Apostila PLANIMETRIA - Parte 1
Apostila PLANIMETRIA - Parte 1
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TOPOGRAFIA BÁSICA
PLANIMETRIA
Parte 1
2015.1
1.1 INTRODUÇÃO
Nos primórdios da civilização, ainda num estágio primitivo, a primeira condição imposta ao homem
foi a de habitar a Terra. Aos poucos, viu-se diante da necessidade de criar ao seu redor os meios
indispensáveis para se estabelecer e apoderar-se do ambiente que lhe foi outorgado o direito de subsistir.
Neste ambiente hostil e desconhecido, instala o seu domínio e se apercebe de imediato e por pura
intuição, das irregularidades físicas que a superfície terrestre apresenta e, através do conhecimento
rudimentar que possuía, procurar tirar proveito das vantagens ou vencer as dificuldades que tais aspectos
do solo constituíam.
O homem sempre necessitou conhecer o meio em que vive, por questões de sobrevivência,
orientação, segurança, guerras, navegação, construção, etc. No princípio a representação do espaço
baseava-se na observação e descrição do meio. Cabe salientar que alguns historiadores dizem que o
homem já fazia mapas antes mesmo de desenvolver a escrita. Com o tempo surgiram técnicas e
equipamentos de medição que facilitaram a obtenção de dados para posterior representação. A
Topografia foi uma das ferramentas utilizadas para realizar estas medições.
Etimologicamente a palavra TOPOS, em grego, significa lugar e GRAPHEN descrição, assim, de uma
forma bastante simples, Topografia significa descrição do lugar. A seguir são apresentadas algumas de suas
definições:
“A Topografia tem por objetivo o estudo dos instrumentos e métodos utilizados para
obter a representação gráfica de uma porção do terreno sobre uma superfície plana”
DOUBEK (1989).
“A Topografia tem por finalidade determinar o contorno, dimensão e posição relativa
de uma porção limitada da superfície terrestre, sem levar em conta a curvatura
resultante da esfericidade terrestre” ESPARTEL (1987).
Na Topografia trabalha-se com medidas (lineares e angulares) realizadas sobre a superfície da Terra
e a partir destas medidas são calculadas coordenadas, áreas, volumes, etc. Além disto, estas grandezas
poderão ser representadas de forma gráfica através de mapas ou plantas. Para tanto é necessário um
sólido conhecimento sobre instrumentação, técnicas de medição, métodos de cálculo e estimativa de
precisão (KAHMEN; FAIG, 1988).
De acordo com BRINKER e WOLF (1977), o trabalho prático da Topografia pode ser dividido em
cinco etapas:
i. Tomada de decisão, onde se relacionam os métodos de levantamento, equipamentos, posições ou
pontos a serem levantados, etc.
ii. Trabalho de campo ou aquisição de dados: fazer as medições e gravar os dados.
iii. Cálculos ou processamento: elaboração dos cálculos baseados nas medidas obtidas para a
determinação de coordenadas, áreas, volumes, etc.
iv. Mapeamento ou representação: produzir a planta topográfica a partir dos dados medidos e
calculados.
v. Locação.
Um ponto é definido neste sistema através de uma coordenada denominada abscissa (coordenada
X) e outra denominada ordenada (coordenada Y). Uma das notações P(x, y) ou P = (x, y) é utilizada para
denominar um ponto P com abscissa x e ordenada y. Na figura 3 apresenta-se um sistema de coordenadas,
cujas coordenadas da origem são O (0,0). Nele estão representados os pontos A(10,10), B(15,25) e
C(20,-15).
Uma vez que a Topografia busca representar um conjunto de pontos no plano é necessário
estabelecer um sistema de coordenadas cartesianas para a representação dos mesmos. Este sistema pode
ser caracterizado da seguinte forma:
Eixo Z: materializado pela vertical do lugar (linha materializada pelo fio de prumo);
Eixo Y: definido pela meridiana (linha norte-sul magnética ou verdadeira);
Eixo X: sistema dextrógiro (formando 90º na direção leste).
A figura 5 ilustra este plano.
Em alguns casos, o eixo Y pode ser definido por uma direção notável do terreno, como o
alinhamento de uma rua, por exemplo, (figura 6).
Exatidão X Precisão
Exatidão: Refere-se ao grau de conformidade de um valor com o valor verdadeiro (absoluto) ou
aceito como verdadeiro. Também chamado de acurácia.
Precisão: Refere-se à invariabilidade com que são obtidos os valores de medidas realizadas em
condições rigorosamente similares.
Uma analogia utilizada para explicar as diferenças entre precisão e acurácia, é a de um atirador e
suas tentativas em acertar o centro do alvo.
1.3 ARREDONDAMENTO DE DADOS
Muitas vezes, é necessário ou conveniente suprimir unidades inferiores às de determinada ordem.
A resolução 886/66 do IBGE determina que:
Quando o primeiro algarismo a ser abandonado é 0, 1, 2, 3 ou 4, fica inalterado o último algarismo
a permanecer.
ex: 53,23 passa a 53,2.
Quando o primeiro algarismo a ser abandonado é 6, 7, 8 ou 9, aumenta-se de uma unidade o
algarismo a permanecer.
ex: 42,87 passa a 42,9; 25,08 passa a 25,1; 53,99 passa a 54,0
Quando o primeiro algarismo a ser abandonado é 5, há duas soluções:
a. Se ao 5 seguir em qualquer casa um algarismo diferente de zero, aumenta-se uma unidade ao
algarismo a permanecer.
ex: 2,352 passa a 2,4; 25,6501 passa a 25,7; 76,250002 passa a 76,3
b. Se o 5 for o último algarismo ou se ao 5 só se seguirem zeros, o último algarismo a ser
conservado só será aumentado de uma unidade se for ímpar.
ex: 26,75 passa a 24,8; 26,65 passa a 26,6; 26,75000 passa a 26,8; 24,6500 passa a 26,6.
A extensão da região a ser representada delimita o campo topográfico, isto é, com a abstração da
curvatura terrestre se faz necessária uma concessão: a adoção de valores “aceitáveis” para os erros,
compatíveis com a precisão exigida para a mencionada representação. Note-se porém que as dimensões
da Terra (raio terrestre médio de aproximadamente 6.370 km) são desproporcionais à extensão dos
levantamentos topográficos comuns (cerca de 10 a 20 km). Nesta linha de raciocínio, dentro de certos
limites e desde que se adotem medidas especiais, é lícito negligenciar os erros decorrentes da curvatura do
geoide.
Face ao exposto, define-se Topografia como a ciência aplicada, baseada na geometria e na
trigonometria plana, que utiliza medidas de distâncias horizontais, diferenças de nível, ângulos e
orientação, com o fim de obter a representação, em projeção ortogonal sobre um plano de
referência, dos pontos que definem a forma, as dimensões e a posição relativa de uma porção
limitada do terreno, sem considerar a curvatura da Terra.