Protocolo Pe Diabetico
Protocolo Pe Diabetico
Protocolo Pe Diabetico
3- Justificativa
Problemas do pé diabético tem impacto financeiro significativo sobre os sistemas de
saúde público ou privado, em razão dos custos ambulatoriais, da maior ocupação de leitos
hospitalares e de internações hospitalares prolongadas. Vários estudos provaram que a taxa
de amputação pode ser reduzida em mais de 50% se algumas estratégias forem
implementadas1. Esse protocolo visa nortear os profissionais de saúde no planejamento e
execução de estratégias de prevenção e tratamento nos níveis primário, secundário e terciário
de atenção à saúde da pessoa com DM cujo objetivo consiste na construção e consolidação
de uma rede única de cuidados visando a redução da morbimortalidade e de amputações.
5.1 Neuropatia
Todo paciente diabético tipo 2 ao diagnóstico e diabético tipo 1 após 5 anos de doença
deve ter seus pés avaliados anualmente para identificar fatores de risco para úlceras e
amputações dos membros inferiores3.
A avaliação deve ser realizada inicialmente e idealmente na Atenção Primária de Saúde
(APS) pelo enfermeiro ou clínico geral previamente treinado, usando a ficha de Avaliação e
Rastreamento de Dor Neuropática, Perda da Sensibilidade Protetora e Doença Arterial
Periférica para a Atenção Primária em Saúde (anexo 1), que fará a contra-referência do
paciente de acordo com a classificação do risco. No nível ambulatorial especializado a
avaliação mais detalhada deve ser efetuada seguindo o conteúdo da ficha de Avaliação de
Neuropatia e Doença Arterial Periférica do Ambulatório Especializado (anexo 2) validado
com base em estudos prospectivos, randomizados e controlados 4.
5.2 Infecção
Todas úlceras são ou serão colonizadas por bactérias que podem ser potencialmente
patogênicas, com isso, situação de infecção local pode acontecer e são frequentes. A infecção
do pé diabético deve ser um diagnóstico clínico, baseado na presença de sinais e/ou sintomas
locais ou sistêmicos de inflamação. A tabela 1 descreve a classificação do grau da infecção e
as características da lesão e a tabela 4 descreve a classificação de Texas da úlcera que leva
em consideração a infecção e o status vascular2,3,5,6.
Os Fluxograma de Úlcera Infectada em Pé Diabético na APS, Fluxograma de
Úlceras do Ambulatório de Pé Diabético e Fluxograma Emergencial do Pé Diabético
orientam qual conduta adotar de acordo com o grau de infecção encontrado e os responsáveis
pela condução do paciente.
Tabela 1- Classificação do grau da infecção
Fonte: SES
Eco Color Doppler: o estudo de ecografia vascular com Doppler das artérias de
extremidades é um método diagnóstico não invasivo, recomendado como avaliação pré-
operatória para cirurgia de revascularização em isquemia de membros inferiores. Por este
motivo, a solicitação está reservada para pacientes já em acompanhamento especializado em
preparação para o tratamento definitivo.
5.5 – Micose
Durante a realização da inspeção dos pés pode-se diagnosticar micose ungueal
(onicomicose) e micose interdigital (Tinea pedis). A Tinea pedis ocorre mais comumente nos
espaços interdigitais, mas pode ocorrer em outras áreas dos pés. Estas são importantes
portas de entrada para infecção bacteriana, sendo necessária intervenção medicamentosa
com o objetivo de prevenir o surgimento de úlceras.
O diagnóstico da onicomicose é eminentemente clínico, sendo recomendada a
confirmação por raspagem ungueal. Na impossibilidade de realizar o exame pode-se iniciar o
tratamento baseado na avaliação clínica. A tabela 5 descreve o tratamento2:
7- Critérios de Exclusão
Não serão contemplados neste protocolo pacientes diabéticos que não se enquadram
nos critérios de inclusão estabelecidos anteriormente.
8- Conduta
O pé diabético necessita de atuação inter e multidisciplinar, tendo como
especialidades predominantes a Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Clínica Médica,
Endocrinologia, Enfermagem, Fisioterapia, Infectologia, Ortopedia 9,10.
● VHS
● PCR US
● Ureia
● Creatinina
● Eletrólitos
● Hemoglobina glicada
● Glicemia em jejum
Pele adjacente espessada e com Realizar remoção de calosidades Pode ser retirado após a
presença de calosidades. colocação de um creme emoliente
e em seguida realizar remoção de
acordo com técnica adequada.
Para maiores informações sobre cuidados à pessoa com feridas consultar protocolo
de enfermagem disponível no site da Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
8.2.3 Offloading
O termo offloading significa retirar a carga ou descarga e implica utilização de uma
órtese que possa contribuir para diminuir a agressão no leito das úlceras. A indicação formal
é a prescrição de bota de gesso de contato total e na impossibilidade, descarga com bota
removível assegurando a proteção adequada do pé com estímulo a aderência do paciente.
Para prevenir uma úlcera plantar recorrente em paciente de risco, prescrever calçados
terapêuticos que aliviam a pressão plantar durante a caminhada (redução da carga em 30%)
e encorajar o uso pelo paciente3,18.
Antidepressivos tricíclicos
Anticonvulsivantes
Amoxicilina + clavulanato
Clindamicina*
Clindamicina + Fluoroquinolonas
Clindamicina + Fluoroquinolonas
Pipe/Tazo + Clindamicina
Glicopeptídeos****
Pipe/Tazo + Glicopeptídeos
Glicopeptídeos + Aminoglicosídeos******
*Opção para pacientes alérgicos ao betalactâmicos **Dentre as fluroquinolonas, reservar o Ciprofloxacino para suspeita
de Pseudomonas aeruginosa. ***Opção em suspeita de CRSA e/ou anaeróbios ****Dar preferência pela Teicoplanina
(menor nefrotoxicidade) com dose de ataque durante 3 dias *****Utilizar carbapenêmicos do grupo 2 somente quando da
Suspeita de Pseudomonas e outros BGN-MR ******Avaliar possibilidade conforme função renal basal.
8.3.1.3 DAOP
A base inicial do tratamento da DAOP é a prevenção secundária de doenças
cardiovasculares. Esta deve incluir mudanças no estilo de vida como cessação do tabagismo,
prática de exercícios diários e controle ponderal. Para tratamento da hipertensão, diabetes,
dislipidemia e tabagismo ver protocolo “Manejo da Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes
Mellitus na Atenção Primária à Saúde” disponível no site da Secretaria de Saúde/Distrito
Federal.
A atividade física regular é fundamental. As evidências demonstraram que o exercício
físico regular aumenta significantemente a distância máxima percorrida (e sem dor) pelos
8.3.2.3 DAOP
AAS: 100mg, 1x ao dia;
Cilostazol: 100 mg, 2x ao dia.
Adaptado de Lipsky
8.3.3.3 DAOP
Uso crônico.
9- Benefícios Esperados
Diminuir a incidência de úlceras, agilizar as intervenções terapêuticas cirúrgicas e não
cirúrgicas e conseqüente diminuição do tempo de internação hospitalar, advindas da
abordagem multidisciplinar com redução da amputação em 40 – 60 %. A cura da úlcera,
observada com a cicatrização, implica melhor qualidade de vida para o paciente.
Uniformizar e qualificar as ações do processo de trabalho das equipes que prestam
assistência à saúde ao paciente com diabetes na perspectiva de formação de uma rede de
saúde com resolubilidade e qualidade. Além disso, objetiva-se a melhoria dos indicadores de
morbimortalidade com a redução de mortes evitáveis e amputações 1,9,24,25.
10.3 DAOP
Realizar o seguimento de acordo com a classificação de risco do paciente.