Versão Reduzidamil 2.0 - Lucas Felpi PDF
Versão Reduzidamil 2.0 - Lucas Felpi PDF
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Sumário
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Amanda Rocha
21 anos | Itaituba - PA | @amandabossam
"A construção dos feudos, muros que delimitavam uma determinada
área no período da Idade Média, segregou milhares de pessoas e
impossibilitou o acesso a bens que somente a nobreza podia usufruir.
Semelhante a essa época, no contexto brasileiro contemporâneo, o cinema é
um dos inúmeros meios de democratizar a cultura, mas ainda é "feudalizado",
já que grande parte da população continua alheia a esse serviço . Então, tanto
a concentração das salas de teledramaturgia em regiões mais desenvolvidas
economicamente, quanto os exorbitantes preços dos ingressos e alimentos,
vendidos com exclusividade pela empresa proprietária, mutilam a cidadania e
consagram importantes simbologias de poder.
Nessa perspectiva, a cultura é imprescindível para a identidade de um
povo e, indubitavelmente, o cinema é uma fundamental ferramenta de
inclusão e de propagação de valores sociais. Entretanto, de acordo com o
geógrafo Milton Santos, no texto "Cidadanias Mutiladas", a democracia,
extremamente necessária para a fundamentação cultural do indivíduo, só é
efetiva quando atinge a totalidade do corpo social, ou seja, na medida em
que os direitos são universais e desfrutados por todos os cidadãos. Dessa
maneira, a concentração das salas de cinemas em áreas com alto
desenvolvimento econômico e o alheamento de milhares de pessoas a esse
serviço provam que não há democratização do acesso à cultura
cinematográfica no Brasil, marginalizando grande parcela da sociedade
desprovida de recursos financeiros.
Outrossim, os preços abusivos de ingressos, a divisão das salas em
categorias de conforto e a proibição de entrada de bebidas e alimentos, que
não sejam vendidos no estabelecimento, dividem, ainda mais, a sociedade.
Isso pode ser explicado pelo teórico Pierre Bourdieu, o qual afirma que todas
as minúcias de um indivíduo constituem simbologias que são
constantemente analisadas pelo corpo social, isto é, o poder de compra, as
características pessoais e o acesso a bens e serviços refletem quem é o
homem para outrem. Dessa forma, o alto custo praticado pelas redes
cinematográficas violenta simbolicamente aqueles que não conseguem
contemplar as grandes telas e aumenta a desigualdade.
Portanto, cabe à iniciativa privada, em parceria com os estados e
municípios, promover a interiorização das salas de teledramaturgia, por meio
da construção de novos empreendimentos em áreas distantes dos polos
econômicos e da redução dos custos para o consumidor de baixa renda,
incentivando, então, a cultura mais democrática. Além disso, é
responsabilidade da Ancine, Agência Nacional de Cinema, estabelecer um
canal de comunicação mais efetivo com o telespectador, por intermédio de
aplicativos e das redes sociais interativas, para que denúncias e reclamações
sobre preços abusivos possam ser realizadas. Como efeito social, a
democratização do cinema no Brasil será uma realidade, destruindo, assim,
barreiras e "feudos" sociais."
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André Cecílio
28 anos | Belo Horizonte - MG | @salinhapaporeto
"Um dos principais elementos de uma sociedade humana é a produção
cultural. Por meio dela, o povo registra sua história, seu pensamento e sua
visão de mundo, o que contribui para a construção de uma memória coletiva
mais forte e permite a ampliação do conhecimento crítico promovida pelo
contato com essas produções. Atualmente, um importante constituinte do
espectro cultural é o cinema, que, embora possua um relevante papel social,
encontra-se, no Brasil, muito restrito a parcelas mais privilegiadas da
sociedade, o que é grave.
A referida importância do cinema na sociedade se explica pelo fato de,
como forma de arte, filmes funcionarem por meio da "mímesis" — conceito de
Aristóteles que se refere à capacidade de obras artísticas representarem a
realidade de forma simulada circula o que possibilita a vivência indireta de
situações variadas e leva, potencialmente, à compreensão da vida em
sociedade e das relações humanas, o que pode promover efeitos educativos
ou conscientizadores. Nesse sentido, ao retratar, mesmo que de forma
ficcional, traços (positivos ou negativos) presentes nas relações sociais, o
cinema pode gerar reflexões e críticas profundas, que podem, por sua vez,
culminar em melhorias na sociedade e fortalecimento de ideais ou grupos.
Por exemplo, a obra "Jogo da Imitação", ao retratar a atuação de Alan turing
na criação de computadores, bem como seu drama por ser homossexual em
uma sociedade intolerante, ressalta o quão grave é a manutenção de um
pensamento homofóbico. Da mesma forma, filmes como "Batismo de
Sangue", que traz denúncias sobre a Ditadura Militar no Brasil, evidenciam as
mazelas desse regime e valorizam ideais democráticos, essenciais para a vida
em sociedade. Assim, um acesso ao cinema potencializa valores cruciais para
a harmonia social.
Todavia, ocorre, no Brasil, uma nítida elitização do acesso a esse tipo de
arte. O baixo número de salas e a concentração destas em shopping centers
de grandes cidades tornam produções cinematográficas inacessíveis a grande
parte da população, visto que muitas cidades nem sequer tem estrutura para
exibi-las. Além disso, os altos preços fazem com que, para mais de um terço
da população, que, segundo o IBGE, tem renda familiar de até 2 salários
mínimos, ir ao cinema seja uma atividade inviável. Assim, nega se o direito ao
acesso à cultura, provido na Constituição, e aos benefícios do cinema.
Portanto, o Ministério da Cultura deve ampliar o número de salas de
cinema e diminuir os preços dos ingressos, por meio de subsídios (como
insenções (sic) fiscais a empresas que praticarem preços populares) dados a
instituições para que abram novas salas em regiões em que, hoje, o acesso a
filmes é difícil. Com isso, será alcançado o objetivo de tornar o cinema mais
presente na vida de daqueles com menos renda, potencializando os efeitos
dessa arte em todos os âmbitos sociais."
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Bruna Guarçoni
17 anos | Sete Lagoas - MG | @brunaguarconi
"A terceira fase do Modernismo vigorou, no Brasil, durante o Período
Liberal-Democrático, apresentando como uma de suas propostas artísticas a
retratação das “Sociedades Liminares” – tradicionalmente excluídas do projeto
cultural brasileiro – nas obras cinematográficas. Tal movimento, conhecido
como “Cinema Novo”, embora objetivasse a integração de povos
historicamente invisibilizados, não obteve êxito na democratização do cinema
no país, haja vista o não comparecimento daqueles aos cinemas da época.
Esse panorama, ainda vigente na contemporaneidade, é atestado não só pelo
crescente índice de pirataria nas artes visuais, como pela constante
mobilização de ongs na exibição de filmes em ambientes desprovidos do
acesso ao cinema.
Em primeira análise, constatam-se as amplas taxas de comercialização
de filmes pirateados, sobretudo, nos centros urbanos. Essa problemática
atenta, pois, para o descumprimento de um dos artigos da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, o qual trata dos direitos autorais de
produções artísticas, gravemente feridos pela comercialização de filmes
reproduzidos ilegalmente. Entretanto, tal cenário nada mais é do que um
reflexo do acesso restrito a tais conteúdos, em razão dos altos preços cobrados
pelas sessões de cinema, induzindo, assim, os indivíduos menos favorecidos a
optarem pela pirataria – menos onerosa e, portanto, mais adequada ao seu
diminuto poder de compra.
Vale ressaltar, ainda, a realização, por instituições não governamentais,
de projetos inclusivos que contam com sessões de filmes em ambientes
comunitários não contemplados pelo acesso à tv ou à internet. Exemplo disso
foi a transmissão do filme “Cidade de Deus” na comunidade onde ocorreram
as filmagens, a fim de oferecer aos próprios atores a possibilidade de
assistirem ao longa. Destarte, evidencia-se a negligência estatal na
democratização do cinema, visto que os referidos projetos são iniciativa de
instituições privadas – aspecto abordado por Axel Honneth, o qual afirma ser
dever do Estado a garantia do acesso às manifestações culturais, fato não
verificado no país.
Urge, pois, que medidas sejam tomadas com o intuito de se coibir o
problema discorrido. Ao Governo Federal, caberia a ampliação de ambientes
comunitários de exibição de filmes no país, a fim de se democratizar o acesso
ao cinema. Para isso, deveria haver não só a redução do valor dos ingressos
nos cinemas já existentes, mas também a expansão de instalações que
transmitiriam filmes gratuitamente em locais afastados dos centros urbanos.
Desse modo, em consonância a um dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, propostos pela ONU para 2030, o Brasil mobilizar-se-ia quanto à
redução das desigualdades, tarefa imprescindível na edificação de um Estado
Democrático, de modo a romper com a marginalização das sociedades
liminares, verificada desde os Anos Dourados."
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Caroline Baptista
19 anos | Rio de Janeiro - RJ
"A aquisição de novas tecnologias permitiu o desenvolvimento de
diversos setores do Brasil, o que facilita a obtenção de conhecimentos e
conteúdos de forma rápida e prática. Contemporaneamente, o cinema é um
dos setores do país que se expande ao longo dos anos, transmitindo
informações aos diferentes públicos. Entretanto, o acesso ao cinema ocorre de
modo desigual entre os indivíduos presentes na sociedade brasileira. Nesse
contexto, essa diferença no acesso aos recursos cinematográficos persiste
interpenetrada no país como subproduto da desigualdade entre as classes e
regiões brasileiras e da alienação social diante desse panorama.
Em uma primeira perspectiva, a desigualdade histórica brasileira
apresenta íntima relação com a existência desse cenário. Segundo o filósofo
Jean-Jacques Rousseau, em sua obra "Contrato Social", a desigualdade social
surgiu com base na noção da propriedade privada e na disputa por poder e
riquezas entre os indivíduos. Essa ideia encontra-se materializada no processo
de formação histórica do Brasil, o qual foi marcado pela disputa por riquezas
entre as regiões e grupos sociais, instaurando um cenário de desigualdade
que dificulta o acesso ao cinema pelos grupos menos favorecidos
financeiramente. Dessa forma, é indubitável que as disparidades existentes
entre as regiões e classes dificultam a democratização do acesso ao cinema,
uma vez que apenas as regiões desenvolvidas apresentarão os recursos
financeiros necessários para comentar a instalação de cinemas.
Em uma segunda análise, a alienação social contribui para a
persistência da disparidade no acesso ao cinema. A filósofa alemã Hannah
Arendt, em "Banalidade do Mal", refletiu sobre o resultado do processo de
massificação da sociedade, o qual forma os indivíduos incapazes de realizar
julgamentos morais, tornando-se alienados e aceitando as situações sem
questionar. O pensamento da filosofia está relacionado ao contexto de
alienação da sociedade brasileira no qual os sujeitos sociais se calam diante
das questões que prejudicam grupos menos favorecidos, desconsiderando a
importância de determinados recursos, como acesso ao cinema, para o
cumprimento de direitos sociais. Nesse contexto, é essencial superar esses
paradigmas que prejudicam diversos indivíduos.
Verifica-se, portanto, que a desigualdade, em paralelo à compactação
social, é um fator fundamental para a persistência desse panorama. A fim de
formar uma sociedade justa e igualitária, o Poder Executivo Federal, além de
superar desigualdades históricas, deve desenvolver projetos do governo que
informem a sociedade sobre a importância de agir para garantir a igualdade
no acesso ao cinema. Essa medida deve ser realizada por meio de debates
oferecidos por profissionais que estudam dados estatísticos sobre o problema,
garantindo o convencimento social. Com a realização dessa medida, será
possível usufruir do avanço tecnológico de modo positivo para o país."
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Daniel Gomes
25 anos | Fortaleza - CE
"O filme ‘’Cine Hollywood’’ narra a chegada da primeira sala de cinema na
cidade de Crato, interior do Ceará. Na obra, os moradores do até então vilarejo
nordestino têm suas vidas modificadas pela modernidade que, naquele contexto,
se traduzia na exibição de obras cinematográficas. De maneira análoga à história
fictícia, a questão da democratização do acesso ao cinema, no Brasil, ainda
enfrenta problemas no que diz respeito à exclusão da parcela socialmente
vulnerável da sociedade. Assim, é lícito afirmar que a postura do Estado em
relação à cultura e a negligência de parte das empresas que trabalham com a
‘’sétima arte’’ contribuem para a perpetuação desse cenário negativo.
Em primeiro plano, evidencia-se, por parte do Estado, a ausência de
políticas públicas suficientemente efetivas para democratizar o acesso ao cinema
no país. Essa lógica é comprovada pelo papel passivo que o Ministério da Cultura
exerce na administração do país. Instituído para ser um órgão que promova a
aproximação de brasileiros a bens culturais, tal ministério ignora ações que
poderiam, potencialmente, fomentar o contato de classes pouco privilegiadas ao
mundo dos filmes, como a distribuição de ingressos em instituições públicas de
ensino básico e passeios escolares a salas de cinema. Desse modo, o Governo atua
como agente perpetuador do processo de exclusão da população mais pobre a
esse tipo de entretenimento. Logo, é substancial a mudança desse quadro.
Outrossim, é imperativo pontuar que a negligência de empresas do setor –
como produtoras, distribuidoras de filmes e cinemas – também colabora para a
dificuldade em democratizar o acesso ao cinema no Brasil. Isso decorre,
principalmente, da postura capitalista de grande parte do empresariado desse
segmento, que prioriza os ganhos financeiros em detrimento do impacto cultural
que o cinema pode exercer sobre uma comunidade. Nesse sentido, há, de fato,
uma visão elitista advinda dos donos de salas de exibição, que muitas vezes
precificam ingressos com valores acima do que classes populares podem pagar.
Consequentemente, a população de baixa renda fica impedida de frequentar
esses espaços.
É necessário, portanto, que medidas sejam tomadas para facilitar o acesso
democrático ao cinema no país. Posto isso, o Ministério da Cultura deve, por meio
de um amplo debate entre Estado, sociedade civil, Agência Nacional de Cinema
(ANCINE) e profissionais da área, lançar um Plano Nacional de Democratização ao
Cinema no Brasil, a fim de fazer com que o maior número possível de brasileiros
possa desfrutar do universo dos filmes. Tal plano deverá focar, principalmente, em
destinar certo percentual de ingressos para pessoas de baixa renda e estudantes
de escolas públicas. Ademais, o Governo Federal deve também, mediante
oferecimento de incentivos fiscais, incentivar os cinemas a reduzirem o custo de
seus ingressos. Dessa maneira, a situação vivenciada em ‘’Cine Hollywood’’ poderá
ser visualizada na realidade de mais brasileiros."
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Eduarda Amorim
16 anos | Goiânia - GO
"Durante a primeira metade do século XX, as obras cinematográficas de
Charlie Chaplin atuaram como fortes difusores de informações e de ideologias
contra a exploração e o autoritarismo no continente americano. No contexto
atual, o cinema permanece como um importante veículo de conhecimento, mas.
No Brasil, não há o acesso democrático a essa mídia em decorrência das
disparidades socioeconômicas nas cidades, as quais fomentam a elitização dos
ambientes de entretenimento, e da falta de investimentos em exibições
populares, as quais, muitas vezes, são realizadas em prédios precários e não são
divulgadas. Portanto, é imperativo promover mecanismos eficientes de integração
dos telespectadores para facilitar o contato com filmes, proeminentes na
introdução dos cidadãos.
Tendo em vista a realidade supracitada, destaca-se a crescente
discrepância entre as classes sociais nos grandes centros habitacionais, o que leva
a modificações no espaço. Essa visão condiz com as ideias de Henri Lefebvre, uma
vez que, para o sociólogo, o meio urbano é a manifestação de conflitos, o que
pode ser relacionado à evidente segregação socioespacial dos cinemas. Nesse
viés, a concentração de salas de exibição em áreas nobres está vinculada às
desigualdades sociais e configura a elitização do acesso aos filmes em locais
públicos em função do encarecimento dos serviços ao longo dos anos. Dessa
forma, para uma grande parte dos brasileiros, o entretenimento e o aprendizado
por meio das obras cinematográficas, como visto no início do século XX, se
tornam inviáveis, restringindo o contato com novos ideais e inibindo a
mobilização da sociedade em prol de seus valores.
Além disso, a insuficiência de recursos destinados a exibições em teatros
populares é um fator que dificulta a democratização do cinema no Brasil. Isso
porque, apesar de Steve Jobs, um dos fundadores da empresa “Apple”, ter
corroborado com a ideia do mundo virtual como influenciador ao constatar que a
“tecnologia move o mundo”, as redes sociais não são utilizadas pelos órgãos
públicos para divulgar apresentações cinematográficas nos centros culturais,
presentes em diversas regiões do país. Aliada à falta de visibilidade, a
precariedade infraestrutural dos prédios onde tais eventos ocorrem reduz a
qualidade de experiência e desencoraja muitos de frequentarem os locais, apesar
dos menores preços. Assim, torna-se clara a necessidade de investimentos par
garantir o contato com os filmes, essenciais para a instrução e para a integração
dos indivíduos.
Desse modo, é imprescindível democratizar o acesso ao cinema no Brasil.
Para isso, cabe às prefeituras disponibilizar a experiência cinematográfica à
população urbana menos privilegiada, por meio de eventos de exibição em áreas
periféricas – os quais devem fornecer programações internacionais e nacionais a
custos reduzidos -, com o intuito de evitar o processo de elitização cultural em
virtude de disparidades socioeconômicas. Ademais, compete ao Ministério da
Cidadania promover a visibilidade dos centros culturais nas redes sociais e
investir em reformas periódicas, a fim de assegurar a manutenção dos locais. Com
essas medidas, assim como na época de Charlie Chaplin, a sociedade terá o maior
contato com as novas ideias e as informações do mundo contemporâneo."
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Gabriel de Lima
20 anos | Rio de Janeiro - RJ | @gabrdelima
"O longa-metragem nacional "Na Quebrada" revela histórias reais de jovens da
periferia de São Paulo, os quais, inseridos em um cenário de violência e pobreza,
encontram no cinema uma nova perspectiva de vida. Na narrativa, evidencia-se o papel
transformador da cultura por intermédio do Instituto Criar, que promove o
desenvolvimento pessoal, social e profissional dos alunos por meio da sétima arte.
Apresentando-se como um retrato social, tal obra, contudo, ainda representa a história de
parte minoritária da população, haja vista o deficitário e excludente acesso ao cinema no
Brasil, sobretudo às classes menos favorecidas. Todavia, para que haja uma reversão do
quadro, faz-se necessário analisar as causas empresariais e educacionais que contribuem
para a continuidade da problemática em território nacional.
Deve-se destacar, primeiramente, o distanciamento entre as periferias e as áreas
de consumo de arte. Acerca disso, os filósofos Adorno e Horkheimer, em seus estudos
sobre a "Indústria Cultural", afirmaram que a arte, na era moderna, tornou-se objeto
industrial feito para ser comercializado, tendo finalidades prioritariamente lucrativas. Sob
esse prisma, empresas fornecedoras de filmes concentram sua atuação nas grandes
metrópoles urbanas, regiões onde prevalece a população de maior poder aquisitivo, que
se mostra mais disposta a pagar maior valor pelas exibições. Essa prática, no entanto,
fomenta uma tendência segregatória que afasta o cinema das camadas menos abastadas,
contribuindo para a dificuldade na democratização do acesso a essa forma de expressão
e de identidade cultural no Brasil.
Ademais, uma análise dos métodos da educação nacional é necessária. Nesse
sentido, observa-se uma insuficiência de conteúdos relativos à aproximação do indivíduo
com a cultura desde os primeiros anos escolares, fruto de uma educação tecnicista e
pouco voltada para a formação cidadã do aluno. Dessa forma, com aulas voltadas para
memorização teórica, o sistema educacional vigente pouco estimula o contato do
estudante com as diversas formas de expressão cultural e artística, como o cinema,
negligenciando, também, o seu potencial didático, notável pela sua inerente natureza
estimulante. Tal cenário reforça a ideia da teórica Vera Maria Candau, que afirma que o
sistema educacional atual está preso nos moldes do século XIX e não oferece propostas
significativas para as inquietudes hodiernas. Assim, com a carência de um ensino que
desperte o interesse dos alunos pelo cinema, a escola contribui para um afastamento
desses indivíduos em relação ao cinema, o que constitui um entrave para que eles,
durante a vida, tornem-se espectadores ativos das produções cinematográficas brasileiras
e internacionais.
É evidente, portanto, que a dificuldade na democratização do acesso ao cinema
no Brasil é agravada por causas corporativas e educacionais. Logo, é necessário que a
Secretaria Especial de Cultura do Ministério da Cidadania torne tais obras mais
alcançáveis ao corpo social. Para isso, ela deve estabelecer parcerias público-privadas com
empresas exibidoras de filmes, beneficiando com isenções fiscais aquelas que provarem,
por meio de relatórios semestrais, a expansão de seus serviços a preços populares para
regiões fora dos centros urbanos, de forma que, com maior oferta a um maior número de
pessoas, os indivíduos possam efetivar o seu uso para o lazer e para o seu
engrandecimento cultural. Paralelamente, o Ministério da Educação deve levar o tema às
escolas públicas e privadas. Isso deve ocorrer por meio da substituição de parte da carga
teórica da Base Nacional Comum Curricular por projetos interdisciplinares que envolvam
exibição de filmes condizentes com a prática pedagógica e visitas aos cinemas da região
da escola, para que se desperte o interesse do aluno pelo tema ao mesmo tempo em que
se desenvolve sua consciência cultural e cidadã. Nesse contexto, poder-se-á expandir a
ação transformadora da sétima arte retratada em "Na Quebrada", criando um legado
duradouro de acesso à cultura e de desenvolvimento social em território nacional."
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Gabriel Melo
17 anos | Natal - RN | @gabrielm06_
"Para o filósofo escocês David Hume, a principal característica que difere o ser
humano dos outros animais é o seu pensamento, habilidade que o permite ver aquilo
que nunca foi visto e ouvir aquilo que nunca foi ouvido. Sob essa ótica, vê-se que o
cinema representa a capacidade de transpor para a tela as ideias e os pensamentos
presentes no intelecto das pessoas, de modo a possibilitar a criação de novos
universos e, justamente por esse potencial cognitivo, ele é muito relevante. É
prudente apontar, diante disso, que a arte cinematográfica deve ser democratizada,
em especial no Brasil – país rico em expressões culturais que podem dialogar com
esse modelo artístico –, por razões que dizem respeito tanto à sociedade quanto às
leis.
Em primeiro lugar, é válido frisar o cinema dialoga com uma elementar
necessidade social e, consequentemente, não pode ser deixado em segundo plano.
Para entender essa lógica, pode-se mencionar o renomado historiador holandês
Johan Huizinga, o qual, no livro "Homo Ludens", ratifica a constante busca humana
pelo prazer lúdico. É exatamente nessa conjuntura que se insere o fenômeno
cinematográfico, uma vez que ele, ao possibilitar a interação de vários indivíduos na
contemplação do espetáculo, faz com que a plateia participe das histórias, de modo
a compartilhar experiências e vivências. É perceptível, portanto, o louvável elemento
benfeitor dessa criação artística , capaz de garantir a coesão da comunidade.
Em segundo lugar, é oportuno comentar que o cenário do cinema supracitado
remete ao arcabouço jurídico do país. Isso porque o artigo 215 da Constituição
Federal é claro em caracterizar os bens culturais como um direito de todos,
concebidos com absoluta prioridade por parte do Estado. Contudo, é desanimador
notar que tal diretriz não dá sinais de plena execução e, para provar isso, basta
analisar as várias pesquisas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (
IPHAN ) que demonstram a lamentável distribuição das práticas artísticas –dentre
elas, o cinema--, uma vez que estão restritas a poucos municípios brasileiros. Vê-se,
então, o perigo da norma apresentada findar em desuso, sob pena de confirmar o
que já propunha Dante Alighiere, em "A Divina Comédia": "As leis existem, mas quem
as aplica?". Esse cenário, certamente, configura-se como desagregador e não pode ser
negligenciado.
Por fim, caminhos devem ser elucidados para democratizar o acesso ao
cinema no Brasil, levando-se em consideração as questões sociais e legislativas
abordadas. Sendo assim, cabe ao Governo Federal – órgão responsável pelo bem-estar
e lazer da população – elaborar um plano nacional de incentivo à prática
cinematográfica, de modo a instituir ações como a criação de semanas culturais
nacionais, bem como o desenvolvimento de atividades artísticas públicas. Isso pode
ser feito por meio de uma associação entre prefeituras, governadores e setores
federais —já que o fenômeno envolve todos esses âmbitos administrativos—,os quais
devem executar periódicos eventos, ancorados por atores e diretores, que visem exibir
filmes gratuitos para a comunidade civil.Esse projeto deve se adaptar à realidade de
cada cidade para ser efetivo. Dessa forma, o cinema poderá ser, enfim,
democratizado, o que confirmará o que determina o artigo 215 da Constituição.
Assim, felizmente, os cidadãos poderão desfrutar das benesses advindas dessa
engrandecedora ação artística."
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Gabriel Merli
18 anos | São Caetano do Sul - SP | @gabmerli
"Na obra "A Invenção de Hugo Cabret", é narrada a relação entre um
dos pais do cinema, Georges Mélies, e um menino órfão, Hugo Cabret. A
ficção, inspirada na realidade do começo do século XX, tem como um de
seus pontos centrais o lazer proporcionado pelo cinema, que encanta o
garoto. No contexto brasileiro atual, o acesso a essa forma de arte não é
democratizado, o que prejudica a disponibilidade de formas de lazer à
população. Esse problema advém da centralização das salas exibidoras em
zonas metropolitanas e do alto custo das sessões para as classes de menor
renda.
Primeiramente, o direito ao lazer está assegurado na Constituição de
1988, mas o cinema, como meio de garantir isso, não tem penetração em
todo território brasileiro. O crescimento urbano no século XX atraiu as
salas de cinema para as grandes cidades, centralizando progressivamente
a exibição de filmes. Como indicativo desse processo, há menos salas hoje
do que em 1975, de acordo com a Agência Nacional de Cinema (Ancine).
Tal fato se deve à falta de incentivo governamental — seja no âmbito fiscal
ou de investimento — à disseminação do cinema, o que ocasionou a
redução do parque exibidor interiorano. Sendo assim, a democratização do
acesso ao cinema é prejudicada em zonas periféricas ou rurais.
Ademais, o problema existe também em locais onde há salas de
cinema, uma vez que o custo das sessões é inacessível às classes de renda
baixa. Isso se deve ao fato de o mercado ser dominado por poucas
empresas exibidoras. Conforme teorizou inicialmente o pensador inglês
Adam Smith, o preço decorre da concorrência: a competitividade força a
redução dos preços, enquanto os oligopólios favorecem seu aumento.
Nesse sentido, a baixa concorrência dificulta o amplo acesso ao cinema no
Brasil.
Portanto, a democratização do cinema depende da disseminação e
do jogo de mercado. A fim de levar os filmes a zonas periféricas, as
prefeituras dessas regiões devem promover a interiorização dos cinemas,
por meio de investimentos no lazer e incentivos fiscais. Além disso, visando
reduzir o custo das sessões, cabe ao Ministério da Fazenda ampliar a
concorrência entre as empresas exibidoras, o que pode ser feito pela
regulamentação e fiscalização das relações entre elas, atraindo novas
empresas para o Brasil. Isso impediria a formação de oligopólios,
consequentemente aumentando a concorrência. Com essas medidas, o
cinemas será democratizado, possibilitando a toda a população brasileira
o mesmo encanto que tinha Hugo Cabret com os filmes."
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Gabriela Alencar
19 anos | Brasília - DF | @_gabinaredacao
"No século XX, a Escola de Frankfurt se aplicou sobre o estudo das
tecnologias na disseminação da cultura. Sob esse viés, esperava-se que as
massas tivessem um acesso mais democrático aos bens culturais, dada a
ampla presença do meio técnico-informacional entre a população. No
Brasil, contudo, tal expectativa não se efetivou, haja vista as dificuldades
relativas à democratização do acesso ao cinema, demandando a
intervenção governamental acerca dessa problemática. Ademais, é preciso
entender a importância do cinema no contexto da plena cidadania, bem
como a razão de o consumo desse bem não ser totalmente inclusivo.
A princípio, nota-se o papel significativo do cinema na vida dos
cidadãos, pois essa modalidade artística, enquanto representação da
realidade, serve para formar o pensamento crítico dos indivíduos. Nesse
sentido, o Cinema Novo exemplifica bem tal perspectiva, uma vez que
denunciava as mazelas sociais das décadas de 1960 e 1970,
impulsionando o engajamento dos brasileiros em prol da liberdade de
expressão e da garantia de seus direitos. Assim, constata-se que esse bem
cultural é demasiadamente importante para fomentar a cidadania por
meio do diálogo entre a arte e a sociedade, evidenciando a premência de
ser democratizado.
Simultaneamente, percebe-se que o acesso ao cinema, no Brasil, vai
ao encontro das desigualdades socioespaciais típicas do país. Isso porque
as regiões Sul e Sudeste têm sido privilegiadas em detrimento das outras
desde o período colonial, porquanto os ciclos desenvolvimentistas, como o
da cana-de-açúcar, o do ouro e o do café, favoreceram a concentração de
riquezas e, portanto, de infraestrutura. Consequentemente, a oferta de
lazer também é desigual, o que exclui as populações já marginalizadas
historicamente da disseminação cultural através do cinema.
Diante do exposto, fica clara a necessidade de democratizar o acesso
a esse bem cultural devido aos seus benefícios para a sociedade brasileira.
Para tanto, o Ministério da Cidadania, responsável pela promoção da
cultura, deve ampliar as ações de democratização do cinema em parceria
com os governos estaduais e os municipais. Isso será feito mediante um
pacote de ações a serem incluídas na Lei Plurianual, a saber: destinação de
recursos de forma mais igualitária para todas as regiões, com foco na
infraestrutura de lazer, como cinemas rotativos e em espaços públicos -
parques, por exemplo - a fim de fugir da conjuntura elitista dos cinemas
em “shoppings”, além da redução de impostos sobre a distribuição de
filmes, com vistas a tornar o acesso a esses bens mais barato para a
população em geral, cumprindo, assim, a premissa da Escola de Frankfurt
quanto à disseminação cultural."
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Gustavo Lopes
19 anos | Fortaleza - CE | @gustavolopest
"No século XIX, os avanços tecnológicos e científicos proporcionaram às
populações novas alternativas de lazer, dentre as quais se pode citar o
cinema. No Brasil, atualmente, tal forma de diversão tem se destacado, uma
vez que promove a interação com o público de maneira singular, isto é, gera
muitas emoções aos indivíduos. Apesar disso, verifica-se que, em nosso país, o
acesso ao cinema não é disponibilizado a todos os cidadão, seja pela falta de
investimentos, seja pelo alto custo cobrado por empresas para assistir a um
filme. Assim, tendo em vista a importância desse lazer, ele deve ter seu acesso
democratizado, a partir da resolução de tais entraves.
Sob esse viés, pode-se apontar as poucas verbas direcionadas à
construção e à manutenção de cinemas, especialmente nas pequenas cidades
brasileiras, como uma das causas do problema em questão. Acerca disso,
sabe-se que boa parte da população que vive em áreas rurais ou suburbanas
sofre com a falta de acessibilidade a tal meio de diversão. Prova dessa
realidade é o filme “Cine Hollyúde”, lançado no Brasil, o qual mostra a
dificuldade das pessoas que habitam no interior em assistir à primeira obra
cinematográfica transmitida na cidade, devido à precariedade estrutural do
cinema local. Tal cenário também é observado fora da ficção, visto que, por
causa dos poucos investimentos, indivíduos das regiões pobres do país
possuem mínima ou nenhuma interação com essa forma de lazer.
Ademais, nota-se, ainda, uma intensa elitização dos cinemas, porquanto
o preço cobrado pelo ingresso de uma sessão é alto, o que limita a ida a esse
lugares de exibição de filmes. Sobre isso, percebe-se que, como a busca por
tal lazer aumentou, de acordo com dados do “site” “Meio e mensagem”, as
empresas exibidoras estão cada vez mais visão ao lucro em detrimento de
uma diversão e interação pública. Isso ocorre, segundo o pensador Karl Marx,
graças à busca excessiva por capital (dinheiro), tornando o cinema apenas
como um “lugar lucrativo”. Desse modo, a democratização do acesso a esses
locais torna-se distante da realidade vivida.
Portanto, cabe ao Governo investir em projetos que facilitem o acesso
ao cinema, principalmente nas regiões interioranas, por intermédio do auxílio
financeiro a empresas exibidoras, a fim de descentralizar os locais em que há
transmissões de filmes. Outrossim, compete às ONGs, como organizações que
visam suprir as necessidades populacionais, realizar campanhas em prol de
salas bem estruturadas e de reduções do preço cobrado pelos ingressos das
sessões cinematográficas, por meio das redes sociais e dos outros veículos de
comunicação, com o objetivo de democratizar a ida ao cinema e de, dessa
maneira, afastar-se da realidade narrada no filme “Cine Hollyúde”.
23
Isabella Cardoso
21 anos | Anápolis - GO | @bellaolivecard
"De modo ficcional, o filme "Cine Holiúdi" retrata o impacto positivo
do cinema no cotidiano das cidades, dada a sua capacidade de promover
o lazer, socialização e cultura. Entretanto, na realidade, tais benefícios não
atingem toda a população brasileira, haja vista a elitização dos meios
cinematográficos e a falta de infraestrutura adequada nos cinemas
existentes. Sendo assim, urge a análise e a resolução desses entraves para
democratizar o acesso ao cinema no Brasil.
A princípio, é lícito destacar que a elitização dos meios
cinematográficos contribui para que muitos brasileiros sejam impedidos
de frequentar as salas de cinema. Isso posto, segundo o filósofo inglês Nick
Couldry em sua obra "Por que a voz importa?", a sociedade neoliberal
hodierna tende a silenciar os grupos menos favorecidos, privados dos
meios de comunicação. A partir disso, é indubitável que a localização dos
cinemas em áreas mais nobres e o alto valor dos ingressos configuram
uma tentativa de excluir e silenciar os grupos periféricos, tal como discute
Nick Couldry. Nesse viés, poucos são os indivíduos que desfrutam do
direito ao lazer e à cultura promovidos pela cinematografia, o qual está
previsto na Constituição e deve ser garantido a todos pelo Estado.
Ademais, vale postular que a falta de infraestrutura adequada para
todos os cidadãos também dificulta o acesso amplo aos cinemas do país.
Conquanto a acessibilidade seja um direito assegurado pela Carta Magna e
os cinemas disponham de lugares reservados para cadeirantes, não há
intérpretes de LIBRAS nas telas e a configuração das salas — pautada em
escadas —, não auxilia o deslocamento de idosos e portadores de
necessidades especiais. À luz dessa perspectiva, é fundamental que haja
maior investimento em infraestrutura para que todos os brasileiros sejam
incluídos nos ambientes cinematográficos.
Por fim, diante dos desafios supramencionados, é necessária a ação
conjunta do Estado e da sociedade para mitigá-los. Nesse âmbito, cabe ao
poder público, na figura do Ministério Público, em parceria com a mídia
nacional, desenvolver campanhas educativas — por meio de cartilhas
virtuais e curta-metragens a serem veiculadas nas mídias sociais — a fim de
orientar a população e as empresas de cinema a valorizar o meio
cinematográfico e ampliar a acessibilidade das salas. Por sua vez, as
empresas devem colaborar com a democratização do acesso ao cinema
pela cobrança de valores mais acessíveis e pela construção de salas
adaptadas. Feito isso, o Brasil poderá garantir os benefícios do cinema a
todos, como relata o filme "Cine Holiúdi"."
24
Isabelle Moreira
18 anos | Guapimirim - RJ | @imaginamed
"A Constituição Federal de 1988 ― norma de maior hierarquia do
sistema jurídico brasileiro ― garante o acesso ao lazer. No entanto, a
população se mostra distante da realidade prometida pela norma
constitucional, haja vista que os cinemas brasileiros recebem um público
cada vez menor. Dessa forma, entende-se que a desigualdade regional,
bem como a elitização do acesso ao cinema apresentam-se como entraves
para a inclusão na esfera cinematográfica.
Em primeiro plano, é necessário ressaltar que o acesso ao cinema é
mal distribuído no território brasileiro. A esse respeito, em 1956, durante o
governo de Juscelino Kubitschek, multinacionais se instalaram no Brasil,
majoritariamente, nas regiões Sul e Sudeste. Desse modo, na
contemporaneidade, o país expandiu sua preferência regional para a
indústria cinematográfica, de modo que as regiões Norte e Nordeste ainda
apresentam-se excluídas a esse acesso ao lazer, pelo fato de as empresas
preferirem construir os cinemas em grandes metrópoles as quais lhes
darão mais lucro. Nesse viés, enquanto parcela do país for privilegiada, o
direito constitucional será uma realidade distante para parte da
população.
Ademais, outro fator é responsável pela deficiência da
democratização no âmbito cinematográfico: a elitização do acesso.
Segundo o filósofo Pierre Lévy, toda tecnologia cria seus excluídos, de fato,
a população de baixa renda é mantida excluída no que diz respeito à
tecnologia do cinema, devido à segregação socioespacial. Nesse sentido,
grande parcela dos cinemas se localizam em "shoppings centers", com
ingressos caros que nem todos podem pagar. Desse modo, é necessário
que medidas sejam tomadas para garantir o acesso a todas as classes.
Fica evidente, portanto, que nem todos tem acesso ao cinema como
entretenimento. Nesse contexto, cabe ao Ministério da Cultura ― órgão
responsável pelo sistema cultural brasileiro ― garantir à população a
oportunidade de frequentar um cinema, por intermédio de políticas de
descontos na compra de ingressos de acordo com a renda, a fim de incluir
toda sociedade no "mundo cinematográfico". Dessa forma, os brasileiros
verão o direito garantido pela Constituição como uma realidade próxima."
25
26
Juliana Souza
18 anos | Rio de Janeiro - RJ | @julianaesp
"Segundo o filósofo Friedrich Nietzsche, a arte existe para impedir
que a realidade nos destrua. Sob essa ética, é inegável a crucialidade das
expressões culturais para a promoção do bem-estar do homem moderno.
No entanto, ao se observar o caráter excludente do acesso ao cinema no
Brasil, é notório que essa imprescindibilidade não tem sido considerada no
país. Nesse sentido, pode-se afirmar que a negligência governamental e a
escassa abordagem do problema agravam essa situação.
Primeiramente, é válido destacar que a displicência estatal colabora
com esse cenário. De acordo com o Artigo 6º da Constituição Federal do
Brasil, promulgada no ano de 1988, todo cidadão brasileiro tem direito ao
lazer. Entretanto, ao se analisar a concentração de cinemas nas áreas de
renda mais alta das grandes cidades, é indiscutível que essa premissa
constitucional não é valorizada pelo governo nacional. Dessa maneira, é
importante salientar que essa má atuação do Estado provoca o acesso
desigual essa atividade de exibição por parte da população e,
consequentemente, garante a condição de subcidadania de diversos
indivíduos.
Além disso, é pertinente ressaltar que a insuficiente exposição dessa
problemática contribui para a não democratização desse programa
cultural. Nessa perspectiva, muitas vezes, a mídia negligência o debate
acerca da ausência de lazer nas periferias urbanas e no interior do país, o
que faz com que a carência de cinemas nessas regiões não seja
denunciada. Dessa forma, é indubitável que a pouco abordagem midiática
com relação ao caráter restritivo do universo cinematográfico proporciona
a perpetuação da concentração regional dessa atividade de exibição.
Torna-se evidente, portanto, que o acesso não democrático ao
cinema no Brasil é um entrave que precisa ser solucionado. Sendo assim, o
Estado deve investir na ampliação do alcance desse programa cultural, por
meio da capitalização das empresas exibidoras. Isso pode ocorrer, por
exemplo, com a concessão de subsídios fiscais a instituições privadas que,
comprovadamente, promovam a construção de cinemas nas áreas
carentes do país, a fim de que a acessibilidade a essa atividade de exibição
seja garantida de forma igualitária. Ademais, a mídia deve elaborar
reportagens de denúncia, as quais exibam a carência desse tipo de lazer
nas periferias urbanas. Desse modo, certamente, a afirmação de Nietzsche
será vivenciada por todos os cidadãos brasileiros."
27
Jurandi Campelo
17 anos | Fortaleza - CE | @jurandicampelo
"Com o advento da Revolução Técnico-Científico-Informacional, o
cinema se desenvolveu amplamente — sobretudo por conta do
aditamento dos investimentos nessa área. Nesse sentido, o acesso a esse
tipo de arte é de notória importância, pois propicia uma série de
benefícios, como o desenvolvimento cognitivo do indivíduo e a percepção
crítica da sociedade. Não obstante, no Brasil, falhas quanto à
democratização do acesso ao cinema — por conta da inadimplência
governamental e da ausência de importância dada pela sociedade —
atenuam sua funcionalidade. Portanto, são necessárias medidas capazes
de garantir esses benefícios.
Sob essa óptica, o filósofo austríaco Sigmund Freud — em sua teoria
desenvolvimentista — tratou da influência do meio na formação cognitiva
do indivíduo. Acerca dessa lógica, a exposição à arte cinematográfica é
capaz de desenvolver o raciocínio e de atuar positivamente no
subconsciente humano. Contudo, a insuficiência das políticas públicas de
incentivo ao cinema restringem o acesso a esse meio, o que atenua a ação
desenvolvimentista deste. A título de exemplo, o Brasil — segundo a
ANCINE — é um país que possui elevados índices de segregação quanto ao
acesso ao universo cinematográfico. Destarte, é necessário maior
protagonismo por parte dos governantes.
Outrossim, Charlie Chaplin — célebre ator e diretor britânico —
reiterou a importância do cinema na configuração de uma perspectiva
crítica da sociedade. Nesse viés, o cinema é capaz de gerar o debate acerca
de problemas do cotidiano, que, por muitas vezes, são aceitos
indevidamente e, ao analisar os temas abordados, é capaz de promover
notórias melhorias no âmbito social. Todavia, grande parte da sociedade
não valoriza as obras cinematográficas, por enxergá-las, tão somente,
como uma forma de entretenimento. Faz-se premente, pois, campanhas
informativas capazes de descaracterizar essa errônea visão.
Dessarte, os governantes, por meio da diminuição do custo de
acesso aos cinemas — possibilitada por parcerias público-privadas — devem
acessibilizar o acesso a essa forma de cultura, com o fito de propiciar o
desenvolvimento cognitivo da população. Ademais, as escolas e as
universidades, mediante palestras e debates, devem informar a população
a respeito da importância do cinema, com o objetivo de configurar um
comportamento crítico quanto às falhas da sociedade. Dessa forma, será
possível dissociar a atual conjuntura, aproximando-se dos ideais de Freud e
Charlie Chaplin."
28
Laura Brizola
20 anos | Novo Hamburgo - RS | @laurabrzola
"A democratização do acesso ao cinema no Brasil é um processo que
encontra desafios nos âmbitos culturais e institucionais do país. Isso pode ser
explicado pelo distanciamento entre a cultura popular brasileira e os filmes
disponíveis para o público, bem como pela ausência de investimentos estatais
nas produções nacionais. Dessa forma, é preciso intervir de modo a tornar o
cinema um produto da democracia brasileira.
A indústria cinematográfica prejudica a democratização do cinema ao
sobrepor culturas estrangeiras — como super-heróis americanos — à cultura do
país. Devido ao fato de que o cidadão brasileiro não reconhece elementos de
sua vivência (como os regionalismos) naquilo que é veiculado,
majoritariamente, pelas mídias desse setor, seu repertório de lazer passa a
não incluir a opção do cinema. Evidencia-se esse fenômeno no dado
divulgado pelo site Meio e Mensagem, que afirma que apenas 17% da
população frequenta o cinema. Dessa maneira, a popularização da arte em
questão se dará pelo retrato do cotidiano do povo, como efetuado pelo
cineasta Glauber Rocha na década de 1970, com o "Cinema Novo", que
aproximou as camadas populares ao abordar aspectos do Brasil com uma
perspectiva nacionalista. Assim, o acesso ao cinema deve ser democratizado
pela apropriação brasileira da produção cultural: teremos mais "Lampiões" e
menos "Lanternas-verde".
Ademais, o desafio da ausência de investimento estatal deve ser
enfrentado para que o acesso ao cinema seja difundido. Segundo a área de
conhecimento "Epistemologia da Geografia", os processos sociais apresentam
o princípio de interconexão: existem por fatores humanos e físicos, não
podendo ser analisados separadamente. Nesse sentido, o fenômeno de
democratização da arte cinematográfica é explicado por fatores humanos
(supracitados) e por fatores físicos, que são institucionais. O Estado brasileiro
não financia a cultura do cinema como deveria, a exemplo dos cortes de
verbas anunciados pelo Governo, em 2019, para Agência Nacional de Cinema
(ANCINE). Como consequência disso, a confecção dessa arte é inviabilizada e
sua democratização "física", que poderia ser feita com a ampliação das
produções nacionais, também. Logo, urge a necessidade de investir na difusão
do patrimônio cinematográfico do Brasil.
Portanto, a fim de democratizar o acesso ao cinema no Brasil e
aproximá-lo da cultura popular, o Estado deve adotar medidas de priorização
dos investimentos no cinema. Isso pode ser feito por meio de políticas de
patrocínio aos cineastas que retratarem o país, com foco nas características
de cada região. Além disso, tais produções podem ser reproduzidas em
associações de moradores e escolas, levando ao povo sua identidade. Nesse
caminho, o cinema será uma arte de acesso popular — uma arte que imita a
vida."
29
Letícia Islávia
19 anos | Teresina - PI | @let.islavia
"De acordo com a Constituição de 1988, todos os cidadãos possuem
o direito ao lazer na comunidade. Contudo, na atual sociedade brasileira,
há uma ínfima democratização do acesso aos cinemas devido,
majoritariamente, à negligência governamental e à má formação
socioeducacional.
A priori, vale ressaltar o Pacto Social, do contratualista John Rawls,
ao inferir que o Estado deve garantir os direitos imprescindíveis dos
indivíduos, como o lazer e o bem-estar. No entanto, é evidente o
rompimento desse contrato quanto aos cinemas brasileiros, visto que
existe uma concentração desses espaços nas áreas de maiores rendas, o
que torna um ambiente excludente para uma parcela da sociedade. Assim,
é notória a ineficácia estatal na integração desse tipo de lazer para toda a
população, pois, com a grande distância dos locais periféricos aos centros
urbanos e o elevado custo para ter esse acesso, os cidadãos se
desestimulam a frequentarem os cinemas.
Além disso, alude-se ao pensamento do intelectual Paulo Freire, ao
evidenciar que, "se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem
ela tampouco a sociedade muda". Sob essa perspectiva, percebe-se a
importância do estímulo nas escolas ao acesso dos jovens ao cinema, haja
vista que existem muitos jovens que não conhecem seus direitos ao lazer,
como o pagamento do valor de meia entrada nos cinemas por estudantes.
Dessa forma, as instituições de ensino possuem uma importante função na
democratização desse acesso, colaborando para que os cidadãos possuam
um acesso aos seus direitos e o hábito de frequentarem os cinemas.
Portanto, urge ao governo federal, aliado às esferas estadual e
municipal, descentralizar os cinemas, por meio da ampliação das redes
cinematográficas em todo o Brasil e nos locais periféricos das cidades, com
a finalidade de permitir que toda a sociedade tenha esse acesso, sem
haver uma locomoção de longa duração e com custo acessível aos
indivíduos de baixa renda. Ademais, compete à Escola, em parceria com as
empresas cinematográficas, orientar os adolescentes a frequentarem os
cinemas, por intermédio de projetos pedagógicos (como atividades
lúdicas, filmes e documentários) que elucidem sobre a importância da
crítica dos cinemas e como adquirir os direitos ao acesso ao lazer, a fim de
aumentar o número de telespectadores dessa arte. Com isso, efetivar (sic) o
que garante a Constituição de 988, melhorando a democratização desse
acesso."
30
Lívia Bonin
18 anos | Limeira - SP | @liviabonin
"Com o início da ditadura de Getúlio Vargas em 1937, a necessidade do
governo de perpetuação no poder resultou no surgimento do cinema
estadonovista enquanto mecanismo de exaltação da nação, a fim de gerar
uma identidade nacional que promoveria apoio popular ao regime. Diante
desse cenário, torna-se evidente que o meio cinematográfico configura um
importante instrumento cultural e político que deve, portanto, ter um acesso
democratizado no Brasil. Nesse sentido, convém analisar o processo de
expansão do cinema brasileiro no contexto de uma urbanização
concentradora e, ainda, a importância de sua democratização para a difusão
de conhecimento no país.
Em primeiro plano, é fundamental compreender que a dificuldade de
acesso ao cinema por parte das camadas populares marginalizadas é
consequência direta da falta de planejamento atrelado à questão social
durante o processo de urbanização brasileira. Isso porque, na década de 1950,
o governo de JK promoveu, através do plano do "Tripé Econômico", a
industrialização do Brasil e o consequente crescimento das cidades sem que
houvesse, no entanto, uma política pública que ampliasse o acesso aos
recursos advindos dessa modernização. Dessa maneira, entende-se que o
cinema, enquanto mudança tecnológica intensificada no referido processo,
tornou-se um entretenimento restrito aos indivíduos econômica e
socioespacialmente favorecidos, o que representa um obstáculo à busca pela
democratização do meio cinematográfico.
Além disso, o acesso ao cinema garante a efetivação do livre
pensamento através da propagação de um conteúdo altamente reflexivo. De
acordo com os iluministas Diderot e D'Alembert, autores da "Enciclopédia", a
democratização da educação é fundamental no combate à alienação dos
cidadãos, garantindo aos mesmos sua efetiva liberdade. Dessa forma,
entende-se que o cinema torna-se um instrumento educacional importante
na medida em que apresenta o entretenimento como meio de reflexão social,
o que contribui com a construção de cidadãos críticos dentro da democracia
brasileira.
Diante do exposto, é necessário que as Câmaras Municipais, em
parceria com as Secretarias da Cultura, combatam os efeitos negativos do
"Tripé Econômico" através de investimentos na construção de cinemas
municipais em regiões marginalizadas, a fim de evitar que a desigualdade
socioespacial seja um obstáculo à difusão de cultura no Brasil. Paralelamente,
o Ministério da Educação deve garantir a efetivação da Liberdade proposta
pela "Enciclopédia" por meio da inserção, na grade curricular do Ensino
Fundamental, de aulas que promovam análises de filmes com fins educativos,
visando ao desenvolvimento da criticidade dos alunos. Assim, poder-se-á
retornar a importância cultural e política do cinema estadonovista através da
democratização do acesso ao meio cinematográfico no atual cenário
brasileiro."
31
Lívia Ribeiro
18 anos | Belo Horizonte - MG | @livia.ribeiro15
"Segundo o filósofo grego Aristóteles, a arte desempenha o papel de
imitar a realidade, permitindo àquele que a aprecia experimentar outras
visões do real e aprender com elas. Nesse sentido, o cinema, uma vez que
se constitui como forma de arte, tem a função não só de entretenimento,
mas também de ferramenta de ensino. Contudo, a realidade brasileira
demonstra um contexto de “elitização” das artes cinematográficas,
excluindo diversos grupos sociais desse processo educativo, sobretudo
aqueles que possuem menor renda.
De acordo com a Constituição Federal, todo cidadão tem direito à
educação de qualidade e ao lazer. Sendo o cinema um instrumento de
promoção de ambos esses direitos, torna-se evidente a importância da
garantia do acesso amplo a ele. Assim, dialogando com as ideias de Paulo
Freire, patrono da educação brasileira, investir na democratização do
cinema é incentivar um ensino libertador, o qual estimule os cidadãos a
buscar verdadeiramente o conhecimento, ao contrário de uma “educação
bancária” – conteudista. Ao sintetizar aprendizado e entretenimento, o
cinema colabora, assim, para a educação freireana.
No entanto, a realidade do Brasil reflete uma evidente exclusão
social no que se refere ao acesso às salas de cinema no país. Em um
contexto de concentração de renda, dados apontam que apenas cerca de
um quinto dos brasileiros que demonstram interesse por filmes
frequentam as salas, revelando que o principal ambiente de propagação
dessa forma de arte apresenta um público seleto, sendo o motivo mais
comum os altos valores cobrados pelos ingressos. Diante desse cenário de
desigualdade, a divulgação do cinema de forma democrática torna-se um
desafio, exigindo ações que revertam essa realidade.
Dessa forma, a fim de promover o acesso amplo a formas
alternativas de educação libertadora, cabe ao Ministério da Educação e
Cultura investir na criação de salas de cinema de acesso gratuito, por meio
da criação de novos cursos de Cinema nas Universidades Federais e a
instalação desses ambientes de reprodução de filmes sob administração
das faculdades, garantindo a prioridade de pessoas de baixa renda,
incentivando, assim, a democratização das artes cinematográficas e o
aprendizado dos estudantes e espectadores."
32
Lucas Rios
18 anos | Belo Horizonte - MG
"O cinema se tornou uma tecnologia com grande potencial
expressivo e, por essa razão, é considerado uma forma de arte.
Simultaneamente, apresenta elevado valor lúdico, prova pelo recente
sucesso de obras como "Coringa" e "Vingadores: Ultimato". Infelizmente, no
contexto brasileiro, nem todos têm amplo acesso a tal maravilha. Nesse
sentido, percebe-se a existência de problemas sociais e econômicos que
dificultam a democratização dessa atividade no país.
Segundo o economista Ludwig von Mises, um dos grandes nomes da
Escola Austríaca de Economia, o homem quando em liberdade, tende a
agir buscando a maximização de sua felicidade. Sob essa ótica, nota-se
que indivíduos com baixo poder aquisitivo priorizarão serviços de
necessidade básica (como alimentação, saúde e moradia) em detrimento
de atividades culturais, uma vez que aqueles, por serem essenciais à
sobrevivência, lhes farão mais felizes que estes. Assim, a fragilidade
econômica torna-se um fator de exclusão de certas parcelas da população
nacional do mundo cinematográfico.
Além disso, de acordo com o Índice de Liberdade Econômica
desenvolvido pela Heritage Foundation, o Brasil está entre os piores países
para abrir uma empresa. Isso é resultado da alta complexidade tributária e
burocrática, que resulta em maiores custos tanto para empreendedores
quanto para consumidores. Por não ser imune a tal fenômeno, o setor do
cinema sofre com as mesmas consequências, que restringem ainda mais a
participação popular nas sessões. Dessa forma, a abertura e simplificação
desse mercado são medidas necessárias para democratizá-lo, dado que
reduzem os preços.
Diante do exposto, evidenciam-se os desafios sociais e econômicos
para o pleno acesso da população brasileira às obras cinematográficas.
Cabe, então, ao Ministério da Cidadania, por ter herdado as funções do
extinto Ministério da Cultura, criar, por meio de parcerias com as empresas
do setor, entradas gratuitas periódicas para a população de baixa renda, de
modo a facilitar a sua participação nas salas de cinema e,
consequentemente, popularizar o acesso à cultura. Paralelamente, o
Ministério da Economia deve estimular, através de medidas provisórias, a
redução de impostos e regulações no mercado citado. Desse modo,
concretizar-se-ão os seus valores lúdico e artístico, que serão apreciados
pelo povo brasileiro como um todo."
33
Luísa Dornelas
20 anos | Belo Horizonte - MG
"A primeira exibição pública do cinema ocorreu no ano de 1895 na França
e, aos poucos, difundiu-se para todas as nações, sendo ainda uma grande fonte
de entretenimento, inclusive no Brasil. Além disso, é notória sua função social ao
proporcionar aos espectadores tanto uma atividade de lazer quanto uma
propagação de informações e de conhecimentos, como os documentários e os
filmes contendo alusões históricas. Nesse viés, a Constituição brasileira de 1988
determina o direito ao entretenimento a todos os cidadãos, assegurando o
princípio da isonomia. Entretanto, o acesso aos cinemas no país vem deixando,
grandemente, de ser democrático, sobretudo devido à segregação espacial e aos
elevados custos, ferindo o decreto, o que demanda ação pontual.
Decerto, o processo de urbanização brasileiro ocorreu de forma acelerada e
desorganizada, provocando o surgimento de aglomerados no entorno dos centros
urbanos. Diante dessa conjuntura, essas periferias sofrem, de modo geral,
históricas negligências governamentais, como a escassez de infraestrutura básica,
de escolas e de hospitais. Não obstante, tais regiões também carecem de espaços
de lazer, como os cinemas, que, majoritariamente, concentram-se nas áreas
centrais e de alta renda das cidades. Assim, corrobora-se a teoria descrita pelo
filósofo francês Pierre Lévy de que “toda nova tecnologia gera seus excluídos”.
Portanto, o cinema, sendo uma inovação técnica, promove a segregação dos
indivíduos marginalizados geograficamente.
Ademais, a maioria dos cinemas pelo Brasil cobram altos valores pelos
ingressos das sessões, o que se torna inviável para grande parte da população,
haja vista a situação econômica de crise que o país enfrenta, em que muitos
indivíduos se encontram desempregados ou possuem baixa renda familiar. Desse
modo, descumpre-se a determinação da Constituição Cidadã de igualdade de
acesso ao lazer pela população, especialmente um entretenimento tão difundido
entre a sociedade e de grandes benefícios pessoais, como a aquisição de
informações e a ampliação da criticidade. Por fim, ratifica-se a tese desenvolvida
pelo jornalista brasileiro Gilberto Dimenstein acerca da Cidadania de Papel, isto é,
embora o país apresente um conjunto de leis bastante consistente, elas se atêm,
de forma geral, ao plano teórico. Logo, a garantia de igualdade de acesso ao
cinema pelos cidadãos não é satisfatoriamente aplicada na prática,
impulsionando a segregação social.
Observa-se, então, a necessidade de democratização dos cinemas no Brasil.
Para tanto, é preciso que a Ancine – Agência Nacional de Cinema – amplie o
acesso da população aos cinemas. Isso ocorrerá por meio do incentivo fiscal às
empresas do ramo, orientando a construção de mais cinemas nas regiões
periféricas, a redução dos preços dos ingressos e a concessão de gratuidade de
entrada para a parcela da sociedade pertencente às classes menos favorecidas,
como indivíduos detentores de renda familiar inferior a um salário mínimo. Dessa
forma, mais brasileiros terão a possibilidade de acesso aos cinemas e, finalmente,
a isonomia será garantida nesse contexto, reduzindo a desigualdade entre a
população."
34
35
36
Matheus Adriano
22 anos | São Luís - MA | @andradefmatheus
"O poeta Sebastião Uchoa Leite já mencionou que o cinema era uma
de suas grandes inspirações em razão das diferentes perspectivas que este
pode dar sobre o mundo. Portanto, o cinema, enquanto ferramenta de
reflexão, beneficia a população brasileira, mas enfrenta, lamentavelmente,
desafios para a democratização de seu acesso em escala nacional. Isso se
deve, por um lado, a um padrão cinematográfico que não contempla as
diversidades regionais e, por outro, a uma elitização da “sétima arte”,
afastando-a das periferias.
Em primeiro lugar, o Brasil reproduz, majoritariamente, filmes
americanos, de padrão “hollywoodiano”, que não contemplam as
expressões regionais brasileiras. Segundo o filósofo Emmanuel Lévinas,
uma sociedade justa deve respeitar a alteridade de seus membros, de
modo que sua exclusão é uma forma de violência. Assim, o cinema
regional aparece como um símbolo da cultura local, e seu incentivo é um
modo de respeitar a alteridade dessas parcelas da sociedade, incluindo-as
na cultura do cinema.
Além disso, o cinema, no Brasil, tem tido alcance restrito às classes
sociais privilegiadas, que possuem fácil acesso a shopping centers, onde a
maioria dos cinemas se concentra, ou renda suficiente para manter
serviços de streaming, como o Netflix. De acordo com o sociólogo Pierre
Bourdieu, a facilidade de acesso a obras de arte pode ser chamada de
“capital cultural”, e sua acumulação é uma maneira de reproduzir a
desigualdade social. Nesse sentido, levar o cinema às periferias é um passo
essencial para a democratização de seu acesso no Brasil e para a
distribuição do “capital cultural” entre todos.
Em conclusão, o incentivo ao cinema regional brasileiro e a difusão
da “sétima arte” nas periferias são caminhos possíveis para a
democratização do seu acesso no Brasil. Para isso, o Ministério da
Cidadania, por meio de editais públicos, deve oferecer patrocínio à
produção de filmes regionais, em especial nos interiores brasileiros, com a
finalidade de difundir o cinema regional. Concomitantemente, os Governos
estaduais, por meio de suas secretarias de cultura, devem criar campanhas
de exibição de filmes nas periferias, atendendo às especificidades de cada
estado, para difundir o acesso a esse meio artístico a todos os brasileiros."
37
Nathalia Vital
24 anos | Arapiraca - AL
"Com a consolidação do capitalismo ocorrida ao final da Guerra Fria
o cinema sofreu transformações para adequar o seu conteúdo à demanda
de consumo desse modelo. Desde então, o cinema tornou-se um dos
principais meios de acesso e difusão da cultura, no entanto, o Brasil
enfrenta desafios para democratizar o acesso ao cinema à população, seja
pelo baixo incentivo para frequentá-lo — fruto da negligência escolar em
estimular o apreço pelos filmes —, seja pela escassez de cinemas.
Nesse contexto, para o filósofo Aristóteles, o desenvolvimento de
virtudes e aptidões ocorre por meio de uma educação eficiente. Todavia, a
prática deturpa essa teoria no tocante à falha das escolas em estimular o
apreço pelos filmes, uma vez que não há projetos específicos nas aulas
para cultivar tal sentimento. Por conseguinte, se o incentivo não é
promovido, os indivíduos não desenvolvem a necessidade de ir ao cinema,
bem como não entendem a importância dele para obter um maior
conhecimento cultural e, desse modo, a democratização do acesso aos
serviços cinematográficos torna-se cada dia mais difícil.
Além disso, o acesso ao cinema também é dificultado em razão da
ausência ou escassez de cinemas em regiões periféricas, pois não há
incentivos governamentais para a instalação deles nesses locais. Sob tal
aspecto, essa falha decorre do pensamento de que o serviço
cinematográfico não é lucrativo em cidades onde o cinema não é
frequentado regularmente, entretanto, muitas vezes, as pessoas deixam de
consumí-lo em razão de não haver um cinema perto de suas residências e
do alto preço dos ingressos, os quais não são acessíveis para quem possui
baixas condições financeiras. Destarte, segundo o filósofo Jürgen
Habermas, a inclusão e o amparo à população devem ser prerrogativas
para um convívio social justo e harmonioso e, por isso, a construção de
mais cinemas irá proporcionar uma maior inclusão na sociedade e o
acesso ao cinema será ampliado.
Logo, cabe o Ministério da Educação alterar a grade curricular de
ensino — mediante a inserção de aulas de cinema nas disciplinas de
História e Sociologia, as quais trabalhem um filme por semana — a fim de
cultivar o apreço por filmes e, assim, estimular a ida ao cinema. Ademais,
compete ao Governo Federal junto à Secretaria Nacional da Cultura
investir na construção de cinemas nas cidades periféricas, com preços
acessíveis à comunidade, com o intuito de ampliar o acesso ao cinema no
Brasil de forma igualitária. Dessa maneira a democratização do acesso ao
cinema ocorrerá plenamente."
38
Nayra Amorim
18 anos | Pau dos Ferros - RN | @_nayraamorim
"No Brasil, apesar de a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 215,
garantir acesso à cultura a todos os brasileiros, nota-se que muitos cidadãos
não usufruem dessa prerrogativa, tendo em vista que uma grande parcela
social não tem acesso ao cinema. Dessa forma, esse cenário comprometedor
exige ações mais eficazes do poder público e das instituições de ensino, a fim
de assegurar a igualdade de acesso ao universo cinematográfico.
Efetivamente, é notório o desacordo que existe entre o que é
assegurado pela Constituição e a realidade do país, uma vez que muitos
municípios não possuem cinemas ou espaços destinados à exposição de
filmes, séries e documentários. Esse nefasto paradigma atesta, sobretudo,
uma grande desigualdade no acesso à cultura do país, tendo em vista que em
grandes cidades, como o Rio de Janeiro, o cinema é mais valorizado. Além
disso, vale ressaltar que tal desigualdade fere a Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 1948, a qual assegura a produção cultural e lazer como
um direito de todos. Logo, é fundamental que o poder público desenvolva
medidas, como a construção de mais espaços destinados aos espectadores,
com o intuito de que os anseios do artigo 215 tenham realmente vigor.
Ademais, outro fator preponderante é que, apesar da modernização do
universo cinematográfico, o qual, atualmente, possui filmes em “3D” e salas de
cinema bastante equipadas, muitos brasileiros não conseguem arcar, por
exemplo, com o custo do ingresso ou, até mesmo, o espaço destinado à
exibição de filmes, como shopping center, é distante do local onde essas
pessoas residem, inviabilizando, assim, o acesso à cultura previsto na
Constituição. Esse panorama conflituoso explicita a necessidade das
instituições de ensino em atuar de forma mais efetiva, promovendo, por
exemplo, “noites do filme” na comunidade que se sejam gratuitas, a fim de
democratizar o acesso ao cinema, sendo essa uma forma de entretenimento
da população, bem como de transmissão de conhecimento.
Portanto, cabe ao poder público intensificar os investimentos no acesso
à produção cultural do país, sobretudo, ao cinema, mediante replanejamento
orçamentário, que viabilize a destinação de mais verbas para a construção de
cinemas nos municípios, com o propósito de que mais brasileiros possam
usufruir dessa importante ferramenta para o lazer. Outrossim, as instituições
de ensino, como as escolas e as universidades, devem promover a
democratização do acesso ao cinema, por meio da exibição gratuita de filmes
em, por exemplo, auditórios e quadras escolares em horários noturnos, com o
fito de que todas as parcelas sociais possam ser atendidas."
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Raquel Merisio
20 anos | Linhares - ES | @raquelmerisio
"Karl Marx, pensador alemão, acredita que os indivíduos devem ser
analisados de acordo com o contexto de suas situações sociais, já que produzem
suas existências em grupo. Nessa lógica, torna-se pontual compreender a questão
do acesso ao cinema no Brasil e os meios para haver a democratização na
sociedade. A partir disso, faz-se relevante entender que os ínfimos investimentos
dos institutos de ensino em estimular a valorização do cinema e da cultura e a
persistência da vulnerabilidade social requerem um quadro a ser revertido.
Em primeira análise, observa-se que Edgar Morin, sociólogo francês, afirma,
com conceito de "pensamento sistêmico", que é preciso ir além de um
pensamento linear, sendo necessário se preocupar com as relações de causa e
efeito. Essa questão é pertinente, uma vez que muitas escolas têm o foco
direcionado aos vestibulares e ao mercado de trabalho e negligenciam as
abordagens sociais como o debate sobre o cinema e sobre os valores
transmitidos por esse meio intelectual. Isso se torna preocupante, visto que sem a
formação de estudantes como cidadãos que apreciam a arte audiovisual, há a
permanência de sentimentos de descaso à cultura. É indiscutível, então, que haja
maior atenção dos institutos de ensino em abranger os assuntos sociais, para que
as relações de causa e efeito sejam priorizadas com a construção de alunos
envolvidos nas questões culturais e, assim, possa existir maior valorização e
ingresso dos cinemas no país.
Ademais, outra razão fundamental para a consolidação desse pensamento
é o fato de que John Locke, filósofo inglês, pontua que o Estado deve garantir os
direitos dos cidadãos como a manutenção do acesso às áreas culturais e de lazer.
Nesse caso, o equívoco eclode no erro de se acreditar que esses direitos são
assegurados com efetividade em todas as classes sociais. Sabe-se que tal relato
não pode ser afirmado, pois é notório que o que prevaleceu no Brasil é a
desigualdade social, a qual prova que as pessoas de regiões minoritárias são mais
vulneráveis ao meio e não têm acesso aos centros culturais como cinema devido
à falta de políticas públicas voltadas a essa questão. Diante desse quadro, não se
pode adiar a preocupação dos órgãos governamentais em promover áreas
cinematográficas nas regiões pobres, para que se crie uma relação de
pertencimento com a garantia dos direitos e, desse modo, exista a
democratização dessa arte no país.
O posicionamento assumido demanda, portanto, duas Medidas pontuais. A
princípio, os institutos escolares, responsáveis pela construção pessoal e social,
devem estabelecer como meta a flexibilização das metodologias aplicadas à
educação, por meio de aulas dinâmicas e transdisciplinares que abordem as
questões sociais como a valorização do cinema, para que os estudantes se
interessem pela cultura audiovisual e, assim, exista maior acesso nesse ramo. A
outra ação precisa ser fomentada pelo Ministério da Cidadania, juntamente às
ONGs, no sentido de intensificar os centros artísticos nas classes mais carentes,
por intermédio da implementação de cinemas abertos à população, a fim de que
haja acesso das práticas cinematográficas com equidade. Com esses
direcionamentos, os indivíduos, como advoga Marx, irão coexistir de forma mais
integral na sociedade com a democratização da cultura audiovisual."
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Stela Lopes
18 anos | Belo Horizonte - MG | @stela.terra_
"A questão do acesso ao cinema, apesar de não ser amplamente
discutida, é um problema muito expressivo no Brasil atualmente. A
gravidade do quadro é evidenciada pelos dados do site Meio e Mensagem:
83% da população brasileira não frequentam tal ambiente. Nesse
contexto, percebe-se que o acesso ao cinema não é democratizado e
convém analisar as causas e impactos negativos dessa situação na
sociedade.
Em primeiro lugar, é preciso compreender as causas dessa
problemática. Em um mundo marcado pelo capitalismo, é comum que,
cada vez mais, seja fortalecido o sistema de mercantilização do lazer, ou
seja, este passa a ser vendido por empresas em forma de mercadoria.
Nesse sentido, nota-se que, muitas vezes, parcelas da população com
condições financeiras mais baixas acabam não conseguindo ter acesso às
atividades de lazer, como o cinema, devido aos preços, geralmente,
inacessíveis. Além disso, outro fator que contribui para a falta do amplo
acesso da população ao cinema é a localização no interior dos shoppings,
os quais, normalmente, estão situados nos centros das grandes cidades, o
que acaba dificultando o acesso de moradores de bairros mais afastados.
Dessa forma, o cinema no Brasil torna-se um ambiente elitizado.
Em segundo lugar, é importante salientar os impactos negativos
desse quadro na sociedade. Tendo em vista que a parcela mais pobre da
população, geralmente, não consegue arcar com os custos de frequentar o
cinema e sabendo que o acesso ao lazer é um direito garantido pela
Constituição Federal, percebe-se a ocorrência da "cidadania de papel",
termo cunhado pelo escritor paulista Gilberto Dimenstein, que diz respeito
à existência de direitos na teoria (Constituição), os quais não ocorrem, de
fato, na prática. Sob essa perspectiva, nota-se que a falta de
democratização do acesso ao cinema gera exclusão social das camadas
menos favorecidas e impede que elas possam usufruir de seus direitos.
Portanto, é mister que o Ministério da Infraestrutura, em parceria
com o Ministério da Cultura, construa cinemas públicos, por meio da
utilização de verbas governamentais, a fim de atender a população que
não pode pagar por esse serviço, fazendo com que, assim, o acesso ao
cinema seja democratizado e essa parcela da sociedade deixe de usufruir
apenas de uma "cidadania de papel"."
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Thiago Nakazone
17 anos | Recife - PE | @thiagonakazone
"Os filmes, além de proverem entretenimento, têm uma função social
muito importante: a de denúncia. O movimento do Cinema Marginal, por
exemplo, ocorrido na segunda metade do século XX, tornou-se único por
retratar as mais diversas desigualdades de nosso país. Por conta desse caráter
tão plural, democratizar o acesso à Sétima Arte no Brasil se faz extremamente
necessário. Contudo, quanto a isso, existem vários desafios, sendo os
principais: a desuniforme distribuição do parque exibidor e o alto preço
cobrado pelos ingressos.
De início, sabe-se que, quando surgiram em terras tupiniquins, os
cinemas eram de rua, com um único ambiente com capacidade para mais de
500 pessoas. Entretanto, a crescente onda de violência nas cidades — muito
bem retratada pelo longa-metragem brasileiro “Tropa de Elite” — fez com que
tal cenário mudasse completamente. No panorama atual, a maior parte dos
centros de exibição antigos foram demolidos, sendo substituídos por novos
complexos multissala. Esses últimos, por sua vez, afastaram-se das periferias e
abrigaram-se nos shoppings centers, capazes de fornecer um pouco mais de
segurança. Tal realidade prova, tristemente, que a criminalidade nas
metrópoles contribuiu para a centralização do parque exibidor em áreas ricas,
dificultando o acesso pelos mais pobres — um verdadeiro empecilho.
Outrossim, esse mercado — monopolizado por grandes corporações —
tornou-se bastante caro. Os altos preços cobrados por um ingresso não são
uma realidade muito viável: para diversos brasileiros com dificuldades
financeiras, o lazer dificilmente é tratado como prioridade. O país, inclusive,
conta com mais de 10 milhões de desempregados — a maior taxa dos últimos
anos —, segundo o IBGE. Engana-se, porém, que pensa que, no nosso circuito
filmográfico, não há demanda: basta ver o notável número de espectadores
nas segundas e quartas-feiras, dias de promoção. Essa delicada situação
mostra que, infelizmente, os valores abusivos espantam os consumidores e
constituem outro importante desafio.
Sabendo disso, portanto, as Secretarias de Segurança Pública
necessitam, através de ações com a Polícia Civil, criar um eficiente programa
de combate à violência urbana contendo canais de denúncia e agentes
especializados, a fim de, novamente, tornar as ruas amigáveis à instalação de
complexos de exibição. O Ministério da Economia deve, por fim, estimular
pequenos empreendedores desse mercado, por meio de empréstimos e de
incentivos fiscais, visando ampliar o parque exibidor, promover a concorrência
e, assim, abaixar os preços dos ingressos. Dessa forma, busca-se democratizar
o acesso ao cinema e superar as desigualdades retratadas no movimento
marginal."
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Vinicius Adriano
17 anos | Belém - PA | @vini.adriano
"No longa-metragem ganhador do Oscar “A invenção de Hugo Cabret”,
narra-se o cotidiano de um jovem garoto órfão que, apesar de viver - sob precárias
condições - em uma estação de trem parisiense, frequenta, clandestinamente, uma
sala de cinema próxima ao seu lar como uma forma de afastar-se de sua infeliz
realidade. Tal obra fictícia, além de expor um dos benefícios da ida a esse tipo de
estabelecimento, também denuncia a desigualdade do acesso à arte
cinematográfica, semelhantemente ao que ocorre no Brasil contemporâneo. Nesse
âmbito, faz-se necessário analisar dois entraves acerca do óbice social apresentado: os
elevados custos para a entrada em cinemas - incompatíveis com a condição
financeira de camadas populares - e a falta de mobilização cidadã em prol da
equidade dos direitos relacionados a essa situação.
Primordialmente, é válido pontuar a política de preços altos como um
obstáculo à democratização da Sétima Arte no território nacional. Isso ocorre devido
ao ineficiente quantitativo de medidas governamentais para modificar as tabelas de
custos estabelecidas por empresas privadas (responsáveis pela distribuição de obras
cinematográficas), promovendo um impedimento a comunidades de baixa renda no
que tange ao acesso aos locais em pauta. Entretanto, atualmente, observa-se uma
gradativa mudança na postura estatal em relação a esse cenário, a exemplo da
criação do cinema Líbero Luxardo na cidade de Belém, desenvolvido pelo governo do
estado do Pará para oferecer entretenimento (tanto nacional, quanto estrangeiro) de
qualidade por preços econômicos. Apesar desse notório progresso, ainda é imperiosa
a problemática supracitada, uma vez que projetos (como o exposto) são minoritários
comparadas a outras regiões do país.
Ademais, deve-se explicitar que considerável parcela da sociedade não busca
reverter a situação da desigualdade do acesso ao cinema no Brasil. Tal estorvo advém
de uma despreocupação dos cidadãos em exigir reformulações nos setores públicos
(como o Ministério da Cidadania) encarregados de garantir a possibilidade de
apreciação das múltiplas formas de arte por todos, o que define esse comportamento
negligente como um “eclipse de consciência”, termo - conforme o literato português
José Saramago, no romance “Ensaio sobre a cegueira” - utilizado para sintetizar a
ideia da falta de sensibilidade do indivíduo perante os imbróglios enfrentados pelo
próximo, nesse caso, o contingente populacional desprovido da oportunidade de
desfrute às produções cinematográficas. Por conseguinte, sob efeito desse fenômeno,
considerável parte dos brasileiros fomenta a invisibilização do empecilho social em
evidência, afastando as pessoas necessitadas das salas de projeção.
Portanto, cabe ao Poder Executivo - instituição de alta relevância para o país -
potencializar projetos sociais para a construção de locais de exibição de filmes
nacionais e internacionais no território, por meio da cessão de capital público aos
órgãos competentes, a fim de efetivar a democratização da apreciação do cinema aos
cidadãos. Paralelo a isso, o Ministério da Educação deve mudar o comportamento
passivo da comunidade acerca do combate ao óbice em questão, por intermédio de
palestras em escolas e em universidades, visando reverter o preocupante cenário
reiterado e, assim, desvencilhar parte da sociedade do “eclipse de consciência” que a
acomete."
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Vitória Castro
19 anos | Teresina - PI | @dicasdavitmil
"Em sua obra "Cidadãos de Papel", o célebre escritor Gilberto
Dimenstein disserta acerca da inefetividade dos direitos constitucionais,
sobretudo, no que se refere à desigualdade de acesso aos benefícios
normativos. Diante disso, a conjuntura dessa análise configura-se no Brasil
atual, haja vista que o acesso ao cinema, no país, ainda não é democrático.
Esta realidade se deve, essencialmente, à falta de subsídios para a
infraestrutura nas regiões periféricas e à urbanização desordenada das urbes.
Sob esse viés, é importante ressaltar que a logística de instalação de
salas de cinema, nas cidades pequenas, é precária. Nesse sentido, segundo o
Contrato Social ― proposto pelo contratualista John Locke ―, cabe ao Estado
fornecer medidas que garantam o bem-estar coletivo. Contudo, a
infraestrutura das cidades pequenas e médias é, muitas vezes, pouco dotada
de incentivos para a construção de salas de exibição de filmes, como centros
de lazer ― dotados de praça de alimentação, por exemplo. Com isso, uma
parcela expressiva da população é excluída dessa atividade cultural, o que,
além de evidenciar o contexto discutido por Gilberto Dimenstein, vai de
encontro ao Contrato Social. Desse modo, políticas públicas eficazes
tornariam possível a maior acesso ao direito de cultura, garantido pela Magna
Carta de 1988, por meio do cinema.
Além disso, o crescimento urbano desordenado gerou a concentração
de cinemas em determinadas áreas da cidade, o que excluiu, principalmente,
os locais pouco evidenciados pelo mercado imobiliário. Nessa linha de
raciocínio, o geográfico Milton Santos atribuiu ao inchaço urbano desenfreado
o surgimento de processos como a Gentrificação, a qual "expulsa" a parcela de
indivíduos de baixa renda da sua moradia. Devido a isso, a distribuição de
salas de cinema ocorreu de maneira desigual, privilegiando áreas nobres. Por
conseguinte, as favelas ― localidades em aparatos sociais ― possuem pouco ou
nenhum acesso à arte cinematográfica, o que evidencia um exército de
"cidadãos de papel". Assim, o cinema pode ampliar o seu alcance mediante a
ação de setores sociais que forneça infraestrutura de filmes.
Portanto, para a efetiva democratização do acesso ao cinema no Brasil,
é importante que o Governo Federal, por intermédio de subsídios tributários
estaduais, forneça a descentralização das salas cinematográficas do território,
a partir da instalação de unidades de cinema nas regiões que não possuem ―
com aparato qualificado, variedade de exibições e praça de alimentação ―, a
fim de proporcionar a cultura do cinema para a parcela de cidadãos excluída.
Ao mesmo tempo que isso, cabe ao Ministério da Cultura ― principal órgão
intermediador de políticas culturais no país ― propor um vale cinema para
aqueles que não possuem renda suficiente para a compra, com direito a pelo
menos duas oportunidades mensais, para que o direito aos filmes não seja
restrito por critérios censitários. Dessa forma, poder-se-á atenuar a
desigualdade discutida por Dimenstein."
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