Competencia Do Enf Na Urg e Emer
Competencia Do Enf Na Urg e Emer
Competencia Do Enf Na Urg e Emer
www.conteudojuridico.com.br
Artigos
Segunda, 10 de Dezembro de 2012 03h30
ELIVANIA COSTA DE ALMEIDA ROCHA: Bacharel em Enfermagem. Faculdade de Tecnologia e Ciências - Feira de Santana, FTC, Brasil. Pós-graduaçãoem Urgência e
Emergência pelo IBPEX-Feira de Santana, Brasil.
1 INTRODUÇÃO
Devido ao crescente aumento no número de atendimentos de urgência e emergência no país, gerados pelos “acidentes” de trânsito, violência, e
doenças de varias etiologias, sobretudo cardiovasculares, surge no Brasil à necessidade de um atendimento rápido e especializado em prestar os
primeiros socorros a estes doentes de traumas e males súbitos, ainda na cena do fato. Para promover este atendimento, são enviadas ambulâncias de
suporte básico e avançado, de acordo com o quadro da vítima, contando ainda com equipes de saúde, altamente qualificadas, mostrando que este cuidado
reduz o número de óbitos e suas complicações atribuídas a ausência de socorro imediato e adequado.
http://www.conteudojuridico.com.br/print.php?content=2.41069 1/8
09/02/2019 Imprimir:
O atendimento pré-hospitalar, seja móvel, seja fixo, tem como premissa o fato de que, dependendo do suporte imediato oferecido à vítima, lesões e
traumas podem ser tratados sem gerar seqüelas significativas.
Para Malvestio e Sousa (2002), embora ainda existam muitas dúvidas a respeito do impacto da assistência pre-hospitalar sobre o êxito do
tratamento alcançado pelas vitimas por ele atendidas, não se pode negar sua contribuição no sentido de redução do tempo de chegada ao hospital
adequado, bem como das intervenções iniciais apropriadas a manutenção da vida.
A relevância deste trabalho é dar ênfase às informações com finalidade de planejamento das atividades da enfermagem, tendo em vista que
traumas graves provocados por acidentes e violências e males clínicos são os principais tipos de agravos que exigem atenção específica. Segundo a
Organização Pan-Americana de Saúde, a unidade de emergência é destinada a promover serviços de saúde requeridos com caráter de emergência e
urgência para prolongar a vida da vítima ou prevenir conseqüências críticas, os quais devem ser proporcionados imediatamente.
Os serviços de emergência possuem como características inerentes o acesso irrestrito; o número excessivo de pacientes; a extrema diversidade na
gravidade no quadro inicial, tendo-se pacientes críticos ao lado de pacientes mais estáveis; a escassez de recursos, a sobrecarga da equipe de
enfermagem; o número insuficiente de profissionais na área de saúde; o predomínio de jovens profissionais; a fadiga; a supervisão inadequada; a
descontinuidade do cuidado e a falta de valorização dos profissionais envolvidos (DALCIN,2005).
De acordo com Guido (1995), o atendimento inicial do paciente traumatizado acontece em três etapas sucessivas: na cena do acidente; durante o
transporte e no centro hospitalar.
As unidades de emergência são locais apropriados para o atendimento de pacientes com afecções agudas específicas onde existe um trabalho de
equipe especializado e podem ser divididos em pronto atendimento, pronto socorro e emergência (ANDRADE et al, 2000).
Diante dessa pesquisa busco estudar como vem se dando a produção cientifica brasileira sobre a atuação da enfermagem durante os
procedimentos de urgência e emergência no período de 2000 a 2010?
Tendo por objetivo geral: Analisar a produção cientifica sobre a atuação da enfermagem durante os procedimentos de urgência e emergência no
período de 2000 a 2010. E como objetivos específicos: Descrever urgência e emergências; Analisar a importância do atendimento emergencial; Descrever
as atribuições da enfermagem.
O interesse pelo estudo se deu a partir dos estágios realizados na disciplina emergência na minha graduação, onde aprendi diferenciar uma
urgência de emergência,onde pude observar as atribuições da enfermagem emergencista e como se comportavam diante de uma determinada situação
de que necessitasse de atendimento imediato percebendo assim as facilidades e dificuldades encontradas . Por isso decidi estudar sobre esse tema e se
aprofundar mais nesse assunto que é de extrema importância para os profissionais da área de enfermagem.
As disciplinas metodologia da pesquisa e gestão em serviços de emergência e urgência pré hospitalar da pós graduação em urgência e emergência
também vão contribuir para que essa pesquisa seja realizada. Fornecendo subsídios para o desenvolvimento da analise.
Esta pesquisa tem como fundamento ajudar os graduandos, pós graduandos enfermeiros (a) a planejarem as atividades de enfermagem para que
venha agir de forma correta com situações que necessite de atendimento imediato. Os resultados obtidos vão contribuir para avaliar a atuação da
enfermagem durante os procedimentos de urgência e emergência.
Salientando-se que a emergência representa uma situação ameaçadora e brusca que requer medidas imediatas de correção e defesa,
diferenciando-se do atendimento em consultórios, unidades de saúde básica, ou de tratamento programado, pois os sujeitos apresentam uma ampla
variedade de problemas atuais ou potenciais, podendo seu estado alterar-se de minuto a minuto. Desse modo, a decisão da equipe necessita ser imediata,
baseada num atendimento sistematizado e preciso, geralmente estabelecendo prioridades através de protocolos de emergência.
http://www.conteudojuridico.com.br/print.php?content=2.41069 2/8
09/02/2019 Imprimir:
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 IMPORTÃNCIA DOS ATENDIMENTOS DE EMERGÊNCIA
Segundo Santos et al (1999), a emergência é uma propriedade que uma dada situação assume quando um conjunto de circunstâncias a modifica. A
assistência em situações de emergência e urgência se caracteriza pela necessidade de um paciente ser atendido em um curtíssimo espaço de tempo. A
emergência é caracterizada com sendo a situação onde não pode haver uma protelação no atendimento, o mesmo deve ser imediato.
A necessidade da formação do enfermeiro em atuação nas unidades móveis apresenta a importância dos procedimentos teóricos que aprendemos
como enfermeiros que o socorro nos momentos após um acidente, principalmente as duas primeiras horas são os mais importantes para se garantir a
recuperação ou a sobrevivência das pessoas feridas.
Os casos de urgência se caracterizam pela necessidade de tratamento especifico, o paciente será encaminhado para a especialidade necessária,
ortopedia, cirurgia geral, neurologia e clinica médica. Neste caso o risco de vida é pouco provável (PUCPR, 2009).
Os casos de emergência se caracterizam pela avaliação de todas as especialidades, pois o risco de vida é eminente e o inicio do tratamento terá
que ser imediato, há no setor a sala de Politrauma, local que possui suporte completo e equipe sintonizada aos procedimentos necessários ao
atendimento. Após o quadro clínico estabilizado o cliente é removido as unidades básicas de apoio, onde receberá continuidade ao tratamento (PUCPR,
2009).
Os casos de rotina são casos que podem aguardar até o dia seguinte, onde será acompanhado pela Unidade Básica de Saúde mais próxima
(PUCPR, 2009).
Através das unidades básicas de saúde são priorizadas as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e da família, do
recém-nascido ao idoso, sadios ou doentes, de forma integral e contínua. Representa o primeiro contato da população com o serviço de saúde do
município, assegurando a referência e a contra-referência para os diferentes níveis do sistema. Criado no Brasil na década de 90, inspirado em
experiências advindas de outros países cuja Saúde Pública alcançou níveis de qualidade, com investimento na promoção de saúde, como Cuba, Inglaterra
e Canadá (BRANDÃO, 2003).
Este serviço foi idealizado para aproximar dos serviços de saúde da população e cumprir o princípio constitucional do Estado de garantir ao cidadão
seu direito de receber atendimento integral à saúde, mediante a construção de um modelo assistencial de atenção baseado na promoção, proteção,
diagnóstico precoce e recuperação da saúde, permitindo que os responsáveis pela oferta dos serviços de saúde, os gestores do Sistema Único de Saúde
(SUS), aprofundem o conhecimento sobre aqueles a quem devem servir. A estratégia destas unidades reafirma e incorpora os princípios básicos do SUS:
universalização, descentralização, integralidade e participação da comunidade.
Quanto à atenção hospitalar às vítimas de acidentes e violências reúne-se de forma complexa a estrutura física, a disponibilidade de insumos, o
aporte tecnológico e os recursos humanos especializados para intervir nas situações de emergência decorrentes dos acidentes e violências. As
emergências são as principais portas de entrada desses pacientes no hospital; considerando a gravidade das lesões, a assistência demandará ações de
diferentes serviços e poderá exigir um tempo considerável de internação, acarretando um custo elevado.
2.2 A CAPACITAÇÃO DO PROFISSIONAL QUE ATUE EM EMERGÊNCIAS
A capacitação necessária para atuar nas unidades de emergência é importante para o exercício da enfermagem em setores de emergência que
lidam com pacientes/clientes em iminente risco de vida. Wehbe e Galvão (2003, p. 05), traz os Padrões da Prática de Enfermagem em Emergência da
Associação Americana de Enfermagem (AAE), desde 1983, sendo definidos em três níveis de competência: o primeiro requer competência mínima para o
http://www.conteudojuridico.com.br/print.php?content=2.41069 3/8
09/02/2019 Imprimir:
enfermeiro prestar atendimento ao paciente traumatizado; no segundo o profissional necessita formação específica em enfermagem em emergência e no
último nível o enfermeiro deve ser especialista em área bem delimitada e atuar no âmbito pré e intra-hospitalar.
Os níveis de competência são primordiais para delimitar e restringir a atuação de enfermeiros não especializados em unidades de emergência, uma
vez que, a realidade vivenciada nas unidades dos Hospitais do Brasil e da Bahia, que se percebe, é uma contratação temporária de pessoal não
obedecendo o critério técnico para inserir os profissionais nessas unidades de cuidados críticos, sendo essa prática uma medida de caráter clientelista.
O clientelismo é uma prática repugnada e antidemocrática de contratação de pessoal, sendo que nas análises de Assis (2003 apud OLIVEIRA,
2004, p.38):
as práticas envolvidas com esquemas clientelistas são muito fortes e não vão desaparecer rapidamente da vida nacional. Daí a
importância dos movimentos reivindicatórios e desenvolvimento de mecanismos permanentes de participação democrática, sob forma
de órgãos colegiados de decisão partidários e deliberativos, entre estado e sociedade civil.
Há mecanismos de contratação democráticos obedecendo aos níveis de competência e em desacordo com as práticas clientelistas que são através
de realização de concursos e processos seletivos com critérios rigorosos de contratação com requisitos pré-definidos, não deixando de exigir a qualificação
profissional sob forma de especialização e/ou cursos na área de enfermagem em emergência. Sendo assim, pode-se ter uma assistência com profissionais
capacitados para a área.
Entretanto, o enfermeiro bem capacitado, com recursos disponíveis e uma equipe em consonância com as atividades e trabalhando em harmonia
têm condições de exercer seu papel com atuação eficiente e resolutiva, proporcionando melhoria na qualidade de vida da população assistida. Sendo ele
um profissional que tem seu valor e importância no exercício da prática em emergências.
O atendimento de emergência nas Unidades Hospitalares tem importante papel na recuperação e manutenção da saúde do indivíduo. Recuperar a
saúde e mantê-la se estabelece com uma assistência à saúde de qualidade e equipe multidisciplinar voltada para o indivíduo como um todo na sua
integralidade, atentando para aspectos que envolvem a atuação eficaz, eficiente, rápida e com bom conhecimento clínico e científico.
A atuação do enfermeiro encaixa-se naquela equipe supracitada e é primordial para os serviços de saúde no tocante à promoção à saúde dos
clientes/pacientes que são assistidos em serviços de Urgência e Emergência.
O enfermeiro assume a função de liderança da equipe de enfermagem e desenvolve ações voltadas para assistência, gerência, ensino e pesquisa.
Na assistência ele lidera ações de maiores complexidades delegando as de menores para Técnicos e/ou Auxiliares de Enfermagem respeitando os
aspectos éticos e legais da profissão.
Os autores Tacsi e Vendruscolo (2004), consideram que o enfermeiro no setor de emergência deve adotar estilos de liderança participativa,
compartilhar e/ou delegar funções, sendo as principais habilidades, para o gerenciamento da assistência, a comunicação, o relacionamento interpessoal, a
liderança, a tomada de decisão e a competência técnica.
Ao atuar no setor de cuidados emergenciais, o enfermeiro deve manter o domínio do que está acontecendo e ter consciência do que está fazendo e
o que esta sendo delegado. Os aspectos éticos e legais devem ser considerados importantes e extremamente transparentes, assim como recomenda o
Código de Ética de Enfermagem e a Lei 7.498 de 25 de Junho de 1986 (CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM) que dispõe sobre a regulamentação
do exercício profissional de enfermagem; cabendo privativamente ao enfermeiro, dentre outras funções: planejar, organizar, coordenar, executar e avaliar
os serviços de assistência de enfermagem.
Para Wehbe e Galvão (2003), os enfermeiros em serviços de emergência assistem o cliente/paciente juntamente com o médico; prepara e ministra
medicações; viabiliza execução de exames; instala sondagens nasogástrica, nasoenteral e vesicais; realiza troca de traqueostomia; realiza curativos de
http://www.conteudojuridico.com.br/print.php?content=2.41069 4/8
09/02/2019 Imprimir:
maiores complexidades, prepara instrumentos para intubação; analisa os sinais vitais; e evolui os clientes/pacientes.
No tocante à gerência, sua ação é voltada para a organização do serviço com espírito de liderança, com autonomia e responsabilidade sobre toda à
equipe de enfermagem. Nas análises de Tacsi e Vendruscolo (2004), a atuação do enfermeiro implica na organização, seqüência lógica das ações
emergenciais e delegação de funções para que cada membro da equipe atue de forma sincrônica, especialmente naqueles procedimentos que são
concomitantes para manter uma ventilação adequada.
A partir dessa análise, acredita-se que o enfermeiro, por ser o líder da equipe de enfermagem, deve delegar funções aos seus liderados, tornando-
os úteis no serviço. Respeitar e tratar o próximo com dignidade e respeito é algo indispensável para uma liderança saudável e com produtos positivos.
As atividades gerenciais, chamadas como administrativas pelos autores Wehbe e Galvão (2003), são: realizar estatística de atendimento; liderar
equipe de enfermagem; coordenar atividades do pessoal da recepção, limpeza e portaria; solucionar problemas decorrentes ao atendimento; alocação de
recursos; elaboração de escalas de profissionais de enfermagem, controle de recursos materiais; e manutenção de equipamentos do setor.
Dessa forma, se esta diante de um problema sério que acarreta o enfermeiro e transfere para o mesmo sobrecarga funcional levando ao desgaste
físico, emocional e mental, limitando suas ações de saúde voltadas exclusivamente para recuperação da saúde do indivíduo em partes e não
holisticamente, devido ao excesso de atividades gerenciais que demandam tempo, em detrimento das atividades assistências e alguns enfermeiros têm
uma carga horária de trabalho elevada que se soma com o estresse do momento de trabalho.
De acordo com Batista e Bianchi (2006), o enfermeiro presta assistência em setores considerados desgastantes, tanto pela carga de trabalho, como
pelas especificidades das tarefas, e nesse panorama, encontra-se a Unidade Emergência e os que lá trabalham. Ele ainda acrescenta que esse
profissional deve obter condições mínimas de material e pessoal para se dedicar à prestação de uma assistência efetiva e eficaz, diante de intercorrências
que são muito comuns nessa unidade.
3. METODOLOGIA
Optou-se em fazer uma abordagem qualitativa, visto que o objeto de estudo se refere ao exercício da enfermagem durante urgências e emergências
e as relações que se estabelecem entre os sujeitos no exercício da mesma, a partir de analises da produção cientifica brasileira do período de 2000 a
2010.
A pesquisa utilizou o método descritivo qualitativo assumindo a forma de pesquisa bibliográfica por procurar estudar a metodologia através de
referências teóricas adquiridas em literaturas (pesquisa bibliográfica e documental) e informações existentes a respeito do tema estudado.
Polit (1995) enfatiza que a pesquisa qualitativa exige atitudes fundamentais, tais como: abertura, flexibilidade, capacidade de observação e interação do
investigador com os atores sociais envolvidos, têm como premissa que outras relações possam ser apreendidas no transcurso do processo de investigação
dada a própria dinamicidade da realidade.
Visando atender ao objetivo especificado desse trabalho, foi utilizado o método de revisão de literatura sobre a temática definida. A revisão de
literatura será utilizada no processo de levantamento e análise do que já foi publicado sobre o tema proposto, permitindo um mapeamento do que já foi
escrito sobre o tema e/ou problema da pesquisa.
O estudo bibliográfico é a busca de uma problematizacão de um projeto de pesquisa a partir de referencias publicadas, analisando e discutindo as
contribuições culturais e cientificas. Ela constitui uma excelente técnica para fornecer ao pesquisador a bagagem teórica, de conhecimento, e o
treinamento cientifico que habilitam a produção de trabalhos originais e pertinentes. A consulta de fontes consiste: na identificação das fontes documentais
(documentos audiovisuais, documentos cartográficos e documentos textuais), na analise das fontes e no levantamento de informações (reconhecimento
das idéias que dão conteúdo semântico ao documento)( POLLIT,1995)
http://www.conteudojuridico.com.br/print.php?content=2.41069 5/8
09/02/2019 Imprimir:
Por fim, a análise bibliográfica foi efetivada tendo como referência concreta o estudo realizado através da produção cientifica já existente sobre o
tema, ou seja, artigos, trabalhos de pesquisa, periódicos e outros.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A ativa funcionalidade de um serviço de emergência aliada à gravidade da clientela que ali aporta e à constante imprevisibilidade dos
acontecimentos fazem com que o ambiente seja permeado de instabilidades. Nesse universo, atenuar o sofrimento da vítima e humanizar o atendimento
são fundamentos para uma atuação de enfermagem de qualidade, na busca do equilíbrio entre a técnica, a ética e o aspecto subjetivo (SANTOS, 2007),
almejando “o repensar das práticas de cuidar, numa visão humanística e existencial do ser cuidado” (KLETEMBERG; MANTOVANI; LACERDA, 2004, p.
94).
Para tal, a utilização de uma metodologia de assistência pode subsidiar a priorização das necessidades da família e do paciente (GRITTEM, 2007)
e, nessa perspectiva, a relação entre a teoria do alcance de metas proposta por Imogene King e a humanização no atendimento ao politraumatizado,
referente ao aspecto pessoal, pode ser feita com base nos conceitos descritos no Sistema Pessoal.
Leopardi (1999) afirma que os enfermeiros, após procederem ao exame preliminar da vítima, devem fazer a avaliação dos sentimentos do paciente
com respeito aos conceitos do Sistema Pessoal de King. A mesma autora complementa que os distúrbios nas percepções do self e do corpo ocorrem
frequentemente nos pacientes com trauma, que apresentam ferimentos significativos e são importantes na definição dos cuidados necessários.
A respeito do atendimento ao paciente nas unidades de emergência, o ambiente emergencial muitas vezes torna-se hostil devido à mecanicidade e
frieza que certas situações exigem. Sendo assim, é importante que o enfermeiro e sua equipe contextualizem o cliente naquele meio, como uma das
formas de assegurar a humanização nesse momento (FIGUEIREDO; COELHO, 2004).
Para Tacsi e Vendruscolo (2004), os profissionais que atuam na UE devem receber treinamento específico, tanto técnico e científico, quanto uma
educação continuada voltada para o autoconhecimento, o que exige deles domínio de suas próprias emoções e conhecimento de seus limites e
possibilidades.
Assim, como é importante e necessário manter uma educação continuada atuante proporcionando o autoconhecimento, é fundamental também que
os enfermeiros estejam capacitados profissionalmente com Cursos de Pós-graduações em Enfermagem em Emergência e atualizados com freqüente
participação em congressos e eventos científicos voltados para a enfermagem e, exclusivamente, para a atenção às emergências. Dessa forma, terão mais
habilidade e segurança ao desenvolver ações nas UE direcionadas para pacientes/clientes com alto risco de vida.
As análises de Wehbe e Galvão (2003, p. 7) são pertinentes e interessantes no tocante à capacitação profissional, assim sendo:
o enfermeiro que atua em unidade de emergência necessita ter conhecimento científico, prático e técnico, afim de que possa
tomar decisões rápidas e concretas, transmitindo segurança a toda equipe e principalmente diminuindo os riscos que ameaçam a vida
do paciente.
Contudo, é fundamental uma atuação do enfermeiro num ambiente de trabalho assistencial centrado em procedimentos técnicos e tecnológicos, em
que a habilidade, o tempo, a tomada de decisões, o trabalho de equipe harmonioso, interatividade com outros setores e equipe, a liderança colaborativa e
a capacidade, sustentada em conhecimentos técnicos e científicos, com respaldo ético, respeitando o cliente/paciente como cidadão e em sua totalidade,
são fundamentais para alcançar um objetivo comum, que é a recuperar ou salvar a vida sem riscos e com qualidade na assistência.
Atualmente tem-se discutido na sociedade em geral, mais particularmente no mundo acadêmico e no cotidiano dos profissionais de saúde, acerca
de quais seriam os critérios sociais na seleção de pacientes em serviços de emergência, bem como outras questões que envolvem a humanização da
http://www.conteudojuridico.com.br/print.php?content=2.41069 6/8
09/02/2019 Imprimir:
assistência de enfermagem os direitos e deveres dos profissionais de saúde, particularmente, de enfermagem e os direitos dos usuários dos serviços de
ações de saúde.
Espera-se que a ética e as legislações do exercício profissional possam contribuir para as tomadas de decisão, envolvendo o atendimento do
paciente em situação de emergência/urgência, mormente quando está presente o risco iminente de morte do paciente não há tempo hábil de tomar-lhe o
consentimento prévio, pois muitas vezes não há tempo ou condições para sequer perguntar ao paciente seu nome ou se ele aceita determinada
terapêutica, tornando-se imperiosas decisões e ações imediatas, por parte dos profissionais de saúde, a fim de garantir a continuidade da vida humana
(CALIL; PARANHOS, 2007).
O Código de Ética do Profissional de Enfermagem (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2005) destaca no artigo 12: "assegurar à pessoa,
família e coletividade assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência". Este conceito é concordante com o
Código Civil Brasileiro (BRASIL, 2002) artigo 186, que refere: "aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito".
Esses aspectos são reforçados pelo Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990) que no artigo 6º, caput e inciso I, diz: "são direitos básicos do
consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados
perigosos ou nocivos".
Sendo assim, os aspectos éticos e legais que perpassam as ações profissionais também são importantes na compreensão da responsabilidade dos
profissionais de saúde em função de seus misteres. Em que consiste a responsabilidade profissional em enfermagem em face das situações de
emergência.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O profissional da enfermagem sabe que o fundamental em situações de emergência, deve ser o de manter a calma e ter em mente que a prestação
de primeiros socorros não exclui a importância de um médico. Além disso, certifique-se de que há condições seguras o bastante para a prestação do
socorro sem riscos. Não esquecendo também que um atendimento de emergência mal feito pode comprometer ainda mais a saúde da vítima.
O atendimento adequado e o tempo decorrido entre o acidente e a admissão hospitalar é um fator extremamente relevante para reduzir a
mortalidade das vítimas de lesões produzidas por acidentes e violências
Os profissionais orientam-se por princípios éticos médicos, regulamentados internacionalmente, segundo os quais não se hierarquizam os
pacientes, manifestação clara do individualismo igualitário ocidental. Situam-se, portanto, entre, de um lado, a lealdade a princípios que se pretendem
universalmente aplicáveis e objetivamente definidos (nos casos de "salvar vidas") e, de outro, situações concretas, nas quais estão em jogo sujeitos
concretos, médicos e pacientes, com suas crenças, valores e concepções particulares do mundo que os cerca.
Ao se analisar a dimensão dos serviços de emergência verifica-se que existe uma apreciação do profissional de saúde que atua nas emergências,
por se tratar de um dos profissionais da área da saúde que precisa diariamente ampliar seus conhecimentos, pois a constante evolução nas formas de
assistência e dos equipamentos hospitalares utilizados para prestar o cuidado ao paciente, faz com que este profissional sinta a necessidade constante de
reciclagem, melhorando com isso o seu campo de atuação. Uma das mudanças desta evolução é o cuidado do paciente de forma planejada.
REFERÊNCIAS
ANDRADE LM, CAETANO JF, SOARES E. Percepção das enfermeiras sobre a unidade de emergência. Rev RENE 2000; 1(1): 91-7.
BATISTA KM, BIANCHI ERF. Estresse do enfermeiro em unidade de emergência. Rev Latino-am Enfermagem 2006; 14(4): 534-9.
http://www.conteudojuridico.com.br/print.php?content=2.41069 7/8
09/02/2019 Imprimir:
BRANDÃO, A. P. et al. Epidemiologia da Hipertensão Arterial. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo, v. 13, n. 1, p. 7-19, jan./fev. 2003.
CALIL, A. M.; PARANHOS, W. Y. O Enfermeiro e as Situações de Emergência. São Paulo: Atheneu, 2007.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução COFEN nº 311/2007. Aprova a Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem. Disponível em: < http://corensp.org.br/072005 > Acesso em: 17 mar 2011.
FIGUEIREDO, N.M.A; COELHO, M.J. Aprendendo a cuidar em emergência hospitalar: equipe, funções e ações. In: FIGUEIREDO, N.M.A, organizador.
Cuidando em emergência. São Caetano do Sul: São Paulo; 2004. p.101-12.
GOMES, R.; MENDONÇA, E. A.; PONTES, M. L. As representações sociais e a experiência da doença: uma discussão inicial. In: MINAYO, M. C. S.;
DESLANDES, S. F. Caminhos do pensamento epistemologia e método. Rio de Janeiro. Fiocruz, 2002.
GRITTEM, L. Sistematização da assistência perioperatória: uma tecnologia de enfermagem [dissertação]. Curitiba (PR): Universidade Federal do
Paraná; 2007.
GUIDO, L. de A. Aspectos éticos da assistência de enfermagem ao cliente cirúrgico ambulatorial no centro cirúrgico e na sala de recuperação
anestésica – reflexões. In: Congresso Brasileiro de Enfermagem em Centro Cirúrgico, 2, São Paulo, Julho 1995. Anais. São Paulo, p. 103-107, 1995.
KLETEMBERG, D.F; MANTOVANI, M.F; LACERDA, M.R. Entre as teorias e a prática de cuidar: que caminho trilhar? Cogitare Enferm. 2004 Jan/Jun;
9(1):94-9.
LEOPARDI, M.T. Teorias de enfermagem: instrumentos para a prática. Florianópolis: NFR/UFSC; 1999.
MALVESTIO, M.A.A.; SOUSA, R.M.C. Suporte avançado a vida: atendimento a vitimas de acidentes de transito. Rev. Pública, São Paulo, v. 36, n. 5,
p. 584-589, out, 2002.
OLIVEIRA, B.F.M.; PAROLIN, M.K.F., TEIXEIRA JR, E.V.I. Trauma: atendimento pré-hospitalar (APH). São Paulo: Atheneu, 2004.
POLIT, D.F.; BECK, C.T.; HUNGLER, B.P. Fundamentos de Pesquisa em Enfermagem: métodos, avaliação e utilização. 5. ed. Porto Alegre: Artmed,
2004.
SANTOS, R. R.; CANETTI, M. D.; JUNIOR C. R.; ALVAREZ, F. S. Manual de socorro de emergência. São Paulo: Atheneu, 1999.
TACSI, Y. R. C.; VENDRUSCOLO, D. M. S. A Assistência de Enfermagem no Serviço de Emergência Pediátrica. Revista Latino-Americana de
Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 12, n. 3, p 477 – 484, maio/jun. 2004.
WEHBE, G.; GALVAO, C. M. O enfermeiro de Unidade de Emergência de Hospital Privado: algumas considerações. Revista Latino-Americana de
Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 9, n. 2, p 86 – 90, mar/abr. 2001.
Conforme a NBR 6023:2000 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: ROCHA, Elivania Costa de
Almeida. Atuaçao da enfermagem em urgências e emergências. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 10 dez. 2012. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.41069>. Acesso em: 09 fev.
2019.
http://www.conteudojuridico.com.br/print.php?content=2.41069 8/8