Aula 3 - Campo Elétrico

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Universidade Federal do Paraná

Setor de Ciências Exatas


Departamento de Física

Física Geral B – Prof. Dr. Ricardo Luiz Viana

Aula 3 – Campo Elétrico

Campo Escalar: a cada ponto de uma região do espaço está associada uma grandeza escalar.
(Ex.: campo de temperatura T = T(x,y,z))
Campo Vetorial: a cada ponto está associada uma grandeza vetorial. Ex.: campo elétrico

E = E(x,y,z)

Quando se coloca uma carga puntiforme (carga de prova) q0 positiva num ponto do espaço
onde há um campo elétrico E, aparece uma força elétrica

F = qo E.

Nesse caso, a força tem a mesma direção e sentido do campo E. Se a carga for negativa, os
sentidos de F e E são opostos.

Unidade no Sistema Internacional: [E] = [F]/[q] = N/C

Problema resolvido: Uma gotícula esférica e carregada de água com 1,20 μm de diâmetro
está suspensa no ar por ação de um campo elétrico de módulo E = 462 N/C, apontando
verticalmente para baixo. (a) Qual o peso da gota? (b) Quantos elétrons em excesso ela
possui?

Solução: (a) O peso da gota é

P = mg = ρ V g = ρ (4/3) π r3 g = 1000 (4/3) 3,14 x (1,20 x 10-6 / 2) x 9,81

P = 8,876 x 10-15 N

(b) Se a gota está em equilíbrio estático, o seu peso é igual em módulo à força elétrica

P = mg = qE

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P 8,876 x10 15
q   1,921x10 17 C
E 462

Se há N elétrons em excesso na gota, q = N e

q 1,921x10 17
N    120
e 1,60 x10 19

Problema proposto: O campo elétrico próximo à superfície da Terra tem uma intensidade
média aproximadamente igual a 150 N/C, apontando para baixo. Um mágico deseja criar
um truque fazendo flutuar uma esfera de 450 g carregando-a eletricamente. Quantos
elétrons deverão ser retirados ou acrescentados à esfera para que isso ocorra? Qual a
proporção desse número para a quantidade total de elétrons dessa esfera?

Michael Faraday, no começo do Século XIX, criou uma forma de visualizar o campo
elétrico, por meio das linhas de campo ou linhas de força.
Propriedades das linhas de força:
(i) a tangente à linha de força num dado ponto é a direção do vetor campo elétrico
nesse ponto;
(ii) o sentido do campo elétrico segue o sentido indicado por flechas nas linhas de
força;
(iii) o módulo do campo elétrico é proporcional à concentração das linhas de força,
ou seja, ao número de linhas que atravessam uma unidade de área perpendicular
às mesmas.

Linhas de força de cargas puntiformes: têm simetria radial. Apontam para “fora” de
cargas positivas, e para “dentro” de cargas negativas.

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q: carga que gera o campo elétrico
qo: carga de prova colocada a uma distância r da primeira carga

F 1  qq0  q
E  k 2   k 2
q0 q0  r  r

Dipolo elétrico: duas cargas de mesmo módulo e sinais opostos

Duas cargas de mesmos módulo e sinal (campo é nulo no plano mediador)

Campo Elétrico Uniforme: o campo tem o mesmo módulo, direção e sentido em todos os
pontos. As linhas de força são retas paralelas. Ex.: o campo formado entre duas placas
carregadas (“capacitor”)

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Carga puntiforme q num campo elétrico uniforme E: sobre a ação de uma força elétrica
constante F = q E, e consequentemente (pela segunda Lei de Newton) uma aceleração

F qE
a 
m m

na mesma direção de E (o sentido depende do sinal de q). Supomos o peso mg da gota


desprezível em relação à força elétrica.

Se a velocidade inicial vo da partícula carregada é perpendicular ao campo elétrico, a força


provoca uma deflexão da trajetória: movimento parabólico. Suponha vo = vo i, E = - E j , e a
carga puntiforme negativa. A aceleração será a = - (qE/m) j (“para cima”).

- Direção x: MRU x = xo + vo t (1)

- Direção y: MRUV

Equação da velocidade: vy = 0 + at (a veloc. inicial é nula na direção y!) (2)

Equação horária: y = yo + 0 + (1/2) at2 (3)

Equação de Torricelli: vy2 = 0 + 2 a y (4)

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Aplicação: Impressora jato-de-tinta. As gotas de tinta provenientes do cartucho são
eletrizadas com uma carga q variável de acordo com o sinal eletrônico proveniente do
computador. A carga passa por um campo elétrico e sua trajetória defletida alcança o papel
em um ponto determinado, que comporá o símbolo ou imagem a ser impressa.

Problema resolvido: Uma gota de tinta de massa m = 1,3 x 10-10 kg e carga (negativa) de
módulo q = 1,5 x 10-13 C entra na região entre duas placas de comprimento x = 1,6 cm com
velocidade inicial vo = (18 m/s) i . O campo elétrico entre as placas é uniforme, de módulo
E = - (1,4 x 106 N/C) j. Calcule (a) a deflexão vertical, (b) o tempo de percurso, (c) as
componentes da velocidade quando a gota sai da região entre as placas.

Solução: A aceleração da gota carregada é

qE (1,5 x10 13 )(1,4 x10 6 )


a   1,61x10 3 m / s 2
m 1,3 x10 10

(a) Supondo xo = yo = 0, eliminamos t das equações (1) e (3)

ax 2 (1,61x10 3 )(0,016) 2
y 2   0,64mm
2v 0 2(18) 2

(b) De (1) t = x/vo = (0,016/18) = 8,9 x 10-4 s

(c) De (2) vy = at = (1,61x103)(8,9x10-4) =1,44 m/s, então

v = (18 m/s) i + (1,44 m/s) j

Problema proposto: No instante em que entra na região entre duas placas carregadas, a
velocidade de um elétron é vo = (1,5 x 105 m/s) i + (3,0 x 103 m/s) j. Sabendo-se que o
campo elétrico entre as placas é uniforme com módulo E = (120 N/C) j, (a) qual a
aceleração do elétron, (b) qual será velocidade do elétron após sua coordenada x ter variado
em 2,0 cm? (c) quanto tempo levará para isso? (d) qual a respectiva variação da coordenada
y do elétron?

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Problema adicional: (a) Qual é a aceleração de um elétron num campo elétrico uniforme
de 1,40 x106 N/C? (b) Quanto tempo levaria o elétron, partindo do repouso, para atingir um
décimo da velocidade da luz? (c) Que distância ele percorreria nesse tempo?
Respostas: (a) 2,46 x 1017 m/s2; (b) 0,122 ns; (c) 1,83 m
Dica: neste caso, a aceleração do elétron tem a mesma direção da sua velocidade, então é
um MRUV simplesmente.

Distribuições de carga

(a) Discretas: sistemas de cargas puntiformes. Ex.: elétrons, prótons, íons, etc.

(b) Contínuas: cargas distribuídas continuamente

- (b1) Distribuições lineares de carga. Ex.: bastão fino carregado

Densidade linear de carga: dl = elemento de comprimento, dq = elemento de carga


dq

dl
Se a carga total Q estiver distribuída uniformemente ao longo de um bastão de
comprimento L, então
Q
  const.
L
Unidade S.I.: [λ]=[Q]/[L] = C/m (coulombs por metro)
- (b2) Distribuições superficiais de carga. Ex.: placa plana carregada

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Densidade superficial de carga: dA = elemento de área
dq
 
dA
Se a carga Q estiver distribuída uniformemente sobre uma superfície de área A
Q
   const.
A
Unidade S.I.: [σ]=[Q]/[A] = C/m2 (coulombs por metro quadrado)

- (b3) Distribuições volumétricas de carga. Ex.: cilindro ou esfera maciça carregada

Densidade volumétrica de carga: dV = elemento de volume


dq

dV
Se a carga Q estiver distribuída uniformemente num espaço de volume V
Q
  const.
V
Unidade S.I.: [ρ]=[Q]/[V] = C/m3 (coulombs por metro cúbico)

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