Historia Das Lutas Pela Autogestão No Mundo.
Historia Das Lutas Pela Autogestão No Mundo.
Historia Das Lutas Pela Autogestão No Mundo.
Tomo -2
-Indice:
PARTE I=
PARTE II :
.Joo Bernardo
.Mario Tronti
.Daniel Guerin
.Mario Pedrosa
.Berverly J. Silver
2. As Experiencias Histricas:
a- Sculo XIX
. as Teses de Pulacayo,1947
PARTE 3=
- bibliografia
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As primeiras revoltas das classes oprimidas eram de camponeses rebelies contra a fome
1
Em abril de 1649, Wistanley, e uns quarenta seguidores, comearam a cultivar a terra para concretizar esta
sociedade igualitria. Todavia, em 1650, por presso do clero e dos latifundirios tiveram que abandonar o projeto.
- e suas motivaes ideolgicas eram muito vagas e de inspirao crist, em ruptura com a Igreja
oficial: luta pela igualdade entre os seres humanos, no apenas no cu, mas sobretudo na terra.
Thompson afirma que durante 200 anos, a Londres radical foi mais heterognea e fluida
em sua composio social e profissional que os centros das Midlands e do Norte agrupados em
torno de duas ou trs indstrias de base. O radicalismo londrino tinha uma complexidade maior
pelo fato de necessitar unir tendncias divergentes em um movimento comum.
Advertindo que, temos tendncia a s ver os elementos novos, Thompson chama nossa
ateno para dois aspectos: 1) a continuidade das tradies; e 2) a modificao do contexto.
Estamos, assim, confrontados s antigas tradies dos artesos e dos comerciantes das
cidades, to prximos do menu peuple que George Rude mostrou como constitua o
elemento revolucionrio mais ativo da massa de Paris. Podemos tratar a complexidade e a
continuidade destas tradies distinguindo trs problemas:
- e, a tradio ambgua do populacho do sculo XVIII, que assustava tanto Wyvil e que
Hardy tentava organizar em comits, sees e manifestaes.(apud,p.27)
Para Thompson, vital entender o refgio no reino interior para poder entender o sculo
XVIII e os elementos de continuidade na poltica ulterior da classe operria. Esta mudana se
expressa atravs das conotaes das palavras Puritanismo e Dissidncia, energia positiva, de uma
parte, e, de outra, recuo prudente.
fundamental ver como a deciso das seitas de suportar este mundo com pacincia,
abandonando toda esperana de reg-lo e govern-lo, lhes permitiu combinar uma certa
quietude poltica a uma espcie de radicalismo latente, que se expressava, entre outras, nas formas
de organizao democrtica, possveis de reviver em contextos mais favorveis. Podemos
encontr-la nos batistas e nos quakers.
Se os quakers contribuam mais para conscincia social da classe mdia que ao movimento
popular, foi com Bunyan que encontramos o radicalismo latente, que se manifestou ao longo do
sculo XVIII e que voltou vrias outras vezes no curso do sculo XIX. Foi A viagem de um
peregrino que, com os Direitos do Homem, constitui o texto base do movimento operrio
ingls.
Com Cobbett e Owen, foram Bunyan e Paine que enriqueceram o substrato de ideias e de
comportamentos que formam a matria-prima do movimento entre 1790 e 1850. Com todas as
suas contradies e ambivalncias, o metodismo progrediu mais rapidamente, entre os pobres,
nas regies em que a dissidncia estava enraizada.
Mesmo que elas no tenham jogado um grande papel,nem uma nem outra,no sculo
XVIII, elas adquiriram ambas uma nova importncia aps 1790. Um mesmo fio liga
ideiaideias e experincias comunitrias associadas aos Quakers,aos Camisards e,mais
especialmente,aos Moravios.Foi em Bolton e Manchester que a agitao no seio de um
pequeno grupo de Quakers dissidentes levou a partida, em 1774, da Me Ann e de
alguns outros que fundaram as primeiras comunidades de Shakers nos EUA. Quarenta
anos mais tarde, Robert Owen iria encorajar os Shakers e populazaria suas ideiaideias sob
uma forma secular.(apud, 46 )
A histria de Robert Owen, de New Lanark, deve partir da tradio paternalista; as grandes
experincias de New Lanark foram institudas para responder as dificuldades na instaurao de
uma disciplina do trabalho e na adaptao dos turbulentos trabalhadores escoceses aos novos
hbitos de trabalho em fbrica. O problema era de inculcar juventude os hbitos de ateno, de
celeridade e de ordem. Owen no escolheu nem o terrorismo psicolgico do metodismo nem a
ameaa do contra-mestre e as penas, para obter seus fins. No entanto, no se deve esquecer que,
em sua fase socialista ulterior, o pensamento de Owen conservou sempre a marca de origem. Era
visto como o bom papa do socialismo.(ibid-p.708)
ele foi uma espcie de Hanway do mundo industrial, que pensava muito nas crianas,
amava v-las felizes, e ficava realmente indignado frente a explorao impiedosa. Mas a
ideia que a classe operria pudesse progredir de forma autnoma em direo a seus
prprios objetivos era estranha Owen, mesmo que, entre 1829 e 1834, ele esteve
relacionado a um movimento deste tipo. claro em todos os seus escritos. Ele desejava,
dizia em 1817, remoralizar as classes inferiores.(ibid-p.
Esta atitude erigiu uma barreira quase insupervel entre Owen e o movimento popular ou
o movimento sindical. A relao entre Owen e os radicais estava pautada por dois
aspectos: de um lado, Owen tinha simplesmente uma caixa vazia na cabea l onde a
maior parte dos homens tm sentimentos polticos; de outro lado, os radicais tinham
uma fraqueza: no tinham nenhuma teoria social.(ibid-p.705)
Para Thompson, Owen no foi o primeiro terico socialista moderno, mas um dos ltimos
racionalistas do sculo XVIII.
Devemos buscar a resposta no salto milenarista feito por Owen: o rigor de seu
materialismo de determinao mecnica pelo meio ambiente o leva seja ao desespero, seja
a proclamar um milenarismo laico. Marx e Engels analisaram este aspecto do owenismo.
Owen apresenta, em 1820, a ideia de realizar a prosperidade no pas.Quanto a suas
comunidades, ele oferecia nada menos que o Paraso.(ibid-p.706)
de incio, o owenismo propriamente dito, a partir do fim dos anos 1820, no se resumia
mais aos escritos e as proclamaes de Robert Owen. A impreciso de suas teorias, que
ofereciam a perspectiva de um outro sistema de sociedade, as tornava adaptveis aos
diversos grupos operrios. Nos escritos dos owenistas, os artesos, os teceles e os
operrios qualificados escolhiam as passagens que concerniam tudo particularmente sua
prpria situao e as modificavam em funo das discusses e da prtica [...]os escritos de
Owen podem ser considerados como uma matria prima ideolgica, difundida entre os
operrios que a transformavam em diferentes produtos.(ibid-p.710)
2
Por exemplo, os teceles, em algumas cidades, adaptaram as ideias de Owen aos termos que correspondia s suas
experincias; em lugar do tom messinico, encontra-se um tom de bom senso. Criavam fundos para compra de ch,
acar, po, farinha, para escaparem as compras na cantina da fbrica e do pequeno atravessador. Esta ideia atraiu
tambm os trabalhadores qualificados e organizados da grande indstria, onde a adoo do owenismo era mais difcil.
impreciso do pensamento de Owen tornou possvel a coexistncia de vrias tendncias
intelectuais no seio do movimento.[...] o owenismo era mais so enrgico, em termos
intelectuais, que o pensamento de seu mestre.(ibid-p.716)
Nos anos 1830, a classe operria inglesa no tinha inteiramente adquirido a ideologia laica.
A cultura radical era a dos operrios qualificados, dos artesos e de alguns operrios domiclio.
Alm dessa cultura (ou coexistindo com ela), existiam os nveis mais obscuros de ideologia. A
nostalgia comunitria renascia e a linguagem do racionalismo era traduzida como fraternidade.
Desta forma, para os pobres, o owenismo tocava um dos elementos mais profundos; o sonho que,
de um certo modo, por algum milagre, eles poderiam ter de novo a sua parte da terra.(ibid-p.722)
Com os owenistas, o reino milenar deveria ser fabricado por seus prprios esforos, o
que mostra que os trabalhadores aproximavam-se da maturidade, tornavam-se conscientes de seus
prprios interesses e de suas aspiraes enquanto classe. Longe de ser voltado para o passado, o
owenismo foi a primeira das grandes doutrinas sociais em que o ponto de partida foi a aceitao
do crescimento das foras produtivas ligadas ao vapor e fbrica.O socialismo cooperativo
deveria simplesmente superar o capitalismo sem dores e sem lutas, por exemplo, pela educao e
pelo desenvolvimento de suas prprias cidades, atelis, armazns no interior do capitalismo. A
esse respeito, Thompson avalia: Eis a fraqueza que perverteu o owenismo.(ibid-ps 723-724-
725)
Em outra grande obra de E.P. Thompson, vamos identificar as primeiras lutas de controle
social, no caso, em relao aos preos. Em Costumbres en Comn(1995), Thompson analisa o
termo motim. Nestes ensaios, Thompson estuda um modelo de protesto social, a economia
moral do bem-estar em tempos de escassez e busca captar o povo como agente histrico antes
da Revoluo Francesa de 1789, atravs dos motins de subsistncia na Inglaterra do sculo XVIII:
uma forma complexa de ao popular direta, disciplinada e com objetivos claros.
Assim, podemos pautar estas lutas no plano do mercado como a busca do controle de
preos, baseadas na ao direta dos pobres. Sem dvidas, elas tm corte autogestionrio.
Thompson assinala uma onda de longa durao na Inglaterra, marcada por estes motins: Nos
anos que levaram a agricultura inglesa a um novo patamar, podemos assinalar uma cadeia de
motins, ou como os contemporneos as vezes os descrevem, de insurreies ou levantes dos
pobres: 1709, 1740, 1756-1757, 1766-1767, 1773, 1782 e, sobretudo, 1795 e 1800-1801. Como
podemos ver, um onda de longa durao quase paralela a que marca os anos da Revoluo
Francesa.
As fortunas das classes capitalistas mais fortes repousavam, em ltimo termo, na venda de
cereais, carne e l; e os dois primeiros artigos deviam ser vendidos, com pouca
interveno dos intermedirios a milhes de pessoas que compunham a legio de
consumidores.[...] No sculo XVII, a classe trabalhadora no vivia s de po, porm,
muitos deles subsistiam quase exclusivamente graas ao po (ibid-p.217).
E que: Cabe pouca dvida de que h uma tradio direta que se extende desdo o Book of
Orders de 1630 aos movimentos dos trabalhadores padeiros no Leste e Oeste da Inglaterra durante
o sculo XVIII.
Thompson, ento, relata um destes movimentos. Primeiro, nos fala de uma copla fixada
na entrada da Igreja na parquia de Wye (Kent), em 1630, que adverte e ameaa os comerciantes:
cento e trinta anos depois (1768) se pregaram novamente folhas incendiarias nas portas das
Igrejas de parquias dentro do mesmo contorno de Scray,em Kent,incitando o povo a sublevar-
se.
Para Thompson,
Thompson destaca que houve casos de aproveitadores que pegaram mercadorias sem
pagar. Contudo, existem abundantes testemunhos do contrrio, e alguns so impressionantes. o
caso dos encaixadores de Honiton que, em 1766, tiraram os gros dos agricultores, o venderam no
mercado a preo popular e devolveram aos agricultores, no somente o dinheiro, mas tambm os
sacos.
O Mercado era o ponto em que trabalhadores sentiam com maior freqncia que estavam
expostos explorao,e era tambm especialmente em distritos rurais ou em distritos
fabris dispersos onde podiam chegar a se organizarem com mais facilidade...Os
confrontos no mercado,em uma sociedade pre-industrial,so, claro,mais universais que
qualquer experincia nacional,e os preceitos morais elementares do preo razoavel so
igualmente universais.(ibid-p 271)
E.P.Thompson conclui seu estudo: A economia moral da multido demorou mais tempo
para morrer: foi recolhida nos primeiros moinhos de farinha cooperativos, por alguns dos
socialistas seguidores de Owen, e subsistiu durante anos em algum fundo das entranhas da
Sociedade Cooperativa Mayorista.(ibid-ps 292-293)
Aqui,voltariamos a seu estudo sobre The Making of the English Working Class ,que
vimos acima.
Flora Tristan ficou conhecida, sobretudo, pelo seu trabalho sobre a UNIAO OPERRIA,
que antecede Marx em relao a uma viso internacionalista das lutas operarias. Mas F.Tristan fez
4 viagens ao corao do capitalismo e do industrialismo : a Inglaterra. Nestas viagens fez seus
Passeios nos bairros operrios da capital industrial da poca: Londres. Flora pode,ento,deixar
registrada uma denuncia feroz contra a condio degradante dos trabalhadores.
O proletariado ingls, de qualquer profisso que seja, tem uma vida de tal modo atroz,
pior que a dos os negros que saram das habitaes-aucareiras de Guadalupe e da
Martinica em busca da liberdade inglesa em Domingos e Santa-Lucia, que voltam quando
podem para seus mestres. Longe de mim defender qualquer tipo de escravido! Quero
simplesmente provar por este fato que a lei inglesa mais dura para o proletrio que o
bom prazer do mestre francs em relao a seu negro;que o escravo da propriedade
inglesa tem, para ganhar seu po e pagar as taxas que lhe so impostas, uma tarefa
inifinitamente mais dura. (...) Cruelmente explorado pelo seu empregador, o operario
ainda pressionado pelo fisco e enfomeado pelos proprietrios de terras; quase sempre ele
morre jovem; sua vida diminuda pelo excesso de trabalho ou pela natureza de seus
trabalhos. Sua mulher e seus filhos no lhe sobrevivem por muito tempo; trabalhando na
manufatura, eles sucumbem pelas mesmas causas; se eles no tm ocupao no inverno,
morrem de fome!(1978-p.111)
A maior parte dos operrios no tem vestimentas, nem leito, nem moveis,fogo,alimentos
sos e mesmo batatas! Ficam fechados doze quatorze horas por dia em salas sujas, onde
se aspira um ar viciado, de fiadoras de algodo, de l, de cobre, de ferro, etc. e passam
freqentemente de uma alimentao insuficiente aos excessos da bebida; assim todos
estes infelizes so raquticos, fracos, sofredores; tm o corpo magro, os membros fracos, a
pele plida, os olhos mortos; todos parecem ter doenas de pulmo(...). difcil achar seu
ponto visual: todos tm constantemente os olhos abaixados e no nos olham (...) No
vemos nas manufaturas inglesas, o riso, as brincadeiras, as histrias, como nas nossas. O
mestre quer que um minuto da existncia possa distrair um minuto seus operrios de suas
tarefas; ele exige o silncio, e reina um silncio de morte.(ibid-ps.112 ,113)
Assim, Flora faz uma critica severa aos socialistas utpicos.Tanto a Fourier quanto a
Owen,Flora acusa de que no organizam a classe operaria.Mas,tm um ponto em comum; O
trabalho associado o nico que pode assegurar os homens contra a opresso e a fome.
De Cabet, Flora diz que busca uma sociedade fechada que no pe de partida a questo da
unio da classe operaria. A ideia da Unio Operaria de Flora a de uma organizao
internacional constituda atravs de comites de correspondencia em todas as cidades da
Europa,mostrando,assim,a conscincia clara do carter internacional da classe operaria.A Unio
Operaria com hegemonia dos trabalhadores forma uma aliana de todos os oprimidos em torno de
si.
Deste modo, A guerra foi a etapa final de um processo de meio sculo. Primeiro
ocorreu a revoluo dos Comuneros,em 1780...Como pano de fundo da sublevao de
1810, devemos,pois,considerar as revolues da plebe, com todo seu colorido de
montoneras iluminadas(p.6)
O objetivo central de Tupac Amarua era uma revoluo dupla: Dupla revoluo
em que uma, a dos ndios, estava contina em outra, a dos crioulos, mas que, no
cabendo nela, lutava para supera-la(...).No fundo, as duas revolues
emergentes apenas expressavam s diviso clara entre duas naes poptenciais.Por
um lado, a nao crioula,cujo ponto de partida se encontra s no perodo
colonial como resultado das relaes sociais originadas pelas prprias guerras
de conquista;por outro lado, a nao indgena, cujas origens remontavam a
sculos de historia sepultada e que mediante o ato da subverso pretendia
ressurgir(idem-p.38)
A historia durao. No vale o grito isolado, por maior que seja seu eco; vale a predica
constante, continua, persistente. No vale a idia perfeita, absoluta, abstrata, indiferente aos fatos,
`a realidade mutvel e mvel; vale a idia germinal, concreta, dialtica, operante, rica em potencia
e capaz de movimento.(Amauta.1928.n.17.p.1.).
Quando visitei Bloch em Tubingen pouco antes de sua morte, a conversa, que durou algumas
horas, girou uma e outra vez em torno grande Revoluo dos Camponeses, e em torno a
revolues que fracassam (grifo nosso), mas que deixam algo humano que nos legado como
algo ainda incompleto, como uma promessa(ibid-p.50)
Na ocasio Bloch menciona a cano dos camponeses aps uma batalha perdida; Voltemos para
casa vencidos, nossos netos sairo melhor da luta (ibid).
Nesta parte vamos nos basear em alguns teoricos que analisaram -alguns de modo
sistematico outros nem tanto- os ciclos das lutas operarias. Pela ordem trataremos as ideias de:
Joo Bernardo
Mario Tronti
Daniel Guerin
C.L.R. James
Mario Pedrosa
Beverly J. Silver
Ernst Mandel
1) Joo Bernardo em sua obra Economia dos Conflitos Sociais (escrita nos anos 1987-89 e
publicada em 1991), elaborou uma cronologia na qual podemos situar o arco temporal que nos
facilita a contextualizao.
Bernardo, fazendo uso de uma conceituao prpria, nos fala de Ciclos longos da mais-
valia relativa em contraposio aos ciclos curtos de mais-valia relativa. Estes ltimos se
caracterizam pela quotidiana assimilao das reivindicaes e presses dos trabalhadores, e, a
degenerescncia das formas de organizao da luta autnoma. J os ciclos longos se caracterizam
pela ascenso de formas autnomas de luta dos trabalhadores.
Bernardo caracteriza:
a fase de ascenso de formas autnomas de luta marca o incio de um ciclo longo de mais-
valia relativa. Os repetidos colapsos constituem, por si mesmos, o quadro em que essas
formas degeneram-se e so assimiladas pelo capitalismo, criando-se progressivamente
mecanismos que permitem a assimilao cada vez mais fcil e rpida das lutas do mesmo
tipo que venham a desencadear-se. Esta a segunda fase. Quanto mais solidamente a fase
de assimilao parece estar implantada, mais comeam, porm, a difundir-se novos tipos
de luta autnoma, cuja recuperao invivel no interior dos mecanismos j constitudos.
A generalizao destes novos tipos de luta marca o incio da primeira fase do ciclo
seguinte.(1991-p.352)
Na cronologia que proponho, deixo numa data incerta da abertura do primeiro ciclo,
comeando a fase de assimilao em torno do ano de 1848, para se esgotar nos meados da
dcada de 1860, quando se passou ao segundo ciclo longo. Neste, a ascenso de novos
tipos de luta autnoma processou-se at o princpio da dcada de 1870, iniciando-se a sua
assimilao desde os meados dessa dcada at 1916 ou 1917. De 1917 at meados da
dcada de 30, teve lugar um surto ascensional de lutas autnomas, que foi plenamente
assimilado desde ento at os anos iniciais da dcada de 60. Com o comeo dessa dcada
inaugurou-se o quarto dos ciclos longos, cuja fase de ascenso das formas autnomas de
luta julgo ter em geral ocorrido at meados da dcada de 70, por vezes, mesmo tocando os
anos iniciais da dcada de 80, parecendo-me que entrou j na fase de assimilao plena.
(idem)
Portanto, resumidamente:
Enfim, a crise de 1974 deu novo flego estrategia da mais-valia relativa, permitindo
aparentemente encetar a fase de assimilao. A experincia polaca de 1980-81 parece ter
sido a ultima fase ascendente da autonomia,correspondendo a presente dcada de 80 ao
comeo da segunda fase do quarto ciclo longo.Mas a assimilao destas formas de luta
assume hoje uma feio nova.(ibid-p.365)
Em sua obra magna, Operai e Capitale (1970),Tronti tem um ensaio intitulado Lnin na
Inglaterra (1964) ,em que comea afirmando Uma epoca nova da luta de classes est para se
abrir.Os operrios impuseram-na aos capitalistas com a violncia objetiva da sua fora de fabrica
organizada.(1970-p.93)
Aqui,Tronti,em janeiro de 1964, capta a conjuntura de lutas que viria em seguida e, localiza seu
centro : a fabrica organizada. E d o tom da dcada que comea: Tambm ns prprios
comeamos por ver primeiro o desenvolvimento capitalista e s depois as lutas operarias. um
erro. Tem de se inverter o problema,muda-lo de sinal,recomear desde o principio: e o principio
Ao dizer que a sociedade tem suas leis de desenvolvimento,Tronti pergunta Mas e as leis
de desenvolvimento da classe operaria quem as descobrir ? O capital tem a sua histria, que
escrita pelos seus historiadores.Mas a histria da classe operaria quem a escrever? (idem)
Se assim ,todos so obrigados a saber que pelo menos depois daquele ms de Junho de
1848 ,mil vezes maldito para os burgueses, os operrios subiram para o palco e nunca
mais o abandonaram: escolheram voluntariamente , de vez em vez, apresentar-se sob
diversos papeis,como atores,como sugerdores,como tcnicos,como trabalhadores
enquanto esperam descar platia para agreidr os espectadores.Como se apresentam eles
hoje nos palcos modernos.(ibid-p 94)
Do ponto de vista metodolgico Tronti fala de que Existem dois modos de encarar o lado
histrico da mudana da classe operaria depois de Marx:
O primeiro consiste num desenvolvimento cronolgico que avana passo a passo na reconstruo
dos grandes ciclos da luta operaria aps os anos sessenta do sculo passado,tendo atrs toda uma
serie de acontecimentos que fazem precisamente histria:
ao mesmo tempo,as grandes teorizaes , aquilo que uma vez se chamou a histria do
pensamento,a primeira sociologia,a ultima forma de sistema assumida pela economia,o
nascimento de uma teoria cientifica a teoria do fato tecnolgico,como cincia do
trabalho,inimiga do operrio.
Ento,Tronti define sua opo metodolgica pelo segundo modo:O fruto de experincias
praticas que da se pode extrair incomparvel com todo e qualquer relato cronolgico passivo de
transformaes indiferentemente ocorridas.(idem)
Tronti, ento, aplica a seu trabalho a perspectiva que escolheu como meto de pesquisa: a
narrao como interpretao incorporada. Para ele,
Avanando sua analise, Tronti traa exemplos da diferena entre estes dois files do
movimento operrio:
Se existe uma histria interior classe operaria a reconstruir ao lado da do capital- ela
comportar certamente as duas experincias de organizao,mas no com o emsmo titulo
nem com o emsmo significado.
Com efeito,existe uma diferena de qualidade entre momentos diferentes da esma luta
operaria. O dia 9 de Agosto de 1842,quando 10.000 operarios marcham em Manchester
com o cartista Richard Pilling frente,para negociar na Bolsa de Manchester com os
fabricantes e tambm para ver como vai por ali o mercado, no domingo de 28 de maio
de 1871 em Paris,quando Gallifet manda sair das filas dos prisioneiros aqueles que tm os
cabelhos grisalhos,para os fuzilar rapidamente,porque tinham visto,alm de Maro de 71,
o Junho de 48. (...) Seja como for, certo que surge a articulao operaria do
desenvolvimento capitalista: mas ,da primeira vez caso de Manchester-,como indicao
positiva ao funcionamento do sistema, tal como ele e s para o melhorar,iniciativa que
s organizada por meio de instituies; da segunda vez caso de paris- como um no
gesto do mecanismo da sociedade e um no que reprimido com a violncia pura.
Conforme o autor, Era o tempo em que as lutas andavam com sua inslita
violncia,vizinhas da sublevao,mas igualmente vizinhas e quase idnticas derrota.(ibid-
p.309).Tronti caracteriza os anos sessenta do seculo XIX como tempos de crescente rebeldia e
indisciplina:
ela tirou,objetivamente,a forma poltica do partido do contedo das lutas,que ela deslocou
a relao lutas-organizao para o terreno da pratica estatal e, portanto,,que usou as lutas
para crescer como poder alternativo,como potencia institucional de sinal
contrario,provisoriamente,como anti-Estado espera de se tornar governo.(ibid-p.310)
Os anos que vo de 1903 a 1907 conhecem uma intensidade de lutas emelhante sua
extenso quantitativa: a ponta situa-se em 1905, quando os operrios em greve so
370.000 e as jornadas de trabalho perdidas se elevam a 7.362.802..mas ainda em 1910 os
operrios em greve so 370.000 e as jornadas de trabalho perdidas 9 milhes. E assim se
passa,a um nvel um pouco inferior, at 1913.Sa estes os dados de Walter Galenson ,para
os anos de 1890 a 1917.(ibid-ps.311,312)
Aqui,Tronti sai da Europa para falar das lutas operarias na America.Mas,fazendo uma
comparao muito heterodoxa entre os dois continentes. Inicialmente,Tronti apresenta uma
hiptese: a luta operaria atingiu, em absoluto, o nvel mais alto do seu desenvolvimento durante
os anos que vo de 1933 a 1947,nos Estados Unidos.(ibid-p.316).
Lembremos que este o periodo que no Brasil correspondeu ao regime do Estado Novo
de Vargas,e,para nosso interesse aqui,do exlio de Mario Pedrosa,de quem vamos falar mais
abaixo.
Prossegue Tronti:
Vamos as lutas dos operrios americanos. Existem excelentes premissas de luta. Uma
onda tinha surgido mesmo no auge dos anos da guerra,transformando, sua maneira,a guerra
nacional,no em uma guerra civil, mas em luta de classe..(ibid-p.317). E,Tronti inicia sua tese
sobre a classe operaria americana:
parte o fabuloso ano de 1937,ser necessrio chegar a 1941 para voltar a encontrar
4.288 greves num ano, com 2.360.000 operarios,8,4% do total da fora-de-trabalho
empregada,extamente como em 1916: percentagem nunca alcanada at 1945, parte
outro ano fabuloso, 1919.
A intensidade da luta operaria durante a guerra s superada num caso,o imediato ps-
guerra,no momento da primeira reconverso das industrias blicas em industrias de paz e
de bem-estar civil.Pareceria que os operrios deveriam abster-se de criar dificuldades a
um propsito to humano...Vejamos.
Em 1946: 4.985 greves, 4.600.000 operarios fora do trabalho, 16,5% de toda a fora-de-
trabalho empregada.Em 1919: 3.630 foi o numero de greves, 4.160.000 o numero de
grevistas, 20,2% do total dos operrios ento empregados.
Do ponto de vista dos operrios,a guerra uma grande oportunidade para pedir mais.Tronti fala dos direitos
conquistados: direito de organizao, contratao coletivo por meio de representao sindical, contratos union shop e
open shop reconhecidos igualitariamente, paridade de pagamento para as mulheres, salrio mnimo garantido para
todos foram as conquistas do primeiro perodo da guerra.Consolidada a orgnizao,explorando as necessidades
nacionais doa dversario de classe as Unies ultrapassaram em 1918 os 4 milhes de filiados- eis que, j nos ps
guerra, o combate se desloca para o salrio.(ibid-ps 317,318)
Tronti faz a critica de uma viso centrada nas lutas da Europa e Asia:
Quando se fala em 1919,o militante revolucionrio pensa noutras coisas: na guerra civil
na Rssia bolchevique, na republica dos Sovietes na Baviera,na terceira Internacional e
em Bela Kun,e o nosso militante pensa em Turim,no Ordine Nuovo,nos Conselhos antes
das coupaes das fbricas.
Tronti considera estas lutas na America como que coisas de um Maio de 68, um pouco
mais serias, porque aconteceram meio sculo antes!. (idem).E que,
Seguiu-se um impressionante silencio das lutas da massa operaria,a seguir derrota dos 400.000
ferroviarios,em 1922,que se prolongou at 1929 e mesmo para alm. E Tronti pe a grande
questo da poca: Porque no houve um 17 em 1927? (ibid-p.320)
Tronti,aps essa bela exposio sobre a classe operaria americana,tira uma concluso
importante: temos que nos convencer que os operrios americanos tm sido ate hoje face
escondida da classe operaria internacional. A seguir, o autor acrescenta:
Para decifrar o vulto desta esfinge de classe que a histria contempornea pe ante ns,
preciso,antes de mais,completar todo o circulo do planeta operrio.As faces iluminadas
pelo esplendor das nossas revolues no tudo o que se h para ver.A noite americana
parece escura, porque olhamos o dia de olhos fechados.(ibid-p.321)
Sorte teve, assim, Mario Pedrosa ao se exilar nos EUA e poder estudar as lutas dos
trabalhadores americanos! Mario Tronti busca ento completar o circulo do planeta operario dos
EUA. As lutas e numero de operrios em greve sofreram grande peso da organizao nas
empresas:
[...] o pargrafo 7 ,do National Industrial Recovey Act, com o direito de os operrios se
organizarem e tratarem coletivamente dos seus assuntos por meio de representantes foi
aprovado em Junho de 33. Na segunda metade deste ano,o numero de greves foi idntico
ao de todo o ano precedente,os operrios em luta foram trs vezes e meia os de 1932.
Mineiros 600.000
Siderurgia 475.000
Txteis 300.000
Vesturio 250.000
Agrcolas 100.000
(Ibid-p.335)
apareceu por meados de 1937: 4.740 greves num ano,cifra nunca atingida ate aquele
momento, um movimento ampliado,no massificado em grandes pontos,mas
ramificado em ns vitais da produo,com formas de luta inditas,com instrumentos
de presso de uma eficcia jamais experimentada.
Depois foi a vitoria: contrato coeltivo com a UAW como reconhecido. Irrompe esta
forma americana de ocupao de fabrica. Foi a vez da Chrysler ceder.S a Ford
resistiria ainda quatro anos antes do primeiro contrato coletivo,mas devendo conceder
nada mais nada menos do que o maldito closed shop.(idem)
Tronti destaca o papel do 250.000 mineiros americanos,com Lewis a frente das lutas:
Em 1943 juntaram a sua fora organizada macia aos milhares de greves espontneas que
estalaram em todo o pas contra o governo e sem os sindicatos.Dai parte um novo
crescendo de lutas que invade os dois ltimos anos de guerra e o imediato ps-
guerra.1946 como 1919.Foi de quase 5.000 o numero de greves,quase 5 milhs de
operrios em luta, 16,5% de todos os empregados, 120 milhes de jornadas de trabalho
perdidas.Praticamente todas as industrias estiveram em conflito de trabalho.(ibid-p.324)
Tronti destaca os slogans da poca: o salrio de paz igual salario de guerra! E,o slogan
que voltaremos a encontrar um quarto de sculo depois nas ruas da Europa: sem contrato,
nenhum trabalho, 52 para 40 e a forma americana de controle operrio: uma olha nos
livros mestres!(ibid-p.324)
Enfim ,Tronti vai concluindo, a partir de sua metodologia, com a analise poltica da
histria operaria dos EUA:
A relao lutas-ciencia;
Mas se lanarmos uma olhada para os resultados,vemos que aquilo que o novo
sindicalismo industrial (dos EUA) obteve durante o New Deal nunca foi obtido por
nenhum partido poltico da classe operaria.Os operrios americanos vivem ainda
sombra destas conquistas histricas. (...) Nesta altura, pode-se defender que a primeira
CIO foi a experincia mais avanada de organizao politica operaria possivel em terreno
americano.Levar a melhor num lugar em que falharam os Knights of Labor e Eugene
V.Debs,a American Railway Union e os IWW, De Leon e os comunistas,no era uma
tarefa fcil.(ibid-p.336)
2- porque respondia a uma necessidade de uma nova organizao para uma nova classe
operaria;
E proclama algumas tarefas : Mais: ler hoje, com Marx nas mos, as lutas de classe na
America,tornar-se to difcil que se diria impossvel.Seria fazer um trabalho interessante,um
trabalho novo de histria ou de nova teoria:escrever um capitulo sobre a sorte (ou infortnio) de
Marx na America.(ibid-p.338).
Para Tronti ,nos EUA, a respeito da relao marxismo e luta de classe, aconteceu algo
muito distinto do que ocorreu na Europa ,isto , uma mediao a partir das lutas x uma mediao a
partir da teoria.
Sem dvidas, essa leitura americana foi tentada pela Tendncia Johson-Forester e, pelo
brasileiro Mario Pedrosa, ento ligado a essa tendncia operaria-marxista americana. E Tronti
parte para critica da viso da histria da ortodoxia marxista.
Tnhamos dito que existe uma esfinge modern, um enigma obscuro (...) que ,para o
marxismo contemporneo, a classe operaria americana.Pois aqui que preciso fixar
os olhos, profundamente, para tentar ver.
H que inutilizar a lenda segundo a qual a histria da classe operaria tem tido como
epicentro a Europa e a Rssia. uma viso oitocentista que se manteve at os nossos dias
em virtudae do ultimo jorro esplendoroso operrio,que foi entre ns,o primeiro ps guerra
e os primeiros anos vinte.
1= o social-democrata e
2= o comunista
Mas,qualquer dos dois na sua aparente irredutvel diversidade, acabam por se unir num
nico bloco, uma vez comparados ao movimento operrio americano.(ibid-p.341)
Deste modo,Tronti abre um terceiro filo? Lembremo-nos que Lnin, seguindo os passos
de Kautsky,falava das 3 fontes do marxismo: Inglaterra, Alemanha e Frana, excluindo os EUA. O
que na realidade no ocorreu com Marx: veremos como esteve ligado s lutas operarias da
America,sobretudo,para pensar a jornada de 8 horas em um capitulo do Capital.
O que significa essa proposta? Hierarquizar os pases em relao s lutas operarias? No!
Ele pe alguns critrios dentro de sua metodologia:
Tronti extrai outra lio da classe operria americana, explicitando os caminhos da luta de
classe:
Por um lado, os patres respondem as vitorias operarias com violncia e-ou na base do
simples acrscimo de rendimento[...]. No reside aqui o ponto real em que a vitria
operria se transforma em derrota, porque essa grosseira resposta patronal no faz seno
provocar a repetio de um ciclo de lutas ao mesmo nivel que as precedentes,
acrescido de uma grande carga de espontanesmo e, assim, uma necessidade menor de
organizao.(ibid-p.344)
Por outro lado, existe outro caso em que a resposta patronal pode se definir como
avanada .O capital, mesmo depois de uma derrota parcial a seguir a uma simples batalha
contratual, violentamente pressiondao a ajustar contas consigo prprio, a repor em jogo
precisamente a qualidade do seu desenvolvimento, a propor de novo o problema da
relao como adversrio de classe, no de forma direta, mas mediatizada por um tipo de
iniciativa privada que implica a reorganizao do processo produtivo e a reestruturao
do emrcado, a racionalizao da fbrica e a planificao da sociedade, chamando em sua
ajuda a tecnologia e a poltica, novos modos de consumo do trabalho e novas formas de
exerccio da autoridade. Aqui reside o grande perigo de uma posivel derrota operria. Os
operrios venceram a batalha contratual e, precisamente por isso, podem perder a guerra
da luta de classe durante um perodo histrico porventura longo. A Amrica ensina
exatamente isso.(ibid-p 345)
Nesse pargrafo acima, Tronti captou de forma profunda a dialetica que vai caraterizar a
resposta do capital aos avanos e vitorias dos trabalhadores nos anos 1960 e mesmo 1970: o
processo de mutaes nos mundos do trabalho da dcada de 1990.
O militante libertrio francs, Daniel Guerin, deixou um livro em que analisou O Movimento
operrio nos estados-Unidos de 1866 a nossos dias.Em sua obra publicada em 1950, por Ls
temps Modernes,em 2 volumes ,com o titulo : Ou va L Peuple amricain ? , encontramos um
capitulo chamado de La Revolte ouvrire. Esse capitulo foi republicado por Franois
Maspero,em 1968 e 1977, com o titulo que acima citamos sobre o Movimento operrio norte-
americano.
Podemos afirmar que, de certa forma, e nos anos 1950, Daniel Guerin realizou o pedido de
Mario Tronti, ou seja, uma leitura europeia da classe operria da Amrica, mas , uma viso
libertria, com elementos do princpio da autogesto. Super interessante para nosso objetivo,
pois essa viso porta afinidades com a autogesto de Pedrosa e com a autonomia em Tronti.
Entretanto, da obra de Guerin vamos estabelecer um foco: a crise da AFL e sua substituio pelo
sindicalismo industrial da CIO.
Guerin diz que uma arma a favor do sindicalismo industrial foi o progresso tcnico.
Operarios mais qualificados, ento, por exemplo, a FORD declara que 43% de seus diferentes
empregos exigiam apenas um dia de aprendizagem. 85% dos trabalhadores da Ford podiam
alcanar sua qualificao mxima em menos de 2 semanas. A produtividade crescie de forma
galopante: na construo, uma maquina escavadora manobrada por um s operrio realizava o
trabalho de 44 homens.Portanto, a estrutura do sindicalismo de oficio no se adaptava a estas
mutaes tcnicas.(1977.paris-p.79)
Enfim, em 1936, ocorreu a ciso no movimento sindical. Em 1938, foi fundado o CIO.
Mais de 1 milho de trabalhadores se filiam. A tarefa principal era a organizao dos
desorganizados. Essa mudana ocorreu numa conjuntura de lutas operarias. Com o New deal
melhorou a conjuntura econmica;diminuindo o desemprego,aumentando o credito,os
trabalhadores eram mais numerosos nas fbricas e podiam reivindicar melhores salrios. Mas,esta
situao se chocava com o reacionarismo patronal.(ibid-p.81)
Guerin assinala o movimento das greves sit-down: Akron tinha lanado o movimento.
Flint asegue. Flint (Michigan) era aps Detroit, o segundo centro industrial automobilstico
americano e o reino da toda-poderosa General Motors. A greve vitoriosa. As sit-down surgiram
no fim de 1936. Nas diversas fbricas da GM, o patronato no negociou. Os trabalhadores se
rebelam: para Guerin, a rebelio foi uma combinao ntima de espontanesmo e de clculo; a
fora potente da massa associada perfeitamente com a direo esclarecida de uma minoria de
tcnicos sindicalistas. Foi um movimento ao mesmotempo democrtico e centralizado. (idem)
Foram ciados Comits de Greve com muito poder. As decises eram tomadas em
assembleias, controladas diariamente pelos grevistas. Os dirigentes eram operrios recm saidos
da produo e ainda no tinham tido tempo de se diferenciarem da base.
E D.Guerin coincide em seu juzo, tanto com M.Tronti quanto com M.Pedrosa:
Essa epidemia de greves siy-down alcanou seu apogeu em maro 1937, poca em que
participam 200.000 trabalhadores. Como resultado destas greves especiais, a Corte Suprema dos
EUA valida o Wagner Act.(ibid-p.89)
Em State Capitalism and World Revolution (1950), sua principal obra politica, James
analizou o modo de produo existente nos EUA e defendeu que o surgimento do taylorismo e do
fordismo anunciavam uma nova afse da luta de classes. James percebeu que as novas tecnologias
(automao e informtica) constituiam novos mtodos de dominao;mas,tambm que, abri
possibilidades imensas para o poder dos trabalhadores.Analisou a luta dos trabalhadores
americanos contra a burocracia sindical e a automao.(Cleaver.1979-p.136)
Porem,enquanto temos uma perspectiva historica clara podemos ver bosquejos do futuro
na rebelio ocorrida em 1953 na Alemanha oriental,a grande greve de Nantes de 1955, a greve
geral contra Reuther da UAW...a incrvel luta de dez anos dos ALIJADORES britnicos e agora,
quando escrevo estas linhas,a dos trabalhadores de Coventry...Todas estas lutas ,com sua
diversidade d amplitude e significados,tm algo em comum: Que encarnam formaes e
atividades que transciendem ou conscientemente tratam de substituir as organizaes tradicionais
dos trabalhadores por novas formas sociais.Por muito que se elevem,estas lutas se baseiam nas
organizaes da oficina e na ao desenvolvida no trabalho.(idem)
Eis a linha mestra da viso da Tendencia, e que tanto marcou Pedrosa, Tronti e, tambem,
Castoriadis.
Vimos como Mario Tronti,em Operrios e Capital, reunindo ensaios dos anos 70, afirma que
tinhamos dito que existe uma esfinge moderna, um enigma obscuro, (...) que para o marxismo
contemporneo, a classe operaria norte-americana. Pois aqui preciso fixar os olhos,
profundamente,para tentar ver(ibid-341). (...) Os fatos operrios da histria americana esto ali
nus e crus , sem que ninnguem os tenha alguma vez pensado.E,acrescenta que Uma leitura
americana de O Capital e dos Grundrisse recomenda-se a quem tenha o gosto ou o gnio da
descoberta critica.(ibid-p.338)
Um brasileiro, Pernambucano, exilado nos EUA nos anos 30-40, realizou essa tarefa, pois,
Mario Pedrosa no apenas tentou ler os EUA luz de O Capital e dos Grundrisse, como
analisou profundamente e formao e as lutas operarias daquela poca. Com certeza Tronti no
conhecia a obra de Mario Pedrosa A Opo Imperialista(1966).Neste trabalho Pedrosa faz uma
analise profunda das lutas operarias nos EUA. Mesmo que o operaismo italiano tenha recebido
fortes influencias da Tendncia Johnson-Forester, a qual Pedrosa foi ligado em New York.
Para Mario , classe operaria repugna a automao. O processo de trabalho alterado de alto a baixo.
Onde a automao entra numa usina, os trabalhadores j no esto em conjunto com as mos nas alavancas de
comando para faze-la parar,se asasim lhes parecer til(ibid-p. 500)
Mas, diz Nosso fim aqui no este. Aqui nos baste fazer pequena indagao para
caractrizar a situao dos trabaljadores americanos diante do surto prodigioso deprosperidade e
das contradies do trabalho organizado em face da intensificao tecnolgica da industria. Os
trabalhadores esto preplexos ,inseguros esse mostram combativos,no visam precipuamente ao
aumento de salrios.. (idem).
A partir da obra de Jack Barbash, Mario periodiza a histria das lutas operarias
norteamericanas:
Nos idos de 30,a nota dominante no tnus das relaes idnustriais era o reconhecimento
dos sindicatos; no perodo da Guerra, era salrios; no imediato ps-guerra,beneficios
secundrios,com especial nfase sobres eguro de vida e penses.O leitmotiv das relaes
industriais contemporneas eexpresso por uma variao ou outra das mudanas
tecnolgicas e seu equivalente popular, automao. [...] As mudanas teconologicas de
nossa poca. J obrigaram a uma inverso de posies estratgicas entre o trabalho e o
capital. (ibid-p.449)
Para entender esse processo entre Capital x Trabalho,Mario busca apoio no Livro Primeiro
de O Capital:
3
Em outro momento, Mario far referencia obra de George Friedmann,pioneiro na sociologia do trabalho.
ps.451)
Quais desafios a automo trouxe classe operaria na poca? Mario ressalta o momento
sindical dos EUA, destacando as mudanas provocadas nas lideranas:
Os novos tempos e desafios pem segundo Pedrosa novas questes: O que est em jogo
o destino daqueles operarios livres de que falava Marx,no processo da produo
capitalista.(ibid-p.457).
Mario, numa linha de seu amigo trindadiano CLR James,analisa aspectos da civilizao
americana.Vamos ver,nessa longa citao,que Tronti ficaria maravilhado com o estudo de
Pedrosa.Inicialmente,Pedrosa analisa a formao da casse promida:
O Comite pela Organizao Industrial nasceu dessa exigncia dos tempos.E dos flancos
da AFL.Em 1937,tem a sua grande vitoria: depois de uma greve de ocupao (
modalidade de luta nova no movimento operrio ) das fbricas da GM, ele arranca da
grande corporao a assinatura de um contrato coletivo.
Contrariando analises da epoca, Mario se aprofunda nas lutas operarias para mostrar como
os sindicatos e os trabalhadores lutam por mais que aumentos de salrios. E segue de perto, nos
anos 60, o movimento sindical americano.
Ainda no faz tanto tempo assim que 550.000 operarios eletricistas em 40.000 usinas da
Westinghouse se levantaram em greve contra a automao,que durou 5 meses.Tambm,
por outro lado,o problema de liderana se vem colocando no seio da prpria massa
organizada cada vez com maior vigor.Ainda no ano passado,movimentos espontneos de
base se formaram em vrios sidnictos para enxotar os velhos bonzos sindicais cheiosde
compromisso e j baldos de energia.Desde 1964,as eleies para renovao da diretoria
em grande numero de sindicatos americanos e dos maires (do ao,dos martimos,etc) se
vm caracterizando por verdadeiras revoltas de base [...].{ibid-p.464)
Uma clausula de extrema significao para essa tendncia de ligar a empresa no seu todo
vida dos trabalhadores foi a famosa able and willing clause dos mineiros, inserida no
contrato coletivo com as companhias de carvo betuminoso em 1948.Por ela os mineiros
tinham o direito de s trabalhar quando se declarassem aptos e desejosos de o fazer.Na
verdade esta clausula punha em evidencia um problema que se colocava tambm para os
mineiros ingleses: a extrema dureza da extrao de carvo das minas por processos
manuais. Atraves da clausula acima o sindicato dosmineiros controlava o trabalho
e,sobretudo,tinha achado o meio de reduzir a semana de tarbalho dos
sindicalizados.Armado com a clausula, o velho Lewis chegou a impor aos gerentesdas
companhias carbonferas a semana de 3dias.(ibid-p.470)
Mario aponta o esprito ergolgico, defesa do corpo mesmo,da clausula: Houve quem
a respeito falasse em conquista de lazer para os mineiros. No era lazer,era defesa de seus
msculos, nervos e crebro, defesa da sade, de sua intangibilidade humana em face de
condies cada vez mais desastrosas quela intangibilidade.( Alis,nunca mais a industria do
carvo se recuperou;trata-se de uma industria decadente.(ibid-p.471)
Uma questo estratgia do trabalhadores e sindicatos da poca foi a abertura dos livros das
empresas. Mario caracteriza e qualifica essa questo emr elao a gesto da produo: Diz Mario:
Abrir os livros das empresas ... significa tornar pblicas operaes financeiras que sempre foram
secretas, mais do que privativas da direo.Que sociedade de negocio poderia permitir-se tal
violao do que lhe mais privado? (ibid-p. 477).E, indo fundo na questo:De outro lado,a
aceitao de tal premissa levaria inevitavelmente participao dos trabalhadores
sindicalizados na direo da empresa. Para os pases industriais adiantados esta hoje a palavra
de ordem central de todo o programa socialista conseqente.(idem)
Pedrosa destaca varias lutas dos operrios americanos: O estado de espirito das camadas
sindicais mais jovens no anuncia calma e muito menos complacncia nas relaes sindicais
desses prximos anos.(ibid-p.486)
Para Mario,
Nos idos dos anos 60,Mario conclamava que O projeto de uma ao internacional contra
os perigos da automao equivaleria assim ao renascimento do movimento operrio, como fora
independente, em escala internacional.(ibid.-p.532)
6) Ainda em relao ideia dos ciclos de lutas, Beverly J.Silver realizou uma pesquisa ampla
em Arquivos dos EUA (o World Labor Group, do Centro Fernand Braudel, em Binghamton,
Nova York), em que focaliza dois setores fundamentais das lutas operarias. Seu estudo inicia-se
exatamente em 1870, data ligada, como vimos, Comuna de Paris, e vem at o perodo em curso
de globalizao do Capital. Vejamos alguns elementos desta Pesquisa.
[...]o que saltava aos olhos era um processo histrico-mundial de militncia trabalhista e
de relocao de capital. De fato, um dos principais argumentos de Foras do Trabalho
que, ao longo do sculo XX, o capital de produo em massa correu o mundo atrs de
mo de obra barata e disciplinada,e terminou por recriar continuamente movimentos
trabalhistas militantes nos novos lugares onde se instalava.(ibid-p. 12)
Alm disso,este livro defende a ideiaideia de que tal analise da dinmica do sculo XX
tem implicaes importantes para a reflexo sobre a dinmica do sculo XXI.Pois,se a
dinmica passada serve de indicio para dinmicas futuras,ento temos boas razes para
esperar que surja um movimento trabalhista forte e militante na China local de
industrializao rpida e proletarizao mais recentes.(ibid-p.12)
Berverly aborda o que chama de ao coletiva dos trabalhadores,em linha que porta
muitas afinidades com as questes que estudamos em Joo Bernardo ,sobre as aes coletivas e
ativas.
A partir de pesquisas ,nossa autora expe em grficos seus resultados sobre a militncia
operaria na industria automobilistica,com a seguinte concluso:
Os pases estudados so: Estados Unidos, Canad, Reino Unido, Frana, Itlia, Alemanha,
Espanha, Argentina, frica do Sul, Brasil e Coria do Sul.
Beverli traa uma explicao para anomalia japonesa: O Japo no entra na lista dos
pases selecionados.[...] A rpida expanso da industria automobilistica no Japo no culminou
com uma grande onda de agitao operaria[...]. No entanto,o Japo sofreu uma grande onda de
agitao imediatamente aps a guerra[...]. (ibid-p.54)
Difuso
da
agitao
operria
Fase de inovao fase madura fase de padronizao
Segue Beverly:
4
Leitura do mapa:o ressurgimento do conflito de classes na Europa ocidental ocorre de 1968 a 1973.
medida que os produtos vo alcanando seu estagio de maturidade e finalmente de
padronizao,o numero real ou potencial de competidores aumenta,assim como a
presso para cortar custos.
Beverly conclui:
Fonte:ibid-(p.217)
Vamos qualificar estes dados: o que foi esse movimento grevista ,que tipo de
greves, quais as formas de luta e organizao.
Mandel, em obra intitulada La Longue marche de La Rvolution (1976)
,reuniu ensaios escritos no Ps Guerra. uma tentativa de traar ciclos das lutas
operarias.Mandel usa a palavras Etapas , Ondas, tendo por caracterstica
fundamental a Dualidade de Poderes.
Para E. Mandel, na Europa,a vontade de luta das massas alcanou seu mais
baixo nvel em 1939-1940.os velhos aparelhos estatais dos pases ocupados pelo nazi-
fascismo ruram,ficandos em condies de no poder conter a arremetida das massas,o
que fez surgir uma serie de movimentos revolucionrios insurreicionais.
Foi na Itlia que a dualidade de poder alcanou sua forma mais madura.J na
primeira fase da revoluo italiana,em julho de 1943, surgiram os conselhos
operrios,e mesmo um conselho de operrios e soldados,em Milo.
Em seguida,foram constitudas as Comisses Internas nas empresas,e
inmeros comits de libertao nacional nas cidades e vilas da
Pennsula.Durante o inverno 1944-1945,o armamento dos partisans italianos
comeou q tomar uma amplitude de mssa.Enfim,em abril de 1945,foi uma
verdadeira insurreio que levou a tomada de todas as fbricas do Norte da
Itlia pelo Comits Operrios, ao controle completo da vida social pelos
partisans, organizao de uma justia revolucionria,e ao exerccio de todas
as funes pblicas pelos Comits de Libertao Nacional.(idem)
-milicia operaria;
Em primeiro lugar,
Mandel descreve:
O autor adverte:
Nos anos seguintes, de 1830 a 1834, com a mira ajustada para a burguesia,
mas tambm com aes direcionadas para a introduo e o funcionamento
das mquinas, os operrios continuam a se bater pela melhoria das condies
de existncia. E o fazem cada vez mais por sua prpria conta, desenvolvendo
nessas lutas suas prprias instituies: associaes, organizaes de ajuda
mutua, cooperativas e, ao que parece pela primeira vez, uma imprensa
autnoma.
cone das lutas deste perodo a revolta dos canuts em 1831, como so
conhecidos os teceles de Lyon. A questo no nova: a luta pelo
estabelecimento de uma tarifa mnima. (...) De incio, a proposta e
organizao do movimento reivindicativo tm origem nos chefes de oficina, e
somente por eles a luta inicialmente levada diante, contando para isso
com a Sociedade do Dever Mtuo, associao fundada em 1827. Conseguem
o apoio do prefeito para a nica reivindicao: o estabelecimento de uma
tarifa mnima para os trabalhadores txteis, cujo trabalho era remunerado
pea, que lhes garantisse ao menos a sade suprema, isto , a condio de
continuarem sobrevivendo. O prefeito, temento uma insurreio armada
como a de Julho, e julgando deter boa margem de manobra, pressiona os
fabricantes e os leva participar das negociaes. () Mas os fabricantes-
negociantes recusam-se aceitar como uma obrigao a fixao da tarifa.()
Aps algumas rodadas sem resultado, os operrios desfilam unidos pela
cidade, desta vez ainda em silncio e tendo os chefes de oficina como
maioria. O prefeito convoca ento uma reunio para o dia 25 de outubro, para
definir a tarifa a ser aplicada a partir do dia primeiro de novembro. Enquanto
decorre a negociao entre os delegados dos chefes de oficina e os
representantes dos fabricantes, os companheiros (compagnons) organizam-se
nos bairros operrios e formam uma imensa manifestao, contando-se cerca
de seis mil operrios.() A deciso de postergar suspender a reunio irrompe o
silncio e, aos gritos de no ao adiamento, marcham prefeitura e
arrancam do prefeito o estabelecimento da tarifa ao final da tarde. A noite
de festa para os canuts, saboreando a vitria que poderia mudar a sua sorte
ou, pelo menos, minimizar as duras condies de existncia. Danam,
cantam, e o tumulto tamanho nos bairros operios que, das comunidades
vizinhas, achando tratar-se de um ataque, muitos grupos de trabalhadores se
colocam a caminho para ajudar seus camaradas.()
5
Traduo: O trabalho ou a morte! Ns preferimos tombar por uma bala do que de fome.
resultado lhes desfavorvel. Em 1832, o LEcho de la Fabrique ressurge numa linha
mais fechada, fruto de uma ao de solidariedade que havia se estendido para alm de
Lyon. Em Paris, os trabalhadores realizam coletas favor dos canuts. Em fevereiro de
1832, os teceles fundam outra associao, a Compagnons Ferrandiniers du Devoir,
exclusiva para os companheiros e aprendizes, e que ter grande importncia na
insurreio de 1834 ao lado da Mtua dos chefes de oficina. A febre de coaliso
continua, mas agora j se manifesta em todas as profisses. Comea-se a empregar a
palavra greve. No h uma corporao, uma cidade, que no tenha vivenciado situaes
de greve neste perodo.()
A revolta dos canuts, a forma que assumiu e se propagou, o vigor que mostrou a
unidade dos trabalhadores por uma reivindicao que era apenas sua, revelou a todos
que as lutas sociais atingiram um novo centro. A burguesia, por seu turno, percebeu
rapidamente que ceder ou ampliar o direito de voto aos trabalhadores, a liberdade de
imprensa e o direito de associao, naquela altura meios para a organizao da sua ao
de classe, seria correr o risco de fornecer-lhes os instrumentos de corroso social. Nos
termos de Singer, seria conceder os implantes socialistas.
Ainda assim, considera-se freqentemente que os limites das lutas dos canuts
reside na base artesanal que prevalesce na indstria txtil naquele momento, na ausncia
de manufaturas, isto , no fato de que o capital ainda no ter operado constituio de
uma classe proletria no sentido moderno, reunindo os trabalhadores sob um mesmo
teto para laborarem sob o comando de um mesmo capitalista. No entanto, nos parece ser
precisamente esta situao que torna as lutas dos canuts ainda mais significativas.
* Este histrico da luta dos Canuts ,digamos assim, de segunda mo, da Tese de
Mauricio Sarda (vide Bibliografia),que fez grande parte de sua pesquisa em minha
biblioteca,que chama de Spartacus.
Por sua vez, M.Lowy ressaltou o papel fundamental que teve a rebelio na
Silesia na obra de Marx.
Em sua obra Operrio e Capital, Mario Tronti recorre a Marx para assinalar o carter
da luta dos teceles: [...],quanto mais a revolta operaria avana neste terreno pratico-
material,mais ele ganha um carter terico e consciente. E, com Marx:
Foi a gota dagua: uma massa de teceles revoltada saqueou as casas dos
industriais e destruiu os livros de comtabilidade;alguns queriam queimar tudo,recusada
pela maioria porque os industriais receberiam,ento,as indenizaes,e que queriam
arruna-los,para que aprendam o que a fome.
Temos agora pouco respeito pelas pessoas ricas e distinguidas.O que cada um
de ns,ousar pensar em silencio,podemos dize-lo agora em voz alta: somos
ns que sustentamos os ricos,e se o roubarmos suficiente para que sejam
obrigados a nos mendigar um pedao de po ou morrer de fome,se no
quiserem trabalhar.Podem me crer,se os teceles tivessem resistido mais
tempo teria havido agitao entre ns.O acontecimento dos teceles no
fundo tambm nosso problema.E como ns somos 20.000 homes trabalhar
nos trens da Silsia,teramos tambm nossa palavra para dizer.
Finalizemos com a analise que fez M.Lowy sobre o papel desta rebelio dos
teceles na obra de Marx:
Segue Lowy:
Fourier, Owen e Blanc tinham a ideia de que a soluo das questes sociais estava na
fundao de pequenos grupos fechados que empregariam toda a fora de trabalho de
seus membros. A instituio destes pequenos microcosmos autnomos foi a panacia de
todos estes inventores sociais e socialistas. Para Fourier, seria o Falanstrio, uma
colnia imaginria de 400 hectares e com 400 famlias. Para Owen, a Colnia de New-
Harmony fundada na Amrica, em 1825. Para Fourier, no Falanstrio, 5/12 do lucro
seria para o trabalho, 4/12 para o capital, 3/12 para a obra de direo da empresa.
Assim, Fourier no tinha ideiaideia do princpio cooperativo.
Charles Gide e Beatriz Potter-Weber lanaram as bases da nova doutrina: as
cooperativas de consumo. Para Gide, Fourier era tido como o criador do cooperativismo
de consumo. Em sua obra La Rivoluzione Cooperativa o il Socialismo dOccidente
(Roma, 1953), Bernard Alvergne afirma:
O principal estudioso de Fourier, Henri DESROCHE, em sua obra principal ( La Societ Festive)
distingui entre um fouririsme escrito e um pratico.E que, Foi mais atravs deste fourierismo
praticado que do escrito que o fourierismo alcanou o desenvolvimento cooperativo
(Desroche.1975.p.197).
Para Desroche o fourierismo escrito assemelha-se a um tipo ideal de Max Weber. um esquma
complexo que no se encontra na pratica.Para Desroche, na pratica cooperativista ,o schma fouririste
crit abrange pelo menos 3 ou 4 sub-esquemas:
1) um esquema de distribuio;
2) um esquema de apropriao;
3) um esquema de produo;
Portanto, uma visa de mundo.E,romantica ,no conceito ,por exemplo,de Octavio Paz: O
romantismo foi a grande mudana , no s no campo das letras e das artes,mas na imaginao, na
sensibilidade, no gosto,nas idias. Foi uma moral, uma ertica, uma politica, uma maneira de se vestir e
uma maneira de amar, uma maneira de viver e de morrer.( O.Paz.Filhos do barro).
E, por isso, Dos quatro principais esquemas implicados e mesmo imbricados no projeto fourierista
inicial, os dois ltimos permaneceram praticamente ausentes do desenvolvimento cooperativoe os dois
primeiros , ao contrario, se impuseram...(idem-p.199)
Este Comit era formado por 28 teceles, militantes dos movimentos Cartista
e socialista. Definiram alguns princpios da cooperativa. Baseados em sua educao
socialista, os teceles viam o crdito como um dos males da concorrncia. Assim, as
vendas seriam vista. Em 24 de outubro de 1844, a cooperativa foi registrada com o
nome de Rochdale Society of Equitable Pioneers. Em pouco tempo, a sociedade tinha
aumentado seus scios de 28 para 40, espalhados por todos os bairros e subrbios da
cidade. A cidade foi dividida em 3 distritos e 3 cobradores visitavam os scios em suas
casas todos os domingos. Toda semana havia um piquenique para o qual os scios
pagavam uma taxa. Em 21 de dezembro, na Toad Lane (beco dos sapos) os
pioneiros iniciaram suas operaes.
- Livre adeso;
- Administrao democrtica;
- Integrao cooperativa.
Por sua parte, o Departamento de Educao foi criado em 1849; um comit foi
fundado para recolher as doaes voluntrias de dinheiro e livros. Em 1853, 2,5% do
lucro da sociedade foi dedicado educao. Em 1856, a biblioteca tinha 1.400 volumes
e a sala de leitura de livros e jornais ficou aberta gratuitamente a todos nos scios. Em
1867, a biblioteca tinha 7.000 volumes e 11 salas de leitura em vrios bairros da cidade,
abertas por 7 horas dirias. Neste ano, foi editado um catlogo da biblioteca, com uma
tiragem de 7.000 exemplares. Dez anos depois, em 1876, o nmero de volumes era de
12.000. O nmero de livros consultados pelos leitores de junho de 1876 a junho de 1877
foi de 37.316.
James Bramford Sd
4. A COMUNA DE PARIS
( Yvon Bourdet )
Hoje a festa nupcial da ideiaideia e da
revoluo.
les usines :
bien suffisant.
Segundo Francisco,
O povo ingls pensar ser livre,ele se engana; ele s livre durante as eleies
dos membros do Parlamento;aps estes serem eleitos,o povo escravo,no
nada.(...) A ideiaideia dos representantes moderna;ela nos chega do governo
feudal(...)Nas antigas repblicas(...)o povo no tinha representante;no se
conhecia essa palavra(...). Quando escolhe representantes,o povo no mais
livre,ele no mais.
Para Guerin,A Comuna de Paris vem de uma antiga tradio que remonta ao
sculo XI,poca em que o terceiro estado das cidades se formou dentro da sociedade
feudal e tinha conquistado com muitas lutas as liberdades comunais.esta ,em breve,a
origem histrica da Comuna.E,eis como ela ressuscita: os deputados de Paris nos
Estados Gerais foram eleitos,em 1789,por uma assemblia de eleitores; essa,aps a
queda da Bastilha,tomou em mos a administrao da capital e se nomeou com o antigo
nome de Comuna.Mas essa Comuna s tinha uma semelhana formal com a da Idade
Media.Entre a comuna medieval e a comuna revolucionria, havia a mesma diferena
que h entre a corporao de antes 1789 e o sindicato operrio moderno:a comuna
medieval,a corporao vivia ainda na sociedade feudal,eram abaixo da sociedade
burguesa da qual foram os primeiros rudimentos,ao apsso que a comuna
revolucionria,o sindicato operrio moderno estavam alm da sociedade
burguesa,abrindo as vias para um tipo de nova sociedade.
Chegou assim, em maio de 1588, o dia das barricadas: o povo de Paris , em armas.
Se atrincheirou na ruas, com os dezesseis prefeitos e os padres a frente (...).Em
dezembro foi assaltada a Bastilha, que j era ento o baluarte e o smbolo do
absolutismo...
Quase exatamente duzentos anos depois , no 4 de agosto de 1789, uma vez que se
estendeu por todo o pais a revoluo da comuna de Paris (que culminou tambm na
tomada da Bastilha...)(Landauer,1977-ps. 109-110)
Para Guerin,
Para A.Negri,
neste ponto que o conceito de poder constituinte alcana a sua significao
mxima em Marx: quando o projeto de dissoluo do Estado no est
subordinado espontaneidade anrquica,mas concentrado no nexo
dinmico,expansivo,no obstante pontual,entre political movement e
political power[...]. O que Marx traduz como political movement a
potencia , aquela fora constituinte de uma democracia radical em que a
critica do poder conjuga-se com a emancipao do trabalho, o movimento
real.
preciso considerar com ateno este ncleo de trabalho vivo, esta tenso
criadora que ao mesmo tempo politica e econmica,produtora de estruturas
civis,sociais e polticas,constituinte.O trabalho vivo cooperativo produz uma
ontologia social que constitutiva e inovadora,um entrelaamento de formas
que tocam o econmico e o poltico o trabalho vivo produz uma indistino
entre o poltico e o econmico que assume uma forma criadora.
O que resta ,para A.Negri ,desta tentativa feita por Marx ?
Mais de um sculo se passou desde que Marx elaborou esta teoria do poder
constituinte,identificando no proletariado seu sujeito histrico.Sem duvida,tal
teoria produziu amplos efeitos,ainda que,como outras teorias,j tenha
atingido seu limite histrico.O que dela resta no propriamente a tentativa
de identificar o proletariado como ator da revoluo permanente[...] mas o
formidvel esforo metafsico de propor o poder cosntituinte como
dispositivo genealogico geral das determinaes sociopoliticas que formam o
horizonte da histria do homem. Mais do que nunca,esta problemtica atual
[...].
Para Negri,
o poder constituinte das massas encontra o tempo da jornada da burguesia
como obstculo,ou seja, a organizao do tempo da jornada do trabalho.
nesta articulao que a produtividade do poder,sua organizao econmica e
sua potencia social se manifestam- para uns e outros,burguesia e
proletariado.Com esta conscincia da temporalidade,no curso da revoluo e
quanto mais o conflito progride,ambos constroem suas conscincias de classe
em termos antagnicos.Assim,o tempo o limite que se contrape s massas
parisienses.O tempo acabou.O tempo deve ser to somente o tempo da
repetio da jornada de trabalho. este bloqueio do tempo que,ao
contrario,aumenta a conscincia das massas: lev-as da poltica
sociedade,da critica do poder critica do trabalho.As massas respondem ao
bloqueio do tempo com aceleraes formidveis e imprevistas que,a cada
vez,ultrapassam o obstculo e deslocam o limite para frente.A ruptura do
tempo toca e cobre cada vez mais o espao social e tenta subvert-
lo.Inscritas nesta temporalidade,as aceleraes do movimento revolucionrio
das massas revelam o desejo de ruptura do tempo social do tempo do
trabalho.
6
Em nota, Negri esclarece: Refiro-me ao The making of the English Working Class,de Thompson).
Sem duvida, a Comuna de Paris a primeira demonstrao extraordinria em que as classes oprimidas
fundam a forma politica do poder constituinte dos trabalhadores,atraves da autogesto social.
A Comuna de Paris (18 de maro-28 maio 1871) ps a prova todas as
sensibilidades.os dirigentes de inspiraoo e de geraes polticas distintas,de onde
muitos vinham do mundo do trabalho,foram eleitos ao Conselho da Comuna e se
contraporam em conjunto frente Versailhes.
Durante cerca de 72 dias de guerra civil,medidas polticas e sociais foram adotadas ( por
exemplo, a separao da Igreja e do Estado, a supresso do trabalho noturno nas
padarias, o recenseamento das fbricas abandonadas para serem postas sob controle das
associaes cooperativas...) sem todavia tocar o Banco da Frana nem aceitar o direito
de voto das mulheres,apesar da participao destas ultimas nos espaos pblicos.Mas os
communeux chegaram a improvisar,em nvel da capital, praticas de democracia
direta (mandato imperativo,controle dos eleitos pelos clubes,cmaras
sindicais,revogabilidade permanente,regime de destribuio mais igualitrio...). Deram
ao projeto socialista revolucionrio uma forma poltica especifica em estado de
esboo,mas concretamente possvel.
- reforma do ensino;
Assim, pela primeira vez, veio luz no mundo real as formas prticas de
superao do poder poltico: a organizao do social e do econmico exercida cada vez
mais diretamente pelas massas, a eleio pelas massas de todos os intermedirios e sua
revogabilidade a qualquer momento, a inexistncia de privilgios econmicos para estes
intermedirios.
Ainda para Marx, "A Comuna foi uma revoluo, foi o ressurgimento da
autntica vida social do povo, realizada pelo povo, foi uma revolta contra o poder
executivo e as formas parlamentares".
Para Bakounin, "A Comuna foi uma negao audaciosa, bem clara, do Estado e
a exaltao da ao espontnea e comum das massas, dos grupos de associaes
populares, porque as massas tm, eminentemente, o instinto socialista".
Por sua vez, Lenin reconheceu na Comuna a primeira tentativa feita pela
revoluo proletria para destruir a mquina do Estado burgus: "A Comuna ensinou o
proletariado europeu a pr concretamente os problemas da revoluo socialista. A causa
da Comuna a revoluo social, a emancipao poltica e econmica total dos
trabalhadores, a do proletariado universal. E, neste sentido, ela universal".
Para que uma revoluo social possa triunfar, duas condies ao menos so
necessrias: as foras produtivas altamente desenvolvidas e um proletariado
bem preparado. Mas, em 1871, estas duas condies faziam falta. O
capitalismo francs era ainda pouco desenvolvido,e a Frana era um pas de
pequeno-burgueses (artesos, camponeses, comerciantes, etc). Mas o que fez
falta Comuna foi o tempo e a possibilidade de se orientar e de abordar a
realizao de seu programa.
DECOUFL=====
Andr Decoufl, um dos principais analistas das revolues dos sculos XIX e XX, com
o objetivo de superar o que chamou de o mito da comuna na memoria coletiva das
revolues do ocidente e do Oriente, realizou uma analise histrica da Comuna de
Paris, destacando alguns pontos :
Esse ,de forma sintetizada, o Programa da Comuna . Com seu pouco tempo de
existncia , na realidade ,como aconteceu ?
Textil-roupa 8% 9% 9%
Calados
Trabalhadores %
Livro 31,9%
Madeira 19,2%
Metalurgia 16,9%
Construo 7,3%
Empregados 36,8%
8.4.4. A Represso
A Guarda Nacional de 1870, com 300.000 efetivos, conserva o nome antigo mas
uma criao nova de tempos novos; um organismo poltico-militar de massa com
maioria operria, com base na vida dos bairros populares e, um poder em potencial
antagnico ao poder estatal burgus.
1) Direito de viver
2) Liberdade individual
3) Liberdade de conscincia
6) Liberdade de sufrgio.
A concluso reza que: "No haver mais opressores e oprimidos fim da distino de
classes entre os cidados, fim das barreiras entre os povos - a famlia, sendo a primeira
forma de associao, todas as famlias se uniro em uma maior, a partia nesta
personalidade coletiva, superior a humanidade."
A Comuna de Paris
Decreta:
As cmaras sindicais operrias esto convocadas a constiturem uma
comisso que tem por objetivo:
Artigo II:
Artigo III:
Artigo IV:
Artigo V:
Artigo VI:
Artigo VII:
Artigo VIII:
Artigo IX:
Artigo X:
Artigo XI:
Artigo XII:
Artigo XIII:
(Octavio Paz)
A crise econmica mundial de 1907 foi combinada com muitas lutas sociais:
Rssia 1905, Ir 1906-1911, Portugal 1909, China 1909, greves nos EUA, greves no
Chile, greve geral de 1910 na Argentina. Pode-se dizer qu estes acontecimentos
marcavam uma mudana de poca. Esse foi o cenrio mundial em que ocorreu o
revoluo mexicana.
Enfim, A revoluo Mexicana deve ser vista como um movimento que se inicia
em 1910 e que acaba em 1930(...)O que distingui esse perodo,sobretudo e antes tudo,
a participao popular. (OCTAVIO PAZ ).
- servir de apoio para a transio a uma organizao produtiva e social superior; de uma
sociedade com base na propriedade privada uma outra com base na propriedade
coletiva.
Sete meses aps esta greve, ocorreu a segunda grande greve.Em 1906, os
operrios txteis de Rio Blanco,estado de Veracruz, fundaram o Gran Circulo de
Obreros Libres.Em outras cidades os trabalhadores criaram tambm seus Crculos
Obreros.Em dezembro desse mesmo ano,ocorreu a greve txtil nos estados de Puebla e
Tlaxcala. Os patres decretaram um lock-out,fechando suas fbricas e deixando sem
trabalho a 30.000 operarios. O conflito se estendeu ate 1907,com grande represso que
ocasionou centenas de mortos e feridos.O presidente e o secretario do Gran Circulo de
Obreros Libres foram fusilados.
A experincia da luta armada, a repartio das terras desde 1911, a vitria militar sobre
o exercito federal,a derrota do Estado burgus e a ocupao da capital do pas,
forneceram aos camponeses de Morelos a auto-confiana e a segurana para estabelecer
um governo popular.
O ponto Maximo a que chegou o projeto socializante zapatista foi a lei (outubro
1915) cuja ideiaideia essencial previa que os bens dos inimigos da revoluo
,capitalistas e latifundirios, seriam expropriados sem pagamento e que, para pagar as
expropriaes que tivessem direito indenizaes deveria se usar o dinheiro
proveniente dos bens urbanos confiscados aos inimigos da revoluo.
A lei sobre os direitos e obrigaes dos povose das foras armadas do Exercito
de Libertao do Sul,de maro 1917, foram estabelecidos as formas de participao da
populao no governo dos povos: a lei fixava um funcionamento regular de assemblias
populares que permitiriam a interveno permanente dos habitantes dos povoados em
todos os assuntos polticos,sua discusso e sua deciso.
Os homens deveriam se reunir em assemblia em cada localidade no dia 15 de
cada ms.Estas assemblias,aps discutir e decidir sobre os problemas em
debate,designavam seus delegados.No dia 20 deveriam reunir-se esses delegados de
todos os povoados na capital local,onde tomavam as decises coletivas.Estas
assemblias municipais,por sua vez,designavam seus delegados s assemblias distritais
que se reuniam no dia 1o do ms na capital dos distritos para decidir,com a interveno
e voto dos delegados designados,sobre os temas gerais de todo o distrito.
Outro decreto estabelecia os direitos dos povos frente aos chefes oficiais e
soldados do Exercito de Libertao do Sul e destinava-se a conter abusos contra os
povos.Estes no apenas tinham o direito de eleger seus governos locais,mas tambm o
de nomear seus prprios tribunais e policias.As autoridades populares podiam
apreender, desarmar e prender no quartel-geral a qualquer chefe,oficial ou soldado que
no apresentasse as credenciais dadas pela comisso que lhes designou. Os militares
deviam se abster de intervir na poltica dos povoados.
- um Presidium;
- um Comit executivo;
-Comisses.
JOO BERNARDO assinalou que a guerra civil russa foi na verdade uma
revoluo internacionalista:
Por isto, afirma que: Em suma, o que sucedeu dew 1916 at 1921 se fundarmos
a cronologia nos acontecimentos da Alemanha, foi um processo nico, escala europia
e com repercusses nos Estados Unidos. A insurreio bolchevique foi um mero
episodio, que se distinguiu por um detalhe: ter vencido.
Um dos melhores ensaios sobre este processo encontra-se em uma carta que o
bolchevique C. RAKOVSKY escreveu em 1928. Sua publicao traz o nome de Os
perigos profissionais do poder - sobre as causas da degenerescncia do partido e do
aparelho de Estado. Faamos uma sntese de suas ideias:
CR tenta responder a questo que lhe foi posta: como o proletariado pode
manter seu papel dirigente no Estado? Esta questo,claro,associada ao conjunto do
problema da tomada e da conservao do poder . Para CR, A Oposio soou o
alarme frente ao incrvel declnio do militantismo das massas trabalhadoras e a
indiferena crescente em relao ao destino da ditadura do proletariado e do Estado
sovitico. O principal perigo a passividade das massas diante de fatos escandalosos:
roubos,prevaricao,violencias fisicas,extorso de fundos,abuso de poder ,arbitrariedade
ilimitada,alcoolismo,demisses, fala-se de tudo isto como se fossem coisas naturais e
todos toleram sem saber por que.
A situao de uma classe que luta pela tomada do poder diferente da de uma
classe que j detm o poder aps um certo tempo.Quando uma classe se apodera do
poder,uma frao dela torna-se agente deste poder. assim que aparece a burocracia.Em
um Estado proletrio,em que a acumulao capitalista proibida aos membros do
partido dirigente,esta diferenaa comea por ser funcional,sem eguida torna-se
social.No falo de classe,mas social.Penso na posio social de um comunista que
dispe de um carro, de um bom apartamento, de frias regulares, e que recebe o salrio
maximo autorizado pelo partido.Sua posio difere daquela do comunista que trabalha
nas minas de carvo e que recebe um salario de 50 a 60 rubros mensais.
Sobre a classe operaria devemos encontrar resposata uma serie de questes, por
exemplo:
O fato que mais nos aflige a ausncia de reaes por parte do partido e das
massas.Durante dois anos, uma luta excepcionalmente dura ocorreu entre a Oposio e a
a maioria das altas esferas do partido e, nestes ltimosoito meses,acontecimentos se
desenvolveram que deveriam abrir os olhos aos mais cegos.isot,sem que, durante todo o
tempo,a massa do aprtido no tenha intervido.
Os operrios que chegaram ao partido aps a guerra civil,em sua grande maioria
aps 1923 (promoo Lenine),no tinham nenhuma ideia do que antes foi o regime do
partido.A maioria destes operrios estava desprovida desta educao revolucionria de
classe que foi adquirida durante a luta,na vida,na ao consciente. Na poca,esta
conscincia de classe foi construda na luta contra o capitalismo, hoje,ela deve se formar
na participo da construo do socialismo.Mas,como nossa burocracia reduziu esta
participao uma frase vazia,os operrios no encontram em nenhum lugar , aes
para formar essa conscincia.
Se,na cpula,ainda existia ainda uma certa linha ideolgica (mesmo que errada,feita de
sofismos ,com uma forte dose de m f ) no escalo inferior, h sobretudo recurso as
mais desenfreadas demagogias contra a Oposio. Os agentes do partido no hesitaram
em usar o anti-semitismo,a xenofobia, a raiva contra os intelectuais,etc.
Sou convencido que toda reforma do partido que se apia sobre a burocracia no
que uma utopia..
- reunio do Conselho central dos Conselhos pelo menos a cada trs meses,com o fim
de manter um constante controle da atividade do conselho executivo e estabelecer uma
relao viva com as massas;
- relanar a produo;
Vrias manifestaes de massa ocorrem; o poder fica nas mos dos Soviets; em
novembro,proclama-se a Republica.Bela Kun,lder revolucionrio,regressa ao pas.O
Partido Operrio Comunista hngaro fundado;os camponeses apossam-se de
propriedades e fundam seus soviets.No interior do pas, conselhos populares de vilas
foram fundados. Estes Conselhos Populares eram formados por soldados,operrios e
agricultores. Mantinha a ordem local e solucionava os problemas de abastecimento.
A represso foi violenta; Bela Kun foi preso.Em fevereiro 1918,uma nova
insurreio,dirigida pelos comunistas, reprimida;varias regies ficam sob controle dos
Soviets;em maro,o Conselho Operrio da fabrica WIEZ MANFRED,de Csepel (que
desde novembro detinha o controle da produo),em nome de 20.000
trabalhadores,decide apoiar o Partido Comunista e marcha para capital. Firma-se um
novo governo,com a presena de Bela Kun. Os Soviets controlam a capital.
Todavia, este novo governo apenas teve durao de 130 dias. Foi derrotado
pelas foras invasoras (Exrcitos da Romnia, da Frana e milicianos do almirante
Horty). A represso fuzila e enforca 9.000 e, para os campos de concentrao so
enviadas 30.000.
O movimento sindical tinha duas Centrais: a CNT foi fundada em 1919, com
755.000 trabalhadores; a UGT tinha 200.000 filiados. O Cooperativismo, entre 1931 e
1936 teve um desenvolvimento grande, sobretudo, na Catalunha. No Congresso
Nacional da Federao Nacional de Cooperativas,em 1935, havia 120.000 membros e
465 cooperativas. Em abril de 1936,apenas na Catalunha, existiam 205 cooperativas e
88.233 membros.
Neste quadro, entre 1931 e 1936, ocorriam agitaes todos os meses. A poltica de
represso era muito violenta; os rgos policiais recebiam 60% do oramento do
governo e tinham 64.000 agentes.
Empresrios 18,18%
Camponeses 40,9%
Operrios 22,72%
Esta tradio de luta foi uma marca forte na conscincia do povo espanhol: um
certo fundo mstico o impulsionava a lutar pelas grandes causas, desenvolvendo um
esprito de solidariedade e de igualdade.
A.GUILLEN esclarece:
As relaes de intercambio:
Dados da Inflao
Ano %
1929 100
1930 79,5%
1931 65%
1932 54,8%
1933 56,8%
1934 55,3%
Nas industrias e minas das Astrias, os proprietrios das fbricas e minas tinham
fugido ou morrido,mas a burocracia tinha permanecido na direo . assim, a CNT e a
UGT das Astrias se limitaram a criao de Comits de Controle Operrio,formados
por sindicalistas das duas centrais ,no eleitos pelos trabalhadores. Nas astrias, a
socializao ocorreu no setor da Pesca. Na industria,conserva e distribuio. Em
Barcelona, em cada fabrica foi criado um Conselho de fabrica,eleito pelos operrios.
As empresas estrangeiras no foram socializadas, e tinham apenas um Comit de
controle Operrio.
Nutria apenas imensa simpatia pelo POUM*, no s pelo Andrs Nin ,que
era um terico,elaborador,pesquisador,uma grande figura cheia de
promessas,mas tambm porque a mais bela figura de jovem comunista que eu
conheci chamava-se Alberto Bomilcar Besouchet, trotskista,militante do PCB
e combatente na Espanha.Participou da rebelio (1935) de Recife, foi para
Espanha, apresentado a Andrs Nin pelo velho Mario pedrosa, era oficial do
exercito republicano,foi preso e acabou assassinado na priso como figura
ligada ao trotskismo,portanto ao POUM.Eu tive contatos com os
anarquists,mas no entrei em contato com PC espanhol e suas problemticas
internas. Eu no admitia, de maneira nenhuma, o choque com os
anarquistas,com os poumistas,com a dissidncia.
(consignas da LIP)
Nos anos 70 do sculo 20, a cidade de Besanon, no leste da Frana, teria mais
alguns elementos para se incorporar a cultura socialista da autogesto. Dos sculos
anteriores, a cidade tinha suas referencias neste campo: No sculo 18, nesta cidade
nasceu ,em 7 de abril 1772, Charles Fourier. No sculo 19 , em 15 janeiro de 1809,
Proudhon nascia em um bairro operrio da cidade.
Esta luta empolgou a Europa durante seus 9 meses de durao e,ficou como
smbolo da autogesto.Neste perodo,1973-1974, os militantes da OS brasileira estavam
chegando a Europa. Sem duvidas, Besanon ,um marco no campo da CFDT, tambm
se tornou uma referencia para os companheiros brasileiros.
O 73, ainda foi um ano no ciclo longo de lutas pela autonomia e autogesto
na Frana. A principal luta deste ano ocorreu em Besanon , na empresa LIP ( nome de
um capitalista: Fred Lip).Os trabalhadores ocupam a empresa e passam a produzir e
vender os relgios produzidos. Para maioria das esquerdas, a autogesto presupunha a
tomada do aparato estatal. A revoluo poltica precede a revoluo social.
A Lip tinha uma longa existencia : foi fundada em 1886 .Na empresa de Fred
Lip, a organizao do trabalho funcionava atravs de cadeia automtica, em que os
operrios no podiam parar nenhum segundo ; para os operrios, era como um priso
em que produziam 800 relogios por dia ,com gestos montonos ,sem poder fumar um
cigarro;quando se fazia amizade com um vizinho na linha, te mudavam de posto.No se
podia trocar palavras.Havia multa pelos atrasos na chegada a fabrica. Os operrios
saiam do trabalho esgotados .
Este processo de trabalho estava refletido em uma pintura ocupando uma imensa
parede da fabrica: uma viso de campo e montanha,tendo em frente Fred Lip, o patro,
dando as horas a Einstein e conversando com Galileu.No cu, antigos smbolos do
tempo.Uma mulher com rosto da senhora Lip,a filha do patro. uma espcie de criao
do mundo, atravs do tempo assinalado por Lip: o tempo constri a cidade e muda os
costumes. Esta pintura representa a idealizao delirente do patro: uma moral de um
tempo abstrato, fora da vida;a cadeia automtica modelo representa o resultado pratico
do idealismo: o dio pelo homem,a negao de suas necessidades.
Em sntese,podemos afirmar que o carter exemplar da greve da Lip est no fato de que
os trabalhadores concentraram em suas lutas todas as formas de ao novas que tinham
surgido,sobretudo,aps 1968:seqestro,ocupao, movimentar a empresa sem os
patres,gesto operaria da produo e da luta, popularizao,articulao atravs de
marchas a outras regies,etc.
Na Frana, de 1960 a 1968 a media anual de aumento de preos foi entre 3,5-
4%;nos anos 1969-73, esta media foi multiplicada por dois ( 6 a 8%) e,em 1973, dobrou
mais uma vez (15%). De 1969-73, o crescimento foi sustenatdo pelo desenvolvimento
do consumo e das trocas externas alm de um forte crescimento dos investimentos.O
patrono falava,ento,de um crsecimento a japonesa centrado na industria devido a
eliminao de empresas medias e pequenas.O Governo comea um processo de
reestruturao das empresas. Os investimentos e os aumentos de salrio so
financiados pela inflao.
Nessa metade dos 60, aO pas tinha alcanado um nvel de prosperidade sem
precedentes., parecendo que o pas estaria fora do alcance de quaisquer crises sociais. A
moeda estava slida e o crescimento anual era de 5%. As guerras coloniais tinham
acabado.Num perodo de 20 anos, houve uma mudana de poca. Toda uma imagem do
pas sofria mudanas formidveis.A da Dulce france,com suas vilas e sinos , mudava
radicalmente.Todavia, continuava presente na educao .Coexistiam temporalidades
distintas.As classes sociais e a desigualdade permaneciam.
A originalidade dos mtodos de luta tem por marca a ocupao das fbricas e
manter um nvel de produo para assegurar um complemento de renda para prosseguir
a luta e,para manifestar simbolicamente que os operrios so capazes de produzir sem
patro e de organizar o trabalho segundo suas ideias. A venda dos seus produtos,ficou
conhecida como vendas selvagens,e, o pagamento dos trabalhadores nestas
empresas,chama-se pagamento operrio.As duas centrais,CGT e CFDT,em 1974
articulam uma manifestaosob a Torre Eiffel com milhares de jovens trabalhadores
representando 450 empresas em luta.
O mrito dos operrios da Lip de Besanon , est no uso de mtodos originais
em condies difceis,pois se tratou de lutar contra a liquidao da fabrica,atravs da
ocupao de uma empresa em falncia. Charles Piaget afirma que Na Lip, aps o maio
68, fomos mais audazes!. Piaget reconhece que o grmen de 73 est em 1970:
A luta que conduzimos em abril de 1973 foi o pico de uma serie de outras
lutas[...]. O conflito tal qual ocorre hoje s foi possvel porque houve Maio
de 68. Ele seria impossvel nos anos 60[...] Ele nasceu dessa potente onda de
fundo do movimento operrio. Em Maio de 68, alguns redescobriram,outros
descobriram,como para mim,as formas de combate que no eram mais
utilizadas depois muito tempo: a greve com ocupao de fabrica, a greve
ativa,com a participao efetiva de um grande numero de trabalhadores, a
elaborao das reivindicaes feitas pelos prprios trabalhadores.
Descobrimos ou redescobrimos as assemblias gerais cotidianas,soberanas
nas tomadas de deciso,o comit de greve ativa. Maio 68 foi uma boa escola.
Fred Lip torna-se acionista da Ebauches e monta uma nova fabrica de montagem
de relgios: a ELECTRA, com todo o equipamento e estrutura da Lip; uma operao
para destruir a fabrica ,e abrir a falncia.
Dizemos No a poltica da direo, que por 3 anos nos tem enganado, que
assegurou que tudo iria se resolver,enquanto preparava em segredo o golpe
de mo.
Por tudo isto,estamos prontos a lutar at o fim,crentes que nossa luta serve
para defender nossos interesses fundamentais,como os de todos os
trabalhadores.
Os jovens eram os primeiros nas viagens para outras cidades e regies, e nos
espetculos promovidos na cidade como forma de animao cultural em solidariedade a
luta.
Obrigado por tudo que tm feito por ns. Em um momento em que a luta da
Lip atravessa um momento difcil, viemos lhes dar nossa mxima
solidariedade.Solidariedade do nosso comit de ao dos ferrovirios da
estao Paris-Lion CGT,CFDT e no sindicalizados.O comit foi criado
segundo o exemplo do Comit de Ao-Lip,e tem como programa a unio
dos ferrovirios e favorecer a mobilizao.Graas aos lip, a sua coragem,as
suas ideias que nos ajudaram a desenvolver a combatividade operaria [...].
At a vitria! 25 de Outubro.
A seo sindical CFDT da Renault envia um telegrama de protesto:
protestamos vigorosamente contra a agresso da fora policial contra a fabrica Lip[...].
A luta dos operrios da Lip,pela sua fora e sua dinamica e combatividade,mostra o
caminho para toda a classe operaria. Lip-Renault mesma luta!.
Besanon, 1973.
No dia 12, a asembleia geral teve uma participao enorme: aps seis meses de luta,
90% dos trabalhadores participaram.Votam duas propostas: retomar o trabalho ou
seguir a luta.Resultado: 17 abstenes; 174 pela volta ao trabalho; 626 para continuar
a luta.
10.1.12. Nova fase da luta!
Quadro
At 17 de junho 447
Por que esta viagem? Aps a viagem de Vitot, os lipianos lanaram uma
campanha de solidariedade com os operrios da Polnia. Nesta segunda viagem, um
objetivo era o de levar o material coletado e discutir o uso do dinheiro arrecadado.
Participaram da viagem: Jean e Cristhian Pigeard,da Lip; Michel ,de Lyon eum
sindicalista da CFDT. Todavia, os trabalhadores da Lip conheciam as as afinidades
existentes com as lutas dos companheiros poloneses:
Estas questes nos conduzem uma reflexo que nos permitir esboar uma
COMPARAO com LIP. Com que comparar nossa fabrica antes de abril
73,data que marca o inicio do primeiro conflito? A um universo fechado
como so todas as outras fbricas.Um mundo onde s so admitidas as
pessoas que nela exercem sua atividade profissional. Um universo fechado,
exta replica da diviso do trabalho, dos corporativismos culturais,
sociais,intelectuais.Mundo das moradias isoladas sem rosto e da vida
mecanizada.Triste realidade que compatilhamos com o Leste...
Apesar destas diferenas, nos ousamos tentar uma comparao: a Polnia e LIP
tm em comum a vontade de abrir as portas. As portas fsicas que favorecem a troca e
a comunicao dos seres,e mais ainda as portas meta-fisicas que, permitindo o choque
das ideias e das sensibilidades entre os espaos scio-culturais e profissionais os mais
diversos,estimulam a imaginao e a criao e por a,favorecem o avano perssoal e
coeltivo.
Diisemos que neste ponto levamos pequena vantagem.Sim, no sentido que nosso
processo de estruturao comeou depois de longo tempo (fim de 77,criao das
empresas) e que,ento,podemos tirar o maximo de ensinamentos.No, no sentido em
que os Poloneses parecem at o momento ter melhor respondido que ns a esta
questo.Cada passo adiante de Solidarnosc testemunha uma preocupao constante de
abertura, de comunicao entre os diversos percairos sociais e outros (e mesmo
parceiros polticos!) e de uma vontade de fazer o maximo para evitar a armadilha da
institucionalizao (da, o questionamento sobre os permanentes sindicais, por
exemplo).
Com os poloneses,dizemos: temos que fazer, desde agora, tudo o que for
possivel. Realizar o possvel,todo o possvel. O que nos construmos hoje constitui os
fundamentos, as bases da sociedade de amanh. E sabemos que no existe construo
durvel sem fundamentos slidos...
Apoiado por todo o povo, Solidarnosc est realizando este programa. Dizemos
talvez- pois no podemos fazer abstrao do contexto geo-politico Polons,nem das
recuperaes possveis do Poder e do esvaziamento e da eroso que acompanham
fatalmente a evoluo de todos os grandes movimentos histricos,mesmo os mais
generosos.Ao menos, e este o sinal mais positivo,Solidarnosc, 10 meses aps sua
criao,no parece se esvaziar.Continua sendo,como desde sua origem,um movimento
de mulheres e de homens de cabeas erguidas ,em p.
O que nos faltou, na LIP, foi mais uma popularizao e um apoio massivo que a
falta de outras Lip. No no sentido de Lip seria um modelo para outras fbricas,mas
nos entido de que faltou outros movimentos profundos e duraveis,nas esferas mais
diversificadas da vida cultural, tica, social, poltica, etc., e isto entre as camadas mais
diversificadas da populao.S a profuso destes movimentos, seu encontro em
profundidade teria permitido a cada um de se confortar duravelmente e de lanar as
bases de uma verdadeira mudana social,de uma outra forma de organizao da vida...
Concluindo,
- vrios intelectuais franceses que foram sensibilizados por LIP e pela Polnia.
O exemplo da LIP francesa foi muito forte entre os jovens catlicos da CSC
do Brabant walone. Em 1979, fundaram uma associao para ajuda tcnica,jurdica e
econmica s empresas ocupadas e que aderiam autogesto.
O ano de 1960 terminou com uma greve de 150.000 metalurgicos dos etor
privado,no 27 dezembro. Em 1961, a greve mais difcil foi a dos 50.000 operarios dos
canteiros navais. Em 1962, os movimentos sociais adquirem uma amplitude
nova.Umtotal de 181.732.000 horas de greve, o dobro de 1961.Os operrios dos
canteiros navais iniciam as greves nos primeiros meses; os metalrgicos fazem greves
por fbricas,contra as disposies dos sindicatos que defendiam greve por setor. Neste
ano, os trabalhadores tomam as iniciativas,mas ainda no alcanam uma ruptura,o que
s ocorrer em 1968-69.
A origem histrica e estrutural da crise poltica e social italiana, nos anos 1968-
69, est na origem dos fatos que contriburam para agravar o sentimento de insatisfao
das massas trabalhadoras contra um modelo de desenvolvimento anti-popular. A
insatisfao das reformas sociais (habitao,escola,sade,etc) reivindicadas pelos
trabalhadores, e a intensificao dos ritmos de trabalho nas fbricas, contibuiram para
agravar o clima de tenso no pas.
A Itlia possua uma forte tradio de Conselhos, que influiu notavelmente nos
grandes conflitos baseados na espontaneidade operaria. O outono quente no fugiu a
essa tradio e, rapidamente nas fbricas,sob ocupao ou no, surgiram os comits ou
conselhos de trabalhadores.
FIAT, 30 junho
ITALSIDER, 1 de agosto
Nos anos 70, a classe operaria portuguesa apresenta 3 nveis em seu interior:
Um relatrio de junho 1973, do lder do PCP, lvaro Cunhal fornece uma ideia
das lutas ocorridas antes da queda do fascismo:
-Na Marinha Grande, 700 trabalhadores ocuparam uma fabrica de vidros ,sanearam a
administrao e passaram a gerir a empresa;
-em Setbal,os operrios da fabrica Sapec ,raptaram dois administradores para mostrar
ao Governo como a situao estava ruim.
10.4.2. As Cooperativas
No art. 84o.1,a constituio define que O Estado deve fomentar a criao e a atividade
de cooperativas. Portanto, a Constituio define que: apoio e fomento
cooperativo,englobando o setor cooperativo no qued enomina de propriedade social e
atribui a este a tendncia de predominncia: constituem a base do desenvolvimento da
propriedade social,tender ser predominante,os bens e unidades de produo com posse
util e gesto dos coletivos de trabalhadores,os bens comunitarios com posse til e gestao
das comunidades locais e o setor cooperativo(art. 90o .1).
- a igualdade;
- a gesto social;
- a educao.
A reforma Agrria dos trabalhadores aponta para uma via que modfica as
relaes de produo dominantes nos campos do Sul,o que significa tomar no apenas
as terras piores ,como queriam os latifundirios,mas tambm as melhores terras dos
grandes proprietrios. O Partido Comunista de Portugal privilegiava as UCPs.,pois no
tinha hegemonia no aparato estatal , para apoiar as organizaes do prprio Estado.
No Norte do pas, a situao era diametralmente oposta ao Sul. Dominava o
minifndio , a pequana propriedade;diminua a presena dos assalariados sem terra, que
emigravam,ficando apenas os mais velhosEm alguns municpios, o prprio operrio
industrial cultiva um pedao de terra para subsistncia (Coimbra, Aveiro, Porto e
Braga).
H, portanto, uma ligao terra muito forte. Nesta parte do pas, foi muito
acentuada a convergncia do fascismo com a Igreja oficial,tendo como ideologia
dominante o anticomunismo.Um universo ideolgico profundamente enraizado na
populao,manifestando-se em um horror de mudar; esta ideologia agiu como fora
historica que os adversrios do socialismo fizeram atuar como fora material contras
as transformaes.
Algarve 37.000
Alentejo 150.000
Ribatejo 150.000
Norte 538.000
Com 34% da populao ativa, a agricultura apenas representa 13,6% do PIB
Em Castelo Branco (Beira baixa) ,no final de 1975, havia uma rea ocupada
pelos trabalhadores de 3.100 hectares. Em Malpica,tambm em Castelo
Branco,trabalhadores desempregados da Celtejo (fabrica de celulose) ocuparam uma
propriedade com cerca de 1.100 hectares. Estas UCPs foram trabalhadas e geridas pelos
prprios trabalhadores.
Em agosto 74, 206.645 hectares de 330 latifundios tinham sido ocupados por
6.000 trabalhadores.As principais regies onde ocorreram as ocupaes de terra foram:
o Alentejo e, o Ribatejo e a zona em volta de Castelo Branco (na Beira baixa).Os
trabalhadores rurais se organizavam em cooperativas e UCPs. O modelo adotado foi da
partilha : a terra era trabalhada e possuda pelo conjunto dos habitantes da aldeia.
Distritos
Junho 5 22 31
Julho 23 - 50
Agosto 58 122 -
Setembro 75 - -
Outubro 246 - -
Que so CCOO ?
Uma das lies mais importantes do que se passa na espanha, o papel que
tem desempenhado o movimento sindical independente e, em particular, o
movimento operrio que se desenvolve em centenas de fbricas
espanholas.Trata-se das CCOO[...]
7
Esta parte resumo de um trabalho intitulado Leste europeu: a dialtica da revoluo passiva.
Liberalizao= processo que se origina e que dirigido exclusivamente do
alto; a direo do PC decide o momento em que o povo ou o pas est maduro
para certas reformas;a iniciativa encontra-se nas mos do grupo dirigente;
Democratizao= processo envolve o grupo dirigente,mas que comea pela
presso da base,que tem a iniciativa;os trabalhadores defendem as mudanas
propostas pela direo do PC,mas formulando suas prrpias reivindicaes e
pressinando por sua realizao.
Inicalmente, reivindica-se reformas limitadas,sem eguida,transformaes
institucionais que garantam o controle popular sobre o Estado.Neste caso,as mudanas
atingem a natureza do modelo estatal de socialismo: o monoplio poltico do PC, a
estatizao dos meios de produo, a censura, o sistema de correia de transmisso, a
dependncia frente URSS.Este processo pode ser chamado de Revoluo Poltica.
Alm destas 2 vias,podemos falar de outra revoluo que visa substituir o sistema
socialista pelo capitalismo;na verdade,uma CONTRA-REVOLUO.Quando,trata
de assegurar o status quo ,estamos diante de uma NORMALIZAO,como ocorreu
na Hungria e na Polnia,em 1956 e na Thecoslovaquia,em 1968.
1.os trabalhadores se revoltam contra o que visto como seu Estado; reinventam
formas radicais de democracia em todas as frentes de luta (poltica,econmica e
cultural);
1949-1953
1953-1963
1963-1974
1974-1978
1978-1983
Os coletivos de trabalho realizam a gesto por meio dos conselhos operrios e dos
comits de direo de empresa. Os conselhos eram eleitos por todos os trabalhadores
(operrios e tecnicos) com base no voto secreto. A partir de uma lista de candidatos
apresentada pelo sindicato ou por um grupo de operrios; inclusive,existia a
possibilidade de revogao de mandatos.
- na comunidade de moradia;
- na organizao scio-politica.
Alguns dados oficias indicam que, no inicio dos anos 70, havia 11.000 conselhos
operrios,com um total de mais de 220.000 membros ( 170.000 operarios e 50.000
funcionarios). Cerca de 50% eram mulheres e jovens.Contava-se mais de 1 milho de
pessoas que tinham passado pelos rgos de autogesto operaria.
1958 28 1,6 -
1959 35 2 -
1960 61 3,5 -
3) enfim, manifestam-se sempre,apesar dos esforos do poder central para exercer seu
controle absoluto sobre os grupos de direo nas repblicas nacionais no plano local e
regional, as tentativas destas repblicas para ampliar a autonomia e o poder em seu
porprio solo, o que desenvolve de uma parte, as tendncias secessionistas,de orientao
particularista, e de outra parte, contra-medidas centralizadoras: campanhas contra as
minorias nacionais, depuraes,intervenes militares,que assumem no cenrio
internacional um carter claramente imperialista.
Continua MARKOVIC:
As razes destes conflitos so mltiplas: tradies histricas,injustias
cometidas,disparidade hereditria em nvel do desenvolvimento ,
desempenham um certo papel.Mas, o fator predominante para ns, o papel
da burocracia no surgimento das tendncias nacionais dentro das federaes
multinacionas.
Faltou, para o sistema ser eficaz, de uma parte que o mercado de emprego
fosse fortemente regulado, demodo a assegurar a mobilidade da mo de obra
sem a penalisar e a conter a hierarquia das remuneraes e,de outra parte, que
o sistema bancrio jogasse plenamente seu papel,ou seja, distribuir os
crditos segundo os critrios puramente de mercado,mas oao mesmo
tempo,segundo as orientaes do plano as empresas.
Quais resultados?
No que diz respeito ao financiamento ,a orientao foi cada vez mais para
um sitema de credito cooperativo.Os recursos foram sempre alocados pelos
bancos no quadro de um plano adotado por assemblia geral das empresas
membros,mas,desta vez, todas as empresas tinham direito de voto igual (cada
cabea um voto), fossem grandes ou pequenas.
Foi somente no fim dos anos 80 que a crise econmica, com o peso de todos esss
fatores, tornou-se severa (desemprego, dficit externo,inflao crsecente ,falncia de
regies inteiras). Enfim, para Andreoni,
3.sua inventividade
Qual o papel destes conselhos operarios? Castoriadis avalia: "O que contm em
potencial os conselhos operarios hungaros,em sua formao e seus objetivos, a
destruio das significaes sociais tradicionais,herdadas e instituidas,do poder
politico,de uma parte,e de outra,da produo e do trabalho;dai,o germe de uma nova
instituio da sociedade".
Aps a invaso pela URSS,a principal forma de resistencia das massas foi a
greve geral politica. Essa greve de massa durou 7 semanas, exceto no setor publico.
Seus objetivos foram claramente politicos: retirada das tropas soviticas, retorno do
governo Nagy, libertao dos dirigentes operrios presos. O centro da resistncia
poltica foi o Conselho Operrio de Budapest, unificando as foras.
3.eleies livres;
6.federao nacional dos conselhos e constituio desta federao como orgo direto
de poder;
"No interior, de fato, era a revoluo: uma revoluo dos conselhos, levando em todas
as cidades importantes do pas a tomada do poder efetivo por estas organizaes".
Tratava-se, sobretudo, dos centros industriais como Gyor no Noroeste, Sztalinvaros ao
Sul de Budapeste, Miskolc no Nordeste, verdadeiros ncleos revolucionrios
incorporando ao movimento suas respectivas regies. No interior, os conselhos se
impuseram desde o incio, ao passo que na capital, a revoluo dos conselhos s tomou
amplitude aps a vitria da insurreio armada.
Decidimos lanar um apelo aos sindicatos livres do mundo inteiro para que
os trabalhadores do Ocidente organizassem manifestaes de
solidariedade...decidimos pela greve de 48 horas...
Sob o pretexto da greve geral de 48 horas, ocorrida em todo o pas, por ordem do
Conselho Central, em 9 de Dezembro,o Governo Kadar aproveitou-se para se livrar de
vez dos conselhos operrios, enquanto rgos polticos.O argumento do decreto
governamental significativo; vejamos os termos do decreto, ordenando a dissoluo
do Conselho Central Operrio da Grande-Budapeste e dos Conselhos Operrios
regionais:
3) O povo, com confiana, criou os conselhos operrios para que sua vontade
prevalea. Por isto reivindicamos a ampliao total da esfera de atividades
dos conselhos operrios no domnio econmico, cultural e social, e o reforo
desta ampliao pelo governo.
8) Pedimos ao governo que faa conhecer pela radio e pela imprensa nossas
decises aqui enumeradas.
Este periodo inicial do pos Guerra foi uma fase de tregua e foram os anos mais
dinamicos do pas. O periodo de reconstrucao economica se encerrou em 1948. O PCT
formulou um plano quinquenal -1949 a1953-,visando mudar a gestao da economia para
um sistema de planificacao inspirado no modelo da URSS. Como resultado,no inicio
dos anos 60, verificou-se a queda de crescimento do PIB e da renda nacional, conforme
mostra o quadro abaixo:
Quadro
Ano PIB RN
1961 7 6,8
1962 3 1,4
Fonte:
Desde 1963, uma reforma economica foi tentada, visando indicadores objetivos
e qualificados na economia:desconcentracao da economia, autonomia maior para os
chefes de empresa, dinamizacao da economia pelo mercado de bens de consumo e a
abertura ao mercado mundial. Contudo, rapidamente, a reforma foi bloqueda pelas
resitencias no interior da elite dirigente e pela impossibilidade de controle das diretrizes
'as estruturas descentralizadas.
Desde 1966, apos o XII Congresso do PCT, uma "comissao para a gestao e
organizacao" foi criada. Previa um sistema de cogestao nas fbricas,em torno de um
Conselho composto de 1/3 de operarios eleitos,e 1/3 de tecnicos mais 1/3 representacao
do Estado.Este projeto veio a publico em abril de 1968,alimentando a reflexao dos
trabalhadores quando da fundacao dos primeiros conselhos de trabalhadores,em junho
1968.
Este Congresso extra do PCT, pertence aos grandes momentos da histria das
revolucoes. Diante da invasao sovietica de 20-21 agosto 1968,ocorreu a convocacao
imediata do XIV Congresso extraordianrio do PCT; realizado na fabrica CKD de
Vysocany, na periferia operaria de Praga.Estava regularmente convocado para 9
setembro 1968; tinha por objetivo, a elaboracao dos Estatutos,implicando eleicoes via
boletins secretos. Fixou-se o avanco da democracia socialista atraves dos orgaos de
autogestao. Para Fisera, este Congresso figura como uma especie de "Constituinte" da
revolucao dos de lei, sobre a "empresa socialista" foi publicado no final de janeiro 1969,
15 dias apos a reuniao nacional dos conselhos operarios,de carater preparatorio e
representando 190 empresas, num total de 890.000 trabalhadores (mais de 1/6 dos
operarios do pas);a reuniao ocorreu em Plzen.
A Polnia foi palco de numerosas lutas dos trabalhadores: 1956, 1970 , 1976 e
1980. Assim,uma onda de longa durao de revoltas ,rebelies e
revolues,determinando esse pas como o elo fraco no bloco do socialismo estatal
.A maturidade da classe operaria polonesa foi fruto de um longo e lento
amadurecimento.
Por sua vez, o movimento dos Conselhos Operarios teve inicio em abril de
8
Para aprofundamento da experincia da Polnia, consultar Leste Ram.
1981. Nessa ocasio,as sees de Solidarnosc e dos canteiros navais de Gdansk e
Szczecin deram inicio aos debates sobre a Autogesto operaria.A situao era de
enormes dificuldades econmicas, com as fbricas semi-paralisadas e o PC (POUP)
completamente paralisado,sem ao.
A Comuna popular foi uma forma de organizao nascida cerca de 10 anos aps
i inicio da Revoluo Chinesa. Portanto, foi resultado de um longo processo de
experimentao de organizaes econmico-sociais de carter coletivo no campo. Para
a cncepo ideolgica do pas,tratava-se da passagem de um domo de prduo
(capitalista) ,ou de uma formao social caracterizada pela combinao de varios modos
de produo uma sociedade onde domina o modo de produo comunista.
A comuna popular no era apenas uma organizao econmica socialista (com laos
de ajuda mtua e solidariedade entre os membros) mas tambm a unidade de base do
poder poltico no campo. A fundao das comunas resultou de iniciativas locais,o que
explica a diversidade das situaes regionais.
- fuso do econmico e politico, como condio para abolio e separao dos poderes e
da burocracia;
1967;Shangai fica sob controle militar. O PCC, aps a destruio das comunas,
converteu-as em outro tipo de organismo : os comits revolucionrios, forma de
reestruturao do aparato estatal, um certo tipo de normalizao.
Uma das sadas dos trabalhadores foi a ocupao de fbricas,mesmo que nada
pudessem produzir, guardavam os estoques, a maquinaria,etc. Foi o caso da empresa
Hamada-seiki que fabricava maquinas de impresso.Os trabalhadores aps uma cordo
com o sindico , iniciaram a produo para assegurar a continuidade da marca.
O interesse maior pela autogesto no pas ocorre no final dos anos 60, quando
surgem os problemas scio-economicos ligados ao crescimento rpido da economia. O
imobilismo dos movimentos operrios e socialistas foi um dos pontos de partida deste
interesse pela autogesto.
Na segunda metade dos anos 60, surge um novo quadro: a indiferena dos
trabalhadores frente aos sindicatos e um sentimento de alienao frente as novas
tecnologias.Cresce a renda dos trabalhadores mas h uma decepo com o trabalho,com
sua alienao. Nesta poca, surge um novo tipo de sindicalismo,no mais centrado
apenas nas questes econmica : o movimento pela autogesto.
4) as comunidades utopicas.
Ano N de falncias
1976 15.641
1977 18.741
1978 15.875
Em 1977, uma pesquisa mostrava que 60% das grandes empresas possuam estes
comits. O autor do dossier assinala que:
Esta empresa declarou falncia em 1977.O sindicato dos trabalhadores tinha sido
fundado em 1956. Com a falncia os operrios se agruparam no sindicato para exigir
seus salrios no pagos, a garantia de emprego e a recuperao da empresa. O sindicato
passou a produzir outros produtos com a matria-prima existente (por exemplo, capas
para garrafas). Um acordo com o sindicato nacional de calados e com a Paramount-
Standar permitiu a volta produo de sapatos.
Uma dificuldade era que o consumidor no via bem uma empresa em falencia e
dirigida por um sindicato.Assim,tinham que agir muito no campo da publicidade para
quebrar esta imagem. A pratica da autogesto era a preocupao principal do sindicato,
que formou um comitee xecutivo com 9 pessoas para cuidar de toda empresa,da
produo aos estoques.Este comite formado por 2 grupos:um da produo e outro da
administrao (gesto).
O comit de gesto se rene uma vez por semana. A autogesto vista como
algo imposto pela situao de falncia. Mas, a gesto coeltiva desenvolve uma nova
conscincia nos trabalhadores e,se chega um novo patro aps a recuperao da
empresa, este coletivo ser capaz de exercer o controle.
13. OS CICLOS DAS LUTAS AUTOGESTIONRIAS NO PS-
GUERRA, NA FRICA
Mo de obra 134.430
permanente
Mo de obra 52.145
temporaria
Total 186.575
Fonte: LUCAS
Fonte: Lucas
Nos anos 50 (1954), a Arglia contava com 900.000 assalariados ( 570.000
agricolas e 330.000 no agrcolas). O numero de assalariados da industria no era,sem
duvidas,seno 96.405, dos quais 60.450 eram argelinos e 33.955 europeus.Mais de
100.000 argelinos ocupavam empregos industriais na Frana.
-os grandes proprietrios (possuindo acima de 50 hectares), cerca de 25.000, mas que,no
total,detinham a posse de 2.800.000 hectares
- 150.000 de 10 a 50 hectares;
- um tero da populao era urbana ,pois,a urbanizao foi acelerada aps a partida dos
franceses em 1962;
3 797 com mais de 200. Seja 17%) ocupam 2 726 000 ha.
Ao passo que 630 732 autochtones (em que 438 483 de 50 a 100 ha, 8 499 com mais de
100,seja 1,3%) cobrem 7 349 160 ha ( a superficie media de uma explorao
erespectivamente de 120 e de 11 ha.(Bourdie,p.121)
-No campo:
-Na industria:
Prossegue Arnault:
A autogesto no foi,em suas origens,o resultado de uma escolha,mas foi
imposta por um conjunto de possibilidades e de impossibilidades.Os
argelinos esclarecidos no querem que a autogesto seja o melhor sistema de
gesto possvel,de aplicao universal; mas, to somente que o melhor
sistema de gesto nas condies atuais da Arglia.
9
O jornal da ANAP acentuava mais fortemente essa opo: O que nos separa do comunismo, que nos
desejamos construir o socialismo com Deus: o progresso social e material de uma parte, o
desenvolvimento dos valores espirituais de outra.
populao ligada ao Islam, de enraizar o socialismo nessa tradio popular profunda.
- autenticidade;
.
13.1.2. Os decretos de Maro de 1963
- toda empresa que cessar sua atividade,ou a reduza, poder ser declarada abandonada;
-toda pessoa que disponha de empresas abandonadas sem autorizao ser severamente
punida;
- o diretor.
-a parte de investimentos;
-o imposto territorial;
- mais ,o imposto demandado pelo Estado, composto de 2 partes: o que vai para o
Fundo nacional de Investimento; o que vai para o Fundo nacional de equilbrio do
emprego (para as regies menos desenvolvidas).
A autogesto industrial foi limitada. Nas cidades todo o setor comercial passado
para autogesto: cafs,restaurantes,hotis,etc.;provocando pnico entre os comerciantes
,artesos e pequenos proprietrios.As empresas industriais do setor autogerido,
totalizam o numero de 450 (5%); as unidades semi-artesanais significavam 45%;na
construo, 30%;as pequenas insdustrias de transformao,35%. No conjunto,
representavam um total de 10.000 trabalhadores,isto , 8% do total de trabalhadores.
Setor Autogerido
Mo de obra 52.145
temporaria
Total 186.575
Fonte: Lucas
Setor Autogerido
Total 2.409.560
Fonte: Lucas
Mo de obra na industria autogerida - 1969
Energia , gua -
Industrias alimentares -
Total 8.080
Fonte: Lucas
Fonte: Lucas
Cifras de
Numero de
Forma de propriedade Numero de empresas negcios (em mil
trabalhadores
dinares)
Fonte: Lucas
Ano 1973
1967 1969 1971
Setor (previses)
Fonte: Lucas
Na Kabilia, por sua vez, o Comite de Gesto agrupa 5 exploraes que somam 160
hectares, das quais 34 so de vinho. Consta s de 8 operarios permanentes,que dispem
de 2 tratores manuais e 3 de rodas.Emprega 25 a 30 operarios temporariso,e mais na
poca da colheita. Dos 8 permanentes, 3 so antigos operrios (um deles trabalha na
fazenda desde mais de 30 anos).A idade varia entre 30 e 45 anos.Quando ocorreu a
renovao do Comit de Gesto (por teros todos os anos) o presidente eme xercicio
no foi reeleito por incompetncia,me disseram-, e o encarregado de gesto acabava de
sair de uma etapa de formao.Quando lhe perguntei se ele daria uma mo no
trabalho,posto que seu pessoal s contava com 8 operarios permanentes, me respondeu
que no,e pareceu assombrar-see com minha pergunta.Aqui um operrio permanente
ganha de 20.000 a 24.000 francos por ms,e um operrio temporrio 754 francos por
dia. No inicio, no foram previstas normas,o que se traduzia em ume xod de operrios
qualificados para o setor privado.os salrios estavam diversificados: 1.200 francos para
um podador de vinhas , 2.300 francos para um operrio mecnico, 3.500 francos para
um mecnico chefe.temos aqui,como em Cuba,o mesmo movimento de operrios
agrcolas em favor de um salrio fixo e no da repartio de benefcios no fim do ano.
Tem por cliente aos Cimentos Lafargue, sociedade francesa que continua
detendo em Arglia o monoplio do cimento.O Comit de Gesto manteve o
monoplio da empresa,apesar do material velho; e com os mesmos operrios.
Existe um projeto de remodelao dos acessos canteira para aumentar a
produtividade melhorando os transportes.perguntei a um velho oeprario que
sempre trabalhou aqui- como ele v a repartio dos ingressos no fim de
ano.Me disse que nos eu entender teria que destinar o mais possvel do
ingresso remodelao e a modernizao,embora se ganhe menos este
ano.Ante minha insistncia,parece que todo o mundo est de acordo.E se o
truste Lafargue decide no comprar mais a produo ? Ou baixar o preo ?
Nos lugares em que existe uma Seo Sindical, se esfora por estabelecer um
certo equlibrio: os trabalhadores podem cair em certos excessos,e
transformar-se em patres.A seo sindical joga um papel moderador.Os
trabalhadores sindicalizados so por principio conscientes.os comits de
gesto tm mais poder que os trabalhadores,mas atualmente no esto em
condies de exerce-lo desde o ponto de vista dos conhecimentos. [...] No
h superposio de funes.O comit de gesto se encontra a cargo dos
interesses imediatos, particulares e administrativos dos trabalhadores;os
militantes do partido defemdem os interesses do Estado,e o sidnicato os da
classe operaria.A educao poltica s pode estar a cargo dos militantes que
crm nisto,e em principio daqueles militantes do partido e do sindicato.
O fim do vero de 63, foi marcado por uma virada capital no desenvolvimento
posterior da autogesto.Ocorre a interdio do programa Voz da Arglia Socialista e o
desmantelamento do Comit Nacional (BNASS),em que uma parte passa para o
Ministrio da Agricultura e, outra parte,para o Ministrio da Industria.
Portanto, os tcnicos detinham mais de 50% dos psotos de gesto.A maioria dos
quadros da FLN ocupavam cargos secundrios.
Por sua vez, o Congresso do setor autogerido das Industrias,adotou resolues que
refletiam uma soluo de compromisso com as tendencias favorveis estatizao.Era
a luta interna que ocorria dentro da Central Sindical, na FLN e na Administrao,entre
duas correntes opostas, duas concepes diferentes da autogesto e da construo
socialista no pas.
Entretanto, BeN Bella sofria as presses das foras antagonistas que lutavam no
interior do regime, levando a paralisao e ao desencorajamento. A aliana ttica entre
Bem Bella ,chefe do governo e Boumedien, lder das foras armadas, construda em
1962, foi marcada todo o tempo por disputas entre os dois setores.
A luta de classes no pas durante o Governo Bem BELLA, foi feita entre ,de um
lado, uma frao ultra-minoritaria de intelectuais revolucionrios apoiados na frao
sindical da classe operaria e dos trabalhadores da autogesto , que no seu conjunto
podiam agrupar entre 110.000 e 150.000 trabalhadores; por outro lado, a grande maioria
do aparato estatal,do partido e da Armada.
Em junho de 1965,o regime presidido por Ben Bella foi derrubado por um golpe
militar, impopular,mas que no despertou resistncias na populao.
O PCA apouou Bem Bella,e manteve uma estrategia ligada ao PCF,na orbita do
PC sovitico.Segundo Ahmed Sua influencia no superou um circulo pequeno de
aderentes e de simpatizantes; mas, dispunha de militantes sinceros e convictos e bem
organizados.
Nas teses se diz, por exemplo: O proletariado dos pases atrasados est
obrigado a combinar a luta pelas tarefas democrtico-burguesas com a luta pelas
reivindicaes socialistas.
A cogesto era o caso mais ntido de ocupao pelo alto,de acordo com o
Governo,em oposio s coupaes de fbricas e minas, por baixo,pela ao direta
dos trabalhadores.Entretanto, a cogesto respondia de uma maneira autentica a um
impulso espontneo vindo da massa operaria.
Em janeiro de 1985, a COB iniciou uma greve geral que teve durao de 15
dias: 10.000 mineiros ocuparam as ruas de La Paz ,com assemblias e manifestaes.A
COB reivindica a escala mvel de salrios e o congelamento dos preos dos artigos de
primeira necessidade e dos transportes,alm da renuncia do presidente Siles Zuazo.
Foi realizada uma ampla consulta popular sobre as principais reformas legais
do pas: a reforma judicial em 1973, o cdigo da famlia em 1974, e a nova
Constituio em 1976.
[...]
A cada dois anos e meio, a populao elege seus representantes (um total de
10.735 delegados) s assemblias municipais do poder popular. O delegado
tem que prestar contas periodicamente populao (assemblias de
prestao de contas),e esta tem a possibilidade de destitui-lo,se ele tiver um
comportamento burocrtico ou corrupto.
[...]
Lowy acresce outra sugesto, que esteve presente nas lutas autogestionrias:
Uma hiptese que pode ser considerada a eleio de uma SEGUNDA
ASSEMBLIA,para a qual seriam eleitos delegados de todas as organizaes de massas
do pas. Esta Assemblia dos Trabalhadores teria a tarefa de controlar ou completar as
atividades da Assemblia Nacional.isto permitiria que as organizaes de massas,que
representam a parte mais ativa do povo trabalhador,influsse diretamente nas
orientaes polticas e econmicas do pas.
Cuba chegou a estas definies e praxis de poder popular devido a que ,neste
pas, houve uma autentica e original revoluo popular. A Revoluo Cubana no foi
um ato insurrecional, produto do vanguardismo de um grupo de guerrilheiros ,como
apareceu nas teses do foquismo. Foi, como toda revoluo, um processo histrico
complexo e longo que culminou uma luta de 100 anos, atravs do qual o povo cubano
foi forjando conscincia e experincia organizativa.
Aps o assalto ao quartel de MONCADA ,em 1956 (que colocou a luta armada
na ordem-do-dia.ocupando o vazio deixado pela oposio liberal ),e aps a greve
aucareira ,(que colocou a luta ao nvel das massa e incorporou classe operaria
oposio,) a ditadura militar cubana comeou a ruir.
Atravs de uma carta de Frank Pais a Fidel Castro,podemos ter uma ideia do
nvel de organizao do movimento revolucionrio:
Na Sierra Maestra, a guerrilha esgotara sua fase nmade; soldara-se cada vez
mais com o meio rural, estando em vista de transformar-se em Exercito Rebelde; os
combatentes de uniforme no passavam de 300; porm, milhares no uniformizados
participaram da luta: contribuam com o abastecimento, o refgio, a comunicao com
as cidades, etc. Eram rurais, expulsos de suas terras, semi-proletarizados. Terra e
Trabalho eram suas reivindicaes basicas. A revoluo era a promessa de terra e, antes
da vitria total, foi realizada uma primeira reforma agrria na Sierra.
(TOMAS BORGE)
(MARIATEGUI )
14.3.1. A FSLN
2) caracterizada pela busca de refugio poltico nas cidades e nos setores operrios.O
desenvolvimento industrial produzia uma proletarizao que servia de motivao
estratgica para que a guerrilha sandinista declare seu carter proletrio;
Ao lado da FSLN, as massas contam com uma base organizativa nos rgos de
massa do MPU,e no prestigio poltico da FPN,devido ao crescimento de sua comisso
sindical em torno dos Comits dos Trabalhadores.No interior do MPU, os CDC e os
Comits Populares, formam uma base orgnica que garante a capacidade de
mobilizao das massas. Contudo, este nvel de organizao no tem ainda envergadura
nacional: suas principais bases esto nas estratgicas cidades de Mangua, Masaya e
Leon.
Por sua vez, a EPS uma verso peruana da empresa socialista. Um grupo de
trabalhadores rene-se e decide instalar uma fabrica,partindo do principio que dominam
os conhecimentos essenciais para o empreendimento.A Corporao Financeira de
Desenvolvimento do Peru COFIDE-,o organismo estatal que financia os projetos de
desenvolvimento,uma vez comprovado que a ideia daqueles operrios se enquadra nos
seus planos,facilita-lhes um apoio que inclui a preparao tcnica imediata dos futuros
administradores,o projeto de operacionalidade e,por ultimo,a prpria instalao da
fabrica.
- as cooperativas agro-industriais;
Sem duvidas, o projeto socialista peruano tambm tinha inspirao nas ideias do
marxista MARIATEGUI, que propunha 3 eixos estratgicos em sua proposta do
socialismo indoamericano:
Segundo Monica Peralta, o ano de 1955 uma data chave para histria
Argentina, pois: assinala o momento em que as contradies que j existiam tanto a
nivel economico como poltico desde incios da dcada de 50, explodem a plena luz do
dia. Esse processo marca a passagem uma nova poca que se caracterizar pela
estruturao de uma nova aliana de classes no poder e uma mudana no modelo de
acumulao.
Pode-se traar todo um ciclo longo de lutas expresso no arco temporal 1955
1969. O Governo peronista iniciado em 1946, trouxe ganhos para os trabalhadores:
delegados de fabrica, convnios coletivos, legislao previdenciaraia, pleno
emprego,etc. Em 1955, um golpe de Estado tira Pern do poder. Inicia-se a chamada
revolucin Libertadora; interveno na CGT, priso de centenas de sindicalistas,
destituio de milhares de delegados de fabrica,dissoluo das comisses internas de
fabrica,dissoluo do Partido peronista.
Rosrio uma zona com grande peso dos ferrovirios.Em 8 de setembro inicou-
se uma greve de braos cruzados,dos ferrovirios em solidariedade a um delegado
demitido. 5.000 ferroviarios das oficinas de Rosrio, de Perez e Villa
Diogo,organizados na Unio Ferroviria,ligada a CGT dos argentinos.A greve se
estendeu a outras provncias,at chegar a Capital,Crdoba e a Grande Buenos Ayres.
A fabrica CID onde houve um conflito em maio, foi incendiada pela massa e
outras fbricas so queimadas em todo o cordo industrial. A greve dos ferrovirios
durou 27 dias.
Darci Ribeiro em seu estudo sobre El dilema de Amrica latina (estructuras del
poder y fuerzas insurgentes) ,analisa as rebelies desse tipo:
Bairro Clinicas e Villa Rebol, ocupados por Luz y Fuerza foram os locais
melhor organizados e que resistiram mais tempo;tinham a experincia acumulada do
primeiro cordobazo em 1969 e uma forte organizao democrtica do sindicato eltrico
cordobes.O nvel de destruio material foi maior que o do primeiro cordobazo,pois se
produziram grande quantidade de incndios e houve poucas baixas,no havendo saques.
Um breve parnteses:
Em 1975 havia 6.000.000 de trabalhadores industriais, em 2003 s restam mais
de 1.000.000 e dos 30.000 desaparecidos,mais de 54% foram delegados de base do
movimento sindical antiburocratico).
assemblia de trabalhadores;
assemblia de unidades produtivas;
comit coordenador de trabalhadores;
conselho de administrao.
Assemblia de trabalhadores tinha por funes:
Comit de Trabalhadores:
- Hoje,em cada comuna e mesmo nos bairros, existe uma grande diversidade
de organizao (associao de vizinhos,comits de casas do
povo,JAPs,sindicatos,etc).devemos unir esforos de todos os camaradas
numa s organizao,os comandos dos trabalhadores[...].
14.6.7. O Tancazo : um ensaio geral golpista
Aps o ms de maio 73, o golpe de Estado militar tornou-se a nica sada lgica
para direita. Em junho, no curso de uma manifestao de masas ,convocada pela
CUT,reunindo 700.000 paraticipantes, o presidente Salvador Allende,pela primeira
vez,defende o reforo do poder popular atravs dos Cordes. Em julho,,ocorreu a
tentativa de putsch conhecida como Tancazo (golpe dos tanques),a partir do 2
regimento Blindado,que cercou o Palcio do Governo (La Moneda). A tentativa
fracassou,mas serviu de bala de ensaio para as foras fascistas.
Neste contexto,
mando junto com esta recortes de cartas minhas para varios amigos em que
saliento alguns tracos sobre a formidavel crise por que acabamos de
passar.Sob muitos aspectos, deu-se um passo a frente, de certa forma,o
famoso salto qualitativo.Revi agora a carta que vos mandei,e verifico que ela
foi confirmada pelo desenvolvimento ulterior. Antes assim.
Na carta para Herv Fischer,pedrosa conclue seu relato do mesmo processo: "A
outra surpresa foi a atitude de lealdade ao governo por parte das forcas armadas.A
sublevacao burguesa despertou a consciencia operaria e popular: isso foi magnifico".
Em carta de 1973 (sem data), Mario escrevia mais uma vez para seus
parentes,tambem exilados.
Pelo que vejo - todo o palavreado politico se reduz aos que detem poder de
fato: exercito e povo. Este -numa posicao tipicamente chilena- no seu reduto
final: a fabrica,a empresa. A grande vantagem estrategica do governo UP
terem como principal aliado os operarios ocupando as empresas e armados
dentro delas.
Mario ressalva que "isto foi um exercicio de analise que fiz,com as poucas
noticias que tenho,para tentar-me esclarecer a situacao.Coincide com a de voces ai?".
Em 26 de agosto, outra carta:
Sua carta ultima, hoje recebida, otimista, mas eu nao.espero que voces j
tenham recebido minha ultima carta em que fiz uma analise da situacao,
polarizada entre a greve subversiva dos camioneros e a ocupacao das fbricas
pelos obreros. Ou Allende punha termo a greve e dava uma cana seria nos
Villarins,ou estava frito.Daqui o que ressalta que nao teve forca para jogar
os seus milicos contra os Villarins,acabar com a greve,o que levou a
demissao de Pratts (pressionado pelas mulheres dos generais de sua casta),o
reforcamento da direita e a demonstracao de impotencia da UP.
Mario Pedrosa, entao, tirava conclusoes proximas do que iria ocorrer no
Chile,em 11 setembro de 1973.
Darci Ribeiro ,em sua tipologia dos regimes latino-americanos, analisa os que
chama de Regimes Nacionalistas Modernizadores, por exemplo: a revoluo
mexicana de 1910, a boliviana de 1952, a experincia peruana de 1968, a experincia,
outra vez, da Bolvia do general Torres nos anos 70, a experincia nasserista no Egito, a
revoluo argelina de Ben Bella.
Em 1846 , mais da metade da populao era rural que vivia sob condies de um
regime de terror nas fazendas . O analfabetismo e varias doenas malaria,
paludismo,tuberculose eram o grande flagelo que dizimava a populao no
campo.Esta situao criava uma grande insatisfao entre os camponeses enfeudados e
os negros escravos.
A guerrilha venezuelana dos anos 60, homenageou Zamora dando seu nome ao
principal destacamento liderado por Douglas Bravo.
Duas dcadas depois desta crise, o caf foi substitudo pelo petrolero como seu
produto econmico mais importante.E, o maior mercado para este novo produto era os
EUA e no mais a Europa.Mas, apenas em tachira o petrleo era explorado e para uso
domestico e para energia.
Estados % nativos
Zulia 35
Nueva Esparta 25
Falcon 18
Trujillo 8
Merida e Tachira 6
Lara 8
Salrio Dirio
Numero de trabalhadores
1920 % 1936 %
Nos anos de 1921, 1922, 1923 e 1924 tinham ocorrido algumas greves.Em
1925, ocorreu a primeira grande greve petroleira, em Mene Grande(Zulia). Houve uma
conquista de aumento salarial que impacto a categoria, e houve greves em outros
locais,chegando a paralisar toda a zona costeira do distrito de Bolvar no estado de
Zulia, e durou 12 dias. Esta greve revelou uma consciencia operaria subterranea;
mostra a formao de ncleos dirigentes formados na clandestinidade . A existencia de
boletins impressos,mostra a presena de trabalhadores com acesso a impressoras.A
solidariedade da policia.O Governo intervem mas no reprime.
Foi publicada uma obra que cobria os debates ocorridos no seminrio: Indigenismo y
Autogestion (Monte avila Editores, 1980 ). Indigenismo e autogesto so apresentadas
como duas propostas antagnicas.As abordagens colocam o indigenismo como
uma corrente ideolgica que postula a integrao do indgena sociedade
colonizadora. A esta corrente se ops outra chamada de indigenismo de vanguarda ou
de libertao. Nessa , encontramos a autogesto ou auto-determinao indgena : Esta
tendncia (...) buscou reverter os postulados originais do indigenismo (...), refairmando
a importncia do papel da autodeterminao indgena e denunciando o nefasto papel
integracionista das politicas missioneiras e/ou oficiais.No marco destas concepes se
produziu uma revalorizao da tradicional capacidade autogestionaria das etnias
indgenas ... ( 1980.p.15).
Dos debates no seminrio fica claro que uma integrao no etnosuicidiaria s pode
surgir dos prprios indgenas, atravs de outra alternativa considerada no encontro: a
autogesto, e de um adequado trabalho de conscientizao realizado em um marco
autogestionrio.(idem-p.19)
Nos anos 60, j existia na Venezuela um certo acumulo terico sobre as questes da
autogesto. Por exemplo, durante anos a editora El CID publicou uma coleo com o
tema da Autogesto.
No caso de Chavez,
Por ultimo, foi o ano do big bang poltico,iniciando uma nova etapa:
lanamento dos 10 grandes objetivos estratgicos,para chegar ao final de
2006 e continuar a marcha at 2013.
Estas industrias que no foram reativadas aps a greve patronal de 2004 , seram
compradas pelo Estado e postas em funcionamento sob o modelo de Empresas de
Produo Social (EPS): a propriedade ser mixta entre o Estado e Cooperativas de
trabalhadores.
Deste modo, a experincia da Venezuela retoma a tradio das Empresas de
propriedade Social,que existiram em alguns regimes das dcadas de 60 e 70 no
continente (peru,Chile,etc).
A Mision Vuelve Caras,em sua primeira fase (2004) contava com 64 Nucleos
de desenvolvimento Endgeno, atuando em 5 frentes:
2. educao scio-politica
nas lutas populares para alcanar a democracia econmica, uma das tarefas
fundamentais que se traa o governo revolucionrio o desmantelamento do
sistema capitalista e sua substituio por um modelo econmico alternativo,
solidrio, sustentvel e coletivista, orientado ao desenvolvimento social e
humano integral e um reordenamento socioprodutivo e territorial,centrado
nas vocaes naturais das prprias comunidades, os valores dos nossos povos
e a explorao racional das nossas riquezas.
O que eu vejo nessa famosa AL que teria dado uma guinada para a esquerda
a consolidao de uma nova classe dirigente com apoio popular para extrair
riqueza,renda e recursos da sociedade em outras bases.De um ponto de vista
socialista e de esquerda,isso no tem nada a ver.
Nesta parte, vamos nos utilizar de alguns documentos produzidos pelos atores
diretos da greve. Assim, um ensaio intitulado Greve illegale; organisation
clandestine,assinado por Jos Ibrahim, Manoel Dias do Nascimento e Roque
Aparecido da Silva. Escrito no exlio,em outubro 1972. Um segundo documento,
Osasco:as lies de uma Greve, escrito por Jose Ibrahim e Jos Barreto. um balano
da greve,escrito no ano mesmo do movimento,1968.Este documento vai no nosso
Anexo. O livro de Ibrahim, O que so Comisses de Fabrica(editora global,1986.)
A luta contra a direo sindical pelega se dava atravs das lutas concretas dentro
das fbricas. Por exemplo,a mobilizao que ocorreu no setor Montagem de vages da
Cobrasma , com uma greve.Os patres demitiram todos os envolvidos; houve uma
assemblia geral com participao de todos os trabalhadores da Cobrasma e tambm de
outras fbricas.Os diretores do Sindicato receberam fortes criticas, abandonaram a
assemblia que passou as mos da CF.Os patres recuaram das demisses e concederam
o aumento reivindicado.
A chapa verde obteve 80% dos votos.Alem da Cobrasma, a maioria dos votos
da OS vieram das grandes empresas.portanto,pela primeira vez uma chapa de OS vencia
uma eleio.Em julho de 1967, a nova direo tomou posse. O Presidente Jos Ibrahim,
era membro do grupo de esquerda,que tem o CC na Cobrasma e ncleos clandestinos
em outras fbricas como Brow-Boveri, Lona-Flex, Braseixos,etc.
A maioria dos sindicatos paulistas,em uma reunio para discutir novas formas de
luta contra a poltica salarial, fundou o MIA*. Decidiu-se a organizao de atos inter-
sindicais que culminaria com um ato em praa publica.
4) em janeiro, em Campinas
5) em fevereiro, em Guarulhos.
Em abril de 68, ocorre a 1a grande greve aps 64,com novos mtodos de luta:
paralizao pela ao do Comit de empresa clandestino e ocupao da fabrica. A greve
comeou com a ocupao da belgo-Mineira pelos operrios que a ocuparam por 3 dias.
A greve se estendeu a toda cidade industrial de Contagem. Com a desocupao da
belgo, os trabalhadores se concentraram no Sindicato. O Ministro do trabalho.coronel
Jarbas passarinho foi ao Sindicato para begociaes.Aps uma semna de greve,os
metalrgicos conquistaram 10% de aumento salarial aps o 1o de Maio,para todos os
operrios do pas.
14.8.4. O 1 de Maio em SP
O MIA tirou uma comisso para conversar com o Governador paulista Abreu
Sodr. Este decidiu particpar do ato na praa da S. Os trabalhadores de Osasco
defenderam a participao no ato e, derrotaram outras propostas de ato paralelo. A
proposta era de expulsar os pelegos,tomar o palanque e realizar um ato verdadeiramente
dos operrios.
Esta greve localizada teve grande repercusso nas outras fbricas, mais que a
greve de MG,pois se passava prxima dos trabalhadores.As OS decidiram que uma
greve em Osasco deveria ser na poca do dissdio,em novembro,em que toda a categoria
estaria mobilizada em SP e Guarulhos. Todavia, as bases pressionavam pela greve;o
grupo de esquerda assumiu a preparao da greve. Em junho, as discusses com o
Sindicato e os comits decidiram a greve para julho.
Nos dias antes da greve, a massa pressionava atravs de agitaes nas fbricas:
havia comits na Cobrasma, LonaFlex,Barreto Keller,Brow Boveri,Braseixos e um
ncleo de comit na Granada. Foi formado,a partir das bases, um Comando Geral de
Greve(CGG),que decidiu pela ocupao da Cobrasma no primeiro dia da greve.
controle dos patres e dos chefes em geral que permaneciam como refns;
No dia 17 julho, houve um toque extra de sirene da fabrica: era a senha para
greve! Em 20 minutos se relaiza a primeira Assemblia geral,que decidiu pela ocupao
por tempo indefinido. Grupos pararam outras fbricas e, em passeata,se dirigiram ao
centro da cidade, num percurso de 3km ate o Sindicato dos metalrgicos.
Quando O ministrio do trabalho chegou ao Sindicato para negociar,foi avisado
que teria que ir a Cobrasma para negociar diante de todos trabalhadores com o CGG.
Um dos delegados sindicais falou sobre a luta: No dia 5 ,a noite, fizemos uma
reunio de delegados e no dia 6 comeou a luta. Nas reunies que tivemos com outros
delegados e ativistas formamos Comisses de propaganda,que se responsabilizaram de
fazer volantes explicando os motivos de nossa luta. Tambm, se criou uma Comisso de
organizao e outra de contatos.
Depois, fizemos assemblias com os trabalhadores edifcio por edifcio e lhes dissemos
que aluta inciiada no ia ser facilo. Muitos nos lembramos das coisas que fizemos aos
militares em 1965 e voltamos a repeti-las. Cortes de luz,sabotagem.
O mais valioso das lutas do movimento operrio durante esses meses foram
as lies deixadas. A unidade, solidariedade e firmeza dos trabalhadores era a
chave da resistncia. Isto s podia ser garantido pela organizao clandestina
pela base, tal como ocorreu com Luz y Fuerza. Evitar os mtodos e formas
organizativas que denunciassem os dirigentes. Assim, recorreram a
experincia da Resistncia Peronista (1955-1975), acrescida de inovaes
(trabalho com tristeza, trabalho a reglamento,e sobretudo sabotagem).
Greves em 1980
janeiro 13 3.299
fevereiro 07 2.000
maro 12 6.940
abril 20 25.625
maio 22 32.337
junho 21 45.422
79 87.811
O avano deste processo se fez claro em maro de 1982: mais de 2.000 pessoas
se mobilizaram em frente a casa de Governo para reclamar pelos desaparecidos
polticos. No 19 maro, a CGT realizou no dia 30 de maio uma manifestao na Plaza
de Mayi,com o lema: decir basta a este Proceso que h logrado hambrear al pueblo
sumiendo a miles de trabajadores em la indigncia y la desesperacion. Em varios
outros locais ocorreram manifestaes.
Dezembro (2001-2003)
2003: neste ano, houve uma evoluo complexa dos conflitos: desocupao pela
represso violenta em varias fbricas (Brukman, Sassetru); por outro lado, o
crescimento de ocupaes de fbricas e a decretao de novas expropriaes.O ciclo de
conflitos segue em aberto... Finalezemos com um quadro sobre a distribuio geogrfica
de 87 das fbricas recuperadas:
Provncia %
Crdoba 4,6
Mendoza 1,1
Neuqun 2,3
Santa F 16,1
Fonte:
Usineiro
Gerente
Capito
Administrador
Fiscal
Cabos
Trabalhadores
A Usina Catende remonta ao final do Sculo XIX. Foi a maior usina de acar
na Amrica Latina, chegando a ocupar uma rea de 70.000 h. entre o estado de
Pernambuco e o de Alagoas.Era proprietria de uma rede ferroviria com mais de 150
kms de extenso.
Em seu perodo de ouro, (1940 e 1950), Catende foi a primeira usina nacional
em toneladas de sucro-alcooleira em Pernambuco e no Brasil; foi tambm a primeira
usina nacional em toneladas de aucar exportado.
No final de 1994 a usina deixou de pagar o salrio e o 13. Isso mobilizou e deu
fora aos demitidos de 1993, com mais 1.500 que ainda detinham o emprego.
Nunca demais dizer que Catende sofreu grandes desgastes com uma enchente e um
incndio ambos em 2002.Alm, de uma greve provocada por usineiros e sindicatos
pelegos da regio no final de 2003.
- uma Sociedade annima denominada Cia. Agrcola Harmonia ,fundada em 1998 por
mais de 2.000 trabalhadores credores no campo e na industria;
residem nos Engenhos cerca de 17.500 pessoas que integram as 3.500 familias
de trabalhadores rurais do Projeto;
residem na cidade de Catende cerca de 2.240 pessoas que integram as 560
familias dos operrios e funcionrios da fabrica;
as famlias residentes nos engenhos, de um modo geral numerosas, so
integradas em mdia por 5 ou mais membros.
% Faixa Etria
37,1% 0 a 12 anos
13,22% 13 a 17 anos
14,61% 18 a 24 anos
31,67% 25 a 60 anos
10
A fonte principal desta parte: Plano de Gesto de Sustentabilidade Autogestionria para a usina
Catende-Projeto Harmonia. ANTEAG. 2006. Outros elementos vm dos relatrios do programa de
formao que realizamos pela SENAES, em duas etapas com durao de uma semana cada,com 40
camponeses, operarios e jovens, em 2004,uma primeira etapa no Hotel Poetas de Palmares , a segunda na
antiga Casa Grande da prpria Usina.
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