O Seminarista - Rubem Fonseca
O Seminarista - Rubem Fonseca
O Seminarista - Rubem Fonseca
Hl
Ciências.
CAMPINAS
1992
Eles se aproximam
üe no:::;so Jar(Jlm
Plsam as flores,
e na o d1 zemos nada.
MalaKOWSKl
à memória de meus pais
agradecimento.
Brasileira (1964-1984).
análise.
(lesse discurso.
indetel"nnnaçJ.<) e deter·mínaca.o.
RESUME
anal yse.
La troisiême partie étudie d'abord le travail discursif de
P R I H E I R A P A R T E
PREPARANDO A ANÃLISE
1- GUESTiJES PR:ff:VIAS 2
1. !- o TEMA 2
1. 2. o PROBLEMA 2
2- PRIHEIRAS POSIÇtJES 4
2. 1- o MATERIALISMO HISTORICO 5
2. 2- A LI!IGO!STICA 9
2. 3- A TEORIA DO DISCURSO 19
3- GUAJJRO TEôRICO JJE REFERJf:NCIA 21
'!- JJA TEORIA PARA A PRATICA 40
S E G U 11 D A PARTE
A quarta-pessoa na psicanãlíse 79
A quarta-pessoa discursiva 80
VII I
2. 2. 2- A representaç~o gramatical do CONTRARIO !54
T E R C E I R .h P A R T E
IX
2. 2 - o FUNCIONhMENTO DISCURSIVO DA NEGAÇÃO 305
C O N C L U S O E S
O L T I MA S P A L A V R A S 363
B I B L I O G R A F I A 365
X
Mémolre et oubl1 sont 1nd1ssoc1ables
Courtine
Costa e Silva
P RI HE I RA P ARTE
L 1- O TEMA
i. 2. O PROBLEMA
assim sumarizado:
(1) o discurso presidencial da IIIa Repüblica Brasileira é
implica assumir uma posição teórica. É o que faremos nas duas seções
que se seguem.
2- P R I M E I R A S P O S I Ç õ E S
{OSAKABE, op.cit,,p,38),
Jã Para Orlandl. n~o se trata ma1s (le uma teorla llnsüiS'tli!a que
se estenda ao discurso, mas de uma teoria do discurso, Jã que seu
processos de enunciação);
processos· semânticos).
psicanalítica.
2. 1- O MATERIALISMO HISTõRICO
Essa primeira área de conhecimento foi inicialmente concebida
5
ENGELS, p, 21), Assim, a História ~ regis.traf "fatos ativos"
com base no seu "processo real de vida" (Idem, p, 22), deixando de
lado "acões imaginárias de sujeitos imaginados" (Idem, p. 24} para
nos seus modos ·de produção, levando em conta as lutas de classe que
op, c1 t., p. 85), isto é, não são as suas condlcões reais de existência,
ideológicas.
de um individuo solitário, mas reflete uma relação social que tem por
5
as relações prãtlcas que colocam os. 11omens em re1a1;&o entre s.1 c:om a
sujei to.
7
dos AIE e reflete inevitavelmente a luta de classes, trazendo
1nt1mamente ligada à sua produc!lo as marcas de
não reflete a Ideologia, como algo que lhe é exterior, mas a mostra,
8
produz o "desconhecimento de sentidos" através de "processos
constituída.
inscrição.
2.2- A LIHGOISTICA
9
o <lisc.urso manifesta-se materialmente atraves ,1e textos que s&o
10
opera<-1üP P<J<1e ser operadot~ de frase (lingUi::>:tico, portanto) ou de
p. 107).
discursivo SE~ Não l'lá como negar a sobreposição que se opera entre
seus dados., da mesma forma que não e possível 1gnorar a diferença que
11
A AD busca, pois, detectar um conjunto de elementos estruturados
lingüística.
12
elaborada por PêC11eUX(1975), Dele e:z:aminar-em.t)S. I) al:~tlSt) 11 fjt)})l'e (1
adverte que:
examinadas pelo autor: "a vontade do povo" (Idem, p, 76). Para Frege,
demagógico.
pelas representações feitas pelo homem no uso que este faz do léxico
13
Frege, ao excluir a representação de seu obJeto de lnvestlgat;ão,
restringe-se ao estudo do sentido e de sua referência e elege como
o modo como Culioli a trata. Diz o autor que todos somos tomados pela
"llus/io que as palavras designam um senti..<.to, .isto é,
acJ~edl tamos que uma espéc.ie de relaç§o b.iject.iva J.nterl1ga
palavras e sentido, de tal mot1o que palavras- .tnd.tcam um
sentido, s§o 1nd.icadores semâ.nt1cos. Ou seja, as palavras
seriam WJ1dades 1ex1ca.is que nos perm1 t1r1am remetei~ a um
seJJtJ.do • , • Por ceJ~to, n.tlo é exatamente uma 11us.flo, à medida
que podemos traduzJ.r e discutJ.J~ o léxico, que dele podemos
apJ~eende:r as var.1a.ções; mas, apesar de tudo, & uma 11usli.o,
pois esta relaç§o ntto 6 uma relaçlio de indicação" (CULIOLI,
J 990, p. 83).
que "um termo não remete a um sentido, mas remete( ... ) a um domínio
atrair para o seu interior o que com ele se identifica, bem como
15
"A relaç/1o da AD com o texto não é extJ~atr o sentido, mas
apreender sua h.istoJ~J.cldade, o que slgnJ.fJ.ca se colocar no
interior de uma J"elacf1o de confr·onto de sentJ.dos" (ORLANDI,
J 990, p, 35}'
16
discurso); (2) o interlocutor (para quem o discurso é produzido e
como sua presença se materializa na enunciação; {3) a situaç:&o em que
p. ! 5).
sujeito da enunciação.
discurso.
17
A primeira formulação dlscu:rslva de CP de.ve-se a P€:ctJ.eu:z: {19Q9),
imaginãrio social.
discurso.
pontos em comum, no que tange ã relação critica que ambas mantem com
18
fronteiras entre o que E selecionado
2. 3- A TEORIA DO DISCURSO
!9
fora. Conseqüentemente, "a 1 Ingua aparece como a base comUm de
1975, p, 30-1),
1983, p, 25)'
1990b,p. 292),
ela que irá produzir o corpo teórico necessário para que a AD possa
20
ideologias," {COURTINE, 1981,p. 11) Ao considerar a
.
3- G U A D R O T E 6 R I C O D E R E F E R ili R G I A
referencial te6r1co.
21
Uma FD não é atemporal. Ela determina uma regularidade prõ'pria a
processos temporais, estabelece articulação entre di-ferentes séries
delimita uma FD, de tal forma que sua demarcação revela o nível do
de coexistência.
às outras" (Pi':CHEUX & FUCHS, op, cit,p. 11). Esses elementos não são
determinam "o que pode e o que deve ser dito" em uma manifestação
22
discursiva, em uma certa relação de lugares., no interior de um
aparelho ldeolõSico e inscrito em uma rel aç~o de classes.
conseqüentemente, o sentido de uma manifestação discursiva é
decorrente de sua relação com determinada FD. Por outro lado, uma
no interior de cada FD, a qual, por sua vez, está determinada pela FI
de que provém. Esses são os traços que presidem aos processos
interiores ã matriz de sentido de uma FD" {Pi:CHEUX & FUCHS, op. cl t.,
p. 14).
se. Isto significa que o sujeito aceita livremente sua submissão. Ou,
23
interpelação em sujeito relaciona-o com o imaginário, e sua
estruturação como sujeito faz-se através de sua relação com o
do discurso,
24
seu sentido \.iecoPPe das relaçõe;;; que ta1s elemento;:;
relação ao complexo dom1nante das FD que, por sua vez, sao projeções
25
Dentre ta1s trabalhos, destacamos os estudos sobre o
funcionamento discursivo das relativas, encetados por P.Henry (1975),
constl tu.i. é expl.ícl to alhures" (FêCHEUX & FUCHS, s. d., p, 39) (o grif"o
é: nosso).
26
courtine retoma, lf:Ualmente,
da referlda FD.
:E; como elemento do saber próprio a uma FD, ao mesmo tempo que lhe
27
outra forma: o 1ntPad.lscurso 6 o lugar âa da
Na sua concepção, "para que uma série de signos exista é preciso que
28
de SI <.un obJeto que pertenc;e a um domínio Já definido, cu,jas leis ele
as relaç~ões entre o autor e o que ele d1z {ou quis clizer, ou disse
cte posição não deve ser compreen(1i<..1o como um ato original elo suJei to
29
court1ne ( 1951, p, 50-1), retoma 1gualmente a reflexão sobPe o
30
Tudo o que fol exposto a\ C: o presente lTiüment.<:1 per-nu r, e 0.1zer' que
a ordem tio d1scurs1vo representa dou: aspectos complementares: por um
31
(ORLANDI, 1983, p, 143). Ou seja, em tais discurs•;,>s o enunciado exclui
heterogeneidade.
32
l1eterogeneldade constitutiva cont1uz o &.:.uJelto 110 !1lSGUI'SO a um
1984, p, 109-10).
33
Desse modo, o preconstruido, por não ser assertado no discurso
do sujeito, não é por ele assumido, ai encontrando-se como um objeto
ass:ertadas,
34
A isto, que para
entrelaçamento, faz-se mister trabalhar na tensão entre o efeito de
nosso).
Dlto de- outra forma: <tado que uma seqüência discursl.va também pode
35
mater'lalidade lingüística das seqüências Cl1scurs1vas em análise, os
seqüência discursl va, ela sõ pode ser percebida como já-dito pelo
memória âJ.scw~sJ.va.
36
discursiva, ao contrãr>lo 110 modelo cr1omsK1ano~ a atesta•~fi<, cont:.tltll.l
um ponto de partida, não o testemunho de possibilidade de uma frase,
interior do formulãvel;
de enunciados discursivos,
38
Desse modo, a memória discursiva permite reconhecer um
acontecimento dlscursivo, descontinuo e exterior, na continuidade
inter na. Tal e-feito de memória reatualiza a l1eterogeneH1ade de um
cHscursivo,
39
4- DA T E O R I A P A R A A P R Ã T I C A
Tal propósito conduz uma vez mais. ã teorização pois, em AD, não
vez a análise.
nosso corpus,
análises,
40
autor-i tãrlo pt'OdUZldo pelo;; c1nco
periodo, a saber: Castello Branco {CBJ, Costa e Silva (CS), Médici
(M), Geisel (G) e Figueiredo (F). Ou seja, nosso campo discursivo de
41
Cada recorte discursivo será composto por- três seqüências
como:
'forma-su)elto da FD que a:Lt;ta o clJ_ ::::c 11r' s c.> ern dJÜ] _tse '
cl) dO :':~Uli:CltO
pre:~.l<1entes);
43
a) estabelecer relações entre o 1ntrad1scurso e as famílias
análise.
por FD antagônicas;
44
Questões desta ordem estarão em pauta n>) seeunüo çapi\.ulo que
discurso presidencial.
funcionamento.
1ncerto, sempre dificil - de uma flliação que não seJa uma pura e
45
S EGUHDA P ARTE
ao destlnatãrio.
47
Para tanto, ê preciso levar em conta as diferentes vozes que se
trava.
1 -C O N S T R U Ç h O D O S U J E I T O P R E S I D E H C I A L
lugar enunciativo.
1 ugar do outro,
45
que:stót:'S que llle::; e:;tarlam subj~~çentes. Duas l'eü~:r·entes ás 1magens de
"Ouem ;:;ou
"Ouem é
ele Pdl'.a que eu tbe fale a::>S.lll/7"
construção dlscurstva
'I'a1s d.tferent.e~~
4-9
J.ívres, uma Nat;;ão coesa. ( ... 1 (CBl t 1. OJ.L 64-
ele 1 t <) P<~ 1 o Congre ..,-;:so, r). i 1)
Deiendert~.I 0 cwnprJI't'l,_: om l1Cr11ra. lealdade a
Con:c~tJ_t\.lJ<:;-âo elo Bras.tl.
cumpr.1re.1 defendere_; 1;om
det crm.t na.;~1<1, POlS SVJ'C'l escravo das " leis do Pais e
,Dermdneçert~.l em VJ.1Xi ll"-' P<'J.ra que t\Jc\o.s a::~ cd):·;;er'vem ~~om exaçiJ.o
e com zelo. Men G(•verno :~ePá ,) üas le1s ( .. , 1 (GBl - 15. 4:.64-
Posse perante o Conti,'ress') Na.c:tonaJ, p. 12)
CB3 (.. ) TeJllJO a certeza de que a Rev-olução nilo tem receio de
ele.içõe.s e a.s deseJi"J. fJ.rmernen\e. (CB2 - 1:3.02.65 Brasil la,
TV Congresso A;-,:semblel.as LeiXJ:o·.Ja\Jvas E:sta..:lua..l.:~,, p. !:•l
!H - ü m~u Governo J.a 1nl<::1ar-se numa llora dLficJ.l. S'e1 () que sente
e pt."nsa o povo (.,.) com relação ao fato ele que 0 Brasll ;:.unda
;:ont1nua longe (:le ser uma naç§_l) <le::::envolvl(1a., v.tvendo s.on nm
r·er;lfne que não podemos con:::.1derar plenamente democr~~t1co. Nào
pretendo neg,_':\.r \õ.":o>SG\ r·eatJd.::H1e. t·;.:<'l.tamentt:· P<c"':t~<.::p...1e acredito que
existem solu<.."ões para d.S cr ..i.ses que .:1 cr.iaram E t~.:_,·tou
dlsposto a põ-la.G eJn pr~llca 1.. ) {Mi 7. 10.69 TV
lDdlcaçJo à pres1d&nc1a, p. 10-ll)
H2 Neste ~omento, eu soL! d oterla e a aceltacão. N~a $0!1 a
pr·ümes:>:d., Ouero ::~er verditcle e confl.a.nça, :;;..:1~ <;oragt'l\l, a
hunu lda..de, a. unlàü. A (•ferta de meu co:npronn;:;sü ao povo
perante ao congresso de seus rt:~pJ·esentantes, quero-a um ato de
r-cver<tecimento democra:u:co. \111 .30. 10. 69 D1scur·so Qe
f'(,SSE', p. 33)
M3 -- Pl~etendendo deJxar, ,:~~.-' \ót~m.cno de meu per.i.odo govf~rTlamental,
dc-I.iJJi. t 1. vamen te .instaurdda a <iemocracia em nosso Pa.is, quero
delXd.l" l>l~m claro que •) a. .l•:a.nçe desse oJ:•Jt'tlVO deperv1e rmntc.
m,11s d(l;;_; m111 tante:::; 11a p(>ll-t lC<J. part1dâr1a., <:rue C'lO próprlo
Pt'eS.L(\ente <...ia E:epútdJCà, 1111 . _ 20. \1. C'>9 ·· G•~nvenç:ái) AP\:.:na,
[j. 4-b)
F1 - \'
,1JY\e;:: mt.<~mo •.:H: \(JmtH~ P•):s:;e na Pres1\.knç.la ela 1'\t:·públJ.ca. E,
maJ;; qw:; •>:llnpromJ..ssc~ um JUr'dtnentr., que :f.J.z ap6.s a.s:>um1r a
Pr·~~;,~Jd0l!("ld da RepúhllC:d: (iJsse por mais de rmJa vez que J.r.1a
rra.osf!.Jrm.ar esf.e pais numa dcmocrac.ia. (F'1:>4. 10. 79- HG-
.ltd.JUl)cS··Impr·oVlSt..', p, i'l:_',-1;,_)
50
'
'. ' ) nâc) n'e8cdnsare.1 a.t é e:n .ar pl enàmE'tH f:.' a.;;.~;:'-eii;UhJ.du -·· Dt-111
o gozo de todos os d1reJ.tos cio nomem e ao
0
cJdad/íO, .Ul:ê'Cr_ltOS ll,). Ct)J)Stltn1ç,;;\,), (fi'i:' - 1~ ,, 3. 79 - Pa.láC.lO ÜO
PlJGa.lto- Posse,p. 5)
F:;. :;:o l •:l,.lcl<) recebi essa J.ncllcar::ào como uma
m1ssão a curnpru'·.
Can<11 cia to, d_i spo a farda pdra
exercer as a t J v.i daa·es
e.sscnc . i.<Jlmentc cJ:vts âe postulante à snpt't::mct mag.t:~tra.·tura e
tndl:~ t~u'de C<lnf.lo àS d.e Prl.'::Slclente ela F:epúbllca. (Fl
Y. ~- 78 COJlgres~o Nac1011al Indlcacáo à Pres1d6nc:1.a pela
A.ldl:NA, p. 9)
F\:lXà td.nt(•, tomemos Deleuze (197LJ:.,p. 260-63), que ana11sa essa noção a
pc.n(\•) ~~nl •:ruc:~;:;l à<-) a noçâo ele côpza: "O qtle as;:;1m ;,;.lJnul.,.'t a c6p1a, mctz
·-rue <:le fr:,rma ..:tlguma o (:, nd•) :;.;er.l3. urn s.unulac:ro~·" (PLATA(J, 1972, i-23\:d)).
1ni1rutamente d<;;'t;Tadado.
a questáo
pc:lra fd)aJ'·~J/Je cl$SJ!Il/"- dCVé Sél· r•e:fOl'l"llUla<Ja ll(> p(F\itlC(! pa._r·a_ "OU<-11
.•_;t::·.i-1: ,J. _lll\dfê.·t~m. que ura anallsamu~~ & construic<a. ::o-.c,))re a suposta :tmagem
Nü recorte dlSCUr:SlVO da
(1;:;.-<::-:::e ~amula.crr), Dd mesma ·forma, CE3 tt'az r:'l.uas pJsta.:~. Por um laclo, a
2 Jío capitulo 'lla deter/DlJ!açJo à sobredetei'lllinaçJo•, rarte l li, cap. l, a detenunac~o discurSiva i exilllinada. &nbora o advé-rbio Mo esteja
entre os determ~.nantes dmurmos lã analisados, trata· se de lllt detemnante discursiVo.
53
tenlJo-a, ;:;obretuclu, por uma çonvoçaç.;:1o para servLr ao Bras11.
54
simples soldado da democracia ( .. , ) (Fi - 21. 08. '78 - s. Josê do
Rio Preto, SP,
Concentração da ARENA, p, 8-6)
F5 - Sou, antes de tudo, um soldado, Circunstâncias excepcionais com
as quais nunca sonhei, conduziram-me sem apelaç§o a esta
posição altamente honrosa {.,, ) Exe;;·ç~) o cargo em obediência a
um chamamento. (F3 - 17. 12.80 - Brasíl~a. Forças Armadas,
p. 391 I
F6 - No fundo mesmo, eu contlnuo soldado. Mas a força das
circustãncias, Jã que a política 6 agora meu mister, em
v1rtude do cargo que ocupo, desejo transpJ antal' aqtul o que
aprenâ1 nos quartéis, par-a espalhar por todo o terri tór1o
nacional e me transformar, um pouco menos tal vez, mas não com
menos conv1cção e com menos força de vontade, naquele soldado
da democracia que fol meu paL (F2 - 06. 12. 79 - SP - Improviso
fl"ente a Maluf e deputados PDS/SP, p. 251)
(CS4-); missf1o imposta pelo consenso das Forças Armadas (M4); render-
comandante supremo das Forças Al"'madas (CB5); vell'lo soldado, chefe das
aqullo que aprend.í nos quartéis por todo o terri tõr1o nacional ...
IF6 l.
se postula (G4), mas a qual & prec1so assUJeitar-se. Ela vem elvada,
55
Portanto, de despreendimento, zacrlficio, modêst1a, buscando
contrapor-se ao fausto que a imagem presidencial brasileira costuma
militar, Instaura-se uma terce1ra imagem que mostra essa tensão, como
56
CS7 - É certo ( ... ) que esta insigne honra ê concedida nào a mlnlla
pessoa, senao à pos1çf1o temporária que ocupo, na vida política
nacional, por isso mesmo, ela excede a quantas me poderiam ser
Hldlvidualmente e pessoalmente atribuídas. (CS2 - 25. 08. 57 -
Titulo honorãrio do Instituto Histõrico e Geogrãfico
Bras1leiro, p, 249}
CS/3 - Mas enganam-se aqueles que pensam que podem provocar o reg1me.
Provocado, reagi.rel, po1s na o ace.i to desaf.ios de
i.rresponsâvei.s que querem levar o Brasi.J ã desordem e ao caos.
(CS3 30. 11.58 PaL Alvorada Parlamentares ARENA
Encerramento Ano Leg1slat1vo, p, LJA-7)
CS9 ·- Aqul estou eu como Chefe-de-Estado, terce1ra condição em que o
velho soldado convertido á vida civil, o antigo estudante e o
professor confundem~se no cldadtJ.o 1ncU111b.ido de governar
transitoriamente o Pais, como se soldado ainda fosse, para
melhor e mais severamente entregar-se ao cumpr.lmento do dever;
como se t1vesse sido apenas cJ.vil, para melhol~ abarcar a
natureza do poder que exerce em nome da constitu.icifo. (CS3 -
22. 10. 65 - Paraninfo - Colégio Técnlco Universi tãrlo - Juiz de
F'Ol"a, MG, p. 1~35}
M7 ·- Desejo manter a paz e a or-dem. Por 1sso mesmo advirto que todo
aquele que tentar contra a tranqü1l1dade pública e a segurança
naclonal serâ inapelavelmente punldO. Quem semear violência,
colherã fatalmente a Vlol enc1a. (Mi - 7. 10. 59 - TV -
Indicação ã Presidência, p. 16)
M8 - F1el ao compromisso assumJ.do, nfio me disponho, no momento ou em
futuro próz:1mo, a abrir mão de prerrogat.ivas que pela
constitulção me foram conferidas, porquanto as considero
1mpresc1ndíveis à defesa da prOprla ordem constitucional. (M3
- 30. 10.70 - RJ - Pal. LaranJell"as - TV - 1o. Aniversãrio de
Governo, p. 175)
M9 - As lnstituíções democrâtlcas não foram assaltadas pelos
m1litares, mas, de fato, foram sustentadas pelos mesmos, na
hora em que os próprios homens que ocupavam o Poder nacional
iniciaram a destruição dos mais altos valores da
na c i o na l i ela de, Essa é a verdade revolucionaria que prec1sa ser
compreendida, e de que n&o ace.i to e nem acel tare1 contestaçD.o.
(M2 - 21. 2. 70 RJ Vlla Militar Anlv.Tomada Monte
caste11o, p. 28)
57
tranqüilidade da fam.ilia brasllelr·a ou possarn çon(tuzu·· &
desordem soc1a1. {F'2 - 1. 5. 79 - TV - p, l!-5)
F9 - Cumpre ao Governo definir posição sobre a forma da escolha do
futuro Presidente da República. A eleição indireta, no
momento, é inoportuna, mui to embora reconheça aconselhável
restabelecê-la no futuro L,.) Niio e hora, pois, para que, em
nome de argumentos ilusór1os e oportunistas, se venha impugnar
agora a eleição indireta do Presidente da República. Trata-se
de forma legitlma de escolha do Chefe-de-Estado (,.,)
HaJJtere.i., pois, a eleiçiio .tnd.Lreta para meu sucessor. (Fô-
31. 3. 54--Pal. Planal to-TV-20o. AD.lV. Revolução, p, i.J..5-6}
tão ·for·te que podem ser tomadas como ameaças fu o que ocorre em
Provocado, reaeir<ti (CSB}; advirto que todo aquele que tentar
ou, em outras palavras, não ousem cri ticar·-me; se alguma conf lança me
aqueles que concordam com o governo, estando afetados por FD1 e, por
segurança Nacional.
60
e Silva, após a edição do AI-5. Nào se faz presente em Ge1se1, nem em
CB10 - N:Io qu.i.s nem use.1 o poder como lnSü'urnento de prepotência. Nilo
quis nem use.1 o poder para a glória pessoal ou a vaidade dos
fáceis aplausos. Dele nunca me serv1. Use1, sim, para salvar
as instituições, defender· o principio da autoridade, extinguir
os privilégios (. .. ) E se não me foi penoso fazê-lo, pois
Jamais é penoso cumprirmos o nosso dever, a verdade é que
nunca faltam os que insistem em preferir sacrificar a
seguranças do
futuro em troca efêmeras vantagens do
de
presente, bem como os que põem as ambições pessoais ac1ma dos
1nteresses da Pátria. De uns e de outros deseJo esquecer-me.
Pois a únJ.ca lembrança que conservarei para sempre é a do
extraordlnãrio povo que, na sua generosidade e no seu
patriotismo, compl"eensivo f-ace aos sacrifícios e forte nos
sofrimentos, ajudou-me a trabalhar com lealcl.ade e com l'lonra
para que o Brasil não demore a ser a grande Naçg,o almejada por
todos nôs. (CB4- - 14-. 3. 67 - Pal. Planalto - Minlstérlo, p, 85)
CS10 - Valeram-se (,.,} todos os tipos de ininUgos da democracia
(. .. ) cujas vozes se barmon1zaram no coro formado para
apresentá-los, inversamente, como defensores da Liberdade e a
nós, que de fato a denfendiamos, como t.iranos e usurpadores do
poder { ... ) Derrubar a "Ditadura", que não existia, e
"substituir o regime" eram palavras de ordem que circulavam
celeremente, ganhando adeptos entre carreiristas,
aventure1ros, corruptos e subvers1vos de profissão que
llabilmente compensavam a falta de apo1o popular pela
estr'Idê-nCia da l)ropaganda e a ousadia da ação. (CS3 - 15. 3. 69-
Mensagem ao Povo - TV ~ 2o. Aniv. Governo, p. 496)
51
imagem reflete o modo como o sujeito de IH sente-se, em flmç~o do
efe1t0 de sentido que seu discurso produzlu e das reac.ões discursivas
Pensamos ser licito afirmar que esta imagem revela a diflCUldade por
discurso de salvação.
62
acentuada, a ponto de neutralizar a imagem de presidente lnjustlcado.
: li : !2 : 13 : ·~ :
:cB:+:+:t;t:
:cs:~-: . :+:l
: li : t ; t : t
:F:<:+:t;t
!lesse qua(\J'c, {+l indica oeorrtncia da imatem. H assinala ~ua ausência e (t) aponta para as ocorrências imlcas examlnaaas. anterlcrmeote,
63
Esse Jogo t..1.e imagens sustenta o funcionamento ~11SGUI'S1VO 11(1
lmtíes pririas
Inicialmente, faz-se necessário observar que HOS l:"ePresenta,
outros enunciadores ao seu dizer. De modo que NOS, por sua própria
64
''mais de um", atravês ela qual ê possivel examinal" a passagem do
"sujeito falante para o suJelto político". A isso Guespin (1985, p. 46-
65
nivels t-efet~enclals ,te NOS localizam-se na esfera do espaço Público
66
CS13 ~(,,,)resolvemos aplicar o remédlo extremo [AI~5J, para evitar
que a Revolução perdesse seu impeto substancial, e, com ele,
se extinguissem as possibiliclades de revigoramento do regime
democrático entre nós (, .. ) sacrificamos transitoriamente o
secundário, em beneficio do que é fundamental e deve ser
perene no Brasil: a paz pública, a tranqüllldade da familia, a
garantia das liberdades essenciais.
67
modêstia e 1dent1f1cã-lo ao plural de maJestade,
a do presidente autoritário.
a seguJ.r.
Não tel"'la sido muito difícil instaurar' uma ditadura no Brasil,
CB1Ll· -
mas como mantê-la sem o apoio da Nação? Bem depressa
cam.inbar-.iamos para o reg.ime policial destinado a encurl"'alar o
País num circulo de força e de opressão. (CB1 - 7. 13. 54
Homenagem Gov. Ba:tüa, p. 36)
CB15 - Nêl.o tememos o voto do povo. Este é que deve ter medo de se
enganar, pois, sempre que isso ocol"'re, cabe-llle pagar um
tr 1 buto doloroso e 1rreparáve1. (CB2 1.4. 4, 65 TV
lo. Aniversário Governo,, 27)
CB16 {, , , ) depois de a.rduos tral)alhos e sofrimentos, seria
inadmissível que retr-ocedêssemos graças a agitação provocada
pela radicalização daqueles que, tomando pos1ções extremas,
deseJam suprimlr as instltUições democráticas~ admirável
conqu1sta do povo braslleu·o. (CB2- 11. 11.65- Assembléla
Legudativa- RJ, p, 67)
68
CS14 - Estamos saindo de um regime de excecã.o, adotado exclusivamente
em de±eza da Revolução Democrática de 31 de Marco (, .. ) (CS3 -
i O, 7, 69 Pal. Laranjeiras. CL Produtoras, Associações
Comercia.:i.s, p. 578)
CS15 - Harchamos par·a o coroamento da obra revolucionârla, dentro de
um processo evo1ut1V0, para restabeleclmento dos mêtodos e
s1stemas prevalentes numa sã e real democracia (,.. (CS3 -
3, 10. 68 - ARENA, SP, p, 426)
cr:.:i6 - Ass1m armados, chegamos com uma const.ltUlç&o nova ao 15 ~:te
mar·ço ele 1967. A revolução rea11zava sua vocação,
constituclonalizando-se (,.,) Mas os 1n1m1gos nlo desistiram e
tornaram à carga, agora sob novas formas, impondo-nos a
dec1são de 23 de dezembro. (CS3 - 31. 3. 69- An1v.
da Revol., p.414)
G13 - A nossa Revolução nao poderia dar desmentido mais cabal que o
representado pela afluência ãs urnas a todos os defratores,
daqui e de além-mar', que exprobam e distorcem a imagem desta
nossa árdua e autênt.i..ca tar·e-fa de revitallzacão dos ma1s
profundos anseios democráticos que nos insplram e impulslonam.
(G1 -30 . .12, 74 -TV, p. 188)
G14 - Certo estou de que não devemos acodar-nos, reedi tando
ez.per1Cncias dantes frustadas ( ... ) (Gi - 30. 12.74 - TV
Saudação ao povo - p, 193)
GH· - (, .. ) uma de rJOssas características é de que nõs considm~amos
que o problema dos dlreitos humanos no Brasil deva ser zelado
por brasllelros e não por estrange1ros {.. ,) (G5 - 24. 02. 78 -
Entrevista ã TV Alemã - p, 105}
69
NõS2, ao servir de anteparo ao conjunto 1ex1ca1 nao-nomeat:to
sistema, Regime, Estado, Revolução constró1 uma nao-pessoa
discursiva, em nome da qual o discurso é produzido, Não se deve,
DL
70
parte, aos assalariados. (CS2 - 1. 5. 67 - Mensagem d.lrlgida ã
Nação - TV - p, 2.16)
CS19 - ( ... ) Tudo de acordo com o plano e como acabam de ouvir todos,
o Pres1dente da RepUblica colheu agora o relato de cada um,
porque so agora t.ivemos a oportuJudade de um outro encontro
(. .. ) Cada Ministro disse ao Presidente o que fez (.,,) (CS3 -
13. ô. 65 - Pará-Encerramento do Governo Federal na Amazônia,
p, 399)
71
representam a voz do gover'no, o primeiro enquanto papel pül)llGO
administrativa.
72
!12! - ( ... 1 se1 o que sente e pensa o povo, em todas as camadas
sociai/3, com relação ao fato de que o Brasil ainda continua
longe de ser uma nação desenvolvida, vivendo sob um regime que
não podemos considerar plenamente democrático. Não pretendo
negar es:sa realidade ( ... ) (M1 - 7. 10. 69 - TV - Indicação
ã Presidêncla, p, 10-11)
F22 - Bem se1 que ao fun do meu Governo n:lo tere1 dado a todos os
brasileiros o lar que cada família merece. o Brasil não tem
conct1ções para dar a quase vinte milt1ões de neces:ntados o lar
que todos nõs desejamos ter( ... ) (F3 - LL 9. 80 - P. Alegre,
RS, ImproviSO - p, 231)
F23 - E notóriO que estamos em época de tr--ansição. A palavra de
ordem, nos dias de boje (, ) é mudança ( .. , l (F8 16. 04. 84· -
Pal. Planalto - TV - p. 80}
F24 Agora, quando falo no entendimento, quando falo na
concillação, (,.,) 11ão de dlzer que estou fazendo demagogia. É
que nossa democPacia deve ser uma democracia sem adjetivos.
(F'2 - 18. 9. 79 - Brasil la Improviso Maluf e bancada
ARENA/SP- p, 153)
73
não l1á espaço para que o sujei to (le Di as.soc:1e-se (1e fi\(H10 am.Pl(l ã
passa a FDL
I I I, c ap, 1 ) .
75
neste nosso Bras~l tão carente de unu\.o da nossa gente. (F3-
25. 7. 80 - ReCife - Improviso, p, 177)
Papte III, cap. II). E o que ocorre, em CB25 e G24, por exemplo.
Parece l.íClto af1rmar que, nesses casos, a associação serve, de fato,
76
Em suma, NõS constró~ um referencial d1scursivo muito difuso que
CS13 e M20.
um efeito muito especial que foi descrito por Jacques (i979,p. 356)
socializaç&o do arbitr1o.
IJiestóes privias
É preciso salientar que a quarta~pessoa d1scurs1va distingue-se
78
Aql!lt1-pessoo mpsicilllilise
Assinalemos, de 1med1ato, a or1gem ps1canalítica da quarta-
anâllse do discurso.
necessár1a para dizer EU, Vale dizer que a relação " ele1/ele0
ele1
eleO
79
A part1r dessa relação, a autora entenüe que "a çonst1tU1Çiio (l.e
discurso.
80
lustõrica do sujeito do discurso, Da mesma forma que o sujeito
51
monolog1smo"4-; {3)
produz.
G<;"5 - E: tudo isso impõe-se seja feito para que ~::;e pl"OPOl"Clone bem-
estar ao homem braslleiro ( .. ,) (G2 - 1. 3. 75 - J1ensagem ao
Congr. Nac, - A:t)ertura Ano Leg1s1at1vo, p, 46)
G26 - (.,.) se o Governo n:lo t1vesse o partido, só se poderia
rea11zar uma grande e ampla obra num pais em ditadura. (G2-
22. 10,75 ~ Pal. Plan.- Improviso - Vis1ta Com1ssão Nacional
ARENA - p, 226)
G2'7 - ( ... ) É necessário, contudo, que se contenl1a todo excesso
condenável, toda precipitação ( ... ) (G5- 31. 3. 713 - Clube da
Aeronáutica- 14o.Aniv, Revolução -p, 201)
~ Esta exprmlto Ü)l empregada por Fltorin para macterim o d.i.scurso mtelista no GrUpo de TraWlllto de Anállse do DHcu.rsj}, durante a
RmmUo .Anual dJ Anp~l\, realtrada na PlJCJSP, e!l 21 de JUlbt> de 19f>9.
52
F30 - Tentam pr-essionar o Governo no sentltlt) l1e que .:-:e (.\<5 mal8
ve1oc1dade ao processo de abertura democrática, esquecidos de
que o fundamental (, , , ) para a condução segura do processo de
democrat1zação estã sendo reallzado ( .. , l {FT-07. 12. 53-Brasília-
Forcas Armadas,p206)
Anãl1se lingüística do SE
{1990) que, por sua vez, examina vãr1as propostas de análise das
aspectos, a saber:
tal hipótese;
( 1b), a segu1r.
tradicional.
83
VeJamos, a seguir, a proposta de Jaeggli a partir das
construções passivas perlfrãsticas (2a) e (3a),
{2b) [O povo) ·foi [trai + do1po e [rouba + dOJpo tpi por aqueles pe
r'espect 1 vament e.
segue:
apassi vador.
(4a).
85
A segull" (4a) será ana11sada em (4b), C:t)m l)ase em aunes,
interno, que lhe é pr6pr.to, mas nesse caso recebe caso acusat1vo, o
1nterpretação:
86
CB28a - prope Sepo pede (o sacrlficloJp 1
CB28b - (ehpl) Sepe pede [o sacrlficio]p 1
que, ao ser ligado por uma categor1a vazia [-an, +pro}, estabelece
87
A anãlise discursiva do SE
1ndeterm1nador do agente.
para CB25, GB27, CB28, G25, G26, G27, F28, F29 e F30 as paráfrases
Ci25c - E tudo isto impõe-se seja feito para que proporc1onemos bem-
estar ao llomem braslleH'O.,.
aconteci:nenti:)S
,, dlscursivos apresentam-se como iatos que independem de
)'··'· !, i\
um d:Í"';S'-OU!"s<:;., sendo, pois, representativos de uma verdade absoluta,
89
pessoa discursiva lexical acrezcenta-111e mais um efeito: r·ea11za uma
90
G25 - (,.,) depois das eleições de 15 de novembro, multo se tem
publicado e discutido sobre a "distensão", atribuindo-se ao
Governo e notadamente ao Presidente da República
intenções, objetivos, avanço, recuos, submissão a pressões
etc{ ... ) (G2.- 1. 8. 75-TV-Acão Governamental, p152)
G29 - {.,. l assumirei plena responsab1l idade pela decisão final que,
de direi to, e de fato, couber ao Presidente da República. (Gi
-19. 3. 74 -ia. Reunião Mini;;;terial - p, 32)
G30 - Confiada à experiência do Senador Petrônio Portella, essa
m1ssão inicial não consiste na simples apresentação de uma
proposta de reformas, mas dela deverá resultar proposição
consensual para exame (,., l por órgãos competentes da Nação.
Apo1ada em toda linl:!.a pelo Presidente da Repiiblica vem ela
encontrando receptiVidade esclarec1da ( ... ) (G4 - i o. 12. 77 -
Pal.Alvorada- Diretõrio Nacional ARENA, p. 346)
disçurso.
Essa dlSJUDç~o possibilita que o SUJeito do discurso represente-
saber:
{i) a s.unulação do esvaziamento da forma-sujeito de FD1;
91
(2) esse efeito de esvaziamento da forma-sujeito desvH1CUla o
92
do qual a forma-suJei to aparentemente nt:lo-preencr.tlt:1.a e OJ)8ervat1a (1.0
exterior e mesmo apontada dlscursivamente, de modo que o papel
discurso e o agente.
93
representar-se estão fortemente relacionadas a construção desse lugar
enunc1at1vo.
94
.~--- --------- --- -------------------- --------- -------------- ---
: MlYEL : D~CR!ÇiO 00 R&FBREIITE : CONFIGIJRACàO DO SU..IElTO :
:- ---- --: --------------- ------------:- ----- ---- -- ----- -- -- -- :
: GOV1 : Sistma, Regirn:, braço
: executivo da Revolução,
: Estadl} autüt'itário
'' --- ----'' --------------------------- '' --------- --------------
: OOV2 : Chefe do executivo,
: presidente, governante,
: mandatát•io
:------- ,' -------------------- --- ---- :----- -- -- -------- -- -- ----:
: GOVJ : Atrunistração, gesU11, Hão-pessoa dlstursiva :
: diferentes instãnc1as
: componentes do Gmrno
análises subseqüente.
liA (AJ3) dai retira sua for·ça. E isto é verbalizado por costa e
95
lugar enunc1ativo de onde o suJelto üe Di atesta sua llleolütUa, n&o
96
antes, estou disposto a acioná-los sempre, quando 1sso ven11a a
1mpor-se ( .. ,} (Gi- 30. 12, 7Lt - TV - Mensagem ao povo, p. 194-}
F'34 - E, ao af1rmar, pela primeira vez, que la fazer deste pais uma
democracia, sent1 que alguns elementos que se opunham ao
Governo, senti que mui tos setores da imprensa e - por que não
dlzer? - também muitas vozes da opinião públ.íca achavam que eu
estava exagerando, porque eu tinha dado meu apoio a um regime
fecl1ado, (F2- 23. 08. 79- Batata.is, SP -Improviso -
Pre·felto -p. 114)
F35 - Sempre t1ve presentes as dificuldades que iríamos encontrar,
porque se a Oposição -taz oposição, como é seu dever - e o faz
bem feito - hã também aquela Opos~ção que faz apenas criar o
caos, para agitar, E como d1ss.e ontem o nosso líder, senador
Jarbas Passar.ínl1o, talvez até para desestabllizar o Governo.
(F3- 28. 08. BO Brasília Improviso Lideres PDS no
Congresso, p, 220)
F36 - Esta festa (.,,) vem acompanhada de um momento de tristeza,
por atos de terrorismo, ul t1mamente. Agora, não se trata mais
de danos materials como pressão sobre o Governo. Agora os
fascinoras matam inocentes(.,,) (F3 29, Oô. 80
Uberlândia, Improviso, p. 225)
de meios e instrumentos (CB33, CS29, M28, G32, G33) que ll1e dão :forca
(CS30, CS31) para realizar sua missão (CS32, M29, M30). Apenas em
para a Naç&o.
97
menção, mobilizam-se caracteristicas tiü E;::.tadl) Autorl tàr·ic), tal como
enunc1acão ai
.
produzida é o da auto-legitimldação. Ou seja, o
prOPY"lO.
CB35 ~ Por 1sso mesmo, o Governo terá de cumprir o mandato que lhe
foi legitimamente outorgado. (CBi 5. 5. 64- Homenagem
Governador de Pernambuco ~ p. 28)
CB'39 - O governo {. , , ) nili9 esqv.eçe ( ... ) que os lnquér.l. tos e as
J.nvestigações ajudaram a provar que o desenvolvimento sem a
moral pública é tão desastroso para o País como (, .. ) a
98
simples existência de uma ética politica e administr·atlva num
vazio de progresso. (CB1 - 3. 11. 6Li-- - Comandante II E.xêrclto -
p.43)
CB37 - (, .. ) Sabem os brasileiros que o Governo não poupou
esforços para que a flama da liberdade continuasse a
tremular sobre a nacionalidade( ... ) (CB1 - 31. 12.54- TV-
p. 48)
99
melhor s11enc1ã-1os, em nome da paz da familla l:<:r·as11e1ra, (F2
- 27. Oô. 79 - Pal. Planalto -Mensagem Anistia, p, 6)
F38 - Acusam o Governo de querer beneficiar o seu Partido. Eu não
vou a tanto de afirmar que quero beneficiar o meu partido. Mas
ni:lo acred1 to que o povo de m1nha terra me tenha por tão
imbecll a ponto de mandar para o congresso um projeto de
Governo que pudesse favorecer a Oposição(, .. ) {F'5 - 28. 4. 82 -
Guaíba, RS, Improviso, p. 122)
F39 - Tentam pressionar o Governo no sentido de que se dê mais
ve1ocidade ao processo de abert1.1ra democrática (,. (F7-
7. 12. 83 - Brasília - Forças Armadas - p. 209)
ldentlfica-se de tal forma com seu lugar enunciativo que acaba por
nào aos demais elementos que compõem o Governo, os quais podem ser
do AI -5,
100
ocupante do lugar enunciativo GOVERNO. Assim, ai está em substituição
lugar dlscursavo GOVERNO. Mas, ao fazer tal gesto, este recai sobre
confundir-se.
101
Dentr·e as seqüências ac11rra,
de Di.
ezecutlVO bem como por qualquer uma das instáncias que compõem o
102
nome a dos que designamos de não-pessoa discursiva. !C f. Grade
Referencial 3).
M34 - Homem de meu tempo, tenl:to f'ê- em que possamos, no prazo médio
de meu Governo, preparar as bases de lançamento de nossa
verdadeira posição nos anos 2000 {.,.) (Mi - 30. 10.59
- Posse, p. 39)
M35 - o Governo acelerara a reforma agrãr1a, notadamente nas áreas
operac1ona1s selec1onadas (, .. ) Medlante a reforma agrária, em
cujo incremento está empenhado, o Governo promoverâ o
cresc1mento t.1.a proctut1v1dade agl".lcola (,,.) melhorando o
padrão de vida da população (, .. ) (M4-26. 02. 70 -Pal,
Alvorada- Entrev1sta Coletiva, p, 93)
M36 - Aqui me t en11.o para acenar-lt1es com a presença de todo o meu
Governo. Venho acenar ao povo trabalhador a solidariedade que
um homem simples no Governo ao povo pode dar. (M2 - 416°.
Aniversario Fundação de SP - p, 19)
103
campo econõm~co ( .. , } (G2 1 o, 8. 7!5 TV A1;ft.t)
Gover'namental, p, 144)
G39 - O que temos fel to,
o que o Governo tem feito é patrimônio do
Partido, n§.o
é patr1mónio do Presidente da República (,.,} Se
o GOVERNO não tivesse o partido, só se poderia realizar uma
grande e ampla obra num país em ditadura. (G2-22. 10. 75-Pal.
Planalto-Improviso- Comissão Executiva Nacional e Pres,
Regionals ARENA, p, 226)
de modo explícito, tal como ocorre em CB39, CS36, M36, por exemplo.
G3ôl.
legl"tlmidade a GOVERN03.
104
equipe de Governo, tal como ocorre em CS35, 11.34:, M35, por ezemplo, ou
de REVOLUÇÃO.
105
REVi - O movimento ÍUndador
CB4i - (,., ) não faço mais do que permanecer fiel ã Revolução (.,, )
(CB2- 3.7. 65- Tubarão- Inauguração da ia. Unidade Geradora
da Sotelca, p, 157)
G4-0 - E l'loje, são essas Forcas que, coesas, cu1t1vando os. ideais da
nossa Revolução, e desempenhando 1ntegradamente suas
atribuições consti tuc1ona1s, perm1 tem ao Governo,
vantajosamente, e em lan~a escala, empreender no presente uma
evolução ( ... ) (G3 - 31. 3. 76 - Improviso -Vila Militar, 12o.
Aniv. Revoluç:§.o, p, 48)
CS39 - Se, como lhe compet1a, por dever para com o Pais, a Revolução
adotou, por vezes, severas restrições, nem por isso modificou
nossa or&anlzação inst1tucional, po1s conservou em pleno
funcionamento esta casa egrégia, e atribuiu o poder de eleger
o Presidente da Repúbllca, e o Poder Judiclárlo, (,., l De
outra parte, a Revolução foi e cont1nua a ser um processo de
saneamento e renovação ( .. ,) Se teve que apllcar medidas
puni t.1vas e restri t.1vas, dessa forma procedeu com o intuito de
defender a democracia (.,. (CS2- 3. 10. 66 Congresso
Nac1ona1, Após Eleição, p. 68)
106
Examinando os dois recortes ac1ma, percebe-se que REVOLUÇA01
desdobramentos processuais.
cic;lo mllltar, não lim1tando-se a sua fundação. Desse modo, fol muito
107
Em busca de síntese, representaremos os efeitos de sentido
produzidos por GOVERNO na Figura i.
\ GOVERNO I
iGOV!I I I IGOV1i
li
iGOVlj
Fig. L
108
Cons1 der ando retrospect .l vament e as diferentes formas de
representação do SUjeltO de D1, bem como as variadas configuracões
Guadro-sintese 2
109
do executivo aponta para a sua propriedade essencial; I) elevado grau
d1scursivo em análise.
pessoa d1scurs1va.
comparação.
Pelas análises precedentes, sabemos que NOS e o resultado da
110
discursiva remete papa o lugar em que o sujeito politlco autorltà.rio
capitulo.
2- A C O N S T R U C Ã O D I S C U R S I V A D O O U T R O
represen taçtio consensual e sua J'epresen taçáo como con trã1~1 o. como
dl versos.
111
genéricos, tais como brasileiros, povo e mui to raramente, cidadão, Em
Médici.
112
desenvolvimento do cldadão e 1_1a comunidade nacionaL (G2
lo. 3. 75 - Congresso Nacional - Abertura Ano Legislativo, p, 16)
observação das mudanças semânticas que este item sofre ao longo desse
orgulho como seu pólo positivo, CB44 sal1enta ainda mais esta
desta guarda, ficando este sob sua tutela, Se, em Castello Branco, o
11 3
A exacerbação desta concepção de cidadilo é atingida no domínio
cidadão, o que confirma que este 11-avia deles sido despojado, bem como
estudo de NõS.
114
Acreditamos poder correlacionar o apagamento progressiV!) de
11 5
: HIVEL : DESCRIÇ.IO ro Ril'!lllliTE DISCURSIVO
-------- ---- ---- -- -·------------ ---------------------- ''
: BRAS! : Classe- média, çJasses proMoras, militam, :
: : revolncionãrlM - os q11e apeiam a Rmluçã.o :
:-------- -------------------- .. ·------- -- -------------- :
: IJRJ.S2 : Sociedade civil, oposüãP, os contN-revolu- :
; cionãrios - os que se ()põro à revollll;ào
CB45 - Sei que, pelo alto grau de maturidade política a que chegou,
não se satisfaz o nosso povo apenas com o progresso material
(, .. ) interessa-o a melhoria das instituições politicas, e
nesse particular bem sabem os brasileiros que o Governo não
poupou esforços e dlligênclas para que a flama da liberdade
cont1nuasse a tremular sobre a nacionalJ.dade. (CB1-31. 12. 54-
TV- p. 48)
CBI!-6 - Como chamar ou Julgar um Governo que desacreditou ç, Brasil no
exterior e permitlu o regresso do nosso desenvolvimento graças
à incapaCldade de planejar e executar? Pois é esse tipo de
farsa que os brasileiros se recusam a patrocinar. (CB1
14-.12.54- RJ- Assemblêia Legislativa, p. 86)
CBI.!-'7 - {... ) aqueles ideais da Revolução ( ... ) continuam vivos e a
nos mur cada vez ma1s. São eles que fazem com que a Revolução
esteja ainda forte e mais funda no coração dos brasileiros
(.. {CB2- 31. 3. 65 - BH - P<il. Liberdade, p, 24)
116
- - Formatura OfiGiais Esce>la
16. 12. 68 - RJ de comantlt) e
Exerci to, p, 4.. 67)
Estado 11aior do
GS44 - (.,.) restabelecendo uma democrac1a decente neste País, (, , )
as portas est&o abertas para os brasileiros de
responsabllidades. (CS3-RJ-Yila Militar, 24. 05. 69, p, 562)
117
Deve-se salientar que BRASi, em Costa e Silva, limita-se às três
J!I, cap. 1) de modo a não deixar dúvida sobre seu referente. Para
118
deterrn1nado que, no entanto, é identlflcat::io como BRhSL
brasileiros",
F50 - Por mais que maus brasileiros tentem p1ntar com cores diversas
que não as da esperança, aquilo que almejamos e temos certeza
de fazer pelo nosso País, não tenho medo do amanhã(, .. } (Fi-
15. 09. 78 - Cac11oe1ro de Itapemlrim - Encontro com Lideres
politicos - p. 119)
F51 Mas quem descrê não é brasileiro, (F1-15. 10.78- Brasília- Ã
Nação como Presidente Elel to, p. 165)
F52 - E trago tambêm a bandeira da concil1açao. se todos os
brasileiros da oposição estão empenhados, como dizem, no nosso
aperfeiçoamento democrático; haverão de encontrar-nos de
braços abertos para recebê-los. (F1 - 11. 09.78 - Goiânia -
Lançamento Programa "Ação dos balrros", p. 118)
119
Desse modo em F50, a determ1nação dlscut"Slva instaura-se atravi5:s
do uso de maus (cf. Da determinação a sobredetermlnacã~), Parte III,
termo determinado.
Saliente-se que este conjunto de seqúências foram recortadas de
por "alguns". Vale dizer: "a grande maioria" dos brasileiros {1) e
constituída por "bons .brasileiros". Apenas "alguns" brasileiros {2)
de BRAS! indica que para ser brasileiro é preclso ser bo~ ter boa
!20
vontade, ser x·esponsãvel, a não-ocor·r6nc1a (í.e BRAS2 refor~;a taif.J
demais não são d1gnos de assim ser·em conslderados e, por essa razão,
d1re1 tos em prol dos deveres para com a pãtria. o que 1mpl ica
que este nivel referencial não ocorre nos discursos dos demais
!2!
a transformação da FD1 e conJuntural e a eoexlstencia destes
enunc~ados introduz a contradição neste domínio discursivo.
CS45 - Mas espero {... ) que cada um dos brasileiros reconheça que a
edição do AI-5, na mesma medida em que fazia a Revolução de 31
de março reflUH' a sua posição lniclal de força {. .. )
resguardou claramente a limpidez de Intenção de suas OPigens
( ... ) (CS3- 15. 3. 69- TV- 2o. Aniversãrio Governo, p.495)
CS45 - A nação ainda reclama sacrifícios de seus filllos (.,.) na luta
antllnflaclonárla (.,.) O nosso obJetivo firme é (,.,) o de
fazer com que o sacrifício se reparta proporcionalmente por
todos os brasileiros e não se atribua apenas ou em maior
parte, aos assalar.tados. (CS2 - i o. 5. 67 - TV, p. 2:16)
CS47 - Tenho fé ( ... ) na consc1ênc1a democrãtica e cívica de todos os
brasileiros e confio em que colaborem comigo no cumprimento da
minha tarefa de Governo. (CS2 - 3. 10. 66 - congresso Nacional -
Após Ele~cão, p, 169)
M39 - ( ... ) como chefe da Nacão, me fazem erguer a voz aqui em Bagê,
para convocar os meus conterrâneos e todos os brasileiros para
uma nova bata111a do desenvolvlmento (, .. ) iniciada em 1964.
{... ) (M2 - 3. 3. 70 - Clube Comercial de Bage, p. 39)
M40 - Nem onisc1ente, nem onipotente, não poderã o Governo (.,.)
responder ao apelo que o bem público lhe dirige, a n:io ser com
a 1ntegra1 cooperação de todos e de cada um dos brasileiros.
(M2 - 5. 3. 70 - Palácio Piratini, RS, p, 49)
M4·1 - Recebo, assim, a palavra, expressa nas urnas, como beneplãcito
dos brasileiros â diretriz que, em todos os setores, vem
guiando o terceiro Governo da Revolução. (M5- 10. 2. 71 - ARENA,
p. 52)
122
F53 - Reafirmo meu gesto: a mão estendh1a ( ... } para que (18
brasileiros convivam pacificamente {.,,} (F2 - 15. 03. 79 - Pal.
Planalto - Recebimento Faixa Presidencial, p, 6)
F54 - ( ... ) podem os brasileiros ver que minha mao, sempre estendida
em conc111ação, nao estã vazia ( ... ) (F2 - 27. 05.79 -
Pal.Planalto- Mensagem de Anistia)
F55 - A esmagadora maioria da Nação deseja, não o confronto e o
revanchismo, mas o entendimento e a conciliação entre os
brasileiros (F7 - 14. 3. 83 Pal. Planalto 40, Aniversário
Governo, p. 41)
paralelamente a BRAS1, pode-se inferir que esse coletivo não deve ser
123
determinando minimamente ezte item 1ez1c:a1, atraves t1Cl t1etermlnante
lingüiStlCO "OS". Essa exc1us1va referência definida •ie brasileiros
carãter genérico, Sabemos, no entanto, que tal
generalidade não imPlica totalidade, pois ê justamente em Figueiredo
que BRAS2 é empregado.
emprego de BRAS3. Tal fato mostra que o coletivo Já foi depurado dos
mesmo que o emppego de BRAS2 não seja expressivo. Pode-se inferir dai
124
direitos civicos, não se sacrificanclo pelo pais. Tals (:on::nata~;ões
prec1so subl111l1.ar que esta ê mais uma das formas de referir• o OUTRO
Grade Referenc1al 6.
conf 1gurações.
!25
POVO! - aqueles que apóiam a Revolução
126
M44 - Eram tão profundos os descamlnhos da vontade POPUlar, que a
Revol Ut;ão precisou ser cles.dobrada, porque se impunha dar ao
Governo, que dela emergiu para servir ao povo, instrumentos e
poderes capazes de reallzar as necessárias modlficações (,,,)
(M5 - 31. 3. 71 - TV - 7°. Aniv. da Revolução, p. 75)
meio civil que estava descontente. Leia-se ai, entre outros, classes
Nação, são tomados, nesse discurso, como povo, ou seJa, como aqueles
127
que apoiaram e deram origem a Revolução de 31 de março, tal como
discursiva, pois Joga com o sentido que esse termo adquiriu com a
como o intérprete dos anseios de POVO!. Esse sujei to, or1undo desse
tal forma que fala em nome da classe média, mas parece falar em nome
!28
referenciais, como c: possível
efetuadas para cidadão e das grades referenc1a1s 5 e 6.
CS51 - :É com grave emoção que recebo das mãos honradas de V. Excla.
as
lnsígnias Slmbôl1cas da magistratura suprema da República,
Tenho consciência níticla e pro-tunda da significação deste ato
e deste momento. Para eles vêm confluir as esperanças e as
incertezas, as aspirações e as realidades de um povo simples e
bom, paciente e sofredor, tocado do sent1mento caloroso para a
grancleza. (CS2-15, 03. 57- Pal. Planalto - Faixa Presidenclal,
p, 1 77)
CS52- {, .. } é da
natureza do ato governamental revestir-se, por
vezes, aos olhos do povo, da falsa aparência de achar-se dele
divor'ciado ( ... ) (CS2 - 16. 3, 67 - PaLácio Planalto ia.
Reunião Ministerial, p, 179)
CSS3 - (..,) fOl um ano tranqüilo, um ano de entendimento, um ano de
compreensão, não só entre os orgãos do Governo, como também do
povo brasileiro, porque contlnuamos exigindo sacrifícios a
esse povo, que Jã luta com dificuldades várias. (CS2
30.11.67- Pal.Planalto- Saudaç:ão de Improviso Deputados e
Senadores - Término Ano Legislativo, p, 275)
129
acenar ao povo o dinheiro que não pode dar. Este homem ni!to
pode acenar ao povo a promessa fâcil que no\io pode resgatar. E
este 11omem não Pode, e não deve, e não quer acenar a imagem
fantasiosa de esper·anca vã, da ment1ra doce, da 1lusão
inebriante(, .. ) (M2 - 25. 1. 70 - 416°, Anlversário da Fundação
de São Paulo, p, 20)
Mf!.6 - (, .. ) quando nos voltamos para a realidade das condições de
vida da grande maiorla do povo brasale1ro, chegamos à pungente
conclusão de que a economia pode ir bem, mas a maioria do povo
a1nda vai mal. (M2 - 10. 3. 70 - ESG- Aula Inaugural, p. 70)
M47 - ( ... )não falo em nossas carências Para deprimir o povo, para
acender a revolta, ou para cortejar a fácil popularidade.
Quero que o povo saiba que só falo para ag1r, que só falo para
anunc1ar a providência( ... } (M3 - 8. 9. 70 Pal. Planalto
Lançamento MOBRAL, p, 113)
F59 - Uma democracia que sabe que o mal do nosso povo é a falta de
1nstru<:;ão. Uma democracia que sa1ba que o que falta ao nosso
povo e trabalho. Ê poder aqu.1s1tivo para se alimentar ( ... l
InfeLizmente, para nós, temos que reconhecer que o nosso povo
tem mais ansiedade de saciar sua fome e de ter um teto, do que
sal::Jer se os partidos v:io se organizar desta ou daquela
maneira. (F2- 18. 09. 79-Brasilia- Improviso- Maluf e bancada
SP, p. 153)
F'60 - Sob o manto de proteger os pobres e necessitados, os 1n1m1gos
da democracia realmente buscavam o esbulhamento da democracia
de um povo pacifico e ordeiro ( ... ) (F3 - 31. 3, 80 -
PaL Planalto - 15°. Aniv. Revolução, p. 39)
F61 - Negaremos ouvidos aos despot1stas e aos exploradores da
misér1.a do povo, aos que desejam ver o Nordeste estagnado,
monumento ã sua critica sem construção ( ... } (Fi- 26. 09.78 -
Fortaleza - 30, Congresso Associação Brasileira de Municipios,
p. 134)
130
compreensivo e sofredor e sempre pronto ao sacrlficlo (CB!56, G8!53,
G5LJ,
populismo do segundo.
passada para esse fim, tal como ocorre em POV01. O discurso produzido
131
emprestando-lhe a voz, o mesmo não ocorre com POV02, cuja voz é
ocorre com POV02. o sujeito de Dl, n~o se fazendo povo nesse segundo
nivel, porque a ele não pertence, dele afasta-se, muito embora tal
e negada porque, de fato, ocorre. Sua voz, por conseguinte, não está
(li scursi v o.
salã.rlo e, por outro, são aqueles que foram convocados para construlr
com multa felicidade, af.irmando que "a economia pode l r bem, mas a
ma1or1a do povo a1nda va1 mal" (M45). Esse recorte remete para a
132
cOnJuntura econónuca dos: anos 70, quan!lo se faz1a "o nol<) cl'e~s.cer"
estii desgostoso. O nosso povo apenas anseia por uma me111or•a de vida".
estiu... e sim uma paciêiJcla que ainda não se esgotou .•. ", Nesse
.sent_ldO, POV02 representa um ()litro entrelaçamento entre o discurso
povo p1~eç1sa - "o reméd.io ao alcance da J>olsa" (I-171); ''o mal do nosso
como sabe o que o povo não quer- - "JMo lhe .interessam as soluções de
aquele que tudo sabe e ao povo como o que nada sabe - não podendo
acenar-lhe a "imagem fantasiosa de esperança vll, da mentira doce, da
133
.1Jus/Jo lnebriante" (MLJ..5); "nosso povo tem mals ansiedade de saciar
povo,· este õ que deve ter medo de se enganar pois sempre que isso
"o que me move é, tâo só, a asplPaçâo ele procurar e encontrap na alma
134
ser ·forte face ao sacrificlo que
será recompensado com um futuro brllhante: '1 peco que o povo volte seu
i:ê. Por isso mesmo, aqueles que creem no governo são os bons
prc.mete e que POY02 esta construlndo, Aqueles que descreem, "nii.o sfJ.o
está prometldO para o "amat1l1ã". Vale d.1zer: não têm paclêncla para
sua voz, o povo também o é ao ser falado pela voz do mediador que
135
silenc1osa d 1> povo l.>rasileiro que se sac:r1f1ca enquanto espera por um
136
G57 - Congratulo-me ( .. , J C(;m o povo crue mac1çarJn:nte aGl)rreu á6
urnas, demostrando sua ±6 nos valores democrãtlcos(.,.) (Gl -
30, 12. 7i.l- - TV - p, 180)
G58 - Espalha-se o m1to: HA Oposição venceu" ( ... ) Alguns 6rg~os de
PUbl1c1dade ( ... ) estao plantando essa versão no espir1to do
povo. (G2 - 22. 10.75 - PaL Planalto - Improviso - Com1ssâo
Execut1va Nac1onal, Presidentes D1ret6r1os Reg1ona1s ARENA,
p. 227)
1 37
POV03 nao constrói um slmul acro de discurso do povo. Apresenta-se
FG5 - ( ... ) tal fo1 o concurso que recebi de meus auxiliares d1retos
no sent1do de me mostrar {.,.) a melhor forma de ating1rmos o
mais rapidamente esse objetivo, ans1ado por todo o povo
brasileiro, que era a normalização democrática do Pais. {F3-
26. 02.80 - Pal. Planalto - Improv1so- Comando Politico, p. 16)
F66- ( ... ) importa( ... ) aumentar a representatividade. Dim1nu1r,
para progressivamente eliminar, a preponcterãncia do poder
{..,) corresponder ao deseJo expresso do povo brasileiro por
uma socledade realmente plurallsta, aberta, livre (, .. ) {F3 -
19.11.80- Pal.Planalto- Emenda ConstltUclonal 15, p.346)
F67 Hoje o povo man1festa sua vontade de mudanç: a que é
essencialmente democrática. Se o povo quer e manifesta
pollticamente sua vontade, o Governo e os partidos não podem
ignorá-la. (F8 - 16.04-.84: - Pal. Planalto, TV -p. 80)
modo radical POV04 dos demais niveis referencials desse item lexical
138
e é exatamente nestes traços distu1t1vos que e-nr;ont,.r,am(lS a r'a.Záü pela
qual esse nível referenc1al não fol ldentlficado nos quatro primeiros
povo tem vontade própria (F66) que deve ser respeitada pelo Governo
deSeJOS dos governantes. E mau;: o povo pode entender que o que é bom
139
POV05 - Massa de manobra politica
O advento do HOV.lmento <.:'te 6lt- foi marcado por uma forte onda de
é a r~azãv pela qual povo e appesentado como aquele que apóia (POV01),
G59 - O que o Governo tem felto nesses onze anos vale a pena ser
(., ) proclamado pelo Bras11 à fora (, .. ) Bem Jevaâas ao povo,
o povo sent.1rá a verdade do que "f01 fel to e perceJ;)erã (,.,) o
que essas rea11zações s1gru.f1ca.m. (G2 22, 10.75
Pal, Planalto Improv1so Com1ss&o Exec1.1t1va Nac1.onal,
Pres1dentes D1retõr1os Regiona1s ARENA, p. 22)
prec1so mostrá-las e explicar o seu valor para que o povo perceba seu
niio compr'eende. I.sto faz lembr·ar .!1éd.lCl que afirmou que "a economia
pode ir bem, mas a malOrla do povo a111da val mal" (M46}. Essa ldéia de
14·0
povo a votar na ARENA", ou seja, €o p:ceci:o.:.ü u;:;ã-1(' G(ltn•> ma;;;sa .:te
está se organizando para t'omper com a tutela que lhe foi unposta.
se, POlS, ma1s uma vez, que POVOi não representa a pretenct1da
vota na ARENA". Desse modo, POV05, ao neutral iza.r POV04, traz a tona,
então "o povo brasileiro nilo tem maturidade para votar" - para
sabe votar" não refere POV01, mas POV02. Examinando FE•9, percebe-se
idade adulta para ldentlficar aqueles que falam a verdade". F70, por
14-1
<.1J.z que o p{lVO n.§o vota llem" - sugePlnL'lO que o suJel to da enunciação
t'e 1 ações subJ et 1 v as desse corpus. Sob tal moda 1 i da(1e 1nctet erm1na(j~,.ira,
POV05 - "aquele que nllo sal)e v·otar, mas que até vota bem quando bem
or1 entado".
suJe_tt~) de Dl deseja o ·favor c1o povo, mostrando amã-lo par~a por ele
142
pres1<1ente lDJUSticado (l(A)'lcl que
de POVOil-.
que o Mov1mento de Março "tem raízes no povo" (CF. CB53), que as ações
RevoJuç§.o" (CF'. CS50) e que a Revolução se fez "em nome âo povo e t.~m
143
de um <118cu:rso demt:;;c:rãtlco Pela toma<ia da Palavra que, ao fazer-se em
nome do povo, Peveste-se de 1eg1 timldade.
F1gue1redo.
144
trabaH-1adores. Ai faz-se alusão ãqueles que se manifestavam em nome
145
Os correlatos lexicais de POVO
LraballJo.
_.. _---- ----- .... ----------- .-. ----- .... -------- ------
: NIVEL ! DESCHlC.iiO DO REf'ERKNTE DJSCURSP/0
:- ------- :------ -- ------ --------------- -------·- :
: on : opinH.o favorável da classe 11f.UH, :
: classes Pl'Odutom, t~ilitms '
:---------------- -- ------------------- :
: OF3 : ()pin1ào nacional favorâvel
-------- ________ .. _____________________________ _
Através da Grade ReferençHll 7,
:cB:cs:ll:n:~·:
:----------: -- ---: ----- ;-- --- ;----- ,' --- --:
.'----------: -----; -----: -----.' -----:-----:
D.L)S demais, um n.lvel exc 1 Ui o outro. Tal fato poderá ser me111.or
147
OPi - Opinião da classe média
CB60 - Daí ser' o Governo (,,,) wna resultante dec1s1va e v1goros:a ctas.
vár1as correntes de opinião pUblica, e Jama1s o reflexo de
qualquer corrente desviada e 1solada, incapaz de po1ar1zar as
vãr1as tonal1dades das aspn'ações do movimento ele 31 de março,
(CB1 - 7, ô. 61.J, - Homenagem Governador Bahla, p, 4-0)
GB61 - Bem se1 que :>e procura confundlr a opinião pública, e:xploranclo
as angúst1as momentâneas de ceptos setores do e1npresar1ado
br·as1le1.t"o a1nda não convenc1dos da f1rmeza da polít1ca de
comJ)ate à .tnflat;Z\.o. (CB2 9. 3. 65 Instalação Conselho
Nac:1ona1 PlaneJainento, p81}
CB62 - Há mesmo crít1cas tendenc1osas e sem fundamento na opinião
pUblica de que o Poc1er se- desmanda em 1ncursões mil1tar1:~tas.
( CB1 - 25. 08.64 - Dla do Soldado, p. 231)
!48
CS5ô - D1go "nossa Revoluçao" (, .. ) popque ela foi (l}JPa tamJ)êm 11a
Imprensa, que nos aJUdou dec1s.1vamente na tarefa -preliminar
( ... ) de esclal~ecer a opinião pUblica. (CS3- RJ - 31. 03 a
3. OlJ.. 1.le 69 - Imprensa Nacional e estrangeira, p. 518)
GS59 - ( ... ) os ma1s acl!Tados dos nossos adversários têm que
recorrer à lma.,unação e ao subterfüg1o; tem que comprometer-se
perante a opinião pUblica na deformação mais grosse1ra da
.r·eal1dade para negar·. (CS3 - 3. 10. 65 - ARENA/SP,
p. 112<n
de seni.ldo de OPi. Por essa raziáo, ernbol"a não haja dúv1das quanto ao
t.•m CB60, por e:zempl o, o Governo ê resul tac:1o "das vãrlas correntes de
149
'foram l::'ecortadas de seu dominlo d1scurs1vo. Em MédlCl, a op1níilo
opn:uão. E o que ocorPe em CS57, CS5ô, GG2, F73 e F74. Uma análise
revo1uc1onãr1as.
150
sent1do, ellminada a uma <•Plnlão pUblica
governante autor i tãrJ.O que exerce seu poder com l)ase no segmento da
!51
da opinião pUblica os nrve1s refere-nc1a1.~.: BRAS1 e BRAS:;,:, bem (~!)ml')
que tê-nues, que este item lex1ca1 sofre no flnal do ciclo mllltar. Ao
5 que segue
152
: H!VEL DESCRlCiO 00 REFE!lll!TE DISCURSIVO !
; ~-- --- ---: -- --- ------- --- -- --------------
: OPOSi b'V~. autorizada
cs
GB
'o """""""""" 'I " " " " " " " " >" '
' """" """ 'o "" """" "" '
G
j" """" "•• ' '
! "'" " " " " " " t
: OPC\S!
:- --- --- --- :-------- :--- -- --- :-------- :- -- ----- :-------- :
: OPOS2
''-- ---- ---- '' -------- '' -- ---- --'' -------- '' -------- '' --- ---- '
-
'
: OPOS3 t
(1] ocmi:ncia elmda do ttem leüc~!; H au!'encl.a do ittllHXiCill; li-l pequena I)CI)rréncla do item lexiea!; (1) ocorri:neia íimca do
item lexüaL
153
temat1zar OPOS1 e OPOS2, não ~~o rec:on11.ec:e a exlst(:ncia da opos.tção,
Esta apenas está ma1s cont1da, como que neutra11zacta, pela ocorrência
154.
MSit. - E espepo da oposiç:ilo que n<)S r1c,nre C•)!Tl r) eumpr1iYlei'lt,o (!e seu
clever, apontando eer·o.s, ac:e:ttanda acert<)S, ll1d:tcant:lo cannnlJ.os,
fu;cal.'izando e fazendo também a sua escola de democrac:ta,
d1gn1da(je e respeito mútuo, íMi - 30. 10. 69 Discurso de
posse, p. 39)
Em suma, uma oposJção que não se oponlla e l1m1 te- se ao pape 1 que o
corpus em anál1se, po1s, ao que tudo 111d1ca, o OUTRO não acatou ta1s
c..._..,rno uma construçào do 1mag1nárlo soc:tal <:lo SUJeito de Di. Por outro
quadro sintese 5.
!55
OPOS2. - A oposiçi:lo hostil
F78 - Só os que. ·fazem oposição por fazê-la negarão a firmeza com que
cont1nuamos empenl1ados em realizar tudo o que, 11ã 16 anos,
pregavamos como ..tdeal atlngivel. (F3 ·- 31. 3. 80-Pal. Planalto -
16o.Anlversãrio Revoluç&o, p. 40)
F'79 As oposições d.izem que na<...ia foi feito e que as promessas não
foram cumpr.idas (,,.) (F3 22. 05. 80 I<lbeirâo Preto
lmprov1so, p. 123)
FBO ·- ( ... ) .se a oposição faz opos1çào, como é de seu dever e o faz
:r_,em felto, há também aquela oposição que faz apenas cr1ar o
caos para ag1tar ( ... ) (F3 - 26. 6. 80 - Brasil la - Improvlso -
Lideres PDS, p. 220)
156
No 1mag1nár·1o soc1a1 de Di, OPOSi e OPOS2 cünt.:trôern entre ;;,~1 uma
oposJçAo (2) que faz apenas criai~ o caos par.a a.;}'l tar ... ". Ou seja,
Hesse segun""lo case., enten(lemos que OPOS1 e OPOS2 estabelecem entre ~:;i
CB7i?. Não que pretendêssemos 1.mpedir por qualquer m~,,dr) a v1 t 6r1a •:1a
~
oposição,
CUJa lesitima aspiração deve ser conqu1star o poder,
para. então, e somente então, ganhar o dlt'e.Lto de Governar o
pais. (CB3 ~ 13. 08.66 ~ Mace1ô - Interventor Federal, p, 54-)
CB73 - A v1tbr1a contra a 1nflação não é uma conqu1sta do Governo e
uma derrota da oposição. ~ uma v1tõría de toda a Naçao. Se
fracassarmos na luta contra a inflaclo, perderã o Governo,
porém não tr1unfarâ a oposição, po1s o Brasll terá falhado ao
157
seu prõprio destino. (CBZ-09.03. 65-Instalacao Conselho
Nacional Planejamento, p. ô2)
CB74 - Esses que nao querem o d.lálogo e fogem a ele com medo da
verdade, precisam ver reâlJ..zações como esta, em que o povo ê 0
elemento pru1cipal; com esse sentJ..mento, com esse respeJ..to ao
povo e com a ad.!niraçià.o que devo ter pela oposição, que deve
saber fazer oposição, dou como J..n.auguraclo este hosp1tal. (CBLI·
- 9. 3. 67 - Inauguração Hosp1 tal Distr1 i al do Gama - Improv.1 so,
p. 38)
158
outros, oposiçao e Governo, como lnimlgos. (F2 - 16. 09. 79
Brasil la - Improviso frente a Maluf e J)anca(lil/SP, p. 15ll-)
Fe2 - Pr-omet1 o pluripart1dar1smo, e ele está aí lmplantado, a
despel to de todas as reações pat"tidárias da oposição. (F'3 -
19.06.80 - CUlabã - ImprOVlSO - PolitlCOS estaduais, p, 146)
Fl33 - F1z apelos aos homens de oposição que parassem para pensar,
que se juntassem a nôs{,,,) (F'2- 24-.11.79- São Paulo, Turma
M1l1tar de 1937, p. 21~4)
VJ.sta sem pau::ão. É o que ocorre, por exemplo, em CB73, CS60, M56,
M57, !155, G63-, GtS4. Porem, me.:;mo quando é tratada genericamente e sua
comportada, mas este não & o caso. Para finalizar, exam1naremos maJ.s
ao contr-ârlo do que ê
159
problemas. (C·f. Sobre a l"l.eterogeneld<i(le elo discurso, Parte III,
Cap. 2).
an:ál1se.
a esse exame, o recorte que lhe serv1râ ele base levanta de forma
160
CSG3 - Procuraram t~\e;:;moralizar o Governo e Pf'l)(:UN11"'3Jfl <l.et;lTtorctllZar'-
nos. Numa e noutra tarefa, esçut astes vozes a levantar-se no
púlp1 to, na tribuna, na cátedra, nú Congr-esso, na Imprensa.
Falaram em corrupção generallzada(,..) {CS3- 16. 12.68 - l~J
Formatura Oflc1a1s Escola Comando Estado Maior Exérc1to
p, 465-6)
c~::fA - ( ... ) levarnos até onde era poss.ivel levar o esforço para
vencer, pela eflciêncla, a fUria revanchista que aos poucos
(iOmlnava o Congresso e a todos ameaçi.lva. (CS3 - 31. 12. 68 -
Hen.'!::at~em ao Povo, TV, p, 452)
CS65 - ( ... ) passaram a orgar:u.zar-:.::.e em t~)do o pais os grupos que
deveriam desencadear a contra-revoluç~o. (CS3-.1.5. 03.69 - TV -
Mensagem à Nação- 2o.Anlv.Governo, p. ~36)
M:,g - ( ... ) Mas também me volto para os hostis, para os que só têm
braços para a Violência e boca para o Vllipêndlo, volto-me
para os que cegaram os prôprlos olhos na obst1nacão de não
querer ver e para os ressecados de todo o afeto. (Ml
23. 12. 69 - TV - p, 76)
1160 (.,.} os agentes da traição nacional reagruparam .seu
dlSPoSitlvo de ataque às instltuicões democráticas do país
( ... ) F1quem, pois, os criminosos do terrorismo
advert.idos( ... ) (H2- 31.3.'TO- TV- 6°. Aruversár1o r<evolução
- p. 69-91)
H6i - C .. ) somente para os in.i.migos do regime, para os que ll)e
desejam a destrlli(,~ão, pode üaver u1convernênc1a (,.,) :nos
poderes outorgados pela Const1tuiç~o ( .. ,) Jã que esses
poderes são usados ( ... ) exc1us1vamente em relação ãqueles
que, pondo-se for'a da 1e1, se 1nsurgem contra as ll1Stltuicõe::.~
democrãt1cas (,,.) (M3 - 30. 10. 70 - RJ - PalâclO
das LaranJelras- TV- 1°. An1ver:s.ãr1o t1e Governo- p, 175)
G66 - Não temo que a clesejada eflCiéncla a alcarKar por meu Governo
(, .. ) possam-na. pre,JUdlcar reduz1ctas nunorias de descrentes ou
apâtlCOs, derrotistas, subver·sivos ou corruptos. (G1 - i5. L T9
- TV - At-Jós dec1s&o Coléglo EJe1toral, p. 24-l
GG'T - Por traz delas [das campanllas t'el v1nd1cadoras de 1ndividuos ou
grupos] ( ... ) dlVisa·-s.e a permanente e est6r11 ag-1taçMo de
co11l1eç1âas minor1as su1)vers1vas ou cte Já l)em lâentlflcados
l>ent•fJ.CJ.árJ.os da sul>vers1í.o, os quais, por contestação esperam
c.:rlar o clima de lntranqüll.ldade e desordem em que soem
prosperar. (Gi - 29. 05. 74 - Pal. Alvorada - Dirigentes da
ARENA, p. 1 2.1)
G68 - í ... )não podemos admltil~ 1ntrom1ssão 1ndev1da em áreas de
responsabil.l\iade Prlvatlva do Governo, nem a critica
desabusada ou men.ttrosa, nem pressões descabidas. {G2 -
i. 3. 75 - Hensagem ao Congresso - Abertura Ano Leglslatlvo,
p. 41)
161
A part 1r do recorte pPecedente ê possível 1nfern' que o
suDversão" (Gólf.J,
162
e:>tudantes, os movimentos r:le guerr11t1a, o;;_; politl('O,'>,
em que tal dlscurso f'ol produzJ.do, este n§.o só de:lxa de ser concebido
como 1n1m1;_so, como tamJ:1ém passa a merecer um tratamento que não ma1s
163
"pares e impares" (F55) e Cl)l1Vlver l1.armütuozamente com os contrários
(F84).
segu1r.
A inde~inição do COHTRKRIO
CS66 - EsteJam todos tranqüllos. TOdOS os que nada devem. os que não
subvertem a ordem. os que não se corrompem. Os que não
prejudJ..cam o povo I. . . ) os de boa-vontade. os bons. Os
patr1otas. (CS3- 26. 12. 68 Confratenização com Forças
Armadas, p. n81 ~
CS67 - Os mesmos que reclamam agora contra pequenas restrJ..Cões
à.J. tadas por exigências do momento~ as quals n!ào comprometem,
alláS, nenhuma liberdade fundamental( . . . ) (CS2 - 22. 12.67 -
Utuversldade Par-anaíba - Paratunfo Geral, p, 296)
164
CS65 - [O Governo) procurou apolo pol itic:o e v lu-se t Pai (to pe 1 o
1mpratr10t1s.mo de não poucos. (CS3 26. 12. 68 Forças
t.rmada::;, p, tt.77)
M62 - Responderão (,,,) por seus atos (,,,) todos quantos 1nvest1rem
contra a nossa ordem soclal e JUr.írlica(.,,) (M3 - 30. 10.70 -
RJ - PaláClO LaranJeiras - TV - 1°. An1versâr1o Governo, p, 178)
H63 - ( ... ) As franquias que a ordem democrátlca em v1gor estabelece
s6 não e.:.ustem (., ) para aqueles que se empenham em destrui-
la. (M4 - 26. 2, 70 - Palácio Alvorada - Entrev1sta Coletiva,
p. 9)
H6 1+- AdV-lrto que todo aquele que tentar contra a tranqi.illldade
públlca e a seguranr;:a nac1ona1 será lnapelavelmente pun1do.
ouem semear a VlOlênc1a, co111erã fatalmente a Vlolência. (Mi -
7. 10. 69 - Ind1cação ã Presldência - TV - p. 16)
F'87 - Não 'falta, entre nos, quem aja e reaJa como se prevalecesse
uma e;.~tranl1.a doutr1na, Como se a Pazão e a JUStiça es.t1vessem,
sempre, quase por ele função, com a minOPla (, .. ) (F3 - 30. 09. 80
- Brasil la - Inauguração sede PDS, p. 258)
F 58 - os que n&o têm conviccões, mas caprichos, mudam de at1 tude na
me(llda em que não Vêem atendi~1as suas ambições( .. ,) (F3
30. 11. BO- Brasilla- Convenção Nac1ona1 PDS, p. 373)
F89 - (, .. ) Sentl que este era o Jneu dever: estender as mãos aqueles
que não a~.~red1tavam na m1Dl1a pr·egação pelas praça::; pübl1cas.
(F2 - C.'.9. ô. 79 - Ba.tat;us, S}"', lmpt'OV.lSO, p. i il!-)
165
usualmente s.i:\o pronominais, mas que podem desempenl1ar· uma funç!lo
A indeterminação do CON'l'RÃRIO
166
ser1a coloçar na me::~ma ode (; que tanto se err·ou e que (l.e l)c)lTI
se fez. (Mi--20, i L 69--Convencão ARENA, p. l!-7)
reg1stradas anter1ormente.
167
Naquela etapa, Partimos da anãllse das passivas pronom1na1s
reallzadapor Nunes (1990), sobremodo quando apresentam o verbo e o
argumento interno no singular. Em tals Clrcunstànclas, estas
âo agente.
ai representa-se por SE, o que não deve ser confundido com uma
1ndeterm1nação do OUTRO.
168
lndetermlna o sujei to temat1co das Ct)t1tFllt;õe;:: examlna(las, CtHl:1Cldll1<..1ú
E.1.L Ou seja, ele remete para aquele que produz o d1scurso. Trata-se,
terceira-pessoa discursiva.
exter1 or1 da ele .in t erl o cu tl v a. Bem ao contrário. Através de SEE, sob o
aspecto de uma terce1ra pessoa .sJngular, encontra-se, (1e fato, o
âest1natâr1o c1o su)eJ. to do cüscurso. Vale d:tzer: SE2 ê uma das
SEi, por seu traço 1nc1us1vo, perm1te formular o que pode e deve
169
assuma um caráter estritamente 1mpessoa1, Trata-se de uma voz
compative.ts com FD1, sem que estas llle se,Jam imputadas. Através de
170
Por fim, é prec1s0 salientar ma1s um aspecto; a anâlise de
forma, pode-se estabelecer mals uma diferença entre SE1 e SE2: SE1,
A elisão do CONTRARIO
17 1
ma1or parte das ocorr6nc1a.s reg1stradas. ou seja, <) OUTHO ê
por [O],
172
salarial. D1z a oposiçao ( ... ) [OJ Falam mui·t\) em "<:Hs:ten;::~&o",
[0] falam multo em "aventuras" ( ... ) (G2 22. 10.75
Pai. Planalto - ImprovJ.so - V1s1ta Com1ssllo Executiva Nac1ona1
e D1r1gentes D1ret6r1o Reg1ona1s ARENA, p. 229 - 36)
G76 - Eu não aceito esta balela que [O) querem nos llnPlngir: a luta
(le c 1 asses. Somos uma c 1 asse única. Aqui não há patrão 1111migo
do empregado, empregado in1mígo do patrão. Isso ê um jargão
que vem da Europa, no Bra~al não llã 1sso. E para resolver
divergências temos a Justlça do Traball1o, que é a melhor do
mundo. Mas tenham conf1anc:a. Não em num, mas no Governo, no
LeglslatiV(l, no Jud1c1ár1o ( ... ) (G3 - 17. 02.76 - Improviso -
BH, PaL Lll)erdaúe - Frente a Prefe.i tos de MG, p. 14-)
G77 - Não podemos ace1tar, no entanto, sem natural desconflança,
a postura de quem cüzendo-se campeiio de um cr1sta1 i no e
lndefectivel "Estado ele D1re1to", reclama e defende-se todo
quando alguém de sua gre1 e chamado ao tr1buna1 para ser
regularmente julgado no foro competente, por alegada
transgressrão a prece1to legal (,.,) E como admltirem-se
aPgumentaç:ões mistlf.lcador'as [O) (, .. ) que pretendam
apresentar como cruamente antldemocrátlcos, 1nst1tutos e
prát.lcas como eleições lndiretas{. .. ) (G4 1. 12. 77
Pal.Alvorada, D1r1gentes ARENA, p, 346)
1ndet ermJ.nado.
tal como ,:.<;uçede com CB8tt- (dos) e G77 (quem), por exemplo. Esta forma
que es:;;a el1pse seJa preencl"nda pela mesma fol~ma empregada par·a
~ &\\enderoos Pôf- (:MeXto ou relações Cotextum as relações não linems que se ~stabclecem entre os difmntes enunciados dO texto, Tau
relaçõe~ 'váo alem da$ l'c!açõe.~ anafiH'H~s enti·e ~entenm. e das relaç-õ~s de correferi:ncn entre proçosHiiH. Elas l'econ:olroem a coerentH
e a coesão dos t.exlo~ co1oo 1un llltlC!'o .. suteJta gra1utica.l l!lte lla!Hll\a, .. o lr.1tor p;~ra dmobr1r a sígnlfltàncn dess.as lll3C!'o~unidades... o
colexto iWJCJOJJJ J(j111 fOIM CO!llexto de âCCOdlilt:aÇ;íO" (PliERKT, I'JM, p, l!{l) (0 grifo é nomo)
6 Eotendcmor. \fl.le a rdel'énm eWi haplicilada quandl) o rcferco~e que lhe di repl'esenl.wâo tezüal estã elidldo, ma~ ~de m recUjlerado
atravt:; rlo c~te%to. (M ~tJa, através d~s relações cotexl\lais é pOS$íVcl preencher essa dlP$C,
173
dl S(:Ur;S-1 VO, tal responsavel pelo
lndeterminac:ão mais marcado que aí se instaura. Esse eteito de
de modo lndefinido.
que ocorre, por exemplo, em CS74 e G75. Ta1s seqi.i.ênclas iniclam pela
seg·wJda.
nestas duas seqüências não pode ser preenchida pelo cotexto, tal como
174
(ti scur ::; 1 v a..rnen te,
discursiva,
partll' de uma el1pse cuja lacuna pode ser preencl"nda atravé::; <:lo
d.i.s:cursi vae.
---
1 &llrndtt10:> po1· rdaçõe;, ccntexlum, as relações que o d1scursü Wabf.lece CO!~ sna Hlmoridade. rrata-se de relações exlr~-!extum.
õ A5 noções de ellfGC d.lsrurs1n, ill\lelernunat;J.o diSCUJ'ill.va e i.mpllc.ltaçâo !1.\l'atl pol' oós fomuJada3 antmormen\e no art1go "A
1}11J!!l1fJcM'Jo JJJ anaJJse 6o dJscw'so: qwwlidade equlmlc <1 qUJlJdJiie'L puMlcado etn !?Ç{l, pela revis\ô Dtlla, v~l\ute !.
175
Coosiàlraíies firllis em t(h'l!O da coostrnçâa @ootra
Ao longo deste capitulo, examinamos a construção do OUTRO no
discurso em anâlise e constatamos n&o sô a var~edade de sua
representação como também a mul tlpllcidade de suas configurações,
finais.
imaginário social.
176
1:oarecer d1.r1g.u' o dl::>curso ao outro d.lSsHlente, o su.}el to cto discurso
e a dispersão do OUTRO.
3- A C O N S T R U C A O D O C E N Ã R I O D I S C U R S I V O
Illicilndo are!Iexáo
Ao longo dos capítulos precedo::-ntes, trabal11.amos com as for·mas de
caracteriza--se por dol:::; tracos qu~ ll'le sao peculiar·es, a saber: seus
discursl vo.
177
:8 prec1so 1sua1mente salientar· que ü cenãrlo discursivo n&o se
pública.
institui. Numa prJ..meira abordagem, pode parecer que estes três itens
apenas por ta1s relações. Ela deriva também das relações que o
par~a a fraca ocorrência desse item lexical em Di, bem como verificar
178
o efelto de sent1do que sua presen(;a ppoduz n(> <11sc:urso err1 anãllse.
'
VeJam0s o recorte que se segue,
179
consc1ente de seus deveres de ficlelHlade à agr-em1ação cte um
super1or· devotamento ao.s 1nte:resses supremos da Pátria. (G2 -
20. 2. 75 - PaL Planalto- Saudação aos Governadores Ele1tos,
p, 8)
G79 {.,,) PPosseguJ.remos (.,. ) na certeza de que estamos
çonstru1ndo o 'futuro t?ranclloso de nossa Pátrta e assegurando 0
bem-estar do nosso povo. (G2 31. 3, 75 -
Congresso Nac1onal 11°. A1nversãr.to da Revolução - "Programa
tia ARENA", p, 54·)
GtJO - ( ... ) este alento que eu hOJe coH1o aqu1 a.inda ê maior por
sabê-los 1ntegrados no dever Pl"OfisslonaL Pol~ saber que ( ... )
estão os sen11ores empenl"lados no cumprimento do dever, como
verdadeiros soldados da Pátria. (G3 - 31. 3. 75 - Improv1so -
RJ, Vila Mllitar· - 12°. Arnversãrlo Revolução, p. 49)
destacamos (tl. país onr:ie nascemos, terra natal; (2} terra 1..ios pa.1s;
genitor, gen.i toris, aquele que gera. Pátrl.a n&o r•emete para a carga
genCt1ca e
nascem e que, com ela, estaf.Jt~lecem uma relação a±'et1va e fillal. E::;sa
lôO
b,omens da mesma Pã.tria); GTô {devotamento aos interesses supr-emos da
Pátria), Vê-se que ama~
~
a p-t ·
a r1a ·
1mp 1 lCa
· d efendê-la, sacrificar-se
por ela e Irmanar-se aos seus demais fllllOS, Ou seja, o sent 1do
cristalizado de Pâtria parece adequar-se ao d1scurso em análise. Por
essa razão, buscamos investigar o que ter1a determlnado sua tão
inexpress1va freqüência em Di. Para tentar mell1.or responder a esta
questão, é preciso retomar mais uma vez o reco1~te precedente ou, mais
relação. Cidadão é aquele que exerce seus deveres de bem servir aos
c 1 asses". ou seJa, aqueles que dever iam amar- se fraternal mente em seu
aqueles que lutam por seus interesses, '' esquecenâo-se dos deveres
181
esq·uecer.am cios âeveres para com a Pá tr1a" sao "percioaâos". E, ass1m,
pàtr'.Lótlco c1o :fllho que esta pronto a servl·-la <1 qualquer momento,
por outro lado, este sentJmento flllal acarreta o vinculo (J.e amor
ser construido, esta representação 1·ernete para algo que a1nda nilo
1ô2
NAÇÃO como representação do GENÃHIO DISCURSIVO
d1c1onár1os especializados.
1nf orma que, no s6culo XIX, Gntseppe Mazz1n1 empl~ega naçilo para
O:~ autores comentam que &sta noçgto é ambigüa por· ser dlfiCil !1efilur
18"3
(2) "pessoa co1et1va", "ot•ganlsmo tcom VlCla próprla, (1lferente da
çentra11zado".
entre ambos ~ -facultada pelo traço origem que possuem exn comum:
:se).~U.lr,
184
.. ---- ---- - -------------------- -------- -- -- -- -- --" -------
: HlV!\1.. : DESCRlÇiiO 00 REFF.REI!lli DISCURSIVO: CORRWTOS :
:---------:----------------------------------:-------------:
: .~AÇ.íiOI : e5fm pílb!Ha constituída peJos : POVOl/
: 'revolllClonárlc;;' BRAS\
J - -- --- --- ' --- ---- ------- -- -- ----- -- -- -- ----- ' - --------- --- '
' ' ' '
: IU\Cii02 : esfm públlca expurgada d'lls RRAS3
: 'J!au~' brmlelrl)~
--------- '-----------·
' ----------------------' ---- ---------
: HACi03 : esfera pUblica coMtitllida pelos : POVOIJ
: não-revolucil.lnirio~
--------- :- ----------------- -- ------ -- ----- :------- -
: l!AÇ~O!J : esfera pública de wvestiliento Pi.'I'RJA
: afetiVQ
--------- ------- ------ ----------- ---- ------ :-- -- ---------
: HAÇÃ05 : esfera pública concebldíl conto PA!Si
: pesso~ juridlca
185
CB89 - ( ... l a Nação ( ... l se levantou un1da, espl!ndlda de coragem
e dec1são a Nação, de p&, a reinvindlcar sua liberdade
( . . ) (CB1-15. 011·. 54- congresso Nacional, p, 13)
( ... ) Na realidade, por todos os demais estados VlffiOS se
mob111zarem at1vos núcleos de res1stênc1a que de maneira
Inequívoca "iemostraram que o Pais não estava dlsposto a aderH'
aos que desejavam supr1mH' a lll)erdacle. Era a Nação consciente
a reclamar o d.1re.ito ..:ie contu-:1uar a conctuz1r seu Pl"6Prlo
destino. (CB2 31. 03.65 - BH - PaL L1üerclad.e, p. 22)
CS79 - Deus e a. Nação são testemunl:laD de que tudo :Elz para manter em
1 1 nl1.a. de marcha o processo evolut1vo da RevolucAo de 1 9 tA.
(GB - 31. 12. 68 - Ag6nc1a Nac1onal, TV, p. 480)
c::::eo · · ( ... I Al da Revolução que n&o consegull' a sua est<:JJ)lllzação
JUricilca, po1s a sl mesma n&o terá logr-ado 1mpor uma
dlSC lPllna e não chegarã a merecer o respe1to e a conf1anca da
Mação. (CS3 - 9. 12. 68 - Paran1nfo EngenJ1ar1a de Operações, PUC/
RJ, p. ~~57)
156
F98 - A "Nação em arma.:.;" cleu con:o:~eqúi5ncla prãtlca aos apelos vindos
de todo o Bras11. (F3 31. 3. 80 Pal.Planalto 1Go.
A1uver'sár1o I\evoJução, p, 4-0l
F99 No momento em que entramos na Ja;;;e mais acesa da luta pré-
ele.ttoral, não é dema1s lembrar· que a Nação, como f1cou
demonstrado em .31 ele mar-ço de 1964-, quer a tranqüilidade da
ordem, e:o.ge a concll1ação da lit;erda11e com a ;:r.egurança,
repud.la as maquinações da esquerda radical e estâ disposta a
defender, Intransigentemente, a cidadela da democrac.ta liberal
(, .. ) (F7 31. 3. 83 Pal.Planalto TV 18°. ADlV.
Revolução, p,lf.7)
cultural e lingüiSLlCa
187
freqü6nc1a <1e Pãtr1a e (le c1<1a<lão.
158
perante a Nação. (CB1 - 1l±. 12. 54 - RJ, Assembl<S-ia Legislativa,
p, 88)
189
que este e um uso partltlvo a medlda que (letermlnt:u1o;;:: segmentos üe
povo estão excluidos deste cenário discursivo. Observemos esse efeito
entanto, um exame ma1s detldo desse recorte mostra que esse efeito de
veremos a segu1r.
190
1nad1âve1s: de nossa evolução constl tuc1onaL IF5 - ol. :l. 54 -
TV - Pal. Planalto - 20°. Aniversário Revolução, p, 46)
191
ternatlzá-lo, mesmo que de modo tão pouco expres:s..iV(l, em seu d1scur;s:o,
Desse modo, NAÇíi03 constr61 o cenário discursivo de interpelaçã.o dos
contrãrlo.s.
GBG - Jt dever das gerações mais vell'las recordar aos que não VIveram
tão az1aclos tempos ( . . J a àf{Otua da Mação que parec1a Já
fer.ida <:ie morte. tGi - 31. 3. T'io - TV íüo. An1versár1o
E:evolucào, p. 61)
G0"T - convém recordar que a Revolução de t964 iol, em :~eu ll1iClO, um
mov1mento 1mpetuoso ele rel:ri:i(llo, pela n1a10rla esmagaclora elo
povo, ãs peát1cas subvers.1va::; e corruptas que conJugadas
(. ameaçavam a Naçao da derrocacta e do caos. (Cl2
EnçerraJn.ento VI Convençao Nacional AREI'IA, p, 173)
(161.;, (.. nunca ma.ts pernu t amos que o sopro da 1n.sãrua e ela
vlol&n<:-_ta subversiva, d.1v1cLlndo trag1camente a Naçiio, nos leve
às portas da falêncla e da ruina( ... ) (Gi - 31. 3. 74- TV - 10°.
t\nlver·sãrio Revolur.,~~io, p, b5l
192
Da mesma forma que Pãti•la eKlge :Hi.CP1fielo;::; ('te ,:;eu:;; fll110S,
pela Naçfio", vale dizer, pela Pãtria; CS83 - "A Naçfio", vale dlzer a
Pí..lde ser traída, a Naç/lo também corre esse risco; C'B94 - "se furtava
seJa uma Pátria livre. A Pátria pode ser ferida. Tal propriedade e
deslocada para Naçã.o em G86 - "a agon1a cta Naç/lo", 1sto e , da Pãtrla
CB95 - cumpram,
( ... ) po1s, os bPaslleiros mais felizes ou ma1s
dotados o seu dever para com a nação e veri'io que o Bras11 os
1m1tarã para a perenidade, glória e concõrdla desta pátria
pr1v1leg1ada. (CB1 - 15. 04. 64 - Congresso nac1ona1 - Posse,
p. 14)
CB96 - ( ... ) :8 tempo dos bras11e1ros, com as raras qualidades de
trabalho e de 1nteligênc1a que possuem, levantarem os
a11cerces de um Governo que será integralmente honrado e
exclu:nvamente voltado para os interesses da Pãtr1a, uma .Naçao
193
em condl<;-ões cl.e se tornar elas mais prósperas dos temp~..)s
mor:lernos. (CB1 - 2L OlJ,, 6L~ - ouro Pl"eto, MG, p, 21}
CB9'r - E llOJe Já sao poucos os que a1nda se afer-ram em negar o acerto
11a::; med1clas que as C1rcunsUinç1as nos impuseram para que a
Nação não fosse d1ssolv1da pela 1nflação. (CB2- 14.4. 65- TV
- io, An1ver:::.ár1o l~evolur:::lo, p, 27)
194
Cumpre salientar, de imediato, que NAÇK05 n;§.o apaga aqueles que
nela v1.vem e que a const1tuem, mas enfatiza a pessoa Jurídica. De
posslbilldade no amanllã.
HAÇJiOlk
deste corpus, Todos estes fatos contribuem para que NAÇÃO torne-se o
195
PAIS como representação do cenãr1o discursivo
196
PUS 111 Dl
ESTADO. Por esta razão, dec1d1mos examinar esse i tem 1 ex1ca1. Para
deste 1tem lexical, mostrando que começou por ser polis, na antiga
Robertson, The Penguin Dictionary of Politics, apud Mal tez, op. c~t.,
V.L,p.LI.. 5)
197
Como ~ POS.8ivel verlf1car,, Estado Gontf.m nação, povo, terr1tõrlo
e governo como elementos constitutivos de seu campo noc1onal,
Estado, tomando por base Nadel, para quem o Estado e uma forma
presente seção.
198
PA1S1 - territorializaç:ão êtnlca
G~h: - O Bras1l é um pais sobera110 que sabe CU1\"lar· de si; não precisa
que o:,;: outros venh.am acru1 cu1dar de nos. (Gtl - 24·. Oi?.. '78 -
Entn:·v1sta TV alemã, p. 105)
G93- (,,.) O Bl:''dSll é um pais que se preocupa extravrd1nar~1amente
com d1r-e1 to::: numanos, apesar de mu1 tas vezes, em õrgãos ma1-
1ntenc1onados ou tendenc1osos, se d1zer COisa d1ferente. (G5
10. 3. 7/.?. - Entrevista Colet.tva Imprensa alemã, p. 162)
G94 - ( ... ) e desencadearam-se planos ObJet1vos e Integrados para o
desenvo1v1mento de ãreas-problemas e zonas marginalizadas, com
v 1st as prlnclpalrnente ã redU<;ão das d1spa1~1dades reg1ona1s
que, d.pesar de contlnUa(los esforços atraves dos anos, a1nda
persistem a desafiar a capacidade dos governantes, ( ... ) a
macular a unagem do Pais no exter.1or. (Gi - 30. 12, '74 - 'l'V -
p, 1 ô7)
199
ênfase a nenlYLll1h1 ±oPma especi±lc:a de orgarnzaç~ão, No entanto, ai
enGontramos Ull'\a mescla (j_e Naçao U161, 1152, M53), de Estado (G92., G93,
G94) e de Pátria (F110, r-~111). Por essa raz~o. entt:ndemos que PA1S1
200
por exemplo. Ou seJa,
terr1 tôr1o (lotado ele uma área que pode ser percorrHla., mensurada,
CB9ô ·- ( ... ) nada nos desv1ará do canunl'lo que nos fol d1tado por
obJetJvos do movimento revolUClonãrlo. E Clentl"e estes o de
que, no conjunto das nu$s.Oes das mlnol~.ta:5, não pode f1gurar o
ele querer governar o país. (CB3 28. OT. 66 r..:J,
Pal. Laranje1ras - Presldentes Reg1ona1s ARENA, p. 51)
CB99 -- ( ... ) .as grancles corrente:;; d.e (lJ.Hnlâ.O, a mentallda(le
domu1ante nas Forças Armdcla:o:., bem corno as ma_ls express1vas
manli'e.:.t.acõe::; em tcH1os o::' setores ela::; atlVlda\..1e;:. naciona1s,
desde os operãr1os atê dOS maJs elevados me1os intelectuais ou
polit1cos, asp1ram permanecer o Pais no reg1me legal. (CBi -
07. 08. 64 - Homenagem Gover·na.dor Balua, p. 36)
CBlOO- Instalou-se ( ... ) no Pais um Governo cuJa or1entaç.ào se pauta
pela preocupação de renovar os pr0ces::::os ac1nurustra.t1vos ( .. ,)
(CRi-21. cn. t)4- Crato, Ceará, p. 'Ti)
201
MM - A e8perança, a paz e a ordem s~o os sinais VlSIVeis da
establlidade social e política, implantada no Pais pela
Revolução de Março(.,.) (M7 - 1. 5. 73, p, 11)
M85 - Pretendo de1xar, ao têrm1no de meu período gover'namental,
def1n1 t1vamente Instaurada a democrac1a em nosso Pais (, .. }
(Mi - 20. 11.69 - Convenção ARENA, p. 48)
M86 - Eu não afirmel que ao têrm1no de meu Governo entregaria ao meu
sucessor o Pais em pleno reg1rne democrático. Naquela ocasião
disse apenas que, ao térm1no de meu Governo, espero entregar o
País em Pleno regime democrãtlco. (M4 26.02. TO
Pal.Alvorada- Entrevista Coletlva, p, 7)
202
Piitr1a e Cldadão. Parece lic1to af1rmal" que PA!S3 é a Pãtr1a
p<l.Pc1 o PA1S3 (G100), vale dizer, para a sua Pãtrla. De modo que entre
203
JUrí(.'llCO e da orga.ruzaçáo POlit1ca do J!;stado. Ass1m senclo, ela v1sa
F'i1~ - umpovo que Jâ sentiU que não são prome;:;sas vãs que vão
tornar este Pais próspero e feliz. (Fi - 15.09. 78- Cachoeiro
elo Itapenurim, ES Encontro com Llderes Polit1cos, p, 119)
F1i6 -· He.L de fazê-lo com o apolo elos tl"abalhadores que são os que
ma1s estão sofrendo neste Pals. (F3 29. 08. 80
Uberlând.ta, MG, Improv1so, p. 2.29}
F'117 - Cobram-nos, ma1s crit1cos, os resultados da cr1se
f :tnance :ti' a por que passa o Pais. (F7 7. 12. 83 - Brasil la,
Forças Armadas, p. 207)
sem postergá-la para o amanhã. Isto faz-::;:e sentir através dos tempos
205
nul1tar·. Ou se,Ja, PA!:Stt- dependê ela constr·ução rjo Esta~i.o em PAiS3 e
âec1cflâamente este ;{l'âDô't" e prom1ssor Pais aos altos âest lJJOS que 111e
futuro.
elo ll1dlCàtlVO, m~1s o efe.1to dF; sent1do C çlaro. Vejamos, por exemplo 1
F'i16 - ''os traJ)a.llJaâores .c;ão o.s que ma1s estão sofrenâo neste
crJ.se .f.LnanceJ.l'<J por que passd o país". Ou seja.: não ê questão (l.e
206
antes de ma1s nada,
modo PAlSLl experlmentou um breve momento de euforla no terceiro
e fel to de sent1do se construa, sem o ônus inevl tãvel que sua nomeação
faz1am. Desse modo, Estado constitui o que não deve ser dito no
ãmb1to da FD que afeta esse d1scurso, tendo s1do substituído por País
207
revo1uc1onãr1o çomo BRAS2/POV04, por exemplo, o çenàrlo t.1H-tGUl':Slvo
correspondente ê: N.AÇÃ03.
4- A I H T E R L O C U Ç Ã O D I S C U R S I V A
IniciJ!ffJD 1reflexâ~
Nos capítulos precedentes, examinaram-se as diferentes
representações do sujeito de Di, bem como as representações que este
através de NóS que substitui com adequação o par EU/TU formulado por
OU'rRO.
208
Palavra, o sujeito pode fazê-lo em seu nome (EU, NOS, quarta-pessoa
como um ventríloquo.
209
llHerlocuçiio, podendo este OU'l'RO, a qualquer momen\ o, assum1r a
pessoa dtscurslva nao Gompa.rt1llla r~omo ouv1nte '-ie uma lntera1;:ao face-
pessoa..l1dac1.e, en1 nosso corpu:::~ 'l'U revest e-<;e das propr1edades ele ELE,
210
llYterpessoa.l, nas qua1s os interlocutores ::>Zto deterrrnnaclos. Vale
d.J. zer: EU e 'l'U sao conhecldos & podem ser nomeados, dai. decorrendo a
211
lll't er·l ocuçáo para a modalidade impessoal, ou seJa, a .inter locução
do trabalho d1curs1vo.
lnter·locu.;ilo Cllscurs.lva.
se Jaz1anl
llOCUCl011à):"lOS tradlClODa1S.
212
tal como ocorre é'ut uma entrevista teleVJ.SlVa. Neste
::;eral.
os atos c:te fala cont1clos em uma çonversdçáo e, :par•a tanto, lançam mão
das dl-ft-r't.'nç·as que ta1s ato.:~ 1mpr1mem entre o::; ouv1.ntes. Por outro
213
Cün3ta.'tal:- :..~ua pre:~ença, atrlbUlndo-Jl1e o papel pass1vo de ouvlnte que
t5 D1for·mado, enquanto Mart1n:3 mostra que, por :ser part1c1pa.nte ele uma
c1tacJ.os.
214
Isto posto, o processo t1e .lnterloeuç:ão
discursiva em nosso cor'pus . Esse processo l'eallza-se (le modo
Cf-KA lm.URCUT'lVA
\. I \./
(inter·Jocutor)
Fig.1
11 Gutmarár.s 110b1lnou e::tJ noção entendendo qlte 'cen~s enunClaliH$ $àtl recortes q11e o ducurso do linguutn proliU'l11etO\iOlOgicaJlltnl.e no
lillr,<t~l \00\.ldJ C011~ tU~ d\O:C\ii'~O. f,;,lJ:.: CéJI,i$ f>âl) ú \um tO \CJTI]lO lüC(O(]OióglC\'1 da tll\UKmâo' (GUlllARÃES, 1951, p. !'lí'). 0 aulO!' lllObllHO\l
t3(;J noçár• [131'3 eX.JI~Jnar o pmes5o tn::.\ol'HO da ll\\damJ llngiüstic~. P9r c~ns:cguwte, no~:;-a concepção lliio cowcide p!enameo\e CI)Jll a
f•Jl'I'Oilla~â(l, ntm CVl'l'C~f'OMt ao fll'OI>otllo de autor.
recepc1onam. Ou seJa, não l1á lnter::;uJ)JE'tlVl~iade entre estes ao1s
CE:IA El{lJ!I:GfA'I.'IVA
--------------------------··-----------------------------
\./ \.I
wtcrl~tutvr cole\ i v~
\. I 1./
alocução pres1denc1a1.
suJe1to de Di e pelas
216
formas de OUTRO, flGanao a cena ülscur.slva
esquematizada pela Fig. 4 abaixo.
I I II
slljeito dt~ d.is:curso destinatário
Flg,4
sujei to do discurso.
217
-----COOR!O DlSOJilS!VO (:ESrnRA NBL!CAI----
: CE!L\
!EKllliCIA'I'lVA
in. nivel: : EU : ~~----- > : '1'\J :
\.f \.f
-------------- : CE!L\
(I). níVel: ; HõSHa.PD: : 1-PDfla. PD : : DIXURS!VA
Figura 5
218
Palác.lo ela A l voratia,
esJ)oçada.
taml)éffi c•.)ffiO :sujelto afetado poP uma F'D tleternunada. Esta cond1c:ão de
219
<1.LsCul~;;avas proc1uz1das em outra,s cenas em. u1clat1vas que clrculam em
~gualmente dJ versas.
Essa tomada da palavra como sujeito do discurso manifesta-se na
discursiva.
220
respectivas funções lnterlocutivas. :€:: o que faremos na Figura 5 que
segue.
\.I
:H!ll!W :
\./
vagu1dade e indeterrnlnação.
discurso.
221
4. !.3- Algumas análises
Tendo examinado o processo de interlocução discursiva,
anal i saremos, a seguir, seqüências discursivas Já recortadas
anteriormente para exemplificar este processo. Para tanto, tomemos a
s1 por colchetes.
\./ \./
\./ \./
222
contldo no segundo colchete.
veem de uma v1tór1a nas urnas. Ass1m sendo, deve-se concluir que este
\.I \.f
\.I \.I
GOVKRHO
Repúbllca Bras11e1ra,
NÃO (Gt. :30J)r-·e a Heter~ogeneldade, P2>r·t.e III, cap. 12). Para lnterpe.lal"'
223
--------------- CEiiiRJO DJSCURSJVO: RAc,iOJ ------- .......... .
I LOCIIrOO lilll -------> lR!fllLOCUl1JR [l1JI
:lo,n]ivel: \:/
\-1
Pres.!JCdin ARE!llS'l'AS
I
\.I
j SUJEl'fO DO DISCURSO --"---)
:2o. nivd (qa, PDI
:DES'I'lliATíJ/l OS:
: (3a. PDI
1- I
\ OOVERl!O SE (OPOSlCWI
----·--------- liiTEllLOCUCt.O DISCURSIVA -------------------
!i'ig. 9
\.{ \.f
ru !\)
\./ \.{
costa e Silva
\
\./
I S1JJEJI\l DO DISCURSO ······>
:zo. rlivel :
:DESTIHATÃRIOS:
\./ \./
NóS OUTRO E~lPTJCO
\
-------·---- PROCESSO DE l!l~'ERLOCUCiiO illSCURSlVA -~-------·----
Rig. tO
me111or tal enunciação, veremo;:: que nela l"1;á refel''ênc 1a a ame ar; as, mas
225
ser-lhe destinado,
DL
226
CB10LJ,. -· (,,,) [Temos (, .. ) segura. conf1ança t1e que, afinal, o:;:; fat-t)t;
não JUStl-flcar:lo os rece1os dos temerosos das conseqi.iénr::1as ôa
democrac1a, e muito menos as vele1dades dos que acred1tam
serem as ele1ç:ões porta aber-ta para a un1ão dos p1ores em
volta de um desesperado revanclüsmo. Estes subestimam a
sen::nbilida.de política do povo, e nós a temos em alto apreço
{. .. ) J [Enganam-se, portanto, os que (,,,) imag1nam poder
transformar-se em centro de apoio ou estímulo à subversão ou à
c:orrupt;ão, a sombra de um Pesul.ta(lo eleltOPal] [Nesse
part1cu1ar, podem estar tranqü1los os revolucJon.iirJos: ,Jamals
adlnltH'emos que qualquer parcela de poder seja usada para flns
1nconJe-ssáve1S e capazes (Je compromG-ter a continuidade da
Revoluçiio]. [Esta, esteJam certos os l'JrasJ.leJros, não se
dderá]. [E não se deterá pop estar bastante forte e
suflC.Lentemente Vl!?llante para reprlnUP quantos ensa1em, por
qual quer modo, mudar os l"umos do Pais, üoje em busca da ordem,
do progres::::o e do })t::m~estar de tocl.os os CHladãos] (CB2
30. 09, 65 Palâc1o das LaranJelras, R.J, Mensagem aos
.Bras1lelf'OS sobre as Ele.tçOes de 3/10, p, 21315-7)
CENA EI!UMW.1'!Yii
\.I \./
·ru
\,f \.I
rrcs.Castello Branco JJRJ.S3
227
------------------ Clllli.RIO DISCURSIVO: PAiS ------------------
I I \I
MS D!STINAVilllO
I I
•os temeros~;~s das conseqüCncm ua:
democracia~ (atAS!)
li II
MS DEST!I!AThRIO
•os que imginam pWer transformar-se :
em centro de apoio ã sul>versão ou á
CO!'I'Upção (BIUSl)
li 11
H;s DF.STl!iAT.mO
II
os revolu- f os: tontra-
cionirios 1 revolucionários
(!IRASli I (!IRAS1)
li II
HõS DliS'f!NAViJUO
I I
BRAS! lli!AS~
11
HõS
distingui-los.
228
Na primeira cena discursiva, o suJeito do discurso dirlge-se
àqueles que temem o voto por entenderem que candidatos indesejáveis
enquanto apresenta seu alvo visível, afetado por FD1, seu e:Eeito ê o
(BRAS2}, afetados por FD2, que são claramente ameaçados, caso tentem
229
Ao analisar as cinco cenas discl..u~sivas anteriores, percene-s.e
: SUjtito do discurso:
LOCIJ!IlR
I I
ntq Os contra-
: os brasileiros revolucionário.> :
llllASll llllAS11
230
G104 - [(, .. l Nôs não temos, realrr.ente, em nosso pafs, (ilflGUldades
polit1cas. o Governo 6 maJOrltãrio, tem ma1or1a no Congresso
( ... ) conta com o apoio da Al\:ENA, que é o part.1do do Governo,
tem maJ.orla franca e dpOlo nos Governo::; Estaduais e acred1to
que tenha bom respaldo na op1D1ão pública. A oposição, em s1,
nª".o const1tu1 difiCUldade para o Governo. Acl'lO que a Oposição
e:;nste e e neGessárla. Ela é condição fundamental para que nós
pos8amos v1ver num reg1me democrátl(;.o,] [Em verclade, no Brasll
1'1á llmltaçóes para os que querem subverter a ordem
estabelecida. O Bras1l não tolera terrorista.s, não tolera
sul"wers~vos, não tolera seqúestracMres e neste sent1do a ação
elo Governo e e±et1va, atuante.] [De resto, o País v1ve em
absoluta llber·ctade. ÂS vezes, acl1o que ate llVY'e dema1s, pelo
·fato de essa liberdade- nem ::;empre- set' C!H'respondit1a com a
necessãr1a responsabllldade] (G3 25. 04. 76 Entrev1sta
Coletiva - TF1 - França, p, 67)
II II
ru
"'I I I I
Pres.. Geüel JtWnaJülas. franmc:.
231
-------------- CliHARlO ~lSCURSIYO: PAIS ---------------------
I I Ii
!O governo) opinião pública france$a
Ii Ii
MS DESTJHATÃR!O
(O &mrno., o
Si~lema) I I
II I I II
O))UJL'io pública (Jwa:;ileil'o5 J prm~,
fr-ancesa f m!actcs /P~llticos
1 (BRAS2l /Dranlmos,:
I /contra-revo- :
f /!UCi(!DiÍriOS
I 11BilAS11
II II
HõS DEST!HATi.RIO
(0 Sisteraa) 11 11
optnlào pública torganislllOs
francesa I internmonau
trata de urna Lnteração face~a-fa_ce enlre apenas duas pessoas, nem tão
cooperaç&o.
232
Com base nas análises precedentes, discordamos deste autores,
pois entendemos que o alvo essencial de entrevistas coletivas
telev1s1onadas do tipo de que nos ocupamos, não é o de 1nformar a
do discurso aflrma à opinião pública 'francesa que não l'lá espaço para
233
v1agem presidencial, tais como preso;;,; polit1cos })I'a~nlelros e t::ontra-
o Governo 11
Revo 1 ucionárlo 11 • Esta segunda cena constrói uma
interlocuc&o discursiva bastante complexa, ã medida que o espaço
Público francês amplia-se a ponto de abr1gar o espaço público
CONCLUSõES PARCIAIS
235
estruturante de um <.1.1scurso c1etePm1na~.to, por um falante âeterm1l1Jí.10,
para um lnte.rlocLltor âe t erm.inaclo, com finalidades
dJ.scursiva.
exemplo.
236
TERCE I RA P A RT E
, •. CorJissào Jnl~_:Bdors. em
aprova.'::~;. pELL<t
6
···-·······~······;:::····::-~·--··
ou, ao contrârio,
1- DA D E T E R H I H A Ç Ã O Ã S O B R E D E T E R M I N AÇÃO
238
realizadas por mecanismos sintáticos, através das quais o enuncial'lo
se constitui, colocando o que foi efetivamente dito, e rejeitando o
que poderia ter sido di to, mas não o foi, 1st o é, o IMo-r.t.i. to. A
perspectiva discursiva.
discurso (ARIST., op. c i t., p. 84), Todo discurso possui uma signi:ficação
em seu sent1do primeiro estão contidas, bem como os seus gêneros. Por
gênero. Tanto uma como outra forma estará provendo "uma exp11cação
homem que se trata. Por outro lado, atr11nur ao homem qualquer outra
determ.rnaçiio implicaria tornar a explicação imprõpria" {Idem,p.11)
(o gr1fo e nosso).
propor uma exp11 cação apropr1<:.Hta e precisa. Mas esta é ainda uma
240
multlPllC.ldade de sere):::, Sl({nlf.lca, de pr·eterência, uma quallflca~~§_o,
branco, ora pode ser negro; ora bom, ora mau. (Idem, p. 18) <
Pelativo:~ são "os tennos cuJa esséncla cons1te no fato éte que os
241
Ou seja, paPa que uma expllcação aproprlada e prec1sa, capaz cte
possa. ser
prov.rdenc.taâa, é- Pl'ec~so colocar wna .substâncJ.a em l't>Iacfi.ío c:om outra.
ordem fllosõflca.
242
E~ ass1m que, fazendo um salto no tempo, V8Xü(lS retrücontrar·, em
uma expressão remete para o ol)Jeto por ela desiL~na(1o, enquanto seu
da referénc:J a.
quando uma função de uma fUn<.cão não 'for extens.ional nós a cl1amaremos
funções extens~ona1s ele uma função x podem, para fins prát.lcos, ser
Lyons ( 1950) deflne extens<Jo como "a classe elas co1sas ãs quais
19ôO,p, 133].
2_ll-3
Para me111or reflet1r sobre a quest:lo da referenc1a, retornamos a
'Frege (1978, p, 38-109}, Este autor, ao estudar as ez:pressões
determinantes.
espec 1 f 1c 1dade, .ou 1nâ.ef J.ni. ctas. As descr.1 ções de f 1111 elas podem ser
244
1- deve existir um só obJeto ao qual se aPllc:a o em.mt.::lt.la(!t) que
contém a expressão produzida pelo locutor (ax1oma da
e:nstência);
ar1stotélica.
245
su.bslstem POl" Sl nresmas, enquanto or; aCldente::_; sô exl;;}t.em atraV~$ üa;:.:
Trata-se dos art1gos que, acre se 1clos ao subs t ant .l v o, f 1x.am- lhe uma
246
as palavpa::.; den::am de estar" llg·.lda,-:; a Hl6Et:::; puraz e ;-::.!áo r-·eldClOIEt(la;:;
gramât 1ca üe Port Royal que a;:;sJ..m se defllua desde seu titulo.
247
Lendo o capitulo de(11cado ao estudo "Das Palavras Disctu·~.avas",
248
proprledade t:le nomear e caractePlZã-la.s, enqua.n\. o
Soares Barboza faz a passagem da ordem (las 1dê:tas para a ordem das
as qualldades, os contrãr1os, os
2'+9
para suas con~espondentes s:ramat1ea18 se faz seg1.mt1(l o rrw~1el(1 1..1e Por-t
Royal.
hum suJel to claro, ou occul to, sem o qual não pode subsistir" (Idem,
p, 115 I.
se segue:
250
alguns, o, os e sa11enta que esta espêcle de adJetivo n~o altera a
s.Lgnlf.Lcacão do nome, limitando-se apenas a "appllcá-la aos
equ1vale a dlzer que "as quallflcacões ~ie hum nome commum po(lem ser
p. 14·2) >
251
expl1cat1vo ã med1da que apenas explicita uma qualidade que é 1nerte
ca_pazes ele reGebel~ aumento em sua :S.LL~n.lflcaç:âo, o que nã-:·, oc:orre com
sul's tan t 1 v o.:.; CUJas qual J. âaâes âescre vem ou CLIJa extensão dr:.o t ernJJnam,
um ser" (BECHARA, op. c1t., p86). Mals acilante acrescenta que "um
aâJet J vo pode ser exp11catJ.vo ou restl'.ltlvo". Exp.lJ.catJvo e o que
cun11a. ( 1971, p. 111) para ver1f1car sua noção de adjet.lvo. Para este
Cdl'ac t er1 zar ()S .se_res ou os ol1,1e tos nomeactos pe 1 os sul>s t anti vos,
253
na f::'l"'amátlca tradiClonal aos antigos adjetivos determinativos,
dos nomes.
s1gnificacão e a referência.
como complemento"
. (Mateus, op. Clt. 1=-. 255-6). Entre os espec.iflcadol"'es;.
i !~oH &s ~n\om 1~1() cnem. dm1nos atxJnl~t' que Culiôi1 trJNlhíA\ e~~enfleru~ente Côlt as operações detmunaç~, clmifHat~do-as et~to
~pmcõe$ lle 'f!erhagen', Ue extr~çáo e de pmm·so deserwolndJJ no tnbalhD "GonsidêratioM théO!'lque~ ã P!'OII()S du tr-aíteuent fornel du
limff\\age' tll colaboração Ct>ll Pécheux e Fucll.S 0910).
254
semântico-pragmática que constroem o valor referenc1a1 de uma tlada
ocorrênc1a nom1nal", (MATEUS et alli, op. cit, p. 80).
255
base nomes prõpr1os coletJ.vos, 1sto é, "o lH(ilVHiUal único designa um
dlSCUPSÍVO.
256
O exame desta ültlma f:ramátlca mostra-nos uma anã11se >1fit>
gramátlças dispotüVels.
segue:
SN ---> DET + N
Sendo que DET pode ser formado por vários const1 tuintes, a saber:
determinar o substantivo.
nome no SN. Por essa razão, o adjetivo não pode ser considerado
257
raciociJ11o desenvol v1do anteriormente por soares Barboza, nos 11..1.os üe
1830.
precedem o nome na seqüência que compõe o SN, não tendo essa classe
em Português.
2 c001 os: asteriscos a autora indlca qut ~stes detero.inantes [!Odem apresentar~se e!l Sérle,
258
determ1nantes. E ta1s !.i.lver·gCnt.~las poctem set~ inelll.or enten1111.1a.~~ se
grupo nom.1nal que precede o nome pr1nc1pal âesae que nEJ:o seJa wn
e 1 e,
J llii'Ml-(!918:P.2~)entcnde qu~nidade lexical fora do cnuoct~df> n/ioltantém nenhmu relação com q\lalquer 5e~mento da mlldade que
PJdcs::;e ::.e cons\ttull' e11 c.tu l'eierente. Mo entilnto, tz\a unidade rv~sui releri::ncla, lOC:;a~ quando t01uacta 1Solacta1nente, poiS 1leternnna ns
mmcnto:, de l'ea\Hliilie IJ\le, atmê~, de um ato de eounnação, podtm por ela zmra des1r,nodos: trata-se do untJdo da un1dade Jczícal que
i'iilneJ' deno111lla de refeJ'i:JICIJ VlJ'Iual. Uuandv e~ta reftrénna, i!Villlnada atraves de w~ ato de eununacão, Jl35~,J a dc:;1gJJJJ' algo, o fJz
Jtravês de Q)lla J'dt>ri:JlCJJ JluaJ. Oa11tor acrescenta que apen~~ J referi:ncla atual jJ()dC get• a:::soctJ(tl 3f>S r,rupo& nolmJH, 11s ümcos
caVJzes di: úcs1r,nar. Dl·venos acJ'tsceotJr que foi Ually (!m, p, 17-83] que fonm1lo11 estar. noções, des1gnando·a:. de "conce1t~z nrtua1~· e
'cC!IceJio$ JIUJJs". Gonst~mva {!;Jll1 que o:< çonmt~s mtum n~o evoca\~ !li) esprnto nentluma rtpi'C$entação prOcpmmenle úlia. Somente
toma!Be •atuaH" qnndo !'-âO tliprega{\l)f. "hl\. e mmc" e~' m~ dHC\ü"so, jíl)dendo, então, 'ser í&:n\lflCados W\1lllliJ. J'et:we~entaçâu wo! do
~UJtJ\o falante U\ALIJ, !9~4, p. 1ô) (Os gJ'lfos sáb nmos.)
259
Mais adlante, Rouveret acPescenta
260
Segundo Henry ( 1975, p, 68.-9)' ou não-
re·ferenc1al de uma un1dade não e característ.ica desta unJ.dade. Em
261
se um SN cujo substantivo fo1 saturado d1scurs1varnente por um
adjetivo ou por um sintagma preposicional (N+SPREP).
ideológico que não deve ser confundida com uma escolha individual. Ou
262
a 1nterpelaçtJ.o, tal como analisada por Al tl1Usser4, ç mu1 to geral,
Segundo esse autor, o funcionamento da ideologia é definido através
examinaremos a seguir.
263
nominal para que e 1 a, como uma UJJ.idade dotada de referêJJCla atual,
satura!' uma expresstio nomtnal para 1.i.m1 tar sua extensA o e dotá-la de
pode ser di to, contrói as fronteiras para recalcar o que ntlo pode,
nilo deve ser dito, bem como o que pode, mas nilo convem ser d1to.
264
CB107 - (,,.) não poderei deixar (J.e mencionar (,,.) os per·1gos que
giram em torno da liberdade de cátedra (,.,) se nada deve
cercear a expressão do professor, que necessita transmitir a
verdade tal qual ela se lhe apresenta, nem por isso poder-se-á
admiti r a transformação da cátedra num instrumento de
I>ro.sel.itl.smo pol.ítico, (CBi- 4-, 9. 64- Unlversidade Paraná,
p, 150)
265
F119 Com o processo t1e abertur-a, cumprimos um (:omPI'~)n11$-i;ü
fundamental da Revoluçao. Voltam agora as Forcas Armadas ao
desempenho excluslvo - e cada vez mais fecundo - do papel que
llles incumbe nos quartêls. (F'3- 17. 12. BO - Br·asilia - Almoço
com Forcas Armadas, p, 391)
F120 - (, .. ) cooperar com o Governo para reconstr·uirmos este país e
por isso preciso do auxilio de todos os bons brasileiros( .. ,
(F2 - 25. 8. 79 - Batatais, SP, Improviso ao Prefeito, p, 116)
266
VeJa-se, por exemplo,
de F Di.
por exemplo,
expressf.J.o, âire1 tos Jnunano.s, eJeJ.çôes (Üretas e 11vrr::s, etc. Por essa
267
Examinando esses tre.s: exemplos, e licito afirmar que a
268
;DSI'. : ITEJ'I : ~.DISCURSIVO : OO.t!li!IO
:DJSC, : LEXICAL :
FAJ\!Ll! P!RAF!l.\ST!C! I
269
lT!'H : llRTERI!llllillTB IHSCURSJVO :ooBtRIO DE :
; LEXJCAL : ORlGIDl
--- -- "" ---- -- --------- ----- -- ------ -- -- ---- -----------------
FAlllLJ.A PARA!í'RÃS1'1CA li
processo semântico compatível com o que pode ser dlto por um sujeito
âa Vt.7rdacte
(FDi) x âemocracJ.a do t lPO ang•J o-saxôn.i. co, latJ.no (>'D2);
270
segundo nive l, POde-se examinar como isto ocorre: por um lado,
através de um conjunto de sucessivas determinações intradiscursivas
positiva.
1. 5. 3- .A determinação interdiscursiva
271
o exame da determinação dlscuPs.lva em te:t"'Ge1PI) nivel mo;;tra que
o mesmo gesto verbal que leva o sujeito do discurso a saturar
adequadamente seu dizer para que este corresponda com coerência ao
(Pêcheux), mas também o que não deve ser dito, e ainda o que pode mas
não deve ser dito nesse nível. Para tanto, observaremos o processo
272
discursiva, determinando por conseguinte os 11m1 tes do dizer"
(ORLANDI, op, C i t, p, 11).
procuramos o que pode, mas n.ão deve ser â1to no ãmblto de FD1 por
de um dizer autorizado, mas não desejável: o que pode mas nlfo âeve
5 DHtlnguiws negaçM poJCmica de denegaçao nc artigo 'l!egaç~c polêmica e denegação: dolS f1lJJdonmentos discursivos da negação~
apresentado na 42a Reuni~ da SBPC e publicado no no, 19 de Cadernos de Estudos Lingiíis:ticos. lime tral>a!ho 100strmrts que a negação
tum:1ona ae 11040 ~lê1üco quanM ~robHüa poslçijes de suJeito afelatlil!: por FD antagõnlcasl t~anto a llenegaçao 1nc1de ~obre \Uil llizer
autoriza® pela FD que afeta o ujei.to do discurso, ou seja, o sujeito nega o que pode dizer.
273
ser d.tto. VeJamos na Familla Parafrãstlca III o coter:t(l •11seur&lvo •1e
brasileiros.
discursivamente, ficando limitada sua extensão aos bons, aos que são
274
O PROC&ISO SOOH!JOO SOE.\11MIVO D1i MO& Jll!SU.Eiro5 l'l\ OI
IMI
: BRJ.SILE!ROS !FI
FAlllW. PARAFR~S'l'!CA lV
27'5
Gen. GeiseL
discursivo sofreu.
responsável pelo bloqueio do não-di to, do que pocte, ma.s ntí.o deve seJ'
FD1. Esse vestíglo funclona como uma elipse discursiva que sõ pode
276
E de Pessal tar que e::..:te espaço vazio t)corre lã ont1e ele parece
impossíve 1, proibido mesmo, pois o que entendemos por elipse
diversos:
( 1) O pr.tme1ro nível de ãeterm.tnaç.§o se dã atravo5s da saturação
semãnt ica;
277
I3J No tercell'O nivel, as ~.'teternnnat;6es
está em curso em Di, Para examinar tal ruptura, é preciso passar para
278
-------------------------------------------------------------
:Dim:RHIILIIITE ; ll!ll ;JIIlT, DISCU11S!VO ! OOH!KIO :
: DISCURSIVO : LEI{!CAL :
; (CB)
FAHIL!A FARAFRÃSTICA V
279
não fol entendido, de forma alguma, como uma revolução, mas como uma
Segundo Arendt
diSCUf'SlVOS.
250
Percebe-se na fami lia parafrãstica I, que "democracia" e cr1sttl,
llberdade".
281
Esses diferentes níveis de determinação d1scurs:1 v a
histeria. Este autor afirma que não há uma única causa traumática,
ligados entre si. Ma1s tarde, Freud {1974b, p. 2:43) acrescenta que um
autor, para que a contradição se torne ativa, isto ê, para que ela se
282
ela se exerce, most:ran.(lo-se inseparâvel de f~uas ,:::ond1t;-ões formais de
283
Com base na descrição deste processo semântico pode-se dizer que
sobredeterminada.
âellmltaçáo sol)J~e o que pode/âeve ser dJ.to, bem como o que pode, mas
6 De:sejaoos demarcar n~ssa concepção de sobredeterminaçã~. da foma ton);) Possenti {!966, p.lOOl entende este conceitl). Para este autor,
mu série df element~ extraiingiiísticos, tais <:011o entonaçã~, ritmo, int-enções, rfglstro lio@istico, etc, manifestam uma série de
escolhas do locutor, sobre!ktel'llinandO o discurso e dando-lhe lll1 estilo, Ou seja, a sobredetermi.naçâo, em Possenti, é d.a orden do
indiVidual filiandHe ao peru:amenlo de Granger, enquanto para nõs a sobredeteml.naç!o ê decorrente de prátlm d1SC1U'sim sociais,
oobilüadas por Ull sujeito de discurso interpelado ldeologicanente. Por c-on5eguinte, seu discurso coloca em jogo 5lilllltaneidades,
exclusõ.es e wntradições que snbredetemtnan. seu d.izer.
284
Esse trabalho de detePm1nação d18curs1va, com tal:::: efeltt)S t1e
sentido, é essencial para o discurso em anãlise, POiS SOb tal
determinação ancora-se, como veremos no capítulo seguinte, o processo
capítulo anterior.
285
ou seja, a produção de sentido faz intervir a memôria discursiva
que lhe está associada, permitindo relacionar seqüências
formuladas no intradlscurso com seu exterior. somente ao
relacionar uma seqüência discursiva com a FD que afeta o suJeito do
antagonismo.
forma que
286
A isto, desejamos acrescentar que HaPüG11e, P.5Gl1eux e Henpy
( 1971, p, 106) afirmam que o "?reconstruído e 11l1Güisticamente
analisãvel".
2. 1- O DISCURSO RELATADO
discurso do outro ( 1). Como afirma Authier ( 1978, p. 58; 1982, p, 114),
textualidade de (1).
287
1ntervenção adotado por (L). Nada garante, entr·etanto, que o DD seja
Para Authier "o DD ê uma armadi1l1a, uma flcção que remete ao confllto
.\978, p 651
288
ldentldade com a sintaxe que caracte1~1za o DI. Não l"l.á nemru.m traço üe
DIL nestas três modalidades de discurso relatado.
des.sa seção.
do outro.
289
que está sendo lncorporado, Por seu lntermédio, o sujei to do discurso
outro.
instaura.
290
passando a ppessionar o governo e isto reflete-se no t11;:o.curso
pres1denc1al; para mel11.or rejel tar o d1scurso do outro é pt'eclso
11ngüist i co.
291
Giii - Mas afirmar dai que tudo o que se dJ.sse do progresso do
Bra.s.tl nos til t.tmos anos é uma ment.tra, rzma 111verdade, é ter
muita coragem( ... ) (G2 - 22. 10.75 - Pal. Planalto - Improviso -
Visita da Comiss~o Executiva Nacional da ARENA, p. 228)
Gi12 - Depois de se lançarem numa camparu1a e se basearem numa
possível traição da ARENA, foram dizer que a ele..tç.fflo nlfo era
legit1ma (G5 - 31. 10.78 - Improviso - Vitória, ES, Lideranças
políticas, p.487)
G113 - No meu Governo, três vezes o povo foi chamado a votar. E dizem
que o Governo nii.o é democrát.ico {G5 - 4. 11.78 - Manaus,
Líderes Políticos - Improviso, p, 5015}
,---- 292
1
I ;-,_,,.,, ~' ::--, (/
_\,.__.., """ .
""~-- ,..~- --·-·
nJ.o e lntroctuzida pelo lJ.abltUa.l dizer que, Em $eU lugctr enC<)ntra-se
para com ele nao ser confundido. o mesmo ocorre com CB109, Observando
produzido.
293
espaço res.tr·ito aberto pelo DRIF f~)l con~Hderac.o e:.:cesslV(l, Jã no;<;
discursos de Geisel e Figueiredo, o DRIF volta a ser empregado,
disfigurá-lo.
294
a explj.cação para a sua ocorrência qua;;;e-genePalizat:la no <11s(::ursú em
295
Fi24 - Dizem ser capazes de mot1..if1CaJH1o o atual s.istema econõmlco, em
PJ~azo curto, melhora!' as conttlções cte V1<.:ta do Povo ))J'a.s.ile1ro
(F3- 19. 6. 80 - Cuiabá - Improviso - Encontro com Políticos do
Estado, p. 146)
Fi25 - (,,.) Alguns apontam n.!Io sei' possível a noJ•mal.izaçtl.o pol.ftlca
do Pais, porque o povo niío está satlsfe1 to e sofre as a.grm•a.s
da. 1nflaçi1.o. (F4- 29.04:. 81 - BH - Improviso - Classe política
e empresarial, p. 157)
Fi26 - Perguntaram-me se determinado cand1dato gaJJlJar essas eleições,
ele levarJ.a ? ( ... ) Essa pergunta demonstra receio de quem tem
medo da democracia. (F6- 7. 10.82 - Natal - Improviso, p. 498)
Fi27 - ( . . . ) abomino o entendimento de que a abertm•a é um fato
novo, sem ligações com o processo revoluc1onãr1o de 64
Existem até mesmo aqueles que, por conveniência ou
desinformação, vêem na abertura a ant1-revoluc.ilo , como se
nos confessássemos, em tardia mea culpa, por decisões
impensadas do passado. (F7- 07. 12. 83, Brasília, Forcas
Armadas, p. 203)
seguir.
parãfrase.
A sintaxe do discurso indireto, por vezes, ê substituída pela
daquele já descrito em DRIF, raz&o pela qual dela não nos ocuparemos,
296
Parte dos casos, siio 1ntroauz1das por os que, aqueles que, a.e que, a.e
quem, etc, Ou seJa, a posição (S) é preenchida por um constituinte
do outro.
Em mui tos casos, o outro e designado por SN mais ou menos
297
se opun11am ã Revolução, enquanto o terceiro SN (G117) pode ser
entendido como uma referência velada à oposição. ou seja, é o saber
apresenta-se sob a forma ele frases verba.is, tal como ocorre em CB111
298
"possível" discurso do outro, com base na memõrla dlscurslva, tal
como veremos, a seguir.
transformação em G115b.
299
circulaçã<> no discurso da oposição: as forças armadas devem con-finar-
po1s seu enuncia>:.i.O representa o que não pode ser dJ.to no interior de
F'DL Por essa razão, seu relato 1ntroduz uma seleção 1 exical
300
que aludem ao d1scurso do outr'o. De tal m1)dü essas s.eqü&nc1as foram
pretendldamente homogêneo.
'jã-lâ",
1
como objetos do mund0 1 pré-exlstente:s ao cll scurso1
produzindo no 1ntradiscurso um efeito de evidência do qual o
301
enuncladol~ se appoprla, Mas apagam-se as
condições em que tais preconstruídos foram produzidos, Acreditamos
G : '
"'F '
----------------------------------------------------
1 Este quadro-síntese, organind.~ s~.b a f~ma de escala lllplicacil)nal, pretende apenas dar aa1ocr vlslbillda.lie aos daOO~.
302
Essa visê.o de conjunto do discurso relatado nos Possibilita
o faz pelo v1és mais desformador. o discurso de Médici, por sua vez,
Figueiredo.
303
Tais transformações, no entanto, não devem ::;er interpPetadas
como traços estilísticos que individuam o discurso de cada
presidente, nem devem ser tomadas como il1dlcação de que os
30'1,
pe 1o recal camento do discurso-outro, dando margem ã construç:lo
em seu intradlscurso.
e Ems idHas fo.ram desenvolnltls na conferencia - "lleterogcrJ.eJJ.!a.de:t enuncu.uras: as !làt~ roinctdtncias ® di'ler~ - pr(lferida por Aullüer
C\1 2ô, OB, 69, no lE~, URJCMIP, Campilla5.
305
úis.::urso an1e1o equivale a ma;:;earar c1 fato que tot.1.o dlscurf;o e
essencialmente heterogêneo.
outras vozes. No entanto, vimos que ele prima pela ausência de marcas
mesmo.
305
funcionamento discursivo. seu exame permitirã 1nvest1gar a presença
presidencial.
307
(aconteclmentos) desta no~&o, isto e,
representações ligadas a si tuacões enunclativas reais ou imaginárias.
p. 95).
qual não poderá ser adotado em sua plenitude nesse trabalho, pois
discursivo.
três tipos de relação elementares que esta envolve: (1) rela.çJf.o <te
308
pode ser relacionado com a operaç~o de identificação; o segundo induz
Assim, o que pode ou náo pode ser di to, e o que deve ou Dtfo deve ser
incide sobre o que pode mas não deve ser di to neste domínio de saber
309
e a negação mlsta, que mobiliza as duaz mo•1all\.1.ades anteriores numa
única operação de negação.
(D2),
afirma Florin:
310
Juntamente com Fiorin, entendemos que se trata de um discurso
análise.
examinados.
311
A negação do discurso do outro
incorpora.
312
(!11 - 6. 9. 70 - Pal. do Planalto, Lançamento do MOBRAL,
p, !13-1~)
M95a - Os poderes por ele outorgados
[AI5] ao Pres1dente da
RepúlJl 1 c a n.ão perturl)am e nem perturbarão o clima
democrático ex1stente no pais(, .. J
(!11-26. 2. 70 - Pal. da Alvorada, Entrevista Coletiva, p, 9)
aflrmaç:ão. Somente assim D2, que esta llY!Plic.itado em D1, pode ser
seguem.
313
G119b - o presidente é contra a prática da politlca pelos
estudantes.
G120b - Distensão significa distensão politlca.
funciona como uma pista (NÃO, NUNCA, IN-). Através das transformações
314
discursivas de Di {FD1) e de D2 (FD2), uma frontelra ent.Pe (1 que o:..1.e•;e
315
através da construção negativa, a qual revela a presença transversa
do discurso do outro no discurso presidencial, pois D2 ê conectado
ret 1ra seu e fel to 11e origem, ftU1Glonando a negação como indice de seu
proveniênc1a do exterior.
Em sintese, essa modalidade de negação ppoduz um duplo efeito de
316
mostran<to, através cta negaqâ.•),
produz.
1nter1or do enunciado,
I
\ I
Di - o MOBRAL não é um s1mples ato do Governo.,
317
enunc1ado diVldldO entre duas pos1ções d1scurs1vas antagônicas, tal
recortes.
(10 outro, mas o que 111e subjaz, o que 111e dá sustentação. Trata~se de
especifico de D2.
318
Esta negação ocorre de modo desigual
da negação externa.
Cf3106a - Numa ditadura, o âi. ta dor JJ.f4Q se dei.xa substi trzi.r (CS2-
3. 10.66 - Congresso Nacional, após ter SldO eleito, p, 169)
CS10'7a ~ Estamos com B meses de Governo, depois de uma Campanl1.a, de
uma peregrinacão pelo país, n§o Para pedir que me elegessem
Presi.âente da Reptíbli.ca, mas para dizer o que iria realizar
se fosse Pr·esidente da República {.. , l (CS2 15. 11.67
Inauguração da dupl icacão Rio-SP, _p, 272)
CS108a - N.fio são as lels que fazem os (féspota.s e o.s tiranos, mas a
tendéncia ou a vocação para a t1rania e para o
depotismo que os cria e nutre. (CS3-2.6. 12. 68
Confraternização com as Forças Armadas,p. 478)
319
etapa;S no processo de c1esenvo l vlmento pOlítlCO I ... I IG2-
L 6. 75-TV- Ação Gover·namental, p. 155)
segu.ir,
320
Gl2lb É inerente ã condiçi\.1) de candh1ato a apre.:::;entaç:f\(1 (l.e um
programa de governo.
Gi22b As classes produtora opõem-se às classes trabalhadoras. As
primeiras visam ao lucro máximo que escorc11am as segundas.
G123b - A Sociedade C1v11 ex1ge que os poderes excepcionais com
que o reg.1me rnil.ltar governa tenham um f1m.
fundamentam.
321
negação de Di. E 1sto ocorre por·que esta rede de formulações pertence
D2, o escopo, aqu1, é algo mais abstrato que subJaz, não formulado, a
v1ês da negac:lo que incide sobre o implícito elo discurso <iO outro.
Esse t1po de negação acarreta conseqüências, pois negar o não-
322
e sua ~orrelata F132b. As duas seqt'!t?:n<:::1as foram produzidas no
aqueles crue lJ.aVJ.dlll tlcl') seu:s \..i._lPt:ltos po.J:itlcos cassados, mas dela
1ntransponive1s.
32 3
- Democrac1a iiDPllca direitos 1na11enãve1s
D2
' de 11ber,1ade, de voto, de orgmuzat;ão
\ I c1vil e de decisão sobre o futuro da naclio
\
MAS .. NÃ.O
I
\ I
antagônicas que são fundantes dos dois dlscursos. contudo, por serem
sujei to.
NÃO
\ I
I
Di - o commusmo não quer dar de comer
a ninguêm, nem pretende dar terra a
pessoa alguma.
324
democrac1a. Por con;;;egu_tnte, o enunciat10 n:J.1) se .::tpresenta (i1Vl11Hl.o
transverso.
pode "ser lldO pelo seu 'd1re1to' e pelo seu 'avesso': em uma das
325
instaura através do funcionamento da negação externa.
seja, não opõe FD antagônicas, como ocorre com a negação externa, mas
ao saber de FD1.
326
CB123a - Para combater o perigo comunista, JJilo se pt;.1de vest1r a JJaÇ.;'lO
com a camlsa de força do JJazlsmo{ .. , ) (CB2 Bagé, RS
Quartel General da "Divisão de Cavalaria, p. 272)
327
F136a A ARENA deve CODSlderar-se J:J.;.'lo como um Partido do aoveJ'no,
mas ParUdo no Governo (Fi 19.03,79 Pal. Planalto
1a. Reuni&o Minister1a1, p, 20)
328
Examinando os enunciados acima,
empregados para tal fim: prender, cassar, expulsar, matar ... O mesmo
determina.
329
presidentes que desejasse governar com partido único, já que o
modificando os limites do que pode ser dito, bem como do que (ainda}
é interditado àqueles que são por ela afetados. Fatos de tal natureza
ser di to, bem como o que não pode/não deve ser dito ou ainda o que
deve ser refutado pelos sujeitos por ela afetados. Ou seja, o domínio
entanto, que essa diversidade não afeta sua coerência interna, Para
330
exanunar esse funcionamento da FD, anallSal:"'emos
o11garqu1as.
331
que desagradou ppofundamente às oligarquias - , "aperfeiçoou-o" e o
11istõrica.
332
su.Jelto de D3 estão afeta(lOS Por FDL Isto slgnlfl<::a que tant(l o
333
Da comparação da:::. duas modalidades de negacão, percebe~ se que a
-334
primeiro e no ültimo domínio de nosso corpus, caracterizando o
Entendemos por negação mista a mob1l i.zaçl1o das duas mo(tal 1 dades
âe negaçtio anteriOJ'mente exa.m.tnadas através de uma tín.tca opeJ~aç.f1o de
modalidade de negação.
335
bem como enunciaclos d.tscur'slvo::; ele D3 ( ll1dlcactos por c), que
examinaremos a seguir.
336
defendida pelo suJeito de D2 e contrapõe-se ao su.Jel't.<) 11e D3: a 1lUPla
\ I \
D3a- É preciso prorrogar o mandato presidencial
NÃO
\ I
R
\ I
D3b- Ê preciso reeleger CB I
\ I
R I
\ I
D1 - Não permitirei minha reeleição, nem outra
prorrogac~o de meu mandato
337
conJuntura llistôrica em que tal enunc1ado foi produzido. Essa
(liSCUI'SiVO$.
Percebe-se que, nem todos que são afetados por FD1 desejam a
338
no 1nter1or do processo d1scursiv-o da mesma FD. Já Di e D2,
governo de F'iL~ueiredo.
rad1ca1.
CB127 - Não vos falo assim por mera .inspiração intelectual, envolv~do
em um ultrapassado espirlto liberal ou coloca<io no vaz1o das
-formas democráticas. N~o. Eu me coloco face aos destinos do
Bras i 1, um grande pai:;; que n.#.o merece wn outro Esta ao Novo,
nem o arremeâo âe uma Rep<"íl)llca Popular. (CB2 - 10. 10. 65 -
Bagé, Rs, Quartel General - III Divls.ão de Cavalaria, p. 272)
339
~1e seu mandato, bem como Pelos demais presidentes militares que se
discursivo de FD1, tal como podemos ver pela anãlise feita a partir
Vale dizer que, cada vez que as dissenções internas s&o multo
340
: OOIIIHIOS HODALID!DES
'' -------------- ----- ----- ------ ---------- ----- --- ''
m m. m IRT. mHISl'!
O!SÇ.IRft.
Cll :+ + +
~ :+ + +
H :+
G ; I
cs : + + +
para exam1nap uma das hipóteses desta tese. Pensávamos que o sujei to
voz geral, lndeterminada que Orlandi (1989, p. 43) cons1dera "a voz do
"Revo 1 ucão".
341
identificam com a "revoluc:ão" e que se opõem àqueles que dela se
que, por estar no poder, acaba por impor-se aos demais segmentos
Uni co, ficticio, que e dado como consensual para simular uma
342
se tal
<'J.esse discurso.
polifonia, tal como foi formulada por BaH.tJ.tin (1951; 1987) ou Ducrot
343
co:tutantemente, ac<:!J)a po1~ ser dominado Pelo o1.1tro, que o (.letermlna, fu
deve;pode ser di to, o que deve ser antecipado, bem como o que deve ser
discurso presidencial.
determinação (o que deve e o que não deve ser di to) que administra as
esperamos ter sido capazes de fazê-lo sem cair no que Culioli designa
345
Fo1-nos possível .i.dentificar incisas discursivas nos discursos
346
Como t:; possrvel observar, não llã
347
d1~ ~:en\. .L elo daquele
•)U t rc corn mu1·to ma1s r2'l.záo nilo o 6 a 1nc1sa d1scur·:;:;1va que. por .c;er
dJ :~cursivas e O CliSCUr'SO
relere o dls•·urso-•)Utro
no Cl.L:~CUY'.Sl), Já Jnctsas
discursiva, por ser uma falta que não pode ser pi'eencluda nem pelo
recal canâo o ou tl'(J, apropr..t a -se âo â.1. zer no mesmo mo v 1.men to que apaga
a memôr_ra e 111staura o esquec1mento.
A ll1Clsa discursiva produz o efelto de um ato assertivo
enunc1acão.
34-9
Coosideraçôes fiJJlis tJ tOIW dJii ÍllCisiS discursiYIS
outro, sempr·e associado à faLSidade, nem mesmo para ser cr1 t1cado,
em análise.
350
praticamente desaparece e o outro passa a .ser expllC1t-amente
mencionado e, com freqUê-ncla, sua referenc1a tambêm é determ1nada
quando a POSlCâO [SJ é preenchida com o 1tem lexical a oposição.
CONCLUSõE~ PARCIAIS
exterior especifiCO,
silêDClO fundador que faz com que o JUlo~â.ito apareça como Já-â.Lto,
351
la.nma.r" dr) dls:cur~so <::lo outr'o que traJ:;allEt cu:.v:urslvamente no sentlt1\1
ll.omogene Idade.
"'cs
'
G
através elo discurso relatado. o que perml te entender que o outro n!io
352
demais Presidentes, o discurso relatado neutraliza o efeito de
353
(11::::curs(1 com a FD que o determina; (3) relacionar c1 '11scurs(1 com
delimitação reciproca.
354
CONCL US õ ES
PRIHEIRAS PALAVRAS
enuncia.
1- D A S D E F I N I Ç O E S
longo desta tese, não apenas sofre sucess1vas determinações, mas tais
356
1ndetel~m1nação. na ppesen\.e seção,
discursivos.
determJ.naç.tio do que pode/deve ser dl. to, bem como âo que pode, mas n.tio
convém ser d1 to e ainda do que não pocte sei~ â1 to, devendo ser
x~e:tutado pelo sujeito do discurso, ou seja, a determinação discursiva
discurso.
pode/nfto deve ser dlto pelo sujeJ.to <to à1scurso. Dito de outra forma:
enunciação com o que enuncia, e com aqueles para quem enuncia o que
357
Deslocando a reflexão de Guimarães para a AD, deseJamos ampllã-
tais afirmacões.
complementares.
358
se como NóS, s1mu1a o efeito de Palavra comum, socializada que, por
359
2.2- A IHDETERMINAÇhO HO PROCESSO DE DETERMIHAÇhO DISCURSIVA
discursiva.
da FD o que pode, mas não convêm que seja dito pelo sujeito do
processo de determinação.
360
pr>o..::es:so (le dellmi taçiá.o reciproca, ou seJa;
dJscurs1va aponta para o que pode/deve ser· d1to, construindo o
assinala o que não pode/ não deve ser dito, decorren(io daí o que deve
discurso.
natureza indeterminada,
361
espaços discursivos diversos pode ser lida tanto como determlnaç~o
3- E M B U S C A D E U MA S I N T E S E F I N A L
inter-relação.
362
Hão hã, pois, separação entl'e aetermlnaçã(l e lnt..1.ete:r>mlnaç.ãt) em
embora isto não seja necessário. Mas ê sobretudo sua embricação que
úLTIHAS PALAVRAS
outros, De modo que esperamos ter contribuído não apenas para a AD,
363
d1scurs1vas que participam da HYt.erlocuç:ãc' dlsn1r;;.ava, tal.<; como a
não-pessoa, a quarta-pessoa e a terceira-pessoa d1scurs1vas, que
conduz à sobredeterminacão.
:freqüentemente 1ncerto, sempre difícil - <-.ie uma filiaç;!l~,.l que n~o seJa
364
B I B L I O G R A F I A
I- DISCURSOS PRESIDENCIAIS
Médici (M)
GEISEL (G)
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FIGUEIREDO (F)
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