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KLS

Enfermagem
e trabalho
Enfermagem e trabalho

Suely Rodrigues de Aquino Silva


© 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer
modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo
de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e
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Editoração
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Cristiane Lisandra Danna
André Augusto de Andrade Ramos
Daniel Roggeri Rosa
Adilson Braga Fontes
Diogo Ribeiro Garcia
eGTB Editora

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Silva, Suely Rodrigues de Aquino


S586e Enfermagem e trabalho / Suely Rodrigues de Aquino
Silva. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A.,
2016.
208 p.

ISBN 978-85-8482-415-1

1. Enfermagem do trabalho. 2. Trabalhadores – Cuidados


médicos. 3. Higiene do trabalho. 4. Doenças profissionais. 5.
Segurança do trabalho. I. Título.

CDD 610.7346

2016
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: [email protected]
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário

Unidade 1 | Enfermagem como profissão 7

Seção 1.1 - A profissionalização da enfermagem no Brasil 9


Seção 1.2 - Inserção do enfermeiro no mercado de trabalho 19
Seção 1.3 - Conceito e objetivos de direitos trabalhistas 29
Seção 1.4 - Currículo profissional 41

Unidade 2 | Conceito de Processo de Trabalho 53

Seção 2.1 - Conceito de Processo de Trabalho 55


Seção 2.2 - O Pensamento crítico na Enfermagem 65
Seção 2.3 - Sistematização da Assistência de Enfermagem 77
Seção 2.4 - Teorias de Enfermagem 89

Unidade 3 | Campos de atuação do enfermeiro 103

Seção 3.1 - Gestão em enfermagem 105


Seção 3.2 - Saúde coletiva 117
Seção 3.3 - Saúde do trabalhador 129
Seção 3.4 - Saúde hospitalar 141

Unidade 4 | Qualidade de vida no trabalho 157

Seção 4.1 - Conceito de qualidade de vida 159


Seção 4.2 - Qualidade de vida no trabalho do enfermeiro 169
Seção 4.3 - Fatores que interferem na qualidade de vida do enfermeiro 179
Seção 4.4 - Síndrome de Burnout 189
Palavras do autor

Olá, aluno!

Neste módulo teremos a possibilidade de viajar ao passado e entender as raízes


da profissão em que estamos nos inserindo. Descobrir os acontecimentos do
passado é uma excelente ferramenta para nos auxiliar a entender o presente, não
sendo diferente no contexto de uma profissão.

Esta disciplina, em todo o seu contexto de inclusão curricular e de mudanças,


se propõe a promover uma visão ampla das origens, dos desafios e das conquistas
que circundam a concretização da enfermagem como profissão.

Por meio do autoestudo, você terá uma visão não apenas técnica, mas ampla
do papel do enfermeiro como algo de valor social, independente de qual área seja.
Para isso, você contará com o auxílio do livro didático, material educacional tido
como um recurso pedagógico que agrega qualidade ao seu aprendizado e será
de fundamental importância para lhe auxiliar a realizar o autoestudo e resolver as
situações que lhe serão apresentadas.

Será apresentada a você uma situação-problema para ser resolvida a cada aula,
a fim de despertar-lhe o interesse e a criatividade nos assuntos abordados, sempre
com o objetivo de desenvolver as competências e habilidades necessárias para
esta profissão por meio de atividades propostas, as quais serão fundamentais para
a sua formação profissional.

Bons estudos!
Unidade 1

ENFERMAGEM COMO
PROFISSÃO

Convite ao estudo

Caro aluno, bem-vindo!

Nesta unidade você terá contato com a história da Enfermagem,


desde seu surgimento até a obtenção do status de ciência. Conhecerá as
práticas de saúde, as funções do enfermeiro, sua responsabilidade legal,
o exercício profissional do enfermeiro, bem como a qualidade de vida do
profissional enfermeiro. Dessa forma, ao final da unidade terá adquirido
conhecimento necessário para compreender o desenvolvimento desta
profissão, obtendo informações fundamentais para a sua vida profissional.
Em nossa rotina diária, podemos nos deparar com situações que vamos
trabalhar ao longo deste livro, utilizando sem perceber os conceitos
apresentados, facilitando o aprendizado. O objetivo desta unidade é
prepará-lo para lidar adequadamente com os pacientes/clientes durante
o exercício de sua profissão.

A unidade enfatiza a trajetória da enfermagem e sua emancipação


e apresentará algumas abordagens das práticas padronizadas de
enfermagem e padrões de desempenho profissional que capacitam o
enfermeiro a lidar de forma assertiva com os componentes subjetivos
presentes na interação com o paciente/cliente. Para tanto, serão
apresentados conceitos como: promoção, prevenção e reabilitação em
saúde. Ao longo de seus estudos, perceberá que a enfermagem defende a
importância da humanização em assistência à saúde e ressalta a relevância
da segurança do paciente a partir das matriarcas da enfermagem.

Você já pensou em como esta unidade irá contribuir para seu


desenvolvimento profissional? Quero convidá-lo a refletir sobre a
U1

aplicação do conteúdo apresentado.

SITUAÇÃO DA REALIDADE PROFISSIONAL (SR) ou SITUAÇÃO GERADORA


DE APRENDIZAGEM (SGA): Você já parou para pensar nas atividades que
um enfermeiro deve desempenhar dentro das diversas áreas de atuação
e nas situações que lhe são impostas? Pois bem, o aprendizado e a
disseminação deste conteúdo são de extrema importância para que você
possa assimilar e desempenhar todas essas atividades em qualquer área
que você venha a desenvolver a sua prática profissional. Em uma unidade
de pronto-socorro são realizados atendimentos imediatos dos casos
urgentes e de casos graves, que são aqueles em que há maior risco para a
vida do paciente/cliente. O pronto-socorro é a porta principal para entrada
de pacientes nessas condições, é o local, também, onde os esforços
da equipe de saúde (composta por médicos, enfermeiros, auxiliares
e técnicos de enfermagem, farmacêutico etc.) estão concentrados. É
comum o atendimento de agravos de saúde como infarto, atropelamento,
fratura, derrame cerebral, envenenamento, falta de ar, desmaios, entorses,
acidentes por arma de fogo e arma branca, traumas, e febre acima de
39º. Estes casos sempre terão prioridade de atendimento por parte dos
enfermeiros e médicos.  Com o intuito de capacitar futuros enfermeiros,
a direção do pronto-socorro liberou esse serviço para a realização de
estágio supervisionado em Enfermagem a um determinado número de
alunos. No segundo dia de estágio, Bárbara, Isadora, Maycon e Wallace,
que são estudantes da área da saúde, acompanharam atendimentos
com os profissionais especializados. Cada aluno acompanhou e auxiliou
um determinado atendimento. No final de cada módulo de estágio, os
estudantes deveriam apresentar um relatório ao professor e relatar em sala
de aula sua vivência, levantar questionamentos sobre cada caso, com a
finalidade de gerar um debate em turma.

8 Enfermagem como profissão


U1

Seção 1.1
A profissionalização da enfermagem no Brasil

Diálogo aberto

Vamos entender como foi a vivência de Bárbara, que se deparou com uma
mulher, de 35 anos de idade, chamada Gilda, (que na semana anterior passou
pelo pronto-socorro acompanhada de sua irmã, que informou que a paciente
é esquizofrênica e faz acompanhamento psiquiátrico). A paciente Gilda estava
desacompanhada, muito agitada, apresentava cefaleia, vômitos e febre alta,
tendo sido diagnosticada pela equipe médica com o quadro clínico de meningite
meningocócica. Gilda apresentou-se confusa, gritava muito, emitia palavras
desconexas e dizia não querer receber por via venosa a medicação prescrita. Dizia
querer se tratar em casa, pois se sentiria melhor do que ficar naquele corredor.
Bárbara tentou acalmá-la, explicando que a paciente receberia a medicação em
outro local e enfatizou que para a paciente seria melhor permanecer por algumas
horas no hospital, sendo acompanhada por uma equipe especializada e que se
não desse certo a proposta terapêutica, a paciente poderia ir embora e fazer uso
das medicações se achasse pertinente. Ainda assim, não concordou. A enfermeira
especializada fez outra tentativa enquanto Bárbara tentava contato com o familiar
que compareceu ao serviço e concordou com a terapêutica. O enfermeiro, por
sua vez, estabeleceu medidas restritivas e medicou a paciente. Podemos afirmar
que a postura do enfermeiro foi correta? Ele tem competência para tomar essa
atitude? Para responder essa e outras perguntas, é necessário conhecer o contexto
histórico da Enfermagem, bem como suas bases: ética, cultural e sociológica. Isso
é fundamental para um real atendimento de qualidade.

Não pode faltar

Entraremos em contato com o conhecimento técnico para conseguirmos


resolver a situação-problema apresentada e outros casos que necessitem desse tipo
de atendimento de saúde. Procure pensar também em experiências particulares,
facilitando assim a percepção da relevância deste conteúdo no nosso cotidiano.
O que significa ser enfermeiro para você? Quais seriam as atividades a serem
executadas por esse profissional? Como vimos na introdução à situação da realidade,
o enfermeiro é um profissional que faz parta da equipe multidisciplinar e presta
assistência à saúde, desenvolve várias atividades nas áreas que presta atendimento,

Enfermagem como profissão 9


U1

inclusive no pronto-socorro, local onde ocorrem atendimentos que consistem no


ato de aplicar técnicas em várias condições de urgência e emergência, visando
restabelecer o quadro deste paciente e preservar sua vida.

Coloque-se no lugar do enfermeiro que estabeleceu medidas restritivas e


medicou a paciente. Uma de suas funções é prestar uma assistência com qualidade
e segurança ao paciente/cliente para preservar sua vida e integridade. Para isso,
deve perceber as condições físicas e psicoemocionais, buscando identificar o que
pode estar acontecendo, já que o quadro dessa paciente é grave e precisa de
conduta imediata.

Reflita

Para o entendimento de toda situação, é necessário que você reflita um


pouco sobre o contexto histórico da enfermagem e sua visão. É dessa
forma, juntamente com a ética e conhecimentos teórico-práticos que
você conseguirá agir com eficácia, sem ferir os princípios da profissão.

É com o pensamento na prestação de serviços com qualidade e segurança,


visando à vida e à integridade do ser humano, que surge a profissão enfermagem.
É claro que as primeiras práticas de saúde eram um tanto duvidosas, mas ao longo
do tempo foram aperfeiçoadas.

Pesquise mais
As práticas de saúde iniciais formam denominadas Práticas de Saúde
Instintivas ou Primitivas, Práticas de Saúde Mágico-Sacerdotais, Práticas
de Saúde Monástico-Medievais e Práticas de Saúde Pós-Monásticas. Essas
ações são derivadas do cuidado pré-profissional, desvelando questões
pertinentes à história da Enfermagem, começando pela matriarca
Florence Nightingale. Para saber mais, faça a leitura complementar nos
seguintes links:

Florence Nightingale – Apontamentos sobre a fundadora da


Enfermagem Moderna. Disponível em: <http://www.index-f.com/
referencia/2010pdf/32-181.pdf>. Acesso em: 24 out. 2015.

Enfermagem pré-profissional no Brasil: questões e personagens.

Disponível em: <http://revista.portalcofen.gov.br/index.php/


enfermagem/article/view/85/71>. Acesso em: 24 out. 2015.

10 Enfermagem como profissão


U1

A leitura complementar realizada mostra-nos que é importante que tenhamos


compreensão de que a enfermagem advém do cuidado com o doente, da
prevenção de doenças e da promoção da saúde. Florence, em sua teoria, diz que
a ação do enfermeiro deve abranger três conceitos principais: ambiente e doente;
enfermeiro e ambiente; enfermeiro e doente. Ainda considera o ambiente como
o fator principal para produzir um estado de doença. O enfermeiro, por sua vez,
deve ser capaz de manipular o ambiente em favor do doente, para que este tenha
o mínimo dispêndio de energia possível. Isso poderia explicar o motivo pelo qual
a enfermeira especializada (da situação-problema - SP) fez outra tentativa junto
à paciente, enquanto providenciou o contato com o familiar para obter sucesso
com a terapêutica que deveria ser instituída?

Outro pensamento que deve ser instituído se refere à atitude da enfermeira


quanto às medidas restritivas junto ao paciente para administrar a medicação. Foi
correta a postura da enfermeira? Ela tem competência para tomar essa atitude?

Reflita

A enfermagem enquanto profissão conquistou direitos trabalhistas e


sua aplicabilidade por intermédio da lei do exercício profissional, que
contempla funções diretivas quanto à gestão, educação, pesquisa e
assistência. Consulte: Lei nº 7.498, de 25/06/1986 e Decreto nº 94.406,
de 08/06/1987. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/
lei/1980-1987/lei-7498-25-junho-1986-368005-normaatualizada-pl.
html>. Acesso em: 24 out. 2015.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/


decreto/1980-1989/D94406.htm>. Acesso em: 24 out. 2015.

Mediante ao exposto na lei e no decreto-lei que regulamentam a profissão, o


enfermeiro é um profissional que atua na promoção, prevenção, recuperação e
reabilitação da saúde, com autonomia e em consonância com os preceitos éticos
e legais. Além disso, deve assistir ao paciente dentro de uma visão holística. Visão
evidenciada no artigo que você pode ler nesta seção “Florence Nightingale –
Apontamentos sobre a fundadora da Enfermagem Moderna”. Essa visão é voltada
ao equilíbrio, interação e harmonia de um indivíduo e da coletividade de um todo
funcional, ou seja, de todos os aspectos, qualidades e potencialidades que cada
um tem. O enfermeiro como profissional pode realizar cuidados de enfermagem
de maior complexidade técnica que exijam conhecimentos de base científica,
capacidade de tomar decisões imediatas e participa de várias atividades como
integrante da equipe de saúde, como profissional liberal ou trabalhador autônomo
e em atendimento domiciliar ou home care. “A enfermagem é a ciência e a arte

Enfermagem como profissão 11


U1

de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, de torná-


lo independente dessa assistência através da educação; de recuperar, manter e
promover sua saúde, contando, para isso, com a colaboração de outros grupos
profissionais" (HORTA, 1979 ).

Pesquise mais
Conheça o conceito enfermagem e a metodologia de trabalho
chamada de Processo de Enfermagem, através dos links: Fragmentos
da trajetória pessoal e profissional de Wanda Horta: contribuições para
a área da enfermagem. Disponível em: Revista Eletrônica da ABEN –
Associação Brasileira de Enfermagem. Disponível em: <http://www.here.
abennacional.org.br/here/n3vol2artigo1.pdf>. Acesso em: 24 out. 2015.

Resolução Cofen 358/2009. Disponível em: <http://www.cofen.gov.


br/resoluo-cofen-3582009_4384.html>. Acesso em: 24 out. 2015.

Exemplificando

Em relação à SP, as práticas de saúde primitivas e analisando o


ambiente físico, social e psicológico, pergunta-se: 1. Quais seriam as
recomendações para os dias de hoje referentes ao ambiente psicológico
do paciente? Resposta: Recomenda-se que ofereça ao paciente uma
variedade de atividades para manter sua mente estimulada, enfatizando
a necessidade de comunicação. 2. Já o ambiente social é visto como
essencial na prevenção de doenças e hoje esse ambiente refere-se
especialmente à coleta de dados, na qual o enfermeiro deve empregar
todo seu poder de OBSERVAÇÃO para identificar as diferentes
características de cada paciente e promovendo uma assistência segura,
por meio de melhores práticas, que vêm sendo estudadas desde
Florence. Essas, hoje, são monitoradas por meio de indicadores. Em
sua época, Florence analisou estatisticamente e mensurou o resultado
de sua assistência, reduziu de 42% para 2% o número de mortes. Leia
nesse link: Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013 – Programa Nacional
de Segurança do Paciente. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.
br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0529_01_04_2013.html>. Acesso em:
24 out. 2015.

12 Enfermagem como profissão


U1

Faça você mesmo

Com base no livro didático, na leitura complementar do capítulo I do


livro HORTA, W. A. Processo de enfermagem. São Paulo: EPU; 1979, na
Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986 e em seu Decreto nº 94.406/87.
Responda: A quem serve a Enfermagem? Com o que se ocupa a
Enfermagem?

Vocabulário

Conhecimento empírico: é aquele conhecimento que adquirimos através


da observação, da experiência, do senso comum, experiência cotidiana.
(Disponível em: <http://www.significados.com.br/conhecimento-empiri
co/>. Acesso em: 15 mar. 2016).

Conhecimento científico:  é aquele  conhecimento transmitido por


intermédio de treinamento e baseado em evidências racionais e por
meio de técnicas e procedimentos científicos. Explica o “porquê” e
“como” os fenômenos ocorrem.

Sem medo de errar

Conforme situação hipotética apresentada nesta seção, pergunta-se: Podemos


afirmar que a postura do enfermeiro foi correta, ele tem competência para tomar
essa atitude? É possível identificarmos na conduta do enfermeiro que atende ao
paciente vários valores que são inerentes à postura da Enfermagem desde o início
da história até os dias de hoje, e contempla alguns itens importantes que regem a
lei do exercício profissional da enfermagem, conforme Lei nº 7.498, de 25 de junho
de 1986, link: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7498.htm>. Acesso em:
24 out. 2015. e Decreto nº 94.406/87 que regulamenta essa lei, link: <http://www.
cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html>. Acesso em: 24 out. 2015.

Observemos que a estagiária teve algumas percepções importantes: 1ª Se


preocupou com o diagnóstico da paciente, pois se tratava de uma doença que
poderia causar sequelas neurológicas importantes e, pelo fato da paciente apresentar-
se confusa, gritando e emitindo palavras desconexas, poderia ser um indício de
que a mesma precisasse de maiores cuidados; 2ª A estagiária se preocupou com
a condição psicológica da paciente, pois apesar de estar um pouco descontrolada,
não se agrada em ver outros pacientes serem atendidos no corredor, quando
emite a seguinte fala “quero me tratar em casa, pois me sentirei melhor do que

Enfermagem como profissão 13


U1

ficar neste corredor”, fazendo alusão do que virá, portanto não queria passar pela
mesma situação, optando por se tratar em casa. A atenção da estagiária se refere
à condição psicológica de Gilda, por entender que se tratava de uma necessidade
que deveria ser suprida. Bárbara, então, diz a Gilda que a mesma seria medicada em
outro ambiente e que caso não ficasse satisfeita, poderia ir embora. A enfermeira
especialista, percebendo que Bárbara não estava conseguindo convencer Gilda,
assumiu o caso e fez outras tentativas, enquanto Bárbara foi contatar os familiares da
paciente, no entanto, as argumentações da estagiária Bárbara e da enfermeira não
fizeram com que Gilda concordasse com a terapêutica. O enfermeiro especialista,
por sua vez, acabou tomando medidas restritivas com autorização do familiar e a
medicou. Podemos afirmar que a conduta da enfermeira que acompanhava Bárbara
foi dentro de uma visão holística, a partir do que é determinado na lei para a ação do
enfermeiro, portanto, sua atitude está correta.

Agora, avalie também a conduta da enfermeira no ponto de vista das questões


éticas dos direitos do paciente.

Atenção!

Como profissionais, temos que estar atentos ao nosso código de ética,


que é um conjunto de normas éticas, formado por artigos, com o objetivo
de aprimorar o comportamento ético do profissional. Inclui princípios,
como: direitos, responsabilidades, deveres e proibições pertinentes à
conduta ética. É importante conhecer os princípios fundamentais éticos
do profissional de enfermagem, para isso, faça a leitura do seguinte
link: Código de Ética dos profissionais de enfermagem. Disponível em:
<http://www.coren-sp.gov.br/node/35326>. Acesso em: 24 out. 2015.

Avançando na prática

Pratique mais
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações
que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de
seus colegas.

“Desafios no primeiro atendimento ao paciente”


1. Competência de fundamentos
Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação.
da área
Estimular as competências, a assistência de enfermagem frente
2. Objetivos de aprendizagem aos aspectos da promoção, prevenção e recuperação da saúde
e conhecer as legislações regulamentadoras da profissão.

14 Enfermagem como profissão


U1

Compreensão das bases éticas, sociológicas e culturais da


3. Conteúdos relacionados enfermagem, com base no contexto histórico; A evolução do
papel do enfermeiro no mercado de trabalho; Direitos e deveres.
Em relação à Situação da Realidade Profissional: Evidenciamos
que o enfermeiro estabeleceu medidas restritivas e medicou
a paciente contra a sua vontade, no entanto, existe uma
4. Descrição da SP proibição no código de ética em seu artigo 27 que diz é
proibido: “Executar ou participar da assistência à saúde sem
o consentimento da pessoa ou de seu representante legal,
exceto em iminente risco de morte”.
Quando a autonomia de um ser humano encontra-se
reduzida, por causas permanentes ou transitórias, os princípios
éticos da beneficência e da não maleficência devem ter
prioridade. Nas situações de autonomia reduzida cabe a
terceiros, familiares, ou mesmo aos profissionais de saúde,
5. Resolução da SP decidirem pela pessoa não autônoma. Por esse motivo, o
enfermeiro poderia, aliás, teria o dever ético de, se necessário,
estabelecer medidas restritivas e medicar a paciente, mesmo
contra a vontade dela. A perda transitória de sua condição
autônoma poderia causar danos não somente à própria
pessoa como também à coletividade.

Lembre-se

A Enfermagem presta serviços assistenciais ao ser humano e é parte


integrante da equipe de saúde que deve implementar estados de
equilíbrio, prevenir estados de desequilíbrio e revertê-los em equilíbrio
pela assistência ao ser humano no atendimento de suas necessidades
básicas; deve procurar sempre reconduzir à situação de equilíbrio
dinâmico no tempo e espaço.

Faça você mesmo

A trajetória acadêmica ou a evolução de um saber - fazer configura-


se em um marketing pessoal e profissional. Pensar em enfermagem
nos dias de hoje implica em uma releitura das ideias de Florence
Nightingale, que configuram, até os nossos dias, as bases do cuidado
de enfermagem, reinterpretadas nos conceitos de pessoa, ambiente,
enfermagem/enfermeira e saúde/doença, bem como a postura do
enfermeiro e a ética, esses dois eram critérios importantes para a seleção
de candidatos para a profissão. Hoje, alguns encararam as ideias de
Florence como ‘fora de moda’ ou ‘desatualizadas’, mas devemos avaliar
esse tipo de postura, uma vez que inúmeras de suas ideias importantes
acerca de enfermagem ainda não estão universalizadas, colocadas em

Enfermagem como profissão 15


U1

execução, na prática atual.

Ao estudar a evolução da Enfermagem, quais são as suas primeiras


expressões do saber? As técnicas de Enfermagem, os princípios
científicos e as teorias. Essas representam a expressão mais
contemporânea desse saber. Nesse processo, o saber da Enfermagem
passou por etapas distintas que vão desde o enfoque técnico até a
busca dos princípios científicos e da utilização do método científico
para o planejamento da assistência à formulação de concepções
teóricas que deem conta da complexidade que envolve o cuidado.

Faça valer a pena

1. Um olhar acerca da história da Enfermagem demonstra uma contínua


preocupação com a qualidade dos cuidados em saúde, com a higiene e
a segurança do paciente. Diante dessas e outras relevâncias históricas, foi
criado o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Responda,
segurança do paciente é:
A. O evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em
dano desnecessário ao paciente.
B. A redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário,
associado ao cuidado com a saúde.
C. O incidente ocorrido que resultou em dano físico, social ou psicológico
do paciente.
D. A ação curativa do dano físico, social ou psicológico causado ao
paciente e à sua família.
E. O resultado do dano físico, social ou psicológico causado ao paciente
e à sua família.

2. Sobre Florence Nightingale, é correto afirmar que:


A. Nasceu no dia   12   de   maio   de   1820,   na Inglaterra, onde estudou
enfermagem.
B. Tinha  dois  filhos  que atuaram  na Guerra da Criméia como médico e
oficial.
C.Trabalhou na prática da Enfermagem durante toda a vida, falecendo aos
59 anos de uma doença que contraiu na Guerra, sem ter a oportunidade
de voltar para seu país.
D. Participou da Guerra da Criméia  como voluntária,
onde ficou conhecida  como  a “Dama da lâmpada”.

16 Enfermagem como profissão


U1

E. Recrutou enfermeiras durante a guerra para atuar em vários países do


mundo, criando, assim, a primeira escola de Enfermagem.

3. Uma das maiores conquistas da Enfermagem brasileira foi a promulgação


do exercício profissional através da Lei nº 7.498/1986. Indique a afirmativa
correta em relação à lei.
A. A Enfermagem é exercida privativamente pelo enfermeiro, pelo técnico
de enfermagem, pelo auxiliar de enfermagem e pela parteira, respeitados
os respectivos graus de habilitação e inscritos no Conselho Regional de
Enfermagem.
B. O enfermeiro exerce todas as atividades de Enfermagem, cabendo-lhe
privativamente a participação no planejamento, execução e avaliação da
programação de saúde, independente de inscrição no Conselho Regional
de Enfermagem.
C. O técnico de enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo
orientação e acompanhamento do trabalho de enfermagem em grau
auxiliar, e participação no planejamento da assistência de enfermagem,
cabendo-lhe privativamente os cuidados diretos de enfermagem a
pacientes graves com risco de óbito, não é necessária a supervisão do
enfermeiro, em outras circunstâncias, a atividade deverá ser executada
pelo auxiliar de enfermagem.
D. O auxiliar de enfermagem exerce atividades de nível médio, de natureza
repetitiva, envolvendo serviços auxiliares de enfermagem sem supervisão
do enfermeiro, cabendo-lhe especialmente participar da orientação e
supervisão do trabalho de enfermagem em grau auxiliar.
E. À parteira compete a assistência de enfermagem à parturiente e à
puérpera.

Enfermagem como profissão 17


U1

18 Enfermagem como profissão


U1

Seção 1.2

Inserção do enfermeiro no mercado de trabalho

Diálogo aberto

Seja bem-vindo!

Antes de iniciarmos nossa busca pelo conhecimento, vamos relembrar o


que aprendemos na seção anterior. A Enfermagem é uma arte e uma ciência e
o cuidado a ser prestado deve ser com compaixão, carinho, segurança, respeito
à dignidade e à individualidade de cada paciente/cliente. Como ciência, baseia-
se em conhecimentos científicos. Como arte, baseia-se na qualidade do cuidado
prestado. Lembremo-nos também da situação hipotética apresentada no começo
da Unidade. Falamos sobre um pronto-socorro que liberou o campo de atuação
para a realização de estágio a alguns alunos de Enfermagem. Cada aluno
acompanhou e auxiliou em determinado atendimento ao paciente.

Vamos, agora, entender a vivência da aluna Isadora, que está em seu último
período na faculdade, em breve será sua formatura e então sua inserção no
mercado de trabalho.

No pronto-socorro, Isadora, que estava auxiliando na parte administrativa, foi


chamada pelo enfermeiro que solicitou que ela fizesse o atendimento de Suzana,
uma mulher de 18 anos de idade, que apresentava febre e tosse. Isadora se
aproximou da paciente, conversou, mas não teve nenhuma iniciativa. Foi quando a
enfermeira solicitou que Isadora obtivesse os sinais vitais, auscultasse o pulmão, o
coração, determinasse se há desconforto e fizesse a coleta, conforme solicitação
médica de amostras de sangue e saliva para análise. Isadora ficou confusa com
tantas solicitações e não sabia por onde começar. Ficou insegura quanto à
verificação dos sinais vitais e punção venosa para coletar o sangue. Realizou os
procedimentos sem ter a certeza de que estava fazendo o certo. Seus colegas
quiseram ajudá-la, mas Isadora com seu temperamento forte, não permitiu, afinal
de contas ela estava mais adiantada que eles. O que significa para você as atitudes
de Isadora? As mesmas são pertinentes? Para que possamos responder estas e
outras perguntas, queremos convidá-lo a fazer a leitura do livro didático e das
referências propostas no decorrer desta seção.

Bons estudos!

Enfermagem como profissão 19


U1

Não pode faltar

Vamos entrar em contato com o conhecimento técnico para conseguirmos


resolver a situação-problema em questão. Procure pensar também em experiências
particulares, facilitando a percepção da relevância deste conteúdo no nosso cotidiano.

A passagem da faculdade para o campo de trabalho é algo desafiador para o


aluno que está prestes a se formar ou, até mesmo, esse desafio se faz presente para
aquele que acabou de se formar. Já nos últimos dias de faculdade, a inquietação
com esse momento é observado nos graduandos e nos recém-formados; na
maioria dos casos, prevalece a ansiedade, pois sabem que irão ter que assumir
as responsabilidades atribuídas ao enfermeiro e às novas demandas de atitudes e
competências gerais.

Coloque-se no lugar de Isadora, a ansiedade e a insegurança são evidenciadas


na sua atitude, pois no último período, o que lhe resta é a colação de grau e
as responsabilidades de um enfermeiro, dentre elas, ser capaz de tomadas de
decisões, habilidade de liderança, educação permanente, capacidade de atenção
à saúde, administração e gerenciamento.

Assim, é perceptível que o recém-formado precisa estar bem preparado para


gerenciar todas essas responsabilidades e inclusive estar preparado para o desafio
das provas avaliativas no processo seletivo, incluindo as de concursos, ter postura
profissional adequada e, também, possuir uma boa rede de relacionamentos
interpessoais, a fim de facilitar o seu ingresso no mercado de trabalho.

Reflita

Estude, pratique, tenha bons relacionamentos, peça ajuda e não recuse


a ajuda oferecida! Assim, você poderá estar atento às atividades a serem
desenvolvidas e estar apto ao ingresso no mercado profissional.

Para que sua inserção no mercado de trabalho tenha sucesso, é muito importante
que você, enquanto profissional, utilize todo o seu potencial, o primordial, é claro,
é o conhecimento teórico-prático, sem esquecer de outros métodos importantes,
que contribuem para a inserção no mercado de trabalho. Alguns desses métodos
se referem à conquista do primeiro emprego por: 1ª meio de processo seletivo; 2º
meio de concursos públicos; 3º indicação de colegas. Portanto, se o maior índice
para se conseguir o primeiro emprego é atribuído ao processo seletivo, isso significa
que suas habilidades devem ser pautadas no conhecimento e atitude profissional.

Habilidade técnica é diferente de capacidade técnica e, na busca por um

20 Enfermagem como profissão


U1

profissional qualificado, é possível perceber que em muitos casos ocorre certa


confusão entre essas habilidades. É importante que você entenda que a qualidade
profissional não está pautada exclusivamente na habilidade técnica, que se refere
à destreza e agilidade para a realização de procedimentos, mas na capacidade
de integrar e utilizar seus conhecimentos em situações da realidade profissional,
levando em consideração a ética e se baseando em evidências científicas.

Hoje o mercado de trabalho é composto por uma quantidade considerável


de enfermeiros, dando a oportunidade para as empresas escolherem os mais
capacitados. Diante disso, os empregadores selecionam aqueles com melhor
formação e/ou maior experiência profissional.

Assimile

Enquanto profissional, você terá que identificar o que deve ser feito,
tomar uma decisão e agir. Sua ação definirá todo o processo do
desenvolvimento do seu trabalho. Capacidade, habilidade e atitude
(C.H.A.) são competências que fazem toda a diferença para um
bom desempenho profissional. Com base nessas competências, as
instituições têm adotado um sistema de gestão por competências, a fim
de identificar e gerir perfis profissionais com o ideograma C.H.A. que
proporciona um maior retorno, identificando os pontos de excelência
e fortalecendo as oportunidades de melhoria, completando as lacunas
e agregando conhecimento.

No que diz respeito à SP, Isadora se mostrou temerosa não conseguindo identificar
os riscos que a paciente estava exposta, sem definir quais seriam suas ações, o que
poderia ter causado um dano à paciente, como o aumento da temperatura que
poderia levá-la a uma convulsão, caso não fosse acompanhada de forma adequada.
Nem sempre você terá facilidade em lidar com uma determinada situação, por isso
peça ajuda de outras pessoas e organize suas ações com muita firmeza e segurança.

Vocabulário

C.H.A: é uma sigla ou uma ferramenta utilizada para gerir pessoas por
competência, atitude e habilidade (MICHAELIS, 2009).

Enfermeiro cuidador ajuda o cliente a recuperar a saúde ao máximo


nível de função independente possível, através do processo de cura
que envolve atingir o bem-estar físico (MICHAELIS, 2009).

Enfermagem como profissão 21


U1

Enfermeiro advogado ajuda a proteger os direitos humanos e legais do


cliente (MICHAELIS, 2009).

Enfermeiro educador explica conceitos e fatos sobre a saúde,


demonstra procedimentos como atividades de autocuidado, avalia o
progresso do cliente no aprendizado (MICHAELIS, 2009).

Enfermeiro comunicador é a relação enfermeiro-cliente que permite


melhor conhecimento das fraquezas, necessidades e medos do cliente.

Enfermeiro gerente coordena as atividades dos membros da equipe


de enfermagem no cuidado, gerencia políticas e responsabilidades
pelo orçamento de uma unidade de saúde, estabelece um ambiente
de cuidado colaborativo (MICHAELIS, 2009).

Como estudante, o desenvolvimento das habilidades práticas acontece por


meio da aplicação do conhecimento teórico-científico na prática realizada nos
estágios. Assim, quando o enfermeiro se inserir no mercado de trabalho, precisará
ter uma nova formação, ou uma nova edificação e estruturação de conhecimentos,
através de considerações de sua própria experiência, da formação oferecida pela
instituição de ensino e as experiências vividas durante o curso, além da cultura e da
filosofia do serviço em que esse profissional se insere.

Pesquise mais
Você sabia?

- que o enfermeiro é contratado para trabalhar em várias áreas além de


hospitais, ambulatórios e serviços de emergência?

- que as características regionais são determinantes na conformação


das perspectivas para a absorção do recém-formado de um curso de
graduação em Enfermagem?

- que ter um curso de pós-graduação favorece a contratação? Para


saber mais, consulte:

Disponível em: <http://www.faculdadedofuturo.edu.br/revista/2007/


pdfs/RMAS%202(1)%20151-165..pdf>. Acesso em: 24 out. 2015.

Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v43n3/a06v43n3.


pdf>. Acesso em: 24 out. 2015.

22 Enfermagem como profissão


U1

O cuidado é a principal ação do enfermeiro e é um serviço que deve ser prestado


de acordo com os padrões estabelecidos, seguindo a ética. É considerado como
prática da enfermagem que deve associar-se ao conhecimento das ciências sociais,
comportamentais, biológicas, fisiológicas, das teorias de Enfermagem, de valores
sociais, autonomia profissional, senso de comprometimento e comunidade, além
do conhecimento do código de ética da profissão. A excelência da prática de
enfermagem, a habilidade de interpretar situações clínicas, o raciocínio crítico e a
tomada de decisões complexas são os fundamentos da Enfermagem, a base do
avanço de sua prática e do desenvolvimento da ciência.

A inserção do enfermeiro no mercado de trabalho e sua permanência


dependerão do seu profissionalismo e do atendimento aos pré-requisitos da
profissão, que são: 1. uma profissão que exige a educação extensa dos que a
praticam, além de ter fundação liberal; 2. uma profissão que possui um corpo
teórico de conhecimento que gera habilidades e normas definidas; 3. uma
profissão que fornece um serviço específico; 4. os profissionais têm autonomia nas
tomadas de decisões e na prática; 5. uma profissão completa possui um código
de ética para a sua prática. Além disso, o enfermeiro deverá desenvolver a prática
profissional seguindo determinados padrões, que são: padrões da prática (que
descrevem um nível competente de cuidado de enfermagem teórico-técnico-
científico demonstrados pelo modelo de pensamento crítico conhecido como o
processo de Enfermagem que é divido em histórico/coleta de dados, diagnóstico,
planejamento, implementação, evolução/avaliação e prognóstico) e padrões de
desempenho (que descrevem o nível de competência e de comportamento no
papel profissional). Tanto os padrões de prática como o de desempenho fornecem
guias de forma objetiva para que enfermeiros sejam responsáveis por suas ações,
por seus clientes e seus colegas, é o que chamamos de processo de trabalho.
Responsabilidade e papel profissional - outro pré-requisito para desenvolver
a prática profissional: além de prestar cuidado e conforto enquanto completa
suas funções específicas, outras responsabilidades expandiram o papel da
Enfermagem como a promoção da saúde e a prevenção de doenças, bem como
a consideração pelo cliente como um todo. A autonomia é uma das características
desta responsabilidade, pois existem intervenções de Enfermagem independentes,
que o enfermeiro terá que iniciar sem a prescrição médica. Com o aumento da
autonomia, aumenta a responsabilidade, tanto profissional como legal, para o tipo
e qualidade do cuidado oferecido. É preciso manter-se atualizado e competente
no conhecimento científico e nas habilidades técnicas. A responsabilidade e
competência do enfermeiro estão designadas a sua função: assistir, administrar,
educar e pesquisar que são controladas por auditorias pela prática padronizada,
envolvendo o enfermeiro como cuidador, como advogado do cliente, como
educador, como comunicador e como gerente.

Enfermagem como profissão 23


U1

Faça você mesmo

Analisando a SP apresentada com a cliente Suzana, que deu entrada


no pronto-socorro com febre e tosse, quais são as competências que
a estudante Isadora deveria ter desempenhado sem serem solicitadas?
C.H.A = conhecimento, habilidade e atitude na área de conhecimento
que se refere a assistir, administrar, educar e pesquisar.

Sem medo de errar

Segundo a situação hipotética apresentada nesta seção, falamos sobre um


atendimento em uma unidade de Pronto Socorro, onde a aluna Isadora atendeu a
paciente Suzana. Depois do atendimento inseguro de Isadora, a mesma conseguiu
ficar mais tranquila e pode então observar melhor o quadro de Suzana, que
evolui com o aumento da falta de ar e agora com presença de sibilos audíveis
sem estetoscópio. O médico foi comunicado e solicitou um tratamento com
nebulização, que deve ser repetido de 4 em 4 horas. Nessa fase, qual competência
que Isadora deverá executar? Resposta: A administração da nebulização é a
execução de uma prática/cuidado, sendo assim, Isadora estará desenvolvendo a
competência técnica, aplicando o seu conhecimento teórico-prático-científico.

Atenção!

Para proporcionar segurança na inserção do enfermeiro no mercado


de trabalho, a instituição de ensino deve prezar por uma formação
generalista, favorecendo uma ampliação das possibilidades de
experiência prática durante o curso superior, fazendo com que o
aluno resolva questões da realidade profissional e desenvolva suas
competências. Essas alternativas são consideradas importantes para o
atendimento da exigência do mercado de trabalho que busca um perfil
multiprofissional com maturidade pessoal e de identidade própria, pré-
requisitos necessários para agir diante de novas situações.

Após a sua graduação, você como enfermeiro poderá fazer cursos


complementares de pós-graduação (especialização, mestrado ou doutorado) em
diversas áreas, o que complementa sua formação e capacitação, abrindo um leque
de oportunidades para sua atuação. A especialização (lato sensu) pode abranger
as mais diversas áreas, desde a cardiologia, que é uma área mais densa, como a
própria saúde pública, que é uma área que trabalha mais no eixo da promoção e

24 Enfermagem como profissão


U1

prevenção em saúde, dentre outras.

Lembre-se

A mistura de sentimentos apresentados nos alunos no período de


término da graduação e até mesmo no recém-formado é totalmente
compreensível, levando em consideração o momento que estão vivendo,
quando a incerteza sobre o sucesso profissional e os preparativos estão
envolvidos nessa fase. Com a finalidade de atender às exigências do
mercado de trabalho aliada à falta de experiência, aparecem o medo e a
insegurança. No entanto, quando tudo isso é visto como algo positivo,
o medo pode ser um grande revelador da coragem para enfrentar as
tantas adversidades que poderão se submeter. Pense nisso!

Avançando na prática

Pratique mais
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações
que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de
seus colegas.

“Conhecimento, habilidade e atitude: pré requisitos determinantes para o Enfermeiro.”


1. Competência de fundamentos Conhecer a trajetória da Enfermagem e sua emancipação.
Estimular as competências do enfermeiro entendendo os
2. Objetivos de aprendizagem
processos de inserção do mercado de trabalho.
Compreender a evolução do papel do enfermeiro no mercado
3. Conteúdos relacionados
de trabalho.
O quadro de Suzana se complica e a mesma é internada para
acompanhamento e realização de novos exames. Durante o
período de internação, surge um novo diagnóstico médico,
ela tem uma doença pulmonar (câncer) avançado. Sabendo
do seu diagnóstico, Suzana deseja ir para sua residência
4. Descrição da SP usando oxigênio. A família quer que Suzana realize um
procedimento cirúrgico indicado pelo médico. Você agora
está como enfermeiro e discute os riscos e benefícios da
cirurgia e defende os desejos da paciente. Você está agindo
com sua paciente como educador, advogado, cuidador ou
administrador de caso?

Enfermagem como profissão 25


U1

A resposta para esta questão é advogado, é uma das funções


exercidas pelo enfermeiro. Como advogado, o enfermeiro
deve proteger os direitos do paciente, sejam direitos humanos
e legais, oferecendo assistência na garantia deles, em casos
de necessidade. Por vezes, o enfermeiro deverá defender os
5. Resolução da SP interesses do cliente expressando-se contra ações ou políticas
que ponham o cliente em perigo ou contra seus direitos,
devendo ainda estar atento à sua religião e sua cultura.
Esta ação é representada pela responsabilidade, autonomia,
conhecimento que o enfermeiro obtém desde sua formação
para inserção no mercado de trabalho.

Lembre-se

Existem facilidades e dificuldades para inserir-se no mercado de


trabalho, alguns itens relacionam-se às características pessoais e à
formação do enfermeiro, principalmente aquelas ligadas às exigências
do campo de trabalho que selecionam os mais capacitados, com
melhor formação e os mais experientes. Mediante esses fatores é
recomendável ao profissional dar continuidade aos seus estudos,
tanto na área de atuação como também nas áreas de comportamento,
ficando atento às oportunidades.

Você sabia que o mercado de trabalho para a enfermagem está em expansão não
somente em nível nacional, como também internacional? Países como a Bélgica,
Noruega, Finlândia, Dinamarca, Canadá cedem vistos de trabalho para profissionais
que queiram trabalhar. Esses países investiram muito em tecnologia e profissões
afins, no entanto, as profissões do lado humano como a enfermagem não foram
renovadas. Hoje, a população nesses países está envelhecendo e encontra carência
desse profissional. Existe ainda um programa do Governo Federal chamado Ciência
sem Fronteira, que visa colocar acadêmicos brasileiros em contato com outros
países, favorecendo a absorção de conhecimento, algo muito positivo que também
pode contribuir para a inserção no mercado de trabalho.

Faça você mesmo

Imagine um selecionador aplicando uma dinâmica de grupo com


candidatos recém-formados para uma vaga no cargo de enfermeiro. O
objetivo do entrevistador é identificar perfis de profissionais que atendam
às principais competências do enfermeiro. Ele distribui várias atividades
entre os participantes e você fica responsável em apontar as competências
relacionadas à organização, planejamento, cuidados assistenciais e

26 Enfermagem como profissão


U1

auditor. Agora, retorne ao texto, consulte a lei do exercício profissional de


Enfermagem Lei nº 7.498/86 e seu Decreto nº 94.406/1987 e organize
uma lista das competências que deverão ser desenvolvidas por você para
obtenção de sucesso na inserção no campo de trabalho.

Faça valer a pena

1. A enfermagem, como toda profissão, possui características peculiares


e uma delas envolve administrar o cuidado de forma consciente, sendo
responsável por si mesmo e por outros. Assinale a seguir as principais
características pertinentes à profissão de enfermagem:
I. Uma profissão exige a educação extensa dos que a praticam, além de ter
fundação liberal.
II. Uma profissão possui um corpo teórico de conhecimento que gera
habilidades e normas definidas.
III. Uma profissão fornece um serviço específico.
IV. Os profissionais têm autonomia na tomada de decisões e na prática.
V. Uma profissão completa possui um código de ética para a sua prática.

Assim, é correto afirmar que:


A. As alternativas I, II, III, IV e V estão corretas.
B. As alternativas I, II e III estão corretas.
C. As alternativas III e IV estão corretas.
D. As alternativas II e V estão corretas.
E. Somente a alternativa III está correta.

2. Considera-se como dificuldade para inserção no campo de trabalho a


não apropriação ou não adequação dos seguintes itens:
A. Indicação profissional, pois é a primeira opção para inserção no mercado
de trabalho.
B. Ser estudante de escola privada.
C. Ter apenas conhecimento científico e não ter a prática.
D. Características pessoais e formação do estudante, rede social, exigências
do mercado e conhecimentos teórico-científicos.
E. Ser estudante de escola pública.

Enfermagem como profissão 27


U1

3. A ênfase na formação do enfermeiro generalista e o aumento das


possibilidades de experiência prática durante o curso de graduação são
alternativas para:
I. Atender à exigência de um perfil para a atuação multiprofissional
adequada.
II. Proporcionar maturidade pessoal e identidade profissional necessárias
para a tomada de decisão.
III. Agir em situação inesperada, realidade a que estão sujeitos os serviços
de saúde.

Assinale a alternativa correta:


A. As alternativas I e II estão corretas.
B. Somente a alternativa I está correta.
C. Somente a alternativa II está correta.
D. Somente a alternativa III está correta.
E. As alternativas I, II e III estão corretas.

28 Enfermagem como profissão


U1

Seção 1.3

Conceito e objetivos de direitos trabalhistas

Diálogo aberto

Seja bem-vindo!

Nas seções anteriores, falamos a respeito do contexto histórico da Enfermagem e


sua profissionalização, bem como da inserção no mercado de trabalho e das estratégias
que podem ser utilizadas. Vamos agora entender a realidade vivenciada pelo estagiário
Maycon, que acompanha a enfermeira Viviane durante suas atividades no setor de
medicação e observação. Maycon percebeu que a enfermeira está impaciente e um
tanto desmotivada. Trabalha muito bem, mas se queixa constantemente da falta de
pessoal e material adequado para trabalhar. O plantão é um tanto tumultuado, sem
seguimento de uma sequência adequada, ou seja, certa desorganização, mas todos
são atendidos na medida do possível. Maycon cumpre 6 horas de estágio diárias, o
que lhe é permitido por lei, mas a enfermeira relata que ela cumpre 8 horas diárias,
chegando a até 12 horas, pela falta de profissionais e há dias que fica sem folga. Como
o setor está cheio, Viviane pede para Maycon assumir a parte administrativa, por ele já
conhecer o processo e ela assume a assistência com seus colaboradores.

Qual é a carga horária de trabalho do enfermeiro? Mediante queixas de Viviane


quanto à falta de material e de profissionais, quais seriam as atitudes e estratégias a
serem tomadas para resolver o problema? Quais são os seus direitos e deveres por
ser profissional da Enfermagem? De que forma Maycon poderia ajudar a enfermeira
Viviane? Nesse momento, verificaremos qual é o papel do enfermeiro dentro dessa
situação. Não esqueça de que é muito importante que você faça a leitura dos capítulos
de livros e artigos indicados no decorrer do livro didático, isso auxiliará na compreensão
do material e lhe ajudará a responder as questões que lhe forem apresentadas.

Bom estudo!

Não pode faltar

A organização da Enfermagem no Brasil  é compreendida desde o  período


colonial e vai até o final do século XIX  e é analisada no contexto  da sociedade
brasileira em formação. Já o desenvolvimento da educação em Enfermagem no
Brasil começa no final do século XIX, estabelecendo-se até o começo da Segunda

Enfermagem como profissão 29


U1

Guerra Mundial e é caracterizado de acordo com o movimento da secularização da


atenção de saúde. Aborda a influência internacional que marcou esse período, bem
como as vertentes político-econômicas determinantes do processo de mudança
profissional. Já a enfermagem no Brasil moderno inicia-se com a Segunda Guerra
Mundial (1938) e estende-se até a atualidade, focalizando na profissionalização da
Enfermagem no processo brasileiro de acumulação capitalista.

Atenção!

Você sabia que a primeira forma de assistência aos doentes após a


colonização foi estabelecida pelos padres jesuítas, quando tal qual a
história no mundo, os religiosos faziam a assistência à saúde no Brasil,
em enfermarias edificadas nas proximidades dos colégios e conventos.
Posteriormente, a prestação de cuidados também passa a ser realizada
por outros grupos de pessoas, na sua maioria escravos, que naquela
época trabalhavam nos domicílios e nas Santas Casas de Misericórdia,
fundadas a partir de 1543. A prática de enfermagem era, por esse
tempo, doméstica e empírica; mais instintiva que técnica, atendendo
prioritariamente a fins lucrativos.

Até então, não se pensava em direitos trabalhistas, mas no final do século


XIX a questão saúde no Brasil passa a constituir um problema econômico-social
importante, a partir do momento em que doenças infecto-contagiosoas se
propagaram rápida e progressivamente, o que atrapalhava o comércio com o
exterior. Essas epidemias e endemias não só afetavam a população brasileira, mas
também as tripulações dos navios estrangeiros, bem como a sua população. A
partir de 1904, foram criadas várias estratégias a fim de controlar e prevenir a febre
amarela, por médico Dr. Oswaldo Cruz, e houve a necessidade de ter um pessoal
de enfermagem mais preparado para trabalhar tantas peculiaridades. Foi então
criada a Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras no Rio de Janeiro, junto
ao Hospital Nacional de Alienados do Ministério dos Negócios do Interior. Essa
escola é chamada hoje de Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, pertencente à
Universidade do Rio de Janeiro UNI-RIO, oferecendo cursos de 2 anos de duração.

Pesquise mais
Você sabia que alguns dos vários direitos trabalhistas conquistados pela
Enfermagem se deram por meio da representação de uma sociedade
de pessoas com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil,
chamadas de entidades de classe? A primeira entidade é a Associação

30 Enfermagem como profissão


U1

Brasileira de Enfermagem (ABen), que motivou o surgimento de tantas


outras como o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), Conselho
Regional de Enfermagem (COREN), associações pré-sindicais,
sindicatos, dentre outros. Saiba mais! Consulte: Associação Brasileira
de Enfermagem – 85 anos de história: pontuais avanços e conquistas,
contribuições marcantes, e desafios. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/reben/v65n2/v65n2a02.pdf>. Acesso em: 18 out. 2015.

Lei 5.905, de 12 de julho de 1973. Dispõe sobre a criação dos Conselhos


Federal e Regionais de Enfermagem e dá outras providências. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5905.htm>. Acesso
em: 18 out. 2015.

Em 1923, a Enfermagem brasileira é estabelecida e assegurada em estrutura e


parâmetros legais de acordo com o Decreto nº 16.300 / 1923 (Código Sanitário de
Carlos Chagas). A partir de então, novas leis foram estabelecidas para a fortificação
da Enfermagem.

O Decreto nº 20.109 / 1931 é considerado a primeira Lei do Exercício da


Enfermagem Brasileira, após esta, várias novas conquistas foram estabelecidas.
Atualmente, dispomos da Lei nº 7.498, de 25/06/1986, regulamentada pelo Decreto
nº 94.406, de 08/06/1987, que trata do exercício profissional da enfermagem.

Essa lei dispõe, em seu art. 1º, que é livre o exercício da enfermagem em todo
o território nacional, observadas as disposições desta lei, que afirma que só poderá
exercer a função de enfermeiro, técnico de enfermagem, auxiliar de enfermagem
e  parteiro, quem for habilitado, titulado e conter registro profissional inscrito
no Conselho Regional de Enfermagem de sua região.

Além disso, o Decreto nº 94.406/87 descreve as atribuições para cada uma das
categorias do profissional de enfermagem. A titularidade constitui, pois, condição
de capacidade técnica para o exercício profissional em qualquer profissão. Daí a
importância que a lei confere à qualificação ou ao título profissional  de acordo
com o grau de preparo e formação. Por isso, na divisão do trabalho de enfermagem,
as atividades mais complexas e de maior responsabilidade foram atribuídas aos
enfermeiros, profissionais de maior preparo acadêmico.

Atenção!

A declaração Universal dos Direitos Humanos (1945) afirma que “todo


homem, como membro da sociedade, tem o direito à segurança social

Enfermagem como profissão 31


U1

e à realização dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis


à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade”.

Dessa forma, todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha do emprego,
a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
Todo o homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória,
que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a
dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de
proteção social.

A constituição brasileira em seu artigo 5º, inciso XIII, corrobora esse princípio
declarando ser livre qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas às qualificações
legais estabelecidas, que, para enfermeiros e pessoal de enfermagem, trata-se da
Lei nº 7.498/86 e seu Decreto nº 94.406/87.

Lembre-se

Como direito trabalhista, o enfermeiro poderá executar a sua prática


profissional de forma dependente, como empregado ou assalariado e
de forma independente ou autônoma.

A aplicabilidade dos direitos trabalhistas do enfermeiro relaciona-se às funções


diretivas, de planejamento e organização da enfermagem, atividades técnicas
específicas de: consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de
enfermagem; consulta e prescrição de enfermagem; cuidados diretos a pacientes
graves e com risco de vida; cuidados de enfermagem de maior complexidade
técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar
decisões imediatas.

Lembre-se

A tomada de decisões dependerá do aprimoramento, do conhecimento,


do comportamento ético do profissional, pelo compromisso social e
profissional demonstrado pela responsabilidade no plano das relações
de trabalho dentro das equipes de saúde, trazendo reflexos no campo
científico e político.

Como integrante da equipe de saúde, o enfermeiro pode legalmente


participar em: planejamento, execução e avaliação de programas de saúde;
elaboração, execução e avaliação de planos de saúde; prescrição de medicamentos

32 Enfermagem como profissão


U1

estabelecidos com rotina/programas de saúde; projetos de construção ou reforma


de unidade de internação; prevenção e controle de danos à clientela; assistência
à gestante, parturiente e puérpera; acompanhamento da evolução e trabalho de
parto; execução de parto sem distócia; educação para a saúde.

Como profissional liberal ou trabalhador autônomo, o enfermeiro pode


exercer sua atividade em sua clínica ou consultório de enfermagem, fazendo:
consulta de enfermagem; administração de medicamentos e tratamentos
prescritos; prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde
pública e em rotina aprovada pela instituição (pública ou privada); orientação e
treinamento de pacientes para a autoaplicação de medicamentos e tratamentos;
orientação e controle de pacientes crônicos portadores de doenças como
diabetes, epilepsia, hipertensão arterial etc.; orientação e controle de gestantes,
crianças e idosos sadios; ministração de cursos de preparação de gestantes para o
parto; ministração de cursos sobre cuidados com o bebê.

Em atendimento ou internação domiciliar ou home care, o enfermeiro pode fazer:


consulta de enfermagem; planejamento da assistência de enfermagem a ser prestada
ou Plano de Atenção Domiciliar (PAD), de acordo com recente regulamentação da
Anvisa; instalação do mobiliário, dos equipamentos e aparelhos necessários para a
internação domiciliar do paciente; orientação, treinamento e supervisão de técnicos
e auxiliares de enfermagem e familiares/cuidadores para o cuidado de pacientes
dependentes; orientação e controle de puérperas, recém-nascidos, pacientes senis
ou portadores de doenças crônicas e incapacitantes; administração de medicamentos
e tratamentos prescritos. Organizações sindicais ou trabalhistas descrevem sobre os
direitos de cada profissional, assim é com a Enfermagem, que tem descrito em seu
código de ética seus direitos, deveres e proibições.

Pesquise mais
Saiba mais sobre a regulação das relações de trabalho na enfermagem,
direitos e obrigações de empregados e empregadores, baseando-se na
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), das normas constitucionais,
código de ética de Enfermagem e das resoluções do Cofen. Consulte:

A regulação das relações de trabalho e o gerenciamento de recursos


humanos em enfermagem. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
reeusp/v40n3/v40n3a16.pdf>. Acesso em: 4 nov. 2015.

RESOLUÇÃO COFEN 311/2007 – Dispõe sobre o Código de Ética


dos profissionais de enfermagem. Disponível em: <http://se.corens.
portalcofen.gov.br/codigo-de-etica-resolucao-cofen-3112007>
Acesso em: 4 nov. 2015.

Enfermagem como profissão 33


U1

RESOLUÇÃO COFEN-278/2003 – Dispõe sobre sutura efetuada por


profissional de enfermagem. Disponível em: <http://www.cofen.gov.
br/resoluo-cofen-2782003_4314.html>. Acesso em: 5 nov. 2015.

A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT – regulamenta as relações


trabalhistas e seus direitos, tanto do trabalho urbano quanto do rural, seu principal
objetivo é a regulamentação das relações individuais e coletivas do trabalho, a
fim de proporcionar direitos trabalhistas adequados a todo e qualquer trabalhador.
Uma das formas de se garantir o direito trabalhista também está relacionada ao
dimensionamento do profissional de enfermagem. É importante para a execução
do trabalho, para a saúde do profissional e para exigir dele que cumpra os seus
deveres de forma adequada, um número apropriado de profissionais, sejam eles
auxiliares, técnicos e enfermeiros.

Reflita

O enfermeiro desenvolve função de liderança, supervisão e direciona


sua equipe a cumprir suas atribuições para que se obtenha sucesso na
prestação da assistência. Sua equipe é formada pelo enfermeiro, auxiliar
e técnico de enfermagem e cabe-lhes a realização de determinadas
atividades. Consulte: Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0229.htm>.
Acesso em: 05 dez. 2015.

Decreto nº 94.406/87 que regulamenta a Lei do Exercício Profissional


de Enfermagem. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto/1980-1989/D94406.htm>. Acesso em: 5 dez. 2015.

De acordo com o que você estudou até agora, é possível pensar que uma das
causas da insatisfação da enfermeira Viviane esteja relacionada à sobrecarga pela
demanda de atividades gerada pela falta de pessoal para trabalhar? Vejamos alguns
outros detalhes:

Lembre-se

Dimensionar, quantificar e calcular fazem parte de uma etapa importante


que direciona a assistência da equipe de enfermagem às reais necessidades
do paciente/cliente, sendo importante o enfermeiro conhecer e adequar
os recursos humanos junto às necessidades assistenciais, garantindo que
o paciente receba um cuidado de qualidade e com segurança.

34 Enfermagem como profissão


U1

Agora que você já sabe quais são as atribuições do enfermeiro, do auxiliar, do


técnico de enfermagem, conhece também os direitos trabalhistas aplicados a essas
funções, você conseguirá interpretar o que está acontecendo com a enfermeira
Viviane no pronto-socorro. Leia o texto a seguir para facilitar essa interpretação:
“Dimensionamento de enfermagem hospitalar: modelo OPSD/OMS”. VITURI, D. W.
et al. Dimensionamento de enfermagem hospitalar: modelo OPAS/OMS. Texto &
Contexto-Enfermagem, v. 20, n. 3, p. 547-556, 2011. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/tce/v20n3/17.pdf>. Acesso em: 18 out. 2015.

Faça você mesmo

A área de medicação e observação do pronto-socorro é de grande


demanda e as atividades a serem executadas são muitas. O cuidado
nesta área também deve ser prestado com reflexão, com compaixão e
carinho, garantindo que o cliente/paciente receba o melhor da ciência
e da arte de Enfermagem. De acordo com a SP, é possível garantir uma
assistência com qualidade? Resposta: Não é possível, a enfermeira está
visivelmente cansada, sobrecarregada pela falta de funcionários. Em
detrimento disso, os procedimentos não estão sendo realizados em
uma sequência adequada, o que inclusive pode causar dano não só para
o paciente, como para a Enfermagem. Uma das maneiras de mensurar
a qualidade de um serviço de saúde é valorar os profissionais, dando a
eles condições de trabalho adequadas por meio do cumprimento da
CLT e do Dimensionamento.

Sem medo de errar

Segundo a situação hipotética apresentada nesta seção, falamos sobre um


atendimento em uma unidade de pronto-socorro, onde o aluno Maycon acompanha
uma enfermeira durante suas atividades no setor de medicação e observação. A
enfermeira está impaciente, desmotivada com a situação em que trabalha, se
queixa constantemente da falta de pessoal e de material. O plantão é tumultuado
e desorganizado, mas todos são atendidos. Com a grande demanda do setor, a
enfermeira sobrecarrega o estagiário Maycon, que acaba se limitando a executar
práticas técnicas, não se envolvendo com outras questões que também são da
responsabilidade de um enfermeiro. Enquanto Maycon como estagiário cumpre 6
horas de estágio diárias, a enfermeira cumpre entre 8 e 12 horas diárias e há dias que
fica sem folga. Imaginemos que a enfermeira Viviane atuasse como autônoma, o
que diz a CLT em relação a isso? O que diz a CLT em relação a isso? Resposta: Como
a enfermeira é trabalhadora autônoma, é excluída das leis da CLT. O trabalhador
autônomo desenvolve suas atividades de acordo com o que se propõe.

Enfermagem como profissão 35


U1

Atenção!

De acordo com o art. 7º da Constituição Federativa do Brasil de 1988, são


direitos dos trabalhadores[...] jornada de seis horas para o trabalho realizado
em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva.

A negociação coletiva envolve acordo ou convenção. O acordo


coletivo é o instrumento firmado entre uma ou mais empresas e uma
categoria profissional, enquanto a convenção coletiva é firmada por
duas entidades sindicais.

CONSIDERANDO que a carga horária máxima permitida para que o


enfermeiro, técnico de enfermagem, auxiliar de enfermagem exerça
uma assistência de qualidade em domicílio é regida pela CLT e firmada
em acordo coletivo junto ao sindicato (dos enfermeiros, de técnicos e
auxiliares de enfermagem).

OBS.: É estabelecida pela CLT jornada máxima de oito horas diárias e de


quarenta e quatro horas semanais de trabalho. Na Enfermagem, a carga
horária semanal de trabalho pode variar de 30 a 40 horas semanais,
sendo mais comum a jornada de 36 horas semanais. Jornadas diárias
de trabalho variam entre seis, oito e doze por trinta e seis horas, ou
ainda, jornadas de quatro dias de seis horas e um dia de doze horas,
conforme o contrato de trabalho.

Avançando na prática

Pratique mais
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações
que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de
seus colegas.

“Direitos e deveres do enfermeiro ”


1. Competência de fundamentos
Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação
e Área
Conhecer as legislações regulamentadoras da profissão e
2. Objetivos de aprendizagem
gerir o serviço de saúde.
Compreensão das bases éticas, sociológicas e culturais da
3. Conteúdos relacionados Enfermagem, com base no contexto histórico; a evolução do
papel do enfermeiro no mercado de trabalho; direitos e deveres.

36 Enfermagem como profissão


U1

O estagiário Maycon acompanha a enfermeira Viviane em


suas atividades no pronto-socorro. Maycon percebeu que a
enfermeira está impaciente e um tanto desmotivada. Trabalha
muito bem, mas se queixa constantemente da falta de pessoal
e de material adequado para trabalhar. O plantão é um tanto
tumultuado, sem seguimento de uma sequência adequada,
ou seja, certa desorganização, mas todos são atendidos na
medida do possível. Maycon cumpre 6 horas de estágio
diárias, o que lhe é permitido por lei, mas a enfermeira relata
que cumpre 8 horas diárias, chegando até 12 horas pela
falta de profissionais e há dias que fica sem folga. Como o
4. Descrição da SP setor está cheio, Viviane pede para Maycon assumir a parte
administrativa, por ele já conhecer o processo e ela assume
a assistência com seus colaboradores. No entanto, após 1
hora de plantão, uma de suas funcionárias se acidenta e é
encaminhada para a medicina ocupacional e Viviane acaba
por atribuir mais atividades para Maycon, sobrecarregando-o.
1. Qual é a carga horária de trabalho do enfermeiro? 2. Mediante
as queixas de Viviane quanto a falta de material e profissional,
quais seriam as atitudes e estratégias a serem tomadas para
resolver o problema? 3.Quais são os seus direitos e deveres
quanto profissional da enfermagem? 4. De que forma Maycon
poderia ajudar a enfermeira Viviane?
Para resolver essa situação, precisaríamos acertar a carga
horária de trabalho da enfermeira para proporcionar um
período de descanso e favorecer o profissional, visto que a
carga horária é estabelecida pela CLT e aprovada por acordo
ou convenção coletiva. É necessária ainda a adequação
do número de colaboradores para a divisão das atividades
evitando, assim, a sobrecarga de trabalho de acordo com
a Resolução COFEN nº 0527/2016 que fixa e estabelece
parâmetros para o dimensionamento do quadro de
profissionais de enfermagem nas unidades assistenciais das
instituições de saúde e assemelhados. Disponível em: <http://
www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-2932004_4329.html>.
5. Resolução da SP Acesso em: 18 dez. 2015. Quanto aos direitos e deveres
do enfermeiro, ter trabalho e local de trabalho adequados
e uma prestação assistencial de qualidade sem riscos ao
paciente implica também na quantidade de profissionais
disponíveis para o ofício. O estabelecimento de saúde tem
a responsabilidade de prover materiais adequados para o
exercício profissional, é algo que além de auxiliar no melhor
desenvolvimento das atividades sem o desgaste do improviso,
gera economia de tempo e qualidade na assistência. Uma
das formas que Maycon pode ajudar a enfermeira Viviane
é realmente assumindo algumas atividades e auxiliando-a
quanto à organização do setor, e gerenciar materiais e
pessoas, caso a falha esteja na gestão.

Faça valer a pena

1. A assistência de enfermagem é garantida por meio da normativa que


dispõe sobre a regulamentação do exercício profissional de enfermagem
e dá outras providências. Esta afirmativa trata-se da:

Enfermagem como profissão 37


U1

a. Resolução COFEN nº 239/2000.


b. Resolução COFEN nº 191/1996.
c. Deliberação COREN-MG 65/00.
d. Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973.
e. Lei do Exercício Profissional nº 7.498/1986, sancionada por decreto
aprovado em 1987.

2. A infração do código de ética pelo enfermeiro pode levá-lo a sofrer


algumas penalidades. Assinale a sequência correta:
a. Advertência verbal, multa, censura, cassação do direito ao exercício
profissional e suspensão do exercício profissional.
b. Suspensão do exercício profissional e censura.
c. Multa, advertência verbal, suspensão do exercício profissional.
d. Advertência verbal, multa, censura, suspensão do exercício profissional
e cassação.
e. Suspensão e censura verbal.

3. A Resolução COFEN nº 311/2007 dispõe sobre a reformulação do


Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Assinale as alternativas
consideradas como princípios fundamentais mediante a essa lei:
I. A Enfermagem é uma profissão comprometida com a qualidade de vida
e a saúde da pessoa, família e coletividade.
II. O profissional de Enfermagem deve respeitar a vida, os direitos humanos
e a dignidade em todas as suas dimensões.
III. O profissional de Enfermagem deve atuar na promoção da saúde,
prevenção de doenças, recuperação e reabilitação da saúde, sempre com
autonomia e em concordância com os preceitos éticos e legais
IV. O profissional de Enfermagem deve exercer suas atividades com
competência para promover cuidados ao ser humano na sua integralidade,
de acordo com os princípios da ética e da bioética.
V. O enfermeiro que quer exercer a função de responsável pela elaboração
e implementação do Plano de Gerenciamento de Resíduos dos Serviços
de Saúde deverá ter o cargo e certificado de Responsabilidade Técnica
(CRT), expedido pelo Conselho Regional de Enfermagem de sua região.

Assim:

38 Enfermagem como profissão


U1

a. As alternativas I e II estão corretas.


b. As alternativas I, II, III e IV estão corretas.
c. A alternativa IV está correta.
d. A alternativa V está correta.
e. A alternativa I está correta.

Enfermagem como profissão 39


U1

40 Enfermagem como profissão


U1

Seção 1.4
Currículo profissional

Diálogo aberto

Seja bem-vindo!

Relembrando os conteúdos que aprendemos nas seções anteriores, destacamos


sobre a história da profissionalização da Enfermagem no Brasil, bem como suas
bases éticas, sociológicas e culturais. Foi possível entendermos também como se
deu a evolução do papel do enfermeiro no mercado de trabalho e ficamos cientes
de algumas leis que dispõem sobre os diretos trabalhistas e sua aplicabilidade na
enfermagem. Além disso, nossa memória também deve retomar a situação da
realidade apresentada no começo da Unidade. Situação essa que aconteceu em
um pronto-socorro que liberou o campo de atuação para a realização de estágio
a alunos de Enfermagem, onde cada aluno pode acompanhar e auxiliar um
atendimento direcionado ao paciente.

Nesta seção, iremos entender a vivência do aluno Wallace que já concluiu a


carga horária total de seus estágios supervisionados obrigatórios. Durante o período
em que esteve em estágio, Wallace teve a oportunidade de cumprir sua carga
horária obrigatória em ambulatórios, hospitais, casas de repouso, comunidades
e rede básica, restando finalizar o curso através das provas finais, fato que não o
preocupa, pois suas notas estão excelentes. No entanto, Wallace ficou sabendo
que o pronto-socorro que está servindo como campo de estágio para alunos de
sua universidade tinha uma vaga em aberto, pois apenas três alunos haviam se
candidatado para aquele estágio. Embora Wallace não mais precisasse de horas
de estágio, se interessou e quis aproveitar a oportunidade, pois acreditava que
poderia substituir o estágio pelas atividades complementares, que deveria cumprir
em pronto-socorro, área que ainda não havia passado. Depois de tudo pronto para
iniciar o estágio, Wallace ficou muito aborrecido, pois a atividade que iria executar
não lhe traria nenhum benefício em relação às horas que precisa pagar, sendo
considerada como uma atividade opcional, voluntária. Mesmo assim, permaneceu
no estágio. 1. Existe esse tipo de estágio sem supervisão? 2. Qual seria a intenção
de Wallace? 3. Não seria arriscado para ele enquanto aluno, atuar sem supervisão
em um serviço considerado crítico? 4. Mesmo depois de ter terminado todos os
módulos de estágio supervisionado, ele poderia retomar essa atividade como uma
atividade opcional? Aluno, convido você a fazer a leitura do livro didático e das

Enfermagem como profissão 41


U1

referências propostas para, juntos, respondermos estas e outras questões que


serão apresentadas no decorrer desta seção.

Bons estudos!

Não pode faltar

O processo de ensino e aprendizagem marca o início da trajetória acadêmica


de um aluno de Enfermagem. Durante a graduação é importante que o aluno
participe dos eventos propostos pela faculdade, não apenas para obter notas, mas
seu engajamento deve ser sempre com o objetivo de aprendizagem. Participar de
eventos sociais, dos programas estudantis, da divulgação do curso e profissão de
enfermagem, bem como de trabalhos voluntários, contribui com o aprendizado
do aluno e com a comunidade em que se trabalha.

Assimile

O cuidado prestado ao paciente nas funções educativas, organizacionais


e gerenciais, promove contribuição e auxílio no desenvolvimento de
uma grande rede de relacionamentos em sua trajetória acadêmica.

Poderíamos pensar que Wallace está se utilizando dessa estratégia para aumentar
os seus conhecimentos e adquirir mais experiências? Possivelmente sim, afinal está
prestes a deixar o ambiente acadêmico e passar a fazer parte do ambiente profissional
requer maiores conhecimentos, habilidades e atitudes. Uma das formas para se
obter essas competências profissionais está ligada à comunicação, uma maneira das
pessoas se relacionarem entre si, podendo promover uma rede de relacionamentos.

Reflita

A comunicação é uma importante tática para promover a figura do


enfermeiro. É imprescindível acrescentar fatores positivos a todas
as oportunidades de uso da figura da enfermagem, seja para o
paciente em campanhas de promoção a saúde, no uso da imagem
enquanto aluno e na profissão. Essa é uma oportunidade de se fazer
conhecer, trabalhando sua imagem por meio da comunicação e do
relacionamento interpessoal.

Sendo assim, saber trabalhar sua imagem é uma competência que deve ser
aprimorada para fazer seu trabalho aparecer; então, preste atenção em como

42 Enfermagem como profissão


U1

você está sendo visto na faculdade, nos campos de estágio, nas atividades sociais
em que você participa, nos trabalhos voluntários e, em breve, em seu emprego,
assuma dessa forma o controle de sua imagem. Mediante a esta informação, a
atitude de Wallace irá contribuir para bons resultados. Procure avaliar quais seriam
esses supostos resultados e de que forma Wallace chegaria até eles.

Assimile

Um enfermeiro deve ter um bom currículo profissional e este inicia-


se por meio da comunicação, que na Enfermagem é fundamental.
Saber lidar com as pessoas é imprescindível, isso porque o trabalho de
enfermagem tem como base as relações humanas.

O currículo profissional (sinônimo de carreira de vida profissional) é desenvolvido


por meio da trajetória profissional, descrevendo seus conhecimentos, estudos e
experiência profissional, levando em consideração as necessidades da instituição ou
empresa a qual será apresentado em um instrumento chamado Curriculum Vitae.

Atenção!

Além do Curriculum Vitae, você poderá utilizar outros métodos de


apresentação profissional do mundo contemporâneo, como a utilização
do cartão pessoal, site pessoal e currículo lattes. Esses documentos
possuem baixo custo e facilitam sua localização enquanto profissional.
Após a avaliação de seu curriculum, a empresa poderá te solicitar o nº
de seu registro no COREN, além de outros documentos.

Os profissionais de saúde estão se comunicando adequadamente, em especial


o futuro enfermeiro? Estão construindo o seu currículo profissional de forma
adequada por meio da comunicação e da apresentação profissional? Avalie
essa condição, pois a adequada comunicação é aquela que tenta diminuir mal-
entendidos e conflitos, tentando atingir objetivos definidos para a solução de
problemas e para uma autoapresentação.

Lembre-se

O enfermeiro no desempenho de suas funções precisa da comunicação


para relacionar-se com profissionais das várias equipes existentes nas

Enfermagem como profissão 43


U1

áreas de saúde, a fim de estabelecer uma relação de cuidado com o


paciente/cliente e sua família. Ainda cabe ao profissional de enfermagem
estabelecer um marketing pessoal e profissional, que deve ser iniciado
na graduação. A comunicação eficaz favorece seu marketing.

Para um bom Marketing pessoal e profissional, é necessária uma comunicação


constante de qualidade por parte do enfermeiro através de sua conversa, ouvindo
as pessoas, usando o silêncio, pela entonação de sua voz, pela expressão facial
e postura corporal. É de sua responsabilidade o planejamento cuidadoso de seu
marketing pessoal, você deverá trabalhar a sua imagem, com o objetivo de criar
uma imagem que mostre suas qualidades.

Pesquise mais
Você sabia que a maneira de se comunicar pode influenciar o outro de
forma positiva ou negativa? E isso pode ser um fator determinante para
o seu currículo profissional. Utilize todas as formas de comunicação e se
comunique de forma competente. Consulte: Comunicação competente
- visão de enfermeiros especialistas em comunicação Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ape/v20n4/03.pdf>. Acesso em: 31 nov. 2015.

Comunicação interna numa empresa de serviços. Disponível em:


<http://www.scielo.mec.pt/pdf/rpbg/v12n3/v12n3a07.pdf>. Acesso em:
31 nov. 2015.

A comunicação é uma estratégia que utilizamos para entender e se fazer


entender, para que essa seja eficaz. A comunicação deve conter um emissor, um
receptor, um canal e a referida mensagem. Tanto o currículo profissional como
o marketing pessoal/profissional se desenvolvem a partir do processo ensino-
aprendizagem por meio da comunicação. Para várias situações de nossas vidas,
inclusive na vida profissional, a comunicação pode ser realizada por meio de canais
verbais (oral ou escrito), não verbais (gestual, expressão corporal, olhar, sons,
entonação da voz, desenhos, modo de vestir).

Exemplificando

Para o desenvolvimento do currículo profissional e marketing pessoal e


profissional, também deve ser levado em consideração a sua imagem.
De que forma você se enxerga e de que forma os outros te enxergam?
O sucesso profissional pode ser mensurado pela imagem e marketing

44 Enfermagem como profissão


U1

pessoal. Para avaliar essa afirmação, você pode considerar que alguns
dos fatores determinantes para o marketing podem estar relacionados
ao tipo de roupa, sapatos, relógio, carro ou aparelhos eletrônicos
como celular ou notebook que o profissional possua?

É importante reforçar que quando falamos do modo de se vestir, falamos de


imagem, ou seja, de saber como se vestir no estágio, em um evento profissional
ou educacional, em uma entrevista. Além disso, o entusiasmo, a energia positiva
direcionada ao que se quer e pelo que se faz expressada na voz, na imagem e no
posicionamento do profissional, são fatores que também podem influenciar na sua
carreira como enfermeiro.

Vocabulário

Marketing: é uma ferramenta que traduz criatividade, disciplina e


experiência (MICHAELIS, 2009).

Marketing pessoal e ou profissional: o mesmo que publicidade, venda


a um cliente, pessoas ou empregador, como qualquer outro produto
(MICHAELIS, 2009).

Relacionamento interpessoal: relação  entre duas ou mais pessoas


(MICHAELIS, 2009).

Relacionamento intrapessoal: relação consigo mesmo, com suas


próprias emoções e sentimentos (MICHAELIS, 2009).

Para o Marketing pessoal/profissional, você precisará desenvolver sua marca


pessoal que te diferencie da multidão de concorrentes, igualmente capacitados,
do ponto de vista técnico.

Faça você mesmo

Vamos supor que você seja convidado a falar sobre o marketing pessoal/
profissional, em que você terá que desenvolver um pensamento
sobre o produto que o profissional de saúde deve desenvolver. O que
você apresentaria como produto profissional no marketing pessoal e
profissional e qual é a postura a ser trabalhada? Consulte o link: O
enfermeiro não faz marketing pessoal: a história explica por quê?
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v62n6/a19v62n6.
pdf>. Acesso em: 31 out. 2015.

Enfermagem como profissão 45


U1

Sem medo de errar

De acordo com situação hipotética apresentada nesta seção, o pronto-socorro


liberou seu serviço para a realização de estágio supervisionado em Enfermagem a
um determinado número de alunos, com o intuito de capacitar futuros enfermeiros.
No segundo dia de estágio, Bárbara, Isadora, Maycon e Wallace, estudantes da área
da saúde, acompanharam atendimentos com os profissionais especializados. Cada
aluno acompanhou e auxiliou um determinado atendimento. No final do módulo
de estágio, os estudantes deveriam apresentar um relatório ao professor e relatar
em sala de aula sua vivência, levantando questionamentos sobre cada caso, com a
finalidade de gerar um debate em turma. No entanto, um dos alunos (Wallace) não
cumpria estágio supervisionado e sim uma atividade opcional, pergunta-se: O que
significa a atitude desse aluno? Mesmo depois de ter terminado todos os módulos
de estágio supervisionado, ele poderia retomar como uma atividade opcional?
Qual seria o objetivo desse aluno? Com as informações contidas no livro didático
e os materiais de pesquisa apresentados é possível identificar se as atitudes de
Wallace estão respaldadas inclusive pela lei?

Pesquise mais
Você sabia que existem leis que respaldam os estudantes em todas as
atividades de estágio curricular ou não? Consulte: Resolução Cofen nº
441/2013. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-
no-4412013_19664.html>. Acesso em: 31 out. 2015.

Lei nº 11788/2008 que dispõe sobre o estágio de todas as categorias


de estudantes. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm>. Acesso em: 31 out. 2015.

Resolução Cofen 299/2005. Disponível em: <http://www.


cofen.gov.br/resoluo-cofen-2992005-revogada-pela-resoluo-
cofen-n-3712010_4334.html>. Acesso em: 31 out. 2015.

Ainda, além de buscar mais conhecimento e mais experiência, Wallace utiliza


desse estágio como estratégia de marketing, ou seja, o relacionamento com outros
profissionais pode lhe proporcionar vantagens, já que indicações também fazem
parte da inserção no mercado de trabalho. Uma rede adequada de relacionamentos
em sua área pode proporcionar benefícios em sua colocação profissional.

46 Enfermagem como profissão


U1

Lembre-se

Você pode iniciar seu marketing no campo de estágio, este é o local


que você terá contato com profissionais experientes e especialistas que
estarão de olho em você, da mesma forma que um olheiro fica atento aos
jogadores de futebol iniciantes, com o intuito de descobrir novos talentos.

O marketing pessoal é uma ferramenta muito importante na vida de uma pessoa,


principalmente na do profissional. Para se destacar no mercado de trabalho é
preciso ter conhecimento em sua área, saber se posicionar e cuidar da sua imagem
física e profissional. Para enfrentar as exigências de um mercado profissional cada
vez mais seleto e exigente, é preciso estar atento a alguns aspectos que ajudam a
transmitir uma boa imagem profissional, pessoal e comportamental. Você deve se
lembrar de que não tem como separar o lado pessoal do profissional, um depende
do outro no mercado de trabalho. Quando falamos de marketing profissional,
obrigatoriamente falamos de marketing pessoal, assim sucessivamente. Vivemos
em um mundo visual, dessa forma, temos que ter cuidado com a primeira
impressão, pois ela costuma ser muito forte. A chave para criar uma boa imagem
pessoal e profissional é a primeira impressão. Outra valiosa fonte de informação é a
linguagem corporal. Você precisa saber reconhecer a importância da imagem, ela
pode significar a diferença entre ter sucesso ou ser deixado para trás em qualquer
mercado. Um aspecto agradável faz com que as pessoas confiem em você,
facilitando a comunicação.

Atenção!

Tenha consciência corporal, uma postura correta expressa confiança


e segurança ao interlocutor. Cuidado com as formas de expressão,
utilize-as de forma correta; Cuidado com o modismo,  roupas muito
vistosas, piercing, brincos e tatuagens. Use de bom senso fazendo a
discrição prevalecer. Maquie-se  com moderação. Acessórios, utilize-
os com sobriedade e atente-se às orientações da NR32 quanto a
acessórios em virtude do risco ocupacional. Cuidado com as roupas:
se atente ao comprimento das saias, transparências, decotes, babados,
calças muito justas, usando cores mais neutras e discretas. Celulares,
use-os com discrição: desligue-o em reuniões, entrevistas, no trabalho.
Cabelo: mulheres devem estar sempre com o cabelo limpo, cuidado,
cortado  e se estiver longo, mantenha-os presos. Cuide para não
movimentá-los demais ao conversar. Os homens devem ter atenção
com a barba, devendo estar aparada e cabelos bem cortados.

Enfermagem como profissão 47


U1

Avançando na prática

Pratique mais
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações
que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de
seus colegas.

O aluno independente.
1. Competência de fundamentos
Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação.
da Área
Estimular as competências do aluno enquanto enfermeiro;
2. Objetivos de aprendizagem Conhecer o desenvolvimento de um currículo profissional e
marketing profissional.
3. Conteúdos relacionados A trajetória acadêmica e marketing pessoal e profissional.
Wallace é um aluno que está terminando o curso de graduação
em Enfermagem, cumpriu praticamente toda a grade curricular,
inclusive os estágios, restando-lhe apenas a finalização das
provas oficiais e algumas atividades complementares. Wallace
teve a informação de que o pronto-socorro que está servindo
como campo de estágio para alunos de sua universidade
tem uma vaga em aberto, pois apenas três alunos haviam
se candidatado para aquele estágio. Embora Wallace não
mais precisasse de horas de estágio, se interessou e quis
aproveitar, pois acreditava que poderia substituir por atividades
4. Descrição da SP complementares que ainda deveria cumprir em pronto-
socorro. Depois de tudo pronto para iniciar o estágio, Wallace
ficou muito aborrecido, pois a atividade que iria executar não lhe
traria nenhum benefício em relação às horas que precisa pagar,
seria considerada como uma atividade opcional, voluntária.
Mesmo assim, permaneceu no estágio. 1. Existe este tipo de
estágio, sem supervisão? 2. Qual seria a intenção de Wallace? 3.
Não seria arriscado ele, enquanto aluno, atuar sem supervisão
em um serviço considerado crítico? 4. Mesmo depois de ter
terminado todos os módulos de estágio supervisionado, ele
poderia estar retomando como uma atividade opcional?

48 Enfermagem como profissão


U1

De acordo com a Resolução COFEN nº 441/2013, existem


dois tipos de estágio para os cursos de Enfermagem enquanto
aluno de graduação: 1º o estágio curricular supervisionado
obrigatório; 2º o estágio não obrigatório, que se trata de uma
atividade opcional do aluno, de forma voluntária. Todo o aluno
deve aproveitar todas as oportunidades de aprendizado e
desenvolvimento de suas ações como futuro profissional, se
doando sempre um pouco mais, iniciando o desenvolvimento
de seu currículo profissional e promovendo seu marketing
pessoal. Quanto aos riscos, Wallace só seria exposto, caso
tomasse condutas de forma negligente ou imprudente, ele
não tem mais a supervisão obrigatória da universidade, mas
terá o contato com um ou mais enfermeiros a quem possa
recorrer em caso de dúvidas e que não permitirão que atue só.
5. Resolução da SP
Como Wallace já cumpriu todos os estudos propedêuticos de
enfermagem, disciplinas como semiologia e semiotécnica ou
equivalentes, pode participar deste tipo de estágio. É respaldado
pela Lei nº 11788/2008 que dispõe sobre o estágio de todas
as categorias de estudantes. Além disso, poderá portar da
inscrição temporária (como estagiário) emitida pelo Conselho
Regional de Enfermagem (COREN), para que possa realizar suas
atividades diretas ou não ao paciente, de acordo com o que for
preconizado pela instituição concedente do estágio, que em
sua maioria libera atividades observacionais e administrativas.
Sem contar que o estágio pode ser desenvolvido desde que
o aluno esteja matriculado em uma universidade. Mediante a
aprovação da universidade, o aluno poderá ser acompanhado
por um profissional da instituição concedente.

Lembre-se

O que faz a imagem pessoal e profissional não é o que a pessoa tem,


mas a forma como ela se comporta mediante as oportunidades que
lhe são apresentadas, proporcionando-a oportunidades de mostrar seus
conhecimentos, respeitando os princípios éticos e a legislação. Portanto,
não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice pessoas
e oportunidades interessantes, não aceite, em hipótese alguma, fazer
qualquer coisa que não seja correta e que o impeça de mostrar o quanto
sua imagem pessoal e profissional é realmente verdadeira.

Faça valer a pena

1. A trajetória acadêmica se desenvolve por meio do processo de ensino-


aprendizagem, o qual deve ser acrescido da participação do aluno em todas
as atividades propostas pela faculdade para aprimorar a aprendizagem.
Assinale a opção correta:
A. Sempre com o único objetivo de obter notas.
B. Participando de eventos sociais, dos programas estudantis, da

Enfermagem como profissão 49


U1

divulgação do curso e da profissão de Enfermagem, bem como de


trabalhos voluntários.
C. Participando apenas dos estágios curriculares supervisionados.
D. Contribuindo com o marketing de divulgação da faculdade, isso é
fundamental.
E. Apenas gerando conhecimento para a população, sem privilégios ao aluno.

2. O ato de “comunicar” ou a comunicação nos acompanha por toda a


vida, sendo também parte da vida acadêmica, que deve se destacar na vida
profissional de forma eficaz. É uma tática importante para:
A. Promover a figura do enfermeiro e acrescentar fatores positivos a todas
as oportunidades de uso da figura do profissional.
B. Campanhas de promoção à saúde não são eficazes para outros assuntos
relacionados à área de Enfermagem.
C. O uso da imagem enquanto aluno, pois enquanto profissional a
comunicação deve ser feita apenas por informativos em murais.
D. Promover a oportunidade de se fazer conhecer, por meio apenas de
currículo profissional.
E. Trabalhar e desenvolver a prática técnica, pois o conhecimento é algo
que cada um deve buscar o seu.

3. É correto afirmar que currículo profissional é o mesmo que carreira de


vida profissional? Por quê?
A. Não. Porque currículo profissional é aquilo que contempla um
documento com descrições sucintas dos locais em que você já trabalhou
e o seu grau de instrução.
B. Não. Porque no currículo profissional consta tudo que você desenvolveu
como profissional e na carreira profissional, é apenas o que você já fez ou
irá fazer.
C. Sim. O currículo profissional é o mesmo que carreira de vida
profissional, que é desenvolvida por meio da trajetória profissional e pode
ser contemplada em um documento que contenha seus conhecimentos,
estudos e tudo que possa ajudar a entender sua experiência profissional.
D. Não. Porque o currículo é um método que pode ser utilizado como
meio de indicação e carreira de vida profissional, é a experiência que o
profissional adquire, independente de currículo.
E. Não. Ambos contêm informações parecidas, no entanto um de forma
detalhada e outro de forma reduzida.

50 Enfermagem como profissão


U1

Referências
BRASIL. Lei nº 11.788, de 25 de dezembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de
estudantes e dá outras providências, Brasília, 25 dez. 2008.

BRASIL. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do


exercício da enfermagem e dá outras providências, aprovada pelo Decreto-Lei no
94.406, de 8 de junho de 1987, Brasília, 8 jun.1987; 166º da Independência e 99º
da República.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 529/GM, de 1º de abril de 2013. Institui o


Programa Nacional de Segurança do Paciente [Internet]. Brasília; 2013 [citado 2014
maio 5]. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/
prt0529_01_04_2013.html>. Acesso em: 08 dez. 2015.

BRAGA, E. M.; SILVA, M. J. P. da. Comunicação competente: visão de enfermeiros


especialistas em comunicação. Acta paul enferm, v. 20, n. 4, p. 410-4, 2007.

Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Resolução COREN 299/2005.


Dispõe sobre indicativos para a realização de estágio curricular supervisionado
de estudantes de enfermagem de graduação e do nível médio. Disponível em:
<http://novo.portalcofen.gov.br/resoluo-cofen-2992005-revogada-pela-resoluo-
cofen-n-3712010_4334.html>. Acesso em: 08 dez. 2015.

Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Resolução COREN 311/2007.


Dispõe sobre o código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. [Internet]. São
Paulo; 2007 [citado 2014 fev. 20]. Disponível em: <http://www.coren-sp.gov.br/
node/35326>. Acesso em: 08 dez. 2015.

FERREIRA, A. C. M. et al. Enfermagem: Perspectivas de inserção de egressos da


graduação no mercado de trabalho. Rev. Meio Amb. Saúde, Minas Gerais, v. 2, n.
1, p. 151-165, 2007.

GELAIN, I. Ética, bioética e os profissionais de enfermagem. 4. ed. São Paulo: EPU,


2010.

GENTILI, R. C. O enfermeiro não faz marketing pessoal: a história explica por quê?
RevBrasEnferm, Brasília 2009 nov-dez; 62(6): 916-8.

LOPES, L. M. M.; SANTOS, S. M. P. dos. Florence Nightingale: apontamentos sobre


a fundadora da enfermagem moderna. RevEnf Ref.[Internet], v. 3, n. 2, 2010.

Enfermagem como profissão 51


U1

MICHAELIS. Dicionário de português online. São Paulo: Melhoramentos, 2009.


Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/>. Acesso em:
15 jun. 2016.

NEVES, R. de Souza. Sistematização da assistência de enfermagem em unidade de


reabilitação segundo o modelo conceitual de horta. Rev. bras. enferm, v. 59, n. 4,
p. 556-559, 2006.

OGUISSO, T; FREITAS, G. F. Ética no contexto da prática de enfermagem. Rio de


Janeiro: Medbook, 2010.

OGUISSO, T.; FREITAS, G. F. História da enfermagem: instituições & práticas. Rio


de Janeiro: Águia Dourada, 2015

OGUISSO, T.; CAMPOS, P. F. de Souza; MOREIRA, A. Enfermagem pré-profissional


no Brasil: questões e personagens. Enfermagem em Foco, v. 2, 2011.

POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. São Paulo: Elsevier,


2009.

PUCHI, V. A. et al. Inserção dos egressos da Escola de Enfermagem da USP no


mercado de trabalho: facilidades e dificuldades. Ver. Esc. Enferm USP, v. 43, n. 3,
p. 535-42, 2009.

52 Enfermagem como profissão


Unidade 2

CONCEITO DE PROCESSO DE
TRABALHO

Convite ao estudo

Caro aluno, seja bem-vindo!

Nesta unidade, iremos discorrer didaticamente sobre a constituição


dos processos de trabalho em enfermagem, que são: administrar,
assistir, ensinar, pesquisar e participar politicamente. Serão apresentados
os elementos e a inter-relação entre cada processo de trabalho da
enfermagem, processos esses que têm sua complexidade e são
multifacetados, requerendo um conjunto de conhecimentos, habilidades
e atitudes que se articulam de maneira própria. Os processos produzem a
transformação que caracteriza a atuação profissional envolvendo formas
de contribuição social e inserção política, com as quais os profissionais
de enfermagem atuam conscientemente. Assim, ao final da unidade,
você terá adquirido conhecimento necessário para compreender as
particularidades do processo de trabalho em enfermagem. Em nossa
rotina diária, podemos nos deparar com situações que vamos trabalhar
ao longo deste livro, utilizando sem perceber os conceitos apresentados,
facilitando o aprendizado. O objetivo desta unidade é prepará-lo para
lidar adequadamente com os processos de trabalho desenvolvidos pela
enfermagem.

A unidade enfatiza os princípios sobre os processos de enfermagem


aplicados nos diferentes níveis de saúde para a atuação de forma interativa
na assistência com o paciente/cliente. Para tanto, serão apresentados
conceitos como: promoção, prevenção e reabilitação em saúde. Ao
longo dos estudos, você poderá perceber que a enfermagem na sua
prática aplica a humanização na assistência à saúde e ressalta a relevância
da sistematização da assistência de enfermagem.

Esta unidade irá contribuir para seu desenvolvimento profissional, por


isso convido você a refletir sobre a aplicação do conteúdo e dos artigos
U2

apresentados no decorrer deste livro.

Bons estudos!

Situação da Realidade Profissional (SR) ou Situação Geradora de


Aprendizagem (SGA):

Administrar, assistir, ensinar, pesquisar e participar politicamente


são dimensões ou ações que fazem parte do processo de trabalho da
enfermagem. Você já parou para pensar em como você irá desenvolver
esses processos em cada situação que você se depara na vida profissional?
Pois bem, o aprendizado e a disseminação deste conteúdo são de extrema
importância para que você possa assimilar e desenvolver o processo de
trabalho na sua prática profissional.

Em um estabelecimento de saúde, o enfermeiro deve colocar em prática


todos os dias seus conhecimentos, habilidades e atitudes para aplicar
o processo de trabalho. Com o intuito de aprimoramento profissional,
o Serviço de Educação Continuada (SEC) de um hospital aplicou um
treinamento com o tema “Otimização do processo de trabalho” em um
período de um mês e, neste momento, está fazendo a validação desse
treinamento com 4 enfermeiros (Michel, Taynan, Guilherme e Nycole).
O SEC acompanhou a rotina de cada enfermeiro em sua unidade de
trabalho, avaliando o desenvolvimento do processo de trabalho de cada
um deles e agora finalizará seu relatório apresentando o resultado desse
treinamento junto à diretoria do hospital.

54 Conceito de Processo de Trabalho


U2

Seção 2.1

Conceito de processo de trabalho

Diálogo aberto

Vamos acompanhar a rotina do enfermeiro Michel que trabalha no pronto-


socorro (serviço ligado ao hospital em que está trabalhando com a validação do
treinamento). O pronto-socorro é uma área responsável por atendimentos de
urgência e emergência em situações constantes de estresse. Logo no início de seu
plantão, Michel faz o atendimento de Elisabete, uma jovem de 23 anos de idade,
visivelmente irritada apresentando cefaleia, tontura, palpitação, sudorese e pequena
alteração na temperatura. Michel entrevista Elisabete, fazendo várias perguntas
referentes aos hábitos alimentares, inclusive se já havia se alimentado naquele dia,
início dos sinais e sintomas entre outros. Posicionou-a para a verificação dos sinais
vitais e exame físico e esteve atento a todas as respostas de Elisabete, tanto verbais
como não verbais. Durante a avaliação, identificou que Elisabete apresentava um
hálito de álcool. Ao exame físico, apresentou taquicardia, taquipneia. Michel solicita
que sejam colhidas amostras de sangue e urina para análise.

Quais dimensões do processo de trabalho em enfermagem foram utilizadas?


Que padrão de prática o enfermeiro estará executando? Qual é o padrão de
desempenho profissional que este enfermeiro deverá desenvolver para atender
esta cliente?

Para resolver essa SP, leia atentamente o LD e as sugestões de leitura inseridas


no decorrer do texto.

Não pode faltar

O processo de trabalho é a transformação de um determinado objeto em


um produto, por meio da interferência do ser humano que, para fazê-lo, aplica
alguns instrumentos. Isso significa que o trabalho é algo que o ser humano faz
conscientemente e intencionalmente, com o objetivo de produzir um serviço ou
algum produto que tenha valor para o próprio ser humano.

Conceito de Processo de Trabalho 55


U2

Assimile

O processo de trabalho em saúde no geral é composto por: objeto,


agentes, instrumentos, finalidades, métodos e produtos. Embora
a enfermagem seja parte integrante da equipe de saúde, para
o desenvolvimento de seu trabalho, a enfermagem conta com
mais de um processo de trabalho, que pode ser ou não executado
simultaneamente. O processo de trabalho da enfermagem está
dividido nas seguintes dimensões: assistir, ensinar, pesquisar e participar
politicamente. Consulte:

Os processos de trabalho em enfermagem. Disponível em: <http://


www.scielo.br/pdf/reben/v60n2/a17v60n2.pdf>. Acesso em: 08 nov.
2015.

O enfermeiro deve aplicar seu tempo em cada uma dessas dimensões para
prestar a assistência direta ou indireta ao indivíduo. Vejamos o seguinte: na
dimensão “assistir”, o enfermeiro utiliza um método chamado sistematização da
assistência de enfermagem (SAE), bem como os procedimentos e técnicas de
enfermagem. O emprego da SAE resulta na resolução de problemas, conferindo
maior segurança aos pacientes, melhora na qualidade da assistência, maior
autonomia aos profissionais de enfermagem, respaldo científico, direcionamento
para as atividades realizadas.

Reflita

No início da história, Florence Nightingale estudou e implementou


métodos para trazer melhorias às condições sanitárias em campo
de batalha. E o que fazem os enfermeiros hoje? Como Florence, os
enfermeiros atuam ativamente na implementação de melhores práticas
de saúde utilizando os componentes do processo de trabalho?

A atuação da enfermagem baseia-se na necessidade dos seus clientes. Exemplo


1: em tempos de guerra, a resposta da enfermagem foi suprir as necessidades dos
feridos de guerra nas zonas de combate e hospitais militares.

Exemplo 2: quando as comunidades enfrentam crises na saúde, como


surgimento de grande número de casos de uma doença ou quando os recursos
são insuficientes, os enfermeiros estabelecem programas de imunização da
comunidade, constroem clínicas de tratamento e desenvolvem outras atividades
de promoção à saúde, pela vulnerabilidade apresentada pelo cliente mediante a

56 Conceito de Processo de Trabalho


U2

feridos, doenças ou no processo de morte.

Tanto no primeiro exemplo como no segundo foram utilizadas as dimensões


do processo de trabalho da enfermagem.

Exemplificando

Você acredita que enfermeiros e suas organizações profissionais


podem influenciar a legislação para que possam suprir necessidades
dos clientes? Sim, podem! Principalmente para suprir as necessidades
daqueles com menor acesso à saúde. Temos o exemplo dos enfermeiros
comunitários que realizam visitas domiciliares, que resultam em menor
fluxo de clientes ao pronto-socorro, menor número de infecções,
redução da mortalidade infantil, dentre outros aspectos. Todas essas
ações são maneiras que os enfermeiros encontram para ajudar seus
clientes, através de sua ação na política pública de saúde.

As dimensões do processo de trabalho de enfermagem são aplicadas no que


chamamos de prática profissional baseada em padrões da prática da profissão,
que têm como objetivo melhorar a saúde e o bem-estar de todos os indivíduos,
comunidades e toda a população. Esses padrões são divididos em padrões da
prática (que descrevem um nível competente de cuidado de enfermagem e são
demonstrados pelo modelo de pensamento crítico conhecido como o processo
de enfermagem que, por sua vez, é dividido em histórico/coleta de dados,
diagnóstico, planejamento, implementação, evolução/avaliação e prognóstico) e
padrão de desempenho (descreve o nível de competência e de comportamento no
papel profissional). Tanto os padrões de prática como o de desempenho fornecem
guias objetivos para que enfermeiros sejam responsáveis por suas ações, por seus
clientes e seus colegas. É o que chamamos de processo de trabalho.

Pesquise mais
A característica do trabalho de enfermagem é única e se desenvolve
em cinco diferentes dimensões, que podem ou não ser executadas
concomitantemente. Consulte: “Características do processo de trabalho
do enfermeiro da estratégia de saúde da família”. Disponível em: <http://
reme.org.br/artigo/detalhes/939>. Acesso em: 08 nov. 2015.

“O processo de trabalho da equipe de enfermagem na UTI neonatal e


o cuidar humanizado”. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/
v15nspe/v15nspea12.pdf>. Acesso em: 08 nov. 2015.

Conceito de Processo de Trabalho 57


U2

Pense na SP apresentada no início da LD, em que o enfermeiro Michel, que


trabalha no pronto-socorro, faz seu primeiro atendimento do dia atendendo
Elisabete, uma jovem de 23 anos de idade, visivelmente irritada, apresentando
cefaleia, tontura, palpitação, sudorese e pequena alteração na temperatura. Michel
avalia Elisabete, obtém informações referentes aos hábitos alimentares, inclusive
se já havia se alimentado naquele dia, características de sinais e sintomas, entre
outros, conversando com a paciente de forma bem tranquila. O enfermeiro coloca
a paciente em posição sentada para a verificação dos sinais vitais e exame do pulmão
e coração, estando atento a todas as respostas de Elizabete, tanto respostas verbais
quanto não verbais. Durante a avaliação, identificou que Elisabete apresentava um
hálito de álcool. O exame físico apresentou taquicardia e taquipneia. Michel solicita
que sejam colhidas amostras de sangue e urina para análise.

Faça você mesmo

Quais componentes do processo de trabalho Michel utilizou para


atender Elisabete? Nesse primeiro momento, Michel, assistiu Suzana,
observando-a e coletando informações referentes ao seu quadro e
realizando o exame físico; administrou o processo de obtenção dos
valores de sinais vitais e coleta de exames laboratorial. Como você
pode observar, mesmo em uma área considerada crítica, é possível
aplicar as dimensões do processo de trabalho de enfermagem
concomitantemente ou não.

Avaliando os componentes dos processos empregados no atendimento


de Elisabete, podemos entender que: a dimensão ASSISTIR tem como objeto o
cuidado demandado aos indivíduos (Elisabete). Alguns entendem que o objeto de
trabalho é o corpo biológico (do indivíduo), contudo a enfermagem é uma ciência
e uma prática aplicada a partir do reconhecimento de que o ser humano demanda
cuidados de natureza física, social, psicológica e espiritual durante toda a vida, e
que são providos por seus profissionais. Já a dimensão ADMINISTRAR apresenta
como objeto os agentes do cuidado e os recursos empregados no assistir em
enfermagem, ou seja, a dimensão ADMINISTRAR envolve tanto o executar quanto
o delegar a execução, pois nessa dimensão a proposta de trabalho do enfermeiro
é de coordenar as atividades dos membros da equipe de enfermagem no cuidado
dos clientes, tendo ainda a função de gerenciamento de pessoal, políticas e de
responsabilidades pelo orçamento de uma unidade. Esse é um dos motivos pelos
quais alguns enfermeiros consideram que esse fazer deve ter sua importância
diminuída, pois acreditam que a enfermagem deve apenas se ocupar do cuidar
direto.

58 Conceito de Processo de Trabalho


U2

Atenção!

Não existe cuidado possível se não houver a coordenação do processo


de trabalho na dimensão “assistir” em enfermagem, que é a finalidade
do processo administrar.

Sem medo de errar

O que você acha de fazermos mais uma análise nesta mesma SP?

Vamos lá!

De acordo com o que aprendemos no texto no LD, a prática profissional


está baseada em padrões e esses são divididos em práticas padronizadas de
enfermagem e padrões de desempenho profissional, a fim de melhorar a saúde
e o bem-estar do paciente/cliente. Partindo desse pressuposto, pergunto a
você, durante o atendimento de Elisabete, quais foram os padrões da prática
da enfermagem que Michel utilizou para fazer o atendimento? Michel utilizou o
padrão de prática chamado “coleta de dados ou histórico de enfermagem”, essa
ferramenta é utilizada pelo o enfermeiro afim de colher informações pertinentes
à saúde e situação do paciente, concomitantemente a isso, o enfermeiro faz o
exame físico. É nesse momento também que se pode realizar a verificação dos
sinais vitais, realizar outras práticas que se fizerem necessárias e até mesmo delegar
ou coordenar que as técnicas sejam executadas.

Atenção!

Os padrões de desempenho profissional são divididos em nove


níveis que são: qualidade de prática; educação; avaliação profissional
prática; ensino; colaboração; ética; pesquisa; utilização de recursos e
liderança. Alguns desses desempenhos são similares às ações privativas
do enfermeiro inseridos na lei do exercício profissional da enfermagem
brasileira, Lei nº 7.498, de 25/06/1986. Disponível em: <http://www2.
camara.leg.br/legin/fed/lei/1980-1987/lei-7498-25-junho-1986-
368005-normaatualizada-pl.html>. Acesso em: 24 out. 2015.

Decreto nº 94.406, de 08/06/1987. Disponível em: <http://www.cofen.


gov.br/decreto-n-9440687_4173.html>. Acesso em: 08 nov. 2015.

Conceito de Processo de Trabalho 59


U2

Lembre-se

O cuidado é um serviço que deve ser prestado de acordo com os


padrões estabelecidos seguindo a ética. O cuidado é ainda uma prática da
enfermagem que deve associar-se a conhecimentos das ciências sociais,
comportamentais, biológicas, fisiológicas, das teorias de enfermagem,
de valores sociais, autonomia profissional, senso de comprometimento
e comunidade, além do conhecimento do código de ética da profissão.

Avançando na prática
Pratique mais!
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações
que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois compare-as com as de
seus colegas.

Aplicando as dimensões do processo de trabalho de enfermagem


1. Competência de fundamentos
Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação.
de área
Estimular o entendimento e o desenvolvimento das dimensões
2. Objetivos de aprendizagem
do processo de trabalho de enfermagem.
Conhecer os princípios da prática da enfermagem; analisar as
3. Conteúdos relacionados características do trabalho em enfermagem; distinguir os elementos
que compõem o processo de trabalho em enfermagem.
Michel trabalha no pronto-socorro, serviço ligado ao hospital em
que está ocorrendo a validação do treinamento. O local é uma
área responsável por atendimentos de urgência e emergência em
situações constantes de estresse. Logo no início de seu plantão,
Michel faz o atendimento de Elisabete, uma jovem de 23 anos
de idade, visivelmente irritada, apresentando cefaleia, tontura,
palpitação, sudorese e febre. Michel entrevista Elisabete, fazendo
várias perguntas referentes aos hábitos alimentares, inclusive se já
havia se alimentado naquele dia, início dos sinais e sintomas, entre
outros. Posicionou-a para a verificação dos sinais vitais e exame
físico e esteve atento a todas as respostas de Elisabete, tanto verbais
como não verbais. Durante a avaliação, identificou que Elisabete
4. Descrição da SP
apresentava um hálito de álcool. O exame físico apresentou
taquicardia, taquipneia. Michel solicita que sejam colhidas amostras
de sangue, glicemia capilar e urina para análise. O técnico de
enfermagem informa a Michel que a glicemia capilar de Elisabete
apresenta-se em 60mg/dL. Michel solicita a liberação médica para
a infusão de glicose em Elisabete. Ao avaliar a área para punção
venosa, Michel percebe que no braço esquerdo de Elisabete havia
uma lipodistrofia. O que Michel deve fazer referente a esse novo
dado? Quais dimensões do processo de trabalho em enfermagem
foram ou devem ser utilizadas? Que padrão de prática o enfermeiro
estará executando? Qual é o padrão de desempenho profissional
que este enfermeiro deverá desenvolver para atender esta cliente?

(continua)

60 Conceito de Processo de Trabalho


U2

1. Para atender Elisabete, Michel utilizou o padrão de prática


chamado “coleta de dados ou histórico de enfermagem”, que é o
levantamento de informações pertinentes à saúde e à situação
do paciente para melhor avaliá-lo. Concomitantemente, faz o
exame físico identificando outras alterações. Nesse momento,
Michel também pode realizar a verificação dos sinais vitais,
realizar outras práticas que se fizerem necessárias e até mesmo
delegar ou coordenar que as técnicas sejam executadas.
2. Dentre os componentes do processo de trabalho, Michel
utilizou inicialmente as dimensões ASSISITIR e ADMINISTRAR.
Agora, usará a dimensão ENSINAR, porque, embora Elisabete
não tenha citado, é diabética e está fazendo hipoglicemia
(confirmado pela glicemia capilar), pois a forma de aplicação
da insulina está incorreta (sempre no mesmo local). Assim,
5. Resolução da SP: em consequência disso, ocorre uma absorção inadequada da
insulina. Nesse momento, Michel deverá orientar Elisabete,
quanto ao rodízio das aplicações, pois, se Elisabete continuar
aplicando a insulina sempre no mesmo local por muito tempo,
as complicações podem aumentar. Michel deve utilizar uma
fala simples de fácil entendimento para explicar a Elisabete
que o inesperado são os aparecimentos de depósitos de
gordura extra ou caroços, formando nódulos, devendo
informar que essas lesões não são apenas feridas. Ainda deve
explicar também que esses fatores podem alterar a forma
como a insulina é absorvida, tornando mais difícil manter os
níveis adequados de glicemia para o controle glicêmico, ou
seja, a absorção da insulina passa a ser diminuída, obrigando,
assim, o diabético a aumentar a dose aplicada pelo fato de
apresentar esses quadros agudos de hipoglicemia.

E então: gostou? Olha só quantas coisas você aprendeu! Além de você utilizar
três dimensões do processo de trabalho em um único caso, utilizou, ainda,
um dos padrões de prática coleta de dados/histórico de enfermagem. Você
ainda terá a oportunidade de conhecer e utilizar os demais padrões de prática
nas próximas seções. E, quanto à dimensão pesquisar, onde se enquadra nesta
situação? Pesquisar, nesse contexto, seria buscar novas causas das situações que o
paciente apresenta, e Michel fez isso, ao avaliar o braço para punção, percebendo
o problema instalado.

Faça você mesmo

Ainda em relação à SP, em que momento Michel aplicou a dimensão


participar politicamente?

Para resolver essa questão, leia o LD e consulte: “Processo de trabalho


do enfermeiro na coleta do Streptococo agalactiae na gestação”.
Disponível em: <http://www.unisa.br/graduacao/biologicas/enfer/

Conceito de Processo de Trabalho 61


U2

revista/arquivos/2010-2-08.pdf>. Acesso em: 09 nov. 15.

“A dimensão da subjetividade no processo de trabalho da enfermagem”.


Disponível em: <http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/
enfermagem/article/view/3423/2814>. Acesso em: 09 nov. 2015.

Lembre-se

O cuidar é a essência e o domínio central, unificador e controlador que


distingue a enfermagem de outras disciplinas de saúde.

Faça valer a pena!

1. Processos de trabalho em enfermagem são constituídos por


dimensões chamadas de administrar, assistir, ensinar, pesquisar e
participar politicamente. Referente ao tema, assinale a afirmativa correta:

a) Participar politicamente significa conquistar melhores condições


para operar os outros processos, ou seja, participar politicamente
é a forma que se utiliza para discutir, planejar e conquistar melhores
condições para a execução dos outros processos de trabalho, ou seja,
participar politicamente permeia todos os outros processos e, muitas
vezes, está presente sem que o profissional de enfermagem dele tome
conhecimento.
b) Ensinar é a ajuda oferecida ao cliente, a fim de recuperar a saúde ao
máximo através do processo de cura que envolve atingir o bem-estar
físico.
c) Administrar significa o auxílio em proteger os direitos humanos e
legais do cliente.
d) Pesquisar explica os conceitos e fatos sobre a saúde, demonstra
procedimentos como atividades de autocuidado, e avalia o progresso
do cliente no aprendizado.
e) Assistir é a ação em que o enfermeiro coordena as atividades dos
membros da equipe de enfermagem no cuidado, gerenciando políticas
e delegando responsabilidades.

2. A transformação de um determinado objeto em um determinado


produto, por meio da interferência do ser humano, utiliza alguns

62 Conceito de Processo de Trabalho


U2

instrumentos que são chamados de processo de trabalho. Coloque (F)


para falso e (V) para verdadeiro nas afirmativas a seguir:
( ) Objeto é tudo aquilo sobre o qual se trabalha, ou seja, algo que
procede diretamente da natureza, que sofreu ou não alteração em
decorrência de outros processos.
( ) Agentes são os seres humanos que modificam a natureza, ou
seja, são aqueles que, tomando o objeto de trabalho e nele fazendo
interferências, são capazes de alterá-lo, produzindo um serviço ou um
artefato.
( ) Instrumentos são os prolongamentos de materiais, das próprias
mãos, de habilidades, conhecimento e equipamentos.
( ) Métodos de trabalho são atos organizados de forma a atender à
finalidade, esses atos são executados pelos agentes sobre os objetos de
trabalho, utilizando instrumentos selecionados, de forma que venha a
produzir o serviço ou o bem que se deseja obter.
( ) Produtos são elementos materiais que se pode contemplar por meio
dos serviços ou com os órgãos dos sentidos, que não têm a concretude
de um bem, mas o efeito que causam os faz serem percebidos.
( ) Na área da enfermagem, existe mais de um processo de trabalho, que
são: administrar, assistir, ensinar, pesquisar e participar politicamente.
A sequência correta é:

a) F – V – F – V – V.
b) F – F – F – F – V.
c) V – V – V – V – V.
d) V – V – F – F – V.
e) F – F – V –V – V.

3. Qual é o elemento da dimensão do processo de trabalho assistir?

a) O objeto do cuidado.
b) O agente do cuidado.
c) Os instrumentos de cuidado.
d) O método de trabalho.
e) Os padrões de prática.

Conceito de Processo de Trabalho 63


U2

64 Conceito de Processo de Trabalho


U2

Seção 2.2

O pensamento crítico na Enfermagem

Diálogo aberto

Sejam bem-vindos!

Antes de iniciarmos uma nova seção, é sempre interessante relembrar o que


aprendemos até o momento. “Sim, estou colocando que antes de iniciarmos a
seção iremos relembrar o que já estudamos até aqui”. Na seção anterior, tivemos
contato com o processo de trabalho que se define como a transformação de um
determinado objeto em um produto, por meio da interferência do ser humano.
Esse processo é composto por objeto, agentes, instrumentos, finalidades,
métodos e produtos. Para o desenvolvimento da sua prática, o enfermeiro
conta este processo de trabalho e com o processo de trabalho específico de
enfermagem que é determinado nas seguintes dimensões: assistir, ensinar,
pesquisar e participar. No início desta unidade, falamos sobre um estabelecimento
de saúde que, por meio do Serviço de Educação Continuada (SEC), aplicou um
treinamento com o tema “Otimização do processo de trabalho”, e, neste momento,
os setores estavam passando por um processo de validação desse treinamento,
em que quatro enfermeiros estavam sendo acompanhados para que se evidencie
a eficácia ou não do treinamento.

Vamos agora acompanhar a vivência do enfermeiro Taynan, que recebeu em


sua unidade o paciente Jeconias proveniente do pronto-socorro – PS. De acordo
com o enfermeiro do PS, Jeconias deu entrada no serviço referindo-se a dores no
seu flanco direito. O paciente falou que havia dormido de mau jeito, permanecendo
por 6 horas no PS e sendo medicado com analgésicos, sem melhoras. Associado
a isso, foram coletados vários materiais para a realização de exames. No entanto,
como os resultados ainda não estavam prontos e o serviço precisava liberar
vagas, foi realizada a internação de Jeconias. Taynan faz a admissão do paciente
examinando-o e identificando a presença de edema em flanco direito e em
membros superiores e inferiores (MMSSII). Taynan não acredita que o motivo das
dores seja por mau posicionamento e tenta colher mais informações do paciente.

O que pode estar acontecendo com Jeconias? O fato de o paciente ter dormido

Conceito de Processo de Trabalho 65


U2

de mau jeito poderia levá-lo a sentir dores na região do flanco? Qual deve ser a
visão crítica de Taynan?

Vamos responder a essas e outras perguntas por meio da leitura dos materiais
sugeridos no decorrer desta seção.

Bons estudos!

Não pode faltar

Vamos, então, entrar em contato com o conhecimento técnico para


conseguirmos resolver a situação-problema (SP) em questão. Procure pensar
também em experiências particulares, facilitando, assim, a percepção da relevância
deste conteúdo no nosso cotidiano, a tomada de decisão por meio de um
pensamento crítico.

Um profissional enfermeiro crítico deve identificar e desafiar suposições. Deve


ainda considerar o que é importante, explorar alternativas, considerar a razão, a
ética e a lógica para a tomada de decisões.

Várias são as definições de pensamento crítico, porém todas elas descrevem


um indivíduo que está ativamente envolvido no processo de pensamento. A
sua utilização direciona o indivíduo para a avaliação, análise e interpretação de
informações, bem como a análise de inferências e hipóteses realizadas em relação
a essa informação.

Desde Florence Nightingale, a necessidade do conhecimento na tomada de


decisões é reconhecida. O seu trabalho nos cálculos de taxas de mortalidade e a
análise e a organização desses dados possibilitaram a ela decidir pela melhor forma
de se prestar assistência, que refletia significativamente na melhoria da qualidade
do cuidado.

Voltando ao nosso paciente, Taynan passa a observar com muita atenção as


manifestações clínicas apresentadas em Jeconias. Ele relatava dor aumentada na
hora das micções que se estendia de um lado para o outro. Taynan examinou
ambos os flancos e no lado direito apresentava edema; já o flanco esquerdo
apresentava presença de equimoses. O resultado de um dos exames ficou pronto,
e Taynan percebeu que havia presença de sangue oculto na urina, proteinúria e
azotemia. Como Jeconias mencionou que nunca havia sentido dores deste tipo
antes, Taynan que estava acreditando que poderia ser um cálculo renal, ficou em
dúvidas e passou a pensar em outras possibilidades, levando em consideração o
resultado de exames e insistindo em sua investigação.

66 Conceito de Processo de Trabalho


U2

Reflita

Pensar criticamente permeia a responsabilidade profissional e a


qualidade da assistência de enfermagem. O enfermeiro, ao aplicar o
pensamento crítico, necessita de confiança, perspectiva contextual,
criatividade, flexibilidade, curiosidade, integridade intelectual, intuição,
compreensão, perseverança e reflexão.

O pensamento crítico é uma habilidade desejável nos enfermeiros e


indispensável em estudantes de enfermagem que se deparam cada vez mais com
o avanço tecnológico, com complexas questões éticas e legais e com a assistência
aos pacientes cada vez mais graves (exigirão o uso da interpretação, análise e
avaliação).

Taynan precisava aliviar as dores de Jeconias e queria entender aquela situação.


A esposa de Jeconias visitou seu marido, quando Taynan resolveu fazer algumas
perguntas sobre o paciente. A esposa relatou que seu marido, no outro dia, bebeu
muito e acabou brigando com alguns colegas de bar e o resultado disso foi uma
surra que levou de vários rapazes. No dia da briga, nada aconteceu, mas, depois
de sete dias, Jeconias começou a apresentar essas dores. Dessa forma, Taynan
passa a ter mais uma informação. Essa briga pode ter ocasionado uma lesão
que estivesse provocando esta dor? Por esse motivo, a presença de proteinúria,
azotemia e hematúria microscópia nos exames clínicos do paciente?

Assimile

Não é objetivo da enfermagem determinar o diagnóstico do


paciente, mas o enfermeiro poderá contribuir para a detecção de
um diagnóstico caso ele ainda não tenha sido esclarecido, embora
o processo de trabalho do enfermeiro esteja voltado ao cuidado em
relação às necessidades humanas básicas afetadas. No entanto, o
enfermeiro sempre tem interesse na cura do paciente, interessando-se
em entender o diagnóstico.

No que diz respeito à SP, Taynan se mostrou interessado em resolver o


problema do paciente, proporcionando-lhe conforto a partir da eliminação da dor
e investigando o motivo principal desta dor e também da proteinúria e azotemia.
Neste momento, você deverá entender que esta investigação deve ser realizada
por meio do método científico que busca a solução para um problema. Este
método envolve o raciocínio, julgamento e a tomada de decisão.

Conceito de Processo de Trabalho 67


U2

Vocabulário

Flanco: superfície da parede abdominal, localizado à direita e esquerda


da região umbilical, próximo à cintura. Nessa região encontra-se o rim
(MICHAELIS, 2009).

Equimose: extravasamento de sangue na derme, resultando em uma


mancha redonda ou irregular não elevada (MICHAELIS, 2009).

Anamnese: entrevista, questionamentos realizados por um profissional


da área da saúde (MICHAELIS, 2009).

Proteinúria: presença de proteínas na urina (MICHAELIS, 2009).

Hematúria: presença de hemácias na urina (MICHAELIS, 2009).

Azotemia: concentração de ureia e outros resíduos nitrogenados no


sangue (MICHAELIS, 2009).

Ao empregar o pensamento crítico na enfermagem, o profissional terá condições


de fazer interpretações precisas das respostas de patologias humanas, de modo que as
intervenções sejam as mais apropriadas e que os resultados esperados sejam alcançados.
Dessa forma, está alicerçado no processo de enfermagem, assim como também o
método científico de resolução de problemas. O método é então composto pelas
seguintes fases: avaliação, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação.

Pesquise mais
Você sabia que o pensamento crítico possui habilidades que contribuem
para o desenvolvimento de várias práticas da enfermagem? Para saber
mais, consulte:

BITTENCOURT, G. K. G. D; CROSSETTI, M. G. O. Habilidades de


pensamento crítico no processo diagnóstico em enfermagem. Revista
da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 47, n. 2, p. 341-347,
2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artte
xt&pid=S0080-62342013000200010>. Acesso em: 8 out. 2015.

Todos os seres humanos pensam. Você pode perguntar: se todos pensam, qual
é a diferença entre pensamento e pensamento crítico? Alguns autores relatam que
a diferença é o controle, pois

“o pensamento é fundamentalmente qualquer atividade mental – ele


pode ser descontrolado e sem objetivo. Pode servir a um propósito,

68 Conceito de Processo de Trabalho


U2

mas normalmente não estamos cientes dos seus benefícios. O


pensamento crítico é proposital, é controlado, e é mais adequado
para levar aos benefícios óbvios resultantes” (WALDOW, 2012).

Atenção!

Pensar criticamente é o mesmo que estimular o ato reflexivo, o que


constitui em aprimorar a capacidade de análise, observação, a crítica,
a autonomia de ideias e o pensamento. Ainda, ampliar os horizontes,
tornar-se agente ativo naquilo que pode transformar uma sociedade e
buscar interagir com a realidade.

O pensamento crítico como “um método de reflexão sobre as suposições


que permeiam as nossas ações e ideias, bem como as dos outros, reconhecendo
como o contexto transforma comportamentos, tem como resultado novas
formas alternativas de viver e pensar”. Sendo assim, para identificar o pensamento
crítico, pode-se considerar as seguintes categorias ou temas: a) é uma atividade
positiva e produtiva; b) é um processo e não um resultado; c) a maneira como
ele se manifesta irá variar de acordo com o contexto em que ocorre; d) pode ser
originado tanto por negativos como positivos.

Faça você mesmo

Vamos supor que você está cuidando de um paciente que fez uma
cirurgia de próstata, e o senso crítico dessa SP é que, no segundo
pós-operatório, o paciente sairá da cama duas vezes. No entanto,
no segundo pós-operatório, você, enquanto enfermeiro, avalia o
paciente e percebe que ele tem desconforto torácico. Esse achado
é bem significativo para você perguntar se ele deve realmente sair da
cama nesse dia ou não. É possível que esse paciente esteja sofrendo
de complicação cardíaca ou pulmonar? Como, por exemplo, uma
embolia pulmonar ou infarto do miocárdio? Resposta: nesse cenário,
você deverá informar os sintomas ao médico, mantendo o paciente
em repouso (na cama) até que ele seja avaliado de uma forma mais
cuidadosa (exames mais específicos).

Incluso ao processo decisório, a procura por soluções alternativas pede que


se utilize a criatividade para o alcance de mudanças. No entanto, é notório que os
enfermeiros possuem algumas dificuldades em relação à criatividade que podem
ser explicadas pelas seguintes razões:

a) uso do pensamento imaginativo menos que o pensamento crítico; b) receio

Conceito de Processo de Trabalho 69


U2

de arriscar e medo do desconhecido; c) não querer ou incapacidade de analisar,


objetivamente, as capacidades e as forças dos indivíduos; d) manutenção de
métodos, conformismo, e padrões tradicionais; e) inabilidade de selecionar de
modo repentino as ideias como forma de resolver um problema para mudança.

Lembre-se

Você sabia que a dificuldade em ser criativo pode ocorrer basicamente


por três motivos?

1. Bloqueios psicológicos: geralmente por falta de conhecimentos


e informações sobre hábitos ou situações pessoais, levando a uma
disposição a seguir normas preestabelecidas.

2. Bloqueios por atitudes: podem ser constituídos pelo pensamento


negativo, pela preguiça mental, ou seja, pelo conformismo.

3. Bloqueios inspirados por fatores socioculturais: relacionados com


dependência na crença da autoridade e nos critérios de julgamento.

Observação: a criatividade não pode ser assumida como uma


capacidade natural, mas pode ser desenvolvida. Este processo pode ser
realizado por meio de exercícios que visam estimular a capacidade de
se pensar criativamente

Para que você desenvolva o pensamento crítico, é necessário que se trabalhe a


humildade intelectual e o questionamento, mesmo em situações emergenciais. O
pensamento crítico inclui:

• a reflexão: que significa desenvolver a capacidade de observação, crítica,


análise, autonomia de ideias e pensamento, tornar-se agente ativo nas
transformações da sociedade, buscar interagir com a realidade, ampliando
os horizontes;

• a linguagem: deve-se empregar uma linguagem clara e precisa;

• a intuição: o sentimento interno de que “tal” coisa é assim. Na vida


profissional, esse sentimento aperfeiçoa-se à medida que esse profissional
vai adquirindo experiência clínica;

• raciocinar e aprender: aprender a pensar a respeito do estado do paciente


e antecipar-se às necessidades.

70 Conceito de Processo de Trabalho


U2

Sem medo de errar


Segundo a situação hipotética apresentada nesta seção, falamos sobre a
admissão de um paciente que se referia ter dormido de mau jeito, sendo medicado
no PS com analgésicos, sem melhoras. Ainda foi coletado material para a realização
de exame e solicitação de sua internação. O enfermeiro Taynan fez a admissão do
paciente examinando-o e identificou a presença de edema em flanco direito e
equimose em flanco esquerdo. Ao conversar com o familiar, Taynan descobre que
Jeconias fora agredido. Neste cenário, qual atitude do pensamento crítico Taynan
utilizou para obter maiores informações de Jeconias? Resposta: Perseverança,
integridade e curiosidade.

Atenção!

Você sabia que o pensamento crítico também pode ser dividido em


níveis básicos, complexos e de compromisso?

O pensamento crítico básico refere-se ao raciocínio concreto, baseando-


se em princípios e em um conjunto de regras. O pensamento crítico
complexo é direcionado para além da apreciação de especialistas, ainda
que conflitantes. O compromisso é aquele em que o profissional adianta
a necessidade de escolhas e assume o compromisso.

Pensar criticamente envolve algumas competências que devem ser


desenvolvidas pelo profissional que são: método científico que é a maneira
formal de abordar um problema, planejar uma solução, testá-la e chegar a uma
conclusão; resolução de problemas que são técnicas relacionadas com processos
mentais aliadas à prática do profissional. O pensar criticamente objetiva encontrar
soluções de problemas específicos; favorece a tomada de decisão por meio de
todas as etapas do cuidado a cada situação clínica, como: atitude de pensamento
crítico, a confiança, a imparcialidade, a independência, o assumir risco, a
responsabilidade, a disciplina, a criatividade, a perseverança, a curiosidade, a
humildade e a integridade.

Lembre-se

O termo raciocínio clínico é empregado pela literatura científica


para nomear os processos mentais envolvidos no atendimento aos
pacientes/clientes dos sistemas de saúde. Faça a leitura complementar
desse tema, consultando: “Raciocínio clínico e pensamento crítico”.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v18n1/pt_19.pdf>.
Acesso em: 20 nov. 2015.

Conceito de Processo de Trabalho 71


U2

É possível reconhecer um profissional que possui características, ou atitudes,


que demonstrem pensamento crítico. Os pensadores críticos também podem
ser chamados de pensadores ativos, que são aqueles que possuem uma dupla
resistência na confiança de informação e na sua interpretação dessa informação,
mantendo sempre uma atitude questionadora. São ainda conhecedores de suas
limitações e de seus preceitos, o que alguns chamam de humildade intelectual.

Normalmente, são imparciais, ou seja, são cientes da influência poderosa


de seus próprios valores, percepções e crenças, entretanto buscam ponderar
todos os pontos de vista de maneira a exercitar um esforço consciente para
trabalhar de forma planejada. Sempre reúnem informações, resistindo com certa
persistência até o momento em que percebem que as soluções não são tão
óbvias ou que necessitam de diversas etapas para serem concluídas. São ainda
bons comunicadores, valorizando trocas recíprocas de ideias, acreditando ser
fundamental entender o fato e encontrar melhores soluções.

Ainda, colocam seus próprios sentimentos de lado, ou seja, são empáticos, e


imaginam-se no lugar dos outros, com o objetivo de entendê-los de forma genuína.
Alguns pesquisadores chamam isso de empatia intelectual, estando sempre
dispostos a analisar as perspectivas que evitam o julgamento, considerando todas
as evidências até sejam ponderadas uma a uma. São conhecidos como mentes
abertas, sendo pensadores independentes, perspicazes e curiosos, que fazem seus
próprios julgamentos e decisões, interessando-se em entender, dando sempre
ênfase a sentimentos e pensamento.

São humildes, reconhecem que não existe uma pessoa que tenha todas as
respostas, ou seja, imune a erros, honestos com os outros e consigo, admitem
quando seus pensamentos podem estar imperfeitos ou necessitam de maior
reflexão. Essa característica é chamada pelos pesquisadores de “integridade
intelectual”. Ainda, ao invés de reativos, são prevenidos com relação aos problemas
e agem antes que ocorram. São sistemáticos e organizados em suas abordagens,
a fim de solucionar problemas e tomada de decisões.

São aptos a explorar e imaginar alternativas e mudar as abordagens quando


necessário. São flexíveis e cientes das regras da lógica, reconhecem a função
da intuição, entretanto buscam evidências e ponderam benefícios e riscos
antes de agir. São realistas, reconhecem que estamos inseridos em um mundo
imperfeito, e que nem sempre as melhores respostas são as respostas perfeitas.
São também dispostos a colaborar para trabalhar em direção ao alvo comum; são
os que chamamos de jogadores de equipe. São também comprometidos com a
excelência, criativos e seguem avaliando, buscam clareza e exatidão e procuram
formas de aperfeiçoar como as coisas são feitas.

72 Conceito de Processo de Trabalho


U2

Avançando na prática

Pratique mais!
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações
que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois compare-as com as de
seus colegas.

Conhecimento, habilidade e atitude: pré-requisitos determinantes para o enfermeiro


1. Competência de fundamentos
Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação.
de área
Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação.
Entender o pensamento crítico como uma habilidade
2. Objetivos de aprendizagem desejável e indispensável ao profissional enfermeiro.
Conhecer o processo de enfermagem que é o alicerce do
pensamento crítico na Enfermagem.
3. Conteúdos relacionados A capacidade de avaliação, análise e interpretação de informações.
O enfermeiro Taynan admitiu em sua unidade o paciente
Jeconias apresentando como sinais clínicos dores em seu
flanco direito devido a mau posicionamento ao dormir. Já
havia sido medicado no PS sem sucesso e realizado coleta
de material para exame laboratorial, porém o resultado
ainda não foi liberado. Taynan faz a admissão do paciente
examinando-o e identifica a presença de edema em flanco
direito e equimose em flanco esquerdo. A esposa de Jeconias
relata que, aproximadamente há uma semana e meia,
4. Descrição da SP
Jeconias participou de uma briga, na qual foi surrado por
outros rapazes. Durante o plantão, Jeconias passa a queixar-
se que as dores aumentaram muito durante a micção e que
sua urina estava com uma cor avermelhada. Taynan pôde
observar a presença de hematúria na urina de Jeconias e fez
a leitura dos resultados de exame, que confirma hematúria e
proeinúria. Qual seria seu pensamento crítico, caso estivesse
no lugar de Taynan? Qual seria a sua conduta enquanto
enfermeiro?
As manifestações clínicas apresentadas pelo paciente
Jeconias foram: dor, hematúria macroscópica, edema
e equimose em flancos, e o histórico do paciente, no
qual foi levantado que ele sofreu agressões, nos levaria a
pensar em um traumatismo renal, mesmo porque, dentre as
manifestações clínicas apresentadas, a hematúria é a mais
comum, sugerindo a lesão renal. No entanto, a presença de
proteinúria e azotemia nos remete a um pensamento mais
crítico, pois Jeconias poderia estar com mais um quadro
5. Resolução da SP:
clínico o de glomerulonefrite, uma vez que os principais
aspectos apresentados pela glomerulenefrite são esses. A
ação de Taynan é comunicar ao médico para que ele dê sua
conduta e, junto com o médico, providenciar outros exames
diagnósticos, como radiografias, ultrassom, tomografias ou
estudos contrastados, pois, nesse caso, pode-se pensar que,
além do trauma renal, é possível que possam ter outros
órgãos abdominais afetados, embora a glomerulonefrite não
esteja necessariamente associada ao trauma.

Conceito de Processo de Trabalho 73


U2

O profissional enfermeiro deve trabalhar com segurança e, para isso será


necessário: identificar dados essenciais que sinalizem mudanças no estado de
saúde: identificar e priorizar os problemas que necessitam de intervenção imediata
daqueles que poderão ser bordados subsequentemente; implementar ações para
corrigir ou minimizar os riscos à saúde; e saber justificar as indicações dessas
ações. Qual é a sua opinião em relação à situação-problema apresentada? Taynan
conseguiu identificar os dados essenciais para entender o estado de saúde de
Jeconias? Ele conseguiu tomar as condutas mediante a um pensamento crítico
adequado? Avalie você mesmo.

Faça você mesmo

Agora, imagine que ainda existam outras condutas a serem tomadas com
Jeconias, pois, além da lesão renal e da glomerunefrite, evidenciadas
pelas manifestações clínicas e apresentadas com sinais clínicos
(hematúria, edema, azonetemia), Jeconias está hipertenso. Quais as
condutas que você tomaria nesse caso? Resposta: como Jeconias se
encontra em um ambiente hospitalar é importante estar atento à sua
alimentação. Uma avaliação com o nutricionista é essencial, pois uma
dieta rica em carboidratos irá proporcionar a Jeconias energia e reduzirá
o catabolismo da proteína. A ingestão e o débito de líquidos devem
ser medidos e registrados. Os líquidos são administrados de acordo
com as perdas hídricas e o peso corporal diário do paciente. Avaliar a
quantidade de urina liberada por dia, pois, caso Jeconias esteja retendo
liquido, sua pressão arterial não diminuirá e o edema não cederá, este
é o procedimento que chamamos de controle hidroeletrolítico, ou
seja, controla-se a quantidade de líquido que o paciente recebeu e a
quantidade eliminada.

Você conseguiu entender o que é um pensamento crítico? Pode perceber que


a ação do enfermeiro vai além do cuidado manual, abrangendo as dimensões
importantes do processo de trabalho abordadas na seção anterior? O cuidar
envolve reflexos, questionamentos, aplicação de medidas de alívio, prevenção e
manutenção da saúde, sempre observando o paciente como um todo.

74 Conceito de Processo de Trabalho


U2

Faça valer a pena!

1. O pensamento crítico é uma habilidade desejável no enfermeiro e


necessita antecipadamente:

a) De conhecimento empírico.
b) De um corpo de conhecimento próprio de outras áreas da saúde.
c) De capacidade de avaliação, análise e interpretação de informações.
d) Que o julgamento clínico não atrapalhe o enfermeiro para se aplicar
o pensamento crítico.
e) De apoio total do médico; sem este profissional, não é possível realizar
o pensamento crítico.

2. Para a tomada de decisões complexas o enfermeiro:

a) Faz interpretações imprecisas das respostas humanas.


b) Não se baseia no processo de enfermagem.
c) Utiliza o pensamento crítico para realizar julgamentos clínicos,
baseados nas evidências e métodos científicos.
d) Utiliza somente a implantação e avaliação.
e) Toma a decisão mediante a ação intuitiva.

3. Para o desenvolvimento do pensamento crítico, é necessário que


se trabalhe a humildade intelectual e o questionamento mesmo em
situações emergenciais. O pensamento crítico inclui:

a) Reflexão, linguagem, intuição, raciocínio e aprendizado.


b) Conhecimento, habilidade e atitude.
c) Avaliação, planejamento e diagnóstico.
d) Reflexão e comunicação verbal.
e) Comunicação intra e interpessoal.

Conceito de Processo de Trabalho 75


U2

76 Conceito de Processo de Trabalho


U2

Seção 2.3

Sistematização da assistência de enfermagem

Diálogo aberto

Sejam bem-vindos!

Na seção anterior, falamos sobre o pensamento crítico, no qual o profissional


deverá identificar e desafiar suposições, considerar o que é importante, explorar
alternativas, considerar a razão, a ética e a lógica para a tomada de decisão de
determinadas condutas na terapêutica do paciente/cliente. No início desta unidade,
falamos sobre um estabelecimento de saúde que aplicou um treinamento junto
aos enfermeiros e agora está validando a eficácia ou não desse treinamento. Nesta
seção, iremos acompanhar a validação das ações do enfermeiro Guilherme na
unidade de terapia intensiva (UTI) de acordo com suas condutas terapêuticas.
A paciente Fátima, de 70 anos, deu entrada na UTI em pós-operatório imediato
(POI) de troca de valva aórtica e plastia de valva mitral. Circulação extracorpórea
(CEC) de 60 min. Acuidade visual e auditiva diminuída, aposentada, sedentária,
obesa (85 kg), hipertensa, tabagista há 47 anos. É portadora de doença crônica
obstrutiva (DPOC). Há 20 anos, foi submetida a uma troca de válvula aórtica (VO),
com implante de prótese mecânica. Anictérica, cianótica, mucosas oculares
hipocoradas e com umidade reduzida. Ramsey de 6; pupilas isocóricas, circulares,
fotorreativas e mióticas. Presença de tubo orotraqueal (TOT). Acesso venoso
central em jugular interna direita (JID) (1º dia) (sem sinais flogísticos ou disfunção
orgânica). Mucosa oral ressecada. Dieta suspensa. Toráx simétrico; presença de
dreno de tórax à esquerda (50ml de drenagem sanguinolenta na primeira hora) e
mediatinal (60 ml de drenagem sanguinolenta na primeira hora). Ferida operatória
na região esternal sem sinais flogísticos; presença de Iodopovidona (PVPI) no tórax.
Murmúrios vesiculres (MV) diminuídos nas bases pulmonares, presença de roncos
apicais. Frequência Cardíaca FR = 15 irpm, Ventilação Mecânica (VM) controlada.
Secreção traqueal clara e fluida em grande quantidade. Ictus cardíaco propulsivo
(medida de 3 polpas digitais). Bulhas normorrítmicas e normofonéticas (BNRNF),
pulso filiforme. Abdome globoso, normotenso, ruídos hidroaéreos (RHA) presentes,
timpanismo presente, fígado palpável a 3cm do rebordo costal direito (RCD).
Diurese hematúrcia em sonda vesical de demora (SVD). Tempo de enchimento
capilar de 6”. Cianose periférica (+/+4). Presença de cateter de pressão intra-

Conceito de Processo de Trabalho 77


U2

abdominal (PIA) em MSE (1º dia), sem sinais flogísticos. Presença de hiperemia
na região sacral. O que fazer mediante esse caso? Como o enfermeiro deverá
sistematizar esta assistência? Para responder a essas e outras questões, leia o LD e
faça as leituras complementares indicadas no livro.

Bons estudos.

Não pode faltar

O que é a sistematização da assistência da enfermagem (SAE)? É otimizar a prática


assistencial, conferindo maior segurança aos pacientes, melhoria da qualidade da
assistência e maior autonomia aos profissionais de enfermagem. Sistematizar é,
principalmente, proporcionar ao paciente/cliente uma assistência determinada
por lei, que possa garantir o cuidado dentro dos três níveis de atenção à saúde:
primário, secundário e terciário, levando ainda em consideração a biossegurança.

Não existe uma diferença radical na sistematização da assistência de enfermagem


em qualquer uma das várias áreas de atuação dentre seus respectivos conceitos,
pois os princípios são os mesmos; o que diferencia é o foco de atenção, ou seja,
o tipo de cliente/paciente a ser assistido.

A prática da enfermagem é de natureza interpessoal, ou seja, a importância e


o efeito do relacionamento profissional do enfermeiro com o paciente/cliente/
trabalhador é de extrema importância para o processo de enfermagem. Por força
da característica de sua formação profissional, o enfermeiro desenvolve uma visão
holística do processo de cuidar. O cliente/ paciente é visto de forma global, o
corpo e a mente não são considerados separadamente. Assim, o que acomete o
corpo afeta a mente.

Tanto o pensamento crítico estudado na seção anterior como a sistematização


da assistência de enfermagem que estamos estudando nesta seção estão
alicerçados no processo de enfermagem. O processo de enfermagem é um
método científico, que possibilita ao enfermeiro planejar, organizar e estruturar a
direção e a ordem do cuidado, compondo-se no instrumento metodológico da
profissão. Essa característica auxilia o enfermeiro quanto à tomada de decisões
e na realização do feedback necessário para avaliar, prever e determinar novas
intervenções. É uma prática sistemática de prestação de cuidados otimizados e
humanizados que tem como meta a obtenção de resultados desejados de uma
maneira eficiente e rentável.

78 Conceito de Processo de Trabalho


U2

Atenção!

O processo de enfermagem é um método que também é utilizado


para que seja implantado na prática profissional algo que chamamos
de teoria de enfermagem. Tema da nossa próxima seção.

O processo de enfermagem se operacionaliza em etapas (fases ou


componentes) que variam de acordo com cada autor, no que diz respeito ao
número e à terminologia utilizada. De acordo com Wanda Horta (1979), o processo
de enfermagem divide-se em: histórico, diagnóstico, plano assistencial, plano de
cuidados, evolução e prognóstico. No entanto, a maioria dos autores concorda
quanto à necessidade de pelo menos quatro etapas do processo de enfermagem:
investigação/histórico ou coleta de dados, diagnóstico, intervenção/
implementação ou plano de cuidados e avaliação.

Assimile

Etapas do processo de enfermagem


Etapas Similar Similar Similar
1ª Histórico Investigação Coleta de Consulta de
dados Enfermagem
2ª Diagnóstico Diagnóstico Diagnóstico Diagnóstico
3ª Plano Planejamento Planejamento Planejamento
Assistencial
4ª Plano de Implementação Intervenção Prescrição de
Cuidados Enfermagem
5ª Evolução Avaliação Avaliação Avaliação
6ª Prognóstico

Voltando à SP, Guilherme admite a paciente Fátima na UTI e passa a atendê-la.


Você consegue identificar quais fases do processo de enfermagem ele aplicou no
atendimento inicial com a paciente Fátima ou ainda qual seria o primeiro passo ou
prática a ser aplicada com essa paciente? Veja, Guilherme aplicou a investigação
(anamnese e exame físico). Essa é a primeira fase do processo de enfermagem, ou
seja, é o primeiro passo para a determinação do estado de saúde de um paciente.

Conceito de Processo de Trabalho 79


U2

Reflita

As etapas do processo de enfermagem são inter-relacionadas, ocorrem


ao mesmo tempo e, quando desenvolvidas adequadamente, auxiliam o
desenvolvimento do julgamento clínico na enfermagem.

Com o uso do julgamento clínico, o enfermeiro perpassa por estágios na


definição dos diagnósticos, implementação e avaliação que suplantam as
fases rotineiras: do diagnóstico apenas para identificação de problemas; da
implementação como a operacionalização do plano; e da avaliação como a
determinação do alcance dos alvos.

Pesquise mais
Você sabia que e o processo de enfermagem fornece estrutura para a
tomada de decisão durante a assistência de enfermagem, tornando-a
mais científica e menos intuitiva? Ainda, que o histórico de enfermagem
é a primeira fase do processo de enfermagem e é composto por
anamnese e exame físico? Para saber mais, consulte:

Processo de enfermagem: da teoria à prática assistencial e de pesquisa.


Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ean/v13n1/v13n1a26.pdf>.
Acesso em: 30 nov. 2015.

Ainda a Resolução COFEN 358/2009 que dispõe sobre a sistematização


da assistência de enfermagem e o processo de enfermagem. Disponível
em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html>.
Acesso em: 30 nov. 2015.

A relevância do exame físico do idoso para a assistência de enfermagem


hospitalar. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v18n3/
a11v18n3.pdf> Acesso em: 03 dez. 2015.

Já que Guilherme fez o levantamento dos dados da paciente Fátima, agora


ele tem de dar continuidade à assistência da paciente, e, segundo as etapas do
processo de enfermagem, qual seria o próximo passo? Pense que Guilherme
terá de utilizar seus conhecimentos técnico-científicos, o julgamento clínico e
o pensamento crítico na tomada de decisão. Se você respondeu que a próxima
fase é o levantamento do diagnóstico de enfermagem (DE), você acertou.

80 Conceito de Processo de Trabalho


U2

Assimile

O DE baseia-se tanto nos problemas reais (voltados para o paciente)


quanto nos problemas potenciais (voltados para o futuro), que
podem ser sintomas das disfunções fisiológicas, comportamentais,
psicossociais ou espirituais.

O DE é a segunda fase do processo de enfermagem e é considerada a mais


importante, pois sua definição correta significa precisão e relevância do plano
assistencial que será adotado.

Faça você mesmo

Entendemos que, para a determinação do DE, é preciso fazer o


levantamento dos problemas reais e dos problemas potenciais do
paciente. Sendo assim, indique quais são os problemas que você
encontrou na paciente Fátima, de acordo com a coleta de dados
realizada por Guilherme. Discuta o que encontrou com seus colegas.

Os enfermeiros utilizam um sistema de classificação para o DE chamado NANDA.


Este é o sistema mais usado no mundo, com tradução para mais de 17 idiomas e
é revisado a cada dois anos em plenária geral, na qual são discutidos e aprovados
novos diagnósticos e componentes que o integrarão. Os DE são distribuídos em 13
domínios de saúde, 47 classes e mais de 250 diagnósticos de enfermagem (DE).

Reflita

Você sabia que existe uma classificação para cada tipo de diagnóstico
de enfermagem?

Para saber mais consulte:

Prevalência do diagnóstico de enfermagem de débito cardíaco


diminuído e valor preditivo das características definidoras em pacientes
em avaliação para transplante cardíaco. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11692012000200013&script=sci_
arttext&tlng=pt>. Acesso em: 30 nov. 2015.

Classificações de diagnóstico e intervenção de enfermagem: NANDA-


NIC. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v22nspe/03.pdf>.
Acesso em: 30 nov. 2015.

Conceito de Processo de Trabalho 81


U2

O planejamento da assistência é a terceira fase do processo de enfermagem e


consiste nos seguintes passos: estabelecimento de prioridades para os problemas
diagnósticos; fixação de resultados esperados ou desejados em relação ao
paciente; intervenções que serão necessárias para prevenir e controlar os
principais problemas e para alcançar os resultados esperados. A avaliação é que
demonstra a resposta do indivíduo ao plano de cuidados em enfermagem. Não
se esqueça! Para que você estabeleça prioridades, é necessário o exercício do
pensamento crítico, que aqui pode ser dividido em três categorias: problemas
urgentes; problemas ou risco de problemas que devem constar do plano de
cuidados e problemas importantes, mas o tratamento pode ser planejado para o
futuro se houver comprometimento do indivíduo.

Atenção!

A enfermagem trabalha com padronizações de linguagens específicas


para se definir e descrever a prática de enfermagem. Assim como o
diagnóstico de enfermagem (DE) tem sua linguagem estabelecida
pela NANDA, o planejamento da assistência (implementação) e os
resultados esperados também têm. Para a implementação, utiliza-se o
sistema de classificação NIC e para os resultados esperados (RE) utiliza-
se o sistema de classificação NOC.

Buscamos o conhecimento em relação à primeira, segunda e terceira fase


do processo de enfermagem. O que vem a ser agora a quarta fase? Plano de
cuidados? Não seria o mesmo que planejamento? Na verdade, o plano de cuidados
é a implementação ou o fato de colocar em prática, ou executar o que antes era
uma proposta. É algo que é prescrito para a obtenção dos resultados esperados. O
médico prescreve uma medicação e o enfermeiro prescreve o cuidado baseado
nas necessidades humanas básicas afetadas do paciente, ou seja, baseadas nos
problemas reais e potenciais.

Vocabulário

Anictérica: pele de aspecto normal, sem presença de sinal de bilirrubina


ou icterícia (MICHAELIS, 2009).

Cianótica: pele de cor arrocheada (MICHAELIS, 2009).

Hipocoradas: descorada, pálida (MICHAELIS, 2009).

NANDA: North American Nursing Diagnoses Association (MICHAELIS,


2009).

82 Conceito de Processo de Trabalho


U2

NIC: Nursing Interventions Classification.

NOC: Nursing Outcomes Classification.

Ramsey: escala utilizada para avaliar o grau de sedação do paciente/


cliente.

Pupilas isocóricas: diâmetro pupilar igual.

Pupilas fotorreativas: reagem na presença de luz .

Pupilas mióticas: normais.

Sem medo de errar

Segundo a situação hipotética apresentada nesta seção, falamos sobre a


situação de uma paciente na UTI em POI de troca de valva aórtica e plastia de
valva mitral. Dentre os vários problemas que Guilherme encontrou na paciente (e,
provavelmente, você também tenha encontrado na proposta de levantamento de
problemas sinalizados no início da seção), alguns deles estão relacionados ao TOT,
aos MV diminuídos nas bases pulmonares, à presença de roncos apicais, FR = 15
irpm, à VM controlada, ao aspirado de secreção traqueal clara e fluida em grande
quantidade. Mediante as informações obtidas no LD e na leitura complementar,
responda: qual é o DE e qual é o resultado esperado para esses problemas?
Resposta: DE = Desobstrução de vias aéreas relacionadas a secreções retidas e a
presença de via aérea artificial evidenciada por secreção traqueal clara e fluida em
grande quantidade, presença de TOT e roncos apicais. RE = A paciente apresentará
as vias aéreas pérvias em até 48 horas, prazo indicado para a extubação.

Atenção!

Você sabia que a intubação orotraqueal pode ser indicada de forma


eletiva ou de emergência e nos casos de indicação eletiva é reservada
principalmente nos pacientes submetidos à cirurgia?

Após o ato cirúrgico e a constatação da recuperação da função


pulmonar pós-anestesia, o paciente deve ser submetido ao desmame
ventilatório e assim proceder a extubação. O desmame precoce
da ventilação mecânica é indicado para abreviar o retorno da
funcionalidade pulmonar e prevenir infecções. O ideal é que se faça o
o mais precocemente possível.

Conceito de Processo de Trabalho 83


U2

Vamos continuar analisando a SP levando em consideração os problemas


relacionados ao TOT, aos MV diminuídos nas bases pulmonares, à presença de
roncos apicais, à FR = 15 irpm, à VM controlada, ao aspirado de secreção traqueal
clara e fluida em grande quantidade listados. Qual deveria ser a prescrição de
Guilherme? O que você prescreveria como cuidado para a paciente Fátima?
Guilherme avaliou, levantou os problemas, raciocinou criticamente e fez a seguinte
prescrição: realizar ausculta respiratória de 1/1 hora e, se SatO² < 90%, fazer uso
de musculatura acessória e aumento da FR (maior que 15 irpm). Atentar para a
presença de roncos. Comunicar ao enfermeiro o aparecimento dessas evidências.
Justificativa: a saturação de oxigênio arterial é normalmente de 95% a 100%.
Pacientes com DPOC apresentam saturação de oxigênio em torno de 90 a 89%.
Assim, o uso da musculatura acessória também pode ser um indicativo de que a
paciente não esteja saturando adequadamente a quantidade abaixo de 90%. Isso
é preocupante, já que o paciente pode desenvolver hipoxemia atingindo órgãos
como sistema nervoso central, coração dentre outros. O acúmulo de secreção
nas vias aéreas superiores e inferiores, gerando roncos, pode estar relacionado
com a instalação de uma infecção (pneumonia).

Avançando na prática

Pratique mais!
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações
que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois compare-as com as de
seus colegas.

Conhecimento, habilidade e atitude: pré-requisitos determinantes para o enfermeiro


1. Competência de fundamentos
Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação.
de área
Entender como deve ser organizado o cuidado a partir da
adoção de um método sistemático.
Proporcionar o conhecimento ao futuro enfermeiro da
2. Objetivos de aprendizagem
definição do seu espaço de atuação, do seu desempenho por
meio da sistematização no campo da gerência em saúde e da
assistência em enfermagem.
O cuidado sistematizado, como um conjunto de ações junto
3. Conteúdos relacionados ao paciente, família e comunidade no que se diz respeito à
promoção a saúde, prevenção e intervenção.

84 Conceito de Processo de Trabalho


U2

Fátima, 70 anos, deu entrada na UTI em POI de troca de valva


aórtica e plastia de valva mitral. Circulação extracorpórea,
acuidade visual e auditiva diminuída, obesa (85 kg), hipertensa,
tabagista. É portadora de DPOC. Tem uma prótese mecânica.
Em TOT + Acesso venoso central JID + presença de dreno de
tórax à esquerda + ferida operatória na região esternal + MV
diminuídos nas bases pulmonares, presença de roncos apicais,
FR = 15 irpm, VM controlada. Aspirado de secreção traqueal
clara e fluida em grande quantidade. Ictus cardíaco propulsivo
4. Descrição da SP (medida de 3 polpas digitais). BNRNF, pulso filiforme. Abdome
globoso, normotenso. Diurese hematúrica em sonda SVD.
Acesso venoso periférico MSD. Tempo de enchimento capilar
de 6”. Cianose periférica (+/+4). Presença de cateter de PIA
em MSE. Presença de hiperemia na região sacral. A filha da
paciente pede para Guilherme deixá-la ficar com sua mãe na
UTI durante o período em que ela estiver ali, pois refere-se ser
direito do paciente idoso ter acompanhante, sem contar que
a presença da filha deixaria a paciente mais tranquila. Qual
deveria ser a conduta de Guilherme?
Um outro DE que poderia ser levantado se refere ao DE:
processos familiares interrompidos relacionados à internação
hospitalar e ao prejuízo perceptivo e cognitivo evidenciados
pela impossibilidade de ficar com os filhos em tempo integral
na UTI. No entanto, a permanência integral de uma pessoa
que não esteja internada na UTI poderá contribuir para o
aumento do risco de infecção. A UTI é uma área crítica na
qual existe um risco maior de desenvolvimento de infecções
relacionadas à assistência, seja pela execução de processos
envolvendo artigos críticos ou material biológico, pela
5. Resolução da SP: realização de procedimentos invasivos ou pela presença
de pacientes com suscetibilidade aumentada aos agentes
infecciosos ou portadores de patógenos de importância
epidemiológica. Dessa forma, não é permitida a permanência
de acompanhantes, no entanto a paciente poderá receber
visitas de 30 minutos duas vezes ao dia ou de acordo com o
protocolado pela instituição, pois a circulação na área restrita
deve ser extremamente controlada. Com isso, teremos
o seguinte Resultado Esperado (RE): A paciente manterá
contato diário com a família durante a sua permanência na
Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Agora, vamos falar um pouco sobre a avaliação ou evolução de enfermagem,


que é a quinta fase do processo de enfermagem e que define a efetividade da
assistência. Nessa fase, são avaliadas, por meio do raciocínio crítico, as respostas
dos pacientes e o alcance dos resultados esperados. Trata-se do registro realizado
após a avaliação do paciente, permitindo um planejamento adequado da
assistência que será oferecida, bem como os resultados das ações de enfermagem
implementadas. A evolução e a avaliação de enfermagem é uma atividade privativa

Conceito de Processo de Trabalho 85


U2

do enfermeiro e sua execução deve atender às seguintes exigências: 1. deve


ser precedida de data e horário; 2. deve ser realizada diariamente para todos os
pacientes e refeita em parte ou totalmente na vigência de alterações no estado do
paciente; 3. na sua elaboração, faz-se necessário realizar entrevista e exame físico;
4. informações complementares devem ser consultadas: evolução e prescrição de
enfermagem e médica anteriores, anotações de enfermagem, pedidos e resultados
de exames complementares; 5. deve ser composta por um conteúdo mínimo, de
acordo com as especificações de cada unidade e ou especialidade; 6. deve conter a
identificação de problemas novos, que deverão ser abandonados; as respostas dos
pacientes aos cuidados de enfermagem e a resolução dos problemas abordados;
7. a validade da evolução se dá por um período de 24 horas subsequentes ao
momento da avaliação; 8. a evolução/avaliação de alta deve ser constituída do
registro das condições gerais do paciente na hora da alta hospitalar e o resumo
das orientações fornecidas; 9. No caso de transferência do paciente, deverá haver
registro, na evolução de enfermagem, nas condições gerais do paciente referente à
hora de sua saída da unidade. A unidade que receberá o paciente deverá confirmar
as informações e acrescentar somente os dados que se apresentam modificados
e os parâmetros mensurados no recebimento do paciente.

Pesquise mais
Você sabia que, além do enfermeiro, o auxiliar e o técnico de enfermagem
que trabalham como integrantes da equipe de enfermagem também
devem contribuir com o processo de enfermagem? E que uma das
contribuições se refere à anotação de enfermagem?

Para saber mais consulte: Manual de anotações de enfermagem. Disponível


em: <http://www.portaldaenfermagem.com.br/downloads/manual-
anotacoes-de-enfermagem-coren-sp.pdf>. Acesso em: 2 dez. 2015.

A Resolução Cofen 429/2012, que dispõe sobre o registro e ações


dos profissionais no prontuário, e em outros documentos próprios
da enfermagem, independente do meio de suporte – tradicional
ou eletrônico. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-
cofen-n-4292012_9263.html>. Acesso em: 2 dez. 2015.

Resolução Cofen 191/1996, que dispõe sobre a forma de anotação


e o uso do número de inscrição ou da autorização, pelo pessoal de
enfermagem. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-
cofen-1911996-revogou-resoluo-cofen-1751994_4250.html>. Acesso
em: 12 dez. 2015.

86 Conceito de Processo de Trabalho


U2

A anotação de enfermagem são todas as informações relatadas pelo paciente,


além das observações realizadas pela equipe de enfermagem quanto aos sinais e
sintomas do paciente, que conduzam a alternativas para solucionar os problemas
identificados, direcionando o planejamento das intervenções de enfermagem e,
posteriormente, avaliando os resultados. Esses registros devem conter informações
descritivas, completas, claras e objetivas, considerando-se as seguintes questões:

Sempre que as ações de assistência forem executadas, mantendo


Quando anotar?
o planejamento de enfermagem atualizado.
Em impressos próprios, segundo modelo adotado pelo serviço de
Onde anotar?
enfermagem da instituição.
O registro deve ser feito de forma clara e objetiva, com data e
horário específico, com identificação (nome, COREN-SP e carim-
bo da pessoa que faz a anotação). Quando o registro for manual,
Como anotar?
deve ser feito com letra legível, sem rasuras. Na vigência de uma
anotação errada, colocar entre vírgulas a palavra “digo” e anotar
imediatamente após o texto correto.
Para historiar e mapear o cuidado prestado; facilitar o rastreamen-
to das ocorrências com o cliente a qualquer momento e reforçar
Para que anotar?
a responsabilidade do profissional envolvido no processo de as-
sistência de enfermagem.
Enfermeiros, técnicos e auxiliares, porém, no caso da evolução
Quem deve anotar? de enfermagem que também é um registro, este é privativo ao
enfermeiro.

Faça valer a pena!

1. O processo de enfermagem é:

a) Uma etapa da sistematização da assistência.


b) Um método sistematizado de prestação da assistência.
c) Um método para a generalização do cuidado.
d) Destinado especificamente para a investigação de problemas de
enfermagem.
e) Algo que depende do número de enfermeiros para que seja
desenvolvido.

2. As etapas do processo de enfermagem seguem a seguinte sequência:

Conceito de Processo de Trabalho 87


U2

a) Investigação, planejamento, diagnóstico, implementação e avaliação.


b) Planejamento, investigação, diagnóstico, implementação e avaliação.
c) Investigação, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação.
d) Planejamento, implementação, avaliação, investigação e diagnóstico.
e) Avaliação, investigação, planejamento, diagnóstico e avaliação.

3. A sistematização da assistência de enfermagem deve ser


implementada em toda a instituição de saúde, porque:

a) É uma lei que deve ser cumprida.


b) É prioridade a sua documentação e não a operacionalização na
prática.
c) É condição necessária no processo de tomada de decisão do
enfermeiro na resolução de problemas.
d) Não necessita de documentação.
e) É um estanque e não se relaciona com o processo de enfermagem.

88 Conceito de Processo de Trabalho


U2

Seção 2.4

Teorias de Enfermagem

Diálogo aberto

Sejam bem-vindos!

Iniciaremos a última seção da unidade 2, mas, antes, vamos recordar o que


falamos na seção anterior. Estudamos sobre a sistematização da assistência de
enfermagem, que é uma metodologia usada para planejar, executar e avaliar o
cuidado, sendo ela uma ferramenta fundamental para o trabalho de enfermagem.
Falamos também sobre a correlação do processo de enfermagem e suas fases,
exame físico e os principais padrões de terminologia utilizados na enfermagem
NANDA, NIC e NOC. No início desta unidade, falamos a respeito de um
estabelecimento de saúde que aplicou um treinamento junto aos enfermeiros e
agora está validando a eficácia ou não deste treinamento. E, nesta seção, iremos
acompanhar a validação das ações da enfermeira Nycole, que é responsável pelo
ambulatório vinculado ao estabelecimento de saúde. Nycole é estomaterapeuta,
dá as condutas de curativos tanto no ambulatório como em casa e faz visitas
mensais a um grupo de pacientes com feridas crônicas quando os encontra.

Uma de suas pacientes é a senhora Clara, de 68 anos, diabética, tabagista, que


tem uma úlcera vascular aberta em terço distal da perna, acometendo o maléolo
direito com formato irregular e profunda. Clara procurou o ambulatório depois
de 3 meses da última consulta, com ferida aberta, com diâmetro maior do que
das outras vezes. Além disso, apresentava um grande edema em membro inferior
direito (MID), local da lesão, referindo muita dor. Durante a avaliação, Nycole
percebeu que havia presença de grande quantidade de exsudato e odor fétido.
Dona Clara afirma que quando está internada a lesão chega até fechar, mas, ao ir
para a casa, ela abre ficando cada vez pior. Relata que essa situação atrapalha suas
atividades de vida diária (AVD), pois é arrimo de família por meio de sua profissão
de costureira, responsável pelas atividades domésticas do lar e pelos netos. Relata
que o motivo da úlcera não melhorar está relacionado ao fato de ela não estar
internada e insiste com Nycole que a possível melhora da úlcera depende de uma
nova internação.

Conceito de Processo de Trabalho 89


U2

Uma úlcera vasculogênica pode ser tratada em casa e via ambulatório ou


mediante a internação? De que forma Nycole deve conduzir esta situação? Qual
deve ser a estrutura de organização para o cuidado a ser prestado com a paciente
Clara, de acordo com a teoria a ser adotada por Nycole?

Bons estudos.

Não pode faltar

Teoria é um conjunto de princípios fundamentais de uma ciência ou de uma arte.


É uma noção geral, é opinião sistematizada. Essa palavra vem do grego “teoria”, que
significa examinar ou observar, no entanto, diante do desenvolvimento da humanidade,
passou a designar a base de um determinado tema, um conjunto de ideias que procura
transmitir a noção geral de alguns aspectos da realidade, ou seja, uma teoria sugere uma
direção de como ver fatos ou eventos.

Historicamente, a prática de enfermagem subordinada à medicina e focada no


desenvolvimento de tarefas e foi substituída com o advento do desenvolvimento das
teorias de enfermagem.

Florence Nightingale, um marco na enfermagem moderna, foi considerada a


primeira pessoa a teorizar a enfermagem ao delinear o que considerava como “a meta
de enfermagem e o domínio da prática”. Em 1859, ela descreve o papel da enfermeira
como a pessoa capaz de colocar o paciente na melhor condição possível para a natureza
agir, facilitando, assim, as leis da natureza, bem como é capaz de facilitar esse processo,
alterando o ambiente interno e externo, para melhor satisfazer às necessidades do
corpo, mente e espírito do paciente.

Faz-se necessário deixar clara a importância da observação detalhada dos doentes e do


ambiente, bem como o registro dessas observações para desenvolver o conhecimento
sobre os fatores que influenciavam a promoção da crua.

Em 1952, Hildegard Elizabeth Peplau tratava do processo interpessoal entre o


enfermeiro e o paciente; essa é a teoria das relações interpessoais. A partir de então,
várias outras teorias foram aparecendo.

Atenção!

Uma teoria envolve vários componentes, dentre eles a finalidade, os


conceitos, as declarações teóricas ou proposições, assim como os
pressupostos.

90 Conceito de Processo de Trabalho


U2

A finalidade de uma teoria é encontrada em sua estrutura e de forma explícita. Explica


o motivo pelo qual ela foi proposta, o contexto e as situações para sua aplicação. Os
conceitos transmitem o significado de uma realidade e são usados para representar
experiências. Referem-se à descrição e à classificação dos fenômenos que ocorrem na
natureza ou no pensamento. Os conceitos podem ser considerados como concretos
ou abstratos. São considerados fenômenos dominantes na ciência da enfermagem:
o indivíduo/pessoa, a saúde, o ambiente e a enfermagem, o que chamamos de
metaparadigma da enfermagem.

A inter-relação de conceitos produz declarações teóricas ou proposições que


descrevem o mundo real.

Os pressupostos são crenças sobre um fenômeno que devem ser aceitas como
verdadeiras para sustentar a teoria e, embora não possam ser empiricamente testáveis,
podem ser argumentadas filosoficamente.

Reflita

As teorias de enfermagem permitem ao enfermeiro organizar a prática


e compreender o resultado obtido, pois possibilitam analisar de maneira
crítica as situações dos pacientes, tomar decisões clínicas, planejar os
cuidados e propor adequadas intervenções de enfermagem, definindo
os resultados esperados e avaliando a sua eficácia junto aos clientes.

As teorias completas têm: contexto, que é o ambiente em que ocorre a


assistência de enfermagem; conteúdo, que é o assunto da teoria; processo, que é
o método pelo qual a enfermagem atua.

E, para aplicar uma teoria na prática, são necessários três determinantes: 1. Levar
em consideração o cenário clínico, que é o local de desenvolvimento da prática,
possibilitando a observação das suas relações com a teoria; 2. Determinar os
resultados ou metas práticas com o uso da teoria; 3. Avaliar os resultados obtidos.

Pesquise mais
Você sabia que a teoria funciona como um alicerce estrutural para a
implantação da Sistematização da Assistência da Enfermagem – SAE,
e que as vantagens e a prioridade de se estabelecer a SAE na prática
são incontestáveis e a teoria auxilia nessa sistematização, pois facilita
e direciona a organização das observações realizadas na prática e a
condução das ações, visando ao alcance dos resultados esperados
para os pacientes?

Conceito de Processo de Trabalho 91


U2

Além disso, a implantação das teorias na prática de enfermagem tem


sido uma constante, sobretudo após a divulgação da Resolução Cofen
272/2002, atualmente revogada pela Resolução Cofen 358/2009, a
qual determina que a implantação da SAE seja de incumbência privativa
do enfermeiro e ressalta a importância e a obrigatoriedade da sua
implantação? Para saber mais consulte:

1. Teorias de Enfermagem: A importância para a implementação


da Sistematização da Assistência de Enfermagem. Disponível em:
<http://www.faema.edu.br/revistas/index.php/Revista-FAEMA/article/
view/99/78>. Acesso em: 10 dez. 2015.

2. Componentes funcionais da teoria de Peplau e sua confluência com


o referencial de grupo. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/
v19n2/a16v19n2.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2015.

3. Resolução COFEN 358/ 2009 - Dispõe sobre a Sistematização da


Assistência de Enfermagem e o Processo de Enfermagem. Disponível
em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html>.
Acesso em: 10 dez. 2015.

Agora que já leu os artigos sugeridos no “Pesquise mais” e a SP, você consegue
entender qual é a relação da teoria com a prática de enfermagem?

Para responder a essa questão, devemos pensar que um dos fatores que
diferem a enfermagem de outras profissões da área da saúde é que a enfermagem
se preocupa com o cuidado das alterações que ocorrem nas necessidades
humanas básicas de um paciente, seu cuidado é direcionado a estas alterações.
É por meio destas alterações que o enfermeiro faz o levantamento do problema
de enfermagem e determina o diagnóstico que é uma das fases do processo de
enfermagem. A teoria de enfermagem gera o conhecimento de enfermagem para
o uso na prática. A integração da teoria na prática é a base para a enfermagem
profissional. O processo de enfermagem é usado em ambientes clínicos, para
determinar as necessidades individuais dos clientes. Embora o processo de
enfermagem seja central para a profissão de enfermagem, ele não é uma teoria.
Ele proporciona um processo sistemático para o funcionamento de cuidados de
enfermagem, mas não o componente de conhecimento da disciplina. Entretanto,
uma teoria pode direcionar a maneira como os enfermeiros utilizam o processo
de enfermagem.

92 Conceito de Processo de Trabalho


U2

Lembre-se

Uma teoria do cuidar, por exemplo, influencia no que avaliar, como


determinar as necessidades do cliente, como planejarmos os devidos
cuidados, como selecionamos as intervenções de enfermagem
individualizada e como avaliamos os desfechos dos clientes.

Existem quatro tipos específicos de teorias denominadas: 1. Teorias grandes,


que são de âmbito amplo, complexas e, portanto, requerem mais especificações
através de pesquisa, como, por exemplo, o modelo de sistemas de Betty Neuman,
que é uma teoria que fornece uma fundamentação abrangente com relação à
prática, à orientação e à pesquisa científica; 2. Teorias de média amplitude, que
são mais limitadas quanto ao âmbito e são menos abstratas, como, por exemplo,
a teoria de Mishel, que trabalha a incerteza na doença, enfocando as experiências
do cliente/paciente com câncer, enquanto ele vive com incertezas contínuas.
Essa teoria fornece uma base para ajudar os clientes a enfrentarem as incertezas
e sua resposta à doença; 3. Teorias descritivas, que representam o primeiro nível
de desenvolvimento de teorias. Elas descrevem fenômenos, especulam ainda
sobre a razão pela qual os fenômenos ocorrem e descrevem suas consequências,
tendo como exemplo as teorias de crescimento e desenvolvimento. Esse tipo
de teoria não dirige atividades de enfermagem específicas, mas ajuda a explicar
as avaliações dos clientes/pacientes. 4. Teorias prescritivas, que enfocam as
intervenções de enfermagem para um fenômeno e preveem as consequências
de uma intervenção de enfermagem específica. Esse tipo de teoria fornece uma
estrutura para o planejamento de intervenções que forneçam respaldo e reforcem
os recursos de enfrentamento dos clientes.

Reflita

As teorias devem direcionar as ações dos enfermeiros, de modo que


se possa responsabilizá-los pelos cuidados a serem prestados aos
pacientes, não mais executados de maneira empírica. A enfermagem
trabalha com as teorias especificas de enfermagem, assim como
também com as teorias interdisciplinares, como a teoria dos sistemas, a
teoria das necessidades básicas humanas, as teorias de desenvolvimento
e teorias psicossociais. Conheça mais sobre a teoria dos sistemas e das
necessidades básicas humanas, consulte:

1. Teoria geral dos sistemas na teoria das organizações. Disponível em:

Conceito de Processo de Trabalho 93


U2

<http://www.scielo.br/pdf/rae/v11n1/v11n1a03.pdf>. Acesso em: 10 dez.


2015.

2. O Maslow desconhecido: uma revisão de seus principais trabalhos


sobre motivação. Disponível em: <www.rausp.usp.br/download.
asp?file=v4401005.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2015.

As teorias úteis são adaptáveis aos diferentes clientes e a todos os ambientes


de cuidado, como, por exemplo, as teorias interdisciplinares, que são aquelas que
explicam uma visão sistemática de um fenômeno específico para a disciplina de
Semiotécnica. Assim, explica-se a teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget
que ajuda a entender como as crianças pensam, raciocinam e percebem o
mundo. Esse tipo de teoria auxilia ainda o enfermeiro a compreender e prever os
comportamentos de saúde dos clientes/pacientes e na aplicabilidade do sistema
de classificação para o diagnóstico de enfermagem (DE) chamado NANDA. Esse
sistema, o mais utilizado no mundo, é traduzido para mais de 17 idiomas e revisado
a cada dois anos em plenária geral, na qual são discutidos e aprovados novos
diagnósticos e componentes que o integrarão. Os DE são distribuídos em 13
domínios de saúde, 47 classes e mais de 180 DE.

Reflita

Você sabia que existe uma classificação para cada tipo de diagnóstico
de enfermagem?

Para saber mais, consulte:

Prevalência do diagnóstico de enfermagem de débito cardíaco


diminuído e valor preditivo das características definidoras em pacientes
em avaliação para transplante cardíaco. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11692012000200013&script=sci_
arttext&tlng=pt>. Acesso em: 30 nov. 2015.

Classificações de diagnóstico e intervenção de enfermagem: NANDA-


NIC. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v22nspe/03.pdf>.
Acesso em: 30 nov. 2015.

Você já entendeu que as definições e as teorias de enfermagem podem ajudar


a compreender a prática da profissão, correto? Então, vamos praticar um pouco?

94 Conceito de Processo de Trabalho


U2

Sem medo de errar

De acordo com o material disponibilizado e as leituras complementares que


você realizou, relacione o teórico, sua teoria e a meta dessa teoria. Segue um
exemplo:

TEÓRICO TEORIA METAS


Florence Teoria ambientalista Facilitar os processos reparativos
Nightingale do corpo por manipulação do
ambiente do cliente/paciente,
em que um ambiente limpo
diminuirá a infecção, o que
chamamos hoje de infecção
hospitalar. Essa teoria viabiliza
tudo que se refere ao ambiente
como nível adequado de ruídos,
nutrição iluminação, conforto.

Agora, é a sua vez. Pratique:

TEÓRICO TEORIA METAS


Hildegard Peplau
Virgínia Henderson
Martha E. Rogers
Dorothea Orem
Imogenes King
Betty Neuman
Madeleine Leininger
Jean Watson
Wanda de Aguiar Horta
Sister Callista Roy

Existem cerca de 26 teóricos de enfermagem, cada um com uma especificidade


diferenciada e defendendo a sua teoria. Aqui, você entrou em contato com 15
deles. Cada um traz uma conceitualização de alguns aspectos da enfermagem,
comunicados com o propósito de descrever, explicar, prever e ou predizer os
cuidados de enfermagem.

Conceito de Processo de Trabalho 95


U2

Atenção!

Para escolher uma teoria de enfermagem que fundamente


a sua prática, o enfermeiro precisa conhecer a realidade do setor em
que trabalha, o perfil dos enfermeiros que trabalham nesta unidade,
bem como a clientela atendida, uma vez que essa caracterização
deverá estar em acordo com os conceitos da teoria selecionada.

Sendo assim, espera-se que os enfermeiros estudem as teorias de enfermagem,


avaliando os conceitos estabelecidos por quem os desenvolveu e a congruência
deles em seu cotidiano de trabalho.

Exemplificando

Podemos citar como exemplo um enfermeiro que atua em um Programa


de Saúde da Família (PSF). Esse enfermeiro deve sistematizar a assistência
de enfermagem, utilizando como marco conceitual uma teoria que
conceitue pessoa como o indivíduo, a família e/ou a comunidade; que
conceitue ambiente de modo que englobe as diretrizes do Programa
de Saúde da Família, ainda que conceitue o enfermeiro como um
agente de promoção da saúde. Qual seria a teoria de enfermagem
a ser utilizada no PSF? Uma das teorias mais bem aplicadas no PSF
seria a teoria Interpessoal de Hildegard Peplau (1952), pois as relações
interpessoais sugeridas por essa teorista trabalham alguns fatores, como:
valores, crenças, cultura, expectativas do cliente, que devem ser levadas
em consideração, tendo em vista a participação do cliente/paciente/
comunidade como sujeito ativo do processo. Essa é uma teoria que
tem em sua essência a busca do desenvolvimento do relacionamento
interpessoal entre o enfermeiro e o cliente/paciente/comunidade como
forma específica para alcançar a resolução dos problemas que afetam o
cliente, a família, a sociedade ou comunidade. Vale a pena você verificar
se existe a possiblidade de uma outra teoria fazer parte do contexto PSF.
Consulte: “A Teoria de King e sua interface com o programa Saúde da
Família. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v38n3/05.
pdf>. Acesso em: 12 dez. 2015.

Faça você mesmo

Analise esta situação: seria possível a utilização ou a associação de uma

96 Conceito de Processo de Trabalho


U2

ou mais teorias para a prática de enfermagem? De que forma você


interpretou o artigo sugerido para leitura? Você substituiria a teoria
apresentada no exemplificando ou associaria? No PSF, por exemplo,
poderíamos trabalhar também a teoria das necessidades básicas, de
Virgínia Henderson (1955), a Teoria do Cuidado Humano (promoção à
saúde), de Jean Watson (1979), e a Teoria do Autocuidado, de Dorothea
Orem? Reveja essas teorias e tire suas conclusões.

Avançando na prática
Pratique mais!
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações que
pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois compare-as com as de seus colegas.

Conhecimento, habilidade e atitude: pré-requisitos determinantes para o enfermeiro


1. Competência de fundamentos
Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação.
de área
• Explicar a influência da teoria de enfermagem sob uma
abordagem das enfermeiras para a prática profissional;
• descrever os tipos de teorias de enfermagem;
• descrever as relações entre teoria, o processo de
2. Objetivos de aprendizagem
enfermagem e as necessidades do cliente/paciente;
• discutir as teorias de enfermagem selecionadas;
• descrever o valor da teoria de enfermagem para a prática da
enfermagem.
Definições e conceitos das teorias de enfermagem e sua utilização
3. Conteúdos relacionados
como instrumento no processo de trabalho em enfermagem.
Clara, de 68 anos, diabética, tabagista, tem uma úlcera vascular
aberta no terço distal da perna, acometendo o maléolo direito,
com formato irregular e profunda. Procurou o ambulatório
depois de 3 meses da última consulta, pois a ferida estava
aberta, com diâmetro maior do que das outras vezes. Além
disso, apresentava um grande edema em membro inferior
direito (MID), no local da lesão, relatando muita dor. Durante a
avaliação, a enfermeira Nycole percebeu que havia presença
de grande quantidade de exsudato e odor fétido na lesão.
Dona Clara refere-se que quando está internada a lesão chega
até fechar, mas, ao ir para a casa, ela abre, ficando cada vez
4. Descrição da SP
pior. Relata que essa situação atrapalha suas atividades de vida
diária (AVD), pois é arrimo de família, atuando como costureira.
Além disso, é responsável pelas atividades domésticas do lar e
pelos netos. Relata que o motivo da úlcera não melhorar está
relacionada com a falta de internação e insiste com Nycole que
a possível melhora da úlcera depende de uma nova internação.
Uma úlcera vascular pode ser tratada em casa e via ambulatório
ou mediante a internação? De que forma Nycole deve conduzir
essa situação? Qual deve ser a estrutura de organização para o
cuidado a ser prestado com a paciente Clara, de acordo com a
teoria a ser adotada por Nycole?
(continua)

Conceito de Processo de Trabalho 97


U2

Por meio da supervisão e orientação de um enfermeiro,


uma ferida crônica sem infecção pode ser tratada em casa.
E, para o tratamento de uma úlcera vascular, não existe
a obrigatoriedade de uma internação. A enfermeira deve
identificar esse tipo de lesão e dar as condutas adequadas,
atentando-se para que o paciente siga as orientações que
se baseiam em: manter o máximo de repouso possível com
elevação dos MMII afetados para diminuir o edema e a dor;
utilizar as meias de compressão; realização de caminhadas
e exercícios para panturrilhas; manter a lesão, quando está
aberta, com curativo fechado para evitar o aparecimento de
infecção; controlar rigorosamente a glicemia, atentando-
se para o tipo de alimentação, principalmente porque a
senhora Clara é diabética; evitar o fumo. A paciente deve
ser lembrada de que uma úlcera vascular é provocada
pelo acúmulo de sangue nos MMII. A impossibilidade de
circulação adequada do sangue causa um aumento de
pressão nos vasos sanguíneos, e, com a pressão, os vasos
dilatam e acabam se rompendo. Nesse cenário, Nycole
5. Resolução da SP: deverá utilizar uma teoria de educação em saúde, com o
objetivo de tornar a paciente Clara independente para o
cuidado, sendo que a teoria do autocuidado de Dorothea
Orem tem esse perfil. Clara deverá receber as orientações
acima, segui-las e aprender a se cuidar. Clara também
deve ser acompanhada e ou auxiliada nas atividades que
desenvolve, que são muitas, levando em consideração
a sua idade. Nesse caso, a aplicação de uma teoria que
apresente o processo de interação enfermeiro-cliente,
a fim de desenvolver uma terapêutica adequada, com a
confiança do paciente no profissional e o relacionamento
saudável, como, por exemplo, a teoria Interpessoal de
Hildegard Peplau. Outra teoria aplicável deve ser baseada nas
necessidades psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais,
pois é notório que a paciente Clara é responsável por várias
atividades, incluindo casa, renda familiar, auxílio aos netos,
entre outras atividades, mas é ela quem necessita de ter
pessoas que façam por ela, que cuidem dela e que lhe façam
companhia. A teoria das necessidades humanas básicas, de
Wanda de Aguiar Horta, é imprescindível neste cenário.

Com a resolução da SP, você pode evidenciar que as teorias podem ser
associadas para que você, enquanto enfermeiro, tome a melhor conduta.

Pesquise mais
Você sabia que o enfermeiro estomaterapeuta é expertise em feridas e
que existem vários tipos de úlceras vasculares?

- Que uma úlcera vascular leva a um ou mais diagnósticos de


enfermagem?

Para saber mais consulte:

98 Conceito de Processo de Trabalho


U2

1. Enfermagem em estomaterapia: cuidados clínicos ao portador de


úlcera venosa. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/reben/v62n6/
a14v62n6>. Acesso em: 2 dez. 2015.

2. Abordagem de pacientes com úlcera da perna de etiologia venosa.


Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abd/v81n6/v81n06a02.pdf>.
Acesso em: 2 dez. 2015.

3. Integridade da pele prejudicada: identificando e diferenciando uma


úlcera arterial e uma venosa. Disponível em: <http://eduem.uem.br/
ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/5521/3511>. Acesso em: 12
dez. 2015.

Faça valer a pena!

1. O metaparadigma de enfermagem inclui:

a) Saúde, indivíduo/pessoa, ambiente e teoria.


b) Conceitos, teoria, saúde e ambiente.
c) Enfermeiras, médicos, modelos e necessidades do cliente.
d) O indivíduo/pessoa, saúde, ambiente/situação e a enfermagem.
e) Saúde, conceitos e a enfermagem.

2. Uma teoria é um conjunto de conceitos, definições, relações e


pressupostos que:

a) Irão guiar a prática de enfermagem.


b) Serão utilizadas para o auxílio na tomada de decisões de enfermagem.
c) Levam a enfermagem a se basear no cuidado do cliente sobre a prática
de outras ciências.
d) Serão testados para descreverem ou predizerem os desfechos dos
clientes.
e) Podem ser definidos como métodos utilizados para planejar, executar
e avaliar o cuidado.

Conceito de Processo de Trabalho 99


U2

3. Os elementos que compõem uma teoria de enfermagem:

a) São os conceitos de saúde, indivíduo homem e enfermagem.


b) Referem-se à descrição e à classificação dos fenômenos que ocorrem
na natureza ou no pensamento.
c) São finalidade, conceitos, proposições e pressupostos de uma teoria.
d) Compõem o metaparadigma da enfermagem.
e) Referem-se à pessoa, saúde, ambiente e enfermagem.

100 Conceito de Processo de Trabalho


U2

Referências

ABBADE, L. P. F.; LASTÓRIA, S. Abordagem de pacientes com úlcera da perna de


etiologia venosa. 6. ed. São Paulo: An Bras Dermatol, 2006.
ALCÂNTARA, M. R. et al. Teorias de enfermagem: a importância para a implementação
da sistematização da assistência de enfermagem. Rondônia: Revista Científica
FAEMA, 2011. v. 2.
BERSUSA, A. A. S.; LAGES, J. S. Integridade da pele prejudicada: identificando e
diferenciando uma úlcera arterial e uma venosa. 1. ed. Maringá: Ciência, cuidado
e saúde, 2004.
CONSELHO Regional de Enfermagem de São Paulo. Resolução COREN 358/2009.
Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem em ambientes,
públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem, e dá
outras providências. [Internet]. São Paulo; 2009 [citado 2014 fev. 20]. Disponível
em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html>. Acesso em:
02 fev. 2016
DE BARROS, A. L. B. L. Classificações de diagnóstico e intervenção de enfermagem:
NANDA-NIC. São Paulo: Acta Paulista de Enfermagem, 2009.
DOS REIS SAMPAIO, J. O Maslow desconhecido: uma revisão de seus principais
trabalhos sobre motivação. São Paulo: Revista de Administração da Universidade
de São Paulo, v. 44. 1. ed. 2009.
FAVERO, L., et al., Aplicação da Teoria do Cuidado Transpessoal de Jean Watson:
uma década de produção brasileira. Curitiba, 2008.
HORTA, W. A. Processo de enfermagem. In: Processo de enfermagem. São Paulo.
Editora EPU, 1979.
MATOS, L. N. et al., Prevalência do diagnóstico de enfermagem de débito cardíaco
diminuído e valor preditivo das características definidoras em pacientes em
avaliação para transplante cardíaco. Rio de Janeiro: Revista Latino-Americana.
Enfermagem, 2012.
MICHAELIS. Dicionário de português online. São Paulo: Melhoramentos, 2009.
Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/>. Acesso em:
15 jun. 2016.

Conceito de Processo de Trabalho 101


U2

MOREIRA, T. M. M.; DE ALCÂNTARA, M. C. M. Enfermagem em estomaterapia:


cuidados clínicos ao portador de úlcera venosa. Revista Brasileira de Enfermagem,
2009.
MOTTA, F. C. P. A teoria geral dos sistemas na teoria das organizações. RAE-Revista
de Administração de Empresas, 1971. v. 11 .
POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. Rio de Janeiro. Elsevier,
2009.
TANNURE, M. C.; PINHEIRO, A. M. SAE: sistematização da assistência de
enfermagem: guia prático. In: SAE: sistematização da assistência de enfermagem:
guia prático. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
WALDOW, V. R. Cuidar: expressão humanizadora da enfermagem. Rio de Janeiro:
Vozes, 2012.

102 Conceito de Processo de Trabalho


Unidade 3

CAMPOS DE ATUAÇÃO DO
ENFERMEIRO

Convite ao estudo

Caro aluno, bem-vindo!

Nesta Unidade, iremos discorrer didaticamente sobre a organização dos


serviços de enfermagem, bem como a administração do pessoal e outros
temas que integram rotineiramente a prática do enfermeiro, por meio do
conhecimento da trajetória da enfermagem e sua emancipação.

A Unidade enfatiza os princípios básicos das teorias de administração e os tipos


de liderança que podem ser aplicados na área da Enfermagem. Para tanto, serão
apresentadas algumas teorias administrativas que ajudarão você a perceber que
a enfermagem, na sua prática, deve incluir todo o conceito administrativo. Dessa
forma, ao final da Unidade, você terá adquirido o conhecimento necessário e
uma visão ampla do processo gerencial. Será importante, ainda, saber cuidar
e organizar as condições de trabalho na enfermagem, o dimensionamento
de pessoal, a gestão de pessoas, da supervisão, da liderança, de qualidade,
da auditoria e das mudanças em enfermagem; assim como os meios para
desenvolver a gerência em enfermagem.

Com certeza esta Unidade irá contribuir para o seu desenvolvimento


profissional, assim, te convido a refletir sobre a aplicação do conteúdo e dos
artigos apresentados no decorrer desta seção, o que lhe ajudará a resolver
e a responder as questões propostas durante o aprendizado. Acompanhe a
situação geradora de aprendizagem a seguir: Vitória, Gabriel, João e Júlia
foram promovidos a enfermeiros trainee e passarão por alguns setores para
receberem treinamento de integração de novos colaboradores a fim de
familiarizar-se com as práticas administrativas em cada setor. A efetivação de
cada um deles dependerá do desenvolvimento e do aprendizado dessa prática.

Bons estudos!
U3

104 Campos de atuação do enfermeiro


U3

Seção 3.1

Gestão em enfermagem

Diálogo aberto

Vitória, recentemente promovida à enfermeira trainee, foi direcionada a unidade de


clínica cirúrgica a fim de passar por um treinamento na área. A área de clínica cirúrgica
é responsável pela prestação de serviços ao paciente que irá fazer cirurgia, também
é destinada a aquele paciente que retorna da cirurgia necessitando de cuidados
especiais. Trata-se de um local onde são realizados procedimentos específicos de
grande importância, ou seja, a falha desses procedimentos poderá causar riscos ao
paciente. Esses problemas podem ocorrer nas fases perioperatória divididas em pré-
operatória, intraoperatória e pós-operatória. O enfermeiro desse setor deve se planejar
de forma adequada para gerenciar os processos de trabalho de sua responsabilidade.
Vitória ficou assustada com as inúmeras atividades que envolvem ações específicas de
cada uma das fases do perioperatório. O enfermeiro deve fazer o possível para garantir
a qualidade da assistência prestada ao paciente. Dentre as diversas responsabilidades,
deve-se ter uma atenção específica com a prescrição médica, analisar as características
dos fármacos utilizados e prescrever os cuidados de enfermagem para as medicações,
priorizar o exame físico, conhecer os parâmetros dos exames laboratoriais em relação
à patologia; identificar os diagnósticos de enfermagem, identificar os riscos cirúrgicos:
em relação à cirurgia, ao paciente e à anestesia; certificar-se de que o paciente tomou
ciência do consentimento informado; providenciar jejum e cuidados gerais, identificar
tipo e local da cirurgia, dentre vários outros cuidados. Ainda, o enfermeiro deve: assistir,
ensinar, pesquisar e participar politicamente. Com todas essas informações, Vitória
pensou: “De que forma um enfermeiro conseguirá gerenciar todo esse processo?
Todas essas atividades são administrativas ou assistenciais? Quais são as ações
administrativas que terei que utilizar?”

Para resolver esta SP, leia atentamente o LD e as sugestões de leituras inseridas no


decorrer do texto.

Campos de atuação do enfermeiro 105


U3

Não pode faltar


Administrar é uma das funções privativas do enfermeiro, que envolve tanto o
executar como o delegar a execução de uma atividade. Essa ação é um trabalho de
coordenar as atividades dos membros da equipe de enfermagem no cuidado dos
clientes por meio do gerenciamento de pessoal, das políticas da instituição e de
responsabilidades pelo orçamento de uma unidade.

Atenção!
Você já parou para pensar em como você irá administrar um serviço
de enfermagem? Para isso, você deverá ter uma visão ampla no que se
refere à administração no serviço de enfermagem na prática profissional.
Lembre-se do que estudou na Unidade anterior: “O processo de trabalho
da enfermagem”, pois existem algumas etapas a serem desenvolvidas
desse processo e uma delas é a administração. Você se lembra de quais
são os demais processos de trabalho da enfermagem?
De acordo com a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem – Lei nº 7498/86 e
seu Decreto-lei nº 94.406/87, incube ao enfermeiro privativamente
“a direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura básica da
instituição de saúde, pública ou privada, e chefia de serviço e de unidade
de Enfermagem; organização e direção dos serviços de Enfermagem
e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras
desses serviços; planejamento, organização, coordenação, execução
e avaliação dos serviços da assistência de Enfermagem; consultoria,
auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem.”

Frente a essas considerações, fica claro que as funções administrativas são


importantes e passam pela aplicação do processo administrativo na prática e os
enfermeiros devem por em prática todos os dias este processo nos serviços de suas
reponsabilidades.
Na enfermagem, como em outras profissões, o enfermeiro incorpora, em sua
formação profissional, o saber de várias ciências, dentre elas, a ciência da administração
do pessoal de enfermagem. Desse modo, parece oportuno para o entendimento da
prática da enfermagem a sua reflexão à luz das teorias da administração. O conteúdo
específico e a ênfase em determinados tópicos caracterizam as diferentes teorias
administrativas.

Assimile

Todavia, o conteúdo de todas as teorias versa sobre cinco variáveis básicas:

106 Campos de atuação do enfermeiro


U3

tarefas (Teoria de Administração Científica de Taylor); pessoas (Teoria das


Relações Humanas), estrutura (Teoria Clássica de Fayol, Teoria Neo Clássica,
Teoria da Burocrácia de Weber), ambiente (Teoria Estruturalista e Teoria da
Contingência) e tecnologia (Teoria da Contingência). Para maiores detalhes,
consulte: Teorias administrativas e organização do trabalho: de Taylor aos
dias atuais, influências no setor saúde e na enfermagem. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/tce/v15n3/v15n3a17>. Acesso em: 08 nov. 2015.

A teoria com ênfase nas tarefas trata a Administração como uma ciência
direcionada ao planejamento das atividades operacionais e a racionalização dessas
atividades. A teoria com ênfase na estrutura divide-se em: clássica, neoclássica,
burocrática e estruturalista, em que a clássica trata a Administração como uma ciência
na estruturação e na formatação das organizações. Já a neoclássica é baseada no
redimensionamento e na atualização da Teoria Clássica, tendo como ênfase, conforme
elucidada nos objetivos, a burocrática, que apresenta as propriedades do modelo
burocrático de organização e a teoria estruturalista, procurando expandir e consolidar
os horizontes da Administração. A teoria com ênfase nas pessoas divide-se em teoria
das relações humanas, que combate os pressupostos clássicos, dando ênfase nas
relações humanas e nas pessoas. A teoria do comportamento organizacional e a teoria
do desenvolvimento organizacional, que atualizam e redimensionam os conceitos
da Teoria das Relações Humanas. Já a Teoria com ênfase na tecnologia, trata-se da
teoria da contingência, que parte do princípio de que a administração é situacional e
relativa, ou seja, depende de circunstâncias tecnológicas e da organização ambiental.
A teoria estruturalista influencia as Ciências Sociais e sua repercussão no estudo
das organizações, influencia, também, a Filosofia, a Psicologia, a Antropologia, a
Matemática e a Linguística. No âmbito empresarial, concentra-se nas organizações
sociais. A Teoria da Contingência enfatiza que o que acontece dentro das empresas é
relativo, dessa forma, depende do modo como cada empresa trabalha e também do
ambiente externo. Existe ainda uma relação entre técnicas administrativas e condições
do ambiente, ou seja, em vez de uma relação de "causa e efeito" entre as variáveis
administrativas (dependentes) e as variáveis do ambiente (independentes), existe uma
relação funcional entre elas, a qual diz respeito àquilo que a contingência significa,
um acaso, uma eventualidade, um acontecimento, que tem como fundamento a
incerteza de que algo pode ou não acontecer, podendo levar a um alcance eficaz dos
objetivos da empresa.

Reflita

Administrar e liderar em enfermagem significa: “Conjunto de ações que


visa organizar serviços e funções, planejar, entender os objetivos propostos
pela instituição, fazendo o possível para alcançá-los. Ainda prover, prever
e estabelecer metas, organizar a ordem de processos e

Campos de atuação do enfermeiro 107


U3

ações, cuidar de forma direta e indireta, gerir pessoas e situações, avaliar,


coordenar, agir, estruturar o serviço, traçar meios, criar uma metodologia,
trabalhar com os recursos existentes, integrar, educar e saber ouvir,
gerenciar recursos materiais e humanos. Finalmente, registrar e buscar a
qualidade, ter atenção, promover mudanças, exercer autoridade, delegar,
servir, persuadir, ser flexível, ter flexibilidade e comunicação eficaz, seja
ela formal, informal e diagonal. As duas últimas colocações surgem na
interação entre as pessoas, cruzando a cadeia de comando de uma
organização”.

Vitória está certa em se preocupar, pois para concretizar todas essas ações, ela terá
que fazer uso de cinco importantes funções administrativas, que são: o planejamento,
a direção, a organização, a coordenação (que envolve a orientação) e o controle (que
envolve a supervisão e a avaliação).

Pesquise mais
A função administrativa/gerencial requer conhecimento e habilidades.
Saiba mais sobre o papel do enfermeiro nessa área. Consulte: Gerência
dos serviços de saúde. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1990000300002>. Acesso em:
20 dez. 2015.

2. O Planejamento estratégico como forma de otimizar o gerenciamento


nas organizações. Disponível em: <http://www.simpep.feb.unesp.br/
anais/anais_13/artigos/1022.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2015.

3. As funções administrativas e o planejamento em enfermagem.


Disponível em: <http://www.ufjf.br/admenf/files/2010/03/ADM-I-
Planejamento-em-Enfermagem.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2015.

Pense na SP apresentada no início do LD, quando Vitória trabalha na unidade de


clínica cirúrgica desempenhando inúmeras atividades administrativas. Qual seria a
primeira das cinco funções administrativas que ela, enquanto responsável pelo setor,
tem que tomar?

Se você respondeu planejar, acertou, pois é por meio do planejamento que deve
ser determinado antecipadamente o que se deve fazer e quais os objetivos que devem
ser atingidos. É um modelo teórico para a ação futura. O planejamento é a função-
chave da administração, uma vez que fornece aos indivíduos e às organizações os
meios de que necessitam para enfrentar ambientes dinâmicos e complexos em
constantes transformações.

108 Campos de atuação do enfermeiro


U3

Faça você mesmo

Existem determinadas fases ou etapas que ajudam na realização de um


planejamento. Ele se inicia à medida que se determina algo a ser alcançado,
que se definem estratégias e políticas de ação e se detalham planos para
conseguir alcançar suas finalidades, estabelecendo uma sequência de
decisões que incluem a revisão dos objetivos propostos, alimentando
um novo ciclo de planificação. Essa fase não deve ser confundida com
o método de trabalho. Estamos falando de qual fase do planejamento?
Para resolver esta questão, consulte: As funções administrativas e
o planejamento como instrumento do processo de trabalho do
enfermeiro. Disponível em: <http://www.ufjf.br/admenf/files/2010/03/
As-Fun%C3%A7%C3%B5es-Administrativas-eo-Planejamento-como-
Instrumento-de-Trabalho-do-Enfermeiro2.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2015.

Se você respondeu que se trata da fase de determinação de objetivos,


acertou. Essa é uma fase muito importante, pois os objetivos são os
resultados futuros que se pretendem atingir. São alvos selecionados
que buscam alcançar dentro de certo espaço de tempo, aplicando-se
determinados recursos disponíveis ou possíveis.

Em sua opinião, Vitória deverá fazer um planejamento de suas atividades e das


atividades do setor em qual amplitude? Seria algo que abrangesse toda a instituição, ou
que abranja o setor dela de forma separada, que aborde cada tarefa ou procedimento
isoladamente? Conforme a abrangência, as atividades de forma geral podem ser
classificadas em planejamentos estratégico, tático e operacional.

Pesquise mais
Falamos que “administrar” em enfermagem é um conjunto de ações que
visa organizar serviços “[...] dentre eles, podemos citar: prover, prever e
estabelecer metas [...] engloba, ainda, a liderança e o cumprimento de
algumas normas”. Para conhecer mais sobre o assunto, consulte. 1.
Atuação da enfermagem no gerenciamento de recursos materiais em
Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Disponível em: <http://www.scielo.
br/pdf/reben/v51n3/v51n3a12.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2015.

2. Refletindo sobre a liderança em enfermagem. Disponível em: <http://


www.scielo.br/pdf/ean/v10n1/v10n1a14>. Acesso em: 20 dez. 2015.

Campos de atuação do enfermeiro 109


U3

SEM MEDO DE ERRAR!

Dimensionar o pessoal de enfermagem é outra prática da enfermagem


administrativa, a qual constitui a etapa inicial do processo de provimento de pessoal e
tem por finalidade a previsão da quantidade de funcionários por categoria, requerida
para atender, direta ou indiretamente, às necessidades de assistência de enfermagem
da clientela. Dimensionar e calcular a estimativa de pessoal de enfermagem são
sinônimos encontrados na literatura para quantificar os profissionais da área.

Atenção!

Você sabia que:

-Existe uma resolução COFEN que fixa e estabelece parâmetros para


o dimensionamento do quadro de profissionais de enfermagem nas
unidades assistenciais das instituições de saúde e assemelhados?

-Para calcular o número de profissionais necessários para cada setor deve


ser considerado como horas de enfermagem, por leito, nas 24 horas?

Para saber mais, consulte: Resolução COFEN – 293/2004. Disponível em:


<http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-2932004_4329.html>. Acesso
em: 20 dez. 2015.

Após o levantamento da quantidade ideal de pessoal da enfermagem é de grande


importância a atuação do seu recrutamento e seleção por meio da administração
de recursos humanos. É pelo processo seletivo que se obtém maior garantia de
que entrem para a instituição indivíduos com crenças, valores e, também, com
competência técnica, apropriados à obtenção dos objetivos da instituição.

Lembre-se

A primeira das fases do processo de administração de recursos humanos


é o recrutamento e seleção de pessoal. É importante que o profissional
enfermeiro tenha um Curriculum vitae e documentos pessoais atualizados,
bem como a carteira de registro no Coren. Para saber mais, consulte:
Gestão de recursos humanos em hospitais de Aracaju. Disponível em:
<http://www.regeusp.com.br/arquivos/v9n4art3.pdf>. Acesso em: 03
mar. 2016.

110 Campos de atuação do enfermeiro


U3

Com a quantidade adequada de profissionais, o enfermeiro tem a possibilidade de dividir


as atividades diárias de maneira equitativa entre os elementos da equipe de enfermagem, a
fim de garantir que a assistência de enfermagem seja prestada com qualidade. Essa divisão
é realizada por meio de um instrumento chamado escala diária ou escala de serviços.
Se você retomar na SP, conseguirá entender que essa é uma das estratégias utilizadas
por Vitória para dar conta de tantas atividades na clínica cirúrgica (divisão de tarefas). Ela
ainda traça um plano de supervisão por meio de um cronograma que inclui as atividades
a serem desenvolvidas com os profissionais da instituição para que a capacitação seja
sistematizada e atinja os objetivos desejados para garantir a melhoria da assistência.

Vocabulário

Fase perioperatória: intervalo de tempo que constitui a experiência


cirúrgica; inclui as fases pré-operatória, intraoperatória e pós-operatória
(MICHAELIS, 2009).

Fase pré-operatória: intervalo de tempo desde quando se toma a decisão


sobre a intervenção cirúrgica até quando o paciente é transferido para a
mesa da sala de cirurgia (MICHAELIS, 2009).

Fase intraoperatória: intervalo de tempo desde que o paciente é


transferido para a mesa da sala de cirurgia até quando ele é admitido na
unidade de recuperação pós-anestésica (URPA) (MICHAELIS, 2009).

Fase pós-operatória: intervalo de tempo que começa com a admissão do


paciente na URPA e termina depois de uma avaliação de acompanhamento
no ambiente clínico (MICHAELIS, 2009).

Trainee é um termo em inglês utilizado no Brasil para a nomeação de


cargo de profissionais recém-formados. Esses profissionais receberão
treinamentos e capacitações com a finalidade de ocupar cargos de
liderança (MICHAELIS, 2009).

Com todas as informações aprendidas nesta seção do LD, como Vitória se organiza
na função de gestora da área de cirurgia? Como um enfermeiro pode gerenciar todo
esse processo? Todas as atividades relatadas durante o conteúdo da seção atual são
administrativas ou assistenciais? Quais são as ações administrativas que Vitória terá que
utilizar?

As atividades administrativas e assistenciais envolvem a assistência prestada ao


paciente por parte do enfermeiro. Esse profissional presta assistência de forma direta
ou indireta ao paciente. Uma assistência direta é um tratamento realizado por meio da
interação com o cliente/paciente; são ações assistenciais diretas, quando

Campos de atuação do enfermeiro 111


U3

são realizados procedimentos, orientações, ou seja, as práticas padronizadas de


enfermagem estudadas anteriormente. Já na assistência indireta, temos um tratamento
ou um atendimento realizado distante do cliente/paciente, mas em seu benefício
ou em benefício do familiar, da comunidade. Essas ações indiretas dão suporte às
intervenções de assistência direta de forma efetiva.

Assim, Vitória terá que utilizar as cinco ações ou funções administrativas: o


planejamento, a direção, a organização, a coordenação e o controle. É a partir
dessas funções que ela conseguirá traçar as estratégias para promover a manutenção
adequada da segurança para com o paciente no período perioperatório. A distribuição
de algumas tarefas e o controle são atividades que contribuem para a garantia da
qualidade da assistência prestada ao paciente e deve auxiliar na execução das atividades.

Avançando na prática

Pratique mais
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações
que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de
seus colegas.

“Aplicando as dimensões do processo de trabalho de enfermagem”


1. Competência de Fundamentos
Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação.
de Área
• Compreender a importância e a relevância da aplicação
das funções administrativas na enfermagem;
• Identificar os princípios, os níveis e as características do
planejamento;
• Entender que o planejamento deve ser utilizado como
instrumento para a administração em enfermagem;
2. Objetivos de aprendizagem • Identificar os tipos de liderança dentro da gestão de
enfermagem;
• Conhecer termos utilizados na administração, bem
como suas teorias;
• Conhecer o dimensionamento de pessoal de
enfermagem e o processo de administração de recursos
humanos.
Gestão em enfermagem; processo gerencial;
3. Conteúdos relacionados dimensionamento de pessoal, a gestão de pessoas, a
supervisão, a liderança, a gestão de qualidade, a auditoria.
Vitória, que acabou de ser promovida à enfermeira trainee, foi
direcionada à unidade de clínica cirúrgica a fim de passar por
um treinamento na área, a qual é responsável pela prestação
de serviços aos pacientes que irão fazer cirurgia e para os
4. Descrição da SP
que retornaram da cirurgia. Vitória ficou assustada com as
inúmeras atividades que envolvem ações específicas de cada
fase do perioperatório. O enfermeiro deve fazer o possível
para garantir a qualidade da assistência prestada ao paciente.

112 Campos de atuação do enfermeiro


U3

Dentre as diversas responsabilidades, deve-se ter uma atenção


específica com a prescrição médica, analisar as características
dos fármacos utilizados e prescrever os cuidados de
enfermagem para as medicações. Ainda, priorizar o exame
físico, conhecer os parâmetros dos exames laboratoriais
em relação à patologia; identificar os diagnósticos de
enfermagem, identificar os riscos cirúrgicos em relação à
cirurgia, ao paciente e à anestesia. Em determinado plantão,
Vitória recebeu uma ligação do enfermeiro do centro
cirúrgico que relatava não ter encontrado no prontuário
o tipo sanguíneo do paciente, nem mesmo os exames
laboratoriais que confirmassem a tipagem, além do paciente
ter sido encaminhado recebendo soroterapia sem rótulo de
identificação. Vitória pensou: “Como isso pode ter passado
despercebido? Como administram um medicamento no
paciente e não o identificam? De que forma um enfermeiro
conseguirá gerenciar todo esse processo?” Todas essas
atividades são administrativas ou assistenciais? Quais são as
ações administrativas que Vitória terá que utilizar?
Para gerenciar todo este processo, Vitória precisará utilizar,
em primeiro lugar, o planejamento, que significa o efeito
ou o ato de criar um plano ou planejar algo para facilitar o
alcance de um determinado objetivo. O planejamento está
relacionado com a organização, estruturação e preparação de
um determinado objetivo. É essencial na execução das tarefas
5. Resolução da SP e na tomada de decisões. A medicação sem identificação
e a falta da indicação da tipagem sanguínea do paciente
são pontos de extrema importância, o ocorrido se trata de
uma grande falha técnica. Afirma-se, neste caso, que faltou
supervisão, checagem, delegação. Talvez, se Vitória tivesse
tido maior atenção em relação a isso, antes de encaminhar o
paciente ao centro cirúrgico, esta falha não teria acontecido.

A mensuração da qualidade da assistência de enfermagem, realizada através do


controle, da supervisão e da auditoria, pode auxiliar na manutenção da qualidade
contínua, associada ao relacionamento interpessoal saudável e contribui para
parcerias saudáveis no desenvolvimento das atividades. O processo de auditoria é
um complemento do planejamento e tem várias finalidades, dentre elas, destaca-
se identificar as áreas (unidades) deficientes do serviço de enfermagem, auxiliando,
por exemplo, nas decisões quanto ao remanejamento e aumento de pessoal. Essa
ação se dá por meio do dimensionamento tomado com base em dados concretos;
identificando áreas de deficiência em relação à assistência de enfermagem prestada,
percebendo-se, por exemplo, defasagem no atendimento da área psicoespiritual.
Ainda, fornecer dados para melhoria dos programas de enfermagem e dados para
melhoria da qualidade do cuidado de enfermagem, obtendo dados para programação
de reciclagem e atualização do pessoal da área.

Campos de atuação do enfermeiro 113


U3

Lembre-se

Os clientes/pacientes serão beneficiados com a possibilidade de receber


uma assistência de melhor qualidade, a partir de um serviço oferecido
de maneira mais segura e eficaz. Para saber mais, consulte: Limites e
possiblidades da auditoria em enfermagem e seus aspectos teóricos e
práticos. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0034-71672012000300021&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em:
21 dez. 2015.

Faça valer a pena

1. Quais os passos da administração para melhor qualidade do serviço


prestado?

a) Planejar, dirigir, orientar, coordenar, supervisionar e avaliar.


b) Planejar, dirigir, coordenar, organizar e controlar.
c) Avaliar, supervisionar, dirigir e coordenar.
d) Orientar, supervisionar, avaliar e dirigir.
e) Avaliar, supervisionar, orientar e planejar.

2. Taylor, nos seus princípios científicos da administração, tinha os


seguintes objetivos:

a) Focalizar as atribuições staff e manter regras de cálculos.


b) Selecionar cientificamente os executores e fixar remuneração para o
trabalho.
c) Prover, organizar, coordenar e controlar.
d) Selecionar e treinar a força de trabalho e separar planejamento e
execução.
e) Orientar e supervisionar as atribuições do staff.

114 Campos de atuação do enfermeiro


U3

3. A valorização das normas e regras tem influenciado a prática de


enfermagem, contribuindo para um estilo administrativo estanque. O
termo que melhor caracteriza essa forma de organização é:

a) Clássica.
b) Científica.
c) Humanista.
d) Burocrática.
e) Comportamentalista.

Campos de atuação do enfermeiro 115


U3

116 Campos de atuação do enfermeiro


U3

Seção 3.2

Saúde coletiva

Diálogo aberto

Seja bem-vindo!

Antes de iniciarmos esta seção, vamos recordar o que aprendemos até o momento.
Na seção anterior, tivemos contato com a forma de organização dos serviços de
enfermagem, bem como a administração do pessoal de enfermagem e outros temas
que integram rotineiramente a prática do enfermeiro. Você teve a oportunidade
de adquirir o conhecimento necessário para obter uma visão ampla do processo
gerencial, das condições de trabalho na enfermagem, do dimensionamento de
pessoal, da gestão de pessoas, da supervisão, da liderança, da gestão de qualidade, da
auditoria e das mudanças em enfermagem como meios para desenvolver a gerência
em enfermagem. Você ainda pode ter contato com os princípios básicos das teorias
de Administração e os tipos de liderança.

No início desta Unidade, falamos sobre quatro colabores: Vitória, Gabriel, João
e Júlia, que acabaram de ser promovidos a enfermeiros trainee e passaram por
alguns setores para receberem treinamento de integração de novos colaboradores,
a fim de familiarizar-se com as práticas administrativas em cada setor, sendo que a
efetivação dos mesmos dependerá do desenvolvimento e aprendizado dessa prática
(administrativa). Vamos, agora, acompanhar a vivência do enfermeiro Gabriel, que
iniciou seu processo de integração em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e, logo no
primeiro dia, ficou surpreso ao saber que apesar do horário de funcionamento da UBS
ser das 8h às 18h, a sala de vacinação só iniciava as atividades às 10h e finalizava às 16h,
sem contar que das 12h às 14h era fechada para o almoço.

Seria este um problema administrativo? Um esquema de horários favorece os


usuários?

Para que você consiga obter respostas para essas e outras perguntas, faça a leitura
do LD e dos artigos complementares sugeridos no decorrer do livro.

Bons estudos!

Campos de atuação do enfermeiro 117


U3

Não pode faltar

Uma Unidade Básica de Saúde (UBS) é o local indicado para cuidados básicos de
saúde, local onde se inicia o processo de saúde coletiva, que são conhecimentos
e técnicas usados para intervir nas situações relacionadas à saúde da população de
forma geral ou de um determinado grupo de pessoas. A saúde coletiva tem como
objetivo a promoção da melhoria da qualidade de vida da população.

Para ajudarmos Gabriel a entender melhor a questão da Saúde Coletiva e da UBS


é preciso entender também o Sistema Único de Saúde (SUS). Sendo assim, temos
que verificar o que diz a organização Mundial de Saúde (OMS) com relação a alguns
conceitos. A OMS define a saúde como um estado de completo bem-estar físico,
mental e social e a constituição Federativa do Brasil de 1988 diz, em sua Seção II DA
SÁUDE Art. 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação”. Já o Art. 197 relata que “são de relevância pública as ações
e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente
ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado”.

Assimile

O Poder Público Estadual e Municipal garantirão o direito à saúde


mediante ao atendimento integral do indivíduo, abrangendo a promoção,
preservação e recuperação da saúde. A Constituição Federal do Brasil é
quem garante este atendimento integral ao paciente, mediante a Lei nº
8.080/1990, que criou o Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS tem como
preceitos a universalidade, integralidade e hierarquização. Este sistema
é financiado por meio dos impostos, ou seja, por meio de recursos
próprios da União, estados e municípios, como também de outras
fontes de financiamento suplementares. Para saber mais, consulte: Lei nº
8.080/1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção
e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e de outras providências. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8080.htm>. Acesso em: 01 jan. 2016.

Dentre as diversas atribuições do SUS, estão, por exemplo: o controle de qualidade


da água potável que chega à sua casa, o estabelecimento de normas e execução
da vigilância sanitária nos aeroportos e rodoviárias, a fiscalização de alimentos pela
vigilância sanitária no comércio (supermercados, restaurantes e lanchonetes) que você

118 Campos de atuação do enfermeiro


U3

utiliza diariamente, e a doação de leite materno ou de sangue e, inclusive, as regras de


vendas de medicamentos genéricos até mesmo nas campanhas de vacinação.

Assim, com a finalidade de atender à Constituição na garantia de assistência à


saúde, a porta de entrada ao SUS são as UBS’s, serviço que é chamado pela população
como posto de saúde. A UBS é gerenciada pelo município, sendo assim, cada prefeitura
é responsável pelas suas UBS’s.

Atenção!

Você sabia que:

O usuário do SUS deve ir à UBS mais próxima da sua casa, munido de


todos os documentos e de comprovante de residência para se cadastrar
e, assim, receber um cartão do SUS? Esse cartão contém um número e,
em alguns casos, uma cor que identifica de qual equipe do Programa de
Saúde da Família (PSF) ele fará parte.

A equipe do PSF é responsável por acompanhar a saúde do usuário, e


ainda faz o elo entre a população e os profissionais de saúde da unidade,
levando as informações coletadas em suas visitas?

Saiba mais sobre este assunto, consultando o conteúdo: Atuação do


enfermeiro no Programa Saúde da Família (PSF). Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/reben/v53nspe/v53nspea25.pdf>. Acesso em: 01 jan.
2016.

Voltando à SP desta seção, um dos itens que deixou Gabriel intrigado foi que sempre
soube pela equipe de PSF da região em que mora que poderia ir a qualquer momento
na UBS para vacinar seu filho recém-nascido, dentro do horário comercial. No
entanto, durante o período de um ano, compareceu à UBS em horários diferenciados,
o que lhe deu condições de participar de todas as vacinas, inclusive das consultas de
puericultura de seu filho, algo que ele considera muito importante. Foi a equipe do
PSF que orientou a ele e a sua esposa com relação a esse tipo de comportamento,
inclusive agendou várias consultas, dando todo o suporte de interação entre eles e
a UBS. Mas, o que Gabriel viu na UBS em que iria passar por treinamento é que as
coisas eram um pouco diferentes. E, pensou: ”E o usuário, como fica nessa situação?”
Realmente, o horário estipulado por aquela UBS estava muito restrito.

Lembre-se

A garantia de um serviço de atenção básica se dá por meio da prevenção,

Campos de atuação do enfermeiro 119


U3

promoção e proteção à saúde de forma humanizada. Ainda é de


responsabilidade das UBS e, principalmente, do PSF, que foi criado para
somar, garantir que os usuários tenham acesso ao serviço de atenção
básica de saúde ou de atenção primária.

A UBS que Gabriel estava trabalhando, como as demais, era responsável pela
atenção básica, que corresponde aos atendimentos de rotina, por exemplo: pré-natal,
acompanhamento de diabéticos e de hipertensos, consulta médica com o clínico
geral, vacinação, tratamentos e curativos.

Assimile

A UBS pode ser dividida da seguinte forma:

• UBS I composta por uma equipe de Saúde da Família.

• UBS II composta por duas equipes de Saúde da Família.

• UBS III composta por três equipes de Atenção Básica.

• UBS IV composta por quatro equipes de Atenção Básica.

Imagine você, recebendo um paciente em uma unidade básica com um corte


profundo no membro superior, o que você faria? A UBS é um local adequado para
dar suporte a este paciente, uma vez que possui em seu escopo profissional médicos,
enfermeiros técnicos e auxiliares de enfermagem? Na verdade, a UBS não é o local
apropriado para esse tipo de caso, o que você deveria fazer, seria tentar estancar o
sangramento e encaminhá-lo a um serviço específico para esse tipo de situação.

Saiba que o SUS contempla todas as esferas da saúde coletiva. A UBS é a principal
porta de entrada para o SUS, o PSF faz o intercâmbio entre o usuário e a UBS, mas
existem outros serviços que auxiliam na saúde coletiva, como a Unidade de Pronto
Atendimento (UPA). Este serviço é responsável por atuar 24 horas por dia, sendo
composta por leitos de internação e se responsabilizando pelos atendimentos como
o citado, dentre outros, como: fraturas, infartos, traumas e derrames, ou seja, casos de
urgência e emergência.

Atenção!

A UPA não é um hospital, é um local para fazer atendimento de urgência e


emergência, onde ocorre o restabelecimento do quadro do paciente até
o mesmo receber alta. As UPA’s são divididas em:

120 Campos de atuação do enfermeiro


U3

• UPA Porte I: possui entre 5 a 8 leitos de observação e atende


aproximadamente 150 paciente/cliente por dia. Isto deve acontecer
em uma área que corresponde de 50 mil a 100 mil moradores.

• UPA Porte II: possui entre 9 a 12 leitos de observação e atende


aproximadamente 300 pacientes/clientes por dia. Isto deve ocorrer
em uma área que corresponde de 100 mil a 200 mil moradores.

• UPA Porte III: possui entre 13 a 20 leitos de observação e atende


aproximadamente 450 pacientes/clientes por dia. Já este fato se dá
em uma área que corresponde de 200 mil a 300 mil moradores.

Os hospitais, na verdade, são locais onde se encontram os atendimentos de clínicas


especializadas, onde são realizadas as assistências médicas de alta complexidade e
qualquer tipo de tratamento. Os hospitais são classificados como de pequeno, médio e
grande porte; é diferenciado pela variação de leitos, sendo que 50 leitos é considerado
pequeno, de 51 a 150 médio, de 151 a 500 grande e acima de 500 leitos é classificado
como hospital de capacidade extra.

Cada hospital tem seu perfil assistencial, como: hospital geral, hospital de clínicas
básicas, hospital especializado, hospital universitário, hospital de ensino e pesquisa e
hospital de urgência. O hospital também pode ser classificado por suas atividades, ou
seja, pelo nível de complexidade dessas atividades. Existem os hospitais de nível primário
ou básico, hospitais de nível secundário, hospitais de nível terciário ou quaternário.

De acordo com os princípios e diretrizes do SUS, a atenção à Saúde é tudo aquilo


que está relacionado com o cuidado em relação à saúde do ser humano. Ela deve
incluir as ações e serviços de promoção, prevenção, reabilitação e todo o tratamento de
doenças. Dessa forma, o SUS organiza o cuidado com a saúde em níveis de atenção,
que são: Atenção Primária, Secundária (de média complexidade) e Terciária (de alta
complexidade), de acordo com as propostas da 8ª Conferência Nacional de Saúde
(CNS), que serviu como base para a reestruturação do sistema de saúde brasileiro.

No entanto, vale salientar que a classificação de hospital primário, referente à Portaria


MS nº 2.224 de 5/12/2002, foi revogada/anulada pela Portaria MS nº 350, de 9/03/2004.

A Atenção à Saúde deve ser integral, sendo assim, todos os níveis de atenção são
importantes. Não se deve considerar um nível mais relevante que outro, no entanto, se
o usuário for bem assistido na atenção básica, provavelmente ele não precisará utilizar
os demais níveis.

Lembre-se

Todo o usuário deve ter garantido o acesso a todos os níveis de


complexidade do Sistema de Saúde.

Campos de atuação do enfermeiro 121


U3

Entre as propostas incluídas no relatório da 8ª CNS, constam os conceitos ampliados


de saúde, que é entendida como resultante das condições de vida, alimentação, lazer,
acesso e posse da terra, transporte, emprego e moradia.

Atenção!

Você sabia que:

A 8º Conferência Nacional de Saúde é considerada o divisor de águas


no movimento da Reforma Sanitária Brasileira e que ela marca a nova
República? Para saber mais, consulte: As Conferências Nacionais de
Saúde: evolução e perspectivas. Disponível em: <http://www.conass.org.
br/conassdocumenta/cd_18.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2016.

Teria motivo para Gabriel se preocupar com o horário estipulado de vacinação, já


que todos os níveis são importantes para a saúde dos usuários? Sim, Gabriel tem que
se preocupar, pois o objetivo da vacinação é a prevenção, ou seja, evitar a ocorrência
de doença. Dessa forma, a prevenção baseia-se no conhecimento de determinadas
doenças, bem como dos mecanismos para evitá-las ou controlá-las.

Lembre-se

Não podemos nos esquecer dos princípios éticos que estão fundamentados
no código de ética dos profissionais de enfermagem, que já passou por
três reformulações: Resolução Cofen 160/93, revogada para Resolução
Cofen 240/2000 e, por último, revogada para Resolução Cofen 311/2007.

Além da prevenção, é realizada, também, a atenção primária à promoção da saúde,


atividade em que ocorre a geração de novas perspectivas, ou seja, a promoção está
baseada na identificação das condições de vida das pessoas e em suas necessidades.
Ainda atenta-se às singularidades, diferenças e subjetividades implicadas nos
acometimentos coletivos e/ou individuais de saúde. Promoção e prevenção são,
ainda, ações vinculadas ao nível de atenção primária.

O direito à saúde é garantido pela Constituição Federal de 1988, que criou o


Sistema Único de Saúde (SUS) e que é uma importante estrutura de acesso à saúde
de toda a população, independente do poder aquisitivo: é considerado um direito de
todos, o qual é chamado pelo SUS de “equidade” no atendimento das necessidades
de saúde da população, sendo que o princípio da “equidade” é o fato de respeitar os
direitos de cada cidadão em suas diferenças, independentemente do poder aquisitivo
de cada um. Ainda é um direito guiado pelo princípio de justiça social. Se o SUS se

122 Campos de atuação do enfermeiro


U3

propõe a promover a saúde por meio de ações preventivas, com democratização das
informações relevantes a fim de que a população tenha acesso e conheça seus direitos
e os possíveis riscos a sua saúde, como Gabriel não deveria se preocupar? Ele irá avaliar
a situação de um cidadão que precisa vacinar seu filho às 8h e precisa ir trabalhar, ou
ainda imaginar que talvez o melhor horário para este cidadão levar seu filho para vacinar
é exatamente o estipulado para o setor fechar para almoço. Vale a pena pensar nos
direitos, deveres e na humanização. O que você acha ou pensa sobre isso?

Reflita

Saiba que o Ministério da Saúde (MS), em 1973, criou o Programa


Nacional de Imunizações (PINI), que tem como objetivo promover o
controle das doenças imunopreveníveis. Consulte: Lei n° 6.259, de 30 de
outubro de 1975, que dispõe sobre a organização das ações de Vigilância
Epidemiológica, no que tange ao Programa Nacional de Imunizações e
estabelece normas relativas à notificação compulsória de doenças, além
de dar outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L6259.htm >. Acesso em: 02 jan. 2016.

A imunização passiva constitui um método útil para se conferir resistência


rapidamente, sem a necessidade de esperar o desenvolvimento de uma resposta
imunológica ativa. Ocorre por meio da transferência de soro ou de linfócitos de um
indivíduo especificamente imunizado. O receptor dessa transferência torna-se imune
ao antígeno específico sem nunca ter sido exposto ou ter respondido a ele. Nesse
sentido, confere-se a importância da vacinação das crianças ao nascer até a idade de
16 anos.

Lembre-se

Para garantir a eficácia e eficiência do PNI, o Ministério da Saúde define as


vacinas obrigatórias do calendário vacinal, quando a coordenação técnica
é de responsabilidade da Divisão de Imunização. Consulte o calendário
nacional de vacinação, disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/
index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/197-secretaria-
svs/13600-calendario-nacional-de-vacinacao>. Acesso em: 03 jan. 2016.

Cada nível de atenção à saúde é constituído por uma série de serviços que prestam
assistência básica, secundária e terciária. Uma das funções do enfermeiro juntamente
com o município é de promover esse tipo de informação para o usuário a fim de que
ele saiba procurar ou ser direcionado ao serviço adequado à sua necessidade.

Campos de atuação do enfermeiro 123


U3

Pesquise mais
Para saber mais a respeito dos serviços de nível de atenção primário,
secundário e terciário, consulte: 1. Instrumentos de avaliação da atenção
primária à saúde: revisão de literatura e metassíntese. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/csc/v19n12/pt_1413-8123-csc-19-12-04851.
pdf>. Acesso em: 01 jan. 2016.

2. A atenção secundária em saúde: melhores práticas na rede de serviços.


Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v21nspe/pt_17.pdf>.
Acesso em: 1 jan. 2016.

3. A fonoaudiologia e sua inserção na saúde pública. Disponível em: <http://


periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/cienciasmedicas/article/
view/1073/1049>. Acesso em: 1 jan. 2016.

De acordo com os princípios fundamentais do profissional enfermeiro descritos


em seu código de ética, “[...] o profissional de enfermagem atua na promoção,
prevenção, recuperação e reabilitação da saúde [...]” (COREN, 2007). Esses princípios
são semelhantes aos do SUS.

Lembre-se

Os princípios e diretrizes do SUS estão garantidos pela Constituição


Federativa Brasileira por intermédio da Lei Orgânica da Saúde nº
8080/1990, pela Lei Federal nº 8142/ 90 e pelo Decreto nº 99.438/90.
A Lei nº 8080 dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e
recuperação da saúde; a organização e o funcionamento dos serviços
e estabelece os papéis das três esferas do governo. A Lei nº 8142/90
dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre
as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área
da saúde.
Várias são as funções e responsabilidades do enfermeiro tanto na atenção primária
ou básica, secundária e terciária. Em cada nível de atenção existem ações de maior ou
menor relevância, no entanto, uma dá suporte à outra.

Atenção!

Com a reforma sanitária brasileira, o campo de atuação para o enfermeiro


aumentou, bem como suas responsabilidades. Para saber mais a respeito

124 Campos de atuação do enfermeiro


U3

desse assunto, consulte: 1. Competência do enfermeiro na atenção


básica: em foco a humanização do processo de trabalho. Disponível em:
<http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/95/4.pdf>. Acesso em:
02 jan. 2016.

2. A atenção secundária em saúde: melhores práticas na rede de serviços.


Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v21nspe/pt_17.pdf>.
Acesso em: 02 jan. 2016.

3. Reforma sanitária brasileira: dilemas entre o instituinte e o instituído.


Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/csc/v14n3/10.pdf>. Acesso
em: 02 jan. 2016.

SEM MEDO DE ERRAR!

Dentre as competências gerais do enfermeiro, desenvolver ações de prevenção


e proteção de saúde no nível de atenção primária/básica é uma questão primordial. O
enfermeiro pode executar essas ações por meio da consulta de enfermagem, por busca
ativa realizada por ele próprio ou pela equipe da saúde, associando essas informações e/ou
conhecimento das necessidades e dos problemas de saúde da população. O enfermeiro
poderá determinar e coordenar ações educativas diversas na UBS e na comunidade, como:
deixar bem claro, durante a puericultura, a respeito dos cuidados específicos com relação
à criança em seu primeiro ano de vida. Assim, como exemplo, podemos citar as vacinas
a serem aplicadas nas crianças neste período. Quais seriam essas vacinas? Conforme a
leitura realizada referente ao Calendário Nacional de Vacinação, as vacinas que devem ser
tomadas no primeiro ano de vida são: BCS, HEPATITE B, PENTAVALENTE, SABIN, FEBRE
AMARELA, TORAVÍRUS, TRÍPLECE VIRAL, PNEUMOCÓCICA e a MENINGOCÓCICA. É
de extrema importância o conhecimento referente à proteção específica de cada vacina,
bem como gerenciamento dessas vacinas por parte do enfermeiro em uma UBS.

Vocabulário

Puericultura: especialidade médica que tem como objetivo acompanhar o


desenvolvimento e a saúde das crianças no seu nascimento e no primeiro
ano de vida. Este acompanhamento associa-se a outros profissionais,
como: enfermeiro, dentista, nutricionista, oftalmologia, dentre outros
(MICHAELIS, 2009).

Resposta imunológica ativa: é a manifestação do organismo contra


agentes infecciosos e o principal fator impeditivo para a ocorrência de
infecções (MICHAELIS, 2009).

Campos de atuação do enfermeiro 125


U3

De acordo com o que já estudamos até este momento, fica claro que o enfermeiro
deve exercer privativamente algumas atribuições citadas na Lei do Exercício
Profissional da Enfermagem – Lei nº 7498/86 e seu Decreto-lei nº 94.406/87. Ela
está em conformidade com a Lei maior, que é a Constituição Federativa do Brasil,
a qual trata a saúde como algo primordial na vida do cidadão. Ainda nesta unidade,
ocorre sim um problema administrativo, pois esse serviço deve estar à disposição da
população em atendimento, de acordo com a Constituição Federal e aos preceitos
do SUS. A funcionalidade dos setores que compõem uma UBS deve seguir o horário
de funcionamento da mesma, sendo lógico que devem ser levadas em consideração
algumas intercorrências, mas, o paciente deve estar sempre em primeiro lugar. Lembre-
se de que o SUS segue os princípios da Atenção Primária à Saúde, e o direito à saúde
é garantido pela Constituição Federal de 1988, isso inclui orientação, acolhimento,
direcionamento. Equidade é um dos princípios do SUS que significa respeitar os direitos
de cada cidadão em suas diferenças, independentemente do poder aquisitivo. Ainda, é
guiada pelo princípio de justiça social. Sendo assim, a questão administrativa deve ser
tratada para que ocorra o respeito aos direitos dos usuários do sistema. O esquema
de horários de atendimento da UBS em que Gabriel está trabalhando não favorece o
usuário, principalmente aquele que trabalha o dia todo, ou realiza suas atividades em
horário de almoço ou ainda no final da tarde. O ideal seria deixar uma pessoa no lugar
daquela que sai para almoçar e finalizar as atividades da sala de vacinação próxima ao
horário de fechamento da UBS.

Avançando na prática

Pratique mais
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações
que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de
seus colegas.

“Saúde coletiva como campo de atuação do enfermeiro”


1. Competência de Fundamentos
Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação.
de Área
Entender o que significa cuidado de saúde coletiva; identificar
os três níveis do cuidado de saúde e seus serviços referentes
2. Objetivos de aprendizagem
a cada nível de atenção à saúde; conhecer a prática de
enfermagem na saúde coletiva.
A atuação do enfermeiro na saúde coletiva.
Identificação dos problemas de saúde coletiva.
3. Conteúdos relacionados
Sistema de saúde no Brasil: histórico e evolução.
Reforma sanitária brasileira.

126 Campos de atuação do enfermeiro


U3

Gabriel é um enfermeiro que acabou de ser promovido a


trainee por intermédio de um serviço de administração em
saúde. Foi esse departamento que o direcionou para dar início
ao processo de integração em uma Unidade Básica de Saúde
(UBS). Logo no primeiro dia, Gabriel ficou surpreso ao saber
que apesar do horário de funcionamento da UBS ser das 8h
às 18h, a sala de vacinação só iniciava as atividades às 10h e
finalizava às 16h, sem contar que das 12h às 14h se mantinha
fechada para o almoço. Em determinado dia, a senhora
Olinda compareceu à UBS às 9h da manhã para vacinar seu
filho que saíra da maternidade há 5 dias. Como não conseguia
4. Descrição da SP
amamentar seu filho e também não tinha como comprar leite
específico para seu bebê, o alimentava com leite de vaca, por
isso ele apresentava diarreia e estava perdendo peso. Esse é
um fator importante a ser orientado à mãe, o leite que ela está
administrando ao seu bebê causa diarreia e a susceptibilidade
de ocorrências de infecções. Quanto às vacinas, a mãe foi
orientada a retornar às 10h e, nesse mesmo horário, conversar
com o médico. 1. A enfermagem não poderia ter orientado a
senhora Olinda? 2. O enfermeiro não poderia ser chamado
para examinar este bebê e, assim, proceder com a vacina
naquele momento?
Gabriel, por ser enfermeiro, deveria ter dado a atenção
necessária para a mãe, levando em consideração suas
colocações, verificando o peso que a criança saiu da
maternidade e o peso atual, fazendo as orientações da
importância da amamentação, uma vez que se trata da
imunidade inata do bebê, uma proteção inicial contra as
infecções.
Assim, identificaria o real problema. Exemplo: Não tem leite,
essa é a apresentação da mãe como problema para não
5. Resolução da SP amamentar? Tem leite, mas o bico da mãe é invertido? A mãe
não sabe como colocar o bico na boca do bebê? O bebê não
tem força de sucção? Qual seria a vacina a ser aplicada no
bebê? Já foi feita a BCG na maternidade? Caso não tenha
sido feita, a mesma deverá ser providenciada o mais rápido
possível. São tantas as investigações a serem feitas, que
provavelmente daria tempo suficiente para a identificação
dos problemas e direcionamento da senhora Olinda com seu
filho ao médico ou o agendamento na sala de vacina, dentre
outros procedimentos.

Campos de atuação do enfermeiro 127


U3

Faça valer a pena

1. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), define-se saúde


como:

a) Completo estado de saúde mental.


b) Estado de completo bem-estar físico, mental e social.
c) Ausência de doenças ou enfermidades.
d) Prestação global de assistência ao doente acamado.
e) Direito de todas as etnias, independente de sexo, religião ou cor.

2. Assinale a principal finalidade da vigilância epidemiológica prevista pela


Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990:

a) Tratar casos de doenças que acometem os trabalhadores locais.


b) Promover reciclagem dos profissionais que atuam na imunização.
c) Promover medidas que incentivem boa cobertura vacinal.
d) Fazer distribuição dos medicamentos dos programas de tuberculose e
hanseníase.
e) Desenvolver ações para evitar o surgimento e a disseminação de
agravos à saúde da população.

3. A saúde como “direito de todos e dever do Estado” tem sua base legal
sustentada pelos seguintes atos:

a) Constituição Federal de 1998 e Lei nº 8.080 de 1990.


b) Parecer nº 163 de 1982 e Resolução nº 4/1972.
c) Lei nº 2.604 de 1955 de Decreto-lei nº 50.387 de 1961
d) Lei nº 7.498 de 1986 e Decreto-lei nº 94.40.6 de 1987.
e) Constituição Federal de 1988 e Lei nº 8.080 de 1990.

128 Campos de atuação do enfermeiro


U3

Seção 3.3

Saúde do trabalhador

Diálogo aberto

No início desta unidade falamos sobre 4 colabores: Vitória, Gabriel, João e


Júlia que acabaram de serem promovidos a enfermeiros trainee e passarão por
alguns setores para receberem treinamento de integração de novos colaboradores,
afim de familiarizar-se com as práticas administrativas em cada setor, sendo que a
efetivação dos mesmos dependerá do desenvolvimento e aprendizado desta prática
(administrativa). A partir de agora, acompanharemos a vivência do enfermeiro João,
que foi encaminhado ao setor de segurança e medicina do trabalho, pois o serviço
de recrutamento e seleção identificou em seu currículo que ele é especialista
em enfermagem do trabalho, setor compatível ao que é responsável pela saúde
ocupacional da região, onde o próprio João e os demais recém-contratados Vitória,
Gabriel e Júlia atuam. Em determinado dia, João fez o atendimento de Brenda, técnica
de enfermagem que havia recebido um jato de vômito de sua paciente, atingindo seus
olhos e boca. Brenda estava muito nervosa, pois sua enfermeira a obrigou a procurar
o serviço de medicina ocupacional, além de ter-lhe chamado atenção pela realização
do procedimento de forma inadequada.

Como o enfermeiro João deverá conduzir essa situação? Essa é uma questão de
assistência à saúde hospitalar ou de saúde do trabalhador?

Você irá encontrar respostas para essas e outras perguntas através da leitura do LD e
dos artigos complementares sugeridos no decorrer do livro. Lembre-se: leia os artigos,
esta seção oferecerá várias normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho, sem
elas, você não conseguirá resolver as questões.

Bons estudos!

Campos de atuação do enfermeiro 129


U3

Não pode faltar

O trabalho é direito garantido ao cidadão pela Constituição Federal Brasileira. Porém,


para trabalhar, o indivíduo necessita estar saudável e manter sua saúde equilibrada. A
saúde ocupacional é um ramo da área da saúde coletiva que se preocupa com a
população ou com a coletividade trabalhadora.

Lembre-se

A saúde coletiva é a ciência e a arte de promover, proteger e recuperar


a saúde física e mental por meio de medidas de alcance coletivo e de
motivação da população.

Questões relacionadas à assistência à saúde do trabalhador estiveram, ao longo


dos anos, quase sempre associadas às questões da previdência social. A primeira lei
que trata dos acidentes do trabalho é de 1919 – o DECRETO 3724/1919., de 15 de
janeiro de 1919, refere-se à indenização a ser paga pelo empregador em caso de
acidente do trabalho.

A segurança e a saúde no trabalho ganham força com os direitos trabalhistas


atribuídos pela promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) na década
de 1940 no governo de Getúlio Vargas. A CLT traz, no capítulo V, uma série de
disposições sobre higiene e segurança do trabalho.

Assimile

A Lei nº 6.514 de 22 de dezembro de 1977 fez várias alterações no capítulo


V da CLT e, em 1978, o Ministério do Trabalho, para regulamentar o que
estava disposto nesse capítulo, editou a Portaria nº 3.214/78 com 36
normas regulamentadoras (NR) para serem cumpridas pelas empresas que
contratam trabalhadores pelo regime CLT. A Lei nº 8.080/90 estabeleceu
o conceito de saúde do trabalhador e determinou que compete ao SUS
participar da fiscalização dos processos produtivos que apresentam riscos
à saúde do trabalhador. Para saber mais, consulte: Portaria MTB nº 3.214,
de 08 de Junho de 1978 – DOU de 06/07/1978. Disponível em: <http://
www.ctpconsultoria.com.br/pdf/Portaria-3214-de-08-06-1978.pdf>.
Acesso em: 03 mar. 2016.

Por meio da Portaria nº 3.214, foram aprovadas 28 NR. Depois, novas normas
foram acrescidas pelo Ministério do Trabalho. Atualmente, existem 36 NR’s.

130 Campos de atuação do enfermeiro


U3

A Norma mais atual é: NR 36 - EMPRESAS DE ABATE E PROCESSAMENTO DE


CARNES E DERIVADOSPublicada pela Portaria nº 555/2013 - DOU 19/04/2013.
Alterada pela Portaria nº 511/2016 - DOU 02/05/2016.

Pesquise mais
Você sabia que:
Cada norma regulamentadora trata de um assunto específico de saúde
ou segurança do trabalho. A NR-5, por exemplo, indica inclusive as cores
indicativas de risco, como: azul - riscos geradores de acidentes, amarelo
- riscos ergonômicos, marrom - riscos biológicos, vermelho - riscos
químicos e verde - riscos físicos.
Para saber mais, consulte:
1. NR4: Serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina
do trabalho. Disponível em: <http://www.carvaomineral.com.br/abcm/
meioambiente/legislacoes/bd_carboniferas/norma_regulamentadora/
nr_4_servicos_esp_eng_seg_med_trab.pdf>. Acesso em: 03 mar. 2016.
2. NR5: Comissão interna de prevenção de acidente – CIPA. Disponível
em: <https://www.bauru.unesp.br/Home/CIPA/nr_05.pdf>. Acesso em:
03 mar. 2016.
3. NR6: Equipamento de Proteção Individual – EPI. Disponível em: <http://
portal.mte.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR6.pdf>. Acesso em:
03 mar. 2016.

Vamos retornar à SP, quando Brenda, a técnica de enfermagem, recebeu um jato de


vômito em seus olhos e boca. Essa situação pode ser bem comum na prática profissional,
todo e qualquer profissional está exposto a riscos previsíveis, devido à realização de
procedimentos e a proximidade com o paciente. No entanto, você pode evidenciar na
NR6 a obrigatoriedade da utilização de EPI; neste caso, o uso de óculos de proteção e
da máscara poderia ter evitado que os olhos e a boca de Brenda entrassem em contato
com o vômito da paciente. Essa questão trata de um tipo de fluído corpóreo que pode
estar contaminado, podendo, inclusive, gerar uma doença em Brenda.

Lembre-se

O Ministério do Trabalho, por meio da NR 6, estabelece que o EPI é


um dispositivo que deve ser utilizado individualmente pelo trabalhador,
protegendo-o dos riscos presentes no ambiente de trabalho, bem como
estabelece que a empresa deverá fornecer gratuitamente o EPI para o
trabalhador. Consulte ainda: NR-7: Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional – PCMSO. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.
br/legislacao/nr/nr7.htm>. Acesso em: 03 mar. 2016.

Campos de atuação do enfermeiro 131


U3

O termo risco, citado anteriormente, significa probabilidade de ocorrência de um


dano à saúde. Os riscos presentes no ambiente de trabalho variam de acordo com o
tipo de bem ou serviço produzido, podendo ser atenuados por medidas de proteção
coletiva e ou EPI, mas são inerentes aos processos produtivos. São considerados como
agentes que oferecem risco pelo movimento sindical: os agentes químicos, físicos,
biológicos, mecânicos, ergonômicos e psicossociais. Já o Ministério do Trabalho
reconhece 5 grupos: químicos, físicos, biológicos, de acidentes e ergonômicos. E o
Ministério da Saúde agrupa os riscos em 5: físicos, químicos, biológicos, mecânicos e
de acidentes e o grupo de ergonômicos e psicossociais.

Atenção!

Todas as empresas devem elaborar um programa de prevenção de riscos


ambientais (PPRA), com o objetivo de preservar a saúde dos trabalhadores
com a antecipação, reconhecimento, avaliação e desencadeamento de
medidas de controle dos riscos existentes ou que venham a existir no
ambiente de trabalho. Consulte: NR-9: Programa de prevenção de riscos
ambientais – PPRA. Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/
legislacao/trabalhista/nr/nr9.htm>. Acesso em: 03 mar. 2016.

Quanto à proteção do trabalhador referente aos seus direitos trabalhistas, você precisa
saber que há diferenças entre os direitos trabalhistas dos trabalhadores com contrato
regido pela CLT entre os trabalhadores estatutários do poder público e aqueles que não
são registrados ou ainda trabalhadores domésticos. Trabalhadores de serviço público,
por exemplo, serão regidos por alguma dessas NR se houver portaria, lei ou decreto do
poder público correspondente autorizando a aplicação da norma. Caso contrário, esses
trabalhadores terão as normas próprias relativas à medicina e segurança do trabalho.
Caso não tenham, são aplicadas as legislações nacionais como a Constituição Federal e
as leis orgânicas de saúde e/ou estaduais.

Atenção!

Para efeito de reconhecimento do Ministério da Previdência Social para o


pagamento de benefícios, são considerados acidentes do trabalho aqueles
que ocorrem com trabalhadores regidos pela CLT, cujo empregador paga
à Previdência Social um tributo denominado GIIR – Grau de incidência
de incapacidade laborativa de riscos ambientais –, que é calculado sobre
a folha de pagamento dos empregados. Saiba mais sobre acidente de
trabalho, consultando:

132 Campos de atuação do enfermeiro


U3

Lei nº 8.213 - de 24 de Julho de 1991 a partir do art. 19. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm>. Acesso em:
14 jan. 2016.

A NR 15 dispõe sobre algumas atividades profissionais que são consideradas atividades


insalubres, ou seja, não é bom para a saúde, podendo causar doenças. Os profissionais
que atuam em atividades insalubres devem receber um adicional de insalubridade que
é calculado sobre o salário mínimo e varia de 10% (grau mínimo), 20% (grau médio) e
40% (grau máximo). Outras NR’S estabelecem parâmetros para tornar as condições de
trabalho ergonômicas, outras estabelecem diretrizes para a implementação de medidas
de proteção à saúde e à segurança dos trabalhadores em estabelecimentos de prestação
de serviços de saúde em geral, incluindo aqueles de promoção à saúde.

Exemplificando

Vamos analisar cada situação:

1. Os profissionais de enfermagem que têm direito a receber o adicional


de insalubridade são aqueles que atuam especificamente expostos
a ambientes ruidosos e à exposição química, os demais profissionais
da enfermagem não recebem a insalubridade. 2. Nos casos de riscos
ergonômicos, a enfermagem não sofre exposição, pois para desenvolver
suas atividades não precisa de estabelecimento de parâmetros específicos
para tornar as condições de trabalho ergonômicas, sua ação está
totalmente direcionada ao paciente. 3. A todo trabalhador dos serviços de
saúde deve ser fornecido, gratuitamente, o programa de imunização ativa
única e exclusiva, disposto no PCMSO.

Verifique se essas afirmativas condizem com o que é preconizado pelo


Ministério do Trabalho através de suas NR’s. Consulte:

1. NR-15: Atividades e operações insalubres. Disponível em: <http://www.


guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr15.htm>. Acesso em: 03 mar. 2016.

2. NR-32: Segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde.


Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr32.
htm>. Acesso em: 14 jan. 2016.

3. NR-17: Ergonomia. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/


legislacao/nr/nr17.htm>. Acesso em: 03 mar. 2016.

Campos de atuação do enfermeiro 133


U3

O enfermeiro pode atuar na saúde do trabalhador na área de enfermagem do


trabalho, no ramo da saúde coletiva e, como tal, utiliza os mesmos métodos e técnicas
empregadas, visando à promoção da saúde do trabalhador. O enfermeiro do trabalho,
ou enfermeiro ocupacional, assiste aos trabalhadores, promovendo e zelando pela sua
saúde, fazendo a prevenção das doenças ocupacionais e dos acidentes do trabalho
ou ainda prestando cuidados aos doentes e acidentados, visando o bem-estar físico e
mental dos seus clientes.

As atividades de ações de enfermagem do trabalho são: Prevenção Primária:


que abrange a promoção da saúde e proteção específica, por meio de consulta,
participação junto de outros profissionais na execução de exames e procedimentos
complementares. Prevenção secundária: diagnóstico precoce, pronto atendimento
e limitação do dano que envolve adequação das condições sanitárias do ambiente
de trabalho; assistência imediata às doenças e agravos produzidos pelas condições
prejudicais do trabalho e; assistência contínua às consequências dos agravos e às
doenças produzidas pelas condições prejudiciais do trabalho. Prevenção terciária:
reabilitação caracterizada pela assistência aos portadores de sequelas produzidas pelas
condições de trabalho.

Atenção!

Você sabia:

Que as doenças ocupacionais são as que se originam de determinadas


profissões por uma ação lenta e continuada e podem ser comprovadas
pela relação causa-efeito? Consulte: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/gm/1999/prt1339_18_11_1999.html>. Acesso em: 14 jan. 2016.

Que o enfermeiro com função assistencial, administrativa, educativa e de


pesquisa deve existir também na saúde ocupacional? Que o enfermeiro
é parte integrante da equipe do Serviço Especializado em Engenharia de
Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT)? Consulte: Enfermagem
do trabalho à luz da visão interdisciplinar. Disponível em: <http://pepsic.
bvsalud.org/pdf/sts/v3n1/v3n1a14.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2016.

O enfermeiro que atua na saúde ocupacional também tem função de integração,


ou seja, faz atividades que ajudam os trabalhadores, os órgãos da empresa e também
as entidades de classes, as organizações sociais e a comunidade, relacionadas com a
empresa, a melhorarem o sentimento de unidade e participação conjunta em torno
de causas de interesse de todos.

Dentre essas atividades, destacam-se: atuar como elemento de ligação entre


empregados e profissionais do SESMT, outros setores da empresa, familiares

134 Campos de atuação do enfermeiro


U3

dos empregados e comunidade, estabelecendo um bom relacionamento com os


profissionais de saúde pública, promovendo intercâmbio com as instituições de classe,
como a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN), Conselho Federal e Regional de
Enfermagem (COFEN e COREN), Associação Nacional de Enfermeiros do Trabalho
(ANENT), e outros órgãos, como a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e
Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO). Ainda, a Organização Internacional do Trabalho
(OIT), Organização Mundial de Saúde (OMS), entre outros e, também, a comunidade.

Outra ação importante do enfermeiro referente à função de integração é promover


e participar das atividades relacionadas à saúde e segurança dos trabalhadores e da
comunidade de onde se localiza a empresa.

SEM MEDO DE ERRAR!

Acidente de trabalho é um evento que ocorre durante o exercício do trabalho a


serviço da empresa e que provoca lesão corporal ou perturbação funcional que cause
a morte, a perda ou a redução da capacidade para o trabalho. Essa redução pode ser
temporária ou permanente. Imagine que Brenda estivesse dentro de um ônibus, indo
para sua casa após o término de seu plantão quando, inusitadamente, um passageiro
passa mal e vomita em cima dela, afetando seus olhos, nariz e boca. 1. Neste cenário,
este caso seria tratado em nível de saúde ocupacional como acidente de trabalho
ou hospitalar? Lembre-se de que Brenda já não está mais trabalhando, mas em um
transporte, a caminho de casa. 2. Este caso deve ser notificado à empresa ou Brenda
precisa apenas chegar a sua casa, se limpar e, se achar necessário, procurar um serviço
médico? Resposta: De acordo com a Lei federal nº 8.213 de 24/07/91, é considerado
exercício do trabalho, mesmo fora do local ou do horário de trabalho, as situações
em que o empregado está realizando serviços sob a autoridade da empresa, seja as
viagens a serviço, seja o percurso de casa para o trabalho ou no seu retorno (mesmo
que o meio de locomoção seja em veículo próprio). Portanto, este caso seria tratado
como acidente de trabalho. Brenda teria que comunicar a empresa que trabalha para
que ocorra a caracterização. Todo acidente de trabalho deve ser comunicado pela
empresa à Previdência Social através de um instrumento chamado Comunicado de
Acidente do Trabalho (CAT).

Atenção!

Todo e qualquer trabalhador deve ter conhecimento referente aos


direitos e deveres trabalhistas ocupacionais para não omitir informações,
comunicando-as em tempo hábil. A Lei federal nº 8.213 de 24/07/91 e
seu Decreto nº 3.048/99 descrevem as questões de afastamento, quando
necessário. Ainda especifica que: é a partir do 16º dia do afastamento

Campos de atuação do enfermeiro 135


U3

(benefício denominado auxílio-doença) que o funcionário terá seu salário


pago pelo INSS e o direito à estabilidade no trabalho por, no mínimo, um
ano a contar da data do seu retorno ao trabalho.

O enfermeiro do trabalho deve ter conhecimento especifico acerca da legislação


previdenciária de interesse à saúde do trabalhador, além da legislação que regulamenta
a profissão para colocar em prática as suas funções e legislações, já discutidas na LD.

Vocabulário

Saúde ocupacional: é um ramo da saúde pública que cuida da saúde do


trabalhador com ênfase nos problemas provenientes do trabalho ou na
prevenção de doenças (MICHAELIS, 2009).

Leis orgânicas de saúde: são leis que regulamentam o Sistema Único de


Saúde (SUS), Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990 e Lei nº 8.142 de 28
de dezembro de 1990 (MICHAELIS, 2009).

Ergonomia: otimização das condições de trabalho, sejam elas por meio


do desenho industrial ou por métodos da tecnologia (MICHAELIS, 2009).

Avançando na prática

Pratique mais
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações
que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de
seus colegas.

“Saúde do trabalhador: atuação do enfermeiro na prevenção de doenças e na promoção da


saúde”
1. Competência de Fundamentos
Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação.
de Área
Entender as ações na área da saúde do trabalhador,
independente de terem especialização nessa área ou de
estarem trabalhando em serviços de saúde ocupacional.
2. Objetivos de aprendizagem
Conhecer como a enfermagem pode contribuir de forma
importante para a preservação e promoção da saúde no
trabalho.
A intervenção nas relações entre o trabalho e a saúde; a
promoção e proteção à saúde dos trabalhadores através
das ações de vigilância, dos riscos presentes nos ambientes,
3. Conteúdos relacionados
das condições de trabalho. A atuação do enfermeiro junto
aos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e
Medicina do Trabalho (SESMT).

136 Campos de atuação do enfermeiro


U3

O enfermeiro João é especialista em enfermagem do trabalho


e foi contratado como trainee, dando início ao processo de
integração no setor de segurança e medicina do trabalho,
setor este que é responsável pela saúde ocupacional
da região em que o próprio João e os demais recém-
contratados Vitória, Gabriel e Júlia atuam. Em determinado
dia, logo após a saída do médico do trabalho, João também
encerrou suas atividades, quando entrou no ambulatório,
Brenda, uma técnica de enfermagem, havia recebido um jato
de vômito de sua paciente, que atingiu seus olhos e boca.
Brenda estava muito nervosa, pois sua enfermeira a obrigou a
procurar o serviço de medicina ocupacional, além de ter-lhe
chamado atenção pela realização do procedimento de forma
inadequada. Ao entrevistar Brenda e explicar-lhe a atitude
4. Descrição da SP
de sua enfermeira, João percebeu que o dedo de Brenda
sangrava e que ela tinha a mania de sempre estar levando
o dedo à boca. Ao perguntar-lhe porque o dedo sangrava,
Brenda respondeu-lhe que mesmo depois do ocorrido, ela se
limpou e decidiu finalizar suas atividades antes de procurar
o serviço de medicina ocupacional. Quando a enfermeira
percebeu, chamou-lhe atenção na frente de uma paciente
a quem havia terminado de fazer uma medicação em bolus
endovenosa (E.V), assim Brenda ficou nervosa e, ao colocar
a seringa com agulha na bandeja, acabou cortando a pele
de seu dedo, por esse motivo ela o estava levando à boca,
para tentar estancar o sangramento. Esta é uma questão de
assistência à saúde hospitalar ou de saúde do trabalhador?
Como o enfermeiro João deverá conduzir essa situação?
1. Sim, se trata de um caso de assistência à saúde do trabalhador,
Brenda se acidentou no horário de serviço, executando sua
tarefa. Brenda errou e cometeu um ato inseguro referente
a não utilização do EPI recomendado para a execução
daquela atividade. A NR6 fala a respeito da obrigatoriedade da
utilização de EPI, nesse caso, Brenda deveria utilizar os óculos
de proteção e a máscara, esses dispositivos serviriam como
barreira e, provavelmente, Brenda não teria se contaminado.
2. O enfermeiro João percebe que Brenda desconhece
algumas informações especificas e, dentro de sua atribuição
como funcionário assistencial, prescreveu os medicamentos
e solicitou os exames estabelecidos pelo SESMT (Serviço de
saúde e Medicina do Trabalho). Na exposição ocupacional, o
material biológico deve ser coletado para ser avaliado. Pode
haver a presença do vírus da imunodeficiência humana
5. Resolução da SP
(HIV), vírus da hepatite B (HBV) e vírus da hepatite C (HBC).
Como Brenda perfurou o dedo, teria que receber a terapia
antirretroviral. Na ausência do médico, o enfermeiro do
trabalho tem autonomia de prescrever as medicações
pertinentes ao tratamento inicial do paciente, bem como
encaminhá-lo para a realização de exames.
3. Como educador, João orientou Brenda, reforçando a
utilização do EPI conforme NR-6 e NR-32. Informou ainda
que ambos os acidentes são preveníveis e causadores de
doenças. Também explicou para Brenda a quais riscos ela
havia sido exposta. Disse, ainda, que sua intenção de finalizar
o serviço era boa, mas, no momento, a saúde de Brenda vinha
em primeiro lugar e a finalização do serviço estava a cargo
da enfermeira que tomou a decisão correta, exceto de tê-la
chamado atenção na frente do paciente.

Campos de atuação do enfermeiro 137


U3

Fez o seguinte questionamento a Brenda: “como alguém que


não está bem de saúde poderá cuidar de outro?” Para que
alguém possa prestar o cuidado, antes tem que se cuidar,
também.
Colocar a mão cortada na boca não estava correto, Brenda
devia ter lavado a mão com água abundante e imediatamente
procurar o serviço, mesmo sabendo quem era o paciente.
4. Como administrador, preencheu a CAT (Comunicado
de Acidente de Trabalho) e direcionou os documentos
pertinentes aos setores corresponsáveis, como: segurança
ocupacional, recursos humanos, farmácia e previdência social.

Faça valer a pena

1. O risco ergonômico no trabalho é caracterizado predominantemente


por:

a) Trabalho físico de médio a pesado.


b) Postura adequada.
c) Exposição ao calor excessivo.
d) Poucas dores musculares.
e) Distância entre o trabalhador.

2. São atribuições do enfermeiro do trabalho:

I. Promoção da saúde e proteção específica, por meio de consulta,


participação junto de outros profissionais na execução de exames e
procedimentos complementares.
II. Realizar o diagnóstico precoce, pronto atendimento e limitação do dano
que envolve adequação das condições sanitárias do ambiente de trabalho.
Assistência imediata às doenças e agravos produzidos pelas condições
prejudicais do trabalho e assistência contínua às consequências dos
agravos e às doenças produzidas pelas condições prejudiciais do trabalho.
III. Promover a reabilitação, caracterizada pela assistência aos portadores
de sequelas produzidas pelas condições de trabalho.
IV. Trabalhar com seus funcionários o gerenciamento de funções e zelar
pelo cuidado do paciente

138 Campos de atuação do enfermeiro


U3

Assinale a alternativa correta:

a) I, II, III e IV estão corretas.


b) I e II estão corretas.
c) III e IV estão corretas.
d) II e III estão corretas.
e) III está correta.

3. No mapa de riscos, os círculos de cores e tamanhos diferentes mostram


os locais e os fatores que podem gerar situações de perigo pela presença
de agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos.
Assinale a alternativa correta em relação à cor que identifica o risco:

a) Verde: ruído físico; bactéria.


b) Vermelho: químico; poeiras.
c) Marrom: ergonômico; eletricidade.
d) Amarelo: biológico; iluminação.
e) Azul: acidentes; radiação.

Campos de atuação do enfermeiro 139


U3

140 Campos de atuação do enfermeiro


U3

Seção 3.4

Saúde hospitalar

Diálogo aberto

No início desta Unidade, falamos sobre quatro colabores: Vitória, Gabriel, João
e Júlia, que foram promovidos a enfermeiros trainees e passaram por alguns setores
para receber treinamento de integração de novos colaboradores. Esse treinamento
tem a finalidade de fazer com que os funcionários se familiarizem com as práticas
administrativas em cada setor, para que obtenham a efetivação. Nesta seção de
ensino, abordaremos a saúde hospitalar e teremos em mente assuntos já estudados
anteriormente, como: gestão de enfermagem, liderança e a importância da atuação
do enfermeiro como administrador de um serviço. Ainda, vale lembrar a atuação do
enfermeiro na saúde coletiva, onde se trabalhou a prestação da assistência preventiva
e de promoção em saúde, bem como o papel do enfermeiro na aplicação de seus
conhecimentos, objetivando a organização de serviços e sistemas de saúde. Foi
abordada, ainda, a saúde do trabalhador, em que foi possível entender que o trabalho
é importante, porém se não houver medidas preventivas e de promoção à saúde,
pode haver o aparecimento de doenças e/ou de acidentes de forma mais frequente
do que se imagina.

Acompanharemos, assim, nesta seção, a vivência da enfermeira Júlia, que fará


seu treinamento junto à gerência do hospital. Ao longo da semana, Júlia realizou
várias atividades em conjunto com as demais gestoras, porém, no sábado, Júlia
ficou responsável por todo o hospital e, nesse dia, o plantão de Henrique (técnico
de enfermagem) se encerrava às 7h30min. O colega não compareceu para assumir
o plantão e a seção de enfermaria estava com todos os leitos ocupados. Além disso,
Henrique retirou-se do hospital alegando “não poder esperar mais”, e a enfermeira
Júlia foi notificada.

A atitude do técnico de enfermagem está correta, uma vez que a responsabilidade


de prover profissionais é da instituição? Como Júlia resolverá este problema? Para
que você encontre esta e outras respostas, faça a leitura dos textos e dos artigos
complementares sugeridos no decorrer do livro.

Bons estudos!

Campos de atuação do enfermeiro 141


U3

Não pode faltar

Como o papel de enfermagem no sistema de saúde expandiu-se, os locais


nos quais os profissionais de enfermagem atuam também aumentou. No entanto,
esses profissionais trabalham mais em hospitais do que em outro local. Os papéis e
responsabilidades deles variam. Aqueles que se dedicam às unidades de terapia intensiva,
por exemplo, normalmente cuidam de pacientes com doenças graves e com problemas
de saúde muito complexos. O rápido aumento do número de idosos, de pacientes com
doenças crônicas e de pacientes com debilidades funcionais resultou no aumento de
instalações de assistência prolongada, o que requer um vasto conhecimento a respeito
de doenças específicas, e de campos específicos, pois além da assistência direcionada
ao paciente, o enfermeiro que atua na saúde hospitalar deverá exercer o papel de
educador, administrador de casos, consultor, pesquisador para planejar ou para melhorar
a qualidade do cuidado oferecido ao cliente e à sua família.

Atenção!

O hospital é o estabelecimento que tem por objetivo prestar assistência


médica e hospitalar a clientes/pacientes, em regime de internação, onde
são realizados diagnósticos e, consequentemente, o tratamento e cura
dos doentes, onde é realizada também a prática da investigação e do
ensino.

Os departamentos de emergência de hospitais, centros de atendimento de


urgência, unidades de cuidados críticos e unidades médico-cirúrgicas hospitalares
são locais que fornecem níveis de cuidados secundários e terciários. Os enfermeiros,
nesse contexto, têm uma comunicação próxima com todos os membros da equipe
de atendimento. A capacidade de pensar criticamente e identificar os problemas
mutáveis do cliente/paciente de modo rápido e preciso é essencial, bem como o
planejamento e a coordenação do cuidado são necessários para fornecer serviços de
modo competente e oportuno.

Atenção!

Os enfermeiros precisam aplicar informações baseadas em evidências


ao selecionar intervenções de enfermagem para melhorar evoluções
dos clientes hospitalizados. Devem incluir continuamente o cliente na
avaliação do cuidado e modificar as intervenções apropriadamente até
que melhores resultados ocorram.

142 Campos de atuação do enfermeiro


U3

A satisfação com os serviços de cuidado da saúde é importante para as


organizações de cuidados agudos. A satisfação do cliente torna-se prioridade em um
local movimentado e estressante como uma unidade de enfermagem hospitalar. Os
clientes/pacientes esperam receber um tratamento cortês e respeitoso, e querem
estar envolvidos nas decisões de cuidados diários.

Para que você seja um bom enfermeiro de cuidados agudos (hospitalar), você
precisará ser sensível ao aprendizado das necessidades e expectativas do cliente logo
no início, para formar parcerias efetivas que, em última análise, aumentarão o nível dos
cuidados fornecidos de enfermagem.

Exemplificando

Na saúde hospitalar, o enfermeiro poderá atuar com as emergências e as


urgências, que é uma grande demanda de atenção dos prontos-socorros,
sejam elas ligadas ao um hospital ou não. Qual é a melhor maneira
para um enfermeiro determinar o que é urgência e emergência em um
pronto-socorro? No pronto-socorro o enfermeiro deverá utilizar uma
análise criteriosa e proceder com o bom senso para reconhecer o grau
de seriedade envolvido em cada situação e as possíveis consequências
de suas ações. Sabe-se que todos os fatos são importantes, pois terá que
identificar quais são os casos de urgência e emergência por meio de sinais
e sintomas, reconhecendo, assim, os casos que devem ser atendidos em
ambulatórios. Ainda deve-se ter atenção e cuidado para tomar a conduta
correta quanto à questão medicamentosa. Leia: Resolução Cofen
487/2015 que veda aos profissionais de enfermagem o cumprimento da
prescrição médica à distância e a execução da prescrição médica fora
da validade. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-
no-4872015_33939.html>. Acesso em: 24 jan. 2016.

Saiba que o enfermeiro possui responsabilidades junto às normas e aos princípios


aplicados nos cuidados com a unidade onde está inserido o paciente (visão do
pensamento de Florence), tendo como objetivo principal o controle de infecção, por
meio da limpeza criteriosa e o uso de técnicas assépticas nos procedimentos.

Saiba, ainda, que o enfermeiro e sua equipe assistem ao paciente durante a maior
parte do período em que ele necessita de cuidados assistenciais hospitalares. Cabe,
portanto, a todos a tarefa de transmitir, através dos registros de enfermagem no
prontuário, os dados referentes à evolução do estado do paciente, os sinais e sintomas
e as reações durante a internação hospitalar, é função do enfermeiro supervisionar
se a ação está sendo executada de forma correta. O prontuário é um instrumento
que serve como fins legais para respaldar os profissionais sobre os procedimentos e
orientações realizadas durante o atendimento ao cliente hospitalizado.

Campos de atuação do enfermeiro 143


U3

Pesquise mais
Você sabia:

1. Que o planejamento estratégico de cuidado de enfermagem conta


com o planejamento de alta do paciente, sendo considerado uma
ferramenta imprescindível para o cuidado integral do paciente/cliente
durante sua hospitalização? Saiba mais, consultando: Planejamento
para alta hospitalar como estratégia de cuidado de enfermagem: revisão
integrativa. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v21n2/pt_
a19v21n2.pdf>. Acesso em: 1 jan. 2016.

2. O hospital, além de ser um serviço de prestação de assistência médica


e hospitalar a pacientes, em regime de internação, também pode ser
considerado beneficente, de base, aberto, fechado, de curta ou de longa
permanência. Para saber mais, consulte: Terminologia básica em saúde
do Ministério da Saúde. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/0113terminologia3.pdf>. Acesso em: 1 jan. 2016.

3. Que enfermeiro na saúde hospitalar também deve estar atento a


todas as legislações inerentes à sua profissão e uma das legislações mais
importantes se refere ao Código de Ética? Para saber mais, consulte:
Resolução COFEN 311/2007. Disponível em: <http://se.corens.
portalcofen.gov.br/codigo-de-etica-resolucao-cofen-3112007>. Acesso
em: 24 jan. 2016.

Dentre as várias responsabilidades, cabe ao enfermeiro, também atuar junto à


manipulação e aplicação de medicamentos, pois, para administrar medicamentos são
necessárias formação e capacitação específicas. Ainda, o enfermeiro deve ser habilitado
para fazer tal procedimento, bem como para ensinar e supervisionar a manipulação e
administração do mesmo. A formação profissional envolve diferentes conhecimentos:
o conhecimento da farmacologia, farmacodinâmica e farmacocinética dos
medicamentos. Um medicamento digitálico, por exemplo, não deve ser administrado
em um paciente com a frequência cardíaca menor que 60 batimentos por minuto. O
enfermeiro ainda deve conhecer a fisiologia, patologia, cálculo de doses e volumes do
medicamento, compatibilidade, reações adversas, horários a serem administrados, de
forma que ocorra a eliminação dos metabólitos. Ainda, avaliar os resultados esperados
e conhecer o paciente são fatores fundamentais para um bom desempenho nessa
ação na saúde hospitalar. Essa responsabilidade implica nas responsabilidades inseridas
no código de ética. Veja o que diz o artigo 12, 18, 30 e 38 quanto ao dever, proibição
e recusa de executar determinados tipos de prescrição de medicação.

144 Campos de atuação do enfermeiro


U3

Lembre-se

Para a atuação efetiva do enfermeiro, o mesmo deve ter ciência de sua


responsabilidade como profissional, atendendo o que é disposto pelo
Decreto-lei nº 94.406/86, que regulamenta a lei do exercício profissional
nº 7.498/86. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/1980-1989/D94406.htm>. Acesso em: 24 jan. 2016.

O seguinte link apresenta quais são as ações do enfermeiro que devem


ser executadas livres de erros provenientes de negligência, imprudência
e imperícia. Consulte: Ocorrências éticas na enfermagem. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/reben/v56n6/a09v56n6.pdf>. Acesso em: 24
jan. 2016.

Um dos princípios básicos que reduz o erro de medicação está direcionado


à conferência da prescrição da dose do rótulo do medicamento. São fatores
considerados fundamentais com relação à obediência aos horários prescritos, em
seguir prescrições legíveis, assinadas e carimbadas. O profissional ainda deve ter o
cuidado para não se acidentar com agentes químicos. É importante que ele tenha
noção de volume, viscosidade da droga e vias de maior ou menor absorção.

Atenção!

Aluno, não fique limitado apenas na Resolução Cofen 487/2015


apresentada no LD. Veja ainda outras resoluções que falam a respeito de
administração de medicamentos. Consulte:

1. Resolução Cofen 306/2006, que normatiza a atuação do enfermeiro


em hemoterapia. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-
cofen-3062006_4341.html>. Acesso em: 24 jan. 2016.

2.Resolução Cofen 210/1998, que dispõe sobre a atuação dos profissionais


de enfermagem que trabalham com agentes antineoplásicos. Disponível
em: <www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-2101998_4257.html>. Acesso em:
24 jan. 2016.

3. Resolução Cofen 257/2001, que acrescenta o dispositivo ao


Regulamento aprovado pela Resolução Cofen 2010/1998, facultando
o enfermeiro ao preparo de drogas quimioterápicas anineoplásicas.
Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-2572001_4295.
html>. Acesso em: 24 jan. 2016.

Campos de atuação do enfermeiro 145


U3

O atendimento pré-hospitalar (APH) é uma área que o enfermeiro também pode


atuar, no entanto, existem as atividades exercidas pelo enfermeiro e sua equipe nessa
mesma área, fora do hospital. O APH tem como proposta atender às vítimas de
violência urbana, trauma, distúrbios psiquiátricos e maus súbitos. Tem como objetivo
estabilizar o paciente de forma rápida, eficaz, e com uma equipe preparada para atuar
em qualquer ambiente, seja na rua, dentro de uma empresa, na própria residência
do paciente para uma unidade hospitalar. A atribuição do enfermeiro no APH vai
depender da unidade em que ele estiver atuando, mas de forma geral, sua atribuição
está relacionada à avaliação e supervisão das ações de enfermagem no Pré-Hospitalar
Móvel. Ainda, prestar cuidados de enfermagem de qualquer complexidade técnica a
clientes/pacientes com ou sem risco de vida, exigindo capacidade de tomar decisões
imediatas desde que se tenha conhecimentos científicos adequados, prover e promover
treinamento e/ou participar dos programas de aprimoramento e treinamento para
o pessoal de saúde em emergências e urgências, controlar a qualidade do serviço
nos aspectos direcionados aos equipamentos inerentes à profissão e a pessoas, e,
por fim, estabelecer e controlar indicadores. O enfermeiro no APH pode atuar em
transporte terrestre, aéreo, além de estádio esportivo, academia, shopping center,
resort, parque de diversões, arvorismo, grupo de turismo de aventura com rafting,
escaladas, comunidades para treinar leigos para iniciar o atendimento de uma vítima
ou, ainda, companhias aéreas para desenvolvimento das equipes de voo.

Assimile

A Lei nº 10671/03, conhecida como Estatuto do Torcedor, determina a


presença de dois enfermeiros e um médico presentes no local de jogo
a cada dez mil torcedores, os quais fazem parte da equipe de APH. Para
saber mais, consulte: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/
L10.671.htm>. Acesso em: 24 jan. 2016.

SEM MEDO DE ERRAR!

Vamos imaginar que Júlia seja surpreendida com a informação de que um senhor
chegou ao pronto-socorro do hospital informando que há um homem caído a um
quarteirão do hospital, e solicita que um médico ou um enfermeiro vá prestar o socorro
àquele homem. O médico está em um atendimento emergencial acompanhado por
outros profissionais, e a enfermeira Júlia, que está no administrativo, é chamada. Ela
deve ir até o local prestar assistência para aquele homem ou encaminhar alguém da
equipe para averiguar a situação? No Brasil, os profissionais especializados a este tipo
de atendimento, conhecido como APH, envolve o SAMU (Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência), o Corpo de Bombeiros e também as empresas particulares. O

146 Campos de atuação do enfermeiro


U3

enfermeiro dessa área e sua equipe participam em todas essas vertentes e, como em
qualquer outra área do cuidar, devem estar ligadas à capacitação técnica, conhecimento
e humanização. O resgate deve ser chamado para que ocorra a remoção do paciente
até o hospital, mesmo que seja a quarteirões de distância.

Atenção!

O enfermeiro na saúde hospitalar deve prestar sua assistência a todo e


qualquer paciente que necessite de cuidados mínimos, intermediários,
semi-intensivos e intensivos, sempre mantendo o sigilo profissional,
exceto nos casos previstos em lei (cap. IV, art. 29 do código de ética dos
profissionais de enfermagem). Leia também a Resolução Cofen 172/94,
que dispõe sobre as comissões de Ética. Disponível em: <http://www.
cofen.gov.br/resoluo-cofen-1721994_4246.html>. Acesso em: 24 jan.
2016.

A prática de enfermagem no hospital envolve todas as práticas já discutidas


nas seções anteriores e ressaltadas na lei do exercício profissional como aplicar o
processo de trabalho da enfermagem e investigar suas fases: gerenciar, coordenar
os serviços de enfermagem, participar da elaboração de treinamentos, criar e validar
protocolos, supervisionar. Embora o hospital seja um setor de cuidados secundários,
alguns até terciários, o enfermeiro também poderá atuar na prevenção, como prevenir
o aparecimento de úlcera por pressão. Outro fato seria a atuação na promoção à
saúde, como um paciente cirúrgico que requer cuidados da ferida em casa após a
cirurgia. O enfermeiro irá ensiná-lo como fazer para que a ferida não infeccione e o
paciente tenha que retornar para o hospital como uma deiscência.

Vocabulário

Deiscência: é a abertura de uma área suturada, durante o período pós-


operatório, caracterizada como parcial ou completa (MICHAELIS, 2009).

Emergência: constatação de condições de agravo à saúde que impliquem


risco iminente de morte ou sofrimento intenso, exigindo tratamento
médico imediato (MICHAELIS, 2009).

Urgência: ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco


potencial à vida, cujo portador necessita de assistência médica no menor
tempo possível (MICHAELIS, 2009).

Campos de atuação do enfermeiro 147


U3

A atitude do técnico de enfermagem não está correta, sendo responsabilidade da


instituição de prover profissionais quando há alguma falta ou ausência de profissionais.
Em primeiro lugar, a enfermeira Júlia deveria providenciar outro profissional para
colocar no lugar de Henrique, seja de outro setor do próprio hospital, solicitando a
alguém que possa, que dobre o horário e até mesmo assuma, caso haja necessidade.
Em segundo lugar, entrar com sanção administrativa, comunicando ao comitê de
ética do hospital que tratará do caso e comunicará ao comitê de ética do Coren,
pois se trata de uma infração ética que pode ser considerada como leve, grave ou
gravíssima. Dependendo da caracterização da infração, será aplicada uma penalidade
ao profissional, que pode ser uma advertência verbal, censura, suspensão do exercício
profissional e até mesmo cassação do direito ao exercício profissional.

Desta forma, intercorrências podem ocorrer: a falta de alguém, o atraso, um


acidente, férias e até mesmo a real deficiência de profissionais, algo que pode ser
resolvido por meio de um processo de recrutamento, seleção, admissão e integração,
sendo algo demorado. Enfim, são inúmeros os fatores que podem impactar na
defasagem de profissionais. No entanto, no capítulo V do código de ética dos
profissionais de enfermagem, “Das proibições”, art. 43: “abandonar o cliente em meio
a tratamento sem garantia de continuidade a assistência, é uma infração”. A enfermeira
informa a Júlia que já houve outra situação em que ela mesma já assumiu pacientes.

Avançando na prática

Pratique mais
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu, transferindo seus conhecimentos para novas situações
que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de
seus colegas.

“Atuação do enfermeiro na saúde hospitalar”


1. Competência Fundamentos de
Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação.
Área
Entender as ações na área da saúde hospitalar.
Entender como o enfermeiro pode contribuir na prevenção
de doenças e na promoção da saúde no hospital.
2. Objetivos de aprendizagem Ter ciência de que o enfermeiro deve estar atento às leis
do exercício profissional e ao código de ética para proceder
corretamente em sua função na prática hospitalar, como em
outras áreas.
Atuação do enfermeiro no atendimento de urgências,
emergências, atendimento pré-hospitalar e intra-hospitalar,
3. Conteúdos relacionados
cuidados com pacientes, manipulação e aplicação de
medicamentos.

148 Campos de atuação do enfermeiro


U3

A enfermeira Júlia está realizando seu treinamento junto


à gerência de enfermagem de um hospital. Ao longo da
semana, Júlia realizou várias atividades em conjunto com
as demais gestoras, porém, no sábado, ficou responsável
por todo o hospital e, nesse dia, a enfermeira assistencial
Mayara a informou que o plantão de Henrique (técnico de
enfermagem) se encerrava às 7h30min, e que o colega não
4. Descrição da SP compareceu para assumir o plantão. A enfermaria estava com
todos os leitos ocupados. Apesar disso, alegando “não poder
esperar mais”, Henrique retirou-se do hospital. Além de retirar-
se do hospital, contrariando leis, foi verificado que Henrique
deixou de administrar os medicamentos que o paciente
necessitava. 1. A não administração da medicação no horário
pode acarretar danos ao paciente, isso implica no código de
ética? 2. Como Júlia resolverá esse problema?
3. O ato de deixar de administrar um medicamento no horário
previsto é caracterizado como negligência que consiste na
inércia, inação, omissão ou passividade, ou seja, entende-
se que é negligente quem, devendo ou podendo agir de
determinado modo, por preguiça ou indolência, não age ou
5. Resolução da SP não se comporta como deveria. De acordo com o código
de Ética dos profissionais de enfermagem, no art. 12, “Das
responsabilidades e deveres”, o profissional da enfermagem
deve: “Assegurar à pessoa, família e coletividade uma
assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de
imperícia, negligência ou imprudência”.

Faça valer a pena

1. O papel de enfermagem nas unidades de terapia intensiva destina-se


a prestar assistência aos pacientes que normalmente possuem doenças
graves e problemas de saúde muito complexos. O serviço prestado citado
refere-se a que tipo de cuidados?

a) Mínimos.
b) Intermediários.
c) Semi-intensivo.
d) Intensivo.
e) Rigoroso.

Campos de atuação do enfermeiro 149


U3

2. A definição de hospital é:

a) O estabelecimento que tem por objetivo prestar assistência médica


e hospitalar a clientes/pacientes em regime de internação, onde são
realizados diagnósticos e, consequentemente, o tratamento e cura dos
doentes, onde é realizada, também, a prática de investigação e de ensino.
b) O serviço, departamento ou setor de urgência e emergência que presta
o cuidado inicial de um largo espectro de doenças, que podem ser fatais
ou não.
c) O estabelecimento ou ambiente que promove atendimentos a clientes/
pacientes com problemas relacionados à saúde que não necessitam de
internação.
d) É o estabelecimento que se caracteriza pelo atendimento à vítima
encontrada em locais habitados normalmente, como: residências, ruas,
comércios e outros e locais de difícil acesso, como: galerias fluviais,
buracos, escombros e outros.
e) É o estabelecimento que serve como porta de entrada prioritária do
Sistema Único de Saúde (SUS), objetivando a necessidade de internação.

3. Os enfermeiros devem aplicar informações baseadas em evidências


ao selecionar intervenções de enfermagem para melhorar evoluções dos
clientes hospitalizados. Baseando-se nesta afirmação, avalie as afirmativas
a seguir colocando (V) para verdadeiro e (F) para falso:

I. ( ) Os enfermeiros devem incluir em seu atendimento de forma


contínua o cliente na avaliação do cuidado e modificar as intervenções
apropriadamente até que melhores resultados ocorram.
II. ( ) A satisfação do cliente torna-se prioridade em um local movimentado
e estressante como uma unidade de enfermagem hospitalar, por este
motivo, os enfermeiros precisam ter um relacionamento mais próximo
do paciente a fim de tornar mais produtivo o desenvolvimento de seu
trabalho.
III. ( ). Os clientes/pacientes não esperam receber um tratamento cortês
e respeitoso, mas, sim, um atendimento que os deixem livres de danos
físicos.
IV. ( ) Para ser um bom enfermeiro de cuidados agudos (hospitalar), é
preciso ser sensível ao aprendizado das necessidades e expectativas
do cliente logo no início, para formar parcerias efetivas que, em última
análise, aumentarão o nível dos cuidados de enfermagem fornecidos.

150 Campos de atuação do enfermeiro


U3

Assinale a alternativa correta:

a) I-F, II-F, III-V, IV-V.


b) I-V, II-V, III-F, IV-V.
c) I-V, II-F, III-F, IV,V.
d) I-V, II-F, III-V, IV-F.
e) I-V, II-V, III-F, IV-F.

Campos de atuação do enfermeiro 151


U3

152 Campos de atuação do enfermeiro


U3

Referências

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enfermagem. REME rev. min. enferm, v. 8, n. 1, 2004, p. 208-215.
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exercício da enfermagem e dá outras providências, aprovada pelo Decreto-Lei nº 94.406,
de 8 de junho de 1987, Brasília, 8 jun. 1987; 166º da Independência e 99º da República.
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990: Dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização eo funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da união, v. 128, n.
182, 1990.
BRASIL, Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da
Previdência Social e dá outras providências, 2010.
BRASIL. Lei nº 10.671, de 15 de Maio de 2003. Dispõe sobre o Estatuto de Defesa do
Torcedor e dá outras providências. Brasília, 15 de maio de 2003; 182º da Independência
e 115º da República.
Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Resolução COREN 172/1994.
Normatiza a criação de Comissão de Ética de Enfermagem nas instituições de saúde.
[Internet]. São Paulo; 1994 [citado 2015 fev. 22]. Disponível em: http://www.coren-sp.
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sobre a atuação dos profissionais de Enfermagem que trabalham com quimioterápico
antineoplásicos. [Internet]. São Paulo, 1998 [citado 22 abr. 2015]. Disponível em: <http://
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Acrescenta dispositivo ao Regulamento aprovado pela Resolução COFEN Nº 210/98,
facultando ao Enfermeiro o preparo de drogas quimioterápicas antineoplásicas.
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Campos de atuação do enfermeiro 153


U3

Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Resolução COREN 306/2006.


Normatiza a atuação do enfermeiro em hemoterapia. [Internet]. São Paulo, 2006 [citado
10 abr. 2014]. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3062006_4341.
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Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Resolução COREN 358/2009. Veda
aos profissionais de enfermagem o cumprimento da prescrição médica à distância e
a execução da prescrição médica fora da validade [Internet]. São Paulo, 2009 [citado
20 fev. 2014]. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.
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Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Resolução COREN 487/2015. Dispõe
sobre a sistematização da assistência de enfermagem em ambientes, públicos ou
privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem, e dá outras providências.
[Internet]. São Paulo, 2009 [citado 20 fev. 2014]. Disponível em: <http://www.cofen.gov.
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154 Campos de atuação do enfermeiro


U3

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Janeiro: Medbook, 2010.
POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. Elsevier Brasil, 2009.
REGULAMENTADORAS, Normas. NR 32-Segurança e saúde no trabalho em serviços
de saúde. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2008.
RIBEIRO, Mirtes; SANTOS, Sheila Lopes dos; MEIRA, T. G. B. M. Refletindo sobre liderança
em enfermagem. Esc Anna Nery Rev Enferm, v. 10, n. 1, 2006, p. 109-15.
ROMANO, Cátia; VEIGA, Kátia. Atuação da enfermagem no gerenciamento de recursos
materiais em unidades de terapia intensiva (UTIs). Revista Brasileira de Enfermagem, v.
51, n. 3, 1998, p. 485-492.
SANTOS, E. M.; TEIXEIRA, R. M.. Gestão de recursos humanos em hospitais de Aracaju.
Caderno de pesquisas em administração. São Paulo: v. 9, n. 4, 2002.
SEVCENKO, Nicolau. A revolta da vacina: mentes insanas em corpos rebeldes. Editora
Cosac Naify, 1993.

Campos de atuação do enfermeiro 155


U3

SOUNIS, E. Manual de higiene e medicina do trabalho. Editora Ícone, 1978.


WALDOW, V. R. Cuidar: expressão humanizadora da enfermagem. Editora Vozes
Limitada, 2012.

156 Campos de atuação do enfermeiro


Unidade 4

QUALIDADE DE VIDA NO
TRABALHO

Convite ao estudo

Bem-vindo, esta é a Unidade 4 da unidade de ensino qualidade de vida no


trabalho!

Nesta unidade você irá conhecer conceitos e aplicações sobre a qualidade


de vida. No que se refere à qualidade de vida no trabalho do enfermeiro,
iremos ressaltar os fatores que podem interferir na própria qualidade de vida
do enfermeiro e de sua equipe. Discutiremos também um assunto muito
importante na atualidade, que é a Sindrome de Bournout. Ao chegarmos ao
final da unidade você terá os conhecimentos necessários para entender os
benefícios e os supostos malefícios do trabalho, bem como as estratégias para
manter a saúde em dia sem ter que parar de trabalhar.

A competência geral desta disciplina é conhecer a trajetória de Enfermagem


e sua emancipação.

Os objetivos são entender os conceitos de qualidade de vida e como aplicar


isso no dia a dia, no seu trabalho e em sua vida pessoal.

Esta unidade ainda irá contribuir para seu desenvolvimento profissional;


desta forma, convido você a refletir sobre a aplicação do conteúdo e dos artigos
apresentados no decorrer deste livro, o que lhe ajudará a resolver e responder as
questões propostas durante o seu aprendizado.

Bons estudos!
U4

158 População brasileira


U4

Seção 4.1

Conceito de qualidade de vida

Diálogo aberto

“E disse Deus a Adão: com o suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes
à terra, pois dela foste formado: porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gênesis 3:19, Bíblia
Sagrada). Ao ler este trecho da Bíblia, pode até parecer castigo para alguns ter que
trabalhar para se sustentar, no entanto há aqueles que dizem: “trabalharás até morrer,
até retornar ao pó”. No entanto, se observarmos por outro lado, trabalhar é bom. O
trabalho é uma necessidade e é também um direito do indivíduo. Trabalhar é uma
bênção e não um castigo. O trabalho representa o intercâmbio do homem com a
natureza para a satisfação das necessidades vitais. É por meio do trabalho que a pessoa
se transforma em um produtor de uma mercadoria, respondendo às necessidades
do capital. No entanto, o trabalho pode implicar diretamente na satisfação dos
trabalhadores e a influenciar na qualidade de vida e no ambiente de trabalho.

Frente a esta consideração, vamos acompanhar a vivência de Elídia, Elizeu, Wilma


e Walter. Eles são enfermeiros que trabalham em lugares, turnos e cargas horárias
diferenciadas e estão sendo acompanhados pelo setor da psicologia e da medicina
ocupacional, pois em um determinado momento já estiveram afastados de suas
atividades profissionais.

Elídia é enfermeira e trabalha no setor de clínica médica geriátrica de um hospital,


sua unidade é composta por 40 leitos de internação e na maioria das vezes estão
sempre lotados. O hospital em que trabalha tem passado por momentos difíceis, onde
há falta de muitos materiais básicos para a prestação da assistência aos funcionários;
por outro lado, a direção exige atendimento de qualidade, com cordialidade, visando
ao alcance de metas e ao envolvimento da equipe para que a assistência ocorra
de forma integral, permitindo a satisfação do cliente. Em um determinado dia, sua
colaboradora Loide se recusou a realizar banho no paciente acamado, com úlceras
por pressão infectada, pois alegava não ter disponíveis para ela avental e luva, situação
que acabou gerando um desconforto junto aos familiares do paciente, que fizeram
uma reclamação. 1. De que forma Elídia deveria tratar esta situação? 2. Deixar de

População brasileira 159


U4

executar uma técnica que compromete uma necessidade humana básica,


“higiene”, não seria falta de ética?

Para resolver esta SP, leia atentamente o LD e as sugestões de leitura inseridas no


decorrer do texto.

Não pode faltar


O ser humano tem algumas necessidades, segundo o psicólogo Abraham Maslow,
que são as necessidades fisiológicas, sociais e aquelas relacionadas com a própria
segurança (que de acordo com a enfermeira Wanda de Aguiar Horta, essas necessidades
são chamadas de Necessidades Humanas Básicas -NHB), elas são as necessidades de
“status” ou autoestima e de autorrealização que estão relacionadas com o alcance de
objetivos, obtenção de reconhecimento e aprovação. As três últimas necessidades se
manifestam no desejo do ser humano de buscar a sua realização como profissional e
como pessoa. O ser humano pode buscar conhecimento, experiências metafísicas e
estéticas, ou mesmo a busca de Deus.

O trabalho é um exemplo da manifestação das necessidades de autoestima


e autorrealização, é tão importante que é um direito garantido ao cidadão pela
Constituição Federal Brasileira.

Atenção!

Existem dois tipos de estima: a autoestima e a heteroestima. A autoestima


é derivada da competência e da proficiência em ser a pessoa que se é, é
acreditar em si, é gostar de si e dar valor a si próprio. A heteroestima é a
atenção e o reconhecimento que se recebe das outras pessoas.

Na teoria de Maslow existem aquelas necessidades sociais, as necessidades de


segurança e as fisiológicas, que são fatores de motivação. A Teoria de Maslow explica
que a satisfação destas necessidades é uma condição básica; toda vez que ocorre a
ausência da satisfação destas necessidades não ocorre motivação a ninguém, pelo
contrário, desmotiva.

Já as necessidades de “status”, sociais, de autorrealização e de autoestima são fortes


fatores motivacionais, ou seja, toda vez que essas necessidades não são satisfeitas, as
pessoas batalham para tê-las satisfeitas. Estes são os tipos de necessidades que motivam
as pessoas a satisfazer e realizar estas necessidades. No caso do trabalho, para que

160 População brasileira


U4

isso aconteça, é importante que haja alguns pontos essenciais a serem considerados,
como, por exemplo: condições de trabalho, segurança, higiene, normas técnicas bem
estabelecidas, atenção, carga horária.

Reflita

Satisfazer necessidades de “status”, sociais, de autorrealização e de


autoestima implicam na qualidade de vida no trabalho, que, por sua vez,
visa satisfazer e facilitar as necessidades do trabalhador no momento em
que está desenvolvendo suas atividades no trabalho, através de ações
para o desenvolvimento profissional e pessoal. Os recursos humanos das
instituições criam programas de qualidade de vida que são responsáveis
em proporcionar condições para propiciar uma melhor condição no
trabalho, desta forma, cada vez mais os programas de qualidade de vida
no trabalho são difundidos em organizações privadas e públicas, sendo
um exemplo de ações que são classificadas como processos de manter
os profissionais no trabalho.

Atualmente os funcionários estão trabalhando mais do que há 30 anos, as


organizações foram diminuindo e o número de seus trabalhadores e a consequência de
tudo isso é o cansaço, a sobrecarga de trabalho, que pode gerar doenças emocionais
e psicológicas. Para minimizar este problema, as empresas começaram a perceber
os efeitos negativos que esta situação proporciona aos seus funcionários, pois o que
importa para essas empresas são os resultados. O colaborador, por sua vez, precisa ter
mais energia física e mais equilíbrio mental e um bom ambiente de trabalho. Tudo isso
acaba fazendo a diferença no dia a dia, assim como um bom salário faz a diferença
no mês; mas o equilíbrio físico e emocional faz a diferença na vida do trabalhador e
na vida da empresa.

Qualidade de vida no trabalho tem como ideia central o fato de que os


trabalhadores são mais produtivos quando estão mais satisfeitos e envolvidos com o
próprio trabalho. Desta forma, deve ser trabalhada a conciliação das regras de gestão
das organizações e aquelas que estão voltadas aos interesses dos indivíduos. Assim,
toda vez que se melhora a satisfação do trabalhador no contexto laboral, melhora-se
também a produtividade, por sua vez a qualidade, sendo isso uma consequência. O
setor de recursos humanos de uma organização tem grande influência nos assuntos
que se referem ao trabalhador, tanto na questão de segurança do trabalho, como nas
condições ambientais e aquelas ligadas à qualidade de vida no trabalho, contribuindo
assim para o aumento do grau de satisfação das pessoas em relação à organização.

População brasileira 161


U4

Lembre-se

A qualidade de vida no trabalho é um importante assunto discutido na


dimensão da vida organizacional e de sua gestão específica. A qualidade
de vida deve ser direcionada aos aspectos específicos da satisfação
humana, devendo ainda ser levados em consideração os aspectos gerais
da avaliação que os trabalhadores fazem sobre sua satisfação no trabalho.

Pensando na nossa situação-problema (SP), mediante a escassez de materiais


básicos para o desenvolvimento das atividades assistenciais, estariam os profissionais
motivados para produzir com qualidade, como, por exemplo, a realização do banho
no paciente? Deixar de desenvolver atividades de sua competência profissional, implica
na não atenção ao código de ética, além disso, existe um juramento profissional,
no entanto também existe a Norma Regulamentadora 32 (NR-32), que estabelece
medidas de proteção e prevenção ao profissional da área de saúde. Vale a pena você
retomar esses assuntos que já foram discutidos e associá-los com o que estamos
vivenciando nesta seção com a referida SP.

Pesquise mais
O juramento da enfermagem normalmente é realizado em formaturas
e cerimônias de colação de grau, e deve ser lembrado constantemente
pelos profissionais que escolhem esta profissão, pois tem o princípio de
não causar o mal e fazer o melhor possível por seus pacientes. Consulte:
1. Resolução Cofen 218/1999, que dispõe sobre o regulamento que
disciplina sobre o juramento, cores, símbolo e pedra da enfermagem.
Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-2181999_4264.
html>. Acesso em: 07 fev. 2016.

2. Construção de um Instrumento para medida de satisfação no trabalho.


Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v20n3/v20n3a05>. Acesso
em: 07 fev. 2016.

3. Jornada de trabalho: fator que interfere na qualidade da assistência


de enfermagem. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v15n3/
v15n3a08.pdf>. Acesso em: 07 fev. 2016.

162 População brasileira


U4

A qualidade de vida no contexto de trabalho da enfermagem atual depara-se com


fatores inusitados, tais como: acirramento da competição, a rapidez das transformações,
maximização dos lucros que repercutem na vida do trabalhador. Existem indicadores
de qualidade de vida no trabalho propostos e analisados pelos profissionais de
enfermagem que demonstram a importância de se ter atenção específica junto ao
trabalhador, como, por exemplo, o indicador “condições de trabalho e a organização
do trabalho”, que tem como dimensão os recursos materiais quantitativo e qualitativo;
planta física adequada; planejamento e organização das atividades. De acordo com a
competência profissional, a distribuição das tarefas de maneira adequada; os recursos
humanos: quantitativamente e qualitativamente selecionados; o treinamento e
desenvolvimento.

Além disso, o trabalhador deve gostar do que faz, entendendo que o trabalho é
prazeroso; o trabalhador deve procurar conscientizar-se do seu papel, seus objetivos
e obrigações, explicando porque está aonde está; e que o resultado de seu trabalho
deve corresponder às suas expectativas. A determinação, a capacidade de entrega
é o que determinará a competência do trabalhador. Assim, é importante que o
trabalhador, no início de seu dia de trabalho, saiba planejar e estabelecer prioridades
a serem cumpridas, e assim, ao final do dia de trabalho, o mesmo terá mantido sua
autoestima, estabelecendo um limite para as suas horas de trabalho, mantendo-se fiel
a este limite. Existem ainda tarefas que você pode concluir no dia seguinte. Se isto for
possível, faça isso, pois o resultado poderá ser mais eficaz.

Faça você mesmo

Além do indicador condições de trabalho e organização do trabalho,


temos ainda outros indicadores, como: integração social na instituição,
comunicação interprofissional, segurança no ambiente do trabalho,
direitos do trabalhador, quando tratamos de motivação para o
trabalho. Quando falamos da dimensão Incentivos: remuneratório e
não remuneratório; confraternização periódica; realização de cursos;
música ambiente; ginástica laboral, relaxamento, estamos falando de
qual indicador? Para resolver esta questão, consulte: A qualidade de vida
no trabalho de enfermagem. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
ean/v11n3/v11n3a14.pdf>. Acesso em: 07 fev. 2016.

Se você respondeu que se trata do indicador motivação para o trabalho,


acertou, pois este é um dos fatores que contribuem diretamente para
a qualidade de vida no trabalho, que envolve, inclusive, remuneração,
condições de trabalho, dentre outros incentivos.

População brasileira 163


U4

SEM MEDO DE ERRAR


Um profissional da enfermagem tem o direito de recusar-se a executar uma prática
de assistência alegando que o local é inadequado, que não tem material específico para
proteção, o que o limita a desenvolver a atividade? O profissional de enfermagem tem
seus direitos como trabalhador e necessita conhecer esses direitos e, quando oportuno,
reivindicá-los, principalmente quando está em questão a sua saúde e a vida de seres
humanos, sempre lutando por melhores condições de trabalho para a sua classe.
Devem, desta forma, ser observadas a Consolidação das Leis Trabalhistas, a Constituição
Federativa do Brasil e as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho.

Vocabulário

Indicador: é um importante instrumento de gestão, essencial na realização


de atividades de avaliação e monitoramento das empresas, assim como
seus programas, projetos e políticas, pois permite identificar os avanços,
acompanhar o alcance das metas, trabalhar as melhorias de qualidade,
verificando as necessidades de mudanças ou correção de problemas
(MICHAELIS, 2009).

Retomando a nossa situação-problema e mediante o que estudamos até agora,


fica claro que Elídia, como líder do setor, representante da instituição, deve tomar
algumas providências, como, por exemplo, proporcionar a Loide os materiais
necessários para a realização do banho do paciente. Neste caso a profissional está
correta em cobrar estas condições, que são: os equipamentos de proteção individual
(EPI) para a realização do banho, sendo necessário o uso de luvas de procedimento,
compressas, avental e, se o banho for no banheiro, botas. A NR-32 no item 32.2.4.7
diz que os Equipamentos de Proteção Individual - EPI -, descartáveis ou não, deverão
estar à disposição em número suficiente nos postos de trabalho, de forma que seja
garantido o imediato fornecimento ou reposição. Isto é uma forma de proteger o
profissional que é exposto a agentes biológicos, os mesmos devem utilizar vestimenta
de trabalho adequada e em condições de conforto.

Além disso, o art. 11 do Código de Ética de Enfermagem diz que o profissional deve
suspender suas atividades, individual ou coletivamente, quando a instituição pública
ou privada para a qual trabalhe não oferecer condições mínimas para o exercício
profissional, com ressalva às situações de urgência e emergência, devendo comunicar
imediatamente sua decisão ao Conselho Regional de Enfermagem.

164 População brasileira


U4

Lembre-se

Existe uma relação entre: qualidade de vida no trabalho, as condições


de trabalho, a organização do trabalho e as relações sociais. Qualidade
de vida no trabalho envolve o bem-estar e a satisfação dos funcionários
no trabalho, podendo levar à produtividade e à qualidade dos serviços/
produtos fornecidos pela organização.

Avançando na prática
Pratique mais
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu transferindo seus conhecimentos para novas situações
que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de
seus colegas.

“Qualidade de vida, uma opção necessária para o trabalho”


1. Competência de fundamento de Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação.
área
Compreender a importância de um ambiente de trabalho
adequado para promover motivação pessoal e profissional.
2. Objetivos de aprendizagem
Compreender que a motivação pessoal e profissional é uma
necessidade humana.
Satisfação dos trabalhadores.
3. Conteúdos relacionados Influência na qualidade de vida no ambiente de trabalho do
enfermeiro
Elídia é enfermeira e trabalha no setor de clínica médica
geriátrica de um hospital, sua unidade é composta de 40 leitos
de internação e na maioria das vezes estão sempre lotados.
O hospital em que trabalha tem passado por momentos
difíceis, onde há falta de materiais básicos para a prestação da
assistência e de funcionários; por outro lado, a direção exige
atendimento de qualidade, com cordialidade, com alcance
de metas e envolvimento da equipe para que a assistência
ocorra de forma integral, permitindo a satisfação do cliente.
Em um determinado dia, sua colaboradora Loide (técnica
de enfermagem) se recusou a realizar banho no paciente
4. Descrição da SP acamado, com úlceras por pressão infectadas; além de falar
para a enfermeira Elídia que não iria fazer o procedimento
por não ter disponíveis avental e luva, também falou isso ao
paciente e ao familiar. Sendo indelicada e antiética, pois além de
falar da falta de material, referiu-se também ao trabalho escravo
imposto por sua enfermeira, falando que a mesma a obrigava a
fazer várias atividades pela falta de funcionários e que inclusive
a fazia registrar ações que não foram realizadas. Loide referiu
ao familiar que cumpre grande carga horária de trabalho, pois
trabalha em dois locais com as mesmas características. O
relato de Loide gerou um desconforto junto aos familiares do
paciente, que fizeram uma reclamação. 1. De que forma Elídia

População brasileira 165


U4

deveria tratar esta situação? 2. Deixar de executar uma técnica


que compromete uma necessidade humana básica, “higiene”,
não seria falta de ética? 3. A postura de Loide está correta em
abrir para o paciente e familiares os problemas administrativos
da instituição?
1. Elídia, como líder do setor, representante da instituição,
deve tomar algumas providências, como, por exemplo,
proporcionar a Loide os materiais necessários para a
realização do banho da paciente, além disso, o enfermeiro
deve ter atenção específica para seu funcionário que pode
estar sofrendo de estresse, cansaço, desmotivação.
2. O ARTIGO 61 do código de ética de enfermagem diz que
o profissional deve suspender suas atividades, individual ou
coletivamente, quando a instituição pública ou privada para a
qual trabalhe não oferecer condições mínimas para o exercício
profissional, com ressalva quando se trata de situações de
urgência e emergência, devendo comunicar imediatamente
sua decisão ao Conselho Regional de Enfermagem. Portanto,
Loide está correta em relação à sua conduta quanto aos
equipamentos de proteção individual (EPI), para a realização
do banho é necessário o uso de luvas de procedimento,
compressas, avental, e se o banho for no banheiro, botas. Os
5. Resolução da SP
EPIs estão contemplados na NR-32.
3. Quanto ao fato de Loide desabafar com o paciente e
seus familiares de forma harmoniosa ou não em relação à
assistência, é antiético. O Código de Ética traz proibições
específicas em relação a isso? As proibições estão relacionadas
com:
Art. 8º – Promover e ser conivente com a injúria, calúnia e
difamação de membro da equipe de enfermagem, equipe de
saúde e de trabalhadores de outras áreas, de organizações da
categoria ou instituições.
Art. 42 – Assinar as ações de enfermagem que não executou,
bem como permitir que suas ações sejam assinadas por outro
profissional.
Art. 84 – Franquear o acesso a informações e documentos
para pessoas que não estão diretamente envolvidas na
prestação da assistência, exceto nos casos previstos na
legislação vigente ou por ordem judicial.

Faça valer a pena!

1. Com referência ao comportamento organizacional, julgue os itens


que se seguem.
a) A qualidade de vida no trabalho é um assunto importante quando
é discutido na dimensão da vida organizacional. Sua gestão específica
deve ser direcionada aos aspectos específicos da satisfação humana,
devendo ainda ser levados em consideração os aspectos gerais da
avaliação que os trabalhadores fazem sobre sua satisfação no trabalho.

166 População brasileira


U4

b) Qualidade de vida no trabalho é algo que é realçado pelas lideranças


no que tange à hierarquia, criando uma aura de inspiração e gerando
motivação aos colaboradores da organização.
c) Os programas de qualidade de vida no trabalho serão aplicados
e coordenados pelos próprios trabalhadores, pois são os maiores
interessados.
d) Qualidade de vida no trabalho tem como princípio focalizar as
atribuições staff e manter regras de cálculos.
e) Qualidade de vida no trabalho significa prover, organizar, coordenar e
controlar os interesses dos trabalhadores.

2. O departamento de recursos humanos concentra-se no alcance


de diversos objetivos organizacionais, como também contribui para a
satisfação de objetivos individuais. Em relação a este assunto, julgue os
itens que se seguem.
a) Os programas de qualidade de vida no trabalho, cada vez mais
difundidos em organizações privadas e públicas, são um exemplo
típico de ações dos recursos humanos classificadas como processos de
manter os profissionais nas instituições.
b) Os programas de qualidade de vida no trabalho visam facilitar os
processos reparativos do corpo por manipulação do ambiente do
cliente/paciente.
c) Os programas de qualidade de vida no trabalho visam focar as
necessidades do gestor.
d) Os programas de qualidade de vida no trabalho têm por objetivo
apresentar o processo de interação organização-trabalhador,
compreendido como agir diante das situações adversas.
e) Qualidade de vida no trabalho é o mesmo que treinar a força de
trabalho e separar planejamento e execução do mesmo a fim de eliminar
o estresse.

3. Em relação aos recursos humanos, pode-se afirmar que:


a) Esta área é responsável por cuidar de trabalhadores durante o
recrutamento e seleção.
b) Entre os fatores que influenciam na qualidade de vida no trabalho,
incluem-se a segurança do trabalho, as condições ambientais e o grau
de satisfação das pessoas em relação à organização.

População brasileira 167


U4

c) O setor de recursos humanos visa à compreensão dos aspectos


humanísticos da vida, por isso responsabiliza-se pela qualidade de vida.
d) Que são responsáveis por variáveis que afetam a resposta de um
trabalhador aos fatores geradores de estresse, que se resumem às
condições salariais.
e) Cuidar de trabalhadores que não conseguem se adaptar às demandas
ambientais internas e externas do trabalho é o seu maior foco.

168 População brasileira


U4

Seção 4.2

Qualidade de vida no trabalho do enfermeiro


Diálogo aberto

Iniciamos hoje a seção em que iremos discutir sobre a saúde e bem-estar


dos profissionais de enfermagem e o desenvolvimento das suas capacidades e
competências. Você terá a oportunidade de observar como a qualidade de vida é
essencial e contribui para assegurar a segurança e a higiene no ambiente de trabalho
com o objetivo de prevenir, solucionar ou minimizar os riscos de acidentes de trabalho
ou das doenças ocupacionais diversas, como o estresse, por exemplo. Ao chegarmos
ao final da unidade, você terá o conhecimento necessário para entender os benefícios
e os malefícios do trabalho, bem como as estratégias para manter a saúde em dia
sem ter que parar de trabalhar. No início desta unidade falávamos a respeito de quatro
enfermeiros, Elídia, Elizeu, Wilma e Walter, que trabalham em lugares, turnos e cargas
horárias diferenciadas e estão sendo acompanhados pelo setor da psicologia e da
medicina ocupacional, pois em um determinado momento já estiveram afastados de
suas atividades profissionais.

SITUAÇÃO-PROBLEMA (SP):
Elizeu é enfermeiro da Unidade de Terapia Intensiva, setor de cuidados intensivos
e de alto risco, é o local ideal para atendimento aos pacientes/clientes graves agudos
recuperáveis, também é considerado um dos setores mais tensos, agressivos e
traumatizantes do hospital. Elizeu faz 12 horas em um hospital e mais 12 horas em outro
hospital e em ambos atua na UTI. Nos últimos dias seus colaboradores têm se queixado
da falta de paciência e autoritarismo que Elizeu tem apresentado. Neste plantão Elizeu
delegou a avaliação de uma úlcera por pressão ao técnico de enfermagem Evanildo,
que atendeu à solicitação de seu enfermeiro avaliando a ferida e realizando o curativo
que entendeu ser pertinente naquele momento 1. O enfermeiro pode delegar este
tipo de atividade para o técnico de enfermagem? O que pode estar acontecendo com
Elizeu?
Vamos resolver juntos esta Situação-Problema? Para isso te convido a ler
atentamente o livro didático e as sugestões de leitura inseridas no decorrer do texto.
Bons estudos!

População brasileira 169


U4

Não pode faltar

Os enfermeiros são profissionais essenciais para a manutenção do cuidado e


do tratamento dos pacientes que são admitidos nas diversas clínicas de internação,
principalmente em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Desta forma, esses
profissionais devem ter como premissas básicas de atuação: a atenção, a vigília, o
controle emocional e a dedicação. O enfermeiro deve ser capaz de reconhecer os
agentes estressores presentes continuamente no ambiente de trabalho, bem como
as estratégias e os mecanismos de enfrentamento grupal e individual para diminuir
a ocorrência de estresse profissional, proporcionando um ambiente favorável à
manutenção da saúde tanto do trabalhador e, é claro, do paciente.

Atenção!

Um dos agentes estressores está relacionado à falta de higiene e


segurança do trabalho, estas atividades e sua inter-relação têm como
objetivo principal garantir a qualidade de vida do trabalhador dentro
de condições de trabalho dignas e saudáveis, as quais possam garantir
um nível de saúde adequado para o trabalhador e uma melhor e maior
segurança para a empresa. Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS), verificar as condições de segurança e higiene no ambiente de
trabalho consiste "num estado de bem-estar físico, mental e social e não
somente a ausência de acidentes e enfermidades”. Assim, a estima é a
atenção e o reconhecimento que se recebe das outras pessoas.

A segurança do trabalho se propõe a combater, além de um ponto de vista não


médico, os acidentes de trabalho, eliminando as condições inseguras do ambiente
de trabalho, por meio de educação e conscientização dos trabalhadores. Este fato se
refere às medidas preventivas, como, por exemplo: na utilização dos Equipamentos de
Proteção Coletiva (EPC) e Equipamentos de Proteção Individual (EPI), bem como em
outras com relação às regras e normas já discutidas na seção 3.3.

Lembre-se

Trabalhadores quase satisfeitos e insatisfeitos geralmente têm um


resultado negativo com o envolvimento com o trabalho, desta forma,
o comprometimento organizacional afetivo com o hospital onde esses
trabalhadores atuam é intermediário. Isso é preocupante, pois níveis
medianos de vivência de qualidade de vida no trabalho podem interferir
diretamente na qualidade da assistência prestada e afetar inclusive a saúde
geral desses trabalhadores.

170 População brasileira


U4

Todo setor hospitalar pode ser bem estressante caso não se adeque a algumas
condições que podem proporcionar um ambiente mais agradável e, consequentemente,
a qualidade de vida, como, por exemplo, clareza das políticas e procedimentos; apoio
psicológico e benefícios que atinjam os familiares. Mas existem setores que podem ser
bem mais estressante que outros, como no caso de uma UTI. Pensando na SP, Elizeu
trabalha em duas UTIs, você não pode esquecer que alguns dos fatores de estresse a
que a equipe de enfermagem que trabalha em UTI está exposta se caracterizam em
três níveis: ambiente, equipe e a relação enfermeiro/paciente/família. Neste sentido e
partindo do pressuposto de que o nível de estresse é devido a vários fatores, tais como
a própria característica da UTI, a qual é constituída por iluminação artificial, ambiente
fechado, ar-condicionado e este pode levar a alterações de humor, as pessoas passam a
se mostrar irritadas sem motivo aparente, apresentar alergias, cefaleias, ansiedade, entre
outros; planta física por vezes inadequada ao serviço de enfermagem; coordenação/
supervisão vigilantes ao extremo, com inúmeras cobranças; deficiência de recursos
humanos; rotinas exigentes; equipamentos sofisticados e barulhentos; dor, morte e
sofrimento, características fortes neste ambiente, são situações que geram uma falta
de motivação, muitas vezes, para o trabalho.

Outros indicadores importantes que devem ser levados em consideração: 1.


jornada de trabalho razoável, equidade interna, autonomia, mobilidade, liberdade de
expressão, crescimento pessoal, direitos trabalhistas e tempo de lazer da família são
indicadores de qualidade de vida no trabalho; 2. levantamento de diagnóstico, como,
por exemplo, clima organizacional; 3. implantar melhorias e inovações, tecnológicas,
gerenciais e estruturais dentro e fora do ambiente de trabalho. Esses indicadores não
podem faltar, lembre-se disso.

Reflita

Satisfação no trabalho é um estado emocional positivo ou de prazer,


resultante de um trabalho ou de experiências de trabalho; o envolvimento
com o trabalho sendo o grau em que o desempenho de uma pessoa
no trabalho afeta a sua autoestima; e o comprometimento organizacional
afetivo, definido como um estado no qual um indivíduo se identifica com
uma organização particular e com seus objetivos, desejando manter-se
filiado a ela com vistas a realizar tais objetivos. Portanto, qualidade de vida
no trabalho é um construto psicológico multidimensional, integrado por
vínculos afetivos positivos com o trabalho (satisfação e envolvimento) e
com a organização (comprometimento afetivo). A qualidade de vida no
trabalho gera bem-estar no trabalho e traz implicações para o desempenho,
o absenteísmo e a rotatividade dos trabalhadores nas organizações.

População brasileira 171


U4

Como já foi apresentado a você na seção anterior, existem alguns itens que
favorecem a qualidade de vida no trabalho, como: “condições de trabalho e
organização do trabalho”, que têm como dimensão os recursos materiais quantitativos
e qualitativos; planta física adequada; planejamento e organização das atividades, de
acordo com a competência profissional, a distribuição das tarefas adequadamente;
os recursos humanos devem ser quantitativamente e qualitativamente selecionados;
o treinamento e o desenvolvimento. No entanto, é importante ressaltar que existem
outras ações ou programas de qualidade de vida no trabalho (QVT), que podem ser
implantados para favorecer esta qualidade, basta o empenho dos empregadores
que acreditam que esta ação traga resultados importantes para sua organização. A
implantação de alguns programas é fácil, apresenta baixo custo e possui como alvo
os empregados, no entanto não são todos que aderem a tais programas, alguns
entendem que isso não é importante e, sim, perda de tempo. Podemos citar como
exemplo dentro da própria organização, ocupando alguns minutos, a ginástica laboral,
a massagem relaxante, estas são práticas preventivas que podem intervir de forma
direta nos trabalhadores para que não sofram com os desgastes psíquicos e físicos
decorrentes do trabalho. Você, como futuro gestor, poderá sugerir várias outras ideias.

Lembre-se

É preciso conscientização em relação à qualidade de vida, seja ela pessoal


ou profissional. Quando não existe esta conscientização, a adesão a
qualquer programa estabelecido não é bem-sucedida.

Para que você, como líder e representante de uma instituição, possa contribuir
para a implantação de programas de qualidade de vida, é necessário que encontre
meios de envolver o seu colaborador neste processo, isso se dará por meio da
conscientização. Desta maneira, você conseguirá uma melhor adesão, para isso é
necessária a participação dos funcionários nas decisões e na melhoria no ambiente
de trabalho quanto às condições físicas e psicológicas. A construção da QVT deve ter
como alicerce a visão integrada do indivíduo e da organização. Pense nisto!

Vocabulário

Glosas: termo utilizado para o não pagamento, por parte dos convênios de
saúde, de valores referentes a atendimentos, materiais, medicamentos, curativos
ou taxas cobrados pelas empresas prestadoras (clínicas, hospitais, laboratórios,
entre outros) e profissional liberal da área de saúde (MICHAELIS, 2009).

172 População brasileira


U4

Clima organizacional: é uma avaliação de até que ponto as expectativas


das pessoas estão sendo atendidas dentro da organização (MICHAELIS,
2009).

Pesquise mais
Conheça também sobre:

1. A qualidade de vida no trabalho (QVT) de colaboradores com diferentes


níveis de instrução. Consulte: Análise da qualidade de vida no trabalho
de colaboradores com diferentes níveis de instrução através de uma
análise de correlações. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
prod/2010nahead/AOP_200901009.pdf>. Acesso em: 07 fev. 2016.

2. A psicologia positiva, estratégia para os vínculos afetivos positivos com


o trabalho e com a organização: Consulte: Avaliação do bem-estar no
trabalho entre profissionais de enfermagem de um hospital universitário.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v20n4/pt_10.pdf>. Acesso
em: 07 fev. 2016.

3. A realização pessoal como fator de qualidade de vida. Consulte:


Qualidade de vida no trabalho x autorrealização humana. Disponível em:
<http://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev03-12.pdf>. Acesso em: 14
fev. 2016.

SEM MEDO DE ERRAR


A QVT cria um ambiente de integração entre os superiores e funcionários,
proporcionando uma maior participação por parte desses funcionários com o
próprio ambiente de trabalho. A QVT visa sempre à compreensão das necessidades
dos funcionários e se preocupa principalmente com dois aspectos importantes, que
são a eficácia organizacional e o bem-estar do trabalhador. Um programa adequado
de QVT busca uma organização mais humanizada e proporciona condições de
desenvolvimento pessoal ao indivíduo. Pensando nisto e nas condições físicas e
ambientais, quais seriam os principais programas de QVT a serem instituídos por
uma organização? De acordo com o que já estudamos, para que uma organização
institua um programa de QVT, ela deverá promover algumas adequações, entre elas,
as modificações na iluminação, na ergonomia do mobiliário e na temperatura do
ambiente; esses são aspectos que, além de problemas ergonômicos, podem trazer
problemas psicológicos, como nervosismos, irritabilidade e, no caso da enfermagem,
erros de procedimentos específicos em relação à visão/leitura.

População brasileira 173


U4

Atenção!

Somente os programas adequados de QVT buscam por uma organização


mais humanizada e proporcionam condições de desenvolvimento
pessoal ao indivíduo. Transformando o ambiente de trabalho em um
lugar agradável e mais humanizado, alteram os níveis de acidentes e
absenteísmo, além de gerar aumento na produtividade.

Retomando a nossa Situação-Problema atual, onde Elizeu delegou a avaliação


de uma úlcera por pressão ao técnico de enfermagem Evanildo, que atendeu à
solicitação de seu enfermeiro e avaliou a ferida, realizou o curativo com o que
entendeu ser pertinente naquele momento. O que você entende em relação à atitude
dos dois profissionais? Cada um em sua função estava certo, um em delegar e o outro
em executar, uma vez que o objeto de trabalho é o paciente e o paciente sempre
deve estar em primeiro lugar? A resposta é: não foi adequada a atitude de ambos
os profissionais, eles não estão certos. Tanto Elizeu como Evanildo erraram, pois a
legislação é clara quanto ao que é privativo ao enfermeiro, como: organizar e dirigir
os serviços de enfermagem e supervisionar as atividades de técnicos e auxiliares. Esta
supervisão se refere inclusive se os profissionais estão realizando suas tarefas de acordo
com a prescrição do enfermeiro, isso significa que o enfermeiro avaliou e ofereceu a
conduta a ser seguida e não o contrário. O enfermeiro é responsável pelos cuidados
diretos de enfermagem aos pacientes graves, com risco de vida, e em Unidade de
Terapia Intensiva. As legislações já estudadas ainda relatam que o enfermeiro é capaz
de fornecer os cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica ou ainda
aqueles que exijam conhecimentos de base científica e demandem decisões imediatas.
Sem esquecer que é o enfermeiro que pode prescrever medicamentos estabelecidos
em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde, como
os curativos, que em sua maioria são associados a medicamentos tópicos. Elizeu
pode estar passando por um momento de desmotivação, estresse em decorrência da
demanda do trabalho, ambiente em que trabalha, visto as considerações empregadas
no Livro Didático. Caro aluno, perceba que mais uma vez se faz importante o
conhecimento referente às legislações específicas, sempre associado às necessidades
dos campos de trabalho.

Avançando na prática
Pratique mais
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu transferindo seus conhecimentos para novas situações
que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de
seus colegas.

174 População brasileira


U4

“Saúde e bem-estar dos trabalhadores”


1. Competência de fundamento de Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação.
área
Entender o que significa saúde e bem-estar dos profissionais.
Compreender como a qualidade de vida no trabalho pode
2. Objetivos de aprendizagem
contribuir para o desenvolvimento das capacidades e
competências do profissional.
A saúde e o bem-estar dos profissionais.
3. Conteúdos relacionados Desenvolvimento do profissional referente às suas capacidades
e competências.
Elizeu é enfermeiro da Unidade de Terapia Intensiva, setor
de cuidados intensivos e de alto risco, é o local ideal para
atendimento aos pacientes/clientes graves agudos recuperáveis,
também é considerado um dos setores mais tensos, agressivos
e traumatizantes do hospital. Elizeu faz 12 horas em um
hospital e mais 12 horas em outro hospital e em ambos atua na
UTI. Nos últimos dias seus colaboradores têm se queixado da
falta de paciência e autoritarismo que Elizeu tem apresentado.
Neste plantão Elizeu delegou a avaliação de uma úlcera por
pressão ao técnico de enfermagem Evanildo, que atendeu à
4. Descrição da SP
solicitação de seu enfermeiro avaliando a ferida e realizando o
curativo que entendeu ser pertinente naquele momento. Neste
mesmo dia, a UTI recebeu a equipe de auditores de contas
médicas, que informou que estavam ocorrendo muitas glosas
de curativo por parte dos convênios, pela falta de prescrição e
justificativa do enfermeiro. Salientaram que existiam anotações
da equipe de enfermagem da realização de determinados
curativos, no entanto, não existiam as prescrições justificadas.
A ação do técnico Evanildo em relação à realização do curativo
pode estar relacionada a essas glosas de contas médicas?
A realização do curativo está sim relacionada com as glosas
apresentadas pelos auditores, este é um sinal de que este
incidente (delegação de atividades do enfermeiro para outros
profissionais) tem sido uma constante. É preciso entender que
os planos e/ou convênios de saúde também têm enfermeiros
atuantes como auditores e, ao receberem uma cobrança de
um procedimento que deve ser realizado por um enfermeiro
e/ou que este procedimento não esteja prescrito, evoluído ou
justificado também pelo enfermeiro, com certeza ocorrerá a
glosa. Devemos pensar ainda que, se por algum motivo ou
outro ocorra no futuro um processo familiar, ou até mesmo
do paciente, seja por qualquer motivo, e no prontuário do
5. Resolução da SP
paciente houver ações desenvolvidas pelos auxiliares e
técnicos de enfermagem sem o aval (escrito) do enfermeiro,
todos estão envolvidos. Responde a instituição, responde o
auxiliar e/ou o técnico e o enfermeiro responsável da época.
E lembre-se do que diz o Código de Ética dos profissionais
de enfermagem quanto às proibições: Art. 32 – Executar
prescrições de qualquer natureza, que comprometam a
segurança da pessoa. E isso inclui ainda: realizar ações sem
prescrição escrita, além de poder comprometer a segurança
do paciente, compromete também a do profissional. Art. 33
– Prestar serviços que por sua natureza competem a outro
profissional, exceto em caso de emergência.

População brasileira 175


U4

Faça valer a pena!

1. Acerca de saúde, qualidade de vida no trabalho, higiene, segurança no


trabalho, indique a alternativa correta:
a) Os programas de QVT são de fácil implantação, possuem como alvo
os empregados e têm baixo custo. A grande dificuldade é a adesão dos
trabalhadores, por entenderem que é perda de tempo.
b) QVT é algo apresentado pelas lideranças no que tange à hierarquia,
criando uma aura de inspiração e gerando motivação aos colaboradores
da organização.
c) QVT significa prover, organizar, coordenar e controlar os interesses
dos trabalhadores.
d) Os programas de QVT serão aplicados e coordenados pelos próprios
trabalhadores, pois são os maiores interessados.
e) QVT tem como princípio focalizar as atribuições de staff e manter
regras de cálculos.

2. No que se refere à segurança e qualidade de vida no trabalho, julgue


o item a seguir.
a) A QVT, entre outros aspectos, está fundamentada na participação
dos funcionários nas decisões e na melhoria no ambiente de trabalho
quanto às condições psicológicas e físicas.
b) Os programas de QTV visam focar as necessidades do gestor.
c) Os programas de QVT visam facilitar os processos reparadores do
corpo por manipulação do ambiente do cliente/paciente.
d) QTV é o mesmo que treinar a força de trabalho e separar planejamento
e execução do mesmo a fim de eliminar o estresse.
e) Os programas de QTV têm por objetivo apresentar o processo de
interação organização-trabalhador, compreendido como agir diante
das situações adversas.

3. O setor de recursos humanos (RH) tem a responsabilidade de gerir


pessoas com os princípios das teorias da administração, ligadas a esses
aspectos. Julgue o item seguinte e assinale a alternativa correta:

176 População brasileira


U4

a) O RH é o responsável por cuidar de trabalhadores em relação à QVT


durante o recrutamento e seleção.
b) O RH visa à compreensão dos aspectos humanísticos da vida, por isso
responsabiliza-se pela qualidade de vida de forma geral.
c) Práticas preventivas de QVT, como massagens e ginástica laboral, são
ações que intervêm diretamente nos trabalhadores, evitando assim que
sofram com os desgastes psíquicos e físicos decorrentes do trabalho.
d) Cuidar de trabalhadores que não conseguem se adaptar às demandas
ambientais internas e externas do trabalho é o maior objetivo do RH.
e) O foco da QVT constitui-se em cuidar de trabalhadores que não
conseguem se adaptar aos cuidados no lar.

População brasileira 177


U4

178 População brasileira


U4

Seção 4.3

Fatores que interferem na qualidade de vida do


enfermeiro
Diálogo aberto

Olá, bem-vindo!

Na seção anterior discutimos sobre a saúde e o bem-estar dos profissionais de


enfermagem e o desenvolvimento das suas capacidades e competências. Nesta
seção, discutiremos sobre os aspectos que influenciam na qualidade de vida do
enfermeiro, fatores esses que podem estar relacionados com a compensação
justa e adequada, condições de trabalho, oportunidade de uso e desenvolvimento
de capacidades, identidade da tarefa, significado da tarefa, autonomia e feedback,
relações interpessoais e política de recursos humanos. Você se lembra de que no
início desta unidade falávamos a respeito de quatro enfermeiros, Elídia, Elizeu, Wilma
e Walter, que trabalham em lugares, turnos e cargas horárias diferenciadas e estão
sendo acompanhados pelo setor da psicologia e da medicina ocupacional, pois em
um determinado momento já estiveram afastados de suas atividades profissionais.
Nesta seção acompanharemos a realidade da enfermeira Wilma.

Wilma é enfermeira da Unidade Básica de Saúde (UBS) de uma área considerada


de alta periculosidade, a direção desta unidade não promove nenhuma medida de
segurança, Wilma tem o desejo de ser transferida para outra unidade, porém ainda
não apareceu nenhuma vaga no outro setor, no entanto, Wilma sente-se muito
insegura naquela região. Nos últimos tempos, Wilma tem apresentado algumas faltas
no serviço. Em um de seus retornos, a enfermeira, ao desempenhar suas funções,
foi surpreendida por Nadir, mãe de uma criança que ela atendia e que alegou erro
na administração de uma medicação em seu filho. Wilma tentou explicar que não
havia o erro, quando Nadir se dirigiu para a administração queixando-se de Wilma,
que foi duramente repreendida pela direção da UBS. Wilma tentou explicar o caso e
novamente Nadir se irritou e, dessa vez, agrediu fisicamente a enfermeira Wilma (por
meio de um empurrão). Wilma, por sua vez, reagiu à agressão e disse que não aceitava
ser agredida, e caso Nadir não tivesse satisfeita, que poderia procurar os direitos dela,
dentre outras falas. 1. O fato de Wilma ter revidado a agressão depõe contra ela? 2. Ela
não deveria ter se esquivado da mãe e assim evitado o confronto corporal?

População brasileira 179


U4

Vamos resolver juntos esta Situação-Problema e descobrirmos outros


dados importantes para que possamos entender como lidar melhor com esses
acontecimentos como profissional de enfermagem? Para isso, te convido a ler
atentamente o livro didático e as sugestões de leitura inseridas no decorrer do texto.

Bons estudos!

Não pode faltar

Já sabemos que o conceito de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) passa por


noções de satisfação, motivação, saúde e segurança no trabalho, envolve ainda várias
discussões em novas tecnologias e organização do trabalho.

Em se tratando da enfermagem, também sabemos que é uma área que exige do


profissional atenção, disposição, cordialidade, conhecimento, controle e equilíbrio em
qualquer área de atuação. As UBSs têm sido locais caracterizados por diversos fatores
que podem dificultar a realização do trabalho do enfermeiro. Esses fatores podem
estar relacionados com o reconhecimento profissional e a valorização do profissional,
dando a ele condições de trabalho e autonomia para desenvolver suas atividades,
como, por exemplo: a educação permanente da comunidade, vínculo importante
que auxilia na relação enfermeiro/UBS/comunidade. Este vínculo é estabelecido
não apenas pelo enfermeiro, mas sim por intermédio de um conjunto com todos os
integrantes da equipe, no entanto faltam recursos materiais e equipamentos, como
também recursos humanos, e a dificuldade de relacionamento com os gestores, a
falta de compreensão e paciência da comunidade geram um déficit na qualidade de
vida tanto do profissional como da comunidade.

Atenção!

A UBS é uma área de atuação na atenção básica que representa um


campo de atuação privilegiado a partir da institucionalização do Sistema
Único de Saúde (SUS), com a criação de programas de saúde estratégicos
e inovadores. Sendo assim, a atenção básica é caracterizada como um
conjunto de ações, de caráter coletivo ou individual, focado na promoção
da saúde, prevenção de agravos, tratamento e reabilitação.

A atenção básica é fundamentada pela atuação da equipe multiprofissional, que


consiste em uma modalidade de trabalho coletivo que desenvolve intervenções
técnicas realizadas por indivíduos de diferentes áreas profissionais que interagem
o tempo todo. Para o sucesso na atuação em equipe faz-se necessário que cada

180 População brasileira


U4

profissional invista no planejamento de objetivos comuns aos demais profissionais


diante das necessidades dos usuários, bem como devem conhecer e desenvolver os
elementos de seu processo de trabalho.

Lembre-se

As UBSs são mantidas pelo SUS e, embora a constitucionalização do SUS


tenha 20 anos, ainda é possível constatar que o sistema enfrenta desafios
importantes, como a questão do suporte de materiais e equipamentos
para garantir uma assistência de qualidade, do financiamento e suporte
na gestão das ações de saúde, número de profissionais adequado às
demandas da população, remuneração apropriada para o profissional da
saúde, da segurança, dentre outros problemas.

Frente a essa problemática, a QVT dos profissionais da saúde merece uma atenção
especial, já que conviver com essas situações pode ser desgastante à saúde do
trabalhador, levando-o ao sofrimento e até mesmo ao adoecimento da mente e do
corpo.

Reflita

Fatores que podem interferir na qualidade de vida também se relacionam


ao suporte insuficiente por parte dos gestores. Essa situação também
leva à baixa qualidade da assistência prestada à comunidade, gerando um
sentimento de insatisfação por parte de todos os envolvidos, ou seja, uma
diminuição da produtividade.

Suporte por parte dos gestores está relacionado também com a questão da
segurança, que foi citada na SP, onde percebemos que Wilma sente-se insegura
naquela região. De alguma forma, a questão segurança deve ser intensificada.
Justificativa de não haver verba não é o suficiente. Será que Wilma poderia se negar
em trabalhar na UBS pelo fator segurança? Você consegue entender que os fatores
que podem interferir na qualidade de vida são inúmeros? Cada caso é um caso, cada
situação tem suas peculiaridades, é por este motivo que a organização, ao estabelecer
programas de qualidade de vida, deve se atentar para a realidade do seu serviço.

O trabalhador pode se sentir desassistido em relação ao apoio que recebe de seus


gestores, fora isso, ainda tem o desafio de prestar a assistência dentro dos princípios de
humanização e integralidade. Mediante este contexto, questiona-se o compromisso
que os gestores devem ter para a concretização desses princípios.

População brasileira 181


U4

Atenção!

Gerenciar é um ato que requer não apenas competência, mas, acima


de tudo, habilidade política para o planejamento de recursos financeiros.
Essas características podem eliminar situações conflitantes que de forma
impensada refletirão em problemas jurídicos. Consulte: Decreto-lei
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. O Código Penal. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.
htm>. Acesso em: 18 fev. 2016.

Na medida em que os trabalhadores não recebem apoio da gestão, a desmotivação


estabelece-se pelo não reconhecimento dele enquanto ser humano, como profissional
e pelo seu esforço. O que pesa são as consequências desses fatos, que resultam na
desqualificada, desequilibrada assistência prestada à população. A valorização humana
é uma fonte de motivação, pois proporciona incentivo e espaço ao trabalhador,
podendo gerar crescimento profissional e pessoal. Os enfermeiros, como sujeitos
sociais, em sua prática profissional estabelecem as relações interpessoais dentro desta
prática. Essas relações podem se caracterizar por cordialidade e apoio, ou mesmo
rejeição e repressão, ambas podem trazer implicações em suas atividades e na QVT.

O relacionamento com a equipe de trabalho, seja o relacionamento entre colegas


ou chefia, interfere diretamente na QVT, pois, se este relacionamento é ruim, a
QVT também será péssima. A relação profissional deve ser constituída pelo respeito
e empatia, caso o respeito não seja estabelecido, não tem isso, não existe relação
profissional e, sim, um conjunto de pessoas que se suportam.

Reflita

Sair de casa para trabalhar pensando que vai para um lugar seguro,
onde vai se encontrar com pessoas de que gosta, faz bem e satisfaz. O
trabalho em equipe se relaciona com a atuação desenvolvida por líderes
e liderados, depende do esforço de cada um dos sujeitos envolvidos.
O companheirismo e o compromisso com o cuidado do outro são as
principais alavancas para o desenvolvimento de um trabalho qualificador
na enfermagem. Saiba que no ambiente de trabalho é muito importante
valorizar as relações interpessoais, cuidando de si e do outro, com vistas
à QVT.

182 População brasileira


U4

Aluno, é importante que você entenda que a saúde integral do trabalhador é muito
importante para o desenvolvimento profissional, sabendo que a saúde é adquirida toda
vez que existe a promoção do bem-estar do referido profissional de saúde.

Nos dias atuais é comum encontrar profissionais de enfermagem insatisfeitos no


ambiente de trabalho, e isto compromete muito seu desempenho profissional. Na
maioria das vezes, esta insatisfação relaciona-se à exaustão profissional, aos desgastes
físicos, excesso de trabalho, ambiente de trabalho inadequado, baixa remuneração,
levando-o a desencadear transtorno físico, causando má QVT. A profissão de
enfermagem é linda, mas, como toda profissão, deve ser dosada, pois existem alguns
fatores que acabam por ter maior evidência, pois em alguns momentos o próprio
profissional procura, como, por exemplo, jornadas intensas de trabalho. Pense nisto!

Pesquise mais
Conheça também outros fatores que interferem na qualidade de vida.
Consulte:

1. Fatores que interferem na qualidade de vida no trabalho dos


trabalhadores de enfermagem. Disponível em: <http://www.
portaldoenfermeiro.com.br/artigos/FATORES%20QUE%20
INTERFERE%20NA%20QUALIDADE%20DE%20VIDA%20DOS%20
PROFISSIONAIS.pdf>. Acesso em: 07 fev. 2016.

2. Medidas preventivas para a qualidade de vida no trabalho da enfermagem.


Disponível em: <http://www.faema.edu.br/revistas/index.php/Revista-
FAEMA/article/view/110/91>. Acesso em: 07 fev. 2016.

3. Satisfação e saúde no trabalho – aspectos conceituais e


metodológicos. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cpst/
v6/v6a05.pdf>. Acesso em: 14 fev. 2016.

SEM MEDO DE ERRAR


Uma das características marcantes na profissão do enfermeiro é a essência do
cuidar, esta é a maior responsabilidade deste profissional, e para que esse cuidado tenha
um real sentido, é importante que esses profissionais saibam lidar com as relações
interpessoais, sempre levando em consideração que aquele que está bem consigo,
com o grupo, com o ambiente, consequentemente terá mais condições de prestar
atendimento adequado ao paciente. No entanto, como já falamos, existem fatores
que no ambiente de trabalho podem acarretar as alterações na QVT, e esses fatores
podem ser satisfatórios ou insatisfatórios. Cite alguns dos fatores mais intrigantes para

População brasileira 183


U4

a insatisfação ou satisfação do trabalhador: Se você citou que os fatores insatisfatórios


são: relações interpessoais com os supervisores, a política da administração, supervisão,
salários, condições de trabalho, status e segurança no trabalho, acertou; a esses
fatores a organização e os gestores devem ficar bem atentos, os comprometimentos
ao profissional podem trazer transtornos físicos e psíquicos. Nos dias atuais, as
organizações têm passado por um problema importante quanto à questão psíquica, a
chamada Síndrome de Bournout, assunto a ser discutido na próxima seção. Os fatores
satisfatórios mais evidentes estão relacionados com o reconhecimento, a realização,
o próprio trabalho, progresso ou desenvolvimento e responsabilidade. Você pode
discutir com seu professor todos esses aspectos favoráveis, você verá que atitudes
simples podem fazer toda a diferença.

Reflita

De acordo com as leituras complementares, é possível identificar que os


fatores de risco que podem causar sobrecarga na vida do profissional e,
consequentemente, a uma baixa QVT, estão relacionados às dimensões
psicológica, física e social, somando ao sedentarismo, má alimentação,
momento de estresse, consumo abusivo de tabaco e álcool, como
também à falta de conhecimento sobre atualidade da profissão, tudo isso
resulta em doenças respiratórias, cardiovasculares, osteomusculares e
digestivas!

Retomando a nossa Situação-Problema, onde Wilma foi acusada de fazer um


procedimento errado e agredida fisicamente, como consequência Wilma revidou à
agressão tanto física como verbalmente, pergunta-se: 1. O fato de Wilma ter revidado à
agressão depõe contra ela? 2. Ela não deveria ter se esquivado da mãe e assim evitado o
confronto corporal? Respondendo a essa colocação, sabe-se que o Art. 25 do Código
Penal Brasileiro diz o seguinte: “Entende-se que em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente,
a direito seu ou de outrem”, ou seja, na condição de profissional ou não, quem atua
em legítima defesa atuando com meios moderados necessários para conter a injusta
agressão está se defendendo, sendo assim, a conduta de Wilma não está errada. Mas
veja, não é necessário que os fatos cheguem a este ponto. Wilma poderia sim ter se
desviado, ter deixado a paciente falar o que quisesse, mas não podemos cair no erro
de julgar apenas o profissional, pois antes disso existe uma carga grande de problemas
acontecendo mediante falta de QVT, neste caso em especial, a insatisfação, o medo, a
insegurança, os afastamentos contínuos, a falta de cumplicidade ou companheirismo
da chefia, dentre outras coisas. A somatória destes fatores levou a este desfecho.
Aluno, o que você deve avaliar são as falhas que permitiram chegar a este ponto.
Discuta com seu professor.

184 População brasileira


U4

Vocabulário

Via intradérmica: via de administração de medicamento, localizada na


camada subcutânea, logo abaixo da epiderme (MICHAELIS, 2009).

Iatrogenia: refere-se aos efeitos adversos ou complicações, a um estado


de doença, causada por algum procedimento praticado por profissionais
da saúde (MICHAELIS, 2009).

Avançando na prática
Pratique mais
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu transferindo seus conhecimentos para novas situações
que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de
seus colegas.

“Segurança no trabalho, fator que interfere na qualidade de vida dos trabalhadores”


1. Competência de fundamento de Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação.
área
Conhecer os fatores que interferem negativamente na
qualidade de vida do profissional.
Conhecer os fatores que interferem positivamente na
2. Objetivos de aprendizagem
qualidade de vida profissional.
Conhecer quais são as medidas preventivas para a qualidade
de vida no trabalho da enfermagem.
Compensação justa e adequada, condições de trabalho,
oportunidade de uso e desenvolvimento de capacidades,
3. Conteúdos relacionados identidade da tarefa, significado da tarefa, autonomia
e feedback, relações interpessoais, política de recursos
humanos.
Wilma é enfermeira da Unidade Básica de Saúde (UBS) de
uma área considerada de alta periculosidade. Wilma relata
que a direção da unidade não promove nenhuma medida de
segurança e que tem o desejo de ser transferida para outra
região, no entanto, ainda não apareceu nenhuma vaga. Wilma
sente-se muito insegura naquela região e já teve episódios de
síndrome do pânico, o que lhe gerou afastamento do trabalho.
Quando Wilma retornou ainda sentia-se nervosa, e em um
4. Descrição da SP certo dia abandonou o serviço, pois não se sentia bem, gerando
um problema para a unidade, pois a fila na sala de vacinação
estava grande e apenas Wilma e mais duas outras colaboradoras
estavam aptas a trabalhar com vacinação. No entanto, como
uma das colaboradoras estava de férias e a outra faltou, Wilma
era a única funcionária habilitada naquele dia. A direção tentou
conversar com Wilma, porém a enfermeira, que estava nervosa,
se recusou a ficar no local, alegou que estava sendo humilhada,
que a chefia não tomava as devidas providências e que erros

População brasileira 185


U4

acontecem por falta de material adequado, e que isso era


constante, que trabalha o tempo todo assim. Para não deixar
de administrar uma medicação intradérmica, Wilma voltou
para o atendimento mesmo contra sua vontade e utilizou
uma agulha de calibre maior. O que aconteceu foi que a
medicação acabou ultrapassando a camada intradérmica que
era a região adequada para a medicação agir, o que causou um
desconforto na criança. Assim, Wilma foi correta em realizar o
procedimento sem o material adequado e nessas condições
de estresse extremo?
Wilma apresenta uma carga muito grande de problemas
que estão acontecendo mediante a falta de QVT, que ela
sempre relata. Neste caso em especial, a insatisfação, o
medo, a insegurança, os afastamentos contínuos, a falta
de cumplicidade, companheirismo e atenção da chefia,
dentre outras coisas, fizeram com que Wilma realizasse o
procedimento sem o material adequado. O enfermeiro é um
profissional que assiste, advoga, defende o paciente, gerencia
a assistência sempre com vistas ao cuidado, pois a essência
da profissão é o cuidar. Desta forma, é comum ao enfermeiro
procurar meios para atender o paciente. Utilizando os seus
conhecimentos e habilidades, por vezes tenta improvisar, a
fim de que o paciente seja atendido. Mas veja bem, aluno.
O improviso não pode ser uma constante, para o improviso
deve-se ter conhecimento e habilidade, o improviso não
cabe para todos os procedimentos, para o improviso deve-
se ter segurança naquilo que se está fazendo e garantir
que não aconteça nenhum tipo de iatrogenia ao paciente.
Wilma poderia ter deixado de fazer o procedimento, poderia
ter solicitado à mãe do paciente que trouxesse o material,
poderia ter encaminhado para outra unidade que tivesse o
5. Resolução da SP
material, poderia ter comunicado à direção sobre a ausência
do material. Outro fator pode ser avaliado nesta situação: Será
que Wilma conhecia realmente o medicamento, a ação e os
riscos desta medicação? Lembrem-se do que diz o art. 30 do
Código de Ética: “é proibido administrar medicamentos sem
conhecer a ação da droga e sem certificar-se da possibilidade
de riscos”. Outro fator importante é que Wilma relata a falta
de material adequado para a realização dos procedimentos
constantes, e o Código de Ética, em seu art. 61, diz que é
direito do profissional suspender suas atividades, individual
ou coletivamente, quando a instituição pública ou privada
para a qual trabalhe não oferecer condições dignas para o
exercício profissional ou que desrespeite a legislação do setor
de saúde, ressalvadas as situações de urgência e emergência,
devendo comunicar imediatamente por escrito sua decisão
ao Conselho Regional de Enfermagem. Não podemos nos
esquecer que a somatória de todos os problemas evidenciados
no SP é comprometedora, podendo trazer danos psicológicos
ao trabalhador e, no caso de Wilma, é necessária uma atenção
maior, pois a mesma já esteve afastada por condições desta
natureza.

186 População brasileira


U4

Faça valer a pena!

1. A questão do suporte de materiais e equipamentos para garantir uma


assistência de qualidade, a falta de financiamento e suporte na gestão
das ações de saúde, o número de profissionais adequado para suprir
as demandas da população, a falta de remuneração apropriada para o
profissional da saúde e a falta de segurança são considerados:
a) Desafios importantes e que podem comprometer a QVT dos
profissionais da saúde.
b) Procedimentos adequados e apresentados pelos próprios
colaboradores.
c) Pressupostos para prover, organizar, coordenar e controlar os
interesses dos trabalhadores.
d) Programas de QVT a serem aplicados e coordenados pelos próprios
trabalhadores, pois são os maiores interessados.
e) Princípios a fim de focalizar as atribuições de staff e manter regras de
cálculos.

2. A enfermagem é uma área que exige do profissional atenção,


disposição, cordialidade, conhecimento, controle e equilíbrio em
qualquer área de atuação. Alguns setores de atuação da enfermagem
têm sido locais caracterizados por diversos fatores que podem, assim,
dificultar a realização do trabalho do enfermeiro. Esses fatores podem
estar relacionados com:
a) A falta de reconhecimento profissional e valorização do profissional,
a falta de condições de trabalho e autonomia para desenvolver suas
atividades.
b) A falta de um programa de QVT, entre outros aspectos.
c) A falta de programas de QVT que visem focar as necessidades do
gestor.
d) A não aderência dos programas de QVT.
e) Os programas de QVT que estão relacionados em treinar a força de
trabalho e separar planejamento e execução a fim de eliminar o estresse.

População brasileira 187


U4

3. A QVT pode ser proporcionada ao trabalhador de diversas formas.


Podemos afirmar que quais afirmativas podem influenciar a QVT?
I. Educação permanente da comunidade (em se tratando de uma UBS),
vínculo importante que auxilia na relação enfermeiro/UBS/comunidade.
II. Falta de recursos materiais e equipamentos, falta de recursos humanos,
bem como a dificuldade de relacionamento com os gestores.
III. Falta de compreensão e paciência da comunidade gera um déficit na
qualidade de vida tanto do profissional como da comunidade.
As afirmativas que correspondem à questão estão indicadas na alternativa:

a) I, III.
b) I, II.
c) I.
d) II.
e) I, II, III.

188 População brasileira


U4

Seção 4.4

Síndrome de Burnout
Diálogo aberto

Chegamos à última seção da unidade de estudo Enfermagem e Trabalho, e até


o momento obtivemos conhecimentos referentes à história da profissionalização
da enfermagem, bem como nos foi apresentada a forma pela qual ocorreu o
desenvolvimento do papel do enfermeiro no mercado de trabalho e os direitos
trabalhistas adquiridos no decorrer da história. Também vários detalhes de marketing
profissional, princípios da prática profissional assistencial e na gestão em várias áreas
diferentes de atuação. Ainda a importância da qualidade de vida do profissional, bem
como os fatores que influenciam nesta qualidade. Nesta seção, discutiremos sobre
um problema que pode acometer o profissional de enfermagem, chamado Síndrome
de Burnout, uma doença considerada de ordem ocupacional e que pode estar
associada à ansiedade, depressão e estresse. Você se lembra de que no início desta
unidade falávamos a respeito de quatro enfermeiros, Elídia, Elizeu, Wilma e Walter,
que trabalhavam em lugares, turnos e cargas horárias diferenciadas? Então agora eles
estão sendo acompanhados pelo setor de psicologia e da medicina ocupacional, pois
em um determinado momento já estiveram afastados de suas atividades profissionais.
Pois bem, nesta seção acompanharemos a realidade do enfermeiro Walter.
O enfermeiro Walter é o responsável pelo setor de centro cirúrgico (C.C.) e há
aproximadamente cinco meses assumiu também a central de material e esterilização
(C.M.E.), por opção. Walter sempre foi um enfermeiro bem disposto, proativo, com
experiência comprovada tanto em C.C. como na C.M.E. Em outras ocasiões Walter já
liderou os dois setores em conjunto, obtendo um excelente resultado na assistência e
produtividade. O C.C. e a C.M.E. são áreas complexas, consideradas críticas e restritas e
que possuem particularidades na estrutura física em atendimento às normatizações da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Normalmente o colaborador que atua nessas
áreas só sai do setor na hora de ir embora, no caso do C.C. também pode sair quando
há a necessidade de transferência de um paciente grave para a Unidade de Terapia
Intensiva (UTI). Os profissionais destas áreas devem ter conhecimentos específicos,
serem comprometidos, terem atenção concentrada para uma atuação de qualidade.
No entanto, há alguns dias Walter tem se apresentado pouco comprometido, mal-
humorado, disperso, cansado, irritado, ansioso e com sinais de depressão. Os colegas
têm comentado que Walter tem diminuído gradativamente sua produtividade. Walter já

População brasileira 189


U4

se afastou anteriormente, pois passou por um quadro de depressão profunda ao perder


sua mãe, desde então vem sendo acompanhado por tratamento psicológico, onde
passou a sentir-se melhor. Voltou há pouco mais de um mês de férias e já apresenta
dores de cabeça, palpitações, dores musculares. O que pode estar acontecendo com
Walter?
Vamos resolver juntos esta SP e descobrirmos outros dados importantes para
que possamos ter um melhor entendimento da profissão de enfermagem? Para
entendermos melhor tudo isso, te convido a ler atentamente o LD e as sugestões de
leitura inseridas no decorrer do texto.

Não pode faltar

Segundo dados do ISMA (Internacional Stress Management Association), 18% dos


problemas de saúde profissional estão associados a doenças ansiosas e depressão. Nos
Estados Unidos e Canadá, em 11% dos problemas com trabalhadores está presente o
estresse; no Brasil, 70% dos trabalhadores sofrem desse mesmo mal, o estresse, sendo
30% já comprometidos com outros transtornos mentais associados.

Lembre-se

O estresse pode ser definido como esforço de adaptação do organismo


para enfrentar situações que são consideradas ameaçadoras à sua vida e
ao seu equilíbrio.

Como forma de adaptação ao fenômeno do estresse, existem três fases que


compõem a síndrome de adaptação geral ao estresse: reação de alarme, resistência
ou adaptação e exaustão ou esgotamento.

A exaustão emocional é caracterizada por sintomas como cansaço, irritabilidade,


sinais de depressão e de ansiedade, diminuição de produtividade profissional, o que
conduz a uma avaliação negativa de si mesmo como pessoa e profissional. Por
fim, a depressão e tristeza com baixa vontade para realizar coisas, persistência de
pensamentos e sentimentos negativos que comprometem a vida social.

Atenção!

Os profissionais da saúde, em especial os da enfermagem, podem sofrer


estresse emocional relacionado com o trabalho por atuar em turnos e,
em geral, com sobrecarga de trabalho de grande responsabilidade.

190 População brasileira


U4

Você sabia que a problemática no trabalho em saúde é acentuada aos que


atuam em hospitais? Isso se dá porque os hospitais são considerados tipicamente
insalubres, sem contar que as características e as formas de organização e divisão
do trabalho expõem ainda mais esses profissionais, pois são obrigados a permanecer
nesse ambiente durante toda a jornada laboral e grande parte da vida produtiva. Esses
processos originam-se na necessidade de um atendimento direcionado ao paciente a
fim do atendimento das necessidades humanas básicas afetadas.

Lembre-se

O sistema imunológico é o responsável pelas defesas do nosso organismo,


compreende, além de tecidos e órgãos, os glóbulos brancos ou leucócitos
(eosinófilos, os neutrófilos, basófilos, linfócitos e os monócitos). O estresse
e outros fatores podem contribuir para a queda desta imunidade, levando
o indivíduo a desenvolver problemas biopsicológicos, o que pode estar
relacionado intimamente com o trabalho. Na área do trabalho também
deve ser levada em consideração a questão da promoção, proteção e
recuperação da saúde. Consulte: Lei nº 8.080 – Lei Orgânica de Saúde. Esta
lei dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação
da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes
e de outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L8080.htm>. Acesso em: 07 mar. 2016.

Já o desgaste do funcionário se expressa nas transformações negativas que


são originadas pela interação dinâmica com as cargas nos processos biopsíquicos
humanos, é a perda da capacidade efetiva e/ou potencial, biológica e psíquica. Nesse
sentido, pode manifestar-se de forma aguda ou crônica, comprometendo a capacidade
do trabalhador em desenvolver seu potencial tanto biológico como psíquico, o que
pode estar ligado com o fator imunológico.

Reflita

O processo de trabalho geral e em saúde pode ser gerador de estresse,


os fenômenos que geram estresse ocorrem semelhantemente nos
trabalhadores de diversas áreas, como naqueles que são trabalhadores
da área da saúde. As respostas adaptativas são, então, resultados das
interações das pessoas, suas forças internas de equilíbrio psíquico e
o ambiente laboral. Assim, quando as respostas aos estímulos não são
saudáveis, o trabalhador poderá apresentar algo além do estresse,
conhecido como reações de Burnout.

População brasileira 191


U4

Você sabe o que quer dizer o termo Burnout? Este termo pode ser entendido
como a composição burn – queima, out – exterior, dando um sentido de queimar-
se, ou seja, a pessoa se consome física e emocionalmente por completo. Para que
a pessoa não se consuma física e emocionalmente, é necessário que ocorra uma
adaptação.

Atenção!

Existe um modelo de adaptação aplicado em Saúde Mental e Psiquiátrica que


é entendido e organizado pela hierarquia social. Cada nível desta hierarquia
apresenta um todo organizado com propriedades que o caracterizam
e que podem influenciar uns aos outros. Assim, esquematicamente
podemos ter: Biosfera↔Sociedade↔Comunidade↔Grupo↔Família↔
Indivíduo↔Sistema Corpora↔Órgão↔Tecidos↔Células.

Você sabia que Burnout é considerada uma síndrome e que a causa está
intimamente ligada à vida profissional? Inclusive a Síndrome de Burnout é considerada
uma doença ocupacional, podendo ser chamada também de Síndrome do
Esgotamento Profissional. Trata-se de um distúrbio psíquico de caráter depressivo,
precedido de esgotamento físico e mental intenso, despersonalização caracterizada
por comportamentos negativos e insensíveis. Além disso, o trabalhador pode apresentar
vários outros sintomas, como: cansaço constante, fadiga, dores musculares e de
cabeça, distúrbios do sono, irritabilidade, dificuldade de concentração, falta de apetite,
depressão e perda de iniciativa, alterações de humor e de memória. A Síndrome
de Burnout é constituída por três dimensões independentes: exaustão emocional,
sentimento de baixa realização profissional e despersonalização.
A somatória de mal-estares pode levar o indivíduo ao uso de drogas, ao alcoolismo
(tentativa de esquecer, curar ou amenizar o problema) e ao surgimento de doenças
psicossomáticas, até mesmo pensar no suicídio. No dia a dia, a pessoa pode ficar ainda
isolada, arredia, passa a ser cínica, irônica, e a produtividade cai. Na maioria dos casos,
acredita-se que este comportamento trata-se de cansaço e que a melhor opção seja
tirar férias; entretanto, quando volta, descansado, este profissional retoma a postura
anterior.

Reflita

Problemas de relacionamento com colegas, chefes e clientes, a falta


de equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal, a falta de cooperação
entre os colegas de trabalho e também a falta de autonomia são grandes
causadores do nível máximo de estresse. Fortes candidatos a adquirir

192 População brasileira


U4

esta síndrome são aqueles profissionais que têm níveis de exigência


muito altos. Muitos são chamados de workaholics, que se identificam
bastante com o trabalho, vivem para o trabalho, como, por exemplo,
profissionais da saúde e professores, podendo atingir outras categorias
profissionais. Por meio da Constituição da República Federativa do Brasil,
da Lei Orgânica da Saúde e do Regulamento de Previdência Social, pode-
se evidenciar que Burnout é uma doença relacionada à condição especial
de trabalho. Consulte: Constituição Federativa do Brasil. Art. 196 a 200.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 07 mar. 2016.

Decreto nº 6.957/2009, que dispõe sobre as doenças e respectivos


agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional listados
são exemplificativos e complementares. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6957.htm>.
Acesso em: 07 mar. 2016.

Pensando na Situação-Problema, Walter voltou recentemente de férias, deveria


estar descansado, disposto, mas, ao contrário do que vimos, Walter tem se apresentado
mal-humorado, com dores de cabeça frequentes, palpitações, dores musculares e
cansaço. Seriam essas as características apresentadas pelo estresse ou pela Síndrome
de Burnout? Você pode responder “o estresse e a Síndrome de Burnout são tão
parecidos”. Sim, são bem parecidos, mas o Burnout tem um significado ainda maior,
como o de “alto nível de estresse”, e para tirar sua dúvida, você terá a oportunidade
de fazer algumas leituras que irão esclarecer melhor esta situação. Mas vale a pena
ressaltar que o cansaço pode estar associado com o estado de exaustão física,
emocional ou mental e que pode ser derivado do acúmulo de estresse no trabalho.
É comum ainda aos profissionais que têm que lidar com a pressão ou com intensa
responsabilidade no dia a dia, como no caso dos enfermeiros, e assim podemos dizer
que é o que acontece no caso de Walter, afinal ele assumiu duas áreas complexas,
críticas e restritas. Pense nisto!

Pesquise mais
Você sabia que os sinais físicos da Síndrome de Burnout incluem:
dores de cabeça constantes; tonturas; alterações no sono; problemas
digestivos; falta de ar; excesso de cansaço. Já os sintomas físicos
da mesma síndrome podem ser: ansiedade; variações de humor;
dificuldade em concentrar-se; ficar isolado dos colegas de trabalho;
perda de motivação no emprego. Saiba mais, consulte:

População brasileira 193


U4

1. Síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem de um


pronto-socorro de hospital universitário. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/ape/v22n2/a12v22n2>. Acesso em: 04 mar. 2016.

2. Fatores ocupacionais associados aos componentes da Síndrome


de Burnout em trabalhadores de enfermagem. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/tce/v20n2/a02v20n2>. Acesso em: 04 mar. 2016.

3. Burnout e estresse em enfermeiros de um hospital universitário de


alta complexidade. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/
v18n6/pt_07>. Acesso em: 07 mar. 2016.

De acordo com as leituras complementares, foi possível observar e entender que


existem ações que podem ser realizadas para dirimir o estresse e, consequentemente,
evitar a Síndrome de Burnout? E ainda, que essas ações melhoram o sistema
imunológico do paciente, contribuindo para evitar o aparecimento de doenças
como a Síndrome de Burnout, dentre outras doenças? É isso aí, existem algumas
ações simples, como beber no mínimo oito copos de água por dia, ter contato
com a luz solar para produção de vitamina D, praticar exercícios físicos: pelo
menos 30 minutos, três vezes por semana, sono e repouso (dormir cedo, por volta
de 7 a 8 horas por noite), ter boa alimentação (verduras, frutas, cereais, sementes,
castanhas), cultivar bons pensamentos e bom relacionamento com amigos, família
e colegas de trabalho. Estas são algumas alternativas para evitar o ponto máximo
do estresse, que chamamos de estresse crônico e, consecutivamente, Síndrome
de Bournot, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional.

Reflita

Existem vários agentes estressores ocupacionais que são vivenciados


pelos enfermeiros que afetam diretamente o seu bem-estar. Sabe-se que
se esses agentes persistirem, poderão levar à Síndrome de Burnout. Os
agentes estressores ocupacionais para enfermeiros estão relacionados ao
ambiente de trabalho, à atuação profissional, administração de pessoal,
à assistência prestada, ao relacionamento interpessoal, assistência e vida
pessoal. A Síndrome de Burnout pode levar ao aumento do índice de
absenteísmo e ao turnover, ambos podem comprometer a produtividade.
A Lei Orgânica de Saúde também traz informações sobre as questões
de saúde-doença no âmbito profissional. Consulte a Lei nº 8.080/90.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm>.
Acesso em: 07 mar. 2016.

194 População brasileira


U4

SEM MEDO DE ERRAR


Dores musculares e de cabeça, perda de inciativa, alterações de humor e memória,
distúrbios do sono, dificuldade de concentração, falta de apetite e fadiga são características
que podem estar relacionadas com o cansaço físico e emocional. Assim, o ideal é que a
pessoa dê um “basta” para reorganizar sua vida, como, por exemplo, tirar férias, investir em
seus hobbies. No entanto, quando observamos a SP, evidenciamos que Walter tirou férias,
descansou, fora isto, afastou-se por depressão quando perdeu a mãe, neste momento ele
também pôde descansar, organizar as suas ideias. Walter estava sendo acompanhado pela
psicologia e estava bem recuperado, mas, ao voltar ao trabalho, passou a apresentar os
sintomas novamente, e agora de uma forma mais agressiva. O que pode ter acontecido?
É importante que lembremos que a pessoa tende a adoecer mais porque o sistema
imunológico está comprometido. O sistema imunológico é o responsável pelas defesas
do nosso organismo, é composto por uma rede de tecidos, órgãos e células que trabalham
juntos para proteger o corpo. As células envolvidas recebem o nome de leucócitos ou
glóbulos brancos, que vêm em três tipos básicos que se combinam para procurar e destruir
substâncias ou organismos causadores de doenças. Existem três tipos de leucócitos
chamados granulosos: que são os eosinófilos, os neutrófilos e os basófilos; enquanto os
leucócitos agranulosos são divididos em dois tipos: os linfócitos e os monócitos.

Vocabulário

Hobbies: passatempos, ou seja, exercer uma atividade que dê prazer nos


tempos livres (MICHAELIS, 2009).

Proativo: pessoa que trabalha em função de evitar problemas, ou seja, se


antecipa aos problemas (MICHAELIS, 2009).

Área crítica: área na qual existe um risco maior de desenvolvimento de


infecções relacionadas à assistência, pela realização de procedimentos
invasivos, seja pela execução de processos envolvendo artigos críticos ou
material biológico, ou seja, pela presença de pacientes com suscetibilidade
aumentada aos agentes infecciosos ou até mesmo por portadores de
patógenos de importância epidemiológica (MICHAELIS, 2009).

Área restrita: área que deve ser circulada apenas por pessoas autorizadas,
normalmente se utilizam roupas específicas e acessórios como máscaras,
gorros, propés, aventais e botas, conforme normas da unidade, com
técnicas assépticas rigorosas, a fim de diminuir os riscos de infecção
(MICHAELIS, 2009).

Turnover: Palavra inglesa utilizada nos recursos humanos para determinar


a “rotatividade profissional” em termos de admissões e desligamentos em

População brasileira 195


U4

relação ao efetivo médio de uma empresa (determina a taxa média)


(MICHAELIS, 2009).

Absenteísmo: Consiste no ato de se abster de alguma função ou atividade,


no caso do ocupacional significa abster-se do trabalho (MICHAELIS, 2009).

Depois de tudo o que aprendemos juntos e observando mais uma vez a Situação-
Problema, o que está acontecendo com Walter pode estar relacionado com a
sobrecarga de trabalho, o estresse pelo acúmulo de atividades relacionadas a duas
áreas extremamente ligadas, porém muito complexas. A solução mais acertada
seria ter um enfermeiro para o setor de C.C. e outro para a C.M.E. Isto certamente
acabaria diminuindo a carga de trabalho do enfermeiro Walter, fazendo com que
ele consiga ter uma tranquilidade maior para lidar com a situação que enfrenta no
dia a dia em sua rotina de trabalho.

Avançando na prática
Pratique mais
Instrução
Desafiamos você a praticar o que aprendeu transferindo seus conhecimentos para novas situações
que pode encontrar no ambiente de trabalho. Realize as atividades e depois as compare com as de
seus colegas.

“Segurança no trabalho, fator que interfere na qualidade de vida dos trabalhadores”


1. Competência de fundamentos Conhecer a trajetória de Enfermagem e sua emancipação.
de área
Conhecer os sinais e sintomas da Síndrome de Burnout nos
2. Objetivos de aprendizagem profissionais de saúde. Identificar os fatores de estresse.
Diferenciar o estresse da Síndrome de Burnout.
Conceitos sobre Síndrome de Burnout, enfocando a profissão
3. Conteúdos relacionados
de enfermeiro.
O enfermeiro Walter é responsável pelo setor de centro
cirúrgico (C.C.) e há aproximadamente cinco meses assumiu
também a central de material e esterilização (C.M.E.), por
opção. Walter sempre foi um enfermeiro bem disposto,
proativo, com experiência comprovada tanto em C.C. como
na C.M.E. Em outras ocasiões Walter já liderou os dois setores
em conjunto, obtendo um excelente resultado na assistência
e na produtividade. O C.C. e a C.M.E. são áreas complexas,
4. Descrição da SP
consideradas áreas críticas e restritas, que possuem as
particularidades na estrutura física em atendimento às
normatizações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Normalmente, o colaborador que atua nessas áreas só sai do
setor na hora de ir embora, no caso do C.C. também pode sair
quando há a necessidade de transferência de um paciente
grave para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os profissionais
destas áreas devem ter conhecimentos específicos, serem

196 População brasileira


U4

comprometidos, terem atenção concentrada para uma


atuação de qualidade. No entanto, há alguns dias Walter tem se
apresentado pouco comprometido, mal-humorado, disperso,
cansado, irritado, ansioso e com sinais de depressão. Os
colegas têm comentado que Walter diminuiu gradativamente
sua produtividade. Walter já se afastou anteriormente, pois
passou por um quadro de depressão importante ao perder sua
mãe, desde então vem sendo acompanhado por tratamento
psicológico, onde passou a sentir-se melhor. Voltou há
pouco mais de um mês de férias e, além dos sinais que já
apresentava antes das férias, agora tem tido fortes dores de
cabeça, palpitações, dores musculares. Em um determinado
dia Walter recebeu a informação da equipe de cardiologia de
que uma cirurgia seria cancelada, desta forma Walter cedeu
a sala para a equipe da neurocirurgia, no entanto, orientou
a equipe a montar uma sala para realização de uma cirurgia
cardíaca. A equipe da neuro fez uma reclamação junto à
diretoria de enfermagem, alegando não ser a primeira vez que
isto acontecia e que inclusive o enfermeiro tem se apresentado
ao serviço aparentemente embriagado. 1. O que pode estar
acontecendo com Walter? 2. Estaria Walter estressado com
a sobrecarga de dois setores e por este motivo não tem
conseguido se concentrar? 3. O que fazer nesta situação?
1. O que está acontecendo com Walter pode estar relacionado
com a sobrecarga de trabalho, o estresse pelo acúmulo de
atividades relacionadas a duas áreas extremamente ligadas,
porém muito complexas e áreas que, na maioria dos casos,
estão inseridas dentro de um mesmo escopo, mas têm funções
diferenciadas e fluxos diferenciados, portanto deve ter um
enfermeiro específico para cada área. Profissionais que atuam
no CME não devem estar circulando no C.C. e vice-versa, para
assim evitar o risco de contaminação e, consequentemente,
o risco de infecção. 2. De acordo com os sinais e sintomas
apresentados por Walter, o mesmo não está apenas
estressado, o enfermeiro Walter atingiu o ponto máximo do
estresse profissional, pois está claro que o esgotamento já
interferiu diretamente em seus aspectos físicos e emocionais,
evidenciados pelo mal-humor constante, sempre disperso,
cansado, irritado, ansioso, com sinais de depressão, dores
5. Resolução da SP de cabeça, palpitações, dores musculares e, de acordo com
a reclamação da equipe médica, tem apresentado sinais de
embriaguez. 3. Nesta situação não há férias que resolvam o
problema, pois já foi relatado que Walter acabou de retornar
das férias. Uma das ações a serem implementadas realmente
se refere à divisão de responsabilidade em relação ao setor;
outra ação importante é o diagnóstico desta situação, que
deve ser realizado pelo médico do trabalho, contando com o
auxílio da chefia, que de alguma forma percebe a dificuldade
deste profissional que outrora apresentara excelente postura,
dinamismo, responsabilidade, autoridade, enfim, apresentava
características pertinentes a um bom líder. Sendo assim, a
chefia tem um papel fundamental como gestor em perceber
que algo está acontecendo e conhecer fatores que podem
levar à Síndrome de Bournout. Por meio do diagnóstico
médico, o enfermeiro Walter dever ser encaminhado a um
especialista no tema, associado a exames psicológicos, em

População brasileira 197


U4

alguns casos o tratamento poderá incluir o uso de


antidepressivos associados à psicoterapia. É necessário
ainda avaliar o ambiente profissional causador do estresse.
Pensando no C.C. e C.M.E., são setores fechados, críticos,
complexos, talvez mudar de setor? A avaliação em relação
a isto deve ser intensificada. Junto à terapia psicológica e/ou
medicamentosa é aconselhável melhorar a qualidade de vida,
garantir boa saúde física, dormir e alimentar-se bem, prevenir
o estresse, praticar atividades físicas e interesse pela vida social
e manter hobbies, exercícios de relaxamento. Não podemos
esquecer que a compensação justa e adequada, condições
de trabalho, oportunidade de uso e desenvolvimento de
capacidades, identidade da tarefa, significado da tarefa,
autonomia e feedback, relações interpessoais, política de
recursos humanos são fatores fundamentais para a qualidade
de vida no trabalho, tema já estudado na unidade Enfermagem
e Trabalho.

Faça valer a pena!

1. A exaustão emocional, a falta ou carência de energia, entusiasmo ou o


sentimento de esgotamento de recursos são caraterísticas que:
a) Podem levar à despersonalização, à baixa realização profissional,
à forma negativa, sentindo-se infeliz e insatisfeito com seu
desenvolvimento profissional.
b) Podem levar a desafios importantes e que favorecem a qualidade de
vida dos profissionais da saúde.
c)Podem levar à realização de procedimentos adequados e
apresentados pelos próprios colaboradores.
d)Podem ser pressupostos para prover, organizar, coordenar e
controlar os interesses dos profissionais.
e)Podem ser programas de qualidade de vida aplicados e coordenados
pelos próprios profissionais, que são os maiores interessados para
evitar a exaustão.

2. A Síndrome de Burnout pode ser definida como um fenômeno


psicossocial que surge como uma resposta crônica aos estressores
interpessoais no ambiente de trabalho e que pode ser constituída por
três dimensões. Quais são elas?
a)Diagnóstico, planejamento e plano assistencial.

198 População brasileira


U4

b)Exaustão emocional, despersonalização e sentimento de baixa


realização profissional.
c)Despersonalização, baixa realização profissional e qualidade de vida
no trabalho.
d)Depressão, Síndrome do Pânico e tratamento fisioterapêutico.
e)Diagnóstico, tratamento e acompanhamento profissional.

3. A Síndrome de Burnout é considerada uma doença ocupacional,


trata-se de um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de
esgotamento físico e mental intenso, despersonalização caracterizada
por comportamentos negativos e insensíveis. Neste contexto, avalie as
afirmativas a seguir:
I. A Síndrome de Burnout, conhecida também como síndrome do
esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico que tem como
predisponentes o estresse crônico e o estado de tensão emocional
provocados por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas
desgastantes.
II. A Síndrome de Burnout caracteriza-se por diminuição do envolvimento
pessoal no trabalho, despersonalização, euforia e o fato de reviver os
episódios do evento estressor.
III. Existem vários agentes estressores ocupacionais que são vivenciados
pelos enfermeiros que afetam diretamente o seu bem-estar, e, quando
esses agentes persistirem, podem levar à Síndrome de Burnout.
IV. Os estressores ocupacionais para enfermeiros estão relacionados ao
ambiente de trabalho, à atuação profissional, administração de pessoal,
à assistência prestada, ao relacionamento interpessoal, à assistência e à
vida pessoal.

É correto apenas o que se afirma em:


a) II.
b) I, III.
c) I, II.
d) I.
e) I, III, IV.

População brasileira 199


U4

200 População brasileira


U4

Referências

BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a


promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília: Brasil, 1990.
DE OLIVEIRA, J. (Ed.). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em
5 de outubro de 1988. Saraiva, 1996.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Brasil, 1988.
JODAS, D. A.; HADDAD, M. C.L. Síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem
de um pronto-socorro de hospital universitário. Acta paul enferm, 2009. v. 22, n. 2, p.
192-7.
LORENZ, V. R.; BENATTI, M. C. C.; SABINO, M. O. Burnout e estresse em enfermeiros de
um hospital universitário de alta complexidade. Rev. Latino-Am. Enfermagem, 2010. v.
18, n. 6, p. 1084-91.
MENEGHINI, F.; PAZ, A. A.; LAUTERT, L. Fatores ocupacionais associados aos
componentes da Síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem. Texto and
Contexto Enfermagem, 2011. v. 20, n. 2, p. 225.
MICHAELIS. Dicionário de português online. São Paulo: Melhoramentos, 2009. Disponível
em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/>. Acesso em: 15 jun. 2016.

População brasileira 201

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