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Pessoas com
Deficiência:
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Apoio:
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PCD
Pessoas com
Deficiência:
Mercado de Trabalho
e o Combate ao
Capacitismo

         


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Realização:
Jully Neves | LinkedIn | Instagram
Jully Neves é uma mulher negra, cis, lésbica,
nordestina, candomblecista, pessoa com
deficiência psicossocial e neurodivergente.
Consultora e especialista em Diversidade e
Inclusão, gestora de projetos de impacto,
pesquisadora de neurodiversidade, Além disso,
é diretora do Vale PcD primeira ONG do Brasil
focado em PcD e LGBTQIAON+. Também faço
parte do projeto Guerreira Sem Armas pelo
Instituto Elos. Formada em Administração de
Empresas, pós-graduada em Direitos Humanos
e possuí certificação em gestão de projetos de
impacto.

Revisão técnica
Julia Piccolomini | LinkedIn | Instagram
Julia Piccolomini é uma mulher cis, branca,
bissexual, umbandista e possuí uma deficiência
física chamada distrofia muscular de cinturas.
Diretora da ONG Vale PcD, consultora de D&I e
especialista com 14 anos de atuação em Gestão
de Pessoas.

Projeto gráfico e diagramação:


Luciana Terra | LinkedIn | Instagram
Luciana Terra é mulher cis, branca, lésbica,
designer social, diretora de arte, produtora
cultural e fundadora da Mútua Criativa. Formada
em Designer Gráfico e Geografia.

Apoio
Vale PCD | Linkedin | Instagram | Site
O Vale Pcd é uma organização sem fins lucrati-
vos (ONG) cuja missão é promover a inclusão
ativa de Pessoas com Deficiência e da comuni-
dade LGBTQIAPN+ na sociedade e mercado de
trabalho, por meio de produtos e serviços,
incluindo letramento digital, psicoterapia,
fonoaudiologia, produção de eventos e consulto-
ria. O Vale PCD é pioneiro na criação do
primeiro mapa global de acessibilidade para
pessoas com deficiência. Além disso, organizou
a primeira Parada Nacional do Orgulho PcD.

03
SUMÁRIO
05
SOBRE O GUIA

06
O QUE CARACTERIZA UMA PESSOA COM DEFICIÊNCIA?

08
EVOLUÇÃO DOS TERMOS

09
ESTATÍSTICAS SOBRE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL

14
QUAIS SÃO OS TIPOS DE DEFICIÊNCIA?

20
O QUE É CAPACITISMO?

24
PESSOAS COM DEFICIENCIA E INTERSECCIONALIDADES

26
ALGUNS DIREITOS GARANTIDOS NO ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

29
ACESSIBILIDADE

33
INCLUSÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO

37
DATAS IMPORTANTES PARA A LUTA POR DIREITOS E IGUALDADE DAS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

04
SOBRE O GUIA
Com imensa alegria, apresento esta cartilha cujo
objetivo é disseminar informações fundamentais
sobre pessoas com deficiência, promovendo uma
visão inclusiva e combatendo estereótipos e ações
capacitistas que prejudicam minha participação
plena na sociedade. Abordarei o processo históri-
co, meus direitos, o mercado de trabalho e outros
temas relevantes, sempre com o intuito de pro-
mover o respeito e uma compreensão abrangente
desse assunto.

Esta cartilha é um projeto pessoal, sem nenhum


recurso financeiros para sua realização e sem fins
comerciais!

Com esse material desejo contribuir na con-


strução de ambientes inclusivos, diversificados e
livres de preconceitos, onde todas as pessoas
sejam valorizadas e respeitadas em sua singulari-
dade. Juntes, podemos promover uma sociedade
verdadeiramente inclusiva.

Jully Neves

05
O QUE CARACTERIZA UMA
PESSOA COM DEFICIÊNCIA?
Segundo o Estatuto da Pessoa em seu art.
2º : “considera-se pessoa com deficiência
aquela que tem impedimento de longo
prazo de natureza física, mental, intelec-
tual ou sensorial, o qual, em interação
com uma ou mais barreiras, pode obstruir
sua participação plena e efetiva na socie-
dade em igualdade de condições com as
demais pessoas” Vale destacar que não
existe uma definição universalmente
aceita mundialmente para deficiência. É
importante esclarecer que a deficiência
não é um “problema”. A deficiência é uma
característica da diversidade humana,
porém carrega vários paradigmas que ex-
cluem, marginalizam, invisibilizam e as-
sassinam essas pessoas desde sempre.
Então, ao invés de considerar a deficiên-
cia em si como um “problema”, é
necessária entender sua responsabili-
dade e que o problema reside nas ati-
tudes, infraestrutura e políticas que não
asseguram as necessidades de equidade
das pessoas com deficiência.

Conceito de deficiência deve


transcender o modelo biomédico.

Este modelo médico tradicional enfoca


principalmente as limitações entre físi-
cas, sensoriais, intelectuais e mentais,
muitas vezes adotando uma visão estrita-
mente clínica.

06
Em contrapartida, o Modelo Social
reconhece que a deficiência é uma
construção social, moldada pelo am-
biente.

O Modelo Biopsicossocial, ao integrar ele-


mentos das perspectivas médica e social,
permite uma avaliação mais completa. Ele
considera não apenas as condições médi-
cas, mas também os fatores sociais e psi-
cológicos que influenciam as vidas das
pessoas com deficiência. Essa abordagem
inclusiva visa compreender plenamente as
necessidades e funcionalidades das pes-
soas com deficiência, contribuindo para
uma sociedade mais justa e equânime.

07
EVOLUÇÃO DOS
TERMOS

1988
O termo “pessoas portadoras de
deficiência” (PPD) foi utilizado na
Constituição Federal de 1988, mas
foi posteriormente questionado
por sugerir que a deficiência é algo
que se porta ou carrega, não
sendo reconhecida como parte
integrante da pessoa. A expressão
“portadores de necessidades es-
peciais” (PNE) também caiu em
desuso, uma vez que as pessoas
com deficiência têm necessidades
que a sociedade elimine todas as
barreiras que nos impendem de
ser e não pessoas com necessi-
dades “especiais”.

2006
Em 2006, por meio da Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência da Organização das
Nações Unidas (ONU), foi estabe-
lecido o termo “pessoa com defi- ! LEMBRETE:
ciência” (PcD), o qual expressa a a sigla ‘PcD’ (Pessoa
ideia de que a deficiência é apenas com deficiência) não
um aspecto do corpo e, acima de varia para o plural. A
sigla permanece a
tudo, que a pessoa em questão é mesma, independente-
um ser humano. mente do número de
pessoas com deficiência
a que se refere.

08
ESTATÍSTICAS SOBRE
PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA
NO BRASIL:
A partir do Censo de 2022 do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)

18.6
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
POR REGIÃO BRASILEIRA:

8,4%

MIlHõEs
Norte

de pessoas com
deficiência, considerando
10,3%
Nordeste
a população com idade 8,6%
igual ou superior a dois
8,2%
Centro-oeste
anos.
Sudeste
8,9% da população 8,8%
Sul

10,7 7,9
milhões de milhões de
LEMBRETE:
deficientes são deficientes são
a sigla ‘PcD’ (Pessoa com
mulheres. homens.
deficiência) não varia para o
10% da população 7,7% plural.
mesma,
A sigla permanece a
da população
independentemente
feminina do número
masculina de pessoas com
deficiência a que se refere.
% REciFE é a capital brasileira com maior
percentual de pessoas com deficiência.

% DO noRtE
RIo GrANde é o estado que possui o maior
percentual de pessoas com deficiência,
são quase 10% da população.

ANÁLISE POR COR OU RAÇA


DE PERCENTUAL DE DEFICIÊNCIA

9,5% pop. preta

a presença de deficiência é mais marcante entre a


população preta, alcançando 9,5%

8,9% pop. parda

pessoas pardas com deficiência alcançam 8,9%


da população

8,7% pop. branca

pessoas brancas com deficiência alcançam 8,7%


da população
ÍnDicES de EduCAçãO
NO ENSINO MÉDIO, JÁ NO ENSINO
A TAXA É DE 54,4% SUPERIOR (18 A 24
PARA PESSOAS ANOS), OS ÍNDICES
COM DEFICIÊNCIA SÃO DE 14,3% PARA
ENTRE 15 E 17 ANOS, PESSOAS COM
ENQUANTO OS SEM DEFICIÊNCIA E
DEFICIÊNCIA 25,5%, PARA PES-
CHEGAM A 70,3% SOAS SEM
DEFICIÊNCIA
Apenas 25,6% das
pessoas com defi- No nível superior, a
ciência concluíram desigualdade per-
o ensino médio, em siste, com apenas
comparação com 7% das pessoas
57,3% da população com deficiência
geral. possuindo formação
universitária, em
contraste com
20,9% dos sem
deficiência.

ANalFAbeTIsMo

19,5%
É ALARMANTE ÍNDICE DE ANALFABETISMO ENTRE
AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA,
COMPARADO A 4,1% NA POPULAÇÃO
GERAL.

MErCadO De tRAbaLhO
26,6%
Somente

A taxa de ocupação das pessoas com deficiência é


notavelmente inferior, 26,6%, comparada à população
total, que atinge 60,7%. A região Centro-Oeste se
destaca com 33,3% de ocupação para pessoas com de pessoas com
deficiência, estão
deficiência, enquanto o Nordeste registra a menor, presentes no mercado de
23,7%. trabalho
54,7% 84,2%
das pessoas com deficiência
com diploma universitário
é a taxa de pessoas sem
deficiência , com diploma
estão empregadas universitário que estão
empregadas.

55%
das pessoas trabalhadoras
com deficiência atuam na
38,7%
é a taxa de pessoas sem
deficiência , com diploma
informalidade universitário que estão
empregadas.

deSIguALdaDE de REnDa
A desigualdade de renda é patente: a média salarial das pessoas com
$ deficiência é de R� 1.860.

$ $ Enquanto para aquelas sem deficiência é de R� 2.690.

A disparidade é mais acentuada na região Sudeste, com pessoas com deficiência


ganhando R� 2.060 e os sem deficiência, R� 3.021.

Mulheres com
deficiência
enfrentam uma
média salarial
ainda menor, de
R� 1.553
SegUNdo O moVImeNtO VidAS
NegRAs Com DEfCiÊnCiA imPOrTam:

Dados de 2019 mostram


taxas muito altas de
violência contra pessoas
com deficiência. Mulheres
com deficiência intelectual
tem maiores taxas de
violência;

A violência física é o tipo


mais relatado contra
pessoas com deficiência,
presente em 53% dos
casos, em seguida vêm a
violência psicológica, com
32% e negligência/aban-
dono, com 30%. Além
disso, 35% das pessoas
com deficiência intelectu-
al relataram já terem
sofrido violência sexual;

675.966
pessoas encarceradas
no sistema prisional
no Brasil, no período
de julho a dezembro
de 2021, 7.198 eram
pessoas com deficiên-
cia, cerca de 1%.
QUAIS SÃO OS TIPOS
DE DEFICIÊNCIA?
As deficiências reconhecidas pela Lei de
Cotas e pelo Decreto 5.296/04 incluem:

DEFICIÊNCIA AUDITIVA:

Caracterizada por perda bilateral parcial ou total da


audição.

Dificuldades na compreensão de sons e comunicação


clara.

Uso de aparelhos auditivos e tecnologias assistivas


para melhorar a comunicação e interação social.

Utilizar “pessoa surda” em vez de “surdo-mudo” devido


a não necessária correlação entre deficiência auditiva
e incapacidade de fala.

DEFICIÊNCIA FÍSICA:

Afeta o movimento ou função física.

Limitações na mobilidade, coordenação e força mus-


cular.

Causada por lesões, doenças ou condições congênitas.

Prefira “pessoa usuária de cadeira de rodas” em vez de


“cadeirante” para promover inclusão.

14
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL:

É identificada quando o funcionamento neurocognitivo


de uma pessoa não está conforme a média esperada,
ou seja, quando está abaixo do padrão considerado
padrão para a sociedade.

Dificuldades em comunicação, aprendizado, habili-


dades sociais e autocuidado.

Utilize “deficiência intelectual” ao invés de “deficiência


mental”.

DEFICIÊNCIA VISUAL:

Caracterizada por capacidade visual reduzida ou


ausente.

Vária de baixa visão à cegueira total.

DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA:

O termo 'deficiência múltipla' é utilizado para descrev-


er a condição em que uma pessoa apresenta múltiplas
deficiências em uma pessoa. Isso pode englobar defi-
ciências físicas, intelectuais, visuais, auditivas, entre
outras. Alguns exemplos incluem paralisia cerebral,
que pode resultar em deficiência física e intelectual, ou
a Síndrome de Down (T21), que pode estar associada a
deficiências visuais.

15
DEFICIÊNCIA PSICOSSOCIAL:

A Deficiência Psicossocial é uma condição complexa


ainda pouco reconhecida, que gera confusão entre
profissionais de saúde e inclusão no trabalho. Essa
terminologia é recente e não possui consenso entre
especialistas devido a fatores subjetivos no diagnósti-
co e à diversidade de situações. Ela está incluída na Lei
de Cotas 8213/91, mas é frequentemente confundida
com deficiência intelectual. A Deficiência Psicossocial
resulta de “transtornos” mentais graves e incuráveis,
causando limitações nas funções sociais da pessoa.
Nem todo transtorno mental se enquadra como defi-
ciência psicossocial. A ONU utiliza esse termo para
referir-se a impedimentos de saúde mental. O Brasil
comprometeu-se a cumprir a Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência, incluindo aque-
les com deficiência psicossocial.

Exemplo de deficiência psicossocial: esquizofrenia e


bipolaridade.

Infelizmente, a deficiência psicossocial ainda é pouco


compreendida e reconhecida, e há a necessidade de
desenvolver maior conscientização e compreensão
sobre esse tema.

DEFICIÊNCIA SENSORIAL:

A deficiência sensorial é caracterizada pelo compro-


metimento total ou parcial de um dos cinco sentidos.
Tradicionalmente, surdez e cegueira são amplamente
reconhecidas como deficiências sensoriais, mas
também é válido considerar déficits relacionados ao
tato, olfato ou paladar dentro dessa categoria.

16
A deficiência sensorial não se resume à ausência de
um dos sentidos, mas à incapacidade de usá-los ple-
namente. Portanto, nesta visão mais abrangente, pes-
soas que possuem todos os cinco sentidos, mas en-
frentam dificuldades em utilizá-los para seu próprio
bem-estar, podem ser consideradas como “pessoas
deficientes sensoriais”.

Exemplo de deficiência sensorial: a surdez (ou defi-


ciência auditiva) e a cegueira (ou deficiência visual)
são amplamente reconhecidas como deficiências sen-
soriais. No entanto, não devemos esquecer que déficits
relacionados ao tato, paladar e olfato também podem
ser enquadrados nessa categoria de deficiências sen-
soriais.

Autismo: as pessoas com “Transtorno” do Espectro


Autista (TEA) são reconhecidas como pessoas com
deficiência, com todos os direitos legais correspon-
dentes. Isso significa que, a partir desse reconheci-
mento, as pessoas com TEA também passaram a rece-
ber respaldo legal da Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência, conhecida como Estatuto da
Pessoa com Deficiência. Em 2023, o Senado Federal
aprovou a Lei 5.486/2020, que reconhece o uso do
cordão de girassol como um meio de identificação de
pessoas com deficiências ocultas, como o autismo.

17
EXTRA:

Pessoas cujo funcionamento difere do que é tradicionalmente


considerado “padrão” são conhecidos como pessoas neurodi-
vergentes. No Brasil, os termos "neurodiversidade" e “deficiên-
cia” são distintos, mas não são mutuamente exclusivos. Con-
forme a legislação atual, pessoas autistas, com síndrome de
Down, deficiência intelectual e esquizofrenia são oficialmente
reconhecidas como pessoas com deficiência, sendo consid-
eradas neurodivergentes. No entanto, até o momento, pessoas
com Altas habilidades, Bipolaridade, Borderline, Discalculia,
Dislexia, Dispraxia, Gagueira, Sinestesia, TDAH (Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade), Tourette. E outras
condições não listadas aqui, mas possuem a classificação de
neurodivergência.

SaIba MAis NA caRtILha:


Neurodiversidade
em Foco: Inclusão
no Mercado de
Trabalho, Direitos e
a construção de
uma identidade
positiva.
De autoria de Jully
Neves, Pedro
Avelar, Vini Pezzin

! LEMBRETE:
É essencial usar uma terminologia
respeitosa e inclusiva ao abordar
as deficiências, considerando as
preferências das próprias pessoas
com deficiência e respeitando as
orientações internacionais.

18
COM BASE NAS INFORMAÇÕES
FORNECIDAS PELO IBGE, OS
PRINCIPAIS TIPOS DE DEFICIÊNCIA
PRESENTES NA POPULAÇÃO
BRASILEIRA:

3,4% Da população enfrenta obstáculos para caminhar ou subir


degraus.

3,1% Da população encontra dificuldades em enxergar, mesmo com a


utilização de óculos ou lentes de contato.

2,6% Da população enfrenta desafios em aprender, lembrar-se de


informações ou manter a concentração.

2,3% Da população tem dificuldade em elevar uma garrafa de dois litros


da cintura até a altura dos olhos.

1,4% Da população apresenta problemas em pegar objetos pequenos


ou em abrir e fechar recipientes.

1,2% Da população enfrenta dificuldades em ouvir, mesmo com o aux-


ílio de aparelhos auditivos.

1,2% Da população enfrenta desafios em realizar cuidados pessoais.

1,1% Da população enfrenta desafios em realizar cuidados pessoais.

*Dados de porcentagem com valores aproximados.


O QUE É CAPACITISMO?
Um dos principais desafios enfrentados
pelas pessoas com deficiência é o
capacitismo. O capacitismo envolve ati-
tudes preconceituosas que subestimam a
capacidade das pessoas com deficiência,
muitas vezes as, considerandos incapaz-
es de trabalhar ou cuidar de si mesmas.
Essa forma de preconceito não se mani-
festa apenas de maneira direta, mas
também se manifesta por meio de ações
aparentemente inofensivas, como piadas
ou comentários que diminuem a inde-
pendência e a dignidade das pessoas com
deficiência. Essas atitudes sutis con-
tribuem para a manutenção de uma cultu-
ra excludente e injusta.

É fundamental compreender que o


capacitismo não apenas perpétua es-
tereótipos prejudiciais, mas também
propaga desigualdades. Importante res-
saltar que o capacitismo é considerado
crime pela Lei Brasileira da Inclusão (Lei
13.146/2015), sujeito a pena de 1 a 3 anos
de prisão, além de multa.

FraSEs e ExPreSsÕeS cAPacITisTAs:

“Achei que você era normal ou nem


parece deficiente”: É importante lembrar
que não há um padrão de normalidade e
que todas as pessoas são únicas. Em vez
de usar “deficiente”, o correto é dizer
“pessoa com deficiência”.
“Dar uma de João sem braço”: opte por
expressões como fingir que não enten-
deu.

“Estava cego de raiva, parece cego em


tiroteio ou pior cego é aquele que não
quer ver”: use metáforas neutras, em vez
de envolver deficiências.

Ela não conseguiu fazer isso direito;


parece que tem algum problema mental.”
Opte pela frase: “ele não conseguiu fazer
isso direito; parece que está enfrentando
dificuldade.

“Eu não tenho pernas para isso ou Não


temos braço para essa tarefa”: em vez de
empregar termos relacionados à falta de
membros, podemos ser mais precisos e
dizer “não tenho recursos para isso”.

“Que mancada!” prefira “que bola fora”:


escolha termos não associados a defi-
ciências ou limitações físicas.

“Quando penso que está difícil para mim,


lembro de você”: evite subestimar ou
vitimizar pessoas com deficiência.

21
“Você com essa deficiência, faz mais do
que muitos que não têm”: É melhor
reconhecer as habilidades e conquistas
individuais sem generalizações, em vez
de perpetuar estereótipos negativos.

“Você é surdo ou o quê?” Você pode


reformular a frase da seguinte forma
para evitar o capacitismo: “Você não
conseguiu ouvir?”

Você tem um filho especial, porque você


é especial”: evite usar “especial” para
descrever pessoas com deficiência.
Trate-as igualmente, reconhecendo sua
singularidade.

22
USe NÃo USe
Pessoa com Deficiência Inválido, excepcional,
doente, portador,
especial, defeituoso,
condenado
Pessoa com Trissomia Síndrome de Down
21 (T21 ) Mongolóide, mongol

Pessoa sem deficiência Pessoa normal

Pessoa com deficiência Ceguinha(o)


visual ou cega

Pessoa com Retardado mental,


Deficiência portador de
Intelectual retardamento mental,
deficiente mental

Necessidades Necessidades
específicas especiais

Pessoa usuária de Cadeirante


cadeira de rodas
Deficiente auditivo ou Surdo-mudo
surdo

! LEMBRETE:
Tenha em mente que as palavras que usamos têm um impacto significativo e
podem afetar profundamente como as pessoas se percebem. Ao escolher uma
linguagem respeitosa e inclusiva, estamos ajudando a criar um ambiente acolhe-
dor e igualitário para todas as pessoas.

EXTRA:
Você já ouviu falar do termo "Cripface"? Ele é usado
para descrever a prática de personagens com deficiên-
cia sendo interpretados por atores sem deficiência.
Essa prática é amplamente criticada, não apenas por
ser considerada ofensiva, mas também por estar pro-
fundamente relacionada ao capacitismo. O capacitismo
envolve a crença equivocada de que pessoas com defi-
ciência não conseguem desempenhar certos papéis,
levando à exclusão delas das produções audiovisuais.
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E
INTERSECCIONALIDADES
É a apresentação de uma ou mais carac-
terísticas, ou indicadores sociais em uma
única pessoa. Isso inclui fatores como
raça, gênero, classe social, orientação
sexual, idade e/ou deficiência.

Quando incorporamos o conceito de inter-


seccionalidade ao cenário das pessoas
com deficiência, ficamos mais conscien-
tes de que suas vivências e obstáculos
não podem ser analisados isoladamente.
Um exemplo ilustrativo ocorre quando
uma pessoa com deficiência pertence
simultaneamente a um grupo minorizado,
como alguém que é também de origem
negra.

Dados revelam disparidades: por exemp-


lo, 24% das pessoas brancas com defi-
ciência utilizam serviços de reabilitação,
enquanto entre pessoas negras esse
número é de 20,4%.

No contexto de gênero, mulheres com-


põem a maioria das pessoas com defi-
ciência, mas apenas 22,9% delas partici-
pam do mercado de trabalho, comparado
a 30,8% dos homens com deficiência. Mul-
heres com deficiência frequentemente
trabalham em empregos informais, de
baixa remuneração e sem proteção tra-
balhista adequada.

Quanto mais fatores interseccionais uma


pessoa enfrenta, maior é sua marginal-
ização e vulnerabilidade. Essa realidade
evidência que quanto mais preconceitos
uma pessoa enfrenta, mais complexa se
torna sua jornada na sociedade.
24
DIREITOS DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA
Uma breve linha do tempo sobre os direitos das pessoas com deficiência:

1970
Na década de 1970, começaram
discussões relevantes sobre os direitos
das pessoas com deficiência, resultando
em declarações históricas sobre esses
direitos há cerca de 50 anos. 1988
Desde a Constituição de 1988, os direitos
fundamentais das pessoas com

1989
deficiência são garantidos.

Em 1989, a Lei n.º 7.853 foi estabelecida

2001
para integração social das PcD e crimi-
nalizar preconceito, com penas de
reclusão e multa.
Em 2001, a OMS redefiniu a deficiência,
removendo sua classificação como

2001
doença. Em 2006, a ONU elaborou um
tratado internacional crucial para os
direitos das pessoas com deficiência.
Em 2021, o STF permitiu adaptação de
provas físicas em concursos para candi-
datos com deficiência.
2002
A Lei n.º 10.436 de 2002 reconheceu a
Língua Brasileira de Sinais como oficial

2015 do Brasil.

A Lei Brasileira da Inclusão, de 2015,


conhecida como Estatuto da Pessoa com
Deficiência, marcou avanços na luta 2017
contra preconceito e falta de direitos das O Tribunal Regional do Trabalho conce-
pessoas com deficiência. deu redução de carga horária a uma mãe
com filhos deficientes, baseando-se na

2018 Convenção sobre os Direitos das


Pessoas com Deficiência.
O STF baseou-se nessa convenção para
substituir prisão preventiva por domicil-
iar para mães de crianças com deficiên-
2021
cia até 12 anos. O STF permitiu adaptação de provas
físicas em concursos para candidatos
com deficiência.
ALGUNS DIREITOS
GARANTIDOS NO ESTATUTO
DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA:

ACesSIbiLIdaDE eM tRAnSpoRtES púBlICos: a Lei 10.048/2000 (Lei


de Atendimento Prioritário) já prevê que as empresas e conces-
sionárias de transporte público reservem assentos privativos
para PcD.

ATenDImeNtO PriORitÁRiO: em reforço à Lei n. 10.048/00, o Estat-


uto da Pessoa com Deficiência prevê o direito ao atendimento
prioritário em quaisquer estabelecimentos.

BEneFÍciO De pREsTaçÃo COnTinUaDA (BpC): o BPC equivale ao


pagamento mensal de um salário mínimo a pessoas com defi-
ciência física, intelectual ou sensorial com deficiência de longa
duração. É concedido a quem comprovar que, ao dividir a renda
bruta familiar pelo número de habitantes, o valor mensal por
pessoa não ultrapassa 1/4 do salário mínimo. Vale ressaltar que
o BPC não pode ser concedido a quem recebe outro benefício
previdenciário público ou privado.

DEsConTO na COmPra DE paSsAGenS AéREas PAra AComPAnHanTEs


DE pCd: A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) determina
que, quando uma PcD requer um acompanhante de bordo, a
companhia aérea deve oferecer desconto de até 80% na pas-
sagem e franquia de excesso de bagagem ao transportar equi-
pamentos essenciais.

ISenÇÃo DE iPI eM pROduTOs QuE FacILitEM a COmuNIcaÇÃo DA pCd:


a isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em
produtos que facilitem a comunicação de pessoas com deficiên-
cia é um benefício fiscal previsto na legislação brasileira.

26
ISenÇÃo DE iMpOStoS nA ComPrA De AuTOmóVEis: as PcD que diri-
gem carros ou têm motoristas estão isentas de alguns impostos
na compra de um veículo novo de até R� 200 mil. São eles: Im-
posto sobre Produtos Industrializados (IPI); imposto sobre oper-
ações financeiras (IOF); Imposto sobre Circulação de Merca-
dorias e Serviços (ICMS) e Imposto sobre a Propriedade de
Veículos Automotores (IPVA).

ISenÇÕes NO iMpOSto DE reNdA: é um benefício fiscal previsto na


legislação brasileira que visa garantir uma maior justiça
tributária e equidade social. Além disso, é necessário que a
pessoa com deficiência tenha uma renda mensal bruta abaixo
do limite estabelecido pela Receita Federal, atualizado anual-
mente.

MEiA-eNtRAda: a garantia da meia entrada para pessoas com


deficiência é um importante direito previsto na legislação bra-
sileira que visa assegurar o acesso dessas pessoas à cultura,
ao entretenimento e ao lazer. Vale o alerta: estabelecimentos
privados podem exigir outras condições, que devem ser checa-
das com antecedência pela PcD antes da compra.

PAsSe lIVre: a Lei Federal n.º 8.899/1994 (Lei do Passe Livre)


prevê que pessoas de baixa renda possam solicitar passes gra-
tuitos para transporte interestadual, como ônibus, barcos e
trens. Além disso, em alguns municípios, as pessoas cadastra-
das na prefeitura não pagam pelo transporte público local.

PErManECer COm o CÃo-GUiA eM lOCaIs PúbLIcoS E PriVAdoS: a


Lei da Pessoa com Deficiência complementa a Lei nº 11.126/2005
e garante o direito das pessoas com deficiência visual com
cão-guia de entrar em todos os meios de transporte, locais
públicos e privados de uso comum.

REseRvA De vAGas DE eMpREgo NA iNIciATivA PriVAda: a Lei nº


8.213/1991 (Lei de Cotas) determina que empresas com 100 a 200
empregados reservem 2% de suas vagas para PcD. Empresas
com 1.000 ou mais funcionários ficam com 5%.

27
REseRvA De vAGas DE eStACiOnaMEnTo: o Estatuto da Pessoa com
Deficiência estabelece a reserva de 2% das vagas para pessoas
com deficiência em estacionamento público e privado.

REseRvA De vAGas EM coNcURsoS pÚBliCOs: o Decreto 9.508/18


estabelece a reserva de, no mínimo, 5% das vagas em concursos
públicos para pessoas com deficiência para cargos que sejam
compatíveis com sua deficiência. A PcD também tem direito a
tratamento específico na seleção para concorrer em condições
justas, exigindo, porém, as ferramentas necessárias na
inscrição.

Para mais informações sobre a LBI você pode acessar


www.planalto.gov.br

! ATENÇÃO:
Quando os direitos de uma pessoa
com deficiência são negados, isso
configura um crime. É de extrema
importância denunciar sempre que
esses direitos não forem respeita-
dos, e essa responsabilidade não
deve recair unicamente sobre as
próprias pessoas com deficiência.

28
ACESSIBILIDADE
Você sabe a diferença entre adaptabili-
dade e acessibilidade? Adaptabilidade ref-
ere-se à capacidade de se ajustar eficien-
temente às mudanças, enquanto acessib-
ilidade é a garantia de que produtos,
serviços e informações sejam igualmente
acessíveis a todas as pessoas, incluindo
aquelas com deficiência, promovendo a
igualdade de oportunidades.

E QuAiS sÃo OS tiPOs De ACesSIbiLIdaDE?


"Acessibilidade atitudinal"
"Acessibilidade arquitetônica" se refere à atitude das pessoas
trata da eliminação de barreiras em relação à deficiência,
físicas e ambientais, como abrangendo comportamentos,
rampas, elevadores e banheiros valores e barreiras sociais. Isso
adaptados, para permitir a envolve ações como audiode-
mobilidade em espaços públicos scrição em eventos e trein-
e privados. amento de funcionários para
atender pessoas com deficiên-
cia.

"Acessibilidade instrumental"
refere-se à adaptação de ferra-
mentas e tecnologias para "Acessibilidade metodológica"
pessoas com deficiência, como aborda a eliminação de barrei-
softwares de leitor de tela. ras nas metodologias de ensino
e trabalho, usando recursos
como textos em braile e adap-
tação de ambientes corporati-
vos.
"Acessibilidade nas
comunicações"
envolve acesso à comunicação
interpessoal e escrita, com
recursos como intérpretes de "Acessibilidade programática"
Libras e audiodescrição. abrange a eliminação de barrei-
ras em programas e sistemas
de saúde, garantindo infor-
mações e serviços de saúde
adequados para pessoas com
deficiência.

29
"Acessibilidade natural"
refere-se à eliminação de bar-
reiras naturais, como o forneci-
mento de cadeiras de rodas
anfíbias em praias.

A acessibilidade não só beneficia pessoas


com deficiência, mas também idosos,
gestantes e outros grupos. A Lei de Aces-
sibilidade brasileira, Lei n.º 10.098, garan-
te a acessibilidade em espaços públicos e
privados, sendo fiscalizada pelo
Ministério Público Federal e Secretarias
da Pessoa com Deficiência.

Denúncias podem ser feitas nas prefeitu-


ras ou Ministério Público Federal. A aces-
sibilidade é um direito essencial e requer
compromisso de toda a sociedade.

PAsSo A PasSO paRA deScRIçãO De


IMagENs
4
Comece com a Legenda: Responda quatro perguntas:
Primeiro, escreva a legenda uma boa descrição deve
desejada para a imagem. A responder às quatro perguntas:
descrição da imagem deve O quê? Quem? Onde? Como?
sempre seguir a legenda.

()
# Anuncie o tipo de imagem:
especifique o tipo de imagem,
Adicione a Hashtag #ParaTodas- como fotografia, ilustração,
PessoasVerem (essa frase con- cartaz, etc.
templa todos os gêneros). Não
se esqueça de indicar que há um
texto alternativo disponível na
imagem, mesmo que você escol-
ha não utilizar a descrição da
imagem na legenda. Você
também pode optar por fazer
ambas as abordagens.

30
_
Destaque o relevante: Siga a ordem ocidental:
determine o que é mais rele- comece a descrever da esquer-
vante na imagem, como uma da para a direita e de cima para
pessoa, a ação, a paisagem, um baixo, seguindo a ordem natural
de leitura ocidental.

||
Informação de cores: Sequência lógica:
descreva as cores somente se a descreva todos os elementos de
imagem estiver em tons de um ponto da imagem antes de
cinza, sépia, branco e preto. Para passar para o próximo, criando
imagens coloridas, não é uma sequência lógica.
necessário mencionar "fotogra-
fia colorida", descreva as cores
dos elementos diretamente na
descrição.
.| ]
Inicie pelos menos importantes:
comece com elementos menos
. essenciais, estabelecendo o
contexto, e, gradualmente, dire-
Use períodos curtos: cione a descrição para o ponto
Mantenha as descrições curtas, central da imagem.
se possível, com até três pala-
vras.

F
! Finalize com "[Fim da
descrição]"
Evite adjetivos e impressões:
evite usar adjetivos subjetivos,
como "lindo" ou "feio", pois a
pessoa com deficiência é quem
deve tirar suas próprias
impressões da descrição.

31
AuDIodEScRiçÃo (AD)
É um recurso que torna filmes e peças de
teatro acessíveis para pessoas com defi-
ciência visual, traduzindo imagens em pa-
lavras, sendo realizada por uma pessoa
audiodescritora especializada. A audio-
descrição, embora contenha a expressão
“áudio”, pode também ser feita por meio
de textos. Desde 2014, a Ancine (Agência
Nacional do Cinema) estabelece que
todos os projetos de produção audiovisual
financiados com recursos públicos devem
incluir legendas descritivas, audiode-
scrição e LIBRAS (Língua Brasileira de
Sinais). Isso visa garantir a acessibilidade
a um público mais amplo e diversificado.
Lembrando que esse tipo de recurso ben-
eficia também pessoas sem deficiência
visual.

Descrição de si: envolve descrever a si,


incluindo características pessoais como a
cor da pele, cabelo, roupas que está
usando e o ambiente ao seu redor. É im-
portante que a descrição seja simples e
direta, garantindo que pessoas com defi-
ciência visual possam compreender facil-
mente.

Aqui estão algumas dicas:

1 2
Comece dizendo seu Depois faça uma breve autodescrição:
nome, se estiver com
outras pessoas, diga seu Gênero e Pronomes: Você pode compartilhar como se identi-
nome algumas vezes fica em relação ao seu gênero e pronomes preferidos.
para saberem quem está Idade: pode optar por mencionar se isso for relevante para o
falando. contexto.
Raça/Etnia: pode se referir à sua raça ou etnia.
Cabelos: descreva cor, comprimento e estilo do cabelo, mas
evite excessos.

3
Deficiência pode optar por mencionar se isso for relevante
para o contexto.
Depois diga quem você Altura: pode optar por mencionar se isso for relevante para o
e/ou que você faz em contexto.
uma ou duas frases caso Roupas e Acessórios: o que você veste faz parte de sua
tenha necessidade. identidade, mas não exagere na descrição.
Fundo: normalmente, não é necessário descrever o cenário
em videochamadas, a menos que se torne relevante.

32
!!ATENÇÃO:
usar "autodescrição" para se referir a uma pessoa descrevendo a si mesma não é
um erro gramatical, mas pode levar a confusões, especialmente quando se trata de
"audiodescrição" um recurso de acessibilidade que só pode ser feito por especial-
istas. Por esse motivo, especialistas recomendam substituir o termo "autode-
scrição" por "descrever a si mesmo" para evitar equívocos.

INCLUSÃO DAS PESSOAS COM


DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE
TRABALHO
Desde 1991, com a criação da Lei de Cotas
para Pessoas com Deficiência, as empre-
sas com mais de 100 funcionários precis-
am reservar de 2% a 5% de suas vagas
para pessoas com deficiência. Antes,
quando não conseguiam preencher essas
vagas, recebiam uma certidão negativa
que lhes dava mais 60 dias para se ade-
quar à lei.

As ações afirmativas consistem em medi-


das para combater e reduzir as desigual-
dades enraizadas na sociedade, visando
garantir igualdade de oportunidades e
corrigir injustiças decorrentes de dis-
criminação e preconceito. Elas pretendem
promover a equidade e combater as
opressões, concentrando recursos e
oportunidades em grupos historicamente
marginalizados, que enfrentam exclusão
social e econômica.
SEJAMOS ANTI-CAPACITISTAS: COMO
TORNAR O AMBIENTE DE TRABALHO MAIS
INCLUSIVO?

Aqui estão algumas ações-chave para


alcançar esse objetivo:

Acessibilidade:
Implemente medidas para tornar o ambiente acessível, con-
fortável e inclusivo para todos.

Realize uma avaliação completa das barreiras arquitetônicas,


atitudinais, comunicacionais, metodológicas, instrumentais e
programáticas.

Consultoria Especializada:
Considere a contratação de uma consultoria especializada em
inclusão e acessibilidade para orientar a implementação de práti-
cas eficazes.

Desenvolvimento de Carreira:
Crie um plano de carreira inclusivo, garantindo oportunidades de
crescimento e avanço para os colaboradores com deficiência.

Educação e Conscientização:
Desenvolva projetos de informação e educação, como cursos ou
treinamentos, para sensibilizar e conscientizar os colaboradores
sobre a inclusão.

Priorize o letramento e a formação de todos os níveis, especial-


mente as lideranças, para entenderem as questões das pessoas
com deficiência.

Formação e Capacitação Contínuas:


Introduza programas de formação e profissionalização constan-
tes para as pessoas com deficiência, permitindo o aprimoramen-
to contínuo de suas habilidades.
Aqui estão algumas ações-chave para
alcançar esse objetivo:

Participação e Representatividade:
Certifique-se de que as vozes das pessoas com deficiência sejam
ouvidas e consideradas nas decisões da empresa.

Estabeleça comitês ou grupos de afinidade dedicados às pessoas


com deficiência.

Pesquisas e Diagnósticos:
Realize pesquisas e diagnósticos periódicos para entender
melhor as necessidades e desafios enfrentados pelas pessoas
com deficiência na empresa.

Processos Seletivos Inclusivos:


Garanta que as entrevistas e avaliações sejam adaptadas para
permitir uma avaliação justa das habilidades dos candidatos com
deficiência.

Organize processos seletivos constantes e diversificados, que


sejam acessíveis às pessoas com deficiência.

Sensibilização e Cultura Inclusiva:


Atualize o Código de Conduta para proibir práticas capacitistas,
enfatizando a valorização da diversidade.

Comunique interna e externamente a importância da inclusão de


pessoas com deficiência na empresa.

A verdadeira inclusão requer um esforço coletivo, liderança com-


prometida e uma cultura organizacional que valorize a diversi-
dade. Ao adotar essas ações, a empresa pode criar um ambiente
mais inclusivo, equitativo e respeitoso para todos os seus colab-
oradores.
COMO DENUNCIAR EMPRESAS QUE NÃO RES-
PEITAM A LEI DE COTAS PARA PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA (PCD)?

1
Reúna evidências: Antes de
fazer uma denúncia, é
importante ter evidências

2
sólidas que comprovem a Entre em contato com o
falta de cumprimento da lei Ministério Público do Tra-
de cotas. Isso pode incluir balho (MPT): O Ministério
fotos, documentos, teste- Público do Trabalho é a
munhos das pessoas fun- instituição responsável por
cionárias ou qualquer outra fiscalizar o cumprimento
prova relevante. das leis trabalhistas no
Brasil, incluindo a lei de
cotas para PCD. Você pode
entrar em contato com o
MPT da sua região e apre-
sentar a denúncia. Eles

3
têm canais específicos
Fale com o sindicato: Se para isso, como ouvidorias.
você faz parte de um sindi-
cato ou a empresa em
questão tem um sindicato,

4
você pode informá-los
sobre a situação. Os sindi- Utilize canais de denúncia
catos podem fornecer ori- do governo: O governo
entação e até mesmo brasileiro disponibiliza
apoiar na denúncia. canais para denúncias de
irregularidades trabalhis-
tas. Um deles é o Disque
100, o qual é um serviço de
atendimento telefônico
para denúncias de vio-
lações de direitos hu-
manos.

! ATENÇÃO:
você pode solicitar anonimato
ao fazer a denúncia!
DATAS IMPORTANTES PARA A
LUTA POR DIREITOS E
IGUALDADE DAS PESSOAS
COM DEFICIÊNCIA

O Mês do orgulho PcD (Disability Pride


Month), celebrado em julho em várias
partes do mundo, é uma homenagem às
conquistas, contribuições e diversidade
das pessoas com deficiência. Inspirado
por movimentos de direitos civis como o
dos afro-americanos e o feminista. No
Brasil, embora pouco reconhecido, julho é
significativo devido à criação da Lei Bra-
sileira de Inclusão (LBI) em 6 de julho,
uma legislação que visa promover a
igualdade e a acessibilidade para todas as
pessoas com deficiência no país, repre-
sentando um marco importante na luta
por seus direitos.

"Setembro Verde" é uma campanha dedi-


cada à inclusão das pessoas com defi-
ciência na sociedade, com destaque para
o Dia Nacional de Luta da Pessoa com
Deficiência em 21 de setembro. A principal
meta da campanha é sensibilizar para as
dificuldades que as pessoas com defi-
ciência enfrentam no acesso aos seus
direitos fundamentais, tais como cuidados
de saúde, educação, oportunidades de
trabalho e participação em atividades de
lazer.

37
O Dia Internacional das Pessoas com
Deficiência, celebrado em 3 de dezembro
e estabelecido pela ONU em 1992, tem
como propósito conscientizar sobre a
qualidade de vida das pessoas com defi-
ciência, enfatizando a importância de as-
segurar seus direitos e deveres por parte
do Estado e da sociedade.

PAra REfLetIR
A discriminação enfrentada por pessoas com deficiência é uma triste
realidade histórica que tem privado essas pessoas de seus direitos fun-
damentais, desde a dignidade até a participação plena na sociedade.
Para enfrentar essa desigualdade, ações afirmativas foram desenvolvi-
das ao longo do tempo.

As estruturas políticas, sociais e econômicas foram concebidas sem a


devida inclusão dessas pessoas, levando a ambientes que não foram
pensados para atender às suas necessidades. Isso resultou em falta de
representatividade e em outras atitudes que perpetuaram o preconceito.
Por essa razão, começando pelo ambiente de trabalho, é crucial pro-
mover a inclusão efetiva dessas pessoas.

A expressão “Não basta apenas não ser capacitista, é preciso ser anti-
capacitista” destaca a necessidade de reconhecer a prevalência do
capacitismo em nossa sociedade como ponto de partida. Muitas vezes,
atitudes e palavras enraizadas em nossa vida cotidiana precisam ser
reavaliadas e reformuladas com uma abordagem inclusiva, que valoriza
as diversas experiências dos corpos. Ser uma pessoa com deficiência
não é um problema; o verdadeiro problema reside em uma sociedade
capacitista que nega os direitos das pessoas com deficiência. A socie-
dade tem a responsabilidade de se adaptar para acomodar as necessi-
dades das pessoas com deficiência, em vez de forçá-las a se conformar
com um ambiente inacessível.

NAda SObRe nÓS, sEM nóS!


SAibA MaIs
O quE leR?
30 Vozes: uma imersão no universo das pessoas
com deficiência - Tuca Munhoz e José Carlos Do
Carmo

Corpo Intruso - Estela Lapponi

Deficiência na história do Brasil - Emílio Figueira

O que me faz pular - Naoki Higashida

Perdi uma parte de mim e renasci" - Paola


Antonin

QuEm SegUiR?
Albert Vincent Naghettini | Direito PCD -
@direitodapcd
Hey Autista - @heyautista
Ivan Baron - @ivanbaron
Julia.piccolomini - @julia.piccolomini
Jully Neves - @ajullyneves
Marcelo Zig - @afrodeficiente
Paulo Fabiano - @opaulofabiao
Pedro Avelar - @avelarpeu
Prisciqueira - @prisciqueira
Quilombo PcD - Quilombo PcD
Tadeu Bezerra - @tadeuneurodivergente
Terapia Neuro-Afirmativa -
@terapianeuroafirmativa
Vale PcD - @pcdvale

O quE asSIsTir?
Além do Som (Deaf U)
CripCamp (2002):
“No Ritmo do Coração” (2021)
Special (2021)
AGRADECIMENTOS
Quero expressar minha imensa gratidão a
todas as pessoas que contribuíram para
tornar esta cartilha uma realidade. Este é
um momento incrível na minha vida, tanto
pessoal quanto profissional.

Julia, você é incrível! Quero agradecer de


coração pela sua ajuda na revisão técnica.
Você me ensinar sempre com muito amor
e respeito.

Luciana Terra, muito obrigada pelo design


incrível, pelo respeito e sensibilidade. É
maravilhoso contar com você como uma
aliada! Paola Coelho, obrigada por facilitar
o contato entre mim e Luciana.

Também quero expressar minha gratidão


ao Vale PcD pelo acolhimento e trabalho.
Um agradecimento especial, a Priscila
Siqueira, foi por meio de você Pri e do Vale
PcD que pude me reconhecer uma pessoa
com deficiência e sentir orgulho de ser
quem sou.

Um xero!

Jully Neves

40
_ƜōōƻsĐƴĐƊ

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PCD
PCD

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