W Algebra-Curvas e Superficies de 2a Ordem

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Objectivos

Objectivo geral

Fazer um estudo em relação as curvas e superfícies de segunda ordem (cónicas e quádricas).

Objectivos específicos

Definir e classificar as curvas e superfícies de segunda ordem;

Conhecer as formas quadráticas e a canonização das curvas e superfícies de segunda ordem;

Identificar as formas canónicas das curvas e superfícies de segunda ordem;


CURVAS E SUPERFÍCIES DE SEGUNDA ORDEM

Curvas de segunda ordem

Pierre de Fermat (1601-1665) estabeleceu o princípio fundamental da Geometria Analítica,


segundo o qual, uma equação do 1º grau, no plano, representa uma recta, e uma equação do 2º
grau, no plano, representa uma cónica. Portanto chamamos de cónicas ao lugar geométrico dos
pontos do ℝ2 cujas coordenadas (x,y), em relação à base canónica, satisfazem à equação do 2º
grau.

Definição 1

Segundo Bugrov e Nikolski (1984:143)

Dado um sistema de coordenadas rectangulares 𝑥, 𝑦 no plano, denomina-se curva da segunda


ordem ou simplesmente cónica, o lugar geométrico dos pontos cujas coordenadas satisfazem
uma equação da forma:

𝐴𝑥 2 + 2𝐵𝑥𝑦 + 𝐶𝑦 2 + 2𝐷𝑥 + 2𝐸𝑦 + 𝐹 = 0 (1).

Onde A,B,C,D,E,F são números reais, sendo que A,B,C não são todos nulos. Pode ocorrer que o
conjunto de pares de números reais (𝑥, 𝑦) que satisfazem a equação (1) seja vazio, como por
exemplo: 𝑥 2 + 𝑦 2 = −1

Definição 2

Segundo Coutinho J. Mataca (208)

Uma curva de segunda ordem é um conjunto de pontos cujas coordenadas em relação a base
canónica satisfazem a equação: 𝑎11 𝑥 2 + 2𝑎12 𝑥𝑦 + 𝑎22 𝑦 2 + 2𝑎13 𝑥 + 2𝑎23 𝑦 + 2𝑎33 = 0.

Onde 𝑎11 ≠ 0 ou 𝑎12 ≠ 0 ou 𝑎22 ≠ 0.

Nota-se que a equação envolve:

Uma forma quadrática, 𝑄(𝑥,𝑦) = 𝑎11 𝑥 2 + 2𝑎12 𝑥𝑦 + 𝑎22 𝑦 2 , uma forma linear 𝐿(𝑥,𝑦) = 2𝑎13 𝑥 +
2𝑎23 𝑦 e um termo constantes 𝑎33 .

A equação que define a cónica é: 𝑸(𝒙,𝒚) + 𝑳(𝒙,𝒚) + 𝑭 = 𝟎

Das definições citadas acima entende-se que curva de segunda ordem é a representação de
coordenadas cartesianas no plano (𝑥, 𝑦), que satisfazem uma equação do segundo grau em duas
variáveis.
Classificação das curvas de segunda ordem (cónicas)

Por poder ser obtida da intersecção de uma superfície cónica com um plano. As cónicas mais
importantes são elipses, hipérboles e parábolas dependendo do cortes as curvas de segunda
ordem classificam-se em:

 Elipse;
 Circunferência;
 Parábola e
 Hipérbole.

Elipse

É o lugar geométrico dos pontos de um plano cuja soma das distâncias a dois pontos fixos F1 e
F2 (focos) do mesmo plano é uma constante (2a), onde 2 > d(F1,F2).

𝑑(𝑃, 𝐹1 ) + 𝑑(𝑃, 𝐹2 ) = 2𝑎

Figure 1:Elipse

Elementos da elipse

 Focos (𝐅𝟏 , 𝐅𝟐 ): são dois pontos cuja


soma das distâncias até qualquer ponto na elipse
é uma constante e igual a 2c, e localizam-se no
eixo maior da elipse. A essa distância dá-se o
nome de distância focal.
 Centro da elipse (O): é o ponto médio
do segmento (𝐅𝟏 , 𝐅𝟐 ).
 Vértices da elipse: A1,A2,B1 e B2.
Figure 2: Elementos da elipse  Eixo maior: é o segmento (A1 , A2 ) e
cujo comprimento é 2a, e o eixo menor é o
segmento (A1 , A2 ) cujo comprimento é 2b.
Do triângulo rectângulo B2 OF2 mostrado na figura (2), obtêm-se da trigonometria a seguinte
relação: a2 = b2 + c 2 ⇒ b2 = a2 − c 2 e como (a > c) então define-se um outro elemento da
elipse denominado excentricidade, onde é um numero dado por:
𝐜
𝛜 = , que que pertence ao intervalo (𝟎 < 𝛜 < 𝟏).
𝐚

Equações canónicas da elipse

Da figura (2), nota-se que o eixo maior coincide com o eixo OX.

Seja P(x,y) um ponto da elipse, e os focos com as seguintes coordenadas: F1 (-c;0) e F2 (c;0)

Por definição da elipse 𝑑(𝑃, 𝐹1 ) + 𝑑(𝑃, 𝐹2 ) = 2𝑎, tem-se:

√(𝑥 + 𝑐)2 + (𝑦 − 0)2 +√(𝑥 − 𝑐)2 + (𝑦 − 0)2 = 2𝑎

√(𝑥 + 𝑐)2 + (𝑦)2 = 2𝑎 − √(𝑥 − 𝑐)2 + (𝑦)2 , elevando ao quadrado e desenvolvendo os


produtos notáveis tem-se:
2 2
(√(𝑥 + 𝑐)2 + (𝑦)2 ) = (2𝑎 − √(𝑥 − 𝑐)2 + (𝑦)2 )

2
(𝑥 + 𝑐)2 + (𝑦)2 = (2𝑎)2 -2× 2𝑎√(𝑥 − 𝑐)2 + 𝑦 2 + (√(𝑥 − 𝑐)2 + (𝑦)2 )

(𝑥 + 𝑐)2 + 𝑦 2 = 4𝑎2 − 4𝑎√(𝑥 − 𝑐)2 + 𝑦 2 + (𝑥 − 𝑐)2 + 𝑦 2

4𝑎√(𝑥 − 𝑐)2 + 𝑦 2 = 4𝑎2 + (𝑥 2 − 2𝑐𝑥 + 𝑐 2 ) − (𝑥 2 + 2𝑐𝑥 + 𝑐 2 )

4𝑎√(𝑥 − 𝑐)2 + 𝑦 2 = 4𝑎2 + (𝑥 2 − 2𝑐𝑥 + 𝑐 2 ) − (𝑥 2 + 2𝑐𝑥 + 𝑐 2 )

4𝑎√(𝑥 − 𝑐)2 + 𝑦 2 = 4𝑎2 − 4𝑐𝑥 ⇒ 4(𝑎√(𝑥 − 𝑐)2 + 𝑦 2 ) = 4(𝑎2 − 𝑐𝑥 )


2
(4𝑎√(𝑥 − 𝑐)2 + 𝑦 2 ) = (𝑎2 − 𝑐𝑥)2

𝑎2 ((𝑥 − 𝑐)2 + 𝑦 2 ) = 𝑎4 − 2𝑐𝑥𝑎2 + 𝑐 2 𝑥 2


𝑎2 (𝑥 2 − 2𝑐𝑥 + 𝑐 2 + 𝑦 2 ) = 𝑎4 − 2𝑐𝑥𝑎2 + 𝑐 2 𝑥 2

𝑎2 𝑥 2 − 2𝑐𝑥𝑎2 + 𝑎2 𝑐 2 + 𝑎2 𝑦 2 + 2𝑐𝑥𝑎2 − 𝑎2 𝑥 2 = 𝑎4

𝑎2 𝑥 2 + 𝑎2 𝑦 2 − 𝑐 2 𝑥 2 = 𝑎4 − 𝑎2 𝑐 2

𝑥 2 (𝑎2 − 𝑐 2 ) + 𝑎2 𝑦 2 = 𝑎2 (𝑎2 − 𝑐 2 )
𝑥 2 𝑏 2 + 𝑎2 𝑦 2 = 𝑎2 𝑏 2

Dividindo ambos membros da equação por 𝒂𝟐 𝒃𝟐 , tem-se a equação canónica (reduzida ou


padrão) da elipse de centro na origem e focos sobre o eixo OX.

𝒙𝟐 𝒚𝟐
𝟐
+ = 𝟏, onde (𝐚 ≥ 𝐛 > 𝟎).
𝒂 𝒃𝟐

De forma análoga, demonstra-se que para um ponto P(x,y) pertencente á elipse quando o eixo
maior coincide com o eixo OY com focos sobre o eixo OY.

𝒙𝟐 𝒚𝟐
𝟐
+ = 𝟏, onde (𝐚 ≥ 𝐛 > 𝟎).
𝒃 𝒂𝟐

Na equação canónica, “a” é a medida do semieixo maior e 𝒂𝟐 representa o maior dos


denominadores. Se 𝒂𝟐 é denominador de:

𝒙𝟐 ⇒ os focos estão sobre o eixo OX e 𝒚𝟐 ⇒ os focos estão sobre o eixo OY;

Assim chama-se elipse a uma curva dada pela seguinte equação:


𝒙𝟐 𝒚𝟐
+ 𝟐 = 𝟏, onde (𝐚 ≥ 𝐛 > 𝟎).
𝒂𝟐 𝒃

A equação canónica da elipse não centrada na origem com focos sobre o eixo OX

Através de uma translação de eixos, obtemos um


novo sistema X’O’Y’, cuja origem O’ coincidem
com o entro da elipse.

A equação da referida ao novo sistema é:


2 2
𝑥′ 𝑦′
+ = 1, onde 𝑥 ′ = 𝑥 − 𝑥0 𝑒
𝑎2 𝑏2

Figure 3: Elipse transladada sobre o eixo 𝑦 ′ = 𝑦 − 𝑦0


OX

Substituindo as igualidades tem-se a forma canónica da elipse transladada em relação aos eixos:

(𝒙−𝒙𝟎 )𝟐 (𝒚−𝒚𝟎 )𝟐
+ = 𝟏, onde (𝐚 ≥ 𝐛 > 𝟎).
𝒂𝟐 𝒃𝟐
A equação canónica da elipse não centrada na origem sobre o eixo OY.

De forma análoga, demonstra-se que para um ponto P(x,y), pertencente á elipse quando o eixo
maior coincide com o eixo OY com focos sobre o eixo OY.

(𝒙−𝒙𝟎 )𝟐 (𝒚−𝒚𝟎 )𝟐
+ = 𝟏, onde (𝐚 ≥ 𝐛 > 𝟎).
𝒃𝟐 𝒂𝟐

Figure 4:Elipse transladada sobre o eixo


OY

Hipérbole

É o lugar geométrico dos pontos de um plano tais que o valor de suas distâncias a dois pontos
fixos F1 e F2 (focos), do mesmo plano, é uma constante (2a), onde 2a< d(F1 ,F2). A hipérbole é
uma curva com dois ramos e o valor absoluto pode ser desconsiderado desde que adoptemos a
diferença entre a maior e a menor distância.

𝒅(𝑷, 𝑭𝟏 ) − 𝒅(𝑷, 𝑭𝟐 ) = 𝟐𝒂

Figure 5:Hipérbole

 Focos (𝐅𝟏 , 𝐅𝟐 ): são dois pontos cuja soma das


distâncias até qualquer ponto na elipse é uma constante
e igual a 2c, e localizam-se no eixo maior da elipse. A
essa distância dá-se o nome de distância focal.
 Centro da elipse (O): é o ponto médio do
segmento (𝐅𝟏 , 𝐅𝟐 ).
Figure 6:Elementos da Hipérbole  Vértices da elipse: A1,A2.
 Eixo real ou transverso: é o segmento (A1 , A2 ) e cujo comprimento é 2a;
 Eixo imaginário ou conjugado é o segmento (B1 , B2 ) cujo comprimento é 2b.

Do triângulo rectângulo A2 OB2 mostrado na figura (2), obtêm-se da trigonometria a seguinte


relação: c 2 = a2 + b2 ⇒ b2 e como (c > a) então define-se um outro elemento da elipse
denominado excentricidade, onde é um numero dado por:
𝐜
𝛜 = , que que pertence ao intervalo (𝛜 > 𝟏).
𝐚

Existe uma ralação de proporcionalidade entre a abertura da hipérbole e a excentricidade, isto é,


quanto maior for a abertura, maior será a excentricidade.

Equações canónicas do hipérbole

Da figura (2), nota-se que o eixo real coincide com o eixo OX.

Seja P(x,y) um ponto da hipérbole, e os focos com as seguintes


coordenadas: F1 (-c;0) e F2 (c;0)

Figure 7:Hipérbole sobre o eixo OX

Por definição da hipérbole 𝑑(𝑃, 𝐹1 ) − 𝑑(𝑃, 𝐹2 ) = 2𝑎, tem-se:

√(𝑥 + 𝑐)2 + (𝑦 − 0)2 −√(𝑥 − 𝑐)2 + (𝑦 − 0)2 = 2𝑎

Aplicando os mesmos procedimentos que os aplicados na elipse (acima) chega-se a equação do


tipo:

𝒙𝟐 𝒚𝟐
− = 𝟏,com 𝒂 = 𝒃, 𝒂 > 𝒃 ou 𝒂 < 𝒃
𝒂𝟐 𝒃𝟐

Assim tem-se a equação canónica (reduzida ou padrão) da hipérbole de centro na origem e eixo
real sobre o eixo OX.
De forma análoga, demonstra-se que para um ponto P(x,y) pertencente á hipérbole quando o eixo
real coincide com o eixo OY.

𝒚𝟐 𝒙𝟐
𝟐
− = 𝟏,com 𝒂 = 𝒃, 𝒂 > 𝒃 ou 𝒂 < 𝒃.
𝒂 𝒃𝟐

Figure 8:Hipérbole com o eixo


real sobre o eixo OY.

Na equação canónica, “a” é a medida do semieixo real e 𝒂𝟐 representa o maior dos


denominadores. Se 𝒂𝟐 é denominador de:

𝒙𝟐 ⇒ os focos estão sobre o eixo OX e 𝒚𝟐 ⇒ os focos estão sobre o eixo OY;

Enfatizar que na elipse sempre (𝑎 > 𝑏) enquanto que na hipérbole pode-se ter:

𝑎 = 𝑏, 𝑎 > 𝑏 ou 𝑎 < 𝑏.

Assimptotas da Hipérbole

As assimptotas são guias para traçar o gráfico da hipérbole, e pode ser feito traçando o
rectângulo e as rectas que contem as diagonais ou (assimptotas). O ramo de cada hipérbole tem
vértice tangente ao lado do rectângulo e a curva abre-se tentendo para as assímptotas.

Como as duas assínptotas acima figuradas passam


pela origem, são rectas do tipo:
𝒃
𝒚 = 𝒂𝒙, onde 𝒂 = 𝒕𝒈𝜽 = 𝒂 , fazendo a substituição
𝒃
tem-se: 𝒚 = ± 𝒙
𝒂

Figure 9: Assimptotas da hipérbole


EQUAÇÕES CANÓNICAS DO HIPÉRBOLE NÃO CENTRADA NA ORIGEM

Para eixo real é paralelo ao eixo OX

A equação da hipérbole referida ao novo sistema


𝟐
𝒙′𝟐 𝒚′
X’O’Y’ é: − = 𝟏, onde 𝑥 ′ = 𝑥 − 𝑥0 𝑒
𝒂𝟐 𝒃𝟐

𝑦 ′ = 𝑦 − 𝑦0

Figure 10: Hipérbole com eixo real paralelo ao eixo OX


Substituindo as igualidades tem-se a forma canónica da elipse transladada em relação aos eixos:

(𝒙−𝒙𝟎 )𝟐 (𝒚−𝒚𝟎 )𝟐
− = 𝟏, onde (𝐚 ≥ 𝐛 > 𝟎).
𝒂𝟐 𝒃𝟐

Para eixo real e paralelo ao eixo dos OY

Adotando um raciocínio similar ao caso anterior, se


terá a equação da hipérbole:

(𝒚−𝒚𝟎 )𝟐 (𝒙−𝒙𝟎 )𝟐
− = 𝟏, onde (𝐚 ≥ 𝐛 > 𝟎).
𝒂𝟐 𝒃𝟐

Figure 11: Hipérbole com eixo real paralelo ao eixo OY


Circunferência

Da equação (2), e fazendo (a = b), reduz-se á equação da circunferência que será dada por:

x 2 + y 2 = a2 , onde é uma circunferência centrada na origem e de raio a.

Graficamente temos:

Parábola

Chama-se parábola a uma curva dada pela equação :

𝒚𝟐 − 𝒑𝒙 = 𝟎, onde 𝑝 ≠ 0 e graficamente temos:

Hipérbole

Chama-se hipérbole a uma curva dada pela equação:

x2 y2
− b2 = 1, onde (a ≥ b > 0).
a2

Graficamente temos:

Além das cónicas comuns: circunferências, elipses, parábolas e hipérboles, podemos ter formas
degeneradas desses tipos de cónicas.

Voltando à figura 2.2 da intersecção de planos com um cone, podemos ver das
figuras a seguir que:

Ponto (elipse degenerada): é a intersecção do cone com um plano que é oblíquo ao seu eixo e
não paralelo a nenhuma de suas geratrizes, passando pelo seu vértice.

Recta (parábola degenerada): é a intersecção do cone com um plano que é paralelo a uma de
suas geratrizes e passa pelo seu vértice.

Par de rectas (hipérbole degenerada): é a intersecção do cone com um plano que contém o seu
eixo.

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