Pesquisa de Gliadina em Medicamentos
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RESUMO – Racional – Alguns medicamentos podem conter gliadina, portanto, sua utilização poderá ser prejudicial aos
pacientes com doença celíaca. Objetivo - Detectar a presença de gliadina em medicamentos comumente comercializados
no Brasil. Métodos - Foram analisados 78 medicamentos sorteados a partir de uma lista de 180 produtos comumente
comercializados. Os medicamentos analisados foram: analgésicos (n = 9), anti-helmínticos (n = 3), antiácidos (n = 8),
antibióticos (n = 13), anticolesterolêmicos (n = 1), anticonvulsivantes (n = 2), antidepressivos (n = 2), antidiabéticos (n =
1), antieméticos (n = 3), anti-hipertensivos (n = 3), anti-histamínicos (n = 3), antiinflamatórios (n = 7), antitérmicos (n =
2), broncodilatadores (n = 1), descongestionantes (n = 4), laxantes (n = 1), contraceptivos orais (n = 5) e vitaminas (n =
10). As amostras foram analisadas pela técnica de ELISA utilizando anticorpo monoclonal ômega-gliadina, considerada
de eleição segundo o Codex Alimentarius Commission WHO/FAO. Todas as amostras foram analisadas em duplicata. O
nível de detecção do teste é de 4 mg de gliadina/100 g de produto. Resultados - Dentre os 78 medicamentos analisados, em
apenas 1 (1,3%) foi detectada a presença de gliadina (5,5 mg/100 g). O componente ativo do medicamento é ranitidina. De
acordo com o Codex Alimentarius Commission WHO/FAO, o limite máximo diário permitido ao consumo pelos indivíduos
com doença celíaca é igual a 10 mg de gliadina. Considerando a quantidade de gliadina num único comprimido de
ranitidina, a quantidade ingerida seria bem menor do que a máxima permitida ao consumo pelo paciente com doença
celíaca. Conclusões - Neste estudo não foi identificada gliadina em medicamentos em quantidade que constitua risco para
pacientes com doença celíaca.
DESCRITORES – Gliadina. Glúten. Doença celíaca. ELISA. Quimioterapia.
Trabalho desenvolvido na Disciplina de Gastroenterologia Pediátrica da Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM).
* Doutora em Pediatria. Médica Chefe do Ambulatório de Gastroenterologia da Disciplina de Gastroenterologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da UNIFESP-EPM.
** Professor Adjunto, Livre-Docente. Departamento de Microbiologia da UNIFESP-EPM.
*** Professor Adjunto, Livre-Docente. Chefe da Disciplina de Gastroenterologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da UNIFESP-EPM.
**** Professor Titular. Chefe do Departamento de Pediatria da UNIFESP-EPM.
Endereço para correspondência: Dra. Vera Lucia Sdepanian. - Rua dos Otonis, 880 - apto. 102 - 04025-002 - São Paulo, SP. e-mail: [email protected]
TABELA 1 – Grupo farmacológico, nome comercial, componente ativo, laboratório farmacêutico, forma de apresentação e resultado da análise
de gliadina de 78 medicamentos
TABELA 1 – Grupo farmacológico, nome comercial, componente ativo, laboratório farmacêutico, forma de apresentação e resultado da análise de
gliadina de 78 medicamentos (continuação)
Nome comercial Componente ativo Indústria farmacêutica Forma Gliadina*
TABELA 1 – Grupo farmacológico, nome comercial, componente ativo, laboratório farmacêutico, forma de apresentação e resultado da análise de
gliadina de 78 medicamentos (continuação)
Nome comercial Componente ativo Indústria farmacêutica Forma Gliadina*
especificidade da última técnica, especialmente nos alimentos que se que a técnica e o anticorpo utilizados neste estudo foram adequados.
continham fubá(13). Outro aspecto relaciona-se ao fato de que o "dot- A quantidade de gliadina presente no único medicamento deste estudo
blotting" e o western blotting são técnicas qualitativas (positiva ou foi muito baixa (5,5 mg/100 g de medicamento). Considerando que
negativa), não fornecendo a quantidade de gliadina, diferentemente do este comprimido contendo 150 mg de componente ativo pesa cerca de
que ocorre com a técnica ELISA em amostras com mais de 4 mg de 0,33 g, cada um conteria cerca de 0,02 mg de gliadina. De acordo com
gliadina por 100 g de amostra. Neste sentido, é importante mencionar a WHO/FAO, os indivíduos com DC podem ingerir até 10 mg de
que, de acordo com o Codex Alimentarius Commission WHO/FAO(3, gliadina por dia(3, 4), de modo que este limite apenas seria atingido com
4)
, um alimento é considerado isento de glúten quando o nível de consumo de 500 comprimidos diários deste único medicamento.
prolamina detectado em sua composição é inferior a 10 mg/100 g. Portanto, levando em consideração a quantidade de gliadina presente
Considerando que não existem recomendações específicas aos num único comprimido de ranitidina, a proporção ingerida seria muito
medicamentos, os conhecimentos da literatura acerca da gliadina em menor do que a máxima permitida ao consumo pelo paciente com
alimentos serão extrapolados para os medicamentos. Este estudo se doença celíaca.
baseou na técnica de ELISA e no anticorpo monoclonal ômega-gliadina, Finalmente, com base no presente estudo, pode-se afirmar que a
ambos preconizados pela WHO/FAO como a técnica e o anticorpo de gliadina não foi identificada em medicamentos em quantidade que
eleição para a dosagem de glúten em alimentos. Portanto, consideram- constitua risco para os pacientes com DC.
Sdepanian VL, Scaletsky ICA, Morais MB, Fagundes-Neto U. Assessment of gliadin in pharmaceutical products - important information to the
orientation of celiac disease patients. Arq Gastroenterol 2001;38(3):176-182.
ABSTRACT – Background – Some drugs might contain gliadin which can be dangerous for celiac disease patients. Objective - Detect gliadin
in pharmaceutical products commonly used in Brazil. Methods - We analyzed 78 pharmaceutical products selected aleatory from a list of
180 products most frequently sold at Brazilian community pharmacies. The analyzed samples were analgesics (n = 9), anthelmintics (n =
3), antiacids (n = 8), antibiotics (n = 13), anticolesterolemics (n = 1), anticonvulsants (n = 2), antidepressants (n = 2), antiemetics (n = 3),
antihipertensives (n = 3), antihistaminics (n = 3), anti-inflamatories (n = 7), antipyretics (n = 2), bronchodilatadors (n = 1), laxatives (n
= 1), oral contraceptives (n = 5) and vitamins (n = 10). The samples were analyzed by enzyme immunoassay based on monoclonal
antibodies omega-gliadins, the elected technique according to the Codex Alimentarius Commission WHO/FAO. All samples were analyzed
in duplicate. The sensitivity of this test is 4 mg of gliadin/100 g of product. Results - Only one (1.3%) out of 78 pharmaceutical products
contained detectable amounts of gliadin (5,5 mg/100 g). The active ingredient of this drug is ranitidine. According to the Codex Alimentarius
Commission WHO/FAO the intake of 10 mg of gliadin/day should not be exceeded by celiac disease patients. Considering the amount of
gliadin in each capsule of ranitidine, the ingested quantity would be lower than the maximum allowed for celiac patients. Conclusions - In
this study gliadin was not detected in pharmaceutical products in harmful amount for celiac disease patients.
HEADINGS – Gliadin. Gluten. Celiac disease. Enzyme-linked immunosorbent assay. Drug therapy.
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