Roberts - 2-Interpretacao-Experiencia

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Roberts -2

Roberts & Gruber (2005)


INTERPRETAÇÃO EM FUNÇÃO DAS ESCALAS E ARENAS DA EXPERIÊNCIA

Nome | Paula | 2019


Índice
INTERPRETAÇÃO EM FUNÇÃO DAS ESCALAS
Linhas Orientadoras ........................................................................................................................................ 5
Tema Popular ......................................................................................................................................... 5
NORMATIVO ......................................................................................................................... 6
CLÍNICO ................................................................................................................................. 6
Escalas Relativas ao Tema ..................................................................................................................... 6
Significado Completo (MEAN) ............................................................................................ 6
Escalas de Recursos Disponíveis
Suporte Próprio - Sentimento (SUPS-F).............................................................................................. 8
NORMATIVO ......................................................................................................................... 8
CLÍNICO ................................................................................................................................. 8
Suporte Próprio - Apoio (SUPS-A)....................................................................................................... 8
NORMATIVO ......................................................................................................................... 8
CLÍNICO ................................................................................................................................. 8

Suporte Outro (SUPO-F e SUPO-H) .................................................................................................. 9


Suporte Outro - Sentimento (SUPO-F)
NORMATIVO ......................................................................................................................... 9
CLÍNICO ................................................................................................................................. 9

Suporte Outro-Ajuda (SUPO-H)


NORMATIVO ......................................................................................................................... 9
CLÍNICO ................................................................................................................................. 9

Pedido de Ajuda (REL) ......................................................................................................................... 10


NORMATIVO ........................................................................................................................ 10
CLÍNICO ................................................................................................................................ 10

Estabelecimento de Limites (LIM)...................................................................................................... 10


NORMATIVO .........................................................................................................................11
CLÍNICO .................................................................................................................................11

Escala de Identificação de Problemas ..................................................................................................11


NORMATIVO .........................................................................................................................11
CLÍNICO ................................................................................................................................ 12

Escalas de Resolução ............................................................................................................................ 12

PÁGINA 1
NORMATIVO ........................................................................................................................ 12
CLÍNICO ................................................................................................................................ 12

Escalas de Emoção
Ansiedade (ANX) .................................................................................................................................. 13
NORMATIVO ........................................................................................................................ 12
CLÍNICO ................................................................................................................................ 12

Agressão (AGG)) ................................................................................................................................... 13


Depressão (DEP)................................................................................................................................... 14
Rejeição (REJ) ....................................................................................................................................... 15
NORMATIVO ........................................................................................................................ 15
CLÍNICO ................................................................................................................................ 15

Escalas de Resultado
Não resolvido (OUT-1-UNRS) ............................................................................................................. 16
NORMATIVO ........................................................................................................................ 16
CLÍNICO .............................................................................................................................. 16

Resultado Não Adaptativo (OUT-2-NON) ......................................................................................... 16


NORMATIVO ........................................................................................................................ 16
CLÍNICO .............................................................................................................................. 16

Resultado Maladaptativo (OUT3-MAL) ............................................................................................. 17


NORMATIVO ........................................................................................................................ 17
CLÍNICO .............................................................................................................................. 17

Resultado Irrealista (OUT4-UNRL))................................................................................................... 17


NORMATIVO ........................................................................................................................ 17
CLÍNICO .............................................................................................................................. 17

Respostas Não Usuais ou Atípicas

Recusa (REF) ......................................................................................................................................... 17


Sem pontuação (No SCORE)) ............................................................................................................. 18
NORMATIVO ........................................................................................................................ 18
CLÍNICO .............................................................................................................................. 18

Antissocial (ANTISOC) ........................................................................................................................ 19


NORMATIVO ........................................................................................................................ 19
CLÍNICO .............................................................................................................................. 19

PÁGINA 2
Categorias de Resposta Atípica (ATYP) .............................................................................................. 19
NORMATIVO ........................................................................................................................ 19
CLÍNICO ............................................................................................................................. 20

Notas Clínicas Adicionais ............................................................................................................................. 20


ARENAS DA EXPERIÊNCIA

Arenas ............................................................................................................................................................. 24
Self ........................................................................................................................................................ 24
Família .................................................................................................................................................. 26
Social .................................................................................................................................................... 26

PÁGINA 3
INTERPRETAÇÃO EM FUNÇÃO
DAS ESCALAS

PÁGINA 4
Linhas Orientadoras
֎ O processo de interpretação assenta no seguinte pressuposto:

➢ Algumas escalas estão mais estreitamente associadas ao funcionamento


adaptativo.,

➢ Outras permitem rastrear potenciais fragilidades na esfera


socioemocional.

➢ As Escalas Relativas ao Tema, de Identificação de Problemas e de


Resolução fornecem informação útil para documentar as diferenças entre o
funcionamento normativo e clínico.

➢ As Escalas de Resultado, sobretudo o Resultado Irrealista, e as


Respostas não Usuais ou Atípicas constituem os principais indicadores do
ajustamento socioemocional da(o) criança/adolescente.

➢ Os resultados das Escalas de Recursos Disponíveis e de Emoção devem


ser interpretados de forma cautelosa, sobretudo quando parecem paradoxais
em relação à informação de que o terapeuta dispõe sobre a/o
criança/adolescente.

Tema Popular

֎ Tema Popular (POP)


➢ Avalia a capacidade da(o) criança/adolescente de descrever de forma precisa
as emoções, comportamentos, ou problemas específicos ilustrados por cada
cartão.

➢ Esta perceção é estruturada e influenciada por uma constelação de variáveis,


como as experiências prévias, sentimentos e atitudes da(o)
criança/adolescente.

➢ Os desvios ou distorções percetivas podem indiciar uma intrusão desajustada


dos problemas e experiências no processo de construção das narrativas.

PÁGINA 5
➢ É importante que perceber se há consistência nos temas que a/o
criança/adolescente elicita, nos cartões não cotáveis como POP.

➢ A descrição de figuras que não pertencem à rede familiar pode traduzir a


presença de disfuncionalidades na dinâmica familiar.

➢ A dificuldade em identificar o Tema Popular pode refletir fragilidades ao nível


das competências de identificação e descodificação das pistas sociais, o que
pode constituir um entrave ao ajustamento social da(o) criança/adolescente.

❖ NORMATIVO

➢ Pontuações mais elevadas nesta escala.

❖ CLÍNICO

➢ Tendem a ter dificuldade em identificar o tema associado a cada


cartão.

➢ Os adultos podem ser percecionados como professores e outros


adultos, em vez de pais.

➢ Situações, habitualmente, percecionados como interações


positivas são descritas como situações negativas e de ausência
de suporte.

Escalas Relativas ao Tema

֎ Significado Completo (MEAN)


✓ Avalia a competência da(o) criança/adolescente de:

➢ construir uma história articulada e congruente a partir de cada cartão;

➢ mobilizar os recursos cognitivos no processo de construção das


narrativas.

PÁGINA 6
✓ Para construir uma narrativa cotável como MEAN, são necessárias:

➢ boas competências cognitivas,

➢ boas competências de expressão verbal,

➢ capacidade de elicitar e elaborar um tema congruente,

➢ capacidade de selecionar a informação e organizá-la de forma coerente


na narrativa,

➢ capacidade de mobilizar estratégias de resolução de problemas


adequadas, considerando o que é esperado para a idade,

➢ utilizar a criatividade e mobilizar as experiências passadas no processo


de construção da narrativa,

➢ manter a atenção,

➢ avaliar pensamentos como apropriados e realistas para o


desenvolvimento da história,

➢ capacidade de descodificar pistas sociais

Escalas de Recursos Disponíveis

֎ As quatro escalas de Suporte avaliam a capacidade da(o) criança/adolescente de


mobilizar os recursos internos e externos para resolver os problemas e as emoções
a eles associados.

֎ Deve ter-se especial cuidado se, a par dos baixos resultados nestas escalas,
emergirem outras dificuldades clinicamente relevantes (e.g., baixa pontuação em
MEAN; pontuação elevada em ATYP).

PÁGINA 7
֎ Suporte Próprio - Sentimento (SUPS-F)

❖ NORMATIVO

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a percecionar as figuras da sua


rede de suporte social como securizantes e responsivas, o que as leva
a expressar emoções/sentimentos positivas(os) sobre si próprias e a
ter uma boa autoestima.

❖ CLÍNICO

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a descrever as figuras da rede


de suporte social como indisponíveis para responder às suas
necessidades e desejos, pelo tendem a experienciar
emoções/sentimentos negativos em relação a si próprias.

֎ Suporte Próprio - Apoio (SUPS-A)


➢ Avalia a capacidade da(o) criança/adolescente para se suportar a si própria(o),
mobilizar recursos para resolver adequadamente problemas, ter insight e
aprender com base na experiência e ser persistente no completamento de
tarefas.

❖ NORMATIVO

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a percecionar-se como


competentes na resolução de problemas/gestão da adversidade.

❖ CLÍNICO

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a percecionar-se como não


detendo recursos para resolver os problemas e as emoções por eles
despoletadas.

PÁGINA 8
֎ Suporte Outro (SUPO-F e SUPO-H)

➢ As duas escalas de Suporte Outro refletem a tendência da(o)


criança/adolescente para caraterizar as figuras da rede de suporte social como
positivas, protetoras, responsivas, fontes de afeto e ajuda.

Suporte Outro - Sentimento (SUPO-F)

❖ NORMATIVO:

➢ As/Os crianças /adolescentes tendem a percecionar as figuras da


sua rede de suporte social como fontes de o suporte emocional e a
descrever interações de afeto positivo entre a criança e o adulto.

❖ CLÍNICO:

➢ As/Os crianças /adolescentes tendem a percecionar a sua rede de


suporte social como não lhes proporcionando os recursos
necessários para lidar com a adversidade.

➢ Tendem, por isso, a obter pontuações baixas nestas escalas,


porque não percecionam as figuras da sua rede de suporte social
como fonte de apoio efetivo.

Suporte Outro-Ajuda (SUPO-H)

❖ NORMATIVO

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a percecionar o adulto como


disponível para prestar o apoio instrumental necessário para lidar
com a adversidade.

❖ CLÍNICO

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a não identificar os membros


da família como responsivos face às necessidades/desejos
expressos pela(o) criança/adolescente.

PÁGINA 9
Pedido de Ajuda (REL)

➢ Avalia a tendência das personagens para procurar ajuda, ou de mobilizar os recursos,


da sua rede de suporte social para resolver os problemas.

➢ Reflete a confiança da(o) criança/adolescente na sua rede de suporte social para


responder positivamente aos seus pedidos e necessidades.

❖ NORMATIVO

➢ As/Os crianças/adolescentes são capazes de recorrer à sua rede de


suporte social, não negando, nem evitando, os problemas ou
sentimentos geradores de tensão.

❖ CLÍNICO

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a experimentar sentimentos


de desesperança e solidão.

➢ Tendem a não recorrer à sua rede de suporte social para lidar com
a adversidade.

➢ Os adultos significativos são, amiúde, descritos como rejeitantes.

Estabelecimento de Limites (LIM)

֎ Avalia a perceção da(o) criança/adolescente sobre os limites e consequências do


comportamento.

֎ O objetivo usual do estabelecimento de limite é proteger a criança de


comportamentos e situações perigosas.

֎ Os limites são importantes para orientar o comportamento aceitável e modelar o


funcionamento ajustado da criança em sociedade.

PÁGINA 10
❖ NORMATIVO

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a descrever limites


consistentes e apropriados para o comportamento.

❖ CLÍNICO

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a descrever consequências


desadequadas para o comportamento, como punições físicas e
castigos com duração, ou intensidade, excessivas.

➢ Tendem a representar a figura materna como estando furiosa ou a


gritar, mas sem estabelecer quaisquer consequências para os
comportamentos.

➢ Descrevem, amiúde, limites desadequados e inconsistentes, o


dificulta a compreensão e resposta às regras e expetativas que
sobre elas(es) impendem.

➢ Algumas crianças podem testar limites, na procura de limites


consistentes que as ajudem a lidar com a adversidade.

Escala de Identificação de Problemas

֎ É um importante indicador sobre o funcionamento socioemocional da criança.

֎ Diz respeito às competências de coping que viabilizam a leitura e resolução adequada


dos problemas.

֎ Avalia a capacidade para ter insight.

❖ NORMATIVO

➢ Elevada frequência de PID1, nas crianças mais novas, e de PID3,


nas crianças mais velhas.

PÁGINA 11
❖ CLÍNICO

➢ Elevada frequência de PID1, em crianças com idade superior a 7


anos, e menor frequência de PID3.

Escalas de Resolução

֎ À semelhança da escala de Identificação de Problemas, as escalas de Resolução


constituem uma hierarquia de estratégias de resolução de problemas, com um grau
de diferenciação crescente.

֎ Avaliam a capacidade da(o) criança/adolescente para construir uma resolução


socioemocionalmente ajustada para os problemas.

֎ Só devem ser interpretadas quando há desvios em relação à norma e resultados que


sugiram a presença indicadores de desajustamento ou psicopatologia (e.g.,
pontuações elevadas nas Respostas Não Usuais ou Atípicas).

֎ Cada escala de resolução deve ser interpretada separadamente.

֎ Cada criança/adolescente pode apresentar diferentes estratégias, em função da


natureza do problema.

❖ NORMATIVO

➢ A frequência de RES1 tende a decrescer, à medida que a idade


da(o) criança/adolescente aumenta, acontecendo o inverso com a
frequência da RES3.

❖ CLÍNICO

➢ Verifica-se uma menor frequência de todas as Escalas de


Resolução, em comparação com o grupo normativo.

PÁGINA 12
Escalas de Emoção

֎ Os resultados destas escalas só devem ser interpretados, quando se observam:

➢ desvios em relação à norma;

➢ indicadores de disfuncionalidade e/ou psicopatologia (e.g., pontuações


elevadas nas respostas não usuais ou atípicas).

֎ Para aprofundar a compreensão sobre as pontuações obtidas nestas escalas, é


importante identificar as situações despoletadoras destas emoções e as figuras que
as protagonizam.

Ansiedade (ANX)

❖ NORMATIVO

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a conseguir monitorizar e mediar,


com maior eficácia e segurança, a ansiedade.

➢ Mobilizam estratégias mais adequadas de resolução de problemas,


gerindo as situações ansiogénicas, com base na autoconfiança e na
procura de ajuda na rede de suporte social.

❖ CLÍNICO

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a percecionar os estímulos como


mais ameaçadores e geradores de medo.

Agressão (AGG)

֎ A avaliação desta emoção é essencial na compreensão do funcionamento da(o)


criança ou adolescente, na medida em que o comportamento adaptativo está muito
dependente da capacidade de regular esta emoção.

PÁGINA 13
֎ Porém, a avaliação da Agressão não depende exclusivamente dos resultados obtidos
nesta escala.

֎ As pontuações desta escala devem ser consideradas em conjunto com os resultados


das Respostas Atípicas e o desfecho da história em que estes conteúdos emergem,
com vista a perceber de que modo a agressividade é gerida.

֎ É esperado que o conteúdo agressivo seja resolvido de um modo construtivo e


adequado, atendendo à idade do sujeito.

֎ Todavia, nalgumas narrativas, o conteúdo enquadrável nesta escala pode resultar


numa história inacabada, ou num Resultado Maladaptativo, em que se verifica uma
intensificação do problema.

֎ Na análise dos conteúdos cotados nesta escala, interessa, também, perceber se a


agressão é perpetrada pela criança, ou se esta se mostra receosa face à agressão
protagonizada por outros.

֎ As/Os crianças/adolescentes que tendem a experimentar medo, na interação com o


outro, interpretam, frequentemente, as intenções dos outros como agressivas e/ou
como uma ameaça ao seu bem-estar.

֎ As pontuações elevadas nesta escala tendem a refletir a dificuldade da(o) criança ou


adolescente em regular os impulsos agressivos.
֎ As pontuações reduzidas nesta escala tendem a traduzir dificuldades em expressar
a agressividade, bem como sentimentos de incompetência para lidar com as
emoções agressivas.

֎ As pontuações muito elevadas nesta escala podem indicar dificuldade em discriminar


emoções, com uma tendência para expressar as emoções, através de
comportamentos agressivos.

Depressão (DEP)

֎ A avaliação dos indicadores depressivos é complexa, porque as categorias de


diagnóstico baseiam-se, preponderantemente, em indicadores comportamentais, que
podem não permitir rastrear, de forma fina, a sintomatologia depressiva.

֎ Por exemplo, uma criança pode ser sinalizada, por apresentar comportamentos
agressivos, estando este comportamento a camuflar a sintomatologia depressiva.

PÁGINA 14
֎ As/Os crianças/adolescentes que têm dificuldade em lidar com a adversidade tendem
a descrever conteúdos cotáveis nesta escala, em cartões em que estes não seriam
expectáveis.

֎ A capacidade de identificar e expressar um espectro amplo de emoções exige


elaboração cognitiva e boas competências de regulação emocional.

֎ A análise das pontuações desta escala é, neste sentido, fundamental na


compreensão do funcionamento da(o) criança/adolescente.

Rejeição (REJ)

֎ Surge, simultaneamente, nas narrativas da população normativa e da população


clínica.

❖ NORMATIVO

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a descrever a família como


suportante e responsiva face às necessidades por elas(es) expressas.

➢ No cartão 10, descrevem a mãe a reconhecer as emoções negativas


que decorrem da perceção de estar a ser preterido em favor do irmão
e a securizar a criança.

❖ CLÍNICO

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a deixar o problema e as


emoções a ele associados por resolver.

Escalas de Resultado
֎ Estas escalas fornecem importantes indicadores sobre a capacidade da(o)
criança/adolescente para resolver eficazmente os problemas, através da utilização
de estratégias ajustadas, considerando os padrões de desenvolvimento normativos.

֎ Na população normativa, as pontuações são, tendencialmente, mais elevadas, nas


escalas de Resolução, e mais reduzidas, nas escalas de Resultado.

PÁGINA 15
֎ Estas escalas, a par das Respostas Atípicas, são cruciais na avaliação da existência
de interferência de problemáticas clínicas no processo de construção das narrativas.

֎ O seu poder discriminativo advém da sua reduzida frequência na população


normativa e do facto de não fornecerem indicadores que permitam aprofundar a
compreensão sobre o desenvolvimento normativo.

Não resolvido (OUT1-UNRS)

❖ NORMATIVO:

➢ Estas resoluções podem surgir nas narrativas das(os)


crianças/adolescentes provenientes da população normativa,
sobretudo em crianças mais novas.

❖ CLÍNICO:

➢ Contudo, é mais frequente na população clínica, o que amplia o seu


poder discriminativo.

➢ As normas para a frequência esperada em função da idade permitem


perceber se a cotação nesta escala constitui um indicador com
significado clínico.

Resultado Não Adaptativo (OUT-2-NON)

❖ NORMATIVO:

➢ Este tipo de resolução tende a estar ausente.

❖ CLÍNICO:

➢ Observam-se pontuações mais elevadas do que na população


normativa.

PÁGINA 16
Resultado Maladaptativo (OUT3-MAL)

❖ NORMATIVO:

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a resolver adequadamente o


problema e as emoções a ele associadas, sendo o resultado
maldaptativo pouco comum.

❖ CLÍNICO:

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a construir histórias com


resultados maladaptativos, que consistem na descrição de
comportamentos de acting-out, ou de resoluções desadequadas.

Resultado Irrealista (OUT4-UNRL)

֎ Esta escala permite avaliar a maturidade cognitiva e emocional da criança.

֎ De notar que as crianças mais pequenas incorporam, amiúde, conteúdo fantasioso


nas suas narrativas.

֎ Verifica-se, igualmente, em crianças provenientes de populações clínicas, que


tendem a percecionar o mundo como transcendendo a realidade.

Respostas Não Usuais ou Atípicas

Recusa (REF)

֎ Fornece importantes indicadores clínicos, porque permite identificar indicadores de


potenciais dificuldades cognitivas e/ou a presença de mecanismos de evitamento dos
temas geradores de ansiedade.

PÁGINA 17
֎ Algumas crianças, quando confrontadas com a forte ativação emocional gerada por
determinados cartões, podem bloquear e recusar o cartão, ou mesmo elicitar,
reiteradamente, o mesmo conteúdo.

֎ A indisponibilidade para colaborar, o comportamento oposicional e o desinvestimento


do processo de construção das narrativas são aferíveis através da observação do
comportamento da/o criança/adolescente, durante a administração do instrumento.

֎ No final da administração, o questionamento sobre os cartões recusados pode


fornecer pistas importantes acerca das temáticas elicitadoras de ansiedade, embora
não possa ser utilizado para a análise quantitativa.

֎ É importante perceber se existe um padrão no tema subjacente aos cartões que foram
alvo de recusa, de forma a compreender, de forma mais fina, o funcionamento e
dificuldades específicas da(o) criança/adolescente.

Sem pontuação (No SCORE)

֎ Nas crianças mais velhas, reflete, frequentemente:

➢ fragilidades ao nível do funcionamento cognitivo, associada a dificuldade em


abstrair-se de um nível concreto de pensamento.

֎ Em crianças mais novas, ou adolescentes com dificuldades cognitivas:

➢ as narrativas podem conter uma descrição pormenorizada das personagens,


numa tentativa de cumprir às instruções do terapeuta e de lhe agradar.

֎ Permite rastrear dificuldades na esfera percetiva a representacional,nnomeadamente


na descodificação de pistas sociais, o que, frequentemente, leva a comportamentos
desadequados.
֎ Possibilita a identificação de continuidades nos temas dos cartões percecionados
como aversivos e/ou ameaçadores.

֎ No processo de interpretação, é importante ter em consideração o número de


narrativas cotáveis nesta escala e o grau de elaboração das restantes narrativas do
protocolo.

PÁGINA 18
❖ NORMATIVO

➢ As/Os crianças/adolescentes tendem a mostrar-se mais disponíveis


para a tarefa de construção das narrativas.

❖ CLÍNICO

➢ As/Os adolescentes tendem a responder à tarefa de construção das


narrativas com menor motivação, maior resistência e até oposição, o
que as leva a querer finalizá-la o mais rápido possível.

Antissocial (ANTISOC)
❖ NORMATIVO:

➢ Pode surgir, embora os conteúdos não sejam frequentes, nem


assumam contornos merecedores de preocupação.

➢ Alguns conteúdos cotáveis nesta escala podem também ser cotados


como Atípico.

❖ CLÍNICO:

➢ A presença de um elevado número de conteúdos enquadráveis nesta


escala pode ser um indicador de psicopatologia, devendo ser objeto
de exploração posterior.

➢ Tende a aparecer em protocolos de crianças/adolescentes com


perturbações de comportamento.

Categorias de Resposta Atípica (ATYP)

❖ NORMATIVO:

➢ As/os crianças/adolescentes tendem a construir narrativas sem


conteúdos cotáveis nesta escala.

PÁGINA 19
❖ CLÍNICO:

➢ Algumas categorias constituem indicadores com especial relevância


do ponto de vista clínico (e.g., ATYP1; conteúdos de natureza sexual).

➢ Este conteúdo é usual em crianças com história de abuso sexual, que,


nas suas narrativas, tendem a descrever reações de medo,
comportamentos de abuso e limites inconsistentes na relação com o
outro.

➢ Além da interpretação mais formal, é possível sistematizar impressões


clínicas, de forma mais sucinta e um pouco menos formal, não fazendo
uma interpretação escala a escala.

Notas Clínicas Adicionais

A) Ocorreram comportamentos, verbalizações ou personalizações não


usuais?

➢ rever as notas de observação do comportamento e as cotações de ATYP9

B) Há problemas ao nível da precisão percetiva?

➢ POP inferior à norma etária

➢ pontuações elevadas em ATYP2

➢ pontuações elevadas em ATYP3

C) As narrativas traduzem problemas ao nível do teste ou processamento


da realidade?

➢ pontuações elevadas em ATYP1

➢ pontuações em Resultado Irrealista

PÁGINA 20
D) Há indicadores de psicopatologia?

➢ Analisar cotações de ATYP, considerando as áreas e o tipo de desvios

E) Há respostas comportamentais incomuns ou que indiciem a presença de dificuldades


cognitivas?

➢ ANTISOC superior às normas etárias

➢ Recusas

➢ Sem cotação

F) A expressão e experiência emocional apontam para dificuldade na regulação


emocional?

➢ ANX superior às normas etárias

➢ AGG superior às normas etárias e/ou ATYP4 – violência

➢ DEP superior às normas etárias

➢ REJ superior às normas etárias

G) Há dificuldades na resolução de problemas e dos sentimentos a eles associados?

➢ PID inferior às normas etárias

➢ RES inferior às normas etárias

➢ MEAN inferior às normas etárias

➢ OUT1-UNRSL superior às normas etárias

➢ OUT2-NON superior às normas etárias

➢ OUT3-MAL superior às normas etárias

PÁGINA 21
H) Há dificuldades na expressão de sentimentos positivos e/ou na mobilização dos
recursos internos para lidar com a adversidade?

➢ SUPS-F inferior às normas etárias

➢ SUPS-A inferior às normas etárias

I) A rede de suporte social é percecionada como fonte de apoio?

➢ SUPO-F inferior às normas etárias

➢ SUPO-H inferior às normas etárias

➢ REL inferior às normas etárias

J) Os comportamentos de estabelecimento de limites são percecionados como


adequados e consistentes?

➢ LIM inferior ou superior às normas etárias

➢ ATYP4-violência ou ATYP5-abuso associados a punição

➢ Estabelecimento de consequências ou limites desadequados ou inconsistentes


para o comportamento

K) Há conteúdo significativo ou relevante do ponto de vista clínico?

➢ Rever notas clínicas

PÁGINA 22
ARENAS DA EXPERIÊNCIA

PÁGINA 23
Arenas

֎ O Roberts-2 funciona como ‘janela’ de acesso à forma como a(o) criança/adolescente


organiza representacionalmente a experiência nos seus contextos de vida
significativos.

֎ O processo de interpretação das narrativas construídas pela criança toma como eixo
norteador o conceito de arena.

֎ As arenas consistem em:

➢ áreas de ação, ou campos de interação, da criança;


➢ recursos da criança para gerir as exigências associadas aosseus contextos
relacionais.

֎ No processo de interpretação do Roberts-2, devem ser consideradas três arenas:

➢ Self

✓ A arena do Self refere-se a:


 competências cognitivas;
 emoções;
 caraterísticas físicas e comportamentais.

✓ As competências cognitivas são avaliadas tendo em consideração os


seguintes aspetos:

 capacidade de identificar o Tema Popular (POP) do cartão e


presença de conteúdos de Resposta Atípica, uma vez que a
perceção realista das situações sociais é um indicador de
ajustamento socioemocional;

 capacidade de construir narrativas cotáveis como Significado


Completo (MEAN), uma vez que esta escala funciona como
indicador do funcionamento cognitivo.

PÁGINA 24
 capacidade de identificar e resolver os problemas elicitados nas
narrativas, aferida através das Escalas de Identificação de
Problemas e de Resolução;
 capacidade de mobilizar recursos internos para resolver
problemas, completar tarefas e satisfazer as suas necessidades,
que é aferida pela escala de Suporte-Próprio Apoio

✓ As emoções são avaliadas tendo em conta os seguintes aspetos:

 pontuações nas Escalas de Emoção (elevadas ou reduzidas),


com vista a perceber se as emoções são percecionadas de
forma adequada, atendendo aos padrões de desenvolvimento
normativo;

 pontuações na escala de Agressividade e a forma como esta é


gerida e mediada dentro de cada arena;

 a identificação da causa das emoções, a reação das


personagens às emoções e as estratégias mobilizadas na sua
gestão.

 impacto da emoção no processo de resolução: resolução


construtiva, não resolução, comportamento desajustado ou de
acting-out;

 pontuações na escala de Suporte Próprio-Sentimento, que


avalia as expetativas e sentimentos positivos em relação ao self,
através da expressão de felicidade e prazer.

✓ As caraterísticas físicas/comportamentais são avaliadas tendo em


consideração:

 aparência física da(o) criança/adolescente, enquanto


elemento estruturante do autoconceito e da interação com
outros significativos;

 competências e dificuldades emergentes, durante a


administração do instrumento e processo de construção das
narrativas, nomeadamente:

• competências de regulação atencional e


comportamental,

PÁGINA 25
• expressão verbal,

• elaboração discursiva;

• cooperação e adequação da sua interação com o


terapeuta.

➢ Família
✓ A arena da Família diz respeito às representações da(o) criança/adolescente
sobre:
 Mãe - representação sobre a figura materna enquanto
cuidadora e figura de vinculação (cartões 1, 2, 5, 8, 10, 12 e
14).

 Pai - representação sobre a figura paterna enquanto


cuidador e figura de vinculação (cartões 1, 5, 8, 12 e 16).

 Pais - representação sobre as figuras parentais enquanto


figuras de afeto e disciplina. As escalas de Pedido de Ajuda,
Suporte Outro Sentimento e Suporte Outro Ajuda
constituem indicadores importantes da dinâmica familiar
(cartões 1, 5, 8 e 12).

 Família alargada - presença de outros cuidadores ou


adultos significativos, como avós e tios, que sejam
percecionados como recursos.

 Irmãos - relação e interações com os irmãos, podendo ser


representadas como positivas, negativas, competitivas,
agressivas, fontes de suporte, pautadas por discussões
e/ou ciúme (cartões 8 e 10).

➢ Social
✓ A arena Social refere-se às representações da criança sobre:

 Pares - indicador do ajustamento social da criança (cartões


4, 6 e 9);

 Escola/professores - indicador do desempenho e do


funcionamento da criança no contexto escolar (cartão 3);

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 Comunidade - indicador central na avaliação do
ajustamento socioemocional da criança. Reporta-se a
relações de vizinhança e à integração de organizações,
como escuteiros, grupos desportivos e/ou religiosos
(cartões 6 e 8).

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