Nota Ao Programa: Sinfonia Nº5 - Dmitri Shostakovich
Nota Ao Programa: Sinfonia Nº5 - Dmitri Shostakovich
Nota Ao Programa: Sinfonia Nº5 - Dmitri Shostakovich
Em 1936, após, o grande sucesso de sua 1ª sinfonia (estreada em 1926), por conta de
uma grande campanha de repressão política levada a cabo pelo regime, Shostakovich
começou a ser criticado e visado pelo jornal oficial do partido comunista, que
desaprovava, sobretudo, a sua linguagem vanguardista, pretendendo que o jovem
compositor a abandonasse, para obedecer aos ideais estéticos impostos pelo regime
comunista, abdicando da complexidade técnica, para retornar a uma espécie de
nacionalismo, adaptando-a a um carácter heroico e exultativo.
Como uma subtil resposta a esta situação, Shostakovich compôs, entre abril e julho de
1937 a sua 5ª sinfonia em ré menor, que estrou, em Leninegrado (atual S. Petersburgo) a
Novembro desse mesmo ano. A nova obra de arte alcançou um sucesso tremendo, pelo
que restabeleceu a sua aceitação pela crítica e as autoridades políticas. A sua 5ª sinfonia,
é, portanto, uma obra que utiliza uma organização clara, uma linguagem harmónica
menos áspera, com maior tonalidade do que antes, bem como o material temático
encontra-se bem mais acessível, não deixando, porém, de se denotar a marca pessoal de
Shostakovich nesta composição. Apresenta, ainda, a seguinte orquestração: 2 flautas e
piccolo, 2 oboés, 2 clarinetes em Sib e 1 em Mib, 2 fagotes e contrafagote, 4 trompas, 3
trompetes, 3 trombones, 1 tuba, variada percussão, 2 harpas e ainda piano e celesta,
aliados às usuais dimensões de cordas da orquestra sinfónica.
Este primeiro andamento está composto em forma sonata e inicia-se com uma melodia
vigorosa apresentada pelas cordas, que subitamente desvanece, insistindo na repetição
de uma figura rítmica que acompanha uma expressiva melodia dos primeiros violinos.
A apresentação do material temático fica completa com o surgimento de um 2º tema,
que é derivado de uma canção tradicional russa. Segue-se a esta exposição, um
desenvolvimento que é visto como uma espécie de “névoa” na, até então, celebração da
cultura eslava, e que apresenta repentinas mudanças de atmosfera, desde a entrada do
piano e dos contrabaixos com a sua versão do tema original, a que se seguem
intervenções das madeiras, metais e percussão, assumindo, logo a seguir um carácter
marcial, até que é retomado, por parte das madeiras e das cordas as linhas melódicas
melancólicas iniciais, que levam ao fim do desenvolvimento, servindo como uma
espécie de ponte para a reexposição, na qual os temas são de novo apresentados, porém,
na ordem inversa, num acumular de tensão até um Clímax que se desintegra logo depois
na mesma atmosfera melancólica, à qual, nos últimos compassos assiste a um breve
vislumbre do motivo de abertura da obra e escalas cromáticas na Celesta, que conduzem
o andamento a um fim.
II- Allegretto
III-Largo