Caderno de Atravessamentos Siit8 2018
Caderno de Atravessamentos Siit8 2018
Caderno de Atravessamentos Siit8 2018
atrav e s s a m
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n t o s t r a v e s s i assttrraa v e s s u r a s
atravessa vessuras
RIO DE JANEIRO | 24 a 27 set 2018 | ESDI-UERJ
CDD 3O7.76O981
AGRADECIMENTOS
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Em primeiro lugar, agradecemos a todos os membros do comitê organizador
do siit8 – Ana, André, Frederico, Gabriel, Samuel, Marcella, Soraya,
Barbara, Bibiana, Liana, Mariana e Talita –, que acreditaram na potência
do FAZER-COM, envolveram-se de corpo e alma durante a gestação desse
encontro e empenharam-se na realização de um acontecimento-rua com todas as
possibilidades de atravessamentos, travessias e travessuras. Do mesmo modo,
agradecemos à casa-ESDI, que nos recebeu de braços abertos durante todo o
processo de criação e construção da nossa oitava edição, em especial, às
pesquisadoras do LaDA que deram suporte incansável durante os quatro dias
do evento. Além disso, agradecemos ao comitê científico pela assistência à
realização do evento e ao IPPUR pelo suporte editorial.
Agradecemos também a todos os grupos de pesquisa que incorporam a Rede
LAIIT – OLHO, UBA, IDAES, GPIT, ENTRÓPICOS, NORDESTANÇAS, GPDU, FLACSO e
LeMetro –, que não hesitaram em abraçar esse devaneio chamado Corpo-Rua,
contribuindo com oficinas, palestras e vivências, compartilhando conhecimentos,
constituindo novos grupos – DES[a]GRUPA — na efemeridade do SIIT8 e
[re]invetando travessuras.
Um agradecimento especial aos convidados MV Hemp, Enjoy, Cidades &
Signos, Casa Nem, Jogos Poéticos, Atrizes ou... e Fernando Rubio e ainda
aos atravessadores Ramiro Rojas, Luciana Melo, Iazana Gizzo, Renato Emerson,
Mariana Borges, Bilisco, Carol e Felipe que generosamente nos ofereceram
novas e outras perspectivas sobre como essas travessias poderiam ser.
Finalmente, mas não menos importante, agradecemos à CAPES, que acreditou
nessa proposta e cujo apoio financeiro foi fundamental para que esse
simpósio pudesse acontecer.
Laroiê Exú!
EPÍGRAFE
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Maurice Blanchot
A Conversa Infinita
Ricardo Piglia
Prisión Perpetua
12 TEXTOS TEMÁTICOS 21 FAZER COM 52 ATRAVESSAMENTOS
13 Grupo de Pesquisa 23 Oficina [GPMC] 53 As quatro estações
Desutilidades Urbana [UFF] André Ripoll. Frederico de Araujo, Frederico Araujo, Gabriel
Alice Pereira Tavares, Ana Cabral Gabriel Schvarsberg e Samuel Thomas Schvarsberg e Heitor Praça
Rodrigues, Carolina Gomes Dias Jaenisch 70 Corpos em intervenção
Ferreira, Edyara Prince, Jéssica Kely 26 Oficina [GPIT] Daniela Cidade, Daniele Caron,
Soares e Raisla Monique das Chagas Daniela Cidade e Daniele Caron Flavia Araújo, Letícia Castilhos
15 Grupo de Pesquisa Modernidade e e Liana Ventura
28 Oficina [LaDA]
Cultura [IPPUR-UFRJ] Barbara Szaniecki, Bibiana Serpa, 100 Deseo, afecto y política en el orden
André Ripoll, Frederico de Araujo, Liana Ventura, Mariana Costard e neoliberal
Gabriel Schvarsberg e Samuel Thomas Talita Tibola Micaela Cuesta
Jaenisch
30 Oficina [GPDU] 113 Coreoturismo
17 Laboratório de Design e Antropologia Alice Pereira Tavares, Ana Cabral nos arcos da lapa
[ESDI-UERJ] Rodrigues, Carolina Gomes Dias Marcelle Ferreira Louzada
Barbara Szaniecki, Bibiana Serpa, Ferreira, Edyara Prince, Jéssica Kely
Liana Ventura, Mariana Costard e Soares e Raisla Monique das Chagas 123 Composição em metáforas:
Talita Tibola rescaldo das ruas
34 Oficina [LeMetro]
19 Laboratório de Etnografia Carolina Cacá Ferreira da Fonseca,
Marcella Camargo e Soraya Simões
Metropolitana [IFCS-UFRJ] Pedro Dultra Britto, Thiago de
Araújo Costa
Marcella Camargo e Soraya Simões
38 FAZER COM lugares 136 Pátio da glorinha:
narrativas de atos de pesquisa
SUMÁRIO
40 Esdi
7 apresentação 42 Arcos Da Lapa
Bárbara Hypolito, Dany Silbermann,
Diogo Vaz da Silva Junior, Eber
8 O siit e a rede laiit 44 Cinelândia Marzulo, Juliana Lang Pádua,
46 Passeio Público Luciana Linhares de Andrade,
48 Escadaria Selarón Marcelo Arioli Heck
10 8º simpósio imagem,
identidade e território 150 Piquenique antropofágico
50 CHAMADA PARA TRABALHOS Lucia Helena Ramos
51 PROGRAMAÇÃO
APRESENTAÇÃO
TERRITÓRIO
FRONTEIRA
TRAVESSIA
TRAVESSURA
ATRAVESSAMENTO
TRAVESSÃO
TRANSGRESSÃO
TRANSVERSAL
VERSO
MÉTODO
BORDA
BORDADO
CORPO
BORRADO
PASSAGEM
IMAGEM
SENSIBILIDADE
CIDADE
GENTE
Tendo sido ou não cortada a cabeça, viu-se um corpo desenhado, bor- Do mesmo poeta emprestamos a “desutilidade”, para nós brinquedo, que nos
rado, bordado com um fio a atravessar o que seria seu pescoço. o corpo aparelha a travessurar com o que, no cotidiano da cidade não é convocado
sobre o tabuleiro, os fios sobre o copo. o corpo é tabuleiro e os fios por sua serventia… aquilo que opera num sentido marginal, fora da lógica
sobre ele(s). Os fios, quer liguem uma parte a outra, quer cindam-nas, utilitária (em que útil e inútil designam finalidades), acionando dizeres (de
denunciam o olhar que vê dois. Que, vendo dois, promete costurar certa cidade, de corpo, etc., etc.) que se fazem à margem dos sentidos hegemôni-
racionalidade aparente das palavras - organizadas em texto, livro, artigo cos, porque são seus restos, vão no contrafluxo da lógica do progresso, da
científico do lado de lá do jogo - na “banalidade” dos seus registros racionalidade. As travessuras, desúteis que são, imprimem outras velocidades
no papel: em risco, cola, pedaço, abacate, espelho. Ainda dois. ao tempo e à experiência.
Bordam no desenho o que cabe a ele. o que não cabe a ele? dentro Pondo o corpo em jogo, em brincadeira, em movimento, a travessura
dele, fora nele. cola, risca, corta, puxa, linka... o corpo agora borrado, indaga o “real” e transversaliza limite e potência. E aqui chegamos a
de onde não se vê como limite a borda. Sem impedimento e sem convite à um esboço de tema: “Imagem-travessura e suas políticas de pensamento”,
travessia, as bordas corpo-tabuleiro, as bordas corpo-cabeça, os corpo- propondo explorar estéticas travessas sustentando afetivamente um fazer
-margem tensionam outros corpos, sugerem outros bordados, travessuras! O político, como possibilidade de “romper com os maniqueísmos, certezas e
devir criança é movimento, inventa (e reinventa e reinventa e reinventa) silêncios”, que negam as dissonâncias, a alteridade.
suas próprias fronteiras... “tudo que não invento é falso”, diria um poeta.
Modos de Atravessar
Trabalhos e atividades cujo foco está nos modos de fazer. Travessias
e atravessamentos como noções que podem estar em relação aos modos ou
como inquietações por si. Noção de travessia, passagem, migrações, êxodos:
lugares que se criam no próprio movimento de desterritorialização. Já não
basta dizer crise. Limites do resistir e do denunciar. É tempo de se mover,
de construir alternativas. Fabulações especulativas, escrituras inventivas.
Escritas de Memórias
Trabalhos e atividades cuja reflexão está centrada na memória. Memória
como campo de disputas: apagamentos, capturas, esquecimentos, reativações.
A potência da imagem e da escrita na construção da memória. Memória dos
corpos, memória dos espaços, memória urbana, memória coletiva.
Uma das particularidades desta edição do SIIT em relação às anteriores Aos grupos de pesquisa da rede foi solicitada a participação através
é o fato de estar sendo sediado por quatro grupos no estado do Rio de do envio de propostas de ação, a responderem a uma chamada que busca
Janeiro. Sendo o primeiro Simpósio da rede a ser sediado por vários grupos refletir ao máximo as percepções e afectações dos grupos locais sobre os
de pesquisa, o fazer coletivo foi assumido logo cedo nas preparações de espaços em que se realizará o evento. Grupos locais externos à academia
organização como o modo de trabalhar deste grupo híbrido que se formava, têm sido agora incorporados aos momentos das oficinas de trabalho para a
não apenas para contemplar as distintas abordagens, mas ainda para que organização do evento.
houvesse uma efetiva integração entre aqueles que pensam o encontro. Cada oficina realizada teve o sentido de coletivamente trabalhar algum
As escolhas de tema e modo de trabalho são já reflexo deste processo, aspecto do evento, como a temática ou o cronograma. Estas oficinas seguem
em que os grupos-sede têm se encontrado regularmente, em reuniões e ofi- acontecendo para que se culmine, em setembro, com a programação de ati-
cinas de trabalho. Esta iniciativa, na forma do que chamamos fazer-com, vidades bem delineada. Apresentamos brevemente os registros das oficinas
se radicaliza ainda na busca por integrar no processo de construção do realizadas até aqui, esperando que possam inspirar as propostas de ação!
evento, guardadas as limitações particulares, os grupos de pesquisa da rede
externos ao Rio de Janeiro mas também grupos locais externos à academia.
ARCOS
ESDI
PASSEIO
SELARÓN
As propostas de ação tinham liberdade para indicar a sua realização
naqueles espaços julgados adequados para o desenvolvimento de suas potencia-
lidades. Como ponto de partida, foi sugerido que as atividades acontecessem
em lugares destas quatro áreas, identificadas no mapa acima: ESDI, Lapa,
Cinelândia, Passeio Público.
Para cada uma destas áreas foi realizada uma exploração prévia pelos
grupos locais. Através de uma oficina de trabalho foram mapeadas caracte-
rísticas desses espaços, identificando aí potenciais, limites, situações,
tensões, etc. Montou-se então uma pequena cartografia que visava infor-
mar os proponentes de trabalhos à composição de suas propostas ao SIIT,
considerando já os possíveis locais de sua realização. Nesta cartografia
estavam indicados alguns elementos de que as atividades poderiam fazer
uso em cada lugar. Encontrar as melhores correspondências entre desejos
dos proponentes, limites e potenciais de cada lugar e seus respectivos
dispositivos se configurava já como estímulo e desafio à elaboração das
propostas. É importante ressaltar que este material apresentava a leitura
por parte dos participantes desta oficina, e de forma alguma pretendia
ser uma avaliação exaustiva ou absoluta das potencialidades ou limitações
destes lugares.
Propusemos, com esta forma experimental, trazer a rua à academia e
levar a academia para a rua, a fim de que atividades e espacialidades se
co-constituissem por atravessamentos típicos das situações corporua. Havia
uma expectativa de que se operasse na temporalidade do encontro uma travessia
coletiva em direção a modos de fazer mais abertos, que implicassem o diálogo
entre o saber acadêmico e outros saberes e a assunção do risco do encontro:
da travessura, da indeterminação e, sobretudo, da transformação dos corpos,
sujeitos e espaços no processo do “pensar junto”.
•
O boulevard se presta a ser “carnavalizado”, recebendo uma ocupação-cor
•
A própria imensidão do espaço.
•
A cozinha coletiva pode ser um espaço de cozinhar colaborativo durante o
evento, em que se encontram práticas e ingredientes de cozinha diferentes
entre todos aqueles que participam.
ARCOS DA LAPA
Características do lugar:
O Largo da Lapa é um território aberto em pleno centro da cidade. Tem, como marco territorial, os Arcos da
Lapa, antigo aqueduto do século XVIII e, como vizinhos famosos, o Circo Voador, a Fundição Progresso, a Sala
Cecília Meirelles, Igreja N. S. do Carmo, a Escola de Musica da UFRJ e também a própria Esdi/UERJ. O conjunto
arquitetônico colonial contrasta com uma massa de construções modernas como Catedral e Prédio da Petrobrás.
O lugar é, portanto, uma referência dos modos de vida carioca pela sua própria mistura sociocultural na
boemia e na malandragem: música clássica, samba e choro, e Rock convivem em conflito e complementaridade com
a cacofonia de outros sons urbanos.
Na sua concretude, trata-se de uma imensidão cuja travessia se faz normalmente a passos rápidos, tendo como
ponto de referência o monumento vertical e o chão de pedras formando um enorme círculo que, apesar de inóspito,
ainda chama um povo ausente para uma possível assembléia.
•
Chão de pedra com formas circulares que convida a jogos ou atividades
de roda;
•
Presença de um jardim agroflorestal no olho d’água da antiga Lagoa do
Boqueirão;
•
Mutiplicidade de possíveis parceiros atuando no lugar;
•
História com “H” maiúsculo e outras histórias…
Desafios:
•
Ausência de proteção em caso de chuva ou vento;
•
Presença / circulação de pessoas diversas (turistas, transeuntes, pessoas
em situação de rua). Em conversas com freqüentadores, foi mencionada a
falta de segurança;
•
A própria imensidão do espaço.
•
Autorização da prefeitura para determinados tipos de atividades;
•
Infraestrutura de conforto limitada (lugar para sentar, energia elétrica,
banheiro, água).
CINELÂNDIA
Características do lugar:
Cinelândia ou Praça Floriano é um largo na região central do Rio de
Janeiro aberto durante as obras de construção da Avenida Central (atual
Avenida Rio Branco). O largo fica a duas quadras de distância da ESDI e
é cercado por grandes construções da primeira metade do século XX: estão
ali o imponente Theatro Municipal, a antiga sede do Supremo Tribunal
Federal, a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes e a Câmara
Municipal.
É um espaço de entretenimento desde os anos 30, quando passou a ser
conhecido por Cinelândia.Firmou-se ao longo dos anos como um dos princi-
pais locais de concentração de manifestações políticas na cidade,desde as
passeatas contra ditadura em 1968, às grandes manifestações de 2013 até
os dias de hoje. Entre atos, comícios, ocupações, assembléias populares,
a cinelândia segue se atualizando na memória das lutas populares.
Local de grande circulação e servido de diversos transportes públicos
(metrô, ônibus e VLT) é atravessado pela Avenida Rio Branco, agora fechada
para carros, que possui via para pedestres e bicicletas, estimulando esse
fluxo contínuo de passantes.
•
Transeuntes acostumados com intervenções artísticas/políticas/culturais,
é possível mobilizar e engajar pessoas e convidá-las a fazer junto.
Horários matutinos ou ao final da tarde servem à interação;
•
Espaço com bancos, sob árvores, próximo ao Teatro Municipal recebe bem
grupos menores;
•
O largo é grande, com muita vida, diferentes sons, cheiros dependendo
de onde você se localiza, pode ser interessante potencializar o reco-
nhecimento dessas diferenças;
•
Bares do entorno podem receber ações noturnas;
•
Muitos transportes públicos e prédios históricos ao redor da praça, pode
ser pensada alguma ação neste sentido.
Desafios:
•
Sons da cidade (dependendo da atividade o barulho pode atrapalhar ou
será necessário prever o uso de microfone e som);
•
Chuva ou frio (verificar a previsão do tempo);
•
Infraestrutura de conforto limitada (lugar para sentar - é possível
levar cangas e sentar no chão, energia elétrica, banheiro, água - há
restaurantes que permitem utilização do banheiro).
PASSEIO PÚBLICO
Características do lugar:
Parque público (o primeiro das Américas), projeto original de Mestre Valentim, posteriormente transformado
pelo paisagista francês Glaziou. Localiza-se em frente à ESDI, entre a Lapa, a Cinelândia e o Aterro do Flamengo,
com amplos gramados arborizados, esculturas e uma lagoa sinuosa cruzada por pontes. É gradeado e funciona das
9h às 17h, diariamente.
Apesar da localização central e ambiente de natureza exuberante, o Passeio apresenta utilização muito baixa
pelos transeuntes da região central. Seu cercamento por grade e apenas dois acessos para uma mesma rua contri-
bui, sem dúvida, para isso. Estes fatores possivelmente relacionam-se à apropriação do parque por pessoas em
situação de rua, que aí encontram refúgio e tranquilidade. Recentemente tem recebido eventos culturais abertos
como o festival “O Passeio é Público”.
•
Sinuosos passeios que convidam à deambulações peripatéticas: conversas •
Baixa circulação de pessoas pode
itinerantes e apresentações ao longo de caminhadas pelo parque; gerar sensação de insegurança;
•
Espaço côncavo semicircular conformado por um banco de pedra à sombra •
Autorização da prefeitura para
de uma belíssima figueira onde podem acontecer atividades de integração determinados tipos de atividades;
e convivência tais como apresentações e rodas de conversa;
•
Infraestrutura de conforto limi-
•
O parque é localizado exatamente em frente à ESDI o que facilita a tada (lugar para sentar, energia
integração entre ambos os espaços e acesso às conveniências da escola elétrica, banheiro, água).
como água e banheiro;
•
Seu gradil, elemento físico que desencoraja o uso e a apropriação do
parque, estimula, contudo, a imaginar intervenções de carácter visual,
expositivo, provocativo e performativo. No entanto, essas possibilidades
são desafiadas pela exigência de autorização por agentes públicos. Se
aceito o desafio, e a ação enveredar pela aposta na autonomia citadina
não tutelada pelo Estado, é importante saber que a Guarda Municipal
possui um posto no interior do parque.
ESCADARIA SELARÓN
Características do lugar:
Selarón é uma obsessão assassinada.
Selarón é um delírio em vermelho, e um cometimento em verde e amarelo.
Selarón tem a forma de largos degraus que rumam pra depois.
Selarón é uma obra arquitetônica/urbanística localizada a 10 minutos
à pé da ESDI, caminho descolado entre Lapa e Santa Teresa.
Selarón é Jorge, um artista chileno radicado no Brasil de longa data,
encontrado morto carbonizado em 2013, na escadaria que fez tornar-se
Selaron calçando-a com infinitos ladrilhos coloridos.
Selarón é via pública aberta, não tem horário de funcionamento, mas
de noite lá para cima é esquisito. Oferece cores vibrantes e a largueza
de seus muitos e largos degraus como um convite a. Na parte baixa, onde
deságua na Joaquim Silva, em frente ao Ximeninho, quase que dá pra dizer
que almeja ser um anfiteatro. O Ximeninho, esse boteco point de artistas
de teatro do centro, atuando de coro grego, é claro. Em tardes de sol tem
self de turistas e venda de ladrilhos e outras drogas (mas dá pra subir um
pouco mais). Por vezes rola um som gospel e pequenos furtos desavisados.
Rien n’est parfait.
•
A intensidade das cores em mosaico e a forma de escada longa, assim
com a própria história do local são possíveis elementos de instigação
e conotação dos conteúdos corpopalavrórios ali jogados;
•
Atividades de integração e convivência tais como apresentações e rodas
de conversa encaixam-se bem ao local;
•
A vizinhança com o bar Ximeninho permite acesso a alimentos,
água e banheiro.
Desafios:
•
Sons de origem diversa (dependendo da atividade o barulho pode atrapalhar
ou será necessário prever o uso aparelhagem de som);
•
Chuva ou frio ou calor em demasia;
•
Presença / circulação de pessoas diversas (turistas, transeuntes mora-
dores, pessoas em situação de rua, traficantes);
•
Conforto limitado (o lugar para sentar seriam os próprios degraus
da escadaria).
CHAMADA PARA
Sob a provocação geral “CORPO As submissões de propostas de ação pelos grupos
RUA: travessias, atravessamentos, integrantes da rede deveriam ser feitas com o maior grau
4. R A S U R A R MEMÓRIAS, DISPUTAR
IMAGINÁRIOS URBANOS referente
à disputa discursiva concer-
nente ao que é enunciado como
passado, presente e futuro.
2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira
PROGRAMAÇÃO 24/09 25/09 26/09 27/09
Manhã
TRAVESSIAS
des[a]grupa entrópicos jogos poéticos
Corpos em intervenção Composição em metáfora: Piquenique Antropofágico
centro carioca rescaldo das ruas passeio público
de design gpdu
esdi-projeção 9h-12h
9h-11h Perequetê
9h-12h
esdi-projeção mv hemp|enjoy
9h-11h CorpArua:
olho oficina criAtivista
Coreoturismo rua joaquim silva
largo da lapa 9h-12h
11h-13h
ALMOÇO 12h-13h ALMOÇO 12h-13h
* Para as atividades que acontecerão na rua, o ponto de encontro inicial será na ESDI. FESTA DE
** Em caso de chuva, as atividades externas poderão ser remanejadas para a ESDI ou para o ENCERRAMENTO
Centro Carioca de Design (CCD) conforme disponibilidade de salas.
as quatro estações 1
Arlt, R. (1942). Notas a um romance,
reproduzido em “Nombre Falso”, p. 125, in
SIIT8: TRAVESSIA À TRAVESSURA DA DESRAZÃO Piglia, R. (2017). Nombre Falso. Barcelona,
Contemporánea, pp. 101-182. Taxado meu.
breves palavras pra não dizer que (aqui) não se fala de 'as quatro
estações' (e nem do inferno e nem de memória e nem de)
O que segue, depois de certa marca que poderás facilmente decifrar,
são mal traçadas e ligeiras escrituras, quiçá em modo alegórico, quiçá em
forma de despedaçadas narrarivas, que se engendram como memoriações de
acontecimentos, memoriações portanto de sentidos de coisas ditas aconte-
cidas que se enfeixam sob um grafismo misterioso _SIIT8_, do qual apenas
trarão pistas múltiplas e descabeladas que poderás seguir, se te aprouver,
uma, sete ou setenta e sete e mais outras também, tornando esse grafismo
o nome de um enigma. Fazendo-o teu enigma.
Memoriações, convém esclarecer, entendidas como atos de significação
(constituição imbricada de significantes, significados e sentidos), impreg-
nados de desvios incontrolados, incontroláveis, que se fazem a partir do
acionamento voluntário e/ou involuntário, e/ou do esquecimento de matéria
bruta suposta presente e constituinte do inefável corpomente humano,
amálgama de imagens (formas e cores) e sensações (texturas e pressões e
GPMC temperaturas e odores e paladares e sons) e narrativas bárbaras e valores
Frederico Araujo, Heitor Praça e Gabriel Schvarsberg e juízos e fúrias e.
Uma das pistas múltiplas e descabeladas, não se sabe o porquê nem em que alucinada hora da tarde foi criada, 2
Dante, A. A Divina Comédia. Inferno, Canto I.
já aqui se adianta mesmo antes da tal marca de passagem enunciada. O caminho das memoriações SIIT8, ou com 3
_______ Inferno, Canto III.
maior apuro, das memoriações que dizem do inventar o que esse nome encripta, desdobram-se em traços de duas
4
tradições que de distantes só têm a irrevogável determinação de Cronos, tão próximas estão como pura arte: a de Pereira, M. E. C. (2008). Pânico e
Dante e a de Vivaldi. Desamparo: um estudo psicanalítico. São
A Divina Comédia a incitar que essa memoriação labiríntica, para que possa do signo SIIT8 dizer luzes e Paulo, Escuta, p. 26.
sombras e borboletas e pequenos segredos, seja como o adentrar ao inferno sem nele se perder e ficar, andadura 5
As Quatro Estações fazem parte de uma
somente possível se guiada pela poiética ação da linguagem. Como, com precisão de bisturi, diz alguém na busca série de doze concertos para violino e
de palavras que teçam certo enredo entre pânico e desamparo: “O imortal Virgílio, ‘esta fonte que derrama tão orquestra compostos por Vivaldi, intitulada
grande rio de linguagem’2 aparece como aquele que pode sustentar o homem em sua viagem até o mais profundo Il cimento dell’armonia e dell’inventione.
dos círculos do inferno. Ele é o acompanhante fiel que permite aos mortais fazer face à pavorosa advertência “’Harmony’ here means the strictness and
inscrita no fatídico portão: ‘Vós que entrais, deixais aqui toda a esperança’3. A potência criadora da linguagem rationality of the rules of composition,
apresenta-se aqui, às portas do inferno, como o único guia capaz de ir ao mais profundo do desespero humano whereas ‘inspiration’, ‘extravagance’ and
‘invention’ are various terms denoting the
sem nele se perder, conquanto possa sustentar sobre esse desespero um discurso híbrido: ao mesmo tempo sábio e
free use of fantasy and inspiration. In op. 8,
poético”.4
published in Amsterdam by Le Cène, the two
Vivaldi em seu lirismo sonoro, como a dizer “venham” a esse eterno retorno de As Quatro Estações, poemas
aesthetic ideas are explicitly given a ‘test’ in
explodidos em música, movida sem fim, imersão sem volta, aqui particular modo de corporearpalavrear(se) SIIT8. a continuing relationship of opposition and
Mergulho em caminhos bifurcantes entrecortados da leveza de voos de pássaros e cores floridas, e ameaçadores integration”. (http://www.ilgiardinoarmonico.
rugidos de trovão e luzes escaldantes e peles áridas. Mergulho poiético como o de Dante ao inferno, ao purgatório com/il-cimento-dellarmonia-e-dellinvenzione-
e ao paraíso, som de violino e orquestra na vereda da tensão entre a harmonia racionalmente regrada e a criação part-ii/ Acesso em 27/03/2019)
de livre inspiração.5
As memoriações SIIT8 adiante grafadas, portanto, escrituradas sob a Já visivelmente borracho, noite avançada de fins do verão de 2019, esse
luz poiética dessas tradições da arte, conformam caminhos linguageiros por terrível verão de fascismos à porta e quase um ano de lula preso, fala ao
estações que não são mais do que constelações de dizeres (escritos, imagé- vazio neon de certo bar em lapa chuvosa de águas de março, que durante
ticos), em conjunção ou conexão ou disjunção, constituídos pelo atrator de todo o tempo, e insiste escandindo as sílabas, durante todo o tempo de
determinados dispositivos secretamente operados. Cada um desses dizeres em mais de um semestre, entre outono e primavera do ano passado, uma trágica
si e cada enrosco deles em constelação e a galáxia com isso tudo desenhada, loucura dionisíaca transbordava daquela mesa infinita de corpos famintos
expressa traços de travessias e atravessamentos e travessuras de memoriações que fazia e se refazia em salas e esquinas e praças e encontros virtuais
SIIT8 que digo “minhas”. Sinta-se à vontade para esquece-las ou rouba-las e. faz uma brevíssima pausa, como querendo iluminar o que diria depois
e com elas tecer as tuas próprias e conta-las ao vento. em tom mais grave: corpos famintos de palavras, de jogar com palavras, de
fazer da mesa tabuleiro de signos. podem imaginar meu desassossego? eu
ali comensal estrangeiro, conviva calouro a essa mesa sem bordas. o único
garçom presente desviou o olhar e virou o rosto sonolento (pra conter o
outono riso, disse-me ontem sem conter o riso). segue como se o escutasse uma
1º Andamento plateia entusiasmada de parceiros de copo. era como se o cosmo estivesse
O camponês celebra com canções e danças temperado de prazer e envolvido por blues dançantes. querem saber mesmo?
a felicidade de uma boa colheita. parecendo ter percebido aprovação no silêncio da quase alvorada, emenda
Instigado pelo licor de Bacus,
fala dirigindo-se a um cartaz na parede que berrava “MARIELLE VIVE”. pra
muitos acabam a festa dormindo.
mim, iniciante involuntário naqueles mistérios palavrosos, malgré tout le
2º Andamento chagrin (a pronuncia pareceu primorosa, disse-me com ironia descarada o
Todos esquecem as suas preocupações e cantam e dançam garçom de sotaque português), pra mim foi como ter sido engolfado por um
O ar está temperado com prazer e
turbilhão de luzes, como ter entrado sem saber numa aventura moleca na
pela estação que convida tantos, tantos
qual o medo do desrumo evapora em meio a sedutores lampejos que brilham
a saírem do seu recobro para participarem e se divertirem.6
na roda e te fazem outro outro, te fazem gana e fúria contra os céus, te
fazem encontro. tudo dito em meio tom carregado de intensidade e com um
vibrante brilho nos olhos. pede numa mímica canhestra mais uma cerveja.
8
Dante, A. (1955). A Divina Comédia, São Paulo,
Atena. Versão eBook (2003), eBooksBrasil.
com. Inferno, Canto XXXIV, p. 266.
primavera
1º andamento Dijo ella, sosegada, distante_. El deseo es mi verdad.9
A primavera chegou Dijo ella. no lo repito yo. mas esse dizer ecoa em mim misterioso e
Os pássaros celebram a sua chegada com canções festivas radicalmente rasurado, umas duas estações depois, como o canto de todos
e riachos murmurantes são docemente afagados pela brisa os cantos trágicos daquela primavera de travessias atravessamentos traves-
Relâmpagos, esses que anunciam a Primavera,
suras. danças sons presença de ausência escritos de corpo sombras luzes
rugem, projectando o seu negro manto no céu,
para depois se desfazerem em silêncio luzes luzes. el deseo es mi verdad. no. el deseo es mi deseo, digo yo.
e os pássaros mais uma vez retomam as suas encantadoras canções. deseo dessa multiplicidade mi que na brevidade da primavera anterior se
chamou SIIT8.
2º andamento
No prado cheio de flores com ramos cheios de folhas
Às asas minhas fora empresa insana
os rebanhos de cabras dormem e o fiel cão do pastor dorme a seu lado.
Se clareado a mente não me houvesse
Fulgor, que a posse da verdade aplana.
3º andamento
Levados pelo som festivo de rústicas gaitas de foles,
À fantasia aqui valor fenece;
ninfas e pastores dançam levemente sobre a brilhante festa da Primavera.
Mas a vontade minha a ideias belas,
Qual roda, que ao motor pronta obedece,
Volvia o Amor, que move sol e estrelas.10
9
“Nombre Falso”, p. 172, in Piglia, R. (2017).
Nombre Falso. Barcelona, Contemporánea, pp.
101-182.
10
Dante, A. Op Cit. Paraíso, Canto XXXIII, p. 781.
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“Um gosto de sol” (parte). Composição de
Milton Nascimento e Lô Borges.
SIIT8, CARAJO!
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ø –– lembrei que durante conversas por skype
fizemos um printscreen nosso. tentei achar nas
minhas coisas, não encontrei. alguma de vocês
teria? seria legal ter essas imagens… ø
Só o mar para nos lavar das dores de tantas lutas e nos dar leveza.
Sim, o mar é um meio, nos golpeia, nos faz dançar, nos refaz, convida a
navegar. Desejo de além mares, além muros.
* –– Dei uma olhada no texto. Acho que o geral tá lançado. A parte mais visível é o “golpeadas”. Vou selecionando fragmentos
do jornal q recebemos todos os dias em casa, a ZH. até dá para compararmos o discurso entre mídias. Vou ficar atenta e colecionar
alguns sons e músicas. depois reunimos e vemos o que temos.*
ø –– A proposta das golpeadas me lembrou o sistema Laban/Bartenief de dança. Não se conhecem, mas é um sistema de notação
dos movimentos. Segundo esse sistema os movimentos são organizados em 4 grupos de qualidades de movimentos que podem combinar-se,
sendo: direção, peso, velocidade e fluidez. Rapidamente me ocorreu um exercício que vai num crescente…somando camadas de comandos,
disparadores, golpeadas e afetos… ø
≈ –– Um grande fio vermelho representando a alta tensao do corporua poderia ir enlaçando cada uma de nós e também quem 6
∆ –– do início ao fim do siit8, instauramos
topasse o [des]agrupar. Cada enlace seria marcado por um movimento físico, sonoro, verbal, narrativo, a leitura de um texto, o
o MEIO: bilhetes-conexões que recebi de
murchar de um corpo atingido, o rodopio de um nao acreditar em mais nada, o levante de uma esperança em jogo, enfim. Como s eo
MA(Marcela Camargo: o medo paralisa.
fio vermelho fosse capturando as nossas nuvens, as nossas potencias e o nosso ato-rua. ≈
movimento é vida. =) & CACÁ (Carolina
∆ –– Vizualizei. Quero, mas não sei como contribuir de imediato (Performance? Dança? Corpo? Desconheço meios). Como des[a]
Fonseca: Wild and free).∆
grupar? Como narrar o meio e o por vir? Desenhar, isso sei que o meu corpo conhece. Desenhar experiências que o corpo sente,
sentiu, sentirá. Vinte e dois lampejos que iluminam e anunciam o que virá, como vinte e duas cartas de tarot anunciam os dias
de hoje de ontem amanhã-agora, um tempo não linear.∆
Ao chegarmos na abertura do SIIT8, e mesmo nos dias de evento, nossos desejos e atravessamentos já estavam
sendo partilhados entre todes. O acolhimento de outras manas, muitas de peito nu, nos anunciavam nos bilhetes,
no corpo, na natureza, gérmens de futuro (ROLNIK, 2018). Nos conectamos corporalmente nos abraços, sorrisos,
bilhetes, gestos, olhares, alegrias dos reencontros, CORPO-NÓS.
Estávamos em casa. Manas, nos encontramos.
ação em projeto 7
des[a]grupa :: corpos em intervenção foi-é-segue-sendo nome ou título 7
# –– aqui caberia uma introduçãozinha...
dado à ação que desenhamos. A intenção é mobilizar-sensibilizar corpos e talvez tenha que atualizar coisas do texto…#
mentes e, a partir de diferentes estímulos, ativar-provocar-deslocar estados ø –– reorganizei os parágrafos. vejam se
reflexivos-criativos-expressivos que se manifestem em gestos poéticos. A assim funciona como introdução.ø
ação (oficina) parte de um roteiro cujo encadeamento de etapas (momentos)
compõem uma espécie de dramaturgia, agregando um viés performativo desde
a concepção até a maneira como ela foi desdobrada com os participantes.
Assim, o jogo se configura como uma performance coletiva e improvisada
que se dá na relação entre os estímulos lançados e a disponibilidade dos
corpos para sentir-processar-reagir.
Um momento de ativação sugere exercícios e dinâmicas corpóreas que
pretendem construir uma atmosfera afetiva, cúmplice, coletiva, sensível;
e a partir deste “continente” algumas provocações passam a operar como
“golpeadas”, desestabilizando os estados anteriores por contraste e desen-
cadeando experiências performativas que mobilizam o caos, o instável e o
imprevisível das múltiplas sensações que nos invadem diariamente em fluxos
descontínuos de raiva - comoção - anestesia - tristeza - alegria - (des)
esperança - (des)ânimo - ironia - ... - . Dispositivos, tais como, textos,
imagens, áudios, vídeos, objetos, são oferecidos e disponibilizados para
acionar tais oscilações dos estados-corpóreos por “entre afetos-e-golpeadas”,
constituindo matéria-prima para as composições e criações performativas.
Para iniciar a travessia performativa, partimos da ideia de Laban sobre
o movimento na dança:
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# –– seria legal aqui inserir um
comentário sobre este modo de compor
a ação (oficina) como “roteiro”, quase
uma “dramaturgia”, o que agrega um viés
performativo desde a concepção até a
maneira como ela foi desdobrada com os
participantes...etc etc].#
ø –– não sei se estou querendo organizar
demais, mas acho que essa parte integra
melhor se for colocada na seção “ação
em projeto”, pois acabou se configurando
como um prólogo.ø
regras do jogo
Sigam entregues ao silêncio: corpo em repouso, confortável, respiração lenta
e profunda, ao mesmo tempo em que uma escuta atenta também esteja presente.
Enquanto permanecem entregues, sob o efeito da gravidade agindo para que
o corpo derreta aderido ao chão, vamos anunciar, pequenas regras que irão
operar como guias para o jogo que já estamos jogando.
dinâmica
Toda a dinâmica que vamos experimentar pretende operar por CONTRASTES,
OSCILAÇÕES, CORTES, RUPTURAS, ROMPANTES, portanto, pedimos que estejam
atenta/os para os dispositivos que serão lançados para um trânsito por
entre “afetos-e-ou-golpeadas”.
dispositivos
Alguns dispositivos serão acionados como modo de provocar, alterar, des-
viar rumos, sensações, estados e qualidades corpóreas. Portanto, estejam
alertas, entregues e deixem-se afetar com a entrada em cena de IMAGENS,
• LEITURAS >>> regras para jogo [LÊ]; SONS, PALAVRAS, GESTOS. Permitam ser invadidos por esses dispositivos e
la poesia latinoamericana [DANICA] deixem o corpo mover por fluxos e impulsos impensados.
• MÚSICA >>> sem música. entre as regra geral: o jogo é de improviso
regras e poesia: instrumentos
[LILÓ; FLAVIA; DANICI] Corpo disponível; atento; aberto. Antenas, poros, pele, escuta abertos
para atravessamentos, travessias e travessuras que possam explodir no
• IMAGEM/VÍDEO >>> sem imagem
improviso do jogo.
[provocação ética, poética, política]13
EPILOGO
Y uno y dos y tres, mi corazón al revés,
y cuatro y cinco y seis, está roto, ya lo veis,
y siete y ocho y nueve, llueve, llueve, llueve…
(BOLAÑO, 2009).
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ø –– a mesma dúvida sobre estilo se aplicaria
também aos textos inseridos. para este tipo de
texto, não seria melhor utilizar algum recurso
estilístico para diferenciação?ø
2. SILENCIAR / REPOUSAR - 5 min14 O que esse silêncio tem a dizer
O que esse silêncio tem a dizer
Fico sozinho, fico calado
Pra perceber
Fico sozinho, fico calado
Pra perceber
14
# –– a partir daqui só consegui inserir o
roteiro e textos; tem muita foto ainda que dá
para usar e ir tramando com os momentos,
assim como trechos das letras das músicas
que usamos; frames dos vídeos; cartas de
tarot; etc etc...#
A escuta do outro. A percepção do coletivo. Contingência. Andar pelo
3. INVESTIGAÇÃO DE REPERTÓRIO - 10 min espaço, a experimentação da troca: física, sensorial, indireta. O cami-
nhar meu, o caminhar do outro, o movimento lento, médio, veloz. O cambio
alternado de velocidade experimentando corpos disponíveis. A velocidade do
movimento dada pela palavra, o comando do movimento, a disponibilização
ao comando. Experimentação dessas velocidades até chegar a um estado
de alerta do corpo-singular em sincronia com o outro. Uma pausa para
perceber. Novamente o movimento reinicia e busca ancorar-se no espaço,
experimentando as qualidades do peso do corpo e do tempo. Experimentação
de movimentos diretos, focados, objetivos; contraposição com movimentos
indiretos, erráticos, vagantes. Novamente um caminhar livre de comandos,
embora, a leitura convoque “A vida é efetiva”.
introdução
Pátio da Glorinha foi a atividade proposta pelo GPIT que consistiu em
deslocar o locus de pesquisa do projeto intitulado “Como anda a favela no
Brasil?O discurso em definições e imagens” (UFRGS/CNPq) do grupo e sobrepor
ao contexto do evento em busca de uma reflexão sobre a constituição das
favelas das cidades de Porto Alegre e do Rio de Janeiro. Trata-se de uma
pesquisa recentemente finalizada, realizada por alguns pesquisantes do Grupo
que desenvolveu o tema e o tom da participação do GPIT no 8º SIIT. Este
relato de ação, embebido de experiências de atravessamentos, mais do que uma
descrição dos momentos relacionados às interseções entre pesquisa e evento,
propõe uma narrativa acerca da epistemologia da pesquisa, do pesquisado e
dos pesquisadores. O arranjo será constituído em 4 atos: 1) A pesquisa, o
objeto empírico e a posição de pesquisante (projeto e plano de ação); 2) O
evento e a ação (entreato); 3) Atravessamentos e registros da experiência
(o depois). Embora esta trama final esteja amarrada em uma temporalidade
pós-evento, trata-se de um conjunto de relatos, metatextos e narrativas que
contemplam as temporalidades propostas. Partimos pelo começo: o projeto e o
planejamento. Ao longo do texto são apresentados os elementos significativos
que relacionam a pesquisa, a ação e as reflexões realizadas a posteriori a
GPIT|FAU|UFRGS partir da análise das narrativas. Permeia o texto atravessamentos textuais
Bárbara Hypolito, Dany Silbermann,Diogo Vaz da Silva Junior, na forma de narrativas cruas, muito próximas às originais, tanto oriundas
Eber Marzulo,Juliana Lang Pádua, Luciana Linhares de Andrade, das entrevistas quanto de relatos dos pesquisantes no planejamento da ação,
Marcelo Arioli Heck a fim de aproximar o leitor do processo de pesquisação.
a experiência de pesquisação em campo
Figura 1. Loteamento Jardim Cascata e Vila Glorinha. Fonte: Juliana Pádua sobre mapa Google Earth.
Figura 2. Mapa do local de ação na ESDI/UFRJ. Fonte: Daniela Cidade sobre mapa do SIIT8.