Fundamentos de Astronomia
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Fundamentos de Astronomia
U N I V E R S I DA D E
CANDIDO MENDES
MATERIAL DIDÁTICO
FUNDAMENTOS DE ASTRONOMIA
Impressão
e
Editoração
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3
UNIDADE 1 – INSERÇÃO DA ASTRONOMIA NOS ENSINOS FUNDAMENTAL
E MÉDIO ................................................................................................................ 6
1.1 Astronomia: complexa, desejável, estimulante ....................................... 6
1.2 Competências requeridas pelos PCNs ..................................................... 7
1.3 Terra e Universo – propostas para o Ensino Fundamental I e II ............ 8
1.4 Os temas estruturadores para o Ensino Médio ..................................... 16
UNIDADE 2 – NASCIMENTO E EVOLUÇÃO DA ASTRONOMIA ...................... 21
2.1 Na pré-história .......................................................................................... 24
2.2 Na Mesopotâmia ....................................................................................... 25
2.3 Na Grécia antiga ....................................................................................... 28
2.4 Na Idade Média e na Renascença ............................................................ 30
2.5 No mundo moderno e contemporâneo ................................................... 32
UNIDADE 3 – COORDENADAS, MOVIMENTOS E MEDIDAS DE TEMPO ....... 35
3.1 Coordenadas astronômicas ..................................................................... 36
3.2 Movimentos: dos astros, da Terra, Lua e Sol ......................................... 38
3.3 As medidas de tempo ............................................................................... 41
UNIDADE 4 – GEOCENTRISMO E HELIOCENTRISMO .................................... 47
4.1 Modelo geocêntrico de Ptolomeu ........................................................... 47
4.2 Modelo heliocêntrico de Copérnico ........................................................ 48
UNIDADE 5 – INSTRUMENTOS/FERRAMENTAS DOS ASTRONÔMOS ......... 54
5.1 Fotometria ................................................................................................. 55
5.2 Espectroscopia ......................................................................................... 56
UNIDADE 6 – SISTEMA SOLAR ......................................................................... 58
6.1 Origem e composição do Sistema Solar ................................................ 58
6.2 O Sol .......................................................................................................... 59
6.3 Os planetas ............................................................................................... 59
6.4 Corpos menores do Sistema Solar ......................................................... 61
UNIDADE 7 – O UNIVERSO E AS GALAXIAS ................................................... 63
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 66
3
INTRODUÇÃO
Como diz Froes (2014), o céu sempre exerceu fascínio sobre o homem,
moderno ou antigo. Sempre representou uma fronteira distante e inalcançável. O
céu diurno abriga o poderoso Sol, em uma imensidão azul. As nuvens, com suas
formas em constante transformação, movem-se em diferentes velocidades,
eventualmente dando origem à chuva. A Lua muitas vezes está visível, mas é na
noite em que ela impera, com suas fases. Na escuridão, aparecem miríades de
estrelas, especialmente concentradas em uma faixa no céu, atualmente bem
pouco visível em nossas cidades poluídas.
Vejamos:
Um relógio desse tipo pode ser uma haste vertical bem reta espetada no
chão liso, horizontal e a céu aberto, que projeta sombras diferentes nas várias
horas do dia. Marcando o comprimento dessas sombras, os alunos podem
elaborar explicações para o tamanho, o sentido e a direção delas,
compreendendo melhor a trajetória do Sol, marcando o nascente (no horizonte
Leste), o poente (no horizonte do Oeste) e o Norte-Sul pela reta que passa pela
menor sombra (próxima ao meio-dia quando existir), ou ainda, eles obterem a
direção Leste-Oeste e a perpendicular a esta na base da haste será a direção
Norte-Sul.
Por conta dos fusos horários, das convenções dentro do país e do horário
de verão, o meio-dia oficial nem sempre corresponde com exatidão ao meio-dia
observado. Também por convenção, o Norte é definido como o ponto à frente de
quem, com os braços estendidos, aponta o Leste com a mão direita e o Oeste
com a mão esquerda, ficando o Sul às suas costas.
ladeada por vegetação terrestre, e uma vista aérea localiza o pequeno barco em
um lago. Visto de mais longe, o barco já é só um ponto e o lago está em um
grande parque, numa pequena cidade. Só recentemente o ser humano chegou
até a Lua e os equipamentos de observação (lunetas, telescópios e sondas) estão
conseguindo obter imagens e sons que ultrapassam nosso Sistema Solar. Há
modelos, no entanto, que dependem principalmente da imaginação e já existem
há séculos. A partir do horizonte e de um céu idealizado com limites circulares,
elaborou-se um modelo de céu como uma esfera.
Quase um século após, esse modelo dinâmico foi explicado por Newton
pela gravidade entre os corpos celestes, o que os manteria em constante atração
entre si, com forças e velocidades variadas, dependendo da massa de cada um e
da distância entre eles. Newton submeteu os corpos celestes às mesmas leis
mecânicas válidas na Terra. Um novo modelo, indo mais longe ao zoom, concebe
o Universo ainda mais amplo, situando o Sistema Solar no interior do aglomerado
de estrelas conhecido como Via Láctea, uma galáxia que, sabemos agora,
também se move como um conjunto. Telescópios potentes permitiram constatar a
existência de outras galáxias e verificar que todas elas se distanciam entre si.
dessa ciência para alunos interessados do ensino médio, fora do horário regular
de aulas.
estações do ano;
dia e noite;
Com sua evolução, o homem percebeu que podia se utilizar das estrelas
e demais astros para sua orientação em viagens sobre a superfície terrestre e
sobre os mares. Notou ainda que a regularidade de ocorrência de vários
fenômenos celestes lhe permitia marcar ou medir a passagem do tempo,
estabelecendo assim os primeiros calendários, tão necessários às suas
atividades, particularmente às atividades agrícolas. Desta forma, observando
constantemente o Sol, a Lua, as estrelas e os demais corpos celestes, pode não
apenas prever fenômenos que com eles ocorriam, mas também criar métodos
para determinar a sua posição na superfície da Terra por meio das posições dos
astros, e ainda o início das estações do ano. Isto deu origem, com o decorrer do
tempo, a uma ciência intimamente ligada às suas necessidades e também à sua
curiosidade intelectual: a Astronomia, cujo objetivo é a observação dos astros e a
criação de teorias sobre os seus movimentos, sua constituição, origem e
evolução.
No entanto, é um erro supor que, pelo fato de haver uma relação “mágica”
entre os fatos astronômicos e os fatos humanos, os povos antigos não conheciam
conceitos mais objetivos e avançados desta ciência. Por exemplo, os egípcios
calculavam e prediziam os eclipses com exatidão 3000 anos antes de Cristo, os
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Stonehegen
Embora muito tenha sido discutido a respeito, não se sabe qual povo o
construiu, e suas ligações com os Druidas parecem obscuras, já que não existem
provas que estes últimos tenham utilizado templos de pedra. Além disso, sabe-se
que o conjunto já estava lá por mais de dois milênios quando o imperador romano
Júlio César, e outros, registraram esta opinião que paira desde então (HORVATH,
2008).
2.1 Na pré-história
2.2 Na Mesopotâmia
Uma das mais antigas criações dos mesopotâmios que já era utilizada em
meados do 3º milênio a.C. é a semana, cujo uso se propagou por muitos povos da
Antiguidade e até nossos dias, encontrando-se tão arraigada na cultura moderna
que se torna extremamente difícil imaginar uma sociedade que não conte com o
concurso deste conjunto de sete dias como unidade de tempo (FARIA, 2007).
Enfim, não temos dúvidas que são inúmeras e práticas suas contribuições
para a humanidade.
Essas três leis foram importantíssimas mais tarde, quando Isaac Newton
formulou as ideias da Gravitação Universal.
1 Segundo a Rede Brasileira de Astronomia, plutão não é mais um planeta, ele agora pertence a
uma categoria denominada "Planeta Anão". Para entender porque isto aconteceu vamos contar
um pouquinho de história:
Em 1930, o astrônomo americano Clyde Tombaugh descobriu um corpo no céu, era apenas um
pequeno ponto, mas ao calcular a sua órbita percebeu que ele tinha uma órbita mais afastada que
Netuno, seria o nono planeta, este corpo celeste foi batizado de Plutão. No início chegou-se a
estimar que Plutão poderia ser maior que o planeta Terra, mas medições posteriores mostraram
que ele na verdade seria bem menor que a nossa Lua. Já nos anos 70, alguns astrônomos
começaram a propor a ideia de que Plutão não seria de fato um planeta, pois além de pequeno e
pouco massivo, sua órbita era muito achatada e inclinada em comparação aos outros planetas.
Mas no fim da década, foi descoberta um satélite de Plutão, que foi batizado de Caronte, o que
dava argumentos para os defensores de Plutão como um planeta. Apenas na década de 1990, foi
descoberto outro objeto trans-netuniano. Mas nos anos seguintes, com a construção de
telescópios avançados, o número destes objetos cresceu rapidamente, e alguns deles eram quase
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tão grandes quanto Plutão (Sedna, Varuna, Quaoar, entre outros). Então, em 2005, foi divulgado
que um destes objetos, posteriormente batizado de Eris era maior que Plutão.
Então, chegou-se a um impasse: se Plutão era um planeta, Eris (que é maior) também deveria ser.
Finalmente, em 2006, houve uma reunião da IAU (União internacional da astronomia) e em uma
votação histórica a assembleia da IAU decidiu que Plutão deixaria de ser um planeta. Ele, Ceres e
Eris foram denominados planetas anões.
Como um comentário vale acrescentar o seguinte: se Plutão fosse descoberto hoje, ele nunca
seria classificado como planeta. A descoberta de Tombaugh foi um feito incrível, demoraram mais
de 60 anos para outro objeto celeste ser descoberto nas mesmas circunstâncias. Plutão é
pequeno demais e leve demais para ser um planeta. (REDE BRASILEIRA DE ASTRONOMIA. Por
que Plutão não é mais um planeta. Disponível em:
http://www.rba.astronomos.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=150:plutao&ca
tid=31:gerais&Itemid=41)
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Portanto,
ou
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Vejam:
Como todos os corpos do Universo, a Terra também não está parada. Ela
realiza inúmeros movimentos. Os dois movimentos principais do nosso planeta
são o de rotação e o de translação, cujos efeitos sentimos no cotidiano.
Esse tempo que a Terra leva para dar uma volta completa em torno do
Sol é chamado “ano”. O ano civil, adotado por convenção, tem 365 dias. Como o
ano sideral, ou o tempo real do movimento de translação, é de 365 dias e 6 horas,
a cada quatro anos temos um ano de 366 dias, que é chamado ano bissexto.
Movimento do Sol
A Lua brilha sem luz própria; é iluminada, refletindo a luz que recebe do
Sol. Situa-se a uma distância de cerca de 384.405 km do nosso planeta. A Lua
não tem atmosfera e apresenta, embora muito escassa, água no estado sólido
(em forma de cristais de gelo). Não tendo atmosfera, não há erosão e a superfície
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dia – tempo necessário para a Terra dar uma volta em torno de seu eixo
em relação a um ponto de referência;
tempo solar – toma como referência o Sol para medir a rotação da Terra o
Sol;
Vejamos uma proposta de Xavier Filho (2014), uma versão bem simples
de um relógio de sol, utilizando apenas uma haste vertical sobre uma prancha
horizontal. A ponta da sombra da haste serve para indicar a hora do dia. Vamos
descrever dois projetos de relógio solar, o primeiro bem simples e o outro um
pouco mais elaborado e preciso.
Esse relógio é feito com uma base plana no centro da qual é fixada uma
haste fina e vertical. Leve o conjunto para um local ensolarado e use um nível e
uma linha de prumo para garantir que a haste está na vertical. As dimensões da
base e da haste ficam a seu critério. Uma haste de 30 centímetros é suficiente. O
tamanho da base deve ser tal que contenha a sombra completa da haste para
todas as horas do dia, de preferência de 6 às 18 horas.
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Use um relógio comum para calibrar seu relógio de Sol. Ajuste esse
relógio pela hora oficial. Comece cedo e marque a posição da ponta da sombra
da haste para cada hora completa. No exemplo da figura, foram marcados os
pontos de 7 às 17 horas, pois as sombras das 6 e 18 horas foram longas demais
para o tamanho da base. Observe que a sombra é mínima perto do meio dia. A
direção dessa sombra mínima indica a direção do meridiano do local, isto é, a
direção Norte-Sul. Não é exatamente ao meio dia porque a hora oficial não
coincide exatamente com a hora solar. Esse relógio é muito fácil de fazer e
calibrar, mas é limitado, pois só serve para uns poucos dias depois da calibração.
Alguns dias depois, as linhas das horas vão mudar de direção e o relógio vai
marcar horas erradas. A figura ilustra como a linha das 13 horas muda de junho a
dezembro, por exemplo, mas é um problema que pode ser resolvido com relógios
mais elaborados.
Medidas de ângulos
Matemática Figuras geométricas planas
Unidades de Medidas
Origem dos relógios
História Tipos de relógios
Povos antigos e suas orientações de tempo
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Até aqui, o modelo de Ptolomeu não diferia do modelo usado por Hiparco,
aproximadamente 250 anos antes. A novidade introduzida por Ptolomeu foi o
equante, que é um ponto ao lado do centro do deferente oposto em relação à
Terra, em relação ao qual o centro do epiciclo se move a uma taxa uniforme, e
que tinha o objetivo de dar conta do movimento não uniforme dos planetas,
conforme a ilustração a seguir.
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deduziu que quanto mais perto do Sol está o planeta, maior é sua
velocidade orbital.
Em 1600 (um ano antes de sua morte), Tycho contratou para ajudá-lo na
análise dos dados sobre os planetas, colhidos durante 20 anos, um jovem e hábil
matemático alemão chamado Johannes Kepler, que sabemos, muitas
contribuições trouxe para a ciência.
O planeta para o qual havia o maior número de dados era Marte. Kepler
conseguiu determinar as diferentes posições da Terra após cada período sideral
de Marte e, assim, conseguiu traçar a órbita da Terra. Verificou que essa órbita
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era muito bem ajustada por um círculo excêntrico, isto é, com o Sol um pouco
afastado do centro.
1. Lei das órbitas elípticas (1609): a órbita de cada planeta é uma elipse,
com o Sol em um dos focos. Como consequência da órbita ser elíptica, a
distância do Sol ao planeta varia ao longo de sua órbita.
2. Lei das áreas (1609): a reta unindo o planeta ao Sol varre áreas iguais
em tempos iguais. O significado físico dessa lei é que a velocidade orbital não é
uniforme, mas varia de forma regular: quanto mais distante o planeta está do Sol,
mais devagar ele se move. Dizendo de outra maneira, essa lei estabelece que a
velocidade areal é constante.
descobriu que a Via Láctea era constituída por uma infinidade de estrelas;
descobriu que Vênus passa por um ciclo de fases, assim como a Lua;
As fases de Vênus
como a Terra. Portanto, a Terra não é diferente dos outros corpos, e pode
ser também um corpo celeste.
5.1 Fotometria
humano, ajudado por vários aparatos mecânicos para medir a posição dos corpos
celestes. Depois veio a invenção telescópio, no começo do século XVII, e as
observações astronômicas de Galileo. A fotografia astronômica iniciou no fim do
século XIX e, durante as últimas décadas, muitos tipos de detectores eletrônicos
são usados para estudar a radiação eletromagnética do espaço. Todo o espectro
eletromagnético, desde a radiação gama até as ondas de rádio são atualmente
usadas para observações astronômicas (OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2004).
5.2 Espectroscopia
A luz de uma estrela, no plano focal do telescópio, passa por uma fenda e
por uma lente denominada colimadora, que faz com que os raios estejam
paralelos ao passarem, em seguida, pelo prisma. A luz, decomposta em suas
várias cores, é então focalizada sobre um CCD. Assim, o espectro se constitui de
uma série de imagens da fenda iluminada pela luz da estrela, cada qual
representando um comprimento de onda ligeiramente diferente.
O sistema solar é formado pelo Sol, pelos oito planetas com suas luas e
anéis, pelos asteroides e pelos cometas.
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6.2 O Sol
6.3 Os planetas
Além dos planetas, o sistema solar possui outros corpos menores, dentre
eles os asteroides, os cometas, os meteoros e outros que estão ou em órbita em
torno dos planetas ou se localizam em regiões particulares do Sistema solar.
límpidas, como uma extensa faixa esbranquiçada que atravessa o céu, daí o seu
nome, que quer dizer “caminho de leite” (XAVIER FILHO, 2014).
A ilustração acima representa mais ou menos como deve ser vista a Via
Láctea do topo (esse é um modelo de computador), em forma de espiral, como
um denso bojo central cercado por quatro braços que espiralam para fora.
Guarde...
Desde os primórdios da humanidade vimos a preocupação do ser
humano em entender o universo.
REFERÊNCIAS
MOURÃO, R.R.F. Que dia é hoje. Coleção Aldus 14, Editora Unisinos. São
Leopoldo (RS), 2003.