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Abordagens da farmácia estética no tratamento da alopecia


androgenética

Maria Isabel da SILVA1


Cristiane Soncino SILVA2
Resumo: O aumento do mercado de beleza e estética no país tem levado os profissionais da área da saúde a se especializarem
em procedimentos estéticos avançados. Tendo em vista esse avanço, o Conselho Federal de Farmácia emitiu duas resoluções,
em 2013 e 2015, que regulamentam a atuação do farmacêutico na Saúde Estética e a possibilidade de assumir responsabilidade
técnica por estabelecimentos de estética. Sob essa nova perspectiva de atuação do farmacêutico, vislumbramos um campo
pouco explorado da saúde estética, relacionado aos tratamentos das disfunções capilares. Os objetivos deste trabalho foram
caracterizar a alopecia androgenética como disfunção estética, e realizar um levantamento dos tratamentos usando os
seguintes recursos estéticos: laser de baixa intensidade, microagulhamento, carboxiterapia e mesoterapia/intradermoterapia.
Os estudos foram obtidos a partir de acessos de domínio público: portal BIREME, LILACS, MEDLINE/PubMed e SciELO.
A alopecia androgenética pode ser caracterizada como a perda de cabelo, que ocorre com maior frequência em homens do que
em mulheres. São vários fatores envolvidos sendo que o processo de queda dos cabelos, em ambos os sexos, inicia-se pelo
afinamento dos fios, devido à diminuição progressiva do folículo piloso, influenciada pela ação da di-hidrotestosterona, que
atua em receptores androgênicos presentes nos folículos. Os tratamentos para alopecia androgenética usando laser de baixa
potência, tem sido descrito por vários autores, utilizando-se vários comprimentos de onda e diferentes tipos de equipamentos.
Na alopecia, o microagulhamento estimula o bulbo piloso em repouso a voltar a produzir pelos, em razão da liberação de
fatores de crescimento derivados de plaquetas, da ativação de células-tronco no bulbo capilar, além da ativação de genes
responsáveis pelo crescimento dos cabelos. Com relação ao tratamento de alopecia com o uso de carboxiterapia, a literatura
apresenta um protocolo de tratamento em que foram feitas sessões foram feitas associadas à intradermoterapia e tratamento
domiciliar com cosméticos. Quanto à mesoterapia, existem bons resultados com o uso de finasterida, dutasterida, Minoxidil,
dexapantenol, biotina e plasma rico em plaquetas. Ao longo deste trabalho observamos que o campo dos tratamentos estéticos
para a alopecia androgenética ainda é pouco explorado e carente de estudos controlados para a verificação da eficácia de
cada método. Os estudos tratam do uso de uma ou no máximo duas técnicas, abrindo a possibilidade para a associação de
várias abordagens na criação de protocolos de tratamento, podendo levar a resultados eficazes, duradouros e, principalmente,
à satisfação do paciente.

Palavras-chave: Alopecia. Laserterapia. Microagulhamento. Carboxiterapia. Mesoterapia.

1
Maria Isabel da Silva. Pós-Doutora em Imunogenética Molecular pela Universidade de Marselha. Doutora em Genética pela Universidade de São Paulo
(USP). Mestre em Fármacos e Medicamentos pela mesma instituição. Especialista em Farmácia Estética pela Faculdade de Tecnologia em Saúde (EURP).
E-mail: <[email protected]>.
2
Cristiane Soncino Silva. Doutora em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo
(USP). Aprimoramento em Exploração Funcional Pulmonar (HCFMRP – USP). Especialista em Gestão da Clínica no SUS pelo Instituto Sírio-Libanês de
Ensino e Pesquisa. Graduada em Fisioterapia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). E-mail: <[email protected]>.

Saúde, Batatais, v. 6, n. 2, p. 73-82, jul./dez. 2017


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Approaches to aesthetic pharmacy in the treatment of androgenetic


alopecia

Maria Isabel da SILVA


Cristiane Soncino SILVA
Abstract: The increase in the beauty and esthetics market in the country has led health professionals to specialize in advanced
aesthetic procedures. In view of this progress, the Federal Council of Pharmacy issued two resolutions in 2013 and 2015 that
regulate the pharmacist’s role in aesthetic health and take on technical responsibility for aesthetic establishments. Under this
new perspective of the Pharmacist’s performance we envisage an unexplored field of aesthetic health that are the treatments
of capillary dysfunctions. The aims of this study were to characterize androgenetic alopecia as aesthetic dysfunction, and
perform a survey of treatments using the following aesthetic features: Low Intensity Laser, Microneedling, Carboxitherapy
and Mesotherapy/Intradermotherapy. The studies were obtained from public domain accesses: portals BIREME, LILACS,
MEDLINE / PubMed and SciELO. Androgenetic alopecia can be characterized as hair loss, which occurs more often in
men than in women. There are several factors involved, being that the process of hair loss in both sexes begins with the
thinning of the hair, due to the progressive reduction of the hair follicle, influenced by the action of dihydrotestosterone
that acts on androgen receptors present in the follicles. The treatment of androgenetic alopecia, in both men and women,
using low power laser, has been described by several authors using various wavelengths and different types of equipment.
In alopecia, the microneedle stimulates the resting hair bulb to re-produce hair by releasing growth factors derived from
platelets, activating stem cells in the hair bulb and activating genes responsible for hair growth. Regarding the treatment
of alopecia with the use of carboxytherapy the literature presents a protocol of treatment where the sessions were done
associated with intradermotherapy and home treatment with cosmetics. As for mesotherapy, there are good results with the
use of finasteride, dutasteride, minoxidil, dexapantenol, biotin and platelet rich plasma. Throughout this work we observed
that the field of aesthetic treatments for androgenetic alopecia is still little explored and lacked controlled studies to verify
the effectiveness of each method. The studies address the use of one or at most two techniques, opening the possibility for the
association of several approaches in the creation of treatment protocols leading to effective, long lasting results and mainly
patient satisfaction.

Keywords: Alopecia. Lasertherapy. Microneedling. Carboxytherapy. Mesotherapy.

Saúde, Batatais, v. 6, n. 2, p. 73-82, jul./dez. 2017


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1.  INTRODUÇÃO

O aumento da preocupação das pessoas com a vaidade e a estética corporal vem marcando o cres-
cimento do mercado de estética no país. No Brasil, os procedimentos estéticos cirúrgicos e não cirúrgi-
cos em 2009 foram mais de 2,5 milhões (STREHLAU; CLARO; LABAN NETO, 2015). Diante desse
mercado em franco crescimento, a Farmácia Estética tornou-se uma especialidade do farmacêutico,
regulamentada pelo Conselho Federal de Farmácia por meio da Resolução 573, 24/05/2013, e da Reso-
lução 616, 25/11/2015. Essas resoluções definem as atribuições do farmacêutico para exercer a saúde
estética, assumir responsabilidade técnica por estabelecimentos de estética, assim como os recursos te-
rapêuticos e a qualificação técnica necessários para exercer tal função (BRASIL, 2013; BRASIL 2015).
As atribuições do farmacêutico dentro da Saúde Estética compreendem as seguintes técnicas e re-
cursos terapêuticos: avaliação, definição dos procedimentos e estratégias, acompanhamento e evolução
estética; cosmetoterapia; eletroterapia; iontoforese; laserterapia; luz intensa pulsada; peelings químicos
e mecânicos; radiofrequência estética; sonoforese (ultrassom estético); preenchimentos dérmicos; toxi-
na botulínica; carboxiterapia; intradermoterapia/mesoterapia; agulhamento e microagulhamento estéti-
co e criolipólise.
Dentro dessa nova perspectiva da profissão farmacêutica, vislumbramos um campo de atuação
bastante interessante e pouco explorado dentro da Saúde Estética: os tratamentos de disfunções capila-
res.
De acordo com Pereira et al. (2016), a prevalência de doenças capilares na população brasileira
é alta; existem inúmeras doenças tricológicas descritas na literatura e que, em muitos casos, envolvem
necessariamente o acompanhamento de um dermatologista ou tricologista. Entretanto, a maioria das
pessoas não recorre a um dermatologista, mas sim a farmacêuticos, esteticistas e cabelereiros para usar
recursos alternativos que melhorem os aspectos inestéticos dessas alterações. Essas doenças afetam
demasiadamente a autoestima do paciente de ambos os sexos, sendo que as mulheres se sentem mais
desconfortáveis que os homens frente a problemas capilares (PEREIRA et al., 2016; RAJPUT, 2010).
O desgaste psicológico e social, o estresse e a depressão devido à queda de cabelo são vistos em 46%
dos pacientes, sendo que, atualmente, são procurados tratamentos cada vez mais cedo, logo no início do
aparecimento dos sintomas, com grandes expectativas de melhora (RAJPUT, 2010).
No âmbito da Farmácia Estética, algumas dessas disfunções capilares podem ser tratadas por meio
de recursos tecnológicos e procedimentos estéticos, permitidos pelas resoluções citadas acima, o que
resulta numa melhor qualidade de vida e melhora da autoestima dos pacientes.
Os objetivos deste trabalho foram caracterizar a alopecia androgenética como disfunção estética e
realizar um levantamento dos tratamentos usando os seguintes recursos estéticos: laser de baixa intensi-
dade, microagulhamento, carboxiterapia e mesoterapia/intradermoterapia. Ressaltamos que todos esses
recursos estão disponíveis aos farmacêuticos estetas.
Os estudos foram obtidos a partir de acessos de domínio público: portal BIREME (Centro Latino
Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde), que incluiu busca nas bases e portais da
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), National Library of Medici-
ne/NLM (MEDLINE/ PubMed), The Cochrane Library e Scientific Eletronic Library Online, (SciELO).
Publicações citadas como referências nos artigos selecionados foram incluídas neste trabalho.
Os descritores da saúde utilizados na busca, com auxílio de conectores booleanos, foram: alope-
cia, alopecia androgenética, laser, laserterapia, terapia com luz de baixa intensidade, fototerapia, micro-
agulhamento, mesoterapia, intradermoterapia e carboxiterapia. A busca em bases de língua inglesa foi
realizada com os seguintes termos do Medical Subject Heading (MeSH): alopecia, androgenetic alope-
cia, hair loss, androgenetic alopecia, laser, microneedling. carboxitherapy e mesotherapy.

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2.  DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO

Alopecia androgenética

A alopecia androgenética pode ser caracterizada como a perda de cabelo, que ocorre com maior
frequência em homens do que em mulheres. Os autores relatam que são vários os fatores envolvidos
nesse processo, entre os quais podemos citar: componente hereditário, presença de androgênios, pro-
cessos inflamatórios locais ou sistêmicos, uso de medicamentos, fatores ambientais, fatores hormonais,
estresse físico ou emocional, síndrome metabólica, obesidade, tabagismo, deficiência de ferro e idade
(PEREIRA et al., 2016; MC ELWEE; SHAPIRO, 2012).
A calvície em homens tem sido descrita desde a Antiguidade, com os primeiros registros feitos
por Hipócrates em 400 a.C. (RAMOS; MIOT, 2015). Estima-se que, por volta dos 30 anos, aproxima-
damente, 30% dos homens caucasianos apresentem sinais de alopecia androgenética, e, aos 50 anos, em
torno de 50% sejam afetados por ela. O número de fios diminui em torno de 5% ao ano. Em homens
afrodescendentes, essa prevalência é quatro vezes menor (MULINARI-BRENNER; SOARES, 2009).
Em mulheres, a alopecia androgenética é também conhecida como calvície feminina ou queda
de cabelo hormonal difusa. É determinada geneticamente, influenciada pelos hormônios androgênicos,
podendo atingir em torno de 30% das mulheres caucasianas por volta dos 50 anos de idade. Situações
nas quais ocorrem alterações hormonais como a gravidez e a menopausa podem desencadear a alopecia
androgenética. Esse problema afeta muito a autoestima e a qualidade de vida das mulheres. Além disso,
percebe-se que, nos últimos anos, ocorreu um aumento de mulheres afetadas, fato que pode estar rela-
cionado ao estresse da vida moderna (MACHADO et al., 2007; LEVY; EMER, 2013).
De acordo com Pereira et al. (2016), a alopecia androgenética pode ser classificada em três tipos
de padrões: clássico, difuso e misto. O padrão clássico, chamado de padrão masculino ou hipocrático, é
característico de homens, ocorrendo queda de cabelos nas regiões temporais (“entradas”) e no vértice e
retração na região frontal, evoluindo para a perda de cabelos em toda a região do alto do couro cabeludo.
Esse padrão acomete em torno de 53,3% dos homens afetados por alopecia. O padrão difuso é caracte-
rístico de mulheres, e a perda dos cabelos ocorre nas regiões parietais, frontal e vértice. Com raras exce-
ções, as regiões temporais ou todo o couro cabeludo podem estar envolvidos. Esse padrão é encontrado
em 96,5% das mulheres afetadas e em 38,1% dos homens. O padrão misto apresenta uma mistura dos
dois padrões, acometendo 9,6% de homens e 3,5% de mulheres.
O processo de queda dos cabelos, em qualquer um dos padrões descritos, inicia-se pelo afinamen-
to dos fios, devido à diminuição progressiva do folículo piloso, influenciada pela ação da di-hidrotestos-
terona, que atua em receptores androgênicos presentes nos folículos. O precursor da di-hidrotestosterona
nos homens é a testosterona e nas mulheres é a dehidro-epiandrosterona e outros androgênios mais fra-
cos. A testosterona é convertida em di-hidrotestosterona pela enzima 5-alfa-redutase tipo 2, encontrada
nos folículos pilosos. A ligação da di-hidrotestosterona aos receptores dos folículos leva ao aumento da
produção de mediadores inflamatórios que induzem à senescência dérmica das células da papila e ao
afinamento do pelo. A densidade dos receptores androgênicos no couro cabeludo varia de acordo com
a região e o sexo, por isso os padrões de queda são diferentes para homens e mulheres. O afinamento
pode ser mais ou menos acentuado em cada paciente, sendo que, em idade mais avançada, fica mais
evidente. Após algum tempo de afinamento, o paciente começa a perceber a diminuição da densidade
capilar, sendo possível, em alguns casos, a mudança da cor (descoloração) e da estrutura dos cabelos,
que se tornam ásperos, denominados pelos pacientes como “crespos” ou “alvoroçados”. Pacientes com
alopecia androgenética podem apresentar dermatite seborreica e oleosidade no couro cabeludo ao longo
da evolução do quadro (PEREIRA et al., 2016; JIMENEZ et al., 2014; MC ELWEE; SHAPIRO, 2012;
AVCI et al., 2014).

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3.  ABORDAGENS DA FARMÁCIA ESTÉTICA NO TRATAMENTO DA ALOPECIA


ANDROGENÉTICA

Terapia com laser de baixa potência

O tratamento de alopecia androgenética, tanto em homens quanto em mulheres, usando laser de


baixa potência tem sido descrito por vários autores, tendo sido utilizados vários comprimentos de onda
e diferentes tipos de equipamentos (LANZAFAME et al., 2014; MC ELWEE; SHAPIRO, 2012; MUN-
CK; GAVAZZONI; TRUEB, 2014).
O laser de baixa potência submete as células ou os tecidos a níveis baixos de luz vermelha e/ou
infravermelha próxima, em densidades de energia que são baixas em comparação com outras formas de
terapia a laser que são usadas para ablação, corte e coagulação térmica do tecido. A terapia com laser de
baixa potência também pode ser conhecida como fotobiomodulação ou terapia de “laser frio”, porque
as densidades de potência utilizadas são inferiores às necessárias para produzir aquecimento de tecido.
O mecanismo pelo qual o crescimento dos pelos ocorre após a estimulação pelo laser pode estar
relacionado ao fato de que a baixa potência da luz é capaz de estimular o bulbo capilar e não causar ter-
mólise. Esse calor pode ser suficiente para causar a estimulação do crescimento e da diferenciação das
células-tronco foliculares, além da produção de fatores que induzem à angiogênese folicular e ao ciclo
celular (AVCI et al., 2014). Os comprimentos de onda indicam que de 630 nm a 670 nm é a faixa ideal
para os tratamentos de alopecia androgenética (MUNCK; GAVAZZONI; TRUEB, 2014; TIN; WIWA-
NITKIT, 2014).
Durante a estimulação com laser de baixa potência, ocorre o aumento da produção de adenosina
trifosfato (ATP), a modulação de espécies reativas de oxigênio (ROS) e a indução de fatores de transcri-
ção nas células tratadas. O cromóforo envolvido é a citocromo C oxidase, estimulada pela luz visível e
pelo infravermelho próximo. As mitocôndrias também são estimuladas pelo laser e aumentam a veloci-
dade de transporte de elétrons na cadeia respiratória. Os autores acreditam que o laser de baixa potência
desloca óxido nítrico da citocromo C oxidase, o que permite um influxo de oxigênio, que se ligará a essa
enzima levando à produção de ATP e de espécies reativas de oxigênio no processo respiratório celular.
Esses efeitos, por sua vez, levam ao aumento da proliferação celular, à modulação nos níveis de citoci-
nas, ao aumento dos fatores de crescimento e dos mediadores inflamatórios e à oxigenação dos tecidos,
resultando em reversão de folículos dormentes para folículos em crescimento (MUNCK; GAVAZZONI;
TRUEB, 2014, AVCI et al., 2014).
O uso de laser de baixa potência parece ser mais eficaz em pacientes no início ou fase intermedi-
ária do aparecimento da alopecia. Isso ocorre porque a fotobiostimulação efetiva depende de um míni-
mo de fios de cabelo a serem estimulados e um máximo de pelos para o feixe de laser atingir o couro
cabeludo sem absorção ou interferência dos cabelos já existentes (MUNCK; GAVAZZONI; TRUEB,
2014). De forma geral, os estudos demonstram que esse tipo de tratamento é seguro tanto para homens
quanto para mulheres. A partir de avaliação subjetiva, os pacientes relatam melhoras significativas no
crescimento geral do cabelo, diminuição da perda de cabelo, pelos mais espessos, melhor saúde do couro
cabeludo e brilho do cabelo após o tratamento com laser de baixa potência (AVCI et al., 2014; MUNCK;
GAVAZZONI; TRUEB, 2014; LANZAFAME et al., 2014).
Inicialmente, acreditava-se que a terapia com laser de baixa potência exigia o uso de luz laser co-
erente, mas, recentemente, os diodos emissores de luz (LEDs) têm sido propostos como uma alternativa
mais barata aos equipamentos de laser. Há muito debate sobre se as duas fontes de luz diferem em seus
efeitos clínicos e ainda não se chegou a um consenso definitivo (LANZAFAME et al., 2014).

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Microagulhamento

A técnica de microagulhamento tem se demonstrado uma importante ferramenta para o tratamento


de disfunções estéticas como cicatrizes de acne, melasmas, estrias, rejuvenescimento facial, lipodistrofia
ginoide e estimulação do crescimento capilar (DODDABALLAPUR, 2009; LIMA; SOUZA; GRIG-
NOLLI, 2015). O equipamento é constituído por um rolo de polietileno, recoberto com microgulhas de
aço inoxidável cirúrgico estéreis. O posicionamento das agulhas ao longo do rolo é em fileiras, poden-
do totalizar entre 192 e 540 agulhas por rolo, sendo que seu comprimento varia de 0,25 mm a 2,5 mm
(SINGH; YADAV, 2016).
O objetivo desta técnica é estimular a formação de colágeno a partir da perfuração da pele pelas
microagulhas. O microagulhamento leva à formação de um processo inflamatório e, por consequência,
ao processo de reparo e cicatrização tecidual. Durante essas etapas, ocorre a liberação de fatores que
estimulam o crescimento celular e citocinas que aumentam a irrigação sanguínea do tecido tratado. Os
fibroblastos são estimulados e ocorre a formação de colágeno durante o processo de cicatrização, o que
leva à melhora do aspecto da pele tratada (SERRANO et al., 2015; SINGH; YADAV, 2016). Outra carac-
terística do microagulhamento é potencializar a absorção de ativos cosméticos através dos canalículos
formados na pele, depositando-os diretamente na derme, promovendo um incremento nos resultados
(KIM et al., 2016; SINGH; YADAV, 2016). Esses microcanais se fecham dez minutos após o procedi-
mento, mantendo a barreira da pele intacta. Isso garante a segurança do método, pois evita a ocorrência
de infecções pós-tratamento (SERRANO et al., 2015).
No caso da alopecia, o microagulhamento estimula o bulbo piloso em repouso a voltar a produzir
pelos. Tal fato se dá em razão da liberação de fatores de crescimento derivados de plaquetas, da ativação
de células-tronco no bulbo capilar e da ativação de genes responsáveis pelo crescimento dos cabelos
(SERRANO et al., 2015; DHURAT; MATHAPATI, 2013; KIM et al., 2016).
Dhurat e Mathapati (2013) realizaram um experimento para tratar alopecia androgenética em que
um grupo de homens foi tratado com sessões de microagulhamento e loção de Minoxidil a 5% e outro
grupo foi tratado somente com loção de Minoxidil a 5%. Os resultados demonstraram que o grupo que
recebeu o microagulhamento associado ao Minoxidil teve crescimento dos cabelos, aumento no número
de pelos, fatores percebidos macroscopicamente por pacientes e pesquisadores. O experimento teve
duração de 12 semanas, e, após 8 meses do término, os pacientes foram questionados e relataram que
os efeitos foram sustentáveis até aquele momento. Em outro trabalho, Dhurat e Mathapati (2015) rela-
taram o uso de microagulhamento em quatro pacientes que já usavam Minoxidil e finasterida por mais
de 2 anos, sem progressão da alopecia, mas também sem crescimento de cabelos. Esses pacientes foram
tratados com sessões de microagulhamento por seis meses e continuaram com sua terapia habitual de
finasterida e Minoxidil. Todos apresentaram melhora no crescimento e na densidade dos cabelos, sendo
os resultados sustentados até 18 meses após o tratamento.

Carboxiterapia

A carboxiterapia consiste na aplicação de gás carbônico (CO2) no organismo com finalidades te-
rapêuticas. A administração pode ser feita na forma de banhos em água acrescida de gás carbônico ou
através de injeção hipodérmica (CARVALHO; ERAZO; VIANA, 2010; ERAZO; VITERI; STRONG,
2010). Os usos da carboxiterapia com finalidade estética vêm se difundindo atualmente principalmente
para tratamento de gordura localizada, celulite (lipodistrofia ginoide), estrias, flacidez, rejuvenescimen-
to facial, terapia capilar entre outros (ERAZO; VITERI; STRONG, 2010; FERREIRA et al., 2012; LEE,
2010).
Os efeitos da administração subcutânea do gás carbônico podem ser observados farmacológica e
mecanicamente (CARVALHO; ERAZO; VIANA, 2010; ERAZO; VITERI; STRONG, 2010). A ação
farmacológica sobre o tecido tratado ocorre pela vasodilatação local, aumento do fluxo vascular e au-
mento da pressão parcial de oxigênio. A afinidade da hemoglobina pelo oxigênio diminui, o que dispo-
nibiliza uma maior quantidade deste para os tecidos (hiperoxigenação). Além disso, ocorre aumento da

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drenagem linfática e sanguínea e da lipólise (CARVALHO; ERAZO; VIANA, 2010; ERAZO; VITERI;
STRONG, 2010; FERREIRA, et al. 2012). A administração subcutânea do gás carbônico provoca um
descolamento da pele no local da aplicação. Esse descolamento não provoca traumas vasculares ou ner-
vosos, apenas a ocupação do espaço pelo gás, que gera uma ação sobre o tecido suficiente para provocar
o processo de cicatrização, remodelando o tecido tratado. A associação desses dois efeitos, além do fato
do baixo risco de complicações e da ocorrência de cicatrizes inestéticas, é o que torna a carboxiterapia
tão atrativa (CARVALHO; ERAZO; VIANA, 2010; ERAZO; VITERI; STRONG, 2010).
Com relação ao tratamento de alopecia com o uso de carboxiterapia, a literatura não apresenta
muitos estudos. Erazo, Viteri e Strong (2010) descrevem um protocolo de tratamento em que foram
feitas sessões de carboxiterapia associada à intradermoterapia e tratamento domiciliar com cosméticos.
Os autores usaram uma técnica de aplicação do gás carbônico em dois planos: superficial e profundo.
No plano superficial, a aplicação é feita desde a região posterior até a anterior da cabeça, com sessões
semanais, quinzenais ou mensais, dependendo do tipo e grau de alopecia. No plano profundo, a aplica-
ção é feita somente em dois pontos profundos no couro cabeludo, um anterior e outro posterior na linha
mediana. Esse plano é realizado uma vez com repetição a cada três meses, para fazer o descolamento
profundo da pele. De acordo com os autores, essa técnica permite o aumento da vascularização do couro
cabeludo, facilitando a penetração dos ativos e estimulando os bulbos pilosos. Os resultados demons-
traram aumento no crescimento capilar após a quarta ou quinta sessão, além de fortalecimento do fio de
cabelo (ERAZO; VITERI; STRONG, 2010).

Mesoterapia/Intradermoterapia

Mesoterapia ou intradermoterapia é a técnica de aplicação de substâncias farmacologicamente ati-


vas, altamente diluídas, por via intradérmica ou subcutânea superficial. O termo mesoterapia deriva do
fato de os tecidos atingidos pelas aplicações serem de origem mesodérmica. A aplicação deve ser feita
através de múltiplas punturas, com profundidade máxima de 4 mm, com intervalos entre si de 1 a 2 cm,
e volumes de 0,1 a 0,2 mL (SIVAGNANM, 2010; HERREROS; MORAES; VELHO, 2011; KONDA;
TAPPA, 2013; UZEL, 2013).
O mecanismo de ação da mesoterapia ainda não está completamente elucidado. Os autores relatam
que a derme funciona como um sistema de liberação lenta de drogas e que as microdoses levam à dis-
tensão dos tecidos e à estimulação de receptores cutâneos e subcutâneos. Posteriormente, as substâncias
atingem a circulação sanguínea maior e podem atingir outros órgãos. Essa hipótese de mecanismo de
ação levou ao desenvolvimento do conceito “interface meso”, que preconiza que quanto mais fragmen-
tada a substância injetada (maior número de punturas com menor quantidade possível), maior será o
número de receptores dérmicos ativados, o que leva a um melhor resultado (SIVAGNANM, 2010; HER-
REROS; MORAES; VELHO, 2011). A mesoterapia foi primeiramente usada para tratar dores articula-
res, doenças musculoesqueléticas e tendinites. Recentemente, começaram a surgir tratamentos usando
essa técnica para disfunções estéticas como gordura localizada, fibroedema geloide, rejuvenescimento
cutâneo, estrias, cicatrizes de acne e alopecia. Todos os autores relatam que existem poucos trabalhos
que comprovem cientificamente a eficácia da técnica (SIVAGNANM, 2010; HERREROS; MORAES;
VELHO, 2011; UZEL, 2013).
No caso da alopecia androgenética, os trabalhos relatam que a mesoterapia tem bons resultados
com o uso de finasterida, dutasterida, Minoxidil, dexapantenol, biotina e plasma rico em plaquetas (SI-
VAGNANM, 2010; KONDA; TAPPA 2013). Apenas dois estudos controlados e randomizados demons-
traram a eficácia da mesoterapia capilar para o tratamento da alopecia androgenética feminina, com uso
de solução de Minoxidil 2% (AZAM; MORSI, 2010) e de dutasterida 0,5 mg (MOFTA et al., 2013). As
complicações relacionadas a esse método são as contaminações locais por bactérias, reações adversas
aos medicamentos administrados, reações alérgicas, problemas de hiperpigmentação, necrose local e
alopecia secundária (CHASE, 2005; UZEL, 2013; DUQUE-ESTRADA et al., 2009).

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4.  CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho, pudemos observar que o campo dos tratamentos estéticos para a alopecia
androgenética ainda é pouco explorado e carente de estudos controlados para verificação da eficácia
de cada método. Além disso, observamos que, de forma geral, os estudos tratam do uso de uma ou, no
máximo, duas técnicas, abrindo a possibilidade para a associação de várias abordagens na criação de
protocolos de tratamento, o que pode levar a resultados eficazes, duradouros e, principalmente, à satis-
fação do paciente.
Sobre o ponto de vista da atuação do farmacêutico esteta, existem outras possibilidades de trata-
mento de alopecia, não exploradas neste trabalho, tais como indicação para uso de cosméticos, indica-
ção de medicamentos com princípios ativos específicos e personalizados, indicação de nutracêuticos e
repositores de minerais que podem ser adjuvantes na terapia capilar. Essas atribuições são de âmbito da
profissão farmacêutica.
Finalmente, gostaríamos de ressaltar que, embora existam todos esses recursos disponíveis, deve-
mos considerar que por trás da disfunção capilar existe uma pessoa, cujo bem-estar e qualidade de vida
deve ser nosso alvo principal, e como tal deve ser valorizada como ser humano em nossos atendimentos.

REFERÊNCIAS

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AZAM, M. H.; MORSI, H. M. Comparative study between 2% minoxidil topical spray vs. intradermal injection (mesotherapy)
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Online Journal, v. 6, n. 2, dec. 2010. Disponível em: <http://www.edoj.org.eg/vol006/0602/005/01.htm>. Acesso em: 17 abr.
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Data do recebimento: 16/10/2017.


Data de aprovação: 05/12/2017.

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