Aluminotermia 08 2018

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

CAMPUS TIMÓTEO

Aluminotermia - um alto-forno em miniatura.


Prof. Armin F. Isenmann

Áreas afins: Química Inorgânica; Processos Industriais

Duração do ensaio: cerca de 30 minutos (mais a secagem durante a noite).


Nível de dificuldade: baixo
Nível de periculosidade: médio

Parte teórica
Um alto-forno reduz o metal, a partir do seu minério oxídico, através de carbono ou monóxido
de carbono. Este processo se chama de “redução carbotérmica”. A combustão de carbono (que
está disponível em excesso) fornece a alta temperatura que for necessária para fundir o metal
e a escória, os dois produtos principais deste processo.

No passado não faltaram tentativas em achar um redutor alternativo ao carbono, já que o


subproduto CO2 é um dos responsáveis para o efeito estufa. Em larga escala aplicam-se,
portanto processos onde o aquecimento ocorre via arco elétrico. Os balanços, energético e de
matéria revelam, no entanto, que esta rota somente se justifica quando a geração da alta
quantidade de energia elétrica pode ser produzida de maneira "limpa", isto é, a base da força
da água, do vento ou do sol.

Em pequena escala, outros metais, por sua vez mais reativos frente o oxigênio do que o ferro,
podem ser empregados como redutores alternativos. Como as seguintes equações mostram,
eles liberam energias consideráveis:

Fe2O3 + 2 Al → 2 Fe + Al2O3 ΔHR (298°C) = – 416,7 kJ/mol Fe

(Óxido de Fe(III) tem uma temperatura de fusão/decomposição de 1.565 °C)

3 Fe3O4 + 8 Al → 9 Fe + 4 Al2O3 ΔHR (298°C) = – 372 kJ/mol Fe

(Óxido de Fe(II,III) tem uma temperatura de fusão de 1.538 °C)

Embora a última equação prediga o consumo de 8 moles de Al a cada 3 mols de Fe3O4, na


prática se aplica um leve déficit em redutor, para evitar a formação de liga Fe-Al.
Como essas reações decorrem em curto tempo e quase nenhum gás está sendo liberado que
poderia sequestrar o calor, elas provocam picos quentes dentro da mistura, entre 2.200 e 2.400
°C. Nestas temperaturas o co-produto da aluminotermia, o corúndio Al2O3, também funde
(Tfus=2050 °C) e bóia em forma de escória em cima do Fe. Para assegurar uma boa separação
da escória do metal, a mistura deve ser retida no reator por aproximadamente 2 minutos - o
que certamente não é trivial, pois a maioria dos materiais do reator igualmente funde sob estas
condições!

Sabemos que a temperatura ótima do processamento de Fe líquido fica em torno de 1.600 °C,
então precisamos de um aditivo que abaixa a temperatura desta mistura. Usa-se geralmente
sucata de ferro ou aço, de preferência a varredura da serralharia, onde grande parte é Fe metal
(sua fusão é endotérmica, então consome energia) e o tamanho dos grãos é < 1 mm.
Oferecem-se também aditivos que introduzem os metais de liga desejados (carbono,
manganês, níquel, cromo, molibdênio e vanádio, principalmente).

A aplicação principal da aluminotermia é a solda de trilhos de trem. Os trilhos devem ser pré-
aquecidos a 700 a 900 °C e se aplica em torno de 13 Kg de mistura de termita para uma solda
de qualidade.

Existem várias formas de ignição deste mini-alto-forno. Note que nem todas as misturas são
viáveis nesta prática, devido seu inerente perigo de explosão:
 Fita de Mg (por sua vez, mais reativo ainda frente ao O2 do que Al)
 Permanganato de potássio e glicerina (ca. 25 g de KMnO4 e 6 mL de glicerina)
 Misturar cuidadosamente (explosivo!) 1 g de KClO3 com 1 g de açúcar, posicionar em
cima da mistura de termita e gotejar 1 gotinha de H2SO4 conc.
 Misturar cuidadosamente (explosivo!) 10 g de peróxido de bário com 15 g de magnésio
em pó, sob exclusão rigorosa de umidade; posicionada em cima da termita essa mistura
pode ser acesa por uma fita de Mg de > 10 cm de comprimento. Um pavio alternativo é
uma fita de papel de filtro que foi mergulhado em KNO3 conc. e secado.
 Enfiar duas "velas-estrelinha de festa" acesas;
 Melhor do que a última funcionam as "velas especiais para aluminotermia" que são
comercialmente disponíveis.

Composição de uma vela estrelinha ("Sparkler"):


55% Ba(NO3)2, 5% Al em pó, 25% Fe em pó, 15% dextrina de aglutinante.

Composição de uma vela especial para aluminotermia (bem mais brisante!):


53% Ba(NO3)2, 15% Fe2O3 (= fonte adicional de oxigênio), 20% Al em pó, 12% dextrina.

Devido a esta composição a velinha reage semelhante à nossa mistura de termita.


As reações pirotécnicas principais são:

10 Al + 3 Ba(NO3)2 → 5 Al2O3 + 3 BaO + 3 N2

2 Al + Fe2O3 → Al2O3 + 2 Fe,

enquanto a parte orgânica queima conforme:

5 (C6H10O5)n.H2O + 12 n Ba(NO3)2 → 30n CO2 + (25n +5) H2O + 12 n BaO + 12 N2

Devido à instabilidade do CO2 a altas temperaturas deveríamos considerar também a seguinte


equação:
5 (C6H10O5)n.H2O + 6 n Ba(NO3)2 → 30n CO + (25n +5) H2O + 6 n BaO + 6 N2

Parte prática
a) Usaremos um pequeno vaso de barro (comprar na floricultura) e fechamos o buraco
em baixo com uma pequena moeda.
b) Misturam-se 100 g de minério de ferro (hematita) com 25 g de pó da serralharia e a
quantidade necessária de raspas de alumínio (observação: devido às impurezas
contidas nas raspas de Al, deve-se acrescentar 5% acima do calculado).
c) Todos os componentes desta reação devem ser secos (estufa a 200 °C, 24 h). A
mistura de termita está sendo usada enquanto estiver quente.
d) As raspas de Al contêm uma camada grossa de óxido que as protege da oxidação. Isso
pode acarretar certas dificuldades na hora da ignição.
e) Óculos de proteção são imprescindíveis, durante toda a prática!
f) Deve-se usar 25 g de KMnO4 (frio). Essa porção é colocada numa cavidade da mistura
de termita, até chegar numa profundidade de alguns centímetros. Em cima do KMnO 4
deve-se fazer uma pequena cavidade para a glicerina.
g) Usaremos cerca de 6 a 8 mL de glicerina (frio).
h) Despejar toda a glicerina na cavidade do KMnO4 e afastar-se rapidamente da mistura.
O tempo de indução é cerca de 10 segundos.
i) O ferro fundido pode ser resfriado por um jato de água, liberado da escória e pesado.

Questionário:
1. Calcule à base da equação geral da aluminotermia, a quantidade necessária de Al, para
transformar 100 g de Fe2O3 em ferro metálico.
2. Formule a reação redox devidamente equilibrada, de KMnO4 e glicerina (os produtos
podem ser MnO2 ou MnO; escolhe um).
3. Calcule o rendimento em ferro obtido (em % do valor teórico que se dá do peso do
minério da composição Fe2O3 e do ferro em pó da serralharia).

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