Modelo de Exploração de Caprinos e Ovinos

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MODELO DE EXPLORAÇÃO DE OVINOS E CAPRINOS PARA AGRICULTORES

FAMILIARES DO SEMI-ÁRIDO POR MEIO DO SISTEMA


AGROSSILVIPASTORIL1

Francisco Mavignier Cavalcante França1; Evandro Vasconcelos Holanda Júnior2; Jaime


Martins de Sousa Neto3
1
Economista, Mestre em Economia Rural, Consultor da EMBRAPA-Caprinos, [email protected];
2
Veterinário, Mestre em Zootecnica, Doutor em Ciência Animal, Pesquisador da EMBRAPA-Caprinos,
[email protected]; 3Engenheiro agrônomo, [email protected];

RESUMO: O estudo mostra a estrutura de custos, receitas e as medidas de resultados daí


decorrentes, bem como os indicadores, obtidos a partir do fluxo de caixa de um modelo
referencial de exploração agrossilvipastoril. Os principais resultados obtidos com o modelo,
construído para viabilizar a sobrevivência digna de um agricultor familiar e assegurar a
sustentabilidade ambiental do bioma Caatinga, foram: área de 50 ha, investimentos totais de
R$ 69,4 mil, 280 animais na estabilização, lucratividade de 22,2%, renda familiar mensal de
R$ 1.419,41, TIR financeira 35,48% e econômica de 52,03%. O VPL econômico foi 29,5%
superior ao financeiro e a relação B/C foi de 1,39, sob a ótica financeira, e 1,59 na econômica.
Os indicadores mostram a viabilidade do negócio, com destaque para a viabilidade
econômica, que se traduz na contribuição dos produtores para com a sociedade, uma vez que
geram um VPL de R$ 81,7 mil e se apropriam de apenas R$ 64,9 mil.

Palavras-chave: Agrossilvipastoril, caprinovinocultura, agricultura familiar.

1. INTRODUÇÃO

O Nordeste sempre se destacou na produção de ovinos e caprinos, sendo o rebanho


caprino correspondente a 93% do efetivo nacional e o ovino por 49%. O crescimento dos
rebanhos de 2003 para 2004 foi de 4,8%, para caprinos, e 3,4% para ovinos, acompanhando o
desempenho da bovinocultura nacional que cresceu 4,6%, (França et al. 2006).
O despertar da demanda por carne de ovinos e caprinos é conseqüência do fortalecimento
do regionalismo, ensejado pela globalização, e pela busca do atendimento dos anseios dos
consumidores (novidade, saúde, tradição), que sempre ansiavam por tais carnes, mas não
havia oferta na quantidade nem no padrão exigido. Para este novo cenário, faz-se necessário
novas abordagens de gestão, sistemas de exploração sustentáveis e indicadores de viabilidade
socioeconômicos e ambientais.
Para se chegar ao tamanho e perfil do sistema de exploração sustentável de ovinos e
caprinos, que viabilize a geração de renda suficiente para a sobrevivência digna da família do
agricultor e não degrade o bioma caatinga, recorreu-se a ARAÚJO FILHO (2006), e a vários
procedimentos metodológicos. Para posicionar o sistema agrossilvipastoril em relação aos
sistemas convencionais de exploração de ovinos e caprinos, recorreu-se a outros resultados
comparáveis obtidos por FRANÇA et al (2006).
O conceito de sistema agrossilvipastoril, adotado neste resumo, consta em ARAÚJO
FILHO (2002), abaixo apresentado:

Os sistemas de produção agroflorestais, agropastoris,


silvipastoris e agrosilvipastoris foram desenvolvidos em resposta às
pressões por produção de alimentos, tanto para a população humana,
1
Pesquisa realizada por meio do PRODETAB-EMBRAPA/IICA, em 2006.
como para os rebanhos e integram a exploração de espécies lenhosas
perenes associadas às culturas e à pastagem a fim de garantir a
estabilidade da produção e elevar a produtividade da terra,
diversificar a produção, melhorar a fertilidade do solo e aumentar a
oferta de folhagens de boa qualidade.

2. ASPECTOS METODOLÓGICOS
2.1. Modelo de análise de custos e receitas
a) Caracterização dos itens de custos

A estrutura de custos e receitas adotada no estudo é a mesma utilizada pelo Instituto de


Economia Agrícola de Secretaria de Agricultura de São Paulo FRANÇA (2006), por serem os
procedimentos mais modernos e compatíveis com o enfoque de agronegócios. Os itens de
custos e receitas adotados foram os a seguir:
• Custo operacional efetivo
• Custo operacional total
• Custo total
Dentre os componentes da estrutura de custos foi dado um tratamento mais
aprofundado aos itens, a seguir, por apresentarem peculiaridades inerentes à atividade rural:
• Capital fixo
• Capital circulante ou custeio
• Depreciação
• Remuneração do capital investido

b) Indicadores de resultados financeiros

Os indicadores de renda - margem bruta, margem líquida e lucro - são utilizados para
análise da eficiência financeira de uso dos fatores de produção. . Justifica-se esses diferentes
indicadores econômicos porque eles têm mais ou menos importância, dependendo da unidade
de tempo em questão. Assim, no curto prazo, o produtor deve estar mais preocupado com a
margem bruta, no médio prazo, com a margem líquida e, no longo prazo, com o lucro.

2.1. Modelo de análise econômico-financeira

Nas análises de empreendimentos econômicos, é desejável se conhecer todos os


indicadores financeiros e econômicos. Cada uma delas utiliza instrumentos próprios, que
permitem a avaliação do projeto por parte dos empreendedores e por parte dos tomadores de
decisões. Os primeiros preocupam-se, primordialmente, com a ótica financeira onde o foco
são as relações entre custos e receitas. Já o segundo, pouco utilizado em análises da natureza
deste estudo, identifica índices relacionados com a ótica econômica, mais abrangente por ter
reflexos na dimensão social.
Pela ótica financeira, são mostrados indicadores que mensuram o nível de atratividade do
projeto para o empreendedor, bem como as condições de sustentabilidade e solvência. Para tanto, são
utilizados os procedimentos:
• Fluxo de Caixa Líquido
• Valor Presente Líquido (VPL)
• Taxa Interna de Retorno (TIR)
• Relação Benefício Custo (B/C).

2
Já pela ótica econômica ou social, procura-se determinar a atratividade do empreendimento para a
sociedade como um todo. Trata-se de avaliar os fluxos de entradas e saídas, levando-se em conta os
custos reais, isto é, sem as distorções dos preços de mercado, introduzidas por intervenções do
governo, tais como bi-tributação, subsídios e outras distorções do sistema de preços.
A transformação dos preços de mercado (financeiros) em preços econômicos
(sociais) é feita a partir da utilização de fatores de conversão, já existentes e aceitos
mundialmente. Os fatores de conversão, para o Brasil, utilizados neste estudo, foram tirados
de PLENA (2005) e são apresentados a seguir:

• Padrão (utilizado para receita) ........................ 0,9522


• Investimentos ..................................................... 0,8134
• Custos agropecuários ............................................... 0,8396

Esta análise será feita aqui por duas razões. Uma, porque o modelo-tipo estudado é
representativo de um grande grupo de ovinocaprinocultores, caracterizando um sub-setor do
agronegócio regional. O outro, em razão de o Banco do Nordeste exigir nos projetos que
demandam financiamento rural e pecuário a análise econômica ou social do pleito, por meio
de seu Sistema de Elaboração e Análise de Projeto-SEAP.
O estudo de sensibilidade, que, de um modo geral, é uma análise de riscos,
apresentará alternativas de viabilidade para variações, para mais e para menos, em
componentes de custos e receitas, em perspectivas probabilisticamente aceitáveis.

3. PRESSUPOSTOS DO MODELO, ÍNDICES ZOOTÉCNICOS E INFORMAÇÕES


ECONÔMICAS

A preocupação com as questões ecológicas, emanadas da Conferência RIO+10, a


importância estratégica das pastagens naturais da Caatinga e a crescente degradação da zona
semi-árida do Nordeste motivaram a EMBRAPA-Caprinos a implementar uma série de
experimentos voltados para a criação, em bases científicas, de um modelo de exploração
agrossilvipastoril para ovinos e caprinos. Os resultados, já comprovados cientificamente,
relacionam-se à manipulação da Caatinga que “consiste em toda e qualquer modificação
induzida pelo homem na cobertura florística de uma área, visando adequá-la ao objetivo da
exploração desejada, seja ela agrícola, pastoril ou madeireira” (Araújo Filho, 2006). O presente
trabalho, por sua vez, contempla a análise financeira e de viabilidade de tal sistema.
A estratégia adotada foi estabelecer, como objetivo do modelo-tipo Agrossilvipastoril,
a geração de um nível renda familiar mensal superior a R$ 1.000,00 e a comparação com os
resultados obtidos com o modelo convencional, apresentado no Anexo 2, para o mesmo plantel
de 280 animais na estabilização. O modelo-tipo convencional, mesmo pressupondo um mínimo
de uso de tecnologias, pode ser considerado insustentável no longo prazo, em função das
formas tradicionais do uso da Caatinga. O modelo-tipo Agrossilvipastoril foi desenhado para
pequenos produtores familiares e testado em assentamentos do INCRA e junto a pequenos
estabelecimentos de produtores sem a chancela governamental.
A partir desses parâmetros e pressupostos, e recorrendo-se aos índices zootécnicos e
às informações econômicas, disponíveis na EMBRAPA, no BNB, em vários outros estudos,
bem como nas entrevistas feitas junto aos produtores e a técnicos da área, montou-se as
planilhas de custos e receitas do modelo em análise. Nos anexos, encontram-se os dados que
alicerçaram a elaboração das estruturas de custos, receitas e dos fluxos de caixa.
As planilha de custos e receitas, construídas para análise do modelo-tipo selecionado,
corresponde ao ano 4 do fluxo financeiro de 10 e coincide com o ano de estabilização do
negócio.

3
A escolha dos preços de compra de animais, insumos, serviços e os de venda da
produção foi feita por representarem uma média do que foi verificado no 2º semestre de 2005.
As vendas dos produtos como carne, leite, esterco e outros são isentos de impostos e de taxas
de comercialização, por serem vendidos na porteira da fazenda.
A estrutura de custos e receitas adotada é representativa de um nível tecnológico
razoável, superior à média geral e vigente hoje, porém, compatível com o perfil socioeconômico
e cultural dos agricultores familiares. Dois fatores são marcantes no modelo-tipo estudado, um
é a utilização de pastos nativos e manipulados e o outro é a utilização da família como supridora
da mão-de-obra. No sistema agrossilvipastoril, 55,3% do suporte forrageiro é suprido pela
vegetação de Caatinga e 100% da mão-de-obra requerida é suprida pela família do criador.
Um outro pressuposto básico adotado, é o fato do modelo preconizar a pré-existência
de uma estrutura mínima para produção pecuária, composta de terra nua, cercas, moradia e
infra-estrutura hídrica. O complemento da estrutura do estabelecimento, para a exploração de
pequenos animais, é feito por meio de novos investimentos, viabilizado com o aporte de
recursos próprios ou de financiamentos bancários.

4. ANÁLISE FINANCEIRA DOS RESULTADOS OBTIDOS PARA O MODELO-TIPO


“PRODUÇÃO DE CARNE DE OVINOS E CAPRINOS NO SISTEMA
AGROSSILVIPASTORIL”

O foco da análise será a Tabela 1, a seguir, que insere ou se baseia em informações


contidas na Tabela 2 e nos anexos 1 e 5. Os experimentos que balizaram a construção deste
sistema estão localizados no Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, representando a realidade da
caprinovinocultura, praticadas na caatinga nordestina.
A atividade principal do modelo é a recria e engorda de caprinos e ovinos para
produção de carne, com uma proporção de 30% de caprinos e 60% de ovinos. Dentro do que
preconiza o modelo, foi introduzida a apicultura fixa, cuja produção de mel representa 8% da
receita bruta. Além da receita com a venda de animais e do mel de abelha, computou-se,
também, a receita direta e indireta com outros benefícios que o modelo proporciona, são
eles: venda do excedente de esterco, apropriação de um décimo do valor da variação
patrimonial, decorrente do aumento do rebanho com a estabilização, idem para a valorização
da terra nua, venda do milho excedente, valor do auto-consumo familiar e venda de madeira,
originária da manipulação da caatinga e, um valor menor, decorrente do manejo sustentável
da caatinga da área de reserva legal, devidamente regulamentada pelo IBAMA.
O preço da carne adotado foi uma média de R$ 2,20 para o quilo do animal vivo. Em
função da suplementação, produzida na propriedade, que é ofertada aos animais na fase de
engorda, é possível vendê-los com 8 meses de idade e peso de 25 kg. Caso se consiga vender
os animais, a partir de uma programação prévia e com um diferencial de qualidade, em
função da tenra idade e da forma como são criados (sistema ecológico), é possível obter
preços de até R$ 2,50, fato obtido em algumas zonas de produção da Bahia.
A propósito do sistema agrossilvipastoril e do diferencial socioecológico dos produtos
gerados por ele, GUIMARÃES FILHO (2004), assevera que:

A valorização dos produtos locais é, no contexto da


globalização, o grande instrumento estratégico para alcançar os
objetivos principais de preservar os recursos da caatinga e assegurar,
ao mesmo tempo, o bem-estar das populações que nela vivem e dela
dependem. Produtos diferenciados, a partir da incorporação de uma
identidade territorial e cultural, constituem uma alternativa de grande
potencial no Semi-Árido. É simplesmente uma questão de um pouco

4
mais de esforço em conhecer melhor o que temos e do que dispomos,
de conhecer e reconhecer os conhecimentos locais, associando-os a
partir daí, ao conhecimento científico necessário a plena expressão do
potencial do bioma.

Dentre os itens que compõem o custo operacional efetivo, pode-se destacar apenas o
item “Manutenção do banco de proteínas/milho”, que representa 26,9% do total, por ser o
item mais relevante na concepção do modelo. O custo médio operacional por animal do
plantel é de 12,13 contra R$ 13,61, do modelo convencional. Por seu turno, o custo
operacional efetivo representa 15,2% da receita total, enquanto no modelo testemunha tal
percentual é de 22,02, ficando o percentual restante do custo total representado pela mão-de-
obra familiar, depreciação e remuneração do capital investido.
Os valores das medidas de resultados mostram a viabilidade da exploração a partir do
modelo tecnológico estabelecido uma vez que a margem líquida anual alcançou o valor de
R$ 6.832,96, representando uma lucratividade de 22,2%, quando no modelo convencional a
lucratividade foi de 18,5%. Esses dados mostram o lucro supernormal que o empreendimento
obteve ao atingir o valor de R$ 4.972,96. Tal valor é o prêmio pela decisão do produtor
investir na ovinocaprinocultura que, além de cobrir a remuneração do capital investido de R$
1.860,00, obteve lucro, que poderá ser utilizado para amortização de empréstimos realizados,
ou expansão da atividade e/ou melhoria no padrão de vida da família.
O retorno dos investimentos, no valor de R$ 47.900,00, dar-se-á em 10,2 anos e, caso
tais investimentos tenham sido tomados no BNB-FNE, com o prazo de 10 anos, com
encargos igual a zero, por ser pequeno produtor localizado no semi-árido nordestino, o
reembolso seria de R$ 4.790,00/ano, comprometendo 70,1% da margem líquida, que é uma
situação razoável para o produtor, por não comprometer o valor da remuneração da mão-de-
obra familiar, porém, os bancos públicos não financiariam integralmente tal empreendimento
pois exigem um máximo de 60% de comprometimento da capacidade de pagamento ou
margem líquida. Nesse caso, o produtor teria que aportar, no projeto de financiamento,
recursos próprios, para viabilizar o orçamento do projeto.
A renda disponível familiar mensal que é composta pela margem líquida e pela
remuneração da mão-de-obra familiar é de R$ 1.419,41, sem considerar o pagamento do
empréstimo bancário e, R$ 1.020,25, considerando esse desembolso.
O conteúdo da Tabela 2, refere-se aos investimentos totais necessários para o modelo-
tipo em análise. Estabeleceu-se, como pressuposto, e por ser o padrão no Nordeste do Brasil
que o produtor já possui uma infra-estrutura básica para o empreendimento, composta de terra
nua e algumas benfeitorias que, no caso do sistema agrosilvipastoril, totaliza um valor de
cerca de R$ 21.500,00. O baixo valor dos investimentos pré-existentes é decorrência direta
da pequena área de terra nua, de apenas 50 ha, quando no modelo-tipo convencional, chega a
193 ha.

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Tabela 1 - Demonstrativo de Custos, Receitas e Medidas de Resultado do Modelo-Tipo
“Produção de Carne de Ovinos e Caprinos no Sistema Agrosilvipastoril”
Especificação Total da Atividade (R$)
Renda Bruta (RB)/Benefícios 22.395,00
Venda de animais descartados 1.700,00
Venda de machos/fêmeas jovens 9.845,00
Venda de milho excedente 1.750,00
Venda de mel “in natura” 1.800,00
Valor da madeira extraída 1.060,00
Valor do autoconsumo familiar 900,00
Variação Patrimonial – aumento do rebanho 260,00
Variação patrimonial - valorização da terra nua 2.110,00
Valor do esterco produzido 2.970,00
Custo de Produção
Manutenção da caatinga manipulada(*) 0,00
Manutenção do banco de proteínas/milho(*) 915,00
Sal mineral 73,54
Medicamentos/assistência veterinária 499,40
Energia/combustível 800,00
Conservação/manutenção 310,00
Manejo das colméias e outros custos 600,00
Outros Custos 200,00
Custo Operacional Efetivo (COE) 3.398,04
Mão-de-obra familiar 10.200,00
Depreciação 1.964,00
Custo Operacional Total (COT) 15.562,04
Remuneração do capital investido 1.860,00
Custo Total (CT) 17.422,04
Medidas de resultado
Margem Bruta (RB – COE) 18.996,96
Margem Líquida (RB - COT) 6.832,96
Lucro Líquido (RB - CT) 4.972,96
Lucratividade (%) 22,20
Recuperação do Investimento (Anos) 10,2
Margem Líquida Mensal Média – R$ 569,41
Renda Familiar Mensal – R$ 1.419,41
(*) Excluído o custo com mão-de-obra que se insere no item mão-de-obra familiar.

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Tabela 2 - Composição dos Investimentos do Modelo-Tipo “Produção de Carne de Ovinos
Caprinos no Sistema Agrossilvipastoril”
Investimentos Pré-Existentes Valor do Investimento – R$
Terra Nua (50 há) 7.500,00
Cercas 3.000,00
Infra-estrutura hídrica/ponto d`água 5.000,00
Moradia 6.000,00
Sub-Total 21.500,00
Novos Investimentos
Animais 8.400,00
Aprisco rústico/instalações 4.500,00
Raleamento da Caatinga(*) 15.000,00
Enriquecimento de Caatinga(*) 5.100,00
Implantação de banco de proteínas/milho 2.400,00
30 colméias instaladas 2.100,00
Cercas internas 6.000,00
Forrageira 700,00
Meio de transporte 3.500,00
Pequenos Equipamentos para Manejo 200,00
Sub-Total 47.900,00
Total dos Investimentos 69.400,00

Os novos investimentos necessários à viabilização do modelo-tipo, em tela, seguem os


parâmetros técnicos e de custos/receitas, estabelecidos pelo Banco do Nordeste, e nos
resultados obtidos nos experimentos da EMBRAPA-Caprinos. O valor dos novos
investimentos é de R$ 47.900,00 que, somados aos investimentos pré-existentes, chega-se a
um capital empatado de R$ 69.400,00. Tal perfil patrimonial está compatível com o pequeno
produtor rural e muito acima do perfil do pronafiano. Referido empreendimento seria
implantado numa área mínima de 50 ha, com um rebanho total de 280 cabeças. Do total do
efetivo, as matrizes somam apenas 87 cabeças.

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS A PARTIR DOS FLUXOS LÍQUIDOS


DE CAIXA FINANCEIRO PARA O MODELO-TIPO: AGROSSILVIPASTORIL

O fluxo de caixa financeiro do modelo-tipo foi construído com base nos mesmos
pressupostos e procedimentos adotados para obtenção dos resultados contidos na Tabela 1,
sendo que os valores dessa tabela correspondem ao ano 4 do fluxo de caixa, apresentado no
Anexo 3.
Para o melhor entendimento da contribuição que os indicadores, fornecidos por meio
destes procedimentos, darão ao investidor, três aspectos merecem esclarecimentos, são eles:

o fluxo analisado neste item é financeiro, enfocando a ótica privada ou


microeconômica do empreendimento;
o valor da remuneração da mão-de-obra, que é 100% familiar é computada
tanto na linha dos custos como na das receitas, tendo em vista que não se
caracteriza como uma saída de recursos do âmbito do estabelecimento. Caso
houvesse custo com mão-de-obra contratada, tal valor figuraria apenas na
linha dos custos.

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A Tabela 3 apresenta os indicadores de um fluxo de caixa base, que é o
padrão adotado neste estudo, e, a partir dessa situação, são feitas quatro
simulações de provável ocorrência.

A partir da Tabela 3, constata-se que a situação base apresenta bons indicadores para a
modalidade de atividade econômica, ou seja, TIR = 35,48% e relação benefício/custo = 1,39,
quando a metade da magnitude destes indicadores já seria uma situação confortável. Saliente-
se que a taxa mínima de atratividade é de 6% e que, se a TIR fosse igual a esse percentual, o
investidor seria indiferente quanto à opção de investir na ovinocaprinocultura ou na caderneta
de poupança. Como a TIR foi de 35,48%, fica patente o acerto na decisão de investir na
ovinocaprinocultura pelos excelentes retornos oferecidos.
Em todas as quatro simulações, orientadas para aumentos nos custos ou nas receitas,
decorrentes de eventos diversos, a TIR oscilou entre 17,11 e 39,7%, caracterizando a robustez
da viabilidade financeira desse modelo-tipo.

Tabela 3 - Indicadores da Análise Financeira do Fluxo Líquido de Caixa do Modelo-Tipo


Agrossilvipastoril” - Análise de Sensibilidade
Situação Base e Simulações TIR (%) VPL (R$) Relação B/C
Situação Base 35,48 64.911,62 1,39
50% da mão-de-obra é contratada 17,11 25.122,99 1,15
Aumento de 20% nas receitas com a venda dos
animais por ter características ecológicas(certificação 39,70 77.964,46 1,47
de origem ou produto orgânico)
Acréscimo nos custos de produção com os serviços da
31,73 60.871,20 1,36
dívida para a realização dos investimentos (8,75%)
Substituição da taxa de remuneração de 6% para 12% 35,48 41.689,38 1,29

6. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS RESULTADOS FINANCEIROS E


ECONÔMICOS OBTIDOS A PARTIR DOS FLUXOS LÍQUIDOS DE CAIXA

A Tabela 4 apresentada, a seguir, faz um comparativo entre os resultados obtidos, a


partir do fluxo líquido de caixa financeiro e social/econômico, para os Modelos-Tipo
“Produção de Carne do Ovinos e Caprinos no Sistema Agrossilvipastoril” e “Produção de
Carne de Ovinos e Caprinos no Sistema Convencional”, apresentado em FRANÇA et al.
(2006).
Como a análise do fluxo de caixa líquido é feita, neste item, sob o ótica econômica ou
social, considerou-se que os modelos-tipo, em análise, são representativos de um grande
contingente de caprinovinocultores, ou seja, a análise é feita numa perspectiva
macroeconômica.
Nos dois fluxos, as receitas, os investimentos e os custos são transformados de
financeiros em econômicos, por meio da utilização de fatores de conversão utilizados por
todos os analistas econômicos e apresentadas nos Anexos 3 e 4. A partir desse procedimento,
os valores do fluxo líquido de caixa aumentaram, gerando novos indicadores de resultado. A
Tabela 4, a seguir, apresenta um comparativo dos indicadores financeiros e econômicos para
os dois modelos focados neste estudo.
Inicialmente, a análise será feita a partir da comparação dos resultados entre os
modelos-tipo Agrossilvipastoril e Convencional. Portanto, para os mesmos parâmetros
básicos de cada modelo, a TIR do sistema agrossilvipastoril (financeira) é de 35,48%, contra

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apenas 23,67% no sistema convencional. Tal diferença assevera que o sistema ecológico de
exploração é mais rentável e sustentável a longo prazo.
Como apresentado na Tabela 4, a TIR do modelo-tipo Agrossilvipastoril foi de
35,48%, na ótica financeira, e 52,03%, na ótica econômica ou social. Essa situação significa
que a diferença entre as duas taxas é a contribuição que os produtores de carne de ovinos e
caprinos dão à sociedade. Em outras palavras, os ovinocaprinocultores, no sistema
agrossilvipastoril, geram um valor presente líquido anual de R$ 81.722,08, mas só se
apropriam de R$ 64.911,62, ficando a diferença de R$ 16.810,46 com a sociedade, na forma
de bi-tributação, transferências, câmbio desvirtuado e outras distorções no sistema de preços.
Imagine-se o volume de recursos que são transferidos dos produtores para a sociedade
ao se multiplicar esta diferença pelo número total de estabelecimentos. A mesma linha de
raciocínio poderá ser feita para o modelo-tipo da produção de carne no sistema convencional.
Cabe destacar apenas que um produtor familiar de carne de ovinos/caprinos transfere para a
sociedade, aproximadamente, 29,5% de sua renda gerada anualmente.
Segundo FRANÇA et al. (2006), a inferência que se pode tirar desses indicadores é
que os caprinovinocultores nordestinos estão transferindo vultosos recursos para a sociedade,
razão pela qual podem e devem reivindicar do Governo maior apoio à atividade, por meio de
políticas públicas relacionadas à pesquisa, difusão, assistência técnica, crédito barato,
promoção, marketing, sistemas de informações, capacitação e outras ações necessárias à
sustentabilidade da caprinovinocultora nordestina.

Tabela 4 - Comparativo dos Indicadores da Análise Econômica e Financeira dos Modelos-


Tipo “Produção de Carne de Ovinos e Caprinos no Sistema Agrossilvipastoril” e
“Produção de Carne Ovina e Caprina por Agricultores Familiares Convencionais”
Modelo-tipo – Modelo-Tipo - Produção de
Indicador Agrossilvipastoril Carne Convencional
Financeiro Econômico Financeiro Econômico
Taxa Interna de Retorno 35,48 52,03 23,67 35,17

Valor Presente Líquido a 6% ( R$) 64.911,62 81.722,08 35.689,19 49.650,62

Relação Benefício/Custo 1,39 1,59 1,27 1,45

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A viabilidade, demonstrada neste trabalho, das explorações de ovinos e caprinos com a


adoção dos sistema agrossilvipastoril e praticadas por agricultores familiares está
alicerçada nos fatores a seguir:
• ausência de encargos sociais sobre a utilização de mão-de-obra familiar;
• ausência de impostos e custos de comercialização da produção vendida;
• baixo custo da alimentação animal, em função da riqueza qualitativa e
quantitativa da pastagem nativa (caatinga) manipulada;
• baixo custo da terra nua, por representar um terço da área requerida pelo
sistema tradicional
• valorização patrimonial em função dos ganhos ecológicos, da ausência de
queimadas, da cobertura morta e do enriquecimento do solo;
• baixo custo da infra-estrutura hídrica, por ser de pequeno porte e por ter
apoio governamental;

9
• baixo custo do crédito rural, especialmente do BNB-FNE, que para
pequeno produtor os encargos reais, juntamente com o bônus de
adimplência, tornam os encargos iguais a zero;
• baixo custo com a administração da propriedade, por ser pequena e
facilmente administrado pelo seu proprietário, que também exerce o papel
de trabalhador rural.

A título de recomendações para a modernização da atividade, para sua inserção na


cadeia produtiva e para a gestão sustentável, sugere-se:
• organização empresarial e gestão sustentável dos processos produtivos;
• sensibilizar e capacitar o agricultor familiar para os novos paradigmas
decorrentes do enfoque de agronegócio e da agricultura sustentável;
• prestação de assistência técnica, dentro dos requisitos de uma moderna
atividade pecuária e focada em produção integrada e ecologicamente
sustentável;
• criação de mecanismos que viabilizem o acesso dos agricultores familiares a
novos financiamentos, por meio da sensibilização dos pecuaristas que temem a
tomada de empréstimos e solucionar as pendências daqueles que estão
inadimplentes ou impedidos por falta de garantias;
• buscar diferenciação dos produtos vendidos, por meio de selos orgânico e/ou
de origem;
• condicionar todo e qualquer apoio institucional ou parceria com os agentes
produtivos, desde que garantam qualidade e regularidade na oferta dos
produtos da ovinocaprinocultura.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS

ARAÚJO FILHO, J. A. Manipulação da vegetação nativa da Caatinga com fins pastoris. In:
Teller de metodologias “Manejo de la vegetación nativa para la produción de ruminantes
menores em lãs zonas áridas de Latino América”. Fortaleza-ce: EMBRAPA/ICARD,
2006.
ARAÚJO FILHO, J. A. Agrossilvicultura para regiões semi-áridas. Sobral: EMBRAPA-
Caprinos, 2002.
ARAÚJO FILHO, J. A. Manipulação da vegetação lenhosa da caatinga para fins postoris..
Sobral, EMBRAPA-Caprinos, 1992. (circular técnica nº 11)
BNB. Sistema de elaboração e análise de projetos(SEAP): ovinocaprinocultura. Fortaleza,
versão 2004.
BNB. Suporte forregeiro: dados técnicos. Fortaleza, 2001.
FRANÇA, F. M. C., MARTINS, E. C., HOLANDA JUNIOR, E. V. & SOUSA NETO, J.
Indicadores de viabilidade financeira e econômica de sistemas de exploração de ovinos e
caprinos no Nordeste do Brasil. Embrapa-Caprinos: 2006. (no prelo).
FRANÇA, F. MAVIGNIER C. Semi-árido brasileiro: caracterização e estratégias de
desenvolvimento rural. Brasília, Anais do Congresso da SOBER, 1992.
GUIMARÃES FILHO, C. A caprinovinocultura como instrumento de fortalecimento do
agricultor de base familiar do Semi-Árido, In: Seminário da Caprinocultura e
Ovinocultura Brasileiras, 4. Sobral, Ce: Embrapa/Sebrae/CNPq, 2004. CD-ROM.
MEDEIROS, A. N. de. Caprinocultura de corte no nordeste brasileiro. UFPB: João Pessoa,
1999. www.capritec.com.br/art18.htm.

10
PLENA. Projeto Jacaré-Curituba: análise econômico-financeira. Plena Consultoria de
Engenharia, Belo Horizonte, 2005.
WANDER, A. E. et alii. Proposta de modelos físicos de produção de carne e peles de
caprinos/ovinos e de leite de cabra para o Estado do Ceará. Embrapa-Caprinos, Sobral-
CE, 2003.

9. AN EXOS

ANEXO 1 – Indicadores Técnicos, Zootécnicos e Econômicos para o Modelo-Tipo


“Produção de Carne de Ovinos e Caprinos no Sistema Agrossilvipostoril”

a) Capacidade de Suporte
Item Hectares Unidade Animal
Caatinga raleada 25,0 7,0
Caatinga enriquecida 6,0 4,5
Cultura de milho/banco de
proteínas 5,0(*) 7,5
Restolho de milho - 1,8
Reserva Legal(caatinga nativa) 10,0 -
Área com benfeitorias e sem uso 4,0 -
Total da Área 50,0 20,8
(*) 60% da produção do milho é vendido na forma de grãos.
b) Receita/Benefícios na Estabilização - R$ c) Animais na Estabilização
Item Item Categoria Quantidade
Descarte de matrizes 1.700,00 Reprodutor 2
Desfrute de machos/fêmeas
jovens 9.845,00 Matriz 87
Venda do excedente de milho
Venda de mel de abelha “in 1.750,00 Crias 182
natura” 1.800,00
Valor da madeira extraída 1.060,00 Fêmea Jovem 17
Valor do auto-consumo familiar 900,00 Total 280
Variação Patrimonial – aumento Suporte forrageiro
do rebanho 260,00 requerido 18,4
Variação patrimonial – valorização Suplementação p/
da terra nua 2.110,00 acab. de cordeiros 2,4
Valor do esterco produzido 2.970,00 Suporte forrageiro total 20,8
Total da Receita 22.395,00

d) Índices Zootécnicos
Especificações Ano 1 Ano 2 Ano 3
Partos/ano 1,2 1,3 1,5
Nascidos/parto 1,0 1,4 1,6
Matrizes/reprodutor 35:01 35:01 35:01
Taxa de reposição --- 20% 20%
Mortalidade 0-1- ano 5% 5% 5%
Mortalidade mais de l ano 1% 1% 1%

11
Anexo 2 - Comparativo entre os Resultados Obtidos para os Modelos-Tipo Agrossilvipastoril
e Convencional(*)

Modelo-tipo Modelo-Tipo
Resultados Obtidos Agrossilvipastoril Convencional*
Carne Carne
Rebanho na estabilização – cab 280 280
Área total mínima do estabelecimento – ha 50 193
Valorização da terra nua 281% 0%
Investimento total – R$ 69.400,00 80.418,00
Investimentos novos – R$ 47.900,00 30.068,00
Custo com mão-de-obra – R$ 10.200,00 8.100,00
Lucratividade - % 22,20 18,50
Recuperação dos investimentos novos 10 anos + de 10 anos
Lucro líquido anual – R$ 4.972,96 368,84
Margem líquida mensal – R$ 569,41 267,07
Renda disponível familiar mensal – R$ 1.419,41 942,07
TIR financeira - % 35,48 23,67
TIR econômica - % 52,03 35,17
Relação benefício custo/financeiro 1,39 1,27
(*) Com a adoção de tecnologias mínimas recomendadas pela EMBRAPA-Caprinos.
Fonte: FRANÇA et al. (2006).

Anexo 3 - Fluxo de Caixa Financeiro do Modelo-Tipo "Produção de Carne de Caprinos e


Ovinos no Sistema Agrossilvipastoril" - Situação Base

Especificação Unidade Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10

Receita/Benefícios 18.925 18.475 45.385 32.125 29.825 29.525 29.525 29.525 29.825 37.925
Venda de animais
descartadas Verba 1.300,00 1.700,00 2.000,00 1.700,00 1.700,00 1.700,00 2.000,00 1.700,00

Venda de M/F Jovens Kg 1.980,00 5.005,00 9.845,00 9.845,00 9.845,00 9.845,00 9.845,00 9.845,00 9.845,00

Venda de milho excedente Saca 1.750,00 1.750,00 1.750,00 1.750,00 1.750,00 1.750,00 1.750,00 1.750,00 1.750,00 1.750,00

Venda de mel in natura Litro 1.800,00 1.800,00 1.800,00 1.800,00 1.800,00 1.800,00 1.800,00 1.800,00 1.800,00

Venda de madeira Estéreo 6.975,00 360,00 360,00 360,00 360,00 360,00 360,00 360,00 360,00 360,00
Valor do autoconsumo
familiar Verba 900,00 900,00 900,00 900,00 900,00 900,00 900,00 900,00 900,00

Venda de esterco T 1.485,00 2.970,00 2.970,00 2.970,00 2.970,00 2.970,00 2.970,00 2.970,00 2.970,00

Remuner. da mão-de-obra Verba 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00

Variação patrimonial - reb. Verba 2.600,00


Variação patrimonial/terra
nua Verba 21.100,00

Receita de desinvestimento Verba 8.400,00

Custo Total 51.474,00 23.963,00 15.563,00 15.563,00 16.163,00 15.563,00 15.563,00 15.563,00 16.163,00 15.563,00

Investimentos 37.400,00 8.400,00 0,00 0,00 600,00 0,00 0,00 0,00 600,00 0,00

Matrizes Cab 7.800,00

Reprodutores Cab 600,00 600,00 600,00

Aprisco Verba 4.500,00

Raleamento da Caatinga Há 15.000,00


Enriquecimento da
Caatinga Há 5.100,00

12
Implant. De banco de
proteínas/milho 1 há 2.400,00

Cercas internas Verba 6.000,00

Forrageira Ud 700,00

Meio de transporte Verba 3.500,00

Pequenos Equip. p/ Manejo Verba 200,00

Custos de Produção 14.074,00 15.563,00 15.563,00 15.563,00 15.563,00 15.563,00 15.563,00 15.563,00 15.563,00 15.563,00

Produção de alimentos Verba 915,00 915,00 915,00 915,00 915,00 915,00 915,00 915,00 915,00

Sal mineral Verba 74,00 74,00 74,00 74,00 74,00 74,00 74,00 74,00 74,00

Medicamentos Verba 500,00 500,00 500,00 500,00 500,00 500,00 500,00 500,00 500,00

Energia/combustível Verba 800,00 800,00 800,00 800,00 800,00 800,00 800,00 800,00 800,00 800,00

Conservação/manutenção Kg 310,00 310,00 310,00 310,00 310,00 310,00 310,00 310,00 310,00 310,00

Depreciação Verba 1.964,00 1.964,00 1.964,00 1.964,00 1.964,00 1.964,00 1.964,00 1.964,00 1.964,00 1.964,00

Manejo de colméia Verba 600,00 600,00 600,00 600,00 600,00 600,00 600,00 600,00 600,00 600,00

Outros custos Verba 200,00 200,00 200,00 200,00 200,00 200,00 200,00 200,00 200,00 200,00

Remuneração da mão-de-
obra Verba 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00 10.200,00

Fluxo Líquido -32.549 -5.488 29.822 16.562 13.662 13.962 13.962 13.962 13.662 22.362

Anexo 4 - Fluxo de Caixa Econômico/Social do Modelo-Tipo "Produção de Carne de


Caprina e Ovinos no Sistema Agrossilvipastoril"

Fator de Ano
Especificação Conversão Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 10
Receita/Benefícios 0,9522 18.020 17.592 43.216 30.589 28.399 28.114 28.114 28.114 28.399 36.112

Custo Total 42.238 19.899 13.067 13.067 13.555 13.067 13.067 13.067 13.555 13.067

Investimentos 0,8134 30.421 6.833 0 0 488 0 0 0 488 0

Custos de
Produção 0,8396 11.817 13.067 13.067 13.067 13.067 13.067 13.067 13.067 13.067 13.067

-
Fluxo Líquido 24.217 -2.307 30.149 17.523 14.845 15.047 15.047 15.047 14.845 23.045

13
Anexo 5 – Caracterização e Formação dos Valores dos Itens de Custos e Receitas Utilizados
no Modelo-Tipo “Produção de Carne de Ovinos e Caprinos no Sistema
Agrossilvipastoril”

Itens de Custo,
Investimento e Discriminação
Receita
Aquisição e venda de Compra: Matriz R$ 120,00
animais Reprodutor: R$ 300,00
Venda: Matriz descartada R$ 100,00
Reprodutor descartado R$ 150,00
Crias de 25 kg com 8 meses
Preço do quilo vivo: R$ 2,20.
Venda de milho Na concepção do sistema agrossilvipastoril, estima-se que 60% da produção de grãos de
excedente milho seja destinado ao mercado. Considerou-se uma produtividade média de 1.250 kg/há e
o preço da saca de 60 kg R$ 25,00.
Valor da madeira Foi considerado a extração de 50 estéreos de madeira comercializável por hectare
extraída manipulado. Considerou-se o valor de R$ 4,50/estéreo para uma área de caatinga
manipulada de 31 há no ano I. Anualmente, o sistema incorpora o manejo sustentável de
10% da área da reserva legal conforme regulamentação do IBAMA. A partir deste manejo
é gerado 80 estéreos de madeira que é equivalente a R$ 360,00 por ano.
Venda de mel “in Correspondente a 1.200 litros/ano vendidos ao preço de R$ 1,50. O mel é vendido “in
natura” natura” para a associação/comprador que fará o beneficiamento (centrifugação, filtragem,
decantação e engarrafamento) e a venda final do mel.
Valor do auto- O valor do auto-consumo familiar corresponde ao uso pela família do produtor de parte da
consumo familiar produção de: milho, lenha, mel, além do abate de alguns animais e de leite de cabra para
consumo doméstico.
Variação patrimonialNo quarto ano do fluxo de caixa foi contabilizado como receita o valor de R$ 2.600,00
correspondente ao acréscimo de matrizes ao plantel de animais decorrente da estabilização
do rebanho. Da mesma forma, foi considerado o valor de R$ 21.100,00, correspondente aos
investimentos com a manipulação da caatinga, como variação patrimonial positiva do sobre
o valor da terra nua.
Venda de esterco Considerou-se que um animal adulto produz cerca de 600 kg de esterco/ano. Como,
normalmente, é recolhido em torno da metade da produção para uso racional (auto-consumo
e venda), o valor encontrado foi obtido a partir dos resultados da evolução do rebanho. O
preço médio da tonelada é, em média, de R$ 60,00.
Manipulação da Para o raleamento da Caatinga adotou-se o custo de R$ 600,00/ha e para o
caatinga raleamento/enriquecimento o valor do investimento considerado foi de R$ 850,00/ha.
Implantação da cul- O valor adotado de R$ 480,00 o hectare foi obtido a partir dos resultados alcançados nos
tura do milho/banco vários experimentos da EMBRAPA-Caprinos.
de proteínas
Manutenção da cul- Replantio do milho/manutenção do banco de proteínas: R$ 350,00/ha. Deste valor, mais
tura do milho/banco de 50% é custo de mão-de-obra.
de proteínas
Considerou-se que os caprinos consomem, em média, oito gramas de sal mineral por dia. Já
Sal mineral os ovinos consomem, em média, dezesseis gramas de sal mineral por dia. Considerou-se o
preço do sal mineral a R$ 0,30/kg.
Vermifugação R$ 1,00 (2-4 vezes/ano)
Medicamentos Vacina Raiva R$ 0,55 (uma dose/ano)
Vacina Polivalente R$ 0,80 (uma dose/ano)
Verba de R$ 50,00/ano para outros gastos com medicamentos.
Energia R$ 276,00/ano (R$ 23,00/mês)
Energia/combustível Combustível R$ 524,00/ano (gasolina/gás colocados na moto/carro).
A energia e o combustível contabilizados aqui se destinam à forrageira e às instalações
utilizadas na produção.
Nesse item contempla-se o ITR e a compra de algum insumo ou equipamento que vier a

14
Outros custos faltar.
Conservação e O BNB adota 2,5% do valor do bem como sendo destinado para sua conservação e
manutenção manutenção, para qualquer tipo de empreendimento. Adotou-se 1% do valor do
bem(máquinas, equipamentos e instalações), pois se trata de pequenos agricultores rurais.
Mão-de-obra familiar 2,0 homem/ano, sendo um gerente/proprietário a R$ 500,00/mês e um trabalhador rural a
R$ 350,00/mês.
Depreciação Neste trabalho foi utilizado o método de depreciação linear, onde é considerado o valor do
bem novo subtraído o valor residual e dividido pela vida útil do referido bem.
Aprisco (infra- O valor estabelecido foi de R$ 4.500,00, pois se trata de uma estrutura rústica, feita com
estrutura de manejo) materiais da propriedade. Conta-se com saleiros, cochos, esterqueira e bebedores, além da
estrutura básica.
Colméias 30 colméias instaladas e povoadas ao preço unitário de R$ 70,00.
Manejo das colméias Despesas com aluguel de equipamentos para coleta, com assistência técnica e compra de
materiais.
Remuneração do Utilizou-se o percentual de 6% do valor dos investimentos em infra-estrutura e
capital investido equipamentos por tratar de pequeno agricultor. O parâmetro é a remuneração real da
caderneta de poupança.
Terra nua O preço médio do hectare de terra nua foi de R$ 150,00. (no semi-árido nordestino).
Moradia Estimou-se o preço da propriedade de R$ 12.000,00, sendo que, destes, apenas 50% são
utilizados na produção, ou seja, R$ 6.000,00.
Cercas Estimou-se o valor de R$ 6.000,00 como investimento em cercas novas(divisões internas).
No investimento pré-existente, considerou-se que as cercas perimetrais já tinham 5 anos de
uso e seu valor foi estimado em R$ 3.000,00.
Infra-estrutura hídrica Consiste em cacimbões, poços ou barreiros com vida útil de 25 anos. Seu valor foi estimado
em R$ 5.000,00 por contar com subsídios do Governo.
Meio de transporte Estabeleceu-se que o produtor tenha um meio de transporte (moto ou carro) que é usado
tanto para fins pessoais como para apoio ao estabelecimento.
Forrageira Utiliza-se para preparação da alimentação dos animais (capim, sorgo, milho, etc).
Pequenos equipa- Abrange burdizzo, facão, baldes, ferro para descorna, descascador etc.
mentos para manejo

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