Resumo Empirismo Crítico

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Resumo Empirismo Crítico - Raízes da Psicologia

O termo empirismo pode ser interpretado de duas formas: como um


pressuposto filosófico, afirmando que não há conhecimento obtido senão pela
experiência, em oposição ao nativismo, que é a ideia de que possuímos conhecimento
ao nascermos; ou como prescrição metodológica, em que o conhecimento válido precisa
ser obtido por meio da observação, medida e experimentação.

Os filósofos adeptos ao empirismo crítico buscava conhecer duas coisas: do


que o mundo era feito e como era apreendido pelos humanos. As ciências da natureza
responderam a primeira pergunta. A segunda, no entanto, seria respondida pelo estudo
das relações entre os fenômenos psíquicos e o mundo material. O questionamento que
surge, então, é se nascemos com ideias ou as adquirimos por meio da experiência, ou
seja, nas relações estabelecidas com o mundo. Essa segunda ideia prevaleceu a partir de
Descartes.

Descartes foi o ponto de partida para a psicologia pré-científica. Ele acreditava


haver duas áreas distintas da existência humana: a física e a mental. Uma era material,
possuía movimento e localização; a outra era imaterial, não possuindo nem localização,
nem movimento. No entanto a mente poderia influenciar o corpo por meio da sensação,
emoção, instinto e imaginação. Segundo ele, isso ocorria por meio da glândula pineal,
que conectava o corpo à alma. Desse modo, ele acreditava que, enquanto o corpo
possuía funções mecânicas, a alma pensante operava sobre tais mecanismos.

Sobre a questão das ideias inatas ou adquiridas, Descartes acreditava que


somente as ideias matemáticas e religiosas eram inatas, todas as outras sendo
adquiridas. Assim, ele se posicionava entre nativistas e empiristas, embora
metodologicamente seja adepto do empirismo crítico, dado o seu pressuposto da dúvida,
porém não realiza experimentações.

Entre os filósofos de destaque adeptos ao empirismo francês temos também


Thomas Hobbes, que acreditava que o ser humano resume-se ao corpo e, assim, os
processos psíquicos também teriam base física. Acreditava também que estamos
condicionados por um determinismo natural, afirmando que o egoísmo é tão inerente ao
ser humano quanto sua autopreservação. Essa teoria fundamentou o conceito da
natureza humana egoísta e interesseira de Freud, que constituiu também a base da
psicanálise, assim como diversas teorias da aprendizagem do século XX.

O empirismo britânico possui em John Locke um dos seus principais


representantes. Voltou-se para a questão de como se adquire conhecimento,
considerando que o ser humano, no seu nascimento é uma tábula rasa - em oposição a
Descartes - e que o conhecimento vai sendo adquirido por meio da experiência ou
reflexão. Isso ocorre através da percepção sensorial, que é um processo psicológico,
assim Locke considera a percepção sensorial consciente a base do conhecimento. Desse
modo, Locke propõe dois tipos de ideias: as simples, que se originam da combinação de
um ou mais sentidos com a reflexão; e as compostas, que surgem da combinação de
várias ideias simples.

Locke acreditava também na integração das funções psíquicas com as funções


corporais, considerando a existência de áreas correspondentes no corpo a cada função
mental, e por isso é considerado o precursor do estruturalismo psicológico do século
XX. Considera-se também que Locke foi empirista tanto filosoficamente quanto
metodologicamente, por pregar o conhecimento através da experiência, embora tenha
sido racionalista na prática.

Dentre outros filósofos empiristas britânicos está George Berkeley, que


acreditava na inexistência de substância material, mas somente na existência daquilo
que pode ser percebido, pois só se conhece as qualidades sensoriais. Desse modo, ele só
admitia uma existência substancial, que é a do espírito. David Hume, por sua vez,
afirmava que só se pode conhecer aquilo pode ser observado e experimentado,
excluindo, assim, discussões sobre a natureza da alma e duvidando da existência de
Deus. O próprio ego, para ele, tratava-se apenas de um conjunto de ideias e percepções
isoladas. Desse modo, ambos voltavam-se para a ideia da construção do conhecimento
por meio das experiências sensíveis.

Na escola alemã podemos identificar Cottfried Wihelm Leibniz, que propunha


as mônadas - elementos simples, qualitativamente distintos e independentes, que
representam, individualmente o universo inteiro - como unidade básica de constituição
do mundo. Ele afirma que o corpo humano é composto por essas mônadas, que são
regidas por uma mônada dominante, que é a alma.

Sua contribuição com a Psicologia está nos seus estudos sobre a sensação e sua
influência nos processos perceptuais, afirmando a existência de níveis de percepção,
tendo como o mais alto deles a apercepção, que resultava de várias sensações
acumulativas.

Tratando sobre a questão das ideias inatas, ele acredita que o ser humano pode
nascer com ideias não completamente formadas, tendo em si potencialidades que serão
desenvolvidas em sua aprendizagem por ensaio e erro. Considera que nada chega ao
intelecto senão passando pelos sentidos, exceto o próprio intelecto.

Emanuel Kant admitia meios inatos de perceber o mundo. Para ele, a forma
com que percebemos a natureza é inata. Assim, segundo ele, a natureza jamais pode ser
conhecida como realmente é, mas apenas como pode perceber a nossa subjetividade.
Afirma também que, assim como a natureza não pode ser diretamente conhecida,
também não se pode conhecer a alma que a percebe. O conhecimento só pode ser obtido
por meio de suas manifestações. Desse modo, afirma a existência de apenas uma
Psicologia: a empírica, admitindo, no entanto, a limitação desta de não poder reduzir seu
conteúdo a termos quantitativos para que pudesse ser analisado com exatidão.
Kant considerava também que não somos apenas razão pura, mas também
prática. A consciência moral é, por exemplo, uma forma em que a razão atua sobre a
ação. Ele afirma que o qualquer outro conhecimento fora da experiência é inválido, sem
fundamento. Assim, o conhecimento, para ser científico, precisa ser empírico.

Johann Friederich Herbart estudou a inibição das ideias, afirmando que em


nossa mente existe um grande número de ideias que buscam se preservar e conservar em
nível consciente, mas existem algumas que são mais fortes do que outras e, por isso,
inibem e repelem as mais fracas para o nível abaixo do consciente, onde aguardam
alguma oportunidade para voltar ao nível consciente. Assim, a mente seria um campo de
batalha entre ideias, onde só as mais fortes prevaleceriam.

Diferentemente de Kant, Herbart afirmava que a psicologia poderia ser


quantitativa, mas não experimental, e a estendeu também ao campo educacional,
propondo cinco passos para ministrar uma aula.

Assim, é possível perceber que o empirismo crítico possui como aspectos


essenciais discussões como o processo de aquisição do conhecimento; o dualismo de
corpo e alma; empirismo e nativismo; empirismo e racionalismo, mostrando que o
conhecimento é obtido por meio dos sentidos, abrindo a possibilidade de uma psicologia
experimental, embora tal conclusão tenha chegado por meio da razão, uma vez que a
psicologia então era essencialmente filosófica.

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