Exercícios Da Apostila de Mecânica PDF

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MÓDULO 1

PROBLEMAS

1
AULA
1.1. Suponha que a força atuando sobre uma partícula possa ser
fatorada em uma das seguintes formas:
F (x, x& , t) = f (x) g(t) (1.50)
F (x, x& , t) = f (x& ) g(t) (1.51)
F (x, x& , t) = f (x) g(x& ) (1.52)

Para que casos são integráveis as equações do movimento?

1.2. Uma partícula de massa m está sujeita a uma força


F(t) = me–bt. A posição inicial e a velocidade inicial são iguais a zero.
Encontre x(t).
1.3. Considere uma partícula de massa m cujo movimento parte
do repouso em um campo gravitacional constante. Se a força de arrasto
for proporcional ao quadrado da velocidade (isto é, F = – mγv2),
(a) Calcule a velocidade e a posição da partícula em um instante t.
Tome v(0) = 0. Qual a velocidade terminal da partícula?
(b) Mostre que a distância s que a partícula cai ao acelerar de v0
a v1 é dada por
1  g − γv02 
s (v0 → v1 ) = ln   (1.53)
2γ  g − γv12 

1.4. Uma partícula é lançada verticalmente para cima em um


campo gravitacional constante com uma velocidade inicial v0. Considere
a força de resistência do ar como sendo proporcional ao quadrado da
velocidade instantânea da partícula. Tomando a direção y positiva para
cima, a força resistiva será então −γ mv 2 quando a partícula estiver se
movendo para cima, e +γ mv 2 quando a partícula estiver se movendo
para baixo.
(a) Mostre que, no movimento para cima, a velocidade da partícula
varia com a altura de acordo com a expressão

v 2 = −vt2 + (vt2 + v02 ) e −2γ y (1.54)

onde y é o deslocamento medido a partir do ponto de lançamento e


vt = g / γ é a velocidade terminal.

CEDERJ 23
Mecânica | Movimento em uma dimensão

(b) Mostre que no movimento para baixo, a velocidade da


partícula varia com a altura de acordo com a expressão

v 2 = vt2 − vt2 e 2γ y (1.55)


onde agora y é o deslocamento medido a partir do ponto mais alto da
trajetória.
(c) Usando os resultados dos itens anteriores mostre que quando a
partícula atinge o ponto de lançamento no seu retorno, sua velocidade é

v0 vt
(1.56)
( v + vt2 )
2 1/ 2
0

1.5. Um bloco de metal de massa m desliza sobre uma superfície


horizontal que foi lubrificada com um óleo pesado fazendo com que
o bloco sofra uma força resistiva que varia com a potência 3/2 da
velocidade:
Fr = − mγ v 3 / 2 (1.57)

As condições iniciais são x (t = 0) = 0 e v (t = 0) = v0 .


(a) Resolva a equação do movimento do bloco para encontrar v(t)
(b) Integre v(t) para obter x(t).
(c) Usando a regra da cadeia,

dv dv dx dv
= =v (1.58)
dt dx dt dx

obtenha v(x) para esse bloco.


(d) Mostre que, quando t → ∞ , o deslocamento do bloco tende
assintoticamente a 2v01 / 2 / γ .

1.6. Foguetes são impulsionados pela reação à taxa de variação do


momento dos gases expelidos. Desde que os gases têm origem na reação dos
combustíveis carregados pelo foguete, a massa do foguete não é constante,
mas decresce à proporção que os gases são ejetados. Mostre que a equação do
movimento de um foguete, lançado verticalmente para cima em um campo
gravitacional uniforme e desprezando a resistência da atmosfera, é:

dv dm
m = − ve − mg (1.59)
dt dt

24 CEDERJ
MÓDULO 1
onde m é a massa do foguete e ve é a velocidade de escape dos gases em

1
relação ao foguete. Integre esta equação para obter v em função de m,

AULA
supondo uma taxa temporal constante de perda de gás.

1.7. Uma gota de água começa a formar-se na atmosfera, em torno


de um núcleo de condensação, que é uma partícula de poeira de raio
e que tem uma velocidade inicial v0. A gota cai através da atmosfera,
que, vamos supor, está saturada de vapor de água, e vai aumentando de
volume pela condensação. A gota é esférica e adquire massa a uma taxa
igual a kA, onde k é uma constante positiva e A é a área de sua seção
reta. Suponha que não há força resistiva e mostre (a) que o raio da gota
cresce linearmente com o tempo, e (b) que se r0 é desprezível, então a
velocidade da gota cresce linearmente com o tempo.

1.8. Um barco, com velocidade inicial v0 , perde velocidade devido


a uma força de atrito

F = −be αv (1.60)

(a) Encontre seu movimento.


(b) Quanto tempo ele leva para parar e que distância ele percorre?

Soluções:
1.1. No texto da Aula 1, nós estudamos situações nas quais a
força aplicada depende somente do tempo t, ou somente da velocidade
x& .(t0Na
) próxima aula veremos forças que dependem somente da
posição x. Este problema considera forças que dependem de duas das
variáveis, x, x& ,(tt,
0)
porém, a dependência é fatorada. Queremos saber se
nesse caso a equação do movimento é integrável.

(a) F(x, x& ,(tt)


0 ) = f(x)g(t)

A equação do movimento para uma força deste tipo seria:

dv
m = f (x) g(t) (1.61)
dt

CEDERJ 25
Mecânica | Movimento em uma dimensão

que podemos escrever como


m
∫ f (x) dv = ∫ g(t) dt (1.62)

O lado direito da Equação (1.62) é claramente integrável para uma


função g(t) bem comportada. O lado esquerdo, porém, não é integrável
genericamente.
(b) F (x, x& , t) = f (x& ) g(t)
A equação do movimento para esta força é

dv
m = f (v) g(t) (1.63)
dt
ou,

m
∫ f (v) dv = ∫ g(t) dt (1.64)

Para funções f(v) e g(t) bem comportadas, os dois lados da Equação


(1.64) são integráveis.
(c) F (x, x& , t) = f (x) g(x& )

A equação do movimento para esta força é

dv
m = f (x) g(v) (1.65)
dt

Agora, usamos a regra da cadeia para transformar a derivada em relação


ao tempo em uma derivada em relação à posição:

dv dv dx dv
m =m = mv (1.66)
dt dx dt dx

Substituindo este resultado na Equação (1.66), podemos escrever

mv
∫ g(v) dv = ∫ f (x) dx (1.67)

Novamente, ambos os lados da Equação (1.67) são integráveis


para funções f(x) e g(v) bem comportadas. O resultado das integrações
dá uma equação para a velocidade em função da posição, v(x), que pode
de novo ser separada e integrada para achar x(t).

26 CEDERJ
MÓDULO 1
1.2. Da segunda lei de Newton segue que

1
AULA
&& = e − bt
x
(1.68)
Integrando esta equação em relação ao tempo, achamos

e − bt
v(t) = − +A
b (1.69)
Integrando novamente dá

e − bt
x(t) = + At + B (1.70)
b2
1
A condição inicial, v(0) = 0, dá A = . A condição inicial, x(0) = 0 , dá
1 b
B=− . Assim,
b2

e − bt t 1 (1.71)
x(t) = + −
b2 b b2

1.3. (a) Vamos escolher a direção positiva apontando para baixo.


A equação do movimento da partícula caindo é

dv
m = mg − mγ v 2 (1.72)
dt

Passando toda a dependência em v para o lado esquerdo e a


dependência no tempo para o lado direito, temos,

dv v dv′ t
= dt → ∫ = ∫ dt ′ (1.73)
g −γv 2 0 g − γ v′ 2 0

A integral pode ser encontrada em uma tabela, ou calculada em


seu computador usando Maple, Mathematica, ou equivalente, e dá

1  γ 
arctanh  v  = t (1.74)
γg  g 

de onde tiramos que

v (t) =
g
γ
tanh ( γ gt ) (1.75)

A partir da velocidade, integramos e obtemos a posição:

t g t
x (t) − x(0) = ∫ v (t ′) dt ′ =
γ ∫0
tanh γ gt ′dt ′ (1.76)
0

CEDERJ 27
Mecânica | Movimento em uma dimensão

o que dá
1
x(t) = x0 + ln cos h γ gt (1.77)
γ

(b) A distância viajada entre os instantes t0 e t1 é dada pela


diferença
1 1
x (t1 ) − x(t0 ) = ln cosh( γ g t1 ) − ln cosh( γ g t1 )
γ γ (1.78)
1  cosh( γ g t1 ) 
= ln  
γ  cossh( γ g t0 ) 

Para colocar o resultado na forma pedida, primeiro escrevemos

1  cos h ( γ g t1 ) 
2
s (t0 → t1 ) = x (t1 ) − x(t0 ) = ln   (1.79)
2γ  cos h2 ( γ g t0 ) 

Depois, da Equação (1.75), escrevemos

γ 2
v = tan h2 ( γ gt) = 1 − sec h2 ( γ gt) (1.80)
g

Então, g
cos h2 ( γ gt) =
g − γ v2 (1.81)

que, substituindo na Equação (1.79), dá, finalmente,

1  g − γ v0 
s (t0 → t1 ) = ln   (1.82)
2γ  g − γ v1 

Uma forma alternativa de resolver o presente problema é usar a


regra da cadeia para mudar a derivada em relação ao tempo, para uma
em relação a x, como fizemos na parte (c) do problema 1.1. Este método
leva ao mesmo resultado, mas não dá a dependência explícita no tempo
vista na Equação (1.77). Fazemos

dv dv dx dv
m =m = mv = mg − mγ v 2 (1.83)
dt dx dt dx

de onde escrevemos

vdv v1 v′dv′ x1
= dx → ∫ = ∫ dx (1.84)
g −γv 0 g − γ v′
2 v 2 x0

28 CEDERJ
MÓDULO 1
o que imediatamente leva ao resultado desejado:

1
AULA
1  g − γ v0 
s (t0 → t1 ) = ln   (1.85)
2γ  g − γ v1 

1.4. (a) Quando a partícula está se movendo para cima, sua


equação do movimento é

dv
m = − mg − mγ v 2 (1.86)
dt

e, usando a regra da cadeia, nós temos

dv dv dy dv
= =v = − g − γ v2 (1.87)
dt dy dt dy

Integrando, dá
v vdv
y − y0 = − ∫
v0 g + γ v2
1 v d(v 2 ) (1.88)
2 ∫v0 g + γ v 2
=−

1 g + γ v2
=− ln
2γ g + γ v02

Tomando o ponto de lançamento como sendo v0 = 0, mul-


tiplicando ambos os lados por 2y e tomando a exponencial, dá

g + γ v2
= e −2 γ y (1.89)
g + γ v0
2

Resolvendo para v, nós temos

g g 
v2 = − +  + v02  e −2γ y (1.90)
γ γ 
ou,

v 2 = − vt2 + (vt2 + v02 ) e −2γ y (1.91)


onde vt = (g / γ )
1/ 2
é a velocidade terminal da partícula.

(b) Durante o movimento para baixo, a equação do movimento


da partícula é
dv (1.92)
m = −mg + mγ v 2
dt

CEDERJ 29
Mecânica | Movimento em uma dimensão

Seguindo o mesmo procedimento da parte (a), nós encontramos

1 − g + γ v2
y − y0 = ln (1.93)
2γ − g + γ v02

Fazendo y0 = 0 , agora o ponto mais alto da trajetória, v0 = 0


(a velocidade é zero no ponto mais alto), obtemos

− g + γ v2
= e 2γ y (1.94)
−g

e, resolvendo para v, temos


g g 2γ y (1.95)
v2 = − e
γ γ

ou,
v 2 = vt2 − vt2 e 2γ y (1.96)

(c) Seja h a altura máxima atingida pela partícula. Então, do


resultado da parte (a), podemos escrever

0 = − vt2 + (vt2 + v02 ) e −2γ h (1.97)


e, da parte (b), a velocidade com a qual a partícula retorna ao ponto
de partida será
v 2 = vt2 − vt2 e −2γ h (1.98)

Eliminando h das Equações (1.97) e (1.98), obtemos

vt2
v 2 = vt2 − vt2 (1.99)
v02 + vt2
ou,

v0 vt
v=
v02 + vt2 (1.100)

1.5. (a) A equação do movimento do bloco é

dv (1.101)
m = −mγ v 3 / 2
dt

30 CEDERJ
MÓDULO 1
Integrando esta equação, obtemos

1
AULA
v
1 v dv 1 v −1 / 2 2
γ ∫v0 v 3 / 2
t=− = − = (v −1 / 2 − v0−1 / 2 )
γ −1 / 2 v γ (1.102)
0

onde v0 é a velocidade em t = 0. Resolvendo para v, dá

−2
γt 
v (t) =  + v0−1 / 2  (1.103)
2 

(b) Integrando v em relação ao tempo, achamos para x:


−2 −1 t −1
t γt t 2γt  2 v01 / 2 2  γ t 
x − x0 = ∫ vdt = ∫  + v0−1 / 2  dt = −  + v0−1 / 2  = +  + v0−1 / 2 
0 0
2  γ2  0
γ γ2 
−2 −1 t −1
 2γt −1 / 2  2v 1/ 2
2γt −1 / 2  (1.104)
 dt = −  + v0  = +  + v0 
2 0

 γ  2  0
γ γ2 

(c) Usando a regra da cadeia,

dv dv
=v = −γ v 3 / 2 (1.105)
dt dx

que, separando e integrando, dá a posição


v
1 v dv 1 v1 / 2 2 (v01 / 2 − v1 / 2 )
x − x0 = − ∫
γ v0 v 1 / 2
=−
γ 1/ 2 v
=
γ
(1.106)
0

(d) Podemos ou tomar o limite t → ∞ no resultado do item (b)


ou fazer v = 0 no resultado do item (c) e obter que o deslocamento do
bloco tende assintoticamente para

2v01 / 2
x − x0 → (1.107)
γ

1.6. Este é um problema típico daqueles em que a segunda lei de


Newton deve necessariamente ser colocada na forma

dp (1.108)
=F
dt
(Aqui, como estamos tratando do movimento em uma dimensão, não
precisamos explicitar o caráter vetorial de p e F). Como a massa é
variável, dp / dt ≠ mdv / dt.

CEDERJ 31
Mecânica | Movimento em uma dimensão

Do ponto de vista de um observador na Terra vendo o foguete subir,


há somente duas forças atuando sobre o foguete, a gravidade e a propulsão
dos gases sendo expelidos. Essa força de propulsão é dada por

dN
mg v g (1.109)
dt

onde dN / dt é o número de moléculas de gás sendo expelidas por


unidade de tempo, mg é a massa de uma molécula e vg é a velocidade
do gás expelido em relação à Terra. Isto dá para a força total atuando
sobre o foguete:
dm
∑ F = −mg + dt
vg (1.110)

dp dv dm dm (1.111)
=m + v = −mg + vg
dt dt dt dt
ou,

dv dm
m = − mg − (v − v g ) (1.112)
dt dt

Sendo v a velocidade do foguete em relação à Terra, vemos que


ve = v − v g é a velocidade com que os gases escapam em relação ao foguete
e depende só do tipo de motor e do combustível usado. Chegamos, portanto,
à seguinte equação para o movimento do foguete:

dv dm
m = − mg − ve (1.113)
dt dt

Seja µ = − dm / dt a quantidade positiva que dá a taxa com que


a massa do foguete está variando. Quando µ é constante, então,
m (t) = m0 − µ t → t = (m0 − m) / µ . Agora, a equação do movimento
do foguete pode ser escrita na forma conveniente para integração:

dm
dv = − gdt − ve (1.114)
m
o que dá

m 
v = − gt + ve ln  0  (1.115)
 m

32 CEDERJ
MÓDULO 1
Substituindo o valor de t, encontramos finalmente,

1
AULA
m  g
v = ve ln  0  − (m0 − m) (1.116)
 m µ

Note que nesta expressão, à medida que o foguete usa sua massa,
a velocidade parece divergir logaritmicamente. Antes disso, como você
sabe, a Mecânica Clássica deixa de valer.
1.7. (a) Seja r o raio da gota no instante t. O problema diz que a
taxa de crescimento da massa da gota é

dm
= kπ r 2
dt
(1.117)
Se ρ é a densidade da gota, então
4π 3
m= ρr
3 (1.118)
de modo que
dm dr
= 4π ρ r 2 = kπ r 2
dt dt (1.119)
Portanto,

dr k
= (1.120)
dt 4 ρ
ou,

k
r = r0 + t (1.121)

Logo, r cresce linearmente com o tempo.


(b) A massa muda com o tempo e, portanto, a equação do
movimento é
dp dv dm (1.122)
=m +v = − mg
dt dt dt

Usando as Equações (1.117) e (1.118) na Equação (1.122), temos

4π 3 dv 4π 3
ρr + vkπ r 2 = − r ρg (1.123)
3 dt 3
ou,
dv 3k
+ v = −g (1.124)
dt 4 ρ r

CEDERJ 33
Mecânica | Movimento em uma dimensão

Substituindo a (1.121) nesta equação, ficamos com

dv 3k v
+ = −g
dt 4 ρ r + k t (1.125)
0

Fazendo B = k / 4 ρ , reescrevemos a Equação (1.125) como

dv 3B
+ v = −g (1.126)
dt r0 + Bt

Uma equação diferencial de primeira ordem tem a forma padrão

dv
+ P(t)v = Q(t) (1.127)
dt
cuja solução é

− P (t )dt  ∫ P(t )dt Q(t) dt + C 


v (t) = e ∫  ∫ e  (1.128)

onde C é uma constante. No caso da nossa equação,

3B
P(t) = , Q(t) = − g (1.129)
r0 + Bt
Agora,

3B
∫ P(t)dt = ∫ r dt = 3 ln ( r0 + Bt ) = ln ( r0 + Bt )
3
(1.130)
0 + Bt

Portanto,

e∫ = ( r0 + Bt )
Pdt 3
(1.131)
e assim,
v (t) = − ( r0 + Bt )  ∫ ( r0 + Bt ) gdt + C 
−3 3

 
−3  g  (1.132)
= − ( r0 + Bt )  ( r0 + Bt ) + C 
4

 4B 
A constante pode ser determinada fazendo v (t = 0) = v0 :

g 4
C = −v0 r03 − r0 (1.133)
4B
Então, nós temos

−3  g g 4
v (t) = − ( r0 + Bt )  ( r0 + Bt ) − v0 r03 −
4
r0
 4B 4B  (1.134)

34 CEDERJ
MÓDULO 1
ou,

1
1  g 3 
 4B ( Bt ) + O(r0 )
4
v(t) = − (1.135)

AULA
( Bt )
3
 
3
onde O(r0 ) significa “termos da ordem de r30 ou superior”. Para r0
suficientemente pequeno, podemos desprezar esses termos e
g (1.136)
v (t) = − t
4
Curiosamente, neste caso o movimento da gota é uniformemente
acelerado.

1.8. (a) A equação do movimento do barco é

dv (1.137)
m = −be − αv
dt

Colocando o que depende de v de um lado da equação e o que depende


de t do outro e integrando, temos

v b t
∫v0
e − αv dv = −
m ∫0
dt (1.138)
Fazendo as integrais,

1 − αv αb αb αv0
α
(
e − e − αv0 =
m
)
t ⇒ e − α(v − v0 ) = 1 +
m
e
(1.139)
de onde segue que

1  α b α v0 
v = v0 − ln  1 + e  (1.140)
α  m 

Integrando v, obtemos a posição do barco

t 1 t  α b α v0 
x (t) = ∫ v(t) dt = v0t − ∫ ln  1 + e t  dt (1.141)
0 α 0
 m 
t
1  m − αv0  αb αv0   αb αv0  
= v0 t − e 1 + e t  ln  1 + e t  − t
α  αb  m   m  0
ou seja,

m − αv0  α b αv0   αb αv0  t


x (t) = v0t − e 1 + e t  ln  1 + e t+ (1.142)
α2b  m   m  α

supondo que x(0) = 0 .

CEDERJ 35
Mecânica | Movimento em uma dimensão

(b) Se o barco pára no instante ts, então, v(ts ) = 0 . Aplicando


esta condição à Equação (1.140), encontramos

m
ts =
αb
(
1 − e − αv0 ) (1.143)

Note que 1 + (α b / m) e α v0 ts = e α v0 e, portanto, ln(1 + (α b / m) e α v0 t s ) = α v0


ln(1 + (α b / m) e α v0 t s ) = α v0 . Com esses resultados, substituímos ts na Equação (1.142) e
encontramos para a distância percorrida pelo barco antes de parar:

m (1.144)
xs = (1 − e − αv0 − αv0 e − αv0 ).
αb
2

36 CEDERJ
Mecânica | Movimento em uma dimensão e forças conservativas

PROBLEMAS

2.1. Corrente caindo. Uma corrente de comprimento l está


estirada sobre uma mesa horizontal sem atrito, com um comprimento
y0 dependurado através de um buraco na mesa. A corrente é liberada.
(a) Encontre, em função do tempo, o comprimento da parte
pendurada da corrente.
(b) Ache a velocidade da corrente quando ela perde contato
com a mesa.

2.2. Uma partícula, movendo-se em uma dimensão, está sob a influência


da força F = −kx + kx3 / α 2 , onde k e α são constantes positivas.
(a) Determine o potencial V(x) com V(0) = 0.
(b) Encontre os pontos de equilíbrio do potencial e classifique-os
em pontos de equilíbrio estáveis e instáveis.
(c) Esboce o potencial V(x).
(d) Enumere e descreva todos os possíveis pontos de equilíbrio e
movimentos, as energias ou intervalos de energia nos quais estes tipos
de movimento ocorrem. Atenção para não de esquecer de qualquer tipo
k 2
de movimento no caso E = α
4

2.3. Uma partícula de massa m tem uma velocidade v = α / x ,


onde x é seu deslocamento. Encontre a força F(x) responsável.

2.4. A energia potencial para a força entre dois átomos numa


molécula diatômica tem a forma aproximada:

a b
V (x) = − 6
+ 12 (2.59)
x x

onde x é a distância entre os átomos e a e b são constantes positivas.


(a) Encontre a força.
(b) Supondo que um dos átomos seja muito pesado e permaneça
em repouso enquanto o outro se move ao longo de uma linha reta,
descreva os possíveis movimentos.
(c) Ache a distância de equilíbrio e o período de pequenas oscilações
em torno da posição de equilíbrio. A massa do átomo mais leve é m.

50 CEDERJ
MÓDULO 1
2.5. Encontre a solução geral da equação do movimento de um corpo

2
sob a ação de uma força linear repulsiva F = kx. Mostre que esse tipo de

AULA
movimento pode ser esperado na vizinhança de um ponto de equilíbrio
instável.

2.6. Uma massa m está sujeita a uma força restauradora –kx e a


uma força dissipativa (±) µ mg onde µ é o coeficiente de atrito (estático
e cinético). Mostre que as oscilações são isócronas (período independente
da amplitude) com a amplitude de oscilação decrescendo de 2 µ g / ω0
2

durante cada meio ciclo até que a massa pare.

SOLUÇÕES

2.1. Seja ρ a densidade da corrente e y(t) o comprimento pendu-


rado no instante t. Então a massa total da corda é ρl e a massa da parte
da corrente abaixo do buraco é ρy. A força resultante puxando a corrente
para baixo é ρgy e a segumda lei de Newton diz então que

(ρ l)y&& = ρ gy (2.60)

de onde obtemos a equação diferencial

g
y&& = y (2.61)
l

O problema envolve, portanto, uma força que depende somente


da posição.
Temos dois modos de resolver a Equação (2.61):
Primeiro método: este método envolve um modo de resolver
equações diferenciais lineares que usaremos muito na próxima aula.
Como temos uma função cuja derivada segunda é proporcional a ela
mesma, uma propriedade da função exponencial, uma boa solução
tentativa é fazer y = ep. Substituindo na (2.61) obtemos

g g
p2 = ou p = ± (2.62)
l l

CEDERJ 51
Mecânica | Movimento em uma dimensão e forças conservativas

Encontramos, assim, duas soluções independentes, e ++αα e e −−αα ,


onde α ≡ g l . A solução geral da Equação (2.61) tem duas constantes
a determinar a partir das condições iniciais. Então, a solução geral é

y = Ae +α t + Be−α t (2.63)

A velocidade é dada por

y& ( t ) = α Ae +α t − α Be −α t (2.64)

& 0) = 0 implica que A = B. A outra condição


e a condição inicial y(
inicial diz que y(0) = y0 , ou seja, A + B = y0 , ou A = B = y0 2.. A solução
do problema é, portanto,

y0 +α t
y (t) =
2
( e + e −α t ) = y0 cos h ( αt ) (2.65)
e a velocidade,

α y0 +α t
y& (t) =
2
( e − e −α t ) = y0 senh ( αt ) (2.66)

O tempo T que a corrente leva até perder o contato com a mesa é tal que
y (T ) = l , ou seja, l = cot h (α T ) . Usando sen h (α T ) = cos h2 (α T ) − 1
encontramos que a velocidade da corrente logo que ela perde contato com
a mesa é

g l2
y& (Tt ) = α y0 senh (α T ) = y0 2 − 1 = gl 1 − f02 (2.67)
l y0

onde f0 = y0 l é a fração inicial de corrente que estava pendurada.

Segundo método: Usamos a já bastante explorada regra da cadeia e


que é um outro modo, porém equivalente, de chegar ao teorema trabalho-
energia. Escrevemos

d dv dy dv
y&& = v= =v (2.68)
dt dy dt dy

na Equação (2.61), separamos as variáveis e integramos:


v y

∫ vdv = α ∫ ydy
2
(2.69)
0 y0

52 CEDERJ
MÓDULO 1
Encontramos

2
v 2 = α 2 ( y 2 − y02 ) (2.70)

AULA
Fazendo y = l na Equação (2.12), obtemos o resultado desejado,

g
v2 = (l − y02 ) ⇒ v = gl 1 − f02 (2.71)
l

que é o resultado (2.67).

2.2. No movimento unidimensional, uma força que depende


somente da posição é conservativa.
(a) Temos que x
V (x) = − ∫ F(x′) dx′
0
x k x
= k ∫ x′dx′ − ∫ x′3dx′ (2.72)
0 α2 0

1 2 k 4
kx −= x
2 4α 2
(b) Para encontrar os pontos de equilíbrio, fazemos dV / dx x = x = 0
0

obtemos

kx03  x02 
kx0 − = 0 ⇒ kx0  1 − 2 
=0 (2.73)
α2  α 

Os pontos de equilíbrio são três: x0 = 0, ± α . Como d 2V / dx 2 = k (1 − 3x 2 / α 2 ),


d 2V / dx 2 = k (1 − 3x 2 / α 2 ), então

d 2V
= k > 0 ⇒ x = 0 equilíbrio
equil brioestável
estÆvel
dx 2 x0 =0

d 2V
= k − 3k = −2k < 0 ⇒ equilíbrio
equil brioinstável
instÆvel
dx 2 x0 = ± α

CEDERJ 53
Mecânica | Movimento em uma dimensão e forças conservativas

(c) Na Figura 2.1, mostramos um gráfico do potencial.


Ponto de
equilíbrio
estável V(x)

1 Kα2
4

x
–α +α 2

Ponto de
equilíbrio
estável

Figura 2.1

(d) A figura indica os pontos de equilíbrio. Energia total


E > (1 / 4) kα 2 : movimento ilimitado para a esquerda ou para a
direita. Se E = (1 / 4) kα 2 : (i) em repouso em x = ± α ; (ii) indo para
+∞ (–∞ ) se x > α (> −α ) ; (iii) indo para a esquerda ou para a direita
entre –α e α, chegando próximo, mas nunca alcançando os pontos de
x = ± α . Se 0 < E < (1 / 4) kα 2 : (i) movimento periódico em torno
equilíbrio
de x = 0; (ii) vem do infinito, vira em um x > α ou x > –α e retorna para o
infinito. Se E = 0: (i) repouso em x = 0; (ii) vem do infinito, vira em um
x > α ou x > –α retorna ao infinito. Se E < 0: (i) vem do infinito, vira em
um x > α ou x > –α e retorna para o infinito.

2.3. O problema pode ser resolvido em uma linha. Veja:

dv dx dv dv α d α  α α  α2
F (x) = m =m = mv =m   = m − 2  = − m (2.74)
dt dt dx dx x dx  x  x x  x3

2.4. (a) A força é dada por

dV 6a 12b
F(x) = − = − 7 + 13 (2.75)
dx x x

(b) O potencial (2.59) é conhecido como potencial de Lennard-Jones


e tem a cara da Figura (2.2).

54 CEDERJ
MÓDULO 1
2
AULA
Figura 2.2

A posição x = xe é a posição de equilíbrio. V(xe) corresponde ao


mínimo da energia potencial. Somente para energias E ≥ V (xe ) existe
movimento. Quando a energia tem o valor E0, a partícula fica parada
na posição de equilíbrio. Quando E0 < E1 < 0 , a partícula executa um
movimento periódico entre dois pontos de retorno x1 e x2. Se E1 é só
ligeiramente maior que E0 , então teremos pequenas oscilações em torno da
posição de equilíbrio, o que corresponde às vibrações da molécula. Quando
E ≥ 0 o movimento é ilimitado: os átomos se afastam indefinidamente.
Dizemos que a molécula se dissocia.
(c) F = 0 no equilíbrio, ou seja,

1/ 6
12b 6a  2b 
13
= 7 ⇒ xe =   (2.76)
xe xe  a 

Expandindo V(x) em torno do ponto de equilíbrio, temos, para


pequenas oscilações
dV 1 d 2V
V (x) = V (xe ) + (x − xe ) + (x − xe )2
dx xe 2 dx 2 xe (2.77)
1 d 2V
= V (xe ) + (x − xe )2
2 dx 2 xe

onde o segundo termo da primeira linha da Equação (2.77) é zero,


porque a força é igual a zero no ponto de equilíbrio. Este é um potencial
de oscilador harmônico onde a "constante da mola" é
d 2V 42a 156b 36a7 / 3 (2.78)
k= =− + 14 =
dx 2 xe
xe8 xe (2b)4 / 3

CEDERJ 55
Mecânica | Movimento em uma dimensão e forças conservativas

O período das oscilações é


1/ 6
2π m 2π  m3b4 
T= = 2π =   (2.78)
ω k 3  4a 7 

2.5. A equação do movimento é

dv
m = kx (2.80)
dt

que vamos escrever como

&& − η 2 x = 0
x (2.81)

onde introduzimos a constante positiva η = k m . Já resolvemos uma


equação semelhante no problema 2.1. Usando o primeiro método aplicado
naquele problema, escrevemos x(t) = e pt e substituímos na Equação (2.81)
obtendo: p2 = η 2 ⇒ p = ±η . A solução geral procurada é

x(t) = Aeηt + Be −ηt (2.82)

A força F=kx corresponde a um potencial V (x) = constante − (1 / 2) kx 2


que está mostrado na Figura 2.3. Note que o ponto x = 0 é um ponto
de equilíbrio instável. Uma vez que o corpo se desloque um pouquinho
do ponto de equilíbrio, ele continuará se afastando.

Figura 2.3

56 CEDERJ
MÓDULO 1
2.6. A equação do movimento da massa m é

2
&& + kx = Fa (2.83)

AULA
mx

onde Fa = (±) µ mg . O sinal da força de atrito deve ser escolhido de modo


que a força seja sempre oposta à velocidade. Assim, é necessário resolver
a equação do movimento separadamente para cada intervalo de tempo
durante o qual um dado sinal da força deve ser usado. Em cada um desses
intervalos a Equação (2.83) é uma equação diferencial não homogênea com
Fa constante. Para resolvê-la, fazemos a substituição x ’ = x − a

&& ’+ kx ’+ ka = Fa
mx (2.84)

e escolhemos a constante a de forma que a equação para x' seja


homogênea:
&& ’+ kx ’ = 0
mx (2.85)

ou seja, a = Fa / m . Mas a Equação (2.85) já sabemos resolver:


xx’’ == A cos(ωtt ++θ )) e, portanto,
Acos(
FFaa
xx == xx’’++ aa == A ωtt ++θθ))++
cos(ω
Acos( (2.86)
kk
Este é um movimento harmônico simples, e o período não depende
da amplitude. O efeito da força de atrito, além de deslocar a posição de
equilíbrio, é diminuir a amplitude, já que a energia mecânica do sistema
é dissipada. Considere a situação em que a massa está numa posição
de amplitude máxima A. Meio período depois ela estará novamente
numa posição de amplitude máxima A’ < A . Como a força é constante
no intervalo considerado, a energia dissipada é igual a µ mg(A + A’).
Temos então,
1 2 1
kA − µ mg (A + A’) = kA’2 (2.87)
2 2
que podemos escrever como
1 2
ω (A + A’)(A − A’) = µ g (A + A’) (2.88)
2
de onde segue que
2µ g
A − A’ = (2.89)
ω2
Este resultado é independente do valor inicial A. Logo, concluímos que
a amplitude de oscilação decresce de 2 µ g a cada meio período.
ω2

CEDERJ 57
MÓDULO 1
PROBLEMAS

3
AULA
3.1. Uma massa na extremidade de uma mola é liberada do
repouso na posição x0. A experiência é repetida, mas agora com o
sistema imerso num fluido que faz com que o movimento seja criticamente
amortecido. Mostre que a máxima velocidade da massa no primeiro caso
é e, multiplicado pela velocidade máxima no segundo caso.

3.2. No caso de amortecimento crítico, Γ/ 2 = ω, onde ω é a


freqüência natural do oscilador, nós dissemos, sem demonstrar, que a
solução geral da equação do movimento é
Γ
− t (3.57)
x (t) = (A + Bt) e 2

Mostre que esta é de fato a solução para amortecimento crítico,


supondo uma solução da forma x(t) = y(t) exp (−Γt / 2) e determinando
a função y(t).

3.3. Se a amplitude de um oscilador amortecido decresce a 1/e de


seu valor inicial após n períodos, mostre que a freqüência do oscilador deve
ser aproximadamente [1 − (8π n ) ] vezes do oscilador não amortecido
2 2 −1

correspondente.

3.4. Considere um oscilador harmônico não amortecido descrito


pela equação do movimento
&& + kx = F (t)
mx (3.58)

A força externa F (t) = F0 cos(ωt) , de freqüência angular ω,


é ligada no instante t.
(a) Encontre a solução geral da equação do movimento para
tempos t ≥ 0.
(b) Para as condições iniciais x (t = 0) = 0 e x& (t = 0) = 0 , mostre
que o deslocamento do sistema para tempos t ≥ 0 é dado por

F0
x (t) = [cos(ω t) − cos(ω0t)] (3.59)
m (ω − ω 2 )
2
0

onde ω0 = k / m é a freqüência natural do oscilador.

CEDERJ 73
Mecânica | O oscilador harmônico simples

(c) Tome o limite ω → ω0 do resultado do item (b) para mostrar que,


quando o oscilador é forçado na sua freqüência natural, o deslocamento
como função do tempo é dado por
F0 (3.60)
x (t) = t sen (ω0 t)
2m ω0
Comente sobre o significado físico deste resultado.

3.5. Fator Q de um sistema oscilante. Nós vimos no texto da aula


que a amplitude do estado estacionário de um oscilador, amortecido e sob
a ação de uma força externa senoidal, F(t) = F0 cos(ω t) , é dada por

F0 / m
D (ω) = (3.61)
(ω − ω 2 )2 + Γ 2ω 2
2
0

onde aqui estamos representando a freqüência natural do oscilador por


ω0 . Vimos também (na verdade, pedimos para você mostrar) que D(ω) é
máxima (ressonância) quando a freqüência da força aplicada é igual a

Γ2
ωR = ω02 − (3.62)
2
que é chamada freqüência de ressonância.
O grau de amortecimento de um sistema oscilante costuma ser
medido em termos do fator de qualidade Q do sistema:

ωR
Q= (3.63)
Γ
(a) Escreva a amplitude D(ω) em termos de Q. Considere o caso
de amortecimento fraco e faça um gráfico de D para diversos valores de
Q e comente seus resultados.
(b) Ainda considerando amortecimento fraco, mostre que, se a
freqüência da força aplicada for próxima da ressonância, o Q do sistema
é aproximadamente

 Energia total 
Q ≅ 2π ×   (3.64)
 Energia perdida durante um período
per odo 

3.6. Considere um oscilador harmônico amortecido com


m = 10kg k = 250 N/m e b = mΓ = 60kg / s . Este oscilador está sob a
t) = F0 cos(ω t) , onde F0 = 48N.
F(por
ação de uma força externa dada

74 CEDERJ
MÓDULO 1
(a) Que valor de ω resulta em oscilações de estado estacionário

3
com amplitude máxima?

AULA
(b) Qual é o valor da amplitude máxima?
(c) Quando ω tem o valor encontrado na parte (a), qual é o ângulo
de fase φ ?

3.7. Considere um oscilador harmônico amortecido cuja equação


do movimento é
&& = −kx − bx&
mx (3.65)
(a) Tomando a derivada temporal da energia mecânica total do
oscilador, E = T + V , e usando a equação do movimento, mostre que a
taxa de perda de energia é

dE (3.66)
= −bx& 2
dt

(b) Mostre que para um oscilador com amortecimento crítico


(b / 2m = ω0 ), para o qual as condições iniciais são x (t = 0) = x0 e
x& (t = 0) = 0 , a taxa na qual o oscilador perde energia é
dE (3.67)
= −(2m)−4 b5 x02 t 2 e − bt / m
dt

(c) Para o oscilador do item (b), calcule a energia total perdida


após uma quantidade de tempo infinita.
∞ dE
Energia perdida = ∫ dt (3.68)
0 dt

e verifique que ela é igual à energia total inicial do oscilador.

3.8. Considere um oscilador amortecido com m = 1 kg, k = 50


N/m e b = mΓ = 10 kg/s.. Se as condições iniciais são x (t = 0) = 0, 1 m e
x& (t = 0) = 0 , encontre o movimento subseqüente do sistema.

SOLUÇÕES

3.1. No caso não amortecido, a forma geral de x é


& 0) = 0 nos diz que θ = 0 e,
x (t) = A cos(ωt + θ ) . A condição inicial x(
então, a condição inicial x (0) = x0 nos diz que A = x0. Portanto,

x(t) = x0 cos(ωt) (3.69)


e v (t) = −ω x0 sen(ωt) (3.70)

CEDERJ 75
Mecânica | O oscilador harmônico simples

O valor máximo da velocidade é, então, ω x0.


Γ
− t
No caso do amortecimento crítico, x (t) = (A + Bt) e 2 . Aplicando
as condições iniciais, x (0) = x0 → A = x0 , x& (0) = 0 → B = (Γ / 2) x0 .
Assim,
Γ
 Γ  − t
x (t) = x0  1 + t  e 2
 2  (3.71)

Derivando esta expressão em relação ao tempo, obtemos para a


velocidade
2 Γ
Γ − t (3.72)
v (t) = − x0   te 2
2

Para obter a velocidade máxima, derivamos a equação (3.72) em


relação ao tempo e igualamos o resultado a zero:

2
Γ  − t Γ 
Γ
dv
= − x0   e 2  1 − t   = 0 (3.73)
dt 2   2 

Logo, a velocidade atingirá o valor máximo no instante tm dado por

Γ 2
1− tm = 0 → tm = (3.74)
2 Γ

Substituindo este valor na Equação (3.72), encontramos

Γ −1
vm = v (tm ) = x0 e (3.75)
2

A razão entre o valor da velocidade máxima para o caso não


amortecido e o valor encontrado acima é, então,

ω x0
=e
Γ (3.76)
x0 e −1
2
onde usamos que, no amortecimento crítico, ω = Γ / 2.

3.2. Seja x (t) = y(t) exp(−Γt / 2) . Então,


Γ
− t Γ − Γ2 t
x& = ye
& 2
− ye
2 (3.77)
Γ Γ 2 Γ
− t  Γ  − 2t  Γ  − t
&& = ye
x && 2
− 2   ye
& +   ye 2
2 2

76 CEDERJ
MÓDULO 1
Substituindo estes resultados na equação do movimento, achamos

3
Γ
Γ2 Γ2  Γ 2  − Γ2 t

AULA
− t
(y&& − Γy& + y + Γy& − 2 y + ω2 y) e 2 = (y&& +  ω 2 −  y) e = 0 (3.78)
4 4  4 

ou,
 Γ2 
y&& +  ω 2 − y = 0 (3.79)
 4 
Para o amortecimento crítico, Γ / 2 = ω , e esta equação se reduz a

y&& = 0 (3.80)

cuja solução geral é


y (t) = A + Bt (3.81)
onde A e B são constantes. Assim, chegamos à Equação (3.57).

3.3. O movimento de um oscilador amortecido somente é


periódico quando o amortecimento é subcrítico (Γ / 2 < ω), onde ω é a
freqüência do oscilador. Neste caso, temos a solução
Γ
− t
x (t) = Ae 2
cos(ϖ t + θ ) (3.82)

onde ϖ = ω − Γ / 4 . Seja τ = 2π / ϖ o período do oscilador. Então,


2 2

do enunciado do problema,
Γ
− (t + n τ ) 1 −Γt Γ (3.83)
Ae 2
= Ae 2 ⇒ nτ = 1
e 2
de onde segue que
ϖ = nπ Γ (3.84)

Agora,
Γ2 ϖ2  1 
ω2 = ϖ 2 + = ϖ 2 + 2 2 = ϖ 2 1 + 2 2  (3.85)
4 4n π  4n π 

Portanto, −1 / 2
ϖ  1 
= 1 + 2 2  (3.86)
ω  4n π 

Como 4n 2π 2 ? 1, podemos expandir o segundo membro desta


equação, mantendo somente o primeiro termo da expansão. Logo,

 1 
ϖ ≈ 1 − 2 2 ω (3.87)
 8n π 

CEDERJ 77
Mecânica | O oscilador harmônico simples

3.4. (a) Queremos resolver a equação


F0 (3.88)
&& + ω02 x =
x cos(ωt)
m
Você já sabe que a solução geral desta equação é obtida somando-
se à solução geral da equação homogênea uma solução particular
da equação não-homogênea. A solução da equação homogênea
&& + ω02 x = 0 é
x
xh (t) = A cos(ω0 t + θ ) (3.89)

Para encontrar uma solução particular da equação não-homogênea,


podemos repetir a dedução no texto da aula, ou você pode, guiado por
sua intuição, tentar uma solução da forma

xp (t) = D cos(ωt) (3.90)

Substituindo esta solução tentativa na Equação (3.88), obtemos

F0
−ω 2 D cos(ω t) + ω02 D cos(ωt) = cos(ωt) (3.91)
m

e, portanto,
F0
D= (3.92)
ω − ω2
2
0

Logo, a solução geral da Equação (3.88) é

F0
x (t) = A cos(ω0 t + θ ) + cos(ωt) (3.93)
m (ω − ω 2 )
2
0

(b) Usando as condições iniciais x (0) = 0 e x& (0) = 0, temos


F0
x (0) = A cosθ + =0
m (ω02 − ω 2 ) (3.94)
x& (0) = −ω0 sen θ = 0
Assim, θ = 0 e
F0
A=−
m (ω02 − ω 2 ) (3.95)
Colocando tudo junto, achamos

F0
x (t) = [cos(ω t) − cos(ω0t)] (3.96)
m (ω − ω 2 )
2
0

78 CEDERJ
MÓDULO 1
(c) Quando ω → ω0, tanto o numerador quanto o denominador da

3
Equação (3.96) vão a zero, e portanto devemos ser cuidadosos ao tomar

AULA
esse limite. Expandindo o numerador em torno de ω = ω0 , temos
cos(ω t) − cos(ω0 t) =cos( ωωt)t)−−cos(
cos( ωω0 t0)t)=ω cos(
cos( = ω0 ω t) − cos(ω t)
0 ω = ω0
d
+ ( cos(ωt) − cos(+ω0dt))( cos((ωωt−) −ωcos(
0) + O
ω0(( t)ω) − ω0(ω
)2 )− ω ) + O ((ω − ω )2 )
dω dω ω = ω0
0 (3.97) 0
ω = ω0
= (−t sen (ω0 t))(ω − ω=0 )(−+tO((ω(ω− tω))(
sen
2
0 )ω)− ω ) + O((ω − ω )2 )
0 0 0

Assim,

F0
x (t) =
m (ω0 + ω)(ω0 − ω)
((−t sen (ω0t))(ω − ω0 ) + O((ω − ω0 )2 )) (3.98)

ou
F0
x (t) = t sen (ω0 t) + O((ω − ω0 )) (3.99)
m (ω + ω0 )

Portanto, quando tomamos o limite ω → ω0, obtemos


F0
t sen(ω0t)
x(t) = (3.100)
2mω0
Vemos que quando forçamos o oscilador harmônico não
amortecido na sua freqüência de ressonância, a resposta diverge
linearmente com o tempo.

3.5. (a) Quando o amortecimento é fraco, Γ = ω0 , podemos


fazer ωR ≈ ω0 e, assim,

ω0
Q= (amortecimento fraco) (3.101)
Γ

Introduzindo a variável adimensional α = ω / ω0 , reescrevemos a ampli-


tude D(ω) como:

F0 / m D (0)
D (ω) = = (3.102)
Γ 2
α2
ω2
0 (1 − α ) + 2 α 2
2 2
(1 − α ) + 2
2 2

ω0 Q

CEDERJ 79
Mecânica | O oscilador harmônico simples

Na figura, mostramos um gráfico de D (ω) / D (0) em função de α.


À medida que o fator Q cresce (isto é, que o amortecimento diminui), a forma
da curva de ressonância toma a forma de um pico cada vez mais estreito em
torno de α = 1 (ω = ω0 ). Num sistema sem nenhum amortecimento (ver
problema anterior), a amplitude seria infinita na freqüência de ressonância.
(b) Desde que o amortecimento é fraco e a freqüência da força
aplicada está próxima da ressonância, temos que ωR ≈ ω0 ≈ ω e
Q = ω0 / Γ. Para obter a energia total, nós usaremos a solução do oscila-
dor forçado desprezando os transientes:

x (t) = D (ω)cos(ωt − φ ) (3.103)

(Compare esta expressão com a que foi escrita no texto da aula. Aqui,
definimos a fase fazendo cos φ = (ω0 − ω ) / R, senφ = Γω / R , e tal
2 2

que tan φ = Γω /(ω02 − ω 2 ) . É esta definição que estaremos usando no


problema seguinte.)
A energia total do oscilador é ωR ≈ ω0 ≈ ω
1 1 mD 2
mD2ω0
E= mx& 2 + kx 2 = ω 2 sen2 (ωt − φ ) + ω02 cos2 (ωt − φ )  ≅
2 2 2 2
1 1 mD2 2 2 mD2ω0
E=
mx& 2 + kx 2 = ω sen (ωt − φ ) + ω02 cos2 (ωt − φ )  ≅
2 2 2 2
1 1 2 mD2 2 2 mD2ω0
E = mx& + kx =
2
ω sen (ωt − φ ) + ω0 cos (ωt − φ )  ≅
2 2
(3.104)
2 2 2  2
A potência dissipada é
P = m Γ x& 2 (3.105)
e portanto, a energia dissipada em um ciclo é
2π / ω 2π / ω
Ed = ∫ mΓx& 2 dt = mΓω 2 D2 ∫ sen2 (ω t + β) dt ≅ π m Γω02 D2 (3.106)
0 0

80 CEDERJ
MÓDULO 1
Então,

3
Energia total mD2ω02 / 2 ω Q (3.107)

AULA
≅ = 0 ≅
per odo π m Γω0 D
Energia perdida durante um período 2
2π Γ 2π
como queríamos mostrar.

3.6. (a) Para um oscilador com os parâmetros dados, o quadrado da


freqüência natural na ausência de amortecimento é

k 250N / m
ω02 = = = 25s −2 (3.108)
m 10kg

e o parâmetro de amortecimento é

60 kg / s
Γ= = 6, 0s −1 (3.109)
10 kg

Assim, a freqüência angular de ressonância é

Γ2 36s −2 (3.110)
ωR = ω02 − = 25s −2 − = 2, 65s −1
2 2

(b) A amplitude na ressonância é dada por

F0 / m
D (ωR ) =
(ω02 − ωR2 )2 + Γ 2ωR2 (3.111)

F0 / m 48N / 10kg
= = = 0, 2m
−1
Γ ω − Γ /4
2
0
2
6s 25s −2 − 36s −2 / 4

(c) O ângulo de fase na ressonância é

 Γω   2ω   2 × 2, 65s−1 
φ = tan−1  2 R 2  = tan−1  R  = tan−1   = 41, 4
0
(3.112)
ω
 0 − ωR   Γ   6 s −1

3.7. (a) A energia mecânica do oscilador é


1 1 (3.113)
E = T +V = mx& 2 + kx 2
2 2
Para encontrar a taxa de perda de energia, tomamos a derivada temporal
de E,

dE d  1 1 
=  mx& 2 + kx 2  = mxx
& && + kxx& = (mx
&& + kx) x& (3.114)
dt dt  2 2 

CEDERJ 81
Mecânica | O oscilador harmônico simples

&& + kx = −bx& ,
e, usando a equação do movimento, mx
dE
= −bx& 2
dt (3.115)
(b) Para um oscilador com amortecimento crítico, o deslocamento
como função do tempo é dado por
(3.116)
x (t) = (A + Bt) e − bt / 2 m

As constantes A e B são determinadas a partir das condições iniciais.


Vamos precisar da velocidade

b b
x& (t) = (B − A− Bt) e − bt / 2 m (3.117)
2m 2m

Agora, x (t = 0) = x0 ⇒ A = x0
b b (3.118)
x& (t = 0) = 0 ⇒ B = A= x0
2m 2m

A velocidade como função do tempo é, então,


2
 b  − bt / 2 m
x& (t) = −   x0 te (3.119)
 2m 

Substituindo esta equação na (3.115), obtemos

dE
= −(2m)−4 b5 x02 t 2 e − bt / m (3.120)
dt

(c) A energia perdida num tempo infinito é


2
∞ dE ∞ 1  b  2
∫ 0 dt
dt = −(2m)−4 b5 x02 ∫ t 2 e − bt / m dt = − m 
0  x0
2  2m  (3.121)
desde que
∞ 2
∫0
x 2 e − αx =
α3 (3.122)

E, desde que b / 2m = ω0 no amortecimento crítico, temos

1 1 k 1
Energia perdida = − m ω02 x02 = − m x02 = − kx02 (3.123)
2 2 m 2

que é exatamente igual ao negativo da energia mecânica total inicial,


desde que x (t = 0) = x0 e x& (t = 0) = 0 .

82 CEDERJ
MÓDULO 1
−1
3.8. Para este oscilador, Γ / 2 = (10 kg/s)/2 × 1 kg = 5 s , e a fre-

3
AULA
qüência natural é
k 50 N/m
ω0 = = = 7, 1 s−1 (3.124)
m 1kg

Desde que Γ / 2 < ω0 , o amortecimento é subcrítico. O deslocamento em


função do tempo é, portanto, dado por

Γ
− t
x (t) = Ae 2
cos(ϖ t + θ ) (3.125)
onde
Γ2
(7, 1) − ( 5, 0 ) s−1 = 5, 0 s−1
2 2
ϖ = ω02 − = (3.126)
4

Usando as condições iniciais,


x (0) = A cosθ = 0, 1 m (3.127)
e
Γ
x& (0) = A(− cosθ − ϖ sen θ ) = 0 (3.128)
2

Da Equação (3.128),
Γ π
tan θ = − = −1 ⇒ θ = − (3.129)
2ϖ 4

e, da Equação (3.127), segue que

2
A= 0, 1 m = 20, 1 m (3.130)
2
Assim,
−1  π
x (t) = 2 (0, 1 m) e − (5,0 s )t
cos  (5, 0 s−1 ) t −  (3.131)
 4

CEDERJ 83
MÓDULO 1
PROBLEMAS

4
AULA
4.1. Duas massas, m e 2m, estão ligadas por molas idênticas como
indicado na figura abaixo. Encontre os modos normais.

Figura 4.7

4.2. Considere duas massas idênticas, m1 = m2 = m, suspensas num


campo gravitacional uniforme (vertical) g por duas molas com constantes
de mola 2k e k, como indicado na figura.

Figura 4.8

y1 e y2 descrevem os deslocamentos das massas de suas posições de


equilíbrio. Suponha que somente o movimento vertical é permitido.
(a) Escreva as equações (acopladas) do movimento das massas 1 e 2.
(b) Encontre as freqüências dos modos normais de oscilação
do sistema.
(c) Encontre os modos normais (não normalizados).
(d) Se as condições iniciais são y1 (0) = y&1 (0) = 0, y2 (0) = 0, y& 2 (0) = v0
0) = 0, y2 (0) = 0, y& 2 (0) = v0 , ache o movimento subseqüente das duas massas, isto é,
y1 (t) e y2 (t).
4.3. Considere o pêndulo duplo na figura abaixo. No caso de
pequenas oscilações
(a) Escreva as equações do movimento do sistema.
(b) Encontre as freqüências dos modos normais.

CEDERJ 97
Mecânica | Oscilações acopladas

Figura 4.9

4.4. Um bloco de massa M é colocado sobre uma mesa horizontal


sem atrito, e preso a uma parede com a ajuda de uma mola sem massa
e constante de mola k, como mostrado na figura. A mola está em seu
estado de equilíbrio quando o bloco está a uma distância x0 da parede.
Um pêndulo de massa m e comprimento l está preso ao carrinho (imagine
uma calha ao longo da mesa por onde passa o fio do pêndulo).

m
Figura 4.10

Supondo pequenas amplitudes de oscilação do pêndulo, encontre


as freqüências dos modos normais (autofreqüências).

4.5. Dois íons numa armadilha linear de íons. Numa armadilha


linear de íons, eles estão confinados a uma linha ao longo do eixo z,
como contas num fio. Por sua vez, ao longo do eixo z, eles sofrem a ação
de um potencial elétrico confinante:
1 2
Φ (z) = az , (4.41)
2

onde a é uma constante positiva. A energia potencial de cada íon neste


potencial é 1 (4.42)
V (x) = e Φ = eaz 2
2
e dá origem a uma força r dV
F=− zˆ = − ea zzˆ (4.43)
dz
98 CEDERJ
MÓDULO 1
sobre um íon na posição z. Os íons também interagem através da força

4
de Coulomb entre eles. As forças de repulsão entre os íons são:

AULA
r 1 e2 r 1 e2
F12 = ^
z , F = − ^
z
21 (4.44)
4π ε 0 (z1 − z2 )2 4π ε 0 (z1 − z2 )2

Neste problema, consideramos dois íons na armadilha. Quando


os íons estão em suas posições de equilíbrio, um íon, que vamos chamar
1, está em z = z0/2 , e o outro, que chamaremos 2, está em z = – z0/2.
Estamos interessados em pequenas oscilações em torno das posições de
equilíbrio. Seja z1 = z0 / 2 + η1 e z2 = − z0 / 2 + η2 , de modo que η1 e η2
descrevem os pequenos deslocamentos dos íons de suas posições de
equilíbrio.
(a) Encontre z0
(b) Linearize as equações do movimento dos íons em torno da
configuração de equilíbrio, a fim de encontrar as equações diferenciais
lineares para η1 e η2, que descrevem pequenas oscilações em torno
das posições de equilíbrio. Você achará útil introduzir a freqüência
ω0 = ea / m . Dê uma interpretação para ω0 .
(c) Encontre as coordenadas normais do sistema e as corres-
pondentes freqüências normais de oscilação.
(d) Suponha que os dois íons estejam nas suas posições de
equilíbrio e, então, o íon 1 receba um impulso súbito que dê a ele uma
velocidade v0 . Encontre o movimento subseqüente dos dois íons.

4.6. Molas num círculo. (a) Duas massas idênticas m movem-se


num anel horizontal. Duas molas idênticas, de constante de mola k,
conectam as massas e estão enroladas em torno do anel, como mostrado
na Figura 4.11.a. Não há atrito. (a) Encontre os modos normais.
(b) O mesmo que no item (a), porém agora com 3 molas.
(ver Figura 4.11.b).

b
a

Figura 4.11

CEDERJ 99
Mecânica | Oscilações acopladas

SOLUÇÕES

4.1. Sejam x1 e x2 as posições das massas da esquerda e da direita,


respectivamente, relativas às suas posições de equilíbrio. As forças sobre
elas são:
F1 = −kx1 − k (x1 − x2 ) = mx
&&1
(4.45)
F2 = −kx2 − k (x2 − x1 ) = 2mx &&2

de onde seguem as equações acopladas


&&1 + 2ω 2 x1 − ω 2 x2 = 0
x
&&2 + 2ω 2 x2 − ω 2 x1 = 0 ,
2x (4.46)

onde ω = k m . Fazendo x1 = C1e e x2 = C2 e , encontramos as


ipt ipt

equações lineares

− p2C1 + 2ω 2C1 − ω 2C2 = 0


(4.47)
− ω 2C1 − 2 p2C2 + 2ω 2C2 = 0

ou,
 − p2 + 2ω 2 −ω 2   C1   0 
 2  = 
 −ω −2 p + 2ω   C2   0 
2 2
(4.48)

Teremos soluções não triviais para C1 e C2 se

− p2 + 2ω 2 −ω 2 (4.49)
=0
−ω 2 −2 p2 + 2ω 2

ou,
2 p4 − 6 p2 ω2 + 3ω 4 = 0 (4.50)

As raízes desta equação são

3± 3 2
p±2 = ω (4.51)
2

As freqüências dos modos normais são, portanto,

3± 3
ω± = ω (4.52)
2

100 CEDERJ
MÓDULO 1
Para encontrar os modos normais correspondentes, devemos

4
resolver

AULA
 − p±2 + 2ω 2 −ω 2   C1±   0 
 2   =  , (4.53)
 −ω −2 p± + 2ω   C2 ±   0 
2 2

o que dá
C2 ± − p±2 + 2ω 2 ω2 1
= = =− (4.54)
C1± ω 2
−2 p± + 2ω
2 2
1± 3

Então, os modos normais são


 3 + 1
  cos(ω+ t + φ+ )
 −1  (4.55)
e

 3 − 1
  cos(ω− t + φ− ) (4.56)
 1 

Note que as coordenadas normais (aquelas que desacoplam


as Equações (4.46)) associadas a esses modos normais são, pelas
combinações lineares, nada óbvias: x1 − ( )
3 − 1 x2 e x1 + ( )
3 + 1 x2 .

4.2. (a) Desde que nós estamos medindo os deslocamentos em


relação às posições de equilíbrio, a gravidade não desempenha nenhum
papel aqui (cada uma das molas está distendida de uma quantidade
fixa de modo a suprir uma força igual e oposta à gravidade). Assim,
podemos escrever
my&&1 = −2ky1 − k(y1 − y 2 ) (4.57)
my&&2 = − k(y2 − y1 )

ou
y&&1 + 3ω 2 y1 − ω 2 y2 = 0
y&&2 + ω 2 y2 − ω 2 y1 = 0 (4.58)
onde ω = k m .

(b) Fazendo y1 = C1e e y2 = C2 e , encontramos as equações


ipt ipt

lineares
− p2C1 + 3ω 2C1 − ω 2C2 = 0
(4.59)
−ω 2C1 − p2C2 + ω 2C2 = 0
ou

 − p2 + 3ω 2 −ω 2   C1   0  (4.60)
   =  
 −ω − p 2 + ω 2   C2   0 
2

CEDERJ 101
Mecânica | Oscilações acopladas

O sistema terá soluções não triviais se


− p2 + 3 ω 2 −ω 2
=0
−ω 2 − p2 + ω 2 (4.61)
Esta condição é equivalente à seguinte equação do segundo grau
para p : 2

p4 − 4 p2ω 2 + 2ω 4 = 0 (4.62)

As soluções desta equação são: p± = (2 ± 2 )ω . Assim, as fre-


2 2

qüências dos modos normais do sistema são


(4.63)
ω± = ω 2 ± 2

(c) Para encontrar os modos normais correspondentes, devemos


resolver
 − p±2 + 3ω 2 − ω2   C1±   0 
  =  (4.64)
 −ω − p±2 + ω 2   C2 ±   0 
2

que dá

C2 ± − p±2 + 3ω 2 ω2
= = = (1 m 2 ) (4.65)
C1± ω2 − p2± + ω2

Então, os modos normais, não normalizados, são

 1 
  cos(ω+ t + φ+ ) (4.66)
1 − 2 
e
 1 
  cos(ω− t + φ− ) (4.67)
1 + 2 

(d) A solução geral do problema é uma superposição dos modos


normais:

 y1 (t)   1   1 
  = A+   cos(ω+ t + φ+ ) + A−   cos(ω− t + φ− ) (4.68)
 y2 (t)  1 − 2  1 + 2 

Aplicando as condições para as posições iniciais,


(4.69)
y1 (0) = 0 = A+ cos φ+ + A− cos φ−

y2 (0) = 0 = A+ (1 − 2 )cos φ+ + A− (1 + 2 )cos φ− (4.70)

Estas duas condições implicam que φ+ = φ− = π / 2 . Agora,

y&1 (0) = 0 ⇒ ω+ A+ + ω− A− = 0 (4.71)

102 CEDERJ
MÓDULO 1
y& 2 (0) = v0 = − (1 − 2 ) ω+ A+ − (1 + 2 )ω− A− = 2 (ω+ A + − ω− A− ) (4.72)

4
AULA
Destas equações obtemos

v0 v0
A+ = , A− = − (4.73)
2 2ω+ 2 2ω−

Portanto, finalmente nós temos

y1 (t) =

v0

(
 sen 2 + 2 ω t
+
sen 2 − 2 ωt ) ( )  (4.74)
 
2 2ω  2+ 2 2− 2 
 

y2 (t) =


v0
− (1 − 2 )
sen 2 + 2 ωt
+
((1 + 2 )
)
sen 2 − 2 ωt ( ) 
 
2 2ω  2+ 2 2− 2 
 

− 2)
sen ( 2 + 2 ωt ) + (1 + 2)
sen ( 2 − 2 ωt ) (4.75)

2+ 2 2− 2 

4.3. (a) Escrever as equações do movimento do pêndulo


duplo é o exemplo típico de aplicação do método Lagrangiano que
desenvolveremos na Aula 6. O método lagrangiano é uma formulação
da Mecânica mais geral, mais poderosa que o método newtoniano
que é ensinado nas Físicas 1 e 2. Nele não entra o conceito de força.
As equações do movimento saem diretamente de uma quantidade escalar
chamada lagrangiana e que é igual à energia cinética menos a energia
potencial do sistema.

–T2

Figura 4.12

CEDERJ 103
Mecânica | Oscilações acopladas

Na figura anterior, indicamos as forças atuando sobre cada massa


do pêndulo. Mostraremos, nos problemas da Aula 6, que as equações
do movimento do pêndulo duplo são:

(m1 + m2 )lθ&&1 + m2 lθ&&2 cos(θ1 − θ 2 ) + m2 lθ&22 sen(θ1 − θ 2 ) + (m1 + m2 )g senθ1 = 0 (4.76)

lθ&&2 + lθ&&1 cos(θ1 − θ 2 ) − lθ&12 sen (θ1 − θ 2 ) + g senθ 2 = 0 (4.77)

Tente chegar a essas equações. Aqui estamos interessados em


pequenas oscilações e, logo, devemos manter somente os termos lineares
nas variáveis angulares e suas derivadas. As Equações (4.76) e (4.77)
tornam-se
(m1 + m2 )lθ&&1 + m2 lθ&&2 + (m1 + m2 )gθ1 = 0 (4.78)

l θ&&2 + l θ&&1 + g θ 2 = 0 (4.79)


Usando o método do determinante, podemos mostrar que as
freqüências dos modos normais são

m1 + m2 ± m1 m2 + m22 g
ω± = (4.80)
m1 l

4.4. Este problema também será resolvido na Aula 6 pelo método


lagrangiano. Na figura, indicamos as forças que estão atuando sobre
cada massa.

a b

Figura 4.13

104 CEDERJ
MÓDULO 1
As coordenadas do bloco e do pêndulo são:

4
xM = x, yM = 0

AULA
xm = x + l senθ , ym = −l cosθ (4.81)

e a segunda lei de Newton para cada um fica

Mx && = −kx + T senθ


&&M = Mx (4.82)

&&m = m x
mx (
&& + lθ&& cosθ − l θ&2 senθ = −Tsenθ) (4.83)

( )
my&&m = m l θ&&senθ + lθ&2 cosθ = T cosθ − mg (4.84)

Substituindo T senθ da segunda equação na primeira, ficamos com

&& + mlθ&& cosθ − mlθ&2 senθ + kx = 0


(M + m) x (4.85)

Multiplicando a terceira equação por senθ e substituindo, no


resultado, o valor de T senθ da segunda, obtemos

(
m lθ&&sen2θ + lθ&2 cosθ senθ = − m x ) ( )
&& + lθ&& cosθ − lθ&2 senθ cosθ − mg senθ
(4.86)
( )
m lθ&&sen2θ + lθ&2 cosθ senθ = − m x ( )
&& + lθ&& cosθ − lθ&2 senθ cosθ − mg senθ

ou, simplificando,

lθ&& + x
&& cosθ + mg senθ = 0 (4.87)

As Equações (4.85) e (4.87) são as equações do movimento


do sistema. São equações acopladas não lineares muito complicadas.
Vamos linearizar essas equações. Fazendo senθ ≈ θ e cosθ ≈ 1 nessas
equações e retendo somente termos lineares nas coordenadas x e θ
e suas derivadas, achamos
&& + ml θ&& + kx = 0
(M + m)x (4.88)

e
lθ&& + x
&& + gθ = 0 (4.89)

Introduzindo agora as notações MT = M + m, Ω1 = k / MT , Ω2 = g /l


, Ω1 = k / MT , Ω2 = g / l as Equações (4.88) e (4.89) ficam

CEDERJ 105
Mecânica | Oscilações acopladas

m &&
&& +
x lθ + Ω12 x = 0
MT (4.90)
lθ&& + x
&& + Ω2 lθ = 0
2

Usando o método do determinante, chegamos aos seguintes valores


para as freqüências dos modos normais:

MT 4M 2 2
(Ω + Ω22 ) −
2
ω± = Ω12 + Ω22 ± 2
Ω1 Ω2 (4.91)
1
2M MT

4.5. (a) A força total sobre cada íon é

r 1 e2 r 1 e2
F1 = − eaz1 zˆ + ˆ,
z F2 = − eaz 2
ˆ
z − ẑˆ (4.92)
4πε 0 (z1 − z2 )2 4πε 0 (z1 − z2 )2

Nas posições de equilíbrio, z1 = z0 / 2 e z2 = − z0 / 2 , essas


forças são iguais a zero. Assim,
1/ 3
z 1 e2  e 
0 = F1 = −ea 0 + ⇒ z0 =   (4.93)
2 4πε 0 z0
2
 2πε 0 a 

(b) Vamos agora expandir as forças em torno dos pontos de


equilíbrio e manter somente os termos lineares em η1 e η2 . Temos que
z1 − z2 = z0 + η1 − η2 e, logo,
−2
1 e2 1  η1 − η2  eaz0
= 1 +  ≈ − ea(η1 − η2 ) (4.94)
4πε 0 (z1 − z2 )2 4πε 0 z02  z0  2

onde usamos o fato de que η1 − η2 = z0 para fazer a expansão, manten-


do somente o termo linear em ( η1 − η2 ).= Também
z0 usamos,
da Equação (4.93), e 2 / 4πε 0 z02 = eaz0 / 2 . Deste modo, a expressão para
F1 linear nos deslocamentos é
eaz0 eaz0
F1 = − − eaη1 + − ea (η1 − η2 )
2 2 (4.95)
= −eaη1 − ea (η1 − η2 )

Fazendo o mesmo para F2 , achamos

F2 = − eaη2 + ea (η1 − η2 ) (4.96)

106 CEDERJ
MÓDULO 1
z1 = η&&1 , &&
As equações do movimento são (note que && z2 = η&&2 )

4
AULA
mη&&1 = − eaη1 − ea (η1 − η2 )
(4.97)
mη2 = − eaη2 + ea (η1 − η2 )
ou,

η&&1 + 2 ω02η1 − ω02η2 = 0


η&&2 + 2 ω02η2 − ω02η1 = 0 (4.98)

onde introduzimos a freqüência angular ω0 = ea m e m é a massa


de cada íon.
(c) No caso das Equações (4.98), é fácil concluir, sem nenhuma
conta, que elas são desacopladas pelas coordenadas

ξ1 = η1 + η2
ξ 2 = η1 − η2 (4.99)

Estas são as coordenadas normais do sistema e obedecem às


equações:
ξ&&1 + ω02ξ1 = 0
(4.100)
ξ&& + 3ω 2ξ = 0
2 0 2

As freqüências normais são, portanto, ω1 = ω0 e ω2 = 3ω0 .


O modo normal ξ1 descreve oscilações em fase dos dois íons na freqüência
da armadilha; os dois íons estão sempre a uma distância z0 um do outro,
de modo que a repulsão de Coulomb é constante e não entra na freqüência
de oscilação. O modo ξ2 descreve oscilações fora de fase na freqüên-
cia 3ω0 .
(d) O movimento geral é uma combinação linear arbitrária dos
dois modos. Invertendo as Equações (4.99), temos
1
η1 = (ξ1 + ξ2 )
2 (4.101)
1
η2 = (ξ1 − ξ 2 )
2
Agora,

ξ1 = a cos (ω1t + φ1 )
(4.102)
ξ 2 = b cos (ω2 t + φ2 )

e assim,
η1 = A cos (ω1 t + φ1 ) + B cos (ω2 t + φ2 )
(4.103)
η2 = A cos (ω1 t + φ1 ) − B cos (ω2 t + φ2 )

CEDERJ 107
Mecânica | Oscilações acopladas

onde A = a / 2 e B = b / 2 são constantes. Em notação matricial:

 η1   1 1
  = A   cos (ω1t + φ1 ) + B   cos (ω2 t + φ2 ) (4.104)
η 2   1  −1 

Agora vamos aplicar as condições iniciais. Dos dados do


problema,
η1 (0) = 0, η&1 (0) = v0
(4.105)
η2 (0) = 0, η&2 (0) = 0

aplicando estas condições às Equações (4.103), obtemos


η1 (0) = 0 = A cos φ1 + B cos φ2
η2 (0) = 0 = A cos φ1 − B cos φ2 (4.106)
nφ1 − ω2 B senφ2
η&1 (0) = v0 = −ω1 A sen
η&2 (0) = 0 = −ω1 A senφ1 + ω2 B senφ2
Das duas primeiras, concluímos que φ1 = φ2 = π / 2. Da última,
temos ω1 A = ω2 B que, substituído na terceira, dá

v0 ω v
A=− , B= 1 A=− 0 (4.107)
2ω1 ω2 2ω2

Com estes resultados, podemos escrever para a posição de cada íon

v0  sen (ω1t ) sen (ω2 t ) 


x1 (t) =  +

v0 
sen (ω0 t ) +
sen ( )
3ω0 t 
 (4.108)
=
2  ω1 ω2  2ω0  3 
 
e

x2 (t) =

v0 
sen (ω0 t ) −
sen ( )
3ω0 t 

2ω0  3  (4.109)
 

4.6. (a) Rotule dois pontos diametricamente opostos como as


posições de equilíbrio. Sejam x1 e x2 as distâncias das massas (medidas
no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio) aos seus pontos de
equilíbrio. Então, as equações do movimento são:

&&1 + k(x1 − x2 ) = 0
mx (4.110)

&&2 + 2k(x2 − x1 ) = 0
mx (4.111)

108 CEDERJ
MÓDULO 1
O método do determinante funciona aqui, mas o sistema é tão

4
simples que podemos fazer do jeito mais fácil: somando as equações, dá

AULA
&&1 + x
x &&2 = 0 (4.112)
e subtraindo uma da outra,
&&2 + 4ω 2 (x1 − x2 ) = 0
&&1 − x
x (4.113)

onde ω 2 = k / m . As coordenadas normais são, portanto, ξ1 = x1 + x2 e ξ 2 = x1 − x2 .


ξ1 = x1 + x2 e ξ2 = x1 − x2 . Resolvendo as Equações (4.112) e (4.113),

ξ1 = at + b (4.114)
e
ξ 2 = c cos(2 ωt + φ ) (4.115)
A solução geral do nosso problema é, portanto,
1
x1 = (ξ1 + ξ 2 ) = At + B + C cos(2ωt + φ )
2 (4.116)
1
x2 = (ξ1 − ξ 2 ) = At + B − C cos(2ωt + φ )
2
ou,

 x1   1  1
  =   (At + B) +   C cos(2 ωt + φ ) (4.117)
 x2   1   −1 

Note que o modo normal

 1
  (At + B) (4.118)
 1

tem freqüência zero. Ele corresponde às massas deslizando em


torno do círculo, igualmente espaçadas, com velocidade constante.
O segundo modo,
1
  cos(2ωt + φ ) (4.119)
 −1 

tem ambas as massas, movendo-se para a esquerda, depois ambas para


a direita, para trás e para a frente.
(b) Rotule três pontos igualmente espaçados como as posições de
equilíbrio. Sejam x1, x2 e x3 os deslocamentos das massas (medidas no
sentido contrário aos ponteiros do relógio) em relação a esses pontos.
As equações do movimento são:

CEDERJ 109
Mecânica | Oscilações acopladas

&&1 + k(x1 − x2 ) + k(x1 − x3 ) = 0


mx
&&2 + k(x2 − x1 ) + k(x2 − x3 ) = 0
mx (4.120)
&&3 + k(x3 − x1 ) + k(x3 − x2 ) = 0
mx

Vamos fazer x1 = C1e , x2 = C2 e , x3 = e . Substituindo


ipt ipt ipt

essas soluções, obtemos a equação matricial

 − p2 + 2ω 2 −ω 2 −ω 2   C1 
  
 −ω − p2 + 2ω 2 −ω   C2  = 0
2 2

(4.121)
 −ω 2
 −ω 2 2 2 
− p + 2ω   C3 

que tem solução não trivial se o determinante for igual a zero:

− p2 + 2ω 2 −ω 2 −ω 2
−ω 2 − p2 + 2ω 2 −ω 2 =0
(4.122)
−ω 2 −ω 2 − p + 2ω
2 2

Esta condição dá uma equação cúbica para

− ( p2 ) + 6 ( p2 ) ω 2 − 9 p2 ω 4 = 0
3 2
(4.123)

que tem como soluções p2 = 0 e a raiz dupla p2 = 3ω 2 .

110 CEDERJ
MÓDULO 1
PROBLEMAS

5
AULA
5.1. Quais destas forças são conservativas? Encontre o potencial
para aquelas que são.
(a) Fx = ayz + bx + c, Fy = axz + bz, Fz = axy + by , onde a, b
e c são constantes arbitrárias.
. − x , Fy = ln z, Fz = e − x + y / z
(b) Fx = −ze
r
(c) F = arˆ / r

5.2. Mostre que a auto-energia gravitacional de uma esfera


uniforme de massa M e raio R é

3 GM 2
V =− (5.53)
5 R

Obs.: A auto-energia é o trabalho que um agente externo teve de


realizar para colocar juntas todas as partículas, que formam o objeto,
trazendo-as desde o infinito. Aqui estamos considerando somente a parte
gravitacional.

5.3. Se o campo gravitacional é independente da distância radial


dentro de uma esfera, encontre a função descrevendo a densidade
ρ = ρ (r) da esfera.

5.4. A Equação de Poisson. O vetor campo gravitacional


r r
g (r ) de uma distribuição de massa é definido como sendo a força por
r r
unidade de massa sobre uma partícula no ponto r0. eComor1 a força é
igual a menos o gradiente da energia potencial, vemos que a energia
potencial gravitacional por unidade de massa, ou simplesmente potencial
gravitacional, que vamos representar por ϕ, é uma função tal que
r r
g = −∇ϕ .
(a) Mostre que ϕ obedece à equação de Poisson,

∇ 2ϕ = 4π Gρ (5.54)
r
(b) Mostre que o potencial ϕ (r ) de uma distribuição de massa
r
ρ (r ) é dado por
r
r Gρ (r ’)
ϕ (r ) = − ∫ r r dV ’ (5.55)
r − r’

CEDERJ 127
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional

5.5. Considere o potencial gravitacional

GM
ϕ (r) = − (5.56)
r 2 + a2

Determine a distribuição de massa ρ (r) correspondente a esse


potencial.

5.6. Uma pequena rocha esférica coberta de areia aproxima-se


radialmente de um planeta. Seja R o raio do planeta e ρp sua densidade.
A densidade da rocha é ρr. Quando a rocha chega suficientemente
próxima do planeta, a força de maré tendendo a arrancar a areia da
rocha será maior que a força gravitacional atraindo a areia para a rocha.
A distância d na qual os dois efeitos são iguais é chamada limite de
Roche. Mostre que
1/ 3
 2ρ 
d = R P 
(5.57)
 ρr 

5.7. Este problema ajuda a explicar a distribuição de massa em


aglomerados globulares, que são aglomerados (quase) esfericamente
simétricos de estrelas. Suponha que um grande número N de objetos
puntiformes esteja se movendo sob a ação de suas atrações gravitacionais
mútuas. Vamos adotar o seguinte modelo para o aglomerado: todos os
objetos possuem massas iguais a m e energias cinéticas iguais e, portanto,
velocidades iguais v. Cada um move-se numa órbita circular em torno
do centro de massa comum do sistema. N é suficientemente grande de
modo que a densidade de massa ρ(r) possa ser considerada constante.
Encontre ρ(r).

5.8. Matéria escura em galáxias. Acredita-se hoje que a maior


parte da matéria do Universo seja escura, ou seja, não pode ser detectada
pela radiação que emite (ou deixa de emitir). Sua presença é inferida
indiretamente, a partir dos movimentos de objetos astronômicos.
Considere, por exemplo, as curvas de rotação das galáxias. Para
fazer uma curva de rotação, calcula-se a velocidade de rotação de
estrelas ao longo do comprimento de uma galáxia, medindo seus
deslocamentos Doppler.

128 CEDERJ
MÓDULO 1
(a) Supondo que a distribuição de massa da galáxia possa ser

5
aproximada como esférica, mostre que a velocidade de uma estrela em

AULA
uma órbita de raio r (distância da estrela ao centro da galáxia) é

GM (r)
v (r) = (5.58)
r

onde M(r) é a massa no interior da órbita.


(b) Se a massa da galáxia está concentrada na sua parte visível,
então devemos esperar que v (r) ∝ 1 / r para distâncias bem além do
raio visível. Em vez disso, astrônomos observam que a velocidade cresce,
tendendo a um valor constante entre 100 e 200 km/s. Assim, para
grandes distâncias, muito além do raio da galáxia, sua massa continua
crescendo. M(r) cresce linearmente com r. Considere a galáxia espiral
M33. Sua massa visível é M = 4 × 10 M e , onde Me = 1, 989 × 1030 kg
10

é a massa do Sol. A uma distância de 10 kpc a velocidade observada é de


120 km/s, enquanto o valor previsto é de 40 km/s. Encontre a razão
entre a massa da matéria escura, Md e a massa observada Mo. Qual foi
o valor de M(r) usado para obter a velocidade de 40 km/s?

5.9. Considere um anel circular fino, uniforme, de raio a e


massa M. Uma massa m é colocada no plano do anel. Encontre uma
posição de equilíbrio e determine se ela é estável.

5.10. Qual é o potencial gravitacional dentro e fora de uma camada


esférica, de densidade uniforme ρ, raio interno b e raio externo a?

SOLUÇÕES
r r  ∂Fz ∂Fy  ˆ  ∂Fx ∂Fz  ˆ  ∂Fy ∂Fx 
5.1. Devemos calcular ∇ × F =  −  i + −  j +  ∂x − ∂y  k̂
 ∂y ∂z   ∂z ∂x   
Fy   ∂Fx ∂Fz  ˆ  ∂Fy ∂Fx 
 iˆ +  −  j +  ∂x − ∂y  k̂ para cada uma das forças.
z   ∂z ∂x   
∂Fz ∂Fy ∂Fx ∂Fz
(a) − = ax + b − (ax + b) = 0 , − = ay − ay = 0 ,
∂y ∂z ∂z ∂x

∂Fy ∂Fx
− = az − az = 0
∂x ∂y

CEDERJ 129
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional

r r
r rr r
A força é conservativa. No cálculo deV (r ) = − ∫r F(r ′) ⋅ dr ′, vamos
r0
r
escolher r0 = 0 e o caminho, mostrado na Figura 5.10,

Figura 5.10

r ˆ r ˆ r ˆ
C1 → dr ′ = idx ′, y′ = 0, z ′ = 0; C2 → dr ′ = jdy ′, x′ = x, z ′ = 0 C3 → dr ′ = kdz ′, x′ = x
r ˆ r ˆ
; C2 → dr ′ = jdy ′, x′ = x, z ′ = 0 C3 → dr ′ = kdz ′, x′ = x, y′ = y . Então,
r
V (r ) = − ∫ Fx ’dx′ − ∫ Fy ’ dy′ − ∫ Fz ’dz ′
C1 C1 C1
x y z
= − ∫ (bx′ + c)dx′ − ∫ 0 dy′ − ∫ (axy + by) dz ′
0 0 0

1
= − bx 2 − cx − axyz − byz
2

(b) ∂Fz − ∂Fy = 1 − 1 = 0 , ∂ Fx ∂Fz


− = −e− x + e− x = 0 ,
∂y ∂z z z ∂z ∂x
∂Fy ∂Fx
− = 0 − 0 = 0 e a força é conservativa. O potencial é determinado
∂x ∂y r
tomando-se o ponto de referência r0 = (0, 0, 1) . Temos então,

r x y z y
V (r ) = ∫ e − x ’dx′ − ∫ 0 dy′ − ∫  e − x +  dz ′
0 0 1
 z′ 
= 1 − e − e ( z − 1) − y ( ln z − ln 1)
−x −x

= 1 − ze − x − y ln z

(c) As componentes da força são

ax ay az
Fx = , Fy = 2 , Fz = 2
x +y +z
2 2 2
x +y +z
2 2
x + y2 + z2

130 CEDERJ
MÓDULO 1
ax ay az
Fx = , Fy = 2 , Fz = 2

5
x +y +z
2 2 2
x +y +z
2 2
x + y2 + z2

AULA
Assim,
∂Fz ∂Fy ax2y ay2 x
− =− − =0
∂y ∂z ( x + y + z ) ( x + y2 + z2 )
2 2
2 2 2 2

∂Fx ∂Fz ∂Fy ∂Fx


e por simetria, − = 0, − = 0 e a força é conservativa.
∂z ∂x ∂x ∂ y
r
Aqui poderíamos ter observado que F = arˆ / r é uma força central
que, como mostramos no texto, é conservativa. A energia potencial,
é dada por
r r a
V (r ) = − ∫ dr = − a ln r
1 r

5.2. Uma esfera pode ser vista como um número muito grande
de camadas concêntricas, desde r = 0 até r = R. Imagine que você vá
juntando massa, camada por camada, para formar a esfera. A variação
na energia potencial quando uma camada de raio r espessura dr é trazida
desde o infinito (onde tomamos o zero da energia potencial) e colocada
na sua posição na esfera é
GM (r) dM (5.59)
dV = −
r

onde dM = ρ (4π r 2 dr) e M(r) é a massa integrada de todas as camadas


precedentes
4π 3 (5.60)
M(r) = ρ r
3

(a auto-energia da camada pode ser ignorada no limite dr → 0 ).


Portanto,
4π 3
G (ρ r ) ρ (4π r 2 dr)
dV = − 3
r (5.61)
e
G (4πρ )2 R G(4πρ )2 5
V =−
3 ∫0
r 4 dr = −
15
R (5.62)

Agora,
M 3M
ρ= = (5.63)
(4 / 3)π R3 4π R3

CEDERJ 131
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional

e assim, 3M 2
G (4π ) 2
V =− 4π R3 R5 = − 3GM (5.64)
15 5R

O fato de a auto-energia gravitacional ser negativa indica que o sistema


é gravitacionalmente ligado. A constante G, porém, é muito pequena
(G = 6, 67 × 10−11 N ⋅ m2 / kg 2 ) e esta energia de ligação, para obje-
tos do dia-a-dia, é desprezível quando comparada às ligações químicas,
de origem elétrica.

5.3. Para uma distribuição esfericamente simétrica de massa,


a lei de Gauss diz que
4π r 2 g(r) = − 4π GM(r) (5.65)
ou
GM(r)
g(r) = − (5.66)
r2

onde M(r) é a massa total contida até o raio r:

r
M(r) = ∫ ρ (r ′)4π r ′2 dr ′
0 (5.67)
Para que g(r) seja constante,

GM (r)
= g0 = constante
r2 (5.68)
Então,
r
g0 r 2 = G∫ ρ (r ′)4π r ′2 dr ′ (5.69)
0

Diferenciando ambos os lados desta equação com relação a r,

2 g0 r = 4π Gρ (r) r 2
(5.70)
e resolvendo para ρ(r), encontramos

 g 1
ρ (r) =  0  (5.71)
 2π G  r

Logo, ρ(r) é inversamente proporcional a r.

5.4. (a) Vimos que o vetor campo obedece à lei de Gauss


r r
∇ ⋅ g = −4π Gρ
(5.72)

132 CEDERJ
MÓDULO 1
r r
Inserindo g = − ∇ϕ no lado esquerdo desta equação, obtemos

5
r r

AULA
∇ ⋅ g = −∇ ⋅ ∇ϕ = −∇ 2ϕ (5.73)
e a Equação (5.72) torna-se

∇ 2ϕ = 4π Gρ (5.74)

Quando o lado direito da Equação (5.74) é igual a zero, o


resultado, ∇ 2ϕ = 0 , é a famosa equação de Laplace.
(b) Referindo-se à Figura 5.11, o potencial no ponto P devido ao
elemento de massa dm é, por definição,

Gdm
dϕ = − r r (5.75)
r − r′

r r
Agora, o elemento de massa na posição r ′ é dm = ρ (r ′)dV ′ e, assim,
integrando sobre toda a distribuição, temos o resultado procurado
r
r Gρ (r ′)
ϕ (r ) = − ∫ r r dV ′ (5.76)
r − r′

Figura 5.11

5.5. Solução: se este é um potencial gravitacional, ele deve


satisfazer a equação de Poisson. O laplaciano em coordenadas polares
esféricas é

1 ∂ 2 ∂  1 ∂  ∂  1 ∂2
∇2 =  r  +  sen θ  + (5.77)
r 2 ∂r  ∂r  r 2 senθ ∂θ  ∂θ  r 2 sen2θ ∂φ 2

CEDERJ 133
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional

Como o potencial depende somente de r, temos que

−5 / 2
1 ∂  2 ∂ϕ  2 ∂ϕ ∂ 2ϕ 3GM  r2 
∇ϕ= 2
2
 r  = + =  1 +  (5.78)
r ∂ r  ∂r  r ∂ r ∂ r 2 a3  a2 

Substituindo na equação de Poisson, ∇ 2ϕ = 4π Gρ , obtemos para a den-


sidade de massa −5 / 2
 3GM   r2 
ρ (r) =  3 
1+ 2  (5.79)
 4π a   a 

Esta é distribuição de densidade de Plummer e é usada como um


modelo analítico (toy model) para aglomerados globulares ou galáxias.
O perfil da densidade está no gráfico da Figura 5.12.

Figura 5.12

A constante a é chamada raio de Plummer. A descrição de galáxias elípticas


pelo modelo de Plummer é muito pobre porque as observações dessas
galáxias mostram uma divergência da densidade próxima ao centro.

5.6. Seja d a distância entre o centro da rocha e o centro


do planeta e seja r o raio da rocha (que não é dado, mas sabemos
que r << d)

Figura 5.13

134 CEDERJ
MÓDULO 1
A diferença entre a força exercida pelo planeta sobre uma partícula

5
de massa m no centro da rocha e uma partícula de mesma massa na

AULA
superfície da rocha é

FFmaré = − GMm + GMm


(d + r ) (5.80)
marØ 2 2
d

GMm    GMm 
−2
r 2r  2GMmr
= 2 1 −  1 +  ; 2 1−1+  =
d   d  d  d d3

F maré é a chamada força de maré longitudinal. Já a força exercida pela


rocha sobre a partícula de massa m em sua superfície é

GMr m
FR = (5.81)
r2

Fazendo F maré = FR , obtemos para d:

2M 3
d3 = r (5.82)
Mr

Para uma esfera uniforme de massa M e densidade ρp e raio R,

4
M= π R3 ρP (5.83)
3

Similarmente,
4 3
Mr = π r ρr (5.84)
3

Logo, 4
2 π R3 ρP

d = 3
3
r 3 = R3 P (5.85)
4 3 ρr
π r ρr
3
ou
1/ 3
 2ρ  (5.86)
d = R P 
 ρr 

5.7. Solução: cada partícula move-se em uma órbita circular.


A gravidade é responsável pela aceleração centrípeta:

r v2
g (r) = − r^ (5.87)
r

CEDERJ 135
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional

Por outro lado, usando a lei de Gauss com uma superfície gaussiana
esférica de raio r, concluímos que

r GM (r) ^
g(r) = − r (5.88)
r2

onde M(r) é a massa total das estrelas no interior da superfície gaussiana.


Igualando as duas expressões, obtemos

r
v 2 r = GM(r) = G∫ ρ (r ′)4π r ′2 dr ′ (5.89)
0

Lembrando que v é constante, diferenciando os dois lados em relação


a r, achamos

v 2 = Gρ (r) 4π r 2 (5.90)
ou,
v2 1
ρ (r) = (5.91)
4π G r 2

A densidade cai como l / r2

5.8. (a) Veja a dedução no Problema (5.7), Equação (5.89).


(b) A razão entre as massas é
2
Mdark  vobs  2
 120 
=  =   =9 (5.92)
Mo  v prev  40 
 

ou seja, 90% da massa é de matéria escura. Da expressão do item (a),

rv 2 10 × 3, 08 × 1016 m × 16 × 108 m2 / s2
M(r) = = = 3, 7 × 106 Me (5.93)
G 6, 67 × 10−11 m3 / s2 ⋅ kg

5.9. Por simetria, sabemos que a massa colocada no centro do


anel está em equilíbrio porque ela está rodeada uniformemente de massa.
Para saber se o equilíbrio é estável, precisamos deslocá-la da posição
de equilíbrio. Vamos colocar a massa m em um ponto a uma distância
r' do centro e escolher o eixo x como sendo ao longo desta direção
(ver Figura 5.14).

136 CEDERJ
MÓDULO 1
5
AULA
Figura 5.14

A energia potencial é dada por

dM Gm ρ a
dV = − Gm =− dφ (5.94)
b b

onde ρ = M / 2π a e dM = ρ adφ . A distância b entre dM e m é


1/ 2
r r   r ′  2 2r ′ 
b = r − r ′ = (a2 + r ′2 − 2ar ′ cos φ )1 / 2 = a 1 +   − cos φ  (5.95)
  a  a 

Para calcular a energia potencial, precisamos do valor de 1/b


quando r' << a. Usando a expansão

n ( n + 1) ξ 2
(1 + ξ )
−n
= 1 − nξ + + ... (5.96)
2

podemos escrever

−1 / 2
a   r ′  2r ′ 
2

= 1 +   − cos φ 
b   a  a 
2
1   r ′  2r ′  3   r ′  2 2r ′ 
2

= 1 −   − cos φ  +   − cos φ  + ...


2  a  a  8  a  a  (5.97)

Substituindo na Equação (5.94) e integrando, obtemos

 r′
2π  1  r′ 
2

V (r ′) = −Gm ρ ∫ 1 + cos φ +   (3 cos2 φ − 1) + ... dφ (5.98)
0
 a 2 a  
 1  r ′ 2 
= −2π Gm ρ 1 +   + ...
 4  a  

CEDERJ 137
Mecânica | Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional

ou,
−GmM  1  r ′  
2

V (r ′) =  1 +   + ... (5.99)
a  4  a  

A posição de equilíbrio é dada por

dV −GmM 1 r ′
=0= + ... (5.100)
dr ′ a 2 a2

e portanto r' = 0 é uma posição de equilíbrio. Calculando a derivada


segunda de V,

d 2V −GmM (5.101)
= + ... < 0
dr ′2 2a3

e o ponto de equilíbrio é instável.

5.10. A massa total da camada é

4
M= πρ ( a3 − b3 ) (5.102)
3

Vamos aproveitar a simetria esférica do problema para usar a lei


de Gauss para determinar o campo gravitacional.

Figura 5.15

138 CEDERJ
MÓDULO 1
Tomando uma superfície gaussiana esférica de raio r > a e com o centro

5
no centro da casca, temos

AULA
r GM
4π r 2 g = −4π GM ⇒ g = − 2 rˆ (5.103)
r

Em seguida, traçamos uma superfície gaussiana com raio b < r < a.


Neste caso,

4 r 4πρG  b3 
4π r 2 g = − 4π G πρ ( r 3 − b3 ) ⇒ g = −  r −  rˆ (5.104)
3 3  r2 

Finalmente, a lei de Gauss aplicada a uma superfície gaussiana de raio


r < b dá:
r (5.105)
4π r 2 g = 0 ⇒ g = 0

Agora vamos calcular o potencial ϕ(r), fazendo ϕ (∞) = 0. Temos


que, para r > a,

r r dr ′ GM
ϕ (r) = − ∫ g(r ′) dr ′ = GM ∫ ⇒ ϕ (r) = − (5.106)
∞ ∞ r ′2 r

Para b < r < a,


4πρ G r  b3 
3 ∫a 
ϕ (r) − ϕ (a) =  r ′ −  dr ′
r ′2  (5.107)
4πρ G  1 2 b b  3 3
=  (r − a ) +
2
− 
3 2 r a

(
Então, sabendo que ϕ (a) = − GM / a = − (4π Gρ / 3a) a3 − b3 , chegamos )
ao seguinte resultado:

 a 2 b3 r 2 
ϕ (r) = −4πρG  − − 
 2 3r 6  (5.108)

Finalmente, para r < b como o campo é igual a zero, ϕ (r) − ϕ (b) = 0


e assim,
ϕ (r) = −2πρG ( a2 − b2 ) (5.109)

CEDERJ 139
MÓDULO 1
PROBLEMAS

6
AULA
6.1. Para uma partícula livre, a Lagrangiana é L = mx& / 2 .
2

Mostre que o valor mínimo da ação da partícula, Sm , para o caminho


clássico ligando a posição x1 no instante t1 à posição x2 no instante t2,
é dada por
m ( x2 − x1 )
2

Sm = (6.46)
2 t2 − t1

6.2. Um bloco de massa M é colocado sobre uma mesa horizontal


sem atrito, e preso a uma parede com a ajuda de uma mola sem massa
e constante de mola k, como mostrado na figura. A mola está em seu
estado de equilíbrio quando o bloco está a uma distância x0 da parede.
Um pêndulo de massa m e comprimento l está preso ao carrinho (imagine
uma calha ao longo da mesa por onde passa o fio do pêndulo).

Figura 6.8

(a) Escreva a Lagrangiana L (x, x& ,θ ,θ&) do sistema, onde x é a


posição do bloco, medida a partir da posição de equilíbrio da mola, e
θ é o ângulo que o pêndulo faz com a vertical.
(b) Escreva, das equações de Euler-Lagrange, as equações do
movimento para as coordenadas x e θ.
(c) Linearize as equações do movimento, ache as coordenadas
normais e descreva o movimento dos dois modos normais. Considere
que os parâmetros do sistema tenham sido escolhidos de tal modo
que ( k (m + M ) = g l .

CEDERJ 157
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação

6.3 Considere o pêndulo duplo na figura a seguir.


(a) Mostre que a Lagrangiana do sistema é dada por

1 1
L= m1l 2θ&12 + m2 l 2 (θ&12 + θ&22 ) + m2 l 2θ&1θ&2 cos(θ1 − θ 2 ) + m1 gl cosθ1 + m2 g
2 2
1 1
= m1l 2θ&12 + m2 l 2 (θ&12 + θ&22 ) + m2 l 2θ&1θ&2 cos(θ1 − θ 2 ) + m1 gl cosθ1 + m2 gl(cosθ1 + cosθ 2 )
2 2

e, a partir dela, encontre as equações do movimento para os dois


pêndulos acoplados.
(b) Linearize as equações do movimento em torno
Figura 6.9 da configuração de equilíbrio, θ1 = 0, θ 2 = 0 para encontrar as
equações do movimento que descrevem pequenas oscilações
do sistema.
(c) Encontre as freqüências de oscilação dos modos
normais.

6.4. Uma conta está livre para deslizar ao longo de um aro sem
atrito de raio R. O aro gira com velocidade angular constante ω em
torno de um diâmetro vertical (veja a figura).
(a) Encontre a equação do movimento para a posição da conta.
(b) Quais são as posições de equilíbrio? Qual é a freqüência de
pequenas oscilações em torno do equilíbrio estável?
(c) Existe um valor de ω que é bastante especial. Qual é ele e por
que ele é especial?

Figura 6.10

158 CEDERJ
MÓDULO 1
6.5. Lagrangiana para o movimento de uma partícula carregada.

6
Uma partícula de carga q e massa m se move nos campos elétrico

AULA
r r
E e magnético B dados. A Lagrangiana da partícula é

1 r& 2 r r
L= m r + qr& ⋅ A − qΦ (6.47)
2
r r r
onde A (r , t) e Φ(r , t) são os potenciais vetor e escalar, respectivamente.
Se você ainda não viu como esses potenciais são introduzidos no
eletromagnetismo é suficiente saber, para o nosso problema, que o campo
r r
elétrico E e o campo magnético B são obtidos a partir deles como
r
r r r ∂A r r r r
E (r , t) = −∇Φ − , B (r , t) = ∇ × A (6.48)
∂t

Use a Lagrangiana (6.47) para encontrar a equação do movimento


da partícula e mostre que a equação é equivalente à lei de força de
Lorentz,
r r r r
mr&& = q (E + r& × B) (6.49)

6.6. Um bloco de massa m é colocado num plano sem atrito que


está inicialmente na horizontal (isto é, φ = 0 em t = 0 ). O plano é levantado
por uma das extremidades (veja a figura) a uma taxa constante tal que
φ& = ω , fazendo com que o bloco desça o plano. Determine o movimento
do bloco. As condições iniciais são r(0) = R e r& (0) = 0.

Figura 6.11

CEDERJ 159
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação

6.7. Uma conta de massa m desliza sem atrito em um fio com a


forma de uma ciclóide, cujas equações paramétricas são

x = α (θ − senθ ), y = α (1 + cosθ ), 0 < θ < 2π (6.50)

Figura 6.12

(a) Escreva a Lagrangiana da partícula.


(b) Mostre que o comprimento s de um pedaço de arco da ciclóide
que vai do ponto de mínimo, θ = π, até um valor de θ = π
qualquer é dado
por
θ
s = 4α cos (6.51)
2

(c) Escreva a Lagrangiana em termos da coordenada s e mostre


que a equação do movimento tem a forma

d2s g
+ s=0 (6.52)
dt 2 4α

Esta é a equação de um oscilador harmônico simples e, portanto, a conta


oscilando na ciclóide é um oscilador isócrono, isto é, um oscilador cujo
período não depende da amplitude.

6.8. Um pêndulo é construído prendendo-se uma massa m a um


fio inextensível de comprimento l. A parte superior do fio está conectada
ao ponto mais alto de um disco vertical de raio R(R < l/π) como na
figura a seguir (onde l = l1 + l2 ).

160 CEDERJ
MÓDULO 1
6
AULA
l2

Figura 6.13

(a) Escreva a Lagrangiana do pêndulo.


(b) Mostre que a equação do movimento, para l > Rϕ , é

(l − Rϕ )ϕ&& − Rϕ& 2 − g cos ϕ = 0

(c) Resolva a equação do movimento para pequenas oscilações


em torno de um ângulo ϕ0. (Dica: faça ϕ = x + ϕ0 , onde x é pequeno e
linearize em x).
Qual a freqüência das pequenas oscilações em torno da posição de
equilíbrio? Mostre que as oscilações serão simétricas quando ϕ0 = π / 2.

SOLUÇÕES

6.1. Em Mecânica Clássica, raramente precisamos do valor da


ação. No entanto, depois de tanto ouvir falar em ação, fica a curiosidade
de saber como calcular essa quantidade. Temos que a solução da equação
do movimento para uma partícula livre, satisfazendo as condições
x (t1 ) = x1 , x (t2 ) = x2 , é

(x2 − x1 )
x = x1 + (t − t1 ) (6.53)
( t2 − t1 )
Então,

(x2 − x1 )
x& = (6.54)
( t2 − t1 )

CEDERJ 161
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação

Agora, a Lagrangiana para uma partícula livre é


1 (6.55)
L= mv 2
2
onde a velocidade ν é dada pela Equação (6.54) para o caminho que
minimiza a ação.
Assim,
t2 m (x2 − x1 )2 t2 m (x2 − x1 )2 (6.56)
Sm = ∫ L% (x, x& , t) dt = ∫ dt =
t1 2 ( t2 − t1 )2 t1 2 ( t2 − t1 )
Este é o valor da ação calculado com o caminho que a torna estacionária.
Em Mecânica Clássica, é a forma da ação que é interessante. Isso porque
precisamos conhecer a ação ao longo de um conjunto de caminhos
vizinhos para poder determinar o caminho de mínima ação.

6.2. Este problema trata de um sistema de dois osciladores


acoplados: massa-mola e um pêndulo. O primeiro é linear, porque
estamos supondo uma mola ideal que satisfaz a lei de Hooke. O pêndulo,
no entanto, só é linear para pequenas oscilações. Na primeira parte do
problema, itens (a) e (b), usamos o método Lagrangiano para chegar às
equações do movimento, que são equações não lineares acopladas, difíceis
de resolver. A segunda parte, item (c), onde linearizamos as equações
do movimento e aplicamos os métodos de oscilações acopladas, está
resolvido no Problema 4.4, da Aula 4.
(a) As coordenadas e componentes da velocidade do bloco são

xM = x, yM = 0
(6.57)
x& M = x& , y& M = 0

e as do pêndulo
xm = x + l senθ , ym = −l cosθ
(6.58)
x& m = x& + lθ& cosθ , y& m = lθ& senθ

Assim, temos para a energia cinética

1 1 1 1
T= M(x& M
2
+ y& M
2
) + m(x& m2 + y& m2 ) = (M + m)x& 2 + ml 2θ&2 + ml x& θ& cosθ (6.59)
2 2 2 2

Tomando o zero da energia potencial gravitacional em y = 0 a energia


1 2
potencial do sistema é V = − mgl cosθ + kx . Deste modo, a Lagran-
2
giana é

162 CEDERJ
MÓDULO 1
1 1 1
L = T −V = (M + m)x& 2 + ml 2θ&2 + ml x& θ& cosθ + mgl cosθ − kx 2

6
2 2 (6.60)2

AULA
1 2 &2 1
ml θ + ml x& θ& cosθ + mgl cosθ − kx 2

2 2
(b) Para a coordenada x:

∂L d ∂L
= (M + m)x& + mlθ& cosθ ⇒ && + mlθ&& cosθ − ml
= (M + m) x θ&2 sen
(6.61) nθ
∂x& dt ∂x&
&& + mlθ&& cosθ − mlθ&2 sen
)x nθ

∂L
= −kx (6.62)
∂x

Com estes resultados, a equação de Euler-Lagrange dá para x a equação


do movimento:
&& + mlθ&& cosθ − ml θ&2 senθ + kx = 0
(M + m)x (6.63)

Para a coordenada θ := π

∂L d ∂L
= ml 2θ& + mlx& cosθ ⇒ && cosθ − mlx&θ&senθ (6.64)
= ml 2θ&& + mlx
∂θ& dt ∂θ&

∂L
= − ml (x& θ& + g) senθ (6.65)
∂θ

A equação do movimento é então,

ml 2θ&& + mlx
&& cosθ − mlx& θ& senθ + ml (x&θ& + g) senθ = 0 (6.66)
ou
lθ&& + x
&& cosθ + g senθ = 0 (6.67)

As equações acopladas (6.66) e (6.67) são iguais às equações que


obtivemos pelo método Newtoniano.
(c) Resolvido no Problema 4.4 da Aula 4.

6.3. (a) Nós também já vimos esse problema nos problemas da


Aula 4, Problema 4.3. Lá, porém, nós não deduzimos as equações do
movimento a partir das forças sobre as partículas, o que será feito aqui,
a partir da Lagrangiana.

CEDERJ 163
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação

As coordenadas de m1 e m2 são, respectivamente (ver figura),

(x, y)1 = (l cosθ1 , l senθ1 )


(6.68)
(x, y)2 = (l cosθ1 + l cosθ 2 , l senθ1 + l senθ 2 )

As velocidades ao quadrado são:


v12 = v12x + v12y = l 2θ&12 (sen2θ1 + cos2 θ1 ) = l 2θ&12
v22 = v22x + v22y = l 2 (θ&1senθ1 + θ&2 senθ 2 )2 + l 2 (θ&1cosθ1 + θ&2 cosθ 2 )2 (6.69)
= l 2θ&12 + l 2θ&22 + 2l 2θ&1θ&2 (senθ1senθ 2 + cosθ1cosθ 2 )

A energia cinética é, então,

1 1 1 1
T= m1v12 + m2 v22 = m1l 2 θ&12 + m2 l 2 (θ&12 + θ&22 ) + m2 l 2 θ&1 θ&2 co
os(θ1 − θ 2 ) (6.70)
2 2 2 2

Tomando o zero da energia potencial no ponto de onde o pêndulo está


suspenso, temos
V = − m1 gl cosθ1 − m2 gl(cosθ1 + cosθ 2 ) (6.71)

A Lagrangiana é, portanto,

L = T −V
(6.72)
1 1
= m1l 2θ&12 + m2 l 2 (θ&12 + θ&22 )
2 2
2 & &
+ m2 l θ1θ 2 cos(θ1 − θ 2 ) + m1 gl cosθ1 + m2 gl (cosθ1 + cosθ 2 )

Agora vamos encontrar as equações do movimento a partir das


equações de Euler-Lagrange para θ1 e θ 2 . Temos que
∂L
= (m1 + m2 ) l 2θ&1 + m2 l 2θ&2 cos(θ1 − θ 2 ) ⇒
∂θ&1
d ∂L
= (m1 + m2 )l 2θ&&1 + m2 l 2θ&&2 cos(θ1 − θ 2 ) − m2 l 2θ&2 (θ&1 − θ&2 ) sen (θ1 − θ 2 ) (6.73)
dt ∂θ&1

∂L
= − m2 l 2 θ&1 θ&2 sen (θ1 − θ 2 ) − (m1 + m2 )gl senθ1 (6.74)
∂θ1

∂L
= m2 l 2θ&2 + m2θ&1l 2 cos(θ1 − θ 2 ) ⇒
∂θ&2
(6.75)
d ∂L
= m2 l 2 θ&&2 + m2θ&&1 l 2 cos(θ1 − θ 2 ) − m2 l 2θ&1 (θ&1 − θ&2 ) sen (θ1 − θ 2 )
dt ∂θ&2

164 CEDERJ
MÓDULO 1
6
∂L
= m2 l 2 θ&1θ&2 sen (θ1 − θ 2 ) − m2 gl senθ 2 (6.76)

AULA
∂θ 2

Assim, obtemos as equações

(m1 + m2 ) l 2θ&&1 + m2 l 2 θ&&2 cos(θ1 − θ 2 ) + m2 l 2 θ&22 sen (θ1 − θ 2 ) + (m1 + m2 )gl sen θ1 = 0
(6.77)
2 &2
m2 l θ 2 sen (θ1 − θ 2 ) + (m1 + m2 )gl sen θ1 = 0

m2 l 2 θ&&2 + m2 l 2θ&&1 cos(θ1 − θ 2 ) − m2 l 2θ&12 sen (θ1 − θ 2 ) + m2 gl senθ 2 = 0


(6.78)
− m2 l 2θ&12 sen (θ1 − θ 2 ) + m2 gl senθ 2 = 0

que são as equações do movimento procuradas.

(b) Está resolvido no Problema 4.3.

6.4. (a) Seja θ o= π


ângulo que o raio do centro à conta faz com a
vertical. A velocidade da conta pode ser decomposta em uma componente
perpendicular ao aro, ω Rsenθ , e outra ao longo do aro, Rθ&. Tomando
o zero da energia potencial em θ = π / 2 , a Lagrangiana do sistema é

1
L= m (ω 2 R2 sen2θ + R2θ&2 ) + mgR cosθ (6.79)
2

Calculando as derivadas

∂L d ∂L
= mR2θ& ⇒ = mR2θ&& (6.80)
∂θ& dt ∂θ&

e
∂L
= mR senθ (ω 2 R cosθ − g) (6.81)
∂θ

obtemos a equação do movimento:

Rθ&& = senθ (ω 2 R cosθ − g) (6.82)

(b) A conta estará em equilíbrio quando θ& = θ&& = 0 . O lado


ω Rsenθ = 0 (isto é, θ = 0 ou
direito da Equação (6.82) é zero quando
π = 0) ou quando cosθ0 = g / ω R . Como Cosθ deve ser menor ou
2

igual a 1, esta última condição é possível somente se ω ≥ g / R. Portanto,


2

nós temos dois casos

CEDERJ 165
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação

• Se ω 2 < g / R., então θ = 0 e θ = π são os únicos pontos de


equilíbrio. O ponto π = 0 é instável. Isto é óbvio, mas pode ser
visto matematicamente fazendo θ = π + ηθ, = π + η é pequeno. Então,
onde
sen(π + η ) ≈ −η e cos(π + η ) ≈ −1 e a Equação (6.82) fica

η&& − η (ω 2 + g / R) = 0 (6.83)

Esta equação não admite solução oscilatória.


O ponto θ = 0 é estável. Para θ pequeno, a Equação (6.82) torna-se

θ&& + θ (g / R − ω 2 ) = 0 (6.84)

que admite soluções oscilantes. A freqüência de pequenas oscilações é


g / R − ω2.

• Se ω 2 > g / R, então θ = 0, π = 0 e cosθ0 = g / ω R são todos


2

pontos de equilíbrio. O ponto θ = π é de novo um ponto de equilíbrio


instável, como podemos ver da Equação (6.83). O ponto θ = 0, é instável
porque agora o coeficiente da Equação (6.84) é negativo. Portan-
to, cosθ0 = g / ω 2 R é o único ponto de equilíbrio estável. Para encon-
trar a freqüência de pequenas oscilações, fazemos θ = θ 0 + η na Equação
(6.82). Usando sen (θ0 + η ) = senθ0 cosη + cosθ0 senη ≈ senθ0 + η cosθ0
e cos(θ0 + η ) = cosθ0 cosη − senθ0 senη ≈ cosθ0 − η senθ0 , substituin-
θ = πem
do na Equação (6.82), mantendo somente os termos lineares + η e,
finalmente, fazendo cosθ0 = g / ω R ,
2

η&& + ω 2 sen2 θ0η = 0 (6.85)

A freqüência de pequenas oscilações é, portanto, ω senθ0 = ω 2 − g 2 / R2ω 2


ω senθ0 = ω 2 − g 2 / R2ω 2 .

(c) A freqüência ω = g / R é a freqüência crítica acima da qual


existe um ponto de equilíbrio estável para θ ≠ 0, isto é, acima da qual
a partícula vai querer mover-se fora do ponto mais baixo do aro.
Agora, note uma coisa muito interessante: para ω < g / R não existe uma
2

direção privilegiada no sistema. A conta ou fica em θ = 0 ou oscilando


em torno desse ponto. Para ω 2 < g / R , a partícula ou fica na posição

166 CEDERJ
MÓDULO 1
angular tal que cosθ0 = g / ω R ou oscilando em torno dela. Tanto
2

6
θ0 quanto – θ0 satisfazem a condição cosθ0 = g / ω R . O sistema ou fica
2

AULA
em θ = θ0 ou em θ = – θ0 . Quando ω > g / R , há uma direção privile-
2

giada no sistema. Na passagem do regime com ω > g / R para o regime


2

com ω 2 > g / R houve uma quebra de simetria. A conta vai estar só de um


lado, esquerdo ou direito. Como nenhum agente externo foi responsável
por essa quebra de simetria, dizemos que houve uma quebra espontânea
de simetria.

6.5. Vamos escrever a Lagrangiana em termos das componentes


dos vetores envolvidos:

1
L= m (x& 2 + y& 2 + z& 2 ) + q(xA
& x + yA & z ) − qΦ
& y + zA (6.86)
2

Primeiro considere a equação de Euler-Lagrange para a compo-


nente x. Vamos precisar das seguintes derivadas:

∂L  ∂A ∂Ay ∂A  ∂Φ
= q  x& x + y& + z& z  − q (6.87)
∂x  ∂x ∂y ∂z  ∂x

∂L
= mx& + qAx (6.88)
∂x&

d ∂L  ∂A ∂A ∂A ∂A 
&& + q  x + x& x + y& x + z& x 
= mx
dt ∂x&  ∂t ∂x ∂y ∂z  (6.89)

Então, temos

d ∂L ∂L  ∂A ∂Φ 
0= − && + q  x +
= mx
dt ∂x& ∂x  ∂t ∂x 
 ∂A ∂Ay  (6.90)
 ∂Ax ∂Az 
+ qy&  x −  + qz&  −
 ∂y ∂y   ∂z ∂z 
Usando

∂Ax ∂Az ∂Ay ∂Ax ∂Φ ∂Ax


By = − , Bz = − , Ex = − − (6.91)
∂z ∂x ∂x ∂y ∂x ∂x

vemos que podemos escrever a Equação (6.90) como

r r r
mx & y − yB
&& = qEx + q (zB & z ) = q (E + r × B)x (6.92)

CEDERJ 167
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação

Esta é a componente x da lei de força de Lorentz. Podemos


proceder do mesmo modo para as componentes y e z.
6.6. Você deve resolver este problema pelo método Newtoniano.
Aqui, vamos usar o método Lagrangiano. Com as coordenadas indicadas
na figura, a energia cinética do bloco é
1 2 1 2 &2 (6.93)
T= mr& + mr φ
2 2
e a energia potencial,
V = mgr senφ (6.94)

Temos ainda a condição

φ = ωt (6.95)

A Lagrangiana do sistema é então,

1 2 1 2 2
L= mr& + mr ω − mgr sen ωt (6.96)
2 2

Note que, devido à condição de vínculo (6.95), a Lagrangiana tem


somente uma variável independente, r. Calculando as derivadas,

∂L d ∂L
= mr& ⇒ = mr&&
∂r& dt ∂r& (6.97)
∂L
= mω 2 r − mg senωt
∂r
temos, da equação de Euler-Lagrange, que a equação do movimento é

mr&& − mω 2 r = − mg senωt (6.98)

Esta equação você já sabe como resolver. A solução geral da equação


homogênea mr&& − mω r = 0 pode ser escrita como
2

rh (t) = A senh ωt + B cosh ωt (6.99)

Uma solução particular da não homogênea tem a forma


rp (t) = C senhωt . Substituindo na equação (6.95), vemos que essa é de
fato uma solução se C = g / 2ω 2. Logo, a solução geral da Equação
(6.98) é
g
r (t) = rh (t) + rp (t) = senωt + A senhωt + B cosh ωt (6.100)
2ω 2

168 CEDERJ
MÓDULO 1
Agora precisamos impor as condições iniciais r(0) = R e

6
r&(0) = 0 . Achamos que B = R e A = − g / 2ω 2. Portanto, a solução geral

AULA
da equação do movimento para as nossas condições iniciais é

g (6.101)
r (t) = R cosh ωt + (senωt − senhωt)
2ω 2

6.7. (a) Das equações paramétricas da ciclóide temos que

x& = αθ& (1 − cosθ )


(6.102)
y& = −αθ& senθ

Assim, a energia cinética da partícula é

1 1
m(x& 2 + y& 2 ) = mα 2θ&2 (1 − cosθ ) + sen2θ 
2
T=
2 2   (6.103)
= m α 2θ&2 [1 − cosθ ]
θ
= 2 m α 2θ&2 sen2
2
Tomando o zero da energia potencial em y = 0,

θ
V = mgy = mgα (1 + cosθ ) = 2mgα cos2 (6.104)
2

A Lagrangiana da particular é então

θ θ
L = 2 m α 2θ&2 sen2 − 2mg α cos2 (6.105)
2 2

(b) Vamos calcular o comprimento s de um pedaço de arco


da ciclóide que vai do ponto de mínimo, θ = π, até um valor de
θ qualquer. Para isso precisamos escrever um elemento de arco
ds = 1 + ( dx / dy ) dy em termos de θ . Da equação da ciclóide
2

podemos escrever
θ
2α sen2
dx α (1 − cosθ ) 2 θ
= = = − tan (6.106)
dy −α senθ θ θ 2
−2α sen cos
2 2
Deste modo,

θ θ θ θ dθ
ds = − 1 + tan2 2sen cos dθ = −4α sen (6.107)
2 2 2 2 2

CEDERJ 169
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação

e portanto, θ
2
θ
s = − 4α ∫ senϕ dϕ = 4α cos
π 2 (6.108)
2

(c) Em termos da variável s, a Lagrangiana fica simplesmente

1 2 1  g  2
L= ms& − m  s (6.109)
2 2  4α 

Esta é a Lagrangiana de um oscilador harmônico simples de freqüência


angular ω = g / 4α :

d ∂L ∂L d2s g
− =0⇒ 2 + s=0 (6.110)
dt ∂s& ∂s dt 4α

Isso significa que se você largar a conta de qualquer posição s naci-


clóide, ela vai oscilar sempre com a mesma freqüência ω = g / 4α ,
ou, em outras palavras, o período não depende da amplitude do
movimento. Quando o período não depende da amplitude, dizemos que
o oscilador é isócrono. Um pêndulo simples, é isócrono somente para
pequenas oscilações. No pêndulo simples, a partícula descreve um arco
de círculo. Nos relógios de pêndulo de Huygens, a quem nos referimos
na aula sobre oscilações acopladas, o peso oscilante descreve um arco
de ciclóide e, portanto, são pêndulos isócronos.

6.8. (a) Da figura temos que l = l1 + l2 e l1 = Rϕ . Logo, l2 = Rϕ.


Vamos considerar a origem do sistema de coordenadas como sendo o
ponto de onde o pêndulo está suspenso e tomar, por conveniência, o
sentido positivo do eixo-y para baixo. Assim, podemos escrever

x = R senϕ + (l − Rϕ )cos ϕ
(6.111)
y = R (1 − cos ϕ ) + (l − Rϕ )senϕ

Destas equações, segue que

x& = −(l − Rϕ )ϕ& senϕ


(6.112)
y& = (l − Rϕ )ϕ& cos ϕ

A energia cinética do sistema é então,

1 1
T= m (x& 2 + y& 2 ) = m (l − Rϕ )2 ϕ& 2 (6.113)
2 2

170 CEDERJ
MÓDULO 1
e a energia potencial,

6
V = − mgy = − mgR (1 − cos ϕ ) − mg (l − Rϕ ) senϕ (6.114)

AULA
A menos de uma constante, a Lagrangiana do pêndulo é, portanto,

1
L= m (l − Rϕ )2 ϕ& 2 − mg R cos ϕ + mg (l − Rϕ ) senϕ (6.115)
2

(b) Fazendo as derivadas,

∂L d ∂L
= m(l − Rϕ )2 ϕ& ⇒ = −2m (l − Rϕ )Rϕ& 2 + m(l − Rϕ )2 ϕ&& (6.116)
∂ϕ& dt ∂ϕ&

∂L
= − m (l − Rϕ )Rϕ& 2 + mgRsenϕ − mgR senϕ + mg (l − Rϕ )cos ϕ
∂ϕ
(6.117)
= − m (l − Rϕ )Rϕ& 2 + mg (l − Rϕ )cos ϕ

Substituindo esses resultados na equação de Euler-Lagrange, encontramos

−2m (l − Rϕ )Rϕ& 2 + m(l − Rϕ )2 ϕ&& = − m (l − Rϕ )Rϕ& 2 + mg(l − Rϕ )cos ϕ


(6.118)
Rϕ )2 ϕ&& = − m (l − Rϕ )Rϕ& 2 + mg(l − Rϕ )cos ϕ

ou, supondo l > Rϕ ,

(l − Rϕ )ϕ&& − Rϕ& 2 − g cos ϕ = 0 (6.119)

(c) Vamos fazer ϕ = ϕ0 + x , onde x é um ângulo pequeno em


comparação com ϕ0 . Substituindo na Equação (6.119), desprezando
&& , x
os termos contendo xx &&2e fazendo

cos(ϕ0 + x) = cos ϕ0 cos x − senϕ0 senx


(6.120)
≈ cos ϕ0 − x senϕ0
encontramos:

g senϕ0 g cos ϕ0
&& +
x x=
(l − Rϕ0 ) (l − Rϕ0 ) (6.121)

A solução desta equação, como você já sabe, é a soma da solução


geral da equação homogênea mais uma solução particular da não
homogênea, ou seja,
x = A cos(ωt + φ ) + cot ϕ0 (6.122)

CEDERJ 171
Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação

onde A e φ são constantes e ω é a freqüência das pequenas oscilações

g senϕ0
ω= (6.123)
(l − Rϕ0 )

É evidente que as oscilações serão simétricas quando ϕ0 = π / 2


porque este valor anula o termo cot ϕ0 da solução (6.122).

172 CEDERJ
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo

PROBLEMAS

7.1. Considere o problema da máquina de Atwood.

g
y1
y2

m1
m2

Figura 7.7: A máquina de Atwood.

Este sistema tem um vínculo, representando a condição de o fio


ser inextensível,
y1 + y2 − l = 0 (7.60)

onde l é uma constante. Encontre a tensão no fio.

7.2. Partícula numa hélice. Uma partícula de massa m


move-se sob a influência da gravidade ao longo de uma hélice
z = kφ , ρ = constante , onde k é uma constante e o eixo z aponta ver-
ticalmente para cima.
(a) Escreva a Lagrangiana do sistema
(b) Calcule o momento conjugado pz.
(c) Calcule o Hamiltoniano em termos das variáveis z e pz.
z
(d) Derive as equações do movimento de Hamilton do sistema.
(e) Resolva as equações do movimento de Hamilton.

φ Figura 7.8: Coordenadas cilíndricas (ρ, φ, z).

192 CEDERJ
MÓDULO 1
7.3. Uma conta de massa m desliza ao longo de uma haste retilínea

7
que gira com velocidade angular ω constante num plano horizontal.

AULA
y

r
θ
x

Figura 7.9: Conta deslizando ao longo de uma haste horizontal girante.

(a) Escreva a Lagrangiana da partícula e descreva seu movimento.


(b) Obtenha o Hamiltoniano.
(c) Mostre que a energia total não se conserva, mas que o Hamil-
toniano é uma constante do movimento.

7.4. Um pêndulo plano de comprimento l e massa m está conectado


a um bloco de massa M que pode se mover numa mesa horizontal
sem atrito.

y
x
M
x
θ g
l

Figura 7.10: Pêndulo com suporte móvel.

CEDERJ 193
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo

(a) Expresse as coordenadas da massa m em termos das


coordenadas X e θ.
(b) Construa a Lagrangiana desse sistema.
(c) Usando as equações de Euler-Lagrange, deduza as equações do
movimento para o sistema acoplado pêndulo mais bloco.
(d) Encontre as quantidades conservadas.
(e) Encontre a freqüência ω de pequenas oscilações do pêndulo.

7. 5. Uma partícula de massa m tem seu movimento descrito pela


Lagrangiana
1 ω (7.61)
L= m (x& 2 + y& 2 + z& 2 ) + lz
2 2

onde ω é uma freqüência angular constante e lz é a componente z do


momento angular
r r
lz = m (r × v)z = m (xy& − yx& ) (7.62)

(a) Qual das coordenadas é cíclica e qual a grandeza associada


conservada?
(b) Encontre as equações do movimento. Escreva estas equações
em termos das variáveis (x + iy) e z e ache a solução.
(c) A energia da partícula é conservada? Escreva a energia em
termos dos momentos canônicos, px , py , pz e mostre que a
partícula tem somente energia cinética.
(d) Que situação física é descrita pela Lagrangiana (7.61)?

7.6. Um pêndulo de massa m tem seu comprimento l encurtado


a uma taxa constante α, ou seja, l(t) = l0 − α t .
(a) Escreva a Lagrangiana, o Hamiltoniano e a energia total do
pêndulo.
(b) Mostre que nem o Hamiltoniano nem a energia total são
constantes do movimento.

SOLUÇÕES

7.1. Para achar a tensão no fio, o truque, como vimos, é violar a


condição de vínculo. Suponha que o fio não é inextensível e associe a ele
uma energia potencial de deformação. A Lagrangiana é, então,

194 CEDERJ
MÓDULO 1
1 1
L= m1 y&12 + m1 gy1 + m2 y& 22 + m2 gy2 − Vd ( y1 − y2 ) (7.63)

7
2 2

AULA
As equações do movimento seguem das equações de Euler-
Lagrange e são
m1 y&&1 = m1 g − T
(7.64)
m2 y&&2 = m2 g − T

onde fizemos T = ∂Vd ∂y1 = ∂Vd ∂y2 . Temos agora que acrescentar
às equações (7.64) a condição de vínculo

y1 + y2 − l = 0 (7.65)

Resta resolver as Equações (7.64) e (7.65). Da condição de


vínculo,
y&&1 = − y&&2 .
(7.66)
Subtraindo a segunda equação (7.64) da primeira e usando o
resultado (7.66), obtemos

 m − m2 
(m1 + m2 )y&&1 = (m1 − m2)g ⇒ y&&1 =  1 g (7.67)
 m1 + m2 

Levando esse resultado para a primeira Equação (7.64), podemos,


finalmente, tirar o valor de T:

 m − m2  2m1 m2
m1  1  g = m1 g − T ⇒ T = g (7.68)
 m1 + m2  m1 + m2

7.2. (a) É importante, antes de tudo, que você faça um esboço da


trajetória da partícula, e verifique que a equação z = kφ , ρ = constante
representa uma hélice. Da Figura 7.8, temos que

z z& z
x = ρ senφ = ρ sen ⇒ x& = ρ cos
k k k (7.69)
z z& z
y = ρ cos φ = ρ cos ⇒ y& = − ρ sen
k k k
z=z

A energia cinética da partícula é então

1 1  ρ2 
T= m (x& 2 + y& 2 + z& 2 ) = m  2 + 1  z& 2 (7.70)
2 2 k 

CEDERJ 195
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo

e a energia potencial, V = mgz (7.71)

Portanto, a Lagrangiana da partícula é


(7.72)
1  ρ2 
L = T −V = m  2 + 1  z& 2 − mgz
2 k 

(b) O momento conjugado pz é dado por

∂L  ρ2 
pz = =  1 + 2  mz& (7.73)
∂z&  k 

(c) O Hamiltoniano é

 ρ2  1  ρ2 
& z − L = m  1 + 2  z& 2 − m  1 + 2  z& 2 + mgz
H = zp (7.74)
 k  2  k 

ou,
pz2
H= + mgz (7.75)
2m (1 + ρ 2 k2 )

(d) Equações do movimento de Hamilton:

∂H pz
z& = = (7.76)
∂pz m (1 + ρ 2 k2 )

∂H (7.77)
p& z = − = − mg
∂z
(e) Derivando a Equação (7.76) em relação ao tempo e substituindo o
∂H
valor de p& z da
= −(7.77),= obtemos
− mg
∂z
p& z g
&&
z= =− (7.78)
m (1 + ρ 2 k2 ) (1 + ρ 2 k2 )

Esta é a equação de um movimento uniformemente desacelerado


cuja solução é
1 g (7.79)
z (t) = z0 + z&0 t − t2
2 (1 + ρ 2 k2 )

7.3. (a) Seja xy o plano horizontal que contém a haste (ver


Figura 7.9). O sistema possui somente um grau de liberdade, o movimen-
to radial, descrito pela coordenada r. A coordenada θ é forçada a
obedecer à restrição
θ = ωt (7.80)

196 CEDERJ
MÓDULO 1
Então, x = r cosθ = r cos ωt ⇒ x& = r& cos ωt − rω senωt

7
y = r senθ = r senωt ⇒ y& = r& sen ωt + rω cos ωt (7.81)

AULA
e a energia cinética fica
1
T= m (r& 2 + ω 2 r 2 )
2 (7.82)
Adotando o nível zero do potencial no plano do movimento, a
Lagrangiana se reduz à energia cinética

1
L = T −V = m (r& 2 + ω 2 r 2 ) (7.83)
2

A equação do movimento é obtida a partir da equação de Euler-


Lagrange:
d ∂L ∂L d
− r = ω 2 r (7.84)
= 0 ⇒ (mr&) − mω 2 r = 0 ⇒ &&
dt ∂r& ∂r dt

A massa m tende a afastar-se do eixo de rotação em conseqüência


da ‘força centrífuga’.
(b) O momento conjugado à coordenada r é

∂L
pr = = mr& (7.85)
∂r&
Assim,
pr2 1 pr2 1 (7.86)
H = rp
& r −L= − − mω 2 r 2
m 2m 2
ou seja,
1 pr2 1 (7.87)
H= − m ω 2r2
2m 2
A energia total E é puramente cinética, já que a energia potencial
é igual a zero. Podemos escrever a energia total em termos do momento
conjugado (7.85), como
1 pr2 1 (7.88)
E=T = + m r 2ω 2
2m 2

(c) A energia total não se conserva. Você pode mostrar isso


calculando explicitamente dE/dt ou notando que o sistema não é isolado
porque é necessário um agente externo para manter a barra girando com
velocidade angular constante. O Hamiltoniano neste problema não é igual
à energia total do sistema. H é uma constante do movimento, já que não
depende explicitamente do tempo ( ∂H ∂t = 0 ). (Também é evidente,

CEDERJ 197
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo

comparando-se as expressões de H e E que se um é constante, o outro


não pode ser constante.)

7.4. (a) Designando as coordenadas da massa m por (xm, ym),


podemos escrever
xm = X + l senθ
(7.89)
ym = −l cosθ

(b) Das Equações (7.89) temos

x& m = X& + lθ& cosθ


(7.90)
y& = lθ& senθ
m

Assim, a energia cinética do sistema fica

1 &2 1
T= MX + m (x& m2 + y& m2 )
2 2 (7.91)
1 &2 1
= MX + m (X& 2 + 2l cosθ X& θ& + l 2θ&2 )
2 2
Tomando o zero da energia potencial em y = 0, a energia potencial
do sistema é
V = − mgl cosθ (7.92)

A Lagrangiana do sistema é então,

1 1
L= (m + M)X& 2 + ml cosθ X& θ& + ml 2θ&2 + mgl cosθ (7.93)
2 2

(c) As equações do movimento são obtidas a partir das equações de


Euler-Lagrange. Para θ nós temos

d ∂L ∂L d
− = 0 ⇒ (ml cosθ X& + ml 2θ&) = − ml senθ X& θ& − mgl senθ (7.94)
&
dt ∂θ ∂θ dt

ou,
− ml senθ X& θ& + ml cosθ X
&& + ml 2θ&& = − ml senθ X& θ& − mgl senθ (7.95)

o que dá, finalmente,

g 1 && = 0
θ&& + senθ + cosθ X (7.96)
l l

198 CEDERJ
MÓDULO 1
Para X, temos

7
d ∂L ∂L d
= 0 ⇒ [(m + M)X& + ml cosθθ&] = 0 (7.97)

AULA

&
dt ∂X ∂X dt
& é uma
Esta equação diz que o momento conjugado pX = ∂L / ∂X
constante do movimento
pX = (m + M)X& + ml cosθθ& = constante (7.98)

O valor de px é determinado a partir das condições iniciais. Tomando


a derivada em relação ao tempo da Equação (7.98), podemos obter

&& = ml
X (senθθ&2 − cosθθ&&) (7.99)
m+M
ml
&& da
Esta equação pode ser usada para eliminar X = Equação θθ&2 − cosθθ&&)
(sen(7.96),
m+M
deixando como resultado uma única equação diferencial não linear de
segunda ordem para θ.
(d) Já vimos que px é uma quantidade conservada. Você pode ver
da Lagrangiana que a coordenada X é cíclica. O Hamiltoniano também
é uma quantidade conservada, uma vez que a Lagrangiana não depende
explicitamente do tempo. Além disso, o Hamiltoniano é a energia total
do sistema, como podemos verificar explicitamente:
& + θ& p − L
H = Xp X θ

= X[(m + M)X& + ml cosθθ&] + θ&(ml cosθ X& + ml 2θ&) − L (7.100)


&
1 1
= (m + M)X& 2 + ml 2θ&2 + ml cosθθ&X& − mgl cosθ
2 2
= T +V = E
(e) Quando as oscilações são de pequenas amplitudes, é válido
fazer cos θ ≈ 1 e sen θ ≈ 0. As Equações (7.96) e (7.99) ficam

g 1 &&
θ&& + θ + X =0 (7.101)
l l
e
&& ≈ − ml θ&&
X (7.102)
m+M

onde, nesta última, o termo θθ&2 foi desprezado por ser de ordem
superior para pequenas amplitudes. Substituindo o resultado (7.102) na
Equação (7.101), obtemos
m+Mg
θ&& +   θ =0 (7.103)
 M l

CEDERJ 199
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo

de onde concluímos que a freqüência de pequenas oscilações é

m+Mg
ω=   (7.104)
 M l

Note que, quando M >> m, a freqüência ω se reduz à freqüência


do pêndulo não acoplado.

1 mω
m (x& 2 + y& 2 + z& 2 ) +
7.5. (a) A Lagrangiana é L = (xy& − yx& ).
2 2
Vemos que z é uma coordenada cíclica cujo momento conjugado
conservado é
∂L
pz = = mz& (7.105)
∂z&

que é o momento linear na direção z.


(b) As equações do movimento, dadas a partir das equações de
Euler-Lagrange, são:

d ∂L ∂L d mω  mω
− = 0 ⇒  mx& − y = && = ω y&
y& ⇒ x (7.106)
dt ∂x& ∂x dt  2  2
d ∂L ∂L d mω  mω
− = 0 ⇒  my& + x = − x& ⇒ y&& = −ω x& (7.107)
dt ∂y& ∂y dt  2  2
d ∂L ∂L d
− = 0 ⇒ ( mz& ) = 0 ⇒ &&
z =0 (7.108)
&
dt ∂z ∂z dt

Definindo a variável η = x + iy, concluímos, usando as duas pri-


meiras equações, que η satisfaz
η&& = −iωη& (7.109)

cuja solução consistente com as Equações (7.106) e (7.107) é

η = Ae − iωt + B (7.110)

(c) O Hamiltoniano é dado por

1 mω
H = xp
& x + yp & z − m(x& 2 + y& 2 + z& 2 ) −
& y + zp (xy& − yx& )
2 2 (7.111)
 mω   mω  1 mω
= x&  mx& − y  + y&  my& + x  + z& ( mz& ) − m (x& 2 + y& 2 + z& 2 ) − (xy& − yx& )
 2   2  2 2
1
= m(x& 2 + y& 2 + z& 2 ) = T
2

200 CEDERJ
MÓDULO 1
que, como vemos, consiste somente de energia cinética. Substituindo os

7
valores dos momentos conjugados, obtemos

AULA
2 2
1  mω  1  mω  1 2
H=  px + y +  py − x + pz (7.112)
2m  2  2m  2  2m

Não depende explicitamente do tempo. É conservado.


(d) Tem a forma da energia cinética de uma partícula de carga q na
mω mω
presença de um campo com potencial vetor Ax = − y, Ay = x, Az = 0
ω mω 2q 2q
y, Ay = x, Az = 0 . Isso corresponde a um campo magnético
2q
r  ∂Ay ∂Ax  mω
B= − = kˆ (7.113)
 ∂x ∂y  q

onde k̂ é o vetor unitário na direção z.

7.6.

x
θ
g
l

y m

Figura 7.11: Escolha do sistema de eixos de coordenadas para o pêndulo


do problema 7.6.

(a) Da Figura 7.11, temos que

x = l (t)cosθ ⇒ x& = α cosθ − θ&l(t) senθ


(7.114)
y = l (t) senθ ⇒ y& = α senθ + θ&l(t)cosθ

onde estamos escrevendo l(t) para lembrar a dependência explícita no


tempo. Segue que a energia cinética do pêndulo é

1 1 1
T= m(x& 2 + y& 2 ) = m α 2 + ml 2 (t)θ&2 (7.115)
2 2 2

CEDERJ 201
Mecânica | O método Lagrangiano (II): simetrias e leis de conservação, equações de Hamilton,
Teorema de Liouville e forças de vínculo

A energia potencial é
V = − mgl (t)cosθ (7.116)

A Lagrangiana é, portanto,

1 1
L= mα 2 + ml 2 (t)θ&2 + mgl (t)cosθ (7.117)
2 2

Note que, devido à presença explícita do tempo, ∂L / ∂t ≠ 0 .


O momento conjugado à coordenada θ é

∂L
pθ = = ml 2 (t)θ& (7.118)
∂θ&

e o Hamiltoniano é
H = θ& pθ − L
1 2 &2 1 (7.119)
= ml (t)θ − mα 2 − mgl(t)cosθ
2 2
pθ2 1
= − mα 2 − mgl(t)cosθ
2ml 2(t) 2

e a energia,

1 1
E = T +V = mα 2 + ml 2 (t)θ&2 − mgl(t)cosθ (7.120)
2 2

No Problema 7.3 e neste problema, o Hamiltoniano não é igual


à energia total. Nos dois problemas, há uma presença explícita do
tempo nas relações entre as coordenadas cartesianas e a coordenada
(ou coordenadas) usada para descrever o sistema, Equações (7.81)
e (7.114). Sempre que isso acontece, teremos H ≠ E.
(b) O sistema não está isolado (um agente externo está encurtando
o fio); logo, a energia total E não é uma constante do movimento.
H também não é uma quantidade conservada, porque ∂H / ∂t ≠ 0 .

202 CEDERJ
MÓDULO 1
8
A equação da órbita de uma partícula sob a ação de uma força central é dada por

AULA
d2u µ 1
+u=− 2 2 f 
dφ 2
u l u

onde r = 1/u. Quando a força varia com o inverso do quadrado da distância,


a solução desta equação é uma seção cônica com foco em r = 0. Isso explica, em
particular, as órbitas dos planetas em torno do Sol.
As leis de Kepler foram obtidas por Kepler a partir de dados observacionais de
Ticho Brahe. Newton usou essas leis e as leis da Mecânica, por ele formuladas,
para chegar à forma da força gravitacional entre duas massas.

PROBLEMAS

8.1. Energia total numa órbita elíptica. Mostrar que o único


parâmetro geométrico que entra na energia total de um planeta numa
órbita elíptica é o comprimento do eixo maior a. Suponha que a massa
do planeta, m, seja muito menor que a massa M do Sol. (Assim, a massa
reduzida do sistema µ é igual a m).

8.2. Mostre, a partir das leis de Kepler e das leis do movimento


da mecânica, que a força gravitacional entre um planeta de massa m e
o Sol de massa M >> m, tem a forma

r GMm
F=− rˆ
r2

onde G é a constante gravitacional.

8.3. Sistema solar com poeira. Imagine que o Sol fosse rodeado
por uma nuvem de poeira de densidade uniforme que se estendesse pelo
menos até a órbita da Terra. O efeito da nuvem de poeira seria modificar
a força gravitacional experimentada pela Terra, de modo que a energia
potencial gravitacional da Terra seria.

GMS MT 1 2
V (r) = − + kr
r 2

CEDERJ 219
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central

onde Ms é a massa, MT a massa da Terra e k = 4π ρ MT G / 3. Mostre


que o efeito da poeira é fazer com que as órbitas elípticas em torno do
Sol entrem em lenta precessão. Queremos encontrar a freqüência de
precessão.
(a) A partir do potencial, encontre a força atuando sobre a Terra.
(b) Faça um esboço cuidadoso do potencial efetivo Veff (r) .
No seu esboço indique (i) a energia E0 e o raio r0 de uma órbita circular
e (ii) a energia E1 e os pontos de retorno r1 e r2 de uma órbita que não
é circular.
(c) Suponha que a Terra esteja numa órbita circular de raio r0 em
torno do Sol. Derive a equação satisfeita por r0 em termos do momento
angular l e das constantes MT , MS , G e k. Atenção: você não precisa
resolver essa equação.
(d) Encontre a freqüência ωr de pequenas oscilações em torno da
órbita circular de raio r0. Seu resultado poderá ser escrito como

3k
ωr = ω02 +
MT

onde ω0 é a velocidade angular de revolução em torno do Sol para uma


órbita circular.

(e) Finalmente, supondo que k seja pequeno, encontre a freqüência


de precessão para uma órbita quase circular.

8.4. Força inverso-do-quadrado modificada. Vamos considerar o


movimento de uma partícula sob a ação de uma força central que varia
com o inverso do quadrado da distância e, superimposta a ela, outra força
central cujo módulo é inversamente proporcional ao cubo da distância
da partícula ao centro de força. Deste modo, temos que

k λ
f (r) = −−
r2 r3
onde k e λ são constantes positivas.
(a) Suponha que λ < l 2 / µ e use a equação da órbita para mostrar
que a órbita é da forma
1 µk / l 2
= + A cos κθ
r(θ ) 1 − λµ / l 2

220 CEDERJ
MÓDULO 1
(b) Faça um gráfico da órbita para valores diferentes de k, tanto

8
valores racionais (por exemplo, 1, 3/2, 2), quanto valores irracionais (por

AULA
exemplo, 2 , ( 5 − 1)/2).. Quando as órbitas são periódicas? Mostre
que o movimento pode ser descrito por uma elipse em precessão.

8.5. Um satélite de comunicações está em uma órbita circular em


torno da Terra de raio R e com velocidade v. Por acidente, um foguete
dispara subitamente, dando ao satélite uma velocidade radial para fora
da órbita de módulo v além de sua velocidade original.
(a) Calcule a nova energia total do satélite e seu novo momento
angular.
(b) Descreva o movimento subseqüente do satélite.

8.6. O “Skyhook”. Arthur C. Clarcke, famoso autor de 2001:


Uma odisséia no espaço, sugere em sua novela As fontes do paraíso
que viagens espaciais poderiam ser mais viáveis usando-se um “gancho
espacial” ou skyhook, um longo cabo suspenso no espaço numa órbita
geossíncrona (cujo período de revolução é igual ao da rotação da Terra)
acima do Equador da Terra, e alinhado ao longo da direção radial. Vamos
supor que o cabo tenha uma massa por unidade de comprimento λ,
constante, e um comprimento l. Como o cabo está numa órbita circular
geossíncrona, ele tem uma freqüência angular ω = 2π / T , sendo T o
período de rotação da Terra. A extremidade inferior do cabo está logo
acima da superfície da Terra. Vamos supor que a Terra seja uma esfera
de raio RT

CEDERJ 221
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central

(a) Encontre a aceleração centrípeta do centro de massa do cabo


em termos de l, RE e ω.
(b) Encontre a força gravitacional que a Terra exerce sobre o cabo.
(c) Aplique a segunda lei de Newton para achar uma equação para
o comprimento do cabo. Resolva essa equação e faça uma estimativa do
comprimento do “skyhook”.
(d) Verifique se a idéia é viável, ou seja, se há materiais suficien-
temente fortes para suportar as tensões inerentes a um cabo tão longo.
Com este objetivo, primeiro derive uma equação diferencial para a tensão
T(v) num ponto do cabo que está a uma distância r do centro da Terra.
Use esta equação para encontrar a tensão máxima no cabo. Divida esse
resultado pela área A da seção reta do cabo para obter a máxima tensão
de tração.

8.7. O problema de Kepler revisitado: o vetor de Runge-Lenz.


Você já viu que quando duas partículas interagem através de uma força
central, temos conservação da energia, momento linear e momento
angular. Porém, quando a força é a gravidade – mais precisamente,
quando a força é da forma l / r2 – existe uma quantidade extra conservada.
Ela foi originalmente descoberta por Laplace, mas é conhecida como
vetor de Runge – Lenz. Sua existência pode ser deduzida do fato de que
no problema gravitacional de duas partículas, cada partícula orbita o
centro de massa numa elipse (parábola ou hipérbole) cujo periélio não
muda com o tempo. O vetor de Runge-Lenz aponta na direção do periélio.
Se a força variasse como l / r2,1, ou algo semelhante, a órbita ainda seria
aproximadamente elíptica, porém o periélio iria estar em precessão.
A primeira evidência experimental de que a lei da gravitação
universal Newtoniana não era bem correta, foi a precessão do periélio
de Mercúrio. A maior parte dessa precessão é devida à atração dos
outros planetas e outros efeitos, mas cerca de 45 segundos de arco por
século permaneceram não explicados até Einstein inventar a teoria geral
da relatividade.
Nós podemos usar o vetor de Runge-Lenz para simplificar a
prova de que as órbitas, no problema gravitacional de dois corpos,
são elipses, parábolas e hipérboles. Como antes, vamos trabalhar com
o vetor posição relativa
r r r
r = r1 − r2

222 CEDERJ
MÓDULO 1
A equação do movimento é

8
r
µ &&
r = f (r) r^

AULA
onde µ é a massa reduzida do sistema e f (r) = − dV / dr. No caso da
força gravitacional,

r krˆ
µ &&
r =− 2 (8.53)
r
r r r
(a) Seja L = µ r × r& o vetor momento angular. Nós já mostramos
que quando a força é central, como é o caso da força gravitacional,
r&
L = 0 . Tome o produto vetorial de ambos os lados da Equação (8.53)
r r
com&& kr&ˆ
r × L =e mostre que
r r
r × L = kr&ˆ
&&

r r r r r r r rr
Dica: você vai precisar da identidade vetorial a × (b × c) = (a ⋅ c) b − (a ⋅ b)c
r r r r r r r rr
a × (b × c) = (a ⋅ c) b − (a ⋅ b)c e também precisará mostrar que
r r r r& r r& r
&rˆ = d r = (r ⋅ r ) r − (r ⋅ r ) r
dt r r3
(b) Mostre então que
d r& r d
(r × L) = k ^r
dt dt
e conclua que o vetor r
r rr& × L
A= − rˆ
k

é independente do tempo. Este é o vetor de Runge-Lenz.


(c) Mostre que

r r l2
A⋅r = − r^ (8.54)
µk
r r r r
&& kr&ˆ
r × L =. Fazendo
onde l é o módulo do momento angular A ⋅ r = Ar cos φ ,
podemos colocar a Equação (8.54) na forma
1 µk
= (A cos φ + 1)
r l2
Essa é a equação da órbita. Compare com a dedução da equação
da órbita no texto da aula. Note que o módulo vetor de Rugen-Lenz é
igual à excentricidade da órbita:
A=ε

CEDERJ 223
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central

A conservação do vetor de Rugen-Lenz é um modo de dizer que


a excentricidade e o periélio não mudam com o tempo.

SOLUÇÕES

8.1. Como a força gravitacional é conservativa, a energia total é


constante e podemos calculá-la em qualquer ponto conveniente da órbita.
Vamos escolher o ponto de maior afastamento

l2 α (1 + ε )
r2 = rmax = = = a (1 + ε ) (8.55)
µ k (1 − ε ) (1 − ε 2 )

onde usamos a definição α = l / µ k e a definição de a na Equação (8.45).


2

A energia potencial em r2 é dada por

GMm
V (r2 ) = − (8.56)
a (1 + ε )

A energia cinética pode ser calculada observando-se que num


ponto onde a velocidade é puramente transversal
2
1 2m  dS 
T= m (rφ&)2 = 2   (8.57)
2 r  dt 

onde usamos a Equação (8.18). Especificamente, temos

2
2m  dS 
T (r2 ) =   (8.58)
a2 (1 + ε )2  dt 

Da segunda lei de Kepler

2
 dS  π 2 a2 b2 π 2 a 4 (1 − ε 2 )
  = = (8.59)
 dt  τ2 τ2

onde τ é o período do movimento. Usando a terceira lei de Kepler

2
 dS  GMa (1 − ε 2 ) (8.60)
  =
 dt  4

Então, substituindo este resultado na (8.58), obtemos

GMm (1 − ε )
T (r2 ) = (8.61)
2 a (1 + ε )

224 CEDERJ
MÓDULO 1
Somando a Equação (8.56) e a (8.61), temos a seguinte fórmula

8
para a energia total do movimento:

AULA
GMm
E=− (8.62)
2a

Note nesta expressão que qualquer aumento de E implica


um aumento no comprimento do semi-eixo maior da elipse que
descreve a órbita.

8.2. A primeira lei diz que a órbita do planeta é uma elipse com
o Sol num dos focos. A equação de uma elipse com semi-eixos maior e
menor a e b, respectivamente, e excentricidade ε tem a forma

1 a
= (1 + ε cos φ ) (8.63)
r b2

Da Equação (8.12), consistente com o movimento sob a ação de


uma força central, vemos que a aceleração radial do planeta é dada por
2
d2r  dφ 
ar = − r  (8.64)
dt 2  dt 

Agora, vamos calcular o lado direito desta equação a partir da


Equação da elipse (8.63) e usando a lei das áreas. Diferenciando ambos
os lados da Equação (8.63), obtemos

1 dr a dφ
2
= ε 2 senφ (8.65)
r dt b dt

e, usando a Equação (8.18), podemos escrever

dr 2ε a dS
= 2 senφ (8.66)
dt b dt

Diferenciando uma segunda vez, lembrando que dS / dt é constante,


encontramos
2
d 2 r 2ε a dS dφ 4ε a  dS  1
2
= 2 cos φ = 2   2 cos φ (8.67)
dt b dt dt b  dt  r

CEDERJ 225
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central

A aceleração radial fica então


2 2
4ε a  dS  1  dS  1
ar =   cos φ − 4   3 (8.68)
b2  dt  r 2  dt  r
2 2
4  dS   a 1 4 a  dS 
= 2    2 ε cos φ −  = − 2 2  
r  dt   b r r b  dt 

onde, na última linha, usamos novamente a Equação (8.63). Agora,


da segunda lei,

2
 dS  π 2 a 2 b2
  = (8.69)
 dt  τ2

e assim,

4π 2 a3 (8.70)
ar = −
r 2τ 2

Vemos, portanto, voltando à Equação (8.12), que

dV 4π 2 ma3
m ar = − =− 2 2 (8.71)
dr rτ

Finalmente, a terceira lei de Kepler diz que a3 / τ 2 é constante,


independente da m massa do planeta. Esta constante, entretanto,
deve envolver a massa M do Sol (por quê?) Assim, a lei de força deve
ser da forma
r Mm (8.72)
F = const × 2 rˆ
r
8.3. (a) A força é igual a menos o gradiente do potencial. Como
o potencial depende só de r, ficamos com
r dV
F=− rˆ
dr (8.73)
 GMS MT 
= − 2
+ kr  rˆ
 r 
A força é atrativa e aponta da Terra para o Sol.
(b) O potencial efetivo é

GMS MT 1 2 l2
Veff (r) = − + kr + (8.74)
r 2 2MT r 2

226 CEDERJ
MÓDULO 1
No último termo nós usamos a massa da Terra em vez da massa

8
reduzida, o que é aqui, uma boa aproximação uma vez que a massa do

AULA
Sol é muito maior que a massa da Terra. O esboço de Veff (r ) está na
figura a seguir:

(c) A órbita circular é aquela que minimiza o potencial efetivo.


Portanto, nós temos:

dVeff GMS MT l2
=0= 2
+ kr0 − (8.75)
dr r0 MT r03

Esta é a equação que dá r0. É uma equação de quarto grau para r0 .

(d) Expandindo o potencial efetivo em torno de r = r0 , temos,

1  d Veff 
2

 ( r − r0 )
2
Veff (r) ≈ Veff (r0 ) +  (8.76)
2  dr 2 r = r0

A freqüência para oscilações em torno de v = v0 é dada por:

 d 2Veff 
ωr =   MT (8.77)
 dr 2
 r = r0
Agora,

 d 2Veff   2l 2  (8.78)
3l 2
 2  = − 4
− 2k  + k +
 dr r = r0  MT r0  MT r04

l2
= − 3k
MT r04

CEDERJ 227
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central

Mas, numa órbita circular de raio r0, l = MT r02 ω0 ; substituindo


na equação acima, obtemos

 d 2Veff 
 2  = MT ω02 + 3k (8.79)
 dr r = r0

Finalmente,
 d 2Veff  3k
ωr =   MT = ω02 +
 dr 2 MT (8.80)
 r = r0

(e) A freqüência de precessão, ω p é dada pela diferença


ωr – ω0 . Supondo k pequeno, escrevemos
1
 3k  2 3k (8.81)
ωr = ω0  1 + 2 
≈ ω0 +
 MT ω0  2MT ω02

e logo,
3k
ωp = ωr − ω0 = (8.82)
2MT ω02

8.4. (a) A equação da órbita é dada por

d2u µ 1
+u=− 2 2 f 
dφ 2 u l u (8.83)
µ
= − 2 ( −k − λ u )
l
Rearranjando os termos da Equação (8.83),

d2u  µλ  µk (8.84)
+ 1 − 2  u = 2
dφ 2
 l  l

Esta equação pode ser simplificada fazendo-se uma mudança


para a variável
µk / l 2 (8.85)
w = u−
1 − µλ / l 2
Ficamos com
d2w
+ κ 2w = 0 (8.86)
dφ 2

onde κ = 1 − µλ / l . A natureza da solução da Equação (8.86)


2 2

vai depender do sinal de κ 2 ;>se0 κ 2 > 0 , nos temos

w = A cos κ (θ − θ0 ) (8.87)

228 CEDERJ
MÓDULO 1
onde A e θ0 são
= 0 constantes de integração. Em termos de u = 1/r, nós

8
temos

AULA
1 µk / l 2
= + A cos κθ (8.88)
r(θ ) 1 − µλ / l 2

onde fizemos θ0 == 00 sem perda de generalidade. A constante A


depende das condições iniciais e pode ser escrita em termos da energia
E da órbita.
(b) A Equação (8.88) descreve uma elipse em precessão. Se a
constante κ for um número racional (κ = p/q , com p e q inteiros), então
a órbita será fechada para θ = 2π q . Quando κ for um número irracio-
nal (κ = 2 , por exemplo), a órbita nunca se fechará. A figura seguinte
mostra um gráfico de
1
r(θ ) = (8.89)
1 + 0, 5 cos 2θ

para θ de 0 a 40 π.

8.5. (a) A energia total do satélite é


1 k (8.90)
E = T +V = mv 2 −
2 R
onde k = GMT m, sendo MT a massa da Terra e m a massa do satélite.
Mas, numa órbita circular,

k mv 2
= (8.91)
R2 R
de onde concluímos que

1 k V
T= mv 2 = =− (8.92)
2 2R 2

Assim, para uma órbita circular, E = T + V = T − 2T = −T.


Como o satélite está em órbita circular, podemos escrever que,
Ei + Ti = 0 onde o índice i indica o valor inicial.

CEDERJ 229
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central

Imediatamente após o foguete ter disparado, a energia potencial do


satélite ainda continua a mesma (a posição do satélite não se altera
significativamente durante o tempo de disparo do foguete), ou seja,
Vf = Vi . No entanto, sua energia cinética dobra: Tf = 2 × mv 2 / 2 = 2Ti
porque o foguete ganha uma velocidade v perpendicular à velocidade
inicial. Usando esses resultados, a energia total do satélite logo após o
disparo é, então, Ef = Tf + Vf = 2Ti + Vi = Ei + Ti = 0 .
Uma vez que, o disparo foi na direção radial, o momento angular
do satélite não se altera.
(b) Sabemos que, quando a energia total é zero num movimento
sob a ação de uma força central que varia com o inverso do quadrado da
distância, a trajetória é uma parábola. Então, após o disparo do foguete,
o satélite passará a se mover numa órbita parabólica.

8.6. (a) O centro de massa do cabo está em

r = RT + l / 2
(8.93)
de modo que a aceleração centrípeta do CM é

a = ω 2 ( RE + l / 2 ) (8.94)

(b) A força gravitacional sobre um elemento de massa do cabo


d m = λ dr é
GMT λ dr (8.95)
dF =
r2

Integrando sobre o comprimento do cabo, obtemos

GMT λ dr
RT + l
F=∫
RT r2
 1 1  (8.96)
= GMT λ  −
 RT RT + l 
 
GMm
=
RT (RT + l)

onde usamos que m = λ l é a massa do cabo.

230 CEDERJ
MÓDULO 1
(c) A massa total do cabo multiplicada pela aceleração do centro

8
de massa é igual à força total sobre o cabo:

AULA
GMT m
m ω 2 ( RT + l / 2 ) = (8.97)
RT (RT + l / 2)

Esta é uma equação de segundo grau para l. É conveniente


escrevê-la em termos da quantidade adimensional x = l / RT . Após um
pouco de álgebra, obtemos

2GMT 2g
(x + 2)(x + 1) = = 2 (8.98)
ω RT
2 3
ω RT

Usando os valores g = 9, 8 m / s , ω = 2π / T com T = 86.400 s e


2

RT = 6,4 106 m, encontramos , ou seja, l = 22RT = 1,4 105 km. Compare


este resultado com a distância da Terra à Lua que é de 3,8 x 105 km!
Considere um pequeno segmento do cabo a uma distância r do
centro da Terra e de comprimento ∆r.

CEDERJ 231
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central

Referindo-se à figura, nós temos para a força radial

GMT λ ∆r
Fr = T (r + ∆r) − T (r) − (8.99)
r2

Mas, Fr = −(λ ∆r)ω 2 r (o sinal negativo é para indicar que a


aceleração centrípeta aponta no sentido contrário ao vetor r^ ). Isso nos dá

T (r + ∆r) − T (r) GMT λ (8.100)


= − λω 2 r
∆r r2

Tomando o limite ∆r → 0 , temos finalmente,

dT GMT λ
= − λω 2 r (8.101)
dr r2

A tensão máxima ocorre quando (dT / dr)r0 = 0 , a uma distância


do centro da Terra, onde

GMT
− ω 2 r0 = 0 (8.102)
r02

de modo que
1/ 3 1/ 3
 GM   gR2 
r0 =  2 T  =  2T 
 ω   ω  (8.103)

Note que este é o raio de uma órbita geossíncrona para uma massa
puntiforme. Pondo números, achamos: r0 = 42.340 km , ou 36.940 km
acima da superfície da Terra.
Para achar a tensão, precisamos integrar a equação (8.101):

dT  1 1  λω 2 2
( r − RT2 ) (8.104)
r
T (r) − T (RT ) = ∫ dr = GMT λ  − + −
RT dr  r RT  2

A tensão é zero nas extremidades e, portanto, T (RT ) = 0 . Temos


então para a tensão máxima

 1 1  λω 2 2
Tmax = T (r0 ) = GMT λ  − + −
2
( r0 − RT2 ) (8.105)
 r0 RT 

232 CEDERJ
MÓDULO 1
Agora, substituímos o valor de r0 nesta expressão e dividimos

8
pela área A da seção reta do cabo para obter a tração máxima

AULA
σ max = Tmax / A :

 3 2/3 
σ max = ρ  gRT + ω 2 RT2 / 2 − ( gRT2 ω ) 
 2  (8.106)

onde ρ = λ / A é a densidade de massa do cabo. Substituindo os valores


numéricos das quantidades conhecidas, obtemos

σ max = ρ × ( 48, 7 × 106 m2 / s2 ) (8.107)

Agora, precisamos de um valor de ρ. Vamos usar o valor da


densidade do aço que é cerca de 8 × 10 3 kg/m –3 . Isto dá
σ max = 390 × 109 Pa , várias ordens de grandeza maior que o ponto de
ruptura do aço.

8.7. (a) Multiplicando ambos os lados da equação (8.53) por


r&& r
r ×L = kr&ˆ
, temos r r krˆ r r
µ &&
r × L = − µ 2 × (r × r& )
r
µ k r& r µ k r r&
= − 2 (ˆr ⋅ r )r + 2 (ˆr ⋅ r )r
r r (8.108)
µ k r r r& r r& r
= 3 ((r ⋅ r )r − (r ⋅ r ) r )
r
Assim,

r r k r r r r r r
&&
r × L = 3 ((r ⋅ r ) r& − (r ⋅ r& ) r ) (8.109)
r

Agora, tomando a derivada em relação ao tempo de ambos os


r r
lados de r 2 = r ⋅ r , achamos
r r
2rr& = 2r ⋅ r& (8.110)

r
Fazendo o mesmo com r = rrˆ , encontramos

r
& ˆ + rr&ˆ
r& = rr (8.111)
Com esses dois últimos resultados, podemos escrever que

r r r r r r rr r rr
r 3r&ˆ = r 2 (rr&ˆ) = r 2 (r& − rr
& ˆ) = (r ⋅ r ) r& − (rr&) r = (r ⋅ r )r& − (r ⋅ r& )r (8.112)

CEDERJ 233
Mecânica | O movimento sob a ação de uma força central

Então, substituindo a relação (8.112) na equação (8.109), obtemos


a relação procurada:
r r
r × L = kr&ˆ
&& (8.113)

r r
(b) Calculando a derivada de r& × L e usando a conservação do
momento angular e equação (8.113), temos
r
d r& r &&r r r& dL dr
(r × L) = r × L + r × =k (8.114)
dt dt dt

de onde concluímos que

d r& r (8.115)
(r × L − kr) = 0
dt
Logo, o vetor
r
r rr& × L
A= − rˆ (8.116)
k

é uma quantidade conservada.


(c) Multiplicando escalarmente o vetor de Runge-Lenz pelo vetor
r r r r r r r r
r = r ⋅ r e usando a identidade vetorial a ⋅ (b × c) = (a × b) ⋅ c , encontramos
2

r r r r r r r
r r  rr& × L  r (r& × L) ⋅ r (r × r& ) ⋅ L l2
A⋅r =  − rˆ  ⋅ r = −r = −r = − r (8.117)
 k  k k µk

que é o resultado desejado.

234 CEDERJ
MÓDULO 1
9
A Terra é um referencial não inercial, principalmente em virtude do seu movimento

AULA
de rotação. Embora a aceleração centrífuga e a aceleração de Coriolis sejam
pequenas em comparação com a aceleração gravitacional, seus efeitos em
movimentos de longa duração ou de grande escala são consideráveis.

PROBLEMAS

9.1. Mostre que a força centrífuga − mωr × (ωr × rr ) numa co-


latitude (ângulo polar) θ pode ser escrita como
r
− m∇Vc ,

onde Vc é o potencial
1 r r2 1
Vc = − ω × r = − ω 2 r 2 sen2θ
2 2

9.2. Um canhão está localizado na superfície da Terra na co-


latitude θ (ângulo polar) e apontando para o leste.
(a) Se o cano do canhão faz um ângulo α com a horizontal,
mostre que a deflexão lateral de um projétil, quando ele atinge o
solo, é (4v0 / g )ω cosθ sen α cos α , onde v0 é a velocidade inicial do
3 2 2

projétil e ω é a velocidade angular da Terra. Qual é a direção dessa


deflexão?
(b) Se R é o alcance do projétil para o caso ω = 0 , mostre que
a mudança no alcance é dada por (2R3 / g)1 / 2 ω senθ [(cotα )1/2 − (1 / 3)(tan α )3 / 2 ]
[(cotα )1/2 − (1 / 3)(tan α )3 / 2 ] . Despreze termos de ordem ω 2 .

9.3. Mostre que o pequeno desvio angular ε de um fio de prumo


da verdadeira vertical (isto é, em direção ao centro da Terra) num ponto
da Terra de latitude λ é
Rω 2 senλ cosλ
ε=
g0 − Rω 2 cos2 λ

CEDERJ 253
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial

onde R é o raio da Terra. Qual é o valor (em segundos de arco) do


desvio máximo? (g0 é o valor da aceleração gravitacional sem efeitos
da rotação).
r r r r r r r
Dica: Feff = maf − mω × (ω × r ) − 2mω × vr

9.4. Um motorista está dirigindo seu carro, numa estrada reta,


com aceleração a e velocidade instantânea v. Os pneus, de raio r0, não
deslizam. Encontre o ponto no pneu que tem a maior aceleração relativa
ao solo. Qual é essa aceleração?

9.5. Uma partícula é lançada verticalmente para cima e sobe até


uma altura h num ponto da superfície da Terra de latitude norte λ. Mostre
que a partícula cairá de volta num ponto

4 8h3
ω cos λ
3 g

a oeste do ponto de lançamento. Despreze a resistência do ar e considere


h << RT (raio da Terra).

SOLUÇÕES
r
9.1. Fazendo ω = ω k̂ , então temos, em coordenadas polares (com
unitários rˆ, θˆ, φˆ )
r ^
ω = ω (r^ cosθ − θ senθ )
e
r
r = rr^ˆ

254 CEDERJ
MÓDULO 1
r r
Assim, ω × r = ω rφˆ senθ e

9
AULA
r r r
− m ω × (ω × r ) = − mω 2 r(r^cosθ − θ^senθ ) × φ^senθ
^
= mω 2 r (sen2θ r^ + senθ cosθθ )

(Este é o caminho para chegar à Equação 9.29.)


O operador gradiente em coordenadas polares tem a forma

r ∂ 1 ∂ 1 ∂
∇ = eˆ r + eˆθ + eˆϕ
∂r r ∂θ r senθ ∂ϕ

1
Se Vc = − ω 2 r 2 sen2θ , então,
2
r  ∂ 1 ∂  1 2 2 2 
− m∇Vc = m  eˆ r + eˆθ   ω r sen θ 
 ∂r r ∂θ   2 
2 2 ˆ
= mω r(sen θ rˆ + senθ cosθθ )

9.2. A posição e a velocidade iniciais no referencial fixo na Terra


(ver Figura 9.8) são:
r
r(0) = 0
r ^
v (0) = v0 (cos α j^ + senα k)

Também, nesse referencial,


r ^
ω = ω(cosθ k − senθ i^)

Agora, como fizemos no texto da aula quando estudamos a queda


livre, vamos escrever
r r r
r (t) = r0 (t) + r1 (t)

r
onde r0 (t) descreve a trajetória numa Terra que não estivesse girando e
r
r1 (t) incorpora as pequenas correções proporcionais a ω. É evidente que
r
a trajetória não perturbada r0 (t) é dada por
r 1 ^ ^
r0 (t) = − gt 2 k + v0 (cos α ^j + sen α k) t
2
O projétil retorna ao solo depois de um tempo τ 0 = 2v0 senα / g .
A velocidade do projétil é
r
r&0 = − gtkˆ + v0 (cos α jˆ + senα kˆ )

CEDERJ 255
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial

Usando a Equação (9.30), podemos escrever, mantendo somente


termos lineares em ω,
r
&& r r
r1 = −2ω × r&0
^ ^ ^ ^
= −2ω (cosθ k − sen θ i ) × (− gtk + v0 (cos α j^ + senα k))
^
= −2ω v0 cosθ cos α k × ^j + ωsenθ (− gti^ × k
^
+ v0 (cos α i^ × ^j + senα i × kˆ ))
= 2ω v cosθ cos α iˆ + 2ω gt senθ jˆ + 2v ω senθ cos α kˆ − 2v ω senθ senα jˆ
0 0 0

= 2ω senθ (gt − v0 senα )jˆ + 2v0ω cos α (cosθ iˆ + senθ kˆ )

Portanto, o movimento lateral (perpendicular à velocidade inicial)


é dado por
^
&&1 = 2v0ω cos α cosθ i
x

de onde, usando as condições iniciais do problema x 1(0) = 0 e


x& 1 (0) = 0 , concluímos que

x1 (t) = v0 ω cos α cosθ t 2

e, assim, a deflexão lateral procurada é


2
 2v senα 
x1 (τ 0 ) = v0ω cos α cosθ  0 
 g 
4v sen α
3 2
= 0 2 ω cos α cosθ
g
No hemisfério norte, o desvio é em direção ao sul, e no hemisfério
sul, o desvio é para o norte, em direção ao equador.
(b) Agora queremos ver como a rotação da Terra modifica o
alcance do canhão. O alcance, se a Terra não girasse, seria

 2v senα  2v02 senα cos α


R = v0 cos ατ 0 = v0 cos α  0 =
 g  g
r
Da equação para &&
r1 acima, temos que a aceleração na direção y
devido à aceleração de Coriolis é

y&&1 = 2ω senθ (gt − v0 senα )

Integrando com as condições iniciais y1(0) = 0 e y&1 (0) = 0 , obtemos a


perturbação no movimento na direção y

 t3 t2 
y1 (t) = 2ω senθ  g − v0 senα 
 6 2

256 CEDERJ
MÓDULO 1
No instante τ0 em que o projétil toca o solo,

9
AULA
 (2v0 senα )3 (2v0 senα )2 
y1 (τ 0 ) = 2ω senθ  2
− v0 senα 
 3g g2 
3
4 v
= − ω 02 sen3α senθ
3 g

Temos ainda uma outra contribuição para a correção do alcance


r
que vem da correção do tempo de queda. De fato, a equação para &&
r1 tem
uma componente na direção z. Incluindo essa correção, o movimento
na direção z é
z(t) = z0 (t) + z1 (t)
1
= − gt 2 + v0 senα t + v0ω cos α senθ t 2
2
Assim, o tempo corrigido que o projétil leva para voltar ao solo é

2v0 senα  2v ω cos α senθ 


τ = ; τ0 1 + 0 
g − 2v0ω cos α senθ  g 

Essa correção no tempo de percurso introduz uma correção em y


δ y = (v0 cos α )(τ − τ 0 )
 2v ω cos α senθ 
= (v0 cos ατ 0 )  0 
 g 
2v ω cos α senθ
2
=R 0
g
A variação no alcance é, então,

∆R = y0 (τ 0 ) + y1 (τ 0 ) + δ y0 − R
4 v3 2v ω cos2 α senθ
= − ω 02 sen3α senθ + R 0
3 g g
4v03  1 
= 2
ω senα senθ  cos2 α − sen3α 
g  3 

Usando que
v0 = Rg / 2senα cos α

encontramos, finalmente,

1/2
 2R3  1
∆R = ω senθ   [(cotα ) − (tan α ) ]
1/2 3/ 2

 g  3

CEDERJ 257
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial

9.3. No sistema da figura a seguir, temos


r
r = rkˆ
r ^)
ω = ω (− cos λ^i + senλ k
Assim,
r r ^ ^
ω × r = ω r(− cos λ^i + senλ k) × k = ω r cos λ ^j
e
r r r
ω × (ω × r ) = ω 2 r cos λ(− cos λ i^ + senλ ^k) × ^j
^
= −ω 2 r cos λ(cos λ k + senλ ^iˆ)

Substituindo esse resultado na expressão da força dada na dica


do problema, ficamos com
^
Feff = − m (g0 − ω 2 r cos2 λ) k − mω 2 r cos λ senλ ^i

O termo de Coriolis não aparece porque a partícula está parada


(vr = 0 ).
A tangente do ângulo ε é dada pela razão (Feff )y /(Feff )x . Como o
ângulo é pequeno, podemos fazer a tangente igual ao ângulo e, então,

(Feff )x ω 2 r cos λ senλ


ε= =
(Feff )z g0 − ω 2 r cos2 λ

que é o resultado procurado.

258 CEDERJ
MÓDULO 1
9.4. Queremos encontrar a aceleração total do ponto P na borda

9
do pneu fazendo um ângulo θ com a direção do movimento.

AULA
Vamos aplicar a Equação (9.22). Dividindo todos os termos por m e
passando os termos com sinal negativo para o lado esquerdo, ficamos com
r &&r r r r r r r r r
af = Rf + ar + ω& × r + ω × (ω × r ) + 2ω × vr
r
onde af é a aceleração no sistema de referência fixo no laboratório,
r&&
Rf é a aceleração do centro do pneu no sistema de referência fixo
&&r ˆ ), ωr& é a velocidade angular instantânea no
f = ai
no laboratório ( R
r
sistema de referência fixo no laboratório, ω& é a aceleração angular
r
( ω& = α = a / r ), é a aceleração do ponto P no sistema girante
(ar = 0) e vr é a velocidade do ponto P no sistema girante.

r
af = aiˆ + (−α kˆ ) × R(cosθ iˆ + senθ jˆ)+( − ωkˆ ) × [( − ωkˆ ) × R(cosθ iˆ + sen
nθ jˆ)]
= aiˆ − α R(cosθ jˆ − senθ iˆ) + ω 2 Rkˆ × (cosθ jˆ − senθ iˆ)
= aiˆ − α R(cosθ jˆ − senθ iˆ) − ω 2 R(cosθ iˆ + senθ jˆ)
= (a + α R senθ − ω 2 R cosθ ) iˆ − (α R cosθ + ω 2 R senθ )jˆ
v2 v2
= [a (1 + senθ ) − cosθ ] iˆ + [a cosθ + senθ ] jˆ
R R

r
O módulo de af é

r 2 v2 v2
af = [a(1 + senθ ) − cosθ ]2 + [a cosθ + senθ ]2
R R
4 2
v v
= 2a2 (1 + senθ ) + 2 − 2a cosθ
R R

CEDERJ 259
Mecânica | Movimento em um referencial não inercial

A maior aceleração relativa ao solo pode ser encontrada


r 2
maximizando af . Chamando de θ0 o ângulo onde o máximo ocorre,
temos
r 2
d af av 2
= 2a2 cosθ + 2 senθ = 0
dθ R
θ0

o que dá

aR
tan θ0 = −
v2

Nós queremos a solução correspondente ao segundo quadrante:

O que implica

v2 aR
cosθ0 = − e senθ0 =
(aR)2 + v 4 (aR)2 + v 4

r 2
(Calcule a derivada segunda de af e verifique que esta é a solução
r
que dá um máximo.) Substituindo esses resultados em af , obtemos

r aR v2 v2 v2 v2 aR
afmax = [a(1 + )− (− )]i^ + [a(− )+ ]j^
(aR) + v
2 4 R (aR)2 + v 4 (aR)2 + v 4 R (aR) + v
2 4

4 2
1 v /(aR)
= (a + a +a )i^
1 + v /(aR)
4 2
1 + v 4 /(aR)2
= a(1 + 1 + v 4 /(aR)2 )i^

A aceleração máxima é puramente horizontal.

260 CEDERJ
MÓDULO 1
9.5. Como antes, vamos considerar a velocidade do projétil na

9
situação hipotética de que a Terra não estivesse girando

AULA
r ^
v (t) = (v0 − gt) k

Com este resultado então calculamos a força de Coriolis


r r r
FCoriolis = −2m (ω × v)
; −2mω (− cos λ i^ + senλ ^k) × (v0 − gt) k
^

= −2m ω (v0 − gt)cos λ ^j


Portanto,

y&& = −2ω cos λ (v0 − gt)

que, integrando com as condições iniciais y& (0) = 0 e y (0) = 0 ,


obtemos
1 1
y = −2ω cos λ[ v0 t 2 − gt 3 ]
2 6

O projétil chega ao solo quando t = 2v0 / g e v0 = 2 gh .


O valor de y será

2 3
1  2v  1  2v 
y = −2ω cos λ[ v0  0  − g  0  ]
2  g  6  g 
4 v3 4 (2 gh)3 / 2
= − ω cos λ 02 = − ω cos λ
3 g 3 g2

ou,

4 8h3
y = − ω cos λ
3 g
para o oeste.

CEDERJ 261
MÓDULO 1
10
de incidência ( vf ,Vf ,ψ e φ nas Equações (10.25)). Assim, para determinar a

AULA
configuração final numa colisão bidimensional, precisamos conhecer a interação
entre as partículas e encontrar suas órbitas.
O parâmetro de impacto é a distância entre a linha de movimento inicial da
partícula incidente e o alvo (ver Figura 10.10, por exemplo). Conhecendo-se a
dependência do parâmetro de impacto no ângulo de espalhamento, podemos
obter a seção de choque diferencial para o espalhamento elástico através da
Equação (10.41). A seção de choque diferencial é uma área efetiva de choque e
está relacionada com a probabilidade de que a partícula seja espalhada numa
certa direção. A seção de choque diferencial de espalhamento elástico por uma
esfera dura no referencial do CM é isotrópica. Para uma força que varia com o
inverso do quadrado da distância, a distribuição angular de espalhamento é dada
pela fórmula de Rutherford
2
 k  1
σ (θ ) =  2 
 2m v  sen (θ / 2)
4

Quando as partículas que emergem da região de interação são diferentes


das partículas incidentes, o processo é chamado de reação. Uma reação é
necessariamente uma colisão inelástica. O fator Q da reação é igual à diferença
entre a energia cinética final e a energia cinética inicial.

PROBLEMAS

P. 1. Numa colisão elástica frontal de duas partículas com massas


m1 e m2 , as velocidades iniciais são ν01 e ν 02 = λν 01 (λ > 0). Se as
energias cinéticas iniciais das duas partículas forem iguais no referencial
de LAB, encontre as condições sobre ν01 / ν02 e m1 / m2 de modo que
m1 esteja em repouso após a colisão.

P. 2. Partículas de massa m1 são espalhadas por partículas de massa


m2 em repouso. (a) Em que ângulo, no LAB, deve ser posicionado um
espectrômetro magnético para detectar partículas que perdem um terço
de seu momento? (b) Sobre que faixa de valores de m1 / m2 isto é possível?
(c) Calcule o ângulo de espalhamento para m1 / m2 = 1.

CEDERJ 285
Mecânica | Colisões

P. 3. Um átomo de hidrogênio, movendo-se com velocidade v,


colide elasticamente com uma molécula de hidrogênio em repouso,
sofrendo uma deflexão de 450. Calcule: (a) a magnitude da velocidade
do átomo após a colisão; (b) a direção de movimento da molécula (com
respeito à direção inicial de movimento do átomo) e a magnitude de
sua velocidade.

P. 4. Qual é o ângulo máximo de espalhamento elástico de


uma partícula alfa por um nêutron em repouso? (Massa da alfa
aproximadamente igual a quatro vezes a massa do nêutron). Neste
ângulo, que fração da energia cinética incidente vai para o nêutron de
recuo, e qual é o ângulo entre a direção do recuo e a de incidência?

P. 5. Mostre que a relação entre o ângulo de espalhamento θ e o


parâmetro de impacto b pode ser escrita como

θ =| π − 2Θ |

onde
u min du
Θ=∫
0
1 − V / E − b2 u2

Como na Aula 8, aqui u = l / r e umin é o ponto de retorno clássico.

P. 6. A partir da relação geral entre o parâmetro de impacto e o


ângulo de espalhamento deduzida no problema anterior, encontre a seção
de choque de espalhamento de Rutherford.

P. 7. Um feixe uniforme de partículas com energia E é espalhado


por um potencial central repulsivo V (r) = γ / r 2 . Mostre que a seção de
choque diferencial elástica é dada por

γπ2 π −θ
σ (θ ) =
Esenθ θ 2 (2π − θ )2

P. 8. Considere uma reação de captura, na qual as partículas


emergem "grudadas". Mostre que esse tipo de reação é sempre
endoérgica.

286 CEDERJ
MÓDULO 1
P. 9. A reação

10
AULA
4
2 He + 14
7 N → 17
8 O + 11H , (10.65)

descoberta em 1919 por Rutherford, foi a primeira reação nuclear


produzida artificialmente, que usou partículas α de 7,70 MeV de uma
fonte radioativa. Os prótons ( 11 H ) emitidos a 900 com a direção das
partículas α incidentes, têm energia cinética de 4,44 MeV. Determine o
fator Q da reação.

SOLUÇÕES

P. 1. Como as energias cinéticas iniciais são iguais, nós temos

1 1 1
m1ν 01
2
= m2ν 02
2
= λ 2 m2ν 01
2
(10.66)
2 2 2

ou
m1
= λ2 (10.67)
m2

Se m1 está em repouso após a colisão, a conservação da energia requer


que
1 1 1 (10.68)
2
m1 v01 + m2 v02
2
= m2 v22
ou 2 2 2

1 (10.69)
2
m1 v01 = m2 v22
2

onde v2 é a velocidade final da partícula de massa m2 após a colisão.


A conservação do momento linear diz que

m1 v01 + m2 v02 = (m1 + λ m2 ) v01 = m2 v2 (10.70)

Substituindo v 2 da Equação (10.69) na Equação (10.68),


obtemos 2
1  m + λ m2  2
2
m1v01 = m2  1  v01 (10.71)
2  m2 

CEDERJ 287
Mecânica | Colisões

ou 2
1 m 
m1 = m 2  1 + λ  (10.72)
2  
 m2 

Substituindo o valor de m1 /m2 da Equação (10.67) nesta equação,


temos
2λ 2 = (λ 2 + λ)2 (10.73)

A solução positiva desta equação é

λ = 2 − 1 = 0, 414
(10.74)
λ 2 = 0, 172

de modo que

m1 v
= 0, 172 e 02 = 0, 414 (10.75)
m2 v01

P. 2. Se uma partícula de massa m1 e velocidade inicial v01 perde


1/3 de seu momento, então, sendo v1 sua velocidade final,

2 2 (10.76)
m1v1 = m1v01 ⇒ v1 = v01
3 3

(a) queremos encontrar o ângulo ψ onde saem, no laboratório,


as partículas que perderam 1/3 do momento. Da Figura 10.7,
reproduzida a seguir,

pf pf

podemos escrever, lembrando que na notação usada no problema,


r r
pf = m1 v1 , AO = m 1 µ v01 e OC = µ v01 ,
m2
2
m  m 
m v =  1  µ 2 v01
2
1
2
1
2
+ µ 2 v01
2
+ 2  1  µ 2 v01
2
cosθ (10.77)
m
 2 m
 2

288 CEDERJ
MÓDULO 1
10
onde µ = m 1m 2 /(m 1 + m 2 ) é a massa reduzida do sistema. Desta equação
tiramos que

AULA
2 2
v12  m1   m2  2m1 m2
=  +  + cosθ (10.78)
2
v01 m
 1 + m 2  m
 1 + m 2  m1 + m2

2m 1 m 2
= 1− (1 − cosθ )
m 1+ m 2

Usando o resultado da Equação (10.76) para ν1 / ν01 , temos então que


2
2 2m1 m2
  = 1− (1 − cosθ ) (10.79)
 3 m1 + m2

Esta equação pode ser resolvida para cosθ , dando

5 (m1 + m2 )2
cosθ = 1 − = 1−η (10.80)
18 m1 m2

onde
5 (m1 + m2 )2 (10.81)
η=
18 m1m2

Mas nós queremos ψ, que pode ser obtido da Equação (10.32)

senθ 2η − η 2
tanψ = = (10.82)
cosθ + m1 / m2 1 − η + m1 / m2

(b) como tanψ deve ser um número real, somente os valores de


m1 / m2 tais que 2 − η ≥ 0 são possíveis. Portanto,

5m1 m2
2− ≥0 (10.83)
18(m1 + m2 ) 2

que pode ser reduzida a


2
m  m 
−5  1  + 26  1  − 5 ≥ 0 (10.84)
 m2   m2 

As soluções, quando essa equação é igual a zero, são m1 / m2 = 1 / 5, 5 .


Logo
1 m1
≤ ≤5 (10.85)
5 m2

CEDERJ 289
Mecânica | Colisões

(c) quando m1 / m2 = 1, a Equação (10.81) dá


2
m 
5  1 + 1 (10.86)
m  = 10
η=  2
m1 9
18
m2
Substituindo na Equação (10.82), obtemos ψ = 480.

P. 3. (a) Referindo-se à Figura 10.6, o enunciado diz que


ψ = 450 e temos que M = 2m, onde m é a massa do átomo de hidrogênio
e M a massa da molécula do mesmo elemento. Da conservação do
momento e da energia, podemos escrever

m v = mvf cos 450 + 2mVf cos φ (10.87)

m vf sen 450 = 2mVf senφ (10.88)

1 1 1
m v 2 = m vf2 + 2mVf2 (10.89)
2 2 2

Das duas primeiras equações tiramos que

(v − vf 2 / 2) 2 + (vf 2 / 2)2 = 4Vf2


(10.90)
⇒ 4Vf2 = v 2 − 2vvf + vf2
Da terceira equação, segue que

2V 2f = v 2 − vf2 (10.91)

Juntando os dois últimos resultados, obtemos a seguinte equação


para vf :
3 vf2 − 2 vvf − v 2 = 0 (10.92)

Resolvendo esta equação, encontramos para vf :


(10.93)
 2 + 14 
vf =   v = 0, 859 v
 6 

(Nós descartamos a solução negativa porque vf é o módulo da


velocidade.)

290 CEDERJ
MÓDULO 1
(b) Para calcular Vf , nós substituímos o resultado (10.93) na

10
Equação (10.91) e obtemos

AULA
1
Vf2 = (1 − (0, 859)2 )v 2 ⇒ Vf = 0, 362v (10.94)
2

Para encontrar o ângulo φ, usamos a Equação (10.88) e achamos

2 vf 2 0, 859
senφ = = = 0, 839 ⇒ φ = 57, 10 (10.95)
4 Vf 4 0, 362

P. 4. A Figura 10.14 mostra que existe um ângulo máximo.


Dela também é fácil obter que

mn 1
senψmáx
max = = (10.96)
mα 4

onde mn é a massa do neutron e mα a massa da partícula alfa. Então,


ψ máx
mÆx = 14, 4 .
0

Chamemos de v a velocidade da partícula incidente e de vn e vα


as velocidades finais do nêutron e da partícula alfa, respectivamente.
Novamente, da Figura 10.14 tiramos que

2 µ v cos φ = mn vn (10.97)
e

π
2 φ + ψ máx
mÆx = ⇒ φ = 380 (10.98)
2

Da Equação (10.97), podemos escrever para a energia cinética


do nêutron
1  4mn mα  1 (10.99)
Kn = mn vn2 =  cos2 φ  ⋅ mα v 2
 (mn + mα )
2
2  2
Substituindo o valor de φ e a relação mα = 4 mn , encontramos
finalmente
Kn
= 0, 4 (10.100)
1
mα v 2
2

CEDERJ 291
Mecânica | Colisões

pf
pf

Figura 10.14: Ângulo máximo numa colisão em que a


massa da partícula incidente é maior que a do alvo.

P. 5. Vamos supor que a força central seja repulsiva. O caso


de uma força atrativa pode ser tratado de forma semelhante. Nas
Figuras 10.15 e 10.16 mostramos as órbitas correspondentes. Seja V(r)
a energia potencial. Como você já sabe, o movimento é plano sob a ação
de uma força central, e vamos chamar de r e φ as coordenadas polares
da partícula. A sua energia total é

1 2 1 l2
E= mr& + + V (r) (10.101)
2 2 m r2
onde

l = m r 2φ&

é o momento angular, que é conservado. Resolvendo a Equação (10.101)


dr 2 l2
para r&,=temos= (E − V ) − 2 2
dt m mr
dr 2 l2
r& = = (E − V ) − 2 2 (10.102)
dt m mr

de onde
dr
dt =
2 l2
(E − V ) − 2 2 (10.103)
m mr

Em seguida, escrevendo a relação φ& = l / m r 2 na forma

l
dφ = dt
mr 2

292 CEDERJ
MÓDULO 1
e substituindo dt pela expressão da Equação (10.103) e integrando,

10
obtemos

AULA
(l / r 2 )dr
φ (r) = ∫ + const. (10.104)
 l2 
2m  E − V − 
 2mr 2 

A trajetória da partícula num campo central é simétrica em relação


à reta passando pelo ponto de maior aproximação do centro de força.
Da Figura 10.15, temos então que

θ = π − 2Θ (10.105)

com ∞ (l / r 2 )dr
Θ=∫ (10.106)
rmin
 l2 
2m  E − V − 
 2mr 2 

A partícula tem velocidade v em r = ∞ . Assim, o momento angular


pode ser escrito em termos do parâmetro de impacto como

l = m vb (10.107)

e introduzindo a variável u = 1/ r ,

1 (10.108)
dr = − du
u2

A energia total da partícula é E = (1 / 2) mv 2 e escrevemos

l2
= Eb2 (10.109)
2m

Substituindo as Equações (10.107), (10.108) e (10.109) na


Equação (10.106) ficamos então com
∞ (l / r 2 )dr
Θ=∫
rmin
 l2 
2m  E − V − 
 2mr 2  (10.110)
0 mvdu
= −b∫
u min
 V 
2mE  1 − − b2 u2 
 E 
u min du
= b∫
0
 V 2 2
1 − − b u 
 E 

CEDERJ 293
Mecânica | Colisões

É desse modo que a relação entre o ângulo de espalhamento e o


parâmetro de impacto é calculada em muitos textos de mecânica. Nos
problemas seguintes, vamos aplicá-la ao potencial de Coulomb e também
para encontrar a seção de choque de espalhamento para um potencial
que varia com o inverso do quadrado da distância.

Centro de espalhamento

Figura 10.15: Espalhamento por um centro de força repulsiva.

Centro de espalhamento

Figura 10.16: Espalhamento por um centro de força atrativa.

P. 6. Fazendo V (r) = k / r , (k > 0), na expressão (10.110),


o ângulo Θ fica dado por
u min du
Θ = b∫
0
 ku  (10.111)
1 − − b2 u2 
 E 

294 CEDERJ
MÓDULO 1
O ponto de retorno satisfaz a condição

10
AULA
kumin
1− − b2 umin
2
=0 (10.112)
E

Consultando uma tabela de integrais, encontramos

dx 1  2cx + b  c < 0
∫ a + bx + cx 2
=−
−c
arcsen 
 −∆ 
 + const., 
∆ = 4ac − b < 0
2

 2cx + b  c < 0 (10.113)


arcsen   + const., 
∆ = 4ac − b < 0
2
 −∆ 

Aplicando este resultado, achamos para o ângulo de espalhamento


umin
  k 
  −2b2 u −  (10.114)
 −1   E 
θ = π − 2b   arcsen 
 b    
2
k2
  4b2 + 2  
  E  0
  k  k 
  −2b2 umin −   − 

= π + 2 arsen  E  − arcsen  E 
  k2   k2 
  4b + 2 
2
 4b2 + 2  
  E   E 

Resolvendo a Equação (10.112) e lembrando que umin > 0,


obtemos

1  k k2 
umin =  − + 4b2 + 2 
2 
2b  E E 
(10.115)
k k2
⇒ 2b umin2
+ = 4b2 + 2
E E

Com este resultado, voltando à Equação (10.113) vemos que

  
  
1
θ = π + 2  arcsen (−1) + arcsen   (10.116)
  4E2 b2 
  1 +  
  k2 

CEDERJ 295
Mecânica | Colisões

Lembrando que arc sen(−1) = −π / 2 , o π na equação acima é


cancelado e ficamos com
 
 
1
θ = 2arc sen   (10.117)
 4E2 b2 
 1 + 
 k2 
de onde tiramos que
2Eb
θ 1 θ k
sen = , cos = (10.118)
2 2 2
4E b 2 4E2 b2
1+ 2
1+
k k2
Segue, portanto, que

θ 2Eb
cot = (10.119)
2 k

Este resultado foi obtido no texto da aula através da equação da


órbita. Como obter a seção de choque a partir daí, já está feito no texto.
Quando o potencial é atrativo, isto é, quando k < 0, a análise é a mesma
mas com θ = 2Θ − π .

P. 7. Vamos calcular a relação entre o parâmetro de impacto e


o ângulo de espalhamento usando as Equações (10.105) e (10.110).
Substituindo a expressão do potencial na Equação (10.110), o ângulo
de espalhamento fica dado por
u min du
θ = π − 2b ∫
0
k  (10.120)
1 −  + b2  u2
E 
A integral que precisamos resolver é muito simples:

dx 1
∫ 1 − ax 2
=
a
arc sen ax + const.
(10.121)
Temos que
γ  1
a =  + b2  , umin =
E  a (10.122)

Assim, 1
θ = π − 2b arc sen(1)
γ (10.123)
+ b2
E
π
=π −
γ
1+ 2
b E

296 CEDERJ
MÓDULO 1
Invertendo esta relação, obtemos

10
γ (π − θ )2

AULA
b (θ ) = (10.124)
E (π 2 − (π − θ )2

Então, a seção de choque diferencial é


b db
σ (θ ) =
senθ dθ (10.125)
b γ  −2(π − θ ) 2(π − θ ) 3
=  2 − 2 2 2 
senθ 2bE  π − (π − θ ) (π − (π − θ ) ) 
2

b γ −2(π − θ )
= {π 2 − (π − θ )2 + (π − θ )2 }
senθ 2bE (π − (π − θ ) )
2 2 2

ou seja,

γπ2 π −θ
σ (θ ) = (10.126)
Esenθ θ (2π − θ 2 )2
2

P. 8. Seja v a velocidade da partícula incidente de massa m.


Vamos supor que a partícula alvo, de massa M, está em repouso. Antes
de calcular o fator Q, vamos escrever a energia cinética no referencial
do CM. A velocidade do CM é

mv
u= (10.127)
m+M

Logo, a velocidade de cada partícula no referencial do CM é


Mv
v ’0m = v − u =
m+M (10.128)
− mv
v ’0 M = −u =
m+M

A energia cinética no referencial do CM é então

1 1 1 mM 2
KCM = 2
mv01 + Mv02
2
= v (10.129)
2 2 2 m+M

A energia cinética inicial no referencial do laboratório é

1 1 1 mM 2
Ki n = (m + M) u2 + KCM = (m + M) u2 + v (10.130)
2 2 2 m+M

CEDERJ 297
Mecânica | Colisões

Agora, usando a conservação do momento, encontramos a


velocidade com que as partículas grudadas saem juntas

mv
m v = (m + M)V ⇒ V = =u (10.131)
m+M

A energia cinética final é portanto,

1
Kfin = (M + m) u2 (10.132)
2

O fator Q pode agora ser calculado:

1 mM 2
Q = Kfin − Kin = − v (10.133)
2 m+M

Note que a energia disponível para ser dissipada numa colisão


inelástica é a energia do sistema no referencial do CM. No problema em
questão, a Equação (10.133) nos diz que toda essa energia é perdida na
reação de captura. A colisão é completamente inelástica.

P. 9. Desde que ψ = 900 , a equação para o fator Q, Equação


(10.64), fica
 m1 H   m4 H 
Q =  1 + 1  K17 O −  1 − 2  K 4 H (10.134)
 m17 O  8  m17 O  2
 8   8 

Podemos tomar, com boa precisão,

m1 H 1
1
≈ (10.135)
m17 O 17
8

m4 H 4
2

m17 O 17
8

Assim,

Q = K17 O (1 + 1 / 17) − K 4 H (1 − 4 / 17)


8 2
(10.136)
= 1, 06K17 O − 0, 765K 4 H
8 2

= 1, 06 × 4, 44MeV − 0, 765 × 7, 70 = −1, 18MeV

298 CEDERJ
MÓDULO 1
CADERNO DE EXERCÍCIOS DA AULA 11

11
AULA
11.1. Considere um cone de altura H e raio da base R = H tan α
com uma densidade uniforme de massa ρ = 3M /(π HR ):
2

H R

CM

y
O
x

(a) Mostre que as componentes não nulas do tensor de inércia I,


calculado no sistema de eixos mostrado na figura, são:

3  2 R2  3
Ix x = Iy y = MH +  e Iz z = MR2
5  4  10

(b) Mostre que os momentos de inércia principais, calculados


no sistema de referência do centro de massa (localizado a uma altura
h = 3H / 4 no eixo de simetria), são:

3  H2  3
I1 = I2 = M  R2 +  e I3 = MR2
20  4  10

11.2. Considere uma placa fina homogênea, retangular, de massa


M e área ab, com b > a. A placa está sobre o plano-(x, y). Mostre que
o tensor de inércia, calculado no sistema de eixos com origem no ponto
O na figura seguinte, tem a forma

 A −C 0 
t  
I =  −C B 0 
 0 0 A + B 

CEDERJ 49
Mecânica | Dinâmica do corpo rígido

E encontre as expressões para A, B e C em termos de M, a e b.


z

o b y

11.3. Uma placa homogênea de espessura a é colocada no topo de


um cilindro fixo de raio R cujo eixo é horizontal. Mostre que a condição
de equilíbrio estável da placa, supondo que não haja deslizamento, é
R > a / 2 . Qual a freqüência de pequenas oscilações? Esboce a energia
potencial como função do deslocamento angular θ. Mostre que existe
um mínimo em θ = 0 para R > a / 2 mas não para R < a / 2.

l/2 l/2

R
x

11.4. (a) Encontre a que altura deve ser a tacada numa bola de
bilhar de modo que ela role sem deslizamento inicial.
(b) Calcule a melhor altura dos trilhos de uma mesa de bilhar
(as bordas internas e inclinadas para dentro da mesa, são denominadas
“trilhos”). No que você se baseou para fazer o cálculo?

11.5. Considere um anel homogêneo de massa M e raio R. Uma


massa m está presa ao anel num ponto a um ângulo α com o eixo dos x,
como mostrado na figura a seguir.

50 CEDERJ
MÓDULO 1
y

11
AULA
P
m

R
α
O x

M
Q

(a) Encontre o tensor de inércia do sistema massa-anel,

 
Iij = ∑ mα  δ ij ∑ xα2 , k − xα ,i xα , j 
α  k 

com a origem O no centro do anel e os eixos como indicados na figura.


(Pouquíssimas contas, pense um pouco).
(b) Suponha agora que o sistema anel-massa seja preso em dois
pontos, P e Q na figura, a uma haste delgada rígida que está ao longo
do eixo dos y. Isto é feito de tal modo que o sistema está livre para girar
com velocidade angular ω. Encontre o momento angular L do sistema
e descreva o movimento de L.
(c) Encontre o torque responsável pelo movimento de L que você
descreveu no item anterior.
(d) Encontre a aceleração do centro de massa do sistema.
(e) A partir dos resultados dos itens (c) e (d), encontre as forças
de vínculo, responsáveis pela aceleração do CM e pelo torque.
r
r r
Para um vetor com velocidade angular de precessão ω , dA = ωr × A
dt

11.6. Uma porta é construída com uma placa fina de material


homogêneo e tem uma largura de 1 m. A porta é aberta em um ângulo
de 900 e, liberada, fecha-se sozinha em 2s. Suponha que as dobradiças
não tenham atrito e mostre que a linha de dobradiças deve fazer um
ângulo de aproximadamente 30 com a vertical.

CEDERJ 51
Mecânica | Dinâmica do corpo rígido

11.7. Um cubo homogêneo, de lado da face igual a l, está


inicialmente numa posição de equilíbrio instável com um lado de uma
face em contato com um plano horizontal. O cubo é então deslocado
levemente e cai. Mostre que a velocidade angular do cubo quando sua
face atinge o plano é dada por

g
ω 2 = A ( 2 − 1)
l

onde A = 3/2 se o cubo não desliza e A = 12 / 5 se desliza enquanto cai.

11.8. Uma esfera sólida de massa M e raio R gira livremente em


torno de um diâmetro fixo. Uma partícula de massa m, inicialmente
r
num pólo, move-se com velocidade v = v constante (em relação a um
observador fixo na superfície da esfera) ao longo de um grande círculo
da esfera.
ur
ω

m
θ
ur
R V

A figura anterior mostra a situação num instante t. O momento


de inércia da esfera em torno de um diâmetro é ( 2 5) MR2 .
(a) Sabendo que a velocidade angular da esfera é ω0 quando a
partícula está num pólo, mostre que a velocidade angular da esfera no
instante t é ω0
ω=
5m
1+ sen2 (vt / R)
2M
(b) Mostre que, quando a partícula tiver atingido o outro pólo,
a rotação da esfera terá sido retardada de um ângulo

52 CEDERJ
MÓDULO 1
11
 2M 
α = ω0T  1 − 
 2M + 5m 

AULA
onde T é o tempo necessário para a partícula se mover de um pólo ao
outro.
Você vai achar útil a seguinte derivada:

d a a
tan−1 ( a tan x ) = =
dx cos2 x + a2 sen2 x 1 + ( a2 − 1) sen2 x

r
M  a 2 − b2 
11.9. Mostre que o torque N =necessário
 2 para
2 
bω 2 eˆa3 placa re-
agirar
12  a + b 
tangular em torno da diagonal com velocidade angular constante ω é

r M  a 2 − b2 
N=  a bω eˆ 3
2

12  a2 + b2 

ω^
e^2 a
CM
^
e
1

11.10. Um pião simétrico de massa M, com ponta em forma de


bola, repousa num suporte estacionário que permite ao eixo de simetria
do pião ficar na horizontal. Suponha que o momento de inércia do pião
em torno do eixo de simetria seja igual a I3 e seus outros dois momentos
de inércia em relação a eixos perpendiculares ao eixo de simetria e
passando pela ponta do pião são iguais a I1 . O centro de massa do pião
está a uma distância h da ponta. É dada ao pião uma velocidade angular
ω3 > 0 em torno de seu eixo de simetria.
(a) Encontre a taxa de precessão φ& para a qual o movimento do
pião é pura precessão no plano horizontal (sem nutação).
(b) Mostre que o movimento do pião é estável em relação a
perturbações em θ, em outras palavras, se o pião for empurrado

CEDERJ 53
Mecânica | Dinâmica do corpo rígido

levemente para cima ou para baixo, ele sentirá um torque restaurador


tendendo a levá-lo de volta à horizontal.

ur
ω3

11.11. Um pião simétrico de massa M é colocado a girar em torno


de um ponto fixo sob a ação da gravidade e seu eixo está na inicialmente
vertical (θ (0) = 0 , θ&(0) = 0). No entanto, sua velocidade angular ω3 >
em0
torno do eixo é insuficiente para garantir estabilidade naquela posição.
A Lagrangiana do pião é

1 & 2 &2 1
L= I1 (θ + φ sen2θ ) + I3 (ψ& + φ& cosθ )2 − Mgl cosθ
2 2

onde θ , φ ,ψ são os ângulos de Euler usuais; I1 e I3 são os momentos de


inércia em torno dos respectivos eixos e l é a distância do ponto fixo
O ao centro de massa C (veja a figura a seguir).
(a) Encontre todas as constantes do movimento e calcule seus
valores em termos das condições iniciais dadas.
(b) Mostre que o pião vai se inclinar até um ângulo máximo
θm dado por
θm I3 ω3
cos =
2 2 I1 Mgl

(c) Mostre que a dependência de θ no tempo é dada pela


equação

2 4Mgl θ I2 ω2 θ
θ&2 = Mgl (1 − cosθ ) − φ&2 sen2θ = sen2 − 3 2 3 tan2
I1 I1 2 I1 2

54 CEDERJ
MÓDULO 1
11
^ z
3

AULA
C ^
2
Mg

l
θ , φ ,ψ y

^I
O θ , φ ,ψ
θ , φ ,ψ
x

11.12. Considere o sistema mostrado na figura formado por quatro


massas iguais m, ligadas por barras sem massa formando um retângulo.
Seja o plano definido pelas partículas o plano x-y e as coordenadas de
cada uma estão indicadas.

x

(a) Mostre que o tensor de inércia, para a escolha de eixos de


coordenadas com origem no CM do sistema, é dado por

 ml ’2 0 0 
t  
I = 0 ml 2 0 
 2 
 0
 0 m ( l + l ) 
’2

CEDERJ 55
Mecânica | Dinâmica do corpo rígido

(b) O sistema é colocado para girar com velocidade angular


constante em torno da barra sem massa ligando as partículas 1 e 3. Não
há atrito. Faça l = 2l ’ e encontre as componentes do momento angular
r r
L em termos de ω = ω , l e m.
(c) Por que é necessário um torque para manter o sistema girando
com ω = constante? Encontre o torque e indique na figura as forças
responsáveis por esse torque.
 
Dados: Iij = ∑ mα  δ ij ∑ xα2 ,k − xα ,i xα , j  ,
α  k 

I1 ω&1 − ( I2 − I3 ) ω2 ω3 = N1
I2 ω& 2 − ( I3 − I1 ) ω3 ω1 = N 2
I3 ω& 3 − ( I1 − I2 ) ω1 ω2 = N3

11.13. Uma bola de basquete rola sem deslizar em torno do aro da


cesta de tal modo que os pontos de contato traçam um grande círculo na
bola e o CM move-se num círculo horizontal com freqüência angular Ω.
O raio da bola é r e o raio do aro R. A direção da linha que liga o centro
da bola ao ponto de contato faz um ângulo θ com a horizontal. Considere
o momento de inércia da bola em torno de seu centro como sendo
I = ( 2 / 3) mr 2.
Z

x3

Pontos de contato θ
r
R θ

Queremos determinar Ω em termos de r, R e θ. Para isso,


(a) Mostre que o momento angular da bola é
r r
L = Iω = I Ωzˆ − I ( R / r ) Ωxˆ 3

onde zˆ e xˆ 3 são os unitários na direção dos eixos z e x3, respectiva-


mente (ver figura). Sugestão: Use a condição de que a bola rola sem
deslizar para determinar a velocidade de rotação em torno de x3 .

56 CEDERJ
MÓDULO 1
(b) O torque (relativo ao centro da bola) vem da força no ponto

11
de contato. Identifique a componente vertical e a componente horizontal

AULA
desta força e mostre que o módulo do torque é

r
N = mg (r cosθ ) − m (R − r cosθ ) Ω2 (r senθ )

r
Na situação mostrada na figura, qual a direção e o sentido de N ?
(c) Finalmente, mostre que, ra partir do movimento executado
r r
por L , você pode determinar dL e comparando com N obtenha
dt
para Ω:

g cosθ
Ω2 =
5 
senθ  R − r cosθ 
 3 

SOLUÇÕES

11.1. Vamos usar coordenadas cilíndricas (r,θ , z) , de modo que


o elemento de volume infinitesimal é escrito como dV = rdrdθ dz com
0 < θ < 2π , 0 < r < z tan α e 0 < z < H. Portanto, o centro de massa está
no eixo de simetria na posição

∫ z ρ dV = ρ H 2π z tan α
zCM = ∫ dzz ∫ dθ ∫ rdr
∫ ρ dV M 0 0 0

πρ H
=
M ∫0
dzz 3 tan2 α

πρ 4 3H
= H tan2 α =
4M 4

Onde usamos que ρ = 3M /(π HR ).


2

(a) Usando a equação

r 
Iij = ∫ ρ (r )  δ ij ∑ xk2 − xi x j  dV
V
 k 

temos I xx = ρ ∫ (y 2 + z 2 )dV
V
H 2π z tan α
= ρ ∫ dz ∫ dθ ∫ rdr(z 2 + r 2 sen2θ )
0 0 0

H  1 
= πρ ∫ dzz 4  tan2 α + tan4 α 
0
 4 
πρ  2 3 1 4  3  2 R2 
= R H + R H  = MH + 
5  4  5  4 
CEDERJ 57
Mecânica | Dinâmica do corpo rígido

Como próximo passo, é fácil mostrar que

H 2π z tan α
I yy = ρ ∫ dz ∫ dθ ∫ rdr(z 2 + r 2 cos2 θ ) = I xx
0 0 0

Finalmente, temos
I zz = ρ ∫ (x 2 + y 2 )dV
V
H 2π z tan α
= ρ ∫ r 2 dV = ρ ∫ dz ∫ dθ ∫ r 3dr
V 0 0 0

πρ H πρ 4 3
=
2 ∫0
dzz 4 tan4 α =
10
(R H) =
10
MR2

(b) Para calcular I1, I2 e I3 podemos usar o teorema dos eixos


paralelos
3  2 R2  9 3  2 H2 
I1 = I2 = MH +  − MH 2
= M R + 
5  4  16 20  4 
3
I3 = I zz = MR2
10

t
11.2. Queremos calcular o tensor I de inércia da placa na figura,
para o sistema de eixos indicado. Temos que

 
 ∫ ( y + z ) dm − ∫ xydm − ∫ xzdm
2 2

I Ix y I x z  V V V 
t  xx 
I =  Iy x Iy y I y z  =  − ∫ yxdm ∫V ( x + z ) dm −V∫ yzdm 
2 2 
 Iz x Iz y I z z   V

  − zxdm
 ∫ − ∫ zydm ∫ ( x 2
+ y 2
) dm 

V V V

0 b y

58 CEDERJ
MÓDULO 1
Como essa distribuição de massa se encontra no plano Oxy, os produtos

11
de inércia I xz , I yz , I zx e I zy são nulos porque z = 0. Para os outros

AULA
produtos de inércia, como dm = σ d xdy , temos
a b
M 1
I x y = I y x = − ∫ xydm = −
ab ∫0
xd x ∫ ydy = − Mab
V 0
4

Para os momentos de inércia, é imediato que

1 1
I xx = Ma2 , I yy = Mb2
3 3

Finalmente, do teorema dos eixos perpendiculares,

1
I zz = I xx + I yy = M(a2 + b2 )
3

Assim,  A −C 0 
t  
I =  −C B 0 
 0 0 A + B 

1 1 1
onde A = Ma2 , B = Mb2 , C = Mab
3 3 4

11.3. A posição do centro de massa da placa é


y
a
xCM = R senθ − Rθ cosθ + senθ
2
a
yCM = R cosθ + Rθ senθ + cosθ
2
ou CM
a
xCM = (R + ) senθ − Rθ cosθ a/2
2

a a
yCM = (R + )cosθ + Rθ senθ R
2 θ
x

CEDERJ 59
Mecânica | Dinâmica do corpo rígido

As componentes da velocidade são


a 
x& CM =  cosθ + Rθ senθ  θ&
 2 
 a 
y& CM =  − senθ + Rθ cosθ  θ&
 2 
O módulo da velocidade ao quadrado é


2 a
2

v2
=x2
+y 2 &
= θ   + R2θ 2 
CM CM CM
 2  

A energia cinética da placa é igual à soma da energia cinética de


translação do centro de massa mais a energia cinética de rotação em
torno do centro de massa. A parte rotacional

é 1 2 1 &2
Trot = Iω = Iθ
2 2

1 2
onde I= (l + a2 )
12

A energia cinética total da placa é então

1  a  l 2 + a2  &2
2
1 1
T= 2
MvCM + Iω 2 = M   + R2θ 2 + θ
2 2 2  2  12 

A energia potencial depende de yCM :

V = MgyCM

Assim, a Lagrangiana da particular é

1  a  l 2 + a2  &2
2
 a 
L = T − V = M   + R2θ 2 +  θ − Mg  R +  cosθ + Rθ senθ 
2  2  12   2 

Usando a equação de Euler-Lagrange


d  ∂L  ∂L
 =
dt  ∂θ&  ∂θ
Chegamos à seguinte equação do movimento

 a2 1 2 2  && 2 &2
 + R θ + (l + a ) θ + R θθ + g [Rθ cosθ − (a / 2) senθ ] = 0
2 2

4 12 

60 CEDERJ
MÓDULO 1
Esta equação é exata e muito complicada, mas queremos tratar

11
somente do caso de pequenas oscilações ( θ << 1 ). Neste caso a equação

AULA
do movimento fica bem mais simples:

 a2 1 2 2  &&  a
 + (l + a ) θ + g  R −  θ = 0
 4 12   2

Esta é a equação de um oscilador harmônico simples quando


R > (a / 2). Neste caso, a freqüência das pequenas oscilações é

g(R − a / 2)
ω=
a / 4 + l 2 / 12
3

Considere a energia potencial da placa

 a 
V = Mg  R +  cosθ + Rθ senθ 
 2 

Na aproximação de pequenas amplitudes,

 a  θ2  
V ≅ Mg  R +   1 −  + Rθ 
2

 2  2  
 a 1 a 
≅ Mg  R +  +  R − θ 2 
 2  2  2  

que é uma parábola. Quando R > (a / 2) , a concavidade da parábola é


para cima e existe um ponto de equilíbrio estável. (O ponto representando
o CM está à esquerda da linha vertical passando por P). Quando
R > (a / 2) , a concavidade da parábola é voltada para baixo e o ponto
de equilíbrio é instável. (O ponto representando o CM está à direita da
linha vertical passando por P).

11.4. Seja ∆p o momento comunicado à bola pela tacada


t0 + ∆t
∆p = ∫ Fdt
t0

(Para ∆t → 0 com ∆p mantido fixo, a força F torna-se muito


grande, permitindo desprezar, no cálculo de ∆p, a contribuição da força
de atrito devida ao contato da bola com a mesa.)

CEDERJ 61
Mecânica | Dinâmica do corpo rígido

∆ω

ur
F

∆V
R
h

Podemos escrever

∆p = M∆V

onde M é a massa da bola e ∆V a variação na sua velocidade


translacional.
A bola também terá uma variação de momento angular devido ao
torque de F:
t0 + ∆t
∆L = ∫ hFdt = h∆p
t0

onde a origem para a definição do momento angular e do torque foi


tomada como sendo o ponto de contato da bola com a mesa (ver figura).
(O eixo passando pelo ponto O e perpendicular ao plano da figura é o
eixo instantâneo de rotação). ∆L também pode ser escrito como

∆L = IO ∆ω = hM∆V

A tacada ideal faria a bola começar a rolar sem deslizar. A condição


para que isso aconteça é
∆V = ∆ω R

de onde segue que


hM∆ω R = IO ∆ω

ou,
IO
h=
MR

O momento de inércia da esfera em torno de um diâmetro é


ICM = (2 / 5)MR2 . Assim, usando o teorema dos eixos paralelos, temos
7
IO = ICM + MR2 = MR2.
5

62 CEDERJ
MÓDULO 1
Isto diz que o ponto em que devemos acertar a tacada para que a bola

11
de bilhar role sem deslizar, desde o início, corresponde a h = (7 / 5)R.

AULA
(b) Se a bola estiver rolando quando atingir o trilho frontalmente,
queremos que ela reverta tanto sua velocidade linear quanto sua
velocidade angular com um outro impulso rápido. Isto é equivalente a
ter de comunicar à bola o dobro dos valores ∆p e ∆ω durante a colisão
com o trilho. O mesmo argumento que usamos anteriormente mostra
ser= (7 / 5)R.
que a altura do trilho deve h

11.5. (a) O tensor de inércia de um anel de raio R para os eixos


indicados é
1 
2 0 0
 
t 2 1
I anel = MR 0 0
 2 
 
0 0 1
 
 
Já a contribuição da partícula na posição (R cos α , Rsenα ,0) é

 sen2α − senα cos α 0


t 2 
I part = mR  − senα cos α cos2 α 0
 0 0 1 

Então,
t t t
I = I anel + I part

(b) O momento angular do sistema com velocidade


r
angular ω = (0, ω , 0) é

r t r
L = I ⋅ω
1 / 2 0 0   0   sen2α − senα cos α 00
     
= MR2ω  0 1 / 2 0   1  + mR2ω  − senα cos α cos2 α 01
 0 0 1   0   0 0 1   0 
 
= MR2ω ( 0, 1 / 2, 0 ) + mR2ω ( −senα cos α , cos2 α , 0 )

CEDERJ 63
Mecânica | Dinâmica do corpo rígido

ou seja,

r 1 
L =  MR2 + mR2 cos2 α  ω ^j − mR2ω senα cosα i^
2 

O vetor momento angular realiza um movimento de precessão


em torno do eixo y com velocidade angular ω.
r
(c) Em virtude do movimento de L , temos que
r
dL r r
= ω×L
dt
r
Logo, o torque responsável pelo movimento de L é
r r r
N = ω×L
 1  
= ω jˆ ×  MR2 + mR2 cos2 α  ω jˆ − mR2ω senα cosα iˆ 
 2  
= mR ω senα cosα k
2 2 ˆ

(d) A posição do centro de massa é


r m
R CM = [R cos α ^i + R senα j^]
M+m
Este vetor está executando um movimento de precessão e, portanto,

r& r r m ^
RCM = ω × RCM = − ω R cos α k
m+M
r
Derivando novamente e como ω = (0, ωvetor
é um , 0) constante, temos

&&r r r r m
RCM = ω × (ω × RCM ) = − ω 2 R cos α i^
m+M

Essa é a aceleração do centro de massa.


r r
(e) Chamemos de FP = − FP iˆ e FQ = − FQ iˆ as duas forças que estão
mantendo o sistema anel-massa preso à haste. Do item (d),
r r &&r
FP + FQ = (M + m)RCM ⇒ FP + FQ = mω 2 R cos α

O torque das forças em relação ao ponto O é


r
N = Rjˆ × (− FP iˆ) + (− Rjˆ) × (− FQiˆ) = (FP − FQ )Rkˆ
r
Comparando com o valor de Nobtido no item (c),

FP − FQ = mω 2 R senα cos α

64 CEDERJ
MÓDULO 1
A partir das duas equações para as forças, obtemos

11
1
FP =mω 2 R cos α (1 + senα )

AULA
2
1
FQ = mω 2 R cos α (1 − senα )
2
Note que essas forças são necessárias devido à presença da
massa m. O anel sozinho, como o movimento é em torno de um de seus
eixos de simetria, não precisaria de forças e torques.

r
11.6. Vamos começar decompondo g numa componente
g cos α ao longo das dobradiças e g sen α perpendicular a elas. É a
componente g sen α que faz a porta fechar. Para escrever as equações
do movimento, desenhamos a porta vista de cima, ao longo das
dobradiças.
Em torno do eixo das dobradiças, temos

N = Iθ&& (P.1)

l
onde o torque é N = − M g senα senθ e o momento de inércia
1 2 2
I = Ml . Substituindo essas quantidades na Equação (P.1), obtemos
3
3  g senα 
θ&& = −   senθ (P.2)
2 l 

Desta equação podemos escrever que

 θ&2  3  g senα 
d =−   senθ dθ (P.3)
 2  2  l 

(Você pode deduzir essa equação também do teorema trabalho-energia.)


A Equação (P.3) diz, então, que

θ&2 3 g senα
= cosθ (P.4)
2 2 l

de onde tiramos que

dθ 3g senα
= cosθ (P.5)
dt l

CEDERJ 65
Mecânica | Dinâmica do corpo rígido

Essa equação integrada dá uma relação entre o ângulo e o tempo


que a porta levou para ser fechada:
θ =π / 2 2
dθ 3g senα

θ =0 cosθ
=∫
0
l
dt (P.6)

O lado esquerdo dessa equação não pode ser calculado por


meios analíticos. Seu valor é igual a 2,62. Substituindo este valor e os
valores dados de g e l na Equação (P.6), encontramos senα ≈ 0,058
ou, α ≈ 3, 20 .

11.7. Vamos usar conservação da energia para resolver ambos os


casos. Nos dois, a variação na energia potencial é

 1 1  Mgl
∆V = Mgl  − = ( 2 − 1)
 2 2 2

(a) Caso com atrito. O cubo não desliza enquanto cai, e a variação
1 2
da energia cinética é ∆T = Iω (o cubo está inicialmente em repouso).
2
O momento de inércia é, usando o teorema dos eixos paralelos,
2
 l  Ml 2 Ml 2 2 2
I = ICM + M  = 6 + 2 = 3 Ml
 2

Fazendo ∆T = ∆V , temos

1 2 2 Mgl
Ml ω = ( 2 − 1)
3 2
ou,
3g
ω2 = ( 2 − 1)
2l

(b) Caso sem atrito. Agora o cubo vai deslizar enquanto cai, e a
variação da energia cinética fica

1 2 1
∆T = Iω + MvCM
2

2 2

Note que a velocidade do centro de massa vCM será sempre


vertical, uma vez que não há forças horizontais atuando sobre o corpo.
Num instante qualquer, a posição vertical do corpo será y = (l / 2 ) senθ
e, assim, l  l 
vCM = y& = cosθθ& =  cosθ  ω
2  2  (0.1)

66 CEDERJ
MÓDULO 1
11
Sendo θ final = π / 4 , temos que

AULA
1 2 1 l2 2 π   1 1
∆T = Iω + M ω cos2   = Ml 2ω 2  +  (0.2)
2 2 2 4
   12 8 

Fazendo ∆T = ∆V , encontramos para ω,

20 Mgl
Ml 2ω 2 = ( 2 − 1) (0.3)
8 × 12 2

ou,
g 8 × 12 12 g
ω2 = ( 2 − 1) = ( 2 − 1)
l 2 × 20 5 l (0.4)

11.8. (a) Não há torques externos na direção z (a direção do


r
vetor ω ). Logo, a componente z do momento angular do sistema
esfera + partícula é conservada. Quando a partícula está na posição
indicada na figura, o momento de inércia do sistema em relação ao eixo
de rotação é
I(θ ) = Iesfera + m (R senθ )2
2 
=  M + m sen2θ  R2
 5 

A conservação da componente z do momento angular diz que


I(θ )ω = I(0)ω0
e, portanto,
2
MR2ω0
5 ω0
ω= =
2 2  2 5m
 M + m sen θ  R 1+ sen2θ
 5  2M
r
Agora, como v = v é constante e como R (dθ / dt) = v , então
θ = (v / R)t e ω0
ω=
5m
1+ sen2 (vt / R)
2M
(b) A partícula vai atingir o outro pólo após um tempo
πR
T=
v
Durante esse tempo a esfera terá girado de um ângulo
π
T T
ω0 dt ωR 2M adx
∫ ω dt =∫ 0 1+
5m
= 0
v 5m + 2M ∫ 1 + (a 2
− 1) sen2 x
0 sen2 (vt / R) 0
2M

CEDERJ 67
Mecânica | Dinâmica do corpo rígido

Usando a expressão dada para d tan−1 (a tan x) / dx , vemos que


π
adx
∫ 1 + (a
0
2
− 1) sen2 x

e, assim,
T
2M
∫ ωdt = ω T
0
0
5m + 2M

Se a esfera estivesse girando sem a partícula, no intervalo de tempo


T ela teria girado de um ângulo ω0T . Logo, ela sofreu um retardo de
um ângulo
 2M 
α = ω0T  1 − 
 5m + 2M 

11.9. Vamos usar o sistema de eixos girando com a placa,


eˆ1 , eˆ 2 e eˆ 3 mostrados na figura que acompanha o problema. Deste modo,
podemos usar as equações de Euler

I1 ω&1 − ( I2 − I3 ) ω2 ω3 = N1
I2 ω& 2 − ( I3 − I1 ) ω3 ω1 = N2
I3 ω& 3 − ( I1 − I2 ) ω1 ω2 = N3

Sabemos que 1
I1 = Mb2
12
1
I2 = Ma2
12
1
I3 = I + I 2 =
M(a2 + b2 )
12
No nosso sistema de eixos, temos ainda para as componentes da
velocidade angular ω3 = 0
ωa
ω1 =
a 2 + b2
ωb
ω2 =
a 2 + b2
r
Substituindo nas equações de Euler, lembrando que ω é constante,
obtemos: N1 = 0
N2 = 0
M  a 2 − b2 
N3 =  a bω
2

12  a2 + b2 
que é o resultado procurado.

68 CEDERJ
MÓDULO 1
11.10. (a) O potencial efetivo do pião simétrico é dado pela

11
Equação (11.117):

AULA
(pφ − pψ cosθ )2
Vef (θ ) = + Mgl cosθ
2I1 sen2θ
onde pφ e pψ são constantes do movimento. A condição para um
movimento de precessão pura é
dVef (θ )
=0
dθ θ0 = π / 2
ou

 − cosθ0 (pφ − pψ cosθ0 )2 + pψ sen2θ0 (pφ − pψ cosθ0 ) 


 − Mgh senθ0  =0
 I1 sen θ0
3
 θ0 = π / 2

ou ainda,
pφ pψ
= Mgh
I1

Agora, usamos que pψ = I3 ω3 e

pφ = I1 φ& sen2θ0 + pψ cosθ0 = I1 φ&

Substituindo esses valores na equação,

I1 φ& I3 ω3
= Mgh ,
I1
ou seja,
Mgh
φ& =
I3 ω3

(b) O movimento será estável em relação à nutação se

∂ 2Veff
>0
∂θ 2
θ0 = π / 2

Calculando a derivada, encontramos

∂ 2Veff pψ2 pφ2


= + >0
∂θ 2 I3 I1
θ0 = π / 2

O movimento é estável.

CEDERJ 69
Mecânica | Dinâmica do corpo rígido

11.11. (a) A Lagrangiana do pião é

1 & 2 &2 1
L= I1 (θ + φ sen2θ ) + I3 (ψ& + φ& cosθ )2 − Mgl cosθ
2 2

Como as variáveis φ e ψ são cíclicas, os momentos conjugados


correspondentes, pφ e pψ são constantes do movimento:

∂L
pψ = = I3 (ψ& + φ& cosθ ) = I3ω3
∂ψ&
∂L
pφ = = I1 φ& sen 2θ + I 3 (ψ& + φ& cos θ ) cos θ = I1 φ& sen 2θ + pψ cos θ
∂φ&

Aplicando as condições iniciais θ (0) = 0 e θ&(0) = 0, obtemos

pφ = pψ = I3 ω3

Uma outra constante do movimento é a energia que, aplicando


as condições iniciais, fica

1 & 2 &2 1 1
E= I1 (θ + φ sen2θ ) + I3 (ψ& + φ& cosθ )2 + Mgl cosθ = E0 = I3ω3 + Mgl
2 2 2

(b) Da equação da conservação da energia, usando a condição


de que o pião vai descer até um ângulo máximo θ m quando então
θ& = 0, temos
2Mgl (1 − cosθ m )
φ&(2m) =
I1 sen2θ m

Por outro lado, da condição pφ = pψ ,

I ω (1 − cosθ ) I ω (1 − cosθ m )
φ& = 3 3 ⇒ φ&(m) = 3 3
I1 sen θ
2
I1 sen2θ m

Igualando essas duas equações para φ& (m) e usando as fórmulas

θ θ θ
1 − cosθ = 2 sen2 e senθ = 2 sen cos
2 2 2
achamos
θm I3 ω3
cos =
2 2 I1Mgl

(c) Usando a conservação da energia e a segunda equação para


&
φ do item anterior, encontramos
2 4Mgl θ I2 ω2 θ
θ&2 = Mgl (1 − cosθ ) − φ&2 sen2θ = sen2 − 3 2 3 tan2
I1 I1 2 I1 2

70 CEDERJ
MÓDULO 1
É fácil de ver desta equação, sem resolvê-la, que θ& = 0 sempre

11
que θ for igual a zero e igual a θ m.

AULA
11.12. (a) Considere o sistema de referência girando com
velocidade angular Ω ẑ no qual o centro da bola está em repouso.
Se os pontos de contato da bola com o aro traçam um grande
círculo na bola, então ela deve estar girando em torno do eixo
x̂3 (negativo) com uma velocidade angular que chamaremos de ω ’r. = ΩR
A condição de rolar sem deslizar diz que ω ’r = ΩR e, portanto,
ω ’ = ΩR / r. Assim, o vetor velocidade angular total da bola é
r
ω = Ω zˆ − ω ’ xˆ 3 = Ω zˆ − (R / r) Ω xˆ 3

Vamos escolher o centro da bola como o ponto em torno do qual o


r
torque N e o momento angular são calculados. Qualquer eixo passando
pelo centro da bola é um eixo principal, com momento de inércia
I = (2 / 3) mr 2. O momento angular é, portanto,
r r
L = Iω = I Ω zˆ − I(R / r)Ωxˆ 3

(b) Esse vetor está executando um movimento de precessão em


torno do eixo zˆ :e xˆ 3 r
dL r r
= Ω × L = − I(R / r) Ω2 z × x3
dt
r
O módulo de dL / dt é
r
dL 2 2
= Ω mrR senθ
dt 3

e aponta para fora da página.


O torque relativo ao centro da bola vem da força no ponto de
contato da bola com o aro. Existem duas componentes dessa força.
A componente vertical é a força peso, m g, e a componente horizontal é
m (R − r cosθ ) Ω2 , apontando para a esquerda, porque o centro da bola
se move com raio (R − r cosθ ). O módulo do torque é então
r
N = mg(r cosθ ) − m(R − r cosθ ) Ω2 (r senθ )

CEDERJ 71
Mecânica | Dinâmica do corpo rígido

r r
(c) Igualando dL / dt e N permite encontrar a expressão pro-
curada para Ω:
g cosθ
Ω2 =
5 
senθ  R − r cosθ 
3 

72 CEDERJ

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