Filosofia

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Introdução a filosofia

- As condições que permitiram o surgimento da filosofia na Grécia;

A Filosofia, como conhecemos, teve origem na Grécia Antiga como resultado de uma intensa
mudança de pensamento. Desde o seu surgimento, em Mileto no século VI a.C., e do
aparecimento da palavra “filosofia”, que Cícero e Diógenes atribuem a Pitágoras, muitos
filósofos tentaram responder à pergunta sobre o que é a Filosofia. Além desse trabalho de
investigação constante acerca da natureza da Filosofia, há também uma diversidade de temas e
de preocupações que os filósofos tentam responder.

-Conceito da filosofia (a partir da etimologia e atitude filosófica);

Segundo a tradição, o criador do termo filosofia foi Pitágoras, o que, embora não sendo
historicamente seguro, no entanto é verossimível. O termo certamente foi cunhado por um
espírito religioso, que pressupunha só ser possível aos deuses uma sofia (sabedoria), ou seja, uma
posse certa e total do verdadeiro, uma contínua aproximação ao verdadeiro, um amor ao saber
nunca saciado totalmente, de onde, justamente, o nome, filosofia, ou seja, “amor pela sabedoria”.

A filosofia é um conhecimento, um saber e, como tal, em sua esfera de particular competência na


qual, busca adquirir informações válidas, precisas e ordenadas.

-Objecto, métodos e funções da filosofia;

“a Filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual”. Ou seja, a
filosofia não serve para nada. Por isso se costuma chamar de “filósofo” alguém sempre
distraído, com a cabeça no mundo da lua, pensando e dizendo coisas que ninguém entende e, que
são perfeitamente inúteis. Mas esta pergunta continua sendo feita porque em nossa cultura e
sociedade habituamos considerar que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma
finalidade prática, muito visível e de utilidade imediata.

Para dar alguma utilidade à Filosofia, muitos consideram, que de facto, a filosofia não serviria
para nada, se “servir”, fosse entendido como a possibilidade de fazer usos técnicos dos produtos
filosóficos ou dar-lhes utilidade econômica, obtendo lucros com eles; consideram também que a
filosofia nada teria a ver com a ciência e a técnica.
- Universalidade e particularidade da filosofia;

A universalidade da filosofia pode ser entendida em diferentes sentidos:

No primeiro sentido, universalidade da filosofia quer dizer, que todos os homens são filósofos;
este sentido radica no facto de todo o homem ter razão. Tal universalidade conduziu à distinção
entre um filosofar espontâneo, presente, em todo o homem, e um filosofar sistemático, específico
dos filósofos.

Em segundo sentido, mais clássico, a universalidade da filosofia significa: a ciência do universal


e do ser. Como afirma Santo Tomás de Aquino: “a filosofia é sabedoria no sentido em que,
conhecendo o universal, ela conhece, através dele, todos os singulares que revelam desse
universal”.

Em terceiro sentido, a universalidade da filosofia pode ser entendida como a construção de um


sistema de verdades universais. Foi este o projecto de Descartes que procurou encontrar um
fundamento, evidente e indubitável, a partir do qual dedutivamente construiu um sistema
filosófico.

Em quarto sentido, pode-se falar da universalidade da filosofia porque alguns de seus problemas
são universais, isto é, referem-se à existência do homem. Tais problemas, apesar de serem
formulados por um filósofo exprimem inquietações e esperanças que são próprias da
humanidade. O filósofo, ao transmutar o vivido para o plano do pensado, universaliza uma dada
situação e enuncia-a como problema. Como diz Paul Ricoeur: A obra filosófica dá forma à
questão de onde ela procede; ora, a forma universal da questão é o problema. O filósofo ao pôr
universalmente em forma de problema, exprime dificuldade que lhe é própria.

- A atitude filosófica e a demanda da verdade, e a natureza das questões filosóficas;

Para Kant, filósofo alemão do século XVIII, “não há filosofia que se possa aprender; só se pode
aprender a filosofar”. Isto significa que a filosofia é, sobretudo, uma atitude, um pensar
permanente. É um conhecimento instituinte, no sentido de que questiona o saber instituído.

A atitude filosófica possui algumas características que são as mesmas, independentemente do


conteúdo investigado, que são:
 Perguntar o que a coisa, ou o valor, a ideia, é. A Filosofia pergunta qual é a realidade ou a
natureza e qual é o significado de alguma coisa, não importa qual;
 Perguntar como a coisa, a ideia ou o valor, é. A filosofia pergunta qual é a estrutura e
quais são as relações que constituem uma coisa, uma ideia ou um valor;
 Perguntar por que a coisa, a ideia ou o valor, existe e é como é. A filosofia pergunta pela
origem ou pela causa de uma coisa, de uma ideia, de um valor.

Pessoa como Sujeito Moral

-Conceito da Ética e Moral;

A palavra Ética é originada do grego ethos, (modo de ser, carácter) através do latim mos (ou no
plural mores,costumes, de onde se derivou a palavra moral). Em Filosofia, Ética significa o que é
bom para o indivíduo e para a sociedade, e seu estudo contribui para estabelecer a natureza de
deveres no relacionamento indivíduo - sociedade.

Ética, pode ser definida como a disciplina filosófica que busca reflectir sobre os sistemas morais
elaborados pelos homens, buscando compreender a fundamentação das normas e interdições
próprias e cada sistema moral.

Define-se Moral como um conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes, valores que
norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social. Moral e ética não devem ser
confundidos: enquanto a moral é normativa, a ética é teórica, e buscando explicar e justificar os
costumes de uma determinada sociedade, bem como fornecer subsídios para a solução de seus
dilemas mais comuns. Porém, deve-se deixar claro que etimologicamente "ética" e "moral" são
expressões sinónimas, sendo a primeira de origem grega, enquanto a segunda é sua tradução para
o latim; a moral é o conjunto que orientam o comportamento humano tendo como base os
valores próprios a uma dada comunidade.

-Conceito e características de pessoa;

Para S. Tomás de Aquino: “Pessoa significa o que de mais nobre há no universo, isto é, o
subsistente de uma natureza racional”.
Para Scheler, “a pessoa é antes a unidade, imediatamente vivida pelo vivente espiritual e não
uma coisa pensada atrás e fora do imediatamente vivido”. A pessoa é a unidade essencial
concreta do ser de actos de essências diferentes, que em si mesma precede todas as diferenças de
actos.

Romano Guardini elaborou um conceito de pessoa em que são fundidos habilmente os elementos
mais característicos da concepção clássica e da moderna: a substancialidade, individualidade, a
incomunicabilidade e a autoconsciência. A sua definição diz: “A pessoa é a forma da
individualidade enquanto é determinada pelo espírito”.

- Aspectos da Ética individual e Social

Os aspectos da ética individual e social são fundamentais para compreender como as pessoas se
comportam em nível pessoal e em relação a sociedade como um todo.

Ética individual: autonomia, integridade, responsabilidade e reflexão ética.

Ética social: justiça, solidariedade, respeito pela diversidade e sustentabilidade.

Esses aspectos da ética individual e social são interligados e influenciam se mutuamente, isto é,
um indivíduo ético contribui para uma sociedade mais ética, e uma sociedade ética, por sua vez,
promove o desenvolvimento de indivíduos éticos.

- Actos voluntários e involuntários

Actos voluntários: os actos que implicam uma intenção deliberada do sujeito de agir de
determinado modo e não doutro.

Actos involuntários: os actos que não implicaram qualquer intenção da parte do sujeito. Coisas
que acontecem connosco, mas onde nos limitamos a ser meros receptores de efeitos que não
provocamos: piscar de olhos, bocejar, soluçar e espirrar.

- Valores e Dever;

DEVERES é uma obrigação de fazer alguma coisa imposta por lei, pela moral, pelos usos e
costumes ou pela própria consciência.
Valores Humanos são os princípios morais e éticos que conduzem a vida de uma pessoa.

O conceito valor pode ter várias acepções. Com efeito:

Um significado afectivo: ao significar o carácter das coisas que nos merecem estima; pode ter
um significado moral ao ser atribuído por alguém a uma atitude: é o caso da coragem em frente
ao perigo, da solidariedade ( o valor das acções da solidariedade social), da beleza de um gesto,
do altruísmo e do egoísmo; e um significado técnico: por exemplo o valor de uma mercadoria ou
o valor de uma incógnita.

Os valores podem ter uma vertente subjectiva ou objectiva:

 Subjectiva: quando designam um padrão de comportamento a que alguém dá importância


ou relevo (por exemplo, a honestidade, a parcimónia no uso dos prazeres, a preocupação
com questões espirituais);
 Objectiva: quando designam padrões de comportamentos reconhecidos e adoptados por
um grupo ou comunidade mais ou menos vasta (a moda de um abraço, uma determinada
estação, a indumentária tradicional de uma região ou os valores de uma mercadoria).

- A Bioética: aborto, eutanásia e distanásia:

A bioética é a ciência normativa do comportamento humano aceitável no campo da vida e da


morte (Pierre Deschamps – jurísta);

O aborto consiste na expulsão ou extracção de um feto pesando menos de mil gramas, ou com
uma idade gestacional inferior a vinte e oito semanas completas.

Eutanásia é a prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira controlada
e assistida por um especialista.

Distanásia é o oposto de eutanásia. A distanásia defende que devem ser utilizadas todas as
possibilidades para prolongar a vida de um ser humano, ainda que a cura não seja uma
possibilidade e o sofrimento se torne demasiadamente penoso.

Bibliografia

CHAUI, Marilena. (2000). Convite à Filosofia. São Paulo: Ed. Ática.


GEQUE, Eduardo, BIRIATE, Manuel. (2010). Pré-Universitário – Filosofia 11. (1ª. ed.).
Maputo, Moçambique: Longman Moçambique.

ROSA, António Luís. (S.d.). Introdução à filosofia – Manual de Tronco Comum. Beira,
Moçambique: UCM/CED.

A Lógica

Conceito e objecto da Lógica

A lógica trata dos argumentos, isto é, das conclusões a que chegamos através da apresentação
das evidências que a sustentam. O seu fundador é Aristóteles, com a sua obra chamada organon.
Ele divide a lógica em formal e material.

Lógica formal (ou menor): que estabelece a forma correcta das operações do pensamento. Se as
regras forem aplicadas adequadamente, o raciocínio é considerado válido ou correto.

Lógica material (ou maior): é parte da lógica que trata da aplicação das operações do pensamento
segundo a matéria ou natureza dos objectos a conhecer. Enquanto a lógica formal se preocupa
com a estrutura do pensamento, a lógica material investiga a adequação do raciocínio à realidade.
É também chamada metodologia, e como tal procura o método próprio de cada ciência.

Dimensões do Discurso Humano

Dimensão é todo plano, grau ou direcção no qual se possa efectuar uma investigação ou realizar
uma acção.

O discurso humano é pluridimensional, isto é, é constituída por diversas dimensões. Dentre elas
destacamos as seguintes: dimensão sintáctica, semântica e pragmática.

Novo Domínio da lógica


Informática é a ciência do tratamento racional, nomeadamente por máquinas automáticas, da
informação considerada como suporte dos conhecimentos e das comunicações nos domínios
técnico, económico e social.

Cibernética é a ciência da comunicação e do controlo de homens e máquinas. É no seio deste


movimento de ideias que vimos surgir o primeiro computador da nossa era e será igualmente
fruto do seu trabalho que se desenvolve a posterior robotização.

A inteligência artificial é um domínio relativamente recente. Encontramos as suas raízes no


grande desenvolvimento dos computadores dos anos 50. Porque estas máquinas ofereciam
enorme possibilidade de armazenamento e processamento de informações a altas velocidades, os
investigadores apostaram em construir sistemas que em tudo se assemelhassem às
potencialidades da inteligência humana. Podemos dizer que a inteligência artificial encontra sua
fonte de inspiração na inteligência natural própria dos seres humanos.

Princípios da Razão

Princípio de identidade

O princípio de identidade é a condição para que definamos as coisas e possamos conhecê-las a


partir de suas definições.

Princípio de Não – Contradição:

Cujo enunciado é: “A é A e não é possível que, ao mesmo tempo e na mesma relação seja não-
A”.

Assim, é indispensável que a árvore que está diante de mim seja e não seja, ao mesmo tempo,
uma mangueira.

Princípio do Terceiro excluído:

Cujo enunciado é: “A é ou X ou é Y e não há a terceira possibilidade”. Por exemplo: “Ou este


homem é Sócrates ou não é Sócrates”; “Ou faremos a guerra ou faremos a paz”.

Este princípio define a decisão de um dilema – “ou isto ou aquilo” – no qual as duas alternativas
são possíveis e cuja solução exige que apenas uma delas seja verdadeira.
Princípio de Razão Suficiente:

A firma que tudo o que existe e tudo o que acontece tem uma razão (causa ou motivo) para
existir ou para acontecer, e que tal razão (causa ou motivo) pode ser conhecida pela nossa razão.

Pode ser enunciado da seguinte maneira: “Dado A, necessariamente se dará B”. E também:
“Dado B, necessariamente houve A”.

Lógica do Conceito/Termo

Conceito ou idéia: é a representação intelectual da essência de um objecto, representa o que de


permanente, imutável e comum em todos os objectos de uma espécie. É chamado de conceito
porque a sua formação realiza-se no espírito: uma espécie de concepção, pela união da
inteligência com o objeto, cujo fruto é o conceito ou idéia. É fácil concluir que uma idéia não é

Lógica do Conceito do Termo

Conceito ou idéia: é a representação intelectual da essência de um objecto, representa o que de


permanente, imutável e comum em todos os objectos de uma espécie. É chamado de conceito
porque a sua formação realiza-se no espírito: uma espécie de concepção, pela união da
inteligência com o objeto, cujo fruto é o conceito ou idéia. É fácil concluir que uma idéia não é
falsa nem verdadeira, porque nela nada se afirma e nada se nega.

Enquanto o conceito é a representação intelectual de um objeto, o termo é o que dá existência


objectiva ao conceito; o termo é a expressão externa (verbal) de um conceito ou nada.

O termo é como que a idéia exteriorizada e concretizada, visto que, concebido um conceito, só
lhe damos existência depois de encontrarmos o termo que a pode exprimir.

Definição: tipos e regras

Definir quer dizer demarcar limites, isto é, indicar de entre as propriedades de uma coisa, as que
bastam para dizer o que à coisa é e a distingue do que não é; definir é dizer o que um conceito
é, e distingui-la do que não é.

Espécies de definições
 a definição nominal: é aquela que resulta da análise etimológica da palavra, ou seja, que
exprime o sentido de uma palavra. Exemplo: filosofia é o amor da sabedoria.
 a definição real: é aquela que exprime a natureza do próprio objecta que a palavra
representa. Exemplo: paixões são tendências exacerbadas.

As regras que devem obedecer uma definição são:

1º A definição deve ser mais clara do que o termo a definir, isto é, deve ser breve e feita em
termos precisos e distintos e não pode ser dada pela negativa.

2º A definição deve convir a todo o definido e só ao definido. Quer dizer, não deve ser muito
restrita ( o homem é um animal racional de cor branca ou negra ou amarela), nem muito
extensiva ( o homem é um animal).

3º A definição deve ser recíproca. Isto é, sendo o definido o primeiro membro de uma igualdade
e a definição o segundo, devem poder trocar de lugar. Exemplo: o homem é um animal racional
ou o animal racional é o homem.

Tipo de Definição:

Existem vários tipos de definição usados em diferentes contextos e disciplinas.Algunw tipos de


definição são:

Definição Operacional

Utilizada principalmente nas ciências, essa definição descreve como um conceito será medido ou
observado experimentalmente. Ajuda a tornar conceitos abstratos mais concretos e mensuráveis.

Definição Genérica e Específica

Uma definição genérica fornece uma descrição ampla de um termo, enquanto uma definição
específica detalha características particulares desse termo.

Definição Analítica e Sintética

Uma definição analítica decompoem o termo em seus elementos constituintes, enquanto uma
definição sintética combina diferentes elementos para fornecer uma visão abrangente do termo.
Definição Real

Essa definição descreve a natureza essencial de algo, identificando suas características


fundamentais. É comumente usada em filosofia e ciências para estabelecer a essência de um
conceito.

Definição Nominal

Define o significado de um termo ou conceito conforme é usado em uma determinada língua ou


contexto. Essa definição é baseada no uso convencional da linguagem.

Definição Ostensiva

Consiste em apontar directamente para um objecto ou exemplo específico para ilustrar o


significado de um termo. É comum em situações em que a descrição verbal não é suficiente.

Portanto, esses são apenas alguns exemplos dos tipos de definições utilizados em diversos
contextos académicos e práticos. Cada tipo de definição tem sua aplicação específica
dependendo do objetivo da comunicação e do campo de estudo envolvidos.

Bibliografia

CHAUI, Marilena. (2000). Convite à Filosofia. São Paulo: Ed. Ática.

GEQUE, Eduardo, BIRIATE, Manuel. (2010). Pré-Universitário – Filosofia 11. (1ª. ed.).
Maputo, Moçambique: Longman Moçambique.

ROSA, António Luís. (S.d.). Introdução à filosofia – Manual de Tronco Comum. Beira,
Moçambique: UCM/CED.
O conceito de política

O conceito «politica» tem origem na palavra grega polis, que significa «cidade». «Politica»
significa, etimologicamente, arte de administrar (governar) a cidade.

O conceito de política, entendido como forma de actividade ou praxis humana, está estreitamente
ligado ao de poder. O poder é tradicionalmente entendido como os «meios adequados obtenção
de qualquer vantagem» (Hobbes) ou como conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos
desejados» (Russell).

A política é uma área de investigação e tem uma própria disciplina que a investiga — a ciência
política. Resta-nos agora saber o que significa ciência política. A ciência política consiste nos
estudos que se realizam sobre a análise política. Bobbio entende-a como «tentativas que vem
sendo feitas com maior ou menor sucesso, mas tendo em vista uma gradual acumulação de
resultados e promoção do estudo da política como ciência empírica rigorosamente
compreendida».

O filósofo político é alguém que analisa criticamente a sociedade (identifica aspectos positivos e
negativos) e aponta soluções filosóficas para os problemas identificados.

A Filosofia política na História

A Filosofia política na Antiguidade

Os sofistas

Os primeiros filósofos da Grécia antiga preocuparam-se com as questões da Natureza. As


explicações cosmológicas giravam em torno da procura do arqué (princípio) de todas as coisas.
Os sofistas foram os primeiros a desviar a rota tradicional de pensamento dos pré-socráticos, que
se centrava na Natureza, concentrando a sua no Homem e nas questões da moral e da política.

Na política, elaboraram e legitimaram o ideal democrático. A virtude de uma aristocrata


guerreira opõe-se, com eles, a virtude do cidadão: a maior das virtudes passa a ser a justiça.
Postularam igualmente que todos os Cidadãos da polis devem ter direito ao exercício do poder e
elaboraram uma nova educação capaz de satisfazer os ideais do homem da polis, e não apenas o
aristocrata, superando assim os privilégios da antiga educação elitista.

Platão (428 – 347 a. C.)

O pensamento político de Platão (428 – 347 a. C.) está contido sobretudo nas obras A República
e O Político e as Leis. Era ateniense, provinha de uma família aristocrática e tinha um grande
fascínio pela política.

Segundo ALVES (1997), a República, foi uma importante obra da cultura ocidental, é uma
utopia. "Utopia” significa, etimologicamente, em nenhum lugar. Platão imagina uma cidade (que
não existe), mas que deve ser o modelo de todas as cidades terrenas: é a cidade ideal. Na obra,
examina a questão do bom governo e do regime justo (justiça). O bom governo depende da
virtude dos bons governantes. Em Platão, há a considerar quatro abordagens: a origem do
Estado, comunismo/idealismo, a questão das classes sociais e as formas de governo.

Origem do Estado

A origem do Estado deve-se ao facto de o Homem não ser auto-suficiente. De facto, ninguém
pode ser, ao mesmo tempo, professor, advogado, mecânico, técnico de frio, etc. Para satisfazer
todas as suas necessidades, o Homem deve associar-se a outros homens e dividir com eles as
várias ocupações. Dividindo os encargos e o trabalho, poderá satisfazer todas as suas
necessidades do melhor modo possível, porque cada um se torna especialista numa área.

Comunismo/idealismo

Em A República, Platão imagina que todas as crianças devem ser criadas pelo Estado e que até
aos vinte anos todos devem receber a mesma educação. Nessa altura, ocorre o primeiro corte e
definem-se as pessoas que, por possuírem «alma de bronze», tem uma sensibilidade grosseira e
por isso devem dedicar-se agricultura, ao artesanato e ao comércio.

Formas de governo

Teoricamente falando, a melhor forma de governo, segundo Platão, é a monarquia, sob o


comando de um filósofo-rei, que governaria a polis de acordo com a justiça e preservaria a sua
unidade.
Aristóteles

Nascido em Estagira, na Trácia, em 384 a. C, Aristóteles foi discípulo de Platão e cedo se


tornou critico do seu mestre.

Na base da divergência estão as influências que cada um deles sofreu. Platão apreciava mais
as ciências abstractas e a Matemática, enquanto Aristóteles, por ser filho de um médico, foi
fortemente influenciado pelo estudo da Biologia. Assim se justifica o seu gosto pela observação,
o que o levou a analisar 158 constituições existentes na época, Este estudo fez com que a sua
política fosse mais descritiva, além de normativa.

Aristóteles critica o autoritarismo de Platão e não concorda com o idealismo platónico, pois a
cidade é constituída por indivíduos naturalmente diferentes, sendo impossível uma unidade
absoluta. De igual modo, critica a sofocracia, que atribui um poder ilimitado apenas a urna parte
do corpo social - os mais sábios (filósofos).

A origem do Estado

Segundo ALVES (1997), o Estado, segundo Aristóteles, é produto da Natureza: «é evidente que
o Estado é uma criação da Natureza e que o Homem é, por natureza, um animal político». O
facto de o Homem ser capaz de discursar prova a sua natureza política. Historicamente, explica
Aristóteles, o Estado desenvolveu-se a partir da família: ao unirem-se, as famílias deram origem
a aldeias. Estas desenvolveram-se e formaram as cidades (Estado). Este, apesar de ter sido o
último a criar-se, é superior às anteriores uniões da sociedade, pois o Estado é auto-suficiente. O
objectivo do Estado é proporcionar felicidade aos Cidadãos. O escopo da Vida humana é a
felicidade e o escopo do Estado é facilitar a consecução da felicidade. Dito de outra forma, o
escopo do Estado é facilitar a consecução do bem comum.

Formas de governo

Partindo do princípio de que o fim do Estado é o bem comum, Aristóteles pensava que cada
Estado deveria aprovar uma constituição que respondesse às suas necessidades. Ele concebeu
três formas de organização política (constituições) do Estado, as quais se podem também
apresentar forma de governo corrupto:
 Monarquia
 Aristocracia
 República

Filosofia política na Idade Média

Santo Agostinho

A doutrina política de Santo Agostinho encontra-se na abra A Cidade de Deus. Para ele, o mundo
divide-se em duas cidades: a Cidade de Deus e a Cidade terrena. A Igreja é a encarnação da
cidade de Deus, apesar de isto não se aplicar a todos os seus membros, nem a todos os seus
ministros sagrados. O Estado é a encarnação da cidade terrena, uma necessidade imposta ao
Homem pelo pecado original. Na sua presente condição, o Homem precisa do Estado para
obrigar os membros da comunidade ao cumprimento da lei, Santo Agostinho acredita que o
Homem é mais divino do que o Estado, porque o Homem tem um fim natural que transcende o
fim do estado terrestre. Para este padre, a Igreja é superior ao Estado.

São Tomas de Aquino

A obra De Regimine Principum (Do Governo dos Príncipes) espelha o pensamento político de
São Tomas de Aquino. Versa sobre a origem e a natureza do Estado, as várias formas de governo
e as relações entre o Estado e a igreja. Quanto à origem do Estado, Tomas de Aquino recusa-se a
aceitar a concepção augustiniana, segundo a qual a origem do Estado se deve ao pecado original,
e concorda com Aristóteles: este nasce da natureza social do Homem e não das limitações do
individuo. O Estado é uma sociedade, uma sociedade perfeita. f. uma sociedade porque consiste
na reunião de muitos indivíduos que pretendem fazer alguma coisa em comum. E a sociedade
perfeita porque tem um fim próprio: o bem comum e os meios suficientes para o realizar. O
Estado tem os meios suficientes para proporcionar um modo de Vida que permita a todos os
cidadãos ter aquilo que necessitam para viver como homens.

Filosofia política na Idade Moderna

A Filosofia moderna surge no início do século XVI e termina no fim do século XVIII, período
extremamente rico em acontecimentos políticos (fim do significado político do império e do
papado, afirmação das potencias nacionais, primeiro da Espanha, depois da França, da Inglaterra,
da Holanda, e outros países, contestação do poder absoluto dos soberanos e introdução dos
governos constitucionais, etc.).

A época moderna, em síntese, apresenta três características fundamentais:

a) A libertação do Homem em relação as explicações teológicas da realidade, através da


razão;
b) A libertação do Homem dos regimes ditatoriais, através da democracia;
c) A libertação do Homem da dependência da Natureza, através da técnica.

Nicolau Maquiavel (1469 – 1527)

Com o fim do império cristão e com o enfraquecimento do poder político do papado, surgem,
fora de Itália, Estados nacionais e, em Itália, as repúblicas e as senhorias. Eram regimes onde se
respirava o ar de liberdade e onde se procurava, acima de tudo, o bem-estar material dos
cidadãos, em detrimento do bem-estar espiritual.

Maquiavel viveu em Florença no tempo dos Médici. Observava com apreensão a falta de
estabilidade da Vida política numa Itália dividida em principados e condados, onde cada um
possuía a sua própria milícia. Esta fragmentação do poder transformava Itália numa presa fácil
de outros povos estrangeiros, principalmente franceses e espanhóis. Maquiavel, que aspirava ver
a Itália unificada, esboça a figura do príncipe capaz de promover um Estado forte e estável.

Critica a "O Príncipe"

Escrito em 1513, O Príncipe popularizou-se e foi alvo de inúmeras interpretações. Acredita-se


que Maquiavel era apologista do absolutismo e do mais completo imoralismo, pois afirmava que
«é necessário que um príncipe, para se manter, aprenda a ser mau e que se valha ou deixe de se
valer disso segundo a necessidade». Mas, na óptica de Rousseau, trata-se de uma sátira, e a
intenção verdadeira de Maquiavel seria o desmascaramento das práticas despóticas, ensinando
(...) o povo a defender-se dos tiranos Segundo (Alves, 1997).

Thomas Hobbes (1588 – 1679)

Inglês, oriundo de uma família pobre, conviveu com a nobreza, da qual recebeu apoio e
condiqöes para estudar, e defendeu fortemente a direito absoluto dos reis, ameaçado pelas novas
tendências liberais. Teve contacto com Descartes, Francis Bacon e Galileu. Preocupou-se com a
problemática do conhecimento e da política. A sua doutrina política encontra-se patente nas
obras De Cive e Leviatã.

As disputas geram uma guerra de todos contra todos (bellum omnium contra omnes). A situação
de guerra não acomoda o Homem. O medo e o desejo de paz levaram o homem a fundar um
estado social e a autoridade política, abdicando dos seus direitos em favor do soberano, que, por
sua vez, terá um poder absoluto.

John Locke (1632-1704)

Igualmente inglês e contemporâneo de Hobbes, era descendente de uma família de burgueses


comerciantes. Esteve refugiado durante algum tempo na Holanda por se ter envolvido com
pessoas acusadas de atentar contra o rei Carlos II. Interessou-se também, para além dos
problemas gnoseológicos, pelos problemas políticos.

As contribuições políticas de Locke encontram se registadas principalmente na obra Dois


Tratados Sobre o Governo. Tal como Hobbes, Locke distingue dois estados em que o Homem
terá estado: o estado de natureza e o estado contratual. Este difere do primeiro na concepção do
estado de natureza. Para Locke, no estado de natureza, os homens são livres, iguais e
independentes, e não um estado de guerra de todos contra todos, como concebeu Hobbes. Para
Locke, no estado natural cada um é juiz em causa própria. Pela liberdade natural do Homem, ele
não pode ser expulso da sua propriedade e ser submetido ao poder político de outrem sem dar o
seu consentimento. A renúncia à liberdade natural dei pessoa acontece quando as pessoas
concordam em juntar-se e unir-se em comunidade para viver com segurança, contorto e paz
umas com as outras.

Charles de Montesquieu (1689 – 1755)

Pensador de reconhecido saber enciclopédico e pai do constitucionalismo liberal moderno,


escreveu L'Esprit de Lois, em 1748. Esta obra compreende 31 livros, dos quais dois são
dedicados à problemática religiosa. Na sua obra, pretende descobrir as leis naturais da Vida
social. A lei social entende-a não como um princípio racional do qual se deve deduzir todo um
sistema de normas abstractas, mas à relação intercorrente dos fenómenos empíricos (Monroe,
1985: 139).

As leis são relações indispensáveis emanadas da natureza das coisas. Por isso, ser algum pode
existir sem leis. Tanto a divindade como o mundo material e as inteligências superiores ao
Homem possuem as suas leis, da mesma forma que este último também as possui. Existem as
seguintes leis:

Leis da Natureza

a) 1ª Lei — igualdade de todos os seres inferiores;


b) 2ª Lei — procura de alimentação;
c) 3ª Lei — encarto entre seres de sexos diferentes;
d) 4ª Lei — desejo de viver em sociedade (exclusivo ao homem: provém da
conhecimento).

Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778)

Rousseau nasceu em Genebra, na Suíça, e viveu a partir de 1742 em Paris, onde fervilhavam
as ideias liberais que culminaram na Revolução Francesa, em 1789. Conquistou a amizade de
Diderot, filósofo do grupo iluminista, do qual fazia parte Voltaire, entre outros, e que se
tornaram conhecidos como enciclopedistas, pelo facto de elaborarem uma enciclopédia que
divulgava os novos ideais, a saber: tolerância religiosa, confiança na razão livre, oposição à
autoridade excessiva, naturalismo, entusiasmo pelas técnicas e pelo progresso.

Rousseau inicia a sua reflexão política partindo da hipótese de o homem se ter encontrado num
estado de natureza e num outro estado contratual. O primeiro estado é minuciosamente descrito
em Discurso Sobre a Desigualdade Entre os Homens e o segundo em O Contrato Social.

O contrato social, para ser legitimo, deve ser fruto do consentimento de todos os membros da
sociedade. Cada associado aliena-se totalmente, isto é, renuncia a todos os seus direitos a favor
da comunidade. Mas como todos abdicam igualmente, na verdade, cada um nada perde, pois este
acto de associação produz, em lugar da pessoa particular de cada contratante, um corpo moral e
colectivo composto por tantos membros quantos os votos da assembleia, alcançando a sua
unidade, o seu eu comum, a sua Vida e a sua vontade (democracia directa). (Fitzgerald, 1983).
Hegel e o hegelianismo

Falar de Filosofia política contemporânea sem referir Hegel é procurar dificultar a compreensão
da filosofia política da nossa época.

A Filosofia do Estado de Hegel resume-se à subordinação do individuo ao Estado, no qual este


se dissolve em nome de uma ordem suprema, a ideia absoluta que norteia as outras inteligências
e vontades, legitimando-se, desta maneira, o regime ditatorial. Objecto e não o sujeito do seu
destino. A sua vontade é sufocada pela vontade do Estado e o individuo perde a sua liberdade.

É este factor que será contestado pelos liberais. Quando Hegel morre, em 1831, os seus
discípulos começaram a discutir se o Estado prussiano de então, com as suas instituições e as
suas realizações económicas e sociais, deveria ser considerado o momento da síntese dialéctica,
como a realização máxima da racionalidade do espírito.

Acredita-se que os regimes ditatoriais que proliferaram no século XIX sejam fruto desta visão
hegeliana sobre o Estado.

Uns afirmavam, enquanto outros negavam. Estes últimos invocavam a teoria da dialéctica para
sustentar que não era possível deter-se naquela configuração política e que a dialéctica histórica
deveria negá-la paca a superar e realizar uma racionalidade mais elevada (de acordo com o
método dialéctico de Hegel). O alemão David Strauss designou estas duas alas por esquerda e
direita hegelianas, em 1837, temos usados no parlamento francês para referir o espírito
reformista e o espírito reformista conservadorista defendido por cada uma das alas,
respectivamente. A esquerda e a direita políticas constituem, respectivamente, os partidos
socialistas ou comunistas e os partidos capitalistas (liberais) (MARTÏNEZ, 2006),

John Rawls

O pensamento político do filósofo norte-americano John Rawls encontra-se patente nas abras
Uma Teoria de Justiça, de 1971, e O Liberalismo Político, resultando esta última da revisão do
pensamento expresso na primeira, devido às infirmaras críticas feitas por «libertários» e
comunitários. A obra Uma Teoria de Justiça está dividida em três partes. A primeira parte trata
das teorias, a segunda das instituições e a terceira dos fins. Na primeira parte, Rawls apresenta
ideias principais a desenvolver ao longo da obra; na segunda, a necessidade de uma democracia
constitucional como pano de fundo para a das ideias referidas na primeira; e, na -terceira,
descreve o estabelecimento da relação entre a teoria da justiça e os valores da sociedade e o bem
comum.

egundo LOPES (1977), assim, a justiça deve ser encarada como a capacidade concedida pessoa
para escolher os seus próprios fins. Portanto, a justiça diz respeito a uma «estrutura de base» que
«congrega as instituições sociais mais importantes, a constituição, as principais estruturas
económicas, bem como a maneira através da qual estas representam os direitos e os deveres
fundamentais e determinam a repartição dos benefícios extraídos da cooperação social».

Rawls sabe que, na estrutura de base, os homens ocupam posições diferentes, o que origina
desigualdade em termos de social. Por isso, a justiça tem de corrigir estas desigualdades.

Daí a necessidade de um novo contrato social que defina os princípios da justiça


identificando regras que, pessoas livres e racionais, colocadas numa «posição inicial de
igualdade», escolheriam para formar a sua sociedade. A definição dos princípios da nova
organização social deve ser feita à luz do «véu de ignorância», para que ninguém efectue
escolhas em função da sua situação pessoal de desigualdade. Portanto, a justiça em Rawls deve
ser entendida como equidade.

Críticas a Uma Teoria de Justiça

Robert Nozick concorda com Rawls em considerar a necessidade de determinar o justo


independentemente do bem, todavia, nota uma certa contradição nos dois princípios de justiça de
Rawls. Para este critico, a questão de saber se uma distribuição é justa depende do modo como
esta nasceu, o que implica a sua análise histórica. Por exemplo, alguns espectadores, tendo ficado
deleitados com a habilidade profissional de um jogador, decidem doar uma soma em dinheiro a
esse mesmo jogador (além do salário mensal que este já recebe) e ele enriquece. Obviamente,
este jogador assumirá uma posição de desigualdade em relação aos seus colegas, que não
impressionaram o público da mesma manterá que ele. Apesar desta desigualdade, parece ser
justo o seu enriquecimento.

O liberalismo político de Rawls


Depois das críticas feitas a Uma Teoria de Justiça, Rawls reconheceu-as e escreveu um artigo
intitulado «A Prioridade do Direito e Ideias do Bem» (The Priority or Right and Ideas or the
Good), em 1988. Neste artigo, defende que a unidade política de uma sociedade não é exequível
se os seus membros não partilharem uma certa concepção de bem, sem, no entanto, revogar a
primazia do justo sobre o bem.

Karl Popper (1902 – 1994)

Karl Rairnund Popper nasceu em 1902, em Viena, na Áustria. Estudou Matemática, Física,
Filosofia, Psicologia e História da Música. Deu aulas no ensino secundário e participou nos
«encontros de café» do Círculo de Viena, apesar de nunca ter sido convidado para o efeito.
Escreveu A Lógica da Descoberta Científica, em 1934, obra que o tornou célebre. Por ser de
descendência judaica, foi vítima da perseguição nazi e viu-se obrigado a encontrar um refúgio.
Em 1937, fugiu para a Grã-Bretanha. Entre 1938 e 1946, deu aulas de Filosofia na Universidade
da Nova Zelândia, tendo escrito, nesse período, as suas obras políticas Pobreza do Historicismo e
A Sociedade Aberta e Os Seus Inimigos. Depois, regressou Grã-Bretanha e manteve a sua
carreira universitária. Em 1969, passou a dedicar a sua Vida ao estudo e as conferencias.

As principais obras de Popper são as seguintes:

 Lógica da Descoberta Científica (1934);


 A Sociedade Aberta e os seus Inimigos (1943);
 Pobreza do Historicismo (1944);
 Conjecturas e Renutações; O Crescimento do Conhecimento Científico (1963);
 Conhecimento Científico; Um Enfoque Evolucionário (1973);
 Sociedade Aberta. Universo Aberto (1982);
 Para um Mando Melhor (1989), entre outras.

Pensamento político

Condicionado pelo terror nazi, de que foi vítima, Popper reflectiu sobre a gênese e
fundamentação ideológica dos regimes totalitários. Devido às suas investigações, chegou
conclusão que tais regimes (totalitários) foram idealizados por Platão, Hegel e Marx, baseando-
se na visão destes filósofos sobre o historicismo.
O historicismo concebera um método dialéctico que foi aplicado ao estudo da sociedade.

O método dialéctico hegeliano, patente no historicismo, segue a ordem triádica de tese,


antítese e síntese. O historicismo centra-se na fé em leis férreas de desenvolvimento da história
Humana na sua inteireza, leis essas que não permitem ao homem sonhos utópicos, nem planos
racionais de construção social. Para Popper, as teses metodológicas do historicismo constituem o
suporte teórico mais válido das ideologias totalitárias.

Principais ideias de Popper

1. «A história da humanidade não tem um sentido concreto que antecipadamente possa ser
conhecido; o único sentido que possui é aquele que os homens lhe dão.»

2. «O progresso da humanidade é possível e não carece de um critério último de verdade.»

3. «A razão humana é essencialmente falível, o dogmatismo não tem, pois, qualquer


fundamento. A única atitude justificável para atingir a verdade é através do diálogo, o confronto
de ideias por meios não violentos. Na ciência, significa aceitar o risco de formular hipóteses que
venham depois a ser refutadas pela experiência. Na política, essa atitude significa que cada um
deve aceitar o risco de ver as suas propostas serem recusadas por outros no confronto de ideias
ou projectos.»

Estética

- Conceito e objecto da Estética

Nanay (2019) "a estética é um ramo da filosofia que tem por objetivo o estudo da natureza, da
beleza e dos fundamentos da arte" ( p. 127).

Kant define a estética como a ciência que trata das condições da percepção pelos sentidos.

O objecto de estudo da estética, enquanto ciência e teoria do belo, é o tipo de conhecimento


adquirido pelos sentidos como bela arte. O seu conceito refere o campo da experiência Humana
que o leva a classificar um objecto como bolo, agradável, em contradição com o que não é.

- Classificação das belas-artes


Segundo ferreira (1986), artes plásticas – são as artes que exprimem a beleza sensível através do
uso das formas e das cores. Estas compreendem:

A escultura – que representa imagens plásticas em relevo total ou parcial e expressa


sentimentos e atitudes através das formas Vivas, buscando a perfeição e a beleza sublimes;

A pintura – que, pela combinação imaginativa e sensitiva das cores, exprime a percepção que o
artista tem da Natureza. A pintura supera a escultura, pelo menos no homem, pela maneira como
fixa nele as suas expressões faciais;

A arquitectura – pela criatividade, esta atinge e expressa a beleza com equilibradas e agradáveis
proporções das massas pesadas.

As artes rítmicas (ou artes de movimento) – são artes que, na sua essência, produzem obras que
exprimem a beleza mediante várias formas: sons, ritmos e movimentos. Estas, por sua vez,
compreendem:

A poesia (ou seja, a arte literária) – com ritmo mais ou menos suavizado pelas rimas e palavras
harmonizadas entre si, cria uma sensação agradável e é recitada ou lida em silêncio;

A música (arte musical) – expressa a beleza através de acordes vocais, melodias e ritmos ou
batidas compassadas em tempos alternados. Com a simultaneidade de melodias, a música pode
transmitir sentimentos de vária ordem, assim como uma critica social. Através da música, o
artista exprime o que lhe vem da alma, ou o que gostaria que fosse, mas não é;

A coreografia (ou a dança) – conhecida como arte mista ou arte da dança. Através de uma
sequência de movimentos corporais realizados de forma rítmica, ao som da música ou do canto,
o artista exprime o modo como vê, sente e encara o mundo a sua volta.

- Relação entre a Estética e a Moral

A relação entre a estética e a moral

Lopes (1977) "a estético é o que nos possibilitará interpretar o mundo externo e os valores
morais ou da cultura. Enquanto a moral vem de fora, a ética parte de dentro" (p. 206). Assim,
diferenciamos os conceitos respectivamente como funções do superego e do ego. Enquanto a
moral é a internalização das regras sociais, a estética é a forma individual de apreensão do
mundo externo, ou seja, como o indivíduo percebe e sente a realidade que o cerca.

Bibliografia

Chaui, M. (2005). Filosofia ensino médio, volume único. São Paulo. Ática. 2005. (p. 8).

CHAUI, Marilena. (2000). Convite à Filosofia. São Paulo: Ed. Ática.

Cotrim, Gilberto.(2002) Fundamentos de Filosofia; 15ª edição, editora Saraiva, S. Paulo,

Ferreira, A. B. H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro.


Nova Fronteira

GEQUE, Eduardo, BIRIATE, Manuel. (2010). Pré-Universitário – Filosofia 11. (1ª. ed.).
Maputo, Moçambique: Longman Moçambique.

Lopes, João. (1977). Introdução à Filosofia 2, Didáctica editora; Lisboa,

Martïnez, Soares. (2003). Filosofia do Direito, 3ª edição, Editora Almedina, Coimbra.

Rachels, James. (2006). Os Elementos da Filosofia da Moral; 4ª edição; Editora Monete; S.


Paulo.

ROSA, António Luís. (S.d.). Introdução à filosofia – Manual de Tronco Comum. Beira,
Moçambique: UCM/CED.

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