Quadricas

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Superfícies Quádricas

Uma superfície quádrica é tal, em um plano tridimensional, definida pelo


lugar geométrico de uma equação polinomial de segunda ordem nas três
variáveis espaciais. A equação é dada por:

ax² + by² + cz² + 2dxy + 2exz + 2fyz + mx + ny + pz + q = 0

Uma exigência para que essa equação represente uma superfície quádrica é
que um dos coeficientes a, b, c, d, e ou f seja diferente de zero pois, se o mesmo
acontecer, não haverá uma equação do segundo grau e, então, se resume a um plano
ou até mesmo um ponto. Se a superfície representada pela equação acima for cortada
pelos planos coordenados ou por planos paralelos a eles, a curva de intersecção será
uma cônica. A intersecção de uma superfície com um plano é chamada traço da
superfície no plano.
Através de rotações e/ou translações de eixos coordenados é possível
transformar a quádrica em cêntrica e não cêntrica. A equação apresentada
anteriormente se resume em uma das mostradas a seguir:

Ax² + By² + Cz² = D (quádrica cêntrica)

Ax² + By² + Rz = 0 (quádrica não cêntrica)


Ax² + Ry + Cz² = 0 (quádrica não cêntrica)
Rx + By² + Cz² = 0 (quádrica não cêntrica)

Dentro das superfícies quádricas cêntricas, ao obter uma equação em que as


constantes A, B, C e D não são nulas é possível escrever a equação na forma canônica
representada a seguir:

𝑥2 𝑦2 z2
± ± ± =1
𝑎2 𝑏 2 c 2

Para essa forma canônica há três possibilidades: os três sinais positivos, dois
positivos e um negativo ou dois negativos e um positivo, levando em consideração que
três sinais negativos levam a um lugar geométrico vazio.
Elipsóide

A elipsóide é a superfície quádrica formada pela revolução ou rotação da elipse


em torno de seus eixos. Considerando uma elipse no plano yOz de equação e
representação geométrica apresentadas a seguir:

𝑦2 z2
+ =1
𝑏2 c2

Ao girarmos essa elipse em torno do eixo Oy é possível obter uma elipsóide de


revolução, cuja equação será obtida pela substituição de z por ±√(𝑥 2 + 𝑧 2 ), resultando
assim, na equação geral do elipsoide mostrada a seguir.

𝑥2 𝑦2 z2
+ + =1
𝑎2 𝑏 2 c 2

Os parâmetros a, b e c são os semieixos das três elipses obtidas no corte da


elipsóide pelos planos coordenados resultantes de z = 0, y = 0 e x = 0, dadas,
respectivamente, pelas equações:

𝑥2 𝑦2
+ =1
𝑎2 𝑏 2
𝑥2 z2
+ =1
𝑎2 c 2
𝑦2 z2
+ =1
𝑏2 c2

Na figura abaixo podemos ver a localização desses parâmetros e as elipses


resultantes dos cortes realizados na elipsóide.
Dentro da elipsóide temos características e, também, variações em sua equação
que podem resultar em diferentes formas, fatos que são apresentados a seguir:

 A elipsóide é simétrica relativamente a cada um dos planos coordenados e


relativamente à origem.

 Se dois parâmetros a, b, ou c são iguais a elipsóide é uma superfície de


revolução chamada esferóide e as intersecções com planos perpendiculares ao
eixo de revolução são circunferências. O esferóide pode ser de forma alongada
ou prolato com a = b < c ou achatado com a = b > c.

 O terceiro esferóide se dá quando os três parâmetros são iguais, ou seja, a = b


= c resultando, assim, em uma esfera de raio a.

 Interseções podem ser feitas com cada um dos planos ordenados, como pode
ser visto a seguir:

1. Eixo Ox: A (± a, 0, 0)
2. Eixo Oy: B (0,± b, 0)
3. Eixo Oz: C (0, 0, ± c)
 Seções podem ser feitas também em planos paralelos aos planos coordenados,
formando elipses, como mostrado a seguir:

1. Elipse para −𝑐 < 𝑘 < 𝑐:


𝑥2 𝑦2 k2
+ = 1 −
𝑎2 𝑏 2 c2
Considerando 𝑧 = 𝑘

2. Elipse para −𝑏 < 𝑘 < 𝑏:


𝑥2 z2 𝑘2
+ = 1 −
𝑎2 c 2 𝑏2
Considerando 𝑦 = 𝑘

3. Elipse para −𝑎 < 𝑘 < 𝑎:


𝑦2 z2 𝑘2
+ = 1 −
𝑏2 c2 𝑎2
Considerando 𝑥 = 𝑘

 A partir da translação de eixos, com C (h,k,l) sendo o centro do elipsoide, e seus


eixos paralelos aos eixos coordenados temos:

(𝑥 − ℎ)2 (𝑦 − 𝑘)2 (z − l)2


+ + =1
𝑎2 𝑏2 c2

Da mesma forma, a esfera formada pela igualdade dos parâmetros terá


a seguinte equação.

(𝑥 − ℎ)2 + (𝑦 − 𝑘)2 + (z − l)2 = 1

A parametrização da elipsoide é feita com o objetivo de escrever a


equação de coordenadas x, y e z em função de dois parâmetros, como é
visto a seguir:

𝑋 (𝑢, 𝑣) = (𝑎𝑥𝑠𝑒𝑛(𝑢)𝑥 cos(𝑣) , 𝑏𝑥𝑠𝑒𝑛(𝑢)𝑥 cos(𝑣) , 𝑐𝑥 cos(𝑢))

Exemplos Resolvidos

1. Dada a equação da superfície esférica 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 + 4𝑥 − 6𝑦 − 12 = 0,


determinar o centro e o raio.

2. Primeiramente deve-se completar o quadrado da equação, da forma que


é feito a seguir:

(𝑥 2 + 4𝑥 + 22 − 22 ) + (𝑦 2 − 6𝑦 + 32 − 32 ) + (𝑧 2 ) = 12

(𝑥 2 + 4𝑥 + 4) + (𝑦 2 − 6𝑦 + 9) + (𝑧 2 ) = 12 + 9 + 4
(𝑥 + 2)2 + (𝑦 − 3)2 + (𝑧 − 0)2 = 25

Considerando que a equação do centro da esfera é dada por:


(𝑥 − ℎ)2 + (𝑦 − 𝑘)2 + (z − l)2 = 𝑟²

Logo, o centro é dado por C(2,-3,0) e o raio é 5.

3. Reduzir cada uma das equações a forma canônica e identificar a


superfície, representando-a no gráfico.

a) 36𝑥 2 + 16𝑦 2 + 9𝑧 2 − 144 = 0

Para reduzir a forma canônica devemos ter, neste exemplo, invés do 0, o número
1, para isso, deve-se passar o número independente para o outro lado da igualdade e
dividir toda a equação de modo a encontrar o número um.

16𝑥 2 9𝑦 2 36𝑧² 144


+ + =
144 144 144 144
𝑥² 𝑦 2 𝑧 2
+ + =1
9 16 4

Desta forma, o exercício trata da elipsoide apresentada abaixo:

b) 2𝑥 2 + 4𝑦 2 + 1𝑧 2 − 16 = 0

Da mesma forma que fora feito anteriormente, com o objetivo de reduzir a forma
canônica, devemos ter ao invés do 0, o número 1, para isso, deve-se passar o número
independente para o outro lado da igualdade e dividir toda a equação de modo a
encontrar o número 1.
2𝑥 2 4𝑦 2 1𝑧 2 16
+ + =
16 16 16 16
𝑥² 𝑦 2 𝑧 2
+ + =1
8 4 16

Portanto, o exercício trata da elipsoide apresentada abaixo:

Hiperbolóide de Uma Folha

Os hiperbolóides de revolução são obtidos a partir da rotação de uma hipérbole


ao redor de um dos eixos. A equação reduzida e a representação gráfica do hiperbolóide
de uma folha é dada por:

(𝑥 − 𝑥𝑐)2 (𝑦 − 𝑦𝑐)2 (z − zc)2


− + + =1
𝑎2 𝑏2 c2
(hiperbolóide de uma folha ao longo do eixo x)
(𝑥 − 𝑥𝑐)2 (𝑦 − 𝑦𝑐)2 (z − zc)2
− + =1
𝑎2 𝑏2 c2
(hiperbolóide de uma folha ao longo do eixo y)

(𝑥 − 𝑥𝑐)2 (𝑦 − 𝑦𝑐)2 (z − zc)2


+ − =1
𝑎2 𝑏2 c2
(hiperbolóide de uma folha ao longo do eixo z)

Onde: xc, yc e zc são as coordenadas do ponto de origem (centro) do


hiperbolóide de uma folha;
Interseções do Hiperbolóide de Uma Folha

Considerando um hiperbolóide de uma folha ao longo do eixo z com centro na


origem, dado por:

𝑥2 𝑦2 z2
+ − =1
𝑎2 𝑏 2 c 2

Quando x = 0, obtém-se:

𝑦2 z2
− =1
𝑏2 c2

Tal equação corresponde a equação de uma hipérbole no plano yOz.

Quando y = 0, obtém-se:

𝑥2 z2
− =1
𝑎2 c 2

Tal equação corresponde a equação de uma hipérbole no plano xOz.

Quando z = 0, obtém-se:

𝑥2 𝑦2
+ =1
𝑎2 𝑏 2

Tal equação corresponde a equação de uma elipse no plano xOy.

Portanto, pode-se concluir que os parâmetros a e b se relacionam com o


diâmetro da elipse no eixo Ox e Oy, respectivamente, alterando o formato do
hiperbolóide de uma folha. Além disso, percebe-se que quanto maior o valor de z, maior
é a elipse correspondente no hiperbolóide. Assim, ao aumentar o valor de c, o módulo
do termo z²/c² tende a diminuir e, então, a área da elipse também diminui.

Se a = b, o hiperbolóide é de revolução em torno de Oz;


Se a = c, o hiperbolóide é de revolução em torno de Oy;
Se b = c, o hiperbolóide é de revolução em torno de Ox;

Equações Paramétricas

𝑥2 𝑦2 z2
O hiperbolóide definido por 𝑎2
+ 𝑏 2 − c2 = 1 pode ser representado
parametricamente pelas equações:

x = a sec s cos t
y = b sec s sen t
z = c tan s

Exemplos:
1. Faça um esboço do gráfico da quádrica de equação:

𝑥2 𝑦2
+ − 𝑧² = 1
4 9

Solução:

𝑥2 𝑦2
Fazendo z = 0, obtemos a elipse + = 1.
4 9
Fazendo as interseções com os planos coordenados resultantes de x = 0 e y =
0, obtemos, respectivamente, os traços:

y2
− z² = 1 : hipérbole no plano yOz
9

𝑥2
− 𝑧² = 1 : hipérbole no plano xOz
4

2. Esboce o gráfico do hiperboloide de uma folha:

z2
𝑥² + y² − =1
4

Solução:

Fazendo z = 0, obtemos a elipse x² + y² = 1, de raio 1 e centrada no


eixo z.
Fazendo z = ± 2, obtemos a elipse x² + y² = 2, de raio igual √2 e
centrada no eixo z.
Ao unir esses círculos (a = b) com retas hiperbólicas em ambos os planos
verticais, obtemos o hiperbolóide:

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