado
Motivo do Sorteio: Conflito de Competncia - Art. 25 da Res. 64/96
Classificao: Outros assuntos
Relator Sorteado: Auditor AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI
Processo: TC-004.706/2007-8
Interessado
Motivo do Sorteio: Conflito de Competncia - Art. 25 da Res. 64/96
Classificao: Outros assuntos
Relator Sorteado: Auditor AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI
Processo: TC-003.881/2007-3
Interessado
Motivo do Sorteio: Conflito de Competncia - Art. 25 da Res. 64/96
Classificao: Outros assuntos
Relator Sorteado: Auditor AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI
Processo: TC-004.730/2007-3
Interessado
Motivo do Sorteio: Conflito de Competncia - Art. 25 da Res. 64/96
Classificao: Outros assuntos
Relator Sorteado: Auditor AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI
Processo: TC-028.811/2006-0
Interessado
Motivo do Sorteio: Conflito de Competncia - Art. 25 da Res. 64/96
Classificao: Outros assuntos
Relator Sorteado: Auditor AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI
Processo: TC-010.976/2006-0
Interessado
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Considerando que, em relao dvida financeira de Minas Gerais, constata-se, consoante dados
apresentados no Relatrio da Semag, que, em vista do limite de comprometimento de 13% da receita
lquida real (RLR) para pagamento da dvida financeira, constante do ajuste firmado entre a Unio e o
aludido ente da Federao, parece pouco provvel que o Estado de MG consiga quitar o saldo devedor ao
final do contrato, em especial porque, se mantido o crescimento de 3% ao ano acima do IGP-DI durante
os prximos 25 anos, se alcanaria o percentual do indicador dvida/receita de 2,66, o que vale dizer que
para quitar o saldo devedor nos dez anos seguintes (saldo residual) a primeira prestao desse perodo
seria equivalente a 38,7,5% da receita lquida real do estado, o que no se apresenta razovel em vista das
restries financeiras a que teria de se submeter o referido ente federativo;
Considerando tambm ser preciso ter presente que, levando-se em conta a regra geral de taxa de
juros de 6% dos contratos firmados entre a Unio com estados e municpios, essas dvidas so de difcil
quitao por todos aqueles que se valeram do limite de comprometimento de 13% da RLR, como o fez o
Estado de MG, uma vez que, neste caso, exigido crescimento da receita de 3% ao ano para, com
comprometimento de 13%, alcanar ao final de 30 anos saldo devedor/receita igual a aproximadamente
1,2, ou seja, uma dvida equivalente a 1,2 vezes a RLR;
Considerando, contudo, que, mesmo diante da materializao desse crescimento, para que a dvida
seja quitada ter que haver um comprometimento de 15,5% da receita para o pagamento da primeira
prestao das dez parcelas anuais seguintes, fato que preocupa em face do horizonte no muito promissor
delineado pela Semag na instruo constante dos autos;
Considerando os pareceres uniformes da Unidade Tcnica;
ACORDAM, por unanimidade, em fazer as seguintes determinaes no processo abaixo indicado:
9.1. determinar Secretaria do Tesouro Nacional que, no prazo de 90 dias, se pronuncie sobre a
necessidade de constituio de proviso para registro do risco de crdito do Estado de Minas Gerais para
com a Unio;
9.2. determinar Secretaria do Tesouro Nacional e Secretaria do Oramento Federal que, no prazo
de 90 dias, analisem a viabilidade de incluso do risco de crdito do Estado de Minas Gerais junto
Unio no Anexo de Riscos Fiscais que acompanha a Lei de Diretrizes Oramentrias, encaminhando os
resultados do estudo a este Tribunal;
9.3. encaminhar cpia deste Acrdo, do Relatrio da Equipe de Auditoria (fls. 135/205, v. p.) e do
Despacho do Diretor da 1 DT da Semag (fls. 206/208, v. p.), Comisso de Assuntos Econmicos do
Senado Federal, Comisso de Fiscalizao e Controle da Cmara Federal, Comisso Mista de Planos,
Oramento e Fiscalizao Financeira, Secretaria do Tesouro Nacional, Secretaria do Oramento
Federal e ao Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, para conhecimento;
9.4. determinar Semag que acompanhe o cumprimento das determinaes acima, representando ao
Tribunal, se for o caso.
ACRDO N 316/2007 -TCU PLENRIO
1. Processo TC025.800/2006-3 (c/ 3 anexos)
2. Grupo I Classe V - Relatrio de Levantamento de Auditoria
3. Responsvel: Carlos Kawall Leal Ferreira - Secretrio
4. rgo: Secretaria do Tesouro Nacional - STN
5. Relator: MINISTRO UBIRATAN AGUIAR
6. Representante do Ministrio Pblico: no h
7. Unidade Tcnica: Secretaria de Macroavaliao Governamental (Semag)
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
Considerando o Levantamento de Auditoria realizado na Secretaria do Tesouro Nacional (STN),
nos termos das diretrizes traadas no Acrdo 1.904/2006 TCU Plenrio, destinado a verificar o
tratamento dado pelo citado rgo aos haveres da Unio junto ao Estado do Rio Grande do Sul, bem
como o grau de solvncia desses crditos, tendo como objetivo subsidiar a elaborao do Relatrio sobre
as contas do Governo Federal referentes ao exerccio de 2006;
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9.1. determinar Secretaria do Tesouro Nacional que, no prazo de 90 dias, se pronuncie sobre a
necessidade de constituio de proviso para registro do risco de crdito do Estado de So Paulo para com
a Unio;
9.2. determinar Secretaria do Tesouro Nacional e Secretaria do Oramento Federal que, no prazo
de 90 dias, analisem a viabilidade de incluso do risco de crdito do Estado de So Paulo junto Unio
no Anexo de Riscos Fiscais que acompanha a Lei de Diretrizes Oramentrias, encaminhando os
resultados do estudo a este Tribunal;
9.3. encaminhar cpia deste Acrdo, do Relatrio da Equipe de Auditoria (fls. 10/47, v. p.) e do
Despacho do Diretor da 1 DT da Semag (fls. 49/51, v. p.), Comisso de Assuntos Econmicos do
Senado Federal, Comisso de Fiscalizao e Controle da Cmara Federal, Comisso Mista de Planos,
Oramento e Fiscalizao Financeira, Secretaria do Tesouro Nacional, Secretaria do Oramento
Federal e ao Tribunal de Contas do Estado de So Paulo, para conhecimento;
9.4. determinar Semag que acompanhe o cumprimento das determinaes acima, representando ao
Tribunal, se for o caso.
Ministro BENJAMIN ZYMLER (Relao n 11/2007):
ACRDO N 318/2007 TCU - PLENRIO
1. Processo n TC 017.163/2001-0.
2. Grupo I - Classe de Assunto: I Recurso de Reviso.
3. Interessado: Ministrio Pblico/TCU.
4. Entidade: Conselho Regional de Farmcia - RN.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
5.1 Relator da Deciso Recorrida: Ministro Marcos Vilaa.
6. Representante do Ministrio Pblico: Lucas Rocha Furtado.
7. Unidade Tcnica: SERUR.
8. Advogado constitudo nos autos: no h.
9. Acrdo:
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Reviso interposto pelo Procurador-Geral
do Ministrio Pblico junto ao TCU, contra deciso da Primeira Cmara deste Tribunal (Relao n.
40/2002 Ata n. 31/2002 fls. 137/9, v.p.) que, em sesso de 10/09/2002, julgou regulares com ressalva
as contas dos responsveis pela entidade referentes ao exerccio de 1999.
Considerando que foram apontadas, no referido recurso, a ocorrncia dos seguintes eventos:
no realizao de procedimento licitatrio para as aquisies e contratao de servios pela
entidade, contrariando o que dispe o artigo 2 da Lei n. 8.666/93;
concesso de dirias sem formalizao de processo e em desacordo com o Decreto n. 343/91 e
artigo 58 da Lei n. 8.112/90;
realizao de despesas sem prvio empenho, em desacordo com o que estabelece o artigo 60 da
Lei n. 4.320/64;
no recolhimento das obrigaes previdencirias junto ao INSS durante todo o ano de 1999;
Considerando, porm, que as ocorrncias relativas a esse exerccio j haviam sido examinadas no
mbito das respectivas contas;
Considerando que a Unidade Tcnica aponta o no atendimento de nenhum dos requisitos contidos
nos incisos I a II do artigo 35 da Lei n. 8.443/92;
Considerando que, por isso, sugere o no conhecimento do recurso;
Considerando que o prprio autor do presente recurso, ao se manifestar novamente no feito,
endossa a sugesto de encaminhamento da Unidade Tcnica;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso do Plenrio, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1- no conhecer o recurso de reviso interposto pelo MP/TCU, porquanto no preenchidos os
requisitos especficos de admissibilidade previstos no artigo 35 da Lei n. 8.443/92;
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Interno, artigos 15, 16, 95, inciso VI, 105 a 109, 133, incisos VI e VII, 141, 1 a 6 e 8, 67, inciso V e
126).
Processos ns TC-004.738/2005-5, TC-005.825/2006-5, TC-015.297/2005-7 e TC-020.073/2006-3,
relatados pelo Ministro Marcos Vincios Vilaa;
Processos ns TC-000.538/2003-0, TC-002.154/2001-4, TC-002.644/2000-7, TC-018.642/2003-8,
TC-018.650/2003-0 e TC-575.582/1996-0, relatados pelo Ministro Valmir Campelo;
Processos ns TC-003.478/2006-8, TC-005.716/1999-3, TC-013.800/1999-0 e TC-013.920/2005-0,
relatados pelo Ministro Guilherme Palmeira;
Processos ns TC-000.632/1992-9, TC-006.846/2004-3, TC-012.713/2006-9, TC-017.387/2006-3,
TC-020.400/2004-2 e TC-026.011/2006-8, relatados pelo Ministro Ubiratan Aguiar;
Processos ns TC-000.690/2007-8, TC-021.989/2005-9 e TC-250.625/1997-0, relatados pelo
Ministro Benjamin Zymler;
Processos ns TC-002.662/2006-4, TC-002.809/2006-8, TC-003.684/2006-6, TC-004.527/2005-0,
TC-006.374/2006-7, TC-011.101/2003-6, TC-012.669/2006-9, TC-017.793/2006-2 e TC-024.635/20063, relatados pelo Ministro Augusto Nardes;
Processos ns TC-003.859/2004-8, TC-008.744/2006-9, TC-008.902/1995-0, TC-012.017/2003-5,
TC-014.956/2003-1, TC-015.100/1991-0, TC-020.404/2004-1 e TC-800.044/1997-5, relatados pelo
Ministro Aroldo Cedraz;
Processo n TC-004.019/1999-7, relatado pelo Auditor Augusto Sherman Cavalcanti; e
Processos ns TC-003.187/2006-0 e TC-009.652/2003-5, relatados pelo Auditor Marcos Bemquerer
Costa.
ACRDOS PROFERIDOS
ACRDO N 322/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC-002.154/2001-4 (com 10 volumes e 3 anexos).
1.1 - Apenso: TC-017.132/2004-8.
2. Grupo II, Classe de Assunto: I Embargos de Declarao.
3. Unidade Jurisdicionada: Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNER (extinto).
4. Interessado (Recorrente): Maurcio Hasenclever Borges.
5. Relator: Ministro Valmir Campelo.
5.1. Relator da deliberao recorrida: Ministro Valmir Campelo.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: no atuou.
8. Advogados constitudos nos autos: rica Bastos da Silveira Cassini (OAB/DF 16.124), Pedro
Eloi Soares (OAB/RJ 52.318 e OAB/DF 1.586-A), Emerson Mantovani (OAB/DF 14.618), Dcio Freire
(OAB/MG 56.543 e OAB/DF 1.742-A), Gustavo Andere Cruz (OAB/MG 68.004 e OAB/DF 1.985-A),
Srgio Soares Estillac Gomez (OAB/DF 4.750), Daison Carvalho Flores (OAB/DF 10.267), Gustavo
Soares da Silveira (OAB/MG 76.733), Marcus Vincius Capobianco dos Santos (OAB/MG 91.046) e
Gustavo de Marchi Silva (OAB/MG 84.288).
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declarao opostos por Maurcio
Hasenclever Borges ao Acrdo n 2.325/2006-TCU- Plenrio, que conheceu do Recurso de
Reconsiderao interposto contra o Acrdo n 1.793/2003-TCU-Plenrio, para, no mrito, negar-lhe
provimento, mantendo em seus exatos termos a deliberao recorrida.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso do Plenrio, diante
das razes expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34, caput e 1, da Lei n
8.443/92, c/c o art. 287 do Regimento Interno, em:
9.1. conhecer dos presentes Embargos de Declarao, para, no mrito, no acolh-los, mantendo
inalterado o Acrdo n 2.325/2006-TCU- Plenrio, tendo em vista que no restou demonstrada a
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necessidade de correo nos termos previstos no art. 34, caput, da Lei n 8.443/92, ante a ausncia de
obscuridade, omisso ou contradio no Acrdo embargado;
9.2. determinar o encaminhamento dos autos oportunamente ao Ministrio Pblico junto ao TCU,
para que se pronuncie quanto ao novo recurso interposto pelo Senhor Pedro Eloi Soares, e que constitui
objeto do anexo 2 deste processo;
9.3. dar cincia deste Acrdo, bem como do Relatrio e Voto que o fundamentam, ao recorrente,
ao DNIT e ao Tribunal Regional do Trabalho da 17 Regio, em face do processo n 422.1992.2.17.0.2,
que tramita naquela Justia Especializada.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0322-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo (Relator), Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 323/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo: TC-002.644/2000-7 c/ 5 Anexos
2. Grupo (I) Classe de Assunto (I) Recurso de Reviso (PCS, exerccio de 1998)
3. Recorrente: Mrcio Jacomel (ex-Presidente do CRO/PR) CPF 000.199.509-00
4. Entidade: Conselho Regional de Odontologia do Paran COR/PR
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
5.1. Relator da deliberao recorrida: Ministro Marcos Bemquerer Costa
6. Representante do Ministrio Pblico: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado
7. Unidade Tcnica: SERUR
8. Advogados constitudos nos autos: Dr. Paulo Csar Cruz, OAB/PR n 14.485
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Prestao de Contas Simplificada do CRO/PR,
exerccio de 1998, em fase de apreciao do Recurso de Reviso interposto pelo recorrente indicado no
item 3 acima contra o Acrdo n 1.623/2004-TCU-Plenrio, mediante o qual as suas contas foram
julgadas irregulares com aplicao, ao mesmo, da multa prevista no art. 58, inciso I, da Lei n 8.443/92,
no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso do Plenrio, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 32, inciso III, e 35, inciso III, da Lei n 8.443/92, c/c os arts. 277,
inciso IV, e 288, inciso III, do RI/TCU, conhecer do presente Recurso de Reviso, para, no mrito, darlhe provimento, tornando insubsistente o Acrdo n 1.623/2004-TCU-Plenrio, de forma a restaurar a
deliberao originria inserida na Relao n 102/2000, Ata n 26/2000, Sesso da Primeira Cmara, de
25/7/2000, no que tange ao Sr. Marco Jacomel, proferida no julgamento deste processo pela regularidade
das contas com ressalva e quitao ao responsvel;
9.2. dar cincia ao recorrente do inteiro teor deste Acrdo, bem como do Relatrio e Voto que o
fundamentam.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0323-09/07-P
13. Especificao do qurum:
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13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo (Relator), Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 324/2007- TCU - PLENRIO
1. Processo n 575.582/1996-0 (com 2 volumes e 2 anexos)
1.1 Apenso: TC-014.030/1999-3
2. Grupo I, Classe de Assunto I Recurso de Reviso
3. Recorrente: Mario de Oliveira Tricano
4. Entidade: Prefeitura Municipal de Terespolis/RJ
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
5.1. Relator da deliberao recorrida: Ministro Marcos Vinicios Vilaa
6. Representante do Ministrio Pblico: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado
7. Unidade Tcnica: Serur
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se aprecia Recurso de Reviso interposto pelo
Sr. Mario de Oliveira Tricano, ex-Prefeito de Terespolis-RJ, contra o Acrdo n 3.138/2004-1 Cmara,
por meio do qual teve suas contas julgadas irregulares com aplicao de multa no valor de R$ 10.000,00
(dez mil reais).
ACORDAM os Ministros do Tribunal da Unio, reunidos em Sesso do Plenrio, diante das razes
expostas pelo Relator e com base no art. 35, Pargrafo nico, da Lei n 8.443, de 1992, em:
9.1. conhecer do presente Recurso de Reviso, em carter excepcional, e no mrito, dar-lhe
provimento;
9.2. com fundamento nos arts. 1, inciso I; 16, inciso II; 18 e 23, todos da Lei n 8.443/92, julgar as
presentes contas regulares com ressalva;
9.3. dar cincia dessa deciso ao recorrente.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0324-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo (Relator), Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 325/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n. TC-003.478/2006-8 (com 3 anexos)
2. Grupo: I; Classe de Assunto: I- Administrativo
3. Interessado: Tribunal de Contas da Unio
4. Relator: Ministro Guilherme Palmeira
5. Representante do Ministrio Pblico: no atuou
6. Unidade: Secretaria de Fiscalizao de Obras e Patrimnio da Unio SECOB
7. rgo: Tribunal de Contas da Unio
8. Advogado constitudo nos autos: no h
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9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos do Relatrio do Grupo de Trabalho, constitudo por
fora de determinao do Acrdo 1.566/2005 Plenrio, com o objetivo de propor critrios de
aceitabilidade para o Lucro e Despesas Indiretas (LDI) em obras de implantao de linhas de transmisso
de energia eltrica.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. orientar as unidades tcnicas do Tribunal que, quando dos trabalhos de fiscalizao em obras
pblicas, passem a utilizar como referenciais as seguintes premissas acerca dos componentes de Lucros e
Despesas Indiretas - LDI:
9.1.1. os tributos IRPJ e CSLL no devem integrar o clculo do LDI, nem tampouco a planilha de
custo direto, por se constiturem em tributos de natureza direta e personalstica, que oneram pessoalmente
o contratado, no devendo ser repassado contratante;
9.1.2. os itens Administrao Local, Instalao de Canteiro e Acampamento e Mobilizao e
Desmobilizao, visando a maior transparncia, devem constar na planilha oramentria e no no LDI;
9.1.3. o gestor pblico deve exigir dos licitantes o detalhamento da composio do LDI e dos
respectivos percentuais praticados;
9.1.4. o gestor deve promover estudos tcnicos demonstrando a viabilidade tcnica e econmica de
se realizar uma licitao independente para a aquisio de equipamentos/materiais que correspondam a
um percentual expressivo das obras, com o objetivo de proceder o parcelamento do objeto previsto no art.
23, 1, da Lei n. 8.666/1993; caso seja comprovada a sua inviabilidade, que aplique um LDI reduzido
em relao ao percentual adotado para o empreendimento, pois no adequada a utilizao do mesmo
LDI de obras civis para a compra daqueles bens;
9.2. aprovar os valores abaixo listados como faixa referencial para o LDI em obras de linhas de
transmisso e subestaes:
Descrio
Garantia
Risco
Despesas Financeiras
Administrao Central
Lucro
Tributos
COFINS
PIS
ISS
CPMF
Total
Mnimo
0,00
0,00
0,00
0,11
3,83
6,03
3,00
0,65
2,00
0,38
16,36
Mximo
0,42
2,05
1,20
8,03
9,96
9,03
3,00
0,65
5,00
0,38
28,87
Mdia
0,21
0,97
0,59
4,07
6,90
7,65
3,00
0,65
3,62
0,38
22,61
21
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira (Relator), Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 327/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n. TC 005.716/1999-3 (com 4 volumes)
2. Grupo I Classe de Assunto I Recurso de Reconsiderao
3. Interessado: Cludio Roberto do Nascimento, ex-Chefe-Substituto e Ordenador de Despesas da
Gerncia Estadual do Ministrio da Sade no Acre (CPF n. 215.919.542-15)
4. rgo: Gerncia Estadual do Ministrio da Sade no Estado do Acre GEMS/AC
5. Relator: Ministro Guilherme Palmeira
5.1. Relator da deliberao recorrida: Ministro Lincoln Magalhes da Rocha
6. Representante do Ministrio Pblico: Subprocuradora-Geral Maria Alzira Ferreira
7. Unidades Tcnicas: Secretaria de Recursos Serur e Secretaria de Controle Externo no Estado do
Acre/Secex-AC
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de Recurso de Reconsiderao interposto
pelo Sr. Cludio Roberto do Nascimento, ex-Chefe-Substituto e Ordenador de Despesas da Gerncia
Estadual do Ministrio da Sade no Acre, contra o Acrdo n. 211/2004-TCU-Plenrio (fls. 535/541,
volume 2), referente Tomada de Contas Simplificada (exerccio de 1998) do Ncleo Estadual do
Ministrio da Sade no Estado do Acre, que julgou irregulares as contas do ora recorrente, com
cominao de multa.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso da 1 Cmara, ante
as razes expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do Recurso de Reconsiderao, com fulcro no arts. 32 e 33 da Lei n. 8.443/1992,
para, no mrito, negar-lhe provimento, mantendo em seus exatos termos o Acrdo n. 211/2004-TCUPlenrio;
9.2. dar cincia do presente Acrdo, bem como do Relatrio e Voto que o fundamentam, ao
interessado.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0327-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira (Relator), Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 328/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n. TC-013.800/1999-0 (com 11 volumes)
2. Grupo I; Classe de Assunto: I - Recurso de Reconsiderao
3. Interessado: Renato Tadeu Seghesio (ex-Presidente, CPF n. 109.333.440-15)
4. Entidade: Servio Social do Comrcio no Rio Grande do Sul SESC/RS
5. Relator: Ministro Guilherme Palmeira
5.1 Relator da deliberao recorrida: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa
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da Caixa Econmica Federal, nos termos do art. 23, inciso III, alnea a, da citada lei, c/c o art. 214,
inciso III, alnea a, do Regimento Interno/TCU;
9.2. dar cincia desta deliberao ao responsvel e Caixa Econmica Federal.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0331-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler (Relator), Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 332/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC 008.902/1995-0 (com 19 volumes e 3 anexos em 4 volumes).
Apensos: TCs 004.266/2000-1; 000.075/1999-0 (com 1 volume); 011.483/1996-2; 010.849/1996-3
e 004.734/1995-5.
2. Grupo I Classe I Embargos de Declarao.
3. Responsveis: Ricardo Pinto Pinheiro (CPF 038.707.586-00), Antnio dos Santos Ribeiro
(CPF 001.485.711-15) e Winter Andrade Coelho (CPF 063.402.022-68).
4. Entidade: Centrais Eltricas do Norte do Brasil S. A. Eletronorte.
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Secretaria dos Recursos Serur.
8. Advogado constitudo nos autos: Eunilton de Oliveira Rios (OAB/DF 20.613).
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de embargos de declarao apresentados
pelos Sres Ricardo Pinto Pinheiro, Antnio dos Santos Ribeiro e Winter Andrade Coelho opostos contra o
Acrdo n 1024/2006 Plenrio que, ao tratar de Recursos de Reconsiderao interpostos pelos mesmos
responsveis, negou provimento ao primeiro e deu provimento parcial aos dois restantes, reduzindo o
valor das multas individuais que lhes haviam sido imputadas pelo Acrdo n 462/2003 Plenrio.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, diante das
razes expostas pelo Relator, com fulcro no art. 34 da Lei n 8.443, de 16 de julho de 1992, em:
9.1. conhecer dos embargos de declarao opostos pelos Sres Ricardo Pinto Pinheiro, Antnio dos
Santos Ribeiro e Winter Andrade Coelho para, no mrito, rejeitar-lhes, ante a ausncia de omisso,
contradio ou obscuridade no Acrdo n 1024/2006 Plenrio;
9.2. dar cincia aos responsveis da presente deliberao;
9.3. encaminhar os autos Secretaria-Geral das Sesses para sorteio de relator do Recurso de
Reviso apresentado pelo Sr. Antnio Rodrigues Bayma Jnior.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0332-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo Cedraz
(Relator).
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
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9.1. conhecer dos Pedidos de Reexame interpostos pelo Senhor Clnio Carvalho Guimares e pela
Senhora Maria Willema Nascimento Argolo, para, no mrito, negar-lhes provimento, mantendo
inalterados os termos dos subitens 9.3 e 9.4 do Acrdo n 742/2006-TCU-Plenrio;
9.2. conhecer dos Pedidos de Reexame interpostos pelas Senhoras Luzia Cristina Guedes
Magalhes e Nbia Fernanda Andrade Noronha, para, no mrito, dar-lhe provimento, tornando
insubsistente o subitem 9.5 do acrdo e modificando a redao do subitem 9.6 do mesmo acrdo, o qual
passa a ter a seguinte redao:
9.6. aplicar aos responsveis Clnio Carvalho Guimares e Maria Willema Nascimento Argolo
multas individuais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a
contar da notificao, para que comprovem perante o Tribunal o recolhimento das respectivas
importncias ao Tesouro Nacional, as quais devero ser atualizadas monetariamente, se pagas depois do
vencimento.
9.3. esclarecer Senhora Maria Willema Nascimento Argolo que, nos termos do art. 26 da Lei
n 8.443/1992 c/c o art. 217 do Regimento Interno do Tribunal, possvel o deferimento de eventual
pedido de parcelamento da multa que lhe foi imposta em at 24 parcelas;
9.4. encaminhar cpia deste Acrdo, bem como do Relatrio e Voto que o fundamentam aos
recorrentes, ao Ministrio Pblico da Unio, ao Governo do Estado de Sergipe e ao Tribunal de Contas do
Estado.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0334-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo Cedraz
(Relator).
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 335/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processos TC 020.404/2004-1 (com 1 volume e 12 anexos).
2. Grupo I Classe I Pedidos de Reexame.
3. Recorrentes: Empresa de Tecnologia e Informaes da Previdncia Social Dataprev, GLS
Engenharia e Consultoria Ltda., Jos Roberto Borges da Rocha Leo, Csar Luiz Feio Cinelli, Srgio
Paulo Veiga Torres, Galdino Rodrigues Jnior, Waina Paiva da Silva, Neusa Lo Koberstein e Jos Luiz
Visconti.
4. Entidade: Empresa de Tecnologia e Informaes da Previdncia Social Dataprev.
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
5.1. Relator da deliberao recorrida: Ministro Ubiratan Aguiar.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Secretaria de Recursos Serur.
8. Advogado constitudo nos autos: no h.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de pedidos de reexame interpostos pelos responsveis
acima mencionados contra o acrdo 823/2005 Plenrio;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em sesso do Plenrio, diante
das razes expostas pelo relator, com fulcro nos arts. 32, 33 e 48, da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos pedidos de reexame de Empresa de Tecnologia e Informaes da Previdncia
Social Dataprev, GLS Engenharia e Consultoria Ltda., Jos Roberto Borges da Rocha Leo, Csar Luiz
Feio Cinelli, Srgio Paulo Veiga Torres, Galdino Rodrigues Jnior, Waina Paiva da Silva e Jos Luiz
Visconti e, no mrito, negar-lhes provimento;
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9.3. encaminhar cpia deste acrdo, do relatrio e do voto que o fundamentam e dos pareceres da
Serur (fls. 68/80) e do Ministrio Pblico junto ao TCU (fls. 81/84) ao Ministrio Pblico da Unio e
3 Vara Federal da Seo Judiciria do Distrito Federal, onde tramita a ao popular 90.00.01618-5, cujo
objetivo anular a aquisio dos aparelhos Cobas Mira Roche;
9.4. dar cincia desta deliberao empresa Sainel.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0339-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo Cedraz
(Relator).
ACRDO N 340/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n TC-015.297/2005-7
2. Grupo II Classe II Solicitao do Congresso Nacional
3. rgo: Ministrio da Fazenda
4. Interessado: Cmara dos Deputados
5. Relator: Ministro Marcos Vinicios Vilaa
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou
7. Unidade Tcnica: Semag
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam da fiscalizao levada a cabo em
atendimento solicitao da Cmara dos Deputados, feita por meio da Comisso de Seguridade Social e
Famlia, para verificar a regularidade dos repasses dos recursos arrecadados pelo Ministrio da
Previdncia e Assistncia Social por meio dos seguintes tributos: Contribuio para o Financiamento da
Seguridade social (Cofins), Contribuio Social Sobre o Lucro Lquido (CSLL) e Programa de Integrao
Social (PIS), nos ltimos cinco anos.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, diante das
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente solicitao de fiscalizao, por estarem atendidos os requisitos de
admissibilidade previstos no art. 232, inciso III, do RI/TCU;
9.2. determinar Secretaria do Tesouro Nacional do Ministrio da Fazenda que:
9.2.1. realize, caso ainda no o tenha feito, os acertos contbeis adequados nas fontes 40, 51 e 53,
de modo a eliminar as diferenas constatadas no item II da instruo s fls. 90/101;
9.2.2. encaminhe ao Tribunal, no prazo de 30 dias, esclarecimentos quanto s diferenas
mencionadas na alnea anterior;
9.2.3. implemente procedimentos para verificao peridica da conformidade contbil das contas
atinentes s fontes 40, 51 e 53, de forma a evitar a repetio de inconsistncias contbeis;
9.3. determinar Segecex que promova a fiscalizao, na forma de acompanhamento, dos controles
internos da Secretaria do Tesouro Nacional para arrecadao e repasse do PIS/Pasep, da Cofins e da
CSLL, mantendo atualizado os valores apurados nestes autos;
9.4. determinar Segecex que estude a realizao de um trabalho com vistas a mapear as
vinculaes oramentrias das receitas da Unio e os critrios adotados pelo Poder Executivo para o
contingenciamento dos recursos, avaliar a legalidade desse procedimento e propor medidas tendentes a
dotar de maior transparncia a sistemtica de planejamento e obteno do supervit primrio da Unio.
9.5. encaminhar cpia do Acrdo que vier a ser proferido, bem como do Relatrio e Voto que o
fundamentarem, aos Presidentes da Cmara dos Deputados e da Comisso de Seguridade Social e Famlia
e ao Deputado Celso Russomano;
31
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desse valor aos cofres do Tesouro Nacional, o qual dever ser atualizado monetariamente, se pago aps o
vencimento;
9.3. autorizar, desde logo, a cobrana judicial das dvidas, caso no atendidas as notificaes;
9.4. considerar graves os ilcitos praticados por Maria Emlia Batini, tornando-a inabilitada para o
exerccio de cargo em comisso ou funo de confiana no mbito da Administrao Pblica Federal,
pelo perodo de 5 (cinco) anos;
9.5. dar cincia da sano aplicada no subitem acima GRA/SP e Secretaria de Recursos
Humanos do Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto, para adoo das providncias que lhes
competem;
9.6. encaminhar cpia dos autos ao Ministrio Pblico da Unio, para as providncias que entender
cabveis.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0341-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa
(Relator), Valmir Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e
Aroldo Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 342/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo: TC 000.538/2003-0 (com 2 volumes e 1 anexo)
2. Grupo I, Classe de Assunto: IV - Tomada de Contas Especial
3. Responsveis: Francisco Campos de Oliveira (CPF 011.296.276-91); Gilton Andrade Santos (CPF
074.168.816-68); Alter Alves Ferraz (CPF 001.692.501-72); Arthur Henrique Barbosa de Sousa (CPF
352.692.511-91)
4. Entidade: Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNER (extinto)
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
6. Representante do Ministrio Pblico: Procuradora Cristina Machado da Costa e Silva
7. Unidade Tcnica: SECEX-SC
8. Advogados constitudos nos autos: Raimar Ablio Bottega, OAB/MT 3.882; Clarissa Bottega,
OAB/MT 6.650; Eduardo A.B. Manzeppi, OAB/MT 9.203; Maria Abadia Pereira de Souza Aguiar,
OAB/MT 2.906; Carlos Roberto de Aguiar, OAB/MT
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pelo
inventariante do extinto DNER e concluda, em sua fase interna, pelo Ministrio dos Transportes, em
decorrncia de pagamento indevido de indenizao referente a desapropriao consensual de terras
ocorrida no 11 Distrito Rodovirio Federal, no estado do Mato Grosso.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso do Plenrio, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. rejeitar as alegaes de defesa apresentadas pelos Srs. Gilton Andrade Santos, Francisco Campos
de Oliveira, Alter Alves Ferraz e Arthur Henrique Barbosa de Sousa;
9.2. com fulcro nos arts. 1, inciso I; 16, inciso III, alneas "b" e "d" e 2; e 19, caput, todos da Lei
n. 8.443/92, julgar as presentes contas irregulares e condenar os responsveis Gilton Andrade Santos,
Francisco Campos de Oliveira, Alter Alves Ferraz e Arthur Henrique Barbosa de Sousa, solidariamente, ao
pagamento do dbito de R$ 20.170,40 (vinte mil, cento e setenta reais e quarenta centavos), atualizado
monetariamente e acrescido dos juros de mora, calculados a partir de 21/12/1996 at a efetiva quitao,
na forma da legislao em vigor, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificao, para que
comprovem perante este Tribunal o recolhimento da quantia aos cofres do Departamento Nacional de
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Infra-Estrutura de Transportes - DNIT, nos termos do art. 23, inciso III, alnea "a", da Lei n 8.443/92 e
do art. 216 do Regimento Interno do TCU;
9.3. aplicar, individualmente, aos responsveis Gilton Andrade Santos, Francisco Campos de Oliveira
e Alter Alves Ferraz, a multa prevista no art. 57 da Lei n 8.443/92, no valor de R$ 3.000,00 (trs mil
reais), fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificao, para que comprovem perante este
Tribunal, nos termos do art. 23, inciso III, alnea "a", da Lei n 8.443/92 e do art. 216 do Regimento
Interno do TCU, o recolhimento das quantias aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas
monetariamente a partir do dia seguinte ao do trmino do prazo estabelecido at a data do efetivo
recolhimento, na forma da legislao em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, a cobrana judicial das dvidas nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n
8.443/92, caso no atendidas as notificaes;
9.5. levar ao conhecimento da Procuradoria da Repblica no Estado do Mato Grosso o inteiro teor
desta deliberao, conforme prev o 3 do art. 16 da Lei n 8.443/92;
9.6. encaminhar cpia deste Acrdo, Relatrio e Voto, ao Delegado da Polcia Federal Eduardo
Rogrio Rodrigues dos Santos, da Superintendncia Regional em Mato Grosso.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0342-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo (Relator), Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 343/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo: TC 018.642/2003-8 (com 1 volume e 1 anexo)
2. Grupo I, Classe de Assunto: IV - Tomada de Contas Especial
3. Responsveis: Francisco Campos de Oliveira (CPF 011.296.276-91); Gilton Andrade Santos (CPF
074.168.816-68); Alter Alves Ferraz (CPF 001.692.501-72); Francisco Rodrigues da Silva (CPF
087.335.381-15).
4. Entidade: Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNER (extinto)
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
6. Representante do Ministrio Pblico: Procurador Jlio Marcelo de Oliveira
7. Unidade Tcnica: SECEX-SC
8. Advogados constitudos nos autos: Maria Abadia Pereira de Souza Aguiar (OAB/MT 2.906);
Carlos Roberto de Aguiar (OAB/MT 5.668); Francisco Rodrigues da Silva (OAB/MT 2.932-B)
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pelo
inventariante do extinto DNER e concluda, em sua fase interna, pelo Ministrio dos Transportes, em
decorrncia de pagamento indevido de indenizao referente a desapropriao consensual de terras
ocorrida no 11 Distrito Rodovirio Federal, no estado do Mato Grosso.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso do Plenrio, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. rejeitar as alegaes de defesa apresentadas pelos Srs. Gilton Andrade Santos, Francisco Campos
de Oliveira, Alter Alves Ferraz e Francisco Rodrigues da Silva;
9.2. com fulcro nos arts. 1, inciso I; 16, inciso III, alneas "b" e "d" e 2; e 19, caput, todos da Lei
n. 8.443/92, julgar as presentes contas irregulares e condenar os responsveis Gilton Andrade Santos,
Francisco Campos de Oliveira, Alter Alves Ferraz e Francisco Rodrigues da Silva, solidariamente, ao
pagamento do dbito de R$ 44.060,64 (quarenta e quatro mil, sessenta reais e sessenta e quatro centavos),
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atualizado monetariamente e acrescido dos juros de mora, calculados a partir de 22/12/1995 at a efetiva
quitao, na forma da legislao em vigor, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificao,
para que comprovem perante este Tribunal o recolhimento da quantia aos cofres do Departamento
Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT, nos termos do art. 23, inciso III, alnea "a", da Lei n
8.443/92 e do art. 216 do Regimento Interno do TCU;
9.3. aplicar, individualmente, aos responsveis Gilton Andrade Santos, Francisco Campos de Oliveira
e Alter Alves Ferraz, a multa prevista no art. 57 da Lei n 8.443/92, no valor de R$ 6.000,00 (seis mil
reais), fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificao, para que comprovem perante este
Tribunal, nos termos do art. 23, inciso III, alnea "a", da Lei n 8.443/92 e do art. 216 do Regimento
Interno do TCU, o recolhimento das quantias aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas
monetariamente a partir do dia seguinte ao do trmino do prazo estabelecido at a data do efetivo
recolhimento, na forma da legislao em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, a cobrana judicial das dvidas nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n
8.443/92, caso no atendidas as notificaes;
9.5. levar ao conhecimento da Procuradoria da Repblica no Estado do Mato Grosso o inteiro teor
desta deliberao, conforme prev o 3 do art. 16 da Lei n 8.443/92.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0343-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo (Relator), Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 344/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo: TC 018.650/2003-0 (com 3 volumes)
2. Grupo I, Classe de Assunto: IV - Tomada de Contas Especial
3. Responsveis: Francisco Campos de Oliveira (CPF 011.296.276-91); Gilton Andrade Santos (CPF
074.168.816-68); Alter Alves Ferraz (CPF 001.692.501-72); Marco Antonio Altobelli (CPF 035.037.47834)
4. Entidade: Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNER (extinto)
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
6. Representante do Ministrio Pblico: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado
7. Unidade Tcnica: SECEX-SC
8. Advogados constitudos nos autos: Francisco Rodrigues da Silva (OAB/MT 2932-B), Maria
Abadia Pereira de Souza Aguiar (OAB/MT 2.906); Carlos Roberto de Aguiar (OAB/MT 5.668).
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pelo
inventariante do extinto DNER e concluda, em sua fase interna, pelo Ministrio dos Transportes, em
decorrncia de pagamento indevido de indenizao referente a desapropriao consensual de terras
ocorrida no 11 Distrito Rodovirio Federal, no estado do Mato Grosso.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso do Plenrio, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. rejeitar as alegaes de defesa apresentadas pelos Srs. Gilton Andrade Santos, Francisco Campos
de Oliveira, Alter Alves Ferraz e Marco Antonio Altobelli;
9.2. com fulcro nos arts. 1, inciso I; 16, inciso III, alneas "b" e "d" e 2; e 19, caput, todos da Lei
n. 8.443/92, julgar as presentes contas irregulares e condenar os responsveis Gilton Andrade Santos,
Francisco Campos de Oliveira, Alter Alves Ferraz e Marco Antonio Altobelli, solidariamente, ao pagamento
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do dbito de R$ 79.285,15 (setenta e nove mil, duzentos e oitenta e cinco reais e quinze centavos),
atualizado monetariamente e acrescido dos juros de mora, calculados a partir de 28/07/1997 at a efetiva
quitao, na forma da legislao em vigor, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificao,
para que comprovem perante este Tribunal o recolhimento da quantia aos cofres do Departamento
Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT, nos termos do art. 23, inciso III, alnea "a", da Lei n
8.443/92 e do art. 216 do Regimento Interno do TCU;
9.3. aplicar, individualmente, aos responsveis Gilton Andrade Santos, Francisco Campos de Oliveira
e Alter Alves Ferraz, a multa prevista no art. 57 da Lei n 8.443/92, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil
reais), fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificao, para que comprovem perante este
Tribunal, nos termos do art. 23, inciso III, alnea "a", da Lei n 8.443/92 e do art. 216 do Regimento
Interno do TCU, o recolhimento das quantias aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas
monetariamente a partir do dia seguinte ao do trmino do prazo estabelecido at a data do efetivo
recolhimento, na forma da legislao em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, a cobrana judicial das dvidas nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n
8.443/92, caso no atendidas as notificaes;
9.5. levar ao conhecimento da Procuradoria da Repblica no Estado do Mato Grosso o inteiro teor
desta deliberao, conforme prev o 3 do art. 16 da Lei n 8.443/92.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0344-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo (Relator), Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 345/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC-004.019/1999-7 (com 1 volume)
2. Grupo II Classe de assunto: IV Tomada de contas especial.
3. Responsveis: Annbal Barcellos, ento Governador do Estado, CPF 001.288.647-53; Edilson
Machado de Brito, ento Secretrio de Obras, CPF 133.005.206-49; Nelson Fernando Farias Brasiliense,
ento Fiscal da Obra, CPF 047.548.672-20; OMS Construes Ltda., empresa contratada para execuo
do objeto do convnio, CNPJ 13.929.229/0001-57.
4. Unidade: Governo do Estado do Amap.
5. Relator: Auditor Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministrio Pblico: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidade tcnica: Secex/AP.
8. Advogados constitudos nos autos: Jos Chagas Alves OAB/DF 4.759 e liton Martins
Gonalves OAB/DF 2.501.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, de responsabilidade do Sr.
Annbal Barcellos (ex-Governador do Estado do Amap) e outros, instaurada pelo Ministrio da
Administrao Federal e Reforma do Estado Mare em funo de irregularidades na execuo do
Convnio 051/SS/94, firmado entre o extinto Ministrio do Bem-estar Social e o Governo do Estado do
Amap, cujo objeto era a realizao dos servios de drenagem pluvial, pavimentao asfltica, meio-fio e
sarjeta em concreto da rea denominada Baixada do Adonias, na cidade de Macap/AP,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em sesso Plenria, diante das
razes expostas pelo Relator, em:
36
9.1. acatar as alegaes de defesa apresentadas pelo Sr. Nelson Fernando Farias Brasiliense,
excluindo-o desta relao processual;
9.2. julgar, com fundamento nos arts. 1, inciso I, 16, inciso III, alneas b e d, 19 e 23, inciso III,
da Lei 8.443/92 c/c os arts. 1, inciso I, 209, incisos II e IV, 210 e 214, inciso III, do Regimento Interno,
irregulares as contas dos Srs. Annbal Barcellos e Edilson Machado de Brito e da empresa OMS
Construes Ltda., esta na pessoa de seu representante legal, condenando-os, solidariamente, ao
pagamento da quantia de CR$ 324.713.402,06 (trezentos e vinte e quatro milhes, setecentos e treze mil,
quatrocentos e dois cruzeiros reais e seis centavos) e fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar das
notificaes, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alnea a, do Regimento
Interno), o recolhimento da dvida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente e acrescida
dos juros de mora, calculados a partir de 15/6/1994 at a data do efetivo recolhimento, na forma prevista
na legislao em vigor;
9.3. tornar insubsistente o item 3 do Acrdo 239/1997 TCU Plenrio e aplicar,
individualmente, aos Srs. Annbal Barcellos e Edilson Machado de Brito e empresa OMS Construes
Ltda., a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443, de 1992, c/c o art. 267 do Regimento Interno, no valor de
R$ 50.000,00 (cinqenta mil reais), devendo, por conseguinte, ser abatidas (com a devida atualizao
monetria, nos termos da legislao vigente), do valor da sano ora imposta, os valores dos
recolhimentos eventualmente realizados em decorrncia da apenao anterior, com a fixao do prazo de
quinze dias, a contar das notificaes, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alnea
a do Regimento Interno), o recolhimento das dvidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas
monetariamente a partir do trmino do prazo fixado neste acrdo, at a data do recolhimento, na forma
prevista na legislao em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/92, a cobrana judicial das
dvidas, caso no atendidas as notificaes;
9.5. encaminhar cpia deste acrdo, bem como do relatrio e da proposta de deliberao que o
fundamentam:
9.5.1. ao Ministrio Pblico da Unio, nos termos do art. 16, 3, da Lei 8.443/92;
9.5.2. ao Tribunal de Contas do Estado do Amap, para conhecimento e providncias que entender
cabveis, no mbito de sua competncia, em relao ausncia de comprovao de aplicao, por parte do
Governo do Estado do Amap, da contrapartida estabelecida no Convnio 051/SS/94.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0345-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator).
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 346/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC-006.846/2004-3 - c/ 1 volume
2. Grupo I - Classe V - Relatrio de Auditoria - Fiscobras 2004
3. Interessado: Congresso Nacional
4. Entidade: Petrleo Brasileiro S.A. - Petrobras
5. Relator: MINISTRO UBIRATAN AGUIAR
6. Representante do Ministrio Pblico: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado (manifestao
oral).
7. Unidade Tcnica: Secex/SP
8. Advogados constitudos nos autos: Claudismar Zupiroli (OAB/DF n 12.250), Gustavo Corts de
Lima (OAB/DF n 10.969), Jos Carlos Fonseca (OAB/DF n 1.495-A), Walter Costa Porto (OAB/DF n
6.098), Marcos Augusto Perez (OAB/SP n 100.075) e Marcos Csar Veiga Rios (OAB/DF n 10.610)
37
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam do levantamento de auditoria realizado no
Programa de Trabalho n 25.753.0288.3155.0035 - Modernizao e Adequao do Sistema de Produo
da Refinaria de Paulnia - Replan/SP, ao custo restante estimado de R$ 552.000.000,00.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em sesso do Plenrio
Extraordinria Pblica, ante as razes expostas pelo Relator, com fundamento nos artigos 1, inciso II, e
43, inciso II, da Lei 8.443/92, c/c o art. 250, inciso IV, do Regimento Interno/TCU, em:
9.1. rejeitar as razes de justificativa apresentadas pelo Sr. Fernando Vicente Casassola quanto
celebrao dos Contratos n 883.2.001.04-5 e 883.2.020.02-7 (Aditivo n 6) com vigncia retroativa,
configurando contratao verbal no perodo anterior sua assinatura e descumprindo determinaes
proferidas por esta Corte na Deciso n 477/2002-TCU-2 Cmara e no Acrdo n 1.329/2003-TCUPlenrio, aplicando-lhe, com fundamento no art. 58, 1, da Lei n 8.443/92, a multa no valor de R$
10.000,00 (dez mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificao, para
comprovar, perante o Tribunal de Contas da Unio, o recolhimento da dvida aos cofres do Tesouro
Nacional, com os devidos acrscimos legais calculados a partir do dia seguinte ao do trmino do prazo
estabelecido e at a data do efetivo recolhimento;
9.2. autorizar, desde logo, a cobrana judicial da dvida, nos termos do artigo 28, inciso II, da Lei no
8.443/92, caso no atendida a notificao;
9.3. determinar Petrobras que:
9.3.1. passe a utilizar o CADIN como parmetro para habilitao na contratao de empresas, de
acordo com as disposies da Lei n 10.522/2002;
9.3.2. observe o princpio da impessoalidade contido no art. 37, caput, da Constituio Federal,
quando da solicitao de garantias para a execuo contratual, bem como abstenha-se de colocar, nos
editais, termos como a juzo da administrao, a exemplo do contido no item 5.3 do Convite n
883.001.01-9;
9.3.3. realize a formalizao por escrito dos contratos antes do incio da execuo, exceto no caso
previsto pelo art. 60, nico, da Lei n 8.666/93, principalmente nos contratos de servio e de aquisio
de materiais relativos aos investimentos da empresa;
9.4. alertar a Petrobras, novamente, que o descumprimento de determinaes deste Tribunal poder
ensejar a aplicao da multa prevista no art. 58, 1, da Lei n 8.443/92;
9.5. encaminhar cpia desta deliberao, bem como do Relatrio e Voto que a fundamentam,
Comisso Mista de Planos, Oramentos Pblicos e Fiscalizao do Congresso Nacional.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0346-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar (Relator), Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Ministros com voto vencido: Benjamin Zymler, Augusto Nardes.
13.3. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.4. Auditor convocado com voto vencido: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.5. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 347/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC-017.387/2006-3 (com 5 anexos estes com 8 volumes)
2. Grupo I Classe V Levantamento
3. Responsveis: Erminia Terezinha Menon Maricato (CPF 114.158.518-91) ex-SecretriaExecutiva Ministrio das Cidades; Jorge Eduardo Levy Mattoso (CPF 010.118.868-47) ex-Presidente
Caixa Econmica Federal; Maria Fernanda Ramos Coelho (CPF 318.455.334-53) - Presidente Caixa
38
Econmica Federal; Rodrigo Jos Pereira Leite Figueiredo (CPF 343.945.911-04) Secretrio-Executivo
Ministrio das Cidades; Valdery Frota de Albuquerque (CPF 309.825.371-15) ex-Presidente Caixa
Econmica Federal
4. rgo/Entidade: Ministrio das Cidades e Caixa Econmica Federal
5. Relator: MINISTRO UBIRATAN AGUIAR
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou
7. Unidade Tcnica: Secob
8. Advogado constitudo nos autos: no houve
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de levantamento (auditoria de conformidade) efetivado
pela Secretaria de Fiscalizao de Obras e Patrimnio da Unio (Secob) no Ministrio das Cidades e na
Caixa Econmica Federal a fim de verificar a compatibilidade do planejamento, aspectos legais de
licitaes, contratos e aditamentos realizados pela Unio (diretamente e por meio de descentralizaes) a
Estados e Municpios para a implantao de obras pblicas, por meio de contratos de repasse executados
no perodo de 2003 a 2006, a partir de termo de cooperao firmado entre o ministrio e a instituio
financeira.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria
Extraordinria Pblica, ante as razes expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar ao Ministrio das Cidades, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei n 8.443/1992 c/c o
art. 250, inciso II, do Regimento Interno/TCU, que:
9.1.1. altere o fluxo de processos para contratao dos programas e aes do Oramento Geral da
Unio (OGU), a fim de que a autorizao para empenhar e contratar obra com recursos de emenda seja
condicionada a avaliao preliminar efetuada por seu corpo tcnico, garantindo a verificao prvia de
sua adequabilidade ao, prioridade de interveno e viabilidade do empreendimento;
9.1.2. promova a incluso no Manual de Instrues para Contratao e Execuo dos Programas e
Aes do Ministrio das Cidades, independentemente do ano em que for formulado, das seguintes
exigncias para se proceder contratao da execuo das obras feitas em etapas:
9.1.2.1. realizao de prvia anlise tcnica do projeto global do empreendimento, por equipe da
Secretaria Finalstica do rgo;
9.1.2.2. autorizao da execuo dos empreendimentos somente nos casos em que os recursos para
sua implementao j estejam integralmente disponveis no oramento federal ou em outra fonte capaz de
suprir o restante das despesas necessrias para tal fim, ressalvados os casos de obras que abranjam mais
de um exerccio, caso em que os recursos devem estar previstos no Plano Plurianual;
9.1.2.3. fornecimento, pelo ente beneficiado, das informaes a respeito de eventuais problemas que
estejam dificultando a execuo da obra em tempo hbil, para que o Ministrio possa tomar as
providncias cabveis com vistas a garantir a sua implantao total, mesmo que a etapa no esteja
recebendo recurso direto do rgo;
9.1.2.4. que o Ministrio seja informado, pelo ente beneficiado, do cumprimento do objeto em sua
totalidade, conforme cronograma completo da obra submetido previamente anlise dos seus tcnicos,
mesmo que conte com recursos oriundos de diversos entes, de modo a garantir que sua funcionalidade
esteja efetivamente atendendo aos beneficirios;
9.1.3. exija da Caixa o adequado cumprimento de seus servios, por meio de uma anlise
consistente e eficiente dos Planos de Trabalho apresentados pelos proponentes, atentando-se,
principalmente, sob pena de execuo da Clusula Sexta (Das Sanes) do Contrato n 006/2006, para:
9.1.3.1. a verificao da sustentabilidade, funcionalidade plena e caracterizao detalhada do objeto;
9.1.3.2. adequabilidade das anlises em face do volume de Planos de Trabalho aprovados nos
ltimos dias do exerccio;
9.1.3.3. da adequada abrangncia da interveno s diretrizes das Aes de Governo e da
compatibilidade dos valores das contrapartidas com as normas aplicveis;
9.1.4. inclua no Contrato n 006/2006, firmado junto Caixa, impedimentos utilizao de
clusulas suspensivas aos contratos de repasse firmados, evitando que os Planos de Trabalho sejam
apenas elementos formais, desnecessrios para se proceder determinao de qual ente ser beneficiado
39
com os recursos federais, condicionando tal ato efetiva anlise detalhada e aprovao dos Planos de
Trabalho;
9.1.5. adote medidas com vistas a coibir alteraes sucessivas do objeto contido nos Planos de
Trabalho, inclusive por meio de imposio Caixa, para que esta somente permita a modificao nos
casos em que se fizer necessrio diante de fato imprevisvel, devidamente justificado tecnicamente e
tempestivamente pelo ente beneficiado;
9.1.6. aumente a abrangncia das informaes contidas nas Snteses do Projeto Aprovado (SPA), de
modo a possibilitar a adequada verificao da funcionalidade do objeto, tornando desnecessria a busca
de dados em outras fontes, constituindo, para isso, grupo composto de tcnicos das diversas Secretarias
Finalsticas para que estes opinem a respeito da melhor forma de atender esta demanda;
9.1.7. imponha limites para o fracionamento das demandas em vrios contratos de repasse com
baixos valores, de forma a reduzir o volume de Planos de Trabalho a serem analisados pela Caixa, e,
conseqentemente, das SPA encaminhadas sua anlise;
9.1.8. aprimore o trmite das SPA da Caixa para o ministrio, e vice-versa, com a introduo de um
sistema eletrnico de dados, onde sejam registradas todas as avaliaes das SPA pelo rgo e respectivas
alteraes realizadas pela Caixa;
9.1.9. altere o fluxo de processos para contratao dos programas e aes do OGU a fim de que a
anlise da SPA seja procedimento prvio e indispensvel assinatura do contrato de repasse;
9.1.10. inclua a atribuio homologatria das SPA no rol de suas responsabilidades dentro dos
Manuais de Instrues para Contratao e Execuo dos Programas e Aes do Ministrio das Cidades
elaborados anualmente;
9.1.11. providencie a incluso, no Contrato n 006/2006, firmado com a Caixa, de clusula que
imponha a anlise completa, pela empresa pblica, dos aspectos relativos aos procedimentos licitatrios
vinculados aos contratos de repasse sob seu acompanhamento, atribuio esta consolidada por meio de
relatrio circunstanciado enviado ao rgo para que a respectiva Secretaria Finalstica homologue a
adequao do certame s normas legais;
9.1.12. insira, junto s normas presentes no seu Manual de Instrues para Contratao e Execuo
dos Programas e Aes:
9.1.12.1. restries aos aditamentos de vigncia aos contratos de repasse, a exemplo da alterao do
item 14.1.2 do mencionado documento, de forma que a recomendao contida em seu texto seja
modificada para determinao;
9.1.12.2. regras que disciplinem que s podero ser efetuadas prorrogaes mediante justificativa
expressa e aceitvel, que indique a supervenincia de fato imprevisvel impeditivo da continuidade do
processo da obra, garantindo maior celeridade na implantao das aes a cargo do rgo;
9.1.13. atue de modo a cumprir suas competncias exclusivas, com a excluso dos intermedirios
existentes nas fases de anlise e aprovao das prestaes de contas, bem como quando se faz necessrio
instaurar tomada de contas especial;
9.2. determinar Caixa Econmica Federal, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei n 8.443/1992 c/c
o art. 250, inciso II, do Regimento Interno/TCU, que:
9.2.1. no prazo de 120 (cento e vinte) dias, em cumprimento ao disposto no art. 21, caput e 2, da
Lei n 11.439/2006 (Lei de Diretrizes Oramentrias para o exerccio de 2007), adote providncias para o
cadastramento no Sistema Integrado de Administrao de Servios Gerais (Siasg) dos contratos firmados
entre os entes beneficiados (Municpios e Estados) com as respectivas empresas executoras, considerando
que as informaes a serem disponibilizadas neste sistema se referem totalidade da obra e no apenas
quelas relativas ao contrato de repasse, no caso deste cobrir apenas parte do custo global do
empreendimento, considerando, ainda, as determinaes exaradas nos Acrdos n 945/2003 e
1.239/2003;
9.2.2. insira em seus normativos a obrigatoriedade de que os engenheiros responsveis pela anlise
de custos dos contratos de repasse elaborem memorial de clculo que apresente planilha comparativa dos
preos verificados com os de referncia (inclusive destacando o cdigo do servio comparado no sistema
de preo utilizado), abrangendo todos os itens constantes do oramento, sendo que, nos casos em que no
houver correlao do item com o preo do Sinapi, seja indicado o custo adotado e a respectiva tabela da
qual faz parte; se, ainda assim, persistir a ausncia de valor comparativo, seja solicitado ao ente
40
41
9.8. determinar 5 Secex que efetue o monitoramento do cumprimento das determinaes contidas
nos itens 9.4 e 9.5 deste acrdo, autuando processo especfico para esse fim, nos termos do art. 42, caput,
da Resoluo TCU n 191/2006, representando ao Tribunal nos casos em que houver manuteno
injustificada de remunerao Caixa, na forma de percentual fixo sobre cada contrato de repasse gerido,
aps exaurido o trmino do prazo indicado nos referidos itens;
9.9. determinar Secretaria Federal de Controle Interno que informe ao Tribunal:
9.9.1. nas prximas contas do Ministrio das Cidades e da Caixa Econmica Federal, acerca do
cumprimento das medidas constantes nesta deliberao;
9.9.2. ao trmino do prazo de 120 (cento e vinte) dias fixado no item 9.2.1 deste acrdo, sobre o
atendimento da medida ali consignada;
9.10. encaminhar cpia deste acrdo, acompanhada do relatrio e do voto que o fundamentam, aos
seguintes rgos e entidades:
9.10.1. Casa-Civil da Presidncia da Repblica;
9.10.2. Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto;
9.10.3. Ministrio das Cidades;
9.10.4. Caixa Econmica Federal;
9.11. arquivar o presente processo.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0347-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar (Relator), Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 348/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n TC-012.669/2006-9.
2. Grupo: I; Classe de Assunto: V Relatrio de Monitoramento.
3. Entidade: Municpio de Pitimbu/PB.
4. Responsvel: Hrcules Antnio Pessoa Ribeiro, CPF 401.724.494-72, ex-prefeito.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Secex/PB.
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatrio de Monitoramento relativo
implementao das determinaes expedidas no Acrdo n 449/2006 Plenrio, apostilado pelo
Acrdo n 750/2006 Plenrio,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso do Plenrio, ante as
razes expostas pelo Relator, em
9.1. com fundamento no inciso IV, do art. 169, do Regimento Interno/TCU, arquivar o presente
processo, tendo em vista ter sido cumprido o objetivo para o qual foi constitudo;
9.2. dar cincia desta deliberao ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao, bem assim
ao Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0348-09/07-P
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mistura betuminosa (cdigo 3S0810900 Sicro 2) esto compatveis com as estimativas de quantitativo
previstas nas planilhas oramentrias dos contratos, representando a este Tribunal se necessrio;
9.3. enviar cpia deste Acrdo Comisso Mista de Planos, Oramentos Pblicos e Fiscalizao
do Congresso Nacional, acompanhado do Relatrio e Voto que o fundamentam, informando-lhe que as
obras rodovirias na BR-101/RJ, trechos norte e sul, constantes do item 2 do Relatrio que acompanha
esta deliberao, includas no Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurana nas Estradas, no
apresentam irregularidades graves que possam ensejar a paralisao dos servios.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0352-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator) e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 353/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n TC-004.527/2005-0 (c/ 3 volumes).
2. Grupo I, Classe de Assunto V: Relatrio de Levantamento de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes Dnit.
4.1. Vinculao: Ministrio dos Transportes.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Secex/PR.
8. Advogado constitudo nos autos: no atuou.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatrio de levantamento de auditoria realizado em
obras de Recuperao de Trechos Rodovirios na BR-153/PR, trecho Divisa SP/PR-Entroncamento com a
BR-272, no Estado do Paran, sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infra-Estrutura dos
Transportes Dnit,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. acatar as razes de justificativa apresentadas pelos Srs. Hideraldo Luiz Caron, Carlos Alberto
Cotta e Alexandre Silveira de Oliveira, membros da diretoria do Departamento Nacional de InfraEstrutura de Transportes Dnit;
9.2. determinar Segecex que, em conjunto com a Adfis e a Secob, programe trabalho de
fiscalizao no Dnit com vistas verificao da regularidade da Instruo de Servio 2/2004, versando
sobre a forma de registro de medies efetuadas pela autarquia, devendo o exame se estender
legitimidade da motivao que deu origem norma e s repercusses da nova sistemtica, inclusive para
os trabalhos de auditoria afetos a esta Corte de Contas.
9.3. arquivar o presente processo.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0353-09/07-P
13. Especificao do qurum:
45
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator) e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 354/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n TC 006.374/2006-7 (c/ 2 anexos).
2. Grupo I, Classe de Assunto V: Relatrio de Levantamento de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes Dnit.
4.1. Vinculao: Ministrio dos Transportes.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Secex/AM.
8. Advogado constitudo nos autos: no atuou.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatrio de levantamento de auditoria realizado nas
obras de Construo de Trechos Rodovirios na BR-319, no Estado do Amazonas, trecho Manaus-Divisa
AM/RO, sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infra-Estrutura dos Transportes Dnit,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. comunicar Comisso de Planos, Oramentos Pblicos e Fiscalizao do Congresso Nacional,
enviando-lhe cpia deste Acrdo, bem como do relatrio e voto que o fundamentam, que as
irregularidades que motivaram a paralisao de diversos contratos vinculados s obras de Construo de
Trechos Rodovirios na BR-319/AM, subtrecho Manaus-Divisa AM/RO, objeto do PT
26.782.0236.1248.0013 (OGU 2006), foram todas saneadas, no restando quaisquer bices, por parte
deste Tribunal, ao regular prosseguimento da execuo dos referidos contratos;
9.2. arquivar o presente processo.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0354-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator) e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 355/2007- TCU - PLENRIO
1. Processo n TC-011.101/2003-6.
2. Grupo I, Classe de Assunto V: Relatrio de Levantamento de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Entidade: Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano e Secretaria de Obras do Municpio de
Guarulhos/SP.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Secex/SP e Secob.
8. Advogado constitudo nos autos: no atuou.
46
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatrio de levantamento de auditoria realizado em
nas obras do Complexo Virio do rio Baquirivu, em Guarulhos, Estado de So Paulo,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. com fulcro no art. 47 da Lei 8.443/92, converter os autos em tomada de contas especial, a fim
de que sejam citados os Srs. Roberto Yoshiharu Nisie (relativamente aos dbitos da 12 21 medies e
das medies de Taboo da 1 3), Valdir Antonucci Minto (relativamente aos dbitos da 22 32
medies), Douglas Leandrini (relativamente aos dbitos da 12 15 medies), Alexandre Lobo de
Almeida (relativamente ao dbito da 20 e 21 medies) e Jorge Luiz Castelo de Carvalho (relativamente
aos dbitos da 22 32 medies), bem como solidariamente a Construtora OAS Ltda. (pela totalidade
dos dbitos), para que apresentem alegaes de defesa ou recolham. a quantia abaixo descriminada,
corrigida monetariamente e acrescida de juros, haja vista a ocorrncia de desequilbrio econmicofinanceiro no Contrato 039/1999 desfavorvel ao interesse pblico, autorizando desde logo que sejam
abatidos desse valor eventuais descontos pela Prefeitura de Guarulhos de saldos a pagar construtora
OAS bem como eventuais compensaes a serem feitas nas faturas que vierem a ser emitidas pela
construtora no decorrer da execuo da obra, esclarecendo que ao dbito indicado podero ser acrescidas
as parcelas referentes aos pagamentos indevidos efetuados nas medies posteriores:
Fato gerador do dbito (crdito)
Valor (R$)
Data da ocorrncia
12 Medio Parcial (descontados descontados crditos e
105.571,42
29/9/2000
dbito atualizados relativos a medies anteriores)
13 Medio Parcial
55.531,13
31/10/2000
14 Medio Parcial
17.583,87
1/12/2000
1 Medio Taboo
153.074,89
27/4/2001
2 Medio Taboo
328.064,41
24/5/2001
3 Medio Taboo
131.477,82
3/7/2001
20 Medio Parcial
39.952,55
6/12/2001
23 Medio Parcial
36.949,89
6/5/2002
25 Medio Parcial
38.606,10
25/7/2002
26 Medio Parcial
(48.881,27)
13/8/2002
28 Medio Parcial
49.116,68
29/8/2002
29 Medio Complementar
94.845,87
16/10/2002
29 Medio Complementar II
87.385,94
16/10/2002
30 Medio Parcial
2.735,07
17/12/2002
32a Medio Parcial
362.839,05
25/6/2003
32 Medio Complementar
356.120,05
1/4/2003
9.2. promover, em renovao, a audincia dos seguintes responsveis acerca das ocorrncias a eles
atribudas:
9.2.1. dos Srs. Airton Tadeu de Barros Rabello, ento Secretrio de Obras de Guarulhos e
Presidente da Comisso de Licitao, e Jovino Cndido da Silva, ex-Prefeito do Municpio de Guarulhos
acerca da seguinte irregularidade: autorizar e/ou homologar a abertura da licitao sem previso
oramentria suficiente para arcar com o custo da obra no exerccio vigente, em desacordo com o art. 7,
2, III, da Lei 8.666/93;
9.2.2. dos Srs. Airton Tadeu de Barros Rabello, Secretrio de Obras de Guarulhos de 1/1/97 a
19/9/98, Artur Pereira Cunha, Secretrio de Obras de Guarulhos desde 1/1/01, Sueli Vieira da Costa,
Secretria de Obras de Guarulhos de 7/10/98 a 8/1/00, Vnia Moura Ribeiro, Secretria de Obras de
Guarulhos de 10/1/00 a 11/7/00, Kimei Kunyoushi, Secretrio de Obras de Guarulhos de 11/07/00 a
31/12/00 sobre a seguinte irregularidade: dar incio e/ou prosseguimento execuo da obra sem obter as
licenas ambientais pertinentes;
47
9.2.3. do Sr. Artur Pereira Cunha, Secretrio de Obras de Guarulhos, sobre a seguinte
irregularidade: aceitar o descumprimento do cronograma fsico sem a formalizao de justificativa, em
descordo com o art. 8, pargrafo nico, da Lei 8.666/93;
9.2.4. dos Srs. Carlos Eduardo Corsini e Fernando Antonio Duarte Leme, membros da Comisso de
Licitao que analisaram os preos, acerca da seguinte irregularidade: admitir proposta de empresa
licitante com distores nos preos unitrios de at 785% em relao ao preo de mercado, sem qualquer
questionamento, em desacordo com o art. 43, IV, da Lei de Licitaes e o item 3.2.4.1 do Edital, e
deixando de chamar ateno para futuros termos aditivos que modificassem os quantitativos de servios
inicialmente previstos;
9.2.5. dos Srs. Roberto Yoshiharu Nisie, Valdir Antonucci Minto, Douglas Leandrini, Alexandre
Lobo de Almeida e Jorge Luiz Castelo de Carvalho, engenheiros fiscais, acerca da seguinte
irregularidade: aceitar indevidamente alteraes de projetos e especificaes, de maneira informal e
atestar boletins de medio com servios no previstos no contrato;
9.3. autorizar Secex/SP a incorporar ao valor do dbito indicado no subitem 9.1, com base nas
informaes juntadas ao processo, se possvel, as parcelas referentes aos pagamentos indevidos ocorridos
em razo das medies efetuadas posteriormente a sua ltima manifestao dos autos, podendo a Unidade
Tcnica incluir no rol de responsveis, para fins de citao, os agentes pblicos que deram origem a tais
pagamentos, seguindo a mesma linha de responsabilizao adotada no processo;
9.4. determinar Secex/SP que emita pronunciamento acerca das novas irregularidades apontadas
pela Secob, propondo as medidas pertinentes, autorizando a Unidade, desde j, a, caso entenda
conveniente, autuar processo em separado para apurao dos fatos e posterior submisso ao Relator
competente
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0355-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator) e Aroldo
Cedraz.
13.2. Ministro que votou com ressalva quanto metodologia de clculo do dbito: Marcos Vinicios
Vilaa.
13.3. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.4. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 356/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n. TC-003.187/2006-0 (c/ 2 vols.)
2. Grupo I; Classe de Assunto: V Relatrio de Auditoria.
3. rgo: Tribunal Regional do Trabalho da 1 Regio TRT/1 Regio.
4. Responsveis: Ivan Dias Rodrigues Alves, CPF n. 024.809.487-49, Presidente, e Nelson Thomaz
Braga, CPF n. 227.211.347-87, ex-Presidente
5. Relator: Auditor Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Sefip.
8. Advogado constitudo nos autos: no h.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos do Relatrio da Auditoria realizada pela Sefip no
Tribunal Regional do Trabalho da 1 Regio TRT/1 Regio, no perodo de 27/03 a 07/04/2006, em
cumprimento ao Acrdo n. 2.308/2005 Plenrio, com o objetivo de verificar a conformidade das aes
referentes rea de pessoal, especialmente folha de pagamento e aos benefcios concedidos por
sentenas judiciais.
48
49
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo Cedraz
(Relator).
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 358/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n TC-004.738/2005-5
2. Grupo I Classe de Assunto: VII Administrativo
3. Interessado: Tribunal de Contas da Unio
4. rgo: Tribunal de Contas da Unio
5. Relator: Ministro Marcos Vinicios Vilaa
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou
7. Unidades Tcnicas: Secretaria-Geral de Administrao e Secretaria de Planejamento e Gesto
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos relativos a Projeto de Resoluo que altera a
Resoluo/TCU n 140/2000.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, diante das
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar prejudicado, por perda de objeto, o projeto de resoluo de que trata este processo,
ante a revogao da Resoluo n 140/2000;
9.2. arquivar o processo.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0358-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa
(Relator), Valmir Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e
Aroldo Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 359/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n TC-020.073/2006-3
2. Grupo II Classe VII Representao
3. Interessada: Mxima Servios e Transportes Ltda. CNPJ 03.872.382/0001-31
4. Entidade: Banco Central do Brasil
5. Relator: Ministro Marcos Vinicios Vilaa
6. Representante do Ministrio Pblico: Procurador Jlio Marcelo de Oliveira
7. Unidade Tcnica: 2 Secex
8. Advogado constitudo nos autos: Huilder Magno de Souza OAB/DF n 18.444
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representao sobre possveis irregularidades no
Prego Demap n 41/2006 Eletrnico.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, diante das
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente representao para, no mrito, consider-la improcedente;
50
51
52
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar (Relator), Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 362/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC-026.011/2006-8 (com 1 volume e 3 anexos, estes com 4 volumes)
2. Grupo I Classe VII Representao
3. Interessado: Eduardo Pires Gomes Cruz
4. rgo: Ministrio das Cidades
5. Relator: MINISTRO UBIRATAN AGUIAR
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou
7. Unidade Tcnica: 6 Secex e Sefti
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representao encaminhada a este Tribunal acerca de
possveis irregularidades observadas no processo licitatrio relativo Concorrncia n 01/2006, do tipo
tcnica e preo, conduzida pelo Ministrio das Cidades (MCidades), tendo por objeto a Contratao de
pessoa (s) jurdica (s) para executar servios tcnicos especializados em Tecnologia da Informao (TI),
para apoiar as atividades meio e fim do MINISTRIO DAS CIDADES, de acordo com as condies e
especificaes constantes do Edital e seus anexos.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria
Extraordinria Pblica, diante das razes expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da Representao, com base no art. 237, inciso VII, do Regimento Interno c/c o art.
113, 1, da Lei n 8.666/1993, para, no mrito, consider-la parcialmente procedente em razo da
existncia no edital e/ou seus anexos, relativos Concorrncia n 1/2006, de quesitos de pontuao que
restringem o carter competitivo do certame (art. 3, 1, inciso I, da Lei 8.666/93), ferem os princpios
da isonomia, da seleo da proposta mais vantajosa para a Administrao e do julgamento objetivo (arts.
3 e 45, respectivamente, da Lei 8.666/93), bem como de previso de ressarcimento pelo rgo de
despesas que no tm amparo legal;
9.2. com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituio Federal c/c o art. 45 da Lei n 8.443/92,
fixar o prazo de 15 (quinze) dias para que o Ministrio das Cidades adote as providncias necessrias ao
exato do cumprimento da lei, consistentes na anulao do procedimento licitatrio relativo
Concorrncia n 1/2006, promovida com a finalidade de contratar a prestao de servios tcnicos
especializados em tecnologia da informao, em virtude de inobservncia do caput do art. 3, seu 1,
inciso I, art. 30, 5, art. 45 da Lei n 8.666/93, bem como dos Acrdos ns 1.937/2003, 481/2004,
1.094/2004, 167/2006 e 786/2006, todos do Plenrio;
9.3. determinar ao Ministrio das Cidades que, quando da abertura de novo procedimento licitatrio
em substituio Concorrncia n 1/2006, observe as seguintes orientaes:
9.3.1. d preferncia ao modelo de contratao de execuo indireta de servios baseado na
prestao e remunerao mensuradas por resultados, sempre que esse modelo for compatvel com os
servios licitados;
9.3.2. faa constar do edital a metodologia de mensurao de servios e resultados, inclusive os
critrios de controle e remunerao dos servios executados, levando em considerao as determinaes
exaradas nos subitens 9.3.1 a 9.3.6 do Acrdo n 667/2005 e subitens 9.1.1 e 9.1.2 do Acrdo n
786/2006, ambos do Plenrio;
9.3.3. ao estabelecer valores para a remunerao dos funcionrios da empresa a ser contratada,
inclua nos editais licitatrios e nos respectivos contratos disposies que expressem claramente que so
valores referenciais e compatveis com os quesitos de pontuao a eles vinculados, em conformidade com
o art. 40, inciso X, da Lei n 8.666/93;
53
9.3.4. abstenha-se de incluir quesitos de pontuao tcnica para cujo atendimento as empresas
licitantes tenham de incorrer em despesas que sejam desnecessrias e anteriores prpria celebrao do
contrato ou frustrem o carter competitivo do certame, a exemplo dos quesitos para pontuao de
licitantes que possurem, j na abertura da licitao, quadro de pessoal com tcnicos certificados e
qualificados, ambiente prprio de Help desk para suporte remoto aos profissionais do contrato e
plataforma de treinamento distncia, que contrariam o art. 3, 1, inciso I, da Lei n 8.666/93 e os
Acrdos n 481/2004 e 167/2006, ambos do Plenrio;
9.3.5. inclua nos editais licitatrios e nos respectivos contratos disposies que expressem
claramente a obrigao de os futuros contratados manterem, durante a execuo contratual, todas as
condies ofertadas em suas propostas tcnicas;
9.3.6. estabelea critrios de pontuao da proposta tcnica que guardem estrita correlao com
cada modalidade de servio e modelo de contratao de execuo indireta adotado, a fim de identificar as
empresas detentoras de maior capacitao e aferir a qualidade tcnica da proposta, explicitando no
processo a fundamentao para os itens objeto de pontuao, com observncia ao disposto nos arts. 3,
1, inciso I, e 45 da Lei n 8.666/93 e Acrdo n 1.094/2004-Plenrio;
9.3.7. abstenha-se de restringir o nmero de atestados que podem ser apresentados por cliente da
licitante, pontuar por horas de servios prestados ou permitir pontuao progressiva a um nmero
crescente de atestados de experincia de idntico teor, exceto em situaes em que essa pontuao no se
mostre desarrazoada ou limitadora da competitividade e que conste dos autos expressa motivao para a
adoo desse critrio, com observncia ao disposto nos arts. 3 e 30, 5, da Lei n 8.666/93 e subitens
9.4.1.3 do Acrdo n 1.937/2003, 9.1.8 do Acrdo n 786/2006, 9.3.8 do Acrdo n 1.094/2004 e
Acrdo n 126/2007, todos do Plenrio;
9.3.8. exclua do edital dispositivos que estabeleam a obrigao de o rgo ressarcir despesas com
deslocamentos dos funcionrios da contratada para outras localidades, que majorem o valor do contrato e
o reajustem irregularmente, contrariando os arts. 54, 1, e 55, inciso III, da Lei n 8.666/93;
9.3.9. na definio dos itens de pontuao atinentes s metodologias de trabalho e de
desenvolvimento, formule quesitos que informem claramente quais as metodologias requeridas para fins
de atribuio de pontuao e, em anexo, indique as aceitas e/ou consideradas compatveis para fins de
pontuao, bem como os requisitos ou caractersticas que as metodologias apresentadas pelos licitantes
devem satisfazer para serem aceitas ou consideradas compatveis com aquelas requeridas;
9.3.10. vincule a apresentao de certificado ISO 9001 para pontuar to-somente a comprovao de
validade do certificado da licitante, de modo a serem conferidos pontos unicamente ao certificado em si,
pelos servios de informtica prestados pela empresa, abstendo-se de prever pontuao a atividades
especficas, sob pena de descumprimento do caput do art. 3, seu 1, inciso I, e art. 45 da Lei n
8.666/93 e em observao ao subitem 9.4.1.6 do Acordo n 1.937/2003-Plenrio;
9.3.11. abstenha-se de incluir previso de dotao especfica em planilha de custo para cobrir
despesas com treinamento/reciclagem dos funcionrios a serem contratados, uma vez que isso representa
interferncia indevida na esfera de atuao da empresa privada e onera o contrato sem benefcio direto ao
Estado;
9.3.12. observe, quando do empenho das despesas destinadas a custear os servios que sero
contratados, que a distribuio dos gastos entre as unidades beneficiadas pela contratao estejam em
conformidade com os percentuais apresentados no DESPACHO/CGMI/SPOA/SE/MCIDADES/N
001/2006, sob pena de contrariar o art. 23 do Decreto n 93.872/86;
9.4. dar cincia do presente Acrdo, bem como do Relatrio e do Voto que o fundamentam, ao
Ministrio das Cidades e ao interessado;
9.5. arquivar o presente processo.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0362-09/07-P
13. Especificao do qurum:
54
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar (Relator), Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 363/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo: TC 000.690/2007-8
2. GrupoII - Classe VII Representao
3. Interessado: Masp Locao de Mo-de-Obra
4. Entidade: Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroporturia
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou
7. Unidade Tcnica: 5 Secex
8. Advogados constitudos nos autos: Alysson Souza Mouro (OAB 18.977/DF)
9. Acrdo:
VISTOS, discutidos e relatados este autos de Representao, ACORDAM os Ministros do Tribunal
de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, com fulcro no 1 do art. 113 da Lei n 8.666/93, c/c
inciso VII do art. 237 do Regimento Interno do TCU, em:
9.1. conhecer da presente representao para, no mrito, consider-la parcialmente procedente;
9.2. determinar Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroporturia que adote os seguintes
procedimentos, nas prximas licitaes que vier a realizar:
9.2.1. abstenha-se de exigir a apresentao de conveno coletiva de trabalho, como documento
essencial para a habilitao, em licitaes voltadas para a contratao de servios de limpeza e
conservao, em face do disposto nos arts. 27 a 31 da Lei n 8.666/93;
9.2.2. abstenha-se de fixar limite mnimo de aceitabilidade de preos unitrios em licitaes em
geral e, quando no configuradas as hipteses previstas nos 1 e 2 da Lei n. 8.666/1993, faculte aos
licitantes oportunidade de comprovar a viabilidade dos preos cotados para, s ento, desclassificar as
propostas que se encontrem significativamente aqum dos preos de mercado;
9.3. dar cincia do inteiro teor desta deliberao representante e Empresa Brasileira de InfraEstrutura Aeroporturia;
9.4. determinar o arquivamento do presente processo.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0363-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler (Relator), Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 364/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC021.989/2005-9
2. Grupo I - Classe VII Representao
3. Responsvel: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio Grande do Sul (Secex-RS)
4. Entidade: Companhia de Gerao Trmica de Energia Eltrica (CGTEE)
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
55
56
9.1. conhecer da presente Representao, uma vez que atende os requisitos de admissibilidade
estabelecidos no art. 113, 1o, da Lei n 8.666/1993, c/c os arts. 235, caput e pargrafo nico, e 237,
inciso VII, do Regimento Interno/TCU, para, no mrito, consider-la improcedente;
9.2. indeferir o pedido de medida cautelar feito pela Representante, por ausncia dos pressupostos
bsicos para a sua concesso;
9.3. comunicar ao Dnit que este Tribunal no encontra bices a que a empresa Xingu Construtora
Ltda., resultante da ciso da empresa Xingu Construtora de Obras Ltda., venha a celebrar o contrato
resultante da licitao n 002/99/DER/DO-PR, Lote 2, desde que atendidas as seguintes condies:
9.3.1. no processo de contratao, reste efetivamente comprovado o atendimento, pela Xingu
Construtora Ltda., de todas as condies de habilitao e qualificao previstas no Edital licitatrio;
9.3.2. o eventual contrato seja celebrado nos termos previstos no Edital da citada concorrncia;
9.3.3. seja revisado o projeto da obra, verificando-se, inclusive, a conformidade com as
especificaes tcnicas de rodovias federais;
9.3.4. a reviso acima no produza alterao significativa no objeto da licitao realizada, bem
como no resulte prejuzo para Administrao em funo do aumento de quantitativos de itens que
tenham preos unitrios acima do mercado e da reduo de quantitativos de itens com preos unitrios
abaixo do mercado, levando em considerao as determinaes do Acrdo n 583/03-Plenrio, retificado
pelo Acrdo n 1.034/03-Plenrio;
9.3.5. haja previso legal para a aplicao de recursos federais em trechos includos na MP 82/02;
9.3.6. no haja outros bices legais e prevalea o interesse da administrao na efetivao da
contratao;
9.3.7. comunique previamente ao TCU uma eventual assinatura do contrato, informando eventuais
alteraes de quantitativos promovidos, bem como os respectivos reflexos financeiros;
9.4. dar cincia desta Deliberao ao Dnit e Representante;
9.5. arquivar os presentes autos.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0365-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator) e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 366/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n TC-024.635/2006-3.
2. Grupo: I, Classe de Assunto: VII Representao.
3. Interessada: Cetest Braslia Ltda., CNPJ 24.887.457/0001-28.
4. Entidade: Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes Dnit.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: 1 Secex.
8. Advogados constitudos nos autos: no h.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Representao formulada pela empresa Cetest
Braslia Ltda. acerca de possveis irregularidades no processamento da fase de habilitao da
Concorrncia n 135/2006, promovido pelo Dnit,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
57
9.1. conhecer da presente Representao, uma vez que atende os requisitos de admissibilidade
estabelecidos no art. 113, 1o, da Lei n 8.666/1993, c/c os arts. 235, caput e pargrafo nico, e 237,
inciso VII, do Regimento Interno/TCU, para, no mrito, consider-la improcedente;
9.2. indeferir o pedido de medida cautelar feito pela Representante;
9.3. dar cincia desta deliberao Representante, enviando-lhe cpia do presente deliberao,
acompanhada do Relatrio e Voto que a fundamentam;
9.4. arquivar os presentes autos.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0366-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator) e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ACRDO N 367/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n. 009.652/2003-5 (c/ 08 volumes).
2. Grupo: I, Classe de Assunto: VII Representao.
3. Partes:
3.1. Responsvel: Antenor de Amorim Nogueira, Diretor-Geral do Igap, CPF n. 002.748.361-49.
3.2. Interessado: Dr. Hlio Telho Corra Filho, Procurador da Repblica no Estado de Gois.
4. Entidade: Instituto Goiano de Defesa Agropecuria Igap.
5. Relator: Auditor Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade tcnica: Secex/GO.
8. Advogados constitudos nos autos: Murillo Macedo Lbo, OAB/GO n. 14.615; Srgio Reis
Crispim, OAB/GO n. 13.520; Wanessa Neves Lessa, OAB/GO n. 21.660; Miriam Jaqueline Alencastro
Veiga, OAB/GO n. 17.842; Kellen Alencastro Veiga Costa, OAB/GO n. 19.890; e Consuelo Pupulin
Rocha, OAB/GO n. 15.849/E.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Representao apresentada por membro do
Ministrio Pblico Federal no Estado de Gois, a respeito de irregularidades na celebrao do Contrato n.
01/1998 entre o Instituto Goiano de Defesa Agropecuria Igap e a empresa Loccar Locadora de
Veculos Ltda., que objetivou execuo do Convnio n. 008/1997, firmado com a Unio, por meio do
Ministrio da Agricultura e do Abastecimento, para implantao do Sistema Unificado de Ateno
Sade Animal e Vegetal.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso do Plenrio, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da Representao, com fundamento nos arts. 235 e 237, inciso I e pargrafo nico, do
Regimento Interno/TCU, para, no mrito, consider-la parcialmente procedente;
9.2. aplicar, com fundamento no art. 58, inciso II, da Lei n. 8.443/1992, multa ao Sr. Antenor de
Amorim Nogueira, no montante de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze)
dias, a partir da notificao, para que comprove, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alnea a, do
Regimento Interno/TCU), o recolhimento do referido valor ao Tesouro Nacional, acrescido de atualizao
monetria na data da quitao, se for pago aps o vencimento, na forma da legislao em vigor;
9.3. autorizar, desde logo, com amparo no art. 28, inciso II, da Lei n. 8.443/1992, a cobrana
judicial da dvida a que se refere o subitem anterior, caso no atendida a notificao;
58
9.4. determinar, com base no art. 43, inciso I, da Lei n. 8.443/1992, ao Instituto Goiano de Defesa
Agropecuria Igap que, nos prximos procedimentos licitatrios envolvendo recursos federais, cumpra
os ditames da Lei n. 8.666/1993, notadamente quanto:
9.4.1. ao estabelecimento de durao dos contratos adstrita vigncia dos respectivos crditos
oramentrios (art. 57, caput);
9.4.2. indicao da fonte de recursos oramentrios e especificao das condies de pagamento,
(arts. 14 e 40, inciso XIV, respectivamente);
9.4.3. observncia da vedao de pagamentos antecipados (art. 65, inciso II, alnea c).
9.5. determinar Secretaria Federal de Controle Interno que ultime, no prazo de 90 (noventa) dias,
as providncias necessrias concluso e ao encaminhamento a este Tribunal da Tomada de Contas
Especial instaurada para apurar irregularidades no Convnio n. 008/1997, firmado pela Unio com o
Instituto Goiano de Defesa Agropecuria (Processo n. 21020.001958/2006-53);
9.6. determinar Secex/GO que monitore o cumprimento da medida constante do subitem anterior e
proceda ao apensamento destes autos TCE mencionada to logo seja apresentada ao Tribunal;
9.7. dar cincia deste Acrdo, bem como do Relatrio e da Proposta de Deliberao que o
fundamentam, ao representante.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0367-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa (Relator).
SUSTENTAES ORAIS
No compareceram para apresentar a sustentao oral que haviam requerido os Drs. Rogrio Dimas
de Paiva, Jos Chagas Alves e Jos Norberto Lopes Campelo, respectivamente, nos processos ns TC003.859/2004-8, TC-004.019/1999-7 e TC-014.956/2003-1.
No julgamento do processo n TC-017.793/2006-2, relatado pelo Ministro Augusto Nardes, a Dra.
Andria Cristina Bagatin declinou de apresentar a defesa oral que havia requerido.
Na apreciao do processo n TC-006.846/2004-3, cujo relator o Ministro Ubiratan Aguiar, o Dr.
Claudismar Zupiroli apresentou sustentao oral em nome dos Srs. Fernando Vicente Cassarola e
Marcelo Teodoro de Oliveira
PROCESSOS EXCLUDOS DE PAUTA
Foram excludos de Pauta, nos termos do artigo 142 do Regimento Interno, os processos ns:
- TC-003.192/2001-0, Ministro Guilherme Palmeira;
- TC-003.172/2001-7, Ministro Aroldo Cedraz; e
- TC-002.883/2006-5, Ministro Augusto Nardes.
NMEROS DE ACRDOS NO UTILIZADOS
No foram utilizados na numerao dos Acrdos os ns 326, 336 e 351, referentes aos processos
excludos de pauta.
PROCESSO ORIUNDO DE SESSO EXTRAORDINRIA DE CARTER RESERVADO
59
Faz parte desta Ata, em seu Anexo IV, ante o disposto no pargrafo nico do artigo 133 do
Regimento Interno, o Acrdo n 375, a seguir transcrito, adotado no processo n TC-015.397/2006-0,
relatado pelo Ministro Valmir Campelo, na Sesso Extraordinria de Carter Reservado desta data.
ACRDO N 375/2007- TCU - PLENRIO
1. Processo n TC-015.397/2006-0 (c/ 2 Anexos [Anexo 2 c/ 1 vol.])
2. Grupo I, Classe de Assunto: VII - Denncia
3. Responsveis: Jadir Jos Pela (CPF n 478.724.117-68) e Ademar Manoel Stange (CPF n
243.622.557-53)
4. Entidade: Centro Federal de Educao Tecnolgica do Esprito Santo - CEFET/ES
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou
7. Unidade Tcnica: Secex-ES
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Denncia acerca de possvel omisso de responsveis
pelo CEFET/ES, quando do desaparecimento de equipamentos de informtica armazenados naquela
unidade de ensino.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, com fundamento no art. 53 da Lei n 8.443/92, em:
9.1. conhecer da presente denncia para, no mrito, consider-la parcialmente procedente;
9.2. determinar ao CEFET/ES, que:
9.2.1. comunique, no prazo de 15 dias, ao Departamento de Polcia Federal, caso ainda no tenha
feito, o desaparecimento dos equipamentos de informtica adquiridos da ITAUTEC (3 computadores
Celeron, 4 computadores Pentium IV e 34 monitores LCD), encaminhando a esse rgo o processo
administrativo n 23046.001609/2006-79, que tratou da sindicncia que apurou a irregularidade;
9.2.2. instaure, no prazo de 15 dias, processo disciplinar para apurar a responsabilidade dos
servidores Lorena Lucena Furtado e Emerson Atlio Birchler no desaparecimento dos equipamentos de
informtica adquiridos da ITAUTEC que estavam armazenados no bloco 5 da Unidade Serra do
CEFET/ES;
9.2.3. instaure, no prazo de 15 dias, sindicncia para apurar a responsabilidade dos servidores que:
9.2.3.1. fizeram o transporte dos equipamentos de informtica adquiridos da ITAUTEC que
estavam armazenados na Unidade Serra para as Unidades Sede, Colatina e Cachoeiro do Itapemirim sem
documentos que comprovassem a movimentao dos bens;
9.2.3.2. respondem pela carga dos equipamentos de informtica adquiridos da ITAUTEC, mas que
os receberam sem comprovar a guarda e o uso deles;
9.2.3.3. decidiram pelo armazenamento dos equipamentos de informtica adquiridos da ITAUTEC
na Unidade Serra sem observar as formalidades que a Administrao Pblica requer; e
9.2.3.4. deixaram de tomar providncias para resguardar os equipamentos de informtica adquiridos
da ITAUTEC que foram armazenados na sala do bloco 5 da Unidade Serra posteriormente medida
adotada, na noite de 31/03/2006, pela Sra. Helina Ortelan Schmidt e pelos vigilantes da TASA Ltda.,
empresa de segurana contratada pelo CEFET/ES;
9.2.4. informe nas prximas contas os resultados do processo administrativo disciplinar e da
sindicncia, cuja instaurao foi proposta nos subitens precedentes;
9.3. determinar ao Departamento de Polcia Federal que encaminhe a este Tribunal o resultado da
apurao levada a efeito no Centro Federal de Educao Tecnolgica do Esprito Santo - CEFET/ES em
razo do desaparecimento de equipamentos de informtica, cuja sindicncia instaurada naquela
Instituio Federal de Ensino foi tratada no processo administrativo n 23046.001609/2006-79;
9.4. levantar a chancela de sigiloso que recai sobre o presente processo;
9.5. encaminhar ao denunciante cpia deste Acrdo, acompanhado do Relatrio e Voto que o
fundamentam; e
60
9.6. juntar estes autos s contas do Centro Federal de Educao Tecnolgica do Esprito Santo CEFET/ES relativas ao exerccio de 2006.
10. Ata n 8/2007 Plenrio (Sesso Extraordinria de Carter Reservado)
Ata n 9/2007 Plenrio (Sesso Extraordinria)
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria de Carter Reservado
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0375-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo (Relator), Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
ENCERRAMENTO
s 12 horas e 40 minutos, a Presidncia encerrou a sesso, da qual foi lavrada esta ata, a ser
aprovada pelo Presidente e a ser homologada pelo Plenrio.
MARCIA PAULA SARTORI
Subsecretria do Plenrio
Aprovada em 15 de maro de 2007.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
ANEXO I DA ATA N 9, DE 14 DE MARO DE 2007
(Sesso Extraordinria do Plenrio)
COMUNICAO
Comunicao proferida pela Presidncia em Sesso Reservada de 7 de fevereiro e tornada pblica
nesta data.
Senhores Ministros
Senhor Procurador-Geral
A Presidncia traz a Vossas Excelncias questo referente atual dimenso da carga de trabalho da
Sefip, no tocante apreciao, para fins de registro, da legalidade dos atos de admisso de pessoal e de
concesso de aposentadorias, reformas e penses.
Existem hoje 80 mil processos cadastrados no SISAC, espera da primeira instruo.
No controle de legalidade desses processos, impe-se ao TCU assegurar que todas as atividades
associadas ao exame dos atos de pessoal sejam desenvolvidas com agilidade, eficincia e, sobretudo, com
economicidade. O Tribunal tem procurado encontrar solues que possibilitem a anlise mais presta dos
processos. Da, o desenvolvimento e a implantao do SISAC Sistema de Apreciao e Registro dos
Atos de Admisso e Concesses.
No entanto, em razo da gigantesca herana, por mais que se busque a contemporaneidade entre a
edio do ato pelo gestor e o controle, algumas vezes, quando ele efetivamente realizado, o ato de
pessoal j no produz efeito, por j no apresentar beneficirio ativo.
Existem hoje mais de 4.000 processos nessa situao, conforme o levantamento abaixo. Eis os
processos que j se exauriram, em razo de j no estarem os benefcios sendo pagos:
Cruzamento SISAC x SIAPE
- atos de aposentao com beneficirios falecidos: 1.585.
61
- atos de penso cuja totalidade dos beneficirios foi excluda da folha (falecimento, maioridade
etc): 1.543.
Cruzamento SISAC x SISOBI.
- atos de aposentao com beneficirios falecidos: 862.
- atos de penso com a totalidade dos beneficirios falecida: 716.
Cruzamento SISAC x SISAC.
- atos de aposentao/reforma envolvendo servidores falecidos cujas penses institudas j foram
remetidas ao Tribunal: 1.535.
No h interesse pblico na apreciao desses processos, por j no ostentarem eles repercusso
financeira. Ainda que ilegais, aplicar-se-ia a smula 106, havendo cabal desperdcio de recursos na sua
anlise por uma secretaria assoberbada.
Proponho, portanto, a Vossas Excelncias que o Tribunal considere prejudicado, por perda de
objeto, o exame do mrito de todos esses atos, para fins de registro, que continuaro normalmente
cadastrados no SISAC, com amplo acesso aos dados neles consignados.
Nos autos dos TCs ns 017.753/2005-9 e 018.693/2005-3, relatados pelo E. Ministro Benjamin
Zymler, foi autorizado o exame conjunto dos processos de aposentadoria de servidores falecidos e os
processos de penso decorrentes, bem como a apreciao por relao desses processos de aposentadoria
ainda que os pareceres sejam pela ilegalidade.
A soluo mais consentnea com o interesse pblico o arquivamento. Afinal, como anotou o
prprio Ministro Benjamin nos processos referidos, aps o falecimento do interessado, o controle da
aposentao e penses, sob o aspecto exclusivamente financeiro, perde sua razo de ser.
Assim, submeto aos Senhores Ministros as seguintes proposies:
a) considerar prejudicada, por perda de objeto, a apreciao, para fins de registro, dos atos de
concesso relacionados, haja vista a cessao dos respectivos efeitos financeiros, em decorrncia do
falecimento dos beneficirios ou do termo final das condies objetivas necessrias sua continuidade;
b) determinar SEFIP que adote todas as medidas necessrias ao cadastramento dessa deliberao
no SISAC e notificao dos respectivos rgos e entidades de origem.
Walton Alencar Rodrigues
Presidente
ANEXO II DA ATA N 9, DE 14 DE MARO DE 2007
(Sesso Extraordinria do Plenrio)
PROCESSOS RELACIONADOS
Relaes de Processos organizadas pelos Relatores e aprovadas pelo Tribunal Pleno, bem como os
Acrdos ns 310 a 321 (Regimento Interno, artigos 93, 94, 95, inciso V, 105 e 143).
No julgamento do processo n TC-929.817/1998-2, Relao n18/2007, o Procurador-Geral Lucas
Rocha Furtado manifestou-se oralmente, por solicitao do Relator, Ministro Valmir Campelo.
RELAO N 3/2007 - Plenrio
Processo submetido ao Plenrio, para votao, na forma do art. 143 do Regimento Interno.
Relator: Marcos Vinicios Vilaa
RECURSO (EMBARGOS DE DECLARAO)
ACRDO N 310/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n. TC-004.435/2000-6 (com quatro anexos)
62
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELAO N 18/2007
Gabinete do Ministro Valmir Campelo
Relao de processos submetidos ao Plenrio, para votao, na forma do Regimento Interno, arts.
93, 94 e 95, inciso V, 105 e 143 do Regimento Interno.
Relator: Ministro Valmir Campelo
RELATRIO DE AUDITORIA
ACRDO N 311/2007 - TCU - PLENRIO
Os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Extraordinria do Plenrio, em
14/3/2007, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso V, alnea "d", do
Regimento Interno, c/c o Enunciado n 145 da Smula de Jurisprudncia predominante no Tribunal de
Contas da Unio, retificar, por inexatido material , o Acrdo n 212/2001-TCU-Plenrio, Sesso de
22.8.2001 - Ata n 34/2001, para fazer constar no item 3, o nome correto do responsvel, onde se l:
Jefferson Cavalcante de Albuquerque, leia-se: Jefferson Cavalcante Albuquerque:
1. TC-929.817/1998-2 - Volume(s): 7 Anexos: 4
63
Classe de Assunto: V
Responsveis: ALMIR ALVES FERNANDES TVORA FILHO, CPF: 002.488.273-91; BYRON
COSTA DE QUEIROZ, CPF: 004.112.213-53; ERNANI JOSE VARELA DE MELO, CPF:
003.209.944-49; FRANCISCO XAVIER RIBEIRO, CPF: 045.295.373-15; FRANCISCO DAS
CHAGAS FARIAS PAIVA, CPF: 034.758.913-87; JOS ALAN TEIXEIRA ROCHA, CPF:
267.680.113-91; JEFFERSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, CPF: 117.991.533-04; JENNER
GUIMARES DO REGO, CPF: 168.807.904-10; OSMUNDO EVANGELISTA REBOUAS, CPF:
015.814.738-34; RAIMUNDO NONATO CARNEIRO SOBRINHO, CPF: 001.773.773-72; SERGIO
NOGUEIRA DA FRANCA, CPF: 403.215.177-68
Entidade: Banco do Nordeste do Brasil - BNB
SOLICITAO
ACRDO N 312/2007 - TCU - PLENRIO
Os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Extraordinria do Plenrio, em
14/3/2007, ACORDAM, por unanimidade, em:
I - no conhecer da solicitao de fiscalizao formulada pela Promotoria de Justia da Comarca de
Floresta/PE, com base no art. 232, 2, do Regimento Interno TCU, em razo de no estarem preenchidos
os requisitos de admissibilidade previstos no art. 71, inciso IV, da Constituio Federal e no art. 38, inciso
I, da Lei n 8.443/92;
II - converter o presente processo em Representao, nos termos do art. 67 da Resoluo TCU n
191/2006, para apurar os fatos noticiados pelo Ministrio Pblico do Estado de Pernambuco acerca de
irregularidades na execuo do Convnio n 3.97.01.00.16/00, firmado entre a 3 SR - Codevasf e a
Prefeitura Municipal de Floresta/PE;
III - dar cincia autoridade solicitante desta deliberao, esclarecendo, que:
- o Tribunal, por imposio constitucional, legal e regulamentar (cf. art. 71, IV, da Constituio
Federal, c/c o art. 38, I, da Lei n. 8.443/1992 e art. 232 do RI/TCU), est adstrito a atender,
exclusivamente, pedido de realizao de auditorias e inspees que tenha sido aprovado pelo Congresso
Nacional, por qualquer de suas Casas, ou pelas respectivas Comisses Tcnicas ou de Inqurito;
- a documentao encaminhada por aquele rgo foi recepcionada como Representao (TC
002.717/2007-2), com vistas apurao dos fatos ali inquinados de irregulares;
IV - determinar a realizao de diligncia junto a Codevasf para que aquela empresa encaminhe
Secex/PE cpia integral do processo relativo ao Convnio n 3.97.01.00.16/00, incluindo as etapas de
anlise da concesso at a fase final de anlise da prestao de contas apresentada pelo convenente.
1. TC-002.717/2007-2
Classe de Assunto: VII
Interessado: MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Entidades: Prefeitura Municipal de Floresta/PE e Codevasf/3 SR
Ata n 9/2007 Plenrio
Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELAO N 10/2007
VALMIR CAMPELO
Relator
64
Relao de processos submetidos ao Plenrio, para votao na forma do Regimento Interno, arts.
93, 94 e 95, inciso V, e 105.
Relator: Ministro Guilherme Palmeira
REPRESENTAO
ACRDO N 313/2007 TCU PLENRIO
Os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Extraordinria do Plenrio, em
14/3/2007; Considerando a representao encaminhada a este Tribunal referente a supostas
irregularidades praticadas no mbito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN, em
procedimento licitatrio, modalidade Prego Presencial n. 12/2006; Considerando que, conforme
destacado pela unidade tcnica, a entidade agiu conforme prev o art. 49 da Lei n. 8.666/1993, ao
revogar o referido certame, j que tal ato deu-se com satisfao do interesse pblico e decorreu de fato
superveniente, devidamente comprovado; Considerando que, em decorrncia, a unidade tcnica, em
pareceres uniformes, propugna pelo conhecimento da representao, para no mrito consider-la
improcedente; ACORDAM, por unanimidade, em:
1.1. conhecer da presente Representao, com fundamento nos arts. 237, inciso VII, c/c o art. 235
do Regimento Interno do TCU, para, no mrito, consider-la improcedente;
1.2. dar cincia do presente acrdo ao interessado;
1.3. arquivar os presentes autos.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
Processo n. TC-022.916/2006-5
Classe de Assunto: VII Representao
Entidade: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Interessada: Cactus Locao de Mo de Obra Ltda.
Ata n 9/2007 Plenrio
Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
GUILHERME PALMEIRA
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELAO N 4/2007
Gabinete do Ministro Ubiratan Aguiar
Relao de processos submetidos ao Plenrio, para votao na forma do Regimento Interno, arts.
93, 94 e 95, inciso V e 105.
Relator: Ministro Ubiratan Aguiar
RELATRIO DE AUDITORIA
ACRDO N 314/2007 TCU - PLENRIO
65
UBIRATAN AGUIAR
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELAO N 5/2007
Gabinete do Ministro Ubiratan Aguiar
Relao de processos submetidos ao Plenrio, para votao na forma do Regimento Interno, arts.
93, 94, 95, inciso V e 105.
Relator: Ministro Ubiratan Aguiar
ACRDO N 315/2007 -TCU PLENRIO
1. Processo TC011.808/2006-0 (c/ 2 anexos)
2. Grupo I Classe V - Relatrio de Levantamento de Auditoria
3. Responsvel: Carlos Kawall Leal Ferreira - Secretrio
4. rgo: Secretaria do Tesouro Nacional - STN
5. Relator: MINISTRO UBIRATAN AGUIAR
6. Representante do Ministrio Pblico: no h
7. Unidade Tcnica: Secretaria de Macroavaliao Governamental (Semag)
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
Considerando o Levantamento de Auditoria realizado na Secretaria do Tesouro Nacional (STN),
nos termos das diretrizes traadas no Acrdo 1.904/2006 TCU Plenrio, destinado a verificar o
tratamento dado pelo citado rgo aos haveres da Unio junto ao Estado de Minas Gerais, bem como o
grau de solvncia desses crditos, tendo como objetivo subsidiar a elaborao do Relatrio sobre as
contas do Governo Federal referentes ao exerccio de 2006;
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UBIRATAN AGUIAR
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELAO N 6/2007
Gabinete do Ministro Ubiratan Aguiar
Relao de processos submetidos ao Plenrio, para votao na forma do Regimento Interno, arts.
93, 94, 95, inciso V e 105.
Relator: Ministro Ubiratan Aguiar
ACRDO N 316/2007 -TCU PLENRIO
1. Processo TC025.800/2006-3 (c/ 3 anexos)
2. Grupo I Classe V - Relatrio de Levantamento de Auditoria
3. Responsvel: Carlos Kawall Leal Ferreira - Secretrio
4. rgo: Secretaria do Tesouro Nacional - STN
5. Relator: MINISTRO UBIRATAN AGUIAR
6. Representante do Ministrio Pblico: no h
7. Unidade Tcnica: Secretaria de Macroavaliao Governamental (Semag)
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
Considerando o Levantamento de Auditoria realizado na Secretaria do Tesouro Nacional (STN),
nos termos das diretrizes traadas no Acrdo 1.904/2006 TCU Plenrio, destinado a verificar o
tratamento dado pelo citado rgo aos haveres da Unio junto ao Estado do Rio Grande do Sul, bem
como o grau de solvncia desses crditos, tendo como objetivo subsidiar a elaborao do Relatrio sobre
as contas do Governo Federal referentes ao exerccio de 2006;
Considerando que em agosto de 2006 os crditos recebveis pela Unio, decorrentes da
renegociao das dvidas dos estados e municpios, alcanaram o valor de R$ 381,1 bilhes,
correspondendo 50% dos R$ 760,8 bilhes dos ativos financeiros da Unio;
Considerando que essa grande participao relativa que coloca em evidncia a necessidade de o
TCU verificar a solvabilidade dos dbitos de estados e municpios com a Unio, pois o referido
pagamento condio essencial para trajetria equilibrada da dvida lquida federal;
Considerando que no Levantamento de Auditoria realizado pela Semag foram selecionadas
unidades da Federao que pudessem ser representativas do universo suprareferido;
Considerando que, de acordo com a prpria STN, os cinco maiores devedores da Unio (Estados de
Minas Gerais, Rio Grande do Sul, So Paulo e Rio de Janeiro e ainda o Municpio de So Paulo)
respondem por 85% dos haveres, sendo que, no exerccio de 2005, o valor da dvida financeira do Estado
do Rio Grande do Sul (RS) alcanava aproximadamente R$ 29,9 bilhes, o equivalente a 8,9 do total de
haveres da Unio para aquele perodo (Nota 1601/2006/COREM/STN);
Considerando essas informaes a Secretaria de Macroavaliao Governamental do TCU (Semag)
auditou as dvidas financeiras dos Estados do Rio Grande do Sul, objeto deste processo, So Paulo
(TC027.264/2006-7) e Minas Gerais (TC011.808/2006-0), todos a serem apreciados nesta Sesso;
Considerando que, em relao dvida financeira do Estado do Rio Grande do Sul, constata-se,
consoante dados apresentados no Relatrio da Semag, que, em vista do limite de comprometimento de
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13% da receita lquida real (RLR) para pagamento da dvida financeira, constante do ajuste firmado entre
a Unio e o aludido ente da Federao, parece pouco provvel que o Estado do RS consiga quitar o saldo
devedor ao final do contrato, em especial porque, se mantido o crescimento de 3% ao ano acima do IGPDI durante os prximos 23 anos, se alcanaria o percentual do indicador dvida/receita de 1,83, o que vale
dizer que para quitar o saldo devedor nos dez anos seguintes (saldo residual) a primeira prestao desse
perodo seria equivalente a 24,9,5% da receita lquida real do estado, o que no se apresenta razovel em
vista das restries financeiras a que teria de se submeter o referido ente federativo;
Considerando tambm ser preciso ter presente que, levando-se em conta a regra geral de taxa de
juros de 6% dos contratos firmados entre a Unio com estados e municpios, essas dvidas so de difcil
quitao por todos aqueles que se valeram do limite de comprometimento de 13% da RLR, como o fez o
Estado do RS, uma vez que, neste caso, exigido crescimento da receita de 3% ao ano para, com
comprometimento de 13%, alcanar ao final de 30 anos saldo devedor/receita igual a aproximadamente
1,2, ou seja, uma dvida equivalente a 1,2 vezes a RLR;
Considerando, contudo, que, mesmo diante da materializao desse crescimento, para que a dvida
seja quitada ter que haver um comprometimento de 15,5% da receita para o pagamento da primeira
prestao das dez parcelas anuais seguintes, fato que preocupa em face do horizonte no muito promissor
delineado pela Semag na instruo constante dos autos;
Considerando os pareceres uniformes da Unidade Tcnica;
ACORDAM, por unanimidade, em fazer as seguintes determinaes no processo abaixo indicado:
9.1. determinar Secretaria do Tesouro Nacional que, no prazo de 90 dias, se pronuncie sobre a
necessidade de constituio de proviso para registro do risco de crdito do Estado do Rio Grande do para
com a Unio;
9.2. determinar Secretaria do Tesouro Nacional e Secretaria do Oramento Federal que, no prazo
de 90 dias, analisem a viabilidade de incluso do risco de crdito do Estado do Rio Grande do Sul junto
Unio no Anexo de Riscos Fiscais que acompanha a Lei de Diretrizes Oramentrias, encaminhando os
resultados do estudo a este Tribunal;
9.3. encaminhar cpia deste Acrdo, do Relatrio da Equipe de Auditoria (fls. 10/68, v. p.) e do
Despacho do Diretor da 1 DT da Semag (fls. 69/71, v. p.), Comisso de Assuntos Econmicos do
Senado Federal, Comisso de Fiscalizao e Controle da Cmara Federal, Comisso Mista de Planos,
Oramento e Fiscalizao Financeira, Secretaria do Tesouro Nacional, Secretaria do Oramento
Federal e ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, para conhecimento;
9.4. determinar Semag que acompanhe o cumprimento das determinaes acima, representando ao
Tribunal, se for o caso.
Ata n 9/2007 Plenrio
Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
UBIRATAN AGUIAR
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELAO N 7/2007
Gabinete do Ministro Ubiratan Aguiar
Relao de processos submetidos ao Plenrio, para votao na forma do Regimento Interno, arts.
93, 94, 95, inciso V e 105.
Relator: Ministro Ubiratan Aguiar
ACRDO N 317/2007 -TCU PLENRIO
69
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9.1. determinar Secretaria do Tesouro Nacional que, no prazo de 90 dias, se pronuncie sobre a
necessidade de constituio de proviso para registro do risco de crdito do Estado de So Paulo para com
a Unio;
9.2. determinar Secretaria do Tesouro Nacional e Secretaria do Oramento Federal que, no prazo
de 90 dias, analisem a viabilidade de incluso do risco de crdito do Estado de So Paulo junto Unio
no Anexo de Riscos Fiscais que acompanha a Lei de Diretrizes Oramentrias, encaminhando os
resultados do estudo a este Tribunal;
9.3. encaminhar cpia deste Acrdo, do Relatrio da Equipe de Auditoria (fls. 10/47, v. p.) e do
Despacho do Diretor da 1 DT da Semag (fls. 49/51, v. p.), Comisso de Assuntos Econmicos do
Senado Federal, Comisso de Fiscalizao e Controle da Cmara Federal, Comisso Mista de Planos,
Oramento e Fiscalizao Financeira, Secretaria do Tesouro Nacional, Secretaria do Oramento
Federal e ao Tribunal de Contas do Estado de So Paulo, para conhecimento;
9.4. determinar Semag que acompanhe o cumprimento das determinaes acima, representando ao
Tribunal, se for o caso.
Ata n 9/2007 Plenrio
Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
UBIRATAN AGUIAR
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELAO N 11/2007 - Plenrio - TCU
Gab. Ministro Benjamin Zymler
Relao de processos submetidos Plenrio , para votao na forma do Regimento Interno, art. 143,
inciso IV, alnea b, do Regimento Interno.
Relator: Ministro Benjamin Zymler
RECURSO DE REVISO
ACRDO N 318/2007 TCU - PLENRIO
1. Processo n TC 017.163/2001-0.
2. Grupo I - Classe de Assunto: I Recurso de Reviso.
3. Interessado: Ministrio Pblico/TCU.
4. Entidade: Conselho Regional de Farmcia - RN.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
5.1 Relator da Deciso Recorrida: Ministro Marcos Vilaa.
6. Representante do Ministrio Pblico: Lucas Rocha Furtado.
7. Unidade Tcnica: SERUR.
8. Advogado constitudo nos autos: no h.
9. Acrdo:
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Reviso interposto pelo Procurador-Geral
do Ministrio Pblico junto ao TCU, contra deciso da Primeira Cmara deste Tribunal (Relao n.
40/2002 Ata n. 31/2002 fls. 137/9, v.p.) que, em sesso de 10/09/2002, julgou regulares com ressalva
as contas dos responsveis pela entidade referentes ao exerccio de 1999.
Considerando que foram apontadas, no referido recurso, a ocorrncia dos seguintes eventos:
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BENJAMIN ZYMLER
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
AN RELAO N 4 PLENRIO
Gabinete do Ministro Augusto Nardes
Relao de processos submetidos ao Plenrio, para votao na forma do Regimento Interno do
TCU, arts. 93, 96 e 95, inciso V, 105 e 143.
Relator: Ministro Augusto Nardes
DENNCIAS
ACRDO N 319/2007 - TCU - PLENRIO
Os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Extraordinria do Plenrio de
14/3/2007, quanto ao processo a seguir relacionado, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no
art. 1, inciso II, da Lei n 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c os arts. 16, inciso IV, 143, inciso III, 235 e
236, do Regimento Interno do TCU, aprovado pela Resoluo n 155, de 4 de dezembro de 2002, em
conhecer das denncias para, no mrito, consider-las parcialmente procedentes, de acordo com os
pareceres emitidos nos autos, e em determinar:
MINISTRIO DA INTEGRAO NACIONAL
1. TC 000.676/2004-4 (c/ 11 anexos)
Classe de Assunto: VII
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AUGUSTO NARDES
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELAO N 30/2007
Gabinete do Auditor MARCOS BEMQUERER COSTA
Processo submetido ao Plenrio, para votao, na forma do Regimento Interno, arts. 93, 94, 95,
inciso V, e 105 do Regimento Interno/TCU.
Relator: Auditor Marcos Bemquerer Costa
MONITORAMENTO
ACRDO N 321/2007 TCU PLENRIO
Os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Extraordinria do Plenrio de
14/3/2007, ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso V, alnea a, do Regimento
Interno/TCU, aprovado pela Resoluo n. 155/2002, c/c o art. 42 da Resoluo TCU n. 191/2006, em
determinar o apensamento dos presentes autos ao TC-016.031/2003-2 (Denncia), de acordo com o
parecer da Secex/TO:
Prefeituras Municipais do Estado de Tocantins
1. TC-012.743/2004-1
Classe de Assunto: VII
Responsvel: Francisco Rodrigues Neto, CPF n. 197.154.551-15, ex-Prefeito.
Entidade: Municpio de Natividade/TO.
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Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
ANEXO III DA ATA N 9, DE 14 DE MARO DE 2007
(Sesso Extraordinria do Plenrio)
PROCESSOS INCLUDOS EM PAUTA
Relatrios e votos emitidos pelos respectivos Relatores, bem como os Acrdos aprovados de ns
322 a 325, 327 a 335, 337 a 350 e 352 a 367, acompanhados de pareceres em que se fundamentaram
(Regimento Interno, artigos 15, 16, 95, inciso VI, 105 a 109, 133, incisos VI e VII, 141, 1 a 6 e 8,
67, inciso V e 126).
GRUPO II -CLASSE I Plenrio.
TC-002.154/2001-4(com 10 volumes e 3 anexos).
Apenso: TC-017.132/2004-8.
Natureza: Embargos de Declarao.
Unidade Jurisdicionada: Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNER (extinto).
Interessado (Recorrente): Maurcio Hasenclever Borges.
Advogados constitudos nos autos: rica Bastos da Silveira Cassini (OAB/DF 16.124), Pedro Eloi
Soares (OAB/RJ 52.318 e OAB/DF 1.586-A), Emerson Mantovani (OAB/DF 14.618), Dcio Freire
(OAB/MG 56.543 e OAB/DF 1.742-A), Gustavo Andere Cruz (OAB/MG 68.004 e OAB/DF 1.985-A),
Srgio Soares Estillac Gomez (OAB/DF 4.750), Daison Carvalho Flores (OAB/DF 10.267), Gustavo
Soares da Silveira (OAB/MG 76.733), Marcus Vincius Capobianco dos Santos (OAB/MG 91.046) e
Gustavo de Marchi Silva (OAB/MG 84.288).
Sumrio: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. EMBARGOS DE DECLARAO. AUSNCIA
DE OBSCURIDADE, OMISSO OU CONTRADIO. NO-ACOLHIMENTO.
1. No se acolhem Embargos de Declarao que no trazem aos autos argumentos capazes de
justificar a necessidade de correo do Acrdo embargado, nos termos do art. 34, caput, da Lei n
8.443/92, ante a ausncia de obscuridade, omisso ou contradio.
2. Os Embargos de Declarao no podem ser desviados de sua especfica funo jurdicoprocessual para ser utilizados com a indevida finalidade de instaurar nova discusso sobre controvrsia
jurdica j apreciada pelo Tribunal.
RELATRIO
Trata-se de Embargos de Declarao opostos por Maurcio Hasenclever Borges ao Acrdo n
2.325/2006-TCU- Plenrio, que conheceu do Recurso de Reconsiderao interposto contra o Acrdo n
1.793/2003-TCU-Plenrio, para, no mrito, negar-lhe provimento, mantendo em seus exatos termos a
deliberao recorrida.
2. Mediante o aresto ento mantido, o TCU examinou o acordo extrajudicial firmado entre o antigo
DNER e o seu ex-servidor Pedro Eloi Soares, com o encargo de R$ 122.858,45 para a autarquia, em
28/5/97, em face de Reclamao Trabalhista interposta, em que foi pleiteado o pagamento de reposies
salariais diversas, decorrentes de supostas perdas com planos econmicos do Governo Federal.
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3. O impetrante requer o conhecimento dos seus Embargos, para que sejam saneadas as
contradies que entende presentes no Acrdo recorrido, a saber:
a) o sobredito acordo teria sido realizado no curso do processo de execuo, logo no haveria que
se falar de sua impossibilidade;
b) o TCU no poderia afirmar que o embargante agiu de m-f, porquanto todo o conjunto
probatrio conduziria para o entendimento inverso, tanto assim que sempre se pautou em primeiramente
procurar parecer tcnico a embasar o acordo, visto como vantajoso autarquia, que aliado devoluo
espontnea do Dr. Pedro Eloi Soares, demonstram boa-f e no o contrrio;
c) o acima dito (letra b) seria to verdadeiro que entendeu-se, ainda que parcialmente, que o
acordo em si no trouxe prejuzos ao errio, tanto assim que no se demonstrou cabalmente que isso
tenha ocorrido.
o Relatrio.
VOTO
Preliminarmente, entendo que os Embargos de Declarao ora apreciados devem ser conhecidos,
porquanto atendidos os chamados requisitos gerais dos recursos, observando-se a singularidade, a
tempestividade, a legitimidade do recorrente, o interesse em recorrer e a adequao do documento.
2. A propsito, lembro que o TCU j firmou orientao no sentido de que, em recursos da espcie,
se exclui do juzo de admissibilidade o exame, ainda que em cognio superficial, da existncia de
obscuridade, omisso ou contradio na deliberao recorrida, cuja verificao deve ser remetida para o
seu juzo de mrito (cf. Acrdos ns 637/2005-TCU-Plenrio e 855/2003-TCU-2 Cmara).
3. Enfrentando o mrito da pea recursal, creio no assistir razo ao recorrente, pois as supostas
contradies por ele alegadas no esto presentes na deliberao hostilizada.
4. Na realidade, o Acrdo n 1.793/2003-TCU-Plenrio foi mantido pelo Acrdo ora embargado
(n 2.325/2006-TCU- Plenrio), em razo de restar comprovado que os elementos trazidos no Recurso de
Reconsiderao ento interposto no se mostravam suficientes para afastar as irregularidades que
ensejaram a deliberao combatida, quais sejam:
a) propositura de acordo extrajudicial ao DNER, e subseqente assinatura, quando j havia
transitado em julgado sentena proferida na Reclamao submetida Justia do Trabalho, sabendo-se
que esse tipo de transao s admitida no caso das aes em curso, antes da sentena, observadas as
condies estabelecidas na Lei n 9.469/97, importando recordar que o acordo foi considerado imoral e
ilegal pelo Juiz Presidente da 2 Junta de Conciliao e Julgamento de Vitria/ES (fls. 15 vol. 2);
b) inobservncia do disposto no art. 1, 1, e art. 2 da Medida Provisria n 1.561/96, vigente na
data do acordo, em 28/5/97 (reeditada pela 6 vez em 12/6/97 e transformada na Lei n 9.469/97, em
10/7/97), uma vez que o dito ajuste foi submetido homologao da Justia somente aps o pagamento
dos valores reclamados, homologao essa que o juzo competente se recusou a proceder;
c) descumprimento da regra estipulada no art.100 da CF, bem assim da jurisprudncia predominante
do STF e do TST (fls. 35/37, Volume 1), no sentido de que qualquer pagamento devido pela Fazenda
Pblica em virtude de sentena judiciria, e pago de outra forma que no por meio de precatrio atenta
contra os princpios da legalidade e da moralidade.
5. Assim, no h qualquer contradio a sanear, importando reproduzir aqui as consideraes que
agreguei na oportunidade aos exames tcnicos empreendidos no mbito da SERUR e do Ministrio
Pblico, os quais incorporei s minhas razes de decidir, no sentido de rechaar os argumentos oferecidos
naquele recurso e que, na essncia, se repetem nestes Embargos , inclusive no tocante ao prejuzo
verificado:
17. De fato, as alegaes ora trazidas pelos apelantes no se mostram hbeis a descaracterizar as
irregularidades e/ou infraes pelas quais respondem neste processo, e que ensejaram a prolao do
Acrdo fustigado.
18. Na linha dos pareceres, penso que no socorre os recorrentes a alegada extino, pelo Juiz
Titular da 2 Vara do Trabalho de Vitria/ES, Dr. Luis Eduardo Soares Fontenelle (fls. 17/18 - anexo 1),
em 21/6/2004, do processo de execuo da Reclamao Trabalhista n 422/92, movida pelo Senhor Pedro
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Eloi Soares contra o DNER, tendo a extino como fundamento o art. 794, inciso I, do CPC (extingue-se
a execuo quando o devedor satisfaz a obrigao).
19. que, como visto no Relatrio precedente, a Deciso do TRT - 17 Regio (fls. 22/23 - vol. 2),
que considerou procedente os embargos de execuo opostos pela Unio na fase de liquidao da
respectiva sentena, limitou o alcance dos clculos de liquidao edio da Lei n 8.112/90 (Regime
Jurdico nico), bem como data-base em que seriam compensados os efeitos da no-aplicao da URP
(Decreto-lei n 2.425/88).
20. Com isso, o crdito em favor do Senhor Pedro Eloi Soares foi reduzido de R$ 255.247,38 para
R$ 76.625, 49, em valores de julho/2000 (cf. documento de fls.15 - anexo 1) ou para R$ 87.844,63, em
valores de 1/10/1999 (cf. documento de fls. 17 - anexo 1).
21. Assim, o montante recebido do DNER por conta do discutido acordo (R$ 122.858,45, em
28/5/1997) supera em muito os crditos que a Justia Trabalhista reconheceu no caber execuo em
favor do reclamante sob o argumento de que aquela autarquia j havia pago a obrigao por ocasio do tal
ajuste (R$ 76.625, 49 ou R$ 87.844,63).
22. De mais a mais, a extino antes comentada no encerra de vez a Reclamao Trabalhista do
Senhor Pedro Eloi Soares contra o DNER, pois, conforme ressaltado naquela deciso pelo Juiz Titular da
2 Vara do Trabalho de Vitria/ES, Dr. Luis Eduardo Soares Fontenelle, a competncia para a execuo
de parcelas posteriores a 12.12.1990 permanece na Justia Federal, mediante a utilizao do remdio
processual adequado, face a inteligncia da deciso da prpria 4 Vara Federal, supra mencionada,
referindo-se competncia para apreciao das questes ligadas aos servidores estatutrios.
23. Portanto, est por demais comprovado que o sobredito acordo, alm de ter sido processado de
maneira ilegal (v. item 17 deste Voto), revelou-se ainda prejudicial aos interesses do extinto DNER, pelo
menos no tocante aos resultados apurados no mbito da Justia Laboral.
24. No plano da Justia Federal, tal qual o Senhor Representante do MP, penso no ser possvel
fazer-se qualquer previso neste momento a respeito da possibilidade de o Senhor Pedro Eloi Soares vir a
obter outros crditos naquele mbito, ante a ausncia de fato concreto. De qualquer forma, como bem
lembrado pelo Doutor Bugarin, a simples extino do dbito pelo TCU, nesta ocasio, no impediria que
o ex-empregado continuasse pleiteando aqueles crditos na Justia Federal, porquanto o acordo em
comento no foi homologado pelo Poder Judicirio.
25. Desse modo, creio assistir razo ao Ministrio Pblico, quando observa que, tendo em vista o
princpio da independncia das instncias, a eventual compensao de parcela do acordo considerada
para abater a dvida trabalhista em processos de execuo na Justia do Trabalho ou na Justia Federal
dever ser pleiteada no mbito judicial, quando da execuo do Acrdo n 1.793/2003-TCU- Plenrio
[ora recorrido], mediante a utilizao do instituto processual adequado.
6. V-se, portanto, que o impetrante pretende mesmo rediscutir aspectos j amplamente debatidos
no Acrdo vergastado. Ocorre que os Embargos de Declarao no podem ser desviados de sua
especfica funo jurdico-processual para ser utilizados com a indevida finalidade de instaurar nova
discusso sobre controvrsia jurdica j apreciada pelo Tribunal, neste caso, na oportunidade em que
julgou o Recurso de Reconsiderao que resultou no Acrdo ora embargado ( n 2.325/2006-TCUPlenrio).
Ante todo o exposto, considerando que no h obscuridade, omisso ou contradio na deliberao
atacada, voto por que o Tribunal de Contas de Unio aprove o Acrdo que ora submeto apreciao
deste Colegiado.
TCU, Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007.
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relator
ACRDO N 322/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC-002.154/2001-4 (com 10 volumes e 3 anexos).
1.1 - Apenso: TC-017.132/2004-8.
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VALMIR CAMPELO
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
Grupo I - Classe I - Plenrio
TC-002.644/2000-7 c/ 5 Anexos
Natureza: Recurso de Reviso (PCSP, exerccio de 1998)
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08. O informante, diante das peas processuais, verificou que, na verdade, o responsvel teria
praticado uma falha meramente formal. A ocorrncia diz respeito inexistncia de autorizao prvia
para as horas extras pagas durante o exerccio em apreo, sem que fosse constatado dano ao Errio. Em
conseqncia, considerou que a situao ensejaria apenas o julgamento pela regularidade com ressalva,
seguindo a lgica abraada por este Tribunal ao julgar a prestao de contas da mesma entidade referente
ao exerccio de 1999.
09. Mantendo essa linha de raciocnio, o ACE aduziu os seguintes comentrios:
Dessa forma, no obstante a insubsistncia dos argumentos do recorrente quanto inexistncia
da irregularidade, mostra-se pertinente que esta Corte, amparando-se nos princpios da razoabilidade e
da eqidade, d provimento ao presente recurso, adotando entendimento idntico ao esposado no
julgamento original das contas da entidade referentes ao exerccio de 1999 (Relao n 21/2001, Ata n
6/2001, Primeira Cmara).
10. O Analista concluiu sua instruo apresentando proposta no sentido de se conhecer do presente
Recurso de Reviso, para, no mrito, dar-lhe provimento, tornando insubsistente o Acrdo n
1.623/2004-TCU-Plenrio, de forma a manter inalterada a deliberao proferida no julgamento da
prestao de contas simplificada do CRO/PR, relativa ao exerccio de 1998, inserida na Relao n
102/2000, Ata n 26/2000, Sesso de 25/7/2000, Primeira Cmara, no tocante ao Sr. Mrcio Jacomel,
dando-lhe cincia da deliberao que venha a ser adotada pelo Tribunal.
11. O Diretor da 4 DT e o titular da Unidade Tcnica posicionaram-se de acordo com as concluses
do informante (fl.28, Anexo 5).
12. O Procurador-Geral junto ao TCU Dr. Lucas Rocha Furtado manifestou-se tambm em apoio
proposta oferecida pela Serur.
o Relatrio.
VOTO
Trata-se de Recurso de Reviso interposto pelo Sr. Mrcio Jacomel, ex-Presidente do Conselho
Regional de Odontologia do Paran (fls.1 a 12, Anexo 5), contra o Acrdo n 1.623/2004TCU
Plenrio, pelo qual as contas do recorrente, relativas ao exerccio de 1998, foram julgadas irregulares com
aplicao, ao mesmo, da multa prevista no art. 58, inciso I, da Lei n 8.443/92, no valor de R$ 8.000,00
(oito mil reais). Tal Deciso condenatria foi mantida integralmente, aps exame do Recurso de
Reconsiderao e dos Embargos de Declarao apresentados pelo responsvel, nos termos dos Acrdos
do Plenrio n 1.846/2005 e n 1.188/2006, respectivamente.
2. Registre-se, preliminarmente, que o presente Recurso de Reviso atende aos requisitos de
admissibilidade previstos nos arts. 32, inciso III e 35, inciso III, da Lei n 8.443/92, razo pela qual deve
ser conhecido.
3. Importa relembrar que as contas em tela foram originariamente julgadas regulares com ressalva
tendo sido dada quitao aos responsveis. As falhas apuradas nos autos decorrem, em especial, de
pagamento excessivo e continuado de horas extras a empregados do CRO/PR, sem a autorizao prvia
formalmente exigida pelo art. 59 da CLT.
4. Entretanto, o conhecimento, pelo Tribunal, e o subseqente juzo de procedncia da denncia
formulada perante esta Corte, versando sobre irregularidades que abrangiam tambm a gesto do
Sr. Mrcio Jacomel referente ao exerccio sob enfoque (Ac. n 28/2003, TC-013.586/2000-0),
suscitaram a interposio de Recurso de Reviso pelo Ministrio Pblico junto ao TCU. O douto Parquet
entendeu caracterizada a supervenincia de documento novo com eficcia sobre a prova produzida, nos
termos do inciso III do art. 35 da Lei n 8.443/92. Diante disso, as contas foram reapreciadas em Sesso
Plenria de 20/10/2004, gerando o Acrdo n 1.623/2004, objeto do presente recurso.
5. De acordo com os registros consubstanciados no Relatrio que integra este Voto, entendo que o
desate da matria em apreo est relacionado verificao da observncia do critrio da eqidade ou
uniformidade, que deve nortear as deliberaes do Tribunal quando envolverem situaes idnticas. Isso
significa, sem dvida alguma, que o respeito aos princpios da razoabilidade e da isonomia condio
imprescindvel legalidade dos julgados desta Corte.
80
6. Ficou evidenciada a falta de eqidade entre o critrio de julgamento adotado no caso concreto
sob exame e o aplicado no paradigma invocado pelo recorrente (Ac. n 197/2006, TC-013.303/2000-6).
Conseqentemente, ficou caracterizada a desateno ao princpio da isonomia. Restou demonstrado
tambm que o Tribunal adotou entendimentos divergentes em julgamentos de casos que guardam perfeita
analogia entre si, pois a ocorrncia constatada no presente processo idntica ao fato apontado nos autos
citados pelo alegante.
7. Para demonstrar a importncia de se observar os critrios e princpios mencionados no exerccio
da competncia constitucional e legal desta Corte de Contas e no mbito do Judicirio em geral, vale
ressaltar ainda que a analogia a operao lgica mediante a qual se suprem as omisses da lei, aplicando
apreciao de uma dada relao jurdica as normas de direito objetivo disciplinadoras de casos
semelhantes. Dessa maneira, vai-se constituindo a jurisprudncia: interpretao reiterada que os tribunais
do lei, nos casos concretos submetidos ao seu julgamento.
8. Ante o exposto, considerando que no julgamento deste processo, referente s contas do Conselho
Regional de Odontologia do Paran, relativas ao exerccio de 1998, o TCU, alm de julg-las irregulares,
aplicou multa ao recorrente pela inexistncia de autorizao prvia para a realizao e pagamento de
horas extras; considerando que na apreciao da Prestao de Contas da mesma entidade, referente ao
exerccio subseqente (1999), diante de idntica irregularidade, o Tribunal fez apenas determinaes ao
responsvel com o fim de san-la, julgando as respectivas contas regulares com ressalva, entendo
adequadas as proposies uniformes da Serur e do Ministrio Pblico junto ao Tribunal.
Assim, para que sejam garantidas a observncia aos princpios da razoabilidade e da isonomia, bem
como a adoo do critrio da uniformidade nas deliberaes do TCU, VOTO no sentido de que o
Tribunal adote o Acrdo que ora submeto a este Colegiado.
TCU, Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007.
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relator
ACRDO N 323/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo: TC-002.644/2000-7 c/ 5 Anexos
2. Grupo (I) Classe de Assunto (I) Recurso de Reviso (PCS, exerccio de 1998)
3. Recorrente: Mrcio Jacomel (ex-Presidente do CRO/PR) CPF 000.199.509-00
4. Entidade: Conselho Regional de Odontologia do Paran COR/PR
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
5.1. Relator da deliberao recorrida: Ministro Marcos Bemquerer Costa
6. Representante do Ministrio Pblico: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado
7. Unidade Tcnica: SERUR
8. Advogados constitudos nos autos: Dr. Paulo Csar Cruz, OAB/PR n 14.485
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Prestao de Contas Simplificada do CRO/PR,
exerccio de 1998, em fase de apreciao do Recurso de Reviso interposto pelo recorrente indicado no
item 3 acima contra o Acrdo n 1.623/2004-TCU-Plenrio, mediante o qual as suas contas foram
julgadas irregulares com aplicao, ao mesmo, da multa prevista no art. 58, inciso I, da Lei n 8.443/92,
no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso do Plenrio, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 32, inciso III, e 35, inciso III, da Lei n 8.443/92, c/c os arts. 277,
inciso IV, e 288, inciso III, do RI/TCU, conhecer do presente Recurso de Reviso, para, no mrito, darlhe provimento, tornando insubsistente o Acrdo n 1.623/2004-TCU-Plenrio, de forma a restaurar a
deliberao originria inserida na Relao n 102/2000, Ata n 26/2000, Sesso da Primeira Cmara, de
81
25/7/2000, no que tange ao Sr. Marco Jacomel, proferida no julgamento deste processo pela regularidade
das contas com ressalva e quitao ao responsvel;
9.2. dar cincia ao recorrente do inteiro teor deste Acrdo, bem como do Relatrio e Voto que o
fundamentam.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0323-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo (Relator), Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
VALMIR CAMPELO
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO I CLASSE I Plenrio
TC 575.582/1996-0 (com 2 volumes e 2 anexos)
Apenso: TC-014.030/1999-3
Natureza: Recurso de Reviso
Entidade: Prefeitura Municipal de Terespolis/RJ
Recorrente: Mario de Oliveira Tricano
Advogado constitudo nos autos: no h
Sumrio: RECURSO DE REVISO. CONHECIMENTO EM CARTER EXCEPCIONAL.
PROVIMENTO.
1. possvel, em carter excepcional, relevar a ausncia de preenchimento dos pressupostos de
admissibilidade contidos no art. 35 da Lei 8.443/92, com fundamento no princpio do e da verdade
material, sobretudo se detectado rigor excessivo no julgamento pela irregularidade das contas.
RELATRIO
Em apreciao Recurso de Reviso interposto pelo Sr. Mario de Oliveira Tricano, ex-Prefeito de
Terespolis-RJ, contra o Acrdo n 3.138/2004-1 Cmara, por meio do qual teve suas contas julgadas
irregulares com aplicao de multa no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
2. Em sede de exame de admissibilidade, a Serur lanou a instruo de fls. 31/35, Anexo 2,
propondo, em manifestaes uniformes, o conhecimento do recurso, tendo por base a grave injustia que
pode ter ocorrido ao recorrente. Reproduzo os seguintes excertos da manifestao da unidade tcnica,
necessrios para compreenso da matria e para formulao de juzo de mrito acerca do recurso sob
julgamento:
(...) a Egrgia Primeira Cmara prolatou o Acrdo n. 3.138/2004 TCU 1 Cmara, fl. 532,
vp, cujo teor, no que interessa para o deslinde da questo, reproduzimos a seguir:
voto
2. Em novo exame, a SECEX/RJ inicialmente concluiu pela regularidade com ressalva das contas,
considerando as evidncias de irregularidades de carter formal consignadas no Relatrio de Auditoria
de Gesto emitido pelo Controle Interno. Segundo a Unidade Tcnica, os recursos recebidos (...) foram
integralmente aplicados nas obras, ainda que a meta inicial do Convnio tivesse sido apenas
82
parcialmente cumprida, com a construo de somente 12 casas, alm dos 2 muros, em decorrncia da
corroso inflacionria do valor dos recursos ocorrida no intervalo entre a sua liberao e a sua efetiva
utilizao.
3. Ao manifestar-se sobre as contas, o Ministrio Pblico junto a este Tribunal reconheceu a
inexistncia de dbito decorrente do no-cumprimento das metas do Convnio, mas ressaltou a
existncia nas contas de declaraes falsas, referindo-se a documentos relacionados a planilhas de
desembolso e relao de bens e aceitao em carter definitivo das obras, em que constam como
construdos os 2 muros de conteno e as 168 casas, com o fiel cumprimento do objeto do Convnio.
Segundo o Ministrio Pblico, esse fato apontaria para a existncia de dolo do responsvel visando
frustrar o controle, com violao dos princpios constitucionais da moralidade e da legalidade que
ensejaria a sano disposta no art. 58, inciso I, da Lei 8.443/92, motivo pelo qual props a realizao de
audincia do responsvel que foi por mim autorizada.
5.(...) mas a responsabilidade subjetiva do ex-prefeito pela existncia de documentos com
declaraes falsas, assinados por ele, em prestao de contas de sua responsabilidade com o propsito
de frustrar o controle sobre a aplicao dos recursos repassados.
(...)
9. (...) levam-me a refutar a tese de que a culpa do responsvel decorra apenas da violao do
dever de cuidado da sua parte, pois no meu entender ele tanto tinha conhecimento do no-cumprimento
das metas do Convnio como da inexatido das informaes constantes nos documentos de sua
responsabilidade, os quais no refletiam a execuo efetiva das obras, e teve inteno deliberada de
enganar os mecanismos de controle na apurao do cumprimento do Convnio, caracterizando o dolo
direto da sua conduta.
(...)
11. Deve ser mencionado ainda que na ocasio da assinatura dos documentos, aps utilizados os
recursos sem que tivesse sido cumprida a meta do Convnio, as declaraes falsas inscritas nos
documentos tinham potencial lesivo e poderiam dificultar apurao dos fatos pelo controle, quando no
existia certeza de regularidade da aplicao dos recursos repassados.
12. Com relao existncia de Ao Penal instaurada em processo do Tribunal Regional Federal
da 2 Regio em virtude de denncia oferecida pelo Ministrio Pblico Federal relacionada s
mencionadas declaraes falsas, o julgamento pela sua improcedncia por parte daquele Tribunal em
deciso no-unnime no constitui exceo ao princpio das independncia das instncias, ante a
inquestionvel existncia material do fato, pelo que no pode afetar o mrito da deciso desta Corte.
(...).
14. Concordo portanto com as propostas uniformes da Unidade Tcnica e do Ministrio Pblico,
por considerar que a conduta do responsvel esteve em desacordo com o princpio constitucional da
moralidade administrativa, que pressupe modo de agir do administrador pblico pautado por princpios
ticos, ressaltando que considerei, na aplicao de sano ao responsvel, como atenuantes ilicitude
cometida, o fato de os recursos repassados mediante o Convnio terem sido apropriadamente utilizados
nas obras seu objeto, bem como a existncia de inflao no perodo da sua utilizao, que resultava no
cumprimento parcial de metas de repasses cujas razes eram muitas vezes incompreendidas pelos
responsveis pela utilizao dos recurso (Acrdo n. 3.138/2004, grifos acrescidos).
Irresignado, o Recorrente interps Recurso de Reconsiderao (anexo 1), o qual foi conhecido e
no provido por meio do Acrdo n. 1.963/2006 TCU 1 Cmara (fl. 46, anexo 1), verbis:
Com relao ao mrito, entendo importante assinalar, antes, que, quando da anlise da prestao
de contas apresentada pelo ex-Prefeito, as instncias do Tribunal foram unnimes em reconhecer a
inexistncia de dbito, pois restou comprovado que os recursos federais foram aplicados no objeto
conveniado, em que pese o atingimento parcial das metas pactuadas, representado pela construo de
somente 12 casas populares, quando estavam previstas 168. Conforme apurado, tal reduo de metas
deveu-se perda do poder aquisitivo do valor repassado, haja vista a inflao galopante vigente
poca.
Nada obstante, verificou-se, nas contas, a juntada de declaraes falsas contidas em documentos
relacionados a planilhas de reembolso e relao de bens e aceitao das obras, nos quais constam
como construdas, alm dos dois muros de arrimo, 168 casas.
83
Na deliberao ora atacada, considerou-se caracterizada a responsabilidade subjetiva do exPrefeito, uma vez que os documentos com declaraes inverdicas foram por ele assinados, fazendo-os
integrar prestao de contas de sua responsabilidade, com o propsito de frustrar o controle sobre a
aplicao dos recursos repassados, nos termos expostos no Voto condutor daquele decisum(Acrdo n.
1.963/2006, grifos acrescidos).
De plano, visualizamos que a Unidade Tcnica do Tribunal (SECEX-RJ), a SERUR (em sede de
Recurso de Reconsiderao), o MP/TCU e a Primeira Cmara desta Corte certificaram a inexistncia de
dbito.
Assim sendo, a multa aplicada ao Sr. Mrio pelo Acrdo 3.138/2004, mantido pelo Acrdo
1.963/2006, teve como fundamento declaraes inverdicas subscritas pelo ex-Prefeito e apresentadas na
prestao de contas do Convnio n. 530/SEDEC/91, firmado entre a Prefeitura Municipal de
Terespolis e o extinto Ministrio da Ao Social.
Na presente oportunidade, o Recorrente interpe Recurso de Reviso, com amparo no art. 35, da
Lei n. 8.443/92, sem contudo especificar o inciso no qual fundamenta seu recurso.
Primeiramente, faz-se mister destacar que o Recurso de Reviso requer, alm dos pressupostos de
admissibilidade comuns a todos os recursos tempestividade, singularidade e legitimidade, o
atendimento dos requisitos especficos indicados no art. 35, incisos I, II, III, da Lei n. 8.443/92: I- erro de
clculo; II- falsidade ou insuficincia de documentos em que se tenha fundamentado o acrdo
recorrido; III- supervenincia de documentos novos com eficcia sobre a prova produzida. Doravante,
descreveremos os argumentos apresentados pelo postulante com a respectiva anlise.
Argumento: O Recorrente sustenta que como ficou demonstrado, as contas evidenciaram
impropriedades de natureza formal, relatadas no Relatrio de Auditoria de Gesto n. 530/96 do
Controle Interno (fls. 338/339), (...), conforme havia manifestado a instruo da Unidade Tcnica que
realizou estudos e produziu parecer conclusivo a respeito do mrito do processo de contas (fls. 502/506),
(...), posto que no resultaram dano ao Errio, ou seja, as contas evidenciaram a boa e regular aplicao
dos recursos e ainda a observncia aos dispositivos legais (fl. 7, anexo 2).
Anlise: Cumpre ressaltar que, se no houve imputao de dbito, no h que se falar da
possibilidade da ocorrncia do art. 35, I, da Lei 8.443/92. Tal argumento diz respeito ao mrito da
prestao de contas, no se enquadrando, tambm, nos incisos II e III do art. 35 da Lei 8.443/92.
Argumento: No que se refere ao inciso III, supervenincia de documentos novos com eficcia
sobre a prova produzida, o ex-Prefeito aduz, fl. 7, anexo 2, que o Tribunal Regional Federal da 2
Regio julgou improcedente denncia do Ministrio Pblico do Estado da Rio de Janeiro acerca da
suposta aplicao indevida dos recursos relacionados ao Convnio n. 530/SEDEC/91, arquivando o
processo em 25.07.2003 (doc. 03 e 04, em anexo).
Aduz, ainda, que Ao julgar as contas irregulares com fundamento no art. 16, inciso III (...), a 1
Cmara incorreu em error in procedendo, ou melhor, em vcio insanvel, j que foi apontada a
inexistncia de dbito, de indcios de desvios ou da aplicao irregular dos recursos (fl. 7, anexo 2).
Anlise: De incio, salientamos que cuidam os autos de Tomada de Contas Especial instaurada
pela Delegacia Federal de Controle para apurar a responsabilidade do Sr. Mrio de Oliveira Tricano,
ex-Prefeito do Municpio de Terespolis, acerca do no-cumprimento das metas estabelecidas no
Convnio n 530/SEDEC/91, firmado entre a Prefeitura de Terespolis e o extinto Ministrio da Ao
Social, em 11/12/1991, que teve por objeto a construo de dois muros de conteno de encostas nas
ruas Jorge Melick e Oto de Alencar, e, ainda, 168 casas populares.
No demais frisar que o ex-Gestor logrou demonstrar a correta aplicao dos recursos do
Convnio n. 530/SEDEC/91. Diante disso, o Acrdo guerreado no imputou-lhe qualquer dbito,
somente aplicou-lhe multa por ter includo, na prestao de contas, documentos com declaraes falsas.
[...]
A segunda questo de suma importncia reside no grau de lesividade da declarao falsa emanada
do ex-Prefeito. No caso concreto, a declarao falsa foi o fundamento da aplicao da multa, pois que,
conforme visto, as demais irregularidades foram de cunho apenas formal.
Na justia federal de 2 instncia, o Tribunal Regional Federal - TRF da 2 Regio, no bojo do
Processo 2000.02.01.019912-0, que tratava de denncia oferecida pelo Ministrio Pblico Federal em
desfavor de Mrio de Oliveira Tricano e Mrcia da Fonseca, pela prtica do delito descrito no artigo
84
299, pargrafo nico, do Cdigo Penal Brasileiro CPB, rejeitou-a nos termos do voto do
Desembargador Federal Castro Aguiar, a seguir descrito:
(...) a questo diz respeito falsidade ideolgica. Essa a questo. (...) Ou seja, declarou-se a
construo de cento e sessenta e oito casas, quando s teriam sido construdas doze casas. (...), isso teria
sido um mero equvoco, e a idia que me passou foi de um equvoco, no de uma inteno de causar dano
efetivo, no uma potencialidade lesiva, que seriam fundamentais. E, para mim, tambm, nesse caso,
haveria necessidade dessa potencialidade lesiva; haveria necessidade desse dano efetivo, e esse dano
no ocorreu.(...)
Ento, no vejo por que um mero equvoco de algum declarar que construiu cento e sessenta e
oito casas, porque a verba veio destinada a cento e sessenta e oito casas, quando s construiu doze,
exatamente porque houve entre o recebimento da dotao e a sua aplicao uma defasagem muito
grande, houve uma correo monetria, uma inflao muito alta de 50%. quela poca, 1993, a inflao
chegava a 82% (...) (fl. 8, anexo 1).
A fim de subsidiar a anlise da questo, mencionaremos abaixo algumas decises acerca da
falsidade de documento pblico, art. 297 do CP:
No crime de falsificao de documento pblico, o falso deve ser suficiente para provocar erro em
outrem (TRF-4a Reg., AC 960415935-6IPR,-ReI. Antnio Albino Ramos de Oliveira, j. 24-3-1998).
O crime de falsificao de documento pblico, previsto no art. 297 do Cdigo Penal, basta a
falsificao ser idnea e conduzir algum ao engano (STJ, RE 155.712/RS, ReI. Luiz Vicente
Cernicchiaro,j. 29-4-1999).
No presente caso, no estamos tratando do delito do art. 297. Todavia, assim como aquele, para
que se configure o crime de falsidade ideolgica (art. 299) tambm necessrio que a declarao tenha
o condo de lesar o sujeito passivo principal (Estado) ou o sujeito passivo secundrio (terceiros). A
nosso ver, somente haveria o delito se os recursos fossem suficientes para a construo das 168 casas, ou
se, ele tivesse construdo menos que 13 casas.
Alm disso, sabido que o elemento subjetivo do delito do art. 299 o dolo do agente, questo de
foro ntimo. No caso concreto, acreditamos que no temos como saber a inteno do gestor.
[...]
No presente caso, a declarao falsa do ex-Prefeito de que construiu 168 casas no era capaz de
produzir alterao na prestao de contas. Se ele tivesse declarado que construra 12 casas, esse
Tribunal, salvo melhor juzo, julgaria regular a prestao de contas. Assim, a carga de reprovao da
conduta mais moral do que jurdica.
Ademais, no podemos deixar de salientar que esse TCU, em diversos julgados, relativizou os
efeitos da coisa julgada. guisa de exemplo, transcrevemos abaixo excerto do relatrio do Exm
Ministro-Relator Marcos Vinicios Vilaa, condutor do Acrdo 686/2005 Primeira Cmara, verbis:
O ato decisrio definitivo, no mais sujeito a recurso, que exiba injustia enorme - absurdos,
fraudes, inconstitucionalidades e outras desfunes manifestas -, faz coisa julgada, to s, de autoridade
relativa coisa julgada formal; precluso mxima. O valor justia no se h de abandonar, em prol da
certeza e da segurana, com esquecimento da liberdade jurdica. A aludida derrelio implica perigoso
afastamento de necessria crtica da razo prtica (TJSP, 7 Cm. De Direito Pblico, Ap. n. 058.3775/7, Rel. Des. Torres De Carvalho, v. u., j. 26.3.01) (conforme ainda STF, 1 T., RExt. N. 93.412/SC, rel.
Min. Rafael Mayer, v.m., j. 4.5.82; STF, 1 T., RExt. n. 105.012/RN, rel. Min. Neri Da Silveira, v.m., j.
9.2.88; STJ, 6 T., REsp. n. 35.105-8/RJ, rel. Min. Luis Vicente Cernicchiaro, v.u., j. 31.5.93, DJU
28.6.93-b)
13. Diante de todo o exposto, fica patente que a coisa julgada deve ser posta em equilbrio com as
demais garantias constitucionais e com o os institutos jurdicos conducentes produo de resultados
justos mediante as atividades inerentes ao processo civil (Cndido Rangel Dinamarco, Relativizar a
coisa julgada material, p. 12).
Assim, forte a corrente que relativiza os efeitos da coisa julgada, diante de grave injustia. In
caso, seria o motivo bastante para o mero conhecimento do Recurso de Reviso.
[...]. (Grifos do original)
85
86
notcia de locupletamento ou desvios e que o juzo de reprovao do Tribunal recaiu to-somente sobre
conduta supostamente voltada ao propsito de frustrar o controle sobre a aplicao dos recursos, em
relao a qual pendem, a meu ver, dvidas relevantes, manifesto-me no sentido de que o recurso de
reviso seja provido, julgando-se as presentes contas regulares com ressalva.
o Relatrio.
VOTO
Em linha de concordncia com os pareceres da unidade tcnica e do Ministrio Pblico junto ao
TCU, conforme transcritos no Relatrio antecedente, entendo que, em carter excepcional, em virtude da
situao concreta versada nos autos, possa ser conhecido o Recurso de Reviso interposto pelo Sr. Mario
de Oliveira Tricano contra o Acrdo n 3.138/2004-1 Cmara, por meio do qual o Tribunal julgou suas
contas irregulares e aplicou-lhe multa no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
2. A excepcionalidade do presente caso guarda grande semelhana com recente soluo aplicada
por este Plenrio, sob o Voto condutor do Ministro Benjamim Zymler. Trata-se do Acrdo n 37/2007,
proferido em Sesso de 31 de janeiro deste ano. E, naquela oportunidade, tendo em vista a desproporo
entre a motivao para a condenao e o resultado do julgamento pela irregularidade das contas, foi
conhecido o recurso, mesmo ausentes os pressupostos de admissibilidade. Honrado pela citao, anoto,
ainda, que Sua Excelncia, ao fundamentar seu Voto, trouxe colao precedente por mim relatado no
ano de 1999 (Acrdo n 3/99-Plenrio). Assim, a tese que pode ser aplicada ao presente caso encontra-se
sumarizada no referido Acrdo n 37/2007-Plenrio: possvel, em carter excepcional, relevar a
ausncia de preenchimento dos pressupostos de admissibilidade contidos no art. 35 da Lei 8.443/92, com
fundamento nos princpios do formalismo moderado e da verdade material, sobretudo se detectado rigor
excessivo no julgamento pela irregularidade das contas.
3. E, no mrito da questo posta sob recurso, considero que realmente houve rigor excessivo no
julgamento das contas do recorrente. O atento exame dos autos e as elucidativas manifestaes do
Analista da Serur e do Procurador-Geral revelam que a motivao para a condenao foi a prestao de
declarao falsa por parte do Sr. Mario de Oliveira Tricano, quanto a quantidade de casas construdas
com os recursos federais repassados. Contudo, essa declarao falsa, embora reprovvel sob o ponto de
vista moral, no se subsome, a meu ver, hiptese legal invocada pelo Acrdo recorrido para julgar
irregulares as contas, qual seja, o art. 16, inciso I, alnea b da Lei n 8.443/1992: prtica de ato de
gesto ilegal, ilegtimo, antieconmico, ou infrao norma legal ou regulamentar de natureza contbil,
financeira, oramentria, operacional ou patrimonial.
4. Ademais, verifico que esse mesmo fato a declarao feita pelo ex-Prefeito , levado a
julgamento na esfera penal sob a acusao de falsidade ideolgica, conforme noticiado pela Serur
(Processo 2000.02.01.019912-0, TRF 2 Regio), teve como desfecho a rejeio da denncia ofertada
pelo Ministrio Pblico, sendo que o Relator do processo, condutor do voto vencedor, Desembargador
Federal Castro Aguiar, entendeu que a declarao feita pelo ex-Prefeito decorreu de mero equvoco, sem
inteno de causar dano efetivo a outrem.
5. Assim sendo, conforme explicitado na instruo da Serur e no Parecer de lavra do Dr. Lucas
Rocha Furtado, a conduta censurvel do ex-Prefeito foi praticada em mbito da instruo processual, e
dela no defluem, em termos estritamente materiais, reflexos no mundo dos fatos que eivem de
irregularidade a execuo do convnio firmado com a Unio. Sendo assim, entendo que inexiste
gravidade suficiente para macular as contas do responsvel. Perante esse cenrio, seria de extremo rigor
manter a irregularidade das contas. Compartilho, portanto, a opinio do Parquet no sentido de que, por
economia processual, possa ser apreciado desde logo o mrito do recurso, o qual entendo pode ser
provido para julgar as contas regulares com ressalva.
Ante o exposto, VOTO por que o Tribunal de Contas da Unio aprove o acrdo que submeto a este
Plenrio.
TCU, Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007.
87
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relator
ACRDO N 324/2007- TCU - PLENRIO
1. Processo n 575.582/1996-0 (com 2 volumes e 2 anexos)
1.1 Apenso: TC-014.030/1999-3
2. Grupo I, Classe de Assunto I Recurso de Reviso
3. Recorrente: Mario de Oliveira Tricano
4. Entidade: Prefeitura Municipal de Terespolis/RJ
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
5.1. Relator da deliberao recorrida: Ministro Marcos Vinicios Vilaa
6. Representante do Ministrio Pblico: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado
7. Unidade Tcnica: Serur
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se aprecia Recurso de Reviso interposto pelo
Sr. Mario de Oliveira Tricano, ex-Prefeito de Terespolis-RJ, contra o Acrdo n 3.138/2004-1 Cmara,
por meio do qual teve suas contas julgadas irregulares com aplicao de multa no valor de R$ 10.000,00
(dez mil reais).
ACORDAM os Ministros do Tribunal da Unio, reunidos em Sesso do Plenrio, diante das razes
expostas pelo Relator e com base no art. 35, Pargrafo nico, da Lei n 8.443, de 1992, em:
9.1. conhecer do presente Recurso de Reviso, em carter excepcional, e no mrito, dar-lhe
provimento;
9.2. com fundamento nos arts. 1, inciso I; 16, inciso II; 18 e 23, todos da Lei n 8.443/92, julgar as
presentes contas regulares com ressalva;
9.3. dar cincia dessa deciso ao recorrente.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0324-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo (Relator), Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
GRUPO I CLASSE I Plenrio
TC-003.478/2006-8 (com 3 anexos)
Natureza: Administrativo
Interessado: Tribunal de Contas da Unio
rgo: Tribunal de Contas da Unio
Advogado constitudo nos autos: no h
VALMIR CAMPELO
Relator
88
Neste trabalho ser usado indistintamente tanto o termo LDI como BDI.
89
Instituto de Engenharia. Metodologia de clculo do oramento de edificaes composio do custo direto e do BDI/LDI.
Disponvel em http://www.institutodeengenharia.org.br/IE_documentos.html. Acesso em 03/05/2006.
3
MENDES, Andr Luiz e BASTOS, Patrcia Reis Leito. Um aspecto polmico dos oramentos de obras pblicas:
Benefcios e Despesas Indiretas (BDI). Revista do Tribunal de Contas da Unio. Braslia, v. 32, n.88, abr/jun 2001.
4
Instituto de Engenharia. Metodologia de clculo do oramento de edificaes composio do custo direto e do BDI/LDI.
Disponvel em http://www.institutodeengenharia.org.br/IE_documentos.html. Acesso em 03/05/2006.
5
BDI.
Disponvel
em
90
e de infra-estrutura necessrios para sua transformao no produto final, tais como mo-de-obra
(salrios, encargos sociais, alimentao, alojamento e transporte), logstica (canteiro, transporte e
distribuio de materiais e equipamentos) e outros dispndios derivados, que devem ser discriminados e
quantificados em planilhas.
O DNIT considera os seguintes custos diretos6:
- Custo Direto dos Servios representa a soma dos custos dos insumos (equipamentos, materiais
e mo-de-obra) necessrios realizao dos servios de todos os itens da planilha.
- Custo de Administrao Local representa todos os custos locais que no so diretamente
relacionados com os itens da planilha e, portanto, no so considerados na composio dos custos
diretos. Inclui itens como: Custo da Estrutura Organizacional (pessoal), Seguros e Garantias de
Obrigaes Contratuais e Despesas Diversas.
- Mobilizao e Desmobilizao a parcela de mobilizao compreende as despesas para
transportar, desde sua origem at o local aonde se implantar o canteiro da obra, os recursos humanos,
bem como todos os equipamentos e instalaes (usinas de asfalto, centrais de britagem, centrais de
concreto, etc.) necessrios s operaes que a sero realizadas. Esto, tambm, a includas as despesas
para execuo das bases e fundaes requeridas pelas instalaes fixas e para sua montagem,
colocando-as em condio de funcionamento. Como, de um modo geral, a desmobilizao de
equipamentos e instalaes se faz a fim de transport-los para uma nova obra, no ser prevista parcela
especifica para este fim, com vistas a evitar dupla remunerao.
- Canteiro e Acampamento esta rubrica tem por finalidade cobrir os custos de construo das
edificaes e de suas instalaes (hidrulicas, eltricas, esgotamento) destinadas a abrigar o pessoal
(casas, alojamentos, refeitrios, sanitrios, etc.) e as dependncias necessrias obra (escritrios,
laboratrios, oficinas, almoxarifados, balana, guarita, etc.), bem como dos arruamentos e caminhos de
servio.
4.2 Despesas Indiretas
Definidos os custos diretos, necessrio se faz apresentar aqueles que no podem ser definidos como
tais, e que, associados aos custos diretos e ao lucro, formaro o preo final da obra.
A Eletrobrs diz que o custo indireto compreende todas as despesas no alocveis diretamente
execuo da obra.7 So custos decorrentes, por conseguinte, das necessidades e obrigaes do executor
e no diretamente do projeto de engenharia.
Enquanto os custos diretos so objetivos e vinculados especificao do projeto da obra e suas
quantificaes, os indiretos so subjetivos e associados ao executor, s suas necessidades operacionais
(administrao central, seguros, garantia, caixa), de rentabilidade e obrigaes tributrias. A
denominao indiretos se d em razo da sua valorao ser obtida em funo de percentuais dos custos
diretos, representando o carter intrnseco ao projeto da obra que tem os custos diretos, diferentemente
dos indiretos, que poderiam ser considerados extrnsecos, pois so subseqentes ao projeto j
quantificado.
Portanto, consideram-se inadequados aqueles conceitos que definem como indiretos os custos que
so associados com objetividade e segurana a uma obra especfica e que, para serem apropriados,
precisariam ser rateados, isto , distribudos entre as diversas obras realizadas pela mesma empresa. A
falha deste conceito se torna evidente em uma anlise de itens de despesas indiretas, a exemplo dos
tributos, cujo valor resultante de uma obra determinada.
So normalmente considerados custos indiretos: despesas financeiras, administrao central,
tributos federais (PIS/Cofins, CPMF), tributos municipais (ISS), seguros, riscos e garantias.
4.2.1 Despesas financeiras
Despesas financeiras so gastos relacionados ao custo do capital decorrente da necessidade de
financiamento exigida pelo fluxo de caixa da obra e ocorrem sempre que os desembolsos acumulados
forem superiores s receitas acumuladas. Nas obras pblicas, as empresas construtoras normalmente
necessitam investir capital, pois as entidades contratantes s podem legalmente pagar pelos servios
6
7
Brasil, Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. Diretoria Geral. Manual de custos rodovirios. 3. ed. - Rio de Janeiro, 2003. pp. 7/8.
Reviso das diretrizes para elaborao de oramentos de linhas de Transmisso. Diviso de Engenharia de transmisso Eletrobras S.A. 2005. p. 19.
91
efetivamente realizados (Lei n. 4.320/1964, arts. 62 e 63) e dispem de 30 (trinta) dias para realizar o
pagamento. No entanto, a empresa pode equilibrar seu fluxo de caixa com os prazos obtidos junto aos
seus fornecedores.
O capital investido pelas empresas pode ser prprio, quando utilizarem recursos que j possuam
em seus caixas, ou de terceiros, quando adquiridos junto a operadores financeiros (bancos, financeiras,
etc.). No caso do capital prprio, sua remunerao normalmente calculada com o fim de promover sua
atualizao monetria. Com relao a capital de terceiros, deve-se analisar qual o custo de
oportunidade do capital, ou seja, deve-se apurar qual seria o seu rendimento se o capital de giro tivesse
sido aplicado no mercado financeiro naquele perodo. Assim, a Administrao deve resguardar-se de
taxas abusivas, pois o preo da obra no pode ser onerado por ineficincia operacional do executor.
Dessa forma, a taxa de juros referencial para o mercado financeiro mais adequada a taxa SELIC, taxa
oficial definida pelo comit de poltica monetria do Banco Central.
As despesas financeiras podem ser calculadas pela frmula:
n
DF = (1 + j ) 30 1
onde:
- DF a taxa de despesa financeira;
- j a taxa mensal de atualizao monetria ou de juros de referncia;
- n o nmero de dias decorridos entre o centro de gravidade dos desembolsos e a efetivao do
pagamento contratual.
Ressalte-se que a competitividade nas licitaes estimula a queda dos preos propostos pelas
empresas e faz com que as empresas que possuam capital prprio ou acesso a capital de baixo custo
obtenham vantagem nas propostas para obras pblicas.
4.2.2 Administrao Central
Toda empresa possui uma estrutura administrativa com custo e dimenso prprios. A sua
representao no LDI de uma obra definida estabelecendo em que proporo esse custo apropriado
como despesa de uma obra. Pode ser de forma integral, quando a empresa executa apenas uma obra, de
forma parcial, na hiptese de rateio entre vrias obras executadas pela empresa ou, at mesmo, no ser
apropriada em uma obra especfica, caso a empresa tenha como alocar esses custos em outras
atividades.
O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) define Administrao central
como a parcela do Preo Total que corresponde quota parte do custo da Administrao central do
Executor, a ser absorvida pela obra em tela8.
O Instituto de Engenharia define como rateio da administrao central a parcela de despesa da
Administrao central debitada a determinada obra segundo os critrios estabelecidos pela direo da
empresa. As despesas da Administrao central so aquelas incorridas durante um determinado perodo
com salrios de todo o pessoal administrativo e tcnico lotado ou no na sede central, no almoxarifado
central, na oficina de manuteno geral, pr-labore de diretores, viagens de funcionrios a servio,
veculos, aluguis, consumos de energia, gua, gs, telefone fixo ou mvel, combustvel, refeies,
transporte, materiais de escritrio e de limpeza, seguros, etc.9
Diversos fatores podem influenciar as taxas de administrao central praticadas pelas empresas,
dentre elas podem ser citadas: estrutura da empresa, nmero de obras que a empresa esteja executando
no perodo, complexidade e prazo das obras.
Da, se depreende que, por exemplo, uma empresa com maior nmero de obras poder praticar
uma taxa de administrao central inferior empresa do mesmo porte com apenas um canteiro.
4.2.3 COFINS/PIS
Brasil, Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. Diretoria Geral. Manual de custos rodovirios. 3. ed. Rio de Janeiro, 2003. p. 8.
9
Instituto de Engenharia. Metodologia de clculo do oramento de edificaes composio do custo direto e do BDI/LDI.
Disponvel em http://www.institutodeengenharia.org.br/IE_documentos.html. Acesso em 03/05/2006.
92
93
No caso da construo civil, h estudos10 que estimam, de forma geral, que o custo da mo-de-obra
representa em torno de 40% do custo total de uma obra, enquanto os materiais representam cerca de
60%. No entanto, como h incidncia do LDI sobre o custo direto para a formao do Preo de Venda, o
custo com a mo-de-obra representar um percentual menor que 40% em relao ao faturamento. Por
exemplo, com a utilizao de um valor mdio de LDI de 22,61% (Tabela II), a mo-de-obra representar
um percentual de aproximadamente 33% (0,40 1,2261) do Preo de Venda. De forma geral, esse
percentual mais os relativos aos tributos e ao lucro representam a parte do faturamento que no gera
crdito para apurao dos valores devidos do PIS e da COFINS. Portanto, ao avaliar esses ltimos
percentuais, a parte remanescente do faturamento, teoricamente, corresponderia aos crditos possveis
de serem utilizados para determinar a base de clculo e a alquota efetiva desses tributos.
Considerando-se, por hiptese, que 50% dos crditos podero ser descontados (um valor
intermedirio entre a expectativa desses benefcios para os setores de indstria e comrcio e para o setor
de servios), as alquotas efetivas da COFINS e PIS resultaro em percentuais de 3,8% e 0,825%,
respectivamente. Agregando-se aos valores mdios de ISS - 3,5% e CPMF - 0,38%, obtm-se um total de
tributos de 8,5%.
Para finalizar, considerando um percentual mdio de lucro de 8%, e somando-se todas essas
parcelas (mo-de-obra 33%, tributos 8,5% e lucro 8%), alcana-se um total de 49,5% do
faturamento, que no representam crdito para abatimento na apurao do PIS e da COFINS. Isso quer
dizer que 50,5% poderiam ser descontados do faturamento para se chegar base de clculo da COFINS
e do PIS. Pelo exerccio hipottico, as alquotas efetivas desses tributos, de forma simplificada,
resultariam em 3,76% (7,6% x 49,5%) e 0,82% (1,65% x 49,5%) para COFINS e PIS, respectivamente.
Evidentemente, trata-se de uma anlise hipottica e que sofre de valores reincidentes, como as
prprias alquotas do PIS e da COFINS. Entretanto, considerado o perfil do setor de construo civil,
supe-se que a utilizao possvel de crditos para se estabelecer a taxa efetiva desses tributos no deve
ser inferior a 50%. Pode-se notar tambm que uma pequena variao em torno desse percentual no
afeta significativamente a estimativa desses tributos no LDI. No caso concreto, o oramentista ter uma
melhor condio de estimar esses valores. Como exemplo, adotando uma variao de 5% positiva e
negativa em torno da mdia de 50%, com um crdito sobre o faturamento de 45%, as alquotas efetivas
da COFINS e do PIS ficam em 4,18% e 0,91%, respectivamente. De outro modo, se esse percentual ficar
em 55% as alquotas passam para 3,42% e 0,74%. Ou seja, a apropriao desses tributos somados no
LDI, variaria de 4,16% a 5,09%.
Alm disso, interessante notar que, para os casos em que a no-cumulatividade desses tributos j
est vigorando, a legislao sobre o assunto ainda no est consolidada. Inmeros atos normativos j
foram editados para definir questes ligadas ao clculo dos dois tributos. Como essa nova sistemtica de
clculo s entrar em vigor a partir de 01/01/2007 para as receitas decorrentes da execuo por
administrao, empreitada ou subempreitada, de obras de construo civil, no possvel prever com
exatido como ela funcionar na prtica.
No h como enquadrar o PIS e a COFINS como custos de produo, pois no so gastos obtidos
no processo de obteno dos servios e/ou bens que esto sendo executados. Tratam-se, portanto, de
despesas indiretas.
De acordo com o que j foi mencionado para distino dos custos diretos e indiretos, o clculo
desses tributos, como demonstrado, est relacionado com a empresa e com suas receitas, no sendo
conseqncia direta do projeto e da execuo da obra e, sim, da receita dela resultante, confirmando o
carter de despesa indireta.
4.2.4 CPMF e ISS
4.2.4.1
CPMF
A Contribuio Provisria sobre Movimentao ou Transmisso de Valores e de Crditos e
Direitos de Natureza Financeira (CPMF) foi instituda pela Lei n. 9.311, de 24 de outubro de 1996, que
considerou como movimentao ou transmisso de valores e de crditos e direitos de natureza financeira
qualquer operao liquidada ou lanamento realizado pelas entidades referidas no seu art. 2, que
10
Limmer, Carl V. Planejamento, Oramentao e Controle de Projetos e Obras. Ed. LTC, 1 edio, 1997, pgs. 101 e 104
94
7.02 Execuo, por administrao, empreitada ou subempreitada, de obras de construo civil, hidrulica ou eltrica e de outras obras semelhantes,
inclusive sondagem, perfurao de poos, escavao, drenagem e irrigao, terraplanagem, pavimentao, concretagem e a instalao e montagem de
produtos, peas e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de servios fora do local da prestao dos servios, que
fica sujeito ao ICMS).
7.03 Elaborao de planos diretores, estudos de viabilidade, estudos organizacionais e outros, relacionados com obras e servios de engenharia;
elaborao de anteprojetos, projetos bsicos e projetos executivos para trabalhos de engenharia.
12
Instituto de Engenharia. Metodologia de clculo do oramento de edificaes composio do custo direto e do BDI/LDI. Disponvel em
http://www.institutodeengenharia.org.br/IE_documentos.html. Acesso em 03/05/2006.
95
Embora o Instituto de Engenharia tenha conceituado o risco para obras comuns, sob a tica do
empreendedor, esse no se aplica s obras regidas por contratos administrativos. Para a realizao
desses contratos, necessria a existncia prvia de projeto bsico pelo qual os licitantes devem se
orientar assumindo os riscos da avaliao e precificao do projeto, dada por preos unitrios e
quantitativos especificados. Cabe lembrar que, conforme definido no art. 6, inciso IX, da Lei n.
8.666/1993, o projeto bsico deve contemplar o conjunto de elementos necessrios e suficientes, com
nvel de preciso adequado, para caracterizar a obra ou servio, ou complexo de obras ou servios
objeto da licitao, que assegurem a viabilidade tcnica e o adequado tratamento do impacto ambiental
do empreendimento, e que possibilite a avaliao do custo da obra e a definio dos mtodos
construtivos e do prazo de execuo. Ou seja, se esses requisitos forem cumpridos a necessidade de
modificaes decorrentes de projetos mal feitos ou indefinidos sero minimizados.
Assim, no contrato administrativo, a obra pactuada pelos quantitativos do projeto e os custos
unitrios estabelecidos. Quaisquer alteraes dependero de repactuao do contrato, a ser aprovada
pela Administrao, no incorrendo o executor em riscos de quantitativos.
Entretanto, existem ocorrncias no previstas em projetos e que podem repercutir no custo da obra
e devero ser arcadas pelo contratado. Dentre elas podemos citar: perdas excessivas de material (devido
a quebra ou retrabalho), perdas de eficincia de mo-de-obra, greves, condies climticas atpicas,
dentre outros.
A taxa de riscos determinada em percentual sobre o custo direto da obra e depende de uma
anlise global do risco do empreendimento em termos oramentrios.
Questes que podem ser previamente convencionadas no contrato ou ensejarem solicitao de
reequilbrio econmico-financeiro, como a variao cambial (e o seu seguro - hedge) no devem ser
enquadradas no LDI.
A fim de se resguardar de incidentes do empreendimento, o licitante pode firmar contrato de
seguro, a fim de ser indenizado pela ocorrncia de eventuais sinistros. Dessa forma, o seguro deve
corresponder a objetos definidos da obra, pelos quais o empreendedor deseja ser ressarcido no caso de
perdas e pode abranger casos de roubo, furto, incndio, perda de mquinas ou equipamentos, dentre
outros aspectos das obras civis.
A garantia contratual est prevista no art. 56 da Lei n. 8.666/1993, que estatui poder a
Administrao Pblica para exigi-la:
Art. 56 A critrio da autoridade competente, em cada caso, e desde que prevista no instrumento
convocatrio, poder ser exigida prestao de garantia nas contrataes de obras, servios e compras.
(grifos nossos).
Esta exigncia faz parte das cautelas que a Administrao Pblica pode tomar para assegurar o
sucesso da contratao. Trata-se, contudo, de exigncia discricionria, que poder ser requerida nas
hipteses em que existirem riscos de leso ao interesse pblico, caso contrrio, a Administrao pblica
no necessitar imp-la. A exigncia de garantia deve constar do instrumento convocatrio.
As garantias e os seguros das obrigaes contratuais so custos que resultam de exigncias
contidas nos editais de licitao e s podem ser estimadas caso a caso, mediante avaliao do nus
econmico-financeiro que poder recair sobre o licitante.
4.3 Lucro
O lucro um conceito econmico que pode ser descrito de diversas formas para representar uma
remunerao alcanada em conseqncia do desenvolvimento de uma determinada atividade econmica.
Para o setor em comento, execuo de obras civis, so enunciados diversos conceitos, que, em resumo,
iro reproduzir essa mesma idia.
O Sinduscon/SP conceitua lucro como:
parcela destinada a remunerar o acervo de conhecimentos acumulados ao longo dos anos de
experincia no ramo, capacidade administrativa e gerencial, conhecimento tecnolgico acumulado,
96
Sindicato da Indstria da Construo Civil do Estado de So Paulo. Nova Conceituao do BDI. Disponvel em
http://www.sindusconsp.com.br/downloads/BDI_Eventos_IE_PROPOSTAS_E_RECOMENDAES.DOC.
Acesso
em
30.03.2006.
14
Instituto de Engenharia. Metodologia de clculo do oramento de edificaes composio do custo direto e do BDI/LDI.
Disponvel em http://www.institutodeengenharia.org.br/IE_documentos.html. Acesso em 03/05/2006.
97
Com base nos estudos anteriormente citados, poder-se-ia considerar que uma margem de lucro
entre 7,0% e 8,5% estaria perfeitamente adequada aos valores atualmente praticados no mercado da
construo civil.
Embora os diversos estudos citados procurem estabelecer uma faixa de variao considerada
aceitvel para o percentual de lucro praticado pelas empresas em licitaes pblicas, lembramos que
trata-se apenas de uma faixa de referncia, no havendo previso legal para que essa seja fixada ou
limitada.
Este raciocnio encontra supedneo na interpretao de artigos da Constituio que disciplinam a
ordem econmica, bem como na correspondente legislao regulamentadora.
A Constituio Federal, no seu art. 173, 4, condena o abuso do poder econmico, exteriorizado
pela dominao dos mercados, pela eliminao da concorrncia e pelo aumento arbitrrio dos
lucros:
Art. 173.
4 - A lei reprimir o abuso do poder econmico que vise dominao dos mercados,
eliminao da concorrncia e ao aumento arbitrrio dos lucros. (grifos nossos).
A fim de regulamentar o dispositivo constitucional, foi editada a Lei n. 8.884/199415, que, no
inciso IIII do seu art. 20, tipifica a conduta de aumentar arbitrariamente os lucros como infrao da
ordem econmica:
Art. 20. Constituem infrao da ordem econmica, independentemente de culpa, os atos sob
qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que
no sejam alcanados:
...
III - aumentar arbitrariamente os lucros;
... (grifo nosso)
Observa-se que no h condenao prtica de lucros ou qualquer definio que considere o que
seja lucro abusivo ou aceitvel, o que se condena o aumento arbitrrio, que caracterize abuso de poder
econmico.
Acerca do aumento arbitrrio de lucros GASTO ALVES DE TOLEDO explica que:
o aumento dos lucros em si mesmo considerado no incompatvel com uma sadia atividade
econmica, apenas quando arbitrrio o mesmo deve ser combatido.16
Dos citados dispositivos, verifica-se que no h, nos textos constitucional e legal, condenao ao
poder econmico, mas sim ao seu abuso. Sobre o assunto, CARLOS JACQUES VIEIRA GOMES17
leciona que a deteno de poder econmico, alm de lcito em si, constitui fato comum no atual estgio
do sistema capitalista, deve o direito voltar-se para o controle do exerccio abusivo do poder econmico.
O ordenamento jurdico vigente no pas, fundado nos princpios da livre iniciativa e da livre
concorrncia, assegura empresa a liberdade para agir e conquistar mercados, para estabelecer os
preos pelos quais vai vender seus produtos e servios, sendo vedados o abuso do direito, o uso
arbitrrio da condio de agente econmico e a obteno de vantagens ilcitas, na medida em que impe
a toda a coletividade condies que lhe so absolutamente desfavorveis.
Vale observar, ainda, a disposio do pargrafo nico do art. 21 da Lei n. 8.884/1994:
15
Esta lei trata da transformao do Conselho Administrativo de Defesa Econmica (Cade) em Autarquia, dispe sobre a preveno e a represso s
infraes contra a ordem econmica e d outras providncias.
16
17
TOLEDO, Gasto Alves de. O Direito Constitucional Econmico e sua Eficcia. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p221.
GOMES, Carlos Jacques Vieira. Ordem Econmica Constitucional e Direito Antitruste. Srgio Antnio Fabris Editor: Porto Alegre, 2004, p.90.
98
18
Lei 8.666/93, Art.43, IV verificao da conformidade de cada proposta com os requisitos do edital e, conforme o caso,
com os preos correntes no mercado ou fixados por rgo oficial competente, ou ainda com os constantes do sistema de
registro de preos, os quais devero ser devidamente registrados na ata de julgamento, promovendo-se a desclassificao das
propostas desconformes ou incompatveis. (grifos nossos)
99
Mais importante que estabelecer limitao de lucros definir adequadamente os itens que devem
integrar o LDI, bem como assegurar que o procedimento licitatrio permita a seleo da proposta mais
vantajosa para a Administrao Pblica.
5 DESPESAS QUE NO DEVEM SER INCLUDAS NO LDI
Vistos os principais componentes do LDI e, em razo da sua incidncia sobre os custos diretos
para formao do preo da obra, importante evitar a incluso de itens inadequados, cujas
caractersticas predominantes determinem sua classificao como custos diretos, ou no se classifiquem
como custos diretos ou indiretos, como os tributos sobre o lucro e a renda, que no devem ser
computados no preo da obra.
Como se depreende dos j lanados conceitos de custos diretos e indiretos, a distino entre eles
essencial nesse mtodo de formao de preo de obra, pelo qual se utiliza o LDI. Este critrio, alm de
facilitar a medio e a fiscalizao dos itens executados, possibilita Administrao evitar indesejveis
impactos que eventuais aditivos para mudana de especificaes de materiais e/ou equipamentos, por
exemplo, possam acarretar no preo final da obra sem que aumento nos custos indiretos de fato tenha
ocorrido.
Como exemplo, a administrao local, a mobilizao/desmobilizao e a instalao do canteiro,
so itens que, embora no representem servios unitrios, so custos diretos e devem ser apropriados
como tais no oramento da obra, pois decorrem diretamente da sua execuo.
H tambm elementos que, por sua natureza, no devem estar embutidos no preo da obra e,
portanto, no podem compor o LDI. Entre eles esto o Imposto de Renda da Pessoa Jurdica (IRPJ) e a
Contribuio Social sobre o Lucro Lquido (CSLL).
Embora tenha sido verificado que algumas empresas e entidades pblicas, ao elaborarem os seus
oramentos, incluem alguns deles, ou at todos, como parte do LDI, considera-se inadequada essa
prtica.
Nas prximas linhas so analisadas cada uma dessas despesas quanto a sua adequada
classificao.
5.1 Imposto de Renda da Pessoa Jurdica (IRPJ) e Contribuio Social sobre o Lucro Lquido
(CSLL)19:
O IRPJ e a CSLL so tributos que tm como fato gerador a obteno de resultados positivos
(lucros) pelas empresas em suas operaes industriais, comerciais e de prestao de servios, alm do
acrscimo patrimonial decorrente de ganhos de capital (receitas no-operacionais).
A base de clculo do IRPJ e da CSLL o lucro real, presumido ou arbitrado, correspondente ao
perodo de incidncia, e deve ser determinado observando-se a legislao vigente na data da ocorrncia
do fato gerador (Lei n. 9.430/1996, art. 1, c/c o art. 2820).
Quanto sua natureza, esses tributos so classificados como tributos diretos.
No ordenamento jurdico brasileiro, existem tributos que por sua natureza permitem a
transferncia do respectivo encargo financeiro para terceiros, e outros que no permitem. Este fenmeno
chamado de repercusso econmica dos tributos, ou seja, o contribuinte de jure ou de direito ao pagar
o tributo sofre um nus econmico que procurar transladar para outra pessoa, o contribuinte de fato.
Este, ao suport-lo, consuma o fenmeno da trajetria do nus econmico do tributo, isto , sua
repercusso.
A repercusso econmica do tributo um critrio utilizado por grande parte da doutrina
especializada, pela quase totalidade da jurisprudncia dos tribunais superiores ptrios, e, sobretudo,
pelo legislador do Cdigo Tributrio Nacional para classificao dos tributos como diretos ou indiretos.
O professor Luiz Emygdio F. da Rosa Junior21 descreve:
19
Os argumentos utilizados neste ponto tem como base um estudo desenvolvido pela 1 SECEX denominado Anlise sobre
a incluso do IRPJ e CSLL nos oramentos e nos preos propostos pelas licitantes no mbito da Administrao Pblica (fls.
176/209 Anexo II).
20
Esta lei dispe sobre a legislao tributria federal (especialmente IRPJ), as contribuies para a Seguridade Social
(especialmente CSLL), o processo administrativo de consulta e d outras providncias.
21
Manual de Direito Financeiro & Direito Tributrio, 16 edio, ed. Renovar, pgs.358 e 359.
100
22
101
cargas tributrias diferenciadas. O principal desafio dessa abordagem estimar, em uma economia
complexa como a brasileira, o impacto final de cada tributo no consumo nas diversas faixas de renda.23.
Em outros estudos, a SRF explicita que o IR um tributo direto:
Embora a lei que institua o tributo defina, entre outras coisas, o fato gerador e o sujeito passivo
da obrigao tributria, persiste o problema da identificao do real receptor da carga tributria.
Seguiremos, aqui, a abordagem usualmente adotada em que os tributos considerados indiretos so
integralmente repassados aos consumidores finais de bens e servios.
(...)
Neste cmputo, limitar-nos-emos, quanto tributao direta (sobre os rendimentos), ao imposto de
renda e s contribuies para a seguridade social e, quanto tributao indireta (sobre o consumo), ao
ICMS, IPI, COFINS e PIS. Esta limitao prende-se tanto a questes de ordem prtica (falta de dados
relativos aos impostos patrimoniais e ao Imposto sobre a Prestao de Servios - ISS) como falta de
uma anlise mais rigorosa quanto ao efeito translao, descrito na Seo 02.2, de alguns tributos
indiretos como o IOF.
Os conceitos de tributao direta e indireta utilizados de forma recorrente no texto devem ser
assim entendidos:
Tributao Direta: refere-se s incidncias tributrias que guardam relao direta com a renda do
contribuinte. (...)
Tributao Indireta: refere-se s incidncias tributrias que no visam a fonte de renda do
contribuinte, gravando a circulao de mercadorias, a prestao de servio ou o faturamento das
empresas. No presente contexto eqivale tributao sobre o consumo.
(...)
Entretanto, ao considerar a abordagem aqui adotada, e para captar com maior preciso os efeitos
reais da tributao direta e indireta, deve-se levar em conta o seguinte:
a) A tributao direta tem como principal apelo o sempre desejvel princpio da justia fiscal, pois
individualiza o contribuinte, tributando-o segundo sua real capacidade contributiva...
b) A tributao indireta, que em sua forma mais racional, limita-se aos impostos sobre o valor
agregado, apresenta o atrativo da simplicidade e universalidade...
(...)
Para se determinar a carga fiscal sobre o consumo, necessrio considerar no apenas os tributos
que, por sua natureza econmica e jurdica, so transferidos aos preos (impostos sobre valor agregado)
como tambm aqueles que, independentemente da incidncia legal, findam por onerar o produto final,
recaindo de fato sobre o consumidor. O primeiro passo consiste na identificao de ambos tipos de
incidncia e na determinao, quando possvel, da alquota aplicada.24 (grifos nossos).
Dessa forma, verifica-se que esses tributos (IRPJ e CSLL) apresentam o mesmo fato gerador,
obteno de resultados positivos (lucros), praticamente a mesma base de clculo e possuem a mesma
natureza tributria, quando se trata da repercusso econmica.
Alm disso, se esses tributos fossem repassados, o contribuinte de fato seria a prpria
Administrao. Ora, isso seria um forma disfarada e no prevista em lei de Incentivo Fiscal, ferindo a
isonomia entre empresas de diferentes ramos.
Um outro aspecto a ser analisado a questo da repercusso da alterao da carga tributria do
IRPJ e da CSLL para o pleito de recomposio do equilbrio econmico-financeiro conforme preceitua o
art. 65, II, alnea d e o 5 do mesmo artigo da Lei n. 8.666/1993, in verbis:
23
Estudo realizado pela Receita Federal A Progressividade no Consumo - Tributao Cumulativa e sobre o Valor
Agregado www.receita.fazenda.gov.br/TextConcat/Default.asp?Pos=1&Div=Historico/EstTributarios/TopicosEspeciais/Progressividad
e/
24
Estudo realizado pela Receita Federal Carga Tributria sobre os Salrios http://www.receita.fazenda.gov.br/Historico/EstTributarios/cargatributaria/default.htm
102
Art. 65. Os contratos regidos por esta lei podero ser alterados, com as devidas justificativas, nos
seguintes casos:
(...)
II - por acordo das partes:
(...)
d) para restabelecer a relao que as parte pactuaram inicialmente entre os encargos do
contratado e a retribuio da Administrao para a justa remunerao da obra, servio ou fornecimento,
objetivando a manuteno do equilbrio econmico-financeiro inicial do contrato, na hiptese de
sobreviverem fatos imprevisveis, ou previsveis porm de conseqncias incalculveis, retardadores ou
impeditivos da execuo do ajustado, ou ainda, em caso de fora maior, caso fortuito ou fato do prncipe,
configurando lea econmica extraordinria e extracontratual.
(...)
5 Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados ou extintos, bem como a
supervenincia de disposies legais, quando ocorridas aps a data da apresentao da proposta, de
comprovada repercusso nos preos contratados, implicaro a reviso destes para mais ou para menos,
conforme o caso.
Apesar de a alterao da carga tributria ensejar reviso dos preos contratados, o professor
Maral Justen Filho ressalta que no caso do alterao da carga do IR no caberia recomposio,
conforme descrito abaixo:
O 5 alude, expressamente, instituio ou supresso de tributos ou encargos legais como causa
de reviso dos valores contratuais. O dispositivo seria desnecessrio mas interessante a expressa
determinao legal. O fato causador do rompimento do equilbrio econmico-financeiro pode ser a
instituio de exaes fiscais que onerem, de modo especfico, o cumprimento da prestao pelo
particular. Assim, por exemplo, imagine-se a criao de contribuio previdenciria sobre o preo de
comercializao de um certo produto agrcola. O fornecedor da Administrao Pblica ter que arcar
com o pagamento de uma nova contribuio, a qual inexistia no momento da formulao da proposta.
necessrio, porm, um vnculo direto entre o encargo e a prestao. Por isso, a lei que aumentar a
alquota do imposto de renda no justificar alterao do valor contratado. O imposto de renda incide
sobre o resultado das atividades empresariais, consideradas globalmente (lucro tributvel). O valor
percebido pelo particular ser sujeito, juntamente com o resultado de suas outras atividades,
incidncia tributria. Se a alquota for elevada, o lucro final poder ser inferior. Mas no haver relao
direta de causalidade que caracterize rompimento do equilbrio econmico-financeiro. (e no aumentar
o custo)
A forma prtica de avaliar se a modificao da carga tributria propicia desequilbrio da equao
econmico-financeira reside em investigar a etapa do processo econmico sobre o qual recai a
incidncia.
Ou seja, a materialidade da hiptese de incidncia tributria consiste em certo fato signopresuntivo de riqueza. Cabe examinar a situao desse fato signo-presuntivo no processo econmico.
Haver quebra da equao econmico-financeira quando o tributo (institudo ou majorado) recair sobre
atividade desenvolvida pelo particular ou por terceiro necessria execuo do objeto da contratao.
Mais precisamente, cabe investigar se a incidncia tributria configura-se como um custo para o
particular executar sua prestao. A resposta positiva a esse exame impe o reconhecimento da quebra
do equilbrio econmico-financeiro.
Diversa a situao quando a incidncia recai sobre a riqueza j apropria pelo particular,
incidindo economicamente sobre os resultados extrados da explorao.
Assim, a elevao do ICMS produz desequilbrio sobre contratos que imponham ao particular,
como requisito de execuo de sua prestao, a necessidade de participar de operaes relativas
circulao de mercadorias. O mesmo se diga quando se eleva o IPVA se a execuo da prestao
envolver necessariamente a utilizao de veculos automotores. Mas a instituio de imposto sobre a
103
renda apresenta outro contorno, eis que a incidncia se d sobre os resultados obtidos pelo particular na
explorao de um empreendimento.25 [grifos nossos].
Alm disso, existe a questo da imprevisibilidade de o lucro se realizar, pois como este ser
determinado em funo de um conjunto de obras executadas pela empresa pode acontecer que a empresa
tenha prejuzo no exerccio financeiro em questo e no tenha IRPJ e CSLL a pagar. Andr Mendes e
Patrcia Bastos26 ressaltam esse aspecto conforme abaixo:
Mostra-se bastante lgica essa no-incluso do imposto de renda no BDI, j que por no ser um
imposto que incide especificamente sobre o faturamento, no pode ser classificado como despesa indireta
decorrente da execuo de determinado servio.
Se a contratante concordar em pagar determinada taxa percentual do imposto de renda embutida
no LDI, estar pagando um gasto que na verdade imprevisvel, podendo coincidir ou no com o valor
pactuado como despesa indireta.
Ademais, pode at ser que ao final do exerccio o desempenho financeiro negativo de outras obras
da contratada suplante o lucro obtido com a obra da contratante, e aquela, de acordo com a atual
legislao fiscal, no recolha imposto de renda. Assim, teria sido ressarcido contratada o valor de uma
despesa que, na verdade, no se efetivara.
(...)
Como a legislao que instituiu a CSLL determina que a incidncia seja sobre o lucro lquido do
exerccio, excluda a proviso para o imposto de renda, no se pode, contabilmente, definir este gasto
como sendo despesa indireta resultante da execuo de alguma obra.
Dessa forma, assim como o IRPJ, no adequado incluir o CSLL no BDI do oramento da
construo civil, j que ele no est atrelado ao faturamento decorrente da execuo de determinado
servio, mas ao desempenho financeiro da empresa como um todo.
interessante apresentar a estrutura da Demonstrao de Resultado do Exerccio - DRE (Anexo I
deste trabalho), segundo o art. 187 da Lei n. 6.404/1976, onde se verifica claramente a distino entre
tributos que incidem sobre o faturamente (PIS, COFINS, ISS, por exemplo), alterando o resultado
operacional da empresa, dos tributos que s incidem sobre o resultado do exerccio (IRPJ e CSLL), que
ao final do ano, depois de consideradas todas as atividades da empresa, podem at no serem devidos
caso o conjunto de obras vier a trazer prejuzo.
Estudos da Secretaria de Governo e Gesto Estratgica do Estado de So Paulo27 e da Associao
Brasiliense de Construtores (ASBRACO)28 tambm no consideram o imposto de renda como integrante
do BDI.
Ora, conforme exposto nos pargrafos acima, o IRPJ e a CSLL, por serem tributos diretos, no
permitem a transferncia do seu encargo financeiro para outra pessoa, ou seja, a pessoal legalmente
obrigada ao seu pagamento suportar efetivamente o nus. Dessa forma, considera-se inadequada a
incluso do IRPJ e da CSLL na composio do LDI.
Cabe ressaltar que este Tribunal j se pronunciou sobre a incluso indevida desses tributos na
composio do LDI, como por exemplo no Acrdo 1.595/2006-Plenrio no item 9.5.11 transcrito
abaixo:
9.5. determinar Petrobras que:
25
Filho, Maral Justen. Comentrios Lei de Licitaes e Contratos Administrativos. 10 edio, ed. Dialtica, pg. 532,
2004.
26
MENDES, Andr; BASTOS, Patrcia Reis Leito, Um Aspecto Polmico dos Oramentos de Obras Pblicas: benefcios e
Despesas Indiretas (BDI). In: Revista do Tribunal de Contas da Unio TCU, v. 32, n 88, Braslia, abr./jun. 2001, p. 13
28.
27
Estudos de Servios Terceirizados Publicaes Verso maio/1999 Volume I Prestao de Servios de Limpeza, Asseio e Conservao
Predial - Captulo VII Benefcios e Despesas Indiretas.
28
Estudo sobre composio de BDI, obtido diretamente junto a Associao Brasiliense de Construtores ASBRACO em maio de 2000.
104
(...)
9.5.11. exclua dos seus oramentos parcelas relativas ao IRPJ e CSLL, bem como oriente as
licitantes, em seus editais, que tais tributos no devero ser includos no BDI, por se constiturem em
tributos de natureza direta e personalstica, que onera pessoalmente o contrato, no devendo ser
repassado ao ofertado, conforme, inclusive, concluses do setor jurdico da estatal, mediante o DIP
SEJUR/DITRIB 37216/97 e DIP/Jurdico/JFT 4391/03.
5.2 Administrao Local:
A Administrao Local consiste em despesas incorridas para manuteno das equipes tcnica e
administrativa e da infra-estrutura necessrias para a consecuo da obra. Entre as despesas que
normalmente so alocadas nesse item, encontram-se: gastos relativos a pessoal (engenheiros, mestres,
encarregados, almoxarifes, vigias, pessoal de recursos humanos e demais mos-de-obra no computadas
nas planilhas de custos unitrios dos servios) e despesas administrativas (contas de telefone, luz e gua,
cpias, aluguis), dentre outros.
A Administrao Local, conforme definido pelo DNIT no Sistema de Custos Rodovirios 2 - SICRO
2:
Compreende o conjunto de atividades realizadas no local do empreendimento pelo Executor,
necessrias conduo da obra e administrao do contrato. exercida por pessoal tcnico e
administrativo, em carter de exclusividade. Seu custo representado pelo somatrio dos salrios e
encargos dos componentes da respectiva equipe, que inclui pessoal de servios gerais e de apoio.
Segundo a metodologia adotada, esto includos tambm na administrao local, os mestres e
encarregados gerais, visto que os nveis inferiores da hierarquia esto includos diretamente nas
Composies de Atividades e Servios. Este custo depende da estrutura organizacional que o Executor
vier a montar para a conduo de cada obra e de sua respectiva lotao de pessoal. No existe modelo
rgido para esta estrutura. As peculiaridades inerentes a cada obra determinaro a estrutura
organizacional necessria para bem administr-la29.
Os itens que integram a Administrao Local, apesar de comporem o custo direto, no esto
associados diretamente a uma composio de servio do empreendimento. Cabe, portanto, ressaltar que
o custo direto pode ser visto de modo stricto senso e lato senso. De maneira restrita pode-se considerar o
custo direto como aquele em que esto inseridos os servios que integraro o produto final. De forma
ampla, o custo direto, alm dos custos anteriormente descritos, englobar aqueles que, apesar de no
especificamente associados ao produto final, esto diretamente ligados execuo dos servios de
construo civil como um todo. O estudo de Andr Luz Mendes e Patrcia Bastos30 exemplifica essas
situaes:
Assim, por exemplo, o item de servio alvenaria contempla os custos de mo-de-obra do pedreiro
e do servente (alm dos materiais aplicados), mas os custos com o encarregado de pedreiros ou com o
mestre-de-obras (que supervisionaram o trabalho) sero computados no componente administrao
local.
(...)
Sabe-se que a estrutura da administrao local varia de acordo com as caractersticas de cada
obra. H entretanto algumas atividades bsicas que so inerentes execuo da administrao de
qualquer projeto:
a) trnsito entre obras transporte no trajeto entre o escritrio central e o local da obra, do
engenheiro de obras, de documentos em geral, de pequeno suprimento de materiais, etc;
b) direo tcnica dos servios definio, junto aos operrios, do ritmo de andamento dos
servios e da forma de execuo;
c) atendimento a clientes elaborao de relatrios para esclarecimento aos clientes sobre o
andamento e a qualidade dos servios e atendimento nas visitas para medio dos servios executados;
29
DNIT Sicro 2. Manual de Custos Rodovirios Volume 1 Metodologia e Conceitos. pg 12, 2003.
MENDES, Andr; BASTOS, Patrcia Reis Leito, Um Aspecto Polmico dos Oramentos de Obras Pblicas: benefcios e Despesas Indiretas (BDI). In:
Revista do Tribunal de Contas da Unio TCU, v. 32, n 88, Braslia, abr./jun. 2001, p. 13
30
105
106
Estudo semelhante foi apresentado no site do Sinduscon-BA, onde tambm defendida a insero
da Administrao Local no custo direto e no no BDI.32
importante destacar, alm da alocao da administrao local nos custos diretos, a abrangncia
deste item. Os custos diretos so geralmente quantificados em planilhas de valores unitrios dos
servios. Nos casos em que isso no possvel, os custos associados diretamente execuo da obra
devem estar alocados em algum subitem do item administrao local. Por exemplo, alm de todas as
despesas administrativas e de infra-estrutura necessrias, a administrao local deve abrigar os custos
derivados da mo-de-obra, que no foram apropriados nas planilhas de custos unitrios, usualmente os
encargos complementares como alimentao, transporte, alojamento, EPI (equipamentos de proteo
individual) e ferramentas.
importante esse destaque, pois em deliberaes do TCU que versam sobre contratos de obras,
verificou-se a orientao de desonerar o LDI dos respectivos contratos com a excluso de custos a esses
assemelhados33. Confirma-se, dessa forma, a orientao de evitar, no clculo do LDI, o cmputo de
qualquer custo que possa ser associado diretamente execuo da obra, impedindo a incidncia
indevida ou em duplicidade desses elementos sobre os demais custos diretos calculados para a obra.
Vale ressaltar que a incluso da Administrao Local ou de algum elemento que a devesse integrar
eleva o percentual do LDI, o que, em casos de repactuao de preos ou de mudanas de especificao
de algum item da obra, pode elevar o preo da obra de forma inadequada. Como exemplo, cite-se o caso
da mudana de especificao de um piso cermico comum para granito. Essa mudana no trar mais
trabalho para o engenheiro, para o mestre ou o almoxarife (cujos custos esto inseridos na
Administrao Local). Afetar apenas o custo direto da composio referente ao servio de assentamento
do piso (o material, a mo-de-obra e os equipamentos envolvidos no servio) e o preo final. Caso a
Administrao Local esteja no LDI, haver um aumento do preo da obra sem um correspondente
aumento de trabalho para o engenheiro, o mestre ou o almoxarife, por exemplo.
5.3 Instalao de Canteiro e Acampamento e Mobilizao e Desmobilizao:
Denomina-se de Canteiro e Acampamento ao conjunto de instalaes destinadas a apoiar as
atividades de construo. Compreende nmero expressivo de elementos, com caractersticas bastante
diferenciadas, que, embora no se incorporem fisicamente ao empreendimento, representam parcela
significativa do custo de investimento e, como tal, devem ser criteriosamente orados.
No existem padres fixos para esse tipo de instalaes. Elas so funo do porte e das
peculiaridades do empreendimento, das circunstncias locais em que ocorrer a construo e das
alternativas tecnolgicas e estratgicas para sua realizao.34
O Acampamento se constitui de um local onde as pessoas que iro executar a obra ficaro alojadas
e tero apoio de certas instalaes para o seu conforto e segurana.
J o Canteiro compreende as instalaes fsicas das unidades tcnicas, administrativas e de apoio
da obra como por exemplo: escritrio de engenharia, almoxarifado, refeitrio, sanitrios, ambulatrio,
laboratrios, sistemas de abastecimento de gua, luz, oficina de manuteno de equipamentos, central de
concreto, armao, carpintaria, entre outros.
A mobilizao e desmobilizao so constitudas pelo conjunto de providncias e operaes que o
Executor dos servios tem que efetivar a fim de levar seus recursos, em pessoal e equipamento, at o
local da obra e, inversamente, para faz-los retornar ao seu ponto de origem, ao trmino dos trabalhos.
No momento em que se necessita desses valores, para inclu-los no oramento, uma srie de parmetros
relativos s circunstncias reais em que se daro a mobilizao e a desmobilizao so ainda
desconhecidas, pois dependem de particularidades inerentes empresa que vier a se encarregar dos
32
Estudo no site do Sinduscon-BA Metodologia de Clculo do Oramento de Edificaes Composio do Custo Direto
e do BDI/LDI., www.sinduscon-ba.com.br/docs/bdildi.pdf.
33
Deciso 1332/2002 - TCU - Plenrio. Ver tambm Manual de Custos Rodovirios - Vol. 1 - Metodologia e Conceitos do
DNIT (2003) que na pg. 12 cita a mesma Deciso deste Tribunal para justificar a mudana na metodologia de clculo do
LDI.
34
DNIT Sicro 2. Manual de Custos Rodovirios Volume 1 Metodologia e Conceitos. pg 13, 2003.
107
servios. Esse obstculo s poder ser contornado atravs da admisso de algumas hipteses que supram
a deficincia apontada.35
As empresas, geralmente, aps transportarem os seus equipamentos para uma obra, ao fim desta,
buscam desloc-los para uma nova obra. Ento, comum que constituam ptios de equipamentos em
locais prximos s obras concludas para que aguardem uma remobilizao para outra obra.
Para se calcular os gastos com mobilizao, alm da questo da origem e do destino, devem ser
consideradas a estimativa de fora de trabalho a ser deslocada e os custos de mobilizao de
equipamentos.
Como os itens de Instalao de Canteiro e Acampamento e Mobilizao e Desmobilizao so
passveis de serem orados analiticamente e como, contabilmente, so gastos incorridos no processo de
obteno de bens e servios destinados venda, podem ser inseridos no custo direto, em um item
independente da composio dos custos unitrios.
As mesmas observaes tecidas Administrao Local quanto ao impacto de uma eventual
repactuao de preos ou mudana na especificao de algum material/equipamento valem para a
Instalao de Canteiro e Acampamento e a Mobilizao e Desmobilizao, casos esses itens sejam
considerados no LDI.
6 DESPESAS REFERENTES AQUISIO DE EQUIPAMENTOS
Situao peculiar quanto aplicao do LDI, surge na aquisio de bens (equipamentos e
materiais) que correspondam a um percentual significativo do preo global da obra, na qual a incidncia
da mesma composio de LDI paga para servios pode gerar distores no preo final do insumo, razo
pela qual consideramos que a composio de LDI aplicvel, neste caso, deve ser mais restrita que aquela
referente prestao de servios.
Primeiramente, durante os estudos de viabilidade e anteprojetos, ou seja, antes mesmo de se
realizar a licitao para contratao do empreendimento, o gestor deve estudar a possibilidade de
adquirir os equipamentos em separado com o objetivo de proceder o parcelamento do objeto previsto no
art. 23, 1, da Lei n. 8.666/1993. Esse dispositivo legal dispe que:
1 As obras, servios e compras efetuadas pela administrao sero divididas em tantas parcelas
quantas se comprovem tcnica e economicamente viveis, procedendo-se licitao com vistas ao
melhor aproveitamento dos recursos disponveis no mercado e ampliao da competitividade, sem
perda da economia de escala.
O prprio Tribunal j se pronunciou diversas vezes sobre essa questo, como nos Acrdos
159/2003-Plenrio, 446/2005-Plenrio e o 1601/2004-Plenrio que reproduzimos trecho in verbis:
...constitui irregularidade grave a falta de licitao autnoma, sem o parcelamento do objeto da
licitao quanto compra de equipamentos, conforme preconizado no art. 23, 1, da Lei n.
8.666/1993...
Assim, quando existir parcela de natureza especfica que possa ser executada por empresas com
especialidades prprias e diversas ou quando for vivel tcnica e economicamente, o parcelamento em
itens se impe, desde que seja vantajoso para a Administrao. Uma das vantagens que se pode apontar
que a administrao estar evitando de pagar LDI sobre LDI, ou seja, o LDI da empresa fabricante de
equipamentos/materiais e o da empresa construtora que incidir sobre aquele.
Um outro benefcio que, realizando uma licitao autnoma para aquisio de
equipamentos/materiais, poder haver um ampliao da competitividade e a administrao ter a
possibilidade de obter preos mais vantajosos.
Caso tal parcelamento no se comprove tcnica ou economicamente vivel, com base em estudos
fundamentados, a aquisio dos equipamentos e materiais poder ser realizada juntamente com a
execuo da obra. Neste caso, o administrador pblico no seu oramento deve adotar para compra dos
35
DNIT Sicro 2. Manual de Custos Rodovirios Volume 1 Metodologia e Conceitos. pg 16, 2003.
108
equipamentos/materiais uma taxa de LDI diferenciada em relao aos adotados para os servios de
engenharia e deve exigir dos licitantes a composio das suas taxas para comparao com o que foi
orado.
No que tange aos itens do LDI passveis de serem cobrados, no caso da aquisio de
equipamentos/materiais por intermdio dos empreiteiros, inicialmente cabe uma ressalva em relao aos
tributos. Em que pese ter sido observado o ICMS em composies da Chesf, quando da adoo de um
LDI diferenciado para equipamentos/materiais, este no um tributo passvel de cobrana.
Primeiramente, porque empresas construtoras no se enquadram como contribuintes deste imposto,
conforme se depreende dos artigos 3, V, e 4 da Lei Complementar n. 87/1996. Alm disso, o valor deste
tributo j est embutido no custo dos equipamentos/materiais a serem adquiridos, ou seja, a
administrao ao pagar empreiteira pelo bem, o valor do ICMS j est inserido no preo pago. Pelo
exposto, verifica-se que a discriminao desse imposto na composio do LDI est incorreta, pois a sua
cobrana no devida.
Quanto Administrao Central e ao Lucro, nesta situao, entende-se que seus percentuais
devem ser inferiores em relao aos estabelecidos para a execuo da obra, tendo em vista que a
natureza desta operao tem complexidade menor, exigindo menos esforo e tecnologia para sua
realizao do que os demais servios prestados.
Tambm deve-se considerar que as atividades precpuas da construtora so servios de engenharia
e o fornecimento de equipamentos uma atividade acessria. Portanto, sua estrutura e seus recursos
tecnolgicos so dedicados prestao de servios e tm seus custos estimados para isso. A
intermediao para fornecimento de equipamentos uma tarefa residual, que no deve onerar os custos
operacionais da empreiteira e, em conseqncia, seu impacto no custo de administrao central previsto
no LDI deve ser mnimo.
Assim sendo, o LDI resultante calculado para aquisio de equipamentos ser menor que o
calculado para a prestao de servios.
Portanto, o gestor deve avaliar a forma mais vantajosa de adquiri-los, se diretamente, junto ao
fabricante ou fornecedor, ou atravs da intermediao da contratada, a fim de identificar qual
alternativa se revela tcnica e economicamente mais adequada. importante esclarecer que a
possibilidade de discricionariedade fica bastante limitada quando uma das alternativas se apresentar
mais onerosa.
7 FRMULA DO LDI
Para que se obtenha a taxa que corresponda ao LDI necessrio dispor de uma frmula que reflita
adequadamente a incidncia de cada um de seus componentes sobre os custos diretos.
Para o clculo do LDI considera-se a seguinte frmula36:
LDI
(1 + AC / 100
=
)(1 +
DF
100
109
110
fabricante e a administrao pblica, sua composio consistiu apenas do lucro e dos tributos incidentes
sobre a transao.
8.2.2 Frmula do LDI
A Frmula utilizada pela CHESF para o clculo do LDI dada por:
LDI (%) = AC(%) + AL (%) + EF (%) + T(%) + Lucro (%)
Trata-se de um somatrio dos itens que compem o LDI. Diverge da frmula proposta no item 7,
medida que naquela, por ser um produto das taxas, h a incidncia de um item sobre o outro, o que
forneceria um percentual de LDI superior.
Nota-se, tambm, a presena na frmula de itens que se considera no dever integrar o LDI, tais
como Administrao Local e tributos como o IRPJ e a CSLL. A incluso da Administrao Local na
frmula se deve ao fato de a empresa utilizar as definies da PINI nas Tabelas de Composio de
Preos para Oramentos. TCPO. O IRPJ e a CSLL tm sua incluso considerada inadequada por
serem tributos diretos, que no permitem a transferncia do encargo financeiro para outra pessoa, isto ,
a pessoa legalmente obrigada ao seu pagamento dever suportar efetivamente o nus.
8.2.3 Valores praticados em licitaes
Nos contratos analisados foram praticados os valores relacionados na Tabela III.
8.3 FURNAS Centrais Eltricas S.A.
Nas licitaes realizadas pela empresa publicado nos editais apenas o oramento dos custos
diretos sem o LDI. No entanto, as propostas devem contemplar tanto os custos diretos quanto o LDI, ou
seja, o preo total da obra. Em FURNAS, o detalhamento do LDI ocorre apenas para fins de
oramentao e controle interno. Com os custos diretos e a composio de LDI, a empresa tem o seu
preo total da obra para comparar com os valores praticados no certame.
As licitaes analisadas foram realizadas sob o regime de empreitada global, na qual o preo total
contempla o lucro e todos os custos, despesas, tributos e encargos sociais e trabalhistas incorridos pela
contratada. Furnas no realiza licitaes que incluam fornecimento conjunto de servios e
equipamentos. Estes so adquiridos em processo licitatrio separado.
8.3.1 Composio de LDI
Para fins de elaborao de oramentos, FURNAS adota a seguinte composio de LDI e faixa de
variao dos itens:
Item
Discriminao
1.
2.
2.1.
Administrao Central
Encargos Financeiros
Encargos referentes ao perodo de processamento dos pagamentos
2.2.
Financiamento Obra
2.3.
3.
Taxa de Risco
4.
Impostos e Seguros
Percentuais Fixos
4.1.
PIS
4.2.
4.3.
4.4.
COFINS
CPMF
Percentuais Variveis
CSLL
4.5.
IRPJ
4.6.
4.7.
ISSQN
GARANTIA CONTRATUAL
111
5.
Lucro
100
Onde:
ACC% = Administrao Central da Contratada
EF% = Encargos Financeiros
TR% = Taxa de Risco
IS% = Impostos e Seguros
PIS
COFINS
CPMF
CSLL
IRPJ
ISSQN
Garantias
L% = Lucro
Furnas aloca o item Administrao Local como parte do custo direto, em sintonia com a proposta
contida neste trabalho. A frmula considerada pela empresa inclui, contudo, tributos diretos como o
IRPJ e a CSLL, cujo encargo deve ser suportado pela pessoa legalmente obrigada ao pagamento, no
sendo permitida a transferncia do encargo financeiro para outra pessoa.
8.3.3 Valores praticados em licitaes
Os valores fornecidos por Furnas encontram-se consolidados na Tabela IV, e variam entre 24,50%
e 33,84%.
8.4 Eletrobrs Centrais Eltricas Brasileiras S.A.
No mbito do acordo de cooperao tcnica firmado entre a ANEEL37 e a Eletrobrs, em outubro
de 2002, com o objetivo de conceber um banco de dados de custos de linhas de transmisso e de
subestaes, visando a gerao e a atualizao dos custos padres de transmisso, foram desenvolvidos
estudos que levaram reviso e reformulao das diretrizes para elaborao de oramentos de ilhas
de transmisso38 e de subestaes39. Participaram dos trabalhos Eletrosul, Furnas, Chesf, Eletronorte e
CEPEL, alm da prpria Eletrobrs.
De acordo com esses estudos, o custo total de uma obra dado pela soma dos custos diretos,
indiretos e eventuais.
O custo indireto compreende o total das despesas no alocveis diretamente execuo da obra, e
envolve, segundo a Eletrobrs, apenas os custos referentes Administrao Central.
O item denominado eventuais calculado atravs de um ndice percentual sobre o custo direto e
destina-se a cobrir imprevistos que virtualmente possam ocorrer durante a execuo do projeto ou
construo, entre os quais sobressaem: gastos com indenizaes de danos causados aos proprietrios de
terrenos ao longo da faixa de passagem da linha, desvios de estradas, relocao de linhas de transmisso
e redes de distribuio ou telecomunicaes, etc.
37
112
113
engenharia), a questo mais subjetiva relativa estimativa do LDI (valores atribudos ao lucro,
administrao financeira e operacional e encargos tributrios da empresa).
Se considerarmos que a parte de engenharia deve ser similar entre as concorrentes, por se tratar
de especificao tcnica, relacionada ao projeto da obra, a parte relativa ao LDI no segue,
necessariamente, uma homogeneidade entre as empresas proponentes.
Diferentemente dos custos diretos de engenharia, o LDI tem menos a ver com o projeto e mais com
as caractersticas da empresa executora e com a legislao tributria aplicada. O que vai preponderar
para a formao do LDI, alm dos encargos tributrios definidos por lei, so as caracterstiscas da
empresa como estrutura gerencial, logstica, tecnolgica, financeira e a estratgia escolhida de mercado,
especificamente para a obra pretendida.
Dessa forma, pelas caractersticas de cada empresa, se apresentam seus custos administrativos,
capacidade financeira, estratgias e necessidades de lucratividade em cada contrato.
Em razo da formao dos critrios de aceitabilidade ser uma atribuio do contratante e ter
influncia direta e particular do projeto da obra, no se pode estabelecer parmetros para o LDI, de
forma genrica, para que estes substituam os critrios de aceitabilidade de LDI em uma contratao. A
rigor, o que se pretende encontrar uma variao de referncia dos componentes do LDI para que
sirva de parmetro s anlises de adequabilidade dos critrios de aceitabilidade a serem praticados em
cada contrato.
Considerando, ainda, que os percentuais relativos aos tributos so fixos para cada contrato (so
obtidos pela legislao tributria aplicada a cada caso, conforme os bens e servios contratados e a
localidade da prestao ou fornecimento), somente os demais componentes do LDI sero examinados
quanto a sua variabilidade.
A seguir, ao comentar os itens que compem o LDI, sero apresentadas duas faixas de valores
percentuais para cada item: uma, reproduzindo os valores observados pela pesquisa realizada junto s
empresas contratantes do setor eltrico, j citadas; outra, indicando uma referncia sugerida para esses
valores, resultante das avaliaes procedidas no presente estudo. Posteriormente, esses percentuais
sero tratados estatisticamente para uma melhor adequao dos seus valores realidade de mercado.
Esse tratamento necessrio, pois no seria coerente a simples aplicao da frmula do LDI aos valores
mnimos e apresentados. Ao ser aplicada a frmula aos mnimos e mximos de cada item do LDI obterse-ia percentuais de LDI extremos muito baixos e muito elevados, respectivamente, distorcendo, assim,
dos valores observados ou dos propostos como referncia.
Abaixo apresenta-se tabela com os itens que podero compor o LDI e sobre os quais sero tecidos
comentrios ( exceo dos tributos que so definidos em lei):
Descrio
Garantia
Risco
Despesas Financeiras
Administrao Central
Lucro
Tributos
COFINS
PIS
ISS
CPMF
9.2 Garantia
A despesa estimada para esse item decorre da necessidade de apresentao da garantia contratual,
quando exigida na licitao, que geralmente corresponde a 5% do valor do contrato, podendo alcanar,
no mximo, 10%. Portanto, a estimativa para este custo ser uma frao do valor da garantia contratual,
dependendo do modo de fixao da garantia (fiana-bancria, seguro-garantia ou cauo).
114
Cabe esclarecer que a Garantia foi observada apenas na composio de LDI de Furnas, e que a
sua cobrana em obras civis em geral no usual. Como no caso especfico deste trabalho est sendo
abordada as prticas no setor eltrico, essa despesa ser considerada.
9.2.1 Faixa de Variao Observada
Mnimo
0,00%
Mximo
(garantia contratual de 5%)
0,2% ao ano
Mximo
(garantia contratual de 10%)
0,4% ao ano
Referncias de instituies operadoras de seguros indicam que o prmio pela garantia situa-se no
intervalo percentual de 0,45% a 4,0% ao ano sobre o valor da aplice, conforme a classificao obtida
pela empresa junto instituio seguradora. Isso corresponde a uma variao de 0,0225% a 0,2% sobre
o valor do contrato, para as garantias equivalentes a 5% desse valor e, uma variao de 0,045% a 0,4%,
quanto a garantia atingir 10% do valor contratado. Portanto, o percentual atribuvel garantia no LDI
depende do prazo de execuo da obra, da classificao de risco da empresa e da negociao do prmio
com a seguradora. Desse modo, a referncia indicada observa base de clculo anual.
9.3 Taxa de risco
Embora sirva como proviso para ocorrncias no previstas em projetos e que podem repercutir
no custo da obra, a taxa de risco representa uma margem de reserva e no pode ser muito significativa.
Os valores que foram observados nos contratos pesquisados so razoveis e podem servir como
referncia.
9.3.1 Faixa de variao observada
115
A parte das despesas da obra relativa aos fornecedores da empreiteira pode ter prazo de
pagamento igual ou superior aos dos recebimentos programados para o contrato. O gerenciamento de
compras da empresa procura otimizar esse fluxo de caixa para tornar a maior parcela possvel das
despesas com custo zero de capital.
Outra influncia a taxa de remunerao desse capital. A taxa SELIC (Sistema Especial de
Liquidao e Custdia), mdia ponderada pelo volume das operaes de financiamento por um dia,
lastreadas em ttulos pblicos federais, uma taxa bsica utilizada como referncia, pois as taxas de
juros cobradas pelo mercado so balizadas pela mesma. Ela pode servir como parmetro para
remunerao deste encargo.
H a possibilidade tambm da empreiteira ter acesso a capitais com custo de TJLP (taxa de juros
de longo prazo), inferior SELIC (atualmente a TJLP est 8,15% ao ano, enquanto a SELIC est no
patamar de 15,25% ao ano - taxa obtida no ms de junho/2006).
Dessa forma, considera-se que pode no haver custo de capital ou, at supervit financeiro.
Havendo necessidade de aporte de recursos, recomenda-se a referncia da taxa SELIC para clculo do
custo do capital, devendo-se calcular o perodo mdio da necessidade de alocao desse capital. Para
referncia mxima, ser indicada a taxa SELIC para 30 dias, cotao de junho de 2006.
9.4.1 Faixa de variao observada
116
117
40
41
BUSSAB, Wilton, MORETTIN, Pedro. Estatstica bsica. 4. ed. So Paulo: Atual, 1987. p. 34 a 39.
KREYSZING, Erwin. Introductory Mathematical Statistics - Principles and Methods. New York: Wiley, p. 249-250
118
1 x
F ( x) =
(
1
e 2
2
)2
2
x 1e ( x / )
, onde = , =
e ( ) = x 1e x dx - Funo da Distribuio Gama
F ( x) =
( )
OBS: O clculo dessas funes foi realizado por meio do programa Excel.
3 Passo: Calcular o desvio
(b j - e j )2
j =1
ej
X =
2
4 Passo: Escolher um nvel de significncia (5%, 1% ou outro desejado - no caso deste estudo
foi de escolhido 5%).
5 Passo: Determinar a soluo c da equao:
P(X2 c) = 1 -
Utilizando o tabela da distribuio Qui-Quadrada (no foi utilizada a tabela, pois o clculo foi
realizado diretamente no programa Excel, mas, de qualquer forma, a tabela est presente na Table 6 - fl.
175 do Anexo 2 do Volume Principal) com K - 1 graus de liberdade. Se Xo2 c, no rejeitar a hiptese.
Se Xo2 > c, a hiptese deve ser rejeitada. Com base nesse passos foram realizados os clculos e
elaboradas as Tabelas e Grficos especficos para cada um dos itens, que encontram-se anexos. Verificase que a hiptese foi aceita para todos os itens tanto para a Distribuio Normal como para a Gamma.
Dessa forma, decidiu-se por utilizar a Distribuio Normal para balizar os clculos de mnimos e
mximos dos valores observados na pesquisa (com 95% de probabilidade de chance dos valores se
encontrem entre esses mximos e mnimos). Foi utilizada a funo Inverso da Normal (INV.NORM) do
programa Excel para se obter os valores de mximos e mnimos. Abaixo esto apresentados esses
valores:
Tabela I - Faixa de variao observada consolidada
Descrio
Mnimo
Mximo
Mdia
Garantia
0,00*
1,50
0,65
Despesas Financeiras
0,37
3,79
2,08
Administrao Central
1,29
6,96
4,13
Lucro
3,86
13,34
8,60
Tributos
6,03
9,03
7,62
COFINS
3,00
3,00
3,00
PIS
0,65
0,65
0,65
ISS
2,00
5,00
3,59
CPMF
0,38
0,38
0,38
Total
19,51
31,34
25,42
*Considerado o valor zero, pois no possvel ter valor negativo, com base nos clculos presentes
na Tabela VII, alm do que o valor encontra-se muito prximo de zero.
119
J para os valores de referncia foi adotado um outro tratamento estatstico. Com base nas faixas
de variao de referncia apresentada no tpico anterior foi elaborada uma planilha42 com os valores
mnimos e mximos e foram calculados as mdias e desvio padro de cada item. Foram gerados 100
nmeros aleatrios para cada um deles (funo ALEATRIO do programa Excel). Com base nesses
nmeros foram efetuados clculos para se obter 100 simulaes distintas para os valores de cada item e
do LDI total (utilizando a frmula da Inversa da Normal - INV.NORM do Excel e tendo como
probabilidade os nmeros aleatrios gerados). A partir dessas simulaes foi possvel se calcular nova
mdia e desvio padro, assim como estabelecer novos limites mnimos e mximos para cada um dos itens
do LDI e para o seu percentual total (tendo como referncia essas novas informaes geradas e
utilizando novamente a frmula da Inversa da Normal - INV.NORM, s que agora com uma
probabilidade de 95% de chance daqueles valores simulados encontrarem-se entre os mnimos e
mximos definidos inicialmente).
Para esses clculos foi admitida a taxa de Risco. Para o valor mnimo do Lucro foi adotado o
percentual da Tabela I e para o mximo foi estabelecido o percentual de 10%, tendo em vista que: em
que pese ser possvel alguma empresa adotar lucro zero algo bem raro de acontecer e esse valor pode
estar mascarado em outra despesa ou custo do oramento; e, como difcil se estabelecer um teto para o
lucro, conforme defendido neste trabalho, decidiu-se por estabelecer o percentual mximo mais
observado na pesquisa, que foi de 10%.
Tabela II - Faixa de variao de referncia consolidada
Descrio
Garantia
Risco
Despesas Financeiras
Administrao Central
Lucro
Tributos
COFINS
PIS
Mnimo
0,00
0,00*
0,00*
0,11
3,83
6,03
3,00
0,65
Mximo
0,42
2,05
1,20
8,03
9,96
9,03
3,00
0,65
Mdia
0,21
0,97
0,59
4,07
6,90
7,65
3,00
0,65
ISS
2,00
5,00
3,62
CPMF
0,38
0,38
0,38
Total
16,36
28,87
22,61
*Considerado o valor zero, pois no possvel ter valor negativo, com base nos clculos efetuados
na Tabela VIII em meio eletrnico - disquete acostado contracapa do Volume Principal (Arquivo
Tabela VIII - LDI de Referncia), alm do que os valores so muito prximos a zero.
10 CONCLUSO
Diversos estudos procuram desenvolver mtodos de clculo de custos indiretos para oramentao
de obras. No entanto, no existe uma norma ou metodologia nica e consensual para realizar o clculo
do LDI, nem para definir os componentes que devam integr-lo.
Neste trabalho, procurou-se abordar este tema luz dos princpios e dispositivos legais que regem
as licitaes e contratos administrativos, considerando a necessidade do gestor em estimar e controlar
adequadamente os preos das obras e servios a serem contratados. Mais especificamente, o objeto deste
trabalho est relacionado a contratos de obras de linhas de transmisso e subestaes. Para isso, foram
estudados casos reais relativos s empresas estatais do setor eltrico brasileiro.
A partir dos mtodos adotados pelas empresas do setor eltrico, dos casos estudados e da anlise
da natureza dos diversos itens normalmente utilizados para seu clculo, avaliou-se a adequada
42
Pelo fato da Planilha ser extensa est gravado arquivo Tabela VIII - LDI de Referncia no disquete acostado contracapa do Volume Principal com
os clculos e simulaes efetuados.
120
121
maneira isolada, mas deve ser avaliada conjuntamente com os demais custos unitrios para formao do
preo de aquisio da obra ou do servio a serem contratados.
Apesar de o escopo original do trabalho referir-se somente a obras de linhas de transmisso, os
trabalhos foram estendidos para obras de subestaes, estruturas comumente associadas quelas. Cabe
registrar que, atualmente, as empresas pesquisadas executam maior nmero de contratos de subestaes
do que de linhas de transmisso, por uma peculiaridade do mercado que realiza leiles para contratao
de novos empreendimentos de linhas de transmisso e de subestaes, que no so necessariamente
ganhos pelas estatais do setor eltrico. Residualmente, cabe a essas empresas desenvolver atividades de
modernizao, manuteno e ampliao relacionados estrutura j existente.
Esse aspecto poderia sugerir o estabelecimento de critrios diferentes de clculo de LDI para
obras de linhas de transmisso e de subestaes. Apesar das peculiaridades de cada obra, a pesquisa
efetuada indicou que os custos dos servios podem ser tratados de maneira homognea, envolvendo,
normalmente, as mesmas empresas participantes, e cujas estimativas de custos so realizadas pelo
mesmo setor das empresas contratantes.
Vale destacar que a diferena de LDI passa a ser significativa no para o tipo de obra, se de
Linhas de Transmisso ou de Subestaes, mas quando se discrimina a compra de equipamentos dos
servios de engenharia. Considerando-se que, em mdia, o valor dos equipamentos corresponde a um
percentual expressivo dos custos das obras de linha de transmisso e de subestaes, essencial
discriminar essa diferena para avaliar a melhor soluo entre um contrato global, abrangendo servios
e bens (equipamentos e materiais), sob responsabilidade da construtora, ou a aquisio direta dos
equipamentos junto ao fornecedor e a contratao em separado dos servios de engenharia
correspondentes.
Nas empresas pesquisadas verificou-se que a aquisio direta de bens junto ao fabricante ou
fornecedor, tem-se revelado mais vantajosa. No caso da CHESF, identificou-se que, em casos em que
essas aquisies foram realizadas por intermdio do empreiteiro, havia a prtica de um LDI com
composio diferenciada, constitudo apenas de lucro e de tributos. Ou seja, para esses casos, existe uma
adaptao na composio do LDI, eliminando-se o item administrao central e reduzindo o percentual
de lucro.
Diante dos estudos realizados, conclui-se que possvel e necessrio que o gestor estabelea
critrios de aceitabilidade de preos para cada contratao. Para tanto, faz-se necessria a utilizao de
referncias tcnicas, bem com o conhecimento das prticas de mercado, obtidas a partir do histrico de
contrataes anteriores.
No sentido de aperfeioar a sistemtica de formao de critrios, importante que as propostas de
preos contenham o detalhamento de seus custos indiretos, com a especificao dos componentes do
LDI. Esse detalhamento pode ser til, ainda, no caso em que o gestor necessite negociar os preos para
homologar uma licitao ou, tambm, no caso em que a negociao ocorra em eventual aditamento ao
contrato.
Portanto, dentro do escopo definido pela Ordem de Servio SEGECEX n. 06, de 16 de maro de
2006, este estudo pretende fornecer referncias para direcionar a atuao do gestor ou para a avaliao
dos seus atos na utilizao adequada dos instrumentos previstos nas normas que regem licitaes e
contratos administrativos.
11 PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Em face do exposto, encaminhamos os autos considerao superior, com as seguintes propostas:
I. Que as seguintes premissas acerca dos componentes de Lucros e Despesas Indiretas - LDI
passem a ser utilizadas como referenciais pelas unidades tcnicas do Tribunal quando dos trabalhos de
fiscalizao em obras pblicas:
I.1 Os tributos IRPJ e CSLL no devem integrar o clculo do LDI, nem tampouco a planilha de
custo direto, por se constiturem em tributos de natureza direta e personalstica, que oneram
pessoalmente o contratado, no devendo ser repassado contratante;
I.2 Os itens Administrao Local, Instalao de Canteiro e Acampamento e Mobilizao e
Desmobilizao, visando a maior transparncia, devem constar na planilha oramentria e no no LDI;
122
I.3 O gestor pblico deve exigir dos licitantes o detalhamento da composio do LDI e dos
respectivos percentuais praticados;
I.4 O gestor deve promover estudos tcnicos demonstrando a viabilidade tcnica e econmica de se
realizar uma licitao independente para a aquisio de equipamentos/materiais que correspondam a um
percentual expressivo das obras de linhas de transmisso e de subestaes, com o objetivo de proceder o
parcelamento do objeto previsto no art. 23, 1, da Lei n. 8.666/1993; caso seja comprovada a sua
inviabilidade, que aplique um LDI reduzido em relao ao percentual adotado para o empreendimento,
pois no adequada a utilizao do mesmo LDI de obras civis para a compra daqueles bens.
II. Aprovar os valores abaixo listados como faixa referencial para o LDI em obras de linhas de
transmisso e subestaes.
Descrio
Garantia
Risco
Despesas Financeiras
Administrao Central
Lucro
Tributos
COFINS
PIS
ISS
CPMF
Total
Mnimo
0,00
0,00
0,00
0,11
3,83
6,03
3,00
0,65
2,00
0,38
16,36
Mximo
0,42
2,05
1,20
8,03
9,96
9,03
3,00
0,65
5,00
0,38
28,87
Mdia
0,21
0,97
0,59
4,07
6,90
7,65
3,00
0,65
3,62
0,38
22,61
I. determinar Secob que oriente as Secretarias de Controle Externo para verificarem, no mbito
das fiscalizaes realizadas nos prximos exerccios, o cumprimento das premissas contidas nos itens I.1
a I.4 supra.
II. Encaminhar cpia da deliberao que vier a ser proferida, acompanhada de cpia deste
relatrio:
- SECEX-MT para subsidiar os trabalhos do TC -003.658/2003-1;
- s empresas CHESF Companhia Hidro Eltrica do So Francisco, Eletrosul Centrais Eltricas
S.A., Eletronorte Centrais Eltricas do Norte do Brasil S.A., FURNAS Centrais Eltricas S.A., e
Eletrobrs Centrais Eltricas Brasileiras S.A., para subsidiar procedimentos a serem adotados em
futuras contrataes.
o Relatrio.
VOTO
Como se pode depreender do Relatrio que precede este Voto, os presentes autos tratam dos estudos
e das concluses do Grupo de Trabalho constitudo com o objetivo de propor critrios de aceitabilidade
para o Lucro e Despesas Indiretas (LDI), em obras de implantao de linhas de transmisso de energia
eltrica.
Preliminarmente, foi necessrio definir com clareza os elementos que deveriam integrar o LDI, de
forma a se evitar repercusses indesejadas no preo total contratado.
Tal etapa foi de extrema importncia, pela sua abrangncia, pois levou elaborao das premissas
acerca dos componentes do LDI, a serem observadas pelas unidades tcnicas quando da realizao de
todos os trabalhos de fiscalizao em obras pblicas a cargo desta Corte. Nesse particular, parece-me
necessrio dar cincia s unidades jurisdicionadas ao Tribunal de tais procedimentos.
Essa questo, h muito tempo, demandava um estudo mais aprofundado, j que tem sido
preocupao crescente do Tribunal a possibilidade de distores nos valores contratados com a
administrao pblica, em decorrncia tanto de incluses indevidas de itens como despesas indiretas
como tambm da falta de discriminao dos componentes de tais despesas.
123
Nesse sentido, podem inclusive ser citadas deliberaes do Plenrio em que esses problemas foram
suscitados: Acrdos 1125/2005, 1180/2005, 1324/2005, 1595/2006, 1578/2006, 865/2006, 1045/2006,
1387/2006, 1578/2006, 1592/2006, 1622/2006, 2063/2006, 62/2007.
Cabe ressaltar, por oportuno, que a no-cumulatividade do PIS/COFINS, prevista inicialmente para
ser aplicvel s receitas decorrentes da execuo por administrao, empreitada ou subempreitada, de
obras de construo civil a partir de 01/01/2007, consoante o art. 10, inciso XX, da Lei n. 10.833/2003,
somente ser aplicvel a partir de 01/01/2009, nos termos do art. 7 da Lei n. 11.434, de 28/12/2006.
Especificamente sobre as obras de implantao de linhas de transmisso de energia eltrica, objeto
do presente processo, o Grupo de Trabalho apresentou uma variao de referncia dos componentes do
LDI que poder servir de base s anlises de adequao dos critrios de aceitabilidade a serem praticados
em cada contrato. Nada obstante, reconhece a equipe que a formao dos critrios de aceitabilidade uma
atribuio do contratante e tem influncia prpria do projeto de cada obra.
Com essas consideraes, acolho as concluses do grupo, parabenizando a SECOB pelo consistente
trabalho tcnico apresentado, e VOTO no sentido que o Tribunal adote o Acrdo que ora submeto
apreciao deste Plenrio.
Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007.
GUILHERME PALMEIRA
Ministro-Relator
ACRDO N 325/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n. TC-003.478/2006-8 (com 3 anexos)
2. Grupo: I; Classe de Assunto: I- Administrativo
3. Interessado: Tribunal de Contas da Unio
4. Relator: Ministro Guilherme Palmeira
5. Representante do Ministrio Pblico: no atuou
6. Unidade: Secretaria de Fiscalizao de Obras e Patrimnio da Unio SECOB
7. rgo: Tribunal de Contas da Unio
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos do Relatrio do Grupo de Trabalho, constitudo por
fora de determinao do Acrdo 1.566/2005 Plenrio, com o objetivo de propor critrios de
aceitabilidade para o Lucro e Despesas Indiretas (LDI) em obras de implantao de linhas de transmisso
de energia eltrica.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. orientar as unidades tcnicas do Tribunal que, quando dos trabalhos de fiscalizao em obras
pblicas, passem a utilizar como referenciais as seguintes premissas acerca dos componentes de Lucros e
Despesas Indiretas - LDI:
9.1.1. os tributos IRPJ e CSLL no devem integrar o clculo do LDI, nem tampouco a planilha de
custo direto, por se constiturem em tributos de natureza direta e personalstica, que oneram pessoalmente
o contratado, no devendo ser repassado contratante;
9.1.2. os itens Administrao Local, Instalao de Canteiro e Acampamento e Mobilizao e
Desmobilizao, visando a maior transparncia, devem constar na planilha oramentria e no no LDI;
9.1.3. o gestor pblico deve exigir dos licitantes o detalhamento da composio do LDI e dos
respectivos percentuais praticados;
9.1.4. o gestor deve promover estudos tcnicos demonstrando a viabilidade tcnica e econmica de
se realizar uma licitao independente para a aquisio de equipamentos/materiais que correspondam a
um percentual expressivo das obras, com o objetivo de proceder o parcelamento do objeto previsto no art.
23, 1, da Lei n. 8.666/1993; caso seja comprovada a sua inviabilidade, que aplique um LDI reduzido
124
Descrio
Garantia
Risco
Despesas Financeiras
Administrao Central
Lucro
Tributos
COFINS
PIS
ISS
CPMF
Total
Mnimo
0,00
0,00
0,00
0,11
3,83
6,03
3,00
0,65
2,00
0,38
16,36
Mximo
0,42
2,05
1,20
8,03
9,96
9,03
3,00
0,65
5,00
0,38
28,87
Mdia
0,21
0,97
0,59
4,07
6,90
7,65
3,00
0,65
3,62
0,38
22,61
GUILHERME PALMEIRA
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
125
126
mencionada deliberao. Julgamento das contas do recorrente pela regularidade com ressalva. Cincia
ao interessado.
4. Do Acrdo em questo cumpre destacar as razes de decidir
127
que somente a partir de dezembro de 2000 o Ncleo Estadual do Acre passou a se inteirar sobre o tema,
o qual ainda estava sob apreciao da Consultoria Jurdica do Ministrio da Sade.
Verifica-se que os fatos at aqui narrados deram-se anteriormente ao exerccio de 2001 (objeto das
presentes contas), sendo que nesse exerccio em que h prova inequvoca nos autos de que o Sr. Jos
Valmir da Silva Cruz, j na condio de Chefe da Diviso de Convnios e Gesto do Ncleo Estadual do
Acre (fls. 47/49, anexo 1), teria tomado conhecimento do pagamento indevido que vinha sendo efetuado.
Contudo, milita a favor do recorrente a constatao de que, to-logo cientificado da questo, foram
adotadas as providncias objetivando solucion-la.
Assim, demonstrada a impossibilidade ftica de o recorrente ter adotado as devidas providncias
quanto ao Acrdo rescindendo do TRT da 14 Regio antes do ms de maio de 2001, entendo, ante as
razes apresentadas, que se deva dar provimento ao presente recurso, no sentido de tornar insubsistentes
os itens 9.1 a 9.3 do Acrdo 2941/2003 - 1 Cmara, alterando a redao do item 9.4, com o julgamento
das contas do recorrente pela regularidade com ressalva.
5. Assim, os motivos determinantes da excluso de responsabilidade no se transmitem ao caso ora
em questo.
6. O caso aqui diverso, como afirma o prprio recorrente, j que tomou conhecimento em
05/10/1995 do acrdo que desconstituiu sentena concessiva de parcela referente ao Plano Collor.
7. Embora tenha enviado o Ofcio 200/1995 (fl. 30 deste) AGU, solicitando adotar as
providncias cabveis, quedou inerte durante cerca de 05 anos, tempo mais que suficiente para ter
praticado qualquer ato tendente a, ao menos, questionar a AGU sobre o referido ofcio.
8. Refaamos o caminho de um homem mdio. Ao receber acrdo que desconstitui outro que
concedeu vantagem lgico que a concesso estava extinta. Mas teramos o Recurso Ordinrio
apresentado ao TRT, como proceder? Fazendo corretamente a remessa da questo AGU. Entretanto,
repetimos, fez a remessa em 05/10/1995 e nenhum ato realizou aps tal providncia.
9. Destaque-se que o recorrente, conforme consta das fls. 41 deste, era um dos recorrentes no RO
endereado ao TRT. Neste sentido, pretende que esta Corte entenda que, como recorrente, tambm no
saberia do deslinde do recurso que interps na defesa de seus interesses.
10. A afirmao do recorrente, no sentido de que to-somente aps 19 meses da publicao da
deciso pelo TST no DJ de 02/10/98 a AGU solicitou ao Coordenador da FUNASA, atravs do Ofcio
038, de 18/07/2000, que providenciasse o cancelamento imediato do pagamento e que, atravs de novo
ofcio, a AGU questiona acerca do cumprimento da deciso do TST, indagando porque o referido rgo
no adotou tal procedimento anteriormente, no lhe socorre. Verifique-se o documento de fl. 132 deste.
Nele, verifica-se, como era de se esperar, o zelo no sentido de cobrar, em 1996, providncias AGU
relativamente a ofcios encaminhados entre 1995 e, inclusive, 1996. Aqui verificou-se inrcia.
11. No se est apenando o recorrente porque buscou assessoramento jurdico para saber se
Recurso Ordinrio, no mbito do processo trabalhista, tem efeito suspensivo, mas porque quedou inerte,
no adotando atos no sentido de mostrar cuidado com a coisa pblica, principalmente quando sua mora
lhe trazia benefcios pelo percebimento das parcelas tornadas indevidas pelo acrdo rescindendo. Ora,
autor do RO ao TST e recebendo, todos os meses, parcela indevida, no h como admitir sequer o
esquecimento do tema. Mesmo a transferncia de competncia a outro rgo, exigia do recorrente (que
inclusive percebia a parcela remuneratria inquinada) a devida comunicao da pendncia. Fez,
portanto, por merecer a irregularidade de suas contas e a multa aplicada no TC 005.716/1999-3.
12. O fato de no haver objeo anterior em suas contas, em relao ao fato inquinado, por quem
quer que seja, inclusive pelo TCU, no retira a reprovabilidade de sua conduta.
13. A informao do no desconto das parcelas de Plano Collor de pessoas que alegam boa-f no
recebimento das indigitadas parcelas apenas agrava sua situao, merecendo acompanhamento desta
Corte para, em caso de sucesso dos servidores na ao, ser atribudo o dbito ao ora recorrente, em
processo especfico de tce, porquanto foi ele quem deu causa ao pagamento indevido.
14. Pelo exposto prope-se:
a) conhecer do presente recurso para, no mrito, negar-lhe provimento;
b) dar cincia da deciso ao recorrente;
128
129
No que se refere ao fato de o recorrente j ter sido multado em outros processos sobre o mesmo
fato, acompanho a jurisprudncia predominante nesta Corte no sentido de que a aplicao de penalidade
em uma gesto no afasta, por si s, a apenao em outra gesto, ainda que por fatos irregulares
continuados (Acrdos 3/2000, 236/2002 e 899/2005, todos do Plenrio).
Nesse diapaso, na qualidade de Relator do Acrdo 1373/2006 Plenrio (recurso de
reconsiderao contra o Acrdo 1.420/2004 Plenrio - contas referentes ao exerccio de 1999),
manifestei, em meu Voto, anuncia com o Ministrio Pblico e SERUR, in verbis:
a inrcia do Sr. Cludio Roberto do Nascimento merece o repdio desta Corte, traduzido no
julgamento pela irregularidade das contas e na aplicao de multa, no merecendo reparos o acrdo
recorrido. O passivo oriundo de questes judiciais, sobretudo alusivas a planos econmicos, tem
repercusso extremamente danosa ao Errio, no podendo ser tida como regular conduta de gestor
pblico que deixe de trat-lo com o zelo e diligncia que a matria exige.
Por fim, acompanho o entendimento do MP quando excluso das determinaes propostas pela
unidade tcnica nas alneas c e d de sua concluso (fl. 181 anexo 1), por considerar que essas so
estranhas ao objeto do presente recurso.
Em face de todo o exposto, acolhendo os pareceres uniformes da unidade tcnica e do Ministrio
Pblico especializado, VOTO por que o Tribunal adote o Acrdo que ora submeto deliberao do
Plenrio.
Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007.
GUILHERME PALMEIRA
Ministro-Relator
ACRDO N 327/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n. TC 005.716/1999-3 (com 4 volumes)
2. Grupo I Classe de Assunto I Recurso de Reconsiderao
3. Interessado: Cludio Roberto do Nascimento, ex-Chefe-Substituto e Ordenador de Despesas da
Gerncia Estadual do Ministrio da Sade no Acre (CPF n. 215.919.542-15)
4. rgo: Gerncia Estadual do Ministrio da Sade no Estado do Acre GEMS/AC
5. Relator: Ministro Guilherme Palmeira
5.1. Relator da deliberao recorrida: Ministro Lincoln Magalhes da Rocha
6. Representante do Ministrio Pblico: Subprocuradora-Geral Maria Alzira Ferreira
7. Unidades Tcnicas: Secretaria de Recursos Serur e Secretaria de Controle Externo no Estado do
Acre/Secex-AC
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de Recurso de Reconsiderao interposto
pelo Sr. Cludio Roberto do Nascimento, ex-Chefe-Substituto e Ordenador de Despesas da Gerncia
Estadual do Ministrio da Sade no Acre, contra o Acrdo n. 211/2004-TCU-Plenrio (fls. 535/541,
volume 2), referente Tomada de Contas Simplificada (exerccio de 1998) do Ncleo Estadual do
Ministrio da Sade no Estado do Acre, que julgou irregulares as contas do ora recorrente, com
cominao de multa.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso da 1 Cmara, ante
as razes expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do Recurso de Reconsiderao, com fulcro no arts. 32 e 33 da Lei n. 8.443/1992,
para, no mrito, negar-lhe provimento, mantendo em seus exatos termos o Acrdo n. 211/2004-TCUPlenrio;
9.2. dar cincia do presente Acrdo, bem como do Relatrio e Voto que o fundamentam, ao
interessado.
130
GUILHERME PALMEIRA
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
131
132
8. Tem razo o recorrente quando afirma que as entidades do Sistema S passaram, efetivamente,
a ser dotadas de personalidade de direito privado e, em conseqncia, desde ento, constituem entidades
paraestatais, integrantes da categoria dos entes de cooperao. Nem por isso, todavia, tais entidades
estaro isentas dos controles interno e externo, por fora do que estabelecem, quanto ao primeiro desses
controles, o art. 74, inciso I, e no tocante ao segundo, no apenas o pargrafo nico do art. 70 da
Constituio Federal, assim tambm os arts. 5, inciso V, e 6 da Lei n. 8.443/1992, conforme
explanado, entre outros, no Acrdo 264/2000 TCU Primeira Cmara.
9. Quanto natureza dos recursos arrecadados pelas entidades componentes do chamado Sistema
S, constitui entendimento pacfico na doutrina e na jurisprudncia que tais recursos tm natureza
tributria, originria da prpria Constituio (art. 149), que manda observar, no que pertine s
contribuies sociais, de interveno no domnio econmico e de interesse das categorias profissionais
ou econmicas, o regime aplicvel aos tributos, ou seja, necessidade de lei complementar estabelecendo
normas gerais (art. 146, III) e de observncia aos princpios da legalidade (art. 150, I), da
irretroatividade (art. 150, III, 'a') e da anterioridade (art. 150, III, 'b'), sem prejuzo, nesse ltimo caso,
da previso do art. 195, 6, da Lei Maior.
10. Em suma, se o TCU tem decidido que o chamado Sistema S no integra a Administrao
Pblica, de outra banda, pacfica a posio do Tribunal de que h sujeio dos componentes do
Sistema S fiscalizao do Tribunal, como decorrncia do carter pblico dos recursos colocados
sua disposio.
11. No tocante ao segundo argumento trazido pelo recorrente, convm esclarecer que a
manifestao do Plenrio desta Corte, exprimida na Deciso 907/1997, se reporta obrigatoriedade
pelos integrantes do chamado Sistema S de observarem a Lei n. 8.666/1993 quando de suas
contrataes, firmando o entendimento de que o Sistema S no est adstrito aos exatos termos da Lei
das Licitaes, podendo elaborar regulamentos prprios para as suas licitaes, ou seja, permanece a
obrigatoriedade do processo licitatrio para aquelas entidades. A citada Deciso, no entanto, aborda
este e outros aspectos das entidades formadoras do Sistema S, sem adentrar na forma de contratao,
deixando, entretanto, configurada a natureza peculiar de tais entidades, ante a parafiscalidade dos
recursos geridos por elas.
12. No caso presente, o que interessa a forma de contratao. certo e j firmado que no se
pretende impor aos integrantes do Sistema S o mesmo procedimento para as licitaes que promove
adotado pela administrao pblica, seja ela direta ou indireta, mas alguns princpios constitucionais e
princpios gerais de direito pblico, em especial o Princpio da Competitividade dos certames
licitatrios, so de presena obrigatria sob o risco de ocorrerem, de forma desmesurada, contrataes
baseadas em critrios que no os objetivos relativos a tcnica e preo.
13. A questo da dotao oramentria ultrapassa a questo da dicotomia pblico-privado.
mister que o administrador realize aquilo que seus recursos autorizam. Agir de outra forma atitude de
extrema temeridade.
14. Afirmar que dispe de R$ 50 milhes em caixa no significa o mesmo que ter idoneidade
financeira para levar adiante os diversos projetos com os quais se comprometeu. O recorrente apresenta
o balancete. Esse demonstrativo contbil um mero retrato de como foram encerradas as contas de uma
entidade em determinado ms. Para fazer uma real demonstrao da situao patrimonial do SESC, o
recorrente deveria ter apresentado um balano, por meio do qual se poderia aferir a real capacidade
financeira da entidade.
15. Diante do exposto, no prospera tambm essa alegao do recorrente, posta de forma
preliminar.
16. Alegao: com referncia ao mrito, o recorrente optou por tecer consideraes sobre cada
contrato. Seguiremos sua orientao, como forma de mitigar o risco de deixar argumentos sem a devida
anlise.
Contrato n. 116/1995
17. O recorrente afirma que se tratava de obra de reforma nas instalaes do Ginsio de Esportes
da sede campestre da Porto Alegre. No seu entender, a complexidade da obra fez com que a contratao
fosse feita com dispensa de licitao. Na ocasio, a empresa foi contratada por possuir notria
especializao em obras deste quilate.
133
18. Anlise: o argumento do recorrente no prospera por que no h que se falar em complexidade
na reforma de ginsios esportivos. No h dificuldade, ao menos do ponto de vista de engenharia, na
execuo de tal tipo de obra. Tanto que uma das reclamaes quanto contratao da empresa Garcia
Scherer era justo o fato de aquela companhia ser desconhecida, de pequeno porte, portanto.
19. O relatrio que subsidiou o voto condutor do acrdo ora recorrido claro ao demonstrar que
a complexidade da obra em questo no comporta dispensa de licitao. Em sendo assim, refutada est a
defesa apresentada neste contrato.
Contrato n. 223/1995
20. O recorrente afirma que se trata de projeto de arquitetura para a construo de prdio do
SESC em rea tombada pelo Patrimnio Histrico do Municpio. Portanto, sua reforma s poderia
ocorrer em se mantendo seus contornos arquitetnicos. Desse modo, tornou-se obrigatria a contratao
do projeto com dispensa de licitao, haja vista a notria especializao do contratado, tendo sido
obedecidas as normas internas do SESC.
21. O recorrente registra tambm que a obra no foi concluda porque os recursos que a ela seriam
destinados acabaram carreados para a aquisio de prdio vizinho prpria sede do SESC. Aduz que
no houve prejuzo, vez que foi respeitado o preo de mercado para o projeto em questo.
22. Anlise: a alegao do recorrente acaba por dar razo prpria existncia deste processo e
sua eventual condenao: contratos efetuados sem licitao e sem dotao oramentria suficiente para
a execuo das obras contratadas. justamente o que ocorreu neste contrato.
23. Alegar notria especializao em obra de reforma de construo civil inaceitvel. Mesmo o
fato de se tratar de reforma em rea tombada no pode servir como escudo para a ausncia de licitao.
24. Alm disso, fica patente a falta de dotao de recursos para a concluso das obras, sendo,
tambm, inaceitvel a escusa apresentada pelo recorrente de que recursos foram carreados para a
aquisio de um outro imvel. Fora de questo, portanto, aceitar as justificativas apresentadas.
Contrato n. 236/1995
25. O recorrente explica tratar-se a obra de construo de um prtico na sede campestre, que
funcionaria como espao para a administrao e para a recepo de usurios das dependncias do
SESC.
26. Afirma que a obra no prosperou, ficando apenas no estgio de projeto, em virtude de
exigncias seguidamente colocadas pela prefeitura.
27. Anlise: mais uma vez, notria a falta de planejamento por parte da direo do SESC. Os
entraves possivelmente apostos pela prefeitura poderiam ser enfrentados com um mnimo de prejuzos,
desde que houvesse mais prudncia e menos af de contratar o projeto. Mais um vez, no h como
acolher a alegao do recorrente.
Contrato n. 606/1996
28. O recorrente afirma no ser o responsvel pelo andamento da construo de hotel no municpio
de Bento Gonalves. Essa obra, ressalta, seria da alada do SESC nacional. Mesmo sem ser de sua
alada, o gestor afirma que o projeto do hotel seria vivel do ponto de vista econmico.
29. Anlise: a contratao de projeto e qualquer desembolso de recursos com o fim de construir o
hotel em Bento Gonalves foram de responsabilidade do recorrente. Tal constatao significa que
irrelevante discutir se o terreno para a construo do hotel foi conseguido pela direo nacional do
SESC.
30. Do ponto de vista desse processo, mais uma foi detectada a ausncia de qualquer processo
licitatrio e a falta de prudncia no desembolso de recursos, o que ensejou mais um projeto inconcluso
por responsabilidade do recorrente.
Contrato n. 1616/1996
31. Trata-se de projeto de restaurao do prdio onde funcionou o Cinema Capitlio, no centro
histrico de Porto Alegre. Segundo o recorrente, a obra ficou apenas na fase de projeto porque no
houve a captao do incentivo estadual, j que o incentivo federal j havia sido autorizado. Apenas com
a obteno de ambos os aportes a obra seria iniciada. No projeto foram gastos cerca de R$ 50.000,00
(cinqenta mil reais).
134
32. O recorrente defende que a questo da economicidade do projeto deve ser colocada em
segundo plano, pois pensar desse modo seria desprezar um dos principais anseios da humanidade,
ligados cultura do povo.
33. Anlise: a alegao do recorrente descabida. No h como conceber que o atendimento ao
anseio da humanidade por cultura e o uso eficiente de recursos sejam dois eventos mutuamente
excludentes.
34. Claro que apenas o estrito aspecto econmico no pode ser o nico balizador para obras que
qualquer administrador de recursos pblicos venha a realizar. Pensar assim seria tolher a populao do
acesso a bens que no tm um valor econmico mais mensurvel no curto prazo. Isso um fato. Mas isso
no justifica o uso mais uma vez ineficiente de recursos por parte do gestor.
35. O que h aqui um sofisma, por intermdio do qual o recorrente procura justificar gastos
feitos sem planejamento ou previso, que acabaram por se demonstrar um mero desperdcio de recursos.
36. Alegao: Finalmente, o recorrente afirma que a administrao de uma entidade como o SESC
implica em continuidade. Da mesma forma que h obras de sua gesto que no foram completadas, o
recorrente afirma que completou obra de gestes passadas.
37. Anlise: a continuidade da administrao significa manter por tempo indefinido a vida de
qualquer entidade, seja ela pblica ou privada, independente da reconduo dos administradores que
estejam exercendo o poder. Outra coisa, todavia, repassar s administraes seguintes diversas obras
inacabadas sem a referente previso de recursos.
38. No se pode, portanto, confundir administrao inconseqente, que deixa obras inacabadas
aos sucessores com a continuidade normal da entidade, que independe da sucesso dos administradores,
como quer o recorrente.
39. Finalmente, deve-se destacar que o Sr. Renato Tadeu Seghesio no recorreu das
irregularidades apontadas no item 12 do Voto do Exmo. Sr. Ministro-Relator.
CONCLUSO
40. Em vista do exposto, elevamos o assunto considerao superior, propondo:
a) conhecer do presente Recurso de Reconsiderao, interposto pelo Sr. Renato Tadeu Seghesio, na
qualidade de ex-Presidente do Sesc/RS, com fundamento nos arts. 32, I, e 33 da Lei n. 8.443/1992, para,
no mrito, negar-lhe provimento, mantendo o acrdo recorrido em seus exatos termos;
b) dar cincia ao recorrente da deliberao que vier a ser adotada;
c) restituir os presentes autos SECEX-RS para a anlise das Prestaes de Contas relativas aos
anos de 1995 e 1997.
O Ministrio Pblico, representado nos autos pelo Procurador Jlio Marcelo de Oliveira, assim se
manifestou, no essencial:
...................................................................................................................................................
O aludido decisum teve como supedneo as seguintes irregularidades:
a) quanto ao dbito imputado, os pagamentos efetuados conta das contrataes com a empresa
Garcia Scherer Engenharia e Arquitetura Ltda. (Contratos 116/1996, 223/1995, 236/1995, 606/1996 e
1.616/1996), tidas como atos de gesto ilegtimos e antieconmicos, pois feitas sem licitao e sem
dotao oramentria suficiente para a execuo das obras objetos dos mencionados ajustes,
ocasionando estoque de projetos que dificilmente sero executados;
b) no respeitante multa aplicada:
b.1) a locao, sem opo de compra, nos exerccios de 1995 e 1997, de equipamentos de
informtica da Empresa Edisa Hewllett Packard S/A, realizada sem licitao, com a intermediao de
empresa ligada ao Vice-Presidente do Conselho Regional do Sesc/RS, com custos de aquisio bastante
superiores aos de mercado, nos Contratos K160-12287-600 e K160-12286-500;
b.2) a contratao, em 21/10/1997, com a empresa Resolana Produes, para a captao de
recursos e a promoo do Instituto Policultural Capitlio, sem que se tenham angariado patrocinadores
para o projeto, tendo o prdio do Capitlio sido devolvido Prefeitura Municipal de Porto Alegre/RS,
em 1999, sem objetivos para a despesa realizada;
135
b.3) a contratao da Escolinha de Futebol L Vai a Bola (Contratos 17/1997 Sede Campestre
de Porto Alegre/RS; 18/1997 Novo Hamburgo/RS; 19/1997 - Rio Grande/RS e 20/1997 Santo
ngelo/RS), objetivando monitoramento prtico e terico acerca dos fundamentos bsicos de Futebol de
Campo, sem prvia licitao e envolvendo despesas considerveis sem que tenha havido retorno para a
classe comerciria;
b.4) o patrocnio direto ao Sindicato dos Lojistas do Comrcio de Porto Alegre para o XIII
Encontro Nacional de Sindicatos Patronais do Comrcio e Servios, no valor de R$ 25.500,00, realizado
mediante o Contrato n. 297/1997, em desacordo com o artigo 34 do Regulamento do Sesc;
b.5) o pagamento de R$ 18.000,00 empresa Capacita Eventos Ltda. por reas de Exposio de
Produtos de Fornecedores utilizadas no evento, mediante contrato firmado em 13/05/1997, em
desacordo com o artigo 34 do Regulamento do Sesc;
b.6) a contratao da empresa CWI Informtica Ltda., em 1997, mediante indevida dispensa de
licitao, com a despesa no valor de R$ 213.742,50;
b.7) o pagamento, no perodo de 06/01/1997 a 27/07/1998, de R$ 367.639,91 empresa Texto &
Arte Propaganda Ltda., sem licitao e sem contrato;
b.8) a contratao de patrocnio do evento Planeta Atlntida, pelo qual foram pagos, em 1997,
R$ 163.000,00, considerado ato de gesto ilegtimo, por no beneficiar diretamente a classe operria.
Em unssono, a Secretaria de Recursos, aps anlise da pea recursal, pronuncia-se pelo
conhecimento do feito, para, no mrito, negar-lhe provimento, mantendo o acrdo recorrido em seus
exatos termos; bem assim pela cincia ao recorrente da deliberao que sobrevier e pela restituio dos
presentes autos Secex/RS para a anlise das prestaes de contas relativas aos exerccios de 1995 e
1997 (fls. 53/9, v.12).
Merece prosperar o encaminhamento alvitrado pela unidade tcnica especializada.
De plano, cumpre afastar a preliminar suscitada pelo recorrente, acerca da alegada incompetncia
do TCU para apreciar as contas de entidades cuja natureza jurdica de direito privado, como o caso
do Sesc, em face do preconizado no artigo 5, inciso V, da Lei n. 8.443/1992, o qual estabelece que a
jurisdio do Tribunal abrange os responsveis por entidades dotadas de personalidade jurdica de
direito privado que recebam contribuies parafiscais e prestem servio de interesse pblico ou social.
Com efeito, no obstante sejam as entidades integrantes do chamado Sistema S dotadas de
personalidade jurdica de direito privado, so elas prestadoras de servio de interesse pblico e social e
beneficiadas com recursos provenientes de contribuies parafiscais, os quais tm natureza tributria,
pelo que devem prestar contas desses valores sociedade, a teor do disposto no pargrafo nico do
artigo 70 da Constituio Federal: Prestar contas qualquer pessoa fsica ou jurdica, pblica ou
privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores pblicos ou pelos
quais a Unio responda, ou que, em nome desta, assuma obrigaes de natureza pecuniria (grifos
acrescidos).
No que concerne alegao de que o Sesc, como entidade de direito privado, no deve obedincia
aos princpios da Lei n. 8.666/1993, releva salientar que pacfico na jurisprudncia desta Corte, desde
a prolao da Deciso 907/1997 Plenrio, que os entes sociais autnomos possuem natureza
diferenciada, no se submetendo aos procedimentos estritos da Lei de Licitaes. Todavia, esto estas
entidades sujeitas aos seus regulamentos internos, os quais devem guardar consonncia com os
princpios gerais norteadores da administrao pblica.
A propsito, vale trazer a lume excerto do voto condutor do Acrdo 1.723/2004 2 Cmara, da
lavra do nobre Ministro Ubiratan Aguiar:
2. Antes de adentrar pelos aspectos de mrito do presente recurso, devo lembrar que a temtica da
submisso das entidades pertencentes ao Sistema S Lei n. 8.666, de 1993, j foi amplamente
discutida nesta Corte de Contas. Restou o seguinte entendimento, consoante subitem 1.1 da Deciso
907/1997 - Plenrio: por no estarem includos na lista de entidades enumeradas no pargrafo nico do
art. 1 da Lei n. 8.666/1993, os servios sociais autnomos no esto sujeitos observncia dos estritos
procedimentos na referida lei, e sim aos seus regulamentos prprios devidamente publicados, conforme
tambm destacado pela Serur e pelo Representante do Ministrio Pblico/TCU em suas manifestaes.
136
3. Mesmo assim, conforme ressaltou o Eminente Ministro-Relator Adhemar Paladini Ghisi, por
ocasio do Voto que sustentou a Deciso 98/2000 - Plenrio, deve-se ter em conta que, com o advento da
Deciso 907/1997 - Plenrio:
reafirmou-se a competncia fiscalizatria da Corte e a sujeio daqueles entes aos princpios
gerais que norteiam a execuo da despesa pblica, como os da legalidade, da moralidade, da
finalidade, da isonomia e da publicidade, bem como nas licitaes aos princpios da vinculao ao
instrumento convocatrio e do julgamento objetivo.
4. Logo, entende-se que o Tribunal, ao exercer junto a essas entidades de natureza especfica sua
competncia constitucional e legal de fiscalizao, conforme previso dos arts. 70 e 71 da Constituio
Federal, c/c o art. 1 da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, observa o atendimento dos princpios
insculpidos no art. 37 da Carta Magna. Em caso de descumprimento desses princpios, podem ser
aplicadas aos responsveis pelas entidades que se enquadrem nas condies estabelecidas pela Deciso
907/1997 - Plenrio as sanes previstas na Lei Orgnica/TCU, especialmente se os regulamentos
prprios dessas mesmas entidades sejam por elas infringidos.
No presente caso, todavia, em dissonncia com a jurisprudncia desta Corte, verifica-se que as
contrataes inquinadas configuram direta afronta aos princpios que regem a administrao pblica,
bem como ao regulamento de licitaes do Sesc, vigente poca (Resoluo n. 837/1994), haja vista que
no foram precedidas de licitao, alm de no haver dotao oramentria que suportasse a execuo
das obras, irregularidades estas que o ex-gestor e ora recorrente, mais uma vez, no logrou elidir.
Embora alegue o recorrente que as contrataes se deram por dispensa de licitao em razo da
complexidade das obras e da necessidade de conhecimento especfico pela contratada, no traz aos autos
elementos probatrios tendentes a demonstrar que os objetos avenados efetivamente tinham carter
singular, o que no parece ser o caso, visto tratar-se de reformas de prdios ou de elaborao de
projetos arquitetnicos aparentemente comuns. Tampouco comprova que a empresa contratada detinha
notrio conhecimento. Ademais, no restou evidenciada a inviabilidade de competio capaz de justificar
a contratao direta.
Por oportuno, e considerando que, como reconheceu o prprio recorrente, s fls. 26/7 e 30, v. 12, o
regulamento de licitaes do Sesc (Resoluo n. 837/1994, vigente poca) procurou adequar-se aos
princpios gerais da Lei n. 8.666/1993, baseando-se nessas normas, cabe citar o esclio de Jorge Ulisses
Jacoby Fernandes sobre o inciso II do artigo 25 do Estatuto das Licitaes (in Contratao Direta Sem
Licitao, Braslia Jurdica: Braslia, 2000, 5 ed., p. 584/5 e 588/9):
A inviabilidade da competio ocorrer na forma desse inciso se ficar demonstrado o atendimento
dos requisitos, que devem ser examinados, na seguinte ordem:
a) referentes ao objeto do contrato:
- que se trate de servio tcnico;
- que o servio esteja elencado no art. 13 da Lei n. 8.666/1993;
- que o servio apresente determinada singularidade;
- que o servio no seja de publicidade ou divulgao.
b) referentes ao contratado:
- que o profissional detenha a habilitao pertinente;
- que o profissional ou empresa possua especializao na realizao do objeto pretendido;
- que a especializao seja notria;
- que a notria especializao esteja intimamente relacionada com a singularidade pretendida pela
Administrao.
(...)
Todos esses requisitos, se tomados isoladamente, no garantem a inexigibilidade de licitao, por
ser ainda possvel e vivel a competio.
Todo estudo da inexigibilidade de licitao repousa numa premissa fundamental: a de que
invivel a competio, seja porque s um agente capaz de realiz-la nos termos pretendidos, seja
porque s existe um objeto que satisfaa o interesse da Administrao. (...)
137
(...)
imperioso, contudo, que o servio a ser contratado apresente uma singularidade que inviabilize a
competio entre os diversos profissionais tcnicos especializados.
A singularidade, como textualmente estabelece a lei, do objeto do contrato; o servio
pretendido pela Administrao que singular, e no o executor do servio. Alis, todo profissional
singular, posto que esse atributo prprio da natureza humana.
Singular a caracterstica do objeto que o individualiza, distingue dos demais. a presena de um
atributo incomum na espcie, diferenciador. A singularidade no est associada noo de preo, de
dimenses, de localidade, de cor ou forma.
Vale, nesse ponto, lembrar as palavras do professor Celso Antonio Bandeira de Mello: so
singulares os bens que possuam uma individualidade to especfica que os torne inassimilveis a
quaisquer outros da mesma espcie.
(...) A essncia da singularidade distinguir os servios dos demais a serem prestados. Por
exemplo, um servio singular, a aplicao de revestimento em tinta com base de poliuretano, na parte
externa de um reator nuclear, devido s irradiaes desse objeto; enquanto pintar uma atividade
comum, as caractersticas do objeto que vai receber a tinta exigem uma forma de aplicao de produto
que no ocorre nos demais; apagar um incndio uma atividade que pode ser executada por qualquer
bombeiro, mas debelar um incndio em um poo de petrleo apresenta-se como singular; a demolio
uma atividade comum, mas a necessidade de que seja efetuada por tcnica de imploso pode torn-la
singular.
Nessa linha, vale transcrever o sumrio do Acrdo 861/2006 1 Cmara:
PRESTAO DE CONTAS SIMPLIFICADA. ENTIDADE DO SISTEMA S. AQUISIO DE
VECULOS SEM LICITAO E COM INDICAO DE MARCA. CONTAS IRREGULARES.
1. (...)
2. Os atos praticados em licitaes realizadas por Entidades integrantes do Sistema S, com base
em regulamento prprio, sujeitam-se ao controle de legalidade pelo Tribunal de Contas da Unio.
3. A realizao de procedimento licitatrio para aquisio de bens e servios obrigatria, se
ficar configurada a viabilidade de competio entre fornecedores.
(...) (grifos acrescidos).
No merece guarida o requerimento do recorrente no sentido de que o Tribunal requisite do
Sesc/RS os documentos alusivos a essas contrataes, haja vista que o nus de provar a boa e regular
aplicao dos recursos pblicos cabe ao ex-dirigente, efetivo gestor dos valores, conforme dispe o
Enunciado de Deciso/TCU 176.
Outrossim, consoante bem observado pela Serur, as prprias alegaes do recorrente, em seu
arrazoado, demonstram que os projetos no foram executados, evidenciando a sua inviabilidade e,
portanto, a sua antieconomicidade. Da mesma forma, os balancetes financeiros aduzidos pelo recorrente,
relativos aos meses de setembro e janeiro/2003 e maro/2002, no se prestam a comprovar a existncia,
poca, de dotao ou de recursos para a execuo dos projetos em apreo, pois no se referem aos
perodos questionados, quais sejam, exerccios de 1995 e 1997.
Registre-se que, no documento de fls. 15/47, v.12, que acompanha o presente recurso, o recorrente
aborda a questo dos contratos questionados, bem assim algumas das irregularidades ensejadoras da
aplicao de multa, no entanto, as alegaes aduzidas, desprovidas de documentao comprobatria,
no se mostram suficientes para descaracterizar os ilcitos, alusivos, entre outros, as contrataes sem
prvia licitao, dispndios no consentneos com a finalidade da instituio e atos de gesto ilegtimos
e antieconmicos.
Nesse sentir, considerando que no se vislumbra, no apelo vertente, elementos hbeis a alterar o
entendimento firmado pelo Tribunal na deliberao vergastada, manifesta-se o Ministrio Pblico de
acordo com a proposta da Serur, consignada fl. 59, v.12, item 40, alneas a a c.
o Relatrio.
138
VOTO
Registro, de incio, que o Recurso de Reconsiderao em exame preenche os requisitos de
admissibilidade que regem a espcie, podendo, pois, ser conhecido.
Quanto s questes preliminares suscitadas pelo recorrente, cabe tecer algumas consideraes.
Em primeiro lugar, no merece prosperar a alegao de que o TCU no tem competncia para
exercer o controle sobre os atos administrativos do SESC, j que a jurisprudncia pacfica no sentido de
que as entidades dotadas de personalidade jurdica de direito privado que recebem contribuies
parafiscais, tais como aquelas integrantes do Sistema "S", por arrecadarem e gerenciarem recursos
pblicos de natureza parafiscal, esto sujeitas fiscalizao do TCU.
No tocante no-sujeio da entidade ao ditames da Lei n. 8.666/1993, tem entendido o Tribunal
que, de fato, essas entidades no esto obrigadas a seguir rigorosamente os termos do Estatuto de
Licitaes, contudo, devem seguir os princpios constitucionais gerais relativos Administrao Pblica
entre eles o de licitar suas compras e servios, bem como o de dispor de dotao oramentria para
executar projetos.
Passando ao exame do mrito, entendo que tambm assiste razo aos pareceres.
Com efeito, no que diz respeito s contrataes com a empresa Garcia Scherer Engenharia e
Arquitetura Ltda., para desenvolvimento de projetos arquitetnicos, observou-se no s a falta de
justificativa para no realizar procedimento licitatrio, como tambm, e mais grave, a ausncia de dotao
oramentria para executar as obras projetadas. Como destacado pelo Relator a quo o SESC/RS realizou
despesas expressivas com projetos que dificilmente sero concretizados, seja por escassez de recursos ou
pela obsolescncia, imposta pelo decurso do tempo e dinamismo das necessidades.
Alm disso, foram indicadas outras contrataes indevidas, sem prvio procedimento licitatrio,
bem como dispndios que no se coadunavam com os fins da instituio.
Consoante registrado tanto pela unidade tcnica quanto pelo Ministrio Pblico, os argumentos
oferecidos pelo responsvel no foram capazes de elidir tais irregularidades, as quais, a propsito, foram
objeto de apurao pelo Conselho Fiscal do Departamento Nacional do SESC, culminando no
afastamento do ento presidente do SESC/RS, Sr. Renato Tadeu Seghesio, e na nomeao de interventor
naquela entidade.
Sendo assim, acolho na ntegra os pareceres e VOTO por que seja adotado o Acrdo que ora
submeto apreciao deste Plenrio.
Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007.
GUILHERME PALMEIRA
Ministro-Relator
ACRDO N 328/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n. TC-013.800/1999-0 (com 11 volumes)
2. Grupo I; Classe de Assunto: I - Recurso de Reconsiderao
3. Interessado: Renato Tadeu Seghesio (ex-Presidente, CPF n. 109.333.440-15)
4. Entidade: Servio Social do Comrcio no Rio Grande do Sul SESC/RS
5. Relator: Ministro Guilherme Palmeira
5.1 Relator da deliberao recorrida: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa
6. Representante do Ministrio Pblico: Procurador Jlio Marcelo de Oliveira
7. Unidades Tcnicas: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio Grande do Sul
SECEX/RS e Secretaria de Recursos - SERUR
8. Advogado constitudo nos autos: Joo Pedro Rodrigues Reis (OAB/RS n. 5.755)
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial de responsabilidade do
Sr. Renato Tadeu Seghesio, ex-Presidente do Servio Social do Comrcio do Rio Grande do Sul -
139
Sesc/RS, instaurada por fora da Deciso 053/2002 1 Cmara, em que se examina Recurso de
Reconsiderao interposto pelo responsvel contra o Acrdo 1.325/2003-Plenrio (Ata n. 35), que julgou
irregulares as contas, condenando-o em dbito e aplicando-lhe multa.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do Recurso de Reconsiderao interposto pelo Sr. Renato Tadeu Seghesio, nos termos
dos arts. 32, inciso I, e 33, da Lei n. 8.443/1992, para, no mrito, negar-lhe provimento, mantendo-se
integralmente os termos do Acrdo 1.325/2003-Plenrio (Ata n. 35);
9.2. dar cincia do presente Acrdo, bem como do Relatrio e Voto que o fundamentam, ao
interessado e ao Servio Social do Comrcio do Rio Grande do Sul - Sesc/RS.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0328-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira (Relator), Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
GUILHERME PALMEIRA
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
140
141
8. Concorde documento de fl. 499, a empresa requer, com fundamento no art. 276 do Regimento
Interno do TCU, medida cautelar com vistas suspenso da contratao da empresa Alternativa
Administrao de Mo de Obra Especializada Ltda. em conseqncia de possveis irregularidades no
bojo do Prego n 76/2005. Impende enaltecer que na anlise de casos concretos em que se requer
"tutelas de urgncia", a cognio deve ser sumria, no exauriente, baseado, to somente, na
plausibilidade da tese jurdica invocada e ante um perigo iminente decorrente de uma possvel inrcia do
julgador, no caso o TCU.
9. Perpassando os argumentos acostados, entende-se que a discusso resume-se
(in)exeqibilidade da proposta da empresa Alternativa Administrao de Mo de Obra Especializada
Ltda., possveis irregularidades na conduo do Prego n 76/2005 e ao conflito entre os interesses
pblico e privado na presente contratao.
10. No que permeia (in)exeqibilidade da proposta da empresa Alternativa Administrao de
Mo de Obra Especializada Ltda., em que pese, de per si, sejamos seduzidos pelos ldimos argumentos
apresentados pela empresa representante, a proximidade entre o preo da presente contratao e o preo
do contrato anterior (n 125/2004), a viabilidade da proposta, a teor do 1 do art. 48 da Lei n
8666/1993 e a ratificao da proposta por parte da empresa contratada, conduzem ao entendimento pela
aparente regularidade dos atos administrativos sub examine.
11. Conforme destacado anteriormente, o ltimo valor do Contrato n 125/2004, pactuado com a
empresa Orbenk Administrao e Servios Ltda. foi de R$ 2.066.012,88 (fl. 494), ao passo que o preo
questionado de R$ 2.996.837,43. Neste ponto, vale mencionar o teor da CI/GELOG/DR/PR-062/2005,
de 06 de julho de 2006, elaborado pelo Gerente de Logstica da ECT, onde no item 2 esclarece que "os
custos de horas/homem foi baseado no equivalente dos custos atuais com o contrato com a Orbenk,
acrescido de 5 %". Assim, a priori, a exeqibilidade da proposta resta evidenciada.
12. No que toca ao 1 do art. 48 da Lei n 8666/1993, que trata de verificao de propostas
manifestamente inexeqveis, ainda que exista discusso doutrinria acerca da aplicabilidade ou no
deste dispositivo para aquisio de bens ou servios43, uma anlise do preo ofertado pela licitante
vencedora em relao aos preos das concorrentes e aquele orado pelo DR/PR, tambm conduz tese
de exeqibilidade dos preos propostos. Vale enaltecer que44 a desclassificao somente seria cabvel
se os preos dos itens impugnados no se compatibilizassem com os de mercado, segundo
demonstrao objetiva, certo que no se concilia com a disposio legal mera suspeita (...).
13. Ademais, ante os recursos protocolados pela empresa-representante no mbito da ECT, cuidou
a Comisso de Licitao de diligenciar a vencedora com vistas ratificao do teor da proposta
apresentada, sendo encaminhado o documento de fl. 469, onde h expressa anuncia ante os preos
anteriormente ofertados.
14. No que permeia a possveis irregularidades na conduo do Prego n 76/2005, tais como
ausncia de realizao de nova diligncia para sanear pontos obscuros (fl. 04), possvel substituio
posterior da proposta (fl. 17), provvel direcionamento do certame (fl. 20), dentre outras mencionadas
pela empresa, ainda que meream anlise detida desta Corte de Contas, concessa maxima vnia, no se
vislumbra potencial de reprovao suficiente para o fim cautelar requerido pela licitante.
15. Por fim, quanto ao conflito entre os interesses pblico e privado na presente contratao
pblica, a medida ora em anlise expe possvel confronto entre o interesse privado da empresa Orbenk
Administrao e Servios Ltda. em acautelar-se de possvel prejuzo decorrente de alegados vcios na
conduo do Prego n 76/2005 e o interesse pblico vislumbrado na busca da proposta mais vantajosa,
contudo sem desmerecer os princpios insculpidos no art. 3 da Lei n 8666/1993.
43
Quanto s licitaes para compras, a inadequao do critrio residiria em que as regras de bens e produtos seguem
parmetros de custo diversos daqueles que presidem a execuo de obras e servios de engenharia, onde a logstica
desempenha, no raro, papel relevante, cuja eficincia tambm se mede pelo custo operacional. PEREIRA JUNIOR, Jess
Torres, Comentrios Lei de Licitaes e Contrataes da Administrao Pblica, 6 edio, Editora Renovar, So Paulo, fl.
501.
44
TJRJ n 9477/99, idem (fl. 506).
142
16. Vale enaltecer que a medida cautelar em comento visa evitar que o transcorrer do tempo
inviabilize a regular produo de efeitos pelo pronunciamento final do presente processo. Ademais45, o
processo cautelar no visa, necessariamente, assegurar a execuo da sentena (deciso) a ser prolatada
futuramente, mas garantir-lhe a eficcia, resguardar-lhe a utilidade.
17. Neste diapaso, procedendo uma ponderao entre tais interesses e sem perder de foco a
eficcia futura de uma ulterior deciso, no vejo como prevalecer a tese esposada pela representante de
suspender a referida contratao, devendo, nesta vertente, ser privilegiado o interesse pblico na
contratao por preo razovel e adequado ao orado pela DR/PR. Ademais, a teor do art. 67 da Lei de
Licitaes e Contratos, o instrumento contratual firmado em 20/03/2006 e que ter ordem de incio de
servios em 21/07/2006, ser devidamente acompanhado e fiscalizado pela DR/PR e, no caso de possvel
inadimplemento, o ordenamento jurdico vigente prev medidas a serem adotadas pelo respectivo rgo
pblico contratante (arts. 77 e seguintes da LLC).
3- DOS PRESSUPOSTOS CAUTELARES
18. Conforme o art. 276 do Regimento Interno do TCU, o Relator poder, em caso de urgncia, de
fundado receio de grave leso ao errio ou a direito alheio ou de risco de ineficcia da deciso de
mrito, de ofcio ou mediante provocao, adotar medida cautelar, com ou sem a prvia oitiva da parte
(inaudita altera parte), determinando, entre outras providncias, a suspenso do ato ou do procedimento
impugnado, at que o Tribunal decida sobre o mrito da questo suscitada, nos termos do art. 45 da Lei
n 8.443/1992. Trata-se de provimento de urgncia, com cognio sumria, fundado em verossimilhana,
que deve ser adotado de forma parcimoniosa e somente quando presentes os pressupostos do fumus boni
iuris e do periculum in mora.
19. Transladando estes pressupostos para o presente caso, tem-se o seguinte contexto: o fumus
boni iuris no est presente, tendo em vista que, em rasa anlise, a conduta da Comisso de Licitao da
DR/PR pautou-se nos dispositivos legais vigentes e, sobretudo, no privilgio do resguardo do interesse
pblico. Para isto, adotou medidas assecuratrias, tais como a reduo da estimativa do oramento
inicial (arts. 142/151) e a ratificao da proposta da empresa vencedora (fl. 469). Ademais, ainda que se
verifiquem possveis impropriedades, as mesmas no se revestem de gravidade suficiente para configurar
a existncia de provvel direito da empresa Orbenk Administrao e Servios Ltda.
20. No que toca ao periculum in mora, resumido no binmio urgncia + necessidade, conforme
destacado anteriormente, no se verifica fundado temor na contratao pela ECT da empresa Alternativa
Administrao de Mo de Obra Especializada Ltda.; ao contrrio, a atuao positiva desta Corte de
Contas poderia gerar conseqncias danosas empresa pblica, seja acarretando uma contratao
emergencial por preo ainda mais desvantajoso, seja inviabilizando a prestao de servio essencial
para a DR/PR.
21. Mister destacar que so to nocivos ao princpio da instrumentalidade do processo tanto o
no deferimento da medida cautelar, quando realmente cabvel e necessria, quanto sua desastrosa
concesso em conjuntura incompatvel com sua destinao especfica.
4- PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
22. Diante das consideraes procedidas e dando o devido cumprimento ao Despacho de fl.01 do
Exm Sr. Ministro Ubiratan Aguiar, prope-se:
a- com amparo no art. 109, inciso II c/c art. 113, 2 da Lei n 8.666/1993 c/c inciso VII do art.
237 do Regimento Interno do TCU, conhecer da presente Representao;
b- denegar a medida cautelar requerida pela empresa Orbenk Administrao e Servios Ltda.,
considerando que no mbito do Prego n 76/2005, conduzido pela Empresa Brasileira de Correios e
Telgrafos Diretoria Regional no Estado do Paran, no foram verificados os pressupostos
indispensveis para a sua concesso;
45
Ac. STJ. RSTJ 34/417, Apud. NEGRO, Theotnio. Cdigo de Processo Civil e legislao processual em vigor. 28 ed.
So Paulo, 1997, p. 76.
143
c- dar cincia da deciso que vier a ser adotada, acompanhada dos seus fundamentos, empresa
Orbenk Administrao e Servios Ltda. e Diretoria Regional da ECT no Estado do Paran;
d- determinar SECEX/PR que, aps a adoo da medida constante letra c, d
prosseguimento instruo processual.
7. Ao atuar nestes autos em substituio a este Relator, nos termos do art. 27-A da Resoluo TCU
n 175/2005, o Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa proferiu o seguinte Despacho (fl. 511):
Considerando a ausncia dos pressupostos necessrios para a concesso da medida cautelar
pleiteada pela representante, conforme anlise empreendida pela Unidade Tcnica;
Indefiro a concesso da medida cautelar e restituo o processo Secex/PR para o prosseguimento de
sua instruo, aps o encaminhamento representante de cpia deste despacho e da instruo de fls.
504/510.
8. Em 7/8/2006, a representante interps agravo contra o despacho que indeferiu a medida cautelar
por ela solicitada (fls. 1/10 Anexo 1), podendo ser as alegaes da empresa, que justificariam a reforma
do despacho atacado, assim resumidas:
a) a proposta da empresa Alternativa teria sido formulada com base em quantitativo mensal de 220
horas, sendo que a ECT/PR teria limitado a 184 as horas a serem trabalhadas por ms, ou seja, a
Alternativa estimou faturamento superior ao que efetivamente poder auferir da execuo do contrato, o
que confirma a inexeqibilidade de sua proposta (fl. 3 Anexo 1);
b) de acordo com planilha anexa a parecer da ECT/PR, a empresa Alternativa estaria prevendo
receitas inferiores s despesas que teria que incorrer;
c) a ratificao, por parte da empresa Alternativa, em resposta diligncia da ECT/PR, com relao
ao valor apresentado pela vencedora no prego, no serviria para atestar a exeqibilidade de sua proposta;
d) no teria havido, por parte da ECT/PR, qualquer exame adicional ou aferio matemtica da
exeqibilidade da proposta apresentada pela referida empresa [Alternativa] (fl. 4 Anexo 1);
e) a empresa Alternativa no teria se desimcumbido do nus de demonstrar a efetiva
exeqibilidade de sua proposta e, ainda, a ECT/PR no teria adotado qualquer providncia a esse
respeito, acatando mera declarao de cumprimento do contrato como justificativa (fl. 5 Anexo 1);
f) presena de periculum in mora, tendo em vista que a empresa vencedora da licitao j teria sido
contratada, o que demandaria a suspenso dos efeitos da contratao inclusive os pagamentos e a
execuo de seu objeto (fl. 8 Anexo 1).
9. O Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa, em razo do agravo interposto pela empresa
Orbenk, proferiu, em 22/8/2006, o despacho s fls. 11/12 Anexo 1, que transcrevo a seguir:
Considerando que, com fulcro no art. 27-A da Resoluo TCU n 175/2006 e na Portaria n
136/2006, proferi despacho em 20/07/2006 indeferindo a concesso de medida cautelar requerida pela
representante, tendo em vista que no restaram presentes os requisitos para a concesso de tal medida,
nos termos constantes das anlises da SECEX/PR;
Considerando que em 25/07/2006, mediante fac-smile, a empresa foi comunicada inicialmente da
deciso adotada em 20/07/2006;
Considerando que em 31/07/2006, conforme comprovante fl. 519 do vol. 2, foi entregue no
endereo da representante o original do Ofcio n 707/2006-1-TCU/SECEX/PR, bem como cpia da
instruo elaborada pela Unidade Tcnica e do despacho indeferindo a medida cautelar;
Considerando que o Agravo interposto pela representante foi recebido na Secex/PR em
07/08/2006;
Considerando que nos termos do art. 289 do Regimento Interno do TCU cabe agravo, no prazo de
cinco dias, contados na forma do art. 183, de despacho desfavorvel parte;
Considerando o disposto no art. 185 do Regimento Interno, in verbis:
Art. 185. Na contagem dos prazos, salvo disposio legal em contrrio, excluir-se- o dia do
incio e incluir-se- o do vencimento.
Pargrafo nico. Se o vencimento recair em dia em que no houver expediente, o prazo ser
prorrogado at o primeiro dia til imediato.
Considerando que o Agravo ora em exame tempestivo, pois, comprovadamente, o recorrente teve
cincia da deciso, e dos seus fundamentos, que indeferiu a concesso da medida cautelar em 31/07/2006
144
e apresentou a pea recursal em 07/08/2006 (que corresponde ao primeiro dia til aps o prazo para
apresentao do agravo);
Considerando que nos termos do art. 31 da Resoluo TCU n 175/2005 sou competente para
apreciar o Agravo interposto contra o despacho por mim proferido em 20/07/2006, convocado que fui
para atuar nos processos da Lista de Unidades Juridicionadas atribuda ao Sr. Ministro Ubiratan
Aguiar;
Conheo do Agravo interposto pela empresa Orbenk Administrao e Servios Ltda. e determino
o retorno dos autos SECEX/PR para exame da pea recursal, em carter de urgncia.
10. Antes de proceder ao exame do agravo, a Secex/PR entendeu necessria a efetivao de
diligncia ECT/PR, nos termos da instruo fl. 522, para obteno dos seguintes documentos:
a) cpia do inteiro teor do processo licitatrio referente ao Prego Eletrnico 76/2005 (processo
ECT/DR/PR n. 5001569), para contratao de servios de apoio logstico nas instalaes da
GELOG/DR/PR, em So Jos dos Pinhais/PR;
b) termo de contrato celebrado com a empresa Alternativa Administrao de Mo-de-Obra
Especializada Ltda., e seus aditivos, se houver;
c) notas fiscais emitidas pela empresa contratada e respectivos comprovantes de pagamentos
realizados pela ECT;
d) cpias dos documentos apresentados pela contratada para fim de pagamento, de acordo com o
item 5.1.2. do Edital do Prego.
11. Encaminhada, pela ECT/PR, a documentao requerida pela Secex/PR, o Analista encarregado
da instruo assim se manifestou nos autos (fls. 529/538), com a concordncia do Diretor da 1 DT e do
titular da unidade tcnica (despachos fl. 543):
IRREGULARIDADES NO PREGO 76/2005
7. Antes de analisar a pea recursal, cumpre fazer as seguintes consideraes sobre o processo
licitatrio em tela:
Ausncia de Oramento Prvio
8. A Lei 10.520/2002 (instituiu a modalidade de licitao denominada prego) dispe que:
Art. 3 A fase preparatria do prego observar o seguinte:
I - a autoridade competente justificar a necessidade de contratao e definir o objeto do certame,
as exigncias de habilitao, os critrios de aceitao das propostas, as sanes por inadimplemento e as
clusulas do contrato, inclusive com fixao dos prazos para fornecimento;
.......................................
III - dos autos do procedimento constaro a justificativa das definies referidas no inciso I deste
artigo e os indispensveis elementos tcnicos sobre os quais estiverem apoiados, bem como o oramento,
elaborado pelo rgo ou entidade promotora da licitao, dos bens ou servios a serem licitados;
(destaquei)
9. Alm disso, a Lei 8.666/1993 (de aplicao subsidiria, de acordo com o art. 9 da Lei
10.520/2002) determina o seguinte:
Art. 7o .......................................
2o As obras e os servios somente podero ser licitados quando:
....................................................
II - existir oramento detalhado em planilhas que expressem a composio de todos os seus custos
unitrios; (destaquei)
10. Sobre a utilidade do oramento prvio, o Ministro LINCOLN MAGALHES consignou o
seguinte, no relatrio condutor do Acrdo TCU 690/2005 - Segunda Cmara:
145
146
17. Em sua manifestao de fls. 525-527, vol. 2, a ECT/PR trouxe aos autos a seguinte notcia:
... a questo foco da presente demanda encontra-se sentenciada pela Justia Federal, conforme
documento anexo.
Entendeu o D. Juzo nos autos de MANDADO DE SEGURANA n. 2006.70.00.007610-0/PR que o
ato impugnado no ilegal e abusivo, pois a lei presume inexeqvel a proposta inferior a 70% (setenta
por cento) do valor orado pela Administrao. In casu, a administrao realizou oramento dos
servios licitados no valor de R$ 3.409.212,28 e a empresa vencedora apresentou proposta de R$
2.996.837,43, equivalente a 87,90% do valor orado pela Administrao (fl. 525).
18. Em seguida, citou Maral Justen Filho para defender que:
147
Julgamento
Classificada
Classificada
Desclassificada
30. O Resumo da Licitao (fls. 240-241, anexo 3) registrou que a BRAVAK foi desclassificada
porque cotou valor irrisrio para o objeto a ser contratado, valor muito abaixo da estimativa de
mercado, o critrio de julgamento estabelecido no Edital o de menor valor global, conforme anexo 3 da
proposta econmica. A proposta esta em desacordo com os subitens 7.24, 8.1 e 8.2 do Edital (fl. 241).
31. Os dispositivos referidos do edital (fls. 172-211, anexos 2-3) determinam que os lances
deveriam ser feitos no valor global e que o julgamento seria feito com base no menor preo global.
Porm nenhum deles (ou qualquer outro do edital) definiu critrio de aceitabilidade de preos mnimos,
infringindo-se o art. 3, inciso I, da Lei 10.520/2002, segundo o qual:
Art. 3 A fase preparatria do prego observar o seguinte:
I - a autoridade competente justificar a necessidade de contratao e definir o objeto do
certame, as exigncias de habilitao, os critrios de aceitao das propostas, as sanes por
inadimplemento e as clusulas do contrato, inclusive com fixao dos prazos para fornecimento;
(destaquei)
32. A ata de julgamento tambm no esclarece qual foi o critrio adotado pela comisso de
licitao para concluir que a proposta da BRAVAK estava muito abaixo da estimativa de mercado.
33. A indefinio de critrio objetivo de classificao e desclassificao infringiu ainda o seguinte
dispositivo da Lei de Licitaes:
Art. 44. No julgamento das propostas, a Comisso levar em considerao os critrios objetivos
definidos no edital ou convite, os quais no devem contrariar as normas e princpios estabelecidos por
esta Lei.
1o vedada a utilizao de qualquer elemento, critrio ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou
reservado que possa ainda que indiretamente elidir o princpio da igualdade entre os licitantes.
(destaquei)
34. Depois que a ORBENK apresentou recurso questionando, entre outros pontos, o valor da
proposta de preos da ALTERNATIVA, o pregoeiro solicitou parecer tcnico Gerncia de Logstica
Integrada/GELOG da ECT/DR/PR que, em resposta, emitiu o documento de fls. 360-365, vol. 1, do qual
destaco o seguinte trecho:
A planilha anexa, a ttulo de exemplo e apenas para avaliao da viabilidade da proposta, simula
os valores mximos que podero ser pagos, considerando os valores limites de Horas/Homem possvel de
serem trabalhadas em cada ms do ano de 2006, considerando os valores unitrios cotados pela
licitante, para H/H normais Diurna e Noturna (90% e 10% respectivamente do total previsto) e o
quantitativo mximo de pessoas em trabalho regular a serem empregadas em cada cargo. Ressalte-se
que para o ano de 2006 a mdia mensal de horas/homem efetivamente trabalhadas de 184 H/H ms.
148
Tal divergncia decorre do fato do licitante ter calculado a Hora/Homem baseado em 220
Horas/ms, ao passo que o pagamento ser definido pelas horas efetivamente trabalhadas, conforme
previsto no edital. Tal fato reduziu o valor unitrio apresentado pelo licitante.
Assim, verifica-se que o recurso apresentado pela recorrente, trs a interpretao correta da forma
como ser apurado os pagamentos mensais referente aos servios efetivamente prestados, na forma de
Horas/Homem, ao passo que a requerida tem razo em sua argumentao quanto aos compromissos
trabalhistas que estar assumindo, porm deu interpretao divergente do edital quanto ao clculo do
valor das Horas/Homem, valor pelos quais ir receber pelos servios prestados.
Posto isto, entendemos que o licitante deve ser perquerido sobre a exeqibilidade de sua
proposta... (fls. 363-364).
35. A planilha referida no incio da transcrio acima (juntada fl. 365, vol. 1) demonstra que o
valor mximo a ser pago empresa ALTERNATIVA de R$ 2.393.341,73.
36. ENTO, DE ACORDO COM O ENTENDIMENTO DA GERNCIA DE LOGSTICA
INTEGRADA DA ECT/PR, O VALOR MENSAL DA PROPOSTA VENCEDORA DO CERTAME ERA, NA
VERDADE, DE R$ 199.445,14 (R$ 2.393.341,73 / 12 MESES), OU SEJA, MUITO PRXIMO DA
PROPOSTA DESCLASSIFICADA DA BRAVAK, DE R$ 199.112,65!
37. Assim sendo, ante as concluses do parecer tcnico, a comisso de licitao tinha dois
caminhos pela frente: demonstrar que o parecer estava errado e deixar tudo como estava ou, caso
concordasse com ele, desclassificar a proposta da ALTERNATIVA, aplicando o mesmo critrio usado
para desclassificar a BRAVAK. No entanto, a comisso no fez nem uma coisa nem outra. Apenas
ignorou o parecer da Gerncia de Logstica Integrada.
38. Para esclarecer este ponto, propus, ao final, audincia da comisso de licitao e dos
responsveis pela homologao do feito e celebrao do contrato.
ANLISE DO AGRAVO DE FLS. 1-10, ANEXO 1
39. A agravante alega principalmente que o despacho recorrido baseou-se em informao
equivocada sobre o valor da proposta de preos da empresa ALTERNATIVA (fls. 255-265, anexo 3), vez
que o valor considerado diz respeito a previso de uma carga mensal de 220 horas trabalhadas, apesar
de o edital ter estabelecido o limite de 184 horas. Sendo assim, o valor mximo do contrato seria R$
2.393.341,73 e no R$ 2.996.837,43 (como teria consignado a instruo de fls. 504-510, vol. 2, que
fundamentou o despacho denegatrio, de fl. 511). E amparando-se no parecer tcnico emitido pela
Gerncia de Logstica Integrada (parcialmente transcrito acima) onde foi dito que as despesas da
contratada somariam R$ 2.763.456,60 -, deduziu que seriam as receitas inferiores s despesas e que
esse dado suficiente para confirmar a inexeqibilidade da proposta da referida empresa (fl. 3, anexo
1).
40. De fato, o parecer tcnico de fls. 360-365, vol. 1, confirma as alegaes da agravante.
Entretanto, haja vista o exposto nos itens 8-26, acima, entendo que este fato no suficiente para
provocar a reforma do despacho recorrido, j que o entendimento da ORBENK (a proposta vencedora
inexeqvel) apia-se na premissa falsa de que a pesquisa de preos uma referncia perfeitamente
confivel e por isso serve de parmetro para se avaliar, sem sombra de dvida, os custos unitrios que
sero suportados pela empresa vencedora do certame, quando da execuo do contrato.
41. No resta dvida de que a pesquisa de preos no faz jus confiabilidade que a agravante
lhe atribui. Por isso mesmo, carece de fundamento a sua alegao de que todos os dados e parmetros
necessrios verificao da inexeqibilidade j esto nos autos e permitem que se confirme a
irregularidade da conduta adotada pela autoridade representada no prego 76/2005 (fl. 4, anexo 1)
42. Assim sendo, entendo que no existe nos autos elementos que permitam afirmar seguramente
que o contrato celebrado com a empresa ALTERNATIVA inexeqvel.
CONCLUSO
149
43. At que se tenha em mo uma referncia de preos confivel, no se pode afirmar que o
contrato seja inexeqvel, como quer a ORBENK. Nem tampouco que seja o mais vantajoso para a
Administrao, como quer a ECT/PR. Por cautela, no recomendvel sequer descartar a hiptese de o
seu valor ter sido superestimado.
44. Considerando que a impetrante no apresentou outros elementos, alm dos encontrados nos
autos, para demonstrar a alegada inexeqibilidade da proposta vencedora, mas valeu-se basicamente da
pesquisa de preos, j desqualificada para este fim, entendo que deve ser negado provimento ao
agravo.
45. parte este ponto, resta o fato de que a ausncia de planilha de preos detalhada, exigida nos
termos do art. 3, inciso III, da Lei 10.520/2002 c/c o art. 7o, 2o, inciso II, da Lei 8.666/1993,
compromete a validade do julgamento e de todos os atos subseqentes praticados no certame. Por isso,
entendo que os membros da comisso de licitao (designados no documento de fl. 39, vol. principal) que
firmaram a ata de julgamento (fls. 267-269, anexo 3), bem como as autoridades que homologaram o feito
(fls. 444-453, anexo 4) e ainda o Diretor Regional no Paran que celebrou o respectivo contrato (fls. 3248, anexo 2) devem ser ouvidos acerca das irregularidades apontadas acima.
46. Tendo em vista que a Assessoria Jurdica da ECT/PR foi consultada aps a emisso do parecer
da Gerncia de Logstica Integrada da Empresa (mencionado no item 34) e considerando que, no
parecer jurdico de fls. 382-392, aquela assessoria deixou de alertar a Administrao para todas as
irregularidades apontadas nas audincias propostas abaixo, entendo que cabe tambm ouvir em
audincia o autor do parecer jurdico.
47. Uma vez que a deciso de mrito poder afetar interesse da contratada, sugiro que ela seja
notificada do teor das audincias sugeridas para que, caso tenha interesse, pronuncie-se em igual prazo.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
48. Proponho o encaminhamento do processo ao gabinete do Ministro Relator Marcos Bemquerer
para que sejam adotadas as seguintes medidas:
48.1. negar provimento ao agravo;
48.2. com base no art. 11 da Lei 8.443/1992, realizar AUDINCIAS dos membros da comisso de
licitao designada para conduzir o Prego Eletrnico 76/2005, Srs. Elizandro Roberto Maciel Beneck CPF 225.459.722-15, Ricardo Jos Chaves Caron - CPF 021.823.979-30, e Marcelo de Souza
Nascimento, que julgaram o certame, os membros da DIRAD/ECT que homologaram o feito (fls. 444453, anexo 4), alm do Sr. Itamar Ribeiro - CPF 184.038.919-20, Diretor Regional/ECT/PR, que
celebrou, em 20/3/2006, o contrato 32/2006 com a empresa ALTERNATIVA Administrao de Mo-deObra Especializada Ltda, para, no prazo de quinze dias, apresentarem justificativas para as seguintes
irregularidades:
a) infrao ao art 3, inciso III, da Lei 10.520/2002 c/c o art. 7o, 2o, inciso II, da Lei 8.666/1993,
tendo em vista que no foi adotado, para fim de referncia de preos, oramento prvio mediante
planilha detalhada com todos os custos unitrios dos servios almejados;
b) utilizao de pesquisa de preos, para fim de determinao do valor de referncia do
certame, mediante consulta a duas empresas que, em seguida, acorreram ao certame e apresentaram as
duas nicas propostas classificadas, com flagrante conflito entre os interesses destas e os da
Administrao e risco de inadequao dos valores informados;
c) aceitao do valor informado na pesquisa de preos, mesmo no havendo planilhas de preos
detalhadas que permitissem checar a adequao aos preos de mercado de todos os custos unitrios
informados pelas empresas consultadas, novamente com risco de inadequao dos valores informados;
d) inobservncia do art. 3 e do art. 43, inciso IV, da Lei 8.666/1993 (de aplicao subsidiria
Lei 10.520/2002), por ocasio do julgamento do certame em tela, uma vez que a ausncia de planilha
detalhada de todos os custos unitrios inviabilizou o procedimento de classificao e desclassificao
das propostas desconformes ou incompatveis;
e) ausncia de registro formal, nos autos do processo licitatrio, para demonstrar como a comisso
de licitao teria se convencido, ante as obscuridades acima apontadas, de que os preos da proposta
150
selecionada eram compatveis com os de mercado (sendo o caso, suprir essa falha apresentado, nesta
oportunidade, justificativas e documentos);
f) desclassificao da proposta de preos da licitante BRAVAK - Saneamento e Servios Ltda, no
valor mensal de R$ 199.112,65, por entender-se que estava muito abaixo dos preos de mercado. Apesar
disso, manteve-se a escolha da proposta da ALTERNATIVA - Administrao de Mo-de-Obra
Especializada Ltda., mesmo depois que o parecer tcnico da Gerncia de Logstica
Integrada/GELOG/DR/PR demonstrou que o valor mensal da proposta vencedora era, na verdade, de R$
199.445,14 (R$ 2.393.341,73 / 12 meses) e no R$ 249.736,45 (R$ 2.996.837,43 / 12 meses), como se
pensava, ou seja, muito prximo daquela proposta desclassificada;
g) classificao e desclassificao de propostas de preos mediante critrio sigiloso, vez que o
edital do certame no definiu critrios objetivos, infringindo-se o disposto no art. 3, inciso I, c/c o art.
44, 1, ambos da Lei 8.666/1993;
48.3. Proponho tambm AUDINCIA da chefe da Assessoria Jurdica da ECT/PR, Dra. Sionara
Pereira, CPF 650.579.619-34, para que sejam apresentadas justificativas para o fato de que o
Parecer/ASJUR/DR/PR-001/2006, de 5/1/2006, deixou de alertar a Administrao para as
irregularidades listadas no item anterior;
48.4. Noticiar o seguinte ao representante legal da empresa ALTERNATIVA - Administrao de
Mo-de-Obra Especializada Ltda:
Comunico a V.Sa. que a Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos - Diretoria Regional no
Paran, nas pessoas de seus responsveis, est sendo ouvida em audincia quanto a irregularidades
diversas na conduo do processo licitatrio do Prego Eletrnico 76/2005, nos seguintes termos:
Com base no art. 11 da Lei 8.443/1992, realizar AUDINCIAS dos membros da comisso de
licitao designada para conduzir o Prego Eletrnico 76/2005, Srs. Elizandro Roberto Maciel Beneck CPF 225.459.722-15, Ricardo Jos Chaves Caron - CPF 021.823.979-30, e Marcelo de Souza
Nascimento, que julgaram o certame, os membros da DIRAD/ECT que homologaram o feito (fls. 444453, anexo 4), alm do Sr. Itamar Ribeiro - CPF 184.038.919-20, Diretor Regional/ECT/PR, que
celebrou, em 20/3/2006, o contrato 32/2006 com a empresa ALTERNATIVA Administrao de Mo-deObra Especializada Ltda, para, no prazo de quinze dias, apresentarem justificativas para as seguintes
irregularidades:
a) infrao ao art 3, inciso III, da Lei 10.520/2002 c/c o art. 7o, 2o, inciso II, da Lei 8.666/1993,
tendo em vista que no foi adotado, para fim de referncia de preos, oramento prvio mediante
planilha detalhada com todos os custos unitrios dos servios almejados;
b) utilizao de pesquisa de preos, para fim de determinao do valor de referncia do
certame, mediante consulta a duas empresas que, em seguida, acorreram ao certame e apresentaram as
duas nicas propostas classificadas, com flagrante conflito entre os interesses destas e os da
Administrao e risco de inadequao dos valores informados;
c) aceitao do valor informado na pesquisa de preos, mesmo no havendo planilhas de preos
detalhadas que permitissem checar a adequao aos preos de mercado de todos os custos unitrios
informados pelas empresas consultadas, novamente com risco de inadequao dos valores informados;
d) inobservncia do art. 3 e do art. 43, inciso IV, da Lei 8.666/1993 (de aplicao subsidiria
Lei 10.520/2002), por ocasio do julgamento do certame em tela, uma vez que a ausncia de planilha
detalhada de todos os custos unitrios inviabilizou o procedimento de classificao e desclassificao
das propostas desconformes ou incompatveis;
e) ausncia de registro formal, nos autos do processo licitatrio, para demonstrar como a comisso
de licitao teria se convencido, ante as obscuridades acima apontadas, de que os preos da proposta
selecionada eram compatveis com os de mercado (sendo o caso, suprir essa falha apresentado, nesta
oportunidade, justificativas e documentos);
f) desclassificao da proposta de preos da licitante BRAVAK - Saneamento e Servios Ltda, no
valor mensal de R$ 199.112,65, por entender-se que estava muito abaixo dos preos de mercado. Apesar
151
152
7. Destaco que a possvel inexeqibilidade pode ser avaliada, no momento atual, se a contratada no
estiver conseguindo manter o padro e a produtividade dos servios que dela se esperam em vista de
pagamentos que no cubram seus custos - ou se houver, no futuro, injustificado pedido de aumento dos
valores de homem-hora propostos, acima daquele previsto contratualmente, a fim de realinhar seus
custos s despesas decorrentes do ajuste. Essas so as hipteses que escapam ao comando do art. 48, 1,
da Lei de Licitaes, mas que poderiam ser argidas no caso sob exame.
8. Assim, se a contratada estiver mantendo nveis satisfatrios de execuo contratual e no houver
reclamao de sua parte quanto adequao dos preos por ela propostos e praticados, no h que se falar
em inexeqibilidade da proposta ofertada pela Alternativa no Prego Eletrnico n 76/2005. Ressalte-se
que a contratada ratificou a proposta apresentada Administrao antes da contratao, ressaltando a
exeqibilidade dos valores nela constantes. Nesse sentido, verificar o seguinte julgado do Superior
Tribunal de Justia: RMS 11044/RJ Relator: Ministro Humberto Gomes de Barros DJ 13/3/2001.
9. Os aspectos mencionados no item precedente, quanto ao nvel de qualidade da execuo
contratual e ao pagamento de valores contratada, entre outros, devem ser averiguados pela Secex/PR, no
momento oportuno, por meio de diligncia junto ECT/PR.
10. Ressalto que as alegaes da empresa Orbenk, que tomaram como base de argumentao o teor
do Parecer Tcnico da Gerncia de Logstica Integrada (Gelog-ECT/PR), s fls. 360/364 V. 1, no so
suficientes para invalidar a proposta da empresa Alternativa, apresentada no Prego Eletrnico n 76/2005
e, consequentemente, macular o Contrato n 32/2006.
11. Embora o clculo da Alternativa tenha sido feito pela multiplicao do valor do homem-hora
por 220 horas - alm das horas que seriam possveis por empregado -, os valores unitrios por ela
indicados em sua proposta, quando multiplicados pela estimativa total de horas a serem executadas para
cada um dos cargos a serem contratados pela ECT/PR, resulta no montante de R$ 2.718.194,07, que
multiplicado por 10% (dentro do intervalo permitido pelo subitem 1.4 do Anexo 2 do edital - fl. 200
Anexo 3), evidencia valor muito prximo da proposta apresentada pela empresa no prego (R$
2.990.013,48, de acordo com esse clculo hipottico, a ser confrontado com o valor efetivo da proposta da
Alternativa, de R$ 2.996.837,43).
12. Alm disso, a forma de pagamento prevista no edital, pelas horas efetivamente trabalhadas
(subitem 1.7 do Anexo 2 do edital fl. 201 Anexo 3), garante Administrao que apenas sejam feitos
pagamentos por servios efetivamente prestados pela contratada. Cabe lembrar, ainda, que o edital
referiu-se a estimativa de horas a serem executadas sendo possvel o aumento ou reduo de at 20%
do quantitativo de horas-homem a serem empregado mensalmente, nos termos do subitem 1.4 do Anexo 2
ao edital -, e no a quantitativo fixo de horas-homem.
13. No obstante no ter sido demonstrada, at o momento, a suposta inexeqibilidade da proposta
da empresa Alternativa, verifico, por outro lado, no sentido apontado pela unidade tcnica, que no
constam dos autos documentos que demonstrem que o valor proposto pela Alternativa no mbito do
Prego Eletrnico n 76/2005 e que esto sendo praticados no bojo do contrato dele decorrente esto
adequados queles praticados no mercado.
14. Embora tenha sido feita pesquisa prvia junto a trs empresas do ramo duas delas
participantes do Prego Eletrnico n 76/2005 -, concordo com a unidade tcnica, no sentido de que tal
procedimento no substitui a previso do art. 7, 2, inciso II, da Lei n 8.666/1993, de modo que os
servios somente sejam licitados quando existir oramento detalhado em planilhas que expressem a
composio de todos os seus custos unitrios.
15. A redao constante no Anexo 3 do edital (Modelo de Planilha de Custos de Formao do Custo
Hora-Homem fl. 206 Anexo 3) no atende ao dispositivo legal citado no item precedente, pelo fato de
esse documento afirmar que a planilha anexa ao edital seria uma mera referncia, podendo ser
apresentadas planilhas com maiores informaes e de forma detalhada. Ao ter assim estabelecido no
instrumento convocatrio, a ECT/PR abriu mo de fixar, por exemplo, preos mximos para o certame
(art. 40, inciso X, da Lei de Licitaes), o que lhe deixou merc dos preos propostos pelos licitantes
que, conforme destaquei anteriormente, forneceram oramentos prvios realizao do certame.
16. Tais ponderaes indicam a necessidade de serem ouvidos em audincia os responsveis da
ECT/PR quanto irregularidade apontada no item 48.2, letra a, da proposta de encaminhamento da
Secex/PR. Em conseqncia, aprovo a realizao da audincia constante das letras d e e desse mesmo
153
item, com relao inobservncia dos arts. 3 e 43, inciso IV, da Lei n 8.666/1993 e da comprovao da
adequao dos preos propostos pela licitante vencedora aos valores de mercado, visto que no havia
planilha detalhada, anexa ao edital, com a qual pudesse ser confrontada a proposta da empresa
Alternativa.
17. Na oportunidade do exame dessas audincias, deve ser avaliado pela Secex/PR se os valores que
vm sendo praticados no mbito do Contrato n 32/2006 encontram-se alinhados aos de mercado,
hiptese que, caso no seja confirmada, enseja a converso dos autos em Tomada de Contas Especial,
para quantificao do dbito e citao dos envolvidos, inclusive da empresa beneficiria dos pagamentos.
18. Discordo, contudo, da audincia sugerida na letra b do item 48.2 da instruo da unidade
tcnica, pelo fato de que no h na Lei de Licitaes qualquer vedao participao de empresas em
certames para os quais estas tenham fornecido oramentos prvios Administrao, caso das empresas
Orbenk e Alternativa no prego objeto desta representao.
19. Quanto ao julgamento da Comisso de Licitao pela desclassificao da proposta da empresa
Bravak Saneamento e Servios Ltda., no h qualquer questionamento a ser feito com relao a esse
procedimento. Deixo de acolher, por conseguinte, as propostas de audincia sugeridas pela Secex/PR no
item 48.2 letras f e g (fl. 537), pelo fato de que tal desclassificao se deu em razo de a empresa
Bravak no ter observado o item 7.24 do edital do prego, que prescrevia que os lances seriam ofertados
no valor global da contratao, e no no valor mensal, como fez essa licitante. Da a concluso, acertada,
da Comisso de Licitao, de que o valor ofertado pela Bravak, de R$ 119.112,65, estaria muito abaixo
da estimativa de mercado (ata s fls. 240/241).
20. Reputo como dispensvel a audincia proposta no item 48.3 da instruo da Secex/PR, fl. 537,
por entender que no houve a aventada omisso por parte da Assessoria Jurdica da ECT/PR, que no
teria alertado a Administrao quanto s irregularidades apontadas pela unidade tcnica. A leitura do
Parecer/ASJUR/DR/PR-001/2006, de 5/1/2006, mostra que houve a devida anlise jurdica que seria da
alada dessa Assessoria, sobre os atos que envolveram o Prego Eletrnico n 76/2005, no cabendo
arrolar a titular dessa rea da ECT/PR como responsvel nos presentes autos.
21. Em ateno tese defendida por ocasio da apreciao do MS 23.550/DF pelo Supremo
Tribunal Federal e ao fato de a empresa Alternativa ter direitos subjetivos prprios que podem ser
afetados aps a realizao das audincias mencionadas anteriormente, com relao legalidade dos atos
atinentes ao Contrato n 32/2006, entendo cabvel a proposta da unidade tcnica, no sentido de ser dada a
oportunidade contratada, se assim o desejar, de se manifestar quanto s irregularidades ora imputadas
aos gestores da ECT/PR.
22. Tendo em vista a tramitao, no TRF da 4 Regio, do MS 2006.70.00.007610-0, cujo objeto
so questionamentos quanto ao mesmo prego tratado nestes autos, proponho ao colegiado que seja dada
cincia a esse Juzo da deliberao que vier a ser prolatada pelo Plenrio neste recurso.
23. Em vista das razes explicitadas neste Voto, no h motivos para que se reforme o despacho
recorrido, devendo, portanto, ser negado provimento ao agravo, com a subseqente continuidade do
exame dos autos.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberao que ora submeto ao
Colegiado.
TCU, Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007.
UBIRATAN AGUIAR
Ministro-Relator
ACRDO N 329/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC 012.713/2006-9 - c/ 2 volumes e 4 anexos
2. Grupo II Classe I - Agravo
3. Agravante: Orbenk Administrao e Servios Ltda. (CNPJ 79.283.065/0001-41)
4. Entidade: Diretoria Regional do Paran da Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos
(ECT/PR)
154
UBIRATAN AGUIAR
Relator
155
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
156
VOTO
Estes embargos de declarao devem ser conhecidos, porquanto encontram-se presentes os
requisitos de admissibilidade previstos na Lei n 8.443/1992.
2. No mrito, assiste razo ao embargante, pelos fundamentos a seguir delineados.
3. No se pode deixar de admitir que foram adotadas medidas emergenciais adequadas e necessrias
no perodo de junho a outubro de 1990 tendentes a reduzir de forma significativa as fraudes, extravios e
demais irregularidades praticadas no mbito da BB Cartes, segundo reconhecimento expresso contido no
Voto condutor do Acrdo n 1.495/2003 TCU Plenrio, da relatoria do Ministro Benjamin Zymler.
Vejamos o seguinte trecho do aludido Voto que corrobora com o afirmado neste pargrafo:
(...) 12. Face ao exposto, apesar de reconhecer a adequao das providncias adotadas, as quais
lograram reduzir de forma significativa as fraudes, extravios e demais irregularidades, considero que a
gesto dos srs. Alberto Policaro, Cludio Dantas de Arajo e Luiz Antnio de Camargo Fayet merece a
reprovao desta Corte. Entretanto, entendo que no se deve exigir desses responsveis a reparao do
prejuzo sofrido pela BB-Carto. Afinal, eles no agiram com dolo ou m-f nem se locupletaram em
detrimento do patrimnio daquela subsidiria do Banco do Brasil. (grifado)
4. Reexaminando os autos, inclusive elementos que anteriormente no haviam sido apreendidos,
verifico que o Sr. Alberto Policaro, Diretor-Presidente da BB Cartes, juntamente com o Sr. Cludio
Dantas de Arajo, ex-Diretor Vice-Presidente da BB Cartes, adotaram medidas emergenciais adequadas
e tempestivas com vistas a dificultar a ocorrncia de fraudes na rea do carto de crdito Ourocard,
administrado pela BB Cartes, as quais estenderam de junho a outubro/1990, no obstante reconhecer que
providncias definitivas em relao a essa matria somente foram implementadas aps a elaborao do
Relatrio da Audit de 26/11/1990, no me parecendo, contudo, que isso seja motivo suficiente para
macular as contas dos responsveis nem para aplicar-lhes multa.
5. A releitura de todo o conjunto probatrio existente nos autos demonstra que, durante o curto
espao de tempo que tiveram (em torno de quatro meses), os aludidos administradores da BB Cartes
adotaram, ante a complexidade e o volume de providncias que o caso exigia, as medidas que estavam ao
seu alcance naquele momento, as quais, com efeito, no se mostram, em seu conjunto, intempestivas.
6. Em razo dessa nova percepo, entendo que os embargos opostos pelo Sr. Alberto Policaro
devem ser providos, estendendo seus efeitos ao Sr. Cludio Dantas, nos termos do art. 281 do Regimento
Interno/TCU.
TCU, Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007
UBIRATAN AGUIAR
Ministro-Relator
ACRDO N 330/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC-000.632/1992-9 (com 8 volumes e 1 anexo)
157
Apenso: TC007.746/2004-2
2. Grupo II Classe I Embargos de Declarao
3. Embargante: Alberto Policaro (CPF 006.814.749-04)
4. Entidade: BB Administradora de Cartes de Crdito S/A.
5. Relator: MINISTRO UBIRATAN AGUIAR
5.1.Relator da deliberao embargada: MINISTRO UBIRATAN AGUIAR
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou
7. Unidades Tcnicas: 2 Secex e Serur
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes embargos de declarao opostos contra o Acrdo 1.922/2006
TCU Plenrio.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria
Extraordinria Pblica, diante das razes expostas pelo Relator, em:
9.1. com fulcro nos arts. 31, 32, inciso II, e 33 da Lei n. 8.443/1992 c/c os arts. 277, inciso II, e 287
do Regimento Interno/TCU, conhecer dos presentes embargos de declarao, para, no mrito, dar-lhes
provimento, alterando-se, em conseqncia, o subitem 9.1 do Acrdo n 1.922/2006 TCU Plenrio,
que passa a ter a seguinte redao:
9.1. conhecer dos Recursos de Reconsiderao interpostos pelos senhores Alberto Policaro e
Cludio Dantas de Arajo, para, no mrito, dar-lhes provimento, excluindo, em conseqncia, as multas
que lhes foram aplicadas, constantes do subitem 9.1 do Acrdo n 1.495/2003 - Plenrio, e julgando as
suas contas regulares com ressalva, dando-lhes quitao, nos termos dos arts. 1, inciso I; 16, inciso II;
18 e 23, inciso II, da Lei n 8.443/1992
9.2. dar cincia do presente Acrdo, bem como do Relatrio e Voto que o fundamentam, aos
senhores Alberto Policaro e Cludio Dantas, BB Administradora de Cartes de Crdito S/A. e
Procuradoria da Repblica no Distrito Federal, em atendimento a solicitaes formulada.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0330-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar (Relator), Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
UBIRATAN AGUIAR
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
158
159
aos cofres da Caixa Econmica Federal, nos termos do art. 23, inciso III, alnea a, da citada lei, c/c o
art. 214, inciso III, alnea a, do Regimento Interno/TCU;
7. Irresignado com essa deliberao, o recorrente ingressou perante esta Corte de Contas, por
meio do seu representante legal devidamente qualificado nos autos a fl. 4, anexo 1, com Recurso de
Reviso (fls. 2 e 3, anexo 1), com fundamento nos Arts.32, inciso III, e 35 da Lei n 8.443, de 16 de julho
de 1992 LOTCU e no Art. 288, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da Unio TCU.
II - ADMISSIBILIDADE
8. Manifestamos nossa anuncia com relao ao exame de admissibilidade do recurso.
9. Argumento: O recorrente alega que nada mais deve a CEF, pois que a Justia Federal de Ilhus,
em Ao de Execuo tramitando na 1 Vara Federal Subseo Judiciria de Ilhus BA, processo
96.1001150-0, determinou-lhe a compensao do valor de R$ 2.250,34.
10. Anlise: Inicialmente, cabe destacar que dos dbitos originais de Cr$ 1.600.000,00 e Cr$
378.000,00, foram abatidas as seguintes importncias:
a) Cr$ 1.986.600,00, paga em 22/4/1991 (Acrdo 397/99 TCU - 1 Cmara);
b) R$ 14.289,02, ressarcida em 7/12/1995 (Acrdo 1.371/2004 TCU - 1 Cmara).
11. A partir de clculos efetuados pela SECAL, o Exmo. Juiz Federal Substituto da Vara nica de
Ilhus, nos autos do processo 96.1001150-0, aos dias 13/5/2003, decidiu que (fls. 5/6, anexo 1):
(...) fixando o dbito relativo sentena de fls.109/113 destes autos, no valor de R$ 2.250,34 (...).
Decorrido o prazo recursal, traslade-se cpia desta deciso para os autos de Execuo Diversa por
Ttulo Judicial n 96.1001093-8.
12. Portanto, a Deciso acima, exarada pelo Exmo. Juiz Federal Substituto da Vara nica de
Ilhus no bojo do processo 96.1001150-0, fixou o dbito, em desfavor do Sr. Ernandi, em R$ 2.250,34
(fl.6, anexo 1). Aos dias 27/6/03, por meio de despacho (fl.9, anexo 1), foi determinada a expedio de
alvar em nome do Sr. Ernandi para levantamento da quantia bloqueada na Ao Cautelar n
95.1000723-4, original da presente execuo (processo n 96.1001093-8), depositada na conta n
0069.009.341-7 da Caixa Econmica Federal, reservando-se os valores correspondentes a R$ 2.308,51
(...) e R$ 2.250,34 (...) para satisfao dos crditos remanescentes da exequente (CEF) no presente feito
(...) e na execuo n 96.1001150-0, respectivamente (fl.9, anexo1). Aps, foi determinada a expedio
de alvar, para liberao do saldo remanescente na conta 0069.009.341-7, em favor da CEF, afim de
que fosse quitado o remanescente do dbito do Sr. Ernandi nos autos dos processos 96.1001093-8 e
96.1001150-0 (fls. 13 e 16, anexo 1). Por fim, em 30/7/04, nos autos do processo 96.10.01093-8, efetivouse o depsito em dinheiro com a consequente expedio do alvar, em 3/8/2004 (fl. 26, anexo 1).
13. Tendo em vista o Princpio da Independncia das Instncias, constatamos que dos dbitos
iniciais de Cr$ 1.600.000,00 e Cr$ 378.300,00, do recorrente para com a CEF, foram deduzidas as
seguintes parcelas:
a) Cr$ 1.986.600,00, paga em 22/4/1991 (Acrdo 397/99 - TCU - 1 Cmara)
b) R$ 14.289,02, ressarcida em 7/12/1995 (Acrdo 1.371/2004 - TCU - 1 Cmara)
14. Assim, os dbitos originais do recorrente para com a CEF, deduzidas as parcelas elencadas no
item acima, atingiram, em 13/5/2003, o montante de R$ 10.673,23 (principal de R$ 5.647,74 e juros de
R$ 5.026,49), conforme Demonstrativo de Dbito s fls. 48 a 50, anexo 1. Abatendo-se desse valor a
importncia de R$ 2.250,34, ressarcida em 30/7/04 em cumprimento de determinao judicial (conforme
item 12 desta instruo), o saldo do dbito do Sr. Ernandi para com a CEF, em 13/5/2003, montou em R$
8.423,89 (principal de R$ 5.647,74 e juros de R$ 2.776,15). Assim sendo, em 29/4/05, ainda resta o
dbito de R$ 10.963,50, conforme demonstrativo de fls.48 a 50, anexo 1).
IV - PROPOSTA
15. Ante o exposto, submetemos os autos considerao superior, propondo:
15.1 conhecer do Recurso de Reviso interposto pelo Sr. Ernandi Sampaio Lins Jnior, com
fundamento nos arts. 32, inciso III, e 35 da Lei n 8.443, de 1992 LOTCU e no Art.288 do RITCU,
para, no mrito, dar-lhe provimento parcial, conferindo ao subitem 8, alnea a, do Acrdo 397/99 Primeira Cmara, a seguinte redao:
a) com fundamento nos arts. 1, inciso I; 12, 3; 16, inciso III, alnea d e 3, 19, caput; e 23,
inciso III, da Lei 8.443, de 1992, julgar as presentes contas irregulares e condenar o responsvel, Sr.
Ernandi Sampaio Lins Jnior, ao pagamento das importncias originais de Cr$ 1.600.000,00 (um milho
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e seiscentos mil cruzeiros) e Cr$ 378.300,00 (trezentos e setenta e oito mil e trezentos cruzeiros),
atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir de 31/10/90 e 19/2/91,
respectivamente, at a efetiva quitao do dbito, abatendo-se as parcelas de Cr$ 1.986.600,00 (um
milho, novecentos e oitenta e seis mil e seiscentos cruzeiros), paga em 22/4/91, R$ 14.289,02 (quatorze
mil, duzentos e oitenta e nove reais e dois centavos) paga em 7/12/1995, e R$ 2.250,34 (dois mil,
duzentos e cinquenta reais e trinta e quatro centavos), ressarcida em 30/7/04, fixando-lhe o prazo de
quinze dias, para que comprove, perante este Tribunal, o recolhimento das referidas quantias aos cofres
da Caixa Econmica Federal, nos termos do art. 23, inciso III, alnea a, da citada lei, c/c o art. 214,
inciso III, alnea a, do Regimento Interno/TCU;
15.2. dar cincia desta deliberao ao responsvel e Caixa Econmica Federal.
3. o relatrio
VOTO
Cuidam os autos de Recurso de Reviso interposto pelo Sr. Ernandi Sampaio Lins Jnior contra o
Acrdo n 1.371/2004 1 Cmara, que julgou suas contas irregulares, em decorrncia da apropriao
indevida de recursos da Caixa Econmica Federal CEF, mediante lanamentos fraudulentos nas contas
caixa, no valor de Cr$ 1.600.000,00, em 31.10.1990, e depsitos a classificar, no valor de Cr$
378.300,00, em 19.2.1991, ambas no mbito da agncia Grapina, Itabuna-BA.
2. Acolho a instruo da unidade tcnica e adoto os fundamentos ali expendidos como razes de
decidir, sem prejuzo das seguintes consideraes.
3. A Primeira Cmara deste Tribunal proferiu o Acrdo n 397/99, no qual julgou as contas
irregulares e condenou o responsvel, Sr. Ernandi Sampaio Lins Jnior, ao pagamento das importncias
originais de Cr$ 1.600.000,00 e de Cr$ 378.300,00 atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de
mora, calculados a partir de 31.10.90 e 19.2.91, respectivamente. Abateu, entretanto, o valor de Cr$
1.986.600, ressarcido pelo responsvel em 22.4.91.
4. Irresignado com o supramencionado Acrdo, o recorrente interps Recurso de Reconsiderao,
o qual originou o Acrdo n 1.371/2004 TCU 1 Cmara, que, por sua vez, abateu, do dbito
estabelecido no Acrdo n 397/99, os valor de R$ 14.289,02, ressarcido em 07/12/1995.
5. Nesta feita, em sede de recurso de reviso, alega o recorrente no mais existir dbito junto CEF,
tendo em vista ter efetuado o pagamento do dbito remanescente no montante de R$ 2.250,34. De fato,
em 30/7/04, em cumprimento determinao judicial exarada em 13.5.2003, o Sr. Ernandi Sampaio Lins
Jnior ressarciu aquela instituio financeira no valor mencionado.
6. Quanto ao mrito, alinho-me ao eminente Ministro Guilherme Palmeira, Relator do Acrdo n
1.371/2004 1 Cmara, no sentido de que devero ser feitos os ajustes no dbito apurado por este
Tribunal em face dos ressarcimentos efetuado pelo responsvel. Ressalto, entretanto, que remanesce
parcela do dbito ainda no quitado.
7. Conforme destacou a unidade tcnica, os dbitos originais descontados dos valores de que tratam
os Acrdos 397/99 e 1.371/2004, ambos da Primeira Cmara, perfaziam, em 15.5.2003, o dbito de R$
10.963,50. Descontada a importncia de R$ 2.250,34, ressarcida em 30/7/04, remanesce o dbito de R$
8.423,8, a valores de 13/5/2003, perante a CEF.
8. Alfim, concluo que as informaes trazidas pelo recorrente, embora insufucientes para modificar
o juzo de mrito das contas, repercutem no dbito que lhe foi atribudo, devendo ser dado provimento
parcial ao recurso.
9. Ante o exposto, Voto por que o Tribunal adote o Acrdo que ora submeto deliberao deste
Colegiado.
TCU, Sala das Sesses, em 14 maro de 2007.
BENJAMIN ZYMLER
Relator
ACRDO N 331/2007 - TCU - PLENRIO
161
1. Processo: TC 250.625/1997-0
2. Grupo: I - Classe de Assunto: I Recurso de Reviso
3. Interessado: Ernandi Sampaio Lins Jnior (CPF 142.884.005-20)
4. Entidade: Caixa Econmica Federal/CEF
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
5.1. Relator da deliberao recorrida: Ministro Guilherme Palmeira
6. Representante do Ministrio Pblico: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
7. Unidade Tcnica: Serur
8. Advogado constitudo nos autos: Franklin Monteiro de Almeida Lins (OAB/BA n 16.408);
Henrique Serapio dos Santos (OAB/BA n 15.805)
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Reviso interposto Sr. Ernandi Sampaio
Lins Jnior, contra o Acrdo n 1.371/2004 1 Cmara;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do Recurso de Reviso interposto pelo Sr. Ernandi Sampaio Lins Jnior, com
fundamento nos arts. 32, inciso III, e 35 da Lei n 8.443, de 1992 LOTCU e no Art.288 do RITCU,
para, no mrito, dar-lhe provimento parcial, conferindo ao subitem 8, alnea a, do Acrdo 397/99 Primeira Cmara, a seguinte redao:
a) com fundamento nos arts. 1, inciso I; 12, 3; 16, inciso III, alnea d e 3, 19, caput; e 23,
inciso III, da Lei 8.443, de 1992, julgar as presentes contas irregulares e condenar o responsvel, Sr.
Ernandi Sampaio Lins Jnior, ao pagamento das importncias originais de Cr$ 1.600.000,00 (um milho
e seiscentos mil cruzeiros) e Cr$ 378.300,00 (trezentos e setenta e oito mil e trezentos cruzeiros),
atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados a partir de 31/10/90 e 19/2/91,
respectivamente, at a efetiva quitao do dbito, abatendo-se as parcelas de Cr$ 1.986.600,00 (um
milho, novecentos e oitenta e seis mil e seiscentos cruzeiros), paga em 22/4/91, R$ 14.289,02 (quatorze
mil, duzentos e oitenta e nove reais e dois centavos) paga em 7/12/1995, e R$ 2.250,34 (dois mil,
duzentos e cinquenta reais e trinta e quatro centavos), ressarcida em 30/7/04, fixando-lhe o prazo de
quinze dias, para que comprove, perante este Tribunal, o recolhimento das referidas quantias aos cofres
da Caixa Econmica Federal, nos termos do art. 23, inciso III, alnea a, da citada lei, c/c o art. 214,
inciso III, alnea a, do Regimento Interno/TCU;
9.2. dar cincia desta deliberao ao responsvel e Caixa Econmica Federal.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0331-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler (Relator), Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
BENJAMIN ZYMLER
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
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163
164
165
VOTO
Os embargos de declarao apresentados pelos Sres Ricardo Pinto Pinheiro, Antnio dos Santos
Ribeiro e Winter Andrade Coelho foram opostos contra o Acrdo n 1024/2006 Plenrio que, ao tratar
de Recursos de Reconsiderao interpostos pelos mesmos responsveis, negou provimento ao primeiro e
deu provimento parcial aos dois restantes, reduzindo o valor das multas individuais que lhes haviam sido
imputadas pelo Acrdo n 462/2003 Plenrio.
2. A Secretaria de Recursos Serur, que atuou no feito por provocao do relator original dos
embargos, Exmo Sr. Ministro Guilherme Palmeira, demonstrou no existir obscuridade, omisso ou
contradio no Acrdo atacado que possa motivar sua alterao em sede de embargos.
3. Consoante verifico, no se encontra presente a inteno de buscar esclarecimento que deve
nortear a oposio de embargos, mas a inteno de uma vez mais recorrer, pelo inconformismo
demonstrado pelos responsveis com o desfecho conferido ao processo. Insurgem-se, sobretudo, em face
da suposta ausncia de prova de sua responsabilidade no episdio da reclassificao de servidores, ento
presumida pelo fato de integrarem a Diretoria Executiva, a quem competiria a expedio de ato da
espcie.
4. No entanto, lembro que os embargos de declarao no se prestam a rediscutir os fundamentos do
Acrdo embargado, salvo quando a modificao figure conseqncia inarredvel da sanao de vcio
de omisso, obscuridade ou contradio do ato embargado (STF, RE-AgR-ED 463810/SC, 2 Turma,
Relator Ministro Cezar Peluso).
5. certo que a condenao dos responsveis no se pode pautar em mera presuno, mas em prova
real de sua conduta omissiva ou comissiva. Nesse sentido, vejo que o Sr. Antnio Rodrigues Bayma
Jnior, tambm responsabilizado pelo Acrdo n 462/2003, j ingressou com novos documentos, quais
sejam todas as atas das reunies da Diretoria Executiva da Eletronorte realizadas no ano de 2004,
buscando refutar as suposies constantes das deliberaes que o condenaram. A anlise e discusso de
tais documentos, contudo, no cabvel nesta oportunidade, tendo-se por certo que ser oportunamente
realizada pelo Ministro que vier a ser sorteado relator do recurso de reviso j apresentado por aquele
responsvel.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberao que ora submeto ao
Colegiado.
Sala das Sesses, em 14 de maro de 2007.
AROLDO CEDRAZ
Relator
ACRDO N 332/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC 008.902/1995-0 (com 19 volumes e 3 anexos em 4 volumes).
Apensos: TCs 004.266/2000-1; 000.075/1999-0 (com 1 volume); 011.483/1996-2; 010.849/1996-3
e 004.734/1995-5.
2. Grupo I Classe I Embargos de Declarao.
3. Responsveis: Ricardo Pinto Pinheiro (CPF 038.707.586-00), Antnio dos Santos Ribeiro
(CPF 001.485.711-15) e Winter Andrade Coelho (CPF 063.402.022-68).
4. Entidade: Centrais Eltricas do Norte do Brasil S. A. Eletronorte.
166
AROLDO CEDRAZ
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
167
RELATRIO
Adoto como relatrio a instruo de fls. 75/79, cujas concluses so acolhidas pelo titular da
unidade tcnica:
Cuida-se de Pedido de Reexame interposto por Jos Elias Miziara Neto contra o Acrdo
n 348/2006 TCU Plenrio que, em sede Relatrio de Levantamento de Auditoria nas obras de
Adequao de Trechos Rodovirios na BR-050/MG, nas divisas dos Estados de Gois e So Paulo,
imps-lhe a multa prevista nos incisos II e III da Lei n 8.443, de 16 de julho de 1992, no valor de
R$ 8.000,00, em virtude de pagamento, sem amparo contratual, de servio de reviso de projeto
rodovirio, valendo-se, indevidamente, para justificar tal pagamento, de medies inexistentes de servios
de superviso de obra rodoviria.
2. Por meio do Acrdo n 1.930/2004 TCU Plenrio (fls. 515/16 Volume 2), esta Corte de
Contas imps a Jos Elias Miziara Neto, Coordenador-Geral de Construo Rodoviria do DNIT, a multa
prevista no inciso III do art. 58 da Lei Orgnica desta Corte de Contas, no valor de R$ 8.000,00, em
virtude de pagamento indevido de medies de servios de superviso no prestados, e determinou ao
DNIT descontar de futuros pagamentos ao Consrcio Supervisor Planex/Figueiredo Ferraz, os valores
correspondentes s medies de nmeros 8 e 9, do contrato n UT6-0018/02, referentes aos meses de
janeiro e fevereiro de 2004, correspondentes, respectivamente, a R$ 72.517,05 e R$ 80.079,55.
3. Em sede de Pedido de Reexame interposto pela Planex S/A Consultoria de Planejamento e
Execuo, por no ter sido ouvida antes da prolao do mencionado Acrdo, o que ocasionou restrio a
seu direito de contratada, por no lhe ter sido proporcionada a ampla defesa e o contraditrio, esta Corte
de Contas prolatou o Acrdo n 1.554/2005 TCU Plenrio (fls. 90 Anexo 1), que declarou
insubsistentes itens do Acrdo n 1.930/2004 TCU Plenrio e determinou a restituio dos autos ao
Relator a quo, a fim de que fosse franqueada empresa oportunidade de manifestao acerca das
seguintes irregularidades:
realizao de medies e recebimento de pagamentos indevidos do Departamento Nacional de
Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), conta do Contrato de Superviso n UT-06-0018/02/00, relativos
aos meses de janeiro e fevereiro de 2004, perodo em que as obras a serem supervisionadas encontravamse paralisadas;
desvirtuamento do objeto do Contrato de Superviso n UT-06-0018/02-00, durante os meses de
janeiro e fevereiro de 2004, o qual foi utilizado para a prestao de servios de reviso de projeto de
adequao rodoviria no trecho entre os kms 147 e 152 da BR-050/MG.
4. Ouvida a empresa contratada (fls. 562/575 Volume 2), este Tribunal prolatou o Acrdo
n 348/2006 TCU Plenrio (fls. 594 Volume 2), em que imps ao Sr. Jos Alias Miziara Neto a
multa prevista nos incisos II e III da Lei n 8.443, de 16 de julho de 1992, no valor de R$ 8.000,00, em
virtude de pagamento, sem amparo contratual, de servios de reviso de projeto rodovirio, valendo-se,
indevidamente, para justificar tal pagamento, de medies inexistentes de servios de superviso de obra
rodoviria.
4.1 Entretanto, elidiu o dbito apurado e refutou a alegao da empresa de que lhe era devido
pagamento complementar pelos servios prestados, j que os valores pagos pelo DNIT empresa em
janeiro e fevereiro de 2004 embora travestidos de servios de superviso inexistentes destinaram-se
efetivamente a remunerar a reviso do projeto (fls. 592/593 Volume 2).
5. Insurgindo-se contra tal deliberao, o Sr. Jos Elias Miziara Neto interps o Pedido de
Reexame do Anexo 4.
ADMISSIBILIDADE
6. O exame preliminar de admissibilidade (fls. 72 Anexo 4), ratificado s fls. 74 Anexo 4 pelo
mo
Ex
Sr. Ministro-Relator Guilherme Palmeira, conclui pelo conhecimento do recurso, eis que
preenchidos os requisitos processuais aplicveis espcie.
ARGUMENTOS DO RECORRENTE
7. No tocante aos fundamentos da irregularidade, argumenta o recorrente, inicialmente, que no
autorizou a empresa supervisora a confeccionar a reviso do projeto, mas a realizao de estudos tcnicos
acerca da viabilidade da alterao do traado da rodovia, com base no Termo de Referncia anexo ao
168
169
9.1 Observando tal documento (fls. 18/20 Anexo 4), verificamos que todas as atividades insertas
no item Atribuies se referem aes intrnsecas de superviso.
9.2 O disposto no item e no foge regra. Ao estabelecer, dentre as obrigaes da empresa
supervisora, a participao de solues para dirimir questes tcnicas e contratuais rotineiras ou por
iniciativa de fiscalizao, o faz dentro do escopo de uma atividade de superviso. Nesse sentido, a
empresa contratada deveria atuar orientando o contratante diante de situaes que demandassem soluo
de dvidas que no pudessem ser resolvidas pela prpria Administrao.
9.3 Tal dispositivo se justifica, pois, durante a execuo de uma obra, comum surgirem situaes
em que necessrio se buscar um entendimento acerca do respeito, pela empresa executora, de
disposies tcnicas e contratuais. Nesse sentido, observa-se que tal tarefa se insere facilmente no escopo
de um trabalho de superviso.
9.4 Entretanto, no nos parece razovel elastecer o entendimento desse dispositivo para conferir-lhe
a interpretao de que abrangeria, tambm, a elaborao de estudo ou projeto para questes novas que
surgissem durante a execuo da obra. Tal atribuio, bvio, no se molda a um contrato de superviso
e, entendemos, no pode ser abstrada do dispositivo em questo.
9.5 Dirimir questes tcnicas e contratuais, por iniciativa ou no de rgos de fiscalizao, referese, como dito, averiguao da conformidade da obra em execuo com o projeto inicialmente traado.
No diz respeito inovao do projeto, sob pena de se desvirtuar completamente o escopo de um contrato
de superviso.
9.6 A alterao da obra em questo, diante de exigncias do IBAMA, demandou um estudo e um
projeto acerca de uma inovao no planejamento inicial, cuja realizao no encontra guarida em um
contrato de superviso, ainda que com base no mencionado dispositivo editalcio, pois dirimir questes
tcnicas e contratuais no diz respeito a inovao de projeto, mas verificao da adequao de sua
execuo com o pactuado.
9.7 Nesse sentido, despiciendo se torna analisar os argumentos do recorrente acerca da distino
entre o trabalho realizado pela empresa supervisora e a elaborao de uma Reviso de Projeto em Fase de
Obra. Como dito, tal diferenciao irrelevante, pois, em ambos os casos, estar-se-ia diante da realizao
de um trabalho que no encontra guarida no escopo do contrato de superviso.
9.8 Os argumentos referentes adequao da remunerao da empresa supervisora pelos servios
prestados tambm no merecem ser analisados, j que esta Corte de Contas j os considerou regulares.
9.9 Por fim, deve-se mencionar que no se cogita aqui das vantagens decorrentes da realizao do
servio pela empresa supervisora, mas da execuo de uma tarefa sem amparo contratual, em razo da
realizao irregular de estudos por meio de um contrato de superviso.
9.10 Quanto ao pedido de sustentao oral, devemos submet-lo ao Presidente do Tribunal, ante o
disposto no inciso XIX do art. 28 e inciso II do art. 15 do Regimento Interno desta Corte de Contas.
10. Mencione-se, por fim, que o Pedido de Reexame do Anexo 2 e os argumentos de mrito do
recurso do Anexo 1 perderam seu objeto, j que se referem a itens anulados do Acrdo n 1.930/2004
TCU Plenrio (fls. 11 Anexo 2,40 e 90 Anexo 1).
ENCAMINHAMENTO
10. Ante o exposto, encaminhamos os autos considerao superior, propondo:
I conhecer do presente Pedido de Reexame, nos termos do art. 33 e 48, pargrafo nico, da Lei
n 8.443, de 16 de julho de 1992, para, no mrito, negar-lhe provimento;
II manter em seus exatos termos o Acrdo recorrido;
III dar cincia ao recorrente e ao rgo da deliberao que vier a ser tomada;
IV submeter o pedido de sustentao oral ao Presidente do Tribunal, ante o disposto no inciso
XIX do art. 28 e inciso II do art. 15 do Regimento Interno.
o relatrio.
VOTO
170
Registro que o Pedido de Reexame deve ser conhecido, uma vez que preenche os requisitos de
admissibilidade previstos no art. 48, da Lei n 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 277, inciso II, e
286 do Regimento Interno.
2. Peo vnia para discordar dos pareceres no que se refere manuteno da multa ao recorrente,
pois, reexaminando a matria, constata-se que existem razes suficientes que autorizam a no aplicao
da multa ao responsvel, em especial pelo fato de que em momento algum do processo vislumbrei m-f
ao efetuar referida contratao. Ao contrrio, pelo modo como autorizou a realizao dos servios, via
memorando, portanto de forma expressa e transparente, o mesmo acreditava que o procedimento por ele
adotado estava amparado no contrato de superviso, tendo, assim, agido de boa-f em defesa do interesse
pblico.
4. H que se registrar que o valor original total da obra, incluindo cerca de R$ 3.300.000,00 do
contrato de superviso, correspondia a aproximadamente R$ 80.000.000,00. No se pode deixar de
registrar, tambm, que os valores dos servios ora questionados correspondiam a R$ 152.600,00, valores
esses efetivamente devido e pagos, pois, como resta comprovado nos autos, os servios foram realizados.
Desse modo, no se pode deixar considerar em favor do recorrente que o valor questionado representa
menos de 0,19% das importncias totais contratadas. Se considerarmos os valores da obra, atualizados na
data da auditoria, esse percentual no ultrapassa o equivalente a 0,10%.
5. Existem informaes no sentido de que a necessidade de alteraes do projeto original da rodovia
j havia sido objeto de questionamento pelos rgos ambientais, alteraes essas que, primeira vista,
poderiam ser realizadas sem atropelos por parte da administrao. Apesar disso, no se pode deixar de
considerar que, aps confirmadas e aceitas pela administrao, ditas alteraes do projeto exigiam
celeridade, visto que a demora na retomada da obra s traria prejuzos administrao.
6. fato que o administrador deve pautar os seus atos observando o princpio da legalidade e no
defendo, nessa oportunidade, a violao desse princpio. No entanto, no se pode desprezar o quanto
tormentoso para todo gestor, diante de cada caso concreto, decidir o melhor procedimento a ser adotado,
que contemple no apenas o mencionado princpio, mas tambm o da eficincia, previsto expressamente
no art. 37 da Constituio Federal.
7. No caso ora examinado, ao contrrio do que afirma a Unidade Tcnica, no h como deixar de
ponderar a ausncia de prejuzo ao errio, as vantagens advindas da execuo do contrato pela empresa
supervisora, fato esse demonstrado pelo recorrente e no questionado pelo TCU, mais ainda quando no
foi demonstrada m-f do administrador. Como j consignado, o gestor ora recorrente agiu de forma
transparente ao determinar a realizao dos estudos via memorando, caracterizando assim a sua boa-f.
H que se considerar, outrossim, a modicidade do valor envolvido, cerca de R$ 152.600,00, obviamente
quando comparados com o valor total da obra que ultrapassava R$ 80.000.000,00. Alm do mais, pelo
que se percebe, tratou-se de fato isolado, sem maiores repercusses para a administrao.
8. Observe-se que a multa, como qualquer outra pena, regula-se pelos princpios do Direito Penal,
razo pela qual deve atender a sua finalidade retributivo-preventiva e ser fixada observando-se o princpio
da proporcionalidade entre a sano e o grau de reprovabilidade da conduta do agente, que, no caso, no
trouxe qualquer prejuzo ao errio e foi praticada de forma expressa e transparente pelo administrador.
9. Por isso mesmo, entendo desproporcional a multa de R$ 8.000,00 aplicada ao recorrente,
mormente quando no se vislumbra m-f do gestor ou prejuzos ao errio, sem considerar a modicidade
do valor envolvido quando comparado com o volume total administrado pelo recorrente. Nessa mesma
linha, cumpre mencionar algumas deliberaes deste Tribunal: Acrdo 20/1997 - Segunda Cmara,
Acrdo 24/1997 Plenrio, Acrdo 55/1998 Plenrio.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberao que ora submeto ao
Colegiado.
Sala das Sesses, em 14 de maro de 2007.
AROLDO CEDRAZ
Relator
171
DECLARAO DE VOTO
Com as devidas vnias ao Exm Ministro Aroldo Cedraz, permito-me concordar apenas
parcialmente com as razes de decidir mencionadas no Voto apresentado ao colegiado pelo nobre Relator
do Pedido de Reexame.
2. Embora tenha restado comprovado que os servios de reviso de projeto rodovirio do trecho
localizado na BR-050/MG, nas divisas dos Estados de Gois e So Paulo, foram efetivamente prestados
pela empresa Planex S/A, e, ainda, que no houve prejuzo ao errio, encontro dificuldades para aceitar a
atitude adotada pelo gestor.
3. Observo que o recorrente autorizou servios de reviso do projeto original da obra pela empresa
encarregada de supervision-la, a qual no havia, portanto, sido contratada para tal finalidade. Alm
disso, o procedimento tortuoso autorizado pelo gestor, de remunerar tais servios a ttulo de medies que
nunca existiram, visto que no houve nem execuo, nem superviso da obra nos meses de janeiro e
fevereiro de 2004, caracterizam, a meu ver, falsidade na feitura de documentos visando dotar de
legalidade procedimento irregular.
4. Os argumentos supra levam-me a propor soluo intermediria entre aquela originalmente
adotada pelo Tribunal por meio do Acrdo n 348/2006 Plenrio, ora recorrido, que aplicou ao
responsvel multa no valor de R$ 8.000,00, e aquela trazida nesta assentada pelo Exm Ministro Aroldo
Cedraz, pela excluso dessa apenao.
5. Para que o TCU no considere regulares procedimentos indevidos como os examinados no
levantamento de auditoria objeto destes autos e para que no se ateste a boa-f de quem lhes deu causa
sem que esta reste cabalmente demonstrada situao que no se vislumbra neste processo -, proponho
ao colegiado a reduo metade da multa originalmente imputada ao recorrente.
6. Desse modo, o Tribunal externa a reprovabilidade quanto conduta do responsvel, ao tempo
em que leva em conta que houve efetiva prestao de servios pela empresa Planex S/A, a qual atingiu a
finalidade esperada, sem que fosse registrado prejuzo aos cofres pblicos, mesmo que realizados sem
cobertura contratual e sob fundamento de que seriam relativos a medies fictcias.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a seguinte deliberao que ora submeto
ao Colegiado:
9.1. conhecer do pedido de reexame interposto pelo Sr. Jos Elias Miziara Neto contra o Acrdo
n 348/2006 Plenrio, para, no mrito, dar-lhe provimento parcial;
9.2. alterar o subitem 9.1 do Acrdo n 348/2006 Plenrio, que passa a ter a seguinte redao:
9.1. rejeitar as razes de justificativa do Sr. Jos Elias Miziara Neto, aplicando-lhe, com
fundamento no art. 58, incisos II e III, da Lei n 8.443/92, c/c o art. 268, incisos II e III, do Regimento
Interno, multa no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), em virtude de pagamento, sem amparo
contratual, de servio de reviso de projeto rodovirio, valendo-se, indevidamente, para justificar tal
pagamento, de medies inexistentes de servios de superviso de obra rodoviria, fixando-lhe o prazo de
172
quinze dias, a contar da notificao, para que comprove, perante este Tribunal, o recolhimento da referida
importncia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir do dia seguinte ao do
trmino do prazo estabelecido, at a data do efetivo recolhimento;
9.3. manter inalterados os demais subitens do Acrdo n 348/2006 Plenrio;
9.4. dar cincia desta deliberao ao recorrente.
TCU, Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007.
UBIRATAN AGUIAR
Ministro-Redator
ACRDO N 333/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC 003.859/2004-8 (com 2 volumes e 4 anexos).
2. Grupo I Classe I Pedido de Reexame.
3. Responsvel: Jos Elias Miziara Neto (CPF: 088.465.886-49).
4. Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes DNIT.
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Serur.
8. Advogado constitudo nos autos: Rogrio Dimas de Paiva (OAB/MG 92.842).
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Pedido de Reexame contra o Acrdo n 348/2006TCU-Plenrio.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, diante das
razes expostas pelo Relator, com fulcro no art. 48 da Lei n 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c os arts.
277, inciso II, e 286 do Regimento Interno/TCU, em:
9.1. conhecer do presente Pedido de Reexame para, no mrito, dar a ele provimento, tornando
insubsistente o Acrdo n 348/2006-TCU-Plenri;
9.2. dar cincia do presente Acrdo, bem como do Relatrio e Voto que o fundamentam ao
recorrente;
9.3. dar cincia deste Acrdo, bem como do relatrio e voto que o fundamentam ao Departamento
Nacional de Infra-Estrutura de Transportes DNIT.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0333-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler e Aroldo Cedraz (Relator).
13.2. Ministros com voto vencido: Valmir Campelo e Ubiratan Aguiar.
13.3. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.4. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
AROLDO CEDRAZ
Relator
173
174
de que o certame estaria sendo realizado aps j ter havido a entrega do produto (milho verde) e
convocao, no Convite n 20/99, de 3 das 4 empresas participantes do certame (Boa Idia Servios,
Comrcio e Rep. Ltda., MSS Comrcio, Servios e Representaes Ltda. e Emlimge Servios Gerais
Comrcio e Rep. Ltda.) cujos scios-gerentes possuem grau de parentesco bastante prximo;
9.6. aplicar aos responsveis Clnio Carvalho Guimares e Maria Willema Nascimento Arglo
multas individuais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), e s responsveis Luzia Cristina Guedes
Magalhes e Nbia Fernanda Andrade Noronha multas individuais no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificao, para que comprovem perante o
Tribunal o recolhimento das respectivas quantias aos cofres do Tesouro Nacional, as quais devero ser
atualizadas monetariamente, se pagas depois do vencimento;
9.7. autorizar, desde logo, a cobrana judicial das dvidas, caso no atendidas as notificaes; e
9.8. enviar cpia dos autos ao Ministrio Pblico Federal, para ajuizamento das aes penais que
entenda adequadas, bem como cpia deste acrdo, com o relatrio e voto, ao Governador e ao Tribunal
de Contas do Estado de Sergipe.
3.
Ao serem notificados do teor do mencionado Acrdo, os responsveis apresentaram os
Pedidos de Reexame em questo, os quais foram devidamente examinados pela Secretaria de Recursos
Serur, que se manifestou nos termos da instruo de fls. 9/16 do Anexo IV, verbis:
5. Nesta feita, analisa-se pedidos de reexame juntados nos anexos 1 a 4, interpostos por Maria
Willema Nascimento Argolo, Luzia Cristina Guedes Magalhes, Nbia Fernanda Andrade Noronha e
Clnio Carvalho Guimares, respectivamente, contra o Acrdo 742/2006-Plenrio.
ADMISSIBILIDADE
6. Constam de todos os recursos apresentados propostas de admissibilidade emitidas por esta
Secretaria, nas quais se inclina pela admissibilidade dos pedidos de reexame. Contudo, apenas o recurso
constante do anexo 4 foi conhecido pelo Ministro-Relator, no tendo os outros anexos sido encaminhados
Secretaria-Geral das Sesses para sorteio.
7. De todo modo, por anuir com o exame preliminar realizado no mbito desta Unidade de que
todos os recursos apresentados atendem os requisitos previstos na Lei 8.443/1992 e no Regimento
Interno/TCU e em razo do princpio da celeridade processual, passo a analis-los no mrito, ressaltando
que devero ter sua admissibilidade apreciada pela autoridade posteriormente sorteada.
8. Por fim, nos termos da Regimento Interno e em virtude da posse do Exmo Sr. Ministro Guilherme
Palmeira na Presidncia da Casa, inclusive este anexo 4 deve ser encaminhado SGS para sorteio de
novo Ministro-Relator, para posterior envio ao respectivo Gabinete.
MRITO
9. Os recorrentes, nos termos do art. 48 da Lei 8.443/1992 e aps serem cientificados do teor do
Acrdo n 742/2006-TCU-Plenrio, interpem pedidos de reexame com o intuito de reformar o Acrdo
atacado requerendo, ao final, o que se resumir ao longo da presente instruo. Para tanto, passo anlise
individual dos recursos:
Clnio Carvalho Guimares
10. Alega que no h nos autos qualquer elemento capaz de lhe imputar a responsabilidade pelos
fatos inquinados, dizendo ser subjetiva a anlise realizada pela Unidade Tcnica quanto rejeio de suas
razes de justificativa, requerendo que se acolha suas justificativas para isent-lo da sano aplicada.
11. Conforme se observa no subitem 9.3 do Acrdo atacado o recorrente foi condenado pena de
multa por ter sido comprovada sua participao na simulao do pedido de licitao e sua ingerncia na
comisso de licitao com o objetivo de direcionar o resultado do Convite n 20/99. Para tanto, esta Corte
julgou consistentes as provas testemunhais e documentais trazidas aos autos atravs da comisso de
sindicncia instituda pela SEED/SE e seu prprio depoimento a tal comisso, quando informou que tinha
conhecimento de que, apesar da licitao ainda estar em curso, os produtos j tinham sido entregues.
175
12. Apesar da alegao do recorrente de que no h nos autos prova documental que comprove sua
participao nos atos irregulares, o conjunto probatrio consistente nesse sentido. Conforme se verifica,
no obstante sua alegao de que no era responsvel pelos pedidos de abertura de licitao, assinou,
juntamente com a diretora do DAE, o pedido, tinha conhecimento de que tal procedimento visava tosomente legalizar conduta ilcita praticada no mbito da SEED/SE, pois sabia que os produtos j tinham
sido entregues, e permaneceu silente, considerando-a uma das formas de evitar o prejuzo da fornecedora
e o enriquecimento sem causa da Administrao Pblica.
13. Em relao sua ingerncia na comisso de licitao com o objetivo de direcionar o resultado
do Convite n 20/99, realmente no se observa nos autos qualquer prova que o responsabilize, a no ser os
depoimentos de terceiros comisso de sindicncia e a concluso do Sr. Diretor Tcnico s fls. 604/610,
v.3.
14. Quanto primeira fonte, declaraes de terceiros, foroso reconhecer que tm pequena fora
probatria no mbito desta Corte, conforme j decidido em outros julgados, podendo ser citado o
TC 005.672/20005, apreciado na sesso plenria de 31.08.2005, quando se declarou que:
26. (...) Tal procedimento no prejudica a defesa do gestor, pois no existe a possibilidade de a
condenao basear-se apenas em prova testemunhal. Os depoimentos servem para esclarecer ou detalhar
provas levantadas anteriormente ou a serem obtidas, o que se observa no caso em tela. Os depoimentos
dos Sres Francisco Ramos da Silva, Maurcio Gomes de Lima e Givaldo Pinto da Silva no constituram a
principal, muito menos a nica, prova incriminatria dos apenados.
(...)
28.Ainda sobre a utilizao de declarao como prova processual, vale destacar o que o legislador,
ao elaborar o Cdigo de Processo Civil (Lei n 5.869/73), definiu sobre a fora probante da declarao ao
redigir o pargrafo nico do art. 368, que possui a seguinte redao: 'quando, todavia, contiver declarao
de cincia, relativa a determinado fato, o documento particular prova a declarao, mas no o fato
declarado, competindo ao interessado em sua veracidade o nus de provar o fato'. Neste sentido, que o
TCU utilizou outras provas para julgar o caso nos termos do acrdo vergastado.
15. E quanto concluso do Sr. Diretor Tcnico de que ao afirmar que o fornecimento seria pago
com a concluso da licitao ou por sua anulao atravs do processo de indenizao que o
procedimento normal, o diretor do DAF estaria antecipando o resultado da licitao e que isso s seria
possvel atravs da ingerncia na CPL, peo as devidas vnias para discordar de tal concluso. Tal
conduta adotada pelo titular da DAF certamente o responsabiliza pela prtica da simulao no pedido de
licitao, mas no comprova sua ingerncia perante a comisso, pois no afirmou categoricamente que a
nica forma de pagamento seria atravs do processo licitatrio, mas tambm atravs de sua anulao, o
que permite demonstrar que ele mesmo no tinha certeza de que a fornecedora sairia vencedora do
procedimento.
16. Assim, verificando-se que o responsvel demonstrou no poder ser responsabilizado por tudo
que lhe imputou o Acrdo atacado, entendo que deve-se prover parcialmente seu recurso para retirar-lhe
a responsabilidade pelos atos de ingerncia na CPL.
Maria Willema Nascimento Argolo
17. Alega que a responsabilidade a ela imputada pelo Tribunal deveu-se sua atuao na
consolidao dos pedidos de licitao, na ingerncia na comisso de licitao e na distribuio antecipada
dos bens, mas que o documento acostado fl. 48 do volume principal, consolidao do que se informa s
fls. 52/66, demonstra que o pedido de abertura de licitao foi assinado pelos Sres Clnio Carvalho
Guimares e Luiz Antnio Barreto e que no consta a data em que foram assinados; que foi
diplomaticamente obrigada a assinar documentos relativos licitao, j que, atuando como comissionada
e com uma remunerao de R$ 1.235,10, no seria fcil negar cumprimento a determinaes de seus
superiores; argumenta, ademais, que a multa aplicada se mostra desproporcional sua remunerao,
requerendo sua reduo.
18. O argumento de que no foi responsvel pelo pedido de abertura de licitao no a isenta da
responsabilidade. De fato no era sua competncia determinar a abertura do procedimento licitatrio.
Contudo, encaminhou Diretoria de Administrao e Finanas, em 07.06.1999, pedido de aquisio do
referido item alimentcio solicitando o encaminhamento comisso permanente de licitao para as
providncias legais, conforme documento fl. 576, v.2, o que comprova que efetivamente simulou o
176
177
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
34. Dado o exposto, submeto os autos considerao superior propondo:
34.1. Conhecer os presentes pedidos de reexame, com amparo nos arts. 32, I e 33 da Lei n 8.443,
de 16 de julho de 1992, para, no mrito, dar-lhes parcial provimento;
34.2. Alterar o subitem 9.3 do Acrdo n 742/2006-TCU-Plenrio, para retirar a responsabilidade
do Sr. Clnio Carvalho Guimares sobre a ingerncia na comisso de licitao com o objetivo de
direcionar o resultado do Convite n 20/99;
34.3. Tornar insubsistente o item 9.5 do Acrdo n 742/2006-TCU-Plenrio;
34.4. Reduzir o valor da multa aplicada ao Sr. Clnio Carvalho Guimares e retirar as multas
aplicadas s Sras Luzia Cristina Guedes Magalhes e Nbia Fernanda Andrade Noronha;
34.5. Encaminhar cpia do Acrdo que vier a ser proferido, bem como do Relatrio e Voto que o
fundamentarem, ao Ministrio Pblico da Unio, ao Governador e ao Tribunal de Contas do Estado de
Sergipe (ref. Avisos-SGS-TCU-Plenrio nos 725/727, s fls. 638/640, v.3).
4. O Ministrio Pblico junto ao Tribunal, manifestou-se de acordo com as concluses da Unidade
Tcnica, exceto quanto ao exame de mrito do recurso interposto pelo Senhor Clnio Carvalho
Guimares, pelos motivos que expe, na forma do Parecer de fls. 17/22 do anexo IV, a seguir transcrito:
178
Trata-se de pedidos de reexame interpostos por Clnio Carvalho Guimares, Maria Willema
Nascimento Argolo, Luzia Cristina Guedes Magalhes e Nbia Fernanda Andrade Noronha contra o
Acrdo 742/2006-Plenrio, proferido em processo de representao encaminhado pelo Tribunal de
Contas do Estado de Sergipe, em virtude de irregularidades na aquisio de milho verde e amendoim por
parte da Secretaria de Estado da Educao e do Desporto-SEED/SE, no mbito do Programa de
Alimentao Escolar, custeado, no caso, com recursos federais.
Neste processo, foi trazido ao conhecimento deste Tribunal que a SEED/SE promoveu o
processamento de licitaes dissimuladas, com ganhadores predefinidos, na tentativa de legitimar
pagamentos de compras j realizadas na prtica, com produtos j distribudos s escolas.
Na parte que interessa ao exame dos presentes pedidos de reexame, assim disps o acrdo
recorrido:
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em sesso do Plenrio, diante
das razes expostas pelo Relator, e com base nos arts. 43, 46 e 58, inciso II, da Lei 8.443/1992 c/c os arts.
237, 250, inciso IV e 1 e 2, 268, inciso II, e 271 do Regimento Interno do TCU, em:
9.1. conhecer desta representao para, no mrito, consider-la procedente;
(...)
9.3. rejeitar as razes de justificativa apresentadas por Clnio Carvalho Guimares, sobre a
simulao de pedidos de licitao, relativos aos Convites 20/1999 e 59/1999, com o objetivo de amparar
aquisies antecipadamente realizadas, e sobre a ingerncia na comisso de licitao com o objetivo de
direcionar o resultado do Convite 20/1999, acolhendo aquelas concernentes autorizao para
fornecimento de milho verde, objeto do Convite 20/1999, e amendoim cozido, objeto do Convite
59/1999, antes da realizao dos respectivos certames licitatrios (art. 2 da Lei 8.666/1993) e da emisso
das respectivas notas de empenho (art. 60 da Lei 4.320/1964);
9.4. rejeitar as razes de justificativa apresentadas por Maria Willema Nascimento Argolo sobre a
simulao de pedidos de licitao, relativos aos Convites 20/1999 e 59/1999, com o objetivo de amparar
aquisies antecipadamente realizadas, e sobre a autorizao para fornecimento de milho verde, objeto do
Convite 20/1999, e amendoim cozido, objeto do Convite 59/1999, antes da realizao dos respectivos
certames licitatrios (art. 2 da Lei 8.666/1993) e da emisso das respectivas notas de empenho (art. 60 da
Lei 4.320/1964), acolhendo aquelas relativas ingerncia na comisso de licitao com o objetivo de
direcionar o resultado do Convite 20/1999;
9.5. rejeitar as razes de justificativa apresentadas por Luzia Cristina Guedes Magalhes e Nbia
Fernanda Andrade Noronha sobre a ausncia de reunio da comisso de licitao, em sesso pblica, para
deliberar sobre a habilitao e julgamento das propostas (art. 51 da Lei 8.666/1993); e comunicao do
resultado do julgamento aos licitantes (7.7.1999) antes da suposta reunio da comisso de licitao para
anlise e julgamento das propostas (13.7.1999), acolhendo aquelas concernentes ao conhecimento de que
o certame estaria sendo realizado aps j ter havido a entrega do produto (milho verde) e convocao,
no Convite 20/1999, de 3 das 4 empresas participantes do certame (Boa Idia Servios, Comrcio e
Rep. Ltda., MSS Comrcio, Servios e Representaes Ltda. e Emlimge Servios Gerais Comrcio e
Rep. Ltda.) cujos scios-gerentes possuem grau de parentesco bastante prximo;
9.6. aplicar aos responsveis Clnio Carvalho Guimares e Maria Willema Nascimento Arglo
multas individuais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), e s responsveis Luzia Cristina Guedes
Magalhes e Nbia Fernanda Andrade Noronha multas individuais no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificao, para que comprovem perante o
Tribunal o recolhimento das respectivas quantias aos cofres do Tesouro Nacional, as quais devero ser
atualizadas monetariamente, se pagas depois do vencimento;
A Serur, em unssono, manifestou-se no sentido de que este Tribunal conhea dos presentes pedidos
de reexame, para, no mrito, fazer as seguintes alteraes no acrdo recorrido:
a) alterar o subitem 9.3 do Acrdo 742/2006-TCU-Plenrio, para retirar a responsabilidade do Sr.
Clnio Carvalho Guimares sobre a ingerncia na comisso de licitao com o objetivo de direcionar o
resultado do Convite 20/1999;
b) tornar insubsistente o subitem 9.5 do Acrdo 742/2006-TCU-Plenrio;
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c) reduzir o valor da multa aplicada ao Sr. Clnio Carvalho Guimares e retirar as multas aplicadas
s Sras Luzia Cristina Guedes Magalhes e Nbia Fernanda Andrade Noronha;
d) encaminhar cpia do acrdo que vier a ser proferido, bem como do relatrio e voto que o
fundamentarem, ao Ministrio Pblico da Unio, ao Governador e ao Tribunal de Contas do Estado de
Sergipe (ref. Avisos-SGS-TCU-Plenrio 725/7, s fls. 638/40).
O Ministrio Pblico discorda da proposta supra no que tange ao exame de mrito do recurso
interposto pelo Sr. Clnio Carvalho Guimares, manifestando-se de acordo com a Unidade Tcnica em
relao aos demais responsveis.
De fato, o Sr. Clnio Carvalho Guimares alegou a ausncia nos autos de prova documental que lhe
impute responsabilidade pelas irregularidades ensejadoras da sano que lhe foi imposta.
Por seu turno, a Sr Maria Willema Nascimento Argolo aduziu, em sntese, que:
a) foi diplomaticamente obrigada a assinar documentos relativos licitao, vez que, por perceber
proventos de aposentadoria de apenas R$ 1.235,10 e necessitar da remunerao do cargo comissionado
para incrementar sua renda, no seria fcil negar cumprimento a determinaes de seus superiores;
b) a multa aplicada se mostra desproporcional sua remunerao, requerendo sua reduo.
Por fim, as Sras Nbia Fernanda Andrade Noronha e Luzia Cristina Guedes Magalhes
apresentaram os seguintes argumentos em seus recursos:
a) por no terem participao dolosa nem culposa na Comisso de Licitao, a aplicao da multa
no valor de R$ 5.000,00 fere de morte os princpios da proporcionalidade e da razoabilidade;
b) a Comisso de Licitao no tem funo deliberativa nem opinativa, a sua funo apenas a de
instruir o processo e encaminh-lo para apreciao da legalidade, o que foi feito durante o perodo em que
a Comisso oficiou no referido processo;
c) o processo licitatrio referente ao Convite 20/1999 foi aberto em 5.7.1999, sendo que a Comisso
recebeu dois envelopes dos licitantes: um envelope A, com documentao de habilitao, e o envelope B,
com as propostas. No mesmo ato, a Comisso abriu o envelope A, analisou a documentao e, no
havendo inabilitao, nem qualquer outro incidente, passou-se para a abertura do envelope B (propostas);
d) a comisso e os licitantes rubricaram os documentos e as propostas apresentadas, tomando
conhecimento sobre os preos apresentados e, certamente, sobre a proposta de menor valor, j que a
licitao seria pelo menor preo;
e) o julgamento das propostas foi promovido no dia 7.7.1999;
f) por equvoco de digitao, consta que a ata de julgamento das propostas foi lavrada em
13.7.1999;
g) no houve a prtica de ato ilegal que viesse a legitimar o pagamento de uma multa;
h) o valor da multa arbitrado to fora da realidade que, segundo a Sr Nbia Fernanda Andrade
Noronha, somente se vender a casa que possui para morar com seus filhos que poderia arcar com esse
encargo;
i) a multa aplicada Sr Luzia Cristina Guedes Magalhes no pode ser paga sem comprometer o
seu sustento e o de sua famlia, tendo em vista que vive do salrio que recebe como professora da rede
estadual.
Os presentes recursos devem ser conhecidos, vez que satisfeitos os requisitos processuais de
admissibilidade, nos termos do art. 48 da Lei 8.443/1992.
Quanto ao mrito do recurso interposto pelo Sr. Clnio Carvalho Guimares, cumpre observar que
consta nos autos (fls. 48 e 245) a sua assinatura em pedidos de abertura de processos licitatrios para a
compra de milho verde e amendoim.
Acrescente-se que esse mesmo responsvel prestou depoimento s comisses instauradas por conta
dos Inquritos Administrativos 10.000.01262/99-5 e 10.000.01371/99-9, nos seguintes termos (fls. 163 e
308):
que quando foi procurado pelos fornecedores para receber o dinheiro, lhes disse que a Secretaria
iria pagar no sabia de que forma; se com a concluso do processo licitatrio ou por sua anulao atravs
do processo de indenizao (sic).
Exsurge dessas consideraes a existncia de prova documental robusta no sentido de que o Sr.
Clnio participou da simulao das licitaes para a compra de milho verde e amendoim (Convites
20/1999 e 59/1999, respectivamente) com o objetivo de amparar aquisies antecipadamente realizadas.
180
181
VOTO
5. Conforme se verifica do Relatrio que antecede este Voto, os responsveis tiveram suas razes
de justificativa rejeitadas e, consequentemente, lhes foram aplicadas multas, em razo de irregularidades
nos processos de aquisio de milho verde e amendoim pela Secretaria da Educao e do Desporto do
Estado de Sergipe SEED/SE, no mbito do Programa de Alimentao Escolar, custeados com recursos
federais. As irregularidades trazidas ao conhecimento deste Tribunal pelo Tribunal de Contas daquele
Estado consistiram, basicamente, em processamento de licitaes dissimuladas, com o objetivo de
adquirir tais gneros alimentcios, para o qual j haviam ganhadores predefinidos, na tentativa de
legitimar pagamentos de compras dos referidos produtos que, na pratica, j haviam sido realizadas e
distribudos s escolas.
6. A Serur, ao final da anlise que procedeu das razes de justificativa apresentadas pelos
responsveis, concluiu sua instruo propondo: a) o conhecimento dos Pedidos de Reexame, para, no
mrito, dar-lhe provimento parcial; b) a alterao do subitem 9.3 do Acrdo n 742/2006-TCU-Plenrio,
para excluir a responsabilidade do Senhor Clnio Carvalho Guimares quanto ingerncia na comisso de
licitao, com o objetivo de direcionar o resultado do Convite n 20/99; c) tornar insubsistente o subitem
182
183
10.2. A atitude do mencionado responsvel em todo esse episdio revela que ele no s tomou
conhecimento do procedimento irregular adotado de simular processos licitatrios para a compra de milho
verde e amendoim que, na realidade, j haviam sido adquiridos, como tambm dele efetivamente
participou, mediante a assinatura nos pedidos de abertura dos respectivos processos (fls. 48 e 245).
10.3. Ademais, os elementos constantes dos autos evidenciam que j havia predefinio de quem
deveria vencer o processo licitatrio dissimulado, tendo o responsvel, expressamente, declarado aos
fornecedores que o pagamento dos produtos, j entregues, seria efetuado aps o trmino da licitao ou,
na hiptese desta ser revogada, o pagamento seria feito a ttulo de indenizao. Com isso, foroso
concluir que o responsvel contava que a concluso do processo declarasse vencedoras as empresas que
forneceram antecipadamente os gneros alimentcios e que, se isto no acontecesse, a licitao seria
revogada e o fornecimento pago por meio de indenizao.
10.4 Com essa breves consideraes, entendo assistir razo ao Representante do Ministrio Pblico,
quando propugna pela manuteno do exatos termos do subitem 9.3 do Acrdo n 742/2006-TCUPlenrio.
11. Quanto aos demais responsveis, considero adequado o exame realizado pelo Unidade Tcnica,
com o qual se manifestou de acordo o Ministrio Pblico.
Ante o exposto, acolho a proposta constante do Parecer do Ministrio Pblico junto ao Tribunal e
Voto no sentido de que o Tribunal adote a deliberao que ora submeto apreciao deste Plenrio.
Sala das Sesses, em 14 de maro de 2007.
AROLDO CEDRAZ
Relator
ACRDO N 334/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC 012.017/2003-5 (com 3 volumes e 4 anexos).
2. Grupo II Classe I Pedidos de Reexame.
3. Recorrentes: Clnio Carvalho Guimares, Maria Willema Nascimento Argolo, Luzia Cristina
Guedes Magalhes e Nbia Fernanda Andrade Noronha.
4. rgo: Secretaria de Estado da Educao e do Desporto do Estado de Sergipe.
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
6. Relator da deliberao recorrida: Ministro Marcos Vilaa.
6. Representante do Ministrio Pblico: Procurador Jlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidade Tcnica: Secretaria de Recursos Serur.
8. Advogado constitudo nos autos: no h.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Pedidos de Reexame interpostos por Clnio Carvalho
Guimares, Maria Willema Nascimento Argolo, Luzia Cristina Guedes Magalhes e Nbia Fernanda
Andrade Noronha, contra o Acrdo 742/2006 Plenrio;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em sesso do Plenrio, diante
das razes expostas pelo Relator, com fundamento no art. 48 c/c os arts.32, Pargrafo nico, e 33 da Lei
8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos Pedidos de Reexame interpostos pelo Senhor Clnio Carvalho Guimares e pela
Senhora Maria Willema Nascimento Argolo, para, no mrito, negar-lhes provimento, mantendo
inalterados os termos dos subitens 9.3 e 9.4 do Acrdo n 742/2006-TCU-Plenrio;
9.2. conhecer dos Pedidos de Reexame interpostos pelas Senhoras Luzia Cristina Guedes
Magalhes e Nbia Fernanda Andrade Noronha, para, no mrito, dar-lhe provimento, tornando
insubsistente o subitem 9.5 do acrdo e modificando a redao do subitem 9.6 do mesmo acrdo, o qual
passa a ter a seguinte redao:
184
9.6. aplicar aos responsveis Clnio Carvalho Guimares e Maria Willema Nascimento Argolo
multas individuais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a
contar da notificao, para que comprovem perante o Tribunal o recolhimento das respectivas
importncias ao Tesouro Nacional, as quais devero ser atualizadas monetariamente, se pagas depois do
vencimento.
9.3. esclarecer Senhora Maria Willema Nascimento Argolo que, nos termos do art. 26 da Lei
n 8.443/1992 c/c o art. 217 do Regimento Interno do Tribunal, possvel o deferimento de eventual
pedido de parcelamento da multa que lhe foi imposta em at 24 parcelas;
9.4. encaminhar cpia deste Acrdo, bem como do Relatrio e Voto que o fundamentam aos
recorrentes, ao Ministrio Pblico da Unio, ao Governo do Estado de Sergipe e ao Tribunal de Contas do
Estado.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0334-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo Cedraz
(Relator).
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
AROLDO CEDRAZ
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
DAS
ALEGAES.
RELATRIO
Os recorrentes em epgrafe interpuseram pedidos de reexame do acrdo 823/2005 Plenrio
(fls. 445 do volume I), que, ao julgar procedente representao da empresa Encom Engenharia Ltda.
acerca de possveis sobrepreos nos oramentos empregados nas concorrncias 1 e 7/2004, promovidas
pela Dataprev para contratar servios de manuteno predial nas cidades do Rio de Janeiro e de So
Paulo, determinou quela empresa pblica a anulao dos aludidos certames e aplicou multas s pessoas
fsicas acima arroladas.
2. Aps traar breve histrico da questo que levou prolao do acrdo contestado, o Analista da
Secretaria de Recursos Serur empreendeu o exame da admissibilidade e do mrito dos apelos
185
interpostos. Transcrevo a seguir, pela exatido do pronunciamento e com a finalidade de evitar eventual
perda de informao, a manifestao daquele servidor:
3. DOS RECURSOS INTERPOSTOS PELA EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMAO
DA PREVIDNCIA SOCIAL DATAPREV (vol. anexo 6), PELO SR. JOS ROBERTO BORGES DA
ROCHA LEO (vol. anexo 4), E PELO SR. SERGIO PAULO VEIGA TORRES (vol. anexo 7).
Analisaremos conjuntamente as alegaes aduzidas pela DATAPREV, pelo Sr. Jos Roberto
Borges da Rocha Leo e pelo Sr. Srgio Paulo Veiga Torres, porque a pea de recurso da primeira
textualmente idntica dos dois ltimos at o terceiro pargrafo das dcimas-sextas folhas de suas peas
de recurso e as peas dos dois ltimos so textualmente idnticas em toda sua extenso.
3.1 ADMISSIBILIDADE
Anumos ao exames de admissibilidade de fls. 20 do vol. anexo 6, 21 do vol. anexo 4 e 19 do vol.
anexo 7, respectivamente.
3.2 QUESTES DE MRITO
3.2.1 Pedido
A Empresa de Tecnologia e Informao da Previdncia Social DATAPREV pleiteia a reforma
da deciso guerreada no sentido do entendimento de que no houve irregularidades nas Concorrncias nos
001 e 007/2004. Os Sres Jos Roberto da Rocha Leo e Srgio Paulo Veiga Torres nesse mesmo sentido e
no da insubsistncia dos subitens 9.2, 9.4 e, respectivamente 9.4.7. e 9.4.6, da deciso.
3.2.2 Imputao enfrentada
Existncia de sobrepreos nos oramentos estimados das Concorrncias nos 1 e 7/2004 da
DATAPREV. Falta de lastro destas em ampla pesquisa de mercado.
3.2.3 Sntese da primeira alegao aduzida nos recursos, textualmente idnticas (vol. anexos 4, 6 e
7, em todos s fls. 1/16 at o terceiro pargrafo da ltima)
3.2.3.1 Alega-se que no se estabeleceram mediante a Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, os
mecanismos que devem ser adotados para a demonstrao do preo de mercado. O estatuto legal no
obrigaria o administrador a se valer de um determinado procedimento para aferir o quantum estimado da
contratao e justificar o preo contratado. A lei no estaria a estabelecer a juntada ao processo de
oramentos de empresas, mas apenas a aferio do preo de mercado mediante oramento prvio.
3.2.3.2 No raro, empresas afeitas a certames licitatrios embutiriam sobrepreo em resposta a
pesquisa de cotao de preos de mercado, quer para posteriormente participar do certame com margem
para a apresentao do seu preo quer para compensar eventuais atrasos de pagamento, comuns no setor
pblico.
3.2.3.3 Portanto, caberia ao agente pblico adotar o modo de aferio do preo de mercado mais
adequado s circunstncias do caso concreto. Diante disso, a DATAPREV teria juntado oramentos de
dez empresas do ramo no Estado de So Paulo e de outras dez no Estado do Rio de Janeiro, obtendo um
nico preo neste e trs naquele. Tais preos seriam compatveis com a mdia dos contidos nas tabelas de
comparao de preos elaboradas pela Secex/RJ na instruo de fls. 387/417 do vol. 1. No caberia fazer
uma estimativa pelo menor dos preos verificados, mas sim por sua mdia, consoante haveria entendido
esta Corte por ocasio da prolao do Acrdo no 3.019/2004 proferido pela Primeira Cmara. O preo
mdio verificado em agosto de 2004, para a feitura de contratao emergencial, consistiu em
R$284.790,56 no Rio de Janeiro e R$162.928,00 em So Paulo.
3.2.3.4 Caberia considerar que a estimativa de preos se aplica a um certame de extrema
complexidade cujo trmino se daria meses depois de iniciada e que a DATAPREV somente faria
repactuao de preos um ano depois de apresentada a proposta. Neste intervalo se daria o dissdio da
categoria de empregados e as empresas teriam de considerar este custo.
3.2.3.5 A Segunda Cmara deste Tribunal teria entendido, no seu julgamento de que decorreu o seu
Acrdo no 597/2004, que o fato de os valores contratados serem superiores em 20% aos orados no se
constituiria em superfaturamento. Os preos estimados pela DATAPREV para as contrataes no Rio de
Janeiro e em So Paulo seriam, respectivamente, apenas 0,98% e 0,20% superiores mdia de preos
aludida, como fazem ver as tabelas nos 10 e 4 (fls. 412 e 398 do vol.1, nessa ordem) dentre as
anteriormente citadas.
3.2.3.6 Restou assinalado na fundamentao de deciso vergastada que a DATAPREV no elaborou
cuidadosamente os oramentos estimativos. Porm, a certeza do acerto na adoo da pesquisa de preo de
186
187
porque empresa contratada emergencialmente teria baixado seus preos no intuito de conhecer melhor as
caractersticas do servio para participar da concorrncia que futuramente se faria em melhores
condies. Considerada verdadeira a alegao apenas para fim de argumentao, de notar que o
conhecimento pela Administrao de um tal motivo de reduo de preo para contratao emergencial
consiste em favorecimento ilcito a um dos futuros concorrentes, luz do princpio da isonomia
expressamente citado no art. 3 da Lei no 8.666, de 1993.
3.2.3.14 O recorrente no trouxe aos autos elementos de convencimento que corroborem sua
sustentao de que os servios prestados seriam tecnicamente superiores aos contratados
emergencialmente. A anlise desenvolvida nos subitens 47 a 52 da instruo de fls. 386/417 do vol. 1,
transcrita na fundamentao citada, indica, em sentido contrrio, que o valor do contrato com a Conbrs
pode ser usado como parmetro de comparao com a estimativa para a concorrncia (Concorrncia no
1/2004).
3.2.3.15 Os recorrentes se insurgem contra o suposto fato de que este Tribunal teria considerado os
menores preos pesquisados, em vez de sua mdia, como parmetro de comparao com a estimativa em
foco. De modo diverso, este Tribunal considerou a diferena entre os preos estimados e a mdia das
propostas e cotaes obtidas no anos de 2004 no julgamento da deciso combatida, como se infere da
leitura do item 8 (s. fls. 442/443 do vol. 1) da sua fundamentao. Reputaram-se superestimados os
valores dos oramentos em So Paulo e no Rio de Janeiro, porque respectivamente 17,65% (Tabela 6
fl. 429 do vol. 1) e 12,63% (Tabela 12 fl. 438 do vol. 1) superiores aos obtidos em maro de 2005.
3.2.3.16 O recorrente afirma que preos estimados pela DATAPREV para as contrataes no Rio de
Janeiro e em So Paulo seriam, respectivamente, apenas 0,98% e 0,20% superiores mdia das propostas
e cotaes obtidas no anos de 2004; isso com base no contido nas tabelas nos 10 e 4 de fls. 412 e 398 do
vol. 1, respectivamente. Tais percentuais respeitam a comparaes das estimativas das respectivas
concorrncias com a mdia de preos obtida em pesquisa realizada em fevereiro de 2005 e este Tribunal
entendeu, perfilhando raciocnio lavrado em instruo, que tais preos de fevereiro de 2005 incorporam
aumento de custos nos seis meses que o antecederam. O recorrente silencia acerca deste ltimo
entendimento, deixando de apresentar elementos de convencimento que desafigurem tal incorporao.
3.2.3.17 Passaremos anlise do ponto do alegao em que citada deciso desta Corte. Por meio
do Acrdo no 597/2004 prolatado pela Segunda Cmara, este Tribunal aplicou ao caso ento examinado
o seguinte entendimento exarado noutra feita no Acrdo no 182/1999 proferido pelo Plenrio: tosomente verificao de um sobrepreo de 20% (vinte por cento) em relao planilha dos engenheiros do
TCE/PE no poderia caracterizar o superfaturamento, sem que houvesse outros elementos
caracterizadores do superfaturamento, como, por exemplo, conluio entre os licitantes (grifos acrescidos).
Noutras palavras, o que restou entendido naquela deciso que um sobrepreo de 20%, por si s, no
basta para afigurar superfaturamento por m-f ou falta de cuidado na elaborao do oramento estimado;
mas que outros elementos de convencimento e este somados podero isso indicar. No caso da deciso
citada pelos recorrentes, o Ministro Relator entendeu que o sobrepreo de 20% apurado se deveu em
grande parte localizao do municpio e considerou haver o Tribunal de Contas do Estado de
Pernambuco calculado os preos em processo de auditoria segundo um BDI estimado de 30% que no
podia refletir a realidade da obra ali examinada. No caso analisado nestes autos no s o sobrepreo
apurado se constitui em elemento caracterizador de superfaturamento, mas tambm a forma no
comprovadamente adequada com que se elaboraram os oramentos estimados, evidenciada pelas
sustentaes diferentes feitas por cada responsvel relativamente aos ndices de reajustes de preos de
contrato anterior empregados e aos percentuais de reajuste salarial acordados mediante dissdio coletivo.
3.2.3.18 Por isso, entendemos que no assiste razo aos recorrentes.
3.2.4 Sntese da segunda alegao aduzida somente pelos Sres Jos Roberto Borges da Rocha Leo
e Srgio Paulo Veiga Torres
3.2.4.1 Sustenta-se que no se poderia aplicar multa pela prtica de ato de que no tenha decorrido
dano ao errio. Tal entendimento encontraria arrimo nos Acrdos nos 1512/2004 Plenrio, 712/2003
Segunda Cmara e 594/2002 Plenrio.
3.2.4.2 O recorrente Jos Roberto da Rocha Leo, particularmente, defende que no se poderia
punir na forma de aplicao de multa ato considerado imprprio 'com potencialidade de gerar danos aos
cofres da DATAPREV' (grifos no original), pois o processo no teria por objeto o resultado final de uma
188
licitao, mas sim um valor estimado, e que este Tribunal poderia acompanhar o andamento dos
certames em foco.
Exame
3.2.4.3 A aplicao de multa em pauta consiste em forma de punio administrativa, vale dizer, em
sano de carter educativo e no de ressarcimento ao errio por fora de dano a este causado. O
conjunto de elementos de convencimento afigurador da natureza de cada caso e da gravidade maior ou
menor de eventual conduta irregular e reprovvel que determinar se se justifica deciso de condenao
a ressarcir, de aplicao de multa ou de adoo de ambas as medidas.
3.2.4.4 Vejam-se as decises parcialmente transcritas pelos recorrentes. Na via do Acrdo nos
1512/2004 Plenrio, este Tribunal deixou de aplicar multa ao responsvel por ato irregular ali em
questo porque os servios inconclusos poca do pagamento antecipado referiam-se to-somente
ativao dos equipamentos e porque todos os servios, ao final, foram executados, o que afasta
reprovabilidade da conduta cuja gravidade justifique a aplicao de multa como forma de punio.
Mediante o Acrdo no 712/2003 Segunda Cmara, este Tribunal, ao afastar a aplicao de multa,
reputou tambm que as ocorrncias ali tratadas no se revestiram de gravidade suficiente para justificar
apenao do responsvel, considerao que independente da relativa inexistncia de dano. Por fim, na
forma do Acrdo no 594/2004 Plenrio, ponderou, como se l na prpria transcrio feita na pea de
recurso, que no restou caracterizada inexistncia de pesquisa de preos, mas to-somente a ausncia de
sua formalizao nos autos do certame, elemento de convencimento igualmente capaz de afastar a
reprovabilidade da conduta.
3.2.4.5 Corolrio, a alegao no merece acolhida.
4. DO RECURSO INTERPOSTO PELO SR. CESAR LUIZ FEIO CINELLI (vol. anexo 5)
4.1 ADMISSIBILIDADE
Anumos ao exame de admissibilidade de fl. 102 do vol. anexo 5.
4.2 Consideraes iniciais
4.2.1 Em pontos diversos da pea de recurso se cuida de irregularidades apontadas na representao
da Encom relativas a fatos supostamente havidos desde a resciso dos contratos com a representante at a
contratao emergencial da empresa GLS. Por oportunidade da instruo deste processo, decidiu-se, na
forma do despacho de fls. 1/8 do vol. principal, manter o exame de tais fatos no processo
TC 020.400/2004-2 e neste processo apartado examinar apenas os questionamentos de mrito relativos s
irregularidades concernentes s Concorrncias nos 1/2004 e 7/2004 (objeto da alnea e de fl. 1 do
despacho de fls. 1/8 do vol. principal), em andamento poca da autuao da representao, em razo da
maior celeridade que a anlise das questes envolvendo os dois certames deveria receber. Vale
transcrever o trecho abaixo, extrado (fl. 421 do vol. 1) do relatrio da deciso impugnada:
2. Tendo em vista a natureza das irregularidades apontadas, foi formado o presente processo
apartado, para tratar das questes envolvendo as Concorrncias nos 1/2004 e 7/2004, em andamento
poca da autuao da representao, em razo da maior celeridade que a anlise das questes envolvendo
os dois certames deveria receber. No processo original, esto sendo apurados os aspectos que dizem
respeito aos fatos pretritos (rescises imotivadas de contratos, contrataes emergenciais, etc)
(TC 020.400/2004-2).
4.2.2 Segue relao tpica das imputaes impugnadas nesta pea de recurso que cabe examinar
exclusivamente nos autos do TC 020.400/2004-2 por fora do exposto no pargrafo precedente:
a) resciso pela DATAPREV em 31/3/2004 de contrato que expirou em 31/8/2004 (itens 8 a 56 da
pea de recurso);
b) burla de deciso judicial que garantiu a continuidade do contrato com a Encom (itens 57 a 63 e
90 a 92 da mesma pea);
c) contratao da empresa GLS Engenharia e Consultoria Ltda. mediante dispensa de licitao
supostamente fundada em emergncia, sem que, na verdade, se aplicasse o art. 24, inciso IV, da Lei no
8.666, de 21 de junho de 1993 (itens 64 a 73);
d) contratao emergencial da empresa GLS, ilegal e no fundamentada, por valor mensal superior
ao pago empresa Encom, com prejuzo ao errio, desconsiderando os pedidos de repactuao desta,
pagando aos empregados da nova empresa contratada salrios inferiores aos do contrato rescindido (itens
74 a 89).
189
190
191
Sntese da alegao
4.3.3.2 Diz-se que dos profissionais listados no contrato de Manuteno Predial, somente o
engenheiro residente no pertenceria mesma categoria profissional dos demais. Tal falta no alteraria
sensivelmente os valores de uma estimativa de preo.
Exame
4.3.3.3 Temos que se aplica neste ponto o mesmo exame empreendido nos subitens 3.2.3.11 a
3.2.3.12 desta instruo. Os titulares de quatro diferentes sees da entidade (Gerncia do Departamento
de Suprimentos, Escritrio Estadual de So Paulo, Diretoria e Consultoria Jurdica) silenciaram sobre
como calcularam os percentuais empregados para reajuste da parcela de mo-de-obra fixa concernentes a
aos dissdios trabalhistas mencionados pelo recorrente, sobre como aplicaram diferentes ndices para a
atualizao de parcela relativa a insumos sem justificar as escolhas respectivas e, mais importante,
sustentaram verses discrepantes quanto ao mtodo empregado de verificao da conformidade dos
preos estimados.
4.3.3.4 Como o recorrente tampouco o fez desta feita, a alegao no merece prosperar.
4.3.4 Terceiro ponto
Entendimento deste Tribunal impugnado
4.3.4.1 H sobrepreo no oramento estimado da Concorrncia no 7/2004 e a estimativa no
est lastreada em ampla pesquisa de mercado. Malograda a tentativa dos responsveis pelo processamento
daquela licitao de demonstrar a pertinncia dos percentuais utilizados para atualizar o valor do contrato
celebrado com a Encom. As alegaes apresentadas pelos responsveis no lograram justificar a adoo
de oramento para a Concorrncia no 7/2004 em valor 49,91% superior ao do contrato emergencial
celebrado com a empresa GLS, considerando-se que se elaborou o oramento na mesma poca do
referido contrato emergencial.
Sntese das alegaes
4.3.4.2 Sustenta-se que a diferena entre os ndices existentes no reflete uma variao tal que
comprometa os resultados obtidos. As maiores discrepncias observadas nos percentuais de diferena
entre a estimativa de preos da Concorrncia no 1/2004 e o valor atualizado dos contratos celebrado
anteriormente com a Encom sustentados por diferentes responsveis no seriam exclusivamente
decorrentes de adoes de ndices diversos, mas sim de outros critrios.
4.3.4.3 No se poderia concluir que houve sobrepreo na estimativa da Concorrncia no 7/2004
com base nas trs comparaes feitas entre esta e, respectivamente, (a) o preo mdio pesquisado em
2004, (b) o preo contratado emergencialmente em agosto de 2004, mesma poca da estimativa, e (c) o
preo obtido mais de seis meses depois pela DATAPREV em maro de 2005. A diferena obtida pela
primeira comparao de 19,84%, taxa que no alta o bastante para caracterizar sobrepreo. As
propostas obtidas em agosto de 2004 continham preos para uma contratao imediata e no a ser
celebrada seis meses depois. Finalmente, os preos colhidos em agosto de 2005 se prestavam para uma
segunda contratao emergencial dos servios em foco, dada a suspenso do certame por este Tribunal.
4.3.4.4 O emprego de estimativas de preos menos de 20% superiores aos de mercado s implicaria
antieconomicidade na hiptese de no ocorrncia de formao de cartel.
Exame
4.3.4.5 No se apontaram os critrios de atualizao de valores dos contratos sob cujos prismas,
segundo o alegado, no ficaria caracterizada a ocorrncia de sobrepreo nas estimativas em foco.
4.3.4.6 Entendemos que se aplica, no essencial, o mesmo exame exarado nos subitens 3.2.3.11 a
3.2.3.12 desta instruo s alegaes (a) de que a defasagem de 19,84% apontada entre o preo estimado
para o concorrncia e o preo de mercado mdio em 2004 no seria elevada o bastante para caracterizar
sobrepreo, (b) de que os preos colhidos em agosto de 2005 se prestavam para uma segunda contratao
emergencial em face da suspenso do certame por este Tribunal e (c) de que o emprego de estimativas de
preos mais de 20% superiores aos de mercado s implicariam antieconomicidade na hiptese de noocorrncia de formao de cartel. Porque tampouco aqui o recorrente explica como se calcularam os
percentuais supostamente cabveis de reajuste dos custos de mo-de-obra fixa e justifica escolha do ndice
empregado de atualizao de custos de insumos.
4.3.4.7 Assim, no merecem prosperar as alegaes sintetizadas e examinadas neste ponto.
4.3.5 Quarto ponto
192
193
em que consiste a aplicao de multa ora impugnada. Noutras palavras, quanto mesmo coubesse afastar a
sua responsabilidade pela ocorrncia de sobrepreo na Concorrncia no 1/2004 no o caso, ante o
exposto no pargrafo anterior , o no afastamento de sua responsabilidade no caso da Concorrncia no
7/2004 justifica, por si s, a mantena da sano aplicada.
4.3.6.6 Por essa forma, temos que a alegao no merece prosperar.
4.3.7 Sexto ponto
O recorrente aduz precisamente o mesmo argumento sumariado no subitem 3.2.4 desta instruo, a
saber o de que no se o poderia punir se no houve dano ao errio. Cabe o mesmo exame ali
empreendido.
5. DO RECURSO INTERPOSTO PELA EMPRESA GLS ENGENHARIA E CONSULTORIA
LTDA. (vol. anexo 12)
5.1 ADMISSIBILIDADE
Anumos ao exame de admissibilidade de fl.29 do vol. 12.
5.2 Consideraes iniciais
5.2.1 A recorrente cuida nos itens 1 a 33 de sua pea de recurso (fls. 2/11 do vol. 12) de expor sua
viso das circunstncias em que se teriam dado a sua contratao emergencial e seu entendimento de que
a empresa Encom teria representado a este Tribunal para o fim de lograr a anulao das concorrncias em
tela, de que teria participado sem sucesso porque no habilitada.
5.2.2 Em nosso sentir, no cabe considerar pretensas intenes da representante. O que se examina
nestes autos se cabe reformar a deciso impugnada ante a mantena ou no do entendimento de que
houve sobrepreo nas Concorrncias nos 1 e 7/2004 por decorrncia de conduta reprovvel dos
responsveis, questo cuja soluo se deve fundar duas anlises: em primeiro lugar, da conformidade dos
preos estimados nestes certames com os de mercado ento correntes e da sua adequabilidade com os
custos e insumos envolvidos prestando-se como um dos parmetros para o julgamento desta, consoante
entendeu este Tribunal, a atualizao at a data de sua feitura do valores contratados anteriormente ; em
segundo, da culpa dos responsveis por tal sobrepreo decorrente de falta de cuidado na elaborao dos
oramentos estimados dos certames citados.
5.2.3 Isso considerando, examinaremos a seguir os questionamentos levantados pela recorrente
concernentes o objeto destes autos.
5.3 DAS QUESTES DE MRITO
5.3.1 Pedido
Pleiteia-se a reforma da deciso atacada em seu favor, a fim de ver feita insubsistente a anulao da
Concorrncia no 7/2004.
5.3.2 Imputao enfrentada
Existncia de sobrepreo no oramento estimado empregado na Concorrncia no 7/2004 e falta de
lastro deste em ampla pesquisa de mercado. As alegaes apresentadas pelos responsveis no lograram
justificar a adoo de oramento para o dito certame em valor 49,91% superior ao do contrato
emergencial celebrado com a empresa GLS, considerando-se que se elaboram ambos na mesma poca.
5.3.3 Primeiro ponto
Sntese da alegao
5.3.1.1 Alega-se que este Tribunal no considerou previso de 15% (quinze por cento) de mo-deobra eventual includa no preo estimado da Concorrncia no 1/2004 quando o comparou o valor do
Contrato no 01.0361.2002 celebrado com a Encom. O valor correspondente a esse percentual somente
seria utilizado se necessrio. No, poderia, por essa forma, ser usado para efeito de estimativa, sob pena
de o resultado ficar deturpado.
Exame
5.3.1.2 O Contrato no 01.0361.2002, celebrado com a empresa Encom, que se prestou de parmetro
de comparao, dentre outros, com o oramento estimado em foco, tambm estabeleceu a prestao de
servios a serem executados mediante solicitaes eventuais na forma da sua clusula 2.2.1.c (fls. 32/33
do vol. principal). Diante disso, admitindo-se verdadeira, apenas para argumentar, a tese sustentada da
existncia de tal previso como um dos fatores determinantes do valor do oramento estimado, ter-se- de
a considerar presente tanto no mencionado contrato como no dito oramento estimado, no se podendo,
conseguintemente, falar em impossibilidade de comparao dos valores por haverem os custos de tais
194
servios eventuais sido computados to-somente no dito oramento. Em outras palavras, diversamente do
sustentado pela recorrente, no se esto comparando coisas desiguais.
5.3.1.3 Da que a alegao no merece prosperar.
5.3.2 Segundo ponto
Sntese da alegao
5.3.2.1 Diz-se que houve elevao dos impostos PIS e COFINS depois do rompimento do contrato
com a Encom, do que derivou acrscimo de 5,6% no custo relativo a impostos e, por conseqncia,
aumento do BDI de 29 para 34,6%. Seria mister considerar tambm a elevao dos salrios do
empregados em razo do dissdio coletivo da categoria que se teria dado em 1/3/2005, anteriormente,
portanto, estimativa de data de celebrao do contrato depois de concludo o processo de licitao. O
julgamento levado a efeito por este Tribunal se embasou em comparaes entre preos ento recentes e
preos no atualizados para adequao aos aumentos aqui mencionados.
5.3.2.2 O valor do contrato emergencial atualizado para maro de 2005 4,92% inferior ao da
estimativa e o negociado apenas 12,63% superior a esta, percentuais justificveis ante o acrscimo de
servios a prestar estabelecido na Concorrncia no 7/2004, de que decorreria a necessidade do emprego
de maior nmero de equipamentos, procedimentos e tcnicos altamente especializados.
5.3.2.3 As estimativas pedidas s empresas incorporam os custos previstos para a contratao futura
mencionados nos dois pargrafos precedentes. Delas no constam os descontos que seriam oferecidos por
ocasio da disputa que se d quando se leva a efeito o certame. Alm disso, tais estimativas variariam
conforme o porte da empresas pesquisadas, o seu grau de comprometimento com o pagamento tempestivo
de tributos, de seus empregados e de outros encargos. Hodiernamente, ao fixar suas propostas de preos,
as empresas se preocupariam mais com o cumprimento do objeto contratado do que com a estimativa
fornecida ao rgo licitante. Por isso, no se poderia falar em sobrepreo antes da realizao da licitao.
5.3.2.4 A estimativa de preos elaborada para a Concorrncia no 7/2004 pela recorrente, empresa
que investe na qualificao de seus quadros de empregados, est em conformidade com os preos
praticados pelas empresas srias do ramo de manuteno predial. Os preos dela constantes consistem nos
que vinham sendo cobrados pela Encom devidamente atualizados.
Exame
5.3.2.5 Aplicvel alegao boa parte do exame exarado nos subitem 3.2.3 desta instruo: no se
demonstrou mediante clculos o impacto do alegado aumento do custo de mo-de-obra (BDI e salrios)
sobre o oramento estimado (subitem 3.2.3.12); os preos emergencialmente contratados devidamente
atualizados se prestam para a comparao com o oramento estimado (subitem 3.2.3.13); no se
trouxeram elementos de convencimento que corroborem a sustentao de maior qualidade dos servios
orados (subitem 3.2.3.14).
5.3.2.6 Quanto ao ponto da alegao em que se cuida da estimativa de preos apresentada pela
recorrente, de ver que a aferio do preo de mercado para elaborao de oramento estimado precede a
fase de julgamento das propostas apresentadas. Pesquisam-se preos perante empresas que no
necessariamente participaro do certame. Por isso, no cabe considerar aspectos relativos qualificao
dos empregados de uma das empresas a que se pediu cotao de preos nesta fase preparatria do
processo de licitao. O oramento estimado, continente da mdia dos preos pesquisados, se prestar de
parmetro para verificar apenas a conformidade dos preos contidos nas propostas apresentadas com os
de mercado. Noutras palavras, a estimativa apresentada pela GLS apenas uma das que cabe integrar ao
clculo de preo mdio de todas as estimativas apresentadas e somente na fase de julgamento das
propostas apresentadas pelas licitantes, como estabelece o art. 43 da Lei no 8.666, de 1993, que se
avaliar qualitativamente a habilitao tcnica das concorrentes (inciso I do dispositivo citado), incluindose os seus quadros de empregados, e os preos apresentados (inciso IV), at mesmo para avaliar a sua
exeqibilidade (art. 48 do mesmo estatuto legal).
5.3.2.7 Assim, a alegao no merece prosperar.
6. DO RECURSO INTERPOSTO PELO SR. GALDINO RODRIGUES JUNIOR (vol. anexo 8)
6.1 ADMISSIBILIDADE
Anumos ao exame de admissibilidade de fl. 6 do vol. 8.
6.2 QUESTES DE MRITO
6.2.1 Pedido
195
O recorrente pleiteia a reforma da deciso atacada em seu favor, a fim de ver feita insubsistente a
sua punio administrativa efetuada na forma do disposto no subitem 9.4.5 da deciso atacada.
6.2.2 Primeiro ponto
Imputao enfrentada e sntese da respectiva alegao
6.2.2.1 Relativamente sua responsabilizao pela existncia de sobrepreo no oramento estimado
para a Concorrncia no 1/2004, o recorrente alega que (a) assinou em 14/6/2004 a Requisio DIEN.A no
45/2004 continente de estimativa de custo para a Concorrncia no 1/2004 (fls. 99 do vol. anexo 1),
portanto antes de 16/7/2004, data em que se teria dado a ocorrncia irregular em foco, e (b) que no
elaborou a estimativa mencionada tampouco registrou valor no verso da dita requisio.
Exame
6.2.2.2 No documento de fls. 91/97 do vol. anexo 1, consistente em expediente dirigido ao Ministro
Relator Ubiratan Aguiar, o recorrente expe, em suas palavras, os motivos que levaram a DATAPREV a
considerar como razovel o preo (...) adotado como referncia de preo para a Concorrncia no 7/2004
(fl. 97 do vol. anexo 1) e afirma que est a expor justificativas relativas sua participao nessa fase do
processo e alguns fatos relevantes relacionados composio da estimativa de preos (fl. 91 do vol.
anexo 1) do mesmo certame.
6.2.2.3 A aposio de sua assinatura na estimativa de custo para a Concorrncia no 7/2004 (fls. 79
do vol. principal), consiste em prova de sua participao na sua elaborao. Basta a verificao de sua
participao na elaborao deste certame por ltimo mencionado para afigurar a justeza da punio
administrativa em que consiste a aplicao de multa. Noutras palavras, quanto mesmo coubesse afastar a
sua responsabilidade pela ocorrncia de sobrepreo na Concorrncia no 1/2004, o no-afastamento de sua
responsabilidade no caso da Concorrncia no 7/2004 justifica a mantena da sano aplicada.
6.2.2.4 Nada obstante, entendemos que se constituem em elementos de convencimento da
culpabilidade do concorrente pela elaborao descuidada tambm do oramento estimado da
Concorrncia no 1/2004 o seu exerccio da funo de Gerente da Diviso de Administrao de Materiais,
em razo do seu dever de fiscalizao, nesta qualidade, sobre os processos de licitao em curso na
entidade respeitantes servios de manuteno predial. Noutras palavras, pensamos que no caso especfico
descuido na elaborao do oramento estimado do ltimo certame mencionado h culpa do recorrente na
modalidade in vigilando.
6.2.2.5 Conseguintemente, temos que no assiste razo ao recorrente.
6.2.3 Segundo ponto
Consideraes iniciais
6.2.3.1 Examinaram-se em pontos precedentes distintos cada um dos argumentos aduzidos neste
pelo recorrente. Isso porque outros recorrentes tambm os apresentaram em suas respectivas peas de
recurso. Diante disso, e em favor da conciso desejvel em textos administrativos, limitaremo-nos aqui a
fazer remisses a cada subitem precedentes nesta instruo em que se desenvolveu o mesmo exame
aplicvel cada alegao aqui sintetizada.
Imputao enfrentada e sntese das alegaes respectivas
6.2.3.2 Quanto mesma imputao de existncia sobrepreo no oramento estimado para a
Concorrncia no 1/2004, alega o recorrente, desta feita, que (a) que a Lei no 8.666, de 1993, no
estabelece mecanismos de verificao da conformidade de seus preos com os de mercado, que (b)
caberia fazer uma estimativa pelo menor dos preos verificados, mas sim por sua mdia, consoante
haveria entendido esta Corte por ocasio da prolao do Acrdo no 3.019/2004 e que (c) no se poderia
aplicar multa pela prtica de ato de que no tenha decorrido dano ao errio. Tal entendimento encontraria
arrimo nos Acrdos nos 1512/2004 Plenrio, 712/2003 Segunda Cmara.
Exame
6.2.3.3 Aplicam-se s duas primeiras alegaes e ltima, respectivamente, os mesmos exames
desenvolvidos no subitens 3.2.3.11 a 3.2.3.18 e 3.2.4.3 a 3.2.4.5 desta instruo.
7. DO RECURSO INTERPOSTO PELA SR WAYNA PAIVA DA SILVA (vol. anexo 9)
7.1 ADMISSIBILIDADE
Anumos ao exame de admissibilidade de fl. 59 do vol. 9.
7.2 DAS QUESTES DE MRITO
7.2.1 Pedido
196
O recorrente pleiteia a reforma da deciso atacada em seu favor, a fim de ver feita insubsistente a
multa a ela aplicada na forma do subitem 9.4.3 da deciso atacada.
7.2.2 Imputao enfrentada
Imputou-se recorrente responsabilidade pela existncia de sobrepreo no oramento estimado da
Concorrncia no 1/2004.
7.2.3 Primeiro ponto
Sntese da alegao
7.2.3.1 A recorrente alega que no era competente para fazer juzo acerca de estimativas de preos
ou assuntos tcnicos. O Departamento de Suprimentos da DATAPREV a teria orientado no sentido de
adotar o preo proposto pela empresa GLS porque este teria sido encaminhado pela rea tcnica
competente, responsvel pela elaborao do Projeto Bsico e em face da possibilidade de se obter
propostas de outros fornecedores durante a tramitao do processo.
7.2.3.2 A recorrente defende que registrou o valor estimado em foco no verso da Requisio
DIEN.A 45/2004 (verso de fl. 99 do vol. anexo 1) seguindo orientaes do seu Gerente de
Departamento. Como subordinada, somente poderia se eximir de atender a orientaes superiores quando
manifestamente ilegais, o que no se aplica ao caso considerando os argumentos em favor da proposta
expostos pela Diviso de Suprimento e o fato de a Diviso de Engenharia da DATAPREV t-la avaliado.
7.2.3.3 Em razo do valor estimado do objeto do certame, superior a R$650.000,00 a competncia
para proceder autorizao da requisio no caso do processo de licitao em foco era da Diretoria
Colegiada, consoante o estabelecido nos documentos de fls. 51/53 do vol. anexo 9. Ademais, a
Coordenao Jurdica da DATAPREV avalia todos os processos licitatrios.
7.2.3.4 A recorrente, por fim, sustenta que o valor da multa que este Tribunal lhe aplicou na
condio de responsvel por registro de um valor estimado por orientao do Departamento de
Suprimentos no poderia ser o mesmo aplicado ao ento Diretor-Presidente e ao ento Diretor de
Administrador e Finanas.
Exame
7.2.3.5 Como afirmado pela prpria recorrente na fase de instruo deste processo, fl. 119 do vol.
anexo 2, a diviso que ento supervisionava tem como atribuio a realizao de pesquisa de preos com
a finalidade de apurar os valores praticados no mercado. Na condio de Supervisora da Diviso de
Administrao de Materiais, e diante mesmo de suas prprias alegaes, no crvel que no tenha ela
tambm participado a elaborao aludida. Havendo sobrepreo, h que responsabilizar no apenas quem
estivesse incumbido originalmente de verificar a conformidade dos preos estimados com os de mercado,
mas tambm quem eventualmente esteja incumbido de tal superviso, nesta qualidade, e no tenha
impugnado o entendimento de outrem no sentido de que estavam conformes os ditos preos estimados.
Admitir o contrrio equivale a dizer despicienda a funo de supervisora aludida.
7.2.3.6 Ademais, reputamos que registrar como preo estimado o apresentado por apenas uma
empresa consiste em ato manifestamente ilegal, porque sabido que tal estimativa se presta para verificar
a conformidade de cada proposta com os preos praticados no mercado, estabelecida expressamente no
art. 43, inciso IV, da Lei no 8.666, de 1993. Da que deve o subordinado se insurgir se houver orientao
de superior hierrquico ou parecer de seo da entidade neste sentido
7.2.3.7 Por isso, entendemos que no assiste razo recorrente.
7.2.4 Segundo ponto
Sntese da alegao
7.2.4.1 Assere-se que se convidaram sete empresas para o certame e que apenas a empresa GLS
apresentou proposta.
7.2.4.2 Diz-se equivocado o entendimento deste Tribunal de improcedncia da alegao apresentada
na instruo deste processo no sentido de que difcil a feitura de pesquisa de mercado e a elaborao de
estimativas de custos. Como comprovariam os documentos de fls. 39/50 do vol. anexo 9, os fornecedores
ignorariam os pedidos de cotao de preos ao saber que se trata de estimativa, pela incerteza da
continuidade do processo e pelo receio de que o valor apresentado seja informado a seus concorrentes. A
disparidade dos valores apresentados por diferentes recorrentes tambm se constituiria em fator de
dificultao.
Exame
197
198
8. DO RECURSO INTERPOSTO PELO SR. JOS LUIZ VISCONTI (vol. anexo 11)
8.1 ADMISSIBILIDADE
Perfilhamos o exame de admissibilidade de fl. 4 do vol. anexo 11.
8.2 DAS QUESTES DE MRITO
Pedido
Pleiteia-se a reforma da deciso atacada em seu favor, a fim de ver feita insubsistente a aplicao de
multa consubstanciada no seu subitem 9.4.2.
8.2.1 Primeiro ponto
Entendimento deste Tribunal impugnado
8.2.1.1 Assinalado no relatrio da deciso combatida o pedido de apresentao de razes de
justificativa pela adoo de oramento estimado para a Concorrncia no 1/2004 em valor 28,3% superior
ao montante do contrato emergencial celebrado com a empresa Conbrs Engenharia Ltda., considerando a
contemporaneidade da feitura da estimativa e da celebrao do contrato.
Sntese da alegao
8.2.1.2 Sustenta-se que descabida a comparao dos valores levada a efeito, visto que por ocasio
de feitura das estimativas a empresa Conbrs ainda no havia estabelecido seu preo para a contratao
emergencial. Naquela oportunidade, s se podiam prestar de parmetros as pesquisas de preos efetuadas
em janeiro e julho de 2004 e as projees de correo dos valores ento contratados.
Exame
8.2.1.3 Na oportunidade da apresentao de suas razes de justificativa, o ora recorrente defendeu,
no concernente comparao entre o oramento estimado e o contrato emergencial celebrado com a
empresa Conbrs, que este ltimo no poderia se prestar como parmetro para tanto porque resultou de
negociao vantajosa para a DATAPREV. Rejeitado tal argumento por este Tribunal, apresenta nova
alegao para a discrepncia observada.
8.2.1.4 Para se fazer a comparao entre os preos pesquisados e os contratados emergencialmente
no preciso que ambos tivessem sido estabelecidos precisamente na mesma data. Importa que sejam
contemporneos, vale dizer, que tenham coexistido num mesmo espao temporal pequeno, ou, ainda, que
no haja um espao temporal entre eles extenso o bastante para impossibilitar a comparao, em razo da
necessidade de atualizaes decorrentes de elevaes de custos no perodo reputadas considerveis. No
caso, como registrado no item 53 da instruo de fls. 386/417 do vol. 1, transcrito no relatrio da deciso
impugnada, o contrato emergencial com a Conbrs foi firmado em agosto de 2004, mesma poca em que
foi celebrada a estimativa para a Concorrncia no 01/2004 (grifos acrescidos).
8.2.1.5 Por isso, o recorrente carece de razo.
8.2.2 Segundo ponto
Sntese da alegao
8.2.2.1 Assevera o recorrente que em licitaes do porte da Concorrncia no 1/2004 a competncia
do Escritrio Regional por ele gerenciado se cinge a identificar e requisitar a contratao dos servios.
Conforme Tabela de Competncia e Valores da DATAPREV (fls. 51/53 do vol. anexo 9), processos
cujos valores excedam a R$650.000,00 so autorizados pela Diretoria, depois de elaborados pareceres
pela Coordenadoria Jurdica e pelo Departamento de Logstica.
Exame
8.2.2.2 Consta a assinatura do responsvel na Requisio 116/04 da DSPA.P/LOGSTICA (fl. 248
do vol. 1) no campo denominado Autorizaes. Alm disso, reza a nota no 1 de rodap do Anexo II da
RS no 2488/2002 (fl. 53 do vol. anexo 9), que as RQs (requisies) de servios continuados (como o
caso do servio em tela) sero autorizadas pelos Gerentes dos Escritrios, independente do valor.
8.2.2.3 Por isso, consideramos que no assiste razo ao recorrente.
8.2.3 Terceiro ponto
Sntese da alegao
8.2.3.1 O recorrente afirma que no recebeu orientao para realizar ampla pesquisa de preo por
ocasio do pedido da Encom de repactuao do contrato, como consta da deciso enfrentada. Tendo sido
ele ouvido em audincia para se manifestar acerca de adoo de oramento para a Concorrncia no
01/2004 em valor superior a 28,3% ao montante do contrato (...), considerando que o oramento foi
elaborado na mesma poca do referido contrato....
199
Exame
8.2.3.2 O Memorando no 4382003, expedido pelo Departamento de Suprimentos em 21/11/2003 e
recebido no Escritrio Estadual de So Paulo em 21/11 do mesmo ano (fl. 18 do vol. anexo 2), em que se
cuida de repactuao de preos do Contrato no 2001.0131.21, se constitui em prova do recebimento da
orientao de feitura de pesquisa de preo de que cuida o trecho seguinte do relatrio da deciso atacada:
a responsabilidade do Sr. Jos Luiz Visconti, Gerente do Escritrio Estadual de So Paulo, decorre
do seguinte: (...) b) no realizao de amplas pesquisas de preo, mesmo tendo recebido orientao nesse
sentido por ocasio do pedido da Encom de repactuao do contrato (fls. 18, Anexo 2).
8.2.2.4 Diante disso, reputamos que o recorrente no tem razo.
9. DO RECURSO INTERPOSTO PELA Sr NEUSA LO KOBERSTEIN (vol. anexo 10)
9.1 ADMISSIBILIDADE
9.1.1 Props-se o no conhecimento do recurso, por intempestivo, no exame de admissibilidade de
fls. 44/45 do vol. anexo 10. O Ministro Relator anuiu proposta em 25/10/2005 fl. 10 do vol. anexo 11.
9.1.2 Diante disso, em 8/11 do mesmo ano, a recorrente trouxe aos autos novos elementos de defesa
consistentes na pea de fls. 46/49 do vol. anexo 10.
Sntese da alegao
9.1.3 Sustenta-se que o recurso tempestivo porque postado em 11/8/2005, como comprovaria o
documento de fl. 50 do mesmo volume.
Exame
9.1.4 Postou-se a pea de recurso em 11/8/2005, como verifica do documento trazido aos autos pela
recorrente. Temos que, luz do princpio do formalismo moderado que rege os processos de competncia
deste Tribunal, pode-se considerar esta data de postagem para o termo final da contagem do prazo
qinqenal e, com isso, conhecer do recurso. A Segunda Cmara assim houve por bem decidir em igual
situao examinada na via do Acrdo no 433 proferido em 31 de julho de 2001.
9.2 DAS QUESTES DE MRITO
9.2.1 Pedido
A recorrente pleiteia a reforma da deciso atacada em seu favor, a fim de ver feita insubsistente a
multa a ela aplicada na forma do subitem 9.4.1 da deciso atacada.
9.2.2 Imputao enfrentada
Responsabilidade pelo sobrepreo constatado no oramento estimado da Concorrncia no 7/2004.
9.2.3 Primeiro ponto
Sntese da alegao
9.2.3.1 A recorrente defende que a sua autorizao constante da Requisio DSPA.P no 166/02
(fl. 248 do vol. 1) se constitui em cumprimento do formalismo necessrio ao incio do processo de
aquisio.
9.2.3.2 Alega que no era competente para fazer juzo acerca de estimativas de preos ou assuntos
tcnicos. O Departamento de Suprimentos da DATAPREV a teria orientado no sentido de adotar o preo
proposto pela empresa GLS porque este teria sido encaminhado pela rea tcnica competente,
responsvel pela elaborao do Projeto Bsico e em face da possibilidade de se obter propostas de outros
fornecedores durante a tramitao do processo.
9.2.3.3 Teria ela registrado o valor estimado em foco no verso da Requisio DIEN.A
45/2004 seguindo orientaes do seu Gerente de Departamento. Como subordinada, somente
poderia se eximir de atender a orientaes superiores quando manifestamente ilegais, o que no se aplica
ao caso considerando os argumentos em favor da proposta expostos pela Diviso de Suprimento e o fato
de a Diviso de Engenharia da DATAPREV t-la avaliado.
9.2.3.4 Em razo do valor estimado do objeto do certame, superior a R$650.000,00 a competncia
para proceder autorizao da requisio no caso do processo de licitao em foco seria da Diretoria
Colegiada, consoante o estabelecido nos documentos de fls. 51 a 53 do vol. anexo 9. Ademais, a
Coordenao Jurdica da DATAPREV avalia todos os processos licitatrios.
Exame
9.2.3.5 Reza a nota no 1 de rodap do Anexo II da RS no 2488/2002 (fl. 53 do vol. anexo 9), que as
RQs (requisies) de servios continuados (como o caso do servio em telal) sero autorizadas pelos
Gerentes dos Escritrios, independente do valor. A responsvel assinou a Requisio 116/04 da
200
201
Sesso de 22/6/2005, Ata n 23/2005 (fl. 445 do vol. principal) para, no mrito, negar-lhes provimento,
mantendo-se inalterado o Acrdo recorrido;
b) tendo em vista as consideraes tecidas no subitem 4.2 desta instruo, juntar cpia da pea de
recurso interposto pelo Sr. Csar Luiz Feio Cinelli e da deciso que sobrevier aos autos do
TC 020.400/2004-2 (presentemente suspenso, segundo o sistema informatizado de consulta a processos
deste Tribunal);
c) cientificar os recorrentes da deliberao que sobrevier.
3. O Diretor da 1 Diretoria da Serur (fl. 52) endossou integralmente as concluses e propostas do
Analista.
4. O mesmo ocorreu com o Secretrio daquela unidade, que apenas divergiu no tocante ao recurso
de Neusa Lo Koberstein, para o qual alvitrou o no conhecimento, em virtude da intempestividade
daquele apelo.
o relatrio.
VOTO
5. Por entender adequada a anlise empreendida pelo Analista da Serur, acato as concluses e
propostas contidas no pronunciamento daquele servidor, igualmente recepcionadas pelo Diretor daquela
unidade tcnica, exceto no tocante ao apelo interposto por Neusa Lo Koberstein.
6. Nesse particular, compartilho o entendimento do Titular da Serur de que a intempestividade do
pedido de reexame daquela responsvel torna mais recomendvel seu no conhecimento.
7. Desse modo, voto pela adoo da minuta de acrdo que submeto apreciao deste colegiado.
Sala das Sesses, em 14 de maro de 2007.
AROLDO CEDRAZ
Relator
ACRDO N 335/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processos TC 020.404/2004-1 (com 1 volume e 12 anexos).
2. Grupo I Classe I Pedidos de Reexame.
3. Recorrentes: Empresa de Tecnologia e Informaes da Previdncia Social Dataprev, GLS
Engenharia e Consultoria Ltda., Jos Roberto Borges da Rocha Leo, Csar Luiz Feio Cinelli, Srgio
Paulo Veiga Torres, Galdino Rodrigues Jnior, Waina Paiva da Silva, Neusa Lo Koberstein e Jos Luiz
Visconti.
4. Entidade: Empresa de Tecnologia e Informaes da Previdncia Social Dataprev.
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
5.1. Relator da deliberao recorrida: Ministro Ubiratan Aguiar.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Secretaria de Recursos Serur.
8. Advogado constitudo nos autos: no h.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de pedidos de reexame interpostos pelos responsveis
acima mencionados contra o acrdo 823/2005 Plenrio;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em sesso do Plenrio, diante
das razes expostas pelo relator, com fulcro nos arts. 32, 33 e 48, da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer dos pedidos de reexame de Empresa de Tecnologia e Informaes da Previdncia
Social Dataprev, GLS Engenharia e Consultoria Ltda., Jos Roberto Borges da Rocha Leo, Csar Luiz
Feio Cinelli, Srgio Paulo Veiga Torres, Galdino Rodrigues Jnior, Waina Paiva da Silva e Jos Luiz
Visconti e, no mrito, negar-lhes provimento;
202
AROLDO CEDRAZ
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATRIO
Adoto como Relatrio a instruo de fls. 272/276, do anexo 1, produzida pela Serur, acolhida pelo
dirigente da unidade:
Trata-se de Recurso de Reconsiderao interposto por Cludio Roberto do Nascimento em face do
Acrdo n 899/2005 Plenrio (fl. 561, Volume 3), proferida em Sesso Ordinria do dia 6/7/2005 e
inserida na Ata n 25/2005.
HISTRICO
2. As contas do exerccio de 1996 do Ncleo Estadual do Ministrio da Sade no Acre
(NE/MS/ACRE) haviam sido julgadas regulares com ressalvas pela 1 Cmara (fls. 50/55, volume
principal). No entanto, a partir do exame das contas do exerccio de 2001, constatou-se pagamento
indevido de parcela de reajuste de 84,32%, de 1996 a 1999, referente a URP Plano Collor, a
servidores que ingressaram com as Aes Trabalhistas n 5.635 a 5.715/90 1 Junta de conciliao e
Julgamento de Rio Branco (1 JCB/RB). Saliente-se que Acrdo n 1.424/95 do Tribunal Regional do
203
Trabalho (TRT) da 4 Regio desconstitura o Acrdo n 807/91, que havia confirmado a sentena que
determinava o pagamento da rubrica (fls. 1/2, Vol. 1).
3. A Certido de fl. 32 do Volume 1 demonstra que o Senhor Antnio Martins Soares Souto
(Procurador Chefe da Unio no Estado do Acre) teve conhecimento do Acrdo n 1.424/95 TRT 1 Reg.
por intermdio do Senhor Cludio Roberto do Nascimento (Chefe do Escritrio de Representao do
Ministrio da Sade no Acre Substituto) em 5/10/1995. Diante disso, o Ministrio Pblico junto ao
TCU (MP/TCU) requereu, em recurso de reviso, a reabertura das contas do NE/MS/ACRE relativas ao
exerccio de 1996, por entender que o Senhor Cludio deveria ter interrompido o pagamento da referida
parcela, visto que j tinha conhecimento da deciso judicial.
4. Aps anlise das razes de justificativa do gestor, a Serur entendeu que no foram suficientes
para elidir as irregularidades e que, portanto, deveria ser-lhe imputada multa prevista no art. 58, I, da Lei
n 8.443/1992 (fls. 529/533, vol. 3). O MP/TCU acatou em parte esse encaminhamento, concordando com
o julgamento das contas como irregular e sugerindo, contudo, que os autos retornassem Unidade
Tcnica para quantificao do dano causado ao errio, identificao dos responsveis e realizao de
citaes, em virtude de haver evidncias de ter ocorrido m-f (fl. 534/535, vol. 3). O Ministro-Relator
anuiu esse encaminhamento (fl. 536, vol. 3).
5. Em novo exame, a 2 Diretoria Tcnica da Serur props que a Secex/AC realizasse a inspeo
para o saneamento do processo. Alm disso, sugeriu a citao do Senhor Cludio e a audincia do Senhor
Antnio (fls. 537/543, vol. 3). O Titular da Serur props que o Senhor Antnio no fosse
responsabilizado e que, dada a gravidade do fato, ao Senhor Cludio deveria ser imputada multa em seu
valor mximo e a medida extrema do art. 60 da Lei n 8.443, de 16 de julho de 1992 (fls. 544/548, vol.
3). O Ministrio Pblico ratificou o encaminhamento do Secretrio (fls. 550/551, vol. 3).
6. O Plenrio acolheu a proposta do Ministro-Redator (que acolheu o encaminhamento contido no
relatrio e no voto do Ministro-Relator, exceto na no aplicao de multa) e proferiu o Acrdo
n 899/2005, nos seguintes termos (fl. 561, vol. 3):
Acrdo
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas em que foi interposto, pelo
Ministrio Pblico junto ao TCU, recurso de reviso contra a deliberao constante da Relao
n 10/1998 Primeira Cmara, inserta na Ata n 5/1998, Sesso de 3/3/1998, mediante a qual foram
julgadas regulares com ressalva as contas do Escritrio de Representao do Ministrio da Sade no
Acre, relativas ao exerccio de 1996, dada quitao aos responsveis e feitas as determinaes sugeridas
nos pareceres emitidos nos autos.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso do Plenrio, ante as
razes expostas pelo Redator, em:
9.1. conhecer do presente recurso de reviso por preencher os requisitos de admissibilidade
estabelecidos no art. 35, inciso III, da Lei n 8.443/1992, para, no mrito, dar-lhe provimento, de modo a
tornar insubsistente a deliberao constante da Relao n 10/1998 Primeira Cmara, inserta na Ata
n 5/1998, Sesso de 3/3/1998, no que se refere ao julgamento das contas do Escritrio de Representao
do Ministrio da Sade no Acre relativas ao exerccio de 1996;
9.2. com fundamento nos arts. 1, inciso I, 16, inciso III, alnea b, 19, pargrafo nico, e 23, inciso
III, da Lei n 8.443/1992, julgar irregulares as contas do ordenador de despesas do Escritrio de
Representao do Ministrio da Sade no Acre, Sr. Cludio Roberto do Nascimento, e aplicar-lhe multa
no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificao,
para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alnea a, do RITCU), o recolhimento da dvida
aos cofres do Tesouro Nacional, a qual dever ser atualizada monetariamente, na forma da legislao em
vigor, at a data do efetivo pagamento, caso este ocorra aps o prazo fixado;
9.3. com fulcro nos arts. 1, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei n 8.443/1992, julgar
regulares com ressalvas as contas dos demais responsveis indicados no item 4.1 supra, dando-lhes
quitao;
9.4. dar cincia desta deliberao aos responsveis arrolados no item 4.1 acima. (grifei)
ADMISSIBILIDADE
7. O Servio de Admissibilidade desta Unidade Tcnica, ao examinar o recurso, props que este
fosse conhecido, nos termos do art. 32, I e 33 da Lei n 8.443/1992 (fl. 269, anexo 1). Afirmou que o
204
Regimento Interno do TCU admite o recurso de reviso diante de fatos novos e que isso ocorrera
quando o MP/TCU interps o recurso para a reabertura das contas. Dessa forma, asseverou que houvera
nova deciso terminativa no processo ao se apreciar esses fatos novos e, por esse motivo, seria cabvel
novo recurso de reconsiderao (fls. 268/269, anexo 1). O Ex.mo Ministro-Relator acolheu o exame
preliminar e encaminhou os autos Serur para instruo (fl. 271, Anexo 1).
MRITO
Sntese dos Argumentos
8. O recorrente, em seu arrazoado (fls. 1/11, Anexo 1), apresenta uma srie de argumentos que
sero expostos a seguir de forma resumida:
a) afirma que encaminhou ao Procurador Chefe da Unio no Estado do Acre atravs ofcio
n 200/1995. Doc. fls. 091 118, cpia do acrdo 1.424/95 e Recurso Ordinrio interposto junto ao TRT
14 Regio, solicitando adotar providncias cabveis.... Destaca, ainda, que no houve resposta da
Advocacia-Geral da Unio (AGU), que seria o rgo responsvel pela assessoria jurdica do
NE/MS/ACRE. (grifo do original);
b) seria injusto exigir do gestor conduta incompatvel com os seus conhecimentos jurdicos;
c) deveria ser isento de qualquer responsabilidade, em razo de ter agido de boa-f;
d) no teria ocorrido descumprimento do Acrdo n 1.424/95, visto que os servidores j esto
devolvendo as vantagens recebidas.
Anlise
9. Destaque-se, de incio, os argumentos trazidos pelo recorrente so bastante semelhantes aos
anteriormente apresentados em suas razes de justificativa (fls. 39/44, vol. 3) e foram amplamente
analisados e rejeitados neste Processo.
10. Alm disso, so todos relacionados tentativa de demonstrar que o interessado no teria
responsabilidade na desobedincia ao Acrdo n 1.424/95 TRT 4 Reg., desconstituidor do Acrdo
n 807/91 que, por sua vez, permitia o pagamento da parcela de 84,32% referentes ao Plano Collor (IPC
de maro de 1990). Por essa razo, a questo central a ser examinada a competncia pela interpretao
do aresto do TRT.
11. O interessado era, na poca, o Chefe-Substituto do Escritrio de Representao do Ministrio da
Sade no Acre. Desse modo, ao ter conhecimento da deciso judicial, cabia a ele interpret-la e aplic-la
ao rgo onde exercia cargo de comando. Por certo, no se questiona que, se fossem necessrios maiores
conhecimentos jurdicos para buscar o sentido da deciso do TRT, seria razovel solicitar ao rgo de
consultoria jurdica posicionamento a respeito do assunto. Entretanto, isso no est configurado no caso
em exame.
12. Como ser demonstrado, o Pleno do TRT da 4 Reg. foi bastante claro ao proferir o Acrdo
n 1.424/95 do. (fl. 23/28, vol. 1), cujo excerto transcrevo a seguir:
... julgar procedente a ao rescisria para efeitos de desconstituir o v. Acrdo 807/91, que
confirmou a sentena da 1 Junta de Conciliao e Julgamento de Rio Branco nas reclamatrias
trabalhistas nos 5.635 a 5.715/90 e, em novo julgamento, proclamar a improcedncia daquela ao no
tocante ao reajuste atinente ao 'Plano Collor', extinguindo a pertinente execuo (grifei)
13. O prprio gestor poderia e deveria t-lo interpretado. O Acrdo n 807/91, que amparara o
pagamento da parcela referente ao Plano Collor, estava desconstitudo. Logo, estava evidenciado que
esse valor no mais deveria ser pago. Ademais, houve a expressa declarao para a extino da execuo
do acrdo quanto referida parcela.
14. Ainda para contribuir no entendimento da questo, traslado trecho do Voto condutor do
Acrdo n 1.424/95, que deixa ainda mais cristalino o contedo da deciso:
Assim, efetivamente, a presente ao rescisria h que prosperar para efeito de desconstituir o
julgado rescindendo e preferir-se novo julgamento da causa, decretando-se a improcedncia da
reclamatria subjacente, no tocante aos reajustes pertinentes ao Plano Collor (84,32%), extinguindo-se a
pertinente execuo e condenando-se a r a restituir os valores que tenha recebido em razo da deciso
rescindenda. (grifei)
15. Como visto, inquestionvel que no era necessrio o auxlio de consultoria jurdica para a
correta obedincia aos ditames do julgado. razovel exigir de um servidor que exerce um cargo de
chefia discernimento para compreender o Acrdo do TRT. Da mesma forma, no h motivos para se
205
VOTO
O Recurso de Reconsiderao preenche os requisitos de admissibilidade previstos no art. 32, I, e 33
da Lei n 8.443, de 16 de julho de 1992, merecendo, portanto, ser conhecido.
2. No que concerne ao mrito das questes suscitadas, destaco a informao trazida pelo recorrente
de que no houve omisso da sua parte quando detentor do cargo de chefia com o intuito de beneficiar-se
ou a outros servidores, pois que, na realidade, teria encaminhado o mandado de citao ao ProcuradorChefe da Unio no Estado do Acre (ofcio 200/2005 fls. 91/118), para obteno de orientao ao seu
adequado cumprimento.
3. Argumentou ainda que h orientao dos rgos superiores do Ministrio da Sade nesse sentido.
Para comprovar o que afirma, fez juntar aos autos os documentos de fls. 166/231, do Anexo 1 que, no
entanto, no so elucidativos quanto mencionada orientao superior.
4. Independentemente da argumentao do recorrente, restou claramente demonstrado na instruo
que o Acrdo n 1424/95, proferido nos autos da Ao Rescisria n 007/92 (fls. 254/262), impetrada
junto ao TRT/14 Regio pela extinta Procuradoria do Instituto Nacional de Assistncia Mdica e
Previdncia Social Inamps, que desconstituiu o Acrdo n 807/91, o qual havia confirmado a sentena
condenatria do IPC de maro de 1990, era bastante elucidativo quanto obrigao de sustar o
pagamento da rubrica, no sendo necessrios maiores conhecimentos jurdicos para buscar o sentido da
deciso.
5. Por outro lado, o acrdo recorrido deixou patente que um homem mdio, sabendo que
determinado pagamento est amparado unicamente em determinao judicial, ao ser informado de que
referida determinao foi desconstituda, certamente entende que isso implica a automtica interrupo
desse pagamento. Portanto, como principal dirigente do rgo, com obrigao formal de bem administrlo, ao tomar conhecimento do julgado, tinha por dever adotar essa medida.
6. Sendo assim, o pagamento indevido do percentual de 84,32% (Plano Collor) aos servidores do
Ncleo de Representao do Ministrio da Sade no Acre, entre os exerccios de 1996 a 1999, foi fruto de
ato omissivo do recorrente em no dar cumprimento deciso judicial da qual tomou cincia em
5/10/1995, conforme faz prova o documento acostado fl. 32, do volume 1.
7. Ressalto, ainda, como agravante para os fatos apurados neste processo, que o Sr. Cludio Roberto
do Nascimento se beneficiou diretamente de sua omisso em no adotar medidas para a cessao do
pagamento da parcela impugnada e promover a restituio dos valores recebidos indevidamente a partir
de 1990, pois que tambm era beneficirio desse pagamento, razo que justificou a reabertura de suas
contas referentes ao exerccio de 1996, e o novo julgamento, desta feita pela irregularidade , nos termos
206
do art. 1, inciso I, art. 16, inciso III, alnea b e aplicao da multa prevista no art. 58, inciso I, da Lei
n 8.443, de 16 de julho de 1992.
8.. Ante esses elementos, manifesto minha concordncia com o entendimento apresentado pela
Unidade Tcnica, com o qual concordou o Ministrio Pblico junto a esta Corte de Contas. De fato os
elementos trazidos pelo recorrente no tem o condo de alterar o juzo anteriormente adotado no
processo.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberao que ora submeto ao
Colegiado.
Sala das Sesses, em 14 de maro de 2007.
AROLDO CEDRAZ
Relator
ACRDO N 337/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC 800.044/1997-5 (com 3 volumes e 1 anexo).
2. Grupo I Classe I Recurso de Reconsiderao.
3. Responsvel: Cludio Roberto do Nascimento (CPF 215.919.542-15).
4. Entidade: Ncleo de Representao do Ministrio da Sade no Acre.
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
5.1 Relator da deliberao recorrida: Auditor Lincoln Magalhes da Rocha.
5.2 Redator da deciso recorrida: Auditor Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministrio Pblico: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidade Tcnica: Secretaria dos Recursos Serur.
8. Advogado constitudo nos autos: no h.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de Recurso de Reconsiderao interposto por
Cludio Roberto do Nascimento em face do Acrdo n 899/2005 Plenrio, proferida em Sesso
Ordinria do dia 6/7/2005 e inserida na Ata n 25/2005;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, diante das
razes expostas pelo Relator, com fulcro no art. 33 da Lei n 8.443, de 16 de julho de 1992, em:
9.1. conhecer do recurso de reconsiderao e negar-lhe provimento;
9.2. dar cincia da presente deliberao ao responsvel;
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0337-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo Cedraz
(Relator).
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
AROLDO CEDRAZ
Relator
207
RELATRIO
Ao instruir o presente processo(fls. 95/105), o Analista manifestou-se nos termos abaixo transcritos
propondo o conhecimento do recurso, para, no mrito, dar-lhe provimento parcial no sentido de
desconstituir o dbito atribudo ao responsvel, uma vez que a documentao ora juntada aos autos
demonstram a efetiva aplicao dos recursos no objeto conveniado, preservando-se no entanto a aplicao
da multa, ainda que em valor reduzido, proposta essa acolhida pelo Diretor da 2 Diretoria Tcnica:
INTRODUO
Trata-se de Recurso de Reviso interposto pelo Sr. Auriclio Ribeiro, ex-Prefeito do Municpio de
Jurema, devidamente representado, conforme procurao constante fl. 17, deste anexo, contra o
Acrdo n 375/2004 2 Cmara (fls. 68, volume principal), proferido em processo de Tomada de
Contas Especial, instaurada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao FNDE.
2. O Acrdo recorrido julgou irregulares as contas do responsvel, condenou-o ao pagamento do
dbito no valor total transferido (R$ 19.800,00) e aplicou-lhe multa de R$ 5.000,00. A condenao
decorreu da no comprovao da boa e regular aplicao dos recursos federais recebidos, haja vista a
omisso no dever de prestar contas dos recursos recebidos do FNDE, conta do Programa de Manuteno
e Desenvolvimento do Ensino Fundamental PMDE, por fora do Convnio n 41033/98, que objetivava
suplementar a manuteno das escolas pblicas municipais e municipalizadas que atendessem mais de 20
alunos no ensino fundamental.
3. Irresignado com a deliberao do Tribunal, o recorrente interps o presente Recurso de Reviso
(fls. 01/14, deste).
ADMISSIBILIDADE
4. O exame preliminar de admissibilidade (fls. 88/89, deste), ratificado fl. 91 pelo Exmo MinistroRelator, conclui pelo conhecimento do recurso, eis que preenchidos os requisitos processuais aplicveis
espcie.
MRITO
5. A seguir apresentaremos os argumentos do recorrente, de forma sinttica, seguidos das
respectivas anlises.
208
6. Argumentos: O recorrente relata ter sido surpreendido com o seu nome constando no
CADIRREG (fl. 03, deste volume), j que, segundo ele, a prestao de contas foi encaminhada
regularmente concedente pelos Correios, que a extraviou. Diante disso, requer o reconhecimento da
boa-f de sua conduta e, conseqentemente, que no lhe seja aplicada multa (fl. 3 e 12/13, deste).
7. Anlise: A alegao de que a prestao de contas foi extraviada carece de comprovao
documental (comprovante de envio, por exemplo) e, por conseguinte, no deve ser acolhida.
8. Mesmo que fosse possvel que este Tribunal se convencesse do alegado extravio, ainda assim no
haveria como reconhecer razo ao recorrente, pois, caso fosse pessoa precavida, teria confirmado com o
concedente o recebimento da sua prestao de contas e informado seu suposto novo endereo, diante da
eventualidade de que suas contas viessem a apresentar irregularidades. No adotando nenhuma dessas
providncias, assumiu o risco de que o processo tramitasse sua revelia, com todas as conseqncias
inerentes a essa decretao.
9. H que se registrar, ademais, que a obrigao de prestar contas dos recursos transferidos
independe de comunicao do concedente e de citao do TCU. Surge com a celebrao do termo de
convnio. A omisso consuma-se a partir do momento em que esgota-se o prazo estabelecido para
prestao de contas dos recursos transferidos e o gestor permanece inerte, de forma que, no caso concreto,
mesmo que o recorrente tivesse apresentado a prestao de contas em seguida sua citao pelo TCU, ela
teria sido intempestiva. Os efeitos da intempestividade sero analisados detidamente nos itens 54/63 da
presente instruo.
10. Em relao boa-f alegada pelo responsvel, a comprovada omisso no dever de prestar contas
afasta, em princpio, qualquer presuno nesse sentido, aplicando-se no caso o teor do art. 3 da Deciso
Normativa 35/2000.
11. Quanto aplicao de multa, essa questo ser desenvolvida em itens especficos (57/60).
12. Argumentos: Afirma que, caso tivesse sido realizada inspeo ao Municpio, teria sido
detectado o extravio da prestao de contas em muito bom tempo, assim como o zelo na utilizao dos
recursos (fls. 03/12, deste).
13. Anlise: O argumento do recorrente representa uma tentativa de se inverter o nus da prova, em
afronta aos preceitos constitucionais e da legislao infraconstitucional. O gestor de recursos pblicos
que deve comprovar adequadamente o destino dado a recursos pblicos sob sua responsabilidade. Essa
posio decorre de expresso mandamento constitucional insculpido no art. 70, pargrafo nico, da Carta
Magna, bem como no disposto no art. 93 do Decreto-lei n 200/67 c/c o art. 66 do Decreto n 93.872/86.
Em consonncia com tais dispositivos, a jurisprudncia desta Corte de Contas pacfica no sentido de que
compete ao gestor comprovar a boa e regular aplicao dos recursos pblicos, cabendo-lhe o nus da
prova.
14. Ademais, a realizao de inspeo, tal qual sugerida pelo recorrente, seria incua, tendo em
vista que eventual constatao da concluso do objeto do convnio no teria o condo de afastar as
irregularidades que deram ensejo sua condenao. Para a aprovao das contas, no basta a constatao
da execuo do objeto do convnio, faz-se necessrio que o convenente comprove, dentre outros, que o
objeto do convnio foi atingido com a utilizao dos recursos do convnio. At porque, caso tal exigncia
no existisse, nada impediria que o prefeito convenente se apropriasse dos recursos do convnio e
executasse o seu objeto com recursos da municipalidade.
15. Argumentos: Assevera que basta confrontar as assinaturas constantes dos documentos pessoais
do recorrente com as dos comprovantes de entrega das citaes, inclusive aquelas orquestradas pelo
controle interno do executivo federal, para que se d conta que no foi ele o recebedor.
16. Cita trecho de doutrina de Jorge Ulisses Jacoby Fernandes que ensina que o art. 22 da LO/TCU
prev que a citao pelo correio o seja mediante AR-MP. O aludido autor defende que a citao por edital
somente deve ser promovida aps trs tentativas do carteiro de entregar a correspondncia pessoalmente
ao destinatrio.
17. Cita resoluo n 008/1993, do TCU, que, em seu art. 1, inciso II, prev a citao por AR-MP
e, em seu pargrafo nico, dispe que considerar-se- no localizado o destinatrio que no tenha sido
localizado embora procurado por trs vezes, no endereo indicado.
209
18. Relata que, por ocasio da entrega dos ofcios citatrios, no se cuidou de investigar a
identidade do recebedor para verificar se era seu parente ou conhecido, de observar que o carteiro
retornaria, ou de procurar identificar seu atual endereo com vizinhos.
19. Segundo ele, procedeu-se imediata citao por edital sem que estivessem esgotadas todas as
tentativas que a carta registrada encerra. Assevera que a citao por edital deve ser evitada, por ter grande
probabilidade de prejudicar o direito de defesa do imputado.
20. Procurando comprovar que no residia no endereo a que foram encaminhadas as
correspondncias do FNDE e do TCU, junta aos autos cpia de correspondncia enviada pelo Sistema
nico de Sade para a sua alegada nova residncia (fl. 86, deste).
21. Raciocina que, embora a resoluo n 170/2004 do TCU, no se reporte expressamente
necessidade de AR-MP, a interpretao sistemtica e teleolgica da pretenso da norma no deixa dvida
quanto continuidade daquela cautela.
22. Alega que os defeitos verificados nas correspondncias que lhe foram enviadas prejudicam seus
direitos constitucionais de ampla defesa e contraditrio.
23. Assevera que a falta ou o defeito na citao impem a nulidade do processo, por constiturem
vcios insanveis, razo pela qual requer a declarao de nulidade de todos os atos processuais a partir da
citao (fls. 7/11 e 13, deste).
24. Anlise: Os argumentos acima trazidos pelo recorrente no podem prosperar, tendo em vista que
a entrega dos AR a pessoas que no o recorrente no significa que as citaes no sejam vlidas.
25. A citao vlida pressuposto indispensvel para a validade do processo administrativo do
TCU, nos casos de imputao de dbito a responsveis, em conformidade com os princpios do
contraditrio e da ampla defesa, assegurados no art. 5, inciso LV, da Constituio Federal e ratificados
no art. 12, inciso II, da Lei Orgnica do TCU.
26. Entretanto, a jurisprudncia vem dando interpretao, construda sobre a regra do pargrafo
nico do art. 223 do CPC, que exige explicitamente a assinatura do recibo pelo citando, no sentido de
dispensar a entrega da citao em mos prprias. Antes restrita citao de pessoas jurdicas, a
desnecessidade de recebimento pelo responsvel tornou-se aos poucos aplicvel tambm s pessoas
naturais. Dentre inmeros exemplos nesse sentido, destacamos o Acrdo do TJDFT n 160031, de
16/04/2002 (APC 8804/DF), mencionado pelo Exmo Ministro Marcos Vilaa, por ocasio de suas
consideraes acerca da emendas apresentadas ao anteprojeto do novo Regimento (TC 004.023/2000-3):
Citao postal. Pessoa fsica. Validade. vlida a citao postal da pessoa fsica quando o AR
entregue no seu endereo, mesmo que no assinado pelo prprio citando, a quem cabe afastar, nesse
caso, a presuno de recebimento da carta citatria.
27. Nesse diapaso, faz-se mister trazer baila a inteligncia da Lei n 6.830/80, Lei de Execues
Fiscais, conforme a jurisprudncia do STJ, onde tambm se verifica a hiptese de validade da citao por
correio, quando realizada no endereo do citando:
PROCESSUAL CIVIL. EXECUO FISCAL. CITAO POSTAL. ENTREGA NO ENDEREO
DO EXECUTADO. VALIDADE. CITAO POR EDITAL. DESCABIMENTO.
1. Nos termos do art. 8, inciso I, da Lei de Execues Fiscais, para o aperfeioamento da citao,
basta que seja entregue a carta citatria no endereo do executado, colhendo o carteiro o ciente de quem
a recebeu, ainda que seja outra pessoa, que no o prprio citando.
2.Somente quando no lograr xito na via postal e for frustrada a localizao do executado por
oficial de justia, fica o credor autorizado a utilizar-se da citao por edital, conforme disposto no art.
8, inciso III, da citada Lei de Execues Fiscais.
3. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no RESP 432189/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em
26.08.2003, DJ 15.09.2003 p. 236)
28. Ainda na mesma linha, porm na seara do processo administrativo, ao discorrer sobre a
formalizao das intimaes na Lei n 9.784/99, que de aplicao subsidiria nos processos desta Corte,
Jos Carvalho dos Santos Filho (in Processo Administrativo Federal Comentrios Lei 9.784 de
29/1/1999, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001, pg. 164) leciona o seguinte:
A via postal, para ser vlida exige que o aviso de recebimento seja juntado no processo. Sem essa
prova, haver apenas a presuno de cincia, sendo bem provvel que a intimao no tenha alcanado
210
seu fim. No aviso de recebimento deve constar a assinatura do destinatrio, e no de terceiros. Apesar
disso, os Tribunais, no processo judicial, tm mitigado o rigor do personalismo: se o recebedor da
intimao postal tiver intrnseca ligao com o destinatrio, considerar-se- que este, presumivelmente,
tomou cincia, cabendo-lhe, em conseqncia, provar o inverso. Essas mesmas linhas podem ser aceitas
quando a hiptese for a de intimao por telegrama, em que haja tambm a informao de quem o
recebeu.
29. Por todo o exposto, percebe-se que no imprescindvel que o aviso de recebimento seja
assinado pelo prprio destinatrio. Se a correspondncia for entregue no endereo correto, haver
presuno do recebimento da citao pelo responsvel. Trata-se, no entanto, de presuno relativa, de
sorte que ao interessado cumpre provar que efetivamente no recebeu a citao.
30. Foi no sentido da prescindibilidade da entrega pessoal que a entrega das comunicaes pelo
TCU foi positivada na Lei n 8.443, de 16 de julho de 1992 e no Regimento Interno do TCU RI/TCU,
aprovado pela Resoluo n 155, em 04 de dezembro de 2002.
Lei n 8.443, de 16 de julho de 1992. Art. 22. A citao, a audincia, a comunicao de diligncia
ou a notificao far-se-:
I mediante cincia do responsvel ou do interessado, na forma estabelecida no Regimento
Interno;
II pelo correio, mediante carta registrada, com aviso de recebimento; (grifo nosso)
III por edital publicado no Dirio Oficial da Unio, quando o seu destinatrio no for localizado.
Pargrafo nico. A comunicao de rejeio dos fundamentos da defesa ou das razes de
justificativa ser transmitida ao responsvel ou interessado, na forma prevista neste artigo.
RI/TCU. Art. 179. A citao, a audincia ou a notificao, bem como a comunicao de diligncia,
far-se-o:
I mediante cincia da parte, efetivada por servidor designado, por meio eletrnico, fac-smile,
telegrama ou qualquer outra forma, desde que fique confirmada inequivocamente a entrega da
comunicao ao destinatrio;
II mediante carta registrada, com aviso de recebimento que comprove a entrega no endereo do
destinatrio; (grifo nosso)
III por edital publicado no Dirio Oficial da Unio, quando o seu destinatrio no for localizado.
(...)
5 Ato normativo prprio do Tribunal disciplinar a elaborao, a expedio e o controle de
entrega das comunicaes.
31. Em 30 de junho de 2004, foi editada a Resoluo TCU n 170, de 30 de junho de 2004, que
dispe sobre a elaborao e a expedio das comunicaes processuais emitidas pelo Tribunal de Contas
da Unio. Embora o normativo seja posterior aos fatos em anlise, consideramos pertinente sua
compreenso, posto que seu objetivo no era inovar a respeito do assunto, mas sim padronizar e
uniformizar os procedimentos relativos s comunicaes processuais previstas no art. 22 da Lei n 8.443,
de 16 de julho de 1992 e no 5 do art. 179 do RI/TCU. Transcrevemos, a seguir, os pontos mais
importantes da mencionada Resoluo para a questo em discusso.
Art. 3 As comunicaes sero dirigidas ao responsvel, ou ao interessado, ou ao dirigente de
rgo ou entidade, ou ao representante legal ou ao procurador constitudo nos autos, com poderes
expressos no mandato para esse fim, por meio de:
(...)
III carta registrada, com aviso de recebimento;
Art. 4 Consideram-se entregues as comunicaes:
(...)
II realizadas na forma prevista no inciso III do artigo anterior, com o retorno do aviso de
recebimento, entregue comprovadamente no endereo do destinatrio; (grifo nosso)
(...)
1 O endereo do destinatrio dever ser previamente confirmado mediante consulta aos sistemas
disponveis ao Tribunal ou a outros meios de informao, a qual dever ser juntada ao respectivo
processo.
211
32. Nessa esteira, passa o cerne da questo a girar em torno da comprovao do endereo do
destinatrio. O pargrafo primeiro da Resoluo transcrita preconiza que dever haver a prvia consulta
aos sistemas disponveis ou a outros meios de informao, que dever ser juntado ao processo. No caso
concreto, tal procedimento foi observado, como demonstraremos nos prximos pargrafos.
33. O FNDE enviou ao recorrente o Ofcio n 2835/2002 FNDE/DIROF/GECAP, com Aviso de
Recebimento AR, em 18/04/2002, reiterando solicitao para que o recorrente lhe apresentasse sua
prestao de contas (fls. 21/24, v.p.). A correspondncia foi entregue no endereo que o ex-Prefeito
informou por ocasio da assinatura do termo de convnio, qual seja, Rua Paulo Ribeiro Soares n 01,
Centro, Jurema PI (fls. 8/15, v.p.). Diante do no atendimento da notificao, o convenente procedeu
notificao editalcia, em 16/07/02 (fl. 30, v.p.).
34. Por meio do Ofcio n 800/2003-TCU/Secex/PI, de 06/10/2003, este Tribunal citou o recorrente
para apresentar sua alegaes de defesa e/ou recolher aos cofres do FNDE a quantia discriminada, sendolhe alertado que o no atendimento citao, implicaria no seu julgamento revelia (fl. 60, v.p.). Mais
tarde, enviou-lhe o Ofcio n 0284/2004-TCU/Secex/PI, de 28/04/2004, que comunicou-lhe a deciso
proferida no Acrdo ora recorrido (fls. 75/76 v.p.). Ambos os ofcios foram entregues mediante AR
(fls. 61 e 80, v.p.), no endereo da residncia do Prefeito, que foi obtido, pela Secex/PI por meio de
consulta ao Sistema CPF, da Secretaria da Receita Federal. O endereo era Praa do Sossego, 01, Centro,
Jurema PI.
35. Acrescente-se, por oportuno, que, em 19/04/05, esta Serur realizou nova consulta ao Sistema
CPF (fl. 92, deste), ocasio em que constatou que o endereo do recorrente permanecia o mesmo a que
foram enviadas as correspondncias do TCU, indicado no item anterior. Cabe registrar que, segundo
consta no sistema, o CPF do recorrente est regular.
36. Tem-se, pois, que o recorrente foi notificado pelo FNDE e pelo TCU nos moldes dos
normativos supracitados, ou seja, mediante cartas registradas com aviso de recebimento que comprovam a
entrega no endereo do destinatrio, sendo que em todas as correspondncias constou o nome do
recorrente como destinatrio.
37. importante deixar claro que o recorrente no trouxe aos autos elementos suficientes para
convencer este Tribunal de que, poca dos fatos, o endereo em que foram entregues as
correspondncias no era correto. Se pretendia afastar a presuno de recebimento da citao, cabia a ele
fazer prova nesse sentido, anexando sua pea recursal, por exemplo, documentos capazes de comprovar
a venda do imvel, a resciso de contrato de locao ou a desatualizao do Sistema CPF. No entanto, ele
limitou-se a juntar aos autos cpia de correspondncia que lhe foi remetida pelo Sistema nico de Sade
(fl. 86, deste), documento que no pode receber desta Corte de Contas o valor conclusivo que o recorrente
pretende emprestar-lhe, tendo em vista que no h bice em um indivduo possuir mais de uma
residncia.
38. Assim, tem-se que a citao em foco deve ser considera vlida, posto que as correspondncias
expedidas pelo Tribunal foram enviadas ao endereo residencial devidamente comprovado do ex-Prefeito.
39. Mister salientar que, se prevalecesse a tese do recorrente, o TCU estaria fadado a realizar
inmeras comunicaes para apresentao de alegaes de defesa at conseguir a assinatura do recorrente
no AR e estaria, na prtica, impedido de exercer de maneira clere a atividade de controle externo.
40. Registre-se, por fim, que no caso que ora se analisa, o recorrente pde valer-se do direito de
interpor o recurso em anlise, o que permite o reexame do mrito da deciso condenatria, sobretudo pela
juntada de documentos e produo de provas que julgou necessrias.
41. Pelo exposto, resta cristalino que o direito constitucional do recorrente ao devido processo legal,
o que inclui a ampla defesa e o contraditrio, foi plenamente respeitado.
42. Argumentos: A apresentao das contas, de acordo com os normativos pertinentes, possibilita a
modificao do Acrdo contra o qual se insurge (fls. 04 e 12/13, deste).
43. Anlise: A documentao acostada aos autos pelo recorrente permite concluir que os objetivos
do convnio foram cumpridos, no sentido de que os recursos transferidos foram utilizados para garantir a
manuteno de escolas pblicas.
212
44. Ficou comprovada, alm disso, a realizao de procedimento licitatrio para as compras dos
materiais escolares, que representaram mais de 54% das despesas efetuadas no mbito do convnio
(fls. 30/59, deste).
45. Quanto s demais despesas (fls. 60/78, deste), referentes a compras e servios, no foram
realizadas licitaes nem foram apresentadas justificativas para sua dispensa ou inexigibilidade,
providncia prevista na Clusula 9, item II, letra g, do Termo de Convnio firmado (fl. 14, v.p.).
46. Contudo, h que se ponderar que os valores de cada uma das despesas mencionadas no item
anterior se situam abaixo do limite previsto pelo art. 24, inciso II, da Lei n 8.666/93, para que a licitao
de compras e servios outros que no os de engenharia seja dispensvel (R$ 8.000,00), bem como que o
art. 26 do mesmo normativo legal no exige justificativa para as dispensas naquele caso, desde que no se
refiram a parcelas de uma mesma compra ou servio que possam ser realizadas de uma s vez.
47. oportuno que acrescentemos que no h como considerar que as despesas a que nos referimos
no pargrafo anterior possam ser consideradas parcelas de uma mesma compra ou servio, de forma que
seu somatrio deva ser considerado para fins de comparao com os limites previstos pela Lei
n 8.666/93. Portanto, no podemos considerar irregulares os atos do responsvel no que tange quele
apontamento.
48. Por outro lado, h que se reconhecer algumas ressalvas em relao a outros dados apresentados
na prestao de contas do responsvel.
49. Primeiramente, embora a Relao de Escolas Beneficiadas conste da prestao de contas (fl. 28,
deste), no h como estabelecer, com exatido, qual a destinao dos recursos do convnio, tendo em
vista que todos os materiais foram adquiridos diretamente pela prefeitura e no h documentos
demonstrando a sua transferncia subseqente para as escolas beneficiadas.
50. Outra falha notada refere-se ausncia de comprovao de que a Cmara Municipal tenha sido
notificada da liberao dos recursos do convnio, conforme exige o termo de convnio em sua Clusula
2, item I, letra e, do termo de convnio (fl. 20, deste).
51. Alm disso, no foi anexada cpia do despacho adjudicatrio, mas apenas o termo de
homologao da licitao realizada para aquisio de material escolar.
52. H ainda a questo da apresentao de contas intempestiva, conforme discorremos no item 9 da
presente instruo.
53. Com relao aos apontamentos constantes dos itens 49/51, consideramos que se trata de falhas
pouco significativas, no tendo o condo de, sozinhas, macular a correta aplicao de recursos pblicos
por intermdio do multicitado convnio. J, com relao apresentao intempestiva das contas,
necessrio que procedamos a um estudo mais aprofundado.
54. Primeiramente, impende ressaltar que a prestao de contas princpio constitucional sensvel
(art. 34, inciso VII, alnea d, e art. 35, inciso II, da Constituio Federal) e corolrio do princpio
instrumental do controle externo. Assim, o fato tipificado no art. 16, inciso III, alnea a, da Lei n 8.443,
de 16 de julho de 1992 omisso no dever de prestar contas no requer o resultado dano para sua
consumao. Neste sentido, apenas prova robusta que justifique o ilcito, no sentido de introduzir
exculpantes ou excludentes de responsabilidade, seria capaz de retirar a irregularidade das contas. Como
tal circunstncia no se verifica no caso em concreto, h que subsistir a concluso pela irregularidade das
contas do Sr. Auriclio Ribeiro.
55. Com relao imputao de dbito, esclarea-se que, sempre que o gestor deixa de prestar
contas no prazo estabelecido, h presuno de dbito. A comprovao da aplicao dos recursos no objeto
do convnio, por meio de prestao de contas intempestiva no tem o condo de suprimir a omisso
inicial, posto que aes corretivas posteriores no tm a capacidade de retroagir no tempo para desfazer
uma irregularidade que j se consumou, mas elide essa presuno de dbito, posto que possui natureza de
prova desconstitutiva do dbito.
56. nesse sentido que o Regimento Interno desta Casa, aprovado em 4 de dezembro de 2002 pela
maioria absoluta de seus Ministros titulares, dispe em seu art. 209, 3:
Citado o responsvel pela omisso de que trata o inciso I, a apresentao de prestao de contas
posterior no elidir a irregularidade, podendo o dbito ser afastado caso a documentao apresentada
esteja de acordo com as normas legais e regulamentares e demonstre a boa e regular aplicao dos
recursos (grifo nosso).
213
57. Quanto aplicao de multa, entendemos que tambm deva ser mantida, j que, neste caso
concreto, a multa ter objetivo pedaggico, que no pode ser esquecido. Ela uma sano que deriva da
omisso na prestao de contas, dever tutelado por princpios tais como o da democracia, o do controle
externo, o da legalidade e o mencionado princpio constitucional sensvel da prestao de contas.
58. Reforando tal entendimento, o art. 19, pargrafo nico, da Lei n 8.443, de 16 de julho de 1992
claro ao determinar que o Tribunal aplique multa quando julgar as contas irregulares sem a ocorrncia
de dbito, mas comprovada qualquer das irregularidades previstas no inciso III do art. 16:
Art. 19. Quando julgar as contas irregulares, havendo dbito, o Tribunal condenar o responsvel
ao pagamento da dvida atualizada monetariamente, acrescida dos juros de mora devidos, podendo,
ainda, aplicar-lhe a multa prevista no art. 57 desta lei, sendo o instrumento da deciso considerado ttulo
executivo para fundamentar a respectiva ao de execuo.
Pargrafo nico. No havendo dbito, mas comprovada qualquer das ocorrncias previstas nas
alneas a, b e c do inciso III, do art. 16, o Tribunal aplicar ao responsvel a multa prevista no inciso I
do art. 58, desta lei.
59. Como se v, a prpria norma tipifica a conduta do art. 16, inciso III, alnea a (omisso no
dever de prestar contas), como causa suficiente para a irregularidade das contas e a aplicao da sano
de multa.
60. Em conformidade com esse raciocnio, o fundamento legal da multa aplicada ao gestor deve ser
alterado. Passa a ter fulcro nos arts. 1, I, art. 16, III, a e b, 19, pargrafo nico, 23, inciso III e 58, inciso
I, da Lei n 8.443, de 16 de julho de 1992. Mister ressaltar que, apesar desta alterao na base legal, o
fundamento ftico para a imposio da referida multa permanece inalterado, posto que a ratio da multa
aplicada no foi outra seno a omisso no dever de prestar contas, irregularidade no sanada.
61. Ressalte-se que entendimento distinto do aqui exposto (manuteno do julgamento pela
irregularidade e aplicao de multa no caso de comprovao da aplicao dos recursos no objeto do
convnio por meio de prestao de contas intempestiva) criaria situao de evidente desigualdade
material, eis que aos gestores que cumprem fielmente as obrigaes pactuadas, prestando contas no
momento apropriado, seria dispensado tratamento similar ao aplicado queles que no o fazem, somente
apresentando contas na iminncia de serem condenados a ressarcir a totalidade dos recursos recebidos.
Trata-se de situao insustentvel, que, alm de no atentar para o efeito educativo esperado das decises
deste Tribunal, vai contra a funo social do Direito, qual seja, pacificar com justia. Alm disso, tal
posicionamento certamente encorajar gestores a arriscarem-se fuga do controle, aguardando a cobrana
das contas pelo TCU ou at mesmo eventual condenao; reduzir a efetividade do controle dos recursos
pblicos; e permitir a movimentao injustificada da mquina administrativa, onerando os cofres
pblicos.
62. No que tange especificamente dosimetria da pena a ser imputada ao responsvel,
recomendvel a reduo do valor da multa imposta de forma a ajust-la situao que ora se afigura, vez
que a multa uma expresso da reprovabilidade que se atribui conduta do agente, ao passo que a
reprovabilidade da conduta daquele que presta contas fora do tempo no se pode igualar daquele que
nunca as apresenta.
63. Tendo em vista que subsiste a irregularidade que deu ensejo citao do recorrente (no
comprovao da boa e regular aplicao dos recursos recebidos, haja vista a omisso no dever de prestar
contas fl. 60, v.p.), bem como que o recorrente j se defendeu exaustivamente dessa irregularidade nas
razes deste recurso, entendemos que o presente recurso encontra-se em condies de seguir para
julgamento, sendo desnecessria a realizao de nova citao.
DOS REQUERIMENTOS POSTERIORES INTERPOSIO DO PRESENTE RECURSO
64. Requerimentos: O Sr. Auriclio Ribeiro veio aos autos, em 10/5/2005, por meio do expediente
de fl. 92, requerer:
a) a prvia notificao da incluso do processo em pauta para fins de sustentao oral;
b) a obteno de cpia do Relatrio que fundamentar o novo julgamento, antes da mencionada
sesso; e
c) a possibilidade de apresentao de memorial, conforme previsto no art. 160, 3, do Regimento
Interno RI/TCU.
214
65. Anlise: Embora o pedido de sustentao oral no tenha sido encaminhado ao Presidente da
2 Cmara, conforme determina o art. 168 do RI/TCU, optou-se por proceder sua imediata anlise, por
medida de economia e de celeridade processuais, e observou-se que o requerente atendeu aos demais
requisitos exigidos pelo mencionado dispositivo regimental legitimidade ad causam e antecipao
mnima de quatro horas em relao ao incio da sesso, de maneira que se mostra procedente o pedido em
comento.
66. Quanto obteno de cpia do Relatrio que fundamentar a nova deciso, extrai-se do art. 168,
1, do RI/TCU, que cabe ao Ministro Relator autorizar tal medida. Decidindo em favor do que se requer,
cabe ao Ministro Relator se pronunciar sobre a oportunidade e local em que a cpia poder ser obtida.
67. Por fim, no que respeita possibilidade de apresentao de memorial, resta esclarecer que tal
faculdade decorre de direito subjetivo da parte processual e, nessa qualidade, dispensa requerimento,
podendo o Sr. Auriclio Ribeiro, independentemente de pronunciamento do Ministro Relator, dela lanar
mo, devendo observar apenas a tempestividade da distribuio do memorial.
CONCLUSO
68. vista do exposto, eleva-se o assunto considerao superior, propondo:
a) preliminarmente, seja o Sr. Auriclio Ribeiro notificado:
a.1) do deferimento do pedido de sustentao oral;
a.2) da deciso do Ministro Relator quanto ao fornecimento de cpia do Relatrio que fundamentar
a nova deciso e, se for o caso, sobre o local e a oportunidade em que poder obt-la; e
a.3) de que a apresentao de memorial no depende de pronunciamento desta Corte de Contas,
podendo o requerente lanar mo de tal faculdade desde que tempestivamente.
b) quanto ao Recurso de Reviso interposto pelo Sr. Auriclio Ribeiro:
b.1) conhecer do Recurso de Reviso, com fundamento no inciso III do art. 35 da Lei n 8.443, de
16 de julho de 1992, para, no mrito, dar-lhe provimento parcial, no sentido de alterar o item 9.1 do
Acrdo n 375/2004, 2 Cmara, para excluir o dbito, mantendo-se, contudo, o julgamento pela
irregularidade das contas;
b.2) alterar o item 9.2 do Acrdo n 375/2004, 2 Cmara, para reduzir, de forma eqitativa, o
valor da multa aplicada, modificando seu fundamento legal, para que passe a constar como arts. 19,
pargrafo nico e 58, inciso I , da Lei n 8.443/1992;
b.3) comunicar ao recorrente a deliberao que vier a ser adotada por esta Corte.
2. O Titular da Unidade Tcnica, nos termos do parecer de fls. 106/108, a seguir transcrito, colocase de acordo em parte com as concluses da instruo. Em parte, pelo fato de que discorda da
desconstituio do dbito, uma vez que a documentao juntada como prova da execuo do objeto
apresenta inconsistncias que no permitem dar perfeita credibilidade de que o objeto foi executado
com os recursos do Convnio:
Perfilho parcialmente com a instruo antecedente, anuda pelo Sr. Diretor da 4 DT, mas no com
a proposta.
2. Entendo, como ali consignado, que a omisso no dever de prestar contas ilcito de mera
conduta, no caso omissiva. A prestao de contas princpio constitucional sensvel (art. 34, inciso VII,
alnea d, e art. 35, inciso II, da Constituio Federal) e corolrio do princpio instrumental do controle
externo. Assim, o fato tipificado no art. 16, inciso III, alnea a, da Lei n 8.443/92 no requer o resultado
dano para sua consumao. Neste sentido, apenas prova robusta que justifique o ilcito, no sentido de
introduzir exculpantes ou excludentes de responsabilidade, seria capaz de retirar a irregularidade da
contas. Este no o caso dos autos.
3. De outra, presuno de desvio (resultado), no caso, derivou da omisso na prestao de contas
(conduta). Portanto, esta faz parte do iter para a formao do dever de indenizar. Comprovada a no
ocorrncia daquele, permanece esta, desaparecendo to-somente a figura da absoro, no a omisso.
4. Refora a tese acima esposada, que no novidade nesta Corte, a prpria Lei n 8.443, de 16 de
julho de 1992, que estatui em seu art. 19, verbis:
Art. 19. Quando julgar as contas irregulares, havendo dbito, o Tribunal condenar o responsvel
ao pagamento da dvida atualizada monetariamente, acrescida dos juros de mora devidos, podendo,
ainda, aplicar-lhe a multa prevista no art. 57 desta lei, sendo o instrumento da deciso considerado ttulo
executivo para fundamentar a respectiva ao de execuo.
215
Pargrafo nico. No havendo dbito, mas comprovada qualquer das ocorrncias previstas nas
alneas a, b e c do inciso III, do art. 16, o Tribunal aplicar ao responsvel a multa prevista no inciso I
do art. 58, desta lei.
5. Portanto, a prpria norma tipifica a conduta do art. 16, inciso III, alnea a (omisso no dever de
prestar contas), como causa suficiente para a irregularidade das contas e a aplicao da sano de multa.
Alerto que, como visto no referido art. 19 e por repercusso lgica do comando, a omisso no dever de
prestar contas s no gera dbito se este for desconstitudo no curso do processo. Isto refora a tese de
que a simples apresentao intempestiva e forada de documentos de despesas tm natureza de prova
desconstitutiva do dbito. A omisso na prestao de contas, repito, ilcito de mera conduta e que exige
prova autnoma para sua desconstituio.
6. Quanto multa, entendo que ela pode ser reduzida se e somente se para sua dosimetria o dbito
presumido contou para sua definio.
7. No caso vertente, entende-se que a multa tem objetivo pedaggico (preventivo) que no pode ser
esquecido. Lembro que uma sano que deriva da omisso na prestao de contas tem como valores
tutelados princpios tais como o da democracia, o do controle externo, o da legalidade e o sensvel da
prestao de contas.
8. proficiente a lio de Fbio Medina Osrio (in Direito Administrativo Sancionador. RT, 2000,
p. 200) quando diz o princpio da proporcionalidade exige o exame da natureza do ataque ao bem
juridicamente protegido e a sano prevista a esse ataque. A sano deve estar relacionada ao bem
jurdico protegido. H, sempre, uma clusula de necessidade embutida nas medidas que buscam
salvaguardar a segurana, sade, ou moral pblica. Ora, os bens jurdicos tutelados por este Tribunal,
encartados nos princpios basilares da administrao pblica, foram quebrados, ou seja, houve violncia a
valores que este Tribunal pe-se a tutelar.
9. Como visto, o dever de prestar contas obrigao derivada de uma construo democrtica
complexa, no sendo elementar de mera formalidade.
10. Repisando, firmada a omisso no se presta contas. Prestar ato voluntrio. Como est
consignado no dicionrio Aurlio: 5 Jur. Ato pelo qual algum cumpre a obrigao que lhe cabe, na
forma estipulada no contrato.. O que se faz nesta fase processual tentar desconstituir o dbito, e por
essa razo que se exige do responsvel mais documentos que aqueles meramente formais de uma
prestao de contas ordinria.
11. Ou seja, desconstituir o dbito requer provas por meio idneo de sua no existncia presumida
(pela omisso). Vejamos algumas inconsistncias que no nos permitem dar perfeita credibilidade aos
documentos postos nos autos:
11.1. A Chefe de Gabinete da Prefeitura a pessoa que: presidiu a comisso de licitao (fl. 32);
declara em todos os documentos que as cpias conferem com o original (a exemplo: fls. 32 a 35, 39, 42,
etc.); declara o recebimento dos materiais (ex.: fls. 58/59; 65/66) e das prestaes de servios (ex.: fls. 62;
68; 71).
11.2. A licitao foi realizada em 21/08/98 (fl. 44), supostamente recebido o material em 04/09/98
(fl. 58/59), pago em 04/09/98 (fl. 57), mas a licitao s teria sido homologada em 25/11/98 (fl. 47).
11.3. No existe selo/carimbo do posto do fisco estadual para mercadorias sadas dos municpios de
So Raimundo Nonato (fls. 65/66) e de Ansio de Abreu (fls. 78), enquanto em outras existe a referida
aposio.
11.4. Semelhana de tipos entre as mquinas de datilografar onde foram grafados os documentos de
fls. 41 e 43 (ex.: o signo 98).
11.5. Os supostos licitantes no rubricaram as propostas do convite (fls. 41/43).
11.6. Uma s empresa ganhou todos os itens licitados, fato incomum, principalmente em bens como
os adquiridos (fls. 41/43).
11.7. O local de entrega das propostas divergiam, sendo que apenas a vencedora cotou para entrega
no municpio (fls. 41/43).
11.8. Os documentos impressos pelas empresas Livraria Brasil e M.M. Marinho Lages so de
composio grfica semelhante: campo abaixo da designao proposta, local de cotao e campo para
informaes finais (fls. 41 e 43).
216
11.9. Verifica-se que as mesmas pessoas assinam todos os documentos postos nos autos: o
Responsvel, a Chefe de Gabinete Irema Pereira da Silva (assina como presidenta da comisso fl. 46,
como responsvel pelo recebimento de bens e servios fl. 58/59 65/66, como pessoa que emite cheques
do convnio fl. 61 e como pessoa que afiana a autenticidade dos documentos fl. 32, 39, 42), o Sr.
Gilberto Dias de Oliveira (como membro da comisso de licitao fl. 44/46; como funcionrio
tesoureiro emitente dos empenhos e pagamentos fl. 56, 60, 61, etc.).
11.10. Os saldos oramentrios constantes dos empenhos no batem com os da conta corrente,
podendo permitir que tais empenhos sejam utilizados para outros convnios (compare-se fl. 60, com
fl. 63, com fl. 67, com fl. 70, com fl. 73).
11.11. O empenho de fl. 76 tem como fonte oramentria recurso vinculado Fundef 40%.
12. Estas so algumas das impropriedades retiram a idoneidade dos documentos, fazendo com que
outras provas fossem necessrias para a desconstituio do dbito (fichas de estoque, recibos de
distribuio dos materiais pelas escolas, etc., etc.).
13. Lembro no se tratar aqui de inovao na condenao. que a prova de desconstituio de
dbito incumbe ao gestor (originariamente na TCE e tambm no recurso especificidade dos processos
de contas), que no a cumpriu a contento.
14. Ressalto, por oportuno, estarmos atentos divergncia jurisprudencial desta Corte quanto a
matria em questo (comprovao de gastos aps omisso).
Encaminhe-se o processo ao Douto Ministrio Pblico/TCU, na forma da lei.
3. O Representante do Ministrio Pblico, concordando em parte com as concluses do Analista e
do Diretor Tcnico e discordando, portanto, das concluses do titular da Serur, manifesta-se nos termos
do parecer abaixo transcrito:
Trata-se de Recurso de Reviso interposto pelo ex-Prefeito do Municpio de Jurema/PI, Senhor
Auriclio Ribeiro, contra o Acrdo n 375/2004-TCU-2 Cmara, por meio do qual o responsvel teve
suas contas, relativas ao Convnio n 41.033/98, julgadas irregulares por omisso, e foi condenado a
ressarcir aos cofres do FNDE a importncia de R$ 19.800,00 (dezenove mil e oitocentos reais), acrescida
da multa cominada, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com fundamento no art. 57 da Lei n 8.443,
de 16 de julho de 1992.
2.No obstante as consideraes expendidas pelo ilustre titular da Unidade Tcnica, perfilhamos o
entendimento do Analista, corroborado pelo Senhor Diretor, no sentido de que os elementos apresentados,
no obstante eivados de algumas falhas, principalmente na realizao do processo licitatrio, podem ser
considerados para fins de comprovar a aplicao dos recursos em tela.
3. Os extratos bancrios, relao de pagamentos, cpia de livro razo e notas fiscais no apresentam
discrepncias de datas e valores. As referidas notas mostram discriminao de produtos/servios
compatveis com o objeto do convnio identificado. A ausncia de carimbo da fiscalizao estadual no
pode ser tomada como atestado de inidoneidade.
4. Com relao aparente ausncia de segregao de funes da Chefe de Gabinete e do
Tesoureiro, no se vislumbra irregularidade em suas participaes como Presidente e membro da CPL, e
tampouco em atestar o recebimento de produtos e servios pela Prefeitura, e no pelo signatrio,
ressaltando-se que todos os pagamentos foram autorizados pelo Senhor ex-Prefeito, conforme recibos de
fls. 57, 61,64,68, 71, 74 e 77.
5. No tocante aos empenhos, tambm no se exige correlao com saldos de conta corrente. J
naquele em que declarada a fonte oramentria como recurso vinculado Fundef 40% (fl. 76, anexo 1),
parece-nos que deva ser excludo o valor (R$ 907,35) dos pagamentos relacionados como efetuados com
os recursos do Convnio em tela.
6. Assim, em que pese as dvidas sobre a correta conduo do procedimento licitatrio, que se
referem a apenas parte dos recursos (R$ 10.722,00), entendemos que se deva acolher parcialmente as
provas trazidas para a desconstituio do dbito, nesta ltima oportunidade de que dispe o responsvel,
exceo do valor referido no item anterior.
7. Ante o exposto, o Ministrio Pblico junto ao TCU opina pelo conhecimento do recurso para, no
mrito, a ele ser dado provimento parcial, no sentido de alterar, no item 9.1 do Acrdo TCU
n 375/2004-TCU-2 Cmara, o fundamento legal da irregularidade para as letras b e c da Lei n 8.443,
de 16 de julho de 1992, bem como valor do dbito mencionado, reduzindo-o para R$ 907,35 (novecentos
217
e sete reais e trinta e cinco centavos), adequando-se o valor da multa proposta no item 9.2 do referido
Acrdo ao novo valor do dbito.
o relatrio.
VOTO
O presente recurso de reviso preenche os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 32,
inciso III, e 35 da Lei n 8.443, de 16 de julho de 1992 c/c os arts. 277, inciso IV, e 288 do Regimento
Interno, devendo ser conhecido.
2. Pelos fundamentos de fato e de direito apresentados na instruo e nos pareceres, exceto com
relao divergncia apontada desconstituio ou no do dbito a respeito do que me manifestarei em
seguida, coloco-me de acordo com as demais concluses da Unidade Tcnica, endossadas pelo Ministrio
Pblico.
3. Quanto alegao de citao invlida sob o fundamento de que no assinou o AR, como
demonstrado na instruo de fls. 95/104), a doutrina e a jurisprudncia desta Corte e do Poder Judicirio
so esclarecedoras no sentido de que a validade da mesma no depende da assinatura do responsvel no
correspondente AR, mormente quando as normas do TCU no fazem esse tipo de exigncia.
4. No pode ser acolhida, ademais, a alegao de que no residia no endereo para o qual foi
encaminhada a correspondncia citatria, pois as provas nos autos demonstram, conforme pesquisa
realizada pela Unidade Tcnica no sistema CPF, que o recorrente, poca da citao, tinha como
domiclio o endereo para o qual foi remetida a correspondncia.
5. Deixo de acolher, outrossim, a alegao de que j havia encaminhado a prestao de contas ao
FNDE, via Correios, atendendo inclusive orientao daquela Autarquia, pois no juntou qualquer
documento aos autos comprovando a sua assertiva.
II
6. Passando ao exame das divergncias existentes nos pareceres desconstituio ou no do dbito
-, pelos motivos que passo a expor, antecipo a minha concordncia com as concluses do Sr. Secretrio
da Serur, tendo em vista as inconsistncias apresentadas na documentao utilizada para comprovar a
regular aplicao dos recursos, conforme consignarei em seguida.
7. Assiste razo ao Ministrio Pblico quando afirma que a documentao juntada aos autos,
mormente os extratos bancrios, relao de pagamentos, cpia de livro razo e notas fiscais no
apresentam discrepncias de valores. Cabe razo, ainda, ao Parquet especializado quando afirma que no
podem ser consideradas como irregular as diferenas existentes entre o saldo oramentrio e a
importncia do convnio depositada em conta bancria especifica, tendo em vista que os valores
estimados em oramento municipal no necessariamente coincidem com as importncias descentralizadas
pela Administrao Federal, podendo ser maior ou menor.
8. No entanto, no posso desprezar as demais inconsistncias apontadas pelo Sr. Secretrio da
Serur, s quais agrego as consideraes que fao a seguir.
9. Em primeiro lugar, os valores repassados deveriam ter sido descentralizados de acordo com as
necessidades de cada escola, cabendo a essas a execuo do objeto pactuado conforme se depreende da
Clusula Segunda do termo de convnio (19/26). Alis, a prestao de contas dos recursos deveria ser
apresentada ao Sr. Prefeito pelas unidades escolares beneficirias dos recursos de acordo com o que
determina a Clusula Nona do mesmo termo de convnio e, com base nessas informaes, preparar a sua
para ser encaminhada ao FNDE. No caso presente, no existe notcia da participao de qualquer membro
das unidades escolares na realizao dos procedimentos exigidos pelo termo na execuo do convnio.
10. Por isso mesmo, sem a assinatura de uma s pessoa dessas escolas, no possvel se admitir
como idnea a documentao ora apresentada. Assiste razo, portanto, ao Sr. Secretrio da Serur quando
defende a necessidade de outros documentos que comprovem, por intermdio de pessoas ligadas
diretamente s escolas Caixa Escolar, Conselho Escolar ou Associao de Pais e Mestres APM , que
os bens foram, se no adquiridos, pelo menos recebidos e utilizados efetivamente por cada uma das
unidades escolares.
11. No vislumbro, ainda, como razovel aceitar a documentao comprobatria da realizao de
pequenas reformas nas escolas (notas fiscais nos 422, fls. 62, 454, fls. 69, 472, fls. 72), sem que dessa
218
documentao conste a atestao de qualquer diretor ou responsvel por essas escolas ou de participantes
das associaes acima mencionadas, uma vez que a participao desses no procedimento essencial na
execuo do convnio como se depreende do respectivo termo. Trata-se inegavelmente de instrumento
essencial de controle.
12. Desse modo, ainda que admitisse que a execuo centralizada pela Prefeitura no trouxe
prejuzo ao errio, no se pode deixar de considerar que, nesse caso, fundamental que se demonstre que
os bens adquiridos foram efetivamente entregues nas escolas e que os servios foram, de fato, realizados.
No basta, portanto, a simples assinatura do Sr. Chefe de Gabinete atestando o recebimento desses
materiais e servios, pois a efetiva aplicao dos recursos no objeto pactuado no pode ser realizada sem
a participao de qualquer pessoa das escolas em todos os procedimentos adotados.
13. nesse sentido, alis, que endosso como irregular a falta de segregao de funo mencionada
pelo Sr. Secretrio da Serur quando aponta que a Chefe de Gabinete foi o nico responsvel pela
licitao, atestao de recebimento de todos os materiais e servios supostamente adquiridos, bem como
pela emisso das notas fiscais 454 e 472 (fls. 69 e 72). Mencione-se, ainda, que o Sr. Gilberto Dias de
Oliveira, tesoureiro da Prefeitura, atuou como membro da Comisso de Licitao e foi responsvel,
tambm, pela emisso dos empenhos e pelos respectivos pagamentos.
14. Relevante, ademais, destacar que o empenho (fls. 60), no valor de R$ 4.000,00, destinado
reforma de 6 (seis) escolas, foi emitido no dia 1 de setembro de 1998 e j no dia 04 do mesmo ms e ano,
portanto, apenas trs dias depois, a nota fiscal foi emitida (fl. 62) e os servios foram atestados como
realizados, alis, pela Chefe de Gabinete. Por mais simples que tenham sido essas reformas, o prazo
mencionado incompatvel com a execuo do objeto.
15. Por fim, cumpre esclarecer que o pedido de sustentao oral foi encaminhado ao Exmo Sr.
Presidente da 2 Cmara, a quem compete decidir a respeito. Quanto ao memorial, entendo dispensvel
fazer qualquer comunicao ao interessado, pois a distribuio desse no constitui ato processual que
dependa de autorizao do Relator ou de outra autoridade deste Tribunal, mas to-somente de iniciativa
dos interessados, conforme dispe o art. 160, 3, do Regimento Interno.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberao que ora submeto ao
Colegiado.
Sala das Sesses, em 14 de maro de 2007.
AROLDO CEDRAZ
Relator
ACRDO N 338/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC 014.956/2003-1 (com 1 anexo)
Apensos: TCs 011.893/2004-4 e 011.894/2004-1
2. Grupo II Classe I Recurso de Reviso
3. Responsvel: Auriclio Ribeiro CPF: 227.979.553-15
4. Entidade: Municpio de Jurema/PI
5. Relator: MINISTRO AROLDO CEDRAZ
6. Representante do Ministrio Pblico: Dr Cristina Machado da Costa e Silva
7. Unidade Tcnica: Serur/Secex-PI
8. Advogado constitudo nos autos: Rosa Nina Carvalho Serra (OAQB/PI 2696) e outros
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos relativos a Recurso de Reviso interposto contra o
Acrdo n 375/2004-2 Cmara, por meio do qual o TCU julgou irregular a Tomada de Contas Especial
de responsabilidade do Sr Auriclio Ribeiro, ex-Prefeito Municipal de Jurema/PI, instaurada em razo da
omisso no dever de prestar contas dos recursos repassados em 20/08/1998, por fora do convnio
n 41033/98, no valor de R$ 19.800,00 (dezenove mil e oitocentos reais), pelo Fundo Nacional de
219
AROLDO CEDRAZ
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
220
Antnio Csar Pinho, e encaminhou os autos ao Ministrio Pblico junto ao TCU MPTCU, para
avaliao da convenincia de eventual interposio de recurso de reviso por aquele rgo.
3. A Sainel, cujo recurso de reconsiderao no foi provido pelo j citado acrdo 2414/2004
1 Cmara em razo de seu contedo genrico e da ausncia de documentos comprobatrios da
inexistncia de sobrepreo e de cabimento da contratao direta, no presente recurso de reviso
(fls. 1/17), aps fazer breve histrico dos fatos que levaram a sua condenao, alegou, em sntese, que:
3.1. no houve burla ao princpio da legalidade, eis que a administrao pblica agiu de acordo com
a lei;
3.2. o caso analisado pelo Tribunal era de inexigibilidade, e no de dispensa de licitao, j que a
recorrente era distribuidora exclusiva do produto da Roche no Distrito Federal;
3.3. os preos praticados pela Roche no servem de base para apurao de sobrepreo, j que aquela
fabricante estava contratualmente impedida de vender seu produto no DF;
3.4. os preos praticados pela recorrente superavam os da Roche em cinco vezes porque embutiam
impostos e despesas de intermediao;
3.5. as referidas despesas de intermediao, que representavam 30% do preo cotado pela
recorrente, no eram abusivas, como teria reconhecido o 1 Conselho de Contribuintes do Ministrio da
Fazenda ao apreciar recurso interposto pela Sainel;
3.6. alm disso, a margem de lucro da recorrente, de cerca de 34%, era indispensvel diante da
conjuntura inflacionria existente poca e da imprevisibilidade decorrente dos seguidos planos
econmicos do governo.
4. Para fundamentar suas alegaes, a recorrente juntou os documentos s fls. 19/63, que, em seu
entender, demonstrariam a legalidade da contratao direta contestada pelo Tribunal e a correo do preo
praticado luz dos custos efetivamente incorridos.
5. Ao examinar a questo, o Analista da Secretaria de Recursos Serur (fl. 68/79), preliminarmente,
manifestou-se pelo no conhecimento da pea recursal em razo do no atendimento do requisito de
existncia de documento novo, uma vez que os elementos agora juntados pela recorrente j existiam
poca da citao.
6. Ao adentrar o exame do mrito da argumentao apresentada, o Analista entendeu que
(fls. 73/78):
6.1. o fato de a Sanel possuir exclusividade para venda do produto no Distrito Federal no impediria
que o Iapas realizasse a aquisio dos aparelhos em outros Estados, j a preferncia pelas aquisies no
DF definida pelos art. 18 e 19 do ento vigente Decreto-lei 2300/1986 somente seria cabvel na hiptese
de mais vantajosa para a administrao pblica, o que no ser verificou no caso concreto, onde o preo no
DF era cinco vezes superior ao cotado pela fabricante do produto;
6.2. o fato de que o valor da aquisio teoricamente a enquadraria na modalidade concorrncia faria
com que a exclusividade devesse ser verificada em mbito nacional, e no apenas no DF;
6.3. o contrato de exclusividade previa que as cotaes de venda deveriam observar a lista de preos
da Roche, o que no ocorreu no caso concreto (fl. 21, clusula 2.2), alm de estabelecer que, na hiptese
de concorrncia pblica, a Roche e a Sainel agiriam em conjunto, o que no ocorreu em virtude da
indevida aquisio direta;
6.4. como a compra dos produtos poderia ter sido feita diretamente Roche, aceitvel a utilizao
do preo cotado por esta empresa para apurao do sobrepreo;
65. a composio de preos ora apresentada pela Sanel, alm de discrepar de outras que
anteriormente apresentara, descabida pelas razes expostas s fls. 77/78, itens 21.4 a 22.6, alm de ser
inverdica a informao de que o 1 Conselho de Contribuintes teria sido favorvel empresa.
7. Por tais motivos, o Analista (fl. 78/79), com endosso do Diretor (fl. 80), props que o Tribunal:
7.1. preliminarmente, no conhea do presente recurso de reviso;
7.2. se superada a preliminar, negue provimento ao apelo;
7.3. d cincia da deciso proferida recorrente;
7.4. encaminhe cpias do acrdo proferido e do relatrio e do voto que o fundamentaram ao
Ministrio Pblico da Unio e 3 Vara Federal da Seo Judiciria do Distrito Federal, onde tramita a
Ao Popular nos autos do processo 90.00.01618-5, visando anular a aquisio dos aparelhos Cobas Mira
Roche (fl. 79).
221
8. O Ministrio Pblico (fls. 81/83), aps haver manifestado seu interesse em interpor recurso de
reviso destinado a incluir Antnio Csar Pinho Brasil como responsvel, solidariamente com a Sainel,
apoiou as propostas da Serur no tocante ao recurso desta empresa, lembrando que no necessrio tornar
insubsistente o acrdo do qual no constou um dos responsveis solidrios, j que possvel o
aproveitamento dos atos processuais j praticados em decorrncia dessa deliberao.
o relatrio.
VOTO
9. Apesar da preliminar suscitada pelo Analista da Serur, entendo que o apelo interposto pela Sainel
merece ser conhecido, j que os documentos ora trazidos por aquela empresa, no obstante existirem
poca da citao da recorrente, ainda no haviam sido juntados aos autos ou sido apreciados por esta
Corte. Por tal razo, considero que atendem o requisito de ineditismo fixado pelo art. 35 da Lei
8.443/1992.
10. Alm disso, os novos elementos preenchem a lacuna apontada quando do julgamento do recurso
de reconsiderao anteriormente impetrado pela Sainel, oportunidade em que a 1 Cmara, por intermdio
do j mencionado acrdo 2414/2004, no tomou conhecimento da matria exatamente em razo da
ausncia de documentao comprobatria das alegaes da interessada, falha que ora suprimida.
11. No mrito, entretanto, assiste razo unidade tcnica ao demonstrar a improcedncia da
argumentao expendida pela Sainel no presente apelo, conforme se v na anlise empreendida s
fls. 73/78, cujas concluses acolho.
12. Assim, acato as propostas da Serur e do Ministrio Pblico e, diante do recurso de reviso
interposto por este ltimo rgo, voto pela adoo da minuta de acrdo que trago ao escrutnio deste
colegiado.
Sala das Sesses, em 14 de maro de 2007.
AROLDO CEDRAZ
Relator
ACRDO N 339/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC 015.100/1991-0 (com 3 volumes e 1 anexo)
Apensos: TC 009.133/1990-9 (com 1 volume) e TC 000.748/1991-9 (com os apensos
TC 008.640/1999-8 e TC 014.380/1995-1)
2. Grupo I Classe I Recursos de Reviso.
3. Recorrentes: Sainel Indstria e Comrcio Ltda. e Ministrio Pblico junto ao TCU.
4. Entidade: Instituto de Administrao Financeira da Previdncia e Assistncia Social Iapas
(extinto).
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
6. Representante do Ministrio Pblico: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidade Tcnica: Secretaria de Recursos Serur.
8. Advogado constitudo nos autos: Adair Siqueira de Queiroz Filho (OAB/MG 65.562).
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de reviso interposto pela empresa Sainel
Indstria e Comrcio Ltda. contra o acrdo 344/2002 1 Cmara;
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em sesso do Plenrio, diante
das razes expostas pelo relator, com fulcro nos arts. 32 e 35 da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer do recurso de reviso interposto pela empresa Sainel para, no mrito, negar-lhe
provimento;
9.2. encaminhar o recurso de reviso interposto pelo Ministrio Pblico junto ao TCU ao exame de
admissibilidade da Secretaria de Recursos Serur;
222
9.3. encaminhar cpia deste acrdo, do relatrio e do voto que o fundamentam e dos pareceres da
Serur (fls. 68/80) e do Ministrio Pblico junto ao TCU (fls. 81/84) ao Ministrio Pblico da Unio e
3 Vara Federal da Seo Judiciria do Distrito Federal, onde tramita a ao popular 90.00.01618-5, cujo
objetivo anular a aquisio dos aparelhos Cobas Mira Roche;
9.4. dar cincia desta deliberao empresa Sainel.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0339-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo Cedraz
(Relator).
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
AROLDO CEDRAZ
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
223
Aps anlise por parte da Comisso de Seguridade Social e Famlia, a proposta foi acatada. A
Comisso decidiu, ainda, que os resultados dos trabalhos realizados deveriam permitir uma
manifestao conclusiva sobre:
a) a regularidade do repasse do produto de arrecadao da Cofins, CSLL e PIS do Ministrio da
Fazenda para o Ministrio da Previdncia e Assistncia Social nos ltimos cinco anos;
b) a adequao dos controles internos para garantir o repasse integral da arrecadao das citadas
contribuies sociais, indicando pontos que podem ser aperfeioados.
Ressalte-se a existncia de previso, no Regimento Interno dessa Egrgia Corte de Contas,
aprovado pela Resoluo n. 155/2002, para a realizao desse tipo de trabalho. O artigo 1 do ato
citado estabelece que compete ao Tribunal de Contas da Unio, nos termos da Constituio Federal e na
forma da legislao vigente, em especial da Lei n. 8.443/92, Lei Orgnica do TCU, realizar, por
solicitao do Congresso Nacional, de suas casas ou das respectivas comisses, auditorias, inspees ou
acompanhamentos de natureza contbil, financeira, oramentria, operacional ou patrimonial nas
unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio e demais rgos e entidades
sujeitos sua jurisdio. A forma como essas solicitaes devem ser recebidas junto a essa Corte est
disciplinada nos artigos 14 e 19 da Resoluo TCU n. 191, de 21 de junho de 2006.
II Anlise
Preliminarmente, cabe esclarecer que, por impossibilidade de se separarem contabilmente os
recursos arrecadados e repassados a ttulo de PIS daqueles provenientes do Programa de Formao do
Patrimnio do Servidor Pblico - PASEP, ser feita uma anlise conjunta PIS/PASEP, alargando, de
certa forma, os objetivos propostos na exordial.
Deve-se salientar, outrossim, que apenas uma parcela dos recursos arrecadados com as
contribuies aplicada nas atividades a que se destinavam originalmente. Em 1994 o Poder Executivo
props um projeto de emenda constitucional autorizando a desvinculao de 20% (vinte por cento) de
todos os impostos e contribuies federais. Foi criado, assim, o Fundo Social de Emergncia,
posteriormente denominado de Fundo de Estabilizao Fiscal, que vigorou at 31 de dezembro de 1999.
Este fundo sofreu uma reformulao em 2000, passando a se chamar Desvinculao de Recursos
da Unio - DRU, cuja vigncia, alterada pelo Congresso Nacional por intermdio da Emenda
Constitucional n. 42, promulgada em 2003, se estender at 2007. Desta feita, todos os quadros
apresentados e anlises realizadas no presente trabalho se atero aos 80% (oitenta por cento) no
desvinculados, ou seja, 20% (vinte por cento) da arrecadao dessas contribuies j foram deduzidas
dos valores consignados nessa instruo.
So as seguintes as determinaes legais para a aplicao dos recursos arrecadados pelas
contribuies:
PIS/PASEP
As contribuies para o PIS e para o PASEP no possuam, poca de sua instituio, natureza
previdenciria ou de seguridade social, conforme pode ser vistos nos atos que as criaram, leis
complementares n. 7 e 8/70. Esse novo carter veio a exsurgir com o advento da Constituio Federal
de 1988, que disps em seu artigo 239 novas finalidades para as citadas contribuies. Pelo menos 40%
(quarenta por cento) dos recursos das contribuies passaram a ser destinados a financiar programas de
desenvolvimento econmico, por intermdio do BNDES.
Contribuio Social sobre o Lucro Lquido CSLL
A Contribuio Social sobre o Lucro Lquido foi instituda por intermdio da Lei n. 7.689/88, a
qual dispe, em seu artigo 1, que a referida contribuio destinada ao financiamento da seguridade
social.
Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social Cofins
A Lei Complementar n. 70/91, que a instituiu, estabelece em seu artigo 1 que os recursos
arrecadados com a cobrana da contribuio devem ser destinados exclusivamente s despesas com
atividades-fins das reas de sade, previdncia e assistncia social.
Um ltimo comentrio preliminar a ser feito que, apesar de serem contribuies sociais, o
repasse dos valores arrecadados no se restringe ao Ministrio da Previdncia e Assistncia Social, mas
se distribui pelos diversos ministrios e tribunais constantes da estrutura do governo federal, conforme
224
pode ser visto nos relatrios do Siafi Gerencial anexados ao presente (fls. 23/49). Consultando o sistema
Oramentrio da Cmara dos Deputados v-se que nos rgos no diretamente ligados previdncia e
assistncia social esses recursos so utilizados majoritariamente para a previdncia de inativos e
pensionistas da Unio. Esse fato pode ser visto s fls. 56/59, em que apresentada a execuo
oramentria da Fonte 153 (Cofins) por rgo e natureza da despesa.
Alnea a
De forma a verificar a correo dos procedimentos de repasse dos recursos arrecadados da Cofins,
CSLL e PIS/PASEP foram feitas consultas ao Siafi Operacional e Siafi Gerencial. Em paralelo, surgiram
algumas dvidas concernentes apropriao contbil e transferncias dos recursos arrecadados, o que
demandou a elaborao de questionamento Secretaria do Tesouro Nacional (Ofcio n. 104
TCU/SEMAG-2DT, fls. 54/55). Em resposta, foi enviado o Ofcio n. 2324 STN/COFIN/GENEF (fls.
20/49) contendo as explicaes solicitadas.
Nos subitens a seguir apresentada uma consolidao das informaes, prprias e fornecidas pela
STN, contendo um panorama dos recursos arrecadados e repassados de cada uma das contribuies sob
estudo.
Foram consideradas as seguintes contas contbeis:
Arrecadao por Fonte de Recursos (Conta 1.9.1.2.1.01.00) composta pela arrecadao bruta
(principal + multa + juros + receita da dvida ativa + REFIS + PAES), considerando as restituies,
compensaes, retificaes e incentivos fiscais. Obtida junto ao Siafi Operacional, mediante transao
BALANCETE, na UG 170013, Oramento Fiscal e da Seguridade Social, para o ms de dezembro de
cada ano. s fls. 50/51 so apresentadas as cpias das consultas para cada ano;
Disponibilidade por Fonte de Recursos (Conta 1.9.3.2.9.02.00) conta movimentada pelo
resultado do valor arrecadado, menos os valores liberados para os rgos, bem como eventuais acertos.
Obtida junto ao Siafi Operacional, mediante transao BALANCETE, na UG 170500, Oramento Fiscal
e da Seguridade Social, para o ms de dezembro de cada ano. s fls. 52/53 so apresentadas as cpias
das consultas para cada ano;
Liberaes de Recursos representadas pelo somatrio das seguintes contas:
1.9.3.1.1.03.03 - Cota Financeira Liberada;
1.9.3.1.1.03.04 - Cota Financeira Diretamente Arrecadada;
1.9.3.1.1.03.06 - Cota Financeira de Restos a Pagar Liberada;
1.9.3.1.1.03.07 - Cota Financeira de DARF emitido;
1.9.3.1.1.03.08 - Cota Financeira de GPS emitida;
1.9.3.1.1.03.16 - Cota Financeira de DAR Emitido;
1.9.3.1.1.03.17 - Cota Financeira de GE Emitida;
1.9.3.1.1.03.18 - Cota Financeira de GFIP Emitida;
As consultas foram feitas no Siafi gerencial pelos tcnicos da STN e podem ser vistas s fls. 23/49.
Contribuio do PIS/PASEP
O Quadro I demonstra a situao da Contribuio PIS/PASEP (Fonte 40) para os anos de 2001 a
2005, com informaes provenientes do Ofcio/STN n. 2324 retrocitado, incluindo o montante de
arrecadao e o montante repassado aos rgos. A conta Saldo, na quarta coluna do quadro, representa
o resultado do clculo Saldo no Momento Inicial (C) + Arrecadao (A) Repasse (B).
Quadro I
Ano
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Arrecadao (A)
Repasse (B)
8.983.357.913,57
10.104.373.216,68
13.403.275.853,77
15.579.432.574,81
17.257.941.446,55
8.968.058.526,00
10.474.483.241,45
13.089.546.820,60
15.151.342.215,97
17.480.033.204,00
Saldo (C)
319.038.755,66*
334.338.143,23
-35.771.881,54
277.957.151,63
706.047.510,47
483.955.753,02
225
* Valor obtido do Siafi da conta Disponibilidade por Fonte de Recursos, Fonte 51, em 03/05/2006.
O valor calculado para o Saldo deveria ser idntico quele encontrado para saldo da conta
Disponibilidade por Fonte de Recursos, obtida diretamente do Siafi e apresentado na segunda coluna do
Quadro II. A terceira coluna do quadro apresenta a diferena entre essas duas situaes.
Quadro II
Ano
Saldo
Saldo Siafi*
Diferena
Calculado
(193290200)
(Saldo Calculado - Saldo Siafi)
319.038.755,66 319.038.755,66
0,00
334.338.143,23 288.943.861,90
45.394.281,33
-35.771.881,54
67.988.410,81
-103.760.292,35
277.957.151,63 381.717.443,98
-103.760.292,35
706.047.510,47 810.352.203,05
-104.304.692,58
483.955.753,02 909.612.185,16
-425.656.432,14
obtidos do Siafi da conta Disponibilidade por Fonte de Recursos, Fonte 40, em
2000
2001
2002
2003
2004
2005
* Valores
03/05/2006.
Considerando a existncia dessa diferena, foi enviado ofcio, de n. 141/2006, STN para que o
rgo explicasse as razes para as divergncias encontradas. Em resposta, a Secretaria enviou o Ofcio
STN/COFIN/GENEF n. 3402/2006, fls. 64/73, com algumas consideraes sobre as diferenas
detectadas, bem como com a retificao de alguns dos valores apresentados no Ofcio de n. 2324. Com
essas retificaes, foram alteradas as informaes relativas aos valores repassados para os ministrios,
nos anos de 2001, 2002 e 2005.
A partir dos novos dados, a STN refez os clculos, obtendo novos valores para o saldo calculado,
os quais esto apresentados no Quadro III, transcrito a seguir. No Quadro IV apresentada a diferena
entre o saldo calculado e o saldo da conta Disponibilidade por Fonte de Recursos do Siafi.
Quadro III
Ano
2000
2001
Saldo Inicial
(Disponibilidade)
(A)
319.038.755,66
401.040.895,90
2002
67.988.410,81
2003
381.717.443,98
2004
809.807.802,82
2005
Arrecadao
(B)
Liberao
(C)
8.983.357.913,57 8.901.355.773,33
10.437.425.701,7
10.104.373.216,68
7
13.089.546.820,6
13.403.275.853,77
0
15.151.342.215,9
15.579.432.574,81
7
17.158.137.064,2
17.257.941.446,55
1
Saldo Final
Disponibilidade
(Calculado)
(D) = A+B-C
319.038.755,66
401.040.895,90
67.988.410,81
381.717.443,98
809.807.802,82
909.612.185,16
Quadro IV
Ano
2000
2001
2002
Diferena
Identificada
Acumulada
Saldo Diferena a
Identificar
0,00
130.000.000,00
0,00
0,00
0,00
0,00
226
2003
381.717.443,98
0,00
0,00
0,00
2004
809.807.802,82
0,00
0,00
0,00
2005
909.612.185,16
0,00
0,00
0,00
Dos resultados apresentados, pode-se verificar que as diferenas foram identificadas e corrigidas.
Os acertos realizados pela Secretaria conseguiram corrigir as inconsistncias encontradas, com a
exceo do ano 2000, que apresentou uma diferena de R$ 130.000.000,00. Tal fato se deu por conta de
uma Nota de Lanamento (NL) realizada em 2001 e cancelada em 2002, no apresentando efeitos futuros
nas contas sob estudo.
Com as novas informaes apresentadas, pode-se agora responder ao questionamento do
congressista. Ao longo dos cinco anos analisados, sempre houve um saldo, s vezes maior, s vezes
menor, em dezembro referente aos recursos arrecadados e no repassados. No entanto, conforme pode
ser visto no Quadro V, este saldo no excedeu em nenhum momento o percentual de 6%.
Na quinta coluna do quadro so apresentados os valores dos Restos a Pagar a Pagar dos diversos
ministrios, por fonte de recursos, para cada ano, oriundos do sistema oramentrio da Cmara dos
Deputados. Quando se subtrai do saldo constante da conta disponibilidade por fonte de recursos esses
valores, verifica-se uma reduo no grau futuro de disponibilidade desses recursos (embora os recursos
financeiros estejam na conta, parte deles j est comprometida para pagamentos futuros de
bens/servios/transferncias j liquidados).
V-se que em 2005, apesar de restarem na conta Disponibilidade por Fonte de Recursos 5,27% do
montante arrecadado a ttulo de PIS/PASEP, 0,62% j estavam comprometidos para pagamentos futuros
por conta dos Restos a Pagar.
Quadro V
Ano
Arrecadao (A) Saldo Siafi (B)
(%) Restos a Pagar
(%)
Saldo/Arrecada
a
Saldo no
o
Pagar* (C) Comprometido/Arreca
(B/A)
dao
( (B-C) / A )
2001
8.983.357.913,57 401.040.895,9
4,46
0,00
4,46
0
2002 10.104.373.216,68 67.988.410,81
0,67
0,00
0,67
2003 13.403.275.853,77 381.717.443,9
2,85
0,00
2,85
8
2004 15.579.432.574,81 809.807.802,8
5,20
526.077,00
5,19
2
2005 17.257.941.446,55 909.612.185,1
5,27 107.266.961,0
4,65
6
0
*Fonte: Sistema Oramentrio da Cmara dos Deputados.
Foi solicitado, por intermdio do Ofcio n. 148 TCU/SEMAG-2DT, que a STN informasse quais os
motivos que levaram permanncia de tais valores na conta, no s da Fonte 40, como tambm das
fontes 51 e 53. Em resposta, o rgo enviou o Ofcio n. 3547 STN/COFIN/GENEF (fls. 74), datado de 7
de junho de 2006. No documento, a Secretaria no respondeu diretamente questo, informando apenas
que o saldo existente na conta ao final do exerccio destina-se ao pagamento de despesas inscritas em
restos a pagar ou compem o supervit financeiro do Tesouro Nacional apurado em Balano. Informa,
ainda, que a liberao de recursos pela STN em cada exerccio realizada em conformidade com as
propostas de programao financeira registradas no sistema Siafi pelos rgos integrantes do
Oramento geral da Unio.
No possvel, com as informaes existentes, afirmar que os recursos esto deixando de ser
repassados para os rgos apenas por questes de manuteno do supervit primrio. No se consegue
ver um crescimento sistemtico e continuado do saldo ao final do ms de dezembro de cada ano de
execuo oramentria. O que mais provvel de estar acontecendo uma conjugao de diversos
fatores que acabam contribuindo no sentido de fazer sobrar recursos no caixa ao final do ano. Podem ser
citados, entre esses fatores, eventuais dificuldades para realizao de licitaes, planejamento deficiente
227
no ritmo de gastos, levando a uma subestimativa das receitas a serem realizadas e, tambm, efeitos do
contingenciamento. O que no se pode afirmar que o saldo financeiro existente se deve apenas ao
contingenciamento realizado pelo governo central.
Contribuio Social Sobre o Lucro Lquido CSLL
O Quadro VI demonstra a situao da Contribuio Social Sobre o Lucro Lquido (Fonte 51) para
os anos de 2001 a 2005, com informaes provenientes do Ofcio/STN n. 2324 retrocitado (fls. 21),
incluindo o montante de arrecadao, o montante repassado aos rgos. A conta Saldo, na quarta
coluna do quadro, representa o resultado do clculo Saldo no Momento Inicial (C) + Arrecadao (A)
Repasse (B).
Quadro VI
Saldo Calculado
(C)
Ano
Arrecadao (A)
Repasse (B)
2000
245.858.109,31*
2001
7.212.457.817,81 7.101.733.865,00
356.582.062,12
2002
10.136.145.127,13 8.744.266.886,70 1.748.460.302,55
11.792.946.614,5
2003
12.713.985.665,81
1 2.669.499.353,85
16.437.461.401,5
2004
15.627.609.501,45
2 1.859.647.453,78
17.435.925.231,7
2005
20.338.859.961,58
5 4.762.582.183,61
* Valor obtido do Siafi da conta Disponibilidade por Fonte de Recursos, Fonte 51, em 03/05/2006.
No Quadro VII feito o clculo da diferena entre o Saldo Calculado e os valores constantes da
conta Disponibilidade por Fonte de Recursos do Siafi. Assim como visto para a Fonte 40, h diferenas,
apresentadas na quarta coluna do quadro.
Quadro VII
Diferena
Estoque Estoque Siafi* (Estoque Calculado - Estoque
Ano
Calculado
(193290200)
Siafi)
2000
245.858.109,31 245.858.109,31
0,00
2001
356.582.062,12 917.072.053,84
-560.489.991,72
2002
1.748.460.302,552.361.510.544,57
-613.050.242,02
2003
2.669.499.353,853.349.432.876,00
-679.933.522,15
2004
1.859.647.453,784.405.378.164,60
-2.545.730.710,82
2005
4.762.582.183,614.664.300.730,68
98.281.452,93
* Valores obtidos do Siafi da conta Disponibilidade por Fonte de Recursos, Fonte 51, em
03/05/2006.
Em resposta ao Ofcio n. 141, enviado STN questionando as razes para a existncia de tais
diferenas, o rgo realizou alguns acertos contbeis, fornecendo ento novas informaes referentes s
contas sob exame (fls. 68). Os quadros VIII e IX a seguir foram obtidos do ofcio retrocitado. Note-se que
os valores relativos aos repasses aos demais ministrios em todos os anos considerados foram alterados,
bem como os valores para o saldo existente na conta Disponibilidade por Fonte de Recursos dos anos de
2002, 2004 e 2005.
A partir dessas retificaes, foram refeitos os clculos, obtendo-se os novos valores para as
diferenas, apresentados na quarta coluna do Quadro IX. Embora hajam diminudo sobremaneira a
diferena entre os saldos calculados e os saldos da conta Disponibilidade por Fonte de Recursos no
Siafi, os acertos realizados pela STN no foram capazes de anul-las ou esclarec-las.
O ofcio da STN procura explicar a permanncia dessas diferenas argumentando que (U)ma das
causas das diferenas refere-se s devolues de recursos efetuadas pelos rgos de forma inadequada,
que afetam os registros contbeis da UG 170500 (Tesouro Nacional). Foram observadas tambm
devolues que impactaram apenas a conta de disponibilidade por fonte de recursos da COFIN. Alm
228
disso, foram observadas notas de lanamento para diversos acertos na conta de disponibilidade por fonte
de recursos.
Quadro VIII
Saldo Inicial
Arrecadao
Liberao
Saldo Final
Ano (Disponibilidade)
(B)
(C)
Disponibilidade
(A)
(Calculado)
(D) = A+B-C
2000
245.858.109,31
2001
245.858.109,31 7.212.457.817,81 6.556.310.649,81 902.005.277,31
2002
902.005.277,31 10.136.145.127,13 8.658.478.287,352.379.672.117,09
2.379.672.117,09
11.774.996.204,0
2003
12.713.985.665,81
13.318.661.578,89
3.318.661.578,89
16.435.592.155,6
2004
15.627.609.501,45
12.510.678.924,73
2.510.678.924,73
18.218.548.946,0
2005
20.338.859.961,58
64.630.989.940,25
Quadro IX
Saldo Final
Diferena Anual
Diferena
Saldo Diferena
(Disponibilidade)
Ano
(Saldo Calculado
Identificada
a Identificar
(Siafi) (E)
Saldo Siafi)
Acumulada
(F) = D E
2000
245.858.109,31
0,00
0,00
2001
917.072.053,84
-15.066.776,53
55.127,46 -15.011.649,07
2002
2.397.378.055,67
-17.705.938,58
55.127,46 -17.650.811,12
2003
3.349.432.876,00
-30.771.297,11
55.127,46 -30.716.169,65
2004
2.544.081.924,72
-33.402.999,99
55.127,46 -33.347.872,53
(*)
2005
4.649.300.730,68
-18.310.790,43
55.127,46 -18.255.662,97
Na quarta coluna do Quadro X esto calculados os percentuais da arrecadao da CSLL que se
mantiveram como saldo em dezembro de cada ano ao longo do perodo considerado. Diferentemente do
PIS/PASEP, que apresentou relativamente baixo percentual de reteno, a CSLL apresentou percentual
bem mais elevado de saldo, quando cotejado com a arrecadao. Porm, assim como j comentado com
relao ao item anterior, difcil fazer afirmaes taxativas sobre os motivos que levaram (e levam)
permanncia de saldos volumosos ao final de cada perodo.
Embora tenha havido restos a pagar em todos os exerccios, a relao Saldo no
Comprometido/Arrecadao continua elevada. No entanto, no perceptvel uma trajetria sistemtica
de crescimento deste saldo, ora apresentando crescimento, ora decrscimo em seus valores.
Quadro X
Ano
2001
2002
2003
2004
2005
Arrecadao (A)
229
8
*Fonte: Sistema Oramentrio da Cmara dos Deputados.
230
Quadro XIV
Ano
Saldo Final
(Disponibilidade)
(Siafi) (E)
2000
2001
2002
2003
2004
2005
3.092.361.867,22
1.939.337.542,90
2.123.487.393,93
117.155.448,03
-224.551.809,86
(*) 3.427.316.109,52
Diferena Anual
(Saldo Calculado
Saldo Siafi)
(F) = D E
0,00
7.333.422,38
5.344.316,27
15.009.062,59
12.715.391,46
-4.065.874,61
Diferena
Identificada
Acumulada
644.755,76
644.755,76
644.755,76
644.755,76
644.755,76
Saldo Diferena a
Identificar
7.978.178,14
5.989.072,03
15.653.818,35
13.360.147,22
-3.421.118,85
(%)
Saldo/Arreca
dao
(B/A)
Restos a Pagar a
Pagar* (C)
(%)
Saldo no
Comprometido/Ar
recadao
( (B-C) / A )
107.009.911,00
5,00
194.612.597,00
4,69
1.104.377.150,00
-2,11
400.225.950,00
-1,00
1.157.507.539,00
3,24
Alnea b
Com relao a este item, cabe esclarecer que j se encontra em realizao trabalho de auditoria
conjunta SEMAG/ADFIS (Fiscalis n. 68/2006), voltada para avaliar a sistemtica de arrecadao dos
tributos federais (impostos, taxas e contribuies). Dentre os objetivos do trabalho, pode ser citada
justamente a anlise dos controles internos dos rgos responsveis pela arrecadao, no caso, a
Secretaria da Receita Federal.
Desta feita, considerando que tal fiscalizao j foi iniciada, optou-se por centralizar os esforos
do presente trabalho na alnea a, deixando as anlises relativas ao item b para serem enviadas quando
do trmino dos trabalhos desta auditoria
III Concluso
Portanto, as informaes e dados oriundos do Siafi, tanto operacional, como gerencial, bem como
provenientes da Secretaria do Tesouro Nacional, permitem concluir o que se segue.
Observa-se que os procedimentos contbeis no Siafi adotados com relao s fontes 40, 51 e 53
apresentam falhas, ocasionando a gerao de informaes inconsistentes. Este fato se reveste de
particular gravidade, uma vez que o Siafi a ferramenta contbil por excelncia do Governo Federal,
sendo por seu intermdio a realizao de toda a contabilidade da administrao direta na esfera federal.
231
A no fidedignidade das informaes que ali residem pode acarretar problemas srios de credibilidade
com relao aos nmeros apresentados pelo governo federal.
Com relao propriamente solicitao de informaes formulada por parte da Comisso de
Seguridade Social e Famlia da Cmara dos Deputados, verifica-se que as sries analisadas da
arrecadao dos tributos que originaram as fontes 40, 51 e 53 (respectivamente, Contribuio Pis/Pasep,
Contribuio Social Sobre o Lucro Lquido e Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social),
no perodo de 2001 a 2005, apresentaram um sistemtico saldo financeiro constitudo anualmente a
partir da deduo dos valores repassados pelo Tesouro Nacional ao Ministrio da Previdncia e
Assistncia Social, bem como a outros ministrios. Este saldo, segundo a STN, vem compondo
anualmente o supervit dos balanos oramentrio e financeiro do governo federal.
Tal fato, entretanto, pode ser atribudo a diversos fatores, alm do contingenciamento
oramentrio realizado de forma contumaz pelo poder executivo federal, tais como: dificuldades para a
realizao de licitaes, planejamento deficiente do ritmo de gastos, subestimativa de receitas, dentre
outras possibilidades.
Saliente-se, por fim, que em nenhuma das sries dos saldos dos tributos sob exame se consegue
identificar uma trajetria de crescimento sistemtica e continuada, que possa evidenciar uma atitude
pr-concebida por parte do governo central no sentido de reter os repasses e realizar supervit primrio.
Verifica-se, ainda, que quando se adicionam aos clculos os valores dos restos a pagar de todos os
ministrios em cada fonte ao final de cada um dos exerccios anuais, fica ainda mais clara a inexistncia
dessa tendncia. Em 2003 e 2004, por exemplo, houve um comprometimento na fonte de recursos 153
(COFINS) superior ao montante disponvel (saldo na conta Disponibilidade por Conta de Recursos
somada arrecadao anual).
Com relao alnea b da solicitao, quanto adequao dos controles internos para garantir o
repasse integral da arrecadao da COFINS, CSLL e PIS, indicando pontos que possam ser
aperfeioados, deve-se esclarecer que j se encontra em realizao trabalho de auditoria conjunta
SEMAG/ADFIS, voltada para avaliar a sistemtica de arrecadao dos tributos federais (impostos, taxas
e contribuies). A anlise dos controles internos dos rgos responsveis pela arrecadao, no caso, a
Secretaria da Receita Federal, est entre os objetivos do trabalho.
IV Propostas de Encaminhamento
Diante de todo exposto, prope-se ao Tribunal que formule deliberao no sentido de determinar:
I. Secretaria do Tesouro Nacional do Ministrio da Fazenda que:
a) Realize, caso j no o tenha feito, os acertos contbeis adequados nas fontes 51 e 53, de molde a
eliminar as diferenas constatadas no item II, consignando na tomada de contas de 2006 os
esclarecimentos destas diferenas;
b) Providencie a elaborao de metodologia de testes para verificao peridica da conformidade
contbil das contas atinentes s fontes 40, 51 e 53, de forma a evitar a repetio das inconsistncias
contbeis identificadas no item II.
II. encaminhamento de cpia desse Relatrio, Voto e Acrdo que vierem a ser proferidos aos
Presidentes da Cmara dos Deputados, da Comisso de Seguridade Social e Famlia e do Deputado
Celso Russomano.
3. Ao encaminhar a matria apreciao superior, a Diretora da 3 Diviso Tcnica da Semag
finalizou seu parecer com as seguintes concluses (fls. xxx):
Em face de todo o exposto, cumpre serem feitas algumas consideraes. Quando da realizao
das diligncias, sabia-se com base nos dados coletados no Siafi Gerencial, que a execuo oramentria
na fonte 151, seja da Fundao Nacional de Sade ou do Fundo Nacional de Sade, no podia ser
considerada baixa ou insatisfatria. De fato, o problema que se identificava a poca que, em termos
absolutos, permaneceram sem utilizao montantes de recursos que no podem ser considerados
desprezveis, os quais no conjunto atingem o valor de R$ 887,79 milhes, j considerando os ajustes
registrados pela FUNASA.
Comparativamente, verifica-se que o montante acima superior a toda dotao oramentria para
2005 do programa de Vigilncia, Preveno e Ateno em HIV/AIDS, correspondente a R$ 807,05
milhes no mbito do Ministrio da Sade.
232
233
234
esses saldos das trs contribuies, os valores retidos nos cofres federais totalizaram mais de R$ 6,5
bilhes, em 2005.
7. Esses valores so por demais significativos para permitir que se aceitem meras conjecturas para
justificar as razes da gerao desses saldos a cada exerccio. A Unidade Tcnica aventou a possibilidade
de contingenciamento oramentrio (...) dificuldades para a realizao de licitaes, planejamento
deficiente do ritmo de gastos, subestimativa de receitas, dentre outras possibilidades.
8. Registre-se que a forma de contingenciamento do oramento realizado pelo Executivo dificulta e
por vezes inviabiliza o levantamento dos reais motivos da no utilizao dos recursos, pois a reteno
oramentria no se d por atividade ou programa, mas por Ministrio, e os recursos permanecem
contingenciados at que se vislumbre uma possvel utilizao. Assim, todos os recursos no utilizados
permanecem contingenciados.
9. Ainda assim, entendo que necessrio um maior aprofundamento das investigaes para se tentar
encontrar os reais motivos e justificativas para a gerao desses saldos anuais, pois a demanda reprimida
neste pas por recursos nas reas de sade, previdncia e assistncia social dispensam qualquer
demonstrao de magnitude.
10. Ademais a Lei de criao da CSLL destina seus recursos apenas ao financiamento da seguridade
social, e no formao de supervit financeiro pelo governo, nestes termos: Lei n. 7.689/88, art. 1
Fica instituda contribuio social sobre o lucro das pessoas jurdicas, destinada ao financiamento da
seguridade social..
11. Outrossim, a Lei Complementar n. 70/91, que criou a Cofins, destinou seus recursos
exclusivamente s despesas com atividades-fins das reas de sade, previdncia e assistncia social, in
verbis:
Art. 1 Sem prejuzo da cobrana das contribuies para o Programa de Integrao Social (PIS) e
para o Programa de Formao do Patrimnio do Servidor Pblico (Pasep), fica instituda contribuio
social para financiamento da Seguridade Social, nos termos do inciso I do art. 195 da Constituio
Federal, devida pelas pessoas jurdicas inclusive as a elas equiparadas pela legislao do imposto de
renda, destinadas exclusivamente s despesas com atividades-fins das reas de sade, previdncia e
assistncia social. (grifos nossos).
12. Sendo assim, a deliberada ausncia de realizao de despesa com esses recursos poderia se
configurar num desvio de utilizao dessas contribuies, com o propsito de gerar o supervit primrio,
isto , uma utilizao, aparentemente, sem respaldo legal.
13. certo que a mesma situao encontrada em todos os tributos da Unio com desatinao
vinculada, e que, segundo levantamento realizado pela Secretaria de Oramento Federal, atinge mais de
80% das receitas (Vinculaes de Receitas dos Oramentos Fiscal e da Seguridade Social e o Poder
Discricionrio de Alocao dos Recursos do Governo Federal Volume 1, n. 1 (2003) Braslia.
Secretaria de Oramento Federal SOF). Tal o caso da Cide-combustvel, que este Tribunal j teve
oportunidade de apreciar (Acrdo n. 1.875/2005-TCU-P). Por isso, qualquer medida corretiva dessa
situao deve considerar os impactos que sero gerados nas contas pblicas, especialmente no referido
supervit.
14. Assim, antes de qualquer determinao para se regularizar essa situao, h necessidade de se
mapear as vinculaes das receitas da Unio, se avaliar a legalidade dos critrios e procedimentos de
contingenciamento oramentrio para gerao do supervit primrio, e, ainda, se verificar alternativas
para tornar legal e transparente essa gerao.
15. Portanto, quanto ao mrito, coloco-me favoravelmente ao posicionamento da Unidade Tcnica,
com alguns acrscimos nas propostas .
Ante o exposto, voto no sentido de que o Tribunal adote a deliberao que ora submeto ao
Colegiado.
TCU, Sala das Sesses, em 14 maro de 2007.
MARCOS VINICIOS VILAA
Ministro-Relator
ACRDO N 340/2007 - TCU - PLENRIO
235
1. Processo n TC-015.297/2005-7
2. Grupo II Classe II Solicitao do Congresso Nacional
3. rgo: Ministrio da Fazenda
4. Interessado: Cmara dos Deputados
5. Relator: Ministro Marcos Vinicios Vilaa
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou
7. Unidade Tcnica: Semag
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam da fiscalizao levada a cabo em
atendimento solicitao da Cmara dos Deputados, feita por meio da Comisso de Seguridade Social e
Famlia, para verificar a regularidade dos repasses dos recursos arrecadados pelo Ministrio da
Previdncia e Assistncia Social por meio dos seguintes tributos: Contribuio para o Financiamento da
Seguridade social (Cofins), Contribuio Social Sobre o Lucro Lquido (CSLL) e Programa de Integrao
Social (PIS), nos ltimos cinco anos.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, diante das
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente solicitao de fiscalizao, por estarem atendidos os requisitos de
admissibilidade previstos no art. 232, inciso III, do RI/TCU;
9.2. determinar Secretaria do Tesouro Nacional do Ministrio da Fazenda que:
9.2.1. realize, caso ainda no o tenha feito, os acertos contbeis adequados nas fontes 40, 51 e 53,
de modo a eliminar as diferenas constatadas no item II da instruo s fls. 90/101;
9.2.2. encaminhe ao Tribunal, no prazo de 30 dias, esclarecimentos quanto s diferenas
mencionadas na alnea anterior;
9.2.3. implemente procedimentos para verificao peridica da conformidade contbil das contas
atinentes s fontes 40, 51 e 53, de forma a evitar a repetio de inconsistncias contbeis;
9.3. determinar Segecex que promova a fiscalizao, na forma de acompanhamento, dos controles
internos da Secretaria do Tesouro Nacional para arrecadao e repasse do PIS/Pasep, da Cofins e da
CSLL, mantendo atualizado os valores apurados nestes autos;
9.4. determinar Segecex que estude a realizao de um trabalho com vistas a mapear as
vinculaes oramentrias das receitas da Unio e os critrios adotados pelo Poder Executivo para o
contingenciamento dos recursos, avaliar a legalidade desse procedimento e propor medidas tendentes a
dotar de maior transparncia a sistemtica de planejamento e obteno do supervit primrio da Unio.
9.5. encaminhar cpia do Acrdo que vier a ser proferido, bem como do Relatrio e Voto que o
fundamentarem, aos Presidentes da Cmara dos Deputados e da Comisso de Seguridade Social e Famlia
e ao Deputado Celso Russomano;
9.6. arquivar estes autos.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0340-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa
(Relator), Valmir Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e
Aroldo Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
236
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
237
2. Desse modo, restam incontroversos os apontamentos que sustentam a condenao dos solidrios,
at porque a responsvel Maria Emlia Batini foi, no mnimo, beneficiria imediata do dinheiro
depositado fraudulentamente na sua conta bancria. Ademais, no Sistema Siape consta o CPF da exservidora Vernica Otlia como cadastradora da penso ilcita (fl. 200). Anoto ainda que, ao todo, h 124
benefcios pensionais simulados investigados pela GRA/SP, envolvendo diversos responsveis.
3. No caso desta TCE, entendo correto isentar de culpa a pessoa cadastrada como pensionista, pois
os indcios so de que Renata Batini Queiroz teve seus documentos particulares usados para fins
indevidos, sem saber do fato.
4. Enfim, nos termos dos pareceres emitidos nos autos, estas contas devem ser julgadas irregulares,
com condenao de Maria Emlia Batini solidariamente com o esplio de Vernica Otlia Vieira de Souza
ao pagamento de dbito, composto de cada parcela do benefcio recebido entre os meses de maio de 1994
e maro de 1995, bem como com aplicao de multa primeira responsvel, para a qual recomendo o
valor de R$ 25.000,00, aproximadamente 20% do dano atualizado, sem incluso dos juros moratrios.
5. Tambm, pela gravidade das ocorrncias, recomendo que a responsvel Maria Emlia Batini seja
considerada inabilitada para o exerccio de cargo em comisso ou de funo de confiana na
Administrao Pblica Federal, pelo perodo de cinco anos, nos termos do art. 60 da Lei n 8.443/92.
Diante do exposto, voto por que o Tribunal adote o acrdo que ora submeto ao Plenrio.
TCU, Sala das Sesses, em 14
maro2007.
238
01/09/1994
01/10/1994
01/11/1994
01/12/1994
01/01/1995
01/02/1995
01/03/1995
R$ 1.071,53
R$ 1.208,67
R$ 1.208,67
R$ 5.609,87
R$ 4.040,90
R$ 4.928,42
R$ 4.928,42
9.2. aplicar responsvel Maria Emlia Batini multa de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais),
fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias da notificao para que comprove perante o TCU o recolhimento
desse valor aos cofres do Tesouro Nacional, o qual dever ser atualizado monetariamente, se pago aps o
vencimento;
9.3. autorizar, desde logo, a cobrana judicial das dvidas, caso no atendidas as notificaes;
9.4. considerar graves os ilcitos praticados por Maria Emlia Batini, tornando-a inabilitada para o
exerccio de cargo em comisso ou funo de confiana no mbito da Administrao Pblica Federal,
pelo perodo de 5 (cinco) anos;
9.5. dar cincia da sano aplicada no subitem acima GRA/SP e Secretaria de Recursos
Humanos do Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto, para adoo das providncias que lhes
competem;
9.6. encaminhar cpia dos autos ao Ministrio Pblico da Unio, para as providncias que entender
cabveis.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0341-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa
(Relator), Valmir Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e
Aroldo Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
239
1. As irregularidades identificadas em sede de fiscalizao do Tribunal nos autos do TC425.021/1998-0 e nos termos da Deciso n 850/2000-Plenrio ensejam a instaurao de tomada de contas
especial, por parte do Controle Interno, em razo de procedimentos administrativos irregulares
conduzidos pelo 11 Distrito Rodovirio Federal do extinto DNER.
2. O procedimento administrativo conduzido pelo 11 DRF do extinto DNER para fins de
pagamento a ttulo de desapropriao consensual carece de amparo legal tanto sob o aspecto material
quanto formal, sendo, portanto, nulo de pleno direito.
3. As expropriaes dos imveis afetados pela construo de rodovias no Estado do Mato Grosso,
levadas a efeito pelo Poder Pblico, tendo ocorrido h mais de vinte anos at a data do pagamento, faz
incidir o fenmeno da prescrio vintenria em desfavor dos antigos proprietrios.
4. Estando o imvel em posse mansa e pacfica da Unio, descabe qualquer providncia
desapropriatria, devendo os eventuais prejuzos suportados pelos esbulhados serem resolvidos em ao
de perdas e danos, na via judicial, nos termos do art. 35 do Decreto-lei n 3.365/41.
5. No h qualquer amparo legal ou regulamentar aos servidores do extinto DNER para apurar e
liquidar tais perdas e danos.
6. Sendo nulo de pleno direito o procedimento administrativo conduzido pelo 11 DRF, no incide
qualquer espcie de interrupo da prescrio em favor dos antigos proprietrios esbulhados.
7. Procedendo margem da lei e conduzindo procedimento administrativo com a indevida
finalidade de efetuar pagamento a pretensos ex-proprietrios expropriados, incorrem os responsveis e os
beneficirios em ato que configura desvio de recursos pblicos, ensejando a irregularidade das contas dos
gestores pblicos e do beneficirio do pagamento ilegal, a condenao em dbito e aplicao de multa.
RELATRIO
Trata-se de tomada de contas especial instaurada pelo inventariante do extinto DNER e concluda,
em sua fase interna, pelo Ministrio dos Transportes, em decorrncia de pagamento indevido de
indenizao referente a desapropriao consensual de terras ocorrida no 11 Distrito Rodovirio Federal,
no estado do Mato Grosso. A irregularidade foi constatada por auditoria especial realizada pela ento
Secretaria Federal de Controle Interno do Ministrio da Fazenda nos processos de desapropriao
consensual para fins rodovirios, relativos ao perodo de 1995 a 2000. Referida fiscalizao ocorreu em
cumprimento a determinao deste Tribunal, exarada na Deciso 850/2000-Plenrio, que cuidou de
relatrio de auditoria realizada naquele distrito rodovirio.
2. Concluda a tomada de contas especial no mbito da inventariana do extinto DNER, nos termos
do Relatrio do Tomador de Contas de fls. 13/20 (vol. Principal), recebeu certificado de irregularidade
por parte do Controle Interno, consoante Relatrio de Auditoria de fls. 216/218, Certificado de Auditoria
de fl. 219 e parecer de fl. 220 (vol. Principal).
3. A autoridade ministerial competente tomou conhecimento e encaminhou o processo ao
julgamento deste Tribunal, por meio do pronunciamento de fl. 221 (vol. Principal).
4. Atendidos os requisitos previstos na IN/TCU n 13/96 e restando presentes os elementos
essenciais constituio desta tomada de contas especial, a Secex-SC, por fora da Portaria-Segecex n
07/2005, promoveu a citao dos responsveis solidrios, a saber: Gilton Andrade Santos, Procurador
Chefe do 11 DRF poca dos fatos, condutor do processo irregular de desapropriao; Francisco
Campos de Oliveira, ex-Chefe do 11 DRF e gestor que autorizou o pagamento; Alter Alves Ferraz,
Substituto do Chefe do 11 DRF e emissor da ordem bancria de pagamento; Arthur Henrique Barbosa de
Sousa, beneficirio do pagamento.
5. Os ofcios citatrios encontram-se acostados s fls. 315/328 (vol. 1).
6. Dos ofcios de citao colho a essncia da irregularidade em razo da qual foram chamados os
responsveis a se defender ou recolher aos cofres do Tesouro Nacional a quantia em dbito: pagamento
irregular, em 21/12/1996, do valor de R$ 20.170,40 (vinte mil, cento e setenta reais e quarenta centavos),
decorrente de desapropriao consensual conduzida pelo 11 Distrito Rodovirio Federal do extinto
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNER, por meio do processo 20111.000.637/84-47. O
240
valor do dbito atualizado at 31/05/2006 importava em R$ 79.837,88 (setenta e nove mil, oitocentos e
trinta e sete reais e oitenta e oito centavos).
7. A seguir so resumidos os argumentos dos responsveis em suas alegaes de defesa, seguidos
dos respectivos trechos da instruo de mrito de fls. 452/462 (vol. 3) em que so examinados pelo
analista-informante.
7.1 Gilton Andrade Santos (fls. 383/392, vol. 1):
a) prescrio da cobrana do dbito a ele imputado, uma vez que foi citado em 31/5/2006 e o
pagamento da desapropriao ocorreu em 21/1/1997, tendo transcorrido um lapso prescricional de mais
de 9 anos;
b) o DNER tinha o dever de indenizar o desapropriado;
c) o 11 DRF nunca tinha adotado as providncias para pagar as indenizaes de apossamentos de
terras ocorridos nas dcadas de 70 e 80, em Mato Grosso;
d) a norma CA-DNER-155/85 detalhava as aes dos processos administrativos de desapropriao,
os quais passaram a se avolumar na Procuradoria Distrital da entidade;
e) na qualidade de Chefe da Procuradoria Distrital, era o responsvel pelas justificativas de atraso
no pagamento das indenizaes pleiteadas;
f) havia orientao da Administrao Central para privilegiar a via administrativa em detrimento da
judicial;
g) o DNER em Braslia quem administrava os recursos financeiros, sendo que os funcionrios
distritais eram meros executores de ordens centralizadas;
h) os processos eram instrudos por tcnicos disponibilizados pelo prprio DNER, conferidos
previamente pelo Grupo de Percias e Avaliaes da Procuradoria Geral em Braslia e somente pagos pelo
Distrito Estadual aps a liberao dos recursos pela Administrao Central;
i) no lhe cabe culpa se o procedimento adotado pelo DNER era incorreto, pois estaria apenas
cumprindo ordens;
j) o direito do proprietrio desapropriado no se encontrava prescrito, pois no ano de 1972, quando
a construo da BR-354 atingiu a propriedade em questo, a estrada no estava com seu traado atual
concludo, sendo que a legislao civil vigente poca assegurava a indenizao ao sucessor do
proprietrio, bem como regulava os prazos de prescrio e de sua interrupo, aplicveis ao caso sob
exame;
l) sua atuao no processo resumia-se a verificar as certides e elaborar a minuta de escritura
pblica de desapropriao;
m) a indenizao paga ao beneficirio teria sido justa e as falhas administrativas constatadas no
processo de desapropriao consensual no eximiam o DNER de indenizar a desapropriada.
7.1.1 Anlise:
Relativamente alegada prescrio nos termos do art. 206, 5., inciso I, do Cdigo Civil,
entendemos incabvel a mesma, conforme parte do Relatrio do Ministro BENJAMIN ZYMLER, objeto do
Acrdo 153/2006Plenrio, Processo 927.619/1998-9Tomada de Contas Especial, in verbis:
...12. Assim, feita esta breve preleo, como regra chega-se ao seguinte corolrio, no que tange ao
binmio prescrio/Estado:
a) as dvidas passivas da Unio, dos Estados e dos Municpios, bem assim de toda e qualquer ao
contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, sujeitam-se prescrio qinqenal;
b) as dvidas ativas da Unio, dos Estados e dos Municpios, bem assim toda e qualquer ao
movida pela Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, regem-se pela prescrio vintenria;
c) as dvidas ativas ou passivas da Unio, dos Estados e dos Municpios, no sujeitas s
prescries ordinrias ou gerais elencadas nas alneas a e b supra, sujeitam-se s denominadas
prescries especiais ou mais curtas, disciplinadas em legislaes prprias e especficas.
...Os entendimentos mais recentes do Tribunal sobre o tema, aps a edio do novo Cdigo Civil e
das regras de transio por ele trazidas, podem ser exemplificados no Voto do Exm. Sr. Ministro
ADYLSON MOTTA, o qual fundamentou o Acrdo n 596/2004, 2 Cmara (TC 10.333/1999-1, Ata n
14/2004, Sesso de 22/04/2004), in verbis:
No h como acolher a alegao do Estado da Paraba. O Tribunal tem entendimento firme no
sentido de que, na vigncia do Cdigo Civil de 1916, era de 20 anos a prescrio eventualmente
241
aplicvel a dbitos apurados por fora do exerccio das competncias previstas no art. 71 da
Constituio Federal. Isso para no falar na tese, aqui e ali agitada, de que a regra inscrita no 5 do
art. 37 imporia na realidade a imprescritibilidade de tais dbitos.
Com o novo Cdigo Civil, esse entendimento vem de ser reforado na hiptese dos autos. que
aqui incide a regra de transio prevista no seu art. 2.028, do teor seguinte:
Art. 2.028. Sero os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Cdigo, e se, na data de
sua entrada em vigor, j houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada...
No tocante s irregularidades levantadas nos presentes autos, o responsvel, em suma, indica que
seguiu normas superiores editadas pela Procuradoria-Geral e pela Diretoria Geral do DNER, e que, se
houve irregularidades, as mesmas devem ser atribudas a outros servidores do DNER, dentre os quais o
topgrafo, o desenhista, o engenheiro avaliador e auxiliares, bem como s prprias Diretoria-Geral e
Procuradoria-Geral do DNER localizadas em Braslia-DF.
Por outro lado, os responsveis solidrios nos presentes autos, Srs. Alter Alves Ferraz e Francisco
Campos de Oliveira, indicam que a responsabilidade principal pelas irregularidade cometidas em
processos de indenizao deve ser atribuda ao Sr. Gilton Andrade Santos titular da Procuradoria
Distrital em Mato Grosso, cujo setor nunca era fiscalizado. Importa ressaltar que cabia ao Sr. Gilton
Andrade Santos, como Procurador Chefe Distrital do DNER, defender os interesses do rgo e no dos
de terceiros perante o rgo.
Assim, entendemos que o Sr. Gilton Andrade Santos foi o principal responsvel pelas
irregularidades constantes dos presentes autos, como muito bem indicaram os outros responsveis
solidrios neste processo, Srs. Alter Alves Ferraz e Francisco Campos de Oliveira, sem, contudo, excluir
essa responsabilidade solidria destes, que culminaram no pagamento e escriturao dos imveis
indenizados indevidamente.
7.2 Alter Alves Ferraz (fls. 329/340, vol. 1):
a) no pode ser responsabilizado apenas pela assinatura da ordem de pagamento, porque todo o
processo tinha sido examinado pela procuradoria distrital;
b) os processos de desapropriao, quando eram encaminhados ao ordenador de despesas, j
tinham percorrido toda a tramitao necessria, sob a orientao, conduo e superviso da procuradoria
distrital e das autoridades da administrao central;
c) o DNER, no ano de 1996, havia aprovado o Programa Anual de Desapropriaes PAD do 11
DRF, no qual constava a desapropriao em causa;
d) no tinha competncia para questionar a legalidade ou ilegalidade do pagamento;
e) no pode ser responsabilizado solidariamente porque o pagamento decorreu de despacho
conclusivo do Sr. Procurador Distrital;
f) todos os procedimentos expropriatrios foram efetuados pelo Procurador Distrital, Sr. Gilton
Andrade Santos, limitando-se o defendente a efetuar o pagamento;
g) no possui conhecimento tcnico e jurdico para analisar os processos de indenizaes;
h) no tinha influncia para o pagamento consensual;
i) no decidia quais os critrios para definio dos beneficirios;
j) sempre agiu de acordo com os pareceres do Procurador Gilton Andrade Santos;
l) no participava da elaborao do PAD;
m) sua participao limitou-se a efetuar o pagamento.
7.2.1 Anlise:
Na realidade o responsvel est sendo citado pelo conjunto das irregularidades descritas no
Relatrio do Tomador de Contas s fls. 13/20, bem como no Relatrio de Auditoria Especial n. 72.398,
s fls. 36/84, em especial s fls. 78/80, que englobam a sua assinatura na ordem bancria de fl. 113,
cujas irregularidades o mesmo j obteve cincia anteriormente, tendo inclusive apresentado defesa s fls.
114/155. Assim, embora ele queira atribuir a culpa pelas irregularidades constantes dos presentes autos
somente a outras pessoas, a sua responsabilidade solidria no deve ser afastada.
Alis, curioso o pagamento no ter sido creditado em conta corrente bancria em nome do
credor, e sim por meio de OBP Ordem Bancria Pagamento, cujo tipo normalmente emitido em
situaes emergenciais, para pagamento de despesas de expediente, ou para pagamento de suprimento
de fundos, poca limitado ao valor de R$ 500,00, segundo relato constante da fl. 5055, do Processo
242
243
Ressalte-se que o Sr. Francisco Campos de Oliveira exerceu a funo comissionada de Chefe do
11. DRF/DNER/MT, no perodo de 24/6/1991 at o ms de agosto de 1998 e, consequentemente, tinha a
responsabilidade legal, ainda que solidria, de acompanhar os principais atos administrativos
praticados no mbito da sua jurisdio, em especial os relativos indenizao por desapropriao
consensual de imveis, que atingiram a marca de 41 processos instrudos e/ou pagos indevidamente,
inclusive com registro, tambm indevido, na natureza de despesa 459092-01Obras e Instalaes (fls.
42/44).
Quanto aos Planos Anuais de Desapropriao PADs cumpre ressalvar a constatao de
pagamentos de processos ali no previstos (fls. 50alnea a-2, e 53alneas a-2 e a-3), bem como
a seleo, sem critrios, de processos de desapropriao consensual como prioritrios, infringindo o
princpio constitucional da impessoalidade (fls. 49alnea e-1, 51item 2, e 53).
[...]
Assim, a alegao de que no diretamente responsvel no se sustenta. A lei exige a assinatura
nos documentos exatamente para delimitar responsabilidades. A participao de vrios agentes um
mtodo de controle amplamente utilizado, tanto no setor pblico quanto no privado. Conforme a
importncia de um ato ou deciso, maior o nmero de responsveis chamados a participar da operao.
Quem, de fato, autoriza os atos administrativos quem os assina: sem assinatura do ordenador de
despesas, no h gesto de recursos financeiros do rgo.
Quem assina um documento responsvel pelos seus efeitos; se assinou conjuntamente, continua
responsvel, s que solidariamente com os demais assinantes. A assinatura do administrador pblico em
contratos, convnios, empenhos, ordens bancrias, cheques e demais instrumentos de administrao no
meramente decorativa; tem por funo garantir a responsabilidade do assinante.
Ademais, o Sr. Francisco Campos de Oliveira, ao assinar as escrituras dos imveis em questo,
efetivamente validou todas as operaes anteriormente realizadas no respectivo processo.
7.4. Arthur Henrique Barbosa de Sousa (fls. 397/421, vol. 3):
a) no foi arrolado como responsvel na fase inicial da TCE, no mbito da administrao e do
controle interno;
b) no teve participao nas irregularidades constatadas no processo de desapropriao consensual
n 20111.000.637/84-47;
c) houve desapropriao amigvel pactuada atravs de ato jurdico perfeito (escritura pblica);
d) a Secex-SC seria incompetente para instruir o feito, alm do que esse fato dificultou a defesa;
e) no participou da relao processual que culminou com a Deciso n 850/2000-TCU-Plenrio,
razo pela qual deve ser declarada a sua nulidade;
f) no pode haver solidariedade sua com os demais responsveis;
g) tinha o direito de ser indenizado pela perda de sua propriedade;
h) a rodovia somente foi implementada em 1984;
i) incide sobre o caso a prescrio vintenria, conforme jurisprudncia que menciona, do STJ;
7.4.1. Anlise:
So improcedentes as alegaes de nulidade dos processos presentes neste Tribunal de Contas da
Unio, por desrespeito aos princpios constitucionais do devido processo legal, do contraditrio e da
ampla defesa, tendo em vista que esses direitos so concedidos e garantidos aos responsveis no
momento da citao, at porque ainda no h, no mbito desta Egrgia Corte, nenhum julgamento
definitivo da matria, nos termos dos arts. 70 e 71 da Constituio Federal, e da Lei n. 8.443/92.
O responsvel esqueceu de explicar a principal inconsistncia descrita nas fls. 17 alnea e e
79, onde se constata que o processo iniciou com o imvel constante da matrcula n. 16.876 Fazendas
Alvorada e Paraso (fls. 6 e 8 do volume anexo), e terminou com a escriturao do imvel objeto da
matrcula n. 2.324 Fazenda Princesa do Vale (fls. 15 e 62 do volume anexo); a ausncia de registro
do imvel escriturado (fl. 16 alnea d); e o recebimento dos recursos em dinheiro (fl. 113), em
detrimento de depsito em conta corrente bancria.
8. A ttulo de concluso do exame das alegaes de defesa, o analista lana, ainda, os seguintes
comentrios que embasam sua proposta de encaminhamento:
Diante do exposto, e considerando:
244
. Sobre a matria, a Deciso n. 850/2000 TCU Plenrio, que resultou na instaurao de mais de
40 (quarenta) processos de tomadas de contas especiais.
. O Relatrio de Auditoria Especial n. 72.398, elaborado pela Secretaria Federal de Controle
Interno em 27/6/2001 (fls. 36/84).
. As irregularidades especficas a estes autos indicadas s fls. 13/20 e 78/80.
. A ausncia de amparo legal por parte do ento DNER para pagamento administrativo de
indenizao a ttulo de desapropriao consensual em 16/12/1996, tendo em vista que a Rodovia BR-174
foi implantada no ano de 1972 (fl. 63) e o requerimento foi protocolado 12 anos depois, em 2/3/1984 (fl.
4 do volume anexo), infringindo as disposies contidas no Decreto-lei n. 3.365/41 e no Decreto n.
20.910/32, que estabeleciam a prescrio qinqenal.
. Que a Rodovia BR-174 foi implantada no ano de 1972, conforme desenho de 4/9/1972 na Revista
Brasileira de Estradas e Rodagem editada pelo DNER, inclusive com faixas de domnio de, no mnimo,
entre 30 e 80 metros, de acordo com as Normas para Projetos de Estradas de Rodagem vigentes desde
1923 (fls. 63 e 66).
. Afastada a prescrio qinqenal constante do art. 206, 5., inciso I, do Cdigo Civil, nos
termos de parte do Relatrio do Ministro BENJAMIN ZYMLER, objeto do Acrdo 153/2006Plenrio
Processo 927.619/1998-9.
. O pagamento/recebimento do valor indenizado em moeda corrente (fl. 113), em detrimento de
depsito em conta corrente bancria.
. A abertura de processo de desapropriao a mando do ento Procurador Gilton Andrade Santos
em 2/3/1984 (fl. 4 do volume anexo), aps 12 anos da implantao da referida rodovia em 1972 (fl. 63).
. A ausncia de registro em cartrio imobilirio da rea escriturada (fl. 16 alnea d).
. O recebimento de documento, em processo desta mesma natureza pagamento de suposta
indenizao por desapropriao de terras (TC n. 019.189/2002-3) onde noticiada a partilha do valor
da indenizao recebida entre os eventuais proprietrios e pessoas ligadas ao ento DNER (fls.
449/451).
. Que o ex- Procurador-Chefe do 11. DRF/DNER, Sr. Gilton Andrade Santos, foi demitido em
21/7/2004, nos termos do art. 132 da Lei n. 8.112/90, conforme dados constantes do sistema SIAPE,
tendo em vista que os seus argumentos de defesa, relativos a fatos inclusive abrangidos neste processo de
tomada de contas especial, no foram aceitos pela Comisso de Processo Administrativo Disciplinar
CPAD/MT-AGU n. 50000.0012238/2001-45 (Portaria Conjunta MT/AGU n. 16, de 15/3/2002 DOU
de 18/3/2002).
. Por fim, o no reconhecimento da boa-f dos responsveis, nos termos do art. 202, 6., do
Regimento Interno/TCU, submetemos os autos considerao superior, propondo que:
a) as presentes contas sejam julgadas irregulares e em dbito o(s) responsvel(is) solidrios: Alter
Alves Ferraz, Arthur Henrique Barbosa de Sousa, Francisco Campos de Oliveira e Gilton Andrade
Santos, nos termos dos arts. 1, inciso I, e 16, inciso III, alnea c, e 19, caput, da Lei n 8.443/92,
considerando as ocorrncias relatadas nos subitens 3.4 a 3.6.4 desta instruo, e nos considerandos
retro mencionados, condenando-o(s) ao pagamento da(s) importncia(s) acima especificada(s),
atualizada(s) monetariamente e acrescida(s) dos juros de mora, calculada(s) a partir da(s) data(s)
discriminada(s) at a efetiva quitao do dbito, fixando-lhe(s) o prazo de 15 (quinze) dias, para que
comprove(m), perante o Tribunal, o recolhimento da(s) referida(s) quantia(s) aos cofres do DNIT, nos
termos do art. 23, inciso III, alnea a, da citada Lei, c/c o art. 214, inciso III, alnea a, do Regimento
Interno/TCU.
b) seja aplicada individualmente ao(s) responsvel(is), Sr.(s): Alter Alves Ferraz, Francisco
Campos de Oliveira e Gilton Andrade Santos, a multa prevista no art. 57 da Lei n. 8.443/92, fixandolhe(s) o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificao, para que comprove(m), perante o Tribunal, o
recolhimento da(s) referida(s) quantia(s) aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada(s) monetariamente
e acrescida(s) dos juros de mora a partir do dia seguinte ao do trmino do prazo estabelecido, at do
efetivo recolhimento, na forma da legislao em vigor.
c) seja autorizada, desde logo, a cobrana judicial da(s) dvida(s), nos termos do art. 28, inciso II,
da Lei n 8.443/92, caso no atendida a notificao.
245
d) seja remetida cpia dos presentes autos ao Ministrio Pblico da Unio para ajuizamento das
aes civis e penais cabveis, nos termos do art. 16, 3, da Lei n 8.443/92.
9. As propostas contaram com a concordncia do Diretor, que despachou nos autos mediante
delegao de competncia conferida pela Portaria Secex/SC n 30/2005 (fl. 463, vol.3).
10. Em parecer de fls. 464, vol. 3, o Ministrio Pblico junto ao TCU, representado pela
Procuradora Cristina Machado da Costa e Silva, colocou-se de acordo com a proposta de mrito oferecida
pela unidade tcnica.
o Relatrio.
VOTO
A tomada de contas especial em apreciao decorre dos trabalhos de fiscalizao realizados pelo
Tribunal de Contas da Unio no 11 Distrito Rodovirio Federal do extinto DNER, no Estado do Mato
Grosso, na rea de desapropriao de imveis utilizados para o traado das rodovias federais naquele
estado. A auditoria em referncia deu ensejo ao TC-425.021/1998-0, no qual foi proferida a Deciso n
850/2000-Plenrio.
2. Diante das diversas irregularidades observadas nos procedimentos administrativos conduzidos
pelo 11 DRF, o item 8.3.1 do referido decisum determinou Secretaria Federal de Controle Interno que:
efetue a reviso de todos os pagamentos efetuados dentro do programa de desapropriao
consensual, pelo 11 Distrito Rodovirio Federal de Mato Grosso, no perodo de 1995 at o corrente
ano, solicitando ao DNER , nos casos em que for constatada a prescrio do direito do titular do imvel,
a abertura dos respectivos processos de tomadas de contas especiais pelos pagamentos indevidos,
objetivando a quantificao dos valores pagos e identificao dos responsveis e dos beneficirios desses
pagamentos, aps o que devero ser-lhes submetidos para a emisso e certificados de auditoria a seu
encargo, antes de sua remessa a este Tribunal, no prazo mximo de 60 dias;
3. Objetivando cumprir a determinao acima, a Gerncia Regional de Controle Interno em Mato
Grosso da Secretaria Federal de Controle Interno realizou auditoria especial no perodo de 27/03 a
27/06/2001, abrangendo os procedimentos de desapropriao chamada consensual instrudos pelo 11
DRF e pagos no perodo de janeiro de 1995 a dezembro de 2000 (cpia s fls. 36/84, vol. Principal).
4. O trabalho conduzido pelo Controle Interno identificou, no perodo considerado (1995 a 2000), a
emisso de 42 Ordens Bancrias pagas diretamente pelo 11 DRF, no valor total de R$ 8.188.888,03, a
ttulo de desapropriaes, mediante o procedimento questionado pela Deciso n 850/2000-Plenrio.
Tambm foram identificados pagamentos de 11 OBs, no valor total de R$ 6.738.805,17, feitos
diretamente pela administrao central do extinto DNER, em processos originrios do mesmo 11
Distrito.
5. Colho do Ofcio de fl. 215, da lavra do Inventariante do DNER, datado de 5/10/2002, que o
resultado do trabalho de auditoria acima resumido resultou na instaurao de 47 processos de tomadas de
contas especiais. O presente feito um desses processos.
6. No caso em exame, o dbito imputado aos responsveis decorre da prtica ilegal de indevido
pagamento administrativo, sob o nome de desapropriao consensual, relativo a parte do imvel
denominado Fazenda Princesa do Vale, no Municpio de Pontes e Lacerda (conforme descrio contida
na escritura pblica s fls. 96/100, vol. Principal), pago mediante Ordem Bancria 96OB02317 (fl. 113.
Vol. Principal), de 20/12/1996, no valor de R$ 20.170,40, tendo como beneficirio o Sr. Arthur Henrique
Barbosa de Souza, tambm arrolado neste feito como responsvel solidrio. O suporte ftico para a
formalizao do indevido pagamento foi o processo administrativo 20111.000.637/84-47 (Anexo 1), sob a
responsabilidade instrutria, at o pagamento, do 11 Distrito do extinto DNER.
7. As alegaes de defesa apresentadas pelos Srs. Gilton Andrade Santos, Francisco Campos de
Oliveira, Alter Alves Ferraz e Arthur Henrique Barbosa de Souza no lograram justificar as
irregularidades que pairam sobre o procedimento de desapropriao consensual em questo e que
culminaram no dbito imputado.
246
247
desapropria bem que no se encontra na posse do poder desapropriante. Tendo sido o imvel esbulhado
para a construo da estrada, estando sob o domnio pblico, nada h a ser desapropriado.
17. E, mesmo que superados os dois vcios acima aludidos, a declarao de utilidade pblica,
proferida em 1974, j teria caducado e perdido todos os seus efeitos quando do incio do procedimento
tendente ao pagamento ora tido por ilegal. o que prescreve o caput do art. 10 do Decreto-lei n
3.365/41:
Art. 10. A desapropriao dever efetivar-se mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro
de cinco anos, contados da data da expedio do respectivo decreto e findos os quais este caducar.
(Grifei).
18. Depreende-se, assim, que mesmo se fosse o caso de desapropriar o imvel e mesmo que a sua
decretao inicial de utilidade pblica fosse inicialmente vlida, ainda assim a Portaria-DNER n
036/DES, no poderia servir de base para o procedimento, pois j estaria caduca em 1984, nos termos da
legislao, quando o procedimento viciado se iniciou.
19. V-se, portanto, que sob nenhuma hiptese poderiam os agentes pblicos responsveis,
servidores do 11 DRF, produzir os atos que culminaram com a ESCRITURA PBLICA DE
DESAPROPRIAO DE IMVEL DECLARADO DE UTILIDADE PBLICA, PARA FINS DE
AFETAO RODOVIRIA FEDERAL... (fls. 96/100, vol. Principal) e geraram o indevido pagamento
que constitui o dbito apurado nesta TCE. No tinham nenhum amparo legal para agir dessa forma, o que
torna nulo de pleno direito os procedimentos administrativos conducentes ao pagamento indevido.
20. O nico amparo que teriam para assim proceder seria se houvesse possibilidade de efetuar
desapropriao mediante o acordo de que cuida a parte inicial do dispositivo antes transcrito do Decretolei n 3.365/41 o que, demonstrou-se saciedade, no era o caso.
21. Ora, no sendo hiptese de desapropriao e tendo decorrido o prazo prescricional para os
antigos proprietrios reclamarem indenizao do DNER pelo esbulho sofrido, nada lhes era devido. Se os
agentes pblicos realizaram o pagamento, o fizeram sem qualquer amparo jurdico, devendo ressarcir o
errio do desvio de valores a que deram causa, solidariamente com o beneficirio do pagamento.
22. Mesmo que, por hiptese, os antigos proprietrios do imvel esbulhado pudessem reclamar
indenizao por perdas e danos, nos termos do art. 35 do Decreto-lei n 3.365/41, no tinham os
responsveis competncia para em nvel administrativo apurar e liquidar tais perdas e danos. Eis a
redao do dispositivo em questo:
Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados Fazenda Pblica, no podem ser objeto de
reivindicao, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriao. Qualquer ao, julgada
procedente, resolver-se- em perdas e danos. (Grifei).
23. , portanto, a prpria lei que indica o frum adequado para as indenizaes em funo de
expropriaes (das quais o esbulho uma forma de expropriao da propriedade imvel), ou seja: ao
judicial.
24. A norma mencionada pelo responsvel Gilton Andrade Santos CA-DNER-155/85 em defesa
da competncia e atribuio para realizao do ato questionado diz respeito exclusivamente aos
procedimentos normais de desapropriao, e no resoluo de conflitos decorrentes de expropriao
anterior. Na espcie, sequer h que se falar em transao para por fim a conflito judicial, posto que no h
notcia nos autos de que os esbulhados tenham ingressado em juzo para reclamar seus direitos.
25. O Sr. Gilton Andrade Santos, na funo de Procurador Distrital, teria prestado melhores
servios ao interesse pblico se tivesse, ao invs de conduzir o procedimento ilegal sob a alegao de ter
procedido de forma justa e correta, adotado as providncias necessrias promoo de ao de usucapio
do imvel esbulhado, conforme, alis, j foi preconizado por esta Corte de Contas ao se debruar mais
uma vez sobre os graves problemas decorrentes das irregularidades cometidas no mbito do 11 DRF, nos
autos do TC-005.808/2003-0, acerca de levantamento de auditoria realizado nas obras de adequao de
trechos rodovirios da BR-364/MT, ocasio em que o Tribunal proferiu o Acrdo n 886/2004-Plenrio,
verbis:
9.5. fixar o prazo de 60 (sessenta) dias para que a Direo-Geral do DNIT e a sua 11 Unidade de
Infra-Estrutura Terrestre/DNIT adotem providncias com vistas ao cumprimento da determinao
firmada no item 9.2.1. do Acrdo 597/2003 - Plenrio TCU [9.2.1 efetue, no prazo de 120 (cento e
vinte) dias, levantamento da data do apossamento, em cada subtrecho objeto da obra em anlise, e
248
dos imveis afetados, adotando as providncias judiciais cabveis para regularizao fundiria da
faixa de domnio];
9.6. levar ao conhecimento da Direo-Geral do DNIT e da sua 11 Unidade de Infra-Estrutura
Terrestre/DNIT:
9.6.1. a necessidade de buscarem subsdio, junto ao Ministrio do Exrcito e ao Governo do Estado
de Mato Grosso, para a realizao do levantamento das datas de apossamento dos trechos rodovirios
em anlise, bem assim de buscarem evidncias documentais de tais apossamentos;
9.6.2. a necessidade de se averiguar a ocorrncia de usucapio sobre os imveis ocupados;
(Grifei).
26. No procedem as alegaes dos outros dois agentes pblicos do DNER Srs. Francisco
Campos de Oliveira e Alter Alves Ferraz de que a responsabilidade deveria recair exclusivamente sobre
o Procurador Distrital, Sr. Gilton Andrade Santos, pois ao assinarem os documentos que viabilizaram o
pagamento (Nota de Empenho e Ordem Bancria), estariam apenas concluindo procedimento
expropriatrio conduzido em sua integralidade pelo Sr. Gilton. A lei exige a assinatura nos documentos
exatamente para delimitar responsabilidades. A participao de vrios agentes na conformao do ato
tambm um mtodo de controle, sendo que a assinatura condio de eficcia e de vinculao de
responsabilidade de seu autor. No caso dos responsveis em questo, sem a assinatura deles, como
ordenadores de despesa, no haveria o pagamento indevido.
27. Assim, a cadeia das relaes causais que culminaram no indevido pagamento remete
responsabilidade solidria dos agentes arrolados neste feito. O Sr. Gilton Andrade Santos conduziu todo o
processo, fato incontroverso e evidenciado pelos atos por ele subscritos. O Sr. Francisco Campos de
Oliveira, Chefe do 11 DRF, assinou, juntamente com o Sr. Gilton, a escritura pblica de desapropriao
de imvel declarado de utilidade pblica, para fins de afetao rodoviria federal, documento bsico para
a consumao do pagamento. Por sua vez, o Sr. Alter Alves Ferraz, na qualidade de Chefe Substituto,
emitiu a Ordem Bancria que viabilizou o indevido recebimento dos recursos federais por parte do
beneficirio, Sr. Arthur Henrique Barbosa de Souza (recibo fl. 113, vol. Principal).
28. No aproveita ao antigo proprietrio esbulhado a alegao de nulidade do processo. Nestes
autos foram atendidos todos os procedimentos relacionados a um regular processo de tomada de contas
especial, em obedincia aos princpios do contraditrio e da ampla defesa. O Sr. Arthur Henrique Barbosa
de Souza foi validamente citado nestes autos, no havendo prejuzo sua defesa a no-participao na
fase administrativa da TCE. De fato, a competncia para o julgamento do processo desta Corte de
Contas, perante a qual o responsvel teve assegurado todo o direito de defesa, inclusive com deferimento
de prorrogao de prazo para tanto (cf. fls. 359/365, vol. 1).
29. Incabvel o questionamento acerca da suposta ilegalidade da instruo processual, por ter
ocorrido na Secex-SC. A distribuio do servio tcnico entre as unidades da Secretaria do Tribunal
assunto interna corporis, sob a exclusiva deciso da Administrao do TCU. No procede a alegao de
que esse fato trouxe prejuzo defesa, vez que o responsvel teve total acesso aos autos, com o
fornecimento de cpia integral.
30. Tambm no procede a alegao de que no participou da relao processual que culminou com
a Deciso n 850/2000-TCU-Plenrio. O processo em que referida deliberao foi prolatada no lhe
atingiu quaisquer direitos ou interesses subjetivos, sendo completamente desvinculado dos presentes
autos. A determinao ali contida para a apurao dos fatos irregulares que ocorreram no 11 DRF
decorreram de procedimento de fiscalizao, no havendo, naquela oportunidade, ainda, qualquer
imputao atinente ao Sr. Arthur Henrique Barbosa de Souza.
31. No aproveita ao antigo proprietrio esbulhado a argumentao de que a indenizao lhe seria
devida, porquanto no teria ocorrido a prescrio. No lhe socorre o procedimento ilegal iniciado pelo 11
DRF, o qual no tem o condo de interromper o prazo fatal, eis que nulo de pleno direito, conforme j
explicitado neste Voto.
32. A ao dolosa para desvio de recursos pblicos mostra-se induvidosa, tendo em conta, no caso
concreto, o incio irregular do procedimento administrativo, mngua de iniciativa da parte interessada, e,
no conjunto das aes dos responsveis, consoante avaliado no relatrio da auditoria especial do Controle
Interno de fls. 36/84 (vol. Principal), a responsabilidade pela prtica continuada de outras ilegalidades
249
250
9.3. aplicar, individualmente, aos responsveis Gilton Andrade Santos, Francisco Campos de Oliveira
e Alter Alves Ferraz, a multa prevista no art. 57 da Lei n 8.443/92, no valor de R$ 3.000,00 (trs mil
reais), fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificao, para que comprovem perante este
Tribunal, nos termos do art. 23, inciso III, alnea "a", da Lei n 8.443/92 e do art. 216 do Regimento
Interno do TCU, o recolhimento das quantias aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas
monetariamente a partir do dia seguinte ao do trmino do prazo estabelecido at a data do efetivo
recolhimento, na forma da legislao em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, a cobrana judicial das dvidas nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n
8.443/92, caso no atendidas as notificaes;
9.5. levar ao conhecimento da Procuradoria da Repblica no Estado do Mato Grosso o inteiro teor
desta deliberao, conforme prev o 3 do art. 16 da Lei n 8.443/92;
9.6. encaminhar cpia deste Acrdo, Relatrio e Voto, ao Delegado da Polcia Federal Eduardo
Rogrio Rodrigues dos Santos, da Superintendncia Regional em Mato Grosso.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0342-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo (Relator), Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
VALMIR CAMPELO
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
251
3. As expropriaes dos imveis afetados pela construo de rodovias no Estado do Mato Grosso,
levadas a efeito pelo Poder Pblico, tendo ocorrido h mais de vinte anos at a data do pagamento, faz
incidir o fenmeno da prescrio vintenria em desfavor dos antigos proprietrios.
4. Estando o imvel em posse mansa e pacfica da Unio, descabe qualquer providncia
desapropriatria, devendo os eventuais prejuzos suportados pelos esbulhados serem resolvidos em ao
de perdas e danos, na via judicial, nos termos do art. 35 do Decreto-lei n 3.365/41.
5. No h qualquer amparo legal ou regulamentar aos servidores do extinto DNER para apurar e
liquidar tais perdas e danos.
6. Sendo nulo de pleno direito o procedimento administrativo conduzido pelo 11 DRF, no incide
qualquer espcie de interrupo da prescrio em favor dos antigos proprietrios esbulhados.
7. Procedendo margem da lei e conduzindo procedimento administrativo com a indevida
finalidade de efetuar pagamento a pretensos ex-proprietrios expropriados, incorrem os responsveis e os
beneficirios em ato que configura desvio de recursos pblicos, ensejando a irregularidade das contas dos
gestores pblicos e do beneficirio do pagamento ilegal, a condenao em dbito e aplicao de multa.
RELATRIO
Trata-se de tomada de contas especial instaurada pelo inventariante do extinto DNER e concluda,
em sua fase interna, pelo Ministrio dos Transportes, em decorrncia de pagamento indevido de
indenizao referente a desapropriao consensual de terras ocorrida no 11 Distrito Rodovirio Federal,
no estado do Mato Grosso. A irregularidade foi constatada por auditoria especial realizada pela ento
Secretaria Federal de Controle Interno do Ministrio da Fazenda nos processos de desapropriao
consensual para fins rodovirios, relativos ao perodo de 1995 a 2000. Referida fiscalizao ocorreu em
cumprimento a determinao deste Tribunal, exarada na Deciso 850/2000-Plenrio, que cuidou de
relatrio de auditoria realizada naquele distrito rodovirio.
2. Concluda a tomada de contas especial no mbito da inventariana do extinto DNER, nos termos
do Relatrio do Tomador de Contas de fls. 013/021 (Vol. Principal), recebeu certificado de irregularidade
por parte do Controle Interno, consoante Relatrio de Auditoria de fls. 205/207, Certificado de Auditoria
de fl. 208 e Parecer de fl. 209 (vol. 1).
3. A autoridade ministerial competente tomou conhecimento e encaminhou o processo a julgamento
deste Tribunal, por meio do pronunciamento de fl. 214 (vol. 214).
4. Atendidos os requisitos previstos na IN/TCU n 13/96 e restando presentes os elementos
essenciais constituio desta tomada de contas especial, a Secex-SC, por fora da Portaria-Segecex n
07/2005, promoveu a citao dos responsveis solidrios, a saber: Gilton Andrade Santos, Procurador
Chefe do 11 DRF poca dos fatos, condutor do processo irregular de desapropriao; Francisco
Campos de Oliveira, ex-Chefe do 11 DRF e gestor que autorizou o pagamento; Alter Alves Ferraz,
Substituto do Chefe do 11 DRF e emissor da ordem bancria de pagamento; Francisco Rodrigues da
Silva, recebedor do pagamento.
5. Os ofcios citatrios encontram-se acostados s fls. 283/284, 306/309.
6. Dos ofcios de citao colho a essncia da irregularidade em razo da qual foram chamados os
responsveis a se defender ou recolher aos cofres do Tesouro Nacional a quantia em dbito: pagamento
irregular, em 22/12/1995, do valor de R$ 44.060,64 (quarenta e quatro mil, sessenta reais e sessenta e
quatro centavos), decorrente de desapropriao consensual conduzida pelo 11 Distrito Rodovirio
Federal do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNER, por meio do processo
51210.000340/93-9. O valor do dbito atualizado at 31/01/2006 importava em R$ 198.045,13 (cento e
noventa e oito mil, quarenta e cinco reais e treze centavos).
7. A seguir so resumidos os argumentos dos responsveis, seguidos dos respectivos excertos da
instruo de mrito de fls. 337/357 em que so examinados pelo analista-informante.
7.1 Gilton Andrade Santos:
a) prescrio da cobrana do dbito a ele imputado;
b) o DNER tinha o dever de indenizar o desapropriado;
c) o 11 DRF nunca tinha adotado as providncias para pagar as indenizaes de apossamentos de
terras ocorridos nas dcadas de 70 e 80, em Mato Grosso;
252
253
tese pode ser adequadamente atacada (ainda no foi criada a smula vinculante no Brasil), havendo,
inclusive, decises contrrias a tal tese, como a do processo n 12.471/84-1, movido por Luiz Joo e sua
esposa contra o DNER.
De qualquer modo, mesmo aceitando que a prescrio, no caso, seja vintenria, no procede a
alegao do responsvel. A rodovia j estava implantada em 1972 (no foi possvel precisar o ano de sua
implantao). A Portaria DES 045 no abrangeu o imvel desapropriado; ainda que abrangesse,
bastante duvidoso classific-la como ato inequvoco do devedor, que interromperia a prescrio. Isso
porque muitos imveis j estavam de posse da Unio e a Portaria era genrica, no especificava, com
nmero de matrcula, quais os imveis atingidos. No h como o Poder Pblico compulsoriamente
despojar algum de um certo bem se este bem j se encontra sob domnio pblico, face a impossibilidade
de reivindicao do bem j afetado. No havia necessidade de desapropriar o que j estava de posse da
Unio, pelo menos, h dez anos. Assim, a Portaria s teria sentido para atingir os imveis que estavam
na posse de terceiros. De qualquer modo, quando o beneficirio comprovadamente participou do
processo, o Poder Pblico estava de posse do imvel h mais de 23 anos.
Anlise das alegaes de mrito
No tocante s irregularidades levantadas nos presentes autos, a alegao de que no foram
cometidas intencionalmente no se sustentam. A atuao do Sr. Procurador neste processo e o conjunto
de sua obra no deixam dvidas de que se aproveitou das fragilidades administrativas do DNER para,
em conluio com terceiros, lesar o Errio. No so meras falhas administrativas formais, mas sim,
descumprimento de pontos essenciais das normas, em benefcio de terceiros. O Sr. Procurador faltou
com seu dever de lealdade para com a Administrao Pblica, sendo mais advogado das partes que
defensor da Unio.
O responsvel afirma que seguiu normas superiores editadas pela Procuradoria-Geral e pela
Diretoria Geral do DNER, e tenta jogar a responsabilidade sobre outros servidores do DNER, dentre os
quais o topgrafo, o desenhista, o engenheiro avaliador e auxiliares, bem como s prprias DiretoriaGeral e Procuradoria-Geral do DNER localizadas em Braslia-DF, dando a entender que apenas
cumpria ordens; que era apenas um instrumento. Se lhe for dado crdito, sua funo seria semelhante a
de um contnuo, cuja nica atribuio era incluir processos na fila de pagamentos. Entretanto,
analisando o processo descrito, v-se que a atuao do Sr. Procurador era bem mais ampla, invadindo
competncia de terceiros, solicitando diretamente as avaliaes, sob o argumento de fazer cadastro das
reas limtrofes faixa de domnio. Sua afirmao de que suas atribuies limitavam-se a conferir
certides e elaborar as minutas da escritura de desapropriao (fls. 309, 2 pargrafo) no se sustenta,
ante o que consta a fls. 9 do Anexo I (pedido de avaliao os imveis). Deve-se lembrar que em muitos
outros processos o Sr. Procurador chegou a iniciar por conta prpria os processos de indenizao, sem
qualquer requerimento do expropriado. Na verdade, em nenhum dos processos administrativos de
desapropriao consensual houve o cumprimento das normas, pelo simples fato de no existir previso
legal para tal procedimento. O que pode haver, dentro do prazo legal de 5 anos, o consenso sobre o
valor da indenizao; fora do prazo de 5 anos, no h espao legal para iniciar o processo
administrativo.
O alegado constrangimento do Procurador, em razo da falta de recursos, no resiste a uma
passada de olhos nos processos. Se havia falta de recursos, era de se esperar que o Sr. Procurador no
tomasse a iniciativa ilegal de requerer, em nome dos beneficirios, a abertura de mais processos; que
no desse andamento a processos relativos a imveis sem comprovao de propriedade; que no desse
andamento a processos cujo direito de ao j estivesse prescrito. Ningum tem constrangimento por no
ter recursos para fazer pagamentos irregulares; ao contrrio, deveria ser motivo de orgulho profissional,
uma demonstrao de zelo, impedir tais pagamentos.
[...]
O argumento de que se podia presumir que o processo estaria correto, pelo fato de ter passado por
vrias instncias, lgico, mas no resolve a responsabilidade do Sr. Procurador: dentre as suas
obrigaes estava a de verificar se tal presuno era verdadeira. No tivesse ele essa obrigao, seus
servios seriam dispensveis. A delegao de competncia no isenta o agente pblico de suas
responsabilidades, seja ele delegante ou delegado. No caso das desapropriaes consensuais, o Sr.
Procurador agiu fora de sua competncia delegada: ningum lhe delegou, nem poderia ter-lhe delegado,
254
poder para dar incio a processos administrativos de indenizao fora do prazo legal. Quem requer ao
Poder Pblico identifica-se por meio de documentos; se no o faz, cabe ao servidor exigir a
identificao, conferir os documentos, examinar os direitos do requerente. Estando tudo conforme, o
processo segue; caso contrrio, o processo pra, assim ficando at que se cumpram as exigncias. Esses
procedimentos foram dolosa ou culposamente ignorados. Quando se examina o conjunto de processos,
no h dvida quanto ao dolo do Sr. Procurador. A deficincia dos controles do Setor de Auditoria do
DNER no o exime de suas responsabilidades, nem transformam em lcitos os atos ilcitos.
Sua descrio dos acontecimentos que resultaram na construo da rodovia no foram
acompanhados de provas e, por serem genricos, no servem para provar que a indenizao era devida.
Todos os processos de desapropriao foram analisados individualmente pela Controladoria Geral da
Unio e somente foram transformados em TCE aqueles que no tinham sido conduzidos corretamente.
No bastam, pois, alegaes genricas de que a rodovia foi construda neste ou naquele ano;
necessrio comprovar o direito do indenizado, mediante documentos que comprovem a data e a extenso
da invaso, a titularidade do imvel apossado pela Unio, a legalidade dos procedimentos
administrativos etc.
Importa ressaltar que cabia ao Sr. Gilton Andrade Santos, como Procurador Chefe Distrital do
DNER, defender os interesses do rgo e no de terceiros perante o rgo. No entanto, assim procedeu
em 18 (inclusive este) dos 41 processos pagos irregularmente (44%) como desapropriao consensual.
No se pode, portanto, aceitar o argumento do responsvel de que agiu no estrito cumprimento de
ordens superiores. Ainda que verdadeira a afirmao, ningum obrigado a cumprir uma ordem ilegal.
Pelo cargo que ocupava e pela sua formao, o Sr. Gilton possua todas as condies de identificar os
procedimentos ilcitos que ocorriam no Distrito e alertar seus superiores. Mas, em vez disso, ampliou as
irregularidades cometidas. No h como reconhecer a boa-f nos atos praticados pelo Sr. Procurador.
[...]
7.2 Alter Alves Ferraz:
a) sua defesa ficou prejudicada porque no tomou conhecimento de todas as folhas dos autos;
b) no pode ser responsabilizado apenas pela assinatura da ordem bancria, porque o pagamento j
tinha sido autorizado pela Chefia do 11 DRF/DNER, inclusive com a assinatura da nota de empenho, e o
processo tinha sido examinado pela procuradoria distrital;
c) os processos de desapropriao, quando eram encaminhados ao ordenador de despesas, j tinham
percorrido toda a tramitao necessria, sob a orientao, conduo e superviso da procuradoria distrital
e das autoridades da administrao central;
d) o DNER, no ano de 1996, havia aprovado o Programa Anual de Desapropriaes do 11 DRF,
no qual constava a desapropriao em causa;
e) no tinha competncia para questionar a legalidade ou ilegalidade do pagamento;
f) no pode ser responsabilizado solidariamente porque o pagamento decorreu de despacho
conclusivo do Sr. Procurador Distrital;
g) todos os procedimentos expropriatrios foram efetuados pelo Procurador Distrital, Sr. Gilton
Andrade Santos, limitando-se o defendente a efetuar o pagamento.
7.2.1 Anlise:
Quanto ao suposto cerceamento de defesa, o argumento fica desmontado com o prprio ofcio de
citao (fls. 241/242). Ali, no item 4, foram-lhe prestadas as informaes de como ter acesso aos autos,
por meio de vista e/ou cpia. O Sr. Alter preferiu no se servir dessas facilidades e no h disposio
legal para obrig-lo a aceit-las. No pode, agora, alegar cerceamento de defesa pelo fato de
voluntariamente no ter utilizado a prerrogativa de ter vista e cpia dos autos.
A alegao de que no responsvel em virtude de s ter assinado a Ordem Bancria no se
sustenta. A lei exige a assinatura nos documentos exatamente para delimitar responsabilidades. A
participao de vrios agentes um mtodo de controle amplamente utilizado, tanto no setor pblico
quanto no privado. Conforme a importncia de um ato ou deciso, maior o nmero de responsveis
chamados a participar da operao. Quem, de fato, autoriza os atos administrativos quem os assina:
sem assinatura do ordenador de despesas, no h gesto de recursos financeiros do rgo. Quem assina
um documento responsvel pelos seus efeitos; se vrios agentes colaboraram para a irregularidade,
so solidariamente responsveis. A assinatura do administrador pblico em contratos, convnios,
255
256
Deve-se lembrar, ainda, que os pagamentos das desapropriaes consensuais s foram possveis
por meio da manipulao do oramento. No Relatrio da Comisso de Sindicncia (processo n.
50000.012238/2001-45 cpia anexada ao TC-016.919/2004-5), que investigou os agentes pblicos
envolvidos nessas desapropriaes, so descritos os procedimentos utilizados pelos acusados para
desviar as verbas oramentrias. Ali, o Sr. Francisco Campos de Oliveira s foi inocentado porque os
processos analisados por aquela Comisso referiam-se a pagamentos ocorridos aps a sua exonerao
da Chefia do 11. DRF.
O argumento de que tudo era feito pelo Procurador Distrital contrariada pelos documentos
constantes dos autos. De fato, como ele prprio alega, os atos administrativos eram distintos, praticados
por diversos servidores, cada um na sua funo. No h a mnima hiptese de que o Sr. Francisco
Campos de Oliveira no soubesse das irregularidades das desapropriaes, sendo ele prprio uma pea
importante na execuo dos atos. Este processo foi um dentre os muitos que o grupo utilizou para lesar o
Errio.
Assim, a alegao de que no era responsvel no slida. A lei exige a assinatura nos
documentos exatamente para delimitar responsabilidades. A participao de vrios agentes um mtodo
de controle amplamente utilizado, tanto no setor pblico quanto no privado. Conforme a importncia de
um ato ou deciso, maior o nmero de responsveis chamados a participar da operao. Quem, de fato,
autoriza os atos administrativos quem os assina: sem assinatura do ordenador de despesas, no h
gesto de recursos financeiros do rgo. Quem assina um documento responsvel pelos seus efeitos; se
assinou conjuntamente, continua responsvel, s que solidariamente com os demais assinantes. A
assinatura do administrador pblico em contratos, convnios, empenhos, ordens bancrias, cheques e
demais instrumentos de administrao no meramente decorativa; tem por funo garantir a
responsabilidade do assinante.
7.4. Francisco Rodrigues da Silva:
a) o Tribunal j teria reconhecido a boa-f dos responsveis;
b) a desapropriao deve ser precedida de prvia e justa indenizao;
c) os pagamentos eram devidos aos ex-proprietrios;
d) o questionamento da auditoria recai sobre possveis inobservncias de normas internas por parte
dos gestores do DNER;
e) no teria sido procurador dos ex-proprietrios e nem teria recebido valores do DNER;
f) a prescrio qinqenal deveria ser contada apenas aps o advento da Medida Provisria n
1.901-29, que acrescentou dispositivos ao Decreto-Lei n 3.365/41;
g) as falhas ocorridas no procedimento interno do DNER no so culpa dos indenizados;
h) no teria feito nada de errado para contribuir com o pagamento de indenizao do Sr. Tetsuo
Otsuka.
7.4.1. Anlise:
Primeiramente, o responsvel no indicou em qual Deciso o TCU reconheceu que no houve mf na conduo dos processos. Neste, naturalmente, no foi, j que se encontra em fase inicial, sem
qualquer deciso de mrito prolatada. A Deciso 850/2000, que determinou o levantamento de todos os
processos de desapropriao consensual, tambm no fez tal reconhecimento e nem poderia faz-lo, j
que anterior a instaurao deste processo. [...].
A afirmao de que no atuou como procurador surpreendente, apesar de, de fato, no constar
dos autos qualquer procurao do Sr. Tetsuo Otsuka outorgando-lhe poderes para atuar no processo.
surpreendente porque o Sr. Francisco Rodrigues da Silva, embora admitindo no ser procurador,
assinou o recebimento no verso da OBP, como se verifica a fls. 135 (embora a cpia esteja esmaecida,
pode-se identificar o n. da OBP, no alto, direita da assinatura). Alm disso, o Sr. Francisco assina a
escritura pblica de desapropriao como procurador dos proprietrios (fls. 139/144). Se, de fato, o
responsvel no era procurador do proprietrio, pior ainda a sua situao, pois recebeu em seu nome e
fez-se passar por procurador ao assinar a escritura de desapropriao.
[...]
De qualquer modo, mesmo aceitando que a prescrio, no caso, seja vintenria, no procede a
alegao do responsvel. De fato, a parte que se sentir lesada tem o prazo de vinte anos para ingressar
propor a ao judicial. Entretanto, a rodovia j estava implantada em 1972 (no foi possvel precisar o
257
ano de sua implantao). No houve ato inequvoco do devedor para interromper a prescrio, por dois
motivos. Primeiro, porque no houve portaria de declarao de utilidade pblica que abrangesse a rea
indenizada e quando o beneficirio comprovadamente participou do processo (se que participou), o
Poder Pblico estava de posse do imvel havia mais de 23 anos. Segundo, porque o incio do processo
foi um ato irregular, j que inicado revelia do proprietrio e os agentes pblicos no poderiam dar
andamento ao processo. No se pode sequer alegar que o Estado responsvel pelos danos causados por
seus agentes a terceiros, pois no houve dano a terceiro; ao contrrio, o Estado foi vtima de seus
agentes, com o concurso de terceiros. O Estado j estava de posse do imvel h mais de 23 anos, mais
que suficientes para caracterizar o usucapio. At mesmo o direito de ao estava prescrito.
Quanto ao reconhecimento do TCU de que os expropriados nada fizeram de ilegal, o responsvel
no apontou de onde tirou essa concluso. No houve esse reconhecimento e, ainda que tivesse havido,
no poderia se referir a este processo. Contrariando a alegao do responsvel, na citada Deciso
850/2000, o Exm. Sr. Ministro Relator assim afirmou em seu voto:
Observo, ainda, que as responsabilidades pelos atos praticados no so isoladas, visto que o
provvel dano s pde ocorrer graas ao concurso de terceiros, no caso em tela com a participao dos
prprios donos dos imveis desapropriados.
[...].
8. Em concluso s anlises acima transcritas, so formuladas, com base na legislao vigente, as
propostas de fl. 356/357 (vol.1), acompanhadas pelo Secretrio Substituto da Secex-SC (fl. 358, vol. 1),
as quais so resumidas adiante:
a) rejeitar as alegaes de defesa apresentadas pelos Srs. Gilton Andrade Santos, Francisco Campos
de Oliveira, Alter Alves Ferraz e Francisco Rodrigues da Silva;
b) julgar irregulares as contas dos responsveis solidrios acima citados, condenando-lhes em
dbito pelo valor original de R$ 44.060,63, com os acrscimos legais a partir de 12/12/1995 at a data do
efetivo recolhimento, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias para recolher a importncia aos cofres do
Departamento Nacional de Infra-Estrutura DNIT, sucessor do extinto DNER;
c) aplicar individualmente aos responsveis Gilton Andrade Santos, Francisco Campos de Oliveira
e Alter Alves Ferraz a multa prevista no art. 57 da Lei n 8.443/92;
d) autorizar a cobrana judicial caso no atendida a notificao;
e) remeter cpia da deciso que vier a ser adotada ao Ministrio Pblico da Unio.
9. Em manifestao de fl. 359, o Ministrio Pblico junto ao TCU, representado pelo Procurador
Jlio Marcelo de Oliveira, colocou-se de acordo com a proposta de mrito oferecida pela unidade tcnica.
o Relatrio.
VOTO
A tomada de contas especial em apreciao decorre dos trabalhos de fiscalizao realizados pelo
Tribunal de Contas da Unio no 11 Distrito Rodovirio Federal do extinto DNER, no Estado do Mato
Grosso, na rea de desapropriao de imveis utilizados para o traado das rodovias federais naquele
estado. A auditoria em referncia deu ensejo ao TC-425.021/1998-0, no qual foi proferida a Deciso n
850/2000-Plenrio.
2. Diante das diversas irregularidades observadas nos procedimentos administrativos conduzidos
pelo 11 DRF, o item 8.3.1 do referido decisum determinou Secretaria Federal de Controle Interno que:
efetue a reviso de todos os pagamentos efetuados dentro do programa de desapropriao
consensual, pelo 11 Distrito Rodovirio Federal de Mato Grosso, no perodo de 1995 at o corrente
ano, solicitando ao DNER , nos casos em que for constatada a prescrio do direito do titular do imvel,
a abertura dos respectivos processos de tomadas de contas especiais pelos pagamentos indevidos,
objetivando a quantificao dos valores pagos e identificao dos responsveis e dos beneficirios desses
pagamentos, aps o que devero ser-lhes submetidos para a emisso e certificados de auditoria a seu
encargo, antes de sua remessa a este Tribunal, no prazo mximo de 60 dias;
3. Objetivando cumprir a determinao acima, a Gerncia Regional de Controle Interno em Mato
Grosso da Secretaria Federal de Controle Interno realizou auditoria especial no perodo de 27/03 a
258
259
imveis necessrios implantao da estrada foram esbulhados pelo extinto DNER. Ou seja, os antigos
proprietrios das terras que passaram a constituir domnio da Unio no foram regularmente
desapropriados poca. Os registros histricos desses fatos foram devidamente apurados pela equipe da
auditoria especial conduzida pela Secretaria Federal de Controle Interno, em cumprimento Deciso n
850/2000-Plenrio, deste Tribunal, e encontram-se minudentemente explicitados no relatrio de fls.
35/84.
14. Ora, estando j o imvel de posse da Unio (no mnimo desde 1972), com destinao especfica,
constituindo-se em leito de rodovia federal e respectiva rea de domnio, decorridos mais de vinte anos
entre a posse mansa e pacfica da Unio sobre a propriedade desapropriada e a protocolizao do
processo 51210.000.340/93-9 na 11 DRF (24/03/1993), incidiu o fenmeno da prescrio aquisitiva
dessa propriedade em favor da Unio, no socorrendo mais direito ao antigo proprietrio de reivindicarlhe a restituio nem de intentar ao de perdas e danos por desapropriao indireta.
15. A total ilegalidade do procedimento pretensamente desapropriatrio levado a efeito no 11
DRF decorre, entre outros fatores, da invalidade da prpria Portaria 045/DES, de 31 de maro de 1982,
que declarou reas genricas a serem desapropriadas a includos os imveis tratados neste processo ,
como de utilidade pblica para fins de desapropriao. Dita portaria no poderia declarar a utilidade
pblica medida inicial do procedimento desapropriatrio de um imvel que h mais de dez anos
encontrava-se na posse mansa e pacfica da Unio. Ora, somente se desapropria bem que no se encontra
na posse do poder desapropriante. Tendo sido o imvel esbulhado para a construo da estrada, estando
h muito tempo sob o domnio pblico, nada h a ser desapropriado.
16. E, mesmo que superados os vcios acima aludidos, a declarao de utilidade pblica, proferida
em 1982, j teria caducado e perdido todos os seus efeitos quando do incio do procedimento tendente ao
pagamento ora tido por ilegal. o que prescreve o caput do art. 10 do Decreto-lei n 3.365/41:
Art. 10. A desapropriao dever efetivar-se mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro
de cinco anos, contados da data da expedio do respectivo decreto e findos os quais este caducar.
(Grifei).
17. Depreende-se, assim, que mesmo se fosse o caso de desapropriar o imvel e mesmo que a sua
decretao inicial de utilidade pblica fosse inicialmente vlida, ainda assim a Portaria-DNER n
045/DES no poderia servir de base para o procedimento, pois j estaria caduca em 1993, nos termos da
legislao, quando o procedimento viciado se iniciou.
18. V-se, portanto, que sob nenhuma hiptese poderiam os responsveis, servidores do 11 DRF,
produzir os atos que culminaram com a ESCRITURA PBLICA DE DESAPROPRIAO DE
IMVEL DECLARADO DE UTILIDADE PBLICA, PARA FINS DE AFETAO RODOVIRIA
FEDERAL... (fls. 69/71, Anexo 1) e geraram o indevido pagamento que constitui o dbito apurado nesta
TCE.
19. O nico amparo que teriam para assim proceder seria se houvesse possibilidade de efetuar
desapropriao mediante o acordo de que cuida a parte inicial do dispositivo antes transcrito do Decretolei n 3.365/41, o que, demonstrou-se saciedade, no era o caso.
20. Ora, no sendo hiptese de desapropriao e tendo decorrido o prazo prescricional para os
antigos proprietrios reclamarem indenizao do DNER pelo esbulho sofrido, nada lhes era devido. Se os
agentes pblicos realizaram o pagamento, o fizeram sem qualquer amparo jurdico, devendo ressarcir o
errio do desvio de valores a que deram causa.
21. Mesmo que, por hiptese, os antigos proprietrios do imvel esbulhado pudessem reclamar
indenizao por perdas e danos, nos termos do art. 35 do Decreto-lei n 3.365/41, no tinham os
responsveis competncia para em nvel administrativo apurar e liquidar tais perdas e danos. Eis a
redao do dispositivo em questo:
Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados Fazenda Pblica, no podem ser objeto de
reivindicao, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriao. Qualquer ao, julgada
procedente, resolver-se- em perdas e danos. (Grifei).
22. , portanto, a prpria lei que indica o frum adequado para as indenizaes em funo de
expropriaes (das quais o esbulho uma forma de expropriao da propriedade imvel), ou seja: ao
judicial.
260
23. A norma mencionada pelo responsvel Gilton Andrade Santos CA-DNER-155/85 em defesa
da competncia e atribuio para realizao do ato questionado diz respeito exclusivamente aos
procedimentos normais de desapropriao, e no resoluo de conflitos decorrentes de expropriao
anterior. Na espcie, sequer h que se falar em transao para por fim a conflito judicial, posto que no h
notcia nos autos de que os esbulhados tenham ingressado em juzo para reclamar seus direitos.
24. O Sr. Gilton Andrade Santos, na funo de Procurador Distrital, teria prestado melhores
servios ao interesse pblico se tivesse, ao invs de conduzir o procedimento ilegal sob a alegao de ter
procedido de forma justa e correta, adotado as providncias necessrias promoo de ao de usucapio
do imvel desapropriado consensualmente, conforme, alis, j foi preconizado por esta Corte de Contas
ao se debruar mais uma vez sobre os graves problemas decorrentes das irregularidades cometidas no
mbito do 11 DRF, nos autos do TC-005.808/2003-0, acerca de levantamento de auditoria realizado nas
obras de adequao de trechos rodovirios da BR-364/MT, ocasio em que o Tribunal proferiu o Acrdo
n 886/2004-Plenrio, verbis:
9.5. fixar o prazo de 60 (sessenta) dias para que a Direo-Geral do DNIT e a sua 11 Unidade de
Infra-Estrutura Terrestre/DNIT adotem providncias com vistas ao cumprimento da determinao
firmada no item 9.2.1. do Acrdo 597/2003 - Plenrio TCU [9.2.1 efetue, no prazo de 120 (cento e
vinte) dias, levantamento da data do apossamento, em cada subtrecho objeto da obra em anlise, e
dos imveis afetados, adotando as providncias judiciais cabveis para regularizao fundiria da
faixa de domnio];
9.6. levar ao conhecimento da Direo-Geral do DNIT e da sua 11 Unidade de Infra-Estrutura
Terrestre/DNIT:
9.6.1. a necessidade de buscarem subsdio, junto ao Ministrio do Exrcito e ao Governo do Estado
de Mato Grosso, para a realizao do levantamento das datas de apossamento dos trechos rodovirios
em anlise, bem assim de buscarem evidncias documentais de tais apossamentos;
9.6.2. a necessidade de se averiguar a ocorrncia de usucapio sobre os imveis ocupados;
(Grifei).
25. Quanto s alegaes dos outros dois responsveis que comparecerem aos autos Srs. Francisco
Campos de Oliveira e Alter Alves Ferraz acerca de no terem tomado conhecimento de todas as folhas
dos autos, no merecem acolhida. O ofcio citatrio expressamente lhes facultou essa possibilidade.
Ademais, as irregularidades que pairam sobre o procedimento administrativo 51210.000.340/93-9 eram
do amplo conhecimento dos dois responsveis, porquanto compareceram na fase administrativa da TCE
junto ao rgo instaurador e ali apresentaram defesa.
26. No procede a argumentao desses mesmos dois ex-servidores de que a responsabilidade
deveria recair exclusivamente sobre o Procurador Distrital, Sr. Gilton Andrade Santos, pois ao assinarem
os documentos que viabilizaram o pagamento (Nota de Empenho e Ordem Bancria), estariam apenas
concluindo procedimento expropriatrio conduzido em sua integralidade pelo Sr. Gilton. A lei exige a
assinatura nos documentos exatamente para delimitar responsabilidades. A participao de vrios agentes
na conformao do ato tambm um mtodo de controle, sendo que a assinatura condio de eficcia e
de vinculao de responsabilidade de seu autor. No caso dos responsveis em questo, sem a assinatura
deles, como ordenadores de despesa, no haveria o pagamento indevido.
27. Por sua vez, as alegaes de defesa do Sr. Francisco Rodrigues da Silva carecem de qualquer
credibilidade, em face das provas coligidas nos autos. Ele participou da fraude perpetrada contra os cofres
pblicos, pois recebeu os recursos desviados e atuou como representante dos ex-proprietrios, embora em
sua defesa, estranha e incompreensivelmente, alegue que neste caso especfico, realmente no foi
procurador, no teve nenhuma influncia na conduo do processo, nem tampouco recebeu valor algum
do DNER. Essas inverdades caem por terra ao se verificar que o Sr. Francisco Rodrigues da Silva foi a
pessoa que efetivamente recebeu os valores pagos mediante a ordem bancria destinada pretensamente ao
antigo proprietrio, conforme se constata de sua rubrica, do seu CPF, por ele mesmo lanado, e da
expresso P.P (por procurao), no verso da OB, fl. 65-verso, Anexo 1.
28. Assim, a cadeia das relaes causais que culminaram no indevido pagamento remete
responsabilidade solidria dos agentes arrolados neste feito. O Sr. Gilton Andrade Santos conduziu todo o
processo, fato incontroverso e evidenciado pelos atos por ele subscritos (Anexo 1). O Sr. Francisco
Campos de Oliveira, Chefe do 11 DRF, assinou a ESCRITURA PBLICA DE DESAPROPRIAO
261
262
atualizado monetariamente e acrescido dos juros de mora, calculados a partir de 22/12/1995 at a efetiva
quitao, na forma da legislao em vigor, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificao,
para que comprovem perante este Tribunal o recolhimento da quantia aos cofres do Departamento
Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT, nos termos do art. 23, inciso III, alnea "a", da Lei n
8.443/92 e do art. 216 do Regimento Interno do TCU;
9.3. aplicar, individualmente, aos responsveis Gilton Andrade Santos, Francisco Campos de Oliveira
e Alter Alves Ferraz, a multa prevista no art. 57 da Lei n 8.443/92, no valor de R$ 6.000,00 (seis mil
reais), fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificao, para que comprovem perante este
Tribunal, nos termos do art. 23, inciso III, alnea "a", da Lei n 8.443/92 e do art. 216 do Regimento
Interno do TCU, o recolhimento das quantias aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas
monetariamente a partir do dia seguinte ao do trmino do prazo estabelecido at a data do efetivo
recolhimento, na forma da legislao em vigor;
9.4. autorizar, desde logo, a cobrana judicial das dvidas nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n
8.443/92, caso no atendidas as notificaes;
9.5. levar ao conhecimento da Procuradoria da Repblica no Estado do Mato Grosso o inteiro teor
desta deliberao, conforme prev o 3 do art. 16 da Lei n 8.443/92.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0343-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo (Relator), Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
VALMIR CAMPELO
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
263
RELATRIO
Trata-se de tomada de contas especial instaurada pelo inventariante do extinto DNER e concluda,
em sua fase interna, pelo Ministrio dos Transportes, em decorrncia de pagamento indevido de
indenizao referente a desapropriao consensual de terras ocorrida no 11 Distrito Rodovirio Federal,
no estado do Mato Grosso. A irregularidade foi constatada por auditoria especial realizada pela ento
Secretaria Federal de Controle Interno do Ministrio da Fazenda nos processos de desapropriao
consensual para fins rodovirios, relativos ao perodo de 1995 a 2000. Referida fiscalizao ocorreu em
cumprimento a determinao deste Tribunal, exarada na Deciso 850/2000-Plenrio, que cuidou de
relatrio de auditoria realizada naquele distrito rodovirio.
2. Concluda a tomada de contas especial no mbito da inventariana do extinto DNER, nos termos
do Relatrio do Tomador de Contas de fls. 13/20 (vol. Principal), recebeu certificado de irregularidade
por parte do Controle Interno, consoante Relatrio de Auditoria de fls. 208/210, Certificado de Auditoria
de fl. 211 e parecer de fl. 212 (vol. 1).
3. A autoridade ministerial competente tomou conhecimento e encaminhou o processo a julgamento
deste Tribunal, por meio do pronunciamento de fl. 220 (vol. 1).
4. Atendidos os requisitos previstos na IN/TCU n 13/96 e restando presentes os elementos
essenciais constituio desta tomada de contas especial, a Secex-SC, por fora da Portaria-Segecex n
07/2005, promoveu a citao dos responsveis solidrios, a saber: Gilton Andrade Santos, Procurador
Chefe do 11 DRF poca dos fatos, condutor do processo irregular de desapropriao; Francisco
Campos de Oliveira, ex-Chefe do 11 DRF e gestor que autorizou o pagamento; Alter Alves Ferraz,
Substituto do Chefe do 11 DRF e emissor da ordem bancria de pagamento; Marco Antonio Altobelli,
beneficirio do pagamento.
5. Os ofcios citatrios encontram-se acostados s fls. 404/416 (vol. 2).
6. Dos ofcios de citao colho a essncia da irregularidade em razo da qual foram chamados os
responsveis a se defender ou recolher aos cofres do Tesouro Nacional a quantia em dbito: pagamento
irregular, em 29/07/1997, do valor de R$ 79.285,15 (setenta e nove mil, duzentos e oitenta e cinco reais e
quinze centavos), decorrente de desapropriao consensual conduzida pelo 11 Distrito Rodovirio
Federal do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNER, por meio dos processos
20111.000669/84-33 e 20111.000670/84-12. O valor do dbito atualizado at 28/02/2006 importava em
R$ 284.392,18 (duzentos e oitenta e quatro mil, trezentos e noventa e dois reais e dezoito centavos).
7. A seguir so resumidos os argumentos dos responsveis em suas alegaes de defesa, seguidos
dos respectivos trechos da instruo de mrito de fls. 494/514 (vol. 3) em que so examinados pelo
analista-informante.
7.1 Gilton Andrade Santos (fls. 469/477, vol. 2):
264
a) prescrio da cobrana do dbito a ele imputado, uma vez que foi citado em 20/2/2006 e o
pagamento da desapropriao ocorreu em 29/7/1997, tendo transcorrido o lapso prescricional de 8 anos e
5 meses;
b) o DNER tinha o dever de indenizar o desapropriado;
c) o 11 DRF nunca tinha adotado as providncias para pagar as indenizaes de apossamentos de
terras ocorridos nas dcadas de 70 e 80, em Mato Grosso;
d) a norma CA-DNER-155/85 detalhava as aes dos processos administrativos de desapropriao,
os quais passaram a se avolumar na Procuradoria Distrital da entidade;
e) na qualidade de Chefe da Procuradoria Distrital, era o responsvel pelas justificativas de atraso
no pagamento das indenizaes pleiteadas;
f) havia orientao da Administrao Central para privilegiar a via administrativa em detrimento da
judicial;
g) o DNER em Braslia quem administrava os recursos financeiros, sendo que os funcionrios
distritais eram meros executores de ordens centralizadas;
h) os processos eram instrudos por tcnicos disponibilizados pelo prprio DNER, conferidos
previamente pelo Grupo de Percias e Avaliaes da Procuradoria Geral em Braslia e somente pagos pelo
Distrito Estadual aps a liberao dos recursos pela Administrao Central;
i) no lhe cabe culpa se o procedimento adotado pelo DNER era incorreto, pois estaria apenas
cumprindo ordens;
j) o direito do proprietrio desapropriado no se encontrava prescrito, pois no ano de 1972, quando
a construo da BR-354 atingiu a propriedade em questo, a estrada no estava com seu traado atual
concludo, sendo que a legislao civil vigente poca assegurava a indenizao ao sucessor do
proprietrio, bem como regulava os prazos de prescrio e de sua interrupo, aplicveis ao caso sob
exame;
l) sua atuao no processo resumia-se a verificar as certides e elaborar a minuta de escritura
pblica de desapropriao;
m) a indenizao paga ao beneficirio teria sido justa e as falhas administrativas constatadas no
processo de desapropriao consensual no eximiam o DNER de indenizar a desapropriada.
7.1.1 Anlise:
Antes da anlise, necessrio deixar claro com quem se lida nesta TCE. Para isso, deve-se
atentar para os seguintes fatos:
a) o Sr. Gilton Andrade Santos foi demitido em 21/7/2004, nos termos do art. 132 da Lei n.
8.112/90, conforme dados constantes do sistema SIAPE, tendo em vista que os seus argumentos de
defesa, praticamente na mesma linha dos agora apresentados a este Tribunal, no foram aceitos pela
Comisso de Processo Administrativo DisciplinarCPAD/MT-AGU n. 50000.0012238/2001-45
(Portaria Conjunta MT/AGU n. 16, de 15/3/2002DOU de 18/3/2002);
b) o Sr. Gilton responsvel em vrias TCEs (por volta de 40 processos) em virtude de fatos
semelhantes ao objeto destes autos; alm disso, houve outros casos em que a AGU e Ministrio Pblico
foram mais rpidos que o Sr. Gilton e seus cmplices, como por exemplo, num caso de grilagem de
terras, em que a Unio, alm de amargar o prejuzo pelas terras griladas, quase foi condenada a
indenizar o grileiro em ao de desapropriao indireta para fins rodovirios, objeto do processo
judicial n. 1998.36.00.007200-0 da 1 Vara - Justia Federal de 1 instncia em Mato Grosso, pelo
esbulho do imvel com matrcula nula para construo da BR 364. Na referida ao, a Colonizadora
Sinop S/A, atravs de seu advogado, Francisco Rodrigues da Silva (figura freqente em TCEs), e o
DNER, representado pelo Procurador Gilton Andrade Santos, pleitearam homologao em juzo do
acordo para pagamento do estonteante valor de R$ 85.174.989,55; e
c) o extinto DNER foi vtima de um grupo formado por servidores (tanto da sede quanto do 11
DRF), advogados e corretores, dentre outros, os quais esto sendo processados no TRF/1 Regio
Seo Judiciria de Mato Grosso (Ao Civil Pblica de Improbidade Administrativa), em virtude dos
mesmos fatos objetos das vrias TCEs.
Quanto prescrio qinqenal para as aes de ressarcimento, o Tribunal tem entendimento no
sentido de que, na vigncia do Cdigo Civil de 1916, era de 20 anos a prescrio eventualmente
aplicvel a dbitos apurados por fora do exerccio das competncias previstas no art. 71 da
265
Constituio Federal. Sem contar que h tese de que a regra inscrita no 5 do art. 37, da CF, imporia
na realidade a imprescritibilidade de tais dbitos. Com o novo Cdigo Civil, incide a regra de transio
prevista no seu art. 2.028, que estipula serem os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por ele, e se,
na data de sua entrada em vigor, j houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei
revogada. Na melhor das hipteses para o responsvel, a ao de ressarcimento estar prescrita em
2013.
Quanto prescrio vintenria no caso de desapropriao indireta e de interrupo da prescrio
em razo de atos inequvocos do devedor que importaram no reconhecimento do direito do credor a
questo irrelevante para imputao de dbito ao Sr. Gilton Andrade Santos, pois ele j pode ser
responsabilizado em virtude da inexistncia de embasamento legal para o pagamento administrativo de
indenizao por desapropriao indireta tanto no que se refere ao contedo material dos atos (a
impreviso legal de desapropriaes consensuais) quanto no que se refere competncia dos agentes
que o conduziram.
Alm disso, conforme citado no Relatrio do Exmo. Sr. Ministro Humberto Souto (Deciso
850/2000 Plenrio), no obstante a existncia de ampla jurisprudncia (por exemplo: STJ, Embargos
no RE n 63.833-RS, 03/05/72) e Smula do STJ (10) no sentido de prescrio vintenria, at mesmo essa
tese pode ser adequadamente atacada (ainda no foi criada a smula vinculante no Brasil), havendo,
inclusive, decises contrrias a tal tese, como a do processo n 12.471/84-1, movido por Luiz Joo e sua
esposa contra o DNER .
De qualquer modo, mesmo aceitando que a prescrio, no caso, seja vintenria, no procede a
alegao do responsvel. A rodovia j estava implantada em 1972 (no foi possvel precisar o ano de sua
implantao). Ainda que no houvessem transcorrido os 20 anos, duvidoso classificar a Portaria de
desapropriao como ato inequvoco do devedor, que interromperia a prescrio. Isso porque muitos
imveis j estavam de posse da Unio e a Portaria 073/DES era genrica, no especificava, com nmero
de matrcula, quais os imveis atingidos. No h como o Poder Pblico compulsoriamente despojar
algum de um certo bem se este bem j se encontra sob domnio pblico, face a impossibilidade de
reivindicao do bem j afetado. No havia necessidade de desapropriar o que j estava de posse da
Unio, pelo menos, h 9 anos. Assim, a Portaria s teria sentido para atingir os imveis que estavam na
posse de terceiros. De qualquer modo, quando o beneficirio comprovadamente participou do processo,
o Poder Pblico estava de posse do imvel h mais de 25 anos.
Anlise das alegaes de mrito
No tocante s irregularidades levantadas nos presentes autos, a alegao de que no foram
cometidas intencionalmente no se sustenta. A atuao do Sr. Procurador neste processo e o conjunto de
sua obra no deixam dvidas de que se aproveitou das fragilidades administrativas do DNER para, em
conluio com terceiros, lesar o Errio. No so meras falhas administrativas formais, mas sim,
descumprimento de pontos essenciais das normas, em benefcio de terceiros. O Sr. Procurador faltou
com seu dever de lealdade para com a Administrao Pblica, sendo mais advogado das partes que
defensor da Unio.
O responsvel afirma que seguiu normas superiores editadas pela Procuradoria-Geral e pela
Diretoria Geral do DNER, e tenta jogar a responsabilidade sobre outros servidores do DNER, dentre os
quais o topgrafo, o desenhista, o engenheiro avaliador e auxiliares, bem como s prprias DiretoriaGeral e Procuradoria-Geral do DNER localizadas em Braslia-DF, dando a entender que apenas
cumpria ordens; que era apenas um instrumento. Se lhe for dado crdito, sua funo seria semelhante a
de um contnuo, cuja nica atribuio era incluir processos na fila de pagamentos. Na verdade, a
atuao do Sr. Procurador era bem mais ampla; invadia competncia de terceiros e solicitava
diretamente as avaliaes, sob o argumento de fazer cadastro das reas limtrofes faixa de domnio
(como ocorrido, por exemplo, no TC-000.536/2003-5). Sua afirmao de que suas atribuies limitavamse a conferir certides e elaborar as minutas da escritura de desapropriao (fls. 213, 2 pargrafo) no
tem credibilidade, tendo em vista que o Sr. Procurador iniciou por conta prpria vrios processos de
indenizao (inclusive o objeto desta TCE), sem qualquer requerimento do expropriado. Na verdade, em
nenhum dos processos administrativos de desapropriao consensual houve o cumprimento das
normas, pelo simples fato de no existir previso legal para tal procedimento. O que pode haver, dentro
266
do prazo legal de 5 anos, o consenso sobre o valor da indenizao; fora do prazo de 5 anos, no h
espao legal para iniciar o processo administrativo.
O alegado constrangimento do Procurador, em razo da falta de recursos, no resiste a uma
passada de olhos nos processos. Se havia falta de recursos, era de se esperar que o Sr. Procurador no
tomasse a iniciativa ilegal de requerer, em nome dos beneficirios, a abertura de mais processos; que
no desse andamento a processos relativos a imveis sem comprovao de propriedade; que no desse
andamento a processos cujo direito de ao j estivesse prescrito. Ningum tem constrangimento por no
ter recursos para fazer pagamentos irregulares; ao contrrio, deveria ser motivo de orgulho profissional,
uma demonstrao de zelo, impedir tais pagamentos.
No possvel avaliar-se neste processo a justificativa de que o processo judicial era quatro vezes
mais oneroso que o processo administrativo. provvel que um processo administrativo legal e
honestamente conduzido seja, de fato, mais barato para o rgo que um processo judicial; entretanto,
duvidoso que o de desapropriao consensual o seja, principalmente quando zelados pelo Sr.
Procurador.
O argumento de que se podia presumir que o processo estaria correto, pelo fato de ter passado por
vrias instncias, lgico, mas no resolve a responsabilidade do Sr. Procurador: dentre as suas
obrigaes estava a de verificar se tal presuno era verdadeira. No tivesse ele essa obrigao, seus
servios seriam dispensveis. A delegao de competncia no isenta o agente pblico de suas
responsabilidades, seja ele delegante ou delegado. No caso das desapropriaes consensuais, o Sr.
Procurador agiu fora de sua competncia delegada: ningum lhe delegou, nem poderia ter-lhe delegado,
poder para dar incio a processos administrativos de indenizao fora do prazo legal. Quem requer ao
Poder Pblico identifica-se por meio de documentos; se no o faz, cabe ao servidor exigir a
identificao, conferir os documentos, examinar os direitos do requerente. Estando tudo conforme, o
processo segue; caso contrrio, o processo pra, assim ficando at que se cumpram as exigncias. Esses
procedimentos foram dolosa ou culposamente ignorados. Quando se examina o conjunto de processos,
no h dvida quanto ao dolo do Sr. Procurador. A deficincia dos controles do Setor de Auditoria do
DNER no o exime de suas responsabilidades, nem transformam em lcitos os atos ilcitos.
Sua descrio dos acontecimentos que resultaram na construo da rodovia no foram
acompanhados de provas e, por serem genricos, no servem para provar que a indenizao era devida.
Todos os processos de desapropriao foram analisados individualmente pela Controladoria Geral da
Unio e somente foram transformados em TCE aqueles que no tinham sido conduzidos corretamente.
No bastam, pois, alegaes genricas de que a rodovia foi construda neste ou naquele ano;
necessrio comprovar o direito do indenizado, mediante documentos que comprovem a data e a extenso
da invaso, a titularidade do imvel apossado pela Unio, a legalidade dos procedimentos
administrativos etc.
Importa ressaltar que cabia ao Sr. Gilton Andrade Santos, como Procurador Chefe Distrital do
DNER, defender os interesses do rgo e no dos de terceiros perante o rgo. No entanto, assim
procedeu em 18 (inclusive este) dos 41 processos pagos irregularmente (44%) como desapropriao
consensual.
No se pode, portanto, aceitar o argumento do responsvel de que agiu no estrito cumprimento de
ordens superiores. Pelo cargo que ocupava e pela sua formao, o Sr. Gilton possua todas as condies
de identificar os procedimentos ilcitos que ocorriam no Distrito e alertar seus superiores. Mas, em vez
disso, ampliou as irregularidades cometidas. No h como reconhecer a boa-f nos atos praticados pelo
Sr. Procurador.
[...]
7.2 Alter Alves Ferraz (fls. 422/431, vol. 2):
a) sua defesa ficou prejudicada porque no tomou conhecimento de todas as folhas dos autos;
b) no pode ser responsabilizado apenas pela assinatura da ordem bancria, porque o pagamento j
tinha sido autorizado pela Chefia do 11 DRF/DNER, inclusive com a assinatura da nota de empenho, e o
processo tinha sido examinado pela procuradoria distrital;
c) os processos de desapropriao, quando eram encaminhados ao ordenador de despesas, j tinham
percorrido toda a tramitao necessria, sob a orientao, conduo e superviso da procuradoria distrital
e das autoridades da administrao central;
267
268
269
b) a indenizao paga foi justa, no tendo incidido a prescrio, que a vintenria para o caso em
exame;
c) mandamento constitucional que, para que ocorra a desapropriao, haja a prvia e justa
indenizao;
d) no pode ser responsabilizado pelo valor integral da devoluo dos valores uma vez que a
citao foi solidria;
e) a caducidade do decreto expropriatrio no atinge o direito ao ressarcimento indenizatrio;
f) o prazo de caducidade de cinco anos para o decreto expropriatrio deve ser contado a partir da
Medida Provisria n 1.901-27, de 29/6/1999;
g) o prazo prescricional foi interrompido pela instaurao o processo administrativo que resultou
no pagamento da indenizao (1984);
h) no cabe responsabilizar o expropriado por falhas administrativas cometidas pelos outros
responsveis arrolados no processo.
7.4.1. Anlise:
Primeiramente, o responsvel no indicou em qual Deciso o TCU reconheceu que no houve mf na conduo dos processos. Neste, naturalmente, no foi, j que se encontra em fase inicial, sem
qualquer deciso de mrito prolatada. A Deciso 850/2000, que determinou o levantamento de todos os
processos de desapropriao consensual, tambm no fez tal reconhecimento e nem poderia faz-lo, j
que anterior a instaurao deste processo. As exaltaes e peroraes apresentadas no alteram os
fatos e o direito. Quanto ao mrito da desapropriao, inclusive a prescrio, so analisados adiante.
Quanto citao solidria, h uma clara incompreenso sobre o instituto da solidariedade, j que,
exatamente por ter sido solidariamente citado, o responsvel s ser obrigado a restituir o total do
dbito se os demais responsveis no cumprirem sua parte; assim mesmo, cabe a ele o direito de exigir
dos demais o pagamento de suas respectivas cotas. O Tribunal no cobrou de cada responsvel o total
do dbito (o que seria enriquecimento sem causa da Administrao, cobrando um dbito quatro vezes
maior), mas sim, aquele valor a ser dividido entre os quatro responsveis.
[...]
Quanto prescrio vintenria no caso de desapropriao indireta, a tendncia maior pela sua
aceitao. Entretanto, conforme j citado acima, o Exmo. Sr. Ministro Humberto Souto observou em seu
Relatrio (Deciso 850/2000 Plenrio) que, no obstante a existncia de ampla jurisprudncia (por
exemplo: STJ, Embargos no RE n 63.833-RS, 03/05/72) e Smula do STJ (10) no sentido de prescrio
vintenria, at mesmo essa tese pode ser adequadamente atacada (ainda no foi criada a smula
vinculante no Brasil), havendo, inclusive, decises contrrias a tal tese, como a do processo n
12.471/84-1, movido por Luiz Joo e sua esposa contra o DNER .
De qualquer modo, mesmo aceitando que a prescrio, no caso, seja vintenria, no procede a
alegao do responsvel. De fato, a parte que se sentir lesada tem o prazo de vinte anos para ingressar
propor a ao judicial. Entretanto, a rodovia j estava implantada em 1972 (no foi possvel precisar o
ano de sua implantao). No houve ato inequvoco do devedor para interromper a prescrio, por dois
motivos. Primeiro, porque muitos imveis ao longo da rodovia j estavam de posse da Unio e Portaria
073/DES era genrica, no especificava, com nmero de matrcula, quais os imveis atingidos;
naturalmente no poderia se referir aos imveis que j estavam de posse do Estado. No h como o
Poder Pblico compulsoriamente despojar algum de um certo bem se este bem j se encontra sob
domnio pblico, face a impossibilidade de reivindicao do bem j afetado. No havia necessidade de
desapropriar o que j estava de posse da Unio, pelo menos, h 9 anos. Assim, a Portaria s teria
sentido para atingir os imveis que estavam na posse de terceiros. E quando o beneficirio
comprovadamente participou do processo, o Poder Pblico estava de posse do imvel havia mais de 25
anos. Segundo, porque o incio do processo, causado pelo Procurador, foi um ato irregular; foi um ato
praticado por agente que no tinha competncia para tal. No se pode sequer alegar que o Estado
responsvel pelos danos causados por seus agentes a terceiros, pois no houve dano a terceiro; ao
contrrio, o Estado foi vtima de seu agente, com o concurso de terceiros. A verdade que, quando o Sr.
Altobelli comprovadamente atuou no processo, o Estado j estava de posse do imvel h mais de 25
anos, mais que suficientes para caracterizar o usucapio. At mesmo o direito de ao estava prescrito.
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amparo legal para agir dessa forma, o que torna nulo de pleno direito os procedimentos administrativos
conducentes ao pagamento indevido.
20. O nico amparo que teriam para assim proceder seria se houvesse possibilidade de efetuar
desapropriao mediante o acordo de que cuida a parte inicial do dispositivo antes transcrito do Decretolei n 3.365/41, o que, demonstrou-se saciedade, no era o caso.
21. Ora, no sendo hiptese de desapropriao e tendo decorrido o prazo prescricional para os
antigos proprietrios reclamarem indenizao do DNER pelo esbulho sofrido, nada lhes era devido. Se os
agentes pblicos realizaram o pagamento, o fizeram sem qualquer amparo jurdico, devendo ressarcir o
errio do desvio de valores a que deram causa, solidariamente com o beneficirio do pagamento.
22. Mesmo que, por hiptese, os antigos proprietrios do imvel esbulhado pudessem reclamar
indenizao por perdas e danos, nos termos do art. 35 do Decreto-lei n 3.365/41, no tinham os
responsveis competncia para em nvel administrativo apurar e liquidar tais perdas e danos. Eis a
redao do dispositivo em questo:
Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados Fazenda Pblica, no podem ser objeto de
reivindicao, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriao. Qualquer ao, julgada
procedente, resolver-se- em perdas e danos. (Grifei).
23. , portanto, a prpria lei que indica o frum adequado para as indenizaes em funo de
expropriaes (das quais o esbulho uma forma de expropriao da propriedade imvel), ou seja: ao
judicial.
24. A norma mencionada pelo responsvel Gilton Andrade Santos CA-DNER-155/85 em defesa
da competncia e atribuio para realizao do ato questionado diz respeito exclusivamente aos
procedimentos normais de desapropriao, e no resoluo de conflitos decorrentes de expropriao
anterior. Na espcie, sequer h que se falar em transao para por fim a conflito judicial, posto que no h
notcia nos autos de que os esbulhados tenham ingressado em juzo para reclamar seus direitos.
25. O Sr. Gilton Andrade Santos, na funo de Procurador Distrital, teria prestado melhores
servios ao interesse pblico se tivesse, ao invs de conduzir o procedimento ilegal sob a alegao de ter
procedido de forma justa e correta, adotado as providncias necessrias promoo de ao de usucapio
do imvel esbulhado, conforme, alis, j foi preconizado por esta Corte de Contas ao se debruar mais
uma vez sobre os graves problemas decorrentes das irregularidades cometidas no mbito do 11 DRF, nos
autos do TC-005.808/2003-0, acerca de levantamento de auditoria realizado nas obras de adequao de
trechos rodovirios da BR-364/MT, ocasio em que o Tribunal proferiu o Acrdo n 886/2004-Plenrio,
verbis:
9.5. fixar o prazo de 60 (sessenta) dias para que a Direo-Geral do DNIT e a sua 11 Unidade de
Infra-Estrutura Terrestre/DNIT adotem providncias com vistas ao cumprimento da determinao
firmada no item 9.2.1. do Acrdo 597/2003 - Plenrio TCU [9.2.1 efetue, no prazo de 120 (cento e
vinte) dias, levantamento da data do apossamento, em cada subtrecho objeto da obra em anlise, e
dos imveis afetados, adotando as providncias judiciais cabveis para regularizao fundiria da
faixa de domnio];
9.6. levar ao conhecimento da Direo-Geral do DNIT e da sua 11 Unidade de Infra-Estrutura
Terrestre/DNIT:
9.6.1. a necessidade de buscarem subsdio, junto ao Ministrio do Exrcito e ao Governo do Estado
de Mato Grosso, para a realizao do levantamento das datas de apossamento dos trechos rodovirios
em anlise, bem assim de buscarem evidncias documentais de tais apossamentos;
9.6.2. a necessidade de se averiguar a ocorrncia de usucapio sobre os imveis ocupados;
(Grifei).
26. Quanto s alegaes dos outros dois agentes pblicos do DNER Srs. Francisco Campos de
Oliveira e Alter Alves Ferraz acerca do cerceamento de defesa, por no terem tomado conhecimento de
todas as folhas dos autos, no merecem acolhida. O ofcio citatrio expressamente lhes facultou essa
possibilidade. Ademais, as irregularidades que pairam sobre os procedimentos administrativos que
culminaram no pagamento indevido eram do amplo conhecimento dos dois servidores, porquanto
compareceram na fase administrativa da TCE junto ao rgo instaurador e ali apresentaram defesa (fls.
123/162).
274
27. Tambm no lhes aproveita a alegao de que a responsabilidade deveria recair exclusivamente
sobre o Procurador Distrital, Sr. Gilton Andrade Santos, pois ao assinarem os documentos que
viabilizaram o pagamento (Nota de Empenho e Ordem Bancria), estariam apenas concluindo
procedimento expropriatrio conduzido em sua integralidade pelo Sr. Gilton. A fragilidade dessa
argumentao bem demonstrada pela seguinte anlise do ACE que lavrou a instruo de mrito, com a
qual expresso a minha concordncia e permito-me novamente transcrever:
Assim, a alegao de que no era responsvel no se sustenta. A lei exige a assinatura nos
documentos exatamente para delimitar responsabilidades. A participao de vrios agentes um mtodo
de controle amplamente utilizado, tanto no setor pblico quanto no privado. Conforme a importncia de
um ato ou deciso, maior o nmero de responsveis chamados a participar da operao. Quem, de fato,
autoriza os atos administrativos quem os assina: sem assinatura do ordenador de despesas, no h
gesto de recursos financeiros do rgo. Quem assina um documento responsvel pelos seus efeitos; se
assinou conjuntamente, continua responsvel, s que solidariamente com os demais assinantes. A
assinatura do administrador pblico em contratos, convnios, empenhos, ordens bancrias, cheques e
demais instrumentos de administrao no meramente decorativa; tem por funo garantir a
responsabilidade do assinante.
28. Assim, a cadeia das relaes causais que culminaram no indevido pagamento remete
responsabilidade solidria dos agentes arrolados neste feito. O Sr. Gilton Andrade Santos conduziu todo o
processo, fato incontroverso e evidenciado pelos atos por ele subscritos. O Sr. Francisco Campos de
Oliveira, Chefe do 11 DRF, assinou, juntamente com o Sr. Gilton, a ESCRITURA PBLICA DE
DESAPROPRIAO DE IMVEL DECLARADO DE UTILIDADE PBLICA, PARA FINS DE
AFETAO RODOVIRIA FEDERAL... (fls. 385/387, vol. 2, aditada pela escritura de fls. 394, vol.
2), documento bsico para a consumao do pagamento, e emitiu a necessria nota de empenho (fl. 120,
vol. Principal). Por sua vez, o Sr. Alter Alves Ferraz, na qualidade de Chefe Substituto, emitiu a Ordem
Bancria (fl. 121, vol. Principal) que viabilizou o indevido recebimento dos recursos federais por parte do
beneficirio, Sr. Marco Antonio Altobelli (recibo fl. 121, vol. Principal).
29. No aproveita ao antigo proprietrio esbulhado a argumentao de que a indenizao lhe seria
devida, porquanto no teria ocorrido a prescrio. No lhe socorre o procedimento ilegal iniciado pelo 11
DRF, o qual no tem o condo de interromper o prazo fatal, eis que nulo de pleno direito, conforme j
explicitado neste Voto. Dessa forma, como assinalou o douto Procurador-Geral em seu parecer de fls.
515/517, ... o incio do processo pelo Procurador do DNER (Sr. Gilton Andrade Santos), ante a falta de
amparo legal e regulamentar, tampouco tem o condo de causar a interrupo no prazo prescricional.
30. A ao dolosa para desvio de recursos pblicos mostra-se induvidosa, tendo em conta, no caso
concreto, o incio irregular do procedimento administrativo, mngua de iniciativa da parte interessada, e,
no conjunto das aes dos responsveis, consoante avaliado no relatrio da auditoria especial do Controle
Interno de fls. 36/84, a responsabilidade pela prtica continuada de outras ilegalidades semelhantes no
mbito do 11 DRF, que resultaram em pagamentos suspeitos no montante de R$ 15 milhes, gerando 47
processos de tomadas de contas especiais destinadas a julgamento deste Tribunal.
31. Tendo em conta a gravidade dos fatos, adiro proposta uniforme da unidade tcnica e do
Ministrio Pblico pela aplicao individual, aos agentes pblicos responsveis, da multa prevista no art.
57 da Lei n 8.443/92. Embora o Sr. Alter Alves Ferraz tenha emitido Ordem Bancria como substituto do
Chefe do Distrito, verifico que essa conduta demonstra-se decisiva para a consumao do dano ao errio e
representa procedimento reiterado em procedimentos da mesma natureza, ora sob apreciao em outros
feitos da minha relatoria, o que afasta o alegado carter circunstancial do ato. Dessa forma, deve tambm
a ele ser imputada a multa proporcional ao dbito.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberao que ora submeto ao
Plenrio.
TCU, Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007.
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relator
275
276
VALMIR CAMPELO
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
277
Machado de Brito, deliberou por aplicar a tais gestores multa no valor individual de R$ 2.000,00, com
fulcro no art. 58, inc. II, da Lei 8.443/92.
4. O TC-775.050/1996-2 foi tambm objeto da Deciso 706/1997 TCU Plenrio, de que
encaminhou-se cpia ao Ministrio da Administrao Federal e Reforma do Estado Mare, devidamente
acompanhada do Relatrio e Voto que a fundamentaram, sendo que esses tambm serviram de base para
o referido Acrdo 239/1997 TCU Plenrio.
5. Em funo de verificaes promovidas a partir da cincia da mencionada Deciso 706/1997
TCU Plenrio, o Coordenador-Geral do Grupo Tcnico de Prestao de Contas do Mare, aps concluir
pela subsistncia de irregularidades na prestao de contas do Convnio 051/SS/94 (vide fl. 4),
encaminhou a Informao 602/98 Codil/GTCOM Coordenao-Geral para Assuntos de Inventariana
Cinve/SFC, para instaurao da presente tomada de contas especial.
6. O Controle Interno certificou a irregularidade destas contas (fl. 68, volume principal), havendo-se
pronunciado o Ministro de Estado do Oramento e Gesto nos termos do art. 52 da Lei 8.443/92 (fl. 71,
v.p.).
7. J neste Tribunal, no mbito da Secex/AP, depois de providenciada a citao dos responsveis, os
autos foram objeto da instruo acostada s fls. 297/302, volume 1, cujas concluses foram endossadas
pela titular daquela unidade tcnica (fl. 302, v.1), que passo a transcrever, em suas partes essenciais:
278
obra) e a empresa contratada OMS Construes Ltda., pela despesa relativa Pavimentao, cujos
servios no foram realizados. Despacho do Relator deferiu a proposta de citao, exceto a da empresa
OMS Construes Ltda. (fl. 135).
4. EXAME DA CITAO
4.1. As citaes dos responsveis esto apresentadas s fls. 138/9 e 202/204. O Sr. Annbal
Barcellos est representado nos autos por seu advogado, Sr. Jos Chagas Alves, conforme documento
procuratrio fl. 145. Aps duas concesses de prazo (fls. 150 e 160) e concesso de vistas e cpias (fls.
161/3), o responsvel Annbal Barcellos apresentou suas alegaes de defesa s fls. 164/200. Por sua vez,
o Sr. Nelson Fernando Farias Brasiliense, aps concesso de vistas e cpias do processo (fls. 205/10),
tambm apresentou suas alegaes de defesa s fls. 211/39. J o responsvel Edilson Machado de Brito
foi citado por ARMP, constando sua assinatura no mencionado documento (fl. 204), mas no compareceu
aos autos.
4.2. Alegaes de defesa
4.2.1. Alegaes de defesa do Sr. Annbal Barcellos (fls. 164/200) Afirma o responsvel que o
Convnio 051/SS/94 j foi examinado por auditoria do Tribunal, conforme TC 775.050/96-2, do que
resultou multa aos senhores Annbal Barcellos e Edilson Machado de Brito, nos termos do Acrdo
239/97 TCU Plenrio. A multa imposta ao Sr. Annbal Barcellos j foi paga, (conforme documento
fl. 200). Como o atual processo versa sobre o mesmo Convnio 051/SS/94, sua nova apreciao poderia
resultar em injusta e dupla condenao, pelo que requer seu arquivamento.
4.2.2. Alegaes de defesa do Sr. Nelson Fernando Farias Brasiliense (fls. 211/39) O responsvel
alega que os fatos relacionados obra de drenagem e pavimentao da rea denominada Baixada do
Adonias, na cidade de Macap/AP, foram objeto de apreciao do Tribunal, conforme TC 775.050/19962. Nesse processo, tanto a instruo da Secex/AP, quanto o relatrio o voto do Ministro-Relator e o
Acrdo 239/1997- TCU Plenrio acolheram suas razes de justificativa. Assim, considerando que se
trata de matria j apreciada pelo Tribunal, requer que seu nome seja excludo do presente processo.
4.3 . Anlise
4.3.1. O Convnio 051/SS/94 j foi objeto de auditoria deste Tribunal (TC 775.050/1996-2) em
cumprimento Deciso 674/1995 Plenrio, que atendeu solicitao de Comisso do Senado Federal
para investigar a situao de obras inacabadas custeadas pela Unio. No relatrio que fundamentou o voto
do Relator (fls. 34/36), consta a informao da no execuo da pavimentao em CBUQ (concreto
betuminoso usinado a quente), apesar de esse item constar como realizado no Relatrio Tcnico firmado
pelos senhores Annbal Barcellos e Edilson Machado de Brito. Conforme item 2 desta instruo, no
referido Acrdo 239/1997 (fls. 236/7), relativamente ausncia de execuo do item pavimentao,
foram acolhidas as razes de justificativa dos responsveis, exceo do Sr. Edilson Machado de Brito
(revel) e aquela apresentada pelo Sr. Annbal Barcellos. Por conta disso, o Acrdo determinou a
aplicao de multa queles responsveis. Ainda no mesmo processo foi expedida a Deciso 706/1997
Plenrio (fls. 238/239) com determinaes diversas ao Governo do Estado do Amap.
4.3.2. O Acrdo 239/1997 TCU Plenrio reconheceu que foi irregular o pagamento da despesa
relativa ao item pavimentao, uma vez que as razes de justificativas apresentadas no TC
775.050/1996-2, pelo senhor Annbal Barcellos, no ilidiram a ocorrncia relacionada ausncia de
execuo desse item (fl. 194), do que decorreu a aplicao de multa aos senhores Annbal Barcellos e
Edilson Machado de Brito pela prtica de ato com grave infrao norma legal (art. 58, inciso II, da Lei
8.443/92). Mas vale observar que somente a multa tem carter de sano contra responsveis por prtica
de ato irregular/ilegal. Se, entretanto, do ato irregular/ilegal resultar dano ao Errio, ao Tribunal cabe
utilizar-se dos meios legais para garantir o devido ressarcimento, a razo dessa TCE, sem que isso
represente nova punio. Ainda a este respeito, salutar o teor do Regimento Interno, art. 250, 5: A
aplicao de multa em processo de fiscalizao no implicar prejulgamento das contas ordinrias da
unidade jurisdicionada, devendo o fato ser considerado no contexto dos demais atos de gesto do perodo
envolvido. Dessa forma, no podem ser acatadas as alegaes de defesa do Sr. Annbal Barcellos de que
o convnio j foi apreciado pelo Tribunal, no cabendo mais nova manifestao.
4.3.3. Por outro lado, o citado Acrdo, relativamente ausncia da execuo do item
pavimentao, acolheu as razes de justificativa do responsvel Nelson Fernando Farias Brasiliense.
279
Nos presentes autos no foram apresentadas novas informaes que pudessem modificar o mrito daquela
apreciao, pelo que entendemos devam ser acolhidas suas alegaes de defesa apresentadas nos autos e
seu nome retirado do presente processo.
4.3.4. O responsvel Edilson Machado de Brito, j nos autos do TC 775.050/1996-2, conforme
Acrdo 239/1997 Plenrio, no se fez presente. De igual modo, no presente processo, no obstante
devidamente citado (fls. 203/4), no compareceu aos autos, pelo que propomos ao Tribunal que o
considere revel.
4.4. Entretanto, divergindo do relator anterior, o Exm. Senhor Ministro Augusto Sherman
Cavalcanti, em despacho de 18 de maro de 2003 (fl. 247, vol. 1), determinou citao tambm da
empresa OMS Construes Ltda., solidariamente com os demais responsveis, pelo dbito de
Cr$ 324.713.402,06 (valor original em 15/06/1994), para apresentarem alegaes de defesa ou
recolherem-no aos cofres do Tesouro Nacional, atualizado monetariamente e acrescido dos juros de mora,
nos termos da legislao vigente. As novas citaes foram prontamente realizadas por esta Secex por
meio dos ofcios n 025, 026, 027 e 028 (fls. 249 a 252, vol. 1).
4.5 . Para essa nova citao, o responsvel Nelson Fernando Farias Brasiliense pede para
considerar as mesmas alegaes de defesa j apresentadas neste processo (fl. 254, vol. 1).
4.6 . Como aconteceu anteriormente, embora regularmente citado, conforme fl. 251, o senhor
Edilson Machado Brito outra vez no compareceu aos autos.
4.7 . Representado por seu advogado, senhor Jos Chagas Alves, o responsvel Annbal Barcellos
tambm pede para que sejam consideradas as alegaes de defesa j apresentadas neste processo sobre a
citao anterior (fls. 255 e 256, vol. 1).
4.8 . Quanto empresa OMS Construes Ltda., foram feitas, sem sucesso, quatro tentativas de
citao, por meio de carta registrada com aviso de recebimento e, por ltimo, foi feita citao, por edital,
publicada no Dirio Oficial da Unio n 226, de 20 de novembro de 2003 (fl. 296). Conforme se verifica
nos autos, das citaes por carta, trs foram encaminhadas para endereos distintos do representante legal
da empresa, senhor Maurcio Nelson Andrade Pimentel, e uma para o endereo da empresa fornecido pela
Junta Comercial da Bahia (fls. 269 a 288). Todas essas citaes foram devolvidas pelos Correios com
anotaes do tipo mudou-se, no procurado ou no existe o n indicado, da a deliberao de realizar
a citao por edital. A referida empresa, entretanto, no se fez presente nos autos.
5. CONCLUSO
5.1. As alegaes de defesa do Sr. Nelson Fernando Farias Brasiliense merecem ser acatadas, eis
que j acolhidas suas razes de justificativa no TC 775.050/1996-2 sobre o mesmo objeto, conforme
Acrdo 239/1997 TCU Plenrio.
5.2 . Embora regularmente citados, a empresa OMS Construes Ltda. e o Sr. Edilson Machado
de Brito no se fizeram presentes nos autos, conforme j expendido nos subitens 2.14 e 2.16, desta
instruo. Assim, alm de no recolherem os valores relativos aos seus dbitos, tambm no apresentaram
alegaes de defesa, o que os torna revis, nos termos do 3 do art. 12, da Lei 8.443/92 e do art. 202,
8 do RI/TCU. Em vista desse fato subsistem as irregularidades inquinadas e os respectivos dbitos
imputados.
5.3 . As alegaes de defesa do Sr. Annbal Barcellos no suprimem a irregularidade pelo
pagamento do item pavimentao no executado, tampouco faz sentido sua alegao de que nova
apreciao do Tribunal sobre o mesmo objeto poder-lhe-ia causar dupla e injusta punio.
5.4 . Os responsveis, senhores Annbal Barcellos e Edilson Machado de Brito, consoante consta
dos autos, no comprovaram a boa e regular aplicao dos recursos repassados por meio do Convnio
051/SS/94. Assim, no podemos afirmar que tenham agido da boa f, o que nos permite propor
diretamente o julgamento pela irregularidade das contas, com espeque no art. 202, 6 do RI/TCU e no
art. 3 da Deciso Normativa/TCU n 35/2000, que dispe in verbis:
art. 3 Na hiptese de no se configurar a boa f do responsvel ou na ocorrncia de outras
irregularidades relacionadas no art. 16, III, da Lei 8.443/92, o Tribunal proferir, desde logo, o
julgamento definitivo de mrito pela irregularidade das contas.
5.5. Deixaremos de propor multa no presente processo, em virtude de o Tribunal, por meio do
Acrdo 239/97, j t-la aplicado aos responsveis supracitados, conforme relatado no subitem 2.3 desta
instruo.
280
6. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Em razo de todo o exposto, submetemos os autos considerao superior, propondo que o
Tribunal:
I Acate as alegaes de defesa do Sr. Nelson Fernando Farias Brasiliense, julgando regulares
suas contas e excluindo-o de qualquer responsabilidade no presente processo, posto que j acatadas suas
razes de justificativa sobre o mesmo objeto no Acrdo 239/1997-TCU-Plenrio.
II Considere revis no processo o Sr. Edilson Machado de Brito e a empresa OMS Construo
Ltda., na forma do art. 12, 3., da Lei 8.443/92, vez que, devidamente citados, no compareceram aos
autos.
III Julgue irregulares as contas dos responsveis Srs. Annbal Barcellos (CPF 001.288.647-53)
e Edilson Machado de Brito (CPF 133.005.206-49); e em dbito solidrio estes senhores juntamente
com a empresa OMS Construes Ltda. (CNPJ 13.929.229/0001-57), na pessoa de seu representante
legal, nos termos dos artigos. 1, inciso I, e 16, inciso III, alnea b, e 19, caput, da Lei 8.443/92,
considerando a ocorrncia relatada nos subitens desta Instruo, condenando-os ao pagamento da
importncia CR$ 324.713.402,06, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculada a
partir de 15/06/1994 at a efetiva quitao do dbito, fixando-se-lhes o prazo de quinze dias para que
comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, nos
termos do art. 23, inciso III, alnea a, da citada lei, c/c o art. 214, inciso III, alnea a, do Regimento
Interno/TCU;
IV Autorize, desde j, a cobrana judicial das dvidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei
8.443/92, caso no atendidas as notificaes.
8. O Ministrio Pblico junto a esta Corte, neste ato representado pelo Procurador-Geral Lucas
Rocha Furtado, manifestou-se de acordo com a proposta de encaminhamento oferecida pela Secex/AP (fl.
303, v.1).
o relatrio.
VOTO
Consoante j mencionado no relatrio precedente, esta tomada de contas especial foi iniciada a
partir da cincia, por parte do Ministrio da Administrao Federal e Reforma do Estado Mare, de
irregularidades identificadas na execuo do Convnio 051/SS/94, firmado entre o extinto Ministrio do
Bem-estar Social e o Governo do Estado do Amap, por intermdio da auditoria constante do TC775.050/1996-2, sobre que foram prolatados a Deciso 706/1997 TCU Plenrio e o Acrdo 239/1997
TCU Plenrio. Por meio desta ltima deliberao, ademais, foi aplicada a multa, individual, de
R$ 2.000,00 aos Srs. Annbal Barcellos e Edilson Machado de Brito, em funo da ausncia de execuo
do item pavimentao, que constou como servio realizado no Relatrio Tcnico encaminhado ao
Ministrio do Bem-Estar Social, referente ao Convnio 051/94.
2. Ao chegar a esta Corte, a presente TCE apontava como motivo de sua instaurao apenas a
no-comprovao de contrapartida pelo Governo Estadual, valor por que se haveria inscrito o ento
Governador, Sr. Annbal Barcellos, em Diversos Responsveis. As verificaes promovidas pela
Secex/AP, no entanto, tendo igualmente em conta as informaes advindas do TC-775.050/1996-2,
concluram, tambm, pela presena do dbito atinente ao pagamento, sem a correspondente realizao,
do item pavimentao, sendo a proposta daquela unidade tcnica por que fosse efetuada a citao dos
responsveis por ambas as ocorrncias.
3. O ento Relator do feito, Min. Benjamin Zymler, no entanto, aps manifestar-se pela ausncia de
competncia do TCU em exigir a aplicao de contrapartida, tendo em vista no se tratar de recurso
federal, somente autorizou a citao relativa ao pagamento indevido do item pavimentao. Em
decorrncia de tal autorizao, foram citados os Srs. Annbal Barcellos (ex-Governador do Amap e
signatrio do convnio), Nelson Fernando Farias Brasiliense (Fiscal da Obra) e Edilson Machado de Brito
(Secretrio de Obras responsvel pelo termo de recebimento e aceitao definitiva da obra), pelo valor
de CR$ 324.713.402,06 (trezentos e vinte e quatro milhes, setecentos e treze mil, quatrocentos e dois
281
cruzeiros reais e seis centavos parcela atinente, no pagamento efetuado construtora OMS, ao item
pavimentao vide fl. 25, v.p.), na data de 15/6/1994 (quando o pagamento construtora foi
promovido, conforme fl. 100, volume principal).
4. Posteriormente, ao verificar que a empresa OMS Construes Ltda. recebeu pagamento pela
realizao de servio que efetivamente no prestou, determinei sua citao solidariamente aos demais
responsveis (fl. 247, v.1), providncia levada a efeito pela Secex/AP (fls. 249/51 e 294).
5. Tanto o Sr. Edilson Machado de Brito quanto a empresa OMS Construes Ltda., embora citados
de forma regular e vlida, em plena conformidade com os normativos acerca da matria, permaneceram
silentes, no oferecendo defesa ou recolhendo o dbito, restando, portanto, caracterizada sua revelia,
podendo-se dar prosseguimento ao processo, nos termos do 3 do art. 12 da Lei 8.443/92.
6. O Sr. Nelson Fernando Farias Brasiliense, em suas alegaes de defesa (fls. 211/39, v.1),
argumenta que seus atos de gesto relativos obra de drenagem e pavimentao da rea denominada
Baixada do Adonias, na cidade de Macap/AP, j foram objeto de apreciao deste Tribunal no mbito do
TC-775.050/1996-2 e que, naqueles autos, por meio do Acrdo 239/1997 TCU Plenrio, suas razes
de justificativa foram acolhidas.
7. Examinando a instruo da Secex/AP que subsidiou referido acrdo, verifico constar a
concluso do rgo instrutivo de que o responsvel, ao que indicam os elementos aportados queles autos,
efetivamente desconhecia o relatrio tcnico encaminhado ao Ministrio do Bem-estar Social em que se
atestou a execuo do item pavimentao, ao contrrio dos Srs. Annbal Barcellos e Edilson Machado
de Brito, que assinaram tal pea. Estes ltimos, alis, consignaram que referido documento no passou
pela apreciao do ento fiscal da obra.
8. Considero, portanto, que devam ser acatadas as alegaes de defesa do Sr. Nelson Fernando
Farias Brasiliense, excluindo-o do rol de responsveis destas contas.
9. No exerccio de sua oportunidade de defesa (fls. 164/7, v.p.), vem o Sr. Annbal Barcellos, em
sntese, alegar que, como o Convnio 051/SS/94 j foi examinado por este Tribunal no mbito do TC775.050/1996-2, do que lhe resultou, e ao Sr. Edilson Machado de Brito, a penalidade de multa, nova
apreciao da mesma irregularidade, que se estaria fazendo nestes autos, poderia resultar em injusta e
dupla condenao.
10. Ora, por intermdio do Acrdo 239/1997 TCU Plenrio, proferido sobre o TC775.050/1996-2, este Tribunal tratou, apenas, da regularidade do ato de gesto atinente ausncia de
execuo do item pavimentao, que constou como servio realizado no Relatrio Tcnico encaminhado
ao Ministrio do Bem-Estar Social, consoante se pode depreender da leitura do ltimo considerando
daquele Decisum, de que restou configurada, nos autos, a prtica de ato de gesto com infrao Lei
4.320/64, o qual, no justificado, enseja a aplicao de multa aos responsveis. Em face, portanto, de ato
de gesto irregular no elidido pelas justificativas apresentadas que, na oportunidade, com fundamento
no art. 58, inc. II, da Lei 8.443/92, aos Srs. Annbal Barcellos e Edilson Machado de Brito foi aplicada a
pena de multa.
11. Consoante se pode concluir a partir da leitura da fundamentao do referido Acrdo 239/1997,
a ausncia de sinalizao, naquela oportunidade, de que o ato de gesto referido ocasionara danos ao
Errio findou por direcionar esta Corte de Contas para, em consonncia com os arts. 43, inc. II, e 58, inc.
II, da Lei 8.443/92, sancionar somente a conduta.
12. Verificaes posteriores promovidas pelo sucessor do rgo repassador, contudo, findaram por
identificar irregularidades na aplicao dos recursos atinentes ao Convnio 051/SS/94, procedimentos que
resultaram na instaurao da presente tomada de contas especial. J neste Tribunal, as anlises
promovidas nestes autos findaram por concluir pela existncia de dbito em decorrncia do pagamento do
item no executado (pavimentao asfltica), responsabilidade essa que o encaminhamento ora sub
examine prope atribuir aos Srs. Annbal Barcellos e Edilson Machado de Brito e empresa OMS
Construes Ltda.
13. O quadro mostrou-se, portanto, substancialmente diverso. Por ocasio do Acrdo 239/1997
TCU Plenrio, restou configurado e no justificado ato praticado com grave infrao norma legal ou
regulamentar de natureza contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial, do qual no
havia evidncia poca de que decorrera dano ao Errio, situao a que se adequava apropriadamente a
aplicao da multa prevista no art. 58, II, da Lei 8.443/92. J com base nos elementos aportados a esta
282
TCE, a concluso de que a conduta inquinada de irregularidade tambm resultou em prejuzo aos cofres
pblicos.
14. A partir da, o quadro ganha duas vertentes. Por um lado, nos termos dos arts. 90 e 93 do
Decreto-lei 200/67, h a questo da obrigao de ressarcimento que surge para o responsvel por
prejuzos causados Fazenda Pblica. Quanto condenao a ressarcir o dbito em conjunto com a
aplicao de multa, no h que se falar em violao ao princpio do non bis in idem, tendo em vista que o
art. 19 da Lei 8.443/92 expressamente prev que, quando julgar as contas irregulares, havendo dbito,
poder este Tribunal, alm de condenar o responsvel ao pagamento da dvida, aplicar-lhe tambm a
multa do art. 57 da LOTCU, proporcional ao dbito. Alm disso, h que se ter em conta o fato de que a
condenao ao ressarcimento do dbito no constitui punio, mas, sim, obrigao que surge para o
responsvel causador do prejuzo. Quanto a esta primeira vertente, portanto, claramente no assiste razo
ao Sr. Annbal em suas alegaes quanto possibilidade de dupla condenao ou dupla apenao.
Alm disso, em relao ao mrito da questo, o Sr. Annbal Barcellos no apresentou elemento algum
com eficcia para afastar o dbito a ele imputado. O Sr. Edilson Machado de Brito e a empresa OMS
Construes Ltda., ao permanecerem silentes em suas oportunidades de defesa, tambm no lograram
elidir sua responsabilidade solidria no dbito em questo.
15. A outra vertente tem a ver com a possibilidade, considerando-se o novo quadro identificado
(irregularidade da qual decorreu prejuzo quantificado ao Errio), de aplicar-se o previsto no art. 57 da
Lei 8.443/92, disposio essa que guarda perfeita sintonia com a prerrogativa estatuda no inc. VIII do art.
71 da Constituio Federal, segundo a qual o TCU, quando julgar responsvel em dbito, poder tambm
aplicar-lhe multa de at cem por cento do valor atualizado do dano causado ao Errio. Ora, o
dispositivo do referido art. 57 trata de sano com potencial para ser mais gravosa do que aquela prevista
no art. 58, inc. II, anteriormente utilizado, justamente por dirigir-se a irregularidade mais grave do que a
preteritamente considerada, j que, segundo se apurou nestes autos em momento posterior, a conduta em
questo, alm de irregular, conforme j se havia constatado, tambm ocasionou leso aos cofres pblicos.
16. Como agir, no caso? Em situao similar submetida ao descortino desta Casa, objeto de
deliberao por intermdio do Acrdo 163/2001 TCU Plenrio, o autor do voto encampado pelo
Pleno desta Casa, Ministro Walton Alencar Rodrigues, apresentou para a questo o encaminhamento que
passo a transcrever no que considerei essencial:
Com as devidas vnias ao Relator, no vislumbro, absolutamente, a existncia de bis in idem na
aplicao da multa ao Juiz Nicolau dos Santos Neto e ao Juiz Dlvio Buffulin. A anterior imposio da
multa decorreu do comando expresso do art. 43, pargrafo nico e do art. 58, inc. III, da Lei 8.443/92, em
razo de haverem sido ouvidos em audincia a respeito dos ilcitos administrativos praticados nos
perodos de suas gestes na presidncia da corte trabalhista e de no terem logrado justificar tais ilcitos
causadores de dano ao Errio. Esse dano, entretanto, naquele momento, estava ainda em vias de
preliminar quantificao, para converso do processo em auditoria em Tomada de Contas Especial e
citao dos responsveis. ...
Apurado ao final o dbito, determina a Constituio Federal e a Lei Orgnica desta Corte que ela
verifique ainda o cabimento e a adequao de multa de at 100% do valor do dbito. So hipteses
normativas diversas a que a Lei 8.443/92 impe a aplicao de multas diferenciadas. A que se aplica nesta
oportunidade obedece estritamente ao art. 57 da Lei 8.443/92 e ao inciso VIII do art. 71 da Lei Maior e
tem por medida o valor do dbito apurado, o dano causado ao Errio, enquanto a multa, anteriormente
aplicada, atende ao disposto no art. 43, pargrafo nico, e no art. 58, inciso III, da mesma lei, que cuida
do fato de descumprimento de norma, independentemente do valor do dano causado.
De fato, no seria razovel que a multa do art. 58, III, da Lei 8.443/92, limitada poca em
R$ 17.560,20, pudesse como que imunizar os principais responsveis pelo imenso prejuzo causado
Nao, relativamente sano principal, determinada e autorizada no s pela Lei Orgnica desta Corte,
mas, tambm, de forma explcita, pela Constituio Federal.
Poder-se-ia, quando muito, admitir que a primeira multa aplicada segundo expressa previso do
art. 43, pargrafo nico, e do art. 58, III, da Lei Orgnica, menos onerosa, em razo da hiptese naquele
momento verificada, em auditoria, no promover a quantificao final do dbito pudesse ser absorvida,
ou substituda, pela multa derivada da expressa dico do inciso VIII do art. 71 da Constituio Federal e
283
do art. 57 da Lei 8.443/92, prevista para o fato mais grave, posteriormente comprovado, de leso ao
Errio em cerca de 169 milhes de reais, j em sede da Tomada de Contas Especial. Proponho, pois, a
supresso da multa aplicada no anterior julgamento dos fatos, permanecendo apenas a multa ora aplicada,
em vista da diversidade e da gravidade dos fatos ora comprovados.
17. Tal como no precedente citado, tambm no presente caso, guardadas as devidas propores,
revelou-se significativa disparidade entre a punio anteriormente aplicada, no valor de R$ 2.000,00, e a
efetiva gravidade do ilcito administrativo envolvido, haja vista a identificao de que dele decorreu o
prejuzo, em valores atualizados at fevereiro de 2006, de R$ 1.014.705,92. Nessas circunstncias,
tambm considero, em consonncia com o que asseverou o autor do voto condutor do Acrdo 163/2001
TCU Plenrio, ser desarrazoado que a sano menos gravosa, aplicada anteriormente quando no se
detinha pleno conhecimento acerca do alcance do ilcito administrativo, pudesse como que imunizar os
responsveis, liberando-os da multa mais onerosa, quando se constata que, efetivamente, esta ltima a
mais apropriada para o caso.
18. Em princpio, considero que a tese, apresentada inicialmente no trecho transcrito das razes de
decidir do Acrdo 163/2001, de que, haja vista tratar-se de hipteses normativas diversas a que a Lei
8.443/92 impe a aplicao de multas diferenciadas, a aplicao de ambas as sanes no constituiria bis
in idem muito razovel. Entendo, todavia, que a situao pode ser adequadamente equacionada a partir
de soluo semelhante adotada naquele Decisum, adotando-se providncias para que a primeira multa,
menos onerosa em razo da hiptese naquele momento verificada , venha a ser absorvida pela do art.
57 da Lei 8.443/92, prevista para o fato mais grave consoante se veio a efetivamente constatar. Nesse
sentido, a sano do art. 58, inc. II, da Lei 8.443/92 passaria, a partir da verificao de que do ilcito
anteriormente punido decorreu dbito, a ser absorvida por aquela do art. 57 do mesmo diploma legal, vez
que nela tambm compreendida.
19. Em vista do exposto, com as devidas vnias, divirjo do posicionamento da unidade tcnica,
devidamente endossado pelo representante do Ministrio Pblico junto a esta Casa, quanto a no se dever
impor penalidade de multa aos responsveis no Acrdo que vier a ser aqui proferido, propugnando, em
sentido diverso, por que seja tornado insubsistente o item 3 do Acrdo 239/1997 TCU Plenrio e
aplicada, aos Srs. Annbal Barcellos e Edilson Machado de Brito e empresa OMS Construes Ltda., a
multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/92, a qual absorver a penalidade anteriormente aplicada, devendo,
por conseguinte, ser abatidos (com a devida atualizao monetria), do valor da sano que ora impuserse, os valores dos recolhimentos eventualmente realizados em decorrncia da apenao anterior, a
exemplo daquele promovido pelo Sr. Annbal Barcellos (vide fls. 200).
20. Tendo em vista a identificao de declaraes inverdicas (na prestao de contas, no que se
refere aos gestores, e na nota fiscal, no que tange empresa construtora), considero no haver restado
configurada a boa-f dos responsveis, defendendo, desde logo, nos termos do art. 202, 6, do
Regimento Interno do TCU, o julgamento definitivo de mrito pela irregularidade das contas.
21. Por fim, entendo, ainda, que se deva encaminhar cpia do acrdo que vier a ser prolatado, bem
como do relatrio e da proposta de deliberao que o fundamentarem:
a) ao Ministrio Pblico da Unio, nos termos do art. 16, 3, da Lei 8.443/92, a fim de que aquele
rgo, caso entenda conveniente e oportuno, promova o ajuizamento das aes civis e penais cabveis,
tendo em vista a caracterizao de desvio de recursos pblicos; e
b) ao Tribunal de Contas do Estado do Amap, para conhecimento e providncias que entender
cabveis, no mbito de sua competncia, em relao ausncia de comprovao de aplicao, por parte do
Governo do Estado do Amap, da contrapartida estabelecida no Convnio 051/SS/94.
Ante o exposto, com as vnias de estilo por divergir parcialmente dos pareceres uniformes da
Secex/AP e do Ministrio Pblico, VOTO por que o Tribunal aprove o acrdo que ora submeto
apreciao deste Colegiado.
Sala das Sesses, em 14 de maro de 2007.
Augusto Sherman Cavalcanti
Relator
284
285
9.5.2. ao Tribunal de Contas do Estado do Amap, para conhecimento e providncias que entender
cabveis, no mbito de sua competncia, em relao ausncia de comprovao de aplicao, por parte do
Governo do Estado do Amap, da contrapartida estabelecida no Convnio 051/SS/94.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0345-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator).
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
2. Diante das irregularidades constatadas pela equipe de auditoria, este Tribunal proferiu a
seguinte deliberao (Acrdo n 1.628/2004-TCU-Plenrio):
9.1. promover audincia do Sr. Fernando Vicente Casassola, em razo da celebrao dos
Contratos ns 883.2.001.04-5 e 883.2.020.02-7 (Aditivo n. 6), com vigncia retroativa configurando
contratao verbal no perodo anterior sua assinatura, descumprindo determinao proferida no item
8.1.1 da Deciso n. 477/2002-2 Cmara;
286
9.2. promover audincia dos Srs. Fernando Vicente Casassola e Marcelo Teodoro de Oliveira, em
razo da contratao da empresa Setal Engenharia e Construes Ltda, Contrato n 883.2.024.03-6, sem
a devida consulta ao CADIN, sem a averiguao de regularidade junto Fazenda Federal, Estadual e
Municipal, bem como para com a seguridade social, contrariando dispositivos da Lei n. 10.555/2002
(art. 6, III) e o item 9.4 do Acrdo n. 239/2003-Plenrio, para que apresente razes de justificativa no
prazo de 15 dias;
9.3. determinar Secex/SP que diligencie junto Petrleo Brasileiro S.A. para que a empresa
preste os seguintes esclarecimentos:
9.3.1. em funo do princpio da impessoalidade contido no art. 37 da Constituio Federal, quais
so os critrios utilizados para a solicitao de garantias para a execuo contratual;
9.3.2. qual o amparo legal utilizado para fundamentar a execuo de servios sem a devida
cobertura contratual, em funo de vigncia expirada, nos contratos n. 540.72.0025.02, 540.72.0098.02,
540.72.0187.02 e 540.72.0188.02;
9.3.3. quais as regras utilizadas para a aplicao do item 5.3 do Convite n. 883.1.001.01-9, de
05/09/2001, em especial as relacionadas avaliao de situao econmico-financeira comprometida,
justificando, luz destes critrios, a contratao da empresa JP Engenharia Ltda, que teve falncia
decretada em 2004 e que, no balano anual de 31/12/2000, j apresentava resultado negativo de R$
943.543,00.
9.4. encaminhar cpia desta deliberao, bem como do Relatrio e Voto que a fundamentam,
Comisso Mista de Planos, Oramentos Pblicos e Fiscalizao do Congresso Nacional, esclarecendo
que no foram identificadas irregularidades relacionadas ao Programa de Trabalho n.
25.753.0288.3155.0035 que ensejem a paralisao das obras.
3. Promovida a audincia dos Srs. Fernando Vicente Casassola (Gerente de Implementao de
Empreendimentos para a Replan) Marcelo Teodoro de Oliveira (Gerente do Contrato), por intermdio dos
Ofcios n 1.361 e 1.362, de 28/10/2004 (fls. 324/325) e efetuada a diligncia empresa, conforme o
Ofcio n 1.363, de 28/10/2004 (f. 326), os responsveis tomaram cincia dos aludidos ofcios (fls.
327/329), e apresentaram os documentos de fls. 346/366.
4. A seguir, transcrevo a anlise da documentao enviada, elaborada no mbito da Secex/SP (fls.
373/380):
II. EXAME DA AUDINCIA
5. Responsveis: Fernando Vicente Casassola e Marcelo Teodoro de Oliveira
6. Irregularidade: celebrao dos Contratos ns 883.2.001.04-5 e 883.2.020.02-7 (Aditivo n 6) com
vigncia retroativa, configurando contratao verbal no perodo anterior sua assinatura, descumprindo
determinao proferida no item 8.1.1 da Deciso n 477/2002-TCU-2 Cmara.
7. Justificativa: o responsvel alega que havia necessidade de continuidade da prestao dos
servios que vinham sendo executados pela empresa UTC Engenharia S/A no bojo de outro contrato, para
que no ocorresse a descontinuidade do projeto em execuo, razo pela qual, aps criteriosa avaliao
tcnica e jurdica, entendeu a administrao pela contratao direta da referida empresa e pelo incio
imediato dos servios, at que a formalizao contratual previamente iniciada fosse concluda. Afirma
que nenhum contrato verbal foi firmado pela Companhia ou pelos justificantes, pois a deciso pela
contratao da empresa j havia sido objeto de consenso pela direo, tendo sido autorizada a
continuidade dos servios, ante a urgncia identificada e at a finalizao dos instrumentos contratuais.
Desse modo, o Contrato n 883.2.001.04-5 foi subscrito em 5/1/2004, com vigncia a partir de 1/12/2003.
8. Em relao ao Contrato n 883.2.020.02-7, informa que a celebrao do referido contrato com a
empresa UTC Engenharia S/A foi autorizada pela Diretoria Executiva, atravs da Ata 4380, item 16, de
11/9/2002, Pauta 608, com trmino de execuo fsica previsto para 24/12/2003 e trmino contratual para
22/5/2004. Os aditivos a esse contrato (servios complementares necessrios ao atendimento completo do
objeto) ocorreram devido a constatao de que o detalhamento do projeto poca da licitao mostrou-se
insuficiente para o cumprimento da totalidade do escopo contratual.
9. Transcreve ainda, s fls. 333/336, o documento DIP ENGENHARIA/IEABAST/IERN 82/2003,
de 17/11/2003 contendo as justificativas acerca da contratao com data retroativa em alguns dias.
10. Finaliza, concluindo que a contratao em anlise era a nica soluo que garantia a
continuidade de todo o escopo dos servios necessrios ampliao da Replan, em conformidade com o
287
cronograma do empreendimento, motivo pelo qual ocorreu a imediata execuo dos trabalhos objeto dos
contratos, poucos dias antes de suas respectivas e efetivas formalizaes.
11. Anlise das razes de justificativa: a irregularidade apontada j foi objeto de exame realizado
pela 2 Cmara, em Sesso de 26/9/2002, que, ao apreciar o TC-006.352/2002 (Fiscobras/2002
levantamento de auditoria na Replan), proferiu a Deciso n 477/2002-TCU-2 Cmara, determinando
Petrobras, em seu item 8.1.1, o seguinte: abstenha-se de dar incio execuo dos contratos antes de
sua formalizao por escrito, exceto no caso previsto no pargrafo nico do art. 60 da Lei n 8.666/93.
12. Alm disso, o Acrdo n 1.329/2003TCU-Plenrio, Sesso de 10/9/2003, referente ao TC011.173/2003-5 (Fiscobras/2003 Replan), tratando da mesma irregularidade, determinou novamente
Petrobras, em seu item 9.1.5, que ... abstenha-se de iniciar o recebimento de servios contratados sem
prvia formalizao contratual, atendendo ao disposto no item 1.5.1 do Manual de Procedimentos
Contratuais. Quanto a este item da deciso, o Ministro-Relator comenta em seu voto que tal norma
interna da empresa encontra-se em perfeita consonncia com a Constituio e com a Lei n 8.666/93, no
tocante ao princpio da oficialidade dos atos administrativos, proibindo inclusive a celebrao de contrato
verbal, como se verifica nos arts. 60 a 62 deste ltimo diploma.
13. A empresa ops embargos de declarao contra este acrdo, que foram julgados na Sesso de
28/1/2004, dando ensejo ao Acrdo n 29/2004-TCU-Plenrio, publicado no DOU de 6/2/2004.
14. Verificamos tambm a interposio de Pedido de Reexame contra o mesmo acrdo, que foi
conhecido, mas negado provimento, mantendo-se os termos da deliberao recorrida (Acrdo n
908/2006-TCU-Plenrio, em Sesso de 14/6/2006).
15. Vale lembrar que o Contrato n 883.2.001.04-5, assinado em 5/1/2004, teve sua vigncia
retroagida a 1/12/2003, de acordo com a Clusula 21 do referido contrato, ficando sem cobertura
contratual no perodo de 1/12/2003 a 4/1/2004. A mesma irregularidade foi constatada no Aditivo n 6 ao
Contrato n 883.2.020.02-7, que foi formalizado em 18/11/2003, mas teve sua vigncia retroagida a
1/10/2003.
16. No acolhemos, portanto, a justificativa do responsvel, e recomendamos que lhe seja
informado que, no caso de descumprimento de determinao deste Tribunal, o gestor responsvel ficar
sujeito multa prevista no art. 58, 1, da Lei n 8.443/92.
17. Irregularidade: contratao da empresa Setal Engenharia e Construes Ltda., Contrato n
883.2.024.03-6, sem a devida consulta ao CADIN, sem a averiguao de regularidade junto Fazenda
Federal, Estadual e Municipal, bem como para com a seguridade social, contrariando dispositivos da Lei
n 10.555/2002 (art. 6, III) e o item 9.4 do Acrdo n 239/2003-TCU-Plenrio.
18. Justificativa: os responsveis alegam que no se identifica qualquer erro ou negligncia, em face
das recomendaes do TCU, na contratao da empresa Setal Engenharia Construes e Perfuraes S/A,
j que todos os cuidados foram devidamente analisados pela Petrobras e pelos justificantes.
19. Esclarecem que todos os cuidados jurdicos foram observados em face do cadastro da empresa
Setal, sem que se identificasse, no obstante a restrio, qualquer risco ou potencialidade de leso
empresa ou ao errio, considerando que a empresa j vinha fornecendo Petrobras certides de maneira
regular, alm de no dar ensejo a qualquer atitude que comprometesse ou causasse dano Companhia;
desse modo, nenhuma irregularidade, m-f ou dolo esto presentes nas aes adotadas pelos
justificantes.
20. Afirmam que as propaladas aes irregulares no trouxeram qualquer prejuzo para a Petrobras
ou para o errio, tendo-se observado todas as normas do Regulamento de Licitaes da Empresa e as
recomendaes do TCU.
21. Anlise das razes de justificativa: o item 3.1.1 do Edital de Inscrio de Empresas Prestadoras
de Servios estabelece, em consonncia com o artigo 29, inciso III, da Lei n 8.666/93, que, para a
habilitao jurdico-fiscal, a empresa candidata dever apresentar prova de regularidade para com as
Fazendas Federal, Estadual e Municipal, alm de Certido quanto Dvida Ativa da Unio na forma da
lei.
22. De acordo com o Relatrio de Anlise Econmica Financeira (GAPRE, de 28/11/2003), a
empresa Setal Engenharia Construes e Perfuraes S/A apresentava 43 (quarenta e trs) ttulos
protestados e mantinha um nvel de endividamento em elevado patamar, alm de se encontrar inclusa no
CADIN (nove vezes) nas seguintes datas de incluso: 18/3/2003 (oito vezes) e 22/7/2003 (uma vez).
288
289
34. Anlise: a anlise caso a caso, quando da solicitao de garantia para execuo contratual,
conforme acima informado, demonstra, claramente, a infringncia ao princpio de impessoalidade
contido no art. 37 da Constituio Federal, no qual todos deveriam ter o mesmo tratamento.
35. A respeito, transcrevemos, abaixo, trecho do Voto do Ministro Relator Benjamin Zymler,
relativo ao Acrdo 22/2003-Plenrio:
3. Nos termos do art. 37, inciso XXI, do Diploma Bsico, a licitao pblica que deve preceder,
via de regra, as obras, servios, compras e alienaes deve assegurar igualdade de condies a todos os
concorrentes. O mencionado dispositivo faculta Administrao estabelecer determinadas exigncias
aos interessados em participar de licitao, porm restritas s de qualificao tcnica e econmicas
indispensveis garantia do cumprimento das obrigaes.
4. Em ltima anlise, pode-se afirmar que a regra supra concretiza dois princpios que regem a
atividade administrativa e que tambm alcanam estatura constitucional: o da impessoalidade e o da
eficincia. O primeiro, porque evita preferncias e discriminaes por parte de agentes pblicos ao
celebrarem ajustes em nome do Estado alheias a critrios estritamente tcnicos. O segundo, porque a
busca da seleo da proposta mais vantajosa para a Administrao propicia, em tese, o atingimento dos
objetivos institucionais com custo comparativo reduzido.
5. Dois so, portanto, os principais escopo da licitao: a) propiciar igualdade de oportunidade a
todos os que preencham os requisitos mnimos para contratar com o Poder Pblico e b) selecionar a
proposta que se mostrar mais proveitosa para a Administrao.
6. O comando constitucional apresenta-se obrigatrio tanto ao legislador, limitando sua atividade
legiferante em abstrato, quanto ao administrador, ao aplicar os comandos legais pertinentes. Neste
contexto, apenas as restries previstas em lei e que guardem estrita pertinncia com o dispositivo
supramencionado podem ser admitidas.
36. Vale lembrar que, nos termos do art. 37 da Constituio Federal, toda a administrao pblica
direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios
obedecer aos princpios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia. Por
conseguinte, o Tribunal de Contas da Unio, ao exercer a sua competncia no auxlio ao Congresso
Nacional em sua misso de controle externo, deve examinar os atos dos gestores pblicos buscando aferir
se demonstram observncia a ditos princpios, conforme disposto no art. 71 da Constituio.
37. Durante a auditoria, verificamos que, no Contrato n 883.2.001.04-5 (valor: R$ 13.416.073,73),
celebrado com a UTC Engenharia S/A, no houve incluso da clusula de constituio de garantia para
a execuo contratual, enquanto que, no contrato anterior com a mesma empresa (Contrato n
883.2.020.02-7), no valor de R$ 27.326.066,90, assinado em 30/9/2002, incluiu-se tal exigncia.
Constatamos, tambm, a inexistncia de clusula de exigncia de garantia da empresa Setal Engenharia,
Construes e Perfuraes S/A no Contrato n 883.2.024.03-6.
38. Entendemos, assim, que inexiste critrio objetivo para incluso, nas licitaes de obras e
servios, de clusula de exigncia de garantia das contratadas para a execuo contratual, em
desobedincia ao princpio da impessoalidade, conforme disposto no art. 37 da Constituio Federal.
39.
Propomos, portanto, que seja determinado Petrobras a observncia ao princpio da
impessoalidade contido no art. 37 da Constituio Federal, quando da solicitao de garantias para a
execuo contratual.
40.
Impropriedade: qual o amparo legal utilizado para fundamentar a execuo de servios sem
a devida cobertura contratual, em funo de vigncia expirada, nos Contratos n 540.72.0025.02,
540.72.0098.02, 540.72.0187.02 e 540.72.0188.02.
41.
Esclarecimento: informa que os instrumentos contratuais acima relacionados referem-se a
fornecimento de materiais e no contratao de servios, motivo pelo qual, afirma que no existe
situao de servios executados sem a devida cobertura contratual.
42. Anlise: No acolhemos a justificativa apresentada, visto que a Lei n 8.666/93, em consonncia
com a Constituio, no tocante ao princpio da oficialidade dos atos administrativos, probe a celebrao
de contrato verbal, como se verifica dos arts. 60 a 62 da mencionada lei. Alm disso, atravs de seu art.
60, pargrafo nico, estabelece, como nica exceo, o caso de pequenas compras de pronto pagamento,
assim entendidas aquelas de valor no superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23,
inciso II, alnea a desta lei, em regime de adiantamento.
290
43. A respeito da formalizao dos contratos, exigncia legal expressa nos arts. 60 e 61, ressaltamos
os ensinamentos do jurista Maral Justen Filho, fl. 502, in Comentrios Lei de Licitaes e Contratos
Administrativos 5 Edio, Dialtica, verbis:
A Lei determina, por isso, que a formalizao do contrato seja antecedida, acompanhada e
sucedida de outros atos, o que assegura a publicidade da contratao e dificulta que falsidades e outras
ilicitudes permaneam ignoradas. Enfim, as exigncias legais so instrumento de controle interno e
externo da Administrao Pblica
44. Nesse mesmo sentido, citamos a seguir a doutrina de Hely Lopes Meirelles, in Licitao e
Contrato Administrativo 3 Edio Ampliada, Editora Revista dos Tribunais, fl. 226, verbis:
a forma, em Direito Administrativo, uma garantia para os administrados e para a prpria
Administrao: garantia de eficcia e de moralidade nos negcios pblicos, os quais devem atender aos
requisitos necessrios a sua efetivao e ficar documentalmente comprovados nas reparties que os
realizam, para quaisquer verificaes e certificaes ulteriores.
45. Deixamos de propor determinao, visto que os itens 6 ao 16 desta instruo tratam da mesma
irregularidade.
46.
Impropriedade: quais as regras utilizadas para a aplicao do item 5.3 do Convite n
883.001.01-9, de 5/9/2001, em especial as relacionadas avaliao de situao econmico-financeira
comprometida, justificando, luz destes critrios, a contratao da empresa JP Engenharia Ltda. que teve
falncia decretada em 2004 e que, no balano anual de 31/12/2000, j apresentava resultado negativo de
R$ 943.543,00.
47.
Justificativa: o responsvel informa que no existe na Petrobras determinao para excluir
sumariamente de processos licitatrios empresas com situao econmico-financeira deficiente; em vez
disso, orientao da companhia proceder avaliao da sua real condio, cabendo ao gerente aferir os
riscos envolvidos, sopes-los e decidir, ou no, pela assinatura de contratos com as mesmas.
48. Ressalta que o Manual de Procedimentos Contratuais da Petrobras regulamenta a interpretao
e orientaes para a contratao de empresas, inclusive sendo admissvel convidar empresas em situao
concordatria.
49.
Em seguida discorre sobre o contrato realizado com a empresa Setal Engenharia,
Construes e Perfuraes S/A e no fornece nenhum esclarecimento ao contrato formalizado com a JP
Engenharia Ltda., que corresponde ao questionamento da diligncia em anlise, relativo a este item.
50.
Anlise: De acordo com o item 5.3 do Convite n 883.001.01-9, o licitante em vias de ser
julgado vencedor ou j declarado vencedor deste Convite, mesmo j convidado a assinar o contrato com
a Petrobras, poder, a juzo desta, perder sua condio para assinar o aludido contrato, caso se
enquadre em qualquer uma das seguintes situaes:
.....
b) Estado de falncia, concordata, insolvncia notria ou situao econmica financeira
comprometida.
51. No vislumbramos objetivamente o que seja situao financeira comprometida, bem como a
prerrogativa de desclassificar ou no uma licitante de forma arbitrria, isto , a juzo da Petrobras, visto
que:
- a empresa Inepar S/A Indstrias e Construes foi excluda devido sua avaliao econmicofinanceira negativa;
- de acordo com o balano de 31/12/2000, a empresa vencedora JP Engenharia Ltda. teve resultado
negativo de R$ 943.543,00 no exerccio e apresentava capital lquido negativo de R$ 8.175.753,00
(empresa com ativo total de R$ 75.295.148,00 e com passivo circulante de R$ 50.706.751,00). Alm
disso, em consulta a documentos referentes ao banco de dados da empresa, de 10/8/2001, a JP
apresentava restrio de processo pendente com a Fazenda Federal.
52. Importa ressaltar que a vencedora do certame, a empresa JP Engenharia Ltda. teve sua falncia
decretada em 2004, pelo Juzo da 32 Vara Civil de So Paulo, antes da concluso do objeto.
53. Nesse mesmo sentido, cabe citar trecho extrado do Voto do Ministro Relator Benjamin Zymler,
referente ao Acrdo 676/2006-Plenrio, Sesso de 10/05/2006:
... a licitao consiste em um instrumento jurdico para afastar a arbitrariedade na seleo do
contratante. Portanto, o ato convocatrio dever definir, de modo objetivo, os critrios de diferenciao
291
que a Administrao adotar para escolher o contratante. Assim, a isonomia significa o tratamento
uniforme para situaes uniformes. Em termos mais diretos, merece destaque a lio de Celso Antnio
Bandeira de Mello, que afirma que o princpio da igualdade consiste em assegurar regramento uniforme
s pessoas que no sejam entre si diferenciveis por razes lgicas e substancialmente (isto , em face da
Constituio) afinadas com eventual disparidade de tratamento (in Princpio da Isonomia, Revista
Trimestral de Direito Pblico 1/83).
54. Portanto no acolhemos a justificativa apresentada. e propomos que seja determinado
Petrobras, que estabelea um critrio de julgamento, nos certames licitatrios, que no contrarie o
princpio da impessoalidade e do julgamento objetivo, em conformidade com o art. 37 da Constituio
Federal.
5. Em concluso, a analista que instruiu os autos prope, com fundamento no art. 250, item II, do
Regimento Interno do TCU, seja determinado Petrobras que:
a) passe a utilizar o CADIN como parmetro para habilitao na contratao de empresas, de
acordo com as disposies da Lei n 10.522/2002;
b) observe o princpio da impessoalidade contido no art. 37, caput, da Constituio Federal,
quando da solicitao de garantias para a execuo contratual, bem como abstenha-se de colocar, nos
editais, termos como a juzo da administrao (item 5.3 do Convite n 883.001.01-9);
c) realize a formalizao por escrito dos contratos antes do incio da execuo, exceto no caso
previsto pelo art. 60, nico, da Lei n 8.666/93, principalmente nos contratos de servio e de aquisio
de materiais relativos aos investimentos da empresa;
d) seja informado aos responsveis Srs. Fernando Vicente Casassola e Marcelo Teodoro de
Oliveira que, se houver descumprimento determinao proferida no item 8.1.1 da Deciso n 477/2002TCU-2 Cmara, o gestor responsvel ficar sujeito multa prevista no art. 58, 1, da Lei n 8.443/92.
6. A Diretora da 2 DT manifesta a sua anuncia s propostas da instruo, sugerindo que o alerta
quanto aplicao da multa prevista no art. 58, 1, da Lei n 8.443/92 conste do ofcio que notificar os
responsveis das determinaes propostas, e que, aps a sua expedio, seja autorizado o arquivamento
dos autos.
7. O Secretrio substituto da Secex/SP manifesta-se de acordo com as proposies, na forma
sugerida pela Diretora.
o relatrio.
VOTO
Examina-se o relatrio da auditoria realizada no Programa de Trabalho n 25.753.0288.3155.0035 Modernizao e Adequao do Sistema de Produo da Refinaria de Paulnia - Replan/SP, ao custo
estimado de concluso de R$ 552.000.000,00.
2. Do relatrio precedente, extrai-se que as razes de justificativa apresentadas pelo responsvel, Sr.
Fernando Vicente Casassola, Gerente de Implementao de Empreendimentos para a Replan, so
insuficientes para justificar a celebrao dos Contratos n 883.2.001.04-5 e 883.2.020.02-7 (Aditivo n 6)
com vigncia retroativa (36 e 48 dias, respectivamente), configurando contratao verbal no perodo
anterior sua assinatura. Tal irregularidade havia sido registrada nos processos relativos ao Fiscobras de
2002 e 2003, ensejando, em ambos os casos, determinao corretiva Petrobras (Deciso n 477/2002TCU-2 Cmara e Acrdo n 1.329/2003-TCU-Plenrio). Ademais, o item 9.2 desta ltima deliberao
j alertava a Petrobras de que o descumprimento de determinaes deste Tribunal poderia ensejar a
aplicao da multa prevista no art. 58, 1, da Lei n 8.443/92.
3. Dar incio execuo de contratos sem a devida formalizao, prtica observada reiteradamente
nos processos do Fiscobras relativos s obras de modernizao e adequao do parque produtivo da
Refinaria de Paulnia, contraria o art. 60, pargrafo nico, da Lei n 8.666/93, que s permite tal
ocorrncia em caso de pequenas compras de pronto pagamento. No h como considerar, no caso
concreto, mera formalidade a ausncia de contrato na forma do citado artigo.
4. As justificativas do responsvel, em sntese, procuraram demonstrar que as contrataes
efetuadas buscaram garantir a continuidade de todo o escopo dos servios necessrios ampliao da
refinaria, em conformidade com o cronograma do empreendimento. Entretanto, observo que os fatos e
292
293
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam do levantamento de auditoria realizado no
Programa de Trabalho n 25.753.0288.3155.0035 - Modernizao e Adequao do Sistema de Produo
da Refinaria de Paulnia - Replan/SP, ao custo restante estimado de R$ 552.000.000,00.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em sesso do Plenrio
Extraordinria Pblica, ante as razes expostas pelo Relator, com fundamento nos artigos 1, inciso II, e
43, inciso II, da Lei 8.443/92, c/c o art. 250, inciso IV, do Regimento Interno/TCU, em:
9.1. rejeitar as razes de justificativa apresentadas pelo Sr. Fernando Vicente Casassola quanto
celebrao dos Contratos n 883.2.001.04-5 e 883.2.020.02-7 (Aditivo n 6) com vigncia retroativa,
configurando contratao verbal no perodo anterior sua assinatura e descumprindo determinaes
proferidas por esta Corte na Deciso n 477/2002-TCU-2 Cmara e no Acrdo n 1.329/2003-TCUPlenrio, aplicando-lhe, com fundamento no art. 58, 1, da Lei n 8.443/92, a multa no valor de R$
10.000,00 (dez mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificao, para
comprovar, perante o Tribunal de Contas da Unio, o recolhimento da dvida aos cofres do Tesouro
Nacional, com os devidos acrscimos legais calculados a partir do dia seguinte ao do trmino do prazo
estabelecido e at a data do efetivo recolhimento;
9.2. autorizar, desde logo, a cobrana judicial da dvida, nos termos do artigo 28, inciso II, da Lei no
8.443/92, caso no atendida a notificao;
9.3. determinar Petrobras que:
9.3.1. passe a utilizar o CADIN como parmetro para habilitao na contratao de empresas, de
acordo com as disposies da Lei n 10.522/2002;
9.3.2. observe o princpio da impessoalidade contido no art. 37, caput, da Constituio Federal,
quando da solicitao de garantias para a execuo contratual, bem como abstenha-se de colocar, nos
editais, termos como a juzo da administrao, a exemplo do contido no item 5.3 do Convite n
883.001.01-9;
9.3.3. realize a formalizao por escrito dos contratos antes do incio da execuo, exceto no caso
previsto pelo art. 60, nico, da Lei n 8.666/93, principalmente nos contratos de servio e de aquisio
de materiais relativos aos investimentos da empresa;
9.4. alertar a Petrobras, novamente, que o descumprimento de determinaes deste Tribunal poder
ensejar a aplicao da multa prevista no art. 58, 1, da Lei n 8.443/92;
9.5. encaminhar cpia desta deliberao, bem como do Relatrio e Voto que a fundamentam,
Comisso Mista de Planos, Oramentos Pblicos e Fiscalizao do Congresso Nacional.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0346-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar (Relator), Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Ministros com voto vencido: Benjamin Zymler, Augusto Nardes.
13.3. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.4. Auditor convocado com voto vencido: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.5. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
UBIRATAN AGUIAR
Relator
294
295
16. Dessa forma, sua responsabilidade est ligada implantao das polticas de habitao,
saneamento ambiental, transporte urbano e trnsito, atividades estas que definem as Secretarias
Finalsticas que compem seu quadro tcnico. Como definidor da poltica de desenvolvimento urbano, o
Ministrio estabelece diretrizes para a aplicao de recursos onerosos que, no caso, so ligados ao
FGTS, BIRD, BID e BNDES, compondo uma considervel fonte de financiamento de obras de grande
porte espalhadas pelo pas, bem como daqueles no-onerosos (a fundo perdido), provenientes do
Oramento Geral da Unio OGU.
17. Por meio da CEF, o Ministrio viabiliza a implantao de obras com recursos oriundos do
OGU. empresa pblica cabe operacionalizar os contratos de repasse, sendo responsvel pelo seu
acompanhamento e fiscalizao, incluindo neste rol o controle sobre o desbloqueio dos pagamentos aos
executores quando do aceite das medies. Isso veio resolver um problema gerencial do gestor,
permitindo maior domnio deste sobre as diversas obras ligadas ao rgo, espalhadas por todo o pas.
Cabe lembrar que este modelo igualmente adotado em diversas outras instituies federais, que
tambm necessitam deste tipo suporte.
18. Assim sendo, o contrato de repasse um instrumento largamente utilizado na aplicao de
recursos federais. Com isso, j foi matria de auditoria operacional junto Caixa Econmica Federal
(vide Acrdo 1778/2005 Plenrio), bem como de Fiscalizao de Orientao Centralizada FOC
(vide Acrdo 788/2006 Plenrio). Naqueles trabalhos, a abordagem foi mais geral, contemplando
aspectos abrangentes sobre o tema. No o caso desta auditoria. Neste momento, procurou-se
centralizar os estudos sobre os contratos atrelados execuo de obras, por ser este elemento o foco das
atividades desta Secretaria. Sendo assim, particularidades atinentes a este assunto foram tratadas,
ressaltando-se os efeitos que a contratao por meio de repasse pode gerar sobre o bom andamento da
implementao destes empreendimentos.
III - DOS CONTRATOS DE REPASSE EM OBRAS DO MINISTRIO DAS CIDADES
3.1 RESPONSABILIDADES DOS AGENTES ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE CONTRATAO E EXECUO
19. As informaes que orientam Municpios, Estados, Distrito Federal e entidades privadas sem
fins lucrativos (proponentes/contratados) sobre o processo geral de contratao e execuo dos projetos
envolvendo recursos do Oramento Geral da Unio referentes aos programas sob responsabilidade do
Ministrio das Cidades so definidas no Manual de Instrues para Contratao e Execuo, o qual
revisto e reformulado no incio de cada exerccio e publicado por meio de Portaria do referido rgo.
20. O Manual de Instrues para Contratao e Execuo 2006 vlido para todos os programas
parte integrante da Portaria no 54, de 27 de janeiro de 2006. Nele esto definidas as atribuies do
mencionado rgo, remetendo-se ao disposto no art. 27, inciso III, alnea e da Lei 10.683/2003,
conforme segue:
...cabe ao Ministrio das Cidades MCidades realizar a gesto, a coordenao geral, a gerncia,
o acompanhamento e a avaliao da execuo e dos resultados dos programas e aes. (...) estabelecer
um conjunto de normas operacionais com o objetivo de disciplinar o processo de contratao e execuo
das operaes inscritas em seus programas e aes, como expresso da poltica nacional de
desenvolvimento urbano e em conformidade com a legislao vigente.
21. Em relao s competncias da CEF, acrescenta:
A Caixa Econmica Federal encarregada da operacionalizao dos programas/aes do
Ministrio das Cidades, conforme definido no Acordo de Cooperao no 01/2003, Contrato de Prestao
de Servios no 03/2003, bem como nesta Portaria e nos manuais que a integram.
22. Destaca, ainda, as atribuies desta empresa, a seguir sintetizadas:
- analisar a documentao apresentada pelos proponentes;
296
26. Para melhor compreenso das etapas contidas no fluxo de processos para contratao e
execuo de obras por contratos de repasse, definido no Manual de Contratao e Execuo, esta equipe
de auditoria optou por subdividi-lo em fases, conforme se apresenta a seguir:
3.2.1 FASE DE DEFINIO DAS OBRAS A SEREM EXECUTADAS:
27. Antes de prosseguir aos esclarecimentos acerca do assunto abordado neste tpico, importante
diferenciar as formas de obteno, pelo Proponente, dos recursos a serem aplicados na execuo das
obras. Segue-se, assim, descrio desses meios conforme consta no Manual:
297
Manuais para Apresentao de Propostas dos respectivos programas/ aes, de acordo com as
disponibilidades oramentria e financeira do rgo. Tal seleo submetida posteriormente
apreciao do Secretrio-Executivo e, em seguida, homologada pelo Ministro de Estado.
30. No caso de obras com recursos provenientes de emendas parlamentares (dotaes
nominalmente identificadas), destaca-se que, conforme o Fluxo de Processos para Contratao dos
Programas e Aes do OGU (fl. 68 do Anexo 1), no h apresentao de Proposta por parte do
Proponente at que a CEF faa o empenho e o contrato de repasse.
3.2.2 FASE DE APROVAO DO PLANO DE TRABALHO E ASSINATURA DO CONTRATO DE
REPASSE:
31. Aps definidos os empreendimentos, a CEF inicia o cadastramento das operaes, e realiza,
caso a caso, o empenho e solicitao da documentao ao Proponente, a qual consiste nas seguintes
informaes:
- Plano de Trabalho assinado pelo chefe do poder executivo de cada esfera de governo ou o seu
representante legal;
- croqui ou planta da cidade com localizao das reas objeto da interveno;
- projeto bsico de engenharia, contendo plantas, oramento detalhado, memorial descritivo,
memria de clculo, cronograma fsico-financeiro, especificaes tcnicas de materiais e servios a
serem executados no caso de obras;
- projeto de trabalho tcnico social, quando for o caso, a ser apresentado e aprovado antes do
incio da obra/servio;
- no caso de obra de grande porte, projeto executivo, nos termos da Lei no 8.666/93;
- demais documentos especificados nos manuais para apresentao de propostas dos programas.
32. Com esses documentos em mos, a CEF procede anlise tcnica, resolvendo pendncias,
quando necessrio. Nos casos em que os recursos da Unio pleiteados pelo Proponente, acrescidos do
valor da contrapartida obrigatria, corresponderem a uma frao do projeto global, dever ser exigida a
comprovao de que a proposta de interveno est prevista no PPA do Municpio ou Estado
beneficiado. Nessas situaes, a anlise de projeto e o acompanhamento da obra/servio pela CEF
ficaro restritas aos itens ou etapas de execuo referentes ao objeto do contrato de repasse, embora,
formalmente, exija-se a comprovao de que a interveno proposta ter funcionalidade plena,
independentemente de outras aes ou etapas futuras.
33. Aps a verificao de toda a documentao exigida pela CEF para aprovao dos Planos de
Trabalho, firmado o contrato de repasse entre a referida entidade, na figura de mandatria do
Ministrio das Cidades, e o Proponente/Contratado. Depois de realizado o ajuste, este ltimo
providencia a abertura de conta bancria junto Caixa para a movimentao dos recursos do contrato.
34. Em seguida, a CEF encaminha ao Ministrio a Sntese do Projeto Aprovado SPA, conforme
modelo estabelecido pelo rgo (ver exemplo s fls. 40 a 43 do Anexo 1). A SPA consiste em formulrio
elaborado por rea tcnica da Caixa, onde possvel identificar informaes como: dados do contrato
de repasse, identificao do objeto, cronograma fsico e financeiro, caracterizao da rea de
interveno, composio dos investimentos etc.
35. Em seguida, o Ministrio analisa a Sntese. Entretanto tal ato no possui carter
homologatrio. Esse procedimento difere do adotado no ano anterior (2005), quando a homologao era
responsabilidade explcita do rgo. Desse modo, as atribuies do Ministrio restringem-se
verificao, pela rea tcnica responsvel, do enquadramento e funcionalidade do projeto aprovado pela
Caixa e avaliao da qualidade dos servios por ela prestados, para eventuais intervenes no
procedimento.
3.2.3 FASE DE ANLISE DO PROCESSO LICITATRIO E CONTRATAO DO EXECUTOR:
298
36. Conforme a Clusula Segunda, item II, d do Contrato de Prestao de Servios no 006/2006
firmado pelo Ministrio com a CEF, a empresa responsvel por:
d) verificar os documentos relativos ao processo licitatrio, quanto publicidade; planilha de
custos do licitante vencedor e sua compatibilidade com os custos aprovados pela CONTRATADA (CEF);
ao respectivo enquadramento do objeto contratado com o efetivamente licitado; a sua adjudicao e
homologao, exigindo a anexao de manifestao expressa de advogado no participante do processo
licitatrio, atestando o atendimento s normas da Lei no 8.666/93; regularidade procedimental e ao
enquadramento da modalidade do processo licitatrio.
37. Cabe observar que a manifestao expressa de advogado sobre o atendimento Lei no 8.666/93
constitui inovao em relao ao Contrato no 003/2003. Entretanto, tal procedimento questionvel e
ser discutido mais adiante neste relatrio.
3.2.4 FASE DE EXECUO DA OBRA E ACOMPANHAMENTO PELA CEF:
38. Feita a verificao do processo licitatrio pela CEF e assinado o contrato de execuo, a
Caixa autoriza o incio da obra. Deve-se ressaltar que o prazo limite definido para esta autorizao de
180 dias a contar da data de assinatura do contrato de repasse, sob pena de cancelamento deste.
39. Em seguida, de acordo com o Manual 2006 , a CEF solicita ao Ministrio das Cidades a
descentralizao dos recursos de acordo com cada parcela prevista no cronograma fsico-financeiro
aprovado, a serem depositados sob bloqueio em conta bancria especfica. Ainda conforme este
documento, verifica-se a existncia de inovao quanto este estgio do fluxo: no h permisso para
descentralizao ou desbloqueio de valores parciais de cada parcela prevista no mencionado
cronograma.
40. Outra novidade implementada em 2006 que a descentralizao de recursos correspondentes
3 parcela, quando houver, poder ser solicitada depois de atestada, pela Caixa, a execuo da 1
parcela com a devida prestao de contas parcial aprovada, e assim sucessivamente. Isso permite que o
executor (empreiteira) tenha a garantia de que os recursos referentes prxima etapa da obra estaro
disponveis.
41. Antes de prosseguir, cabe destacar, contudo, que esta sistemtica foi alterada mediante Ofcio
o
n 003360/2006/SE/SPOA/MCIDADES, de 20/04/2006 (fl. 836 do Anexo 1, Volume 5), onde consta
autorizao do Ministrio para que a descentralizao dos recursos financeiros passasse a ser integral e
no mais em parcelas, o que acabou por gerar a eliminao da inovao do fluxo mencionada
anteriormente.
42. Por ltimo, o desbloqueio s ocorre aps o atesto pela CEF da execuo parcial/total, com a
devida prestao de contas. O prazo definido no Manual para que a Caixa ateste a medio dos servios
executados de at 10 (dez) dias teis contados da data de formalizao da solicitao pelo contratado.
3.2.5 FASE DE PRESTAO DE CONTAS:
43. Durante a execuo do empreendimento, o Proponente deve encaminhar prestaes de contas
parciais CEF, para que sejam desbloqueados os recursos do contrato. Finalizada a obra, os
Contratados devem enviar Caixa a prestao de contas final do contrato, de acordo com o estabelecido
pela IN STN/MF no 1/97 e alteraes, e em conformidade com as orientaes do Ministrio e da prpria
entidade.
44. Os procedimentos informados no Manual de Instrues para Contratao e Execuo no
incluem as etapas posteriores, que seriam as fases de anlise, aprovao das prestaes de contas e
adoo de possveis medidas corretivas quando necessrio.
3.3 AMOSTRA SELECIONADA ESTUDO DE CASO
299
300
301
53. Antes de se prosseguir, faz-se necessrio abrir um espao para descrever o panorama que hoje
se observa em relao atuao do Legislativo e Executivo no processo em estudo. Os parlamentares,
quando da elaborao do Oramento, agem em busca da alocao de verbas para Municpios/Estados
ligados sua base eleitoral. Identificam o beneficirio e o vinculam a determinada ao, relacionada,
neste caso, ao Ministrio das Cidades. Lembrando-se que o OGU um oramento autorizativo, o rgo
promove a escolha das emendas a serem executadas. Entretanto, neste momento no realizada
nenhuma verificao baseada em critrios tcnicos (ver relao das emendas autorizadas do OGU-2005
s fls. 29 a 111 do Anexo 3 e do OGU-2006 s fls. 112 a 197 do Anexo 3).
54. A seguir, a autorizao para a contratao e o empenho imediatamente efetuada antes mesmo
da apresentao do Plano de Trabalho, documento este que contempla informaes diversas acerca da
obra.
55. inegvel a fragilidade desta situao. No h qualquer ao do rgo no sentido de avaliar
as proposies quanto sua adequabilidade ao programa, prioridade de interveno e viabilidade, antes
de se proceder autorizao para contratao (o acesso a informaes mais especficas com
possibilidade de algum tipo de atuao por parte do Ministrio somente ocorre na fase de anlise do SPA
Sntese do Projeto Aprovado, depois de sua contratao e antes de se dar autorizao para o incio da
execuo da obra, conforme j mencionado na descrio do fluxo). Cabe ressaltar que as emendas no
detalham o objeto a ser executado, impossibilitando que se saiba antecipadamente a sua destinao (ver
relao das emendas autorizadas do OGU-2005 s fls. 29 a 111 do Anexo 3 e do OGU-2006 s fls. 112 a
197 do Anexo 3). Elas ficam ligadas a certo Programa/Ao de Governo e, somente em momento
posterior, quando da apresentao do Plano de Trabalho Caixa Econmica Federal (agente que opera
os contratos de repasse junto ao Ministrio das Cidades) definido o empreendimento que receber tais
recursos, devendo-se este se enquadrar s suas diretrizes.
56. Assim, nestes casos, verifica-se uma temerria ausncia de controle por parte do rgo sobre as
aes de Governo a seu cargo. A poltica de desenvolvimento urbano bem como as polticas setoriais de
habitao, saneamento ambiental, transporte urbano e trnsito ficam significativamente prejudicadas, j
que no h definio de obras a serem executadas com base em anlises tcnicas e de prioridade por parte
do Ministrio, ou seja, o planejamento praticamente inexistente.
57. A amplitude da situao atual pode ser verificada quando se observa os nmeros fornecidos pelo
rgo a respeito dos montantes envolvidos nas operaes ligadas a dotaes nominalmente identificadas
(ver quadro fl.3 do Anexo 1). A comparao com os valores destinados s obras onde a Seleo Prvia,
organizada para escolha de propostas cujo escopo se encontra coerente com os planos de infra-estrutura
urbana para o pas, fase integrante e preliminar da contratao (ver quadro fl. 5 do Anexo 1) traz a
percepo de que quase a totalidade das operaes efetuadas no mbito do Ministrio das Cidades seguem
o fluxo especial das emendas, confirmando um controle insignificante das Aes de Governo, conforme
se verifica a seguir:
1. Valor Global executado em obras com
2. Valor Global executado em % comparativo
ANO recursos de emendas (sem anlise preliminar obras selecionadas por Consulta entre valores das
colunas 1 e 2
Prvia (com anlise preliminar
de projetos)
(2/1)
de projetos)
2003
R$ 329.807.476,73
R$ 5.899.673,91
1,79%
2004
R$ 574.657.776,38
R$ 39.943.419,92
6,95%
2005
R$ 890.745.575,20
R$ 33.024.977,05
3,71%
2006
R$ 594.696.047,98
R$ 69.617.605,36
11,71%
58. Como se pode perceber, a alocao de recursos em obras de acordo com a identificao
contida na emenda (nome de parlamentares, referncia abreviada ao nome do ministro quando da
autorizao, ao qual est relacionada, etc.) envolve nmeros vultosos, muito mais significativos que
o total destinado s obras escolhidas por meio de Seleo Prvia (processo pblico de seleo). Por se
tratar de procedimento diferenciado, no sendo objeto de anlise criteriosa por tcnicos do Ministrio,
no espelham o planejamento necessrio que as intervenes urbanas devem contemplar. Embora antes
302
da formalizao do contrato se proceda uma avaliao tcnica do Plano de Trabalho por parte da CEF
(previso esta do fluxo de contratao que meramente formal pois seu descumprimento constante,
conforme se ver adiante) persiste a incoerncia de se optar por executar intervenes ligadas
determinada emenda antes que se tenha qualquer apreciao ou mesmo conhecimento a respeito de suas
caractersticas.
59. A indesejvel ausncia de ao das Secretarias Finalsticas do Ministrio, onde esto lotados
os servidores de atuao mais tcnica, foi destaque em recente relatrio elaborado pela CGU (Relatrio
de Avaliao de Gesto n 175693 s fls. 30 a 118 do Anexo 2), que assim expe o problema:
Na prtica, inclusive quando demandadas pela CGU, tem-se observado que as Secretarias
Finalsticas tm se colocado como meras intermedirias entre a CAIXA e os rgos diligenciadores de
controle, contribuindo muito pouco ou nada para o processo. Isso conseqncia da transferncia de
responsabilidades para a CAIXA. Com efeito, no se percebe a colaborao tcnica da rea finalstica, o
que ainda agravado pelo grande nmero de emendas parlamentares que eliminam critrios tcnicos na
definio de alocao de recursos.
60. Diante de tal ocorrncia, foi solicitado pela equipe de auditoria justificativas e respectivas
indicaes legais para a no utilizao de Consulta Prvia (em que a anlise de obras a receber recursos
feita por critrios tcnicos) quando a obra possui dotao nominalmente identificada no OGU (Ofcio
de Requisio n 01-563/2006 s fls. 09 a 11 do Volume Principal). Em resposta, obteve as seguintes
assertivas (Memorando no 011242/2006/SPOA/SE/MCIDADES, de 18 de agosto de 2006 s fls. 118 e 119
do Anexo 1):
A Consulta Prvia o instrumento de tomada de deciso voltado para as dotaes oramentrias
no identificadas nominalmente.
Neste sentido, considerando que as emendas so nominalmente identificadas no Oramento Geral
da Unio, no h amparo legal para a utilizao de Consulta Prvia, quando o beneficirio e o objeto j
esto definidos. (grifo nosso)
61. O texto acima descrito apenas comprova a ausncia de avaliaes tcnicas, responsabilidade
esta ligada s Secretarias Finalsticas do Ministrio quando as obras possuem recursos oriundos de
dotaes oramentrias identificadas nominalmente. No esclarece o motivo que levou o rgo a adotar
tal procedimento nem indica as bases legais que o sustentam. H que se questionar tambm a afirmativa
de que o objeto da emenda j est definido pois, como anteriormente citado, esta no apresenta maiores
detalhes a respeito do tipo de construo ao qual est ligada, constando apenas a Ao a que faz parte
(ver caderno Oramento Geral da Unio 2006 Emendas s fls. 112 a 197 do Anexo 3).
62. O Ministrio, ao no analisar as propostas de emendas vindas do Legislativo atua de forma
equivocada em relao s suas competncias. Os responsveis do MCidades deveriam levar em conta
que no h amparo legal que os desobrigue de proceder avaliao tcnica, mesmo quando o
beneficirio e o objeto j esto definidos. Por fazer parte do Poder Executivo, de sua responsabilidade
avaliar a oportunidade e convenincia tcnica das obras a serem executadas. Atualmente no age desta
forma, pois sequer as dotaes inseridas no oramento possuem informao mnima para se proceder
alguma verificao.
63. Outro importante ponto a ser abordado quanto s emendas parlamentares e seus trmites
necessrios efetivao de sua despesa diz respeito ao reiterado descumprimento do art. 33, inciso b da
Lei 4.320/64, que assim se apresenta:
Art. 33. No se admitiro emendas ao projeto de Lei de Oramento que visem a:
(...)
b) conceder dotao para o incio de obra cujo projeto no esteja aprovado pelos rgos
competentes;
303
304
69. O SPA Sntese do Projeto Aprovado o nico documento que permite aos tcnicos do
Ministrio, nestes casos, obter informaes a respeito da obra. Entretanto, esses dados somente se
referem ao escopo contido no contrato de repasse assinado. Isso porque quem o elabora a Caixa
Econmica Federal, cuja atribuio restrita aos itens de execuo referentes ao objeto contratado,
como se pode verificar diante da leitura do item 7.1.10.1 do Manual de Instrues para Contratao e
Execuo dos Programas e Aes do Ministrio das Cidades Exerccio 2006 fl. 58 do Anexo 1:
Nos casos em que os recursos da Unio pleiteados pelo Proponente, acrescidos do valor da
contrapartida obrigatria, corresponderem a uma frao do projeto global, dever ser exigida a
comprovao de que a proposta de interveno est prevista no Plano Plurianual do Municpio ou
Estado beneficiado. Nesse caso, a anlise de projeto e o acompanhamento da obra/servio pela CAIXA
ficaro restritas aos itens ou etapas de execuo referentes ao objeto do Contrato de Repasse. (grifo
nosso)
70. Mesmo que na anlise tcnica da documentao de cada caso, procedimento este efetuado pela
CEF antes do incio da execuo da obra, seja exigida a comprovao de que, uma vez concluda, a
interveno proposta ter funcionalidade plena, independentemente de outras aes ou etapas
futuras(item 7.1.10 do citado Manual), no possvel afirmar que, com isso, a questo se encontra
dirimida. No basta saber que o objeto funcional se ele no tem a garantia de que estar acessvel no
momento oportuno e nem de que ser implementado por completo. As etapas seguintes ainda dependero
de futuras negociaes, muitas vezes at mesmo com outras instituies, para que possam ser
efetivamente executadas. Alm de no se ter a certeza da obra acabada, tal restrio tambm no
garante que um possvel superfaturamento no restante do empreendimento seja identificado ou que a
qualidade exigida para uma parte dele seja assegurada nas demais.
71. Diante da circunstncia, fez-se necessrio solicitar justificativas ao Ministrio para esta
ausncia de controle em obras executadas de maneira fracionada (ver item 1 do Ofcio de Requisio n
03-563/2006 fl. 14 do Volume Principal), que assim se pronunciou (Memorando no
011332/2006/SPOA/SE/MCIDADES s fls. 298 e 299 do Anexo 1, Volume 2):
No que diz respeito s justificativas para a ausncia de controle global sobre as obras executadas
em mais de uma etapa ou frao, no caso de recursos provenientes de emendas parlamentares, informo a
Vossa Senhoria que de acordo com o Contrato de Prestao de Servios, cabe Caixa Econmica
Federal, preliminarmente, a anlise tcnica e a viabilidade do projeto. (grifo nosso)
72. Essa afirmativa deixou de ressaltar que a anlise tcnica e a viabilidade do projeto
realizadas pela CEF, embora ocorram antes da verificao pelo MCidades por meio da SPA, s
acontecem em momento posterior definio de quais emendas sero atendidas (responsabilidade esta a
cargo do rgo), bem como no destacou a amplitude desta avaliao que, conforme a prpria Caixa
afirmou (ver resposta s questes 3 e 4 no ofcio Informao/AECI/GM/MCIDADES s fls. 843 a 845 do
Anexo 1, Volume 5), se restringem etapa referente ao objeto do contrato de repasse. Assim, vem apenas
corroborar a constatao antes indicada de que o conhecimento da obra parcial. No traz, entretanto,
nenhum esclarecimento adicional que justificasse a situao atual de inexistncia de controle.
73. No demais destacar que este tipo de atuao (ausncia de avaliao global) favorece o
aparecimento de obras inacabadas, pois a no liberao de recursos para uma determinada frao
acaba por comprometer o andamento geral do empreendimento.
74. O cenrio se agrava quando se percebe que nem mesmo o sistema gerencial utilizado pela CEF
para acompanhamento dos contratos de repasse Sistema de Acompanhamento de Programas de
Fomento SIAPF possui, em diversos casos, descries detalhadas dos respectivos objetos de modo a
fornecer um panorama histrico capaz de tornar possvel a identificao da quantidade de contratos de
repasse j executados para determinado empreendimento. Essa informao s possvel de ser obtida no
local de sua implantao por meio de documentos presentes na Gerncia de Filial de Apoio ao
Desenvolvimento Urbano GIDUR respectiva.
305
75. Esta situao pode ser exemplificada pela obra do Expresso Tiradentes, em So Paulo. Ela
abrange atualmente dois contratos de repasse assinados, sendo que um deles no detalha o objeto no
campo de dados do sistema de forma adequada, mencionando apenas Implantao de Corredor Expresso
de Transporte Coletivo (contrato 0184624-09 na listagem de todos os contratos de repasse com recursos
do Ministrio das Cidades, assinados entre os anos de 2000 a 2006, e cujo valor de repasse igual ou
superior a R$ 2.000.000,00 fl. 475 do Anexo 1, Volume 3 j objeto de fiscalizao este ano pelo
FISCOBRAS). O segundo contrato assinado para esta mesma obra j permite melhor caracterizao do
seu objeto, pois descreve: Apoio a Implantao de Corredor Expresso de Transporte Coletivo Urbano
Trecho Pq Dom Pedro II Cidade Tiradentes (contrato 0199260-39 da mesma listagem mencionada fl.
476 do Anexo 1, Volume 3).
76. Alm disso, com a informao constante no SIAPF de que um determinado contrato de repasse
est concludo, sendo este referente apenas uma etapa de uma obra, pode-se proceder assinatura de
novos contratos justificando-se o atendimento projeto que se encontrava em andamento mesmo que
na realidade ele seja incompleto, refletindo apenas parte de uma interveno maior sem que esteja
efetivamente disponibilizado para uso dos beneficirios, configurando-se caracterizada burla
determinao constante no art. 45 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que assim se apresenta:
Art. 45. Observado o disposto no 5o do art. 5o, a lei oramentria e as de crditos adicionais s
incluiro novos projetos aps adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as despesas de
conservao do patrimnio pblico, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes oramentrias.
77. Portanto, de modo geral, pode-se afirmar que so significativos os riscos de se estabelecer
repasses em etapas, sem garantia de implementao completa das demais partes da obra, tornando
insustentvel a manuteno deste modelo. O fato de que ele contribui para o aumento na dificuldade de
execuo das obras e posterior utilizao do bem pelos seus beneficirios motivo para que se adote
meios que tornem efetiva a implementao total do objeto a ser realizado neste tipo de situao. A
ausncia de controle global sobre essas intervenes uma ocorrncia que demonstra a inexistncia de
planejamento a mdio e longo prazo, justamente em operaes de maior relevncia, j que elas se
referem a obras de custo mais elevado e de maior impacto na sociedade. Alm do mais, estes casos so
justamente os mais prejudicados pela interferncia da conjuntura poltica na liberao de recursos a
cada ano, o que torna ainda mais importante a adoo de medidas que visem garantir o bom andamento
dos trabalhos de execuo. Assim, se faz imprescindvel as seguintes aes, por parte do Ministrio das
Cidades, no sentido de dirimir as questes ora suscitadas:
- Prever, no Manual de Instrues para Contratao e Execuo dos Programas e Aes do
Ministrio das Cidades, independente do ano em que for formulado, exigncia de que, para as obras a
serem executadas em etapas, seja feita prvia anlise tcnica do projeto global do empreendimento por
equipe da Secretaria Finalstica do rgo;
- Prever tambm, no mencionado documento, determinao para que seja procedida a autorizao
da execuo do empreendimento em etapas somente nos casos em que os recursos para sua
implementao j estejam integralmente disponveis no oramento federal ou em outra fonte capaz de
suprir o restante das despesas necessrias para tal fim;
- Determinar que, nos casos das obras realizadas em etapas, mesmo que conte com recursos
oriundos de diversos entes, o rgo seja informado pelo agente executor do cumprimento do objeto em
sua totalidade, garantindo que sua funcionalidade esteja efetivamente atendendo aos beneficirios;
- Da mesma forma, determinar que o Ministrio receba informaes a respeito de eventuais
problemas que estejam dificultando a execuo da obra, mesmo que a etapa no esteja recebendo
recurso direto do rgo, para que este tome as providncias cabveis com vistas a garantir a implantao
total do empreendimento.
4.2 FASE DE APROVAO DO PLANO DE TRABALHO E ASSINATURA DO CONTRATO DE
REPASSE:
306
CEF
SOBRE OS
78. A anlise tcnica dos Planos de Trabalho - PTs apresentados pelos Proponentes feita pela
CEF antes de se proceder formalizao dos contratos de repasse. Verifica-se que esse exame possui
deficincias, evidenciadas por meio de casos selecionados na GIDUR/RE, pelos relatrios
disponibilizados a esta equipe de auditoria pela CGU (fls. 01 a 118 do Anexo 2), por documentao
encaminhada pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental SNSA do Ministrio das Cidades, a
qual aponta irregularidades observadas em Snteses do Projeto Aprovado SPAs encaminhadas pela
CEF (fls. 587 a 685 do Anexo 1, Volume 4), bem como por meio de outras informaes fornecidas pelas
demais Secretarias Finalsticas do referido rgo (fls. 723 a 744 do Anexo 1, Volume 4).
79. Cabe ressaltar, novamente, que tais dados no se constituem em amostragem de carter
estatstico. No entanto, fornecem exemplos de falhas na atuao da CEF, as quais devem ser corrigidas,
para que o processo de contratao possa ser executado conforme os ditames legais e os normativos
definidos pelo gestor. As deficincias foram detectadas em PTs j aprovados pela Caixa, ou seja, que
passaram por todo o crivo de verificaes efetuado pela empresa. Os respectivos contratos de repasse
foram firmados, com base em PTs que apresentaram as incorrees apontadas a seguir:
Data de
Assinatura
174.15526/2005
174.39961/2005
179.54093/2005
23/12/2005
Objeto resumido
meio
Municpio
beneficiado
Construo de Estao de
Bento
Tratamento de Esgotos
Gonalves/RS
09/08/2005 Construo de Estao de Derivao Cceres/MT
30/12/2005 Execuo de rede coletora de esgoto Vassouras/RJ
sanitrio e implantao de conjuntos
fossa-filtro
do
Memorando
no
Valor do
Valor do
Repasse
investimento *
(R$)
48.750,00
154.476,20
975.000,00
1.525.066,33
292.500,00
465.501,10
307
83. Ressalta-se ainda que, dos trs contratos citados, dois foram assinados ao final do exerccio de
2005, o que pode caracterizar que as verificaes dos PTs foram meramente formais, para que se
garantisse a obteno do recurso pleiteado, conforme ser descrito mais adiante.
b) A interveno, uma vez concluda, no possuir funcionalidade plena:
84. Contratos analisados neste item (informados por meio do Memorando no
011403/2006/MCIDADES, s fls. 586 a 588 do Anexo 1, Volume 4 e do Relatrio elaborado pela CGU a
respeito do 1o ao 4o sorteio de municpios, s fls. 02 a 28 do Anexo 2):
Contrato
Data de
Assinatura
Objeto resumido
Municpio
beneficiado
Valor do
Repasse
(R$)
487.500,00
Valor
do
investiment
o
524.062,50
1a etapa da Implantao de So
Sistema de Abastecimento de Sebastio/AL
gua no municpio de So
Sebastio/AL.
108.28429/12/2000
Contruo de 14 unidades Alvares/AM
90.909,10 104.633,62
03/2000*
habitacionais
*Este contrato foi assinado anteriormente criao do Ministrio das Cidades, que ocorreu em
janeiro de 2003. Entretanto, o que se estar avaliando neste item ser a atuao da CEF quanto
aprovao dos Planos de Trabalhos referentes s obras cujos recursos advinham de Programas de
Governo que passaram a ser geridos pelo rgo.
188.56366/2005
30/12/2005
85. Esse tipo de deficincia foi encontrado em dois contratos verificados, embora situados em
contextos distintos.
86. No contrato no 188.563-66/2005 (fls. 591 a 597 do Anexo 1, Volume 4), o objeto contido na SPA
encaminhada ao Ministrio das Cidades estava assim caracterizado: Trata-se da primeira etapa de
Implantao de Sistema de Abastecimento de gua no municpio de So Sebastio/AL, a qual contempla
a realizao parcial do projeto elaborado pelo municpio, com a execuo da captao de gua em
adutora j existente e parte da sub-adutora que abastecer o Povoado de Curralinho em So Sebastio.
Alm disso, foi informado que a etapa complementar seria executada com recursos do OGU, por meio de
emenda parlamentar do ciclo OGU 2006.
87. De acordo com o item 5.1.10 do Manual de Instrues para Contratao e Execuo 2005 (fl.
82 do Anexo 1) e com o item 7.1.10 da verso relativa ao exerccio de 2006 (fl. 58 do Anexo 1), deve
haver, nos Planos de Trabalho - PTs, a comprovao de que, uma vez concluda, a interveno
proposta ter funcionalidade plena, independentemente de outras aes ou etapas futuras. No caso em
anlise, entende-se que, apesar de o objeto ser executado em mais de uma etapa, aquela frao referente
ao mencionado contrato de repasse, ao ser concluda, deveria possuir funcionalidade plena. Entretanto,
em relao aos beneficirios do povoado de So Sebastio, tal fato seria impossvel, j que se trata de
execuo de parte de uma sub-adutora.
88. Como a fonte de recursos indicada para a execuo da etapa complementar seria proveniente
de emenda ao OGU do ano seguinte, no haveria garantia de que tal montante estaria efetivamente
disponvel para a concluso do empreendimento, correndo-se o risco de se gerar uma obra inacabada.
Com isso, a Secretaria Finalstica do Ministrio condicionou a liberao dos recursos aprovao do
contrato de repasse oriundo do empenho de emenda ao oramento de 2006, com o intuito de completar o
projeto e conferir a ele a necessria funcionalidade.
89. Tal ocorrncia deveria ter sido verificada previamente pela CEF quando da anlise do PT, de
forma a evitar a aprovao de proposta cuja obra poderia vir a tornar-se paralisada ou abandonada,
dada uma possvel inexistncia de recursos para a sua concluso. Alm disso, denota a inobservncia da
empresa aos normativos referentes ao processo de contratao e execuo estabelecidos pelo Ministrio.
308
Data de
Assinatura
188.50001/2005
187.31647/2005
31/12/2005
29/12/2005
Municpio
beneficiado
Valor do
Repasse
(R$)
Drenagem Urbana.
Parnamirim/ 1.950.000,
RN
00
Melhoria das condies de Salvador/BA 9.750.000,
circulao de veculos mediante a
00
construo de viaduto e as
respectivas interferncias virias
na regio do Iguatemi.
Valor
do
investiment
o
2.592.866,3
3
10.725.000,
00
94. Nesses casos, observa-se que a CEF aprovou as obras sem que possussem a devida
caracterizao e detalhamento do objeto pleiteado, informao esta de fundamental relevncia para
possibilitar CEF avaliar a adequao das propostas aos objetivos e diretrizes dos Programas e Aes
de Governo, bem como para proporcionar ao gestor dos recursos (Ministrio das Cidades) a
especificao do que realmente ser executado.
95. Em anlise SPA (fls. 598 a 603 do Anexo 1, Volume 4) referente ao contrato no 188.50001/2005, constatou-se que o objeto estava identificado apenas como Drenagem Urbana, e no possua
qualquer tipo de detalhamento acerca dos nomes dos bairros e/ou ruas beneficiadas. Alm disso, no
havia previso do Trabalho Social, em desacordo com o que determina o item 3.4 do Manual do
Programa de Drenagem Urbana.
96. Quanto ao contrato no 187.316-47/2005 (fls. 723 a 733 do Anexo 1, Volume 4) tambm se
verificou que a descrio do objeto na SPA era incompleta, pois no abrangia as melhorias relativas
circulao de pedestres, circulao do transporte coletivo e s questes relativas acessibilidade
universal, conforme determina o Manual do Programa de Mobilidade Urbana. A Secretaria Nacional de
Transporte e da Mobilidade Urbana SEMOB determinou que a caracterizao do objeto fosse
complementada, de acordo com as diretrizes do Manual. Nesse caso, tambm possvel observar a
309
anlise deficiente da CEF acerca de Planos de Trabalho - PTs, em especial quando o contrato assinado
no final do exerccio, no observando os normativos definidos pelo Ministrio.
97. Esses casos constituem tpicos exemplos da necessidade de melhoria na atuao da CEF, no
sentido de no aprovar PTs com objeto indefinido e observar os normativos de contratao estabelecidos
pelo rgo gestor. Ressalta-se que os referidos contratos de repasse foram firmados nos ltimos dias do
exerccio, o que caracteriza a inadequao ou mesmo a inexistncia de anlise feita pela CEF sobre os
PTs a ela submetidos. Em situaes como essas, a verificao do Plano de Trabalho apenas formal,
pois impossvel a correta avaliao sobre a funcionalidade e pertinncia da proposta, j que o objeto
no est devidamente detalhado.
98. importante destacar tambm que, algumas vezes, apesar de os Planos de Trabalho possurem
o devido detalhamento, os contratos de repasse deles decorrentes so firmados com o objeto amplo e
indefinido, de maneira a permitir diversas alteraes posteriores nos PTs, conforme explicitado na letra
g deste item do Relatrio.
d) Ausncia de data e/ou assinatura no Plano de Trabalho e no contrato de repasse
questionamentos acerca da efetiva anlise da CEF:
99. Contratos analisados neste item (conforme documentao fornecida pela GIDUR/RE, s fls.
281 a 355 do Anexo 4, Volume 1 e s fls. 01 a 208 do Anexo 4/ 209 a 280 do Anexo 4, Volume 1):
Contrato
192.89220/2006
135.88873/2001
Data de
Assinatura
16/06/2006
31/12/2001
Objeto resumido
Municpio
beneficiado
Obras de apoio a melhoria das Paulista/PE
condies do assentamento sub normal
denominado Chega Mais, situado em
Paulista/PE
Conteno de encostas, drenagem, Recife/PE
escadarias, pav., servios preliminares e
complementares em bairros do Recife.
Valor do
Repasse (R$)
9.073.350,00
Valor do
investimento
10.706.553,00
2.000.000,00
2.200.000,00
100. Essa ocorrncia foi verificada nos contratos nos 192.892-20/2006 e 135.888-73/2001,
conforme documentao fornecida na GIDUR/RE. No caso do contrato no 192.892-20/2006, o Plano de
Trabalho - PT no possua data (fls. 283 a 297 do Anexo 4, Volume 1), restando dvidas se ele teria sido
apresentado antes ou depois de publicado o contrato de repasse. Alm disso, o prprio contrato
constante da documentao fornecida (fls. 315 a 321 do Anexo 4, Volume 1) no se encontrava assinado,
entretanto seu extrato j havia sido publicado no Dirio Oficial da Unio, de 20/06/2006 (fl. 322 do
Anexo 4, Volume 1). Quanto ao ajuste no 135.888-73/2001, constatou-se a ausncia de assinatura do
Proponente, tanto no PT quanto na Declarao de Contrapartida (fls. 02 a 08 do Anexo 4, Volume 1).
101. Devido data em que esses ajustes foram firmados (16/06/2006 e 31/12/2001,
respectivamente), pairam questionamentos sobre se tais instrumentos foram efetivamente analisados pela
CEF, ou se se efetuou a contratao apenas para a garantia de obteno do recurso. O primeiro caso
encontrava-se prximo data-limite para liberao de verbas por parte do Ministrio, em virtude da Lei
Eleitoral no 9.504/97. O segundo contrato foi assinado no ltimo dia do ano, com base em PT cuja data
indicada era de apenas dois dias antes. Ao se considerar o excessivo volume de PTs submetidos anlise
da CEF no final de cada exerccio, questionvel se essas verificaes foram realmente realizadas para
esse contrato. Para se ter uma idia, 168 (aproximadamente 43%) dos 393 contratos que compem a
relao fornecida pela Caixa foram assinados nos dez ltimos dias de cada exerccio (ver coluna
referente data de assinatura do contrato na listagem fornecida pela CEF, s fls. 442 a 478 do Anexo 1,
Volume 3). Portanto, no se pode afirmar que as avaliaes promovidas pela empresa pblica foram
adequadas o suficiente para se firmar o contrato de repasse.
e) Objeto aprovado no abrangido pelas diretrizes da Ao de Governo:
310
Data de
Assinatura
20/12/2005
Objeto resumido
meio
Municpio
beneficiado
do
Memorando
no
Valor do
Valor do
Repasse investiment
(R$)
o
195.000,00 213.637,00
103. O contrato no 180.237-30/2005 (fls. 675 a 684 do Anexo 1, Volume 4) foi firmado para a
construo de ponte no municpio de Ceres/GO. Entretanto, verificou-se que, conforme Nota Tcnica no
028/2006/DAGES/SNSA (fls. 675 a 676 do Anexo 1, Volume 4), tal objeto no se encontrava no rol de
obras previstas no Manual para Apresentao de Propostas 2005 nem no Manual do Programa PrMunicpios, ambos contidos na Portaria no 82, de 25/02/2005 do Ministrio das Cidades.
104. A SPA encaminhada pela CEF no foi aprovada pela SNSA, o que denota, mais uma vez, a
deficincia na anlise procedida pela empresa sobre o Plano de Trabalho apresentado pelo Proponente,
devido inobservncia aos normativos definidos pelo gestor, relativos aos critrios de contratao e
execuo do Programa de Governo ao qual o contrato foi atrelado. Ressalta-se que, conforme
mencionado no item 4.2.4 deste Relatrio, o Ministrio analisa as SPAs aps o contrato de repasse j ter
sido assinado, o que demonstra a fragilidade de todo o processo.
f) Valor de contrapartida em desacordo com os normativos vigentes:
105. Contrato analisado neste item (informado por
011403/2006/MCIDADES, s fls. 586 a 588 do Anexo 1, Volume 4):
Contrato
187.325-59/2005
Data de
Assinatura
21/12/2005
Objeto resumido
Drenagem
em
metropolitana.
ruas
da
meio
Municpio
beneficiado
regio Nilpolis/RJ
do
Memorando
no
Valor
do Valor
do
Repasse (R$) investimento
4.387.500,00 5.850.000,00
106. Nesse contrato (fls. 664 a 674 do Anexo 1, Volume 4), o valor da contrapartida indicado no
item 2 da SPA era de apenas 20%, o que divergia do valor mnimo obrigatrio exigido na LDO e no
Manual de Drenagem Urbana, que era de 25%. A adequao do percentual de contrapartida s
diretrizes legais e aos Manuais do Ministrio das Cidades deveria ser um dos principais pontos a ser
verificado pela CEF quando da anlise do Plano de Trabalho a ela submetido.
107. A situao encontrada no referido contrato demonstra que, se ocorrem erros nas anlises da
CEF quanto a itens facilmente identificveis nas normas em vigor, possvel que falhas ainda maiores
possam estar acontecendo nas verificaes da viabilidade do objeto a ser contratado, que demandam um
exame mais apurado e maior grau de especializao por parte do corpo tcnico da empresa.
g) Alteraes sucessivas de Planos de Trabalho posteriormente assinatura do contrato de
repasse, inclusive com modificao do objeto.
108. Contratos analisados neste item (conforme documentao fornecida pela GIDUR/RE, s fls.
01 a 208 do Anexo 4/ 209 a 280 do Anexo 4, Volume 1 e s fls. 356 a 422 do Anexo 4, Volume 1/ 423 a
661 do Anexo 4, Volume 2/ 662 a 707 do Anexo 4, Volume 3):
Contrato
135.888-73/2001*
Data de
Assinatura
31/12/2001
Objeto resumido
Municpio
beneficiado
Conteno de encostas, drenagem, Recife/PE
escadarias, pav., servios preliminares e
complementares em bairros do Recife.
Valor
do Valor
do
Repasse (R$) investimento
2.000.000,00 2.200.000,00
311
167.620-12/2004
18/11/2004
9.250.000,00
21.266.941,63
*Este contrato foi assinado anteriormente criao do Ministrio das Cidades, que ocorreu em
janeiro de 2003. Entretanto, o que se estar avaliando neste item ser a atuao da CEF quanto
aprovao dos Planos de Trabalhos referentes s obras cujos recursos advinham de Programas de
Governo que passaram a ser geridos pelo rgo.
109. Este tpico demonstra a fragilidade das propostas contidas nos Planos de Trabalho PTs
submetidos aprovao da CEF, os quais tiveram de ser reformulados aps o contrato de repasse ser
firmado.
110. Um dos motivos para essa ocorrncia que grande parte dos contratos assinada ao final do
exerccio, baseados em PTs incompletos, com objetos vagos, para que os recursos do oramento no
sejam perdidos. De acordo com listagem fornecida pela CEF contendo todos os ajustes firmados com
Estados ou Municpios durante o perodo de 2000 a 2006 com valor de investimento a partir de R$
2.000.000,00 (fls. 442 a 478 do Anexo 1, Volume 3), dos 393 contratos, 168 foram assinados nos ltimos
dez dias de cada exerccio, o que representa aproximadamente 43% do total, conforme j destacado
anteriormente.
111. Com base nessa informao, possvel afirmar que, dada a grande quantidade de anlises de
PTs a cargo da CEF no fim do ano, o trabalho por ela executado bastante comprometido, sendo muitos
desses documentos aprovados com diversas pendncias, a serem resolvidas j durante o perodo de
execuo do contrato. O prprio texto dos contratos de repasse j inclui, em sua Clusula Primeira, um
objeto amplo, sem detalhamento, permitindo a execuo de qualquer empreendimento, a ser definido
posteriormente assinatura.
112. Em alguns casos analisados, constatou-se que, imediatamente aps firmado o contrato, novo
PT foi assinado, com alteraes no objeto, no valor do investimento, no cronograma de execuo, entre
outras. Esse fato acaba por evidenciar que vrios Planos possuem carter apenas formal, para compor a
documentao mnima necessria efetivao do contrato pela CEF, pois no servem como instrumento
confivel acerca do que realmente ser realizado com o recurso federal.
113. Cabe destacar que o Manual de Instrues para Contratao e Execuo dos Programas e
Aes do Ministrio das Cidades de 2006 (fls. 52 a 73 do Anexo 1) permite, no item 17.1, que os
contratos sejam firmados com a incluso de clusula suspensiva com prazo de 120 dias, para que o
Municpio ou Estado apresente o projeto tcnico da obra e comprove a titularidade da rea de
interveno.
114. A seguir, sero apontadas as anlises efetuadas sobre os contratos verificados na GIDUR/RE,
que corroboram a situao apresentada.
115. O contrato no 135.888-73/2001 (fls. 01 a 208 do Anexo 4/ 209 a 280 do Anexo 4, Volume 1) foi
assinado no ltimo dia do exerccio de 2001, tendo sido o primeiro Plano de Trabalho apresentado em
28/12/2001 (fls. 02 a 07 do Anexo 4), ou seja, apenas dois dias antes, com a seguinte Identificao do
Objeto: Revestimento em alvenaria de pedra com fundo em concreto de 1.200m do canal da Vila
Esperana Jordo Alto e 597m do canal da Lagoa Encantada Vila da Cohab localizados na Regio
Poltico-administrativa 06 RPA 06. O valor do repasse era de R$ 2.000.000,00 e a contrapartida era
de R$ 200.000,00
116. Em que pese o referido PT, a Declarao de Contrapartida (fl. 08 do Anexo 4) e a Declarao
do Atendimento Lei de Diretrizes Oramentrias e de adimplncia com a Unio (fl. 09 do Anexo 4) no
possurem assinatura do Prefeito do Municpio Proponente, no caso Recife, o contrato de repasse (fls. 16
a 21 do Anexo 4) foi assinado com o objeto amplo e vago: O presente Contrato de Repasse tem por
finalidade a transferncia de recursos financeiros da Unio para a execuo de urbanizao de reas
degradadas, insalubres ou em situao de risco, habitadas por populao de baixa renda no Municpio
do Recife/PE. de se estranhar tambm o fato de o Relatrio de Enquadramento realizado pela CEF
(fls. 12 a 14 do Anexo 4) no possuir assinatura nem data, existindo apenas uma orientao informal
para que fosse inserida a data de 31/12. Alm disso, mesmo diante dessas lacunas na documentao, a
312
CEF aprovou o PT apresentado, por meio do Relatrio de Verificao no 215/2001 (fl. 15 do Anexo 4) e
autorizou a abertura da conta corrente vinculada ao contrato.
117. Em 20/03/2002, a Empresa de Urbanizao do Recife URB Recife encaminhou CEF, por
meio do Ofcio DPU 050/02 (fl. 113 do Anexo 4), os projetos tcnicos e os oramentos dos canais, os
quais foram analisados por meio da Ficha de Verificao Preliminar da Documentao Tcnica de
Engenharia, de 25/04/2002 (fl. 139 do Anexo 4), onde constatou que os valores do investimento no
estavam de acordo com o Plano inicial.
118. Em 21/06/2002, chegou-se situao de serem apresentados dois PTs no mesmo dia, com
quantitativo do objeto e valores de contrapartida distintos (fls. 96 a 105 e 151 a 158 do Anexo 4). O
objeto, em relao ao Plano original, foi reduzido em ambos os documentos e o valor da contrapartida
foi aumentado. Por meio do Ofcio DPU no 171/2002, de 21/06/2002 (fl. 150 do Anexo 4), a URB-Recife
alegou que o valor inicial do contrato era insuficiente para a execuo do canal em toda a extenso, e
dividiu o objeto em etapas, sendo que o ajuste em questo serviria para a execuo de apenas uma delas.
119. Em 04/07/2002, a Prefeitura de Recife enviou declarao de incio das obras referentes
etapa apresentada no ltimo PT (fl. 23 do Anexo IV). Entretanto, em 30/10/2002, novo Plano foi
elaborado (fls. 30 a 37 do Anexo 4), e alterou o objeto para o seguinte: Aes de conteno de encosta,
drenagem, escadaria, pavimentao, servios preliminares e complementares, nas comunidades da Vila
da Paixo, Crrego do Morcego, Ibura de Cima (Travessa Joo Jovem Santos Neto, Rua Joo Cordeiro
de Souza e R. Esperana do Oeste), Nova Descoberta e Trs Carneiros, em reas de iminente risco. O
valor da contrapartida voltou a ser de R$ 200.000,00.
120. Tal alterao drstica de objeto deveu-se ao fato de que a Prefeitura do Recife encontrava-se
impedida de executar a obra, em funo de o canal estar localizado em rea de litgio entre os
municpios do Recife e Jaboato dos Guararapes, pertencendo oficialmente a este ltimo, conforme
descrito no Ofcio no 609/2002 da URB Recife (fl. 26 do Anexo 4) Ressalta-se que, conforme a Ficha de
Verificao Preliminar da Documentao Tcnica, elaborada pela CEF em 25/04/2002 (fl. 139 do Anexo
4), a comprovao da titularidade da rea foi item dispensado de apresentao por parte do Proponente.
121. Essa situao, alm de ter provocado o atraso no incio das obras que seriam efetivamente
executadas, acabou por revelar a fragilidade no processo de anlise de documentaes pela CEF, bem
como comprovou a existncia de Planos de Trabalho aprovados por mera formalidade, os quais
sofreram, inclusive, alteraes posteriores no objeto.
122. O contrato no 167.620-12/2004 (fls. 356 a 422 do Anexo 4, Volume 1/ 423 a 661 do Anexo 4,
Volume 2/ 662 a 707 do Anexo 4, Volume 3) foi firmado com base em Plano de Trabalho apresentado em
27/07/2004 (fls. 358 a 366 do Anexo 4, Volume 1), cujo objeto era: Aes de pavimentao, drenagem,
urbanizao, obra de arte, remanejamento de servios pblicos e paisagismo, na rea compreendida
entre o Bairro do Pina e o Bairro de Boa Viagem. O valor do repasse era de R$ 9.250.000,00 e a
contrapartida de R$ 462.500,00. O valor de investimento totalizava R$ 9.712.500,00.
123. Em 10/08/2004, a CEF emitiu Relatrio de Enquadramento (fl. 367 do Anexo 4, Volume 1)
sobre a proposta da Prefeitura e considerou o empreendimento enquadrado, apesar de a rea de
interveno no estar devidamente identificada no Plano de Trabalho. Em 18/11/2004 o contrato de
repasse foi assinado (fls. 369 a 375 do Anexo 4, Volume 1), com objeto completamente vago, apenas
identificado como o seguinte: O presente contrato tem por finalidade a transferncia de recursos
financeiros da Unio para a execuo de obras de infra-estrutura urbana no Municpio de Recife/PE.
124. Em 20/06/2005, aps a entrega de documentaes complementares ao Plano de Trabalho
aprovado, a CEF elaborou Laudo de Anlise de Empreendimento (fls. 433 a 437 do Anexo 4, Volume 2) e
considerou vivel o empreendimento, entretanto, com vrias pendncias que deveriam ser resolvidas pela
Prefeitura. Na discriminao dos custos aceitos constava o valor total de R$ 24.584.863,24, sendo que
nos comentrios o tcnico destacou que o Plano de Trabalho compreendia apenas uma primeira etapa
das obras (40% do total).
125. Procedeu-se, ento, elaborao do segundo PT, datado de 30/06/2005 (fls. 450 a 459 do
Anexo 4, Volume 2), que considerou o seguinte objeto: Execuo do tnel sob a avenida Herculano
Bandeira e servios de pavimentao, terraplenagem, drenagem, sinalizao. O valor da contrapartida
foi alterado para R$ 8.354.077,23 e o investimento totalizava R$ 17.604.077,23. O referido objeto faria
parte de uma interveno maior, denominada Via Mangue.
313
126. O terceiro Plano foi feito em 18/07/2005 (fls. 481 a 486 do Anexo 4, Volume 2) e alterou
ligeiramente a identificao do objeto, mas manteve os demais parmetros. Novo Laudo de Anlise de
Empreendimento foi elaborado pela CEF em 15/09/2005 (fls. 499 a 502 do Anexo 4, Volume 2), o qual
considerou vivel o Plano de Trabalho, entretanto nem mesmo a planta geral das intervenes ainda
havia sido encaminhada pela Prefeitura.
127. Aps um ms, em 26/08/2005, o quarto PT foi elaborado (fls. 505 a 512 do Anexo 4, Volume
2), com o retorno do objeto para aquele previsto no primeiro PT, ou seja, no explicitou a construo do
tnel. A contrapartida tambm foi alterada para R$ 9.031.598,43, o que resultou no valor de
investimento de R$ 18.281.598,43. Tal montante refere-se planilha oramentria apresentada, com
data-base de 23/08/2005, a qual no considerou o percentual de BDI (fls. 513 a 522 do Anexo 4, Volume
2). J em 13/09/2005 outro oramento foi feito, com o valor total de R$ 17.795.195,75 (fls. 524 a 531 do
Anexo 4, Volume 2).
128. Em 14/09/2005, o PT foi reelaborado (quinta verso fls. 532 a 539 do Anexo 4, Volume 2),
com a mudana do objeto para: Ser executado o tnel sob a Av. Herculano bandeira e as obras de
terraplenagem, pavimentao e drenagem na Av. Manoel de Brito Bairro do Pina. O valor do
investimento passou a ser de R$ 17.825.195,75 (exclusive o BDI). O terceiro Laudo de Anlise de
Empreendimento, de 28/09/2005 (fls. 135 a 137 do Anexo 4, Volume 2), considerou o empreendimento
vivel sob os aspectos de engenharia, sem nenhuma pendncia, apesar de, na anlise dos custos, no ter
aceitado a planilha oramentria.
129. O resultado do processo licitatrio foi remetido CEF, para anlise, somente em 02/05/2006
(fl. 556 do Anexo 4, Volume 2). O valor contratado foi de R$ 24.165.299,55 (incluso o BDI de 30%).
Verificou-se que o oramento que serviu de base para a licitao totalizava R$ 20.137.791,68 (sem o
BDI), valor distinto daquele aprovado no ltimo Plano de Trabalho apresentado e inferior ao
contratado.
130. Em 10/05/2006, por meio do Ofcio no 269/2006-DP (fl. 621 do Anexo 4, Volume 2), a URB
enviou CEF novo PT, datado de 03/05/2006 e devidamente ajustado com o resultado da licitao do
objeto tnel (fls. 622 a 631 do Anexo 4, Volume 2). Em tal documento no houve alterao do objeto, mas
sim de valores. A contrapartida passou a ser de R$ 12.029.990,07 e o investimento de R$ 21.266.941,63.
Ora, se o referido Plano um instrumento que deve conter valores referentes ao oramento-base, que
serviro para orientar a posterior contratao dos servios, incoerente que a CEF admita a sua
alterao de valor para adequ-lo ao resultado da prpria licitao.
131. Em 06/06/2006, a URB, para dirimir eventuais dvidas, encaminhou, por meio do Ofcio no
340/2006 DPR (fl. 637 do Anexo 4, Volume 2), oramento com a discriminao dos servios contratados
que fariam parte do contrato de repasse e aqueles que constituiriam obras complementares. Os itens que
seriam cobertos pelo referido ajuste resultariam em R$ 21.236.941,63 e as obras complementares
custariam R$ 2.928.357,92, o que, somados, totalizariam os R$ 24.165.299,55 contratados com a
construtora (fl. 649 do Anexo 4, Volume 2).
132. Por fim, um ltimo Plano de Trabalho (fls. 408 a 417 do Anexo 4, Volume 1) foi enviado pela
Prefeitura CEF por meio do ofcio no 007/2006 ASS/PRES., de 30/06/2006 (fl. 407 do Anexo 4,
Volume 1), onde pequenos erros foram corrigidos mantendo-se, porm, a data do PT anterior
03/05/2006. O valor da contrapartida passou a ser de R$ 12.016.941,63 e o total do investimento de R$
21.266.941,63, o que corresponde parcela contratada com recursos do contrato de repasse mais o
montante de R$ 30.000,00, referente ao Trabalho Social a ser desenvolvido. Destaca-se que a obra foi
iniciada em 20/03/2006, conforme declarao da Prefeitura de Recife (fl. 420 do Anexo 4, Volume 1).
133. Apesar de os valores alterados nos Planos de Trabalho terem sido sempre na contrapartida do
Municpio, percebe-se que as diversas alteraes tambm no objeto demonstram a falta de planejamento
mais apurado para a elaborao do PT inicial, que serviu como base para firmar o contrato de repasse.
Ressalta-se que tal contrato, em nenhum momento foi alterado, e permaneceu com o valor da
contrapartida inicial, de apenas R$ 462.500,00. Alm disso, ao se admitir tais alteraes, permite-se que
aquele mesmo quantitativo de servios cuja previso inicial seria coberto pelo valor do repasse, possa
ser diminudo indiscriminadamente, vontade do Proponente, para se adequar aos preos da empresa
contratada para execuo dos servios.
314
134. Todas as situaes apontadas nos dois contratos analisados culminam em uma nica
concluso: o instrumento denominado Plano de Trabalho, apresentado pelo Proponente e examinado e
aprovado pela CEF para que o contrato de repasse seja firmado, no reflete um planejamento das Aes
de Governo, j que se permite a sua alterao indistintamente, por vrias vezes seguidas, com
modificaes tanto no objeto contratado quanto nos valores.
135. Isso se deve ao fato de que grande parte desses Planos so documentos meramente formais, e
no refletem, ao menos de incio, o objeto que ser efetivamente executado. Alm disso, o prprio
contrato de repasse j firmado com identificao vaga do objeto, sendo possvel a execuo de
qualquer obra que possua certa compatibilidade com a Ao de Governo, e em qualquer localidade.
136. Como conseqncia, extrapola-se o prazo previsto para a previso de aplicao dos recursos,
dadas as diversas alteraes na vigncia do contrato. Verifica-se que no h cobrana da CEF muito
menos do Ministrio das Cidades nesse sentido. Conclui-se, portanto, que as aes do rgo gestor no
possuem planejamento adequado, pois no visam um objeto especfico a ser realizado nem a quantidade
de tempo necessria para que ele possa vir a desempenhar a sua finalidade social.
137. Todas as constataes indicadas neste tpico exigem a adoo medidas rpidas para que as
Aes ligadas ao Ministrio das Cidades comecem a ser cuidadosamente implementadas, com anlises
mais confiveis a respeito das intervenes a serem executadas. Segue, desse modo, algumas
providncias necessrias para se obter a superao dos problemas aqui apontados:
- determinar ao Ministrio das Cidades que exija da CEF o adequado cumprimento de seu servio
por meio de uma anlise consistente e eficiente dos Planos de Trabalho apresentados pelos Proponentes,
atentando-se, principalmente, para a verificao da sustentabilidade, funcionalidade plena e
caracterizao detalhada do objeto, bem como observao a respeito da existncia de indicao real das
datas dos PTs e contratos de repasse com a respectiva assinatura do documento, da adequada
abrangncia da interveno s diretrizes das Aes de Governo e da compatibilidade dos valores das
contrapartidas com as normas aplicveis, sob pena de execuo da Clusula Sexta (Das Sanes) do
Contrato 006/2006;
- determinar ao Ministrio das Cidades que inclua no Contrato 006/2006, firmado junto CEF,
impedimentos utilizao de clusulas suspensivas aos contratos de repasse firmados, evitando que os
Planos de Trabalho sejam apenas elementos formais, desnecessrios para se proceder determinao de
qual ente ser beneficiado com os recursos federais, condicionando tal ato efetiva anlise detalhada e
aprovao dos Planos de Trabalho;
- determinar a extenso desta modificao todos os contratos firmados entre rgos/ entidades
pblicas federais e a CEF, cujo escopo seja a operacionalizao de contratos de repasse, bem como aos
futuros ajustes que esta empresa pblica vier a pactuar com outras instituies federais para este mesmo
fim;
- determinar ao Ministrio das Cidades que adote medidas com vistas a coibir alteraes
sucessivas do objeto contido nos Planos de Trabalho, inclusive por meio de imposio CEF para que
esta somente permita a modificao nos casos em que se fizer necessrio diante de fato imprevisvel,
devidamente justificado tecnicamente e tempestivamente pelo ente beneficiado.
4.2.2 AUSNCIA DE COMPROVAO DA VERIFICAO DOS CUSTOS, PELA
CONTRATOS DE REPASSE
CEF,
NA
138. Atualmente so duas as ocasies em que os custos relativos s obras a serem executadas por
meio de contratos de repasse, junto ao Ministrio das Cidades, so avaliados. O primeiro quando da
anlise tcnica efetuada pela CEF. O segundo se refere a momento posterior licitao para execuo
do objeto do contrato de repasse, quando se faz a verificao acerca da compatibilidade entre a planilha
de custos aprovada pela Caixa na Anlise Tcnica e a da empresa/consrcio vencedor do certame
(Clusula Segunda, item II, subitem d vide Contrato de Prestao de Servios 006/2006 s fls. 34 a 39
do Anexo 1), tarefa essa tambm a cargo da empresa pblica.
139. Assim, apreciar o assunto abordado neste tpico requer uma preliminar descrio acerca dos
instrumentos utilizados pela CEF na anlise dos custos das obras.
315
140. O primeiro deles, intitulado Laudo de Anlise Tcnica de Engenharia - OGU (ver modelo
s fls. 581 a 584 do Anexo 1, Volume 3), tem como objetivo a verificao, pela CEF, de questes
relativas a projetos, especificaes tcnicas, oramentos, cronogramas fsico-financeiros e outros
elementos cuja avaliao se faz necessria. Cabe destacar mais uma vez que, embora o Fluxo de
Processos para Contratao dos Programas e Aes do OGU (Anexo A do Manual de Instrues para
Contratao e Execuo - 2006 fl. 68 do Anexo 1) defina esta anlise como etapa anterior assinatura
do contrato de repasse, tal procedimento no costuma ser executado nesta ordem devido constante
prtica de ajustes firmados com clusulas suspensivas, pois a documentao tcnica a ser analisada
ainda no se encontra elaborada pelos Proponentes. Isso permite ao ente beneficiado a garantia da
disponibilizao de recursos sem que se saiba ao certo as caractersticas do empreendimento.
141. Feita a observao, parte-se para a descrio dos quesitos constantes de tal documento,
presentes em seu item 7 Oramentos/Custos:
7.1 Os quantitativos propostos esto compatveis com os projetos?*
7.2 A planilha oramentria observa as recomendaes do respectivo programa?*
7.3 A anlise dos custos unitrios foi efetuada com base no SINAPI?*
7.3.1 Caso negativo:
Justificativa
7.4 A anlise de custos unitrios foi efetuada com base em outra fonte?*
7.4.1 Caso afirmativo:
Indicar
7.5 Os custos unitrios esto compatveis com as referncias utilizadas?*
7.6 As incidncias dos servios indicados nos oramentos so aceitveis?*
7.7 Data base do oramento apresentado
Comentrios
7.8 O custo do terreno parte do investimento?**
7.8.1 O valor proposto para o terreno est compatvel com o mercado local?
7.8.1.1 Indicar o valor de avaliao atribudo, extrado do Laudo de Avaliao
7.9 H custos de indenizaes compondo o investimento?**
7.9.1 O valor proposto dessas indenizaes est compatvel com a depreciao/ desapropriao
dos bens?*
7.9.1.1 Indicar os valores atribudos, extrados dos estudos realizados, discriminando-os
Comentrios
* So apenas duas opes de resposta: sim/no.
** So trs opes de resposta: sim/no/no o caso.
142. Por ltimo, no subitem 7.10, apresenta-se quadro resumo da anlise de custos, discriminando:
ITEM
DO
CONTRAPARTIDA
TOTAL
143. O segundo documento que descreve alguma informao a respeito da anlise de custos
denominado Ficha de Verificao do Resultado do Procedimento Licitatrio (ver modelo relativo ao
contrato de repasse no 0167.620-12/2004 s fls. 663 a 665 do Anexo 4, Volume 3). Nele constam algumas
questes relativas a licitao, bem como solicitaes de dados comparativos a respeito dos custos
aprovados anteriormente no Laudo de Anlise Tcnica com os obtidos da empresa vencedora do
certame aps sua realizao, conforme se expe a seguir:
2.4 Os custos obtidos no processo licitatrio so compatveis com os aprovados no laudo de
anlise tcnica?*
Comentar
2.5 O valor global das licitaes superior ao previsto contratualmente?*
316
VALORES
DA VALORES QUE COMPORO
LICITAO (R$) (B)
RAE ** (R$) (C)
* QCI quadro de composio de investimentos
** RAE Relatrio de Acompanhamento do Empreendimento
ITENS
INVESTIMENTO
DE VALORES
DO
APROVADOS (R$) (A)*
QCI
317
148. Obtivemos, assim, a resposta que se segue (ver Ofcio no 624/2006 GIDUR/RE s fls. 769 e
770 do Anexo 1, Volume 5):
1.1 Especificamente em relao aos contratos nos 0155753-72, 0135888-73, 0171815-48,
0167620-12 e 0192892-20, esclarecemos que a incluso nos Laudos de Anlise, de uma planilha
comparativa de custos com o SINAPI, no obrigatria, sendo que opcionalmente a mesma pode ser
requisitada a critrio do engenheiro monitor do contrato em alguns trabalhos, razo pela qual no existe
esse documento nos Processos relacionados nesse item.
1.2 Para anlise dos projetos de engenharia so utilizadas, alm da Planilha de Custos do SINAPI,
outras tabelas de custos emitidas por outros rgos pblicos a exemplo da Empresa de Obras da
prefeitura do Recife, Companhia de gua e Esgoto de Pernambuco, DNIT, Departamento de Estradas e
Rodagens de Pernambuco, como tambm Composies de Custos. (grifo nosso)
149. O texto acima identifica claramente que os normativos da Caixa Econmica Federal no
exigem comprovao quanto efetiva comparao dos custos das obras com os de referncia. O
engenheiro responsvel por esse procedimento quem resolve pela necessidade de se discriminar
informaes a esse respeito.
150. , portanto, evidente que esta forma de se proceder prejudica significativamente o bom
controle das intervenes. No demais lembrar o nmero expressivo de processos que este Tribunal
aprecia nos quais se verifica a constante discusso a respeito de ocorrncias de sobrepreo e
superfaturamento nas obras s quais se referem. A anlise de custos de grande relevncia para a
comprovao da regular aplicao de recursos pblicos, de modo que no pode se tornar uma prtica
marginal, sem meios oficiais que garantam que sua execuo se procedeu de modo adequado. A
comprovao de sua boa realizao somente pode ser sustentada por um memorial de clculo que
correlacione os preos praticados em cada servio com sua respectiva referncia.
151. Assim, mesmo com tantas questes abordadas nos dois documentos descritos, conclui-se que
apenas suas sucintas respostas no servem para garantir o cumprimento da obrigao contratual que a
CEF tem junto ao Ministrio das Cidades. Deve-se lembrar que este no o nico rgo que possui um
ajuste de operacionalizao de contratos de repasse com a Caixa. Sendo assim, a falha aqui apontada
interfere em aplicao de recursos de ordem significativamente maior, sendo imprescindvel a
necessidade de se delimitar a definio de procedimento normativo que determine a realizao de
planilha comparativa de preos com os de referncia, de modo a dar credibilidade anlise de custos.
INSUFICIENTES DISPONIBILIZADAS AO MINISTRIO DAS
FUNCIONALIDADE DAS OBRAS ANTES DE SE AUTORIZAR A SUA EXECUO
4.2.3 INFORMAES
CIDADES
PARA ANLISE DA
152. Conforme o fluxo de contratao previsto no Manual de Contratao e Execuo 2006 (fl. 68
do Anexo 1), aps a aprovao do Plano de Trabalho a CEF encaminha ao Ministrio das Cidades a
Sntese do Projeto Aprovado SPA, que consiste no nico documento por meio do qual o referido rgo
obtm conhecimento a respeito das obras que sero executadas com recursos do seu oramento.
Entende-se, dessa forma, que tal instrumento deve possuir detalhamento suficiente para que o Ministrio,
como gestor dos recursos, decida sobre os empreendimentos que, ao serem realizados, contribuiro para
o alcance das metas definidas para as Aes de Governo sob sua responsabilidade.
153. As SPAs contm basicamente os mesmos tipos informaes sobre as obras, sofrendo algumas
variaes conforme a Ao de Governo na qual a proposta foi inserida. Em exame aos modelos de SPA
encaminhados a esta equipe de auditoria, verificou-se que os dados neles contidos so subdivididos em: I
- Dados Gerais e II - Dados do Projeto. O primeiro mdulo, comum a todas as Aes, abriga os
seguintes itens, referentes aos aspectos gerais do empreendimento:
318
319
Entendemos que havia nesse ponto um dispensvel retrabalho, e ento optamos pela
simplificao do SPA, que ora restringe-se s informaes mnimas necessrias ao enquadramento do
pleito aos Programas respectivos. (...) (grifo nosso)
159. de se estranhar, dessa forma, que o Diretor de Integrao, Avaliao e Controle Tcnico
apresente tal situao como prejudicial anlise da funcionalidade do objeto, em contradio com o que
as prprias Secretarias Finalsticas dispuseram a respeito das SPAs, conforme exposto anteriormente.
Ressalta-se que o Manual de Instrues para Contratao e Execuo dos Programas e Aes do
Ministrio das Cidades do exerccio de 2006 (fls. 52 a 73 do Anexo 1), em seu item 10.1, dispe o
seguinte:
O MCIDADES analisar, sem carter homologatrio, a Sntese do Projeto Aprovado SPA, com
vistas verificao, pela rea tcnica responsvel, do enquadramento e funcionalidade do projeto
aprovado pela CAIXA e avaliao da qualidade dos servios por ela prestados, para eventuais
intervenes no procedimento. (grifo nosso)
160. Assim, constata-se que a nova orientao quanto ao contedo das SPAs diverge
consideravelmente do que o prprio Manual de Contratao dispe, j que, de acordo com tal
normativo, a SPA deve possibilitar ao Ministrio das Cidades o exame do enquadramento e tambm da
funcionalidade do projeto aprovado pela CAIXA.
161. Portanto, verifica-se que, para uma completa avaliao, por parte do rgo gestor, da
funcionalidade do objeto proposto, conforme dispe o referido Manual, so necessrias informaes
adicionais quelas descritas atualmente nas SPAs, variando conforme a Ao de Governo na qual o
empreendimento est inserido. Alm disso, para que as anlises possam ser realizadas de forma mais
efetiva, e no como mera formalidade, algumas providncias podem ser adotadas, como por exemplo:
- Aumentar a abrangncia das informaes contidas nas Snteses do Projeto Aprovado SPAs de
modo a possibilitar a adequada verificao da funcionalidade do objeto, tornando desnecessria a busca
de dados em outras fontes, constituindo, para isso, grupo composto de tcnicos das diversas Secretarias
Finalsticas para que estes opinem a respeito da melhor forma de atender esta demanda;
- ampliao do corpo tcnico do rgo para a realizao das anlises, inclusive com a contratao
de especialistas em cada tipo de interveno (saneamento, habitao, mobilidade urbana etc.);
- solicitao CEF para que padronize a qualidade do trabalho por ela produzido em cada
GIDUR e que delegue as anlises dos Planos de Trabalho a profissionais especializados nas reas objeto
de contratao;
- imposio de limites para o fracionamento das demandas em vrios contratos de repasse com
baixos valores, de forma a reduzir o volume de Planos de Trabalho a serem analisados pela CEF, e,
conseqentemente, das SPAs encaminhadas ao Ministrio;
- aprimoramento do trmite das SPAs da CEF para o Ministrio e vice-versa, com a introduo de
um sistema eletrnico de dados, onde sejam registradas todas as avaliaes das SPAs pelo rgo e
respectivas alteraes realizadas pela CEF.
4.2.4 DEFICINCIA NO FLUXO DE CONTRATAO REFERENTE AO MOMENTO DE ASSINATURA DO CONTRATO
DE REPASSE
162. Ao se examinar o fluxo de atividades contido no Manual de Contratao e Execuo 2006 (fl.
68 do Anexo 1), verificou-se que os contratos de repasse so assinados antes da anlise das SPAs pelas
Secretarias Finalsticas do Ministrio das Cidades, e com base em Planos de Trabalho aprovados apenas
pela CEF.
163. Tal fato questionvel, pois caso as verificaes realizadas pela CEF sejam deficientes e
permitam a aprovao de empreendimentos que no se enquadram nas diretrizes das Aes de Governo,
bem como sejam inviveis tecnicamente conforme a avaliao do Ministrio, torna-se muito mais difcil o
distrato da operao, em virtude de j existir previamente um documento que a formaliza. Dessa forma, o
320
rgo gestor, que deveria ser o responsvel por aprovar aquilo que ser executado, somente
consultado aps a operao j ter se concretizado.
164. Para comprovar a gravidade dessa situao, basta verificar as informaes contidas no item
4.2.1 deste Relatrio, onde so destacadas falhas encontradas em Planos de Trabalhos que foram
aprovados pela CEF. Os respectivos contratos de repasse foram assinados sem a avaliao prvia do
Ministrio, possuindo diversas inconsistncias, que, em quase todos os casos, tiveram de ser saneadas
durante a fase de execuo. Todo esse procedimento gera alteraes sucessivas nos Planos e,
conseqentemente, atrasos na execuo do objeto.
165. Portanto, imprescindvel que as SPAs sejam analisadas e aprovadas pelas Secretarias
Finalsticas do Ministrio antes de se proceder formalizao do contrato, de forma a garantir que o
recurso seja aplicado em objetos efetivamente viveis e adequados aos objetivos pretendidos pelo
planejamento do rgo gestor. Alm disso, os contratos devem ser assinados com objetos definidos, de
acordo com o que prev o Plano de Trabalho apresentado, evitando-se as sucessivas alteraes
posteriores.
4.2.5 DEFICINCIA
SPAS
PELO
166. Outro ponto a ser discutido a questo da homologao das Snteses do Projeto Aprovado
SPAs pelo Ministrio das Cidades. Verificou-se que o Manual de Instrues para Contratao e
Execuo dos Programas e Aes referente ao exerccio de 2005 (fls. 74 a 95 do Anexo 1) previa a etapa
de homologao da SPA pelo Ministrio das Cidades, aps a devida anlise da funcionalidade do objeto.
Entretanto, em 2006, o novo Manual (fls. 52 a 73 do Anexo 1) estabeleceu, em seu item 10.1, que a
anlise da SPA pelo Ministrio no possui carter homologatrio, ou seja, no se constitui em ato que
confirme ou aprove tal documento.
167. Em resposta a questionamento efetuado por esta equipe de auditoria, por meio do Ofcio de
Requisio no 07-563/2006 (fl. 18 do Volume Principal), o Diretor de Integrao, Avaliao e Controle
tcnico do Ministrio das Cidades, no Memorando no 011601/2006/SE/MCIDADES de 28/08/2006 (fls.
766 e 767 do Anexo 1, Volume 5), esclareceu o seguinte a respeito da retirada da etapa de homologao
das SPAs:
(...) Uma vez que a criteriosa anlise das informaes do solicitante se faz no mbito da CAIXA,
no h porque o Ministrio das Cidades assumir o passo HOMOLOGAO, o que no retira desse
Ministrio a responsabilidade pela aprovao do enquadramento das operaes, pois continuamos a
analisar e aprovar cada uma das SPA que so enviadas pela CAIXA. (grifo nosso)
168. Apesar de o Ministrio afirmar que as SPAs so analisadas e aprovadas pelo seu corpo
tcnico, questionvel ento o fato de os normativos de contratao terem excludo a obrigatoriedade de
se homologar os referidos instrumentos, j que isso significa justamente a aprovao do que ser
realizado. No Manual est explcito que a anlise da SPA no possui carter homologatrio, e no h,
em nenhum outro item, a previso de aprovao. Tal fato pode vir a permitir a ocorrncia de situaes
em que o incio da obra seja autorizado pela Subsecretaria de Planejamento, Oramento e
Administrao SPOA (conforme item 11.1 do Manual), sem que tenha havido a devida anlise da
viabilidade da obra pelas Secretarias Finalsticas do rgo, que so as efetivas gestoras dos Programas
e Aes de Governo.
169. Constata-se que tal inovao provocou uma distoro no fluxo de contratao, pois, alm de
eximir o rgo gestor de suas responsabilidades quanto avaliao e homologao do trabalho
realizado pela CEF e tambm quanto verificao da funcionalidade do que ser efetivamente
executado, culminou por automaticamente delegar referida empresa a competncia para aprovar ou
no aquilo que ser realizado com o oramento federal.
170. Verifica-se que a etapa de avaliao e aprovao das propostas encontra-se atualmente
prejudicada, em virtude das diretrizes definidas pelo prprio rgo gestor, o qual parece estar cada vez
mais se isentando de suas obrigaes quanto ao planejamento e gesto do oramento pblico sob sua
321
responsabilidade, delegando inadequadamente os seus encargos CEF, que uma entidade de direito
privado e est na situao de prestadora de servios, a qual defende os seus prprios interesses
econmicos.
171. Ressalta-se que o art. 27, inciso III, alnea e da Lei no 10.683/2003, que alterou a estrutura
da Presidncia da Repblica, define como competncia do Ministrio das Cidades, e, portanto,
indelegvel:
e) planejamento, regulao, normatizao e gesto da aplicao de recursos em polticas de
desenvolvimento urbano, urbanizao, habitao, saneamento bsico e ambiental, transporte urbano e
trnsito; (grifo nosso)
172. necessrio, ento, que o rgo reavalie as aes e responsabilidades contidas no fluxo de
contratao e execuo dos Programas e Aes do OGU, para que possa resgatar o controle sobre o
planejamento e a gesto da aplicao do recurso federal e efetivamente cumprir as determinaes
contidas na referida Lei de Criao do Ministrio. Para tanto, faz-se imprescindvel determinar ao
Ministrio das Cidades que inclua a atribuio homologatria das SPAs no rol de responsabilidades
deste rgo dentro dos Manuais de Instrues para Contratao e Execuo dos Programas e Aes do
Ministrio das Cidades elaborados anualmente.
4.3 FASE DE ANLISE DO PROCESSO LICITATRIO E CONTRATAO DO EXECUTOR:
4.3.1 DEFICINCIA NA ANLISE DA LEGALIDADE DOS PROCEDIMENTOS LICITATRIOS
173. A licitao o meio mais utilizado para se efetuar contrataes para execuo de obras
pblicas no pas. Os ditames da Lei 8.666/93 definem algumas poucas situaes em que possvel a
dispensa ou inexigibilidade deste procedimento, configurando-se em meras excees regra. muitas
vezes, destarte, o foco de diversas fiscalizaes efetuadas por rgos de controle. Em outros casos, a
verificao da sua obedincia aos preceitos legais o ponto de partida para a execuo dos trabalhos.
174. Diante da importncia deste instrumento na concretizao regular das intervenes, bem
como do fato de que a quase totalidade dos contratos relacionados ao Ministrio das Cidades refere-se
execuo de obras, o interesse de se verificar a adequada aplicao de recursos pblicos deve ser
primordial.
175. Feitas estas observaes preliminares, faz-se necessrio descrever as particularidades
atinentes ao procedimento de atuao do rgo em estudo para que produza os resultados esperados de
sua misso.
176. Como sua atividade bsica definir e implementar polticas urbanas, suas aes esto
necessariamente ligadas a diversos entes federativos por meio da implantao de melhorias na infraestrutura das cidades. Portanto, abrange um nmero expressivo de obras espalhadas por todo o pas que,
em sua maioria, quando se tratam daquelas geridas com recursos no-onerosos do OGU, se
caracterizam por ser de custo menos significativo. Levando-se em conta estes aspectos e a carncia de
quadro tcnico no rgo para promover o controle das inmeras atuaes, o Ministrio firmou contrato
com a Caixa Econmica Federal para que esta entidade desse suporte ao acompanhamento das aes
nos diversos Municpios onde atua.
177. Inicialmente, o primeiro contrato assinado entre estas instituies Contrato Administrativo
no 03/2003, de 19/08/2003 (fls. 1 a 28 do Anexo 3) discriminava apenas que a empresa pblica deveria
verificar a compatibilidade do projeto aprovado por ela com relao ao licitado, eximindo-a de qualquer
responsabilidade quanto anlise do mrito do processo de licitao (Clusula Segunda, item II,
subitem a.6). Somente no segundo termo aditivo, de julho de 2004, foi determinada a verificao da
documentao referente adjudicao, ata de homologao, comprovao da realizao de publicidade
dos atos bem como o respectivo enquadramento do objeto contratado com o efetivamente licitado.
178. As novas atribuies impostas CEF representaram uma melhoria em comparao situao
anterior. Mas, evidentemente, a observao de tais documentos no suficiente para garantir a
constatao da lisura no processo licitatrio. Somente com esses dados impossvel observar, por
322
323
184. Portanto, clara est a fragilidade desta inovao trazida pelo contrato 006/2006. As presses
para que os procedimentos licitatrios tenham seus aspectos legais analisados, ao invs de gerar
medidas que objetivassem solucionar esta importante questo, acabaram sensibilizando o Ministrio a
atuar no sentido de se eximir quanto sua responsabilidade de zelar pela observncia da legislao
federal (art. 25, inciso I do Decreto-lei 200/67). Assim, necessrio tomar providncias no sentido de
que novo contrato seja formulado entre o rgo e a CEF, incluindo clusulas que tornem mais rigorosos
os instrumentos de verificao da licitao, identificando claramente a competncia do Ministrio na
regular gesto dos recursos pblicos por ele repassados.
185. Cabe, dessa forma, determinao ao MCidades que providencie a incluso, no Contrato
006/2006 firmado com a Caixa, de clusula que imponha a anlise completa (abrangendo, entre outros,
a verificao da observncia aos princpios bsicos da Lei de Licitaes, da garantia do carter
competitivo e da isonomia na seleo da proposta vencedora, etc.) por esta empresa pblica dos aspectos
relativos aos procedimentos licitatrios vinculados aos contratos de repasse sob seu acompanhamento,
atribuio esta consolidada por meio de relatrio circunstanciado enviado ao rgo para que a
respectiva Secretaria Finalstica homologue a adequao do certame s normas legais.
4.3.2 AUSNCIA DE CADASTRAMENTO DE CONTRATOS FIRMADOS ENTRE PROPONENTE E CONSTRUTORA NO
SIASG, CONTRARIANDO O DISPOSTO NO ART. 21, CAPUT E 2O DA LEI NO 11.178/2005 (LDO 2005)
186. A Caixa Econmica Federal, empresa pblica, ao prestar servios a rgos da Administrao
Direta Federal, atua como mandatria da Unio (ver Clusula Segunda, item II, subitem a do
Contrato de Prestao de Servios no 006/2006 fl. 35 do Anexo 1). Sua principal responsabilidade
frente aos contratos de repasse que opera executar e acompanhar os Programas e Aes sob a gesto
do Ministrio das Cidades. Sendo assim, deve dar cumprimento determinao disposta no art. 21, caput
e 2o da Lei no 11.178/2005 (LDO 2005), que assim se apresenta:
Art. 21. Os rgos e entidades integrantes dos oramentos fiscal e da seguridade social devero
disponibilizar no Sistema Integrado de Administrao de Servios Gerais SIASG informaes
referentes aos contratos e aos convnios firmados, com a identificao das respectivas categorias de
programao.
2o No mbito dos convnios, acordos, ajustes ou instrumentos congneres, firmados com rgos
ou entidades de direito pblico ou privado, o concedente dever manter atualizados os dados referentes
execuo fsica e financeira dos contratos, celebrados pelo convenente, cujo valor seja trs vezes
superior ao limite estabelecido no art. 23, inciso I, alnea a, da Lei no 8.666, de 1993. (grifo nosso)
187. Por meio do Ofcio de Requisio no 02-563/2006 (fls. 12 e 13 do Volume Principal), foi
solicitado Caixa que enviasse a relao dos contratos firmados entre proponente e construtora
inseridos no SIASG. Em resposta, esta empresa assim se pronunciou (Ofcio no
942/2006/SUREP/GEATO s fls. 121 a 125 do Anexo 1, Volume 1):
Conforme cpias de documentos em anexo, desde o recebimento dos acrdos 945/2003 e
1.239/2003 TCU Plenrio, a CAIXA vem mantendo contatos peridicos com o Ministrio do
Planejamento, Oramento e Gesto, atravs do seu Departamento de Logstica e Servios Gerais,
buscando viabilizar da utilizao do SIASG.
Aps comunicados anteriores de que, por motivos de ordem tcnica houve atraso no
desenvolvimento do Subsistema SICONV/SIASG, cujos testes iniciais estavam previstos para abril/2005,
o assunto foi retomado junto quela diretoria em 28/04/2006, estando atualmente em vias de estudos
quanto sua concretizao/adaptabilidade aos contratos de repasse, considerando a quantidade,
diversidade e custos envolvidos.
188. Diante da ainda verificada ausncia de dados no SIASG a respeito dos contratos de repasse
ligados ao Ministrio das Cidades, tornou-se necessrio discutir as justificativas apresentadas pela CEF
para o no cumprimento da determinao legal contida na LDO de 2005.
324
189. preciso destacar preliminarmente que o sistema SIASG j se encontra disponvel desde
04/07/2005. O Ofcio no 504/2006/DLSG-SLTI-MP enviado pelo Ministrio do Planejamento Caixa
Econmica Federal (fls. 132 e 133 do Anexo 1, Volume 1) deixa claro que no existem pendncias
tcnicas a serem resolvidas para que os concedentes ou seus mandatrios insiram as informaes no
banco de dados do sistema desde esta data:
Em ateno ao Ofcio no 0391/2006/SUREP/GEATO, de 17 de abril de 2006, informamos que
subsistema de gesto de Convnios (SIASG/SICONV), que trata de registro dos processos pertinentes s
transferncias voluntrias de recursos da Unio, no previsto na constituio, para a realizao de
objetivo de interesse comum, denominado de convnio (57), podendo tambm ser por Contrato de
Repasse (58) ou Termo de Parceria (59), em atendimento a Lei de Diretrizes Oramentria LDO,
encontra-se disponvel para os rgos integrantes do SISG, e para os no SISG que firmaram Acordo de
Cooperao Tcnica, desde 04/07/2005, conforme mensagem COMUNICA do SIASG no 022108, e
mensagem disponibilizada no Stio COMPRASNET. (grifo nosso)
190. , ento, de se questionar, em primeiro lugar, por qual motivo a Caixa s consultou o
Departamento de Logstica e Servios Gerais do MPOG em abril deste ano, sendo que o sistema j se
encontrava em pleno funcionamento desde julho do ano passado. Em segundo, a razo pela qual, mesmo
passados cinco meses da comunicao CEF da disponibilidade do sistema, ainda no foi efetuada a
introduo de informaes dos contratos de repasse no SIASG.
191. A respeito deste segundo questionamento, a Caixa se manifestou indicando que atualmente
est estudando a concretizao/adaptabilidade da incluso destes dados, considerando a quantidade,
diversidade e custos envolvidos. Entretanto, tal afirmao no pode ser acatada como justificativa para o
descumprimento ao art. 21, caput e 2o da Lei no 11.178/2005. A instituio j deveria ter procedido
estes estudos h muito mais tempo. J em 2003 foram exarados dois Acrdos (nos 945/2003 e
1.239/2003) que fazem determinao direta CEF para que esta providencie o registro de todos os
contratos de repasse em andamento no Sistema Integrado de Administrao de Servios Gerais do
Governo Federal (Siasg), nos termos do art. 18 da Lei 10.524/2002 - LDO/2003 (Acrdo 1.239/2003
TCU Plenrio). Este atraso s pode ser entendido como ausncia de planejamento para implementao
de providncias a seu cargo. Passados trs anos, inegvel que a situao hoje se encontra irregular por
responsabilidade da prpria Caixa, que no precisava esperar que o sistema estivesse concludo para
estudar a forma de disponibilizar as informaes geridas em seu banco de dados. No se pode aceitar a
manuteno desta condio por um prazo indeterminado, a critrio da disposio da empresa pblica em
concluir seus trabalhos a respeito de como se dar a incluso dos contratos no SIASG.
192. Assim, alm de esclarecer as questes ora levantadas, imprescindvel a adoo de medidas
que efetivem o cumprimento da Lei de Diretrizes Oramentrias. Outros rgos j vm executando sua
obrigao, sendo inaceitvel que, no apenas o Ministrio das Cidades, mas todas as outras instituies
que atuam junto CEF, recebam tratamento diferenciado. Portanto, algumas aes devem ser
promovidas para sanear a irregularidade ora descrita:
- determinar Caixa Econmica Federal que, em cumprimento ao disposto no art. 21, caput e
2o da Lei no 11.178/2005 (LDO 2005), adote providncias para o imediato cadastramento no SIASG dos
contratos firmados entre os entes beneficiados (Municpios e Estados) com as respectivas empresas
executoras, considerando que as informaes a serem disponibilizadas neste sistema se referem
totalidade da obra e no apenas quelas relativas ao contrato de repasse, no caso deste cobrir apenas
parte do custo global do empreendimento, considerando, inclusive, as determinaes exaradas nos
Acrdos 945/2003 e 1.239/2003.
4.4 FASE DE EXECUO DA OBRA E ACOMPANHAMENTO PELA CEF:
4.4.1 INCONSISTNCIA DAS INFORMAES
DISPONIBILIZADAS AO MINISTRIO DAS CIDADES
CONSTANTES
DO
BANCO
DE
DADOS
DA
CEF
325
193. Contratos analisados neste item (conforme documentao fornecida pela GIDUR/RE, s fls.
01 a 208 do Anexo 4/ fls. 209 a 280 do Anexo 4, Volume 1 e s fls. 708 a 966 do Anexo 4, Volume 3):
Contrato
155.753-72/2003
Data de
Assinatura
12/12/2003
135.888-73/2001
31/12/2001
Objeto resumido
Municpio
beneficiado
Drenagem pluvial, construo de bueiro Recife/PE
celular,
revestimento
de
canal,
pavimentao, conteno de encosta e
escadaria.
Conteno de encostas, drenagem, Recife/PE
escadarias, pav., servios preliminares e
complementares em bairros do Recife.
Valor
do Valor
do
Repasse (R$) investimento
3.020.394,14 3.322.433,56
2.000.000,00
2.200.000,00
326
327
207. Contratos analisados neste item (conforme documentao fornecida pela GIDUR/RE, s fls.
01 a 208 do Anexo 4/ fls. 209 a 280 do Anexo 4, Volume 1; s fls. 356 a 422 do Anexo 4, Volume 1/ 423 a
661 do Anexo 4, Volume 2/ fls. 662 a 707 do Anexo 4, Volume 3 e s fls. 708 a 966 do Anexo 4, Volume
3):
Contrato
135.888-73/2001
Data de
Assinatura
31/12/2001
167.620-12/2004
18/11/2004
155.753-72/2003
12/12/2003
Objeto resumido
Municpio
beneficiado
Conteno de encostas, drenagem, Recife/PE
escadarias, pav., servios preliminares e
complementares em bairros do Recife.
Tnel sob a Av. Herculano Bandeira e Recife/PE
obras de terraplenagem, pavimentao e
drenagem na Av. Manoel de Brito, bairro
do Pina.
Drenagem pluvial, construo de bueiro Recife/PE
celular,
revestimento
de
canal,
pavimentao, conteno de encosta e
escadaria.
Valor
do Valor
do
Repasse (R$) investimento
2.000.000,00 2.200.000,00
9.250.000,00
21.266.941,63
3.020.394,14
3.322.433,56
208. Mais uma questo relevante que deve ser abordada refere-se excessiva quantidade de
aditamentos de vigncia realizados sobre os contratos de repasse do Ministrio das Cidades. Verificouse, por meio das anlises a serem apresentadas a seguir, que tais alteraes de prazos ocorrem tanto
durante a fase de licitao quanto depois de firmado o contrato com a construtora, durante a execuo
da obra.
209. Ressalta-se que os contratos de repasse so firmados, em sua maioria, com a vigncia prevista
de um ano, a qual pode ser prorrogada, conforme o caso. No item 14.1.2 do Manual de Instrues para
Contratao e Execuo dos Programas e Aes do Ministrio das Cidades Exerccio de 2006 (ver
texto fl. 61 do Anexo 1), prev-se o seguinte: No caso de necessidade de prorrogao do prazo de
execuo da obra/servio, recomenda-se que no sejam efetuadas mais de duas prorrogaes, devendo o
prazo aditado ser compatvel com o objeto do Contrato e com o percentual da obra/servio ainda no
executado.
210. O contrato no 135.888-73/2001, de 31/12/2001 (s fls. 01 a 208 do Anexo 4/ fls. 209 a 280 do
Anexo 4, Volume 1) sofreu diversas alteraes nos Planos de Trabalho apresentados, conforme descrito
no item 4.2.1 g deste relatrio, inclusive com a mudana completa do objeto inicial, ocorrida em
30/10/2002, quase um ano aps a sua assinatura. Constatou-se, por meio da documentao fornecida
pela GIDUR/RE, que houve, ao todo, oito solicitaes de prorrogao da vigncia do contrato, sendo
que a ltima culminou na prorrogao do referido prazo para 31/12/2006.
211. Em todos os ofcios da Empresa de Urbanizao do Recife URB-Recife, a justificativa para a
solicitao de alterao da vigncia era a seguinte: A nossa solicitao se justifica uma vez que as
obras constantes no Plano de Trabalho encontram-se em fase de execuo. Percebe-se que o motivo do
pedido no foi detalhado em nenhum momento. Entretanto, em todos os casos, a mudana solicitada foi
imediatamente providenciada pela CEF. Na documentao tambm no consta nenhum ofcio
encaminhado pela CEF ao Ministrio das Cidades comunicando tais solicitaes, o que denota a falta de
conhecimento, por parte do gestor, da situao real e dos eventuais problemas que acontecem nas obras
por ele financiadas.
212. O contrato no 167.620-12/2004 (fls. 356 a 422 do Anexo 4, Volume 1/ 423 a 661 do Anexo 4,
Volume 2/ fls. 662 a 707 do Anexo 4, Volume 3) foi assinado em 18/11/2004, com prazo de um ano, ou
seja, 18/11/2005. Em 31/10/2005, a vigncia foi alterada para 31/05/2006, devido solicitao da URBRecife, a qual justificava que as obras encontravam-se em fase de Licitao/Contratao. Aps
sucessivas alteraes no objeto e nos valores do Plano de Trabalho - PT, conforme apresentado no item
4.2.1 g deste relatrio, em 10/05/2006, a referida empresa encaminhou ofcio CEF, por meio do qual
apresentou o ltimo PT, com objeto e valor ajustado ao resultado da licitao, e solicitou modificao do
prazo de vigncia para abril/2007, quase um ano a mais. Ou seja, um contrato cuja previso inicial de
trmino era de um ano, teve o seu prazo de concluso alterado para aproximadamente dois anos e meio,
328
em funo da falta de planejamento inicial acerca das aes que seriam realizadas com os recursos do
Ministrio das Cidades.
213. O contrato no 155.753-72/2003, de 12/12/2003 (fls. 708 a 966 do Anexo 4, Volume 3), foi
assinado com vigncia prevista para 31/12/2004. As obras foram iniciadas em 01/06/2004, conforme
Declarao encaminhada pela Prefeitura do Recife. Prximo ao trmino da vigncia, a CEF prorrogou o
prazo para 31/07/2005, conforme solicitao da URB-Recife, quando do encaminhamento do novo
Cronograma Fsico-financeiro. Novos pedidos foram feitos em seqncia e o referido ajuste teve a sua
vigncia alterada primeiramente para 31/12/2005, e depois para 31/07/2006, sob a justificativa no
detalhada de que as obras constantes do Plano de Trabalho encontravam-se em fase de execuo. Por
fim, tal prazo foi prorrogado para 31/10/2006, em virtude da apresentao da prestao de contas final.
Esse tambm se constitui em exemplo de contrato cujo trmino estava previsto para um ano, e que
somente ser encerrado quase trs anos aps a sua data de assinatura.
214. Diante das anlises dos referidos contratos, percebeu-se que no h critrios definidos para
que o Ministrio e a CEF procedam prorrogao dos termos de vigncia. Os pedidos so realizados
pelo ente tomador sem justificativas detalhadas, e so prontamente atendidos, sem que haja
questionamento acerca do real motivo do atraso, nem o estabelecimento de prazo definitivo para o
cumprimento das obrigaes previstas no contrato de repasse.
215. Tal situao denota a fragilidade nos controles efetivos da CEF e, principalmente, do
Ministrio das Cidades, que o gestor dos repasses empregados. O excesso de aditamentos permitidos
acaba por gerar uma execuo lenta e descompromissada com o momento em que as Aes de Governo
previstas para aquele determinado local possam proporcionar o esperado benefcio para populao que
ser usuria da obra. Alm disso, corre-se o risco de as intervenes permanecerem inacabadas, dada a
vagarosidade na execuo e na liberao dos recursos. Essa ocorrncia tambm causa falhas no
planejamento posterior dessas Aes, j que no se sabe exatamente quando o empreendimento estar
pronto, para que possam ser realizadas novas intervenes naquela localidade.
216. necessrio, portanto, que o Ministrio das Cidades insira, junto s normas presentes no seu
Manual de Instrues para Contratao e Execuo dos Programas e Aes, restries aos
aditamentos de vigncia aos contratos de repasse, a exemplo da alterao do item 14.1.2 do mencionado
documento, de forma que a recomendao contida em seu texto seja modificada para determinao.
Alm disso, deve fazer constar, ainda, que s podero ser efetuadas prorrogaes mediante justificativa
expressa e aceitvel, que indique a supervenincia de fato imprevisvel impeditivo da continuidade do
processo da obra, garantindo maior celeridade na implantao das aes a cargo do rgo
4.5 FASE DE PRESTAO DE CONTAS:
4.5.1 DELEGAO IRREGULAR DE COMPETNCIA DO MINISTRIO DAS CIDADES PARA A CAIXA ECONMICA
FEDERAL
329
200/67), tais obrigaes no podem ser repassadas pelo Ministrio das Cidades para uma empresa que,
embora pblica, uma entidade de direito privado, que pauta suas aes firmadas no citado contrato
como uma atividade de natureza econmica. Inclusive, esta uma caracterstica destacada pela prpria
Caixa quando se debateu a questo do domnio de informaes referentes aos contratos firmados entre
proponente e construtora em banco de dados acessvel CEF (ver pargrafo 1.3.1.1 do Ofcio no
942/2006/SUREP/GEATO fl. 122 do Anexo 1, Volume 1).
219. A discusso a respeito do assunto deste tpico foi apropriadamente tratada pela
Controladoria Geral da Unio CGU em recente relatrio (ver Relatrio de Avaliao de Gesto n
175693 s fls. 30 a 118 do Anexo 2). Este documento ressalta a indevida delegao de competncia
exclusiva do Ministrio e as fragilidades nos controles internos decorrente desta situao. Como nele so
pontuados aspectos que devem ser aqui abordados, far-se- destaque de algumas observaes feitas ao
longo do referido relatrio.
220. Em relao aprovao das prestaes de contas, assim se posiciona a CGU:
(...) Ocorre que deve caber s secretarias finalsticas, como rgos tcnicos formuladores de
polticas pblicas, o acompanhamento e o controle das aes afetas s suas respectivas reas.
Entretanto, com o tempo, a CAIXA, em funo, inclusive, do seu desempenho nas atividades a que se
prope e que alega ter sido contratada, tem tomado um espao que deveria ser do Ministrio. Este, por
sua vez, devido a dificuldades operacionais e humanas tem se mostrado acomodado nessa situao.
A CAIXA quando executa suas atribuies, alis, com razovel competncia, extrapola seu papel
quando alm da aprovao do projeto, medio das etapas da obra, com sua conseqente aceitao e
produo do relatrio final de acompanhamento, se manifesta quanto aprovao de prestao de
contas.
(...) Acontece que a prestao de contas o mecanismo responsvel pela preveno e constatao
de aes irregulares referentes transferncia de recursos financeiros destinados execuo
descentralizada dos programas governamentais visando coibir essas anomalias principalmente quanto
aos aspectos tcnicos e financeiros.
O interesse pblico irrenuncivel pela autoridade administrativa, dessa forma, os poderes
atribudos administrao tm o carter de poder-dever, no podendo renunciar ao exerccio das
competncias que lhe so outorgadas por lei.
221. O posicionamento defendido pela CGU corroborado pelos preceitos contidos no arts. 10,
2 e 6, e 25 do decreto-lei 200/67.
Art. 10. A execuo das atividades da Administrao Federal dever ser amplamente
descentralizada.
c) da Administrao Federal para a rbita privada, mediante contratos ou concesses.
2 Em cada rgo da Administrao Federal, os servios que compem a estrutura central de
direo devem permanecer liberados das rotinas de execuo e das tarefas de mera formalizao de atos
administrativos, para que possam concentrar-se nas atividades de planejamento, superviso,
coordenao e controle.
6 Os rgos federais responsveis pelos programas conservaro a autoridade normativa e
exercero controle e fiscalizao indispensveis sobre a execuo local, condicionando-se a liberao
dos recursos ao fiel cumprimento dos programas e convnios.
Art . 25. A superviso ministerial tem por principal objetivo, na rea de competncia do Ministro
de Estado:
VIII - Fiscalizar a aplicao e utilizao de dinheiros, valores e bens pblicos. (grifo nosso)
222. Fica evidente, portanto, a incompatibilidade entre as mencionadas responsabilidades
assumidas pela CEF com relao aos ditames legais, demonstrando um desvio de funes que
inegavelmente afeta o controle das aes geridas pelo Ministrio. Apesar disso, este rgo se posiciona
inadequadamente no sentido de que os citados subitens do Contrato no 006/2006 esto condizentes com o
330
PROCEDIMENTOS
Instruo das propostas selecionadas
Celebrao do Contrato de Repasse
Manuteno/ Vistoria/ Prestao de Contas/
TCE
VALOR
0,5%
0,5%
1,5%
331
maiores detalhes estes itens. A resposta (ver pargrafos 1.7.1 a 1.7.6 do Ofcio no
942/2006/SUREP/GEATO fl. 123 do Anexo 1, Volume 1) reiterou o contedo presente no contrato e
indicou algumas especificidades do corpo tcnico da Caixa, bem como do universo de contratos geridos
por ela com base neste modelo.
228. O mesmo questionamento foi suscitado ao Ministrio das Cidades (Ofcio de Requisio 03563/2006 fl. 14 do Volume Principal), que tambm se remeteu ao texto contido no ajuste, no trazendo
informaes esclarecedoras (Ofcio no 011332/2006/SPOA/SE/MCIDADES s fls. 298 e 299 do Anexo 1,
Volume 2).
229. Em ambas requisies, procurou-se levantar dados a respeito do nmero de vistorias, sua
periodicidade e relao com as medies, caractersticas estas que poderiam subsidiar uma anlise mais
pormenorizada dos servios contidos no percentual definido pela Caixa para cobrar pelo seu trabalho na
operacionalizao dos contratos de repasse. A resposta do Ministrio indica que a CEF detm as
informaes solicitadas. Esta, por sua vez, assim se posiciona (ver pargrafos 1.7.5.1 e 1.7.5.2 do
Ofcio no 942/2006/SUREP/GEATO fl. 123 do Anexo 1, Volume 1):
1.7.5.1. A quantidade de vistorias est diretamente relacionada com a movimentao fsica da
obra/servio e, consequentemente, apresentao, pelo Tomador, da medio correspondente.
1.7.5.2. A periodicidade normalmente aquela requerida para anlise, reprogramaes, vistorias,
medies, desbloqueio de recursos, auditorias externas e/ou outros motivos relevantes.
230. Como se pode perceber, no h dados suficientes capazes de fundamentar o percentual de
2,5% cobrado pela CEF. O que torna ainda mais incoerente esse nmero, que aplicado a todos os
instrumentos por ela acompanhados, diz respeito diversidade de valores dos contratos de repasse. No
caso do Ministrio das Cidades, existem operaes que no chegam a R$ 100.000,00 (cem mil reais),
assim como existem outras que chegam a totalizar R$ 89.157.150,33 (oitenta e nove milhes, cento e
cinqenta e sete mil, cento e cinqenta reais e trinta e trs centavos) caso do Expresso Tiradentes,
contrato no 0199260-39. , portanto, inaceitvel que seja aplicado o mesmo percentual para os dois
casos. Pagar 2,5% de 100.000,00 algo muito diferente de pagar esse mesmo valor em relao a quase
noventa milhes. Evidentemente que uma obra do porte do Expresso Tiradentes exige um
acompanhamento mais constante e, de certa forma, envolve uma srie de aes mais estruturadas para
que seja bem fiscalizada. Mesmo assim, no possvel acatar como adequado o modelo hoje adotado
pela Caixa para efetuar seu trabalho em situaes to dspares.
231. Atualmente prtica comum desta empresa pblica fazer verificaes locais em pequenas
obras somente quando um grupo delas se encontra em situao que possibilite efetuar este trabalho.
Como 2,5% um valor no significativo nestes casos para se proceder a vistorias individuais em
determinado perodo de tempo, a CEF espera por um nmero de pedidos de ateste de medies em
quantidade suficiente para compensar o deslocamento de seus tcnicos. Somente dessa forma, com certo
dano ao bom desempenho da fiscalizao, consegue executar suas atividades sem prejuzo. No o
mesmo que se pode dizer quanto uma obra de noventa milhes, onde se recebe mais de dois milhes
para cumprir a mesma funo.
232. Essas disparidades podem gerar desequilbrios na atuao da Caixa. Cobrar preos
subestimados para muitas obras e superestimados para outras poucas no parece ser a melhor forma de
se tratar essa situao caracterstica do Ministrio das Cidades. Poder-se-ia justificar que, sendo uma
empresa pblica de direito privado, a CEF livre para adotar os meios que considera mais apropriados
para cobrar por seus servios. Isso verdade, mas este raciocnio no pode ser aplicado ao rgo
ministerial. Este deve zelar pela contratao de servios com base na discriminao completa de seu
objeto e respectivos custos unitrios para cada um deles. O que se v hoje no contrato pode ser indicado
como pagamento de atividades cuja unidade de custo a verba. Esta se caracteriza pela ausncia na
definio real dos quantitativos necessrios a serem executados, resultando em um preo total estimado,
o que viola o art. 7o 4 da Lei de Licitaes.
233. No demais lembrar que a CEF hoje a nica instituio com um corpo tcnico capaz de
suprir esta atividade. H, desse modo, que se determinar no s ao Ministrio das Cidades, mas tambm
aos demais rgos que possuem semelhante contrato firmado com a Caixa, que promovam a alterao de
332
seus ajustes de modo que seja elaborada planilha oramentria detalhada de servios, com seus
respectivos quantitativos e custos unitrios, de forma a se caracterizar minuciosamente o que deve ser
pago e possibilitar a verificao, eventualmente, da existncia ou no de sobrepreo nestes instrumentos.
Esta atitude visa garantir um controle maior acerca da economia na aplicao de recursos pblicos, pois
atualmente a CEF trabalha junto a 16 gestores acompanhando a execuo de milhares de repasses, o
que representa um universo vultoso de valores envolvidos e que, diante da discusso que hoje se faz
sobre a ampliao deste sistema de acompanhamento para um nmero muito maior de rgos/entidades,
ir aumentar significativamente a sua atuao e a importncia que ter a receber pela prestao de seu
servio. Assim, antes que isso acontea, faz-se imprescindvel tomar as medidas necessrias.
V - CONCLUSES
234. Considerando-se as constataes apresentadas ao longo deste relatrio, pode-se verificar a
existncia dos mais diversos problemas no modelo de contratao por meio de repasses de recursos
federais a Estados e Municpios, cuja operacionalizao feita pela Caixa Econmica Federal. Muitas
das deficincias j so conhecidas por este Tribunal, tendo sido, inclusive, objeto de determinaes
anteriores. Entretanto, continuam persistindo, o que demonstra que as medidas necessrias para
solucion-las no foram adequadamente adotadas. Isso sinaliza para a perpetuao de um quadro
caracterizado pela falta de planejamento na aplicao dos recursos pblicos, onde a implantao dos
empreendimentos ocorre com base em premissas frgeis e fluxos inapropriados de procedimentos. O
resultado deste modelo ineficiente traz as mais diversas situaes usualmente apontadas por esta Corte
de Contas: superfaturamento, obras inacabadas, atraso na disponibilizao das obras populao
beneficiria, destinao de recursos a intervenes desnecessrias ou no prioritrias, entre outros.
235. No caso deste Relatrio, tratou-se especificamente do modelo de contratao adotado pelo
Ministrio das Cidades, a cargo do qual est a definio e implantao de polticas pblicas nas reas
de saneamento, habitao e transporte urbano. A escolha do referido rgo para a realizao das
anlises decorreu de trabalho anterior realizado com a finalidade de coletar dados para a escolha de
obras a serem fiscalizadas no mbito do Fiscobras. Durante aquele momento, verificou-se que o
processo de transferncias voluntrias de recursos federais aos entes federativos, por meio do
instrumento de contrato de repasse, possua diversas falhas que mereciam uma abordagem mais
especfica, a qual foi objeto desta Instruo.
236. Neste trabalho foram reunidas, de forma mais didtica, as falhas verificadas nesse processo
de contratao, algumas das quais j foram apontadas em outros trabalhos realizados por este Tribunal.
importante ressaltar que, apesar de o foco ter sido no Ministrio das Cidades, tais constataes
tambm podem estar ocorrendo em outros rgos e entidades que se utilizam desse mesmo sistema de
aplicao de recursos.
237. Antes de se prosseguir, porm, cabe ainda relevar que algumas dessas falhas j foram
inclusive detectadas pelo prprio Ministrio em Relatrio de Avaliao Intermediria do Plano de
Visitas Gerenciais 2005 (fls. 749 a 760 do Anexo 1, Volume 5), elaborado em julho de 2005, dentro do
Plano de Gesto para Acompanhamento e Avaliao de Desempenho dos Programas/Aes do
Ministrio das Cidades, institudo por meio da Portaria no 514, de 21/12/2004 (fls. 762 e 763 do Anexo 1,
Volume 5). Tal Plano estruturou-se sobre trs atividades interrelacionadas: o acompanhamento
distncia dos contratos, por meio das informaes gerenciais disponibilizadas semanalmente pela Caixa
ao MCIDADES, via banco de dados; o acompanhamento in loco, por meio de visitas gerenciais
conjuntas do Ministrio e da Caixa aos estados; e a implementao de alteraes nos normativos e de
aes especficas de gesto, identificadas como necessrias a partir das duas atividades anteriores.
238. O mencionado Relatrio diagnosticou os problemas mais relevantes na sistemtica
operacional, os quais impedem o regular andamento dos contratos de repasse, tais como demora na
liberao dos recursos, ritmo lento de execuo, baixa qualidade dos projetos, dificuldade em comprovar
a titularidade das reas de interveno, etc. Alm disso, confirmou tambm as principais falhas na
atuao dos agentes envolvidos: Ministrio das Cidades (falhas na elaborao dos Manuais, ausncia de
garantia do fluxo permanente de recursos para os contratos, descumprimento das atividades de gestor do
recurso aplicado, etc.), Caixa Econmica Federal (inconsistncia das informaes gerenciais do banco
333
de dados, prorrogao de vigncia dos contratos por prazos excessivos, condescendncia no trato com
Municpios/Governos Estaduais, estrutura da GIDUR/REDUR incompatvel com a quantidade de
Municpios da sua rea de atuao, etc.) e Estados/ Municpios (baixa capacidade tcnica do corpo de
funcionrios responsveis pelo acompanhamento das obras, deficincia na fiscalizao das obras,
descontinuidade administrativa, etc.). Apesar das deteces importantes apresentadas no citado
trabalho, atualmente ainda se verifica a persistncia dos mesmos problemas, haja vista o exposto dos
achados deste levantamento de auditoria, que coincidem com os resultados obtidos pela anlise dos
tcnicos do Ministrio.
239. Entre deficincias apresentadas nesta instruo, uma das mais importantes a ineficincia da
atuao do Ministrio como gestor dos Programas e Aes de Governo sob sua responsabilidade. A
adoo de um oramento proveniente em quase sua totalidade de emendas parlamentares, que definem o
montante a ser aplicado e o Municpio ou Estado beneficirio, finda por limitar o planejamento das
aes sob responsabilidade do rgo, j que essas obras no passam por uma anlise criteriosa sobre a
sua adequao aos objetivos e prioridades das Aes de Governo. Alm disso, nesses casos, o controle
global da execuo de empreendimento fracionados inexistente, pois o acompanhamento se d apenas
para cada contrato de repasse especfico, e no para a interveno como um todo, que pode abranger
vrios contratos.
240. Quanto ao fluxo de procedimentos relativos contratao, execuo e prestao de contas
dos contratos de repasse, constataram-se tambm vrias deficincias operacionais e de
responsabilizao. Citam-se as seguintes: o contrato de repasse assinado antes da anlise da Sntese
do Projeto Aprovado SPA pelo Ministrio das Cidades, que o gestor dos recursos; o Ministrio no
possui a responsabilidade pela homologao das SPAs e h delegao irregular de competncia do
Ministrio para a Caixa quanto anlise e aprovao das prestaes de contas e instaurao de
tomada de contas especial. Tal situao corrobora o fato de que o referido rgo est, cada vez mais, se
eximindo de suas atribuies legais como implementador das polticas pblicas sob sua responsabilidade
e delegando para CEF, agente prestador de servios que visa a obteno de lucro, o seu poder decisrio.
Confirma-se, portanto, a atuao do MCIDADES apenas como repassador dos recursos federais, e no
como efetivo gerente da aplicao das verbas federais destinadas ao desenvolvimento urbano.
241. Ressalta-se que nem mesmo o percentual de 2,5% cobrado pela entidade sobre o valor de
cada contrato de repasse por ela administrado devidamente discriminado. No h parmetros que
definam o que compe tal valor (quantidade de vistorias, custo dos servios de engenharia, dos
equipamentos utilizados etc.), nem h critrios para se definir se tal percentual deve ser aplicado
indiscriminadamente para todo tipo de obra, sem considerar o valor e o porte do empreendimento em
questo. Portanto, verifica-se que o Ministrio realizou a contratao com a CEF sem qualquer anlise
acerca dos custos unitrios dos seus servios, contrariando o que dispe a Lei de Licitaes. Alm disso,
a falta de parmetros para essa cobrana pode gerar super ou subavaliao do valor dos servios
prestados, gerando situaes disparates, j que, tanto para uma obra de 100 mil quanto para outra de 90
milhes, a taxa de operacionalizao permanece a mesma.
242. Outro ponto a ser observado que o Ministrio das Cidades, ao eleger a Caixa Econmica
Federal como seu agente operador, baseia-se exclusivamente nos dados fornecidos pela entidade para
visualizar a situao da aplicao dos recursos transferidos por meio dos contratos de repasse.
Problemas como a insuficincia de informaes disponibilizadas ao Ministrio para que seja procedida a
anlise da funcionalidade das obras antes de se autorizar a sua execuo, bem como a inconsistncia dos
dados contidos no banco de dados da CEF a respeito das obras contratadas, acabam por gerar
descontrole gerencial por parte do rgo, o qual, em sua atuao como gestor, deveria possuir amplo e
confivel conhecimento acerca da execuo das obras inseridas nas Aes de Governo a seu cargo.
243. Destacam-se tambm as deficincias na atuao da Caixa, a qual tem a funo de analisar os
Planos de Trabalho apresentados pelos proponentes, acompanhar e atestar a execuo das obras,
solicitar a autorizao da liberao dos recursos pelo MCIDADES e avaliar e aprovar as Prestaes de
Contas dos beneficirios. Vrias deficincias foram verificadas nas anlises efetuadas pela Caixa, j que
so aprovados Planos de Trabalho com as seguintes falhas: a obra, uma vez concluda, no possuir
funcionalidade plena; o objeto no est bem caracterizado; o objeto no est abrangido pelas diretrizes
da Ao de Governo, entre outras. Alm disso, verificou-se a ocorrncia de alteraes sucessivas nos
334
335
deste trabalho ter maior impacto nas aes ligadas ao Ministrio das Cidades, acredita-se que as
melhorias que se deseja implementar, por terem foco mais especfico, possuiro maiores chances de
terem sucesso, configurando-se no primeiro passo para que os benefcios se estendam aos demais rgos
e entidades que se utilizam deste mesmo modelo de contratao.
250. Assim, segue-se a Proposta de Encaminhamento, onde esto indicadas as medidas que esta
equipe de auditoria considera imprescindveis para o efetivo cumprimento das aes a cargo do
Ministrio das Cidades, que so operacionalizadas por meio de contratos de repasse.
VI - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Em face do exposto, submetemos ou autos considerao superior, para posterior envio ao
Relator da matria, propondo:
I. Determinar, com fulcro no art. 43, inciso I da Lei 8.443/92 c/c art. 250, inciso II do Regimento
Interno do TCU, ao Ministrio das Cidades que:
a) Altere o fluxo de processos para contratao dos programas e aes do OGU a fim de que a
autorizao para empenhar e contratar obra com recursos de emenda seja condicionada uma
avaliao preliminar efetuada por seu corpo tcnico, garantido a verificao prvia de sua
adequabilidade ao, prioridade de interveno e viabilidade do empreendimento (achado 4.1.1);
b) Promova a incluso no Manual de Instrues para Contratao e Execuo dos Programas e
Aes do Ministrio das Cidades, independente do ano em que for formulado, das seguintes exigncias
para se proceder contratao da execuo das obras feitas em etapas (achado 4.1.2):
b.1) realizao de prvia anlise tcnica do projeto global do empreendimento, por equipe da
Secretaria Finalstica do rgo;
b.2) autorizao da execuo destes empreendimentos somente nos casos em que os recursos para
sua implementao j estejam integralmente disponveis no oramento federal ou em outra fonte capaz
de suprir o restante das despesas necessrias para tal fim;
b.3) fornecimento, pelo ente beneficiado, das informaes a respeito de eventuais problemas que
estejam dificultando a execuo da obra em tempo hbil para que o Ministrio possa tomar as
providncias cabveis com vistas a garantir a sua implantao total, mesmo que a etapa no esteja
recebendo recurso direto do rgo;
b.4) que o Ministrio seja informado, pelo ente beneficiado, do cumprimento do objeto em sua
totalidade, conforme cronograma completo da obra submetido previamente anlise dos seus tcnicos,
mesmo que conte com recursos oriundos de diversos entes, de modo a garantir que sua funcionalidade
esteja efetivamente atendendo aos beneficirios;
c) Exija da CEF o adequado cumprimento de seu servio por meio de uma anlise consistente e
eficiente dos Planos de Trabalho apresentados pelos Proponentes, atentando-se principalmente, sob pena
de execuo da Clusula Sexta (Das Sanes) do Contrato 006/2006 (achado 4.2.1), para:
c.1) a verificao da sustentabilidade, funcionalidade plena e caracterizao detalhada do objeto;
c.2) adequabilidade das anlises em face do volume de Planos de Trabalho aprovados nos ltimos
dias do exerccio;
c.3) da adequada abrangncia da interveno s diretrizes das Aes de Governo e da
compatibilidade dos valores das contrapartidas com as normas aplicveis;
d) Inclua no Contrato 006/2006, firmado junto CEF, impedimentos utilizao de clusulas
suspensivas aos contratos de repasse firmados, evitando que os Planos de Trabalho sejam apenas
elementos formais, desnecessrios para se proceder determinao de qual ente ser beneficiado com os
recursos federais, condicionando tal ato efetiva anlise detalhada e aprovao dos Planos de Trabalho
(achado 4.2.1);
e) Adote medidas com vistas a coibir alteraes sucessivas do objeto contido nos Planos de
Trabalho, inclusive por meio de imposio CEF para que esta somente permita a modificao nos
casos em que se fizer necessrio diante de fato imprevisvel, devidamente justificado tecnicamente e
tempestivamente pelo ente beneficiado (achado 4.2.1);
336
f) Aumente a abrangncia das informaes contidas nas Snteses do Projeto Aprovado SPAs de
modo a possibilitar a adequada verificao da funcionalidade do objeto, tornando desnecessria a busca
de dados em outras fontes, constituindo, para isso, grupo composto de tcnicos das diversas Secretarias
Finalsticas para que estes opinem a respeito da melhor forma de atender esta demanda (achado 4.2.3);
g) Imponha limites para o fracionamento das demandas em vrios contratos de repasse com baixos
valores, de forma a reduzir o volume de Planos de Trabalho a serem analisados pela CEF, e,
conseqentemente, das SPAs encaminhadas sua anlise (achado 4.2.3);
h) Aprimore o trmite das SPAs da CEF para o Ministrio e vice-versa, com a introduo de um
sistema eletrnico de dados, onde sejam registradas todas as avaliaes das SPAs pelo rgo e
respectivas alteraes realizadas pela CEF (achado 4.2.3);
i) Altere o fluxo de processos para contratao dos programas e aes do OGU a fim de que a
anlise da Sntese do Projeto Aprovado SPA seja procedimento prvio e indispensvel assinatura
do contrato de repasse (achado 4.2.4);
j) Inclua a atribuio homologatria das SPAs no rol de suas responsabilidades dentro dos
Manuais de Instrues para Contratao e Execuo dos Programas e Aes do Ministrio das Cidades
elaborados anualmente (achado 4.2.5);
k) Providencie a incluso, no Contrato 006/2006 firmado com a CEF, de clusula que imponha a
anlise completa por aquela empresa pblica dos aspectos relativos aos procedimentos licitatrios
vinculados aos contratos de repasse sob seu acompanhamento, atribuio esta consolidada por meio de
relatrio circunstanciado enviado ao rgo para que a respectiva Secretaria Finalstica homologue a
adequao do certame s normas legais (achado 4.3.1);
l) Insira, junto s normas presentes no seu Manual de Instrues para Contratao e Execuo
dos Programas e Aes, restries aos aditamentos de vigncia aos contratos de repasse, a exemplo da
alterao do item 14.1.2 do mencionado documento, de forma que a recomendao contida em seu texto
seja modificada para determinao. Alm disso, fazer constar, ainda, que s podero ser efetuadas
prorrogaes mediante justificativa expressa e aceitvel, que indique a supervenincia de fato
imprevisvel impeditivo da continuidade do processo da obra, garantindo maior celeridade na
implantao das aes a cargo do rgo (achado 4.4.2);
m) Atue de modo a cumprir suas competncias exclusivas, com a excluso dos intermedirios
existentes nas fases de anlise e aprovao das prestaes de contas, bem como quando se faz necessrio
instaurar tomada de contas especial (achado 4.5.1);
n) Promova alterao do Contrato 006/2006 no sentido de se adotar novo oramento para a
prestao de servios pela Caixa, discriminando detalhadamente os itens que compem o valor cobrado,
sendo o pagamento por este trabalho compatvel com as exigncias legais, principalmente com o previsto
no art. 7o, 4o, da Lei de Licitaes, e levando-se em conta as disparidades de valores das obras,
conforme exposto neste relatrio (achado 4.6).
II. Determinar, com fulcro no art. 43, inciso I da Lei 8.443/92 c/c art. 250, inciso II do Regimento
Interno do TCU, Caixa Econmica Federal que:
a) Insira em seus normativos a obrigatoriedade de que os engenheiros responsveis pela anlise de
custos dos contratos de repasse elaborem memorial de clculo que apresente planilha comparativa dos
preos verificados com os de referncia (inclusive destacando o cdigo do servio comparado no sistema
de preo utilizado), abrangendo todos os itens constantes do oramento, sendo que, nos casos em que
no houver correlao do item com o preo do SINAPI, seja indicado o custo adotado e a respectiva
tabela da qual faz parte. Se, ainda assim, persistir a ausncia de valor comparativo, seja solicitado ao
ente beneficiado a demonstrao da adequabilidade do preo praticado mediante pesquisa no mercado,
apresentando-se, para isso, documentao comprobatria (achado 4.2.2);
b) Aprimore o trmite das SPAs da CEF para o Ministrio e vice-versa, com a introduo de um
sistema eletrnico de dados, onde sejam registradas todas as avaliaes das SPAs pelo rgo e
respectivas alteraes realizadas pela CEF (achado 4.2.3);
c) Em cumprimento ao disposto no art. 21, caput e 2o da Lei no 11.178/2005 (LDO 2005), adote
providncias para o imediato cadastramento no SIASG dos contratos firmados entre os entes
337
338
339
no h que se falar em sobreposio de escopo com relao aos trabalhos apreciados por meio dos
Acrdos 1.778/2005 e 788/2006, ambos do Plenrio desta Casa.
8. Avaliou-se, nestes autos, de modo especial, os efeitos da sistemtica prevista no Decreto n
1.819/1996, que d suporte legal s transferncias de recursos da Unio, consignadas na lei oramentria
anual ou referentes a crditos adicionais para Estados, Distrito Federal ou Municpios por meio de
contratos de repasse, na execuo dos empreendimentos, com as particularidades a eles inerentes, em
razo de envolverem a rea de obras e servios de engenharia.
9. A anlise dos contratos de repasse relativos a programas do Ministrio das Cidades, subsidiada
pelas verificaes in loco efetivadas pela equipe da Secob, do conta da existncia das seguintes
impropriedades nas etapas de contratao e execuo desses instrumentos, indicadas nos achados de
auditoria, conforme segue:
a) inexistncia de anlise gerencial sobre a adequao das obras aos objetivos e prioridades das
Aes de Governo, quando provenientes de recursos de emendas;
b) ausncia de controle global por parte do Ministrio das Cidades sobre as obras executadas de
maneira fracionada, quando estas possuem recursos provenientes de emendas parlamentares;
c) deficincias na anlise realizada pela Caixa sobre os planos de trabalho apresentados pelos
proponentes;
d) ausncia de comprovao da verificao dos custos, pela Caixa, na anlise tcnica dos contratos
de repasse;
e) informaes insuficientes disponibilizadas ao Ministrio das Cidades para anlise da
funcionalidade das obras antes de se autorizar a execuo;
f) deficincia no fluxo de contratao referente ao momento de assinatura do contrato de repasse;
g) falha referente falta de obrigatoriedade de homologao das Sntese do Projeto Aprovado SPA pelo Ministrio das Cidades;
h) deficincia na anlise da legalidade dos procedimentos licitatrios;
i) ausncia de cadastramento de contratos firmados entre proponente e construtora no Sistema
Integrado de Administrao de Servios Gerais (Siasg), contrariando o disposto no art. 21, caput e 2 da
Lei n 11.178/2005 (Lei de Diretrizes Oramentrias - LDO para o exerccio 2006);
j) inconsistncia das informaes constantes do banco de dados da Caixa e disponibilizadas ao
Ministrio das Cidades;
k) excesso de aditamento de vigncia aos contratos de repasse;
l) delegao irregular de competncia do Ministrio das Cidades para a Caixa quanto anlise e
aprovao das prestaes de contas dos contratos de repasse e instaurao de tomada de contas especial;
m) inexistncia de parmetros para definir o percentual de 2,5% sobre o valor de cada contrato de
repasse, cobrado pela Caixa pelos servios prestados ao Ministrio das Cidades.
10. Do rol de falhas que mencionei, parte delas j haviam sido observadas em trabalhos da
Controladoria-Geral da Unio (CGU), podendo ser destacadas as deficincias na atuao da Caixa por
ocasio da anlise de planos de trabalho apresentados pelos proponentes, que podem, em muitos casos,
comprometer a execuo e o aproveitamento finalstico dos empreendimentos beneficiados. As alteraes
sucessivas de planos de trabalho posteriormente assinatura do contrato de repasse, inclusive com
modificao do objeto, verificadas pela equipe da Secob, evidenciam fragilidade que pode dar causa a
irregularidades nos contratos de repasse.
11. Um dos exemplos mencionados pela equipe da Secob mostram o descontrole na gesto por parte
da Caixa, que deveria ter se atido com maior rigor s normas que regem a aprovao de planos de
trabalho. Refiro-me ao Contrato no 167.620-12/2004, que contou com sete verses de plano de trabalho
distintas, com constantes alteraes e ajustes em seu objeto e nos valores a serem repassados pelo
Ministrio das Cidades e na contrapartida do Municpio de Recife.
12. A concluso qual chegou a equipe da unidade tcnica, no item 134 do Relatrio que precede
este Voto, resume falhas como a mencionada no item anterior, identificadas em outros contratos
analisados:
(...) o instrumento denominado Plano de Trabalho, apresentado pelo Proponente e examinado e
aprovado pela CEF para que o contrato de repasse seja firmado, no reflete um planejamento das Aes
340
de Governo, j que se permite a sua alterao indistintamente, por vrias vezes seguidas, com
modificaes tanto no objeto contratado quanto nos valores.
13. Cabe ao Tribunal, portanto, determinar medidas Caixa para que no ocorram novas ofensas
aos ditames legais e a outros normativos que regem a sistemtica de repasse dos recursos e que so
estabelecidos pelo Ministrio das Cidades. A correo de procedimentos pode, alm de evitar que os
planos de trabalho submetidos ao crivo da instituio financeira se transformem em meros documentos
formais, sujeitos a constantes alteraes, impedir a concesso de recursos para obras que no venham a
ser integralmente concludas.
14. Com relao ao problema atinente s transferncias oriundas de emendas parlamentares, que
no sofrem processo de seleo prvia e anlise tcnica em termos de (1) adequabilidade ao programa ao
qual esto relacionadas, (2) prioridade de interveno e (3) viabilidade, evidencia-se fragilidade na
origem dos contratos de repasse que tm tal caracterstica. Em vez de ocorrer a devida aprovao do
empreendimento a receber os recursos do ministrio, por intermdio da instituio financeira, verifica-se
a insero da emenda no oramento da Unio sem que se saiba qual ser a obra a ser beneficiada,
definio que s ocorre por ocasio da apresentao do plano de trabalho Caixa.
15. Em tais casos, a prerrogativa do ministrio de formular a poltica e programar a distribuio de
recursos a empreendimentos que, tecnicamente, se alinhem aos objetivos de cada um de seus programas,
se v prejudicada em detrimento de emendas que, no necessariamente, tm como alvo obras prioritrias
de acordo com esse critrio. A fase de planejamento a cargo do rgo gestor dos programas, nesses casos,
torna-se apenas um aspecto formal, sem qualquer efetividade.
16. Ressalte-se, para que se tenha uma idia da importncia que as emendas assumem na alocao
de recursos, que nos anos de 2005 e 2006, o valor global executado em obras que no passaram pelo
processo de seleo a cargo do Ministrio das Cidades representou 96,4% e 89,5%, respectivamente, do
total alocado em cada ano por meio de contratos de repasse (R$ 923.770.552,25 em 2005 e
664.313.653,34 at outubro de 2006). Tais percentuais evidenciam que o processo de seleo de obras
com base em critrios tcnicos ganha nfima importncia com relao ao planejamento global da infraestrutura urbana do pas.
17. O desequilbrio entre os Poderes nesses casos evidente, pois o Legislativo prepondera tanto na
autorizao do oramento atribuio que lhe inerente como na determinao da quase totalidade das
reas a serem beneficiadas, tarefa que seria da alada do rgo formulador da poltica, no mbito do
Executivo. Essa inverso de papis, que representa, inclusive, descumprimento do art. 33, alnea b, da
Lei n 4.320/1964, deve ser objeto de ajustes pelo Ministrio das Cidades.
18. No que diz respeito verificao da lisura dos procedimentos licitatrios efetuados no mbito
dos contratos de repasse, chama a ateno a previso de manifestao expressa de advogado sobre o
atendimento Lei no 8.666/93 (constante da Clusula Segunda, item II, d, do Contrato de Prestao de
Servios no 006/2006, firmado entre o ministrio e a Caixa).
19. Esse tipo de procedimento, alm de no representar controle efetivo dos procedimentos e eximir
a Caixa da responsabilidade de aferir se houve atendimento aos princpios basilares da licitao e
contratao a preos de mercado, mostra que o prprio rgo gestor dos programas, no caso, o Ministrio
das Cidades, est abrindo mo de seu dever de fiscalizar a correta aplicao dos recursos pblicos que se
encontram sob sua responsabilidade, no obstante o que dispe o art. 25, incisos I e VII, do Decreto-lei n
200/1967.
20. Torna-se pertinente, portanto, a determinao sugerida pela equipe da Secob, no sentido de que
o Ministrio das Cidades promova alterao no contrato relacionado ao Acordo de Cooperao firmado
com a Caixa para evitar a continuidade do procedimento mencionado.
21. Uma das falhas relacionadas entre os achados de auditoria reveste-se de gravidade que requer a
fixao de prazo para atendimento pela Caixa. Trata-se da injustificada ausncia de cadastramento de
contratos firmados entre proponentes e construtoras no Siasg, contrariando o disposto no art. 21, caput e
2, da Lei n 11.178/2005 (LDO para o exerccio 2006), conforme apontado pela equipe da Secob, bem
como o art. 21, caput e 2, da Lei n 11.439/2006, que normatiza as diretrizes para a elaborao da Lei
Oramentria de 2007.
22. Considerando que j houve determinaes anteriores do Tribunal para que a Caixa procedesse
ao referido cadastramento, consoante Acrdos n 945/2003 e 1.239/2003, ambos do Plenrio, e que h
341
notcia nos autos de que o Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto tornou disponvel, em julho
de 2005, o mdulo do Siasg (submdulo Siasg/Conv) que permite a insero dos dados de contratos de
repasse nesse sistema, entendo necessrio que a determinao Caixa conte com o prazo de 120 dias para
que seja atendida.
23. Tal medida visa garantir a efetividade do controle, visto que a ausncia de cadastramento dos
contratos no Siasg impossibilita o conhecimento tempestivo da informao e representa descumprimento
reiterado de dispositivos que vm sendo previstos h tempos nas Leis de Diretrizes Oramentrias.
24. A falha relacionada anlise e aprovao das prestaes de contas dos contratos de repasse,
efetuadas pela Caixa, merece comentrios pelos reflexos que tais procedimentos acarretam na atividade
de controle da sistemtica como um todo. Para fins de clareza, antes de adentrar no mrito da questo,
transcrevo o art. 3 do Decreto 1.819/1996, que normatiza o assunto:
Art. 3 - A transferncia dos recursos pelos mandatrios ser efetuada mediante contrato de
repasse, do qual constaro os direitos e obrigaes das partes, inclusive quanto obrigatoriedade de
prestao de contas perante o Ministrio competente para a execuo do programa ou projeto. (grifo
nosso)
25. De acordo com o dispositivo retrotranscrito, a responsabilidade pela aprovao das contas do
contrato de repasse do ministrio competente para a execuo do programa ou projeto, e no da
instituio financeira, no caso, a Caixa. A esta caberia, to-somente, a gesto dos contratos de repasse,
incluindo o acompanhamento e a fiscalizao do emprego dos recursos, o que no deve incluir a etapa de
anlise final das prestaes de contas, fase legalmente atribuda ao Ministrio das Cidades. Mesmo que
por meio de homologao, aps uma possvel anlise prvia efetivada pela Caixa, a derradeira posio
sobre a aprovao, ou no, dos recursos empregados deve estar a cargo do ministrio.
26. Desse modo, a previso do Acordo de Cooperao n 01/2003, que delega Caixa a
competncia para analisar as prestaes de contas parciais e finais, parece-me extrapolar o permissivo
legal, por invadir a competncia que caberia ao Ministrio das Cidades. Conforme mencionado
anteriormente neste Voto, as fragilidades da Caixa para analisar os planos de trabalho apresentados pelos
proponentes pode ter como um de seus indesejados e possveis desdobramentos a frgil anlise das contas
apresentadas pelos beneficirios dos recurso, sem que haja qualquer crtica, nesse processo, por parte do
rgo gestor dos programas.
27. No obstante as dificuldades humanas e materiais do Ministrio das Cidades, aventadas ao
longo do relatrio de levantamento, no vejo como prosperar esse tipo de situao, que caracteriza
descumprimento do art. 3 do Decreto 1.819/1996, passando a Caixa a assumir o papel de ordenador de
despesas, por exemplo, ao aprovar as prestaes de contas finais e ordenar, quando necessrio, a
instaurao de tomadas de contas especial. Assim como vem ocorrendo na verificao da lisura dos
procedimentos licitatrios, a Caixa passou a exercer atribuies que seriam do ministrio, razo pela qual
devem ser determinadas pelo Tribunal as medidas necessrias para correo dessa impropriedade.
28. As falhas identificadas na presente fiscalizao, a serem objeto de medidas corretivas por parte
do Ministrio das Cidades e da Caixa, podem estar ocorrendo em outros acordos firmados por essa
instituio financeira com outros rgos da Administrao Pblica Federal. Por essa razo, de suma
importncia que o Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto tome as medidas de sua alada, por
centralizar a gesto do Siasg e por deter a prerrogativa de editar normas que regulam a gesto de outros
rgos e entidades do governo federal, para que os benefcios decorrentes da atuao do Tribunal no se
limitem apenas Ministrio das Cidades.
29. Cabe dar destaque, nesse sentido, ao achado de auditoria que apontou a inadequabilidade dos
parmetros de remunerao empregados no Contrato de Prestao de Servios no 006/2006, que d
sustentao jurdica ao acordo firmado entre o Ministrio das Cidades e a Caixa, para acompanhamento e
fiscalizao dos contratos de repasse.
30. O percentual de 2,5% sobre o valor de cada contrato, que serve de base para a remunerao
pelos servios prestados pela Caixa, leva em conta apenas o critrio de materialidade do ajuste a ser
acompanhado/fiscalizado, sem considerar o tipo de trabalho e o quantitativo de procedimentos realizados
pela instituio financeira. A adoo desse critrio para obras que podem variar de menos de R$ 100 mil a
R$ 89 milhes, conforme exemplos citados pela equipe da Secob, pode estar gerando excesso de
remunerao Caixa em determinados contratos, ou subavaliao do valor dos servios por ela prestados
342
em outros, sem que o ministrio tenha condies de aferir tais discrepncias, em vista do prprio critrio
indevido adotado no Contrato de Prestao de Servios no 006/2006.
31. O regime dos contratos administrativos previsto na Lei n 8.666/1993 (art. 55, incisos II e III)
deve estar assente em instrumentos que deixem claro como o prestador vai fornecer os servios e a forma
como este ser remunerado (quantidade de vistorias, custo dos servios de engenharia, dos equipamentos
utilizados etc., no caso do objeto desta fiscalizao), at mesmo para o contratante tenha como aferir se a
remunerao por ele desembolsada tem correlao com os critrios previstos na avena.
32. Por ser a Caixa prestadora de servios de gesto de contratos de repasse junto a diversos rgos
responsveis por programas na Administrao Pblica Federal, a soluo a ser adotada para o caso do
Ministrio das Cidades deve ser a mesma em todos os demais casos nos quais tenha sido empregado
percentual fixo sobre o montante do contrato de repasse como forma de remunerao instituio
financeira.
33. Desse modo, embora concorde com o mrito da proposta da Secob quanto a esse assunto,
entendo que a medida a ser adotada deve contar com a necessria participao, alm do Ministrio das
Cidades e da Caixa, do Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto, devendo ser fixado prazo para
que todos os contratos da instituio financeira com rgos gestores de programas federais que tenham
como critrio de remunerao o mesmo identificado na presente fiscalizao sejam corrigidos. Atende-se,
dessa forma, ao disposto no art. 55, incisos II e III, da Lei de Licitaes, com a fixao de critrios
detalhados acerca dos tipos de servios a serem prestados e o valor a ser pago para cada distinto
procedimento executado pela Caixa.
34. Tendo em vista que a correo da forma de remunerao dos contratos no assunto relativo
rea de obras, entendo pertinente determinar que o monitoramento da determinao que vier a ser
proferida nessa questo seja levado a efeito pela 2 Secex, unidade da estrutura do Tribunal que tem a
Caixa Econmica Federal e o Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto como rgos de sua
clientela. No mesmo processo de monitoramento que vier a ser autuado, dever ser verificado o
cumprimento, pela Caixa, das medidas relativas ao cadastramento dos contratos no Siasg (ajustes
firmados entre proponentes e construtoras), conforme discutido anteriormente neste Voto.
35. Destaco, enfim, a necessidade de o Ministrio das Cidades atentar para o que dispe o art. 27,
inciso III, alnea e, da Lei n 10.683/2003, no sentido de que as tarefas atribudas Caixa por meio do
Acordo de Cooperao firmado entre ambos no configurem indevida intromisso dessa instituio nas
atribuies do ministrio, que no pode deleg-las de modo to amplo, como se verificou na presente
fiscalizao, no caso dos contratos de repasse. Caso tal intromisso continue ocorrendo, h o risco de se
transferir instituio financeira, de modo permanente, competncias prprias do rgo legalmente
institudo para a formulao e acompanhamento financeiro e finalstico de polticas pblicas nas reas de
desenvolvimento urbano, urbanizao, habitao, saneamento bsico e ambiental, transporte urbano e
trnsito.
36. Quanto s demais medidas sugeridas pela Secob para corrigir as falhas constatadas no
levantamento que no foram explicitamente mencionadas neste Voto, manifesto concordncia ao
encaminhamento sugerido e incorporo-as deliberao que apresento ao Plenrio, com as alteraes de
redao que entendi pertinentes. Considero despicienda, unicamente, a recomendao do subitem IV-a da
Proposta de Encaminhamento da unidade tcnica (fl. 85).
Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote o acrdo que ora submeto deliberao
deste colegiado.
TCU, Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007.
UBIRATAN AGUIAR
Ministro-Relator
Grupo I Classe V Plenrio
TC-017.387/2006-3
Natureza: Levantamento de auditoria
rgo/entidade: Ministrio das Cidades e Caixa Econmica Federal
343
DECLARAO DE VOTO
Senhor Presidente,
Senhor Relator,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Permito-me registrar algumas consideraes acerca da matria trazida pelo Exmo. Sr. Ministro
Ubiratan Aguiar no processo de fiscalizao por ele relatado neste momento.
2. Desde logo, ressalto no ter nada a reparar no excelente trabalho desenvolvido pela Secob e
muito menos no preciso e didtico voto apresentado por Sua Excelncia e nas decorrentes propostas de
encaminhamento submetidas a este Colegiado.
3. Apenas gostaria de comentar dois aspectos que me chamaram a ateno no trabalho levado a
efeito por este Tribunal.
4. O primeiro refere-se constatao registrada no Voto de Sua Excelncia, de que praticamente
mais de 90% dos recursos destinados pelo Ministrio das Cidades execuo de obras nos diversos
municpios do Pas, mediante contratos de repasse, tem origem em emendas parlamentares. Esse
fenmeno prejudica sobremaneira o desejvel alinhamento dos programas custeados pelo Ministrio com
as polticas pblicas para os setores da gesto urbana, habitao social, urbanizao de assentamentos,
saneamento bsico e transportes pblicos. Em seu Voto, o Relator nos explica que isso decorre do fato de
que as emendas no contemplam necessariamente empreendimentos que tecnicamente estejam orientados
para os objetivos dos programas governamentais nas reas citadas.
5. O segundo ponto que entendo deva ser destacado refere-se ao excesso de delegao de
atribuies feitas pelo Ministrio das Cidades Caixa Econmica Federal, relativamente fiscalizao
dos recursos repassados.
6. Ora, essas duas fragilidades reveladas pelo trabalho sob apreciao deste Plenrio, no meu
entender, comprometem ao extremo a misso do referido Ministrio, pois de um lado demonstra-se o
risco que o rgo enfrenta ao ver escapar de sua esfera tcnica de planejamento a adequada destinao
dos recursos pblicos destinados melhoria das condies de urbanizao da populao e, de outro, por
no assumir integralmente a fiscalizao que lhe cabe quanto aos valores repassados, na medida em que a
responsabilidade pela anlise das prestaes de contas dos municpios beneficirios do prprio
ministrio.
Diante dessa situao que louvo e acompanho a proposta de Acrdo colocada sob votao neste
momento, a qual contm vrias determinaes que objetivam corrigir as distores comentadas e, dessa
forma, certamente contribuem para ampliar a efetividade dos relevantes programas sociais a cargo do
Ministrio das Cidades.
TCU, Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007.
VALMIR CAMPELO
Ministro
ACRDO N 347/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC-017.387/2006-3 (com 5 anexos estes com 8 volumes)
2. Grupo I Classe V Levantamento
3. Responsveis: Erminia Terezinha Menon Maricato (CPF 114.158.518-91) ex-SecretriaExecutiva Ministrio das Cidades; Jorge Eduardo Levy Mattoso (CPF 010.118.868-47) ex-Presidente
Caixa Econmica Federal; Maria Fernanda Ramos Coelho (CPF 318.455.334-53) - Presidente Caixa
Econmica Federal; Rodrigo Jos Pereira Leite Figueiredo (CPF 343.945.911-04) Secretrio-Executivo
Ministrio das Cidades; Valdery Frota de Albuquerque (CPF 309.825.371-15) ex-Presidente Caixa
Econmica Federal
4. rgo/Entidade: Ministrio das Cidades e Caixa Econmica Federal
344
345
casos em que se fizer necessrio diante de fato imprevisvel, devidamente justificado tecnicamente e
tempestivamente pelo ente beneficiado;
9.1.6. aumente a abrangncia das informaes contidas nas Snteses do Projeto Aprovado (SPA), de
modo a possibilitar a adequada verificao da funcionalidade do objeto, tornando desnecessria a busca
de dados em outras fontes, constituindo, para isso, grupo composto de tcnicos das diversas Secretarias
Finalsticas para que estes opinem a respeito da melhor forma de atender esta demanda;
9.1.7. imponha limites para o fracionamento das demandas em vrios contratos de repasse com
baixos valores, de forma a reduzir o volume de Planos de Trabalho a serem analisados pela Caixa, e,
conseqentemente, das SPA encaminhadas sua anlise;
9.1.8. aprimore o trmite das SPA da Caixa para o ministrio, e vice-versa, com a introduo de um
sistema eletrnico de dados, onde sejam registradas todas as avaliaes das SPA pelo rgo e respectivas
alteraes realizadas pela Caixa;
9.1.9. altere o fluxo de processos para contratao dos programas e aes do OGU a fim de que a
anlise da SPA seja procedimento prvio e indispensvel assinatura do contrato de repasse;
9.1.10. inclua a atribuio homologatria das SPA no rol de suas responsabilidades dentro dos
Manuais de Instrues para Contratao e Execuo dos Programas e Aes do Ministrio das Cidades
elaborados anualmente;
9.1.11. providencie a incluso, no Contrato n 006/2006, firmado com a Caixa, de clusula que
imponha a anlise completa, pela empresa pblica, dos aspectos relativos aos procedimentos licitatrios
vinculados aos contratos de repasse sob seu acompanhamento, atribuio esta consolidada por meio de
relatrio circunstanciado enviado ao rgo para que a respectiva Secretaria Finalstica homologue a
adequao do certame s normas legais;
9.1.12. insira, junto s normas presentes no seu Manual de Instrues para Contratao e Execuo
dos Programas e Aes:
9.1.12.1. restries aos aditamentos de vigncia aos contratos de repasse, a exemplo da alterao do
item 14.1.2 do mencionado documento, de forma que a recomendao contida em seu texto seja
modificada para determinao;
9.1.12.2. regras que disciplinem que s podero ser efetuadas prorrogaes mediante justificativa
expressa e aceitvel, que indique a supervenincia de fato imprevisvel impeditivo da continuidade do
processo da obra, garantindo maior celeridade na implantao das aes a cargo do rgo;
9.1.13. atue de modo a cumprir suas competncias exclusivas, com a excluso dos intermedirios
existentes nas fases de anlise e aprovao das prestaes de contas, bem como quando se faz necessrio
instaurar tomada de contas especial;
9.2. determinar Caixa Econmica Federal, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei n 8.443/1992 c/c
o art. 250, inciso II, do Regimento Interno/TCU, que:
9.2.1. no prazo de 120 (cento e vinte) dias, em cumprimento ao disposto no art. 21, caput e 2, da
Lei n 11.439/2006 (Lei de Diretrizes Oramentrias para o exerccio de 2007), adote providncias para o
cadastramento no Sistema Integrado de Administrao de Servios Gerais (Siasg) dos contratos firmados
entre os entes beneficiados (Municpios e Estados) com as respectivas empresas executoras, considerando
que as informaes a serem disponibilizadas neste sistema se referem totalidade da obra e no apenas
quelas relativas ao contrato de repasse, no caso deste cobrir apenas parte do custo global do
empreendimento, considerando, ainda, as determinaes exaradas nos Acrdos n 945/2003 e
1.239/2003;
9.2.2. insira em seus normativos a obrigatoriedade de que os engenheiros responsveis pela anlise
de custos dos contratos de repasse elaborem memorial de clculo que apresente planilha comparativa dos
preos verificados com os de referncia (inclusive destacando o cdigo do servio comparado no sistema
de preo utilizado), abrangendo todos os itens constantes do oramento, sendo que, nos casos em que no
houver correlao do item com o preo do Sinapi, seja indicado o custo adotado e a respectiva tabela da
qual faz parte; se, ainda assim, persistir a ausncia de valor comparativo, seja solicitado ao ente
beneficiado a demonstrao da adequabilidade do preo praticado mediante pesquisa no mercado,
apresentando-se, para isso, documentao comprobatria;
346
9.2.3. aprimore o trmite das SPA da Caixa para o Ministrio, e vice-versa, com a introduo de um
sistema eletrnico de dados, onde sejam registradas todas as avaliaes das SPA pelo rgo e respectivas
alteraes realizadas pela Caixa;
9.2.4. promova as devidas adequaes em seu Sistema de Acompanhamento de Programas de
Fomento (Siapf) para que as impropriedades referentes situao das obras, ao percentual executado e ao
valor do investimento sejam corrigidas;
9.2.5. cumpra fielmente as obrigaes impostas pelo ministrio em seu Manual de Instrues para
Contratao e Execuo dos Programas e Aes, procedendo aos aditamentos de vigncia estritamente
de acordo com as imposies constantes neste documento, sob pena de aplicao da Clusula Sexta (Das
Sanes) do Contrato n 006/2006;
9.3. recomendar Caixa Econmica Federal, com fulcro no art. 250, inciso III, do Regimento
Interno/TCU, que:
9.3.1. padronize a qualidade do trabalho por ela produzido em cada GIDUR e que delegue as
anlises dos Planos de Trabalho a profissionais especializados nas reas objeto de contratao;
9.3.2. disponibilize no Siapf informaes referentes aos contratos firmados entre os entes
beneficiados (Municpios e Estados) com as respectivas empresas executoras, de modo a tornar mais
transparente e acessvel esses dados aos gestores;
9.4. determinar ao Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto que, em conjunto com o
Ministrio das Cidades e a Caixa Econmica Federal, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei n 8.443/1992
c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno/TCU, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, implementem a
alterao na forma de remunerao do Contrato de Prestao de Servios no 006/2006, evitando a fixao
de percentual fixo sobre o montante de cada contrato de repasse, aplicado sobre determinada fase do
processo de acompanhamento e fiscalizao dos ajustes, passando a serem previstos os pagamentos
instituio financeira a partir de critrios que atendam ao disposto no art. 55, incisos II e III, da Lei de
Licitaes, com o detalhamento das tarefas efetivamente prestadas, de modo a permitir a aferio dos
servios prestados ao rgo contratante;
9.5. determinar ao Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto que, em conjunto com a Caixa
Econmica Federal, com fulcro no art. 43, inciso I, da Lei n 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso II, do
Regimento Interno/TCU, no prazo de 120 (cento e vinte) dias:
9.5.1. uniformize, nos mesmos termos da medida que vier a ser adotada com relao ao item 9.4
deste acrdo e a partir de discusses com os demais rgos gestores de programas do governo federal
que possuam acordos de cooperao com a Caixa para gesto de contratos de repasse, a forma de
remunerao avenada em cada contrato, caso sigam o mesmo modelo adotado no Contrato de Prestao
de Servios no 006/2006 (remunerao por percentual fixo sobre o montante de cada contrato de repasse
gerido);
9.5.2. promova a extenso de impedimentos utilizao de clusulas suspensivas aos contratos de
repasse a todos os ajustes firmados entre rgos e entidades pblicas federais e a Caixa, cujo escopo seja
a gesto desse instrumento de descentralizao de recursos pblicos, bem como aos futuros contratos que
a empresa pblica vier a pactuar com outras instituies federais para esse mesmo fim;
9.6. determinar ao Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto que informe ao Tribunal, ao
trmino do prazo indicado nos itens 9.4 e 9.5 deste acrdo, os resultados alcanados com a
implementao das medidas constantes nesses itens;
9.7. alertar o Ministrio das Cidades para o que dispe o art. 27, inciso III, alnea e, da Lei n
10.683/2003, no sentido de que as tarefas atribudas Caixa por meio do Acordo de Cooperao n
1/2003, firmado entre ambos para gesto de contrato de repasses, no podem configurar indevida
intromisso dessa instituio nas atribuies do ministrio, que no pode deleg-las de modo to amplo,
como se verificou na presente fiscalizao, sob pena de transferir ao agente financeiro competncias
prprias do rgo legalmente institudo para a consecuo de polticas pblicas nas reas de
desenvolvimento urbano, urbanizao, habitao, saneamento bsico e ambiental, transporte urbano e
trnsito;
9.8. determinar 5 Secex que efetue o monitoramento do cumprimento das determinaes contidas
nos itens 9.4 e 9.5 deste acrdo, autuando processo especfico para esse fim, nos termos do art. 42,
caput, da Resoluo TCU n 191/2006, representando ao Tribunal nos casos em que houver manuteno
347
injustificada de remunerao Caixa, na forma de percentual fixo sobre cada contrato de repasse gerido,
aps exaurido o trmino do prazo indicado nos referidos itens;
9.9. determinar Secretaria Federal de Controle Interno que informe ao Tribunal:
9.9.1. nas prximas contas do Ministrio das Cidades e da Caixa Econmica Federal, acerca do
cumprimento das medidas constantes nesta deliberao;
9.9.2. ao trmino do prazo de 120 (cento e vinte) dias fixado no item 9.2.1 deste acrdo, sobre o
atendimento da medida ali consignada;
9.10. encaminhar cpia deste acrdo, acompanhada do relatrio e do voto que o fundamentam, aos
seguintes rgos e entidades:
9.10.1. Casa-Civil da Presidncia da Repblica;
9.10.2. Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto;
9.10.3. Ministrio das Cidades;
9.10.4. Caixa Econmica Federal;
9.11. arquivar o presente processo.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0347-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar (Relator), Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
UBIRATAN AGUIAR
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATRIO
Adoto como Relatrio a Instruo de fls. 30/31, aprovada de modo uniforme no mbito da
Secex/PB:
Tratam os autos de monitoramento autorizado pelo item 9.5 do Acrdo n 449/2006 TCU
Plenrio, nos termos do art. 243 do Regimento Interno do TCU, para acompanhamento das determinaes
contidas nos itens 9.2 e 9.3 da referida deciso.
2. O Tribunal de Contas da Unio , atravs do citado acrdo (fls. 8/9), com posterior apostilamento
do Acrdo n 750/2006 TCU Plenrio, expediu as seguintes determinaes:
348
9.2. determinar ao Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome que fiscalize a correta
aplicao dos recursos transferidos ao Municpio de Pitimbu/PB, no exerccio de 2003, conta do
Programa de Erradicao do Trabalho Infantil PETI, instaurando, no caso das constataes de
irregularidades no uso de recursos pblicos federais, a competente tomada de contas especial, e
comunicando a este Tribunal acerca das providncia adotadas, no prazo de (90) noventa dias, contados da
cincia deste Acrdo;
9.3. determinar ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao FNDE, remetendo cpia da
documentao de fls. 2/5 e 14/20, que, em conformidade com as normas aplicveis matria, proceda
reanlise da prestao de contas do Municpio de Pitimbu/PB, relativa ao exerccio de 2003, adotando as
medidas administrativas necessrias aferio da boa e correta aplicao dos recursos transferidos quela
municipalidade, conta do Programa Nacional de Alimentao Escolar PNAE, instaurando, se for o
caso, a competente tomada de contas especial, e comunicando a este Tribunal acerca das providncias
adotadas, no prazo de 90 (noventa) dias, contados da cincia deste Acrdo;
3. Na mesma deliberao, foi determinado, no item 9.5, que a Secex-PB acompanhasse o
cumprimento das determinaes acima, por meio de processo de monitoramento a ser constitudo.
4. Em razo disso, o Titular desta Unidade Tcnica, por meio do despacho de fls. 1/2, determinou a
instaurao do presente processo de monitoramento.
5. Os responsveis do Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome e do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educao FNDE foram cientificados do Acrdo n 466/2006,
apostilado pelo Acrdo n 750/2006, ambos do Plenrio, respectivamente por meio dos Ofcios n 0602 e
0603/2006-TCU/Secex-PB, s fls. 8/9.
6. Decorrido o prazo estabelecido para atendimento das determinaes, o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educao FNDE apresentou o Ofcio n 184, de 20/9/2006, informando que foi
procedida a abertura do processo de tomada de contas especial do PNAE/2003, tendo sido o responsvel
notificado para apresentao dos documentos comprobatrios das despesas realizadas com recursos do
programa (fls. 15/22).
7. Da mesma forma, o Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome noticiou a
instaurao da tomada de contas especial atinente ao PETI/2003, estando o processo tramitando na
Secretaria de Controle Interno. Corroborando com sua informao, anexou Relatrio do Tomador de
Contas (fls. 23/27).
8. Das respostas enviadas pelos rgos acima, observa-se que o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educao FNDE informou fl. 15 que foi procedida a abertura de processo de
Tomada de Contas Especial TCE dos recursos do PNAE, visando apurao dos fatos apontados na
execuo de recursos transferidos prefeitura.
9. Da mesma forma, o Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome comprovou que j
procedeu instaurao da competente tomada de contas especial atinente ao PETI.
10. Realizada pesquisa junto ao SIAFI (fls. 28/29), no intuito de conhecer a situao do
responsvel, no tocante aos programas em exame, constatou-se a inscrio do responsvel, SR. Hrcules
Antnio Pessoa Ribeiro (NL 181 e 2303/2006), em razo do PETI e PNAE, com a indicao do nmero
dos respectivos processos de TCE.
11. Assim, analisando as informaes constantes dos autos, verifica-se que os concedentes j esto
adotando as providncias a seu cargo, inclusive com a instaurao de Tomada de Contas Especial, razo
pela qual entendo ser desnecessria, por ora, a adoo de medidas adicionais por parte desta Corte.
12. Considerando que as respostas s diligncias indicam que os rgos concedentes vm adotando
as providncias a seu cargo, nos termos preconizados pela IN/STN n 01/97;
Considerando que o presente processo de monitoramento j cumpriu o objeto para o qual foi
constitudo, submetemos os presentes autos considerao superior, propondo encerrar e arquivar os
presentes autos, nos termos do art. 169, inciso IV, do regimento Interno/TCU.
o relatrio.
VOTO
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AUGUSTO NARDES
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Presidente
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
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parte dos gestores, insculpidos na prpria Lei de Licitaes e Contratos, em seu art. 65, 1, que
estabelece limites para a alterao do valor do contrato celebrado.
19. Desse modo, julgo que a ocorrncia atinente utilizao do Plano Anual de Trabalho e
Oramento como elemento constitutivo do projeto bsico, para obras de natureza de manuteno
rodoviria, esto em conformidade com o que exigem os aludidos dispositivos legais.
11. Em meu entendimento, conquanto o caso presente no guarde estreita consonncia com aquele
tratado no Acrdo 820/2006, uma vez que o PATO referente s obras em exame no foi apresentado
pelo Dnit, observo que consta dos autos, s fls. 169/181, levantamento de campo efetuado por equipe de
tcnicos daquela Autarquia, de que resultou uma previso de servios a executar no trecho rodovirio em
comento. Esse expediente, a meu ver, suficiente para caracterizar a estimativa de servios mencionada
no voto condutor do aludido decisum.
12. Ao examinar o mrito das questes referentes ausncia de emergencialidade e suposta no
existncia de projeto bsico, a Unidade Tcnica entendeu cabvel a aplicao do disposto no art. 45 da Lei
n 8.443/1992 e, dessa maneira, props a suspenso cautelar das obras em tela.
13. Contudo, tendo em vista a jurisprudncia recente desta Corte de Contas acerca dos pontos
levantados pela Secex/AM, nos termos dos citados Acrdos ns 686/2006 e 820/2006, ambos do
Plenrio, vejo que um dos requisitos jurdicos exigveis para a concesso da medida sugerida pela
Unidade Tcnica, o fumus boni juris, no restou caracterizado, pelo que digno-me a dissentir de tal
encaminhamento. (grifos nossos)
16. Dessa forma, no h o que acrescentar ao voto condutor do Acrdo n. 1.510/2006-TCUPlenrio, pois este j analisou o mrito do presente feito. Tendo em vista sua similaridade com o Acrdo
n. 1.509/2006-TCU-Plenrio, prolatado nos autos do TC-002.661/2006-7, submetemos estes autos
considerao superior, propondo:
I - determinar ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes que:
a) apenas efetue os pagamentos empresa contratada com base em medies que se faam
acompanhar de relatrio tcnico, devidamente fundamentado, a partir do qual seja possvel identificar o
quantitativo e a localizao dos servios executados, com a preciso necessria e suficiente sua
caracterizao;
b) providencie, para o trecho rodovirio em referncia, um Plano Anual de Trabalho e Oramento,
acompanhado de planilhas indicando, detalhadamente, os trechos/estacas onde sero realizados os
diversos servios;
c) adote medidas com a finalidade de se antecipar contratada, empresa Bembrasil Construtora
Ltda., no levantamento dos quantitativos de servio que sero executados por essa empresa e que serviro
de referncia para os pagamentos;
II seja realizado o acompanhamento do cumprimento das determinaes contidas no item anterior,
prosseguindo na instruo do feito no caso de irregularidades.
o Relatrio.
VOTO
As obras rodovirias emergenciais na BR-174/AM, no trecho compreendido entre o Rio Urubu e o
Rio Santo Antnio da Abonari (do km 982,5 ao km 1.092,0), fazem parte do Programa Emergencial de
Trafegabilidade e Segurana nas Estradas PETSE, e contam com recursos provenientes de crditos
extraordinrios abertos pela Medida Provisria ns 287/2006, no valor de R$ 1.300.000,00.
2. O trecho em questo foi contemplado no Anexo 2 da Portaria n 357/2006, expedida pelo
Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. Trata-se do ltimo dos normativos que
regulamentaram o programa, o qual relacionou os trechos rodovirios caracterizados como estando em
situao emergencial, embora contassem com contratos celebrados, mas que se encontravam em
andamento e/ou paralisados por falta ou insuficincia de recursos, conforme o disposto no art. 5 da
Portaria Dnit n 1.806/2005.
3. Em exame a instruo de mrito realizada pela Secex/AM aps respostas s diligncias efetuadas
junto Prefeitura Municipal de Manaus e Junta Comercial do Amazonas, por ocasio da determinao
contida no subitem 9.1 do Acrdo n 1.510/2006-TCU-Plenrio, com vistas a obter informaes a
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AUGUSTO NARDES
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
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Trata-se de inspeo realizada nas obras rodovirias na BR-324/BA, no trecho compreendido entre
o entroncamento com a BR-116/BA-502/503 (Feira de Santana) e Salvador, do km 512,6 ao km 626,2,
objeto do Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurana PETSE, com a finalidade de obter
informaes atualizadas acerca da situao das obras (como percentual executado, qualidade dos servios,
condies de trafegabilidade e segurana no trecho fiscalizado), em decorrncia da determinao contida
no subitem 9.1 do Acrdo n 1.780/2006-TCU-Plenrio, exarado neste processo.
2. Por intermdio do Acrdo n 2.210/2006-TCU-Plenrio, este Tribunal determinou o
apensamento do TC-023.847/2006-0 aos presentes autos, tendo em vista que a fiscalizao em tela foi
realizada no mbito daquele processo.
3. Reproduzo, a seguir, trecho do relatrio de inspeo (fls. 2/3 do TC-023.847/2006-0), o qual
contou com a anuncia do Sr. Diretor e do Titular da Unidade Tcnica, com ressalva aos ajustes de forma
que considero pertinentes:
(...)
3. Segundo informaes prestadas pela 5 Unit/Dnit, as medies com recursos alocados pelo
PETSE referiram-se ao perodo compreendido entre os meses de janeiro a junho de 2006, alcanando o
valor de R$ 2.210.828,91, ou seja, 85,03% do valor previsto (R$ 2.600.000,00).
4. Os servios executados de tapa-buracos no apresentaram, em sua maioria e na data da vistoria
(17/10 a 19/10/2006), o surgimento de trincas ou novas panelas dentro dos remendos. No entanto,
verificamos o aparecimento de diversas novas panelas no segmento fiscalizado, as quais se devem s
condies da pista de rolamento, que apresenta diversas deformaes ao longo do trecho, como trincas,
fissuras, trilhas de roda, entre outras.
5. Foram tambm realizados servios de correo de eroses em quatro locais distintos,
aproximadamente nos kms 583, 600, 604 e 618, sentido Feira de Santana Salvador, com boa qualidade
dos servios executados, e melhorando as condies de trafegabilidade e segurana da estrada.
6. Sobre esses dois ltimos pontos citados no pargrafo anterior, podemos dizer que esto melhores
do que antes da aplicao dos recursos provenientes do PETSE, mas, como j citado anteriormente, as
pistas de rolamento apresentam diversas deformidades, podendo comprometer as condies da estrada a
mdio e longo prazo, caso no sejam realizados servios de conservao e recuperao.
7. Anexamos ao final relatrio fotogrfico mostrando servios executados e deformidades
existentes, chamando a ateno para a foto nmero 5 (cinco), onde pode-se ver dois remendos realizados
e o surgimento de nova panela entre eles.
8. Sendo essas as informaes a serem prestadas, submetemos os autos considerao superior,
propondo seu apensamento aos autos do TC-002.809/2006-8 e remessa ao Gabinete do Exmo. Sr.
Ministro Relator Augusto Nardes, para conhecimento.
4. O Sr. Secretrio da Secex/BA, em despacho proferido fl. 146, formulou proposta de
arquivamento do presente processo, aps fazer meno inspeo realizada no mbito do TC023.847/2006-0.
o Relatrio.
VOTO
A presente inspeo foi determinada por este Plenrio, acatando a proposio de minha autoria
contida no Voto condutor do Acrdo n 1.780/2006-Plenrio, proferido nos autos do TC-002.809/20068, em razo da inexistncia, poca, de informaes acerca dos resultados alcanados pelas obras
emergenciais desenvolvidas na BR-324/BA, no trecho entre Salvador e Feira de Santana, no mbito do
Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurana nas Estradas PETSE.
2. Segundo o relato da Unidade Tcnica, o programa propiciou a melhoria das condies de
trafegabilidade da rodovia, ao menos nos pontos vistoriados pela equipe, mas os Analistas alertam para a
continuidade do processo de degradao a mdio ou longo prazo, dadas as deformidades existentes no
pavimento, o qual necessita de conservao e recuperao. Apesar desse alerta, de se concluir que os
objetivos do programa, de cunho eminentemente emergencial, foram alcanados.
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AUGUSTO NARDES
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
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4. Transcrevo, a seguir, as ocorrncias registradas pela equipe de auditoria (fls. 7/28), que contaram
com as anuncias do Diretor e do Titular da Unidade Tcnica, com os ajustes de forma que julgo
pertinentes:
IRREGULARIDADE N 1 (Contrato)
Classificao: Irregularidade Grave.
Tipo: Administrao Irregular de Contratos.
Descrio/Fundamentao
No existe carter emergencial justificando a incluso do trecho compreendido entre o km 507,0 e o
km 537,0 no Anexo 2 do PETSE. O trecho encontra-se em excelente estado. Alm disso, no existe
segregao entre os servios que sero executados no mbito do PETSE e os originalmente contratados.
recomendvel o prosseguimento da obra ou servio? No.
Justificativa
Tendo em vista a excelente condio do trecho compreendido entre o km 507 e o km 537 da BR101/RJ, consideramos indevida sua incluso no Anexo 2 do PETSE.
Esclarecimentos Adicionais
Em vista do exposto, estamos propondo com fulcro no art. 45 da Lei n 8.443/1992 c/c art. 276 do
RI/TCU:
I) sem a prvia oitiva das partes, seja cautelarmente determinado ao Dnit que se abstenha de aplicar
recursos oriundos dos crditos extraordinrios abertos pela Medida Provisria n 276/2006, na execuo
de obras e servios objeto do contrato UT-7-003/05, na rodovia BR-101/RJ, do km 507 ao km 537, em
face da constatao da inexistncia de elementos que caracterizem a situao como emergencial,
decorrente de fato urgente e imprevisvel, afrontando o que dispe o art.41, 2I, da Lei 4.320/1964.
II) seja determinada SECEX-RJ que imediatamente comunique aos responsveis e empresa
Delta Construes S/A, por meio de seus representantes legais, sobre a medida cautelar adotada;
III) seja determinada a oitiva dos gestores e da empresa Delta Construes S/A, por meio de seus
representantes legais, para que se pronunciem em at 15 dias sobre a medida cautelar.
Achado relativo questo 1 procedimento 1.1.
IRREGULARIDADE N 2 (Contrato)
Classificao: Irregularidade Grave.
Tipo: Celebrao Irregular de Contratos.
Descrio/Fundamentao
A obra encontra-se em avanado estgio de execuo. Porm, o contrato com a empresa executora
(Notemper Empreendimentos Ltda.) ainda no foi assinado. A Lei 8666/1993 (Inciso IV art. 24) ampara
somente a dispensa de licitao para a contratao de servios emergencias e no a dispensa de lavratura
de contrato. Alis, no caso em questo considera-se que os servios que esto sendo executados no so
emergenciais.
recomendvel o prosseguimento da obra ou servio? Sim.
Justificativa
Tendo em vista o avanado estgio que obra se encontra, bem como eventuais despesas com
mobilizao/desmobilizao que a paralisao dos servios certamente acarretaria, consideramos
inadequada a paralisao dos servios.
Esclarecimentos Adicionais
Diante do exposto, estamos propondo audincia dos responsveis.
Achado relativo questo 2 procedimento 2.3.
IRREGULARIDADE N 3 (Contrato)
Classificao: Irregularidade Grave.
Tipo: Contratao sem a regular licitao.
Descrio/Fundamentao
A obra no trecho compreendido entre o km 297,6 e o km 320,1 foi contratada por dispensa de
licitao, tendo por fundamento a situao de emergncia, conforme previso no inciso IV do art. 24 da
Lei 8.666/1993.
Nenhum servio do contrato firmado com a Notemper Empreendimentos Ltda. pode ser
considerado como emergencial. O trecho como um todo apresenta reduzido ndice de panelas e remendos
360
por km (IDk). Alm disso, o trecho encontra-se totalmente duplicado em ambos os sentidos. A prpria
pgina do Dnit na Internet informava que as condies de trafegabilidade da rodovia eram boas.
No entanto, existe deciso judicial obrigando o Dnit a iniciar as obras no prazo de 30 dias, sob pena
de multa diria de R$ 100 mil.
recomendvel o prosseguimento da obra ou servio ? Sim
Justificativa
Tendo em vista o avanado estgio que obra se encontra, bem como eventuais despesas com
mobilizao/desmobilizao que a paralisao dos servios certamente acarretaria, consideramos
inadequada a paralisao dos servios. Alm disso, os preos contratados encontram-se exatamente no
percentual de 80% da tabela Sicro.
Esclarecimentos Adicionais
Em vista do exposto e considerando que a obra em questo foi contratada em virtude de sentena
judicial (fls. 67/70, vol. 1), estamos deixando de propor audincia dos responsveis.
Achado relativo questo 1 procedimento 1.1.
IRREGULARIDADE N 4 (Contrato)
Classificao: Outras Irregularidades ou Irregularidades Esclarecidas.
Tipo: Obra concluda com falha na execuo.
Descrio/Fundamentao
Os servios de remendo executados no trecho compreendido entre o km 386 e o km 495 da BR101/RJ no esto sendo executados em conformidade com a ISC 13/04 do Dnit. Durante a vistoria da
obra, constatamos que os remendos esto sendo executados sem a remoo do pavimento deteriorado,
executando-se a pintura de ligao e o lanamento de CBUQ sobre o asfalto trincado. Como no h
remoo do pavimento deteriorado, o remendo executado apresenta-se com elevado desnvel em relao
ao pavimento original (Ver fotos 5 e 6).
recomendvel o prosseguimento da obra ou servio? Sim.
Justificativa
Tendo em vista o avanado estgio que obra se encontra, bem como eventuais despesas com
mobilizao/desmobilizao que a paralisao dos servios certamente acarretaria, consideramos
inadequada a paralisao dos servios. Alm disso, os preos contratados encontram-se exatamente no
percentual de 80% da tabela Sicro.
Esclarecimentos Adicionais
Diante do exposto, estamos propondo determinao para que o Dnit efetue medies dos servios
executados em desconformidade com a ISC 13/04, obrigando a empresa contratada a refazer os servios
mal executados.
Achado relativo questo 4 procedimento 4.1.
PARECER
No trecho compreendido entre o km 297,6 e o km 334,0, os principais achados da fiscalizao
realizada so:
a) a contratao, tendo por fundamento o Inciso IV do art. 24 da Lei 8.666/93, de servios
considerados no emergenciais; e
b) execuo de servios sem a devida celebrao contratual.
Devido ao fato da contratao do referido trecho ter se dado em virtude de sentena judicial,
deixamos de propor audincia dos responsveis.
No trecho compreendido entre o km 386 e o km 495, o principal achado de auditoria foi a execuo
de servios de tapa-buraco e remendo em desconformidade com a ISC 13/04 do Dnit.
No trecho compreendido entre o km 507 e o km 537, constatamos que o pavimento se encontra em
perfeitas condies, no existindo justificativas para a incluso do referido trecho no Anexo 2 do PETSE.
Ainda por ocasio da visita ao referido trecho, tambm efetuamos vistoria em obras de restaurao
em cortina atirantada localizada no km 520,2 (foto 7).
A referida obra no est recebendo recursos do PETSE, mas a citada cortina est ameaando
desabar sobre a subestao da Usina de Angra I, cuja ocorrncia provocaria a interrupo da transmisso
da energia gerada pela Usina de Angra I para a cidade do Rio de Janeiro por um longo perodo.
A obra est sendo realizada pela empresa Geosonda S/A e tem custo de cerca de R$ 2 milhes.
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Embora o custo da obra no seja considervel, consideramos que o Tribunal deve continuar o
acompanhamento da execuo dos reparos na cortina atirantada, principalmente para que o fluxo de
recursos oramentrios para a obra continue e sua execuo no sofra interrupes.
Diante do exposto, estamos fazendo proposta para que a obra de restaurao da cortina atirantada
seja acompanhada em 2006 por meio de nova fiscalizao.
Esclarecimentos Adicionais
A equipe de auditoria no conseguiu obter a documentao solicitada (e reiterada) ao Dnit, em
especial o processo de dispensa de licitao. A 7 Unit alegou que o referido processo se encontrava em
Braslia para aprovao da planilha oramentria. Deixamos de propor oitiva dos responsveis por
entendermos que a interrupo do fluxo normal do processo junto ao Dnit poderia ocasionar reflexos na
tramitao e aprovao da planilha oramentria, gerando atrasos e prejuzos para a empresa executora e
paralisao dos servios.
Diante da dificuldade em se obter a documentao solicitada, o trabalho de fiscalizao efetuado se
baseou na cpia da documentao encaminhada , composta basicamente pelas planilhas oramentrias e
pelas composies de custos Unitrias dos servios a serem executados, que a equipe entendeu ser
suficiente nesta oportunidade.
5. Posteriormente, proferi despacho nestes autos fl. 30, consubstanciado nos seguintes termos:
Considerando a recente jurisprudncia desta Corte de Contas sobre a questo da emergencialidade
das obras inseridas no PETSE, como se pode depreender da leitura dos Acrdos do Plenrio ns
819/2006, 820/2006, 821/2006, 1.100/2006, 1.101/2006 e 1.242/2006, entre outros, julgo que a proposta
de suspenso cautelar da utilizao dos recursos dos crditos extraordinrios no deve prosperar, uma vez
que um dos requisitos jurdicos exigveis sua aplicao, o fumus boni juris, no restou caracterizado.
Todavia, entendo que a irregularidade atinente ausncia de instrumento de contrato no est
saneada, pelo que restituo os autos Secex/RJ, com vistas a que sejam promovidas as audincias
sugeridas fl. 23.
6. Efetuadas as devidas comunicaes processuais, a anlise das respostas s audincias dos
responsveis constou da instruo de fls. 52/54, a qual contou com a anuncia do Titular da Unidade
Tcnica (fl. 55), cujo teor transcrevo a seguir, como parte final deste Relatrio, com ressalta aos ajustes
de forma que entendo convenientes:
(...)
Trata esta instruo da anlise do atendimento s audincias decorrentes dos Ofcios ns 1.050/2006
e 1.082/2006, s fls. 32/33, ambos oriundos desta SECEX-RJ, destinados, respectivamente, aos Srs.
Rodrigo Antnio Ribeiro Costa, Coordenador da 7 Unit/RJ Dnit, e Samuel Chuster, CoordenadorSubstituto da 7 Unit/RJ Dnit, em virtude da constatao de irregularidades quando da realizao do
Levantamento de Auditoria originrio do Plano de Fiscalizao 2004/1, aprovado pelo Acrdo n
2.308/2005 Plenrio.
2. Est autuado s fl. 30 o despacho do Exmo. Sr. Ministro-Relator, Augusto Nardes, no sentido de
que se realize as Audincias dos Responsveis, acima relacionados, com o propsito de que ambos se
manifestem quanto a realizao das obras no trecho compreendido entre os km 297,6 e o km 320,1,
executada pela empresa Notemper Empreendimentos Ltda., sem a necessria formalizao contratual.
3. A mencionada obra, executada pela empresa Notemper Empreendimentos Ltda., refere-se
realizao de servios de tapa buracos, com previso para execuo de fresagem e recapeamento em
diversos trechos, bem como sinalizao horizontal e vertical do trecho, envolvendo o valor de R$
2.989.170,82 (dois milhes, novecentos e oitenta e nove mil, cento e setenta reais e oitenta e dois
centavos), com data-base em 1/11/2005.
3. Justifica o gestor que a irregularidade decorrente da premncia no atendimento ao Mandato n
0701.000074-2/2005, da Justia Federal, Juzo da 1 Vara de Itabora, que determinou a eliminao de
buracos e irregularidades da BR-101/RJ, no trecho entre o Municpio de Rio Bonito e a Ponte RioNiteri. Dessa forma, alega que tomou as necessrias providncias para o incio imediato da execuo
dos servios (fls. 40/41): Assim sendo, no houve por parte deste Dnit/RJ a desobedincia Lei n
8.666/1993, e sim o cumprimento de uma determinao judicial, que compeliu esta Superintendncia a
declarar dispensa de licitao em carter emergencial, com o incio imediato dos servios. Para tal, em
observncia Instruo de Servio n 03, de 24 de dezembro de 2006, foram adotados os procedimentos
362
363
sobre o asfalto trincado, em desacordo com a ISC 13/04 do Dnit, comprometendo, dessa forma, a
qualidade do servio realizado, cabe, S.M.J., determinao ao Responsvel pela 7 Unit/RJ Dnit para
que proceda a medio e devida correo dos servios que tenham sido realizados em desacordo com o
estabelecido com a ISC 13/04 do Dnit, assim entendidos os de m qualidade, e fornea esta Secretaria,
num prazo de 30 dias contados a partir do recebimento da notificao, as informaes sobre os resultados
dos procedimentos adotados.
Proposta de Encaminhamento
Diante do exposto, submetemos os autos considerao superior, propondo que se determine ao
Responsvel pela 7 Unit/RJ Dnit a adoo das seguintes medidas:
Referente ao Contrato de conservao da BR-101/RJ do km 394 ao km 495, firmado com a
empresa Rodocon Construes Rodovirias Ltda.
a) proceder a medio e devida correo dos servios que tenham sido realizados em desacordo
com o estabelecido com a ISC 13/04 do Dnit, assim entendidos os de m qualidade; e
b) fornecer a esta Secretaria de Controle Externo, num prazo de 30 dias contados a partir do
recebimento da notificao, as informaes sobre os resultados dos procedimentos adotados.
o Relatrio.
VOTO
Trata-se de relatrio de levantamento de auditoria realizado no mbito do Programa Emergencial
de Trafegabilidade e Segurana nas Estradas PETSE, especificamente nas obras rodovirias executadas
na BR-101/RJ, trechos norte e sul, constantes do item 2 do Relatrio que acompanha este Voto.
2. No tocante ao mrito, passo a analisar a irregularidade atinente execuo de servios sem a
devida cobertura contratual, a qual foi objeto de audincia dos responsveis, autorizada por meio do
despacho de fl. 30. Manifesto-me de acordo com o posicionamento da Unidade Tcnica no sentido de
eximir os responsveis da responsabilizao por essa falha, porquanto havia deciso judicial proferida
pela Juza Federal Isabel Maria de Figueiredo Souto, em sede de Ao Civil Pblica ajuizada pelo
Ministrio Pblico Federal, determinando Unio e ao Dnit a adoo de providncias imediatas para a
recuperao do pavimento da BR-101, no trecho compreendido entre os Municpios de Rio Bonito e a
Ponte Rio-Niteri, sob pena de multa diria em caso de descumprimento.
3. No obstante, julgo consentneo ao caso destacar que o entendimento de no-apenao dos
gestores em razo da falha em comento, no caso especfico das obras do PETSE, encontra respaldo na
Jurisprudncia desta Corte, a exemplo dos Votos precedentes aos Acrdos ns 1.100/2006, 2.208/2006,
2.209/2006 e 2.264/2006, proferidos em Plenrio, desde que no assinaladas outras ocorrncias de
natureza grave que possam ocasionar prejuzos ao errio, requisito observado no presente processo.
4. Outro ponto anotado pela Secex/RJ diz respeito irregularidade relativa execuo de servios
em desacordo com a norma tcnica do Dnit ISC 13/04, no segmento Sul da BR-101, do km 394,2 ao
495,1, inserto no Anexo 2 da Portaria Dnit n 357/2006, o qual continha contrato em andamento firmado
com a empresa Rodocon. Segundo a proposta daquela Unidade, tal impropriedade deve resultar em
determinao ao responsvel pela Superintendncia Regional do Dnit no Estado do Rio de Janeiro a fim
de que proceda, junto empresa contratada, o levantamento das medies e a correo dos servios de m
qualidade que tenham sido realizados em desacordo com a referida norma tcnica.
5. Acerca desse fato, data venia, discordo do parecer da Unidade Tcnica no que se refere
oportunidade e ao mrito da determinao proposta. Lembro que, antes de qualquer medida corretiva que
direta ou indiretamente possuir o condo de modificar as condies contratuais inicialmente pactuadas,
cabe a este Tribunal, ante o corolrio constitucional do contraditrio e da ampla defesa, condio
indispensvel ao devido processo legal, conceder oportunidade de defesa aos responsveis e contratada,
o que no presente caso no veio a ocorrer.
6. Em se tratando da anlise da matria, de se observar que a equipe de auditoria constatou a
execuo de remendos sem a remoo do material deteriorado, com a aplicao de pintura de ligao e
lanamento da mistura betuminosa sobre o pavimento trincado (fotografias n 5 e 6, fl. 26). Todavia, de
posse de elementos colhidos em anlise realizada por minha assessoria, observo que a natureza dos
servios indicados no relatrio fotogrfico, cuja execuo estaria sendo realizada de forma irregular, de
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Ministro-Relator
ACRDO N 352/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo: TC-003.684/2006-6.
2. Grupo: II; Classe de Assunto: V Relatrio de Levantamento de Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da Unio.
4. Entidades: Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes Dnit e Superintendncia
Regional do Dnit no Estado do Rio de Janeiro.
4.1. Vinculao: Ministrio dos Transportes.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Secex/RJ.
8. Advogado constitudo nos autos: no h.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatrio de levantamento de auditoria realizado nas
obras rodovirias emergenciais na BR-101/RJ, trechos norte e sul, constantes do item 2 do Relatrio que
acompanha esta deliberao,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei n 8.443/1992 c/c o art. 250,
incisos I e II, do Regimento Interno do TCU, em:
9.1. determinar Superintendncia Regional do Dnit no Estado do Rio de Janeiro que:
9.1.1. aprimore os mecanismos de fiscalizao e superviso das obras sob sua competncia, de
modo a somente autorizar a execuo de servios previamente definidos, com estrita observncia aos
quantitativos efetivamente medidos e qualidade dos servios executados (a exemplo das Instrues de
Servio Dnit ns 13/04 e 14/04);
9.1.2. nos contratos de conservao rodoviria (peridica preventiva), atente-se para a coerncia nas
estimativas do servio de correo de defeitos com mistura betuminosa (cdigo 3S0810900 Sicro 2),
bem como para o processamento de suas medies;
9.2. determinar Secex/RJ que, em futuras fiscalizaes envolvendo contratos de conservao nos
segmentos rodovirios da BR-101/RJ, verifique se as medies do servio correo de defeitos com
mistura betuminosa (cdigo 3S0810900 Sicro 2) esto compatveis com as estimativas de quantitativo
previstas nas planilhas oramentrias dos contratos, representando a este Tribunal se necessrio;
9.3. enviar cpia deste Acrdo Comisso Mista de Planos, Oramentos Pblicos e Fiscalizao
do Congresso Nacional, acompanhado do Relatrio e Voto que o fundamentam, informando-lhe que as
obras rodovirias na BR-101/RJ, trechos norte e sul, constantes do item 2 do Relatrio que acompanha
esta deliberao, includas no Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurana nas Estradas, no
apresentam irregularidades graves que possam ensejar a paralisao dos servios.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0352-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator) e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
AUGUSTO NARDES
Relator
366
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATRIO
Trata-se de relatrio de levantamento de auditoria realizado em obras de Recuperao de Trechos
Rodovirios na BR-153/PR, trecho Divisa SP/PR-Entroncamento com a BR-272, no Estado do Paran,
objeto do Programa de Trabalho 26.782.0220.3E14.0002. A fiscalizao foi realizada no mbito do
Fiscobras 2005.
2. A equipe responsvel pelo levantamento anota em seu relatrio a seguinte irregularidade,
detectada no Contrato DNIT/TT 107/2004-00, para execuo da obra em comento: Licitao e
contratao de obra rodoviria pelo regime de preo global sem que os projetos, que serviram de base
para a licitao, tivessem os elementos necessrios e suficientes execuo completa da obra,
contrariando o contido no subitem a do item VIII, c/c o item X do artigo 6 da Lei 8.666/93.
3. A equipe de auditoria sustentou, com o apoio dos demais pareceres da Unidade, que, em tese,
para as obras em geral, a licitao s pode ser realizada sob o regime mencionado quando o projeto
executivo, na definio dada pelo art. 6, inciso X, da Lei 8.666/1993, j foi elaborado. Por outro lado, a
unidade tcnica defende que a obra rodoviria, pela sua complexidade e por estar sujeita a todo tipo de
alterao em seu projeto, no deve ser executada sob regime de preo global.
4. Em coerncia com esse ltimo entendimento, e considerando ademais que praxe no Dnit a
alterao dos projetos de obras rodovirias, a unidade prope determinao genrica Autarquia no
sentido de que toda licitao para obra rodoviria por ela promovida seja realizada pelo regime de preos
unitrios.
5. No caso concreto, tendo em vista que o regime de preo global sob o qual deveria ser executado
o nico contrato vinculado obra em exame foi desnaturado aps a celebrao do 1 termo aditivo, que
alterou o valor contratual para atender a modificaes havidas no projeto, a unidade tcnica preconizou a
alterao do contrato para a converso do regime de execuo, de empreitada por preo global para o de
empreitada por preos unitrios, procedendo-se compatibilizao entre medies e servios executados.
6. No entanto, verificando que a alterao produzida no contrato mencionado fora motivada pela
inpcia do projeto bsico e tampouco trazia qualquer ganho qualitativo ou quantitativo para o usurio
final da rodovia, determinei pelo Despacho de fls. 192/193, v. 1, a audincia preliminar dos membros da
Diretoria Executiva do Dnit que aprovaram o aditivo ao contrato, a despeito das deficincias citadas.
7. Aps realizada a oitiva dos responsveis e efetuada a inspeo saneadora que autorizei pelo
Despacho de fl. 670, o Analista encarregado do exame do feito na Secex/PR lanou a instruo de fls.
367
702/709, contendo a anlise das alegaes e a proposta de mrito para a matria, e que contou com a
concordncia do Diretor e do Secretrio da Unidade, a qual transcrevo a seguir, em parte:
Anlise das razes de justificativa para o Primeiro Termo Aditivo:
7. As razes de justificativa do Sr. Hideraldo Luiz Caron, Diretor de Infra-estrutura Terrestre,
encontram-se s fls. 224/230. Fez um breve histrico do processo e fundamentou sua defesa no trabalho
tcnico desenvolvido pela 9 UNIT/PR no qual constam os estudos que justificariam as alteraes.
8. O Sr. Carlos Alberto Cotta, ex-Diretor de Administrao e Finanas, manifestou-se apresentando
a documentao constante s fls. 371/378. Informou que no possui formao acadmica de engenharia e
por isso aceitou como verdadeiros e exatos os argumentos do Diretor de Infra-estrutura Terrestre no
Relato 1452/2004.
9. Por ltimo, o Sr. Alexandre Silveira de Oliveira, ex-Diretor Geral, manifestou-se apresentando
um arrazoado sobre as competncias do Diretor-Geral do DNIT dando a entender que que teria um papel
estritamente homologatrio a partir dos pareceres tcnico e jurdico emitidos anteriormente e em face da
enorme quantidade de pareceres a serem aprovados na 57 Reunio da Diretoria Executiva do DNIT, cuja
ata possui 68 (sessenta e oito) pginas.
10. A observao do ex-Diretor Geral no pode prosperar. A Ata da 57 Reunio da Diretoria
Executiva do DNIT deixa claro que a partir da homologao foram aprovadas alteraes em contratos,
algumas delas gerando novas despesas, a exemplo do prprio Relato 1452/2004 (fls. 395 e 451).
11. Tem-se, portanto, o trabalho tcnico desenvolvido pela 9 UNIT/PR (fls. 286/363) como pea
fundamental para avaliar a necessidade e oportunidade das alteraes promovidas pelo Primeiro Termo
Aditivo.
12. Um resumo das informaes tcnicas para as alteraes propostas e respectivas justificativas
encontram-se s fls. 365/366 em anlise da Assessoria Tcnica da Coordenao-Geral de Manuteno e
Restaurao Rodoviria do DNIT:
a) necessidade de se executar uma quantidade maior de reparos localizados (remendos), uma vez
que as obras em questo estavam previstas para ser iniciadas em 2002;
b) redimensionamento da espessura da camada de base reciclada com espuma de asfalto e capa de
rolamento utilizando-se os seguintes procedimentos:
- atualizao dos estudos de trfego com a realizao de novas contagens, volumtrica e
classificatria, para verificao da situao atual do carregamento no segmento a ser restaurado;
- clculo do Nmero N (nmero de operaes do eixo padro de 8,2 tf), cujo novo valor de N =
2,96 x 10exp7, muito superior ao de projeto (N = 1,62 x 10exp7);
- clculo das novas espessuras da base reciclada de espuma-asfalto e da camada betuminosa de
rolamento, definidas atravs da adoo de modelos de fadiga e de deformao permanente;
c) no que se refere aos estudos realizados para as alteraes promovidas no projeto de drenagem da
rodovia, constatou-se a necessidade de se ampliar os dispositivos de drenagem sub-superficial no sentido
transversal, como tambm no sentido longitudinal, com o aumento dos quantitativos das bocas de sada
para dreno sub-superficial do tipo BSD-03 e execuo de drenos profundos longitudinais do tipo DPS-06.
13. A questo do aumento do quantitativo de reparos localizados foi justificada pela prpria demora
no processo de contratao (fls.286/288). No relato tcnico apresentado informado que os
levantamentos para os trabalhos de restaurao foram realizados em meados de 2000 e havia a
expectativa de incio dos trabalhos em 2002. Com o atraso no processo de contratao e o incio dos
trabalhos em setembro de 2004, foi feito novo inventrio minucioso que indicou a necessidade de uma
quantidade maior de reparos localizados e recomposies do pavimento para dar melhores condies de
trafegabilidade.
14. O aumento do quantitativo deveu-se aos baixos investimentos em servios de correo corretiva
rotineira desde 1998, quando o pavimento j tinha atingido seu final de vida til. Foram trabalhos
emergenciais e praticamente incuos porque o estado de fadiga do pavimento j indicava a necessidade de
restaurao. Alm disso, a partir de uma avaliao dos ltimos contratos de conservao percebe-se o
baixo investimento no trecho: em mdia cerca de R$ 130.000,00 por ano desde 2001.
15. O agravamento do estado do trecho tambm teve como fator adicional que contribuiu foi o mau
estado da rodovia estadual PR-092, paralela o trecho. Parte do trfego pesado deslocou-se para a rodovia
federal naquela poca.
368
16. A explanao concluda com a observao de que dos servios executados nada perdido. A
recicladora incorpora a nova mistura betuminosa dos remendos, que parte integrante da nova camada
reciclada juntamente com o antigo revestimento e parte da brita graduada simples.
17. Outro ponto determinante para o aditivo contratual foi o redimensionamento da camada de base
reciclada, justificado s fls. 523/582. Foi realizado um estudo de trfego para verificar e atualizar os
parmetros de carregamento necessrios para dimensionar o reforo do pavimento.
18. A nova contagem volumtrica/classificatria realizada em julho de 2004 indicou uma mudana
significativa do perfil de carregamento desde o levantamento inicial em 2001, o que justificaria uma
reviso do dimensionamento do reforo para a vida til do projeto, do ano de 2006 ao final de 2015.
Como agravante deve ser mencionado o fato de no ter sido cumprido o projeto no que se refere ao incio
da contagem de vida til de 2003 a 2012, portanto uma defasagem de trs anos.
19. Aps explanao sobre os parmetros e o modelo de dimensionamento a ser adotado na reviso
(fls. 530/571), foram apresentadas as justificativas das solues adotadas e o respectivo detalhamento do
reflexo fsico/financeiro (fls. 572/582). Foi relembrado que em 2001, entre trs possveis solues para o
projeto de restaurao, optou-se por uma reciclagem com espuma-asfalto e cimento com espessura de
12,0 cm.
20. Em 2002 o Departamento de Estradas de Rodagem do Paran DER/PR realizou servios
idnticos em trecho da PR-092, numa extenso de 14,0 km, prxima rodovia federal em comento. O
trecho apresentou problemas do surgimento precoce dos dois fenmenos que atingem os pavimentos: a
fadiga (trincamento) e a deformao permanente (afundamento das trilhas de rodas), praticamente em
toda a extenso executada. Relatrios posteriores apontaram uma srie de erros executivos: confinamento
d'gua nas camadas inferiores, deficincias granulomtricas, geomtricas e de compactao da estrutura
reciclada, deficincias tambm nas camadas de reforo com misturas betuminosas, consideradas
inadequadas.
21. Considerados esses fatos e o novo estudo de trfego realizado, que indicou um aumento
significativo do trfego pesado na rodovia federal e novos parmetros para dimensionamento, procurou-se
obter um ganho estrutural compatvel aumentando a espessura da espuma-asfalto na reciclagem em mdia
para 17,5 cm. A nova condio estrutural obtida permitiu tambm uma reduo na espessura de concreto
betuminoso de 7,5 para 5,0 cm.
22. Por ltimo, foi tambm apresentado um incremento na drenagem tendo em vista o insucesso da
reciclagem com espuma de asfalto na PR-092. concluiu-se que a prpria gua utilizada no processo de
compactao ficou confinada em muitos pontos devido falta de drenagem subsuperficial adequada. No
novo projeto os dispositivos de drenagem foram aumentados para a segurana no aspecto da execuo da
reciclagem com o intuito de evitar ou at mesmo eliminar pontos de confinamento da gua mecnica
necessria para compactao da nova mistura reciclada. A relao e localizao dos drenos encontram-se
detalhados s fls. 584/586.
23. Em resumo, as alteraes de projeto trouxeram um incremento financeiro de 9,90%. As
justificativas apresentadas para sua aprovao nortearam-se nos estudos tcnicos promovidos pela 9
UNIT/DNIT, atual Superintendncia Regional do DNIT no Estado do Paran. Foi fundamentado na
experincia negativa na rodovia estadual PR-092, prxima ao trecho, e em novo estudo de trfego da
rodovia federal, realizado em virtude do tempo transcorrido entre o estudo anterior e o final do processo
licitatrio, o que demandou novos parmetros para clculo do reforo no pavimento.
Critrio de medio global:
24. A equipe de auditoria apontou no relatrio inicial que foi firmada um contrato para obra
rodoviria pelo regime de preo global sem que os projetos, que serviram de base para a licitao,
tivessem os elementos necessrios e suficientes execuo completa da obra.
25. Na Lei 8.666/93 o regime de empreitada por preo global caracterizado quando se contrata a
execuo da obra ou do servio por preo certo ou total. A princpio, trataria-se de contrato firmado na
modalidade turn key - por meio da qual, uma vez estabelecido o preo global da obra, a empresa
contratada assume os riscos advindos de eventuais modificaes necessrias consecuo do objeto
contratado.
26. A explanao da equipe s fls. 25/30 teve por objetivo demonstrar como os contratos de
construo/restaurao de rodovias esto sujeitos a serem alterados, modificados. comum que os
369
contratos administrados pelo DNIT sofram acrscimos de servios e de valor contratual ou simplesmente
substituio de servios sem reflexo financeiro. A falta de continuidade no fluxo de pagamentos por
parte da Unio e as paralisaes dos servios resultam em mudana nas condies da obra, por vezes at
retrabalho em funo da perda de servios j realizados.
27. Os fatos j relatados para o presente contrato corroboram com a concluso de que o regime de
empreitada global inadequado para servios em rodovias administrados pelo DNIT. A prpria empresa
j solicitou alteraes de quantitativos e firmou o 1 Termo Aditivo com aumento do valor contratual
calada em composio de preos unitrios.
28. O contrato por empreitada global s seria vivel a partir de um projeto executivo extremamente
detalhado em uma obra estanque, no suscetvel a alteraes. O que no o caso das licitaes do DNIT,
feitas a partir de um projeto bsico. No presente caso, o edital at previa que a empresa vencedora deveria
considerar a hiptese da obra ser executada concomitantemente com a elaborao do projeto executivo
(item 26 do Edital, anexo 2).
29. No entender da equipe de auditoria a conseqncia danosa ao Errio poderia vir da medio por
percentuais de servios realizados, sem detalhamento dos servios. Deve-se mencionar que apesar dos
servios terem sido iniciados em 16/7/2004 o DNIT s emitiu uma norma com critrios de medio em
13/10/2004, a Instruo de Servio 2.
30. Esta instruo estabelece que a medio ser feita por meio da verificao do cumprimento das
parcelas dos eventos, e conceitua parcela como o percentual de execuo de um evento, e evento como o
tipo de atividade a ser executada na obra, por exemplo: terraplenagem, pavimentao, drenagem, etc.
31. Em 31/1/2005 o Engenheiro Supervisor do DNIT em Londrina, responsvel pela fiscalizao
dessa obra, encaminhou questionamento Procuradoria da 9 UNIT/PR sobre como deveriam ser tratadas
as diferenas de quantitativos constatadas entre o projeto e a execuo. Em suma:
- caso os quantitativos de servios propostos na planilha sejam menores que o necessrio, o DNIT
dever aditar o contrato agregando quantidade inicial o quantitativo que falta?
- e no caso inverso, caso haja excesso de servios previstos na planilha, que no necessitam ser
executados, os mesmos devero ser reduzidos da parcela de pagamento ou a empresa receber o valor
integral?
32. Posteriormente, em 29/3/2005, o Procurador Federal da 9 UNIT argumenta, embora
preliminarmente, que a celebrao de aditivo, incluindo novos servios no objeto do contrato, transforma,
na prtica, o contrato a preo global na modalidade a preo unitrio.
33. A nova inspeo realizada no DNIT teve como objetivo verificar os procedimentos de medio
adotados e suas conseqncias. Foi verificado que a obra encontra-se praticamente concluda. Os servios
encontram-se paralisados desde 15/9/2006 e o contrato sofreu novo incremento para R$ 51.775.173,38 a
preos iniciais, por meio do Terceiro Termo Aditivo, o que confirma a necessidade de identificao
constante dos quantitativos e preos unitrios dos servios.
34. Quanto aos procedimentos de medio, no caso concreto no foram causa de dano ao Errio em
virtude dos controles efetuados pela 9 UNIT. At maro de 2005 as medies foram lanadas nos
sistemas do DNIT a partir de quantitativos e preos unitrios, como pode-se verificar pelos relatrios de
controle fsico e financeiro s fls. 676/677.
35. Posteriormente foi adotado o modelo de lanamento de percentuais sobre ttulos genricos dos
servios realizados. Pode-se verificar pelo documento Controle Fsico fl. 691, relativo medio de
agosto de 2006, que no h registro de quantitativo mas somente o percentual e seu correspondente valor
financeiro, como por exemplo da Terraplenagem com 95,30% realizado perfazendo R$ 16.445.388,23 de
um total de R$ 17.255.803,14 previsto.
36. Na verdade no est mais disponvel no sistema a evoluo dos quantitativos de servios
unitrios realizados. Os documentos do sistema, medio resumo, controle fsico e controle financeiro,
foram transformados em referenciais unicamente financeiros, conforme pode-se verificar s fls. 689/691.
37. O que garante a confiabilidade dos dados atualmente o processo administrativo de medio da
9 UNIT (fls.679/697): trata-se de um conjunto de documentos que inclui o detalhamento das medies
feitas, por servio e local (fls. 693/694). Alm disso, h outros documentos disponveis no DNIT que
detalham o acompanhamento dos trabalhos, denominado controle de projetos, devidamente assinado pelas
partes (fls. 699/700).
370
38. A conseqncia visvel a maior dificuldade nos servios de fiscalizao por parte dos rgos
de controle, visto que o sistema no contm mais os preos e quantitativos unitrios. Os dados esto
disponveis apenas em documentos existentes nas unidades regionais do DNIT. Ademais, no h garantia
de que outras unidades mantenham os mesmos controles verificados no Paran.
39. Por tudo o que foi exposto, inadequado e desnecessrio o procedimento do DNIT de licitar e
contratar obras rodovirias pelo regime de execuo por preo global. Os aditivos contratuais, o atraso
nos pagamentos por parte da Unio e as interrupes dos servios constituem motivos para que se adote o
modelo de medio por preos unitrios. Ademais, o sistema SICRO2 possui nomenclatura e
discriminao adequada para os servios.
Concluso:
40. Diante do exposto, proponho com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/92 c/c o art. 250,
inciso II, do Regimento Interno/TCU:
a) acatar as razes de justificativa apresentadas pelos Srs. Hideraldo Luiz Caron, Carlos Alberto
Cotta e Alexandre Silveira de Oliveira;
b) determinar ao DNIT - Departamento Nacional de Infra-Estrutura dos Transportes que somente
promova as medies de servios em obras rodovirias por quantitativos unitrios de servios realizados,
tomando por base as referncias que constam nas tabelas SICRO2 e registrando os respectivos dados em
seus sistemas informatizados, e
c) arquivar o presente processo.
o Relatrio.
VOTO
Com relao inpcia do projeto bsico inicial da obra em exame, levando necessidade de
alteraes que aumentaram o valor do contrato de execuo em 9,9%, a Secex/PR entende que tais
alteraes se justificaram em razo de novo estudo de trfego da rodovia, feito pela obsolescncia do
estudo inicial, causada pela demora na realizao da licitao, e da experincia obtida com a restaurao
de rodovia estadual que serve de alternativa estrada federal.
2. Tais estudos indicaram a necessidade de um reforo na estrutura da estrada, em relao soluo
inicial, o que permitir rodovia absorver trfego mais intenso. Pode-se concluir, portanto, que a
alterao contratual acarretou algum benefcio para o usurio final da rodovia, no se tratando de mera
correo de imperfeies do projeto ou, o que pior, de tentativa de atenuar, para a contratada, as
condies econmico-financeiras advindas da licitao, como ocorre com certa freqncia nas revises a
que so submetidos quase a totalidade dos contratos rodovirios celebrados pelo Dnit. Resta, assim,
concordar com a proposta da Unidade Tcnica no sentido do acolhimento das razes de justificativa
apresentadas pelos responsveis.
3. Desejo, no entanto, manifestar discordncia em relao ao pensamento externado pela zelosa
Secex/PR de que tais alteraes, em se tratando de obras rodovirias, so normais e at inevitveis, e que,
por essa razo, o regime de execuo desse tipo de contrato deveria ser sempre o de empreitada por
preos unitrios. Entendo, diversamente, que as alteraes contratuais, embora tenham previso no
estatuto de licitaes e contratos administrativos, tm carter claramente excepcional, notadamente as que
interferem na situao econmico-financeira da avena. Para estas, alis, h que se exigir sempre que
tenham como resultado um ganho palpvel, qualitativo ou quantitativo, para o interesse pblico nos
termos das alneas a e b, inciso I, do art. 65 da Lei 8.666/1993.
4. Alteraes que tenham como motivao exclusiva a correo de erros de projeto, envolvendo, o
mais das vezes, aspectos eminentemente tcnicos, de difcil ou impossvel compreenso por parte de
quem no dispe dos conhecimentos especficos necessrios, tm escassa seno inexistente
fundamentao legal, e devem, por isso e por serem facilmente utilizveis como reserva mental para
manipulaes indevidas, serem sempre alvo de suspeita acerca das suas reais finalidades. Em um quadro
em que a alterabilidade essencial dos contratos, em vez de excepcional, se torna na verdade a regra, a tal
ponto exacerbada que o processo revisional j se inicia mal assinado o termo contratual, que o que se
verifica na maioria dos contratos rodovirios, no h como no considerar tal quadro como reflexo de
371
uma grave anomalia administrativa, que ainda est para ser devidamente enfrentada e suprimida pelos
administradores do Dnit.
5. At que ocorra o equacionamento dessa grave falha administrativa, restar Corte de Contas,
sempre que confrontada com a prtica por tudo perniciosa da reviso contratual indiscriminada, perquirir
minudentemente de suas verdadeiras intenes e aplicar as cominaes previstas em lei a todos os
responsveis pelas alteraes indevidas, inclusive, se for o caso, os autores de projetos ineptos. Alm
disso, bom lembrar que, nos exatos termos do art. 7, 6, da Lei 8.666/1993, so nulos de pleno direito
os atos e contratos derivados de licitaes baseadas em projeto incompleto, defeituoso ou obsoleto,
devendo tal fato ensejar no a alterao do contrato visando correo das imperfeies, mas sua
anulao para realizao de nova licitao, bem como a responsabilizao do gestor faltoso.
6. Dito isso, passo a examinar a proposta de determinao ao Dnit, formulada pela Secex/PR, no
sentido de somente promover medies de servios executados pelos quantitativos efetivamente
executados dos servios medidos, abstendo-se de faz-lo mediante atribuio de percentuais determinados
incidentes sobre grupos de servios. A esse respeito, consta que o Dnit baixou regulamentao interna a
Instruo de Servio 2/2004 dispondo que a verificao dos servios executados ser indicada pelos
percentuais de execuo dos eventos previstos no contrato, definindo-se evento como as classes em que
se agrupam os servios rodovirios, como terraplenagem, pavimentao, etc.
7. A Secex/PR informa que a Superintendncia Regional da autarquia dispe de relatrios
detalhados dos servios executados, objeto das medies peridicas, e que tambm h outros documentos
que sintetizam os quantitativos de cada servio previsto no contrato, documentos esses que ficam
disposio dos rgos de controle. Mas considera que tal documentao pode muito bem no ser
disponibilizada em outros estados, impedindo o acesso s informaes relativas aos quantitativos
efetivamente executados de cada servio. Em face desse possvel prejuzos atividade de controle, a
Secex/PR prope a transmisso da determinao referida.
8. Entendo que a preocupao manifestada pela Unidade compreensvel, mas a determinao
suscitada est a carecer de uma demonstrao mais robusta da ilegalidade da normatizao interna
baixada pelo Dnit e, qui, do pronunciamento do titular da autarquia acerca da impugnao aqui feita.
Com efeito, no se pode negar entidade, sem motivao suficientemente forte, o direito de organizar e
regulamentar o registro das medies dos servios executados, ainda mais sem que se tenha verificado no
caso concreto qualquer prejuzo fiscalizao exercida pelo Tribunal. Assim, pelo menos no presente
processo, os elementos acenados pela Secex parecem-me, com a devida vnia, insuficientes para efetuar
determinao que eqivale ao reconhecimento da ilegalidade do normativo interno do Dnit.
9. Na verdade, penso que a Unidade Tcnica, ao propor a determinao, tinha em mente a aludida
impossibilidade ou inadequao do regime por empreitada global para as obras rodovirias, conforme
comentado acima. Como o pagamento das parcelas adimplidas nesse regime se d por marcos ou eventos
contratuais, conforme previsto no art. 40, 3, da Lei 8.666/1993, a Secex/PR cr que tal regime de
medio tambm no aplicvel aos contratos rodovirios, dada a sua alterabilidade imanente, da a
impugnao da metodologia. Mas, como j visto, no convm encarar tal alterabilidade como a regra e
sim como exceo, no se podendo inclusive afastar a hiptese de que o Dnit esteja, com a nova
regulamentao, buscando combater o excesso de revisionismo contratual que ali impera cronicamente,
sendo essa mais uma razo pela qual no conviria anuir determinao alvitrada pela Secex/PR.
10. Nada obstante, nada impede que a Segecex seja instada a, em conjunto com a Adfis e a Secob,
programar um trabalho de fiscalizao no Dnit com vistas verificao da regularidade da Instruo de
Servio 2/2004, versando sobre a forma de registro de medies efetuadas pela autarquia, exame que
poder se estender legitimidade da motivao que deu origem norma e s repercusses da nova
sistemtica, inclusive para os trabalhos de auditoria afetos a esta Corte de Contas.
11. Por fim, entendo que no se mostra necessrio fazer, nesse momento, a comunicao de praxe
ao Congresso Nacional, acerca da situao da obra em exame, uma vez que a j foi encaminhado
Comisso do Oramento relatrio consolidado das auditorias Fiscobras realizadas em 2005.
Ante o exposto, Voto por que seja adotada a deliberao que ora submeto a este Colegiado.
TCU, Sala das Sesses, em 14 de maro de 2007.
372
AUGUSTO NARDES
Ministro-Relator
ACRDO N 353/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n TC-004.527/2005-0 (c/ 3 volumes).
2. Grupo I, Classe de Assunto V: Relatrio de Levantamento de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes Dnit.
4.1. Vinculao: Ministrio dos Transportes.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Secex/PR.
8. Advogado constitudo nos autos: no atuou.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatrio de levantamento de auditoria realizado em
obras de Recuperao de Trechos Rodovirios na BR-153/PR, trecho Divisa SP/PR-Entroncamento com a
BR-272, no Estado do Paran, sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infra-Estrutura dos
Transportes Dnit,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. acatar as razes de justificativa apresentadas pelos Srs. Hideraldo Luiz Caron, Carlos Alberto
Cotta e Alexandre Silveira de Oliveira, membros da diretoria do Departamento Nacional de InfraEstrutura de Transportes Dnit;
9.2. determinar Segecex que, em conjunto com a Adfis e a Secob, programe trabalho de
fiscalizao no Dnit com vistas verificao da regularidade da Instruo de Servio 2/2004, versando
sobre a forma de registro de medies efetuadas pela autarquia, devendo o exame se estender
legitimidade da motivao que deu origem norma e s repercusses da nova sistemtica, inclusive para
os trabalhos de auditoria afetos a esta Corte de Contas.
9.3. arquivar o presente processo.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0353-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator) e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
AUGUSTO NARDES
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
373
RELATRIO
Trata-se de relatrio de levantamento de auditoria realizado nas obras de Construo de Trechos
Rodovirios na BR-319, no Estado do Amazonas, trecho Manaus-Divisa AM/RO, objeto do Programa de
Trabalho 26.782.0236.1248.0013. A fiscalizao foi realizada no mbito do Fiscobras 2006.
2. Em seu relatrio de fls. 1/48, a equipe sugeriu, preliminarmente, fosse realizada a audincia dos
responsveis pelo Dnit em face das irregularidades detectadas no levantamento, bem como que se fizesse
diligncia junto Superintendncia do Ibama no Amazonas para esclarecimento concernente ao
licenciamento ambiental da obra. Promovidas as medidas processuais propostas, foi lanada, no mbito
da Secex/AM, a instruo de fls. 106/113, encampada pela Sr Diretora e pela Sr Secretria da Unidade,
que analisou com suficincia as questes tratadas nos autos, razo pela qual passo a transcrev-la a seguir,
praticamente na ntegra:
2. Quatorze indcios de irregularidades foram registrados no presente relatrio de levantamento de
auditoria (fls. 1/48 Vol. Princ.). Sete apontados em fiscalizaes anteriores, sendo dois tratados no TC005.890/2001-2 (contratos PD/01/16/2001-00 e PD/01/05/2000-00) e cinco tratados no TC-006.070/20053 (contratos PP-047/2005-00, PP-048/2005-00, PP-049/2005-00, PP-050/2005-00 e Edital 456/2000-01),
alm dos sete da presente fiscalizao, sendo quatro classificados como grave com paralisao, pela falta
de projeto executivo e projeto bsico inadequado, incompleto, defasado e descaracterizado em relao
obra (contratos PD/01/15/2001-00, PD/01/10/2000-00, PD/01/14/2001-00 e PD/01/20/2001-00), dois,
ocorridos no empreendimento, classificados como grave com continuidade, pela inexistncia da licena
ambiental, e um classificado em outras irregularidades devido a deficincia na fiscalizao/superviso da
obra.
3. A proposta de encaminhamento da equipe solicita que sejam ouvidos em audincia diversos
responsveis, seja realizada uma diligncia Superintendncia Estadual do IBAMA no Amazonas e
determinao ao DNIT para que adote providncias quanto empresa COMAGI (fls. 38/43 Vol.
Principal)
4. Consoante Despacho, s fls. 62 Vol. Princ., o Exmo. Ministro-Relator Augusto Nardes
autorizou a realizao das audincias propostas, executadas pela SECEX/AM por meio dos ofcios 3091,
3092, 3094, 3095, 3104 e 519, da seguinte forma:
PROJETO EXECUTIVO
OFCIO
RESPONSVEL
(1)
SECEX/AM
(2)
(3)
(4)
(5)
Hideraldo Luiz Caron
3091/2006
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Mauro Barbosa da Silva
3092/2006
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Hugo Sternick
3094/2006
No
Sim
Sim
Sim
Sim
Alexandre Silveira Oliveira
3095/2006
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
ngela Maria Barbosa Parente 3104/2006
Sim
No
No
No
No
Henrique dos Santos Pereira
519/2006
(6)
No
No
No
No
(1) inexistncia do Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado junto com
o IBAMA, previsto na Portaria Interministerial (MMA/MT) n. 273, de 03 de novembro de 2004, at a
presente data, para a execuo das obras no trecho Humait/AM - Porto Velho/RO, trecho compreendido
do Km 655,7/877,4, bem como ausncia de licenciamento ambiental, conforme Resoluo 237/97CONAMA para os trechos do Km 370,0/655,4 da BR-319.
(2) inexistncia de Projeto Executivo concludo, at a presente data, para a execuo das obras no
lote 1 (Km 678,6 - Km 723,6), no trecho Humait/AM - Porto Velho/RO, da BR-319. A demora
374
excessiva quanto a anlise da minuta final de projeto torna invivel o reincio dos trabalhos na BR-319 e,
neste sentido, lesiva ao patrimnio pblico e atenta aos Princpios da Eficincia e Economicidade.
(3) inexistncia de Projeto Executivo concludo, at a presente data, para a execuo das obras no
lote 2 (Km 723,6 - Km 768,6), no trecho Humait/AM - Porto Velho/RO, da BR-319. A demora
excessiva quanto a anlise do ante-projeto torna invivel o reincio dos trabalhos na BR-319 e, neste
sentido, lesiva ao patrimnio pblico e atenta aos Princpios da Eficincia e Economicidade.
(4) inexistncia de Projeto Executivo concludo, at a presente data, para a execuo das obras no
lote 3 (Km 768,6 - Km 818,6), no trecho Humait/AM - Porto Velho/RO, da BR-319. A demora
excessiva quanto a anlise do ante-projeto torna invivel o reincio dos trabalhos na BR-319 e, neste
sentido, lesiva ao patrimnio pblico e atenta aos Princpios da Eficincia e Economicidade.
(5) inexistncia de Projeto Executivo concludo, at a presente data, para a execuo das obras no
lote 4 (Km 818,6 - Km 877,4), no trecho Humait/AM - Porto Velho/RO, da BR-319. A demora
excessiva quanto a anlise da minuta final de projeto torna invivel o reincio dos trabalhos na BR-319 e,
neste sentido, lesiva ao patrimnio pblico e atenta aos Princpios da Eficincia e Economicidade.
(6) diligncia, para informar a esta Secretaria o motivo de ainda no ter sido formalizado, para o
trecho Humait/AM Porto Velho/RO, o Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC)
assinado junto ao DNIT, previsto na Portaria Interministerial (MMA/MT) 273. De 3 de novembro de
2004, apesar do DNIT ter fornecido as informaes necessrias, tendo inclusive dado entrada na
MINUTA de TAC no IBAMA.
5. Inicialmente verificamos as informaes prestadas pelo Dr. Valmir Gabriel Ortega, presidente do
IBAMA substituto, por meio do ofcio 849/06-GP-IBAMA, de 26/9/2006, s fls. 04/18, Anexo II, em
ateno ao ofcio de diligncia. Destacamos, da documentao enviada, os seguintes esclarecimentos:
INFORMAO TCNICA 021/2006/COAIRCGLIC/DILIQ-IBAMA (fls. 11 Anexo II)
Assunto: Licenciamento Ambiental
Data: 7 de fevereiro de 2006
Posteriormente, o DNIT encaminhou o documento intitulado Relatrio Ambiental da BR-319
Diagnstico Scio-Ambiental, para valer-se deste documento como se fosse um Estudo de Impacto
Ambiental da rodovia. No entanto conforme anlise tcnica desta este documento apresentou-se
inadequado tanto em relao aos ditames da Portaria Interministerial 273/04 (para os Trechos 1, 2 e 5),
quanto aos critrios mnimos exigidos de qualquer Estudo Ambiental para fins de licenciamento (para os
trechos 3 e 4). Pois este documento no apresenta qualquer avaliao de impacto ambiental da
implantao e pavimentao da rodovia, necessria para a apreciao da viabilidade ambiental do projeto.
OFCIO 498/2006-DILIC/IBAMA, de 11/8/2006 (fls. 14 Anexo II)
Este Instituto j encaminhou diversas vezes a este DNIT, para sua Coordenao-Geral de Meio
Ambiente CGMAB/DPP/DNIT, expedientes quanto aos posicionamentos e procedimentos a serem
desenvolvidos para o licenciamento ambiental da rodovia BR-319, entre Manaus e Porto Velho.
MEMO 131/2006-CGTMO/DILIC/IBAMA, de 19/9/2006 (fls. 5/7 Anexo II)
Quanto formalizao do Termo de Ajustamento de Conduta, este Instituto aguarda desde 24 de
novembro de 2005 as adequaes a serem enviadas pelo DNIT, referentes a critrios mnimos para
levantamento da situao ambiental requisitada pela Portaria Interministerial 273/04 para os Trechos 1, 2
e 5 da rodovia BR-319, para subsidiar a elaborao de minuta do Termo de Ajustamento de Conduta, bem
como a anlise da possibilidade de sua assinatura entre IBAMA e DNIT. Tal levantamento da situao
ambiental demanda as seguintes informaes que at o momento no foram apresentadas pelo DNIT: I
levantamento do passivo ambiental; II proximidade de unidade de conservao, de terras indginas e de
reas especialmente protegidas; III caracterizao da vegetao predominante e seu estgio de
conservao; e IV a existncia de reas de apoio potencialmente utilizveis, como canteiros-de-obra
abandonados e jazidas comerciais.
Assim, na ausncia de apresentao por parte do DNIT dessas informaes mnimas sobre os
Trechos 1, 2 e 5 da rodovia BR-319 se torna impossvel a formalizao de TAC pelos ditames da Portaria
Interministerial 273/04, assinada entre Ministrio dos Transportes e Ministrio do Meio Ambiente.
Quanto aos Trechos 3 e 4, no entendimento deste Instituto faz-se necessria apresentao de requerimento
de licenciamento ambiental das obras da rodovia nesses trechos, para incio dos procedimentos de
licenciamento ordinrio, devidos as obras enquadraram-se como construo da rodovia, bem como devido
375
elevada fragilidade ambiental do entorno da mesma, com posterior apresentao de Estudo de Impacto
Ambiental, conforme delimitao apresentada por este IBAMA.
Desta forma, conforme se constata das informaes apresentadas neste documento, as demandas
necessrias ao licenciamento ambiental da rodovia BR-319, seja para regularizao ambiental nos
Trechos 1, 2 e 5 ou para licenciamento ordinrio nos Trechos 3 e 4, encontram-se exclusivamente a cargo
do DNIT, o qual no procedeu a apresentao das informaes necessrias, nem sequer atendeu aos
requisitos exigidos para o licenciamento ambiental das obras de pavimentao da rodovia BR-319.
Anlise
6.0 Extrai-se dessas informaes que o IBAMA tem buscado solucionar a falta de licenciamento
ambiental da rodovia BR-319, porm o DNIT, at recentemente, ainda no havia conseguido atender aos
requisitos solicitados pelo rgo ambiental.
7.0 Os questionamentos (2), (3), (4) e (5) referentes a inexistncia dos projeto executivos, objeto
das audincias, foram respondidos com os seguintes argumentos (Responsveis: Hideraldo Luiz Caron,
fls. 79, Anexo II; Mauro Barbosa da Silva, (fls. 49, Anexo II; Hugo Sternick, fls. 19, Anexo II; Alexandre
Silveira de Oliveira, fls. 131, Anexo II):
informamos que os projetos executivos para restaurao, pavimentao e melhoramentos da BR319/AM, lotes 01, 02, 03 e 04, inclusive lote 05, foram aprovados, conforme portarias abaixo
relacionadas, cujas cpias anexamos.
Anlise
8.0 Desta forma, haja vista que os projetos executivos do trecho da rodovia BR-319, entre o
municpio de Humait/AM e a divisa AM/RO (Km 655,7 ao Km 877,4) esto concludos e foram
aprovados pelo DNIT, consideramos sanadas as irregularidades 8, 9, 10 e 11, apontadas no relatrio de
levantamento de auditoria, classificadas como graves e que recomendavam a paralisao das obras.
9.0 O questionamento (1) relativo a inexistncia do Termo de Compromisso de Ajustamento de
Conduta (TAC) assinado junto com o IBAMA, previsto na Portaria Interministerial (MMA/MT) n. 273,
de 3 de novembro de 2004, at a presente data, para a execuo das obras no trecho Humait/AM - Porto
Velho/RO, trecho compreendido do Km 655,7/877,4, bem como ausncia de licenciamento ambiental,
conforme Resoluo 237/97-CONAMA para os trechos do Km 370,0/655,4 da BR-319, obteve idnticas
justificativas, que a cpia das alegaes de defesa encaminhadas pela Sra. ngela Parente, s fls. 41/8
Anexo II, da qual destacamos os seguintes trechos (Hideraldo Luiz Caron, fls. 97/102, Anexo II; Mauro
Barbosa da Silva, fls. 68/73, Anexo II; Hugo Sternick, fls. 19, Anexo II; Alexandre Silveira de Oliveira,
fls. 118/23, Anexo II):
No que se refere, portanto, ausncia de licenciamento ambiental, para os trechos do Km
370,0/655,4 da BR-319, conforme referido em seu ofcio em epgrafe, cujas aes encontram-se
paralisadas por determinao desse Tribunal, estamos agendando nova reunio com o IBAMA, com o
objetivo de esclarecer as razes que levaram excluso deste trecho das disposies da PI 273/04 e de
negociar uma soluo para esta controvrsia.
Cabe igualmente destacar trechos da Deciso prolatada, em 17 de novembro de 2005, pelo
Desembargador Federal ALOISIO PALMEIRA LIMA, Presidente do Tribunal Regional Federal da 1
Regio, a respeito da continuidade das obras da BR-319:
12 Em face do exposto, suspendo, em parte, os efeitos da deciso prolatada nos autos da ao civil
pblica n. 2005.32.00.005731-4, para que se restrinja ao Trecho do Km 370 ao 655,7 da Rodovia AR
319/AM, de sorte que no prejudique a continuidade das obras referentes aos trechos do Km 166 ao Km
370 e do Km 655,7 ao Km 877,4, liberados pelo Tribunal de Contas da Unio.
importante destacar que, em razo do tempo que se revelou necessrio para a complementao
dos dados e consolidao dos levantamentos da situao ambiental da malha rodoviria, nenhum TAC
previsto na PI 273/04 foi ainda assinado.
Em concluso, julgamos necessrio ultimar tanto a consolidao do levantamento da situao
ambiental da BR-319, nos moldes acordados com o IBAMA para toda a malha rodoviria, como elaborar
os projetos de recuperao dos passivos e problemas ambientais que devem compor o Programa
Nacional de Regularizao Ambiental das Rodovias Federais pavimentadas.
376
Este trabalho, no que se refere s rodovias classificadas como prioritrias, dentre as quais a BR-319,
deve ser concludo, como vimos, nos prximos 6 meses e constitui condio fundamental para a
celebrao dos compromissos da regularizao.
Quanto ao licenciamento ambiental do trecho em epgrafe, esperamos solucion-lo, pela via da
negociao, no mais breve prazo possvel, para que a obra possa ser retomada em sua plenitude.
Finalmente, como se pode observar, o DNIT vem cumprindo inteiramente os compromissos e
passos previstos no processo de regularizao ambiental institudo pela Portaria Interministerial, inclusive
no que se refere BR-319, seja consolidando o levantamento da situao ambiental das rodovias, nos
termos acordados com o rgo licenciador, seja buscando esclarecer e negociar, atravs da AGU e na
relao interinstitucional, dvidas quanto aplicao do PI 273/04.
Anlise
10. Da mesma forma que o IBAMA, o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes
DNIT est trabalhando com o intuito de solucionar a falta de licenciamento ambiental das obras da BR319. Entretanto, at o presente momento, a rodovia BR-319, do trecho que inicia s margens do Rio
Amazonas, no municpio do Careiro/AM, at o Rio Madeira no municpio de Porto Velho/RO no possui
licenciamento ambiental, que procedimento administrativo pelo qual o rgo ambiental competente
licencia a localizao, instalao, ampliao e a operao de empreendimentos e atividades utilizadoras
de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer
forma, possam causar degradao ambiental, considerando as disposies legais e regulamentares e as
normas tcnicas aplicveis ao caso.
11. Destacamos que, de acordo com relatrio de levantamento de auditoria s fls. 32/3 Vol. Princ.,
as irregularidades 12 e 13, do tipo Irregularidade graves concernentes ao aspecto ambiental, pela
inexistncia do Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) trecho do Km 655,7 ao Km
877,4 e inexistncia de licenciamento ambiental trecho do Km 370,0 ao Km 655,7, respectivamente,
foram classificadas como grave com continuidade.
12. Essa classificao dada no relatrio de auditoria bastante apropriada, pois no penaliza, de
imediato, as obras e servios, uma vez que possibilita solucionar a falta das licenas, sem que haja a
possvel recomendao ao Congresso Nacional da paralisao das obras e o conseqente bloqueio dos
recursos do Oramento da Unio.
13. importante ressaltar a Deciso prolatada pelo Desembargador Federal, Alosio Palmeira Lima,
Presidente do Tribunal Regional Federal da 1 Regio, em Suspenso de Segurana 2005.01.00.0669910/AM, que suspendeu, em parte, os efeitos da deciso prolatada nos autos da ao civil pblica n.
2005.32.00.005731-4, para que se restrinja ao Trecho do Km 370 ao 655,7 da rodovia BR-319/AM, de
sorte que no prejudique a continuidade das obras referentes aos trechos do Km 166 ao Km 370 e do Km
655,7 ao Km 877,4, liberados pelo Tribunal de Contas da Unio.
14. A irregularidade 14 do relatrio de levantamento de auditoria, classificada em Outras
Irregularidades, devido a deficincia na fiscalizao/superviso da obra, refere-se na demora excessiva
na anlise e aprovao das minutas e projeto final. Considerando que os projetos encontram-se aprovados
pelo DNIT consideramos a irregularidade sanada.
Concluso
15. Das sete irregularidades verificadas no presente relatrio de levantamento de auditoria, quatro
classificadas como graves com paralisao foram sanadas ante a aprovao dos projetos executivos, duas
classificadas como grave com continuidade esto sendo tratadas, tanto pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis IBAMA quanto pelo Departamento Nacional de InfraEstrutura de Trasnportes DNIT, com bastante empenho, a fim de cumprir as normas da Portaria
Interministerial 273/2004, que criou diretrizes para o Programa Nacional de Regularizao Ambiental de
Rodovias Federais. De acordo com as informaes prestadas pelos responsveis do DNIT, o
licenciamento ambiental dever ser solucionado, pela via da negociao, no mais breve prazo possvel,
para que a obra possa ser retomada em sua plenitude.
16. A stima e ltima irregularidade apontada na presente fiscalizao foi sanada com a aprovao
dos projetos executivos pelo DNIT.
17. As irregularidades apontadas em fiscalizaes anteriores foram tratadas no TC-005.890/2001-2
e TC-006.070/2005-3, sendo aquele apenso a este.
377
378
VOTO
Segundo informa a Secex/AM, todas as seis irregularidades graves anotadas no relatrio de
auditoria de que se trata foram saneadas ou esto em vias de serem solucionadas. As que se encontram j
resolvidas referem-se ao projeto executivo da obra, que foram elaborados e devidamente aprovados. As
duas irregularidades pendentes atinem ao licenciamento ambiental da obra, cujo processamento
considerado satisfatrio pela Secex/AM. Uma stima irregularidade, no-grave, tratada nos autos, relativa
demora na anlise dos projetos, torna-se insubsistente em vista da aprovao j efetuada.
2. Resta a este Tribunal retirar todas as restries feitas ao prosseguimento do empreendimento, a
exemplo do que foi feito para os outros trechos da mesma rodovia, que foram apreciados em processos
distintos, conforme Acrdos 1.326/2005-Plenrio e 1.836/2006-Plenrio, procedendo-se ao
arquivamento dos autos, como proposto pela Unidade.
Ante o exposto, Voto por que seja adotada a deliberao que ora submeto a este Colegiado.
TCU, Sala das Sesses, em 14 de maro de 2007.
AUGUSTO NARDES
Ministro-Relator
ACRDO N 354/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n TC 006.374/2006-7 (c/ 2 anexos).
2. Grupo I, Classe de Assunto V: Relatrio de Levantamento de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes Dnit.
4.1. Vinculao: Ministrio dos Transportes.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Secex/AM.
379
AUGUSTO NARDES
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
380
quaisquer indcios de manipulao indevida da planilha de preos e servios, no gera qualquer tipo de
crdito em favor da Administrao.
3. Na eventualidade de ter sido celebrado termo aditivo que evidencie a manipulao indevida da
planilha contratual, em prtica denominada de jogo de planilha, dever ser exigida a restaurao do
desconto percentual ofertado inicialmente pela licitante vencedora, a fim de manter as condies efetivas
da proposta e preservar a vantagem do contrato e, se for o caso, anulado o termo aditivo modificador das
condies originais.
RELATRIO
Trata-se de relatrio de levantamento de auditoria realizado nas obras do Complexo Virio do rio
Baquirivu, em Guarulhos, Estado de So Paulo, objeto do Programa de Trabalho 15.451.0805.1951.0018
(OGU 2003). A fiscalizao foi realizada no mbito do Fiscobras 2003.
2. A referida obra trar sensveis benefcios populao do municpio e aos usurios do Aeroporto
Internacional de Guarulhos, o mais movimentado do pas. Proporcionar tambm a interligao do
complexo aeroporturio com o Hospital Geral de Guarulhos, a criao de acessos a bairros diversos
daquela cidade, ao plo industrial municipal, central de abastecimento e ao Anel Virio Metropolitano,
alm de melhorar as condies de drenagem das guas do rio Baquirivu, em pocas de chuvas.
3. A obra vem sendo financiada com recursos das trs esferas de governo, sendo que, no mbito
federal, as dotaes dedicadas ao empreendimento foram consignadas a ministrios distintos ao longo do
tempo, comeando pelo Ministrio do Meio Ambiente, passando pelo Ministrio da Integrao Nacional e
depois Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano, que repassava os recursos ao executor
municipal mediante contratos de repasse celebrados com a Caixa Econmica Federal.
4. H apenas um contrato para execuo da obra, o Contrato 39/1999 que foi firmado em 30/6/1999
com a empresa Construtora OAS Ltda., no valor inicial de R$ 78.143.106,71, preos de junho de 1999.
5. A equipe responsvel pela fiscalizao anotou as seguintes irregularidades encontradas durante as
apuraes que efetuou, tais como foram descritas no relatrio:
- Irregularidade 1 (classificada como grave e ensejadora da paralisao da obra): inexistncia de
licenciamento ambiental. A obra j se encontra com 65% executada, considerando o aditivo a ser firmado,
e no possui sequer licena prvia, conforme informaes dos rgos ambientais competentes constantes
nos autos, em contrariedade ao art. 8 da Resoluo n 237/97. Em 2000, a OAS conseguiu apenas uma
autorizao do DPRN - Departamento Estadual de Proteo de Recursos Naturais para o corte de
vegetao, que no se confunde com nenhuma das licenas ambientais. A licena prvia deveria ter sido
obtida, conforme a mencionada resoluo, to logo fosse manifestado o interesse em realizar a obra
(poca de elaborao do projeto bsico), ou seja, antes mesmo da abertura da licitao. Os danos
ambientais, uma vez ocorridos, so em muitos casos irreversveis. Assim, indispensvel que a cada
etapa da obra se preceda licena ambiental respectiva (prvia, de instalao ou de operao);
- Irregularidade 2 (grave, paralisante): Alterao onerosa de projeto sem justificativa, em
desacordo com o art. 65 da Lei n 8666/93. A partir do Boletim de Medio 4 foram sendo observadas
modificaes dos servios executados em relao aos servios previstos no projeto bsico (itens 01.02 e
11.04), sem que existisse justificativa formal para tais alteraes. No ltimo boletim de medio (32
med. complementar), as mudanas j se apresentam bastante significativas, culminando com o aditivo de
aumento de quantitativos proposto pela OAS, ainda no assinado, que modifica bastante as quantidades
inicialmente previstas. A irregularidade foi decorrente da conduta dos engenheiros fiscais da obra e dos
diretores de obras pblicas, que concordaram com as modificaes informais do projeto, assinando os
boletins de medio, sem apontar a necessidade prvia de formulao de termo aditivo. Apenas em
relao ao encontro de solo diverso em alguns trechos, h motivo para a modificao dos servios, no
entanto, esse acontecimento no justifica todas as alteraes ocorridas;
- Irregularidade 3 (grave, paralisante): A partir da 11 medio parcial, com a modificao dos
quantitativos de servios que estavam sendo executados em relao aos inicialmente previstos, houve a
quebra do equilbrio econmico-financeiro do contrato, gerando prejuzo para a Administrao. A ttulo
de exemplo, observem-se, na tabela abaixo, alguns itens que sofreram modificao e seus percentuais de
distoro em relao aos preos de mercado, a data base de maro/98:
381
382
383
7. Submetido o feito ao seu ento Relator, insigne Ministro Humberto Guimares Souto, S. Ex, ao
tempo em que autorizou a realizao das audincias sugeridas pela Secex/SP, determinou a audincia dos
responsveis acerca da Irregularidade 3, relativa ao sobrepreo apontado, facultando-se contratada a
oportunidade de tambm manifestar-se, tendo em vista, entre outras razes, a possibilidade de
repactuao dos valores questionados para que passassem a refletir as condies de mercado.
8. As audincias foram promovidas e todos os responsveis, a contratada inclusive, encaminharam
suas razes de defesa, tendo sobre elas a Secex/SP, por meio da instruo de fls. 1758/1783, que foi
acolhida pelo Sr. Secretrio-Substituto da Unidade, se manifestado quanto ao mrito das ocorrncias
tratadas nos autos, nos termos que reproduzo a seguir:
5. Irregularidade 1: Autorizar e/ou homologar a abertura da licitao sem previso oramentria
suficiente para arcar com o custo da obra no exerccio vigente, em desacordo com o art. 7, 2, III, da Lei
n 8.666/93.
5.1. Ouvidos em audincia: Airton Tadeu de Barros Rabello, ento Secretrio de Obras de
Guarulhos e Presidente da Comisso de Licitao, e Jovino Cndido da Silva, ex-Prefeito do Municpio
de Guarulhos.
5.2. Argumentos de defesa (fls. 1045/1046 e 891/892, respectivamente):
5.2.1. Os responsveis afirmam, em sntese, que: a) quem determinou a verba oramentria para a
realizao da obra foi a Secretaria de Planejamento de Guarulhos e b) de acordo com suas diretrizes,
foram destinados obra recursos financeiros prprios, provenientes das dotaes convnio com o
Estado e pavimentao e servios complementares, alm de recursos originrios de outras fontes,
sendo que, em 1998, ano de publicao do Edital, a rubrica pavimentao e servios complementares
dispunha de uma dotao equivalente a R$2.500.000,00, suficiente para dar incio s obras.
5.3. Anlise:
5.3.1 As razes de justificativa so improcedentes, pois comparando o cronograma fsico-financeiro
da obra (fls. 86/89 do volume principal) com o Quadro Oramentrio da Prefeitura de 1998 ( fls. 134 do
volume principal), verifica-se que a dotao oramentria de R$ 2.500.000,00 sob a rubrica
pavimentao e servios complementares mais a previso de R$ 100.000,00 sob a rubrica convnio
com o Estado, a que os responsveis se referem, no seriam suficientes nem mesmo para arcar com as
despesas dos trs primeiros meses de execuo do contrato, que totalizam R$ 4.173.857,22 (fls. 86 do
volume principal), conforme quadro abaixo, elaborado com base no cronograma fsico-financeiro da obra
(fls. 86/89 do volume principal), sendo que os recursos previstos sob a rubrica convnio com o Estado
eram incertos, pois ainda dependiam da celebrao de convnio entre a Prefeitura e o Governo do Estado
de So Paulo.
Cronograma Fsico-Financeiro da Obra
Ms
Cronograma (R$)
Acumulado (R$)
Ms 1
670.647,98
670.647,98
Ms 2
1.507.705,17
2.178.353,15
Ms 3
1.995.504,07
4.173.857,22
Ms 4
1.446.554,75
5.620.411,97
Ms 5
914.045,31
6.534.457,28
Ms 6
1.418.686,17
7.953.143,45
Ms 7
1.978.059,94
9.931.203,39
Ms 8
2.212.756,03
12.143.959,42
Ms 9
2.712.142,07
14.856.101,49
Ms 10
2.742.135,93
17.598.237,42
Ms 11
2.897.360,07
20.495.597,49
Ms 12
2.956.758,11
23.452.355,60
Ms 13
3.113.071,28
26.565.426,88
Ms 14
3.072.450,77
29.637.877,65
Ms 15
3.244.722,89
32.882.600,54
Ms 16
3.546.340,24
36.428.940,78
Ms 17
3.666.315,69
40.095.256,47
Ms 18
3.347.314,67
43.442.571,14
384
Ms 19
3.328.881,74
46.771.452,88
Ms 20
3.196.908,23
49.968.361,11
Ms 21
2.907.954,37
52.876.315,48
Ms 22
2.936.653,63
55.812.969,11
Ms 23
3.004.576,62
58.817.545,73
Ms 24
2.994.112,46
61.811.658,19
Ms 25
2.667.043,43
64.478.701,62
Ms 26
2.083.746,95
66.562.448,57
Ms 27
1.474.549,03
68.036.997,60
Ms 28
912.644,65
68.949.642,25
Ms 29
518.426,23
69.468.068,48
Ms 30
423.795,36
69.891.863,84
Total
69.891.863,84
5.3.2. A omisso da Prefeitura quanto a existncia de previso oramentria para assegurar o
pagamento das obrigaes decorrentes da obra enfatizada pela ausncia de cronograma-fsicofinanceiro elaborado pela Administrao quando da realizao da licitao, conforme confirmado s fls.
108 do volume principal. O cronograma fsico-financeiro da obra, a que nos referimos no item 5.3.1, o
da proposta contratada.
5.3.3. Por sua vez, no se pode aceitar o argumento de que a responsabilidade seria da Secretaria de
Planejamento de Guarulhos porque era dever de quem ensejou a abertura do certame verificar a
disponibilidade de verba oramentria suficiente para suportar o custo anual do seu objeto.
5.3.4. A realizao de licitao sem a suficiente previso oramentria conduta bastante temerria,
uma vez que pode gerar a paralisao da obra ou servio por falta de recursos. Assim, deve ser evitada e
combatida.
5.4. Concluso:
5.4.1. Diante do exposto, entendemos que as razes no merecem ser acolhidas.
6. Irregularidade 2: Dar incio e/ou prosseguimento execuo da obra sem obter as licenas
ambientais pertinentes.
6.1.Ouvidos em audincia: Airton Tadeu de Barros Rabello, Secretrio de Obras de Guarulhos de
01/01/97 a 19/09/98, Artur Pereira Cunha, Secretrio de Obras de Guarulhos desde 01/01/01, Sueli Vieira
da Costa, Secretria de Obras de Guarulhos de 07/10/98 a 08/01/00, Vnia Moura Ribeiro, Secretria de
Obras de Guarulhos de 10/01/00 a 11/07/00, Kimei Kunyoushi, Secretrio de Obras de Guarulhos de
11/07/00 a 31/12/00.
6.2. Argumentos de defesa (fls. 1045/1046, 1066/1069, 961/962, 941/942, 981/982,
respectivamente):
6.2.1. Os agentes sustentaram, em sntese, que as licenas ambientais, cuja obteno encargo da
contratada, foram sendo requeridas no decorrer da obra e, atualmente, depois da soluo de um incidente
com os rgos de proteo ao meio ambiente, foram totalmente obtidas, conforme autorizaes em anexo
(fls. 1052/1064).
6.3. Anlise:
6.3.1. As autorizaes apresentadas pelos responsveis no se confundem com as licenas
ambientais. O licenciamento ambiental est previsto na Lei n 6.938/81 e disciplinado, em mbito
nacional, pela Resoluo Conama n 237/97.
6.3.2. De acordo com a supracitada resoluo, a competncia para concesso das licenas
ambientais pode ser do rgo ambiental do Municpio, do Estado ou da Unio, a depender do potencial de
degradao da obra, entre outros fatores (arts. 4, 5 e 6) .
6.3.3. No caso do Complexo Virio de Baquirivu, tratando-se de obra local, a princpio, a
competncia para emisso das licenas seria da Secretaria do Meio Ambiente do Municpio. Ocorre que a
Secretaria declarou, por meio do Laudo Tcnico n 07/2000 - SM, constante s fls. 944/972, que a licena
de implantao (2 licena prevista) deveria ser obtida aps atendidas as seguintes medidas (fls. 951):
requerer autorizao do DEPRN/SMA (Departamento de Proteo de Recursos Naturais) para o
corte de rvores em grupo ou isoladas, necessrios implantao da obra, situadas na faixa de 30 metros
da margem do rio (APP-Cdigo Florestal);
385
As reas de remoo de vegetao devero ser mapeadas em planta. Dever ainda ser apresentada
as reas onde sero efetuadas as recomposies vegetais no mnimo equivalente s desmatadas;
Apresentar a SEMA (Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Guarulhos) o
detalhamento dos projetos paisagsticos incluindo localizao e dimenses destas reas, e recuperao das
formaes ciliares, para aprovao do projeto paisagstico;
Incluir no projeto de sinalizao viria a temtica referente ao lanamento de lixo e contra a
prtica de desmatamento;
Apresentar SMA relatrio comprovando a efetiva implantao das medidas mitigadoras,
programas de compensao e exigncias contidas neste laudo;
Apresentar cronograma de implantao para os programas ambientais;
Providenciar autorizao do DAEE/SRHOS (Departamento de guas e Energia Eltrica,
Secretaria de Recursos Hdricos, Obras e Saneamento);
Apresentar estudo hidrulico definindo se o trecho apresenta suscetibilidade inundao.
6.3.4. A autorizao obtida pela OAS (fls. 955), portanto, refere-se apenas a uma das medidas
solicitadas pela Secretaria do Meio Ambiente de Guarulhos - autorizao do DEPRN para corte de
vegetao, condicionada ao plantio de mudas, e que, vale frisar, foi descumprida pela OAS, conforme
documentos s fls. 958/960.
6.3.5. No foram apresentados: o detalhamento do projeto paisagstico, a comprovao de incluso
no projeto de sinalizao viria da temtica referente ao lanamento de lixo e contra a prtica de
desmatamento, o relatrio comprovando o cumprimento das medidas mitigadoras constantes s fls.
950/951, o cronograma de implantao dos programas ambientais, a autorizao do DAEE/SRHOS e o
estudo hidrulico.
6.3.6. A referida autorizao, assim, no se confunde com qualquer das licenas ambientais. Vale
registrar que o documento que comprova a concesso de uma licena ambiental emitida pela Secretaria do
Meio Ambiente do Estado de So Paulo, por exemplo, possui o ttulo de Licena Ambiental, tem a
marca d'gua da Secretaria e assinado pelo Secretrio, conforme exemplar em anexo (fls. 1654/1655).
6.3.7. Acrescente-se que quando foi elaborado o Relatrio de Auditoria, indagou-se Secretaria do
Meio Ambiente de Guarulhos e Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo se a obra possua
licena ambiental e ambas responderam formalmente que no, ofcios s fls. 187 e 189.
6.3.8. Outrossim, vale destacar que a primeira autorizao para corte de vegetao obtida pela OAS
(fls. 182) data de 08/09/2000, ou seja, posterior licitao (edital assinado em 26/05/1998 - fls. 65) e ao
incio da obra (Ordem de Incio emitida em 14/07/1999 - fls. 132). A licena prvia deve ser requerida to
logo seja elaborado o projeto bsico e antes de iniciar a licitao (art. 8, I, da Resoluo Conama). Nela,
analisado se possvel fazer uma obra naquele lugar (localizao) e daquele tipo (concepo). Ento,
ainda que se tratasse de licena, apenas para argumentar, teria sido obtida a destempo.
6.3.9. Em matria ambiental, alguns danos so irreversveis. Assim, com mais razo, no se deve
iniciar atividades para s depois verificar se elas so nocivas ou no.
6.3.10. Os responsveis agiram com negligncia, pois no tomaram todas as atitudes previstas no
Laudo e as que tomaram, fizeram depois do momento em que deveriam ter feito. Os autos de infrao
ambiental juntados pelos responsveis s depem contra eles (fls. 1055/1058), haja vista que comprovam
o desrespeito s leis ambientais.
6.3.11. Em relao s previses do Laudo, vale destacar que ele apontava como principais impactos
da obra, caso no fossem tomadas as medidas adequadas, o agravamento das inundaes, a possibilidade
de poluio de corpos d'gua, a possibilidade de alterao da vazo fluvial, impacto nas edificaes
prximas, entre outros. Isso demonstra a importncia que se deve dar preocupao com o meio
ambiente e a necessidade de requerer-se as licenas ambientais, no se tratando de mera questo
burocrtica.
6.3.12. Por fim, ao contrrio do que defendem os responsveis, a obteno das licenas no
encargo da contratada. A preocupao com o meio ambiente deve ser de todos, Administrao e
contratada. No caso em foco, sobretudo da Administrao, pois dela a iniciativa da obra. A licena
prvia, com mais fora, deveria ter sido por ela requerida, pois est ligada a uma fase anterior
386
contratao. As demais licenas tambm no deixam de ser de sua responsabilidade, sendo possvel,
entretanto, que ela delegue a incumbncia de obt-las construtora.
6.4. Concluso:
6.4.1. Diante do exposto, opinamos pelo no acolhimento das defesas apresentadas.
7.Irregularidade 3: Aceitar o descumprimento do cronograma fsico sem a formalizao de
justificativa, em descordo com o art. 8, pargrafo nico, da Lei n 8.666/93.
7.1.Ouvido em audincia: Artur Pereira Cunha, Secretrio de Obras de Guarulhos.
7.2.Argumentos de defesa (fls. 1066/1069):
7.2.1. O responsvel lamenta o fato do TCU, rgo que j se encontra sobrecarregado, estar
fiscalizando pela terceira vez a mesma obra pblica, que j foi objeto de dois julgamentos anteriores, os
quais concluram pela regularidade da licitao e do contrato em questo, consoante atestam as Decises
647/2001 e 1.100/2002 do Plenrio. Afirma que a primeira Deciso recomendou o acompanhamento do
remanescente da obra e a segunda, diante da ausncia de irregularidades, limitou-se a dar cincia ao
Congresso Nacional e determinar o arquivamento dos autos, o que demonstrava a desnecessidade de uma
terceira fiscalizao.
7.2.2. Afirma, ainda, que praticamente no existe uma obra pblica com as caractersticas da qual se
cuida, que, em face dos ajustes do projeto executivo s realidades do local, exigiu uma reprogramao da
execuo da obra. Ademais, argumenta que, em um pas em que a liberao de recursos no atendem ao
tempo e a ordem de grandeza desejados, as alteraes no cronograma da obra so inevitveis.
7.2.3. Por fim, sustenta que as alteraes da obra foram formalizadas por meio do Aditivo n
3/2003, alm de terem sido objeto de mltiplas reunies, com anotaes no dirio da obra e troca de
correspondncias.
7.3. Anlise:
7.3.1. Uma fiscalizao no engloba todos os aspectos da obra. No h tempo para isso. O fato dos
auditores anteriores no terem apontado falhas, no quer dizer que elas no existissem. Assim, a
inexistncia de irregularidades observadas pelas fiscalizaes anteriores no compromete as constataes
ora verificadas.
7.3.2. O que se questiona no a inevitabilidade ou no do retardamento da obra, mas a falta de
formalizao dos motivos que ensejaram o retardamento. Os atos administrativos so essencialmente
formais. No se pode agir como nas relaes particulares, em que os acordos so verbais. O contrato
prev um cronograma e ele tem que ser cumprido. Caso haja necessidade de descumpri-lo, mister a
exposio dos motivos e a demonstrao, de forma objetiva, da quantidade de dias de prorrogao que se
prope. Tais formalidades so obrigatrias, porque, diferentemente da iniciativa privada, no existe, nas
obras pblicas, o olho do dono acompanhando sua execuo. Assim, os atos que modificam direitos e
deveres tm que ser pblicos e formais, para que todos do povo, em tese, possam fiscaliz-los.
7.3.3. Por oportuno, trazemos colao a doutrina de Maria Sylvia Zanella di Pietro (in Direito
Administrativo. Atlas. 7 ed. So Paulo: 1996. pg. 172/173), in litteris:
No direito administrativo, o aspecto formal do ato de muito maior relevncia do que no direito
privado, j que a obedincia forma (no sentido estrito) e ao procedimento constitui garantia jurdica para
o administrado e para a prpria Administrao; pelo respeito forma que se possibilita o controle do ato
administrativo, quer pelos seus destinatrios, quer pela prpria Administrao, quer pelos demais Poderes
do Estado.
(...)
Integra o conceito de forma a motivao do ato administrativo, ou seja, a exposio dos fatos e do
direito que serviram de fundamento para a prtica do ato; a sua ausncia impede a verificao de
legitimidade do ato.
7.3.4. As alteraes do contrato e a prorrogao do prazo de execuo da obra, no caso em foco,
foram feitas sem que se soubesse: a) por que seriam necessrios um nmero X de dias, e no, um nmero
Y; b) quantos dias cada servio acrescido adicionaria execuo; c) quantos dias o atraso no pagamento
ou no repasse de recursos implicou na extenso do cronograma fsico; d) quantos dias as chuvas
contriburam para a ampliao do prazo; e) quantos dias problemas com a desapropriao ou invaso das
reas ensejaram a necessidade de extenso do prazo etc.. Nenhuma dessas questes foi respondida nos
documentos relativos obra.
387
7.3.5. A prorrogao do prazo de execuo de uma obra no pode ser feita aleatoriamente.
necessrio demonstrar a necessidade de extenso do prazo e naquele quantum. Do contrrio, contribuir
para o aumento do quadro de obras inacabadas nesse pas, sem que se saiba o motivo.
7.3.6. O Aditivo n 3/2003 foi assinado aps executadas as alteraes e depois da ltima
fiscalizao realizada pelo TCU. Ele no sana o perodo de sua ausncia. A assinatura do aditivo deve ser
anterior execuo dos servios que ele prev.
7.3.7. O responsvel alega ter havido anotaes no dirio da obra e correspondncias, mas no as
apresenta. Ademais, anotaes esparsas e assistemticas como essas no seriam suficientes para substituir
a falta de documento com a finalidade de expor os motivos da prorrogao.
7.4. Concluso:
7.4.1. Diante do exposto, deve ser rejeitada a defesa.
8. Irregularidade 4: Admitir proposta de empresa licitante com distores nos preos unitrios de
at 785% em relao ao preo de mercado, sem qualquer questionamento, em desacordo com o art. 43,
IV, da Lei de Licitaes e o item 3.2.4.1 do Edital, e deixando de chamar ateno para futuros termos
aditivos que modificassem os quantitativos de servios inicialmente previstos.
8.1. Ouvidos em audincia: Carlos Eduardo Corsini e Fernando Antonio Duarte Leme, membros da
Comisso de Licitao que analisaram os preos.
8.2. Argumentos de defesa (fls. 1104/1107 e 865/869, respectivamente):
8.2.1. Os responsveis alegam que: suas atuaes estavam vinculadas ao Edital, o qual determinava
o critrio de julgamento pelo menor preo global; a conferncia dos valores das propostas decorreu
apenas de clculo aritmtico, do contrrio, estar-se-ia agindo em desacordo com as determinaes
editalcias.
8.2.2. Sustentam, ainda, que no competia a eles promoverem alertas com relao alterao de
quantitativos, posto que se e quando ocorressem que se daria o momento oportuno para tais assertivas.
8.2.3. Acrescentam que o valor da proposta vencedora deveria ser inferior ao edital, portanto
justificvel que houvesse variaes a maior ou a menor, alm de que, apesar de os itens 02.01 e 02.02 e
02.03 chamarem a ateno pela grande variao de preo, eles foram poucos significativos no cmputo
global; outros itens, como os 01.01, 01.02, 01.03, 01.08 e 01.09, foram bastante significativos e sofreram
alteraes a menor.
8.2.4. Por fim, defendem que o custo unitrio de cada servio oferecido por cada uma das licitantes
de avaliao extremamente difcil, na medida em que esse valor afetado pela distncia de transporte,
propriedade de jazidas, pedreira, reas de bota fora etc., justificando-se da a exigncia editalcia de
julgamento das propostas por preo global; em fls. 663/664, pode-se constatar que os itens 02.01, 02.02 e
02.03 alcanaram, atravs das licitantes, mdias de preos superiores s do edital, o que corrobora a
assertiva.
8.3. Anlise:
8.3.1. dever do servidor agir com zelo (art. 116, I, da Lei n 8112/90), gerenciar a coisa pblica
com os mesmos cuidados de quem gerencia a sua.
8.3.2. No caso em foco, no se observa o cuidado necessrio por parte dos membros que analisaram
o preo. No Brasil, infelizmente, de certa forma comum notcias na mdia de obras pblicas
superfaturadas. Assim, no novidade para quem lida com licitao diariamente saber em que casos h
possibilidade de ocorrer um superfaturamento na obra. Ademais, as tticas que levam ao
superfaturamento no so complexas de modo a exigir aguada perspiccia para perceb-las. Em outras
palavras, no seria demais exigir dos responsveis a conduta que ora se exige.
8.3.3. O superfaturamento pode ocorrer geralmente de trs formas: a) ou quando a planilha
oramentria da Administrao j foi elaborada com preos acima do mercado e as licitantes seguem seus
parmetros; b) ou quando h modificao nos quantitativos de servios previstos no contrato inicial cujos
preos unitrios possuem grandes distores em relao ao valor de mercado; c) ou quando o boletim de
medio registra servio no executado na prtica.
8.3.4. Na situao prevista na letra b, o superfaturamento provocado pelo aumento dos
quantitativos dos servios que estavam com preos acima do mercado e/ou pela diminuio dos que
estavam com preos abaixo, desequilibrando o contrato financeiramente. Exemplo: suponhamos que a
Administrao deseja pintar uma sala, utilizando-se de duas tintas diferentes, uma impermevel e a outra
388
no, para reas diferentes, 4m2 e 16m2, respectivamente. Realizada a licitao, vencedora a empresa X,
que oferece o preo de R$ 200/m2 para a primeira (preo de mercado R$ 100/m2) e R$ 60/m2 para a
segunda (preo de mercado R$ 90/m2). O total do servio sai, ento, por R$ 1760, abaixo do preo
orado pela Administrao (R$ 1840). No entanto, no decorrer dos trabalhos, a Administrao, ou por
vontade ou por necessidade (tanto faz), aumenta o tamanho da rea a ser pintada com tinta impermevel
para 10m2 e diminui, assim, a rea que ser pintada com tinta comum para 10m2. O valor total da obra,
dessa forma, saltaria para R$ 2600, ficando acima do preo de mercado, que seria de R$ 1900. Para
simplificar, observe-se tabela abaixo:
Servio
Pintura 1
Pintura 2
Total
Qtde.
inicial
4m2
16m2
20m2
Preo orado
inicial
400
1440
1840
Preo da venc.
inicial
800
960
1760
Qtde.
Aditivo
10m2
10m2
20m2
Pr.venc. aps
Aditivo
2000
600
2600
8.3.5. Da porque a necessidade de atentar para as grandes distores dos preos unitrios, ainda
que a licitao seja por preo global. No se trata aqui de exigir dos membros que contrariassem o Edital,
deixando de selecionar a vencedora pelo menor preo global, tanto que no se props no Relatrio de
Auditoria a anulao do certame. Esperava-se dos servidores uma anlise mais profunda dos preos e que,
caso no desclassificassem a licitante, alertassem para o risco dos aditivos.
8.3.6. Alm disso, no se pode defender que as distores em relevo eram normais. possvel
admitir variaes de preos, mas no to significativas. No se pode conceber que, em um mesmo
mercado (com custos similares de mo-de-obra, insumos, impostos etc.), um fornecedor seja capaz de
oferecer um produto 92% mais barato do que o outro. Trata-se de um indcio muito forte de que se ele
est cobrando to barato em um item, ele vai cobrar mais caro no outro, como ocorreu no caso.
8.3.7. Os itens mencionados no Relatrio de Auditoria foram dados a ttulo de exemplo, haja vista
que as variaes nesses casos saltavam aos olhos. Existiram mais itens que, no futuro, tiveram os
quantitativos aumentados, causando significativa distoro no valor do contrato. bvio que tambm
havia itens com preos bem abaixo do mercado, pois, para no alterar o preo global, era necessria uma
compensao. Ocorre que tais variaes bruscas, tanto para mais quanto para menos, so sinais de que,
caso haja aditivos no futuro, o equilbrio econmico-financeiro do contrato ser sensivelmente quebrado,
normalmente em prejuzo da Administrao, diminuindo-se as quantidades dos itens baratos e
aumentando-se a dos itens caros. Logicamente nem todos os itens baratos sero diminudos e nem todos
os itens caros sero aumentados, porque a obra tem que ter coerncia, ou seja, as modificaes do projeto
ocorrem em bloco de servios, o aumento do quantitativo de um item necessariamente traz o aumento
de outro, que pode estar abaixo do preo de mercado. No entanto, as modificaes do projeto ocorrem,
geralmente, de forma a aumentar a quantidade dos itens mais caros.
8.3.8. Por fim, no verdade que o custo unitrio ofertado de avaliao extremamente difcil. H
um preo mdio de mercado. Caso contrrio, no havia razo de realizar-se cotaes. Ademais, quando se
observa uma grande distoro em relao ao preo orado, os membros da comisso devem pedir
esclarecimentos aos licitantes sobre composio de custos, preo dos fornecedores etc., o que no foi
solicitado no presente caso.
8.4. Concluso:
8.4.1. Assim, opinamos pelo no acolhimento das razes de justificativa.
9. Irregularidade 5: Aceitar indevidamente alteraes de projetos e especificaes, de maneira
informal e atestar boletins de medio com servios no previstos no contrato
9.1. Ouvidos em audincia: Roberto Yoshiharu Nisie, Valdir Antonucci Minto, Douglas Leandrini,
Alexandre Lobo de Almeida e Jorge Luiz Castelo de Carvalho, engenheiros fiscais.
9.2. Argumentos de defesa (fls. 1001/1004 e 893/896):
9.2.1. Os responsveis argumentaram, em suma, que:
a) As alteraes no foram indevidas, mas sim necessrias, de acordo com o projeto executivo;
b) As modificaes foram acompanhadas por engenheiro altamente especializado em mecnica de
solos, mestre e PHD;
c) As alteraes e seu reflexo no preo do contrato j foram objeto de anlise e aprovao pelo
TCU, que julgou duas vezes o contrato regular, Decises ns 647/2001 e 1100/2002.
389
d) Nas obras que mantm grande relao com a mecnica de solos so praticamente inevitveis as
mudanas do projeto bsico;
e) Foi assinado o aditivo contratual n 003/2003 (anexo), suprindo a falta de termo formal apontada
pelos auditores;
f) Diante da dinmica da obra e da acurada tcnica empregada nas alteraes do projeto bsico, no
h que se falar em informalidade. O aditivo apenas cuidou de aspectos protocolares;
g) O mesmo deve ser dito em relao aos boletins de medio. Foram constatados e medidos
exclusivamente servios adequados para o pleno alcance do objeto contratual, dentre os quais,
inegavelmente alguns no previstos na planilha original de servios, mas definidos e especificados
quando da elaborao do projeto executivo;
h) Nada foi executado ou medido pela fiscalizao que j no estivesse assentado em detalhadas
plantas, especificaes e memoriais descritivos, devidamente aceitos por todos, especialmente pela
Administrao.
9.3. Anlise:
9.3.1. O Relatrio Tcnico elaborado por pessoa especializada (fls. 1018/1032), no qual os
responsveis se apiam, alm de no ser apto a substituir o termo aditivo, apcrifo, sem data e no est
acompanhado de planilha que especifique a quantidade de acrscimos e de supresses que cada fator
geraria.
9.3.2. O Relatrio de Auditoria no afirma terem sido desnecessrias as alteraes, pois no h nem
como se chegar a essa concluso, uma vez que a maioria das modificaes justificada pela alegada
existncia de tipo de solo diferente do previsto e, estando a obra na fase final, seria bastante difcil
confirmar as condies anteriores do solo. O que se questiona a informalidade com que elas se deram,
de modo a dificultar a anlise de sua necessidade e a verificao dos quantitativos acrescidos e
suprimidos. Vale repetir que o Relatrio Tcnico mencionado pelos responsveis no especifica as
quantidades de servios a serem acrescidas ou suprimidas. Essas quantidades s se tornaram de
conhecimento pblico aps a assinatura do termo aditivo em 2003.
9.3.3. Como j apontado, as alteraes foram acontecendo em cada boletim de medio, ou seja, de
repente, a partir de um certo boletim, um servio cuja quantidade prevista no contrato inicial era de
10.303m3 j estava em 17.218,14m3 executado e no se tinha nos autos o porqu, pelo menos, da forma
como era necessrio.
9.3.4. O art. 65, I, a, da Lei n 8.666/93, assim dispe:
Art. 65. Os contratos regidos por esta lei podero ser alterados, com as devidas justificativas, nos
segintes casos:
I - unilateralmente pela Administrao:
quando houver modificao do projeto ou das especificaes, para melhor adequao tcnica aos
seus objetivos; (grifamos)
9.3.5. Dessa forma, observa-se a imposio legal das devidas justificativas.
9.3.6. Por sua vez, o art. 60, pargrafo nico, da Lei n 8.666/93, abaixo-transcrito, estabelece a
nulidade do contrato verbal com a Administrao Pblica, exigindo indiretamente a assinatura de termo
aditivo no caso de alteraes:
Pargrafo nico. nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administrao, salvo o de
pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor no superior a 5% (cinco por
cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alnea a desta lei, feitas em regime de adiantamento.
9.3.7. O regime jurdico administrativo, diferentemente do que ocorre na iniciativa privada, no
admite que se haja informalmente in casu. Os atos administrativos, na sua grande maioria, so formais,
prevendo a forma escrita, principalmente os que dizem respeito a contratos e geram nus para a
Administrao. Os engenheiros no deveriam ter atestado boletins de medio com servios no-previstos
no contrato, ainda que eles achassem que fossem necessrios. Primeiro deveriam ter exigido a assinatura
de termo aditivo. Do contrrio, a execuo do contrato fica merc do subjetivismo de pessoas ligadas
obra, impossibilitando o controle. Caso houvesse alguma urgncia na execuo, poder-se-ia admitir
excepcionalmente uma informalidade, desde que comprovada, nos autos, a urgncia na execuo, mas
isso no ocorreu no caso em foco. No h notcia de que a execuo dos servios era urgente e, alm
390
disso, no se notou preocupao alguma em assinar o aditivo, que tardou mais de 3 anos para ser
formalizado.
9.3.8. Os responsveis se defendem, ainda, alegando a existncia de detalhadas plantas,
especificaes e memoriais descritivos, devidamente aceitos por todos, especialmente pela
Administrao - que justificariam e documentariam as modificaes, no entanto no os apresentam.
9.3.9. Acrescente-se que a assinatura posterior de aditivo tambm no sana a irregularidade, pois
contraria o pargrafo nico supracitado e no tem efeito retroativo (da mesma forma que a lei, vige ex
nunc).
9.3.10. Por fim, o fato de ter havido fiscalizaes anteriores do TCU que no apontaram as
irregularidades no quer dizer que elas no existam, pois uma fiscalizao, pela exigidade do tempo e
complexidade do objeto, no abrange todos os aspectos da obra.
9.4. Concluso:
9.4.1. Diante do exposto, opinamos pelo no acolhimento das razes de justificativa apresentadas.
10. Irregularidade 7: sobrepreo
10.1. Ouvidos em audincia: Roberto Yoshiharu Nisie, Valdir Antonucci Minto, Douglas Leandrini,
Alexandre Lobo de Almeida, Jorge Luiz Castelo de Carvalho e Construtora OAS
10.2. Argumentos de defesa (fls. 1001/1004, 893/896 e 110/1169)
10.2.1. Apenas a OAS teceu consideraes sobre o sobrepreo.
10.2.2. Preliminarmente, argumentou a OAS que a obra j havia sido fiscalizada pelo TCU em 2001
e 2002 e no foram observadas irregularidades. Explicou que a obra recebeu ordem de paralisao da
Prefeitura em dezembro de 2002 e as ltimas medies dos servios ocorreram at fevereiro de 2003, no
havendo alterao na documentao analisada pelo TCU em 2003 que justificasse a mudana das
deliberaes desta Corte. Trouxe parecer emitido por Maral Justen Filho no sentido de que as decises
emitidas pelo TCU anteriormente fazem coisa julgada administrativa, impedindo que o TCU reinicie o
exame do tema, sem que previamente as desconstitua.
10.2.3. No mrito, quanto ao sobrepreo, alegou que a forma pela qual os analistas mensuraram os
crditos e os dbitos apresenta uma miscelnia de critrios, sempre em desfavor da construtora, conforme
Demonstrativo de Clculo do Dbito s fls. 659. Assim, quando computa o crdito devido empreiteira,
f-lo de forma simples e sem juros e quando apura o quantum devido Administrao, aplica juros com
base na mera suspeita de que haveria fortes indcios de que a empreiteira teria visado obteno de
vantagem econmica. Segundo ela, os analistas no consideraram o princpio do devido processo legal
como elemento necessrio para fundamentar a condenao do particular, uma vez que, pela simples
suposio de que a empreiteira buscava vantagem econmica, aplicou juros no clculo do que era
supostamente devido, sem falar no princpio da razoabilidade e da isonomia que deveriam permear os
critrios para apurao dos dbitos da Administrao e do particular.
10.2.4. Acrescenta que, conforme a Deciso n 1728/2002 - Plenrio, o TCU, em processo anlogo,
determinou que o rgo contratante promovesse nova pesquisa de preos dos itens da proposta inicial que
apresentassem variaes significativas com relao ao oramento realizado, no entanto, os analistas do
TCU adotaram os preos estimados pela Prefeitura Municipal de Guarulhos no processo licitatrio, que
no refletem o mercado. Um novo estudo tcnico foi elaborado pela OAS (doc 12), o qual chegou a
concluso de que a construtora era, na verdade, credora em R$ 239.967,11.
10.2.5. Afirma que, pelo princpio da razoabilidade (sic), a Administrao, ao aceitar a proposta
ofertada pela Construtora OAS, a ela se vinculou.
10.2.6. Por fim, defende que os aditamentos ficaram dentro do limite percentual de 25%.
10.2.7. A empreiteira tambm teceu inmeros comentrios sobre a necessidade de alterao do
projeto, a inexistncia de jogo de preos e a inocorrncia da informalidade nas alteraes havidas, que
no dizem respeito irregularidade por que foi ouvida em audincia, razo pela qual deixamos de
transcrev-las. Os contra-argumentos relativos a essas alegaes encontram-se expostos na anlise dos
itens anteriores, que tiveram como responsveis os agentes pblicos.
10.3. Anlise:
10.3.1. Como j mencionado anteriormente, o fato das fiscalizaes anteriores no terem constatado
irregularidades no quer dizer que elas no existam.
391
10.3.2. Quanto alegao de coisa julgada, data venia a opinio do renomado jurista, entendemos
que ela no se aplica ao caso. Os processos de fiscalizao, dentre eles, o de Levantamento de Auditoria,
no se confundem com os processos de contas. As auditorias assemelham-se s investigaes policiais.
Nelas, se buscam provas que venham a demonstrar alguma irregularidade ou infrao. Seria inadequado
supor que, uma vez ocorrida uma investigao e no encontrada prova de crime, por exemplo, o caso se
desse por encerrado e impossibilitasse haver nova investigao. O art. 18 do Cdigo de Processo Penal
assim preceitua: Art. 18 Depois de ordenado o arquivamento do inqurito pela autoridade judiciria, por
falta de base para a denncia, a autoridade policial poder proceder a novas pesquisas, se de outras provas
tiver notcia. No mesmo sentido, o art. 409, pargrafo nico, do referido diploma legal. De igual forma,
entendemos que o TCU pode realizar quantas fiscalizaes considerar necessrias em uma determinada
obra. Do contrrio, seria exigir que a fiscalizao verificasse tudo em um nico momento, o que no
possvel. sabido que as verificaes so feitas por amostragem e analisados determinados aspectos.
10.3.3. No mrito, ao contrrio do que entendeu a Construtora, o clculo do dbito est permeado
pelo princpio da isonomia. A regra aplicada para a Administrao foi a mesma aplicada para a
empreiteira. Ocorre que at a 11a medio, no havia dbito; por essa razo, os saldos devedores e
credores apurados em cada boletim foram apenas atualizados monetariamente, ou seja, calculados sem
juros. A partir da 11a medio, ocasio em que surge o dbito para o contrato, passou-se a aplicar os juros
tanto para os dbitos quanto para os crditos.
10.3.4. Tal aplicao encontra respaldo no art. 19 da Lei no 8.443/92 e no art. 210 do Regimento
Interno do TCU do Tribunal, que dispem sobre o clculo de dbito, determinando que incide sobre ele
atualizao monetria e juros de mora. Em se tratando de dbito, a regra geral esta: a incidncia de
juros. E ele incide desde o momento da citao. No se pode citar por um valor e condenar por outro
maior. Isso sim, seria infringncia ao devido processo legal. Se aps citado, o responsvel comprova sua
boa-f, os juros podem ser excludos e, conforme a Deciso Normativa TCU no 35/2000, na
oportunidade de exame da resposta de citao que as unidades tcnicas devem analisar a existncia de
boa-f dos responsveis, alm da inexistncia de outras irregularidades relativas ao dbito apurado.
10.3.5 Em relao alegao de vinculao proposta, sabido, no Direito, que o princpio do
pacta sunt servanda (vinculao ao contrato) limitado pelo princpio do rebus sic stantibus
(conservao do equilbrio econmico-financeiro inicial). Assim, havendo fato imprevisvel
necessidade de alterao do projeto -, seria cabvel a alterao dos preos para manter o equilbrio do
contrato.
10.3.6. A OAS contesta o valor do dbito e a legitimidade da planilha oramentria da Prefeitura de
Guarulhos, propondo o clculo do dbito com base em preos obtidos por meio das composies das
tabelas de composies de preos para oramento da Editora PINI, combinados com os preos do Sistema
Nacional de Pesquisa de Custos e ndices da Construo Civil - SINAPI de maro de 1998 para So
Paulo.
10.3.7. Segundo a construtora (fls. 1161), o preo orado pela Prefeitura de Guarulhos no reflete o
real preo de mercado, apresentando distores da ordem de 300,37% a menor em comparao com
aqueles apontados pela SVP (ex. item 02.19). Quanto a este argumento, cabe um adendo. No
encontramos na Tabela da SVP (fls. 665/668) descrio de servio correspondente ao item 02.19 referido,
nem a OAS em suas alegaes s fls. 1161 indicou qual o nmero do item da Tabela da SVP a que se
refere. Analisando os preos unitrios para o referido item propostos pelas licitantes (OAS: R$ 4,46/m2,
Galvo: R$ 7,54/m2, Andrade: R$ 1,05/m2, Queiroz Galvo: R$ 3,30), comparativamente com o preo
orado pela Prefeitura de Guarulhos (R$ 2,69/m2), verificamos que este ficou apenas 34,2% abaixo do
preo mdio das licitantes (R$ 4,09) e 39,7% abaixo do preo da OAS, porcentagem muito inferior a
distoro de 300,37% apontada pela construtora. Caso existisse a distoro de 300,37%, haveria tambm
grande distoro dos preos das prprias licitantes, incluindo a OAS, indicando que a distoro apontada
no poderia ser da ordem de 300%.
10.3.8. Quanto alegada falta de legitimidade na utilizao da planilha oramentria da Prefeitura
como referencial de preo de mercado, vale dizer que a referida planilha foi elaborada com base na
Tabela da Secretaria de Vias Pblicas do Municpio de So Paulo (Tabela da SVP/SP), conforme
informaes de servidores da Secretaria de Obras de Guarulhos e anlise indicando que a distoro
mxima e mnima, considerando BDI de 35%, o adotado pela OAS de 35%, de, respectivamente,
392
393
394
10.3.15.1.7. O preo para o item 01.04, com data-base de maro de 1998, calculado pelo TCU,
considerando a composio dada pela TCPO/PINI (vide Anexo 3, fls. 1676), foi de R$ 11,25/m3, valor
prximo ao orado pela Prefeitura de Guarulhos (R$ 11,47/m3) e tambm muito prximo ao orado na
Tabela da SVP do Municpio de So Paulo com data-base de janeiro 98 (R$ 11,31/m3). Esse preo
(R$11,25/m3) foi o utilizado pelo TCU no novo demonstrativo de dbito.
10.3.15.1.8. Considerando que o servio descrito no item 01.04 teve uma execuo de quantitativo
superior ao contratado de 447.344,92 m3, pode-se dizer que somente na execuo desse item houve um
dbito aproximado de R$ 4.280.995,18, correspondente a quantidade executada a maior multiplicada pela
diferena entre o preo da OAS com o calculado pelo TCU: 447.334,92 m3 x (R$ 20,82/m3 R$
11,25/m3), desconsiderados os ndices de reajustamento de preos aplicveis poca das medies.
10.3.15.1.9. Cabe notar a similaridade dos servios prestados nos itens 01.03 (Remoo de terra
alm do 1o km at a distncia mdia de ida e volta de 10 km m3) e 01.04 (Remoo de terra alm do 1o
km at a distncia mdia de ida e volta de 20 km m3). Em anlise comparativa, verificamos que,
enquanto o item 01.03 tinha preo contratado (R$ 2,92) 64,1% inferior ao orado (R$ 8,13) e 53,4%
inferior mdia das licitantes (R$ 6,27), o item 01.04, contratado a R$ 20,82, tinha sobrepreo de 81,5%
em relao ao valor orado (R$ 11,47) e era 41,8% superior mdia das licitantes (R$ 14,68).
10.3.15.1.10. Apesar de serem servios de mesma natureza, o item 01.03, que tinha preo muito
inferior ao de mercado, sofreu relevante supresso em seu quantitativo, reduzido em 518.956,11 unidades,
uma supresso de 79,6% no quantitativo original de 652.289, enquanto o item 01.04, que apresentava
sobrepreo, sofreu aditamento no quantitativo de 906.933,53, um aumento de 161,5% em relao ao
quantitativo original de 561.605, conforme o Termo Aditivo no 3/03 (fls. 1251/1256). Relativamente a
esses itens fica patente o jogo de preos praticado, que exclui a possibilidade de se considerar a existncia
de boa-f.
10.3.15.1.11. Tendo em vista que o dbito de R$ 6.455.006,68 a preos nominais, apurado nesta
anlise com base nas premissas propostas pela OAS (composies da TCPO-PINI, preos da tabela de
preos de insumos do SINAPI e taxa de encargos sociais de 124,46%), foi superior ao dbito inicialmente
calculado com base nos preos da planilha oramentria da Prefeitura de Guarulhos (R$ 5.965.612,12 a
preos nominais) em R$ 489.394,56, propomos que seja mantido o dbito total apurado inicialmente, por
ser o mais benfico aos responsveis, o qual encontra-se discriminado s fls. 729:
Fato gerador do dbito (crdito)
Valor (R$)
Data da ocorrncia
683.949,36
31/8/2000
1.271.800,41
283.789,14
144.916,65
153.074,89
328.064,41
Valor (R$)
248.751,84
554.534,89
140.554,67
6.021,98
147.993,06
203.999,37
1.432,73
86.482,15
(61.582,08)
88.528,98
26.522,24
75.394,54
271.851,21
407.892,14
8.995,23
(54.462,31)
487.278,07
29/9/2000
31/10/2000
1/12/2000
27/4/2001
24/5/2001
Data da ocorrncia
3/7/2001
2/10/2001
15/2/2002
17/9/2002
6/12/2001
6/5/2002
19/7/2002
25/7/2002
13/8/2002
29/8/2002
25/9/2002
1/10/2002
16/10/2002
31/10/2002
17/12/2002
21/1/2003
25/6/2003
395
32 a Medio Complementar
456.871,37
1/4/2003
Nota: Os dbitos acima somam R$ 5.962.654,94, valor um pouco inferior ao valor nominal
do dbito de R$ 5.965.612,12, em decorrncia de os crditos verificados nas primeiras
medies terem sido atualizados monetariamente, o que foi benfico para a construtora, visto
que o dbito a ela imputado menor que o nominal.
10.3.15.1.12. Considerando que a obra custeada com recursos da Unio, do Estado de So Paulo e
da Prefeitura de Guarulhos, o dbito relativo Unio foi calculado proporcionalmente sua participao
nos desembolsos para a obra, conforme anlise s fls. 658/662 e 731/745, sendo o valor deste de R$
1.810.973,47, at a 32a medio, conforme fls. 746:
Fato gerador do dbito (crdito)
Valor (R$) Data da ocorrncia
12a Parcial (descontados descontados crditos e dbito
105.571,42
29/9/2000
atualizados relativos a medies anteriores)
13a Medio Parcial
55.531,13
31/10/2000
14a Medio Parcial
17.583,87
1/12/2000
1a Taboo
153.074,89
27/4/2001
2a Taboo
328.064,41
24/5/2001
3a Taboo
131.477,82
3/7/2001
20a Parcial
39.952,55
6/12/2001
23a Parcial
36.949,89
6/5/2002
25a Parcial
38.606,10
25/7/2002
26a Parcial
(48.881,27)
13/8/2002
28a Parcial
49.116,68
29/8/2002
29a Complementar
94.845,87
16/10/2002
29a Complementar II
87.385,94
16/10/2002
30a Parcial
2.735,07
17/12/2002
32a Parcial
362.839,05
25/6/2003
32a Complementar
356.120,05
1/4/2003
Nota: 1) O dbito em cada medio foi calculado considerando a porcentagem de cada medio que
foi paga com recursos da Unio (fls. 736, com base nas informaes de fls. 730/735). 2) O dbito relativo
Unio iniciou apenas na 12a medio, e no na 11a medio como ocorreu com o dbito total, porque
na 11a medio os dbitos ainda eram compensados pelos crditos relativos a medies anteriores, visto a
Unio ter arcado com apenas 13,4%do dbito de R$ 1.309.556,33 relativo 11a medio, que foi o de
maior valor at ento.
10.3.15.2. Dbito relativo ao desequilbrio gerado pela supresso de quantitativos do contrato:
10.3.15.2.1. No primeiro relatrio de auditoria, apuramos apenas os dbitos decorrentes de
execuo de quantitativos acima do contratado em itens com sobrepreo (descontados crditos gerados
pela execuo de quantitativos acima do contratado em itens com preos inferiores aos de mercado).
10.3.15.2.2. O relatrio de levantamento foi concludo pela equipe de auditoria em 18/07/2003. No
haviam sido formalizadas, at o momento da auditoria, as alteraes contratuais relativas aos servios
contratados.
10.3.15.2.3. Somente em 06/08/2003, aps terem sido executados vrios servios sem previso
contratual, foi firmado o Termo de Aditamento no 003/2003 (fls. 1075/1080).
10.3.15.2.4. Esse termo aditivo formalizou o aumento do quantitativo de alguns itens e a supresso
do de outros, dando uma viso precisa do que foi modificado.
10.3.15.2.5. Conforme o voto condutor da Deciso no 583/2003 Plenrio, o clculo do dbito
deve ter em conta todos os itens que passaram por alteraes de quantitativos, seja por acrscimo, seja
por diminuio. S assim se garante a permanncia do equilbrio econmico-financeiro, tanto em favor da
administrao quanto da empresa contratada.
10.3.15.2.6. Isso porque as diminuies de quantitativos podem gerar dbito. Suponhamos que a
Administrao firmasse um contrato com uma empresa, vencedora de licitao, para a execuo de dois
servios A e B. A proposta da empresa, de menor preo, continha distores que equilibravam o preo
do contrato, conforme exemplificado a seguir:
396
Item
Qtde.
397
05.03
05.04
05.06
05.07
-10,00
-705,00
-354,00
-57.000,00
189,00
33,75
290,00
209,03
11,51
623,99
-20,03
22,24
-333,99
05.08
5.09
150,00
-64.800,00
170,00
-3.078.000,00 2,19
115,80
60,95
2,54
109,05
-0,35
05.10
05.11
05.12
05.14
05.15
05.16
05.17
05.20
Item
-19,08
146,57
135,73
-1.245,50
194,86
237,12
-13.211,52
213,12
281,09
-108,81
37,68
70,44
-4,00
8.500,00
17.285,69
-63,15
118,92
200,45
-58.334,68
7,79
8,55
-5.270,00
56,00
31,63
Alterao de Preo
de Preo
quantidade no mercado (R$) OAS (R$)
item
05.21
-378,00
05.22
-6,00
06.01.01 -6.357,11
TOTAL
3.024,00
17.000,00
21,37
1.567,16
1.409,82
42,32
200,30
-15.679,20
118.232,46
34,20
1.949.400,00
-7.066.440,00
1.077.300,00
10,84
-206,83
-42,26
52.634,83
-67,97
897.987,01
-32,76
3.564,62
-8.785,69
35.142,76
-81,53
5.148,62
-0,76
44.334,36
24,37
-128.429,90
da Diferena entre o preo Desequilbrio
de mercado e o da gerado
para
OAS (R$)
Administrao
(R$)
1456,84
-550.685,52
15.590,18
-93.541,08
-20,95
133.181,45
-18.163.680,99
10.3.15.2.12. A supresso de quantitativos foi bastante desvantajosa para Administrao, pois se deu
preponderantemente em itens para os quais os preos da OAS eram inferiores aos de mercado, cotados
pela Administrao. Essa desproporo causou um desequilbrio contrrio ao interesse da Administrao
da ordem de R$ 18.163.680,99, a preos nominais.
10.3.15.2.13. Um exemplo foi o desequilbrio gerado pela supresso de 601.445,88 na quantidade
contratada do item 01.09, para o qual o preo contratado era 90% inferior ao preo orado e 69,2%
inferior mdia das licitantes (fls. 663), gerando um desequilbrio financeiro no contrato de R$
6.706.121,56 em desfavor da Administrao relativamente a esse item.
10.3.15.2.14. Assim, as supresses geraram um dbito perante a Administrao de R$ 18.163.680,99, em
06/08/2003, data em que foi firmado o 3o termo aditivo que formalizou as modificaes dos quantitativos
(fls. 1075/1080).
10.3.15.2.15. Considerando que se trata de obra custeada com recursos federais, estaduais e municipais, o
dbito relativo Unio deve ser calculado proporcionalmente sua participao nos desembolsos para o
custeio da obra. Conforme o Anexo 6 (fls. 1738), a Unio teria repassado R$ 24.388.466,43 enquanto o
Estado e a Prefeitura teriam arcado com R$ 37.947.655,57. Ou seja, a Unio entrou com 39,0% dos
recursos, sendo o dbito para com a Unio, relativo s supresses de quantitativos preponderantemente
em itens com preos subfaturados, de R$ 7.083.835,58, ocorrido em 06/08/2003, data em que foi firmado
o 3o Termo Aditivo formalizando as alteraes de quantitativos.
10.3.15.2.16. Quanto alegao da OAS de que os aditamentos ficaram dentro do limite percentual de
25%, a observncia desse limite se deu s custas das redues de quantitativos supracitadas, as quais,
conforme relatado, foram desvantajosas para a Administrao, tendo em vista que ocorreram
preponderantemente em itens com preos subfaturados.
10.3.15.2.17. Essa desproporo causada pelas supresses de quantitativos poderia ter sido compensada
por eventuais aditamentos de quantitativos em itens subfaturados, no entanto, na presente obra, ocorreu
exatamente o contrrio (os itens com sobrepreo tiveram quantitativos acrescidos em proporo muito
maior que os com subpreo Termo Aditivo no 03/2003 fls. 1075/1080), aumentando ainda mais os
prejuzos para a Administrao e acentuando o desequilbrio do contrato desfavoravelmente
398
Administrao, conforme o quadro a seguir, feito com os itens previstos na planilha oramentria da
licitao que tiveram quantitativos aumentados:
de Preo da OAS Diferena entre o Desequilbrio gerado
Item
Alterao Preo
de
mercado (R$) (R$)
Preo de mercado e para a Administrao
quantidade
o da OAS (R$)
(R$)
no item
01.01
97.505,56 4,73
1,39
3,34
325.668,57
01.02
337.992,69 5,13
1,23
3,90
1.318.171,49
01.04
906.933,53 11,47
20,82
(9,35)
(8.479.828,51)
01.05
16.830,53 6,55
8,90
(2,35)
(39.551,75)
01.06
66.662,62 5,13
6,44
(1,31)
(87.328,03)
01.07
39.810,51 4,09
3,32
0,77
30.654,09
01.08
141.665,87 0,87
0,51
0,36
50.999,71
02.01
6.327,53
1,93
17,09
(15,16)
(95.925,35)
02.02
4.987,52
6,10
44,55
(38,45)
(191.770,14)
02.03
16.379,08 5,51
28,58
(23,07)
(377.865,38)
02.04
36.279,83 5,43
3,90
1,53
55.508,14
02.05
1.085,24
151,82
285,89
(134,07)
(145.498,13)
02.06
25.647,91 50,54
68,25
(17,71)
(454.224,49)
02.07
4.232,01 13,19
24,86
(11,67)
(49.387,56)
02.08
335,14 206,05
375,75
(169,70)
(56.873,26)
02.10
7.155,20 67,83
64,64
3,19
22.825,09
02.11
2.448,92 92,26
103,07
(10,81)
(26.472,83)
02.12
1.373,15 107,70
189,70
(82,00)
(112.598,30)
02.13
261.975,61 0,52
0,25
0,27
70.733,41
02.14
70.873,71 0,72
0,96
(0,24)
(17.009,69)
02.15
1.725,81 131,10
193,62
(62,52)
(107.897,64)
02.19
3.811,12 2,69
4,46
(1,77)
(6.745,68)
03.01
116,80 24,03
13,34
10,69
1.248,59
03.02
12.100,56 13,02
16,65
(3,63)
(43.925,03)
03.04
1.602,71 44,74
68,25
(23,51)
(37.679,71)
03.06.01
845,00 38,47
60,52
(22,05)
(18.632,25)
03.07.01
1.356,60 68,25
103,02
(34,77)
(47.168,98)
03.07.02
138,50 113,65
167,79
(54,14)
(7.498,39)
03.07.03
192,50 180,12
243,74
(63,62)
(12.246,85)
03.07.04
140,10 264,11
288,26
(24,15)
(3.383,42)
03.07.05
211,50 364,97
411,33
(46,36)
(9.805,14)
03.08.01
33,00
1.003,70
956,00
47,70
1.574,10
03.08.09
34,00
2.075,57
2.042,18
33,39
1.135,26
03.09
52,69
221,36
124,74
96,62
5.090,91
03.10
58,00
308,73
353,20
(44,47)
(2.579,26)
03.11
5,00
588,78
1.209,88
(621,10)
(3.105,50)
03.12
161,00 437,70
754,94
(317,24)
(51.075,64)
03.13.01
352,74 165,17
165,26
(0,09)
(31,75)
03.14
1.202,30 26,16
42,02
(15,86)
(19.068,48)
03.15
163,80 104,44
186,33
(81,89)
(13.413,58)
04.01
172,00 900,45
1.563,37
(662,92)
(114.022,24)
04.03
364,00 1.749,60
4.474,39
(2.724,79)
(991.823,56)
04.04
42,40
146,57
217,73
(71,16)
(3.017,18)
04.05
9.632,51 32,91
42,02
(9,11)
(87.752,17)
399
05.05
295.657,32 2,19
2,55
(0,36)
(106.436,64)
05.13
665,79 233,91
339,65
(105,74)
(70.400,63)
05.18
3.929,07 10,93
4,46
6,47
25.421,08
05.19
8.725,83 32,91
61,23
(28,32)
(247.115,51)
TOTAL
(10.230.128,18)
10.3.15.2.18. O desequilbrio referido no quadro anterior foi realizado apenas parcialmente (item
10.3.19.1 desta instruo), pois a obra ainda est sendo executada. Para que esse dbito no se realize
totalmente, necessria a repactuao dos preos dos servios que tiveram quantidades acrescidas s
inicialmente contratadas, para adequ-los aos de mercado, reestabelecendo o equilbrio econmico do
contrato.
10.3.15.3. Dbito Total:
10.3.15.3.1. Ante o exposto, o dbito total apurado corresponde a:
Fato gerador do dbito (crdito)
Valor (R$)
Data da ocorrncia
11a Medio Parcial (descontados crditos e dbito 683.949,36
31/8/2000
atualizados relativos a medies anteriores)
12 a Medio Parcial
1.271.800,41
29/9/2000
13 a Medio Parcial
283.789,14
31/10/2000
14 a Medio Parcial
144.916,65
1/12/2000
1 a Medio Taboo
153.074,89
27/4/2001
2 a Medio Taboo
328.064,41
24/5/2001
3 a Medio Taboo
248.751,84
3/7/2001
4 a Medio Taboo
554.534,89
2/10/2001
5 a Medio Taboo
140.554,67
15/2/2002
6 a Medio Taboo
6.021,98
17/9/2002
20 a Medio Parcial
147.993,06
6/12/2001
23 a Medio Parcial
203.999,37
6/5/2002
24 a Medio Parcial
1.432,73
19/7/2002
25 a Medio Parcial
86.482,15
25/7/2002
26 a Medio Parcial
(61.582,08)
13/8/2002
28 a Medio Parcial
88.528,98
29/8/2002
28 a Medio Complementar
26.522,24
25/9/2002
29 a Medio Parcial
75.394,54
1/10/2002
29 a Medio Complementar
271.851,21
16/10/2002
29 a Medio Complementar II
407.892,14
31/10/2002
30 a Medio Parcial
8.995,23
17/12/2002
31 a Medio Parcial
(54.462,31)
21/1/2003
32 a Medio Parcial
487.278,07
25/6/2003
32 a Medio Complementar
456.871,37
1/4/2003
Termo de Aditamento no 03/2003, que reduziu quantidades 18.163.680,99 06/08/2003
em itens subfaturados do contrato no 039/99 GP
10.3.15.3.2. O valor do dbito total atualizado at 31/05/2004 R$ 30.812.095,06 (fls. 1739/1749).
10.3.15.3.3. Desse dbito, a parcela relativa a prejuzo perante a Unio corresponde a:
Fato gerador do dbito (crdito)
Valor (R$)
Data da ocorrncia
12 a Medio Parcial (descontados descontados crditos e 105.571,42
29/9/2000
dbito atualizados relativos a medies anteriores)
13a Medio Parcial
55.531,13
31/10/2000
14a Medio Parcial
17.583,87
1/12/2000
1 a Medio Taboo
153.074,89
27/4/2001
Fato gerador do dbito (crdito)
Valor (R$)
Data da ocorrncia
2 a Medio Taboo
328.064,41
24/5/2001
400
3a Medio Taboo
131.477,82
03/07/2001
20 a Medio Parcial
39.952,55
6/12/2001
23 a Medio Parcial
36.949,89
6/5/2002
25 a Medio Parcial
38.606,10
25/7/2002
26 a Medio Parcial
(48.881,27)
13/8/2002
28 a Medio Parcial
49.116,68
29/8/2002
29 a Medio Complementar
94.845,87
16/10/2002
29 a Medio Complementar II
87.385,94
16/10/2002
30 a Medio Parcial
2.735,07
17/12/2002
32 a Medio Parcial
362.839,05
25/6/2003
32 a Medio Complementar
356.120,05
1/4/2003
Termo de Aditamento no 03/2003, que reduziu quantidades 7.083.835,58
06/08/2003
em itens subfaturados do contrato no 039/99 GP
10.3.15.3.4. O valor do dbito para com a Unio atualizado at 31/05/2004 R$ 10.841.286,04 (fls.
1750/1757).
10.4. Concluso:
10.4.1. Opinamos pela no aceitao das razes de justificativas e converso do processo em Tomada de
Contas Especial.
CONCLUSO
12. Diante do exposto, consideramos que os responsveis no conseguiram justificar nenhuma das
irregularidades apontadas.
13. A obra continua com irregularidades graves concernentes falta de licenciamento ambiental e a
sobrepreo que sugerem a paralisao.
14. Assim, no devem ser liberados recursos at que se comprove a adoo das seguintes providncias
simultaneamente:
14.1 assinatura de termo de ajustamento de conduta com os rgos ambientais competentes em razo da
falta de licenciamento ambiental, desde que esses rgos autorizem explicitamente a continuidade da
obra;
14.2. repactuao dos preos dos servios que tiveram quantidades acrescidas em relao s iniciais, de
modo a adequ-los aos preos de mercado, sugerindo que os contratantes adotem a planilha oramentria
elaborada pela Prefeitura de Guarulhos para a licitao ou tabela de custo de obras como a do SICRO do
Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transportes ou do SINAPI - Sistema Nacional de Pesquisa
de Custos e ndices da Construo Civil da Caixa Econmica Federal, a ser aplicada para servios
executados aps a 32a medio complementar.
15. Para o prejuzo j sofrido, faz-se mister converter os autos em Tomada de Contas Especial, a fim de
citar os responsveis pelo dbito relativo Unio. O dbito relativo ao Estado e ao Municpio, dever ser
comunicado aos rgos competentes, para que adotem as medidas que considerem cabveis.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
16. Diante do exposto, submetemos os autos considerao superior, propondo:
16.1. rejeitar in totum as razes de justificativas apresentadas;
16.2. aplicar aos Srs. Airton Tadeu de Barros Rabello, CPF 027.372.718-43, e Jovino Cndido da Silva,
CPF 693.441.328-87, a multa prevista no art. 58, II, da Lei n. 8.443/1992 c/c o art. 268, II, do Regimento
Interno, por terem infringido o art. 7, 2, III, da Lei n 8.666/93 (item 5), fixando-lhes o prazo de 15
(quinze) dias, a contar da notificao, para o recolhimento da dvida ao Tesouro Nacional;
16.3. aplicar aos Srs. Airton Tadeu de Barros Rabello, CPF 027.372.718-43, Artur Pereira Cunha, CPF
002.053.201-63, Sueli Vieira da Costa, CPF 876.086.938-00, Vnia Moura Ribeiro, CPF 047.883.201-44,
Kimei Kunyoushi, CPF 039.128.688-91, a multa prevista no art. 58, II, da Lei n. 8.443/1992 c/c o art.
268, II, do Regimento Interno, por terem infringido o art. 8 da Resoluo Conama n 237/97 (item. 6),
fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificao, para o recolhimento da dvida ao
Tesouro Nacional;
16.4. aplicar ao Sr. Artur Pereira Cunha, CPF 002.053.201-63, a multa prevista no art. 58, II, da Lei n.
8.443/1992 c/c o art. 268, II, do Regimento Interno, por ter infringido o art. 8, pargrafo nico, e 26 da
401
Lei n 8.666/93 (item. 7), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificao, para o
recolhimento da dvida ao Tesouro Nacional;
16.5. aplicar aos Srs. Carlos Eduardo Corsini, CPF853.070.928-49, e Fernando Antonio Duarte
Leme, CPF 754.998.358-53, a multa prevista no art. 58, II, da Lei n. 8.443/1992 c/c o art. 268, II, do
Regimento Interno, por terem infringido o art. 116, I, da Lei n 8112/90, ao no agirem com zelo,
admitindo proposta com distores nos preos unitrios relativas aos preos de mercado de at 785% sem
qualquer questionamento, em desacordo com o art. 43, IV, da Lei n 8.666/93 e o item 3.2.4.1 do Edital e
deixando ainda de chamar ateno para futuros termos aditivos que modificassem os quantitativos de
servios inicialmente previstos (item. 8), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificao,
para o recolhimento da dvida ao Tesouro Nacional;
16.6. aplicar aos Srs. Roberto Yoshiharu Nisie, CPF 009.623.208-03, Valdir Antonucci Minto, CPF
045.723.648-50, Douglas Leandrini, CPF 853.070.928-49, Alexandre Lobo de Almeida, CPF
123.172.818-38, e Jorge Luiz Castelo de Carvalho, CPF 344.471.647-87, a multa prevista no art. 58, II,
da Lei n. 8.443/1992 c/c o art. 268, II, do Regimento Interno, por terem infringido o art. 60, pargrafo
nico, e 65, I, a, da Lei n 8.666/93 (item. 9), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da
notificao, para o recolhimento da dvida ao Tesouro Nacional;
16.7. com fulcro no art. 47 da Lei n 8.443/92, converter os autos em tomada de contas especial, a
fim de que sejam citados os Srs. Roberto Yoshiharu Nisie (relativamente aos dbitos da 12a 21a
medies e das medies de Taboo da 1a 3a), Valdir Antonucci Minto (relativamente aos dbitos da
22a 32a medies), Douglas Leandrini (relativamente aos dbitos da 12a 15a medies), Alexandre
Lobo de Almeida (relativamente ao dbito da 20a e 21a medies), Jorge Luiz Castelo de Carvalho
(relativamente aos dbitos da 22a 32a medies) e Arthur Pereira Cunha (pelo dbito decorrente da
assinatura do Termo de aditamento no 003/03 ao contrato no 039/99 - GP), bem como solidariamente a
Construtora OAS Ltda. (pela totalidade dos dbitos), para que apresentem alegaes de defesa ou
recolham. a quantia abaixo descriminada, corrigida monetariamente e acrescida de juros, haja vista a
ocorrncia de desequilbrio econmico-financeiro no Contrato n 039/1999 desfavorvel ao interesse
pblico, autorizando desde logo que sejam abatidos desse valor eventuais descontos pela Prefeitura de
Guarulhos de saldos a pagar construtora OAS bem como eventuais compensaes a serem feitas nas
faturas que vierem a ser emitidas pela construtora no decorrer da execuo da obra:
Fato gerador do dbito (crdito)
Valor
Data
da
(R$)
ocorrncia
12 a Medio Parcial (descontados descontados
105.571,
29/9/2000
crditos e dbito atualizados relativos a medies anteriores) 42
13a Medio Parcial
55.531,1
31/10/2000
3
14a Medio Parcial
17.583,8
1/12/2000
7
1 a Medio Taboo
153.074,
27/4/2001
89
2 a Medio Taboo
328.064,
24/5/2001
41
3 a Medio Taboo
131.477,
3/7/2001
82
20 a Medio Parcial
39.952,5
6/12/2001
5
23 a Medio Parcial
36.949,8
6/5/2002
9
25 a Medio Parcial
38.606,1
25/7/2002
0
26 a Medio Parcial
(48.881,2
13/8/2002
7)
402
28 a Medio Parcial
49.116,6
8
29 a Medio Complementar
94.845,8
7
29 a Medio Complementar II
87.385,9
4
30 a Medio Parcial
32 a Medio Parcial
2.735,07
362.839,
05
32 a Medio Complementar
356.120,
05
29/8/2002
16/10/2002
16/10/2002
17/12/2002
25/6/2003
1/4/2003
403
16.12.2. repactuao dos preos dos servios que tiveram quantidades acrescidas em relao s
iniciais, de modo a adequ-los aos preos de mercado, sugerindo que os contratantes adotem a planilha
oramentria elaborada pela Prefeitura de Guarulhos para a licitao ou tabela de custo de obras como a
do SICRO do Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transportes ou do SINAPI - Sistema
Nacional de Pesquisa de Custos e ndices da Construo Civil da Caixa Econmica Federal, a ser aplicada
para servios executados aps a 32a medio complementar.
9. Submetido o processo ao novo Relator da matria, eminente Ministro Marcos Bemquerer Costa,
atuando nos autos em razo da aposentadoria do Ministro Humberto Souto, S. Ex, tendo em vista a
metodologia para apurao de sobrepreo estabelecida no Acrdo 1.755/2004-Plenrio e a necessidade
de obteno de informaes atualizadas sobre o empreendimento, sobre o qual tinha-se de notcia de ter
alcanado o percentual de execuo fsica de 93%, encaminhou os autos Secretaria de Fiscalizao de
Obras deste Tribunal Secob para que emitisse parecer complementar ao que consta dos autos,
especialmente quanto ao montante do superfaturamento apurado pela Secex/SP, ao sobrepreo, melhor
metodologia a ser empregada e forma de ressarcimento mais adequada neste momento, se mediante
instaurao de TCE ou negociao com a contratada.
10. Antes de abordar as concluses oferecidas pela Secob, impende registrar que a Unidade ainda
detectou duas novas irregularidades no curso da anlise que encetou. So elas:
7.1.1. liberao ou autorizao de pagamento de recursos federais feita pela Caixa Econmica
Federal aps 2003, situao que contraria o art. 93 da Lei n. 10.707/2003, o art. 97 da Lei n.
10.934/2004 e o art. 102 da Lei n. 11.178/2005;
7.1.2. administrao irregular de contrato, em decorrncia de acrscimo de quantitativo de servios
nos itens 01.09, 02.08, 02.17, 05.12, 13.54 e nos itens de iluminao pblica 04.02, 04.04 a 04.09,
04.31.03, 04.35 a partir da 37 medio sem previso no contrato n. 039/1999 alterado pelo termo aditivo
n. 327/2004.
11. Por fim, as concluses da Secob, expostas em seu Parecer de fls. 1889/1901, acerca das
questes suscitadas no parecer do Sr. Relator acima referido, so, em suma, as seguintes, in verbis:
8.2. Os valores de sobrepreo e de superfaturamento foram calculados pela metodologia
fundamentada pelo Exmo. Sr. Ministro Walton Alencar no Acrdo n 1.755/2004-TCU-Plenrio,
conhecida por Mtodo do desconto.
8.3. Essa metodologia, que estabelece o equilbrio econmico-financeiro do contrato pela
manuteno do percentual de desconto dado no preo contratual original, foi considerada a mais adequada
para o caso concreto por considerar o benefcio original do contrato e por no desfavorecer a
Administrao Pblica nem a empresa contratada, em relao s condies inicialmente contratadas.
8.4. Ocorre que, para a situao em questo, em que consta sobrepreo contratual e o aditivo a
valores de mercado negativo, o clculo do sobrepreo pelo mtodo do balano desfavorece a empresa
contratada em relao situao original, por apresentar um preo global final menor do que o preo
global final a preos de mercado dado o percentual de desconto original.
8.5. Assim sendo, o valor do montante de sobrepreo para todo o contrato n. 39/1999, com
quantitativos de servios alterados pelo Termo Aditivo n. 327/2004, e excludos dos clculos os servios
novos, totaliza R$ 28.621.620,61 (jun/99).
8.6. Considerando que as obras do Complexo Virio realizaram-se at o momento com recursos
municipais, estaduais e federais, o valor apresentado no item anterior referente a diversas origens.
Daquele total, 41,2% correspondem parcela relativa Unio.
8.7. Para o clculo do dbito relativo ao desequilbrio econmico-financeiro do contrato, foram
definidos: os clculos medio a medio, em razo, principalmente, da definio, pela Secex-SP, das
responsabilidades e a concluso do contrato at a 42 medio complementar (ltima medio informada
pela Prefeitura Municipal de Guarulhos em resposta ltima diligncia).
8.8. Com base nos resultados acima, o valor de dbito total (todas as origens) a ser ressarcido de
R$ 20.401.935,37 (jun/99). Desse valor, a parcela relativa Unio, atualizada e acrescida de juros a
partir das datas de ocorrncia, totaliza R$ 17.014.025,67 para a data de 31/10/2006.
8.9. Em vista das irregularidades apontadas, do percentual fsico e financeiro executado, do
cumprimento parcial da finalidade do Complexo Virio, do valor de dbito em relao estimativa de
concluso da obra a preos de mercado e da no-autorizao de parte pendente da obra pelo Quarto
404
Comando Areo Regional, prope-se determinao para que, no exato cumprimento da Lei, a Secretaria
Municipal de Obras de Guarulhos promova a resciso do Contrato n. 39/1999, conforme estabelece o art.
71, inciso IX, da Constituio Federal, e o art. 45 da Lei n. 8.443, de 16 de julho de 1992, face as
ilegalidades pelo descumprimento dos dispostos nos arts. 43, IV, 60, pargrafo nico, 65, I, a e 8 da Lei
n. 8.666/93.
8.10. Pelo exposto no item 8.9, entende-se pela converso dos autos em Tomada de Contas
Especial, com fulcro no art. 47 da Lei n. 8.443/92.
8.11. As informaes prestadas neste parecer sero utilizadas pela Secex-SP quando da atribuio
das responsabilidades a partir da 33 Medio, conforme realizado para as demais medies na proposta
de encaminhamento s fls. 1781/1783.
8.12. Ressalta-se, ainda, o descumprimento por parte da Caixa Econmica Federal ao disposto nos
artigos 93 da Lei n. 10.707/2003, 97 da Lei n. 10.934/2004 e 102 da Lei n. 11.178/2005, bem como
novas alteraes de quantitativos sem previso contratual.
8.13. Por fim, rejeita-se as alegaes de defesa recentemente apresentadas pela Construtora OAS
Ltda., conforme anlise elaborada s fls. 1758/1785.
o Relatrio.
VOTO
Em seus pronunciamentos, tanto a Secex/SP como a Secob propem a converso dos autos em
tomada de contas especial, promovendo-se, preliminarmente, a citao dos responsveis identificados
pelo dbito apurado em razo do superfaturamento apontado no processo. Antes, porm, de apresentar as
razes que me levam a concordar com as Unidades Tcnicas, convm expendir algumas consideraes
atinentes ao valor do dbito e s demais proposies formuladas pelas Unidades, notadamente a de
aplicao de multa aos responsveis por outras irregularidades anotadas no processo, parte delas
vinculada manipulao da planilha contratual, que apontado como causa do superfaturamento referido.
2. Com relao ao valor do dbito, importa notar que, inicialmente, a Secex/SP apurou quantia
atribuda exclusivamente ao prejuzo causado Administrao pela alterao da planilha consistente
unicamente na majorao dos quantitativos de servios cujos preos estavam acima dos de mercado, no
computando possveis perdas oriundas da supresso de itens ou quantitativos cujos preos contratuais
estavam abaixo dos de mercado, conforme preconizado em metodologia conhecida por mtodos dos
balanos, objeto da Deciso 583/2003-Plenrio. Esse dbito inicial totalizava R$ 5.965.612,12 a preos
de junho de 1999, do qual R$ 1.810.973,47 era devido Unio Federal, que financiou apenas parte da
obra.
3. Posteriormente, aps a manifestao dos diversos responsveis ouvidos em audincia prvia nos
termos do Despacho de fl. 788, v. 3, a Secex/SP, depois de analisar e rejeitar as razes de justificativa
oferecidas, defendeu a aplicao do referido mtodo ao caso em questo, o que elevou o montante do
dbito perante a Unio para R$ 13.049.447,70, correspondente ao prejuzo de R$ 5.965.612,.12, j
mencionado, por quantitativos aumentados, somado ao de R$ 7.083.835,58, trazido pela supresso de
itens subprecificados em relao ao mercado.
4. Por sua vez, a Secob, procurando aplicar metodologia descrita no Acrdo 1.755/2004-Plenrio,
conhecida como mtodo do desconto, chegou a um valor de dbito para com a Unio de R$
8.405.597,37, at a 42 medio complementar (a Secex/SP computou o dbito apenas at a 32),
correspondente ao percentual de 41,2% de financiamento federal incidente sobre a dvida total de R$
20.401,937,37, a preos de junho de 1999, data-base da planilha contratual. O procedimento bsico da
Secob foi o de verificar se a ltima alterao da planilha contratual, efetuada pelo Termo Aditivo
327/2004, preservou o desconto de 11,597% sobre o valor de mercado da obra, implcito na proposta
vencedora da licitao, impugnando-se os valores que sobrepassam aquele propiciador da manuteno do
desconto.
5. Feita essa exposio de valores, h que, primeiramente, definir com clareza o valor do dbito a
ser imputado aos responsveis. Nesse intento, reproduzo a seguir o trecho do voto do Sr. Ministro-Relator
do Acrdo 1.755/2004-Plenrio em que so traados os delineamentos bsicos a serem observados na
aplicao do chamado mtodo do desconto, o qual, diga-se desde logo, representa a posio prevalecente
405
deste Tribunal sobre a forma de cmputo de dvidas decorrentes das alteraes da planilha contratual de
obras pblicas:
a) exigir que o projeto bsico, com os elementos descritivos a ele pertinentes, seja tecnicamente
adequado e atualizado, no momento da realizao da licitao de obras pblicas, conforme prescrevem os
arts. 6, inciso IX, e 7, ambos da Lei 8.666/93, evitando-se alteraes contratuais que o desnaturem ou
que sejam motivadas por erros grosseiros, omisses, insuficincias ou obsolescncia do projeto bsico, o
qual deve permitir a correta aferio dos quantitativos de servios necessrios execuo integral da
obra;
b) ainda que a licitao seja para contratao de obra no regime de empreitada por preo global, o
edital dever expressamente adotar critrio de aceitabilidade de preos unitrio e global, como determina
o art. 40, inciso X, da Lei 8.666/93;
c) havendo necessidade de celebrao de aditivos contratuais, certificar-se de que a alterao
contratual no se destina a suprimir a vantagem econmica inicialmente obtida pela Administrao (jogo
de planilha), devendo a reviso ser coerente com o projeto bsico;
d) na eventualidade de ter sido celebrado termo aditivo que evidencie a prtica do jogo de
planilha, dever ser exigida a restaurao do desconto percentual ofertado inicialmente pela licitante
vencedora, a fim de manter as condies efetivas da proposta e preservar a vantagem do contrato e, se for
o caso, anulado o termo aditivo modificador das condies originais;
e) afastada essa hiptese, sendo a alterao tecnicamente justificvel, por corresponder a um avano
qualitativo ou quantitativo genuno em relao ao projeto da obra (art. 65, inciso I, alneas a e b, da Lei
8.666/93), e efetuada exclusivamente para atender ao interesse pblico e no para propiciar ganhos
indevidos, tudo amplamente comprovado, se o termo aditivo vier a reduzir ou suprimir o desconto
originalmente concedido sobre o oramento-base, essa circunstncia acarretar a presuno de possvel
desequilbrio econmico-financeiro do contrato, a ser completa e cabalmente confirmada ou refutada pela
Administrao, oferecendo-se ampla oportunidade de manifestao da empresa contratada;
f) na celebrao de aditivos contratuais nos quais so acrescidos os quantitativos de servios j
previstos, os preos unitrios devem limitar-se, no mximo, pelo valor de mercado. Caso o valor do
contrato seja inferior ao de mercado, prevalece o da avena, consoante prescreve o art. 65, 1, da Lei
8.666/93; e
g) na celebrao de aditivos contratuais nos quais so acrescidos novos itens de servios, no
previstos no contrato original, os preos unitrios devem ser deduzidos dos preos dos itens congneres
previstos no contrato original e das condies licitadas, no se admitindo que, nas suas composies de
preo, constem custos elementares de insumos diferentes dos atribudos aos mesmos insumos em
composies preexistentes nem taxas de consumo ou de produtividade em visvel desacordo com as
especificadas em composies semelhantes, atentando-se para o fato de que o preo de mercado sempre
dever servir de limitante superior.
6. O procedimento da Secob encontra apoio, sem dvida, na diretriz descrita na alnea e das
prescries acima transcritas, que diz ser legtima a presuno de ruptura do equilbrio econmicofinanceiro contratual sempre que a alterao contratual acarretar a reduo ou supresso do desconto
advindo da licitao. Mas preciso notar que tal prescrio no plenamente compatvel com as
prescries seguintes, mais especficas, que tratam do acrscimo de quantitativos previstos originalmente
no contrato (alnea f) e de itens novos de servios, no previstos inicialmente, que so incorporados
planilha.
7. Antes de demonstrar esse ponto, importante frisar que uma das caractersticas do mtodo, e que,
alis, o distingue crucialmente do chamado mtodo dos balanos introduzido pela Deciso 583/2003Plenrio, a de que no se atribui dbito pela supresso de quantitativos ou mesmo de itens de servio
inicialmente previstos. Os motivos para tanto foram suficientemente explicados por ocasio da prolao
do Acrdo 1.755/2004-Plenrio no se vislumbrando a necessidade de, no presente caso, voltar-se a esse
tema especfico. Importa apenas fixar a noo de que o dbito apontado pela Secex/SP vinculado
reduo ou supresso de quantitativos, no valor de R$ 7.083.835,58, pode, desde j, ser desconsiderado.
8. Pode-se inferir facilmente que a preservao do desconto licitatrio global ao longo das
alteraes sofridas pelo contrato no guarda compatibilidade estrita com as prescries relativas
formao dos preos dos servios majorados em suas quantidades iniciais ou simplesmente includos na
406
planilha. Basta ver que a mera aplicao das regras indicadas nas alneas f e g afeta automaticamente,
por uma questo de lgica, o desconto global da planilha, entendido como a razo entre o valor contratual
da obra e o seu correspondente preo de mercado. Com efeito, o desconto global s ser mantido se o
desconto especfico do item alterado for rigorosamente igual ao desconto global antes da alterao. Se
isso no ocorrer, o desconto global ser alterado por um imperativo matemtico.
9. Exposta essa contradio, necessrio se faz proceder a um refinamento do mtodo do desconto a
fim de estabelecer que regras, dentre aquelas em possvel conflito, devem prevalecer doravante, ou, ao
menos, as que sejam aplicveis ao presente caso. Para tanto, h que se atentar para a diferena principal
existente entre a regra e e as seguintes f e g do mtodo. No meu particular ponto de vista, o fator
distintivo mais importante reside na generalidade muito maior de que est eivada a regra g, que faz com
que a discusso fique centrada nos aspectos globais da planilha, em detrimento da anlise individualizada
de cada um dos itens alterados.
10. certo que o cerne do mtodo a preservao do desconto oferecido na licitao, que como
vantagem obtida pela administrao na contratao, estar sujeita a todo tipo de investida por parte das
contratadas, em detrimento de quem ela auferida. No entanto, condicionar qualquer alterao contratual
manuteno estrita do percentual de desconto advindo da licitao pode levar abstrao total dos
motivos reais que determinaram a alterao, procedimento que se me afigura indesejvel na medida em
que pode significar a desconsiderao de causas modificadoras legtimas, perfeitamente compatveis com
os permissivos previstos na legislao.
11. A presuno de desequilbrio de que fala a regra e, decorrente da mera alterao do desconto
global, tem, at por absoluta falta de previso legal expressa, natureza eminentemente juris tantum,
admitindo a prova em contrrio. Penso mais que no pode prescindir, para ser assacada contra os
jurisdicionados da Corte, do exame individual das alteraes introduzidas, que h de exigir sempre a
criteriosa consulta ao contedo factual de cada processo. Alis, noto que, por trs desses mtodos de
anlise econmica de planilhas contratuais, h sempre o objetivo legtimo de construo de um molde
automtico que, aplicado s alteraes em geral sem considerao de quaisquer especificidades
casusticas, seja capaz de impedir ou inibir as revises contratuais impulsionadas exclusivamente por
interesses esprios, naturalmente encobertos, por reserva mental, pelas mais inofensivas e singelas
explicaes.
12. Receio, no entanto, que um algoritmo como esse, cuja aplicao desdenha completamente das
circunstncias reais que presidem a reviso do contrato, seja de difcil concepo e implementao, uma
vez que nada garante que o artificialismo inerente s solues por ele engendradas seja capaz de conciliar
a extrema diversidade dos fatores tcnicos, jurdicos e administrativos envolvidos. No h sequer garantia
de que o prprio interesse pblico restar atendido, caso a aplicao do paradigma, impassivelmente, sem
qualquer compadecimento com as peculiaridades do caso, resulte na criao de impasses insuperveis
entre as partes contratantes.
13. No presente processo, a prpria Secex/SP registra que o dbito proveniente do acrscimo do
quantitativo do item 01.04 da planilha (Remoo de terra alm do 1 km at a distncia mdia de ida e
volta de 20km), cujo preo estabelecido no contrato estaria apresentando sobrepreo em relao ao
mercado de cerca de 85%, representou perto de 72% do dbito total apurado inicialmente no processo.
Todos os demais itens responderiam pelo restante. No caso do item mencionado, as evidncias de
manipulao indevida da planilha esto razoavelmente patenteadas no processo, mesmo aps a oitiva
inicial dos responsveis, justificando a transformao dos autos em tomada de contas especial. Porm,
imperioso reconhecer que o mesmo no se pode dizer com relao aos outros itens, que esto a contribuir
para o dbito final, s vezes com valores relativamente pequenos, sem maiores indicaes de conduta
ilegal.
14. Por outro lado, as regras insculpidas nas alneas f e g do sumrio definidor do mtodo do
desconto, transcrito no item 5, acima, so visivelmente muito mais atreladas no s s circunstncias
factuais condicionadoras da reviso contratual, como tambm aos documentos da licitao e, portanto, ao
histrico da contratao, cujos pressupostos ho de prevalecer sobre toda a existncia do contrato, sob
pena de restar esvanecido o princpio constitucional da licitao. Para ver isso, note-se que a regra de
formao de preos dos itens novos estatuda na regra g vincula o processo diretamente ao desconto
407
especfico ofertado pela licitante vencedora para os servios congneres ou assemelhados, remetendo
tambm s composies de preos apresentados na fase licitatria.
15. J a regra da alnea e, ao permitir que, inexistentes os indcios de manipulao espria da
planilha (o chamado jogo de planilha), itens sobreprecificados possam ter seus quantitativos majorados
desde que o acrscimo seja remunerado, no mximo, pelo preo de mercado, vem atender contingncia
de se ter que aditar o contrato exatamente nesse sentido, na forma das disposies legais e em estrita
consonncia com o interesse pblico.
16. Nesse caso, no h desconto algum, global ou especfico, a ser preservado. Note-se que, na
forma de clculo do dbito empregada pela Secob, o desconto global foi imposto a todos os itens
indistintamente, sem maiores perquiries acerca das motivaes subjacentes s alteraes, o que, com a
devida vnia, inobserva a referida regra. Por esse motivo principal, entendo que o valor do dbito
diligentemente apurado pela Unidade Tcnica, apesar de baseado em interpretao correta de diretriz
expressamente includa na definio do mtodo do desconto constante do voto para o Acrdo
1.755/2004-Plenrio, no reflete com inteireza a natureza das impugnaes feitas nos presentes autos.
17. Na verdade, de todas essas consideraes, concluo que no h motivos para que o dbito
inicialmente apontado nos autos, vinculado unicamente aos itens de servio que tiveram seus
quantitativos majorados seja modificado ou substitudo. Isso porque, para o caso em exame, em que h
fundadas suspeitas de manipulao fraudulenta da planilha em determinados itens, vale a regra d do
mtodo do desconto, qual seja, a restaurao integral do desconto licitatrio ou a prpria anulao do
aditivo modificador.
18. Portanto, o valor do dbito a ser considerado neste processo dever ser aquele inicialmente
apurado pela Secex/SP, conforme demonstrado fl. 746 dos autos, devendo a Unidade Tcnica promover
o refazimento dos clculos para incorporar quele valor, se possvel, os pagamentos indevidos ocorridos
at a 42 medio, efetuados posteriormente ltima manifestao da Unidade.
19. Feitas essas alongadas consideraes acerca do valor do dbito, passo a tratar do mrito da
principal irregularidade tratada nos autos que a de sobrepreo contratual causada por manipulao
indevida da planilha, causando dano ao errio. Embora no caiba pronunciamento definitivo sobre tal
imputao, a presente fase processual, em que se pede a converso dos autos em TCE para reparao do
dano, exige que, ainda que em cognio mdia, seja analisada a procedncia da referida irregularidade.
Nesse sentido, entendo que, como j adiantado acima, as razes de justificativa apresentadas pelos
responsveis no lograram elidir a grave acusao que lhes atribuda.
20. Com efeito, a principal alegao esgrimida pelos responsvel, em especial pela Construtora
OAS, a de que, diante da necessidade de alterao do projeto da obra, no cabe responsabilizar
quaisquer das partes por possveis ou alegados benefcios que advenham das alteraes. Entendo que essa
linha de defesa no prov uma explicao razovel para a diminuio do item 01.03 Remoo de terra
distncia mdia de 10km, subprecificado em 64,1% em relao ao mercado, e majorao do item 01.04
Remoo distncia mdia de 20km, sobreprecificado a 81,5%, causando prejuzo da ordem de R$ 4,3
milhes a preos iniciais. A discrepncia manifesta dos custos dos dois servios de igual natureza no
passaria despercebida aos olhos de qualquer observador, clamando veementemente por uma composio
mais eqitativa dos encargos decorrentes da radical mudana de quantitativos verificada, por mais
necessria que tenha sido. S por esse motivo, dou como procedente a proposta das Unidades Tcnicas no
sentido da converso dos autos em tomada de contas especial, procedendo imediata citao dos
responsveis para recolhimento do dbito inicialmente apurado pela Secex/SP, ou apresentao de
alegaes de defesa.
21. A Secex/SP, em sua manifestao de fls. 1758/1783, v. 9, prope que sejam, desde logo,
aplicadas multas aos responsveis ouvidos em audincia prvia pelas demais irregularidades anotadas no
processo. Quanto a essa proposta, verifico que parte das ocorrncias tem relao com a questo maior
referente ao sobrepreo danoso ao errio, motivador da converso dos autos em TCE, razo pela qual
entendo que o pronunciamento de mrito sobre tais ocorrncias deva se dar por ocasio do julgamento
final sobre as contas, sem prejuzo de que os responsveis sejam novamente chamados em audincia
prvia.
408
22. Do mesmo modo, entendo que as demais medidas sugeridas pela Secex/SP nos subitens 16.10,
16.11 e 16.12 de sua proposta de encaminhamento de fls. 1781/1783 podero ser melhor avaliadas por
ocasio da apreciao final do processo, caso sejam mantidas pela Unidade Tcnica.
23. Sobre as novas irregularidades anotadas pela Secob, relativas liberao, pela Caixa Econmica
Federal, de recursos para a obra em comento, aps 2003, em desacordo com a legislao apontada por
aquela Unidade, e ao pagamento de servios sem previso contratual, entendo que a zelosa Secex/SP
poder analisar os fatos e propor as medidas cabveis.
Ante o exposto, Voto por que seja adotada a deliberao que ora submeto a este Colegiado.
TCU, Sala das Sesses, em 14 de maro de 2007.
AUGUSTO NARDES
Ministro-Relator
ACRDO N 355/2007- TCU - PLENRIO
1. Processo n TC-011.101/2003-6.
2. Grupo I, Classe de Assunto V: Relatrio de Levantamento de Auditoria.
3. Interessado: Congresso Nacional.
4. Entidade: Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano e Secretaria de Obras do Municpio de
Guarulhos/SP.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Secex/SP e Secob.
8. Advogado constitudo nos autos: no atuou.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatrio de levantamento de auditoria realizado em
nas obras do Complexo Virio do rio Baquirivu, em Guarulhos, Estado de So Paulo,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. com fulcro no art. 47 da Lei 8.443/92, converter os autos em tomada de contas especial, a fim
de que sejam citados os Srs. Roberto Yoshiharu Nisie (relativamente aos dbitos da 12 21 medies e
das medies de Taboo da 1 3), Valdir Antonucci Minto (relativamente aos dbitos da 22 32
medies), Douglas Leandrini (relativamente aos dbitos da 12 15 medies), Alexandre Lobo de
Almeida (relativamente ao dbito da 20 e 21 medies) e Jorge Luiz Castelo de Carvalho (relativamente
aos dbitos da 22 32 medies), bem como solidariamente a Construtora OAS Ltda. (pela totalidade
dos dbitos), para que apresentem alegaes de defesa ou recolham. a quantia abaixo descriminada,
corrigida monetariamente e acrescida de juros, haja vista a ocorrncia de desequilbrio econmicofinanceiro no Contrato 039/1999 desfavorvel ao interesse pblico, autorizando desde logo que sejam
abatidos desse valor eventuais descontos pela Prefeitura de Guarulhos de saldos a pagar construtora
OAS bem como eventuais compensaes a serem feitas nas faturas que vierem a ser emitidas pela
construtora no decorrer da execuo da obra, esclarecendo que ao dbito indicado podero ser acrescidas
as parcelas referentes aos pagamentos indevidos efetuados nas medies posteriores:
Fato gerador do dbito (crdito)
Valor (R$)
Data
da
ocorrncia
12 Medio Parcial (descontados descontados crditos e
105.571,42
29/9/2000
dbito atualizados relativos a medies anteriores)
13 Medio Parcial
55.531,13
31/10/2000
14 Medio Parcial
17.583,87
1/12/2000
1 Medio Taboo
153.074,89
27/4/2001
2 Medio Taboo
328.064,41
24/5/2001
409
3 Medio Taboo
131.477,82
3/7/2001
20 Medio Parcial
39.952,55
6/12/2001
23 Medio Parcial
36.949,89
6/5/2002
25 Medio Parcial
38.606,10
25/7/2002
26 Medio Parcial
(48.881,27)
13/8/2002
28 Medio Parcial
49.116,68
29/8/2002
29 Medio Complementar
94.845,87
16/10/2002
29 Medio Complementar II
87.385,94
16/10/2002
30 Medio Parcial
2.735,07
17/12/2002
32a Medio Parcial
362.839,05
25/6/2003
32 Medio Complementar
356.120,05
1/4/2003
9.2. promover, em renovao, a audincia dos seguintes responsveis acerca das ocorrncias a eles
atribudas:
9.2.1. dos Srs. Airton Tadeu de Barros Rabello, ento Secretrio de Obras de Guarulhos e
Presidente da Comisso de Licitao, e Jovino Cndido da Silva, ex-Prefeito do Municpio de Guarulhos
acerca da seguinte irregularidade: autorizar e/ou homologar a abertura da licitao sem previso
oramentria suficiente para arcar com o custo da obra no exerccio vigente, em desacordo com o art. 7,
2, III, da Lei 8.666/93;
9.2.2. dos Srs. Airton Tadeu de Barros Rabello, Secretrio de Obras de Guarulhos de 1/1/97 a
19/9/98, Artur Pereira Cunha, Secretrio de Obras de Guarulhos desde 1/1/01, Sueli Vieira da Costa,
Secretria de Obras de Guarulhos de 7/10/98 a 8/1/00, Vnia Moura Ribeiro, Secretria de Obras de
Guarulhos de 10/1/00 a 11/7/00, Kimei Kunyoushi, Secretrio de Obras de Guarulhos de 11/07/00 a
31/12/00 sobre a seguinte irregularidade: dar incio e/ou prosseguimento execuo da obra sem obter as
licenas ambientais pertinentes;
9.2.3. do Sr. Artur Pereira Cunha, Secretrio de Obras de Guarulhos, sobre a seguinte
irregularidade: aceitar o descumprimento do cronograma fsico sem a formalizao de justificativa, em
descordo com o art. 8, pargrafo nico, da Lei 8.666/93;
9.2.4. dos Srs. Carlos Eduardo Corsini e Fernando Antonio Duarte Leme, membros da Comisso de
Licitao que analisaram os preos, acerca da seguinte irregularidade: admitir proposta de empresa
licitante com distores nos preos unitrios de at 785% em relao ao preo de mercado, sem qualquer
questionamento, em desacordo com o art. 43, IV, da Lei de Licitaes e o item 3.2.4.1 do Edital, e
deixando de chamar ateno para futuros termos aditivos que modificassem os quantitativos de servios
inicialmente previstos;
9.2.5. dos Srs. Roberto Yoshiharu Nisie, Valdir Antonucci Minto, Douglas Leandrini, Alexandre
Lobo de Almeida e Jorge Luiz Castelo de Carvalho, engenheiros fiscais, acerca da seguinte
irregularidade: aceitar indevidamente alteraes de projetos e especificaes, de maneira informal e
atestar boletins de medio com servios no previstos no contrato;
9.3. autorizar Secex/SP a incorporar ao valor do dbito indicado no subitem 9.1, com base nas
informaes juntadas ao processo, se possvel, as parcelas referentes aos pagamentos indevidos ocorridos
em razo das medies efetuadas posteriormente a sua ltima manifestao dos autos, podendo a Unidade
Tcnica incluir no rol de responsveis, para fins de citao, os agentes pblicos que deram origem a tais
pagamentos, seguindo a mesma linha de responsabilizao adotada no processo;
9.4. determinar Secex/SP que emita pronunciamento acerca das novas irregularidades apontadas
pela Secob, propondo as medidas pertinentes, autorizando a Unidade, desde j, a, caso entenda
conveniente, autuar processo em separado para apurao dos fatos e posterior submisso ao Relator
competente
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0355-09/07-P
13. Especificao do qurum:
410
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator) e Aroldo
Cedraz.
13.2. Ministro que votou com ressalva quanto metodologia de clculo do dbito: Marcos Vinicios
Vilaa.
13.3. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.4. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
AUGUSTO NARDES
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
411
2.5. violao ao princpio da segregao de funo e aos princpios fundamentais que disciplinam a
atividade da Administrao Pblica, uma vez que a servidora Letcia Ferreira Carlos de Santis concorreu,
como Diretora da Secretaria de Concursos e Treinamento do TRT/1 Regio, vaga para o cargo de
Analista Judicirio, em concurso promovido pelo prprio rgo, sob sua responsabilidade.
3. Em razo de tais apuraes, a Sefip props a realizao de audincia dos responsveis pelas
ocorrncias descritas nos subitens 2.1 a 2.5 acima, e, no tocante questo consignada no subitem 2.5,
sugeriu tambm a adoo de medida cautelar, a fim de determinar ao TRT/1 Regio que se abstivesse de
nomear a servidora Letcia Ferreira Carlos de Santis, bem como os demais candidatos aprovados no
certame em classificao posterior a dela, at que esta Corte de Contas se pronunciasse, em definitivo, a
respeito da matria (fls. 13/15).
4. Em 21/09/2006 (fls. 30 e 31), autorizei a realizao das audincias sugeridas pela unidade tcnica
e, presentes o fumus bonis iuris e o periculum in mora, dada a possibilidade de ocorrer contratao que
atentasse contra o princpio da segregao de funes, bem assim contra os princpios constitucionais da
isonomia, impessoalidade, moralidade e legalidade, acolhi o posicionamento da Sefip e determinei,
cautelarmente, com fulcro no art. 276 do Regimento Interno/TCU, que o TRT/1 Regio se abstivesse de
nomear a servidora Letcia Ferreira Carlos de Santis, bem como os demais candidatos aprovados no
concurso pblico em tela e classificados posteriormente quela servidora, at que o TCU decidisse sobre
o mrito da questo suscitada, nos termos do art. 45 da Lei n. 8.443/1992. Nessa mesma ocasio,
determinei, tambm, com fundamento no art. 276, 3, do RI/TCU, a oitiva dos responsveis para que se
pronunciassem a respeito da matria.
5. Na sesso do dia 27/09/2006, submeti ao Plenrio, nos termos do art. 276, 1, do RI/TCU a
cautelar ento adotada, havendo este Colegiado aprovado a medida (Ata n. 39/2006 Plenrio).
6. Em ateno notificao da cautelar (fl. 51), o Presidente do TRT/1 Regio, Desembargador
Ivan D. Rodrigues Alves, encaminhou ao Tribunal o Ofcio TRT/GP n. 751/2006 (fls. 53/55), por meio do
qual informa que ao receber a referida notificao em 02/10/2006, j haviam sido nomeados, com base no
Ato n. 1.115/2006, publicado em 14/07/2006, os candidatos classificados entre as posies 48 a 76,
abrangendo pois a servidora Letcia Ferreira Carlos de Santis, que ocupava a 53 posio. Acrescenta
ainda que determinou a imediata abertura de processo administrativo disciplinar, com fulcro no art. 143
c/c o art. 148 da Lei n. 8.112/1990, para apurar a responsabilidade dessa servidora atinente sua
respectiva participao como candidata e, ao mesmo tempo, como responsvel pela fiscalizao e
acompanhamento dos servios contratados para a realizao do concurso pblico.
7. Dessa forma, ante a impossibilidade de cumprir a cautelar nos termos em que foi concedida, o
Presidente do TRT/1 Regio indaga a Corte de Contas sobre qual procedimento adotar, tendo em vista a
necessidade de instalao de trs novas Varas do Trabalho, cujo funcionamento depende da nomeao
dos demais candidatos aprovados no referido concurso pblico, que contemplou outros cargos alm do
cargo de Analista Judicirio e, portanto, sem relao com a classificao da servidora Letcia Ferreira
Carlos de Santis.
8. Nesse contexto, requer ao TCU que, se possvel, considere a possibilidade de restringir os efeitos
da deciso, com o contedo que lhe for atribudo, nomeao da servidora Letcia Ferreira Carlos de
Santis, reservando-se a vaga correspondente at o julgamento final pela Corte de Contas.
9. Ao examinar a matria na instruo de fls. 56 e 57, a Sefip entende que a medida cautelar perdeu
o seu objeto, tendo em vista que se deu aps a nomeao da servidora Letcia Ferreira Carlos de Santis,
bem como dos demais candidatos aprovados e classificados posteriormente sua posio. Ademais,
defende a unidade instrutiva, h que se levar em conta que a participao daquela servidora no concurso
pblico ser avaliada na deciso de mrito do TCU, a qual ser proferida aps o exame dos elementos de
defesa a serem apresentados pelos responsveis em razo das audincias em curso. Conclui, portanto, no
haver justificativa para obstaculizar as nomeaes dos demais candidatos aprovados no certame.
10. Em vista da anlise que fez, a Sefip prope ao Tribunal tornar sem efeito a referida medida
cautelar, de forma a liberar o TRT/1 Regio para nomear os demais candidatos aprovados no concurso
pblico para os cargos de Analista Judicirio rea Judiciria (fl. 57).
o Relatrio.
PROPOSTA DE DELIBERAO
412
413
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATRIO E VOTO
No Acrdo 223/2007-Plenrio, que trata das obras de apoio a projetos de infra-estrutura turstica
para o turismo religioso - Juazeiro do Norte CE, este Tribunal decidiu, em face da ausncia de recursos
pblicos federais aplicados na obra:
9.1. remeter cpia deste acrdo e do relatrio e voto que o fundamentam ao Tribunal de Contas
do Estado do Cear, para as providncias que entender adequadas;
9.2. determinar o arquivamento dos presentes autos.
414
2. Entretanto, posteriormente ao Acrdo, constatei que a obra foi includa pelo Congresso
Nacional no quadro de obras e servios com indcios de irregularidades graves de que tratam os arts. 104
e 105 da Lei 11.439/2006 (LDO/2007).
3. Por essa razo, independentemente da ausncia de competncia deste Tribunal para fiscalizar as
referidas obras, a mencionada deciso deve ser informada Comisso Mista de Planos, Oramentos
Pblicos e Fiscalizao do Congresso Nacional, em ateno ao art. 105, 5, da referida LDO 2007
(grifei):
Art. 105. O Tribunal de Contas da Unio enviar Comisso Mista de que trata o art. 166, 1, da
Constituio (...)
(...).
5o Durante o exerccio de 2007, o Tribunal de Contas da Unio remeter ao Congresso Nacional,
no prazo de at 15 (quinze) dias da constatao, informaes relativas a novos indcios de
irregularidades graves identificados em subttulos constantes da Lei Oramentria e s alteraes
ocorridas nos subttulos com execues oramentria, fsica e financeira bloqueadas, acompanhadas
de subsdios que permitam a anlise da convenincia e oportunidade de bloqueio ou liberao das
respectivas execues.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberao que ora submeto ao
Colegiado.
Sala das Sesses, em 14 de maro de 2007.
AROLDO CEDRAZ
Relator
ACRDO N 357/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC 008.744/2006-9.
2. Grupo I, Classe de Assunto V Relatrio de Levantamento de Auditoria Fiscobras 2006.
3. Responsvel: Raimundo Antnio de Macdo (CPF: 163.127.673-53).
3. Interessado: Comisso Mista de Planos, Oramentos Pblicos e Fiscalizao do Congresso
Nacional.
4. Entidade: Municpio de Juazeiro do Norte/CE.
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Secex/CE.
8. Advogado constitudo nos autos: no h.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos deste Relatrio de Levantamento de Auditoria realizada
no mbito do programa de fiscalizao FISCOBRAS do ano de 2006, nas obras de infra-estrutura urbana
relativas ao PT2369511660541048 Apoio a projetos de infra-estrutura turstica para o turismo religioso
Juazeiro do Norte CE.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. retificar o item 9.1 do Acrdo 223/2007-Plenrio, para os seguintes termos:
9.1. remeter cpia deste acrdo e do relatrio e voto que o fundamentam ao Tribunal de Contas
do Estado do Cear, para as providncias que entender adequadas, e Comisso Mista de Planos,
Oramentos Pblicos e Fiscalizao do Congresso Nacional.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0357-09/07-P
13. Especificao do qurum:
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13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo Cedraz
(Relator).
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
AROLDO CEDRAZ
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
RELATRIO
Trata-se de Projeto de Resoluo contendo proposta de atualizao de dispositivos da Resoluo
TCU n 140/2000, que dispe sobre a estrutura e as competncias da Secretaria do Tribunal de Contas da
Unio.
2. O processo se originou de representao formulada pelo ento Assessor do Ministro-Corregedor,
visando o pleno exerccio da gerncia administrativa da Corregedoria, em especial a concesso de perfis
para acesso aos sistemas corporativos do TCU.
3. Como resultado, o Tribunal, na Sesso Plenria de 23/11/2005 (Acrdo n 2.036/2005), aprovou
a Resoluo n 181/2005, que alterou as Resolues ns 140/2000, 147/2001 e 154/2002, e determinou
Secretaria-Geral de Administrao a apresentao de proposta de ato normativo destinado a atualizar os
demais dispositivos da Resoluo n 140/2000.
4. A Secretaria de Planejamento e Gesto deste Tribunal promoveu os estudos necessrios
elaborao do normativo proposto e apresentou o projeto de resoluo de fls. 68 a 82.
5. Sorteado relator do feito, submeti apreciao do Colegiado, na Sesso de 5/7/2006, proposta de
abertura de prazo de trinta dias para a apresentao de emendas pelos Srs. Ministros e sugestes pelos Srs.
Auditores e pelo Sr. Procurador-Geral do Ministrio Pblico junto ao TCU. O ento Ministro-Corregedor,
Walton Alencar Rodrigues, atual Presidente deste Corte, apresentou emenda propondo a excluso do art.
50 do projeto de resoluo, que estabelece as competncias do Gabinete do Corregedor. Apresentou,
ainda, emenda modificativa alterando a redao do art. 51 do referido projeto, que dispe sobre as
funes comissionadas atribudas ao Gabinete do Corregedor.
o Relatrio.
PARECER
Em exame, nesta fase processual, projeto de resoluo originalmente destinado a atualizar
dispositivos da Resoluo/TCU n 140/2000, conforme disposio contida no item 9.2 do Acrdo n
2.036/2005-Plenrio.
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Tanto assim, que o art. 4 da Lei n 10.520/02 e o art. 17 do Decreto n 5.450/05, ao disciplinarem as
regras que obrigatoriamente devero ser seguidas na fase externa do prego, no impem a anexao da
planilha de custo ao Edital como condio de eficcia legal do processo licitatrio.
3.5.6 de se argumentar, ainda, que a anexao da planilha de estimativa de custo unitrio ao
Edital no teria l tanta serventia Administrao na fase externa do prego, porque pela natureza
dinmica de recebimento das propostas e de aceitabilidade de preos pelo pregoeiro na sesso pblica
ser declarada vencedora aquela que os valores dos lances ofertar o menor preo promotora do
certame.
3.5.7 Sobre a questo, ensina o Professor Maral Justen na Obra Sistema de Registro de Preos e
Prego Presencial e Eletrnico - Ed. Frum, 2 Ed., 2005, fls. 545/546, in verbis:
Valem aqui todas as consideraes expedidas sobre pesquisa de preos constantes no captulo 7,
da parte 2, do ttulo 1, cabendo ainda observar o seguinte:
a) a norma no exige o detalhamento do oramento em planilha de custos unitrios, como faz a
Lei n 8.666/93;
b) a Administrao Pblica ainda no estruturou, em base cientfica, uma confivel estrutura de
custos, tendo que se servir muitas vezes de pesquisa de preos realizadas com base em informaes de
futuros licitantes. Esse fato introduz no processo decisrio variveis que dificultam a correta avaliao
da montagem da proposta, pois se baseia em preos ofertados em pesquisa e no em preos praticados;
c) a divulgao do oramento unitrio pode obviar a busca de vantagem na futura fase de
negociao do prego, quando o pregoeiro examinar a aceitabilidade de preos. Por esse motivo,
vrios rgos que promovem licitao na forma de prego, no mais informam os preos obtidos nas
pesquisas aos licitantes.
O procedimento no contraria a literalidade da Lei e apresenta algumas vantagens:
a) inibe a tentativa de o licitante limitar seu preo ao estimado na pesquisa;
b) permite ao pregoeiro obter na fase de lances e na negociao preos inferiores aos da pesquisa;
c) no vincula os preos poca da pesquisa, permitindo a equipe de apoio atualiz-los at no dia
da prpria sesso do prego.
3.5.8 oportuno mencionar que no Pedido de Reexame impetrado pelo Serpro contra
determinaes do Tribunal nos itens 2.2. e 2.3 do Acrdo n 664/2004-P (TC-014.519/2004-4), o
Ministro-Relator Augusto Nardes, ao abordar o assunto em foco, assim se manifestou:
10. No cabvel, ento, defender que a exigncia em comento lcita apenas em decorrncia de a
Lei n 8.666/1993 a demandar, visto que esta norma somente aplicvel aos preges de forma
subsidiria e que, em relao a este tpico, a norma especfica possui disciplinamento prprio o qual
afasta o Estatuto das Licitaes.
11. Ressalto, contudo, que o presente entendimento no constitui uma vedao anexao dos
referidos oramentos aos editais de preges, uma vez que estes podem, a critrio do gestor pblico, ser
amplamente divulgados e, inclusive, integrar os editais publicados.
3.5.9 Anuindo-se proposta do Relator, o Tribunal proferiu o Acrdo n 1.925/06-P, nos
seguintes termos: 2.3 nos procedimentos licitatrios para aquisio de produtos e contratao de
servios de informtica, anexe aos instrumentos convocatrios o oramento estimado em planilhas de
quantitativos e preos unitrios, ressalvada a modalidade prego, cujo oramento dever constar
obrigatoriamente o Termo de Referncia, ficando a critrio do gestor, no caso concreto, a avaliao da
oportunidade e convenincia de incluir tal Termo de Referncia ou o prprio oramento no edital ou de
informar, nesse mesmo edital, a disponibilidade do oramento aos interessados e os meios para obt-los.
3.5.10 No caso em apreo, constou do procedimento licitatrio relativo ao prego a planilha de
estimativa de custos, conforme documentos extrados do processo n 0601338568 e enviados a este
Tribunal por meio do expediente Deaud/Gabin n 0466, de 04.09.06 (fls. 74/80). Em face da constatao,
no h qualquer censura no fato de o Bacen no ter anexado ao Edital elemento em referncia, vez que a
legislao de regncia dos preges e o entendimento firmado neste Tribunal a respeito da questo no
impem tal exigncia.
3.5.11 Contudo, em ateno ao princpio da publicidade disciplinado no art. 3 da Lei n 8.666/93 e
ao art. 5 da Lei n 5.450/05, e no intuito de que seja dada ampla e inquestionvel divulgao de todos os
atos e procedimentos em futuras licitaes do Bacen, tem-se como oportuno a formulao de
421
determinao Autarquia nos termos do Acrdo n 1.925, de 18.10.2006, com as alteraes que o caso
demandar.
3.5.12 Sobre a aluso feita Deciso n 097/97, equivoca-se o pregoeiro quando afirma que o
Tribunal firmou posicionamento a respeito da questo naquela assentada. O excerto destacado do
relatrio diz respeito opinio tcnica da unidade responsvel pela anlise do processo e no de
posicionamento do Tribunal, tanto o que o Voto do Relator e a Deciso do Plenrio no consagram
essa posio como faz crer o interessado. Portanto, permanece o entendimento pacificado nesta Corte no
que tange obrigatoriedade, nas licitaes de obra e servios, ressalvada a modalidade prego, da
divulgao do oramento estimado em planilhas de quantitativos e preos unitrios, em face do art. 40,
2, inciso II, da Lei n 8.666/93.
3.5.13 Por fim, no que tange ao entendimento firmado no MS n 2001.34.00.32766-2 e no Parecer
Bacen/DEJUR-282/95, invocados pelo pregoeiro, cabe consignar que o julgamento dos processos pelo
Tribunal em matria de sua competncia balizado nas legislaes de regncia e em sua consolidada
jurisprudncia. O fato de haver posicionamentos idnticos ou divergentes firmados em outras instncias
em matrias afins no o obriga a acompanhar ou mesmo modificar suas decises, em face da
independncia das instncias.
4 Concluso
4.1 A despeito das disposies do inciso IV do caput e dos 1 e 2 do art. 250 do RI/TCU, que
estabelecem a necessidade de audincia e aplicao de multa em razo de ilegalidade de ato ou contrato
em execuo, achamos que essas duas medidas podero ser dispensadas no presente processo. Primeiro,
porque o prejuzo potencial no chegou a se materializar, visto que foi o ato suspenso pela medida
cautelar ainda na fase de acolhimento das propostas. Segundo, porque a irregularidade no que tange ao
direcionamento e conluio aventados pelo interessado no foi confirmada nem na manifestao do
pregoeiro nem nos elementos acostados. Veja que o prprio interessado, ao requerer arquivamento do
processo, d sinais de que nem mesmo ele estava to convicto das irregularidades na dimenso apontada
na espcie.
5 Proposta de Encaminhamento
5.1 Por todo o exposto, submete-se o presente processo considerao superior com vistas
adoo das seguintes medidas:
5.2. Conhecer a presente representao, nos termos do art. 113, 1, da Lei n 8.666/1993, c/c o
art. 137, inciso VII, do Regimento Interno/TCU, para, no mrito julg-la procedente;
5.3 Suspender a medida cautelar anteriormente concedida;
5.4 Determinar ao Banco Central do Brasil que:
5.4.1 com fulcro art. 45 da Lei n 8.443/92, adote, no prazo de 15 (quinze) dias, as providncias
necessrias ao exato cumprimento da lei, com vistas a anular o Edital do Prego Demap n 41/2006Eletrnico, por contrariar o 1, inciso I, do art. 3 da Lei n 8.666/93, c/c o art. 5 da Lei n 5.450/05,
que veda a incluso, nos atos de convocao, de clusulas ou condies que comprometam, restrinjam
ou frustrem o carter competitivo da licitao;
5.4.2 antes do lanamento de novo edital em substituio ao Prego Demap n 41/2006
Eletrnico:
a) realize planejamento prvio com vistas deteco das reais necessidades no que tange ao objeto
licitado;
b) fixe o quantitativo de veculos e de motoristas em ateno ao art. 7, 4, da Lei n 8.666/93, de
modo a ampliar a competio e facilitar a elaborao das propostas pelas virtuais interessadas;
c) estabelea nas especificaes bsicas os critrios de revezamento dos motoristas, com vistas
adequada mensurao dos custos para efeito de elaborao das propostas pelas empresas interessadas,
atentando para que a jornada de trabalho exigida esteja consonante com as disposies dos arts. 58 e 59
das Consolidaes das Leis do Trabalho CLT;
5.4.3 nos procedimentos licitatrios para a contratao de obras e prestao de servios, anexe
aos instrumentos convocatrios o oramento estimado em planilhas de quantitativos e preos unitrios,
ressalvada a modalidade prego, cujo oramento dever constar obrigatoriamente o Termo de
Referncia, ficando a critrio do gestor, no caso concreto, a avaliao da oportunidade e convenincia
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de incluir tal Termo de Referncia ou o prprio oramento no edital ou de informar, nesse mesmo edital,
a disponibilidade do oramento aos interessados e os meios para obt-los;
5.5 dar cincia do inteiro teor desta Deciso, assim como do Relatrio e Voto que a fundamentam,
Mxima Servios e Transportes Ltda.;
5.6 determinar o arquivamento do processo, nos termos do art. 40, inciso V, da Resoluo n
191/2006.
6. O representante do Ministrio Pblico assim se manifestou (fls. 100/107):
(...)
Realizada a medida preliminar supra (fls. 81/2), veio aos autos, em resposta, o documento fls. 84/7,
no qual o pregoeiro alterno, alm de informar que, em atendimento determinao do Tribunal, o
Prego Demap n 41/2006 Eletrnico foi suspenso na fase de aceitao das propostas, assevera, em
sntese, que:
a) a empresa Mxima Servios e Transportes Ltda. apresentou impugnao administrativa dos
termos do edital na mesma data em que protocolizou a representao nesta Corte, cuja resposta foi
tempestivamente disponibilizada pelo pregoeiro no site www.comprasnet.gov.br, razo que deve ter
motivado a desistncia da representao pela aludida licitante;
b) o objeto da licitao a prestao de servios de transporte de pessoas e materiais, assim, no
h sequer necessidade de fixao de quantitativo de veculos e de motoristas, nem se poderia faz-lo, pois
no se est contratando mo-de-obra, cabendo, pois, empresa licitante dimensionar sua equipe e os
veculos, de acordo com as informaes acerca dos servios a serem prestados, discriminadas nas
especificaes bsicas constantes do edital;
c) o edital fixou o nmero mnimo de veculos e de motoristas justamente no intuito de facilitar a
formulao das propostas pelas empresas licitantes, sem restringir o direito subjetivo da licitante de
elaborar sua proposta, no prejudicando em nada o julgamento objetivo, pois, para efeito da elaborao
das propostas, as licitantes utilizaro como base de clculo o quantitativo mnimo estipulado;
d) a exigncia do quantitativo mnimo de 21 motoristas no implica exigncia de jornada de
trabalho que afronte o contido na CLT, pois a contratada dever, conforme estabelecido no edital,
obedecer jornada de 8 horas dirias, com possibilidade de acrscimo de duas horas extras;
e) todos os motoristas conduzem todos os tipos de veculos, atendendo demanda, conforme a
necessidade de utilizao do veculo executivo, popular e dos demais, ficando, portanto, bem claro que
no sero alocados dois profissionais para cada veculo executivo e sim todos os que estiverem na sua
jornada legal de trabalho em qualquer veculo;
f) a quantidade mnima fixada, com uma escala de horrio bem elaborada, de responsabilidade da
contratada, suficiente para a prestao adequada dos servios, sendo que o acrscimo do nmero de
motoristas acarretaria ociosidade de mo-de-obra e aumento desnecessrio de custos para o Bacen;
g) a no-indicao, no edital, do valor estimado para a contratao dos servios no contraria a
nova redao dada pela Lei n 8.883/1993 ao inciso II do artigo 40 da Lei n 8.666/1993, haja vista que:
o oramento detalhado em planilha de custos consta dos autos do processo licitatrio; a Lei de
Licitaes no obriga a incluso do oramento estimativo no edital de licitao; o oramento estimativo
desnecessrio elaborao da proposta, pois as empresas do ramo tm pleno conhecimento do
mercado e dos itens que compem o preo (por meio das especificaes bsicas); a Procuradoria-Geral
do Bacen e a jurisprudncia do TCU entendem que a obrigatoriedade de anexao ao edital do
oramento estimado s se aplica s licitaes de obras e servios do tipo melhor tcnica.
(...)
Estando os autos neste Gabinete, ingressou no Tribunal documentao proveniente do Bacen
(acostada contracapa), contendo memorial, descrio das caractersticas do contrato em vigor e do
contrato previsto na nova licitao, bem como outras informaes sobre o certame em tela.
Constam no memorial esclarecimentos adicionais sobre as questes suscitadas pela representante,
restando consignado, em essncia, que:
a) o edital claro ao dispor que a licitante dever pr disposio, no mnimo, 22 veculos e 21
motoristas, no havendo, portanto, impreciso na quantidade de veculos e motoristas, a qual s existiria
se no se estabelecesse nenhum quantitativo;
423
b) a expresso no mnimo no tem o condo de tornar o dispositivo editalcio impreciso, pois todo
e qualquer quantitativo a ser contratado pela Administrao Pblica , invariavelmente, mnimo, haja
vista que o artigo 65, I, b, 1, da Lei n 8.666/1993 permite entidade contratante exigir do
contratado (unilateralmente) um acrscimo de at 25% nas obras, nos servios ou nas compras
compactuados, ou seja, os interessados, em toda e qualquer licitao, formulam suas propostas sabendo
de antemo que podem, a exclusivo critrio da Administrao Pblica, ver-se compelidos a fornecer um
quantitativo maior do que o inicialmente previsto e acordado, sem que isso traga impreciso alguma aos
respectivos editais licitatrios;
c) a apresentao, pelas licitantes, de propostas com nmero maior de veculos do que o mnimo
fixado no edital, embora possvel, improvvel, uma vez que o aumento do nmero de veculos implica o
aumento do valor da proposta que, por sua vez, significa derrota no prego, sendo, pois, bvio que as
licitantes interessadas iro elaborar suas propostas com base nos quantitativos mnimos, pelo que perde
fora qualquer argumento embasado na falta de clareza, objetividade e/ou transparncia do instrumento
convocatrio;
d) a expresso no mnimo foi utilizada apenas para compatibilizar o subitem 2.6 do edital (que
trata da quantidade mnima de veculos) com o subitem 2.9, que prev eventual necessidade de o
Banco Central do Brasil requisitar, extraordinariamente, durante a execuo do contrato, veculos
adicionais, e, ainda que essa expresso fosse eliminada, continuaria sendo lcito exigir mais do que 22
veculos no decorrer da execuo contratual, por incidncia do artigo 65, I, b, da Lei n 8.666/1993,
sendo que as interessadas no certame formularo suas propostas tendo conhecimento dessa faculdade da
Administrao, pelo que eventual alterao do edital seria desnecessria, por incua e ineficaz;
e) o edital, em momento algum, dispe que os licitantes devero utilizar somente 21 motoristas;
ao contrrio do que alega a impugnante, estabelece o instrumento convocatrio que a equipe ser
composta de um mnimo de 21 motoristas, sendo bvio que as empresas podero executar o servio com
mais de 21 profissionais, o que no pode ser feito contratar menos que esse mnimo fixado;
f) o argumento trazido pela representante para impugnar o edital, em verdade, termina por
sustentar a legalidade deste, eis que a fixao de um nmero mnimo de motoristas serve justamente a
que as empresas interessadas na formulao de suas propostas atendam jornada de trabalho prevista
na CLT, ou seja, serve para evitar que as empresas, no af de apresentar a proposta de menor custo,
diminuam a quantidade de motoristas a ponto de submet-los a uma jornada de trabalho excessiva e
ilegal;
g) o pregoeiro j havia informado que: (i) por bvio, as empresas interessadas no podero
desrespeitar a jornada mxima de trabalho prevista na CLT; (ii) o dispositivo editalcio que prev a
quantidade mnima (e no fixa) de 21 motoristas serve exatamente a que as licitantes no afrontem a
legislao trabalhista pertinente; (iii) o regime de escala deve ser elaborado pelas prprias licitantes, e
no pelo Bacen, porque diz respeito organizao administrativa de como o servio ser prestado, com
reflexo inevitvel nos custos e, conseqentemente, no valor das propostas;
h) todas as licitantes, caso o edital estabelecesse um nmero fixo de motoristas, estariam impedidas
de reduzir os custos do servio e, por conseqncia, de baratear a proposta ofertada, o que tambm se
revela contrrio ao interesse pblico;
i) a soluo dada no viola o princpio da igualdade, tendo em vista que uma regra a ser
observada por todas as licitantes, sem que se vislumbre circunstncia alguma a apontar suposto
direcionamento da competio para determinada concorrente, alm de conferir maior liberdade s
licitantes, no que diz respeito confeco das propostas e ao custo dos servios, em atendimento aos
princpios da ampla competitividade e da proposta mais vantajosa;
j) o argumento da impugnante no sentido de que a contratao de 21 profissionais conduziria a um
descumprimento da jornada de trabalho mxima permitida no se sustenta, tendo em vista que os
motoristas trabalharo em regime de escala, por revezamento, e todos os motoristas podero dirigir
qualquer dos veculos;
l) a exigncia de elaborao de um oramento detalhado est intrinsecamente relacionada
necessidade de a Administrao efetuar um controle interno dos gastos que pretende realizar e dos
objetos e servios que pretende adquirir, no se afigurando, pois, imprescindvel que os licitantes tenham
conhecimento dessa planilha de custos;
424
425
Ainda consoante esclarecido pelo Bacen (fls. 4/6 do memorial acostado contracapa), o
estabelecimento de quantitativo mnimo de motoristas, fixado em consonncia com a necessidade do
banco, tem a finalidade de garantir que no ser ofertado pelas licitantes nmero menor de veculos e
motoristas e que, portanto, os servios sero prestados com a qualidade necessria e a jornada de
trabalho atender legislao trabalhista, no caracterizando impreciso do edital.
No respeitante ausncia, no instrumento convocatrio, de meno sobre o sistema de
revezamento por escala dos motoristas, em tese, poderia esse fato representar omisso de informao,
todavia, trata-se de mera falha formal que no tem o condo de macular o certame. Com efeito, embora
fosse desejvel que a especificao bsica desse sistema constasse no edital, os esclarecimentos j
apresentados em 31.8.2006 (fl. 66) pelo Bacen prpria representante, em razo de questionamento por
ela feito no mbito administrativo, bem assim a sua divulgao no site www.comprasnet.gov.br, em
4.9.2006 (fl. 68), antes, pois, da realizao do certame, solucionam a questo, sanando a falha.
Ressalte-se, ainda, que o fato de no se ter verificado impugnao sobre o tema por parte de outras
licitantes, e de ter havido, j em 5.9.2006 (data prevista para a realizao do prego), desistncia da
representao vertente pela empresa Mxima Servios e Transportes Ltda., que requereu o arquivamento
deste processo (fl. 73), evidencia a ausncia, no caso, de dano capaz de ensejar a nulidade da licitao.
Outrossim, no se afiguram pertinentes os argumentos contra a estipulao, no edital, de nmero
mnimo de veculos e motoristas, a qual, segundo a empresa Mxima Servios e Transportes Ltda.,
induziria os licitantes a erro e provocaria distores nas planilhas apresentadas.
Diferentemente do alegado pela representante, no seria razovel supor que, com a fixao de
quantitativo mnimo, as empresas poderiam apresentar ofertas variadas, com base em um nmero
diferenciado de veculos ou de profissionais, o que, obviamente, dificultaria o julgamento.
De fato, a possibilidade de oferecimento, pelas concorrentes, de propostas superiores ao mnimo
fixado, mostra-se assaz remota porquanto implicaria, como bem observou o Banco Central (fls. 3/4 do
memorial acostado contracapa), maiores custos, o que elevaria o valor ofertado e, portanto, reduziria
as chances de vitria no certame. Assim, de se esperar que as empresas participantes tomem como
referncia, para a elaborao de suas propostas, o nmero mnimo estabelecido.
Alm disso, a fixao de um nmero mnimo to-somente deixa explcita, no instrumento
convocatrio, a possibilidade de solicitao pelo banco, em carter eventual, de veculos adicionais,
conforme previsto no subitem 2.9 do edital (fl. 32), bem assim de aditamento contratual nos limites
permitidos na legislao de regncia, sinalizando a probabilidade de extenso do contrato na medida da
necessidade do banco, que pode ser varivel ao longo do ajuste.
Da mesma forma, mostra-se superada a questo atinente ausncia, no edital, de planilha
detalhada de custos, haja vista que, consoante demonstrado pela 2 Secex (fls. 91/3), a legislao
especfica do prego no exige a publicao desse oramento no instrumento convocatrio.
Com efeito, a Lei n 10.520/2002, em seu artigo 4, inciso III, estabelece que constaro do edital do
prego todos os elementos definidos na forma do inciso I do art. 3 , as normas que disciplinarem o
procedimento e a minuta do contrato, quando for o caso. Por sua vez, o aludido inciso I do artigo 3,
que dispe sobre a fase preparatria dessa modalidade de licitao, determina que: a autoridade
competente justificar a necessidade de contratao e definir o objeto do certame, as exigncias de
habilitao, os critrios de aceitao das propostas, as sanes por inadimplemento e as clusulas do
contrato, inclusive com fixao dos prazos para fornecimento, no fazendo aluso, portanto, planilha
de custos. Somente no inciso III do artigo 3, h meno ao oramento, o qual deve constar nos autos do
processo, no sendo, pois, obrigatria a sua publicao.
Tambm o Decreto n 5.450/2005, que regulamenta o prego eletrnico, exige, na fase
preparatria, a elaborao de Termo de Referncia, no qual deve constar, entre outros, elementos
capazes de propiciar a avaliao do custo pela Administrao diante de oramento detalhado (...)
(artigo 9, 2), todavia, trata-se de fase interna da licitao, no havendo exigncia de que essas
informaes constem no edital.
Ainda como destacou a unidade tcnica, o entendimento pela desnecessidade de o instrumento
convocatrio do prego conter planilha de custos encontra-se assente tanto em precedente deste Tribunal
(Acrdo n 1.925/2006 Plenrio), quanto na doutrina ptria especializada.
426
Sobre a questo, vale, ainda, trazer baila a justificativa apresentada pelo Demap/Cosup (fl. 4,
alnea e, do documento acostado contracapa):
a estimativa de preos consta do autos do processo, como em todas as licitaes do Banco. Essa
estimativa se presta ao atendimento Lei de Licitaes, bem como Lei de Responsabilidade Fiscal,
pois, a partir da estimativa de custo, os recursos so alocados e a realizao da despesa autorizada,
pelo ordenador de despesa competente. Ademais, essa estimativa de custo se presta a auxiliar o
pregoeiro/comisso de licitaes na aferio e julgamento das propostas apresentadas. Entretanto, a
referida estimativa no tem a menor serventia para as licitantes, as quais conhecem o mercado
melhor que o setor pblico, tendo muito mais condio de apresentar preos mais vantajosos nos
certames licitatrios. Nesse caso, a estimativa serviria apenas para o licitante conhecer qual o valor
mximo que a Administrao estaria disposta a pagar pelo servio, o que poderia gerar uma falta de
competio, com as licitantes procurando apresentar propostas prximas do teto estimado. Assim, ao
no se divulgar a estimativa de preos, pode-se conseguir na licitao valores inferiores ao estimado,
pois no estamos informando aos licitantes quanto estamos dispostos a pagar pelos
servios/materiais, ou seja, h uma economia razovel nas contrataes, o que vem se demonstrando
ao longo do tempo nos contratos do Banco. (grifou-se)
Conforme esclarecido, portanto, a iniciativa de no divulgar a composio dos custos visa
sobretudo a encontrar a proposta mais vantajosa para a Administrao, eis que no se condiciona as
ofertas ao limite pr-fixado, aumentando, desse modo, a possibilidade de obteno de valores menores do
que os previstos inicialmente pelo Bacen. Tal procedimento coaduna-se, entre outros, com os princpios
da economicidade, da eficincia e da supremacia do interesse pblico, sendo, pois, alm de legal,
altamente recomendvel.
Destarte, consoante visto, no restou configurado, na licitao em apreo, nenhum ilcito grave
hbil a ensejar a nulidade do Prego Demap n 41/2006 Eletrnico, no se vislumbrando, no caso, a
ocorrncia de restrio ao carter competitivo da licitao, de direcionamento do certame ou de
infrao ao princpio da igualdade, como alegado pela representante.
Ao ver do Ministrio Pblico, as informaes ofertadas pelo Bacen mostraram-se suficientes para o
deslinde das questes suscitadas nos autos, logrando demonstrar que as clusulas constantes do edital,
impugnadas pela representante, guardam conformidade com a legislao vigente sobre o tema, o que se
verifica tambm no caso da no-publicao da planilha de custos.
A nica falha identificada, qual seja, a ausncia no instrumento convocatrio de especificao
bsica acerca do sistema de revezamento dos motoristas por escala foi satisfatria e tempestivamente
sanada pelo Bacen, por meio da disposio, antes da realizao do certame, das informaes pertinentes
tanto para a representante, quanto para as outras interessadas, por meio da internet, no se
evidenciando, pois, nenhum prejuzo significativo aos participantes do prego, razo por que entende o
Parquet especializado que deve ser considerada improcedente esta representao.
Ante o exposto, manifesta-se o Ministrio Pblico no sentido de que:
a) seja revogada a medida cautelar anteriormente concedida;
b) seja conhecida a representao e considerada improcedente;
c) seja informado ao Banco Central do Brasil que o Prego Demap n 41/2006 Eletrnico pode
prosseguir o seu curso regular, com cincia quela entidade e representante da deliberao que
sobrevier, bem como do relatrio e do voto que a fundamentarem;
d) seja arquivado o processo em exame.
o relatrio.
VOTO
Este processo refere-se a representao formulada pela empresa Mxima Servios e Transportes
Ltda. sobre possveis irregularidades no Prego Demap n 41/2006 Eletrnico, cujo objeto a prestao
de servios de transportes de servidores e materiais do Banco Central do Brasil, no Distrito Federal,
mediante a disponibilizao de veculos e condutores.
427
de 2007.
428
Fui presente:
TC-013.920/2005-0
Natureza: Representao
Entidade: Fundao de Apoio Pesquisa-FUNAPE (Universidade Federal de Gois-UFG)
Interessado: Procuradoria da Repblica em Gois
Advogado constitudo nos autos: no h
SUMRIO: REPRESENTAO. LICITAO. INCLUSO DE ESPECIFICAES, NO
EDITAL, CAPAZES DE RESTRINGIR COMPETITIVIDADE DO CERTAME. PRTICA DE
PREOS COMPATVEIS AOS DE MERCADO. PROCEDNCIA. DETERMINAO.
Considera-se procedente a representao quando constatada a incluso de especificaes de
materiais, no edital da licitao, capazes de restringir a competitividade do certame, nada obstante tenha
sido comprovada a compatibilidade dos preos contratados com os praticados no mercado.
429
Adoto como Relatrio o judicioso Parecer exarado pelo Procurador Marinus Eduardo De Vries
Marsico adiante transcrito:
Cuidam os autos de Representao formulada pela Procuradoria da Repblica em Gois, a
respeito de irregularidades na Tomada de Preos n. 01/2005, promovida pela Fundao de Apoio
Pesquisa FUNAPE , ligada Universidade Federal de Gois UFG , no mbito do projeto
Qualidade e Uso Racional da Energia na UFG QURE, com recursos do Convnio
n. 01.02.0006.00/FINEP/FUNAPE/UFG, para aquisio de 1.780 luminrias de diversos tipos, 1.884
reatores eletrnicos e 3.537 lmpadas fluorescentes, de 28 e 32 watts de potncia (anexo I do Edital,
fls. 05/06, itens 01/05, 6/9 e 10/11, respectivamente).
Os questionamentos apresentados na inicial referem-se ao possvel direcionamento do certame, em
face da especificao das luminrias que seriam adquiridas, cujas medidas externas conduziriam
seleo de apenas um fabricante, tal como previsto em anncio codificado publicado no jornal O
Popular em 31/03/2005 (fls. 04, 07/10). Ao instruir o feito, a SECEX/GO acrescentou, ainda, que, no
obstante tratar-se de licitao do tipo menor preo, a FUNAPE teria contratado preo superior ao
menor valor ofertado para dois itens, relativos aquisio de lmpadas. Diante disso, foram ouvidos em
audincia o Sr. Cludio Rosa Papalardo e a Sra. Marta Franco Finotti, Presidente da Comisso de
Licitao e Diretora Executiva da FUNAPE/UFG, respectivamente (fls. 32/34).
Aps o exame das justificativas apresentadas, os pareceres exarados pela unidade tcnica so
unnimes em considerar procedente a Representao, em decorrncia da contratao de preos
superiores aos mnimos oferecidos para as lmpadas licitadas, mas divergem quanto ao encaminhamento
a ser dado matria: a Analista sugere que o Tribunal dirija determinao FUNAPE; o Diretor
Tcnico opina pela converso dos autos em tomada de contas especial, para citao solidria dos
responsveis quanto ao valor tido como resultante da no-adjudicao do certame s empresas que
ofertaram o menor preo, alm de determinao Fundao; e a Secretria prope seja aplicada aos
responsveis a multa prevista pelo art. 58, incisos II e III, da Lei n. 8.443/92, tambm com determinao
entidade (fls. 76/85).
Estando os autos nesse Gabinete para a interveno regimental do MP/TCU, propiciada pelo
Ministro-Relator mediante o despacho de fls. 86, foi-nos encaminhada, pela SECEX/GO, documentao
ora acostada ltima contracapa , propondo a juntada, aos autos, do Relatrio de Ao de Controle
n. 00190.011114/2005-16, elaborado pela Controladoria-Geral da Unio em Gois CGU/GO sobre
a matria, tambm devido a representao do MPF.
Sobrelevam dos autos duas questes distintas, a saber: o direcionamento da licitao e a
inobservncia do menor preo nas contrataes de alguns itens licitados.
Quanto ao primeiro ponto, no foram apresentadas informaes mais detalhadas sobre as
especificaes tidas como restritivas. Pelos termos do documento de fls. 09/10, infere-se que os
questionamentos so relativos ao item 04 (luminria de 2x28w) e, possivelmente, aos itens 03 e 05
(luminrias de 4x32w e 1x28w), em que so admitidas variaes nas medidas externas estabelecidas
(anexo I do Edital, fl. 05). Tambm no consta dos autos cpia do processo licitatrio.
Note-se que, em decorrncia dos questionamentos formulados pelo MPF quanto aos itens 04 e 05
do anexo I do Edital, o Coordenador Tcnico do Projeto anunciou que teria sido realizado diagnstico
energtico em cada prdio e um projeto luminotcnico de cada ambiente, ocasio em que se optou, na
definio das caractersticas das novas luminrias, pela aquisio de produtos com medidas especficas,
determinadas pela necessidade de luminrias estreitas e leves, em razo da altura do teto dos prdios (p
direito de 2,75m) e do tipo de material que reveste o forro do pavimento inferior. Asseverou, por fim, que
a equipe tcnica teria constatado, por telefone, que quatro empresas poderiam fabricar luminrias nas
especificaes e quantidades indicadas (fls. 28/29).
Para anlise da questo, alguns procedimentos e informaes se mostram necessrios, a exemplo
do confronto das dimenses exigidas com as disponveis no mercado, da verificao do universo de
licitantes em potencial, do elenco de empresas que demonstraram interesse no certame, do nmero de
participantes e das desclassificaes promovidas em face das exigncias objeto de questionamento.
Neste sentido, valemo-nos das informaes contidas no relatrio da CGU/GO, anteriormente
anunciado, alusivas ao item 04, destinado aquisio do maior nmero de luminrias (1.489 produtos
430
431
Fundao de Apoio Pesquisa FUNAPE que se abstenha de fazer constar, nos editais de licitaes
alusivos a contrataes custeadas com recursos pblicos, clusulas ou especificaes que restrinjam o
carter competitivo dos certames, ante o disposto no art. 3, 1, da Lei n. 8.666/93.
o Relatrio.
VOTO
Preliminarmente, verifica-se que a Representao preenche os requisitos de admissibilidade, nos
moldes previstos no art. 237, inciso I, do Regimento Interno, devendo, pois, ser conhecida.
Quanto ao mrito, posiciono-me inteiramente de acordo com o exame e encaminhamento
propugnado pelo Ministrio Pblico, ante os ldimos fundamentos defendidos em seu parecer, acima
transcrito, os quais acolho como razes de decidir.
Com efeito, verifica-se que, nada obstante as especificaes de alguns itens licitados terem
restringido a competitividade do procedimento licitatrio, os preos contratados estavam compatveis
com os de mercado, conforme demonstrado no Relatrio da fiscalizao realizada por tcnicos da
Controladoria-Geral da Unio em Gois no procedimento. Como visto, a medida exigida, por exemplo,
para a altura da luminria (lmpada fluorescente) indicada no item 04 do edital do certame afastou a
maioria dos fabricantes, uma vez produzida por apenas um (Lumicenter), que est representado no
mercado por duas firmas (Mundo das Luzes e Max-Fer, vencedoras do certame).
Nessa situao, ante a fase processual em que se encontra o presente feito e dada a circunstncia de
que a aquisio dos materiais eltricos estava atrelada s especificaes ditadas por equipe tcnica do
Projeto envolvido (Qualidade e Uso Racional de Energia Eltrica na UFG-QURE), entendo suficiente a
determinao sugerida pelo representante do parquet.
Com relao adjudicao de alguns itens com preos superiores aos mnimos oferecidos na
licitao, h de se considerar o contexto acima mencionado, como tambm a ausncia de elementos mais
detalhados nos autos que confirmem a ocorrncia. De qualquer maneira, a importncia apurada pela
unidade tcnica (R$ 3.088,92) desaconselharia, pela modicidade do valor, qualquer medida tendente sua
recuperao, conforme inclusive defendido pela Analista em sua instruo.
De outra parte, em que pese a falta de informaes a respeito, no poderia deixar de registrar minha
estranheza com o fato de a licitao em comento ter sido efetivada pela FUNAPE (fundao de apoio), e
no pela Universidade, j que o Projeto acima referido foi empreendido pela Escola de Engenharia
Eltrica e Computao da UFG, com o objetivo de adequar a iluminao de prdios da prpria
Universidade. Consoante informado pela Diretora Executiva da Fundao, a aquisio dos materiais
eltricos foi suportada por recursos originrios da FINEP, por intermdio de convnio firmado com a
FUNAPE, tendo como executora a UFG.
vista da legislao disciplinadora da matria (Lei n. 8.958/1994 e Decreto n. 5.205/2004) e do
entendimento defendido pelo Tribunal a respeito (v.g. Acrdos 1.934/2004 e 716/2006, do Plenrio),
parece-me de todo necessrio que a SECEX/GO aprofunde o exame da ocorrncia nas contas da UFG,
referentes ao exerccio de 2005, ante a possibilidade de a Universidade estar abrindo mo das atribuies
administrativas que lhe so conferidas para a fundao.
Por todo o exposto, acolho as concluses do parecer do Ministrio Pblico e Voto no sentido de que
o Colegiado adote a deliberao que ora submeto sua apreciao.
Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007.
GUILHERME PALMEIRA
Ministro-Relator
ACRDO N 360/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo: n. TC - 013.920/2005-0
2. Grupo II; Classe de Assunto: VII - Representao
3. Interessado: Procuradoria da Repblica em Gois
432
GUILHERME PALMEIRA
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
433
434
435
7. Por conta disso, foi proposta audincia desses responsveis, alm de diligncia Dataprev para
encaminhamento de cpias dos anexos de preo relativos aos contratos da Encom rescindidos.
8. Em atendimento aos ofcios de audincia (fls. 32/106), os responsveis, exceo do exPresidente da Dataprev, Sr. Jos Jairo Ferreira Cabral, apresentaram suas razes de justificativas, as quais
se encontram distribudas pelos volumes do Anexo 4. O atendimento da diligncia se deu com o envio da
documentao de fls. 246/288 Anexo 4, Volume 1.
9. O teor das razes de justificativas do Gerente do Escritrio Estadual de So Paulo, Jos Luiz
Visconti ( fls. 1/59 Anexo 4), e da Gerente da Diviso Administrativa do Escritrio Estadual de So
Paulo, Neusa Leo Koberstein, so coincidentes. As razes de justificativas do Analista de Tecnologia da
Informao, Antonio Wanderlei Carvalho (fls. 119/165 Anexo 4), possuem redao praticamente
idntica s apresentadas pelos dois responsveis anteriores relativamente irregularidade constante da
alnea a do item 4 supra.
10, H tambm identidade de teor nas razes de justificativas do Diretor de Operaes e
Telecomunicaes, Carlos Alberto Jacques de Castro (fls. 166/177 Anexo 4), do Diretor de Recursos
Humanos, Srgio Paulo Veiga Torres (fls. 178/192 Anexo 4), do Diretor de Negcios, Tito Cardoso de
Oliveira Neto (fls. 193/213 Anexo 4), do Diretor de Administrao e Finanas, Jos Roberto Borges da
Rocha Leo (fls. 214/230 Anexo 4, Vol. 1), e do Gerente da Diviso de Engenharia, Lus Fernando
Fonseca de Oliveira (fls. 231/245 Anexo 4, Vol. 1).
11. O Gerente do Departamento de Suprimentos da Dataprev, Marcelo Bocchetti Argento,
apresentou suas razes de justificativas s fls. 289/311 Anexo 4, Vol. 1 e o Gerente do Departamento de
Apoio e Logstica, Csar Luiz Feio Cinelli, o fez s fls. 379/463 Anexo 4, Vol. 2.
12. Quanto ao nico responsvel que deixou transcorrer in albis o prazo para apresentao de
razes de justificativas, Sr. Jos Jairo Ferreira Cabral, cumpre esclarecer que foram expedidos ofcios em
duas oportunidades para notific-lo da oitiva . Na primeira, o ofcio, fls. 77/78, foi postado com o
endereo por ele informado no mbito do processo apartado (TC-020.404/2004-1). E na segunda, ofcio
de fls. 112/113, com o endereo constante no sistema CPF. Em ambas oportunidades, os Avisos de
Recebimento, fls. 79 e 114, respectivamente, no contemplaram como recebedor o responsvel, porm,
no foi lanada observao alguma de que o local de entrega da correspondncia no seria o endereo do
destinatrio. Portanto, a comunicao da audincia encontra-se em conformidade com o disposto no art.
179, Inc. II, do Regimento Interno e, desse modo, cumpre, com fulcro no art. 202, 8, do Regimento
Interno, considerar o responsvel revel, dando-se prosseguimento ao feito.
13. Os tpicos das audincias de cada responsvel sero reproduzidos abaixo, em negrito, seguidos
das razes apresentadas e das respectivas anlises. Quando houver identidade de teor nos arrazoados,
tanto a apresentao das razes como suas correspondentes anlises sero feitas em conjunto, se assim a
organizao dos tpicos permitir.
14. estimativa para a contratao emergencial n 21.0118.2004, lanada no verso da
Requisio DSPA.P/LOGSTICA n 151/2004, de 27/08/2004, ser superior ao valor que vinha sendo
praticado no Contrato n 21.0132.2002, firmado com a Encom Engenharia Ltda;
14.1 Razes de justificativas do Srs. Jos Luiz Visconti e Antonio Wanderlei Carvalho e da Sr
Neusa Leo Koberstein
14.1.1 Alegam os responsveis, em sntese, o seguinte :
I) que tanto a escolha da empresa a ser contratada em carter emergencial como o preo a ser
cobrado pelos seus servios foram definidos em reunio realizada na Administrao Central da Dataprev
no Rio de Janeiro (Ata da Reunio s fls. 5/7 Anexo 4);
II) que estabelecida assim a definio da contratao pelos rgos competentes, coube a eles, dentro
das respectivas esferas de competncia, dar prosseguimento aos trmites administrativos e operacionais
necessrios contratao;
III) que no lhes pareceu haver anormalidade no preo da contratao (mesmo valor da estimativa,
visto que se tratou de emergencial) tendo em vista que :
a) estava sendo realizada em carter de urgncia;
b) a proposta apresentada pela Conbrs era correspondente ao menor preo obtido na licitao de
2002, e ento praticado, com repasse to-somente do dissdio relativo mo-de-obra de Maio de 2003,
(reajuste esse que a Dataprev se dispunha a conceder Encom Engenharia Ltda, carta de fls. 48 Anexo
436
4, e que ela no aceitou sob o argumento da necessidade de manter tratativas diretamente com a Diretoria
da Dataprev por ter contrato tambm no Rio de Janeiro) no incluindo, portanto, o Dissdio de 2004,
correo quanto a insumos (2003 e 2004) ou mesmo correo quanto s modificaes tributrias (FGTS,
COFINS, CSLL) ocorridas no perodo;
IV) que, na verdade, pareceu-lhes que, ante as condies exigidas pela Encom Engenharia Ltda.
para a prorrogao do contrato, teria havido uma reduo do valor que a Dataprev teria que pagar.
14.1.2 Incluem, nas suas justificativas, demonstrativos de preos atinentes contratao, os quais
esto sistematizados no quadro que se segue.
Itens
Contrato
Encom
(Conc. 02/2002)
R$ 67.426,24
R$ 44.950,82
R$ 112.377,06
Mo-de-Obra Fixa
Insumos
Soma
Acrsc. De 10% p/
cobertura de Horas
R$ 11.237,06
Extras e Mo de Obra
Eventual
Total
R$ 123.614,77
Proposta Encom
(p/
Prorrogao)
80.048,43
R$ 52.830,70
R$ 132.879,13
Contrato
Conbrs
(emergencial)
R$ 74.994,40
R$ 49.999,53
R$ 124.993,93
R$ 13.287,91
R$ 12.499,39
R$ 146.167,04
R$ 137.493,32
Pesquisa de Preos
Conbrs
Delta Eng. Ltda
(06/01/2004)
(16/01/2004)
R$ 165.769,36
R$ 179.132,99
14.2 Anlise
14.2.1 Importante frisar, inicialmente, que a questo, em torno da qual gira este ponto da audincia,
envolve definir se havia ou no razo para a contratao emergencial ter como estimativa valor superior
ao praticado na contratao que a precedeu. No est, portanto, sob exame neste tpico, as circunstncias
determinantes da contratao ou a possibilidade de adoo de medida diversa, matrias essas que, ao seu
tempo, sero analisadas nos pontos de auditoria que lhe so pertinentes.
14.2.2 Posto isso, passemos a analisar os argumentos oferecidos pelos responsveis.
14.2.3 Em relao ao aduzido quanto ao fato de a contratao ter sido imposta pela administrao
central como algo consumado, s dependente de meras formalidades a cargo da representao paulista da
Dataprev (item 14, I e II supra), no vislumbro, no contedo do documento aludido, uma avocao, por
parte dos seus signatrios, da responsabilidade por tal contratao. Subsiste, assim, a responsabilidade dos
aqui ouvidos em audincia.
14.2.4 J no que toca aos elementos relacionados como formadores da percepo de que no
haveria anormalidade nos preos contratados (item 14, III), entendo serem eles coerentes.
14.2.5 De fato, a contratao emergencial rene caractersticas tendentes a torn-la mais onerosa em
comparao outra realizada em condies normais e precedida de licitao. Afora a ausncia de
competio, que se presente naturalmente leva reduo dos preos, a questo do prazo menor e
improrrogvel sem dvida um fator para a maior onerosidade de tais contrataes.
14.2.6 Assim sendo, e partindo da premissa que a contratao finda no comportava gorduras nos
preos, seria razovel esperar que uma contratao com vigncia de no mximo seis meses apresentasse
valor mensal superior a de outra cujo horizonte de vigncia seria de no mnimo 24 meses, podendo se
estender, via prorrogaes, at 72 meses.
14.2.7 A lgica negocial subjacente a esse entendimento, cumpre destacar, foi contemplada no
julgamento do processo apartado (Acrdo n 823/2005 - TCU Plenrio), verbis :
7. H que se considerar, tambm, conforme bem destacou a Unidade Tcnica, que a prtica de
preos menores num contrato de seis meses, em relao a um contrato de 24 meses (como previsto nos
editais), contraria a lgica financeira do mercado. A tendncia que, em contratos mais longos e que
foram precedidos de licitao, os preos sejam inferiores queles de contratos mais curtos, celebrados
emergencialmente, sem licitao.
14.2.8 J no que refere ao argudo na alnea b do item 14.1.1, III, supra, entendo que seja razovel
que os preos acordados dois anos antes sofram algum tipo de majorao, ainda mais se considerarmos
que fatalmente foram concedidos, nesse interregno, reajustes salariais beneficiando trabalhadores da
437
contratada empregados na execuo da avena, e que isso forosamente traria impacto no valor da
contratao, dado o peso significativo da mo-de-obra nos custos dos servios contratados.
14.2.9 Quanto justeza do clculo da majorao incorporada no valor da contratao emergencial, e
que acabou valendo como a prpria estimativa, conforme expressamente reconhecido pelos responsveis,
frente ao que dispunha o contrato da Encom para efeito de repactuao (resoluo CEE n 10/96 do
Ministrio do Planejamento), faltam elementos para uma aferio categrica, uma vez que isso
demandaria consulta a informaes no disponveis nos autos, como os valores referentes aos custos
efetivamente suportados pela contratada, o confronto deles com a mdia do mercado etc. Todavia,
considero como aceitvel tal clculo, at mesmo porque o valor dessa contratao emergencial foi
acatado, quando do julgamento do processo apartado (TC-020.404/2004-1), como parmetro confivel de
comparao com a estimativa para a Concorrncia n 01/2004.
14.2.10 Por fim, cabe aqui retomar uma das diretrizes alvitradas no Despacho do Ministro-Relator
de fls. 01/04. L foi aventado, como um dos possveis encaminhamentos deste processo, a converso em
TCE no caso da demonstrao da antieconomicidade das contrataes emergenciais. No que toca
contratao em comento, entendo afastada a adoo de tal encaminhamento, haja vista a alternativa para a
contratao emergencial, isto , a prorrogao do contrato com a Encom, ser mais onerosa (R$
146.167,04 foi o valor mensal pedido pela empresa, enquanto que o da emergencial foi de R$
137.493,32).
14.2.11 Assim sendo, considero que devam ser acatadas as razes de justificativas apresentadas
pelos responsveis.
15. contratao emergencial em So Paulo ter sido adjudicada sem que a Conbrs Engenharia Ltda
apresentasse a certido quanto dvida ativa da Unio, o que s ocorreu em 15/09/2004;
15.1 Razes de justificativas do Sr. Jos Luiz Visconti e da Sr Neusa Leo Koberstein
15.1.1 Os responsveis, para este ponto da auditoria, aduzem que, na ocasio da contratao
emergencial, foi concedido um prazo para que a empresa apresentasse a Certido Negativa da Dvida
Ativa da Unio ... em virtude da contratao estar sendo realizada por dispensa de licitao, bem como
pelo fato de ter sido juntado um Mandado de Segurana com pedido de liminar (Anexo IX), contra a
Procuradoria Nacional de Fazenda, onde demonstrava que a empresa havia realizado o depsito, nos
termos do art. 151 inciso II, do CTN, ficando, desta forma, suspensa a exigibilidade do crdito tributrio.
15.1.2 Esclarecem ainda que foi concedida a liminar em 13.09.2004 (fls. 53/54 Anexo 4) e que o
julgamento, favorvel contratada, se deu em 26.10.2004 (fls. 56/59 Anexo 4), o que, segundo eles,
demonstraria que a atitude da DATAPREV estava condizente com a legislao tributria nacional .
15.2 Anlise
15.2.1 Por se tratar de dispensa, no seria aplicvel espcie a exigncia, contida no art. 29, inciso
III, da Lei 8.666/93, de prova de regularidade para com a fazenda dos entes federativos, prova essa que,
no caso da Unio, inclui certido quanto Dvida Ativa da Unio. Para as contrataes diretas s seria
exigvel a prova da regularidade para com o INSS e o FGTS, como se depreende do entendimento
exarado pelo TCU na Deciso 705/1994 :
O Tribunal Pleno, diante das razes expostas pelo Relator, DECIDE:
1- firmar o entendimento de que:
a) por fora do disposto no 3 do art. 195 da Constituio Federal - que torna sem efeito, em parte,
o permissivo do 1 do art. 32 da Lei n 8666/93 -, a documentao relativa regularidade com a
Seguridade Social, prevista no inciso IV do art. 29 da Lei n 8666/93 e, mais discriminadamente, no art.
27-a da Lei n 8036/90, no art. 47-I-a da Lei n 8212/91, no art. 2-a da IN n 93/93-SRF e no item 4-I-a
da Ordem de Servio INSS/DARF n 052/92 de exigncia obrigatria nas licitaes pblicas, ainda
que na modalidade convite, para contratao de obras, servios ou fornecimento, e mesmo que se trate
de fornecimento para pronta entrega;
b) a obrigatoriedade de apresentao da documentao referida na alnea "a" acima aplicvel
igualmente aos casos de contratao de obra, servio ou fornecimento com dispensa ou inexigibilidade de
licitao "ex vi" do disposto no 3 do art. 195 da CF, citado;
15.2.2 Em face disso, cumpre acolher as razes de justificativas apresentadas pelos responsveis.
16. autorizao para Requisio da Diviso de Engenharia n 057/2004, de 19/08/2004, e emisso
de parecer tcnico favorvel contratao emergencial n 01.0528.2004, em valor superior ao que vinha
438
sendo praticado no Contrato n 01.0361.2002, firmado com a Encom Engenharia Ltda; (audincia do
Gerente da Diviso de Engenharia)
autorizao para Requisio da Diviso de Engenharia n 057/2004, de 19/08/2004, e
concordncia com o parecer tcnico favorvel contratao emergencial n 01.0528.2004, contemplando
valor superior ao que vinha sendo praticado no Contrato n 01.0361.2002, firmado com a Encom
Engenharia Ltda (audincia do Gerente do Departamento de Logstica)
16.1 Razes de justificativas dos Srs. Lus Fernando Fonseca de Oliveira e Csar Luiz Feio Cinelli
16.1.1 Como intrito do arrazoado, os responsveis consignam o seguinte :
a) os servios de operao e manuteno preventiva, preditiva e corretiva das instalaes do Centro
de Processamento de Dados (CPD/CTRJ.O) e demais prdios da DATAPREV no Rio de Janeiro, dada a
falta de pessoal prprio habilitado a realiz-lo, so de importncia vital para continuidade dos trabalhos l
realizados referentes ao tratamento de informaes da Previdncia Social, cuja interrupo poderia causar
impacto social calamitoso, conforme previsto no artigo 24, inciso IV, da Lei n. 8.666/93;
b) que a expedio da requisio para a contratao emergencial dos servios em questo, que
contou com parecer favorvel do rgo jurdico da Dataprev, se deu em funo de haver outro processo
licitatrio em andamento, Concorrncia 007/2004, requisitado em 10/05/2004, que no prosperou de
forma previsvel, e de no ser possvel a prorrogao do contrato com a Encom (registros do Sicaf de
18/08/2004 assinalavam que estavam vencidas diversas certides de regularidade fiscal - fls. 234/235
Anexo 4, Vol. 1) e muito menos recomendvel, diante da situao de continuado estado de inadimplncia
da empresa para com o pagamento de impostos e da sucessiva falta de cumprimento de suas obrigaes
trabalhistas, inclusive de pagamento de seus empregados, contrariando frontalmente o disposto no Artigo
55, inciso XIII, da Lei 8.666/93 e o art. 195, 3, da Constituio Federal;
16.1.2 Quanto ao ponto de auditoria propriamente dito, alegam que :
I) para efeito da estimativa, foi utilizado o valor praticado no contrato n 01.0361.2002 firmado
em 01/09/2002, devidamente ajustado, to somente nos valores referentes parcela de mo-de-obra, em
decorrncia do dissdio da categoria, ocorrido em maro/2003, (Anexo IV), bem como as novas alquotas
de COFINS e PIS;
II) foi realizada tambm pesquisa de mercado com a consulta s empresas que usualmente
participam de licitaes do gnero na Dataprev e outras constantes do cadastro, com notrio
conhecimento neste segmento e cujo resultado, referente aos preos mensais no acrescidos da parcela
para horas-extras e mo-de-obra eventual consta no quadro a seguir:
GLS
WH
BENCO
DELTA
CRIBA
R$ 231.191,02;
R$ 278.530,22;
R$ 288.603,72;
R$ 307.560,47;
R$ 318.067,39;
III) a empresa contratada, GLS, detinha o menor preo, R$ 231.191,02, inferior em 23,18% ao valor
mdio das propostas (R$ 284.790,56) e compatvel com a estimativa da DATAPREV, bem como 4,9%
inferior ao valor pleiteado pela Encom em 26 de novembro de 2003, que era de R$ 229.714,82 CE
097/2003, (Anexo V), retroativo setembro, deixando claro em correspondncia S/N. datada de
30/12/2003 (Anexo VI), que pretendia repassar Dataprev a variao do PIS e COFINS, naquela data
no conhecidos, que vieram a somar 5,6 %, fazendo o preo cobrado pela Encom saltar para R$
242.578,85;
16.2 Anlise
16.2.1 Como tambm constou, no julgamento do processo apartado (TC-020.404/2004-1), o
acatamento da importncia cobrada pelos servios da GLS como parmetro confivel de comparao com
a estimativa para a Concorrncia n 07/2004, so aplicveis para este ponto, mutatis mutandis, as
consideraes expendidas na anlise do ponto do item 14 supra referentes tanto razoabilidade de o preo
da contratao emergencial superar o da contratao finda, como a opinio no sentido da aceitabilidade
do valor constante da estimativa, a qual acabou sendo a prpria proposta da contratada GLS. Em vista
disso, sou da opinio que devam ser aceitas as razes de justificativa apresentadas pelos responsveis.
439
440
b.1) valor contratado foi superior ao que vinha sendo praticado nos Contratos n 01.0361.2002 e n
21.0132.2002, firmados com a Encom Engenharia Ltda, e estes eram passveis de serem prorrogados, nos
termos do art. 57, inciso II da Lei n 8.666/93 e conforme previso nos prprios instrumentos contratuais;
b.2) no foram verificados os pressupostos de aplicao do art. 24, inciso IV, da Lei n 8.666/93,
esclarecidos por este Tribunal na Deciso n 347/94-Plenrio, proferida em sede de consulta; e
b.3) a contratao emergencial em So Paulo foi homologada sem que a Conbrs Engenharia Ltda.
apresentasse a certido quanto dvida ativa da Unio, o que s ocorreu em 15/09/2004
18.1 Razes de justificativas dos Srs. Carlos Alberto Jacques de Castro, Srgio Paulo Veiga Torres
e Tito Cardoso de Oliveira Neto
18.1.1 Em relao ao apontado na alnea a.1), referente ausncia de arrimo legal para
implementar a resciso com base na falta de comprovao de regularidade fiscal, os responsveis aduzem
o seguinte :
I) diante da contumaz inadimplncia da empresa Encom, (foi lhe dirigida, de 2002 a 2004, 35
comunicaes em face do descumprimento de clusulas contratuais, cuja discriminao encontra-se
relacionada s fls. 188/192 Anexo 4, tendo sido aplicada 3 multas, uma pela falha de operao do
sistema de refrigerao do CPD da Empresa, outra por falha no sistema de recalque de gua, e a ltima
pela inexistncia do ferramental mnimo exigido em contrato) e tendo em vista que consulta ao
Comprasnet indicou a expirao da validade dos documentos referentes regularidade fiscal da empresa,
foi lhe solicitada a apresentao de documentos comprobatrios de tal regularidade, sob pena de resciso,
se no atendido o solicitado ou de no ser apresentada defesa demonstradora da impossibilidade de
atendimento;
II) na defesa, a empresa Encom, vinha informando sobre uma contenda judicial com o INSS e a
impossibilidade, momentnea, de apresentao da CND com o INSS, porm, no disponibilizava e nem
justificava a ausncia dos demais documentos (Certido da Receita Federal, Dvida Ativa da Unio,
Receita Estadual e Municipal)
III) a falta de comprovao de regularidade fiscal por parte da empresa Encom durante a execuo
contratual, era motivo ensejador da resciso contratual, fundamentada no artigo 78, inciso I, da lei n
8.666/93, em face da no manuteno das condies de habilitao, artigo 55, inciso XIII, da lei de
Licitaes e Contratos, e, em corroborao a esse entendimento, transcrevem diversos ensinamentos
doutrinrios :
A Administrao deve exigir, para celebrao do contrato e durante toda a sua execuo,
que o contratado mantenha obrigatoriamente todas as condies de habilitao e qualificao
exigidas na licitao". (grifo nosso) - Licitaes & Contratos - Orientaes Bsicas", Tribunal de Contas
da Unio, p. 231;
O inciso XIII destina-se a evitar dvidas sobre o tema. A sua ausncia no dispensaria o
particular dos efeitos do princpio de que a habilitao se apura previamente, mas se exige a
presena permanente de tais requisitos, mesmo durante a execuo do contrato. O silncio do
instrumento no significar dispensa da exigncia. Se o particular, no curso da execuo do contrato,
deixar de preencher as exigncias formuladas, o contrato dever ser rescindido". (grifo nosso) Maral Justen Filho - "Comentrios Lei de Licitaes e Contratos Administrativos", Edio Dialtica, 8
edio, p. 511;
O contratado que deixar de possuir, no decorrer da execuo de todo o contrato, quaisquer das
condies exigidas para habilitao, as quais, como apontamos, foram consideradas essenciais perfeita
execuo do objeto contratual, sujeitar-se- resciso do contrato (art. 78), sem prejuzo, ainda, da
aplicao das sanes previstas no art. 87 da lei, observados os procedimentos devidos". - Consultoria
Znite, em seu Informativo de Licitaes e Contratos, n 75, p. 409
Nos termos do que dispe o artigo 55, inciso XIII, da lei n 8.666/93, firmado determinado ajuste,
o contratado obrigado a manter, durante toda a execuo do contrato, em compatibilidade com as
obrigaes assumidas, todas as condies de habilitao e qualificao exigidas na licitao.
Se durante a execuo da avena houver alterao das condies de sua habilitao, conforme o
artigo 78, inciso I, da lei de Licitaes, tal situao caracteriza motivo ensejador de resciso contratual,
atitude essa radical, mas no ilcita - Consultoria Znite, em seu Informativo de Licitaes e Contratos,
n 97, p. 209
441
18.1.2 No que toca ao consignado na alnea a.2) de que as decises judiciais teriam reconhecido a
impossibilidade da emisso da certido relativa regularidade junto ao INSS, alegam o seguinte :
I) no teriam tais decises carter definitivo;
II) a empresa teria deixado de comprovar tempestivamente a regularidade diante do INSS em outros
momentos em que no havia greve naquele instituto, bem como no teria apresentado, em diversas
ocasies, as Certides de Regularidade com o FGTS, a Fazenda Federal e a Dvida Ativa da Unio.
18.1.3 Em relao ao fato de terem sidos homologados contratos emergenciais contemplando
valores mensais superiores aos praticados nos contratos com a Encom (alnea b.1) supra), os
responsveis sustentam que padece de fundamentao tal afirmao, pois :
I) o contrato firmado com a empresa GLS, detentora da mais vantajosa cotao dentre as cinco
empresas consultadas em pesquisa de mercado, em setembro de 2004, teve como custo mensal o valor de
R$ 231.191,02, cerca de 5 % menor do que o valor final de R$ 242.578,85 que alcanaria a repactuao
pleiteada, um ano antes, pela Encom, (o proposto de R$ 229.714,82 acrescido dos repasses da variao do
PIS e COFINS, que a empresa estava exigindo, num total de 5,6%);
II) enquanto que ao valor do contrato firmado com a Conbrs foi acrescido, to-somente o dissdio
da categoria relativo ao ano de 2003 e nada mais, ficando muito aqum do que foi solicitado pela Encom
em negociao para repactuao;
18.1.4 No que se refere possibilidade de prorrogao dos contratos com a Encom, aludida na
alnea b1, in fine, alegam que no poderia ocorrer tal prorrogao tendo em vista :
I) a constante inadimplncia de encargos fiscais, previdencirios e trabalhistas dessa empresa;
II) a quebra de confiana estabelecida entre contratante e contratada, resultante do estado litigioso e
conturbado entre a Dataprev e a Encom, a ponto dessa empresa denunciar, de forma irresponsvel, o
nosso Gerente do DESU.A na 9 Delegacia de Polcia, sem qualquer razo, tanto que, em Juzo, desistiu
da ao que tramitava no Juizado Especial;
III) a gesto do contrato ter se tornado inadministrvel, e com isso restado caracterizado, de forma
inquestionvel, os riscos existentes para Dataprev, ante a emisso pelo Engenheiro Residente da Encom
de memorando manifestando temor sobre a qualidade dos servios que estavam sendo prestados, em
virtude da inadimplncia da empresa para com seus funcionrios.
18.1.5 No tocante ao apontado na alnea b.2) quanto ausncia dos pressupostos, arrolados na
Deciso 347/94-TCU, para se efetivar contratao emergencial, os responsveis tecem para cada um deles
os seguintes esclarecimentos :
I) em relao ao pressuposto de no ser imputvel ao administrador, seja por culpa ou mesmo dolo,
a ocorrncia da situao emergencial, afirmam que :
Ora, a DATAPREV havia rescindido o contrato com a empresa Encom em maro de 2004, em
face da no manuteno durante a execuo do contrato da sua condio de habilitao, conforme exigida
na legislao, o que inviabilizava legalmente a Dataprev de pagar os servios prestados e
consequentemente provocava enormes problemas uma vez que a Encom no pagava os salrios dos seus
empregados que trabalhavam nas dependncias da Dataprev, inclusive gerando passivo trabalhista
subsidirio. Assim, foi contratada outra empresa, fundamentada no artigo 24 inciso XI, da lei n 8.666/93,
que poderia ser prorrogado naturalmente.
Porm, em meados de maio de 2004, a empresa Encom conseguiu liminarmente uma deciso
judicial, onde era determinado DATAPREV que retomasse o contrato com a Encom.
Nesse momento, a DATAPREV, conforme acima descrito, em virtude da dificuldade de
relacionamento e da inadimplncia contratual, a qual acarretaram vrias multas, comeou a estudar
tecnicamente a instaurao de um novo procedimento licitatrio, que foi requisitado pelo Departamento
de logstica - DElG.A, na data de 10 de maio de 2004 e, instaurado, em virtude de dificuldades,
principalmente, quanto se conseguir um preo estimado, em agosto de 2004.
Ou seja, conforme demonstrado, no houve por parte da DATAPREV, qualquer falta de
planejamento, desdia administrativa ou m gesto dos recursos disponveis, por culpa ou dolo do agente
pblico, o que houve, foi a imprevisibilidade da situao, onde por intermdio da Justia Comum a
Encom, mesmo inadimplente, conseguiu reaver o contrato anteriormente rescindido
II) tanto em relao ao requisito da existncia de urgncia concreta e efetiva para o atendimento
situao emergencial, como relativamente ao da concretude, possibilidade, iminncia e gravidade do risco
442
associado a tal situao, ponderam que no seria possvel, ante os prazos e formalidades exigidos, realizar
a licitao sem com isso sujeitar a empresa a prejuzos ou mesmo provocar a paralisao e prejudicar a
regularidade das atividades especficas da Previdncia Social, da qual dependem milhes de pensionistas
e aposentados;
III) no que concerne ao pressuposto da adequabilidade, efetividade e eficincia dos quantitativos
contratados para conjurar o risco iminente detectado, afirmam que esse restou atendido, uma vez que no
houve aumento entre o objeto anteriormente contratado e o que foi realizado emergencialmente.
18.1.6 Para o apontado na alnea b.3), oferecem os responsveis argumentos idnticos aos dos
responsveis Jos Luiz Visconti e Neusa Leo Koberstein e cujo relato j consta dos itens 15.1.1 e 15.1.2.
18.2 Anlise
18.2.1 No que se refere alnea a deste ponto de audincia, entendo que os responsveis no
lograram xito em demonstrar que houve acerto na decretao da resciso dos contratos com a Encom.
18.2.2 Os esclios doutrinrios invocados, apesar de aventarem, seja indireta ou diretamente, a
possibilidade de capitular resciso contratual com o concurso do disposto no art. 55, inciso XIII, com o
estipulado no art. 78, inciso I da Lei 8.666/93, no contemplam especificamente que a falta de
comprovao da regularidade fiscal poderia ser subsumida em tal capitulao.
18.2.3 Na verdade, uma leitura mas atenta e sistmica do que lecionam os doutrinadores a respeito
da matria conduz a uma interpretao restritiva desses esclios, de forma que no abarquem a hiptese
de o descumprimento da condio de habilitao recair sobre a regularidade fiscal.
18.2.4 o que podemos inferir, por exemplo, da exegese de Jess Torres Pereira Jnior do art. 55,
inc. XIII, quando enfatiza a afinidade desse dispositivo s exigncias de habilitao tcnica :
o inciso XIII especialmente congruente com as exigncias do art. 30, II, que no contexto da fase
de habilitao preliminar, admite que a qualificao tcnica de cada licitante deva ser comprovada com a
indicao das instalaes e do aparelhamento e do pessoal tcnico adequados e disponveis para a
realizao do objeto da licitao, bem como da qualificao de cada um dos membros da equipe tcnica
que se responsabilizar pelos trabalhos. Em face do inciso XIII, tais adequaes, disponibilidade e
qualificao devem ser assegurados durante todo o curso da execuo do contrato; sua falta poder
constituir motivo para resciso deste com fulcro no art. 78, XI (modificao da finalidade ou da estrutura
da empresa, que prejudique a execuo do contrato), por ato unilateral da Administrao (art. 79, I) e
com as consequncias alinhadas no art. 80.(in Comentrios Lei de Licitaes e Contrataes da
Administrao Pblica, 5edio, 2002, Ed. Renovar, So Paulo, pgs. 78/79)
18.2.5 O prprio Maral Justen, no seguimento do trecho colacionado pelos responsveis, quase que
textualmente exclui a possibilidade de a no-preservao da regularidade fiscal dar causa resciso :
O inciso XIII destina-se a evitar dvidas sobre o tema. A sua ausncia no dispensaria o particular
dos efeitos do princpio de que a habilitao se apura previamente, mas se exige a presena permanente
de tais requisitos, mesmo durante a execuo do contrato. O silncio do instrumento no significar
dispensa da exigncia. Se o particular, no curso da execuo do contrato, deixar de preencher as
exigncias formuladas, o contrato dever ser rescindido. Mas a questo tem de ser apreciada em vista do
princpio da proporcionalidade. Ou seja, indispensvel identificar a providncia menos onerosa ao
interesse pblico e aos valores tutelados pela ordem jurdica. No teria cabimento estabelecer uma
soluo mecanicista, em que a ocorrncia de evento perfeitamente suprvel, viesse a ser considerada como
causa automtica para resciso do contrato. Aplicam-se aqui algumas consideraes desenvolvidas a
propsito dos incisos IX a XI do art. 78. necessrio identificar uma relao de causalidade entre o
problema verificado e a satisfao do interesse pblico. Ademais disso, deve apurar-se a possibilidade de
recomposio da plena capacitao do sujeito. Um exemplo permite compreender a interpretao
preconizada. Suponha-se que, no curso da execuo do contrato, o particular deixe de pagar a
contribuio para o INSS. Apesar da gravidade da conduta, afigura-se perfeitamente possvel que,
identificada a ocorrncia, o particular satisfaa a dvida (ou obtenha algum regime equivalente ao da
regularidade fiscal). No haver cabimento de impor-se, de modo automtico, a resciso contratual (grifo
nosso) "(in Comentrios Lei de Licitaes e Contratos Administrativos, 9 edio, Editora Dialtica
SP 2002, pgs. 464/465)
18.2.6 Podemos perfilhar tambm, como argumento para excluir a falta de comprovao da
regularidade fiscal como causa rescisria, o fato de a desconformidade contratual que ela encerra no ser
443
pertinente obrigao principal do contrato, in casu, prestar servios de manuteno predial. E essa
pertinncia posta em realce pela doutrina referente exegese do art. 78, inciso I, como se depreende da
seguinte lio de Maral Justen Filho :
O inciso I alude, portanto, hiptese de inadimplemento absoluto. Indica a situao em que o
sujeito pratica condutas que tornam invivel a execuo do contrato.
Ou seja, no so apanhados pelo inc. I todos os comportamentos desconformes com o contrato ou
com a Lei. Se, por exemplo, o particular tinha o dever de enviar Administrao aviso do incio da
execuo de uma obra e deixar de remet-lo, isso secundrio desde que tenha iniciado a execuo da
obra. O mesmo se diga quanto a todos deveres cujo descumprimento produz efeito sobre a prpria parte,
tais como o dever de apresentar os documentos probatrios da execuo da prestao como pressuposto
para receber o pagamento.(Comentrios Lei de Licitaes e Contratos Administrativos, 9 edio,
Editora Dialtica SP 2002, pg. 526)
18.2.7 No se pode, outrossim, perder de vista que a suposta falta em que incorreu a contratada j
conta com a sano deveras gravosa de sustao do pagamento pelos servios prestados e, se a essa
sano se juntar a possibilidade de resciso contratual, estaremos diante de um bis in idem punitivo. E
isso no se coaduna com o princpio da razoabilidade a que deve respeito a administrao pblica,
mormente na aplicao dos dispositivos relativos resciso contratual unilateral pela administrao,
medida drstica e revogatria do brocardo pacta sunt servanta.
18.2.8 Quanto aos demais argumentos colacionados pelos responsveis (item 18.1.1, I) e II) ), por
se referirem a questes fticas, no se prestam a justificar o apontado na alnea a.1) deste ponto de
audincia, cujo carter eminentemente jurdico.
18.2.9 O aduzido pelo responsvel no item 18.1.2, em contraposio ao consignado na alnea a.2)
da oitiva, no concorre para afastar o aodamento com que se deu a decretao da resciso.
18.2.10 No ter recado sobre as aludidas decises judiciais o manto da coisa julgada no infirma o
fato incontroverso, nelas abordado, de que o advento da greve no INSS teria impedido a expedio da
CND. irrelevante a circunstncia de outrora terem ocorrido situaes em que, mesmo no havendo
greve, deixou a contratada de apresentar documentao referente regularidade fiscal, j que tal
regularidade apurada em relao ao momento presente.
18.2.11 Diante disso, cumpre rejeitar as razes de justificativas dos responsveis relativamente ao
quesito a deste tpico da audincia.
18.2.12 Em relao ao apontado na alnea b deste item da audincia, considero que s no merece
acatamento a argumentao sustentada pelos responsveis referente alnea b.2).
18.2.13 Como j foi reconhecida, em anlise anterior, referente questo da estimativa dessas
contrataes ser superior ao valor mensal dos contratos com a Encom ( itens 14 e 16 supra), a procedncia
de argumentos similares aos manejados pelos responsveis, impe-se o acatamento dos aqui expostos.
18.2.14 H que se admitir tambm que a deciso de prorrogar ou no um contrato se insere
indubitavelmente no mbito da discricionariedade administrativa, e que, ante a evidente deteriorao das
relaes entre a Dataprev e a Encom, no se pode considerar como reprovvel a deliberao de no se
efetuar a prorrogao.
18.2.15 J no que se refere ao alegado quanto ocorrncia dos pressupostos para contratao
emergencial ( alnea b.2)), considero que houve, ante a manifesta essencialidade dos servios
contratados, aliada a mantena, nas emergencias, das especificaes do objeto das contrataes com a
Encom, a presena do conjunto deles, exceo do referente a no ser responsabilidade do prprio
administrador o advento da situao emergencial.
18.2..16 Em relao a esse especfico pressuposto, entendo que as argumentaes apresentadas
pelos responsveis no demonstram sua satisfao por parte dos gestores da Dataprev.
18.2.17 De acordo com o alegado pelos responsveis, a circunstncia deflagadora da situao
emergencial, consistente em se estar com um contrato prestes a expirar e ainda no se ter finalizado o
respectivo procedimento licitatrio para substitu-lo, teria sido a prolao das decises judiciais, o que
seria imprevisvel, e que permitiu a Encom retomar seus contratos anteriormente rescindidos. Isso porque,
em virtude de tais decises, a Dataprev deixou de contar com a alternativa de prorrogao da contratao
oriunda da licitao de 2002, por ser impossvel com as empresas sucessoras da Encom e inconveniente
com essa prpria.
444
18.2.18 Entendo que no h como reputar de imprevisvel o advento de tais decises judiciais. A
falta de dispositivo legal cristalino a referendar a hiptese de resciso de que se valeu a Dataprev para a
resciso, associada ao fato de a Encom j contar com mandados judiciais para obrigar o INSS a expedir a
competente CND, seriam indicativos de que haveria margem razovel para questionamentos de tais
rescises, no judicirio, obterem algum tipo de sucesso, nem que fosse em sede de liminar.
18.2.19 No obstante tais indicativos, decidisse a Dataprev decretar as rescises, seria de esperar
que o fizesse com a adoo da cautela de deflagrar o devido processo licitatrio, de forma assim
possibilitar a contratao por vias normais dos servios de manuteno predial, no caso de decises
judiciais supervenientes lhe retirassem a faculdade de manter a frente de tais servios as empresas
sucessoras da contratada original. Mas tal cautela s foi adotada na ocasio da prolao das liminares,
quando pouco tempo havia para concluir os certames antes da expirao dos contratos com a Encom.
18.2.20 S seria justificvel a deflagrao dos certames a partir das decises judiciais se somente
nesse momento tivesse se configurada a inconvenincia de se prorrogar os contratos com a Encom. Mas
esse no o caso, j que de h muito vinha a Dataprev considerando arriscada a execuo dos servios
pela contratada em face, entre outros, dos atrasos no pagamento de seus funcionrios que vinha
incorrendo a Encom.
18.2.21 Temos, portanto, que o gestores da Dataprev no se houveram com o devido cuidado e
diligncia na conduo da contratao dos servios de manuteno predial e, em razo disso, propiciaram
que findassem os contratos 01.0361.2002 e 21.0132.2002 sem que tivesse chegado ao fim os
procedimentos licitatrios com vistas a substitu-los. Cumpre, portanto, rejeitar as razes de justificativas
apresentadas no que se refere alnea b.2) supra.
18.2.22 Quanto ao alegado relativo alnea b.3) supra, em face da identidade de teor com o
aduzido pelo Sr. Jos Luiz Visconti e pela Sr Neusa Leo Koberstein, cabe a aplicao da anlise
expendida no item 15.2 e, consequentemente, o acolhimento das razes de justificativas dos responsveis.
19. a) resciso dos Contratos n 01.0361.2002 e 21.0132.2002, celebrados com a Encom Engenharia
Ltda, considerando que :
a.1) a alegada falta de comprovao de regularidade fiscal no constitui causa de resciso unilateral
do contrato, segundo o disposto nos arts. 78 e 79 da Lei n 8.666/93;
a.2) conforme se depreende das decises judiciais obtidas pela Encom Engenharia Ltda em seu
favor, a empresa s no conseguiu comprovar essa regularidade em virtude da greve dos servidores do
INSS, impossibilitando a emisso da respectiva certido.
b) contratao emergencial das empresas GLS Engenharia e Consultoria Ltda e Conbrs Engenharia
Ltda para a prestao de servios de manuteno predial no Rio de Janeiro e em So Paulo, considerando
que :
b.1) valor contratado foi superior ao que vinha sendo praticado nos Contratos n 01.0361.2002 e n
21.0132.2002, firmados com a Encom Engenharia Ltda, e estes eram passveis de serem prorrogados, nos
termos do art. 57, inciso II da Lei n 8.666/93 e conforme previso nos prprios instrumentos contratuais;
b.2) no foram verificados os pressupostos de aplicao do art. 24, inciso IV, da Lei n 8.666/93,
esclarecidos por este Tribunal na Deciso n 347/94-Plenrio, proferida em sede de consulta;
b.3) a contratao emergencial em So Paulo foi homologada e ratificada sem que a Conbrs
Engenharia Ltda. apresentasse a certido quanto dvida ativa da Unio, o que s ocorreu em 15/09/2004;
e
b.4) as garantias exigidas na assinatura dos Contratos n 01.0528.2004 e 21.0118.2004, somente
foram prestadas pela GLS e pela Conbrs em 29/09/2004 e em meados de novembro de 2004, em
desacordo com as Clusulas Dcima Terceira e Dcima Segunda, respectivamente.
19.1 Razes de justificativas do Sr. Jos Roberto Borges da Rocha Leo
19.1.1 exceo da alnea b.4), os argumentos expendidos por esse responsvel so os mesmos
dos responsveis do item anterior.
19.1.2 Em relao alnea b.4), apresenta o responsvel as seguintes justificativas :
I) tendo em vista no existir, na Lei 8.666/93, previso de quando dever ser apresentada a garantia
contratual, e considerando a prtica bancria de s conceder fiana ou seguro vista do contrato assinado,
foi permitido s empresas apresentarem suas garantias at o primeiro pagamento, condicionando
quaisquer pagamentos a tal apresentao;
445
446
XIV) aplicar ao Sr. Tito Cardoso de Oliveira Neto, em razo do cometimento das irregularidades
descritas no itens 18, alnea a e 18, alnea b.2) supra, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei n.
8.443/92;
XV) aplicar ao Sr. Jos Roberto Borges da Rocha, em razo do cometimento das irregularidades
descritas no itens 19, alnea a e 19, alnea b.2) supra, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei n.
8.443/9;
XVI) aplicar ao Sr. Jos Jairo Ferreira Cabral, em razo do cometimento das irregularidades
descritas no itens 19, alnea a e 19, alnea b.2) supra, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei n.
8.443/92;
XVII) autorizar, desde logo, a cobrana judicial da dvida nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n.
8.443/92, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir do dia seguinte ao
trmino do prazo ora estabelecido, at a data do recolhimento, caso no atendida a notificao, na forma
da legislao em vigor;
XVIII) remeter cpia da deliberao que vier a ser proferida, acompanhada do relatrio e voto que a
fundamentarem, empresa Encom Engenharia Ltda. e
XIX) determinar o apensamento do presente processo s contas da Empresa de Tecnologia e
Informaes da Previdncia Social Dataprev relativas ao exerccio de 2004, com fundamento no art.
250, 2, in fine, do Regimento Interno.
considerao superior.
o relatrio.
VOTO
Registro preliminarmente que a presente representao deve ser conhecida, vez que preenchidos os
requisitos de admissibilidade previstos no art. 237, VII, do Regimento Interno do TCU.
2. Quanto ao mrito, manifesto-me de acordo com a anlise promovida pela Unidade Tcnica no
sentido de considerar parcialmente procedente a presente representao, tendo em vista que restou
comprovada parte dos fatos denunciados pela representante. Assim acolho a proposta formulada pela
Secex/RJ no sentido de:
a) considerar revel o Sr. Jos Jairo Ferreira Cabral;
b) acolher as razes de justificativa apresentadas pelos responsveis a seguir identificados, vez que
lograram descaracterizar as irregularidades inicialmente apontadas: b.1) Srs. Jos Luiz Visconti e
Antonio Wanderlei Carvalho e pela Sr Neusa Leo Koberstein (estimativa para a contratao emergencial
n 21.0118.2004, lanada no verso da requisio DSPA.P/LOGISTICA n 151/2004, de 27/08/2004, ser
superior ao valor que vinha sendo praticado no Contrato n 21.0132.2002, firmado com a Encom
Engenharia Ltda. e contratao emergencial em So Paulo ter sido adjudicada sem que a Conbrs
Engenharia Ltda apresentasse a certido quanto dvida ativa da Unio, o que s ocorreu em
15/09/2004);
b.2) Srs. Lus Fernando Fonseca de Oliveira e Csar Luiz Feio Cinelli (autorizao para Requisio
da Diviso de Engenharia n 057/2004, de 19/08/2004, e emisso de parecer tcnico favorvel
contratao emergencial n 01.0528.2004, em valor superior ao que vinha sendo praticado no Contrato n
01.0361.2002, firmado com a Encom Engenharia Ltda.- audincia do Gerente da Diviso de Engenharia;
autorizao para Requisio da Diviso de Engenharia n 057/2004, de 19/08/2004, e concordncia com
o parecer tcnico favorvel contratao emergencial n 01.0528.2004, contemplando valor superior ao
que vinha sendo praticado no Contrato n 01.0361.2002, firmado com a Encom Engenharia Ltda. audincia do Gerente do Departamento de Logstica);
b.3) Sr. Marcelo Boccheti Argento (adjudicao da contratao emergencial n 01.0528.2004, em
valor superior ao que vinha sendo praticado no Contrato n 01.0361.2002, firmado com a Encom
Engenharia Ltda);
b.4) pelos Srs. Carlos Alberto Jacques de Castro, Srgio Paulo Veiga Torres e Tito Cardoso de
Oliveira Neto (homologao da contratao emergencial das empresas GLS Engenharia e Consultoria
Ltda e Conbrs Engenharia Ltda para a prestao de servios de manuteno predial no Rio de Janeiro e
em So Paulo, considerando que: o valor contratado foi superior ao que vinha sendo praticado nos
447
Contratos n 01.0361.2002 e n 21.0132.2002, firmados com a Encom Engenharia Ltda, e estes eram
passveis de serem prorrogados, nos termos do art. 57, inciso II da Lei n 8.666/93 e conforme previso
nos prprios instrumentos contratuais; a contratao emergencial em So Paulo foi homologada sem que
a Conbrs Engenharia Ltda. apresentasse a certido quanto dvida ativa da Unio, o que s ocorreu em
15/09/2004);
b.5) pelo Sr. Jos Roberto Borges da Rocha Leo (contratao emergencial das empresas GLS
Engenharia e Consultoria Ltda e Conbrs Engenharia Ltda para a prestao de servios de manuteno
predial no Rio de Janeiro e em So Paulo, considerando que: valor contratado foi superior ao que vinha
sendo praticado nos Contratos n 01.0361.2002 e n 21.0132.2002, firmados com a Encom Engenharia
Ltda, e estes eram passveis de serem prorrogados, nos termos do art. 57, inciso II, da Lei n 8.666/93 e
conforme previso nos prprios instrumentos contratuais; a contratao emergencial em So Paulo foi
homologada e ratificada sem que a Conbrs Engenharia Ltda. apresentasse a certido quanto dvida
ativa da Unio, o que s ocorreu em 15/09/2004; e as garantias exigidas na assinatura dos Contratos n
01.0528.2004 e 21.0118.2004, somente foram prestadas pela GLS e pela Conbrs em 29/09/2004 e em
meados de novembro de 2004, em desacordo com as Clusulas Dcima Terceira e Dcima Segunda,
respectivamente.);
c) reverter em proveito do Sr. Jos Jairo Ferreira Cabral as razes de justificativa apresentadas pelo
Sr. Jos Roberto Borges da Rocha Leo para as ocorrncias destacadas no subitem acima.
3. Acolho ainda as anlises empreendidas pela Unidade Tcnica que demonstraram que as
justificativas apresentadas pelos Srs. Carlos Alberto Jacques de Castro, Srgio Paulo Veiga Torres e Tito
Cardoso de Oliveira Neto Jos Roberto Borges da Rocha no lograram descaracterizar a irregularidade
relativa resciso dos Contratos ns 01.361.2002 e 21.0132.2002, celebrados com a Encom,
fundamentada na alegao de falta de comprovao de regularidade fiscal da empresa.
4. No entanto, deixo de aplicar a multa proposta aos responsveis, tendo em vista que poca dos
fatos no havia dvidas, por parte da Dataprev, quanto possibilidade de promover a resciso do contrato
de prestao de servios em decorrncia da existncia de dbitos da empresa perante o INSS, tendo a rea
jurdica da Dataprev defendido tal deciso com fundamento em doutrina e na Deciso 377/1997Plenrio, proferida por esta Corte, atravs da qual foi determinado Delegacia de Administrao do
Ministrio da Fazenda no Estado do Acre que exija da empresa Construtora Mendes Carlos Ltda que
comprove a regularizao dos dbitos junto ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS, sob pena de
resciso contratual, nos termos estipulados na Clusula Dcima do Contrato n 004/96, celebrado com a
finalidade de construo da Primeira Fase do Edifcio Sede dos rgos Fazendrios em Rio
Branco/AC.
5. Da mesma forma acompanho a manifestao da Secex/RJ quanto aos esclarecimentos oferecidos
pelos Srs. Carlos Alberto Jacques de Castro, Srgio Paulo Veiga Torres, Tito Cardoso de Oliveira Neto e
Jos Roberto Borges da Rocha Leo, que no foram suficientes para justificar a irregularidade
consubstanciada na no-verificao dos pressupostos de aplicao do art. 24, IV, da Lei 8.666/93,
consoante Deciso TCU n 347/94, para a contratao emergencial, e respectiva homologao, das
empresas GLS Engenharia e Consultoria Ltda. e Conbrs Engenharia Ltda., objetivando a prestao de
servios de manuteno predial nas dependncias da Dataprev no Rio de Janeiro e em So Paulo.
6. Considerando que a Dataprev decidiu em maro de 2004 rescindir os contratos firmados com a
Encom em 2002, diante dos problemas enfrentados durante a execuo dos contratos, e levando em conta
os possveis questionamentos (inclusive judiciais) por parte da contratada, deveria a Dataprev j naquele
momento ter adotado as providncias necessrias para a realizao de novo procedimento licitatrio com
vistas a selecionar empresa para prestar os servios de manuteno predial nas dependncias da Empresa
no Rio de Janeiro e em So Paulo. No entanto, os documentos constantes dos autos demonstram que tais
medidas s vieram a ser efetivadas em agosto de 2004, momento em que os contratos celebrados com a
Encom estavam sendo encerrados, ensejando assim a contratao emergencial das empresas GLS
Engenharia e Consultoria Ltda. e Conbrs Engenharia Ltda. para execuo dos servios at a concluso
do procedimento licitatrio.
7. Desse modo, concordando com a concluso da Unidade Tcnica, entendo que os gestores da
Dataprev no se houveram com o devido cuidado e diligncia na conduo da contratao dos servios de
manuteno predial e, em razo disso, permitiram o encerramento dos contratos 01.0361.2002 e
448
21.0132.2002, celebrados com a Encom Engenharia Ltda, sem que tivesse chegado ao fim os
procedimentos licitatrios com vistas a substitu-los, o que resultou na contratao emergencial
evidenciada no item 5 acima, pelo que deve esta Corte rejeitar as razes de justificativa apresentadas e
aplicar aos responsveis a multa prevista no art. 58, II, da Lei 8.443/92.
Ante o exposto, e incorporando s minhas razes de decidir os argumentos expostos na instruo
da Unidade Tcnica, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberao que ora submeto ao
Colegiado.
TCU, Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007.
UBIRATAN AGUIAR
Ministro-Relator
ACRDO N 361/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC-020.400/2004-2 (com 04 anexos estes com 06 volumes)
2. Grupo I Classe VII Representao
3. Responsveis: Antonio Wanderlei Carvalho (CPF 078.570.478-72), Carlos Alberto Jacques de
Castro (CPF 012.390.070-00) , Csar Luiz Feio Cinelli (CPF 315.488.577-34), Jos Jairo Ferreira Cabral
(CPF 080.900.334-15), Jos Luiz Visconti (CPF 063.524.058-00), Jos Roberto Borges da Rocha Leo
(CPF 151.646.164-91), Lus Fernando Fonseca de Oliveira (CPF 705.778.977-72), Marcelo Bocchetti
Argento (CPF 896.077.327-15), Neusa Leo Koberstein (CPF 006.669.258-01), Srgio Paulo Veiga Torres
(CPF 242.661.677-68) e Tito Cardoso de Oliveira Neto (CPF 000.479.612-87)
4. Entidade:Empresa de Tecnologia e Informaes da Previdncia Social Dataprev
Vinculao : Ministrio da Previdncia Social
5. Relator: MINISTRO UBIRATAN AGUIAR
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou
7. Unidade Tcnica: Secex/RJ
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de representao formulada, com fulcro no
art. 113, 1, da Lei 8.666/1993, pela empresa Encom Engenharia Ltda., versando sobre possveis
irregularidades praticadas no mbito da Empresa de Tecnologia e Informao da Previdncia Social
Dataprev.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria
Extraordinria Pblica, diante das razes expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente representao, vez que preenchidos os requisitos de admissibilidade
previstos no art. 237, VII, do Regimento Interno do TCU, para, no mrito, consider-la parcialmente
procedente;
9.2. rejeitar as razes de justificativa apresentadas pelos Srs. Carlos Alberto Jacques de Castro,
Srgio Paulo Veiga Torres, Tito Cardoso de Oliveira Neto e Jos Roberto Borges da Rocha Leo, que no
foram suficientes para justificar a irregularidade consubstanciada na no-verificao dos pressupostos de
aplicao do art. 24, IV, da Lei 8.666/93, consoante Deciso TCU n 347/94, para a contratao
emergencial, e respectiva homologao, das empresas GLS Engenharia e Consultoria Ltda. e Conbrs
Engenharia Ltda., objetivando a prestao de servios de manuteno predial nas dependncias da
Dataprev no Rio de Janeiro e em So Paulo;
9.3. aplicar individualmente aos responsveis acima indicados, bem como ao Sr. Jos Jairo Ferreira
Cabral, ento Presidente da Empresa, responsvel pela ratificao das contrataes referidas no subitem
anterior, a multa prevista no art. 58, II, da Lei 8443/1992 c/c o art. 268, II, do Regimento Interno, no valor
de R$ 2.000,00 (dois mil reais), fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificao, para
comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alnea "a" do Regimento Interno), o recolhimento das
dvidas aos cofres do Tesouro Nacional;
449
9.4. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n. 8.443/92, a cobrana judicial
das dvidas atualizadas monetariamente a partir do dia seguinte ao trmino do prazo ora estabelecido, at
a data do recolhimento, caso no atendida a notificao, na forma da legislao em vigor.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0361-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar (Relator), Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
UBIRATAN AGUIAR
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
450
451
. 6.5 e 6.10 do Projeto Bsico, que tratam dos salrios a serem praticados pelas licitantes
vencedoras, em razo de o primeiro apresentar tabela que define o valor da remunerao para o item 1 do
edital e o segundo estabelecer valores de referncia para os salrios do item 2;
- esclarecimentos acerca de qual patamar salarial ser utilizado para fins de verificao da
viabilidade e da exeqibilidade da proposta de preo, uma vez que as faixas A, previstas nos subitens
1.11 e 2.13 do anexo II-B, apresentam valores inferiores aos estabelecidos nos subitens 6.5 e 6.10 do
Projeto Bsico, e de qual o critrio ser adotado para essa anlise;
- justificativas para a atribuio de pontuao considerando a existncia de ambiente prprio de
help desk para suporte remoto aos profissionais executores do contrato, levando-se em conta a
determinao constante do item 9.1.6 do Acrdo n 786/2006-Plenrio;
- justificativas para o fato de os critrios de pontuao nos fatores compatibilidade e
desempenho limitarem o nmero de atestados que podem ser apresentados por cliente da licitante;
permitirem a majorao da nota dos licitantes que fornecerem at 3 atestados de fornecedores diferentes
para comprovar os mesmos servios e atriburem pontos por horas de servios prestados, quesitos que no
asseguram capacidade tcnica superior da licitante (itens 9.3.12 do Acrdo n 1.937/2003, 9.1.8 do
Acrdo n 786/2006 e 9.3.8 do Acrdo n 1.094/2004, todos do Plenrio, respectivamente);
- justificativas para a incluso de previso de ressarcimento pelo Ministrio das despesas com
deslocamentos dos funcionrios da contratada para outras localidades (subitem 18.1.7 do Edital);
- esclarecimentos para a exigncia simultnea de duas certificaes (ISO9001 e CMM Compability Maturity Model) como critrio de pontuao tcnica no quesito qualidade, conforme tabela
de FATOR DE QUALIDADE constante nos subitens 2.1 e 2.4 do Anexo II-B;
- esclarecimentos quanto previso de subcontrataes para cargos de nveis superiores dos itens 1
e 2 e dos subitens 6.4 e 6.9 do Projeto Bsico, uma vez que o item 4, alnea f, do Edital veta a
participao de cooperativas sob o argumento de que o objeto ora licitado exige o vnculo
empregatcio;
- esclarecimentos sobre a vinculao do objeto da licitao aos objetivos dos PTRES 004420,
0004423, 0004422 e 007623, que suportaro as despesas do contrato decorrente da Concorrncia n
01/2006, considerando que o objeto licitado no se limita a atender a setores de trnsito, mas s diversas
reas de atuao do MCidades, inclusive as atividades da rea meio.
7. O exame do conjunto de informaes juntadas aos autos em razo da oitiva e da diligncia
determinadas ficou a cargo da 6 Secex e da Secretaria de Fiscalizao de Tecnologia da Informao
(Sefit), conforme minha orientao.
8. Nesse sentido, a instruo elaborada pelas referidas unidades tcnicas, cujas concluses foram
integralmente acolhidas pelo Diretor da 1 Diretoria Tcnica da 6 Secex e pela Secretria de Controle
Externo, a que a seguir se transcreve:
(...)
1.7 Em 20.12.2006 foi entregue 6 Secex, em mos, o Aviso n 75/2006/GABIN/MCIDADES (fl.
179), no qual o Sr. Ministro Mrcio Fortes de Almeida encaminha, por meio da NOTA TECNICA N
005/2006/CGMI/SPOA/SE/MCIDADES (fls. 180/198), assinada pelo Coordenador-Geral de
Modernizao e Informtica, os esclarecimentos solicitados, bem como informa, em observncia alnea
b do despacho do Sr. Ministro Relator, que o Ministrio das Cidades procedeu suspenso da
Concorrncia n 1/2006, conforme publicado na Seo 3 do DOU, de 27/11/2006, pgina 112.
2. ANLISE
(...)
Diligncia
2.3 Consideraes iniciais
2.3.1 Preliminarmente aos questionamentos relativos aos pontos especficos da Diligncia, o
Coordenador-Geral de Recursos Logsticos faz um histrico relativo ao procedimento licitatrio em
questo, relatando, em sntese (fls. 04/09 - Anexo 2) que:
a) o procedimento iniciou-se com a solicitao de contratao pela Coordenao-Geral de
Modernizao e Informtica CGMI, devidamente acompanhada do Projeto Bsico (PB);
b) a partir das informaes do PB, a Coordenao de Licitaes e Contratos COLIC procedeu
pesquisa de mercado junto s empresas CTIS Informtica Ltda, FTON Informtica S.A., POLITEC
452
Ltda e NCT Informtica Ltda, recebendo oramento das trs primeiras, o qual norteou o valor estimado
da hora de cada categoria profissional, bem como o valor global anual (R$ 9.454.234,24) estimado para
o atendimento do pleito;
c) foi solicitada disponibilidade oramentria Coordenao-Geral de Oramento e Finanas
CGOF nesse valor que foi negada em razo de as despesas para a contratao de empresa terceirizada
no estarem contempladas na Proposta Oramentria de 2006 daquele Ministrio e do oramento de
2006 ainda no estar aprovado;
d) tendo em vista a referida contratao visar o atendimento aos gabinetes, secretarias e
coordenaes integrantes do MCidades e ao Departamento Nacional de Trnsito DENATRAN, a
Coordenao Geral de Recursos Logsticos - CGLOG solicitou CGMI informao sobre o percentual
do valor global anual estimado correspondente a cada unidade administrativa daquele Ministrio;
e) a esse respeito, foi informado:
Unidades
Valor Mensal (R$)
Valor Anual (R$)
%
DENATRAN
311.476,71
3.737.720,51
39,534884
MCIDADES
476.376,14
5.716.513,73
60,465116
GERAL
787.852,85
9.454.234,24
100
f) com base nessas informaes, solicitou-se ao DENATRAN disponibilidade oramentria no valor
de R$ 3.737.720,51, sendo concedido o valor de R$ 1.300.000,00;
g) o processo foi submetido CGOF para proceder a certificao oramentria
proporcionalmente, nos programas de trabalho das unidades administrativas, sendo o valor global dos
meses de setembro, outubro, novembro e dezembro correspondente R$ 1.851.411,41;
h) a CGOF respondeu informando sobre a existncia de saldo no valor de R$ 10.549.931,34,
disponvel para movimentao e empenho, na ao administrativa da unidade, Programa de Trabalho
15.122.0750.2000.0001, Fonte 100, PTRES 007623, na rubrica 3.3.90.39, no havendo bice, do ponto
de vista oramentrio, para a execuo de despesa no presente exerccio. Por fim, sugeriu o
encaminhamento do processo Subsecretaria de Planejamento, Oramento e Administrao, para
autorizao;
i) a CGMI procedeu readequao dos quantitativos de tcnicos relativos contratao, visando
equilbrio na disponibilidade oramentria do Ministrio, obtendo como resultado o valor de R$
8.501.243,52;
j) em virtude de cancelamento da disponibilidade oramentria do DENATRAN, em 07.07.2006,
solicitou-se nova certificao que resultou na disponibilizao de R$ 1.450.000,00 para custear as
despesas relativas aos meses de novembro e dezembro de 2006;
k) aps anlise da Consultoria Jurdica, o edital foi publicado e republicado devido a alteraes,
sendo marcada a abertura do certame para 06.11.2006;
l) durante o perodo que antecedeu a abertura da sesso, no houve pedido de impugnao aos
termos do edital;
m) participaram da abertura do certame cinco empresas, sendo quatro para o Item 01 Gesto de
Infra-Estrutura (MONTANA Solues Corporativas Ltda, CTIS Informtica Ltda, POLIEDRO
Informtica, Consultoria e Servios Ltda e TELEDATA Tecnologia em Conectividade Ltda) e uma para o
Item 02 Gesto de Sistemas (POLITEC Informtica);
n) verificando-se o atendimento das exigncias editalcias para habilitao por parte de todas as
empresas, e no havendo inteno de recursos contra o resultado da fase de habilitao, a Comisso
Especial procedeu fase de abertura das propostas tcnicas, que teve como resultado:
Item 1 Gesto de Infra-Estrutura
Empresa
Pontuao
ndice
POLIEDRO
2285
1,00
CTIS
1985
0,87
MONTANA
2224
0,97
TELEDATA
2285
1,00
Item 2 Gesto de Sistema
453
Empresa
POLITEC
Pontuao
2980
ndice
1,00
46
3.1.3. Com base no art. 45 da Lei n 8.443/92, determine ao Ministrio das Cidades que:
a) abstenha-se, em futuras licitaes para terceirizao de mo-de-obra, de estabelecer preos e salrios mnimos nos
instrumentos convocatrios, pois isto fere o art. 40, inciso X da Lei n 8.666/93;
454
consolidadas no Mapa de Pesquisa de Preos (fl. 511 do volume 2 do Anexo 2), resultam da mdia
aritmtica simples das trs empresas.
2.4.7 Verifica-se que o valor mdio da hora constante do citado subitem 7.2 do edital, que fixa o
valor global anual mximo, o mesmo do Mapa de Pesquisa de Preos, evidenciando que a base para
a estimativa dos salrios foi, de fato, o oramento das empresas que encaminharam proposta de preo.
Observa-se que a estimativa de valor global anual diminuiu de R$ 9.454.234,24 para R$ 8.501.243,52
, resultado da readequao de quantitativo de pessoal mencionada na letra i do item 2.3.1 desta
Instruo, em virtude da reduo de nove funcionrios no Item 1 e 4 funcionrios no Item 2.
2.4.8 Da anlise da documentao, verifica-se que restou comprovada a realizao de pesquisa
salarial, bem como que os valores apresentados no ato convocatrio esto condizentes com a mdia
praticada no mercado e compatveis com a pesquisa realizada.
2.5 Subitem d2 - esclarecimentos acerca da incluso de itens no edital que, a princpio, so
divergentes, a exemplo das disposies constantes nos seguintes subitens:
i) 6.5 do projeto bsico (PB) e 1.11 do Anexo II-B, uma vez que o primeiro fixa salrios e o
segundo prev a pontuao por faixas de remunerao distintas;
ii) 6.5 e 6.10 do Projeto Bsico, que tratam dos salrios a serem praticados pelas licitantes
vencedoras, em razo de o primeiro apresentar tabela que define o valor da remunerao para o item 1
do edital e o segundo estabelecer valores de referncia para os salrios do item 2;
2.5.1 O Coordenador-Geral da CGLOG afirma que o subitem 6.5 do PB no fixa salrios, apenas
tem por finalidade servir de referencial aos licitantes. Para melhor entendimento, transcreve o item 1.11
do Anexo II B do edital, esclarecendo que as empresas tm a opo de escolher qual o salrio que iro
praticar para cada categoria profissional durante a execuo do contrato (fl. 11 do anexo 2);
2.5.2 Afirma ainda que o item 6.5 do PB estabelece valores de referncia, esclarecendo que houve
um equvoco na colocao das palavras, quando da sua elaborao (fl. 11 do anexo 2).
2.5.3 Continua dizendo que, na elaborao do edital, optou-se por no fixar salrios, sob pena de
incorrer na vedao do art. 40, inciso X, da Lei n 8.666/93 e contrariar o Acrdo TCU n 265/2005
P.
Anlise
2.5.4 Considerando a informao de que os valores de salrio base de cada categoria profissional
constantes do subitem 6.5 do PB tm carter referencial, entende-se que as faixas de remunerao
distintas apresentadas no subitem 1.11 do Anexo II-B orientam a pontuao a ser recebida, conforme a
remunerao mdia mensal praticada pelo licitante.
2.5.5 Assim, considera-se esclarecida a questo, devendo-se alterar a redao do subitem 6.5 do
PB de forma a deixar claro que os valores apresentados na tabela desse subitem servem apenas de
referencial.
2.5.6 Quanto ao item ii, observa-se, no obstante os subitens 6.5 e 6.10 do PB tratarem do mesmo
assunto Remunerao de cada Categoria de Servio , sendo correspondentes aos Itens 1 gesto de
infra-estrutura e 2 gesto de sistemas, respectivamente, que apresentam redaes diferentes:
6.5 Da Remunerao de cada Categoria de Servio
Os valores da tabela abaixo definem o valor da remunerao dos profissionais a serem alocados
na prestao dos servios tcnicos (Tabela de Valores de Salrio Base), considerando 176 horas ms,
para todas as funes;
Esses valores (Tabela de Valores de Salrio Base) sero utilizados pelo Ministrio... (grifo
nosso)
6.10 Da Remunerao de cada Categoria de Servio
Os valores de referncia para que as licitantes estabeleam a remunerao dos profissionais a
serem alocados na prestao dos servios tcnicos so os constantes da tabela abaixo (Tabela de
Valores Base), expressos em hora;
Esses valores de referncia (Tabela de Valores Base) sero utilizados pelo Ministrio... (grifos
nossos)
2.5.7 Essa divergncia suscitou dvidas com relao fixao ou no dos valores apresentados
nas tabelas.
455
2.5.8 Tendo em vista as justificativas apresentadas, entende-se esclarecido esse ponto, devendo-se
determinar unidade que promova reviso do subitem 6.5 do PB, de forma a deixar assente que se trata
de valores de referncia e a torn-lo compatvel com a exigncia estabelecida no subitem 1.11 do anexo
II-B do edital.
2.6 Subitem d3 - esclarecimentos acerca de qual patamar salarial ser utilizado para fins de
verificao da viabilidade e da exeqibilidade da proposta de preo, uma vez que as faixas A,
previstas nos subitens 1.11 e 2.13 do anexo II-B apresentam valores inferiores aos estabelecidos nos
subitens 6.5 e 6.10 do Projeto Bsico, e de qual o critrio ser adotado para essa anlise.
2.6.1 O Coordenador, em sntese, informou que (fls. 11/12 do Anexo 2):
a) na elaborao do edital levou-se em considerao a pesquisa de mercado realizada junto a
empresas do segmento, de acordo com as especificaes do PB;
b) verificou-se, com base nessa pesquisa, o valor da hora de cada profissional e os valores globais
mensal e anual mximos, aceitveis para prestao de servios;
c) os critrios para anlise da viabilidade e exequibilidade das propostas de preos so:
. conformidade com o art. 44. 3 da Lei n 8.666/93;
. conformidade com os critrios estabelecidos no ato convocatrio;
. salrios cotados dentro das faixas salariais previstas nos subitens 1.11 e 2.13 do anexo II-B, que,
por sua vez esto em consonncia com os subitens 6.5 e 6.10 do PB;
. valor global anual at o limite do valor global mximo aceitvel;
Anlise
2.6.2 Uma vez esclarecido (subitens 2.5.2 e 2.5.7 desta Instruo) que, assim como no subitem 6.10
do PB, os valores constantes do subitem 6.5 do PB so referenciais, e considerando a resposta da defesa
constante do subitem 2.6.1 desta instruo, em especial, a de que os salrios cotados devero estar
dentro das faixas salariais previstas nos subitens 1.11 e 2.13 do anexo II-B, entende-se esclarecida a
questo acerca do patamar salarial e dos critrios adotados para fins de verificao da viabilidade e da
exeqibilidade da proposta de preo.
2.6.3 Contudo, como j salientado no subitem 2.5.5 desta instruo, faz-se necessrio alterar a
redao do subitem 6.5 do PB, de modo a deixar claro que os valores l apresentados tm carter
referencial, tornando-o compatvel com subitem 1.11 do anexo II-B.
2.7 Subitem d4 - justificativas para a atribuio de pontuao considerando a existncia de
ambiente prprio de Help desk para suporte remoto aos profissionais do contrato, levando-se em conta
a determinao constante do item 9.1.6 do Acrdo n. 786/2006 Plenrio do TCU.
2.7.1 Em resposta a esse quesito, o Coordenador afirma que o critrio a ser pontuado possui
relao direta com o objeto que est sendo contratado e que o objetivo de tal requisito tcnico que no
seja necessrio criar dentro do Ministrio uma estrutura de atendimento remoto, pois essa estrutura
possui custo elevado de infra-estrutura de telefonia, software especializado em atendimento e
treinamento de profissionais. Acrescenta que esse tipo de servio, quando provido por uma empresa
especializada, apresenta uma srie de benefcios, e que o objetivo de pontuar as licitantes que possuem
ambiente prprio de Help desk incorporar tais benefcios (fls. 12/13 do Anexo 2).
2.7.2 Transcreve ainda a clusula quarta da minuta de contrato, item 4.1, letra h, que inclui,
entre os servios a serem prestados pela licitante, a atividade de gerncia e controle do atendimento aos
usurios dos servios da rede corporativa Help desk.
Anlise
2.7.3 A atribuio de pontuao licitante que possua ambiente prprio de Help desk para suporte
remoto aos profissionais do contrato foi objeto de anlise que resultou no Acrdo TCU n 786/2006 - P,
do qual cabe transcrever o seguinte trecho:
So dois os problemas decorrentes da adoo desse critrio, que, na verdade, estabelece uma
obrigao a ser satisfeita futuramente pelo contratado, i.e. a disponibilizao de servio de suporte
remoto equipe de profissionais alocados pela empresa na execuo do contrato. 9. Em primeiro lugar,
trata-se de um dispositivo que restringe a competitividade do certame, pois, ao estabelecer que o servio
ser prestado sem nus para o MDIC, a disposio pode beneficiar aqueles licitantes que possuem uma
estrutura de apoio similar previamente instalada.
(...)
456
10. Em segundo lugar, tem-se que esse dispositivo pode se constituir em ingerncia da
Administrao na forma como a empresa contratada ir organizar a prestao de servios. Note-se que,
em geral, o fornecimento de suporte remoto a seus profissionais assunto que cabe empresa resolver,
segundo o modo e os recursos que ela entenda ser conveniente aplicar para alcanar os resultados
fixados pela Administrao.
(...)
Ademais, ao determinar que o servio ser prestado sem nus para o ministrio e fixar um peso
desarrazoado para o quesito, a disposio pode beneficiar aqueles licitantes que possuem estrutura
similar previamente instalada, uma vez que remota a possibilidade de que uma empresa que no tenha
uma central semelhante venha a mont-la posteriormente arcando de maneira unilateral com os
respectivos gastos de instalao. Deve-se considerar tambm que a utilizao dessa central implicar
custos de manuteno empresa contratada, qualquer que seja ela. Nesse caso, provvel que tais
custos acabaro por ser inseridos na proposta e no contrato, mas de maneira implcita. Portanto, tal
critrio de pontuao pode vir a restringir a competitividade do certame, bem como a retirar a
transparncia da licitao e da execuo contratual. 42. Pelo que se depreende das manifestaes do
MDIC, o fornecimento de suporte remoto pela empresa a seus profissionais considerado um fator
importante para o bom andamento do contrato. A se confirmar esse parecer, cumpre aos gestores incluir
esse requisito explicitamente no edital e no contrato como servio a ser prestado pela contratada e pago
pela Administrao, ao invs de colocar a matria como quesito de pontuao e utilizar um peso
desproporcional em relao aos demais quesitos. Se, por outro lado, o fornecimento de suporte remoto
no for considerado essencial, ento a Administrao deve retirar o critrio do edital tendo em vista que,
alm de ser irrelevante para o resultado da contratao, ele restringe a competitividade do certame.
2.7.4 Como se pode constatar, a exigncia de que a empresa licitante j disponha em
funcionamento, quando da data de apresentao das propostas, de ambiente prprio de Help desk com
atendimento telefnico gratuito (0800), que se dedique a dar suporte tcnico remoto aos profissionais
que prestaro servio ao Ministrio, inibe a possibilidade de a empresa organizar sua capacidade
produtiva em funo das necessidades efetivamente contratadas.
2.7.5 Alm disso, a adoo desse critrio no tem vinculao direta com o desempenho no
contrato, uma vez que a aferio da qualificao e da organizao das empresas licitantes dar-se- pela
comprovao de desempenho anterior execuo do objeto.
2.7.6 Registre-se que, se for imprescindvel ao andamento do futuro contrato o fornecimento desse
suporte aos profissionais da empresa, caber aos gestores incluir o requisito explicitamente no edital e
no contrato como servio a ser prestado pela contratada e pago pela Administrao, ao invs de colocar
a matria como quesito de pontuao.
2.7.7 Dessa forma, e considerando o entendimento manifestado no Acrdo TCU n 786/2006 - P,
esse critrio de pontuao deve ser retirado do edital.
2.8 Subitem d5 - justificativas para o fato de os critrios de pontuao nos fatores
compatibilidade e desempenho limitarem o nmero de atestados que podem ser apresentados por
cliente da licitante; permitirem a majorao da nota dos licitantes que fornecerem at 3 atestados de
fornecedores diferentes para comprovar os mesmos servios e atriburem pontos por horas de servio
prestados, quesitos que no asseguram capacidade tcnica superior da licitante (itens 9.4.1.3 do Acrdo
n 1.937/2003, 9.1.8 do Acrdo n 786/2006 e 9.3.8 do Acrdo n. 1.094/2004, todos do Plenrio do
TCU, respectivamente).
2.8.1 Como resposta, o Ministrio argumenta que a restrio da quantidade de atestados por
cliente atende o princpio da avaliao objetiva e deu-se pela dificuldade de constatar a prestao de
servio continuado, pois a manuteno ou continuidade pode suscitar dvidas e, eventualmente,
pontuao em duplicidade para o mesmo servio (fls. 13/14 do Anexo 2).
2.8.2 Alega que a pontuao pela apresentao de at trs atestados de capacidade tcnica visa
julgar a experincia e a especificidade de cada empresa licitante, dentro dos critrios estabelecidos.
2.8.3 Cita que por meio de pontuao de horas anuais pode-se observar a experincia da empresa
em prover determinado tipo de servio. Alm disso, esclarece que no se est pontuando pelo tempo da
empresa no mercado, quesito de pontuao vedado pelo item 8.2.2 do Acrdo TCU n 1.937/2003-
457
Plenrio, mas sim pelos servios prestados em conformidade com o que ser exigido no Ministrio das
Cidades.
2.8.4 Por ltimo, ressalta que a quantidade de horas pontuadas observou a rea tcnica especfica
do servio prestado, que os itens exigidos so de rotina para empresas que atuam na rea de informtica
e que o objetivo foi assegurar a atuao da licitante na rea licitada.
Anlise
2.8.5 Quanto limitao do nmero de atestados que podem ser apresentados por cliente da
licitante, alm de violar o 5 do art. 30 da Lei 8.666/93, contraria posicionamento desta Corte de
Contas de que se deve evitar vedao da apresentao de atestados que faam referncia a servios
prestados em mais de um contrato de um mesmo cliente, nos casos em que a aptido tcnica das
empresas puder ser satisfatoriamente demonstrada mediante a comprovao de prestao de servios em
vrios contratos, conforme determinao contida no item 9.3.12 do Acrdo TCU n 1.094/2004Plenrio.
2.8.6 Nos casos de prestao de servio continuado, alegados pela defesa como sendo de difcil
constatao, os termos aditivos so partes integrantes do contrato inicial e, por isso, devem ser
considerados uma nica vez para pontuao. Ao contrrio, contratos distintos de um mesmo cliente
deveriam ser pontuados de forma independente, nos casos em que possam demonstrar satisfatoriamente
a aptido tcnica das empresas.
2.8.7 Em relao majorao da nota dos licitantes que fornecerem at trs atestados, o assunto
tambm foi discutido neste Tribunal e o entendimento que pontuao progressiva a um nmero
crescente de atestados de experincia de idntico teor, alm de ferir o princpio da isonomia, afigura-se
irrelevante para selecionar o licitante mais apto implementao do objeto licitado, a exemplo das
determinaes contidas nos itens 9.4.1.3 do Acrdo TCU n 1.937/2003 e 9.1.8 do Acrdo TCU n
786/2006, ambos do Plenrio.
2.8.8 O estabelecimento de quantidade mnima ou certa de atestados fere o princpio da isonomia
porque pode desigualar concorrentes que apresentam as mesmas condies de qualificao tcnica. No
se pode afirmar que uma empresa que possui um atestado de aptido menos capaz do que outra que
possui uma quantidade maior, pois a capacidade tcnica de realizar o objeto existe ou no em funo dos
recursos humanos e materiais angariados pela empresa, independentemente do nmero de vezes que isso
possa ser comprovado por atestados.
2.8.9 No tocante atribuio de pontos por horas de servios prestados, h deliberaes do TCU
no sentido de que sejam evitadas tais prticas nos editais de licitao, como ocorre nos itens 9.3.8 do
Acrdo TCU n 1.094/2004 e 9.4.1.3 do Acrdo TCU n 1.937/2003, todos do Plenrio.
2.8.10 O parmetro de horas anuais de servios prestados no mede a capacidade da licitante
executar o objeto a ser contratado, pois no leva em considerao outros aspectos importantes e
essenciais ao aferimento dessa capacidade, como o desempenho, a complexidade e a qualidade dos
servios que foram prestados pelas empresas.
2.8.11 Assim, entende-se que as justificativas apresentadas no afastaram a possibilidade de
restrio competitividade nem esclareceram de que forma os critrios de pontuao questionados
poderiam ajudar na escolha da licitante melhor qualificada para executar o objeto.
2.8.12 Por esse motivo, o edital deve ser retificado, estabelecendo uma pontuao fixa pela
apresentao de um ou mais atestados de capacidade tcnica que comprovem a aptido da empresa para
realizar o objeto. Alm disso, a pontuao por horas anuais de servios prestados deve ser suprimida ou
substituda por outro critrio que leve em considerao o desempenho, a complexidade e a qualidade dos
servios executados pela empresa, e que possa medir a sua capacidade.
2.9 Subitem d6 - justificativas para a incluso de previso de ressarcimento pelo ministrio das
despesas com deslocamentos dos funcionrios da contratada para outras localidades (subitem 18.1.7 do
Edital).
2.9.1 O Coordenador traz as seguintes informaes (fls. 14/15 do Anexo 2):
a) para que o Ministrio possa cumprir sua misso de combater as desigualdades sociais,
transformando as cidades em espaos mais humanizados, ampliando o acesso da populao moradia,
ao saneamento e ao transporte, faz-se necessrio, eventualmente, deslocamentos de funcionrios do
rgo;
458
b) entendeu-se, assim, ser desarrazoada a onerao da empresa vencedora com possveis gastos de
deslocamento dos seus funcionrios, prestadores de servios naquele Ministrio;
c) o Departamento Nacional de Trnsito DENATRAN, rgo vinculado ao Ministrio das
Cidades, de acordo com a Portaria n. 227, de 4 de julho de 2003 e com a Portaria n 400, de 2 de
setembro de 2005, o gestor dos sistemas informatizados RENAVAN, RENACH, RENAINF, e RENAEST,
destinados ao registro de veculos, Carteira Nacional de Habilitao, multas de trnsito e estatsticas de
acidentes de trnsito, respectivamente;
d) a gesto desses sistemas est centralizada em Braslia, mas sua operacionalizao (treinamento
de pessoal, divulgao e disseminao de conhecimentos, realizao de ajustes e aperfeioamentos
operacionais), a ser ministrada pelo DENATRAN, descentralizada em todos os estados;
e) o DENATRAN, no dispondo em seu quadro de pessoal suficiente para dar atendimento a todas
as demandas relativas aos sistemas, precisa contar com equipe terceirizada para executar as tarefas
junto aos rgos de trnsito nos mais diversos pontos do pas.
Anlise
2.9.2 Conforme analisado em vrios processos nesta Corte de Contas (TC 015.822/2005-9, TC
016.124/2005-0 e TC 016.828/2005-7), essa disposio do edital no tem amparo legal, pois no h
fundamento para a realizao de despesas de viagens pelo Ministrio tendo como beneficirias pessoas
que no esto vinculadas Administrao, nem mesmo como colaboradores eventuais, mas que esto
vinculadas empresa prestadora de servios.
2.9.3 Alm disso, as despesas de hospedagem e transporte dos empregados da empresa so um
custo do contrato e, portanto, integram o seu valor final. Da decorre a majorao do valor do contrato e
seu irregular reajuste conforme a quantidade de vezes que se determinar a realizao de servios em
outras localidades, contrariando os arts. 54, 1 e 55, inciso III, da Lei 8.666/93.
2.9.4 Esse assunto foi objeto de anlise que resultou no Acrdo TCU n 1805/2005 - P, do qual
cabe transcrever parte do voto do Ministro Relator:
16. Por ocasio da anlise preliminar deste processo, verifiquei que o item 16.24 do projeto
bsico prev que, havendo a necessidade de deslocamento de pessoal para execuo de servios em
unidades do ministrio localizadas fora do Distrito Federal, a contratada ser ressarcida das despesas
de transporte e hospedagem dos profissionais. Ademais, observa-se que o item 18.8 estabelece a
obrigao de a Administrao ressarcir contratada os referidos gastos com transporte e hospedagem
com base nos valores constantes da tabela de dirias adotadas pelo Servio Pblico Federal conforme a
categoria do funcionrio.
17. Como deixei consignado no despacho que suspendeu a Concorrncia 05/2005, tal disposio
do instrumento convocatrio no tem respaldo em lei.
18. Alm disso, veja-se que a obrigao de efetuar o ressarcimento dos gastos de viagens se
constitui em despesa a ser realizada com a prestao de servios, que ir onerar o custo do contrato e
beneficiar a empresa contratada, apesar de no integrar nominalmente o valor final do ajuste. Em outras
palavras, o mecanismo de ressarcimento faz com que o valor efetivo da contratao seja indeterminado,
pois esse valor ir variar conforme a quantidade de vezes que o dispositivo for posto em prtica,
contrariando os arts. 54, 1, e 55, inciso III, da Lei 8.666/93.
19. Cabe ressaltar tambm que, como o ressarcimento seria feito com base nos valores da tabela de
dirias da Administrao e nos gastos com passagens, se a tabela de dirias do servio pblico ou o
valor das passagens forem reajustados, o valor final da contratao ser conseqentemente reajustado,
porm em desacordo com as regras em vigor para reajuste de contratos administrativos.
20. Em acrscimo, verifica-se que no h fundamento legal para a realizao de despesas de
viagens pelo ministrio tendo como beneficirias pessoas que no esto vinculadas Administrao,
uma vez que se trata de empregados contratados pela empresa prestadora de servios. Nesse contexto,
tambm no se encontra respaldo para efetuar a correlao da posio do funcionrio da empresa com
os cargos constantes da tabela de dirias do Servio Pblico Federal.
21. Diante do argumento de que no h como prever a quantidade e a freqncia de execuo
dessas atividades, lembro que esta no a primeira vez que o MDIC contrata essa espcie de servios.
Mencione-se, a exemplo, os contrato anteriores, de nmeros 17/1998 e 43/2004, e a avena atualmente
em execuo. Portanto, o ministrio tem meios de elaborar uma estimativa com base em dados
459
histricos, tal como foi feito na previso do volume dos servios licitados (Anexo VII do edital - fl. 63 anexo 1), e apresent-la no edital a fim de que os licitantes possam fixar seu preo levando em conta essa
estimativa.
2.9.5 Assim, e diante das consideraes apresentadas no Acrdo supracitado, caberia ao
Ministrio realizar a estimativa da necessidade de servios a serem realizados fora das instalaes
localizadas em Braslia e incorporar o resultado ao projeto bsico, possibilitando aos interessados
formular suas propostas com base nessas estimativas.
2.9.6 Com relao s razes apresentadas pelo rgo, embora esclaream a necessidade de
deslocamento dos profissionais da contratada, no foram suficientes para elidir a irregularidade
residente na previso de ressarcimento de despesas de transporte e hospedagem desses profissionais,
utilizando-se a tabela de dirias adotada pelo Ministrio das Cidades.
2.9.7 Dessa forma, entende-se que o Ministrio deve excluir do edital dispositivos que estabelecem
sua obrigao de ressarcir despesas com deslocamentos dos funcionrios da contratada para outras
localidades.
2.10 Subitem d7 - esclarecimentos para a exigncia simultnea de duas certificaes (ISO9001 e
CMM - Compability Maturity Model) como critrio de pontuao tcnica no quesito qualidade,
conforme tabela de FATOR DE QUALIDADE, constante no subitens 2.1 e 2.4 do Anexo II-B.
2.10.1 Segundo o Coordenador, a norma ISO 9001:2000 (International Standard Organization)
estabelece que a empresa utilizou uma abordagem sistmica para a gesto da qualidade e que est
gerenciando seu negcio de tal forma que assegure que as necessidades de seus clientes sero
compreendidas, aceitas e atendidas. Por outro lado, o CMM (Capability Maturity Model) estabelece uma
forma de alcanar esse objetivo, abordando um modelo para melhoria dos processos de desenvolvimento
de software da empresa. Dessa forma, a pontuao no ocorre em duplicidade, uma vez que as referidas
certificaes possuem reas diversas de atuao (fls. 15/17 do Anexo 2).
Anlise
2.10.2 As Certificaes ISO9001 e CMM so consideradas complementares, de forma que no h
impropriedade na previso de pontuao simultnea. O assunto j foi abordado pelo Tribunal no
Acrdo TCU n 167/2006-Plenrio, tendo sido considerado que, no caso, no h exigncia simultnea
de certificaes, mas sim critrio de pontuao tcnica diferenciado quelas empresas que possuam os
dois certificados. Ademais, as certificaes no so obrigatrias, sendo utilizadas como critrio
classificatrio e no eliminatrio na licitao em questo.
2.10.3 Atualmente, no mercado de TI, diversas empresas, principalmente aquelas voltadas para a
prestao de servios, adotam mais de um modelo de qualidade. O CMM um modelo especfico para a
indstria de software e descreve um caminho evolucionrio de melhoria de maturidade nos processos
voltados para o desenvolvimento de sistemas. Os diversos estgios da evoluo do modelo de qualidade
esto distribudos em cinco nveis, conhecidos como nveis de maturidade. H aqui algumas reas de
processos no totalmente contempladas no modelo ISO 9001, a saber: gerenciamento de mudanas de
processos, gerenciamento integrado de software e gerenciamento de mudana de tecnologia.
2.10.4 O modelo ISO no tem o carter evolucionrio e est focado na normatizao e na sua
execuo. Nesse modelo, os Sistemas de Qualidade enfatizam tambm a preocupao com o cliente e com
outros processos de gesto indiretamente ligados ao produto (por exemplo, relacionados a fornecedores
e clientes), tais como assistncia tcnica, os quais no esto totalmente contemplados no modelo CMM.
2.10.5 certo que ambos os modelos tratam da melhoria da qualidade de processos, so similares
e numa anlise superficial podem parecer que so iguais. No entanto, apresentam diferenas acentuadas,
sendo considerados complementares. Assim, conclui-se que, apesar de existirem reas de relacionamento
entre os dois modelos, h outras em que este relacionamento no existe. Dessa forma, a empresa que
possuir as duas certificaes atender a um conjunto maior de requisitos de qualidade e, portanto, estar
mais bem qualificada do que aquela com uma nica certificao.
2.10.6 Pelos motivos expostos, entende-se que devem ser aceitas as razes de justificativas
apresentadas para esse item, podendo ser mantida a pontuao diferenciada para empresas que
apresentaram as certificaes ISO 9001 e CMM.
2.11 Subitem d8 - esclarecimentos quanto previso de subcontrataes para cargos de nveis
superiores dos itens 1 e 2 subitens 6.4 e 6.9 do Projeto Bsico, uma vez que o item 4, alnea f do Edital
460
veta a participao de cooperativas sob o argumento de que o objeto ora licitado exige o vnculo
empregatcio.
2.11.1 O Coordenador alega que a subcontratao constante nos itens 6.4 e 6.9 do PB foi
estabelecida levando em considerao o art. 72 da lei 8.666/93, esclarece que a subcontratao est
sendo autorizada pela Administrao para apenas parte dos cargos de nveis superiores e que a vedao
de cooperativas decorre do fato de que grande parte dos profissionais a serem alocados para a prestao
dos servios sero regidos pela Consolidao das Leis Trabalhistas CLT, o que implica cumprimento
das obrigaes trabalhistas, aspecto que as cooperativas no cumprem, pela natureza de sua
constituio.
2.11.2 Nesse sentido, cita trechos do Acrdo TCU n 1937/2003 - P, cujo posicionamento foi pela
regularidade da vedao de participao de cooperativas, nos casos de contratao em que h
necessidade de relaes de subordinao jurdica, pessoalidade e habitualidade entre o obreiro e o
contratado (fls. 17/18 do Anexo 2).
Anlise
2.11.3 Essa matria j foi controversa, existindo histrico deste Tribunal (Acrdos TCU ns 22 e
23/2003, ambos do Plenrio), que vinha adotando posicionamento sobre a ilicitude da proibio de
participao de cooperativas em licitaes, em razo da ausncia de vedao na Lei n 8.666/93, bem
assim em funo do 2 do art. 174 da Constituio Federal, que estabelece que a lei apoiar e
estimular o cooperativismo e outras formas de associao.
2.11.4 Ademais, os servios ora licitados no constam do rol contido no Termo de Conciliao
Judicial firmado entre o Ministrio Pblico do Trabalho e a Unio, citado no item 4, alnea f do edital
(fl. 29 e fls.148/151), de modo que a referida proibio imporia aos licitantes restries forma de
contratao de seus profissionais.
2.11.5 Ocorre que a Justia do Trabalho, no julgamento dos litgios envolvendo cooperativas de
trabalho ou de mo-de-obra, no raro, passou a reconhecer o vnculo de emprego entre o obreiro e a
cooperativa ou diretamente com o tomador dos servios, ou seja a Administrao. Nessas hipteses, as
cooperativas seriam meras intermediadoras de mo-de-obra.
2.11.6 Assim, o posicionamento deste Tribunal evoluiu, conforme os Acrdos TCU n 1815/2003
P e 1937/2003 P, no sentido de que deve ser vedada a participao de sociedades cooperativas, se
houver necessidade de subordinao jurdica entre o obreiro e o contratado, bem assim de pessoalidade
e habitualidade em funo da natureza da atividade ou do modo como usualmente executada no
mercado em geral, pois, por definio, no existe vnculo de emprego entre essas entidades e seus
associados.
2.11.7 Relativamente questo de haver ou no essa necessidade no presente caso, cabe
mencionar que o citado Acrdo n 1937/2003-P trata de licitao cujo objeto a contratao de pessoal
para prestao servios tcnicos especializados em TI, portanto, similar ao aqui tratado. Sendo assim,
pressupe-se, em princpio, haver necessidade de subordinao na execuo dos servios objeto da
concorrncia ora questionada, como alegado pelo Coordenador.
2.11.8 No obstante, faz-se necessrio que o administrador defina melhor a forma pela qual o
servio ser executado. Se ficar patente que essas atividades ocorrem, no mais das vezes, na presena do
vnculo de subordinao entre o trabalhador e o fornecedor de servios, deve o edital ser expresso (e
fundamentado) quanto a esse ponto, o que justificar a vedao participao de cooperativas de
trabalho, ou de mo-de-obra.
2.11.9 Quanto subcontratao, desde que conste do ato convocatrio de acordo com o art. 72 da
lei 8.666/93, como o caso em tela, no h bice nessa prtica.
2.11.10 Assim, entendem-se aceitas as justificativas apresentadas para este subitem, devendo a
necessidade de funcionrios com vnculo empregatcio com o fornecedor de servios ser expressa e
fundamentada no edital, a fim de respaldar a vedao participao de cooperativas de trabalho ou de
mo-de-obra, se for o caso.
2.11.11 Registre-se que, nesse caso, a vedao participao de cooperativa no se faz em
violao Lei n 8.666/93 ou ao texto constitucional. Pelo contrrio, assegura o princpio da isonomia,
ao no permitir que essas entidades concorram em condies desiguais com empresas regularmente
constitudas.
461
2.12 Subitem d9 - esclarecimentos sobre a vinculao do objeto da licitao com os objetivos dos
PTRES 004420, 0004423, 0004422 e 007623, que suportaro as despesas do contrato decorrente da
concorrncia n 01/2006, considerando que o objeto licitado no se limita a atender setores de trnsito,
mas a diversas reas de atuao do MCidades, inclusive as atividades da rea meio.
2.12.1 Como resposta, o Coordenador-Geral de Logstica transcreve as finalidades e descries
dos Programas de Trabalho destinados a custear as despesas com a contratao pretendida, informaes
essas retiradas do site www.planejamento.gov.br (fls. 18/20 do Anexo 2).
2.12.2 Alega ainda que parte dos servios contidos no PB destina-se a atender necessidades do
DENATRAN, por isso foram includos os PTRES relativos ao setor de trnsito, conforme explicado
anteriormente (subitem 2.3.1, letras d a j desta instruo).
2.12.3 Ressalta que as despesas relativas ao exerccio de 2006 foram certificadas nos PTRES
004420, 0004423 e 004422, considerando que a prestao de servios estava prevista para ser iniciada
em meados de dezembro, no DENATRAN, e que a implantao dos servios no Ministrio das Cidades
somente ocorreria no exerccio de 2007.
2.12.4 Por fim, salienta que os recursos necessrios para a cobertura do certame foram
devidamente disponibilizados pelo gestor financeiro responsvel e receberam declarao de
compatibilidade do ordenador de despesas.
Anlise
2.12.5 A correspondncia entre os programas de trabalho e os PTRES foram confirmadas no
sistema SIAFI. As finalidades e descries desses programas tambm foram verificadas no site
www.planejamento.gov.br, cabendo registrar que (fls. 512/517 do volume 2 do anexo 2):
a) o PTRES 007623 envolve, entre outras, despesas de aes de informtica do Ministrio das
Cidades:
Programa 0750 Apoio Administrativo
Programa de Trabalho
15.122.0750.2000.0001
Ao oramentria
2000 Administrao da Unidade
PTRES
007623
b) os PTRES 004420, 004423 e 004422, embora refiram-se ao Setor de Trnsito, fazem parte do
programa de trabalho 0660, cujo rgo que consta registrado no referido site o Ministrio das
Cidades. Alm disso, tambm envolvem aes de informtica:
Programa 0660 Segurana e Educao de Trnsito: Direito e responsabilidade de todos
Programa de Trabalho
Ao oramentria
15.122.0660.2272.0001
2272 Gesto e Administrao do Programa
15.126.0660.5162.0001
5162 Implantao e integrao de Sistemas de Dados e
Informaes do Sistema Nacional de Trnsito
15.126.0660.4410.0001
4410 Sistema de Informaes do Sistema Nacional de
Trnsito
PTRES
004420
004423
004422
2.12.6 Pelas respostas encaminhadas, em especial o relatado no subitem 2.3.1, letras d a j desta
instruo, verifica-se que a contratao resultante do processo licitatrio visa atender o Ministrio das
Cidades e o DENATRAN, com distribuio em percentuais do clculo do valor global anual estimado
entre essas unidades de 60,5% e 39,5%, respectivamente, de acordo com o
DESPACHO/CGMI/SPOA/SE/MCIDADES/N 001/2006 (fls. 23/24 do anexo 2).
2.12.7 Assim, considera-se que a finalidade e o objeto da licitao esto amparados pela dotao
dos PTRES 004420, 0004423, 0004422 e 007623, fazendo-se necessrio observar, quando do empenho
das despesas, que a distribuio dos gastos esteja em conformidade com os referidos percentuais, sob
pena de contrariar o art. 23 do Decreto n 93.872/86.
Oitiva
2.13 Consideraes iniciais
462
463
2.14.7 Em complemento, cabe determinar ao rgo que inclua nos editais licitatrios e nos
respectivos contratos disposies que expressem claramente a obrigao de os futuros contratados
manterem, durante a execuo contratual, todas as condies ofertadas em suas propostas tcnicas.
2.15 Subitem c2 - pontuao, no fator qualidade, com quesitos que consideram a certificao ISO
9001:2000 para diversas atividades, emitida por entidade credenciada, bem como que a licitante possua
metodologia prpria de desenvolvimento de sistemas e de gerenciamento de projetos, o que pode
restringir a competitividade do certame, conforme as deliberaes constantes dos itens 9.4.1.6 do
Acrdo n. 1.937/2003 e 9.3.13 do Acrdo n. 1.094/2004, ambos do Plenrio do TCU.
2.15.1 O Coordenador justifica a exigncia de certificao ISO 9001:2000 para atividades
especficas devido ao ambiente heterogneo e centralizado do Ministrio. Continua esclarecendo o
objetivo dessa pontuao, qual seja, apresentando certificao em parte dos itens, a empresa seria
pontuada apenas naquelas reas de atuao, assegurando ao Ministrio a valorizao de empresas que
atuem com os servios requeridos.
2.15.2 Salienta que o servio a ser prestado pela empresa vencedora da licitao compreender
vrias atividades, descritas no item 4.1 do Anexo XIII do edital (fls.122/123), e que est sendo exigida a
certificao condizente com as atividades a serem executadas.
2.15.3 Registra a importncia de se valorizar o quesito de segurana da informao, cuja
certificao imprescindvel, pois, por motivos legais, faz-se necessrio garantir a qualidade e
integridade no desenvolvimento de ferramentas capazes de impedir a existncia de fragilidade nas
operaes.
2.15.4 Registra ainda que, diferentemente do enfoque mais abrangente dado pela ISO 9000, que
trata de normas para um sistema de gesto de qualidade, requisitou-se a certificao NBR ISO
9001:2000, que estimula as organizaes certificadas a buscarem continuamente a melhoria de produtos
e processos e so focadas em princpios de qualidade que o Ministrio necessita para consecuo do
objeto licitado.
2.15.5 Quanto ao questionamento acerca da exigncia de metodologias prprias de
desenvolvimento de sistemas e de gerenciamento de projetos, a defesa elucida que no est sendo exigido
quesito referente s metodologias em experincias anteriores dos licitantes, como mencionado no citado
Acrdo TCU n 1.094/2004 - P.
2.15.6 Acrescenta que as empresas do ramo de tecnologia da informao que desenvolvem
softwares possuem metodologias de desenvolvimento prprias. Cita que existem no mercado vrios
modelos j reconhecidos que recomendam s executoras de servios suas customizaes, de acordo com
as necessidades de cada uma.
2.15.7 D como exemplo a metodologia RUP (Rational Unified Process), na qual se recomenda
adequar a metodologia de acordo com as necessidades da empresa, pois essa uma forma de reconhecer
se empresa trabalha na busca da qualidade dos sistemas desenvolvidos.
Anlise
2.15.8 A respeito da pontuao, no fator qualidade, com quesitos que consideram a certificao
ISO 9001:2000 para diversas atividades, cabe esclarecer que no existe uma recomendao ISO 9000
para o processo de prestao de servios especficos, como administrao de bancos de dados ou
desenvolvimento de sistemas.
2.15.9 Essa certificao pode ser obtida pelas empresas licitantes junto a entidades credenciadas
distintas e a falta de nomenclatura padronizada pode fazer com que nomes diferentes correspondam a um
mesmo tipo de servio. Os nomes gerncia de redes e suporte a redes, por exemplo, podem
corresponder aos mesmos servios, ou podem englobar diferentes servios, conforme o critrio da
empresa certificadora.
2.15.10 Desse modo, seria possvel atribuir pontos (ou no) a determinada empresa pela descrio
da atividade apresentada no certificado ISO 9001, em confronto com o previsto no instrumento
convocatrio, possibilitando a atribuio de pontos para um mesmo concorrente de forma distinta,
conforme a avaliao subjetiva do leitor.
2.15.11 Ora, se o julgamento fica merc de anlise subjetiva da Comisso de Licitao, o
princpio do julgamento objetivo fica prejudicado. Registre-se que a almejada objetividade na avaliao
464
dos quesitos tcnicos indispensvel para garantir a igualdade e a isonomia na licitao. Nesse sentido,
o art. 44 da Lei 8.666/93 taxativo ao prescrever:
Art. 44. No julgamento das propostas, a Comisso levar em considerao os critrios objetivos
definidos no edital ou convite, os quais no devem contrariar as normas e princpios estabelecidos por
esta Lei.
2.15.12 Por essa razo, a pontuao por atividades especficas, prevista no quesito qualidade
itens 1.1 e 2.1 do Anexo II-B do edital (fls. 83 e 92, respectivamente), utilizando-se Certificados ISO
9001 como base, inviabiliza a objetividade deste critrio, com prejuzo do princpio da isonomia (art. 3,
caput, da Lei 8.666/93), ao mesmo tempo em que frustra o carter competitivo do certame (art. 3, 1,
inciso I, da Lei 8.666/93).
2.15.13 Considerando que as razes apresentadas limitaram-se a justificar a necessidade de
pontuao das licitantes que possussem certificao em atividades especficas, sendo insuficientes para
elidir a irregularidade, cabe determinar ao rgo que conserve quesito de pontuao tcnica atribuda
apresentao de certificado ISO 9001 vinculado to-somente comprovao de validade do certificado
da licitante, de modo a serem conferidos pontos unicamente ao certificado em si, pelos servios de
informtica prestados pela empresa, abstendo-se de prever pontuao a atividades especficas.
2.15.14 Relativamente exigncia de metodologia prpria de desenvolvimento de sistemas e de
gerenciamento de projetos, assiste razo ao rgo quando afirma que no est sendo exigido no edital
quesito referente s metodologias em experincias anteriores dos licitantes, como mencionado no citado
Acrdo TCU n 1.094/2004 - P.
2.15.15 Entretanto, est sendo exigida como quesito de pontuao no subitem 1.3 do Anexo II-B
(fl.84), a apresentao de metodologia prpria de desenvolvimento de sistemas para o item 1 Gesto de
infra-estrutura, cujo universo de atividades no compreendido por esse tipo de metodologia, mas sim
por melhores prticas, a exemplo das preconizadas pelo ITIL. Assim, como essa exigncia no indica
necessariamente maior capacidade para fornecer os servios, nem serve para avaliar aspecto pertinente
a esse item, deve ser suprimida ou adequada a uma metodologia especfica para gesto de infraestrutura.
2.15.16 Tambm deve suprimida do subitem 1.3 do Anexo II-B a apresentao de metodologia de
treinamento distncia, uma vez que essa pontuao decorre da existncia de plataforma de treinamento
distncia para os funcionrios da licitante, critrio que foi objeto de anlise detalhada no subitem 2.16
a seguir, sendo concludo que representa restrio ao carter competitivo do certame.
2.15.17 A adoo de metodologias e de melhores prticas na prestao de servio de TI, alm de
aprimorar a qualidade dos produtos a serem construdos e das atividades a serem desempenhadas,
disciplina a elaborao de artefatos necessrios independncia do contratante em relao ao prestador
de servio durante e ao final da contratao. Para assegurar esses benefcios, imprescindvel
administrao pblica deixar claro nos documentos que compem o edital que os projetos e atividades a
serem desenvolvidos compreendam, dentre outros aspectos: formulao detalhada e prvia do requisitos;
elaborao de modelos e documentos de engenharia de software e de rede que facilitem a manuteno
futura; provimento de documentos de uso e de operao das solues disponibilizadas para ampliao
do desempenho de uso e minimizao dos problemas operacionais; controle e registro das mtricas de
esforo tecnicamente aferidas para balizar novas demandas e roteiros de atendimento incluindo
avaliao de satisfao.
2.15.18 Observa-se que o Ministrio das Cidades estabeleceu as metodologias que as empresas
licitantes deveriam possuir para serem pontuadas nos subitens 1.3 e 2.3 do Anexo II-B. Ocorre que
consta do edital padro de qualidade de referncia para as metodologias de Segurana (ISO 17799),
Gerencia de Projeto (PMBoK) e Desenvolvimento de Sistemas (CMM ou CMMI), porm, para as
metodologias de Atendimento a Usurios e Gerenciamento de Redes no so mencionados padres de
referncia. Ademais, no consta do edital qualquer descrio a respeito do contedo dessas
metodologias, o que pode propiciar o julgamento subjetivo das propostas tcnicas das licitantes, em
desacordo com o disposto no art. 45 da Lei n 8.666/93.
2.15.19 Nesse caso, para possibilitar um julgamento mais objetivo das propostas apresentadas, fazse necessrio especificar, quais os artefatos seriam obrigatoriamente entregues como produto ao final de
465
cada etapa do servio, conforme orientado em parecer da Setec sobre o assunto, constante do processo
que resultou no Acrdo TCU n 1094/2004 - P:
A declarao de que uma licitante utiliza determinada metodologia j uma informao imprecisa
quando no se exige que a mesma implemente todos os artefatos ou documentos previstos na
metodologia. Este fato se agrava ainda mais quando no se define nem ao menos quais metodologias
sero consideradas, abrindo espao para uma grande controvrsia a respeito do que ou no uma
metodologia.
Em sntese, ao invs de apenas atribuir pontuao a algumas partes do certificado, como afirmam
os responsveis, dever-se-ia especificar, no caso de desenvolvimento e manuteno de sistemas, qual
metodologia seria utilizada e quais artefatos seriam obrigatoriamente entregues como produto das
diversas fases da atividade. A metodologia RUP, amplamente pontuada no edital, poderia ser
especificada como um requisito e os artefatos nela preconizados, desde que atinentes realidade do
MDIC, poderiam ser exigidos como produtos a serem entregues ao final de cada etapa de servio.
Para os demais itens do edital, poderiam ser igualmente exigidas metodologias aplicveis, em uso
no MDIC, e seus artefatos tambm exigidos como produto em cada uma das fases dos trabalhos
realizados. Por exemplo, as operaes de suporte a rede poderiam ser formatadas segundo as melhores
prticas preconizadas pelo ITIL ou por outro mtodo empregado pelo Ministrio.
Dessa forma, o MDIC estaria permitindo um julgamento mais objetivo das propostas apresentadas,
o que no ser possvel com a utilizao de quesitos to inespecficos como os definidos no edital.
2.15.20 Considerando que as metodologias exigidas no foram devidamente especificadas de
modo a tornar claros os respectivos quesitos de pontuao, abriu-se espao para eventual julgamento
subjetivo das propostas, o que contraria o disposto no art. 45 da Lei n 8.666/93.
2.15.21 Assim, cabe determinar ao rgo que somente inclua quesitos de pontuao da proposta
correlacionados, tcnica e operacionalmente, com os servios constantes do item do objeto avaliado,
abstendo-se de prever quesitos que no indiquem necessariamente maior capacidade para fornecer os
servios ou no sirvam para avaliar aspecto relevante ou pertinente do item a que esto relacionados,
tais como a utilizao de metodologias prprias de desenvolvimento de sistemas e treinamento
distncia em itens que no fazem uso delas.
2.15.22 Alm disso, nos quesitos relativos a metodologias, devem ser especificados, no edital e no
contrato, os produtos e artefatos que devem ser entregues pela contratada ao contratante como resultado
da aplicao dessas metodologias no mbito da execuo do contrato.
2.16 Subitem c3 - atribuio de pontuao no fator suporte a servios considerando a existncia
de plataforma de treinamento distncia para os funcionrios da licitante, o que pode frustrar o carter
competitivo do certame, uma vez que a exigncia de estrutura prvia contratao pode limitar o
nmero de participantes na licitao (item 9.3.6 do Acrdo n. 1.094/2004 Plenrio do TCU).
2.16.1 O gestor alega que a plataforma de treinamento distncia no necessita de grande
estrutura fsica ou tecnolgica, inclusive podendo ser disponibilizada integralmente por intermdio de
software livre, citando como exemplo a ferramenta Moodle, que pode ser acessada no endereo
eletrnico http://moodle.org/index.php?lang=pt.
2.16.2 Ressalta tratar-se de um ambiente eletrnico simples onde os profissionais podem trocar
informaes ou conhecimentos por intermdio de fruns, perguntas freqentes, acesso a documentos
tcnicos especficos ou vdeoaulas. Isso proporcionaria economia em custos operacionais para
capacitao, uma vez que a empresa no necessitaria deslocar o profissional nem manter ambiente fsico
para treinamento presencial.
2.16.3 Argumenta ainda que vrias empresas utilizam esse tipo de treinamento e que, devido
complexidade do objeto a ser executado, a empresa vencedora do certame dever possuir profissionais
experientes, capacitados e treinados com determinada freqncia. Por ltimo, cita as vantagens desse
tipo de treinamento, encontradas no site especializado em ensino distncia
http://portal.webaula.com.br.
Anlise
2.16.4 Esta Corte de Contas j firmou entendimento no sentido de que so abusivas clusulas
editalcias que incluam quesitos de pontuao tcnica para cujo atendimento os licitantes tenham de
466
incorrer em despesas que sejam anteriores celebrao do contrato, por frustarem o carter competitivo
da licitao, a exemplo do disposto no item 9.3.6 do Acrdo TCU n 1.094/2004 - P.
2.16.5 Alm de ferir a competitividade, a incluso dessa exigncia faz com a Administrao
interfira na forma como a empresa implementa seus negcios. Cabe Administrao exigir que a
empresa mantenha um nvel de qualidade mnimo durante toda a execuo do objeto, sem intervir na
maneira como a empresa atingir esse objetivo.
2.16.6 Existem vrias formas de se manter uma equipe treinada, a exemplo de possuir uma
estrutura fsica permanente de treinamento, alugar temporariamente um espao para esse fim, contratar
empresas especializadas em capacitao, substituir funcionrios por outros mais capacitados, estimular
os profissionais a obter certificaes e a freqentar cursos fora do horrio de trabalho, dando a eles
vantagens pessoais por isso, ou contratar servios de ensino distncia por tempo determinado.
2.16.7 Diante disso, no razovel determinar a forma de a empresa dar treinamento a seus
funcionrios, tampouco exigir que j possua uma estrutura anterior execuo do contrato, pois a
maioria das empresas tem programa de treinamento prprio, adequado sua realidade.
2.16.8 A respeito da possibilidade de utilizao da ferramenta de software livre Moodle, ressalte-se
que sua adoo no deve ser entendida como uma soluo gratuita. Por definio, software livre
aquele que apresenta arquitetura aberta e pode ser copiado, modificado e distribudo, o que faz com que
diversas empresas e entidades incorram em custos de adaptao das especificaes originais desses
software para criar novas verses customizadas que atendam suas necessidades.
2.16.9 Quanto a fruns, listas de perguntas freqentes e acesso a documentos tcnicos especficos,
disponibilizados pela ferramenta citada, so facilidades que empresas prestadoras de servio na rea de
tecnologia da informao j utilizam para efetuar troca de conhecimento entre seus profissionais. No
entanto, treinamento para atualizao em novas tecnologias exige muito mais do que isso. Caso
contrrio, todas as empresas de treinamento presencial teriam migrado para o treinamento distncia.
2.16.10 Assim, entende-se que as justificativas apresentadas no afastaram a possibilidade de as
empresas terem de incorrer em despesas anteriores celebrao do contrato, causando restrio
competitividade do certame.
2.17 Subitem c4 - previso de dotao especfica na planilha de custo para cobrir despesas com
treinamento/reciclagem dos funcionrios a serem contratados (item 6 das observaes do Anexo IV), o
que viola os princpios da legalidade, da competitividade e da seleo da proposta mais vantajosa para a
Administrao, por representar invaso esfera de vontade do particular e onerar o contrato sem
benefcio direto ao Estado (item 9.4.1.2 do Acrdo n. 1.937/2003 Plenrio)
2.17.1 O Coordenador afirma que a inteno do Ministrio no invadir a esfera do particular:
houve preocupao, no momento da elaborao do edital, quanto alta complexidade dos sistemas do
DENATRAN, que guardam aproximadamente 47 milhes de registros de veculos. Continua,
esclarecendo que os sistemas lgicos geridos por aquela unidade gestora so antigos e extremamente
complexos e possuem conexo direta com os Departamentos Executivos de Trnsito DETRAN das
demais unidades da federao, requerendo, pois, para sua operao e manuteno, profissionais
especializados com experincia comprovada.
2.17.2 Acrescenta ainda que, por intermdio do DENATRAN, o Ministrio executa gastos junto ao
Servio Federal de Processamento de Dados SERPRO de aproximadamente R$ 40 milhes por ano
com a manuteno preventiva, armazenamento e disponibilizao do ambiente de produo aos
DETRAN, Polcia Federal, Receita Federal, Polcia Rodoviria Federal, Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional e outras entidades.
2.17.3 Por fim, ressalta que o critrio exigido visa averiguar se a empresa possui uma organizao
slida de desenvolvimento de software e que este tipo de servio, sendo comum para as prestadoras
desses servios, no implica custos adicionais, uma vez que as empresas participantes, desde que atuem
comprovadamente na rea especfica dos servios solicitados, j possuem as certificaes exigidas pelo
edital.
Anlise
2.17.4 A argumentao utilizada pela defesa, com base na relevncia dos sistemas do DENATRAN
e nos altos custos do Ministrio com esses sistemas, em nada afeta a anlise da questo suscitada nos
autos: violao aos princpios da competitividade e da seleo da proposta mais vantajosa para a
467
468
469
Ante ao exposto, e em linha com os posicionamentos da instruo inicial (fls. 158/166), submetemse os autos considerao superior propondo:
6.1 conhecer da presente representao, formulada nos termos do 1 do art. 113 da Lei 8.666/93,
por preencher os requisitos de admissibilidade previstos no art. 237 do Regimento Interno/TCU, para no
mrito consider-la parcialmente procedente, em razo da existncia no edital e/ou seus anexos,
relativos Concorrncia n 1/2006, de quesitos de pontuao que restringem o carter competitivo do
certame (art. 3, 1, inciso I da Lei 8.666/93), ferem os princpios da isonomia, da seleo da proposta
mais vantajosa para a Administrao e do julgamento objetivo (arts. 3 e 45, respectivamente, da Lei
8.666/93), bem como de previso de ressarcimento pelo rgo de despesas que no tm amparo legal;
6.2 com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituio Federal e no art. 45 da Lei 8.443/92 c/c o art.
251 do Regimento Interno do TCU, determinar ao Ministrio das Cidades que adote, no prazo de 15 dias,
as providncias necessrias ao exato cumprimento da lei, consistentes na anulao do processo
licitatrio relativo Concorrncia n 1/2006, promovida com a finalidade de contratar a prestao de
servios tcnicos especializados em tecnologia da informao em virtude de inobservncia do caput do
art. 3, seu 1, inciso I, art. 30, 5 , art. 45 da Lei 8.666/93, bem como dos Acrdos TCU ns
1.937/2003, 481/2004, 1.094/2004, 167/2006, 786/2006, todos do Plenrio;
6.3 determinar ao Ministrio das Cidades que, quando da abertura de novo procedimento
licitatrio em substituio Concorrncia 01/2006, observe as seguintes orientaes:
a) d preferncia ao modelo de contratao de execuo indireta de servios baseado na prestao
e remunerao mensuradas por resultados, sempre que esse modelo for compatvel com os servios
licitados (subitens 3.1 a 3.3 desta instruo);
b) faa constar do edital a metodologia de mensurao de servios e resultados, inclusive os
critrios de controle e remunerao dos servios executados, levando em considerao as determinaes
exaradas nos subitens 9.3.1 a 9.3.6 do Acrdo TCU n 667/2005 e subitens 9.1.1 e 9.1.2 do Acrdo
TCU n 786/2006, ambos do Plenrio (subitem 3.1);
c) ao estabelecer valores para a remunerao dos funcionrios da empresa a ser contratada,
inclua nos editais licitatrios e nos respectivos contratos disposies que expressem claramente que so
valores referenciais e compatveis com os quesitos de pontuao a eles vinculados, em conformidade com
o art. 40, inciso X da Lei 8.666/93 (subitens 2.5, 2.6 e 2.18);
d) abstenha-se de incluir quesitos de pontuao tcnica para cujo atendimento as empresas
licitantes tenham de incorrer em despesas que sejam desnecessrias e anteriores prpria celebrao do
contrato ou frustrem o carter competitivo do certame, a exemplo dos quesitos para pontuao de
licitantes que possurem, j na abertura da licitao, quadro de pessoal com tcnicos certificados e
qualificados, ambiente prprio de Help desk para suporte remoto aos profissionais do contrato e
plataforma de treinamento distncia, que contrariam o art. 3, 1, inciso I da Lei 8.666/93 e os
Acrdos TCU n 481/2004 e 167/2006, ambos do Plenrio (subitens 2.7, 2.14 e 2.16);
e) inclua nos editais licitatrios e nos respectivos contratos disposies que expressem claramente
a obrigao de os futuros contratados manterem, durante a execuo contratual, todas as condies
ofertadas em suas propostas tcnicas (subitem 2.14);
f) estabelea critrios de pontuao da proposta tcnica que guardem estrita correlao com cada
modalidade de servio e modelo de contratao de execuo indireta adotado, a fim de identificar as
empresas detentoras de maior capacitao e aferir a qualidade tcnica da proposta, explicitando no
processo a fundamentao para os itens objeto de pontuao, com observncia ao disposto nos arts. 3,
1, inciso I e 45 da Lei 8.666/93 e Acrdo TCU n 1.094/2004 P (subitens 2.8 e 2.15);
g) abstenha-se de restringir o nmero de atestados que podem ser apresentados por cliente da
licitante, pontuar por horas de servios prestados ou permitir pontuao progressiva a um nmero
crescente de atestados de experincia de idntico teor, com observncia ao disposto nos arts. 3 e 30,
5 da Lei 8.666/93 e subitens 9.4.1.3 do Acrdo n 1.937/2003, 9.1.8 do Acrdo n 786/2006 e 9.3.8 do
Acrdo n 1.094/2004, todos do Plenrio do TCU, respectivamente (subitem 2.8);
h) exclua do edital dispositivos que estabeleam a obrigao de o rgo ressarcir despesas com
deslocamentos dos funcionrios da contratada para outras localidades, que majorem o valor do contrato
e o reajustem irregularmente, contrariando os arts. 54, 1 e 55, inciso III, da Lei 8.666/93 (subitem
2.9);
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472
8. No que refere aos demais, todavia, aps ouvido o Ministrio das Cidades e examinados os
esclarecimentos enviados em resposta diligncia, a compreenso de que as exigncias questionadas ou
restringem o carter competitivo do certame, ou ferem o princpio da isonomia, ou oneram indevidamente
o contrato ou no tm previso legal, conforme a seguir exposto.
9. A restrio ao carter competitivo da licitao pode ser verificada nas exigncias relativas aos
quesitos de pontuao para licitantes que possurem, j na abertura da licitao, determinado quadro de
pessoal com tcnicos certificados e qualificados; atribuio de pontuao, considerando a existncia de
plataforma de treinamento distncia para os funcionrios da licitante; exigncia de que a empresa
licitante j disponha em funcionamento, quando da data de apresentao das propostas, ambiente prprio
de Help desk para suporte remoto aos profissionais do contrato; limitao do nmero de atestados;
majorao da nota dos licitantes que fornecerem at 3 atestados de fornecedores diferentes para
comprovar os mesmos servios e a atribuio de pontos por hora de servios prestados.
10. Atribuio de pontuao para licitantes que possurem, j na abertura da licitao, determinado
quadro de pessoal com tcnicos certificados e qualificados revela indevida exigncia em momento
anterior contratao, que, ademais, no assegura qualidade na prestao dos servios. Esse tipo de
exigncia privilegia empresas de grande porte, com extenso quadro de empregados, ou empresas que j
venham prestando servios contratante, alm de no assegurar que aqueles tcnicos sero alocados
execuo do contrato. Alm disso, representa invaso esfera de deciso da empresa privada, impondo
custos em fase anterior contratao. Aspectos de qualificao desses tcnicos devem ser descritos no
edital como exigncia a ser atendida durante a execuo do contrato. Diversas deliberaes deste Tribunal
so nesse sentido, citando-se como exemplo, entre outros, os Acrdos ns 481/2004, 2.095/2005 e
167/2006, todos do Plenrio.
11. No tocante atribuio de pontuao, considerando a existncia de plataforma de treinamento
distncia para os funcionrios da licitante, o entendimento no sentido de que representa indesejada
interferncia na forma como a empresa implementa seus negcios, alm de tambm inserir-se naquele
grupo de clusulas consideradas abusivas pelo Tribunal, haja vista que atribuem pontuao tcnica para
cujo atendimento os licitantes tenham de incorrer em despesas que sejam anteriores celebrao do
contrato. Ao contratante cabe exigir da contratada que mantenha nvel mnimo de qualidade durante a
execuo do objeto, sem intervir na forma como ser atendida essa exigncia.
12. A exigncia de que a empresa licitante j disponha em funcionamento, quando da data de
apresentao das propostas, de ambiente prprio de Help desk para suporte remoto aos profissionais do
contrato tambm foi objeto de anlise no Acrdo n 786/2006-Plenrio, prevalecendo o entendimento de
que privilegia licitantes que possuam estrutura de apoio similar j instalada e constitui interferncia na
forma como a empresa contratada ir organizar a prestao do servio. Todavia, se considerado como
servio essencial, dever constar como item a ser contratado, conforme item 9.1.6 do referido Acrdo:
9.1.6. avalie a necessidade de exigir que a empresa contratada fornea suporte remoto aos
profissionais alocados na execuo dos servios relativos ao item 1.2 do objeto; caso esse aspecto venha a
ser considerado essencial ao andamento do futuro contrato, inclua esse requisito explicitamente no edital
e no contrato como servio a ser prestado pela contratada e pago pela Administrao, retirando a matria
dos quesitos de pontuao das propostas tcnicas; caso contrrio, abstenha-se de utilizar o quesito
previsto no item 2.2.1.a do Anexo I do edital na avaliao das propostas tcnicas, tendo em vista que o
critrio restringe a competitividade do certame;
13. Quanto limitao do nmero de atestados, o argumento apresentado pelo Ministrio das
Cidades no sentido de que atende ao princpio da avaliao objetiva e que se deu pela dificuldade
verificada nos casos de prestao de servio continuado no encontra amparo na Lei n 8.666/93 (art. 30,
5) nem na jurisprudncia desta Casa (Acrdo n 1.094/2004-Plenrio). O entendimento no sentido
de que no cabe vedar a apresentao de atestados que faam referncia a servios prestados em mais de
um contrato para fins de comprovao de atendimento a quesitos de pontuao, nos casos em que a
aptido tcnica das empresas puder ser satisfatoriamente demonstrada mediante a comprovao de
prestao de servios em vrios contratos. Ademais, nos casos de prestao de servio continuado, cada
contrato deve ser contado uma nica vez para fins de pontuao, uma vez que os termos aditivos so
partes integrantes do contrato inicial. E contratos distintos de um mesmo cliente devem ser pontuados de
473
forma independente, nos casos em que possam demonstrar satisfatoriamente a aptido tcnica das
empresas.
14. Com relao aos critrios que permitem a majorao da nota dos licitantes que fornecerem at 3
atestados de fornecedores diferentes para comprovar os mesmos servios e a atribuio de pontos por
hora de servios prestados, entende-se no se tratar de critrios capazes de aferir capacidade tcnica para
melhor atender execuo contratual.
15. Pontuao progressiva para nmero crescente de atestados de experincia de idntico teor fere o
princpio da isonomia e irrelevante para selecionar o licitante mais apto implementao do objeto
licitado, como amplamente discutido por ocasio da prolao dos Acrdos ns 1.937/2003 (item 9.4.1.3)
e 786/2006 (item 9.1.8), ambos do Plenrio. Todavia, cabe salientar que o estabelecimento de critrio de
pontuao progressiva em licitaes do tipo tcnica e preo pode ser permitido nas hipteses em que a
pontuao atribuda no se mostre desarrazoada ou limitadora da competitividade do certame e desde que
a motivao dessa pontuao esteja expressa no edital. Esse foi o entendimento que submeti a este
Colegiado em sesso de 7/2/2007, oportunidade em que foi aprovado o Acrdo n 126/2007-Plenrio.
16. Atribuio de pontos por horas de servios prestados parmetro que no mede a capacidade de
execuo do objeto a ser contratado, uma vez que no considera aspectos relevantes para a verificao
dessa capacidade, tais como desempenho, complexidade e qualidade dos servios que foram prestados.
Nesse sentido a jurisprudncia desta Casa no sentido de que seja evitada a incluso desse critrio, como
disposto nos itens 9.3.8 do Acrdo n 1.094/2004 e 9.4.1.3 do Acrdo n 1.937/2003, ambos do
Plenrio.
17. H falta de objetividade no tocante fixao de critrios de pontuao por atividades
especficas, utilizando-se, como base, Certificados ISO 9001 para diversas atividades, bem como
exigncia de que a licitante possua metodologia prpria de desenvolvimento de sistemas e de
gerenciamento de projetos, ferindo o princpio da isonomia (art. 3 da Lei 8.666/93) e o disposto no art.
44 da Lei 8.666/93.
18. Conforme salientado pela unidade tcnica, no existe uma recomendao de certificao para o
processo de prestao de servios especficos, como administrao de bancos de dados ou
desenvolvimento de sistemas. Assim, como a certificao pode ser obtida junto a entidades credenciadas
distintas e considerando a falta de nomenclatura padronizada, h possibilidade de que nomes diferentes
correspondam a um mesmo tipo de servio. Com isso, a atribuio, ou no, de pontos a uma empresa pela
descrio da atividade apresentada no certificado ISO 9001, em confronto com o previsto no instrumento
convocatrio, encerraria subjetividade por parte da Comisso de Licitao, contrariando o art. 44 da Lei
n 8.666/93. Por outro lado, lcito contemplar quesito de pontuao tcnica atribuda apresentao de
certificado ISO 9001 vinculado to-somente comprovao de validade do certificado da licitante, de
modo a serem conferidos pontos unicamente ao certificado em si, pelos servios de informtica prestados
pela empresa, abstendo-se de prever pontuao a atividades especficas.
19. As consideraes da unidade tcnica acerca da exigncia de que a licitante possua metodologia
prpria de desenvolvimento de sistemas e de gerenciamento de projetos so pertinentes. Em primeiro
lugar, porque as metodologias exigidas no foram devidamente especificadas, de modo a tornar claros os
respectivos quesitos de pontuao, abrindo-se espao para eventual julgamento subjetivo das propostas.
Ademais, a adoo de metodologias e de melhores prticas na prestao de servio de TI, alm de
aprimorar a qualidade dos produtos a serem construdos e das atividades a serem desempenhadas,
disciplina a elaborao de artefatos necessrios independncia do contratante em relao ao prestador de
servio durante e ao final da contratao, aspecto que deve ser tido como essencial nas contrataes dessa
natureza pela Administrao Pblica. Com efeito, para que se possa alcanar esse objetivo,
imprescindvel deixar claro nos documentos que compem o edital que os projetos e atividades a serem
desenvolvidos compreendam, entre outros aspectos: formulao detalhada e prvia do requisitos;
elaborao de modelos e documentos de engenharia de software e de rede que facilitem a manuteno
futura; provimento de documentos de uso e de operao das solues disponibilizadas para ampliao do
desempenho de uso e minimizao dos problemas operacionais; controle e registro das mtricas de
esforo tecnicamente aferidas para balizar novas demandas e roteiros de atendimento incluindo avaliao
de satisfao.
474
20. Com relao previso de dotao especfica na planilha de custo para cobrir despesas com
treinamento/reciclagem dos funcionrios a serem contratados, trata-se de imposio de nus ao contrato
sem benefcio direto ao Estado. A exigncia deve ser da manuteno, ao longo da execuo do contrato,
de profissionais adequadamente preparados para desempenhar suas funes, sendo a forma como faz-lo
assunto afeto poltica de pessoal das empresas. No cabe invadir a esfera de vontade do particular,
obrigando-o a comprometer-se a aplicar percentual do faturamento do contrato em treinamento. Ademais,
no h garantia de que os valores gastos revertero em benefcio da melhor execuo do contrato.
21. Por fim, no que se refere a itens do edital que apresentam irregularidades, tem-se a incluso de
previso de ressarcimento, pelo Ministrio das Cidades, das despesas com deslocamentos dos
funcionrios da contratada para outras localidades, sem a existncia de amparo legal. Na verdade, esses
gastos devem integrar o custo do contrato. Situao inversa faz com que o contrato seja onerado com
benefcio empresa contratada, representando, ainda, situao desigual por ocasio da licitao.
22. A presente licitao encontra-se suspensa em razo de medida cautelar deferida em 23/11/2006.
Verificado que os esclarecimentos acostados aos autos no so suficientes para ilidir as irregularidades
identificadas, conforme anteriormente exposto, conclui-se que o certame em questo contraria
dispositivos e princpios da Lei de Licitaes, havendo elementos suficientes para que se determine a
adoo de providncias com vistas anulao do procedimento licitatrio em exame.
23. Salienta-se, mais uma vez, que recomendvel, que o Ministrio das Cidades d preferncia ao
modelo de contratao de execuo indireta de servios aplicvel a cada modalidade de servio licitado,
restringindo a utilizao da locao de mo-de-obra quelas modalidades de servio cujas caractersticas
intrnsecas impossibilitem a adoo do outro modelo, conforme a linha que este Tribunal vem adotando
relativamente a esse tipo de contratao.
Ante o exposto, acolho as concluses e as propostas da unidade tcnica e VOTO no sentido de que
o Tribunal adote a deliberao que ora submeto ao Colegiado.
TCU, Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007.
UBIRATAN AGUIAR
Ministro-Relator
ACRDO N 362/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo TC-026.011/2006-8 (com 1 volume e 3 anexos, estes com 4 volumes)
2. Grupo I Classe VII Representao
3. Interessado: Eduardo Pires Gomes Cruz
4. rgo: Ministrio das Cidades
5. Relator: MINISTRO UBIRATAN AGUIAR
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou
7. Unidade Tcnica: 6 Secex e Sefti
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Representao encaminhada a este Tribunal acerca de
possveis irregularidades observadas no processo licitatrio relativo Concorrncia n 01/2006, do tipo
tcnica e preo, conduzida pelo Ministrio das Cidades (MCidades), tendo por objeto a Contratao de
pessoa (s) jurdica (s) para executar servios tcnicos especializados em Tecnologia da Informao (TI),
para apoiar as atividades meio e fim do MINISTRIO DAS CIDADES, de acordo com as condies e
especificaes constantes do Edital e seus anexos.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria
Extraordinria Pblica, diante das razes expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da Representao, com base no art. 237, inciso VII, do Regimento Interno c/c o art.
113, 1, da Lei n 8.666/1993, para, no mrito, consider-la parcialmente procedente em razo da
existncia no edital e/ou seus anexos, relativos Concorrncia n 1/2006, de quesitos de pontuao que
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restringem o carter competitivo do certame (art. 3, 1, inciso I, da Lei 8.666/93), ferem os princpios
da isonomia, da seleo da proposta mais vantajosa para a Administrao e do julgamento objetivo (arts.
3 e 45, respectivamente, da Lei 8.666/93), bem como de previso de ressarcimento pelo rgo de
despesas que no tm amparo legal;
9.2. com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituio Federal c/c o art. 45 da Lei n 8.443/92,
fixar o prazo de 15 (quinze) dias para que o Ministrio das Cidades adote as providncias necessrias ao
exato do cumprimento da lei, consistentes na anulao do procedimento licitatrio relativo
Concorrncia n 1/2006, promovida com a finalidade de contratar a prestao de servios tcnicos
especializados em tecnologia da informao, em virtude de inobservncia do caput do art. 3, seu 1,
inciso I, art. 30, 5, art. 45 da Lei n 8.666/93, bem como dos Acrdos ns 1.937/2003, 481/2004,
1.094/2004, 167/2006 e 786/2006, todos do Plenrio;
9.3. determinar ao Ministrio das Cidades que, quando da abertura de novo procedimento licitatrio
em substituio Concorrncia n 1/2006, observe as seguintes orientaes:
9.3.1. d preferncia ao modelo de contratao de execuo indireta de servios baseado na
prestao e remunerao mensuradas por resultados, sempre que esse modelo for compatvel com os
servios licitados;
9.3.2. faa constar do edital a metodologia de mensurao de servios e resultados, inclusive os
critrios de controle e remunerao dos servios executados, levando em considerao as determinaes
exaradas nos subitens 9.3.1 a 9.3.6 do Acrdo n 667/2005 e subitens 9.1.1 e 9.1.2 do Acrdo n
786/2006, ambos do Plenrio;
9.3.3. ao estabelecer valores para a remunerao dos funcionrios da empresa a ser contratada,
inclua nos editais licitatrios e nos respectivos contratos disposies que expressem claramente que so
valores referenciais e compatveis com os quesitos de pontuao a eles vinculados, em conformidade com
o art. 40, inciso X, da Lei n 8.666/93;
9.3.4. abstenha-se de incluir quesitos de pontuao tcnica para cujo atendimento as empresas
licitantes tenham de incorrer em despesas que sejam desnecessrias e anteriores prpria celebrao do
contrato ou frustrem o carter competitivo do certame, a exemplo dos quesitos para pontuao de
licitantes que possurem, j na abertura da licitao, quadro de pessoal com tcnicos certificados e
qualificados, ambiente prprio de Help desk para suporte remoto aos profissionais do contrato e
plataforma de treinamento distncia, que contrariam o art. 3, 1, inciso I, da Lei n 8.666/93 e os
Acrdos n 481/2004 e 167/2006, ambos do Plenrio;
9.3.5. inclua nos editais licitatrios e nos respectivos contratos disposies que expressem
claramente a obrigao de os futuros contratados manterem, durante a execuo contratual, todas as
condies ofertadas em suas propostas tcnicas;
9.3.6. estabelea critrios de pontuao da proposta tcnica que guardem estrita correlao com
cada modalidade de servio e modelo de contratao de execuo indireta adotado, a fim de identificar as
empresas detentoras de maior capacitao e aferir a qualidade tcnica da proposta, explicitando no
processo a fundamentao para os itens objeto de pontuao, com observncia ao disposto nos arts. 3,
1, inciso I, e 45 da Lei n 8.666/93 e Acrdo n 1.094/2004-Plenrio;
9.3.7. abstenha-se de restringir o nmero de atestados que podem ser apresentados por cliente da
licitante, pontuar por horas de servios prestados ou permitir pontuao progressiva a um nmero
crescente de atestados de experincia de idntico teor, exceto em situaes em que essa pontuao no se
mostre desarrazoada ou limitadora da competitividade e que conste dos autos expressa motivao para a
adoo desse critrio, com observncia ao disposto nos arts. 3 e 30, 5, da Lei n 8.666/93 e subitens
9.4.1.3 do Acrdo n 1.937/2003, 9.1.8 do Acrdo n 786/2006, 9.3.8 do Acrdo n 1.094/2004 e
Acrdo n 126/2007, todos do Plenrio;
9.3.8. exclua do edital dispositivos que estabeleam a obrigao de o rgo ressarcir despesas com
deslocamentos dos funcionrios da contratada para outras localidades, que majorem o valor do contrato e
o reajustem irregularmente, contrariando os arts. 54, 1, e 55, inciso III, da Lei n 8.666/93;
9.3.9. na definio dos itens de pontuao atinentes s metodologias de trabalho e de
desenvolvimento, formule quesitos que informem claramente quais as metodologias requeridas para fins
de atribuio de pontuao e, em anexo, indique as aceitas e/ou consideradas compatveis para fins de
476
pontuao, bem como os requisitos ou caractersticas que as metodologias apresentadas pelos licitantes
devem satisfazer para serem aceitas ou consideradas compatveis com aquelas requeridas;
9.3.10. vincule a apresentao de certificado ISO 9001 para pontuar to-somente a comprovao de
validade do certificado da licitante, de modo a serem conferidos pontos unicamente ao certificado em si,
pelos servios de informtica prestados pela empresa, abstendo-se de prever pontuao a atividades
especficas, sob pena de descumprimento do caput do art. 3, seu 1, inciso I, e art. 45 da Lei n
8.666/93 e em observao ao subitem 9.4.1.6 do Acordo n 1.937/2003-Plenrio;
9.3.11. abstenha-se de incluir previso de dotao especfica em planilha de custo para cobrir
despesas com treinamento/reciclagem dos funcionrios a serem contratados, uma vez que isso representa
interferncia indevida na esfera de atuao da empresa privada e onera o contrato sem benefcio direto ao
Estado;
9.3.12. observe, quando do empenho das despesas destinadas a custear os servios que sero
contratados, que a distribuio dos gastos entre as unidades beneficiadas pela contratao estejam em
conformidade com os percentuais apresentados no DESPACHO/CGMI/SPOA/SE/MCIDADES/N
001/2006, sob pena de contrariar o art. 23 do Decreto n 93.872/86;
9.4. dar cincia do presente Acrdo, bem como do Relatrio e do Voto que o fundamentam, ao
Ministrio das Cidades e ao interessado;
9.5. arquivar o presente processo.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0362-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar (Relator), Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
UBIRATAN AGUIAR
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
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II HISTRICO
4. Em 9/1/2007, a empresa MASP Locao de Mo-de-Obra Ltda. j havia protocolado pedido
semelhante a esse Tribunal. Em Despacho de 11/1/2007 (fl. 186/187), o Exmo. Sr. Ministro-Relator
Benjamin Zymler considerou que:
- no havia, em princpio, irregularidade quanto ao descrito na alnea a, no que se refere a
ausncia de projeto bsico e de plano de trabalho, haja vista que o edital do Prego Eletrnico n
017/SRBR/SBBR/2006, trazia, em seu Anexo IV, Termo de Referncia (fls. 91/136), com Plano de
Trabalho (110/119), o que atendia ao estabelecido no art. 9, inc. I do Decreto n 5.450/2005;
- o art. 40, inc. X da Lei n 8.666/93 veda a fixao de preos mnimos, critrios estatsticos ou
faixas de variao em relao a preos de referncia, o que acolheria a alegao contida a alnea c,
quanto irregularidade na fixao de preos mnimos para a cotao dos preos dos materiais;
- em razo de a alegao contida na alnea b, relacionada a exigncia de apresentao de
Conveno Coletiva de Trabalho como documento essencial para habilitao, ter sido acolhida pela
Justia Federal de 1 Instncia Seo Judiciria do Distrito Federal (fls. 161/167), o periculum in
mora, indispensvel para a apreciao de medidas de natureza cautelar, havia se descaracterizado.
5. Nesse esteio, apesar de a alegao referente a fixao de preos mnimos para os materiais
cotados pelos licitantes j ser motivo suficiente para concesso de medida cautelar no mbito desse
Tribunal, entendeu o Exmo. Sr. Ministro-Relator que a concesso de medida liminar por parte da Seo
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Judiciria do Distrito Federal retirava um dos requisitos da cautelar proposta a esta Corte pela empresa
MASP Locao de Mo-de-Obra Ltda. .Assim, com vistas a um pronunciamento j concluso dessa Corte
quanto ao causo, determinou o Exmo. Sr. Ministro-Relator que a 3 SECEX promovesse a oitiva da
INFRAERO para que esta se manifestasse quanto s irregularidades apontadas,
6. Contudo, em 22/1/2007, a Seo Judiciria do Distrito Federal, ao julgar o pedido de liminar,
aps ouvida a INFRAERO, considerou que era procedente que se exigisse dos licitantes a apresentao
de cpia da Conveno Coletiva de Trabalho - CCT, uma vez que tal obrigao derivava da prpria
conveno coletiva celebrada entre o Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio, Conservao,
Trabalho Temporrio, Prestao de Servios e Servios Terceirizveis no Distrito Federal
SINDISERVIOS e o Sindicado das Empresas em Asseio, conservao, Trabalho Temporrio e Servios
Terceirizveis no Distrito Federal SEAC/DF.
7. No entender da MM. Juza, como as convenes coletivas de trabalho revestem-se de poder
normativo, gerando eficcia de vinculao plena para as partes, a exigncia estabelecida no item 8.1.2.b
(fl. 45) do termo do edital do Prego Eletrnico n 017/SRBR/SBBR/2006 no se caracterizava como
irregular. Essa concluso levou reforma da deciso inicial, gerando o indeferimento do pedido de
liminar proposto pela empresa MASP Locao de Mo-de-Obra Ltda. (fls. 227/229).
8. Ante a deciso da Justia Federal no DF, tornou a empresa MASP Locao de Mo-de-Obra
Ltda. a protocolar Representao nesta Corte (fls. 218/220), com o intuito de ver impugnado o edital do
Prego Eletrnico n 017/SRBR/SBBR/2006.
9. Assim, considerado o contexto de oitiva da INFRAERO determinada pelo Exmo. Sr. MinistroRelator (fl. 186) e de nova Representao impetrada pela licitante, passa-se agora a anlise do mrito da
lide em questo, confrontando-se os argumentos apresentados pela MASP Locao de Mo-de-Obra
Ltda. com os esclarecimentos prestados pela INFRAERO (fls. 202/210), os quais caminharam em linha
semelhante aos por ela apresentados 1 instncia da Justia Federal no Distrito Federal.
III ANLISE
10. Considerado o disposto no art. 113, 1 da Lei n 8.666/93, bem como o que assevera o art.
237, inc. VII do RI/TCU, admite-se que essa Corte conhea da presente Representao. Assim, so
analisadas a seguir as irregularidades alegadas pela Representante, bem como as justificativas
apresentadas pela INFRAERO.
III.a Ausncia de projeto bsico e de plano de trabalho
11. No que se refere a ausncia de plano de trabalho e de projeto bsico, corrobora-se o
entendimento manifesto pelo Exmo. Sr. Relator (fl. 186). Acrescenta-se que o art. 6, inc. IX da Lei n
8.666/93 discrimina projeto bsico como o conjunto de elementos necessrios e suficientes, com nvel de
preciso adequado, para caracterizar a obra ou servio e que o art. 8, inc. II do Anexo I do Decreto n
3.555/2000 definiu termo de referncia como o documento que dever conter elementos capazes de
propiciar a avaliao do custo pela administrao, diante de oramento detalhado, considerando os
preos praticados no mercado, a definio dos mtodos, a estratgia de suprimento e o prazo de
execuo do contrato.
12. Das normas apresentadas acima, verifica-se que estas intentaram permitir aos licitantes a
elaborao de uma proposta fundamentada nas reais caractersticas do objeto a ser licitado, o que, nesse
caso concreto, restou atendido a partir das especificaes constantes do Termo de Referncia (fls.
91/136) Anexo IV do termo do edital do Prego Eletrnico n 017/SRBR/SBBR/2006, o qual tambm
discriminava o Plano de Trabalho (fls. 110/119) a ser seguido pela licitante vencedora.
13. Nestes termos, constata-se que a meno da empresa MASP Locao de Mo-de-Obra Ltda.,
de que o edital no dispunha de projeto bsico e plano de trabalho no passvel de aceitao por parte
desta Corte.
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14. No que se refere a essa exigncia editalcia, tida como ilegal pela MASP Locao de Mo-deObra Ltda., a INFRAERO manifestou-se (fls. 205/206) nos seguintes termos:
Com vistas ao poder normativo atribudo s Convenes Coletivas de Trabalho, gerando eficcia
de vinculao plena s partes celebrantes e considerando-se, ainda, o objeto do certame em questo, que
versa sobre a prestao contnua de servios de limpeza, esta Empresa Pblica Federal se conferiu
observncia s disposies estabelecidas na Conveno Coletiva de Trabalho celebrada entre a entre
representante das empresas licitantes e dos respectivos empregados. Sem dvida, na CCT celebrada
entre o Sindicado dos Empregados em Empresas de Asseio, Conservao, Trabalho Temporrio,
Prestao de Servios Contnuos e Servios Terceirizveis no Distrito Federal SINDISERVIOS e o
Sindicato das Empresas de Asseio, Conservao, Trabalho Temporrio e Servios Terceirizveis
SEAC/DF, consta com clareza solar, a exigncia de apresentao do referido documento quando da
participao em certames licitatrios.
15. De acordo com o entendimento da INFRAERO, o motivo acima esposado a respaldaria a impor
tal exigncia s empresas que tencionavam participar do processo licitatrio, destacando-se, novamente,
que este foi o mesmo argumento que a empresa pblica apresentou Justia Federal, o qual restou
acatado, implicando a reforma da liminar concedida naquela instncia judiciria (fl. 229).
16. Todavia, em face do que prev o art. 27 da Lei n 8.666/93, verifica-se que a habilitao dos
licitantes deve se restringir a comprovao de documentao relativa habilitao jurdica, qualificao
tcnica, qualificao econmico-financeira, regularidade fiscal e cumprimento do disposto no inciso
XXXIII do art. 7 da Constituio Federal.
17. Sendo assim, cotejando-se a exigncia de apresentao de cpia da Conveno Coletiva de
Trabalho com as disposies dos arts. 28 a 31 da Lei n 8.666/93, que discriminam como deve ocorrer a
habilitao descrita no art. 27 da referida Lei, verifica-se que aquela no encontra guarida dentre os
tipos de habilitao previstos, o que referenda os argumentos da empresa MASP Locao de Mo-deObra Ltda., posto que a Administrao Pblica deve obedincia ao Constitucional Princpio da
Legalidade, dele no podendo se afastar. Assim, no pode a INFRAERO extrapolar do que exige a Lei n
8.666/93 quanto habilitao dos licitantes.
18. No que se refere justificativa apresentada pela INFRAERO, constata-se que esta alegou
cumprir clusula imposta na prpria conveno coletiva celebrada entre o SINDISERVIOS e o
SEAC/DF, de modo que no lhe restaria outra opo se no fazer incluir tal condicionante em seus
termos editalcios (fls. 204/206).
19. Contudo, considerado o prprio argumento trazido pela INFRAERO, atesta-se que esta no
parte que deva se submeter s condies impostas pela conveno coletiva de trabalho pactuada entre o
SINDISERVIOS e o SEAC/DF, visto tratar-se de obrigao imposta s empresas licitantes no em face
do que preconizam os ditames legais referentes s licitaes e contratos, mas por imposio da prpria
conveno coletiva de trabalho. Dessa forma, a fiscalizao do cumprimento desse ofcio cabe aos
sindicatos celebrantes da citada conveno coletiva e no a terceiros que contratam as empresas filiadas
a esses sindicatos.
20. Ainda que pudesse ser acolhido o argumento de que a conveno coletiva de trabalho que
impe essa obrigao, constatar-se-ia que esse nus no poderia ser imposto s empresas participantes
do certame que no tivessem o Distrito Federal como domiclio, o que geraria tratamento diferenciado
aos licitantes.
21. Ademais, ressalte-se a informao trazida pela INFRAERO (fl. 206), que, das 47 (quarenta e
sete) empresas participantes, 7 (sete) no cumpriram tal obrigao, representando desclassificao de
14,89% dos licitantes por restrio que no traria qualquer garantia maior para a Administrao, uma
vez que o item 8.1.2.c (fl. 45) do termo do edital previa que o licitante deveria anexar, proposta de
preos, declarao de que iria cumprir os termos do Acordo, Conveno ou Dissdio Coletivo, e de que
reconheceria a categoria sindical indicada, como sendo a dos profissionais a serem alocados na
execuo dos servios objeto da licitao.
22. Com isso, ante o cumprimento, por parte do licitante, do disposto no item 8.1.2.c do termo do
edital, declarando que cumpriria a conveno coletiva dos profissionais que viessem a ser contratados,
que necessidade haveria de esse mesmo licitante ainda apresentar cpia da mesma conveno coletiva?
480
Em que medida seria reforada a segurana da INFRAERO no que tange idoneidade das empresas
licitantes e posterior execuo contratual?
23. Em face da analise efetuada, v-se que:
- a imposio estabelecida no item 8.1.2.b (fl. 45) no encontra guarida no estabelecido na seo II
da Lei n 8.666/93, sendo que a Administrao Pblica deve obedincia ao Princpio da Legalidade, que
estipula a obrigatoriedade de se atuar na linha do determina a lei, no podendo o gestor desobedec-la
ou fazer o que nela no est determinado ou permitido;
- as disposies estabelecidas em conveno coletiva de trabalho devem ser observadas pelas
empresas filiadas aos sindicatos que celebraram a referida conveno, cabendo assim aos prprios
sindicatos a fiscalizao do cumprimentos das referidas convenes e no a INFRAERO enquanto
contratante dos servios.
24. Dessa forma, acata-se o argumento apresentado pela empresa MASP Locao de Mo-deObra Ltda., quanto irregularidade em se exigir dos licitantes a apresentao de cpia da conveno
Coletiva de Trabalho, contida no item 8.1.2.b do termo do edital do Prego Eletrnico n
017/SRBR/SBBR/2006.
25. Ato contnuo, recomenda-se que seja determinado INFRAERO para que retire essa exigncia
do termo do edital e cumpra novamente todas as etapas inerentes ao processo licitatrio na modalidade
Prego a contar da republicao do edital, j com a retirada da condicionante irregular. Por oportuno,
indica-se tambm determinar a INFRAERO para que abstenha de incluir exigncias iguais ou de
natureza semelhante nos prximos procedimentos licitatrios sob sua responsabilidade.
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exeqibilidade dos preos dos materiais, no poderia faz-lo de maneira divergente da prevista no art.
48, 1 e 2 da Lei n 8.666/93.
31. Assim, acata-se tambm esta alegao apresentada pela MASP Locao de Mo-de-Obra
Ltda., no em face de seus argumentos, mas por verificar esta Corte irregularidade na alnea f do item
9.2 (fl. 47) do termo do edital do Prego Eletrnico n 017/SRBR/SBBR/2006.
32. Destarte, recomenda-se a proposio de determinao INFRAERO para que:
- altere a redao da alnea f do item 9.2 do termo do edital ora analisado, a fim de faz-la
guardar estrita obedincia ao disposto no art. 48, 1 e 2 da Lei n 8.666/93;
- cumpra novamente todas as etapas inerentes ao processo licitatrio na mesma forma descrita no
item 24 desta Instruo;
- no se afaste do prescrito no art. 48, 1 e 2 da Lei n 8.666/93, quando do estabelecimento de
critrios objetivos para a verificao da exeqibilidade das propostas dos licitantes participantes de seus
procedimentos licitatrios.
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limpeza e conservao, perfazerem mais de 50% das despesas contratuais, conforme afirmou a
INFRAERO.
42. A sistemtica adotada pela INFRAERO protege a posterior execuo contratual de fatos
supervenientes, uma vez que a condicionante a ser utilizada ser a efetiva utilizao dos referidos
materiais, o que garante maior simetria relao: material utilizado versus pagamentos efetuados.
43. Ante o exposto, constata-se procedente o estabelecido na clusula especial II, do item 12.2 do
Termo de Referncia Anexo IV do edital (fls. 121/122), de modo que no se acata o arrazoado
apresentado pela empresa MASP Locao de Mo-de-Obra Ltda.
III.e Inexequibilidade das clusulas que pretendem pautar o preo do servio, porquanto
insuficientes, no cobrindo todos os custos ordinrios, tornando inexeqvel qualquer proposta a ser
apresentada por qualquer licitante.
44. Como questionamento ltimo, foi apontado que o item 8.5 do edital (fl. 46) determinou, de
forma insuficiente, os percentuais para os itens: (a) encargos sociais 70,11%, (b) margem de
contribuio 15% e (c) encargos tributrios 14,25%. Como exemplo, citou a Representante (fl. 17)
que a Portaria n 3.256/96 do Ministrio da Administrao e Reforma do Estado determinou que deveria
ser adotado o percentual de at 89% para encargos sociais pertinentes aos servios de limpeza e
conservao.
45. Na compreenso da empresa MASP Locao de Mo-de-Obra Ltda., o edital no poderia
determinar o percentual que os licitantes deveriam considerar para o pagamento dos encargos sociais e
da margem de contribuio, visto que isso depende do perfil de cada licitante, de suas caractersticas
peculiares e de sua produtividade.
46. A Representante acrescentou tambm que o edital foi omisso em relao aos seguintes itens:
- custos dos rdio walk-talk;
- despesas com desinsetizao, desratizao e descupinizao de vetores;
- placas de sinalizao;
- licenas expedidas pela ANVISA.
47. Em oposio aos argumentos apresentados pela licitante, a INFRAERO informou que a
definio dos percentuais de encargos sociais foi fundamentada na legislao aplicada, tomando-se
como modelo a Instruo Normativa n 24/05 do STF (fl. 235) e a estrutura de composio dos itens
constantes do Anexo I da Instruo Normativa n 18/97 do extinto Ministrio da Administrao e
Reforma do Estado - MARE, hoje Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto MP.
48. Com relao margem de contribuio, a INFRAERO informou que o percentual por ela
definido pautou-se em estudo realizado pelo TCU, publicado na Revista n 88, onde foi previsto que as
despesas fixas, como despesas administrativas e CPMF tm o percentual de, aproximadamente, 6,38%,
enquanto lucro bruto representa, aproximadamente, 8,5%. Assim, o percentual de 15% foi aproximado
para cima, visto que a soma dos dois percentuais totaliza 14,88%.
49. Com relao no previso das despesas com desinsetizao, desratizao e descupinizao e
controle de vetores, a INFRAERO informou que as planilhas de funcionrios e de materiais previam os
quantitativos a serem utilizados para essas atividades.
50. No que tange despesa com a licena da ANVISA, informou a INFRAERO que esse tipo de
despesa reconhecida como administrativa, e que entendimento semelhante pode ser aplicado s placas
de sinalizao.
51. Do exposto, constata-se que a INFRAERO pautou a sua composio de custos em instrues
normativas que dizem respeito diretamente ao assunto, notadamente no que se refere IN/ MARE n 18/97.
52. Verifica-se tambm que os itens, alegados como ausentes na composio de custos, tais como
as despesas com desinsetizao, desratizao e descupinizao, placas de sinalizao e licenas da
ANVISA integram as despesas administrativas previstas para o contrato.
53. Sendo assim, atesta-se no assistir razo s alegaes trazidas pela Representante, posto que
os custos em que a futura contratada ir incorrer esto todos previstos na composio de despesas
previstas no termo do edital do Prego Eletrnico n 017/SRBR/SBBR/2006.
IV PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
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liminar, no entanto, foi reexaminado pela Justia Federal, conforme Deciso n 17/2007, de 22/1/2007
(fls. 221/223). Por ocasio desse reexame, a autoridade judiciria assim se expressou:
que se antes a exigncia de apresentao de Conveno Coletiva de Trabalho se mostrou
desnecessria, agora no mais, tendo em vista a expressa previso na CCT firmada entre o Sindicato dos
Empregados em Empresas de Asseio, Conservao, Trabalho Temporrio, Prestao de Servios e
Servios Terceirizveis no Distrito Federal Sindiservios e o Sindicato das Empresas em Asseio,
Conservao, Trabalho Temporrio e Servios Terceirizveis no Distrito Federal Seac/DF.
Considerando que Conveno Coletiva de Trabalho atribudo poder normativo e considerando,
tambm, que na prpria Conveno Coletiva de Trabalho em referncia restou firmado que as empresas
devero sempre colacionar a presente Conveno Coletiva nas suas propostas, quando participarem de
procedimento licitatrio, impetrante competia o nus da apresentao da CCT.
Antes de adentrar o mrito da matria, fazem-se necessrias algumas consideraes, as quais
passo a expor.
Em primeiro lugar, deve-se ter em mente que o fim precpuo da Administrao o atendimento ao
interesse pblico. No h dvida, portanto, de que a busca desse comando deve prevalecer em todos os
atos emanados da administrao pblica. Assim, para avaliar a procedncia da presente representao,
necessrio se faz apurar se o mencionado princpio foi satisfeito na conduo do certame em pauta.
Nessa linha, algumas questes passam a ser expostas. Informa-se de incio que a empresa
representante a detentora do contrato atual, cuja vigncia expirar-se- no dia 22 do ms em curso,
segundo informao prestada pela Superintendncia de Auditoria Interna da Infraero. Caso o Tribunal
decida pelo refazimento do certame, forosamente a prestao dos servios dever ser continuada por
contrato emergencial, j que se trata de servio essencial.
No tocante competitividade do certame, tem-se que participaram 47 empresas, sendo que 33
foram classificadas. O valor mensal apresentado pela empresa vencedora foi de R$ 337.670,55 e global
para um perodo de 12 meses de R$ 4.078.989,87, com taxas de 65,67% de encargos sociais; 3,58% de
margem de contribuio e 14,25% de encargos tributrios para um efetivo de 200 empregados.
Esses valores e referncias foram inferiores s estimativas feitas pela Infraero: valor mensal de R$
436.163,80, global para um perodo de 12 meses igual a R$ 5.262.868,69 e taxas de 70,11% de encargos
sociais; 15% de margem de contribuio; e 14,25% de encargos tributrios para um efetivo de 200
empregados.
J os valores atuais, praticados pela MASP, que tambm a representante destes autos, so os
seguintes: valor mensal de R$ 331.362,43; global para o perodo de 12 meses de R$ 3.976.349,10 e taxas
de 67,28% de encargos sociais; 15,51% de BDI para um efetivo de 164 empregados.
Observa-se, assim, pelas informaes acima, prestadas pela Auditoria Interna da Infraero por meio
de mensagem eletrnica carreada aos autos s fls. 256/257, que os valores da vencedora e da atual
prestadora dos servios so quase iguais, com o detalhe significativo de que o nmero de empregados da
primeira supera a empresa MASP em 36 empregados, o que gera diferena positiva em favor da empresa
que venceu o prego em pauta.
Passando anlise de mrito, quanto da exigncia de conveno coletiva de trabalho, tem-se
que, tal qual entendeu a MM. Juza autora da deciso de fls. 221/223, referida exigncia no parece
desarrazoada a ponto de invalidar o certame, porquanto foi prevista na conveno coletiva de trabalho
celebrada entre o Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Servios Terceirizveis no
Distrito Federal Sindiservios e o Sindicato das Empresas em Asseio, Conservao, Trabalho
Temporrio e Servios Terceirizveis no Distrito Federal Seac/DF, bem como no comprometeu a
competitividade da licitao.
Entretanto, considerando o argumento do Sr. Analista de que a mencionada exigncia poderia
prejudicar a participao de empresas sediadas fora do Distrito Federal, uma vez que a conveno
coletiva foi firmada nessa unidade da federao, entendo que poder ser efetuada determinao
Infraero no sentido de que se abstenha de impor como documento essencial habilitao, em certames
de natureza similar ao ora examinado, a apresentao de conveno coletiva de trabalho.
A outra impugnao apresentada pela representante diz respeito exigncia contida na alnea f
do item 9.2 do Termo de Referncia (fl. 47), redigida nestes termos:
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f) apresentar valor para a parcela de material inferior a 60% (sessenta por cento) do orado pela
Infraero, exceto se comprovado de propriedade da prpria licitante, nos termos do 3 do art. 44 do
Regulamento;.
A empresa entende que tal exigncia contraria o disposto no art. 40, inciso X, da Lei n 8.666/93,
que veda a fixao de preos mnimos, critrios estatsticos ou faixa de variao em relao aos preos
de referncia, ressalvado o disposto nos pargrafos 1 e 2 do art. 48 da citada lei.
Esse quesito demanda maior reflexo. Por ocasio da prolao do Acrdo n 290/2006, exarado
pelo Plenrio no TC 018.028/2004-4, em sede de embargos de declarao, o Relator, Ministro Augusto
Nardes, rememorando o Voto do Ministro Marcos Vilaa condutor do Acrdo n 256/2005 Plenrio,
trouxe novamente discusso aspectos importantes para interpretao do disposto no inciso X do art. 40
da Lei n 8.666/93. Nessa linha, transcrevem-se a seguir alguns excertos do referido Acrdo n
290/2006:
11. Consoante o magistrio de Jess Torres Pereira Junior (in Comentrios lei de licitaes e
contrataes da administrao pblica, 6 ed., Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p. 434), A redao
original do inciso X, a demandar a definio, no edital, de critrio de aceitabilidade de preo, sugeria a
ilao de que a Lei n 8.666/93 afastava o preo-base como tipo de licitao (v. art. 45, I), mas o
mantinha como critrio aferidor da hiptese de desclassificao de propostas, a que alude o art. 48, II. A
Lei n 8.83/94 complementou a redao do inciso X vedando a fixao de preos mnimos, critrios
estatsticos ou faixas de variao em relao aos preos de referncia. Ou seja, vivel que o edital
estabelea preo de referncia, porm no poder exigir que os preos cotados situem-se entre limites
mximos e mnimos em torno dele. Constitui verdadeiro desafio a definio de critrios de aceitabilidade
de preo diante das restries insuladas no inciso X do art. 40.
(...)
14. Assim, proposta mais vantajosa no significa apenas preo mais baixo. H que se considerar a
tutela de outros valores jurdicos alm do menor preo, como, por exemplo, o atendimento ao princpio
da eficincia. Nada obstante, devo destacar que tal condio no abre caminho para contratao por
qualquer patamar, como j ressaltado por esta Corte. O administrador continua obrigado a justificar os
preos a que se prope ajustar, e a demonstr-los compatveis tambm com as especificidades dos
servios que sero prestados e com os profissionais que iro execut-los.
(...)
21. Ao arrimo do ensinamento exposto, considero que o aludido dispositivo da Lei de Licitaes
(art. 40, inciso X) no deve ser aplicado stricto sensu, vez que no se apresenta completo em seu
enunciado, mas, antes, deve este Tribunal considerar a dimenso do princpio da eficincia, sua
aplicao ao caso concreto e o interesse pblico.
No caso concreto, a Infraero justificou a exigncia, afirmando que embora o objeto licitado trate
da contratao de servios de limpeza e conservao, para aferio da proposta mais vantajosa para a
Administrao, so considerados vrios componentes da Planilha de Preos, dentre os quais os
respectivos insumos incidentes, no vendo como considerar classificada proposta com valores irrisrios
para determinadas parcelas, dentre elas a que se refere ao material de consumo. Destacou tambm
que a licitante poderia ter ofertado valor inferior a 60% do orado, desde que comprovasse ser o
material de sua propriedade (fl. 206).
V-se, assim, na linha esposada no Voto condutor do Acrdo n 290/2006-Plenrio, que a
exigncia fundou-se na busca da melhor proposta para a Administrao, resguardando-se a entidade
pblica daquelas empresas que no tivessem plenas condies de prestar o servio com eficincia.
Por seu turno, a empresa no logrou demonstrar, seja na impugnao administrativa de fls.
144/150, seja em sede de representao dirigida a este Tribunal, a viabilidade de seus preos, limitandose a questionar o critrio adotado pela Infraero.
Assim, considerando que, ao elaborar o Termo de Referncia da aludida licitao, a Infraero
efetuou cotao de preos de mercado para cada item que comporia a planilha oramentria, obtendo a
mdia dos preos, conforme assegurado fl. 207, evitando a possibilidade de cotao por valor nfimo
para material de consumo, o que inviabilizaria a prestao do servio com qualidade, e que o patamar
de 60% no foi estabelecido como regra indistintamente, mas apenas para aquelas empresas que no
detivessem a propriedade do material de consumo necessrio execuo do contrato, entendo que a
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II - propostas com valor global superior ao limite estabelecido ou com preos manifestamente
inexeqiveis, assim considerados aqueles que no venham a ter demonstrada sua viabilidade atravs de
documentao que comprove que os custos dos insumos so coerentes com os de mercado e que os
coeficientes de produtividade so compatveis com a execuo do objeto do contrato, condies estas
necessariamente especificadas no ato convocatrio da licitao.
1 Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo consideram-se manifestamente
inexeqveis, no caso de licitaes de menor preo para obras e servios de engenharia, as propostas
cujos valores sejam inferiores a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores:
a) mdia aritmtica dos valores das propostas superiores a 50% (cinqenta por cento) do valor
orado pela administrao, ou
b) valor orado pela administrao.
2 Dos licitantes classificados na forma do pargrafo anterior cujo valor global da proposta for
inferior a 80% (oitenta por cento) do menor valor a que se referem as alneas "a" e "b", ser exigida,
para a assinatura do contrato, prestao de garantia adicional, dentre as modalidades previstas no 1
do art. 56, igual a diferena entre o valor resultante do pargrafo anterior e o valor da correspondente
proposta. (inciso II com a redao conferida pela Lei n. 8.883/1994 e 1 com a redao conferida pela
Lei n 9.648, de 1998).
Como se verifica, os 1 e 2 no socorrem as licitaes de servios como os de limpeza, pois
aplicam-se exclusivamente s obras e servios de engenharia. Portanto, remanesce a dvida de como dar
cumprimento ao 3 do art. 44.
A Infraero entendeu por bem fixar o limite mnimo de 60% do valor orado, o que me parece
extremamente benfico para o licitante, j que dificilmente algum deles conseguiria cotar os materiais
abaixo do limite desse limite, lembrando mais uma vez que a premissa de que o valor orado pela
Administrao esteja condizente com a realidade do mercado. De mencionar que o prprio Poder
Judicirio, quando concedeu a medida liminar pleiteada pela empresa Masp, no a concedeu com base na
fixao de limite mnimo de aceitabilidade de preo unitrio, por entender que a Administrao limitou-se
a definir critrio, de maneira objetiva, para avaliar a melhor proposta de preo.
Nada obstante, o inciso X do art. 40 claro ao vedar a estipulao de limites mnimos, abaixo dos
quais as propostas de preo so automaticamente desclassificadas.
Urge, ento, buscar conciliar os diversos dispositivos da Lei n. 8.666/1993, de modo a permitir a
averiguao da exeqibilidade dos preos unitrios ofertados nas licitaes de servios, exceto os de
engenharia, sem que se estabeleam limites mnimos que conduzam automaticamente desclassificao
de proposta aparentemente inexeqvel.
A nica soluo que vislumbro a Administrao facultar previamente aos licitantes a oportunidade
de apresentar justificativas para os preos cotados, com base em documentos que comprovem a
viabilidade de suas propostas, como, por exemplo, contrato com o fornecedor do insumo, ou de
demonstrar a peculiar situao que lhes permite cotar preos aqum daqueles apresentados pelos demais
licitantes. Eventualmente, podero as empresas demonstrar que o valor orado pela Administrao no
corresponde realidade do mercado.
A despeito dessas consideraes, no vislumbro, no caso concreto, razo bastante para determinar a
adoo de medidas com vistas anulao do processo licitatrio e, por conseguinte, do contrato j
firmado com a vencedora do Eletrnico n. 017/SRBR/SBBR/2006. Em primeiro lugar, porque os
dispositivos legais so de difcil interpretao. Em segundo lugar, porque o critrio estabelecido no edital,
conquanto se afaste do previsto no inciso X do art. 40 da Lei de Licitaes, razovel e vai ao encontro
das disposies do 3 do art. 44 da mesma lei. Em terceiro lugar, a representante no procurou
demonstrar, em momento algum, a exeqibilidade de preos unitrios de materiais de limpeza abaixo do
limite de 60% fixado pela Infraero. Por conseguinte, no h como prosperar sua pretenso de suspender o
certame, que envolveu dezenas de empresas e do qual j decorreu a assinatura de novo contrato, pois isso
no atenderia o interesse pblico.
Assim sendo, no demonstrado que a alnea f do subitem 9.2 do edital em exame tenha cerceado a
competitividade do certame ou que da tenha advindo a desclassificao de proposta comprovadamente
exeqvel e comprovadamente mais vantajosa para a Administrao, no seria razovel propor a adoo
490
de medidas com vistas anulao do Prego Eletrnico n. 017/SRBR/SBBR/2006, bastando, para tanto,
orientar a Infraero sobre os procedimentos a serem adotados em licitaes futuras.
Dessarte, considero a presente representao parcialmente procedente e, em linha de concordncia
com a titular da 3 Secex, VOTO por que o Tribunal adote o Acrdo que ora submeto deliberao deste
Plenrio.
TCU, Sala das Sesses, em 14 de maro de 2007.
BENJAMIN ZYMLER
Relator
ACRDO N 363/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo: TC 000.690/2007-8
2. GrupoII - Classe VII Representao
3. Interessado: Masp Locao de Mo-de-Obra
4. Entidade: Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroporturia
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou
7. Unidade Tcnica: 5 Secex
8. Advogados constitudos nos autos: Alysson Souza Mouro (OAB 18.977/DF)
9. Acrdo:
VISTOS, discutidos e relatados este autos de Representao, ACORDAM os Ministros do Tribunal
de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, com fulcro no 1 do art. 113 da Lei n 8.666/93, c/c
inciso VII do art. 237 do Regimento Interno do TCU, em:
9.1. conhecer da presente representao para, no mrito, consider-la parcialmente procedente;
9.2. determinar Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroporturia que adote os seguintes
procedimentos, nas prximas licitaes que vier a realizar:
9.2.1. abstenha-se de exigir a apresentao de conveno coletiva de trabalho, como documento
essencial para a habilitao, em licitaes voltadas para a contratao de servios de limpeza e
conservao, em face do disposto nos arts. 27 a 31 da Lei n 8.666/93;
9.2.2. abstenha-se de fixar limite mnimo de aceitabilidade de preos unitrios em licitaes em
geral e, quando no configuradas as hipteses previstas nos 1 e 2 da Lei n. 8.666/1993, faculte aos
licitantes oportunidade de comprovar a viabilidade dos preos cotados para, s ento, desclassificar as
propostas que se encontrem significativamente aqum dos preos de mercado;
9.3. dar cincia do inteiro teor desta deliberao representante e Empresa Brasileira de InfraEstrutura Aeroporturia;
9.4. determinar o arquivamento do presente processo.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0363-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler (Relator), Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
BENJAMIN ZYMLER
Relator
491
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
492
17
13.794 Kg
R$ 64,77
R$ 676.198,80
17%
Dos itens acima relacionados, a entidade informou que a liquidao/pagamento dos itens 15 e 16 j
haviam sido realizados, ao passo que o pagamento referente ao item 17 no seria efetuado at que fossem
esclarecidas as questes. Com respeito ao ltimo item, registrou que, da quantidade total licitada (13.794
Kg), haviam sido entregues 10.440 kg, restando um saldo de 3.354 kg.
Consta, ainda, informao de que a CGTEE solicitou 3 cotaes de preos, via e-mail, s empresas
Aobras, Sidersul e JN comrcio e Distribuidora. Apenas esta ltima atendeu a solicitao, sendo que,
para o item 17, a entidade cotou o valor de R$ 38,00, idntico ao item 18, o que fez com que a CGTEE
cotasse o item 17 a R$ 45,00, por se tratar de material mais nobre.
Analisando as informaes fornecidas pela entidade, a Secex/RS, na instruo de fls. 17/18,
concluiu que
8. Os elementos encaminhados de forma annima a esta Secretaria permitem afirmar que ao menos
uma empresa conceituada no mercado praticava, em julho do corrente ano, os preos de R$ 12,00, R$
5,70 e R$ 18,20 para os itens 15, 16 e 17 do procedimento licitatrio, valores esses que devem ser
acrescidos de 5% a ttulo de IPI, chegando-se a R$ 12,60, R$ 5,99 e R$ 19,11. Evidentemente, tratam-se
de preos no mercado atacadista, que devero ser acrescentados das margens de lucro de cada licitante,
no podendo ser comparados diretamente com os preos ofertados no certame.
9. Os documentos annimos referem-se prtica, no mercado, de uma margem de lucro da ordem
de 15% a 23%, o que nos parece razovel em um juzo de cognio sumria. Adotando-se uma taxa de
lucro de 23%, podemos elaborar a seguinte tabela comparativa, que espelha um possvel sobrepreo de
mais de meio milho de reais, somente nesses trs itens:
It
Valor
Valor
Possve
Marge
unitrio
total
l sobrepreo m de lucro
mercado
mercado
praticada
R$
R$
R$
58,73%
5
138.560,00
15,50
107.313,14
1
R$ 14,00
R$
R$ 7,37
R$
133,72
6
262.696,00
138.424,35
%
1
R$ 64,77
R$
R$
R$
254,63
5
676.198,80
23,21
324.232,11
%
T
R$
R$
R$
OTAL
1.077.454,80
570.026,60
507.428,20
Notas: (1) Margem de lucro praticada = Valor unitrio licitado / Possvel preo de mercado,
acrescido de IPI de 5%, sem considerar a margem de lucro admitida de 23%
Assim, ante os indcios de dano aos cofres pblicos, a Secex/RS props o seguinte
encaminhamento:
I) autue o expediente como Representao;
II) determine cautelarmente CGTEE que no efetue quaisquer pagamentos referentes ao item 17
do Prego PR 05700039 sem comprovar perante o TCU, previamente, que o material ofertado pela
licitante vencedora atende as condies previstas no edital e se encontra com preo compatvel com os de
mercado;
III) autorize, desde logo, a realizao de inspeo na CGTEE, com vistas ao esclarecimento dos
fatos;
IV) d conhecimento da presente instruo e dos atos processuais que venham a ser praticados
Ouvidoria.
Na ocasio, o Presidente deste Tribunal, Exm Sr. Ministro Adylson Motta, manifestou-se de
acordo com a proposta da Secex-RS, decidindo, nos seguintes termos:
I) determinar a atuao da documentao encaminhada como Representao, com fulcro no inciso
VI do art. 237 do RI/TCU, c/c o 1 do art. 2 da Portaria/TCU 121/2005;
II) determinar, cautelarmente, CGTEE, nos termos do art. 276 do RI/TCU, que no efetue
qualquer pagamento referente ao item 17 do Prego PR 05700039 sem comprovar perante este Tribunal
em
Valor
unitrio
licitado
1
R$ 20,00
Valor
total licitado
493
que o material ofertado pela licitante vencedora atende as condies estipuladas no edital e se encontra
compatvel com o praticado no mercado;
III) fixar, com fundamento no 3 do art. 276 o RI/TCU, o prazo de 15 (quinze) dias para que a
CGTEE, acaso julgue necessrio, manifeste-se a respeito da cautelar constante do item II supra, bem
como a respeito dos demais fatos constantes deste despacho;
IV) autorizar, desde logo, a realizao de inspeo na CGTEE, de modo a esclarecer os fatos que
constituem o objeto desta Representao;
V) dar conhecimento deste despacho, bem como, quando necessrio, dos demais atos processuais
que vierem a ser praticados Ouvidoria do TCU.
Dando continuidade deliberao deste Tribunal, foi enviada pela CGTEE a Carta-Ofcio
PRJ/RS/002/2006 (fl. 26, vol. principal), em 04/01/2006, informado que estaria suspenso o pagamento
referente ao item 17 at que a sindicncia administrativa instaurada em 22/12/2005 a respeito do assunto
estivesse concluda. Outrossim, na mesma data foi enviado pela Estatal ofcio empresa contratada
solicitando esclarecimentos e justificativas sobre os preos dos itens 15, 16 e 17. A Diretoria Executiva da
CGTEE definiu, ainda, a formao de um banco de preos na empresa, alm de determinar a realizao
dos prximos preges de forma eletrnica e por itens.
Aps ter sido sorteado relator do feito, determinei, no meu despacho de fl. 31, em homenagem aos
princpios constitucionais do contraditrio e da ampla defesa, a fixao de prazo de 10 dias, para que a
empresa contratada, SIDERSUL Produtos Siderrgicos Ltda. se manifestasse sobre os fatos relatados
nestes autos, uma vez que at ento esta no havia sido ouvida. Reputei pertinente, alm disso, ouvir
novamente a CGTEE, devido possibilidade de existncia de fatos novos referentes ao processo, tendo
em vista o longo perodo transcorrido desde o Despacho do Ministro-Presidente.
Ao analisar a documentao encaminhada pela CGTEE e pela SIDERSUL Produtos Siderrgicos
Ltda., o Sr. Analista, na instruo de fls. 256/259, apresentou proposta no sentido de reiterar a
determinao cautelar, suspendendo qualquer pagamento referente ao item 17 do prego PR 05700039,
sem que fosse comprovado, previamente, perante este Tribunal, que o material ofertado pela contratada
atende s condies previstas no edital e se encontra com preo compatvel com o de mercado. Sugeriu,
ainda a realizao de inspeo, com vistas ao esclarecimento dos fatos pendentes.
Oportuno reproduzir alguns excertos da pea instrutiva de fls. 260/264, elaborada pelo Sr. Diretor
Tcnico, acerca das informaes e justificativas apresentadas pela CGTEE e SIDERSUL.
5. Da manifestao oferecida pela CGTEE, colhe-se algumas informaes importantes para a
anlise, a saber:
Em 22 de dezembro de 2005, a Sidersul apresentou uma carta, em ateno ao Ofcio PRJ n
019/2005, afirmando que, na poca do Prego, o item 17 no existia no mercado. O item era um tubo
especial, produzido sob encomenda, e a usina fabricante estava parada para manuteno. Mas a Sidersul
alega ter conseguido a alterao da programao do fabricante. Alm disso, afirma que o contrato foi
vencido por valor abaixo do oramento por preo global. A Sidersul, sabendo da dificuldade na entrega
do item 17, quando apresentou o preo de cada item, colocou um valor maior, para resguardar-se de
imprevistos, reduzindo, conseqentemente, valores de outros itens. (F. 46).
Comentrio: depreende-se, da alegao, que a CGTEE tinha cincia da prtica de sobrepreo pela
licitante vencedora do prego, para o item 17, bem como que atribua tal fato a uma contingncia de
mercado.
5.1. O pagamento dos itens 15 e 16 j foi realizado. O pagamento do item 17 foi sustado. As Notas
Fiscais 147451 e 148738, referentes ao item 17, esto retidas at que sejam decididos os Processos no
Tribunal de Contas e na Justia Estadual.
O Boletim de Inspeo de Materiais n 261/2005, de 04.11.2005, referente ao item 17 destaca no
campo as observaes: material recebido com certificado e tambm conforme o pedido do
contrato.(Item 2, f. 46).
Comentrio: aduz, a CGTEE, ter cumprido a deciso cautelar do TCU no que concerne sustao
do pagamento, bem como que o material constante do item 17 foi fornecido acompanhado de certificado
de qualidade. No item 3, s fls. 46-47, a CGTEE informa que a Sidersul ingressou com ao de cobrana
na Justia Estadual, visando ao recebimento acrescido de juros de mora. Trata-se do Processo n
494
1060057277-7, proposto em 15/03/2006, ora tramitando na 12 Vara Cvel do Foro Central, ainda no
julgado.
5.2. Informa a CGTEE, no item 4 (f. 48), a constituio de Comisso de Sindicncia em 26/12/2005
para apurar a existncia ou no de irregularidades no processo licitatrio e os possveis responsveis.
Menciona-se um anexo 8, inexistente, vez que a correspondncia enviada pela Companhia no se fez
acompanhar de qualquer anexo. Informa-se, ainda, que a Comisso de Sindicncia encerrou seus
trabalhos, conforme Relatrio e Termo de Encerramento, concluindo pela necessidade imediata de
Processo Administrativo Disciplinar para apurar eventuais responsabilidades decorrentes dos atos
praticados no desenvolvimento do Processo PR 05700039, que veio a ser instaurado em 07/03/2006, com
prazo de 60 dias, prorrogado por mais 30 dias.
Comentrio: para a presente Instruo, maior importncia deve ser conferida concluso da
Sindicncia no sentido da imediata instaurao do Processo Administrativo Disciplinar, confirmando,
muito provavelmente, irregularidade(s). Oportunidade de propiciar dados e informaes mais completas a
este Tribunal, perdeu a CGTEE, ao olvidar-se de anexar sua correspondncia o Relatrio da Comisso
de Sindicncia e os anexos deste, bem como os resultados do Processo Administrativo Disciplinar. Ainda
que pese o fato de no ter sido requerida a documentao referida, cumpre informar que aventou-se, no
mbito desta Unidade Tcnica, tal requisio, por ocasio da instruo f. 27 que props, no item a:
seja determinado Companhia de Gerao Trmica de Energia Eltrica CGTEE que encaminhe a este
Tribunal, por intermdio da Secretaria de Controle Externo no RS, os resultados da sindicncia
administrativa (...).
6. Das informaes trazidas aos autos pela empresa Sidersul (fls. 51-80, com anexos s fls. 81-254),
destaca-se, inicialmente, as alegaes da empresa acerca das condies de mercado a influenciarem o
preo do produto:
- o mercado do ao enfrentava situao de carncia do produto;
- o produto especificado no item 17 fabricado, no Brasil, por apenas uma empresa;
- prazo exguo para fornecimento, determinando o encarecimento dos custos;
Comentrio: acerca da conjuntura de mercado, bem como do fato de haver um nico fabricante
nacional do item, ficam as informaes pendentes de confirmao futura, caso se proceda a inspeo ou
diligncia. Quanto alegao de prazo exguo para o fornecimento do artigo, a Instruo dissente da
mesma, eis que fora fixado em edital conhecido pela Contratada. Importa informar que foi, inclusive,
firmado termo aditivo ao contrato de fornecimento (f. 112), prorrogando o prazo para a entrega dos tubos
especificados no item 17 para 15/10/2005 (50%) e 10/11/2005 (50%).
6.1 Com relao necessria realizao de pesquisa de mercado preparatria da licitao, cabe
mencionar, sucintamente, a opinio da Contratada sobre os procedimentos da CGTEE, no certame ora em
anlise:
Ficou constatado que as rotinas internas para elaborao de oramentos, licitaes, cotaes de
preos, e contrataes, caberia ser revista (Sic).
No h, portanto, como se estabelecer em meras cotaes de preos, sem estabelecer termos e
condies de fornecimento, nem tampouco desconsiderar o momento do fornecimento dos produtos, haja
vista as questes mercadolgicas no Brasil e no exterior a respeito dos produtos necessrios para atender
ao fornecimento desejado. (F. 65).
6.2. A Contratada aduz reconhecer a precariedade do levantamento de preos, segundo se depreende
do seguinte excerto, f. 67:
Dessa sindicncia, temos que as suas concluses infirmam, em suma, que as condies para
definio dos oramentos da CGTEE so precrios; (...) que o pregoeiro da licitao em comento no
analisou os preos unitrios propostos (muito embora a licitao fosse de menor preo global).
6.3. Ainda acerca da pesquisa de mercado, assim se manifestou a Comisso de Sindicncia (fls.
480-481):
O Projeto Bsico apresenta oramento estimado, elaborado pelo rgo requisitante a partir de
consulta de preos a fornecedores, sendo que as mesmas no constavam dos autos do processo. (Grifo
nosso).
495
496
8. Outro ponto importante diz respeito ao critrio de julgamento adotado pela licitao em comento,
Menor Preo Global. Sobre o tema, aduz a Comisso de Sindicncia, em seu relatrio:
O critrio de julgamento de menor preo global foi definido pelo projeto bsico utilizado como
referncia. No houve por qualquer rgo ou pessoa participante deste processo anlise em relao a este
detalhe.
Observa-se, pelo oramento estimado, que do total de 18 itens solicitados, 4 itens responderam por
92,82% daquele oramento. Tal condio naturalmente j indicaria a convenincia de licitao dos
mesmos pelo critrio de menor preo por item, de modo a eliminar-se distores que por ventura tenham
sido originadas na elaborao do oramento estimado, (...).
Comentrio: A Sindicncia se refere aos itens 15 a 18 do oramento, que concentram mais de 92%
do valor total. Para a Instruo, no se justifica o julgamento por menor preo global, haja vista estarem
os diversos itens do oramento perfeitamente definidos conforme suas especificaes, possibilitando,
destarte, o julgamento segundo um critrio de menores preos unitrios, conferindo maior possibilidade
de competio, com inegveis vantagens para a Administrao Pblica, e em concordncia com o
disposto no art. 15, inciso IV da Lei n 8.666/93, que prev a subdiviso das aquisies em tantas parcelas
quantas necessrias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando economicidade.
9. Ante os indcios de preos superestimados, posiciona-se, na presente Instruo, pela manuteno
da cautelar dirigida CGTEE, at a completa elucidao dos fatos, nos exatos termos do item 17.a, f.
258. H que se reconhecer, todavia, o dilatado lapso de tempo decorrido entre a notificao da CGTEE,
que se deu em 20/12/2005 (f. 23), e o despacho do Ministro-Relator dando prazo para manifestao da
Contratada (Sidersul), em 13/06/2006 (f. 31), ou seja, faltaram sete dias para completarem-se seis meses
sem o pronunciamento da parte.
9.1. Desta forma, poderia ser razovel a adoo alternativa de uma revogao parcial, liberando-se o
pagamento do valor orado para o referido item 17, R$ 620.730,00, ou a metade deste valor, S. M. J.,
considerando que o material j foi fornecido CGTEE e muito provavelmente empregado nos seus
ininterruptos servios de manuteno dos equipamentos, permanecendo o interdito para o pagamento do
restante aps o deslinde do processo. f. 73 a Contratada assevera, a respeito, que caberia, no mnimo, o
pagamento das parcelas tidas como incontroversas em relao ao item 17, ficando o saldo remanescente
para pagamento posterior, aps os devidos levantamentos que foram determinados pelo TCU.
O Diretor Tcnico apresenta argumentos no sentido de reforar a necessidade de promover inspeo
na CGTEE, e acata a proposta do Sr. Analista fl. 258. O titular da Unidade Tcnica manifestou-se de
acordo.
Na oportunidade, por entender que ainda faltavam elementos de convico para decidir a respeito
da manuteno da medida cautelar, por meio do despacho de fl. 265, determinei Secex/RS a realizao
da inspeo proposta, bem como apurar a eventual existncia de sobrepreo, a partir de informaes
confiveis e explicitando a metodologia utilizada, de modo a permitir o direito de defesa da contratada.
Em atendimento ao despacho, a Unidade Tcnica procedeu apurao do sobrepreo, utilizando-se
das informaes at ento constantes dos autos, bem como de estudo acadmico elaborado por
especialistas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e outros dados obtidos em stios
especializados na Internet. Referida anlise encontra-se consubstanciada na instruo de fls. 380/383,
cujos trechos de maior relevo so reproduzidos a seguir.
27. A presente instruo restringe-se anlise da documentao apresentada pela CGTEE, com
vistas liberao dos recursos referentes medida cautelar que determinou o bloqueio dos pagamentos
relativos ao item 17, abordada no item b do Despacho supra. As demais determinaes contidas no
referido Despacho sero esclarecidas quando da realizao da inspeo autorizada pelo mesmo. (....)
29. Inicialmente, cabe repetir e esclarecer os requisitos necessrios para que a medida cautelar, hoje
em vigor, seja revogada e proceda-se ao pagamento dos valores retidos.
30. Conforme elucida o Despacho do Exm Ministro Relator, Benjamin Zymler, situado fl. 265
do vol. 1, a medida cautelar em pauta no impede o pagamento dos valores questionados, somente o
condiciona demonstrao da conformidade do produto fornecido, com a sua descrio estabelecida no
edital e, alm disso, sua adequao aos preos oferecidos no mercado.
31. Diante destas premissas, passamos verificao do primeiro quesito, qual seja: a conformidade
do tubo fornecido com o demandado pelo Edital. Extrai-se do modelo de planilha de composio de
497
preos (Anexo II.1 do Edital fl. 598, anexo 2) e do Projeto Bsico (Anexo III do Edital fl. 601,
anexo2) a seguinte definio para item 17, in verbis:
Tubo de caldeira sem costura laminado a quente normalizado temperado e revinido material \
norma AFNOR TU 10 CD 9.10 diam: 51,00 x 5,60 mm comprimento 10.000 mm (...) (grifo nosso)
32. Por outro lado, analisando-se o Certificado de Inspeo (fl. 198, vol. principal), apresentado
pela CGTEE, que respalda a conformidade deste produto, verifica-se definio diversa:
PRODUTO: TUBOS DE AO SEM COSTURA TREFILADO A FRIO, PONTA LISA #
RECOZIDO # (...) (grifo nosso)
33. Anlise: Primeiramente, cabe transcrever algumas definies retiradas do site
www.infomet.com.br, s fls. 367/377, vol. 1, acessado em 09/02/2007 (empresa cujo objetivo o de
reunir dados e informaes relevantes dos segmentos de siderurgia, minerao e metalurgia):
Laminao: processo de deformao plstica dos metais no qual o material passa entre rolos, com
altas tenses compressivas devido ao de prensagem dos rolos, e com tenses cisalhantes superficiais
resultante da fico entre os rolos e o metal. (fl. 367, vol. 1)
Laminao Quente: etapa inicial do processo de laminao no qual o material aquecido a uma
temperatura elevada (...) para que seja realizado chamado desbaste dos lingotes ou placas fundidas. (fl.
367, vol. 1)
Normalizao: tratamento trmico, caracterizado por aquecimento acima da zona crtica e por
equalizao nesta temperatura seguida de resfriamento uniforme ao ar, sem restringi-lo ou aceler-lo, at
a temperatura ambiente. A normalizao usada para homogeneizar composio e tamanho de gro ou
para eliminar resultados de tratamentos trmicos prvios. (fl. 377, vol. 1)
Tmpera: tratamento trmico caracterizado pelo resfriamento em velocidade superior velocidade
crtica da tmpera, a partir de uma temperatura acima da zona crtica para os aos hipoeutetides e
geralmente dentro da zona crtica, para os aos hipereutetides, resultando em transformao da austenita
em martensita. Utiliza-se para peas que necessitem de alta rigidez. Sem o necessrio complemento de
um revenimento, as peas temperadas apresentar-se-o, quase sempres frgeis. (fl. 370, vol. 1)
Revenido: tratamento trmico que elimina a maior parte dos inconvenientes provocados pela
tmpera. Remove tenses internas, corrige dureza excessiva e gragilidade, aumenta a dutulidade e
tenacidade do material. Revenimento Tratamento trmico de uma pea temperada ou normalizada,
caracterizado por reaquecimento abaixo da zona crtica e resfriamento adequado, visando a ajustar as
propriedades mecnicas (...) (fls. 372/373, vol. 1)
Trefilao: conformao a frio de material passando por uma matriz com reduo de rea da
seo. (fl. 374, vol. 1)
Recozimento: (...)tratamento trmico composto de aquecimento controlado at determinada
temperatura, permanncia nessa temperatura durante um certo intervalo de tempo e resfriamento
regulado. O recozimento altera microestrutura e propriedades do material. (...) utiliza-se para peas de
ferro fundido que necessitem de menor dureza do que a obtida aps a fundio. (fl. 375, vol. 1)
34. Como podemos observar, os tratamentos trmicos expostos so completamente diferentes e so
selecionados de acordo com as alteraes mecnicas, trmicas, qumicas, eltricas ou magnticas que se
quer produzir no produto final. Dependendo do tratamento escolhido, os tubos podem se tornar mais
frgeis ou mais rgidos, tudo isto est vinculado a que tipo de processo o material ter que resistir quando
da sua utilizao.
35. Entretanto, como atenuante, conforme estudo acadmico realizado na Faculdade de Engenharia
Mecnica da Unicamp acostado s fls. 269/366 do vol. 1, observa-se que o processo de trefilao possui
um grau de qualidade maior que o do processo de laminao a quente, alm de ter custos mais elevados.
Desta forma, tudo indica que o produto fornecido pela Sidersul mais nobre do que o exigido no edital. O
Quadro I, fl. 286 do vol. 1, permite que seja feita uma comparao fidedigna de qualidade entre os tubos
laminados a quente e trefilados a frio, atestando a que o grau de preciso deste ltimo muito maior que o
do tubo submetido ao processo de laminao a quente.
36. Por todo exposto, resta claro que o material fornecido no atende ao disposto no certame, o que,
por si s, j compromete a iniciativa de revogao da medida cautelar ora sob anlise. Contudo, devido
atenuante, e, tendo em vista que o produto j foi entregue pela contratada e no foi rejeitado, segundo
depoimento do Gestor do Contrato, Sr. Srgio Almeida Saraol (fl. 502, anexo 1), por testes realizados no
498
laboratrio LAMEF, solicitados pela prpria CGTEE, aventa-se a proposta de liberao parcial dos
recursos, com vistas a garantir o pagamento dos custos pela contratada.
37. No que tange ao segundo quesito para revogao da Cautelar em pauta, tomando-se por base a
elaborao do oramento do projeto bsico, o item 17 da lista de produtos a serem adquiridos somente foi
cotado pela empresa JN Comrcio, que o ofertou pelo preo de R$ 39,00 por Kg, ou seja, R$39.000,00
por tonelada. Comparando-se este valor ao proposto pela referida empresa para o item 18 e, considerando
o item 17 composto por material mais nobre, o Chefe do Setor de Manuteno Mecnica e Civil da
CGTEE explica (fl. 497, anexo 1) que, no oramento, o referido valor foi aumentado em torno de 15%,
perfazendo-se um montante de R$ 45,00 por Kg (R$ 45.000,00 por tonelada). Cabe ressaltar, que no
consta da cotao apresentada se os referidos valores esto ou no acrescidos de impostos.
38. A proposta da empresa vencedora do certame, Sidersul, estipulou o preo do item em R$ 65,00
por Kg (R$ 65.000,00 por tonelada), conforme consta dos autos fl. 106 do vol. principal, o que monta a
quantia de R$ 893.437,38. Ressalte-se que este valor inclui ICMS. Como justificativa para o elevado
preo estipulado, a Sidersil alega, conforme consta s fls.1.096/1.097 do anexo 3, que o Tubo de Caldeira
no existia no mercado, tendo que ser produzido sob encomenda. Outrossim, a nica fabricante nacional
seria a empresa Vallourec & Mannesmann Tubes que se encontrava parada para manuteno. Cumpre
frisar que a prpria empresa contratada (Sidersul) admite que hoje, devido normalidade operacional da
fabricante, seria possvel a compra deste item por valor inferior.
39. Prosseguindo-se a anlise da documentao apresentada, conforme correspondncia eletrnica
enviada em 17/02/2006, acostada fl. 369 do anexo 1, o referido item 17 foi cotado junto fabricante
pela prpria CGTEE. Segundo a Vallourec & Mannesmann Tubes, os preos para os perodos de
17/02/2005, 23/06/2005, 21/11/2005 e 13/02/2006, seriam de, respectivamente, R$ 17.260,92; R$
16.050,36; R$ 14.876,03; e R$ 14.500,45. Os valores so vinculados ao dlar, conforme consta na
referida correspondncia. Ressalte-se que nestes valores no esto inclusos impostos.
40. Da cotao supracitada, extrai-se que o valor de mercado do item sob anlise poca do prego
(Sesso do Prego 23/06/2005) era de R$ 16.050,36 por tonelada, sem a incluso de impostos. Estes
valores, levando-se em conta a quantidade necessria prevista no prego de 13.794 Kg, chega-se ao
montante de R$ 221.398,70. Vale ressaltar que esses valores foram fornecidos pela prpria Vallourec &
Mannesmann. Alm disso, o e-mail no adverte sobre a realizao de qualquer parada para manuteno.
41. Desta forma, os indcios de superfaturamento nos preos do item 17 no foram elididos, uma
vez que o valor contratado junto a Sidersul (R$ 65.000,00 por tonelada) equivale a quase 3 vezes o valor
orado pela fornecedora do produto (R$ 16.050,36 livre de impostos). Entretanto, conforme
mencionado anteriormente, o produto fornecido pela contratada j foi instalado, o que, no caso de uma
substituio, geraria um nus muito grande para a Administrao Pblica. Deste modo, cabe a liberao
parcial dos valores referentes ao item 17, restringindo-os ao preo cotado pela Vallourec & Mannesmann
para o referido item (fl. 369, anexo 1), deixando as demais anlises e questionamentos para posterior
esclarecimento, por meio da inspeo autorizada pelo Despacho do Ministro Relator (fl. 265 do vol. 1),
quando, tambm, vislumbrar-se- a necessidade de aplicao das penalidades cabveis empresa e aos
responsveis pela licitao.
O analista responsvel pela instruo tcnica apresentou proposta de encaminhamento no seguinte
sentido:
a) seja revogada parcialmente a medida cautelar referente aos pagamentos do item 17 do Prego
n. PR 05700039, comunicando-se CGTEE a liberao do montante de recursos equivalente ao preo
cotado junto Vallourec & Mannesmann (R$ 221.398,7), devidamente acrescidos dos impostos
legalmente previstos e atualizados monetariamente;
b) d conhecimento da presente instruo e dos atos processuais que venham a ser praticados
Ouvidoria.
O Diretor Tcnico e o Secretrio da Secex/RS anuram proposta de encaminhamento supra.
o relatrio.
VOTO
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Preliminarmente, registro que atuo neste processo com fundamento na Resoluo/TCU n 175, art.
27, 1, de 25.05.2005, alterada pela Resoluo/TCU n 190, de 03.05.2006, tendo em vista tratar-se de
processo pertencente Lista de Unidades Jurisdicionadas n 03.
Alm disso, ratifico os termos do despacho de fls. 100/101, da lavra do Presidente do TCU, poca,
Exm Sr. Ministro Adylson Mota, conhecendo do presente feito como representao, com fulcro no art.
237, inc. VII, do Regimento Interno/TCU.
Versam os autos acerca de possveis irregularidades no Prego Presencial n. PR 05700039, levado
a efeito pela Companhia de Gerao Trmica de Energia Eltrica CGTEE em 23/06/05, consistentes na
aquisio de tubos de ao a preos superiores aos praticados no mercado, bem como na desclassificao
de licitante que haveria cotado o menor preo.
As supostas irregularidades chegaram ao conhecimento desta Corte, por meio de informao
oriunda da Ouvidoria/TCU, registrada sob o n 03240/2005, de 11/08/2005, bem como por meio de
documentos annimos encaminhados Secex/RS.
Procedendo anlise das informaes inicialmente fornecidas pela CGTEE, a Unidade Tcnica
detectou evidncias de um possvel sobrepreo nos itens 15, 16 e 17 da planilha de custos do Prego PR
05700039, totalizando cerca de meio milho de reais somente nestes 3 itens.
Na ocasio, constatou-se, ainda, que os itens 15 e 16 j haviam sido liquidados e pagos, o que no
se verificou com respeito ao item 17, apesar de grande parte do produto j ter sido entregue pela empresa.
Dessa forma, a Unidade Tcnica sugeriu que fosse determinado cautelarmente bloqueio dos pagamentos
relativos ao ltimo item, condicionando-os comprovao prvia, perante o TCU, de que o material
ofertado pela licitante vencedora atendia as condies previstas no edital e se encontrava com preo
compatvel com os de mercado.
Aludida proposta foi acolhida pelo ento Presidente desta Corte, Exm Sr. Ministro Adylson Motta,
que, alm disso, fixou prazo para a CGTEE se manifestar nos autos e autorizou inspeo nessa entidade,
de modo a esclarecer os fatos relatados na representao.
Por oportuno, insta registrar que a empresa contratada, SIDERSUL Produtos Siderrgicos Ltda.,
ingressou com ao de cobrana na Justia Estadual (Rio Grande do Sul) na data de 15.3.2006, em face
da CGTEE, pleiteando o recebimento dos valores bloqueados (Processo n 1060057277-7). Em consulta
realizada na pgina eletrnica do TJ-RS na data de 9.2.2007, verificou-se que o referido processo
encontra-se suspenso desde 5.2.2007, sem julgamento de mrito.
Posteriormente, aps ter sido sorteado relator do feito, determinei, dentre outras medidas, a fixao
de prazo para que a empresa contratada, SIDERSUL Produtos Siderrgicos Ltda, se pronunciasse nos
autos, bem como a apurao, pela Unidade Tcnica, de eventual sobrepreo, a partir de informaes
confiveis e explicitando a metodologia utilizada, de modo a permitir o direito de defesa da contratada.
Uma vez coligidas as informaes provenientes da CGTEE, da empresa SIDERSUL Produtos
Siderrgicos Ltda, e da apurao de sobrepreo levada a efeito pela Secex/RS, considero que, no atual
estgio em que se encontram os autos, ainda no h elementos suficientes que permitam o julgamento
definitivo do mrito de todas as questes ora discutidas. Por esse motivo, dada a urgncia que a situao
demanda, limito-me a examinar a possibilidade de suspenso parcial dos efeitos da medida cautelar que
determinou o bloqueio dos pagamentos relativos ao item 17 da planilha de custos do prego ora sob
enfoque.
Para melhor esclarecimento dos fatos, julgo oportuno apresentar uma sntese das principais
concluses da Unidade Tcnica acerca das ocorrncias relatadas no processo.
Releva destacar, em princpio, que o produto adquirido pela CGTEE (Tubos de ao sem costura
trefilado a frio, ponta lisa, recozido) no corresponde efetivamente ao constante do item 17 da planilha
de custos integrantes do Prego Presencial n. PR 05700039 (Tubo de caldeira sem costura laminado a
quente normalizado temperado e revinido material).
O analista responsvel pela instruo tcnica, com base em estudo acadmico realizado por tcnicos
da UNICAMP, instituio de ensino conceituada, demonstrou que o produto fornecido pela SIDERSUL
mais nobre do que o exigido no edital. Nada obstante, entendo que tal ocorrncia configura grave ofensa
ao princpio da vinculao ao instrumento convocatrio, previsto no Estatuto das Licitaes, (arts. 3 e 54,
inc. XI).
500
Cabe ressaltar que, em decorrncia desse fato, a CGTEE adquiriu o produto correspondente ao item
17 do edital pelo valor unitrio de R$ 65.000,00 por tonelada, j includo o ICMS na alquota de 17%,
conforme consta dos autos fl. 106 do vol. principal, o que totalizou o montante de R$ 896.610,00 para a
quantidade total prevista (13.794 kg). Como justificativa para o elevado preo estipulado, a empresa
alegou, dentre outros motivos, conforme consta s fls. 1.096/1.097 do anexo 3, que (i) o Tubo de Caldeira
no existia no mercado, tendo que ser produzido sob encomenda, e que (ii) a nica fabricante nacional
seria a empresa Vallourec & Mannesmann Tubes que se encontrava parada para manuteno.
Por outro lado, o documento de fl. 369 do anexo 1, demonstra que a prpria CGTEE efetuou
pesquisa de preos junto empresa Vallourec & Mannesmann Tubes para o item em questo, ocasio em
que se obteve o valor de R$ 16.050,36, na data da realizao do prego (23/06/2005). Registre-se que a
resposta da empresa, no fazia referncia a qualquer parada para manuteno.
Dessa forma, perfilho o entendimento da Unidade Tcnica no sentido de que os indcios de
sobrepreo no foram elididos. Com efeito, o valor orado pela fornecedora (R$ 16.050,36 por tonelada),
ainda que acrescidos de ICMS (alquota de 17%) e de margem de lucro (supondo-se 23%), o que
resultaria no montante de R$ 22.470,50 por tonelada, revela-se cerca de trs vezes inferior quele
efetivamente contratado (R$ 65.000,00 por tonelada).
Mais uma vez, importa ressaltar que, a despeito da constatao de que o material adquirido foi de
qualidade superior prevista, no se afigura plausvel tal substituio, por ferir a obrigatoriedade da
vinculao da proposta ao edital, preceito de fundamental importncia do Estatuto das Licitaes. Caso
houvesse real necessidade de modificar qualquer dos itens relacionados ao objeto do certame, dever-se-ia
proceder alterao tempestiva do edital, de forma a divulg-lo a todos os interessados, em respeito,
ainda, aos princpios constitucionais da isonomia e da publicidade.
Por conseguinte, reputo plausvel a proposta da Secex/RS no sentido de revogar parcialmente a
medida cautelar referente aos pagamentos do item 17 do Prego n. PR 05700039 levado a efeito pela
CGTEE, correspondente ao produto especificado no respectivo projeto bsico, comunicando-se entidade
a liberao do montante de recursos equivalente ao preo cotado junto Vallourec & Mannesmann,
devidamente acrescidos dos impostos legalmente previstos e atualizados monetariamente.
Ademais, oportuno registrar que ressai dos autos a constatao de outras falhas na conduo do
procedimento licitatrio que certamente contriburam, no seu conjunto, para a ocorrncia do sobrepreo
ora constatado, a exemplo das seguintes: (i) ausncia, no edital, de critrios de aceitabilidade de preos
unitrio e global, em desacordo com o art. 40, inc. X, da Lei n. 8.666/93; (ii) precariedade do
levantamento de preos pela contratante, aliada ausncia documentos que comprovem a efetiva
execuo de pesquisa de preos de mercado, em desacordo com o art. 43, inciso IV, da mesma Lei; e (iii)
opo pelo critrio de julgamento do tipo menor preo global, quando o mais adequado seria o de
menores preos unitrios, por conferir maior possibilidade de competio no caso vertente, em
consonncia com o disposto no art. 15, inciso IV da Lei n 8.666/93, que prev a subdiviso das
aquisies em tantas parcelas quantas necessrias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando
economicidade.
Ao final, entendo que aps a realizao de inspeo na CGTEE, devem estar coligidas todas as
informaes necessrias formulao da adequada proposta de mrito, com a anlise das ocorrncias
relatadas nos autos, inclusive, procedendo-se apurao de eventual sobrepreo tambm com relao aos
itens de nmeros 15 e 16, especificados no projeto bsico do certame ora sob enfoque (fls. 115/116), a
partir de informaes confiveis e explicitando a metodologia utilizada, com vistas a, se for o caso,
possibilitar a converso deste processo em tomada de contas especial.
Diante do exposto, acolho a proposta da Secex/RS, com os ajustes que julgo pertinentes, e VOTO
por que o Tribunal adote o Acrdo que ora submeto deliberao deste Plenrio.
TCU, Sala das Sesses, em 14 de maro de 2007.
BENJAMIN ZYMLER
Ministro-Relator
ACRDO N 364/2007 - TCU - PLENRIO
501
1. Processo TC021.989/2005-9
2. Grupo I - Classe VII Representao
3. Responsvel: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio Grande do Sul (Secex-RS)
4. Entidade: Companhia de Gerao Trmica de Energia Eltrica (CGTEE)
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: Secex-RS
8. Advogado constitudo nos autos: Hlio da Silva Campos (OAB/RS 27.003), Roberta Inocente
Magalhes (OAB/RS 60.013) e Camila Fischer Bittencourt (OAB/RS 59.169)
9. Acrdo:
VISTOS, discutidos e relatados estes autos de representao autos de representao formulada pela
Secex-RS decorrente da Informao Ouvidoria/TCU n 03240/2005, de 11/08/2005, noticiando possveis
irregularidades no Prego Presencial n. PR 05700039, ocorrido em 23/06/05, realizado pela Companhia
de Gerao Trmica de Energia Eltrica - CGTEE.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso do Plenrio, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer, com base no art. 237, inc. VII do Regimento Interno/TCU, a presente representao;
9.2. revogar parcialmente a medida cautelar referente aos pagamentos do item 17 do Prego n. PR
05700039, comunicando-se Companhia de Gerao Trmica de Energia Eltrica - CGTEE a liberao
do montante de recursos equivalente ao preo cotado junto Vallourec & Mannesmann (R$ 221.398,7),
devidamente acrescidos dos impostos legalmente previstos e atualizados monetariamente;
9.3.encaminhar os autos Secex/RS, para que, aps realizao de inspeo na CGTEE, formule a
adequada proposta de mrito quanto s ocorrncias relatadas neste processo, procedendo-se, na ocasio,
apurao de eventual sobrepreo tambm relativamente aos itens 15 e 16 da planilha de custos integrante
do projeto bsico do Prego n. PR 05700039, a partir de informaes confiveis e explicitando a
metodologia utilizada, com vistas a, se for o caso, possibilitar a converso destes autos em tomada de
contas especial.
9.4. dar cincia desta deciso Ouvidoria do TCU, em ateno ao 3 do art. 2 da Portaria TCU
n. 121/2005.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0364-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler (Relator), Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
BENJAMIN ZYMLER
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
502
503
504
atual e futuro, prolongando sua vida til a um custo de manuteno mnimo. O pavimento dimensionado
para atender a ciclos de vida de mdia durao, e a cada renovao/restaurao so direcionados para um
novo ciclo.
Nas avaliaes procedidas por esta Superintendncia por ocasio do PETSE, no se verificou
nenhum comprometimento adicional significativo que pudesse demandar nova reviso do projeto.
O agravamento ao longo do tempo se d exatamente nas partes j comprometidas e que sero, de
qualquer maneira, objeto de total remoo e restaurao, no importando, portanto se est um pouco mais
ou um pouco menos alterada.
c) concluses existentes e fundamentadas sobre a convenincia de manuteno da licitao
realizada, em funo dessas eventuais alteraes no seu objeto, ainda que com base em dados estimados e
que no haja estudos ou trabalhos que permitam a avaliao dos aspectos acima;
Dnit: Dado que a vida til do pavimento j expirou h pelo menos 8 anos, a demora gerada pela
licitao da atualizao do projeto, os trabalhos de atualizao e posterior licitao da obra gerariam risco
aos usurios e o aumento da degradao do pavimento, que a este ponto torna-se exponencial, portanto
somos favorveis assinatura deste contrato com a empresa Xingu e citamos como exemplo os contratos
TT-081/2005 na BR-476, trecho Bocaiva do Sul Atuba, com a empresa J.Malucelli e TT-080/2005, na
BR-272, trecho Campo Mouro-Goioer, com a empresa CBEMI, que foram licitados no mesmo Edital e
que com pequenas adequaes durante a execuo (que ocorrem em praticamente todos os contratos,
mesmo com projetos atualizados) atenderam plenamente reconstituio do pavimento.
d) confirmao da alterao do volume de servios a serem contratados em funo da informao
contida no Relato da DIT, de n 417/2005, Diretoria Colegiada, de que o trecho do lote 2 da licitao
realizada pelo DER/PR pelo Edital 02/99, teve um segmento de 8,4 km estadualizado em 2005, pela MP
82/2002, restando, ento, um segmento de 30,2 km para a contratao das obras de restaurao;
Dnit: Os 37.0 km que fazem parte do objeto desta obra entre Coronel Vivida e Pato Branco fazem
parte da MP-082/2002.
e) eventuais alteraes no plano geral do Dnit para restaurao de rodovias em que se inclua o
trecho ora referido;
Dnit: O Trecho em questo est includo na MP n 082/2002. Recentemente o Dnit executou, no
mesmo, obras de melhoramento atravs do PETSE. Existe contrato de conservao para o trecho que, no
entanto, encontra-se paralisado, tendo em vista a incluso na referida MP. No consta na programao do
Dnit obras de restaurao para o trecho. A Lei n 11.314, de 3 de julho de 2006, autoriza apenas at o dia
31/12/2006 a utilizao de recursos federais para executar, entre outras, obras de conservao,
recuperao e restaurao das rodovias transferidas. Assim sendo, no haver tempo suficiente para
execuo de obras de restaurao naquele trecho, ainda este ano, no h como fazer alteraes no plano
do Dnit.
f) disponibilidade de recursos oramentrios para a realizao da obra, indicando-se as dotaes
para 2006 autorizadas na LOA e os valores efetivamente disponibilizados at o momento, e, ainda, as
previses e propostas para o oramento de 2007;
Dnit: Os recursos existentes na LOA para a restaurao de rodovias federais no Estado do Paran de
2006 j foram totalmente executados, mas, existe a possibilidade de remanejamento de recursos por parte
da DIR, existem ainda recursos da ordem de R$ 15.000.000,00 no PLOA para 2007 na funcional
Restaurao de Rodovias Federais no Estado do Paran, no oferecendo dessa forma, nenhuma restrio
execuo do contrato.
g) existncia de outros motivos, que no uma eventual falta de previso no edital da licitao para a
possibilidade de ciso da empresa contratante, para a deciso do Dnit de no assinar o contrato com a
empresa Xingu Construtora Ltda.
Dnit: Desconhecemos, no mbito desta Superintendncia Regional, outros motivos para a no
assinatura do contrato em epgrafe, pelo contrrio, achamos que o atual estado da rodovia exige ao
imediata por parte do Dnit, pois temos obrigao de zelar pela segurana dos usurios e pela integridade
do patrimnio pblico.
4. ANLISE
4.1. DA RENOVAO DO PEDIDO DE CAUTELAR
505
506
9.2.1.3. o eventual contrato seja celebrado nos exatos termos previstos no edital da citada
Concorrncia e da proposta apresentada pela Tercam, vencedora do certame relativamente ao Lote 1; e
9.2.1.4. no haja outros bices legais e permanea o interesse da administrao na efetivao da
contratao; (grifo nosso)
Verificamos que o Dnit, em 1/8/2006, assinou o contrato com a empresa Camter autorizado pelo
Acrdo n 113/2006 Plenrio, e que esta Deciso se encontra sob monitoramento por parte deste
Tribunal por meio do Processo TC 022.689/2006-5.
Seguindo esse mesmo entendimento, no mbito do Acrdo n 1.517/2005 Plenrio, o Tribunal
reconheceu a possibilidade de transferncia de contrato para empresa sucessora. Ressalte-se que tal
Acrdo foi proferido diante de um caso concreto referente a contrato de obra em execuo.
Vale ressaltar que encontra-se em exame, no gabinete do Ministro Augusto Nardes, o processo TC
009.072/2006-0, relativo nova Consulta, desta vez do Ex.mo. Ministro dos Transportes Alfredo
Nascimento, tratando, em abstrato, do mesmo tema desta Representao: caso de ciso, fuso ou
incorporao de empresa contratada. O consulente considera que ainda persistem dvidas a respeito do
tema, especialmente quanto prevalncia da exigncia de previso expressa, no edital e no contrato, da
possibilidade destas alteraes empresariais.
4.3. MEDIDA PROVISRIA 082/2002
Conforme relato do Dnit, item 3, alnea d desta instruo, o trecho da BR-158/PR, objeto da
licitao ora tratada, est includo na MP n 82/2002 que repassa rodovias federais para os Estados.
No entanto, a Lei n 11.314/2006, em seu art. 19, dispe sobre a autorizao para o Dnit aplicar
recursos at dezembro de 2006 nas rodovias transferidas aos Estados no mbito desta MP.
(...)
Art. 19. Para fins de apoio transferncia definitiva do domnio da Malha Rodoviria Federal para
os Estados que estava prevista na Medida Provisria n 82, de 7 de dezembro de 2002, fica o
Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT autorizado a utilizar, at 31 de
dezembro de 2006, recursos federais para executar obras de conservao, recuperao, restaurao,
construo e sinalizao das rodovias transferidas, bem como para supervisionar e elaborar os estudos e
projetos de engenharia que se fizerem necessrios.
Ressalta-se, portanto, que, se no houver edio de nova lei autorizando uma prorrogao desse
prazo ou definindo novo perodo de investimento de verbas federais nas rodovias includas na MP n
82/2002, no haver tempo suficiente para execuo das obras de recuperao do trecho.
5. CONCLUSO
O ponto crucial da questo a previso do processo de ciso no Edital do certame licitatrio. A Lei
n 8.666/1993 dispe em seu art. 78, inciso VI, que constitui motivo para a resciso a subcontratao total
ou parcial do seu objeto, a associao do contratado com outrem, a cesso ou transferncia, total ou
parcial, bem como a fuso, ciso ou incorporao, no admitidas no edital e no contrato.
O Edital n 002/99/DER/DO-PR no fez previso possibilidade de ciso da empresa vencedora,
contrariando o primeiro dos dispositivos citados como necessrio pelo Acrdo n 1.108/2003 Plenrio.
No entanto, posteriormente e em caso concreto, o Tribunal, por meio do Acrdo n 113/2006 Plenrio,
proferiu entendimento no sentido de que a previso pode estar redigida em norma cujo Edital faa
remisso. Quanto a essa questo, tambm no presente caso concreto, a Norma CA/DNER n 212/87
integra o Edital e autoriza a ciso (Anexo 1 fl.166).
A nova Consulta sobre a questo, referente ao processo TC 009.072/2006-0, ainda no foi
apreciada. Sobre o tema existem, ento, entendimentos nos dois sentidos de anlise (Acrdos n
1.108/2003 Plenrio e n 113/2006 Plenrio). Quanto ao entendimento do Acrdo n 1.108/2003
Plenrio, resultante de processo de Consulta, consideramos que o contexto da deliberao tende para um
entendimento geral. Por outro lado, entendemos como vlido, diante de um caso concreto como o que
provocou o Acrdo n 113/2006 - Plenrio, considerar aspectos especficos e proceder uma anlise mais
apurada.
Assim sendo, partindo para a anlise do presente caso, das informaes prestadas pelo Dnit,
constantes no item 3 desta instruo, conclumos, quanto ao trecho da BR-158 em questo, que:
- continua presente o interesse da Administrao na realizao dos servios do Edital ora tratado;
507
- o trecho nunca recebeu uma interveno de maior monta e que a vida til do pavimento expirou h
pelo menos 8 anos;
- atrasos na realizao dos servios s prejudicam os usurios com a degradao do pavimento;
- esto sendo licitados, para o mesmo trecho, servios de conservao/recuperao e que estes em
nada influenciam na necessidade de restaurao;
- no existem outros motivos para a no assinatura do contrato pelo Dnit, alm da falta de previso
no Edital para a possibilidade de ciso; e
- no foram realizadas atualizaes do projeto da obra.
Alm das concluses apresentadas acima, h informaes suficientes nos autos que comprovam as
seguintes questes:
- a nova empresa efetuou registro junto ao CREA/PR, que atestou para todos os fins que houve
assuno por parte da Xingu das responsabilidades e prerrogativas em relao aos aspectos tcnicos e
econmicos necessrios para realizar os servios de restaurao referentes ao Lote 2 (ANEXO 4 fl.34);
e
- h expressa previso no correspondente protocolo de ciso no sentido de que a Xingu Construtora
Ltda. a legtima sucessora da Xingu Construtora de Obras Ltda., relativamente aos direitos advindos da
referida Concorrncia n 002/99/DER/DO-PR (Anexo 4 fl.16);
Da anlise dos autos, entendemos que a ciso promovida no acarreta prejuzo para a execuo do
contrato, desde que mantidas as condies estabelecidas no Edital e os requisitos de habilitao. Alm
disso, persiste o interesse da Administrao na execuo da obra. Um novo processo licitatrio implicaria,
consequentemente, custos desnecessrios para a Administrao. Desta forma, conclumos pela
permissibilidade da assinatura do contrato entre Dnit e a empresa Xingu quanto ao objeto da licitao
tratada nesta instruo. Ainda sobre o contrato, ser necessrio o estabelecimento de condies
especficas para sua assinatura, suficientes para a preservao dos interesses da Administrao.
Por outro lado, na medida em que a licitao foi iniciada em 2001 e que o projeto bsico no foi
elaborado pelo Dnit, essa autarquia, deve, antes, proceder a algumas avaliaes, as quais j foram objeto
de exame pelo Tribunal.
Primeiramente, com relao adequao do projeto, o significativo lapso de tempo entre sua
elaborao e a execuo dos servios implica, certamente, a reviso das condies anteriormente
levantadas e dos estudos e solues tcnicas adotadas. Nesse aspecto, devem ser observadas
determinaes do TCU, a exemplo da Deciso 767/2002-Plenrio, na qual foi determinado ao Dnit que
somente execute projetos atualizados, evitando a prtica de realizar revises durante a execuo das
obras, o que, naturalmente, traz prejuzos de diversas naturezas para a Administrao e para a sociedade.
Em segundo lugar, tem-se que a reviso do projeto da obra em exame pode produzir alteraes nas
relao internas da proposta da licitante vencedora, decorrente da alterao de quantitativos dos diversos
itens de servio. Essas alteraes no podem resultar prejuzo para a Administrao, em funo do
aumento de quantitativos de itens que tenham preos unitrios acima do mercado e da reduo de
quantitativos de itens com preos unitrios abaixo do mercado. Quanto a esse aspecto, cabe ao Dnit
observar o que j foi objeto de exame e de determinaes pelo Tribunal no Acrdo n 583/03-Plenrio,
retificado pelo Acrdo n 1.034/2003-Plenrio.
Tambm pertinente que o Dnit observe que a aprovao do projeto, revisado ou no, deve estar
condicionada verificao da adequao de preos unitrios segundo critrios prprios para isso,
conforme determinado pelo TCU nos Acrdos n 1.564/2003-Plenrio e n 1.687/2006-Plenrio, e
verificao da adequao s especificaes tcnicas de rodovias federais, especialmente em caso de ser
uma contratao iniciada por um Estado convenente, conforme expresso na Deciso n 931/2000Plenrio.
6. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Ante o exposto, submetemos os autos considerao superior, propondo preliminarmente:
6.1. indeferir o novo pedido de medida cautelar, feito pela Representante com base no art. 276 do
RITCU, uma vez que no restou caracterizada a presena do fumus boni juris;
6.2. comunicar ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes-Dnit que este Tribunal
no encontra bices a que a empresa Xingu Construtora Ltda., resultante da ciso da empresa Xingu
508
509
cominar a resciso do contrato como a conseqncia automtica para toda e qualquer infrao contratual.
Essa soluo seria mais perniciosa do que benfica.
(...)
Sempre que a Administrao pretender a resciso do contrato por inadimplemento do particular,
dever evidenciar no apenas a concretizao de uma das hipteses do art. 78. Alm de outros requisitos
(...), dever apontar o vnculo entre essa conduta e a leso ao interesse pblico. Quando o inadimplemento
for irrelevante, ou secundrio e no envolver a satisfao de deveres fundamentais, a Administrao
poder impor sanes ao particular. Mas no poder decretar a resciso.
6.4.Ao tratar de modificaes estruturais da pessoa jurdica e do prefalado art. 78 da Lei de
Licitaes, prossegue o mencionado administrativista (op. cit., p. 585) Ora, a reorganizao empresarial,
por via da fuso, ciso ou incorporao, pode frustrar o cunho personalssimo da contratao
administrativa. Mas a Administrao deve evidenciar que o evento prejudica a execuo do contrato ou
importa categoria de vcios. Ainda quando inexistir vedao expressa no instrumento convocatrio, essas
operaes de reorganizao empresarial podem acarretar a resciso do contrato se forem instrumento de
frustrao de regras disciplinadoras da licitao, o que dever ser evidenciado caso a caso.
7. No presente caso, entendo que no restou evidenciado que a ciso ocorrida na empresa TERCAM
teve por fim burlar as regras disciplinadoras da licitao nem que restou caracterizada, pelo DNIT, a leso
ao interesse pblico. Pelo contrrio, o prprio DNIT reconheceu que a empresa cindenta preenchia todos
os requisitos da empresa cindida, no tocante qualificao exigida no instrumento convocatrio. Em
acrscimo, ante os elementos trazidos luz pela Representante, h, como admitiu, de incio, o prprio
DNIT, previso para a ciso da empresa contratada, tendo em vista que a Norma CA/DNER n 212/87
parte integrante do Edital da Concorrncia bem como da minuta da avena.
6. Entendo que o exemplo anterior guarda semelhana com a situao tratada nos presentes autos,
embora eu no tenha concedido, de incio, a cautelar solicitada pela representante, por entender, sob
espeque dos esclarecimentos jungidos aos autos pela Unidade Tcnica, descaracterizado o requisito do
periculum in mora em razo de no existir risco de ineficincia de uma futura deciso de mrito.
7. No presente processo, alega a representante que o Dnit havia negado, consoante informaes
acostadas aos autos, a possibilidade de assumir contrato que supostamente deveria ter sido celebrado
junto empresa cindida. Para tanto, aquele Departamento teria considerado o Acrdo TCU n
1.108/2003 Plenrio, o qual estabelece exigncias para a assuno, entre elas, a necessidade de que a
ciso estivesse prevista no edital.
8. Para a deliberao mencionada, entendo que o Tribunal, ao enunciar que a ciso deve estar
prevista no edital, no asseverou que essa previso deve ser, via de regra, redigida a termo no prprio
edital, bastando para tanto que a documentao do certame faa remisses a normas que a permitam, o
que, decerto, evita que seja necessrio transcrever, para os instrumentos convocatrios, todos os excertos
da legislao aplicvel aos casos concretos, medida que considero invivel e contraproducente.
9. No caso em tela, tal previso no consta expressamente do edital, mas o instrumento
convocatrio traz como parte integrante a Norma CA/DNER n 212/87, esta sim com remisso acerca da
previso para a ciso da empresa contratada. Assim, entendo que no se afiguraria razovel a simples
negativa, pelo Dnit, da possibilidade de assuno de contrato pela empresa sucessora, ainda mais quando
tal assuno no se traduz, ao meu ver, em burla etapa competitiva da licitao.
10. Nesse contexto, julgo ainda que o Tribunal, para casos similares, no deve se encerrar em uma
interpretao por demais restritiva do sentido da norma ou do edital, podendo invocar, como razo para a
soluo da lide, o interesse pblico, a exemplo do brilhante Voto proferido pelo eminente Ministro
Walton Alencar Rodrigues para o Acrdo n 1.758/2003 Plenrio:
(...)
Ressalto, preliminarmente, que o edital no constitui um fim em si mesmo. Trata-se de instrumento
para a consecuo das finalidades do certame licitatrio, que so assegurar a contratao da proposta mais
vantajosa e a igualdade de oportunidade de participao dos interessados, nos precisos termos do art. 3,
caput, da Lei 8.666/93.
Assim, a interpretao e aplicao das regras nele estabelecidas deve sempre ter por norte o
atingimento das finalidades da licitao, evitando-se o apego a formalismos exagerados, irrelevantes ou
desarrazoados, que no contribuem para esse desiderato.
510
11. Ocorre que, para o novo pedido de concesso de medida cautelar apresentado, o objeto da
licitao questionada pela representante (Edital n 002/99/DER/DO-PR, que, em tese, poderia ser
assumido pela empresa resultado da ciso) diverso da concorrncia tambm sob tentativa de
impugnao pela mesma empresa (Edital n 342/2006-09, que, segundo a Xingu, envolveria rea
pertencente ao primeiro certame), consoante esclarecido pela Unidade Tcnica.
12. Sobre o tema, pertinente transcrever, mais uma vez, excerto da instruo lavrada no mbito da
1 Secex:
O objeto da licitao ora questionada a execuo, sob o regime de empreitada por preo unitrio,
dos servios de Manuteno de Rodovias Federais no Estado do Paran, subdivididos em 20 (vinte) lotes,
entre eles, o Lote 4 (vol. principal - fl. 64) que envolve a rea tratada nesta representao, trecho da BR158/PR. Ora, tal servio refere-se manuteno (conservao/recuperao) do referido trecho, enquanto
que o previsto na licitao tratada nesta representao de restaurao. Os servios de manuteno se
caracterizam pelo conjunto de medidas necessrias a se manter o estado de conservao da pista de
rolamento, como por exemplo, recapeamento de pista e tapa-buracos. J a restaurao tem por finalidade
renovar a vida til do pavimento. Neste caso, o tempo de vida do pavimento determinado em projeto j se
exauriu, o que se impe que sejam realizadas intervenes profundas na estrutura do pavimento (camadas
de base e sub-base), o que no ocorre na manuteno. Portanto, como se percebe, se tratam de servios
completamente distintos.
Alm disso, esclarecimentos prestados pelo Dnit, subitem 3 alnea a desta instruo, reforam
essa tese: ...os servios executados pelo PETSE e os constantes do certame a ser aberto so de
manuteno e que de maneira alguma interferem na necessidade de restaurao da rodovia.
Desta forma, entendemos que os possveis direitos da Xingu, tratados neste processo, no sero
prejudicados pelo andamento da licitao do Edital n 342/2006-09 lanado pelo Dnit e, portanto, no se
encontra presente o pressuposto do fumus boni juris, uma das condies essenciais para a concesso de
medida cautelar.
13. Desse modo, considerando ausente o requisito do fumus boni iuris, como tambm o periculum
in mora, o que conduz ao julgamento pela negativa do pedido de medida cautelar e pela improcedncia
da representao, julgo que o processo deve ter seu desfecho semelhana do j citado Acrdo n
116/2006 Plenrio, cabendo comunicar ao Dnit que a assuno de contrato pela empresa representante
no encontra bice junto a esta Corte de Contas, desde que atendidas certas condies especficas.
14 Quanto ao pedido de intimao dos advogados para o acompanhamento da sesso do Tribunal,
mister ressaltar que as pautas das sesses so divulgadas mediante a afixao em local prprio e acessvel
no edifcio sede do Tribunal, bem como publicadas nos rgos oficiais (Boletim do TCU e Dirio Oficial
da Unio), por onde todos podem acompanhar quais processos sero julgados, no havendo previso de
intimao pessoal dos interessados, ex vi do art. 141, 3, do Regimento Interno/TCU.
15. Por fim, perfilhando do entendimento esposado pela Unidade Tcnica sobre os demais pontos
abordados pela representante, Voto por que seja adotada a deliberao que ora submeto a este Colegiado.
TCU, Sala das Sesses em 14 de maro de 2007.
AUGUSTO NARDES
Ministro-Relator
ACRDO N 365/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n TC-017.793/2006-2 (c/ 6 anexos).
2. Grupo: I, Classe de Assunto: VII Representao.
3. Interessada: Xingu Construtora Ltda., CNPJ 01.200.422/0001-73
4. Entidade: Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes Dnit.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: 1 Secex.
511
8. Advogados constitudos nos autos: Egon Bockmann Moreira, OAB/PR 14.376; Andreia Cristina
Bagatin, OAB/PR 33.081; e Bernardo Strobel Guimares, OAB/PR 32.838.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Representao formulada pela empresa Xingu
Construtora Ltda., acerca de possveis irregularidades na aplicao da Lei n 8.666/1993 pelo Dnit, no
mbito de procedimentos licitatrios,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente Representao, uma vez que atende os requisitos de admissibilidade
estabelecidos no art. 113, 1o, da Lei n 8.666/1993, c/c os arts. 235, caput e pargrafo nico, e 237,
inciso VII, do Regimento Interno/TCU, para, no mrito, consider-la improcedente;
9.2. indeferir o pedido de medida cautelar feito pela Representante, por ausncia dos pressupostos
bsicos para a sua concesso;
9.3. comunicar ao Dnit que este Tribunal no encontra bices a que a empresa Xingu Construtora
Ltda., resultante da ciso da empresa Xingu Construtora de Obras Ltda., venha a celebrar o contrato
resultante da licitao n 002/99/DER/DO-PR, Lote 2, desde que atendidas as seguintes condies:
9.3.1. no processo de contratao, reste efetivamente comprovado o atendimento, pela Xingu
Construtora Ltda., de todas as condies de habilitao e qualificao previstas no Edital licitatrio;
9.3.2. o eventual contrato seja celebrado nos termos previstos no Edital da citada concorrncia;
9.3.3. seja revisado o projeto da obra, verificando-se, inclusive, a conformidade com as
especificaes tcnicas de rodovias federais;
9.3.4. a reviso acima no produza alterao significativa no objeto da licitao realizada, bem
como no resulte prejuzo para Administrao em funo do aumento de quantitativos de itens que
tenham preos unitrios acima do mercado e da reduo de quantitativos de itens com preos unitrios
abaixo do mercado, levando em considerao as determinaes do Acrdo n 583/03-Plenrio, retificado
pelo Acrdo n 1.034/03-Plenrio;
9.3.5. haja previso legal para a aplicao de recursos federais em trechos includos na MP 82/02;
9.3.6. no haja outros bices legais e prevalea o interesse da administrao na efetivao da
contratao;
9.3.7. comunique previamente ao TCU uma eventual assinatura do contrato, informando eventuais
alteraes de quantitativos promovidos, bem como os respectivos reflexos financeiros;
9.4. dar cincia desta Deliberao ao Dnit e Representante;
9.5. arquivar os presentes autos.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0365-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator) e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
AUGUSTO NARDES
Relator
512
TC-024.635/2006-3.
Natureza: Representao.
Entidade: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes Dnit.
Interessada: Cetest Braslia Ltda., CNPJ 24.887.457/0001-28.
Advogado constitudo nos autos: no h.
SUMRIO: REPRESENTAO COM FULCRO NO 1o DO ART. 113 DA LEI N 8.666/1993.
POSSVEIS IRREGULARIDADES EM CERTAME LICITATRIO. PEDIDO DE CONCESSO DE
MEDIDA CAUTELAR. CONHECIMENTO. IMPROCEDNCIA DOS ARGUMENTOS DA
REPRESENTANTE EM FACE DA DOCUMENTAO APRESENTADA PELA ENTIDADE E
DEMAIS LICITANTES. NO-COMPROVAO DOS PRESSUPOSTOS BSICOS PARA A
CONCESSO DA CAUTELAR. INDEFERIMENTO. ARQUIVAMENTO.
RELATRIO
Adoto como Relatrio a bem lanada instruo de fls. 184/191, da lavra da Analista Rosa Virgnia
da Silva Rgo, aprovada de modo uniforme no mbito da 1 Secex, a seguir transcrita com os devidos
ajustes de forma:
1. Introduo
Trata-se de Representao formulada pela Cetest Braslia Condicionamento de Ar Ltda. (Cetest),
com pedido de medida cautelar, referente a irregularidades constatadas na fase de habilitao da
Concorrncia n 135/2006, Processo DNIT n 50600.001163/2005-31.
Inicialmente, merece registro que o presente processo preenche todos os requisitos de
admissibilidade dispostos no art. 237, inciso VII e pargrafo nico do Regimento Interno do Tribunal de
Contas da Unio RITCU, c/c o art. 113, 1 da Lei 8.666/93, razo pela qual deve ser conhecido como
Representao.
2. Histrico
Em 25/5/2006, o DNIT publicou regularmente no Dirio Oficial da Unio (DOU) o Aviso de
Licitao da Concorrncia n 135/2006. Essa Concorrncia tem como objetivo a contratao de empresa
especializada para a execuo dos servios de engenharia referentes a assistncia tcnica, operao,
implantao, remanejamento, manuteno preventiva e corretiva das instalaes dos equipamentos e
redes do Sistema de Ar Condicionado, Ventilao e Exausto, com fornecimento de toda a mo-de-obra
especializada, todos os materiais e ferramentas necessrios para execuo dos servios propostos, no
Edifcio Sede do DNIT em Braslia/DF.
A anlise e julgamento dos documentos de habilitao da referida concorrncia foram realizados no
dia 22/9/2006. Ao analisar a documentao, a Comisso de Licitao concluiu pela habilitao das
empresas Cetest Braslia Ltda., Termoeste S/A (Termoeste) e Plo Engenharia Ltda. (Plo), bem como
pela inabilitao das empresas Entherm Ltda. e Almeida e Frana Eng. Ltda.
Diante do resultado da habilitao, a CETEST impetrou recurso administrativo perante o DNIT,
relacionando os itens do Edital que tinham sido descumpridos nesta fase da licitao pelas empresas
Termoeste e Plo. A Comisso de Licitao, embora tenha reconhecido descumprimento de alguns itens
do Edital, manteve o resultado da habilitao.
Tendo conhecimento do recurso, a empresa Plo encaminhou ao DNIT relatrio contemplando as
contra-razes para as alegaes da CETEST. O texto desse relatrio foi disponibilizado no site daquele
rgo, cuja cpia se encontra acostada aos autos s fls. 120/132.
3. Anlise Preliminar
Devido solicitao de medida cautelar presente neste processo, realizamos uma pesquisa no
intuito de verificar a situao atual da licitao referente ao Edital 135/2006. Identificamos que a
Concorrncia se encontra em sua fase de apresentao de propostas e que o DNIT, aps o recurso
impetrado pela CETEST, adiou esta etapa antes prevista para o dia 24/10/2006, e informou que ainda ser
publicado no DOU uma nova convocao para este fim.
513
Diante disso, no intuito de obter informaes importantes para o entendimento da questo, entramos
em contato com a Comisso de Licitao do DNIT e solicitamos esclarecimentos adicionais e
documentos comprobatrios das situaes levantadas pela CETEST.
Vale ressaltar que, embora exista determinao da Segecex-TCU no sentido de agilizar o
encaminhamento de representaes com pedido de cautelar, esta 1 Secex, diante da atual fase em que se
encontra o referido processo licitatrio, vislumbrou possibilidades concretas de improcedncia da
Representao com anlise de mrito concomitante anlise dos pressupostos bsicos para concesso de
medida cautelar. Alm disso, durante toda a fase de anlise e instruo desta Representao, o andamento
da licitao foi monitorada por parte desta 1a. Secex.
3.1. Alegaes da Cetest
As alegaes apresentadas pela Cetest, informando que as empresas descumpriram diversas
exigncias do Edital, esto relacionadas abaixo, juntamente com os esclarecimentos prestados pelo Dnit e
pela empresa Plo, alm de anlise desta instruo:
3.1.1. Clusula 13.4 do Edital: todos os volumes devero ser apresentados em formato A4,
preferencialmente em espiral contnua, com todas as folhas rubricadas e numeradas, em ordem crescente,
nas quais dever constar ainda, no canto superior direito, o N do Processo Administrativo desta licitao,
apresentando ao final um termo de encerramento, declarando obrigatoriamente o n de folhas que o
compem, devendo conter na capa a titulao do contedo, o nome do licitante, o nmero do Edital e o
objeto da licitao
Cetest:
As empresas Termoeste e Plo no cumpriram esta exigncia.
Plo:
Assim se manifestou a empresa Plo (fl. 122): A desconformidade ensejadora da inabilitao de
uma empresa deve ser substancial e lesiva administrao ou aos outros licitantes, pois um simples lapso
de redao, ou uma falha incua na interpretao do edital, no deve propiciar a rejeio sumria da
documentao. Aplica-se aqui a regra universal do utile per inutile non vitiatur, que no direito francs
resumiu no pas de nulit sans grief. Melhor ser que se aprecie uma proposta (documentao) sofrvel na
apresentao, mas vantajosa no contedo, do que desclassific-la ou inabilit-la por rigorismo formal
inconsentneo com o carter competitivo da licitao. (in Licitao e Contrato Administrativo, 10a.
edio, Ed. RT, 1991, pg.142).
DNIT:
A ausncia de rubrica e apresentao em papel diferente do sugerido, assim como do termo do
encerramento, no pode constituir em motivo para a inabilitao do licitante, uma vez que a forma no
deve se sobrepor ao contedo.
Anlise:
Concordamos com o entendimento do DNIT e da empresa Plo. Sabe-se que as disposies
expressas no Edital devem ser seguidas pelos licitantes face ao princpio da vinculao ao instrumento
convocatrio; porm, inabilitar as empresas Termoeste e Plo, que apresentaram a documentao sem
observar a forma, seria excesso de rigor. Tal apego ao formalismo poderia trazer prejuzos para a
Administrao, uma vez que as empresas, continuando presentes no processo licitatrio, podero
apresentar a proposta mais vantajosa.
Nesse mesmo sentido, este Tribunal vem adotando entendimento no sentido de relevar falhas e
impropriedades formais dessa natureza em processos licitatrios (Deciso 17/2001 - Plenrio, Ata 2/2001,
Deciso 681/2000 - Plenrio, Ata 33/2000, Acrdo 1758/2003 Plenrio, Ata 46/2003):
Acrdo 1758/2003 Plenrio
(...)
Ressalto, preliminarmente, que o edital no constitui um fim em si mesmo. Trata-se de instrumento
para a consecuo das finalidades do certame licitatrio, que so assegurar a contratao da proposta mais
vantajosa e a igualdade de oportunidade de participao dos interessados, nos precisos termos do art. 3,
caput, da Lei 8.666/93.
Assim, a interpretao e aplicao das regras nele estabelecidas deve sempre ter por norte o
atingimento das finalidades da licitao, evitando-se o apego a formalismos exagerados, irrelevantes ou
desarrazoados, que no contribuem para esse desiderato.
514
3.1.2. Clusula 14.5.8 do Edital: o licitante dever comprovar, no dia da apresentao da (s)
proposta (s), possuir capital social integralizado mnimo de valor igual ou superior a 10% (dez por cento)
do valor estimado para o servio. Para fins de comprovao, o licitante dever apresentar cpia
autenticada da ltima ata de alterao do capital, devidamente registrada na Junta Comercial.
Cetest:
A empresa Plo no apresentou cpia autenticada da ltima ata de alterao do Capital Social
devidamente registrado na Junta Comercial.
Plo:
Assim se manifestou a empresa Plo (fl. 128): Tambm no se justifica a alegada falta de
comprovao do contrato social autenticado, sendo que o representante da impugnante apresentou a via
original para cincia da comisso de licitao para que assim procedesse autenticao no momento. A
empresa possui um capital social de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), quase 7 vezes o valor do capital
exigido na licitao e no poder ser inabilitada por tal motivo, portanto, tambm se afigura como medida
ilegal o intento da recorrente que pretende alijar do certame uma empresa que atendeu satisfatoriamente o
edital.
DNIT:
O DNIT encaminhou ao TCU cpia da pgina de consulta ao SICAF referente empresa Plo (fl.
144). Segundo o DNIT (fl. 134), no haveria necessidade de apresentao do capital social integralizado
uma vez que os ndices apresentados no balano constante de consulta ao Sistema de Cadastramento
Unificado de Fornecedores (SICAF) so maiores que 1 (um). Tal exigncia ocorre quando no alcanados
ndices satisfatrios no balano da empresa.
Alm disso, o DNIT encaminhou ao TCU cpia da 13 Alterao Contratual da referida empresa
(fls. 145/150) com carimbo de CONFERE COM O ORIGINAL e assinatura do Chefe da Comisso de
Licitao.
Anlise:
O SICAF tem como finalidade cadastrar e habilitar parcialmente pessoas fsicas ou jurdicas
interessadas em participar de licitaes realizadas por rgos/entidades do Poder Executivo Federal, bem
como acompanhar o desempenho dos fornecimentos contratados.
Quanto qualificao econmico-financeira, o Edital prev no item 14.5 (fl. 39) que os licitantes
que optarem por prestar informaes pelo Sistema tero sua boa situao financeira avaliada pelo SICAF.
Alm disso, a IN MARE n 5 de 21 de julho de 1995, que normatiza os procedimentos destinados
implantao e operacionalizao do SICAF estabelece:
Item 7
V a comprovao de boa situao financeira de empresa oriunda de localidade onde o SICAF no
tenha sido implantado, ser baseada na obteno de ndices de Liquidez Geral (LG), Solvncia Geral (SG)
e Liquidez Corrente (LC), resultantes da aplicao das frmulas:
(...)
VI o fornecedor registrado no SICAF tem sua boa situao financeira avaliada, automaticamente
pelo Sistema, com base nas frmulas destacadas pelo subitem antecedente.
Item 7.2.
As empresas que apresentarem resultado igual ou menor do que 1 (um) em qualquer dos ndices
referidos no inciso V, quando de suas habilitaes devero comprovar, considerados os riscos para
administrao e, a critrio da autoridade competente, o capital mnimo ou patrimnio lquido mnimo, na
forma dos 2 e 3, do artigo 31, da Lei n 8.666/1993, como exigncia imprescindvel para sua
Classificao podendo, ainda, ser solicitada prestao de garantia na forma do 1, do artigo 56, do
mesmo diploma legal, para fins de contratao. (grifo nosso)
Entendemos que a empresa Plo no apresentou cpia autenticada da ltima ata de alterao do
Capital Social devidamente registrado na Junta Comercial, porm apresentou uma cpia que foi conferida
com a original pela Comisso de Licitao e teve sua autenticidade registrada por funcionrio habilitado
pelo DNIT, qual seja o Chefe da Assessoria de Cadastro e Licitaes. A exemplo da irregularidade
apresentada no item 3.1.1, entendemos que a Comisso agiu em prol da Administrao ao evitar o
rigorismo formal de exigir uma cpia autenticada quando poderia, por si s, como o fez, autenticar a
cpia apresentada pela empresa Plo.
515
Alm disso, a documentao da consulta ao SICAF comprova que a Plo apresentava, poca da
abertura dos envelopes de habilitao, os ndices mencionados na IN MARE n 5 de 21/7/1995,
dispensando a exigncia da cpia autenticada mencionada na clusula 14.5.8 do Edital. Tal Instruo
Normativa foi arrolada pelo Edital, no captulo II, como vinculada Licitao e ao Contrato (fl. 51).
3.1.3. Clusula 14.6.2 do Edital, que exige Carta da Empresa Licitante, claramente afirmando: que
executar os servios de acordo com o Projeto e as especificaes fornecidas pelo DNIT, s quais alocar
todos os equipamentos, pessoal tcnico especializado e materiais necessrios, e que tomar todas as
medidas para assegurar um controle de qualidade adequado.
Cetest:
A empresa Plo no apresentou as declaraes exigidas, quais sejam: Disponibilidade, Qualidade
das Peas e Atendimento s Normas da ABNT e de Compromisso.
Plo:
Assim se manifestou a empresa Plo (fl. 131): Na verdade, o item 14.6.2 traz a exigncia de
diversas declaraes, mas no deixa claro se tais declaraes deveriam ser feitas separadas ou em
conjunto. Observa-se exausto o cumprimento destas clusulas pela impugnante que declarou
conjuntamente tal qual o edital requereu. Portanto, o que procura a recorrente assemelhado a uma
verdadeira forada de barra ou juz esperniand com o intuito de tumultuar a licitao e inabilitar um
concorrente que ela sabe que pratica preos sobejamente competitivos e que devero ser os menores e
mais vantajosos.
DNIT:
As declaraes supostamente ausentes esto acostadas s fls. 63/64 da proposta da empresa.
Anlise:
Solicitamos ao DNIT esclarecimentos quanto ao item questionado pela Cetest. O DNIT ento, por
sua vez, encaminhou ao Tribunal a cpia da Carta de Declaraes, que se encontra acostada aos autos s
fls. 138 e 142, no intuito de comprovar a regularidade do procedimento licitatrio. Verificamos que, na
referida carta, a empresa Plo faz as declaraes exigidas, cumprindo assim as exigncias da clusula
14.6.2 do Edital ora tratado.
3.1.4. Cetest: As empresas Termoeste e Plo no cumpriram exigncia do Projeto Bsico. Ambas
no cumpriram etapa intrinsecamente relacionada aos servios, ao deixarem de se ocupar da formulao
de tabela de atendimento s unidades que compem os sistemas, que so em quantidades e tipos bastante
significativos. Como se poder constatar, o Edital exigia que os certamistas deveriam fornecer
cronograma de manuteno preventiva para toda a rede de equipamentos implantados, item 4.2.1 do
Projeto Bsico, o que no ocorreu.
DNIT:
A apresentao de cronograma de manuteno exigvel da empresa contratada.
Anlise:
Uma anlise do contedo do Edital, item referente s Instrues aos Licitantes para Apresentao
das Propostas do Edital, fls. 31/50, nos mostra que o referido cronograma no faz parte dos envelopes 1 e
2 que contemplam a documentao de habilitao, mas sim da etapa de qualificao tcnica para a
empresa contratada definida no Projeto Bsico (fl. 56). Neste caso, entendemos como correta a alegao
do DNIT e como suficiente para afastar a irregularidade da fase de habilitao quanto ao aspecto tratado
neste item.
3.1.5. Cetest: A Termoeste, ao apresentar sua documentao habilitatria, ora o faz em relao sua
matriz, ora com sua filial. Ao aceitar tais documentos, o DNIT estaria violando o princpio da isonomia,
estabelecendo critrio discriminatrio na anlise dos documentos, sobretudo quando a licitao est sendo
realizada no Distrito Federal e pelo fato de que no caberia licitante fazer escolha dos documentos
apresentados (matriz/filial). A documentao apresentada deveria ser afeta ao CNPJ registrado no SICAF
como participante da licitao.
DNIT:
Os atestados da Matriz podem ser apresentados em favor de sua filial. De outra forma, qual seria o
interesse de uma empresa em abrir filiais em outras regies, sabendo que no detm capacidade tcnica e,
portanto, impossibilitada de participar, em igualdade de condies, com as demais empresas j ali
instaladas. O argumento da recorrente contraria a lgica do mercado.
516
Anlise:
Numa pesquisa a diversos editais (DNIT n 283/03-18, TRT 11a. Regio n 135/2004, Secretaria da
Receita Federal 8 Regio n 2/2006, Ministrio das Comunicaes n 2/2006, BNDES n 2/2006, DNIT
n 98/2005), inclusive do prprio DNIT, observamos que comum a presena de clusula que restringe a
apresentao de atestados e de documentos apenas para matriz ou apenas para filial, e mesmo nesses
casos de restrio, tais editais ainda permitem que atestados de capacidade tcnica e de responsabilidade
tcnica sejam apresentados em nome e com CNPJ da matriz e/ou da filial, como exemplificamos abaixo:
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES PREGO
ELETRNICO - EDITAL N 98/2005
(...)
10.3 - Sob pena de inabilitao, todos os documentos apresentados para habilitao devero estar:
10.3.1 - em nome da licitante, com nmero do CNPJ e, preferencialmente, com o endereo
respectivo:
a) se a licitante for a matriz, todos os documentos devero estar em nome da matriz; ou
b) se a licitante for a filial, todos os documentos devero estar em nome da filial, exceto aqueles
documentos que, pela prpria natureza, comprovadamente, forem emitidos somente em nome da matriz e
os atestados de capacidade tcnica que podem ser apresentados em nome e CNPJ da matriz e/ou em nome
e CNPJ da filial;
Ressalta-se que esta restrio no foi imposta pelo Edital ora analisado, o que representa uma
permissibilidade por parte do instrumento convocatrio. Entendemos que a opo pela permisso de
apresentao de atestados e documentos da matriz e filial adotada pela Comisso de Licitao no fere o
Princpio da Isonomia no processo licitatrio, uma vez que tal concesso foi vlida para todos os
participantes do certame, no representando uma restrio ao carter competitivo do referido processo.
Na sesso pblica de entrega da documentao de habilitao, todas as empresas participantes
optaram por ter sua condio de habilitao parcial examinada mediante o SICAF. A Comisso de
Licitao verificou o cadastro e regularidade junto ao referido sistema e atestou que todas as empresas
estavam cadastradas e regulares, dentre elas a Termoeste (fl. 117).
Sabe-se, por meio de documentos apresentados pelo DNIT, que a empresa Termoeste habilitou-se
no certame por meio do CNPJ n 02.216.521/0004-59 (filial), e que est devidamente cadastrada no
SICAF (fl. 136) com domiclio fiscal em Braslia e apresentando a seguinte situao: documentao
obrigatria vlida e habilitao parcial vlida.
Ter passado pelo crivo do SICAF, em seu processo de habilitao parcial, implica ter tido a
certificao dos seguintes documentos de cadastramento: Cdula de Identidade e CPF dos atuais
diretores, Ata de eleio dos administradores registrada na Junta Comercial, Demonstrao Contbil do
ltimo exerccio, Certido Negativa de Pedido de Falncia/Concordata, Prova de Quitao com a Fazenda
Estadual, Prova de Quitao com a Fazenda Municipal, Certido Negativa de FGTS, Certido Negativa
do INSS, Prova de Quitao com a Fazenda Federal, Inscrio no CNPJ, Registro ou Inscrio na
Entidade de Classe Competente e Estatuto arquivado na Junta Comercial (fl. 181).
Alm disso, o Atestado de Capacidade Tcnica apresentado pela Termoeste (fls. 172/175) refere-se
a servios realizados em edifcio de propriedade do STJ, em Braslia, mesma cidade onde tambm sero
realizados os servios indicados no objeto da licitao do DNIT. Os servios atestados pelo STJ foram
regularmente certificados pelo CREA-DF (fls. 182/183), rgo com atuao em Braslia e responsvel
pela fiscalizao da atividade profissional. Neste caso, a pretenso da impugnante mais serviria para
restringir o nmero de concorrentes do que para assegurar a capacidade necessria ao cumprimento do
objeto licitado.
Por isso, conclumos como correto o procedimento da Comisso de Licitao quanto ao aceite de
tais documentos, uma vez que no foi definida restrio por parte do instrumento convocatrio e que a
permisso alcanou todos os participantes da licitao.
3.1.6. Cetest: As empresas Plo e Termoeste apresentaram Atestados de Capacitao Tcnica
fornecidos pelo mesmo rgo, o Superior Tribunal de Justia STJ, porm relacionados a centrfugas de
diferentes capacidades. Tal fato levanta dvida acerca da regularidade do que foi atestado para ambas as
empresas e se tais documentos poderiam ser aceitos pela Comisso de Licitao.
517
518
propostas, divulgao do resultado, novo prazo recursal, homologao e adjudicao, todas antes da
assinatura do contrato. Consideramos, ento, haver tempo suficiente para uma anlise mais detalhada das
alegaes da Cetest, situao que, a princpio, no caracteriza a presena do periculum in mora.
Alm disso, da anlise preliminar das alegaes da Cetest, verificamos que, alm da admissibilidade
de medida cautelar, h a possibilidade concreta de se apreciar desde j o mrito da questo.
5. Concluso
Conclui-se, portanto, que no h justificativa para a concesso de medida cautelar por no se
encontrarem presentes os fundamentos do periculum in mora e do fumus boni iuris.
Quanto aos direitos da Representante, os pontos levantados no presente caso foram objeto de uma
anlise mais aprofundada por parte desta Corte de Contas, visando sanar dvidas e firmar melhor
entendimento quanto ao processo em exame. As supostas irregularidades na conduo da fase de
habilitao do referido Edital, informadas pela CETEST, foram afastadas pelos esclarecimentos prestados
e documentos comprobatrios apresentados pelo DNIT.
Um dos objetivos da Licitao fazer com que o maior nmero de participantes seja habilitado,
possibilitando, ao final de todo processo licitatrio, a obteno de bens e servios adequados aos
interesses da Administrao. A existncia de um defeito mnimo ou de uma falha formal de pouca
relevncia no deve ser considerada como fator de excluso do licitante. Dessa forma, conclumos que a
habilitao das empresas Termoeste e Plo, quanto aos pontos levantados pela CETEST no subitem 3.1
desta instruo, foi medida corretamente adotada pela Comisso de Licitao do DNIT.
6. Proposta de Encaminhamento
Ante o exposto, submetemos os autos considerao superior, propondo:
6.1. conhecer da Representao por preencher todos os requisitos de admissibilidade dispostos no
art. 237, inciso VII e pargrafo nico do Regimento Interno do Tribunal de Contas da Unio RITCU,
c/c o art. 113, 1 da Lei 8.666/93;
6.2. indeferir o pedido de medida cautelar feito pela Representante com base no art. 276 do RITCU,
uma vez que no restou caracterizada as presenas dos requisitos concernentes ao fumus boni iuris e ao
periculum in mora;
6.3. considerar improcedente a presente Representao; e
6.4. enviar Representante, para conhecimento, cpia da Deciso que vier a ser proferida nos
presentes autos.
o Relatrio.
VOTO
A Representao pode ser conhecida por este Tribunal, eis que as peas iniciais atendem os
requisitos de admissibilidade estabelecidos no art. 113, 1o, da Lei n 8.666/1993, c/c o art. 235, caput e
pargrafo nico, e 237, inciso VII, do Regimento Interno/TCU.
2. Quanto ao mrito, verifico que a 1 Secex abordou, com propriedade e percucincia, em seu
minudente parecer, cujos fundamentos incorporo desde j a estas razes de decidir, todas as preliminares
e argumentos aduzidos pela Representante, exaurindo a anlise da matria.
3. Nada obstante, valendo-me do carter pedaggico que deve ser conferido s deliberaes desta E.
Corte de Contas, entendo pertinente o reforo dos seguintes esclarecimentos.
4. Com efeito, os documentos coligidos aos autos e as razes apresentadas pelo Dnit e pelos demais
licitantes, referentes conduo da fase de habilitao da Concorrncia n 135/2006, permitem concluir
pela ausncia de dolo ou m-f e pela inexistncia de irregularidade a macular o procedimento licitatrio.
5. De fato, foram identificados apenas erros de ordem formal, sem maiores conseqncias para o
objetivo do certame e para a Administrao. Nesse sentir, entendo que desclassificar licitantes por conta
de erro material na apresentao da proposta e da documentao exigida constituiria excesso de rigor,
alm de ferir os princpios da competitividade, proporcionalidade e razoabilidade. De modo contrrio,
estaria a Comisso de Licitao alijando de participar do certame empresa que poderia ofertar a proposta
mais vantajosa.
6. Tambm no vislumbro quebra de isonomia no certame tampouco inobservncia ao princpio da
vinculao ao instrumento convocatrio. Como j destacado no parecer transcrito no relatrio precedente,
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o edital no constitui um fim em si mesmo, mas um instrumento que objetiva assegurar a contratao da
proposta mais vantajosa para a Administrao e a igualdade de participao dos interessados.
7. Sem embargo, as normas disciplinadoras da licitao devem sempre ser interpretadas em favor da
ampliao da disputa entre os interessados, desde que no comprometam o interesse da Administrao, a
finalidade e a segurana da contratao.
8. Com essas consideraes, perfilhando do entendimento esposado pela Unidade Tcnica, julgo
improcedente a Representao e entendo descaracterizados o periculum in mora e fumus boni iuris,
pressupostos bsicos para a adoo da medida prevista no art. 276, caput, do RI/TCU, requerida pela
empresa Cetest, razes pelas quais deve ser negado o pedido de cautelar, bem assim arquivados os
presentes autos.
Ante o exposto, Voto por que seja adotada a deliberao que ora submeto a este Colegiado.
TCU, Sala das Sesses em 14 de maro de 2007.
AUGUSTO NARDES
Ministro-Relator
ACRDO N 366/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n TC-024.635/2006-3.
2. Grupo: I, Classe de Assunto: VII Representao.
3. Interessada: Cetest Braslia Ltda., CNPJ 24.887.457/0001-28.
4. Entidade: Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes Dnit.
5. Relator: Ministro Augusto Nardes.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade Tcnica: 1 Secex.
8. Advogados constitudos nos autos: no h.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Representao formulada pela empresa Cetest
Braslia Ltda. acerca de possveis irregularidades no processamento da fase de habilitao da
Concorrncia n 135/2006, promovido pelo Dnit,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da presente Representao, uma vez que atende os requisitos de admissibilidade
estabelecidos no art. 113, 1o, da Lei n 8.666/1993, c/c os arts. 235, caput e pargrafo nico, e 237,
inciso VII, do Regimento Interno/TCU, para, no mrito, consider-la improcedente;
9.2. indeferir o pedido de medida cautelar feito pela Representante;
9.3. dar cincia desta deliberao Representante, enviando-lhe cpia do presente deliberao,
acompanhada do Relatrio e Voto que a fundamentam;
9.4. arquivar os presentes autos.
10. Ata n 9/2007 Plenrio
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0366-09/07-P
13. Especificao do qurum:
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes (Relator) e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
AUGUSTO NARDES
520
Presidente
Relator
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
521
ao Convnio n. 08/1997 s ocorreu em abril de 1998) e o governo estadual s poderia dispor de novos
recursos ao desenvolvimento das aes sanitrias se aplicasse os que havia recebido at agosto de 1998,
consoante interpretao que d transcrio do expediente do Secretrio de Defesa Agropecurio fl.
824, v. 4. Esse argumento da premncia da aplicao repetido em manifestao anterior constante dos
autos, fl. 629, v. 3, ocasio em que esclarece seu entendimento sobre a garantia representada pelos
veculos locados para o adiantamento concedido.
Colocados nesses termos, parece no subsistir sustentabilidade jurdica aos argumentos produzidos
pelo responsvel para afastar a irregularidade que lhe pesa. A vedao ao pagamento adiantado um
ditame j consagrado pelo direito pblico-financeiro, no somente por constar do estatuto das licitaes e
contratos (...), mas tambm por se constituir em norma geral dos oramentos pblicos (Lei n. 4.320/1964,
arts. 62 e 63). Dessa feita, no pode uma simples circunstncia administrativa prejuzo na expectativa de
recebimento de novos recursos ter o condo de atenuar a imperatividade da norma, mesmo porque os
termos aditivos ao convnio em referncia estenderam seu prazo de validade at fevereiro de 1999, fl.
630, v. 3, deixando uma certa estranheza ao comentado prazo fatal, agosto de 1998, para a aplicao dos
recursos. Quanto alegao de que os veculos locados serviriam de garantia ao adiantamento, tambm
no h condies de aceitar a justificativa, no s porque no est contemplada essa especfica
modalidade compensatria restrio legal, mas tambm porque os bens locados no se prestam a uma
destinao alheia aos seus especficos fins contratuais.
5. Assim, a unidade tcnica sugere conhecer da Representao para, no mrito, consider-la
parcialmente procedente e aplicar multa ao responsvel com base no art. 58, inciso II, da Lei n.
8.443/1992, alm de autorizar a cobrana judicial da dvida, dar conhecimento ao representante da
deliberao a ser proferida e encerrar o processo (fls. 830/832, v. 4).
6. Por meio do Despacho de fl. 833, v. 4, considerando os aspectos constantes da Ao de
Improbidade Administrativa n. 2003.35.00.022014-1, instaurada pelo Ministrio Pblico Federal (fls.
802/812, v. 3), e com o objetivo de apurar eventual dano ao Errio, determinei, preliminarmente,
Secex/GO que adotasse as providncias pertinentes para verificar se os valores pagos pela Celg Centrais
Eltricas de Gois S/A e pela Saneago Saneamento de Gois S/A em ajustes com objeto semelhante
prestaram-se a custear o aluguel de veculos de mesmo porte/caractersticas daqueles locados pelo Igap,
bem assim se os contratos em questo foram assinados nas mesmas condies daquele que constitui o
presente processo.
7. Realizadas novas diligncias, segundo proposto nas instrues de fls. 835/836 e 876, v. 4, a
unidade tcnica empreendeu, inicialmente, resumo das suas manifestaes anteriores quanto questo do
preo do contrato em tela, conforme se segue (fls. 1.649/1.651, v. 8),:
Primeira instruo:
3. Naquela anlise, deixando de cotejar a investigao que se apresenta nos autos, relativa ao
rastreamento financeiro dos recursos que aproveitaram empresa contratada, por delinear-se temtica
alheia competncia desta Corte e levando em conta que a contratao se deu mediante concorrncia
pblica sobre a qual os autos no ofereceram indcios de fraude, foram apreciadas duas vertentes que
orientariam o esclarecimento desta representao no mbito do TCU.
4. A primeira sobre o preo do contrato: a) envolvendo indcios de que o preo do aluguel
praticado era mais do que o bastante para a aquisio dos veculos, porm, em contrapartida havia
restries legais para o processamento desta aquisio; b) envolvendo a ajustabilidade dos valores
contratados ao preo de mercado para a locao de veculos, de um lado, a afirmao da ocorrncia de
superfaturamento diante da comparao do contrato promovido pelo Igap com similares de empresas
estaduais (Saneago e Celg), de outro, a afirmao de entidade de classe que acaba favorecendo a
legitimidade dos preos da Loccar (8% sobre o preo de venda do veculo mais barato do quadro
comparativo de fl. 472, v. 2, que tornaria o aluguel de 15 veculos durante 24 meses mais caro do que o
efetivamente pago).
5. A outra vertente diz respeito legalidade da execuo contratual. Afastado o prejuzo do vcio
formal ao se estipular uma vigncia de 24 meses, embora contrariando a norma que diz 12 meses, pelo
fato de no se desconstituir a natureza contnua do servio contratado, cujo desempenho na prtica durou
24 meses, ficou demonstrada a ostensiva violao legal decorrente da antecipao de pagamentos, que
522
vedada, tanto por meio do estatuto de licitaes e contratos, quanto pelo disciplinamento da contabilidade
estatal.
Segunda instruo:
8. Sendo a primeira (vertente investigativa) a respeito dos preos praticados, a resposta pergunta
se dava para compr-los, por que alug-los a um custo bem superior? j se encontrava nos autos, (...)
quando a Delegacia Federal de Agricultura em Gois DFA/GO esclareceu sobre a impossibilidade do
procedimento, ante o carter vinculativo dos crditos oramentrios. Como o referido contrato integra o
objeto do Convnio n. 008/1997, firmado entre o Ministrio da Agricultura e o Igap, os gestores estaduais
j haviam solicitado ao rgo (...) adquirir os veculos, sendo informados que os recursos envolvidos
tinham como rubrica a contratao de servios de terceiros, inviabilizando-se, desse modo, a realizao
de investimento. A resposta diligncia que se seguiu (fl. 606, v. 3) confirmou tal circunstncia.
9. Superada essa especfica questo, ponderou-se sobre a compatibilidade dos preos de locao
com os padres de mercado. Considerando (...) um valor mensal por veculo de R$ 2.945,00, atestado
pelas notas fiscais (fl. 514, v. 2), (...) comparando esse valor com o custo mdio de locao noticiado pela
Associao Brasileira das Locadoras de Automveis ABLA (fl. 496, v. 2), que para esse tipo de servio
varia entre 8% a 10% do valor do veculo novo e aplicando o ndice no seu limite inferior (8%) ao veculo
mais barato (S-10 cabine dupla) do quadro (fl. 477, v. 2), levaria ao valor de R$ 2.982,64. De outro modo,
se fosse considerado o veculo hilux, o valor de locao mensal, mantendo-se o ndice, seria de R$
3.593,00. Tendo em vista que as ltimas informaes oferecidas pelo DFA/GO (fl. 606, v. 3) atestam as
especiais condies de resistncia que se exigiam dos veculos, chegou-se ao convencimento de que no
havia nos autos prova suficiente de que os preos praticados excediam os valores de mercado, portanto,
no havia justificativas na presente representao para reputar-se a ocorrncia de superfaturamento.
8. A seguir, diante dos novos documentos juntados aos autos, inclusive a Nota Tcnica n.
1.465/2005/DAGRI/DA/SFC/CGU-PR, a respeito de trabalhos realizados pelo Controle Interno sobre
denncia atinente ao contrato (fls. 888/891, v. 4), e a petio posteriormente encaminhada pelo
representante, relacionada Ao de Improbidade Administrativa (fls. 1.642/1647, v. 8), a Secex/GO
examinou o assunto nos seguintes termos:
24. Aps exame da documentao mencionada, considerando a orientao do Relator para que
somente aps o cotejo entre os procedimentos de locao de veculos realizados pela Celg (Centrais
Eltricas de Gois S/A) e pela Saneago (Saneamento de Gois S/A) com os do Igap poderia haver
condies de se avaliar a razoabilidade dos preos praticados, buscou-se o entendimento a seguir
explanado.
25. Em primeiro momento, calcado no Contrato de Locao de veculos pactuado entre a
Saneamento de Gois S/A Saneago e a Cooperativa Cometa L. A. Ltda.., de 25 de janeiro de 2003 (fls.
979/993, v. 4), com o intuito de se obter parmetros de comparao, parte-se do preo mensal de locao
de veculo, com as mesmas caractersticas, no valor de R$ 2.895,30 (dois mil, oitocentos e noventa e
cinco reais e trinta centavos) para o perodo de 8 (oito) horas disposio da Saneago, levando em conta
o valor de R$ 4,02 (quatro reais e dois centavos) cobrado pela hora que exceder de 8 (oito) de uso, porm
desconsiderando o valor de R$ 0,24 (vinte e quatro centavos) cobrado por quilmetro rodado. Isso quer
dizer que o valor de R$ 2.895,30 refere-se ao preo mnimo, se o carro ficasse parado, pois, dependendo
da quilometragem rodada, pode-se chegar ao valor, por exemplo, de R$ 5.415,30 (cinco mil, quatrocentos
e quinze reais e trinta centavos), numa estimativa de 6.000 km rodados mensal, conforme tabela de
preos (fls. 1.018/1.019, v. 4), baseada no item 4 da clusula terceira do contrato em questo (fl. 983, v.
4).
26. Desta feita, comparando o preo de locao de automveis contratados pelo Igap e pela Saneago
(R$ 2.945,00), tem-se que o valor mensal contratado pelo Igap inferior ao valor mdio mensal ajustado
pela Saneago (R$ 4.155,30), ficando prximo do valor mnimo (R$ 2.895,30), porm bem distante do
valor mximo estimado de locao pela Saneago (R$ 5.415,30), de modo que no h que se falar em
superfaturamento neste tipo de anlise comparativa.
27. Em segundo momento, observou-se a adequao do ndice correspondente ao valor da locao
contratada pelo Igap de 9,46% ao parmetro oferecido pela Associao Brasileira das Locadoras de
Automveis ABLA (fl. 1.483, v. 7), de modo que, tendo como margem o percentual para locao
mensal de um veculo pautado entre 8% e 10% do valor de um veculo novo posto em concessionria, o
523
ndice contratado pelo Igap est dentro desta margem. (...) A aproximao do percentual mximo poderia
ser justificada pelas possibilidades de uso do automvel pelo Igap no interior goiano, cujas estradas no
tm boa conservao.
28. Em momento seguinte, foi considerado o expediente de autoria do Ministrio Pblico Federal
(fls. 1.643/1.647, v. 7), que demonstra um superfaturamento de 32% do valor contratado em relao a
uma proposta de locao similar questionada de uma empresa que atua no mercado de locao, a Quasar
Rent a Car, que apresentou um valor equivalente a 7,15% do valor de venda do respectivo automvel,
sendo que do Igap corresponde a 9,46% (fl. 1.646, v. 7).
29. Cumpre ressaltar que (...) o primeiro ndice de 7,15% (R$ 4.950,00/R$ 69.240,00), referente
cotao, foi obtido baseado em preo de venda de automvel retirado da tabela da Fipe (fl. 1.647, v. 7),
enquanto que o segundo ndice de 9,46% (R$ 2.945,00/R$ 31.120,36), relativo ao contratado pelo Igap,
foi produzido com base no preo de fbrica do automvel. Sabe-se que o preo de fbrica inferior ao
preo sugerido pela tabela Fipe, fato que compromete o resultado dos ndices obtidos, em desfavor do
fator de correo de 1,32 apresentado como parmetro para um possvel superfaturamento. De fcil
deduo, pois, que, usando-se o preo de fbrica tambm para o primeiro ndice de 7,15%, (...)
certamente este ndice seria aumentado. Portanto, este critrio no suficiente para se constatar um
superfaturamento na contratao dos servios.
30. Em seguida, incluindo uma nova discusso sobre o pagamento adiantado, tem-se que o preo
contratado foi para pagamento a prazo, conforme clusula primeira do termo aditivo (fls. 756/757, v. 3),
sendo que o termo inicial ajustado aconteceu a partir de 1 de agosto de 1998 e o termo final em 1 de
agosto do ano de 2000. Contudo, o pagamento se deu em prazo divergente, pagamento antecipado. (...)
De modo que, caso essa condio de pagamento fosse especificada no edital, certamente, outras empresas
poderiam ofertar preos menores.
31. Com isso, pode-se questionar o dbito referente diferena entre o preo contratado a prazo e o
preo pago antecipadamente, diferena alcanada por se consignar os juros compensatrios no pagamento
feito. Para se quantificar esse dbito, na hiptese menos onerosa, ou seja, desconsideram-se as taxas de
mercado, que so maiores, e leva-se em conta a limitao legal de juros (...) em 1% ao ms (...). Sendo
assim, utilizando a taxa de juros de 12% ao ano na descapitalizao do valor contratado data do termo
inicial do contrato (1 de agosto de 1998), como se o pagamento fosse vista, embora tenha sido
antecipado, portanto auferindo um valor mais benfico ao representado, obtm-se a quantia de R$
114.207,61, referente aos juros compensatrios pagos indevidamente ao contratado. Este o valor do
dbito aqui apurado.
(omissis)
33. Cabe ressaltar que, caso sejam responsabilizados, cabvel a multa ao gestor, assim como a
responsabilizao legal do tomador de contas que no promoveu a Tomada de Contas Especial conforme
orientao, em Nota Tcnica n. 01.465/2005/DAGRI/DA/SFC/CGU-PR (fls. 888/890, v. 4), do Controle
Interno.
9. Ante o exposto, o analista responsvel pela instruo props a transformao deste processo em
Tomada de Contas Especial e a citao do Sr. Antenor de Amorim Nogueira, solidariamente com a
empresa Loccar Locadora de Veculos Ltda., na pessoa de seu representante legal, Sr. Marcos Augusto
Guedes Fernandes, para apresentarem alegaes de defesa e/ou recolherem aos cofres do Tesouro
Nacional a importncia de R$ 114.207,61, corrigida monetariamente e acrescida dos encargos legais
calculados desde o dia 1/08/1998 at o efetivo recolhimento (fl. 1.657, v. 8).
10. O diretor tcnico e a dirigente da Secex/GO divergiram dessa proposta (fls. 1.658/1.659, v. 8)
por entenderem estar configurada apenas a antecipao de pagamento, e no o superfaturamento,
ratificando, portanto, a proposta anterior de aplicao de multa ao responsvel.
11. De acordo com o Despacho de fl. 1.660, v. 8, mais uma vez restitui os autos Secex/GO
visando confirmar informao constante da Nota Tcnica n. 1.465/2005/DAGI/DA/SFC/CGU-PR sobre a
abertura de Tomada de Contas Especial no caso.
12. Tendo em vista os esclarecimentos prestados no sentido de que a TCE no foi instaurada, uma
vez que se aguardava o pronunciamento conclusivo deste Tribunal nos presentes autos (fls. 1.664/1.688,
v. 8), a unidade tcnica confirmou a sua proposta (fls. 1.692/1.694, v. 8).
524
525
no Relatrio antecedente, no se pode deixar de considerar que, se essa circunstncia tivesse sido
divulgada aos licitantes, poderia ter contribudo para a diminuio dos preos ofertados.
9. Destaco tambm a ocorrncia levantada nos autos de que a primeira parcela do contrato, no valor
de R$ 353.000,00 foi paga em 14/07/1998 (fl. 468, v. 2), anteriormente aquisio de parte dos veculos
pela Loccar, que se deu em 15/07/1998, de conformidade com as notas fiscais de fls. 896/905, v. 4.
10. Assim sendo, alinhando-me anlise da Secex/GO, entendo que o responsvel deve ser apenado
com a multa prevista no inciso II do art. 58 da Lei n. 8.443/1992.
11. Quanto s falhas relacionadas nas alneas a a c do item 2 retro, compreendo que se revestem de
natureza formal, razo pela qual cabe apenas determinao no sentido de preveni-las em outras
oportunidades.
12. Relativamente ao preo do ajuste, considero que merece ser melhor esclarecido, tendo em vista
as evidncias de que se encontra majorado, podendo ter resultado em dano ao Errio. Uma vez que j foi
instaurada Tomada de Contas Especial para apurao dos fatos, identificao dos responsveis e
quantificao de eventual dbito, o juzo acerca do mrito da irregularidade deve ser efetuado naqueles
autos, aos quais proponho o apensamento deste processo, para subsidiar o seu exame.
13. Diante das apuraes efetuadas pela Secretaria Federal de Controle Interno, bem assim no
mbito da referida Ao de Improbidade Administrativa, este Tribunal poder dispor de elementos de
convico sobre o assunto naquelas contas especiais, inclusive que permitam concluir sobre a necessidade
de eventual responsabilizao dos gestores do Ministrio da Agricultura que atuaram na celebrao e no
acompanhamento do convnio e na aprovao das respectivas contas, haja vista os questionamentos
descritos nos itens 3 e 4 supra.
14. Tenho por apropriado fixar prazo ao Controle Interno para que ultime as providncias
necessrias no sentido de que a TCE seja entregue ao Tribunal para apreciao.
Ante o exposto e acolhendo as demais propostas da unidade tcnica, manifesto-me por que seja
adotada a deliberao que ora submeto a este Colegiado.
TCU, Sala das Sesses em 14 de maro de 2007.
MARCOS BEMQUERER COSTA
Relator
ACRDO N 367/2007 - TCU - PLENRIO
1. Processo n. 009.652/2003-5 (c/ 08 volumes).
2. Grupo: I, Classe de Assunto: VII Representao.
3. Partes:
3.1. Responsvel: Antenor de Amorim Nogueira, Diretor-Geral do Igap, CPF n. 002.748.361-49.
3.2. Interessado: Dr. Hlio Telho Corra Filho, Procurador da Repblica no Estado de Gois.
4. Entidade: Instituto Goiano de Defesa Agropecuria Igap.
5. Relator: Auditor Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou.
7. Unidade tcnica: Secex/GO.
8. Advogados constitudos nos autos: Murillo Macedo Lbo, OAB/GO n. 14.615; Srgio Reis
Crispim, OAB/GO n. 13.520; Wanessa Neves Lessa, OAB/GO n. 21.660; Miriam Jaqueline Alencastro
Veiga, OAB/GO n. 17.842; Kellen Alencastro Veiga Costa, OAB/GO n. 19.890; e Consuelo Pupulin
Rocha, OAB/GO n. 15.849/E.
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Representao apresentada por membro do
Ministrio Pblico Federal no Estado de Gois, a respeito de irregularidades na celebrao do Contrato n.
01/1998 entre o Instituto Goiano de Defesa Agropecuria Igap e a empresa Loccar Locadora de
Veculos Ltda., que objetivou execuo do Convnio n. 008/1997, firmado com a Unio, por meio do
526
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
ANEXO IV DA ATA N 9, DE 14 DE MARO DE 2007
(Sesso Extraordinria do Plenrio)
PROCESSO ORIUNDO DE SESSO EXTRAORDINRIA DE CARTER RESERVADO
527
528
CEFET/ES pautou-se pela informalidade. A distribuio dos 79 (setenta e nove) computadores (...) no
foi feita mediante termo de responsabilidade ou de qualquer outro documento hbil que comprovasse a
guarda e o uso dos bens.
3.6) Alm disso, parece que no houve tentativa de invaso ou de violao do patrimnio, o que
justificaria acionar a Polcia Federal. (...) tambm no constitua motivo para tomar essa medida o fato
de se encontrarem abertas as janelas externas da sala onde foram armazenados os equipamentos. No
havia sinais de arrombamento, o que reforaria hiptese de as janelas terem sido abertas pelo lado de
dentro.(...). Vale lembrar que o ocorrido com as janelas no era do conhecimento do Diretor-Geral. A
Coordenadora de Patrimnio no tinha cincia do fato. O Sub-Gerente de Administrao e Manuteno
da Unidade/Serra, que prestou esclarecimentos (...) antes da designao da Comisso de Sindicncia, s
ficou sabendo que as janelas foram abertas no dia seguinte ao seu depoimento, em 2/8/2006.
3.7) Assim, no havia, a princpio, motivos para o Diretor-Geral supor que tivesse ocorrido uma
infrao penal envolvendo bens do CEFET, cuja apurao atribuio da Polcia Federal.
3.8) Quanto no instaurao do PAD, quando a presente denncia deu entrada no TCU, em
17/7/2006, o Diretor-Geral j tinha designado uma comisso para apurar os fatos relatados pela
Coordenadora de Patrimnio.
3.9) Assim, entendemos que no houve omisso na apurao dos desvio dos equipamentos, sendo,
pois, improcedente a denncia.
3.10) Com relao s recomendaes contidas no relatrio final da Comisso de Sindicncia,
faremos delas nossa proposta de encaminhamento deste trabalho. Como no foi possvel a identificao
dos responsveis pela infrao, consideramos acertado comunicar o ocorrido Polcia Federal para
tomada de providncias que so da alada desse rgo. Tambm apropriada a instaurao de processo
administrativo disciplinar para apurar as responsabilidades dos servidores Lorena Lucena Furtado e
Emerson Atlio Birchler. Dessa forma, ser assegurada ampla defesa, com a utilizao dos meios e
recursos admitidos em direito, conforme dispe o art. 153 da Lei n 8.112/90.
3.11) Entretanto, entendemos que no foram apenas a Coordenadora do Patrimnio e o SubGerente de Administrao e Manuteno da Unidade Serra que atuaram em desconformidade com os
deveres impostos aos servidores pblicos. Outras condutas tambm no foram revestidas de zelo e
dedicao. fato que os servidores Lorena Lucena Furtado e Emerson Atlio Birchler entregaram os
equipamentos sem o devido controle na sua distribuio, mas, por outro lado, os consignatrios tambm
no buscaram demonstrar quantos computadores estavam recebendo. Causa espcie que, sem
documentos comprovando a movimentao, servidores tivessem transportado equipamentos para as
Unidades Sede, Colatina e Cachoeiro do Itapemirim, que distam, aproximadamente, 25, 120 e 139Km da
Unidade Serra.
3.12) As solicitaes de instalao dos computadores Gerncia de Tecnologia da Informao (fls.
2/42, Vol. 1, Anexo 2) do conta de que eles estavam distribudos antes mesmo da lavratura do
documento de sada dos bens e da assinatura dos termos de responsabilidade (fls. 43/165, Vol. 1 do
Anexo 2). O aodamento na utilizao dos novos equipamentos influiu sobremaneira para a
inobservncia da IN/SEDAP n 205/1988 (norma de natureza patrimonial), que, sobre distribuio de
bens, assim dispe:
7.11) nenhum equipamento ou material permanente poder ser distribudo unidade requisitante
sem a respectiva carga, que se efetiva com o competente Termo de Responsabilidade, assinado pelo
consignatrio, ressalvados aqueles de pequeno valor econmico, que devero ser relacionados (relao
carga), consoante dispe a IN/SEDAP n 142/83.
3.14
A IN/SEDAP n 205/1988 normatizou um procedimento no desprezado pelo senso
comum. Ainda que no tivessem sido apresentados termos de responsabilidade aos servidores que seriam
os detentores da carga dos equipamentos distribudos, no nos parece razovel deixar de se registrar o
recebimento de quaisquer bens entregues. Assim, consideramos tambm necessria a apurao da
responsabilidade dos servidores que receberam os equipamentos adquiridos da ITAUTEC sem
comprovar a guarda e o uso deles.
3.15
Somos tambm por verificar a conformidade da conduta do ento Diretor da Unidade
Sede, Prof. Lodovico Ortlieb Faria, e do Diretor da Unidade Serra, Ademar Manoel Stange, no que
concerne ao armazenamento dos equipamentos nessa unidade de ensino. Embora a Comisso de
529
Sindicncia tivesse apontado que o local no era adequado a essa finalidade, fato que no havia
espao na Unidade Sede para armazenar os equipamentos adquiridos da ITAUTEC. As caixas dos
computadores mediam 0,56 m de largura, 0,42 m de altura e 0,51 m de profundidade; e as caixas dos
monitores, 0,39 m de largura, 0,16 m de altura e 0,38 m de profundidade. O volume ocupado por elas
alcanaria, aproximadamente, 40 m.
3.16
Optou-se, ento, por armazenar os equipamentos na Unidade Serra, em um bloco no
ocupado, que est localizado frente do prdio principal. Assim, qualquer movimento suspeito poderia
ser percebido pelo vigilante que estivesse na guarita da entrada da Unidade Serra. No entanto, no h
nenhum expediente do ento Diretor da Unidade Sede solicitando autorizao ao Diretor da Unidade
Serra para o armazenamento dos equipamentos, sendo somente tcita a aquiescncia do Diretor da
unidade descentralizada de ensino medida adotada. Portanto, as condutas dos servidores estavam
destitudas da formalidade que a Administrao Pblica requer.
3.17
Outro fato que, no nosso entendimento, deve ser investigado no mbito administrativo do
CEFET/ES foi a falta de providncias quando se verificou que estavam abertas as janelas da sala onde
foram armazenados os equipamentos. Parece-nos que a deciso tomada, na noite de 31/03/2006, pela Sra.
Helina Ortelan Schmidt e pelos vigilantes de fechar as janelas externas foi mais acertada que a sugesto
de deix-las apenas encostadas. Entretanto, a Comisso de Sindicncia no investigou quais as medidas
que, posteriormente, deixaram de ser tomadas para resguardar os equipamentos que l foram
armazenados. Vale lembrar que esse fato no foi comunicado ao Subgerente de Administrao e
Manuteno da Unidade Serra, que acabou tomando conhecimento dele 4 meses depois.
(...).
3.19
Por fim, cumpre ressaltar que ser formulada proposta de levantamento da chancela de
sigiloso aposta aos autos no apenas quanto ao objeto da denncia mas tambm quanto identidade do
denunciante. Isto porque o Senado Federal, por meio da Resoluo n 16/2006, resolveu suspender a
execuo da expresso "manter ou no o sigilo quanto ao objeto e autoria da denncia" constante do
1 do art. 55 da Lei n 8.443/1992 e do contido no disposto no Regimento Interno do TCU, quanto
manuteno do sigilo em relao autoria de denncia, em virtude de declarao de
inconstitucionalidade em deciso definitiva do STF, nos autos do Mandado de Segurana n 24.405-4 Distrito Federal.
5.
Com essas consideraes, a instruo dos autos, com o aval da Diretora da 2 DT/Secex/ES
e do Secretrio da Secex/ES, prope o seguinte encaminhamento da matria:
4.1.1
conhecer da denncia para, no mrito, consider-la improcedente;
4.1.2
determinar ao Centro Federal de Educao Tecnolgica do Esprito Santo - CEFET/ES
que:
4.1.2.1 comunique, no prazo de 15 dias, ao Departamento de Polcia Federal o desaparecimento
dos equipamentos de informtica adquiridos da ITAUTEC - 3 computadores Celeron 4 computadores
Pentium IV e 34 monitores LCD -, encaminhando a esse rgo o processo administrativo n
23046.001609/2006-79, que tratou da sindicncia que apurou a irregularidade;
4.1.2.2 instaure, no prazo de 15 dias, processo disciplinar para apurar a responsabilidade dos
servidores Lorena Lucena Furtado e Emerson Atlio Birchler no desaparecimento dos equipamentos de
informtica adquiridos da ITAUTEC que estavam armazenados no bloco 5 da Unidade Serra do
CEFET/ES;
4.1.2.3 instaure, no prazo de 15 dias, sindicncia para apurar a responsabilidade dos servidores
que:
a) fizeram o transporte dos equipamentos de informtica adquiridos da ITAUTEC que estavam
armazenados na Unidade Serra para as Unidades Sede, Colatina e Cachoeiro do Itapemirim sem
documentos que comprovassem a movimentao dos bens;
b) respondem pela carga dos equipamentos de informtica adquiridos da ITAUTEC, mas que os
receberam sem comprovar a guarda e o uso deles;
c) decidiram pelo armazenamento dos equipamentos de informtica adquiridos da ITAUTEC na
Unidade Serra sem observar as formalidades que a Administrao Pblica requer; e
d) deixaram de tomar providncias para resguardar os equipamentos de informtica adquiridos da
ITAUTEC que foram armazenados na sala do bloco 5 da Unidade Serra posteriormente medida
530
adotada, na noite de 31/03/2006, pela Sra. Helina Ortelan Schmidt e pelos vigilantes da TASA Ltda.,
empresa de segurana contratada pelo CEFET/ES;
4.1.2.4 informe nas prximas contas os resultados do processo administrativo disciplinar e da
sindicncia, cuja instaurao foi proposta nos subitens precedentes;
4.1.3
determinar ao Departamento de Polcia Federal que encaminhe ao TCU o resultado da
apurao levada a efeito no Centro Federal de Educao Tecnolgica do Esprito Santo CEFET/ES em
razo do desaparecimento de equipamentos de informtica, cuja sindicncia instaurada naquela
instituio federal de ensino foi tratada no processo administrativo n 23046.001609/2006-79;
4.1.4
levantar a chancela de sigiloso que recai sobre o presente processo, inclusive quanto
autoria da denncia;
4.1.5
encaminhar ao denunciante cpia do acrdo, bem como do relatrio e voto que o
fundamentarem; e
4.1.6
juntar estes autos s contas do Centro Federal de Educao Tecnolgica do Esprito
Santo CEFET/ES relativas ao exerccio de 2006.
o relatrio.
VOTO
Tratam estes autos de denncia relacionada com possvel omisso do Diretor-Geral do CEFET/ES,
Prof. Jadir Jos Pela, e do Diretor da Unidade Descentralizada de Ensino no Municpio de Serra/ES, Prof.
Ademar Manoel Stange, quando do desaparecimento de equipamentos de informtica armazenados
naquela unidade de ensino.
2.
Pela gravidade do fato em si, no obstante a presente denncia encontrar-se
desacompanhada de indcios concernentes ao possvel furto ocorrido, conheci da mesma, e determinei que
a Secex/ES se aproveitasse de inspeo anteriormente programada (Registro Fiscalis n 732/2006) junto
ao CEFET/ES, para fins de saneamento destes autos.
3.
Conforme relatado pela Unidade Tcnica em sua bem lanada e esclarecedora instruo, a
omisso denunciada no se confirmou, tendo em vista que antes mesmo da denncia ter sido protocolada
neste Tribunal, o Sr. Diretor-Geral do CEFET/ES j havia tomado providncias, designando, inclusive,
Comisso de Sindicncia, destinada a apurar o desaparecimento dos mencionados bens.
4.
Contudo, da anlise empreendida, verificou-se a ocorrncia de outras falhas de carter
formal, decorrentes da no observncia de dispositivos legais que regulamentam o recebimento, a guarda,
manuteno e a distribuio de bens, em especial a IN/SEDAP n 205/1998.
5.
Do encaminhamento sugerido para estes autos, quanto ao mrito, no obstante no restar
confirmada a omisso denunciada, apenas divirjo quanto ao entendimento de se considerar a presente
denncia improcedente, j que as anlises promovidas revelaram a existncia de outras falhas que,
embora possam ser caracterizadas como formais, ensejam, para fins de correo, a realizao de
determinaes Instituio e, at mesmo, Polcia Federal. Nesse sentido, entendo que o Tribunal pode
conhecer desta denncia, para consider-la, em parte, procedente.
Com estas consideraes, acolho as proposies da Secex/ES e VOTO no sentido de que o
Tribunal adote o Acrdo que ora submeto deliberao deste Plenrio.
TCU, Sala das Sesses Ministro Luciano Brando Alves de Souza, em 14 de maro de 2007.
VALMIR CAMPELO
Ministro-Relator
ACRDO N 375/2007- TCU - PLENRIO
1. Processo n TC-015.397/2006-0 (c/ 2 Anexos [Anexo 2 c/ 1 vol.])
2. Grupo I, Classe de Assunto: VII - Denncia
531
3. Responsveis: Jadir Jos Pela (CPF n 478.724.117-68) e Ademar Manoel Stange (CPF n
243.622.557-53)
4. Entidade: Centro Federal de Educao Tecnolgica do Esprito Santo - CEFET/ES
5. Relator: Ministro Valmir Campelo
6. Representante do Ministrio Pblico: no atuou
7. Unidade Tcnica: Secex-ES
8. Advogado constitudo nos autos: no h
9. Acrdo:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Denncia acerca de possvel omisso de responsveis
pelo CEFET/ES, quando do desaparecimento de equipamentos de informtica armazenados naquela
unidade de ensino.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da Unio, reunidos em Sesso Plenria, ante as
razes expostas pelo Relator, com fundamento no art. 53 da Lei n 8.443/92, em:
9.1. conhecer da presente denncia para, no mrito, consider-la parcialmente procedente;
9.2. determinar ao CEFET/ES, que:
9.2.1. comunique, no prazo de 15 dias, ao Departamento de Polcia Federal, caso ainda no tenha
feito, o desaparecimento dos equipamentos de informtica adquiridos da ITAUTEC (3 computadores
Celeron, 4 computadores Pentium IV e 34 monitores LCD), encaminhando a esse rgo o processo
administrativo n 23046.001609/2006-79, que tratou da sindicncia que apurou a irregularidade;
9.2.2. instaure, no prazo de 15 dias, processo disciplinar para apurar a responsabilidade dos
servidores Lorena Lucena Furtado e Emerson Atlio Birchler no desaparecimento dos equipamentos de
informtica adquiridos da ITAUTEC que estavam armazenados no bloco 5 da Unidade Serra do
CEFET/ES;
9.2.3. instaure, no prazo de 15 dias, sindicncia para apurar a responsabilidade dos servidores que:
9.2.3.1. fizeram o transporte dos equipamentos de informtica adquiridos da ITAUTEC que
estavam armazenados na Unidade Serra para as Unidades Sede, Colatina e Cachoeiro do Itapemirim sem
documentos que comprovassem a movimentao dos bens;
9.2.3.2. respondem pela carga dos equipamentos de informtica adquiridos da ITAUTEC, mas que
os receberam sem comprovar a guarda e o uso deles;
9.2.3.3. decidiram pelo armazenamento dos equipamentos de informtica adquiridos da ITAUTEC
na Unidade Serra sem observar as formalidades que a Administrao Pblica requer; e
9.2.3.4. deixaram de tomar providncias para resguardar os equipamentos de informtica adquiridos
da ITAUTEC que foram armazenados na sala do bloco 5 da Unidade Serra posteriormente medida
adotada, na noite de 31/03/2006, pela Sra. Helina Ortelan Schmidt e pelos vigilantes da TASA Ltda.,
empresa de segurana contratada pelo CEFET/ES;
9.2.4. informe nas prximas contas os resultados do processo administrativo disciplinar e da
sindicncia, cuja instaurao foi proposta nos subitens precedentes;
9.3. determinar ao Departamento de Polcia Federal que encaminhe a este Tribunal o resultado da
apurao levada a efeito no Centro Federal de Educao Tecnolgica do Esprito Santo - CEFET/ES em
razo do desaparecimento de equipamentos de informtica, cuja sindicncia instaurada naquela
Instituio Federal de Ensino foi tratada no processo administrativo n 23046.001609/2006-79;
9.4. levantar a chancela de sigiloso que recai sobre o presente processo;
9.5. encaminhar ao denunciante cpia deste Acrdo, acompanhado do Relatrio e Voto que o
fundamentam; e
9.6. juntar estes autos s contas do Centro Federal de Educao Tecnolgica do Esprito Santo CEFET/ES relativas ao exerccio de 2006.
10. Ata n 8/2007 Plenrio (Sesso Extraordinria de Carter Reservado)
Ata n 9/2007 Plenrio (Sesso Extraordinria)
11. Data da Sesso: 14/3/2007 Extraordinria de Carter Reservado
12. Cdigo eletrnico para localizao na pgina do TCU na Internet: AC-0375-09/07-P
13. Especificao do qurum:
532
13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente), Marcos Vinicios Vilaa, Valmir
Campelo (Relator), Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler, Augusto Nardes e Aroldo
Cedraz.
13.2. Auditor convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Presidente
Fui presente:
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
VALMIR CAMPELO
Relator
533
RELATOR
VC
UA
BZ
VC
VC
AN
AN
MBC
GP
AN
AC
ASC
AN
MV
GP
MV
AN
UA
AC
AC
MBC
AN
AC
AN
UA
GP
GP
AC
AC
MV
VC
UA
AN
VC
VC
MV
UA
AC
BZ
AN
UA
BZ
VC
AC
UNIDADE TCNICA
Secex/SC
2 Secex e Serur
5 Secex
--Serur
Secex/AM
Secex/BA
Sefip
Secob
Secex/RJ
Serur
Secex/AP
Secex/PR
Segedam e Seplan
Secex/AC e Serur
Secex/SP
Secex/AM
Secex/SP
Secex/CE
Serur
Secex/GO
Secex/SP e Secob
Serur
Secex/PB
Secex/PR
Secex/RS e Serur
Secex/GO
Serur e Secex/PI
Serur
Semag
Secex/ES
Secob
1 Secex
Secex/SC
Secex/SC
2 Secex
Secex/RJ
Serur
Secex/RS
1 Secex
6 Secex e Sefti
Serur
Serur
Serur
ACRDO
342
330
363
322
323
349
350
356
325
352
333
345
353
358
327
341
354
346
357
332
367
355
334
348
329
328
360
338
339
340
375
347
365
343
344
359
361
335
364
366
362
331
324
337
PG.