Fiscal Risks Contingent Liabilities Penicela

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FACULDADE DE ECONOMIA

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

ANÁLISE E GESTÃO DE RISCOS FISCAIS

Docentes: Nome do Estudante:


Mestre Énia Nkalinga (R) Orlando José Penicela Júnior
Mestre Titos Siueia (A)
Dr. Khopre Munapeia (A)

Bova, E.; Ruiz-Arranz, M.; Toscani, F.; Ture, H. Elif (2016). The Fiscal Costs
of Contingent Liabilities: A New Dataset. Washington DC: International
Monetary Fund

OS CUSTOS FISCAIS DOS PASSIVOS CONTINGENTES: UMA NOVA BASE


DE DADOS

Passivos Contingentes definem-se como obrigações cuja materialização é


condicionada ou depende da ocorrência de um certo evento futuro discreto.
Nesse sentido, os Passivos Contigentes distinguem-se dos Passivos Directos
que são aqueles cuja data fixa de materialização é determinada no momento
em que se estabelece a obrigação. Tanto os Passivos Contingentes como os
Directos podem ser Explícitos - quando o passivo representa uma obrigação
vinculativa que decorre de uma lei ou de um contrato(ex. garantias do Estado
para efeitos de contracção de empréstimos comerciais, emitidas em favor de
Governos Subnacionais ou outras entidades públicas ou privadas) ou Implícito -
quando o passivo representa uma obrigação moral ou responsabilidade
esperada de um Governo na base das expectativas públicas, pressões políticas
ou papel do Estado nessa sociedade (ex. incumprimento de um Governo
Subnacional ou de outras entidades públicas ou privadas em dívidas e passivos
não cobertos por garantias).

No conjunto dos riscos fiscais, os passivos Contingentes são tidos como os que
causam maiores custos para os Orçamentos, sendo os maiores responsáveis
pelo chamado ‘déficit oculto’ i.e, alterações na stock da dívida pública não
explicadas pelos principais saldos fiscais.

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Na base de uma análise de um abrangente conjunto de dados sobre a
materialização de passivos contigentes de 80 economias avançadas e
emergentes ao longo de um horizonte de 14 anos (1990-2014), os autores deste
artigo concluem que, o custo fiscal médio decorrente da materialização de um
passivo contingente é de 6% do PIB mas em alguns casos (por exemplo para os
resgates no sector financeiro – reestruturação e ou recapitalização de grandes
Bancos), os custos podem até atingir cerca de 40% do PIB. Portanto, a análise
feita abrange uma vasta gama de passivos contingentes desde o sector
financeiro até os Governos Subnacionais, Desastres naturais, Parcerias Público
Privadas (PPPs), Acções Judiciais bem como Empresas Públicas e Privadas.

Para apurar a materialização de passivos contingentes, o estudo aplicou o


conceito do Ajustamento estoque-fluxo. Ajustamento estoque-fluxo – a
discrepância entre as variações anuais no montante bruto da dívida pública e o
déficit orçamental. Quando ocorrem variações no estoque da dívida que não
sejam explicadas pelo déficit, então é provável que se te materializado um
passivo contigente (dizemos provável porque esse tipo de discrepâncias podem
também ser explicadas por variações cambiais). Isto significa que se o custo
fiscal do passivo contingente for totalmente incorporado nas Despesas e por via
disso estar computado no déficit, então o ajustamento estoque-fluxo será igual
a zero.

Em qualquer ano e em qualquer País, as probabilidades médias de


materialização de um passivo contingente estão estimadas em cerca de 8.7% e
o custo fiscal médio decorrente da materialização desse passivo é de cerca de
6.1% do PIB. Isto significa um custo médio esperado de 0.53% do PIB em cada
ano ou seja, os países devem esperar que por ano tenham em média um
acréscimo de dívida no montante equivalente a 0.53% do PIB precisamente
devido a materialização.

Os passivos contingentes são altamente correlacionados entre si e outros tipos


de risco (ex. riscos macro) e o risco a eles associado tende a se materializar em
períodos de recessão e de crises, agravando por isso as pressões sobre o
Orçamento em períodos já difíceis. Note-se por exemplo que, enquanto o custo
fiscal médio da materialização de um passivo contingente é de 6.1% do PIB, a
dívida aumenta em média em 15%. Nos últimos 10 – 15 anos, os maiores
aumentos inesperados nos rácios de endividamento estiveram associados a
uma simultânea materialização de passivos contingentes combinada com
acentuadas depreciações cambiais (que é um risco macroeconómico), facto que
ilustra a alta correlacção entre os diversos riscos fiscais.

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A materialização dos passivos contingentes ocorre muitas vezes de forma
súbita e precisamente por isso, causa maiores custos e instabilidade fiscais.
Por isso, a melhor práctica que se recomenda é a sistemática (ex. com
periodicidade anual) identificação, quantificação e divulgação de todas as
garantias e obrigações assumidas pelo Estado bem como da probabilidade da
sua materialização.

A materialização dos Passivos contingentes pode ter vários impactos e custos


para a economia. A literatura distingue entre custos fiscais directos e
indirectos bem como entre custos liquidos e brutos. Custos Fiscais são os
gastos fiscais brutos e a consequente alteração imediata na posição
financeira do Estado originada pela materialização de um passivo
contingente.

Entretanto, a magnitude dos custos fiscais da materialização de um passivo


contingente em cada país, é parcialmente determinada por alguns factores
ligados a qualidade das instituições fiscais:
 Corrupção – em Países com menores índices de corrupção, o custo
fiscal é mais baixo.
 Burocracia – um aparelho burocrático frágil está associado a maiores
custos fiscais relacionados com os passivos contigentes pois uma
burocracia frágil: i) abre espaço para a existência de muitas garantias
implícitas com um alto nível de risco moral associado; ii) implica uma
baixa capacidade de análise, compreensão e mitigação dos passivos
contingentes, e; iii) ocorrência de outros tipos de desiquilibrios que em
última instância exigem resgate do Governo.

As evidências sugerem que países com instituições fortes são capazes de


melhor controlar e abordar os riscos e isso os torna menos expostos a
materialização dos passivos contingentes.

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