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Física

01. Duas partículas A e B, de massa m, executam movimentos circulares uniformes sobre o plano x y (x e y
representam eixos perpendiculares) com equações horárias dadas por xA ( t ) = 2a + acos ( ωt ) ,
y A ( t ) = asen ( ωt ) e xB ( t ) = −2a + acos ( ωt ) , yB ( t ) = asen ( ωt ) , sendo ω e a constantes positivas.

A) Determine as coordenadas das posições iniciais, em t = 0, das partículas A e B.


B) Determine as coordenadas do centro de massa do sistema formado pelas partículas A e B no instante t = 0.
C) Determine as coordenadas do centro de massa do sistema formado pelas partículas A e B em um
instante qualquer t .
D) Mostre que a trajetória do centro de massa é uma circunferência de raio a , com centro no ponto
(x = 0, y = 0).

Solução
A) No instante inicial, as coordenadas das posições iniciais das partículas A e B são:
xA ( 0 ) = 2a + acos ( ω × 0 )= 3a ; y A ( 0 ) = asen ( ω× 0 )= 0 ,
xB ( 0 ) = −2a + acos ( ω × 0 )= − a ; yB ( 0 ) = asen ( ω× 0 )= 0 .

B) As coordenadas do centro de massa são dadas por


xCM ( t ) = ( mx A ( t ) + mxB ( t ) ) / ( m+ m ) = ( x A ( t ) + xB ( t ) ) / 2
e
yCM ( t ) = ( my A ( t ) + myB ( t ) ) / ( m+ m ) = ( y A ( t ) + yB ( t ) ) / 2 .
No instante t = 0, tem-se:
xCM ( 0 ) = ( mx A ( 0 ) + mxB ( 0 ) ) / ( m+ m ) = ( 3a + (−a ) ) / 2= a
e
yCM ( 0 ) = ( my A ( 0 ) + myB ( 0 ) ) / ( m+ m ) = ( 0 + 0 ) / 2=0 .

C) Substituindo-se as expressões dadas para xA ( t ) , xB ( t ) , y A ( t ) e yB ( t ) nas expressões acima,


obtemos:
xCM ( t ) = ( 2a + acos ( ωt ) − 2a + acos ( ωt ) ) / 2 = acos ( ωt )
e
yCM ( t ) = ( asen ( ωt ) + asen ( ωt ) ) / 2 = asen ( ωt ) .

D) Somando-se os quadrados de xCM ( t ) e de yCM ( t ) ,


2
obtemos xCM ( t ) + yCM
2
( )
( t ) = a 2cos 2 ( ωt ) + a 2sen 2 ( ωt ) = a 2 sen 2 ( ωt ) + cos 2 ( ωt ) = a 2 .
2 2
A equação xCM + yCM = a 2 é a equação de uma circunferência de raio a com centro em (x = 0, y = 0),
que é a trajetória do centro de massa.
Pontuação: o item A vale dois pontos; o item B vale dois pontos; o item C vale dois pontos; o item D vale
quatro pontos.

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02. A única força horizontal (ao longo do eixo x) que atua em uma partícula de massa m = 2 kg é descrita,
em um dado intervalo de tempo, pelo gráfico abaixo. A partícula está sujeita a um campo gravitacional
uniforme cuja aceleração é constante, apontando para baixo ao longo da vertical, de módulo g = 10 m/s2.
Despreze quaisquer efeitos de atrito.
A) Determine o módulo da força resultante sobre a partícula entre os instantes t1 = 1 s e t2 = 3 s, sabendo
que o impulso ao longo da direção horizontal foi de 30 N⋅s no referido intervalo de tempo.

B) Determine a variação da quantidade de movimento da partícula, na direção horizontal, entre os


instantes t2 = 3 s e t3 = 7 s.

Solução
A) No intervalo de tempo entre os instantes t1 = 1 s e t2 = 3 s, o impulso ao longo do eixo x é I = 30 N⋅s.
Logo, a força resultante ao longo da direção x é:
I = F1 (t 2 − t1 ) ⇒ F1 = I (t 2 − t1 ) = 30 / 2 ⇒ F1 = 15 N . (1)
Outra força que age na partícula no referido intervalo de tempo é a força peso
P = mg = 2 kg ⋅ 10 m / s 2 = 20 N . Logo, a força resultante total entre os instantes t1 = 1 s e t2 = 3 s é:
FR = F12 + P 2 = 225 + 400 ⇒ FR = 25 N . (2)

B) A variação da quantidade de movimento entre os instantes t2=3 s e t3=7 s é igual ao impulso, que é
numericamente igual à área sob a curva F × t no referido intervalo de tempo. Logo,

( F1 + F2 )( t 3 − t 2 ) ( 15 + 20 )4
∆Q = I = = ⇒ ∆Q = 70 N ⋅ s .
2 2
Pontuação: o item A vale até cinco pontos; o item B vale cinco pontos.

03. Uma barra cilíndrica reta metálica, homogênea, de comprimento L , com seção transversal A , isolada
lateralmente a fim de evitar perda de calor para o ambiente, tem suas duas extremidades mantidas a
temperaturas T1 e T2 , T1 > T2 . Considere que o regime estacionário tenha sido atingido.
A) Escreva a expressão do fluxo de calor por condução, sabendo-se que esse fluxo é proporcional à área
da seção transversal e à diferença de temperatura entre os extremos da região de interesse ao longo
da direção do fluxo e inversamente proporcional à distância entre tais extremos.

B) Determine a temperatura de um ponto da barra localizado a uma distância L / 3 da extremidade de


maior temperatura em função de T1 e T2 .

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Solução
A) No regime estacionário, o fluxo através da barra é dado por
Ф = KA(T1 – T2)/L,
onde K é uma constante de proporcionalidade, denominada coeficiente de condutibilidade térmica.

B) O fluxo entre as extremidades da barra se mantém constante ao longo de sua extensão. Logo,
Ф = KA(T1 – T2)/L = KA(T1 – T)/(L/3),
de onde se obtém T = ( 2T1 +T2 ) / 3 , sendo esta a temperatura a uma distância L / 3 da extremidade
da barra que se encontra mantida a uma temperatura T1 .
Pontuação: o item A vale quatro pontos; o item B vale seis pontos.

04. Uma fonte fixa emite uma onda sonora de freqüência f . Uma pessoa se move em direção à fonte sonora
com velocidade v1 e percebe a onda sonora com freqüência f1 . Se essa mesma pessoa se afastasse da
fonte com velocidade v2 , perceberia a onda sonora com freqüência f 2 . Considerando a velocidade do
som no ar, vs = 340 m/s, e v1 = v2 = 20 m/s, determine a razão f1 / f 2 .

Solução
Considere-se a velocidade positiva quando a pessoa se aproxima da fonte sonora fixa e negativa
quando se afasta. Assim, para as duas situações descritas, podemos escrever f / vs = f1 / ( vs + v1 ) e
f / vs = f 2 / ( vs − v2 ) . Dessas duas equações, obtém-se f1 / f 2 = ( vs + v1 ) / ( vs − v2 ) .

Substituindo-se vs = 340 m/s e v1 = v2 = 20 m/s, obtém-se f1 / f 2 = 9 / 8 .

Pontuação: a questão vale até dez pontos.

r
05. Uma partícula de massa m e carga positiva q, com velocidade horizontal v (módulo v), penetra numa
região de comprimento L (paralelo à velocidade inicial da partícula), na qual existe um campo elétrico
r r
vertical E (constante), conforme a figura abaixo. A aceleração da gravidade local é g (de módulo g,
direção vertical e sentido para baixo). Na região onde o campo elétrico é não-nulo (entre as linhas
verticais tracejadas na figura abaixo), a força elétrica tem módulo maior que a força peso. Determine o
módulo do campo elétrico para o qual a partícula apresenta o máximo alcance ao longo da linha
horizontal localizada na altura em que ela deixa a região do campo elétrico. Despreze quaisquer efeitos
de dissipação de energia (resistência do ar, atrito etc.).

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Solução
Para que a partícula tenha o máximo alcance, como requerido na questão, a velocidade adquirida na
vertical, no instante em a partícula deixa a região do campo elétrico, deve ser igual, em módulo, à
velocidade inicial da partícula na direção horizontal, que é sempre constante (pela ausência de forças
naquela direção). Nesse caso, após deixar a região do campo elétrico, a partícula é lançada
obliquamente, num ângulo de 450 em relação à horizontal. Essa é a condição de máximo alcance ao
longo da linha horizontal que passa no ponto onde a partícula deixa a região de campo elétrico não-
nulo.
O tempo no qual a partícula percorre a região do campo elétrico é:
L
t= . (1)
v
Neste intervalo de tempo, a velocidade na direção y alcança o valor v. A aceleração ao longo da
direção y (vertical) é:
v v2
v y = voy + a y t{ ⇒ a y = = . (2)
{ { L t L
=v =0 =
v
A força resultante sobre a partícula na região do campo elétrico encontra-se ao longo da direção y,
sendo igual à diferença entre a força elétrica e a força peso. Logo,

(a y + g ) ⇒ E = m  v + g  ,
2
m
FR = qE − mg = ma y ⇒ E =
q q L 
que é o valor do campo necessário para que a partícula tenha o máximo alcance ao longo da horizontal
localizada na altura em que ela deixa a região do campo elétrico.
Pontuação: a questão vale até dez pontos.

06. Dois capacitores desconhecidos são ligados em série a uma bateria de força eletromotriz ε , de modo que
a carga final de cada capacitor é q. Quando os mesmos capacitores são ligados em paralelo à mesma
bateria, a carga total final da associação é 4q. Determine as capacitâncias dos capacitores desconhecidos.

Solução
Os capacitores desconhecidos serão aqui nomeados como C1 e C 2 .
Quando os capacitores estão conectados em série à bateria, obtém-se:
−1
q  1 1  CC
= +  = 1 2 . (1)
ε  C1 C2  C1 + C2
No caso da ligação em paralelo, obtém-se:
4q
= ( C1 + C2 ) . (2)
ε
Substituindo (2) em (1), encontra-se:
4q 2
C1 = 2 . (3)
ε C2
Substituindo (3) em (2), encontra-se, após alguma manipulação algébrica:
2
4q 4q 2  2q  2q
C − 2
C2 + =  C2 −  = 0 ⇒ C2 = . (4)
2
ε ε 2
 ε  ε
Substituindo (4) em (3), encontra-se:
2q
C1 = . (5)
ε
Logo, as capacitâncias desconhecidas são dadas pelas equações (4) e (5).
Pontuação: a questão vale até dez pontos.

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07. Na figura abaixo, é mostrada uma distribuição de três partículas carregadas (duas com carga positiva e
uma com carga negativa) localizadas ao longo dos eixos perpendiculares de um dado sistema de
referência. Todas as distâncias estão em unidades arbitrárias (u.a.). As cargas positivas, ambas iguais a q,
estão fixas nas coordenadas (x,y), iguais a (4,0) e (– 4,0). A carga negativa, igual a – q, está localizada,
inicialmente em repouso, no ponto A, cujas coordenadas são (0,3). A aceleração da gravidade local é
constante (módulo g) e aponta no sentido negativo do eixo y do sistema de referência, que está na
vertical. Todas as partículas possuem a mesma massa m. A constante eletrostática no meio em que as
partículas carregadas estão imersas é K.

Determine o módulo da velocidade com que a partícula com carga negativa chega ao ponto P,
localizado pelas coordenadas (x,y) = (0,–3).

Solução
O problema envolve o conceito da conservação de energia. Assumimos aqui que o zero de energia
potencial elétrica encontra-se no infinito e que o zero de energia potencial gravitacional encontra-se no
eixo y = 0. A energia mecânica da partícula com carga – q, na posição inicial, é igual à energia no
ponto P. Logo,
 Kq 2  1 2  Kq 2 
E A = EP ⇒ 3mg − 2   = mv − 2   − 3mg
 5  2  5 
⇒ v = 12 g .
Pontuação: a questão vale até dez pontos.

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08. N recipientes, n1 , n2 , n3 ..., nN , contêm, respectivamente, massas m a uma temperatura T , m / 2 a
uma temperatura T / 2 , m / 4 a uma temperatura T / 4 , ..., m / 2 N −1 a uma temperatura T / 2 N −1 , de
um mesmo líquido. Os líquidos dos N recipientes são misturados, sem que haja perda de calor,
atingindo uma temperatura final de equilíbrio T f .
A) Determine T f , em função do número de recipientes N .

B) Determine T f , se o número de recipientes for infinito.

Solução
A) Quando misturamos uma massa m1 de um líquido de calor específico c , que se encontra a uma
temperatura T1 , com uma massa m2 do mesmo líquido, que se encontra a uma temperatura T2 , as
duas massas trocam calor até que o equilíbrio térmico seja atingido. Isso implica
m1c (T12 − T1 ) + m2 c (T12 − T2 ) = 0 , de onde tiramos a temperatura de equilíbrio
T12 = ( m1T1 + m2T2 ) / ( m1 + m2 ) . Se misturarmos a esse líquido de massa m1 + m2 , que está a uma
temperatura T12 , uma massa m3 do mesmo líquido a uma temperatura T3 , podemos seguir o
cálculo acima para encontrarmos
T123 = ( ( m1 + m2 ) T12 + m3T3 ) / ( m1 + m2 + m3 ) = ( m1T1 + m2T2 + m3T3 ) / ( m1 + m2 + m3 )
Esse procedimento pode ser estendido até termos misturado os líquidos de todos os N recipientes.
Obteremos para a temperatura final de equilíbrio
T f = ( m1T1 + m2T2 + ...+ mN TN ) / ( m1 + m2 + ...+ mN ) .
Substituindo-se m1 = m, m2 = m/2, ..., mN = m/2N-1, T1 = T, T2 = T/2, ..., TN = T/2N-1, encontramos
T f = mT (1+1/ 4 +1/16 + ... +1/ 2 2N − 2 ) /  m (1+1/ 2 +1/ 4 + ... +1/ 2 N −1 )  .
No numerador aparece uma progressão geométrica com N termos (sendo o primeiro termo igual a
1 ) e de razão 1/ 4 ; no denominador também aparece uma progressão geométrica com N termos
(sendo o primeiro termo igual a 1 ) e de razão 1/ 2 . Sabemos que a soma dos termos de uma
progressão geométrica com N termos (o primeiro termo sendo a1 ) e de razão q é dada por
S = a1 ( q N −1 − 1) / ( q − 1) . Utilizando essa expressão para obter as somas que aparecem na

( )(
expressão para T f , obtemos T f = 2T 1 − 1/ 2 2N − 2 / 3 1 − 1/ 2 N −1  . )
B) Se o número de recipientes for infinito, a expressão para T f é
T f = mT (1+1/ 4 +1/16 + ...) /  m (1+1/ 2 +1/ 4 + ...) .
A soma dos termos de uma progressão geométrica infinita com primeiro termo a1 e razão
q (0 < q < 1) é S = a1 / (1 − q ) . Utilizando esse resultado para calcularmos as somas que
aparecem na expressão acima para T f , obtemos T f = 2T / 3 .
Pontuação: o item A vale até cinco pontos; o item B vale cinco pontos.

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