Artigo A Arte Do Canto Sobre Baritono Andino Abreu PDF
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Resumo: Este artigo apresenta uma análise do manuscrito inédito do barítono gaúcho Andino
Abreu (1884-1961), cantor de grande experiência nacional e internacional, elaborado por volta
de 1940, quando este já se encontrava ausente dos palcos. O cantor apresenta uma série de
reflexões sobre a prática, a interpretação e a aprendizagem do canto, a partir de abordagens
interdisciplinares, em que se combinam aspectos da filosofia, da psicanálise e de estudos da
linguagem. A base filosófica aristotélico-tomista se congrega com a visão fisiológica, valorizando
a respiração e a articulação, ao lado da necessidade de uma formação plural e humanística no
ensino do canto.
Palavras-chave: canto; história da performance; música no Rio Grande do Sul.
Title: Interdisciplinary reflections made from The Art of Singing, the unpublished manuscript by
the Gaucho baritone Andino Abreu
Abstract: This article presents an analysis of a recently discovered and unpublished
manuscript written by the Gaucho baritone Andino Abreu (1844-1961), a singer of wide
international experience and national recognition, elaborated c. 1940, when he was already
retired from the stages. The singer presents a series of reflections on practice, interpretation
and learning of singing starting with interdisciplinary approaches which, in turn, are combined
with an Aristotelic-thomist philosophical basis and a physiological understanding, in order to
value breathing and articulation side by side with the need of a pluralistic and humanistic view
of learning.
Keywords: singing; performance history; music in Rio Grande do Sul.
.......................................................................................
NOGUEIRA, Isabel Porto; SILVEIRA, Jonas Klug. Reflexões interdisciplinares a partir de A Arte
do Canto, manuscrito inédito do barítono gaúcho Andino Abreu. Opus, Porto Alegre, v. 17, n. 1,
p. 9-38, jun. 2011.
Reflexões interdisciplinares a partir de A Arte do Canto, manuscrito inédito . . . . . . . . . . . . .
A
presentação:
Quem é esse cantor, a quem a Ariel, uma das revistas mais importantes na difusão
das ideias do movimento modernista, dedica tais comentários?
Qual foi sua trajetória artística e de que modo se desenvolveu através de seus
concertos, gravações e escritos? De que modo estava estruturado seu pensamento musical?
Este trabalho dedica-se a analisar um manuscrito de Andino Abreu, em cuja folha
de rosto traz o título A Arte do Canto, escrito por volta de 1940, onde o cantor dedicou-se a
esboçar elementos do que seria, possivelmente, um tratado reflexivo sobre a arte de
cantar. A importância de dedicar atenção a este manuscrito justifica-se pela trajetória
artística de Andino Abreu e porque são raras as referências a trabalhos de intérpretes
brasileiros desta época que reflitam sobre sua própria trajetória.
Ao abordar a trajetória de um intérprete, busca-se refletir sobre a importância da
performance para os estudos em musicologia histórica, e o estudo sistemático do
manuscrito de Andino Abreu pode oferecer importantes contribuições sobre formas de
abordagem e concepções do cantar no Brasil. Por fim, é importante observar que a análise
do documento em foco se faz necessária para que posteriormente se possa cotejá-lo com
os programas e críticas de concerto que fazem parte do acervo do autor, no sentido de se
obter um perfil artístico e pedagógico de sua trajetória.
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1 Lucas (2005) destaca este como um momento de possível teste da modernidade em terras gaúchas,
tendo como lideres Guilherme Fontainha, então diretor do Conservatório de Musica de Porto Alegre
(fundado em 1908), e Antonio Leal de Sá Pereira, à época diretor do Conservatório de Musica de
Pelotas (1918).
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trata da reiteração continuada de sua formação musical autodidata. Ainda que se possa
supor que Andino tenha recebido ensinamentos musicais no seminário (ao menos através
da prática do cantochão), suas duas filhas são unânimes em lembrar que sua formação
musical foi predominantemente autodidata. O próprio Andino fez referência a este fato, em
entrevista concedida à La Revista (Montevidéu, em 28/05/1939), onde declarou: “realizei
sozinho meu aperfeiçoamento artístico, por isto considero minha formação como a de um
autodidata”. Mais abaixo, o mesmo artigo traz a informação que segue: “(...) barítono
brasileiro, já consagrado pelos mais respeitados críticos do Velho Continente, Andino
Abreu... as notáveis interpretações de partituras a seu cargo, fez dele um cantor
verdadeiramente extraordinário” (ABREU, A., 1939)2. No arquivo do Instituto de Artes da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, existe um programa de recital de alunos do
Conservatório de Música de Porto Alegre onde consta a participação de Andino Abreu
como cantor, embora não faça referência se atuou como aluno ou como convidado. Além
deste documento, que por si só não é em absoluto definitivo, não existem até o momento
outros elementos que possam oferecer posição diferente sobre a formação musical
autodidata de Andino.
Em 1918 Andino transferiu-se para Pelotas, atuando então como professor de
canto do Conservatório de Musica desta cidade, onde permaneceu até o ano de 1923, ano
em que, segundo Maria Abreu, fixou residência em São Paulo, onde se apresentou como
concertista no Teatro Municipal (ABREU, M., p. 4, s/d).
Em 1925 a Sociedade de Cultura Artística de São Paulo realizou um concerto
constituído unicamente por música de câmara, cujo programa incluía a estreia da obra As
flores amarelas do ipê, de Mozart Camargo Guarnieri, então com apenas dezesseis anos.
Segundo Helena Abreu, ao ouvir o jovem Guarnieri tocando na Casa Beethoven, Andino
perguntou-lhe de quem era a obra que interpretava. Recebendo a resposta de que a obra
era composição própria, pediu, então, ao jovem que compusesse algo para que ele cantasse.
Esta composição veio a ser a obra estreada no mencionado recital, acompanhado pelo
compositor ao piano, donde veio a tornar-se o primeiro intérprete das canções de
Camargo Guarnieri. O trabalho de cooperação entre ambos resultou em uma série de
concertos do duo pelo estado de São Paulo e regiões Norte e Nordeste do Brasil,
originando uma convivência que foi muito além dos concertos. Helena Abreu relata que a
2 “yo he completado con mi solo esfuerzo mi perfeccionamiento artístico, de ahi que considere mi
formación como la de un autodidacta”. “(…) barítono brasileño, ya consagrado por los más reputados
críticos del Viejo Continente, Andino Abreu....las notables interpretaciones de las partituras a su cargo,
hizo este cantante verdaderamente extraordinario....” (ABREU, A., 1939).
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amizade que uniu Camargo Guarnieri à família estendeu-se por toda a vida deste,
abrangendo, além de Andino, suas duas filhas.
Ainda em 1925 o cantor viajou com a família para a Europa, aportando
primeiramente em Portugal, onde permaneceram por quatro meses. Seus concertos no
Teatro São Luiz renderam expressivos comentários da crítica local. Durante a temporada
em Portugal, Andino aproximou-se do compositor Ruy Coelho, de quem foi amigo,
interlocutor e intérprete (ABREU, M., s/d: 5). No entanto, ainda antes desta data Andino já
conhecia obras desse compositor, posto que estas constam em um programa de concerto
do cantor datado de 1924, conforme reproduzido a seguir (Fig. 1). Não existem no acervo
outros documentos deste ano que possam esclarecer de que modo Andino tomou
conhecimento de Ruy Coelho e suas obras; o fato, entretanto, corrobora a ideia, manifesta
em diversas críticas, do interesse do cantor pela interpretação de compositores novos e
desconhecidos do público. Cartas de Ruy Coelho para Andino, datadas de 1926 e 1928,
bem como manuscritos de suas obras, estão presentes no acervo do cantor, demonstrando
a amizade entre eles através da presença de assuntos cotidianos ao lado de temas musicais
e artísticos.
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Fig. 1: Programa de recital de canto com Andino Abreu no Theatro Municipal de São Paulo. Acervo
Andino Abreu, Centro de Documentação Musical da UFPel.
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Fig. 2: Capa e interior do programa do concerto de Andino Abreu, na Sala Chopin da Maison Pleyel,
Paris, Acervo Andino Abreu, Centro de Documentação Musical da UFPel.
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Ainda que sua filha faça referência à ausência de interferência direta de outras
pessoas em sua interpretação, pode-se considerar que houvesse algum tipo de troca de
ideias musicais com os compositores, uma vez que estes o acompanhavam ao piano e por
consequência conversavam sobre o resultado musical pretendido.
O acervo do cantor traz também expressivas críticas da imprensa parisiense sobre
este concerto, segundo documentos como o que segue (Fig. 3):
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Fig. 5: Programa de Andino Abreu, de 19 de outubro de 1928, com Camargo Guarnieri ao piano.
Acervo Andino Abreu, Centro de Documentação Musical da UFPel.
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(…) barítono brasileño, ya consagrado por los más reputados críticos del Viejo
Continente, Andino Abreu....las notables interpretaciones de las partituras a su cargo,
hizo este cantante verdaderamente extraordinario....este cantante excepcional, que
para serlo más acentuadamente, posee raras condiciones de expositor y aciertos
tales de brillante dialéctica3.
Em 1932 Andino retornou a Porto Alegre, realizando, até 1934, concertos pelo
interior dos estados do sul do Brasil. Seu último recital realizou-se em 1957, no Rio de
Janeiro, no salão da Associação Brasileira de Imprensa. Andrade Muricy, crítico do Jornal do
Comércio, manifestou-se elogiosamente, reconhecendo a importância de Andino,
considerado por Villa-Lobos como o seu “melhor intérprete da produção vocal” (ABREU,
M., s/d: 6-7).
Instalado em definitivo em Porto Alegre a partir de 1934, Andino abandonou a
profissão de concertista e assumiu a função de organizar o arquivo da Secretaria de Estado
de Agricultura, Indústria e Comércio do Rio Grande do Sul. Em relato oral, Helena observa
que a decisão do pai foi motivada pela vontade de priorizar o convívio com a família,
abdicando da carreira musical em favor da estabilidade financeira de um cargo público.
Sobre esta decisão, Maria Abreu escreve:
Andino Abreu, entre melancólico e divertido, deu-se conta das farsas, retirando-se
do palco, indo trabalhar numa repartição pública. E mesmo ai soube preservar sua
inconfundível personalidade, isolando-se numa ampla sala de subsolo, onde organizou
os arquivos da Secretaria de Agricultura, situada na Praça da Matriz (a curta distancia
do seminário). Nos intervalos do horário burocrático, ele lia os seus livros, os seus
autores: Paulo Claudel, Bernanos, Bergson, Gabriel Marcel, Chesterton, Thomas de
Aquino e, diariamente, o Padre Antonio Vieira (ABREU, M., s/d: 7).
Tendo em vista o relato das filhas de Andino Abreu, Helena e Maria, sobre as
relações de amizade entre este e Armando Albuquerque, bem como o fato do cantor ter
estreado suas canções, pode-se dizer que este tenha sido para o compositor uma influência
direta na produção de obras vocais, ao lado de Aldo Obino e Armando Câmara. Podemos
inferir que a voz de Andino tenha contribuído para inspirar ou mesmo modelar a fisionomia
do desenho melódico e a tessitura das canções de Armando, e um estudo sistemático
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destas gravações poderia talvez confirmar esta possibilidade. Cabe salientar ainda que
Andino gravou, deste compositor, as canções Reflexos n’água, Estrela boieira e Serenata
d’otrefoá, em julho de 1949, na Radiofar, com Armando Albuquerque ao piano; e ainda a
canção Pietá, com Souto Menor ao piano, em 1952, na RGM, todas em Porto Alegre.
A presença de partituras autografadas por Armando Albuquerque, bem como de
manuscritos do compositor no acervo de Andino Abreu podem corroborar para a
hipótese da proximidade intelectual entre os dois artistas.
Por ocasião do falecimento de Andino Abreu, ocorrido em Porto Alegre em
21/01/1961, Armando Câmara escreveu, sob o pseudônimo Contardo, um tocante artigo
dedicado ao amigo, publicado no dia 24 do mesmo mês, no qual se lê:
Sua trajetória artística e o convívio intenso que a família manteve sempre com o
meio musical propiciaram a aproximação de suas filhas à música: Maria tornou-se pianista e
crítica de música, e Helena, cantora.
Ao analisar os programas de concerto de Andino Abreu, salienta-se sua
preferência pela interpretação da canção brasileira e de câmara em geral, e, como se disse, a
valorização de compositores contemporâneos e ainda desconhecidos do público, com os
quais procurou realizar um trabalho de cooperação, especialmente com os já citados Heitor
Villa-Lobos, Camargo Guarnieri e Armando Albuquerque, ao lado do português Ruy
Coelho.
Esse interesse do intérprete pela musica brasileira, além de evidenciar uma opção
estética como cantor camerista, indica uma forte valorização do nacional, em consonância
com o ideal de valorização do canto em português preconizado por Villa Lobos, Mário de
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Andrade e Camargo Guarnieri. Sobre este tema, Mário de Andrade, escreve, em crítica que
faz parte do acervo do cantor, datada à mão como sendo de 1928:
A Sociedade de Cultura Artística ofereceu ontem mais um sarau aos seus sócios com
o Sr. Andino Abreu, recentemente chegado da Europa. Não é possível a gente dar
uma noticia simples dum concerto da importância do de ontem. O Sr. Andino Abreu
é deveras um cantor fino muito bem orientado tanto na técnica do canto como na
cultura musical. Os recitais dele são sempre festas de arte verdadeira em que a gente
se enaltece escutando um cantor raro que não se satisfaz vaidosamente com a voz
boa que possui, mas sabe a por a serviço de bons autores em música excelente.
Andino Abreu cantou encantadoramente o programa admirável que compôs pra
festa de ontem. Mas se o programa todo interessava muito, esse interesse foi
dominado pela revelação de alguns cantos novos de Villa-Lobos. Realmente essas
obras do nosso grande músico, todas recentes, provam que Villa-Lobos está num
verdadeiro esplendor da carreira dele. Foi de fato se baseando nos elementos
musicais nacionais que Villa-Lobos pode dar toda a força e riqueza da musicalidade
formidável que possui. E sempre dentro daquela impetuosidade apaixonada e viril que
é mesmo o traço psicológico mais específico dele é extraordinária a invenção exata
com que caracteriza os elementos nacionais, sejam caboclos, sejam ameríndios ou
africanos, sejam praceanos de que se utiliza. O “Xangô” é um prodígio de
grandiosidade. A “Canção do Carreiro” é um desses cantos ardentes, vastos que a
gente não esquece mais. De Villa-Lobos figuram sem con-poema (sic.) uma força
realista formidável. Faz um solão de matar passarinho nessa música. Na “Redondilha”
e na Modinha é o meloso urbano que serve de mira pro compositor e é admirável o
espírito com que ele consegue se utilizar da nossa melódica seresteira se
conservando típico e sem despencar na banalidade. “Nozani-na”, “Canideyune”,
“Estrela é lua nova”: são mais três cantos magníficos, duma rítmica impressionante,
mais grandeza pra nossa música artística inda tão pobre dela. Esta coleção de obras
novas de Villa-Lobos consegue dar a essa descendência entre as expressões mais
elevadas da musica universal contemporânea. E a todas Andino Abreu cantou com
uma compreensão admirável de ritmo, de timbração e de estilo. Saliento
especialmente o timbre. Num “Ensaio sobre música brasileira”, agora se imprimindo,
eu insisto justamente sobre os processos de nasalação de timbre empregados
constantemente pela nossa gente cantadeira. Nesse trabalho concluo que se tivesse
nos cantores e professores de canto com mais amor pela coisa nacional eles já
haviam de ter se aproveitado disso não pra criar um bel canto novo está claro,
porém para desenvolver o canto artístico dentro duma realidade mais brasileira. Pois
não me sinto roubado por ver que Andino Abreu se antecipou à minha verificação.
Ele soube nesses cantos brasileiros tirar efeitos de timbração ao mesmo tempo
deliciosamente artísticos e caracteristicamente nacionais. Fiquei entusiasmado,
opus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
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palavra. Camargo Guarnieri acompanhou o cantor bem unificado com este e, nas
peças brasileiras, com um caráter perfeito. Nem era possível esperar outra coisa
desse compositor que nas suas obras está fixando tão bem a música nacional.
(ANDRADE, 1928).
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período da vida do autor em que foi elaborado o “manuscrito”, poderia também indicar
que parte dele teria sido elaborado em momentos de folga, no próprio local de trabalho. As
anotações posteriores, a lápis ou a tinta (incluindo a numeração), denotam uma revisão
meditada e cuidadosa de um texto que constitui apenas o embrião de um trabalho de maior
envergadura. O que fica bastante evidente é que, a partir de um determinado ponto, o
caráter predominante de compilação de citações começa a dar lugar a um texto não só
pessoal, mas também mais organizado, através de tópicos intitulados por uma palavra-chave.
Na quase totalidade das folhas é utilizada somente uma face, numerada
posteriormente, a punho. Por essa razão, na transcrição do texto convencionou-se designar
a numeração por “folha”, e não “página”, indicando-se especificamente quando o verso da
mesma é empregado. As folhas que corresponderiam aos números 30 e 31 estão
numeradas com os algarismos romanos I e II; as sete últimas não possuem numeração,
embora o texto mantenha uma sequência clara, donde, para fins de uma futura publicação,
optou-se por levar a numeração arábica até o fim, com as devidas notas explicativas
inseridas no próprio corpo do texto.
Muito embora as citações abranjam quase metade do texto, a forma como são
tratadas apresenta uma problemática de múltiplos aspectos. O primeiro é o da ausência
quase absoluta do número da página da obra em questão e, na maioria dos casos, do
próprio título. Entretanto, esse aspecto, que atualmente pode ser considerado deficiência,
era um uso corrente na época. Em uma longa citação, por exemplo, da obra de Henri
Bremond, Les deux musiques de la prose, este autor cita, por sua vez, cinco outros autores
(Batteux, Cícero, Marmontel, Ovídio e Denys d’Halicarnasse), sem qualquer referência.
Outro tipo de ocorrência problemática é a de título incompleto, como uma obra citada de
Guyau: (Les) problemes de l´esthetique (contemporaine), em que faltam as palavras entre
parêntesis (fl. 37, sem numeração, frente). Somente graças à pesquisa na internet foi possível
ter acesso a alguma informação mais precisa sobre a mesma e seu autor. É o caso, aliás, de
praticamente todas as obras citadas, uma vez que não se tem informação sobre o paradeiro
do acervo bibliográfico pessoal de Andino Abreu. Já em outra situação, é citado o autor
Robert Dottrens (fl. 33, sem numeração), com referência de número de página, mas sem o
título da obra.
Caso mais complexo é o de trechos que não possuem qualquer indicação de que
seja, de fato, uma citação. Isso fica apenas sugerido por determinados elementos formais da
escrita, como, por exemplo, o emprego de segunda pessoa do plural, característico do
francês, idioma da maioria dos autores citados por Andino. Algumas vezes, a delimitação
entre uma citação e um comentário somente se infere pela clara mudança de estilo, mais
direto e corrente quando se trata da escrita do próprio Andino. Citações de trechos
opus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
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4 Livro que compendia o conjunto de melodias gregorianas empregadas pelo rito litúrgico latino da
Igreja Católica.
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Para se tentar responder sobre o que trata, afinal, A Arte do Canto, é necessário
que se tenha uma visão clara da ampla formação humanística do autor. Andino cursou o
antigo ciclo ginasial de seis anos e, provavelmente, também o curso de Filosofia no antigo
Seminário Nossa Senhora Madre de Deus5, em Porto Alegre, onde obteve amplo
conhecimento de latim, grego e filosofia, conforme salienta o depoimento de sua filha
Helena. Determinados trechos do “manuscrito” confirmam a informação de Andino ter
sido um indivíduo profundamente religioso, preocupado em inculcar essa convicção nas
filhas. Um fato curioso, nesse sentido, é a narrativa de Helena sobre o período de
permanência da família em Paris, onde ela, criança, se preparava para a Primeira Comunhão
Solene. Estando Mário de Andrade na cidade na mesma época, e frequentando a casa da
família Abreu, Andino o incumbiu de tomar as lições do catecismo à menina. Para além da
mera curiosidade, a informação revela a intimidade entre ambos. Assim, Andino reserva, em
seu texto, uma página à análise do pensamento de Mário sobre a música instrumental e a
questão das possibilidades programáticas desta (folha 36, sem numeração).
Outra informação legada por Helena Abreu sobre o caráter religioso do pai é a de
que este teria sido um grande devoto de Santa Teresinha do Menino Jesus, ou Teresa de
Lisieux (1873-1897). Esse dado, aparentemente irrelevante, revela que, mesmo na questão
de sua espiritualidade pessoal, Andino apresenta uma visão contemporânea. Os escritos
dessa jovem monja carmelita francesa6 popularizaram-se de forma súbita em seguida à sua
morte, tendo influenciado vários intelectuais seus compatriotas – alguns bombasticamente
convertidos ao catolicismo, como o escritor, poeta e ensaísta Charles Péguy (1873-1914),
representante de uma intelectualidade leiga que se tornou uma característica do catolicismo
da primeira metade do século XX, especialmente a partir do pontificado de Pio XI. Com
alguma variedade de matizes ideológicos, surgem nesse contexto importantes nomes, como
o escritor, jornalista e ensaísta inglês Gilbert K. Chesterton (1874-1936), cujas obras
5 Seminário que funcionou até 1913 no atual prédio da Cúria Metropolitana de Porto Alegre, quando o
antigo Ginásio Nossa Senhora da Conceição, fundado pelos jesuítas em 1869, na cidade de São
Leopoldo (região metropolitana de Porto Alegre). Foi convertido em Seminário Provincial, sob a
mesma administração, funcionando até 1954.
6 Santa Teresinha tornou-se especialmente popular entre os católicos brasileiros, graças ao padre
jesuíta francês, professor e missionário no Brasil, Henri Rubillon (1866-1931), propagador entusiasta de
sua devoção. Rubillon tinha amplo contato epistolar com o mosteiro carmelita de Lisieux, onde a santa
vivera, e cuja superiora era a irmã mais velha desta. Desse contato surgiu a ideia de uma campanha,
entre os devotos brasileiros, de arrecadação de fundos para a confecção de uma urna preciosa para
guardar os restos mortais de Teresinha, em vista da cerimônia de beatificação (1923). A quantia obtida
foi tamanha que se fez possível executar duas urnas: a mais valiosa, apelidada "urna do Brasil", guarda a
maior parte das relíquias, na atual basílica de Lisieux; a segunda, mais simples, é a que frequentemente
viaja em peregrinação pelo mundo (GUIMARÃES, 1998).
opus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
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ideias entre dois ou mais autores é presumida (ou mesmo induzida) a partir de citações
isoladas – uma prática metodológica, aliás, corrente, na época. Tomemos, por exemplo, a
obra “A ciência do canto – ou como produzir corretamente a voz cantada”, do brasileiro
Pedro Lopes Moreira, tratado de técnica vocal de ampla circulação nos conservatórios
brasileiros na década de 1940. O texto é repleto de citações, que vão de famosos cantores
que escreveram sobre o canto – como o barítono Manuel Garcia (1805-1906), filho do
famoso tenor espanhol do mesmo nome ou o soprano alemão Lilli Lehmann (1848-1929),
cuja obra Meine gesansgkunst (Minha arte do canto) é considerado ainda um clássico na área
de técnica vocal – até cientistas contemporâneos, na área de fisiologia e acústica, sendo
difícil crer que todos convergissem a um mesmo ponto de vista sobre questão tão
complexa.
Em vista disso, é tarefa intrincada tentar definir um enraizamento teórico
específico no texto de Andino Abreu. Pode-se inferir que esse apoio em outros autores
aponte, mais provavelmente, para uma busca de definições sempre mais exatas acerca de
fenômenos observados empiricamente ao longo de seu contato com o universo do canto,
fruto de uma característica reflexiva apontada por Helena Abreu como sendo muito forte
no pai, além de refletir a visão aristotélica recebida através da formação seminarística, em
que a teorização deve partir da experiência.
As duas palavras mais empregadas no texto são, provavelmente, “linguagem” e
“expressão”. É na linguagem como objeto de estudo científico que Andino vai procurar a
base primeira do que vem a entender como função última da palavra cantada: a expressão
do sentimento. Por essa razão, vai investigar questões da aquisição, pelo indivíduo, da
linguagem oral, partindo do princípio de que “os atrativos de uma voz que canta estão nas
qualidades que ela possui, adquiridas na função da linguagem” (fl.1). Em um segundo
momento importa observar como o indivíduo é introduzido ao universo da linguagem
escrita. Nesse sentido, são abordados os métodos historicamente empregados na
alfabetização, comparando-se ao de soletração, silabação e palavração. Sempre com a
ressalva de que todos apresentam vantagens e desvantagens, Andino salienta que, no último,
através do reconhecimento das palavras monossílabas, a criança associa linguagem oral e
escrita, já estabelecendo diretamente um sentido, com maiores chances para a formação de
uma leitura expressiva, posto que,
numa frase escrita podemos compreender o sentido, mas muitas vezes nos escapará
a intenção, que só é perfeitamente percebida pelo tom de voz, pelo canto prosódico
– colorido, timbre, ritmo e andamento. As palavras são as formas da nossa expressão
opus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
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É importante, portanto, notar, aí, que a formação vocal não se detém na questão
da perfeição da sonoridade, seja articulatória, seja timbrística. Andino considera a
necessidade do domínio técnico, porém salientando que a razão final do canto não é o
virtuosismo vocal, meta frequentemente visada pelos cantores de ópera da época, razão
pela qual defende a canção de câmara como lugar privilegiado da possibilidade de expressão
poético-musical:
opus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Reflexões interdisciplinares a partir de A Arte do Canto, manuscrito inédito . . . . . . . . . . . . .
mas ele é perfeito quando é um canto interior, traduzindo na sua forma sonora a
plenitude do sentido das idéias.
Também no canto artístico existe o canto puramente de efeito vocal, como no canto
lírico dos tenores e sopranos-ligeiros, uma espécie de canto esportivo... Mas existe o
canto de câmera, o verdadeiro canto emotivo, que se revela no lied, na confidência
cantada. (fl. 6).
Como base desse “canto prosódico”, da relação ideal entre prosa, poesia e
música, Andino Abreu aponta como grande “modelo” o cantochão ou canto gregoriano,
que não é senão um desdobramento da prosa ricamente cadenciada e metricamente
equilibrada das orações litúrgicas do rito latino. Essa sonoridade da prosa litúrgica tem uma
razão de ser anterior, conforme o autor observa em uma nota: “A oração reclama o canto,
e não se deveria nunca oferecer à devoção dos fiéis senão formas harmoniosas. Toda a
oração já por si mesma é a poesia pelo fato de ser uma manifestação do espírito, fonte da
ordem, da forma, da beleza” (fl. 17). Essa busca da unidade entre prosa, poesia e música,
porém, não se detém nos modelos antigos: “A poesia moderna com o seu verso branco é
uma tentativa de identificação entre a prosa e a poesia” (idem).
Outra questão abordada é a da reciprocidade entre poesia e música no canto, isto
é, que a forma musical não prejudique em nada a sonoridade própria da linguagem oral em
si mesma, em unidade com o gesto corporal como um todo:
A influência da música na linguagem não quer dizer que, na maioria dos casos, se
observe a ação enriquecedora das palavras. A preocupação da sonoridade muitas
vezes mutila a forma sonora das palavras, como acontece no canto vulgar dos
cantores líricos e não raro também nos recitalistas...
De que maneira a música influi na linguagem? A música deve revelar a melodia, o
ritmo da palavra, apagada pelo continuo uso da linguagem prática que se utiliza apenas
de um meio de mera comunicação sem os efeitos do colorido dos timbres, da
plástica sonora e do seu movimento rítmico que são criados pela expressão, pois até
o próprio gesto expressivo vem informado por todas essas qualidades.
Falamos como os aprendizes de solfejo. Desde que seja reconhecida a palavra, o
professor fica satisfeito, assim como o aluno que entoa uma nota qualquer com uma
voz caricatural e bastante para ser aprovado... No domínio da escrita se observa o
mesmo fenômeno. Não nos esforçamos por falar ou escrever como virtuosos, como
artistas, trabalhando a forma para enriquecimento da expressão. Contentamo-nos
com as palavras de aspecto descolorido, magras e até esqueléticas. Tudo está em que
34. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . opus
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tenham apenas uma vaga forma de imagens sonoras. Os que desenvolvem assim o
seu falar ficam por toda a vida prejudicados e empobrecidos de meios atraentes de
comunicação no trato social. A comunicação verbal ou cantante exige cuidados de
forma para obter resultados satisfatórios. Assim, quando falamos ou cantamos em
público não basta que nos agrade o modo porque falamos ou cantamos, pois o
prazer que sentimos nessa expansão pode muito bem desagradar aos que nos estão
ouvindo. O dever de uma comunicabilidade agradável é uma necessidade e isso não
se impõe por um mero preceito educacional, pois a criatura que deve se realizar com
perfeição tem obrigação de comunicá-la ao seu próximo. (fl. 33)
“O senhor, a senhora tem uma voz tão bonita, porque não estuda canto?” A razão
porque se ouve geralmente cantar mal, sem expressão, é justamente porque não se
sabe falar. Quem fala mal, conseqüentemente lê mal e canta mal. O canto, longe de
ensinar a revelar a expressão da poesia, afoga-a na corrente da melodia. Os cantores
que não cometem esse atentado são raros, são os defensores do espírito.
Educa-se geralmente a voz por mero prazer melódico, chegando alguns ao ponto de
se servirem das palavras apenas como enchimento. No entanto, a sonoridade
educada deve ser aplicada com mais razão para a informação das idéias. É preciso
lembrar que a dignidade do espírito reclama que as suas idéias sejam revestidas
nobremente e não apresentá-las andrajosas. (fl. 34)
Como se pode ver, ocorre uma ênfase, expressa de diferentes maneiras, sobre
um mesmo tema: a subordinação da técnica vocal e do trato da linguagem musical ao texto
poético como forma superior de expressão artística. A busca, pelo intérprete, de um
contínuo aprofundamento em sua capacidade de realização desse objetivo é um ponto de
intersecção entre as dimensões estética e ética, do “dever” para com a própria arte. Pode-
se perceber a coerência com essa visão através do registro da performance vocal de
Andino Abreu em música de câmara, felizmente registrada através dos recursos
fonográficos da época, ainda que limitados. Seu repertório, elegido pela qualidade poética e
musical, teve a preocupação de valorizar as formas de expressão contemporâneas,
estreando ou divulgando obras de compositores vivos. A emissão natural, a dicção clara, a
preocupação com a exatidão da pronúncia não só em português, mas nos respectivos
opus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Reflexões interdisciplinares a partir de A Arte do Canto, manuscrito inédito . . . . . . . . . . . . .
idiomas das canções interpretadas, manifestam uma visão do idioma como expressão da
identidade de cada povo.
O leitor menos avisado acerca das já mencionadas convicções religiosas profundas
do autor pode se surpreender com momentos de transcendência mística presentes no
texto, frutos da visão teológica pela qual a fusão entre poesia e prosa, entre o falar e o
cantar constituiria um retorno à perfeição original do homem, tal qual o criou Deus. A
relevância desse aspecto, por si só, na trajetória de Andino permitiria um trabalho
específico posterior.
Por fim, convém salientar a peculiaridade e importância de uma obra que, mesmo
apenas em esboço, aborda questões estéticas sobre o canto consideradas a partir de uma
ciência, à época, relativamente nova, qual a linguística. Essa importância é tanto maior em
um contexto onde as publicações na área, em geral, apresentavam muito mais a
preocupação de aportar um embasamento de natureza fisiológico-acústica para a didática
do ensino do canto, do que considerações filosóficas ou estilísticas sobre a performance.
Conforme referido acima, o objetivo deste trabalho, centrado na descrição formal do
manuscrito e o apanhado sumário de seus temas centrais, é o primeiro passo para uma
análise comparativa desse conteúdo com o material disponibilizado pela filha de Andino,
onde constam, além deste, partituras, cartas, programas de concerto e críticas sobre os
mesmos.
Considerações finais
Evidenciou-se, até aqui, a imagem de Andino Abreu como de um importante
intérprete brasileiro, de repertório inovador para a época, trabalhando diretamente e
desenvolvendo amizade pessoal com importantes compositores brasileiros, tais como
Heitor Villa Lobos, Camargo Guarnieri e Armando Albuquerque, e sendo responsável pela
estreia e gravação de obras dos mesmos.
As reflexões de Andino Abreu sobre a prática, a interpretação e o ensino do
canto foram sistematizadas em um momento de sua vida no qual, já retirado dos palcos,
pôde construir uma visão madura de sua própria trajetória artística e de suas concepções
musicais profundas, dispondo, outrossim, do necessário tempo para sistematizá-las por
escrito, enriquecidas de notas oriundas de uma ampla pesquisa – conjunto este que, ainda
sob forma embrionária, já mereceu do autor o título de A Arte do Canto.
O manuscrito, ao evidenciar a intersecção existente entre as várias áreas do
conhecimento envolvidas no processo do cantar, postula, para o cantor-intérprete, uma
formação não só artística e científica, mas também filosófica e humanista, cuja necessidade
36. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . opus
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permanece atual, dentro de uma visão onde o domínio da palavra, em seus múltiplos
aspectos, mantém-se como a principal ferramenta interpretativa. Portanto, a publicação
dessa obra, que só veio à luz graças ao interesse e generosidade da filha de Andino, Helena
Abreu Pacheco, a ser levada a efeito através de uma edição crítica devidamente comentada,
pode trazer importante contribuição para a área da musicologia e dos estudos de
performance em canto.
Referências
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ABREU, Maria. O cantor Andino Abreu. Apostila datilografada, 8 páginas, s/d.
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CÂMARA, Armando. Andino Abreu. [s.n.], Porto Alegre, 24/01/1961. Crítica de jornal
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Documentação Musical da UFPel, em recorte sem o nome do periódico.
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opus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
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Isabel Porto Nogueira é professora Associada do Centro de Artes da Universidade Federal
de Pelotas (RS), na área de Musicologia, desde 1997. É Diretora do Conservatório de Música
da Universidade Federal de Pelotas desde 2002. Bacharel em Piano pela Universidade Federal
de Pelotas (1993) e Doutora em História e Ciências da Música (Musicologia) pela Universidade
Autônoma de Madri, Espanha (2001). Líder do Grupo de Pesquisa em Musicologia e professora
do Curso de Pós-Graduação - Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural (UFPel). É
coordenadora do Centro de Documentação Musical da Universidade Federal de Pelotas, que
desenvolve projetos na área de iconografia musical, música e gênero, história da performance
musical, memória e história da música no sul do Brasil. [email protected]
Jonas Klug da Silveira é Licenciado em Filosofia, Bacharel em Canto e Mestre em Educação
pela Universidade Federal de Pelotas, onde é professor-assistente junto ao Colegiado do
Curso de Música, na modalidade Licenciatura do Centro de Artes, na área de Canto e Técnica
Vocal. Exerce o cargo de preparador vocal no projeto permanente de extensão Coral da
Universidade Federal de Pelotas. Atuou artisticamente como cantor solista (barítono) das
orquestras sinfônicas de Porto Alegre (OSPA), da PUCRS e de Caxias do Sul, em óperas e
concertos, com performance também nas áreas de música de câmara e popular.
[email protected]
38. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . opus