As Virtudes Cardeais em Tomás de Aquino - Pronto
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As Virtudes Cardeais em Tomás de Aquino - Pronto
NITERÓI
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
NITERÓI
2016
P436 Pereira, Fabiana de Mello.
As Virtudes Cardeais em Tomás de Aquino / Fabiana de Mello
Pereira. – 2016.
37 f.
Orientador: Paulo Faitanin.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Filosofia) –
Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e
Filosofia, Departamento de Filosofia, 2016.
Bibliografia: f. 36-37.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________
Prof. Dr. Paulo Sergio Faitanin (orientador)
UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
________________________________________________________
Prof. Dr. Bernardo Veiga
UCP - UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPLIS
________________________________________________________
Prof. Me. Antonio Serra
UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
AGRADECIMENTO
Dizer obrigada, às vezes, não é suficiente para agradecer toda ajuda que
recebi durante a minha vida, especialmente, nos momentos mais difíceis.
Primeiramente, quero agradecer a Deus pelo dom da minha vida e por me conceder
a graça de chegar até aqui, nos meus estudos. Posteriormente, a minha gratidão e o
meu carinho aos meus pais, por sempre me ajudar, orientar e estender às mãos
para me oferecer amparo. Aos meus irmãos por serem presença de amor e alegria,
mesmo quando me convidavam para fazer algo, ao invés de me deixar estudar. O
meu agradecimento a todos da minha família por me incentivarem a nunca desistir
de estudar e aos amigos e colegas por cada apoio.
O meu carinho e gratidão para com todos que caminharam comigo, durante
esses anos na UFF, aos amigos que construí ao longo dessa jornada, aos
funcionários da UFF, seguranças e outros que tantas vezes me saudava com tanta
alegria e gentileza. A minha gratidão aos professores e por todo conhecimento
adquirido, em particular, a minha gratidão ao professor Paulo Faitanin que nesses
últimos meses não mediu esforços para me ajudar, utilizando toda paciência, zelo e
dedicação comigo. Principalmente, o meu respeito e reconhecimento aos
professores Serra, Danilo e Luís Felipe que me ensinaram que mais do que
conhecimento, a Filosofia se faz com a forma de viver.
A minha gratidão a Deus por ter me permitido conviver muitos anos com a
minha tia Maria Auxiliadora, dedico a você esse momento da minha vida, tenho a
certeza verdadeira que intercede por mim, no céu.
Estou agradecida a vocês e não sabendo, neste instante, como retribuir tanto
carinho, entrego-os nas mãos de Deus, que é claro, encontrará uma maneira para
fazê-lo em meu lugar. Que Deus abençoe imensamente cada um de vocês!
EPÍGRAFE
According to Thomas Aquinas, the human virtues are acquired by good habits
carried out constantly. The virtue serves to distinguish a human behavior and
consequently their experiences on how to act. The virtue is the improvement of the
human attitudes to the act right, according to the rule of right reason. They are
classified as human acquired or infused. Will be human carry a human activity
through good actions. Will be infused if it proceed from a gift of God, because the
grace of God surpasses all human limits.
The cardinal virtues are those that open the door to all other virtues, they are
called main for they be the generating of the other virtues. Are classified cardinals
prudence, justice, temperance and fortitude. The first is the right reason to act, that
is, disposes the reason and discernment to choose good and how best to accomplish
it. The second refers to all righteousness that adjusts the human acts, in this way,
establishes harmony and promotes equality for the benefit of the people and the
common good. The third is the virtue that moderates the fascination for the pleasures
and seeks a balance in the use of created goods. Last, the fortress, is every
constancy of the soul that assures the practicing man of the good against the attack
of any evil.
1. INTRODUÇÃO .........................................................................................10
2. AS VIRTUDES EM TOMÁS DE AQUINO ................................................12
3. AS VIRTUDES CARDEAIS ......................................................................21
3.1. A virtude da Prudência ..........................................................................22
3.2. A virtude da Justiça ...............................................................................24
3.3. A virtude da Fortaleza ...........................................................................26
3.4. A virtude da Temperança ......................................................................29
4. CONCLUSÃO ...........................................................................................34
5. BIBLIOGRAFIA .........................................................................................36
10
1. INTRODUÇÃO
Ela é citada como a primeira entre as virtudes, porque ao realizar o bem é preciso o
conhecimento da verdade. Como o prudente tem o conhecimento da realidade, esse
conhecimento sabe distinguir o que se pode ou não fazer, por isso, toda a virtude
depende da prudência. Para a concepção Tomista, a prudência é, portanto, a raiz de
todas as virtudes morais, dando complemento para as outras virtudes alcançarem a
sua essência.
De acordo com Tomás de Aquino, dentre as virtudes principais a justiça é a
única virtude que diz respeito ao outro, as outras virtudes moldam o homem
somente para si, por provocar honestidade nas ações em prol do próximo. A justiça
tem como objeto o direito ou o justo, na visão Tomista é a justiça que corrige as
ações humanas, tornando-as boas, é por meio da justiça que os homens podem ser
chamados bons. Em relação à outra pessoa, a justiça pode ser de dois modos: de
forma singular com o outro ou em comunidade. A noção de justiça é aplicada da
mesma forma, em relação ao outro e em relação à comunidade, pois a finalidade da
virtude, em ligação a qualquer forma é sempre orientada ao bem comum.
A virtude da fortaleza também é conhecida como coragem, essa virtude para
Tomás é a mais louvável. A coragem é uma virtude muito admirada, ao contrário do
seu oposto, a covardia, que é muito desprezada, essa virtude cardeal é considerada
a virtude dos heróis. Para Tomás a fortaleza da alma pode ser comparada à força
corporal, pois a força corporal faz com que o homem refreie e combata os
obstáculos físicos que aparecem. Na alma a virtude da fortaleza ajuda a controlar as
fraquezas da carne, suportando as aflições corajosamente.
Segundo Tomás de Aquino, a virtude da temperança está relacionada aos
prazeres nos sentidos, principalmente os referentes ao tato, por se encontrar os
prazeres mais fortes. É função da virtude da temperança manter em ordem tais
prazeres. Essa virtude aperfeiçoa o homem para agir conforme a razão. Esse
filósofo diz que cabe à temperança controlar os desejos mais incontroláveis e fortes
do ser humano, que são os designados aos prazeres corporais. Todavia, pela
natureza espiritual existe no homem uma vontade natural para o conhecimento, por
isso a temperança é o equilíbrio dos desejos.
Por último, será apresentada na Monografia a conclusão geral, que será feita
mediante todo conteúdo apresentado. Ainda que a virtude seja uma disposição
habitual e baseada em fazer o bem, se fazem necessárias disposições da
inteligência e da vontade que regulam nossos atos.
12
A palavra virtude é derivada do latim virtus que emana de vir (varão), possui o
seu sentido original na palavra grega virilidade, intitulada como excelência ou
perfeição moral, é a tradução da palavra areté (força, poder de uma coisa ou
também excelência). As palavras virtus e areté, relacionadas ao homem, significam
a excelência humana. É virtuoso aquele homem que leva uma vida sem qualquer
reprovação, evitando sempre o mal, praticando a bondade, a amabilidade e
procurando sempre usar as suas capacidades para fazer o bem de forma constante
e alegre. De acordo com Tomás de Aquino, a virtude torna bom o homem que a
possui e torna boa a sua ação, pois a virtude é uma disposição do perfeito para o
ótimo. A virtude, segundo o seu nome, indica a complementação da potência, por
isso, denominamos como força. Ela constitui a perfeição do poder operativo (relativo
à operação a qual serve para qualificar alguma coisa que está pronta para funcionar
e está em condições para realizar operações), desse modo, a virtude é o último na
realidade da potência (a potência indica o que é determinável ou determinado pelo
ato).
Segundo Tomás de Aquino, as virtudes são hábitos bons e os exercícios dos
hábitos constantes e bons conduzem o homem a praticar o bem e a evitar o mal, por
isso, afirma que os atos virtuosos tornam melhor quem o possui, uma vez que é
através dos hábitos bons que as virtudes são geradas. As virtudes são hábitos, pois
o hábito é a capacidade de agir com facilidade de um mesmo modo, ainda que
variem as ocasiões. Existem dois tipos de hábitos: o hábito bom e o hábito mal. Será
virtude se o ato for bom, será vício se o hábito for mal. Em conformidade com os
hábitos bons e males Tomás de Aquino afirma:
1AQUINO, Tomás de. Comentário à Ética a Nicômaco de Aristóteles I- III O bem e as virtudes. p.
207-208.
13
Por isso, o Filósofo define o hábito como uma disposição que nos torna
bem ou mal dispostos; e diz mais que pelos hábitos é que nos havemos
bem ou mal, relativamente às paixões. Assim, pois, o modo conveniente à
natureza de uma coisa é por essência bom; e mau por essência o que não
lhe convém. E como a natureza é primeiramente considerada, nas coisas, o
hábito é tido como a primeira espécie de qualidade2.
Os hábitos bons são denominados por atos que geram uma qualidade na
potência, pois o ato é antecedente ao hábito. Existem dois tipos de atos: o ato de
homem e o ato humano. O ato exercido sem intenção e escolha é denominado ato
de homem, ou seja, o piscar dos olhos. O ato humano é aquele o qual o homem
exerce com intenção e livre escolha, ou seja, o piscar dos olhos para dizer algo a
alguém. O homem ao exercer qualquer ato que nasça da vontade livre, atua em prol
de um fim último: o bem e a felicidade. A felicidade humana não pode ser
encontrada nos bens criados, isto é, nos objetos, mas sim, em Deus. Por mais que o
homem busque nesta vida a felicidade, somente a felicidade perfeita ou a bem-
aventurança é possível na vida eterna. A felicidade que nos conduz ao
conhecimento de Deus não é alcançada nesta vida, pois nessa vida a felicidade é
imperfeita. A felicidade nesta vida depende do uso e da posse de alguns bens
exteriores, nesse caso nos referimos às virtudes, as quais servem para aperfeiçoar a
natureza humana.
2 AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. São Paulo: Edições Loyola, 2005, [I-II, q. 49, a 2]. Daqui em
diante está obra será citada deste modo.
14
4AQUINO, Tomás de. Comentário à Ética a Nicômaco de Aristóteles I- III O bem e as virtudes. p.
177.
16
A virtude humana é um hábito a qual faz com que o homem tenha ações
retas, cujas ações humanas possuem dois princípios: o intelecto e a vontade, que é
um apetite da razão. Por esses dois princípios motores no homem toda a virtude
humana é perfeita, se lhes seguem no bem e na verdade da natureza. A virtude será
intelectual se possuir procedência do intelecto e será moral se possuir procedência
da parte apetitiva, em razão disso, toda virtude humana será intelectual ou moral.
Em referência à virtude intelectual e à virtude moral, Tomás de Aquino destaca:
A inclinação da virtude moral é voluntária, para ser perfeita ela necessita que
a razão também o seja por meio da virtude intelectual. Qualificamos onze virtudes
morais relativas às paixões, são elas: a fortaleza, a temperança, a liberalidade, a
5 AQUINO, Tomás de. Onze lições sobre a virtude: Comentário ao Segundo Livro da Ética de
Aristóteles. p. 21-22.
6 AQUINO, Tomás de. Comentário à ética a Nicômaco de Aristóteles I- III O bem e as virtudes. p. 169-
170.
17
7 Amor a honra.
8 Modo de brincar sem ofender.
9 AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. I-II, q. 60, a. 5.
18
quando ela sofre uma inclinação da potência do seu apetite sensitivo para algum
objeto, seja para desejar o objeto como um bem ou querer a sua posse. As paixões,
as emoções ou sentimentos são divididos em dois grupos: o concupiscível e o
irascível. O concupiscível busca o bem e evita o mal. O Irascível busca o bem difícil
de conseguir e evita o mal difícil de evitar. A paixão será concupiscível (amor/ódio,
desejo/aversão, alegria/tristeza), quando fruto de um movimento gerado na alma em
que os sentidos internos e externos se inclinam em busca de um bem sensível
prazeroso ou a privação de possuir um mal sensível doloroso. A paixão será
irascível, (esperança/desespero, audácia/temor e ira) quando resultado de um
movimento gerado na alma em que os sentidos buscam um bem sensível prazeroso
que é difícil de possuir ou se distancia de um mal sensível difícil de evitar. Não são
boas e nem más as paixões em si mesmas, por isso precisam ser
ordenadas/orientadas pelas virtudes, para não prejudicarem o comportamento
humano. As virtudes são as paixões equilibradas e a sua ordenação. A paixão nasce
do bem em oposição ao mal. Acerca desse tema Tomás de Aquino faz a seguinte
colocação:
10 AQUINO, Tomás de. Comentário à Ética a Nicômaco de Aristóteles I- III O bem e as virtudes. p.
205-206.
19
3. A VIRTUDE CARDEAL.
Para esse pensador o ato de mandar se estende aos bens a qual buscamos e
os males que evitamos, para se defender das ciladas. Faz parte da prudência julgar
e ordenar os meios em contribuição ao que é certo, dessa maneira, atribuímos à
prudência o bem particular de cada indivíduo e o bem comum de todos. A virtude da
prudência possui partes subjetivas, a elas qualificamos a política, a econômica e a
militar. Por meio da prudência geral o homem se dirige para o seu bem próprio, e por
meio da prudência política o homem se dirige ao bem comum. A econômica, que é
baseada no bem comum da casa e/ou da família, e a militar que rebate os ataques
do inimigo.
15 Eustoquia ou solércia é a habilidade para fazer ou tratar alguma coisa. A solércia avalia os meios,
segundo os próprios meios.
16 AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. II-II, q. 48, Art. Único.
24
Assim, esse filósofo indica que existem duas espécies de justiça: a distributiva
e a comutativa. Elas se distinguem pelo fato de que a justiça comutativa é
responsável por regular os atos particulares de duas pessoas e a justiça distributiva
é responsável por distribuir os bens comuns proporcionalmente. Tomás de Aquino
faz a seguinte citação a respeito da justiça comutativa e distributiva:
exteriores não devem ser tirados à força, por sua vez, o bem do corpo é mais
excelente do que os bens exteriores, vejamos essa citação sobre este assunto:
É duplo o ato dessa virtude: atacar e resistir, para o ataque é necessária duas
coisas: que o espírito esteja preparado ou pronto para atacar e que durante a
execução não se desista de uma ação que se iniciou com confiança. Essas duas
ações aplicadas à matéria da fortaleza são partes integrantes dela, sem as quais
essa virtude não existe.
Tomás de Aquino fala sobre as partes da fortaleza, e a ela atribuí a
magnanimidade, a magnificência, a paciência e a perseverança. A magnanimidade
significa uma alma que tende a grandeza, uma pessoa é denominada magnânima
por causas das coisas que são grandes em absoluto, nesse sentido a
magnanimidade tem como objeto as honras, entre os bens humanos exteriores a
honra ocupa o primeiro lugar. O desejo de possuir honra pode se opor à fortaleza,
de modo que, a honra se torne um vício de ambição, pois a ambição comporta um
apetite de honra desordenado.
Para esse filósofo o homem que deseja a glória por excesso pratica a
vanglória. Esse vício torna o homem presunçoso e confiante demais em si mesmo,
deixando de lado todos os bens interiores. A vanglória nasce da soberba, visto que,
a soberba implica um desordenamento na excelência, sendo a mãe de todos os
vícios. O fim da vanglória é a manifestação da própria excelência.
Para Tomás de Aquino a paciência no homem faz suportar os males com
ânimo, essa virtude é a raiz e guardiã de todas as virtudes, pois afasta a tudo que
opõe as virtudes. É paciente aquele que se comporta corretamente, e atura o que o
aflige de modo a não cair na tristeza. A virtude da perseverança é o ato de
perseverar nas ações difíceis por um tempo muito prolongado, cabe a perseverança
persistir até o fim. Sobre a perseverança, esse pensador exprimiu:
A fortaleza implica uma firmeza na alma para resistir ao mal, em especial, aos
males difíceis. A virtude da fortaleza aperfeiçoa a alma para resistir a todos os
perigos mortais.
demais o espírito. Em relação à gula, esse filósofo disserta que ela consiste num
desejo desordenado da comida e da bebida, o vício da gula se encontra no desejo
que a razão não controla. Comete esse vício aqueles que excedem à medida da
comida, e são consideradas filhas da gula os vícios que tem como resultado esses
prazeres. Encontramos essa seguinte citação de Tomás de Aquino a respeito da
gula:
A gula consiste, propriamente, no prazer imoderado no comer
e no beber. Portanto, hão de ser considerados filhas dela os vícios
resultantes desse prazer descontrolado. Ora, esses vícios podem ser
entendidos da parte da alma e do corpo26.
4. CONCLUSÃO
5. BIBLIOGRAFIA
GARDEIL, H-D. Iniciação à Filosofia de São Tomás de Aquino (vol. 1). São Paulo:
Editora Paulus, 2013.
TORRELL, J-P. Iniciação a Santo Tomás de Aquino – Sua Pessoa e Sua Obra. 2ed.
São Paulo: Loyola, 2004.