Museologia Resumo

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Museologia - Resumo

Aula 01 – Museologia – Campo de estudo – 14/03/2014

Museologia: O que é?

A palavra Museologia é formada por duas expressões gregas: museion, lugar das musas, e logos,
que significa estudo ou reflexão baseado na sensibilidade e na razão.

Do mesmo modo é a origem da palavra museu: o "lugar das musas", ou seja, é onde os objetos
eleitos como sendo os melhores da sua espécie ficam guardados para serem apresentados.

Objetivo maior da Museologia

Podemos chegar ao objetivo maior da Museologia: o estudo do "fato museológico", isso é, o estudo
das relações sensíveis que se estabelecem entre as pessoas e os objetos (acervos) apresentados
em um cenário expositivo.

Entretanto, a Museologia foi considerada, durante muito tempo, apenas como "a ciência dos
museus". Pouco articuladas com os problemas que a sociedade precisava e queria debater.

Mas a partir da década de 1970, com a ampliação do conceito de museu e de patrimônio, esse
modelo passou a ser questionado, passando a defini-la como uma ciência social que estuda os
objetos de museu como fontes de conhecimento.

Ampliação do conceito de Museologia

O conceito de Museologia foi novamente ampliado, redefinindo-a como uma ciência social que
"percebe" o objeto museológico como fonte de conhecimento e também de questionamento.

Para uns, um objeto pode significar muito, e para outros pode ser pouco importante ou até não
significar nada em termos de conhecimento e reflexão.

Essa percepção do objeto como fonte de saber e de reflexão produz uma importante diferença no
momento de selecioná-lo para integrar um acervo de museu, pois existem vários tipos de
conhecimento conforme o valor que lhes é atribuído, e também por "quem" lhes atribui esse valor.

Atualmente, quando a ciência museológica seleciona objetos para integrar um acervo, o faz pelo
seu valor enquanto fontes de conhecimento e questionamento.                 
 
Assim, a Museologia é uma ciência da informação na medida em que seleciona, conserva, ordena
e investiga as informações contidas nos objetos e acervos museológicos. E também é uma ciência
social aplicada, porque realiza pesquisas sobre essas informações e as divulga através de
exposições, eventos e programas educativos em museus, centros culturais, centros de memória e
centros de referência.
 
Portanto, você pode perceber que a Museologia é uma disciplina aplicada para o exercício livre e
crítico da cidadania e a promoção do desenvolvimento humano, e a sua cientificidade está em
permanente construção.

Museu, patrimônio e identidade

Os museus só passam a existir quando o homem adquire a consciência de seus patrimônios


natural e cultural, isto é, quando se apropria das práticas que caracterizam o grupo social do qual
ele faz parte e o faz ser diferente de outros grupos.
Assim que a consciência dessas práticas tem início, começa a se definir a identidade dos grupos
humanos em todos os tempos e lugares. É a partir daí que a humanidade passa a construir esses
espaços chamados de museus e os utiliza para preservar esse patrimônio.

É daí que decorre a função primordial dos museus: selecionar, guardar, conservar, pesquisar e
divulgar tudo aquilo que seja eleito como patrimônio para um determinado grupo social, isto é,
pelas qualidades que dão àquele grupo uma identidade.

Patrimônios

O patrimônio natural se constitui no espaço físico onde um grupo humano se instala e vive.

O patrimônio cultural nos objetos materiais (tangíveis) e também imateriais (intangíveis).

Mais sobre patrimônios

Então, podemos entender que o patrimônio integral é a soma de todos esses bens naturais,
culturais materiais e culturais imateriais que as pessoas consideram como pertencentes a todo o
grupo, e que por isso é importante que sejam preservadas.

Assim, podemos compreender que a identidade de um povo é constituída pelo seupatrimônio


integral.

Campo de estudo

O campo de estudo da Museologia é a investigação da instituição "museu", dos acervos nela


contidos e das interações desses acervos com as realidades dos vários grupos humanos.

Desse modo, o estudo museológico aborda as relações entre os humanos e as suas diversas
formas de compreender, valorizar, expressar e reproduzir a sua cultura no seu dia a dia.

No amplo universo das manifestações culturais estudados pela Museologia podemos destacar: a
pintura, a escultura, a arquitetura, a numismática, os meios de transporte, a armaria, a
indumentária (vestuário e joalheria), a heráldica (brasões), o mobiliário e várias outras formas de
expressão.

Todos esses conhecimentos são investigados em uma perspectiva sócio-históricas e aplicados


pela ciência museológica através da museografia, da expografia, das técnicas de conservação e
restauro dos estudos de público e da pedagogia museal.  

A disciplina Museologia estuda tudo o que se relaciona com esse lugar chamado museu e seus
acervos, e prepara profissionais para administrá-lo e fazê-lo cumprir sua função social.

E a ciência museológica seleciona e pesquisa os objetos e os acervos, produz conhecimentos a


partir deles e divulga esses saberes através de exposições, eventos e programas educativos.

Relações da Museologia com outros campos do saber

Está ligada com as disciplinas históricas – da arte, da cultura e da civilização – e, constantemente,


relacionada com as ciências humanas e naturais, com a Filosofia e com as ciências exatas.

A pesquisa museológica abrange o amplo universo das expressões artísticas além de outras
linguagens como a música, o cinema, a fotografia, o teatro, a dança, o folclore, a cenografia e a
Literatura.
Também se relaciona com o campo das ciências humanas e na área das ciências sociais
aplicadas, Há ainda uma relação próxima com as ciências exatas e com as ciências biológicas e da
terra, como a Medicina, a Astronomia e a Química.

Como você pode ver, a Museologia coloca em ação várias áreas do conhecimento e as torna um
campo aberto para criar relações e interpretações.

Museologia e sociedade

A ciência museológica está em permanente evolução. Atualmente, as reflexões nessa área lançam
seu olhar sobre a realidade circundante, ou seja, sobre a sociedade. E daí tem surgido uma nova
corrente museológica, criando outros tipos de museus e renovando as suas ações.

Nós já vimos que houve uma época em que a Museologia era considerada a “ciência dos museus",
e suas ações pouco discutiam os problemas com a sociedade.

Vimos também que os objetos incorporados aos acervos (objetos musealizados) deixaram de ser
selecionados apenas como raridades e passaram a ser percebidos como fontes de conhecimento.

Então, já podemos concluir que essa nova vertente da ciência museológica rompeu com uma
tradição que tratava o objeto em si mesmo, guardado em um edifício chamado de museu para ser
apreciado por um público restrito através de uma pedagogia formal.  

E também podemos concluir que os acervos só podem provocar reflexões se forem percebidos em
um contexto sócio-histórico.

E mais ainda: que as ações realizadas pelos museus e seus eventos, seus programas educativos e
exposições sejam desenvolvidas com a participação da comunidade.

Aula 02 – Historia da museologia no Brasil e no Mundo – 22/03/2014

A museologia no mundo

Você viu que a palavra museu teve origem na antiga Grécia. Museion era o nome dado aos
templos das musas, que representavam os ramos das artes e das ciências.

Mas esses templos não tinham a finalidade de reunir coleções. Eram locais reservados para
debates filosóficos e estudos artísticos, científicos e literários.

E essa noção de museu continuou associada às artes, às ciências e à memória, da mesma


maneira que era na antiguidade.

Mas, com o passar do tempo, a ideia de museu foi adquirindo novos significados, até que, no
século XV, colecionar objetos virou uma mania em toda a Europa.

Nesse período, vivia-se o espírito científico e humanista do Renascimento, e as coleções eram


armazenadas em locais chamados de "gabinetes de curiosidades".

Com a expansão das navegações para o oriente e para o novo mundo, essas coleções passaram a
ser enriquecidas com objetos provenientes das Américas e da Ásia, adquiridos pela nobreza e pela
burguesia ascendente. Também eram colecionados trabalhos de artistas locais.

Símbolos do poder político e econômico, essas coleções proliferavam por toda a Europa.  Essas
coleções também passaram a abrigar espécimes da natureza, formando as primeiras coleções
científicas que buscavam reproduzir o ambiente natural de espécies vindas de terras distantes.
Entretanto, os gabinetes de curiosidades reuniam objetos que eram adquiridos mais pelo prazer de
colecionar para mostrar riqueza e poder do que para servir como elementos de pesquisa.

Foi entre os séculos XV e XVI que surgiram as primeiras coleções organizadas para formar
acervos de instituições parecidas com as que hoje conhecemos como museus.

Mas foi somente no final do século XIX que surgiu na Inglaterra, uma instituição criada para essa
finalidade: o Museu de História Natural de Londres.

Os objetos então passaram a ser coletados formando um conjunto lógico. E o primeiro a organizar
esses objetos por classes foi o botânico, zoólogo e médico suíço Carlos Lineu, criador do método
de classificação científica.

A partir de então, as coleções passaram a ser usadas também para a pesquisa, e os antigos
gabinetes transformaram-se em museus. Contudo, essas instituições ainda não eram abertas ao
público.

Museus e suas funcionalidades

Mas somente no final do século XVIII, na França, foi permitido ao público ter acesso a essas
instituições, marcando o surgimento dos primeiros museus nacionais.Em seguida, outros museus
foram criados na Europa.

Criados dentro do espírito nacionalista da época, tinham como função formar cidadãos através do
conhecimento do seu passado, e participaram de maneira decisiva na construção dos Estados
nacionais. Também assumiam a função de exaltar o poder desses países através de coleções
trazidas das suas colônias.

Durante todo o século XIX, várias expedições percorriam os territórios colonizados recolhendo
espécimes da flora e da fauna e assim, foram se formando as coleções de Mineralogia, Botânica,
Zoologia, Etnografia e Arqueologia que passaram a integrar os acervos dos principais museus da
Europa.

No Brasil, Debret, Rugendas, Saint-Hilaire, Spix e Martius, entre outros, publicaram um vasto
material etnográfico sobre o nosso país.

Ainda em 1870, surge o Museu Metropolitano de Nova Iorque. Com um perfil mais pedagógico,
serviu de modelo para outros museus norte-americanos e mais tarde latino-americanos, como o
MASP (Museu de Arte de São Paulo) e o Museu de Antropologia da Cidade do México.

A museologia no Brasil

A primeira instituição museológica brasileira surgiu no início do século XIX. O Museu Real, criado
por D. João VI, no Rio de Janeiro, em 1818.

Pouco depois passou a ser aberto ao público, contudo, o Museu Real manteve um perfil
colecionista e, somente no final do século XIX, adquiriu um caráter científico.

Junto com o Museu Nacional, o Museu Paraense Emílio Goeldi e o Museu Paulista assumiram o
perfil de museus etnográficos, seguindo o modelo que se difundiu em todo o mundo entre os anos
de 1870 e 1930.

Suas coleções eram formadas por elementos de História Natural, Etnografia, Paleontologia e
Arqueologia, e eram organizadas e apresentadas de uma forma enciclopédica, isto é, seguindo
uma cronologia.
As pesquisas desenvolvidas por esse museus apoiavam-se na Teoria Evolucionista de
CharlesDarwin, que mais tarde foi à base da Antropologia.  

Portanto, podemos dizer que tanto no Brasil como no resto do mundo os museus se constituíram
sobre dois modelos: um baseado na história e cultura do seu país celebrando sua nacionalidade, e
outro voltado para o estudo da Pré-História, da Arqueologia e da Etnologia, como resultado dos
movimentos científicos da época.

Os museus de modelo enciclopédico predominaram até 1930, quando entraram em declínio.


Entretanto, os museus brasileiros mantiveram suas ações a serviço do nacionalismo, celebrando,
em suas exposições, a exuberância da nossa natureza e a cultura do nosso povo.

Em 1922 com a criação do MHN, a museologia rompeu com a tradição enciclopédica e inaugurou a
fase ligada a historia brasileira, produzindo exposições que apresentaram a nossa cultura material
e simbólica com representatividade da nossa nacionalidade.

Os acervos do MHN documentavam a evolução da nação brasileira, com destaque especial para
os períodos do Império e da República.

Seguindo o modelo implantado pelo MHN, vários museus surgidos entre as décadas de 1930 e
1940 trouxeram as marcas de uma Museologia comprometida com a ideia de uma memória
nacional, como fator de integração social e reflexão crítica.

A partir de então, o MHN se tornou referência para outros museus brasileiros, e contribuiu para a
criação do curso de graduação em Museologia, em 1932, que funcionou no próprio museu até
1979, formando e aperfeiçoando profissionais de várias áreas do conhecimento que desejassem
trabalhar em museus de todo o país.

Aula 03 – Museus, centros culturais e centros de memoria – 28/03/2014

Conceito

Os museus são instituições sócio-históricas de pesquisa.Existem diversos tipos de museus:


históricos, de ciências, comunitários, de artes ou específicos de uma expressão cultural importante
para um grupo social, que deseja preservá-la para que seja conhecida pelas futuras gerações.

Em geral, os museus se diferenciam pelos tipos acervo que possuem, pelo estudo que fazem
desses acervos e pelas atividades que realizam com base nesses acervos.  

As exposições, os eventos, os programas educativos e outras atrações que acontecem nos


museus também podem diferenciá-los.

Tipos de museus

Os museus podem ser públicos ou privados e/ou mantidos por uma comunidade, uma escola, um
clube, por uma associação de bairro, etc.

Os museus podem possuir diversos tipos de acervos que fazem com que seus membros se
reconheçam como pertencentes àquele determinado grupo social.

Os ecomuseus ou museus comunitários englobam todo o patrimônio cultural e natural de uma


comunidade e se constituem a partir da delimitação de um território e de seus habitantes, e nascem
do desejo de preservarem suas histórias e tradições.

Centros culturais

Além de coletar, guardar e conservar diversos tipos de acervos, realizar pesquisas, exposições e
atividades educativas, também possuem bibliotecas e espaços e áreas de lazer.
Nesses espaços acontecem, ao mesmo tempo, diferentes eventos e programações desenvolvidas
para vários tipos de público.

Atualmente, muitos desses espaços deixaram de ser apenas museus na forma tradicional e
tornaram-se referências de lazer e cultura, passando a ser chamados de centros culturais, ainda
que muitos mantenham o nome de museu.

Com recursos próprios e infraestrutura flexível, os centros culturais produzem exposições, eventos
e programas educativos diferenciados daqueles que são oferecidos pelos museus tradicionais.
 
Atualmente, os museus têm deixado sua forma tradicional de apresentar seus acervos ao público
para produzir mostras, eventos e programas educativos interativos, com formatos semelhantes aos
adotados pelos centros culturais.
 
Através deles, é possível envolver-se com estímulos variados e simultâneos a partir de acervos
múltiplos, onde cada espaço assume um sentido próprio, e onde tudo é informação.

Este é um modelo diferente de extrair a informação dos acervos, sem as limitações geralmente
comuns dos museus tradicionais.
 
Nos centros culturais, não há passividade em atender a demanda dos visitantes.  Também não
existe a simples oferta dos produtos da inteligência humana identificados como cultura. Ali há
liberdade de acesso à informação e convites abertos às experiências.

A informação não está disposta de maneira convencional. É ela que encontra o público, pois está
em seu caminho, no ângulo do seu olhar e à altura das suas mãos.

Centros de memória

Outra evolução dos museus tradicionais são os chamados "centros de memória". Mantendo ainda
os critérios da prática museológica, essas instituições também coletam, conservam, pesquisam e
divulgam acervos que podem se referir a determinados períodos históricos, ou a expressões
culturais de uma comunidade, ou ainda às lembranças de personagens importantes para um grupo
social ou um povo.

Em geral, esses espaços realizam exposições permanentes sobre um tema específico com
diversos formatos, sempre articulados com outros temas relacionados ao tema principal.
 
Também produzem eventos para comemorar datas e acontecimentos importantes, e manter vivas
essas lembranças na memória das suas comunidades ou de um país.

Aula 04 – A comunicação museológica – 06/04/2014

Exposições

A principal ferramenta de comunicação museológica é a exposição. Esta é a parte que visualmente


se manifesta para o público e que possibilita adquirir conhecimento por meio do contato direto com
o patrimônio cultural.

Comunicação museológica é a denominação genérica dada às diversas formas que os museus


usam para transmitir conhecimentos.

Essas formas são várias: exposições, artigos científicos, estudos de acervos, catálogos de
coleções, filmes, apresentações teatrais, palestras, oficinas, eventos, programas educativos,
material didático e de divulgação.
 
O modo mais direto que o museu utiliza para comunicar-se é a exposição.É no cenário expositivo
que se potencializa a relação entre o homem e o objeto.
 
Concepção e montagem de exposições

Nos primórdios da Museologia, as exposições tinham um caráter contemplativo, e eram concebidas


por uma só pessoa ou por um pequeno grupo de pessoas.

Eram organizadas de modo enciclopédico, a partir das estruturas classificatórias das coleções, e
somente pesquisadores eram capazes de perceber e entender seus significados.Para o visitante
comum, eram apreciadas passivamente, apenas para satisfazer curiosidades.

Com o tempo, as exposições passaram a ser concebidas por equipes de especialistas, para serem
compreendidas e provocarem uma atitude ativa e crítica no público.

É na interação ativa e crítica entre a mensagem e o visitante que a exposição permite que as
pessoas vivenciem uma experiência de apropriação do conhecimento. No entanto, é preciso saber
como construir essa experiência e verificar o seu efeito.

O público, de fato, recria criticamente a mensagem – cada pessoa do seu jeito –, a partir do seu
próprio universo referencial, fazendo uma síntese subjetiva do conteúdo.
 
É nessa relação profunda entre objeto-sentido, tema-sentido e exposição-sentido que ocorre a
reflexão, a aquisição do conhecimento e a mudança de atitude.
 
Portanto, é na mente do visitante que a mensagem se instala e provoca a reflexão, de acordo com
os objetivos previstos na concepção e na montagem da exposição.

Estudos de transmissão de mensagens

Os estudos de transmissão de mensagens através de exposições estão intimamente relacionados


com a área da Comunicação Social.
 
De acordo com esses estudos, a mensagem transmitida por uma exposição não é a única via,
existem outras e em certos casos até concorrentes, nem a mais importante para determinar o tipo
de experiência vivenciada pelo público que faz a sua própria síntese.

Pensar que existe um predomínio do emissor sobre o receptor sugere uma relação de poder, como
se houvesse uma relação sempre direta, linear, de um polo (emissor) sobre o outro polo (receptor).

Por isso, o processo comunicacional museológico não está na mensagem, e sim na interação. É no
espaço de encontro entre o emissor (museu-exposição) e o receptor (público) que se estabelece a
relação do homem com a sua realidade.

Museu é diálogo

Museu é diálogo. É espaço de discussão, e não um monólogo. Por isso, a avaliação de uma
exposição se dá sobre os efeitos da interação com o público, e não sobre um processo linear entre
emissor e receptor.

Estudos de público e avaliação

A exposição é o local de encontro entre o que o museu quer apresentar e o modo como ele
apresenta, buscando provoca rum comportamento ativo e crítico do público e à sua síntese
subjetiva.
Contudo, conceber e montar uma exposição a partir das realidades das pessoas significa:Primeiro,
escolher um tema de relevância social e também científica.

Depois, é preciso organizá-la material e visualmente em um espaço físico apropriado, para


estabelecer uma relação de diálogo entre o conhecimento que o público já tem e o novo
conhecimento que está sendo apresentado.

Fatores que determinam a qualidade de uma experiência

Bem, uma experiência de qualidade é aquela que permanece por um longo tempo na mente da
pessoa que a vivenciou.

A experiência bem-sucedida é aquela que é completa. Nela, todos os elementos que a constituem
estão presentes e interagem bem entre si.

Interação com a exposição

Uma exposição interativa é aquela que permite ao visitante caminhar livremente pelo seu espaço,
observar os objetos, relacioná-los ao tema abordado, aprender o seu conteúdo temático, apreciar
os seus efeitos expográficos e sensoriais de sons, cores, luzes, movimentos.É nessa interação que
o público recria o discurso expositivo e dá a ele um novo sentido.

E é na relação entre todos os elementos que a constituem e formam um grande conjunto de


informações. Entretanto, pode-se ir a um museu ou a um centro cultural pelo simples prazer de
estar num lugar onde sempre tem alguma coisa interessante acontecendo.

Museus: territórios existenciais, bens patrimoniais e lugares de encontros e de saberes

Mesmo que não se busque um evento específico da programação, ir a esses lugares é sempre um
bom programa e uma oportunidade de vivenciar uma experiência marcante.

Às vezes acontecem ao mesmo tempo eventos sobre assuntos totalmente diferentes.Essa também
é uma estratégia de formação de público: criar um circuito interativo de diversidades nas
variedades das ações e dos temas abordados.

São as chamadas “estruturas de acolhimento”, onde pode acontecer algo surpreendente. Isto
também faz parte de uma experiência de qualidade.

Aula 05 – Acervos Museológicos – 18/04/2014

O que são acervos museológicos

A seleção dos objetos é um critério fundamental, porque tem a ver diretamente com a proposta do
museu de confrontar o homem com a sua realidade. Isto é, colocar o público diante do seu
patrimônio cultural para questionar seu papel na sociedade.

Essa seleção dos objetos é baseada em um princípio fundamental: seu significado, ou seja, o
sentido que ele possui para um grupo de pessoas ou para a sociedade como um todo.

Geralmente esses objetos não são apresentados isoladamente. São contextualizados em um tema
e apresentados junto com outros objetos, para potencializar as reflexões sobre o tema que o
museu quer abordar. Por isso é importante conservá-los.

Portanto, o elemento estruturador de uma exposição é o objeto museológico, e o cenário expositivo


deve ser pensado para dar destaque a esse objeto e ao seu significado.
Objeto institucionalizado

O objeto é a "musa" da exposição, seu elemento-chave. E o acervo museológico é o conjunto


desses objetos institucionalizados em um museu.

Portanto, um objeto institucionalizado é aquele que é registrado, catalogado e daí passa a fazer
parte do acervo daquela instituição.

Patrimônios culturais

Não apenas os objetos podem ser musealizados. Pode-se também musealizar monumentos,
praças, prédios, cidades ou outras expressões significativas para um grupo social.

Nesses casos, a institucionalização vai além dos museus e atingem outras instâncias institucionais.
É assim que são constituídos os patrimônios culturais da humanidade.

Um bem "tombado" é um bem patrimonial institucionalizado.Isso significa que ele foi "registrado"
por uma instância governamental pela sua importância e, portanto, é protegido. Tombamento
significa registro.

O objeto musealizado é aquele que é selecionado para ser conservado em um museu, e o objeto
tombado é aquele que não pode ser guardado em um museu, e por isso é tombado (registrado)
como patrimônio cultural e conservado no seu próprio local.

Assim também são os bens culturais imateriais ou naturais. Eles devem ser conservados, e por
isso são registrados como patrimônio cultural, isto é, tombados.

Valor intrínseco de um objeto

Como você já sabe, os objetos musealizados são as unidades que formam um acervo. E os
acervos são formados de acordo com os seus tipos. E o conjunto desses acervos forma um acervo
maior, que é o acervo geral do museu.

O valor intrínseco de um objeto conservado em um museu, ou de um acervo museológico, só


existe quando lhe é atribuído um sentido, isto é, quando ele possui um significado sócio-
histórico.Ou ainda quando ele é considerado uma expressão da cultura, ou quando ele próprio é a
expressão de um patrimônio cultural.

Para que isso aconteça, é preciso que sejam –objetos e os acervos – usados para transmitir o
conteúdo desse significado ou dessa cultura.
 
Assim, o museu se torna o repositório desses sentidos e conhecimentos contidos nos objetos e
acervos, e as exposições são os meios usados para transmitir esses saberes e significados.

Recursos expográficos

Os recursos expográficos usados para contextualizar os objetos e acervos em um cenário


expositivo podem ser diversos e simultâneos.

Ambientes, trajetos, textos,legendas, desenhos, fotografias, móveis, sons, aromas, temperaturas,


luzes, máquinas etc. formam um grande conjunto de efeitos especiais para explicar um conteúdo e
enriquecer a experiência dos visitantes.

Dois outros elementos são também fundamentais para a construção de uma experiência expositiva
de qualidade: o espaço físico e o desenho da exposição, associados aos recursos sensoriais.A
maneira como são dispostos os objetos no espaço também é fundamental na interação.
Tipos de acervos

Apesar de seguirem métodos acadêmicos próximos, a investigação de um conjunto de objetos –


um acervo – é uma particularidade da pesquisa museológica.

Em um museu, os objetos são documentos, fontes de informação. Por isso, requerem condições
especiais para serem selecionados, guardados, pesquisados e seus conteúdos apresentados em
um contexto temático para serem questionados pelo público.

Madeira, couro, metal e outros materiais têm tratamentos diferentes para que durem mais tempo e
preservem suas características físicas.

Acervos de origem animal, vegetal ou mineral são conservados conforme suas naturezas, e
recebem um tratamento especial para aumentar sua durabilidade.
 
Portanto, é através dos objetos e acervos que o público tem acesso ao conhecimento guardado e
produzido pelos museus.

Pesquisa museológica

Mas não somente ao conhecimento puro e simples. Também das fontes usadas na produção
desse conhecimento – isto é, pela pesquisa sobre os próprios objetos e acervos – que fazem com
que os museus desempenhem o seu papel educativo, cultural e científico.

É esse o objetivo da pesquisa museológica: promover o uso social dos seus acervos, aproximando
a sociedade dos significados que eles exprimem e os conhecimentos que neles existem.

E como os museus fazem isso? Pesquisando-os e apresentando-os principalmente nas


exposições, pois é ali que essas fontes de informação – esses documentos – são mostradas em
um contexto para provocar reflexões, tomadas de consciência e mudanças de atitude.

Aula 06 – Como os museus e afins podem apoiar as pesquisas históricas – 25/04/2014

Os museus como espaços de cultura

No final da década de 1980, iniciou-se a criação de centros culturais quederam uma nova feição
aos museus tradicionais.
 
Junto com os centros culturais, também foram criados novos tipos de museus: os comunitários, os
centros de memória, os ecomuseus e os centros de referência.  

Você também já sabe que todos esses espaços podem se relacionar intimamente com o estudo da
História e de outras disciplinas, além de que os conhecimentos se relacionam entre si, formando
um grande complexo de saberes, e os museus estão inseridos nesse contexto.

Por exemplo:

Museu da Língua Portuguesa (SP)


Museu de Astronomia e Ciências Afins (RJ)
Museu Emilio Goeldi (PA)
Instituo Butantã (SP)

Essas são instituições museológicas tradicionais que se especializaram no tratamento e pesquisa


de acervos e temas específicos.
 
Esses novos tipos de museus – os centros culturais, além dos próprios museus tradicionais,
ajustaram suas programações a partir das demandas recebidas dos diversos públicos, adaptando-
as aos seus acervos, recursos e aproveitando suas características físicas, espaciais e simbólicas.
Agências informais de educação

Mantendo-se fiéis aos propósitos de promover o encontro do ser humano com a sua realidade,
esses espaços passaram também a assumir um perfil de agências informais de educação.
 
Programas educativos multidisciplinares passaram a ser criados para o aprendizado da História,
usando novas linguagens e tecnologias do conhecimento histórico e abordar assuntos até então
pouco explorados pela escola tradicional.
 
Esses programas também passaram a ser oferecidos de uma forma mais lúdica e interativa, sem
compromisso com avaliação, divisão em séries e outros fatores considerados importantes na
escola.

Alguns museus e centros culturais se especializaram no tratamento de acervos históricos


específicos, tornando-se responsáveis pela manutenção desse patrimônio e por sua transmissão
através de programas educativos diretamente orientados para o ensino dessa disciplina.
 
Para inserir e contextualizar a temática histórica nas suas programações, estes usam todo tipo de
recursos. O objetivo é promover o encontro entre o público e a sua realidade através da releitura e
reinterpretação da História.

Como espaços de aprendizado da História

Para o aprendizado da História, a abertura dos museus para essas práticasde ensino permite ao
historiador e seus alunos entrarem em contatosimultâneo com as pesquisas mais recentes.

O ensino e o aprendizado da História através dos museus aproxima essa disciplina de outros
campos do conhecimento e afasta as tendências pedagógicas que privilegiam a parte, em vez do
todo.

Como centros de pesquisa

Além de espaços expositivos e de lazer, muitos museus e centros culturais possuem ricas
bibliotecas e núcleos de pesquisa histórica e de outras disciplinas.
 
Essas pesquisas são geralmente recentes e atualizadas a cada evento para serem divulgadas em
sites, livros, revistas e outros veículos publicados pela própria instituição, e muitas vezes em
parceria com universidades e empresas.
 
Diversas atividades são direcionadas para um tema histórico escolhido e apresentadas em
diferentes linguagens. Aproveite isso nos seus estudos!

Existem também museus ligados a instituições de pesquisa. Muitas universidades possuem


coleções nos seus centros acadêmicos para usá-las nas aulas práticas.

Também existem os centros de referência, que são instituições especializadas na pesquisa de


assuntos ou áreas específicas do conhecimento que, do mesmo modo, mantêm coleções
importantes, como já falamos.

Existem ainda os centros culturais privados que se especializaram em reunir, conservar e


disponibilizar coleções específicas, geralmente ligadas às artes plásticas e outras expressões da
cultura.

Todas essas instituições possuem sites, bibliotecas e laboratórios que podem ser visitados
eusados para pesquisa, além dos próprios eventos que realiza.
As visitas aos museus são de grande proveito tanto para quem ensina como para quem aprende a
História, pois permitem unir o conteúdo teórico ao contato direto com o ambiente onde os fatos se
deram.

Os museus, centros culturais e institutos de pesquisa são espaços que podem/devem ser
constantemente visitados, principalmente por professores e alunos de História. Você sabe o
motivo?
 
É que os temas apresentados são sempre articulados com questões da atualidade, abordadas em
uma perspectiva histórica. E o público visitante é geralmente de pessoas que buscam cultura e
lazer, conhecimento histórico e divertimento, com qualidade.

Como espaços ecoculturais

As cidades históricas e os ambientes naturais são uma boa forma de se ter contato com o espaço
real e com as realidades. Visitar esses espaços ecoculturais permite trocar experiências e adquirir
conhecimentos para a formação de pessoas capazes de interferir no presente.
 
As aulas ministradas em espaços que possuem acervos históricos possíveis de serem articulados
com os conteúdos programáticos permitem ao professor criar conflitos cognitivos de diversos tipos
para que novos conhecimentos sejam produzidos.
 
E aos alunos, a oportunidade de aprofundar suas reflexões diversas e estabelecer relações com o
momento atual e com as suas próprias realidades.

Portanto, visitar cidades históricas é uma forma de estabelecer contato direto com os ambientes
onde os fatos ocorreram, favorecendo a observação, a percepção, a reflexão e a crítica.
 
Eles têm a capacidade de conduzir significados através do tempo para que sejam revistos,
criticados e produzam novos conhecimentos, onde todos podem compartilhar esses saberes.

Aula 07 – Profissionais de museu – 04/05/2014

Os profissionais de museus

Como você viu a Museologia interage com diversas áreas do saber, além de novos campos do
conhecimento que são constantemente desvendados.

Por suas características, a ciência museológica atua sobre os métodos de seleção, conservação e
pesquisa de objetos que possuam significados considerados importantes para os grupos sociais,
além da própria gestão administrativa e institucional dos museus.
 
As informações contidas no conjunto desses objetos (acervos museológicos) são investigadas,
organizadas e transmitidas através de diversas ações que os museus realizam para divulgar e
manter vivo o nosso patrimônio ecocultural.
 
Pode-se dizer que a museologia é um campo para profissionais que desejam trabalhar com a
comunicação através dos objetos e acervos.

Isso significa trabalhar na seleção, restauração e conservação de objetos, pesquisa de acervos,


elaboração de publicações, organização e montagem de exposições, eventos e programas
educativos baseados no patrimônio ecocultural.
 
O profissional de museu é legalmente regulamentado desde 1984 e seus direitos são preservados
por intermédio dos Conselhos Regionais (COREM) e do Conselho Federal de Museologia
(COFEM).
Atualmente, as equipes que trabalham em museus são constituídas por profissionais de diversas
formações, que atuam em áreas e funções distintas.

Antes do evento

Inicialmente, para se conceber uma exposição ou um evento e decidir sobre o seu tema e como
abordá-lo, a direção do museu se reúne com um grupo de especialistas "da casa" para analisar a
sua viabilidade.

Nessa fase, são verificadas as pré-condições que possibilitam a realização do projeto, tais como os
recursos (financeiros, materiais, humanos, de acervo), oportunidade e a importância de debater o
tema, melhor maneira de abordá-lo em relação aos públicos, se aquela ação está de acordo com a
ética, o s objetivos da instituição e os resultados que se quer alcançar, são avaliados os riscos e as
condições de segurança, os parceiros e instituições interessadas em participar do projeto.
 
Após essa etapa, é feito um planejamento dos trabalhos por cada área envolvida e pelos
profissionais que atuam nelas.Aí são definidas as responsabilidades, os prazos e os recursos a
serem aplicados. Em seguida, vêm as pesquisas.
 
Produzir um eventoou exposição exige o envolvimento de toda a equipe do museu e, conforme o
projeto, também de profissionais externos.

As pesquisas iniciais são realizadas por museólogos, arqueólogos, etnólogos, biólogos, geógrafos,
historiadores.
 
Participam profissionais especializados em determinados segmentos como, por exemplo, na leitura
e interpretação de textos em linguagens antigas ou de conhecimento sobre um acervo, ou sobre o
tema, ou o uso de técnicas e equipamentos específicos.

Em seguida, vêm os educadores, museólogos, conservadores, programadores visuais,


comunicadores, arquitetos, designers,cenógrafos, cenotécnicos, aderecistas, artistas e outros.

Durante a mostra ou o evento, ainda atuam os seguranças, os monitores e assessores de


imprensa. No final, é feita uma avaliação da atuação de cada uma das áreas envolvidas, além dos
resultados produzidos sobre o público.
 
Como você pode ver, é um trabalho de equipe que exige a participação de profissionais de
diversas áreas atuando em conjunto de forma distinta e coordenada.No entanto, o nosso foco
agora se dirige para o trabalho do museólogo comunicador.

O comunicador

As atenções do museólogo estão voltadas para acomunicação museológica.Por isso, ele se torna
uma figura central como coordenador dessa grande equipe. O museólogo atua simultaneamente
como coordenador e comunicador.

Coordenar a concepção, o planejamento e a montagem de umaexposição deve caber ao


museólogo comunicador.

Os demais pesquisadores das outras áreas são também figuras-chave nesse processo,
principalmente no que se refere à escolha do tema.

O museógrafo

A museografia de uma exposição, expografia, lida com o espaço físico e a forma como os objetos
são distribuídos, para melhor permitir a transmissão de um conteúdo.
 
Nessas funções, o designer, o arquiteto e o próprio museólogo são os profissionais que dão
destaque aos objetos e os inserem na cena expositiva, associando-os ao enunciado central até o
seu desenvolvimento conceitual.
 
Esses profissionais devem saber explorar criativamente o lado sensorial do visitante. Isto é, a
"percepção do público" para o qual a exposição está se dirigindo.
 
O educador

É ele quem define os objetivos educacionais de uma mostra e as estratégias didático-pedagógicas


a serem aplicadas.

Atualmente, os programas educativos de museus, centros culturais e de memória são


desenvolvidos por empresas especializadas, contratadas periodicamente através de editais.

Definindo o público

Geralmente a instituição define quais tipos de público quer atingir. É um trabalho de inclusão social
que requer uma pesquisa prévia de público.
 
Assim, os temas e as condições expográficas são pensadas para acolher, ao mesmo tempo,
diversos tipos de público.

Centros culturais

O cenário expositivo deve formar um ambiente propício para colocá-los em contato com os
acontecimentos dos tempos por eles vividos.
 
O ideal é que a exposição possua os recursos para acolher o maior número de pessoas de todos
os tipos e necessidades.A qualidade de uma mostra também é medida pela sua capacidade de
acolhimento.
 
O educador, o designer e o museólogo são fundamentais na construçãoda experiência criativa do
público, seja ele um grupo organizado de estudantes ou de visitantes espontâneos.
 
O conservador-restaurador

Cabe a tarefa de verificar as características do meio físico e as condições em que os objetos


ficarão expostos, e realizar as ações de controle ambiental. O conservador é também restaurador,
e dele depende a integridade física dos objetos.

Estejam guardados, em trânsito ou expostos, os objetos exigem condições especiais de controle


climático, de luz, de ruídos, de higiene, de embalagem e de segurança física contra quedas e até
vandalismos.
 
Saiba mais sobre o trabalho para conservador.

Se forem objetos raros e valiosos emprestados por outros museus, são exigidas condições de
segurança ainda mais rígidas. Nestes casos, o valor dos seguros é ainda mais alto.

Atualmente, o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) é essencial ao trabalho


nos museus, desde a concepção do projeto, a manipulação, catalogação e pesquisa de objetos e
acervos até o transporte, segurança e montagem de exposições.

Além disso, esses profissionais devem conhecer a tipologia dos museus, suas origens e trajetórias
históricas, seu desenvolvimento e sua posição nas esferas sociais em que atua.
O historiador

Nas aulas anteriores, você já aprendeu que os museus são instituições sócio-históricas, e por isso
mesmo o historiador é um profissional-chave, que atua em diversas situações.
 
Pelas características da sua formação acadêmica, esse profissional atua desde a concepção até as
pesquisas de vários tipos que são necessárias para se realizar uma ação museológica.
 
Em todos os segmentos, o historiador estará presente desde o início. Ao final, irá documentar
todas as fases e comentar os seus resultados na perspectiva sócio-histórica daquele momento.
 
Provavelmente o historiador ainda irá transmitir para a comunidade científica os resultados das
pesquisas através dos catálogos, sites, livros, revistas especializadas, palestras e aulas. Para o
historiador, o museu é um mundo.

Aula 08 – Os Principais conceitos da Museologia – 10/05/2014

Objeto museológico

Objeto institucionalizado/musealizado. É aquele que é selecionado para integrar o acervo de um


museu e passa a fazer parte de um processo técnico, científico e administrativo que garanta a sua
conservação, documentalidade e comunicação.
 
Esses objetos são selecionados por sua musealidade. A eles é atribuído um significado. Esses
objetos não são neutros. Possuem um sentido simbólico, afetivo e informacional.
 
Essa definição de objeto museológico remete ao conceito de musealização, ou seja, a atribuição de
valores a objetos que, por suas qualidades documentais, afetivas e representativas, são
selecionados para provocar o confronto do homem com a sua realidade.

O museu permite que o público questione a sua própria realidade da forma como ela está sendo
apresentada.
 
Os profissionais de museus trabalham na ótica da preservação do patrimônio cultural para construir
e reconstruir a memória e a identidade que não estão prontas em algum lugar do passado,
esperando para serem resgatadas.

Elas devem ser preservadas e usadas pela sociedade como referências para refletir e agir sobre a
realidade.Portanto, a (re) construção da identidade cultural de um povo é baseada nas reflexões
que esse povo faz sobre as suas realidades, a partir do contato com o seu patrimônio cultural.
 
A musealização é o processo de escolha dos objetos, das práticas, dos símbolos e dos locais que
representam esse patrimônio.

O fato museológico

Entende-se por fato museológico/museal a relação entre o homem e o objeto em um cenário


expositivo ou natural.
 
A exposição, como forma particular de comunicação museológica, também procede de uma
seleção prévia de determinados objetos, tanto pelos valores como pelo que se quer questionar. E
também para qual tipo de público esse questionamento deve se dirigir.

É importante entender o significado da expressão “objeto” nesse contexto.  Objeto aqui significa o
conjunto das expressões que formam o patrimônio cultural, ou seja, as danças, a gastronomia, a
música, a literatura, a natureza, o trabalho e as artes em geral.
 
São todas essas linguagens faladas, escritas, representadas que amplificam o sentido da palavra
objeto, e que no seu conjunto constituem um acervo patrimonial.

Patrimônio cultural e fato museológico

Você já pode concluir que o patrimônio cultural é formado pelo conjunto de objetos físicos
(materiais), símbolos (imateriais) e naturais (ambientes e lugares), e que o fato museológico é o
resultado do encontro do homem com esse patrimônio.

No caso dos museus, esse patrimônio é mostrado em um cenário expositivo, para provocar esse
encontro do homem com a sua realidade presente e gerar reflexões e ações.

Nos ecomuseus, o patrimônio é a própria natureza, e o cenário expositivo é a própria paisagem.


Nos museus comunitários, pode ser uma pessoa viva, porque ela exprime a cultura daquele grupo.

Assim, os objetos para uma exposição são escolhidos pela sua capacidade de criar vínculos com
determinados valores sociais.

Esses valores são os que criam os fatos museológicos, isto é, fazem com que as pessoas se
aproximem deles para questioná-los.

Entendendo o fato museológico

O fato museológico é o conflito gerado pelo confronto do público comos valores apresentados
pelos objetos no cenário expositivo. Nesse contexto, todo cenário expositivo pode tornar-se um
grande objeto.

Na verdade, o fato museológico é estrategicamente pensado desde a seleção dos objetos, para
serem incluídos em um acervo museológico, até o modo como devem ser apresentados em uma
exposição.

O fato museológico é o que cria o conflito cognitivo. É o produto do encontro que chama à reflexão
e à ação.

O fato museológico éjunto com os objetos, os textos explicativos, o cenário e todas as expressões
em torno do tema, o atrativo que chama o público para questionar os valores que está pondo à
mostra.

Portanto, ele é pensado duas vezes:

Na primeira, desde a seleção dos objetos para o acervo do museu, isto é, musealizá-los no seu
próprio local de origem;

A segunda, para serem associados a outros objetos escolhidos para integrarem um conjunto
significativo maior e serem expostos ao público, para serem questionados em torno de um tema.

Musealização

Musealização é um dos conceitos-chave da ciência museológica, e é através dessa noção que se


entende o valor dado aos objetos.
 
Essa valorização ocorre com a transferência do objeto do seu contexto original para o contexto dos
museus, ou ainda, a sua valorização in situ(no seu próprio local de origem), como ocorre nos
ecomuseus.
A musealização é um processo que se inicia com a seleção de um objeto pelo "olhar museológico"
sobre as coisas materiais, naturais ou simbólicas, e a capacidade de perceber os sentidos que
esse objeto pode possuir para a sociedade como um todo.
 
É uma atitude crítica, questionadora, que exige um distanciamento reflexivo diante de um conjunto
de bens culturais e naturais (Chagas, 1999, p. 59). A musealização passou a significar mais do que
selecionar e transferir objetos para o museu.
 
Podemos dizer que a musealização (e o atode musealizar) é um processo que integra a seleção, a
preservação e a comunicação.Isso porque a documentalidade refere-se ao potencial informacional
do objeto museológico para ensinar algo a alguém.
 
Em última análise, é por isso que eles devem ser preservados para comunicar e ensinar. Ao longo
do tempo, essa noção foi ampliada, tanto pela capacidade documental dos objetos como pelo seu
poder de gerar o fato museológico, ou seja, o conflito.
 
Assim, a musealização passou a significar mais do que selecionar e transferir objetos para o
museu.
 
Podemos dizer que a musealização (e o ato de musealizar) é um processo que integra a seleção, a
preservação e a comunicação.
 
Transformação do objeto em documento

A musealização se inicia com a valorização seletiva do objeto e continua no conjunto deações que
visa transformá-lo em um documento que contém informações para serem transmitidas.

Portanto, a transformação do objeto em documento é o eixo da musealização, pois o documento é


o suporte da informação.
 
Em síntese, pode-se entender o conceito de musealização como um processo que realiza uma
série de ações sobre os objetos: aquisição, conservação, catalogação, pesquisa e comunicação.

Esse processo se inicia na seleção do objeto e se completa ao apresentá-lo publicamente nas


exposições, atividades educativas e de outras formas.
 
Atualmente, a Museologia defende a participação da sociedade nos processos de musealização do
patrimônio cultural, como exercício de democracia e de cidadania.
 
Patrimônio comunitário

O conjunto de bens partilhados por um grupo de pessoas em um espaço fisico delimitado, e que ao
longo do tempo criam hábitos próprios cuja preservação é importante para a identidade cultural
daquele grupo.

Patrimônio integral

Conjunto de bens naturais, materiais e imateriais que deve ser preservado para a integração dos
seres vivos. A natureza, a agua, ar e os valores universais como a ética, justiça e a paz são bens
integrais.

Referência patrimonial

É o elemento, objeto ou expressão cultural, ligado a um conjunto patrimonial maior e que pode
representa-lo.Por exemplo, o Cristo Redentor é uma referencia para a cultura da cidade do Rio de
Janeiro.
Esses conceitos levaram à criação de vários tipos de museus: ecomuseus, museus de cidade,
museus comunitários, museus de bairro etc. Cada um com seus objetivos e desafios
metodológicos de construir a relação entre o homem e o objeto.

Você agora pode perceber que todos esses conceitos estão interligados. Por isso, sejam quais
forem os tipos de museus e os tipos de objetos e acervos, podemos afirmar que existe uma única
Museologia com diferentes abordagens, e um único objeto de estudo: o fato museológico.

Aula 09 – Principais marcos teóricos – 17/05/2014

Revisão introdutória

No século XV, objetos raros e exóticos eram selecionados por critérios pessoais e guardados em
locaischamados de "gabinetes de curiosidades".

A partir do Renascimento, foram agregados aos objetos, além dos valores estéticos e monetários,
também o valor histórico. Era o período da Revolução Comercial.

Com o advento da Revolução Científica, a partir do século XVII e ao longo do século XVIII, os
objetos passaram a ser selecionados também pelo seu caráter científico, em geral ligados à
História natural e cultural do Novo Mundo.
 
Porém, foi durante a expansão imperialista que os primeiros museus criados no século XVIII
integraram às suas coleções objetos que interessavam mais à pesquisa científica.
 
Daí em diante, os museus passaram a ser abertos ao público e tornaram-se centros de produção
de conhecimento, principalmente para a História Natural e para a Antropologia.

Nessa época os museus também passaram a ser usados como aparatos ideológicos de estado,
celebrando o nacionalismo, a cultura do país e o prestígio de personagens da classe dominante.
 
Daí em diante, as exposições se caracterizaram pela grandiosidade; pela monumentalidade.Desde
então, os objetos deixaram de ser coletados somente pelo caráter científico e passaram a ser
selecionados e exibidos para ilustrar aquele período histórico, como símbolos de riqueza e domínio
europeu sobre o mundo.

Seguindo nossa rápida revisão, vimos que durante o século XIX as exposições foram marcadas por
uma forma enciclopédica de apresentar as coleções.
 
Nessa fase, ainda que os museus passassem a estar abertos ao público e voltados para a
divulgação de conhecimento, somente no início do século XX esse propósito foi ampliado e
organizado como uma ação efetiva, especialmente na França, para depois ser copiado por outros
países.
 
Podemos então concluir que o resultado prático desse primeiro “pensar museológico” foi à criação
de uma “pedagogia museal”. Isto é, a construção de ações educativas efetivas, organizadas pelos
museus para serem realizadas nos museus e direcionadas para o público em geral.

Os primeiros passos

É dessa época em diante que a Museologia passa a ser epistemologicamente pensada, isto é,
pensada de uma forma organizada, ordenada.Esse é o seu primeiro marco teórico.
 
Portanto, podemos concluir que a partir desse momento a Museologia passa a existir de fato como
ciência.
 
O resultado prático desse primeiro “pensar teoricamente o conhecimento museológico” foi a criação
dos serviços de difusão educativapara jovens e adultos através de oficinas de pintura, escultura,
teatro e cenografia dentro do próprio museu, com aulas regularesministradas por profissionais.
 
Nesta fase, não havia diálogo na comunicação museológica.  As coleções continuavam a ser
apresentadas no nível abstrato, sem convidar o visitante ao diálogo. Eram exibidas para serem
contempladas.O público não interagia com a mostra. E os museus brasileiros seguiram esse
mesmo modelo.

No Brasil

Os museus de ciência brasileiros foram os primeiros a receber regularmente grupos de estudantes


e escolas.
 
Por isso, foram os pioneiros na criação de serviços de difusão educativa para a divulgação dos
resultados das suas pesquisas para os jovens e os leigos através de linguagens mais acessíveis.
 
O Museu Nacional, no Rio de Janeiro, foi o primeiro a criar uma área de difusão educativa para
transmitir seus estudos de Antropologia e História Natural.
 
Assim, podemos concluir que, tanto no Brasil como nos demais países, o primeiro marco teórico da
Museologia se deu quando as coleções e as pesquisas dos museus passaram a ser organizadas
para permitir seu acesso ao público leigo através dos serviços de difusão educativa.
 
Assim as primeiras questões pensadas pela ciência museológica foram a recepção de público e a
transmissão de conhecimento para públicos constituídos por não especialistas.
 
Você pode notar que até esse momento o conceito de "fato museológico" (chama a atenção do
público para fazê-lo deparar-se com a sua realidade e incitar reflexões e ações) ainda não
existia.Portanto, você pode ver que a recepção de público sempre foi um problema a ser resolvido.

Ações mais atraentes para o público

Repare que, desde os seus primeiros passos, o pensamento museológico se esforçou para
aproximar os museus da sociedade, isto é, das pessoas comuns, e não apenas continuar a acolher
os especialistas, como era antes.

Mas para isso foi preciso modificar seu comportamento institucional. A primeira mudança foi na
forma de apresentar os acervos, e depois, na maneira de comunicar-se com as pessoas.

Outro problema era que os acervos eram exibidos sem formar um conjunto articulado com o tema,
e os temas normalmente eram distantes das questões importantes da atualidade.

Você sabe que nesse período a maioria dos países da América Latina viviam sob regimes
autoritários que impediam o debate de importantes questões sociais. E é claro que os museus
eram controlados por esses regimes.

Até a década de 1970 as TIC não eram aplicadas na ambientação das exposições, e isso as
tornava ainda menos dinâmicas.

Quais temas poderiam ser abordados e expostos e que fossem capazes de atrair os visitantes? A
solução para essa questão foi novamente encontrada pelos museus de ciência.

Interatividade

Foi somente na década de 1970 que começaram a surgir os chamados "museus vivos" ou
"interativos".
No início, eram grandes aquários e zoológicos. As visitas eram guiadas por biólogos e
oceanógrafos que explicavam ao público sobre a fauna e a flora, atraindo grande número de
visitantes.

Atualmente existem museus vivos em várias cidades do mundo trabalhando com diversos tipos de
acervos e realizando experiências em parceria com empresas e escolas.
 
Essas iniciativas deram aos museus o que faltava para aproximá-los do público: a interação (ou
interatividade). E também mudaram o conceito de musealização.

Como já vimos, o ato de musealizar consistia em selecionar os objetos conforme a sua


importância, para integrá-los a um acervo museológico. Ou seja: os objetos eram retirados do seu
contexto original e guardados para serem pesquisados e exibidos em determinadas ocasiões.

Importante: o conceito de musealização ainda considera essa prática, mas os objetos e


monumentos podem ser musealizadosin situ. Isto é, podem permanecer no seu lugar de origem e
passam a integrar um acervo a céu aberto, como patrimônio cultural.
 
A museografia também evoluiu com essas experiências, tornando as exposições atraentes e dando
qualidade à ação educativa.

Declarações

Agora vamos conhecer algumas declarações e decisões importantes na história da museologia.


Pedagogia do Patrimônio

Abrange todas as ações pedagógicas fundamentadas sobre o patrimônio cultural. São ações que
incluem métodos, programas ou disciplinas que estabeleçam uma relação entre ensino e cultura.
 
O patrimônio cultural pode ser ensinado através de qualquer método, programa ou disciplina, e
esse ensino pode ser destinado a alunos de qualquer nível escolar ou social.

Tesouros Humanos Vivos ou Patrimônio Cultural Vivo

O alargamento da noção de patrimônio fez com que se chegasse à noção de patrimônio intangível
– imaterial – como fonte essencial de identidade. Esse tipo de patrimônio mantém fortes ligações
com o passado, ou seja, com a memória coletiva e com as comunidades.
 
O debate em torno desse conceito também reconheceu a fragilidade de várias expressões
culturais, que em muitos casos se encontravam até em vias de extinção, tendo sido urgente a
tomada de medidas para a sua preservação.

Por isso foram consideradas importantes as ações para proteger as expressões culturais
intangíveis , principalmente aquelas manifestações conhecidas apenas por poucas pessoas da
comunidade .

Havia o risco de essas expressões serem perdidas para sempre ou ameaçadas por referências
globalizadas divulgadas pela mídia, que destrói as culturas locais.
 
Assim, para proteger essas referências culturais locais, a Declaração de Caracas propôs o
reconhecimento dos Tesouros Humanos Vivos.
 
Isso significava identificar as pessoas portadoras desse patrimônio e garantir que elas pudessem
continuar a exercer as suas habilidades, seus conhecimentos, suas destrezas, por meio de um
reconhecimento oficial.
 
Portanto, os Tesouros Humanos Vivos (Patrimônio cultural vivo) são pessoas que possuem os
conhecimentos e as técnicas necessárias para manifestar os aspectos da vida cultural de um povo.
 
O objetivo é preservar as expressões da cultura que a comunidade – ou mesmo o Estado – atribui
um elevado valor histórico ou artístico, e que as pessoas que possuem esses conhecimentos
possam prosseguir com seus trabalhos e ensinar outras pessoas para que essas manifestações
não se percam.
 
Imagine uma pessoa que ainda em vida seja considerada uma importante referência cultural para
uma determinada comunidade. Por exemplo: alguém que conheça uma prática que se tornou
característica daquele grupo.
 
Pode ser uma iguaria, ou uma artesania, um estilo literário, uma dança ou outra expressão que o
grupo se aproprie dela e passe a ser reconhecido ou identificado por essa prática.

Assim, para aquele grupo social que atribuiu a essa pessoa esse valor, ela é um Patrimônio
Cultural Vivo.

Quer um exemplo mais concreto? Então veja bem: os dois amigos Dodô e Osmar criaram na
cidade de Salvador (BA) o primeiro trio elétrico no final da década de 1950.
 
Enquanto eles viveram, ensinaram a sua arte para outras pessoas, que a reproduziram até que se
tornasse uma expressão da cultura baiana. Por isso a dupla é considerada patrimônio cultural pelo
povo da Bahia.
 
Mas essa noção pode ser também aplicada para grupos sociais menores, como por exemplo, de
um bairro.
 
Qualquer pessoa detentora de uma expressão cultural característica daquela comunidade pode ser
considerada um patrimônio cultural – esteja ela viva ou não –, se o grupo atribuir a ela esse valor.

Política Nacional de Museus

A Política Nacional de Museus – PNM – é um documento emitido pelo Ministério da Cultura em


2003, e o seu objetivo é democratizar os museus, sobretudo através de ações relacionadas a
questões políticas, sociais e de memória coletiva.
 
Para isso, esses locais devem estar a serviço da sociedade e comprometidos com uma gestão
democrática e participativa.
Essa postura defrontou os museus brasileiros com os seguintes desafios:

Promover e incentivar a criação de disciplinas – em todos os níveis e áreas de ensino – para


debater o patrimônio cultural, como forma de proteger a memória coletiva e suas manifestações;

Criar e implantar sistemas para identificar e classificar os Tesouros Humanos Vivos, como forma de
preservar a intangibilidade das nossas culturas e frear o processo de globalização das referências
culturais;

Participar ativamente do processo de transformação da política museológica brasileira. Isso


significa estudar, refletir, discutir e apresentar modos e estratégias para que os museus possam se
aproximar das comunidades e suas expressões culturais.

Nesse sentido, há uma proposta de renovação de mentalidades, tanto no que se refere às ações
que se realizam nos museus como na postura dos seus profissionais.
 
Trata-se de uma renovação das técnicas aplicadas na prática museológica, isto é, uma
readequação da teoria orientada para a prática, com a capacitação dos corpos técnicos e
administrativos dos museus nas novas tecnologias.
 
O PNM é um documento inovador, e que está atento à inovação. Propõe o aprimoramento das
políticas culturais  e o uso das tecnologias de informação e comunicação para aproximar os
museus das comunidades e a capacitação do seu corpo técnico

Aula 10 – Curadores em Museus – 23/05/2014

Revisão

A partir desses conhecimentos, você poderá criar roteiros ecoculturais que combinam os estudos
de História com caminhadas, passeios e viagens.
 
Você vai poder inventar experiências lúdicas para aprender e ensinar a História, utilizando os
ambientes onde os fatos aconteceram. Vai aprender como fazer as pessoas “viajarem" no tempo
histórico.

Curadoria: o que significa?

Nos museus, os curadores são os responsáveis pela administração de uma exposição em todas as
suas fases e níveis e são profundos conhecedores do tema abordado ou, conforme o tipo da
mostra, especialistas em História, Filosofia ou estética.
 
A curadoria diz respeito ao estudo e à interpretação dos objetos ou coleções de um museu, seus
significados e capacidades de expressão.
Você deve lembrar que os objetos musealizados são aqueles que possuem sentido, e por isso
mesmo são escolhidos para serem exibidos num cenário expositivo.

Essas escolhas são feitas pelo curador, ou por uma equipe de curadores, a partir do estudo dos
seus significados e capacidades expressivas. Por isso o seu trabalho, na fase de seleção, tende a
ser mais interpretativo.
 
As demais responsabilidades e tarefas administrativas são distribuídas para os demais integrantes
da equipe que, como você também já viu, é constituída de profissionais de diversas áreas e
formações.
 
Esse foco na interpretação explica por que a curadoria é sempre considerada o coração de uma
exposição museológica.Seja quando o museu expõe suas próprias coleções ou quando recebe
acervos de outras instituições, é preciso que haja uma curadoria.

Curador é o profissional que se responsabiliza pela administração desse material, isso é, pela
recepção, conservação, segurança, transporte e pelo estudo desse acervo, para usá-lo como
transmissor da mensagem expositiva.
 
Mesmo naquelas exposições em que não existe uma coleção a ser mostrada, é necessário
interpretar a pesquisa feita pela curadoria, pois é através dela que será elaborada a narrativa do
conteúdo que a exposição irá apresentar ao público.
 
Quando não há um curador indicado, normalmente são os museólogos ligados à própria instituição
que se incumbem dessa responsabilidade, ou à própria equipe do museu.
 
Mas esse papel pode também ser compartilhado com outros profissionais escolhidos para atuar
como “curadores convidados”, artistas, educadores, especialistas, colecionadores, representantes
do público para o qual a exposição é dirigida ou membros da comunidade da qual a coleção se
origina.
 
Isso não altera o caráter fundamental da curadoria, que se mantém como parte integrante da
missão do museu. Seja individualmente ou em equipe, é uma função estratégica que exige esforço
de pesquisa e deve ser bem executada.
 
A curadoria no planejamento de uma exposição

No planejamento de uma exposição museológica, cabem à curadoria idealizar e formular o


conceito da exposição, pesquisar o tema, analisar e selecionar os objetos da coleção a serem
expostos, documentar esses objetos, preparar e ordenar as legendas, os textos, os gráficos e
demais instrumentos a serem usados para explicar o conceito da exposição e avaliar o resultado
da mostra em relação ao público-alvo.

O estágio inicial no desenvolvimento de uma exposição é escolha de uma ideia central. Isto pode
ser facilmente demonstrável quando a ideia é explícita; por exemplo: uma mostra cujo tema é
diretamente anunciado e o seu objetivo é evidente.
 
Os eventos de grandes proporções e as exposições comemorativas têm, em geral, esse perfil.
Imagine a comemoração da Independência do Brasil no dia 7 de setembro, com seus desfiles por
todo o país.

As autoridades presentes, os veículos militares, os uniformes, os armamentos, as bandas de


música marcando o passo e o ritmo dos hinos, as bandeiras, as evoluções das tropas, das
esquadrilhas e das cavalarias formam um grande conjunto simbólico, cuja ideia é reafirmar o
sentimento de unidade, nacionalidade e patriotismo.

 
Esse objetivo é evidentemente demonstrado; é explícito.

De outro modo, pode-se conceber uma mostra cuja intenção esteja subjacente e seja
gradualmente apresentada ao longo da narrativa. Imagine uma exposição sobre as expressões do
estilo barroco – na arquitetura, na pintura, na escultura – onde nos objetos exibidos aparecem
cenas das crueldades praticadas na época da Inquisição.
 
Certamente, essa mostra irá impactar o público não apenas pelas belas características do estilo,
mas também pela crueza das imagens.

A ideia central de uma exposição é a estratégia criada pela curadoria para abordar uma questão e
propor uma reflexão. Assim, atinge seu objetivo, estando ele explícito ou implícito.

Para isso, é necessário ter claro esse objetivo e tudo fazer para alcançá-lo, isto é, prever os
resultados de toda a ação, desde a escolha do momento propício, do lugar e dos objetos pelos
seus significados até à forma de apresentá-los e para quem.
 
A ideia central de uma mostra define a estratégia de comunicação. É a tese criada pela curadoria
para reunir e associar assuntos em torno de um tema e apresentá-los e explicá-los
intencionalmente através de "janelas". E essas janelas são os objetos inseridos em um cenário-
narrativa.
 
O objeto museológico
 
Você já sabe que os objetos são o principal ingrediente de uma exposição. Portanto, o modo de
distribuí-los no espaço físico é a primeira preocupação dos organizadores de uma mostra.
 
Ainda que o objetivo seja organizar o acervo de modo a facilitar a assimilação do conteúdo, este
deve ser disposto de forma a causar impacto e enfatizar sua importância.
 
Lembre-se que os objetos são as “musas” de uma mostra, e a sua posição em relação ao
observador, ao ambiente como um todo e aos demais objetos "concorrentes" irá determinar se ele
será mais ou menos atraente.
 
Imagine um ambiente superlotado; além de prejudicar a experiência do visitante, pode até
comprometer a integridade do acervo.

Quando você visitar uma mostra, assuma uma postura crítica em relação ao tema proposto e a
forma como ele está sendo apresentado. Analise a escolha dos objetos. Julgue seus significados e
suas capacidades de exprimi-los.
 
Lembre-se: os objetos não competem entre si; complementam-se.  São partes de um todo. Um
todo-significado, um todo-expressão, um todo-mensagem, um todo-ideia, um todo-reflexão, um
todo-ação.
 
Aprecie minuciosamente a mostra e faça-lhe um julgamento de acordo com o que você aprendeu.
Debata com seus colegas. Como você apresentaria esse tema?  Proponha uma forma
diferentepara convidar o público à reflexão-ação.

Lembre que a qualidade de uma mostra pode ser medida pela soma qualitativa dos seus
elementos. Uma boa mostra deve propor uma reflexão que leve a uma ação sobre a realidade;
para modificá-la para melhor, claro!

O público pode ter diferentes reações quando convidado a refletir sobre uma realidade – e mais
ainda quando consegue se projetar dentro dessa realidade.
Exposições de tipo estético

A reação mais comum é a simples contemplação. Diante de uma obra de arte, geralmente a
experiência convida à observação dos efeitos plásticos da criação artística.Assim, esse tipo de
mostra propõe uma experiência mais orientada às emoções e sentimentos, com menor nível de
informação.
 
Esse tipo de exposição podeexibir também objetos tridimensionais - mobiliário, veículos, joalheria,
indumentária etc., que são percebidos como partes de um cenário estético. Seja como for, o
convite apela à contemplação, à fruição da beleza plástica.

Exposições de tipo histórico

Nas exposições de tipo histórico ou temático, os objetos são organizados dentro de vitrines ou
inseridos em dioramas, ou ainda dispostos em galerias, geralmente junto a outros meios de
informação, usados para auxiliar a compreensão do tema ou relacioná-los entre si dentro de um
contexto.

Essas exposições demandam um conhecimento prévio sobre o tema, e apresentam um nível mais
elevado de informação.  As informações são dispostas associando textos e imagens, convidando o
público à assimilação.
 
Os objetos são expostos em pequenos grupos formando um conjunto lógico, podendo também
incorporar outros elementos – espécimes, maquetes – e outros recursos audiovisuais, interativos
ou gráficos em grande escala.

Exposições do tipo exploração

Exposições do tipo tradicionalmente apresentam temas arqueológicos ou de história natural.


Geralmente exibem coleções de mineralogia, artefatos de povos primitivos e espécimes
taxidermizados, seguindo esquemas de classificação científica nos moldes dos antigos “gabinetes
de curiosidades”.

A disposição do acervo segue uma ordem cronológica, onde toda a superfície do piso e da parede
é utilizada para exibi-lo.

Para serem mais compreendidas, essas mostras exigem que o visitante possua um maior nível de
informação. Daí a postura do público ser uma busca contínua pela informação, normalmente
apresentada em sequência através de textos e imagens associadas.
 
As peças menores e em maior quantidade são organizadas por espécie e exibidas em gavetas
envidraçadas, e as peças maiores em pequenos nichos simulando seus ambientes naturais.Os
objetos de maior tamanho são exibidos em galerias à parte, em destaque.
 
Podem ser explicados por outros recursos audiovisuais que permitem uma melhor assimilação do
conteúdo pela boa visualização e circulação no espaço expositivo.

Exposições interativas

Incluem experimentos, simulações e demonstrações ao vivo. São apresentadas em museus de


ciência e tecnologia, salas multimídia, aquários, planetários e parques temáticos. São mais
direcionadas para o público jovem de estudantes e também crianças.

Para melhor obter a informação disponibilizada, é preciso um razoável grau de conhecimento para
manipular equipamentos multimídia. Geralmente esse tipo de mostra é acompanhada por
monitores, e o número de visitantes-participantes é limitado conforme a atividade.
Veja abaixo mais sobre as propostas nas exposições.

As reflexões propostas nas exposições e outras ações educativas de museus podem sofrer a
concorrência de informações conflitantes, geralmente repassadas pelas mídias de massa –
televisão, internet, jornais e instituições religiosas – que podem deformar o sentido ou anular o
experimento.

Isso é mais comum de ocorrer com grupos de visitantes de uma mesma origem com forte apelo
cultural cujas reações passivas e automáticas tendem a ser parecidas ou mesmo idênticas, e a
intenção didática da ação educativa pode ser constantemente questionada.

Situações desse tipo podem acontecer e devem ser previstas, evitadas e neutralizadas, caso
ocorram. Por isso, o conceito da mostra, a escolha do tema, a qualidade da pesquisa, a forma de
apresentar as questões para reflexão e o público-alvo devem passar por uma rigorosa análise da
curadoria logo na concepção do projeto.

De outro modo, em uma ação educativa em que os participantes podem ser selecionados pelo
interesse comum – convidados,o diálogo tanto pode se orientar para todo o grupo como para um
interlocutor específico.

Havendo conflito de informação sobre alguma questão, esta será mais facilmente mediada pela
explicação que você vai dar – mesmo que seja para um participante específico – mas vai se diluir
para todo o grupo e pode ser aceita ou não, de acordo com a qualidade da pesquisa anterior que
você realizou sobre o tema.

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