Cartilha Redação A Mil 2.0 - Lucas Felpi
Cartilha Redação A Mil 2.0 - Lucas Felpi
Cartilha Redação A Mil 2.0 - Lucas Felpi
Prezado estudante,
Seja bem-vindo a mais uma cartilha! Aqui você vai encontrar 44 das 53
redações nota máxima do Enem 2019, a respeito do tema "Democratização
do acesso ao cinema no Brasil". Os textos foram concedidos por espontânea
e livre vontade dos autores e, por isso, essa é uma cartilha extraoficial.
Essa iniciativa começou no ano passado, comigo e outros 30 alunos que
nos propomos a disponibilizar nossos textos gratuitamente. E, mal
sabíamos, a cartilha explodiu. Tornou-se manchete nos grandes jornais,
virou livro didático nas salas de aula, material-base para professores. E foi
um simples gesto de união e compartilhamento.
É com esses valores que damos continuidade para uma segunda versão
desse material. Desde o Alagoas ao Rio Grande do Sul, dos 16 aos 28 anos,
cada um dos 44 autores aqui reunidos ficam imensamente felizes em te
ajudar a chegar mais alto; em te ajudar a superar, por exemplo, os
obstáculos de uma rede de ensino público deficitário.
Para cada autor, você vai ver o espelho da redação e o
texto transcrito. Mas, se você conhece a cartilha de
2018, sabe que nós fazemos questão de te certificar
das notas: para gastar menos papel, escaneando o QR
Code ao lado você encontra todos os comprovantes da
nota 1000 de cada um em uma pasta do Google Drive.
Além disso, caso queira imprimir essa cartilha, dê preferência à versão
reduzida (aqui) que foi feita para não desperdiçar tanta tinta ou folhas.
Por último, pessoalmente, preciso dizer que fico muito orgulhoso de olhar
para trás e ver a proporção dessa iniciativa. Disse no texto introdutório da
de 2018 que "essa é a nossa verdadeira proposta de intervenção". E, foi.
Esse ano, vários autores dessa cartilha me agradeceram pela do ano
passado, porque eles, assim como você agora, estavam lendo ela. :')
Lucas Felpi
ATENÇÃO: Sob hipótese nenhuma esse material poderá ser revendido. Ele é inteiramente gratuito e
está disponível no formato digital a todos. Caso professores, portais, ou cursos tenham interesse em
compartilhar ou adotar a cartilha, pedimos que mantenham os créditos e divulguem o material.
1
Sumário
Alana Miranda Delfino 4
Aldillany Maria Rodrigues 6
Amanda Rocha 8
Ana Clara Socha 10
Ana Flávia Pereira 12
Ana Teresa Rodrigues 14
André Cecílio 16
Augusto Fernandes Scapini 18
Bruna Guarçoni 20
Caio Henrique Alves Moreira 22
Carlos Eduardo Immig 24
Caroline Baptista 26
Damirys Machado Maciel 28
Daniel Gomes 30
Eduarda Amorim 32
Emmanuelle Gomes de Faria 34
Gabriel de Lima 36
Gabriel Melo 38
Gabriel Merli 40
Gabriela Alencar 42
Guilherme Mendes Vaz 44
Gustavo Lopes 46
Isabella Cardoso 48
Isabelle Moreira 50
João Pedro Bonfim 52
Juliana Souza 54
Jurandi Campelo 56
Laura Brizola 58
2
Letícia Islávia 60
Lívia Bonin 62
Lívia Ribeiro 64
Lucas Rios 66
Luísa Dornelas 68
Maria Antônia Barra 70
Markyel Flabio Araujo 72
Matheus Adriano 74
Nathalia Vital 76
Nayra Amorim 78
Pedro Luís Ladeira Mello 80
Raquel Merisio 82
Stela Lopes 84
Thiago Nakazone 86
Vinicius Adriano 88
Vitória Castro 90
Agradecimentos 92
3
Foto: Reprodução/Inep
4
"Ao longo do processo de formação da
sociedade, o pensamento cinematográfico consolidou-se
em diversas comunidades. No início do século XX, com os regimes
totalitários, por exemplo, o cinema era utilizado como meio de dominação à
adesão das massas ao governo. Embora o cinema tenha se popularizado,
posteriormente, como entretenimento, nota-se, na contemporaneidade, a sua
limitação social, em virtude do discurso elitizado que o compõe e da falta de
acesso por parte da população. Essa visão negativa pode ser
significativamente minimizada, desde que acompanhada da desconstrução
coletiva, junto à redução do custo do ingresso para a maior acessibilidade.
Em primeira análise, é evidente que a herança ideológica da produção
cinematográfica, como um recurso destinado às elites, conservou-se na
coletividade e perpetuou a exclusão de classes inferiores. Nessa perspectiva,
segundo Michel Foucault, filósofo francês, o poder articula-se em uma
linguagem que cria mecanismos de controle e coerção, os quais aumentam
a subordinação. Sob essa ótica, constata-se que o discurso hegemônico
introduzido, na modernidade, moldou o comportamento do cidadão a
acreditar que o cinema deve se restringir a determinada parcela da
sociedade, o que enfraquece o princípio de que todos indivíduos têm o
direito ao lazer e ao entretenimento. Desse modo, com a concepção
instituída da produção cinematográfica como diversão das camadas altas, o
cinema adquire o caráter elitista, o qual contribui com a exclusão do
restante da população.
Além disso, uma comunidade que restringe o acesso ao cinema, por
meio do custo de ingressos, representa um retrocesso para a coletividade
que preza por igualdade. Nesse sentido, na teoria da percepção do estado da
sociedade, de Émile Durkheim, sociólogo francês, abrangem-se duas
divisões: "normal e patológico". Seguindo essa linha de pensamento,
observa-se que um ambiente patológico, em crise, rompe com o seu
desenvolvimento, visto que um sistema desigual não favorece o progresso
coletivo. Dessa forma, com a disponibilidade de ir ao cinema mediada pelo
preço — que não leva em consideração a renda regional —, a democratização
torna-se inviável.
Depreende-se, portanto, a relevância da igualdade do acesso ao cinema
no Brasil. Para que isso ocorra, é necessário que o Estado proporcione a
redução coerente do custo de ingressos por região, junto à difusão da
importância da produção cinematográfica no cotidiano, nos meios de
comunicação, por meio de anúncios, a fim de colaborar com o acesso
igualitário. Ademais, a instituição educacional deve proporcionar aos
indivíduos uma educação voltada à democratização coletiva do cinema,
como entretenimento destinado às elites, por intermédio de debates e
palestras, na área das Ciências Humanas, como forma de esclarecimento
populacional. Assim, haverá um ambiente estável que colabore com a
acessibilidade geral ao cinema no país."
5
Foto: Reprodução/Inep
6
"A Constituição brasileira de 1988 assegura a
todos os indivíduos do amplo acesso aos bens culturais do
país. No entanto, na prática, tal garantia é deturpada, visto que o
contato com a cultura — por meio dos cinemas — não se encontra efetivado na
sociedade nacional. Esse cenário nefasto ocorre não só em razão do deficitário
incentivo à valorização cultural nas escolas, mas também devido à excessiva
mercantilização da cultura. Logo, faz-se imperiosa a análise dessa conjuntura,
com o intuito de mitigar os entraves para a consolidação dos direitos
constitucionais.
Em primeira análise, vale destacar que durante o Renascimento
Cultural — movimento artístico e intelectual ocorrido na transição da Idade
Média para a Idade Moderna — a cultura era valorizada e usada como uma
maneira de transmitir conhecimentos. Hodiernamente, entretanto, a situação
é pouco observada na sociedade brasileira, uma vez que o acesso ao cinema,
como forma de expandir a construção dos saberes, encontra-se pouco
ampliado. Esse panorama lamentável acontece porque a maioria das escolas,
instituições essenciais para a formação de indivíduos engajados
culturalmente, interessa-se, geralmente, apenas pela transmissão de
conteúdos técnicos, negligenciando estimular as habilidades socioculturais.
Evidencia-se, portanto, que a restrita ida aos cinemas relaciona-se com o
deficitário incentivo contato com essa modalidade de entretenimento por
parte dos colégios.
Ademais, vale ressaltar que, de acordo com os sociólogos da Escola de
Frankfurt, a cultura tornou-se um instrumento voltado para a obtenção de
lucros. Nesse viés, a excessiva mercantilização dos bens culturais, como os
cinemas, segrega áreas periféricas, nas quais grande parte da população é
desprovida de amplos recursos financeiros para acessar tais meios de lazer.
Desse modo, constata-se que a concentração dos cinemas em áreas
privilegiadas economicamente, atestada pela óptica frankfurtiana, fere os
princípios constitucionais e impede a democratização do acesso a esse meio
de entretenimento.
Verifica-se, então, a necessidade de ampliar o acesso ao cinema no
Brasil. Para isso, faz-se imprescindível que o Ministério da Educação e da
Cultura, por intermédio de minicursos, instrua os educadores — especialmente
os docentes em sociologia, haja vista o conhecimento cultural inerente a tal
curso — a elucidar em suas aulas a importância da valorização dos bens
culturais para a ampliação do conhecimento, a fim de estimular os alunos a
irem aos cinemas. Paralelamente, precisa-se que a sociedade civil organizada,
mediante a criação de projetos de lei, os quais tornam obrigatória a
descentralização dos cinemas, pressione o Poder Judiciário a aprová-los, com
o objetivo de democratizar o acesso a esse meio de entretenimento. Assim,
tornar-se-á possível a construção de uma sociedade permeada pela efetivação
dos elementos elencados na Magna Carta."
7
Amanda Rocha
21 anos | Itaituba - PA | @amandabossam
Foto: Reprodução/Inep
8
"A construção dos feudos, muros que delimi-
tavam uma determinada área no período da Idade Média,
segregou milhares de pessoas e impossibilitou o acesso a bens que
somente a nobreza podia usufruir. Semelhante a essa época, no contexto
brasileiro contemporâneo, o cinema é um dos inúmeros meios de
democratizar a cultura, mas ainda é "feudalizado", já que grande parte da
população continua alheia a esse serviço . Então, tanto a concentração das
salas de teledramaturgia em regiões mais desenvolvidas economicamente,
quanto os exorbitantes preços dos ingressos e alimentos, vendidos com
exclusividade pela empresa proprietária, mutilam a cidadania e consagram
importantes simbologias de poder.
Nessa perspectiva, a cultura é imprescindível para a identidade de um
povo e, indubitavelmente, o cinema é uma fundamental ferramenta de
inclusão e de propagação de valores sociais. Entretanto, de acordo com o
geógrafo Milton Santos, no texto "Cidadanias Mutiladas", a democracia,
extremamente necessária para a fundamentação cultural do indivíduo, só é
efetiva quando atinge a totalidade do corpo social, ou seja, na medida em
que os direitos são universais e desfrutados por todos os cidadãos. Dessa
maneira, a concentração das salas de cinemas em áreas com alto
desenvolvimento econômico e o alheamento de milhares de pessoas a esse
serviço provam que não há democratização do acesso à cultura
cinematográfica no Brasil, marginalizando grande parcela da sociedade
desprovida de recursos financeiros.
Outrossim, os preços abusivos de ingressos, a divisão das salas em
categorias de conforto e a proibição de entrada de bebidas e alimentos, que
não sejam vendidos no estabelecimento, dividem, ainda mais, a sociedade.
Isso pode ser explicado pelo teórico Pierre Bourdieu, o qual afirma que todas
as minúcias de um indivíduo constituem simbologias que são
constantemente analisadas pelo corpo social, isto é, o poder de compra, as
características pessoais e o acesso a bens e serviços refletem quem é o
homem para outrem. Dessa forma, o alto custo praticado pelas redes
cinematográficas violenta simbolicamente aqueles que não conseguem
contemplar as grandes telas e aumenta a desigualdade.
Portanto, cabe à iniciativa privada, em parceria com os estados e
municípios, promover a interiorização das salas de teledramaturgia, por meio
da construção de novos empreendimentos em áreas distantes dos polos
econômicos e da redução dos custos para o consumidor de baixa renda,
incentivando, então, a cultura mais democrática. Além disso, é
responsabilidade da Ancine, Agência Nacional de Cinema, estabelecer um
canal de comunicação mais efetivo com o telespectador, por intermédio de
aplicativos e das redes sociais interativas, para que denúncias e reclamações
sobre preços abusivos possam ser realizadas. Como efeito social, a
democratização do cinema no Brasil será uma realidade, destruindo, assim,
barreiras e "feudos" sociais."
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Foto: Reprodução/Inep
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"Embora a Constituição Federal de 1988
assegure o acesso à cultura como direito de todos os
cidadãos, percebe-se que, na atual realidade brasileira, não
há o cumprimento dessa garantia, principalmente no que diz respeito ao
cinema. Isso acontece devido à concentração de salas de cinema nos
grandes centros urbanos e à condição cultural de que a arte é direcionada
aos mais favorecidos economicamente.
É relevante abordar, primeiramente, que as cidades brasileiras foram
construídas sob um viés elitista e segregacionista, de modo que os centros
culturais estão, em sua maioria, restritos ao espaço ocupado pelos
detentores do poder econômico. Essa dinâmica não foi diferente com a
chegada do cinema, já que apenas 17% da população do país frequenta os
centros culturais em questão. Nesse sentido, observa-se que a segregação
social — evidenciada como uma característica da sociedade brasileira, por
Sérgio Buarque de Holanda, no livro "Raízes do Brasil" — se faz presente até
os dias atuais, por privar a população das periferias do acesso à cultura e
ao lazer que são proporcionados pelo cinema.
Paralelo a isso, vale também ressaltar que a concepção cultural de
que a arte não abrange a população de baixa renda é um fator limitante
para que haja a democratização plena da cultura e, portanto, do cinema.
Isso é retratado no livro "Quarto de Despejo", de Carolina Maria de Jesus, o
qual ilustra o triste cotidiano que uma família em condição de
miserabilidade vive, e, assim, mostra como acesso a centros culturais é
uma perspectiva distante de sua realidade, não necessariamente pela
distância física, mas pela ideia de pertencimento a esses espaços.
Dessa forma, pode-se perceber que o debate acerca da
democratização do cinema é imprescindível para a construção de uma
sociedade mais igualitária. Nessa lógica, é imperativo que Ministério da
Economia destine verbas para a construção de salas de cinema, de baixo
custo ou gratuitas, nas periferias brasileiras por meio da inclusão de seu
objetivo na base de Diretrizes Orçamentárias, com o intuito de
democratizar o acesso à arte. Além disso cabe às instituições de ensino
promover passeios aos cinemas locais, desde o início da vida escolar das
crianças, mediante autorização e contribuição dos responsáveis, a fim de
desconstruir a ideia de elitização da cultura, sobretudo em regiões
carentes. Feito isso, a sociedade brasileira poderá caminhar para
completude da democracia no âmbito cultural."
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Foto: Reprodução/Inep
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"Na obra "Brasil: uma biografia", as historiado-
ras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling apontam ao leitor as
idiossincrasias da sociedade brasileira. Dentre elas destaca-se "a
difícil e tortuosa construção da cidadania". Embora o país possui uma das
legislações mais avançadas do mundo, muito do que nela se prevê não se
concretiza. Tal fato é evidenciado no âmbito da democratização do acesso ao
cinema, tendo em vista que apesar dos brasileiros possuírem o acesso à
cultura como direito constitucional, a ineficiência do Estado associado a uma
cultura de aceitação por parte dos brasileiros faz com que a cidadania não
seja gozada por todos de maneira plena.
Em primeiro plano, a ineficiência do Estado em aplicar leis que
garantam o acesso à cultura restringe a cidadania dos indivíduos. Seja pela
dificuldade em administrar recursos em um território de dimensões
continentais, seja pela falta de interesse dos órgãos públicos em promover o
desenvolvimento sociocultural democrático das regiões afastadas do centro
vanguardista nacional, existe uma parcela significativa da população sem
acesso ao cinema. Dados oficiais do governo indicam que atualmente existem
2200 salas de cinema no país, entretanto, o Brasil possui mais de 200 milhões
de habitantes, o que indica que a democratização do entretenimento
cinematográfico é um processo lento e até mesmo o utópico.
Ademais, a aceitação da restrição da cidadania por parte dos brasileiros
provém de um ensino ineficaz e muitas vezes inexistente que acarreta falta de
conhecimento sobre os direitos individuais. No livro "Vidas Secas" de
Graciliano Ramos, o protagonista Fabiano, desprovido do acesso ao
conhecimento, acabava sendo explorado e humilhado por aqueles que detém
o saber. Nesse viés, sendo a arte uma mera reprodução da realidade, hoje são
milhares os fabianos no Brasil. Dessa forma, a ampliação do acesso à cultura
por meio do cinema é imperativa para alertar os brasileiros sobre sua
condição de marginalização cultural e para inserí-los no acesso à arte.
Portanto, pode-se inferir que a democratização do acesso ao cinema no
Brasil é um tema relevante e que carece de soluções. Sendo assim, cabe ao
Governo Federal direcionar recursos para regiões marginalizadas do eixo
vanguardista brasileiro, por meio da definição de uma agenda econômica que
democratize o acesso à cultura, a fim de promover o desenvolvimento
sociocultural igualitário dos cidadãos. Além disso, cabe ao Ministério da
Educação promover palestras, em associação com a indústria
cinematográfica, bem como incentivar a produção de curta-metragens, no
intuito de conscientizar os brasileiros sobre o direito do acesso à cultura e
sobre o papel do cinema na emancipação individual das amarras sociais.
Assim, a construção da cidadania será facilitada e os fabianos se tornarão, de
fato, cidadãos plenos."
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Foto: Reprodução/Inep
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"No filme "A Invenção de Hugo Cabret",
o protagonista de 12 anos enfrenta grandes dificuldades
ao tentar frequentar o cinema de sua cidade, pois esse era consi-
derado um passatempo exclusivo das classes mais abastadas. Assim como
retratado no longa, não há, ainda, a plena democratização do acesso ao
cinema no Brasil, tendo em vista que a maior parte dos locais exibidores
de filmes encontra-se nas áreas urbanas do país e o acesso a esse meio de
entretenimento demanda condições econômicas pouco compatíveis com
a realidade de muitos indivíduos brasileiros.
Constata-se, a princípio, que, segundo o Artigo 6º da Constituição
Federal, todo cidadão tem direito ao lazer. Contudo, nota-se que não há o
pleno exercício da Lei ao observar que apenas 20% dos brasileiros
frequentam os cinemas de suas cidades, como afirmado pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada. Esse infeliz cenário está fortemente
atrelado ao fato de que as empresas exibidoras, em sua maioria, estão
concentradas nos centros urbanos do país, pois existe, ainda no século 21,
o pensamento de que os cidadãos de pequenas e médias cidades não
possuem interesse pela chamada "sétima arte", perpetuando, assim, uma
realidade de exclusão social e elitização da cultura.
Ressalta-se, ademais, que o acesso ao cinema é dificultado pela
questão econômica, dado que, para frequentar tais locais, é necessária
uma quantia monetária, a qual pode ser significativa para a população de
baixa renda. Dessa forma, sem possuir condições econômicas favoráveis,
muitos indivíduos não enxergam o cinema como um meio de
entretenimento compatível com suas realidades, programática já
denunciada pelo cineasta Alejandro G. Iniarrítu, o qual, em seu discurso
após vencer o Oscar de Melhor Diretor em 2017, criticou a visão lucrativa e
pouco inclusiva das empresas de cinema.
Tendo em vista que foi discutido, é necessário, portanto, que os
governos estaduais promovam uma maior inclusão dos cidadãos no acesso
aos cinemas, por meio de investimentos financeiros os quais visem à
criação de locais exibidores as pequenas e médias cidades. Ademais, as
empresas exibidoras, por meio de incentivos governamentais, deverão
diminuir a demanda monetária necessária para assistir os filmes, para que,
dessa maneira, indivíduos de quaisquer classes sociais possam ter acesso
aos cinemas de sociedades e, assim, cenas como a retratada em "A
Invenção de Hugo Cabret" não aconteçam, também, na realidade."
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André Cecílio
28 anos | Belo Horizonte - MG | @salinhapaporeto
Foto: Reprodução/Inep
16
"Um dos principais elementos de uma socie-
dade humana é a produção cultural. Por meio dela, o povo
registra sua história, seu pensamento e sua visão de mundo, o que
contribui para a construção de uma memória coletiva mais forte e permite a
ampliação do conhecimento crítico promovida pelo contato com essas
produções. Atualmente, um importante constituinte do espectro cultural é o
cinema, que, embora possua um relevante papel social, encontra-se, no Brasil,
muito restrito a parcelas mais privilegiadas da sociedade, o que é grave.
A referida importância do cinema na sociedade se explica pelo fato de,
como forma de arte, filmes funcionarem por meio da "mímesis" — conceito de
Aristóteles que se refere à capacidade de obras artísticas representarem a
realidade de forma simulada circula o que possibilita a vivência indireta de
situações variadas e leva, potencialmente, à compreensão da vida em
sociedade e das relações humanas, o que pode promover efeitos educativos
ou conscientizadores. Nesse sentido, ao retratar, mesmo que de forma
ficcional, traços (positivos ou negativos) presentes nas relações sociais, o
cinema pode gerar reflexões e críticas profundas, que podem, por sua vez,
culminar em melhorias na sociedade e fortalecimento de ideais ou grupos.
Por exemplo, a obra "Jogo da Imitação", ao retratar a atuação de Alan turing
na criação de computadores, bem como seu drama por ser homossexual em
uma sociedade intolerante, ressalta o quão grave é a manutenção de um
pensamento homofóbico. Da mesma forma, filmes como "Batismo de
Sangue", que traz denúncias sobre a Ditadura Militar no Brasil, evidenciam as
mazelas desse regime e valorizam ideais democráticos, essenciais para a vida
em sociedade. Assim, um acesso ao cinema potencializa valores cruciais para
a harmonia social.
Todavia, ocorre, no Brasil, uma nítida elitização do acesso a esse tipo de
arte. O baixo número de salas e a concentração destas em shopping centers
de grandes cidades tornam produções cinematográficas inacessíveis a grande
parte da população, visto que muitas cidades nem sequer tem estrutura para
exibi-las. Além disso, os altos preços fazem com que, para mais de um terço
da população, que, segundo o IBGE, tem renda familiar de até 2 salários
mínimos, ir ao cinema seja uma atividade inviável. Assim, nega se o direito ao
acesso à cultura, provido na Constituição, e aos benefícios do cinema.
Portanto, o Ministério da Cultura deve ampliar o número de salas de
cinema e diminuir os preços dos ingressos, por meio de subsídios (como
insenções (sic) fiscais a empresas que praticarem preços populares) dados a
instituições para que abram novas salas em regiões em que, hoje, o acesso a
filmes é difícil. Com isso, será alcançado o objetivo de tornar o cinema mais
presente na vida de daqueles com menos renda, potencializando os efeitos
dessa arte em todos os âmbitos sociais."
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Foto: Reprodução/Inep
18
"Aristóteles, grande pensador da Antigui-
dade, defendia a importância do conhecimento para a
obtenção da plenitude da essência humana. Para o filósofo, sem a
cultura e a sabedoria, nada separa a espécie humana do restante dos animais.
Nesse contexto, destaca-se a importância do cinema, desde a sua criação, no
século XIX, até a atualidade, para a construção de uma sociedade mais culta. No
entanto, há ainda diversos obstáculos que impedem a democratização do acesso
a esse recurso no Brasil, centrados na elitização do espaço público e causadores
da insuficiência intelectual presente na sociedade. Com isso, faz-se necessária
uma intervenção que busque garantir o acesso pleno ao cinema para todos os
cidadãos brasileiros.
De início, tem-se a noção de que a Constituição Federal assegura a todos
os cidadãos o acesso igualitário aos meios de propagação do conhecimento, da
cultura e do lazer. Porém, visto que os cinemas, materialização pública desses
conceitos, concentram-se predominantemente nos espaços reservados à elite
socioeconômica, como os “shopping centers”, é inquestionável a existência de
uma segregação das camadas mais pobres em relação ao acesso a esse recurso.
Essa segregação é identificada na elaboração da tese da “subcidadania”, escrita
pelo sociólogo Jessé Souza, que denuncia a situação de vulnerabilidade social
vivida pelos mais pobres, cujos direitos são negligenciados tanto pela falta de
ação do Estado quanto pela indiferença da sociedade em geral. Fica claro, então,
que o acesso ao cinema não é um recurso democraticamente pleno no Brasil.
Como consequência dessa elitização dos espaços públicos, que promove a
exclusão das camadas mais periféricas, é observado um bloqueio intelectual
imposto a essa parte da população. Nesse sentido, assuntos pertinentes ao saber
coletivo, que, por vezes, não são ensinados nas instituições formais de ensino, mas
são destacados pelos filmes exibidos nos cinemas, não alcançam as mentes das
minorias sociais, fato que impede a obtenção de conhecimento e, por
conseguinte, a plenitude da essência aristotélica. Essa situação relaciona-se com
o conceito de “alienação”, descrito pelo filósofo alemão Karl Marx, que caracteriza
o estado de insuficiência intelectual vivido pelos trabalhadores da classe operária
no contexto da Revolução Industrial, refletido na camada pobre brasileira atual.
Portanto, fica evidente a importância do cinema para a construção de uma
sociedade mais culta e a necessidade da democratização desse recurso. Nesse
âmbito, cabe ao Ministério da Educação e da Cultura promover um maior acesso
ao conhecimento e ao lazer, por meio da instalação de cinemas públicos nas
áreas urbanas mais periféricas – que deverão possuir preços acessíveis à
população local –, a fim de evitar a situação de alienação e insuficiência
intelectual presente nos membros das classes mais baixas. Desse modo, o
cidadão brasileiro poderá atingir a condição de plenitude da essência, prevista
por Aristóteles, destacando-se, logo, das outras espécies animais, através do
conhecimento e da cultura."
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Bruna Guarçoni
17 anos | Sete Lagoas - MG | @brunaguarconi
Foto: Reprodução/Inep
20
"A terceira fase do Modernismo vigorou,
no Brasil, durante o Período Liberal-Democrático, apresen-
tando como uma de suas propostas artísticas a retratação das
“Sociedades Liminares” – tradicionalmente excluídas do projeto cultural
brasileiro – nas obras cinematográficas. Tal movimento, conhecido como
“Cinema Novo”, embora objetivasse a integração de povos historicamente
invisibilizados, não obteve êxito na democratização do cinema no país, haja
vista o não comparecimento daqueles aos cinemas da época. Esse panorama,
ainda vigente na contemporaneidade, é atestado não só pelo crescente índice
de pirataria nas artes visuais, como pela constante mobilização de ongs na
exibição de filmes em ambientes desprovidos do acesso ao cinema.
Em primeira análise, constatam-se as amplas taxas de comercialização
de filmes pirateados, sobretudo, nos centros urbanos. Essa problemática
atenta, pois, para o descumprimento de um dos artigos da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, o qual trata dos direitos autorais de
produções artísticas, gravemente feridos pela comercialização de filmes
reproduzidos ilegalmente. Entretanto, tal cenário nada mais é do que um
reflexo do acesso restrito a tais conteúdos, em razão dos altos preços cobrados
pelas sessões de cinema, induzindo, assim, os indivíduos menos favorecidos a
optarem pela pirataria – menos onerosa e, portanto, mais adequada ao seu
diminuto poder de compra.
Vale ressaltar, ainda, a realização, por instituições não governamentais,
de projetos inclusivos que contam com sessões de filmes em ambientes
comunitários não contemplados pelo acesso à tv ou à internet. Exemplo disso
foi a transmissão do filme “Cidade de Deus” na comunidade onde ocorreram
as filmagens, a fim de oferecer aos próprios atores a possibilidade de
assistirem ao longa. Destarte, evidencia-se a negligência estatal na
democratização do cinema, visto que os referidos projetos são iniciativa de
instituições privadas – aspecto abordado por Axel Honneth, o qual afirma ser
dever do Estado a garantia do acesso às manifestações culturais, fato não
verificado no país.
Urge, pois, que medidas sejam tomadas com o intuito de se coibir o
problema discorrido. Ao Governo Federal, caberia a ampliação de ambientes
comunitários de exibição de filmes no país, a fim de se democratizar o acesso
ao cinema. Para isso, deveria haver não só a redução do valor dos ingressos
nos cinemas já existentes, mas também a expansão de instalações que
transmitiriam filmes gratuitamente em locais afastados dos centros urbanos.
Desse modo, em consonância a um dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, propostos pela ONU para 2030, o Brasil mobilizar-se-ia quanto à
redução das desigualdades, tarefa imprescindível na edificação de um Estado
Democrático, de modo a romper com a marginalização das sociedades
liminares, verificada desde os Anos Dourados."
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Foto: Reprodução/Inep
22
"Na passagem do século XX para o século
XXI, o acesso ao cinema sofreu lamentáveis mudanças
no contexto brasileiro: as salas de exibição, antes difusas por
todo o território nacional, passaram a se concentrar somente em meios
urbanos e economicamente favorecidos. Derivado do sistema econômico
vigente, esse novo cenário priva inúmeros brasileiros do universo
cinematográfico, evidenciando a vergonhosa disparidade socioeconômica
do país e representando uma ameaça à cidadania dessa população.
Dessarte, urge a adoção de estratégia para reverter esse panorama.
Nesse sentido, é fundamental compreender como a massificação da
cultura, característica inerente ao capitalismo, contribui para a
consolidação da problemática abordada. Para isso, é pertinente considerar
a ideia de “indústria cultural”, formulada pelos filósofos Adorno e
Horkheimer, a qual aborda a produção cultural como uma mercadoria
destinada à comercialização em grande escala. Dessa forma, a
disponibilidade de produções culturais para consumo, a exemplo do
cinema, é inviabilizada em regiões economicamente desfavorecidas, visto
que não representam um mercado expressivo. Assim, populações rurais ou
periféricas são desrespeitadas quanto ao direito de acesso igualitário a
informações e serviços, tornando evidente os efeitos da desigualdade
social no que concerne à obtenção de direitos.
Outro importante aspecto a ser considerado é a relevância do acesso
ao cinema para uma comunidade. É inegável a contribuição do setor no
bem-estar social, na medida em que proporciona atividades de lazer e
convívio. Além disso, conforme pesquisas realizadas no campo da
psicanálise, conteúdos midiáticos como filmes são fundamentais para
manter a integridade psíquica do cidadão, uma vez que proporcionam
satisfações psicológicas aos anseios que a própria sociedade
contemporânea, em função dos incessantes estímulos ao consumismo,
naturaliza no indivíduo. Dessa forma, a ampliação do acesso ao universo
cinematográfico é fundamental para a promoção de uma democracia
plena.
Portanto, é necessária a atuação estatal para democratizar o acesso
ao cinema. Para tanto, cabe ao Ministério da Cidadania elaborar uma
diretriz de investimento voltada à difusão das salas de exibição
cinematográfica em regiões carentes, a fim de proporcionar infraestrutura
adequada para fornecer a atividade. Isso pode ser feito a partir da
construção de salas de cinema abertas ao público em geral e com
transmissão de filmes periodicamente nessas comunidades, permitindo o
acesso igualitário ao conteúdo, bem como a integração social efetiva."
23
Foto: Reprodução/Inep
24
"Ao longo de toda a história brasileira,
diversos entraves foram encontrados na tentativa de
desenvolvimento da nação. Infelizmente, dentre eles, destaca-se,
devido à sua recorrência na conjuntura hodierna, a difícil democratização do
acesso ao cinema no Brasil. A partir de uma análise desse impasse, percebe-se
que ele está vinculado não só à desigualdade regional — que é enorme no país —,
mas também à ineficácia do Estado na solução desse infortúnio.
Em primeiro plano, é incontrovertível a grande concentração de
investimentos em apenas algumas partes do Brasil, ao passo que em outras eles
inexistem. Em 1808, ao chegar ao Rio de Janeiro, a família real, com o intuito de
modernizar a cidade para seu próprio proveito, construiu muitos ambientes de
difusão de cultura — como a Biblioteca Nacional —, além de fomentar a criação de
infraestrutura para futuros projetos, como salas de cinema. No entanto, desde o
século XIX, tais investimentos ocorreram apenas nos grandes centros
populacionais do país, o que negligenciou locais menos favorecidos — como o
Norte e o Nordeste —, e fez com que, segundo dados do site "Meio e Mensagem",
apenas cerca de 17% da população possa ir frequentemente ao cinema. Dessa
forma, evidencia-se que a desigualdade regional, que existe desde o período
colonial, é um dos fatores primordiais na elitização do acesso ao cinema, o que
faz com que ele não seja democrático.
Ademais, é irrefutável a ineficiência das autoridades na resolução desse
problema, visto que ele persiste no contexto atual. De acordo com o filósofo e
sociólogo iluminista, John Locke, esse fato configura uma quebra do contrato
social, uma vez que, ao revogar o "Estado de Natureza" — momento em que o
homem não é obrigado a seguir leis e tem total liberdade —, com objetivo de ser
governado pelo Estado, os cidadãos esperam que esse amenize as mazelas
sociais e promova a igualdade de direitos a todos, o que não ocorre atualmente
no Brasil. Desse modo, o contrato é diariamente quebrado no país, posto que os
habitantes de regiões mais carentes nem sequer têm acesso à cultura presente
em salas de cinemas, o que, lamentavelmente, aumenta a desigualdade social e
impede que todos tenham as mesmas oportunidades. Logo, é inegável que essa
situação, que ocorre devido às disparidades regionais, apenas intensifica,
porquanto o governo não age em prol da resolução dela.
Portanto, partindo-se do pressuposto de que a democratização do acesso
ao cinema no Brasil é árdua, é mister que medidas sejam implementadas para
solucionar essa problemática. Sendo assim, o governo, por ser o responsável por
esse impasse, deve, por meio da construção de cinemas em locais menos
favorecidos, garantir o acesso de todos os cidadãos a esses ambientes culturais,
com o fito de que todos os brasileiros possam ter, finalmente, iguais condições de
usufruir dos filmes exibidos nas salas de cinemas. Isso, consequentemente,
acarretará uma diminuição da desigualdade sociorregional vigente no território
nacional e uma melhor qualidade de vida à população. Somente dessa maneira o
Brasil poderá se desprender das amarras da colonização e progredir em direção
ao futuro mais justo e mais humano."
25
Caroline Baptista
19 anos | Rio de Janeiro - RJ
Foto: Reprodução/Inep
26
"A aquisição de novas tecnologias permitiu o
desenvolvimento de diversos setores do Brasil, o que facilita
a obtenção de conhecimentos e conteúdos de forma rápida e prá-
tica. Contemporaneamente, o cinema é um dos setores do país que se
expande ao longo dos anos, transmitindo informações aos diferentes públicos.
Entretanto, o acesso ao cinema ocorre de modo desigual entre os indivíduos
presentes na sociedade brasileira. Nesse contexto, essa diferença no acesso
aos recursos cinematográficos persiste interpenetrada no país como
subproduto da desigualdade entre as classes e regiões brasileiras e da
alienação social diante desse panorama.
Em uma primeira perspectiva, a desigualdade histórica brasileira
apresenta íntima relação com a existência desse cenário. Segundo o filósofo
Jean-Jacques Rousseau, em sua obra "Contrato Social", a desigualdade social
surgiu com base na noção da propriedade privada e na disputa por poder e
riquezas entre os indivíduos. Essa ideia encontra-se materializada no processo
de formação histórica do Brasil, o qual foi marcado pela disputa por riquezas
entre as regiões e grupos sociais, instaurando um cenário de desigualdade
que dificulta o acesso ao cinema pelos grupos menos favorecidos
financeiramente. Dessa forma, é indubitável que as disparidades existentes
entre as regiões e classes dificultam a democratização do acesso ao cinema,
uma vez que apenas as regiões desenvolvidas apresentarão os recursos
financeiros necessários para comentar a instalação de cinemas.
Em uma segunda análise, a alienação social contribui para a
persistência da disparidade no acesso ao cinema. A filósofa alemã Hannah
Arendt, em "Banalidade do Mal", refletiu sobre o resultado do processo de
massificação da sociedade, o qual forma os indivíduos incapazes de realizar
julgamentos morais, tornando-se alienados e aceitando as situações sem
questionar. O pensamento da filosofia está relacionado ao contexto de
alienação da sociedade brasileira no qual os sujeitos sociais se calam diante
das questões que prejudicam grupos menos favorecidos, desconsiderando a
importância de determinados recursos, como acesso ao cinema, para o
cumprimento de direitos sociais. Nesse contexto, é essencial superar esses
paradigmas que prejudicam diversos indivíduos.
Verifica-se, portanto, que a desigualdade, em paralelo à compactação
social, é um fator fundamental para a persistência desse panorama. A fim de
formar uma sociedade justa e igualitária, o Poder Executivo Federal, além de
superar desigualdades históricas, deve desenvolver projetos do governo que
informem a sociedade sobre a importância de agir para garantir a igualdade
no acesso ao cinema. Essa medida deve ser realizada por meio de debates
oferecidos por profissionais que estudam dados estatísticos sobre o problema,
garantindo o convencimento social. Com a realização dessa medida, será
possível usufruir do avanço tecnológico de modo positivo para o país."
27
Foto: Reprodução/Inep
28
"Na Antiguidade Clássica, a cidade de
Atenas continha um espaço de participação e discussão
coletiva limitada ao pequeno contingente de indivíduos conside-
rados cidadãos na época: a Ágora. Assim também ocorre na conjuntura
social brasileira: o cinema, veículo de importantes questões acerca do
cotidiano da população, encontra-se fora do alcance de grande parcela do
país, impedido de exercer seu papel de cidadã. Nesse sentido, a inércia
governamental na estruturação de projetos de extensão do cinema a mais
ambientes e a concentração do acesso ao universo cinematográfico nas
áreas de ocupação das elites destacam-se na perpetuação do problema.
Em primeiro plano, é imprescindível verificar a negligência do Poder
Público um entrave para a democratização dos cinemas brasileiros.
Consoante ao pensamento do filósofo francês Jean-Jacques Rousseau, na
medida em que o Estado isenta-se da garantia dos direitos do cidadão, há
um descumprimento do contrato social elaborado junto a sociedade.
Dessa maneira, essa insuficiência do aparato institucional no atendimento
às demandas da nação não só contribui para o descaso com a
coletividade, mas também transgride um bem assegurado na Constituição:
o acesso ao lazer.
Sob essa perspectiva, vale ressaltar ainda a segregação socioespacial
que determina a abrangência da exibição de filmes em escala nacional.
Nas palavras do jornalista Zuenir Ventura, esse processo promove a
construção de uma "cidade partida", na qual os instrumentos que
possibilitam o exercício da cidadania estão disponíveis apenas nos locais
de maior renda da região. Desse modo, os indivíduos cujas condições
financeiras restringem-nos de frequentar essas imediações são privados do
-
pleno reconhecimento como cidadãos tais quais os indivíduos proibidos
de entrar na Ágora ateniense.
Registra-se, portanto, a persistência de obstáculos estruturais no
decorrer do procedimento de universalização do alcance ao cinema no
Brasil. Diante disso, o Ministério da Cidadania, na figura das Secretarias
Municipais, deve desenvolver um programa de democratização das
plataformas de transmissão de filmes, por meio da ampliação da emissão
de vales-cultura, a exemplo do modelo britânico, e da realização de
exibições de obras cinematográficas nas comunidades menos favorecidas
com o intuito de preservar a extensão da prática cidadã. Permitir-se-á, por
conseguinte, a abertura da Ágora moderna a todos os brasileiros."
29
Daniel Gomes
25 anos | Fortaleza - CE
Foto: Reprodução/Inep
30
"O filme ‘’Cine Hollywood’’ narra a chegada
da primeira sala de cinema na cidade de Crato, interior do
Ceará. Na obra, os moradores do até então vilarejo nordestino têm
suas vidas modificadas pela modernidade que, naquele contexto, se traduzia na
exibição de obras cinematográficas. De maneira análoga à história fictícia, a
questão da democratização do acesso ao cinema, no Brasil, ainda enfrenta
problemas no que diz respeito à exclusão da parcela socialmente vulnerável da
sociedade. Assim, é lícito afirmar que a postura do Estado em relação à cultura e
a negligência de parte das empresas que trabalham com a ‘’sétima arte’’
contribuem para a perpetuação desse cenário negativo.
Em primeiro plano, evidencia-se, por parte do Estado, a ausência de
políticas públicas suficientemente efetivas para democratizar o acesso ao cinema
no país. Essa lógica é comprovada pelo papel passivo que o Ministério da Cultura
exerce na administração do país. Instituído para ser um órgão que promova a
aproximação de brasileiros a bens culturais, tal ministério ignora ações que
poderiam, potencialmente, fomentar o contato de classes pouco privilegiadas ao
mundo dos filmes, como a distribuição de ingressos em instituições públicas de
ensino básico e passeios escolares a salas de cinema. Desse modo, o Governo atua
como agente perpetuador do processo de exclusão da população mais pobre a
esse tipo de entretenimento. Logo, é substancial a mudança desse quadro.
Outrossim, é imperativo pontuar que a negligência de empresas do setor –
como produtoras, distribuidoras de filmes e cinemas – também colabora para a
dificuldade em democratizar o acesso ao cinema no Brasil. Isso decorre,
principalmente, da postura capitalista de grande parte do empresariado desse
segmento, que prioriza os ganhos financeiros em detrimento do impacto cultural
que o cinema pode exercer sobre uma comunidade. Nesse sentido, há, de fato,
uma visão elitista advinda dos donos de salas de exibição, que muitas vezes
precificam ingressos com valores acima do que classes populares podem pagar.
Consequentemente, a população de baixa renda fica impedida de frequentar
esses espaços.
É necessário, portanto, que medidas sejam tomadas para facilitar o acesso
democrático ao cinema no país. Posto isso, o Ministério da Cultura deve, por meio
de um amplo debate entre Estado, sociedade civil, Agência Nacional de Cinema
(ANCINE) e profissionais da área, lançar um Plano Nacional de Democratização ao
Cinema no Brasil, a fim de fazer com que o maior número possível de brasileiros
possa desfrutar do universo dos filmes. Tal plano deverá focar, principalmente, em
destinar certo percentual de ingressos para pessoas de baixa renda e estudantes
de escolas públicas. Ademais, o Governo Federal deve também, mediante
oferecimento de incentivos fiscais, incentivar os cinemas a reduzirem o custo de
seus ingressos. Dessa maneira, a situação vivenciada em ‘’Cine Hollywood’’ poderá
ser visualizada na realidade de mais brasileiros."
31
Eduarda Amorim
16 anos | Goiânia - GO
Foto: Reprodução/Inep
32
"Durante a primeira metade do século XX, as
obras cinematográficas de Charlie Chaplin atuaram como
fortes difusores de informações e de ideologias contra a exploração
e o autoritarismo no continente americano. No contexto atual, o cinema
permanece como um importante veículo de conhecimento, mas. No Brasil, não
há o acesso democrático a essa mídia em decorrência das disparidades
socioeconômicas nas cidades, as quais fomentam a elitização dos ambientes de
entretenimento, e da falta de investimentos em exibições populares, as quais,
muitas vezes, são realizadas em prédios precários e não são divulgadas. Portanto,
é imperativo promover mecanismos eficientes de integração dos telespectadores
para facilitar o contato com filmes, proeminentes na introdução dos cidadãos.
Tendo em vista a realidade supracitada, destaca-se a crescente
discrepância entre as classes sociais nos grandes centros habitacionais, o que leva
a modificações no espaço. Essa visão condiz com as ideias de Henri Lefebvre, uma
vez que, para o sociólogo, o meio urbano é a manifestação de conflitos, o que
pode ser relacionado à evidente segregação socioespacial dos cinemas. Nesse
viés, a concentração de salas de exibição em áreas nobres está vinculada às
desigualdades sociais e configura a elitização do acesso aos filmes em locais
públicos em função do encarecimento dos serviços ao longo dos anos. Dessa
forma, para uma grande parte dos brasileiros, o entretenimento e o aprendizado
por meio das obras cinematográficas, como visto no início do século XX, se
tornam inviáveis, restringindo o contato com novos ideais e inibindo a
mobilização da sociedade em prol de seus valores.
Além disso, a insuficiência de recursos destinados a exibições em teatros
populares é um fator que dificulta a democratização do cinema no Brasil. Isso
porque, apesar de Steve Jobs, um dos fundadores da empresa “Apple”, ter
corroborado com a ideia do mundo virtual como influenciador ao constatar que a
“tecnologia move o mundo”, as redes sociais não são utilizadas pelos órgãos
públicos para divulgar apresentações cinematográficas nos centros culturais,
presentes em diversas regiões do país. Aliada à falta de visibilidade, a
precariedade infraestrutural dos prédios onde tais eventos ocorrem reduz a
qualidade de experiência e desencoraja muitos de frequentarem os locais, apesar
dos menores preços. Assim, torna-se clara a necessidade de investimentos par
garantir o contato com os filmes, essenciais para a instrução e para a integração
dos indivíduos.
Desse modo, é imprescindível democratizar o acesso ao cinema no Brasil.
Para isso, cabe às prefeituras disponibilizar a experiência cinematográfica à
população urbana menos privilegiada, por meio de eventos de exibição em áreas
periféricas – os quais devem fornecer programações internacionais e nacionais a
custos reduzidos -, com o intuito de evitar o processo de elitização cultural em
virtude de disparidades socioeconômicas. Ademais, compete ao Ministério da
Cidadania promover a visibilidade dos centros culturais nas redes sociais e
investir em reformas periódicas, a fim de assegurar a manutenção dos locais. Com
essas medidas, assim como na época de Charlie Chaplin, a sociedade terá o maior
contato com as novas ideias e as informações do mundo contemporâneo."
33
Foto: Reprodução/Inep
34
"No Artigo 215º da Constituição Federal
Brasileira de 1988, é garantido a todos os cidadãos o
acesso à cultura, afirmando a importância desse direito aos
indivíduos. As práticas culturais existentes no Brasil, atualmente, são diversas,
como as exibições de arte em museus, as peças teatrais e os filmes
reproduzidos nos cinemas. No entanto, há uma clara falta de democratização
desses espaços, sobretudo naqueles que disponibilizam obras
cinematográficas, pela falta de pessoas provenientes de classes sociais baixas
frequentadoras desses locais, fortalecendo, portanto, a elitização da arte e dos
produtos culturais. Sendo assim, é perceptível a importância de se discutir
essa temática, que demanda medidas eficazes nos âmbitos sociais e
econômicos.
Em primeira análise, o cinema é um importante canal de promoção da
cultura e da educação, por exibir diversas visões ideológicas que ultrapassam
as barreiras conteudistas impostas pelas instituições tradicionais e formais de
ensino. Segundo o filósofo John Locke, os seres humanos nascem como folhas
em branco e, ao longo de suas vidas, vão moldando-se e formando suas
personalidades a partir de suas experiências. Dessa forma, é possível
relacionar a relevância do senso crítico promovido pelos filmes no cinema e a
formação mais abrangente dos indivíduos sociais. Em suma, o acesso a esses
locais por todos os cidadãos é fundamental para a construção de uma
comunidade diversa, engajada e ativa.
Em segunda análise, no entanto, a garantia do direito previsto na
Constituição citada anteriormente, sobre o acesso da população a espaços
culturais, como o cinema, não é, de fato, concebida no Brasil. Segundo o
escritor Gilberto Dimenstein, em sua obra “O Cidadão de Papel”, nem sempre
as leis presentes nos documentos oficiais nacionais são cumpridas,
desencadeando uma realidade em que os indivíduos são reconhecidos e
amparados pelo Estado apenas no papel. Esse cenário é presente no Brasil
pois não há a democratização de eventos cinematográficos, pois estes
ocorrem em espaços elitizados, como shoppings, e com preços inacessíveis à
comunidade de baixa renda. Dessa maneira, apenas parte dos cidadãos
conseguem chegar nesses locais e usufruir dos produtos culturais oferecidos,
gerando um quadro de segregação desses espaços e da arte promovida por
eles. Tendo em vista a problemática supracitada, medidas são necessárias
para resolvê-la.
Portanto, cabe ao Ministério da Educação, com a finalidade de ampliar
o senso crítico ao democratizar o acesso à cultura, promover sessões de
cinema gratuitas em locais públicos, como em praças, em parques e em
centros culturais. Essa iniciativa deve ser realizada por meio do auxílio de
empresas privadas relacionado a artes visuais, que devem oferecer todo o
aparato necessário. Dessa forma, ocorrerá a aproximação da arte
cinematográfica com o público diverso e a garantia do Artigo 215º será
efetivada."
35
Gabriel de Lima
20 anos | Rio de Janeiro - RJ | @gabrdelima
Foto: Reprodução/Inep
36
"O longa-metragem nacional "Na Quebrada"
revela histórias reais de jovens da periferia de São Paulo, os
quais, inseridos em um cenário de violência e pobreza, encontram
no cinema uma nova perspectiva de vida. Na narrativa, evidencia-se o papel
transformador da cultura por intermédio do Instituto Criar, que promove o
desenvolvimento pessoal, social e profissional dos alunos por meio da sétima arte.
Apresentando-se como um retrato social, tal obra, contudo, ainda representa a história de
parte minoritária da população, haja vista o deficitário e excludente acesso ao cinema no
Brasil, sobretudo às classes menos favorecidas. Todavia, para que haja uma reversão do
quadro, faz-se necessário analisar as causas empresariais e educacionais que contribuem
para a continuidade da problemática em território nacional.
Deve-se destacar, primeiramente, o distanciamento entre as periferias e as áreas
de consumo de arte. Acerca disso, os filósofos Adorno e Horkheimer, em seus estudos
sobre a "Indústria Cultural", afirmaram que a arte, na era moderna, tornou-se objeto
industrial feito para ser comercializado, tendo finalidades prioritariamente lucrativas. Sob
esse prisma, empresas fornecedoras de filmes concentram sua atuação nas grandes
metrópoles urbanas, regiões onde prevalece a população de maior poder aquisitivo, que
se mostra mais disposta a pagar maior valor pelas exibições. Essa prática, no entanto,
fomenta uma tendência segregatória que afasta o cinema das camadas menos abastadas,
contribuindo para a dificuldade na democratização do acesso a essa forma de expressão
e de identidade cultural no Brasil.
Ademais, uma análise dos métodos da educação nacional é necessária. Nesse
sentido, observa-se uma insuficiência de conteúdos relativos à aproximação do indivíduo
com a cultura desde os primeiros anos escolares, fruto de uma educação tecnicista e
pouco voltada para a formação cidadã do aluno. Dessa forma, com aulas voltadas para
memorização teórica, o sistema educacional vigente pouco estimula o contato do
estudante com as diversas formas de expressão cultural e artística, como o cinema,
negligenciando, também, o seu potencial didático, notável pela sua inerente natureza
estimulante. Tal cenário reforça a ideia da teórica Vera Maria Candau, que afirma que o
sistema educacional atual está preso nos moldes do século XIX e não oferece propostas
significativas para as inquietudes hodiernas. Assim, com a carência de um ensino que
desperte o interesse dos alunos pelo cinema, a escola contribui para um afastamento
desses indivíduos em relação ao cinema, o que constitui um entrave para que eles,
durante a vida, tornem-se espectadores ativos das produções cinematográficas brasileiras
e internacionais.
É evidente, portanto, que a dificuldade na democratização do acesso ao cinema
no Brasil é agravada por causas corporativas e educacionais. Logo, é necessário que a
Secretaria Especial de Cultura do Ministério da Cidadania torne tais obras mais
alcançáveis ao corpo social. Para isso, ela deve estabelecer parcerias público-privadas com
empresas exibidoras de filmes, beneficiando com isenções fiscais aquelas que provarem,
por meio de relatórios semestrais, a expansão de seus serviços a preços populares para
regiões fora dos centros urbanos, de forma que, com maior oferta a um maior número de
pessoas, os indivíduos possam efetivar o seu uso para o lazer e para o seu
engrandecimento cultural. Paralelamente, o Ministério da Educação deve levar o tema às
escolas públicas e privadas. Isso deve ocorrer por meio da substituição de parte da carga
teórica da Base Nacional Comum Curricular por projetos interdisciplinares que envolvam
exibição de filmes condizentes com a prática pedagógica e visitas aos cinemas da região
da escola, para que se desperte o interesse do aluno pelo tema ao mesmo tempo em que
se desenvolve sua consciência cultural e cidadã. Nesse contexto, poder-se-á expandir a
ação transformadora da sétima arte retratada em "Na Quebrada", criando um legado
duradouro de acesso à cultura e de desenvolvimento social em território nacional."
37
Gabriel Melo
17 anos | Natal - RN | @gabrielm06_
Foto: Reprodução/Inep
38
"Para o filósofo escocês David Hume, a
principal característica que difere o ser humano dos outros
animais é o seu pensamento, habilidade que o permite ver aquilo
que nunca foi visto e ouvir aquilo que nunca foi ouvido. Sob essa ótica, vê-se que
o cinema representa a capacidade de transpor para a tela as ideias e os pensamentos
presentes no intelecto das pessoas, de modo a possibilitar a criação de novos
universos e, justamente por esse potencial cognitivo, ele é muito relevante. É
prudente apontar, diante disso, que a arte cinematográfica deve ser democratizada,
em especial no Brasil – país rico em expressões culturais que podem dialogar com
esse modelo artístico –, por razões que dizem respeito tanto à sociedade quanto às
leis.
Em primeiro lugar, é válido frisar o cinema dialoga com uma elementar
necessidade social e, consequentemente, não pode ser deixado em segundo plano.
Para entender essa lógica, pode-se mencionar o renomado historiador holandês
Johan Huizinga, o qual, no livro "Homo Ludens", ratifica a constante busca humana
pelo prazer lúdico. É exatamente nessa conjuntura que se insere o fenômeno
cinematográfico, uma vez que ele, ao possibilitar a interação de vários indivíduos na
contemplação do espetáculo, faz com que a plateia participe das histórias, de modo
a compartilhar experiências e vivências. É perceptível, portanto, o louvável elemento
benfeitor dessa criação artística , capaz de garantir a coesão da comunidade.
Por fim, caminhos devem ser elucidados para democratizar o acesso ao
cinema no Brasil, levando-se em consideração as questões sociais e legislativas
abordadas. Sendo assim, cabe ao Governo Federal – órgão responsável pelo bem-estar
e lazer da população – elaborar um plano nacional de incentivo à prática
cinematográfica, de modo a instituir ações como a criação de semanas culturais
nacionais, bem como o desenvolvimento de atividades artísticas públicas. Isso pode
ser feito por meio de uma associação entre prefeituras, governadores e setores
federais —já que o fenômeno envolve todos esses âmbitos administrativos—,os quais
devem executar periódicos eventos, ancorados por atores e diretores, que visem exibir
filmes gratuitos para a comunidade civil.Esse projeto deve se adaptar à realidade de
cada cidade para ser efetivo. Dessa forma, o cinema poderá ser, enfim,
democratizado, o que confirmará o que determina o artigo 215 da Constituição.
Assim, felizmente, os cidadãos poderão desfrutar das benesses advindas dessa
engrandecedora ação artística."
39
Gabriel Merli
18 anos | São Caetano do Sul - SP | @gabmerli
Foto: Reprodução/Inep
40
"Na obra "A Invenção de Hugo Cabret", é
narrada a relação entre um dos pais do cinema, Georges
Mélies, e um menino órfão, Hugo Cabret. A ficção, inspirada na
realidade do começo do século XX, tem como um de seus pontos centrais
o lazer proporcionado pelo cinema, que encanta o garoto. No contexto
brasileiro atual, o acesso a essa forma de arte não é democratizado, o que
prejudica a disponibilidade de formas de lazer à população. Esse problema
advém da centralização das salas exibidoras em zonas metropolitanas e do
alto custo das sessões para as classes de menor renda.
Primeiramente, o direito ao lazer está assegurado na Constituição de
1988, mas o cinema, como meio de garantir isso, não tem penetração em
todo território brasileiro. O crescimento urbano no século XX atraiu as
salas de cinema para as grandes cidades, centralizando progressivamente
a exibição de filmes. Como indicativo desse processo, há menos salas hoje
do que em 1975, de acordo com a Agência Nacional de Cinema (Ancine).
Tal fato se deve à falta de incentivo governamental — seja no âmbito fiscal
ou de investimento — à disseminação do cinema, o que ocasionou a
redução do parque exibidor interiorano. Sendo assim, a democratização do
acesso ao cinema é prejudicada em zonas periféricas ou rurais.
Ademais, o problema existe também em locais onde há salas de
cinema, uma vez que o custo das sessões é inacessível às classes de renda
baixa. Isso se deve ao fato de o mercado ser dominado por poucas
empresas exibidoras. Conforme teorizou inicialmente o pensador inglês
Adam Smith, o preço decorre da concorrência: a competitividade força a
redução dos preços, enquanto os oligopólios favorecem seu aumento.
Nesse sentido, a baixa concorrência dificulta o amplo acesso ao cinema no
Brasil.
Portanto, a democratização do cinema depende da disseminação e
do jogo de mercado. A fim de levar os filmes a zonas periféricas, as
prefeituras dessas regiões devem promover a interiorização dos cinemas,
por meio de investimentos no lazer e incentivos fiscais. Além disso, visando
reduzir o custo das sessões, cabe ao Ministério da Fazenda ampliar a
concorrência entre as empresas exibidoras, o que pode ser feito pela
regulamentação e fiscalização das relações entre elas, atraindo novas
empresas para o Brasil. Isso impediria a formação de oligopólios,
consequentemente aumentando a concorrência. Com essas medidas, o
cinemas será democratizado, possibilitando a toda a população brasileira
o mesmo encanto que tinha Hugo Cabret com os filmes."
41
Gabriela Alencar
19 anos | Brasília - DF | @_gabinaredacao
Foto: Reprodução/Inep
42
"No século XX, a Escola de Frankfurt se
aplicou sobre o estudo das tecnologias na dissemina-
ção da cultura. Sob esse viés, esperava-se que as massas tives-
sem um acesso mais democrático aos bens culturais, dada a ampla
presença do meio técnico-informacional entre a população. No Brasil,
contudo, tal expectativa não se efetivou, haja vista as dificuldades relativas
à democratização do acesso ao cinema, demandando a intervenção
governamental acerca dessa problemática. Ademais, é preciso entender a
importância do cinema no contexto da plena cidadania, bem como a
razão de o consumo desse bem não ser totalmente inclusivo.
A princípio, nota-se o papel significativo do cinema na vida dos
cidadãos, pois essa modalidade artística, enquanto representação da
realidade, serve para formar o pensamento crítico dos indivíduos. Nesse
sentido, o Cinema Novo exemplifica bem tal perspectiva, uma vez que
denunciava as mazelas sociais das décadas de 1960 e 1970,
impulsionando o engajamento dos brasileiros em prol da liberdade de
expressão e da garantia de seus direitos. Assim, constata-se que esse bem
cultural é demasiadamente importante para fomentar a cidadania por
meio do diálogo entre a arte e a sociedade, evidenciando a premência de
ser democratizado.
Simultaneamente, percebe-se que o acesso ao cinema, no Brasil, vai
ao encontro das desigualdades socioespaciais típicas do país. Isso porque
as regiões Sul e Sudeste têm sido privilegiadas em detrimento das outras
desde o período colonial, porquanto os ciclos desenvolvimentistas, como o
da cana-de-açúcar, o do ouro e o do café, favoreceram a concentração de
riquezas e, portanto, de infraestrutura. Consequentemente, a oferta de
lazer também é desigual, o que exclui as populações já marginalizadas
historicamente da disseminação cultural através do cinema.
Diante do exposto, fica clara a necessidade de democratizar o acesso
a esse bem cultural devido aos seus benefícios para a sociedade brasileira.
Para tanto, o Ministério da Cidadania, responsável pela promoção da
cultura, deve ampliar as ações de democratização do cinema em parceria
com os governos estaduais e os municipais. Isso será feito mediante um
pacote de ações a serem incluídas na Lei Plurianual, a saber: destinação de
recursos de forma mais igualitária para todas as regiões, com foco na
infraestrutura de lazer, como cinemas rotativos e em espaços públicos -
parques, por exemplo - a fim de fugir da conjuntura elitista dos cinemas
em “shoppings”, além da redução de impostos sobre a distribuição de
filmes, com vistas a tornar o acesso a esses bens mais barato para a
população em geral, cumprindo, assim, a premissa da Escola de Frankfurt
quanto à disseminação cultural."
43
Foto: Reprodução/Inep
44
"De acordo com Cláudio Mazzili, professor
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, vivemos
em uma sociedade classista e hierarquizada em função do capital,
na qual se instaura a lógica da discriminação e não a desejada inclusão social.
Esse pensamento permite estabelecer um paralelo com a precária
democratização do acesso ao cinema no Brasil, uma vez que essa importante
fonte cultural está, majoritariamente, concentrada em zonas de alto poder
aquisitivo. Entretanto, se usada de forma a auxiliar na democratização cultural —
principalmente nas zonas periféricas —, o cinema pode ser uma importante
ferramenta no avanço educacional do país.
Deve-se pontuar, de início, que o Brasil é, infelizmente, um país
estratificado e desigual. Desde a sua gênese (considerando-se a perspectiva
ibérica), a América foi pensada como uma colônia de exploração, na qual a
educação não só era desestimulada, como era proibida. É dentro desse contexto
exploratório que se estruturou a sociedade brasileira, a qual tem — como uma das
consequências “modernas” — a gentrificação, isto é, o afastamento dos indivíduos
com baixo poder aquisitivo dos grandes centros urbanos, o que os deixa ainda
mais distantes da infraestrutura social destina à educação, à cultura e ao
entretenimento educativo. Ora, percebe-se, portanto, que essas áreas
privilegiadas com acesso à cultura — como o cinema — são de exclusividade
daqueles que têm altas rendas. Em contrapartida, nas periferias, nas zonas rurais
e nas áreas menos valorizadas a democratização do acesso ao cinema é
praticamente nula, o que agrava a situação de vulnerabilidade social desses
cidadãos.
Contudo, a democratização do acesso ao cinema — se feita de modo a
beneficiar os menos favorecidos, os quais representam a maior parte da
população — é uma importante ferramenta na desconstrução das amarras
coloniais, e, posteriormente, em uma reformulação educacional que vise ao
acesso democrático à cultura para todo cidadão brasileiro. Tomemos como
exemplo uma situação hipotética na qual um sujeito que reside na periferia tem,
todas as noites, a possibilidade de interagir com a comunidade e de adquirir
conhecimento por meio de um cinema ao ar livre, o qual traz como conteúdo
filmes, documentários e palestras. Torna- se evidente que esse indivíduo, além de
ter acesso à cultura, terá uma forma de entretenimento que o beneficiará tanto
individualmente quanto socialmente, visto que o conhecimento será útil em
todas as áreas da sua vida.
Portanto, concluí-se que a precária democratização do acesso ao cinema
no Brasil está intrinsecamente ligada às heranças coloniais. Entretanto, medidas
educacionais podem ser tomadas para reverter esse cenário. Posto isso, cabe ao
Ministério da Educação, responsável pelo desenvolvimento educacional do país,
criar um projeto de instalação cinematográfica ao ar livre nas regiões periféricas,
as quais apresentarão programação cultural — como filmes e documentários —,
por meio de verbas provenientes da contribuição pública, para que essa
sociedade classista, como evidenciado por Mazzili, seja transformada em uma
comunidade democrática e educacionalmente homogênea."
45
Gustavo Lopes
19 anos | Fortaleza - CE | @gustavolopest
Foto: Reprodução/Inep
46
"No século XIX, os avanços tecnológicos
e científicos proporcionaram às populações novas alter-
nativas de lazer, dentre as quais se pode citar o cinema. No Brasil,
atualmente, tal forma de diversão tem se destacado, uma vez que promove a
interação com o público de maneira singular, isto é, gera muitas emoções aos
indivíduos. Apesar disso, verifica-se que, em nosso país, o acesso ao cinema
não é disponibilizado a todos os cidadão, seja pela falta de investimentos, seja
pelo alto custo cobrado por empresas para assistir a um filme. Assim, tendo
em vista a importância desse lazer, ele deve ter seu acesso democratizado, a
partir da resolução de tais entraves.
Sob esse viés, pode-se apontar as poucas verbas direcionadas à
construção e à manutenção de cinemas, especialmente nas pequenas cidades
brasileiras, como uma das causas do problema em questão. Acerca disso,
sabe-se que boa parte da população que vive em áreas rurais ou suburbanas
sofre com a falta de acessibilidade a tal meio de diversão. Prova dessa
realidade é o filme “Cine Hollyúde”, lançado no Brasil, o qual mostra a
dificuldade das pessoas que habitam no interior em assistir à primeira obra
cinematográfica transmitida na cidade, devido à precariedade estrutural do
cinema local. Tal cenário também é observado fora da ficção, visto que, por
causa dos poucos investimentos, indivíduos das regiões pobres do país
possuem mínima ou nenhuma interação com essa forma de lazer.
Ademais, nota-se, ainda, uma intensa elitização dos cinemas, porquanto
o preço cobrado pelo ingresso de uma sessão é alto, o que limita a ida a esse
lugares de exibição de filmes. Sobre isso, percebe-se que, como a busca por
tal lazer aumentou, de acordo com dados do “site” “Meio e mensagem”, as
empresas exibidoras estão cada vez mais visão ao lucro em detrimento de
uma diversão e interação pública. Isso ocorre, segundo o pensador Karl Marx,
graças à busca excessiva por capital (dinheiro), tornando o cinema apenas
como um “lugar lucrativo”. Desse modo, a democratização do acesso a esses
locais torna-se distante da realidade vivida.
Portanto, cabe ao Governo investir em projetos que facilitem o acesso
ao cinema, principalmente nas regiões interioranas, por intermédio do auxílio
financeiro a empresas exibidoras, a fim de descentralizar os locais em que há
transmissões de filmes. Outrossim, compete às ONGs, como organizações que
visam suprir as necessidades populacionais, realizar campanhas em prol de
salas bem estruturadas e de reduções do preço cobrado pelos ingressos das
sessões cinematográficas, por meio das redes sociais e dos outros veículos de
comunicação, com o objetivo de democratizar a ida ao cinema e de, dessa
maneira, afastar-se da realidade narrada no filme “Cine Hollyúde”.
47
Isabella Cardoso
21 anos | Anápolis - GO | @bellaolivecard
Foto: Reprodução/Inep
48
"De modo ficcional, o filme "Cine Holiúdi"
retrata o impacto positivo do cinema no cotidiano das
cidades, dada a sua capacidade de promover o lazer, sociali-
zação e cultura. Entretanto, na realidade, tais benefícios não atingem toda
a população brasileira, haja vista a elitização dos meios cinematográficos e
a falta de infraestrutura adequada nos cinemas existentes. Sendo assim,
urge a análise e a resolução desses entraves para democratizar o acesso ao
cinema no Brasil.
A princípio, é lícito destacar que a elitização dos meios
cinematográficos contribui para que muitos brasileiros sejam impedidos
de frequentar as salas de cinema. Isso posto, segundo o filósofo inglês Nick
Couldry em sua obra "Por que a voz importa?", a sociedade neoliberal
hodierna tende a silenciar os grupos menos favorecidos, privados dos
meios de comunicação. A partir disso, é indubitável que a localização dos
cinemas em áreas mais nobres e o alto valor dos ingressos configuram
uma tentativa de excluir e silenciar os grupos periféricos, tal como discute
Nick Couldry. Nesse viés, poucos são os indivíduos que desfrutam do
direito ao lazer e à cultura promovidos pela cinematografia, o qual está
previsto na Constituição e deve ser garantido a todos pelo Estado.
Ademais, vale postular que a falta de infraestrutura adequada para
todos os cidadãos também dificulta o acesso amplo aos cinemas do país.
Conquanto a acessibilidade seja um direito assegurado pela Carta Magna e
os cinemas disponham de lugares reservados para cadeirantes, não há
intérpretes de LIBRAS nas telas e a configuração das salas — pautada em
escadas —, não auxilia o deslocamento de idosos e portadores de
necessidades especiais. À luz dessa perspectiva, é fundamental que haja
maior investimento em infraestrutura para que todos os brasileiros sejam
incluídos nos ambientes cinematográficos.
Por fim, diante dos desafios supramencionados, é necessária a ação
conjunta do Estado e da sociedade para mitigá-los. Nesse âmbito, cabe ao
poder público, na figura do Ministério Público, em parceria com a mídia
nacional, desenvolver campanhas educativas — por meio de cartilhas
virtuais e curta-metragens a serem veiculadas nas mídias sociais — a fim de
orientar a população e as empresas de cinema a valorizar o meio
cinematográfico e ampliar a acessibilidade das salas. Por sua vez, as
empresas devem colaborar com a democratização do acesso ao cinema
pela cobrança de valores mais acessíveis e pela construção de salas
adaptadas. Feito isso, o Brasil poderá garantir os benefícios do cinema a
todos, como relata o filme "Cine Holiúdi"."
49
Isabelle Moreira
18 anos | Guapimirim - RJ | @imaginamed
Foto: Reprodução/Inep
50
"A Constituição Federal de 1988 ― norma
de maior hierarquia do sistema jurídico brasileiro ― garan-
te o acesso ao lazer. No entanto, a população se mostra distante da
realidade prometida pela norma constitucional, haja vista que os cinemas
brasileiros recebem um público cada vez menor. Dessa forma, entende-se
que a desigualdade regional, bem como a elitização do acesso ao cinema
apresentam-se como entraves para a inclusão na esfera cinematográfica.
Em primeiro plano, é necessário ressaltar que o acesso ao cinema é
mal distribuído no território brasileiro. A esse respeito, em 1956, durante o
governo de Juscelino Kubitschek, multinacionais se instalaram no Brasil,
majoritariamente, nas regiões Sul e Sudeste. Desse modo, na
contemporaneidade, o país expandiu sua preferência regional para a
indústria cinematográfica, de modo que as regiões Norte e Nordeste ainda
apresentam-se excluídas a esse acesso ao lazer, pelo fato de as empresas
preferirem construir os cinemas em grandes metrópoles as quais lhes
darão mais lucro. Nesse viés, enquanto parcela do país for privilegiada, o
direito constitucional será uma realidade distante para parte da
população.
Ademais, outro fator é responsável pela deficiência da
democratização no âmbito cinematográfico: a elitização do acesso.
Segundo o filósofo Pierre Lévy, toda tecnologia cria seus excluídos, de fato,
a população de baixa renda é mantida excluída no que diz respeito à
tecnologia do cinema, devido à segregação socioespacial. Nesse sentido,
grande parcela dos cinemas se localizam em "shoppings centers", com
ingressos caros que nem todos podem pagar. Desse modo, é necessário
que medidas sejam tomadas para garantir o acesso a todas as classes.
Fica evidente, portanto, que nem todos tem acesso ao cinema como
entretenimento. Nesse contexto, cabe ao Ministério da Cultura ― órgão
responsável pelo sistema cultural brasileiro ― garantir à população a
oportunidade de frequentar um cinema, por intermédio de políticas de
descontos na compra de ingressos de acordo com a renda, a fim de incluir
toda sociedade no "mundo cinematográfico". Dessa forma, os brasileiros
verão o direito garantido pela Constituição como uma realidade próxima."
51
Foto: Reprodução/Inep
52
"Na sua origem, o cinema era um mecanismo
de registro de momentos significativos e tinha cunho científico,
mas, pouco antes do início do século XX, ele foi apresentado ao mundo
como, além de entretenimento, uma arte e, ao longo dos anos, ganhou forte
repercussão internacional. Foram representados em vídeo personagens famosos,
tais como Mickey Mouse, o Batman, o "Superman", entre outros, que conseguiram
grande sucesso ao redor do planeta. O cinema, contudo, evoluiu, à medida que o
tempo passou, e, hoje, não é apenas uma forma de diversão para as massas, mas
também um meio de expor visões de mundo, capaz de formar opiniões de
grande valor. Assim, devido a seus muitos benefícios, é imprescindível
democratizar seu acesso no Brasil.
O cinema cumpre um importante papel de conscientizar as pessoas. O
filme "O Grande Ditador", de Charles Chaplin, por exemplo, traz consciência a
respeito do preconceito contra os judeus, pois retrata a Alemanha por volta de
1940, época em que era dominada por um regime nazista, o qual pregava o
antissemitismo. Esse filme também apresenta um contexto que se assemelha ao
cenário político atual do Brasil, já que retrata a opressão de um governo ditatorial,
fenômeno cujo conhecimento é muito importante na contemporaneidade, uma
vez que grupos que defendem o autoritarismo e outras medidas
anti-democráticas têm surgido e ganhado espaço no território nacional. Desse
modo, os filmes têm grande peso na conscientização do povo brasileiro acerca de
problemas como o preconceito e a ameaça à democracia.
Além disso, a sétima arte, como é chamado o cinema, funciona como uma
importante fonte de informações. Os documentários, filmes que, como sugere o
nome, documentam períodos, acontecimentos históricos e contextos
geopolíticos, são de extrema importância para a construção de opiniões e de
conhecimento por parte dos brasileiros. O documentário "Brasil, um país
violento", da Rede Globo, como exemplo, traz dados relevantes sobre a violência
no país e captura a atenção dos espectadores, devido à dramaticidade das cenas.
Dessa maneira, os documentários conseguem unir a beleza da arte à transmissão
de informações; são, pois, indispensáveis à nação brasileira, haja vista que
contribuem sobremodo para a formação do pensamento crítico nacional.
Portanto, em vista da grande relevância que essa arte possui, o governo
brasileiro e os shoppings (locais onde os filmes, em sua maioria, são exibidos), em
parceria, deve fornecer, universal e democraticamente, cinema aos brasileiros,
principalmente nas zonas rurais, nas tribos indígenas que queiram acesso aos
filmes, nas periferias das cidades e nas favelas, visto que essas áreas foram,
historicamente, deixadas à margem da sociedade, durante muitas décadas. Tal
ação deve ser feita por meio do estabelecimento de salas de cinema próximas
esses lugares. Essas salas, por sua vez, precisarão ter seus ingressos parcialmente
custeados pelo governo, de modo a baratear o acesso dos mais pobres às obras
cinematográficas. Isso será realizado para que, como consequência, todos os
habitantes da nação, ricos ou pobres, tenham acesso digno a essa tão importante
forma de arte. Ao fazer isso, o Brasil conseguirá, por fim, democratizar o acesso
aos filmes."
53
Juliana Souza
18 anos | Rio de Janeiro - RJ | @julianaesp
Foto: Reprodução/Inep
54
"Segundo o filósofo Friedrich Nietzsche,
a arte existe para impedir que a realidade nos destrua. Sob
essa ética, é inegável a crucialidade das expressões culturais para
a promoção do bem-estar do homem moderno. No entanto, ao se
observar o caráter excludente do acesso ao cinema no Brasil, é notório que
essa imprescindibilidade não tem sido considerada no país. Nesse sentido,
pode-se afirmar que a negligência governamental e a escassa abordagem
do problema agravam essa situação.
Primeiramente, é válido destacar que a displicência estatal colabora
com esse cenário. De acordo com o Artigo 6º da Constituição Federal do
Brasil, promulgada no ano de 1988, todo cidadão brasileiro tem direito ao
lazer. Entretanto, ao se analisar a concentração de cinemas nas áreas de
renda mais alta das grandes cidades, é indiscutível que essa premissa
constitucional não é valorizada pelo governo nacional. Dessa maneira, é
importante salientar que essa má atuação do Estado provoca o acesso
desigual essa atividade de exibição por parte da população e,
consequentemente, garante a condição de subcidadania de diversos
indivíduos.
Além disso, é pertinente ressaltar que a insuficiente exposição dessa
problemática contribui para a não democratização desse programa
cultural. Nessa perspectiva, muitas vezes, a mídia negligência o debate
acerca da ausência de lazer nas periferias urbanas e no interior do país, o
que faz com que a carência de cinemas nessas regiões não seja
denunciada. Dessa forma, é indubitável que a pouco abordagem midiática
com relação ao caráter restritivo do universo cinematográfico proporciona
a perpetuação da concentração regional dessa atividade de exibição.
Torna-se evidente, portanto, que o acesso não democrático ao
cinema no Brasil é um entrave que precisa ser solucionado. Sendo assim, o
Estado deve investir na ampliação do alcance desse programa cultural, por
meio da capitalização das empresas exibidoras. Isso pode ocorrer, por
exemplo, com a concessão de subsídios fiscais a instituições privadas que,
comprovadamente, promovam a construção de cinemas nas áreas
carentes do país, a fim de que a acessibilidade a essa atividade de exibição
seja garantida de forma igualitária. Ademais, a mídia deve elaborar
reportagens de denúncia, as quais exibam a carência desse tipo de lazer
nas periferias urbanas. Desse modo, certamente, a afirmação de Nietzsche
será vivenciada por todos os cidadãos brasileiros."
55
Jurandi Campelo
17 anos | Fortaleza - CE | @jurandicampelo
Foto: Reprodução/Inep
56
"Com o advento da Revolução Técnico-
-Científico-Informacional, o cinema se desenvolveu
amplamente — sobretudo por conta do aditamento dos inves-
timentos nessa área. Nesse sentido, o acesso a esse tipo de arte é de
notória importância, pois propicia uma série de benefícios, como o
desenvolvimento cognitivo do indivíduo e a percepção crítica da
sociedade. Não obstante, no Brasil, falhas quanto à democratização do
acesso ao cinema — por conta da inadimplência governamental e da
ausência de importância dada pela sociedade — atenuam sua
funcionalidade. Portanto, são necessárias medidas capazes de garantir
esses benefícios.
Sob essa óptica, o filósofo austríaco Sigmund Freud — em sua teoria
desenvolvimentista — tratou da influência do meio na formação cognitiva
do indivíduo. Acerca dessa lógica, a exposição à arte cinematográfica é
capaz de desenvolver o raciocínio e de atuar positivamente no
subconsciente humano. Contudo, a insuficiência das políticas públicas de
incentivo ao cinema restringem o acesso a esse meio, o que atenua a ação
desenvolvimentista deste. A título de exemplo, o Brasil — segundo a
ANCINE — é um país que possui elevados índices de segregação quanto ao
acesso ao universo cinematográfico. Destarte, é necessário maior
protagonismo por parte dos governantes.
Outrossim, Charlie Chaplin — célebre ator e diretor britânico —
reiterou a importância do cinema na configuração de uma perspectiva
crítica da sociedade. Nesse viés, o cinema é capaz de gerar o debate acerca
de problemas do cotidiano, que, por muitas vezes, são aceitos
indevidamente e, ao analisar os temas abordados, é capaz de promover
notórias melhorias no âmbito social. Todavia, grande parte da sociedade
não valoriza as obras cinematográficas, por enxergá-las, tão somente,
como uma forma de entretenimento. Faz-se premente, pois, campanhas
informativas capazes de descaracterizar essa errônea visão.
Dessarte, os governantes, por meio da diminuição do custo de
acesso aos cinemas — possibilitada por parcerias público-privadas — devem
acessibilizar o acesso a essa forma de cultura, com o fito de propiciar o
desenvolvimento cognitivo da população. Ademais, as escolas e as
universidades, mediante palestras e debates, devem informar a população
a respeito da importância do cinema, com o objetivo de configurar um
comportamento crítico quanto às falhas da sociedade. Dessa forma, será
possível dissociar a atual conjuntura, aproximando-se dos ideais de Freud e
Charlie Chaplin."
57
Laura Brizola
20 anos | Novo Hamburgo - RS | @laurabrzola
Foto: Reprodução/Inep
58
"A democratização do acesso ao cinema no
Brasil é um processo que encontra desafios nos âmbitos
culturais e institucionais do país. Isso pode ser explicado pelo distancia-
mento entre a cultura popular brasileira e os filmes disponíveis para o público,
bem como pela ausência de investimentos estatais nas produções nacionais.
Dessa forma, é preciso intervir de modo a tornar o cinema um produto da
democracia brasileira.
A indústria cinematográfica prejudica a democratização do cinema ao
sobrepor culturas estrangeiras — como super-heróis americanos — à cultura do
país. Devido ao fato de que o cidadão brasileiro não reconhece elementos de
sua vivência (como os regionalismos) naquilo que é veiculado,
majoritariamente, pelas mídias desse setor, seu repertório de lazer passa a
não incluir a opção do cinema. Evidencia-se esse fenômeno no dado
divulgado pelo site Meio e Mensagem, que afirma que apenas 17% da
população frequenta o cinema. Dessa maneira, a popularização da arte em
questão se dará pelo retrato do cotidiano do povo, como efetuado pelo
cineasta Glauber Rocha na década de 1970, com o "Cinema Novo", que
aproximou as camadas populares ao abordar aspectos do Brasil com uma
perspectiva nacionalista. Assim, o acesso ao cinema deve ser democratizado
pela apropriação brasileira da produção cultural: teremos mais "Lampiões" e
menos "Lanternas-verde".
Ademais, o desafio da ausência de investimento estatal deve ser
enfrentado para que o acesso ao cinema seja difundido. Segundo a área de
conhecimento "Epistemologia da Geografia", os processos sociais apresentam
o princípio de interconexão: existem por fatores humanos e físicos, não
podendo ser analisados separadamente. Nesse sentido, o fenômeno de
democratização da arte cinematográfica é explicado por fatores humanos
(supracitados) e por fatores físicos, que são institucionais. O Estado brasileiro
não financia a cultura do cinema como deveria, a exemplo dos cortes de
verbas anunciados pelo Governo, em 2019, para Agência Nacional de Cinema
(ANCINE). Como consequência disso, a confecção dessa arte é inviabilizada e
sua democratização "física", que poderia ser feita com a ampliação das
produções nacionais, também. Logo, urge a necessidade de investir na difusão
do patrimônio cinematográfico do Brasil.
Portanto, a fim de democratizar o acesso ao cinema no Brasil e
aproximá-lo da cultura popular, o Estado deve adotar medidas de priorização
dos investimentos no cinema. Isso pode ser feito por meio de políticas de
patrocínio aos cineastas que retratarem o país, com foco nas características
de cada região. Além disso, tais produções podem ser reproduzidas em
associações de moradores e escolas, levando ao povo sua identidade. Nesse
caminho, o cinema será uma arte de acesso popular — uma arte que imita a
vida."
59
Letícia Islávia
19 anos | Teresina - PI | @let.islavia
Foto: Reprodução/Inep
60
"De acordo com a Constituição de 1988,
todos os cidadãos possuem o direito ao lazer na comu-
nidade. Contudo, na atual sociedade brasileira, há uma ínfima
democratização do acesso aos cinemas devido, majoritariamente, à
negligência governamental e à má formação socioeducacional.
A priori, vale ressaltar o Pacto Social, do contratualista John Rawls,
ao inferir que o Estado deve garantir os direitos imprescindíveis dos
indivíduos, como o lazer e o bem-estar. No entanto, é evidente o
rompimento desse contrato quanto aos cinemas brasileiros, visto que
existe uma concentração desses espaços nas áreas de maiores rendas, o
que torna um ambiente excludente para uma parcela da sociedade. Assim,
é notória a ineficácia estatal na integração desse tipo de lazer para toda a
população, pois, com a grande distância dos locais periféricos aos centros
urbanos e o elevado custo para ter esse acesso, os cidadãos se
desestimulam a frequentarem os cinemas.
Além disso, alude-se ao pensamento do intelectual Paulo Freire, ao
evidenciar que, "se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem
ela tampouco a sociedade muda". Sob essa perspectiva, percebe-se a
importância do estímulo nas escolas ao acesso dos jovens ao cinema, haja
vista que existem muitos jovens que não conhecem seus direitos ao lazer,
como o pagamento do valor de meia entrada nos cinemas por estudantes.
Dessa forma, as instituições de ensino possuem uma importante função na
democratização desse acesso, colaborando para que os cidadãos possuam
um acesso aos seus direitos e o hábito de frequentarem os cinemas.
Portanto, urge ao governo federal, aliado às esferas estadual e
municipal, descentralizar os cinemas, por meio da ampliação das redes
cinematográficas em todo o Brasil e nos locais periféricos das cidades, com
a finalidade de permitir que toda a sociedade tenha esse acesso, sem
haver uma locomoção de longa duração e com custo acessível aos
indivíduos de baixa renda. Ademais, compete à Escola, em parceria com as
empresas cinematográficas, orientar os adolescentes a frequentarem os
cinemas, por intermédio de projetos pedagógicos (como atividades
lúdicas, filmes e documentários) que elucidem sobre a importância da
crítica dos cinemas e como adquirir os direitos ao acesso ao lazer, a fim de
aumentar o número de telespectadores dessa arte. Com isso, efetivar (sic) o
que garante a Constituição de 988, melhorando a democratização desse
acesso."
61
Lívia Bonin
18 anos | Limeira - SP | @liviabonin
Foto: Reprodução/Inep
62
"Com o início da ditadura de Getúlio Vargas
em 1937, a necessidade do governo de perpetuação no
poder resultou no surgimento do cinema estadonovista enquanto
mecanismo de exaltação da nação, a fim de gerar uma identidade nacional
que promoveria apoio popular ao regime. Diante desse cenário, torna-se
evidente que o meio cinematográfico configura um importante instrumento
cultural e político que deve, portanto, ter um acesso democratizado no Brasil.
Nesse sentido, convém analisar o processo de expansão do cinema brasileiro
no contexto de uma urbanização concentradora e, ainda, a importância de
sua democratização para a difusão de conhecimento no país.
Em primeiro plano, é fundamental compreender que a dificuldade de
acesso ao cinema por parte das camadas populares marginalizadas é
consequência direta da falta de planejamento atrelado à questão social
durante o processo de urbanização brasileira. Isso porque, na década de 1950,
o governo de JK promoveu, através do plano do "Tripé Econômico", a
industrialização do Brasil e o consequente crescimento das cidades sem que
houvesse, no entanto, uma política pública que ampliasse o acesso aos
recursos advindos dessa modernização. Dessa maneira, entende-se que o
cinema, enquanto mudança tecnológica intensificada no referido processo,
tornou-se um entretenimento restrito aos indivíduos econômica e
socioespacialmente favorecidos, o que representa um obstáculo à busca pela
democratização do meio cinematográfico.
Além disso, o acesso ao cinema garante a efetivação do livre
pensamento através da propagação de um conteúdo altamente reflexivo. De
acordo com os iluministas Diderot e D'Alembert, autores da "Enciclopédia", a
democratização da educação é fundamental no combate à alienação dos
cidadãos, garantindo aos mesmos sua efetiva liberdade. Dessa forma,
entende-se que o cinema torna-se um instrumento educacional importante
na medida em que apresenta o entretenimento como meio de reflexão social,
o que contribui com a construção de cidadãos críticos dentro da democracia
brasileira.
Diante do exposto, é necessário que as Câmaras Municipais, em
parceria com as Secretarias da Cultura, combatam os efeitos negativos do
"Tripé Econômico" através de investimentos na construção de cinemas
municipais em regiões marginalizadas, a fim de evitar que a desigualdade
socioespacial seja um obstáculo à difusão de cultura no Brasil. Paralelamente,
o Ministério da Educação deve garantir a efetivação da Liberdade proposta
pela "Enciclopédia" por meio da inserção, na grade curricular do Ensino
Fundamental, de aulas que promovam análises de filmes com fins educativos,
visando ao desenvolvimento da criticidade dos alunos. Assim, poder-se-á
retornar a importância cultural e política do cinema estadonovista através da
democratização do acesso ao meio cinematográfico no atual cenário
brasileiro."
63
Lívia Ribeiro
18 anos | Belo Horizonte - MG | @livia.ribeiro15
Foto: Reprodução/Inep
64
"Segundo o filósofo grego Aristóteles, a ar-
te desempenha o papel de imitar a realidade, permitindo
àquele que a aprecia experimentar outras visões do real e apren-
der com elas. Nesse sentido, o cinema, uma vez que se constitui como
forma de arte, tem a função não só de entretenimento, mas também de
ferramenta de ensino. Contudo, a realidade brasileira demonstra um
contexto de “elitização” das artes cinematográficas, excluindo diversos
grupos sociais desse processo educativo, sobretudo aqueles que possuem
menor renda.
De acordo com a Constituição Federal, todo cidadão tem direito à
educação de qualidade e ao lazer. Sendo o cinema um instrumento de
promoção de ambos esses direitos, torna-se evidente a importância da
garantia do acesso amplo a ele. Assim, dialogando com as ideias de Paulo
Freire, patrono da educação brasileira, investir na democratização do
cinema é incentivar um ensino libertador, o qual estimule os cidadãos a
buscar verdadeiramente o conhecimento, ao contrário de uma “educação
bancária” – conteudista. Ao sintetizar aprendizado e entretenimento, o
cinema colabora, assim, para a educação freireana.
No entanto, a realidade do Brasil reflete uma evidente exclusão
social no que se refere ao acesso às salas de cinema no país. Em um
contexto de concentração de renda, dados apontam que apenas cerca de
um quinto dos brasileiros que demonstram interesse por filmes
frequentam as salas, revelando que o principal ambiente de propagação
dessa forma de arte apresenta um público seleto, sendo o motivo mais
comum os altos valores cobrados pelos ingressos. Diante desse cenário de
desigualdade, a divulgação do cinema de forma democrática torna-se um
desafio, exigindo ações que revertam essa realidade.
Dessa forma, a fim de promover o acesso amplo a formas
alternativas de educação libertadora, cabe ao Ministério da Educação e
Cultura investir na criação de salas de cinema de acesso gratuito, por meio
da criação de novos cursos de Cinema nas Universidades Federais e a
instalação desses ambientes de reprodução de filmes sob administração
das faculdades, garantindo a prioridade de pessoas de baixa renda,
incentivando, assim, a democratização das artes cinematográficas e o
aprendizado dos estudantes e espectadores."
65
Lucas Rios
18 anos | Belo Horizonte - MG
Foto: Reprodução/Inep
66
"O cinema se tornou uma tecnologia com
grande potencial expressivo e, por essa razão, é considerado
uma forma de arte. Simultaneamente, apresenta elevado valor lú-
dico, prova pelo recente sucesso de obras como "Coringa" e "Vingadores:
Ultimato". Infelizmente, no contexto brasileiro, nem todos têm amplo
acesso a tal maravilha. Nesse sentido, percebe-se a existência de
problemas sociais e econômicos que dificultam a democratização dessa
atividade no país.
Segundo o economista Ludwig von Mises, um dos grandes nomes da
Escola Austríaca de Economia, o homem quando em liberdade, tende a
agir buscando a maximização de sua felicidade. Sob essa ótica, nota-se
que indivíduos com baixo poder aquisitivo priorizarão serviços de
necessidade básica (como alimentação, saúde e moradia) em detrimento
de atividades culturais, uma vez que aqueles, por serem essenciais à
sobrevivência, lhes farão mais felizes que estes. Assim, a fragilidade
econômica torna-se um fator de exclusão de certas parcelas da população
nacional do mundo cinematográfico.
Além disso, de acordo com o Índice de Liberdade Econômica
desenvolvido pela Heritage Foundation, o Brasil está entre os piores países
para abrir uma empresa. Isso é resultado da alta complexidade tributária e
burocrática, que resulta em maiores custos tanto para empreendedores
quanto para consumidores. Por não ser imune a tal fenômeno, o setor do
cinema sofre com as mesmas consequências, que restringem ainda mais a
participação popular nas sessões. Dessa forma, a abertura e simplificação
desse mercado são medidas necessárias para democratizá-lo, dado que
reduzem os preços.
Diante do exposto, evidenciam-se os desafios sociais e econômicos
para o pleno acesso da população brasileira às obras cinematográficas.
Cabe, então, ao Ministério da Cidadania, por ter herdado as funções do
extinto Ministério da Cultura, criar, por meio de parcerias com as empresas
do setor, entradas gratuitas periódicas para a população de baixa renda, de
modo a facilitar a sua participação nas salas de cinema e,
consequentemente, popularizar o acesso à cultura. Paralelamente, o
Ministério da Economia deve estimular, através de medidas provisórias, a
redução de impostos e regulações no mercado citado. Desse modo,
concretizar-se-ão os seus valores lúdico e artístico, que serão apreciados
pelo povo brasileiro como um todo."
67
Luísa Dornelas
20 anos | Belo Horizonte - MG
Foto: Reprodução/Inep
68
"A primeira exibição pública do cinema ocor-
reu no ano de 1895 na França e, aos poucos, difundiu-se para
todas as nações, sendo ainda uma grande fonte de entretenimento,
inclusive no Brasil. Além disso, é notória sua função social ao proporcionar aos
espectadores tanto uma atividade de lazer quanto uma propagação de
informações e de conhecimentos, como os documentários e os filmes contendo
alusões históricas. Nesse viés, a Constituição brasileira de 1988 determina o
direito ao entretenimento a todos os cidadãos, assegurando o princípio da
isonomia. Entretanto, o acesso aos cinemas no país vem deixando, grandemente,
de ser democrático, sobretudo devido à segregação espacial e aos elevados
custos, ferindo o decreto, o que demanda ação pontual.
Decerto, o processo de urbanização brasileiro ocorreu de forma acelerada e
desorganizada, provocando o surgimento de aglomerados no entorno dos centros
urbanos. Diante dessa conjuntura, essas periferias sofrem, de modo geral,
históricas negligências governamentais, como a escassez de infraestrutura básica,
de escolas e de hospitais. Não obstante, tais regiões também carecem de espaços
de lazer, como os cinemas, que, majoritariamente, concentram-se nas áreas
centrais e de alta renda das cidades. Assim, corrobora-se a teoria descrita pelo
filósofo francês Pierre Lévy de que “toda nova tecnologia gera seus excluídos”.
Portanto, o cinema, sendo uma inovação técnica, promove a segregação dos
indivíduos marginalizados geograficamente.
Ademais, a maioria dos cinemas pelo Brasil cobram altos valores pelos
ingressos das sessões, o que se torna inviável para grande parte da população,
haja vista a situação econômica de crise que o país enfrenta, em que muitos
indivíduos se encontram desempregados ou possuem baixa renda familiar. Desse
modo, descumpre-se a determinação da Constituição Cidadã de igualdade de
acesso ao lazer pela população, especialmente um entretenimento tão difundido
entre a sociedade e de grandes benefícios pessoais, como a aquisição de
informações e a ampliação da criticidade. Por fim, ratifica-se a tese desenvolvida
pelo jornalista brasileiro Gilberto Dimenstein acerca da Cidadania de Papel, isto é,
embora o país apresente um conjunto de leis bastante consistente, elas se atêm,
de forma geral, ao plano teórico. Logo, a garantia de igualdade de acesso ao
cinema pelos cidadãos não é satisfatoriamente aplicada na prática,
impulsionando a segregação social.
Observa-se, então, a necessidade de democratização dos cinemas no Brasil.
Para tanto, é preciso que a Ancine – Agência Nacional de Cinema – amplie o
acesso da população aos cinemas. Isso ocorrerá por meio do incentivo fiscal às
empresas do ramo, orientando a construção de mais cinemas nas regiões
periféricas, a redução dos preços dos ingressos e a concessão de gratuidade de
entrada para a parcela da sociedade pertencente às classes menos favorecidas,
como indivíduos detentores de renda familiar inferior a um salário mínimo. Dessa
forma, mais brasileiros terão a possibilidade de acesso aos cinemas e, finalmente,
a isonomia será garantida nesse contexto, reduzindo a desigualdade entre a
população."
69
Foto: Reprodução/Inep
70
"O filme “Bastardos Inglórios”, ao contextualizar
cenas em meados do século XX, retrata o caráter elitista das
exibições de cinema, uma vez que eram espaços de socialização das
classes ricas da época. Na contemporaneidade, embora seja mais amplo, ainda há
entraves a serem superados quanto à democratização do acesso às salas
cinematográficas no Brasil. Nesse sentido, os resquícios de uma herança
segregacionista no que diz respeito à frequência de locais de cinema, geram a
dificuldade de manter esse hábito em grande parte da população, o que perpetua a
problemática.
Nessa linha de raciocínio, é fundamental ressaltar que a urbanização tardia e a
constante gentrificação de espaços citadinos brasileiros são responsáveis pela
permanência de costumes elitistas. Com efeito, o geógrafo Milton Santos, ao estudar
a organização das cidades do Brasil, postula que o processo rápido e desorganizado
de construção urbana provocou a marginalização de grande parte dos cidadãos.
Desse modo, o acesso a shopping centers e demais espaços de lazer, como os
cinemas, ficou restrito àqueles que possuem meios para tal, ou seja, à parcela da
população que mora perto desses locais centrais – a elite -, ou que possui recursos
para se deslocar e consumir esses produtos culturais – também a elite. Assim, no que
tange à exibição de filmes, há resquícios de um caráter segregacionista, visto que a
marginalização e a gentrificação excluem a massa populacional dos espaços
cinematográficos, mantendo a problemática.
Por conseguinte, a dificuldade de manter o hábito de frequentar tais locais
impede a democratização do acesso ao cinema. Nesse aspecto, a teoria do sociólogo
Pierre Bourdieu acerca de “capital cultural” vai ao encontro da realidade brasileira.
Em seus postulados, Bourdieu discute a influência das referências socioespaciais nos
costumes do indivíduo, concluindo que o desenvolvimento de valores que incluam
certa cultura é imprescindível à manutenção dos costumes referentes à ela. Sendo
assim, a herança elitista de frequência às salas cinematográficas e demais
plataformas de exibição impede a construção de um capital cultural em parte
significante da população do país, prejudicando sua democratização. Um exemplo
disso é o relato da autora Carolina Maria de Jesus, em seu livro “Quarto de despejo”,
no qual ela conta que, por residir na periferia, o dinheiro que seus filhos gastariam
para assistir aos longas no cinema não era suficiente nem para pagar seus
deslocamentos até lá.
Portanto, visando mitigar os entraves à resolução da problemática, algumas
medidas são necessárias. Primeiramente, cabe ao Governo Federal criar programas de
apoio à cultura cinematográfica, por meio de sistemas de assistência às famílias
carentes e especialmente distantes dos centros de lazer, como "vales cultura", junto a
"vales transporte", para que os processos conceituados por Milton Santos (como
gentrificação, que é a expulsão de indivíduos de uma área para a construção de
espaços elitizados) não interfiram no acesso populacional ao cinema. Por fim, é dever
das escolas promover formas de desenvolvimento de valores referentes à cultura
cinematográfica, através de exibições extra-classe, como em gincanas e trabalhos
lúdicos, a fim de que tanto os alunos, quanto os pais possam construir o "capital"
postulado por Bourdieu, de de modo que tenham interesse de frequentar os espaços
de plataformas de filmes, ampliando, então, o acesso a elas. Enfim, o cenário
retratado no longa "Bastardos Inglórios" não será reproduzido no Brasil, haja vista que
o aporte ao cinema será democratizado."
71
Foto: Reprodução/Inep
72
"A partir do avanço do desenvolvimento das
grandes cidades brasileiras, ocorrido durante o século XX,
decorrente do alastramento do capitalismo e do êxodo rural, o país
passou por certas transformações que marcaram o modo de vida das populações
dessas cidades, como o crescimento do número de salas de cinema em
estabelecimentos comerciais. Nesse contexto, é notável que a prática de
frequentar o cinema se configura como uma forma de entretenimento/lazer no
dia a dia das pessoas; no entanto, é perceptível que o acesso a tal ambiente não é
garantido a 100% da população brasileira, o que pressupõe uma discussão acerca
da problemática.
A princípio, vale citar a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948, que garante a
todo indivíduo o direito ao bem-estar social, assim como o acesso ao lazer. Assim,
todo indivíduo é passível de uma vida digna, que tenha o mínimo de acesso à
cultura e ao lazer. Nesse viés, o cinema pode ser visto como uma forma de
entretenimento capaz de oferecer aos seus espectadores uma "fuga da realidade",
possibilitando um momento de descontração e lazer que muitas pessoas
necessitam para superar as frustrações diárias advindas do estresse
contemporâneo que assola a sociedade.
Por outro lado, é necessário, indubitavelmente, destacar o fato de o Brasil
ser um país extremamente desigual socialmente, que não possui uma
democratização do acesso ao lazer. O país, que atualmente possui uma
população de cerca de 210 milhões de habitantes, ainda enfrenta a enraizada
divisão social promovida desde o processo de colonização, ocorrida no século XVI.
Essa perspectiva pode ser comprovada pelas palavras do renomado escritor
brasileiro Ariano Suassuna: "Que é muito difícil você vencer a injustiça secular,
que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos
despossuídos". Nesse sentido, é possível concluir que a precariedade do modo de
vida de uma parcela da população marginalizada pela sociedade impossibilita
que uma parte dos brasileiros desfrute de certas regalias, como, no caso, o acesso
ao cinema.
Portanto, medidas cabíveis são necessárias para uma amenização ou
possível superação do impasse. Cabe ao Congresso Nacional formular leis que
garantam a inserção da população marginalizada em locais públicos como as
salas de cinema, por meio de políticas públicas, como a criação de conjuntos de
cinema localizados em regiões distantes dos centros das grandes cidades (em
periferias ou bairros mais carentes), assim como em cidades localizadas no
interior do país. Outra ação eficaz é a criação de "carteirinhas" para pessoas de
baixa renda das cidades demograficamente maiores, para que possam frequentar
cinemas com, por exemplo, metade do preço cobrado pelas empresas; tal ação
pode ser firmada a partir de uma parceria público-privada entre o Estado e
empresas fornecedoras do serviço. Com isso, o acesso a locais como o cinema
será mais justo e igualitário , e o país terá, assim, um avanço no quesito
"democratização do acesso à cultura e ao lazer", previsto pela ONU."
73
Matheus Adriano
22 anos | São Luís - MA | @andradefmatheus
Foto: Reprodução/Inep
74
"O poeta Sebastião Uchoa Leite já
mencionou que o cinema era uma de suas grandes
inspirações em razão das diferentes perspectivas que este pode
dar sobre o mundo. Portanto, o cinema, enquanto ferramenta de reflexão,
beneficia a população brasileira, mas enfrenta, lamentavelmente, desafios
para a democratização de seu acesso em escala nacional. Isso se deve, por
um lado, a um padrão cinematográfico que não contempla as diversidades
regionais e, por outro, a uma elitização da “sétima arte”, afastando-a das
periferias.
Em primeiro lugar, o Brasil reproduz, majoritariamente, filmes
americanos, de padrão “hollywoodiano”, que não contemplam as
expressões regionais brasileiras. Segundo o filósofo Emmanuel Lévinas,
uma sociedade justa deve respeitar a alteridade de seus membros, de
modo que sua exclusão é uma forma de violência. Assim, o cinema
regional aparece como um símbolo da cultura local, e seu incentivo é um
modo de respeitar a alteridade dessas parcelas da sociedade, incluindo-as
na cultura do cinema.
Além disso, o cinema, no Brasil, tem tido alcance restrito às classes
sociais privilegiadas, que possuem fácil acesso a shopping centers, onde a
maioria dos cinemas se concentra, ou renda suficiente para manter
serviços de streaming, como o Netflix. De acordo com o sociólogo Pierre
Bourdieu, a facilidade de acesso a obras de arte pode ser chamada de
“capital cultural”, e sua acumulação é uma maneira de reproduzir a
desigualdade social. Nesse sentido, levar o cinema às periferias é um passo
essencial para a democratização de seu acesso no Brasil e para a
distribuição do “capital cultural” entre todos.
Em conclusão, o incentivo ao cinema regional brasileiro e a difusão
da “sétima arte” nas periferias são caminhos possíveis para a
democratização do seu acesso no Brasil. Para isso, o Ministério da
Cidadania, por meio de editais públicos, deve oferecer patrocínio à
produção de filmes regionais, em especial nos interiores brasileiros, com a
finalidade de difundir o cinema regional. Concomitantemente, os Governos
estaduais, por meio de suas secretarias de cultura, devem criar campanhas
de exibição de filmes nas periferias, atendendo às especificidades de cada
estado, para difundir o acesso a esse meio artístico a todos os brasileiros."
75
Nathalia Vital
24 anos | Arapiraca - AL
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76
"Com a consolidação do capitalismo ocorrida
ao final da Guerra Fria o cinema sofreu transformações para
adequar o seu conteúdo à demanda de consumo desse modelo.
Desde então, o cinema tornou-se um dos principais meios de acesso e
difusão da cultura, no entanto, o Brasil enfrenta desafios para democratizar
o acesso ao cinema à população, seja pelo baixo incentivo para
frequentá-lo — fruto da negligência escolar em estimular o apreço pelos
filmes —, seja pela escassez de cinemas.
Nesse contexto, para o filósofo Aristóteles, o desenvolvimento de
virtudes e aptidões ocorre por meio de uma educação eficiente. Todavia, a
prática deturpa essa teoria no tocante à falha das escolas em estimular o
apreço pelos filmes, uma vez que não há projetos específicos nas aulas
para cultivar tal sentimento. Por conseguinte, se o incentivo não é
promovido, os indivíduos não desenvolvem a necessidade de ir ao cinema,
bem como não entendem a importância dele para obter um maior
conhecimento cultural e, desse modo, a democratização do acesso aos
serviços cinematográficos torna-se cada dia mais difícil.
Além disso, o acesso ao cinema também é dificultado em razão da
ausência ou escassez de cinemas em regiões periféricas, pois não há
incentivos governamentais para a instalação deles nesses locais. Sob tal
aspecto, essa falha decorre do pensamento de que o serviço
cinematográfico não é lucrativo em cidades onde o cinema não é
frequentado regularmente, entretanto, muitas vezes, as pessoas deixam de
consumí-lo em razão de não haver um cinema perto de suas residências e
do alto preço dos ingressos, os quais não são acessíveis para quem possui
baixas condições financeiras. Destarte, segundo o filósofo Jürgen
Habermas, a inclusão e o amparo à população devem ser prerrogativas
para um convívio social justo e harmonioso e, por isso, a construção de
mais cinemas irá proporcionar uma maior inclusão na sociedade e o
acesso ao cinema será ampliado.
Logo, cabe o Ministério da Educação alterar a grade curricular de
ensino — mediante a inserção de aulas de cinema nas disciplinas de
História e Sociologia, as quais trabalhem um filme por semana — a fim de
cultivar o apreço por filmes e, assim, estimular a ida ao cinema. Ademais,
compete ao Governo Federal junto à Secretaria Nacional da Cultura
investir na construção de cinemas nas cidades periféricas, com preços
acessíveis à comunidade, com o intuito de ampliar o acesso ao cinema no
Brasil de forma igualitária. Dessa maneira a democratização do acesso ao
cinema ocorrerá plenamente."
77
Nayra Amorim
18 anos | Pau dos Ferros - RN | @_nayraamorim
Foto: Reprodução/Inep
78
"No Brasil, apesar de a Constituição Federal
de 1988, em seu artigo 215, garantir acesso à cultura a
todos os brasileiros, nota-se que muitos cidadãos não usufruem
dessa prerrogativa, tendo em vista que uma grande parcela social não tem
acesso ao cinema. Dessa forma, esse cenário comprometedor exige ações
mais eficazes do poder público e das instituições de ensino, a fim de
assegurar a igualdade de acesso ao universo cinematográfico.
Efetivamente, é notório o desacordo que existe entre o que é
assegurado pela Constituição e a realidade do país, uma vez que muitos
municípios não possuem cinemas ou espaços destinados à exposição de
filmes, séries e documentários. Esse nefasto paradigma atesta, sobretudo,
uma grande desigualdade no acesso à cultura do país, tendo em vista que em
grandes cidades, como o Rio de Janeiro, o cinema é mais valorizado. Além
disso, vale ressaltar que tal desigualdade fere a Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 1948, a qual assegura a produção cultural e lazer como
um direito de todos. Logo, é fundamental que o poder público desenvolva
medidas, como a construção de mais espaços destinados aos espectadores,
com o intuito de que os anseios do artigo 215 tenham realmente vigor.
Ademais, outro fator preponderante é que, apesar da modernização do
universo cinematográfico, o qual, atualmente, possui filmes em “3D” e salas de
cinema bastante equipadas, muitos brasileiros não conseguem arcar, por
exemplo, com o custo do ingresso ou, até mesmo, o espaço destinado à
exibição de filmes, como shopping center, é distante do local onde essas
pessoas residem, inviabilizando, assim, o acesso à cultura previsto na
Constituição. Esse panorama conflituoso explicita a necessidade das
instituições de ensino em atuar de forma mais efetiva, promovendo, por
exemplo, “noites do filme” na comunidade que se sejam gratuitas, a fim de
democratizar o acesso ao cinema, sendo essa uma forma de entretenimento
da população, bem como de transmissão de conhecimento.
Portanto, cabe ao poder público intensificar os investimentos no acesso
à produção cultural do país, sobretudo, ao cinema, mediante replanejamento
orçamentário, que viabilize a destinação de mais verbas para a construção de
cinemas nos municípios, com o propósito de que mais brasileiros possam
usufruir dessa importante ferramenta para o lazer. Outrossim, as instituições
de ensino, como as escolas e as universidades, devem promover a
democratização do acesso ao cinema, por meio da exibição gratuita de filmes
em, por exemplo, auditórios e quadras escolares em horários noturnos, com o
fito de que todas as parcelas sociais possam ser atendidas."
79
Foto: Reprodução/Inep
80
"O cinema, considerado a sétima arte, é um
importante meio de difusão do conhecimento, entreteni-
mento e cultura. Por oferecer tamanha carga intelectual, ele deveria
ser de fácil acesso a todos. No Brasil, entretanto, percebe-se que, no
decorrer dos anos, o acesso a essa arte tornou-se pouco democrático
devido a fatores históricos e à reduzida a atuação estatal para resolver essa
problemática.
Em primeira análise, cabe ressaltar a histórica concentração das
salas de cinema nos principais centros urbanos do país. Pelo fato de tais
lugares terem abrigado as principais atividades econômicas nacionais —
mineração em Minas Gerais, produção de café no eixo Rio de Janeiro-São
Paulo, industrialização no Sul e no Sudeste —, esses centros concentraram
grande parte da elite urbana brasileira. Com isso, a fim de atender a essa
elite, um número maior de complexos investimentos culturais foram
realizados nessas regiões — como a Reforma Pereira Passos no Rio de
Janeiro. Por consequência, os estabelecimentos de cinema aglutinaram-se
nessas áreas, com poucos indo para o restante do país. Assim, uma grande
parte da sociedade ficou marginalizada do acesso ao cinema.
Além disso, deve-se analisar a ineficiência do Estado na
democratização desse acesso. Segundo o sociólogo Sérgio Buarque de
Holanda, o brasileiro é, desde a colonização, marcado por um
individualismo exacerbado que o leva a se apropriar do público para fins
particulares. Essa característica contribui para que muitos políticos pouco
ajam para entender os anseios do povo, como ter um acesso mais
facilitado ao cinema. Dessa forma, há uma reduzida atuação do Estado em
busca da democratização dessa forma de entretenimento.
Consequentemente, o atual cenário de exclusão de um número
considerável de cidadãos da possibilidade de adquirir cultura, por meio do
cinema, mantém-se presente no país.
O acesso pouco democrático ao cinema, em território nacional, é,
portanto, uma problemática de raízes históricas e atuais a ser combatida.
Nesse sentido, a Secretaria de Cultura deve, por meio de parcerias
público-privadas com empresas do ramo dos cinemas, investir na
construção de salas de cinema em regiões, até então, desprovidas desse
estabelecimento. Essas parcerias devem oferecer incentivos fiscais e, em
troca, a Secretaria deverá conseguir recursos e equipamentos de qualidade
para utilizar nessas novas salas. O objetivo dessa proposta é desconcentrar
as salas de cinema no país, aumentar sua oferta em todo o território e,
assim, democratizar o acesso ao cinema. Dessa forma, a carga intelectual
dessa sétima arte poderá ser mais bem difundida no país."
81
Raquel Merisio
20 anos | Linhares - ES | @raquelmerisio
Foto: Reprodução/Inep
82
"Karl Marx, pensador alemão, acredita que os
indivíduos devem ser analisados de acordo com o contexto
de suas situações sociais, já que produzem suas existências em grupo.
Nessa lógica, torna-se pontual compreender a questão do acesso ao cinema no
Brasil e os meios para haver a democratização na sociedade. A partir disso, faz-se
relevante entender que os ínfimos investimentos dos institutos de ensino em
estimular a valorização do cinema e da cultura e a persistência da
vulnerabilidade social requerem um quadro a ser revertido.
Em primeira análise, observa-se que Edgar Morin, sociólogo francês, afirma,
com conceito de "pensamento sistêmico", que é preciso ir além de um
pensamento linear, sendo necessário se preocupar com as relações de causa e
efeito. Essa questão é pertinente, uma vez que muitas escolas têm o foco
direcionado aos vestibulares e ao mercado de trabalho e negligenciam as
abordagens sociais como o debate sobre o cinema e sobre os valores
transmitidos por esse meio intelectual. Isso se torna preocupante, visto que sem a
formação de estudantes como cidadãos que apreciam a arte audiovisual, há a
permanência de sentimentos de descaso à cultura. É indiscutível, então, que haja
maior atenção dos institutos de ensino em abranger os assuntos sociais, para que
as relações de causa e efeito sejam priorizadas com a construção de alunos
envolvidos nas questões culturais e, assim, possa existir maior valorização e
ingresso dos cinemas no país.
Ademais, outra razão fundamental para a consolidação desse pensamento
é o fato de que John Locke, filósofo inglês, pontua que o Estado deve garantir os
direitos dos cidadãos como a manutenção do acesso às áreas culturais e de lazer.
Nesse caso, o equívoco eclode no erro de se acreditar que esses direitos são
assegurados com efetividade em todas as classes sociais. Sabe-se que tal relato
não pode ser afirmado, pois é notório que o que prevaleceu no Brasil é a
desigualdade social, a qual prova que as pessoas de regiões minoritárias são mais
vulneráveis ao meio e não têm acesso aos centros culturais como cinema devido
à falta de políticas públicas voltadas a essa questão. Diante desse quadro, não se
pode adiar a preocupação dos órgãos governamentais em promover áreas
cinematográficas nas regiões pobres, para que se crie uma relação de
pertencimento com a garantia dos direitos e, desse modo, exista a
democratização dessa arte no país.
O posicionamento assumido demanda, portanto, duas Medidas pontuais. A
princípio, os institutos escolares, responsáveis pela construção pessoal e social,
devem estabelecer como meta a flexibilização das metodologias aplicadas à
educação, por meio de aulas dinâmicas e transdisciplinares que abordem as
questões sociais como a valorização do cinema, para que os estudantes se
interessem pela cultura audiovisual e, assim, exista maior acesso nesse ramo. A
outra ação precisa ser fomentada pelo Ministério da Cidadania, juntamente às
ONGs, no sentido de intensificar os centros artísticos nas classes mais carentes,
por intermédio da implementação de cinemas abertos à população, a fim de que
haja acesso das práticas cinematográficas com equidade. Com esses
direcionamentos, os indivíduos, como advoga Marx, irão coexistir de forma mais
integral na sociedade com a democratização da cultura audiovisual."
83
Stela Lopes
18 anos | Belo Horizonte - MG | @stela.terra_
Foto: Reprodução/Inep
84
"A questão do acesso ao cinema, ape-
sar de não ser amplamente discutida, é um problema
muito expressivo no Brasil atualmente. A gravidade do qua-
dro é evidenciada pelos dados do site Meio e Mensagem: 83% da
população brasileira não frequentam tal ambiente. Nesse contexto,
percebe-se que o acesso ao cinema não é democratizado e convém
analisar as causas e impactos negativos dessa situação na sociedade.
Em primeiro lugar, é preciso compreender as causas dessa
problemática. Em um mundo marcado pelo capitalismo, é comum que,
cada vez mais, seja fortalecido o sistema de mercantilização do lazer, ou
seja, este passa a ser vendido por empresas em forma de mercadoria.
Nesse sentido, nota-se que, muitas vezes, parcelas da população com
condições financeiras mais baixas acabam não conseguindo ter acesso às
atividades de lazer, como o cinema, devido aos preços, geralmente,
inacessíveis. Além disso, outro fator que contribui para a falta do amplo
acesso da população ao cinema é a localização no interior dos shoppings,
os quais, normalmente, estão situados nos centros das grandes cidades, o
que acaba dificultando o acesso de moradores de bairros mais afastados.
Dessa forma, o cinema no Brasil torna-se um ambiente elitizado.
Em segundo lugar, é importante salientar os impactos negativos
desse quadro na sociedade. Tendo em vista que a parcela mais pobre da
população, geralmente, não consegue arcar com os custos de frequentar o
cinema e sabendo que o acesso ao lazer é um direito garantido pela
Constituição Federal, percebe-se a ocorrência da "cidadania de papel",
termo cunhado pelo escritor paulista Gilberto Dimenstein, que diz respeito
à existência de direitos na teoria (Constituição), os quais não ocorrem, de
fato, na prática. Sob essa perspectiva, nota-se que a falta de
democratização do acesso ao cinema gera exclusão social das camadas
menos favorecidas e impede que elas possam usufruir de seus direitos.
Portanto, é mister que o Ministério da Infraestrutura, em parceria
com o Ministério da Cultura, construa cinemas públicos, por meio da
utilização de verbas governamentais, a fim de atender a população que
não pode pagar por esse serviço, fazendo com que, assim, o acesso ao
cinema seja democratizado e essa parcela da sociedade deixe de usufruir
apenas de uma "cidadania de papel"."
85
Thiago Nakazone
17 anos | Recife - PE | @thiagonakazone
Foto: Reprodução/Inep
86
"Os filmes, além de proverem entreteni-
mento, têm uma função social muito importante: a de
denúncia. O movimento do Cinema Marginal, por exemplo, ocor-
rido na segunda metade do século XX, tornou-se único por retratar as mais
diversas desigualdades de nosso país. Por conta desse caráter tão plural,
democratizar o acesso à Sétima Arte no Brasil se faz extremamente
necessário. Contudo, quanto a isso, existem vários desafios, sendo os
principais: a desuniforme distribuição do parque exibidor e o alto preço
cobrado pelos ingressos.
De início, sabe-se que, quando surgiram em terras tupiniquins, os
cinemas eram de rua, com um único ambiente com capacidade para mais de
500 pessoas. Entretanto, a crescente onda de violência nas cidades — muito
bem retratada pelo longa-metragem brasileiro “Tropa de Elite” — fez com que
tal cenário mudasse completamente. No panorama atual, a maior parte dos
centros de exibição antigos foram demolidos, sendo substituídos por novos
complexos multissala. Esses últimos, por sua vez, afastaram-se das periferias e
abrigaram-se nos shoppings centers, capazes de fornecer um pouco mais de
segurança. Tal realidade prova, tristemente, que a criminalidade nas
metrópoles contribuiu para a centralização do parque exibidor em áreas ricas,
dificultando o acesso pelos mais pobres — um verdadeiro empecilho.
Outrossim, esse mercado — monopolizado por grandes corporações —
tornou-se bastante caro. Os altos preços cobrados por um ingresso não são
uma realidade muito viável: para diversos brasileiros com dificuldades
financeiras, o lazer dificilmente é tratado como prioridade. O país, inclusive,
conta com mais de 10 milhões de desempregados — a maior taxa dos últimos
anos —, segundo o IBGE. Engana-se, porém, que pensa que, no nosso circuito
filmográfico, não há demanda: basta ver o notável número de espectadores
nas segundas e quartas-feiras, dias de promoção. Essa delicada situação
mostra que, infelizmente, os valores abusivos espantam os consumidores e
constituem outro importante desafio.
Sabendo disso, portanto, as Secretarias de Segurança Pública
necessitam, através de ações com a Polícia Civil, criar um eficiente programa
de combate à violência urbana contendo canais de denúncia e agentes
especializados, a fim de, novamente, tornar as ruas amigáveis à instalação de
complexos de exibição. O Ministério da Economia deve, por fim, estimular
pequenos empreendedores desse mercado, por meio de empréstimos e de
incentivos fiscais, visando ampliar o parque exibidor, promover a concorrência
e, assim, abaixar os preços dos ingressos. Dessa forma, busca-se democratizar
o acesso ao cinema e superar as desigualdades retratadas no movimento
marginal."
87
Vinicius Adriano
17 anos | Belém - PA | @vini.adriano
Foto: Reprodução/Inep
88
"No longa-metragem ganhador do Oscar
“A invenção de Hugo Cabret”, narra-se o cotidiano de um
jovem garoto órfão que, apesar de viver - sob precárias condições
- em uma estação de trem parisiense, frequenta, clandestinamente, uma sala
de cinema próxima ao seu lar como uma forma de afastar-se de sua infeliz realidade.
Tal obra fictícia, além de expor um dos benefícios da ida a esse tipo de
estabelecimento, também denuncia a desigualdade do acesso à arte
cinematográfica, semelhantemente ao que ocorre no Brasil contemporâneo. Nesse
âmbito, faz-se necessário analisar dois entraves acerca do óbice social apresentado: os
elevados custos para a entrada em cinemas - incompatíveis com a condição
financeira de camadas populares - e a falta de mobilização cidadã em prol da
equidade dos direitos relacionados a essa situação.
Ademais, deve-se explicitar que considerável parcela da sociedade não busca
reverter a situação da desigualdade do acesso ao cinema no Brasil. Tal estorvo advém
de uma despreocupação dos cidadãos em exigir reformulações nos setores públicos
(como o Ministério da Cidadania) encarregados de garantir a possibilidade de
apreciação das múltiplas formas de arte por todos, o que define esse comportamento
negligente como um “eclipse de consciência”, termo - conforme o literato português
José Saramago, no romance “Ensaio sobre a cegueira” - utilizado para sintetizar a
ideia da falta de sensibilidade do indivíduo perante os imbróglios enfrentados pelo
próximo, nesse caso, o contingente populacional desprovido da oportunidade de
desfrute às produções cinematográficas. Por conseguinte, sob efeito desse fenômeno,
considerável parte dos brasileiros fomenta a invisibilização do empecilho social em
evidência, afastando as pessoas necessitadas das salas de projeção.
89
Vitória Castro
19 anos | Teresina - PI | @dicasdavitmil
Foto: Reprodução/Inep
90
"Em sua obra "Cidadãos de Papel", o
célebre escritor Gilberto Dimenstein disserta acerca da
inefetividade dos direitos constitucionais, sobretudo, no que se
refere à desigualdade de acesso aos benefícios normativos. Diante disso, a
conjuntura dessa análise configura-se no Brasil atual, haja vista que o acesso
ao cinema, no país, ainda não é democrático. Esta realidade se deve,
essencialmente, à falta de subsídios para a infraestrutura nas regiões
periféricas e à urbanização desordenada das urbes.
Sob esse viés, é importante ressaltar que a logística de instalação de
salas de cinema, nas cidades pequenas, é precária. Nesse sentido, segundo o
Contrato Social ― proposto pelo contratualista John Locke ―, cabe ao Estado
fornecer medidas que garantam o bem-estar coletivo. Contudo, a
infraestrutura das cidades pequenas e médias é, muitas vezes, pouco dotada
de incentivos para a construção de salas de exibição de filmes, como centros
de lazer ― dotados de praça de alimentação, por exemplo. Com isso, uma
parcela expressiva da população é excluída dessa atividade cultural, o que,
além de evidenciar o contexto discutido por Gilberto Dimenstein, vai de
encontro ao Contrato Social. Desse modo, políticas públicas eficazes
tornariam possível a maior acesso ao direito de cultura, garantido pela Magna
Carta de 1988, por meio do cinema.
Além disso, o crescimento urbano desordenado gerou a concentração
de cinemas em determinadas áreas da cidade, o que excluiu, principalmente,
os locais pouco evidenciados pelo mercado imobiliário. Nessa linha de
raciocínio, o geográfico Milton Santos atribuiu ao inchaço urbano desenfreado
o surgimento de processos como a Gentrificação, a qual "expulsa" a parcela de
indivíduos de baixa renda da sua moradia. Devido a isso, a distribuição de
salas de cinema ocorreu de maneira desigual, privilegiando áreas nobres. Por
conseguinte, as favelas ― localidades em aparatos sociais ― possuem pouco ou
nenhum acesso à arte cinematográfica, o que evidencia um exército de
"cidadãos de papel". Assim, o cinema pode ampliar o seu alcance mediante a
ação de setores sociais que forneça infraestrutura de filmes.
Portanto, para a efetiva democratização do acesso ao cinema no Brasil,
é importante que o Governo Federal, por intermédio de subsídios tributários
estaduais, forneça a descentralização das salas cinematográficas do território,
a partir da instalação de unidades de cinema nas regiões que não possuem ―
com aparato qualificado, variedade de exibições e praça de alimentação ―, a
fim de proporcionar a cultura do cinema para a parcela de cidadãos excluída.
Ao mesmo tempo que isso, cabe ao Ministério da Cultura ― principal órgão
intermediador de políticas culturais no país ― propor um vale cinema para
aqueles que não possuem renda suficiente para a compra, com direito a pelo
menos duas oportunidades mensais, para que o direito aos filmes não seja
restrito por critérios censitários. Dessa forma, poder-se-á atenuar a
desigualdade discutida por Dimenstein."
91
Agradecimentos
Menção dos autores a pessoas/instituições decisivas para seus resultados:
Ana Carolina Campos Instituição Farias Brito
Ana Luiza Pinheiro Isadora Almeida
Ana Paula Almeida Isadora Castro
Ana Paula Coelho Ivanete Amaral
André Aleixo de Oliveira Joshua Matheus
André Luís Mello Júlia Bossa
Andréia Faria Juliana Nery
Annie Karoline dos Santos Juliano Rocha
Aryane Gonçalves Julie Camarão
Astrid Mello Klesia Rodrigues
Beatriz Lima Laise Amaral
Bianca Costa Laiza Canto
Bruna Coelho Laura Grigoletto
Bruna Gomes Leonardo Lacerda
Caio César Letícia Gondim
Caliehl La-Rocque Luan Ribeiro
Canal História Online Luana Andrade
Carlos Eduardo Nylander Luciana Souza do Espírito Santo
Cartilha Redação a Mil 2018 :) Lucivaldo do Espírito Santo
Cláudia de Souza do Espírito Santo Luiz Fellipe Pinheiro
Cristiane Bastos Maria Clara Campelo
Curso Ao Pé da Letra Maria Luiza Guedes
Curso Dois Pontos Maria Luiza Pinheiro
Curso Lúmen Maria Socorro Lopes Teixeira
Curso Opção Certa Mariana Serra
Danilo Oliveira Marina Carvalho
Deborah Castro Pré-Vestibular Determinante
E.E. Sagrada Família II Prof. Adhemar Nogueira
Edielse Amaral Prof. Alan Nicoliche
Elaine Lima Prof. Alex Romero
Colégio Master Sul Prof. Anderson Calé
Felipe Guarçoni Prof. Aracy
Flora Araújo Prof. Bite
Francisca Nelândia S. Silva Prof. Carlos Benjoino (Bidu)
Francisco Jurandi Teixeira Prof. Carlos Eduardo Araújo
Gabriela Cavalcante Prof. Diogo D'lppolito
Gabriely Victor Prof. Eduardo Pereira
Gusttavo Quintas Prof. Felipe Alves
Hadassa Helez Prof. Felipe Garcia de Medeiros
Iasmyn Lídia Prof. Filipe R. Vuaden
Iasser Sampaio Prof. Filipe Vuaden
Idalmo Faria Prof. Frajola
IFAL Prof. Hélcio Aguiar
IFRN Prof. João Limares
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Prof. Jorge Alberto Tajra
Prof. Júlio César Profª. Karol Sales
Prof. Leidson Macedo Profª. Katilini Oliveira
Prof. Lucas Lippi Profª. Leandra Guerino
Prof. MacDowell Profª. Leda d'Aguila
Prof. Marcelo Batista Profª. Luciana Lima
Prof. Marcelo Lima Profª. Luciene Teixeira
Prof. Marcos Vilhena Profª. Lussandra Drummond
Prof. Murillo Antônio Profª. Marcela Castro
Prof. Paulo Faria Profª. Márcia Reis
Prof. Ragi Profª. Maria Pereira
Prof. Raphael Hormes Profª. Maria Raquel
Prof. Roberson Calegari Profª. Marina Ferraz
Prof. Robinson Bucci Profª. Marina Ferreira
Prof. Rodrigo Soares Ribeiro Profª. Miriane Dayrell
Prof. Rodrigo Vaz Rui Profª. Mirvana Luz
Prof. Rogi Profª. Nicinha Câmara
Prof. Thalles Eduardo Profª. Patrícia Lima
Prof. Thiago Braga Profª. Priscila Germosgeschi
Prof. Thiago Morais Profª. Raquel Vetromilla
Prof. Tibério Secondes Profª. Raysa Ferreira
Prof. Vinicius Oliveira Profª. Regina Lustosa
Prof. Waydlle Silva Profª. Roberta Panz
Profª. Adriana Laquis Profª. Roberta Panza
Profª. Allana Mátar Profª. Rosana Castro
Profª. Amanda Campos Profª. Rozângela de Cássia
Profª. Ana Cláudia Santos Profª. Sabrina (Curso Poliedro)
Profª. Ana Paula Colaço Profª. Sílvia (Curso Ao Pé da Letra)
Profª. Ana Paula Rocha Profª. Simone Motta
Profª. Andrea Silva Massari Profª. Solange Brum
Profª. Andreia Abade Profª. Solange (Bernoulli)
Profª. Camila Colares Profª. Telma Tennille
Profª. Carolina Vilela Profª. Viviane Faria
Profª. Clarissa Maranhão Rinaldi Bossa
Profª. Crystianne Mendonça Rodrigo Vinicius
Profª. Duda Gonçalves Rosângela Bossa
Profª. Duda Salabert Samara Lopes Teixeira
Profª. Fátima Amaral Sânia Flávia Ribeiro
Profª. Fernanda Bérgamo Sarah Soeiro
Profª. Fernanda Féliz Litron Sergio Merli
Profª. Fernanda Zara Silvia Sansoni
Profª. Flávia Iêda Vanessa Alves G. Silva
Profª. Franciellen Mendes Vinicius Lara
Profª. Gabriela Said Vitor Yasser
Profª. Giovane Fernandes Oliveira Vitório Oliveira
Profª. Jana Rabelo Vívian Duarte
Wanderley Magalhães
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