Dificuldades de Leitura
Dificuldades de Leitura
Dificuldades de Leitura
Resumo
A presente pesquisa teve como objetivo abordar as implicaes das habilidades
de conscincia fonolgica, em especial as rimas e aliteraes, no processo de
construo da leitura e da escrita em alunos com deficincia intelectual atendidos na
APAE de Pitanga, PR. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, baseada em
levantamento bibliogrfico e de campo. Foi utilizada a interveno pedaggica como
metodologia de pesquisa, sendo coletados e analisados dados referentes a participao
dos alunos nas sesses, resultados obtidos nas atividades e aplicao de testes.
Concluiu-se que as atividades metalinguistas so estratgias importantes para a
construo da leitura e escrita de alunos com deficincia intelectual
Abstract
This study had as purpose approach the implications of phonological awareness,
especially rhyme and alliteration, in the construction process of reading and writing in
students with intellectual disabilities treated at APAE Pitanga PR. This is a qualitative
approach research, based on literature studies and field. It was used the pedagogical
intervention as research methodology, being collected and analyzed results on students
participation in the sessions, results obtained in the activities and application of tests. It
was concluded that the metalinguistics activities are important strategies for building
reading and writing of students with intellectual disabilities.
Introduo
A escolha pelas rimas e aliteraes se deu pelo fato de que quase todas as
crianas nesta faixa etria, gostarem de brincar e sentirem-se atradas pela sonoridade
das palavras, utilizando-se de modo inconsciente as rimas presentes nos ditos populares,
nas quadrinhas, nas msicas infantis, nas parlendas, nos versinhos Batatinha quando
nasce..., etc.
Outro fator importante a destacar que segundo Piaget, a criana nesta faixa
etria est no perodo operatrio concreto, onde est realizando simbolizaes, aspecto
amplamente trabalhado quando se lida com os significantes que so a expresso da
simbolizao, pois os significantes so smbolos que representam algo, no caso o
significado = o objeto descrito em si.
Cabe aqui, ressaltar que crianas com dficit intelectual no fazem parte desse
mundo imaginrio por no estabelecer essa relao com os significantes e no
interagirem com o meio de modo claro e objetivo devido s suas dificuldades de
comunicao e expresso dificultando assim a simbolizao, que imprescindvel
construo da leitura e escrita.
Sendo que os mtodos analticos partem do texto, (do todo) para as partes, o que
dificulta ao aluno a apropriao do cdigo escrito em meio a tantos estmulos
proporcionados pelo texto, tornando difcil a seleo daquilo que se quer aprender,
dificultando a ateno e concentrao em aspectos pertinentes a codificao e
decodificao, processos esses indispensveis construo da leitura e escrita.
FUNDAMENTAO TERICA
Se mostrarmos para a criana, nesta fase, a figura de uma tartaruga e de uma vaca
e mandarmos que esta criana faa a associao entre os desenhos e seus respectivos
nomes com certeza ela associar o objeto maior com o nome maior.
Toda vez que um esquema no for suficiente para responder a uma situao e
resolver um problema, surge a necessidade do esquema modificar em funo da
situao. Exemplo: Para um beb aprender a chupar um canudinho diferente da
mamadeira, deve haver uma acomodao do esquema de chupar.
Terceiro Estgio: Operaes Concretas dos sete aos onze, doze anos de idade.
REVERSIBILIDADE
-Sim!
Atravs deste exemplo fica clara a dificuldade que as crianas nesta fase tm em
compreender a reversibilidade das relaes e pr em lugar de outrem, uma caracterstica
que pode ser em virtude do seu total egocentrismo que tambm influncia no
aprimoramento do raciocnio lgico-matemtico.
Frente a um texto escrito, o leitor faz a discriminao visual das letras, slabas e
palavras e as relacionam com seus respectivos sons (fonemas). Parte do modelo
estruturalista da linguagem, privilegiando a leitura como um processo de codificao e
decodificao.
A anlise desses dois modelos nos deixa claro a fragilidade dos dois processos,
conforme o exposto acima, ambas as abordagens so deficitrias. Em virtude da
fragilidade e da deficincia nas duas abordagens j se pensa numa estratgia que abranja
os modelos ascendentes e descendentes numa abordagem dialtica que se denomina
modelo interativo proposto por Stanovich, 1980; Meurer, 1985; Rito, 1999, e outros.
Segundo o modelo interativo, o bom leitor aquele indivduo que faz uso das duas
estratgias de leitura com a finalidade de dar sentido e significado ao texto lido.
Segundo MORTON (1989), FRITH (1985) a criana faz uso de trs rotas de leitura
para tornar-se um leitor proficiente. Cabe ao professor observar qual rota seu aluno usa e
porque a usa. Com base nesta fundamentao este poder fazer suas mediaes e
alcanar xito nesta rdua tarefa com um referencial terico fundamentado em teorias e
estudiosos do assunto que se destacaram neste assunto.
A rota logogrfica a primeira estratgia de leitura que a criana utiliza para fazer
sua insero no mundo da leitura utilizando-se de pistas no alfabticas como cor, forma,
fundo, contexto, ambiente fazendo uso dos esquemas idiossincrticos para o
reconhecimento das palavras.
Como o prprio nome j diz logogrfica (logogens), nesta fase importante que o
professor oferea ao aluno um ambiente visual estimulante com desenhos, logotipos,
logomarcas, propagandas, rtulos. Neste perodo a palavra tratada como um todo, um
desenho, e a substituio de uma letra pode no ser percebida pela criana.
A leitura processa - se de maneira icnica e ideogrfica. Neste estgio, a criana
faz o reconhecimento visual global de algumas palavras comuns encontradas com grande
freqncia como seu prprio nome e o nome de seus colegas, comidas, refrigerantes.
A manuteno dessa estratgia exige muito da memria visual, o que levaria a uma
srie crescente de erros grosseiros como troca de letras e palavras (paralexia) por isso a
necessidade das intervenes para que o indivduo evolua para a rota fonolgica ou
alfabtica dependendo da terminologia empregada (CAPOVILLA e CAPOVILLA, 2004).
Quando a criana chega fase ortogrfica esta faz uso consciente da rota lexical,
isto indcio de que este aluno tornou-se um leitor proficiente, mas isso no quer dizer
que este no faa mais uso das outras duas rotas (logogrfica e fonolgica) dependendo
de sua necessidade no momento e do contexto no qual est inserido o texto a ser lido.
Para aprender a ler e escrever a criana precisa ter acesso ao lxico de sua lngua
e necessrio ainda que a criana seja capaz de realizar correspondncia entre os
fonemas (sons da lngua) e os grafemas (letras que representam os sons). Muitos
estudos tm sido realizados, com o objetivo de observar a relevncia das habilidades
metalingsticas de crianas em diferentes fases do desenvolvimento.
2 Saber que cada letra representa um som, embora o casamento entre letra
e fonema no seja monogmico.
5 Unidade sentena.
Estas capacidades esto em consonncia com o mtodo fnico de alfabetizao,
que objeto desse estudo e sua importncia para o aperfeioamento do trabalho com
alunos com necessidades educacionais especiais.
Bradley e Bryan (1983) apud Schoen Feira, 2004, demonstram que o treinamento
da habilidade e de segmentar fonemas acelera a aquisio da leitura da escrita.
Metodologia
Este trabalho foi construdo dentro da Proposta de Pesquisa Qualitativa, o qual foi
embasado em uma investigao bibliogrfica e uma pesquisa de campo sobre o tema
conscincia fonolgica, sua importncia para o mtodo fnico de alfabetizao, bem como
o desenvolvimento de estratgias metalingsticas como precursora na construo da
alfabetizao de alunos com deficincia intelectual na idade de quatro a sete anos.
Os alunos includos no Projeto passaram por uma avaliao inicial para avaliao
do nvel do realismo nominal e do nvel de conscincia fonolgica. Estes foram avaliados
no incio, durante o decorrer das intervenes e no final do programa para obter as
concluses finais quanto eficcia do mtodo aplicado.
Para que o trabalho fosse concludo de modo satisfatrio, foram feitas vrias
intervenes durante o processo, posteriormente est sendo organizado um artigo para
relatar os aspectos importantes e as conquistas obtidas para a construo de uma escola
inclusiva de qualidade.
Foram feitas vinte sesses com durao de quarenta minutos cada interveno
com os envolvidos, inicialmente eram quatro alunos com o decorrer do Projeto, um aluno
foi transferido. Foram trabalhados jogos, brincadeiras, msicas, parlendas, histrias.
Anteriormente os alunos passaram por uma pr-avaliao atravs do Teste de
Discriminao Fonolgica para se conhecer o nvel de conscincia fonolgica que cada
um se encontra e quais estratgias so mais apropriadas para o desenvolvimento de
cada um.
Os alunos tambm foram avaliados ao longo das vinte sesses, onde foram feitas
as anotaes necessrias das intercorrncias ao longo de todo o processo, onde foram
trabalhadas as atividades de Rima e Aliterao em forma de brincadeiras e atividades
ldicas em grupos e individualmente.
Resultados e Discusso
Foi trabalhada nestas sesses conscincia lexical, com a msica Atirei o pau no
gato que foi cantada vrias vezes pelos alunos destacando as palavras e seus
respectivos sons, batendo palmas para privilegiar as palavras. Outra atividade realizada
foi a brincadeira de gato e rato. Os sons onomatopaicos expressando sensaes de
alegria, felicidade, fome, sono, preguia, tristeza, etc. Estas atividades sero reforadas
durante as aulas subseqentes. Alm da msica citada, vrias outras foram trabalhadas
como exemplo; A casa, O pato, ambas de autoria de Vincius de Moraes.
Na quarta e quinta sesso, os alunos foram trabalhados nos aspectos que dizem
respeito valorizao do significante, as letras, os nomes, a escrita. Aps esse trabalho
os alunos foram avaliados por meio de um teste simplificado para Avaliao do Realismo
Nominal. Teste este que comprovou que nessa idade, as crianas esto imersas no
Realismo Nominal, o que dificulta a construo da leitura escrita, porque para estas
crianas o significante (a palavra escrita no tem valor).
Para a criana iniciar seu processo de leitura e escrita, ela precisa valorizar os
significantes. Dos quatro alunos testados, apenas um mostrou sinais evidentes de
superao do Realismo Nominal. O que sinalizou para o professor pesquisador a
necessidade de trabalhar com atividades que propiciem a concretizao do objetivo
proposto entender a importncia das palavras para a construo da leitura e escrita.
Entre outras atividades cabe ressaltar a nomeao dos objetos da sala de aula,
pertences de cada aluno, mobilirios e partes da sala. Todos os elementos foram
etiquetados para os alunos conviverem com os objetos e seus respectivos nomes.
Para valorizar ainda mais essa questo, os alunos esto ouvindo histrias
cabendo aqui destacar a Histria do livro Marcelo, Marmelo, Martelo. de Ruth Rocha.
Que d um tratamento especial aos significantes quando o personagem troca ou
questiona o emprego dos significantes: Por que cadeira chama cadeira e no sentador?
Em seguida cada aluno carimbou a sua mo esquerda numa folha de papel onde a
professora registrou o nome da me para que todos pudessem visualizar o nome de sua
respectiva me e gravar seus caracteres, atividade muito importante, porque nessa fase a
criana faz uma leitura logogrfica dos nomes que lhe so mais importantes e que tem
significado dentro das suas vivncias.
AUDIO DE HISTRIAS
ESQUEMA CORPORAL
Aps terem circulado os corpos uns dos outros, cada um teria que terminar o seu
desenho: colocar dedos nas mos e nos ps; desenhar a face colocando os olhos, a
boca, o nariz as orelhas, os cabelos, as sobrancelhas. Deixar a sua figura, o seu desenho
completo com o seu respectivo nome, escrito pela professora. Para finalizar cada um
pintou o seu desenho com giz de cera.
AVALIAO FINAL
Aluno A1
ALUNO A2
Reconhece seu nome e o nome de seus colegas, o que d indcios de que o aluno
j est fazendo leitura logogrfica. Nomeia algumas letras do alfabeto.
ALUNO A3
Contudo, A3 foi o aluno que mais progrediu e cresceu com o Projeto, tem
conscincia dos sons que formam as palavras, participa ativamente das atividades
propostas, interage com os colegas e professores. Conhece as letras do seu nome,
participa das histrias infantis, identifica os personagens e ao de cada um.
A3 tambm foi prejudicado pelo espao de tempo em que foi realizado o Projeto. O
tempo um inimigo do aluno deficiente intelectual, porque este necessita de um tempo
maior e de estratgias variadas para a concretizao de fato da leitura e escrita.
ALUNO A4
Descobriu a funo social da leitura, brinca com livros e revistas, faz leitura
logogrfica das figuras, dos objetos, descrevendo-os, j l logotipos. Ainda no superou o
realismo nominal, no faz conservao, classificao irreversvel. Aspectos que
precisam ser superados para a construo da leitura e escrita.
Consideraes Finais
ADAMS, Marilyn Jager [et Al...]. Conscincia fonolgica em crianas pequenas. Trad.
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DOLLE, Jean Marie. Para compreender Jean Piaget. Rio de Janeiro: Zaar, 1981.
FREITAS, Valria. O gato de botas: Fbulas inesquecveis. Blumenau: Editora Vale das
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Disponvel em: <http://www.fae.ufmg.br/>. Acesso em: 18 fev. 07.
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