Escalhão Saberes Ocultados
Escalhão Saberes Ocultados
Escalhão Saberes Ocultados
Por sua vez, inscrita como comenda nova (por certo a partir do espaço
indeterminado da velha), encontra-se na Lista de todas as Comendas da
Ordem de Cristo[13]:
“Lamego. Santa maria descalhão comendador dom alvaro gh´detaide
avaliada em cento e seis mil trezentos e quarenta reis no anno de 1552.”
Sem dúvida a maior jóia artística desta igreja é o seu altar-mor, com rico
retábulo de dois andares em talha dourada apoiados e enquadrados por
colunas salomónicas de seis espiras cada, sendo do “estilo nacional” dos
fins do século XVII e início do seguinte, como revelam os seus elementos
maneiristas junto a barrocos. Sobre o entablamento domina a imagem do
Orago, Nossa Senhora dos Anjos. No patamar superior, enfileiram-se as
imagens dos 4 Profetas (Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel) assinalando
a Escritura Velha ou Antiga Tradição (Patriarcas). No patamar inferior,
apresentam-se os 4 Evangelistas (Mateus, João, Lucas e Marcos)
representado a Escritura Nova ou Nova Revelação (Apóstolos). Mas o mais
interessante e insólito de tudo quanto há nesta igreja são os dois baixos-
relevos laterais, do estilo flamengo do século XVII, representando Jesus
a caminho do Calvário e a deposição de Jesus no sepulcro, que remetem
sem delongas para interpretações abertamente heterodoxas do
Hermetismo cristão.
Evangelho de Filipe
“Por isso, assim, tu és meu irmão, Tomé. Viste o que está oculto aos
homens; ou seja, aquilo em que tropeçam ao não conhecê-lo.”
Apocalipse de Pedro
“O Salvador disse-me:
“A minha morte, com efeito, que crêem que aconteceu, existiu para eles
equivocada e cegamente. Cravaram o seu homem para a morte deles.
Porque os seus pensamentos não me viram, porque eram surdos e cegos.
Fazendo isto, porém, julgam-se a si mesmos. Por um lado, viram e
castigaram-me, (mas) foi outro, o seu pai[34], o que bebeu o fel e o
vinagre, não fui eu. Foi a outro a quem colocaram a coroa de espinhos.
Eu, no entanto, regozijava-me nas alturas sobre o domínio total dos
arcontes e da semente (spora) do seu erro, da sua vã glória, e zombava
da sua ignorância. Todos os seus poderes, no entanto, eu os submeti à
servidão.”
NOTAS
[20] Júlio Gil, As mais belas igrejas de Portugal, vol. I, p. 196. Editorial
Verbo, Lisboa/São Paulo, 1988.
[26] Cf. René Guénon, A Grande Tríade. Editora Pensamento, São Paulo,
1989.
[27] D. J. Furley, From Aristotle to Agustine, p. 29. Routledge, London,
1999.