Dick Eastman - A Universidade Da Palavra.

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Q Vida

UM PLANO ÚNICO, FÁCIL DE USAR


PARA A LEITURA DA BÍBLIA

DICK EASTMAN
_________ A __________
UNIVERSIDADE
DA

■ Crie sua própria Bíblia de referência,


trabalhando quinze minutos por dia
■ Identifique doze temas-chave da Escritura
■ Aprenda a integrar esses temas em sua
vida diária
<

__ .___ :_____ A _________ _ _


UNIVERSIDADE
b a

PALAVRA

Você quer ter o mais alto nível de


intimidade possível com Deus?
Se quer, bem-vindo à UNIVERSIDADE DA
PALAVRA! Universidade significa “um local de
estudos do mais alto nível” e, certamente,
não há mais alto nível de aprendizado do que
a Palavra de Deus,

Você está aproveitando


ao máximo seu estudo bíblico?
A UNIVERSIDADE DA PALAVRA irá ajudá-lo a
descobrir um novo método de aproveitar o
reservatório de respostas que há em sua
Bíblia, dando-lhe um plano incomum, mas
simples, para ler e aplicar a Palavra de Deus.
Você aprenderá doze princípios fundamentais
para o desenvolvimento espiritual e emocional
em Jesus, e será levado a um sistema de
referências remissivas, ou referências
cruzadas, que marcarão sua Bíblia em função
desses princípios.
ISBN 0-8297-0442-6
DICK EASTMAN
_________ A __________
UNIVERSIDADE
HA -----

PALAVRA
Tradução de
Júlio Paulo Tavares Zabatiero

©
Editora Vida
ISBN 0-8297-0442-6

Categoria: Estudos Bíblicos

Traduzido do original em inglês:


The University of the Word

Copyright ® 1983 by Eegal Books


Copyright ® 1986 by Editora Vida

Todos os direitos reservados na língua portuguesa por


Editora Vida, Miami, Florida 33167 — E .U .A .

As citações bíblicas, quando não identificada outra fonte, são


extraídas da Tradução de Almeida, Edição Revista e Atuali­
zada no Brasil da Sociedade Bíblica do Brasil.

Capa: Ana Maria Bowen


A
minhas filhas
Dena e Ginger,
que suas vidas sejam sempre vividas de
acordo com a imutável Palavra de Deus!
Í ndice
Prefácio .............................................................. 7
Introdução........................................................... 11
1. A Asa de uma Borboleta............................ 15
(O Princípio do Respeito)
2. O Cesto das Preocupações.......................... 35
(O Princípio da Confiança)
3. O Senhor da Manhã ................................... 55
(O Princípio do Viver Santo)
4. As Leis da V id a ............................................ 69
(O Princípio de Produzir Fruto)
5. Menos do Que N a d a ................................... 87
(O Princípio da Segurança)
6. Cortinas Coloridas........................................ 103
(O Princípio da Expectativa)
7. A Beleza de Benny ..................................... 117
(O Princípio da Unidade)
8. O Laboratório da V id a ............................... 135
(O Princípio da Família)
9. Uma Onda de Sacrifício ............................. 149
(O Princípio do Comprometimento)
10. Armas de P o d e r........................................... 165
(O Princípio da Adoração)
11. Transformadores do M undo...................... 183
(O Princípio da Participação)
12. Eterna e Verdadeira ................................... 199
(O Princípio da Palavra)
13. O Começo ..................................................... 215
P refácio

Deus quase sempre deixa o melhor para a fim!


Enquanto escrevia as últimas páginas deste livro, uma
impressão incomum invadiu-me o pensamento. Eu
tinha pouca dúvida de que Deus estava sussurrando
uma palavra de discernimento no profundo de meu
espírito.
“Seu livro é, em primeiro lugar, para sua família. É
uma resposta específica para sete anos de oração
específica!”
Lágrimas começaram a rolar-me pelas faces quan­
do compreendí o que estava ouvindo. Por certo Deus
queria que meu livro fosse publicado. Porém ele tinha
um propósito para o livro antes mesmo de o primeiro
exemplar ir parar na prateleira de alguma livraria. O
seu propósito primário para relatar estas idéias,
compreendo agora, era ajudar minha família a cres­
cer em Jesus.
Realmente, isso tudo começou há sete anos, quando
eu, baseado em Lucas 2:52, passei a orar específica e
diariamente por minha família. Eu pedia que Dee, eu
e nossas duas filhas, Dena e Ginger, crescéssemos
como Jesus cresceu, “em sabedoria, estatura e graça
diante de Deus e dos homens”. Orei, dizendo: “Se­
nhor, ajuda minha família a crescer mentalmente (em
sabedoria), fisicamente (em estatura), espiritualmente
(em graça diante de Deus) e socialmente (em graça
diante dos homens)”.
Naqueles sete anos de oração constante, porém,
não me lembro de jamais ter tido em mãos um
instrumento específico que guiasse minha família a
8 A Universidade da Palavra
uma verdadeira compreensão bíblica de como cada
um de nós podería crescer nessas áreas. Suponho que
eu estava simplesmente esperando que nosso cresci­
mento acontecesse, algum dia, como que por aciden­
te. Mas então, quando as últimas páginas deste livro
chegavam ao fim, a suave voz de Deus dentro de mim
assegurou-me que minhas petições haviam sido aten­
didas. Compreendí num relance que, espalhadas
pelos doze princípibs^apresentados nas páginas se­
guintes há numerosas idéias diretamente relaciona­
das com cada uma dessas áreas principais pelas quais
eu havia orado. Mas, e melhor do que tudo, agora eu
tinha um plano específico para levar minha família a
uma discussão verdadeiramente bíblica do que cre­
mos como família cristã. Ele veio completo com um
esboço das Escrituras que poderiamos examinar co­
mo família e marcá-lo em nossas Bíblias. Seriam
momentos alegres ver Deus respondendo a meus sete
anos de oração diária.
Embora crentes de qualquer faixa etária possam
fazer individualmente o que temos feito como família,
as sugestões neste prefácio são dirigidas especialmen­
te a famílias com crianças — ou maridos e esposas que
querem crescer juntos em Jesus.
Especificamente, nossa família separa uma noite
por semana, durante doze semanas, nas quais devota­
mos pelo menos uma hora para o projeto. Nos
primeiros trinta minutos lemos um princípio e sua
passagem-chave para memorização e, a seguir, discu­
timos como podemos viver diariamente e aplicar esse
princípio particular. Antes da noite de estudo, nas
horas de folga, cada um de nós já havia lido o capítulo
para aquela discussão semanal.
Passamos a segunda meia-hora marcando alguns
dos versículos de “apoio” para o princípio, encontra­
dos nas listas do final de cada capítulo.
Prefácio 9
Deus não usou essas sessões apenas para responder
a minha oração diária; ele também deu a mim e a
minha esposa nossa primeira oportunidade significa­
tiva de guiar nossas filhas em um estudo sistemático e
proveitoso do quê e do porquê cremos.
É com alegria que apresento ao leitor estas suges­
tões, na esperança de que lhe concedam a alegria que
trouxeram à nossa família.
Dick Eastman
I ntrodução
o CONCEITO

Patrick Henry teve um pronunciado efeito na


mobilização de tropas anterior à Guerra Revolucioná­
ria nos Estados Unidos. Foi Henry que, perante a
Milícia da Virgínia, em 1775, declarou com todo o
vigor: “Dêem-me a liberdade, ou a morte!”
Mas, embora Patrick Henry tenha ajudado a mol­
dar e mudar a história nos primórdios dos Estados
Unidos, ele cometeu um erro trágico que, como se
diz, o fez arrepender-se profundamente.
Perto do fim da vida, Henry pegou uma Bíblia, e
enquanto lhe folheava as páginas, disse a um amigo:
“Eis aqui um livro, a Bíblia, mais valioso do que todos
os outros que já foram impressos; é um infortúnio
que jamais eu tenha tido tempo para lê-lo.”
Amado leitor, a Bíblia é um livro de vida e poder,
mas enquanto não for reverenciada e lida, seu poder
curador oculta-se entre suas capas.
Historicamente, como um povo, os Estados Unidos
da América têm reverenciado este livro sobrenatural.
Felizmente, essa reverência está sendo seguida por
muitos que escolhem ir além da mera reverência pelo
livro: eles a lêem diariamente.
Louvado seja Deus por esses leitores, do passado e
do presente, que têm declarado que este livro é o que
realmente é, a própria Palavra de Deus. O Presidente
Ronald Reagan recentemente testemunhou: “A Bí­
blia pode tocar nosso coração, ordenar nossa mente e
refrigerar nossa alma. Pois ‘seca-se a erva, e murcha a
12 A Universidade da Palavra
flor; mas a palavra de nosso Deus subsiste eternamen­
te’ (Isaías 40:8).” O presidente acrescentou: “Dentro
das capas deste livro singular estão todas as respostas
a todos os problemas que nos confrontam hoje, se as
procurarmos lá.”
Certamente, não há um problema na terra para o
qual Deus não tenha uma solução. Nenhuma pessoa
que pensa irá discordar. Infelizmente, muitos de nós,
como Patrick Henry, gastamos pouco tempo procu­
rando conhecer esse Deus das respostas. Alguns
chegam mesmo a duvidar de sua existência.
Mas, suponha haver um Deus, autor de um guia
sobrenatural para dirigir nossas vidas. Até que ponto
conhecemos esse Deus e seu guia? Estamos dispostos
a aproveitar a oportunidade de chegar a conhecê-lo
no mais alto nível de intimidade espiritual?
Se a sua resposta for sim — bem-vindo à Universida­
de da Palavra!
O dicionário define universidade como “uma insti­
tuição de aprendizado do mais alto nível”. Certamen­
te não há nível de aprendizado superior àquele que
pode ser conseguido na Palavra de Deus.
Os capítulos deste livro destinam-se a apresentar-
-lhe doze dinâmicos “princípios de vida abundante”
que o levarão a uma vida de maduro compromisso
espiritual em Jesus Cristo. Ao completar o estudo
todo, você terá aprendido um novo e raro modo de
ler a Bíblia, baseado naqueles doze princípios básicos.
Ao terminar os doze princípios, e chegar ao capítu­
lo treze: “O começo.. . ”, você reconhecerá que este
curso é como um trampolim para um caminhar mais
profundo na Palavra. Se você aplicar corretamente
este estudo, saberá como marcar e como fazer refe­
rências cruzadas em sua Bíblia, e como encarar cada
leitura bíblica diária com um novo reconhecimento de
que todas as passagens da Escritura têm sabedoria
Introdução 13
potencial para as atividades desse dia. Melhor do que
tudo, a Palavra de Deus se tornará viva!
Antes de começar a viagem pela Universidade da
Palavra, você precisa conhecer quatro alvos determi­
nantes e fundamentais para o estudo. Duas passagens
bíblicas em particular nos provêm a substância para
esses alvos. Escritas pelo apóstolo Paulo, ambas as
passagens esboçam claramente a razão de ser do
cristão:
“[Pois meu propósito determinado é] que eu possa
conhecê-lo — que eu possa progressivamente tornar-
-me mais profunda e intimamente familiarizado com
ele . . . e que eu possa, da mesma maneira, chegar a
conhecer o poder que flui de sua ressurreição . .. que
eu possa . . . ser continuamente transformado [em
espírito, em sua semelhança...]” (Filipenses 3:10,
Amplifíed Bible).
Note a segunda passagem:
“Possa Cristo através da fé [realmente] habitar —
estabelecer-se, ficar, fazer seu lar permanente — em
vossos corações!. . . [Que possais realmente chegar] a
conhecer — praticamente, através da experiência
própria — o amor de Cristo, que ultrapassa o mero
conhecimento [sem experiência]; que vós possais ser
cheios [por todo o vosso ser] de toda a plenitude de
Deus . .. e tornar-vos um corpo totalmente cheio e
inundado do próprio Deus!” (Efésios 3:17,19, Ampli-
fied Bible).
Tomando por base esses dois versículos tão cheios
de conteúdo, estabelecemos nossos quatro “alvos
determinantes” que levam a uma vida de alegria em
Jesus:
Primeiro, devemos estar determinados a conhecer
intimamente o Senhor Jesus (Filipenses 3:10a).
Segundo, devemos estar determinados a ser cheios e
inundados de tudo o que é de Deus (Efésios 3:19).
14 A Universidade da Palavra
Terceiro, devemos estar determinados a apropriar-
-nos de todo o poder de Deus, de modo que possamos ser
continuamente transformados (Filipenses 3:10b).
Finalmente, devemos estar determinados a permitir
que Cristo tome prática a nossa experiência (Efésios 3:17).
Esse, amado, é o conceito. Agora, vamos ao curso.
Capítulo 1

A Asa de Uma
B orboleta
(O Princípio do Respeito)

Em menos de vinte e quatro horas eu estaria a


caminho da China Comunista numa viagem de sur­
presa. Apenas três semanas antes eu havia sido
convidado por outro líder cristão para o propósito
singular de colocar nossos pés no solo chinês e
reinvindicar aquela grande nação para Deus. Muitos
meses mais tarde se daria a normalização das relações
entre os Estados Unidos e a China, e somente então,
em retrospecto, eu iria compreender o significado
incomum dessa jornada de oração.
Mas por enquanto, minha mente se ocupava em
fazer as malas e dei pela falta de um terno azul. Estava
na lavanderia, disse minha esposa. Saí às pressas,
perguntando à nossa filha, que estava na porta, se ela
queria ir comigo. Com um aceno de cabeça e um
sorriso, Dena entrou na corrida e me acompanhou.
Dena estava um tanto diferente naquele dia. Ela
estava incomumente silenciosa, especialmente para
uma criança de nove anos, cheia de energia. Quando
nos aproximávamos da lavanderia, ela quebrou o
silêncio e fez uma pergunta esquisita.
— Papai — perguntou com firmeza — aqueles mis­
sionários que foram feridos morreram?
16 A Universidade da Palavra
A pergunta fez tanto sentido para mim quanto faz
para você. Totalmente confuso e rindo por dentro,
respondí:
— Sobre o que você está falando, querida?
— Sabe, papai,— respondeu ela,— quando você
exibiu em casa o filme, para mim e Ginger, aquele
filme sobre os missionários que foram golpeados na
cabeça com aqueles paus. Eles morreram?
O assunto começou a clarear, embora me tomasse
quase um minuto para lembrar-me totalmente. Dena
referia-se a um breve filme que eu havia exibido para
elas vários meses atrás. Espantou-me sua repentina
lembrança do acontecimento. Nossa diretoria estivera
orientando uma Escola de Oração para garotos e
garotas, e queríamos incluir pelo menos uma drama­
tização do campo missionário que criasse nas crianças
a necessidade de orar pelos nossos missionários. A
Cruzada de Literatura Cristã tinha muitos trechos de
filme, incluindo uma dramatização de aproximada­
mente dez minutos, que retratava vividamente dois
distribuidores de literatura sendo atacados por tu-
gues (membros de uma classe de assaltantes e rebel­
des hindus). Eu queria ver como “crianças” verdadei­
ras reagiríam à intensidade do filme. Dena e Ginger
foram nossas cobaias.
Minha mente voltou momentaneamente àquele
dia, quando Dena falou novamente, quebrando o
silêncio.
— Então papai, os missionários morreram?
Respondi com o que eu sabia serem os fatos
naquele caso:
— Não, querida, não morreram. Um dos obreiros
foi muito maltratado e levado a um hospital, mas não
morreram—. Continuei a explicar:
— Algumas vezes missionários morreram enquanto
pregavam acerca de Jesus, porque em toda parte as
A Asa de Uma Borboleta 17
pessoas estão cheias de ódio. Mas, felizmente, os
homens que você viu no filme sobreviveram ao
ataque.
Dena ficou em silêncio. Quando falou novamente
sua voz estava mais suave, solene mesmo. Aproximan-
do-se mais, falou em meu ouvido:
— Papai, você vai morrer por Jesus quando chegar
à China amanhã?
Agora tudo fazia sentido. Por que eu não havia
percebido antes? Durante quase três meses, à hora do
jantar, junto com nossa costumeira ação de graças,
estávamos, como família, orando pela China, sem
nenhuma idéia de que eu viajaria para lá. Eu havia
orado especificamente por obreiros cristãos na China,
obreiros que tinham sido espancados e lançados na
prisão. Cheguei mesmo a interceder por famílias de
pastores que haviam sido assassinados por sua fé.
Não é de admirar que Dena estivesse preocupada.
Ministros do evangelho eram maltratados e mortos na
China, ou eu havia transmitido essa idéia, e agora o
seu pai, um pastor, estava a caminho da China. Tudo
se encaixava. Papai estava indo para um lugar onde os
pregadores morrem.
Obviamente era necessária uma palavra de confor­
to.
— Oh, não, querida, não se preocupe nem um
minuto com isso. Deus estará comigo nessa viagem.
Ele não vai me deixar morrer na China. Além disso,
ficarei lá só três semanas.
Mas Dena sempre planejava com antecedência, e
seus olhos brilharam com aquele olhar de quem
achou uma coisa linda naquilo que, de outra forma,
podería ter sido um terrível pensamento.
— Bem, papai,— declarou Dena com a simplicida­
de dos nove anos —, mas no caso de você morrer na
China, será que podería ser meu anjo da guarda?
18 A Universidade da Palavra
Tentando conter-me para não soltar uma gargalha­
da, e sabendo que Dena exigia respostas a todas as
perguntas, pois do contrário ela me vencería pelo
cansaço, procurei dar uma resposta apropriada.
— Bem, Dena, esta não é uma decisão que eu possa
tomar. Eu teria de pedir permissão a Deus.
Minha resposta obviamente criou outro desafio. Os
olhos de Dena tinham aquele olhar de novo. Com
uma intensidade raramente vista na voz de minha
filha, ela respondeu:
— Olhe papai, se Deus disser não, não discutal — E,
imediatamente, acrescentou: — Lembre-se, papai, foi
isso o que o diabo fez, e ele foi lançado fora do céu
por isso!”
Mesmo o humor não podería esconder a verdade.
Quando Satanás escolheu o caminho da rebelião ele
gerou um espírito que iria saturar, algum dia, as
almas dos homens. De fato, toda vez que uma voz
declara o absurdo da existência de Deus, as raízes se
acham naquele antigo ato de rebeldia anterior à
criação, pois foi naquele mesmo momento que a
incredulidade nasceu.
UMA PREMISSA DE ALEGRIA
Para mim, a incredulidade exige esforço de nossa
parte. A evidência contrária é absolutamente arrasa-
dora. Denis Diderot, filósofo francês, escreveu: “A
asa de uma borboleta ou o olho de um mosquito são
suficientes para confundir todos os que negam a
existência de Deus.”
Denis Diderot proporcionou um valioso trampolim
para ajudar-nos a iniciar nossa jornada de alegria em
direção a uma vida de produtividade e poder no mais
importante livro já segurado por mãos humanas — a
Bíblia Sagrada.
Nossa jornada começa com uma premissa simples,
A Asa de Uma Borboleta 19
uma premissa de alegria, fundamental para tudo que
irá seguir em nosso estudo:
A capacidade do homem para viver em com­
pleta felicidade, independentemente das cir­
cunstâncias exteriores, começa com sua disposi­
ção de admitir e respeitar o conceito e a realida­
de de Deus.
Um único versículo da Escritura, Provérbios 9:10,
que contém apenas dezesseis palavras, oferece uma
base bíblica para essa premissa: “O temor do Senhor é
o princípio da sabedoria; e o conhecimento do Santo
é prudência.” A Bíblia Viva diz: “A base de toda a
sabedoria é a obediência e o respeito ao Senhor. Sim,
quem conhece o Santo Deus tem a verdadeira com­
preensão da vida.”
Eis aqui um segredo que não podemos ignorar.
Toda a sabedoria e conhecimento de Deus podem ser
liberados do depósito de sua infinita bênção apenas
com a chave da “reverência.” A Bíblia chama essa
chave de “o temor do Senhor.” Preferimos chamá-la
de “respeito.”
A REALIDADE DE DEUS
Antes de podermos “temer a Deus” (uma expressão
mal interpretada), devemos admitir a sua realidade.
Parece uma coisa fácil, mas, para alguns, o passo
parece impossível. Eles, erradamente, procuram pro­
vas da existência de Deus, que Deus, sabiamente,
esconde deles, a fim de proteger-lhes a livre escolha
nessa questão vital que nós chamamos de “crer”. Fé,
portanto, é realmente mais uma decisão da vontade
do que um sentimento da emoção. E enquanto não
nos decidimos a crer, a fé não pode crescer. A Bíblia
diz: “Sem fé é impossível agradar a Deus; porquanto
é necessário que aquele que se aproxima de Deus
20 A Universidade da Palavra
creia que ele existe [ou é] e que se torna galardoador
dos que o buscam” (Hebreus 11:6).
Num sentido verdadeiro, a Bíblia nunca tenta
provar a existência de Deus. De fato, a própria
qualidade de fé necessária para desenvolver cresci­
mento espiritual no crente tornar-se-ia praticamente
ineficaz se a existência de Deus pudesse ser categori­
camente provada aos olhos da comunidade secular. A
fé é um pré-requisito absoluto. De fato, ela tem tal
importância que o capítulo 5, O Princípio da Segu­
rança, é totalmente devotado ao tema.
Isso não significa que não existem provas da
existência de Deus. Pelo contrário, o universo está
cheio delas. A Bíblia trata da realidade divina de
maneira simples. A escola de apologética do salmista
começa e termina com apenas nove palavras: “Diz o
insensato no seu coração: Não há Deus” (Salmo 53:1)!
A evidência ao alcance dos que se decidem a
procurá-la é, geralmente, classificada em duas catego­
rias: (1) A evidência interna. Esta tem que ver com a
evidência dentro do contexto da Escritura, bem como
na experiência cristã pessoal. (2) A evidência externa.
Relaciona-se com a evidência fora da Escritura, a
saber, em áreas relacionadas com a criação física ao
nosso redor, bem como com o testemunho da ciência
natural.
Evidência Interna
As palavras evidência interna referem-se àquelas
evidências que estão dentro do arcabouço da fé cristã.
A mais significativa delas e foco deste livro todo é,
inquestionavelmente, a singularidade da Escritura. É
difícil negar que a Bíblia é a mais rara compilação de
percepções literárias já escritas na história do mundo.
Consideremos os fatos. Mais de quarenta autores,
de diferentes ocupações, contribuíram para compilar
A Asa de Uma Borboleta 21
sessenta e seis livros distintamente diferentes: Moisés
foi príncipe; Davi, rei; Isaías foi um erudito; Ezequiel,
sacerdote; Neemias, estadista; Pedro foi pescador;
Paulo, fabricante de tendas; Mateus foi cobrador de
impostos e Lucas, médico. Até um pastor de ovelhas,
Amós, escreveu um livro da Bíblia.
Consideremos, ainda, que esses autores escreveram
durante um período de mil e quinhentos anos,
durante os quais muitos deles jamais tiveram conheci­
mento da existência de qualquer dos outros escrito­
res. Todavia, o livro tem uma continuidade incrível e
uma autoridade sobrenatural. Não é de admirar que
Mateus tenha dito de Jesus: “Quando Jesus acabou de
proferir estas palavras, estavam as multidões maravi­
lhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como
quem tem autoridade, e não como os escribas”
(Mateus 7:28-29).
Compare a autoridade de Jesus aos escritores
secularistas, que buscam as origens do homem à parte
de Deus. Charles Darwin, por exemplo, ao escrever A
Descendência do Homem utilizou as palavras “bem
podemos supor” mais de 800 vezes. Olhe novamente
para as primeiras palavras da avaliação que Mateus
fez do ensino de Jesus: “Quando Jesus acabou de
proferir estas palavras!” Vez após vez encontramos
essa expressão nas páginas da Escritura, tanto do
Antigo como do Novo Testamento. De fato, a Palavra
de Deus é um livro de coisas que “aconteceram”. É
vivo. É um livro de realidade.
Miríades de membros da família humana não
somente reconhecem a existência de Deus, mas tam­
bém dizem ter encontrado o Criador mediante uma
experiência pessoal com Jesus Cristo, seu Filho. O
próprio fato de que uma média de 78.000 pessoas,
por todo o mundo, estão aceitando Jesus Cristo como
Salvador, pessoalmente, cada dia (conforme confíá-
22 A Universidade da Palavra
veis estatísticas missionárias)1indica que alguma coisa
muito real está acontecendo. Certamente isto não é
histeria de massa.
Testemunhos fora do comum e dramáticos de
conversões têm surgido nos anos recentes, de pessoas
outrora consideradas totalmente fechadas ao evange­
lho de Jesus Cristo, algumas das quais chegaram até
mesmo a, publicamente, zombar da própria existên­
cia de Deus. William Murray, filho de Madalyn
Murray 0 ’Hair, o mais famoso ateu dos Estados
Unidos, não somente renunciou a seus conceitos de
ateísmo que aceitara durante a mocidade, mas tam­
bém, com efeito, tornou-se um cristão “nascido de
novo”. Pergunte a Bill Murray hoje se Deus é real, e
prepare-se para um sermão.
Charles “Tex” Watson, considerado por muitos
como o principal assassino pertencente à família de
Charles Manson, é agora um crescente e dedicado
cristão “nascido de novo”, e já por vários anos.
Embora repetidamente lhe tenha sido negada a
liberdade condicional, por causa de seu envolvimento
nos assassinatos atrozes em casa de uma atriz em
Hollywood, há mais de uma década, Charles Watson
atualmente exerce um dinâmico ministério entre os
prisioneiros de sua própria cela, que atinge os Estados
Unidos como um todo, e também o mundo.
Há dez anos, escrevendo um livro para jovens,
referi-me aos criminosos Manson e como tal poder
satânico só pode ser vencido através de oração dinâ­
mica e prevalecente. Que alegria relatar que Charles
Watson não somente está servindo a Jesus Cristo na
prisão, mas tem, de fato, ajudado a ensinar em meu
Seminário da Escola de Oração, que era apenas um
sonho em seus estágios iniciais de desenvolvimento
quando Charles foi preso pela primeira vez.
Amado leitor, indivíduos como Bill Murray e Char­
A Asa de Uma Borboleta 23
les Watson continuam a revelar que Jesus Cristo
muda vidas. Há um Deus, e ele está-se comunicando
com o homem.
Evidência Externa
Não nos esqueçamos, porém, das evidências exter­
nas da existência de Deus. Cada nascer e pôr-de-sol é
um cântico silencioso entoado em tributo à realidade
divina. De fato, uma clara noite estrelada é tudo de
que qualquer ser pensante necessitaria para reconhe­
cer que Deus existe. Neemias, conselheiro designado
por Deus para um antigo rei da Babilônia, disse: “Só
tu és Senhor, tu fizeste o céu, e o céu dos céus, e todo
o seu exército, a terra e tudo quanto nela há”
(Neemias 9:6).
A própria criação que nos rodeia clama continua­
mente: “O teu Deus reina” (Isaías 52:7). O filósofo
grego Aristóteles certamente concordava com isto,
pois escreveu: “Se alguém que tenha passado a vida
toda debaixo da terra repentinamente visse a luz do
dia e as maravilhas do céu e da terra, diria que
deveríam ser obras de um ser que nós chamamos de
Deus.”
Aristóteles não se encontrava sozinho entre os
cientistas antigos que reconheceram a realidade de
Deus. Consideremos Galileu. Ele foi preso por causa
de seu pensamento avançado. De sua cela Galileu
escreveu: “Se eu não tivesse nenhuma outra razão
para crer na sabedoria e na bondade de Deus, eu
podería deduzi-las a partir da palha que está no chão
desta masmorra.”
A ciência moderna, semelhantemente, levanta uma
voz de apoio. Wernher von Braun, o notável inventor
dos primeiros foguetes espaciais, disse: “Quanto mais
investigo o espaço, tanto maior é a minha fé em
Deus.”
24 A Universidade da Palavra
Ainda outro cientista, Dwayne T. Gish, grande
bioquímico, cujas opiniões criacionistas têm sido pu­
blicadas freqüentemente nas principais revistas, es­
creveu: “Quanto ao grande mistério da vida, eu
simples e definitivamente aceito o testemunho do
Gênesis, que diz: ‘D eus... lhe soprou nas narinas [do
homem] o fôlego de vida’ (Gênesis 2:7)!”
Fora o registro dos próprios cientistas que reconhe­
cem a existência de Deus, podemos examinar o
testemunho de campos específicos da ciência para ver
ainda mais provas. Embora muitos de tais campos
proporcionem testemunhos que apoiam a realidade
de Deus, em virtude do espaço limitado citaremos
apenas um, a etnologia, a ciência das características
raciais. Consideremos especificamente as duas leis
fundamentais da etnologia em relação com o relato
bíblico do dilúvio.
A primeira lei diz: “Quando povos amplamente
isolados têm em comum um corpo de tradição e fé,
essa posse comum estabelece relacionamento ou an­
cestrais comuns.”
A segunda lei declara: “Quando povos amplamente
separados têm uma tradição ou crença comum num
evento passado, essa crença tem por base alguma
ocorrência histórica.”
Com intuitos de esclarecimento, consideremos um
exemplo hipotético. Suponhamos que pesquisadores
descobrem que um grupo de pessoas que viveram na
China há dois mil e quinhentos anos tem uma
tradição singular. Suponhamos também que, mais
tarde, esses pesquisadores descobrem que um grupo
distintamente separado, vivendo na mesma época em
uma parte totalmente diferente do mundo, tal como o
Peru, tem em seus relatos a mesma tradição; pode­
mos, então, concluir que esses dois povos têm um
ancestral comum. Essa seria a única explicação do
A Asa de Uma Borboleta 25
fato de que dois povos tão isolados entre si pudessem
manter o mesmo corpo de tradição e crenças. Em
outras palavras, eles vieram, originalmente, dos mes­
mos pais.
Além disso, de acordo com a ciência da etnologia,
se esse grupo hipotético de pessoas vivendo na China
há dois mil e quinhentos anos contivesse em seus
relatos uma declaração de fé na ocorrência de um
evento particular (tal como um grande dilúvio), e se
um grupo de pessoas bem separado, como aqueles
que viviam na mesma época no Peru, também decla­
rasse uma crença no mesmo evento passado, deve ter
havido alguma ocorrência histórica que resultou no
registro de tal crença. Em outras palavras, não
poderia ter sido mera coincidência. Além do mais, à
medida que aumenta o número de povos isolados
entre si, e que relatam um mesmo evento particular,
maior é a probabilidade de que tal evento tenha
ocorrido precisamente como relatado.
De acordo com a ciência da etnologia, portanto, se
o registro bíblico de um grande dilúvio é verídico, nós
deveriamos ler acerca de um dilúvio tal nos escritos
antigos de numerosas das trinta e três raças de povos
das quais temos registros. A avaliação de tais relatos é
reveladora.
1. Primeiro, notamos que das trinta e três raças
examinadas, todas elas, mesmo as mais isoladas e
separadas, mencionam claramente um tipo de dilú­
vio, total ou parcial, que aconteceu aproximadamente
à época do dilúvio bíblico. Assim, cem por cento têm
um relato do dilúvio em seus arquivos. Isso não pode
ser coincidência.
2. Segundo, trinta e uma dessas raças incluem em
seus registros uma referência ao dilúvio ter sido
totalmente destruidor, como a Bíblia o descreve.
Assim, 94% dessas raças têm em suas tradições e
26 A Universidade da Palavra
crenças antigas um registro de um dilúvio total.
3. Terceiro, trinta e duas, ou 97% declaram em
suas tradições que o homem foi milagrosamente salvo
do dilúvio. Desse grupo, vinte e oito afirmam que a
salvação ocorreu por intermédio de um navio, ou
arca. Assim, 85% expressam crença em uma arca.
4. Quarto, trinta raças, 91% relatam em suas
tradições que animais também foram milagrosamente
salvos, protegendo, assim, as suas espécies.
5. Quinto, vinte e cinco, ou 76% incluem como
parte de seus antigos relatos, informação acerca da
arca aterrando em uma montanha após as águas
terem baixado.
6. Sexto, vinte e nove, ou 88% descrevem pássaros
sendo enviados do navio para verificar se as águas do
dilúvio estavam baixando.
7. Sétimo, trinta das trinta e três raças, ou 91%
mencionam algum tipo de favor divino demonstrado
aos que foram salvos, em particular por um “arco” de
cores no céu.
8. Finalmente, trinta e uma, ou 94% falam de ser
oferecida adoração a uma deidade, por aqueles que
foram salvos após o dilúvio destruidor.
A evidência, pelo menos para este escritor, parece
óbvia e conclusiva. Existe um Deus que comunicou
seu amor pela humanidade. Ele escolheu fazer isso
através de sua Palavra escrita, a Bíblia, e através de
sua Palavra Viva, Jesus Cristo, seu Filho.
ESCOLHENDO O MELHOR DE DEUS
Não raia nenhum dia vazio do potencial do reino
eterno. Jack Hayford escreveu: “Não há maior segre­
do para o crescimento e vitória, ou para perseverar e
triunfar na vida diária, do que caminhar com Jesus a
cada novo dia.”
Crescimento é uma escolha. Maturidade é um ato
A Asa de Uma Borboleta 27
da vontade. Cada dia que vivemos jaz perante nós
como uma passagem para a promessa, ou como uma
porta para a derrota.
A introdução veterotestamentária a este conceito é
descoberta em Deuteronômio. Deus disse: “Eis que
hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a
bênção, quando cumprirdes os mandamentos do
Senhor vosso Deus, que hoje vos ordeno; a maldição,
se não cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso
Deus, mas vos desviardes do caminho que hoje vos
ordeno para seguirdes outros deuses que nunca
conhecestes” (Deuteronômio 11:26-28).
Aqui parece que toda a teologia da experiência
espiritual é reduzida a um simples ato da vontade.
Podemos escolher a “bênção” respeitando a existência
de Deus e aceitando o perdão em seu Filho, ou
podemos rejeitar essas condições por um ato de
rebeldia, um ato que levará, em última análise, à
“maldição.”
Está em ordem, pois, um exame mais cuidadoso
desses dois pontos focais da escolha — a “bênção” e a
“maldição”.
A Maldição (Rebelião)
C. S. Lewis escreveu sabiamente: “Caminhar fora
da vontade de Deus é não ir para lugar nenhum.” A
rebelião é o primeiro passo, de fato um passo gigan­
tesco, para longe de Deus. A rebelião é definida como
“resistência aberta ou contestação a qualquer autori­
dade”.
A Bíblia deixa bem claro que a rebelião é mortal.
Através dos lábios de Samuel, Deus disse a Saul:
“Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a
obstinação é como a idolatria” (1 Samuel 15:23).
Um pensamento particularmente amedrontador
acerca da rebelião é a maneira pela qual tal espírito
28 A Universidade da Palavra
tem a capacidade de atar as mãos de Deus. Falando de
Israel, o salmista disse: “Quantas vezes se rebelaram
contra ele [Deus] no deserto, e na solidão o provoca­
ram! Tornaram a tentar a Deus, agravaram o Santo
de Israel” (Salmo 78:40-41). Por mais espantoso que
seja, a capacidade de Deus operar por meio de Israel
foi limitada porque seus princípios estavam sendo
violados.
Infelizmente, esse mesmo espírito empesteia a
Igreja de Jesus Cristo na atualidade. Algumas vezes
tal espírito parece oculto, mas está presente. É uma
rejeição silenciosa do melhor de Deus. Nem toda
rebelião se manifesta em palavras duras ou em
acessos de ira. Pelo contrário, a maior parte das
rebeliões espirituais é simplesmente uma recusa apá­
tica de reconhecer a Deus, e, além disso, de permitir
que ele reine desimpedidamente sobre o coração,
mediante Jesus Cristo.
Toda rebelião leva para a mesma direção — para
longe de Deus. Note a paráfrase de Provérbios 1:29-
31: “Sabem por que isso vai acontecer? Porque vocês
desprezaram a verdade e se recusaram a honrar e
obedecer ao Senhor. Vocês não deram valor aos meus
conselhos e acharam que minha repreensão era inútil.
Por isso, vocês comerão os frutos amargos de sua
desobediência. Já que seus pais foram semear ventos,
vocês colherão tempestades” (Bíblia Viva).
A Cura (Bênção)
A cura para a maldição da rebeldia é, inquestiona­
velmente, o espírito de respeito. A Bíblia está cheia de
promessas dirigidas àqueles que respeitem, ou “te­
mam”, ao Senhor. Beneficie-se deste belo sumário de
Levítico 26:3-8:
“Se andardes nos meus estatutos, guardardes os
meus mandamentos, e os cumprirdes então eu vos
A Asa de Uma Borboleta 29
darei as vossas chuvas a seu tempo . . . Estabelecerei
paz na terra . . . Cinco de vós perseguirão a cem, e
cem dentre vós perseguirão a dez mil; e os vossos
inimigos cairão à espada diante de vós.”
Respeito tem uma variedade de sentidos. Cada um é
significativo para uma compreensão do princípio
fundamental deste capítulo, que logo virá. Respeito
significa:
1. Considerar digno de estima
2. Não ser intrometido
3. Interessar-se por
4. Prestar atenção
5. Ter consideração
6. Mostrar favor
A combinação dessas definições equivale precisa­
mente à expressão bíblica “o temor do Senhor”. Não
há, nesta definição, lugar para o terror. Não estamos
falando de “medo” quando nos referimos ao temoi
do Senhor, mas de um espírito de amor. O salmista
disse: “Na tua presença há plenitude de alegria, na
tua destra delícias perpetuamente” (Salmo 16:11).
Dificilmente esta é uma descrição de terror ou pavor.
A expressão também não fala, de modo nenhum,
em cultivar um sentimento particular de ansiedade
acerca de aproximar-nos do nosso Pai celestial. Fico
confuso com professores da Bíblia que sugerem tal
significado. Sem dúvida, a ira de Deus é uma realida­
de, mas a essência divina é o amor. A ira é resultado
da rebelião, e quando escolhida por via da increduli­
dade, torna-se uma certeza que não pode ser evitada.
Mas aqui está a realidade excitante. O temor do
Senhor é, literalmente, o oposto exato do que podería
ser chamado o pavor do Senhor. O temor do Senhor é
um profundo respeito que nasce de um senso de
reverência pela presença de Deus. E, à medida que
desenvolvemos essa reverência, a vida começa a
30 A Universidade da Palavra
encher-se de bênçãos. Três bênçãos bíblicas nos vêem
de imediato à mente, todas claramente ligadas ao
temor do Senhor.
A primeira bênção é a realização. À medida que
reverenciamos a Deus, a vida dá passos gigantescos
em direção do significado e realização em Jesus
Cristo. Nossos dias, literalmente, tornam-se repletos
de crescente realização. A paráfrase de Provérbios
10:27, diz: “O homem que obedece ao Senhor au­
menta a duração de sua vida” (Bíblia Viva).
Diz-se que Martinho Lutero, certa vez, relatou que
tinha tanto trabalho a fazer num certo dia que o único
meio de poder realizá-lo seria passar as três primeiras
horas em oração. Ele havia aprendido que voltar a
atenção a Deus realmente acrescentava potencial a
um dia.
O segundo grande resultado do temor do Senhor ê saúde.
Tanto a energia física como a espiritual fluem de uma
vida de reverência a Deus. Uma vez mais vamos à
paráfrase de Provérbios: “Quem obedece e respeita o
Senhor tem uma força especial... Obedecer e respei­
tar o Senhor dá novas forças para enfrentar a vida e
escapar dos perigos da morte” (Provérbios 14:26-27,
Bíblia Viva). Aqui descobrimos que uma fonte de
energia divina é liberada em nós à medida que
desenvolvemos respeito espiritual.
Finalmente, o temor do Senhor gera o sucesso material
assim como o espiritual. A Bíblia diz: “Para conseguir
riqueza, respeito dos homens e uma vida feliz, você
precisa ser humilde e obediente ao Senhor” (Provér­
bios 22:4, Bíblia Viva).
Esta promessa final parece resumir tudo quanto
resulta do temor do Senhor. Saúde, bênção pessoal, e
mesmo o respeito dos outros fluem do cultivo da
reverência a Deus. Respeitar a Deus, portanto, é o
ponto de partida bem como o caminho da contínua
A Asa de Uma Borboleta 31
jornada da vida em direção ao melhor das bênçãos de
Deus.
COMO CHEGAR LÁ
Sabedoria, diz-se, é saber para onde vamos, e como
chegar lá. É o uso correto do conhecimento. Como,
então, “tememos o Senhor?” Como desenvolvemos
uma atitude de respeito? Nossa resposta é tríplice:
Primeiro, devo respeitar a Deus. Podemos defini-lo
como respeito espiritual. Pode-se começar a desenvolver
esta qualidade por meio da oração diária fiel. Respei­
to, acima de tudo, é o ato de dar atenção a alguém.
Não há melhor maneira de voltar nossa atenção a
Deus do que mediante um hábito devocional diário
cuidadosamente planejado. (No capítulo 10 falare­
mos mais sobre este assunto.)
Em segundo lugar, devo respeitar aos outros. Podemos
defini-lo como respeito social. Esta qualidade é desen­
volvida ajudando aos outros, tangivelmente, a cada
dia. A generosidade ocupa o núcleo do respeito
social. O verdadeiro respeito deve ser demonstrado
em ações.
Finalmente, devo respeitar a mim mesmo. Podemos
defini-lo como respeito pessoal. Tal respeito é desen­
volvido por meio do crescimento diário, tanto espiritual
como mentalmente. Nosso alvo é a maturidade cristo-
cêntrica. Muitos conceitos, apresentados nos vários
princípios, ainda restantes, da Universidade da Palavra,
determinarão os passos específicos para atingirmos
este alvo, passos que nos ajudarão a ampliar nossa
auto-imagem em Cristo.
O PRINCÍPIO DO RESPEITO
Reduzido a um simples princípio de vida abundan­
te, tudo o que foi apresentado neste capítulo pode ser
resumido como segue:
32 A Universidade da Palavra
Só posso achar um propósito final na vida se
aprender os elementos essenciais do respeito. Devo
respeitar a Deus. Devo respeitar aos outros. Devo
respeitar a mim mesmo. Por isso, resolvo escolher este
curso de ação diariamente, e, no poder de Deus,
considero-o concluído.
TEXTO BÍBLICO PARA MEMORIZAÇÃO DO
PRINCÍPIO DO RESPEITO
Para dar a você uma única passagem da Escritura,
que sirva como um futuro ponto focal para marcar e
preparar as referências cruzadas em sua Bíblia, após
completar este estudo, a seguinte passagem foi sele­
cionada para o PRINCÍPIO DO RESPEITO. É bom
você decorá-la:
Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel,
o Senhor nosso Deus é o único Senhor! Amarás,
pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração,
de toda a tua alma, de todo o teu entendimento
e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o
teu próximo como a ti mesmo. Não há outro
mandamento maior do que estes (Marcos 12:29-
31).
PASSAGENS DE APOIO PARA O PRINCÍPIO DO
RESPEITO
Visto que o objetivo deste curso é mostrar-lhe como
estudar e marcar toda a sua Bíblia, selecionamos um
pequeno número de passagens de apoio para cada
princípio, como um meio de ajudá-lo a começar.
Localize na Bíblia as seguintes passagens e sublinhe as
palavras ou frases-chave em cada uma.2 Depois, na
margem de sua Bíblia, ao lado de cada versículo,
escreva o número deste princípio, e trace um círculo
ao seu redor. A seguir estão os versículos de apoio
A Asa de Uma Borboleta 33
para o PRINCÍPIO DO RESPEITO:
Provérbios 3:27 1 Coríntios 8:6-13
Isaías 58:1-12 1 Coríntios 9:19-23
Mateus 25:35 1 Coríntios 10:31-33
Lucas 10:30-37 Filipenses 2:1-4
Lucas 17:3 Tiago 1:22-27
Romanos 12:10-16 1 Pedro 2:17
Romanos 13:1-7 1 Pedro 5:5-6
Romanos 14:1-23*4

1 C. Peter Wagner, On the Crest of the Wave (Ventura, CA: Regai Books, 1983),
pp. 19-21.
4 O autor usou a versão bíblica do Rei Tiago (em inglês) para compilar a lista
acima; em alguns casos a versão em português pode não empregar as
palavras que, à primeira vista, relacionar-se-iam com o tema do princípio de
cada capítulo. Geralmente, porém, uma leitura mais cuidadosa revelará o
relacionamento desejado.
Capítulo 2

O Cesto das
P reocupações
(O Princípio da Confiança)

Era uma ensolarada tarde de sexta-feira; arrumei


apressadamente minha mesa, esperando deixar o
escritório cedo, para o fim de semana do Dia Memo­
rial. A firme batida em minha porta indicou que algo
estava para acontecer.
— Dick—, disse minha secretária com pânico na
voz, — há um homem aqui que precisa desesperada­
mente de um ministro.
Sendo o pastor mais novo da equipe, e não muito
entusiasmado com a possibilidade de enfrentar situa­
ções desesperadas, respondí imediatamente:
— Por que não o encaminha ao Pastor Henson? Ele
é o nosso pastor mais experiente.
Lola me informou imediatamente que o Pastor
Henson já havia saído.
— E o Pastor Morgan? — acrescentei.
— Ele também já foi —, respondeu Lola.
— O Pastor Waldon?
— Dick—, retrucou ela, — ele também não está.
Você é o único pastor disponível. Você tem de ajudar
aquele homem, Dick. Ele diz que está planejando se
matar ainda esta tarde!
O pânico invadiu todo o meu ser. Não tenho idéia
36 A Universidade da Palavra
de como as minhas palavras soaram para minha
secretária, mas elas saíram:
— Ah, não! hoje não — eu planejava ir cedo para
casa!
Mas Deus tinha outros planos para aquela tarde. A
porta de meu escritório ia abrir-se para uma tarde de
sexta-feira da qual jamais me esquecería.
Ele estava bem vestido, era contador, tinha trinta
anos. À primeira vista, não parecia haver nada de
extraordinário.
— Ouvi dizer que você se está sentindo um pouco
desencorajado ultimamente—, disse-lhe, tentando
estabelecer um diálogo. — Você gostaria de me falar
sobre isso?
Vagarosamente o homem começou a relatar suas
razões para o desespero. Eram muitas. Para ele, tudo
parecia estar dando errado. Perguntei-lhe se ele havia
levado seus problemas a Deus.
— Bem, outrora eu acreditava em Deus—, afir­
mou ele, — mas agora não tenho certeza de que ele
existe. Meu lar era feliz, mas já não amo a minha
esposa. Ela ainda me ama, mas eu me sinto morto por
dentro. Tudo está-se tornando enfadonho. O que há
de errado comigo?
Orei em meu coração, procurando uma resposta.
Eu não sabia o que dizer. A ênfase de meu ministério
naquela época era a “mocidade”, e certamente eu
sabia muito pouco sobre como lidar com uma pessoa
que planejava cometer suicídio. Repentinamente veio
auxílio do céu. O Espírito Santo colocou em meu
coração o solucionador final dos problemas: o cesto das
preocupações.
Sentado à minha mesa, tive uma poderosa explosão
de fé.
— Você tomou a decisão certa vindo aqui hoje —
assegurei ao contador. — Você nunca mais será o
0 Cesto das Preocupações 37
mesmo. Quando sair, o mundo todo será diferente. A
grama será mais verde, o céu mais azul, e você estará
sorrindo como nunca antes.
O contador não pareceu impressionado.
— Mas o senhor não compreende—, alertou-me
calmamente.
— Você ainda não tentou o cesto das preocupações,
não é mesmo? — perguntei.
— O quê? — perguntou ele abruptamente.
Rapidamente estendi a mão até à mesa e apanhei
um cesto imaginário. Era difícil acreditar que eu
estava brincando de charadas com um contador bem-
-educado que pensava em suicídio.
— Aqui está —, disse, segurando o objeto invisível.
Ele viu pouco humor em meus gestos. Ao invés
disso, parecia confuso.
— Mas eu não estou vendo nada—, respondeu.
— Sobre o que estamos falando?
Por um momento pensei que eu estivesse em
apuros.
— Estou falando deste cesto em minhas mãos—,
respondí com firmeza. — Você tem de vê-lo para que
ele funcione.
— Mas eu não vejo nada —, reafirmou ele.
— Se você quiser livrar-se de seus problemas, terá
de ver o cesto —, acrescentei imediatamente. — Você
tem de vê-lo com o coração, com os olhos espirituais.
De repente houve uma centelha de fé. O contador,
embora ainda solene, respondeu:
— Ah, acho que entendi. Estamos apenas imagi­
nando —. Ele parou para pensar por um segundo e
então disse: — OK . . . eu o estou vendo.
Rapidamente fiz uma explicação acerca de como
usar o cesto das preocupações. Entrementes, eu ainda
estava segurando o cesto imaginário à distância de um
braço, muito cansado.
38 A Universidade da Palavra
— Você pega todas as suas preocupações —, expli-
quei, — e, uma por vez, Iança-as dentro do cesto.
Depois, você entrega o cesto a Deus, e fica livre dos
problemas.
Dizendo isto, estendi meu punho fechado para o
homem algo confuso:
— Eis aqui, pegue o cesto e tente—, roguei-lhe.
Novamente houve aquele olhar vago.
— Veja—, acrescentei, — você não tem nada a
perder. Apenas tente. Pegue o cesto.
O contador olhou cuidadosamente ao redor da sala
para certificar-se de que ninguém estava vendo. Ele
não tinha a mínima idéia de que eu estava igualmente
embaraçado. Imagine, dois homens crescidos falando
sobre um cesto invisível.
Repentinamente ele tomou o cesto imaginário de
minhas mãos. A fé estava do nosso lado, e crescia.
— E agora, o que faço? — perguntou ele, seguran­
do o cesto.
— Você coloca nele as suas preocupações.
— Como é que faço isso? — replicou ele sincera­
mente.
— Bem, você pega cada problema que lhe vier à
mente e joga-o dentro do cesto.
Fiz um gesto como quem pega alguma coisa no ar.
Inclinei-me e lancei-a no cesto invisível, firmemente
seguro nas mãos dele.
Seus olhos rapidamente olharam de lado a lado,
temeroso outra vez de que alguém estivesse espiando
pela fresta da porta. Então, como se estivesse apa­
nhando algo, ele agarrou o ar, lançando várias
preocupações no cesto.
— Você pegou todas? — perguntei rapidamente.
— O que o senhor quer dizer com isso?
— Você não esqueceu nenhuma preocupação? —
você tem de incluir todas —, acrescentei, — de outra
O Cesto das Preocupações 39
forma o cesto não irá funcionar direito.
Pensei ter visto um rápido sorriso, mas não estava
certo. Ele olhou rapidam ente para o alto —
ponderando cuidadosamente as preocupações que o
haviam levado ao meu escritório. Tão rapidamente
quanto antes, ele pegou o ar.
— Eu esqueci uma —, disse-me, e lançou-a ao cesto.
Tentei não rir.
— E agora? — perguntou ele.
— Entregamos o cesto a Deus —, respondí, — e ele
o limpará para nós. Depois ele o devolverá vazio para
uso posterior.
— Mas como eu o entrego a Deus?
— É simples. Você o segura com as duas mãos e
ergue-o em direção ao céu.— Ergui as mãos para o
teto enquanto falava.
Calmamente, o homem pegou o cesto imaginário
com ambas as mãos e o ergueu. É verdade, parecia
uma tolice, embora uma poderosa lição objetiva sobre
a fé se estivesse desenvolvendo e tomando força.
Sustentando os braços cansados em uma posição
acima da cabeça, por vários segundos, o homem
perguntou: — E agora?
Tendo em vista que eu nunca havia feito aquilo
antes, meu coração clamou a Deus: “Oh Deus, ouviste
o homem, não é?”
Imediatamente Deus respondeu. Sorri em voz alta
quando falava com ele:
— Veja você mesmo—, disse alegremente. — O
balde se foi!
Ele olhou rapidamente para os braços cansados, e
disse: — Foi?
— Certamente —, respondí, — você não está vendo
nenhum por aqui, não é?
Antes que o homem falasse, acrescentei:
— Veja, meu irmão, Deus desceu do céu e pegou
40 A Universidade da Palavra
todos aqueles problemas. Você não tem mais ne­
nhum!
Havia um poderoso senso da presença de Deus no
meu escritório naquele momento. O homem parecia
aliviado, embora ele ainda tivesse de demonstrar
alguma alegria real. Para todos os fins práticos, a
sessão de aconselhamento estava terminada. Lembrei
ao homem que esses eventos em meu escritório
tinham de ser aceitos pela fé.
— Você provavelmente irá sentir isso quando sair
daqui —, disse-lhe. — Lembre-se do que disse antes.
O mundo todo parecerá diferente. Deus pode fazer
isso, você sabe.
Levantamos juntos e fomos até à porta. Fiz uma
breve oração e o contador foi embora. Eu podería ter
algumas dúvidas acerca do incidente todo, não fosse
pela estranha cena que testemunhei trinta minutos
mais tarde. Fechei a porta do escritório e caminhei até
o meu carro. Pelo canto do olho vi uma figura no
pátio da igreja, facilmente visível aos milhares de
motoristas que passam por aquela esquina diariamen­
te.
Era difícil acreditar no que eu estava vendo. O
contador com a face radiante, andava para lá e para
cá no pátio gramado, com as mãos erguidas ao céu.
Nem se parecia com o homem que eu tinha visto em
meu escritório. Ele lançava um olhar para o céu e
sorria. Então, inclinava-se, olhando para a grama —
sorrindo. Era algo para se ver. O céu estava mais azul,
a grama estava mais verde, e ele estava louvando ao
Senhor — assim como Deus havia prometido. Ele
havia descoberto o cesto das preocupações. Ele desco­
briu que funcionava, algo que eu também estava
descobrindo diariamente.
O jovem contador não foi o único ajudado naquela
tarde ensolarada. Deus me estava apresentando um
O Cesto das Preocupações 41
princípio fundamental para uma feliz e saudável
experiência de vida nele. Tinha que ver com aquela
qualidade espiritual altamente desejável e absoluta­
mente vital, chamada confiança.
UMA CONFIANÇA SEGURA
Em termos simples, a capacidade de confiar em
Deus, com tudo o que a palavra confiança implica, é
tão vital para a vida espiritual quanto o ar para a vida
física.
Webster define confiança como uma “certeza da
integridade de outra pessoa”, e uma “esperança
confiante”. Talvez a definição mais compatível com
uma compreensão bíblica de confiança seja “permitir
que alguém haja em seu favor, sem temor ou descon­
fianças”. Confiar é deixar Deus ser Deus.
A confiança é essencial ao processo de maturação
do crente, pois gera a lealdade, “estado ou qualidade
de ser fiel a qualquer pessoa a quem se deva fidelida­
de”. A lealdade implica um estreito relacionamento,
que se mantém mesmo quando a pessoa é tentada a
renunciá-lo ou ignorá-lo.
A lealdade é crucial para o crescimento espiritual
porque gera fidelidade, “cuidadosa observância do
dever ou a desincumbência das obrigações”. Confian­
ça, lealdade, e fidelidade, juntas, formam a espinha
dorsal da capacidade do crente de atingir sua máxima
eficiência em Jesus Cristo. Declarado de maneira
simples, onde há ausência de confiança há ausência
de crescimento.
A falta de confiança indica, de fato, fraqueza
espiritual. A Bíblia diz: “Os que confiam no Senhor
são como o monte Sião, que não se abala, firme para
sempre. Como em redor de Jerusalém estão os
montes, assim o Senhor em derredor do seu povo”
(Salmo 125:1-2).
42 A Universidade da Palavra
A confiança sólida como a rocha, a confiança que
permanece altaneira e firme como uma montanha, só
cresce em proporção ao nosso conhecimento da
natureza de Deus. O salmista disse: “Em ti, pois,
confiam os que conhecem o teu nome” (Salmo 9:10).
Assim, para aumentar minha confiança, devo co­
nhecer a natureza de Deus. E, para conhecer a
natureza de Deus, devo conhecer os seus nomes.
Pelo menos dezesseis vezes no Antigo Testamento o
termo hebreu Jeová, que significa o “auto-existente” é
ligado a uma expressão descritiva, reveladora de um
aspecto singular do nosso Criador. Essas expressões
podem ser chamadas “os nomes de Deus”. Para
ajudar-nos a aumentar nosso conhecimento da natu­
reza de Deus, e, assim, de nossa confiança, vamos
examinar vários deles.
JEOVÁ-PROTETOR
Israel estava sob o ataque dos amalequitas. Moisés,
o comandante chefe, designado por Deus, preparou a
sua estratégia de batalha, também dada por Deus. A
Bíblia diz: “Então veio Amaleque, e pelejou contra
Israel em Refidim. Com isso ordenou Moisés a Josué:
Escolhe-nos homens, e sai, peleja contra Amaleque;
amanhã estarei eu no cume do outeiro e a vara de
Deus estará na minha mão” (Êxodo 17:8-9).
Havia pouca complexidade na estratégia que Deus
dera a Moisés. Moisés teria de levantar a vara de
Deus, símbolo do poder sobrenatural de Deus, acima
do campo de batalha, enquanto Josué conduzia as
tropas à vitória.
No início da batalha, a estratégia deu certo, mas por
pouco tempo. A Bíblia diz: “Quando Moisés levantava
a mão, Israel prevalecia; quando, porém, ele abaixava
a mão, prevalecia Amaleque” (Êxodo 17:11).
Há uma lição dinâmica sobre o poder da interces-
0 Cesto das Preocupações 43
são, quando Arão e H ur sustentam os braços cansa­
dos de Moisés acima do campo de batalha. E, quando
finalmente conseguiram a vitória, Moisés honra a
Deus nomeando aquele lugar de Jeová-Níssi, uma
expressão hebraica que significa “Jeová é nosso prote­
tor,” ou “o Senhor é nossa força e nossa vitória” (leia
Êxodo 17:15).
A Bíblia Viva parafraseia Êxodo 17:15, de modo
interessante: “Moisés construiu ali um altar e lhe deu
um nome que significa: O Senhor é a minha bandei­
ra.”
Embora a paráfrase soe algo fora do comum, ela
tem um significado tremendo. Quando soldados
levantam a bandeira de seu país na batalha, ela
simboliza todo o poder ou recursos daquela nação
que estão por detrás dos seus esforços. Eles estão
batalhando em nome de seu país.
Quando erguemos o nome Jeová-Níssi na face de
nossos inimigos, significa que todo o poder do Rei dos
Céus nos apóia na batalha. Deus está atrás de nós.
Não estamos sozinhos.
Moisés certamente aprendeu bem esse princípio.
Deus era Jeová-Níssi para Israel já muito tempo antes
de Moisés descrevê-lo como tal. Por exemplo, foi
Moisé que, anteriormente, dissera ao povo de Deus:
“O Senhor pelejará por vós, e vós calareis” (Êxodo
14:14).
Até mesmo os seus inimigos sabiam que Israel
avançava no poder de “Jeová-Níssi.” Em 2 Crônicas
20:29 lemos: “Veio da parte de Deus o terror sobre
todos os reinos daquelas terras, quando ouviram que
o Senhor havia pelejado contra os inimigos de Israel.”
Esse conceito não é só do âmbito veterotestamentá-
rio. Jesus disse: “Eis aí vos dei autoridade para
pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder
do inimigo, e nada absolutamente vos causará dano”
44 A Universidade da Palavra
(Lucas 10:19). Isto, amado, não pode fazer outra
coisa senão encher nossos corações de confiança. É o
poder do seu glorioso nome —Jeovâ-Níssi.
JEOVÁ-SUPRIDOR
Há ainda mais coisas a serem descobertas no poder
dos nomes de Deus. Abraão fornece um exemplo
especial. O patriarca enfrentou um sério teste de
proporções de crise. De fato, podemos chamá-lo de
“exame semestral” de Abraão, na Escola Divina da
Confiança e Obediência. Isaque era o filho do patriar­
ca, através de quem Deus prometera fazer uma
grande nação. No entanto, veio a prova.
Dessa experiência a Bíblia diz: “Depois dessas coisas
pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão. Este lhe
respondeu: Eis-me aqui. Acrescentou Deus: Toma
teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai à
terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um
dos montes, que eu te mostrarei” (Gênesis 22:1-2).
A confiança de Abraão foi profunda, e sua obe­
diência espantosa. Passo a passo este pai da nação
judaica seguiu as instruções de Deus. A Escritura diz:
“Chegaram ao lugar que Deus lhe havia designado;
ali edificou Abraão um altar, sobre ele dispôs a lenha,
amarrou Isaque seu filho, e o deitou no altar, em cima
da lenha” (Gênesis 22:9).
A questão final do teste era acerca de como seria
administrado. Até onde chegaria a obediência de
Abraão?
Com o cutelo na mão, e seu único filho amarrado
sobre o altar, Abraão estendeu a mão e preparou-se
para fazer o inimaginável. Somente então o represen­
tante angélico de Deus gritou: “Não estendas a mão
sobre o rapaz, e nada lhe faças; pois agora sei que
temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o
teu único filho” (Gênesis 22:12).
0 Cesto das Preocupações 45
Podemos apenas imaginar o alívio de Abraão.
Certamente, lá no fundo de seu coração, Abraão deve
ter entendido que Deus providenciaria um meio de
escape. Ora, não havia Deus prometido claramente
fazer, através de Isaque, uma grande nação? Mas, por
outro lado, Deus também requeria um sacrifício, e
Abraão sabia disso. Um substituto tinha de ser acha­
do.
A Bíblia diz: “Tendo Abraão erguido os olhos, viu
atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os
arbustos; tomou Abraão o carneiro e o ofereceu em
holocausto, em lugar de seu filho” (Gênesis 22:13).
A resposta de Abraão a este milagre de Deus foi
nomear o lugar de Jeová-Jiré, que significa “o Deus
auto-exis tente viu minha necessidade,” ou, “Jeová,
Deus, é minha fonte de suprimentos”.
A Escritura está plena de apoios para este nome de
Deus. Olhe uma vez mais para as peregrinações de
Israel no deserto. A Bíblia diz: “Pois o Senhor teu
Deus te abençoou em toda a obra das tuas mãos; ele
sabe que andas por este grande deserto; estes quaren­
ta anos o Senhor teu Deus esteve contigo; coisa
nenhuma te faltou” (Deuteronômio 2:7).
Lembramo-nos da experiência de Elias, que seme­
lhantemente, descobriu que Deus era Jeová-Jiré.
Lemos: “Os corvos lhe traziam pela manhã pão e
carne como também pão e carne ao anoitecer; e bebia
da torrente” (1 Reis 17:6). Deus é, realmente, Jeová-
-Jiré, nossa fonte de suprimentos.
JEOVÁ-CONSOLADOR
Poucas histórias bíblicas são ensinadas com maior
freqüência do que o relato dos trezentos soldados
mal-equipados de Gideão atacando um enorme exér­
cito midianita. É interessante descobrir nesta história
um nome de Deus freqüentemente negligenciado na
46 A Universidade da Palavra
divulgação do relato. A lição começa quando o anjo
do Senhor procura Gideão, o futuro “general” esco­
lhido por Deus para comandar seu exército de ralé,
de guerreiros sem armas.
A narrativa começa: “Então veio o anjo do Senhor,
e assentou-se debaixo do carvalho . . . e Gideão . . .
estava malhando o trigo no lagar, para o pôr a salvo
dos midianitas” (Juizes 6:11).
Gideão, é claro, não era o que chamaríamos de um
membro corajoso do exército israelita. De fato, quan­
do o anjo apareceu pela primeira vez, Gideão estava
escondido. Certamente o espantado guerreiro ficou
chocado quando o anjo exclamou: “O Senhor é
contigo, homem valente” (Juizes 6:12). Pode-se quase
ouvir a resposta de Gideão: “Você deve estar brincan­
do!”
É claro, dificilmente alguém censuraria Gideão por
ter medo. Acima de tudo, por certo era do conheci­
mento geral no acampamento israelita que os midia­
nitas haviam reunido um formidável exército de
135.000 soldados. O exército de Israel contava com
apenas 32.000. Os midianitas, assim, tinham uma
vantagem de quatro para um, já antes de Deus tirar
31.700 soldados de Israel, deixando Gideão com
apenas 300.
Imaginamos o choque de Gideão quando o anjo
acrescentou: “Vai nessa tua força, e livra a Israel da
mão dos midianitas; porventura não te enviei eu?”
(Juizes 6:14).
Mas, alguns momentos depois, a consciência espiri­
tual de Gideão cresce. O anjo é, de fato, real, e Gideão
havia testemunhado um verdadeiro milagre. Este
futuro juiz de Israel declara: “Ai de mim, Senhor
Deus, pois vi o Anjo do Senhor face a face” (Juizes
6 : 22) .
Naquele momento sagrado Gideão cessa toda ativi­
0 Cesto das Preocupações 47
dade e edifica um altar ao Senhor. Sem dúvida, uma
paz sobrenatural inundou-lhe o coração, pois ele
chamou o lugar de Jeová-Salom — que significa “o
Senhor é a nossa paz”.
A paz de Deus crescendo no coração de Gideão
tornou possível a sua preparação para uma batalha
singular. Deus estava prestes a demonstrar não so­
mente que só ele dá a vitória, mas também que dá a
vitória só através de seus filhos. Como diría Agosti­
nho: “Sem Deus nada podemos, mas sem nós Deus
nada fará!”
E, embora as tropas de Gideão fossem menores na
proporção de mais de 300 soldados para cada um, ele
enfrentou a batalha cheio de confiança porque suas
tropas saíram cobertas com a paz de Deus. Possuir
uma paz que ultrapassa todo entendimento é possuir
uma “confiança” que o mundo não pode compreen­
der.
JEOVÁ-PERDOADOR
Ainda há mais acerca da natureza de Deus, revela­
do pelo estudo de seus nomes. É, por exemplo,
impossível entender a natureza divina sem uma
compreensão da sua santidade. A pureza de Deus é
absolutamente perfeita e sua integridade inigualável.
Ele é a essência de tudo o que é justo e direito. Por
causa disso, toda a nossa justiça deve provir dele.
O profeta Jeremias apresenta-nos o poderoso no­
me de Deus Jeovâ-Tsidquenu, que nos lembra que
Deus é nossa fonte de justiça. A Bíblia diz: “Eis que
vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um
Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamen­
te, e executará o juízo e a justiça na terra. Nos seus
dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este é
o seu nome, com que será chamado, Jeová-Tsidquenu:
SENHOR JUSTIÇA NOSSA” (Jeremias 23:5-6).
48 A Universidade da Palavra
Justo significa “caracterizado pela retidão ou mora­
lidade”. E aquilo que é bom, honesto, certo e direito.
Assim, justiça significa, “o estado ou qualidade de ser
reto, moral, certo e honesto”. Claramente, só o
Senhor é a nossa santidade. A Bíblia diz acerca de
Cristo: “Porquanto nele habita corporalmente toda a
plenitude da Divindade. Também nele estais aperfei­
çoados. Ele é o cabeça de todo principado e potesta-
de” (Colossenses 2:9-10).
As palavras hebraicas que Jeremias usou para
descrever o Messias vindouro, Jeová-Tsidquenu, signi­
ficam literalmente “nosso Senhor eterno, auto-exis-
tente e justo”. E, mais, porque o perdão encontra-se
no âmago da justiça divina, podemos declarar com
certeza que o próprio Jesus é verdadeiramente nosso
perdoador eterno, auto-existente.
O que mais podería dar um impulso maior à
totalidade de nossa confiança em Deus do que o
reconhecimento de que não precisamos nos esforçar
para sermos justos? Nós apenas precisamos extrair
nossa justiça de Jesus Cristo, o Filho de Deus. (A
importância da verdade de que nossa capacidade
para viver uma vida santa flui inteiramente de Jesus,
é tão significativa que devotamos um princípio com­
pleto, O PRINCÍPIO DO VIVER SANTO, a este
assunto no capítulo seguinte.)
JEOVÁ-GUIA
Talvez o nome mais familiar de nosso Senhor na
Escritura apareça no muito querido Salmo vinte e
três, que diz: “O Senhor é o meu pastor: nada me
faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejahtes.
Leva-me para junto das águas de descanso” (Salmo
23:1-2). É nesta passagem que o salmista nos lembra
que nosso Senhor é Jeovâ-Roí — nosso Pastor e Guia.
Ampliando este belo quadro do nosso Salvador,
0 Cesto das Preocupações 49
Isaías acrescenta: “Como pastor apascentará o seu
rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeiri-
nhos, e os levará no seio; as que amamentam, ele
guiará mansamente” (Isaías 40:11). Verdadeiramente
nosso Senhor é um gentil Pastor. Como Cristo mesmo
explicou: “Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a
vida pelas ovelhas” (João 10:11).
Quem visita a moderna Palestina logo descobre que
pastorear ainda é uma atividade muito viva, similar
àquela do tempo de Davi. Como nos tempos antigos,
feras selvagens podem descer repentinamente sobre a
ovelha descuidada e devorá-la. Assim, os pastores
continuam a viver dia e noite com as ovelhas.
O moderno pastor ainda procura estabelecer um
grau especial de intimidade com seu rebanho. Ele
pode chamar cada uma delas pelo nome, e, periodica­
mente, falar com elas. Além disso, muitas ovelhas
aprendem a reconhecer a voz de seu pastor e a
confiar nela. Ainda que pareça que ele as conduza
para um deserto, mesmo assim elas o seguem, saben­
do por experiência que ele as está levando para a
pastagem e para a água, que elas não podem ver.
Tal é o exemplo do nosso Senhor e Rei, Jesus
Cristo. Ele nos leva a tudo quanto é necessário para
nosso crescimento e maturidade. Sabendo disto, nos­
sa confiança nele não pode deixar de crescer.
JEOVÁ-RESTAURADOR
Saúde, cura e restauração são, semelhantemente,
descobertas em um nome de Deus. A lição bíblica diz:
“Fez Moisés partir a Israel do Mar Vermelho, e
saíram para o deserto de Sur; caminharam três dias
no deserto e não acharam água” (Êxodo 15:22).
Apenas alguns dias antes Israel havia testemunha­
do um dos mais dramáticos milagres de sua história.
Perante seus olhos as águas do Mar Vermelho ha­
50 A Universidade da Palavra
viam-se separado e o povo de Israel atravessou em
terreno seco.
Ora, o povo de Deus estava agora quase morrendo
de sede no meio de um deserto árido. Mal podemos
imaginar a alegria que deve ter-se espalhado pelo
acampamento quando alguém enxerga um distante
poço de água. Sua alegria, porém, desaparece rapida­
mente. A Bíblia diz: "Afinal chegaram a Mara;
todavia não puderam beber as águas de Mara, porque
eram amargas; por isso chamou-se-lhe Mara” (Êxodo
15:23).
Típico dos filhos de Israel, um espírito de murmu-
ração rapidamente permeia o acampamento. Em
desespero, Moisés busca a direção de Deus. As
instruções divinas são simples, embora estranhas. A
Moisés é ordenado que corte uma árvore e a lance às
águas. (Veja Êxodo 15:25). O líder de Israel responde
obedientemente e Deus, num instante, purifica a
água.
A seguir, Deus usa esse cenário para revelar uma
poderosa promessa de saúde contínua. Ele diz: “Se
ouvires atento a voz do Senhor teu Deus, e fizeres o
que é reto diante dos seus olhos, e deres ouvidos aos
seus mandamentos, e guardardes todos os seus esta­
tutos, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que
enviei sobre os egípcios; pois eu sou o Senhor que te
sara” (Êxodo 15:26).
Aqui Deus se revela como Jeová-Rofechá, “o Senhor
nosso restaurador”. A expressão vem da palavra
hebraica rofe que ocorre mais de sessenta vezes no
Antigo Testamento e sempre se refere à restauração e
cura.
O Antigo e o Novo Testamentos trazem abundan­
tes promessas sobre o poder divino de curar. Citare­
mos apenas dois exemplos. Oséias escreveu: “Vinde, e
O Cesto das Preocupações 51
tornemos para o Senhor, porque ele nos despedaçou,
e nos sarará; fez a ferida, e a ligará” (Oséias 6:1).
Jesus declarou: “O Espírito do Senhor está sobre
mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres;
enviou-me para proclamar libertação aos cativos e
restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade
os oprimidos” (Lucas 4:18).
JEOVÁ-HABITANTE
Poucos nomes de Deus têm a capacidade de au­
mentar nossa confiança mais do que o revelado por
Ezequiel em sua descrição da Jerusalém restaurada.
Vinte e cinco anos antes de sua profecia, Ezequiel
havia advertido o povo de Deus de que Jerusalém e
seu Templo seriam destruídos. Agora, o profeta traz
estimulantes notícias de uma cidade e Templo restau­
rados. O relato é um tanto detalhado, e isso o torna
difícil para a leitura devocional, mas em meio aos
detalhes sobressai um poderoso retrato de Deus.
Descrevendo uma Jerusalém restaurada, as pala­
vras finais da profecia de Ezequiel dizem: “Dezoito
mil côvados em redor; e o nome da cidade desde
aquele dia será: [Jeová-Samá] — o Senhor está ali”
(Ezequiel 48:35, os grifos são do autor).
A expressão “o Senhor está ali” vem das palavras
hebraicas Jeová-Samá. Pense nisso! “O Senhor está
ali!” Podería haver um nome mais bonito para descre­
ver nosso Senhor? Não importa onde estejamos ou o
que façamos, Deus está lá. Ele chegou antes de nós.
Num certo sentido, todos os nomes de Deus nas
Escrituras se resumem nesta única realidade — o
Deus auto-existente, eterno, todo-poderoso está co­
nosco. Eis aqui o coração do conceito do cesto das
preocupações. Posso lançar todas as minhas preocu­
pações sobre o Senhor, pois não importa aonde eu vá
52 A Universidade da Palavra
ou o que enfrente, Deus já se encontra lá.
Embora Ezequiel 48:35 seja a primeira menção real
deste nome específico de Deus na Escritura, a essên­
cia desta verdade já existe nas páginas iniciais da
Bíblia. Relembramos a afirmação de Deus a Jacó: “Eis
que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer
que fores . . . porque te não desampararei” (Gênesis
28:15). Considere a promessa de Deus aos seus
sacerdotes, acerca de batalhas futuras: “Quando saí­
res à peleja contra os teus inimigos, e vires cavalos, e
carros, e povo maior em número do que tu, não os
temerás; pois o Senhor teu Deus, que te fez sair da
terra do Egito, está contigo” (Deuteronômio 20:1).
Três versículos adiante, lemos: “pois o Senhor vosso
Deus é quem vai convosco a pelejar por vós contra os
vossos inimigos, para vos salvar” (Deuteronômio
20:4).
Especialmente digna de nota é a promessa freqüen-
temente citada, provinda da pena de Isaías: “Eu irei
adiante de ti, endireitarei os caminhos tortuosos,
quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei as
trancas de ferro; dar-te-ei os tesouros escondidos, e as
riquezas encobertas, para que saibais que eu sou o
Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu
nome” (Isaías 45:2-3).
O equivalente neotestamentário do Jeová-Samâ de
Ezequiel encontra-se em Mateus 18:20. Aqui nosso
Senhor afirma: “Porque onde estiverem dois ou três
reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.”
Cristo, na realidade, está dizendo: “sempre que vocês
se reunirem, logo na chegada descobrirão que eu.já
estou lá!”
Amado, uma plena compreensão da natureza de
Deus, conforme revelada pelos seus muitos nomes,
assegurar-nos-á ilimitada confiança. Deus é, acima de
0 Cesto das Preocupações 53
tudo, não só nosso eterno protetor e perdoador; ele é
nosso consolador, supridor, guia e restaurador. Mas,
melhor que tudo, Deus está conosco. Ele é nosso
eterno HABITANTE, um fato que só pode fazer
aumentar nossa confiança. Conhecer a Deus é confiar
nele. Aumentar nosso conhecimento é aumentar
nossa confiança. Não admira que o salmista tenha
dito: “Em ti, pois, confiam os que conhecem o teu
nome” (Salmo 9:10).
O PRINCÍPIO DA CONFIANÇA
Mas, será que tudo isto se aplica ao dia-a-dia do
cristão? Creio que a resposta é sim. Reduzido a um
simples princípio de vida abundante, podemos resu­
mir tudo o que foi apresentado neste capítulo confor­
me segue:
Só posso achar o propósito último aprendendo os
fundamentos da confiança em Deus como o meu
solucionador de problemas. Devo entregar cada preo­
cupação, por mais severa que seja, à sua guarda. E
faço isso comdeterminação. De agora em diante decido
escolher este curso de ação diariamente, e, no poder de
Deus, considero-o concluído.
TEXTO BÍBLICO PARA MEMORIZAÇÃO DO
PRINCÍPIO DA CONFIANÇA
Escolhemos a passagem seguinte como o ponto
focal para o PRINCÍPIO DA CONFIANÇA. E bom
você memorizá-la:
Os que confiam no Senhor são como o monte de
Sião, que não se abala, firme para sempre.
Como em redor de Jerusalém estão os montes,
assim o Senhor em derredor do seu povo, desde
agora e para sempre (Salmo 125:1-2).
54 A Universidade da Palavra
PASSAGENS DE APOIO PARA
O PRINCÍPIO DA CONFIANÇA
Jó 13:15 Salmo 60:4
Salmo 16:1-11 Salmo 91:1-7
Salmo 25:1-11 Salmo 107:20
Salmo 31:1-8 Salmo 119:41-45
Salmo 37:1-7 Provérbios 29:25
Salmo 55:2 Provérbios 30:5
Isaías 12:1-6 Filipenses 4:5-7
Mateus 6:24-34 1 Pedro 5:7-10
Capítulo 3

O Senhor da Manhã
(O Princípio do Viver Santo)

Os pássaros pousados na capela de oração que


temos no fundo do quintal cantavam com beleza rara
quando comecei minha vigília matinal de oração. Era
hora de estar novamente com Jesus.
"Que lugar agradável”, pensei, “a sós com Deus,
longe do mundo, neste confortável abrigo usado
apenas para oração.”
“Obrigado Deus”, pensei, “pela decisão de fazer de
Jesus o Senhor da minha manhã.”
Mas alguma coisa parecia errada enquanto me
esforçava para oferecer minhas costumeiras palavras
de adoração. Mesmo assim, tentei. Logo me achei
num ponto especial na oração que geralmente ocorre
todos os dias. É a hora de confissão, um momento
quando peço ao Senhor que sonde meu coração como
ele fez com o do salmista. (Veja Salmo 139:23-24.)
Embora os seguidores de Jesus saibam o quanto é
importante confessar quando pecam conscientemen­
te, os pecados ocultos ainda escapam. Por isso, um
tempo diário de avaliação espiritual é importante. É
uma ocasião para perguntar ao Senhor: “Minhas
ações te agradaram plenamente, desde a última vez
que conversamos em secreto?”
Eu chegara a esse silencioso momento na oração,
inconsciente de qual pecado oculto podería estar
56 A Universidade da Palavra
impedindo minha adoração matinal. “Senhor”, per­
guntei, “há alguma coisa em mim que te desagrada;
alguma coisa, talvez, que deixei escapar desde nosso
último encontro?”
A resposta do Senhor, dentro de mim, pareceu
abrupta, embora gentil: “Sim”, foi a impressão ime­
diata em meu coração.
Francamente, eu estava atônito. Ontem pareceu
um dia muito bom. Eu havia cumprido prazos aperta­
dos em meu ministério e havia tomado várias decisões
estimulantes com respeito ao futuro. De fato, o dia foi
quase perfeito, pensei comigo mesmo, exceto, talvez,
pela pequena altercação com minha filha, na noite
passada.
“Foi isso!” revelou a impressão dentro de mim.
“Isto me desagradou.”
“Mas, Senhor”, respondi imediatamente, “como
isso podería te desagradar? Foi Dena quem causou a
confusão. E foi ela que respondeu insolentemente à
sua mãe. E, além disso, tudo o que eu fiz foi gritar
com ela!”
Mal compreendia eu que estava prestes a aprender
uma lição vital acerca da vida em Jesus.
“Esse é o ponto”, senti o Senhor falar-me. “Você
conhece o meu jeito de disciplinar, e o tem ensinado
publicamente. O seu, na noite passada, foi o jeito do
mundo. Você usou palavras iradas, e não uma vara
amorosa de correção!”1
Estranhamente, o Senhor me fizera rever minhas
palavras iradas da noite anterior. Foi um momento
doloroso.
“Senhor”, disse, algo embaraçado, “eu disse a Dena
que ela era uma grande pateta, a maior pateta do
mundo”. Com um nó na garganta acrescentei: “a
seguir eu lhe disse que ela era ignorante, e que,
simplesmente, ela nunca iria aprender nada.”
0 Senhor da Manhã 57
A voz suave do Senhor pareceu falar de novo: “E,
então, o que foi que você fez?”
A minha reação inicial foi lembrar ao Senhor que
ele, obviamente, era onisciente, e sabia muito bem o
que eu tinha feito; mas eu sabia que seu pedido era
para meu benefício, não para o dele.
“Senhor”, disse, e as lágrimas começaram a rolar,
“eu saí da sala e não falei mais com ela.”
A voz de Deus foi firme, mas suave, quando ele me
abriu o entendimento para o dano potencial de
minhas observações.
“Você plantou sementes de inferioridade em sua
filha na noite passada”, ele falou profundamente em
meu espírito. “Elas estão crescendo agora. A sua filha
acreditou em você. Ela o respeita e ama. A certeza
com que você falou, e a firmeza de sua voz, assegura­
ram-lhe que suas palavras eram verdadeiras.”
Eu estava assustado. Se Deus, de fato, estava
falando, havia transpirado uma transgressão muito
mais séria do que eu havia imaginado. Se não fosse
obstada, a estabilidade e o desenvolvimento da auto-
-imagem de minha filha estavam em perigo.
“Senhor”, clamei dentro de mim, “há alguma coisa
que eu possa fazer para mudar isso?”
A resposta do Senhor foi imediata: “Vá, agora, e
remova as sementes.”
“O que o Senhor está querendo dizer?” respondí.
Ele respondeu: “Vá ter com a sua filha, e peça-lhe
perdão.”
Uma coisa estranha estava para acontecer. Deixei
meu lugar de oração e fui direto ao quarto da minha
filha. Dena tinha acabado de acordar e já se dirigia
para o corredor. Com a face em lágrimas, chamei-a
de longe e pedi-lhe que viesse até à sala.
— O que está errado, papai? — perguntou ela, com
um olhar preocupado.
58 A Universidade da Palavra
— Q uerida—, disse-lhe, pondo meus braços em
seu redor, — devo a você um pedido de desculpas. —
Eu não conseguia reter as lágrimas.
As lágrimas continuavam quando falei.
— Dena— , disse eu gentilmente, — preciso dizer-
-Ihe que estou sentido por ter feito algo que não
devia.
— Mas papai —, respondeu Dena, — por que você
precisa me dizer que está sentido?
Minha filha parecia perceber que me era difícil
falar, e chegando-se a mim, colocou os braços ao meu
redor. Olhei diretamente em seus olhos, enquanto
explicava a conversa que eu tivera com Deus naquela
manhã.
— Dena, você se lembra de ontem à noite quando
eu estava louco da vida com você e levantei a voz?
— Você quer dizer quando gritou comigo, papai?
Obviamente minha filha se lembrava da experiên­
cia com mais detalhes do que eu pensara.
— Bem, querida—, acrescentei vagarosamente,
— eu disse algumas coisas pesadas que realmente não
queria dizer. Por isso, falei ao Senhor que eu estava
triste. E ele me disse que eu precisava dizer a mesma
coisa para você.
As lágrimas vieram aos olhos de minha filha
enquanto eu falava.
— Dena —, perguntei com a voz embargada, — vo­
cê me deixa retirar aquelas palavras? Você me perdoa
pelo que eu disse?
Lutando com as lágrimas, Dena procurou as pala­
vras certas para dizer. Ela me abraçou ainda mais
fortemente e começou a me dar tapinhas nas costas.
Embora ela não o tenha dito, senti que seu gesto
estava declarando: “Não desista, papai. Você vencerá.
Não desista.”
Quando Dena falou, havia um toque especial de
O Senhor da Manhã 59
ternura, misturado com seu humor habitual.
— Dessa vez passa, papai—, disse ela com um
sorriso, — se você procurar não fazer mais isso.
Juntos, rimos e choramos, mas acima de tudo,
aprendemos. Aprendemos que Jesus Cristo não mor­
reu som ente . p ara nos libertar do pecado —
eternamente, mas morreu para nos ajudar a cres­
cer — continuamente, momento após momento, um
dia por vez.
Moldava-se outro princípio vital para a vida. Jesus
deseja ser Senhor de minhas manhãs, bem como
Senhor de minhas tardes e noites. Ele é mais do que
apenas o Senhor do sábado. Ele quer ser o Senhor de
tudo! Ele estava reafirmando dentro de mim aquilo
que eu já ouvira dele através dos anos, nos momentos
mais ternos que eu passara com ele.
Ele queria que eu me lembrasse de que, embora ele
tivesse perdoado todos os meus pecados, havia áreas
de saneamento espiritual que ele esperava que eu
fizesse. Ele me lembrou as palavras de Paulo aos
efésios: “q u e ... vos despojeis do velho homem, que
se corrompe segundo as concupiscências do engano”
(Efésios 4:22). Em termos simples, Jesus operou a
“salvação de” mas eu tinha de “despojar-me”.
Jesus ampliou ainda mais meu pensamento com
estas palavras do apóstolo Paulo: “Assim, pois, ama­
dos meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém muito mais agora na minha ausên­
cia, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”
(Filipenses 2:12).
Salvação é mais que uma idéia teológica que se
aplica só ao nosso destino eterno. Salvação é um
conceito de vida que se aplica ao “agora”! Jesus disse
de sua futura família: “Eu vim para que tenham vida
e a tenham em abundância” (João 10:10).
De fato, a vida santa não é uma dolorosa busca de
60 A Universidade da Palavra
esforços religiosos, mas um alegre estilo de vida,
fundamentado sobre tudo o que Jesus é, e tudo o que
ele veio fazer na terra.
QUEM É JESUS?
Ninguém pode compreender o assunto do viver
santo em Jesus sem uma compreensão de quem é
Jesus, incluindo o que significa a sua morte e ressur­
reição.
Primeiro, devemos reconhecer que Jesus foi o Deus-
-Homem. Ele é literalmente Deus, mas foi literalmente
homem. Jesus era Deus na carne. O Evangelho de
Mateus relata: “Eis que a virgem conceberá e dará à
luz um filho, e ele será chamado pelo nome de
Emanuel (que quer dizer: Deus conosco” (Mateus 1:23,
itálico acrescentado).
Segundo, devemos reconhecer o significado de Jesus
como o Verbo. A fim de comunicar suas convicções e
opiniões o homem usa a linguagem. A linguagem
coloca nossas idéias e personalidade em palavras. Nós
comunicamos quem somos e o que pensamos, através
de expressões — palavras.
Quando Deus falou ao homem, ele o fez mediante a
pessoa de Jesus Cristo. Cristo é a “Palavra viva de
Deus”. A Bíblia diz: “No princípio era o Verbo, e o
Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João
1:1). Mais tarde, João acrescenta: “E o Verbo se fez
carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de
verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigêni-
to do Pai” (João 1:14).
Terceiro, devemos reconhecer que a humanidade de
Cristo é clarificada pelo fato de ele ter sido tentado como
qualquer mortal, embora jamais tenha cometido peca­
do. Quando Cristo se tornou homem, ele submeteu-
-se a todas as lutas e provações que o homem pode
enfrentar. Em Hebreus 2:14, lemos: “Visto, pois, que
0 Senhor da Manhã 61
os filhos têm participação comum de carne e sangue,
destes também ele, igualmente, participou, para que,
por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da
morte, a saber, o diabo.” Mais adiante, em Hebreus,
lemos: “Porque não temos sumo sacerdote que não
possa compadecer-se das nossas fraquezas, antes foi
ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança,
mas sem pecado” (Hebreus 4:15).
Finalmente, devemos reconhecer a humanidade de Cristo
mediante sua capacidade de expressar emoções humanas.
Mateus diz que vendo Jesus as multidões, “compade­
ceu-se delas” (Mateus 9:36). João relata a intensa ira
expressa por Jesus ao expulsar do templo os cambis­
tas (João 2:15).
Jesus também não tinha medo das lágrimas. O
menor versículo da Bíblia diz: “Jesus chorou” (João
11:35). E o autor de Hebreus, mais uma vez, relata
que nosso Senhor chorou “com forte clamor e lágri­
mas” (Hebreus 5:7).
O PODER DA MORTE DE CRISTO
Uma visão adequada da vida de Cristo só emerge a
partir de um exame cuidadoso de sua morte. De fato,
para compreender plenamente o conceito do Se­
nhorio de Jesus Cristo, tem-se de entender a cruz. Por
incrível que pareça, a cruz é um símbolo de intenso
sofrimento enquanto, ao mesmo tempo, provê um
poderoso exemplo de vitória dinâmica.
O que a morte de Cristo significa para aqueles que
crêem nele e o seguem?
Primeiro, a morte de Cristo foi um resgate dos nossos
pecados. Resgatar significa “libertar uma coisa ou
pessoa pelo pagamento de um preço”. A Bíblia diz
acerca de Cristo: “tal como o Filho do homem, que
não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua
vida em resgate por muitos” (Mateus 20:28). Aos
62 A Universidade da Palavra
crentes gálatas Paulo escreveu: “Cristo nos resgatou
da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição
em nosso lugar, porque está escrito: Maldito todo
aquele que for pendurado em madeiro” (Gálatas
3:13). Resgatou, aqui significa “comprou-nos de vol­
ta”.
Segundo, a morte de Cristo foi uma propiciação pelos
nossos pecados. Embora propiciação signifique literal­
mente “O propiciatório”, refere-se realmente à asper-
são do sangue de Jesus como uma coberta para nosso
pecado. Mas o sangue de Cristo não apenas cobre
nossos pecados, ele nos purifica de todo pecado. Na
primeira epístola de João ele escreveu: “Se, porém,
andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos
comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu
Filho, nos purifica de todo pecado” (1 João 1:7, itálicos do
autor).
Retornando ao assunto, João acrescenta: “Filhinhos
meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis.
Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao
Pai, Jesus Cristo, o justo; e ele é a propiciação pelos
nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios,
mas ainda pelos do mundo inteiro” (1 João 2:1-2;
itálicos do autor).
Paulo também disse aos cristãos de Roma que Deus
enviou Jesus Cristo “como propiciação, mediante a fé,
para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua
tolerância, deixado impunes os pecados anteriormen­
te cometidos” (Romanos 3:25).
A propiciação pode ser comparada à palavra “anti-
culpa.” Quando Deus olha para nosso pecado, ele vê,
na verdade, o sangue de Cristo. E, visto que o sangue
de Jesus Cristo cobre e lava todos os nossos pecados,
eles estão, clara e absolutamente, perdoados. Como J.
Sidlow Baxter diz de nossa salvação: “Ela é livre,
plena, final, e para sempre!”
0 Senhor da Manhã 63
Terceiro, a morte de Cristo trouxe total reconciliação.
Reconciliação significa “solução de uma divisão ou
separação, que reúne duas pessoas”. A Bíblia diz:
“Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o
mundo . . . e nos confiou a palavra da reconciliação”
(2 Coríntios 5:19).
Paulo enfatizou: “Porque se nós, quando inimigos,
fomos reconciliados com Deus mediante a morte de
seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, sere­
mos salvos pela sua vida” (Romanos 5:10).
Pedro acrescenta: “Pois também Cristo morreu,
uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos,
para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas
vivificado no espírito” (1 Pedro 3:18).
Finalmente, a morte de Cristo serviu de substituição pelo
nosso pecado. A substituição, conforme define o dicioná­
rio de Aurélio, é a “colocação de pessoa ou de coisa no
lugar de outra”. Quando Cristo morreu na cruz, ele,
literalmente, tomou nosso lugar. Nosso pecado é tal,
que se exige nossa própria morte por causa dele.
Cristo, porém, assumiu o nosso lugar.
Talvez o exemplo bíblico mais poderoso desta
verdade esteja focalizado na libertação do notório
criminoso Barrabás, que merecia a morte, quando
comparado com o julgamento injusto dado a Jesus.
(Veja João 18:38-40.) O costume permitia a libertação
de apenas um prisioneiro. Assim, quando Barrabás
foi solto, ele o foi porque Jesus tomou o seu lugar.
Pedro descreveu esse ato ao escrever que Jesus
carregou “em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos
pecados, para que nós, mortos aos pecados, vivamos
para a justiça; por suas chagas fostes sarados” (1
Pedro 2:24).
O PODER DA RESSURREIÇÃO
Embora a compreensão da vida e morte de Cristo
64 A Universidade da Palavra
seja teologicamente vital, é na sua ressurreição que
descobrimos a verdadeira diferença entre o Cristia­
nismo e todas as outras religiões ou filosofias. Nenhu­
ma outra fé alega que seu fundador tenha ressuscita­
do dos mortos e está vivendo à mão direita do Criador
do universo, com a intenção de, algum dia, ressuscitar
todos os seus seguidores.
Falando sobre a realidade da ressurreição de Cris­
to, Wilbur M. Smith, em seu significativo livro A Great
Certainty in This Hour of World Crisis (Uma Grande
Certeza Nesta Hora de Crise Mundial), disse: “Foi
este mesmo Jesus, o Cristo, que, entre outras coisas
dignas de nota, disse e repetiu algo que, procedente
de qualquer outra pessoa, tê-la-ia de imediato conde­
nado como um egoísta vaidoso ou como uma pessoa
perigosamente desequilibrada. O fato de Jesus dizer
que ele ia para Jerusalém a fim de morrer não é tão
notável, embora os detalhes que ele deu acerca de sua
morte, semanas e meses antes de morrer, sejam um
fenômeno profético. Mas ao afirmar que ressuscitaria
dos mortos, no terceiro dia depois de crucificado, ele
disse algo que somente um louco se atrevería a
pronunciar, se é que esperava a devoção de qualquer
discípulo, a menos que estivesse certo de que iria
ressuscitar. Nenhum fundador de qualquer religião
conhecida do homem jamais ousou dizer e pensar
uma coisa assim.”
A ressurreição de Jesus Cristo, de fato, está no
âmago da nossa compreensão da teologia cristã. E
mais, não é apenas teologia. A ressurreição é uma
realidade de poder. Especificamente, ela é vital para o
crente por várias razões.
Primeiro, a ressurreição de Cristo nos assegura que Deus
aceitou o seu sacrifício. Aprendemos, do Antigo Testa­
mento, que somente uma pessoa, o sumo sacerdote,
podia entrar no santo dos santos para oferecer
0 Senhor da Manhã 65
sacrifício pelos pecados do povo, e ele só podia fazer
isso uma vez por ano. (Veja Êxodo 30:10; Levítico
16:1-34.) Durante essa cerimônia, todo o Israel espe­
rava ansiosamente para ver se o sacrifício fora aceito.
Somente se o sumo sacerdote saísse vivo eles pode­
ríam ter certeza da aceitação.
O fato de que Jesus Cristo, nosso eterno Sumo
Sacerdote, saiu vivo de seu túmulo, indica que Deus
aceitou o sacrifício de seu Filho Unigênito. (Veja
Mateus 28:1-7.)
Segundo, a ressurreição de Cristo nos assegura que temos
um intercessor no céu. Paulo perguntou aos romanos:
“Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu,
ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de
Deus, e também intercede por nós” (Romanos 8:34).
O autor de Hebreus acrescenta: “Por isso também
pode salvar totalmente os que por ele se chegam a
Deus, vivendo sempre para interceder por eles”
(Hebreus 7:25).
Terceiro, a ressurreição de Cristo nos assegura uma
fonte ilimitada de poder. De fato, a Bíblia retrata a
ressurreição de Jesus Cristo como um reservatório de
poder de Deus para o crente. Paulo escreveu aos
crentes efésios, dizendo-lhes que orava para que
“iluminados os olhos do vosso coração . . . [para ver]
. . . a suprema grandeza do seu poder para com os
que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder;
o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre
os mortos, e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares
celestiais” (Efésios 1:18-20).
Dessa forma, o mesmo poder doador de vida que se
manifestou na ressurreição de Jesus Cristo, é o poder
doador de vida que nos permite viver uma vida
vitoriosa.
Finalmente, e especialmente significativo, a ressur­
reição de Cristo nos assegura que também nós um dia,
66 A Universidade da Palavra
ressuscitaremos. A Bíblia diz sobre a ressurreição de
Cristo: “Pois se cremos que Jesus morreu e ressusci­
tou, assim também Deus, mediante Jesus, trará junta­
mente em sua companhia os que dormem” (1 Tessa-
lonicenses 4:14). Como o próprio Cristo disse, sucin­
tamente: “Porque eu vivo, vós também vivereis” (João
14:19).
NOSSO REI INCOMPARÁVEL
Talvez a única e mais apropriada palavra para
resumir a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo,
seja a palavra singular, uma palavra particularmente
enfatizada por Josh McDowell em seu brilhante
trabalho, Evidence that Demands a Verdict (Evidência
que Exige um Veredicto), significa “não ter igual ou
semelhante”, e “único em seu tipo ou excelência,
incomparável”. Jesus Cristo é, verdadeiramente, nos­
so Rei incomparável. Cristo não tem semelhante ou
igual. Como escreveu Napoleão:
Conheço os homens; e vos digo que Jesus Cristo
não é um homem. Mentes superficiais vêm uma
semelhança entre Cristo e os fundadores de
impérios, e os deuses de outras religiões. Essa
semelhança não existe. Há, entre o Cristianismo
e as outras religiões, a distância da infinitude. . .
Tudo em Cristo me deixa atônito. Seu Espírito
me assombra, e sua vontade me confunde.
Entre ele, e tudo mais no mundo, não há termo
possível de comparação. Ele é verdadeiramente
um ser sozinho, singular. Suas idéias e senti­
mentos, a verdade que ele anuncia, sua maneira
de convencer, não são explicadas nem pela
organização humana, nem pela natureza das
coisas. . . Em vão procuro na história um similar
a Jesus Cristo, ou qualquer coisa que chegue
perto do evangelho. Nem a história, nem a
0 Senhor da Manhã 67
humanidade, nem as eras, nem a natureza me
oferecem coisa alguma com a qual eu possa
compará-lo ou explicá-lo.
O PRINCÍPIO DO VIVER SANTO
Como, então, aplicaremos toda a glória incompará­
vel de Jesus Cristo a cada momento de nossas vidas?
Reduzido a um simples princípio de vida abundante,
tudo o que foi apresentado neste capítulo pode ser
resumido da seguinte maneira:
Eu só posso achar significadofinal na vida aprenden­
do os fundamentos do viver santo em Jesus Cristo.
Devo valer-me de sua força continuamente, para
conquistar todos os pecados, não importa quão insigni­
ficantes possam parecer. Eu devo fazer isso momento
após momento, como um ato de minha vontade.
Portanto, de agora em diante eu decido escolher este
curso de ação diariamente, e, no poder de Deus, o
considero concluído.
TEXTO BÍBLICO PARA MEMORIZAÇÃO
DO PRINCÍPIO DO VIVER SANTO
O seguinte texto bíblico foi escolhido como o ponto
focal para o PRINCÍPIO DO VIVER SANTO. Você
pode querer memorizá-lo:
“de conceder-nos que, livres da mão de inimi­
gos, o adorássemos sem temor, em santidade e
justiça perante ele, todos os nossos dias” (Lucas
1:74-75).
PASSAGENS DE APOIO PARA
O PRINCÍPIO DO VIVER SANTO
São as seguintes as passagens de apoio para o
PRINCÍPIO DO VIVER SANTO:
Isaías 33:15-16 Efésios 4:11-14
Isaías 62:10-12 Efésios 4:21-24
68 A Universidade da Palavra
Ezequiel 18:21-24 Filipenses 2:12-16
Ezequiel 33:14-20 Filipenses 4:8-9
Zacarias 3:1-5 1 Tessalonicenses 4:7
Zacarias 14:20-21 2 Timóteo 2:1-4
Mateus 5:16-18 Tito 2:11-14
Mateus 5:48 Hebreus 12:1-3
Lucas 1:5-7 Hebreus 12:14
2 Coríntios 7:1 1 Pedro 2:7-101

1 O modo de Deus disciplinar é esboçado mais claramente em Provérbios, e


inclui correção amorosa com vara, e não palavras iradas ou o uso da vara
como instrumento de punição sem amor. Veja Provérbios 3:11-12; 10:13;
13:24; 19:18; 20:30; 22:6, 15; 23:13-14; 25:15, 17. O amor ocupa o centro de
toda disciplina bíblica. Veja Hebreus 12:6.
Capítulo 4

As Leis da V ida
(0 Princípio de Produzir Fruto)

A vida está cheia de leis; pelo menos é o que parece.


Não é raro este tema ser tratado com certo grau de
humor, especialmente em anos recentes; talvez como
uma tentativa de explicar por que nem sempre as
coisas acontecem do modo como planejamos. Não
resisti à tentação de fazer minha própria lei recente­
mente, quando tentava explicar à minha filha por que
quando planejamos que alguma coisa aconteça, ela
não acontece. Mas, se não planejamos, ela acontece. É
minha lei, eu lhe disse, e decidi chamá-la de “A lei
Eastman da dinâmica da sorte tenaz”. Deixando o
significado espiritual de lado, minha lei diz:
A coisa para a qual você planejou não aconte­
cerá, a menos que você não tenha planejado.
Por que, perguntei à minha esposa, quando saio
com meu guarda-chuva, as nuvens logo desaparecem
e um brilhante sol californiano raia sobre o único
pedestre descendo a rua com um guarda-chuva? Mas,
se deixo meu guarda-chuva em casa, volto todo
encharcado.
Na humorística compilação das leis incomuns da
vida, feita por A rthur Bloch, há numerosas observa­
ções interessantes, como a Lei de Isles: “Há sempre um
jeito mais fácil de se fazer alguma coisa!”1
70 A Universidade da Palavra
E o Primeiro Corolário à Lei de Isles: “Quando você
olha diretamente para o jeito mais fácil, especialmen­
te por longos períodos, não consegue enxergá-lo.”
Para os que têm tido dificuldade em trabalhar com
as regras “fáceis de seguir”, a Lei de Klipstein Aplicada à
Engenharia Geral é digna de nota: “As dimensões
sempre serão expressas pelo termo menos conhecido.
A velocidade, por exemplo, será medida em decâme-
tros por quinzenas”.
A Observação de Ettorre, semelhantemente, merece
menção: “A outra fila anda mais rápido.”
Porém, a Variação de 0 ’Brien sobre a Observação de
Ettorre é especialmente válida: “Se você trocar de fila,
aquela na qual você estava começará a andar mais
rápido do que a fila em que você está.”
E, é claro, o Corolário de Kenton Sobre a Variação de
0 ’Brien Sobre a Observação de Ettorre tem a validade
final: “Voltar para a fila original atrapalha as duas
filas, e deixa todo mundo com raiva.”
A minha lei favorita na lista, A Primeira Regra da
Antecipação Negativa, diz simplesmente: “Você se livra­
rá de muita preocupação desnecessária se não quei­
mar suas pontes antes de atravessá-las.”
EFICÁCIA ESPIRITUAL
Deixando o humor de lado, há preceitos na Palavra
de Deus que, quando corretamente combinados,
formam claramente leis distintas para a plenitude
espiritual. Sem dúvida, há muitas. Porém, o espaço só
nos permite falar de duas.
A primeira tem que ver com nossa “eficácia espiri­
tual”. Colocada de modo simples:
A eficácia espiritual é determinada pelo modo
como um crente desenvolve sua visão, espírito e
habilidade em Jesus Cristo.
Aí Leis da Vida 71
A eficácia, é claro, tem que ver com a capacidade de
uma pessoa atingir seu potencial máximo em uma
situação qualquer.
Mesmo um estudo superficial da Escritura indica
que nem todos os cristãos nascidos de novo desenvol­
vem igualmente sua eficácia espiritual. Jesus falou de
um semeador lançando as sementes da sua Palavra
em vários lugares. Algumas, disse ele, caíram em
“solo bom”, capaz de produzir fruto. Porém, nem
todas as sementes que caíram naquele solo produzi­
ram a mesma quantidade de fruto. Houve vários
graus de produtividade do fruto. Jesus disse: “Outra,
enfim, caiu em boa terra, e deu fruto: a cem, a
sessenta e a trinta por um” (Mateus 13:8).
Por que alguns seguidores de Cristo nunca pare­
cem atingir seu pleno potencial nele? Talvez porque
não cultivaram as três qualidades mencionadas na
primeira lei.
Visão
A eficácia espiritual começa com o desenvolvimen­
to do ingrediente essencial da vida chamado visão.
“Visão”, escreveu Jonathan Swift, “é a arte de ver
coisas invisíveis.” Ela inclui meus alvos ou maneira de
ver a vida.
Qual é a minha percepção do plano de Deus para
meu futuro? Minha perspectiva é positiva, negativa
ou indiferente? Que é que vejo como minha função e
propósito na terra? Aprendi a encarar o meu futuro
com tranqüilidade e confiança em Jesus?
A Bíblia tem muito que dizer sobre o uso de olhos
espirituais. O autor de Provérbios disse: “Que seus
olhos olhem diretamente [com um propósito fixo], e
que seu olhar seja direito perante você. Considere
bem o caminho de seus pés, e que todos os seus
caminhos sejam estabelecidos e ordenados com reti­
72 A Universidade da Palavra
dão” (Provérbios 4:25-26 AMP).
Falando sobre o assunto, Jesus disse: “São os olhos
a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons,
todo o teu corpo será luminoso” (Mateus 6:22). A
Amplified Version (Tradução Ampliada) traduz as­
sim este versículo: “O olho é a lâmpada do corpo.
Assim, se o teu olho for sadio, todo o teu corpo estará
iluminado.”
Bons, em Mateus 6:22 pode ter diferentes significa­
dos. Pode significar “simples, focalizados, íntegros ou
sadios”. Devemos desenvolver uma visão de nosso
futuro que seja “sadia”. A minha visão deve ser
salutar e simples.
Para atingir a minha máxima eficácia em Jesus,
então é preciso estabelecer com clareza listas — alvos
firmemente arraigados em fervente oração.
Espírito
Espírito é nossa segunda área de atenção concentra­
da. Esta qualidade tem que ver com a minha atitude
com respeito a Deus, a mim mesmo e aos outros. A
maneira como desenvolvo estas atitudes pesa sobre a
eficácia que terei em alcançar os alvos que compõem a
minha visão.
Daniel, por exemplo, foi dramática e especifica­
mente utilizado por Deus porque tinha o que os seus
colegas chamaram de “um espírito excelente” (Daniel
6:3). O espírito de Daniel era de mansidão, absoluta­
mente essencial aos que procuram atingir o seu
potencial máximo em Cristo.
Um espírito excelente é desenvolvido mediante
uma rejeição disciplinada de tudo o que impediría tal
espírito, incluindo a ira, o ressentimento, e a guarda
de rancores.
A Bíblia adverte: “Portanto cuidai de vós mesmos e
não sejais infiéis” (Malaquias 2:16).
As Leis da Vida 73
Habilidades
O ingrediente Final da eficácia espiritual tem que
ver com o desenvolvimento de nossos talentos e
poderes pessoais.
A Bíblia deixa claro que Deus derramou sobre seus
filhos uma variedade de dons, ou habilidades, que
cada um deles é responsável por desenvolver. Paulo,
por exemplo, falou a Timóteo acerca de seu dom
especial. E, embora não nomeie o dom, Paulo ad­
moesta Timóteo a mantê-lo ativo, “reavives o dom de
Deus, que há em ti” (2 Timóteo 1:6).
A palavra do Novo Testamento Grego para “reavi­
var” é anazopurein, que significa, “avivar uma chama,
acrescentando-lhe combustível.”
A implicação é que nós devemos contribuir cons­
tantemente para o cultivo dos dons que possuímos.
Embora Deus nos tenha dado essas habilidades, é
nossa responsabilidade aperfeiçoá-las para a glória
dele.
CRESCIMENTO ESPIRITUAL
Para o seguidor de Jesus, o crescimento não é uma
opção. Manter um status quo espiritual é indicação de
que estou limitando a capacidade e o desejo de Deus
de trabalhar em mim. Logo me vejo impedindo,
habitualmente, o melhor de Deus para minha vida e
me torno, como Paulo sugeriu em outro contexto, um
homem muito “infeliz” (1 Coríntios 15:19).
O crescimento espiritual, na realidade, era clara­
mente um foco principal de oração na vida de Paulo.
Aos Colossenses ele escreveu: “Por esta razão, tam­
bém n ó s... não cessamos de orar por vós. . . a fim de
viverdes . . . frutificando em toda boa obra” (Colos­
senses 1:9-10).
Nossa segunda lei para a plenitude espiritual total,
deve, pois, focalizar o crescimento espiritual. E, uma
74 A Universidade da Palavra
vez que o crescimento espiritual é impossível sem a
obra do Espírito Santo, que é o foco primário do
princípio deste capítulo, a nossa lei tem a seguinte
forma:
O crescimento espiritual é resultado direto da
operação desimpedida do Espírito Santo no
crente.
Quando Paulo escreveu aos crentes gálatas, ele não
somente advertiu-os a evitar as obras da carne (Gála­
tas 5:19-21), como também admoestou-os a criar, em
sua experiência cristã, um clima no qual o fruto
espiritual pudesse crescer. E, tendo em vista que esse
fruto só crescerá em resposta à operação direta do
Espírito Santo em nós, Paulo se refere ao produto
final como o “fruto do Espírito”. Ele escreveu: “Mas o
fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimida-
de, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, do­
mínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gálatas
5:22-23).
Nenhum estudo sobre os princípios doadores de
vida podería ser completo sem uma avaliação deste
“fruto do Espírito.”
Um Espírito Doador
Um sábio líder missionário, falando a futuros
missionários, falou das qualidades que um missioná­
rio mais necessita para transformar vidas. Acerca da
compaixão, ressaltou ele: “As pessoas de outras terras
não se preocupam muito com o quanto sabemos; elas
querem saber o quanto nos interessamos por elas.”
Ao descrever o “fruto do Espírito”, Paulo falou
primeiramente do amor. Visto que Deus é amor, e o
Espírito Santo é o agente de Deus que realiza suas
atividades na terra, é fácil ver porque o primeiro
fruto da lista é o amor.
As Leis da Vida 75
A palavra grega para amor em Gálatas 5:22 é ágape.
Simplesmente falando, ágape é um amor “forte,
compassivo, incondicional”. É também definido como
“um comprometimento emocional, mas também ra­
cional, que se expressa pelo envolvimento voluntário
de uma pessoa nos negócios de outra”. A compaixão é
definida como uma “consciência simpática da aflição
de outro, unida ao desejo de aliviá-la”.
A verdadeira compaixão de Cristo, amor destituído
de empecilhos, é melhor ilustrada na parábola do
Bom Samaritano. (Veja Lucas 10:30-37). Embora
outros líderes religiosos tenham visto, e, possivelmen­
te, até tenham tido pena do homem ferido, somente o
Bom Samaritano “chegando-se, pensou-lhe os feri­
mentos” (Lucas 10:34). É interessante notar que o
samaritano não tinha nada a ganhar parando para
assistir o homem machucado. A sua compaixão foi
incondicional. Ele tinha amor sem restrições.
Para desenvolver o amor ágape, deve-se desenvol­
ver um espírito doador. O amor não é um sentimen­
to, ou meramente um pensamento bondoso. Como
diz o famoso missionário-estadista, Oswald J. Smith:
“Compaixão não é dó. Compaixão é amor em ação.”
Um Espírito Alegre
Da palavra grega chara vem nosso segundo “fruto
do Espírito” — alegria. Chara significa “enorme pra­
zer interior”. Ela também se refere à “excitação
interior”. O dicionário define-a como “exaltação do
espírito”. E, embora a alegria seja basicamente uma
emoção, este prazer, ou excitamento, pode ser explo­
sivo ou calmo.
A alegria é um ponto focal da experiência cristã. A
Bíblia tem muito que dizer a respeito da alegria do
crente. Cristo falou claramente que ele desejava que
nossa alegria fosse completa (João 16:24). Pedro falou
76 A Universidade da Palavra
deste ingrediente da vida como sendo “indizível e
cheia de glória” (1 Pedro 1:8).
A alegria freqüentemente espera para aparecer até
que surjam momentos de grande adversidade. Al­
guns anos atrás arqueólogos descobriram esta carta
escrita por um santo sofredor, durante os primeiros
três séculos da Igreja perseguida: “Em um buraco
escuro eu achei a alegria; em um lugar de amargura e
morte, achei descanso. Enquanto outros choravam,
eu me via rindo, enquanto outros temiam, eu achei
poder. Quem havería de crer que, num estado de
miséria eu tive grande prazer; que em um canto
solitário eu tive gloriosa companhia, e nos mais duros
grilhões, perfeito repouso. Todas essas coisas me
foram dadas por Jesus. Ele está comigo, conforta-me
e enche-me de alegria. Ele desvia de mim a amargura
e enche-me de força e consolação.”
Como posso desenvolver tal alegria? Um modo
específico é aumentar minha reverência pelos nomes
de Deus, assunto que foi discutido no capítulo 2. A
Bíblia diz: “Mas para vocês, os que me obedecem,
nascerá o Sol da Justiça, trazendo com ele a salvação.
Vocês serão libertados e saltarão de alegria, como
bezerros soltos no pasto” (Malaquias 4:2, Bíblia Viva).
(Por causa da importância da “alegria” para o
desenvolvimento da auto-imagem significativa, dire­
mos mais acerca desse assunto no próximo capítulo,
que trata do PRINCÍPIO DA SEGURANÇA.)
Um Espírito Calmo
Paz é o próximo “fruto do Espírito” descrito por
Paulo. Derivada da palavra grega drene, paz significa
“um senso de segurança durante a tempestade”.
Também significa “ausência de conflito mental”, e
“um sentimento de descanso e contentamento”.
A paz, diferentemente da alegria, é uma atitude e
As Leis da Vida 77
não uma emoção. A paz declara “tudo vai bem” não
importa quais sejam as circunstâncias. Robert Louis
Stevenson escreveu, certa vez, acerca de um navio
apanhado numa feroz tempestade perto de uma costa
rochosa, ameaçando de morte a um grande número
de passageiros. Em meio aos ventos uivantes, um
viajante, mais corajoso do que os demais, lutou contra
a forte chuva, para ir até à cabina do piloto. Ali ele viu
o piloto amarrado a seu posto, com as mão firmemen­
te colocadas sobre o timão. Incapaz de falar mais alto
do que o rugir do vento, o piloto simplesmente
voltou-se para o passageiro e sorriu. Imediatamente o
homem correu para o convés inferior, gritando aos
passageiros cheios de medo: “Eu vi o rosto do capitão,
e ele sorriu. Está tudo bem!”
A paz cresce dentro de nós à medida em que
firmamos nossos olhos em Jesus. A Bíblia diz: “Por­
que ele [Cristo] é a nossa paz” (Efésios 2:14). Isaías
também liga a paz à confiança em Deus. O profeta
escreveu: “Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz
aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em
ti” (Isaías 26:3).
Um Espírito Paciente
Paulo, a seguir, descreve a longanimidade como uma
qualidade do fruto, fluindo da vida do crente cheio
do Espírito. “Longanimidade”, da palavra grega ma-
krothumia, significa “suportar, por longos períodos de
tempo, as deficiências dos outros”. Implícita na ex­
pressão grega está o suportar essas deficiências sem
murmuração. O apóstolo Paulo disse aos colossenses
que orava por eles, para que eles fossem “fortalecidos
com todo o poder, segundo a força da sua glória, em
toda a perseverança e longanimidade; com alegria”
(Colossenses 1:11; itálicos do autor).
“Com alegria”, sugere que devemos desenvolver
78 A Universidade da Palavra
este espírito sem ira nem ressentimento.
Escrevendo aos efésios, Paulo deu ênfase a um
tema similar. Escreveu ele: “Rogo-vos, pois, eu, o
prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da
vocação a que fostes chamados, com toda humildade
e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns
aos outros em amor” (Efésios 4:1-2). Perdão e miseri­
córdia são, semelhantemente, vitais para esta qualida­
de. Paulo escreve mais: “Revesti-vos . . . de ternos
afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de
mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos
outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha
motivo de queixa contra outrem. Assim como o
Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós”
(Colossenses 3:12-13).
Dessa forma, um espírito paciente se manifesta por
nossa disposição de “sofrer longamente” para com os
outros, incluindo a disposição de perdoar falhas.
Um Espírito Bondoso
Benignidade é a próxima, na nossa lista de qualida­
des criadas pelo Espírito Santo que fluem através do
crente. A palavra grega chrestotes significa “bondade
de coração” ou “benignidade.” É a qualidade de ser
suave no falar, de temperamento calmo, suave e
bondoso. A Bíblia diz-nos que uma característica-cha-
ve que a sabedoria de Deus nos dá para conquistar as
batalhas da vida é a benignidade. A Escritura diz: “A
sabedoria, porém, lá do alto, é primeiramente pura;
depois pacífica, indulgente, tratável, plena de miseri­
córdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento”
(Tiago 3:17). Tiago sugere que se estou cuidando de
meus afazeres diários na sabedoria de Deus, um
espírito de benignidade virá à tona.
Paulo, escrevendo a obreiros cristãos, semelhante­
mente falou desta qualidade. Disse ele: “Não dando
As Leis da Vida 79
nós nenhum motivo de escândalo em coisa alguma,
para que o ministério não seja censurado. Pelo
contrário, em tudo recomendando-nos a nós mesmos
como ministros de Deus . . . na pureza, no saber, na
longanimidade, na bondade, no Espírito Santo, no
amor não fingido” (2 Coríntios 6:3-4, 6). A palavra
grega para bondade, usada aqui por Paulo, é a mesma
traduzida por “benignidade” em Gálatas 5:22.
Um Espírito Semelhante a Cristo
Bondade, semelhantemente, aparece em nossa lista
de qualidades produzidas pelo Espírito Santo. Da
palavra grega agathosune, bondade significa “o ato de
ser bom, virtuoso, devotado e generoso”.
A bondade pode ser classificada em duas áreas.
Primeiro, a bondade social. Esta tem que ver com nosso
relacionamento com os outros. Segundo, a bondade
espiritual, que tem que ver com nosso relacionamento
com Deus.
Bom significa “benéfico, saudável, sadio, honorável,
agradável, e prazeroso”. Assim, “bondade” é “o esta­
do ou a qualidade de ser benéfico, saudável, sadio,
honorável agradável e prazeroso.”
Tal espírito é personificado da forma mais clara na
vida de Cristo. Quando o médico Lucas descreveu a
unção de nosso Senhor, ele explicou que o resultado
dessa unção era uma vida de bondade. A paráfrase de
Atos 10:38, diz: “E vocês naturalmente sabem que
Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito
Santo e com poder; viveu fazendo o bem e curando
todos os que estavam possessos . . . porque Deus
estava com ele” (Bíblia Viva).
O verdadeiro foco de um espírito semelhante a
Cristo é sempre os outros. E, à medida que desenvol­
vemos esse espírito, recebemos uma bênção tão gran­
de quanto a pessoa que tentamos abençoar. Horace
80 A Universidade da Palavra
Mann escreveu: “Não fazer nada para os outros é a
anulação do nosso próprio eu. Devemos ser, proposi-
tadamente, bondosos e generosos, ou perderemos a
melhor parte da existência. O coração que sai de si
mesmo cresce e se enche de alegria. Este é um grande
segredo da vida interior. Fazemos o melhor bem para
nós quando fazemos o bem a outros.”
Um Espírito Fiel
A palavra fidelidade (traduzida por “fé” em outra
versão) é a palavra grega pistis, que tem diversos
sentidos, incluindo “uma firme persuasão”, ou “uma
convicção baseada em ouvir falar”. Ela também signi­
fica “confiança, confiabilidade, fidelidade e lealdade”.
Paulo usou pistis para se referir à “fidelidade de
Deus” em Romanos 3:3. Paulo aqui sugere que a
incredulidade torna a “fidelidade de Deus sem efei­
to.”
Semelhantemente, a palavra pistis, em Gálatas 5:22,
não se refere, necessariamente, ao crescimento da
nossa confiança em Deus como um fruto, mas sim do
crescimento da nossa “fidelidade” em resposta ao
Espírito Santo que opera em nós.
Fidelidade é uma palavra poderosa que significa
“qualidade ou estado de aderir firmemente a uma
pessoa, causa ou idéia, à qual se está vinculado”. É ser
“consistentemente digno de confiança”.
Assim, o Espírito Santo fluindo através de um
crente aumentará sua capacidade de confiabilidade.
Paulo descreveu esse espírito ao dar a Tito instrução
acerca dos servos. Paulo ensina: “[Diga] aos servos
que sejam submissos aos seus senhores . . . provando
que são verdadeiramente leais e totalmente confiá­
veis, e completamente fiéis” (Tito 2:9-10, AMP). Aqui
as expressões “verdadeiramente leais”, “totalmentee
confiáveis”, e “completamente fiéis” são traduções da
Aí Leis da Vida 81
palavra grega pistis. Que beleza há nessa palavra de
poder! Que Deus batize seus filhos com um novo
batismo de confiabilidade.
O grande pregador A. J. Gordon falou sobre um
modesto missionário morávio chamado George
Smith, que após uma curta missão em um país da
África foi forçado a fugir em desgraça, tendo levado
apenas uma pessoa a Jesus, uma mulher muito pobre.
George Smith morreu pouco tempo depois, de joe­
lhos, orando pela África.
Diz-se que, por causa desse simples incidente, um
vagaroso mas firme avivamento começou a se espa­
lhar. Cem anos mais tarde uma florescente missão
com quinze mil convertidos foi diretamente ligada à
fidelidade daquele jovem missionário batalhador a
quem muitos rotularam como fracasso. George Smith
viveu apenas o suficiente para ver uma única semente
criar raízes e crescer. Mas, dessa semente de fidelida­
de, surgiu uma colheita quase sem precedentes na sua
geração.
Um Espírito Dócil
Um missionário na Jamaica, anos atrás, perguntou
a um aluno negro: “Quem são os mansos?” Calma­
mente o rapaz respondeu: “Aqueles que dão respos­
tas suaves às duras perguntas.” Isso descreve habil­
mente o próximo fruto do Espírito — mansidão.
Derivada da palavra grega praotes, mansidão signifi­
ca “á qualidade de ser paciente ao receber injúrias”.
Também pode significar “a disposição de ficar em
segundo lugar”.
É especialmente importante ressaltar que a “mansi­
dão”, conforme definida pela palavra grega praotes,
não se concentra, como diz o Expository Dictionary of
New Testament Words, de Vine: “somente no comporta­
mento exterior; nem ainda em suas relações com
82 A Universidade da Palavra
outros homens . . . Pelo contrário, é uma graça
interior da alma; e os exercícios dela são, primeira e
principalmente, em direção a Deus. É aquele tempe­
ramento do espírito no qual aceitamos os tratos
divinos como bons, e, portanto, sem discussão ou
ressentimento”.
Realmente, o termo original usado para descrever a
mansidão veio de uma expressão que retratava um
cavalo que se submetia prontamente ao treinamento
necessário para obedecer ao movimento das rédeas,
sendo dirigido, assim, na direção desejada pelo cava­
leiro. Quanto mais facilmente o cavalo se submetesse
ao treinamento que produzia este objetivo, mais
“manso” se dizia que ele era. Assim, o significado
original da palavra é “docilidade”. Paulo falou desta
importante qualidade, escrevendo ao jovem Timóteo:
“o servo do Senhor não viva a contender, e, sim, deve
ser brando para com todos, apto para instruir,
paciente; disciplinando com mansidão ” (2 Timóteo
2:24-25). De tudo isso, podemos concluir que quanto
mais uma pessoa se torna “cheia do Espírito”, mais
desenvolve um espírito humilde e dócil. O escritor J.
H. Jowett disse: “A suprema grandeza da amabilida-
de espiritual é ser amável e não o saber. A virtude é
muito apta para se tornar autoconsciente, e, assim,
perder seu brilho.”
Um Espírito Cuidadoso
Paulo conclui a lista das qualidades produzidas pelo
Espírito Santo com o “domínio próprio”. Domínio
próprio vem da palavra grega enkrateia, que significa
“moderação nos apetites e paixões”. Domínio próprio
também significa “autocontrole na conduta”. Paulo
estava falando, aqui, do equilíbrio na vida cristã. E
ressaltou que ele deveria tocar todos os aspectos da
Ai Leis da Vida 83
vida. Escreveu ele: “Todo atleta em tudo se domina”
(1 Coríntios 9:25).
Ser moderado significa ser cuidadoso. Devemos ser
cuidadosos em cada área de nossa vida. Devemos
tomar cuidado com o que lemos, ouvimos e vemos.
Devemos cuidar dos hábitos que afetam tanto o nosso
desenvolvimento mental como o nosso bem-estar
físico.
Moderação também sugere equilíbrio. Equilíbrio
significa “atingir ou alcançar um estado ou posição
entre extremos”. Outra definição diz: “Trazer ou
manter em proporção igual ou satisfatória, ou em
harmonia.” A palavra temperado, aplicada ao clima,
significa “nem quente, nem frio, suave”.
Domínio próprio é, portanto, um espírito de equilí­
brio e cautela em relação aos apetites e desejos. Como
todas as qualidades que Paulo descreve como “fruto
do Espírito”, o domínio próprio, ou temperança, ou
moderação, relaciona-se com a primeira qualidade —
amor. Aquele que ama aos outros, por exemplo, não
será dado a extremos, tal como um espírito crítico que
é falho no dar e receber.
Todo “fruto do Espírito”, de fato, cresce a partir do
amor. Alguém disse sabiamente que a alegria é o
amor sorrindo, e a paz é o amor em descanso. A
longanimidade é o amor esperando e a benignidade é
o amor cuidando. Bondade é amor socorrendo, e
fidelidade é o amor crescendo. Mansidão é o amor
submetendo-se, enquanto a temperança é o amor no
controle. Mais importante, no âmago de tudo o que o
Espírito de Deus faz através de nós, estão o cresci­
mento e a maturidade. O fruto é o resultado final de
um processo de desenvolvimento. Falando de modo
simples, ser cheio do Espírito é ser cheio de potencial
para crescimento, crescimento que me leva mais
longe e mais alto em Jesus a cada dia.
84 A Universidade da Palavra
O PRINCÍPIO DE PRODUZIR FRUTO
Reduzido a um princípio simples de vida abundan­
te, este quarto princípio, em nosso estudo, lê-se da
seguinte maneira:
Eu só posso achar propósitofinal na vida aprendendo
os fundamentos da produtividade de fruto. Devo,
estrita e propriamente, cultivar o solo de minha
experiência diária, regando tal terreno com lágrimas
de intercessão, vigiando em temor o crescimento do
fruto dado por Deus como o produto de meu ministério
pessoal. Portanto, de agora em diante resolvo escolher
este curso de ação diariamente, e, no poder de Deus,
considero-o concluído.
TEXTO BÍBLICO PARA MEMORIZAÇÃO
DO PRINCÍPIO DE PRODUZIR FRUTO
A seguinte passagem foi selecionada como o ponto
focal para o PRINCÍPIO DE PRODUZIR FRUTO.
Seria bom que você a memorizasse:
Se permanecerdes em mim e as minhas palavras
permanecerem em vós, pedireis o que quiser­
des, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai,
em que deis muito fruto; e assim vos tornareis
meus discípulos (João 15:7-8).
PASSAGENS DE APOIO PARA
O PRINCÍPIO DE PRODUZIR FRUTO
Eis os versículos de apoio para o PRINCÍPIO DE
PRODUZIR FRUTO.
Provérbios 11:30-31 João 15:1-8
Provérbios 12:12-14 João 15:15-16
Isaías 3:10 Romanos 7:1-6
Jeremias 17:5-10 Gálatas 5:19-23
Jeremias 32:18-19 Filipenses 1:8-11
Ageu 1:10 Filipenses 4:14-17
Mateus 7:15-20 Colossenses 1:9-10
As Leis da Vida 85
Marcos 4:1-20 Hebreus 12:5-11
Lucas 18:13-14 Hebreus 13:15
João 4:361 Tiago 3:13-18

1. As leis humorísticas que aparecem neste capítulo, com exceção da do


autor, foram extraídas de Murphy’s Law, por A rthur Bloch. (Los Angeles:
Price/Stern/Sloan Publishers, Inc., 1982). As citações foram usadas com
permissão.
Capítulo 5

Menos do Q ue N ada
(0 Princípio da Segurança)

O evangelista estava numa esquina movimentada


esperando o ônibus. Poucos momentos antes ele havia
comprado um novo exemplar das Cartas Vivas, a
primeira porção de uma paráfrase da Bíblia que, mais
tarde, foi publicada inteira com o nome dz Bíblia Viva.
Naquele dia o evangelista estava bastante deprimi­
do, sentia-se positivamente inútil. No íntimo ele havia
chegado ao ponto emocional mais baixo. Sua mente
estava cheia de indagações a respeito do seu ministé­
rio. Por que havia tão poucas portas abertas para ele?
Por que os resultados de seu trabalho não eram
maiores? Os pensamentos negativos cederam lugar a
uma crescente depressão. Finalmente, o pensamento
horroroso passou por sua mente: “Você é um perde­
d o r — um grande joão ninguém. Você é o maior
nada que Deus já fez.”
De repente, soprou um forte vento sobre o exem­
plar recém-adquirido das Cartas Vivas, e o abriu.
Estranhamente, uma voz interior disse: “Leia! Leia
já — essa página!”
Seus olhos caíram instantaneamente no meio de
uma passagem. Ele a leu vagarosamente, com bastan­
te atenção: “Antes vocês eram menos do que nada” (1
Pedro 2:10, Bíblia Viva).
“Glória a Deus”, exclamou em seu coração o
88 A Universidade da Palavra
evangelista. “Se eu já fui menos do que nada, e agora
sou apenas nada, devo estar subindo na vida!”
Nenhum seguidor de Jesus poderá desenvolver
uma verdadeira maturidade espiritual sem enfrentar
alguns vales. Tais altos e baixos são necessários para
ativar o processo de amadurecimento. A fé que
enfrenta as provações e as oportunidades da vida é
um subproduto desse processo.
Confiança é definida como “um sentimento de
certeza ou segurança, especialmente em relação a si
mesmo”. Para o seguidor de Jesus, todavia, a confian­
ça em si mesmo cresce somente na proporção em que
cresce a sua fé em Deus.
A confiança indica, fundamentalmente, uma cren­
ça em pessoas ou coisas, e assim, seu foco é a fé. A fé é
tão vital para a vida cristã que sem ela não podería
haver vida cristã. A Bíblia diz: “De fato, sem fé é
impossível agradar a Deus” (Hebreus 11:6).
Além disso, a falta de fé no crente significa que não
conseguirá atingir o seu potencial em Deus, pois é a fé
que nos faz crer em Deus para as grandes coisas.
Portanto, a confiança para enfrentar as oportuni­
dades e as provações da experiência humana nunca
será maior do que a nossa fé em Cristo, que é o cerne
do PRINCÍPIO DA FÉ.
QUE É FÉ?
Embora muitas passagens bíblicas expliquem aspec­
tos do desenvolvimento da fé, somente um versículo a
define com precisão. O autor de Hebreus escreveu:
“A fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção
de fatos que se não vêem” (Hebreus 11:1).
Duas palavras de especial relevância neste versículo
são: certeza e convicção.
Certeza significa aquilo sobre o que não paira
dúvida alguma.
Menos do Que Nada 89
Convicção significa “certeza adquirida por demons­
tração”. Dessa forma, Hebreus 11:1 declara que a fé
não é uma idéia abstrata, mas, sim, uma realidade
concreta. A minha confiança em Jesus não se baseia
em suposições; baseia-se em prova tangível, e essa
prova é a minha fé.
Ler Hebreus 11:1 na Bíblia Ampliada é examinar a
fé com um microscópio excelente de escrutínio espiri­
tual. Lemos: “Ora, fé é certeza (confirmação, o título de
posse) das coisas que esperamos; é aprova de coisas que
não vemos e a convicção da sua realidade — a fé percebe
como um fato real aquilo que não se revela aos
sentidos” (itálicos do autor).
Cinco definições substanciais da fé fluem desta
tradução:
Primeira, é a segurança da existência de Deus e da
realidade de suas promessas para nós. Segurança
significa “o estado ou atitude de estar seguro”.
Segurança é, também, estar livre de dúvidas, e se
relaciona com a autoconfiança. Nossa fé, portanto, é
segurança de pensamento e ausência de dúvidas.
Prontamente se descobre como estes aspectos aumen­
tam a autoconfiança.
Segunda, é a confirmação da realidade da existên­
cia de Deus ou de suas promessas para nós. Confir­
mação significa “o ato de estabelecer a autenticidade”.
Confirmar alguma coisa é substanciar a sua realidade.
Terceira, é o título (certidão) de alguma coisa que
se possui, mesmo que não se possa ver tal posse. A
palavra título significa “uma reinvindicação baseada
no direito reconhecido”, ou “o direito a, ou a posse da
propriedade”. É, também, “prova de propriedade”, e
“a evidência legal dos direitos de propriedade”. Daí,
título é um fato baseado num direito reconhecido. É a
evidência fatual de que a propriedade existe, e é
possuída pela pessoa que tem o título.
90 A Universidade da Palavra
Quarta, fé é a prova da validade de alguma coisa,
neste caso, a validade de Deus e a validade de suas
promessas para nós. A palavra prova significa “a
evidência que estabelece a validade”. Aqui descobri­
mos uma das mais interessantes definições de fé.
Geralmente se pensa que a fé é algo abstrato, alheio à
visão, e, por isso mesmo, intangível. Prova, porém,
refere-se a alguma coisa muito real. O escritor de
Hebreus está sugerindo que nossa fé é a prova da
existência de Deus.
Quinta, fé ê convicção da realidade de Deus. Convic­
ção significa “o estado de estar convencido”. A verda­
deira fé, em realidade, cresce tanto na vida de um
cristão que se torna uma convicção absoluta. Como
crente, não preciso de nenhuma evidência além da fé
para justificar a existência de Deus e a realidade de
Jesus Cristo. Minha “fé percebe como fato real aquilo
que não é revelado aos sentidos” (Hebreus 11:1,
AMP).
LADRÕES DA FÉ
Tendo em vista que a fé é tão essencial para o nosso
amadurecimento em Cristo, Satanás enviará, constan­
temente, uma hoste de inimigos em nossa direção a
fim de impedir esta qualidade vital da vida espiritual.
O salmista disse: “Alivia-me as tribulações do coração;
tira-me das minhas angústias. Considera os meus
inimigos, pois são muitos e me abominam com ódio
cruel” (Salmo 25:17, 19).
Embora seja difícil, se não impossível, escrever um
só capítulo que contenha todos os ladrões da fé que o
inimigo pode enviar sobre nós, uma avaliação de
alguns desses ladrões se mostrará benéfica para nos
alertar dos planos de Satanás.
Espírito de Depressão
Todo seguidor de Cristo pode relatar sentimentos
Menos do Que Nada 91
de desapontamento ou falta de ânimo. Surgindo de
um espírito de depressão, temos o ladrão do desespero,
ou depressão. Desespero significa “perder toda a
esperança; ser vencido por um senso de futilidade ou
derrota”.
Grandes homens de Deus, como David Brainard e
Martinho Lutero, travaram periódicas batalhas com
este ladrão. Martinho Lutero escreveu, certa vez, que:
“Por mais de uma semana estive próximo aos portões
da morte e do inferno. Todo o meu corpo tremia.
Cristo estava totalmente perdido. Eu estava abalado
pelo desespero e pela blasfêmia.”
Autores bíblicos, também, experimentaram terrí­
veis encontros com um espírito de depressão. Numa
ocasião Moisés pediu a Deus que lhe tirasse a vida.
“Mata-me, de uma vez, eu te peço”, suplica ele
(Números 11:15). O salmista Davi disse: “O horror se
apodera de mim” (Salmo 55:5). Os desânimos de
Jeremias foram tantos que um dos seus dois livros na
Bíblia recebeu o título de Lamentações. Entre outras
coisas, o profeta falou de Deus colocando-o em
“lugares tenebrosos”, tornando “tortuosas as minhas
veredas”, fazendo-o em “pedaços”, e quebrando “com
pedrinhas de areia os meus dentes” (Veja Lamenta­
ções 3:1-18.) Lendo este trecho, dificilmente alguém
poderá sentir inveja de Jeremias.
Até o nosso Senhor encontrou-se com este ladrão.
Em sua experiência no Getsêmani, Jesus disse: “Mi­
nha alma está muito triste e bastante aflita, estou
quase morrendo de tristeza” (Mateus 26:38, AMP).
Os psicólogos dizem que o pensamento negativo é a
raiz de quase toda depressão. Esse pensamento nega­
tivo cria a depressão; por sua vez, a depressão
resultante alimenta esses pensamentos negativos,
criando um círculo vicioso. Mais pensamentos negati­
vos produzem mais depressão, que, por súa vez,
92 A Universidade da Palavra
alimenta mais pensamentos negativos, e assim por
diante.
Tratando desse assunto, o escritor de Provérbios
disse: “Com a tristeza do coração o espírito se abate”
(Provérbios 15:13). Mais adiante, lemos: “O espírito
abatido faz secar os ossos” (Provérbios 17:22).
Tendo em vista que a depressão é um estado de
tristeza que acaba com nossas forças, a cura da
depressão certamente se acha no riso ou na “alegria
do Senhor” (Neemias 8:10). Alegria, que tratamos
brevemente no capítulo anterior, é uma qualidade tão
essencial para o crescimento da confiança que merece
mais atenção.
Os próprios versículos de Provérbios que citamos, e
que falam da depressão, também falam da cura.
Provérbios 15:13 começa: “O coração alegre aformo-
seia o rosto”, e Provérbios 17:22 declara poderosa­
mente: “O coração alegre é bom remédio.”
Até mesmo pesquisadores e psicólogos dizem que
há poder curador no riso. De acordo com um artigo
da revista Science Digest, “os estudos mostram que o
riso, aquele que associamos ao bom humor . . . pode
ser uma indicação de bem-estar mental e físico”.
O artigo continua: “Cientistas que estudaram os
efeitos do riso sobre as pessoas, relataram um efeito
mensurável, não apenas em relação aos pulmões, mas
também sobre outros órgãos importantes”.
O estudo continua a afirmar: “O riso . . . reduz as
tensões que diminuem a saúde, e relaxa os nervos,
além de exercitar os órgãos mais vitais. Rir, mesmo
que forçadamente, resulta em benefício, tanto mental
como físico.”
O artigo prossegue: “Rir é bom para o corpo e para
a mente. Elimina tensões nervosas que obstruem
funções corporais e limpa a mente de mágoas e
ressentimentos . . . O riso produz bem-estar, satisfa­
ção pessoal, contentamento.”
Menos do Que Nada 93
Estava inclusa no estudo a seguinte lista dos aspec­
tos benéficos do riso:
1. Beneficia os pulmões;
2. Limpa o sistema respiratório;
3. Proporciona uma saudável descarga emocional;
4. Proporciona uma oportunidade para a elimina­
ção de energia desnecessária;
5. Combate a melancolia;
6. Ajuda a combater a timidez, a tensão, e a
tristeza.
O Dr. Jacob Levine, clínico e professor de psicolo­
gia citado nesse estudo, acrescenta: “A capacidade de
rir é uma medida do ajustamento do homem a seu
ambiente, enquanto a incapacidade de responder
positivamente a situações que, normalmente, fariam
as pessoas rir, indica problemas.”
O estudo conclui com uma observação interessante:
“Foi documentado que o riso, junto com um senso de
humor bem temperado, é um dos mais seguros sinais
de inteligência.”1
Uma vez que o espírito de depressão impede tão
seriamente o crescimento de nossa fé em Deus,
diminuindo, assim, nossa confiança, devemos lutar
contra esse ladrão, pedindo a Deus que nos batize
com maiores doses de sua alegria.
Espírito de Ódio
Tendo em vista que o perdão é uma qualidade vital
para a maturidade espiritual, e contribui para uma
crescente confiança em Cristo, Satanás fará tudo que
puder para destruir esta qualidade, atacando o crente
com o ladrão da ira, um ladrão que nos levará ao
espírito de rancor.
Acerca desse espírito a Bíblia diz: “Não aborrecerás
a teu irmão no teu íntimo . .. não te vingarás nem
guardarás ira” (Levítico 19:17-18). Descobrimos uma
94 A Universidade da Palavra
advertência semelhante na Epístola de Tiago. Lemos:
"Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não
serdes julgados” (Tiago 5:9). Paulo acrescenta: “Não
vingueis a vós mesmos” (Romanos 12:19).
Queixar significa “ter ressentimento ou má vonta­
de”. A queixa é particularmente mortal porque quan­
do a pessoa descobre que é fácil sustentá-la, torna-se
mais fácil ainda dar lugar a outras. Logo, o subcons­
ciente da pessoa se torna um depósito de queixas.
Uma pessoa assim descobrirá que é impossível confiar
em Deus ou em outros. Sua confiança é derrubada e a
autoconfiança é perdida. O ladrão da ira rapidamen­
te toma o controle de sua vida. Explosões de ira
tornar-se-ão cada vez mais freqüentes. A única saída é
a cura pela bondade.
O primeiro passo para vencer o espírito de ódio é
cultivar um espírito de perdão, advindo da importan­
te qualidade mencionada no capítulo anterior, a
bondade. Paulo, escrevendo sobre a bondade, disse:
“Antes sede uns para com os outros benignos, com­
passivos, perdoando-vos uns aos outros, como tam­
bém Deus em Cristo vos perdoou” (Efésios 4:32).
A bondade é a chave para uma vida de maturidade
equilibrada. O ódio, é claro, sempre toma, mas a
bondade dá. A bondade não somente vence o espírito
de ódio mas também é fonte de muitas bênçãos
pessoais. Lemos em Provérbios: “Quando você faz o
bem a outra pessoa faz bem a si mesmo” (Provérbios
11:17, Bíblia Viva).
Espírito de Orgulho
De sua fortaleza do orgulho, Satanás envia o ladrão
da arrogância. Arrogância expressa uma auto-opinião
excessivamente alta de alguém que está cheio do
espírito de orgulho. Não estamos falando aqui da
confiança pessoal, que é uma qualidade importante
Menos do Que Nada 95
para a maturidade efetiva; estamos falando, sim, da
atitude mortal da arrogância.
A Bíblia nos adverte contra esse espírito em Provér­
bios 16:18. Diz: “A soberba precede a ruína, e a
altivez do espírito, a queda.” Paulo deu ênfase ao
seguinte: “Tende o mesmo sentimento uns para com
os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescen-
dei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos
próprios olhos” (Romanos 12:16).
O orgulho pode, realmente, ser descrito como a
suprema escravidão pois é desse pecado fundamental
que emergem todos os outros. O orgulho, lembra­
mos, causou a queda de Lúcifer.
Infelizmente, a pessoa apanhada na rede do orgu­
lho, amiúde não tem consciência de que está presa. O
salmista explicou: “Daí a soberba que os cinge como
um colar” (Salmo 73:6).
Fundamentalmente, o orgulho é causado por virar­
mos a atenção para nós mesmos. Quanto mais desvia­
mos os olhos das necessidades e preocupações de
outras pessoas, tanto mais alimentamos o orgulho
dentro de nós.
A cura para o orgulho é, evidentemente, o espírito
de humildade. Humildade não é rebaixar-se, cultivan­
do uma baixa auto-estima. De fato, o melhor caminho
para desenvolver um espírito de humildade é exaltar
os outros. Quanto mais exaltamos outras pessoas,
enquanto ao mesmo tempo permanecemos em uma
posição não elevada, tanto mais estaremos desenvol­
vendo um verdadeiro espírito de humildade.
Acerca desse Espírito a Bíblia diz: “O galardão da
humildade e o temor do Senhor são riquezas e honra
e vida” (Provérbios 22:4). O apóstolo Tiago explica:
“Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humil­
des” (Tiago 4:6). O apóstolo Pedro acrescenta: “Rogo
igualmente aos jovens: Sede submissos aos que são
96 A Universidade da Palavra
mais velhos; outrossim, no trato de uns com os outros,
ángi-vos todos de humildade” (1 Pedro 5:5, itálicos do
autor).
Humildade, certamente, é muito mais um estilo de
vida do que uma série de atos individuais. Falando
com franqueza, a pessoa que luta especificamente
para se tornar humilde, de modo a oferecer um
exemplo de humildade, está realmente centrando sua
atenção em si mesma, e isso é uma forma de orgulho.
Portanto, a verdadeira humildade é focalizar a aten­
ção em outras pessoas. Quanto mais exaltamos a
outros, menos pensamos acerca de nós mesmos.
Quanto menos pensamos acerca de nós mesmos, mais
vencemos o ladrão da arrogância.
Espírito de Medo
Medo, que dá lugar ao ladrão da ansiedade, é outro
inimigo que Satanás envia para derrotar nossa fé.
Algumas formas de medo, é claro, são essenciais.
Certamente não há nada de errado com o medo
normal, tal como o medo de ser picado por uma cobra
venenosa. O medo que estamos descutindo aqui,
porém, relaciona-se com a antecipação do perigo e
seus resultados potenciais desproporcionalmente exa­
gerados, e que elimina a capacidade de Deus intervir
a nosso favor. De modo específico, estamos nos
referindo à ansiedade desnecessária.
A Bíblia freqüentemente nos ordena evitar o te­
mor. A expressão “não temais” ocorre cerca de 350
vezes nas Escrituras. Paulo dá uma ordem desse tipo.
Ele escreveu: “Não andeis ansiosos de coisa alguma”
(Filipenses 4:6). Provérbios também nos admoesta:
“Não temas o pavor repentino” (Provérbios 3:25).
Antigos médicos gregos tinham uma palavra para
esse “temor repentino”, phobos, que pode ser traduzi­
da por “pavor”.
Menos do Que Nada 97
Literalmente, centenas de fobias (como lhes cha­
mam os psicólogos) atormentam a humanidade. O
perigo para o crente ocorre quando essas fobias têm a
permissão de crescer de tal forma que excluem a
capacidade de Deus intervir.
É interessante que o medo é uma forma de fé — a
fé invertida. Crer que uma calamidade ou circunstân­
cia é maior do que a capacidade de Deus intervir (o
medo), é expressar mais fé na calamidade do que em
Deus. Portanto, desenvolver o medo é direcionar mal
a nossa fé.
Na luta de Israel com os filisteus, por exemplo, os
homens ficaram apavorados ao virem Golias. Eles
tinham, de fato, mais fé em Golias do que em Deus.
Davi, por outro lado, dirigiu adequadamente sua fé.
Ele viu a capacidade divina de intervir na situação
como sendo maior do que a estatura do gigante.
A cura para o medo, com certeza, é um batismo de
coragem; algo que somente se desenvolve mediante
repetidos encontros profundos com a Palavra de
Deus.
Sabemos que Deus não tem nada que ver com um
“espírito de medo”, pois a Bíblia diz: “Deus não nos
tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor
e de moderação” (2 Timóteo 1:7).
A coragem não é cultivada apenas pelo tempo gasto
com a Palavra de Deus; ela cresce mediante a nossa
permanência na presença de Deus. O salmista disse:
“O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem
terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida; a
quem temerei? Ainda que um exército se acampe
contra mim, não se atemorizará o meu coração; e se
estourar contra mim a guerra, ainda assim terei
confiança” (Salmo 27:1, 3). A confiança, aqui, é ligada
à proximidade do Senhor, algo que se desenvolve
especificamente através do hábito devocional, que
98 A Universidade da Palavra
inclui a oração e a leitura da Palavra de Deus.
Espírito de Culpa
Talvez não haja nada mais mortal no arsenal de
Satanás do que o espírito de culpa, que dá lugar ao
ladrão da condenação.
Culpa é definida como “uma consciência cheia de
remorso por ter feito alguma coisa errada”. Natural­
mente, ter um senso de desapontamento por causa de
falhas pode ser importante, se esse desapontamento
levar a medidas concretas de correção. Por exemplo,
qualquer cristão com um desejo de amadurecer em
Jesus é grato pelo constante poder convencedor do
Espírito Santo.
A culpa, entretanto, quando leva o crente à escravi­
dão espiritual, torna-se um poderoso instrumento nas
mãos de Satanás. Escravidão é “um estado de sujeição
a uma força ou poder.”
Como diferenciar entre convicção e condenação? A
convicção sempre leva a pessoa ao Senhor; a condena­
ção afasta-a dele.
A culpa é especialmente mortífera porque cria um
tipo de cegueira espiritual. Especificamente falando,
a culpa cria depressão, o espírito que já notamos neste
estudo. Davi falou do desespero causado por sua
culpa: “Pois já se elevam acima de minha cabeça as
minhas iniqüidades; como fardos pesados excedem as
minhas forças” (Salmo 38:4).
Em essência, a culpa é causada pela crença nas
mentiras de Satanás. Portanto, vencemos a culpa
plantando sementes espirituais de segurança em nos­
sos corações. Segurança “é o estado ou qualidade de
estar seguro ou convicto de que determinada coisa é
verdadeira”. Segurança é sinônimo de certeza, que
obviamente, é vital para um saudável desenvolvimen­
to da fé em Deus.
Menos do Que Nada 99
A Bíblia nos manda ir a Deus com segurança. A
Escritura declara: “Aproximemo-nos, com sincero
coração, em plena certeza de fé . . . Guardemos
firmes a confissão da esperança” (Hebreus 10:22-23).
Como aumentar nossa segurança? Voltando os
olhos para Jesus. É essencial lembrarmos que o ego é
o foco da culpa e da condenação. Cristo, porém, é o
foco do perdão. Portanto, para vencer a culpa, que é
concentrar-nos nas falhas, precisamos olhar mais
atentamente para Jesus. A Bíblia diz que contemple­
mos Jesus, o Autor e Consumador de nossa fé
(Hebreus 12:2). Andrew Murray disse: “Nunca tente
fazer a fé surgir de dentro. Você não pode incitar a fé
das profundezas do coração. Deixe seu coração, e
olhe para a face de Cristo.”
Espírito de Inferioridade
Inferioridade, que dá origem ao ladrão da dúvida, é
o inimigo que Satanás envia para roubar nossa
confiança.
Embora todo crente se encontre com certo número
dos ladrões mencionados acima, nenhum deles pare­
ce afetar-nos mais durante um longo período do que
o ladrão da dúvida.
Falando de modo genérico, a maior parte das
condições da inferioridade são produzidas pelas per­
sistentes confissões de falha. Quer essas experiências
sejam expressas, quer não, nada impede mais a nossa
auto-estima do que o pensamento e a fala negativistas.
A Bíblia diz: “O homem se alegra em dar resposta
adequada” (Provérbios 15:23), e “Porque, como ima­
gina em sua alma, assim ele é” (Provérbios 23:7).
Foi esse inimigo que quase derrotou Gideão antes
de Deus ter tido a oportunidade de usá-lo tão
poderosamente. Voltemos para o chamado de Gi­
deão. Ele ficou sabendo que Deus queria usá-lo para
libertar a nação. A isso ele replicou: “Ai, senhor meu,
100 A Universidade da Palavra
com que livrarei a Israel? Eis que a minha família é a
mais pobre em Manassés e eu o menor na casa de meu
pai” Çfuízes 6:15).
Felizmente, Gideão venceu este ataque de inferiori­
dade, e reconheceu o chamado de Deus. Mais tarde
ele conduziría um pequeno exército de 300 homens a
uma vitória incrível, tudo porque Deus lhe encheu o
coração com um espírito de confiança, a cura para
todos os ataques de inferioridade e dúvida.
Quando Thomas Edison morreu, aos 84 anos, o
Departamento de Patentes dos Estados Unidos tinha,
em seu registro, mais de 1.100 invenções, incluindo a
lâmpada elétrica, creditadas a esse gênio que nunca
terminou o ginásio. O acumulador, uma das inven­
ções de Edison, tem uma história bastante incomum.
Diz-se que Edison tentou dez mil diferentes experiên­
cias antes de chegar a uma solução. Após o último
fracasso, um colega de laboratório tentou consolar o
inventor por ter falhado dez mil vezes.
A resposta de Edison foi extremamente positiva, e
tipicamente confiante. Com um sorriso, ele declarou:
“Certo. Eu falhei dez mil vezes. Sou o único cientista
sobre a terra que documentou dez mil maneiras pelas
quais um acumulador não funciona.”
Confiança é a cura para a inferioridade, e, sem
dúvida alguma, pode ser cultivada. E, embora “con­
fiança” e “segurança” sejam estreitamente ligadas, há
uma diferença entre elas.
Segurança, basicamente, é uma convicção. É uma
convicção de que fomos totalmente perdoados em
Jesus Cristo, um tema que focaliza antes de tudo
nossa salvação.
Confiança, semelhantemente, é uma convicção, mas
uma convicção de que podemos ser eficientes em
Cristo, um fator que se concentra mais em crescimen­
to e maturidade.
Além disso, o foco da segurança está na nossa
Menos do Que Nada 101
“posição” em Jesus Cristo, enquanto o foco da confian­
ça é o nosso “poder” nele.
Uma das promessas mais poderosas em toda a
Escritura, acerca de nossa confiança em Cristo, foi
formulada por Paulo. A Versão Ampliada desse versí­
culo é especialmente inspiradora: “Tenho força para
todas as coisas em Cristo, que me capacita — estou
pronto para qualquer coisa e capaz de qualquer coisa
por meio daquele que infunde força interior em mim,
[isto é, sou auto-suficiente na suficiência de Cristo]”
(Filipenses 4:13).
Felizmente, em Jesus tentamos o impossível com
confiança, pois em Cristo estamos prontos para qual­
quer coisa e somos capazes de fazer qualquer coisa.
O PRINCÍPIO DA SEGURANÇA
Reduzido a um princípio simples de vida abundan­
te, tudo o que foi apresentado neste capítulo pode ser
resumido desta maneira:
Só posso achar propósito final na vida aprendendo os
elementos essenciais da tranquila confiança no plano
de Deus para minha vida. Devo aceitar sua vontade
como a minha vontade, fluindo em seu plano como
uma nuvem levada pelo vento. Devo reivindicar, com
confiança, cada promessa celestial como meu título de
posse, embora nunca tenha visto a propriedade.
Portanto, daqui por diante resolvo escolher este curso
de ação diário, e, no poder de Deus, considero-o
concluído.
TEXTO BÍBLICO PARA MEMORIZAÇÃO
DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA
Escolhi a seguinte passagem como o ponto focal
para o PRINCÍPIO DA SEGURANÇA. Seria bom
você memorizá-la:
E esta é a confiança que temos para com ele,
102 A Universidade da Palavra
que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua
vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos
ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos
de que obtemos os pedidos que lhe temos feito”
(1 João 5:14-15).
PASSAGENS DE APOIO PARA
O PRINCÍPIO DA SEGURANÇA
Eis os versículos de apoio para o PRINCÍPIO DA
SEGURANÇA:
Salmo 27:1-3 2 Coríntios 5:6-8
Salmo 37:5-7 Gálatas 3:11
Salmo 65:1-7 Efésios 3:10-12
Provérbios 3:23-26 Filipenses 1:16
Provérbios 14:26-27 Filipenses 4:11-13
Romanos 1:17 Hebreus 3:12-14
Romanos 5:1-5 Hebreus 4:14-16
Romanos 12:1-3 Hebreus 10:19-23
1 Coríntios 16:13-14 Hebreus 10:32-38
2 Coríntios 4:8-91 Judas 20-21

1. Farrel e Wilbur Cross, “Cheers! A Belly Laugh Can Help You Stay WelU”,
Science Digesl, Novembro, 1977, pp. 15-20. Usado com permissão.
C apítulo 6

Cortinas
Coloridas
(O Princípio da Expectativa)

O céu estava vivido, com um colorido que eu jamais


vira antes. Já passava das nove horas da noite quando
me pus a caminho de volta para casa — um percurso
de alguns quilômetros. Mamãe ficou de apanhar-me
no fim do trabalho, mas, evidentemente, ela se havia
esquecido.
Uma estranha ansiedade me enchia o coração
enquanto eu andava pela noite. Estava muito quente
para aquela época do ano, especialmente para o sul
do Wisconsin no fim de outubro. A neve deveria
chegar logo, pensava eu com meus botões.
Sobre mim, cortinas de cor brilhavam como se
estivessem vivas; grandes faixas coloridas, pulsando,
transformando-se, mudando juntas e, depois, sepa­
rando-se. Será que eu estava sonhando ou o céu tinha
mesmo se transformado repentinamente num verde
brilhante? Eu nunca tinha visto um verde tão rico em
beleza. Todavia, era assustador. Além disso, havia
uma cortina vermelha brilhante, uma assustadora
faixa de nuvens vermelho-alaranjadas que eu supu­
nha terem pelo menos cento e cinqüenta quilômetros
de comprimento, estendendo-se quase que intermi-
navelmente pelo céu afora.
104 A Universidade da Palavra
Vinte minutos antes eu tinha telefonado para casa
para saber porque minha mãe estava demorando.
Não houve resposta. Daí, liguei para a igreja, pensan­
do que mamãe podería estar lá ajudando o papai com
os livros contábeis — papai era o tesoureiro da igreja.
Mas, novamente, não obtive resposta. Isso era muito
estranho, pois eu tinha certeza absoluta de que havia
um programa na igreja naquela noite. Por que
ninguém atendia o telefone?
Finalmente, decidi caminhar até a casa, esperando
que mamãe viesse logo, de carro, e me visse, poupan-
do-me a longa caminhada.
Então, sobreveio-me um terrível pensamento. Tal­
vez minha mãe não viesse aquela noite. Era possível
que eu nunca mais a visse, nem ao papai. Alguma
coisa havia acontecido, talvez enquanto eu estava
trabalhando. Será que aquilo que papai, mamãe e
muitos professores da Escola Dominical me haviam
ensinado durante anos havia chegado? Havia final-
mente acontecido? Será que Jesus tinha vindo para
arrebatar sua igreja, e me deixara para trás porque eu
não havia dedicado toda minha vida a ele?
Meus temores foram alimentados, enquanto eu
andava, pela ausência dos carros que normalmente
trafegavam por aquela rua movimentada nestas horas
da noite. Só depois vim a saber que as cores brilhantes
acima de mim eram uma das exposições mais dramá­
ticas da aurora boreal, ou luzes do norte, que não
aconteciam em nossa região havia mais de década. E,
uma vez que eu nunca a tinha visto antes, não
duvidava de que Jesus estava mesmo voltando.
Por que será que eu havia sido tão tolo ao ponto de
rebelar-me contra uma entrega total ao serviço do
Senhor? Ahl quem me dera ter apenas mais uma
chance para acertar as coisas com Deus!
Atrás de mim, de repente, a buzina oca do nosso
Cortinas Coloridas 105
velho carro fez meu coração disparar. Quando me
voltei, não podia crer no que via. Lá estavam eles,
papai e mamãe, estacionados ao meio-fio, tentando
imaginar onde eu estava. Eles tinham se atrasado
enquanto davam alguns recados, e foi por questão de
minutos que não conseguiram me apanhar no traba­
lho. Eu não sabia se ria ou chorava, embora tenha
feito o possível para não mostrar a menor emoção.
Enquanto o carro se dirigia para casa, as cores do
céu começaram a desaparecer. Bem no fundo de meu
coração, parecia que o Senhor estava falando. “Meu
filho”, dizia a voz, “alterei o curso da natureza esta
noite para falar com você. Esta é a sua última
oportunidade. Não espere que eu faça isso outra vez!”
Naquela noite foram plantadas as sementes que
não só confirmaram meu compromisso de servir a
Jesus, como também proveram o fundamento para
um “princípio de vida”, que mais tarde eu viria a
ensinar como o PRINCÍPIO DA EXPECTATIVA.
De fato, poucos assuntos exigem mais atenção,
tanto de crentes reais como de nominais, do que a
profecia bíblica, especificamente aquela relacionada
com o retorno de Jesus Cristo. Por certo, esse
interesse é alimentado, em parte, pelo fato de que
aproximadamente um em cada cinco versículos da
Bíblia tem que ver com profecia, e, desse total, um
terço se relaciona especificamente com a segunda
vinda de Cristo. Os 216 capítulos do Novo Testamen­
to contêm mais de 300 referências ao evento.
Tendo em vista que este assunto exige tanta aten­
ção, e uma vez que é claramente pertinente ao
planejamento de nosso futuro, dedico todo um prin­
cípio ao tema da expectativa ou antecipação.
A antecipação de um evento incomum na comuni­
dade secular, bem como na Igreja, certamente parece
estar crescendo. Alguns predizem um holocausto
106 A Universidade da Palavra
nuclear. Outros, especialmente alguns humanistas
que desejam uma saída mais otimista, dizem que o
homem irá livrar-se de todos esses males por sua
própria conta, e chegará a uma era de felicidade.
Como seguidores de Jesus Cristo, entretanto, deve­
mos examinar cuidadosamente a Palavra de Deus
para formar uma base de nossa compreensão e
preparação para os acontecimentos futuros.
É bem possível que se editem, anualmente, mais
livros sobre profecia do que sobre qualquer outro
assunto. Por isso, eu faria uma grande injustiça se
tentasse, num só capítulo, abordar o tema completa­
mente, ou corrigir o que penso serem sérias distor­
ções, em alguns desses livros.
O propósito deste capítulo é, pois, duplo: Primeiro,
quero alertar o leitor para o fato de que há centenas e
centenas de passagens bíblicas que tratam dos eventos
futuros. Portanto, em nossa leitura bíblica diária
devemos tentar classificar essas verdades, com oração,
a fim de aplicá-las adequadamente ao nosso desenvol­
vimento espiritual.
Segundo, visto que a Bíblia amiúde nos adverte de
que Satanás desfechará um ataque final terrível
contra nosso planeta — e especificamente contra a
Igreja — quero chamar a atenção do leitor para os
conselhos bíblicos que irão ajudá-lo a desenvolver um
espírito de prontidão em face desses ataques em
potencial.
É interessante notar que o registro bíblico dos
eventos futuros indica que dois derramamentos so­
brenaturais, crescentes, caminharão paralelamente
nas horas finais da história: haverá um grande
derramamento do Espírito de Deus e, ao mesmo
tempo, uma liberação de influências satânicas jamais
igualada na história humana. (Veja passagens da
Escritura como Joel 2 e Apocalipse 12.)
Cortinas Coloridas 107
FICANDO FIRME EM TEMPOS DIFÍCEIS
A Bíblia fala muitas vezes do derramamento futuro
da ira de Satanás, que começará assim que o inimigo
reconhecer que a hora está chegando. (Veja Apoca­
lipse 12:12.) Paulo disse ao jovem Timóteo: “Ora, o
Espírito afirma expressamente que, nos últimos tem­
pos alguns apostatarão da fé, por obedecerem a
espíritos enganadores e a ensinos de demônios” (1
Timóteo 4:1). A Bíblia Viva diz: “Entretanto, o
Espírito Santo nos diz claramente que nos últimos
tempos alguns na igreja se desviarão de Cristo e se
tornarão zelosos seguidores de mestres com idéias de
inspiração diabólica.”
Mais à frente, na mesma carta, Paulo apresenta
uma sugestão vital acerca da posição do crente
perante os ataques de Satanás: “Não desperdice o
tempo discutindo idéias tolas nem mitos e lendas
absurdas. Gaste seu tempo e sua energia na prática de
conservar-se espiritualmente apto” (1 Timóteo 4:7,
Bíblia Viva). Infelizmente, muito do que a Igreja faz
atualmente a respeito da segunda vinda de Cristo é
argumentar acerca de pequenos detalhes, ignorando
a ordem de procurar “conservar-se espiritualmente
apto”.
Escrevendo à igreja em Tessalônica, Paulo continua
as admoestações acerca de uma apostasia vindoura.
Diz ele: “Ninguém de nenhum modo vos engane,
porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a
apostasia, e seja revelado o homem da iniqüidade, o
filho da perdição” (2 Tessalonicenses 2:3).
Em vez de desviarmos a atenção para áreas de
especulação referentes à possível data da vinda de
Cristo, ou aos eventos mundiais que a precederão,
escolhi, neste capítulo, ressaltar seis imperativos espi­
rituais cujo objetivo é ajudar os cristãos a ficarem
firmes contra os ataques espirituais que estão para vir.
108 A Universidade da Palavra
Praticando a Presença de Deus
Primeiro, para crescer na prontidão espiritual em
face dos ataques futuros, devo desenvolver um reconheci­
mento contínuo da presença de Deus.
Devemos praticar a presença de Deus, disciplinan­
do-nos para viver em um constante estado de reco­
nhecimento da sua proximidade. Francamente falan­
do, quanto mais eu perceber que Deus, realmente,
está em mim, tanto mais crescerei em um espírito de
santidade pessoal. E, de modo contrário à idéia de
que a santidade acaba com as alegrias da vida, como
escreveu certa vez o irmão Lourenço a um amigo:
“Não há neste mundo um tipo de vida mais doce e
agradável do que o da contínua conversação com
Deus. Só podem compreender isto aqueles que o
praticam e experimentam.”
A Bíblia nos dá um belo exemplo desse espírito, no
Salmo 27:4: “Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei:
que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias
da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor, e
meditar no seu templo.”
Desenvolvendo Poder Devocional
Segundo, para aumentar minha prontidão espiri­
tual em face do aumento dos ataques de Satanás, devo
desenvolver umforte hábito devocional em oração, louvor e
leitura da Palavra de Deus.
Nenhum crente pode esperar crescer até seu máxi­
mo potencial em Cristo sem desenvolver um hábito
devocional diário. Tendo em vista que a oração
liberta o poder de Deus, a falta de oração, especifica-
mente numa base diária, afasta-nos do potencial
diário de liberar o poder de Deus.
O salmista disse: “Eu, porém, invocarei a Deus, e o
Senhor me salvará. À tarde, pela manhã e ao meio-
-dia, farei as minhas queixas e lamentarei; e ele ouvirá
Cortinas Coloridas 109
a minha voz” (Salmo 55:16-17). As duas palavras-
-chave desta passagem são Eu, poréml As orações de
outras pessoas podem me ajudar, e dou graças a Deus
por elas, mas sem uma experiência pessoal diária de
oração em Jesus, a minha vulnerabilidade à derrota
espiritual aumenta.
Rejeitando o Mundanismo
O terceiro imperativo, especialmente importante se
quero crescer na prontidão espiritual, é: Devo desen­
volver uma aguda despreocupação com os pequenos cuida­
dos desta vida.
Quanto mais perto chegamos do fim desta era,
tanto mais devemos estar atentos contra todo engano
satânico que se centraliza no materialismo mundano.
Que é materialismo mundano? Enquanto João Wes-
ley certa vez pregava sobre como evitar as coisas do
mundo, alguém gritou: “Wesley, que quer dizer por
mundo}” O evangelista respondeu imediatamente:
“Qualquer coisa que esfrie minha devoção a Jesus
Cristo é o mundo!”
Isto não quer dizer que a Bíblia condena a prospe­
ridade material ou a espiritual, mas toda conversa
acerca de tal prosperidade deve ser mantida em uma
perspectiva correta. Infelizmente, em alguns círculos,
parece que se ensina a Bíblia como um manual
materialista de lucro, ao invés de um guia para
sermos como Jesus, que, “sendo rico, se fez pobre por
amor de vós, para que pela sua pobreza vos tornásseis
ricos” (2 Coríntios 8:9). E, para aqueles que pensam
que a referência do apóstolo a tornar-nos “ricos”
signifique apenas riqueza material, será bom estudar
todo o contexto do capítulo, pois Paulo está prestes a
receber uma oferta, e pede aos cristãos coríntios que
dêem generosamente aos irmãos necessitados. De
fato, Paulo mesmo disse mais tarde aos filipenses:
110 A Universidade da Palavra
“Sim, deveras considero tudo como perda, por causa
da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus meu
Senhor: por amor do qual, perdi todas as coisas e as
considero como refugo, para ganhar a Cristo" (Fili-
penses 3:8).
O fato importante é que Jesus nos advertiu várias
vezes contra os enganos de Satanás, que aumentariam
à medida que chegasse a hora do retorno de Cristo.
Ele nos adverte especialmente acerca de atentarmos
apenas para nós mesmos. Lucas registrou estas pala­
vras de Jesus: “Acautelai-vos por vós mesmos, e para
que nunca vos suceda que os vossos corações fiquem
sobrecarregados com as conseqüências da orgia, da
embriaguez e das preocupações deste mundo, para
que aquele dia não venha sobre vós repentinamente,
como um laço” (Lucas 21:34, itálicos do autor). A
Bíblia Viva diz: “Vigiai! Que a minha vinda repentina
não apanhe vocês desprevenidos. E eu não encontre
vocês vivendo àtoa, em festas e bebedeiras, ou ocupa­
dos com os problemas desta vida, como os outros do
mundo.”
A palavra grega “sobrecarregados”, baruno, signifi­
ca “curvar sob o peso”. Somos advertidos a evitar tudo
que nos faça curvar sob o peso, ou nos impeça o
progresso espiritual.
“Orgia” aqui refere-se ao comer em excesso ou de
modo indulgente. A idéia é de que Satanás nos
tentará mesmo em áreas que, à primeira vista, podem
não parecer pecaminosas. Em outras palavras, seu
alvo é que sejamos apanhados pensando em nós
mesmos. Ele quer que sejamos “orientados pela
carne”.
Talvez o pior exemplo de que me lembro, de tal
escravidão, tenha ocorrido quando eu pregava numa
grande e conhecida igreja numa cidade do Centro-
-Oeste, famosa por seu time de futebol profissional.
Cortinas Coloridas 111
Falando sobre a vinda do Senhor, e nossa necessidade
de ignorar as freqüentes distrações insignificantes da
vida, chegou a hora de citar Lucas 21:34. Os eventos
espantosos dos instantes seguintes fizeram-me olhar
para o relógio. Faltavam exatamente 10 minutos para
o meio-dia, o horário normal de término do culto.
Pelo que me lembro, no momento preciso em que
comecei a ler a exortação de Cristo a que evitemos “as
preocupações deste mundo”, uma movimentação in-
comum começou pelo auditório. As pessoas estavam
saindo. Pensei que tivesse dito alguma coisa que as
ofendera. Só mais tarde é que o pastor me explicou e
pediu desculpas pelo êxodo repentino, dizendo: “Sin­
to que tantas pessoas tenham saído antes de você
terminar o sermão, irmão Dick. É que nosso time de
futebol joga hoje, e a partida vai ser televisionada
para toda a costa leste. O jogo começa ao meio-dia, e
um bom número de torcedores do nosso time não
queria perder o começo.”
Fortalecendo os Santos
Um quarto imperativo, também essencial para
desenvolvermos a prontidão espiritual em face dos
ataques finais de Satanás contra a igreja é: Devo
desenvolver um novo compromisso de crescer no Corpo de
Cristo, e de fortalecê-lo.
Em outras palavras, quanto mais próximo estiver o
retorno de Cristo, tanto mais iremos precisar uns dos
outros na Igreja. Quando Paulo escreveu aos cristãos
em Tessalônica, ele falou do arrebatamento da Igreja
de Cristo, e advertiu: “Consolai-vos, pois, uns aos
outros com estas palavras” (1 Tessalonicenses 4:18).
Adiante ele acrescenta: “Consolai-vos, pois, uns aos
outros, e edificai-vos reciprocamente, como também
estais fazendo” (1 Tessalonicenses 5:11). Muitos estu­
dantes da profecia bíblica (inclusive eu), crêem que
112 A Universidade da Palavra
um importante indicador da proximidade da volta de
Cristo será uma maior unidade dentro de seu corpo.
Portanto, contribuir para essa unidade é vital para
apressar a volta de Cristo. De tal importância é o
cultivo dessa unidade, que todo um princípio, o
PRINCÍPIO DA UNIDADE, tratará deste assunto,
no próximo capítulo.
Tocando Almas Perdidas
O ponto focal de todos os esforços satânicos nesta
geração, como tem sido no passado, é levar as almas à
perdição eterna. Sendo assim, uma parte de nosso
crescimento para a prontidão, à medida que o retor­
no de Cristo se aproxima, deve centrar-se na evange-
lização mundial. Apresentando esse princípio como o
quinto imperativo para a preparação espiritual, te­
mos: Devo desenvolver uma nova consciência acerca dos
milhões de almas que nunca ouviram falar de Jesus Cristo.
Quanto mais próximos estivermos do fim desta era,
tanto maior deve ser nossa consciência dos enormes
contingentes de pessoas que não somente necessitam
de Jesus Cristo como Salvador, mas também que não
têm idéia alguma acerca de quem é Jesus. João
registrou as seguintes palavras de Jesus: “Não dizeis
vós que ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém,
vos digo: Erguei os vossos olhos e vede os campos,
pois já branquejam para a ceifa” (João 4:35).
A evangelização total do mundo não é apenas
importante à luz da volta de Cristo; ela é claramente,
uma obrigação. De fato, Cristo vinculou a sua volta ao
cumprimento dessa tarefa. Ao descrever os eventos
que precederíam sua vinda, Jesus disse: “Mas é
necessário que primeiro o evangelho seja pregado a
todas as nações” (Marcos 13:10). Mateus amplia este
ensino de Jesus: “E será pregado este evangelho do
reino por todo o mundo, para testemunho a todas as
Cortinas Coloridas 113
nações. Então virá o fim” (Mateus 24:14, itálicos do
autor).
Conseqüentemente, quanto mais participarmos da
comunicação do evangelho de Cristo àqueles que
ainda não ouviram falar dele — assunto que exami­
naremos melhor no capítulo 11 — tanto mais estare­
mos contribuindo para o estabelecimento final do
reino de Cristo aqui na terra.
Liberando o Reavivamento
Há pouco sugeri que as horas finais da história
iriam testemunhar tanto um aumento da atividade
satânica quanto um grande derramamento mundial
do Espírito de Deus. Todos os cristãos dedicados
devem estar prontos para participar desse derrama­
mento do Espírito e contribuir para ele. Nosso último
imperativo ajuda a indicar o caminho. Devo desenvol­
ver um profundo respeito pela ação do Espírito de Deus,
antecipando um poderoso reavivamento sobrenatural.
Pode-se afirmar, com sólida base bíblica, que qual­
quer movimento de conversões em massa a Jesus
Cristo é impossível sem um despertamento poderoso
da Igreja pelo Espírito divino. E isso é verdade
porque somente uma igreja reavivada ou renovada se
preocupa em alcançar almas perdidas.
Que é reavivamento? Certamente é mais do que
uma série semanal de cultos anunciados como “reavi­
vamento” nos boletins da igreja, e em cartazes expos­
tos no prédio da igreja.
“Reavivamento”, de acordo com o professor de
Bíblia, Joy Dawson, “é o derramamento soberano do
Espírito Santo, à maneira de Deus e no tempo de
Deus, antes de tudo sobre o povo de Deus, quando a
revelação da santidade divina é grandemente amplia­
da e, como resultado, o conceito do pecado, do ponto
de vista de Deus, é revelado, e homens e mulheres
114 A Universidade da Palavra
têm a oportunidade de arrepender-se sob aquelas
condições, ou endurecer seus corações perante o
poder convencedor do Espírito Santo.”
Dawson acrescenta: “Reavivamento é Deus, de
forma grandiosa, despertando, chacoalhando e trans­
formando seu povo, afastando-o da apatia, do orgu­
lho e da auto-promoção, em direção à constante
oração por um povo humilde, aberto e quebrantado,
apaixonado por Deus e por sua glória.”
Tendo em vista que todas as bênçãos de Deus são
trazidas à humanidade por meio de seu agente, o
Espírito Santo, é claramente essencial que desenvol­
vamos um profundo respeito pela ação do Espírito.
Paulo disse aos tessalonicenses: “Não apagueis o
Espírito” (1 Tessalonicenses 5:19). Podemos parafra­
sear a frase de Paulo de uma maneira bem simples:
“Não apague o fogo que foi aceso por Deus.”
Aos cristãos efésios Paulo escreveu: “Não entriste­
çais o Espírito de Deus” (Efésios 4:30). A Bíblia Viva
traduz: “Não façam o Espírito Santo entristecer-se
pelo modo como vocês vivem.”
SOBRE “SER ARREBATADO”
Recentemente meu pastor deu um interessante
testemunho de sua infância, que ilustra bem como
uma pessoa pode saber, com simplicidade, se está ou
não pronta para a vinda de Jesus.
A igreja em que foi criado ensina uma adesão um
tanto quanto restrita a certas posições sobre a santida­
de, por isso não é raro que as pessoas, particularmen­
te os jovens, questionem o estarem realmente qualifi­
cadas para serem arrebatados com a Igreja na época
determinada.
Um pouco confuso e preocupado, o garoto pergun­
tou à mãe como ele podería ter certeza se seria levado
por Jesus quando o Senhor retornasse. Sua mãe
Cortinas Coloridas 115
prometeu orar sobre a pergunta e contar-lhe a
resposta do Senhor. Mais tarde ela voltou com a
resposta ideal. “Filho”, disse carinhosamente, “Jesus
me disse como podemos saber se estamos prontos
para a sua volta.” Ela sorriu e acrescentou: “Ele disse:
‘Os que estão participando comigo agora, serão arre­
batados por mim na minha volta.’ ”
O PRINCÍPIO DA EXPECTATIVA
Podemos resumir o conteúdo deste capítulo num
princípio de vida abundante:
Só posso descobrir o propósito real para a vida
aprendendo os elementos essenciais da expectativa e
perseverança à luz do planejado retomo de Jesus
Cristo à terra, para sua Igreja. Devo viver cada dia
esperando conscientemente sua volta imediata, embora
planejando cuidadosamente os eventos de minha vida
caso ele retarde sua vinda. Portanto, resolvo escolher
este curso de ação, de agora em diante, e, no poder de
Deus, considero-o concluído.
TEXTO BÍBLICO PARA MEMORIZAÇÃO
DO PRINCÍPIO DA EXPECTATIVA
A passagem seguinte é o foco central do PRINCÍ­
PIO DA EXPECTATIVA. É bom você memorizá-la:
Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra
de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a
trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos
em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os
vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados
juntamente com eles, entre nuvens, para o
encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos
para sempre com o Senhor. Consolai-vos, pois,
uns aos outros com estas palavras (1 Tessaloni-
censes 4:16-18).
116 A Universidade da Palavra
PASSAGENS DE APOIO PARA
O PRINCÍPIO DA EXPECTATIVA
Eis, a seguir, os versículos de apoio para o PRIN­
CÍPIO DA EXPECTATIVA:
Daniel 7:18 Colossenses 1:20-22
Mateus 24:4-13 1 Tessalonicenses 5:1-8
Mateus 24:40-46 2 Timóteo 4:7-8
Mateus 25:34 Tiago 2:5
Marcos 13:9-13 1 Pedro 1:4-10
Lucas 12:35-46 2 Pedro 3:10-14
Lucas 17:34-36 Apocalipse 3:1-5
Lucas 19:9-13 Apocalipse 11:15
Lucas 21:8-33 Apocalipse 21:1-3
Filipenses 3:13-21 Apocalipse 22:5
Capítulo 7

A Beleza de Benny
(O Princípio da Unidade)

Ele era alto para sua idade, e sempre estava


sorrindo. Benny1 era um crente que amava a Jesus,
talvez tanto como qualquer cristão que eu tenha
conhecido em toda a minha vida.
Benny também era retardado, um garoto de quinze
anos com a mentalidade de seis ou sete.
Eu não tinha a menor idéia, quando fui convidado
para dirigir uma conferência de cinco dias sobre
oração, no meio-oeste, que Deus iria usar este retar­
dado para me levar a um princípio que viria a
governar toda a minha vida. Através de Benny, o
Senhor estava prestes a me ensinar acerca da beleza
dos outros em seu Corpo.
A conferência tinha ido bem, tão bem que cada vez
mais se fazia óbvio que o Espírito Santo estava
liderando cada reunião. Noite após noite os jovens
oravam durante horas; numa delas ficaram quase até
meia-noite.
O pastor estava ansioso por que toda a igreja
participasse do despertamento, e sugeriu que plane­
jássemos uma “Reunião do Corpo” especial, aberta a
todos. Nesse tipo de reunião, o “Corpo de Cristo” (a
congregação) é que dirige, não o pregador. Realmen­
te, não difere muito da antiga reunião de testemu­
nhos, semelhante aos que eram feitos em acampa­
118 A Universidade da Palavra
mentos anos atrás. Nessa noite, era a vez dos jovens.
Quando a reunião ia chegando ao fim, somente
quatro adolescentes se encontravam na plataforma.
Uns quinze ou dezesseis já tinham contado suas
experiências com a oração.
Meu coração regozijava-se, pois o culto transcorria
sem nenhum problema. Nenhum dos costumeiros
sabichões espirituais tinha aproveitado a oportunida­
de para expor alguma doutrina estranha ou chamar a
atenção para si mesmos. Tudo tinha corrido bem.
Não querendo que nada de errado acontecesse no
final da reunião, disse à congregação: “Bem, irmãos,
se vocês ainda não se levantaram para testemunhar,
por favor, permaneçam sentados. Acho que estes
quatro irmãos são as últimas pessoas que Deus quer
que dêem testemunho hoje.”
Comecei a chamar os quatro adolescentes por
nome. Carol foi ao púlpito contar suas experiências.
Z Então, aconteceu. Vi o movimento com o canto
dos olhos. Alguém se dirigia para a frente. Rapida­
mente engoli em seco, indeciso quanto ao que fazer
naquele momento. Era Benny. Ele vinha em direção à
plataforma.
Várias fileiras atrás dois adolescentes riam baixi­
nho. Outros, mais perto da frente, em silêncio,
sorriam maliciosamente. Benny dava testemunhos
que, embora sem intenção, às vezes embaraçavam a
ele e a toda a congregação.
Era impossível tentar mudar a situação. Qualquer
ação desfavorável de minha parte iria criar mais
confusão e embaraço. Lembro claramente de ter
pensado: “Ah! não. Benny vai estragar toda a reu­
nião. Ele vai dizer alguma coisa ridícula e o lugar vai
virar um alvoroço.”
Benny havia chegado à plataforma. Com uma
postura um pouco relaxada ele caminhou os vários
A Beleza de Benny 119
passos que o separavam do púlpito. Seu sorriso
comum, mas um tanto exagerado, fora substituído
por um tremor nos lábios e por uma face cheia de
lágrimas. Quando ele falou, fiquei atônito com o que
disse. Tremi, convicto.
“Eu sei o que vocês estão pensando”, murmurou o
jovem grandalhão. “Benny vai estragar tudo. Ele vai
arruinar a reunião toda. Ele nem pode dar um bom
testemunho sem que todo mundo caia na risada.”
Cada palavra coincidia com meus pensamentos. De
alguma forma Benny os conhecia. Ao continuar, suas
lágrimas eram temperadas com dor e compaixão.
“Tudo bem, eu não sou normal. Não sou como vocês.
Nasci diferente.”
Benny estava quebrantado, e as lágrimas corriam
livremente. Sem o saber, ele havia atingido o coração
de toda a congregação. Alguns tentavam disfarçar a
emoção, mas não conseguiam. Outros simplesmente
deixavam as lágrimas correrem livremente.
“Amo vocês”, continuou Benny. “Amo muito vocês.
É verdade que não posso ter um emprego como os
outros garotos da minha idade. Nem mesmo posso ir
à escola com eles. Tenho de ir a uma escola especial
onde tudo o que fazemos são cestas e coisas de couro.
Alguém me disse que nunca serei capaz de fazer
coisas que as pessoas normais sabem fazer.”
Enxugando as lágrimas, ele acrescentou: “Mas eu
posso amar vocês. E posso orar por vocês. Lembrem-se
sempre disso, se vocês ficarem desanimados, Benny
está orando por vocês. Pode não ser muito, mas é
tudo que eu posso fazer. Estarei orando. Qualquer um
pode orar.”
A interrupção de Benny foi um momento decisivo
em meu ministério. Senti as lágrimas correrem-me
pelo rosto. Alguma coisa profunda havia acontecido
comigo naquele instante. Eu precisava de Benny,
120 A Universidade da Palavra
precisava mesmo dele. De fato, sem Benny o Corpo
de Cristo estaria incompleto.
CHAMADO À UNIDADE
Naquela noite foram plantadas em meu coração as
primeiras sementes do PRINCÍPIO DA UNIDADE.
Deus estava-me ensinando sobre a beleza do seu
Corpo, com todas as diferenças denominacionais,
controvérsias doutrinárias e conflitos pessoais. Deus
estava-me mostrando que todos esses problemas não
passam de oportunidades para desenvolvermos a
qualidade definitiva do relacionamento harmonio­
so — unidadel
Porém, até onde Deus espera que a gente vá em
relação ao assunto de unidade? Sabemos que a oração
pela unidade foi a petição individual mais repetida
que Jesus fez a seu Pai. Sua oração no Getsêmani,
conforme registrada em João 17, inclui cinco apelos
diferentes ao Pai por esse assunto. É interessante
notar que foi nessa mesma noite, quando se prostrou
no Getsêmani, na noite anterior à Cruz, que Jesus foi
batizado com quebrantamento tal que seu próprio
suor tornou-se em sangue (veja Lucas 22:44).
As pessoas que, no Corpo de Cristo, anseiam pela
unidade não podem deixar de perguntar-se quando
esta oração será respondida plenamente. Aguns po­
dem até mesmo perguntar o que, em verdade,
significa ser membro do “Corpo de Cristo”.
Paul E. Billheimer, em seu livro extremamente
significativo, Love Covers, “O Amor Cobre”, escreve:
“Diz-se que a Igreja universal é o Corpo de Cristo.
‘Porque, assim como num só corpo temos muitos
membros, mas nem todos os membros têm a mesma
função; assim também nós, conquanto muitos, somos
um só corpo em Cristo e membros uns dos outros’
(Romanos 12:4-5).”
A Beleza de Benny 121
O autor explica: “Todos as pessoas que realmente
nasceram de novo são membros do Corpo. Quando
alguém se arrepende de verdade, a fé para o perdão
vem naturalmente e a alma se reconcilia com Deus e
experimenta a regeneração, que é o novo nascimen­
to.”
“Visto que todos os que nasceram de novo são
membros do Corpo de Cristo, Deus estende a comu­
nhão a eles, independentemente de sua posição
doutrinária que não seja direta ou necessariamente
ligada à experiência da conversão. Uma vez que isto é
verdade, será que temos o direito de recusar comu­
nhão aos outros crentes quando o próprio Deus
mantém comunhão com eles?”
O Dr. Billheimer acrescenta: “Todos os que nasce­
ram de novo têm o mesmo Pai. Nenhuma soma de
graça será suficiente para fazer com que todos os
crentes cheguem a um acordo quanto a que sistema
doutrinário constitui a verdade conceptual absoluta.
Se a oração de Jesus for respondida deste lado do céu,
terá de ser com base na Paternidade comum, e isso
significa, com base no amor ágape. Significa que o
amor pela família deve exceder a devoção a uma
opinião pessoal sobre assuntos não essenciais à salva­
ção.”
Para mim, a declaração mais desafiadora do livro
do Dr. Billheimer é a seguinte: “A desunião no Corpo
de Cristo é o escândalo dos séculos. O maior pecado
da Igreja não é a mentira, o roubo, a bebedice, o
adultério — nem mesmo o assassinato — e sim, o
pecado da desunião.”
O autor continua: “Tendo em vista que a falta de
unidade no Corpo prevalece sobre todos esses peca­
dos, e considerando que ela verdadeiramente ata as
mãos do Espírito Santo, ela faz com que mais almas se
percam do que aqueles pecados escandalosos.”
122 A Universidade da Palavra
Descrevendo um espírito de “crítica” como o verda­
deiro culpado dos crimes de destruição do Corpo de
Cristo, o Dr. Billheimer afirma: “A crítica resulta na
rejeição de outro irmão nascido de novo por causa de
sua opinião sobre assuntos não essenciais para a
salvação. A crítica crescente, portanto, é sinal de graça
decrescente. Significa que não cremos que Deus saiba
corrigir seus filhos ou seja capaz de fazê-lo.”
Tendo conhecido Paul Billheimer por muitos anos,
tanto como um grande amigo quanto como um
companheiro de oração, tenho sido especialmente
abençoado por sua conclusão, sob o título “Somos
irmãos!” A declaração é substanciosa, e por causa de
sua relevância apresento-a em sua totalidade. Por
favor, Ieia-a em espírito de oração — ela tem a
capacidade de testar sua santificação.
Se você nasceu de novo, biblicamente, você é um
membro do Corpo de Cristo e Filho de meu
próprio Pai. Como membro da mesma família,
você é meu irmão, quer o compreenda e reco­
nheça, quer não. Quanto a mim, isso é verdade,
quer você seja carismático, quer anticarismático;
quer você creia que todos devam falar em
línguas, quer creia que falar em línguas é coisa
do diabo. Quer você creia que os dons do
Espírito estejam atuando na Igreja atualmente,
quer creia que eles cessaram no final da Era
Apostólica; quer você seja calvinista e creia nos
‘Cinco Pontos’, quer seja arminiano e creia que
os ‘Cinco Pontos’, são heresia; quer você creia na
segurança eterna quer no cair da graça; quer
você aceite somente as versões antigas da Bíblia,
quer prefira uma tradução moderna; quer você
creia na regeneração batismal, quer não creia
em nenhuma ordenança. Quer você creia na
A Beleza de Benny 123
imersão, quer na aspersão; quer você lave os
pés, quer não; quer você seja metodista, batista,
presbiteriano, discípulo de Cristo, Igreja de
cristo, menonita, adventista do sétimo dia, epis­
copal, católico ... quer de nenhuma denomina­
ção; quer você creia na ordenação de mulheres,
quer não; quer você pense que o sábado é o
verdadeiro dia de descanso e deva ser guardado
em santidade, quer você pense que o dia em si é
indiferente; quer você coma carne, quer seja
vegetariano; quer você beba café, chá e bebidas
leves, quer somente água, sucos de fruta e leite;
quer você use cabeleira, quer seja careca; quer
pinte o cabelo, quer não; quer você seja pré-
-milenista, pós-milenista quer amilenista; quer
seja rebublicano, democrata quer socialista;
quer sua pele seja branca, preta, vermelha,
parda ou amarela; e se houver outros assuntos
duvidosos ou meros não-essenciais acerca dos
quais sejamos diferentes ... se você nasceu de
novo, ainda somos membros da mesma família e
partes orgânicas do mesmo Corpo espiritual.
Posso achar que algumas de suas crenças sejam
meio idiotas, mas se amo realmente a Deus, não
irei rejeitar você como pessoa.”
Obrigado Dr. Billheimer. Precisávamos disso!
A FRATERNIDADE E O CRENTE
O amor ágape, aquele amor incondicional explicado
no capítulo 4, deve manifestar-se na disposição de
aceitarmos uns aos outros, para que Deus realize em
nós o crescimento que ele deseja, bem como naqueles
de quem diferimos.
Do amor ágape flui um espírito de fraternidade, que
é “a qualidade de ser fraternal, pela participação na
comunidade e pela contribuição a ela.”
124 A Universidade da Palavra
A comunidade é absolutamente vital tanto para o
crescimento pessoal quanto para a unidade. De fato, a
Bíblia freqüentemente nos adverte que, à medida que
se aproxima a hora final da humanidade, os cristãos
precisarão de ser fortalecidos pela comunhão uns
com os outros. Uma passagem bíblica especialmente
significativa a este respeito encontra-se em Hebreus.
Lemos: “Guardemos firme a confissão da esperança...
Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimu­
larmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de
congregar-nos, como é costume de alguns; antes,
façamos admoestação, e tanto mais quanto vedes que o dia
se aproxima” (Hebreus 10:23-25, itálicos do autor).
Esta passagem nos admoesta a crescer em fidelida­
de à igreja local, tanto mais quanto se aproxima o dia
da volta de Cristo. Tais reuniões são essenciais para
nosso crescimento. E embora possamos citar numero­
sos benefícios que fluem de tal comunhão, quatro
resultados específicos me vêm de imediato à mente:
Envolvimento; Interação; Instrução e Melhoria.
Envolvimento
O autor de Hebreus refere-se especificamente aos
crentes: “façamos admoestações” (Hebreus 10:25). O
desejo de Deus é que criemos espaço, regularmente,
para o cumprimento desta imposição. Naturalmente,
exortar, encorajar ou admoestar uns aos outros
significa que devemos nos envolver uns com os
outros. A reunião normal dos crentes oferece oportu­
nidade para esse envolvimento.
O envolvimento é fundamental para a maturidade
espiritual. Significa “participação ativa”. Estar envol­
vido é colocar-se em atividade. Dizer que cremos na
unidade espiritual, ao mesmo tempo que deixamos de
participar regularmente da igreja local, é contradizer-
-se. Aqueles que oram pela unidade devem estar
A Beleza de Benny 125
dispostos a envolver-se nas atividades da igreja local.
Paulo descreveu esse espírito de envolvimento na
carta aos Gálatas. “E não nos cansemos de fazer o
bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfale­
cermos. Por isso, enquanto tivermos oportunidade,
façamos o bem a todos, mas principalmente aos da
família da fé” (Gálatas 6:9-10).
Ele trata desse assunto quando escreve à igreja em
Éfeso. Explicando as razões por que Deus deu lide­
rança à Igreja, Paulo afirma: “E ele mesmo concedeu
uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas, e outros para pastores e mestres, com
vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempe­
nho do seu serviço, para a edificação do corpo de
Cristo” (Efésios 4:11-12). Na significativa tradução de
Weymouth, ele explica que Deus deu apóstolos,
profetas, evangelistas e professores “A fim de equipar
plenamente o seu povo para a obra de servir”. Especifica­
mente, Deus dá liderança espiritual à Igreja para
guiar os crentes a dois objetivos: Primeiro, por meio
desses líderes os crentes serão equipados para “desempe­
nho do seu serviço” que é antes de tudo, evangelizar os
perdidos. Segundo, por meio da liderança ungida, o
crente será equipado afim de contribuir para a constante
“edificação do corpo de Cristo”, que é a edificação mútua.
Dessa forma, Deus espera que cada um de seus
filhos se disponha para o ministério de servir. Isso, é
claro, é impossível, sem o envolvimento com outras
pessoas. O envolvimento, portanto, está no centro do
crescimento espiritual.
Interação
Deus não deseja apenas que participemos do que
ele está fazendo através da Igreja; ele quer que
aprendamos o valor da interação pessoal. E em nos
reunirmos que descobrimos como ajudar uns aos
126 A Universidade da Palavra
outros. Ao discutir mais sobre a liderança eclesiástica,
Paulo nos lembra que os líderes foram comissionados
para nos ajudar a crescer até que “todos cheguemos à
unidade da fé” (Efésios 4:13).
Volte às palavras de Hebreus: “Não deixemos de
congregar-nos, como é costume de alguns; antes,
façamos admoestações.. . ” (Hebreus 10:25), ou, co­
mo diz Weymouth: “encorajando uns aos outros”.
Esse é o valor da interação. Ela provê uma fonte de
ânimo. Por toda a Bíblia vemos injunções do mesmo
tipo. Provérbios 27:17, diz: “Como o ferro com o
ferro se afia, assim o homem ao seu amigo.” Em
Eclesiastes, lemos: "Melhor é serem dois do que um,
porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se
caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que
estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante”
(Eclesiastes 4:9-10).
Quanto mais espaço dermos a um espírito de
interação em nossas reuniões, tanto mais abriremos as
comportas para o crescimento mútuo. A interação
nos permite remover as máscaras do orgulho e
arrogância que costumeiramente criam uma mortal
estagnação espiritual.
Instrução
Além de falar aos efésios sobre a “unidade da fé”,
Paulo também discutiu a necessidade de crescerem
“no conhecimento do Filho de Deus” (note Efésios
4:13). Aqui Paulo está dando ênfase à necessidade de
recebermos contínua instrução espiritual, instrução
que, geralmente, só podemos receber nas reuniões
regulares da igreja.
Falando a favor dos líderes, o autor de Hebreus
escreveu: “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos
pregaram a palavra de D eus.. . imitai a fé que tiveram”
(Hebreus 13:7, itálicos do autor).
A Beleza de Benny 127
É impossível, obviamente, seguir aqueles que nos
lideram se não nos dispomos a receber deles a
instrução necessária. Dessa forma, cristãos que dese­
jam crescer espiritualmente devem comprometer-se a
participar da assembléia local, a menos, é claro, que
sejam impedidos por limitações físicas.
Hebreus apresenta ainda outro desafio: “Obedecei
aos vossos guias, e sede submissos para com eles; pois
velam por vossas almas” (Hebreus 13:17, itálicos do
autor).
Aqui os crentes são exortados a crescer na submis­
são aos líderes, porque “velam por vossas almas”.
Certamente tal submissão requer fidelidade no rece­
bimento de instrução, algo que só se consegue partici­
pando regularmente de um corpo local de crentes.
Melhoria
Uma razão muito vital para a constante comunhão
entre os cristãos é que todos os resultados já mencio­
nados da comunhão — envolvimento, interação, e o
recebimento de instrução — nos ajudam a amadure­
cer. Por meio da comunhão melhoramos espiritual­
mente, crescemos.
Efésios 4:12-13 ressalta especialmente este pensa­
mento: “A intenção [de Deus] é o aperfeiçoamento e a
plena preparação dos santos... [para que o Corpo]
possa se desenvolver... para [que possamos chegar] à
varonilidade verdadeiramente madura” (AMP).
Daí, Paulo passa a explicar o alvo de nosso envolvi­
mento, interação e instrução. Diz ele: “Para que não mais
sejamos como meninos, agitados de um lado para
outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina,
pela artimanha dos homens, pela astúcia com que
induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor,
cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo”
(Efésios 4:14-15, itálicos acrescentados).
128 A Universidade da Palavra
De forma bastante simples, Paulo está sugerindo
que “cresçamos” em Jesus. O apóstolo lembra-nos
ainda que Deus deu guias à sua igreja para nos
guardar de sermos “levados ao redor por todo vento
de doutrina”.
A maturidade, certamente, é o alvo desejado em
cada virada de nossa experiência cristã. E todo esse
crescimento, inclusive a proteção contra falsas doutri­
nas decorre do espírito de fraternidade.
O ESPÍRITO SERVIÇAL E O SANTO
Relativo ao “aperfeiçoamento dos santos para o
desempenho do seu serviço”, é igualmente vital para
nosso crescimento um espírito serviçal.
Espírito serviçal é “a qualidade de ser útil, volunta­
riamente, sem esperar reconhecimento em troca”. É a
compaixão em ação. Servir é revestir-se de um
espírito de doação.
Repare especialmente na palavra voluntariamente,
que aparece em nossa definição. Paulo estava, sem
dúvida, pensando nesta palavra quando escreveu:
“Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de
todos, a fim de ganhar o maior número possível.
Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de
ganhar os ju d e u s... Fiz-me fraco para com os fracos,
com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com
todos, com o fim de, por todos os modos, salvar
alguns” (1 Coríntios 9:19-22).
Tendo em vista que dar está no âmago do evange­
lho (“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira
que deu”), e tendo em vista que um espírito serviçal
pertence ao âmago da doação, ampliaremos nosso
entendimento deste assunto ao discutirmos as quatro
fases do espírito serviçal: Um Coração Disposto; Um
Coração Generoso; Um Coração Afetuoso; e Um
Coração Devotado.
A Beleza de Benny 129
Um Coração Disposto
A menos que estejamos “dispostos”, não podemos
“servir”. O espírito serviçal, portanto, começa com
um coração disposto, um coração que está pronto para
servir.
Considere a disponibilidade de Israel quando Moi­
sés convocou a nação para construir o tabernáculo. A
Bíblia diz: “Então toda a congregação dos filhos de
Israel saiu da presença de Moisés, e veio todo homem,
cujo coração o moveu e cujo espírito o impeliu, e
trouxe a oferta ao Senhor para a obra da tenda da
congregação... Vieram homens e mulheres, todos
dispostos de coração” (Êxodo 35:20-22).
Um Coração Generoso
Para entender o que é um espírito serviçal precisa­
mos compreender o que é dar. O espírito serviçal
cresce com um coração generoso, um coração disposto a
dar.
Há um acontecimento na história de Isarel que
muitos estudiosos da Bíblia descrevem como o maior
reavivamento experimentado pelo antigo Israel.
Aconteceu durante o reinado do jovem rei Ezequias,
que, apenas com vinte e cinco anos de idade, começou
a reinar fazendo uma convocação nacional para o
despertamento espiritual. Depois de ter levado os
guias sacerdotais a reinstalar o culto no templo,
aconteceu um poderoso avivamento. Acerca desse
avivamento a Bíblia diz: “A congregação trouxe
sacrifícios e ofertas de ações de graça, e todos os que
estavam de coração disposto trouxeram holocaustos”
(2 Crônicas 29:31). Repare a expressão “e todos os
que estavam de coração disposto”. Isto se refere ao
espírito de generosidade. A narrativa sugere que
todos aqueles que cultivavam um espírito generoso
participaram trazendo sacrifícios, e isso contribuiu
130 A Universidade da Palavra
significativamente para o poderoso avivamento que
ocorreu logo depois. De fato, a generosidade está
sempre à testa do avivamento. Em verdade, quanto
mais a pessoa é avivada, tanto mais contribui.
Um Coração Afetuoso
O terceiro aspecto importante do espírito serviçal
se expande com um coração afetuoso, um coração
pronto para chorar.
Veja esta linda promessa de Deus a Josias: “Por­
quanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste
perante o Senhor... e rasgaste as tuas vestes, e
choraste perante mim, também eu te ouvi, diz o
Senhor” (2 Reis 22:19).
Descobrimos, neste texto, que Deus responde às
orações daqueles que têm corações enternecidos. De
fato, este versículo vai além, e explica que a ternura
do rei foi o motivo da resposta à oração.
O salmista transmite um pensamento parecido:
“coração compungido e contrito não o desprezarás, ó
Deus” (Salmo 51:17).
Em geral, o coração afetuoso se desenvolve de duas
maneiras. Primeiro, desenvolve-se quando reconhece­
mos nossa indignidade perante a santidade de Deus.
Quanto mais percebemos o quanto somos pequenos,
comparados com a grandiosidade divina, tanto mais
desenvolveremos um coração afetuoso.
Segundo, um coração afetuoso se desenvolve ao
pensarmos mais nos outros. Por exemplo, quanto mais
nos identificamos com as necessidades dos outros,
tanto mais desenvolvemos um coração afetuoso.
Um Coração Devotado
Ao concluir sua primeira carta aos cristãos de
Corinto, Paulo falou de um grupo incomum de
crentes, que se havia dedicado ao ministério do
serviço.
A Beleza de Benny 131
Paulo escreveu: “E agora, irmãos, eu vos peço o
seguinte (sabeis que a casa de Estéfanas é as primícias
da Acaia, e que se consagraram ao serviço dos santos):
Que também vos sujeiteis a esses tais, como também a
todo aquele que é cooperador e obreiro. Alegro-me
com a vinda de Estéfanas, e de Fortunato e de Acaico;
porque estes supriram o que da vossa parte faltava.
Porque trouxeram refrigério ao meu espírito e ao
vosso. Reconhecei, pois, a homens como estes” (1
Coríntios 16:15-18).
Descobrimos neste relato, que um espírito serviçal
culmina num coração devotado; um coração pronto a
trazer refrigério. Paulo está descrevendo pessoas verda­
deiramente devotadas ao seu ministério. Elas, literal­
mente, deram-se ao “refrigério dos santos”.
Quando Paulo expressou que seus amigos lhe
haviam “trazido refrigério ao espírito”, ele usou a
palavra grega anapauo, que significa “dar descanso”
ou “dar uma folga no trabalho”. Este último conceito
é especialmente curioso. Paulo estava sugerindo que
certo grupo de pessoas se esforçaram para que ele
descansasse dos rigores da luta. Acorreram à batalha
para tomar o lugar de Paulo, tempo suficiente para
que ele descansasse.
Em cada assembléia de crentes, Deus procura um
remanescente dos fiéis que se tornam disponíveis
para este poderoso ministério de servir. Algumas
vezes o ministério consiste apenas em ficar até mais
tarde, depois de uma reunião, para arrumar as
cadeiras ou apagar a luz. Em outras ocasiões, pode
requerer desviarmo-nos de nosso caminho a fim de
fazer algo que, normalmente, seria feito por uma
pessoa paga para isso. Não importa a função, esses
“santos que trazem refrigério” são, por assim dizer,
diáconos não reconhecidos, um grupo de auxiliares
que tornam possível aos líderes espirituais dedicarem
132 A Universidade da Palavra
mais tempo à oração e ao ministério da Palavra (veja
Atos 6:1-4).
Em certa ocasião Paulo descreve claramente um
santo desse tipo. Na carta a Timóteo, lemos: “Conce­
da o Senhor misericórdia à casa de Onesíforo, porque
muitas vezes me deu ânimo e nunca se envergonhou
das minhas algemas. Antes, tendo ele chegado a
Roma, me procurou solicitamente até me encontrar.
O Senhor lhe conceda, naquele dia, achar misericór­
dia da parte do Senhor. E tu sabes, melhor do que eu,
quantos serviços me prestou em Éfeso” (2 Timóteo
1:16-18).
Novamente Paulo se refere a ter sido “animado”
por outra pessoa, só que, deste vez, o apóstolo usa a
palavra grega anapsucho, que significa “refrescar ou
esfriar novamente”. A sugestão é que alguém dá a
outrem um copo de água fria enquanto essa pessoa
enfrenta um tremendo deserto de opressão satânica.
Parece que Onesíforo ajudava Paulo constantemente.
De fato, o apóstolo conclui a descrição de Onesíforo,
dizendo: “E tu sabes, melhor do que eu, quantos
serviços me prestou ele em Éfeso.” Antes, no mesmo
versículo, Paulo menciona que, enquanto numa pri­
são romana, Onesíforo “me procurou solicitamente
até encontrar”.
Olhe de novo para 2 Timóteo 1:18. É particular­
mente digno de nota as palavras “quantos serviços”.
Este é o segredo do espírito serviçal. Ele faz com que a
pessoa se devote. Quanto mais experimentamos a
alegria de abençoar outros em muitas coisas, tanto
mais desejaremos continuar sendo uma bênção. O
espírito serviçal, portanto, culmina no refrigério dos
santos.
O PRINCÍPIO DA UNIDADE
Podemos resumir todo este capítulo num único
A Beleza de Benny 133
princípio de vida abundante. Veja como fica nosso
resumo:
Só consigo achar o propósito último de minha vida ao
aprender os elementos essenciais da unidade no Corpo
de Cristo, que ê a Igreja. Devofazer tudo que esteja ao
meu alcance para descobrir a posição que Deus me
destinou no corpo. Tendo-a descoberto, devo me
esforçar, nessa posição, parafortalecer o todo. Portan­
to, resolvo escolher este curso de ação diariamente, e,
no poder de Deus, considero-o concluído.
TEXTO BÍBLICO PARA MEMORIZAÇÃO
DO PRINCÍPIO DA UNIDADE
A passagem a seguir foi escolhida como ponto
central do PRINCÍPIO DA UNIDADE. Seria bom
você memorizá-la:
. . .para que não haja divisão no corpo; pelo
contrário, cooperem os membros, com igual
cuidado, em favor uns dos outros. De maneira
que, se um membro sofre, todos sofrem com
ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se
regozijam. Ora, vós sois corpo de Cristo; e,
individualmente, membros desse corpo (1 Co-
ríntios 12:25-27).
PASSAGENS DE APOIO PARA
O PRINCÍPIO DA UNIDADE
Eis, a seguir, os versículos de apoio para o PRIN­
CÍPIO DA UNIDADE:
Salmo 133:1-3 Efésios 4:11-14
Provérbios 15:23 Colossenses 1:9-18
Romanos 12:3-8 Colossenses 3:15-17
Romanos 12:10-16 2 Timóteo 1:16
Romanos 15:1-3 Filemom 4-7
1 Coríntios 10:12-17 Hebreus 6:10
1 Coríntios 16:15-18 Hebreus 13:1
134 A Universidade da Palavra
Efésios 1:15-23 1 Pedro 4:10
Efésios 2:14-22 1 João 3:18
Efésios 4:1-3

^ Decidi m udar o nome deste jovem pelo respeito que tenho por ele e por
sua família.
Capítulo 8

O L aboratório da Vida
(O Princípio da Família)

Era uma quente manhã de dezembro, e tudo


parecia indicar outro dia de calor recorde no sul da
Califórnia. Tendo passado por muitos invernos do
meio-oeste, pensar num calor de 28°C, apenas alguns
dias antes do Natal, parecia absurdo.
Mesmo assim, desfrutei de cada minuto de calor,
especialmente porque estava pronto para ir à nossa
capela, no quintal dos fundos, cedinho de manhã,
com minha roupa de ginástica. Naquela manhã havia
um quê especial de destino. Parecia que Deus estava
fazendo nascer algo especial em minha vida, uma
coisa tão significativa que, anos mais tarde, eu iria
olhar em retrospectiva para aquele dia e saber que
algo havia começado.
Sentado no chão, descansando sobre um grande
travesseiro bem recheado, eu me perguntava o que
estava nascendo. Será que Deus queria começar algo
especial em mim, talvez um alvo para o ano novo,
mas, certamente, muito mais do que mera resolução
de Ano-Novo que a gente logo se esquece?
Minha mente voltou-se para uma experiência no
escritório no início da semana. Um de nossos líderes
executivos interrompeu seu trabalho, de muita res­
ponsabilidade, para ajudar uma funcionária idosa,
que tivera um problema de coluna alguns dias antes, a
136 A Universidade da Palavra
carregar várias caixas. Ela tinha lágrimas nos olhos
quando me contou, mais tarde, o que aquele ato de
bondade lhe significou. Sua voz estava embargada, ao
dizer: “Por que alguém que tem tanta coisa para fazer
foi ajudar alguém como eu?”
Enquanto eu estava sentado, orando, ocorreu-me
uma idéia. Espírito Serviçal! Era isso que Deus queria
me ensinar. Ele queria que o espírito serviçal se
tornasse parte do meu dia-a-dia.
Levantando o rosto para o céu, eu disse calmamen­
te: “Senhor, ensina-me o que significa ser servo.
Mostra-me como servir aos outros.”
A resposta foi instantânea. E, embora Deus não
tivesse falado com voz audível, ouvi distintamente
cada palavra em meu coração: “Você quer mesmo
isso?”
Não era a primeira vez que eu ouvia essa pergunta.
E toda vez que a ouvia, Deus queria dizer-me alguma
coisa especial, normalmente algo desagradável.
“Por que o senhor disse: ‘Você quer mesmo isso?’ ”
repliquei.
Ele falou de novo: “Você tem certeza que quer ser
servo?”
“Senhor”, respondí ponderadamente, “o Senhor
sabe que eu o quero de verdade.”
“Então”, veio a resposta, “você sabe onde começa o
espírito serviçal!”
A mensagem estava ficando clara. Naquele mo­
mento o desejo de servir encheu-me o coração de tal
modo que, naquela manhã, eu só pensava em aben­
çoar pessoas no Corpo de Cristo, no escritório, na
igreja ou nas viagens.
Mas Deus tinha algo mais em mente. Senti que ele
falava novamente. “Quem quer ser servo deve apren­
der que o espírito serviçal começa em casa.”
Fiquei quieto alguns instantes, e, depois, perguntei:
0 Laboratório da Vida 137
“Mas como é que eu começo, Senhor?”
A próxima impressão foi tão espantosa que minha
reação inicial foi que devia ser a minha “carne”
falando, idéia que logo abandonei, reconhecendo que
jamais a carne de alguém iria dizer tal coisa. Não
podia crer em meus ouvidos. “Você estaria disposto, a
começar de hoje à noite, a lavar os pratos para sua
mulher, todas as noites, pelo resto da vida?”
A princípio, eu estava pronto a engrossar as fileiras
daqueles que dizem que Deus já não fala pessoalmen­
te com os seres humanos hoje. Devia ser minha
imaginação. No entanto, eu sabia muito bem o que
era.
Respirei fundo. Minha primeira reação foi dizer,
de imediato: “Deus, o Senhor disse disposto?”
Pessoalmente, eu gostava do som da palavra dispos­
to. Parecia oferecer uma saída.
Por um momento a voz interior silenciou. Foi um
momento decisivo. Eu tinha de decidir se estava
realmente disposto a fazer tal trabalho.
Respirei fundo novamente. E, num passo de fé,
afirmei corajosamente: “Senhor, estou disposto!”
A voz interior murmurou suavemente: “Ótimo,
então você pode começar esta noite.”
Dizer que me senti fraco ao sair da capela naquela
manhã é usar de modéstia. As lutas da carne duraram
o dia todo. Meu maior inimigo, é claro, era o orgulho.
Como podería começar, de repente, a fazer algo que
não havia feito em quatro anos? Mesmo em ocasiões
especiais, como o Dia das Mães, eu era do tipo que
dizia ironicamente à minha esposa: “Querida, hoje é
seu dia. Você pode deixar os pratos para amanhã!”
Quando sentei com minha família para o jantar,
estava quase paralisado. Interiormente estava espe­
rando por um pouco de “piedade familiar”, mas logo
compreendi que só Deus sabia o que eu iria fazer.
138 A Universidade da Palavra
A refeição pareceu durar dias, antes de chegar a
hora da verdade. Peguei a travessa de milho para
colocar os restos em meu prato. Com o canto dos
olhos espiei minha esposa. Ela estava calma, sem
nenhuma reação. Acho que ela pensava que eu iria
terminar a refeição com mais um bocado de milho.
Ela nem imaginava que eu estava começando a tirar a
mesa.
Quando comecei a pegar os outros pratos, porém,
sua face assumiu uma aparência estranha. Eu estava
pensando que iria fazer algo que durasse por toda
minha vida. Ficando em pé, reuni os pratos. Dee
estava literalmente sem fala. Sua boca se escancarou
e, por um momento, imaginei como ela estava enten­
dendo a situação.
Tinha dado apenas um passo em direção à pia
quando ouvi as primeiras palavras de minha esposa.
— Bem, — disse ela, quase cantando a palavra e
deixando-a no ar por alguns instantes — o que está
acontecendo com você?
Imediatamente a voz interior de Deus retornou.
Estava a meio caminho entre a mesa e a pia da
cozinha. “Conte-lhe agora”, a voz disse.
“Contar o quê?” perguntei silenciosamente.
“Conte-lhe que você está disposto a lavar os pratos
todas as noites pelo resto da vida”, foi a resposta.
Novamente não podia crer no que ouvia. Eu tinha
pensado que nosso acordo era que eu deveria estar
disposto a fazer isso. Nem imaginava que teria de
contar para minha esposa.
Comecei a falar vagarosamente.
— Querida —, disse eu. Meus lábios começaram a
tremer e as lágrimas a correr. — Nesta manhã, o
Senhor me perguntou se eu estaria disposto...
Minha voz embargou e começou a falhar. Estava
tendo problemas em proferir as palavras. Acho que
O Laboratório da Vida 139
eu estava esperando um arrebatamento antecipado
da igreja. Tentei de novo.
— Hoje de manhã o Senhor me perguntou se
estaria disposto a lavar os pratos para você, todas as
noites, pelo resto de nossa vida, e eu disse que sim.
Houve um estranho e raro silêncio após essas
palavras. Dee estava pensando se havia ouvido o que
ela pensava haver ouvido; e eu estava pensando se
tinha realmente dito o que temia ter dito.
Porém, aconteceu uma coisa muito especial naquela
noite, que iria continuar todas as noites, por vários
anos, até que minha esposa me avisou, numa noite,
que, a fim de ensinar “responsabilidade” às nossas
filhas, elas iriam lavar os pratos. Bem, é claro que
aceitei a sugestão como algo que daria crescimento às
garotas, mas também como libertação para o papai.
Mesmo assim, aprendi a lição, e foi mesmo uma
lição poderosa. O lar de um homem pode ser seu
castelo, mas é também sua sala de aula. Muitas das
maiores lições da vida só podem ser aprendidas em
casa. Em casa aprendemos a escutar, a amar, a tocar, a
cuidar, a ferir, a curar e a servir. Francamente
falando, o espírito serviçal que discutimos no capítulo
anterior nunca será uma realidade para quem não
quiser pô-lo em prática em casa.
Tendo em vista que a família é o laboratório da
vida, é aqui que Satanás escolhe desfechar seus
ataques mais selvagens.
Semelhantemente, é no contexto das experiências
familiares que nossos espíritos são ampliados e forta­
lecidos, ou entristecidos e amargurados. Certamente,
o cuidado de nosso espírito é de importância vital,
porque é dentro do espírito humano que todas as
atitudes — boas ou más — germinam. Nossa mente é
uma fábrica que desenvolve essas atitudes.
As experiências familiares são o combustível que
140 A Universidade da Palavra
alimenta a fábrica. Paulo falou sobre este tema ao
escrever aos romanos: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas
misericórdias de Deus que apresenteis os vossos
corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus,
que é o vosso culto racional. E não vos conformeis
com este século, mas transformai-vos pela renovação
da vossa mente, para que experimenteis qual seja a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos
12: 1- 2).
Este trecho nos admoesta a permitir que Deus
realize em nós um processo contínuo de transforma­
ção espiritual, começando com a renovação de nossas
mentes.
O autor de Provérbios, semelhantemente, trata
deste assunto, especificamente, quando ele o relacio­
na com o controle que alguém tem sobre seu espírito.
Lemos: “Como cidade derribada, que não tem muros,
assim é o homem que não tem domínio próprio”
(Provérbios 25:28).
Domínio é “a capacidade de comandar e a habilida­
de de controlar”. Provérbios 25:28 sugere que cada
pessoa desejosa de crescer em seus relacionamentos
deve controlar seu espírito.
A palavra próprio também é importante. Nossa
tendência, nos relacionamentos interpessoais, é corri­
gir a outra pessoa quando surgem problemas. Isso é
especialmente verdadeiro no lar.
PAÍS SEM EXÉRCITO
A paráfrase de Provérbios 25:28 é particularmente
significativa. Ela diz: “Um homem que não sabe
controlar suas emoções e vontades fica tão incapaz de
se defender como um país que não tem exército”
(Bíblia Viva).
Quão indefensável é uma pessoa assim?
Recentemente, o respeitado Johns Hopkins Medicai
0 Laboratório da Vida 141
Journal publicou um interessante estudo sobre a
relação entre o temperamento e a saúde física.
Durante três décadas a Dra. Caroline Thomas,
cardiologista, avaliou cuidadosamente as característi­
cas combinadas da saúde física e mental de 1.337
estudantes de medicina que cursaram a Universidade
Johns Hopkins naquele período.
Enquanto na universidade, cada estudante se sub­
metia a um extenso exame físico, bem como a uma
batería de testes psicológicos. Todos os anos, depois
de formados, esses estudantes apresentavam um
relatório médico completo.
Os resultados foram muito interessantes. Aqueles
que tendiam ser melancólicos, tensos e exigentes
tinham a pior história médica. Na verdade, desse tipo
de personalidade, 77,3%, uma porcentagem incrível,
haviam sofrido de uma grave doença.
Por outro lado, dos classificados como de personali­
dade estável e cuidadosa, apenas 25% tinham algum
problema grave de saúde. Em outras palavras, quanto
mais dificuldades a pessoa tem com seu espírito (ou
atitudes) tanto mais vulnerável se torna aos ataques
físicos.
Examine novamente a paráfrase de Provérbios
25:28: “Um homem que não sabe controlar suas
emoções e vontades fica tão incapaz de se defender
como um país que não tem exército.” Quais são
algumas das características negativas de um país sem
exército, que nos mostram contra o que temos de nos
guardar em nossos relacionamentos familiares?
Vulnerabilidade Crescente
Em primeiro lugar, um país sem exército é vulnerável a
constantes ataques, como as cidades antigas sem muros.
Nos dias do Antigo Testamento, os muros que
rodeavam as cidades formavam sua principal base de
142 A Universidade da Palavra
defesa. Quando esses muros começavam a cair, signi­
ficava que os habitantes estavam ficando vulneráveis
em grau crescente. Sem muros para proteger a
cidade, sua vulnerabilidade era constante.
O mesmo é verdadeiro quanto a uma pessoa com
um espírito teimoso, incontrolado. Nunca se sabe
quando uma simples palavra, de um amigo ou de um
membro da família, irá causar uma explosão emocio­
nal. Freqüentemente, até mesmo um pensamento
ocorrido à noite pode dar lugar a níveis tais de
ressentimento que se perdem muitas horas de sono.
Diariamente vai crescendo a vulnerabilidade.
Juntamente com o salmista, uma pessoa assim se
percebe dizendo: “Os que me espreitam continua­
mente querem ferir-me” (Salmo 56:2).
Espírito Errado
Em segundo lugar, um país sem exército ê alvo de uma
variedade de inimigos. No antigo Israel, os habitantes de
uma cidade sem muros nunca sabiam que inimigo
podia atacar. De um lado, poderíam ser os moabitas;
de outro, os edomitas. Ou, então, poderíam ser os
midianitas num dia, e, no outro, os amonitas. Alguém
acrescenta ironicamente: “Logo, logo eles estarão
com medo até das formigas”, o que não é apenas uma
piada, pois a lista de inimigos, além de longa, é muito
estranha quando as pessoas estão com medo. Coisas
que não merecem ser temidas se tornam temidas.
De igual modo, a pessoa com um espírito perturba­
do é vulnerável a numerosos inimigos de atitude.
Geralmente, o orgulho ataca primeiro, seguido pela
inveja. Daí seguem o ciúme e o ressentimento. Para a
pessoa com um espírito errado a lista parece intermi­
nável. Como disse sucintamente o salmista: “Conside­
ra os meus inimigos, pois são muitos” (Salmo 25:19).
0 Laboratório da Vida 143
Guerras de Preocupação
A seguir, um país sem exército vive em constante estado
de ansiedade. Quando os muros de uma cidade antiga
estavam deteriorando, os habitantes da cidade en­
frentavam constante ansiedade. Ninguém podia des­
cansar, com medo de que um inimigo atacasse a
qualquer instante. Algumas vezes até dormir se torna­
va impossível.
E, mesmo quando não havia guerra, a ameaça de
guerra podia ser tão forte que a ansiedade interna era
tão difícil quanto uma verdadeira guerra.
Mais uma vez descobrimos um paralelo na pessoa
que mantém um espírito amargo. Ela vive, amiúde,
num crescente estado de depressão, em geral sofren­
do de sentimentos de desamparo cada vez maiores.
Quase sempre não tem idéia do que ocasionou tal
condição, pois a causa real há muito que desapareceu.
Tal pessoa se caracteriza, em geral, por profundos
temores pessoais, e inseguranças cada vez maiores.
Sua mente, de modo geral, vive sob constante ataque
de “guerras de preocupação”. Essas guerras incluem
os temores imaginados que causam tantos danos
como se fossem reais. Essa pessoa vive com o grito do
salmista: “Ferido como a erva, secou-se o meu cora­
ção. .. Os meus inimigos me insultam a toda hora”
(Salmo 102:4, 8).
Mania de Perseguição
Há um quarto e interessante elemento a ser tirado
de nossa analogia: um país sem exército suspeita que
qualquer estranho é um inimigo. Quando os muros de
proteção de uma cidade antiga eram removidos, cada
estranho que se aproximava era tratado com suspeita.
Isso era verdade mesmo no caso de o “estranho” ser
um antigo aliado.
Sem dúvida, tal cidade estava tomada de um
144 A Universidade da Palavra
espírito de suspeita e praguejada de paranóia. Para­
nóia é a desordem caracterizada pela mania de
perseguição. Certamente, tal espírito tornaria pratica­
mente impossível a convivência com moradores de
cidade vizinha. De fato, os moradores de uma cidade
sem muros nunca podiam desenvolver a confiança
necessária para fortalecer os elos de relacionamento.
Assim também acontece com uma pessoa irada. A
confiança é substituída pela ansiedade. Desenvolve-se
um espírito que está sempre julgando os motivos dos
outros, problema que atrapalha muitos relaciona­
mentos familiares. O ceticismo se torna uma caracte­
rística desse tipo de pessoas. De fato, o indivíduo que
tem um espírito perturbado, com freqüência se torna
perigosamente crítico e emocionalmente instável.
Provérbios descreve essa pessoa: “Fogem os perver­
sos, sem que ninguém os persiga” (Provérbios 28:1).
Exaustão Mental
Nossa analogia final é igualmente relevante: um país
sem exérctio deve devotar a maior parte de seus recursos ao
planejamento contra possíveis ataques. Uma vez que o
muro que circundava a cidade no Israel antigo
representava seu principal ponto de defesa, sem o
muro a cidade precisaria de um exército sempre de
prontidão. Certamente isso iria causar exaustão física
e mental. Poucos habitantes poderíam desfrutar ple­
namente a vida.
Teria de haver, por exemplo, um constante dreno
dos recursos emocionais e físicos das pessoas. Certa­
mente, treinar e equipar um exército efetivo, em tal
situação, custaria muito mais do que se os muros
estivessem em pé.
De modo semelhante, uma pessoa que não pode
controlar seu espírito nos relacionamentos familiares,
amiúde exaure suas energias mentais. Seus pensa­
0 Laboratório da Vida 145
mentos constantemente se concentram nas falhas do
dia. E logo um espírito negativo drena a energia
mental e emocional. Infelizmente, essa tensão interna
constante vai afetar o físico da pessoa. Conforme o
salmista advertiu: “Meus olhos de mágoa se acham
amortecidos, envelhecem por causa de todos os meus
adversários” (Salmo 6:7). O salmista está, na verdade,
dizendo: “meus inimigos esgotam-me a própria vida!”
PASSOS PARA A RESTAURAÇÃO DO ESPÍRITO
A restauração completa dos muros caídos do espíri­
to humano não é um alvo impossível. Quando a
restauração é realizada a saúde retorna, tanto física
como mental. O autor de Provérbios escreveu: “O
espírito firme sustém o homem na sua doença, mas o
espírito abatido quem o pode suportar?” (Provérbios
18:14). Provérbios 14:30, acrescenta: “O ânimo sere­
no é a vida do corpo, mas a inveja é a podridão dos
ossos.”
Como poderemos proteger nosso espírito dos cons­
tantes ataques de Satanás no lar e, também restaurar
um espírito reto quando sofrermos algum dano? As
sete sugestões que dou a seguir são muito úteis,
especialmente quando desenvolvidas no lar:
Primeira, um espírito reto é restaurado quando
ouvimos mais do que falamos. A Bíblia Viva parafraseia
Provérbios 10:19: “Quem fala demais sempre fala o
que não deve; o homem sábio e ajuizado consegue
controlar suas palavras.” Ouvir é especialmente im­
portante quando surgem situações em casa que po­
dem alimentar sentimentos de ira. Provérbios 29:11
diz que “o insensato expande toda a sua ira, mas o
sábio afinal lha reprime.”
Segunda, um espírito reto é restaurado se dermos
mais do que recebermos. A generosidade é um assunto
ressaltado por todo o nosso estudo e a ela reservamos
um capítulo especial — O PRINCÍPIO DO COM-
146 A Universidade da Palavra
PROMETIMENTO. Paulo citou Jesus ao dizer: “Mais
bem-aventurado é dar que receber” (Atos 20:35).
“Egoísmo”, escreveu o famoso estadista britânico
Gladstone, “é a maior maldição da raça humana.”
Infelizmente, essa maldição é cultivada em muitos
relacionamentos familiares. Ele pode, porém, ser
tratado com periódicas doses de generosidade.
Terceira, um espírito reto é restaurado quando
confiamos+mais do que duvidamos. Novamente citamos
Provérbios: “O que atenta para o ensino, acha o bem,
e o que confia no Senhor, esse é feliz” (Provérbios
16:20). Este versículo descreve a felicidade como um
subproduto da confiança, uma qualidade por demais
ausente em muitos relacionamentos familiares.
Quarta, um espírito reto é restaurado se, ao invés de
fazer carafeia e resmungarmos, sorrimos. Freqüentemen-
te nosso Senhor ordena a seus filhos que se regozijem.
Lemos em Mateus 5:12: “Regozijai-vos e exultai!” É
interessante, ele nos manda viver contentes. “Fiquem
muito contentes!” (Bíblia Viva). Quase nada fará um
lar mais feliz do que o compromisso de distribuir mais
e mais sorrisos!
A seguir, um espírito reto é restaurado dando mais
respostas do que fazendo perguntas. A Bíblia nos dá este
sábio conselho: “A resposta branda desvia o furor,
mas a palavra dura suscita a ira” (Provérbios 15:1).
“Uma pessoa delicada e amável no falar ajuda a
outros a viver” (Provérbios 15:4, Bíblia Viva).
Infelizmente, alguns cristãos parecem ter desenvol­
vido o que se pode chamar de “ministério de interro­
gatório”. É um espírito desenvolvido especialmente
no lar. Na maioria das vezes, a primeira pergunta é:
“Por quê?” Paulo advertiu Timóteo a evitar esse tipo
de pessoas — pessoas das quais Paulo diz: “antes
promovem discussões do que o serviço de Deus” (1
Timóteo 1:4).
Sexta, um espírito reto é restaurado se elogiarmos ao
0 Laboratório da Vida 147
invés de reclamarmos. Repare na freqüência com que a
Bíblia trata do assunto do uso sábio de nossa boca.
Paulo disse aos filipenses: “Façam todas as coisas sem
queixar-se ou dissentir, de modo que vocês possam se
tornar puros e sem mancha, filhos de Deus sem
falhas” (Filipenses 2:14-15, NIV). O salmista acrescen­
ta: “a minha boca não transgride” (Salmo 17:3).
Salmos e Provérbios mencionam o assunto do uso
da “boca” nada menos que 117 vezes. Certamente, ele
é importante para Deus. Deus sabe o poder de nossas
palavras. Lemos, em Provérbios: “Um coração ansio­
so deixa o homem frustrado e derrotado mas uma
palavra amiga de ânimo e simpatia renova as forças”
(Provérbios 12:25, Bíblia Viva).
Finalmente, um espírito reto é restaurado se, ao
invés de fazermos exigências, servimos. Jesus é nosso
exemplo principal para crescimento, tanto no lar
como fora dele. Falando sobre a sua missão, Jesus
disse: “Pois o próprio Filho do homem não veio para
ser servido, mas para servir e dar a sua vida em
resgate por muitos” (Marcos 10:45). Assim como o
espírito serviçal está no âmago das relações corretas e
da unidade no Corpo de Cristo, é também a chave
para a saúde familiar. Onde há pessoas servindo há
crescimento; onde há pessoas crescendo há atenção. E
onde as pessoas dão atenção há felicidade e saúde!
O PRINCÍPIO DA FAMÍLIA
Reduzido a um simples princípio de vida abundan­
te, este capítulo pode ser assim resumido:
Só posso achar o propósito definitivo da vida ao
aprender os elementos essenciais do relacionamento
familiar, fundamentados na Palavra de Deus e
ungidos pelo Espírito Santo. Devo aprender os princí­
pios da autoridade divina e vivê-los continuamente.
Daqui em diante decido seguir diariamente este curso
148 A Universidade da Palavra
de ação, e, no poder de Deus, considero-o concluído.
TEXTO BÍBLICO PARA MEMORIZAÇÃO
DO PRINCÍPIO DA FAMÍLIA
Escolhí a seguinte passagem como foco do PRIN­
CÍPIO DA FAMÍLIA. Seria bom você decorá-la:
Porque o marido é o cabeça da mulher, como
também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este
mesmo salvador do corpo. Como, porém, a
igreja está sujeita a Cristo, assim também as
mulheres sejam em tudo submissas a seus mari­
dos. Maridos, amai vossas mulheres, como tam­
bém Cristo amou a igreja, e a si mesmo se
entregou por ela (Efésios 5:23-25).
PASSAGENS DE APOIO PARA
O PRINCÍPIO DA FAMÍLIA
Eis a seguir os versículos de apoio para o PRINCÍ
PIO DA FAMÍLIA:
Gênesis 18:19 Provérbios 31:10-31
1 Samuel 1:27 Romanos 12:10-16
1 Samuel 2:22-25 Efésios 3:13-21
1 Samuel 3:13 Filipenses 2:1-4
Salmo 32:8-9 Colossenses 3:18-24
Provérbios 13:24 Tito 2:1-5
Provérbios 19:18 Hebreus 12:11
Provérbios 22:15 1 Pedro 3:1-7
Provérbios 23:13-14 1 João 2:7-11
Provérbios 29:15-17 1 João 4:7-11
Capítulo 9

U ma O nda de
______Sacrifício______
(O Princípio do Comprometimento)

Essa foi, sem sombra de dúvida, a mais dramática


demonstração do poder de Deus que já vi em toda a
minha vida. Aconteceu numa noite fria de novembro,
num Instituto Bíblico, no meio-oeste, há onze anos.
Deus escolheu essa noite para criar em mim um
princípio de vida que seria fundamental para tudo o
que eu fizesse para ele nos anos seguintes.
Eu fora convidado pelo Instituto para falar a seus
quinhentos alunos, numa semana com ênfase na
espiritualidade. A meu pedido, um retiro de oração,
no fim de semana, opcional para os estudantes, foi
realizado antes das conferências.
Várias semanas antes de partir para o meio-oeste,
um pastor da cidade telefonou-me confirmando mi­
nha visita à sua igreja. Eu iria falar à sua congregação
um dia antes de começarem as atividades do Instituto.
Ele me disse que esperava um grande avivamento na
igreja e também entre os estudantes.
Ao desligar o telefone, porém, sentia-me com o
mesmo vazio de antes. Uma terrível sensação de “falta
de unção”. Não havia chegado a meu coração nem
uma mensagem para as reuniões que teria mais
adiante.
150 A Universidade da Palavra
Erguendo os olhos, vi meu reflexo num espelho.
Tinha uma aparência extremamente cansada, e soli­
tária. Pensei em pegar de novo o telefone e cancelar a
viagem. Ao invés disso, porém, olhei para o espelho e
fiz uma oração um tanto confusa.
“Não posso ir, Deus. Olhe para mim. Não estou
qualificado. Não tenho nada que valha a pena dizer.
Se eu for, o Senhor terá de realizar um milagre.”
Naquele instante veio o milagre, acompanhado de
muitas lágrimas. Foi o milagre da unção de Deus, que
ele dá àqueles que chamou ao serviço cristão. Inte-
riormente ouvi Deus falar: “Enquanto você não se
visse como nada, não estaria pronto para ir. Agora
está pronto.”
Antes de deixar a sala procurei mais orientação de
Deus acerca da reunião. E, embora tenham ficado
gravadas muitas coisas em minha mente naquela
noite, lembro-me em especial de uma.
“Você verá uma coisa que nunca viu antes. Uma
coisa que envolverá um novo elemento de adoração e
comprometimento.”
Chegando ao Instituto, tinha poucas idéias sobre o
que seria aquela estranha promessa. Antes da reunião
matutina na capela, a primeira de uma série, nova­
mente Deus colocou pensamentos incomuns em meu
coração. Desta vez, ele me mostrou várias coisas que
eu podería esperar durante a semana. Sua voz inte­
rior era tão clara quanto de costume, e decidi escrever
os itens, não sabendo que, ainda naquela manhã,
Deus iria provar minha fé, perguntando-me se leria a
lista para os estudantes antes de que as coisas aconte-
cessem.
A lista continha dez declarações. A de número dois
era a que mais se destacava.
“Haverá uma onda de sacrifício neste campus,
diferente de qualquer coisa que vocês já tenham
Uma Onda de Sacrifício 151
testemunhado. Será o início de uma vida de discipula-
do total.”.
Em pé, perante os estudantes, e interiormente
atônito por fazer o que estava fazendo, li a lista.
Percebi alguns estudantes cochichando e olhando uns
para os outros espantados. Não se lê uma lista das
coisas que Deus teria dito a você que iria fazer,
especialmente para estudantes de seminários ou insti­
tutos bíblicos. Passei logo a explicar que estava tão
perplexo quanto eles, e pedi que cooperassem, permi­
tindo que Deus fizesse o que queria. Felizmente, a
reação deles foi favorável.
A primeira noite da semana veio, e se foi. Certa­
mente foi uma noite memorável. Ninguém deixou a
capela antes da meia-noite. Muitos estavam ajoelha­
dos, prostrados, em oração profunda e quebrantada
até às 3 horas da manhã.
Na noite seguinte aconteceram vários milagres. O
auditório parecia cheio da glória divina. Era a noite
na qual Deus havia prometido um “novo discipulado”
e uma “onda de sacrifício.” No entanto, aconteceu
uma coisa estranha quando comecei a pregar. O
próprio Satanás parecia estar à minha frente, em
franca oposição. Um espírito mortal de desinteresse
logo encheu o auditório.
A oposição não diminuía à medida que a noite
avançava. Várias vezes minha mente fugia por alguns
momentos e eu tinha de começar de novo. Por fim,
decidi terminar a “tentativa de sermão”. Porém, antes
de ter chance de terminar a reunião, uma estudante
levantou-se e deixou o auditório.
“E isso”, pensei comigo mesmo, “eles não estão
gostando e estão indo embora. Provavelmente terei
um auditório vazio antes de terminar a pregação.”
Naquele instante eu estava preparando minha
mente para me desculpar, pois errara quanto a Deus
152 A Universidade da Palavra
fazer alguma coisa especial naquela noite. No íntimo,
eu queria era pegar o primeiro avião e voltar para
casa. \
Quando concluía o que eu pensava serem minhas
fatais afirmações finais, algo surpreendente aconte­
ceu. A estudante que tinha saído cinco minutos antes
voltou, mas não para seu lugar. Ela estava vindo
diretamente para a plataforma. Trazia na mão um
objeto preto. Era sua carteira.
Eu não sabia bem o que fazer. Era a primeira vez
que estava sendo interrompido numa concentração
pública. Parecia que os estudantes estavam aliviados
com o término do sermão.
Em pé, perante um auditório repleto de colegas, a
jovem estudante foi ao microfone. Os estudantes se
inclinaram para a frente enquanto ela falava. “Deus
me mandou pegar isto em meu quarto. É a única coisa
que possuo. Ele me disse que o fizesse agora, antes do
final do culto.”
Ela virou-se para me entregar a carteira, deixou a
plataforma e voltou para o seu lugar .
Momentaneamente atônito, esqueci meu sermão.
Em meu coração começou a soar um cântico bíblico:
Números 23:19. Senti o desejo de levantar a carteira
acima da cabeça e cantar.
“Deus não é homem para que minta... Porventura,
tendo ele prometido, não o fará? ou tendo falado, não
o cumprirá?”
Os estudantes se juntaram a mim no cântico, e eu
segurava firmemente a carteira. Com a outra mão
levantei a Bíblia. Essa era minha confirmação da
promessa dada na noite anterior, que um novo
espírito de discipulado seria visto — inclusive uma
onda de sacrifício. Dar a carteira fora um sacrifício. E
fora espontâneo. Minha mensagem daquela noite não
tinha nada que ver com dar. A estudante agira em
Uma Onda de Sacrifício 153
total obediência a Deus. Nada dito do púlpito podería
ter causado tal ato de dedicação.
Cantamos o corinho outra vez. “Deus não é homem
para que m inta... tendo falado, não o cumprirá?”
Fechei os olhos enquanto cantava.
De repente, um forte vento de convicção soprou
sobre os quinhentos estudantes. Eu podia ouvir sons
incomuns, como o de uma multidão caminhando
numa rua movimentada. Abri os olhos, continuando
a cantar. Os estudantes, de todos os cantos, estavam
vindo para a plataforma. Estavam jogando suas
carteiras e talões de cheques sobre a plataforma; a
maior parte deles estava dando tudo o que possuía.
Era verdadeiramente um milagre, um milagre de
comprometimento que jamais vira antes.
Milhares de dólares foram doados ao Instituto
aquela noite, nos trinta minutos seguintes. Mais tarde,
olhei para a carteira que fora dada antes, e descobri
que continha 260 dólares. Eram todas as economias
daquela estudante.
Dinheiro, entretanto, não foi a única dádiva daque­
la noite. Os estudantes começaram a deixar a capela
depois de acalmada a convicção. Novamente, o Espíri­
to Santo os tocou. Em duas horas a plataforma
parecia um bazar — televisões, instrumentos musi­
cais, discos de rock, rádios, equipamento esportivo,
máquinas fotográficas, uma espingarda, um casaco de
pele. Muitas outras coisas enchiam a plataforma,
inclusive as chaves de vários automóveis doados ao
Instituto. Um estudante desceu o corredor da capela
chorando, trazendo em suas mãos um toca-fitas
estéreo, tirado de seu carro minutos antes. Colocou-o
sobre a altar e voltou com uma caixa de fitas de rock.
IMPERATIVOS DA SUBMISSÃO
Naquela noite Deus criou o PRINCÍPIO DO COM-
154 A Universidade da Palavra
PROMETIMENTO. E, embora eu não tenha coloca­
do no papel, durante vários anos, as palavras específi­
cas desse princípio, sabia que Deus havia feito algo
vital em minha vida. A maturidade é impossível sem
submissão total, e o centro da submissão total é o
espírito de comprometimento. Comprometimento
implica fidelidade, e fidelidade sugere uma entrega
total em todas as áreas de nossa vida e conduta.
Estreitamente ligada ao assunto do comprometi­
mento está a mordomia. Falando sobre isso, Paulo
disse: “Ora, além disso o que se requer dos despensei-
ros é que cada um deles seja encontrado fiel” (1
Coríntios 4:2).
Anos de meditação nesse assunto levaram-me à
conclusão de que três ingredientes básicos do compro­
metimento servem para formar vários imperativos
essenciais para a vida.
Compaixão
Tendo em vista que Deus está mais interessado em
pessoas do que em coisas, o primeiro imperativo,
necessariamente, deve concentrar-se nas pessoas. Di­
to de forma simples, o crente comprometido deve estar
inundado de compaixão sobrenatural pelos outros —
especialmente pelas almas perdidas.
Como desenvolver esse espírito de compaixão?
Primeiro, devo conhecer as necessidades dos outros. Ao
descrever a compaixão de Cristo, Mateus escreveu:
“Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas” (Ma­
teus 9:36). Jesus viu e teve compaixão.
Assim, para desenvolver um espírito compassivo,
precisamos ver a necessidade. Antes de sabermos que
existe uma necessidade, é-nos impossível dar sequer
um passo para supri-la. Por onde andava, Jesus
mantinha os olhos abertos para as necessidades das
pessoas. Ele viu um homem baixinho subido em uma
Uma Onda de Sacrifício 155
árvore; mais tarde, jantou em sua casa. (Veja Lucas
19:5). Ele viu as necessidades das criancinhas e
mandou que os discípulos lhas trouxessem. (Veja
Lucas 18:15-16).
Quanto tempo tenho gasto para ver as necessidades
de nosso mundo perdido? Tenho usado tempo para
me conscientizar das multidões humanas em sofri­
mento? Enquanto não me prontificar a observar a
necessidade, não poderei desenvolver o verdadeiro
espírito de Cristo.
Segundo, devo identificar-me com as necessidades dos
outros. Igualmente, a identificação é importante para
a compaixão. Significa tornar-se, em espírito, como a
pessoa em quem vemos a necessidade. Novamente,
Jesus nos dá o exemplo para esta qualidade. A Bíblia
diz a seu respeito: “Por isso eu lhe darei muitos como
a sua parte e com os poderosos repartirá ele o
despojo, porquanto derramou a sua alma na morte;
foi contado com os transgressores, contudo levou sobre si
o pecado de muitos, e pelos transgressores interce­
deu” (Isaías 53:12, itálicos do autor).
Veja a avaliação da vida de Cristo registrada em
Hebreus: “Pois e le ... socorre a descendência de
Abraão. Por isso mesmo convinha que, em todas as
coisas, se tornasse semelhante aos irmãos” (Hebreus
2:16-17).
Portanto, para desenvolver um espírito compassivo
devemos entrar em contacto com a necessidade! Devemos
pedir ao Espírito Santo que nos ajude a relacionar-
-nos diretamente com certa necessidade, quase como
se ela fosse nossa própria.
Terceiro, para que cresça em mim o espírito de
compaixão, devo sofrer com o necessitado. A identificação
é importante, mas meu compromisso de cuidar dos
outros deve me levar ainda mais longe, até ao ponto
de sofrer com eles. Dessa forma, para desenvolver um
156 A Universidade da Palavra
espírito de compaixão, devo sentir a necessidade! Ela
deve me tocar em um sentido muito real. Devo sofrer
com os que sofrem (1 Coríntios 12:26), e chorar com
os que choram (Romanos 12115). Devo crescer na
atitude de Jesus, de quem a Bíblia Viva diz: “Pois visto
que ele próprio agora já passou pelo sofrimento e
pela tentação, quando sofremos e somos tentados, ele
sabe como é isso, e assim é maravilhosamente capaz
de nos ajudar” (Hebreus 2:18).
Por fim, se quero realmente desenvolver compai­
xão, devo viver com a necessidade. Não basta simples­
mente identificar-me ou mesmo sofrer com a necessi­
dade de outra pessoa. Em última análise, meu pró­
prio estilo de vida será influenciado. Devo permitir
que o sofrimento da outra pessoa afete todo o meu
modo de vida. A necessidade deve tocar minha
experiência diária. Devo suportar a necessidade.
E Cristo, outra vez, que nos dá o exemplo. Ele
deixou os palácios do céu para viver conosco. Sua vida
é o exemplo supremo de um estilo de vida transfor­
mado. A Bíblia diz: “No princípio ero o Verbo ... E o
Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (João 1:1,
14).
Envolvimento
Tudo isso nos leva ao segundo imperativo funda­
mental para desenvolvermos o comprometimento,
que focaliza especificamente nossa participação: o
crente comprometido deve estar disposto a tomar-se parte da
resposta às suas próprias orações.
Não podemos orar honestamente pelas pessoas
necessitadas se não estivermos dispostos a nos tornar
parte da resposta do que temos pedido. A lição bíblica
de Cornélio é um excelente exemplo. Em Atos 10,
Lucas descreve esta lição, inclusive o derramamento
do Espírito de Deus sobre os gentios. O relato inicia:
Uma Onda de Sacrifício 157
“Morava em Cesaréia um homem, de nome Cornélio,
centurião da coorte, chamada a italiana, piedoso e
temente a Deus com toda a sua casa, e quefazia muitas
esmolas ao povo e de contínuo orava a Deus’’ (Atos 10:1-2,
itálicos do autor). A New International Version traduz
lindamente as primeiras palavras do versículo 2: “Ele
dava generosam ente... e orava regularmente a
Deus.”
Cornélio combinou o dar com o orar. Ele reconhe­
ceu a verdade de que dar sem orar pode ser egoísmo
espiritual, e orar sem dar pode ser egoísmo material.
Os verdadeiros transformadores do mundo são os
“doadores que oram”!
É interessante notar que Deus não somente esco­
lheu enviar um anjo para agradecer especificamente
a Cornélio as suas ofertas e orações (veja Atos 10:3,
4)— a única vez que um tal evento é descrito nas
Escrituras — ele também escolheu Cornélio como a
porta pela qual derramaria seu Espírito sobre os
gentios.
Amado, não me importa qual a agência missionária
que Deus o leve a sustentar, mas de uma coisa eu sei: a
pessoa cujo coração pulsa pelas almas perdidas irá,
em algum lugar, e de algum modo, participar. E os
que efetuarão a maior mudança serão os “doadores
que oram.”
Sacrifício
Todavia, mesmo com compaixão e envolvimento,
nosso comprometimento pode ser incompleto. Um
terceiro ingrediente, o sacrifício, é essencial. Ele nos dá
o foco para nosso imperativo final. O crente comprome­
tido deve estar preparado para sacrificar tudo o que for
necessário para ajudar a estabelecer o Reino de Cristo sobre
a terra.
O talentoso professor de Bíblia, S. D. Gordon,
158 A Universidade da Palavra
conta a excitante história de uma frágil anciã que
manteve um farol provisório nas Ilhas Orkney por
mais de cinqüenta anos.
Noite após noite a senhora grisalha sentava-se,
ocupada, em roda de fiar, sempre à distância de um
braço de uma vela que brilhava intensamente, em sua
janela da frente. Os pescadores que se dirigiam para
casa altas horas da noite sabiam que a luz sempre
estaria lá para guiá-los. Por isso, navegavam sem
medo por aquelas águas que, freqüentemente eram
perigosas.
Essa estranha vigília havia começado cinco décadas
antes, quando a senhora era apenas uma adolescente.
Em meio a forte tempestade, o pai da garota, sozinho
em um barco de pesca, na escuridão da noite, não
tinha nenhuma luz para guiá-lo. Seu barco chocou-se
contra uma pedra chamada Rocha Solitária, e foi
destruído. O corpo do pai foi achado na manhã
seguinte, estendido na praia.
Diz-se que a garota ficou ao lado do corpo de seu
pai, durante o funeral, como era costume da família,
mas, na oração final, sem uma palavra, correu para
casa imediatamente, e foi dormir. Parecia estranho
que ela fosse dormir em pleno dia, mas seu ato foi de
compromisso, não de necessidade.
Ao chegar a noite, e as trevas, a garota levantou-se e
acendeu uma vela, colocando-a cuidadosamente na
janela, em direção da Rocha Solitária. Ela passou o
resto da noite silenciosamente, fiando lã, para ficar
acordada e certificar-se de que a vela permanecería
acesa.
Noite após noite continuou essa vigília de amor,
desde sua juventude até à velhice. Verão, inverno,
tempestade e calmarias, em mau e bom tempo, em
todas as situações sua fidelidade foi constante. Todas
as noites ela fiava lã que vendia para adquirir alimen­
Uma Onda de Sacrifício 159
to e roupas, e para comprar mais uma vela.
S. D. Gordon conclui a história dizendo: “Aquela
adorável senhora transformou a noite em dia, mu­
dando todos os hábitos de sua vida para salvar os que
estavam perdidos. Isto nos conta toda uma história de
sacrifício. Uma necessidade sem ninguém para supri­
da torna-se uma emergência, e, então, um sacrifício.
De fato, um sacrifício para toda a vida, para que
outros fossem salvos por causa da perda do seu pai.
Ela deu-se a si mesmo, para que outros fossem
poupados do sofrimento que ela padeceu.”
Sacrifício, amado, significa desistir de uma coisa em
favor de outra. E, quanto mais comprometimento
houver na vida do crente, mais ele estará disposto a
fazer quaisquer sacrifícios que sejam necessários para
ver a vinda do Reino de Cristo, até mesmo o sacrifício
do sofrimento. Num sermão de sexta-feira santa,
pouco antes de sua morte, Fulton J. Sheen declarou:
“Sofrimento é o megafone de Deus. Mostre-me suas
mãos. Elas têm as cicatrizes do dar?”
QUANTO AMO A JESUS?
Revendo a “onda de sacrifício” incomum naquele
campus, anos atrás, lembro-me especialmente da
jovem estudante que trouxe sua carteira e, assim, deu
início à onda de sacrifícios que se seguiu. Várias vezes
ela ressaltou que, durante toda a reunião sentira Deus
perguntando: “Quanto você ama a Jesus?” Foi em
resposta àquelas repetidas palavras que ela deixou
seu lugar e começou uma reação em cadeia que
realizou uma esplêndida vitória. Minhas meditações
posteriores levaram-me a duas conclusões:
Primeiro, o que faço, como crente, para Jesus, e minha
prontidão em sacrificar qualquer coisa para Jesus, relacio­
na-se diretamente com o quanto amo a Jesus e minha
resposta ao seu amor.
160 A Universidade da Palavra
Por exemplo, meu amor por Jesus é explosivo?
É profundo?
Estou disposto a fazer qualquer coisa para glorifi­
car meu Salvador?
Um segundo pensamento ocorreu-me, especial­
mente relativo ao discipulado em sua ligação com
meu amor por Jesus. O verdadeiro discipulado ê realizado
em amor aJesus, de modo que o sofrimento pelo sacrifício se
perde em meio à alegria de minha experiência.
Veja, por exemplo, a questão da alegria em dar. A
Bíblia fala constantemente acerca da disposição do
crente em dar livremente de suas posses. Um exame
cuidadoso das Escrituras revela, pelo menos, três
tipos de dar.
Primeiro, há o dar obediente. Já na época de Abraão,
no Antigo Testamento, lemos sobre o princípio bíbli­
co do dízimo. Dízimo, é claro, significa a décima parte.
É dar para a obra do Senhor um décimo do que
ganhamos. Esse dízimo deve ir para nosso armazém,
aquele lugar onde obtemos o alimento espiritual. Isso
garante o sustento daqueles que mantêm o armazém,
para que possam continuar seu ministério. Uma
passagem conhecida acerca do dízimo é Malaquias
3:10-12: “Experimentem! Dêem-me uma oportuni­
dade de provar que isso é verdade! Suas colheitas
serão formidáveis porque eu as protegerei dos bichos
e das pragas. As uvas não murcharão antes de
amadurecer, diz o Senhor do Universo. Todas as
nações dirão que vocês são abençoados porque a sua
terra vibrará de alegria. Estas são as promessas do
Senhor do Universo” (Bíblia Viva).
Embora Malaquias 3 pertença ao Antigo Testamen­
to, creio que seu raio de ação atinge o Novo. O
princípio do dízimo é tão importante para os crentes
da atualidade quanto o foi para os hebreus dos dias
Uma Onda de Sacrifício 161
de Malaquias. Dízimo é “dar obedientemente”.
Segundo, há um dar com propósito. A Bíblia explica
esse dar da seguinte maneira: “Aquele que semeia
pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com
fartura, com abundância também ceifará. Cada um
contribua segundo tiver proposto no coração, não com
tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem
dá com alegria” (2 Coríntios 9:6-7, itálicos do autor).
A Bíblia Viva traduz o versículo 7 da seguinte forma:
“Cada um deve resolver por si mesmo quanto vai
dar.” Este tipo de contribuição envolve um processo
de pensamento. Devemos ponderar cuidadosamente,
propondo em nossa mente o que podemos dar.
Terceiro, há um dar emocional. Este tipo final de
contribuição é o mais freqüentemente criticado nos
círculos religiosos atuais. Alguns cristãos ficam trans­
tornados quando ouvem que pessoas deram do “di­
nheiro da prestação do carro” ou que esvaziaram suas
contas bancárias durante cultos, quando, por exem­
plo, um missionário conta alguma necessidade pre­
mente de outras terras. Uma passagem do Novo
Testamento fez toda a diferença em meu ministério
acerca deste importante assunto. Compartilho-a com
a esperança de que ela o toque como tocou a mim:
“Enquanto isso Jesus estava em Betânia, na casa de
Simão, o leproso; durante o jantar, entrou uma
mulher com um belo frasco de perfume caro. Abrin-
do-o, ela derramou tudo sobre a cabeça dele. Alguns
dos que estavam à mesa ficaram indignados entre si
por causa deste ‘desperdício’, como diziam eles. ‘Mas
como! Ela podia ter vendido aquele perfume por uma
fortuna e dar o dinheiro aos pobres!’ resmungavam.
Mas Jesus disse: ‘Deixem-na em paz; por que criticá-la
por haver feito uma coisa boa? Vocês sempre têm os
pobres entre vocês, e eles necessitam grandemente de
auxílio; e podem socorrê-los sempre que quiserem,
162 A Universidade da Palavra
porém eu não vou ficar aqui por muito tempo. Ela fez
o que podia, e antes do tempo ungiu o meu corpo
para a sepultura. Eu lhes digo que verdadeiramente,
em todo lugar onde a Boa Nova for pregada pelo
mundo, o feito desta mulher será lembrado e elogia­
do’ ” (Marcos 14:3-9, Bíblia Viva.)
Aqui o estudanteçla Palavra encontra um excelente
exemplo do “dar emocional”. A mulher que Marcos
descreve estava obcecada por seu amor a Jesus.
Infelizmente, como sempre acontece, os críticos
estavam próximos — incluindo Judas, o tesoureiro do
grupo e queria ver o dinheiro em sua bolsa (Marcos
14:10). Cristo, porém, conhecia os motivos da mu­
lher — e não os encarava como “desperdício”. Ele até
mandou que os críticos a deixassem em paz, pois, em
suas palavras, “ela fez o que podia”.
A lição é clara. O dar emocional não só tem um
lugar em nossa experiência, mas também é altamente
respeitado por nosso Senhor. Note como ele profeti­
zou que a experiência daquela mulher seria lembrada
por todo o mundo (Marcos 14:9). Dezenas de milhões
de Novos Testamentos, em centenas de línguas,
testificam o cumprimento desta predição, e o favor de
Deus para o “dar emocional.”
TRAPOS COMIDOS PELAS TRAÇAS
Folheando uma revista Time, fiquei surpreso ao
descobrir uma página inteira dedicada ao ponto de
vista evangélico sobre a Segunda Vinda de Cristo. O
título do artigo era: “O Fim Está Próximo?” Uma
coisa ficou clara enquanto eu lia: em todo lugar as
pessoas estão cônscias da era em que vivemos. À luz
deste fato, uma depreciação de idéias materialistas na
mente dos cristãos deve ser vista como algo saudável.
Porém, ao contar isto, devemos ser cuidadosos em
notar que Cristo nunca condenou as coisas materiais,
Uma Onda de Sacrifício 163
mas sim a adoração de posses materiais. Ele pregou:
“Vocês não podem servir a dois patrões: Deus e o
dinheiro” (Mateus 6:24, Bíblia Viva).
Acerca da hora final dos homens na terra, Sofonias
declarou: “A sua prata e o seu ouro não terão
nenhum valor no dia da ira do Senhor” (Sofonias
1:18, Bíblia Viva). O cristão que observa cuidadosa­
mente seu coração nestes dias de reavivamento reli­
gioso descobrirá, mais cedo ou mais tarde, esta
mensagem: “A riqueza de vocês agora mesmo está
apodrecendo e suas roupas luxuosas estão se tornan­
do trapos comidos pelas traças. O valor do seu ouro e
da sua prata está caindo depressa” (Tiago 5:2-3, Bíblia
Viva).
Verdadeiramente, Cristo anseia por uma libertação
de nosso apego a qualquer ídolo mortal que impeça
nosso caminhar cristão. Só então ele poderá abençoar
seu povo como realmente deseja. Só então iremos
compreender plenamente o significado do compro­
metimento.
O PRINCÍPIO DO COMPROMETIMENTO
Reduzido a um princípio de vida abundante, o
conteúdo deste capítulo pode ser sintetizado da
seguinte maneira:
Só posso achar o propósito último da vida aprendendo
os elementos essenciais do comprometimento total em
minha experiência cristã. Devo servir como bom
mordomo de tudo o que Deus me deu, desde o meio-
-ambiente até às posses materiais, incluindo minha vida
e saúde. Tudo o que possuo deve ser controlado por
meu Senhor e Salvador. Portanto, resolvo escolher
diariamente este curso de ação e, no poder de Deus,
considero-o concluído.
164 A Universidade da Palavra
TEXTO BÍBLICO PARA MEMORIZAÇÃO
DO PRINCÍPIO DO COMPROMETIMENTO
Escolhí a seguinte passagem para o ponto central
do PRINCÍPIO DO COMPROMETIMENTO. Você
pode tentar memorizá-la:
Assim, pois, importa que os homens nos
considerem como ministros de Cristo, e despen-
seiros dos mistérios de Deus. Ora, além disso o
que se requer dos despenseiros é que cada um
deles seja encontrado fiel (1 Coríntios 4:1-2).
PASSAGENS DE APOIO PARA
O PRINCÍPIO DO COMPROMETIMENTO
Eis, a seguir, os versículos de apoio para o PRINCÍ
PIO DO COMPROMETIMENTO:
Êxodo 36:4-5 Provérbios 11:24-25
Deuteronômio 8:10-18 Mateus 6:19-20
Juizes 5:2 Mateus 10:32-39
1 Crônicas 29:3, 16-17 Mateus 13:44
Provérbios 3:9-10 Marcos 8:34-38
Lucas 6:38 Romanos 13:8
Lucas 12:15-21 1 Coríntios 16:2
Lucas 14:25-28 2 Coríntios 8:1-5
Lucas 16:1-2 2 Coríntios 9:6-8
Lucas 18:29-30 1 Pedro 4:10
Atos 20:35
Capítulo 10

A rmas de P oder
(O Princípio da Adoração)

O dia havia sido muito atarefado no escritório, e eu


esperava ansioso por um momento de descanso,
enquanto entrava pela nossa porta da frente. Minha
esposa me encontrou, porém trazia más notícias do
médico.
— Você precisa aviar esta receita agora mesmo,
querido—, disse-me ela preocupada. — Acabo de
chegar do médico com Ginger. Ela tem febre de 40
graus e ainda está subindo. É preciso comprar estes
remédios agora mesmo.
Embora percebendo a urgência, sabia instintiva-
mente que um passo importante tinha de ser tomado
antes de ir à farmácia. Tinha de orar a respeito da
situação. Enquanto caminhava para o quarto de nossa
filha, minha mente começou a formular uma possível
oração. Eu estava pensando em como interceder a
favor de Ginger.
Sentado a seu lado, toquei-lhe a face com minhas
duas mãos. Eu não podia crer no que sentia. A pele de
Ginger parecia estar em fogo, e fíquei apavorado.
Nunca tinha visto pele humana tão quente. Toda a
minha fé parecia estar-se esvaindo. Não sabia nem se
conseguiría orar.
Repentinamente, ocorreu-me o pensamento mais
estranho do mundo. No início da semana tinha lido
166 A Universidade da Palavra
acerca de um incidente incomum na história de
Israel, quando um de seus reis, enfrentando uma
derrota certa na batalha, decidiu enviar primeiro os
seus cantores para o campo de batalha.
De acordo com a narrativa, aconteceu uma coisa
incrível enquanto eles cantavam. Lemos: “Tendo eles
começado a cantar e a dar louvores, pôs o Senhor
emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe, e
os do monte Seir que vieram contra Judá, e foram
desbaratados” (2 Crônicas 20:22, itálicos do autor).
Mais tarde, quando as tropas de Judá chegaram ao
local da batalha, descobriram que o inimigo fora
totalmente derrotado. Cânticos de louvor ganharam a
guerra.
Haviam passado apenas alguns segundos depois de
ter-me sentado perto de minha filha, lembrando o
cântico de vitória de Israel. De repente, quase sem
entender o que estava dizendo, vieram as palavras:
— Ginger—, disse suavemente, — não vou orar
para você melhorar, como faria normalmente. Ao
invés disso, vou cantar para você. Vou cantar um hino
sobre a bondade de Deus e como ele está perto de nós
quando sofremos.
Ginger me olhou perplexa. Ela não podia nem
mesmo lembrar de ter visto seu pai cantando as
orações. De fato, nem eu mesmo podería, pois era a
primeira vez que faria isso.
Levantei o rosto e comecei a cantar um cântico que
nunca havia cantado antes. Não lembro das palavras
exatas, e a melodia era minha mesma. Lembro-me de
que a letra enfatizava primeiramente a benignidade
de Deus e sua promessa de dar, àqueles que se
deleitam nele, os desejos de seus corações.
Passaram-se apenas alguns segundos quando vi
uma coisa incomum. No meio da música começou a
correr suor da testa de Ginger e passar pelas minhas
Armas de Poder 167
mãos. Logo minhas duas mãos estavam encharcadas.
A febre de Ginger tinha ido embora com o cântico.
Pela manhã já havia baixado quatro graus.
OS FUNDAMENTOS DA ORAÇÃO
Estamos em uma guerra, amado leitor, e a “adora­
ção” irá ajudar-nos a vencê-la. A experiência no
quarto de minha filha foi apenas mais um exemplo de
que a “adoração” — que é darmos nossa atenção a
Deus — é uma poderosa arma que devemos aprender
a usar diariamente.
Paulo escreveu à igreja de Corinto: “Porque, embo­
ra andando na carne, não militamos segundo a carne.
Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e,
sim, poderosas em Deus, para destruir fortalezas;
anulando sofismas e toda altivez que se levante contra
o conhecimento de Deus, levando cativo todo pensa­
mento à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10:3-5).
Paulo está sugerindo que há armas disponíveis para
lutarmos contra o inimigo, mas, acrescenta, elas não
são “carnais”, ou “deste mundo”. A Bíblia Viva traduz:
“É verdade que eu sou um ser humano comum e
fraco, porém não emprego planos e métodos huma­
nos para ganhar minhas batalhas. Uso poderosas
armas de D eus... para derrubar as fortalezas do
diabo.”
A oração, certamente, é nossa arma preferida para
a vitória, e é por isso que Satanás fará tudo o que
puder para nos impedir de orar. Infelizmente, ele
parece ter mais sucessos do que fracassos. Para
aqueles que querem inverter esta tendência, cinco
ingredientes essenciais para a oração eficaz podem
ser úteis.
Reverência Espiritual
Primeiro, para desenvolver uma experiência eficaz
de oração precisamos cultivar respeito pela Palavra de
168 A Universidade da Palavra
Deus — um respeito evidenciado por uma profunda
“reverência espiritual” por tudo o que Deus diz em
sua Palavra.
Ninguém conseguirá desenvolver uma vida signifi­
cativa de oração sem um profundo amor e considera­
ção pela Bíblia. Francamente falando, o grau de
minha fé e respeito pela Palavra de Deus é o grau ao
qual irei crescer em oração. Se, por exemplo, real­
mente creio em promessas como “Pedi, e dar-se-vos-
-á” (Mateus 7:7), nada me impedirá de orar.
Confiança na Palavra de Deus e poder na oração
andam de mãos dadas. De fato, crescer em respeito
pela Palavra de Deus é juntar-me às fileiras dos mais
chegados discípulos de Cristo, e, portanto, honrar a
Jesus. Um trecho da maior oração escrita de Jesus diz:
“Porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me
deste e eles as receberam e verdadeiramente conhece­
ram que saí de ti, e creram que tu me enviaste” (João
17:8). O salmista acrescenta: “Quando considerar em
todos os teus mandamentos . . . Meditarei nos teus
preceitos, e às tuas veredas terei respeito” (Salmo
119:6, 15).
Insistência Espiritual
A seguir, uma experiência eficaz de oração precisa
de uma boa dose de “insistência espiritual”. Especifi­
camente falando, precisamos cultivar a resolução de orar
diariamente.
A palavra resolução implica um firme compromisso
com uma tarefa ou ação definidas. Regularidade na
oração deve ser a nossa resolução. Devemos declarar
com o salmista: “Firme está o meu coração” (Salmo
57:7).
Nosso coração deve insistir na regularidade na
oração. Um tempo diário com Jesus, incluindo a
leitura da Palavra, deve tornar-se um hábito tão forte,
Armas de Poder 169
que não poderemos esquecê-lo. Só então poderemos
declarar com o salmista: “Compadece-te de mim, ó
Senhor, pois a ti clamo de contínuo” (Salmo 86:3, itálicos
do autor).
Uma sugestão para ajudar você a expressar esta
resolução é pegar um pequeno cartão, ou mesmo um
pedaço de papel, onde possa escrever as seguintes
palavras — “MEU COMPROMISSO MAIS IMPOR­
TANTE HOJE É ESTAR COM JESUS EM ORA­
ÇÃO!” ou, simplesmente, “LEMBRE-SE DO COM­
PROMISSO DE HOJE.”
Coloque o cartão num lugar fácil de ser visto, como
na penteadeira ou no espelho do banheiro. Durante
as próximas semanas, ou meses, esforce-se por ler o
cartão em voz alta todas as vezes que o vir. Logo se
desenvolverá uma resolução para orar diariamente, e
disso decorrerá o hábito.
Confiança Espiritual
Igualmente essencial para uma crescente experiên­
cia de oração é a “confiança espiritual”. Em outras
palavras, devemos cultivar a consciência do valor da
oração. Não é exagero dizer que a Bíblia está repleta
de promessas que provam que a oração funciona.
Uma dessas promessas declara: “Muito pode, por sua
eficácia, a súplica do justo” (Tiago 5:16).
Diariamente sou levado a orar pela realidade deste
poderoso pensamento — alguma coisa acontece quando
oro, que não aconteceria se eu não orasse. Portanto, se não
orei hoje, algo ficou semfazer nos planos do Reino de Deus
para minha vida e para as daqueles que são tocados por
minha oração.
Disse o salmista: “No dia em que eu te invocar,
baterão em retirada os meus inimigos: bem sei isto que
Deus é por mim” (Salmo 56:9, itálicos do autor). Um
salmo depois lemos: “Clamarei ao Deus Altíssimo, ao
170 A Universidade da Palavra
Deus que por mim tudo executa” (Salmo 57:2).
O arcebispo Richard Trench, de Dublin, foi con­
frontado por um céptico que zombava dos testemu­
nhos do arcebispo sobre orações respondidas. “São
apenas coincidências”, disse ele. O arcebispo respon­
deu com um sorriso: “Se as respostas às minhas
orações são coincidências ou não, não sei. Só sei que
quanto mais oro, tanto mais são as coincidências, e
quando menos oro, tanto menos são as coincidências.
Assim, meu irmão, vou continuar orando e vendo as
coincidências acontecerem.”
Desafio Espiritual
Embora um espírito de desafio possa parecer
contrário às qualidades da mansidão, há hora para os
crentes se indignarem e fazerem um “desafio espiri­
tual”. É um desafio dirigido a Satanás, e concentra-se
em nosso quarto elemento essencial da oração: deve­
mos cultivar resistência contra todos os obstáculos à oração.
O salmista Davi demonstrou esse “espírito de resis­
tência”. Disse ele: “Persegui os meus inimigos e os
alcancei, e só voltei depois de haver dado cabo deles.
Então os reduzi a pó ao léu do vento, lancei-os fora
como a lama das ruas” (Salmo 18:37, 42).
Para que a oração seja eficaz, devemos lutar contra
cada fator obstaculizante em potencial que Satanás
pode usar contra nós. O seu arsenal é muito comple­
to, e inclui: cansaço físico; mente vacilante; culpa
desnecessária; sentimentos de indignidade; interrup­
ções constantes; outras pessoas (como crianças peque­
nas); doenças; falsas doutrinas; frieza emocional.
Embora não seja possível avaliar todos esses impe­
dimentos em potencial à oração, há vários que devem
ser ressaltados.
Cansaço é um exemplo. Estranhamente, mesmo
tendo dormido a noite inteira, com oito ou nove horas
Armas de Poder 171
de sono tranqüilo, uma pessoa pode, ao levantar-se, ir
a seu lugar de oração e sentir-se exausta. Obviamente,
Satanás está em ação, e somente uma forte onda de
disciplina poderá vencer tal ataque.
Sentimento de indignidade é outro exemplo. Satanás é
rápido para lembrar ao cristão todos os seus pecados
e falhas, sugerindo quão tolo ele é por orar, quando
sabe muito bem que Deus não atende a pecadores.
Até mesmo pessoas (tais como criancinhas) podem
impedir nosso tempo de oração, freqüentemente sem
O saber. É claro que Deus não quer que os pais
negligenciem os filhos, mas ele também quer que
aprendamos a nos guardar contra interrupções que
interferem em nosso tempo com ele. Novamente, a
disciplina irá vencer este obstáculo. Podemos levantar
um pouco mais cedo para preservar nosso tempo, ou
terminá-lo um pouco mais tarde. É sábia a verdade
duradoura de que querer é poder.
Falsa doutrina ou ensino incorreto também podem ser
mencionados. Há vezes em que, mesmo professores
bem-intencionados, atrapalham nossa vida de oração.
Um professor pode, por exemplo, colocar ênfase
indevida em declarações como a seguinte: “Deus
conhece nossas orações antes mesmo de as fazermos.”
Não que essa afirmação seja errada, mas quando é
usada para sugerir que nossa oração não vale quase
nada à luz da soberania de Deus, podemos perder
totalmente a motivação para orar.
Outra área de ensino que é um problema em
potencial ocorre quando alguns fanáticos entusiastas
sugerem que só precisamos fazer cada petição uma
única vez, com uma simples “confissão de fé”, e,
então, esquecer o que pedimos. Os que ousam orar
uma segunda ou terceira vez, pela mesma necessida­
de, são levados a sentir-se culpados por sua suposta
falta de fé.
172 A Universidade da Palavra
Amado, desenvolver uma confissão positiva não é
apenas importante, é essencial. Porém, toda vez que
um conceito doutrinário válido for exagerado de tal
maneira que impeça nosso crescimento devocional
em Jesus, devemos evitá-lo. Tenha sempre em mente
que o propósito primário da oração não é conseguir
respostas, mas, sim, estar com Deus. O primeiro alvo
da oração é buscar a glória de Deus. Se algum
ensinamento “novo” está afastando você de tempos
agradáveis com Deus, pode ter certeza que é ensino
errado. Nenhum ensino que diz que o crescimento e a
maturidade podem vir com o estalar dos dedos
espirituais provém de Deus. O ensino que afasta um
santo da oração é contrário à Palavra de Deus.
Dependência Espiritual
Um elemento final para a oração eficaz é digno de
consideração. Devemos cultivar a dependência do Espírito
Santo.
O Dr. A. C. Dixon pregou sabiamente: “Quando
dependemos da organização, conseguimos aquilo que
a organização pode dar. Quando dependemos da
educação, conseguimos o que ela pode dar. Quando
dependemos da eloqüência, conseguimos o que a
eloqüência pode dar. Quando dependemos do Espíri­
to Santo, conseguimos o que o Espírito Santo pode
dar.”
Como ressaltamos no PRINCÍPIO DE PRODUZIR
FRUTO, o Espírito Santo é o agente de Deus em
todas as atividades espirituais na terra. Imediatamen­
te antes de sua partida, Jesus ensinou aos discípulos
muitas coisas sobre o Espírito Santo (veja João 16).
Entre outras coisas, Cristo nos ensinou que o
Espírito nos guia a toda a verdade, mostra as coisas do
porvir, e nos ensina todas as coisas. Repare especial­
mente em João 16:7-14.
Armas de Poder 173
Mateus registra as seguintes palavras de Jesus: “E
sereis até conduzidos à presença dos governadores e
dos reis por causa de mim, para lhes servir de
testemunho a eles e aos gentios. Mas, quando vos
entregarem, não vos dê cuidado como, ou o que
haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será
ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós
quemfalará, mas o Espírito de vosso Pai é quefala em vós”
(Mateus 10:18-20, E. R. Cor., itálicos do autor).
Tendo em vista que o Espírito Santo é tão vital para
nosso crescimento, devemos desenvolver uma nova
dependência espiritual em relação à terceira pessoa
da Trindade. A oração, sem a presença do Espírito de
Deus não tem poder. Jamais se realizou um aviva-
mento sem a invasão do Espírito Santo. A Bíblia diz:
“E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam
reunidos, e todos foram cheios do Espírito Santo, e
anunciavam com ousadia a Palavra de Deus” (Atos
4:31, E. R. Cor.).
AS CATEGORIAS BÁSICAS DA ORAÇÃO
Quando Paulo falou aos cristãos de Éfeso acerca de
vestir toda a armadura de Deus, ele os estava ensinan­
do como preparar-se para a batalha espiritual. Infe-
lizmente, alguns não compreendem o coração da
mensagem de Paulo. Vestir a armadura não é a guerra!
É apenas a preparação para a guerra. A guerra
mesma é descrita em Efésios 6:18. E a oração. Lemos:
“Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no
Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e
súplica por todos os santos” (itálicos do autor, E. R.
Cor.).
Quando Paulo sugeriu orarmos com “toda a ora­
ção” ele nos estava encorajando a desenvolver um
hábito devocional equilibrado.
Vários aspectos específicos da oração, que serão
174 A Universidade da Palavra
mencionados mais à frente, são derivados de nossas
quatro categorias básicas da oração.
Primeiro, há orações de adoração. Incluem aspectos
da oração que constituem a “fase de adoração” da
experiência devocional. Nesta fase de nosso tempo
devocional, o foco está em Deus. O salmista nos dá um
bom exemplo com sua oração: “Compadece-te de
mim, Senhor; . . . para que . . . eu proclame todos os
teus louvores” (Salmo 9:13, 14).
Assim como há vários tipos de oração, há também
vários aspectos da adoração, incluindo: louvor, grati­
dão, adoração, cânticos e espera em Deus. Qualquer
aspecto da orâção que dirige minha atenção a Deus,
em adoração total, entra nesta categoria. Ela é,
certamente, o fundamento de toda oração significati­
va.
Segundo, há orações de petição. Esta fase pode ser
chamada “fase pessoal” da oração, porque se concen­
tra na própria pessoa que ora. O exemplo veterotesta-
mentário de Jabez nos fornece um excelente modelo.
Lemos: “Foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos;
. . . Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Oxalá
me abençoes e me alargues as fronteiras, que seja
comigo a tua mão e me preserves do mal, de modo
que não me sobrevenha aflição! E Deus lhe concedeu
o que lhe tinha pedido” (1 Crônicas 4:9, 10).
Petição é a fase da oração em que apresentamos a
Deus nossas necessidades pessoais. Ela permite que o
crente expresse uma contínua dependência do Se­
nhor nas questões materiais, espirituais e físicas.
Terceiro, há orações de intercessão, que concernem à
“fase de guerra” da nossa oração. Nesta categoria de
oração, a atenção está em outras pessoas. A interces­
são, embora se refira principalmente a todas as
orações em prol de outras pessoas, também pode
incluir trabalho árduo, sofrer perante Deus, oração
Armas de Poder 175
no Espírito, e todas as orações de quebrantamento
que se concentram em almas perdidas ou em reaviva-
mento.
Deus anseia por um aparecimento de intercessores
que se engajarão na “guerra da oração”. Ele diz:
“Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e
se colocasse na brecha perante mim a favor desta
terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém
achei” (Ezequiel 22:30).
A declaração se colocasse na brecha é uma referência
aos guerreiros antigos, dentro de uma cidade mura­
da, que se dirigiam a uma brecha ou fenda no muro
causada pelo inimigo que tentava invadir a cidade.
Eles permaneciam lá contra o inimigo, que só tinha
um meio para entrar — através da brecha. Se os
protetores da cidade falhassem em “tapar o muro” e
“estar na brecha”, a cidade seria destruída. Assim, a
“brecha” é o local onde a batalha será ganha ou
perdida, uma analogia que se ajusta aos intercessores
engajados na guerra espiritual.
Finalmente, há orações silenciosas. Esta categoria de
oração refere-se à “fase de ouvir” do hábito devocio-
nal, e se concentra no crescimento.
A Bíblia diz: “Coloque sua mente no que você está
fazendo — quando você for . . . à casa de Deus . . .
Não seja precipitado com sua boca, e não deixe seu
coração apressar-se para falar com o Senhor; . . .
portanto, que suas palavras sejam poucas” (Eclesiastes
5:1-2, AMP). Embora muitos crentes sejam culpados
de não orar absolutamente nada, daqueles que gas­
tam tempo regularmente em oração, muitos podem
ser culpados de ouvir muito pouco. Dessa forma, os
aspectos silenciosos da oração são muito importantes.
Eles incluem a meditação, leitura da Bíblia, a oração
das Escrituras, e ouvir a Deus em oração; aspectos
que cobriremos nas próximas páginas.
176 A Universidade da Palavra
ASPECTOS ESPECÍFICOS DA ORAÇÃO
Mencionamos anteriormente a ordem de Paulo
acerca da guerra espiritual, convocando a Igreja a
orar “em todo tempo com toda a oração e súplica”. As
quatro categorias básicas da oração, mencionadas
acima, podem ser divididas em doze tipos de oração,
que nos dão uma excelente estratégia de oração. De
fato, devotando cinco minutos a cada um desses tipos
de oração, o guerreiro da oração descobrirá que uma
hora passa bem rápido. Esses tipos de oração in­
cluem:
1. Louvor
Primeiro, toda oração deve começar com louvor.
Em termos simples, louvor é a “adoração verbaliza­
da”. É o dirigir minha atenção a Deus com palavras de
adoração. A Bíblia diz: “Porque a tua graça é melhor
do que a vida; os meus lábios te louvam” (Salmo 63:3).
Louvar é reconhecer a Deus pelo que ele é. É amar e
adorar a Deus com palavras.
2. Espera
Segundo, está em ordem um tempo para esperar
silenciosamente em Deus. Esse tempo pode ser descri­
to como “adoração silenciosa.” O salmista disse:
“Aguardo o Senhor . . . A minha alma anseia pelo
Senhor, mais do que os guardas pelo romper da
manhã (Salmo 130:5, 6). Enquanto o louvor é a
adoração com palavras, a espera é a adoração em
silêncio. Esta se concentra mais em estar com Deus, do
que falar a Deus.
3. Confissão
A seguir, deve ser separado um tempo para confis­
são. Este aspecto da oração inclui uma “purificação
verbalizada”. Paulo disse: “Tendo, pois, ó amados,
tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza,
Armas de Poder 177
tanto da carne, como do espírito, aperfeiçoando a
nossa santidade no temor de Deus” (2 Coríntios 7:1
itálicos do autor). Como nos purificamos? Certamen­
te um aspecto-chave incluiría os momentos de confis­
são e arrependimento, durante a oração. O salmista
disse: “Confessei-te o meu pecado . . . Confessarei ao
Senhor.. (Salmo 32:5).
4. Oração das Escrituras
Quarto, devemos tomar tempo para aplicar a Pala­
vra de Deus, o que pode ser descrito como “oração de
promessa”. A oração das Escrituras é pegar a Bíblia,
ou as promessas de Deus, e transformá-las em ora­
ções. Deus disse a Jeremias: “Não é a minha palavra
fogo... e martelo que esmiúça a penha?” (Jeremias
23:29).
Quando tomamos tempo para incluir a Palavra de
Deus na oração, orando a sua Palavra, estamos
usando diretamente a Palavra de Deus em nossa
oração. Naturalmente, isto significa que, durante a
oração, temos de separar tempo para ler sistematica­
mente a Palavra de Deus, de modo que saibamos
como aplicá-la. O capítulo final deste livro examina a
leitura e o estudo sistemáticos da Bíblia.
5. Vigília
A seguir, nossa oração precisa de um tempo para
vigiar. Vigiar em oração inclui desenvolver um “alerta
silencioso”. Paulo nos ensinou a “perseverar na ora­
ção, vigiando com ações de graça” (Colossenses 4:2).
Estar alerta significa a “capacidade de antecipar
respostas certas àquilo que acontece ao nosso redor”.
Precisamos de tempo para pensar acerca de nossas
petições quando oramos. O que está acontecendo em
nossa casa ou igreja? O que ouvimos no noticiário que
merece oração? Vigiar em oração é estar consciente
na oração.
178 A Universidade da Palavra
6. Intercessão
Sexto, santificamos uma parte de nosso tempo para
a intercessão. De fato, nenhuma hora devocional é
completa sem ela. A intercessão é a “guerra compassi­
va”. Paulo disse aos cristãos romanos: “que luteis
juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor,
para que eu me veja livre dos rebeldes que vivem na
Judéia” (Romanos 15:30-31). O apóstolo estava ex­
pressando sua necessidade do envolvimento amoroso
de outros cristãos em sua luta espiritual — por inter­
médio de orações intercessoras.
7. Petição
A seguir, nossa oração pode incluir um tempo para
petição pessoal. Este tipo de oração é melhor definido
como “desejos verbalizados”. Mais de cinqüenta pas­
sagens nos Salmos incluem diferentes expressões
como, “purifica-me”, “socorre-me”, ou “fortalece-
-me”. Em cada exemplo o salmista pede a intervenção
específica de Deus em assuntos pessoais. Jesus tam­
bém nos deu exemplo de petição, quando nos ensi­
nou a orar: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje”
(Mateus 6:11).
8. Ação de Graças
Oitavo, nenhuma oração é verdadeiramente com­
pleta sem a ação de graças. Na ação de graças oferece­
mos “gratidão verbalizada”. Paulo escreveu aos colos-
senses: “Sejam devotados à oração, sendo vigilantes e
gratos” (Colossenses 4:2, NIV, itálicos do autor).9
9. Cântico
Em nono lugar, em nossa lista de tipos de oração
bíblica, está o cântico, que é, simplesmente “adoração
musical”. Embora nossa tendência seja ver o cântico
como um aspecto da adoração coletiva, ele tem
tremendo valor para a oração particular. Paulo ressal-
Armas de Poder 179
tou o valor de falar “entre vós com salmos, entoando e
louvando de coração ao Senhor, com hinos e cânticos
espirituais” (Efésios 5:19). Na oração podemos cantar
louvores, versículos bíblicos, hinos, coros, ou até
mesmo nossos "cânticos novos” produzidos pelo Espí­
rito de Deus em nós.
10. Meditação
Um tipo muito negligenciado de oração, mas digno
de atenção, é a meditação. Inclui separar tempo para
“sondagens silenciosas” sobre a natureza de Deus ou
sobre sua Palavra. Meditar em Deus, por exemplo, é
pensar na natureza de Deus com uma intensidade
cuidadosa. A Bíblia oferece numerosos pontos focais
para a meditação. O salmista, por exemplo, disse:
“Meditarei também em todas as tuas obras” (Salmo
77:12, E. R. Cor., itálicos do autor). Antes ele aconse­
lhara: “Na lei do Senhor [a Palavra de Deus] [o
homem piedoso] medita de dia e de noite” (Salmo 1:2
E. R. Cor.)
11. Ouvir
O ouvir é um tipo de oração digno de desenvolvi­
mento. Basicamente, é um “receber silencioso” das
instruções divinas. Dar ouvidos a Deus é receber seus
planos para o dia. Isto se refere ao desenvolvimento
de íntima comunicação com o Senhor, algo que cresce
com a experiência. A Bíblia diz de Moisés: “Falava o
Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu
amigo” (Êxodo 33:11). Deus não mudou depois dos
dias de Moisés, e deseja falar “face a face” com
aqueles que separarem tempo para ficar com ele.
12. Louvor
Finalmente, voltamos ao lugar onde começamos na
oração: louvor. Começamos nosso tempo de oração
com “adoração verbalizada” e agora o terminamos
180 A Universidade da Palavra
com “regozijo verbalizado”. Regozijamo-nos na pre­
sença de Deus com nossas palavras. Podemos repetir
palavras de adoração, como as dos anjos, usadas na
visão de Isaías: “Santo, santo, santo” (Isaías 6:3).
Maria, também, desenvolveu um espírito de regozijo.
Quando ficou sabendo do Cristo infante, Maria disse:
“A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito
se alegrou em Deus, meu Salvador.. . . Porque o Podero­
so me fez grandes coisas. Santo é o seu nome” (Lucas
1:46-47, 49, itálicos do autor).
O foco de toda a adoração é um espírito de
regozijo — um regozijo contínuo na maravilhosa ma­
jestade de nosso glorioso Deus.
O PRINCÍPIO DA ADORAÇÃO
Reduzindo o conteúdo deste capítulo a um princí­
pio de vida abundante, teremos o seguinte:
Só posso achar o propósito supremo na vida aprenden­
do os elementos essenciais da liberdade na oração e no
louvor. Devo fazer de meu relacionamento com Deus
um encontro pessoal diário e profundo. Devo aprender
que o máximo da felicidade é encontrado na profundi­
dade da devoção a Deus. Portanto, decido escolher este
curso de ação e, no poder de Deus, considero-o
concluído.
TEXTO BÍBLICO PARA MEMORIZAÇÃO
DO PRINCÍPIO DA ADORAÇÃO
A passagem a seguir foi escolhida como o ponto
focal para o PRINCÍPIO DA ADORAÇO. É bom
você memorizá-la:
Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu
possa morar na casa do Senhor todos os dias da
minha vida, para contemplar a beleza do Se­
nhor, e meditar no seu templo (Salmo 27:4).
Armas de Poder 181
PASSAGENS DE APOIO PARA
O PRINCÍPIO DA ADORAÇÃO
A seguir apresentamos os versículos de apoio para
o PRINCÍPIO DA ADORAÇÃO
1 Crônicas 16:23-29 Salmo 119:24
Salmo 9:1-2 Salmo 138:1-2
Salmo 29:1-2 Salmo 150:1-6
Salmo 42:1-2 Isaías 40:29, 31
Salmo 63:1, 8 Mateus 21:15-16
Salmo 67:3-7 Mateus 26:36-41
Salmo 73:23-28 Lucas 2:36-38
Salmo 84:1-4 João 4:19-24
Salmo 96:7-12 Hebreus 13:15
Salmo 100:1-5 Tiago 5:16-18
Salmo 113:1-3
Capítulo 11

T ransformadores do
Mundo
(O Princípio da Participação)

Recentemente, estive num quarto de hospital, lite­


ralmente cercado pela morte. De um lado, vi um
homem, um alcoólatra, lutando nos estágios finais de
um câncer mortal que havia atacado suas células
cerebrais. Tinha poucos dias de vida.
Do outro lado, jazia um homem que conheci bem,
um homem gentil e agradável, um homem de oração
e lágrimas, que também fora escravo do álcool, mas
havia vencido, alguns anos antes, esse demônio po­
tencial no poder do nome de Jesus.
Enquanto eu permanecia em pé a seu lado, suas
horas finais se escoavam. Suas únicas palavras eram
gemidos de dor semi-articulados.
Este segundo homem era meu pai, e não foi fácil
vê-lo morrer. Eu havia chegado ao hospital cerca de
quarenta e oito horas depois de meu pai ter caído
num estado de semiconsciência, por isso, perguntei à
minha mãe qual fora a sua última conversa coerente.
Mamãe disse: “A última conversa que qualquer
pessoa pode lembrar foi há vários dias, quando seu
pai inclinou-se para o homem que estava perto dele e
lhe falou acerca de Jesus.” A ação final de papai, em
sua morte, foi compartilhar a vida eterna!
184 A Universidade da Palavra
Há uma poderosa lição de amor e liberdade na
experiência final da vida de meu pai. Relaciona-se
diretamente à oração e à evangelização, e provê uma
firme base para uma introdução ao PRINCÍPIO DA
PARTICIPAÇÃO.
Durante vinte e nove anos meu pai sofreu as sérias
dores da artrite deformante. Pelo menos umas dez ou
doze vezes estivemos convencidos de que Deus iria
levá-lo. Porém, a cada vez, a saúde de papai retornava
o suficiente para segurá-lo um pouquinho mais. Era
quase como se seu dever final na terra ainda estivesse
para ser cumprido.
Em seus momentos finais, seu último ato consciente
foi apontar a outro homem moribundo a direção de
Jesus.
Sozinho no quarto de hospital de papai, sete horas
antes de ele morrer, perguntei em meu coração:
“Será que a estada de meu pai aqui e o fato de ele ter
falado com este moribundo pecador acerca de Jesus
foi a resposta às orações de uma mãe ou de uma avó,
vários anos atrás? Será que a missão final de papai na
terra era ser mensageiro de uma oração de alguém, já
quase esquecida, mas finalmente respondida?” Isto
eu sei: papai concluiu sua vida no campo missionário
do sofrimento humano. Suas palavras finais, embora
proferidas em meio à dor, seriam uma parte, para
sempre, daquilo que a Igreja tem chamado, por
séculos, de A GRANDE COMISSÃO.
NÃO HAVENDO “IDE” — NÃO HAVERÁ “EIS”
Os quatro Evangelhos, de uma forma ou de outra,
falam desta “Grande Comissão”. João, por exemplo,
registra: “Não dizeis vós que ainda há quatro meses
até à ceifa? Eu, porém, vos digo: Erguei os vossos
olhos e vede os campos, pois já branquejam para a
ceifa” (João 4:35). Mais tarde, quando Jesus apareceu
Transformadores do Mundo 185
aos seus discípulos, depois da ressurreição, ele decla­
rou: “Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou,
eu também vos envio” (João 20:21).
Mateus, também, dá ênfase à comissão. Ele registra
estas palavras de Jesus: “Ide, portanto, fazei discípu­
los de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e
do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar
todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que
estou convosco todos os dias até à consumação do
século” (Mateus 28:19-20).
Aqui Jesus vincula com o evangelho a promessa de
sua presença com o “ir”. É claramente uma promessa
que depende de nossa atividade. Como disse Loren
Cunningham, o fundador de Jovens Com Uma Missão:
“Onde não há ide, não há eis!”
Lucas também enfatizou a comissão de Cristo. Em
suas palavras de abertura dos Atos dos Apóstolos, ele
registra as seguintes palavras de Jesus: “Mas recebe­
reis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e
sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como
em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”
(Atos 1:8, itálicos do autor).
Talvez a passagem mais familiar, e mais freqüente-
mente citada da Grande Comissão seja a que inclui as
palavras de Cristo: “Ide por todo o mundo e pregai o
evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15). É aqui,
através de um estudo de palavra por palavra, que
trataremos das plenas ramificações desta comissão
global que Jesus deu à sua Igreja.
Um Chamado Urgente
O comissionamento da Igreja por Cristo, para
evangelizar o mundo, começa com um simples man­
damento. IDE! Ir é uma palavra de ação. Implica
uma chamada para o envolvimento e a atividade.
Ir tem três sentidos básicos — “movimentar-se”,
186 A Universidade da Palavra
“trabalhar” e “agir”. Implícito na palavra Ide, confor­
me usada em Marcos 16:15, há um senso de urgência,
ou um espírito de “agora”. Jesus não estava fazendo
uma sugestão casual que podería ser adiada. Ele
estava emitindo uma ordem vital, urgente.
Urgência é um tema freqüente nos Evangelhos.
Vem-nos à mente a parábola da grande ceia narrada
por Cristo: “Porém ele lhe disse: Um certo homem
fez uma grande ceia, e convidou a muitos. E à hora da
ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde,
que já está tudo preparado. E todos à uma começa­
ram a escusar-se. . . . E, voltando aquele servo,
anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de
família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa
pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres,
e aleijados, e mancos e cegos. .. .E disse o senhor ao
servo: Sai pelos caminhos e vaiados e força-os a entrar,
para que a minha casa se encha” (Lucas 14:16-23, E.
R. Cor., itálicos do autor).
Notamos especialmente as palavras: Sai depressa.
Jesus dava ênfase a um senso de urgência.
Urgência semelhante encontra-se nas palavras de
Cristo: “É necessário que façamos as obras daquele
que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando
ninguém pode trabalhar” (João 9:4). A partir do
momento que seus olhos recaíram sobre esta sentença
até esta hora exata amanhã, aproximadamente 140
mil pessoas morrerão no mundo. Pesquisadores de
missões nos dizem que metade delas nunca ouviu
falar de Jesus, nem sequer uma vez. Isto, amado, é
urgência.
Um Chamado à Responsabilidade
Ao convocar os discípulos para evangelizar o mun­
do, Jesus também deixou claro que estava colocando
sobre eles a responsabilidade total pela tarefa.
Transformadores do Mundo 187
O cumprimento literal da Grande Comissão é
impossível sem o reconhecimento mundial da Igreja
de que cada crente é chamado a participar desta
tarefa, de algum modo. Somente o Corpo todo pode
completar a tarefa toda. Ou, como o Senhor recente­
mente me convenceu: a Igreja só estará totalmente
presente no mundo quando cada crente for a algum lugar.
Embora quando uma pessoa se envolve, esse envol­
vimento não inclua, necessariamente, uma mudança
para a África ou Ásia, o não-envolvimento, pelo
menos em alguma fase da comissão, é um “crime”
espiritual. Deus nos adverte através de Ezequiel:
“Quando eu disser ao perverso: Certamente morre­
rás; e tu não o avisares, e nada disseres para o advertir
do seu mau caminho, para lhe salvar a vida, esse
perverso morrerá na sua iniqüidade, mas o seu
sangue da tua mão o requererei. Mas, se avisares o
perverso, e ele não se converter da sua maldade e do
seu caminho perverso, ele morrerá na sua iniqüidade,
mas tu salvaste a tua alma” (Ezequiel 3:18-19).
A totalidade da evangelização mundial está nas
minhas e nas suas mãos. Sábias são as palavras: “Se
deve ser feito, eu é que devo fazê-lo!”
Mas, será que a participação na Grande Comissão
só envolve o testemunho pessoal ou serviço como
missionário por algum tempo em outro país? Na
realidade, há três claros níveis de atividade.
Primeiro, podemos irfisicamente. Alguns crentes serão
os “que vão”. Esses incluem todos os obreiros cristãos
(de tempo parcial ou integral) que estão na linha de
frente da evangelização, numa base regular. Não
importa a idade, qualquer cristão é um missionário
em potencial. É sábia a velha pergunta: “Se não é um,
quem? se não agora, quando?” Felizmente, um sem-
-número de oportunidades aguarda todos aqueles
que se disponham. Há necessidade de longo e de
188 A Universidade da Palavra
curto prazo. Peça a seu pastor informações sobre
possibilidades através de sua igreja ou denominação.
Carpinteiros podem ajudar a construir templos, se­
cretárias podem servir a agências missionárias no
além-mar, jovens podem participar em “missões” de
poucas semanas, de férias, ou de um ano. Descu­
bra — ainda esta semana — como tornar-se missioná­
rio!
Segundo, podemos ir financeiramente. Ir é possível
através de nossa contribuição. Falando francamente,
sem doadores não haverá missionários. Os doadores
enviam os missionários ao equipá-los para a tarefa.
Depois de ter falado aos cristãos de Roma que “todo
aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo”,
Paulo lhes fez uma pergunta significativa: “Como,
porém, invocarão aquele em quem não creram? e
como crerão naquele de quem nada ouviram? e como
ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se
não forem enviados? como está escrito: Quão formosos
são os pés dos que anunciam coisas boas!” (Romanos
10:13- Hi, itálicos do autor). É possível dizer que enviar é
menos do que ir? Note outra vez a penetrante pergunta
de Paulo: “E como pregarão se não forem enviados?”
Terceiro, podemos ir sobrenaturalmente — sobre nos­
sos joelhos. Igualmente vital para a tarefa da evange-
lização mundial são os que oram. Os que oram
ajudam a formar uma linha de suprimento espiritual
para os obreiros da linha de frente, assim como os
doadores formam uma linha de suprimentos mate­
riais.
A oração está, verdadeiramente, no coração de
tudo o que acontece na Grande Comissão. O Dr. A. T.
Pierson expressou esta idéia, dizendo: “Cada passo no
processo missionário está diretamente relacionado
com a oração. Ela tem sido a preparação para cada
novo triunfo, e o segredo de todo o sucesso.” Este
Transformadores do Mundo 189
aspecto de nossa responsabilidade é tão essencial que
escolhi concluir este capítulo com um plano incomum
para ajudar os crentes a orar por uma parte de seu
mundo, singularmente, a cada dia.
Um Chamado à Totalidade
Cristo também deu ênfase à totalidade de nossa
missão. O foco, diz ele, é ir “a todo o mundo”. É
apropriada a lembrança: “todo significa todo, e é
tudo o que significa”. A Bíblia deixa claro que alguma
geração futura (talvez a nossa!) irá cumprir, final­
mente, a comissão de Cristo. Como escreveu Isaías: “a
terra se encherá do conhecimento do Senhor, como
as águas cobrem o mar” (Isaías 11:9).
Para que isso aconteça, é claro, há um grande
trabalho ainda a ser realizado. Pesquisadores missio­
nários, por exemplo, falam de cerca de 25.000 grupos
culturais, dispersos por todo o mundo; e pelo menos
16.700 deles não têm testemunho do Evangelho, de
qualquer tipo. Pessoalmente, creio que cada igreja que
exalta verdadeiramente a Cristo em nossa abençoada
nação deveria adotar um ou mais desses grupos e
sustentar esforços para evangelizá-los.
Amado, “todo o mundo” não está fora do alcance
de um grupo multidenominacional que abranja toda
a Igreja, de verdadeiros cristãos comprometidos. Nas
palavras do lema da Cruzada Mundial de Literatura,
freqüentemente citadas por seu presidente, Dr. John-
ny Lee — ISSO PODE SER FEITO!
Um Chamado à Simplicidade
Não devemos, é claro, esquecer o coração de nosso
propósito — ir a “todo o mundo”. Somos enviados a
“pregar o evangelho”, ou como diz Mateus “fazer
discípulos de todas as nações” (Mateus 28:19).
As Boas Novas não são denominacionalismo nem
institucionalismo. Não é uma vasta coleção de livros
190 A Universidade da Palavra
de teologia, nem uma série de ensaios doutrinários. O
Evangelho é simples — tem seu centro em uma Pes­
soa. Jesus Cristo é a Boas Novas. E embora tudo o que
Jesus ensinou, e a soma total da Palavra escrita
possam ser considerados como “as Boas Novas”, o
próprio Jesus é a personificação das Boas Novas.
Paulo ressaltou a simplicidade do Evangelho quan­
do disse: “Pois não me envergonho do evangelho,
porque ê o poder de Deus para salvação de todo aquele
que crê” (Romanos 1:16, itálicos do autor).
As Boas Novas são isso — em Jesus Cristo sou uma
nova criatura (2 Coríntios 5:17), e por meio da
aspersão de seu sangue na cruz, todos os meus pecados
foram e estão sendo lavados (veja 1 João 1:7).'
Esta Boa Nova inclui, semelhantemente, poder
absoluto sobre Satanás. A Bíblia diz o seguinte acerca
da escolha dos discípulos de Cristo: “Tendo Jesus
convocado os doze, deu-lhes poder e autoridade
sobre todos os demônios, e para efetuarem curas”
(Lucas 9:1). Cristo, depois, acrescentou: “Eis aí vos
dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, e
sobçe todo o poder do inimigo, e nada absolutamente
vos causará dano” (Lucas 10:19).
Um Chamado à Finalização
Finalização é uma palavra que fala de término,
completação. Jesus não somente comissionou seus
discípulos para invadirem “todo o mundo” com as
“Boas Novas”, como também os mandou alcançar
“toda criatura”. Cristo deixou claro que uma nação não
é evangelizada até que cada criatura tenha a oportu­
nidade de ler, ouvir, ou, de qualquer outra maneira,
conhecer acerca de Jesus Cristo. Não se deve omitir
ninguém. A logística não nos deve derrotar. As assim
chamadas “portas fechadas” devem ser abertas pela
oração; todos os que ainda esperam devem ser
alcançados.
Transformadores do Mundo 191
Cristo ressaltou este fato quando disse: “Ainda
tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me
convêm conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então
haverá um rebanho e um pastor” (João 10:16, itálicos
do autor).
No âmago da Comissão de Cristo está o “coração”
de cada criatura. Paulo disse ao jovem Timóteo que
Deus quer “que todos os homens sejam salvos e
cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1
Timóteo 2:4).
Há quase oitenta anos, S. D. Gordon, dotado
professor de Bíblia e escritor, escreveu: “A grande
questão agora é tornar Jesus plenamente conhecido
de toda a humanidade. Este é o plano. É plano
simples. Homens que foram transformados serão
transformadores do mundo. Ninguém mais pode sê-
-lo. O ardoroso entusiasmo do amor agradecido deve
arder no coração, e dirigir toda a vida.”
O professor desdobra sua preocupação acrescen­
tando: “Deve haver uma organização simples, mas
completa. A campanha deve ser mapeada tão comple­
tamente como se organiza uma campanha presiden­
cial norte-americana. O propósito de uma campanha
presidencial é realmente estupendo em seu objeto e
amplitude. Deve influenciar rapidamente, até o pon­
to da ação decisiva, as opiniões individuais de milhões
de pessoas, espalhadas por milhões de quilômetros e
isso, também, perante uma vigorosa campanha oposi­
cionista que tenta influenciá-los contrariamente.”
O autor conclui: “O país todo é mapeado e organi­
zado em linhas amplas e nos mínimos detalhes.
Necessitamos de organização completa, entusiasmo
agressivo e planejamento inteligente, a fim de cum­
prir a grande tarefa que nosso Mestre nos colocou nas
mãos.”
192 A Universidade da Palavra
Um Chamado à Transformação do Mundo
Apesar de todos os esforços da Igreja, por que
metade do mundo ainda não tem o evangelho?
O Dr. Stanley Mooneyham, ex-presidente interna­
cional da Visão Mundial, sugere: “Paremos de nos
queixar por não termos pessoal suficiente, dinheiro
suficiente e equipamentos suficientes. Isso simples­
mente nãõ é verdade. Não há falta de nada que
necessitemos — exceto visão, oração e vontade. A
oração é um recurso imediatamente disponível para
nós. Se mais cristãos estivessem ajoelhados orando,
mais cristãos estariam em pé evangelizando.”
Precisamos repensar nossas atitudes acerca da im­
portância da oração, no que se refere ao mundo
inteiro alcançado para Jesus. Devemos dar à oração a
mesma importância que à própria atividade de evan-
gelização. De fato, sem oração é impossível cumprir a
tarefa. Deixe-me explicar.
Por mais de dezenove séculos a Igreja de Jesus
Cristo tem realizado algum tipo de programa missio­
nário que se tem concentrado em cristãos, de uma
região, levando o evangelho a povos não-evangeliza-
doslem outra região. Mesmo assim, enquanto estou
introduzindo o seguinte conceito de oração, metade
do mundo, ou seja, cerca de 2,2 bilhões de pessoas,
ainda esperam para ouvir a primeira palavra acerca
de Jesus Cristo.
Por quê? Basicamente, essas massas estão nas trevas
porque Satanás e suas forças as mantêm nas trevas.
No que me toca, nenhum plano de oração, de grande
escala, já foi desenvolvido para, exclusivamente, atar
as forças de Satanás literalmente em todos os cantos da
terra. Não seria esta a razão pela qual o avanço
missionário ainda não penetrou em todas as regiões
escuras do mundo?
Freqüentemente enviamos missionários ou obrei­
Transformadores do Mundo 193
ros cristãos nacionais a áreas não evangelizadas ape­
nas para que eles sejam maltratados, mortos, ou
completamente expulsos daquelas áreas. Entremen-
tes, ensina-se que a principal função da igreja-mãe,
além de dar dinheiro, é apoiar esses missionários e
obreiros nacionais com suas orações. Será que a
própria terminologia que usamos acerca da oração
nos impede de reconhecer o valor da oração?
Embora o apoio aos nossos missionários pareça uma
coisa digna, é aqui, creio eu, que estamos errando o
alvo. Quase sutilmente, a oração é tratada como uma
função auxiliar da evangelização, uma coisa que
cristãos menos consagrados podem fazer, aqueles que
não podem ou não querem fazer as coisas que
realmente importam — como dar grandes quantias
de dinheiro, ou ir pessoalmente a alguns desses
lugares remotos.
É preciso mudar essa atitude com relação à oração.
Alguns anos atrás, um conhecido meu, que trabalha­
va para uma grande organização de evangelização
mundial, com um orçamento anual de mais de 25
milhões de dólares, disse-me que sua organização iria
gastar apenas 20 mil dólares em esforços de mobiliza­
ção para oração naquele ano. Todavia, organizações
como essa estão constantemente dizendo que a oração
é o aspecto mais importante de seu trabalho. Será que
suas ações contradizem as palavras?
Chegou a hora de convocar a Igreja — e isso
significa você e eu — para uma nova conscientização
acerca de como a oração é realmente vital à transfor­
mação de nosso mundo. Em palavras simples, esse é o
âmago do PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO.
Francamente falando, guerreiros de oração não
deveríam apenas colocar-se atrás de nossos missioná­
rios em oração — deveriamos ir na frente deles em
oração, abrindo-lhes o caminho. A chamada de Deus
194 A Universidade da Palavra
para intercessores, nos dias de Isaías, incluiu a comis­
são: “Passai, passai pelas portas; preparai o caminho
ao povo; aterrai, aterrai a estrada, limpai-a das
pedras; arvorai bandeira aos povos” (Isaías 62:10).
Devemos lançar um novo apelo por intercessores que
irão adiante dos missionários que estejam dispostos a
atuar nas cidadelas mundiais das trevas desde que as
portas lhes sejam abertas. Nós devemos abrir as
portas, com a oração.
Precisamos de uma força de intercessores dinâmi­
cos, firmemente comprometidos, que no “reino do
espírito” irão na frente de nossos missionários e
obreiros nacionais, atando todas as forças satânicas
em cada vila, cidade, região e país sobre a face da
terra, aonde obreiros cristãos tenham ido ou plane­
jem ir pessoalmente para falar do amor de Jesus
Cristo.
Creio que Deus está dizendo algo muito especial à
sua Igreja. Precisamos de uma nova força de missio­
nários, não para substituir nossa atual força de
piedosos missionários, mas um exército de Missioná­
rios de Oração pelo Mundo.
Esses “missionários de oração” talvez nunca deixem
suas comunidades, mas irão, por meio da oração
diária, a todas as áreas específicas de um país que o
Espírito de Deus colocar claramente em seus cora­
ções. Um Missionário de Oração pelo Mundo é
alguém que vai diariamente, pela oração, a uma área
do mundo com uma única e cuidadosamente planeja­
da estratégia. O próprio guerreiro da oração desen­
volve essa estratégia de orar sete dias por semana, que
inclui vários modos de oração diária pela região
escolhida. Se, por exemplo, o participante da oração
acha que deve orar pela China, poderá orar, mais
especificamente, pela província de Kwangtung.
O missionário de oração seleciona uma cidade-base
Transformadores do Mundo 195
sobre a qual concentrará sua oração. Esta cidade
equivale ao lugar em que ele poderia viver se tivesse
de ir fisicamente àquela região. Em oração, o missio­
nário desenvolve uma completa estratégia, que pode
incluir orar cada dia da semana por várias cidades da
região. Uma ida à biblioteca pública para estudar a
região em um atlas ou enciclopédia ajuda o missioná­
rio de oração a desenvolver uma compreensão ainda
mais profunda daquela região.
Embora novo, o Movimento Missionário de Oração
pelo Mundo já se enraizou firmemente em meu
ministério, e tem recebido compromissos pessoais de
oração para cada país da terra. Porém, milhares de
fiéis missionários de oração pelo mundo ainda são
necessários para cobrir todas as vastas regiões do
globo, de modo que diariamente haja pessoas orando
a favor de cada cidade principal do mundo. São
necessários milhares, ainda, para atingir o alvo adicio­
nal de orar diariamente pelos povos não alcançados,
que excedem a 16.700.
É de particular prazer, para mim, a convicção de
que Deus irá, enfim, permitir que alguns desses
guerreiros de oração visitem o país pelo qual oram,
em alguns casos, até, como missionários de tempo
integral. A esse respeito, nossa oração pode nos levar
diretamente a participar, e a participação, a almas que
estão sendo salvas. De fato, oração e participação são
quase inseparáveis. Como disse certa vez um sábio
evangelista: “Noites inteiras de oração sempre produ­
zem dias inteiros de conquista de almas.”
UM SONHO DE VITÓRIA
Ganhar almas não é somente o foco do PRINCÍ­
PIO DA PARTICIPAÇÃO; é também um ato que dá
prazer especial ao Senhor. Anos atrás fiquei profun­
damente impressionado ao ler acerca do sonho de um
196 A Universidade da Palavra
homem que viu, de maneira nova, a alegria de ganhar
almas. Esse santo desconhecido escreveu acerca de
seu sonho:
Vi o grande Rei sentado em seu trono. De
cada lado do trono vi os grandes anjos — Uriel,
Rafael, Miguel e Gabriel. Perante o trono ficava
outro anjo, o anjo do livro. E a seu lado ficava
um dos mortais.
“Quem é este que trouxeste, e o que ele
quer?” perguntou o Rei.
“Ó Rei, este homem foi um grande inventor
que jorrou luz sobre o caminho dos homens em
todo o mundo.”
“Então”, disse o Rei, “manda-o aqui para cima
e deixa com Uriel, o anjo da luz.” Então ele
subiu.
E o anjo trouxe outro homem perante o
trono. “Quem é esse, e o que ele quer?” pergun­
tou o Rei. “Este homem foi um grande filósofo,
que pensou segundo os teus pensamentos”,
respondeu o anjo.
O Rei olhou-o e disse: “Envia-o para cima e
deixa-o-com Rafael, o anjo da razão.” E ele
subiu, e ficou ao lado de Rafael.
E o anjo trouxe um terceiro mortal ao trono.
“Quem é esse, e o que ele quer?” falou o Rei.
“Este homem foi um grande patriota, que
com sua espada livrou seu povo das mãos de
tiranos”, informou o anjo.
“Manda-o para cima, e deixa-o com Miguel, o
anjo da espada”, respondeu o Rei. E ele foi e
ficou com Miguel.
E o quarto mortal veio perante o trono.
“Quem é este, e o que quer?” perguntou o Rei.
“Este homem cantava músicas sacras, em teu
Transformadores do Mundo 197
louvor, Rei Todo-poderoso, cânticos que ainda
ecoam pela Igreja do Deus Vivo.”
E o Rei disse: “Envia-o aqui para cima, e
deixa-o ficar e cantar ao lado de Gabriel, o anjo
da música.” E ele foi.
Então, o anjo trouxe outro mortal perante o
trono. Fiquei imaginando quem era ele e por
que fora trazido. Não havia nada de grandioso
em sua pessoa. Seus olhos não pareciam ser de
um gênio. Sua face estava maltratada pelas
provações da vida. Era um homem simples,
comum. “Por que”, pensei, “este homem foi
chamado?”
E o Rei falou: “Quem é este, e o que ele
quer?” O anjo olhou para o grande livro, e
erguendo a face com um sorriso, disse: “Este
homem ganhou uma alma para Jesus Cristol"
Eu não consegui ouvir o que o Rei, de seu
trono, disse, pois o céu foi totalmente coberto
com um grande alarido, pois anjos e arcanjos,
querubins e serafins, e todas as hostes celestiais
estavam cantando, gritando e regozijando-se
pela alma que fora redimida.
O PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO
A alegria de ganhar almas é, deveras, a alegria do
Senhor! E, reduzido a um simples princípio de vida
abundante o conteúdo deste capítulo, fica o seguinte:
Só posso descobrir o propósito final da vida ao
aprender os elementos essenciais de compartilhar
minha fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador.
Devo falar de Cristo, de sua Palavra, e da alegria de
minha experiência pessoal, com cada pessoa que
cruzar meu caminho. Devo tomar-me uma tocha de
verdade neste mundo confuso. Portanto, resolvo,
daqui por diante, escolher este curso diário de ação e,
198 A Universidade da Palavra
no poder de Deus, considero-o concluído.
TEXTO BÍBLICO PARA MEMORIZAÇÃO
DO PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO
Escolhí a seguinte passagem como o ponto focal
para o PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO. Vale a
pena decorá-la:
Pois não me envergonho do evangelho, porque
é o poder de Deus para a salvação de todo
aquele que crê, primeiro do judeu e também do
grego; visto que a justiça de Deus se revela no
evangelho, de fé em fé, como está escrito: O
justo viverá por fé (Romanos 1:16-17).
PASSAGENS DE APOIO PARA
O PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO
Eis, a seguir, os versículos de apoio para o PRIN­
CÍPIO DA PARTICIPAÇÃO:
Salmo 67:1-2 Mateus 28:19-20
Salmo 107:1-2 Marcos 5:19
Isaías 43:10-12 Marcos 16:12-15
Isaías 62:1-3, 6-7 Lucas 8:39
Jeremias 1:6-9 Lucas 14:16-24
Jeremias 1:17-19 João 4:35-38
Mateus 10:16-20 João 15:26-27
Atos 2:29-32 Atos 26:13-16
Atos 3:12-15 1 Timóteo 2:1-2
Atos 4:13-20 2 Timóteo 1:6-8
Atos 5:29-321

10 tempo dos verbos gregos em 1 João 1:7 é muito interessante, pois sugere
que, além de nosso pecado ter sido perdoado pelo sangue de Cristo na cruz,
o processo de purificação continua, diariamente. O pensamento é que "o
sangue de Jesus continuamente nos limpa de todo pecado”. Isso, amado
irmão, é especialmente “Boas Novas”!
Capítulo 12

Eterna e V erdadeira
(0 Princípio da Palavra)

Há muitos anos Robert Burris e sua esposa foram


missionários na China. Parte de sua tarefa, durante
um prazo de cinco anos, era viajar pelas regiões
montanhosas distribuindo exemplares das Escrituras.
Embora não falassem fluentemente o idioma do
povo, ainda assim eram capazes de comunicar as Boas
Novas, distribuindo Bíblias ao número relativamente
pequeno de chineses alfabetizados daquela região.
Lá pelo fim do prazo, o Reverendo Burris fez uma
viagem de cerca de 290 quilômetros, para as monta­
nhas, com três companheiros e quatro mil Bíblias. Em
dez dias, distribuíram metade das Bíblias.
Numa região remota, distante da civilização, Burris
e seus companheiros foram assaltados por três ho­
mens armados. Os bandidos os despojaram de quase
tudo, inclusive comida e sapatos. Também levaram as
duas mil Bíblias restantes. Burris e seus companhei­
ros voltaram trajando apenas camisas e calças.
Não muito depois, o Reverendo Burris e sua esposa
terminaram seu breve prazo e voltaram para os
Estados Unidos. Quase vinte e cinco anos se passa­
ram, e o roubo era apenas uma lembrança distante.
Pastoreando uma igreja em Ohio, a única coisa que o
Reverendo Burris podia fazer pela China, por causa
das restrições à atividade missionária lá, era orar.
200 A Universidade da Palavra
Certo dia, o Reverendo Burris e sua esposa ouvi­
ram falar de um missionário que vinha à sua cidade, e
que havia servido no sul da China, alguns anos depois
de eles terem partido. O missionário planejava mos­
trar “slides” de seu trabalho naquela região do país
que agora era comunista.
Contentes por poderem ver retratos que poderíam
evocar lembranças, o velho Reverendo e sua esposa
decidiram ir à reunião.
Mais ou menos no meio da apresentação, Robert
Burris ficou atônito ao ver que um dos “slides”
mostrava o lugar exato onde ele e seus companheiros
tinham sido assaltados. Não havia engano. O missio­
nário mostrou o retrato vários minutos, comentando
sobre a beleza da área e o fato de que, por muitos
anos, a região era freqüentada por brutais bandidos,
conhecidos por causarem muitos problemas.
O Reverendo Burris sabia exatamente do que o
missionário estava falando, pois ele mesmo tinha
encontrado ladrões naquele exato lugar. Ele estava
maravilhado, pensando consigo mesmo que estranha
coincidência era aquela, de um missionário visitar sua
pequena comunidade e ele mesmo estar presente
para ver o “slide”.
Então, aconteceu uma coisa realmente incrível. O
missionário visitante, não tendo idéia de que um ex-
-missionário ao sul da China estava presente, disse
alegremente: “Agora, vamos ver o ‘slide’ mais estra­
nho de minha coleção. Eu o chamo de ‘a igreja do
milagre’.”
Foi exposto na tela um edifício modesto mas bem
grande, localizado não muito longe da cena do “slide”
anterior. Era um edifício com capacidade para cente­
nas de pessoas.
O missionário explicou: “Chamo-a de igreja do
milagre porque ninguém sabe como ela começou.
Eterna e Verdadeira 201
Todavia, há, atualmente, quatrocentos fiéis membros
que a freqüentam regularmente.”
Com um prazer especial ele afirmou: “E o mais
espantoso — cada membro da congregação, até mes­
mo as crianças, tem uma Bíblia — e no idioma chinês.
Ninguém, nem mesmo seu líder, sabe de onde vieram
essas Bíblias. Eles só sabem que a igreja começou com
aquelas Bíblias.”
O Reverendo Burris sabia que estava testemunhan­
do um milagre. O milagre da Palavra de Deus em
ação. Ele sabia que, de algum modo, aquelas duas mil
Bíblias, roubadas por bandidos, foram a causa do
nascimento de uma igreja que agora contava com
quatrocentos cristãos. E tudo por causa de um livro
que reis perversos e homens ímpios tinham tentado
destruir, um livro que pulsa com a batida do coração
do Deus vivo.
De fato, a Bíblia é um livro de vida, poder e
potencial. Tem sobrevivido a séculos de cuidadosa
investigação de impiedosos críticos, de cada setor da
sociedade. Até hoje os agnósticos a questionam, os
ateus a rejeitam e os humanistas a ignoram, mas este
livro sobrenatural continua a transformar vidas.
O escritor H. L. Hastings disse: “Infiéis, durante
mil e oitocentos anos, têm tentado refutar e destruir
este livro; mesmo assim, ele permanece sólido como
uma rocha. Sua circulação aumenta e é mais amado e
lido hoje do que nunca. Infiéis, com todos os seus
ataques, não causaram mais danos a este Livro do que
um homem causaria às pirâmides do Egito com um
martelinho. Quando o rei da França propôs a perse­
guição dos cristãos em seu domínio, um velho estadis­
ta e guerreiro lhe disse: ‘Senhor, a Igreja de Deus é
uma bigorna que já consumiu muitos martelos.’ ”
Voltaire, o agnóstico francês que morreu em 1778,
disse que em cem anos o Cristianismo seria uma
202 A Universidade da Palavra
religião esquecida — “uma religião varrida da exis­
tência e transformada em história”. Curiosamente,
cinqüenta anos após a morte de Voltaire, a Sociedade
Bíblica de Genebra estava usando a impressora de
voltaire para imprimir Bíblias, e sua casa foi alugada
como local para estocar Bíblias prontas para despa­
cho. Amado, este livro não pode ser destruído porque
aquilo que é sobrenaturalmente vivo não morre. E
nenhuma tentativa, não importa quão bem feita seja,
irá destruir a Palavra de Deus.
Como Cleveland McAffee explicou sabiamente em
seu livro The Greatest English Classic: “Se cada exem­
plar da Bíblia, em alguma cidade considerável fosse
destruído, ela podería ser restaurada em todas as suas
partes essenciais a partir das citações nos volumes da
biblioteca pública.”
EXATIDÃO HISTÓRICA
Tendo em vista que este princípio final da UNI­
VERSIDADE DA PALAVRA concentra-se na beleza
e no poder da Palavra de Deus, é importante estabele­
cermos um claro entendimento das razões que temos
para reconhecer a autoridade deste livro. Cremos que
a Bíblia é, em sua totalidade, a Palavra de Deus, viva e
sobrenatural.
Embora muitos outros estudos valiosos tenham
dado maior atenção a este assunto, eu gostaria de
reafirmar pelo menos algumas das razões fundamen­
tais pelas quais temos provas suficientes de que a
Bíblia é, verdadeiramente, a Palavra de Deus. A
primeira razão a considerarmos relaciona-se com a
exatidão histórica da Bíblia.
Alguns anos atrás, enquanto preparava uma pales­
tra para uma classe de inglês do segundo grau, sobre
a importância literária da Bíblia, tive o prazer de
descobrir esta realidade. Procurando levar o pensa­
Eterna e Verdadeira 203
mento dos estudantes para além dos limites do
assunto, decidi citar pensamentos sobre a exatidão da
Bíblia em relação a certas críticas feitas durante os
anos — críticas que, de fato, foram rejeitadas como
inexatas, com o passar do tempo e com a descoberta
de informações arqueológicas mais confiáveis.
Uma fonte de tais críticas encontra-se nos escritos
de Lucas no livro de Atos. Eruditos modernistas do
século passado atacaram Atos 13:6-7 como historica­
mente inexato. Eles achavam que tinham evidência
para provar sua conclusão.
A passagem em questão diz: “Havendo atravessado
toda a ilha até Pafos, encontraram certo judeu,
mágico, falso profeta, de nome Barjesus, o qual estava
com o procônsul Sérgio Paulo, que era homem inteli­
gente. Este, tendo chamado Barnabé e Saulo, diligen­
ciava para ouvir a palavra de Deus” (itálicos do autor).
Eruditos da alta crítica diziam que este simples
versículo bíblico, com o erro que eles criam conter,
podería ser o fundamento para rejeitar todos os
escritos de Lucas. Afinal de contas, se Lucas errou
aqui, como se pode crer em qualquer uma de suas
palavras?
Esses eruditos criticavam a palavra procônsul, usada
nesta passagem. Afirmavam que as províncias roma­
nas se dividiam em duas classes, sendo a primeira
Imperial e a segunda, Senatorial. Explicavam ainda que
o líder da classe de província Imperial era chamado de
propraetor, enquanto o líder da classe Senatorial era
chamado de procônsul. O problema, conforme os
críticos, era que Chipre, onde os eventos de Atos
13:6-7 ocorreram, era uma província imperial. Por­
tanto, deveria ter um propraetor e não um procônsul a
administrá-la. Assim, Lucas estava errado, e o resto
de seus escritos, portanto, era suspeito.
Para muitos críticos a questão estava solucionada, e
204 A Universidade da Palavra
assim foi por muitos anos. Todavia, arqueólogos
finalmente resolveram a questão de uma vez por
todas. Eles descobriram evidências históricas que
mostram que, na época do escrito de Lucas, Roma
havia emitido um decreto que autorizara a mudança
de Chipre de província Imperial para Senatorial. Dessa
forma, Lucas estava plenamente certo ao dizer que o
governante era um procônsul. Mais tarde, arqueólogos
descobriram mais uma evidência — uma moeda da­
quela época, inscrita com o nome de Sérgio Paulo,
provando que ele era o procônsul da província.
Outro testemunho que sustenta a precisão histórica
da Bíblia, inclui a descoberta dos hieróglifos hititas.
Um século atrás, os críticos riam das referências
bíblicas ao assim-chamado povo hitita, ou heteus,
mencionado em passagens como Gênesis 25:9; 26:34;
e Êxodo 23:28. “Se esse povo existiu no passado”,
perguntavam os críticos, “por que não há nenhum
vestígio de suas cidades?” Porém, no início deste
século arqueólogos descobriram os impressionantes
hieróglifos hititas na cidade de Boghatz-Keui, no
Oriente Médio. Mais tarde foi escavada uma cidade
hitita inteira.
Semelhantemente, há um século os críticos alega­
vam que Moisés não poderia ter escrito os cinco
primeiros livros da Bíblia porque na sua época não
existia escrita. Então, em 1887, o erudito Petri desco­
briu os tabletes do Tel-El-Armarna, no norte do
Egito. Entre esses tabletes havia cartas escritas por
pessoas que viveram muito tempo antes de Moisés.
Ficou claramente estabelecido o fato de que alguém
que vivesse no tempo de Moisés poderia, facilmente,
possuir habilidades de escrita. Mais uma vez, o que
antes era considerado evidência indestrutível contra
certas passagens da Bíblia, foi refutado com o passar
dos anos.
Eterna e Verdadeira 205
EXATIDÃO CIENTÍFICA
O peso da precisão científica é outra base para
nossa confiança na autoridade da Palavra de Deus.
Uma vez que a Bíblia não foi projetada por Deus
para servir de periódico sobre ciência moderna, falta-
-lhe a linguagem científica. Ela contém, porém, fatos
científicos em todos os trechos. Quatro exemplos
desses fatos científicos vêm-me à mente.
Primeiro, a existência da gravidade. Há mais de três
mil anos o patriarca Jó disse a respeito de Deus: “Ele
estende o norte sobre o vazio e faz pairar a terra sobre
o nada” (Jó 26:7). Embora não contenha detalhes
científicos, certamente esta descrição da “gravidade”
é mais inteligível do que qualquer outro escrito da
época de Jó. Considere, por exemplo, a explicação
hindu: “Milhões e milhões de ciclos atrás, este mundo
veio à existência. Foi feito como um plano triangular,
com altas colinas e montanhas, e grandes águas.
Existe em vários segmentos, e a massa toda é sustenta­
da sobre cabeças de elefantes, com as caudas para
cima e os pés descansando sobre a carapaça de uma
imensa tartaruga, e a tartaruga sobre uma grande
serpente enrolada; e quando os elefantes se balança­
vam, faziam a terra tremer.”
O registro chinês relata, semelhantemente, o “ridí­
culo científico”. Seus escritos antigos contam que seu
deus, Pwangu, esculpiu os céus em granito. Os
egípcios, por outro lado, ensinavam que o homem
provinha do lodo do rio Nilo, e que a terra era
produto de um grande ovo alado.
Segundo, o formato da terra. Mais de vinte séculos
antes de Colombo, em 1492, provar que a terra era
uma “esfera”, o profeta Isaías — que viveu aproxima­
damente em 760 a.C. — escreveu: “Ele [Deus] é o que
está assentado sobre a redondeza da terra, cujos
moradores são como gafanhotos” (Isaías 40:22).
206 A Universidade da Palavra
Duas palavras do registro de Isaías merecem aten­
ção especial — sobre e redondeza. Isaías está dizendo
que Deus se senta “acima” da terra, olhando-a abaixo
como uma esfera. Uma idéia incrível, considerando-
se que Isaías escreveu estas palavras mais de vinte e
dois séculos antes de Colombo descobrir a América!
Terceiro, o número das estrelas. O profeta Jeremias
escreveu: “Como não se pode contar o exército dos
céus, nem medir-se a areia do mar” (Jeremias
33:22a). Sob a inspiração divina, Jeremias escreveu
que as estrelas eram tão numerosas que a mente
humana não poderia contá-las. É interessante notar
que cientistas famosos de gerações antigas, tais como
Ptolomeu, Brahe e Kepler, tentaram contar as estre­
las. Ptolomeu contou 1.056. Tyco Brahe disse que o
número era 777. Kepler declarou serem 1.005. Hoje,
porém, os cientistas sabem que o número delas vai
além da capacidade de imaginação da maioria das
mentes. De fato, os astrônomos agora calculam que
haja mais de 100 milhões de galáxias — nossa galáxia,
a Via-láctea, é apenas uma delas — cada uma com
cerca de 300 bilhões de estrelas. Muitos cientistas ainda
alegam que nas fronteiras mais distantes do universo
estão sendo criadas novas galáxias, afastando-se de
nós à velocidade da luz que, impressionantemente,
significa que a luz delas nunca poderá nos alcançar,
dé modo que não temos a menor idéia de quantas
sejam. De fato — “não se pode contar o exército dos
céus!”
Finalmente, a inteligência do Senhor. Os homens
podem não saber o número exato das estrelas, mas
Deus sabe. O salmista diz: “[Deus] conta o número
das estrelas, chamando-as todas pelos seus nomes”
(Salmo 147:4). Alguns astrônomos calculam que o
número de estrelas no espaço conhecido é de quaren­
ta sextilhões — isto é, o número quarenta seguido de
Eterna e Verdadeira 207
vinte e um zeros. Imagine, se Deus nos fornecesse
uma lista com o nome de cada estrela, com uma
simples descrição de cada uma, com vinte ou trinta
palavras, incluindo sua localização, seriam precisos
oitenta quatrilhões de livros do tamanho do Dicioná­
rio de Webster (que contém 500.000 verbetes), ape­
nas para os nomes e descrições. Isso significa que,
cada pessoa na terra iria precisar de cerca de vinte
enormes bibliotecas, contendo cada uma um milhão
de livros do tamanho do Dicionário de Webster. E
esses livros só incluiríam os nomes e localização das
estrelas. Calcule isso! A terra seria literalmente cober­
ta de bibliotecas.
O Milagre de Moisés
Nosso argumento a favor da exatidão da Bíblia é
ainda mais fortalecido pelas palavras iniciais de Gêne­
sis. De acordo com Peter W. Stoner, em seu excelente
livro Science Speaks, sessenta anos atrás havia sérias
discrepâncias entre o relato da criação feito por
Moisés em Gênesis, e as opiniões da ciência, particu­
larmente da astronomia. O autor explica: “O ataque
dos críticos veio sobretudo mediante as ciências, e
muitos jovens perderam a fé porque a Bíblia possuía
sérios erros e, assim, já não era digna de confiança.”
O cientista acrescenta: “Nos últimos sessenta anos,
ocorreram tremendos avanços científicos. Um a um
os pontos de conflito entre a ciência e o relato de
Gênesis foram-se harmonizando. Hoje, o último pon­
to de conflito sério entre as Escrituras e a ciência não
somente foi harmonizado, como os achados da ciência
estão prontos para fornecer tremendas evidências de
que a Bíblia não podia ter sido escrita representando
a educação e cultura daquela época.”
Peter Stoner chega às suas conclusões após um
cuidadoso exame dos treze eventos específicos descri­
208 A Universidade da Palavra
tos no capítulo 1 de Gênesis. Esses eventos, de acordo
com o cientista, concordam em cada detalhe com a
ciência moderna. Ele segue mostrando a impossibili­
dade matemática de tal perfeição de ordem ter-se
originado de algum vivente dos dias de Moisés, a não
ser que tivesse tido assistência sobrenatural.
Os treze passos da criação, avaliados por Peter
Stoner, incluem:
Primeiro, cria-se o universo físico. Gênesis 1:1 diz:
“No princípio criou Deus os céus e a terra.”
Segundo, cria-se a terra. Gênesis 1:2 diz: “A terra,
porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a
face do abismo.”
Terceiro, cria-se a vida mais primitiva. Gênesis 1:2
diz: “E o Espírito de Deus pairava por sobre as
águas.” Acerca da vida mais antiga de nosso planeta, e
do versículo citado por Peter Stoner — o cientista
explica: “Esta cláusula não fazia sentido para mim até
que a American Standard Version, de 1901, trocou a
palavra ‘movia’ por ‘pairava’. Comentando a tradução
com Nathan J. Stone, aprendi que a palavra se
referia, normalmente, a uma pomba chocando seus
ovos, para amadurecer o germe de vida neles, ou à
águia batendo as asas por sobre o ninho, para livrar-
-se de um inimigo e proteger seus filhotes. O sentido
deste versículo parece, pois, ser o seguinte: ‘E o
Espírito de Deus pairava gentilmente sobre a face das
águas, desenvolvendo e protegendo a vida elemen­
tar.’ ”
Quatro, cria-se a luz. Gênesis 1:3, diz: “Disse Deus:
Haja luz; e houve luz.”
Quinto, a terra se esfria. Gênesis 1:7 explica: “Fez,
pois, Deus o firmamento, e separação entre as águas
debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamen­
to. E assim se fez.” Peter Stoner explica que a palavra
firmamento é melhor traduzida por “espaço”. Assim, o
Eterna e Verdadeira 209
versículo significa que havia depósitos de água sobre a
terra, então uma distância, ou “espaço” de ar e densas
nuvens acima. Como um planeta se esfria, a Terra
deve ter passado por esse estágio.
Sexto, a terra encontra-se coberta de água. Gênesis 1:9a
diz: “Disse também Deus: Ajuntem-se as águas debai­
xo dos céus num só lugar.. . ”
Sétimo, aparecem os continentes. Gênesis 1:9b diz:
“. . . e apareça a porção seca. E assim se fez.”
Oitavo, a vegetação foi criada. Gênesis 1:11 diz: “E
disse: Produza a terra relva, ervas que dêem semente,
e árvores frutíferas, que dêem fruto segundo a sua
espécie.”
Nono, aparecem pontos no céu nebuloso. Gênesis 1:14-
18 inclui estas palavras: “Disse também Deus: Haja
luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem sepa­
ração entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais,
para estações, para dias e anos . . . Fez Deus os dois
grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o
menor para governar a noite.”
Décimo, os peixes são criados. Gênesis 1:21 diz:
“Criou, pois, Deus os grandes animais marinhos e
todos os seres viventes que rastejam, os quais povoa­
vam as águas.. . ”
Decimo-primeiro, os pássaros são criados. Gênesis
1:21 acrescenta: . e todas as aves, segundo as suas
espécies.”
Décimo-segundo, os mamíferos são criados. Gênesis
1:24 diz: “Disse também Deus: Produza a terra seres
viventes, conforme a sua espécie: animais domésticos,
répteis e animais selváticos, segundo a sua espécie.”
Finalmente, cria-se o homem. Gênesis 1:27 diz:
“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem
de Deus o criou; homem e mulher os criou.”
210 A Universidade da Palavra
Fatores de Probabilidade
O milagre real de Gênesis, capítulo 1, é o alistamen­
to dos treze eventos, que, conforme Peter Stoner,
aparecem exatamente na ordem geológica atual.
Stoner pergunta: “Devemos, portanto, perguntar de
que fonte Moisés conseguiu esta ordem?” O cientista
responde com estas cinco possibilidades:
Primeiro, a informação veio das escolas do Egito
onde Moisés estudou.
Segundo, Moisés não escreveu Gênesis; foi escrito
muito depois, talvez durante o período babilônico.
Terceiro, o escritor de Gênesis inventou a história,
ou criou-a como fruto de raciocínio.
Quinto, veio por inspiração divina.
Peter Stoner não somente refuta claramente as três
primeiras possibilidades, mas ressalta particularmen­
te a absoluta improbabilidade de Moisés ter inventado
a história, ou de criá-la por via de raciocínio.1 O
astrônomo indica que, à luz da época em que Moisés
viveu, e da mitologia que ele aprendeu, suas chances
de conjecturar esta ordem precisa seriam algo como
um em 31.135.104.000.000.000.000.000.
Para ilustrar esta possibilidade, o professor Stoner
pede ao leitor que imagine que foram impressos
alguns bilhetes de tal modo que poderia ser feita uma
extração especial. A fím de imprimir bilhetes suficien­
tes para essa extração — uma quantidade igual à
mencionada acima — oito milhões de impressoras, cada
uma capaz de imprimir dois mil bilhetes por minuto,
teriam de trabalhar vinte e quatro horas por dia,
durante cinco milhões de anos.
Então, antes da extração, um bilhete seria marcado,
e todos seriam misturados.
Tendo em vista que algum recipiente seria necessá­
rio para misturar os bilhetes, teria de ser construída
uma enorme caixa. De acordo com o professor
Eterna e Verdadeira 211
Stoner, se os bilhetes tivessem cerca de 3 centímetros
quadrados, e fossem impressos num papel de tal
espessura que cem bilhetes tivessem a altura de 2,5
centímetros, os bilhetes cobriríam todo o território
dos Estados Unidos, com a altura de 1.600 metros.
Não se esqueça de que só um bilhete seria marcado.
Esse bilhete podería estar em qualquer lugar e a
qualquer altura de todo o território dos Estados
Unidos.
Ora, imagine Moisés de olhos vendados, lançado de
um pára-quedas, em algum lugar sobre a massa de
bilhetes, do tamanho dos Estados Unidos. Ele aterra
sobre uma pilha de bilhetes da altura de 1.600 metros
em qualquer lugar, vai cavoucando, e lhe é dada só
uma chance de pegar o único bilhete marcado.
Peter Stoner conclui esta ilustração: “Ora, é razoá­
vel dizer que pensamos que Moisés aproveitou a
chance e acertou? Certamente isso é um absurdo.”
EXATIDÃO PROFÉTICA
Uma área final, digna de consideração, é a exatidão
profética da Bíblia. Em numerosas ocasiões os escrito­
res bíblicos predisseram eventos, com precisão, cente­
nas de anos antes de sua ocorrência.
Zacarias, por exemplo, predisse que o Messias
entraria em Jerusalém montado num u-mento, predi-
ção feita cerca de quinhentos anos antes de seu
cumprimento. Chegar num jumento pode não ser
importante, até que compreendamos que o Messias
seria um rei. Certamente, deveria ser preparada uma
cerimônia de coroação mais gloriosa. A profecia de
Zacarias diz: “Alegra-te muito, ó Filha de Sião; exulta,
ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e
salvador, humilde, montado em jumento” (Zacarias
9:9). O registro do cumprimento da profecia está em
Lucas 19:35-37.
212 A Universidade da Palavra
Zacarias predisse, depois, que o Messias seria traído
por trinta peças de prata, um evento neotestamentá-
rio descrito por Mateus, em 26:15. Zacarias 11:12 diz:
“Eu lhes disse: Se parece bem, dai-me o meu salário; e
se não, deixai-o. Pesaram, pois, por meu salário trinta
moedas de prata.” Repito, a profecia foi feita qui­
nhentos anos antes de seu cumprimento.
Note nos Salmos a predição acerca da maneira
como o Messias havería de morrer. O salmista escre­
veu: “Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me
rodeia; traspassaram-me as mãos e os pés... Repar­
tem entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica
deitam sortes” (Salmo 22:16-18). Esses pensamentos
detalhados foram escritos aproximadamente mil anos
antes do evento, um fato especialmente significativo,
quando consideramos que a “crucificação”, como um
meio de punição capital, ainda estava séculos longe de
seu uso.
ETERNA E VERDADEIRA
A Bíblia, de fato, é um livro de autoridade espanto­
sa, e tem sobrevivido a séculos de ataque. Thomas
Payne vangloriu-se certa vez: “Em cinqüenta anos não
restará uma única Bíblia nos Estados Unidos. Com
meu machado cortei todas as árvores dela.” Thomas
Payne morreu pouco tempo depois de fazer esta
declaração — em 1809. Hoje, milhões e milhões de
Bíblias continuam a ser publicadas anualmente em
todo o mundo. Infiéis e céticos têm sido incapazes de
destruir este livro sobrenatural porque ele é eterna­
mente vivo. É um livro que transforma vidas; é eterno
e verdadeiro.
Seu poder, entretanto, é reservado apenas para
aqueles que o lêem e o aplicam. Woodrow Wilson
disse: “Um homem se priva do melhor que há no
mundo quando deixa de ler a Bíblia.”
Eterna e Verdadeira 213
Tendo em vista que nosso estudo está chegando à
sua conclusão, a verdadeira natureza do curso está
prestes a começar. É hora de considerar um compro­
misso renovado para um encontro devocional diário
com Deus. Nossa comunicação com ele, chamada
oração, ligada à comunicação de Deus conosco, atra­
vés da leitura de sua Palavra, guia-nos à maturidade e
ao poder espiritual. Mas esse poder significa pouco,
se não for aplicado. E. M. Bounds escreveu: “As
promessas de Deus, como gigantescos cadáveres sem
vida jazem apenas para a corrupção e o pó, a menos
que os homens se apropriem delas mediante oração
sincera e prevalecente.” Para o leitor que está disposto
a separar mesmo o mínimo de tempo diariamente
para crescer em Deus, os conceitos emitidos no
capítulo final deste livro irão levá-lo a um rico prazer
no viver cristão saturado pela Palavra.
O PRINCÍPIO DA PALAVRA
O conteúdo deste capítulo pode ser resumido em
um simples princípio de vida abundante:
Só posso achar o propósito supremo da vida ao
aprender os elementos essenciais de um encontro
diário, cuidadoso e consistente com a Palavra de Deus.
Devo viver na Palavra, porque nela está a confiança e
a coragem para vencer toda dúvida e temor. Devo
ponderar suas páginas, praticar seus preceitos e
conhecer seu Autor. Portanto, resolvo escolher este
curso de ação e, no poder de Deus, considero-o
concluído.
TEXTO BÍBLICO PARA MEMORIZAÇÃO
DO PRINCÍPIO DA PALAVRA
A passagem a seguir foi escolhida como o ponto
focal do PRINCÍPIO DA PALAVRA. Seria bom você
memorizá-la:
214 A Universidade da Palavra
Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para
o ensino, para a repreensão, para a correção,
para a educação na justiça, a fim de que o
homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
habilitado para toda boa obra (2 Timóteo 3:16-
17).
PASSAGENS DE APOIO PARA
O PRINCÍPIO DA PALAVRA
Eis, a seguir, os versículos de apoio para o PRIN­
CIPIO DA PALAVRA:
Levítico 26:3-4 Josué 1:7-8
Números 23:19 2 Samuel 22:31
Deuteronômio 6:24 Salmo 1:1-2
Salmo 12:6-8 Isaías 55:11
Salmo 19:7-10 Jeremias 15:15-16
Salmo 119:11 Jeremias 23:29
Salmo 119:41-48 Ezequiel 3:1-3
Salmo 138:1-2 João 8:31
Provérbios 3:1-2 Romanos 10:17
Isaías 34:16-17 1 Tessalonicenses 2:13
Isaías 40:6-8 Hebreus 4:2, 12
Isaías 46:8-11 2 Pedro 1:19-21

1 As credenciais do Professor Stoner incluem: chefe do Departamento de


Matemática e Astronomia no Pasadena City College, Pasadena, Califórnia;
chefe da Divisão de Ciências do Westmont College, Montecito, Califórnia.
Eruditos respeitáveis declaram que as análises matemáticas dele, baseadas
nos princípios da probabilidade, são totalmente corretas.

\
Capítulo 13

O Começo

George Washington Carver foi um brilhante cien­


tista que, durante anos, incentivou o povo negro do
Sul dos Estados Unidos a plantar outros grãos, além
de algodão. Sua preocupação era que se o algodão
falhasse, tudo estaria perdido.
Carver, finalmente, persuadiu muitos fazendeiros
negros a plantarem amendoim. Porém, eles consegui­
ram tanto amendoim que não sabiam o que fazer com
ele. Assim, Carver orou pedindo auxílio, e Deus
enviou muitas respostas. O cientista negro descohriu
como fazer remédio, óleo, tinta, verniz, e muitos
outros produtos de amendoim.
Certo dia, Carver foi convidado a testemunhar
perante um comitê senatorial, como um tributo aos
seus sucessos.
“Dr. Carver”, perguntou um dos senadores, “como
o senhor aprendeu essas coisas?”
Carver, com um sorriso, respondeu: “Em um livro
muito velho, senhor.”
O senador indagou: “Que livro, Dr. Carver?”
Sem o menor constrangimento, o cientista negro
respondeu: “A Bíblia, senhor.”
Um tanto atônito, o senador perguntou: “A Bíblia
fala sobre amendoins?”
“Não”, respondeu o Dr. Carver, “mas ela fala sobre
o Deus que fez o amendoim. Daí, eu pedi a ele que me
216 A Universidade da Palavra
mostrasse o que fazer com esses amendoins, e ele
respondeu.”
George Washington Carver fez uma descoberta. O
Deus da Bíblia é o Deus das soluções. Deus tem a resposta
para qualquer problema que a humanidade encontre.
No entanto, essas soluções só podem ser descober­
tas em sua Palavra. Webster define descoberta como a
obtenção, pela primeira vez, da visão ou conhecimen­
to de uma coisa já existente.
Para aqueles que almejam seriamente descobrir o
poder de Deus contido nas páginas de sua Palavra,
este capítulo final, prático, será especialmente útil.
Tendo em vista que ele inclui um bom número de
detalhes acerca da aplicação diária dos princípios
precedentes, é bom ler este capítulo várias vezes, em
espírito de oração.
COMO FAZER REFERÊNCIAS CRUZADAS
EM SUA BÍBLIA
Talvez você já tenha ouvido seu pastor ou algum
outro professor de Bíblia citar uma passagem bíblica
significativa que você não quer esquecer, mas você
sabia que, ainda que a sublinhasse ou marcasse,
provavelmente não se lembraria de onde procurá-la,
mais tarde, quando necessitasse dela. Um aspecto
vital da UNIVERSIDADE DA PALAVRA é um
plano para fazer referências cruzadas em sua Bíblia
(baseado nos doze temas dos princípios-chave), para
ajudá-lo a manter o bom ensino que recebeu.
Basicamente, fazer referências cruzadas em sua
Bíblia significa usar um sistema que o ajude a
determinar que versículos, em sua Bíblia, enfatizam o
mesmo tema. Por exemplo, veja a relação que há
entre o versículo-chave de memorização para o
PRINCÍPIO DA PALAVRA — 2 Timóteo 3:16-17 —
e uma das passagens bíblicas na lista de apoio para
0 Começo 217
aquele princípio — 2 Pedro 1:19-21.
Para fazer referências cruzadas destas passagens,
escrevemos a referência do primeiro versículo à
margem ao lado do segundo, e vice-versa. Portanto,
sempre que você ler 2 Timóteo 3:16-17 saberá
imediatamente que 2 Pedro 1:19-21 se relaciona com
esse texto.
Além disso, ao usar os doze temas principais, e os
muitos subtemas esboçados neste livro, você apren­
derá a fazer isto com grande alegria e facilidade.
Portanto, uma vez entendido o conceito, você se verá,
constantemente, fazendo referências cruzadas em sua
Bíblia, sem distração, mesmo quando estiver ouvindo
seu pastor ou outros professores.
A GUERRA DA PALAVRA
É interessante que, mesmo quando nos divertimos
ao crescer na Palavra de Deus, também nos prepara­
mos para a guerra espiritual e nela nos engajamos.
Quando Paulo falou acerca de vestir toda a armadura
de Deus (veja Efésios 6:10-20), ele descreveu numero­
sos aspectos da armadura, necessários para nossa
guerra. Porém, só um elemento da armadura é uma
verdadeira arma. É a “espada do Espírito”, que é a
Palavra de Deus. Dessa forma, “a guerra da Palavra” é
absolutamente vital se desejamos vencer Satanás e
derrubar suas fortalezas.
As sugestões a seguir são oferecidas para ajudá-lo a
entrar num compromisso de um pacto de vinte e um
dias. Dará a você um plano para a “guerra da
Palavra”, que poderá afetar cada dia de sua vida
daqui para a frente. Selecionamos vinte e um dias
porque os psicólogos explicam que, para formar um
hábito, exigem-se aproximadamente vinte e uma
experiências similares e consecutivas. O seu alvo é
formar um hábito diário de passar tempo em oração
218 A Universidade da Palavra
com a Palavra de Deus, lendo a Bíblia toda uma vez
por ano, junto com a oração diária.
COMO COMEÇAR
1. Primeiro, separe vários minutos diariamente, du­
rante as próximas semanas, para ler vários dos doze
princípios de vida abundante e suas “passagens-chave
de memorização”. Talvez você queira fazer isto antes
de começar o dia e antes de se deitar. Para conseguir
o máximo impacto, leia-os em voz alta. Comece agora,
separando um tempo para ler em voz alta o princípio
de vida abundante no final de cada capítulo deste
livro. Isso tomará apenas cinco ou seis minutos de seu
tempo.
2. A seguir, separe vinte a trinta minutos dentro
das próximas vinte e quatro a quarenta e oito horas,
para escrever os temas principais de cada princípio, e
as referências de suas “passagens-chave de memoriza­
ção” em uma folha em branco, na frente ou no fim de
sua Bíblia. Exemplo:
1. O Princípio do Respeito (Marcos 12:29-31), etc.
Se você üver espaço, escreva toda a passagem para
memorização, para cada tema, abaixo de seu respecti­
vo título. Talvez você deseje arrolar vários subtemas
proeminentes, relacionados ao tema principal, para
futura referência, quando você preparar as referên­
cias cruzadas em sua Bíblia por sua própria conta.
Você saberá exatamente aonde ir quando tentar
lembrar-se dos subtemas que se relacionam com um
tema principal. (Uma lista completa de subtemas
aparece nas páginas 224 a 228.)
3. Terceiro, localize em sua Bíblia cada passagem-
-chave para memorização e, usando uma caneta colorida
(com ponta fina ou média) faça um quadrado ao
redor da passagem toda. (Uma caneta hidrográfica
leve não irá aparecer no outro lado da página.)
0 Começo 219
Depois, sublinhe uma, duas ou mais frases-chave na
passagem que se relaciona com o tema. (Veja a
ilustração.) No alto da mesma página, anote o fato de
que há uma passagem-chave naquela página. Aten­
ção, isto é especialmente importante — não se apresse
a cumprir estas tarefas. Dez a quinze minutos diários,
cada noite durante as próximas três semanas, dar-lhe-
-ão o tempo suficiente para terminá-las todas.

2 TIMÓTEO 3, 4 Princípio 12:


Passagem-chave
2 Timóteo 3:16-17

Principio 12 15 E que desde a infância sabes as sagradas


Passagem-chave letras que podem tom ar-te sábio para a salvação
pela fé em Cristo Jesus_____________________
16 Toda Escritura é inspirada por Deus e útil
2 P ed ro 1:19-21 para o ensino, para a repreensão, para a correção,
Isaias 34:16-17 para a educação na justiça,
Isaias 40:6-8 17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
Isaias 46:8-11 perfeitamente habilitado para toda boa obra.
Jerem ias 23:29
Salmo 1:1-2 A fidelidade e o zelo na pregação
Salmo 12:6-8
Salmo 19:7-10
Salmo 119:11 Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus
Salmo 119:41-48
Salmo 138:1-2
Provérbios 3:1-2
4 que há de julgar vivos e mortos, pela sua
manifestação e pelo seu reino:________________
H ebreus 4:2, 12 2 prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer
não, corrige, repreende, exorta com toda a longani-
midade e doutrina.

4. Quarto, ao lado de cada passagem-chave de


memorização, ou na margem inferior da página,
escreva todas as referências dos versículos de apoio
para aquele princípio (arroladas no final de cada
220 A Universidade da Palavra
capítulo). Lembre-se, esses versículos se relacionam
com o tema principal. Você também poderá acrescen­
tar outros versículos relacionados com o princípio,
além dos que estão em nossas listas. Em alguns casos,
versículos mencionados no capítulo podem não ter
sido incluídos na lista de versículos de apoio para o
princípio. Passando cuidadosamente pelos capítulos
do livro, você poderá descobrir versículos adicionais
para a lista de cada princípio.
Finalmente, talvez você queira memorizar pelo
menos os temas principais e as referências das passa-
gens-chave de memorização (doze ao todo). Isto irá
ajudá-lo a saber onde acrescentar novas referências
relativas ao tema. Por exemplo, se o seu pastor cita
um versículo particularmente estimulante sobre o
poder da Palavra de Deus, você saberia, no exato
momento, que teria de ir a 2 Timóteo 3:16 e
acrescentar a referência daquele versículo à sua lista.
Mesmo que você não memorize os temas principais,
você pode, é claro, voltar à parte da frente ou de trás
de sua Bíblia onde arrolou os vários temas principais,
conforme sugeri no item 2 desta lista.
5. Quinto, comece a localizar todas as passagens de
apoio para cada princípio, e sublinhe frases-chave
que se relacionam com o princípio. Siga as sugestões
oferecidas no final de cada capítulo deste livro.
Talvez você queira traçar um quadrado ao redor de
cada versículo de apoio, como você fez com a passa-
gem-chave. E lembre-se de escrever o número do
princípio em um círculo ao lado de cada versículo, à
margem de sua Bíblia.
Você deve completar pelo menos um princípio
cada dois dias, gastando aproximadamente dez a
vinte minutos por dia. É claro, você pode gastar mais
tempo, talvez uma hora ou duas, ou mais, durante um
dos três sábados do período de vinte e um dias. Isto
0 Começo 221
irá ajudá-lo a completar estes passos mais rapidamen­
te. Lembre-se de que as várias passagens de apoio,
que concluem cada capítulo, têm o objetivo de ofere­
cer uma visão geral básica dos tipos de versículos que
se relacionam a um tema específico. Quando você
começar uma leitura sistemática, e marcar toda a sua
Bíblia, talvez seja útil voltar e rever quatro ou cinco
versículos para cada princípio, além da lista de
subtemas que aparece mais adiante neste capítulo.
6. Sexto, para aqueles que querem desenvolver um
sistema de cores para os doze princípios, tenho duas
sugestões. Exponho este sexto passo com riqueza de
detalhes, para que você não cometa alguns dos erros
que cometi no passado.
Primeiro, você poderá usar doze lápis de cores
diferentes para sombrear apenas as palavras ou frases,
em um versículo, que se relacionem com um princípio
específico. Usar este método desde o princípio é
especialmente benéfico, visto que algumas referências
podem-se relacionar com dois, três, ou até quatro
princípios diferentes, fato que você perceberá melhor
quando crescer na compreensão de como funciona
este método de ler a Bíblia.
No início de sua marcação, porém, concentre-se em
usar apenas a cor que se relaciona a um princípio
específico. Mais tarde, quando você fizer isto em toda
a Bíblia, verá mais claramente como os vários temas
podem estar incluídos na mesma referência.
O segundo método de sombrear envolve um siste­
ma colorido de códigos, que sombreiam toda uma
passagem ou versículo relacionado ao princípio. Por
exemplo, se o azul for escolhido para O PRINCÍPIO
DA PALAVRA, toda a área dentro do quadrado,
conforme a ilustração da página 219, deve ser leve­
mente sombreada em azul.
Quando comecei a desenvolver um sistema colori­
222 A Universidade da Palavra
do de código, tive dificuldade em achar doze lápis de
cor que funcionassem bem. Seguindo a sugestão do
participante de um seminário, e depois de muita
experiência, descobri que doze lápis coloridos, cuida­
dosamente selecionados, quando adequadamente uti­
lizados, funcionam melhor. Uso adequado significa
sombrear levemente a área, e não colori-la fortemen­
te com o lápis.
À medida que continuei experimentando, descobri
que algumas das cores na caixa de creions não
funcionavam bem. Finalmente, descobri que doze
cores específicas da caixa de creion de 64 cores davam
os melhores resultados. Embora algumas das cores na
lista abaixo pareçam semelhantes, são significativa­
mente diferentes quando usadas para sombrear.
Certifique-se de usar as cores na ordem arrolada,
evitando usar cores semelhantes quando dois ou mais
temas aparecerem no mesmo versículo.
As cores seguintes são sugeridas para os doze
princípios respectivos:
1. Azul 6. Alaranjado 10. Amarelo
2. Marrom 7. Verde 11. Verde azulado
3. Violeta 8. Mogno 12. Violeta-azulado
4. Azul-celeste 9. Vermelho
5. Verde-oliva

Tendo em vista que alguns versículos dentro da


caixa irão relacionar-se com mais de um princípio,
recomendo-lhe esperar para sombrear até que todos
os textos para decorar e seus versículos de apoio
estejam dentro de caixa ou sublinhados para todos os
doze princípios. Então, quando você começar o estu­
do sistemático da Bíblia toda, o sistema de cores
poderá ser adicionado. A esta altura você irá saber
0 Começo 223
como os vários temas se aplicam aos versículos simila­
res e como sombrear de acordo.
7. Sétimo, depois de marcar as passagens de apoio
recomendadas, na sua Bíblia, mas antes de usar este
método para marcar toda a sua Bíblia, você poderá
tentar marcar (traçando uma caixa em torno do
versículo) um livro inteiro da Bíblia, como os Salmos,
por exemplo, com seus capítulos relativamente curtos
e passagens fáceis de entender. Isto irá ajudá-lo a
familiarizar-se com muitos dos subtemas relacionados
a cada princípio.
Depois de terminar Salmos, você poderá marcar
Provérbios. Depois, poderá começar a ler e a marcar
toda a sua Bíblia. Descobri que ouvir fitas cassetes da
Bíblia é bastante útil. Enquanto ouço, posso ler e
rotular versículos, parando o toca-fita sempre que
necessário. Para informações sobre cassetes da Bíblia
toda, procure as livrarias evangélicas ou escreva para
a Sociedade Bíblica.
8. Após ter completado a marcação dos doze prin­
cípios e seus versículos de apoio, chegou a hora de
começar a estudar a Bíblia, de capa a capa, usando
estes conceitos. Descobri que uma poderosa ajuda
neste passo é o uso de um guia devocional.
9. Finalmente, à medida que você for lendo siste­
maticamente toda a Bíblia, sublinhe e rotule os
versículos que se relacionam com cada um dos doze
princípios. Não espere que cada versículo se aplique a
um único princípio. E não se torne escravo deste ou
de qualquer outro sistema. Melhore-o à medida que
você for trabalhando. Aprendi a rotular os versículos
com o sistema numérico mesmo quando ouvindo as
fitas, normalmente sem ter de parar o gravador para
fazê-lo. Em outras palavras, a manutenção deste
sistema não requer uma quantidade enorme de
tempo, mesmo que você não use o sistema de cores ao
224 A Universidade da Palavra
ler a Bíblia. Sombrear os versículos poderá acrescen­
tar um tempo considerável ao seu hábito devocional,
mas o resultado final será uma Bíblia que mostra
instantaneamente todos os versículos relacionados a
um tema específico.
SUBTEMAS DOS PRINCÍPIOS
Muitos subtemas se relacionáfn-a cada princípio de
vida abundante. A lista seguinte de subtemas irá
ajudá-lo a compreender onde classificar passagens
bíblicas que, à primeira vista, parecem não se referir a
nenhum grande princípio. Tenha em mente que esta
lista não é completa. Sem dúvida, você pensará em
seus próprios subtemas.
Como sugeri antes, para ajudá-lo a lembrar-se
desses subtemas em sua leitura sistemática da Bíblia,
você poderá arrolar cinco ou seis deles sob seus
respectivos temas principais na frente ou no fim de
sua Bíblia.
Lembre-se, quando começar a marcar a Bíblia,
vários versículos podem ser apropriados para mais de
um princípio, e devem ser rotulados de acordo. Os
subtemas em potencial incluem:
1. Subtemas do Princípio do Respeito
Versículos que se relacionam com o PRINCÍPIO
DO RESPEITO incluem aqueles que enfatizam o
temor de Deus; fé em Deus; auto-respeito; auto-
-imagem; humildade; versículos sobre a existência de
Deus; respeito pelo próximo; versículos sobre rebe­
lião — que mostram o oposto do respeito; versículos
sobre o respeito; versículos sobre o respeito às leis e
governantes; versículos sobre a criação de Deus e
outros que possam ser usados no estudo de apologéti-
ca (estudo de conceitos que proporcionam uma defe­
sa da realidade de Deus.)
0 Começo 225
2. Subtemas do Princípio da Confiança
Este tema principal inclui todos os versículos que
descrevem a natureza de Deus, isto é, sua onipotência
(poder total); sua onisciência (conhecimento total); e
sua onipresença (a capacidade de estar em todos os
lugares ao mesmo tempo). Este tema também inclui
versículos que se relacionam com a habilidade divina
de prover às necessidades humanas (saúde, força,
coragem, etc.), conforme os nomes de Deus sugerem;
versículos que focalizam a confiança em Deus, os
cuidados de Deus, e qualquer versículo que mostre o
desejo geral de Deus em prover para seus filhos.
Tendo em vista que Deus ordenou aos anjos que
ministrem em seu nome, todos os versículos relativos
a eles podem aparecer sob este tema.
3. Subtemas do Princípio do Viver Santo
Os versículos que apóiam este tema central do
Viver Santo incluem todas as referências que se
relacionem com a vida de Jesus Cristo, incluindo os
versículos proféticos do Antigo Testamento que pre­
dizem sua primeira vinda, e versículos sobre sua vida,
milagres e ensinos. Também inclui versículos sobre
salvação e vida santificada, tais como versículos sobre
vencer o pecado, andar na retidão, e viver retamente
em Jesus. Semelhantemente, estão incluídos versícu­
los que falam sobre como vencer a tentação, receber
libertação de Satanás, e alcançar vitória sobre o
pecado, bem como versículos sobre o poder do
sangue de Cristo.
4. Subtemas do Princípio de Produzir Fruto
Este tema principal inclui todos os versículos, do
Antigo e Novo Testamento, relacionados ao Espírito
Santo; os dons do Espírito Santo; o fruto do Espírito
Santo; o fruto do Espírito (Tais como amor, alegria,
paz, etc.); todos os versículos relacionados com a
226 A Universidade da Palavra
produção de fruto espiritual como resultado da ação
do Espírito Santo em nós; versículos relacionados ao
caminhar no Espírito; alegria e felicidade que vêm do
andar no Espírito; e desenvolver de talentos como
resultado da obra do Espírito Santo em nós. Tendo
em vista que o crescimento também resulta de mode­
ração e equilíbrio em nossos*desejos, versículos que se
relacionem com o respeito físico e o cuidado de
nossos corpos também podem ser incluídos aqui.
5. Subtemas do Princípio da Segurança
Subtemas para este princípio incluem todos os
versículos relacionados à fé, i.e., como obter fé,
exemplos de fé, como aumentar nossa fé, e resultados
da fé. Trechos relativos à nossa fé em Deus operando
por nosso intermédio também são incluídos. Versícu­
los relacionados às provações da fé, encontros com o
sofrimento, e como pensar mais positivamente, caem
sob este princípio, bem como versículos relacionados
à vitória sobre inimigos espirituais.
6. Subtemas do Princípio da Expectativa
Subtemas deste princípio incluem todos os versícu­
los acerca de eventos futuros; Segunda Vinda de
Cristo; arrebatamento da Igreja; profecia bíblica;
recompensas eternas; parábolas de Cristo sobre even­
tos futuros; tema de estar ocupado até à volta de Jesus
e versículos relativos à preparação para seu retorno.
7. Subtemas do Princípio da Unidade
Subtemas sob este princípio inclui tudo o que se
relaciona com a Igreja como Corpo de Cristo; relacio­
namentos entre cristãos; a unidade dos crentes;
atitudes entre cristãos; comunhão e comunidade;
fazer as coisas em harmonia; também estão incluídos
versículos sobre divisões no Corpo de Cristo e cismas
a serem evitados.
O Começo 227
8. Subtemas do Princípio da Família
Subtemas que apóiam este princípio incluem assun­
tos bíblicos relacionados ao lar; casamento, o valor
dos filhos; disciplina e ordem no lar; amor no lar;
problemas familiares (tais como divórcio); desenvol­
ver um espírito de retidão no lar; como educar filhos;
e princípios relativos ao namoro e noivado, ou como
achar o parceiro certo.
9. Subtemas do Princípio do Comprometimento
Subtemas relativos a este princípio incluem dar;
mordomia; o Senhorio de Jesus Cristo; negação do
eu; generosidade; dízimo; sábio uso do dinheiro;
investimentos honestos; a mordomia da palavra, dos
talentos e do dinheiro; e a necessidade de afastar-se
dos ídolos que impedem o desenvolvimento espiritual
no dar. Este último subtema mostra como os princí­
pios freqüentemente se sobrepõem, visto que afastar-
-se dos ídolos também se relaciona com o PRINCÍPIO
DO VIVER SANTO.
10. Subtemas do Princípio da Adoração
Sob este tema principal aparecem todos os versícu­
los relacionados com oração; louvor e adoração;
exemplos de oração nas Escrituras; tipos de oração;
versículos relacionados à busca de orientação divina e
a vontade de Deus em oração; e como desenvolver
uma hora devocional.
11. Subtemas do Princípio da Participação
Incluídos neste tema estão subtemas como: evange-
lização mundial; evangelização pessoal; a Grande
Comissão; compartilhar a alegria de Jesus; testemu­
nhar; ganhar os perdidos; serviço espiritual; ensinar
ou pregar o evangelho; esforço ou extensão missioná­
ria; e a oração intercessória à medida que se relaciona
com tal extensão.
228 A Universidade da Palavra
12. Subtemas do Princípio da Palavra
Subtemas relacionados ao PRINCÍPIO DA PALA­
VRA incluem versículos sobre a Bíblia; autoridade da
Bíblia; versículos que se referem especificamente à
“lei do Senhor”; os-“mandamentos do Senhor”, o
“testemunho do Senhor”, versículos que acentuam a
necessidade de ler e estudar a Palavra; e versículos
relativos às “doutrinas” de Deus.
QUANTO AO MAIS, IRMÃOS
Concluindo Paulo suas palavras sobre a guerra
espiritual, aos crentes efésios, disse ele: “Quanto ao
mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu
poder” (Efésios 6:10).
Admoestando Paulo os cristãos a serem “fortaleci­
dos no Senhor”, usou a poderosa palavra grega
endunamoo, que significa “adquirir força espiritual”.
Paulo estava ordenando mesmo que nos entregue­
mos a tudo que for necessário para assegurar o
crescimento espiritual. Ele estava dizendo: “Concen­
trem sua atenção naquilo que os torna fortes —sua
união com Cristo.” Um hábito devocional diário, que
inclui tempo para oração e leitura da Palavra de Deus,
é absolutamente essencial para o desenvolvimento
dessa união.
Porém, amado leitor, esta união não virá sem o
pagamento de um preço, e o preço é compromisso.
Devemos começar, diariamente, a reivindicar as pro­
messas da Palavra de Deus. É tempo, de fato, de
começarmos nossa jornada de alegria no Livro Eter­
no. Este é o momento de começo verdadeiro na
UNIVERSIDADE DA PALAVRA. Juntos, entremos
em um novo pacto ou aliança, não de legalismo, mas
de liberdade disciplinada, que, com o auxílio de Deus,
não nos deixará passar um dia sequer sem gastar
tempo em oração e leitura da Palavra de Deus.
0 Começo 229
Vivamos, amemos, prestemos atenção e apliquemos o
que Deus tem dito em seu Livro sobrenatural. Sua
Palavra será o padrão para nosso desenvolvimento
espiritual, e o fundamento de nossa maturidade
pessoal. Ponderemos suas páginas e pratiquemos seus
preceitos. Permaneçamos no Livro que transborda de
bênçãos divinas!
Amado, eis o caminho;
e agora, seu compromisso...

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