Prática Pedagógica I
Prática Pedagógica I
Prática Pedagógica I
U N I V E R S I DA D E
CANDIDO MENDES
MATERIAL DIDÁTICO
PRÁTICA PEDAGÓGICA I
Impressão
e
Editoração
sumário
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3
UNIDADE 1 – DA ESCOLA À AULA .................................................................... 5
1.1 Escola como lócus da práxis pedagógica ..................................................... 6
1.2 A aula – espaço de conhecimento, lugar de cultura ..................................... 8
UNIDADE 2 – COMEÇO DE CONVERSA – A FORMAÇÃO INICIAL DO
PROFESSOR ....................................................................................................... 10
2.1 Saberes necessários para a prática docente .............................................. 13
2.2 O professor enquanto sujeito do conhecimento .......................................... 16
2.3 As competências para ensinar no século XXI ............................................. 19
UNIDADE 3 – CONCEPÇÕES TEÓRICO-EPISTEMOLÓGICAS: UMA BREVE
REVISÃO ............................................................................................................. 30
UNIDADE 4 – OS PARÂMETROS E AS ORIENTAÇÕES CURICULARES
NACIONAIS (PCN E OCN) .................................................................................. 38
4.1 Os Parâmetro Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Fundamental . 38
4.2 As Orientações Curriculares Nacionais (OCN) para o Ensino Médio ......... 41
UNIDADE 5 – INTERDISCIPLINARIDADE E OS PROJETOS DE TRABALHO 45
5.1 O currículo .................................................................................................. 46
5.2 A interdisciplinaridade ................................................................................. 50
5.3 A Pedagogia de Projetos ............................................................................ 54
5.3.1 A pedagogia de projetos – foco no Ensino Médio .................................... 61
UNIDADE 6 – A AULA EXPOSITIVA .................................................................. 64
6.1 A aula expositiva tradicional ....................................................................... 64
6.2 A aula expositiva dialógica .......................................................................... 67
UNIDADE 7 – O ESTUDO DIRIGIDO .................................................................. 72
7.1 Objetivos do Estudo Dirigido ....................................................................... 74
7.2 Como preparar o Estudo Dirigido ............................................................... 74
7.3 Aplicação do Estudo Dirigido ...................................................................... 76
UNIDADE 8 – O SEMINÁRIO .............................................................................. 77
8.1 Etimologia do Seminário ............................................................................. 78
8.2 Características gerais do seminário ............................................................ 78
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 82
3
INTRODUÇÃO
Pimenta (2002) diz que é preciso abdicar dessa construção arcaica que
perpetua a situação de dominação e democratizar, ampliando as oportunidades
de aprendizagem, melhorando as condições de participação das camadas sociais
menos favorecidas.
8
Costa (2006), por sua vez, pondera que a difusão dos conteúdos, sua
reelaboração de forma crítica e o aprimoramento da prática educativa escolar
contribuem para elevar cultural e cientificamente as camadas populares, ou seja,
para melhorar a qualidade de vida das pessoas e sua inserção num projeto
coletivo de mudança de sociedade.
1
Conjunto de conhecimentos que têm por objeto o conhecimento científico, visando a explicar os
seus condicionamentos (sejam eles técnicos, históricos, ou sociais, sejam lógicos, matemáticos,
ou linguísticos), sistematizar as suas relações, esclarecer os seus vínculos, e avaliar os seus
resultados e aplicações (FERREIRA, 2004).
9
Uma vez que nas práticas de ensino pode acontecer o primeiro contato de
um futuro profissional com o papel de professor, torna-se importante, sempre,
repensar os saberes necessários à formação docente, e, em particular, os
saberes necessários à prática no Ensino Fundamental.
Ele também ressalta que para modificar sua prática, para desenvolver
competências, é preciso, antes de tudo, trabalhar por resolução de problemas e
por projetos, propor tarefas complexas e desafios que incitem os alunos a
mobilizar seus conhecimentos e, em certa medida, completá-los. Isso pressupõe
13
uma pedagogia ativa, cooperativa, aberta para a cidade ou para o bairro, seja na
zona urbana ou rural. Os professores devem parar de pensar que dar o curso é o
cerne da profissão. Ensinar, hoje, deveria ser conceber, encaixar e regular
situações de aprendizagem, seguindo os princípios pedagógicos ativos
construtivistas. Para os adeptos dessa visão interativa da aprendizagem, trabalhar
no desenvolvimento de competências não é uma ruptura. O obstáculo está mais
em cima: como levar os professores, habituados a cumprir rotinas, a repensar sua
profissão? Eles não desenvolverão competências se não se perceberem como
organizadores de situações didáticas e de atividades que tenham sentido para os
alunos, envolvendo-os e, ao mesmo tempo, gerando aprendizagens fundamentais
(PERRENOUD, 2000, p.19-31).
escolar.
meio.
Saberes teóricos:
Saberes práticos:
Fala esta que vem corroborar com as reflexões que fizemos sobre a escola e a
aula serem lócus de conhecimento e de cultura.
de sucesso. Essa é uma condição que precisa ser cultivada nos professores em
formação.
o aluno tem muito mais chances de não ser reprovado se não adquirir
uma determinada habilidade em um ano, já que tem mais tempo para
amadurecer e aprender. Apesar disso, ter tempo não é esperar! Não
podemos deixar que uma criança repita um ciclo de três anos
(PERRENOUD, Revista Nova Escola, 2002),
Aponta ainda (MEC/ CNE, 2001, p. 4), que os novos tempos exigem
novas características para os professores das quais se destacam:
conhecimento.
progressão.
5) Trabalhar em equipe:
coordenar, dirigir uma escola com todos os seus parceiros (serviços para-
escolares, bairro, associações de pais, professores de língua e cultura de
origem);
fazer entrevistas;
de justiça.
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Vale guardar...
“Os saberes dos docentes são relacionais, isto é, são frutos das
interações produzidas pelo docente no seu trabalho e em decorrência da sua
atividade profissional” (BORGES, 2004, p. 86).
Inatismo Empirismo
O conhecimento é pré-formado, e A fonte do conhecimento está na
as estruturas mentais se experiência.
atualizam na medida que o ser O conhecimento vem de fora,
humano amadurece, vai através dos sentidos.
Conhecimento reorganizando sua inteligência O conhecimento evolui à medida
pelas percepções que tem da que o sujeito adquire novas
realidade, vai se tornando apto a experiências.
realizar aprendizagens cada vez
mais complexas.
A aprendizagem consiste no Mudança de comportamento,
armazenamento das informações resultante do treino e da
Aprendizado
prontas, acabadas, através da experiência.
memória.
34
Para este autor, o conhecimento não pode ser concebido como algo
predeterminado nem nas estruturas internas do sujeito, porquanto, estas resultam
de uma construção efetiva e contínua, nem nas características preexistentes do
objeto, uma vez que elas só são conhecidas graças à mediação necessária
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O ensino deve se antecipar ao que aluno ainda não sabe nem é capaz de
aprender sozinho, porque, na relação entre o aprendizado e desenvolvimento, o
primeiro vem antes. É a isso que se refere um de seus principais conceitos, a
zona de desenvolvimento proximal, que seria a distância real de uma criação e
aquilo que ela tem o potencial de aprender. Em outras palavras, a zona de
desenvolvimento proximal é o caminho entre o que a criança consegue aprender
sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha (RODRIGUES, 2005).
Construtivismo Interacionismo
A fonte do conhecimento se dá nas O conhecimento é considerado
trocas entre o organismo e o meio, como construção histórica e
ou seja, na ação recíproca entre social dinâmica, fruto de uma
ambos, sujeito-objeto e sujeito-meio construção coletiva, que
físico e social. Essas trocas são necessita de contexto para ser
Conhecimento responsáveis pela construção da entendido e interpretado.
própria capacidade de conhecer. Conhecimento é uma construção
O desenvolvimento da inteligência é coletiva e uma assimilação
determinado pelas ações mútuas pessoal.
entre o indivíduo e o meio.
conhecimento, seja, para Ensino fundamental, seja para Ensino Médio e baseado
muitas vezes na Pedagogia de Projetos.
5.1 O currículo
O currículo tem que ser entendido como a cultura real que surge de uma
série de processos, e não como um objeto delimitado e estático que se pode
planejar e depois implantar. É preciso dispensar a ideia de que as decisões já
vêm prontas. Desde as tarefas acadêmicas reais que são desenvolvidas, a forma
como a vida interna das salas de aula e os conteúdos de ensino se vinculam com
o mundo exterior, as relações grupais, o uso e o aproveitamento de materiais, as
práticas de avaliação, entre outros, tudo isso é dinâmico e muda de acordo com
cada realidade.
47
Ferreira (2000 apud Costa, 2006, p.82), ao tratar o currículo, afirma que
este tornou-se ponto chave para ser contemplado com conteúdos e práticas
voltadas à solidariedade, representatividade social e formação da cidadania. O
currículo passa a considerar como finalidade o planejamento de cursos, de
disciplinas, de planos de estudo, do elenco disciplinar e seus respectivos
conteúdos, sobre a atividade de professores e alunos, ambientes de
aprendizagem, recursos humanos, físicos, financeiros, os tipos e modos de
avaliação além do tempo para sua realização. Também considera a participação
da comunidade escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes,
delegando aos sistemas de ensino a definição das normas de gestão
democrática.
Por sua vez, o currículo integrado pode ser definido como um plano
pedagógico e sua correspondente organização institucional que articula
dinamicamente trabalho e ensino, prática e teoria, ensino e comunidade. As
relações entre trabalho e ensino, entre os problemas e suas hipóteses de solução
devem ter sempre, como pano de fundo, as características socioculturais do meio
em que este processo se desenvolve.
5.2 A interdisciplinaridade
Heloísa Luck (1994) é outra autora, citada por Siqueira (2001), que reflete
sobre o assunto e, segundo ela, a interdisciplinaridade pressupõe mais que a
interação entre duas ou mais disciplinas, a interdisciplinaridade pretende superar
a fragmentação do conhecimento e para tanto necessita de uma visão de
conjunto para que se estabeleça coerência na articulação dos conhecimentos.
1) O tratamento da informação. E,
A mesma autora discorre que é uma nova cultura do aprendizado que não
se fará por reformas ou novos métodos e conteúdos definidos por especialistas
que pretendam impor melhorias ao sistema educacional vigente, mas sim, uma
mudança radical, que deve tornar a escola capaz de, entre outras atitudes,
atender às demandas da sociedade; considerar as expectativas, potencialidades
e necessidades dos alunos; criar espaço para que professores e alunos tenham
autonomia para desenvolver o processo de aprendizagem de forma cooperativa,
com trocas recíprocas, solidariedade e liberdade responsável; desenvolver as
capacidades de trabalhar em equipe, tomar decisões, comunicar-se com
desenvoltura, formular e resolver problemas relacionados com situações
contextuais; desenvolver a habilidade de aprender a aprender, de forma que cada
um possa reconstruir o conhecimento, integrando conteúdos e habilidades
segundo o seu universo de conceitos, estratégias, crenças e valores e, por fim,
incorporar às novas tecnologias não apenas para expandir o acesso à informação
atualizada, mas principalmente para promover uma nova cultura do aprendizado
por meio da criação de ambientes que privilegiem a construção do conhecimento
e a comunicação.
emergentes no processo, que estarão no seu plano inicial, no seu esboço, o qual
deve ser plástico, flexível e aberto ao imprevisível, sempre com possibilidades de
revisões e de re-elaborações durante a execução.
Fleck (2007) fala em três grandes etapas de ampla utilidade para nortear
a sua realização e finalização.
O novo Ensino Médio pretende preparar o aluno para a vida e esta não
propõe, como alerta Perrenoud (2000), situações sob medida, nem faz um
contexto didático que dose as dificuldades. Daí a importância da construção de
competências, oportunizada em várias situações de aprendizagem diferenciadas.
O exercício necessário para a construção destas competências não é o de
repetição de atividades, mas sim de diferentes atividades, com diferentes
recursos.
Nérici (1981 apud LOPES, 1996) enfatiza que a aula expositiva objetiva
economizar tempo quando há urgência em se apresentar um assunto, bem como
possibilitar a transmissão de informações e experiências que ainda não tenham
sido publicadas.
ensino. Isso significa que seguir apenas as orientações práticas, sem uma análise
crítica da técnica, não garante o sucesso da aula expositiva, nem a tornam uma
técnica estimuladora do pensamento criador do aluno.
Ouvindo cada aluno falar sobre sua realidade, suas experiências de vida
no contexto em estudo, o professor caminha com eles na busca de uma
compreensão crítica, e ao mesmo tempo científica, da realidade global. Essa
pesquisa da vivência dos alunos transporta-os para além dos limites do conteúdo
restrito da aula e até do currículo do curso.
Em síntese:
70
De qualquer forma, como toda técnica, o Estudo Dirigido pode ser uma
boa ou má técnica, dependendo de para que se prepara e de como se prepara.
Logo, a qualidade do Estudo Dirigido depende muito do sucesso de sua
preparação. Mas o sucesso da preparação depende, também, da maneira pela
qual se encara a atividade de preparar o emprego da técnica de Estudo Dirigido.
Isso implica afirmar que ao se escolher uma técnica de ensino é necessário
considerar “as determinações sociais que incorporam as metodologias didáticas,
para que o professor não faça uma escolha empírica, a fim de evitar a seleção de
técnicas isoladas e neutras para alcançar os objetivos propostos” (MARTINS,
1989, p. 45).
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UNIDADE 8 – O SEMINÁRIO
REFERÊNCIAS
AZAMBUJA, Jorcelina Queiroz de; SOUZA, Maria Letícia Rocha de. O estudo de
texto como técnica de ensino. In: : VEIGA , Ilma Passos Alencastro (org.).
Técnicas de ensino: por quê não? Campinas: Papirus, 1996.
LOPES, Antonia Osima. Aula expositiva: superando o tradicional. In: VEIGA , Ilma
Passos Alencastro (org.). Técnicas de ensino: por quê não? Campinas:
Papirus, 1996.
NÉRICI, Imídio G. Didática geral dinâmica. 11ª ed. São Paulo: Atlas; 1992
Revistas:
Como trabalhar por competências. Nova Escola, ano XVII, ago / 2002.
Os novos pensadores da educação. Nova Escola, ano XVII, ago/ 2002, n.154.