Relatorio Estagio Mestrado Analises Clinicas PDF
Relatorio Estagio Mestrado Analises Clinicas PDF
Relatorio Estagio Mestrado Analises Clinicas PDF
Faculdade de Farmácia
2014
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
UNIVERSIDADE DE LISBOA
Faculdade de Farmácia
Relatório de Estágio
2014
ÍNDICE
RESUMO ....................................................................................................................... 15
ABSTRACT ................................................................................................................... 16
I. BIOQUÍMICA ........................................................................................................ 18
Albumina ................................................................................................................. 21
IMUNOGLOBULINAS .......................................................................................... 22
IgG ........................................................................................................................... 22
IgA ........................................................................................................................... 23
IgM .......................................................................................................................... 24
C3 ............................................................................................................................ 24
C4 ............................................................................................................................ 25
Glicose..................................................................................................................... 25
Colesterol ................................................................................................................ 27
Triglicéridos ............................................................................................................ 27
LIPOPROTEÍNAS .................................................................................................. 28
APOLIPOPROTEÍNAS .......................................................................................... 31
Apoliproteína B ....................................................................................................... 31
Ureia ........................................................................................................................ 32
Creatinina ................................................................................................................ 33
Microalbuminúria .................................................................................................... 36
ALT/GPT ................................................................................................................ 37
γGt ........................................................................................................................... 38
ALP ......................................................................................................................... 38
Bilirrubinas .............................................................................................................. 39
Amilase.................................................................................................................... 41
Ferritina ................................................................................................................... 43
Transferrina ............................................................................................................. 44
CK ou CPK.............................................................................................................. 44
LDH......................................................................................................................... 45
Magnésio ................................................................................................................. 48
ELECTRÓLITOS ....................................................................................................... 51
Cloro ........................................................................................................................ 53
Cor ........................................................................................................................... 56
1. pH..................................................................................................................... 60
2. Glicose ............................................................................................................. 60
4. Proteínas........................................................................................................... 61
5. Bilirrubina ........................................................................................................ 62
6. Urobilinogénio ................................................................................................. 62
7. Nitritos ............................................................................................................. 62
8. Sangue .............................................................................................................. 63
9. Leucócitos ........................................................................................................ 63
II. HEMATOLOGIA.............................................................................................. 68
CRIOGLOBULINAS .............................................................................................. 74
CRIOAGLUTININAS ............................................................................................ 75
Prolactina............................................................................................................... 109
AFP........................................................................................................................ 119
Toxoplasmose........................................................................................................ 123
Rubéola.................................................................................................................. 124
ÍNDICE DE ABREVIATURAS
ASLO Anti-estreptolisina O
HB Hemoglobina
HCT Hematócrito
K+ Ião potássio
PTH Paratormona
RF Factor reumatóide
TP Tempo de protrombina
12
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Auto-analisador – Olympus AU400 _______________________________ 19
Figura 2: Minicap _____________________________________________________ 54
Figura 3: Traçado electroforético normal numa electroforese capilar _____________ 54
Figura 4: Aution Max-4280 _____________________________________________ 56
Figura 5: Imagem ao microscópico de leucócitos presentes na urina _____________ 64
Figura 6: Eritrócitos na urina – análise microscópica _________________________ 64
Figura 7: Células de descamação presentes no sedimento urinário _______________ 65
Figura 8: Células epiteliais de transição presentes no sedimento urinário __________ 65
Figura 9: Células epiteliais tubulares renais em sendimento de urina _____________ 66
Figura 10: Contador hematológico Symex XT-2000i _________________________ 76
Figura 11: Método SLS-HB _____________________________________________ 77
Figura 12: Contagem de células pelo Método de focagem hidrodinâmica _________ 77
Figura 13: Citometria de fluxo ___________________________________________ 78
Figura14: Gráfico de dispersão obtido por citometria de fluxo __________________ 79
Figura15: Gráfico de dispersão dos basófilos________________________________ 79
Figura 16: Gráfico de dispersão de reticulócitos _____________________________ 80
Figura 17: Hemograma com Plaquetas- Exemplo ____________________________ 81
Figura 18: VES-MATIC 30 _____________________________________________ 85
Figura 19: HB Gold ___________________________________________________ 86
Figura 20: ADAMS A1C HA-8160 _______________________________________ 88
Figura 21: Reacção de formação da HBA1c (2). _____________________________ 89
Figura 22: Symex Ca-500 _______________________________________________ 92
Figura 23: Cascata da coagulação ________________________________________ 94
Figura 24: Método de detecção foto-óptico _________________________________ 95
Figura 25: Hemostase tercearia- Fibrinólise _________________________________ 98
Figura 26: Advia Centaur XP ___________________________________________ 103
Figura 27: Imunoensaio do tipo Sandwich. ________________________________ 103
Figura 28: Imunoensaio competitivo _____________________________________ 104
Figura 29: Ciclo menstrual _____________________________________________ 110
Figura 30: VIDAS ___________________________________________________ 120
Figura 31: Perfil de anticorpos e antigénios observado no curso de uma infecção pelo
HBV ______________________________________________________________ 127
13
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
ÍNDICE DE TABELAS
14
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
RESUMO
15
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
ABSTRACT
The present report will describe all the activities that I have performed during
my 6 months internship as a master student of clinical analysis at the Faculty of
Pharmacy of the University of Lisbon.
I worked as an intern at Nova Era-Luz laboratory and I did several procedures in
three specific areas: Biochemistry, Hematology and Immunology.
At the beginning, in the biochemistry section, I started by doing serum
(Olympus AU400 e MiniCap) and urine (Aution Max AX4280 – chemical parameters)
analyses.
Hematology department is the one that has a major number of manual
techniques and automatic devices which include Sysmex XT2000i (CBC); VesMatic
30/30 Plus (sedimentation rate); Adams A1C HA8160 (glycated hemoglobin assay); Hb
Gold (hemoglobin electrophoresis) and Sysmex Ca500 (blood coagulation assay).
Lately, in the immunology section I took contact with the two principle devices
that are used for this type of analysis: Advia Centaur and VIDAS.
So, this report is divided in the three sections mentioned above and in which one
of them I present a theoretical foundation of the technique, principles and an
explanation of the obtained results either by device or manual technique.
16
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
17
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
I. BIOQUÍMICA
18
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
APARELHOS AUTOMÁTICOS
Olympus AU400
METABOLISMO PROTEICO
Princípio:
19
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação Clínica:
Um aumento das proteínas totais (hiperproteinémia) é observado em situações
de desidratação, devido à ingestão de água inadequada, ou pela perda de água excessiva
em situações de vómitos intensos, diarreia, doença de Addison ou acidose diabética. A
hiperproteinémia pode ser ligeira e resultar de um aumento nas concentrações das
proteínas presentes em concentrações baixas como as imunoglobubinas policlonais,
numa infecção. Ou, por outro lado, pode ser acentuada e resultar de um aumento das
imunoglobulinas monoclonais (por exemplo no mieloma múltiplo).
Uma hipoproteinémia pode ser ter como causas uma diminuição da síntese
hepática de proteínas (nomeadamente da albumina que se encontra em maior
concentração no soro); um aumento da excreção devido a lesão renal; distúrbios em que
as proteínas não são absorvidas ou ingeridas adequadamente como na doença celíaca ou
doença inflamatório dos intestinos; aumento da volémia entre outras (2).
Proteínas urinárias
Princípio:
Interpretação Clínica:
A proteinúria avalia a quantidade de proteínas presentes na urina, e é um dos
principais parâmetros utilizados na monitorização da função renal.
O aumento da quantidade de proteínas presentes na urina (proteinúria)
ocorre com um aumento da permeabilidade glomerular (proteinúria glomerular), sendo
20
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Albumina
Princípio:
Interpretação clínica:
Um aumento da concentração de albumina (hiperalbuminémia) é raro, podendo
ocorrer em casos de desidratação aguda ou estase venosa excessiva.
A diminuição da concentração de albumina (hipoalbuminémia) pode resultar de
uma síntese prejudicada; aumento do catabolismo; perda de proteínas na urina ou nas
fezes (hipoalbuminénia mais grave); absorção reduzida de aminoácidos; ou uma
distribuição alterada da albumina noutros compartimentos. Níveis baixos de albumina
21
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
são vistos em doenças hepáticas como na cirrose hepática, em doenças renais como o
síndrome nefrótico, situações de desnutrição, doenças inflamatórias, entre outras (2).
A PCR é uma proteína de fase aguda positiva produzida pelo fígado e libertada
para a circulação após algumas horas do início de uma reacção inflamatória.
Princípio:
Método de aglutinação
A PCR existente na amostra reage com partículas látex revestidas de anticorpos
PCR anti-humanos, formando agregados insolúveis cuja absorvância é proporcional à
concentração de PCR na amostra (1).
Interpretação clínica:
Níveis aumentados de PCR observam-se especialmente após um infarto agudo
do miocárdio, em situações de trauma, infecções bacterianas e virais, cirurgia e em
neoplasias.
O seu resultado pode ser positivo ou negativo (PCR reactiva), ou também um
valor numérico (PCR doseada ou ultra-sensível), consoante a prescrição médica.
IMUNOGLOBULINAS
IgG
Princípio:
Ensaio imuno-turbidimétrico
22
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação clínica:
Os valores de IgG encontram-se diminuídos numa agamaglobulinemia, na
SIDA, como resultado de queimaduras, no síndrome nefrótico, enteropatias com perda
de proteínas e mielomas não-IgG.
Níveis aumentado de IgG podem ocorrer em gamapatias monoclonais como no
mieloma múltiplo do tipo IgG, em linfomas, leucemias, em gamapatias policlonais, nas
doenças imunes (lúpus eritematoso sistémico, artrite reumatóide, síndrome de Sjogren),
sarcoidose, doença hepática crónica, algumas doenças parasitárias e infecções crónicas
ou recorrentes.
IgA
A IgA é a imunoglobulina predominante em secreções: saliva, lágrima, leite,
mucosas do tracto gastrointestinal, tracto respiratório e genitourinário. Também existe
como forma sérica contudo, o seu papel não é evidente. O seu principal papel é a
ligação a microorganismos nas mucosas, protegendo assim o organismo.
Interpretação Clínica:
Níveis reduzidos de IgA são observados no síndrome nefrótico,
gastroenteropatias com perdas proteicas severas, nas leucemias linfoblásticas agudas e
crónicas, síndrome de má absorção, agamaglobulinemia congénita e adquirida,
hipogamaglobulinemia entre outras. Pessoas com níveis de IgA diminuídos têm
tendência a sofrer infecções com mais frequência nas mucosas, atopia e doenças auto-
imunes.
Níveis aumentados de IgA estão presentes em gamapatias monoclonais, como no
mieloma múltiplo do tipo IgA e em gamapatias policlonais, na doença hepática crónica,
infecções crónicas, especialmente do tracto respiratório e gastrointestinal, neoplasia do
tracto respiratório inferior, doença inflamatória intestinal e alguns estados de
imunodeficiência tais como o síndroma de Wiskott-Aldrich e artrite reumatóide.
23
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
IgM
Interpretação Clínica:
A deficiência de IgM é rara e está associada a infecções pirogénicas recorrentes.
Os níveis de IgM vêm aumentados em gamapatias monoclonais como no caso de
macroglobulinemia de Waldenström e linfoma maligno, e em gamapatias policlonais
como no caso de cirrose biliar primária, infecções sanguíneas por protozoários tais
como a malária, infecções virais ou bacterianas e artrite reumatóide.
PROTEÍNAS DO COMPLEMENTO
C3
Princípio:
Ensaio imuno-turbidimétrico
O C3 presenta na amostra reage especificamente com anticorpos C3 anti-
humanos presentes numa solução de anti-soro, formando agregados insolúveis cuja
absorção é proporcional à concentração de C3 na amostra (1).
24
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação clínica:
Os níveis de C3 estão diminuídos quando há activação quer da via clássica, quer
da via alternativa. Níveis diminuídos de C3 podem estar associados a glomerulonefrite
aguda, doença de complexos imunes, endocardite infecciosa, lúpus eritematoso
sistémico, deficiência congénita de C3 entre outras.
Os valores de C3 estão aumentados face a respostas inflamatórias de fase aguda
positiva.
C4
O C4 participa apenas na via clássica do complemento.
Interpretação clínica:
Níveis reduzidos de C4 podem estar associados à doença dos imunocomplexos,
lúpus eritematoso sistémico, crioglobulinemia, angioedema hereditário, deficiência
congénita de C4 entre outras.
Os níveis de C4 também se encontram aumentados em respostas inflamatórias
de fase aguda positiva.
METABOLISMO GLÍCIDICO
Glicose
Princípio:
Ensaio UV enzimático
A determinação da glicose é feita pelo método da hexoquinase:
25
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação Clínica:
Um aumento das concentrações de glicose no sangue (hiperglicemia) traduz-se
numa doença metabólica- Diabetes Mellitus. A diabetes Mellitus pode apresentar 4 tipos
distintos:
Diabetes Mellitus tipo I: as elevadas concentrações de glicose resultam
de uma destruição, na maioria dos casos auto-imune, das células β do pâncreas levando
a um défice da hormona insulina responsável pela diminuição dos níveis de glicose;
Diabetes Mellitus tipo II: há uma resistência à acção da insulina ou
defeito na secreção da mesma, correspondendo a cerca de 90% dos casos de diabetes;
Diabetes associada a outras causas como defeitos genéticos da acção da
insulina, doenças pancreática com insuficiência endócrina ou induzida por fármacos;
Diabetes gestacional: anomalias no metabolismo da glicose que
acontecem pela primeira vez durante uma gravidez. Este tipo de diabetes, caso não seja
controlada, pode ser responsável por anomalias congénitas no feto (3).
26
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
METABOLISMO LIPÍDICO
Colesterol
Princípio:
Interpretação clínica:
Valores de colesterol alterados devem ser avaliados em conjunto com os valores
de lipoproteínas (HDL e LDL) e triglicéridos - perfil lipídico.
Triglicéridos
Os triglicéridos são os ésteres de colesterol mais comuns na alimentação
humana. Podem ser adquiridos pela alimentação ou produzidos pelo próprio organismo
no fígado. A maior parte dos triglicéridos encontra-se no tecido adiposo, mas uma
pequena quantidade circula no sangue e é usado como fonte de energia para os
músculos.
27
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Princípio:
Ensaio de cor enzimático
Interpretação clínica:
O valor de triglicéridos também inclui o perfil lipídico na avaliação do risco de
doenças coronárias. Contudo, valores muito elevados de triglicéridos também estão
associados a um grande risco de desenvolvimento de pancreatites.
LIPOPROTEÍNAS
Colesterol HDL
Princípio:
28
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
→ (1)
Interpretação Clínica:
Os valores de HDL devem ser interpretados juntamente com os outros
parâmetros referentes ao perfil lipídico, contudo valores baixos de HDL constituem um
factor de risco para doenças das artérias coronárias.
Colesterol LDL
Princípio:
A determinação do colesterol LDL é calculada através da fórmula de Friedwald:
LDL (mg/dL) = Colesterol total – (Triglicéridos / 5 + HDL)
Nota: Esta fórmula traduz resultados inválidos quando o valor dos triglicéridos é
superior a 400 mg/dl.
Interpretação Clínica:
Ao contrário do colesterol HDL, níveis elevados de LDL encontram-se
associados a um maior risco de desenvolvimento de aterosclerose.
29
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
HIPERLIPOPROTEINÉMIAS
HIPOLIPOPROTEINÉMIAS
30
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
N a ↑↑ ↓↓ DCV
APOLIPOPROTEÍNAS
Apoliproteína B
Princípio:
Ensaio imuno-turbidimétrico
A Apo B presente na amostra reage especificamente com anticorpos Apo B anti-
humanos contidos numa solução anti-soro formando agregados insolúveis. A absorção
destes agregados é proporcional à concentração de Apo B na amostra (1).
Interpretação clínica:
Os níveis elevados de apo B estão associados a um aumento do risco da doença
das artérias coronárias estando a sua concentração aumentada nas
hiperlipoproteinémias.
Níveis diminuídos estão presentes na abetaliproteinemias e
hipobetalipoproteinemia.
Apoliproteína A1
A apoliproteína A1 é sintetizada pelo intestino e pelo fígado e, é o principal
constituinte das HDL. A apoA1 desempenha um papel importante na eliminação do
excesso de colesterol dos tecidos extra-hepáticos e activação da LCAT
(lecitina:colesterol aciltransferase).
31
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação Clínica:
A concentração de Apo A1 encontra-se principalmente diminuída na
analfalipoproteinemia e hipoalfalipoproteinemia e aumentada na
hiperalfalipoproteinemia familiar.
FUNÇÃO RENAL
Ureia
Princípio:
Ensaio UV cinético
Interpretação Clínica:
Soro
O doseamento da ureia em conjunto com a determinação da creatinina no soro
são frequentemente determinadas para a avaliação da função renal.
Os valores de ureia podem surgir aumentados como resultado de uma perfusão
diminuída dos rins (infarte do miocárdio, choque, insuficiência cardíaca congestiva);
aumento do catabolismo proteico; desidratação; como resultado de doenças renais
(insuficiência renal crónica e aguda, glomerolonefrite); e em causas pós-renais causadas
por situações que levam à obstrução do fluxo urinário (tumores do aparelho urinário e
na próstata, cálculos renais).
32
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Urina
Níveis aumentados podem surgir com um aumento do catabolismo proteico,
dietas hiperproteicas ou hipertiroidismo, enquanto níveis reduzidos observam-se na
insuficiência renal e hepática, dietas pobres em proteínas e obstruções do tracto urinário.
Creatinina
A creatinina resulta do metabolismo da creatina e da fosfocreatina no músculo.
A creatinina é libertada para o plasma e excretada pelos rins numa velocidade constante,
que é proporcional à massa muscular da pessoa.
Princípio:
Ensaio de cor cinético
A creatinina forma um complexo amarelo alaranjado com o ácido pícrico num
meio alcalino, cuja absorvância a 520/580 nm é proporcional à concentração de
creatinina na amostra (1).
Interpretação Clínica:
A creatinina é um óptimo parâmetro de avaliação da função renal, já que a sua
produção, apenas depende do metabolismo celular muscular e, é quase exclusivamente
eliminada por filtração glomerular, não sendo influenciada directamente pela ingestão
de alimentos.
Como quase toda a creatinina é removida do corpo pelos rins, os níveis
sanguíneos de creatinina são uma indicação da capacidade de filtração dos glomérulos.
Um aumento dos níveis de creatinina no soro indica problemas que afectam a
função renal, tais como glomerulonefrites, pielonefrites, necrose tubular aguda,
obstruções do trato urinário por cálculos, redução da perfusão renal devido a situações
de choque, desidratação, insuficiência cardíaca congestiva ou aterosclerose entre outras
causas. Níveis sanguíneos elevados de creatinina podem ser observados
temporariamente após lesões musculares.
33
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Depuração da creatinina
Este parâmetro é calculado de modo a avaliar a velocidade e a eficiência da
filtração renal. Para o cálculo da depuração é necessário uma medida da concentração
de creatinina numa amostra de sangue e numa amostra de urina de 24 horas.
A depuração de creatinina é calculada pela seguinte fórmula:
Interpretação Clínica:
A depuração da creatinina varia inversamente com a concentração de creatinina
no soro, ou seja, quando a creatinina no soro é elevada (situações acima referidas) a
depuração é diminuída, indicando dano renal.
Um aumento da depuração da creatinina pode ser observado ocasionalmente
durante a gravidez, após exercícios ou após a ingestão de grandes quantidades de carne,
mas o exame em geral não é usado nesses casos.
Ácido úrico
34
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Princípio:
Interpretação clínica:
Soro
O ácido úrico não é considerado um bom parâmetro de avaliação da função renal
devido à presença de alterações metabólicas ou alimentares que aumentam a sua
concentração plasmática (hiperuricemia) sem que haja a disfunção renal.
A hiperuricemia encontra-se presente em várias doenças:
Doenças com o catabolismo proteico aumentado, como é o caso da gota
em que há deposição de cristais de ácido úrico nas articulações, doenças
mieloproliferativas e terapia com drogas tóxicas (quimioterapia em leucemias e
linfomas);
Doenças renais, como na insuficiência renal crónica, envenenamentos
com chumbo ou alcoolismo;
Defeitos enzimáticos específicos como a deficiência de hipoxantina-
guaninafosforribosil transferase ou de glucose-6-fosfato.
A hipouracemia pode ser consequência da diminuição da síntese (deficiência em
xantina oxidase, disfunção hepática aguda), deficiência tubular renal e ainda por acção
de certas drogas, como a varfarina (2).
Urina
Níveis elevados de ácido úrico na urina são observados em situações como a
gota, mieloma múltiplo, leucemias, linfomas e dieta rica em purinas, e estão associados
a um risco de formação de cálculos renais, por outro lado, níveis reduzidos podem
ocorrer em doenças renais, dieta pobre em purinas e alcoolismo crónico.
35
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Microalbuminúria
Princípio:
Ensaio imuno-turbidimétrico
A albumina humana reage especificamente com anticorpos de albumina anti-
humanos presentes numa solução anti-soro formando agregados insolúveis, cuja
absorvância destes, é proporcional à concentração de albumina na amostra (1).
Interpretação clínica:
A determinação de microalbuminúria é importante no controlo dos doentes com
diabetes Mellitus, uma vez que a presença da microalbuminúria nestes doentes indica
um comprometimento renal (nefropatia diabética). A microalbuminúria é um factor de
risco da evolução para nefropatia clínica em doentes com Diabetes Mellitus tipo 1 e
representa também um risco aumentado de doença renal progressiva e morbilidade e
mortalidade cardiovascular na Diabetes Mellitus tipo 2 (5).
FUNÇÃO HEPÁTICA
AST /GOT
Princípio:
Ensaio UV cinético
36
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação clínica:
Como a AST encontra-se presente em altas concentrações no citoplasma e nas
mitocôndrias do fígado, músculos esquelético e cardíaco, rins, pâncreas e eritrócitos,
quando qualquer um desses tecidos é danificado, a AST é libertada no sangue e o seu
aumento está associado a uma lesão de qualquer um destes orgãos.
Níveis aumentados de AST podem ser detectados em hepatites agudas na
maioria víricas (níveis muito aumentados), doenças hepáticas associadas a necrose,
cirrose hepática, colestase extra-hepática, carcinoma hepático excepto nos estadios
iniciais de doença, distrofia muscular progressiva, dermatomiosite, embolia pulmonar.
Elevações ligeiras a moderadas da AST podem ocorrer na pancreatite aguda,
doença hemolítica, gangrena, lesões por esmagamento muscular, após a ingestão de
álcool ou administração de drogas como os opiáceos.
A actividade da AST também se eleva após um infarto do miocárdio e o seu
doseamento pode ser útil na monitorização da evolução.
Os valores de AST podem encontrar-se falseados em amostra de soro
hemolisadas, uma vez que a AST está presente nos eritrócitos numa concentração
superior à do soro normal.
ALT/GPT
Interpretação Clínica:
Níveis acentuadamente elevados de ALT podem ser detectados nas hepatites
víricas, hepatites tóxicas, cirrose, mononucleose, carcinoma hepatocelular, colestase
37
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
γGt
Princípio:
Interpretação clínica:
O γGT é um indicador enzimático muito sensível de doenças hepatobiliares, e a
sua actividade é elevada em todas as formas de doença hepática.
Níveis aumentados de γGT ocorrem na colestase intra ou extra-hepática (em
níveis muito acentuados), no carcinoma hepático primário ou metastático, pancreatite
aguda e crónica e cirrose. O γGT aumenta em doentes com icterícia obstrutiva,
colangite e colecistite havendo elevação mais cedo e durante mais tempo que a fosfatase
alcalina.
Elevações da γGT também podem estar associadas, sem nenhum significado
patológico, ao consumo de grandes quantidades de álcool e algumas drogas que causam
efeito tóxico no tecido hepático.
ALP
38
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Princípio:
Ensaio de cor cinético
Interpretação Clínica:
O doseamento da fosfatase alcalina é particularmente importante no estudo das
doenças hepatobiliares e doenças ósseas.
Nas doenças hepatobiliares os níveis de fosfatase alcalina encontram-se
aumentados em situações de obstrução extra e intra-hepática, obstrução intra-hepática
do fluxo biliar e hepatites infecciosas.
Em doenças ósseas os níveis de ALP encontram-se elevados na doença de Paget,
osteomalacia, raquitismo, carcinoma ósseo osteogénico, e em doenças secundárias dos
ossos como o hiperparatiroidismo, insuficiência renal, mieloma múltiplo ou sarcoidose.
Mulheres na gravidez de terceiro trimestre também apresentam níveis elevados
de fosfatase alcalina, nomeadamente da fosfatase alcalina placentária.
Bilirrubinas
Bilirrubina total
Princípio:
39
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação clínica:
Princípio:
Ensaio de cor fotométrico
40
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação Clínica:
FUNÇÃO PANCREÁTICA
Amilase
Princípio:
Interpretação Clínica:
Soro
A medição da amilase no soro encontra-se muitas vezes associada à medição da
lipase no diagnóstico e acompanhamento de pancreatites e doenças do pâncreas.
São muitas as causas que levam a um aumento da actividade da amilase. Entre
elas destacam-se a pancreatite aguda e crónica e suas complicações; carcinoma
pancreático; obstruções intestinais, das vias biliares e do canal pancreático; peritonite;
apendicite; lesões das glândulas salivares; insuficiência renal; tumores do pulmão e
41
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Urina
A amilase é filtrada no glomérulo e excretada na urina. Na pancreatite
observam-se aumentos na excreção de urina conduzindo a uma elevação da enzima na
urina muitas vezes até mesmo antes da sua elevação no soro.
METABOLISMO DO FERRO
Ferro sérico
Princípio:
Ensaio de cor fotométrico
→
Interpretação Clínica:
Um aumento da concentração de ferro ocorre nas doenças por excesso de ferro
como na hemocromatose (doença autossómica recessiva). Concentrações superiores às
normais também podem resultar de um aumento da ingestão de ferro, de múltiplas
transfusões de sangue, de casos de envenenamento agudo por ferro, principalmente em
crianças após a ingestão de medicamentos com ferro, ou doenças hepáticas.
Concentrações reduzidas de ferro são observadas em anemias por falta de ferro,
em distúrbios inflamatórios crónicos, em infecções agudas como no infarto do
miocárdio, em hemorragias recentes ou agudas, doenças malignas, gravidez tardia e
menstruação.
Ferritina
Princípio:
Ensaio imuno-turbidimétrico
A ferritina presente na amostra aglutina com partículas látex revestidas com
anticorpos anti-ferritina de coelho formando complexos antigénio-anticorpo cuja
absorvância é lida espectrofotometricamente (1).
Interpretação Clínica:
O doseamento da ferritina é um indicador sensível dos níveis de ferro presentes
no organismo. Variações na concentração de ferro são reflectidas nos valores de
ferritina.
Concentrações diminuídas de ferritina estão presentes nas anemias por défice de
ferro.
Por outro lado, concentrações aumentadas são observadas em doenças crónicas
como a artrite reumatoide ou doença renal; leucemias e linfomas; hepatites virais; ou
hemocromatose.
43
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Transferrina
Princípio:
Ensaio imuno-turbidimétrico
A transferrina presente na amostra reage especificamente com anticorpos de
transferrina anti-humanos presentes numa solução anti-soro formando agregados
insolúveis, cuja absorvância é proporcional à concentração de transferrina na amostra
(1).
Interpretação clínica:
Níveis aumentados de transferrina observam-se em casos de carência de ferro
como nas anemias por falta de ferro, em hemorragias, durante a gravidez e na
administração de estrogénios.
A transferrina é uma proteína de fase aguda negativa, logo as suas concentrações
vêm diminuídas em estados inflamatórios. Níveis diminuídos ocorrem também em
condições associadas a um aumento de perda de proteínas, tais como o síndrome
nefrótico, estados de deficiência de proteínas e na doença hepática crónica.
FUNÇÃO CARDÍACA
CK ou CPK
44
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Princípio:
Ensaio UV cinético
Interpretação clínica:
Os níveis sanguíneos de creatina quinase (CK) elevam-se quando há uma lesão
do músculo-esquelético ou do músculo cardíaco.
As lesões do músculo esquelético que elevam a CK são principalmente as da
distrofia muscular progressiva (do tipo Duchenne, particularmente).
Ao nível do músculo cardíaco, a CK encontra-se elevada após um infarto agudo
do miocárdio e situações de trauma cardíaco, normalmente após cirurgia cardíaca.
Situações como angina do peito, choque cardiogénico, miocardite, taquicardia,
insuficiência cardíaca congestiva entre outras também podem conduzir a um aumento
da actividade de CK total.
Situações como exercício físico intenso, alguns medicamentos como estatinas
podem conduzir a resultados falsamente positivos (2).
LDH
45
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Princípio:
Ensaio UV cinético
→
O aumento do NADH é medido a 340nm e é directamente proporcional à
actividade enzimática na amostra (1).
Interpretação clínica:
Os níveis de LDH encontram-se elevados numa ampla variedade de situações
como resultado da sua distribuição generalizada nos tecidos. Assim, níveis elevados de
LDH surgem no músculo cardíaco após um infarto agudo do miocárdio, miocardite,
insuficiência cardíaca e na presença de próteses de válvulas cardíacas; no fígado numa
hepatite vírica, hepatite tóxica com icterícia, mononucleose; no músculo-esquelético
numa distrofia muscular progressiva; nos eritrócitos na presença de hemólise; e nos rins
numa glomerulonefrite crónica, lúpus eritematoso sistémico, nefroesclerose diabética.
Situações como exercício físico intenso e hemólise podem afectar os valores de
LDH, causando resultados falsamente positivos. A concentração de LDH nas hemácias
é cerca de 150 vezes superior à do plasma/soro (2).
Cálcio total
46
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
dos ossos. Cerca de 99% do cálcio é encontrado nos ossos, e o restante encontra-se nos
tecidos moles e líquido extracelular.
O cálcio encontra-se no sangue em três formas: cálcio livre ou ionizado (cerca
de 50% correspondendo à fracção fisiologicamente activa), cerca de 40% ligado a
proteínas, e cerca de 10% complexado.
Princípio:
Ensaio de cor fotométrico
Interpretação clínica:
Algumas das causas que levam a um aumento da concentração de cálcio
(hipercalcemia) são o hiperparatiroidismo primário e tumores ósseos como causas mais
comuns, a sarcoidose, excesso de vitamina D (suplementação excessiva ou doses
terapêuticas excessivas), hipertireoidismo, tuberculose, imobilização prolongada e
transplantação renal. Concentrações de cálcio acima dos valores normais resultam numa
excitabilidade neuromuscular diminuída e fraqueza muscular.
Por outro lado, uma diminuição da concentração do cálcio no soro
(hipocalcemia) tem como causa principal a hipoalbuminemia (redução da ligação do
cálcio à albumina traduzindo-se numa falsa hipocalcemia). Outras causas de
hipocalcemia são a insuficiência renal crónica, o hipoparatiroidismo, uma diminuição da
ingestão de cálcio, deficiência de vitamina D, pancreatite aguda e uma diminuição dos
níveis de magnésio. A hipocalcemia resulta em tetania muscular (2).
Princípio:
Ensaio UV fotométrico
→
47
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação Clínica:
Magnésio
O magnésio é um catião intracelular encontrado em quase todas as células, sendo
que cerca de 55% do magnésio total está presente principalmente nos ossos. É essencial
em diversas reacções enzimáticas importantes, onde funciona como co-factor ou
activador. O magnésio desempenha ainda um papel importante na glicólise, fosforilação
oxidativa, respiração celular, metabolismo nucleótido, biossíntese proteica e transporte
de cálcio membranar.
Princípio:
Ensaio de cor fotométrico
48
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação Clínica:
Os baixos níveis de magnésio (hipomagnesemia) no sangue podem resultar de
uma baixa ingestão de magnésio; perda de magnésio nos intestinos sobretudo devido a
diarreias, pancreatite aguda e má absorção; ou perda urinária que ocorre no diabetes
mellitus, alcoolismo, e uso de medicamentos.
A hipermagnesemia surge sobretudo nas insuficiências renais agudas ou crónicas
onde há uma diminuição da excreção de magnésio e também em situações onde há uma
ingestão excessiva de magnésio (antiácidos contendo magnésio).
Amostras de soro contendo hemólise podem provocar resultados falsamente
positivos uma vez que as hemácias têm maior quantidade de magnésio que o soro.
DOENÇAS AUTO-IMUNES
Factor reumatóide
Princípio:
Ensaio imuno-turbidimétrico
O factor reumatóide presente na amostra vai reagir com partículas de látex
revestidas com IgG humana, formando complexos imunes insolúveis, cuja absorvância
é proporcional à concentração de FR na amostra (1).
Interpretação Clínica:
O factor reumatóide é geralmente usado como teste auxiliar no diagnóstico da
artrite reumatóide, positivando em cerca de 80% dos pacientes com artrite reumatóide.
Quanto maiores forem os níveis de FR, maiores serão as possibilidades de uma
doença articular mais destrutiva. Contudo, este anticorpo não é específico para a artrite
reumatóide, e outras doenças como lúpus eritematoso sistémico, síndrome de Sjögren,
49
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
DOENÇAS INFECCIOSAS
Princípio
Ensaio imuno-turbidimétrico:
Os anticorpos anti-estreptolisina O presentes na amostra vão reagir com
partículas látex revestidas com estreptolisina O formando complexos insolúveis cuja
absorvância é proporcional à concentração de ASO na amostra (1).
Interpretação Clínica:
Uma elevação do título de anticorpos anti-estreptolisina O é indicativa de
contacto com a bactéria Streptococcus do Grupo A. Os anticorpos são detectados a
partir de uma semana da infecção e alcançam níveis máximos entre 4 a 6 semanas,
permanecendo detectáveis em níveis decrescentes durante vários meses após a cura.
Assim, níveis de anticorpos anti-estreptolisina O altos ou crescentes indicam uma
infecção estreptocócica recente. Níveis decrescentes indicam uma infecção curada.
A ASO pode positivar em doenças resultantes da infecção pelo Streptococcus do
Grupo A, tais como farigintes, amigdalites, endocardites, escarlatina, eripsela, febre
reumática, e glomerulonefrite aguda.
50
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
ELECTRÓLITOS
Princípio
Sódio (Na+)
Interpretação Clínica:
Soro (NATRÉMIA)
Hiponatrémia, concentração diminuída de Na+ no soro pode resultar de uma
ingestão diminuída de Na+, perda de Na+ (vómitos, diarreia, sudorese excessiva, uso
inadequado de diuréticos, hipoaldoesteronismo, cetoacidose diabética, ou acidose
tubular renal), aumento de água (insuficiência cardíaca crónica, diabetes descontrolado,
cirrose hepática, síndroma nefrótico ou desnutrição) e síndrome inadequada da hormona
antidiurética (SIADH). Uma pseudo-hiponatrémia pode ser determinada em amostras
lipémicas (hiperlipedémias).
51
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Urina (NATRIÚRIA)
A hipernatriúria, aumento dos níveis de sódio na urina pode ser observada na
terapêutica com diuréticos, síndrome de Addison, nefrite com perda de sal,
hipoaldosteronismo ou SIADH.
Uma diminuição dos níveis de sódio urinário (hiponatrúria) está muitas vezes
associada a uma baixa ingestão de Na+ na dieta. Também ocorre no
hiperaldoestorinsmo, insuficiência cardíaca congestiva, oligúria aguda e azotemia pré-
renal.
Potássio (K+)
Interpretação Clínica:
Soro (CALIÉMIA)
52
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Urina
O potássio pode ser eliminado através dos rins, pela urina e em casos raros os
seus níveis poderão estar anormalmente baixos devido a uma ingestão de quantidades
insuficientes na dieta, na doença renal ou doença renal com diminuição do fluxo
urinário.
A excreção de K+ pode vir aumentada no hiperaldosteronismo primário e
secundário, doenças renais primárias, síndromes tubulares renais, após administração de
ACTH, cortisona ou hidrocortisona.
Cloro
Interpretação clínica:
Soro (CLOREMIA)
Concentrações diminuídas de cloretos estão presentes em algumas situações
como a cetoacidose diabética, insuficiência renal, alcalose metabólica, acidose
respiratória, doença de Addison, vómitos prolongados, sudorese excessiva e
hiperaldosteronismo.
A hipercloremia ocorre geralmente em situações de desidratação contudo,
também pode ocorre na acidose tubular renal, insuficiência renal aguda, acidose
metabólica, alcalose respiratória e diabetes insipido.
53
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação Clínica:
As proteínas presentes no soro percorrem distâncias diferentes, formando um
perfil electroforético onde se pode observar a presença de 5 bandas distintas: albumina,
alfa-1-globulina, alfa-2-globulina, beta-globulinas e gamaglobulinas.
O perfil electroforético pode ser normal observando-se a presença das 5 bandas
(Figura 3) ou alterado por situações fisiológicas e patológicas onde poderá apresentar
bandas diminuídas ou ausentes, bandas com intensidade aumentada e bandas com
mobilidade anormal (Tabela 3).
54
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
A alteração electroforética
característica das reacções de fase
aguda consiste no aumento da α-1 e α-
Inflamação 2-globulinas, quase sempre associado à
aguda diminuição da albumina.
Quando este aumento vem associado
ao aumento das γ-globulinas estamos
perante uma fase de cronicidade.
Presença de um pico largo e difuso
aumentado na fracção γ-globulina.
Geralmente ocorre como efeito
Gamopatia
secundário em doenças crónicas
policlonal
(doenças inflamatórias crónicas,
doença hepática ou neoplasias
disseminadas).
55
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Cor
Princípio:
Interpretação clínica:
56
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
A cor da urina pode variar desde incolor a preto. Estas variações traduzem o
resultado do metabolismo; da ingestão de determinados compostos; das condições
patológicas; e da actividade física.
A urina normal tem uma coloração amarela que resulta da excreção de 3
pigmentos resultantes de um metabolismo normal: urocromo (amarelo); uroeritrina
(vermelho); e urobilina (laranja). A variação da cor normal da urina é decorrente do
estado de hidratação do organismo e da variação das concentrações dos pigmentos
referidos.
Uma amostra de urina com uma coloração amarelo-escura ou âmbar pode ser
determinada pela presença anormal do pigmento bilirrubina. Este pigmento também
pode ser detectado ao agitar o tubo de urina e se observar a presença de espuma
amarela.
É comum também observar-se uma coloração amarelo-alaranjada que ocorre
quando há administração de derivados de piridina para o tratamento de infecções
urinárias.
A presença de sangue na urina é uma das causas mais comuns de anormalidade
na sua coloração e conduz a uma coloração que vai desde o vermelho rosado a vermelho
negro, dependendo da quantidade de sangue, pH da urina e do tempo de contacto. Uma
urina com pH ácido, não colhida recentemente, possui uma coloração marrom-escura
resultante da conversão da hemoglobina em meta-hemoglobina.
A presença de hemoglobina e mioglobina na urina apresentam uma coloração
vermelha e aspecto límpido enquanto a presença de eritrócitos conduz a um aspecto
turvo.
A coloração da urina não muda apenas pela presença de factores patogénicos no
organismo, a ingestão de terminados alimentos, medicações e vitaminas também
provocam mudanças na sua coloração.
Princípio:
Método do índice de refracção
A densidade da urina é obtida pela medição do ângulo de refracção da luz que
passa através de um prisma triangular que contêm as amostras de urina. O índice de
refracção muda de acordo com a densidade da amostra no prisma triangular
57
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
SG= SGt-CGLU-CPRO
Interpretação clínica:
A avaliação da capacidade de reabsorção renal é feita pela medição da
densidade. A densidade indica a concentração de substâncias químicas dissolvidas na
urina em função do poder de excreção e concentração dos rins.
Os valores de densidade normais variam de 1,010 a 1,030. Valores aumentados
indicam desidratação devido a uma ingestão diminuída de líquidos, febre, vómitos,
diarreia ou transpiração. Quanto maior a densidade da urina, maior é a concentração das
substâncias dissolvidas e menor é a quantidade de água presente.
1
Coeficiente de posição: calculado a partir dos dados enviados pelo detector
58
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Princípio:
A determinação dos parâmetros químicos presentes nas tiras testes é feita através
do método de reflectância de duplo comprimento de onda.
Na unidade óptica, dois comprimentos de onda diferentes irradiam as áreas de
reagentes presentes nas tiras teste e a secção de “color-tone-compensated”. A luz
reflectida é recebida por três detectores. A combinação dos comprimentos de onda vai
ser diferente para cada parâmetro medido.
A luz irradiada para a secção de “color-tone-compensation” é ajustada para
factores tais como a quantidade de luz reflectiva e a cor da amostra que podem
interferir.
A reflectância é calculada através da seguinte fórmula tendo em conta a
quantidade de luz reflectida medida na unidade óptica:
R= (Tm x Cs) / (Ts X Cm)
(R- reflectância; Tm- quantidade de luz reflectida; Ts- luz reflectida usando o
comprimendo de onda de referência; Cm: quantidade de luz reflectida na secção “color-
tone-compensation”; Cs: quantidade de luz reflectida na secção “color-tone-
compensation” com o comprimento de onda de referência)
R= Tm/Cm
59
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Rt= R+A(T-25)xR2(1-R)2
1. pH
2. Glicose
3. Corpos cetónicos
4. Proteínas
61
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
5. Bilirrubina
6. Urobilinogénio
7. Nitritos
A pesquisa de nitritos nas tiras teste é feita com base na reacção de Griess, na
qual os nitritos presentes na amostra reagem com a sulfanilamida em meio ácido. O sal
diazónico formado reage com o dicloridrato N-1-naftiletilenediamina formando um
composto de coloração vermelha proporcional à quantidade de nitritos na amostra.
A presença de nitritos na urina é indicativa da presença de bactérias com a
capacidade de reduzir os nitratos presentes na amostra de urina a nitritos. São bactérias
redutoras de nitrato a nitrito e responsáveis pela maioria das infecções do trato urinário,
62
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
por exemplo: Escherichia coli, Klebsiella sp, Serratia sp, Proteus sp, Enterobacter sp,
Enterococcus sp e Staphylococcus coagulase negativo. Contudo, a ausência de nitritos
na urina não elimina a presença de uma possível infecção do tracto urinário, uma vez
que nem todas as bactérias produzem enzimas redutoras de nitratos a nitritos.
8. Sangue
9. Leucócitos
63
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Leucócitos
Eritrócitos
64
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Células
65
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Consiste num teste rápido usado para a detecção qualitativa de sangue oculto em
fezes humanas. É realizado principalmente como teste de rastreio, para a detecção
precoce do cancro do cólon.
Princípio:
Teste imunocromatográfico de fluxo lateral
A amostra migra por capilaridade sobre uma membrana que contêm um
anticorpo anti-hemoglobina na linha de teste. Quando há presença de sangue na amostra
este reage com o anticorpo anti-hemoglobina produzindo uma linha colorida que indica
resultado positivo. A membrana contém ainda uma linha de controlo de modo a avaliar
se o volume de amostra foi suficiente e se houve absorção na membrana.
Um resultado positivo é indicado assim pela presença de duas linhas coloridas
na membrana e é indicativo da presença de sangue nas fezes (10).
Interpretação Clínica:
Um resultado positivo neste teste é indicativo da presença de uma hemorragia
no tracto gastrointestinal. A presença de sangue pode estar presente numa quantidade
muito pequena e não ser visível, sendo apenas detectada com a pesquisa de sangue
oculto nas fezes.
66
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
As causas mais comuns da presença de sangue nas fezes podem variar desde
situações benignas e frequentes como as hemorroidas ou fístulas do ânus, até situações
mais graves como as úlceras gástricas e duodenais, diverticulite, pólipos do cólon e
recto, neoplasias gástricas ou de cólon, colites, algumas parasitoses e hemorragias de
boca ou trato respiratório superior deglutidas.
Muitas vezes esta pequena quantidade de sangue nas fezes é o primeiro, e por
vezes o único sinal precoce de cancro do cólon, o que torna a PSOF uma ferramenta de
rastreio muito importante.
67
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
II. HEMATOLOGIA
É realizado um esfregaço sanguíneo sempre que este seja requerido pelo médico,
e sempre que seja necessário confirmar, qualquer resultado obtido pelos métodos
automáticos. Consiste assim, na preparação de uma fina camada de células sanguíneas
sobre uma lâmina de vidro, para um exame microscópico, com o objectivo de visualizar
a morfologia das várias células sanguíneas e fazer a fórmula leucocitária. É importante
ter em atenção as três linhagens: eritrocítica (observar alterações morfológicas, tais
como o tamanho, forma, cor e inclusões; alterações do estado de maturação),
leucocitária (alterações morfológicas e alterações do estado de maturação) e plaquetária
(alterações morfológicas e numéricas).
Um bom esfregaço sanguíneo deve, sempre que possível, ser efectuado logo
após a colheita com sangue total, sem adição de anticoagulante. Deve ser fino, regular e
homogéneo, apresentar bordos bem definidos e franja e deve diminuir a espessura da
cabeça para a cauda.
68
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Coloração de May-Grünwald-Giemsa
Solução de Giemsa
69
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação Clínica:
A contagem de reticulócitos é importante para avaliar a capacidade de resposta
medular. Representa uma medida da produção de eritrócitos. Um aumento do número
de reticulócitos após situações como quimioterapia, transplantes de medula óssea ou
tratamento de anemias (ferropénicas ou por défice de vitamina B12 ou ácido fólico),
indica uma boa capacidade de resposta medular – eritropoiese eficaz.
Esta contagem permite também classificar se uma anemia é regenerativa
(valores elevados de reticulócitos) ou não (valores reduzidos de reticulócitos). Uma
anemia regenerativa tem como principais causas as hemorragias e anemias hemolíticas,
incluindo a doença hemolítica do recém-nascido. Por outro lado, situações como anemia
por défice de ferro, folatos ou vitamina B12, anemias aplásticas e radioterapia
conduzem a uma diminuição do número de reticulócitos e traduzem uma eritropoiese
ineficaz – anemia não regenerativa.
70
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação Clínica:
A contagem de plaquetas tem interesse em algumas situações, nomeadamente
em pessoas com problemas hemorrágicos; numa situação pré-operatória (precaução de
possíveis hemorragias); em doentes submetidos a tratamento com citostáticos e/ou
radioterapia (programação da terapêutica); doentes que tomam anticonvulsivantes; e
sempre que o tempo de hemorragia esteja aumentado.
Um aumento do número de plaquetas (trombocitose) pode ocorrer de modo
fisiológico, após o parto e após exercícios intensos e, em situações patológicas
nomeadamente nas síndromes mieloproliferativas como a leucemia mieloide crónica
(LMC).
Uma diminuição do número de plaquetas (trombocitopenia) pode ocorrer em
situações fisiológicas na mulher, durante a menstruação e em situações patológicas
como em algumas infecções virais em crianças (mononucleose, rubéola, ou dengue),
algumas leucemias, neoplasias medulares, doenças auto-imunes (como o lúpus ou
púrpura trombocitopénica idiopática (PTI), onde o sistema imunitário cria anticorpos
que atacam o próprio organismo e podem provocar a destruição das plaquetas), doenças
renais como a púrpura trombocitopénica (PT) e a síndrome hemolítica urémica (SHU),
doença de Von Willebrand, devido à acção de certos químicos (quimioterapia ou
radioterapia) e medicamentos (4).
71
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Sistema ABO
Os antigénios do sistema ABO são glicoproteínas formadas por uma sequência
de 15 aminoácidos seguidos de uma cadeia de hidratos de carbono.
Os antigénios A e B podem ser transmitidos isoladamente, ou juntos definindo o
tipo sanguíneo: tipo A (antigénio A); tipo B (antigénio B); tipo AB (antigénio A+B); e
tipo O (ausência do antigénio A e do B).
Aos antigénios eritrocitários A e B, correspondem anticorpos naturais
(aglutininas naturais), anti-A e anti-B respectivamente. Nos indivíduos do grupo O são
encontrados anticorpos anti-A e anti-B. Estes anticorpos naturais são imunoglobulinas,
geralmente do tipo IgM e IgG, de menor intensidade que os anticorpos imunes e, que
possuem afinidade com os antigénios naturais correspondentes. Assim, quando uma
pessoa recebe uma transfusão de sangue de um tipo não compatível com o seu ele,
produz anticorpos contra o antigénio eritrocitário estranho (12).
72
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Resultados e interpretação:
Tabela 5: Determinação do RH
Anti-D
Rh positivo +
Rh negativo -
73
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Princípio: Adicionar uma gota de sangue total entre uma lâmina e lamela e
comprimir um pouco a lamela para que o sangue fique bem espalhado em toda a lamela.
De seguida, os bordos da lamela são selados com parafina líquida de modo a impedir
qualquer contacto com oxigénio. Colocar na estufa cerca de 24-48horas e visualizar a
lâmina ao microscópico.
Interpretação clínica:
A prova da falciformação é requerida pelo clínico quando há suspeita de anemia
falciforme.
A pesquisa da hemoglobina S é sempre feita, recorrendo em primeiro lugar à
electroforese das hemoglobinas e, caso nesta esteja presente uma banda correspondente
há hemoglobina S partimos então para a prova de falciformação.
Esta prova é positiva sempre que se observem células em forma de foice
(células falciformes).
CRIOGLOBULINAS
74
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação clínica:
A presença de crioglobulinas no sangue manifesta-se pela observação de um
precipitado esbranquiçado no sangue que é dissolvido 37ºC. Estas encontram-se
presentes no decurso de mielomas, na macroglobulinemia de Waldenström, leucemia
linfocítica crônica, lúpus eritematoso sitémico, síndrome de Sjögren e doenças hepáticas
(incluindo hepatite crônica, cirrose e hepatite C) (6).
CRIOAGLUTININAS
Interpretação clínica:
A prova de crioaglutinação é utilizada, sobretudo como auxilio no diagnóstico
de infecções pelo Mycoplasma Pneumoniae. Esta prova é positiva em cerca de 34% a
68% dos pacientes com a infecção. Não é um teste específico, podendo ser positivo em
outras doenças como a mononucleose infeciosa, linfomas, doenças do colagénio,
neoplasias, infecções crónicas, vírus influenza, artrite reumatóide entre outras.
75
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Sysmex XT-2000i
76
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Princípio:
77
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Princípio:
78
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
79
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
ÍNDICES ERITROCITÁRIOS
VGM (fL) =
80
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
HGM (pg) =
81
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
82
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
83
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
84
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Princípio:
Interpretação Clínica:
O valor da velocidade de sedimentação pode ser influenciado por alguns
factores como a concentração de algumas proteínas, cuja concentração plasmática varia
na presença de processos inflamatórios ou patologias (como neoplasias); por factores
eritrocitários (número, tamanho e forma dos eritrócitos, formação de rouleaux); e por
anemia. Alguns fenómenos mecânicos (enchimento incorrecto do tubo, vibrações,
temperatura, tempo de espera e proporção sangue/anticoagulante), também podem
afectar o valor da velocidade de sedimentação.
Este teste não é específico de determinadas condições clínicas nem de
hemopatias, mas o seu valor encontra-se alterado em infecções agudas e crónicas
(tuberculose e sífilis), processos inflamatórios agudos (apendicite), doenças reumáticas
85
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
86
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação Clínica:
O padrão electroforético de um adulto normal inclui apenas os seguintes tipos de
hemoglobinas nas seguintes proporções:
Hemoglobina A 96 – 98 %
Hemoglobina A2 1,5 – 3,5 %
Hemoglobina F 0–1%
87
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
88
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação clínica:
O doseamento da hemoglobina glicada é importante não só no momento do
diagnóstico da diabetes, mas principalmente na monitorização do controle glicémico em
pacientes diabéticos a longo prazo. Esta análise apresenta vantagens face à
89
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
determinação da glicemia em jejum uma vez que não é necessária a condição de jejum;
o seu valor não é afectado pela ingestão alimentar ou prática de exercício recente; não
sofre alterações em casos de stress ou doença; e tem ainda uma maior estabilidade.
A interpretação do valor da Hb glicada é influenciada por todas as situações que
alterem a vida média dos glóbulos vermelhos ou situações que afectam a HbA. Os
resultados podem encontrar-se falsamente diminuídos em anemias hemolíticas ou
hemorragias recentes (redução do tempo de vida-médio dos glóbulos vermelhos) e na
presença de grandes quantidades de vitaminas C e E. Por outro lado podem encontra-se
falsamente elevados em anemias ferropénicas e anemias por défice de vitamina B12 ou
folatos devido há grande proporção de eritrócitos senescentes.
Os valores normais da hemoglobina glicada encontram-se normalmente entre
4% e 6%. Valores elevados encontram-se associados a um risco de complicações
crónicas.
ESTUDO DA HEMOSTASE
90
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Hemostase primária
Na hemostase primária ocorre lesão do vaso sanguíneo e imediata
vasoconstrição deste, de modo a diminuir o fluxo local e permitir o maior contacto entre
as plaquetas circulantes e o ponto onde o endotélio sofreu a lesão. Esse simples contacto
é suficiente para a activação das plaquetas e adesão plaquetária ao local lesado. Forma-
se um tampão plaquetário que representa o primeiro mecanismo de defesa do organismo
contra a perda sanguínea. À adesão plaquetária, segue-se a agregação plaquetária e logo
depois a activação do mecanismo da coagulação.
Princípio: Consiste em fazer uma pequena incisão com a ajuda de uma lanceta
na derme do lóbulo da orelha. A gota de sangue que sai da incisão é recolhida de 30 em
30 segundos para um papel de filtro, até parar a hemorragia. O tempo é reportado em
minutos.
Interpretação clínica:
Um aumento do tempo de hemorragia é geralmente devido a trombocitopenia.
Outras causas de um aumento do tempo de hemorragia são a toma de medicamentos que
inibam as funções plaquetárias como a aspirina; deficiência ou ausência do factor
Willebrand como a doença de Willebrand; e trombopatias congénitas (ex: doença de
Glanzmann, síndrome de Bernard-Soulier) (20).
91
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Hemostase secundária
A hemostase secundária, mais designada de coagulação sanguínea é uma
cascata enzimática complexa no qual os seus componentes são activados por proteólise
e cujo produto final é a fibrina que forma a base do coágulo sanguíneo.
I. Tempo de coagulação
Corresponde ao tempo necessário para a que ocorra a coagulação do sangue após
a sua colheita.
Interpretação Clínica:
O tempo de coagulação alterado confirma a presença de defeitos nos factores da
coagulação. Valores aumentados encontram-se, por exemplo, nas hemofilias (A e B) e
na presença de anticoagulantes circulantes (12).
Coagulação
92
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Cascata da coagulação
A cascata da coagulação clássica divide a coagulação em duas vias principais:
uma via extrínseca que é activada como consequência de uma lesão vascular
(envolvendo componentes do sangue, mas, também, elementos que usualmente não
estão presentes no espaço intravascular), e uma via intrínseca ou de contacto (iniciada
por componentes presentes no espaço intravascular). Ambas convergem numa via
comum que conduz à formação de trombina.
Via intrínseca
A calicreína, o factor XII e o quininogénio de alto peso molecular (HMWK)
formam um complexo com o colagénio sub-endotelial (activação por contacto). O factor
XII liga-se ao HMWK e é convertido lentamente numa protease activa (FXIIa). Esta
protease converte o factor XI na sua forma activa (FXIa), que por sua vez, activa o
factor IX. O factor IXa, juntamente com o factor VIIIa, iões cálcio e fosfolípidos pró-
coagulantes (presentes na membrana das plaquetas activadas ou de células tecidulares)
são as unidades catalíticas necessárias para a activação do factor X (Figura 23) (20).
Via extrínseca
Na via extrínseca, o factor VII plasmático, na presença do seu co-factor, o factor
tecidual (FT) e iões Ca2+ formam um complexo que permite a activação do factor VII. O
complexo FVIIa/FT/Ca2+ activa, então, os seus substratos fisiológicos – os factores IX e
X. O factor X activado entra então na via comum tal como o factor X activado da via
extrínseca (Figura 23) (20).
Via comum
Esta via inicia-se com a activação do factor X pela acção de proteases geradas
nas reacções anteriores. As duas vias culminam, então, na conversão da pró-trombina
em trombina pelo factor Xa, na presença de cálcio, do factor Va e de fosfolípidos pró-
coagulantes (complexo pró-trombinase).
93
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
94
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Princípio:
Método de detecção foto-óptico
O aparelho determina o tempo de coagulação
medindo as alterações na intensidade da luz, dispersa
por uma amostra, devido a um aumento da turbidez. À
medida que a coagulação ocorre, a amostra vai-se
tornando mais turva devido à formação de coágulos de
fibrina, e esta turvação termina após conclusão da Figura 24: Método de
coagulação. detecção foto-óptico
Os raios de luz do díodo emissor de luz (LED) são reflectidos e espalhados pela
amostra (Figura 24). Um fotodíodo absorve a luz dispersa e converte a intensidade
detectada em sinais eléctricos. O tempo de coagulação é determinado por um método de
detecção de percentagem.
TP (s) =
95
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação clínica:
Este teste é, sobretudo, utilizado para o controlo da terapêutica com
anticoagulantes orais. Doentes que têm de manter níveis de anticoagulação constante,
para prevenção de fenómenos trombóticos, devem ser monitorizados com o TP expresso
em INR, e cujo resultado se deve manter entre os 2.0 e os 3.0.
O tempo de protrombina prolonga-se em deficiências selectivas ou conjuntas
dos factores II, V, VII, X da coagulação e fibrinogénio.
Como os quatro factores da coagulação são sintetizados no fígado, três dos quais
são vitamina K-dependentes (II, VII, X), o TP também é usado para auxiliar o estudo
das coagulopatias secundárias às doenças hepatobiliares e em situação de carência de
vitamina K, encontrando-se elevado nas hipovitaminoses K e insuficiência
hepatocelular (12).
O TP encontra-se também prolongado na coagulação intravascular disseminada
(CID) uma vez que, durante esta, há consumo de plaquetas e dos factores I, II, V e VIII,
o que leva ao prolongamento do TP.
Interpretação clínica:
96
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
III. Fibrinogénio
Interpretação clínica:
97
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
98
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
III. IMUNOLOGIA
Princípio:
Teste rápido de imunoensaio cromatográfico
A amostra migra por capilaridade sobre uma membrana onde vai reagir com
anticorpos e, um resultado positivo é indicado pela presença de duas linhas coloridas.
A primeira linha contém um anticorpo monoclonal hCG que detecta a presença
da hormona hCG, e a segunda linha consiste numa linha controlo sendo composta por
anticorpos policlonais de cabra e partículas de ouro coloidais. Esta segunda linha
99
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Princípio:
Teste de aglutinação rápido em placa ou cartão
A amostra é posta em contacto com aglutininas específicas da brucelose,
antigénio brucélico corado de rosa bengala e tamponado a pH 3.65 (prova do antigénio
tamponado), sendo a reacção positiva, ou seja a presença de anticorpos no soro
específicos da brucelose quando se observa uma aglutinação mesmo sendo fraca (10).
Reacção de Waller-Rose
100
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Monoteste
Princípio:
Teste imunocromatográfico de fluxo lateral
A mostra migra por capilaridade numa membrana onde vai reagir com partículas
recobertas de antigénio extraído de eritrócitos de bovino, formando uma linha colorida,
que nos indica um resultado positivo.
De modo a haver um controlo interno do teste, forma-se ainda uma segunda
linha colorida, que nos permite verificar que o volume da amostra foi suficiente e que a
absorção da mesma na membrana ocorreu (10).
Assim, um resultado positivo, ou seja a presença de anticorpos heterófilos da
mononucleose infecciosa é dado por duas linhas coloridas.
101
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
VDRL
Princípio:
Teste de floculação
Uma gota da amostra é posta em contacto com uma gota de reagente, antigénio
de VDRL modificado contendo micropartículas de carbono. Assim, quando na amostra
está presente o anticorpo “reagina” este vai reagir com o antigénio formando agregados
pretos que são visíveis macroscopicamente devido à presença das partículas de carbono.
Na presença de um resultado positivo efectuam-se diluições em série de modo a testar
até que diluição ocorre floculação.
Quando não estão presentes anticorpos contra a Sífilis não se observa floculação
e visualiza-se uma cor cinzenta uniforme em todo o círculo (10).
102
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
ADVIA Centaur XP
O pack de reagente é constituído por uma fase líquida e uma fase sólida, sendo a
fase sólida constituída por partículas magnéticas revestidas (PPM´s). Durante a
incubação, as PPM´s revestidas na cuvete ligam-se ao anticorpo ou antigénio alvo e
quando o sistema é exposto a um campo magnético, os ímanes atraem as PPM´s ligadas
ao antigénio ou anticorpo ficando estas imobilizadas enquanto a restante amostra, à qual
não se ligaram as PPM´s é eluida (23).
O sistema utiliza uma variedade de formatos para detectar antigénios, bem como
anticorpos:
103
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
b) Imunoensaio competitivo
Neste tipo de ensaio, o antigénio presente na
amostra do doente e um antigénio idêntico, mas
marcado com EA, competem por locais de ligação no
anticorpo que está ligado a PPM´s (Figura 28).
Figura 28: Imunoensaio
Assim, quanto mais antigénios específicos competitivo
estiverem presentes na amostra, menos antigénios
marcados com EA são ligados.
Neste sistema a partícula marcada também pode ser o anticorpo que vai competir
com anticorpos presentes na amostra por locais de ligação ao antigénio ligado a PPM.
No ensaio competitivo, a concentração de antigénio/anticorpo na amostra e a
emissão de luz em RLUs têm uma relação inversa (23).
PTH PSA
Sandwich Insulina CEA
HbsAg CA 15.3
Prolactina CA 125
104
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
LH CA 19.9
FSH AFP
TSH
ANEMIA
Vitamina B12
Interpretação clínica:
O défice de vitamina B12 pode ser devido a várias causas entre as quais, a mais
importante é a secreção diminuída do factor intrínseco que se traduz numa anemia
perniciosa. Outras causas comuns são a baixa ingestão de alimentos ricos em vitamina
B12 (mais frequente nos vegetarianos), má absorção intestinal e uso de medicamentos.
A carência de vitamina B 12 provoca anemias megaloblásticas com presença de
glóbulos vermelhos grandes e imaturos no sangue periférico e neuropatias (2).
105
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação clínica:
A deficiência de folatos é uma das deficiências vitamínicas mais comuns. Pode
ser o resultado de uma ingestão inadequada, frequente nos idosos e alcoólicos; má
absorção durante doenças como a doença celíaca, uso de fármacos; metabolismo
anormal ou necessidades acrescidas tal como em gravidezes repetidas.
Qualquer carência, deficiência ou não utilização dos folatos conduz a uma
diminuição da síntese do DNA, redução do número de mitoses e numa anemia
megaloblástica.
Uma vez que, as consequências eritrocitárias da carência de vitamina B12 e de
ácido fólico são bastante idênticas, os seus doseamentos devem ser realizados em
simultâneo (2).
METABOLISMO ÓSSEO
PTH
A hormona paratiróide (PTH) é sintetizada e secretada pelas glândulas
paratiróides, e é responsável pela regulação da concentração de cálcio e fósforo na
corrente sanguínea. No osso, a PTH é responsável pela libertação de cálcio, através de
um aumento da reabsorção óssea, estimulando a actividade dos osteoclastos e inibindo a
actividade dos osteoblastos; no rim provoca um aumento da reabsorção de cálcio e
diminuição da reabsorção de fosfato; e a nível intestinal promove a formação da
vitamina D activa (1,25-dihidroxivitamina D), que por sua vez estimula a absorção
intestinal de cálcio e fosfato.
Quando estão presentes baixas concentrações de cálcio em circulação há
secreção de PTH de modo a aumentar a concentração de cálcio e do mesmo modo
quando estão presentes níveis elevados de cálcio a sua secreção é inibida (2).
Interpretação clínica:
Os níveis de PTH podem ser usados para monitorizar os pacientes que têm
condições ou doenças que causam desequilíbrios crônicos de cálcio e, para monitorar
tumores da paratiróide.
Os valores de PTH acompanhados dos valores de cálcio são úteis para distinguir
doentes com hiperparitiroidismo, hipoparitiroidismo ou hipercalcemia maligna.
106
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
DIABETES
Insulina
107
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação clínica:
A determinação quantitativa da insulina é útil para estudar a diabetes mellitus,
bem como para avaliar doentes com hipoglicemia em jejum, determinar os motivos da
resistência à insulina e avaliar também as anomalias nas células β secretórias do
pâncreas.
Na diabetes mellitus insulinodependente (diabetes do tipo I) os níveis de insulina
estão diminuídos ou muito baixos, uma vez que há uma deficiência na produção de
insulina, que pode ser resultado quer de uma auto-destruição das células β ou da
presença de auto-anticorpos da insulina.
Na diabetes mellitus não insulinodependente (diabetes do tipo II) os níveis de
insulina estão normais ou elevados, uma vez que esta resulta de resistência à insulina.
Doentes com tumores pancreáticos com secreção de insulina, insulinomas levam
ao aumento anormal dos níveis de insulina circulante conduzindo a uma situação de
hipoglicémia (2).
HEPATITE B
Interpretação clínica:
A sua determinação é util no diagnóstico da infecção pelo HBV e sua
monitorização. Atinge níveis máximos durante a fase aguda da doença, e declina até
tornar-se indetectável entre 4-6 meses após o aparecimento dos sintomas. A sua
persistência em circulação, por mais de 6 meses após o início dos sintomas, indica uma
infecção crónica ou portador assintomático (hepatite persistente).
108
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
A sua determinação também e útil para avaliar a eficácia dos fármacos anti-
víricos. O rastreio pré-natal do HbsAg tem sido recomendado para que os recém-
nascidos de mães portadoras possam obter tratamento profiláctico.
ENDOCRINOLOGIA REPRODUTIVA
Prolactina
Interpretação clínica:
O aumento dos níveis de prolactina (hiperprolactinémia) têm como
consequências nas mulheres, irregularidades na menstruação, galactorreia, amenorreia e
infertilidade. No homem é responsável por um hipogonadismo que pode gerar
impotência sexual por prejudicar a produção de testosterona.
A causa mais comum da hiperprolactinémia é a iatrogénica, associada a
administração de medicamentos, mas também pode ocorrer devido a tumores na
hipófise (hiperprolactinémia primária) e devido a hipotiroidismo ou insuficiência renal
(hiperprolactinémia secundária). Níveis muito elevados de prolactina estão presentes
nos adenomas de prolactina.
Os níveis de prolactina também podem ser influenciados por factores exógenos
como o exercício físico, o stress, hipoglicemia ou sono que conduzem a aumentos
momentâneos nos níveis de prolactina (2).
Défices de prolactina são raros e traduzem-se basicamente em ausências de
lactação após o parto.
109
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Estradiol (17-beta-estradiol) - E2
Interpretação clínica:
Os níveis de estradiol no sangue são importantes para avaliar o funcionamento
dos ovários, e o desenvolvimento dos folículos no caso de inseminação in vitro. Níveis
normais de estradiol permitem ovulação e gravidez adequadas, além de favorecer uma
estrutura óssea saudável e boa regulação nos níveis de colesterol.
Nas mulheres, níveis elevados de estradiol podem resultar numa hiperfunção
primária ou secundaria dos ovários. Níveis elevados de estradiol são detectados durante
uma gravidez ou terapia de reprodução assistida, e em tumores nos ovários, testículos
ou supra-renais.
Os níveis diminuídos de estrogénios podem indicar hipogonadismo primário
(disfunção ovariana), como na síndrome de Turner ou hipogonadismo secundário, como
no hipopituitarismo ou menopausa.
110
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Progesterona
Interpretação clínica:
Níveis baixos de progesterona têm como principais consequências a amenorreia
ou a falta de menstruação. Muitas mulheres inférteis, com falhas de implantação e com
abortos recorrentes apresentam baixos níveis de progesterona no sangue.
Níveis elevados podem ser detectados numa gravidez múltipla ou em carcinoma
ovariano.
LH e FSH
111
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação clínica:
O doseamento da LH e da FSH é importante no estudo do funcionamento do
sistema reprodutor feminino e masculino.
Níveis aumentados de LH e FSH estão associados a diversas condições tais
como: a menopausa como consequência da libertação diminuída do estradiol; no
hipogonadismo primário nas mulheres (síndrome dos ovários poliquísticos, síndrome de
Turner, tumores nos ovários, entre outras); e no hipogonadismo primário nos homens
(síndrome de Klinefelter, tumor das células germinais entre outras causas).
Níveis reduzidos de LH e FSH encontram-se associados a distúrbios da glândula
hipofisária ou do hipotálamo (hipogonadismo secundário).
Em crianças pequenas, a presença de níveis elevados de LH e FSH e/ou
desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários numa idade extraordinariamente
jovem, são uma indicação de puberdade precoce (2).
Testosterona
Interpretação clínica
No sexo masculino a deficiência de testosterona ocorre em casos de
hipogonadismo primário como na síndrome de Klinefelter e no hipogonadismo
secundário, como resultado de doenças hipotalâmicas ou hipofisárias, resultando em
infertilidade, diminuição da libido e da potência sexual. Um aumento dos níveis de
testosterona no homem pode ser detectado em tumores testiculares, tumores adrenais
produtores de testosterona, hiperplasia adrenal congénita entre outros.
112
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
FUNÇÃO TIROIDEIA
TSH
113
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação clínica:
O doseamento do TSH é o teste mais indicado no diagnóstico das anomalias das
hormonas da tiróide, sendo usado como teste inicial no estudo da função tiroideia.
O doseamento do TSH é importante no diagnóstico diferencial do hipotiroidismo
primário (doenças da tiróide) onde os níveis de TSH estão elevados, do hipotiroidismo
secundário e terciário (doenças hipofisárias e hipotalâmicas respectivamente) em que os
níveis de TSH estão baixos.
Os níveis de TSH no soro são baixos em todas as formas de hipertiroidismo
excepto em casos raros como num tumor hipofisário secretante de TSH.
T4 – tiroxina
Interpretação clínica:
Normalmente, valores elevados de T4 podem indicar hipertireoidismo e valores
baixos hipotireoidismo. Contudo, como o T4 encontra-se na sua maioria ligado a
proteínas de ligação como a TBG, os seus valores podem sofrer variações consoante
haja alterações nestas proteínas. Assim, os níveis de T4 podem estar diminuídos no
síndrome nefrótico, em doenças gastrointestinais e uso glucocorticóides ou androgénios
em que a concentração de TBG é diminuída, e aumentados numa gravidez, uso de
pílulas anticoncepcionais ou estrogénios, hepatites crónicas activas quando os níveis de
TBG são altos.
114
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
T4 Livre
Interpretação clínica:
Esta fracção é mais indicada no diagnóstico do hipertiroidismo (valores
elevados) e do hipotiroidismo (valores diminuídos) uma vez que, ao contrário da T4 não
sofre influência pelos valores de TBG e outros factores fisiológicos, farmacológicos ou
patológicos.
T3 – Triiodotironina total
Interpretação clínica:
Os níveis de T3 encontram-se baixos no hipotiroidismo, contudo estes demoram
mais a diminuir que os de T4 e podem muitas vezes encontrar-se normais com níveis de
T4 diminuídos e TSH aumentados. Alguns medicamentos, bem como doenças agudas e
crónicas podem causar uma diminuição transitória dos níveis de T3, uma vez que estes
inibem a desiodação do T4 em T3.
Os seus níveis encontram-se elevados no hipertiroidismo e em níveis mais
elevados que T4, uma vez que o T3 origina quer da secreção tiroidiana aumentada quer
da transformação periférica de T4 em T3.
115
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
T3 livre
Interpretação clínica:
O doseamento da T3L, tal como a T4L, é importante quando há níveis alterados
de T3 total devido às proteínas de ligação à T3, principalmente a TBG.
A T3 livre é elevada no hipertiroidismo, sendo por vezes, a única hormona
tiroideia elevada em alguns casos de hipertiroidismo. A T3 pode também elevar-se em
alguns adenomas tóxicos que secretam preferencialmente T3, sendo este aumento
acompanhado de T4 normal e TSH diminuído.
O teste é muito útil no ajustamento de medicamentos anti-tireoidianos durante o
tratamento do hipertiroidismo.
MARCADORES TUMORAIS
Os marcadores tumorais consistem em macromoléculas que estão presentes num
tumor, sangue ou líquido biológico, cuja presença ou alteração das suas concentrações
esta relacionada com a formação do tumor e o aparecimento de células neoplásicas. Os
marcadores tumorais são usados na clínica para diagnóstico, prognóstico e monitorizar
os efeitos da terapêutica bem como alvos de tratamento. Estes marcadores são
quantificados por métodos imunológicos neste aparelho (2).
PSA Total
116
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
formas que são detectáveis por testes imunológicos, a forma livre e a forma
complexada.
O PSA é encontrado em tecidos prostáticos normais, benignos, hiperplásicos ou
malignos, não se encontrando em mais nenhum outro tecido. Este apresenta valores
indetectáveis em mulheres e em homens que tenham realizado prostatectomia (2).
Interpretação clínica:
O doseamento apenas do PSA, não é eficaz para a detecção do cancro da
próstata, porque este é específico do tecido prostático e não do cancro, sendo usado em
conjunto com o toque rectal.
O PSA é detectado no soro de homens com tecido da próstata normal, contudo
encontra-se aumentado em homens com hiperplasia benigna da próstata e cancro da
próstata, sendo mais elevado neste último.
O seu doseamento é importante na monitorização do tratamento do cancro da
próstata, sendo útil para determinar uma possível recaída após o tratamento. Este
também é útil na avaliação da presença de metástases. Assim, quando há um aumento
do nível de PSA após tratamento, este é indicativo de doença residual ou recorrente
sendo necessário tratamento adicional (2).
PSA Livre
O doseamento do PSA livre é importante para calcular a razão entre o PSA livre
e PSA total. Esta razão é útil para discriminar se estamos perante uma hiperplasia
benigna da próstata ou carcinoma. Quanto mais baixa for a razão, maior o risco de
carcinoma. Uma relação PSA livre/ PSA total <15% é um forte indicador de cancro.
CEA
117
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação clínica:
Os valores de CEA podem elevar-se em algumas situações malignas,
preferencialmente no carcinoma colorectal (70%), mas também no carcinoma pulmonar
(45%), gástrico (59%), mama (40%), pancreático (55%), ovariano (25%), uterino
(40%), e ainda em situações benignas, tais como hepatites, cirrose hepática, enfisema
pulmonar, colite ulcerativa, doença benigna da mama e em fumadores.
O CEA é um marcador de baixa especificidade e, como tal a sua principal
utilização é na monitorização e estadiamento do cancro colorectal. Após tratamento ou
remoção do tecido canceroso os seus níveis diminuem, voltando ao normal dentro de
poucos meses. Contudo, podem aumentar novamente em situações de recorrência ou na
possibilidade de metástases (24).
CA 15-3
Interpretação clínica:
O CA 15-3 desempenha um papel importante no acompanhamento e avaliação
da eficácia do tratamento do carcinoma da mama, bem como no aparecimento de
metástases ou recidivas.
A sua sensibilidade varia de acordo com a massa tumoral e o estadiamento
clínico, sendo quase de 100% numa doença muito disseminada.
Níveis elevados de CA 15.3 também foram observados em outras neoplasias,
tais como cancro do pâncreas, ovário e dos pulmões e, em doenças não malignas como a
hepatite crónica, tuberculose, sarcoidose e lúpus eritematoso sistémico (24).
CA 125
Interpretação clínica:
O seu doseamento é essencial no seguimento da resposta ao tratamento e na
detecção precoce de uma possível recaída no carcinoma do ovário. Na fase pós-
118
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
CA 19.9
Interpretação clínica:
O CA 19.9 é indicado como marcador tumoral em carcinomas do trato
gastrointestinal: no cancro do pâncreas e trato biliar como primeira escolha e no
coloretal como segunda escolha.
A sua sensibilidade é variável com a localização do tumor: pâncreas 70-94%,
vesícula biliar 60-79%, hepatocelular 30-50%, gástrico 40-60% e colorretal cerca de 30-
40%. Em menor frequência também pode positivar no cancro de mama, de pulmão e de
cabeça e pescoço. Algumas doenças como cirrose hepática, pancreatite, doença
inflamatória intestinal e doenças auto-imunes podem elevar o CA 19-9.
É um marcador tumoral útil, sobretudo no diagnóstico diferencial de carcinoma
do pâncreas e pancreatite, no estadiamento e na monitoração do tratamento em doentes
com cancro do pâncreas (24).
AFP
A alfafetoproteína é a principal glicoproteína do soro fetal e, tal como o CEA, é
um antigénio oncofetal. É sintetizada durante o estado embrionário pelo saco vitelino e
fígado fetal, e lançada para o soro fetal onde desempenha funções de transporte
plasmático e manutenção da pressão oncótica. Desaparece após o nascimento.
119
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Interpretação clínica:
Os níveis de AFP nos adultos normalmente são baixos, contudo, elevam-se
numa gestação, em situações benignas como nas hepatites crónicas e cirroses onde há
regeneração hepática, e em situações malignas como no carcinoma hepatocelular,
alguns tumores de células germinativas nomeadamente nos ovários e nos testículos,
teratocarcinoma dos testículos e ainda em tumores com metástases no fígado.
A AFP é considerada um marcador de hapatocarcinomas, uma vez que há uma
elevação em grande parte destes tumores. Os níveis de AFP são úteis para determinar o
prognóstico e no monitoramento da terapia para carcinoma hepatocelular. Níveis
elevados após tratamento podem indicar presença de metástases ou remoção incompleta
do tumor no caso de cirurgia.
A alfafetoproteína tem como principal papel a monitorização da terapia para o
carcinoma de testículo, sendo um bom elemento de vigilância após a retirada do mesmo.
O uso combinado da AFP com a hCG é útil para a monitorização de doentes com
cancro testicular não seminomatoso.
É importante o doseamento da AFP numa gravidez, uma vez que crianças que
apresentem defeitos do tubo neural2 apresentam níveis elevados de AFP durante o
segundo trimestre (24).
VIDAS
O sistema VIDAS utiliza cones que constituem a fase sólida da reacção e estão
sensibilizados com Ag’s (antigénios) ou Ac’s (anticorpos), e barretes que contêm os
reagentes necessários à reacção (25).
2
Os defeitos do tubo neural são malformações fetais no cérebro ou na espinal medula causados pela deficiência de
ácido fólico durante a gestação
120
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Testes realizados
β-hCG
Interpretação clínica:
O doseamento da β-hCG é usado principalmente como teste de diagnóstico
precoce de uma gravidez.
Na presença de uma gravidez o resultado além de positivo indica também o
número de semanas de gestação. Os valores de β-hCG aumentam exponencialmente
durante o primeiro trimestre até atingir um pico, depois sofrem um rápido declínio
estabilizando até ao fim da gravidez.
O doseamento da hormona β-hCG pode também ser útil no prognóstico e
acompanhamento terapêutico de tumores trofoblásticos. No homem, o doseamento é útil
no diagnóstico e monitoramento terapêutico de tumores testiculares.
121
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
PATOLOGIAS TIROIDEIAS
ATG (Anti-TG)
Os auto-anticorpos anti-tireoglobulina (anti-TG) são auto-anticorpos dirigidos
contra a tireoglobulina, componente principal do colóide tireodiano.
A tireoglobulina é uma glicoproteína sintetizada pelas células foliculares da
tiróide e constitui o componente principal do colóide folicular. É responsável pela
incorporação de iodo e funciona como pré-hormona na síntese da T4 e T3 (2).
Interpretação clínica:
Os auto-anticorpos anti-tireoglobulina são importantes na avaliação dos
distúrbios da tiróide, nomeadamente em doenças tiroideias auto-imunes. Encontram-se
aumentados na tiroidite de Hashimoto (cerca de 85%) e na doença de Graves (mais de
30%).
Observam-se títulos elevados de anticorpos no carcinoma da tiróide e estes
podem interferir com o doseamento da tireoglobulina, impedindo assim o uso da
tireoglobulina como marcador no carcinoma da tiróide.
Os anticorpos anti – Tg também podem ser detectados, com menos frequência,
noutras patologias auto-imunes como a diabetes mellitus tipo I e artrite reumatóide e
ainda, numa pequena percentagem da população saudável.
ATPO (Anti-TPO)
Os anticorpos anti-peroxidase (anti-TPO) são auto-anticorpos dirigidos contra a
enzima peroxidase. Enzima presente na membrana das células foliculares da tiróide e
que catalisa a iodinização da tirosina em tireoglobulina durante a biossíntese de T3 e
T4.
Interpretação clínica:
Os anticorpos anti-TPO são usados no diagnóstico de doenças auto-imunes da
tiróide, encontrando-se elevados essencialmente na tiroidite crónica de Hashimoto
(forma primária de hipotiroidismo) em cerca de 90%, e em mais de 70% na doença de
Graves.
Os anticorpos anti-TPO também são frequentemente detectados noutras doenças
auto-imunes como a artrite reumatóide, a doença de Adisson e a diabetes mellitus tipo I.
122
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Toxoplasmose
123
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
CMV
Rubéola
124
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Anti-IgG
A detecção dos anticorpos IgG é importante na avaliação do estado imunológico
e no diagnóstico de infecção da rubéola. A presença de anticorpos IgG normalmente
indica a presença de imunidade que pode ter sido induzida por uma infecção passada ou
vacinação. Na presença de um resultado positivo é necessário realizar uma segunda
colheita espaçada de ±15 dias da primeira. Nesta segunda colheita, se os títulos de
anticorpos forem estáveis, estamos perante uma infecção antiga, caso haja um aumento
dos títulos de anticorpos poderá significar uma primo-infecção. Contudo, para
confirmar uma primo-infecção é necessário proceder à determinação da avidez das IGG.
O teste de avidez da IgG pode auxiliar na diferenciação de infecção atual ou
passada, ou IgM falso-positivo. Anticorpos IgG de baixa avidez são detectados nos
primeiros três meses de infecção; depois deste período, encontram-se os IgG de alta
avidez.
Anti-IgM
A presença de anticorpos IgM pode indicar, na maioria dos casos uma infecção
aguda (primo-infecção recente) e, mais raramente pode estar relacionada com situações
de reinfecção ou casos em que as IgM persistem durante mais tempo que o normal. A
sua duração na circulação sanguínea é de 3 a 6 semanas após os sintomas, após o qual
tendem a desaparecer.
125
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
HEPATITES
Hepatite A
Anti-IgM
Os anticorpos IgM estão presentes numa infecção recente. Detectam-se logo no
início da infecção com os primeiros sintomas e persistem 2 a 4 meses.
Hepatite B
126
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Figura 31: Perfil de anticorpos e antigénios observado no curso de uma infecção pelo HBV
127
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
Hepatite C
128
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
129
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
130
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
CONCLUSÃO
131
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
BIBLIOGRAFIA
132
Relatório de estágio – Mestrado em Análises Clínicas
2014
133