Autoimagem Corporal e Comportamento Alimentar

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1

Universidade Federal de Minas Gerais


Faculdade de Medicina
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde

A AUTO-IMAGEM CORPORAL

E O COMPORTAMENTO ALIMENTAR

DE ADOLESCENTES DO SEXO FEMININO

EM BELO HORIZONTE, MG.

MARIA TEREZA CORDEIRO BELING

Belo Horizonte
2008
2

Maria Tereza Cordeiro Beling

A AUTO-IMAGEM CORPORAL

E O COMPORTAMENTO ALIMENTAR

DE ADOLESCENTES DO SEXO FEMININO

EM BELO HORIZONTE, MG.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais como requisito parcial para a obtenção
do grau de Mestre.

Área de concentração: Saúde da Criança e do Adolescente.


Orientador: Prof. Joel Alves Lamounier.
Co-orientador: Prof. Robespierre Queiroz da Costa Ribeiro.

Universidade Federal de Minas Gerais


Belo Horizonte
2008
3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS


FACULDADE DE MEDICINA
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Reitor: Ronaldo Tadêu Pena

Vice-Reitora: Heloisa Maria Murgel Starling

Pró-reitor de Pós-graduação: Jaime Arturo Ramirez

FACULDADE DE MEDICINA

Diretor: Francisco José Penna

Vice-diretor: Tarcizo Afonso Nunes

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE – ÁREA DE


CONCENTRAÇÃO SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Coordenador: Prof. Joel Alves Lamounier


Subcoordenador: Prof. Eduardo Araújo de Oliveira
Colegiado:
Profª Ana Cristina Simões e Silva
Prof. Eduardo Araújo de Oliveira
Prof. Francisco José Penna
Profª Ivani Novato Silva
Prof. Joel Alves Lamounier
Prof. Lincoln Marcelo Silveira Freire
Prof. Marco Antônio Duarte
Profª Regina Lunardi Rocha
Gustavo Sena Sousa (Representante Discente)
4

Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.


Ambos existem; cada um como é.

Fernando Pessoa.

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida, por me ouvir, aceitar, por me permitir escolher meus próprios
caminhos e por me abrir bondosamente para seguir em direções diferentes;

Aos meus pais, Vagner e Ruth, grandes referências de seres humanos; aos meus
amados companheiros de caminhada, Roberto e Gabriel, ao Bernardo, ao meu
melhor amigo “Tetéo” e à toda minha família, pela paciência, compreensão e
carinho;

Ao professor Joel Alves Lamounier, pela orientação, competência, por todod os


ensinamentos e apoio dado na execução deste estudo;

Ao professor Robespierre Queiroz da Costa Ribeiro, pela co-orientação, imenso


auxílio intelectual e pessoal, incentivo e acolhimento de “pai”;

Aos professores convidados para a banca de defesa, João Eduardo Mendonça


Vilela, Silvia Eloiza Priore e Roberto Assis Ferreira, pela colaboração;

À Mery Abreu, pelo grande auxílio na análise estatística dos dados;


Aos professores do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de
Viçosa - UFV, pelo enorme apoio e exemplo de profissionalismo;

A todos os amigos verdadeiros e colegas, em especial à Juliana Ferreira Garzedin e


Eliane de Cássia Soares, pela solidariedade, trocas de idéias e pela imensurável
ajuda;
5

A toda a equipe de professores e funcionários do programa de pós-graduação em


Ciências da Saúde – área de concentração Saúde da Criança e do Adolescente -
pelos ensinamentos preciosos e pelos serviços prestados;

Aos professores, funcionários, colaboradores e pacientes do Núcleo de Investigação


de Anorexia e Bulimia - NIAB e da Medicina do Adolescente, pela acolhida,
oportunidades e ensinamentos;

À equipe de acadêmicos da Faculdade de Medicina da UFMG e Faculdade de


Ciências Médicas de Minas Gerais, que executaram com brilhantismo e entusiasmo
tarefas fundamentais deste projeto;

Ao corpo de trabalho de todas as escolas, às alunas e responsáveis envolvidos, que


aceitaram a proposta do estudo e muito colaboraram para sua execução e
organização. Sem estes, nada seria possível;

A FAPEMIG, pelo auxílio na condução do projeto e a todos aqueles que de alguma


forma contribuíram para a realização e revisão deste trabalho.
6

Minhas mesmas emoções


São coisas que me acontecem.

Fernando Pessoa

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles que contribuíram para a concretização


de meus sonhos e que me ensinaram, de diversas formas, a tentar sempre ser uma
pessoa melhor.

Um obrigada especial e saudoso ao grande vovô Roberto...


7

RESUMO

Objetivo: o presente estudo objetivou verificar alterações na auto-imagem, percepção


corporal e características do comportamento alimentar em adolescentes do sexo feminino
de Belo Horizonte, MG. Metodologia: estudo transversal com 705 adolescentes de 14 a 18
anos matriculadas no primeiro ano do ensino médio. Para seleção da amostra de 10 escolas
foi realizado sorteio estratificado e por conglomerados, conforme rede escolar
(pública/privada) e regional. As turmas foram consideradas unidades de estudo. A avaliação
antropométrica deu-se de acordo com as técnicas preconizadas na literatura, levando em
conta os pontos de corte estabelecidos pelo CDC (2000). Foram utilizados o Questionário
sobre a Imagem Corporal (BSQ–34), a Figura de Silhueta Corpórea (BFS), os Testes de
Atitudes Alimentares (EAT–26) e de Investigação Bulímica de Edinburgh (BITE) para avaliar,
respectivamente, as distorções na imagem (BSQ+) e percepção corporais e os possíveis
sintomas de anorexia (EAT+) e bulimia (BITE+) nervosas. Através de questionário anônimo
especialmente elaborado, também foram averiguadas a história familiar de transtornos,
prática de atividades físicas, hábitos alimentares e experimentação/consumo de drogas
lícitas e ilícitas, como possíveis fatores associados à insatisfação com a imagem ou à
presença de sintomas de anorexia e bulimia. Resultados: dentre as adolescentes, que
possuíam média de 15,4 anos de idade (DP= ±0,75 anos), 27,2% apresentavam distorções
significativas e insatisfação com a imagem corporal (BSQ+). De acordo com as respostas do
BFS e percepção da pesquisadora, apenas 30,2% apresentavam adequação na percepção
própria do tamanho corporal e 62,7% possuíam ideal de corpo mais magro. Apesar da
maioria (81,7%) apresentar-se eutrófica, 5,9% com baixo peso e 12,4% com
sobrepeso/obesidade, 82,5% relataram desejo de modificação ponderal. Adolescentes com
baixo peso estavam protegidas da insatisfação corporal de acordo com teste BSQ
(OR=0,08; [IC 0,01–0,61]) quando comparadas às eutróficas. Um quinto delas foi
classificada como EAT+ e 6,4% como BITE+, sendo outros 12,7% dos quadros
possivelmente subclínicos para bulimia. BSQ+, EAT+ e BITE+ apresentaram associações
com o estado nutricional, IMC, percentual de gordura, número de refeições por dia e
omissão do desjejum. EAT+ e BSQ+ também se associaram ao relato de história familiar de
distúrbio alimentar. A regressão logística múltipla apontou como variáveis de maior risco
para BSQ+, EAT+ e BITE+ a omissão do desjejum (OR de respectivamente 6,55; 5,27; 3,37,
p<0,008; IC=95%) e o sobrepeso (OR de 3,54; 2,12; 4,92, p<0,001, IC=95%). Apenas 22,1%
das adolescentes não foram classificadas como sedentárias (prática de atividade física
extra-escolar por no mínimo 20 minutos, 3x/semana) e 36,7% possuíam alto percentual de
gordura corporal (>25%). As prevalências de experimentação de drogas foram de 83,8%
para álcool, 25,4% para tabaco, 6,1% para maconha, 6,5% para drogas inaláveis e 1,1%
para cocaína. Foi verificada associação significativa entre prática de exercícios e EAT+ e
BSQ+ e entre BITE+ e freqüência de fumo de 10 a 30 vezes no último mês. Conclusões: os
dados de alta prevalência de insatisfação, distorções na percepção corporal e sintomas dos
transtornos alimentares, corroborados por outros prospectados na literatura, demonstram a
propagação do ideal de magreza e a importância de programas que incentivem a aceitação
corporal e reflexões sobre os valores atuais. O estudo permitiu traçar um perfil
antropométrico e de consumo de drogas da população, que também merece atenção devido
às altas taxas de experimentação de substâncias psicoativas, de excesso de peso/gordura
corporal e sedentarismo.
8

ABSTRACT

Objective: this study aim was to verify the body image status, body size perception
and eating behaviours among female adolescents from Belo Horizonte, MG, Brazil.
Methodology: descriptive cross-sectional study with a sample of 705 girls (14 to 18 years
old) attending the first high school year. Ten schools participated and were selected with a
random and stratified sort, regarding public and private education and the regions of the city.
The anthropometric measurements were obtained according to standardized procedures and
regarding the CDC´s (2000) cut-offs to BMI-age index. The body image status, body shape
dissatisfaction (BSQ+) and the eating behaviours and symptoms associated to anorexia
(EAT+) and bulimia (BITE+) were evaluated through the Body Shape Questionnaire (BSQ-
34), Body Figure Silhouettes (BFS), Eating Attitudes Test (EAT-26) and Bulimic Investigatory
Test Edinburgh (BITE), in their Brazilian versions. The girls also answered a self-reported
and anonymous instrument elaborated specifically for the study, with questions about family
history of eating disorders, physical activities practice, food habits and licit/illicit drugs
consumption, to verify their association with body shape dissatisfaction or symptoms of
anorexia and bulimia. Results: among the students, that had a 15,4 year age mean
(SD±0,75 years), 27,2% were BSQ+ (with body dissatisfaction/moderate and high body
image alteration scores). Only 30,2% of the sample had an adequate body size perception
according to the BFS and researcher opinion and 62,7% had the ideal of a thinner body. The
major part (81,7%) was classified as normal, 5,9% as low weight and 12,4% as overweight-
obese, but 82,5% wanted to modify their weight. Girls with low body weight were protected
from body dissatisfaction (OR=0,08; [CI 0,01–0,61]) when compared to the normal ones;
20% of all the sample were EAT+ and 6,4% were BITE+, with other 12,4% with subclinical
trend for bulimia. BSQ+, EAT+ and BITE+ were significantly associated with nutritional
status, BMI, body fat, number of meals per day and breakfast omission. EAT+ and BSQ+
were also associated to family history of eating disorders. Multiple logistic regression showed
breakfast omission (OR = 6,55; 5,27 and 3,37; p<0,008; CI=95%) and being overweight (OR
= 3,54; 2,12 and 4,92, p<0,001; CI=95%) as the strongest independent risk factors for BSQ+,
EAT+ and BITE+. Only 22,1% of the sample was not classified as sedentary (less than 20
minutes, 3-times a week physical activities) and 36,7% had a high body fat level (>25% body
fat). The majority of the girls (83,8%) had already tried alcoholic beverages and 25,4%
reported tobacco life use. Marijuana life use was reported from 6,1%, solvents from 6,5%
and cocaine from 1,1% of the adolescents. It was shown association between EAT+ and
BSQ+ and physical activities practice. Regarding the drugs consumption, no associations
were found, with an exception for BITE+ and smoking from 10 to 30 cigarettes on the last
month. Conclusions: the high prevalences of body dissatisfaction, inadequate body size
perception and symptoms of eating disorders in adolescents from Belo Horizonte, with other
literature data, alert to the cultural idealization about appearance, with thin bodies associated
to beauty and success and to the importance of stimulating an acceptable body perception
and image, with some discussions about nowadays values. The study also evaluated other
factors witch also deserve attention, as the high prevalences of drugs life use, weight excess,
high body fat levels and sedentary lifestyle.
9

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS............................................................................................................................ 4
DEDICATÓRIA...................................................................................................................................... 6
RESUMO............................................................................................................................................... 7
ABSTRACT........................................................................................................................................... 8
SUMÁRIO.............................................................................................................................................. 9
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES ............................................................................................................... 12
GRÁFICOS.......................................................................................................................................... 14
FIGURAS ............................................................................................................................................ 14
LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS. ...................................................................... 15
1. INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................................. 16
2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................................... 18
2.1. ADOLESCÊNCIA: CONCEITUAÇÃO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO. ................. 18
2.1.1. A importância da antropometria ........................................................................................ 19
2.1.2. Modificações nos padrões alimentares e de atividade física ............................................ 19
2.1.3. A obesidade na infância e adolescência e suas implicações ........................................... 20
2.2. IMAGEM CORPORAL: CONCEITO E DEFINIÇÃO.................................................................. 22
2.2.1. O papel da auto-imagem na infância e adolescência ....................................................... 22
2.2.2. A insatisfação corporal dentre as mulheres ...................................................................... 24
2.2.3. Influências da cultura, mídia e indústria da beleza. .......................................................... 25
2.2.4. O papel dos familiares e amigos ....................................................................................... 27
2.2.5. Instrumentos de avaliação da auto-imagem corporal ....................................................... 27
2.3. DISTORÇÕES NA IMAGEM CORPORAL E OS TRANSTORNOS ALIMENTARES ............... 29
2.3.1. Anorexia e Bulimia Nervosa – Breve Caracterização ....................................................... 30
2.3.2. Outros aspectos relacionados à ocorrência de transtornos alimentares .......................... 31
2.3.3. Instrumentos de avaliação dos transtornos alimentares................................................... 33
2.3.4. Ocorrência de alterações na auto-imagem e transtornos alimentares no
Brasil e no mundo........................................................................................................................ 34
2.4. OS TRANSTORNOS ALIMENTARES, A INSATISFAÇÃO CORPORAL E
O CONSUMO DE DROGAS............................................................................................................. 37
2.4.1. Motivações e iniciação ao consumo de drogas na adolescência ..................................... 37
2.4.2. Consumo de drogas no Brasil e no mundo ....................................................................... 39
3. OBJETIVOS .................................................................................................................................... 41
3.1. OBJETIVO GERAL................................................................................................................... 41
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ................................................................................................... 41
4. CASUÍSTICA E MÉTODOS............................................................................................................ 42
4.1. DELINEAMENTO DO ESTUDO ............................................................................................... 42
4.2. POPULAÇÃO DE ESTUDO: CARACTERÍSTICAS E DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO.......... 42
4.3. AMOSTRAGEM - PROCESSO E CÁLCULO DA AMOSTRA.................................................. 43
4.3.1. Desenho Amostral ............................................................................................................. 43
4.3.2. Cálculo Amostral, Sorteio e Randomização...................................................................... 43
4.4. PROJETO PILOTO - Teste de instrumentos e procedimentos................................................ 46
4.5. ORGANIZAÇÃO DA COLETA DE DADOS.............................................................................. 47
4.5.1. Treinamento da Equipe ..................................................................................................... 47
4.5.2. Sensibilização das Escolas e Alunos ................................................................................ 47
10

4.6. MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE COLETA......................................................................... 48


4.6.1. Questionário Geral: Conhecendo a adolescente. ............................................................. 48
4.6.2. TESTES DE IMAGEM E PERCEPÇÃO CORPORAIS ..................................................... 49
4.6.2.1. Questionário sobre a Imagem Corporal (BSQ-34) ...................................................... 49
4.6.2.2. Figura da Silhueta Corpórea (Body Figure Silhouettes - BFS).................................... 50
4.6.3. TESTES PARA AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR ............................. 52
4.6.3.1. Teste de Atitudes Alimentares (EAT-26) ..................................................................... 52
4.6.3.2. Teste de Investigação Bulímica de Edinburgh (BITE-34)............................................ 53
4.6.4. AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA ................................................................................... 54
4.6.4.1. Peso e Estatura............................................................................................................ 54
4.6.4.2. Quantificação e Distribuição do Tecido Adiposo ......................................................... 55
4.6.4.3. Circunferência da Cintura e do Quadril........................................................................ 55
4.7. ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................................ 56
4.7.1. Organização dos Dados .................................................................................................... 56
4.7.2. Tratamento Estatístico....................................................................................................... 56
4.8. ASPECTOS ÉTICOS................................................................................................................ 57
4.9. OUTRAS CONSIDERAÇÕES .................................................................................................. 58
4.9.1. Retorno às escolas e alunas avaliadas............................................................................. 58
4.9.2. Orçamento ......................................................................................................................... 58
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 59
6. APRESENTAÇÃO DA DISSERTAÇÃO......................................................................................... 76
6.1 - ARTIGO I – Estado nutricional e sedentarismo entre adolescentes do primeiro ano do ensino
médio de Belo Horizonte, MG - RESUMO ....................................................................................... 77
ABSTRACT .................................................................................................................................... 78
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 79
MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................. 80
RESULTADOS ............................................................................................................................... 82
DISCUSSÃO .................................................................................................................................. 84
CONCLUSÃO................................................................................................................................. 87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................... 88
6.2 - ARTIGO II - Auto-imagem e percepção corporal em adolescentes matriculadas em escolas
públicas e privadas de Belo Horizonte, MG - RESUMO .................................................................. 91
ABSTRACT .................................................................................................................................... 92
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 93
MATERIAIS E METODOS ............................................................................................................. 94
RESULTADOS ............................................................................................................................... 97
DISCUSSÃO ................................................................................................................................ 103
CONCLUSÃO............................................................................................................................... 106
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................. 107
6.3 - ARTIGO III – Sintomas de anorexia e bulimia nervosas e fatores associados
em adolescentes do sexo feminino em Belo Horizonte, MG - RESUMO...................................... 110
ABSTRACT .................................................................................................................................. 111
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 112
MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................................... 113
RESULTADOS ............................................................................................................................. 115
DISCUSSÃO ................................................................................................................................ 120
CONCLUSÃO............................................................................................................................... 123
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................. 124
11
6.4 - ARTIGO IV - Experimentação e consumo de drogas dentre adolescentes
matriculadas no primeiro ano do ensino médio de Belo Horizonte, MG – RESUMO........................ 127
ABSTRACT.................................................................................................................................... 128
INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 129
MATERIAS E MÉTODOS............................................................................................................... 130
RESULTADOS............................................................................................................................... 131
DISCUSSÃO.................................................................................................................................. 134
CONCLUSÃO................................................................................................................................ 137
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS..................................................................................................138
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................................141
8. ANEXOS E APÊNDICES .........................................................................................................143
ANEXO I - Questionário Geral.........................................................................................................144
ANEXO II – Questionário sobre a Imagem Corporal (BSQ-34) ......................................................146
ANEXO III - Figura da Silhueta Corpórea (BFS)..............................................................................148
ANEXO IV – Questionário sobre a Alimentação – 1 (EAT) .............................................................149
ANEXO VI – Ficha de Avaliação Antropométrica............................................................................ 152
ANEXO VII – Teste de Kolmogorov-Smirnov (Teste de normalidade) ............................................153
ANEXO VIII – OUTRAS ANÁLISES.................................................................................................154
APÊNDICE I - Parecer de aprovação - Câmara Departamental - UFMG........................................162
APÊNDICE II - Parecer de aprovação do Projeto – COEP – UFMG. .............................................163
APÊNDICE III - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - Adolescente..............................163
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – Responsável Legal..................................................165
12

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

ARTIGO I
Tabela 1 - Características da amostra de adolescentes do primeiro ano do 83
ensino médio (BH, 2007).
Tabela 2: Caracterização antropométrica das adolescentes do primeiro ano do 84
ensino médio (BH, 2007).
Tabela 3: Participação das adolescentes em atividades físicas em ambiente 85
escolar e extra-escolar (BH, 2007).
ARTIGO II
Tabela 1: Resultados do Teste BSQ para os diferentes níveis de alteração na 99
imagem corporal dentre as adolescentes (BH, 2007).
Tabela 2: Percepção corporal e ideal de corpo dentre as adolescentes (BH, 100
2007).
Tabela 3: Associação entre o desejo de modificar o peso, a percepção 101
corporal e a idade da menarca com o resultado do BSQ (BH, 2007).
101
Tabela 4: Associação entre o percentual de gordura e o índice de massa
corporal e os resultado do teste BSQ (BH, 2007).

Tabela 5: Associação entre prática e gosto por atividades físicas, hábitos 102
alimentares e resultado do teste BSQ na amostra estudada (BH, 2007).

Tabela 6: Associação entre conhecimento a respeito dos transtornos 103

alimentares e história familiar e resultado do teste BSQ (BH, 2007).

Tabela 7: Modelo final de regressão logística binária tendo como variável 104
resposta a insatisfação com a imagem ou “BSQ+” (BH, 2007).
ARTIGO III
Tabela 1: Características da amostra de adolescentes do primeiro ano do 119
ensino médio (BH, 2007).
Tabela 2: Descrição dos resultados dos testes EAT e BITE (BH, 2007). 120
Tabela 3: Classificação da amostra de acordo com os resultados dos testes 120
EAT e BITE (BH, 2007).
13

Tabela 4: Associação entre informações sobre alimentação e presença de


história familiar de transtornos alimentares com os resultados dos testes EAT 121
e BITE (BH, 2007).
Tabela 5: Associação entre o percentual de gordura e o Índice de Massa 122
Corporal (IMC) e os resultado dos testes EAT e BITE (BH, 2007).
Tabela 6: Modelo final de regressão logística binária, tendo como variável 123
resposta a tendência à anorexia (EAT+) ou à bulimia (BITE +) - BH, 2007.
ARTIGO IV
Tabela 1: Caracterização da amostra de adolescentes (BH, 2007). 136
Tabela 2: Prevalência de experimentação e consumo de drogas lícitas e 137
ilícitas dentre adolescentes do primeiro ano do ensino médio (BH, 2007).
Tabela 3: Uso freqüente e pesado de álcool e tabaco na amostra de 137
adolescentes, no mês anterior às entrevistas (BH, 2007).
ANEXO VIII – Outras análises
Tabela 1: Informações Gerais das adolescentes estudadas (BH, 2007). 158
Tabela 2: Tabela de freqüências dos indicadores socioeconômicos (BH, 2007). 159
Tabela 3: Tabela de freqüências de informações sobre alimentação (BH, 160
2007).

Tabela 4: Concordância entre medidas das balanças Tanita e Comercial 160

Tabela 5: Conhecimento e história familiar de transtornos alimentares na 161


amostra (BH, 2007).
Tabela 6: Associação entre uso de drogas e resultado do Teste BSQ (BH, 162
2007).
Tabela 7: Associação entre uso de drogas e resultado do Teste EAT (BH, 163
2007).
Tabela 8: Associação entre uso de drogas e resultado do Teste BSQ (BH, 169
2007).
Tabela 9: Modelo final de regressão logística binária* tendo como variável 170
resposta o resultado do teste BITE (evento = Tendência a bulimia ou BITE+) –
BH, 2007.
14

GRÁFICOS

ARTIGO I
Gráfico 1: Estado Nutricional das adolescentes avaliadas segundo CDC 84
(2000) - BH, 2007.

FIGURAS

CASUÍSTICA E MÉTODOS
Figura 1: Distribuição geográfica das escolas sorteadas de acordo com as 45
regionais da cidade de Belo Horizonte.
15

LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS.

 APA = Associação Americana de Psiquiatria


 BITE = Teste de Investigação Bulímica de Edinburgh (Bulimic Investigatory Test of
Edinburgh)
 BITE+ = Pontuação positiva para sintomas de bulimia pelo teste BITE
 BITE- = Pontuação negativa ou insuficiente para sintomas de bulimia pelo teste
BITE
 BH = Belo Horizonte
 BFS = Figura da Silhueta Corpórea (Body Figure Silhouettes)
 BSQ = Questionário de Imagem Corporal (Body Shape Questionnaire)
 BSQ+ = Insatisfação Corporal pelo teste BSQ-34
 CDC = Centers for Disease Control and Prevention
 CEBRID = Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas
 COEP = Comitê de Ética em Pesquisa
 DP = Desvio-padrão
 EAT = Teste de Atitudes Alimentares (Eating Attitudes Test)
 EAT+ = Pontuação positiva para sintomas de anorexia pelo teste EAT-26
 EAT- = Pontuação negativa ou insuficiente para sintomas de anorexia pelo teste
EAT-26
 IBGE = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
 IC95% = Intervalo de confiança de 95%
 IMC/I = Índice de Massa Corporal/Idade
 Kg = quilograma
 MG = Minas Gerais
 N = número da amostra
 NCHS = National Centers for Health Statistics
 OMS = Organização Mundial de Saúde
 OR = Odds ratio
 TCLE = Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
 UFMG = Universidade Federal de Minas Gerais
16

Eu não escrevo em Português. Escrevo eu mesmo.


Fernando Pessoa

1. INTRODUÇÃO GERAL

A adolescência, que compreende o período dos 10 aos 19 anos de idade,


constitui uma fase repleta de transformações que marcam a transição entre a
infância e a idade adulta. Mudam o corpo, o comportamento social, as escolhas
alimentares, o estilo de vida (OMS, 1965; CASTRO; GOLDESTEIN, 1995).
A diversidade e intensidade das mudanças muitas vezes encontram o
adolescente despreparado e podem deixá-lo ainda mais inquieto e vulnerável. Em
meio à necessidade de rompimento com antigos padrões e de aceitação pelo grupo
social, são adotados comportamentos saudáveis ou não, influenciados pelo meio
sócio-cultural, pelos familiares e de seus hábitos, que muitas vezes são mantidos ao
longo dos anos (GILLINI; GILLINI, 1998; CAMPAGNA; SOUZA, 2006).
A mídia transmite atualmente uma gama de mensagens para o público
adolescente. Numa sociedade cada vez mais sedentária e em meio à uma transição
epidemiológica, que desloca o problema centrado na desnutrição para a obesidade,
surge uma busca incessante por um padrão de corpo ideal. A publicidade é mantida
pela indústria de consumo, que constrói uma realidade favorável para se estabelecer
no mercado e influenciar o consumidor, através de imagens, falas e diversos
recursos, repletos de persuasão, imediatismo e reforços. É divulgada, especialmente
para as mulheres, o modelo de perfeição do corpo magro, associando-o à
realizações e felicidade. Além disso, há estímulos para uma série de padrões de
comportamento, especialmente através das novelas, seriados e propagandas
veiculados através da televisão. Nos dias atuais, não é raro assistir a cenas em que
os protagonistas freqüentem academias, façam dieta, fumem ou carreguem consigo
um copo de bebida alcoólica (WISEMAN et al., 1992; STICE; SHAW, 2002; STICE;
WHITENTON, 2002; SANDS; WARDLE, 2003).
Atualmente, diversos são os artigos e publicações voltados à população
adolescente, conduzidos de modo a identificar, caracterizar e quantificar as
modificações físicas e comportamentais por eles apresentadas. No Brasil, a
produção científica voltada para este grupo tem crescido razoavelmente, sendo que
17

de 1990 a 2004, o número absoluto de artigos brasileiros referentes ao tema


aumentou cinco vezes e a produção científica permaneceu bastante concentrada na
região sudeste do país. Além disso, as atividades de pesquisa em pediatria no Brasil
demonstraram um aumento constante e proporcional ao crescimento de toda a
produção científica brasileira (BLANK et al., 2006), com a realização de estudos que
retratam desde os aspectos antropométricos e nutricionais, até outros que
abordaram questões emocionais, comportamentais, prática de atividades físicas,
hábitos alimentares e consumo de drogas dentre crianças e adolescentes.
Dentre outros fatores que sofrem modificações, que necessitam de melhor
atenção nesta fase da vida e que têm ocupado espaço na literatura, a insatisfação
com a forma física e a percepção corporal, acompanhadas de suas conseqüências,
destacam-se no contexto atual (GALVÃO; PINHEIRO; SOMENZI, 2006). Tais temas
são cada vez mais relevantes em função de sua contribuição no desenvolvimento de
alterações no comportamento alimentar. Há uma preocupação quanto ao aumento
da incidência de sintomas e de transtornos da alimentação, em especial a anorexia e
bulimia nervosas. De acordo com a literatura científica, a população acometida por
estes transtornos pode apresentar estado nutricional diferenciado e, ainda, adotar
condutas maléficas à saúde, desde a prática de regimes não-orientados até o
consumo de drogas, lícitas e ilícitas (NUNES et al., 2003).
Assim, a distorção e insatisfação quanto à auto-imagem corporal são comuns
nos dias atuais e têm se consolidado como fatores centrais na manifestação dos
transtornos alimentares (BRUCH, 1973; CASH; DEAGLE, 1997; SAIKALI et al.,
2004). Dessa forma, seu papel sintomatológico e prognóstico é bastante importante
para sinalizar manifestações clínicas relevantes. O estudo de questões da auto-
imagem corporal, da insatisfação com a aparência e das práticas adotadas em
função deste descontentamento podem facilitar o diagnóstico e tratamento precoce
de possíveis transtornos da auto-imagem e, muito provavelmente, incentivar
medidas e programas que direta ou indiretamente contribuam para a redução da
incidência dos transtornos da alimentação (NORRING; SOHLBERG, 1993;
FAIRNBURN, 1995).
O conhecimento das características antropométricas e algumas práticas
relacionadas ao estilo de vida, como os exercícios físicos e o consumo de
substâncias psicoativas dentre a população feminina adolescente pode gerar um
perfil específico do grupo. Diante destes fatos e da importância de um trabalho com
a abrangência de todos os temas citados entre adolescentes do sexo feminino na
18

capital mineira, justifica-se a realização deste estudo, de forma a melhor verificar a


auto-imagem corporal desta população, bem como identificar e compreender
características relacionadas ao estado nutricional, prática de atividades físicas,
comportamento alimentar e consumo de drogas.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. ADOLESCÊNCIA: CONCEITUAÇÃO, CRESCIMENTO E


DESENVOLVIMENTO.

A adolescência, do latim adolescere (crescer), compreende o período dos 10


aos 19 anos de idade e é uma transição entre a infância e a idade adulta (OMS,
1965; COLLI, 1992).
Geralmente na fase inicial da adolescência (10 a 14 anos), conhecida como
puberdade, ocorrem o estirão de crescimento, o aumento rápido das secreções
hormonais e o surgimento de caracteres sexuais secundários. A fase final (15 a 19
anos) é, por sua vez, caracterizada pela desaceleração desses processos (OMS,
1995). O crescimento e o desenvolvimento do adolescente constituem processos
dinâmicos, com diversas e intensas transformações físicas e funcionais,
influenciadas pela hereditariedade e pelo ambiente físico e psicossocial (EISTEIN;
SOUZA, 1993; POST; KEMPER, 1993).
Na adolescência, o indivíduo adquire cerca de 25% do peso e 50% da estatura
dos seus padrões da fase adulta. Existe uma ampla variação quanto à idade de
início e velocidade da progressão das características de maturação sexual em
ambos os sexos e esta variação é fruto de uma rede de complexas interações, com
influências genéticas e ambientais (SEDENHO; FREITAS, 1984). Com a puberdade,
há o desenvolvimento dos caracteres sexuais e o funcionamento integral do
aparelho genital feminino, levando à ocorrência da menarca (primeira menstruação),
que é utilizada como marco de maturidade sexual (ZERWES; SIMÕES, 1991;
HORTA; SANTOS, 1993). Para a avaliação do crescimento e desenvolvimento
físico, a maturação constitui um aspecto importante, relacionando-se com o aumento
de estatura e peso, desenvolvimento muscular e aumento do depósito de gorduras
em meninas (POST; KEMPER, 1993; CASTRO; GOLDESTEIN, 1995).
19

2.1.1. A importância da antropometria


A monitorização do crescimento é mundialmente aceita como um instrumento
único na avaliação de saúde das populações. O estudo da composição corpórea de
adolescentes é importante especialmente para se obter dados acerca da distribuição
do peso corporal em seus diferentes componentes, levando em conta a relação
íntima entre a quantidade e a distribuição do tecido adiposo e determinados
indicadores de saúde (GUEDES; GUEDES, 1997).
As medidas antropométricas possuem vantagens na monitorização do estado
nutricional do individuo por poderem representar o crescimento, serem expressas
através de números, realizadas satisfatoriamente por pessoal treinado e por
possuírem limitações conhecidas (MARCONDES, 1989).
A estatura e o peso são, sem dúvida, os principais e mais conhecidos
referenciais antropométricos utilizados na avaliação de saúde das populações
(TANNER, 1986; GUEDES; GUEDES, 1997). Estes dois referenciais são
combinados e freqüentemente usados através do cálculo do índice de massa
corporal, que relaciona o peso com o quadrado da estatura (GARROW; WEBSTER,
1985).
O Ministério da Saúde brasileiro adota os referenciais recomendados pelos por
órgãos internacionais como o Center for Diseases Control and Prevention – CDC e
National Center for Health Statistics – NCHS para avaliar a população de crianças e
adolescentes. Apesar dos conhecidos diferenciais entre a população base do NCHS
e a população de nosso país, estudos realizados nacionalmente demonstraram que,
pela similaridade entre os parâmetros encontrados, tais dados podem ser utilizados
para a população brasileira (MARQUES et al., 1982; GUEDES; GUEDES, 1997).

2.1.2. Modificações nos padrões alimentares e de atividade física


Durante toda a adolescência ocorrem mudanças importantes no
comportamento social, assim como nos hábitos alimentares (EISTEIN; SOUZA,
1993; CASTRO; GOLDESTEIN, 1995). O indivíduo pode tornar-se mais emotivo,
apresentar conflitos e partir em busca sua identidade. São comuns sentimentos de
insegurança, incerteza, a necessidade de romper com velhos hábitos de
pensamento e ação e o estabelecimento de novos padrões. São também freqüentes
e conhecidas há décadas as variações de apetite, que geralmente acompanham
seus altos e baixos emocionais (GILLINI; GILLINI, 1998; DUNKER; PHILIPPI, 2004).
20

Os adolescentes convivem atualmente com uma realidade de aumento de


consumo de produtos ricos em gorduras e, ao mesmo tempo, com a propagação de
um estilo de vida sedentário, aliado às novas tecnologias, que têm diminuído o gasto
energético (MARTINEZ-GONZALES et al., 1999). É sabido que a saúde, prevenção
de doenças, melhoria da capacidade funcional e socialização dos adolescentes está
relacionada à prática de atividades físicas (GUEDES; GUEDES, 1997).
No intuito de promover maior contato dos adolescentes com os exercícios e
estímulos à prática esportiva, os programas de educação física escolar fazem parte
da realidade curricular brasileira (GUEDES; GUEDES, 1997). Apesar dos possíveis
benefícios dessas aulas no estimulo à pratica de exercícios e socialização, alguns
autores pontuam que as garotas se comportam de modo diferenciado dos rapazes
quando o assunto é atividade física. Estas participam com menor freqüência ou
intensidade das aulas de educação física nas escolas e apresentam padrões
inferiores de atividade física habitual (ANDERSEN et al., 1984).
Na verdade, atualmente, os jovens têm optado por meios de diversão mais
passivos em substituição aos exercícios físicos, acreditando na falsa idéia de que a
rotina agitada já engloba movimentação e gastos energéticos suficientes (GUEDES;
GUEDES, 1997). As modificações no padrão alimentar e na prática de atividades
físicas, com a introdução do fast food e aumento do sedentarismo, aumentaram o
risco de acúmulo de peso e gordura na adolescência (MAHAN; ESCOTT-STUMP,
2002).
O peso corporal do indivíduo durante a adolescência é um bom preditor de seu
peso na idade adulta. Dessa forma, a realidade torna-se preocupante visto que as
estatísticas atuais apontam para o aumento da prevalência de sobrepeso e
obesidade neste grupo populacional (BRAY, 2001; ABRANTES; LAMOUNIER;
COLOSIMO, 2002). Especialmente tratando-se de aspectos relacionados ao
excesso de peso e aos riscos de doenças crônico-degenerativas e redução da
qualidade de vida, torna-se então importante acompanhar o perfil antropométrico
deste grupo (TROIANO et al., 1995; LAITINEN; POWER; JARVELIN, 2001).

2.1.3. A obesidade na infância e adolescência e suas implicações


A obesidade não se trata apenas de excesso de peso corporal, mas também
de tecido adiposo. Um indivíduo que possui grande peso corporal pode apresentar
excesso de massa muscular e diferenciadas quantidades de gordura, associados ou
não a uma sólida construção óssea. Por outro lado, um indivíduo com peso inferior
21

ao esperado pode apresentar uma tendência genética a ser magro ou, mais
gravemente, deficiências nutricionais que comprometam seu desenvolvimento físico
(GUEDES; GUEDES, 1997).
No país, a prevalência de obesidade entre jovens aumentou em cerca de 9%
das décadas de 70 a 90 (WANG; MONTEIRO; POPKIN, 2002). Além de aumentar a
probabilidade de ser um adulto obeso, o adolescente pode desenvolver com maior
facilidade doenças crônico-degenerativas como as dislipidemias, diabetes,
hipertensão arterial, além de problemas relacionados a auto-estima e
relacionamentos interpessoais.
A obesidade trás, também, conseqüências psicológicas e sociais. Há relações
significativas com as preocupações relativas ao peso e a insatisfação corporal
(RODIN; SILBERSTEIN; STRIEGEL-MOORE, 1985; STRIEGEL-MOORE et al.,
2000; ROBINSON et al., 2001; FONSECA; MATOS, 2005). Crianças e adolescentes
com excesso de peso possuem uma pior imagem corporal e auto-estima quando
comparados com aqueles de peso normal (STICE; NEMEROFF; SHAW, 1996;
TIGGEMANN, 1994; DAVINSON; BIRCH, 2001).
De acordo com MORGAN, VECCHIATTI & NEGRAO (2002), a dieta é o
comportamento que geralmente antecede a instalação de um transtorno alimentar.
Adolescentes com excesso de peso associado à baixa auto-estima podem se
preocupar mais com a forma corporal e realizar, com intuito de melhorar sua imagem
e satisfação corporal, dietas orientadas ou não (HOLSEN; KRAFT; ROYSAMB,
2001; NEUMARK-SZTAINER et al., 2006). Outros estudos, caso-controle,
destacaram como principais fatores de risco para os transtornos alimentares o
desenvolvimento da obesidade e a realização de dieta calórica restritiva (FAIRBURN
et al., 1998; 1999). Assim, a relação entre a ocorrência dos transtornos alimentares e
a obesidade pode ser mediada pela maior tendência dos obesos a realizar dietas
(COOPER, 1995). Além disso, pode ser aumentado o número de brincadeiras e
piadas relacionadas ao excesso de peso, exercendo ainda maior pressão cultural
para a magreza dentre os indivíduos obesos (STICE; AGRAS; HAMMER, 1995).
22

2.2. IMAGEM CORPORAL: CONCEITO E DEFINIÇÃO

O conceito de imagem corporal é bastante amplo: trata-se de uma ilustração


mental do tamanho, forma e imagem do corpo, moldados de acordo com os
sentimentos relacionados a essas características bem como às partes que o
constituem (SLADE, 1994). É uma construção cognitiva individual e de interação
com o ambiente, sendo sua elaboração realizada dia a dia e completamente flexível
ás mudanças. Em 1935, Paul Schilder elaborou a seguinte definição, aceita até os
dias atuais (SCHILDER, 1999):

A imagem do corpo humano é a figura de nosso próprio corpo que


formamos em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo aparece para
nós mesmos. Nós vemos partes da superfície corporal. [...] Além de tudo
isso há a experiência imediata da existência de uma unidade corporal. Esta
unidade é percebida e é mais do que uma percepção, nós a denominamos
um esquema de nosso corpo ou modelo postural do corpo. Cada emoção
modifica a imagem corporal.
(SCHILDER, 1999).

Dessa forma, como colocado pelo autor, na construção da imagem há uma


interação e inter-relação entre fatores pessoais: fisiológicos, neurais, psicológicos,
sociais e emocionais. A imagem corporal não se baseia apenas em associações,
memórias e experiências, mas também em intenções, aspirações e tendências
(TAVARES, 2003). Esta imagem, contudo, só existe porque não somos corpos
isolados - os corpos convivem e são corpos entre outros corpos. Assim, para a
construção da auto-imagem, precisamos ter outros corpos à nossa volta
(SCHILDER, 1999).

2.2.1. O papel da auto-imagem na infância e adolescência


A imagem corporal também é um reflexo de desejos, emoções e tem influência
social. As modificações da imagem permeiam o comportamento e as relações
interpessoais do indivíduo durante toda a vida. A aparência física é parte importante
do que somos para nós mesmos e também para os outros. (CASH; PRUZINSKY,
1990; SHONTZ, 1990; BARROS, 2005; FERNANDES, 2007).
23

A auto-imagem desenvolve-se paralelamente à identidade do indivíduo e do


corpo. É um processo em constante construção, no qual participam as experiências
da infância e as vivenciadas no presente, além das modificações do corpo, objeto
mutável (TAVARES, 2003). De acordo com Cash e Pruzinsky (1990), a imagem
corporal é uma experiência subjetiva, que inclui percepções, pensamentos,
sentimentos e vivências corpóreas. Como a história do indivíduo e de seu corpo é
constantemente modificada, a imagem tem caráter extremamente dinâmico e sofre
influencias, inclusive provenientes do meio social. Os corpos passam por uma
aprendizagem, na qual constroem hábitos e a aceitação do corpo interfere na
construção da imagem e identidade (GILLINI; GILLINI, 1998; BARROS, 2005).
A imagem influencia o modo como se processam as informações e
acontecimentos e age tendencionando determinado indivíduo a ver o que ele espera
ver. Assim, o modo como o indivíduo se percebe está intimamente relacionado ao
modo como seu corpo é percebido. A maneira como o corpo é sentido, projetado e
vivenciado influencia o modo como a pessoa enxerga a si mesma, as coisas, o
ambiente e até seus relacionamentos. Enfim, a auto-imagem e a percepção corporal
têm o poder de transformar as relações com o mundo e de serem transformadas por
elas (GILLINI; GILLINI, 1998; BARROS, 2005).
Geralmente, as crianças passam a se reconhecer no espelho já a partir de dois
anos de idade. Aos poucos, com o avançar do tempo, começam a refletir sobre sua
aparência. Como pré-escolares, já passam a compreender a importância social da
imagem e a preocupar-se em ter uma figura considerada atraente. Nesse contexto,
misturam-se a própria imagem e o modelo social de perfeição, o que pode trazer
conseqüências com relação a sua estima (CASTILHO, 2001). Diversas vezes as
crianças, mesmo apresentando peso adequado, relatam insatisfação com o corpo e
tomam atitudes visando o emagrecimento (ROBINSON, 2001).
Já na década de 70, alguns autores demonstraram o valor da formação de
grupos sociais por adolescentes da mesma faixa de idade e o papel da auto-imagem
corporal na inserção do adolescente. Ser aceito num grupo nesta fase da vida é
bastante significativo e a aparência física toma excessiva importância, uma vez que
interfere na auto-imagem e afeta a aceitação (SANDSTRÖM, 1973; HURLOCK,
1979; GILLINI; GILLINI, 1998). Assim, em busca de inserção no meio social, os
indivíduos tomam como referenciais os ideais culturais e ignoram suas histórias
pessoais, sentimentos, emoções e a própria realidade corporal (TAVARES, 2003).
24

O adolescente atravessa desafios distintos: aceitar e entender as modificações


de seu corpo e, ao mesmo tempo, cuidar de sua aparência, para formar as imagens
pessoal e social almejadas (SANDSTRÖM, 1973; HURLOCK, 1979; CAMPAGNA;
SOUZA, 2006).

2.2.2. A insatisfação corporal dentre as mulheres


Ter uma boa aparência não significa necessariamente ter uma imagem
corporal positiva, pois isto depende de outros fatores, como o estado de espírito e a
visão da vida. Porém, os indivíduos possuem crenças e atitudes quanto à
visualização da beleza e estética, que influenciam o modo como estes se
caracterizam e se relacionam com os outros. Tais conceitos e percepções, bem
como o significado da aparência na vida, são aprendidos através do ambiente, das
vivências e da cultura, que padroniza o que é ou não atraente (CASTILHO, 2001;
TAVARES, 2003).
Grande parte dos estudos realizados com adolescentes constata que é mais
comum que adolescentes do sexo feminino, quando comparadas aos do sexo
masculino, cultivem o medo da obesidade e má-aceitação do corpo, o que pode
relacionar-se a casos de baixa auto-estima, inferioridade e rejeição (GILLINI;
GILLINI, 1998; FERNANDES, 2007).
A insatisfação corporal parece ser uma constante presente especialmente na
vida das mulheres de sociedades ocidentais, com o aumento das pressões
socioculturais para a magreza no sexo feminino, difundidos amplamente através da
mídia (WISEMAN et al., 1992; STICE; SHAW, 2002; STICE; WHITENTON, 2002) e
também pelos pais e amigos, das mais diversas formas (SANDS; WARDLE, 2003).
As influencias e desejos sociais são internacionalizados e as modificações
impostas passam a serem consideradas como essenciais para o bem-estar. Os
indivíduos são pressionados a concretizar no próprio corpo um ideal físico, sob a
pena de não serem aceitos, sofrerem com o desprezo e críticas (CASTILHO, 2001;
TAVARES, 2003). É aumentada, principalmente entre as mulheres, a insatisfação
corporal, com tantas pressões do ambiente sociocultural e até mesmo familiar em
favor da magreza (WISEMAN et al., 1992; STICE; SHAW, 2002; STICE;
WHITENTON, 2002; SANDS; WARDLE, 2003).
O empenho feminino, especialmente, desde a infância e/ou adolescência em
melhorar a forma física é motivado pelo receio de se tornar alvo de discriminações. A
25

insatisfação corporal, o medo de engordar e as alterações na auto-imagem levam à


busca de uma aparência socialmente moldada, com a adoção de comportamentos
de risco à saúde e ao bem estar, como prática de dietas da moda e jejuns, dentre
outros. Surge a necessidade de satisfação de questões não puramente estéticas,
mas também psíquicas e sociais (FRIEDMAN; BROWNELL, 1995; OGDEN; EVANS,
1996; FOSTER; WADDEN; VOGT, 1997; LEONHARD; BARRY, 1998; PAUL;
BROWNELL, 2001). As adolescentes são influenciadas por diversos atores, além de
fatores como o desconhecimento, falta de preparo, intensidade e rapidez das
mudanças que se seguirão, unidos aos estereótipos e a expectativa social na
formação da imagem corporal (HURLOCK, 1979; EISTEIN; SOUZA, 1993; CASTRO;
GOLDESTEIN, 1995; FONSECA; SICHIERI; VEIGA, 1998).

2.2.3. Influências da cultura, mídia e indústria da beleza


A sociedade moderna atual cultua o físico e a aparência. A magreza ocupa
lugar de grande destaque e acaba por relacionar-se à aceitação social (SAIKALI,
2004). Na cultura ocidental, ser magra corresponde a ser competente e atraente. O
excesso de peso, por outro lado, associa-se a conceitos pejorativos, como a falta de
cuidado pessoal e motivação (WILFLEY; RODIN, 1995; CONTI, FRUTUOSO;
GAMBARDELLA, 2005). A valorização do corpo perfeito, intimamente relacionado à
imagem de poder e de mobilidade social cresce, enquanto contraditoriamente há
diminuição no nível de atividades físicas e aumento do consumo de alimentos
hipercalóricos e gorduras pela população (SCHWARTZ; BROWNELL, 2004).
A mídia dá ênfase à aparência física da mulher e contribui para a adoção do
corpo como objeto (STICE et al., 1994). As meninas parecem seguir como modelo
de beleza o corpo irreal da boneca Barbie (NORTON et al., 1996). Tem sido
verificado que atrizes, modelos e outras figuras femininas vem se apresentando mais
magras ao longo das décadas (SAIKALI, 2004). A auto-avaliação de atratividade e a
satisfação corporal são menores quando há maior tendência a se comparar
fisicamente com as atuais modelos das revistas (RICHINS; 1991; MARTIN;
KENNEDY, 1993), pois se comparar a alguém considerado ou socialmente visto
como melhor diminui o bem-estar (WHEELER; MIYAKE, 1992). Assim, é de se supor
que esta comparação é inadequada e injusta, pelo distanciamento gradativo das
atuais formas físicas das mulheres do ideal irreal de magreza imposto (HESSE-
BIBER; CLAYTON-MATTHEWS; DOWNEY, 1987). Adultas jovens até os 30 anos
26

têm apresentado corpo progressivamente mais delgado, enquanto as campanhas


publicitárias e sua imagem na mídia têm as tornado cada vez mais magras
(WISEMAN et al., 1992; MORRISON; KALIN; MORRISON, 2004).
Concomitantemente ao aumento considerável na conscientização popular
sobre os benefícios da boa nutrição para a saúde, os anunciantes associaram, ao
longo dos últimos anos, uma série de imagens e sugestões publicitárias ao corpo
esguio, tornando este ainda mais valorizado e considerado belo pela sociedade
atual. Dessa forma, como agravante, ao ato de emagrecer, de modo confuso e
arbitrário, são atribuídos diversos significados subliminares de admiração e poder,
como "ser bonito", "ser aceito", "ser amado" e "ter sucesso" (KATCH; McARDLE,
1996; GILLINI; GILLINI, 1998).
Alguns autores correlacionam a insatisfação corporal das adolescentes com o
total de horas dedicadas à assitir televisão (TIGGEMANN; PICKERING, 1996).
Acredita-se que, quanto maior a exposição à imagens consideradas ideais,
veiculadas através da mídia, maior é a chance de adoção de comportamentos
característicos dos transtornos da alimentação (STICE et al., 1994).
Além disso, os indivíduos, nos dias de hoje, pertencem a um mundo no qual
tornam-se totalmente responsáveis por sua beleza e forma física. O corpo deve estar
em uma determinada forma a fim de possibilitar aceitação social. Com um arsenal de
recursos, a indústria da beleza, em especial de cosméticos e cirurgias estéticas,
cresce como nunca, movimentando milhões em dinheiro e interesses econômicos
(WOLF, 1992; CASTILHO, 2001; SULLIVAN 2001; POLI NETO; CAPONI, 2007).
Cresce, dentre as mulheres, a adoção de práticas de risco, tais como dietas não-
orientadas, uso indevido de medicamentos, laxantes, diuréticos e a prática
exagerada de exercícios físicos. Emagrecer é uma imposição, uma condição para
ser aceita, enquanto permanecer com o peso aumentado (ou muitas vezes
adequado) é uma escolha de vida cruel (FERNANDES, 2007). Publicações de
artigos internacionais relacionados a cirurgias plásticas apresentam dados
interessantes. O objetivo de diversos estudos da “medicina da beleza” é definir
normas biológicas, que possibilitem a classificação de variações físicas, e planejar
intervenções estéticas baseadas num padrão de normalidade, definido com auxílio
da antropometria. Ainda, de acordo com eles, a medicina da beleza, ao tentar
estabelecer padrões, reduz a importância cultural na criação e transformação do que
é ser belo, enquanto impõe suas novas normas com a criação de inúmeras
possibilidades e procedimentos estéticos (POLI NETO; CAPONI, 2007).
27

2.2.4. O papel dos familiares e amigos


Na adolescência inicial, principalmente, os pais exercem certa influência na
aparência dos filhos (SMOLAK; LEVINE; SCHERMER, 1999; STRIEGEL-MOORE;
KEARNEY-COOKE, 1994; THELEN; CORMIER, 1995).
A percepção da expectativa dos pais em relação ao peso dos filhos pode
influenciá-los a se sentirem gordos (PINHEIRO; GIUGLIANI, 2006). O pai e mãe,
expressando insatisfação e preocupações com o próprio corpo podem influenciar os
filhos a reproduzirem atitudes e comportamentos relativos ao alimento e a forma
física, visando emagrecer (PIKE; RODIN, 1991). Notou-se, em algumas
investigações, que pais excessivamente preocupados com seu próprio peso ou com
o peso dos filhos podem estimular grande preocupação com a imagem (HILL;
WEAVER; BLUNDELL, 1990; STRIEGEL-MOORE; KEARNEY-COOKE, 1994;
THELEN; CORMIER, 1995; HILL; PALLIN, 1998; SMOLAK; LEVINE; SCHERMER,
1999; BERGER; SCHILKE; STRAUSS, 2005). As mães podem funcionar como
modelos, influenciando a relação pessoal dos filhos com o alimento e as meninas
podem, desde pequenas, repetirem atitudes maternas em relação ao peso (PIKE;
RODIN, 1991; HILL; FRANKLIN, 1998; KEEL et al., 1997; DAVISON; MARKEY;
BIRCH, 2000). Ainda, os pais podem atuar manifestando a insatisfação com o peso
e forma física do adolescente, controlando seu acesso ao alimento, criticando e
comparando-o com outros (BROWN et al., 1995; BIRCH; FISHER, 1998).
Os amigos possuem uma grande influência na socialização (RAFFAELLI;
DUCKETT, 1989; GILLINI; GILLINI, 1998; LATTIMORE; BUTTERWORTH, 1999).
Dessa forma, a comparação ou comentários por eles realizados encorajam os
demais a buscarem modificações na forma física, com estratégias como a prática de
dietas (PYLE; MITCHELL; ECKERT, 1981; DURKIN, 1995; TAYLOR et al., 1998).
Com o passar dos anos e proximidade da vida adulta, a opinião das amigas passa a
contar na formação de atitudes da adolescente relacionadas à perda de peso e à
forma física, mais até do que a dos próprios pais (MUKAI, 1996).

2.2.5. Instrumentos de avaliação da auto-imagem corporal


Várias pesquisas realizadas nas ultimas décadas têm tido como objetivo avaliar
a imagem corporal e a satisfação dos indivíduos com relação à sua aparência
(MUTH; CASH, 1997). Diante da variedade de instrumentos e possibilidades de
28

estudo é essencial adequá-los de acordo com a abordagem de interesse


(THOMPSON, 2004).
Os questionários auto-aplicáveis têm diversas vantagens: são econômicos e de
fácil aplicação, podendo ser utilizados em um grande número de indivíduos. Além
disso, pelo seu caráter de auto-resposta, são eficientes na medida que revelam
comportamentos e atitudes que seriam provavelmente omitidos numa entrevista.
Questionários foram elaborados para fornecerem uma medida da gravidade dos
transtornos alimentares ou comportamentos alimentares de risco, o que permite a
separação de casos mais graves e a monitorização das mudanças ao longo do
tratamento (FREITAS; GORENSTEIN; APPOLINARIO, 2002).
Um deles, utilizado na avaliação da imagem corporal é o Body Shape
Questionnaire (BSQ-34), validado por Cooper et al. (1987), com versão disponível
em português, o Questionário sobre a Imagem Corporal (CORDÁS; CASTILHO,
1994). Este instrumento é bastante utilizado em estudos em populações clínicas e
não-clínicas, com bons índices de validade discriminante e confiabilidade (COOPER
et al., 1987; ROSEN et al. 1996; CORDÁS; NEVES, 1999; ALVARENGA, 2001;
OLIVEIRA et al., 2003; SAIKALI et al., 2004).
O questionário verifica o grau de preocupação com a forma do corpo e com o
peso, a autodepreciação relacionada à aparência física e alguns comportamentos
adotados em função desta autodepreciação durante o último mês. Consta de 34
itens, com seis opções de respostas, cada uma delas equivalente a determinada
pontuação. A soma dos pontos obtidos em todo o teste (todas as perguntas) permite
classificar o nível de preocupação quanto à imagem corporal.
O instrumento BSQ distingue duas questões específicas relacionadas à
imagem: a precisão na estimativa do tamanho do corpo e os sentimentos em
relacionados a ele, tais como a insatisfação ou desvalorização da forma física.
Dessa forma, pode ser utilizado para avaliar o papel de distúrbios da auto-imagem
na formação, manutenção e na resposta ao tratamento de transtornos alimentares,
como a anorexia ou bulimia nervosas (COOPER et al., 1987; ROSEN et al., 1996;
CORDÁS; NEVES, 1999; FREITAS; GORENSTEIN; APPOLINARIO, 2002).
Também são utilizadas as figuras de silhueta, em escalas com figuras de
diferentes tamanhos corporais, que têm sido apontadas como um instrumento eficaz
para avaliar o grau de satisfação com a forma física e adequação quanto à
percepção da imagem corporal (GARDNER; FRIEDMAN; JACKSON, 1998;
GARDNER et al., 1999; MADRIGAL et al., 2000; KAKESHITA; ALMEIDA, 2006).
29

Os pesquisadores do CNRC - Children Nutrition Research Center em parceria


com o Baylor College of Medicine desenvolveram um material específico para o Girls
Health Enrichment Multisite Studies - GEMS (Estudos Multicêntricos para a Melhoria
da Saúde de Adolescentes do Sexo Feminino). O material inclui um questionário
específico para avaliar a imagem corporal através da figura da silhueta, o “Body Size
Silhouettes” ou a Figura da Silhueta Corpórea (CNRC, 2000).

2.3. DISTORÇÕES NA IMAGEM CORPORAL E OS TRANSTORNOS


ALIMENTARES

A adolescência é, especialmente dentre as garotas, uma fase marcada por


uma grande vulnerabilidade psicológica, preocupações e insatisfação com a auto-
imagem corporal (NEUMARK-SZTAINER et al., 2006). A realidade atual de fervor
pela magreza e temor à obesidade, de modo geral, pode criar distorções e
insatisfações seguidas de comportamentos prejudiciais ao desenvolvimento dos
adolescentes e maior risco para a ocorrência de transtornos de diversas espécies
(NUNES et al., 2003; PINHEIRO; GIUGLIANE, 2006; SMOLAK; LEVINE;
SCHERMER, 1999; VILELA et al., 2004; NEUMARK-SZTAINER et al., 2006).
Crianças e adolescentes com excesso de peso possuem uma pior imagem
corporal e auto-estima quando comparados com aqueles com peso normal (CASH;
GREEN, 1986; GLEAVES et al., 1995; STICE; NEMEROFF; SHAW, 1996). A baixa
auto-estima pode atuar inclusive modificando a percepção corporal de individuo com
peso adequado (NUNES et al., 2003). Em Porto Alegre observou-se que, dentre as
adolescentes e adultas avaliadas, somente um terço daquelas que queriam
emagrecer realmente necessitavam de perder peso de acordo com parâmetros
antropométricos (NUNES et al., 2003).
O estudo longitudinal de NEUMARK-SZTAINER et al. (2006) constatou que
mulheres com baixa satisfação corporal realizam mais freqüentemente dietas,
apresentam maior taxa de compulsão alimentar e ao mesmo tempo, baixos níveis de
atividade física. Foi também observado que a insatisfação corporal, ao invés de
motivar os indivíduos a melhorar seus comportamentos relativos à modificação do
peso, adotando estratégias saudáveis, predispõe os mesmos a atitudes maléficas à
saúde e que podem, inclusive, aumentar a chance de aumento de peso.
30

Alguns estudos demonstram associação entre a insatisfação com o corpo e os


transtornos do comportamento alimentar no sexo feminino (ATTIE; BROOKS-GUNN,
1989; NUNES et al., 2003). As distorções na imagem corporal e o medo de engordar
podem induzir a adoção de comportamentos de risco à saúde, tais como a prática de
dietas e de atitudes insalubres no intuito de controlar o peso, além de compulsão
alimentar. Tais comportamentos podem gerar prejuízos no desenvolvimento e maior
probabilidade de condutas alimentares anormais ou de risco (ATTIE; BROOKS-
GUNN, 1989; SMOLAK; LEVINE; SCHERMER, 1999; NUNES et al., 2003; VILELA
et al., 2004; CONTI, FRUTUOSO; GAMBARDELLA, 2005; PINHEIRO; GIUGLIANE,
2006).
A imagem corporal influencia na ocorrência dos transtornos alimentares, na
medida que interfere na auto-estima, no modo como o individuo se vê e no modo
como acredita ser visto (STENZEL, 2006).
Muitos comportamentos e atitudes alimentares apresentados durante a
adolescência podem ser simplesmente funcionais ou reativos ao momento
vivenciado, servindo, nesse caso, como manifestações de autonomia,
independência ou adaptação (EINSTEIN; SOUZA, 1993; CASTRO; GOLDESTEIN,
1995). Por outro lado, podem ser indicativos de uma excessiva preocupação com a
imagem ou de uma predisposição aos transtornos alimentares, tais como a anorexia
e bulimia nervosas, doenças psiquiátricas (CLAUDINO; BORGES, 2002; GELDER;
MAYOU; GEDDES, 2002; NUNES et al., 2003).
As alterações e distorções relativas à imagem corporal, porém, não estão
somente relacionadas aos transtornos alimentares. A dinâmica e o ambiente social
atuais tornam cada vez mais comuns a insatisfação com o corpo e a busca por um
padrão ideal, principalmente em adolescentes do sexo feminino (CONTI,
FRUTUOSO; GAMBARDELLA, 2005).

2.3.1. Anorexia e Bulimia Nervosa – Breve Caracterização


O aparecimento da anorexia pode ocorrer desde a idade escolar até a
adolescência (CLAUDINO; BORGES, 2002; GELDER; MAYOU; GEDDES, 2002;
NUNES et al., 2003) e da bulimia numa faixa etária mais ampla. Ambos os
transtornos são acompanhados por alterações na auto-imagem corporal (grande
insatisfação com a aparência física) e prática de dietas ou de jejum e, de acordo com
a literatura, são mais freqüentes em países desenvolvidos e em classes sociais mais
31

elevadas (CASH; DEAGLE, 1997; CLAUDINO; BORGES, 2002; GELDER; MAYOU;


GEDDES, 2002; NUNES et al., 2003). Além disso, diversas pesquisas têm
demonstrado associações entre o aumento da prevalência destas alterações da
auto-imagem com fatores como o sexo feminino e também com o aumento da idade,
ou seja, aproximação da adolescência (GARDNER; SORTER; FRIEDMAN, 1997;
FONSECA; SICHIERI; VEIGA, 1998; VILELA et al., 2004; PINHEIRO; GIUGLIANI,
2006).
Na anorexia há excesso de atividades físicas e emagrecimento intenso (IMC<
17,5kg/m2), levando a alterações orgânicas maiores, tais como distúrbios
endócrinos, amenorréia, braquicardia e hipotermia (CLAUDINO; BORGES, 2002;
GELDER; MAYOU; GEDDES, 2002; NUNES et al., 2003). A bulimia nervosa é
acompanhada de episódios de compulsão alimentar (binge ou hiperfagia), seguidos
da indução de vômitos e/ou abuso de laxativos (“comportamentos compensatórios”).
As pacientes bulímicas geralmente têm peso corporal considerado normal ou um
pequeno sobrepeso e podem apresentar, em função da prática continuada de
vômitos, dentes estragados e cariados, lesões renais e aumento das glândulas
parótidas (CLAUDINO; BORGES, 2002; GELDER; MAYOU; GEDDES, 2002;
NUNES et al., 2003).
Na anorexia, a inadequação na percepção do corpo é mais acentuada e grave
que na bulimia. O paciente com anorexia pode não reconhecer seu estado de
desnutrição e, ainda, enxergar-se mais gordo do que realmente é. Os pacientes com
bulimia, por outro lado, apresentam maior insatisfação com a imagem, e geralmente
encontram-se com peso ideal para estatura ou leve sobrepeso (NUNES et al., 2003;
STENZEL, 2006).
As preocupações relativas à imagem corporal são apenas um dos sintomas
apresentados pelos indivíduos com transtornos alimentares. Não é somente a
insatisfação e inadequada percepção da imagem que definem as distorções
relacionadas aos transtornos alimentares (STENZEL, 2006). Há muito além de uma
insatisfação com a forma e peso corporais. Além disso, distorções na imagem são
conceitos diferentes de distúrbios com a imagem (STENZEL, 2006).

2.3.2. Outros aspectos relacionados à ocorrência de transtornos alimentares


Os fatores socioculturais também têm influencia no desenvolvimento dos
transtornos alimentares. A globalização, as modificações no padrão de beleza ao
32

longo dos anos e a inserção da mulher no mercado de trabalho transformaram sua


realidade e seu papel social. A cultura e a influencia dos amigos, familiares e mídia
são amplamente conhecidas como moduladoras da satisfação corporal,
intrinsecamente relacionada aos transtornos alimentares (GALVÃO; PINHEIRO;
SOMENZI, 2006).
A superproteção, rigidez e dificuldades familiares são componentes comuns
nas famílias de indivíduos com transtornos alimentares. Além disso, são encontradas
relações entre a ocorrência dos mesmos e casos de abuso físico, sexual, traumas e
maus tratos (MINUCHIM; ROSMAN; BACKER, 1978; BRUCH, 1988; FAIRBURN et
al., 1997, 1998, 1999). A presença de comentários pejorativos acerca da aparência,
muitas vezes em função de obesidade na infância também é freqüente entre
indivíduos com transtornos. As manifestações de sintomas e modificações
alimentares funcionam como uma tentativa de canalizar os afetos negativos gerados
através destas situações (GALVÃO; PINHEIRO; SOMENZI, 2006).
A personalidade, visão de mundo e determinadas experiências interpessoais
também se relacionam com a ocorrência dos transtornos (MORGAN; VECCHIATTI;
NEGRAO, 2002; GALVÃO; PINHEIRO; SOMENZI, 2006). É sabido que pacientes
com anorexia nervosa tendem a apresentar traços de perfeccionismo e introversão,
enquanto pacientes com bulimia nervosa são mais impulsivas e instáveis
emocionalmente. Por esta razão, explica-se em parte seu comportamento de
ingestão alimentar excessiva, seguida de purgação com intuito de aliviar a culpa e a
impulsão vivenciadas. A bulimia também se associa, de acordo com RAFFI et al.
(2000), a eventos estressores, ansiedade, depressão e baixa auto-estima.
Algumas pesquisas verificaram a ocorrência de comorbidades psiquiátricas
anteriores ou concomitantes em pacientes com transtornos alimentares (MORGAN;
VECCHIATTI; NEGRAO, 2002; NASCIMENTO; LUZ; FONTENELLE, 2006). Dentre
as principais comorbidades associadas destacam-se o transtorno obssessivo-
compulsivo, de ansiedade, de personalidade e transtornos depressivos (HUDSON et
al., 1983; LAESSLE et al. 1989; HERTZORG, 1992; GODART et al., 2000; GRILLO,
2002; MORGAN; VECCHIATTI; NEGRAO, 2002; KAYE et al., 2004).
Ainda existem estudos que apontam para a importância das influências
genéticas na ocorrência dos transtornos alimentares. Estudo de Strober (2000)
demonstrou que, para o sexo feminino, o risco relativo de familiares de pacientes
com transtornos também desenvolvê-los varia de 4,2 a 12,3, de acordo com o
transtorno apresentado (anorexia ou bulimia). Bulik e Tozzi (2000) encontraram que
33

a herdabilidade destes transtornos entre gêmeos situa-se entre 28 a 84%. Levando-


se em conta que as manifestações genotípicas dependem da interação com o
ambiente e revelação das manifestações fenotípicas, ou seja, fruto da interação com
o meio, também se pode considerar que o ambiente familiar e sociocultural
influenciam na ocorrência dos transtornos, especialmente naqueles indivíduos que
apresentem susceptibilidade genética, ou seja, ainda maior vulnerabilidade (NUNES
et al., 2003).
Dessa forma, além da genética, a cultura e os comportamentos relativos à
alimentação e educação típicos de cada família interferem no desenvolvimento de
transtornos alimentares (HILL; WEAVER; BLUNDELL, 1990; STRIEGEL-MOORE;
KEARNEY-COOKE, 1994; THELEN; CORMIER, 1995; HILL; PALLIN, 1998;
SMOLAK; LEVINE; SCHERMER, 1999; BERGER; SCHILKE; STRAUSS, 2005).

2.3.3. Instrumentos de avaliação dos transtornos alimentares


Os transtornos alimentares, em especial a anorexia e bulimia, têm origem
multifatorial. Por isso, é interessante aplicar avaliações que contemplem os vários
aspectos relacionados ao seu desenvolvimento e manutenção. Existe grande
controvérsia a respeito dos métodos mais adequados para a avaliação destes. Em
geral, tratam-se de questionários auto-aplicáveis, entrevistas clínicas e instrumentos
auto-monitoração (FREITAS; GORENSTEIN; APPOLINARIO, 2002).
Os questionários auto-aplicáveis utilizados na detecção de sintomas e de
quadros de transtornos alimentares possuem diversas vantagens, assim como
aqueles utilizados para averiguar a imagem corporal, revelando atitudes e condutas
dificilmente relatadas face-a-face (FREITAS; GORENSTEIN; APPOLINARIO, 2002).
O Eating Atitudes Test (EAT–26), elaborado em 1979, é um dos primeiros
instrumentos reconhecidos internacionalmente no auxílio ao rastreamento e
diagnóstico de transtornos alimentares e é especialmente utilizado para a anorexia
nervosa (GARNER; GARFINKEL, 1979). Já foi traduzido para o português como
“Teste de Atitudes Alimentares” (NUNES et al., 1994) e validado na população
brasileira (NUNES et al., 1995; BIGHUETTI, 2003). O questionário consta de 26
questões acerca do comportamento alimentar e imagem corporal, com seis opções
de respostas: sempre, muito freqüente, freqüentemente, algumas vezes, raramente
e nunca (FREITAS; GORENSTEIN; APPOLINARIO, 2002).
34

As questões do teste abordam aspectos dos padrões alimentares, grupos de


alimentos, imagem corporal, bulimia e preocupações acerca da dieta, compulsão,
compensação (vômitos), além do controle oral. É importante ressaltar que este teste
é um ótimo indicador de padrões alimentares anormais, mas que não revela
possíveis psicopatologias subjacentes (FREITAS; GORENSTEIN; APPOLINARIO,
2002).
Também são conhecidos e utilizados outros instrumentos que fornecem
subescalas e auxiliam no rastreamento e prognóstico, tais como o Eating Disorder
Inventory (EDI), com versões revisadas e também específicas para a população
infantil. O EDI possui boas propriedades psicométricas, confiabilidade e validade e
consta de 64 itens que avaliam as características psicológicas e comportamentais
comuns à anorexia e à bulimia (FREITAS; GORENSTEIN; APPOLINARIO, 2002).
Para a bulimia, são também conhecidos o Bulimia Test - BULIT, com 36 itens,
que possibilitam a detecção de indivíduos com o quadro ou com risco para seu
desenvolvimento. O teste possui uma versão revisada, validada com os critérios
diagnósticos do DSM-IV (APA, 1994) para bulimia, que além de atender aos
objetivos anteriores possibilita também a avaliação de transtornos do comer
compulsivo, pela qualidade dos itens abordados (FREITAS; GORENSTEIN;
APPOLINARIO, 2002).
Também existem estudos realizados com o Bulimic Investigatory Test,
Edinburgh (BITE-34), questionário utilizado para o rastreamento de casos de bulimia
e a avaliação da gravidade dos mesmos. Assim como o EAT, o BITE foi traduzido
para o português por Cordás e Hochgraf (1993) como “Teste de Avaliação Bulímica
de Edinburgh” (FREITAS; GORENSTEIN; APPOLINARIO, 2002). O questionário
consta de 33 questões e ao final fornece resultados em duas subescalas, uma de
sintomas (uma avaliação do grau dos sintomas bulímicos presentes) e outra de
gravidade (freqüência dos comportamentos compulsivo e purgativo).

2.3.4. Ocorrência de alterações na auto-imagem e transtornos alimentares no


Brasil e no mundo
Estudos realizados em diferentes regiões do mundo demonstraram que
meninas entre cinco e nove anos de idade já possuem preocupações relacionadas
ao corpo e imagem, especialmente o medo de engordar e o desejo de serem mais
magras. A insatisfação com o corpo é bastante comum dentre as adolescentes,
35

podendo alcançar taxas de até 80% (TETLIN, 1990; KOSTANSKI; GUALLANE,


1998; STICE; WHITENTON, 2002).
No estudo de Kakeshita e Almeida (2006), mulheres universitárias eutróficas e
com sobrepeso superestimaram seu tamanho corporal, enquanto mulheres obesas
subestimaram. As mulheres mais magras são mais satisfeitas, e este nível de
satisfação tende a diminuir à medida que o peso aumenta. Em outro estudo
(OLIVEIRA et al., 2003), também verificou-se associação entre o IMC e o resultado
do teste BSQ. As imagens apontadas como desejáveis eram na maioria das vezes
imagens de corpos mais magros que os corpos reais. Parte da insatisfação corporal
em indivíduos com peso adequado é atribuída à divulgação de ideais de beleza de
magreza irreal e relacionada ao corpo anoréxico (KAKESHITA; ALMEIDA, 2006).
Estudantes de Nutrição avaliadas no Rio de Janeiro apresentaram escore
médio do BSQ de 81,2 pontos (DP=33,6), o que corresponde à leve preocupação
com a imagem corporal. Neste estudo, 59,5% não apresentavam alterações, 21,8%
apresentavam alterações leves, 12,4% moderadas e 6,2% apresentavam distorção
grave na imagem. Dentre as 18,6% que apresentavam distorções consideráveis
(moderada ou grave), aproximadamente 83% eram eutróficas, 11% apresentavam
excesso de peso e as demais (cerca de 6%) apresentavam baixo peso (OLIVEIRA et
al., 2003). Neste mesmo estudo encontrou-se ainda que mais da metade das alunas
com ausência de alterações ou alterações leves na imagem corporal também
desejavam perder peso (OLIVEIRA et al., 2003). Isto é preocupante, tendo em vista
que comportamentos adotados com o intuito de perda de peso, tais como a
realização de dietas, podem predispor ao desenvolvimento de distúrbios no
comportamento alimentar e anorexia nervosa. A maioria das avaliadas relatou
desejo de perder peso (65,2%), enquanto 15,3% relataram estar satisfeitas e 19,5%
queriam ganhar peso.
Utilizando a escala de silhueta, Vilela (2004) encontrou prevalência de
insatisfação corporal de 65% dentre as estudantes avaliadas, sendo que 38,6%
desejavam perder peso. Através do BSQ, Luz (2003) encontrou insatisfação com a
auto-imagem de 15,3% em universitários da capital mineira. Alves et al (2008), por
sua vez, avaliando adolescentes do sexo feminino com média de 14,1 anos em
Santa Catarina, encontraram uma prevalência de 18,8% de insatisfação corporal.
Estudo com norueguesas encontrou relação entre a satisfação com a imagem
e a prática de dietas, associadas ainda ao aumento da idade (FRIESTAD; RISE,
2004). Outros estudos desenvolvidos nos últimos anos em diversos países, dentre
36

eles a Coréia, Inglaterra, Turquia e Brasil verificaram insatisfação e distorções da


auto-imagem corporal, ideal de corpo magro, desvalorização pessoal global e baixa
auto-estima, levando á prática de dietas não orientadas, com intuito de emagrecer
entre crianças e adolescentes (DAVIES; FURNHAM, 1986; COK, 1990; CANPOLAT
et al., 2005; KIM; KIM, 2005; PINHEIRO; GIUGLIANI, 2006). As mulheres desejam
serem mais magras independentemente de seu estado nutricional (NUNES et
al.,2003).
Os transtornos alimentares, em especial a anorexia e bulimia, tornaram-se alvo
de intensas pesquisas, devido ao notável aumento de sua incidência na população
adolescente nos últimos anos (EAGLES et al., 1995; FARIAS et al AL., 1999; SÁIZ et
al., 1999) De acordo com Fischer e colaboradores, já em 1995, a prevalência de
anorexia chegava a 5% em mulheres adolescentes e adultas, sendo esta a terceira
doença crônica mais comum entre adolescentes nos Estados Unidos. A bulimia
nervosa afetava de 1 a 5% desta população no início da década de 90, sendo bem
mais freqüente nas mulheres jovens (FISCHER et al., 1995; HAY et al., 1998).
Estudos de Fairburn & Beglin (1990) e Hsu (1996) apontaram as prevalências de
anorexia e bulimia em torno, respectivamente, de 0,5% e 1%. A Associação
Americana de Psiquiatria (APA, 2000), órgão norte-americano que confeccionou um
guia prático para o diagnóstico e tratamento dos distúrbios alimentares, pontuou a
prevalência de anorexia entre de 0,5 a 3,7% e de bulimia entre 1,1 a 4,2% na
população do sexo feminino.
Trabalhos realizados principalmente ao longo da década de 90 em diversas
regiões do mundo colaboraram com esta constatação, apontando a prevalência
destes transtornos entre 0,5 e 4% (WILLI; GROSSMAN, 1983; SZMUKLER, 1985;
BUSHNELL, 1990; FAIRBURN; BEGLIN, 1990; FERNÁNDEZ-BALLART et al., 1995;
HSU, 1996; HAY, 1998; MIRANDÉ; CELADA; CASAS, 1999).
Alguns estudos realizados nacionalmente que determinam a freqüência de tais
distúrbios na população. Acredita-se que a prevalência dos transtornos alimentares
como a anorexia nervosa cheguem a 1% na população geral, sendo 90% dos casos
correspondentes às mulheres. A prevalência de bulimia, por sua vez, pode chegar a
4% (ASSUNÇÃO; CORDÁS; ARAÚJO, 2002). Tem-se observado, ainda, que o
padrão dos casos apresentados nos países desenvolvidos tende a ser semelhante
ao apresentado nas sociedades industrializadas e nos países em desenvolvimento,
tais como o Brasil (SANTOS, 1986; AZEVEDO, 1996; HSU, 1996).
37

2.4. OS TRANSTORNOS ALIMENTARES, A INSATISFAÇÃO CORPORAL E O


CONSUMO DE DROGAS.

Situações de confusão e sofrimento psíquico, como a depressão, culpa,


ansiedade e baixa auto-estima predispõem os adolescentes a utilizarem drogas
(ADDICTION RESEARCH FOUNDATION GROUP, 1991).
O termo droga é definido como “toda substância ou ingrediente aplicado em
tinturaria, química ou farmácia” (WEISZFLOG, 2007). Também tem a designação de
“coisa ruim, imprestável”. Atualmente, é aceita e divulgada a utilização deste termo
como sinônimo ou de referência às substancias psicoativas que trazem efeitos
maléficos à saúde se consumidas. O entendimento da droga no contexto atual tem
gerado discussões éticas, psicanalíticas e jurídicas, envolvendo não somente o
âmbito da saúde (MOUNTIAN, 2002).
Vários são os estudos que mostram associações entre insatisfação corporal e
aumento nos índices de ansiedade, depressão e baixa auto-estima. Acredita-se que
a manifestação de sintomas relacionados a estes quadros leve a maior
probabilidade do individuo perceber-se negativamente e que, do outro lado, uma
avaliação negativa da aparência conduz à propagação destes sintomas. Foram
encontradas, na literatura, pesquisas que comprovam a associação entre a
insatisfação e o abuso de substâncias, inclusive o álcool e tabaco (STRIEGEL-
MOORE; SILBERSTEIN; RODIN, 1986; ATTIE; BROOKS-GUNN, 1989; RIERDAN;
KOFF, 1997; KOSTANSKI; GUALLONE, 1998; ACKARD; CROLL; KEARNEY-
COOKE, 2002; GRANNER; BLACK; ABOOD, 2002; OHRING; GRABER; BROOKS-
GUNN, 2002; STICE; SHAW, 2002).
O abuso de substâncias também relaciona-se com os transtornos alimentares e
está mais relacionado à pacientes com bulimia do que com anorexia, provavelmente
em função comportamento impulsivo apresentado por aquelas pacientes (CORCOS
et al. 2001). Estudos encontraram prevalências de abuso de substâncias de 4,5% a
18,2% em anoréxicas e de 24,4 a 26,3% em bulímicas.

2.4.1. Motivações e iniciação ao consumo de drogas na adolescência


Investigações têm demonstrado que a adolescência é a época de maior
vulnerabilidade para se experimentar e iniciar o uso abusivo de drogas lícitas e
ilícitas em função dos diversos aspectos relacionados à esta fase da vida, tais como
38

o desejo por independência e novas experiências, a busca da aceitação pelo grupo


de amigos e os desafios encontrados no meio interno, psicológico e social
(TAVARES, BÉRIA; LIMA, 2001; BAUS, KUPEK; PIRES, 2002; REBOLLEDO;
MEDINA; PILLON, 2004; SOLDERA et al., 2004; SANCHEZ; OLIVEIRA; NAPPO,
2005; SCHENKER; MINAYO, 2005).
Alguns autores apontam a iniciação mais precoce no uso das drogas
(MARTINS, MANZANATO; CRUZ, 2005). Alguns deles enfatizam que é no ensino
fundamental que ocorre a iniciação do consumo de álcool (MUZA et al., 1997a;
1997b; TAVARES; BÉRIA; LIMA, 2001; BAUS, KUPEK; PIRES, 2002; GUIMARÃES
et al., 2004; MARTINS et al., 2008). Resultados alarmantes foram encontrados em
amostra de escolares de ambos os sexos de 11 a 13 anos no Chile - 27,3% já
haviam tido contato com álcool ou tabaco e 3,1% com drogas ilícitas, sendo 2%
ainda consumidores. A prevalência de experimentação de álcool foi de 16,3% e de
tabaco de 18,7%. Dentre aqueles que já haviam consumido álcool e tabaco, foi
encontrada prevalência de 80% e 60% de relato de inicio entre os 8 e 11 anos
(DUVICQ; PEREIRA; CARVALHO; 2004). Em Portugal, Fraga, Ramos e Barros
(2006) verificaram que a média de idade de experimentação dentre o sexo feminino
foi de 11,6 anos (DP=1,3 anos).
Estudos realizados com população universitária indicaram que o início do
consumo de drogas inicia-se em média aos 16 anos, podendo acontecer entre os 10
e 18 anos, ou seja, no período da adolescência (CHAVEZ, O’BRIEN; PILLON, 2005).
Levantamentos realizados nos Estados Unidos e outros estudos apontam que a
maioria dos adultos tabagistas inicia o habito na adolescência (CDC, 1994;
HARRELL et al., 1998). Além disso, foi verificado que o consumo de álcool, tabaco e
outras drogas tende a crescer junto à idade (GODOI et al., 1991; IVANOVIC;
CASTRO; IVANOVIC, 1997; SOUZA; ARECO; SILVEIRA FILHO, 2005).
A curiosidade e outras motivações, como reduzir a timidez, tristeza ou angústia
estimulam os adolescentes a procurarem substâncias psicoativas (IVANOVIC;
CASTRO; IVANOVIC, 1997; FRAGA; RAMOS; BARROS, 2006; COSTA et al.,
2007). São apontados vários locais de contato com as drogas. Na maioria das vezes
estas são experimentadas no próprio domicilio. Seguem-se a rua, casa de amigos e
a escola (BUCHER; TOTOGU, 1987; CARLINI-COTRIM, 1987).
39

2.4.2. Consumo de drogas no Brasil e no mundo


A análise de quatro levantamentos realizados pelo Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) sobre o consumo de drogas
dentre estudantes do ensino fundamental e médio de 10 capitais brasileiras
demonstrou aumentos no uso freqüente, pesado e uso na vida de várias substâncias
(GALDURÓZ; NOTO; CARLINI, 1997). Neste estudo, foi demonstrada maior
prevalência de uso de algumas drogas, tais como álcool, tabaco ou solventes entre
homens quando comparado às mulheres, fato comprovado em diversos trabalhos
(BARBOSA; CARLINI-COLTRIN; SILVA FILHO, 1989; LONDOÑO, 1992; DONATO
et al., 1995; YANG et al., 1996; MUZA et al., 1997a; 1997b; CARLINI-COTRIM;
GAZAL-CARVALHO; GOUVEIA, 2000; BAUS; KUPEK; PIRES, 2002; GUIMARÃES
et al., 2004; SOUZA; ARECO; SILVEIRA FILHO, 2005). Outros estudos, porém,
apontaram prevalências maiores de experimentação e consumo de tabaco no sexo
feminino (GODOI et al., 1991; CARLINI et al. 2002; FRAGA; RAMOS; BARROS,
2006). Pesquisas realizadas em outros paises também têm demonstrado aumento
da prevalência de fumo nas adolescentes e jovens ao longo dos anos (YANG et al.,
1996).
Estudos qualitativos apontam a preocupação da família com o envolvimento do
adolescente com as drogas e apontam, ao mesmo tempo, que os estudantes sabem
caracterizar o significado do uso das drogas, colocando-as como produtos de
consumo nocivos à saúde física ou mental. Neste mesmo estudo, aproximadamente
a metade dos alunos relatou conhecer nas redondezas e bairro usuários de drogas
(FERRIANI et al., 1994; SANCHEZ; FERRIANI, 2004).
Ao entrevistar adolescentes do sexo feminino de 12 a 18 anos em Pelotas,
Horta et al. (2001) encontraram prevalência de consumo de cigarro de 10,4%.
Adolescentes de 12 a 18 anos matriculadas em escolas da área metropolitana de
São Paulo apresentaram prevalências de consumo no último mês de álcool e tabaco
de 4,6% e 7,7% em escolas públicas e de 15,3% e 19,5% em escolas da rede
particular (CARLINI-COTRIM; GAZAL-CARVALHO; GOUVEIA, 2000). Quanto ao
uso de inalantes e maconha no ultimo ano, os valores foram de 9,6% e 1,8% para
escolas públicas enquanto foi de 19,4% e 17,8% para escolas particulares. Junto à
esta realidade, soma-se a facilidade de acesso e a falta do cumprimento das leis
(MARQUES; CRUZ, 2000; TAVARES; BÉRIA; LIMA, 2004). Em nosso país, por
exemplo, não são incomuns, apesar de práticas ilegais (leis 8.069/90, 9.294/96 e
40

10.702/2003), o estímulo ao consumo e a venda de bebidas alcoólicas e cigarros


para menores de 18 anos (BRASIL; 1990; 1996; 2003).
41

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

 Verificar alterações na imagem corporal e características do comportamento


alimentar entre adolescentes do sexo feminino matriculadas no primeiro ano do
ensino médio em Belo Horizonte, MG.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

 Caracterizar a população quanto ao estado nutricional;


 Caracterizar o nível de satisfação quanto à auto-imagem e a adequação da
percepção corporal à realidade no momento do estudo;
 Verificar a prevalência de sintomas de anorexia e bulimia nervosas entre as
adolescentes;
 Verificar a freqüência da prática de atividades físicas na escola e em outros
ambientes;
 Verificar a prevalência de experimentação e consumo de drogas lícitas e
ilícitas na população de estudo;
 Investigar a ocorrência de associações entre as alterações no comportamento
alimentar e a ocorrência de história familiar de transtornos da alimentação,
experimentação/consumo de drogas e prática de atividades físicas dentre as
adolescentes estudadas.
42

4. CASUÍSTICA E MÉTODOS

4.1. DELINEAMENTO DO ESTUDO

No delineamento da pesquisa foi utilizado o modelo de inquérito epidemiológico


com amostra representativa da população, que fornece informações sobre a
morbidade por causas determinadas. Tal modelo é recomendado quando as
informações sobre as condições de saúde/doença são inadequadas em virtude de
fatores como a notificação imprópria ou insuficiente (HULLEY et al., 2003).
Assim, o estudo realizado foi do tipo transversal observacional e possibilitou o
alcance dos objetivos da investigação proposta, pois permitiu a verificação da
prevalência dos problemas em questão, a descrição da distribuição das variáveis
estudadas e suas possíveis correlações.

4.2. POPULAÇÃO DE ESTUDO: CARACTERÍSTICAS E DELIMITAÇÃO DO


UNIVERSO

Foram estudadas adolescentes de 14 a 18 anos do sexo feminino,


regularmente matriculadas em escolas de Belo Horizonte, MG. Na revisão de
literatura é ressaltado que a população adolescente está bastante sujeita possuir
alterações na auto-imagem corporal, em função de diversos fatores. Destaca-se a
predominância da ocorrência de transtornos alimentares no sexo feminino, em
função de seu empenho em adequar o corpo às expectativas sócio-culturais. Além
disso, é evidente o crescente número de publicações, anteriormente citados, a
respeito de alterações na imagem e comportamentos alimentares anormais nesta
fase da vida, especialmente na adolescência tardia.
Grande parte dos inquéritos epidemiológicos já realizados foram conduzidos
com populações de escolares. Devido à concentração e presença regular das
adolescentes no ambiente escolar decidiu-se por também delimitar neste estudo as
escolas como estabelecimentos de obtenção dos dados. Há convergência da faixa
etária de interesse, correspondente à adolescência tardia e é possível obter
representatividade selecionando escolas nas diferentes regiões do município.
43

Com base no censo escolar de 2006, realizado pelo setor de estatística da


Secretaria de Estado da Educação, o número de estudantes do sexo feminino
matriculadas no primeiro ano do ensino médio no município de Belo Horizonte era
de, aproximadamente, 25.292. Além disso, das 256 escolas que ofereciam o
primeiro ano, 109 (42,6%) compunham a rede pública (federal, estadual e municipal)
e 147 escolas a rede particular (57,4%). Cada uma destas redes contava com,
respectivamente, 21.053 (83,2%) e 4.239 (16,8%) alunas (SEE, 2006).

4.3. AMOSTRAGEM - PROCESSO E CÁLCULO DA AMOSTRA

4.3.1. Desenho Amostral

Foi elaborado, com o auxilio de profissional estatística, um desenho amostral


estratificado e por conglomerados em dois estágios. Primeiramente, as escolas que
ofereciam o ensino médio foram divididas em dois estratos de acordo com a rede de
ensino (pública ou privada). Dentro de cada um destes estratos, foi realizado um
sorteio aleatório, mantendo-se a proporção de escolas públicas e particulares de
acordo com a localização da microrregião, para assegurar a representatividade em
relação à população total.

Foi encontrada maior concentração de escolas particulares em determinadas


regiões e o mesmo aconteceu com as escolas públicas. Desta forma, foram feitos
ajustes de modo a assegurar a representatividade e a presença do número de
escolas proposto para cada rede de ensino e de cada região.

4.3.2. Cálculo Amostral, Sorteio e Randomização

O cálculo estatístico foi desenvolvido de acordo com informações oficiais do


censo educacional de 2006 realizado na capital, cedidas por solicitação especial às
Secretarias de Educação do Estado (SEE, 2006). O número da amostra calculada
compreendeu setecentas e trinta e duas (732) estudantes, tomando-se como 25.292
o tamanho da população adolescente do sexo feminino matriculada no primeiro ano
do ensino médio em BH, MG, a margem de erro de 2%, o nível de significância α de
5% (erro tipo I) e um poder (1-β) de 80% (erro tipo II). No cálculo, foram utilizados
dados de prevalência dos transtornos alimentares, já que este fator (prevalência dos
44

transtornos) é um dos temas principais e o de menor prevalência no presente


estudo. Dessa forma, foram levados em conta os estudos nacionais e internacionais
anteriormente citados e adotados os valores de prevalência de 1% para anorexia e
de 2% para bulimia.

Para facilitar a condução do sorteio das escolas e a coleta dos dados, foram
excluídas as instituições com menos de 100 alunas. Restaram 99 escolas, dentre as
quais foram selecionadas aleatoriamente 10% (10 instituições) e mantida a
proporção de escolas e alunos por setor de ensino. Assim, foram selecionadas, ao
final, 4 escolas particulares e 6 públicas. A proporção de alunas matriculados em
cada um destes setores (cerca de 80% encontravam-se matriculados em escolas
públicas e 20% em escolas particulares) justificou a seleção de um número maior de
escolas públicas do que de escolas particulares. Foram também sorteadas
instituições suplentes para substituição, se necessário.

O sorteio dos conglomerados, ou seja, das turmas como unidades de estudo


dentro de cada escola, também foi aleatório. Buscou-se calcular o número de
participantes proporcionalmente ao número total de alunas na escola, de modo a
manter a representatividade. Todas as alunas das turmas sorteadas foram
convidadas a participar da pesquisa.

O problema do “cluster” introduzido pela incorporação da “turma de alunos”


como unidade foi evitado ao se estabelecer a divisão da amostra por cerca de 30
turmas das 10 escolas, utilizando-se de técnicas adotadas em outros estudos
epidemiológicos (RIBEIRO, 2003; FERNANDES, 2007). Estabeleceu-se que esta
divisão proporcionaria suficiente potencia para o estudo, junto à estratificação por
escola pública e privada. As escolas sorteadas foram distribuídas dentre as regionais
de Belo Horizonte e sinalizadas através de números (Figura 1).
45

Figura 1. Distribuição geográfica das dez escolas sorteadas de acordo com as


regionais da cidade de Belo Horizonte.

Fonte: Adaptado de Prefeitura de Belo Horizonte - Prodabel/CTM (2002)

Decidiu-se, prevendo uma perda de 10 a 20% por recusas ou outras razões,


convidar de 805 a 878 alunas para participarem do estudo. Foram selecionadas 830
alunas, sendo que, destas, 125 não puderam participar, em função de serem
gestantes, estarem fora da faixa etária delimitada (14 a 18 anos), não apresentarem
os termos de consentimento devidamente assinados ou estarem ausentes em todos
os dias de coleta. A amostra final foi composta de 705 alunas. Buscou-se uma
amostra proporcional ao tamanho da escola sorteada e garantida a homogeneidade
na cobertura e coleta dos dados.

Ao final do estudo, houve conferência do cálculo do poder estatístico da


amostra através da metodologia proposta por Hosmer & Lemeshow (2000), com a
escolha da variável explicativa de maior importância clínica e menor prevalência
(sintomas de anorexia). Através da análise do modelo ajustado para a regressão
logística binária, o poder encontrado foi de aproximadamente 99%. Isso indica um
46

resultado altamente satisfatório, ou seja, comprova que o tamanho da amostra


(n=705) foi suficiente para o ajuste do modelo logístico bem como para detectar as
associações encontradas no estudo.

4.4. PROJETO PILOTO - Teste de instrumentos e procedimentos

Os questionários e testes utilizados nesta pesquisa foram previamente testados


pela pesquisadora em uma amostra de conveniência formada por uma turma de 28
alunas matriculadas no primeiro ano do ensino médio de uma escola pública da
zona sul da capital, excluída do sorteio geral. A aplicação deu-se em Junho de 2007,
dois meses antes da coleta de dados do projeto original, com o auxílio de uma
voluntária devidamente treinada. Após os questionários, também foi realizada
avaliação antropométrica.
Foram encontradas possíveis fontes de aperfeiçoamento da metodologia
primariamente proposta e melhoria na execução do trabalho de campo, dentre as
quais algumas destacaram-se. Os nomes dos testes de avaliação do comportamento
alimentar utilizados foram modificados antes da impressão para “Questionário sobre
a alimentação 1” e “2”. Isto ocorreu no intuito de evitar quaisquer tipos de influência
nas respostas fornecidas, pela desconfiança de que se tratavam de testes
relacionados à detecção de comportamentos alimentares anormais ou sintomas de
transtornos alimentares.
Cada questionário recebeu uma numeração e foi abolido o espaço em que a
adolescente se identificava através do nome e telefone de contato. A máxima
confidencialidade dos dados foi mantida através da recomendação da assinatura de
uma “lista de presença”, feita especificamente para cada escola e entregue no
momento de aplicação de questionários. Assim, no estudo original, somente a
pesquisadora teve acesso aos dados correspondentes à cada uma das alunas
avaliadas, no momento da análise dos resultados e retorno individual. Nesta lista,
que permaneceu a todo momento sob a posse da pesquisadora, a adolescente
escrevia seu nome completo, turma, telefone para contato e número de seu
questionário. Todas as estudantes assinaram a lista e informaram os dados
solicitados.
Na formatação original de cada teste, foram incluídas cores para contraste e
separação entre as perguntas, para evitar confusão na marcação das respostas.
47

Também foi montado um esquema de organização da equipe para aferição das


medidas antropométricas, afim de facilitar a obtenção dos dados.

4.5. ORGANIZAÇÃO DA COLETA DE DADOS

4.5.1. Treinamento da Equipe


O recrutamento de voluntários para auxiliar na coleta de dados foi divulgado
pessoalmente e através de cartazes específicos nas Faculdades de Medicina da
UFMG e Ciências Médicas de Minas Gerais. Foram realizadas reuniões para
discussão do projeto e inscrição de voluntários, acadêmicos dos cursos de Medicina
e Nutrição dessas instituições.
Os acadêmicos selecionados passaram por treinamento específico, com
demonstração da aplicação de toda metodologia e conhecimento da técnica e
utilização de cada um dos testes e equipamentos. Foram discutidas as melhorias
obtidas através do projeto piloto e simuladas possíveis perguntas e dúvidas dentre
as estudantes avaliadas.
Todos os procedimentos da coleta de dados foram acompanhados
pessoalmente pela pesquisadora, que teve oportunidade de reciclar o treinamento
de cada um dos acadêmicos participantes já em campo. Cada acadêmico recebeu,
ao final do trabalho, certificado autenticado comprovando sua participação.
Para melhorar a divulgação da pesquisa entre as instituições e o acesso às
escalas de trabalho dentre os acadêmicos houve a confecção de uma página na
internet. No site, foram expostos os locais de coleta, a metodologia do projeto, um
espaço para a retirada de dúvidas e periodicamente, artigos referentes aos temas de
interesse. O mesmo recebia atualizações a cada três dias.

4.5.2. Sensibilização das Escolas e Alunos


Após a realização do sorteio que definiu as escolas participantes, foram
realizadas visitas e entregues cópias do projeto à direção e coordenação, em
reunião específica para divulgar o projeto e esclarecer dúvidas. Com a aprovação da
aplicação do projeto pelas instituições, foi assinado um termo de compromisso entre
a escola e a pesquisadora. A partir daí, agendaram-se as datas de visita a cada
48

escola. Duas escolas recusaram participar e foram substituídas pelas suas


respectivas suplentes.
O contato com as alunas das turmas sorteadas deu-se primeiramente através
de uma palestra de 20 minutos. Neste momento, parte da equipe foi apresentada e
as adolescentes foram convidadas formalmente, com a entrega dos Termos de
Consentimento Livre e Esclarecido. Foram abordados os principais objetos da
pesquisa (verificar o comportamento alimentar, a prática de atividade física, o nível
de satisfação com o corpo) e a importância da participação voluntária de cada
estudante convidada. Também foram feitos os devidos esclarecimentos a respeito
do sigilo e da veracidade nas respostas fornecidas.
Esta sensibilização foi realizada uma segunda vez em cada escola, para
fornecer às alunas que não compareceram na primeira vez uma nova chance de
conhecer e participar da pesquisa. A realização deste retornos possibilitou a redução
das perdas amostrais, devido a possibilidade de avaliação em um número maior de
dias e alcance de alunas anteriormente ausentes.
O trabalho de campo foi realizado no período de Agosto à Novembro de 2007.
A coleta de dados ocorreu em ambiente escolar (sala ou auditório) e horário cedido
pelos professores. Somente participaram da pesquisa estudantes que entregaram
assinados os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido, em vias para
adolescente e responsáveis. Os dados foram coletados com o auxílio de uma equipe
de pesquisa devidamente treinada e capacitada. O tempo médio gasto para a
aplicação da metodologia foi de uma hora, sendo quarenta e cinco (45) minutos para
a aplicação dos questionários e testes e quinze (15) minutos para a avaliação
antropométrica.

4.6. MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE COLETA

4.6.1. Questionário Geral: Conhecendo a adolescente.


Neste questionário (anexo I), foram avaliados diversos itens que permitiram um
melhor conhecimento de cada adolescente:
- Dados gerais: data de nascimento, idade, escolaridade dos pais, idade da
menarca, se já engravidou e se possui filhos, se reside com familiares ou outros.
- Hábitos de vida/Condições de Saúde: questionamentos acerca da prática
de atividades físicas e recreativas (se praticam ou não, o tipo e a freqüência da
49

atividade), se já experimentaram, fizeram uso ou se atualmente utilizam cigarro,


bebidas alcoólicas e/ou drogas ilícitas (sim ou não, tipo, freqüência de uso da droga)
e o tempo diário despendido com a televisão.
- Distúrbios alimentares: verificação do conhecimento a respeito de algum
distúrbio alimentar e a forma como se deu este conhecimento (através de amigo,
familiar ou conhecido com o distúrbio).
- Conduta alimentar/Pesquisa Dietética: questionamentos quanto à prática
ou omissão do desjejum, as razões da omissão, o número de refeições realizadas
por dia e as preferências e aversões alimentares.
- Percepção corporal: considerações a respeito de seu peso, do desejo de
ganhar ou perder e o número de quilos, o tempo em que mantém o peso atual e as
partes que mais e menos gostam em seus corpos.
- Perfil demográfico e socioeconômico: escolaridade dos pais, número de
eletroeletrônicos ou itens que possui (televisão, rádio, carro, aspirador de pó,
geladeira, etc.), número de cômodos e tipo de habitação.

4.6.2. TESTES DE IMAGEM E PERCEPÇÃO CORPORAIS

4.6.2.1. Questionário sobre a Imagem Corporal (BSQ-34)


A avaliação das alterações na imagem e do nível de satisfação das
adolescentes com relação à sua imagem corporal deu-se através do Body Shape
Questionnaire – BSQ (COOPER et al., 1987), traduzido para o Português como
“Questionário sobre a Imagem Corporal” por Cordas & Castilho, 1994. O
questionário (anexo II), auto-aplicado, verifica o grau de preocupação com a forma
do corpo e com o peso, a autodepreciação relacionada à aparência física e alguns
comportamentos adotados em função desta autodepreciação durante o último mês.
Consta de 34 itens, com seis opções de respostas, cada uma delas equivalente a
determinada pontuação: nunca (1 ponto), raramente (2 pontos), às vezes (3 pontos),
freqüentemente (4 pontos), muito freqüentemente (5 pontos) e sempre (6 pontos). A
soma dos pontos obtidos em todo o teste (todas as perguntas) permite classificar o
nível de preocupação quanto à imagem corporal do adolescente em questão, da
seguinte forma:
50

 Resultado menor ou igual a oitenta (80) pontos será considerado padrão de


normalidade e tido como ausência de distorção da imagem corporal;

 resultado entre oitenta e um (81) e cento e dez (110) pontos será um


indicador de leve distorção da imagem corporal;

 resultado entre cento e onze (111) e cento e quarenta (140) pontos será
indicador de moderada distorção da imagem corporal;

 resultado for superior a cento e quarenta (140) pontos, tratar-se-á de


indicação de grave distorção da imagem corporal.

O BSQ é bastante utilizado em estudos em populações clínicas e não-clínicas,


com bons índices de validade discriminante e confiabilidade (COOPER et al.,1987;
CORDÁS; NEVES, 1999; ALVARENGA, 2001; OLIVEIRA et al., 2003; SAIKALI et
al.,2004). Além disso, distingue duas questões específicas relacionadas à imagem
corporal: a precisão na estimativa do tamanho do corpo e os sentimentos em
relacionados a ele, tais como a insatisfação ou desvalorização da forma física.
Dessa forma, o BSQ pode ser utilizado para avaliar o papel de distúrbios da auto-
imagem na formação, manutenção e na resposta ao tratamento de distúrbios
alimentares, como a anorexia ou bulimia nervosas (COOPER et al.,1987; ROSEN et
al., 1996; CORDÁS; NEVES, 1999; FREITAS; GORENSTEIN; APPOLINARIO,
2002).

4.6.2.2. Figura da Silhueta Corpórea (Body Figure Silhouettes - BFS)


As escalas de silhueta são comumente usadas para avaliar distorções na
imagem corporal dos indivíduos, especialmente nas pesquisas de avaliação da
imagem corporal, pois permitem verificar as diferenças entre corpo atual e ideal,
além da percepção da imagem corporal no momento do estudo (THOMPSON;
GRAY, 1995; WILLIAMSON et al., 1993).

Uma escala de silhueta foi previamente validada por Stunkard, Sorensen e


Schulsinger (1983), num estudo multiétnico sobre imagem corporal. Tal escala
apresentou boa reprodutibilidade (THOMPSON; GRAY, 1995; FERNANDES, 2007)
e já foi utilizada em estudo na capital mineira, com adolescentes de ambos os sexos.
No modelo proposto por estes autores, existem apenas 5 silhuetas, numeradas de
maneira crescente de acordo com a forma física que representam. Com a aplicação
51

deste modelo, é possível que o individuo respondente escolha uma silhueta


específica, dentre as cinco opções fornecidas, ou, ainda, uma silhueta não
exemplificada sob a forma de desenho, mas que se encontre, virtualmente, entre 2
opções específicas.

Para verificar a percepção corporal e nível de satisfação com a imagem entre


as adolescentes estudadas, decidiu-se pela aplicação do modelo de “BFS - Body
Figure Silhouettes”, ou seja, a Figura da Silhueta Corpórea (anexo III), desenvolvido
por pesquisadores do Children Nutrition Research Center. O BFS integra parte do
projeto Girls Health Enrichment Multisite Studies - GEMS (Estudos Multifatoriais para
a Melhoria da Saúde de Crianças e Adolescentes do Sexo Feminino), de caráter
multicêntrico, que iniciou-se em 1999 nos EUA e contou com estudo-piloto. O GEMS
foi inicialmente delineado para desenvolver e testar intervenções para a prevenção
do ganho de peso excessivo em garotas pré-puberes e púberes. Nesta rede de
pesquisa diversos os estudos foram publicados com os objetivos de evitar a
obesidade, verificar a percepção e satisfação corporais e também a prática de dietas
nesse grupo.
No teste utilizado, a análise da imagem corporal é realizada através de uma
escala com uma seqüência de oito figuras de silhuetas corporais, cada qual com
uma letra correspondente. As silhuetas apresentam-se organizadas em ordem
crescente da esquerda para direita, sendo a primeira figura representativa de um
corpo extremamente magro (letra A) e a última figura correspondente a um corpo
extremamente gordo (letra H). A adolescente indicou sua percepção pessoal com
relação à forma/tamanho corporais atuais (escolha 1) e a forma física desejada
(escolha 2). Sem o conhecimento da aluna, a pesquisadora indicou sua percepção
própria com relação à forma/tamanho corporais da adolescente (escolha 3).

As comparações entre as escolhas 1 e 2 permitiram verificar a satisfação com


o corpo e desejo de ganhar ou perder peso apresentado pela adolescente (silhueta
semelhante ao corpo atual, maior ou menor do que ele). Da mesma forma, com a
comparação das escolhas 1 e 3 foi possível classificar sua percepção de acordo com
a correspondência à percepção da pesquisadora (silhueta menor, semelhante ou
maior do que a silhueta atual).
52

4.6.3. TESTES PARA AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR

Foram utilizados dois testes auto-aplicados como forma de auxílio no


diagnóstico de comportamentos alimentares de risco para os transtornos alimentares
(anorexia e bulimia nervosas).

4.6.3.1. Teste de Atitudes Alimentares (EAT-26)


Foi aplicado o Teste de Atitudes Alimentares (anexo IV), traduzido para o
português e validado na população brasileira (NUNES, 1994; 1995; BIGHETTI,
2003). Trata-se de uma versão do EAT-26 - Eating Attitudes Test, elaborado por
Garner & Garfinkel em 1979, com o objetivo de diagnosticar casos de transtorno
alimentar, especialmente a anorexia nervosa. O questionário, reconhecido
internacionalmente, consta de 26 questões sobre comportamento alimentar e
imagem corporal, com seis opções de respostas (sempre, muito freqüente,
freqüentemente, algumas vezes, raramente e nunca), e assim como no BSQ, cada
uma das respostas corresponde à uma determinada pontuação. Os resultados
obtidos com sua aplicação demostraram que o teste detecta casos clínicos em
população de alto risco e que é um ótimo identificador de padrões alimentares
anormais. Desta forma, tornou-se um bom instrumento de rastreamento de
indivíduos em risco de desenvolvimentos de transtornos alimentares.
As questões são subdivididas em três seções: a relacionada ao fator “dieta”,
com 13 itens relacionados ao comportamento alimentar, grupos de alimentos e
imagem corporal; outra relacionada à “bulimia e preocupações acerca da dieta”, com
6 itens relacionados à compulsão, compensação (vômitos) e preocupação com dieta
e por último às relacionadas ao “controle oral”, com 7 itens a respeito da duração
das refeições, sua relação com a fome e a pressão social para perda de peso. A
pontuação ocorre da seguinte forma: a resposta extrema na direção anoréxica (de
acordo com a direção de cada pergunta) recebe 3 pontos, a resposta seguinte
recebe 2 pontos e a próxima recebe 1 ponto. As três últimas opções de resposta
(com opções menos voltadas ao comportamento anoréxico) não recebem
pontuação.
Os autores do teste original utilizaram um ponto de corte de 20 para indicar
risco. Alguns estudo nacionais adotaram ponto de corte de vinte e um (21) pontos,
justificando a adoção por uma sensibilidade e especificidade altamente satisfatórios
(ASSUNÇÃO; CORDÁS; ARAÚJO, 2002; OLIVEIRA et al, 2003). No presente
53

estudo será adotada esta proposta, que também foi a sustentada pelos autores da
validação do teste em Português. Assim sendo, caso o total de escores encontrado
seja maior que 21, o EAT-26 será considerado positivo (EAT+) e será confirmada a
presença de atitudes alimentares patológicas e risco para o desenvolvimento de
anorexia. Caso contrário, a aluna será considerada “EAT - ”.

4.6.3.2. Teste de Investigação Bulímica de Edinburgh (BITE-34)


O segundo teste utilizado foi o BITE - Bulimic Inventory Test Edinburgh,
(HENDERSON; FREEMAN, 1987) desenvolvido para rastrear e avaliar casos de
bulimia nervosa. O BITE consta de 33 questões e ao final fornece resultados em
duas sub-escalas, uma de sintomas e outra de gravidade e foi traduzido para o
Português como “Teste de Investigação Bulímica de Edinburgh” (anexo V), por
Cordás e Hochgraf (1993).
A Escala Sintomática possibilita uma avaliação do grau dos sintomas bulímicos
presentes. Nesta escala, a avaliação é composta por todas as questões, com
exceção das de número 6, 7 e 27. As questões de número 1, 13, 21, 23 e 31
recebem um ponto para cada resposta “não”. As demais 25 questões recebem um
ponto para cada resposta “sim”. A pontuação máxima possível é de trinta pontos e
os resultados são subdivididos em:
 Uma pontuação maior ou igual a vinte (20) pontos indica comportamento
típico de compulsão alimentar com grande probabilidade de diagnóstico de bulimia
nervosa, de acordo com o DSM-IV (APA, 1994) e o critério de Russell (1979),
indicando um padrão alimentar incomum e episódios compulsivos;
 Uma pontuação entre quinze (15) e dezenove (19): sugere-se entrevista, pois
indivíduos nesta categoria podem refletir um grupo subclínico de bulímicos, na fase
inicial ou no final do tratamento deste distúrbio;
 Uma pontuação entre dez (10) e quatorze (14) sugere um hábito alimentar
não usual, porém é insuficiente para preencher todos os critérios de diagnóstico para
bulimia nervosa, necessitando de maiores investigações para se estabelecer um
diagnóstico mais preciso;
 Uma pontuação de zero (0) e nove (9) pontos retrata os limites normais de
um padrão alimentar, o que indica a ausência de compulsão alimentar e bulimia
nervosa.
A Escala de Gravidade, por sua vez, fornece um índice baseado na freqüência
dos comportamentos compulsivo e purgativo, de acordo com a freqüência com que
54

ocorrem. É formada pelas questões anteriormente não analisadas, a respeito da


freqüência na adoção de comportamentos compensatórios, tais como o jejum, uso
de moderadores de apetite, diuréticos, laxantes e vômitos para auxiliar a perda de
peso e também a freqüência dos episódios de compulsão alimentar.
A pontuação total corresponde à soma dos valores atribuídos a cada uma
destas três questões e é classificada da seguinte forma:
 Uma pontuação menor ou igual a quatro (4) pontos indica resultado sem
significância;
 Um total de cinco (5) a nove (9) pontos é considerado clinicamente
significante;
 Uma pontuação de dez (10) ou mais pontos indica alta gravidade.
Para as duas últimas escalas de pontuação, indica-se a realização de uma
entrevista psiquiátrica para um diagnóstico preciso.

4.6.4. AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA

Todas as medidas realizadas foram transcritas em ficha própria (anexo VI) e


realizadas em sala específica.

4.6.4.1. Peso e Estatura


As participantes tiveram sua estatura mensurada através de um estadiômetro
fixado à parede, com extensão de 2,00 metros e escala em milímetros e visor de
plástico, com esquadro acoplado a uma das extremidades.
A pesagem deu-se através da balança digital (TANITA), com capacidade para
180 kg, graduação em 50 gramas, devidamente calibrada. As medidas de peso e
estatura foram aferidas com as adolescentes descalças, em posição ereta, sem
acessórios e pesos nos bolsos e trajando roupas leves, como sugerido por Gordon,
Chumlea & Roche (1988) e técnicas propostas por Jelliffe (1968).
Através da obtenção destas medidas foi calculado o Índice de Massa Corporal
(IMC), que relaciona o peso corporal (kg) com a estatura (m2). As adolescentes
também foram classificadas de acordo com o estado nutricional levando em conta o
IMC/I e os pontos de corte propostos pelo CDC (2000).
55

4.6.4.2. Quantificação e Distribuição do Tecido Adiposo


Para quantificação do tecido adiposo, foi utilizado o mesmo aparelho de
aferição de peso (TANITA), que estimou a composição corporal das estudantes
através da Bioimpedância Bipedal. Considerou-se como percentual de gordura
elevado valores acima de 25%, como proposto por Sigulem, Vieira e Priore (1995).
A avaliação da distribuição do tecido adiposo foi realizada através da
mensuração das pregas cutâneas triciptal, biciptal, suprailíaca e subescapular. Com
o auxílio do equipamento Lange Skinfold Caliper (adipômetro), Foram feitas três
medidas de cada uma das pregas e os valores das dobras cutâneas foram
expressos em milímetros (mm). Considerou-se a média dos dois valores mais
próximos obtidos na mensuração. Todas as medidas foram realizadas por uma única
pessoa, a pesquisadora. Foram obedecidos os procedimentos preconizados pela
literatura: todas as medidas, realizadas no lado direito do corpo, foram feitas com o
indivíduo em pé, com a exposição da pele e sem interferência das vestimentas.
Houve a separação do tecido adiposo com o polegar e o indicador, como num
movimento de pinça, com afastamento do tecido muscular subjacente (JELLIFFE,
1966; CAMERON, 1984; McARDLE, KATCH & KATCH, 1992; MAUD & FOSTER,
1995). A mensuração foi realizada nos seguintes locais:
- Triciptal: na porção posterior do braço, no ponto médio da distância entre o
acrômio da escápula e o olecrano
- Biciptal: foi tomada utilizando a mesma técnica para tomada da prega cutânea
triciptal. Porém, deslocou-se a dobra de pele e tecido adiposo sobre o músculo
biciptal, na direção vertical (linha média);
- Supra-ilíaca: realizada logo acima da crista ilíaca, sendo ligeiramente obliqua
e seguindo a linha diagonal formada naturalmente pelo desenho do corpo.
- Subescapular: medida imediatamente abaixo da extremidade inferior da
escápula, sendo ligeiramente obliqua.

4.6.4.3. Circunferência da Cintura e do Quadril


Para a mensuração destas circunferências foi utilizada uma fita métrica,
flexível, inelástica, com extensão de 2,00 metros e subdivisão em milímetros
(LOHMAN; ROCHE; MARTORELL, 1991).
A medida da circunferência da cintura (ou abdominal) foi realizada sem
interferência das vestimentas, tendo contato direto com a pele, com a localização
56

marcada em 2,5 centímetros acima do umbigo, ou no ponto de maior diâmetro nas


estudantes obesas com ventre extremamente adiposo. A medida da circunferência
do quadril foi tomada ao nível das nádegas, com os calcanhares paralelos e
levemente afastados, sobre vestimenta leve. Não houve contato direto com a pele
para resguardar as adolescentes, em função desta medida ser realizada, por
necessidades operacionais, em sala específica, mas com avaliação simultânea de
outras alunas e presença de outros avaliadores.

4.7. ANÁLISE DOS DADOS

4.7.1. Organização dos Dados


Os dados obtidos através da aplicação dos testes, questionário e avaliação
antropométrica das adolescentes foram armazenados codificados com o programa
Excel. Para facilitar a condução na análise estatística e posterior interpretação dos
resultados foi elaborado um documento, o dicionário de variáveis, com a descrição
clara e objetiva de cada variável contida no estudo, de todas as possíveis opções de
respostas, modos de classificação e/ou pontos de corte adotados.

4.7.2. Tratamento Estatístico


Os dados foram analisados com auxílio de uma consultora em estatística
utilizando o software estatístico SPSS – Statistical Package for the Social Sciences
(SPSS, 2003). Em todas as análises foi considerado um nível de 5% de significância
(valor p ≤ 0,05).
Inicialmente foi realizada uma análise descritiva das variáveis categóricas
através de tabelas de distribuição de freqüência. As variáveis contínuas foram
analisadas por meio de medidas de tendência central e variabilidade, tais como a
média, mediana e desvio-padrão. Deve-se ressaltar que foi testada a normalidade
destas através do teste Kolmogorov-Smirnov (anexo VII). Apenas uma variável, a
estatura, atingiu “valor p” limítrofe (p = 0,06). Desta forma, em função de não haver
certeza acerca da distribuição normal desta variável e diante da conclusão de que
todas as demais variáveis contínuas analisadas apresentavam distribuição
assimétrica, considerou-se mais prudente utilizar teste não-paramétricos para todas
as variáveis.
57

Para avaliar a concordância entre a observação da imagem corporal da aluno e


da pesquisadora no Teste BFS foi utilizado o coeficiente Kappa ponderado. Para
avaliar a correlação entre as medidas da balanças Tanita e a balança comercial foi
utilizado o coeficiente de correlação de Spearman. Tal coeficiente permitiu a
comparação de duas amostras dependentes/pareadas, o peso de cada uma das
adolescente, avaliado em dois momentos.
Para a análise univariada, foi utilizado o teste Qui-quadrado de Pearson para
comparação de proporções ou o teste exato de Fisher, que é apropriado quando são
utilizadas amostras com pequenas freqüências. Para as variáveis numéricas foi
utilizado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney, considerando a avaliação de
amostras independentes.
A análise multivariada deu-se com o uso de regressão logística binária. Este
tipo de análise tem como vantagem controlar possíveis fatores de confusão, isto é,
fatores que podem influenciar no efeito de outros fatores da análise. Para entrada
das variáveis preditoras no modelo logístico, utilizou-se um p-valor de 0,15. Cada
variável foi retirada uma a uma do modelo, de acordo com critério backward e para
permanência da variável no modelo final foi adotado um nível de 5% de significância
(valor p ≤ 0,05). Foi então estimada a odds ratio, com seu intervalo de 95%. Para
avaliar o ajuste do modelo foi utilizado o teste de Hosmer & Lemeshow (2000).

4.8. ASPECTOS ÉTICOS

Os dados foram recolhidos após a aprovação do Projeto de Pesquisa pelo


Câmara Departamental e pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Minas
Gerais (Parecer ETIC 274/07 – Apêndices I e II).
A coleta de dados realizou-se de forma organizada e ética, de acordo com as
Diretrizes Internacionais para a Pesquisa Biomédica em Seres Humanos,
organizadas pelo Conselho de Organizações Internacionais de Ciências Médicas
(COICM) em colaboração com a Organização Mundial de Saúde. Foi garantida a
segurança na condução dos questionários e avaliações e no sigilo dos dados.
A adesão ao projeto foi voluntária, sem que houvesse nenhum tipo de
remuneração e aconteceu mediante a autorização através de termos de
consentimento específicos (Apêndice III) elaborados em duas vias e adaptados à
linguagem dos adolescentes e seus responsáveis legais. Como citado
58

anteriormente, nenhum dos questionários e testes incluídos na metodologia


possibilitou a identificação nominal, garantindo o anonimato de todas as estudantes
avaliadas para a equipe e conhecimento apenas pela pesquisadora.

4.9. OUTRAS CONSIDERAÇÕES

4.9.1. Retorno às escolas e alunas avaliadas


Ao fim do estudo, as participantes receberam em mãos uma carta lacrada,
contendo os resultados obtidos em sua avaliação individual. Nos momentos em que
estes resultados indicavam comportamentos de risco para o desenvolvimento de
transtornos da alimentação, foi recomendado à adolescente entrar em contato com a
pesquisadora pessoalmente, através do telefone ou e-mail, para encaminhamento e
tratamento em unidade ambulatorial especializada.
Após a entrega, foi realizada uma palestra em cada escola, com a duração de
90 minutos, para discussão dos resultados. Neste momento, também foram
abordadas questões relativas à auto-imagem e auto-estima e esclarecidas dúvidas
sobre nutrição de saúde.
Componentes da direção e da supervisão de cada escola estiveram presentes
na palestra. Em reunião, receberam pessoalmente um envelope contendo uma cópia
resumida do projeto, o relatório com as informações gerais, gráficos e comentários
acerca dos resultados obtidos na escola, carta de agradecimento e telefones e
demais formas de contato com a pesquisadora. Nos dados divulgados nos relatórios
e durante a reunião, nenhuma das participantes foi identificada. A confidencialidade
dos indivíduos permanecerá, inclusive, na publicação científica dos resultados.

4.9.2. Orçamento
As despesas relativas ao deslocamento da equipe para a coleta de dados,
bem como as impressões em papel (questionários, cartas e relatórios) e o
empréstimo/compra dos equipamentos foram de responsabilidade da pesquisadora,
que contou com auxílio do fundo de bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de Minas Gerais - FAPEMIG.
59

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76

6. APRESENTAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

Em função da abordagem de diversos temas, os resultados desta dissertação


serão apresentados em quatro artigos originais:

 Artigo I – Estado nutricional e sedentarismo entre adolescentes do primeiro ano


do ensino médio de Belo Horizonte, MG.

 Artigo II - Auto-imagem e percepção corporal em adolescentes matriculadas em


escolas públicas e privadas de Belo Horizonte, MG.

 Artigo III – Sintomas de anorexia e bulimia nervosas e fatores associados em


adolescentes do sexo feminino em Belo Horizonte, MG.

 Artigo IV - Experimentação e consumo de drogas dentre adolescentes


matriculadas no primeiro ano do ensino médio de Belo Horizonte, MG.

Para a padronização na apresentação desta dissertação, os artigos foram


elaborados de acordo com as recomendações do corpo editorial do Jornal de
Pediatria. Serão posteriormente realizadas devidas adaptações às normas técnicas
de outros periódicos para os quais os artigos forem submetidos, caso seja
necessário.
Posteriormente, nesta dissertação, serão apresentadas outras análises
realizadas (anexo VIII), não abordadas nos artigos.
77

6.1 - ARTIGO I – Estado nutricional e sedentarismo entre


adolescentes do primeiro ano do ensino médio de Belo Horizonte,
MG.

RESUMO

O presente estudo, de caráter observacional, objetivou verificar o estado


nutricional e a prática de atividades físicas entre adolescentes do sexo feminino de
Belo Horizonte, MG. A amostra, representativa e estratificada conforme rede escolar
(pública/privada) e regional, contou com 705 adolescentes de 14 a 18 anos,
matriculadas no primeiro ano do ensino médio de 10 diferentes escolas,
selecionadas através de sorteio aleatório. A avaliação antropométrica (peso, altura,
percentual de gordura corporal e circunferências abdominal e do quadril) foi
realizada de acordo com as técnicas preconizadas na literatura e levando em conta
os pontos de corte estabelecidos pelo CDC (2000) para o grupo adolescente. Para a
avaliação da prática de atividades físicas foi aplicado questionário específico,
tomando-se como sedentarismo menos de 20 minutos diários de atividade física
extra-escolar, 3 vezes na semana. Foram encontradas prevalências de 81,7% para
eutrofia, 5,9% para baixo peso e 12,4% para risco de sobrepeso / sobrepeso-
obesidade. O elevado percentual de gordura corporal foi encontrado em 36,7% e,
assim como o IMC, correlacionou-se inversamente à idade da menarca (p<0,001).
Dentre as adolescentes, apenas 22,1% não foram classificadas como sedentárias.
Os resultados de altas prevalências de excesso de peso/gordura corporal e
sedentarismo, semelhantes aos observados em estudos anteriores e em outras
regiões brasileiras, alertam para a importância do monitoramento do perfil deste
grupo, além do incentivo à alimentação saudável e à prática esportiva.

Palavras-chave: adolescente; antropometria; estado nutricional, sedentarismo.


78

Nutricional status and sedentary lifestyle among female


adolescents attending the first high school year on Belo Horizonte,
MG.

ABSTRACT

The aim of this descriptive cross-sectional study was to verify the nutritional
status and physical activity practices among female adolescents from Belo Horizonte,
MG, Brazil. The sample of 705 girls attending the first high school year came from a
random and stratified sort of 10 different public- and private schools, from different
regions of the city. The anthropometric evaluation (weight, height, body fat level,
waist and hip circumferences) was performed according to the CDC´s (2000) cut-offs
to BMI-age index. The girls answered a self-reported and anonymous instrument
elaborated to evaluate physical activities practice. Sedentary lifestyle was considered
as less than 20 minutes a day, 3 times a week of physical activity. The major part of
the sample (81,7%) was classified as normal weight, 5,9% as thin and 12.4% as risk
of overweight/obesity. Besides, 36,7% had a high body fat level and 77,9% were
classified as sedentary. Both body fat and BMI were inversely correlated to
menarche’s age (p<0,001). These results of high prevalence of overweight, body fat
excess and sedentary lifestyle, combined with others from different Brazilian regions,
alert to the importance of stimulating physical activity practice and a healthier lifestyle
among female adolescents.

Indexing terms: adolescent; anthropometry; nutritional status; sedentary lifestyle.


79

INTRODUÇÃO

A monitorização do crescimento é mundialmente aceita como um instrumento


único na avaliação de saúde das populações. O estudo da composição corpórea de
adolescentes é especialmente importante para se obter dados acerca da distribuição
do peso em seus diferentes componentes, levando em conta a relação íntima entre
a quantidade e a distribuição do tecido adiposo e determinados indicadores de
saúde1. As medidas antropométricas possuem vantagens na monitorização do
estado do individuo por representarem o crescimento, serem expressas através de
números, realizadas satisfatoriamente por pessoal treinado e possuírem limitações
conhecidas2.
Na adolescência, período que se estende dos 10 aos 19 anos de idade, o
indivíduo adquire grande parte do peso e estatura dos seus padrões da fase adulta.
Nessa fase ocorre a maturação sexual, um maior desenvolvimento muscular e
aumento do depósito de gorduras, principalmente nas meninas1.
Estudos demonstraram que prevalência de obesidade entre jovens aumentou
em cerca de 9% entre as décadas de 70 e 903. No Brasil, em 2002 e 2003, o
sobrepeso já afetava 14,74% das adolescentes, de acordo com investigação
conduzida pelo Ministério da Saúde4. Além de aumentar a probabilidade de ser um
adulto obeso, o adolescente pode desenvolver com maior facilidade doenças
crônico-degenerativas como as dislipidemias, diabetes, hipertensão arterial, além de
problemas relacionados a auto-estima e relacionamentos interpessoais3,5,6. Há o
agravante, nos dias atuais, do aumento de consumo de produtos ricos em gorduras
aliado a um estilo de vida sedentário, com acesso a tecnologias que têm diminuído o
gasto energético5,6.
Tratando-se de aspectos relacionados ao sedentarismo e excesso de peso e
seus conseqüentes riscos de doenças crônico-degenerativas e redução da
qualidade de vida nesta fase e na vida adulta, torna-se importante avaliar o perfil
antropométrico-nutricional e de prática de atividades físicas deste grupo5,6.
80

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo fez parte de projeto de dissertação de mestrado da


Faculdade de Medicina da UFMG que visou avaliar a imagem corporal e
comportamentos de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares em
adolescentes matriculadas no primeiro ano do ensino médio de Belo Horizonte, MG.
O cálculo amostral foi realizado tomando-se a prevalência de transtornos
alimentares encontrada de acordo com a literatura científica e a amostra final
calculada composta por 732 adolescentes. Foi considerada uma margem de erro de
2%, um nível de significância α de 5% (erro tipo I) e um poder (1-β) de 80% (erro tipo
II). Prevendo-se uma perda de cerca de 20%, decidiu-se por convidar
aproximadamente 878 estudantes.
As adolescentes foram selecionadas dentre um universo de 25.952 estudantes,
matriculadas nas 256 escolas com ensino médio da capital, de acordo com o censo
escolar de 2006, realizado pela Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais.
Foi feito um sorteio estratificado e aleatório das escolas com mais de cem alunas,
mantendo-se as proporções da distribuição por rede de ensino (pública/particular) e
de turmas como unidades de estudo. Foram realizadas visitas às escolas e todas as
alunas das turmas sorteadas foram convidadas a participar. Foram excluídas do
estudo adolescentes gestantes, fora da faixa etária determinada, ausentes nas
escolas nos dias de coleta ou que não apresentaram os termos de consentimento,
com vias para os pais e alunas, devidamente assinados. Ao final, foram investigadas
705 adolescentes das 830 alunas convidadas. A coleta de dados foi realizada no
ambiente escolar, em horário e sala cedidos pelos professores. Os dados foram
coletados com o auxílio de uma equipe de pesquisa devidamente treinada e
capacitada. O protocolo da pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Federal de Minas Gerais (Parecer ETIC 274/07).
As medidas antropométricas foram tomadas com as adolescentes descalças,
em posição ereta, sem acessórios e pesos nos bolsos e trajando roupas leves, como
sugerido na literatura científica7,8. A altura foi verificada através de um estadiômetro
fixado à parede, com extensão de 2,00 metros e escala em milímetros e visor de
plástico, com esquadro acoplado a uma das extremidades. O peso foi aferido
através de balança digital da marca Tanita, com capacidade para 180 kg, graduação
81

em 50 gramas. O equipamento também estimou a composição corporal das


estudantes através da Bioimpedância Bipedal.
Através do Índice “IMC/idade” proposto pelo Centers for Disease Control and
Prevention/National Center for Health Statistics (2000)9 foi realizada a classificação
antropométrica, tomando-se os seguintes pontos de corte: baixo peso, menor que o
percentil 5; eutrofia, do percentil 5 e até 85; risco para sobrepeso, maior que o
percentil 85 e menor ou igual ao 95 e sobrepeso/obesidade maior que o percentil 95.
Através do valor percentual de gordura obtido, foi calculada a adequação com
relação aos pontos de corte propostos por Sigulem, Vieira & Priore10, considerando-
se como elevado valores maiores que 25,0%.
A mensuração das pregas cutâneas biciptal, triciptal, subescapular e
suprailíaca foi realizada três vezes por uma única pessoa, com auxílio do
equipamento Lange Skinfold Caliper (adipômetro), de subdivisão em milímetros.
Considerou-se a média dos dois valores mais próximos obtidos na mensuração9,11.
Para a mensuração da Circunferência da Cintura e do Quadril foi utilizada uma fita
métrica, flexível, inelástica, com extensão de 2,00 metros e subdivisão em
milímetros12.
Quanto à atividade física, foi verificada a freqüência semanal de participação
nas aulas de educação física, quando oferecidas pela instituição de ensino e a
freqüência, na última semana, de vezes em que participou de atividade física
aeróbica por no mínimo 20 minutos. As adolescentes também relataram o gosto
pelas atividades físicas em geral e o porquê de não gostarem das mesmas (em caso
de respostas negativas). Foram definidas como sedentárias aquelas que informaram
não ter realizado atividades físicas extra-escolares por no mínimo 20 minutos por dia
e com freqüência menor do que três vezes por semana, como sugerido em outros
estudos13,14.
O banco de dados foi construído com o programa Excel e revisto através de
amostragem aleatória pela pesquisadora. Os dados foram então analisados com
auxílio do software estatístico SPSS – Statistical Package for the Social Sciences15 e
com acompanhamento de profissional estatística habilitada. Em todas as análises foi
considerado um nível de 5% de significância (valor p ≤ 0,05).
Inicialmente foi feita uma análise descritiva das variáveis categóricas por meio
de tabelas de distribuição de freqüências. As variáveis contínuas foram analisadas
por meio de medidas de tendência central e variabilidade e, de acordo com o teste
Kolmogorov-Smirnov, conclui-se que apresentavam distribuição assimétrica.
82

Para a análise univariada, foi utilizado o teste Qui-quadrado de Pearson para


comparação de proporções ou do teste exato de Fisher, apropriado quando são
utilizadas amostras com pequenas freqüências. Para as variáveis numéricas foi
utilizado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney, devido ao seu caráter
predominantemente assimétrico.

RESULTADOS
A amostra foi composta por 705 estudantes de 14 a 18 anos matriculadas em
10 diferentes escolas; sendo 69,2% públicas e 30,8%, particulares.
Aproximadamente a metade das alunas (48,7%) estudava no turno da manhã e
41,3% no turno da tarde (Tabela 1). Quanto à idade da menarca, verificou-se uma
mediana de 12 anos (mínimo 9,0 e máximo 16,0 anos), sendo que 7,4% não
souberam responder ou ainda não haviam apresentado.

Tabela 1 - Características da amostra de adolescentes do primeiro


ano do ensino médio (BH, 2007).
Variáveis Freqüência %
Idade (n=705)
14 30 4,3
15 429 60,9
16 199 28,2
17 31 4,4
18 16 2,3
Classificação da Escola (n=705)
Particular 217 30,8
Pública 488 69,2
Turno de matrícula (n=705)
Manhã 343 48,7
Tarde 291 41,3
Noite 71 10,1

Dentre o grupo estudado, foram encontradas médias de 161,8cm de estatura e


53,3kg, além de IMC médio de 20,4kg/m2 (tabela 2).
83

Tabela 2: Caracterização antropométrica das adolescentes do primeiro ano do ensino


médio (BH, 2007).
Medida Antropométrica Média Mediana Mín. Máx. DP
Estatura (cm) * 161,7 161,8 132,7 182,0 6,3
Peso (kg) * 55,0 53,3 32,2 118,1 10,4
2
ÍMC - Índice de massa corporal (kg/m ) * 21,0 20,4 14,2 42,7 3,6

Circunferência da Cintura (cm) 68,3 67,0 54,0 147,0 8,1

Circunferência do Quadril (cm) 95,0 93,5 75,0 188,0 9,5
Gordura corporal – tanita (%) * 23,6 23,3 5,3 49,4 6,4
Prega cutânea biciptal (mm) * 8,4 8,0 3,0 22,0 3,4

Prega cutânea subescapular (mm) 13,7 12,0 5,0 45,0 5,6
Prega cutânea suprailíaca (mm) 16,9 15,0 3,0 49,0 7,5
Prega cutânea triciptal (mm) * 16,8 16,0 3,0 50,0 5,4
Soma das pregas cutâneas (mm) * 55,0 52,0 22,0 151,0 20,4
*n = 696; †n = 693; ‡ n = 695. Tais perdas ocorreram por recusa das estudantes na execução de
alguma das medidas antropométricas.

Apesar da grande maioria das estudantes (81,7%) apresentarem peso


adequado (gráfico 1) na avaliação do estado nutricional segundo o índice IMC/I
proposto pelo CDC (2000)8, 36,7% da amostra avaliada (n=255) apresentaram
elevado percentual de gordura (>25%).

Gráfico 1: Estado Nutricional das adolescentes avaliadas


segundo CDC (2000) - BH, 2007.

Risco de
Sobrepeso Obesidade Baixo Peso
4,1% 5,9%
8,3%

Eutrofia
81,7%

Para verificar a existência de uma relação linear entre a idade da menarca e o


percentual de gordura foi utilizado o teste de correlação de Spearman.
84

Foi encontrada uma fraca correlação inversa entre estes dois parâmetros
(coeficiente = -0,222; p <0,001). O mesmo aconteceu com a idade da menarca e o
IMC (coeficiente = -0,220; p <0,001).
Dentre as estudantes, a maioria (72,7%) relatou gostar de atividades físicas
(Tabela 3). Dentre as que justificaram não gostar de atividades, as razões mais
citadas foram a preguiça (44,2%) e o cansaço (21,4%). Neste mesmo universo,
63,3% relataram participar das aulas de educação física duas ou mais vezes por
semana. Uma porcentagem menor (42,1%) relatou praticar exercícios aeróbicos na
mesma freqüência.

Tabela 3: Participação das adolescentes em atividades físicas em ambiente escolar e extra-


escolar (BH, 2007).
Participação Semanal Aulas de Atividade
Educação física % física aeróbica * %
Nenhuma vez 60 8,5 189 26,8
1 vez 197 28 219 31,1
2 vezes 446 63,3 141 20,0
3 ou mais vezes - - 156 22,1
Não sabe / não respondeu 2 0,2 - -
Total 705 100 705 100
n=705.
* Foi considerada a prática de atividade física aeróbica na última semana e por no mínimo
20 minutos.

DISCUSSÃO

A análise do IMC deve ser feita cuidadosamente, pois este índice não permite
a distinção entre massa de gordura e massa magra. Um excesso de peso
apresentado pode estar relacionado tanto a uma maior quantidade de músculo
quanto de gordura. Dessa forma, a utilização de outros indicadores, como as pregas
cutâneas ou a bioimpedância é muito útil, na medida que permite interpretar
corretamente a composição corporal dos indivíduos16.
Estudantes do Rio de Janeiro apresentaram um perfil semelhante ao da
amostra de BH: a média de altura foi de 163,6cm (DP = 6,6cm), a média de peso foi
de 55,8kg (DP = 8,6kg), e a média de IMC de 20,8kg/m2 (DP = 2,5kg/m2)17.
85

Alves et al. (2008), ao avaliar as adolescentes com média de 14,1 anos de


Santa Catarina, encontraram prevalência próxima à do presente estudo, de 9,4% de
sobrepeso e 4,4% de obesidade18. Um inquérito epidemiológico realizado por Ribeiro
et al (2006) com 1.450 estudantes de 6 a 18 anos e de ambos os sexos em Belo
Horizonte também verificou prevalências semelhantes de sobrepeso e obesidade
(8,4% e 3,1%, respectivamente)19. No grupo de 11 a 18 anos do sexo feminino de
São Paulo20 foram encontradas prevalências de 6,2% para sobrepeso e 3,3% para
obesidade. No mesmo estudo, 2,6% apresentaram baixo peso. As adolescentes,
matriculadas na rede estadual de ensino, compuseram uma amostra bastante
semelhante a do presente trabalho. Nunes et al. (2001), ao avaliar adolescentes do
sexo feminino encontraram resultados parecidos, com 82% de eutrofia, 16% de
excesso de peso (sobrepeso/obesidade) e 2% de baixo peso21.
Diversos estudos realizados no Brasil, por outro lado, encontraram
prevalências diferentes, com maiores taxas de excesso de peso. Adolescentes de 10
a 14 anos de Santo André, São Paulo, apresentaram 78% eutrofia, 18,9% de
excesso de peso e 3,1% de magreza22. Estudo transversal realizado com
adolescentes de ambos os sexos na faixa dos 15 aos 18 anos em Pelotas encontrou
prevalências de 5% de sobrepeso e 20,9% de obesidade23. Outro estudo, realizado
no mesmo local, mas com população de faixa etária mais ampla encontrou
prevalência de sobrepeso/obesidade de 19,3%24. Em Fortaleza, as estudantes de 10
a 19 anos de escolas públicas e privadas apresentaram prevalências de excesso de
peso de 15,7 a 19,8%, de acordo com o nível socioeconômico25.
A inclusão de indivíduos do sexo masculino e de diferentes faixas etárias
podem justificar a variabilidade nas prevalências encontradas. De acordo com o
Ministério da Saúde, porém, a região Sul concentra realmente uma maior taxa de
sobrepeso (18,62%) dentre adolescentes do sexo feminino3.
A média da idade da menarca encontrada em outros grupos de adolescentes
brasileiras foi semelhante à encontrada na amostra de BH, variando entre 12 e 13
anos24,26. O estudo de Terres et al. (2006) realizado no Rio Grande do Sul reforça os
achados de Belo Horizonte, apontando que quanto menor a idade de maturação
sexual das meninas, maior a prevalência de sobrepeso e obesidade23. Estudo
longitudinal internacional realizado por Laitinen et al. (2001) verificou que a menarca
precoce associou-se com maiores índices de massa corpórea na adolescência,
assim como na idade adulta5.
86

A prática de atividades físicas no ambiente escolar ou extra-escolar está


relacionada à prevenção, manutenção e melhoria da capacidade funcional e saúde
dos adolescentes. Os exercícios podem trazer modificações na composição corporal
dos indivíduos, moduladas pela intensidade e duração das atividades. Há
associação entre redução do percentual de gordura corporal e realização de
atividades aeróbicas, mas, se tratando de adolescentes, deve-se avaliar
cuidadosamente estas modificações, pois muitas vezes pode haver interferência do
processo de maturação biológica e dos hábitos alimentares1. Os adolescentes que
possuem obesidade ou maior percentual de gordura corpórea podem manter-se
mais inativos que os demais em função de apresentar menor resistência física ou de
isolarem-se socialmente 1,27.
No presente estudo em BH, apenas 22,1% das estudantes relataram praticar
atividade aeróbica extra-escolar por no mínimo 3 vezes por semana. Assim, 77,9%
delas foram consideradas sedentárias. Oehlschlaeger et al. (2004), estudando
adolescentes no Rio Grande do Sul, verificaram prevalência de sedentarismo de
54,5% entre o sexo feminino, bem maior do que a encontrada para o masculino
(22%)13. Outros estudos também apontam maiores prevalências de sedentarismo
dentre mulheres27,28. Ainda na região Sul, apenas 16% das adolescentes praticavam
atividades físicas freqüentes21.
Para o sexo feminino foram encontradas prevalências de 67% de sedentarismo
em Pelotas e 94% em Niterói. Porém, os pontos de corte utilizados nestes estudos
foram diferentes – no primeiro, sedentarismo foi definido como menos de trezentos
minutos por semana de atividade física no deslocamento ou no lazer; no segundo,
foi utilizado um escore de questionário investigatório do nível de atividade física
moderada e intensa dos últimos sete dias28,29.
Nos dias atuais, os jovens têm optado por meios de diversão mais passivos em
substituição aos exercícios físicos. Apesar de compartilharem com os rapazes da
oportunidade do exercício físico nos programas de educação física escolar, as
garotas participam com menor freqüência ou intensidade das aulas e também
apresentam menores padrões de atividade física habitual1,30.
87

CONCLUSÃO

As estudantes de BH apresentaram-se em sua maioria eutróficas, porém com


um elevado percentual de gordura corporal e sedentarismo. A ausência de prática
de atividades físicas regulares no grupo estudado, provavelmente aliada ao
consumo de alimentos ricos em gordura e açúcares, comum nos dias atuais, pode
ter contribuído para a modificação do perfil da população adolescente, com aumento
das taxas de sobrepeso, obesidade e gordura corporal. O sobrepeso e a obesidade
podem levar o indivíduo ao isolamento e, ainda, desencorajá-lo da prática de
atividades físicas, prejudicando mais seu estado de saúde e qualidade de vida. É
necessário criar e implementar programas de incentivo à pratica de exercícios, bem
como disponibilizar e divulgar locais seguros para a prática esportiva.
88

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90

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91

6.2 - ARTIGO II - Auto-imagem e percepção corporal em


adolescentes matriculadas em escolas públicas e privadas de Belo
Horizonte, MG.

RESUMO

O presente estudo objetivou verificar alterações na auto-imagem e a percepção


corporal dentre adolescentes do sexo feminino de Belo Horizonte, MG. A amostra,
representativa e estratificada conforme rede escolar pública e privada, contou com
705 estudantes matriculadas no primeiro ano do ensino médio. As possíveis
alterações na imagem e percepção foram verificadas através dos testes
“Questionário sobre a Imagem Corporal” (BSQ–34) e “Figura de Silhueta Corpórea”
(BFS). Também se realizou avaliação antropométrica (peso, altura, quantificação do
tecido adiposo) levando-se em conta os pontos de corte estabelecidos pelo CDC
(2000). Foram encontradas prevalências de 27,2% de distorções significativas
(moderadas ou graves) ou insatisfação com a imagem corporal (BSQ+). Apenas
30,2% das adolescentes apresentavam adequação na percepção corporal de acordo
com o BFS e 62,7% possuíam ideal de corpo mais magro que o atual. A maioria
(81,7%) apresentava-se eutrófica, mas 82,5% relataram desejo de modificar o peso.
Foram encontradas associações significativas entre BSQ+ e distorção na percepção
corporal pelo BFS, idade da menarca e IMC, dentre outras. Com a análise
multivariada, verificou-se que adolescentes com baixo peso estão protegidas da
insatisfação corporal de acordo com teste BSQ (OR=0,08; [IC 0,01–0,61]) quando
comparadas às eutróficas. Assim, observa-se alta prevalência de insatisfação e
distorções na percepção corporal. Os dados, junto aos demais estudos da literatura,
demonstram a propagação do corpo magro como ideal e importância de programas
que incentivem a aceitação corporal e reflexões sobre os valores atuais.

Palavras-chave: adolescente; imagem corporal; percepção corporal; BSQ.


92

Body image and body size perception among female adolescents


from public and private schools of Belo Horizonte, MG.

ABSTRACT

This study’s objective was to verify the body image status and body size
perception among female adolescents in Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil.
The proportional sample of 705 girls attending the first high school year was stratified
according the schools´ socio-geographic regions and public/private classification. The
body image and body satisfaction (BSQ-) were evaluated through the Brazilian
version of the “Body Shape Questionnaire” (BSQ-34) and the perception through the
“Body Figure Silhouettes” (BFS). The anthropometric measurements obtained
(weight, height, body fat) were compared to the CDC´s (2000) BMI-age cut-offs for
adolescents. The prevalence rate for BSQ+ (body dissatisfaction or moderate and
high body image alteration scores) was 27,2%. Only 30,2% of the sample had an
adequate body size perception according to the BFS and 62,7% had the ideal of a
thinner body. The major part (81,7%) was classified as normal, but 82,5% wanted to
modify their weight. BSQ+ was significantly associated with inadequate body size
perception, menarche’s age, BMI, and other variables. Multiple logistic regression
showed that thin girls are protected from body dissatisfaction (OR=0,08; [CI 0,01–
0,61]) when compared to the normal ones. The results, in addition to other literature
data, alert to nowadays increased value of thinness and to the importance of
programs and discussions to improve body shape satisfaction.

Indexing terms: adolescent; body image; body size perception; BSQ.


93

INTRODUÇÃO

A imagem corporal desenvolve-se paralelamente à identidade do indivíduo e do


corpo. Sua construção envolve uma interação e inter-relação entre fatores pessoais,
fisiológicos, neurais, psicológicos, sociais e emocionais. Além disso, ocorre uma
mistura de emoções, intenções, aspirações e tendências1.
O significado da aparência física na vida é aprendido através do ambiente, das
vivências e da cultura, que padroniza o que é ou não atraente. Em meio as
necessidades de inserção social, diversas são as vezes em que os indivíduos cedem
à pressão externa para concretizar no próprio corpo um ideal físico culturalmente
moldado. Sob a pena de não serem aceitos pela sociedade, ignoram histórias
pessoais, sentimentos e a própria realidade corporal1.
A adolescência é uma fase marcada por grande vulnerabilidade psicológica,
preocupações e insatisfação com a auto-imagem corporal, especialmente para o
sexo feminino2,3. A realidade atual de fervor pela magreza e temor à obesidade, de
modo geral, pode criar distorções e insatisfações seguidas de comportamentos
prejudiciais ao desenvolvimento das adolescentes e proporcionar maior risco para a
ocorrência de transtornos, dentre eles os alimentares3,4,5.
É principalmente através da família que se formam os conceitos e hábitos
referentes aos alimentos. As mensagens pelos familiares transmitidas têm grande
importância, sendo as dos pais de especial influência. Quando estes realizam dietas,
por exemplo, podem estimular as filhas a fazerem o mesmo6. As mães, em
particular, podem atuar como modelos e reforçar as relações sociais das filhas com
os alimentos e também seu comportamento6.
O estudo longitudinal de NEUMARK-SZTAINER et al. (2006) constatou que
mulheres com baixa satisfação corporal realizam mais freqüentemente dietas,
apresentam maior taxa de compulsão alimentar e ao mesmo tempo, baixos níveis de
atividade física3. Foi também observado que a insatisfação corporal, ao invés de
motivar os indivíduos a melhorarem os comportamentos relativos à modificação do
peso, com a adoção de estratégias saudáveis, predispõe os mesmos a tomarem
atitudes maléficas à saúde e que podem, inclusive, levar ao ganho ponderal.
É importante a avaliação da auto-imagem e da percepção corporal dentre as
adolescentes, pois estes fatores têm grande influência na adoção de
comportamentos alimentares anormais e prejudiciais à saúde.
94

MATERIAIS E METODOS

O presente estudo fez parte de projeto de dissertação de mestrado da


Faculdade de Medicina da UFMG que visou avaliar a imagem corporal e
comportamentos de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares em
adolescentes matriculadas no primeiro ano do ensino médio de Belo Horizonte, MG.
O cálculo amostral foi realizado tomando-se a prevalência de transtornos
alimentares encontrada de acordo com a literatura científica e a amostra final
calculada composta por 732 adolescentes. Foi considerada uma margem de erro de
2%, um nível de significância α de 5% (erro tipo I) e um poder (1-β) de 80% (erro tipo
II). Prevendo-se uma perda de cerca de 20%, decidiu-se por convidar
aproximadamente 878 estudantes.
As adolescentes foram selecionadas dentre um universo de 25.952 estudantes,
matriculadas nas 256 escolas com ensino médio da capital, de acordo com o censo
escolar de 2006, realizado pela Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais.
Foi feito um sorteio estratificado e aleatório das escolas com mais de cem alunas,
mantendo-se as proporções da distribuição por rede de ensino (pública/particular) e
de turmas como unidades de estudo. Foram realizadas visitas às escolas e todas as
alunas das turmas sorteadas foram convidadas a participar. Foram excluídas do
estudo adolescentes gestantes, fora da faixa etária determinada, ausentes nas
escolas nos dias de coleta ou que não apresentaram os termos de consentimento,
com vias para os pais e alunas, devidamente assinados. Ao final, foram investigadas
705 adolescentes das 830 alunas convidadas. A coleta de dados foi realizada no
ambiente escolar, em horário e sala cedidos pelos professores. Os dados foram
coletados com o auxílio de uma equipe de pesquisa devidamente treinada e
capacitada. O protocolo da pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Federal de Minas Gerais (Parecer ETIC 274/07).
Como instrumento, foi aplicado um questionário especialmente desenvolvido
para verificar hábitos alimentares e de vida, tais como o número de refeições por dia,
prática de atividades físicas e também o histórico familiar de distúrbios alimentares,
além dos testes reconhecidos na literatura científica para avaliação da auto-imagem
e percepção corporal.
95

A avaliação das alterações na imagem das adolescentes foi realizada através


do “BSQ-34 – Body Shape Questionnaire”, traduzido para o português como
“Questionário sobre a Imagem Corporal”7. O questionário, auto-aplicado, verifica o
grau de preocupação com a forma do corpo e com o peso, a autodepreciação
relacionada à aparência física e alguns comportamentos adotados em função desta
autodepreciação durante o último mês. Consta de 34 itens, com seis opções de
respostas, cada uma delas equivalente a determinada pontuação: nunca (1 ponto),
raramente (2 pontos), às vezes (3 pontos), freqüentemente (4 pontos), muito
freqüentemente (5 pontos) e sempre (6 pontos). A soma dos pontos obtidos em todo
o teste (todas as perguntas) permite classificar o nível de preocupação quanto à
imagem corporal do adolescente em questão, da seguinte forma:

 Resultado menor ou igual a oitenta (80) pontos é considerado padrão de


normalidade e tido como ausência de distorção da imagem corporal;

 Resultado entre oitenta e um (81) e cento e dez (110) pontos é um indicador


de leve distorção da imagem corporal;

 Resultado entre cento e onze (111) e cento e quarenta (140) pontos é


indicador de moderada distorção da imagem corporal;

 Resultado superior a cento e quarenta (140) pontos é de indicação de grave


distorção da imagem corporal.

O BSQ é bastante utilizado em estudos em populações clínicas e não-


clínicas, com bons índices de validade discriminante e confiabilidade8. O teste
distingue duas questões específicas relacionadas à imagem corporal: a precisão na
estimativa do tamanho do corpo e os sentimentos em relacionados a ele, tais como a
insatisfação ou desvalorização da forma física. Dessa forma, pode ser utilizado para
avaliar o papel de distúrbios da auto-imagem na formação, manutenção e na
resposta ao tratamento de distúrbios alimentares, como a anorexia ou bulimia
nervosas e aplicado como medida eficaz na obtenção do nível de satisfação
corporal8,9. No intuito de sinalizar o nível de satisfação, o resultado do BSQ foi
dividido em duas categorias, como realizado no estudo de Alves et al. (2008). Foram
consideradas “satisfeitas” ou “BSQ-” aquelas que de acordo com o teste, não
obtivessem alterações na imagem corporal, junto às que apresentassem alterações
leves, consideradas aceitáveis. Aquelas que apresentaram, por outro lado,
alterações moderadas ou graves foram consideradas “insatisfeitas” ou “BSQ+”10.
96

Para verificar o nível de satisfação com a forma corporal e alterações na


percepção da imagem, foi aplicado o instrumento “BFS - Body Figure Silhouettes”,
11
ou seja, a “Figura da Silhueta Corpórea” . O questionário foi desenvolvido por
pesquisadores do CNRC - Children Nutrition Research Center e integra parte do
GEMS - Girls Health Enrichment Multisite Studies (Estudos Multicêntricos para a
Melhoria da Saúde de Adolescentes do Sexo Feminino). Com a agregação de uma
percepção externa, o teste da silhueta pôde ser utilizado para verificar a adequação
na percepção corporal.
As medidas antropométricas foram tomadas com as adolescentes descalças,
em posição ereta, sem acessórios e pesos nos bolsos e trajando roupas leves, como
sugerido na literatura científica12,13. A altura foi verificada através de um
estadiômetro fixado à parede, com extensão de 2,00 metros e escala em milímetros
e visor de plástico, com esquadro acoplado a uma das extremidades. A pesagem e a
estimativa da composição corporal das estudantes por Bioimpedância Bipedal foram
realizadas através de balança digital da marca Tanita, com capacidade para 180 kg
e graduação em 50 gramas, devidamente calibrada.
Através do Índice “IMC/idade” proposto pelo Centers for Disease Control and
Prevention/National Center for Health Statistics14 foi realizada a classificação
antropométrica, tomando-se os seguintes pontos de corte: baixo peso, menor que o
percentil 5; eutrofia do percentil 5 e até o percentil 85; risco de sobrepeso maior que
85 e menor ou igual a 95 e sobrepeso / obesidade maior que o percentil 95. Através
do valor percentual de gordura obtido, foi calculada a adequação com relação aos
pontos de corte propostos por Sigulem, Vieira e Priore (1995), considerando-se
como elevado qualquer valor maior que 25,0%15.
O banco de dados foi construído com o programa Excel e revisto através de
amostragem aleatória pela pesquisadora. Os dados foram então analisados com
auxílio do software estatístico SPSS – Statistical Package for the Social Sciences e
de uma profissional estatística habilitada. Em todas as análises considerou-se um
nível de 5% de significância (valor p ≤ 0,05).
Inicialmente foi feita uma análise descritiva das variáveis categóricas por meio
de tabelas de distribuição de freqüência. As variáveis contínuas foram analisadas
por meio de medidas de tendência central e variabilidade e, de acordo com o teste
Kolmogorov-Smirnov conclui-se que apresentavam distribuição assimétrica. Para
avaliar a concordância entre as variáveis categóricas de percepção corporal da
aluna e da pesquisadora (teste BFS) foi utilizado o coeficiente Kappa ponderado.
97

Para a análise univariada, foi utilizado o teste Qui-quadrado de Pearson para


comparação de proporções ou do teste exato de Fisher, para amostras com
pequenas freqüências. Para as variáveis numéricas foi utilizado o teste não-
paramétrico de Mann-Whitney, devido ao seu caráter predominantemente
assimétrico. Na análise multivariada foi utilizada a regressão logística binária, de
modo a controlar possíveis fatores de confusão. Para entrada das variáveis
preditoras no modelo logístico, utilizou-se um p-valor de 0,15. Cada variável foi
retirada individualmente do modelo, de acordo com critério backward. Para a
permanência da variável no modelo final e para todas as análises foi adotado um
nível de 5% de significância (valor p ≤ 0,05). Foi estimada a odds ratio com intervalo
de 95% e para avaliar o ajuste do modelo foi utilizado o teste de Hosmer &
Lemeshow.

RESULTADOS

O teste BSQ foi respondido por 702 adolescentes e apresentou resultado


médio de 88,4 pontos (DP = ± 35,1 pontos) e mediana de 81,0 pontos, com mínimo
de 34 e máximo de 192 pontos. De acordo com os resultados, mais da metade delas
apresentava algum tipo de distorção na imagem. Pouco mais de um quarto das
alunas apresentou alterações consideráveis (moderadas ou graves) na auto-
imagem, o que permite sua classificação no grupo de estudantes insatisfeitas com o
corpo (Tabela 1).

Tabela 1: Resultados do Teste BSQ para os diferentes níveis de alteração


na imagem corporal dentre as adolescentes (BH, 2007).

Aspecto Avaliado
Alteração na Imagem Corporal (n=702)* Freqüência %
Ausente 346 49,3
Leve 165 23,5
Moderada 129 18,4
Grave 62 8,8
Satisfação Corporal (n=702)*
BSQ - (Satisfeitas) 511 72,8
BSQ + (Insatisfeitas) 191 27,2
* Três adolescentes não completaram o teste BSQ.
98

Os resultados relativos à percepção corporal de acordo com a Figura da


Silhueta (BFS) demonstraram alterações para a maioria da amostra estudada.
Apenas 30,2% das adolescentes possuíam correspondência de percepção com a
imagem corporal, ou seja, se enxergaram do tamanho real de acordo com a
comparação com a visão da pesquisadora. A maioria delas se enxergou maior (mais
gordas) do que realmente eram (Tabela 2).

Tabela 2: Percepção corporal e ideal de corpo dentre as adolescentes (BH, 2007).

Aspecto Avaliado
Correspondência da percepção (n=703)* Freqüência %
Percepção: tamanho subestimado pela aluna 60 8,7
Percepção: igual à da pesquisadora 209 30,2
Percepção: tamanho superestimado pela aluna 424 61,2

Ideal de corpo versus corpo atual (n=703)*
Ideal de corpo mais gordo que o atual 134 19,1
Igualdade entre o corpo atual e desejado 128 18,2
Ideal de corpo mais magro que o atual 441 62,7
* Duas adolescentes não completaram o teste BFS.

Aspecto avaliado mediante a comparação do corpo da aluna percebido por si própria e
pela pesquisadora.

A maioria das estudantes (62,7%) desejava ter um corpo mais magro que o
atual e um grande número superestimou o tamanho do corpo (61,2%). Verificou-se,
na avaliação do estado nutricional das estudantes, que 81,7% apresentavam-se
eutróficas, 5,9% com magreza e 12,4% com excesso de peso de acordo com o CDC
(2000). Quando questionadas diretamente a respeito, a maioria (82,5%) relatou
desejo de modificar o peso, sendo que a média daquelas que desejavam perder foi
de 6kg e daquelas que desejavam ganhar foi de 4,3kg.

Foi encontrada associação entre o desejo de modificar o peso e a percepção


corporal e o resultado do teste BSQ. A prevalência de insatisfeitas foi maior entre as
alunas que gostariam de modificar seu peso e dentre aquelas que se enxergavam
maiores do que realmente eram, de acordo com avaliação da pesquisadora (Tabela
3). Também houve associação significativa entre idade da menarca e o teste.
Percebe-se que os satisfeitos possuem maior média e máximo de idade da menarca
que os insatisfeitos.
99

Tabela 3: Associação entre o desejo de modificar o peso, a percepção corporal e a idade


da menarca com o resultado do BSQ (BH, 2007).

Resultado do Teste BSQ


Satisfeito Insatisfeito Valor-p
(BSQ-) (BSQ+)

Deseja modificar seu peso? (n=702)
Sim 388 (67,2%) 189 (32,8%)
<0,001*
Não 121 (99,2%) 1 (0,8%)
Percepção de acordo com o BFS (n=703)‡
tamanho subestimado pela aluna 49 (81,7%) 11 (18,3%)
Igual à da pesquisadora 172 (82,3%) 37 (17,7%) <0,001*
tamanho superestimado pela aluna 283 (67,4%) 137 (32,6%)

Idade da menarca (n=653)
Média 12,3 12,1
Mediana 12,0 12,0

Desvio-padrão 1,2 1,3 0,024
Mínimo 9,0 9,0
Máximo 16,0 15,0
* Teste Qui-quadrado de Pearson

Teste de Mann-Whitney

Três adolescentes não responderam às questões do peso; duas não completaram o teste
BFS e 52 não souberam informar a idade da menarca.

Através da análise univariada, não foi encontrada associação entre


classificação da escola (pública ou privada), turno de matrícula e idade com o
resultado do teste BSQ, mas ocorreram associações significativas entre o teste e o
percentual de gordura e o índice de massa corporal.

Tabela 4: Associação entre o percentual de gordura e o índice de massa corporal e os


resultado do teste BSQ (BH, 2007).

Resultado Parâmetros
do BSQ avaliados * N Média Mediana Mín. Máx. DP
Satisfeitos percentual de gordura 508 22,1 21,9 5,3 44,1 5,7
2
(BSQ-) IMC (kg/m ) 508 20,1 19,6 14,2 34,3 2,8
Insatisfeitos percentual de gordura 185 27,8 26,9 6,8 49,4 6,4
2
(BSQ+) IMC (kg/m ) 185 23,5 22,5 15,9 42,7 4,2

*n = 693. Valor-p teste Mann-Whitney < 0,001 para as duas variáveis.


100

O percentual de gordura e o IMC foram menores dentre os satisfeitos, o que


corrobora com os achados anteriores, na medida que as adolescentes apontam para
o desejo de perder peso como forma de obter maior satisfação corporal (Tabela 4).
Quanto à prática de atividades físicas, as alunas satisfeitas (BSQ-)
apresentaram maior freqüência de participação nas aulas de educação física e o
percentual de satisfeitos também foi maior dentre aquelas que relataram gostar de
praticar exercícios (tabela 5).

Tabela 5: Associação entre prática e gosto por atividades físicas, hábitos alimentares e
resultado do teste BSQ na amostra estudada (BH, 2007).
Resultado do Teste BSQ Valor-p
Variáveis Satisfeito Insatisfeito
(BSQ-) (BSQ+)
Freqüência em dias por semana de participação nas
aulas de educação física (n=703).
Média 1,6 1,5
Mediana 2,0 2,0
Desvio-padrão 0,7 0,7 0,022*
Mínimo 0,0 0,0
Máximo 5,0 4,0
Gosto pela prática de atividades físicas (n=703).
sim 380 (74,8%) 128 (25,2%)
0,044†
não 129 (67,2%) 63 (32,8%)
Freqüência de realização do desjejum (n=703).
nunca 11 (40,7%) 16 (59,3%)
raramente 66 (71,7%) 26 (28,3%)
às vezes 117 (68,0%) 55 (32,0%) <0,001†
freqüentemente 84 (68,3%) 39 (31,7%)
sempre 231 (80,8%) 55 (19,2%)
Número de refeições por dia (n=690).
Média 3,8 3,5
Mediana 4,0 3,0
Desvio-padrão 1,2 1,2 0,001 *
Mínimo 1,0 1,0
Máximo 7,0 6,0
* Teste de Mann-Whitney

Teste Qui-quadrado de Pearson
101

Com relação aos hábitos alimentares, a prevalência de insatisfeitos com a


imagem (BSQ+) é maior entre os que nunca realizam o desjejum (59,3%) e a
prevalência de satisfeitos é maior entre os que sempre o realizam (80,8%).
Houve associação entre relato de possuir familiar com distúrbio alimentar e o
resultado do teste BSQ (Tabela 6). As adolescentes com história familiar de distúrbio
alimentar têm maior prevalência de insatisfação no teste.

Tabela 6: Associação* entre conhecimento a respeito dos transtornos alimentares e história


familiar e resultado do teste BSQ (BH, 2007).

Resultado do Teste BSQ


Satisfeito (BSQ-) Insatisfeito (BSQ+)
História familiar de distúrbio alimentar
Presente 29 (56,9%) 22 (43,1%)
Ausente 473 (74,4%) 163 (25,6%)
* Teste Qui-quadrado de Pearson; p = 0,007; n=687.

Na realização da regressão logística para o teste BSQ, as variáveis que


permaneceram no modelo final sendo, portanto, associadas ao seu resultado foram
(tabela 7): classificação da escola, freqüência de realização do desjejum, número de
refeições por dia, desejo de modificar o peso, familiar com distúrbio alimentar e
estado nutricional.

As adolescentes que estudam em escola particular têm 1,87 vezes mais


chance de estarem insatisfeitas com o corpo (BSQ+) quando comparadas àquelas
das escolas públicas. Além disso, as adolescentes que nunca realizam o desjejum
têm 3,73 vezes mais chance de insatisfação quando comparadas àquelas que
sempre o realizam. A diminuição no número de refeições também aumenta a chance
de insatisfação pelo teste BSQ. Assim, alunas que realizam uma refeição a menos
têm 1,3 vezes mais chance de insatisfação que as demais; as que realizam 2
refeições a menos, 2,6 vezes mais chance, e assim sucessivamente.
102

Tabela 7: Modelo final de regressão logística binária* tendo como variável resposta a
insatisfação com a imagem ou “BSQ+” (BH, 2007).

IC 95%

Variáveis Valor-p* OR L (-) L(+)†
Classificação da escola
Pública 1
Particular 0,005 1,87 1,21 2,88
Freqüência de realização do desjejum
nunca 0,008 3,73 1,40 9,91
raramente 0,436 1,29 0,68 2,43
às vezes 0,266 1,35 0,79 2,30
freqüentemente 0,044 1,75 1,01 3,03
Sempre (referência) 1,00
Número de refeições por dia
(a cada 1 refeição a menos) 0,005 1,29 1,08 1,55
Deseja modificar seu peso?
Não (referência) 1
Sim <0,001 39,50 5,42 287,82
Familiar com distúrbio alimentar
Não (referência) 1
Sim 0,029 2,16 1,08 4,30
Estado nutricional
Eutrófico (referência) 1
Baixo peso 0,015 0,08 0,01 0,61
Sobrepeso <0,001 4,92 2,67 9,07
Obeso <0,001 6,85 2,95 15,88
* Ajuste do modelo (Estatística de Hosmer & Lemeshow ) – valor-p = 0,644.

L(-)” e “L(+)” = limites inferior e superior para o Intervalo de Confiança (IC).

Adolescentes que desejam modificar o peso têm quase 40 vezes mais chance
de insatisfação. Ainda, as estudantes com história familiar de distúrbio alimentar têm
2,16 vezes mais chance de estarem insatisfeitas de acordo com o teste BSQ, sendo
que essa chance pode variar entre 1,1 e 4,3. Por fim, adolescentes com baixo peso
estão protegidas da insatisfação corporal de acordo com teste BSQ (OR=0,08) se
comparadas às adolescentes eutróficas. Já as adolescentes com sobrepeso
possuem quase 5 vezes mais chance de estarem insatisfeitas se comparadas às
eutróficas e para aquelas com obesidade essa chance passa para 6,85.
103

DISCUSSÃO

Os instrumentos e resultados utilizados na avaliação da satisfação corporal de


adolescentes variam muito dentre os estudos. Utilizando a escala de silhueta, Vilela
et al (2004)5 encontraram prevalência de insatisfação corporal de cerca de 63%
dentre as estudantes avaliadas, sendo que 38,6% desejavam perder peso. Através
do BSQ, Luz (2003) encontrou insatisfação com a auto-imagem de 15,3% em
universitários da capital mineira16. As adolescentes de Santa Catarina, com média
de 14,1 anos apresentaram, por sua vez, uma prevalência de 18,8% de insatisfação
corporal10. Além disso, a média (80,24 pontos), mediana (74 pontos) e desvio-
padrão (32,13 pontos) encontrados foram semelhantes ao do presente estudo. As
investigações avaliaram estudantes de ambos os sexos e de diferentes faixas
etárias.
A associação entre as medidas antropométricas avaliadas, o estado nutricional
e o resultado do teste BSQ mostram que os menores valores pertencem ao grupo
dos satisfeitos com o corpo. Tais resultados encontram-se em concordância com os
do estudo de Sampei (2001), no qual as adolescentes com sobrepeso apresentavam
2,17 mais chance que as eutróficas de insatisfação com o peso e as obesas, 3,63
vezes mais17. Estudo realizado com diferentes grupos étnicos por Lynch et al. (2007)
encontrou relação entre o IMC e preocupações com o peso e a forma física18.
Resultados semelhantes foram reproduzidos por Mumford e Choudry (2000), que
estudando asiáticas, encontrou fortes associações entre insatisfação corporal e
IMC19.
Na construção da imagem e aceitação do corpo, as adolescentes são
influenciadas por diversos atores, além de fatores como o desconhecimento, falta de
preparo, intensidade e velocidade das mudanças que se seguirão, unidos aos
estereótipos e a expectativa social1,2. Dessa forma, a associação significativa entre
idade da menarca e percepção corporal e o BSQ podem ser explicadas pela maior
rapidez das modificações nas adolescentes de menarca precoce, com um menor
tempo para adaptação da imagem às novas formas. Estudos demonstram que o IMC
é significantemente maior nas adolescentes que já apresentaram a menarca quando
comparadas às demais20, o que é esperado, em função da relação entre
desenvolvimento sexual e modificações corporais21. Trabalhos recentes confirmam a
correlação entre menarca precoce e maior IMC ou maior prevalência de sobrepeso e
104

obesidade22,23. Dessa forma, é de se supor que haja sustentação na relação entre a


menarca e o teste BSQ.
Pesquisa de natureza quanti-qualitativa com adolescentes de ambos os sexos
na Bahia constatou que praticamente o total dos 86% indivíduos considerados
eutróficos encontravam-se insatisfeitos com o corpo. Dentre as avaliadas, 68,1%
desejavam perder peso24. Alguns estudos colocam que a percepção corporal
influencia o comportamento alimentar até mesmo mais que o IMC, sendo que o fato
de estar insatisfeito com a forma física pode associar-se à adoção de condutas
alimentares de risco ou anormais4. No trabalho de Nunes et al. (2001), 37,8% das
adolescentes avaliadas se percebiam como gordas, 48,9% como eutróficas e 13,3%
como magras4. Levando em conta que a prevalência de sobrepeso e obesidade no
estudo foi de 16% e de peso adequado de 82%, percebe-se que várias adolescentes
se enxergaram maiores do que realmente são. Na análise dos resultados, isto foi
comprovado: dentre aquelas que se achavam gordas, apenas um terço realmente
apresentava excesso de peso corporal. O mesmo ocorreu no presente estudo, em
que num universo de mais de 80% de eutróficas, mais de 60% superestimaram o
tamanho de seus corpos (BFS) e uma porcentagem ainda maior (82,5%) relatou
desejo de modificar o peso. Dessa forma, a manifestação de um ideal de corpo mais
magro parece sofrer influencia da percepção corporal das adolescentes.
Mulheres com IMC normal mas que se percebiam gordas apresentavam maior
prevalência de comportamentos alimentares anormais quando comparadas a
mulheres que se consideravam com o peso adequado (19,2% contra 5,7%).
Perceber-se como gorda acarretou, nas avaliadas, odds ratio de mais de 4 vezes de
apresentar comportamentos anormais4. No estudo de Bosi et al. (2008), alterações
na imagem corporal detectadas pelo BSQ não estiveram relacionadas ao IMC, mas
sim à insatisfação com o peso9. Grigg e colaboradores verificaram que grande parte
de um grupo de garotas com elevada prevalência de insatisfação corporal
realizavam dietas e outros procedimentos inadequados de redução ponderal25.
Levando-se em conta o delineamento transversal, é importante colocar que a
utilização da temporalidade como critério causal neste estudo é inadequada, em
função de fatores de risco e desfechos apresentarem-se num mesmo momento e
introduzirem o viés de causalidade reversa26. Dessa maneira, duas formas podem
justificar as relações encontradas acerca dos hábitos alimentares e o teste, nas
quais a prevalência de insatisfeitos com a imagem (BSQ+) é maior entre os que
omitem o desjejum ou que têm reduzido número de refeições diárias. Condutas de
105

privação alimentar podem levar à redução da taxa metabólica e ganho de peso,


contribuindo para a insatisfação corporal. No estudo de Dutra et al. (2006) foi
encontrado que quanto menor o número de refeições realizadas, maior a freqüência
de sobrepeso27. Por outro lado, a insatisfação com o corpo pode levar à redução no
numero de refeições e modificações nos hábitos alimentares, com objetivo de
modificar o peso. Neste sentido, tais restrições são muito comuns dentre
adolescentes25. Em outro trabalho, também foi verificado que mulheres com baixa
satisfação corporal realizam mais dietas3.
Os resultados relacionados à prática de atividades físicas e de satisfação
corporal encontrados também podem ser explicados de duas formas: os exercícios
levam a manutenção de uma forma saudável e socialmente aceitável, com
conseqüente maior probabilidade de satisfação no teste ou a busca por uma forma
física desejável, por outro ponto de vista, pode levar a uma maior participação em
atividades físicas e outras práticas, que conduzam a uma maior satisfação com o
corpo. Neumark et al. (2006) corroboram com estes achados – em seu trabalho,
mulheres menos satisfeitas com o corpo fazem menos atividades físicas3.
A associação entre história familiar de transtorno alimentar e a insatisfação
corporal obtida no teste BSQ pode ser facilmente explicada. É sabido que as
preocupações relativas à imagem corporal são um dos sintomas sinalizadores dos
transtornos alimentares, especialmente da anorexia, em que os indivíduos
extremamente magros continuam a enxergar-se gordos4,28. Neste sentido, existem
estudos que apontam a importância das influências genéticas para ocorrência dos
transtornos alimentares. Strober et al. (2000) demonstraram que, para o sexo
feminino, o risco de familiares de pacientes com transtornos também desenvolvê-los
varia de 4,2 a 12,3, de acordo com o transtorno apresentado29.
Neste contexto, também devem ser consideradas as influencias do meio
familiar e do ambiente, sem os quais as manifestações genéticas isoladas poderiam
não ter resultado. A interação entre as influencias ambientais e do meio familiar
podem ocupar lugar mais importante que a hereditariedade, uma vez que as
meninas, desde pequenas, podem repetir preocupar-se com o peso assim como
suas mães6. Além disso, o meio familiar e sociocultural pode interferir no nível de
insatisfação com o corpo, na medida que influenciam a relação pessoal do individuo
com o alimento6.
Por fim, a imagem corporal é um fenômeno multidimensional. Sua avaliação é
complexa e envolve diversos aspectos1. Portanto, existem limitações na utilização
106

dos testes BSQ e BSF na detecção de alterações na percepção e satisfação


corporais, na medida que estas se relacionam com a imagem e com outros
aspectos, relacionados também à auto-estima. Além disso, a escala de silhueta
utilizada não foi validada na população brasileira. A insatisfação com o corpo pode,
ainda, estar relacionada a partes não identificadas nos teste BSQ e especialmente,
nas figuras do BFS30.

CONCLUSÃO

As adolescentes avaliadas apresentaram níveis de alteração na auto-imagem


semelhantes aos de estudos nacionais, com alta prevalência de insatisfação com o
corpo. As alterações na percepção corporal, comuns nos dias atuais, geram uma
insatisfação que pode levar à comportamentos alimentares inadequados, com
prejuízos no desenvolvimento e saúde, além de risco de desenvolvimento de
transtornos alimentares. É importante desenvolver campanhas e programas que
estimulem a aceitação corporal e a adoção de hábitos alimentares e de vida
saudáveis. É interessante também reduzir a influência da mídia, de modo a
desvincular a imagem do corpo magro à atratividade e ao padrão de beleza ideal.
107

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110

6.3 - ARTIGO III – Sintomas de anorexia e bulimia nervosas e


fatores associados em adolescentes do sexo feminino em Belo
Horizonte, MG.

RESUMO

Este estudo visou identificar a prevalência de sintomas de anorexia e bulimia


nervosas entre adolescentes do sexo feminino de Belo Horizonte, MG. A amostra,
representativa e estratificada conforme regional e rede escolar (pública/privada),
contou com 705 adolescentes matriculadas no primeiro ano do ensino médio de 10
diferentes escolas. Através das versões em Português do “Teste de Atitudes
Alimentares” (EAT-26) e de “Investigação Bulímica de Edinburgh” (BITE) foram
verificados os possíveis sintomas de anorexia (EAT+) e bulimia (BITE+) nervosas.
Foi também realizada avaliação antropométrica de acordo com os pontos de corte
estabelecidos pelo CDC (2000) para adolescentes. Dentre as estudantes, 81,7%
encontravam-se eutróficas. As prevalências encontradas foram de 20% para
sintomas de anorexia e 6,4% de bulimia nervosa, sendo outros 12,7% possivelmente
subclínicos para bulimia. EAT+ e BITE+ apresentaram associações estatísticas com
o estado nutricional, IMC, percentual de gordura, número de refeições por dia e
omissão do desjejum. EAT + também se associou ao relato de história familiar de
distúrbio alimentar. A regressão logística múltipla apontou a omissão do desjejum
como variável de maior risco para apresentar sintomas de anorexia e bulimia (OR =
6,55 e 5,27, p<0,001; IC=95%), seguido de possuir sobrepeso (OR = 3,54 e 2,12,
p<0,001, IC=95%). Conclui-se que as adolescentes em Belo Horizonte apresentam
índices de EAT+ semelhantes àqueles observados em outras regiões brasileiras,
diferentemente de BITE+, para o qual os resultados encontrados foram maiores.

Palavras-chave: adolescente; anorexia nervosa; bulimia nervosa, EAT; BITE.


111

Anorexia and bulimia symptoms and associated factors among


female adolescents on Belo Horizonte, MG.

ABSTRACT

This study’s objective was to identify the prevalence of anorexia (EAT+) and
bulimia (BITE+) symptoms among female adolescents in Belo Horizonte, Minas
Gerais State, Brazil. The proportional sample of 705 girls attending the first high
school year was stratified according the schools´ socio-geographic regions and
public/private school classification. The “Eating Attitudes Test” (EAT-26) and “Bulimic
Investigatory Test of Edinburgh” (BITE) were applied to identify anorexia (EAT+) and
bulimia (BITE+) symptoms. The anthropometric measurements were obtained
according to standardized procedures and compared to the CDC´s (2000) BMI-age
cut-offs for adolescents. It was shown that 81,7% had normal weight, 20% were
EAT+ and 6,4% were BITE+, with other 12,4% sub clinical symptoms for bulimia. A
statistically significant association was found between EAT+/BITE+ and the
nutritional status, BMI, body fat, number of meals per day and breakfast omission.
EAT+ was also associated to family eating disorder report. Multiple logistic
regression showed breakfast omission as the strongest independent risk factor for
EAT+ and BITE+ (OR = 6,55 and 5,27; p<0.001; CI=95%), followed by being
overweight (OR = 3,54 and 2,12, p<0,001, CI=95%). Adolescents in Belo Horizonte
show EAT+ rates similar to those observed in other Brazilian regions, but higher
BITE+ levels.

Indexing terms: adolescent; anorexia; bulimia; EAT; BITE.


112

INTRODUÇÃO

Na adolescência, fase de intensas e diversas modificações biológicas e


psicológicas, é muito comum a insatisfação corporal, especialmente dentre
meninas1,2.
Os preceitos socioculturais têm estimulado a associação entre magreza e
atributos positivos dentre o sexo feminino, o que motiva as mulheres a buscar desde
cedo uma aparência física ideal3. Pelo receio de tornarem-se alvo de discriminações,
impulsionadas pela insatisfação corporal e com intuito de perder peso, as
adolescentes adotam condutas tais como a omissão ou diminuição do número de
refeições3,4.
Muitas atitudes relativas ao corpo e à imagem apresentadas na adolescência
podem ser simplesmente reativas ao momento vivenciado, manifestações de
independência ou adaptação. Por outro lado, podem ser indicativos de predisposição
aos distúrbios alimentares, tais como a anorexia e bulimia nervosas2,5.
Na anorexia, há emagrecimento acentuado acompanhado ou não de excesso
de atividades físicas e rígido controle alimentar. A bulimia nervosa é acompanhada
de episódios de compulsão (hiperfagia), seguidos de comportamentos
compensatórios (como a indução de vômitos, abuso de laxativos, etc).
Diferentemente da anorexia, na bulimia há geralmente peso normal ou um leve
sobrepeso5. Tais transtornos do comportamento alimentar são acompanhados por
alterações na auto-imagem corporal e grande insatisfação com a aparência física,
além da prática de dietas ou jejuns. De acordo com a literatura, são mais freqüentes
na adolescência e no sexo feminino2,4,5.
Em função da origem multifatorial dos transtornos alimentares, é interessante o
uso de avaliações que contemplem os vários aspectos relacionados ao seu
desenvolvimento e manutenção. Diversos são os instrumentos utilizados para
rastreamento e prognóstico, sendo os questionários auto-aplicáveis amplamente
conhecidos em função de suas vantagens: são econômicos, de fácil aplicação e
muitas vezes mais confiáveis que as entrevistas4,5,6.
Na realidade atual de fervor à magreza, a investigação de comportamentos
alimentares anormais na população feminina adolescente tem merecido atenção7.
Tendo em vista que a anorexia e bulimia nervosas levam à redução na qualidade de
vida e saúde, além de gerar prejuízos psicológicos e sociais, é importante avaliar a
113

prevalência de sintomas neste grupo, pois estes podem preceder a manifestação de


tais transtornos.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo fez parte de projeto de dissertação de mestrado da


Faculdade de Medicina da UFMG que visou avaliar a imagem corporal e
comportamentos de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares em
adolescentes matriculadas no primeiro ano do ensino médio de Belo Horizonte, MG.
O cálculo amostral foi realizado tomando-se a prevalência de transtornos
alimentares encontrada de acordo com a literatura científica e a amostra final
calculada composta por 732 adolescentes. Foi considerada uma margem de erro de
2%, um nível de significância α de 5% (erro tipo I) e um poder (1-β) de 80% (erro tipo
II). Prevendo-se uma perda por recusas de cerca de 10 a 15%, decidiu-se por
convidar aproximadamente 830 estudantes.
As adolescentes foram selecionadas dentre um universo de 25.952 estudantes,
matriculadas nas 256 escolas com ensino médio da capital, de acordo com o censo
escolar de 2006, realizado pela Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais.
Foi feito um sorteio estratificado e aleatório das escolas com mais de cem alunas,
mantendo-se as proporções da distribuição por rede de ensino (pública/particular) e
de turmas como unidades de estudo. Foram realizadas visitas às escolas e todas as
alunas das turmas sorteadas foram convidadas a participar. Foram excluídas do
estudo adolescentes gestantes, fora da faixa etária determinada, ausentes nas
escolas nos dias de coleta ou que não apresentaram os termos de consentimento,
com vias para os pais e alunas, devidamente assinados. Ao final, foram investigadas
705 adolescentes. A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar, em horário e
sala cedidos pelos professores. Os dados foram coletados com o auxílio de uma
equipe de pesquisa devidamente treinada e capacitada. O protocolo da pesquisa foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas
Gerais (Parecer ETIC 274/07).
Como instrumento, foi aplicado um questionário especialmente desenvolvido
para verificar alguns hábitos alimentares, tais como o número de refeições por dia e
histórico familiar de distúrbios alimentares, além dos testes reconhecidos na
literatura científica para avaliação de sintomas de transtornos. Como teste
114

sinalizador para possíveis sintomas de anorexia nervosa, foi utilizada versão em


português validada na população brasileira do EAT-26 - Eating Attitudes Test (Teste
de Atitudes Alimentares)9. Com 26 questões sobre o comportamento alimentar e
imagem corporal, o teste detecta casos clínicos em população de alto risco e é um
ótimo identificador de padrões alimentares anormais. Cada uma das respostas
disponíveis, divididas em 6 opções (estratificadas dentre “nunca” até “sempre”)
equivale à determinada pontuação, sendo a maior pontuação (3) sempre conferida à
direção de comportamentos anoréxicos e a menor (0) na direção contrária. Um
escore ≥ 21 pontos permite classificar o indivíduo como sintomático ou “EAT+”
(pontuação suficiente para sintomas ou comportamento alimentar de risco para o
desenvolvimento da anorexia) ou, ao contrário, “EAT-” (pontuação de baixa
incidência ou ausência dos sintomas).
Para sinalizar possíveis sintomas de bulimia foi utilizado o Teste de
Investigação Bulímica de Edinburgh, com 33 questões e duas escalas10. A primeira,
“Sintomática”, possibilita uma classificação do grau dos sintomas bulímicos
presentes, com máximo de trinta pontos: “compulsão e grande probabilidade de
diagnóstico de bulimia nervosa” (pontuação ≥ 20), “grupo subclínico” (15 a 19
pontos), “padrão alimentar incomum” (10 a 14 pontos) e “ausência de
comportamentos típicos de bulimia nervosa” (0 a 9 pontos). A segunda escala, de
“Gravidade”, fornece um índice baseado na freqüência dos comportamentos
compulsivo e purgativo. Os resultados podem ser “sem significância” (total ≤ 4
pontos), “clinicamente significante” (de 5 a 9 pontos) ou “indícios de alta gravidade”
(resultado ≥ 10 pontos).
As medidas antropométricas foram realizadas com as adolescentes descalças,
em posição ereta, sem acessórios e pesos nos bolsos e trajando roupas leves, como
sugerido na literatura científica11,12. As participantes foram medidas através de um
estadiômetro fixado à parede, com extensão de 2,00 metros e escala em milímetros
e visor de plástico, com esquadro acoplado a uma das extremidades. A pesagem e a
estimativa da composição corporal das estudantes por Bioimpedância Bipedal deu-
se através de balança digital Tanita, com capacidade para 180 kg, devidamente
calibrada.
Através do Índice “IMC/idade” proposto pelo CDC (2000)13 foi realizada a
classificação antropométrica, tomando-se os seguintes pontos de corte: baixo peso,
menor que o percentil 5; eutrofia, do percentil 5 até 85; risco de sobrepeso, maior
que o percentil 85 e menor ou igual ao 95 e sobrepeso/obesidade maior que o
115

percentil 95. Através do valor percentual de gordura obtido, foi calculada a


adequação com relação aos pontos de corte propostos por Sigulem, Vieira e Priore
(1995), considerando-se como elevados valores maiores que 25,0%14.
O banco de dados foi revisto através de amostragem aleatória. Os dados foram
analisados com auxílio do software estatístico SPSS – Statistical Package for the
Social Sciences15 e de profissional estatística. Em todas as análises considerou-se
um nível de 5% de significância (valor p ≤ 0,05).
Inicialmente foi feita uma análise descritiva das variáveis e as contínuas, de
distribuição assimétrica (teste Kolmogorov-Smirnov), foram analisadas por meio de
medidas de tendência central e variabilidade. Para a análise univariada foi utilizado o
teste Qui-quadrado de Pearson ou o Exato de Fisher. Para as variáveis numéricas
foi utilizado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney e na análise multivariada foi
utilizada a regressão logística binária, de modo a controlar possíveis fatores de
confusão. Para entrada das variáveis preditoras no modelo logístico, utilizou-se um
p-valor de 0,15. Cada variável foi retirada individualmente do modelo, de acordo com
critério backward. Para a permanência da variável no modelo final e para todas as
análises foi adotado um nível de 5% de significância (valor p ≤ 0,05). Foi estimada a
odds ratio com intervalo de 95% e o ajuste do modelo foi adequado de acordo com o
teste de Hosmer & Lemeshow.

RESULTADOS

As adolescentes possuíam média de 15 anos de idade (DP±0,75 anos). A


maioria estudava em escolas públicas (69,2%) durante o turno da manhã (48,7%) e
residia com familiares (98,3%), como mostra a Tabela 1.
116

Tabela 1: Características da amostra de adolescentes do primeiro ano do


ensino médio (BH, 2007).
Variáveis Freqüência %
Classificação da Escola
Pública 488 69,2
Particular 217 30,8
Turno de matricula
Manha 343 48,7
Tarde 291 41,3
Noite 71 10,1
Idade (anos)
14 30 4,3
15 429 60,9
16 199 28,2
17 31 4,4
18 16 2,3
Com quem reside?
familiares 692 98,2
sozinho 5 0,7
companheiro 4 0,6
república/pensionato 1 0,1
outros 3 0,4
(n=705)

As prevalências de baixo peso e eutrofia dentre as adolescentes pesquisadas


foram de 5,9% e 81,7%, respectivamente. Dentre elas, 12,4% apresentavam-se com
excesso de peso, sendo 8,3% com sobrepeso e 4,1% com obesidade.

As pontuações máximas para os testes EAT e BITE foram de, respectivamente,


69 e 28 pontos (Tabela 2). Avaliando-as de acordo com os testes propostos, foram
encontradas elevadas prevalências de sintomas de transtornos alimentares (Tabela
3): 20% para anorexia e 19,1% para bulimia, sendo dentre estes 12,7% dos casos
quadros subclínicos e 6,4% manifestações de sintomas bulímicos. Ainda, 3,4%
apresentaram alta gravidade na escala de comportamentos purgativos e
compensatórios através do BITE.
117

Tabela 2: Descrição dos resultados dos testes EAT e BITE (BH, 2007).

Teste N Média Mediana Mín. Máx. DP


EAT 704 12,9 10,0 0,0 69,0 11,1
BITE - Escala sintomática 699 9,2 8,0 0,0 28,0 5,7
BITE - Escala de gravidade 689 2,4 1,0 0,0 21,0 3,1

Tabela 3: Classificação da amostra de acordo com os resultados dos testes EAT e BITE (BH,
2007).
Teste Freqüência %
EAT – anorexia (n=704)
EAT - (ausência de sintomas) 563 80,0
EAT + (presença de sintomas) 141 20,0
BITE - Escala sintomática para Bulimia (n=699)
ausente 404 57,8
incomum 161 23,0
subclinica 89 12,7
bulimia 45 6,4
BITE – Escala de gravidade para Bulimia (n=689)
Não significativa 562 81,6
Clinica 103 14,9
Alta gravidade 24 3,5

Não houve associação entre as seguintes variáveis com os resultados dos


testes EAT e BITE: classificação da escola, turno, idade, idade da menarca,
conhecimento acerca dos distúrbios alimentares. Também não houve associação
entre a história familiar de transtornos alimentares e resultado do teste BITE. Porém,
as adolescentes com história familiar de distúrbio alimentar ou com relato de menor
número de refeições por dia têm maior prevalência de EAT+. A mediana de
refeições por dia é também menor dentre as EAT+ (Tabela 4).
118

Tabela 4: Associação entre informações sobre alimentação e presença de história familiar de


transtornos alimentares com os resultados dos testes EAT e BITE (BH, 2007).
Variáveis Resultado dos Testes
EAT - EAT + BITE - BITE +
Freqüência de realização do
desjejum (n=703) *
nunca 12 (44,4%) 15 (55,6%) 8 (29,6%) 19 (70,4%)
raramente 71 (77,2%) 21 (22,8%) 51 (56,0%) 40 (44,0%)
às vezes 141 (81,5%) 32 (18,5%) 87 (50,9%) 84 (49,1%)
freqüentemente 93 (75,6%) 30 (24,4%) 59 (48,4%) 63 (51,6%)
sempre 244 (85,0%) 43 (15,0%) 198 (69,0%) 89 (31,0%)
Número de refeições por dia
(n=690) †
Média 3,8 3,5 3,8 3,6
Mediana 4,0 3,0 4,0 4,0
Mínimo 1,0 1,0 1,0 1,0
Máximo 7,0 7,0 7,0 7,0
Desvio-padrão 1,2 1,3 1,2 1,3
Estado nutricional
(n=699 EAT; n=684 BITE)*
baixo peso 38 (92,7%) 3 (7,3%) 37 (90,2%) 4 (9,8%)
eutrófico 469 (82,1%) 102 (17,9%) 335 (59,1%) 232 (40,9%)
sobrepeso 33 (56,9%) 25 (43,1%) 22 (37,9%) 36 (62,1%)
obeso 20 (69,0%) 9 (31,0%) 8 (28,6%) 20 (71,4%)
História familiar de transtorno
alimentar (n=689)*
Sim 32 (62,7%) 19 (37,3%) 24 (47,1%) 27 (52,9%)
Não 519 (81,5%) 118 (18,5%) 373 (58,8%) 261 (41,2%)
* Teste Qui-quadrado de Pearson; p ≤ 0,001, com exceção de história familiar versus BITE
(p = 0,101).

Teste de Mann-Whitney; p=0,012 (EAT) e p=0,085 (BITE).

Foram encontradas associações entre freqüência de realização do desjejum e


a manifestação de sintomas pelos testes: EAT+ é maior entre os que nunca realizam
o desjejum (55,6%) e o mesmo ocorre para BITE+ (70,4%). O estado nutricional das
adolescentes também se mostrou associado a ambos, sendo que as adolescentes
com sobrepeso têm maior prevalência de EAT+ e as obesas, maior prevalência de
BITE+.

As associações acerca do estado nutricional e a prevalência de sintomas dos


transtornos repetiram-se quando realizadas levando-se em conta o percentual de
119

gordura e o Índice de Massa Corporal (Tabela 5): seus valores são menores dentre
os EAT- e BITE- e maiores dentre os EAT+ e BITE+.

Tabela 5: Associação entre o percentual de gordura e o Índice de Massa Corporal (IMC) e os


resultado dos testes EAT e BITE (BH, 2007).
Teste e Resultados * Medida Média Mediana Mín. Máx. DP

EAT – % gordura 22,9 22,5 5,3 49,4 6,2
IMC 20,6 20,1 14,2 40,0 3,3

EAT + % gordura 26,5 26,2 6,8 45,0 6,5
IMC 22,6 22,0 15,8 42,7 4,1

BITE – % gordura 22,0 21,7 5,3 43,4 5,9
IMC 20,0 19,6 14,2 34,3 2,9

BITE + % gordura 25,7 24,9 6,8 49,4 6,5
IMC 22,3 21,3 15,8 42,7 4,0
* Valor-p teste Mann-Whitney < 0,001 para todas as variáveis.

Percentual de gordura avaliado por bioimpedância bipedal (Tanita).

Tabela 6: Modelo final de regressão logística binária*, tendo como variável resposta
sintomas de anorexia (EAT+) ou bulimia (BITE +) - BH, 2007.
EAT + BITE +
IC 95% IC 95%
Variáveis p OR L (-)** L (+)** p OR L(-)** L(+) **
Freqüência do
desjejum
nunca 0,000 6,55 2,69 15,92 0,000 5,27 2,08 13,34
raramente 0,151 1,58 0,85 2,94 0,069 1,61 0,96 2,68
às vezes 0,953 1,02 0,58 1,77 0,003 1,88 1,24 2,86
freqüentemente 0,069 1,69 0,96 2,98 0,000 2,35 1,48 3,74
Sempre (refer.) 1,00 1,00

Estado nutricional
Eutrófico (refer.) 1,00 1,00
Baixo peso 0,115 0,37 0,11 1,27 0,000 0,12 0,04 0,36
Sobrepeso 0,000 3,54 1,94 6,44 0,011 2,12 1,19 3,79
Obeso 0,120 2,00 0,83 4,82 0,035 2,57 1,07 6,16

História familiar
Não (referência) 1,00
Sim 0,006 2,56 1,31 4,99 - - - -
*Ajuste do modelo (Estatística de Hosmer & Lemeshow ): valor-p = 0,816.

“L(-)” e “L(+)” = limite inferior e superior para o Intervalo de Confiança (IC).
120

As variáveis que permaneceram no modelo final, associadas ao resultado dos


testes foram freqüência de realização do desjejum e estado nutricional, além de
história familiar de distúrbio alimentar, somente para o teste EAT (Tabela 6).
Percebe-se que as adolescentes que nunca realizam o desjejum têm 6,55 vezes
mais chance EAT+ e 5,27 vezes mais chance de BITE+ quando comparadas
àquelas que sempre o realizam.
As adolescentes com sobrepeso têm 3,54 vezes mais chance de EAT+ e 2,12
vezes mais chance de BITE+ se comparadas às eutróficas. Para as obesas, a
chance de BITE+ passa para 2,57. Além disso, as adolescentes com baixo peso
estão protegidas de ter bulimia de acordo com teste BITE (OR=0,12) se comparadas
às adolescentes eutróficas, o que não aconteceu em relação ao teste EAT. Por fim,
adolescentes com história familiar de distúrbio alimentar possuem 2,56 vezes mais
chance de apresentarem sintomas de acordo com o teste EAT, sendo que essa
chance pode variar entre 1,31 e 4,99.

DISCUSSÃO

As pontuações médias obtidas nos testes EAT e BITE foram relativamente


semelhantes às encontradas no Rio de Janeiro (EAT-26=11,2; DP = 10,2; BITE
sintomas 7,9; DP = 5,2; BITE gravidade, 1,9 pontos; DP = 2,3)16. Pacientes com
transtorno alimentar e em fase inicial de tratamento em serviço especializado de São
Paulo apresentaram médias bem maiores (EAT = 38,7; BITE = 23,6) 17.
A prevalência de sintomas de anorexia nervosa encontrada neste estudo
aproxima-se da encontrada por Dunker & Philippi (21,1%) em adolescentes de 15 a
18 anos em São Paulo18. Outros estudos, realizados no interior de Minas19, na
região Sul do país20-22, no Rio de Janeiro16 e em São Paulo23 encontraram
prevalências de 14,1 a 22,17%, As variações podem ser explicadas pois alguns
avaliaram indivíduos em faixa etária mais ampla19-22 e outros adotaram ponto de
corte diferenciado18,19,22.
No estudo de Alves et al. (2008), os sintomas de anorexia mostraram-se
estatisticamente associados ao sobrepeso e à obesidade. Meninas com sobrepeso
apresentavam chance cerca de 2,1 vezes maior de apresentarem EAT+, tomando-se
como referencia o baixo peso20. No presente estudo ocorreu uma chance de 3,54,
levando-se em conta, todavia, a eutrofia como referência. Achados em estudo com
121

adolescentes em São Paulo também encontraram associação entre sintomas de


anorexia e estado nutricional24.
Estudo realizado em Nova Iorque com adolescentes de ambos os sexos
encontrou 15% de EAT+ e verificou que os obesos pontuam mais que os eutróficos
e com baixo peso no teste, o que indicaria que possuem maior prevalência de
sintomas25. Isto pode ocorrer em função da grande insatisfação com o peso e
adoção de condutas como a prática de dietas por este grupo, dentre outras, que são
abordadas no teste. No estudo de Sampei (2001), as adolescentes obesas
apresentavam 3,63 mais chance que as eutróficas de estarem insatisfeitas com o
peso e as adolescentes com sobrepeso, 2,17 vezes mais chance23.
Como nos dias atuais há um culto ao corpo magro, a insatisfação com o corpo
relaciona-se muito mais com o excesso de peso (sobrepeso e obesidade) do que
com a sua falta (baixo peso). Este fato explica, em parte, os achados referentes às
associações do IMC e percentual de gordura e uma maior prevalência de sintomas
dos transtornos da alimentação avaliados.
Estudos demonstram que o comportamento alimentar está associado
estatisticamente à insatisfação com o peso17 e que mesmo garotas com IMC normal
apresentavam comportamento alimentar de risco ou anormal e se consideravam
gordas22. No presente estudo, muito provavelmente as alunas com excesso de peso
apresentam maior índice de insatisfação corporal e, em função disto, uma maior
chance de escores positivos com maior manifestação dos sintomas e condutas
avaliados nos testes EAT e BITE.
Os fatos de não realizar o desjejum ou de realizar um menor número de
refeições diárias são estratégias adotadas pelos adolescentes para perder peso.
Crenças errôneas, deste tipo, aliadas à distorção e insatisfação com a imagem
corporal estimulam a realização de restrições alimentares. O mau fracionamento da
dieta e a omissão do desjejum podem influenciar o metabolismo dos macronutrientes
e a composição corporal dos indivíduos e favorecer o ganho de peso17,26. Estudo
realizado em Viçosa encontrou mediana de 4 refeições diárias, sendo que foram
estudadas adolescentes com IMC adequado, mas com elevado percentual de
gordura corporal27.
Ao avaliar pacientes em tratamento de bulimia, Alvarenga17 encontrou número
de refeições por dia variando entre zero e nove. No início do tratamento, a média foi
de 3,7 e ao final de 6 meses, 4,4 refeições por dia. Com relação ao número de
desjejuns por semana, foi encontrada, ao início, média de 4,15 e ao final, de 6,33.
122

Neste estudo, após 3 meses de tratamento, o número de refeições por semana e o


IMC estiveram negativamente correlacionados. Isto demonstrou que quanto maior o
número de refeições por semana menor era o IMC das pacientes, derrubando a
hipótese de que um maior número de refeições ao dia levaria ao tão temido ganho
de peso17.
Em função do delineamento transversal do estudo, é importante citar que a
utilização da temporalidade como critério causal é inadequada, em função de fatores
de risco e desfechos apresentarem-se num mesmo momento e introduzirem o viés
de causalidade reversa28. Dessa forma, as relações encontradas entre o perfil das
refeições podem ser explicadas de duas maneiras. A realização de um menor
número de refeições por dia (incluindo omissão do desjejum) pode ter levado as
adolescentes a um ganho de peso, seguido do aumento da insatisfação com a forma
física e instituição de comportamentos alimentares anormais. Por outro lado, a
adoção de comportamentos de restrição alimentar pode também ser resultado desta
insatisfação, na medida que são comumente utilizados como estratégia de
emagrecimento, especialmente para aqueles que possuem uma forma física
indesejada.
Nunes et al. (2001) verificaram em Porto Alegre resultados compatíveis com os
35,7% de comportamentos anormais (subclínicos ou incomuns) pelo BITE
encontrados na capital mineira: 30,4% das mulheres de 12 a 20 anos também os
apresentavam22. O mesmo não ocorreu no estudo de Vilela et al. (2004), que
encontrou prevalência de 16,4% avaliando as escolares de 7 a 19 anos em seis
cidades de Minas Gerais19. Além disso, quanto à escala de gravidade do BITE,
10,1% foram considerados significantes (clínicos e de alta gravidade), contra 18,4%
encontrados em BH. Ao estudar atletas com média de 20 anos de idade, Oliveira et
al. (2003) encontraram 16,7% de comportamentos anormais pelo BITE, sendo que
nenhum dos resultados foi significativo clinicamente29. O grupo de não-atletas
apresentou resultados diferenciados e mais parecidos com os de BH, com
aproximadamente 22% de BITE+, sendo 9,4% dos resultados totais clinicamente
significativos. Estudo realizado no Rio de Janeiro encontrou valores de 24,6% de
comportamentos anormais e 6,3% de resultados significativos de acordo com
avaliação pelo BITE16.
Os valores encontrados em BH para compulsão alimentar e grande
probabilidade de bulimia foram de 6,4%, quase o dobro dos encontrados em Porto
Alegre (3,3%)22 e muito maiores dos que os encontrados nas escolares de Minas19,
123

de cerca de 0,7%. Porém, ambos estudos avaliaram adolescentes em faixa etária


mais ampla.

CONCLUSÃO

A prevalência de possíveis sintomas de anorexia dentre as estudantes


avaliadas, semelhante à de outras regiões brasileiras e a prevalência de sintomas
bulímicos, mais elevada que nos demais locais, demonstram a importância do
acompanhamento deste grupo. São necessários programas de educação nutricional
para a população adolescente, de modo a desfazer mitos relacionados à perda de
peso e auxiliar na instituição de hábitos e práticas benéficas para o restabelecimento
da saúde e estado nutricional. Tendo em vista as inúmeras influencias sob as quais
as adolescentes estão expostas, também há a necessidade de fazê-los refletir sobre
a busca de uma forma corporal, culturalmente ideal e abordar questões voltadas
para o aumento de sua satisfação corporal e auto-estima.
124

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127

6.4 - ARTIGO IV - Experimentação e consumo de drogas dentre


adolescentes matriculadas no primeiro ano do ensino médio de
Belo Horizonte, MG.

RESUMO

O presente estudo, de caráter transversal, objetivou verificar a prevalência de


experimentação e o consumo de drogas lícitas e ilícitas dentre adolescentes
matriculadas no primeiro ano do ensino médio de Belo Horizonte, Minas Gerais.
Uma amostra representativa (n=705) foi selecionada aleatoriamente dentre 10
escolas, sorteadas com estratificação por região e rede de ensino (pública ou
privada). As alunas responderam a questionário auto-aplicado e anônimo a respeito
do uso na vida de bebidas alcoólicas, cigarro, maconha, cocaína e substâncias
inaláveis. Foi também averiguada a freqüência de consumo das drogas lícitas no
ultimo mês. Dentre as estudantes, que possuíam de 14 a 18 anos, foram
encontradas prevalências mais altas para experimentação de drogas lícitas, como
álcool (83,8%) e tabaco (25,4%). Além disso, 6,1% relataram ter experimentado
maconha, 6,5% drogas inaláveis e 1,1% cocaína. O uso freqüente (de 6 a 19 vezes
no mês) foi de 12,3% para o álcool e 5,6% para o tabaco. Foi encontrada associação
estatisticamente significativa entre a experimentação de cigarro e/ou de bebidas
alcoólicas com a experimentação de drogas ilícitas. O estudo permitiu traçar um
perfil da população estudada e encontrou prevalências de experimentação
semelhantes à de outras regiões brasileiras. Recomendam-se especialmente
políticas preventivas visando a redução do consumo das drogas lícitas, já que estas
apresentam relação com o consumo das demais drogas.

Palavras-chave: adolescente; drogas; álcool; tabaco.


128

ABSTRACT

The aim of this cross-sectional study was to verify the use in life and
consumption of licit and illicit drugs among female adolescents from Belo Horizonte,
MG, Brazil. The sample of 705 girls on the first high school year came from a random
and stratified sort of 10 different public and private schools, from different regions of
the city. The students answered a self-reported and anonymous instrument
elaborated specifically for the study with questions about alcoholic beverages,
cigarettes, marijuana, solvents and cocaine life use and about the frequency of licit
drugs consumption on the last month. Among the 14 to 18 year-old adolescents,
83,8% reported that had already drunk alcoholic beverages and 25,4% reported
tobacco use. Marijuana life use was reported from 6,1%, solvents from 6,5% and
cocaine 1,1% of the sample. Frequent alcohol and tobacco use (from 6 to 19
times/month) were reported from 12,3% and 5,6% of the girls, respectively. The
statistics analysis showed association between alcohol and/or cigarettes (licit drugs)
consumption and other (illicit) drugs. This study has shown similar drug use
prevalence to others in Brazil. It is recommended to create and implement drug use
prevention programs, especially about alcohol and tobacco, regarding their
association with illicit drugs consumption.

Indexing terms: adolescent; drugs; alcohol; tobacco.


129

INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e com a


comunidade científica, o uso de drogas lícitas ou ilícitas causa grandes problemas
relacionados à saúde pública em diversos países, especialmente entre os jovens1-3.
Estudos têm demonstrado que a adolescência é a época de maior vulnerabilidade
para se experimentar e iniciar o uso abusivo de drogas em função dos diversos
aspectos relacionados a esta fase da vida, tais como o desejo por independência e
novas experiências, a busca da aceitação pelo grupo de amigos e os desafios
encontrados no meio interno (psicológico) e social2,4,5.
Investigações realizadas com população universitária no Equador indicaram
que o início do consumo de drogas deu-se em média aos 16 anos6. Levantamentos
realizados nos Estados Unidos e outros estudos apontam que a maioria dos adultos
tabagistas iniciou o habito na adolescência7,8. Além disso, foi verificado que o
consumo de álcool, tabaco e outras drogas tende a crescer junto à idade9,10.
No Brasil, há aproximadamente 20 anos, a Pesquisa Nacional sobre Saúde e
Nutrição (PNSN) pontuou que mais de 2,5 milhões de adolescentes eram fumantes,
o que correspondia a aproximadamente 8% deste grupo populacional11. Mais
adiante, o ultimo dos quatro levantamentos realizados pelo Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) acerca do consumo de drogas
dentre estudantes do ensino fundamental e médio de 10 capitais brasileiras
demonstrou aumentos na experimentação, uso freqüente e pesado de várias
drogas12.
Alguns dos estudos sobre o consumo de drogas relatam maior prevalência de
uso de álcool, tabaco ou solventes entre homens quando comparado às
mulheres4,9,10,12-15. Outros trabalhos, porém, apontaram prevalências maiores de
experimentação e consumo de drogas como o tabaco no sexo feminino9,16,17.
Pesquisas realizadas em outros paises também têm demonstrado aumento da
prevalência de fumo nas mulheres ao longo dos anos13.
Estudos realizados com adolescentes18-21 levantaram questões importantes: o
início do consumo de substâncias psicoativas se dá através das drogas lícitas (como
álcool e tabaco) e evolui para ilícitas; o consumo das primeiras, além de preceder,
influencia no consumo das segundas; há maior chance de fumar quando relatado
uso de bebidas alcoólicas. O consumo de álcool, bem como de outras drogas, pode
130

ser estimulado pelo estilo de vida atual, com aumento dos níveis de ansiedade,
depressão, estresse e baixa auto-estima, além de questões relacionadas à
convivência social e a escola21. Além disso, há fiscalização deficiente e impunidade
no que se refere ao desrespeito às leis que proíbem o estímulo e a venda de
bebidas alcoólicas e cigarros para menores de idade22-23.
Este estudo visou verificar a prevalência de experimentação e consumo de
drogas lícitas e ilícitas dentre as adolescentes de Belo Horizonte, tendo em vista o
período da adolescência e o crescente consumo de drogas pela população feminina.

MATERIAS E MÉTODOS

Trata-se de estudo recorte de projeto de dissertação de mestrado da


Faculdade de Medicina da UFMG, que sintomas de transtornos alimentares e
comportamentos de risco à saúde entre adolescentes matriculadas no primeiro ano
do ensino médio de escolas de Belo Horizonte – MG. O cálculo amostral do projeto
foi realizado tomando-se a prevalência dos transtornos citada na literatura científica
e a amostra final calculada foi de 732 adolescentes. Foi considerada uma margem
de erro de 2%, o nível de significância α de 5% (erro tipo I) e um poder (1-β) de 80%
(erro tipo II). Prevendo-se uma perda de cerca de 20%, decidiu-se por convidar
aproximadamente 878 estudantes.
As adolescentes foram selecionadas dentre um universo de 25.952 estudantes,
matriculadas nas 256 escolas com ensino médio da capital. Foi feito um sorteio
estratificado e aleatório das escolas com mais de 100 alunas, mantendo-se as
proporções da distribuição por rede de ensino (pública ou particular) e de turmas
como unidades de estudo. Todas as alunas das turmas sorteadas foram convidadas
a participar. Foram excluídas do estudo adolescentes gestantes (n=5), fora da faixa
etária determinada (n=7), ausentes nas escolas nos dias de coleta (n=12) ou que
não apresentaram os termos de consentimento, com vias para os pais e alunas
(n=133), devidamente assinados. Ao final, foram investigadas 705 adolescentes das
830 alunas convidadas. A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar, em
horário e sala cedidos pelos professores. Os dados foram coletados com o auxílio de
uma equipe de pesquisa devidamente treinada e capacitada. O protocolo da
pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal
de Minas Gerais (Parecer ETIC 274/07).
131

As alunas responderam coletivamente, em horário e sala cedidos pela diretoria,


a um questionário auto-aplicado anônimo, adaptado ao grupo populacional e aos
objetivos da pesquisa. O preenchimento do questionário deu-se com ausência dos
professores e com monitoramento de equipe treinada. Foi esclarecida a importância
da veracidade das informações fornecidas e o sigilo na condução da pesquisa. Em
função da inexistência de um instrumento padrão-ouro para mensurar o consumo de
drogas, optou-se pela elaboração deste questionário, a partir das recomendações da
Organização Mundial de Saúde (OMS) e instrumentos utilizados em estudos
nacionais12,24-26 como forma de estimar o uso destas substâncias através do relato
de seu consumo. Neste questionário foram abordados os seguintes aspectos:
 Em relação ao consumo de bebidas alcoólicas e cigarro: informações
sobre a experimentação (ou uso em pelo menos uma vez na vida) e estimativas do
consumo ao longo da vida até o presente momento; informações sobre a freqüência
de ingestão de no mínimo uma dose de bebidas alcoólicas e da freqüência de
consumo de cigarros (nos dias de consumo).
 Em relação ao consumo de maconha, cocaína ou substâncias inaláveis:
informações sobre a experimentação e estimativas do consumo ao longo da vida até
o presente momento.
Foram estabelecidas as seguintes categorias para o consumo de drogas24:
experimentação (uso ao menos uma vez na vida); uso freqüente (uso de seis vezes
ou mais nos 30 dias anteriores à pesquisa) e uso pesado (de 20 ou mais vezes nos
30 dias anteriores à pesquisa).

RESULTADOS

A maioria das adolescentes, que apresentavam de 14 a 18 anos, estudava em


escolas públicas (Tabela 1). A distribuição quanto ao turno de ensino foi
heterogênea, sendo que 48,7% delas estudavam no período matutino, 41,3% no
período vespertino e 10,1% no período noturno.
132

Tabela 1: Caracterização da amostra de adolescentes (BH, 2007).


Variáveis Freqüência %
Idade (anos). (n=705)
14 30 4,3
15 429 60,9
16 199 28,2
17 31 4,4
18 16 2,3
Escola (classificação) (n=705)
Particular 217 30,8
Pública 488 69,2

Quanto aos hábitos de vida, 72,7% das adolescentes relataram gostar de


atividades físicas em geral, contra 27,3% que relataram não gostar. Quando
questionadas a respeito da freqüência de horas de televisão em dias de semana,
25,2% assistiam até uma hora por dia, 43,3% assistiam de uma a quatro horas;
12,5% relataram assistir a 5 ou mais horas e aproximadamente 4,1% relataram não
assistir televisão. Aproximadamente 15% não souberam responder.
A maioria das adolescentes (98,3%) relatou residir com familiares e 2 relataram
possuir filhos. Menos de um quarto das estudantes ainda não tiveram contato com
as bebidas alcoólicas. Com relação ao cigarro, os resultados foram diferentes –
apenas um quarto delas já havia experimentado. A distribuição de acordo com a
experimentação destas e das demais drogas na amostra encontra-se detalhada na
tabela 2.

Tabela 2: Prevalência de experimentação e consumo de drogas lícitas e ilícitas dentre


adolescentes do primeiro ano do ensino médio (BH, 2007).
Freqüência de uso*
Em 10 ou
Droga Na vida* Até 2 vezes De 3-9 vezes
mais vezes
Álcool 83,8% (561) 22,3% (157) 22,6% (159) 38,9% (561)
Tabaco 25,4% (179) 13,3% (94) 4,3% (30) 7,8% (58)
Maconha 6,1% (43) 3,1% (22) 2,1% (15) 0,9% (6)
Substâncias inaláveis 6,5% (46) 4,4% (31) 1,7% (12) 0,4% (3)
Cocaína (pó ou pedras) 1,1% (8) 0,7% (5) 0,4% (3) 0% (0)
* n=705.

Taxa de experimentação.
133

A maioria das estudantes que relatou o consumo de drogas ilícitas (maconha,


cocaína e solventes) o fez como forma de experimentação, utilizando-as uma ou
duas vezes. Com relação ao cigarro, aconteceu o mesmo - mais da metade das
adolescentes relataram seu consumo em até duas vezes. Dentre as adolescentes
que já experimentaram o álcool, porém, o uso dividiu-se de forma relativamente
homogênea entre os grupos de freqüência até duas vezes, de três a nove vezes e
de dez ou mais vezes. Estes resultados sugerem que, diferentemente das outras
drogas, o álcool pode ser habitualmente consumido pelas estudantes. Esta hipótese
foi comprovada averiguando-se a freqüência do consumo de álcool e também de
tabaco no mês que antecedeu as entrevistas (Tabela 3).

Tabela 3: Uso freqüente* e pesado† de álcool e tabaco na amostra de adolescentes, no mês


anterior às entrevistas (BH, 2007).

Freqüência de uso

Nunca usou a Não usou no De 1-5 Uso Uso


Droga
droga último mês vezes freqüente* pesado†
n=144 n=193 n=284 n=69 n=15
Álcool
20,4% 27,4% 40,3% 9,8% 2,1%
n=526 n=119 n=50 n=10 n=0
Tabaco
74,6% 16,9% 7,1% 1,4% 0%
*Uso freqüente: 6 a 19 vezes no mês.

Uso pesado: 20 ou mais vezes no mês.

Como forma de averiguar a possibilidade da utilização de bebidas ou de cigarro


estar associada à utilização de drogas ilícitas, realizou-se o teste do qui-quadrado.
Foi encontrada associação significativa (p<0,001) entre utilização de bebida e de
cigarros. Assim, as adolescentes que relataram já terem experimentado bebidas
tendem a também ter relatado a experimentação de cigarros, ou vice-versa.

Também foi encontrada relação entre o uso de drogas lícitas e ilícitas


(p<0,001). As adolescentes que relataram experimentação de álcool ou de cigarro
também tiveram maior probabilidade de relatar experimentação de maconha,
cocaína e solventes, ou o contrário.
134

DISCUSSÃO

Diversos foram os estudos realizados abordando o consumo de drogas lícitas e


ilícitas em diferentes estados brasileiros. No presente estudo, 83,8% das
adolescentes já haviam experimentado álcool. Em Santa Catarina, Baus, Kupek e
Pires (2002)4 encontraram prevalência semelhante de uso na vida de álcool (86,8%),
bem como Tavares et al. (2001), ao estudar adolescentes de Pelotas (87,6%)2. No
Mato Grosso10, avaliando adolescentes de ambos os sexos, foram encontradas
prevalências de 71,3%. Em São Paulo, Brasília e na Bahia foram encontrados
menores relato de uso na vida, variando de 57 a 69%9,15,26.
Estudos de Guimarães et al. (2004) e Costa et al. (2007) encontraram relato de
uso na vida de tabaco de 22,7% e de 23,3%, resultados semelhantes aos do
presente estudo em BH, de 25,4%15,26. As adolescentes de 13 anos de Portugal
apresentaram taxa de experimentação de 22,4%17. Em Brasília, estudantes do sexo
feminino de 13 a 18 anos apresentaram prevalências de consumo de tabaco de
30,1%9. Em outras cidades as adolescentes apresentaram prevalências menores, de
10,4 e 16,2%16,18.
Outros estudos realizados na região Sul, todavia, encontraram resultados bem
mais alarmantes: ainda em Pelotas, dentre adolescentes do sexo feminino de 15 a
18 anos de idade, 50,1% de relataram experimentação de cigarros27. Estudo de
Tavares et al., (2001), no mesmo local, encontrou relatos de uso na vida de tabaco
de 43%2. Os valores semelhantes aos 41,8% encontrados em estudantes de ambos
os sexos em Santa Catarina12.
No levantamento do Cebrid de 1997 foi verificada prevalência de uso na vida,
dentre indivíduos de 12 a 65 anos, de 75,9% para álcool e 32,8% para tabaco,
valores semelhantes aos encontrados neste estudo12. Já em 2001, foram verificados
valores de experimentação de 44,7% de álcool e 16,2% de tabaco para
adolescentes de 12 a 17 anos16.
Estudos demonstram inconsistência entre respostas fornecidas acerca do uso
de drogas em questionários e entrevistas. Dessa forma, justificam-se as diferenças
encontradas nas pesquisas. Os resultados variam de acordo com a forma como são
conduzidas e devido às diferenças entre públicos10,16,.
Quanto à avaliação do consumo de drogas de acordo com a freqüência e mês
anterior a entrevistas, Horta et al. (2001) encontraram prevalências de 48,9% de
ingestão de bebidas no último mês dentre adolescentes de ambos os sexos no Rio
135

Grande do Sul18. Num grupo de estudantes, em sua maioria adolescentes,


matriculados do segundo grau no interior de São Paulo, Martins et al. (2008)28
encontraram uma prevalência de consumo de 38,8% de álcool. Estudando apenas
as adolescentes (sexo feminino) da região Sul, Horta et al. (2007)27 encontraram
prevalências de 37,9%, semelhantes às encontradas no estudo de São Paulo, mas
inferiores às do presente estudo, de 52,2%. Alunas de 12 a 18 anos de escolas da
área metropolitana de São Paulo apresentaram prevalências de consumo de álcool
no último mês bem menores, variando de 4,6% a 15,3% de acordo com a rede de
ensino pública ou particular14. Baus, Kupek e Pires (2002) encontraram, em Santa
Catarina, uso de álcool de 6 ou mais vezes por mês (freqüente ou pesado) em
24,4%, praticamente o dobro do valor encontrado nas estudantes de Belo Horizonte
(11,9%)4. Já em Pelotas, Tavares et al. (2001) encontraram uso freqüente de álcool
de 13,5%2, valor referente a ambos os sexos e semelhante ao encontrado em BH
(9,6%), avaliando somente o sexo feminino. Para o tabaco, o consumo freqüente foi
muito maior na cidade da região Sul: 12,8%, comparado à 1,4%. Quanto ao uso
pesado, a região Sul também superou a mineira – para o álcool, 3,8% contra 2,1%;
para o tabaco, 9,3%, contra nenhum relato2. Em Vitória, Espírito Santo, as
adolescentes de 15 a 19 anos apresentaram taxas de 27,4% de consumo regular de
álcool e 10,3% de relato de tabagismo regular29. Porém, as classificações adotadas
foram diferenciadas (mínimo uma vez por semana para o consumo de álcool e
mínimo de 5 cigarros por dia para consumo de tabaco), o que dificulta as
comparações. Dentre amostra de adolescentes portuguesas de 13 anos, 2%
fumavam ocasionalmente e 2% regularmente (ao menos 1 cigarro por dia) 17.
Se tratando das drogas ilícitas, Guimarães et al. (2004) encontraram, em São
Paulo, relato de uso na vida de maconha de 4,8%, de solventes de 7,9% e de
cocaína de 0,9% por adolescentes matriculadas em escolas públicas e privadas15,
resultados semelhantes ao do presente estudo: 6,1% para maconha, 6,5% para
solventes e 1,1% para cocaína. Baus, Kupek e Pires (2002) encontraram, para
ambos os sexos e 1º e 2º graus, prevalências de experimentação maiores, de
respectivamente 20%, 2,9% e 18,2%4. Isto também aconteceu em Pelotas: os
pesquisadores encontraram prevalências de uso na vida de 12,4% para maconha,
9,9% para solventes e 2,4% para cocaína dentre as estudadas2.
Em São Paulo, alunas relataram experimentação de maconha variando entre 2
e 18% e de inalantes de 9,6% a 19,4% de acordo com a escola (publica ou
particular) e referentes ao ano que antecedeu as pesquisas14. No Rio Grande do Sul,
136

adolescentes de 15 a 18 anos de idade apresentaram prevalências de 14%


experimentação de drogas ilícitas27 e o mesmo aconteceu em Vitória29. Em Brasília,
alunas apresentaram prevalências semelhantes, variando de 11,8% a 14,7%, de
acordo com a idade9. Na Bahia26, foram encontrados menores taxas de
experimentação de drogas como solventes e cocaína (5,2%). Estas últimas
aproximam-se mais dos valores encontrados na capital mineira, assim como os
valores encontrados no levantamento realizado pelo Cebrid, em 1997, cujas
prevalências de uso na vida de maconha foram de cerca de 7,6%, 13,8% para
solventes e 2% para cocaína12.
O uso de substâncias psicoativas pode gerar um efeito multiplicador, no qual o
uso de uma substância aumenta o risco de consumo de outras, fato que foi
comprovado pelas associações encontradas em Belo Horizonte27.
Levando-se em conta o delineamento transversal do presente estudo, é
importante citar que a utilização da temporalidade como critério causal é
inadequada, em função de fatores de risco e desfechos apresentarem-se num
mesmo momento e introduzirem o viés de causalidade reversa. Dessa forma, tanto a
experimentação de cigarros pode ter levado a experimentação de bebidas quanto o
contrário e o mesmo pode ser concluído a respeito das drogas ilícitas.
Ao avaliarem adolescentes recém ingressas numa universidade publica
mineira, Beling et al. (2006) encontraram associação semelhante – o uso de bebida
e/ou de cigarro também se apresentaram associados às drogas ilícitas20. Godoi
(1991), através de seu trabalho, encontrou dados que comprovaram a direção desta
tendência: há iniciação com o uso das drogas lícitas álcool e tabaco, seguidas pelas
drogas ilícitas como a maconha e os inalantes9. No estudo de Kroeff (2004),
verificou-se que mulheres fumantes têm até duas vezes mais chances de
consumirem bebidas alcoólicas quando comparadas às não-fumantes30. O estudo de
Friedmam (1998) sustenta relações semelhantes às relatadas acerca do consumo
de drogas18.
É grande a possibilidade dos dados deste estudo encontrarem-se
subestimados, ou seja, da prevalência real de experimentação e consumo de drogas
ser maior do que a encontrada. Por desconfiança acerca da possível identificação
dos questionários, por sentimentos negativos e de culpa, as estudantes podem ter
omitido informações, especialmente no que diz respeito às drogas ilícitas. A
possibilidade da ocorrência deste viés também foi indicada no estudo de Baus,
Kupek e Pires (2002)4, que colocou a memória como outra fonte de erros.
137

CONCLUSÃO

Como visto em outros estudos, encontrou-se dentre o grupo de adolescentes


alta prevalência de consumo de álcool e tabaco, sendo estas as drogas mais
experimentadas. Em função deste fato e das associações encontradas, sugerem-se
medidas de caráter preventivo voltado primariamente para o consumo de drogas
lícitas, bem como programas que estimulem maior conscientização das
adolescentes sobre as implicações biológicas e sociais do consumo das drogas.
Além disso, é preciso incentivar maior fiscalização e aplicação das medidas punitivas
para o desrespeito à lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas e cigarros a
menores de 18 anos, com intuito de tentar, também através desta estratégia, limitar
o acesso às drogas.
138

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141

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo com adolescentes do sexo feminino de Belo Horizonte


demonstrou a importância da avaliação da auto-imagem, pela alta prevalência de
insatisfação corporal e da avaliação de possíveis sintomas de transtornos
alimentares. As alterações na auto-imagem e percepção corporais podem conduzir a
quadros de baixa-estima e depressão, além da adoção de comportamentos de risco.
A avaliação da percepção corporal de acordo com o teste Body Figure
Silhouettes foi realizada tomando-se como referência para comparação a percepção
da pesquisadora. Esta percepção é pessoal e subjetiva. Dessa forma, é interessante
desenvolver um estudo para verificar sua validade para o diagnóstico de alterações
perceptivas por parte das adolescentes.
O modelo de estudo transversal possui vantagens principalmente com relação
à redução do tempo e custos de pesquisa. Porém, a utilização da temporalidade
como critério causal é inadequada, em função de fatores de risco e desfechos
apresentarem-se num mesmo momento e introduzirem o viés de causalidade
reversa. Uma vez que as relações entre certas variáveis da pesquisa permanecem
com fortes características de associação, são necessários outros estudos para
avaliar mais detalhadamente as razões e conseqüências da insatisfação corporal
nas adolescentes.
Vários estudos têm demonstrado inconsistência entre respostas obtidas acerca
do uso de drogas em questionários e entrevistas. Assim, os resultados encontrados
nas pesquisas variam de acordo com a forma como são conduzidas. A
sensibilização realizada no presente estudo possibilitou uma grande adesão ao
projeto e esclarecimento a respeito da condução sigilosa das informações
fornecidas. Todavia, é possível que tenha ocorrido a omissão de dados referentes
ao consumo de drogas, por desconfiança acerca da possível identificação dos
questionários, por sentimentos negativos e de culpa ou por erros de memória.
Foram verificadas, em Belo Horizonte, altas taxas de experimentação de
drogas. Além disso, foram encontradas altas prevalências de excesso de peso e
sedentarismo, semelhantes à de alguns estudos realizados no país. Tais dados
alertam para a importância da implementação de programas específicos para
melhorar o estado nutricional e desestimular o consumo de substâncias psicoativas
por este grupo populacional.
142

Para que as adolescentes possam ter um crescimento e desenvolvimento


adequado e seguirem assim até a vida adulta é necessário um ambiente seguro, que
promova a alimentação equilibrada e a prática de atividades físicas, pelo papel
essencial destes fatores na busca de melhorias na qualidade de vida e saúde. A
auto-imagem interfere diretamente nos sentimentos de estima e felicidade, e
conseqüentemente, afeta a saúde. Dessa forma, também é essencial um suporte
emocional, para facilitar a assimilação e aceitação do corpo, especialmente na
adolescência, fase de intensas e diversas mudanças. É preciso promover um
entendimento da história corporal pessoal e de suas modificações, fortalecendo
certos valores e enfraquecendo outros, como o culto ao corpo magro, desde a
infância.
143

8. ANEXOS E APÊNDICES

8.1 - Anexos:

 ANEXO I - Questionário Geral (“Conhecendo a adolescente”)


 ANEXO II - Questionário sobre a Imagem Corporal (BSQ-34)
 ANEXO III – Figura da Silhueta Corpórea - BFS
 ANEXO IV - Teste de Atitudes Alimentares (EAT-26), renomeado para
“Questionário sobre a Alimentação - 1”.
 ANEXO V – Teste de Investigação Bulímica de Edinburgh (BITE), renomeado
para “Questionário sobre a Alimentação - 2”
 ANEXO VI – Ficha de Avaliação Antropométrica.
 ANEXO VII - Teste de Normalidade de Kolmogorov-Smirnov.
 ANEXO VIII – Outras análises.

8.2 – Apêndices:
 APÊNDICE I - Parecer de aprovação da Câmara Departamental/UFMG.
 APÊNDICE II - Parecer de aprovação do Projeto – COEP/UFMG.
 APÊNDICE III - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para
responsáveis legais e alunas.
144

ANEXO I - Questionário Geral


Por favor, responda TODAS as perguntas abaixo. Em caso de dúvidas, levante a mão e aguarde a visita da aplicadora.
INFORMAÇÕES GERAIS: ID: ___________
- Data de hoje: ____/____/____ - Data de Nascimento: ____/____/____ - Idade: _____
- Já engravidou? ( ) Sim(1) ( ) Não(2) - Possui filhos? ( ) Sim(1) (Cite o número de filhos: ____) ( ) Não (2)
-Idade da 1ª menstruação: ______________ - Com quem reside? ( )Sozinho(1) ( )Com companheiro (2) ( )Familiares (3)
( )República/Pensionato (4) ( )Outros (5) (citar):______________

SUA CASA: Assinale quantos destes eletroeletrônicos ou itens você possui em sua casa. Por exemplo, se em sua casa
encontramos 2 televisões, coloque o número 2 no espaço em frente o item “TV”. Se não houver, escreva zero.
TV - ______ Carro - ________ Máq. Lavar – _______ Vídeo-cassete/ - _______ Banheiros (excluindo
(excluir tanquinho) DVD o de empregada)- ______
Rádio - _____ Aspirador - _______
Geladeira ou Freezer Empregada - _______ Banheiro
Separados - _________ Mensalista de empregada- ________

Responda as questões abaixo marcando um “x” no quadradinho correspondente, desta forma:


Tipo de habitação: Casa (1) Apartamento (2)
Barracão em lote urbanizado (3) Barracão na favela (4) Some o número de quartos +
Outro (5) _______________ salas da sua casa: ____________

HÁBITOS DE VIDA E CONDIÇÕES DE SAÚDE


Numa semana escolar comum, quantas vezes você 0 (1) 1 (2) 2(3) 3 (4) 4 (5) 5 (6) A escola
participa das aulas de educação física? não
oferece(9)

Na última semana, em quantos dias você fez alguma 0 (1) 1 (2) 2 (3) 3 (4) 4 (5) 5 (6) 6 (7) 7 (8)
atividade física que fez você suar e respirar forte, como
jogar basquete, vôlei, futebol, correr, nadar ou andar
rápido de bicicleta, por no mínimo 20 minutos?
Gosta de realizar atividades físicas, em geral? ( ) Sim (1) ( ) Não (2)
(1)
Em caso negativo, por quê? ( ) Preguiça ( ) Canso-me com facilidade(2) ( ) Medo da violência (3)
(4) (5) (7)
( ) Falta de local apropriado ( ) Falta de tempo ( )Outros (cite): _________________________
Em um dia comum Não assisto Menos de 1h/dia(3) 2h/dia(4) 3h/dia(5) 4h/dia(6) 5 ou mais não sei/não
da semana (dia de nos dias de 1h/dia (2) h/dia(7) tenho
aula), quantas horas semana (1) certeza(9)
de TV você assiste?

DURANTE SUA VIDA, QUANTAS VEZES VOCÊ...

Bebeu bebidas alcoólicas? Nenhuma vez (1) 1a2 3a9 10 a 19 20 a 39 40 ou mais


vezes(2) vezes(3) vezes (4) vezes (5) vezes (6)

Fumou cigarro? Nenhuma vez (1) 1a2 3a9 10 a 19 20 a 39 40 ou mais


vezes(2) vezes(3) vezes (4) vezes (5) vezes (6)

Fumou maconha? Nenhuma vez (1) 1a2 3a9 10 a 19 20 a 39 40 ou mais


vezes(2) vezes(3) vezes (4) vezes (5) vezes (6)

Utilizou cocaína (em Nenhuma vez (1) 1a2 3a9 10 a 19 20 a 39 40 ou mais


qualquer forma, inclusive pó): vezes(2) vezes(3) vezes (4) vezes (5) vezes (6)

Cheirou cola ou outras Nenhuma vez (1) 1a2 3a9 10 a 19 20 a 39 40 ou mais


substâncias inaláveis? vezes(2) vezes(3) vezes (4) vezes (5) vezes (6)
145

DURANTE O ÚLTIMO MÊS,


Quantos cigarros você Não fumei nos Menos de 1 cigarro 2a5 6 a 10 11 a 20 Mais de 20
fumou por dia.? (leve últimos dias (1) 1 cigarro por dia(3) cigarros cigarros cigarros cigarros por
em conta apenas os por dia (2) por dia(4) por dia(5) por dia(6) dia (7)
dias em que fumou)

Quantas vezes você Nenhum dia (1) 1a2 3a5 6a9 10 a 19 20 a 29 Todos os
bebeu ao menos 1 dose dias(2) dias(3) dias(4) dias(5) dias(6) dias(7)
de bebidas alcoólicas?

ESCOLARIDADE DE SEU PAI: ESCOLARIDADE DE SUA MÃE:


(1) (2) (3) (1) (2) (3)
Analfabeto Lê e escreve 1ª-4ª série Analfabeto Lê e escreve 1ª-4ª série
(4) (5) (6) (4) (5) (6)
5ª-8ª série 1ºGrau Completo 2ºGrau Completo 5ª-8ª série 1ºGrau Completo 2ºGrau Completo
(7) (7)
2ºGrau Incompleto Superior Completo (8) 2ºGrau Incompleto Superior Completo (8)
(9) (10) (9) (10)
Superior Incompleto Pós-graduação Não sei (11) Superior Incompleto Pós-graduação Não sei (11)

VOCÊ, SEU CORPO E SUA ALIMENTAÇÃO:


Como você se considera com relação ao seu corpo? ( ) Peso ideal (1) ( ) Muito acima do peso (2)
( ) Pouco acima do peso(3) ( ) Muito abaixo do peso (4) ( ) Pouco abaixo do peso (5)
(1) (2)
Deseja modificar seu peso? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, como deseja modifica-lo (perder /ganhar) e quantos quilos? ( ) Perder ____kg (1). ( )Ganhar ____kg(2).
Se você respondeu sim, por qual razão você deseja modificar seu peso? _____________________________________
___________________________________________________________________ _______________________________

Há quanto tempo você Menos De 1 a 2 De 2 a 6 De 6 meses De 1 a 2 Mais de não sei /


mantém seu peso atual? de um meses (2) meses (3) a 1 ano (4) anos (5) 2 anos(6) não tenho
(Considere uma variação de mês (1) certeza(9)
um quilo a mais ou a menos).

O que você mais gosta e o que menos gosta em seu corpo?


Mais gosta: ____________________________________ Menos gosta: _______________________________________
Com qual freqüência você realiza o café da manhã? ( )Nunca(1) ( )Raramente(2) ( ) Às vezes(3)
( )Freqüentemente(4) ( )Sempre(5) ( ) Não sei/não tenho certeza (9)
(1)
Nos dias em que não realiza este refeição, qual é o motivo? ( ) Acordo atrasado /falta de tempo
(2) (3) (4)
( ) Não tenho fome ( )Para perder peso ( ) Outra razão(cite) : ____________________________________
Geralmente você realiza quantas refeições por dia? ( )1(1) ( )2(2) ( )3(3) ( )4(4) ( )5(5) ( )6(6) ( ) + de 6(7)

Cite 2 alimentos ou bebidas que você mais gosta e que você não gosta, especificando o porquê da escolha (sabor, aparência,
textura, alergias, etc). Por exemplo:
Preferidos Razão da escolha Rejeitados Razão da escolha
Iogurte Sabor (é gostoso) Quiabo Aparência (ruim)
Preferidos Razão da escolha Rejeitados Razão da escolha

- Você já ouviu falar nos distúrbios alimentares? ( ) Sim(1) ( ) Não(2)


- Se sim, de qual(is) você já ouviu falar? ( )Anorexia(1) ( )Bulimia(2) ( )Compulsão Alimentar(3) ( )Outro(cite) (4):_______
(1)
- Conhece alguém que teve distúrbio alimentar? ( ) Amigo ( ) Familiar(2) ( )Não conheço(3).
146

ANEXO II – Questionário sobre a Imagem Corporal (BSQ-34)

Gostaríamos de saber como você vem se sentindo em relação à sua aparência. Por favor, leia cada questão e faça
um círculo apropriado na resposta que mais se adequar, utilizando a legenda abaixo:

1. Nunca
2. Raramente
3. Às vezes
4. Freqüentemente
5. Muito freqüentemente
6. Sempre
Nas últimas quatro semanas:

1. Sentir-se entediada faz você se preocupar com sua forma física? 1 2 3 4 5 6


2. Você tem estado tão preocupada com sua forma física a ponto de sentir que deveria
1 2 3 4 5 6
fazer dieta?
3. Você acha que suas coxas, quadril ou nádegas são grandes demais para o restante de
1 2 3 4 5 6
seu corpo?
4. Você tem sentido medo de ficar gorda (ou mais gorda)? 1 2 3 4 5 6
5. Você se preocupa com o fato de seu corpo não ser suficientemente firme? 1 2 3 4 5 6
6. Sentir-se satisfeita (por exemplo, após ingerir uma grande refeição) faz você sentir-
1 2 3 4 5 6
se gorda?
7. Você já se sentiu tão mal a respeito do seu corpo que chegou a chorar? 1 2 3 4 5 6
8. Você já evitou correr pelo fato de que seu corpo poderia balançar? 1 2 3 4 5 6
9. Estar com mulheres magras faz você se sentir preocupada em relação ao seu físico? 1 2 3 4 5 6
10. Você já se preocupou com o fato de suas coxas poderem espalhar-se quando se
1 2 3 4 5 6
senta?
11. Você já se sentiu gorda, mesmo comendo uma quantidade menor de comida? 1 2 3 4 5 6
12. Você tem reparado no físico de outras mulheres e, ao se comparar, sente-se em
1 2 3 4 5 6
desvantagem?
13. Pensar no seu físico interfere em sua capacidade de se concentrar em outras
atividades (como por exemplo, enquanto assiste à televisão, lê ou participa de uma 1 2 3 4 5 6
conversa)?
14. Estar nua, por exemplo, durante o banho, faz você se sentir gorda? 1 2 3 4 5 6
15. Você tem evitado usar roupas que a fazem notar as formas do seu corpo? 1 2 3 4 5 6
16. Você se imagina cortando fora porções de seu corpo? 1 2 3 4 5 6
147

1. Nunca
2. Raramente
3. Às vezes
4. Freqüentemente
5. Muito freqüentemente
6. Sempre

Continuação...
17. Comer doce, bolos ou outros alimentos ricos em calorias faz você se sentir gorda? 1 2 3 4 5 6
18. Você deixou de participar de eventos sociais (como, por exemplo, festas) por
1 2 3 4 5 6
sentir-se mal em relação ao seu físico?
19. Você se sente excessivamente grande e arredondada? 1 2 3 4 5 6
20. Você já teve vergonha do seu corpo? 1 2 3 4 5 6
21. A preocupação diante do seu físico leva-lhe a fazer dieta? 1 2 3 4 5 6
22. Você se sente mais contente em relação ao seu físico quando de estômago vazio
1 2 3 4 5 6
(por exemplo pela manhã)?
23. Você acha que seu físico atual decorre de uma falta de autocontrole? 1 2 3 4 5 6
24. Você se preocupa que outras pessoas possam estar vendo dobras na sua cintura ou
1 2 3 4 5 6
estômago?
25. Você acha injusto que as outras mulheres sejam mais magras que você? 1 2 3 4 5 6
26. Você já vomitou para se sentir mais magra? 1 2 3 4 5 6
27. Quando acompanhada, você fica preocupada em estar ocupando muito espaço (por
1 2 3 4 5 6
exemplo, sentado num sofá ou no banco de um ônibus)?
28. Você se preocupa com o fato de estarem surgindo dobrinhas em seu corpo? 1 2 3 4 5 6
29. Ver seu reflexo (por exemplo, num espelho ou na vitrine de uma loja) faz você
1 2 3 4 5 6
sentir-se mal em relação ao seu físico?
30. Você belisca áreas de seu corpo para ver o quanto há de gordura? 1 2 3 4 5 6
31. Você evita situações nas quais as pessoas possam ver seu corpo (por exemplo,
1 2 3 4 5 6
vestiários ou banhos de piscina)?
32. Você toma laxantes para se sentir magra? 1 2 3 4 5 6
33. Você fica particularmente consciente do seu físico quando em companhia de outras
1 2 3 4 5 6
pessoas?
34. A preocupação com seu físico faz-lhe sentir que deveria fazer exercícios? 1 2 3 4 5 6

Por favor, verifique se respondeu a todas as questões.

Muito obrigada pela sua contribuição!


148

ANEXO III - Figura da Silhueta Corpórea (BFS).

A figura a seguir indica diversas garotas. Cada uma delas possui uma letra gravada em sua camisa.
Use esta figura e as letras indicadas para responder as questões a seguir:

Marque um X na opção que melhor descreve sua opinião:


A B C D E F G H
O seu corpo se parece mais com qual destas imagens?
Qual destas imagens mostra como você gostaria de se parecer?

Por favor, verifique se respondeu a todos os questionamentos.


Muito obrigada pela sua contribuição!
149

ANEXO IV – Questionário sobre a Alimentação – 1 (EAT)

Por favor, escolha uma resposta para as Sempre Muito Freqüente- As Raramente Nunca
questões abaixo: Freqüentemente mente vezes
1. Fico apavorada com a idéia de estar
engordando.
2. Evito comer quando estou com fome.
3. Sinto-me preocupada com os alimentos.
4. Continuar a comer em exagero faz com
que eu sinta que não sou capaz de parar.
5. Corto os meus alimentos em pequenos
pedaços.
6. Presto atenção à quantidade de calorias
dos alimentos que eu como.
7. Evito particularmente alimentos ricos em
carboidratos (ex.: pão, arroz, batatas, etc.).
8. Sinto que os outros gostariam que eu
comesse mais.
9. Vomito depois de comer.
10. Sinto-me extremamente culpada depois
de comer.
11. Preocupo-me com o desejo de ser mais
magra.
12. Penso em queimar calorias a mais
quando me exercito.
13. As pessoas me acham muito magra.
14. Preocupo-me com a idéia de haver
gordura em meu corpo.
15. Demoro mais tempo para fazer minhas
refeições do que as outras pessoas.
16. Evito comer alimentos que contenham
açúcar.
17. Costumo comer alimentos dietéticos.
18. Sinto que os alimentos controlam minha
vida.
19. Demonstro autocontrole diante dos
alimentos.
20. Sinto que os outros me pressionam para
comer.
21. Passo muito tempo pensando em comer.
22. Sinto desconforto após comer doces.
23. Faço regimes para emagrecer.
24. Gosto de sentir meu estômago vazio.
25. Gosto de experimentar novos alimentos
ricos em calorias.
26. Sinto vontade de vomitar após as
refeições.

Por favor,verifique se respondeu a todas as questões - Muito obrigada pela sua contribuição!
150

ANEXO V – Questionário sobre a alimentação - 2 (BITE)

1. Qual é a sua altura? 11. Você alguma vez teve algum tipo de problema
______________________________________ alimentar? ( ) sim(1) ( ) não(2)
2. Qual é o seu peso atual?
______________________________________ 12. Caso, sim, descreva com detalhes:
3. Qual é o peso máximo que você já apresentou? _____________________________________________
______________________________________ _____________________________________________
4. Qual é o peso mínimo que você já apresentou? _____________________________________________
______________________________________ _____________________________________________
5. Qual é, no seu entender, seu peso ideal? _____________________________________________
______________________________________
______________________________________ 1. Você tem um padrão de alimentação diário regular?
______________________________________ ( ) sim(1) ( ) não(2)

6. Você se sente em relação ao seu peso: 2. Você segue uma dieta rígida?
( ) muito gorda (1) ( ) sim(1) ( ) não(2)
( ) gorda (2)
( ) médio (3) 3. Você se sente fracassando quando quebra sua dieta
( ) abaixo do peso (4) uma vez? ( ) sim(1) ( ) não(2)
( ) muito abaixo do peso (5)
4. Você conta as calorias de tudo o que come, mesmo
7. Você tem períodos menstruais regulares? quando não está de dieta?
( ) sim (1) ( ) não(2) ( ) sim(1) ( ) não(2)

8. Com que freqüência você, em média, faz as 5. Você já jejuou por um dia inteiro?
seguintes refeições? (Circule ou marque um “x” a ( ) sim (1) ( ) não(2)
opção)
6. Se sim, qual a freqüência?
todos 5 dias/ 3 dias/ 1 dia/ nunca ( ) dias alternados(1)
os dias sem. sem. sem. ( ) de vez em quando(2)
café ( ) 2 a 3 vezes/semana(3)
da manhã 1 2 3 4 5
( ) 1 vez por semana(4)
( ) somente 1 vez(5)
almoço 1 2 3 4 5

7. Você usa uma das seguintes estratégias para auxiliar


jantar 1 2 3 4 5 na sua perda de peso? (Circule ou marque um “x” a
opção)

lanches 1 2 3 4 5
entre refeições nunca de vez em 1x/ 2a3x/ diariamente 2a3x/ 5 ou+
quando sem. sem. dia vezes/dia.
tomar
compri- 0 2 3 4 5 6 7
midos .
9. Você alguma vez teve uma orientação profissional
com a finalidade de fazer regime ou ser orientada tomar 0 2 3 4 5 6 7
diuréticos .
quanto à sua alimentação?
( ) sim(1) ( ) não(2) tomar 0 2 3 4 5 6 7
laxantes .

10. Você foi alguma vez foi membro de alguma vômitos 0 2 3 4 5 6 7

sociedade ou clube para emagrecimento?


( ) sim(1) ( ) não(2) 8. O seu padrão de alimentação prejudica severamente
sua vida? ( ) sim(1) ( ) não(2)
151

25. Se sim, esses episódios deixaram você sentindo-se


9. Você poderia dizer que a comida dominou a sua mal? ( ) sim(1) ( ) não(2)
vida? ( ) sim(1) ( ) não(2)
26. Se você tem esses episódios, eles só ocorrem
10. Você come sem parar até ser obrigada a parar quando você está sozinha?
por sentir-se mal fisicamente? ( ) sim(1) ( ) não(2) ( ) sim(1) ( ) não(2)

11. Há momentos em que você só consegue pensar


em comida? ( ) sim(1) ( ) não(2) 27. Se você tem esses episódios, qual a freqüência?
( ) quase nunca(1)
12. Você come moderadamente na frente dos outros ( ) 1 vez por mês(2)
e depois exagera em particular? ( ) 1 vez por semana(3)
( ) sim(1) ( ) não(2) ( ) 2 a 3 vezes por semana(4)
( ) diariamente(5)
13. Você sempre pode parar de comer quando quer? ( ) 2 a 3 vezes por dia(6)
( ) sim(1) ( ) não(2)
28. Você iria até as últimas conseqüências para
14. Você já sentiu incontrolável desejo para comer e satisfazer um desejo de alimentação exagerado?
comer sem parar? ( ) sim(1) ( ) não(2) ( ) sim(1) ( ) não(2)

15. Quando você se sente ansiosa, você tende a 29. Se você come demais, você se sente muito culpada?
comer muito? ( ) sim(1) ( ) não(2) ( ) sim(1) ( ) não(2)

16. O pensamento de tornar-se gorda a apavora? 30. Você já comeu escondida?


( ) sim(1) ( ) não(2) ( ) sim(1) ( ) não(2)

7. Você já comeu grandes quantidades de comida 31. Seus hábitos alimentares são os que você poderia
muito rapidamente (não uma refeição)? considerar normais? ( ) sim(1) ( ) não(2)
( ) sim(1) ( ) não(2)
32. Você se considera alguém que come
18. Você se envergonha de seus hábitos alimentares? compulsivamente? ( ) sim(1) ( ) não(2)
( ) sim(1) ( ) não(2)

19. Você se preocupa com o fato de não ter controle 33. Seu peso flutua mais que 2,5 quilogramas em uma
sobre o quanto você come? semana? ( ) sim(1) ( ) não(2)
( ) sim(1) ( ) não(2)

20. Você se volta para a comida para aliviar algum


tipo de desconforto? ( ) sim(1) ( ) não(2) Por favor, verifique se respondeu a todos os
questionamentos.
21. Você é capaz de deixar comida no prato ao final
de uma refeição? ( ) sim(1) ( ) não(2) Muito obrigada pela sua contribuição!

22. Você engana os outros sobre quanto come?


( ) sim(1) ( ) não(2)

23. O quanto você come é determinado pela fome


que você sente? ( ) sim(1) ( ) não(2)

24. Você já teve episódios exagerados de


alimentação? ( ) sim(1) ( ) não(2)
152

ANEXO VI – Ficha de Avaliação Antropométrica

ATENÇÃO : NÃO PREENCHA ESTA PARTE DO QUESTIONÁRIO.


Sua avaliação física será realizada na escola, pela equipe, em data agendada.

FICHA DE AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA

Identificação da estudante: __________________________________ Turma :______

Escola:________________ BFS:_______

PARÂMETROS VALOR PARÂMETROS VALOR PARÂMETROS VALOR

Circ. Cintura (cm) Estatura (cm) PC Biciptal

Circ. Quadril (cm) % Hidrat. B PC Triciptal

Peso TANITA (kg) Peso B (kg) PC Subescapular

% Gord. TANITA % Gord. B PC Suprailíaca


153

ANEXO VII – Teste de Kolmogorov-Smirnov (Teste de normalidade)

T est e d e No rm alidad e

K ol m og or ov -S m irn ov
E s tatís tic a gl V al or- p
es tatu ra d a es tud ante e m c m ,03 4 65 7 ,06 2
pe s o da e s tu da nte pe la
,06 8 65 7 ,00 0
ba lan ç a ta nita e m kg
pe rc e ntua l d e go rd ur a pe la
,03 6 65 7 ,04 4
ba lan ç a ta nita
C irc un ferê nc ia d a C intur a em
,08 6 65 7 ,00 0
cm
C irc un ferê nc ia d o Q u ad ril em
,11 3 65 7 ,00 0
cm
pe s o da e s tu da nte pe la
,06 7 65 7 ,00 0
ba lan ç a br itâ nia e m k g
pe rc e ntua l d e go rd ur a pe la
,10 0 65 7 ,00 0
ba lan ç a br itâ nia
pe rc e ntua l d e hid ra ta ç ão p ela
,08 8 65 7 ,00 0
ba lan ç a br itâ nia
pr eg a c utân ea b ic iptal em m m ,12 9 65 7 ,00 0
pr eg a c utân ea tr icip ta l em m m ,09 3 65 7 ,00 0
pr eg a c utân ea s u bes c ap ula r
,15 0 65 7 ,00 0
em m m
pr eg a c utân ea s u pra ilíac a em
,10 2 65 7 ,00 0
mm
s om a da s p reg as cu tân eas em
,08 2 65 7 ,00 0
mm
Índ ice de m as sa co rp or al em
,09 3 65 7 ,00 0
k g/m 2
N úm ero to ta l de c ôm od os na
,20 1 65 7 ,00 0
c as a
F r eq üê nc ia s em a na l de
pa rtic ipa çã o n as a ula s d e ,37 6 65 7 ,00 0
ed uc a çã o fís ic a.
F r eq üê nc ia, na ú ltim a s em ana ,
de ve z es q ue par ticip ou d e
,22 8 65 7 ,00 0
ativ ida de fís ica aer ób ic a po r no
m ín im o 2 0 m inu tos .
C om q ua l fr eqü ên cia re aliz a o
,25 1 65 7 ,00 0
c afé d a m an hã
G e ra lm e nte re aliz a q ua ntas
,17 8 65 7 ,00 0
re feiç õe s p or d ia?
154

ANEXO VIII – OUTRAS ANÁLISES

Tabela 1: Informações Gerais das adolescentes estudadas (BH, 2007).


Freqüência %
Freqüência diária de horas de televisão em dias de semana (n=601)
Não assisto TV dias de semana 29 4,8
Menos 1h/dia 103 17,1
1h/dia 75 12,5
2h/dia 109 18,1
3h/dia 126 21,0
4h/dia 70 11,6
5h/dia ou mais 89 14,8
Gosta de realizar atividades físicas, em geral? (n=703)
sim 511 72,7
não 192 27,3
Por que não gosta de atividades físicas? (n=206)
Preguiça 91 44,2
Canso-me com facilidade 44 21,4
Medo da violência 8 3,9
Falta de local apropriado 11 5,3
Falta de tempo 33 16,0
Outros 19 9,2
Já engravidou? (n=705)
sim 8 1,1
não 697 98,9
Possui filhos? (n=704)
sim 2 0,3
não 702 99,7
Com quem reside? (n=704)
sozinho 5 0,7
companheiro 4 0,6
familiares 692 98,3
república/pensionato 1 0,1
outros 2 0,3

De acordo com a tabela 1, a grande maioria das estudantes (72,7%) relatou gostar de
realizar atividades físicas; 44,2% das que não gostam alegaram que o principal motivo é a
preguiça. Apesar de 192 garotas relatarem não gostar da prática de atividades físicas em geral,
um número maior (206) opinou acerca das razões que podem contribuir para não se gostar dos
exercícios.
155

Tabela 2: Tabela de freqüências dos indicadores socioeconômicos (BH, 2007).


Indicadores Freqüência Percentual
Tipo de habitação (n=704)
casa 459 65,2
apartamento 198 28,1
Barracão em lote urbanizado 27 3,8
Barracão em favela 20 2,8
Número de cômodos na casa (n=70)
Média 4,6
Mediana 4,0
Desvio-padrão 1,9
Mínimo 1
Máximo 20
Escolaridade do pai (n=583)
analfabeto 16 2,7
Lê e escreve 20 3,4
1º grau incompleto 184 31,5
1º grau completo 43 7,4
2º grau incompleto 29 5,0
2º grau completo 94 16,1
superior incompleto 23 3,9
superior completo - pós-graduação 174 29,9
Escolaridade da mãe (n=642)
analfabeto 12 1,9
Lê e escreve 17 2,6
1º grau incompleto 217 33,8
1º grau completo 38 5,9
2º grau incompleto 34 5,3
2º grau completo 108 16,8
superior incompleto 19 3,0
superior completo - pós-graduação 197 21,7

De acordo com a Tabela 2, apenas 2,8% das adolescentes mora em barracão na favela
e a mediana de cômodos na casa foi 4. A freqüência de analfabetismo entre os pais foi de
2,7% e entre as mães 1,9%.
156

Tabela 3: Tabela de freqüências de informações sobre alimentação (BH, 2007).


Informações Freqüência %
Com qual freqüência realiza o café da manhã (n=703)
nunca 27 3,8
raramente 93 13,2
às vezes 173 24,6
freqüentemente 123 17,5
sempre 287 40,8
Nos dias em que não realiza o desjejum, qual é o motivo? (n=627)
acorda atrasada/falta tempo 241 38,4
não tem fome 305 48,6
para perder peso 46 7,3
outra razão 35 5,6
Geralmente realiza quantas refeições por dia? (n=690)
1 19 2,8
2 88 12,8
3 186 27,0
4 237 34,3
5 107 15,5
6 39 5,7
7 14 2,0

De acordo com a Tabela 3, 40,8% das adolescentes sempre tomam o café da manhã.
Nos dias em que não realizam o desjejum, o motivo mais freqüentemente relatado (48,6%) foi
“não ter fome”. A maioria (34,3%) das adolescentes realiza 4 refeições por dia, mas deve-se
ressaltar que 2,8% realizam apenas 1 refeição.

Tabela 4: Concordância entre medidas das balanças Tanita e Comercial*

Coeficiente Valor-p
Peso 0,981 <0,001
Percentual de gordura 0,910 <0,001

* Correlação de Spearman.

Há uma concordância muito elevada entre o peso (0,981) e percentual de gordura (0,910)
avaliados pelas balanças. Além disso, essa correlação é altamente significativa (valor-
p<0,001).
157

Tabela 5: Conhecimento e história familiar de transtornos alimentares na amostra (BH, 2007).


Freqüência %
Já ouviu falar nos distúrbios alimentares? (n=704)
sim 660 93,8
não 44 6,3
Já ouviu falar em anorexia? (n=681)
sim 639 93,8
não 42 6,2
Já ouviu falar em bulimia? (n=680)
sim 576 84,7
não 104 15,3
Já ouviu falar em compulsão alimentar? (n=680)
sim 266 39,1
não 414 60,9
Já ouviu falar em outros distúrbios alimentares? (n=680)
sim 3 ,4
não 677 99,6
Tem amigo com distúrbio alimentar? (n=689)
sim 170 24,7
não 519 75,3
Tem algum familiar com distúrbio alimentar? (n=689)
sim 51 7,4
não 638 92,6

De acordo com a Tabela 5, a maioria das alunas (93,8%) já ouviu falar nos distúrbios
alimentares ou em anorexia. 84,7% já ouviu falar em bulimia, mas apenas 39,1% ouviu falar em
compulsão alimentar e 0,4% em algum outro distúrbio alimentar; 24,7% têm algum amigo e
7,4% algum familiar com transtornos alimentares.
158

Tabela 6: Associação entre uso de drogas e resultado do Teste BSQ (BH, 2007).
Resultado do Teste BSQ
Valor-p
Satisfeito Insatisfeito
Quantas vezes já bebeu bebidas alcoólicas (n=705)
nenhuma 85 29
74,6% 25,4%
1 a 9 vezes 238 76
75,8% 24,2%
0,237*
10 a 30 vezes 115 55
67,6% 32,4%
40 vezes ou mais 73 31
70,2% 29,8%
Quantas vezes já fumou cigarro (n=705)
nenhuma 388 136
74,0% 26,0%
1 a 9 vezes 86 37
69,9% 30,1%
0,508*
10 a 30 vezes 28 12
70,0% 30,0%
40 vezes ou mais 9 6
60,0% 40,0%
Quantas vezes já fumou maconha (n=705)
Não 479 180
72,7% 27,3%
0,805*
Sim 32 11
74,4% 25,6%
Quantas vezes já utilizou cocaína em qualquer forma, inclusive pó
(n=705)
Não 505 189
72,8% 27,2%
0,999†
Sim 6 2
75,0% 25,0%
Quantas vezes já cheirou cola ou outras substâncias inaláveis
(n=705)
Não 477 179
72,7% 27,3%
0,860
Sim 34 12
73,9% 26,1%
* Teste Qui-quadrado de Pearson

Teste Exato de Fisher

Não houve associação significativa entre os resultados do teste BSQ e as informações


sobre fumo, álcool e outras drogas.
159

Tabela 7: Associação entre uso de drogas e resultado do Teste EAT (BH, 2007).
Resultado do Teste EAT
Valor-p
EAT - EAT +
Quantas vezes já bebeu bebidas alcoólicas (n=705)
nenhuma 90 24
78,9% 21,1%
1 a 9 vezes 262 54
82,9% 17,1%
0,250*
10 a 30 vezes 128 42
75,3% 24,7%
40 vezes ou mais 83 21
79,8% 20,2%
Quantas vezes já fumou cigarro (n=705)
nenhuma 428 98
81,4% 18,6%
1 a 9 vezes 97 27
78,2% 21,8%
0,109*
10 a 30 vezes 30 10
75,0% 25,0%
40 vezes ou mais 8 6
57,1% 42,9%
Quantas vezes já fumou maconha (n=705)
Não 528 134
79,8% 20,2%
0,575*
Sim 35 7
83,3% 16,7%
Quantas vezes já utilizou cocaína em qualquer forma, inclusive pó
(n=705)
Não 557 140
79,9% 20,1%
0,999†
Sim 6 1
85,7% 14,3%
Quantas vezes já cheirou cola ou outras substâncias inaláveis
(n=705)
Não 528 130
80,2% 19,8%
0,496*
Sim 35 11
76,1% 23,9%
* Teste Qui-quadrado de Pearson

Teste Exato de Fisher

Não houve associação significativa entre os resultados do teste EAT e as informações


sobre fumo, álcool e outras drogas.
160

Tabela 8: Associação entre uso de drogas e resultado do Teste BSQ (BH, 2007).
Resultado do BITE
Valor-p
BITE - BITE +
Quantas vezes já bebeu bebidas alcoólicas (n=705)
nenhuma 72 42
63,2% 36,8%
1 a 9 vezes 192 122
61,1% 38,9%
0,072*
10 a 30 vezes 86 82
51,2% 48,8%
40 vezes ou mais 54 49
52,4% 47,6%
Quantas vezes já fumou cigarro (n=705)
nenhuma 324 198
62,1% 37,9%
1 a 9 vezes 63 60
51,2% 48,8%
<0,001*
10 a 30 vezes 12 27
30,8% 69,2%
40 vezes ou mais 5 10
33,3% 66,7%
Quantas vezes já fumou maconha (n=705)
Não 384 273
58,4% 41,6%
0,168*
Sim 20 22
47,6% 52,4%
Quantas vezes já utilizou cocaína em qualquer forma, inclusive pó
(n=705)
Não 401 290
58,0% 42,0%
0,292†
Sim 3 5
37,5% 62,5%
Quantas vezes já cheirou cola ou outras substâncias inaláveis
(n=705)
Não 381 273
58,3% 41,7%
0,348*
Sim 23 22
51,1% 48,9%
* Teste Qui-quadrado de Pearson

Teste Exato de Fisher

Foi encontrada associação significativa entre os resultados do teste BITE e o número de


vezes que já fumou. A prevalência de tendência à bulimia foi maior entre as adolescentes que
relataram já ter fumado 40 vezes ou mais.
161

Tabela 9: Modelo final de regressão logística binária* tendo como variável resposta o resultado do teste
BITE (evento = Tendência a bulimia ou BITE+) – BH, 2007.
IC 95% para OR
Valor-p OR Limite inferior Limite superior
Freqüência de fumo
Nenhum (referência) 1,00
1 a 9 vezes 0,053 1,52 1,00 2,33
10 a 30 vezes 0,001 3,83 1,77 8,25
40 vezes ou mais 0,057 3,12 0,97 10,08
* Ajuste do modelo (Estatística de Hosmer & Lemeshow) – valor-p = 0,423.

Levando-se em conta os valores dos intervalos de confiança, apenas as adolescentes


que fumaram entre 10 e 30 vezes apresentam maior chance de tendência à bulimia quando
comparadas às que nunca fumaram.
162

APÊNDICE I - Parecer de aprovação - Câmara Departamental - UFMG.


163

APÊNDICE II - Parecer de aprovação do Projeto – COEP – UFMG.


164

APÊNDICE III - TERMOS DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Adolescente


Convite:
Você está sendo convidada a participar de uma pesquisa denominada “A auto-imagem corporal e a
tendência a transtornos alimentares em adolescentes do sexo feminino em Belo Horizonte, MG”. O objetivo deste
estudo é verificar como você enxerga o próprio corpo, como gostaria que ele fosse e o que tem feito para modificar
ou manter sua forma.
Para que você possa participar, é necessário que leia as informações a seguir. Seus pais ou responsável
legal estão recebendo um documento semelhante, com explicações a respeito da pesquisa. Você só poderá
participar se consentir (aceitar) através deste documento e se seu responsável fizer o mesmo com o documento que
ele(a) recebeu.
Caso você participe da pesquisa, será solicitado que responda a alguns questionários a respeito do que
come e gosta de comer, do que faz e gosta de fazer e se você está ou não satisfeita com o seu corpo. É
importante que você seja sincera e que fale a verdade. Todas as informações que fornecer são confidenciais, ou
seja, serão mantidas em segredo. Você será identificada através de um número, seu nome não será mencionado
e haverá segurança para as informações fornecidas. Nenhuma participante será identificada. Serão também feitas
medidas de sua altura, peso e da dobras da pele (gordura do corpo). A pesquisa não trará riscos nem
desconfortos: os equipamentos utilizados para realizar as medidas são como balanças, ou seja, não trarão
nenhum perigo ou mal-estar. Caso sejam identificadas alterações nos parâmetros avaliados, você poderá ser
encaminhada para atendimento especializado gratuito. Como o projeto não traz riscos, é improvável que danos
venham a ocorrer. Os resultados deste estudo podem incentivar iniciativas que contribuam para a melhoria da
qualidade de vida e bem estar de diversas adolescentes como você. Não existirão despesas ou reembolsos para
você ou seu responsável durante a pesquisa.
Sua participação é completamente voluntária. Se você preferir não participar, não precisa explicar o
motivo. Se aceitar participar, também estará livre para sair do estudo a qualquer momento e não haverá nenhum
prejuízo à sua vida escolar. Se você decidir se retirar da pesquisa, é importante que comunique esta decisão à
pesquisadora. Você também pode ser desligada se não colaborar adequadamente com os procedimentos até o
término da pesquisa.
Caso você tenha alguma dúvida, por favor, ligue para a pesquisadora responsável, Maria Tereza Cordeiro
Beling (31-91341464). Se você tiver alguma outra pergunta com relação aos seus direitos como participante do
estudo, poderá também contatar uma terceira parte/pessoa, que não participa da pesquisa, o Coordenador do
Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) da UFMG, através do telefone (031) 3409-4592.

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO
 Li as informações contidas neste documento antes de assinar este termo. Declaro que fui informada sobre os
procedimentos, inconveniências, riscos e benefícios que podem vir a ocorrer. Autorizo a liberação dos meus
registros para a equipe de pesquisa e para o COEP - UFMG e consinto em espontânea vontade e de forma
voluntária, através deste documento, minha autorização para participar do presente estudo. Compreendo que
posso me retirar da pesquisa em qualquer momento, sem qualquer penalidade e que meus dados serão mantidos
em segredo. Ao assinar esse Termo de Consentimento, não abro de nenhum dos direitos legais dos participantes
de pesquisas, de acordo com as leis brasileiras vigentes.

________________________________________________________ ___/___/___
Assinatura da adolescente Data
Nome da adolescente (letra de forma):___________________________________________________________
Escola/Turma:____________________

Atesto que expliquei de modo completo e cuidadosamente as informações acerca do presente estudo junto à
participante e seu representante autorizado. Acredito que estes receberam todas as informações necessárias,
fornecidas em linguagem adequada e compreensível e que ambos compreenderam essa explicação.
________________________________________________________ ___/___/___
Assinatura da pesquisadora responsável Data
165

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – Responsável Legal


Convite:
A adolescente sob sua responsabilidade está sendo convidada a participar de uma pesquisa demonimada “A
auto-imagem corporal e a tendência a transtornos alimentares em adolescentes do sexo feminino em Belo Horizonte,
MG”. O objetivo deste estudo é verificar como as adolescentes da capital enxergam o próprio corpo, como
gostariam que ele fosse e o que elas têm feito para modificar ou manter a forma corporal.
Para que ela possa participar, é necessário que você, seu(sua) responsável legal e a própria adolescente
leiam as informações a respeito do estudo. A adolescente está recebendo um documento semelhante a este. A
participação da adolescente na pesquisa só acontecerá se você e a própria consentirem, cada qual através de seu
documento.
Caso a adolescente participe, ela responderá a alguns questionários a respeito do que come e gosta de
comer, do que faz e gosta de fazer e se ela está ou não satisfeita com o seu corpo. Serão também feitas medidas
de sua altura, peso e dobras da pele (gordura do corpo). A pesquisa não trará riscos nem desconfortos: os
equipamentos utilizados para realizar as medidas são como balanças, ou seja, não trarão nenhum perigo ou mal-
estar. Caso sejam identificadas alterações nos parâmetros avaliados, a adolescente poderá ser encaminhada para
atendimento especializado gratuito. Como o projeto não traz riscos, é improvável que danos venham a ocorrer. Os
resultados deste estudo podem incentivar iniciativas que contribuam para a melhoria da qualidade de vida e bem
estar de diversas adolescentes da cidade. Não existirão despesas ou quaisquer reembolsos para a participante e
responsável em qualquer fase da pesquisa.
É importante que você saiba que está sendo esclarecido de que a participação da adolescente nesta
pesquisa é completamente voluntária. Se ela preferir não participar, nem ela nem você precisam explicar o motivo.
Se ela aceitar participar, estará livre para sair do estudo a qualquer momento e não haverá nenhum prejuízo à vida
escolar. Se a adolescente decidir retirar-se do estudo, deverá comunicar isto à pesquisadora, sendo que ela
também pode ser desligada se não colaborar adequadamente com os procedimentos até o término da pesquisa.
Além disso, a adolescente será identificada através de um número. Assim, seu nome não será mencionado e
haverá segurança para as informações fornecidas (elas serão mantidas em segredo). Nenhuma participante será
identificada.
Caso sejam necessárias informações adicionais, por favor, ligue para a pesquisadora responsável,
Maria Tereza Cordeiro Beling (31-91341464). Se você tiver alguma outra pergunta com relação aos direitos da
adolescente como participante do estudo, poderá também contatar uma terceira parte/pessoa, que não participa
da pesquisa, o Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) da UFMG, através do telefone (031) 3409-
4592.

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO
 Li as informações contidas neste documento antes de assinar este termo. Declaro que fui informado sobre os
procedimentos, inconveniências, riscos e benefícios que podem vir a ocorrer. Compreendo que a adolescente sob
a minha responsabilidade é livre para se retirar do estudo em qualquer momento, sem qualquer penalidade.
 Autorizo a liberação dos registros da adolescente sob minha responsabilidade para a equipe de pesquisa e para
o COEP - UFMG e consinto em espontânea vontade e de forma voluntária, através deste documento, meu
consentimento para sua participação no presente estudo. Ao assinar esse Termo, nem eu nem a adolescente sob
minha responsabilidade abrimos mão de nenhum dos direitos legais dos participantes de pesquisas, de acordo
com as leis brasileiras vigentes.
Adolescente sob sua responsabilidade: ________________________________________
Nome do responsável (letra de forma): _________________________________________
______________________________________________________ ___/___/___
Assinatura do responsável (representante legal do participante) Data
Atesto que expliquei de modo completo e cuidadosamente as informações acerca do presente estudo junto à
participante e seu representante autorizado. Acredito que estes receberam todas as informações necessárias,
fornecidas em linguagem adequada e compreensível e que ambos compreenderam essa explicação.
________________________________________________________ ___/___/___
Assinatura da pesquisadora responsável Data

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